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Para Bria e Rachel e Katherine, que, felizmente, não fizeram perguntas que

eu não poderia responder.


Star Wars - O Perigo da Rainha é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e
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Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Índice
Epígrafo
Tenacidade
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Astúcia
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Engodo
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Valentia
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Determinação
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Epílogo
Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre a Autora
A garota de vestido branco tinha o cérebro de sua mãe e o coração de seu
pai, e uma centelha que era inteiramente sua. Brilho, direção e compaixão
tão brilhantes quanto as estrelas. Mas agora estava sozinha e ninguém
poderia ajudá-la. O que quer que acontecesse em seguida,
independentemente de como fosse registrado e lembrado, estava
inteiramente sozinha.
Desde pequena, queria ajudar. O seu pai a levou para fora do planeta.
Esteve em planetas moribundos e tentou conter o inevitável. Às vezes, não
era o suficiente, mas sempre se oferecia para tentar novamente.
Posteriormente, voltou a sua atenção para o seu próprio planeta. Não
havia grandes provações a serem enfrentadas em Naboo. O setor estava em
paz, o planeta prosperava. No entanto, havia trabalho a ser feito, trabalho
que sentia que poderia fazer. E queria fazer.
Não era o suficiente se contentar com os sonhos de seus pais. Queria
ter certeza de que havia chegado o mais alto que pôde, feito o máximo que
pôde. E para uma garota em Naboo, isso significava ser eleita rainha. Era
mais jovem do que a maioria, mas não ia deixar que isso a impedisse.
Quanto mais olhava para isso, mais percebia que governar o planeta
seria um desafio maior do que pensava. A galáxia era um lugar grande e
Naboo era um mundo bonito, sem muita estrutura de defesa. A rainha atual
havia ignorado seus vizinhos. O seu senador era forte, mas a sua lista de
aliados era pequena. Sabia que estava à altura do desafio.
E agora esperava sozinha, em uma pequena sala nos andares mais
baixos do palácio. A campanha havia terminado, os votos contados. Logo
os resultados seriam divulgados e saberia deles. Mas em seu coração, já
sabia. Sempre soube. Havia se preparado para servir, e o faria da posição
mais elevada possível.
A porta se abriu com um chiado e um contorno familiar bloqueou a luz.
O zumbido de um droide pairando encheu os seus ouvidos. A garota se
endireitou. Sempre agia como se estivesse sendo observada. A sua
aparência era a sua primeira linha de defesa, e planejava fazer isso o mais
deliberadamente possível.
— Vossa Alteza. — disse Quarsh Panás, com o mais leve espectro de um
sorriso nos lábios. O seu capitão ainda estava começando a conhecê-la,
mas confiava nas intenções dele. — A eleição acabou. O seu trabalho
começou.
A garota de vestido branco seria a Rainha e estava pronta.
Essa não era a forma usual de receber os resultados dos exames. O
Conservatório de Theed atraia alunos de todo o planeta, embora
dificilmente fosse a única escola de música em Naboo. Nem era, na opinião
pública, a melhor. Situado em um prédio antigo, longe de qualquer um dos
principais centros de entretenimento da cidade, o conservatório era
conhecido por suas tradições. Era por isso que as famílias mandavam os
seus filhos para lá. Um músico treinado lá era consistente. Firme.
Confiável. Pronto para transmitir tradições para uma nova geração de
ouvintes e alunos, quer alguém queira ou não.
Tsabin odiou quase todos os momentos disso.
Nunca houve qualquer dúvida sobre para onde seria enviada. Nem
houve qualquer dúvida sobre qual instrumento tocaria. Os seus irmãos
haviam aberto o caminho à sua frente, e tudo que precisava fazer era seguir
adiante. Nunca houve qualquer dúvida de que faria algo tão ousado como
liderar. Simplesmente não tinha talento para isso. Era boa o suficiente, e
fora do mundo poderia até mesmo ganhar a vida como solista em algum
lugar que não conhecesse nada melhor, mas Tsabin sabia por toda a vida
que nunca estaria na primeira fila de qualquer orquestra.
E agora esperava em uma pequena sala, olhando para uma cadeira
vazia em uma mesa comum. Havia sido enviada para lá pelo droide fiscal,
mal pensando sobre o número do quarto desconhecido, esperando
descobrir como ela se saiu em suas provas finais. Em vez disso: uma sala
escura e uma espera aparentemente interminável.
Tsabin havia chegado tão longe quanto pode, escondendo os seus
verdadeiros sentimentos de todos, e não iria desmoronar agora, nem
mesmo pela burocracia desatualizada.
A porta finalmente se abriu, realmente balançando em dobradiças de
verdade, porque aquele era o tipo de lugar onde ficava o Conservatório de
Theed, então Tsabin se endireitou na cadeira. Mesmo que fosse apenas o
droide, era importante estar pronta. Os droides do conservatório eram
conhecidos por monitorar a postura e o comportamento dos alunos,
rastreando quem era o melhor em se parecer com um músico, bem como
realizar tarefas mundanas. Mas a pessoa na porta não era um droide.
Tsabin respirou fundo sem dar a impressão de estar fazendo isso, outro
benefício de uma educação conservadora.
Ele era mais alto do que ela, o que não dizia muito. No entanto, era um
lugar para começar. Ele usava o azul e marrom das Forças de Segurança
Real de Naboo, o chapéu enfiado debaixo do braço desde que entrou. Ele
tinha cabelos curtos e pele castanha escura, e os seus olhos eram quase
quentes, exceto que algo ao redor dele o impedia de relaxar. Ele se sentou
na outra cadeira sem se apresentar e colocou o chapéu na mesa entre eles.
Se o oficial de segurança estava esperando a abalar, ele tinha escolhido
o dia errado para isso. Os Exames haviam acabado e Tsabin tinha dormido
uma noite inteira pela primeira vez em semanas. A sua família havia
entrado em contato com ela naquela manhã. Os seus irmãos lhe garantiram
que tudo ficaria bem, e os seus pais a informaram onde eles poderiam ser
encontrados quando os seus resultados estivessem disponíveis. Sabia que
não tinha feito nada para merecer esta visita, então deve ser uma
curiosidade. Deve ser algo que ele queria dela. Então Tsabin o olhou com
calma, com cada parede que já havia construído a protegendo dele.
Depois de vários minutos, o espectro de um sorriso apareceu em seus
lábios, e ele estendeu a mão sobre a mesa em sua direção, com a palma
para cima.
— Quarsh Panás. — ele disse. — Forças de Segurança Real. Mas
suponho que você poderia dizer isso sozinha.
— Tsabin. — ela respondeu, apertando educadamente a mão dele. —
Sim.
Ele a soltou e ela voltou as mãos ao colo. Ele dobrou as suas sobre a
mesa e olhou para ela.
— Como você se sente sobre a eleição? — ele perguntou.
Tsabin ergueu uma sobrancelha, apesar de tudo. Ela não esperava essa
pergunta.
— Não sou obrigada a lhe dizer. — ela respondeu.
— Isso é verdade. — ele disse, e quase riu. — Você vai pelo menos
confirmar que conhece as candidatas?
— Claro. — ela respondeu. — Este é o primeiro ano em que posso
votar.
— Você tem treze anos. — ele disse, recostando-se na cadeira sem
perder a sensação de estar em guarda.
— Eu terei quatorze até lá. — ela disse a ele. — Você deveria ter
verificado pelo menos o meu aniversário antes de vir aqui.
— Eu verifiquei. — ele disse, batendo os dedos na mesa.
Tsabin estava começando a ficar irritada. Sim, era o primeiro dia do
resto da sua vida, pelo menos em teoria, dado que a sua educação formal
estava quase terminada, e não tinha exatamente nenhum plano, mas
também não queria perder o dia nesta sala com este homem.
— Os seus professores dizem que você é diligente. — disse Panás. —
Você nunca se atrasa. Você é escrupulosa quando se trata de desempenhar
o seu papel, e a sua conduta é quase perfeita em todos os momentos.
Tsabin esperou que o próximo comentário viesse, como sempre
acontecia.
— Mesmo assim, você é sempre a segunda melhor. — continuou Panás.
— Em tudo que você já tentou.
Quase quatorze anos de controle árduo estalaram por todo o corpo de
Tsabin. Não lhe daria a satisfação de ver o quanto isso doía. Nunca, jamais
daria isso a ninguém. O seu estômago apertou, mas não piscou ou mesmo
apertou a mandíbula com as palavras dele. Afinal, elas eram apenas a
verdade: os seus irmãos eram músicos melhores do que ela, e não
importava o que fizesse no conservatório, sempre havia alguém que fazia
melhor do que ela.
Panás se levantou e pegou o chapéu da mesa.
— Não posso dizer nada oficialmente, é claro. — ele disse. — Mas eu
pediria que você não aceitasse nenhuma oferta de aprendizagem até depois
da eleição. Eu entrarei em contato.
Com essas palavras, ele foi embora. Tsabin estava livre para ir. Mas
enfiou a mão no bolso para pegar a sua tela e puxou a lista de candidatas à
Rainha de Naboo. Tinha lido os seus nomes e as suas plataformas antes,
mas desta vez, obrigou-se a realmente olhar para elas. Para ela.
Amidala, ela se chamava. Elas poderiam ser quase gêmeas. Duas
garotas com a mesma cara. E um oficial de segurança veio até ali para
falar com uma garota que sempre foi a segunda.
Tsabin ficou no quarto até que o droide viesse procurá-la, com a sua
mente desperta para as possibilidades.
Na manhã da eleição, Quarsh Panás deixou o seu chá esfriar. A sua esposa,
Mariek, recém-saída de seu turno no palácio, não hesitou e bebeu por ele
quando ficou claro que não iria se afastar da tela por algo tão mundano
como o café da manhã. Ela cortou a fruta fresca do prato dele também.
— É muito cedo para conferir. — ela apontou, com a boca cheia.
— Não estou conferindo os resultados. — ele disse.
Não houve um escândalo de verdade durante as eleições de Naboo nas
últimas décadas, mas Panás não estava disposto a deixar esse recorde ser
quebrado sob o seu comando. Como capitão das Forças de Segurança Real,
teve o privilégio de garantir que tudo ocorresse sem problemas. Desta vez,
era ainda mais importante: a candidata cuja proteção fora atribuída a ele era
a favorita para vencer. Panás estaria pronto para tudo. Haviam multidões
para monitorar e, embora as Forças de Segurança fossem mais do que
capazes disso, estava curioso para saber o que as holonotícias poderiam
captar. Sempre era melhor ter tantos olhos quanto possível.
— Estou indo para a cama. — disse Mariek.
Panás ergueu os olhos. Ela se levantou e pegou a mão dela. Eles
estavam em turnos opostos desde que foi transferido para o destacamento
eleitoral em antecipação ao que uma nova monarca poderia exigir, e sentia
falta dela.
— Durma bem, amor. — ele disse.
— Por favor, coma alguma coisa. — ela respondeu, e o deixou sozinho.
Panás obedientemente deu três mordidas na comida em seu prato e tinha
acabado de decidir que talvez estivesse com fome, afinal, quando o seu
comunicador particular soou.
— Panás. — ele falou, segurando o dispositivo na palma da mão. A
imagem vacilou e uma forma familiar apareceu em sua mão. Ele se
endireitou. — Senador Palpatine?
— Bom dia, Capitão. — disse o senador.
Normalmente, o senador de Naboo voltava para casa para votar, uma
demonstração ao seu povo e à República de que levava a sério todos os seus
papéis dentro do sistema democrático, mas desta vez foi mantido afastado
por negócios sérios. Para ser honesto, Panás sentia falta dele. Tudo parecia
correr bem melhor quando o senador estava por perto e sempre corria,
mesmo quando Panás ainda era um escrivão no escritório legislativo e a
estrela de Palpatine estava em ascensão. Era útil ter colegas confiáveis.
— Lamento fazer contato tão cedo. — continuou Palpatine. — Há uma
votação mais tarde a qual não posso perder, mas queria falar com você hoje
e temo que, com as diferenças de fuso horário, quando os meus negócios no
Senado terminarem, será tarde demais.
— Não tem problema, Senador. — respondeu Panás. — Tudo aqui está
indo bem. As filas estão ordenadas e as urnas abrem em menos de meia
hora. Todos os sinais apontam para uma eleição tranquila.
— Eles já apontam para um resultado? — Perguntou Palpatine.
Panás hesitou. Tecnicamente, como funcionários do governo, eles
deveriam desencorajar a especulação. Como cidadãos preocupados,
entretanto, eles eram livres para discutir seus pensamentos. Panás sempre
teve o cuidado de manter seu trabalho e sua vida privada separados. Essa
foi uma das razões pelas quais seu casamento teve tanto sucesso.
— Não oficialmente, é claro. — ele disse. Ele pegou a xícara de chá,
esquecendo que Mariek a havia esvaziado antes. — Mas parece que o seu
palpite estava correto. Não será um escândalo se ela não vencer, mas será
uma surpresa.
Como regra, as rainhas de Naboo mantinham os seus cargos por dois
mandatos completos. No entanto, quando a Rainha Réillata se aposentou
após apenas um, o planeta teve que eleger uma substituta para ela antes do
esperado. Haviam candidatas maravilhosas, é claro; a tradição de Naboo
não permitia nada menos, mas a população estava mais fragmentada na
votação do que o normal. Sanandrassa não era uma rainha má, mas não
tinha o apoio que era esperado de uma monarca governante. A sua reeleição
era, na melhor das hipóteses, uma chance remota.
— Bom, bom. — disse Palpatine. O seu olhar se desviou de Panás. Algo
em Coruscant deve ter chamado a sua atenção. — Estou ansioso para ver
isso, Capitão. Nesse ínterim, peço desculpas, mas as novas propostas de
impostos foram finalmente transmitidas e exigem a minha atenção.
— Claro, Senador. — respondeu Panás. — Obrigado pela chamada.
Palpatine se desconectou sem mais comentários e Panás voltou o seu
holo para as telas de notícias. Com eles sempre foi assim: trabalho primeiro.
Panás achava isso reconfortante. Nunca houve qualquer dúvida sobre onde
estava.
O seu cronômetro soou, indicando que era mais tarde do que pensava.
Mariek havia votado cedo e Panás a acompanhou, mas ainda não havia
votado. Adorava o dia da eleição e o seu plantão não começava até o meio
da tarde, então estava livre para votar em uma votação regular. Assobiando
alegremente, uma música que ficou gravada em sua cabeça desde que saiu
do conservatório, colocou os pratos na lavadora, certificou-se de que tinha a
identificação adequada no bolso, encontrou as suas botas e saiu para fazer a
diferença.

Ruwee Naberrie limpou a serragem de seu colete e se perguntou onde em


sua vida tinha errado. Normalmente, parava um momento para observar as
aparas de madeira caindo, evidência de um trabalho executado nos mínimos
detalhes, mas hoje não havia tempo para isso. Hoje, apesar dos seus
melhores esforços, a sua filha não precisava dele.
Ela se foi. Não a via há alguns dias, exceto nas holos, quando ela fez
discursos de campanha de última hora, e então novamente esta manhã,
quando ela e as outras candidatas deram seu voto ao vivo para todo o
planeta ver. Era estranho pensar em sua filha mais nova tentando ser rainha
do planeta, e não conseguia reconhecê-la como tal.
As pessoas sabiam, é claro. Era impossível atingir o anonimato
completo, mesmo com as engrenagens costumeiras da máquina democrática
de Naboo. Mas ninguém iria explodir o disfarce de Amidala. Mais tarde, se
ela tivesse sucesso e seu reinado fosse favorável, a sua família e amigos
explodiriam de orgulho, mas isso era para quando o seu mandato
terminasse. Agora Naboo precisava de uma rainha.
Ruwee puxou os seus pensamentos de volta antes que pudessem correr
muito adiante no futuro. Ela pode não ganhar a eleição. Ela tinha se saído
muito bem durante a campanha, mas isso nem sempre era uma indicação de
sucesso. Ruwee havia deixado a política pra trás há muito tempo, exceto
quando alguma causa o puxava de volta e fazia uso dos seus extensos
contatos fora do planeta, e não era estranho ao seu funcionamento. As
coisas sempre podem acontecer de forma inesperada.
E, se fosse forçado a ser honesto consigo mesmo, quase esperava que
elas pudessem. Se ela perdesse, ela ainda poderia ser ela mesma, sem os
olhos de centenas em cada movimento seu. Ruwee não duvidou por um
momento que a sua filha realmente queria ser rainha, mas não era a
expectativa que tinha para ela. Queria que as suas filhas fossem felizes
primeiro, e prestassem o seu serviço ao planeta fora dessa felicidade. Ser
eleita pode deixá-la feliz, mas sempre estaria ligada a outra coisa.
Ele ainda iria votar nela, obviamente.

— Ruwee, é hora de ir! — Jobal chamou de dentro da casa bem equipada


deles.
Ao contrário de seu marido, Jobal Naberrie tinha muitas poucas dúvidas
sobre como seria o dia, nem sentia a relutância dele quanto ao provável
resultado. A filha deles era jovem, e com a discrição em torno da vida
pública que a tradição Naboo manteria para ela, não havia razão para que
não pudesse seguir em frente quando o seu tempo acabasse. Jobal estava
profundamente orgulhosa, é claro, e também extremamente curiosa sobre o
que a sua filha faria. Era uma sensação estranha afinal, uma que Ruwee não
entendia, mas Jobal não conseguia se livrar completamente. Era, ela
pensou, no mínimo um bom equilíbrio para suas reservas.
Uma holo familiar chamou a sua atenção, e Jobal ficou o olhando por
um longo momento. A imagem tinha capturado Padmé e a sua irmã no
jardim, ainda pequenas, arrancando ervas daninhas de fileiras ordenadas de
vegetais. Padmé insistiu em uma horta e fez a maior parte do trabalho
sozinha, certa de que a comida que ela produziria poderia ser dada às
pessoas que dela precisavam. Mesmo em um momento semi congelado no
passado, Padmé era uma força a ser reconhecida. Jobal sabia disso. Tinha
visto isso desde quando as meninas eram pequenas. Ter esse potencial
aproveitado tão cedo na vida de Padmé era um presente, e Jobal sabia que
sua filha não o desperdiçaria.
Ruwee a encontrou na sala de estar, e estendeu a mão para limpar o
resto da serragem de suas roupas. Torceu o nariz quando uma nuvem fina
encheu o ar, não porque ela não gostasse, mas porque sempre a fazia querer
espirrar. Seu marido se inclinou e a beijou.
— Pare com isso. — ela disse.
— É feriado! — ele disse. Ele havia decidido não ficar de mau humor,
ela adivinhou, e gostou disso.
— Você pode comemorar mais tarde. — Ela estendeu o chapéu e
conduziu-o até o vestíbulo depois que ele o segurou.
Sentou-se para prender os sapatos e se certificou de que ele estava
calçando outra coisa além dos tamancos de jardinagem.
— Você está pronto? — ela perguntou.
— Para nossa filha ser Rainha de Naboo? — ele perguntou.
Ele ficou quieto por um longo momento, com uma mão apoiada na
porta sem abri-la.
— Sabe, acho que estou. — ele respondeu. — Eu não estava até agora,
mas ela trabalhou muito e eu respeito isso.
— Eu me pergunto de quem ela puxou essa ética de trabalho. — disse
Jobal, retoricamente na maior parte, mas Ruwee nunca deixava nada
escapar.
— Você está dizendo que é nossa culpa? — ele perguntou.
— Nós estávamos fora do planeta trabalhando em missões de ajuda
quando ela tinha sete anos. — apontou Jobal. — Acho que isso pode ter
contribuído para a vocação dela.
— Suponho que você esteja certa, meu amor. — ele disse.
Ele ofereceu o braço e ela o aceitou. Juntos, eles saíram para o pátio e se
juntaram aos vizinhos a caminho das urnas.

Sheev Palpatine leu o projeto de lei tributária pela última vez. Oficialmente,
era a primeira vez que o via, então teve o cuidado de fazer parecer que
estava lendo profundamente o documento. A verdade é que estava
preocupado com várias outras coisas e apenas verificando o projeto para ter
certeza de que nenhum dos detalhes que solicitara havia sido esquecido.
Votaria contra, é claro. O projeto seria um desastre para Naboo e para
vários outros sistemas da Orla Média. E desta vez, pelo menos, o projeto
não seria aprovado. Acrescentou questões substanciais o suficiente para que
a Federação do Comércio não fosse capaz de engolir, para garantir que os
aliados deles votassem contra. Mas seria outro passo para mais perto. E
tinha as próximas três propostas preparadas, de qualquer maneira.
— Senador, está na hora. — disse um de seus assessores.
Palpatine deixou que o conduzissem em direção às câmaras do Senado,
assentindo com a cabeça para todas as pessoas certas enquanto se cruzavam
nos corredores a caminho de seus pods. O seu rosto estava calmo,
educadamente interessado no que estava sendo dito ao seu redor. Não era
uma expressão incomum nos corredores do Senado, mas Palpatine a
aperfeiçoou há muito tempo. Em breve, tornaria-se o centro das atenções e
os seus colegas veriam a suavidade desaparecer, mas isso também seria uma
atuação. Ninguém jamais viu o seu rosto verdadeiro, a raiva pura que
queimava nele.
Mas eles veriam, algum dia.

Padmé Naberrie tinha feito a última coisa que podia. Votou em si mesma
quando as candidatas votaram. Tinha certeza de que cada uma delas tinha,
mas pra ela, pelo menos, era o passo final para provar a si mesma que
estava pronta. Confiava em si mesma o suficiente para ser rainha. A
arrogância disso, pensar que era muito melhor do que as suas companheiras,
irritou-a um pouco, mas Naboo tinha um sistema de segurança para isso.
Não governaria como Padmé se ganhasse. Ninguém saberia quem era
Padmé, se tudo corresse como planejado. Carregaria as vestes e
responsabilidades da coroa de Naboo, e se entregaria a isso inteiramente, a
ponto de até abandonar o seu próprio nome durante o reinado. Era a
tradição, mas também era um conforto, um lembrete de que seu papel era
maior do que ela mesma, de que estaria agindo a serviço, não de forma
egoísta para o seu próprio ganho.
Realmente não tinha entendido até aquela manhã, quando a sua ficha de
voto caiu na urna. Pensava que o anonimato era para a sua proteção, e de
certa forma era, mas também era para proteger outra pessoa. E estava na
hora. A sua hora.
Amidala.
A recém-nomeada Guarda Real se reuniu para ouvir os resultados das
eleições no quartel. Eles vinham de todas as categorias e posições dentro
das Forças de Segurança e foram escolhidos para proteger a nova monarca,
quem quer que ela fosse, por causa de sua lealdade e dedicação pessoal. A
maioria deles já se conhecia, pois a força não era muito grande, mas esta foi
a primeira vez que todos foram reunidos no mesmo lugar, e estes foram os
seus últimos momentos para relaxar antes de sua nova tarefa começar.
Panás não relaxou.
No final do corredor, as candidatas também aguardavam os resultados.
Elas haviam sido isoladas desde aquela manhã, cada uma recebendo o seu
próprio quarto pequeno para passar o dia refletindo, e logo seria tarefa de
Panás buscar a nova rainha. Sabia qual porta esperava abrir e estava
fazendo o possível para fingir que ainda estava neutro, embora já tivesse
passado desse ponto.
Por fim, a holonotícias mudaram do mesmo preenchimento eleitoral
pré-gravado em que estavam concorrendo na última hora e mostrou o
governador Bibble. O governador de barba prateada vestia o seu costumeiro
traje na cor púrpura, com uma túnica de mangas largas que acompanhava
cada gesticulação com considerável vigor. Um silêncio caiu sobre os
guardas quando Bibble pigarreou e começou os anúncios.
— Cidadãos de Naboo. — ele começou. Bibble sempre falava como se
estivesse atuando para um público, o que fazia sentido, dada sua formação
em filosofia argumentativa, e por causa disso, geralmente, ele não parecia
muito pomposo. — Tenho o prazer de informar que, após uma campanha
bem disputada por parte de todos, vocês elegeram a Candidata Amidala
como a sua rainha.
Bibble continuou a falar enquanto imagens da candidata, agora rainha,
surgiam, lembrando qualquer um que pudesse ter se esquecido da idade de
Amidala e dos objetivos de campanha, mas os guardas não estavam mais
ouvindo. Todos os rostos na sala se voltaram para Panás, cujos punhos
cerrados eram o único sinal externo de suas emoções.
— Preparem-se para a inspeção. — ele disse, e então girou rapidamente
nos calcanhares para caminhar pelo corredor até onde as candidatas
estavam esperando.
Era tradição que a nova rainha fosse saudada por seu capitão da guarda,
uma relíquia do passado de Naboo, quando as candidatas não podiam nem
ficar perto umas das outras ou confiar na legislatura. Esses dias haviam
acabado há muito tempo, é claro, mas Naboo encorajava a lembrança em
vez de mera encenação, e este foi um dos muitos passos dados para lembrá-
los de quão longe eles haviam vindo e quão longe eles tinham que ir. Ela
encontraria Bibble como rainha assim que inspecionasse a sua guarda
pessoal.
Panás parou por um momento do lado de fora da porta de Amidala,
ciente de que tudo estava prestes a mudar. Não era mais apenas um capitão
da guarda, assim como ela não era mais apenas uma candidata. Gostou dela
o suficiente durante a campanha, mas agora os seus nomes estariam ligados
para sempre na história de Naboo. Valia a pena parar um momento para
refletir. Panás esperou mais alguns instantes enquanto os procuradores
eleitorais se preparavam para contar às candidatas mal sucedidas e então
abriu a porta.
— Vossa Alteza. — ele disse, parando na soleira. — A eleição acabou.
O seu trabalho começou.
Do outro lado da sala, uma figura esguia se levantou para cumprimentá-
lo. Ela estava usando um vestido branco que a fazia parecer ainda mais
jovem do que conhecia, mas não podia duvidar por um momento da
convicção em sua postura. Durante a campanha, ela sempre usava
maquiagem pesada, o rosto pintado com cosméticos que lembravam as
pessoas do peso de suas promessas. Agora o seu rosto estava nu, mas com o
cabelo solto, ainda não era fácil dar uma boa olhada nela.
— Obrigada, Capitão. — ela disse. — Estou pronta.
Ela não revelou nada, embora Panás imaginasse que devia estar pelo
menos um pouco nervosa. Olhou por cima do ombro e viu o último dos
inspetores desaparecendo do corredor.
— Se puder me acompanhar? — ele perguntou, gesticulando para fora
da sala. O droide saiu flutuando. — A sua equipe de segurança está pronta
para a sua inspeção. Uma formalidade, como sabe, mas é esperada antes
que o governador Bibble chegue aqui para informá-la oficialmente.
— Claro, Capitão. — ela disse. A sua voz era leve e impessoal, mas não
se ofendeu. Ela mal o conhecia.
— Mais tarde, falaremos sobre como personalizar a sua segurança. —
informou Panás. — Eu tomei algumas medidas, mas não queria ir muito
longe sem você. Vamos demorar alguns dias para nos instalarmos, mas
estou muito satisfeito com a equipe que foi montada para você.
Ela não respondeu, mas permitiu que a guiasse pelo corredor para onde
os seus guardas estavam esperando. Eles ficaram em duas filas e se
endireitaram sem nenhuma palavra assim que ele e a Rainha entraram na
sala. Esta era a guarda pessoal da Rainha, composta por dezesseis guardas
que a protegiam em um rodízio de quatro pessoas. Os outros guardas do
palácio poderiam então se preocupar com as operações e coordenar com a
Rainha conforme necessário. Panás queria mais pessoal, mas foi rejeitado.
A Rainha olhou cada guarda no rosto quando foram apresentados a ela,
guardando nomes na memória. Deveria ter sido difícil pensar nela como
poderosa naquele momento, cercada por pessoas que eram todas muito
maiores do que ela, mas parecia ter três metros de altura pela forma como
se portava. Depois que estivesse totalmente arrumada com o guarda-roupa
real, ela seria excepcional.
Quando chegaram ao fim da fila, Panás dispensou todos os guardas,
exceto os três que estavam de plantão com ele. O governador apareceu
pouco depois disso. As primeiras reuniões não aconteceram na sala do
trono, e Panás dividiu o seu foco entre observar a Rainha e observar todos
os outros observando-a. Bibble falou principalmente de procedimentos e
regras, não de política e conteúdo, então não foi uma conversa
particularmente interessante, mas a Rainha deu a ele toda a atenção.
— E isso é realmente tudo o que podemos cobrir hoje, eu acredito. —
Bibble terminou. Várias horas se passaram, mas a Rainha não deu mostras
de exaustão ou tédio. — A menos que você tenha alguma dúvida?
— Não, obrigada, governador Bibble. — disse a rainha Amidala. A sua
inflexão deixou claro que era uma rejeição, embora tecnicamente Bibble
ainda a superasse. Panás sorriu. — Embora eu apreciasse se você pudesse
arranjar alguém para me enviar quaisquer documentos políticos relevantes.
Posso lê-los esta noite e estar preparada para as reuniões de amanhã.
— Claro, Vossa Alteza. — disse Bibble, pondo-se de pé. Ele assentiu
com a cabeça para um assessor, que fez uma anotação. — Vou lhe enviar os
arquivos assim que terminar o resto das minhas funções de hoje. Foi um dia
muito atarefado para todos nós.
A rainha assentiu graciosamente para ele, e o governador e seus
assessores se retiraram. Amidala se levantou. Só agora, com apenas os
guardas por companhia, sua postura mudou. Ela esticou e rolou o pescoço,
balançando a cabeça como se estivesse tentando recolocar todas as
informações que tinha acabado de adquirir.
A transferência de poder só aconteceria em mais alguns dias, e suas
primeiras aparições públicas aconteceriam logo depois. Apesar da natureza
formal do papel da Rainha e da relativa rigidez dos protocolos que a
cercam, as eleições de Naboo não eram divulgadas abertamente. Uma vez
que as candidatas foram isoladas para a votação, elas não falavam com o
público até que sua identidade real estivesse completamente definida.
— Capitão? — ela disse, e o momento acabou.
— Sim, Vossa Alteza? — Ele veio para ficar na frente dela.
— Seria apropriado discutir a segurança durante o jantar? — ela
perguntou.
— Devemos ser quatro de nós de plantão, Vossa Alteza. — disse Panás.
— Isso significa ficar sem comer para nós, mas ainda posso falar com você
enquanto você come.
Ela suspirou, mas aceitou a restrição. Panás entrou em contato com a
cozinha e pediu que um droide fosse enviado com o jantar para um.
Eventualmente, quando eles se mudassem para os aposentos do palácio, a
Rainha seria cercada por pessoas, mas agora era mais seguro e fácil usar
droides.
— Eu realmente não estou acostumada a comer sozinha. — ela admitiu
enquanto se sentava à mesa. — O meu pai sabia que estávamos todas
ocupadas, mas gostava quando estávamos juntos nas refeições.
Ela estava sendo deliberadamente vaga, ele sabia, embora estivesse
ciente de sua verdadeira identidade. Panás interpretou isso como um bom
sinal. Algumas monarcas haviam agido com rapidez e liberdade com o
anonimato que seu papel exigia delas, e sempre era uma dor de cabeça para
os guardas quando o faziam. Ele não estava na guarda pessoal da atual
rainha, Sanandrassa, mas tinha ouvido fofocas suficientes no quartel para
saber que seus guardas estavam ansiosos pelo dia em que ela voltasse a ter
apenas uma identidade. Sempre foi uma espécie de luta separá-la de sua
personalidade privada. Panás teve a impressão de que sua pupila escolhia
suas batalhas com muito mais cuidado.
— Essa é uma das coisas que eu esperava falar com você, Vossa Alteza.
— disse Panás. Se ele se sentia estranho ao falar com ela enquanto ela
comia, não deu nenhuma indicação.
— Oh? — ela disse, rasgando o pão em pequenos pedaços.
— Uma rainha tradicionalmente tem pelo menos uma aia, como você
sabe. — ele informou. — Eu me perguntei se você pensou na sua.
— Minha irmã me informou que não deseja servir em meu governo. —
disse a Rainha. — O que não me surpreendeu nem um pouco. Tenho
algumas outras amigas que poderia solicitar, suponho, mas estava muito
concentrada na eleição. Eu não me permiti imaginar os aspectos práticos
que poderiam se seguir.
— Há uma garota no Conservatório de Theed. — informou Panás. —
Ela tem a sua idade e é uma musicista decente. Ela também é muito
inteligente, e seus instrutores dizem que ela é sensata. Eu a entrevistei há
algumas semanas, apenas para o caso, e ela parecia acessível.
A Rainha ergueu uma sobrancelha, mas fez a cortesia de não perguntar
se ele também tinha entrevistado aias em nome das outras candidatas.
— Mais importante. — ele continuou. — ela tem uma notável
semelhança com você. Se ela fosse sua aia, e se ela estivesse interessada,
ela poderia treinar como um guarda-costas que estaria mais perto de você
do que qualquer outra pessoa.
A Rainha mastigou pensativamente e depois bebeu um gole d'água.
— Há necessidade de tanta segurança? — ela perguntou.
A rainha Sanandrassa havia se concentrado na política em Naboo ao
extremo de ignorar o resto do setor, o que deixou os outros planetas
desconfortáveis. Ter duas rainhas no mesmo mandato em fila deixou Panás
desconfortável. Havia implicações mais amplas também. Naboo havia se
dedicado à eleição no mês passado, mas relatos sobre disputas comerciais
na Orla Média ainda chegavam às manchetes.
— Eu acredito em estar preparado, Vossa Alteza. — disse Panás. — Em
uma emergência, ela pode até trocar de lugar com você.
— Não quero colocar outra pessoa em perigo. — disse a Rainha.
Antes que Panás pudesse dar a resposta óbvia, a expressão dela mudou e
ele mudou de ideia. Era bom que ele já pudesse entendê-la tão bem.
— É inevitável. — ela disse. — Isso é quem eu sou agora.
— Sim, Vossa Alteza. — disse Panás. — Chamamos isso de fardo do
comando, e ninguém gosta disso.
Ela fez uma nova pausa, revirando o assunto enquanto ele observava.
Ele a viu aceitar sua premissa, e então a expressão dela imediatamente
turvou novamente quando ela encontrou outro defeito.
— De que adiantaria ter um dublê de corpo? — disse a Rainha.
— Bem, as pessoas pensariam que ela é você. — explicou Panás. Ele
pensou que eles tivessem esclarecido isso.
— Mas se formos apenas duas, e nós trocarmos, todos saberão. — a
Rainha apontou. — E se 'a Rainha' de repente ficar sozinha, as pessoas
poderiam suspeitar.
Isso ficou no ar por um momento entre eles. Panás foi inteligente o
suficiente para perceber que aquele era seu primeiro teste. Ela o havia
mostrado, e sua resposta influenciaria como eles interagiam a partir desse
ponto. Ele engoliu seu orgulho.
— Esse é um ponto válido, Vossa Alteza. — ele disse. — Você tem uma
sugestão?
— Se houver mais de duas, será muito mais difícil saber. — ela disse.
— Sem mencionar que isso vai te dar uma maneira de garantir que tenho
mais do que quatro guardas de plantão.
Oh, ela era boa.
— Vou ver o que posso fazer. — disse Panás. — Pode demorar um
pouco para encontrar garotas adequadas.
— Obrigada, capitão. — disse a Rainha. — Eu gostaria de conhecer a
garota com quem você já falou o mais rápido possível, se puder fazer os
arranjos.
O dispositivo de comunicação pessoal da Rainha, o qual havia colocado
na mesa enquanto comia, tocou.
— É o governador. — ela disse, checando rapidamente. — Acho que
isso é tudo por esta noite, Capitão.
— Vossa Alteza. — ele disse. — Os guardas ficarão do lado de fora da
sua porta durante a noite.
A Rainha levou seu prato e utensílios para o droide que entregou seu
jantar, então se virou para entrar no quarto onde dormiria nas próximas
noites. Panás se moveu para direcionar os guardas para a posição.
— Ah. — ela disse. — Capitão, antes que eu comece a ler, há uma
maneira segura de entrar em contato com meus pais?
— Seu comunicador pessoal é totalmente seguro, Vossa Alteza. — disse
Panás. — Pode ser usado para entrar em contato com qualquer pessoa em
Naboo sem deixar rastros.
— Boa noite, Capitão. — disse a Rainha, e fechou a porta.
Panás sabia que os outros guardas estavam ansiosos para fofocar, mas
isso teria que esperar até que eles estivessem de folga. Ele respeitava
demais o trabalho para deixá-los rir nos corredores. Os outros seguiram seu
exemplo e permaneceram quietos. Eles tinham apenas um pouco de tempo
antes que o novo turno começasse, de qualquer forma.
Através da porta, Panás pôde ouvir a Rainha falando, provavelmente
com seus pais. A voz dela estava muito baixa para distinguir qualquer uma
das palavras, mas ele podia ouvir a ascensão e queda de seu tom enquanto
ela falava com eles. Ela foi um desafio de ler. A maioria das adolescentes
de quatorze anos, mesmo as mais brilhantes, demonstrava alguma emoção
ao falar, mas a Rainha dificilmente fizera isso durante toda a tarde. Até
mesmo sua resposta à sua eleição foi fria.
Os guardas substitutos apareceram no horário e Panás voltou para os
quartos que dividia com Mariek. Ele estava ansioso para compartilhar suas
impressões sobre sua nova monarca e pedir a opinião de sua esposa depois
que ela também a conhecesse. Na metade do caminho para casa, ele
percebeu que, embora não tivesse ideia do que se passava na cabeça de
Amidala, ele não havia esquecido de que ela era a Rainha nenhuma vez,
durante toda a tarde.
Pela primeira vez desde que o Capitão Panás abriu a porta para lhe contar
os resultados da eleição, Padmé se permitiu relaxar. Tinha sido uma longa
tarde, a primeira de muitas, tinha certeza, e embora não estivesse
exatamente cansada, estava exausta de manter o rosto tão imóvel. Havia
decidido no início da campanha que se apresentaria como a opção estoica e
moderada. As suas ações seriam o suficiente para mostrar a sua compaixão
sem ter que escrever em seu rosto. Embora ficasse mais fácil a cada dia,
esse controle ainda não era natural para ela, e às vezes só queria sorrir.
Deitou-se na cama, com um sorriso se esticando em seu rosto. Tinha
conseguido. Os meses de planejamento e preparação, de se treinar para ter
uma determinada aparência, não importando como se sentisse, de se isolar
de sua família e amigos, funcionaram, e era a Rainha de Naboo. Tateou em
busca de um travesseiro e o colocou sobre a boca, sufocando a risada que
fervia de dentro dela. Afinal, os guardas estavam do lado de fora da porta, e
Padmé ainda não havia decidido se Amidala era do tipo que ria, mesmo em
particular.
Permitiu-se aproveitar a sensação por vários minutos antes de se sentar
e voltar ao trabalho. Pelo que podia dizer, Bibble havia enviado todos os
documentos que o governo planetário havia produzido nos últimos meses e,
embora ela estivesse ciente da maioria dos problemas, este seria o seu
primeiro acesso aos detalhes privados. Mal podia esperar para chegar até
eles. Mas primeiro, havia algo que precisava fazer.
Segurou o seu comunicador particular na mão e ligou para os pais.
Esperava não os ter deixado esperando por muito tempo. Eles tinham sido
bastante compreensivos com as suas ambições, mesmo que o seu pai não
achasse inteiramente que era uma boa ideia, e com sorte eles saberiam
porque não pôde ligar para eles no início do dia.
— Parabéns! — A voz de Jobal veio através da conexão com clareza
pura quando ela entrou na projeção.
— Obrigada, mãe. — disse Padmé. Ela se permitiu sorrir novamente.
Ela sempre poderia ser ela mesma com os pais.
— Estamos tão orgulhosos de você. — acrescentou Ruwee, aparecendo
ao lado da esposa.
Vindo de seu pai, essas palavras significavam mais do que Padmé
poderia dizer. Sabia que ele entendia isso, e que seu sorriso sempre seria o
suficiente para ele, rainha ou não.
— Lamento não poder ter ligado e dito pessoalmente. — disse Padmé.
— Foi um dia muito agitado.
— Posso imaginar. — disse Ruwee com uma risada. — Sio vive para
esse tipo de coisa.
Ter um pai que era conhecido pelo menos pela reputação pela maioria
das pessoas importantes do planeta nunca tinha realmente impactado a vida
de Padmé. Ruwee tinha o dom de saber ser amigo de pessoas poderosas
sem tirar vantagem disso, e isso era algo que Padmé admirava nele. Ele
raramente transparecia, mas supôs que este era um dia emocionante para ele
também.
— De qualquer forma. — Ruwee continuou. — nós dois entendemos
que seu tempo vai ser muito solicitado. Sabíamos disso desde que você
entrou na campanha. A política muda as prioridades e confiamos em você o
suficiente para tomar essas decisões.
— O que seu pai está tentando dizer. — disse Jobal, entrando na
conversa. — é que sabemos que você está ocupada e animada, e vamos
ouvir sobre você na holonotícia, e nós a amamos de qualquer maneira.
— Não era isso que eu estava tentando dizer. — disse Ruwee.
Padmé riu. Ficou quieta, mas não levantou a mão para abafar o som. A
sua mãe sempre encorajou os seus sonhos tanto quanto o pai os temperou
com aspectos práticos. Eram duas abordagens diferentes para o mesmo
destino e, Padmé havia aprendido, duas maneiras diferentes de demonstrar
amor.
— Vou me lembrar de quem sou, pai. — disse Padmé. — Não importa
com quem estiver falando ou como me parecer.
— Isso é tudo que eu queria ouvir. — disse Ruwee.
— Eu queria ouvir sobre os seus quartos, mas acho que você ainda não
os tem. — disse Jobal. Os apartamentos privados no palácio de Theed eram
muito, muito raramente abertos ao público. Por segurança e outros motivos,
pouco se sabia sobre a sua aparência, mas haviam rumores de que eles
possuíam algumas obras de arte realmente excelentes, e Jobal era muito
interessada nesse tipo de coisa.
— Só daqui a alguns dias. — disse Padmé. — Estou no palácio agora,
mas não na parte real ainda. A Rainha Sanandrassa provavelmente está
fazendo as malas, mas a transferência oficial de poder não será antes do
final da semana.
A partir de seu estudo das plantas, Padmé estava razoavelmente certa de
que seu quarto atual ficava alguns andares diretamente abaixo do
apartamento real, mas ela presumiu que os andares superiores eram
dispostos de forma diferente. Eventualmente, os seus guardas e a equipe
viveriam onde estava hospedada agora.
Ouviu um sinal através do comunicador, e os seus pais desviaram o
olhar por um momento.
— Desculpe, seu pai está hospedando a reunião pós-eleição de costume
dele. — disse Jobal enquanto Ruwee desaparecia do quadro.
— Tudo bem. — disse Padmé. — Eu ainda tenho muito o que fazer.
Mãe e filha caíram em um silêncio confortável enquanto esperavam
Ruwee voltar.
— Dê lembranças minhas a Sola. — Padmé disse enquanto Ruwee
retornava ao quadro.
Os seus pais disseram boa noite e desligou o comunicador. Pensou na
casa dos pais esta noite, cheia de amigos comemorando e teorizando sobre o
que viria a seguir. Por um momento, sentiu-se dolorosamente solitária. E
então percebeu: seria o assunto que todos falariam. Sim, havia novos
representantes na legislatura para discutir também, mas o foco principal da
maioria das conversas desta noite seria a nova Rainha de Naboo, e essa era
ela.
Era uma responsabilidade incrível. E Padmé estava tão, tão animada.
Coruscant era, às vezes, feito de luz. Brilhava como um farol, a sede do
grande Senado da República, atraindo a atenção de sistemas em todos os
cantos da galáxia. Como mynocks para um acoplamento transistor, todos os
tipos de pessoas eram atraídas para o poder da cidade-planeta, e todas elas
se deleitavam com o brilho.
Mas Coruscant também estava cheia de estruturas, cabos e detritos de
séculos de habitação contínua, e nas sombras dessas coisas, sempre havia
muito espaço para a escuridão. Nos cantos miseráveis da cidade
subterrânea, a crueldade infeccionou e procurou lugares para crescer.
Darth Sidious raramente se preocupava com os níveis mais baixos.
Tinha maneiras de explorá-los se quisesse algo, é claro, mas era muito mais
o seu estilo levar a escuridão a lugares onde as pessoas pensavam que
estavam fora de seu alcance. Encontrava os pontos fracos, as rachaduras por
onde a luz saia e empurrava a escuridão para dentro. Jogava um longo jogo,
um jogo inteligente e, infelizmente, de vez em quando, isso significava lidar
com pessoas que não entendiam o grande escopo da sua visão.
Apesar de sua aversão pessoal a eles, os níveis inferiores eram um bom
lugar para ter uma conversa discreta. Sidious raramente se incomodava em
tê-las pessoalmente, mas sabia que a sua presença poderia ser opressora e
não tinha nenhum problema em pressionar essa vantagem quando um de
seus supostos aliados estava vacilando.
Nute Gunray vinha reclamando há vários minutos sobre o projeto
tributário fracassado. Sidious estava mais ou menos o ignorando o tempo
todo. Não era importante. No final das contas, o próprio Gunray não era tão
importante. Útil, sim, particularmente dada a sua sugestionabilidade e
disposição para gastar grandes quantias de dinheiro em uma força de
combate descartável, mas não importante.
— E então aquele senador de Naboo insistiu na emenda de contorno, e
isso nos custou toda a facção Delcontriana. — Gunray terminou. —
Fizemos tudo o que podíamos, mas os votos foram contra nós.
— Não importa. — Sidious retrucou. Ele havia aprendido muito com
esse projeto de lei tributária fracassado. Quão longe Malastare estava
disposto a ir. Quanto os Tellonitas estavam dispostos a perder. A quem os
Caladarianos estavam dispostos a sacrificar. — Você terá um novo projeto
tributário nos próximos dias.
— Dodd não será capaz de apresentá-lo. — disse Gunray. — Isso é
muito óbvio.
— Claro que é. — disse Sidious. Ele estava cercado por idiotas. — Por
isso alguém da facção Delcontriana irá apresentá-lo.
— Mas nós simplesmente os perdemos! — Gunray protestou.
— Isso foi culpa de Naboo. — disse Sidious. — Este novo projeto
tributário os trará de volta.
Gunray murmurou algo baixo demais para Sidious ouvir, e
imediatamente pareceu temeroso. Sob a cobertura de seu capuz, Sidious
sorriu. Eles precisavam tanto dele, para as suas briguinhas mesquinhas, e os
aterrorizava completamente. Este era um dos seus principais prazeres.
— Alguém entrará em contato com você. — Sidious continuou como se
nada tivesse acontecido.
— Sim, meu lorde. — disse Gunray. Ele se curvou obsequiosamente e
Sidious desligou antes que pudesse dizer qualquer outra coisa.
Os Neimoidianos eram problemáticos. Sempre era um desafio encontrar
alguém que fosse apenas incompetente o suficiente e, embora Sidious
gostasse da emoção disso, às vezes exigia mais de sua supervisão do que
gostaria de dar. Precisava de agentes que pudessem agir de forma
independente, mas ainda não era hora para eles. Havia muitas peças, muitos
resultados, para deixar alguém que poderia pensar por si mesmo começar a
mexer.
Ainda assim, nunca havia mal nenhum em estar preparado. Sidious
mudou os canais de comunicação e procurou por seu aprendiz.

Amidala havia vencido. Tsabin assistiu ao anúncio, junto com todas as


outras pessoas do planeta, e sentiu algo se desenrolar em seu peito o qual
nunca havia sentido antes. Era assim que o sucesso parecia, mesmo que
ainda não fosse precisamente dela. Saiu da sala onde os outros alunos
estavam assistindo aos resultados completos e voltou para o seu pequeno
aposento.
Rainha Amidala. Ela soava régia. Perfeita. Bonita. E, ao que tudo
indicava, a própria Rainha era todos os três. Também devia ser brilhante,
mas Tsabin sabia que o brilho por si só não era suficiente para governar um
planeta. Charme, aquela qualidade indescritível que Tsabin nunca possuíra,
era parte disso também.
Puxou asua maleta de debaixo da cama e a abriu. A bolsa estava um
pouco empoeirada, mas fora isso, estava vazia e pronta para ser usada.
Virou-se para a mesa, onde três cartas de aceitação estavam empilhadas.
Escritas pretensiosamente em arbovellum, papel de verdade, elas eram
convites para se sentar na última fileira de três orquestras diferentes. Não
tinha lido nenhuma delas além das primeiras linhas. Agora, as jogou no lixo
e juntava as bugigangas acumuladas em sua mesa. Estas foram para a
maleta, junto com as suas roupas extras e outros pertences a qual trouxe
para o conservatório.
Por último, puxou para baixo o seu estojo de hallikset. Abriu-o e olhou
para o instrumento que era a causa de tanto estresse e alegria. Os seus dedos
roçaram as cordas silenciosas. Mas a sua decisão já estava tomada.
Tsabin fechou o estojo e o colocou em cima do maior. Em seguida,
sentou-se na cama para esperar, lendo os resultados da eleição em sua tela
pessoal. Não houve grandes surpresas este ano. Apenas uma estranha
vibração em seu peito de que algo estava finalmente indo bem para ela.
E quando o capitão Panás voltasse, Tsabin estaria absolutamente pronta
para partir.
Em retrospecto, talvez não devesse ter conhecido Tsabin pela primeira vez
como Rainha. Fazia muito sentido na época. Padmé teve várias reuniões
pela manhã com vários oficiais e funcionários do palácio, e quando Panás
anunciou que era hora da reunião final da tarde, Padmé não havia escapado
de sua função. Então Tsabin a conheceu como uma monarca fria e distante,
e não como alguém que iria conhecê-la como uma segunda pele.
Em sua defesa, Padmé percebeu o erro assim que Panás terminou de
apresentá-las.
— Obrigada, Capitão. — disse Amidala. — Isso é tudo por agora.
Panás ficou surpreso ao ser dispensado; ele não estaria de serviço
novamente até o dia seguinte, mas engoliu todos os protestos que poderia
ter feito e as deixou por conta própria. Então as duas se encararam em um
silêncio constrangedor. Os olhos de Padmé se voltaram para os guardas, que
fingiam não estar lá. Não tinha uma leitura completa sobre eles ainda, então
não tinha certeza de até onde iria a discrição deles. No entanto, eles nunca a
acompanhavam até o quarto onde dormia. E haviam duas cadeiras lá, se
lembrou.
— Caminha comigo? — ela disse, levantando-se e estendendo o braço.
Tsabin assentiu e caminhou ao lado dela. Padmé abriu caminho para o
quarto e fechou a porta atrás delas.
— Isso é mais complicado do que eu imaginei. — ela disse. — Por
favor, sente-se.
Tsabin fez o que ela mandou. Até agora, na verdade, tinha sido
totalmente obediente, e o seu rosto não havia mostrado qualquer emoção.
Padmé podia entender isso completamente.
— As aias reais são tradicionalmente ligadas a uma rainha para servir
em sua residência particular. — disse Padmé como um ponto de partida. —
Não sei se o Capitão Panás disse a você as mesmas coisas que me disse,
mas não é exatamente isso que estou procurando.
— O capitão disse que você está procurando uma guarda-costas, mas
não do tipo usual. — disse Tsabin. — Eu não estaria defendendo você com
um blaster. Eu estaria defendendo você com a minha identidade.
— Nenhuma monarca teve uma guarda-costas assim desde a última
disputa com os Gungans, e isso foi há gerações. — disse Padmé. — E ainda
não estou totalmente certa de que haja um motivo para voltar a essa prática.
— A minha impressão do Capitão Panás é que ele é mais um tipo de
pensador da linha “não há motivo para não fazer". — disse Tsabin.
Ainda estava sentada rigidamente na cadeira. Padmé relaxou em sua
própria cadeira e observou com alguma satisfação quando os ombros de
Tsabin relaxavam.
— Concordo. — disse Padmé. — Não acho que haja mal nenhum em
seguir o conselho dele.
— Ou, — sugeriu Tsabin, pela primeira vez com uma pitada de
travessura na voz. — em deixá-lo pensar que a maior parte de seus
conselhos está sendo seguida.
Padmé não tentou impedir o sorriso que se espalhou por seu rosto. Ela
não era uma pessoa enganadora por natureza, mas entendia o valor de
manter as suas cartas por perto.
— O meu nome é Padmé. — ela disse. Foi a maior demonstração de
confiança em que ela pôde pensar. E era o suficiente.
— É um prazer conhecê-la. — disse Tsabin, finalmente a olhando com
uma expressão desprotegida.
Padmé se inclinou mais para trás em sua cadeira. Ela tirou os chinelos e
cruzou os pés na frente dela, os joelhos apoiados nos apoios de braços.
— Já mudei um pouco o plano do capitão. — ela disse. — Ele achava
que uma guarda-costas seria o suficiente, mas eu o convenci de que um
grupo é uma ideia melhor.
— Porque é mais fácil de se esconder. — Tsabin meditou. — Você sabe
quem?
— Ainda não. — disse Padmé. — Nós só conversamos sobre isso
ontem. Mas ele encontrou você, e suponho que ele tinha outras pessoas em
mente quando decidiu que era você quem deveria trazer.
— Devemos ser leais a você, não a ele. — disse Tsabin rapidamente. —
Eles me mantêm no quartel com os outros guardas, e não acho que seja uma
boa ideia.
Padmé não havia pensado nisso.
— Ele me recrutou porque sou boa em dar suporte. É o que sempre fiz
em qualquer grupo com o qual já toquei. Mas não acho que seja tudo o que
tenho a oferecer. — disse Tsabin. Quando Padmé não disse nada, continuou:
— Os músicos de Hallikset passam anos controlando a respiração, mesmo
sendo um instrumento de cordas. Faz parte da disciplina, mas também ajuda
a manter a pureza do som. Posso respirar sem que ninguém perceba, e isso
significa que posso controlar o meu rosto e as minhas reações.
— Eu me perguntei como você faz isso. — disse Padmé. — Você é
muito boa.
— Eu posso te ensinar. — disse Tsabin imediatamente. Isso seria mais
divertido do que Padmé havia pensado. — É possível que tenhamos reações
viscerais diferentes às coisas, mas se ambas aprendermos a mesma maneira
de esconder essas reações, ninguém será capaz de nos reconhecer.
Conversaram um pouco mais sobre si mesmas, deixando se
conhecerem. Um droide trouxe o jantar e o sol se pôs, e nenhuma das
garotas se importou particularmente. Tsabin foi rápida em entender as ideias
de Padmé e mais rápida ainda em fornecer sugestões para melhorá-las. O
plano não era perfeito, mas era um bom começo.
— Isso é provavelmente o máximo que podemos fazer antes que as
outras cheguem aqui. — disse Padmé. — Não faria sentido configurar todo
o palco antes de termos todas as participantes nele.
— Posso mostrar os exercícios respiratórios, pelo menos. — disse
Tsabin.
— Deixe-me chamar um droide primeiro. — Padmé disse, tomando a
decisão por ambas.
— Você não vai ficar no quartel.

O quarto em que Tsabin tinha ficado no conservatório era pequeno, mas era
todo seu. Nunca tinha compartilhado um quarto com outra pessoa antes, e
Padmé não tinha perguntado. Tsabin rapidamente enterrou o seu
ressentimento. Não queria ficar no quartel de qualquer maneira e teria que
se acostumar a seguir as ordens de Padmé. Ou melhor, as ordens de
Amidala. Era um desafio constante diferenciá-las, mas isso também fazia
parte do seu trabalho.
As coisas de Tsabin chegaram assim que elas terminaram a segunda
série de exercícios. O guarda que bateu na porta manteve o rosto
cuidadosamente impassível, e Tsabin podia imaginar o relatório que seria
apresentado no final do turno. Decidiu que não se importava.
Elas se mudariam para os aposentos reais em breve, então Tsabin não se
preocupou em desempacotar tudo. Pegou o pijama e seguiu as instruções de
Padmé para a reciclagem. Era muito mais agradável do que o do
conservatório.
— Ainda estou tentando descobrir. — disse Padmé, depois que foram
para a cama. — As diferenças entre Padmé e Amidala, quero dizer. Acho
que com você terei que ser as duas.
Não era exatamente um pedido de desculpas, mas Tsabin entendeu.
— Prometo esperar até que o seu reinado termine antes de escrever um
relato para as holos sobre todas as coisas que você bagunçou nos primeiros
dias. — ela disse.
Padmé riu.

— Acho que a Rainha e a sua nova aia estão tramando alguma coisa. —
disse Panás.
Escolheu o seu jantar, ou como quer que você chame a refeição que
você traz para sua esposa no meio da noite, quando ela estava de folga do
trabalho e vocês não se viam direito há alguns dias. O palácio ficava quieto
à noite, mas Mariek levava seus deveres a sério e não iria muito longe até a
ala diplomática, mesmo se ela estivesse desocupada.
— Elas são adolescentes. — disse Mariek. — Elas sempre vão estar
aprontando alguma coisa.
— Como posso protegê-la se não sei o que ela está fazendo? — ele
perguntou.
— Protegê-la de quê, exatamente? — Disse Mariek. — Eu sei que você
gosta de estar preparado para as coisas, mas isso parece excessivo, até
mesmo para você.
Panás largou os hashis.
— Se houver problemas com o comércio na Orla Média, Naboo será
arrastado diretamente para eles. — ele disse.
— É para isso que temos um senador. — disse Mariek. — Um senador
de quem você gosta, você deve se lembrar, e que é realmente o seu amigo
por algum motivo.
Mariek e Palpatine se toleravam polidamente, mas nenhum conseguia
ver o que Panás via no outro.
— Sou uma pessoa muito agradável. — disse Panás. — Basta perguntar
a qualquer um.
— Você me trouxe o jantar. — admitiu Mariek. — Duas vezes, já que
você não vai comer o seu, aparentemente.
Entregou o prato para que ela pudesse continuar roubando coisas sem
esticar o braço pela mesinha da sala de descanso.

Obi-Wan Kenobi não gostava de políticos. Não era nada pessoal. Para ser
honesto, não conhecia muitos políticos, e aqueles que conhecia, eram
geralmente decentes com ele, embora fosse apenas um Padawan. O
problema era que os políticos escreviam muitas coisas, e então Obi-Wan
tinha que lê-las, porque o seu mestre tinha a sensação de que algo estava
por vir. Qui-Gon tinha o hábito profundamente irritante de estar correto
sobre esse tipo de coisa, que era uma das razões pelas quais Obi-Wan não se
amotinou. Bem, isso e porque tentou algo muito parecido com um motim
uma vez, e não tinha dado certo.
Era um aprendiz Jedi. Deveria estar meditando em suas formas e
posições de sabre de luz. Ou ajudando os seus colegas a contemplar os seus
sentimentos. Ou reorganizando pedras no jardim de pedras. Ou fazendo
literalmente qualquer outra coisa, mas não, estava lendo os projetos do
Senado sobre as reformas tributárias para rotas espaciais que iam para
planetas dos quais nunca tinha ouvido falar. Pelo menos sempre gostou da
biblioteca do Templo Jedi. Jocasta era amigável com Qui-Gon e não parecia
se importar com os seus pedidos estranhos, embora resistisse quando
alguém pedia a sua ajuda. E tudo estava quieto. Às vezes Obi-Wan ficava
muito, muito grato pelo silêncio.
— O que você acha, Obi-Wan? — Qui-Gon perguntou. Não tirou os
olhos do arquivo que estava lendo. Obi-Wan resistiu à vontade de se
contorcer.
Ter um mestre que podia sentir o seu descontentamento às vezes era
uma verdadeira dor. Tinha evitado o desastre em algumas ocasiões, mas
ainda era constrangedor. Obi-Wan esperava deixar isso para trás em sua
infância, mas se contentaria em cortá-lo com a sua trança quando chegasse
a hora.
— Acho que muitas pessoas têm muito tempo disponível. — disse Obi-
Wan. Recostou-se na cadeira e esfregou o rosto. — E acho que não entendo
por que é tão importante que eles passem tanto tempo falando sobre isso.
— É uma questão de perspectiva, meu jovem aprendiz. — Qui-Gon o
advertiu. Ele ergueu os olhos do arquivo e deu a Obi-Wan toda a sua
atenção. — O mais importante para as pessoas que fazem isso é o controle.
— Os Jedi também acham que o controle é importante. — Obi-Wan
entrou na discussão com a facilidade de uma longa prática. Às vezes, ele e
seu mestre discutiam quando nem mesmo discordavam.
— Um Jedi controla a si mesmo. — disse Qui-Gon, o que era mais ou
menos o que Obi-Wan estava antecipando. O vai-e-vem familiar era um
ritmo duramente conquistado e, apesar de todas as suas dúvidas pessoais,
Obi-Wan não teria desistido por nada.
— Os políticos procuram controlar os outros. — disse Obi-Wan.
— Não são apenas os políticos, mas sim. — disse Qui-Gon. — Esses
impostos criariam uma barreira entre os planetas e as empresas com as
quais eles negociam. É muito controle para perder.
— E o que nós estamos fazendo, Mestre? — Obi-Wan perguntou.
Estava acostumado com Qui-Gon se envolvendo em coisas que o Conselho
não aprovava inteiramente, mas apreciava algum aviso prévio sobre quando
isso iria acontecer, apenas para que pudesse fazer as malas.
— Estamos ouvindo, Obi-Wan. — Qui-Gon disse. — Para que, quando
chegar a hora, possamos agir.
— Com ou sem ordens? — Obi-Wan perguntou.
Qui-Gon sorriu com indulgência. Isso teria incomodado Obi-Wan, uma
vez. Quando menino, tinha o Conselho em alta consideração, o ponto alto
da verdadeira ambição Jedi. Ainda não concordava totalmente com a
abordagem de Qui-Gon para as coisas, mas a aceitou há muito tempo como
uma alternativa viável. Afinal, era importante evitar absolutos.
— Acho que estaremos mais ou menos em alinhamento com o Conselho
desta vez, meu jovem Padawan. Você não precisa começar a se preocupar
ainda.
— Pelo menos isso significa que teremos menos probabilidade de nos
envolver em disputas trabalhistas locais. — disse Obi-Wan.
— Ou começar romances improváveis com a nobreza local. — A
repreensão no tom de Qui-Gon para a escolha de palavras de Obi-Wan era
inconfundível: algumas coisas eram muito sérias para serem subestimadas.

Em uma fábrica em Geonosis, um pedido muito grande foi registrado no


computador central. As fornalhas chamejaram sob o sol do deserto e um rio
de metal fundido começou sua jornada. A linha de produção ganhou vida.
No final da semana, a Rainha Amidala apareceu na escadaria do palácio de
Theed. Pela primeira vez, estava vestida para o papel. O seu vestido era
vermelho com uma saia larga com babados. O corpete era costurado com a
linha dourada e as mangas largas eram forradas com tecido dourado,
voltadas para trás contra o cotovelo para que a cor brilhasse ao sol. Usava a
tiara a qual tinha usado como candidata. Era menos dramático do que o que
a futura ex-rainha Sanandrassa usava, mas ainda era marcado por tranças
elaboradas e cachos. Tsabin o prendeu naquela manhã, e Padmé comentou
que era muito mais fácil para Tsabin alcançar a parte de trás da cabeça dela.
Tsabin também fez a maquiagem de Padmé, pintando os símbolos reais pela
primeira vez.
Era pomposo, mas era necessário. Um convite para todo o planeta foi
feito para a coroação, e todas as escolas e academias tiveram férias.
Amidala era a rainha mais jovem em muito tempo, e sua ascendência seria
um espetáculo, mesmo para os padrões de Naboo. As garotas não deixaram
nada ao acaso. Até mesmo as vestes de Tsabin, tingidas da mesma cor do
vestido de Padmé, foram selecionadas para torná-la o menos notável
possível. Havia seguido a procissão e era perfeitamente possível que
ninguém a tivesse visto, mesmo quando estava ao lado de Amidala nos
degraus. Panás liderava um contingente de guardas atrás, mas hoje eles
eram inteiramente cerimoniais e se organizaram em formação relaxada.

Sanandrassa ficou ao lado de Padmé no topo das escadas do palácio,


carregando os símbolos da monarca de Naboo. O governador Bibble se
colocou entre as duas mulheres e aceitou o cetro em suas mãos. Por aquele
breve momento, Naboo não teve nenhuma rainha. Então Bibble se virou
para Amidala e estendeu o cetro. Ela o pegou com as duas mãos e o ergueu
para que a multidão reunida pudesse ver. Bibble sorriu abertamente quando
a praça se encheu de vivas e pétalas de flores, e as duas rainhas olharam
para as pessoas com expressões solenes.
Sanandrassa abriu caminho pelas portas do palácio quando a cerimônia
terminou. Padmé caminhou ao lado dela. Ela tinha estado no palácio em
viagens escolares, mas nunca em um dia tão importante, e esta era a
primeira vez que encontrou a Rainha como uma igual, não uma candidata.
Sanandrassa apontou várias obras de arte à medida que avançavam para que
Padmé pudesse ficar boquiaberta de uma forma educada.
— Você pode selecionar as suas próprias peças, é claro. — disse
Sanandrassa. — Especialmente se houver artistas nos quais você estiver
interessada.
— Tudo parece magnífico. — disse Amidala. — Mudar uma única peça
arruinaria o efeito.
— Talvez. — disse Sanandrassa. — Mas mantenha a ideia em mente.
Às vezes, o controle do ambiente é tudo o que você tem.
Padmé nunca, jamais teve a intenção de ser empurrada tão longe. Ainda
assim, um pouco mais de azul poderia ser bom. E havia uma garota na
província do sul que estava fazendo um trabalho incrível com esculturas de
água.
Elas chegaram à sala do trono finalmente, e Sanandrassa parou na
soleira para deixar Padmé aproveitar o momento. A sala era grande e
redonda, com as poltronas dispostas em círculo sob a ampla cúpula do
telhado. Era um arranjo para conversas, não para audiências, que era o
estilo preferido de governança de Naboo. Mas não poderia haver dúvida
sobre qual cadeira era de Amidala.
Padmé endireitou a coluna e caminhou até o trono. A cadeira real era
estranhamente estreita e inclinada para a frente para que sempre parecesse
ser mais alta do que era. Com cuidado com a saia, subiu na plataforma em
frente à cadeira, virou-se o mais graciosamente possível e se inclinou no
assento. A sua saia desabou sob ela quando se sentou, a azáfama se
dobrando sobre si mesma para não impedir a sua postura. Colocou uma mão
em cada um dos apoios de braço do trono e olhou para o rosto de
Sanandrassa.
— Vossa Alteza. — a ex-rainha disse.
Então ocupou um dos outros assentos. Os funcionários do governo se
sentaram assim que a rainha foi acomodada, e os guardas, incluindo Tsabin,
desapareceram nas decorações das paredes.
— Obrigada. — disse Amidala. — Estamos esperançosos de que
cumpriremos esta função tão bem quanto você.
O governador assumiu a conversa naquele momento, e Padmé o deixou.
Não havia trabalho real a ser feito hoje por qualquer membro do governo
além dele. Padmé observou os rostos dos outros oficiais, memorizando seus
nomes e rostos ao mesmo tempo que aprendia o tipo de expressão que eles
faziam ao reagir ao que era dito. Nenhum deles tinha nem mesmo uma
fração do controle que Tsabin estava ensinando a ela, mas os membros da
legislatura funcionavam com seus próprios nomes e reputações, então eles
realmente não exigiam isso.
Um assessor se aproximou de Panás e sussurrou em seu ouvido.
— Vossa Alteza. — disse Panás, interrompendo a descrição de
Sanandrassa da escola para tecelões que planejava fundar. — As minhas
desculpas, mas há uma transmissão chegando do Senador Palpatine.
— Claro, Capitão. — disse Amidala, e Panás ativou os holoemissores
no meio do chão da sala do trono.
Palpatine estava vestido com a sua túnica tradicional de manga
comprida, embora Panás tivesse certeza razoável de que era meio da noite
em Coruscant.
— Rainha Amidala. — disse Palpatine, fazendo uma ligeira vénia. —
Permita-me que lhe dê os meus parabéns. Não vou demorar muito, mas
queria transmitir pessoalmente as minhas saudações.

— Senador Palpatine. — disse Amidala, acenando com a cabeça em


agradecimento. Permaneceu tão fria e formal quanto pôde. — Estamos
ansiosos por trabalhar com você em nome de Naboo e do seu povo.
— Tal como eu. — disse Palpatine. Voltou-se para Sanandrassa. —
Minha senhora, foi um prazer.
— Obrigada, Senador. — disse Sanandrassa. Não havia maneira de
dizer o que realmente pensavam um do outro.
O senador apresentou as suas desculpas e desapareceu.
— Nas raras ocasiões em que têm de lidar com questões fora do planeta,
o senador é o seu melhor recurso. — disse Sanandrassa. — Ele é muito
ocupado, claro, mas sempre tem tempo para prestar muita atenção ao seu
planeta natal.
Padmé assentiu educadamente com a cabeça. Tinha as suas próprias
opiniões sobre como Sanandrassa tinha lidado com questões fora do
planeta, mas este não era o momento de as trazer para a conversa.
— De qualquer forma, Vossa Alteza. — continuou Sanandrassa. — Os
meus bens foram retirados do apartamento real esta manhã, e estou pronta
para partir à sua vontade.
— Obrigada pelo seu acolhimento hoje. — respondeu Padmé.
Desejou que houvesse algumas palavras rituais que devesse dizer,
alguma forma finita de terminar a conversa sem dispensar Sanandrassa
diretamente. Felizmente, o governador entrou com as suas próprias
despedidas e se ofereceu para ver a ex-monarca na sua transmissão, e isso
tratou de dois problemas ao mesmo tempo.
Finalmente ficaram apenas Padmé, Tsabin, e os guardas na sala do
trono. Padmé aproveitou a relativa privacidade para se dar mais um
momento para se deleitar com a sua vitória. Sutilmente, é claro. Sorveu a
beleza da sala, nas cadeiras de madeira esculpidas e no delicado mármore.
Estes ornamentos não eram o aspecto mais importante do seu novo
trabalho, mas Padmé era Naboo na ponta dos dedos: ela sabia apreciar a boa
arte, e a sala do trono estava cheia delas.
— Capitão Panás. — ela disse, reprimindo suas emoções erráticas. —
Você poderia nos levar ao apartamento real?
Panás tinha toda a intenção de realizar a sua própria inspeção da suíte, e
Padmé lhe deu espaço para a fazer enquanto ela e Tsabin desembalavam os
seus poucos pertences pessoais no quarto maior. A suíte consistia num
camarim, uma sala de estar, uma pequena sala de reuniões, e três quartos
para dormir, um dos quais obviamente destinado à Rainha. Havia também
um extenso sistema de guarda-roupa ligado ao camarim, mas ainda estava
sendo organizado e ainda não estava pronto para exame.
— Talvez tenhamos de mudar algum mobiliário da sala de estar. —
informou Panás quando a sua inspeção acabou. — Não há um bom lugar
para os seus guardas ficarem de pé.
— Não preciso dos meus guardas na sala sempre comigo, Capitão. —
disse Padmé. — É por isso que queria Tsabin aqui.
O rosto de Panás escureceu sob a borda do seu chapéu enquanto lutava
para se manter afastado de uma queixa.
— Vossa Alteza, não é destinada Tsabin para ser a sua única guarda
aqui. — ele disse. — Podemos reduzir os turnos para dois guardas na sala e
os outros dois no corredor, mas...
— Não, Capitão. — Era a primeira vez que Amidala tinha
verdadeiramente trazido a sua vontade de assumir, e todos vacilaram.
Parecia absolutamente esplêndida naquele vestido, como um cometa de
ouro vermelho que ia exatamente para onde queria. A postura de Panás
mudou ligeiramente para algo defensivo. — Estamos no quinto andar. As
únicas outras pessoas que vivem nesta seção do palácio são os guardas que
você mesmo selecionou. Qualquer nave que se aproxime da varanda seria
vista muito antes de chegar aqui. Agradeço-lhe pela sua dedicação, mas não
vou exigir nenhum dos seus guardas nos meus quartos.
Era o momento em que todos eles iriam descobrir até onde a Rainha
poderia ser manipulada, e isso estava acontecendo diante de várias
testemunhas.

Por um segundo ou dois, Tsabin pensou que haveria uma discussão. Panás
não parecia que ia recuar, e sabia que Padmé não o faria de jeito nenhum.
— Muito bem, Vossa Alteza. — Panás parecia ter engolido uma fruta-
azeda. — Tsabin, começaremos o seu treinamento de combate amanhã.
— Você vai ensinar a nós duas. — Padmé disse com firmeza. — As
outras também, quando chegarem.
— Claro, Vossa Alteza. — Panás não esperou por sua dispensa. Ele
girou nos calcanhares e conduziu os guardas para fora da sala.
Por alguns momentos depois que a porta foi fechada, as garotas
permaneceram em silêncio.
— Você realmente já confia tanto assim em mim? — Tsabin perguntou.
As mangas de suas vestes escondiam seus dedos retorcidos. Era a única
parte do corpo que ela não controlava, porque geralmente ela tinha que
mover os dedos durante o desempenho de qualquer maneira.
— Não. — respondeu Padmé. Ela estendeu a mão e puxou a tiara.
Alguns alfinetes caíram em sua saia, e ela os sacudiu no chão para que
pudesse recuperá-los. — Mas irei um dia, então podemos também
estabelecer limites no início.
Elas foram para o provador e Tsabin ajudou Padmé a vestir um conjunto
de robes que combinavam com o dela. Padmé escovou os cabelos das
tranças que colocaram sob a tiara e enxugou o rosto. Tsabin abriu a porta do
guarda-roupa e mexeu nos controles por um momento até descobrir como
enviar o vestido para o local designado.
— Por que você não gosta de Sanandrassa? — Tsabin perguntou quando
elas voltaram para a sala de estar, reclinadas com os pés para cima em um
dos banquinhos que Panás queria retirar.
— Ficou tão óbvio? — Padmé respondeu. Ela parecia mais preocupada
com isso do que com qualquer outra coisa até agora, mas Tsabin sabia que
era apenas porque a rainha baixava um pouco a guarda quando estavam
sozinhas.
— Provavelmente não. — Tsabin disse a ela. Ela entrelaçou os dedos no
colo do jeito que Padmé fazia. Não era apenas o treinamento de combate
que elas tinham que compartilhar. — Eu aprendo as suas falas conforme
você aprende a escondê-las, isso é tudo.
— Não é que eu não goste dela como pessoa. — Padmé disse depois de
pensar por um momento. — Mas não gostei de como ela falou sobre os
outros planetas do setor durante o seu reinado. Compartilhamos um
senador, mas ela falava como se Naboo fosse o único planeta aqui. Prefiro
estender a mão e fazer aliados. As tradições de Naboo são importantes, mas
não são as únicas coisas que importam na galáxia.
— Você não mencionou isso na campanha. — observou Tsabin.
— Não. — Padmé permitiu. — Mas está na minha lista.
— Imagino que a sua lista faça o Capitão Panás tremer nas botas. —
disse Tsabin.
— Provavelmente. — disse Padmé. — Vamos contar a ele gentilmente.
— É hora dos seus exercícios respiratórios, Vossa Alteza. — disse
Tsabin, e elas voltaram ao trabalho.
Assistir Padmé relaxar sem realmente relaxar era um pouco enervante,
mas Tsabin sabia que a maioria das pessoas veria apenas a calma estudada
no rosto da Rainha. Padmé teve que se esforçar mais para não mostrar
compaixão em seus olhos, então Tsabin já havia modificado a prática delas
para se concentrar em parecer educadamente interessada, não plácida. Era
difícil para Tsabin, porque ela fizera o possível para se treinar para
desaparecer por completo e agora seu papel exigia os dois. Para ser
totalmente honesta, ela não se divertia tanto há anos e nunca se sentiu tão
útil.
Mais algumas respirações profundas e Padmé conseguiu, o rosto que
Amidala usaria em público. Tsabin piscou duas vezes, flexionou os dedos
nas mangas e combinou com ela exatamente.
Os seus sorrisos orgulhosos eram idênticos.
— Você sabe que não existe, oficialmente, tal coisa como uma prisão em
Naboo? — Panás disse inocentemente. A garota do outro lado da mesa com
ele revirou os olhos.
— Só porque mandamos todos para a lua. — Ela respondeu, falando no
tom cuidadosamente cortado de alguém que estava modulando seu sotaque
natural.
— Exatamente. — disse Panás. — Só para esclarecer onde isso vai dar.
O segundo revirar de olhos foi um pouquinho menos seguro de si.
Panás tinha encontrado Rabene Tonsort em uma lista de desistentes de
uma das escolas mais prestigiadas de Naboo. Ela era, de acordo com o seu
histórico, brilhante em uma variedade de mídias, de música à atuação e
escultura. Os seus professores elogiaram sua criatividade e adaptabilidade.
Os seus colegas, tinha poucos amigos, gostavam de trabalhar com ela, pois
sempre parecia apresentar resultados. Porém os administradores da escola
a expulsaram quando descobriram que ela estava fazendo um anel
falsificado no porão da escola. Vários outros alunos foram suspeitos, mas a
única evidência concreta que alguém conseguiu encontrar atribuiu a
operação inteira a Rabene.
— Você é uma golpista bastante talentosa, pelo que vejo. — Panás
continuou. — Ou é uma vigarista?
As crianças Naboo tendiam a ser prodígios. Então fazia sentido que
algumas delas seguissem em direções estranhas.
— Era um projeto da escola. — protestou Rabene, com o seu sotaque
escapando das rachaduras de sua resposta emocional. — Deveríamos fazer
uma pesquisa sobre uma era artística de nossa escolha. Está dentro da
grade curricular.
— Você não deveria vender os resultados. — disse Panás. — E você
certamente deveria dizer aos estrangeiros que os compraram que não eram
peças originais.
Rabene não disse nada.
— O que não entendo. — continuou Panás. — é que você pode fazer o
que quiser. Uma artista com a sua versatilidade surge uma vez por geração,
se tivermos sorte. Você tem Naboo inteiro ao seu alcance e você escolhe
isso.
Não havia perigo real de Rabene ser enviada para a lua, mas Panás
não ia dizer isso a ela. A escola, sem querer admitir que fomentou um
criminoso, simplesmente a forçou a desistir. Ela nem tinha sido expulsa.
— Por que não se tornar uma atriz legítima? — Panás perguntou.
Naboo passava por tendências, como em qualquer outro lugar, e o teatro
era atualmente o mais popular.
— Não gosto de interpretar papéis que outras pessoas escreveram. —
disse Rabene. Podia até ser verdade, então Panás decidiu seguir em frente.
— E se fosse o papel de uma vida? — ele perguntou.
Tentou dizer isso o mais casualmente possível, deixando o máximo que
podia para a imaginação dela. Ela se inclinou para a frente imediatamente.
— Eu não serei uma informante. — ela sibilou.
Panás riu. Uma risada real, verdadeira. Não era sobre isso que estava
falando e, por algum motivo, a sua negação completa o divertiu. Tarde
demais, percebeu que provavelmente estava revelando muito, mas,
honestamente, fazia tanto tempo que não ria daquele jeito que quase não se
importava.
— Não estou pedindo que você seja uma informante. — ele disse. — Na
verdade, não tem nada a ver com as suas indiscrições anteriores. Você só
tem alguns talentos nos quais estou interessado, e nenhuma outra oferta no
momento.
— Estou ouvindo. — ela disse.
Panás fizera todas as seleções com muito cuidado. Uma garota foi
eliminada da consideração porque não tinha coordenação motora para
disparar um blaster. Várias outras já eram muito conhecidas na
comunidade artística de Naboo para desaparecer sem serem notadas.
Rabene podia ser um pouco rude nas bordas, mas era perfeita fora isso, e
Panás não se importava de ter algo para segurar sobre ela em uma
emergência.
— É um trabalho de segurança. — disse Panás. — Você seria
encarregada de proteger uma pessoa, e essa proteção se estenderia ao
desempenho de tarefas domésticas.
Foi apropriadamente vago.
— Como lavanderia e limpeza? — Rabene perguntou.
— Se a ocasião exigir. — Panás não tinha ideia do que Amidala faria
com suas aias assim que as tivesse, embora duvidasse que as suas tarefas
fossem mundanas.
— Mas é de um grande destaque. — Rabene meditou. — Um destaque
tão alto que você nem pode me dizer quem é.
— Não até que eu tenha alguma indicação de sua confiabilidade ou
compromisso. — ele admitiu.
— Por favor, Capitão. — disse Rabene. — Você é um oficial de
Segurança Real. Não há tantas pessoas assim.
Panás se perguntou distraidamente quantas vezes seria enganado por
uma adolescente nos dias que viriam.
— Tudo bem. — ele disse. — Você tem alguma ideia do que está em
jogo. Você tem alguma ideia da responsabilidade. Eu quero que você faça
isso porque você é boa em algo que ela não é.
— Enganação. — disse Rabene.
— Precisamente. — disse Panás. — Quero que você faça o sistema
funcionar. Que a ensine a se esconder à vista de todos e a como se misturar
às decorações das paredes. Quero que você preste atenção às coisas que
ela não perceberia. Quero que você a ensine como identificar uma farsa e a
como falar com alguém e fazer com que confiem nela sem depender de seu
coração compassivo.
— Ela foi eleita rainha. — disse Rabene. — Não tem como ela já bnão
saber fazer pelo menos parte disso.
— Pode ser. — disse Panás. — Mas eu quero que você faça parte do
arsenal dela, não algo que ela só use como último recurso.
Rabene olhou para ele por um longo momento. Panás não tinha certeza
do que ela estava procurando, mas o que quer que fosse, ficou claro em seu
rosto no momento em que o encontrou. Ele a ganhou. O que quer que
Amidala tenha planejado com as outras, teria uma aia em quem pudesse
confiar. Isso o fez se sentir um pouco espalhafatoso, pois ela era apenas
uma garota, afinal, mas isso era a segurança planetária, e Panás não
deixaria nada ao acaso. Essa era uma coisa que podia controlar.
— Muito bem então, Capitão Panás. Estou dentro. — ela disse. Ela
sorriu para ele, toda doçura e leveza, e não se deixou enganar por um
instante. — Vou ensinar a sua abelha rainha como usar o ferrão.
Ao todo elas eram cinco, incluindo Tsabin, que já estava atrás do trono.
Panás as apresentou à Rainha com um floreio mínimo no final da segunda
semana de seu reinado. Cada uma delas se curvou educadamente quando
ele as apresentou, e Amidala as cumprimentou com um aceno de cabeça
idêntico. O seu rosto foi pintado para audiência completa, e a sua elaborada
tiara se estendia de sua cabeça em ambas as direções. Era cuidadosamente
impessoal, um mistério em verde volumoso. Panás tinha certeza de que ela
não se mexia há várias horas, mas não havia indicação de que a sua atenção
estava diminuindo.
Tinha sido um longo dia com os representantes regionais, havia uma
escassez de mão de obra projetada para a colheita de grãos deste ano, e o
debate foi dividido entre trazer estrangeiros para ajudar no trabalho ou
simplesmente comprar alimentos de fora do planeta e deixar os grãos se
tornarem o fertilizante da próxima estação, e todos estavam ansiosos para
terminar. Ainda assim, Amidala se sentou com as costas retas em seu trono
e olhou cada garota de frente enquanto Panás as apresentava.
— Rabene Tonsort, talentosa artista e atriz. — A expressão plácida de
Rabene indicava que havia muitas coisas que Panás estava deixando de fora
de sua biografia. — Eirtama Ballory, cientista e engenheira; Suyan Higin,
costureira e fabricante; e Sashah Adova...
Panás parou de falar quando Sashah fez uma reverência, incapaz de
quantificar porque exatamente pensava que a menina de 12 anos era
qualificada para isso, embora não houvesse dúvida em sua mente de que ela
era. Amidala percebeu a sua pausa e arriscou um meio sorriso, mais emoção
do que normalmente mostrava em público.
— Obrigada, Capitão. — ela disse, como se as apresentações tivessem
sido concluídas sem incidentes. — Você fez um trabalho notável em pouco
tempo para encontrar candidatas tão excelentes.
— Foi um privilégio. — disse Panás, curvando-se.
— Vamos subir para a suíte e conversar mais. — Amidala continuou,
agora falando diretamente com as garotas. — Há algumas coisas que
precisamos discutir.
Panás cerrou os dentes. Amidala tinha sido excepcionalmente firme em
não permitir que os guardas entrassem na suíte sem um bom motivo, e tinha
a sensação de que ela o excluiria da conversa deliberadamente.
A Rainha se levantou e liderou o caminho escada acima. As meninas a
seguiram para os seus aposentos e Tsabin fechou a porta, fazendo o possível
para não sorrir com a expressão de Panás. Na sala de estar, Amidala indicou
que todas deveriam se sentar, e então se sentou em uma cadeira perto da
lareira e puxou a tiara. Tsabin estava ao lado dela antes que ela terminasse
de se livrar de todos os pinos e aceitou a ajuda sem problemas.
— Apenas coloque na mesa por enquanto. — disse Amidala. Tsabin
obedeceu e voltou a se sentar.
Padmé parou por um momento para sacudir os cabelos e olhar as
garotas que Panás havia escolhido. Todas eram fisicamente semelhantes a
ela, exceto Eirtama, que era loira, e todas pareciam educadamente
interessadas. Mesmo Sashah que não se intimidou com o apartamento.
Padmé ficou impressionada.
— Meu nome é Padmé. — ela disse, como apresentação. Ela queria que
elas entendessem. — Imagino que o Capitão Panás tenha explicado muito
bem os aspectos perigosos desta posição, mas espero algo além de guarda-
costas.
— Não é algo além. — disse Sashah. Ela tinha uma voz sonhadora. —
É uma expansão.
— De fato. — disse Padmé. — Mas também é uma colaboração. Panás
escolheu cada uma de vocês porque vocês têm talentos que eu não tenho.
Eu quero aproveitar esse começo e nos tornar algo ainda mais forte.
— Não só seis personagens. — disse Suyan. — Você quer que
ganhemos as habilidades umas das outras.
— Ele me contratou para te ensinar a enganar. — disse Rabene. Ela
falava com tanta franqueza que Padmé desconfiou que guardava segredos.
Estava tudo bem por enquanto, pelo menos. Padmé tinha muitos segredos
próprios. — Aparentemente, ele não acha que você é enganadora o
suficiente por conta própria, mas estou começando a achar que ele a
subestimou.
Padmé sorriu recatadamente. Isso estava indo melhor do que esperava.
Ao deixar a seleção para Panás ela correu o risco de ele escolher garotas
que eram talentosas e leais, mas que não eram compatíveis com seu estilo e
objetivos específicos. De alguma forma, tanto o capitão quanto a rainha
conseguiram o que queriam: um grupo de aias que poderiam, com sorte,
evoluir para uma unidade a ser considerada. Supondo, é claro, que suas
personalidades fossem coesas. Havia uma diferença entre ambição e
comprometimento, e querer servir não era o mesmo que fazer parte do todo.
— Padmé e eu já começamos o treinamento de combate juntas. — disse
Tsabin. — E tenho ensinado a ela exercícios de respiração, que ajudam a
controlar as reações físicas.
Eirtama se inclinou para frente e pegou a tiara. Aparentemente, ela era
do tipo que sempre queria fazer algo com as mãos.
— Elas são todas assim? — ela perguntou, virando a peça para
examinar a parte que se prendia à cabeça de Padmé.
— Tão grandes? — Padmé respondeu.
— Tão rígida e desajeitada. — ela esclareceu. — É um original ou uma
réplica de uma peça histórica? Deve ser super desconfortável.
— É sim. — disse Padmé. — Um original e desconfortável, quero dizer.
— Posso projetar uma que tenha a mesma aparência e pese a metade. —
disse Eirtama. — Ninguém vai saber a diferença, exceto nós.
— Deixe-me ver isso. — disse Suyan, estendendo as mãos. Eirtama
passou a tiara sem hesitação. — Oh, sim, podemos melhorar isso. Acho que
foi feito antes da seda Karlini ser importada em massa, e não há razão para
não podermos duplicá-la em um estilo mais usável. Esta pode ir para um
museu ou algo assim.
— Vamos olhar seus vestidos também. — Eirtama examinou o vestido
verde que Padmé usava com um olhar crítico. Suyan concordou. — Pelo
menos parece que foi feito com materiais modernos, mas vamos ver se não
podemos fazer algumas modificações para conforto e funcionalidade.
Tsabin se virou com expectativa para Sashah, que não disse nada e sem
indicar ainda porque Panás a escolhera. Padmé olhou para ela com
curiosidade também.
— O capitão acha que trabalhamos para ele. — disse Sashah. — Ele
pensa em nós como uma extensão das Forças de Segurança Real. Ele não
entende o que você quer de nós. E ele tem algo sobre Rabene que acha que
pode usar para controlá-la.
Isso não era uma surpresa. Rabene encolheu os ombros.
— Quando ele disse ‘artista e atriz’, o que ele quis dizer é que eu forjo
peças de arte clássicas e, em seguida, convenço estrangeiros a comprá-las
como originais. — Rabene escondeu uma risadinha. — Ele deixou de fora a
parte em que também sou uma música talentosa. Eu só tinha que escolher
algo na escola, antes que eles me expulsassem, e eu escolhi...
— Crime? — Tsabin estava rindo abertamente agora. Suyan parecia
vagamente escandalizada, mas até ela estava sorrindo.

— Escolhi a música porque nunca a usei de forma não convencional. —


disse Rabene deliberadamente.
— Claro. — disse Tsabin.
— Ele ameaçou você? — Padmé perguntou. Ela não toleraria isso.
— Não com tantas palavras. — respondeu Rabene. Não parecia que
Panás a preocupava com nada. — A escola não apresentou queixa depois
que me pegaram, e nenhum dos estrangeiros sabe disso. Ele deu a entender
que poderia dificultar as coisas para mim se eu dissesse não.
— Vou dizer a ele que isso é inapropriado. — Padmé prometeu.
— Eu não acho que você deveria. — disse Rabene. — Ainda não, de
qualquer maneira.
As seis ficaram sentadas lá, digerindo o que isso significava.
— Por que ele acha que isso é tão perigoso? — Suyan perguntou. —
Não houve um ataque, direto ou não, a uma monarca de Naboo nas últimas
décadas. Você é brilhante, mas Sanandrassa também foi, à sua maneira.
Assim como todo mundo que foi rainha. O que ele acha que está vindo?
— Honestamente, acho que ele é só paranoico. — disse Padmé. — Ele
era escrivão da legislatura quando era jovem e depois foi para a segurança
em vez da arte. Sei que ele conhece de passagem o senador Palpatine, então
provavelmente sabe mais sobre política fora do mundo do que a maioria dos
outros guardas. Acho que começou apenas como um palpite.
— E agora? — Eirtama perguntou.
— Não tenho certeza. — Padmé hesitou. — Estamos enfrentando uma
escassez de mão de obra para a colheita, o que não é novidade. O debate
geralmente vai e volta sobre qual solução tomar, e desta vez a facção para
comprar fora do planeta parece ser a mais forte, provavelmente porque
Sanandrassa apoiou o isolacionismo durante o seu reinado e eu tive apenas
duas semanas para começar a mudar as coisas. O Senado Galáctico está
tentando mudar algumas leis tributárias, e Naboo definitivamente seria
afetado por isso se algo fosse aprovado. Mas não há como saber ainda.
— Portanto, é paranoia com uma boa direção. — observou Rabene.
— Não quero que saia do controle. — disse Padmé. — Quero estar
pronta para tudo, é claro, mas não quero ter tanto medo da minha própria
sombra a ponto de desistir das partes de mim que querem permanecer
idealistas e esperançosas. É por isso que eu queria ser rainha, de verdade.
Para mostrar que Naboo pode ser forte em suas próprias tradições e fazer
parte da comunidade galáctica.
— Seremos a sua sombra. — disse Sashah.
Padmé olhou para cada uma delas. Assim como com Tsabin, já havia
decidido que confiaria nelas. Foram honestas com ela e concordaram com
os termos originais de Panás, que incluíam uma promessa significativa de
confidencialidade. Todas deram e ganharam para chegar ali, naquela sala do
palácio onde poderiam planejar o futuro para milhões de uma vez, e esse
era um terreno comum para começar, no mínimo. Quando Padmé encontrou
os olhos de Tsabin, a aia assentiu uma vez.
— Nesse caso, acho que existem algumas precauções preliminares que
podemos tomar. — disse Rabene. — Acho que devemos ter novos nomes.
Todas nós guardamos segredos de nossas famílias e de todas as outras
pessoas do planeta, e eu sou um pouco conhecida, afinal.
— Você tem alguma sugestão? — Padmé perguntou.
— Você teve que desistir de Padmé. — disse Tsabin. — E se todas nós
escolhêssemos nomes que soassem semelhantes a esse?
— Isso seria perfeito. — disse Rabene. — Garanto a você que a maioria
das pessoas ouvirá tantos ehs seguidos e literalmente nunca será capaz de
lembrar quantas de nós existem, muito menos quem é quem.
Eirtama claramente tinha objeções para desistir do seu nome, mas não
disse nada. Padmé se inclinou para frente.
— Você tem permissão para discordar de mim em particular, você sabe.
— ela disse. — Especialmente quando estamos debatendo ideias.
— Gosto do meu nome. — disse Eirtama após um breve silêncio. — Eu
iria torná-lo famoso algum dia, sabe? Construir coisas ou pelo menos
consertá-las. Eu não quero desistir.
— Tem que ser todas nós ou nenhuma, ou não vai funcionar. — disse
Rabene. — E você pode tornar o seu nome famoso depois, se realmente
quiser.
— Eu…. — Eirtama hesitou novamente.
— É muito estranho ouvir alguém te chamar por um novo nome. —
disse Padmé. — Demorei um pouco para me acostumar. Eu não tive
escolha, então não vou fazer a sua por você.
— A questão é ser invisível. — disse Sashah. — Se você quer ser
famosa, este não é o seu trabalho.
Eirtama se endireitou com a crítica, como se tivesse recebido um
desafio direto.
— Eu posso fazer os dois. — ela insistiu. Ela caiu em aceitação, não
exatamente em derrota. — Mas você está certa sobre esperar. Não serei a
mais jovem a fazer qualquer coisa, eu acho, mas ainda posso ser a melhor.
Estava claro que Eirtama não estava entusiasmada, mas o primeiro
obstáculo foi ultrapassado.
— Quando você estiver maquiada, devemos sempre chamá-la de Vossa
Alteza. — Suyan sugeriu, limpando a garganta para mudar de assunto.
Sashah olhou para ela e rapidamente desviou os olhos. — Isso ajudará a
estabelecer limites e nos avisará quando tivermos permissão para discutir as
coisas. Mesmo se estivermos sozinhas.
— Todas nós vamos usar maquiagem em algum momento, eu acho. —
disse Tsabin. — Mesmo que seja apenas para praticar.
— Quem usa o rosto fica com o título. — disse Eirtama. Ela parecia
determinada a ajudar a tomar decisões, apenas para ter certeza de que eram
aquelas com as quais concordava. Era melhor do que nada. — E
praticaremos não ficar chocadas se algum pajem do palácio nos abordar na
companhia.
— Por falar em pajem. — disse Sashah. — Acho que eu deveria ser
uma. Você vai precisar de alguém que possa levar recados sem levantar
suspeitar porque as pessoas a veem o tempo todo. Eu sou a menor e a
menos provável de ser a Rainha. Eu sou a melhor escolha.
Padmé revirou todas as sugestões em sua cabeça. Elas estavam se
unindo melhor do que ela esperava e estavam apenas começando.
— Acho que Padmé deveria ser um pajem também. — disse Rabene.
— Como isso funcionaria? — Tsabin perguntou.
— Se houver outra garota magicamente em torno da Rainha, alguém
pode notar. — disse Rabene. — As pessoas deveriam se acostumar a vê-la.
Ninguém presta atenção nos pajens.
— Acho que é uma contradição direta. — disse Tsabin. — Mas também
acho que você está certa.
Panás jamais permitiria. A ideia de Padmé vagando por Theed como ela
mesma iria pressionar o capitão longe demais. Ela tinha certeza disso. Mas
talvez ele entendesse porque esse papel seria bom para ela desempenhar
dentro das paredes do palácio. Ele era uma pessoa razoável e a lógica de
Rabene estava correta.
— Vamos facilitar isso. — disse Sashah, discernindo o problema. — E
eu serei a pajem principal, de qualquer maneira, o que ajudará.
Elas estavam todas sorrindo abertamente agora, encantadas com o
esquema que estavam tecendo, os segredos que guardariam entre elas.

— Rabé. — disse Rabene. — A sua aia do guarda-roupa, eu acho.


Isso daria a ela acesso aos itens mais pessoais que protegiam a Rainha,
as suas roupas, as joias e os outros acessórios, e forneceria uma razão para
ela estar sempre disponível. Era perfeito para uma oficial de inteligência.
— Yané. — disse Suyan. — Eu estarei encarregada de manter contato
com a equipe do palácio e com os droides.
Ela teria seu dedo no centro de tudo o que acontecia dentro das paredes.
Ninguém suspeitaria de nada de anormal se aparecesse de repente nas
cozinhas ou jardins para falar com alguém sobre as necessidades da Rainha.
— Eirtaé. — disse Eirtama. — Comunicações.
Todos estariam acostumados a vê-la com uma variedade de tecnologia
em suas mãos. Eles não pensariam no que estaria fazendo com isso.
— Saché. A humilde pajem.
Ninguém pensaria muito em vê-la.
Cada garota havia escolhido algo que as faria parecer completamente
inofensivas, mas também permitiria que tivessem funções adicionais sem
que ninguém olhasse duas vezes. As suas habilidades poderiam ser postas
em prática sem que ninguém soubesse.
Padmé sorriu e olhou para Tsabin. A sua primeira aia. Nas duas semanas
desde a eleição, elas passaram quase todos os momentos juntas, embora a
maioria das pessoas não estivesse totalmente ciente da presença de Tsabin.
Ela havia oferecido opiniões sobre uma variedade de assuntos, e Padmé já
estava começando a confiar no bom senso de Tsabin para moderar seu
próprio idealismo. Elas eram amigas ou estavam a caminho de uma
amizade. E elas estavam aprendendo a navegar no desequilíbrio de poder
entre elas. Não era perfeito, Saché parecia estar evitando Yané
deliberadamente, mas era um começo.
— Serei a assistente de todas. — disse Tsabin. — Dessa forma, as
pessoas se acostumarão com minha atuação em papéis aleatórios e também
não questionarão minha ausência se eu não estiver visível.
— E? — Padmé perguntou. Tsabin sempre teria que seguir as escolhas
das outras. O mínimo que elas podiam fazer era dar isso a ela.
Tsabin sorriu.
— Sabé.
— Não gosto disso. — disse Panás.
— É sua própria culpa, querido. — disse Mariek. Sempre foi direta e
geralmente ele gostava muito disso nela, mas era uma qualidade menos
atraente quando estava apontando as suas próprias deficiências. — Você
não pode colocar tantas garotas adolescentes juntas e não esperar que elas
façam um esquema. Ou matem umas às outras. Francamente, você tem
sorte que elas parecem estar fazendo a primeira opção.
Panás pensou nesta ao invés das outras nove respostas, oito das quais
provavelmente terminariam em divórcio. Desistiu e tentou outra
abordagem.
— Você tem alguma sugestão de como lidar com elas? — ele
perguntou. — Já que você parece ser uma especialista.
— Por que eu fui uma, você quer dizer? — ela disse perversamente.
— Eu ...
— Estou brincando, amor. — ela disse. — Você deu à Rainha uma
excelente caixa de ferramentas. O que ela faz com isso é problema dela,
infelizmente para os seus pobres nervos, mas a caixa ainda é sua. Só não
faça disso uma gaiola, ou elas vão realmente se virar contra você.
— Eu não as estou prendendo! — ele apontou.
— Chame do que quiser. — disse Mariek. — Você as está controlando,
e elas não gostarão disso mais do que você gosta que elas o controlem.
Basta fazer o seu trabalho e confiar nelas.
— Gostaria que você tivesse ficado com a promoção para guarda
pessoal. — Panás reclamou.
— Teria sido uma ideia terrível. — disse Mariek. — Uma vez que
concordo principalmente com elas neste cenário.
Ela o beijou, rindo, e Panás ficou com a sensação de que havia perdido
mais de uma luta naquela manhã.

O primeiro problema foi que Saché se recusou a dividir o quarto com Yané.
Não deu nenhuma razão e cravou os calcanhares com uma teimosia que
ninguém havia previsto. Rabé e Eirtaé haviam inventado algum tipo de
gerador aleatório de cronograma, a ideia era que nenhuma aia ficasse no
mesmo lugar dois dias seguidos, e o ataque de Saché as impedia de
implementá-lo. Padmé estava relutante em escolher lados, principalmente
porque Yané estava inexplicavelmente de acordo com Saché. Parecia
intensamente pessoal, de uma forma que Padmé não entendia inteiramente,
e era uma tolice, mas estava determinada a dar às suas aias toda privacidade
que pudesse, e se isso era tudo que Saché precisava, não era muito.
— Tudo bem. — declarou Rabé por fim. — Vamos apenas adicioná-la
ao programa gerador aleatório. Vocês nunca terão que dormir no mesmo
quarto. Presumo que vocês estejam bem sendo vistas em público juntas?
Saché cedeu graciosamente, e os próximos três dias viram os doces
favoritos de Rabé serem enviados com o chá da noite, o que todas
consideraram um pedido de desculpas adequado.
Panás não ficou inteiramente satisfeito por nunca saber quantas figuras
encapuzadas acompanhariam a Rainha em um determinado dia. Essa
também foi ideia de Rabé. Se a rainha sempre estivesse acompanhada por
um número diferente de servas, seria mais difícil dizer quem estava ausente
em determinado momento.
— Há cinco delas para protegê-la. — disse Panás. A sua voz estava
cuidadosamente controlada, assim como a da Rainha. Ambos estavam
tentando falar de uma forma que o respeito fosse tão claro quanto a
discordância, mas eles não tinham prática suficiente ainda.
— É assim que elas vão me proteger. — rebateu Amidala.
No final, Padmé concordou em adicionar mais dois guardas a cada
turno. Foi o raro acordo em que todos conseguiram o que queriam em
primeiro lugar, e o custo foi considerado aceitável por todas as partes.
No final da segunda semana, Yané declarou que era hora de dar a Sabé a
chance de deixar a suíte com o rosto da Rainha. Memorizou a rotação da
equipe e fez uma anotação da programação em que os droides limpavam o
chão e as janelas. Sabia exatamente em que momento essa expedição
deveria ocorrer. Além disso, ela e Eirtaé haviam terminado três novas tiaras,
além de suas outras funções, e um vestido que tinha toda a aparência de um
vestido Naboo tradicional com um terço do peso. O novo vestido tinha
fechos tão mais fáceis, tornando mais fácil entrar e sair, que Rabé insistiu
que lhe mostrassem os desenhos originais.
Elas escolheram uma manhã em que Amidala não tinha aparições
públicas. Saché saiu da suíte e voltou três vezes em várias tarefas, e então
Padmé, vestida de forma idêntica, saiu para aparentemente pegar um livro
na biblioteca da Rainha, que estava localizada no final do corredor. Tudo o
que Sabé tinha que fazer era descer o corredor sem ser reconhecida, para ser
um teste bem-sucedido.
— Isso realmente pesa menos do que os antigos? — Sabé perguntou
enquanto Yané ajustava as ombreiras e o tabardo sobre o enorme vestido
azul.
— Não seja mesquinha. — disse Rabé. — Você sabe o quão duro elas
trabalharam nisso.
Sabé usava um conjunto de vestes azuis-claras por baixo do vestido, o
mesmo conjunto que Saché e Padmé usavam quando eram vistas saindo do
quarto. As aias geralmente usavam túnicas do mesmo estilo, ajustadas para
complementar o que quer que a rainha estivesse vestindo. Os capuzes
estavam rapidamente entrando em moda, espalhando-se da corte para
Theed, para a população em geral e, a qualquer momento, haveriam várias
mulheres com aparência de aias em qualquer parte do palácio.
Sobre as vestes, Sabé usava um vestido azul escuro feito de seda Karlini
e cortado para combinar com um estilo Naboo arcaico. O seu tabardo era
preto e preso por um cinto elaborado com joias. As maciças ombreiras, que
fariam a maior parte do trabalho em termos de suporte da tiara, também
eram pretas. Eirtaé não estava totalmente feliz com o design, mas Yané a
convenceu de que seria mais fácil testar um modelo físico em vez de apenas
continuar desenhando repetidamente. A tiara em si era um penteado
aparentemente simples, enfeitado com contas brancas e azuis que
estremeciam sempre que Sabé movia a cabeça. Uma grande peça triangular
descansava na parte de trás dos seus ombros e na parte de trás da sua
cabeça, completando o visual. Não ajudava muito em sua visão periférica,
mas sua postura era impecável.
Yané terminou as últimas pinceladas de maquiagem.
— Isso deve bastar. — ela declarou. — O que você acha?
Rabé e Eirtaé a examinaram atentamente e não fizeram comentários.
— Os ombros são uma boa ideia. — disse Saché. — Ninguém prestará
muita atenção ao rosto dela, mesmo que tente. Os seus olhos sempre serão
desviados.
— Obrigada. — disse Yané ao tirar o avental que usava para evitar o pó
facial nas suas vestes e puxou o capuz sobre a cabeça. Ela e Eirtaé seriam as
únicas a acompanhar Sabé no teste, porque a outra metade iria ver se elas
poderiam colocar Padmé de volta no rosto da Rainha enquanto estivessem
na biblioteca.
— Vamos lá. — disse Sabé.
— Claro, Vossa Alteza. — disse Rabé, sem piscar enquanto olhava
fixamente para o rosto pintado de Sabé.
Seria preciso mais do que isso para abalar a segunda melhor garota.
Sabé assentiu com a cabeça lentamente e se virou para a porta.
Os guardas no corredor se endireitaram quando Amidala passou por eles
e não deram nenhuma indicação de que avistaram algo incomum. Dois
deles se posicionaram atrás de Yané e Eirtaé. Eram cerca de cinquenta
metros pelo corredor até a biblioteca, e a distância de repente pareceu
ridiculamente grande para Sabé. O vestido era pesado. Não havia praticado
o suficiente com os sapatos. Não conseguia virar a cabeça por causa da
tiara. Encheu os pulmões, nenhuma parte de seu movimento revelou a
respiração estável, e começou a andar.
Elas chegaram a dez metros da porta antes que o Capitão Panás
aparecesse no corredor. Ele chegou cedo. Atrás de Sabé, Yané respirou
fundo e Eirtaé fez uma careta sutil.
— Vossa Alteza. — disse Panás amigavelmente. — Não achei que
tivesse nenhum compromisso hoje.

— Estou indo para a biblioteca. — disse Sabé, na esperança de manter a


conversa o mais breve possível.
Panás assentiu e deu um passo para o lado para deixá-las passar. Ele
estava quase ultrapassando a linha dos olhos de Sabé quando ela viu a testa
dele franzir. Ela deu os últimos passos para a biblioteca o mais rápido que
pôde, deixando Eirtaé passar por ela para abrir a porta. Isso deu a Eirtaé
uma visão clara do rosto de Panás quando Amidala entrou na sala antes de
bloquear os guardas.
Sabé queria se encostar na porta e resmungar, mas o vestido não
permitiu. Preferiu praguejar baixinho.
— Poderia ter sido pior. — disse Yané, encorajando-a.
— O que aconteceu? — Padmé perguntou. A “pajem” estava no topo da
escada da biblioteca, com um livro na mão para que, se alguém entrasse, ela
pudesse fingir que acabara de localizá-lo.
— Panás. — disse Sabé brevemente. Ela estendeu os braços para que
Eirtaé pudesse começar a trabalhar.
Padmé desceu a escada e ficou na frente dela para que Yané pudesse
começar a preparação também.
— Ele te pegou? — ela perguntou.
— Ele nos viu. — disse Sabé. — E tenho certeza de que ele sabe que
era eu.
— Ele ficou intrigado com tudo, de qualquer maneira. — disse Eirtaé.
— Quando eu vi o rosto dele, ele ainda estava pensando.
— O que era tudo que você precisava. — disse Padmé. — Isso não foi
ruim para uma primeira tentativa.
Sabé não respondeu, hipoteticamente porque Eirtaé estava tirando a
maquiagem do rosto dela, mas na verdade porque, apenas uma vez, quis ser
a melhor em alguma coisa por causa de um dom natural.
— Ele só começou a suspeitar quando você falou. — disse Yané.
— Não posso ser dublê da Rainha se não puder falar. — disse Sabé. A
sua cabeça estava livre da tiara, então ela torceu o cabelo para cima na
espiral simples que as servas usavam para colocar o capuz.
— Nós já falamos sobre o rosto da Rainha. — disse Padmé. — Fazemos
isso com maquiagem e praticamos espelhar as expressões umas das outras.
Nós vamos apenas… ter que começar com a voz da Rainha.
Não era uma ideia terrível.
— Você já fala de maneira diferente quando fala com funcionários do
governo. — disse Sabé. — Não deve ser muito difícil ajustar a inflexão para
nós duas.
— Todas nós, eu diria, porque Rabé não está aqui, — disse Padmé. Ela
estava sorrindo. Sabé achou que ela ficaria desapontada, mas a verdade é
que Padmé adorava um plano, e agora elas tinham um. — E teremos que
trabalhar para incorporar o sotaque de Rabé também.
— Vou adicioná-lo à lista. — disse Eirtaé.
Trabalhando rapidamente, as criadas transferiram o vestido de uma
rainha para a outra, e Yané tirou de um de seus bolsos uma versão pequena
e portátil do estojo de maquiagem real. Fez o rosto de Padmé enquanto
Eirtaé prendia a tiara e Sabé se enfiava em seu capuz. Demorou vários
minutos para fazer a mudança. Se fosse um vestido mais complicado, como
qualquer um dos que Amidala usava para a corte, não teria sido tão rápido,
mas Rabé insistiu que elas trabalhassem para enfrentar esse desafio.
Sabé pegou o livro que Padmé havia recuperado e se ajeitou no final da
procissão. Eirtaé abriu a porta novamente, e as quatro avançaram pelo o
corredor como se fosse qualquer outro dia típico.
Desta vez, os cinquenta metros pareceram mais amigáveis. Tudo o que
Sabé precisava fazer era manter a cabeça baixa e se passar pela pajem que
todos tinham visto entrar na biblioteca meia hora atrás. Os guardas
caminharam atrás dela e todos voltaram para a suíte como se tudo estivesse
perfeitamente normal. Quando chegaram à porta, Panás a abriu para elas.
— Encontrou o livro que queria, Vossa Alteza? — ele perguntou
suavemente.
Elas não haviam contado a ele sobre o plano de tornar Padmé uma
identidade separada como uma pajem. Yané disse que era mais fácil pedir
perdão do que permissão, então elas simplesmente seguiram em frente e
continuaram. Talvez devessem ter deixado a “pajem” na biblioteca para
vender melhor essa parte. Eirtaé poderia adicionar isso à lista.
— Sim, obrigada, Capitão. — disse Padmé. A sua voz estava baixa,
muito mais próxima de Sabé do que o normal. — Eu encontrei.

O governador Bibble não ficou surpreso com o resultado da votação, mas


Padmé percebeu que ele ficou um pouco desapontado, embora nem ela nem
as suas aias tenham dado qualquer indicação.
— É claro que todos nós entendemos as razões agrícolas para permitir
que metade dos campos de Naboo apodreçam. — ele disse depois que
terminaram de resumir o relatório. — Sempre há o risco de superprodução
da agricultura, e qualquer chance de ajudar o ciclo do nitrogênio
naturalmente é apreciada, mas eu tinha esperança de que sua influência
fosse o suficiente para desbloquear o planeta, por assim dizer.
— Concordo, governador. — Amidala disse. A nova voz ainda não era
natural para ela, então elas a estavam testando em um conhecido aliado para
começar. Até agora, Bibble não havia reagido de forma alguma. — A
economia certamente poderia apoiar a compra de grãos agora, mas há uma
diferença entre simplesmente comprar coisas de estrangeiros e realmente
recebê-los, como teria sido o incentivo à emigração de fora do planeta.
Sanandrassa fora uma boa governante, mas fechara Naboo de acordo
com as suas crenças sobre o isolacionismo planetário, e tanto a Rainha
quanto o governador estavam ansiosos para abri-lo novamente. Nenhum
deles precisava dizer isso em voz alta.
— Ah, bem. — Bibble disse baixinho enquanto Amidala se levantava
para se despedir. — Há sempre a próxima temporada.
— Agradecemos a sua dedicação, governador. — Amidala disse. A sua
voz falhou um pouco no final da frase.
— Está se sentindo bem, Vossa Alteza? — Bibble perguntou. — Você
se adaptou a ser rainha excepcionalmente bem, mas sempre há efeitos
colaterais estranhos em novos empregos.
— Estou bem, obrigada. — disse Amidala. Deixou um pouco de calor
voltar ao tom da rainha. Um movimento no canto do olho chamou a sua
atenção, e ela soube que Yané tinha enrolado as mãos nas mangas, o que ela
costumava fazer quando estava tentando não rir.
— Vou informá-la sobre os desenvolvimentos à medida que os receber.
— disse Bibble, curvando-se para ela.
Assim que a porta foi fechada entre eles, Padmé ouviu o som
inconfundível de uma risadinha de dentro do capuz de Rabé.
A situação entre Saché e Yané não mudou, nem ficou mais claro, que
situação realmente era essa. Elas eram amigáveis uma com a outra, mas
Saché não ficava sozinha com a menina mais velha. Recusou-se a explicar o
motivo e Yané não pareceu se ofender. As provocações gentis só deixavam
Saché desconfortável e fizeram com que Yané se fechasse, então
eventualmente as outras desistiram e aceitaram isso como uma
peculiaridade de personalidade. Como os ajustes de Eirtaé em pequenos
aparelhos eletrônicos ou a tendência de Rabé de assobiar quando estava
pensando, elas ignoraram os problemas completamente. O que quer dizer:
os aborrecimentos se acumularam até explodirem de maneira semi-
espetacular.
— Achei que você gostaria de ter a chance de escrever um programa
mais complicado. — rebateu Yané. Eirtaé resmungava por ter que mudar de
quarto quando Saché pegou um resfriado que Yané pegara na semana
anterior. O droide médico recomendou que as duas dividissem um quarto
até que os sintomas passassem. Saché recusou categoricamente.
— Minha vida já é complicada o suficiente, obrigada. — disse Eirtaé.
— Eu poderia ser uma aprendiz nos quadrantes orientais, ajudando a
construir pontes, mas em vez disso, estou aqui com vocês duas e vocês nem
podem ficar doentes juntas.
Por um momento, parecia que Padmé iria decidir usando a hierarquia,
algo que nunca tinha feito na suíte. Mas então Saché suspirou.
— Sinto muito. — ela disse. — Vou ficar com Yané.
— Eu já fiz as malas! — Eirtaé estava muito indignada agora. Já que
raramente conseguiam desabafar as suas emoções, provavelmente já deveria
ter passado.
— Empacotou o quê, exatamente? — Perguntou Sabé. — Nós
dividimos um armário.
Eirtaé parecia pronta para arrancar a cabeça de alguém, e Padmé
relutantemente interveio.
— Obrigada, Saché, por ver o outro lado disso. — ela disse. Saiu no
tom mais baixo que elas estavam trabalhando para Amidala. — Eu sei que
não é fácil fazer algo que te deixa desconfortável.
Saché seguiu para o quarto onde Yané estava hospedada desde que
começou a apresentar os sintomas.
— Eirtaé, sinto muito pela interrupção. — disse Padmé.
— Não se desculpe por isso. — disse Eirtaé. — Eu não deveria estar
com raiva de você.
— Você pode ficar com raiva aqui. — disse Padmé. — Uma ferida
aberta não serve a ninguém.
— Obrigada. — disse Eirtaé. Ela não se desculpou e nem aceitou as
desculpas de Padmé, mas esse era o preço da vida em comum.
— Você realmente quer construir pontes? — Padmé perguntou. Elas
haviam concordado vagamente que as aias permaneceriam por pelo menos
um mandato, mas ninguém havia feito qualquer promessa vinculativa.
— Na verdade, não. — disse Eirtaé, sorrindo. — Pontes são fáceis.
— Alguém mais? — perguntou Padmé. — Já que estamos todas aqui.
Houve um momento de silêncio e então Sabé pigarreou.
— Não quero que pareça que estamos atacando Saché. — ela disse com
cuidado. — Mas ela não é muito boa com a voz.
A voz da Rainha foi um ponto crescente de discórdia durante toda a
semana. Já que Padmé tinha sintonizado para Sabé sem pensar bem, as
outras três foram forçadas a combinar os tons com os de Sabé, apesar de
suas vozes serem mais altas. Foi difícil para todas elas, principalmente para
Rabé. Ela já havia desenvolvido um sotaque para a escola para mascarar o
fato de que tinha vindo das Províncias Ocidentais, e a voz da Rainha exigia
uma forma inteiramente nova de falar. Mesmo assim, estava progredindo e
era Saché quem mais lutava. Havia muito que suas cordas vocais podiam
fazer.
Voltou para a sala, usando uma máscara sobre a boca e o nariz.
— Eu sei. — ela disse miseravelmente. — Eu simplesmente não
consigo, eu acho, e todas nós teremos que aceitar isso. Não adianta mudar
todo o plano porque umas de nós não pode fazer isso. Eu simplesmente
nunca serei a Rainha.
Rabé considerou. Idealmente, cada uma delas deveria trabalhar para se
tornar o espelho uma da outra, mas isto estava se mostrando mais difícil na
prática do que na teoria. Não havia como esconder a pequena estatura de
Saché, mesmo com o mais astuto dos sapatos, e o cabelo loiro de Eirtaé
tornava as coisas desafiadoras também.
— Tudo bem. — ela disse, e se virou para Eirtaé. — Isso afetará o seu
algoritmo?
— Ah, que se dane o algoritmo. — disse Sabé. — Estou cansada de
planejar cada movimento e fingir que somos uma a outra para enganar os
guardas agora e todos os outros em uma emergência que pode nunca
acontecer.
— Não é tão simples, Sabé. — disse Yané. Ela também tinha uma
máscara sobre a parte inferior do rosto, mas não escondia a preocupação em
seus olhos. De todas elas, parecia que ela era a que tinha mais apego
emocional ao grupo. Odiava quando discutiam e fazia o possível para
mediar todas as situações que podia. O fato de que estava muito doente para
fazer isso agora não era culpa dela, mas as outras sabiam que ainda via isso
como um fracasso pessoal. — O Capitão Panás nos trouxe aqui para
ficarmos prontas, e a Rainha nos deixou escolher como faremos isso.
Sabíamos no que estávamos no metendo quando aceitamos o trabalho.
— Então, mudamos o trabalho. — disse Padmé. — Não estamos nisso
há tempo suficiente para deixá-lo perfeito. O que devemos fazer em vez
disso?
Elas consideraram por um tempo. Rabé revirou os cenários em sua
cabeça, mas eram todos muito semelhantes ao que já estavam tentando.
Sabé não tinha nenhuma sugestão, apenas uma inquietação que não a
deixava em paz.
— Temos tentado ser iguais fisicamente. — Saché disse com a voz que
usava quando estava pensando em voz alta. Já que ninguém mais tinha
ideias, elas a deixaram desenvolver. — Nós praticamos andar, falar, nos
vestir, ficar de pé e pensar. E se tentássemos… algo mais prático?
— Quão mais prático do que caminhar você quer tentar? — Eirtaé
perguntou. A confrontação havia sumido de seu tom.
— À noite, antes de dormir. — disse Saché. — Sentamos e
conversamos ou lemos. E se fosse tarefa de alguém se apresentar e o resto
de nós aprendesse os hobbies uma da outra? Nós adquirimos habilidades
extras, isso nos dá algo para fazer e pode nos permitir entender a maneira
como cada uma de nós pensa.

— Eu posso mostrar como arrombar fechaduras. — disse Rabé.


— Isso não é realmente um hobby. — disse Yané.
— Nenhuma das coisas que faço para me divertir são hobbies. — disse
Rabé. — Pelo menos abrir fechaduras pode ser útil algum dia.
— Isso é um começo. — disse Saché. — Padmé?
Padmé considerou. O ponto de Saché era bom. Eles estavam
aprendendo como se parecerem umas com as outras, mas não o coração
umas das outras. A proximidade que ela encontrara com Sabé naquelas duas
primeiras semanas, quando eram apenas as duas, conversando no escuro,
ainda não tinha sido replicada com as outras. Essa podia ser uma boa
maneira de fechar essas lacunas, formar esses laços.
— Tudo bem. — ela disse, e sorriu. — Primeiro, arrombar fechaduras.

A partir daí ficou um pouco mais fácil. Os seus dias ainda estavam cheios
de conformidade com uma única identidade que não era de nenhuma delas
exatamente, mas as noites eram delas. Se o Capitão Panás se perguntou por
que a Rainha requisitou várias fechaduras complicadas e imediatamente
depois uma ampla seleção de linhas de bordado, não a questionou. As
meninas presumiram que não queria saber e estavam mais ou menos
corretas.
Amidala partiu para um passeio pelas províncias agrícolas alguns dias
depois que elas se estabeleceram em seu novo padrão. Todas as aias foram
com ela, vestidas com túnicas cor de fogo e colocadas ao longo de uma
coluna, de forma que ninguém soubesse exatamente quem estava onde em
qualquer momento. A pajem chamada Padmé também foi incluída no
registro de viagem, com alguns protestos de Panás. Não se importava com a
“pajem” que acompanhava o grupo, mas estava relutante em tornar pública
a existência dela. Elas se comprometeram novamente: Padmé foi
oficialmente registrada, mas raramente era vista por alguém, já que a sua
suposta tarefa como arquivista principal da Rainha para a viagem a
mantinha fora do caminho.
A rainha viajou com um acompanhamento considerável. O governador
Bibble foi com ela, junto com Graf Zapalo, o conselheiro agrícola; Horace
Vancil, o consultor econômico; e todos os seus funcionários. As Forças de
Segurança adicionais foram incorporadas. Panás havia limitado o número
de transportes a sete, o que naturalmente limitou o número de pessoas que
poderiam ser levadas. O oitavo veículo em sua comitiva continha o guarda-
roupa da Rainha.
A Rainha seguia em um speeder aberto com o governador ao lado dela.
Era a sua primeira aparição em público fora da capital, e os cidadãos
estavam ansiosos para vê-la. Todas as manhãs, Rabé pintava o seu rosto e
Eirtaé a colocava em todos os trajes reais que Yané declarava ser
particularmente importante para a região pela qual estavam passando. Sabé
a substituiu apenas uma vez, na manhã em que a menstruação de Padmé
começou e passou as primeiras horas do dia na cama esperando que os
analgésicos fizessem efeito. Fora isso, elas decidiram o que era importante
para o povo de Naboo ver a verdadeira Rainha, já que tantos deles votaram
nela.
— Como você não está usando as injeções supressoras? — Rabé
perguntou assim que Padmé estava de pé e elas tiveram a oportunidade de
trocá-la de novo.
— Normalmente não é tão ruim. — admitiu Padmé. Era profundamente
embaraçoso ser pega de surpresa pelo próprio corpo, mesmo que Sabé
tivesse feito um trabalho perfeito em substituí-la.
— Você está sob mais estresse do que o normal. — disse Yané. — Vou
adicioná-lo ao seu perfil médico, e os droides cuidarão disso quando
voltarmos.
No quinto dia, elas haviam passado por mais campos de grãos podres do
que Padmé gostaria de ver. Eles haviam explicado isso a ela, e tinha algum
entendimento sobre isso em primeiro lugar, mesmo se a composição
química exata do solo fosse algo que não soubesse antes. Era uma prática
agrícola sólida. Logo os fazendeiros arariam os caules podres de volta ao
solo e os campos seriam reconstituídos. O ministro das finanças
acompanhava a viagem para garantir a todos que seriam devidamente
compensados e, entre a promessa de dinheiro e a presença da Rainha, havia
uma certa atmosfera festiva em tudo.
Mas cheirava mal. E o cheiro era inevitável. Ele permeava tudo e a fazia
pensar em podridão, ruína e desperdício. Nenhuma dessas coisas fazia com
que ela se sentisse confortável, mas era importante que Amidala aprovasse
a decisão que o governo havia tomado.
— De onde planejamos comprar grãos? — Amidala perguntou a Zapalo
uma tarde, enquanto seguiam no speeder aberto. Havia apenas oito lugares,
e o vestido de Padmé ocupava uma fileira inteira, então eram apenas ela, o
governador, os conselheiros, Panás, o ajudante-chefe de Bibble e Saché.
— Ainda estamos considerando isso, Vossa Alteza. — ele respondeu. —
Vários mundos foram abordados e esperamos que todos eles façam uma
oferta. Então, vamos negociar o melhor preço.
— Abordamos Karlinus ou Jafan? — Amidala nomeou os dois planetas
no setor Chommell mais conhecidos pela produção agrícola.
— Não, Vossa Alteza. — Zapalo pareceu surpreso. — Nós não fizemos
isso. Karlinus, como você sabe, tem se concentrado principalmente em chá
e seda nos últimos anos. Não tenho certeza se eles têm um superávit grande
o suficiente para nos sustentar. E Jafan definitivamente não tem.
— Não é necessário nos apoiar inteiramente. — disse Amidala. A nova
voz deixava as pessoas desconfortáveis porque a tornava ainda mais difícil
de ler. Era, ela admitiu, uma grande parte do encanto. — Se pudermos
apoiar as economias deles, mesmo que seja apenas um pouco, acho que é
um assunto que vale a pena explorar.
Os conselheiros trocaram olhares e depois se voltaram para Bibble. O
ajudante dele já estava digitando em seu gravador.
— Não há motivo para não investigarmos isso, Vossa Alteza. — disse
Bibble. — E também acho que entrar em contato com os nossos vizinhos
primeiro é uma boa abordagem. Não podemos confiar inteiramente neles,
mas podemos ver se há uma chance de um acordo mutuamente benéfico.
— Muito bem. — disse Vancil. — Farei com que meu pessoal comece o
processo de coordenação com o ministério da agricultura assim que
voltarmos a Theed.
— Obrigada. — A Rainha foi cortês e deixou que a conversa se voltasse
para assuntos que seus conselheiros considerassem menos intimidadores.
Saché, cujo pajem era tão comum que a maioria dos funcionários do
governo já haviam parado de prestar atenção nela, a menos que precisassem
de algo, estava sentada no assento traseiro na frente do carro e olhando para
trás. Tinha a visão mais clara dos rostos de todos. Bibble ficou satisfeito.
Panás estava cuidadosamente neutro. Nenhum dos conselheiros ficou
entusiasmado, mas eles não se opuseram abertamente. Mas era o rosto de
Padmé o mais interessante. Enquanto os outros claramente consideravam o
assunto encerrado por enquanto, Padmé ainda o estava matutando. Ela virou
o rosto para cima, como se estivesse curtindo o sol, mas Saché sabia muito
bem. Ela estava pensando nos outros planetas do setor. E não iria parar até
que tivesse o que queria.
Padmé encontrou o seu olhar quando olhou para baixo, e Saché
assentiu, mal movendo a cabeça. Fosse o que fosse, as aias a ajudariam a
conseguir.
O aprendiz ficou sentado no escuro, esperando o chamado do seu mestre.
Havia permanecido nas sombras por anos, desde que foi escolhido, e isso
estava começando a lhe dar nos nervos. Sabia que era intencional. Ficava
com raiva de esperar, de ser empurrado para o lado enquanto o seu mestre
manipulava a galáxia sem ele. Isso o fez se sentir indesejado, e pior:
desnecessário. E, claro, isso o deixou com raiva também.
Maul havia dominado a raiva há muito tempo. Lutou com ela nas
cavernas profundas de Dathomir quando criança, e lutou tão alto que
chamou a atenção de seu mestre. A maioria teria deixado a raiva queimá-
los. A maioria teria explodido em fúria gloriosa, levando um número
incontável com eles para o vazio da escuridão, mas não Maul. Maul foi
feito para coisas maiores, e a sua raiva era o seu combustível.
Ainda estava trabalhando no ódio.
Havia tantas coisas para odiar. Odiava a forma como a névoa em
Dathomir havia nublado a sua visão e tornado as bruxas mais fortes. Odiava
o jeito que tinha sido deixado de lado por ser uma criança do sexo
masculino até que algum estrangeiro viu utilidade para ele. Odiava aquele
mesmo estrangeiro por treiná-lo tão astutamente, através de tanta dor e
sofrimento, e então não o deixar solto para causar o mesmo na galáxia.
Acima de tudo, odiava os Jedi.
Eles não tinham vindo atrás dele. Não sabia se eles o tinham percebido
e o consideravam indigno, ou se, em seu estado destreinado, não tinha
valido a pena, mas não importava. Eles o ignoraram, o ignoraram por algum
motivo desconhecido, e embora tivesse sido melhor servido pela
negligência deles, era mais poderoso com a sua raiva do que poderia ser
sem ela, e contou os dias até que pudesse fazê-los pagar.
As partes do seu sabre de luz pairavam no ar à sua frente, separados da
totalidade enquanto consertava o alinhamento pela centésima vez. O sabre
de luz era a morte. Isso também era algo com que fora forçado a lutar. Cada
parte dele foi roubada, e cada parte era irrevogavelmente dele, paga com
sangue e dor, apenas alguns dos quais tinham sido dele mesmo.
Concentrou-se, invocando o poço de escuridão dentro dele, as partes que
tinham assustado as bruxas mais jovens e agora encantavam tanto o seu
mestre. Com a facilidade de muita prática, juntou o sabre, as partes se
alinhando tão facilmente quanto tudo em sua vida não tinha. Quando
terminou, estendeu a mão, apertou o botão e se perdeu no zumbido.
Se perguntado, Maul diria que não temia nada.
Ele estava errado.

O Chanceler Valorum não gostava de se reunir com a Federação do


Comércio. Não tinha permissão para admitir em público, mas nutria uma
vaga aversão por senadores que representavam corporações, não planetas.
Era um ponto de vista desatualizado, o que era apenas um dos motivos
pelos quais mantinha em segredo a sua antipatia. A maior parte da galáxia
acreditava que o empregador de uma pessoa tinha tanto direito a um lugar
no governo quanto uma pessoa. Mas isso não significa que tinha que gostar.
Só que devia, em sua posição atual, fingir que sim.
A situação tributária estava começando a ficar ridícula. Qualquer outro
projeto de lei que falhou no Senado tantas vezes já teria sido empurrado
para baixo do tapete, mas por algum motivo, variações deste continuavam
voltando. Não era diferente de ser assombrado, exceto que em vez de um
fantasma que poderia ser exorcizado, eram os burocratas que simplesmente
não paravam de falar sobre isso.
— Você não pode esperar que os planetas da Orla Média aceitem isso!
— O Senador Palpatine argumentou, mal se importando em moderar o seu
tom no gabinete do chanceler. — Eles não têm cofres tão cheios.
Esta foi a quarta reunião do comitê que Valorum organizou na esperança
de evitar uma briga geral nas câmaras do Senado. Os guardas senatoriais
vestidos de azul inspiravam algum senso de decoro nos delegados, e as
amplas janelas mantinham a atmosfera leve e arejada. Até agora, pelo
menos, tudo tinha sido em vão: nada havia sido acordado.
— A Federação do Comércio tem o prazer de oferecer ajuda a qualquer
planeta que necessite. — Lott Dodd rebateu. — Já passamos por isso várias
vezes, Senador.
A Senadora Yarua, a delegada Wookiee, disse algo rápido demais para
que Valorum entendesse. As emoções da palestrante foram claras o
suficiente, mas Valorum olhou para a tela para obter a tradução.
— Não, Senadora. — disse Palpatine. — Eu não acho que os termos
dessa ajuda seriam muito atraentes também.
Um sinal sonoro soou do sistema de comunicação, indicando que o
tempo alocado para a reunião havia acabado. Todo mundo tinha outro lugar
para estar. Valorum fez o possível para não parecer muito aborrecido. Nesse
estágio, uma luta no plenário estava começando a parecer inevitável.
— Ande comigo, Senador. — ele disse a Palpatine enquanto os outros
saíam. Os Neimoidianos pareciam afrontados, mas Valorum era confiável o
suficiente para estar além dessas acusações mesquinhas de favoritismo.
Mesmo assim, enviou Mas Amedda com a delegação comercial na
esperança de que a presença do vice-presidente os fizesse sentir melhor.
— Peço desculpas, Chanceler. — disse Palpatine enquanto os dois
homens percorriam o corredor em direção ao escritório do senador. — Eu
não queria ter sido tão agressivo lá dentro.
— É o seu próprio planeta. — disse Valorum com alguma simpatia. —
Ninguém pode culpar você por se sentir um pouco emocionado com isso.
— Obrigado. — disse Palpatine.
— Você acha que nós nos beneficiaríamos de ter um moderador
independente? — perguntou Valorum.
— Um Jedi, você quer dizer? — Palpatine disse, parecendo surpreso. —
Eu não tinha pensado nisso. Não creio que estejamos tão longe, senhor, e
odiaria colidir com o privilégio senatorial até que precisássemos.
— Você provavelmente está certo. — disse Valorum. Os Jedi eram uma
boa solução, mas uma solução muito extrema. Não faria bem chamá-los
para uma disputa comercial antes que todos os argumentos fossem
apresentados. Esse era o tipo de coisa que acontecia fora de Coruscant.
Eles chegaram ao escritório de Palpatine, e o senador se retirou.
Valorum continuou de volta aos seus aposentos. Era bom ter aliados
sensatos.
Shmi Skywalker assistiu quando o podracer de seu filho pegou fogo e bateu
em uma duna. Queria gritar para se enfurecer, pois Watto o tinha obrigado a
fazer isso quando não era seguro. Nenhum outro humano havia competido
em um podracer, e o duvidoso recorde de Anakin estava em perigo toda vez
que ele esperava na linha de partida. Mas não podia fazer nada. Não podia
protestar ou discutir, não podia trocar ou negociar. Não tinha nada dela para
dar.
Exceto o próprio Anakin, é claro, que Watto já conhecia e aproveitava a
cada momento.
Os droides médicos chegaram ao podracer logo após os supressores de
incêndio, e Shmi pôde vê-los puxando o metal emaranhado em busca de um
sobrevivente. Pelo menos ele não tinha sido atirado desta vez. Ele tinha
caído em uma parte rochosa da pista de corrida, não que a areia fosse muito
mais macia quando se atingia em alta velocidade. Mesmo em chamas, o
podracer era moderadamente mais seguro do que um corpo batendo no
chão.
Watto pairava, o bater de suas asas mostrava que ele estava muito longe,
antes de alcançá-la, apesar de ela não ter se virado.
— O garoto está bem. — ele observou. — Como sempre.
— Talvez um dia não será mais assim, Watto. — disse Shmi.
— Talvez um dia ele pare de arruinar o meu podracer também. — disse
Watto, rindo. Ele voava para recolher os seus ganhos, nunca apostava por
conta própria, obviamente. Shmi retomou a espera até que os droides
médicos terminassem.
Shmi foi para o poço de corrida para onde eles o levariam. Era um rosto
familiar lá embaixo. Os droides não eram exatamente conhecidos por seus
olhares simpáticos, mas ela sentia como se todos estivessem dando isso a
ela enquanto caminhava para a área médica. Chegou um pouco antes de
Anakin.
Estava em uma maca. Parecia um anão e o transferiram rapidamente
para um leito. Não parecia estar sangrando muito, mas Shmi não podia
dizer se ele tinha ferido algo internamente.
— Está tudo bem, mãe. — ele disse quando a viu. Ainda estava cheio de
adrenalina, além da dor e de ter liderado a corrida. Ele amava tanto isso, e
tinha tão poucas coisas para amar. Esta era a verdadeira razão pela qual ela
nunca poderia negar isso a ele.
— Ani. — ela disse, acariciando o cabelo dele.
— Eles só vão me apagar enquanto o bacta recupera meus fêmures. —
ele informou.
Shmi levantou a cobertura e viu que ambas as pernas dele estavam
torcidas. Pelo menos Watto pagaria de bom grado para consertar.
— Não se preocupe, mãe. — disse Anakin. — Eu estarei sempre com
você.
Ele buscou a mão dela, e ela a pegou. Era ridículo que aceitasse isto
como conforto nesta situação. Anakin ficava embaraçado quando agia como
uma mãe em público, mas não sabia mais o que fazer. Se começasse a
gritar, nunca mais pararia.
— Você terá que se afastar agora, senhora. — disse o droide.
Os droides médicos eram rústicos, mas eficientes. Em pouco tempo,
Anakin estava inconsciente e eles estavam trabalhando em suas pernas.
Shmi teve que desviar o olhar quando os ossos começaram a se mover. Era
muito para o coração dela aguentar.
— Algum dia não será como sempre. — ela disse. E era uma promessa
para os dois.

Yoda se sentou em um pequeno jardim no Templo Jedi, onde geralmente era


deixado sozinho. Hoje, no entanto, as suas meditações foram interrompidas
por Mace Windu, que foi até ali para falar com ele, embora eles tivessem
acabado de estar na câmara do Conselho algumas horas antes.
— Perguntas que não cabem para os outros, você tem? — Yoda
perguntou enquanto Windu se sentava na grama ao lado dele. —
Embaraçosas, não são?
— Não, Mestre Yoda. — Windu disse. Ele nunca respondeu bem ao tipo
particular de humor de Yoda, mesmo quando era um youngling. Era uma
das razões pelas quais Yoda continuou assim.
Yoda o deixou ficar sentado por mais um tempo, até que finalmente o
Jedi mais jovem começou.
— Você sente algo. — disse Windu. — Algo sobre o qual não contou a
ninguém.
— Tão inteligente você é, Mestre Windu. — Yoda disse. — E tão perto
da verdade. Mas acho que você não está na direção certa, eu digo.
— Que outra direção existe, Mestre? — Windu perguntou. — Ou você
sente algo ou não sente nada.
Yoda demorou mais um momento sem responder. Se esperasse o
suficiente, eles quase sempre descobriam por conta própria. Era o seu
método de ensino favorito.
— Você não sente nada. — Windu disse depois de um tempo. —
Mestre, sempre há algo.
— Abra a sua mente, Mestre Windu. — Yoda disse. — Se nada é
sentido, algo deve ser.
Windu se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e o
queixo nas mãos. Conseguiu fazer com que parecesse gracioso, o que nem
sempre era fácil para homens humanos.
— Não. — ele disse finalmente. — Nada nunca pode ser algo. Eles são
opostos.
— Tão certo você está. — Yoda disse. — Tranquilizador, isso é. Nunca
estou tão certo de mim mesmo.
— Você pensa de forma diferente? — Windu disse. Estava começando a
parecer um debate com Qui-Gon, e nenhum dos dois gostava muito disso.
— Acho que não sinto nada. — disse Yoda. — Presumo nada depois
disso, eu não sinto.
Yoda esperou enquanto Windu pensava em sua próxima pergunta. Não
havia sentido em perguntar se Yoda estava com medo, porque ele apenas
voltaria com a pergunta, e Windu não gostava desse tipo de exposição.
Tudo o que ele podia fazer era seguir as suas lições, as que recebera quando
menino e as ministrara como Cavaleiro e Mestre no Templo. Devia deixar
isso pra lá. A Força diria a ele quando chegasse a hora e não deveria se
permitir ser distraído pelos comportamentos de Yoda.
— Eu confio no seu julgamento, Mestre Yoda. — ele disse finalmente.
— Eu sei que se houver uma resposta, você a encontrará.
Yoda não respondeu. Em vez disso, ele fechou os olhos e procurou a
calma na Força viva fluindo através dele. Depois de alguns minutos, sentiu
Windu se levantar e deixá-lo sozinho com os seus pensamentos, que era seu
lugar favorito.
A luz o cercou, a escuridão a uma distância confortável dos limites de
sua percepção. E ainda assim havia algo; em vez disso, não havia nada. E
isso o iludiu completamente.
A luz do sol através das janelas da sala do trono dava ao mármore um brilho
opalescente. O vidro tinha sido tratado para lançar arco-íris contra o teto
quando a luz o refletia em certos ângulos, e as tapeçarias eram de cores
suaves para permitir que qualquer pessoa na sala as apreciasse
completamente. Ocasionalmente, a decoração da sala servia como uma
distração do que estava acontecendo dentro dela, mas hoje ninguém estava
olhando para qualquer lugar além da Rainha.
Amidala estava vestida de roxo. A sua roupa de baixo estava
completamente coberta pelo veludo rígido de sua camada externa, exceto na
gola, onde o lilás macio se enrolava em seu pescoço. De resto, poderia ser
uma estátua. O vestido era tão fortemente bordado que ficava em pé
sozinho sem precisar dos truques na bainha para garantir que tudo ficasse
no lugar. Uma faixa verde escura completava o visual. O estilo era um
pouco severo, o que se refletia na expressão estoica de Amidala, e a Rainha
estava coberta dos pulsos aos tornozelos. A sua tiara era incomumente
simples, consistindo em uma peruca estilizada com tranças enroladas em
uma coroa, cada uma destacada por joias roxas e verdes. Um pente de prata
foi enfiado na parte de trás da coroa da trança, e um véu roxo pendurado
atrás da sua cabeça.
Rabé e Eirtaé levaram quase uma hora para prender todos os pinos que a
seguravam no lugar. Padmé estava quase com medo de mover a cabeça.
A rainha Amidala solicitou a presença do governador e de vários
conselheiros hoje. Nenhum deles a rejeitou, naturalmente, embora não
tivesse dado nenhuma razão para a convocação deles.
— Governador, representantes. — disse a Rainha Amidala. Não havia
como confundir a voz agora. Foi mantida baixa e um pouco raspada, mas
definitivamente atraiu a atenção. — Agradecemos por nos atender hoje.
— Claro, Vossa Alteza. — disse Bibble.
— Gostaríamos de informar que faremos uma cúpula no Palácio Real
em duas semanas. — continuou Amidala. Como isso era novidade, todos
pareceram um pouco assustados.
— Uma cúpula com quem? — perguntou a ministra de assuntos
internos. Depois de um momento, ela acrescentou: — Vossa Alteza.
Amidala assentiu com a cabeça para mostrar que não havia
ressentimentos.
— Com nossas contrapartes em outros planetas no setor Chommell. —
ela respondeu.
Houve um longo silêncio.
— Vossa Alteza. — disse Bibble com relutância. Ele parecia
desesperadamente desconfortável. — Você é a única rainha no setor
Chommell.
— Talvez você tenha nos entendido mal, Governador. — Amidala disse
graciosamente. — Permitam um esclarecimento: vamos convidar os
políticos desses planetas que atuam como chefes de estado,
independentemente dos títulos que ocupem.
— Vossa Alteza. — disse Graf Zapalo. — por quê?
— Chegou ao nosso conhecimento que as aberturas comerciais não
foram bem recebidas. — disse Amidala. Este foi um eufemismo leve.
Karlinus tinha respondido imediatamente que eles não tinham excedente e
Jafan não tinha respondido de forma alguma. — Queríamos convidar
nossos colegas aqui para que possamos discutir os assuntos pessoalmente e
descobrir onde está o problema.
Eles não podiam realmente pará-la. Eles podiam dificultar a vida dela, e
era por isso que ela estava contando tudo, mas não conseguiriam impedir
que a cúpula acontecesse. Tudo o que eles podiam fazer era expressar o seu
descontentamento e fazê-la se explicar em palavras muito pequenas.
— Vossa Alteza. — disse Bibble. — certamente a questão de um pouco
de grão não é tão importante que tenhamos de tomar medidas tão drásticas.
Isso pode ser visto como um confronto.
Esperava que Bibble fosse o seu aliado mais fiel nessa questão. Era bem
sabido que ele estava tão interessado em reabrir as relações interplanetárias
quanto ela. Em um flash, percebeu: ele estava deixando que ela os
ganhasse. Assim que parasse de protestar, eles não teriam mais defesa.
— Não é só o grão, Governador. — disse Amidala. — Quero falar sobre
todo o comércio e relações entre os planetas no nosso sistema.
— É um objetivo elevado. — disse Bibble, reconhecendo o ponto. — E
um que vale a pena, eu acho.
— Capitão Panás. — Amidala se virou ligeiramente para se dirigir a ele.
— Você tem algo a dizer?
Não havia razão alguma para pedir a seu chefe de segurança que
pesasse neste ponto. Panás não ocupava um cargo legislativo e não tinha
voz em nenhuma decisão a que a Rainha chegasse em termos de política.
Entretanto, Rabé sugeriu que perguntassem a ele em público, e Sabé
concordou. Ele não seria capaz de discutir muito se houvesse testemunhas.
— Haveria muito o que organizar, Vossa Alteza. — ele respondeu
lentamente. Ele sabia o que elas pretendiam e poderiam discutir os detalhes
práticos mais tarde, com menos testemunhas. — Além de toda segurança do
palácio, teríamos que ter planos para qualquer excursão em que você
levasse os visitantes.
— Nós levaremos as suas sugestões em consideração para qualquer
coisa fora do palácio. — Foi a sua oferta de paz. — Você conhece melhor
os problemas que podemos enfrentar.
Esperou para ver o que Panás faria. Demorou um pouco e depois provou
que Rabé estava certa.
— Embora eu não ache que a segurança da Rainha tenha algo a ver
diretamente com a cúpula. — ele disse. — Qualquer relação no setor
envolveria segurança planetária, e isso afeta tanto a Rainha quanto o resto
de vocês. Não é um movimento abertamente defensivo, mas também não
nos faz parecer vulneráveis.
— Obrigada, Capitão. — disse Amidala. Ela se voltou para os
conselheiros.
Eles pareciam desconfortáveis, mas estavam sem argumentos. Tinha
vencido, então podia se dar ao luxo de ser graciosa. Faria o possível para
que a cúpula os incomodasse o menos possível.
— Vossa Alteza. — disse Zapalo. — Aguardaremos mais orientações
sobre como podemos ajudá-la neste assunto.
— Obrigada. — disse Amidala.
Bibble os lembrou que eles tinham uma votação legislativa naquela
tarde, e eles se despediram como um grupo. Nenhum deles estava
resmungando muito visivelmente, pelo menos. Amidala esperou que a sala
esvaziasse antes de se virar para Panás.
— Capitão. — ela disse.
— Eu não gosto disso. — ele disse. — Mas eu posso ver porque você
quer fazer isso.
— Obrigada pelo seu apoio. — disse Amidala. — Lamento termos o
surpreendido junto com eles.
Teria jurado que ouviu um dos outros guardas abafar uma risada.
— Agradeço as suas sugestões, Capitão. — ela disse.
— Eu apresentarei mais do que algumas, tenho certeza. — disse Panás.
Padmé não duvidou nem por um segundo disso.

A lista de Panás não era tão extensa quanto temia. A maior parte era bom
senso. As portas de segurança que protegiam a sala do trono, por exemplo.
Todas foram testadas e, quando uma delas apresentou defeito, o mecanismo
foi substituído. Uma pesquisa no palácio e nas redondezas foi conduzida,
procurando pontos fracos na rede de Panás, e logo atrás dos guardas veio
um pequeno exército de droides de limpeza e jardineiros para garantir que
tudo estaria perfeito para os convidados.
Eles tiveram uma discussão sobre o próprio trono.
— Você quer arrancar parte de uma antiguidade inestimável e plantar
um blaster nela? — Amidala exigiu.
O corredor fora de sua suíte não era realmente o lugar para essa
discussão, mas Padmé tinha ficado tão irritada quando leu o item listado
que irrompeu no corredor para falar com ele sobre isso. Padmé não estava
muito preocupada. Não era como se alguém neste andar estivesse
inconsciente de sua postura ao pegar em armas.
— Eu não vou destruí-lo. — disse Panás. — Eu ia deixar Eirtaé fazer
isso. Afinal, ela é a sua engenheira e provavelmente quer um desafio.
Eirtaé havia passado a maior parte de um mês projetando o novo
guarda-roupa da rainha para ser tão funcional quanto ostentoso, e se o
número de esboços lotando a mesa da sala de estar fosse qualquer
indicação, ela não estava entediada.
— E o blaster? — Padmé perguntou.
— Será um modelo pequeno. — respondeu Panás. — Apenas uma
pequena célula de energia. E apenas para emergências. Se você vai ter
dignitários estrangeiros lá com você, quero que esteja preparada para o pior
absoluto.
Padmé se encostou na janela e suspirou. Sanandrassa não admitia
muitos estrangeiros na sala do trono, e nenhum deles foi violento.
Certamente ninguém ficou tão ofendido por dois anos de relativo silêncio
da monarca de Naboo a ponto de atacá-la em sua própria sala do trono.
Ainda assim, Panás estava geralmente aberto a modificar seus planos, se
fossem discutidos com ele. Por cima do ombro de Panás, ela podia ver
Sabé. Seu rosto estava cuidadosamente neutro.
— Não faria mal expandir sua experiência com armas, Vossa Alteza. —
disse Sabé cuidadosamente. Parecia que estava concedendo o ponto a
Panás, o que não era bem o que ela estava fazendo.
Sempre que Padmé reclamava que se sentia encurralada pelas demandas
de seus guardas, tribunal ou colegas, Rabé a lembrava de que era mais fácil
concordar agora e aproveitar a vantagem depois. Se elas deixassem Panás
ficar com isso, Eirtaé projetaria algo que Padmé aprovasse, e Panás ainda
pensaria que tinha vencido. Era assim que Sabé a lembrava disso. Não era
um código particularmente sutil, mas as palavras que elas usavam eram
diferentes a cada vez e, até agora, tinha funcionado bem o suficiente.
— E se houvessem dois blasters? — Padmé perguntou. Panás ficou
claramente surpreso. — Quero dizer, se eu sou a única que tem um, não faz
muito sentido. Se vamos armar uma pessoa, podemos também armar duas.
— Posso fazer funcionar com dois. — disse Eirtaé.
— Eu gosto disso. — disse Panás, e estava decidido.
— Muito bem, Capitão. — disse Padmé. — Eirtaé terá os projetos para
você depois de amanhã. Você tem mais alguma coisa que precise ser feita
esta noite?
— Não, Vossa Alteza. — disse Panás. — Obrigado.
Padmé voltou para a suíte e se afundou bufando em uma cadeira da sala
assim que a porta foi fechada.
— Mesmo se nunca usarmos, sempre saberei que está lá. — disse
Padmé. — Sempre saberei que achamos que devemos ter medo de nossos
vizinhos.
— Você será a única que poderá abri-lo. — prometeu Eirtaé. Isso era
alguma coisa, pelo menos. Ninguém iria pegar os blasters à toa. — E vou
me certificar de não arruinar o trono.
— Obrigada. — disse Padmé secamente. Ela deixou Yané e Saché tirar
a tiara agora que elas estavam indo dormir e aceitou a toalha de rosto de
Rabé para limpar a maquiagem.
— Os assessores estão voltando a si. — relatou Saché ao voltar do
vestiário. — Vários deles foram questionados sobre a cúpula após a sessão
legislativa de hoje, e todos conseguiram responder sem parecer que
desaprovavam.
— Acho que há um motivo pelo qual Bibble continua sendo eleito. —
comentou Rabé.
Elas assistiram Eirtaé esboçar os compartimentos do blaster e a ouviram
falar em voz alta sobre seus planos até que Sabé começou a questioná-los, e
a conversa se tornou sarcástica.
— Deixe-me construir um protótipo antes de descartá-lo
completamente. — disse Eirtaé finalmente. — Você está perdendo o ponto
principal e, honestamente, estou começando a pensar que está fazendo isso
de propósito.
Sabé abriu a boca para responder, mas fechou-a com firmeza ao ver a
expressão de Padmé.
— Você pode abrir fechaduras não mecânicas, Rabé? — ela perguntou
ao invés. Todas deram um suspiro de alívio.
— Bem, está mais para hackear do que arrombar. — disse Rabé. — Mas
é claro que posso.
Haviam travas não mecânicas em várias caixas de joias de Amidala,
então Rabé e Yané as buscaram no provador, e todas se revezaram tentando
arrombar sem destruir a caixa.
— Pelo menos não tivemos que pedir isso ao Panás. — disse Saché,
rindo alegremente enquanto finalmente abria uma fechadura sozinha.
— Sim, imagino que ele teria algumas perguntas. — concordou Rabé.
— Agora veja se você consegue fazer isso em menos de dois minutos.
Demorou mais uma hora até que seus tempos estivessem
consistentemente dentro dos objetivos de Rabé, e então, Eirtaé tinha quase
terminado de construir uma maquete do trono com as modificações que ela
queria adicionar ao real. Sabé testou o problema que ela pensou ter
identificado e descobriu que ele não existia.
— Você mudou. — ela disse.
— Claro que sim. — disse Eirtaé. — Só porque ainda não acho que era
uma fraqueza, não significa que vou deixar passar.
— Você poderia ter dito algo! — disse Sabé.
— E perder a expressão em seu rosto agora? — Eirtaé respondeu. —
Acho que não.
— É por isso que Panás pensa que envelheceu dez anos desde a eleição.
— disse Saché. — Por isso aqui.
— Pelos próximos dez, eu acho. — disse Eirtaé, levantando sua xícara
de chá em um brinde.
— E os dez depois disso. — disse Sabé.
Eirtama havia planejado cada parte do dia até o último detalhe, e não era
culpa dela que tudo desse errado. Construiu o hoverpod baseado em seus
próprios projetos, que criou como uma homenagem (não, ela não os
roubou) a uma peça usada na primeira ópera que a ex-rainha Réillata
estrelou após o seu mandato. Estava trabalhando com um orçamento muito
mais limitado, é claro, e teve que fazer tudo sozinha porque os seus pais a
enviaram para uma oficina para atores, que não era a mesma coisa que
uma oficina de produção teatral, que tinha sido o seu pedido.
Os seus pais eram muito bons em quase conseguir.
A ópera era uma peça ligeiramente atualizada sobre o fim dos conflitos
entre humanos e Gungan, o tipo de peça que os velhos gostavam porque os
fazia se sentir seguros, o que os fazia querer doar dinheiro para as
produções encenadas por estudantes, que eles universalmente odiavam. O
pod foi usado para representar um monstro sando aqua, de cujas costas o
personagem principal tentou reunir as pequenas forças navais de Naboo.
Eirtama havia projetado o elevador repulsor para acomodar quatro
pessoas. Ela foi muito clara sobre as restrições de peso. E ela foi ignorada.
Quando a quarta soprano subiu no pod flutuante, balançou de forma
alarmante. Mas se manteve firme. Na platéia, Eirtama relaxou. Isso ia ser
incrível. Certamente alguém passaria tempo suficiente olhando para os
cantores para perceber que o que eles pisavam era uma obra-prima.
Então, uma quinta soprano entrou pelos bastidores e começou a subir.
— Ah, não. — disse Eirtama. A velha sentada à sua esquerda a
silenciou bem alto.
A música começou, o som enchendo a sala de concertos enquanto o
público se preparava para ser transportado para uma época icônica na
história de Naboo que absolutamente não havia acontecido. A peça do
cenário balançou novamente.
— Não. — disse Eirtama mais alto.
A velha a silenciou novamente, desta vez com uma cotovelada nas
costelas. Eirtama tinha certeza de que era parente do tenor líder. Ele era
igualmente intolerável.
— Não, você não entende. — Eirtama tentou explicar. — O pod não
está...
Antes que a velha pudesse silenciá-la pela terceira vez, ou infligir danos
corporais com seu cotovelo, o zumbido alto de um motivador
sobrecarregado soou acima da orquestra. Uma das sopranos atingiu uma
nota muito, muito mais alta do que a pedida pela partitura, enquanto o pod
avançou descontroladamente pelo palco, derrubando um dos cantores.
Se isso tivesse sido tudo o que aconteceu, Eirtama teria considerado
uma vitória. As sopranos eram quase insuportáveis. Mas sabia que seria
pior. Os sensores sob o elevador detectaram a soprano caída e o controle
de emergência desligou os repulsores, iniciando o único protocolo de
segurança permitido pelo orçamento de Eirtama.
— Cuidado! — ela gritou, porque não conseguiu pensar em mais nada
para dizer. Não era como se esquivar ajudasse.
Com um choque de metal e vários outros gritos, o pod saltou para trás
da parede traseira do teatro, o único lugar garantidamente vazio. As outras
quatro sopranos foram dispensadas indecorosamente. Os ajudantes de
palco, muitos dos quais se consideravam atores e, portanto, não eram
totalmente indiferentes aos personagens, foram rápidos em correr para os
cantores caídos, mas uma vez que estavam lá, nenhum deles sabia o que
fazer.
Um homem de pele escura e ombros fortes abriu caminho até a frente
da multidão. Ele colocou as mãos em volta da boca, com muita pressa para
identificar os pontos acústicos no palco.
— Fiquem todos calmos! — ele gritou. — Sou um profissional treinado
e já pedi mais ajuda. Saiam do auditório de maneira ordenada. Se você for
parente de um dos feridos, por favor, venha e dê-se a conhecer aos médicos
quando eles chegarem.
Todos fizeram exatamente o que ele disse. Exceto Eirtama, que avançou
apesar de não ser parente de ninguém.
— O que você está fazendo? — Ele a agarrou pelo colarinho enquanto
ela tentava passar furtivamente. O seu cabelo loiro se espalhou em torno
dos dedos dele, e ela tentou se soltar.
— Eu construí isso. — ela disse. — Eu o construí e estava muito claro
que apenas quatro pessoas deveriam subir nele, e não vou deixar ninguém
dizer que foi minha culpa.
Ele a soltou e ela puxou a túnica de volta ao lugar.
— Hum, eles estão bem? — ela perguntou. A maioria das pessoas
esperaria que fosse amiga das pessoas com quem passou uma semana
trabalhando em uma ópera famosa-embora-um pouco problemática.
— Eles vão ficar bem. — ele disse. — Talvez um tornozelo torcido ou
dois, no máximo, mas ninguém quebrou nada.
— Exceto o meu hoverpod. — resmungou Eirtama, mas mudou de idéia.
— Quero dizer, acho que isso é bom.
— Não há vergonha em ficar chateada quando a sua habilidade está
arruinada porque o seu conselho foi ignorado. — ele disse. — Acho que
você está lidando com isso muito bem.
Os médicos chegaram e Eirtama se deixou vagar para fora do
auditório. Agora estava relativamente certa de que ninguém a culparia por
essa catástrofe. Ela voltou para o dormitório e leu até adormecer.
Na manhã seguinte, ninguém tinha certeza do que fazer. Eles deveriam
estar desmontando o set, sua grande apresentação feita, mas o set
literalmente desmontou a si mesmo. Em vez disso, eles perambularam em
uma das áreas verdes fora do auditório, esperando por instruções. Ninguém
esperou com Eirtama. Ela não se importou.
— Eirtama Ballory. — uma voz familiar chamou.
Ergueu os olhos e, ao lado do diretor, estava o homem da noite anterior,
aquele que havia gritado por ajuda e impedido que todos na sala se
desmoronassem. Aquele que acreditou nela. O silêncio caiu sobre o jardim.
Eirtama avançou. Tinha certeza de que havia acreditado nela. Ele até disse
que ela estava lidando bem com isso. Ninguém nunca disse que estava
lidando bem com isso. Sempre exagerava.
— Nós nos conhecemos brevemente ontem à noite. — ele a lembrou.
— Ah, sim. — ela disse. — O oficial de segurança.
O rosto dele se contraiu levemente.
— Fiquei muito impressionado com a maneira com que você lidou com
tudo, mas não tive a chance de me apresentar. — continuou ele. A última
gota de sua preocupação evaporou. — O meu nome é Quarsh Panás.
A governadora de Karlinus foi a primeira a chegar. Amidala a encontrou na
plataforma de pouso em sinal de boas-vindas e respeito. O governador
Bibble estava ao lado dela, pois já havia conhecido a sua contraparte antes.
Havia sido eleita recentemente, e Padmé esperava que ela não estivesse tão
irritada com a política recente de Naboo quanto o resto do governo dela
parecia estar. Ao mesmo tempo, a movimentação de pessoas entre Naboo e
Karlinus era bastante comum: Karlinus era um bom lugar para os artistas
ganharem dinheiro trabalhando nas colheitas de seda e chá, e Naboo era um
bom lugar para montar um estúdio depois que um artista adquirisse um
pouco de fama.
— Governadora Kelma. — Amidala disse assim que esta alcançou o
final da rampa. — Bem-vinda a Naboo. Estamos satisfeitos por você ter
vindo.
Kelma estendeu a mão e Amidala a pegou imediatamente. Podia
imaginar a expressão no rosto de Panás, mas disse a ele que faria o que
pudesse para que seus convidados se sentissem bem-vindos, e se isso
incluísse apertos de mão, então é o que ela faria.
— Foi um convite surpreendente. — disse Kelma. Os seus olhos
escuros brilharam com diversão e sua pele morena brilhou aquecida na luz
do sol de Naboo. — Eu fiquei mais do que um pouco curiosa.
— Espero que possamos satisfazer essa curiosidade. — disse Bibble
com magnanimidade. Ele ofereceu-lhe o braço e conversou com ela
enquanto voltavam para o palácio.
Os olhos de Kelma estavam por toda parte enquanto caminhavam,
captando cada detalhe. Não tinha estado em Naboo antes, o que não era
uma característica incomum em seus convidados, e parecia determinada a
aproveitar ao máximo. Usava uma roupa simples para viajar: calças largas
sob uma túnica, todas de linho combinando. Era simples e elegante, e
infinitamente mais confortável do que o vestido que Padmé estava usando.
Ela estava com um pouco de ciúme. Ela também tinha ciúmes porque o
governador não usava peruca. O seu cabelo era espesso e crespo, o que só
fazia seu rosto redondo parecer mais agradável.
Karlinus foi o único planeta cuja delegação Padmé encontrou na
plataforma de pouso. Tinha medo de que isso fosse visto como uma afronta,
mas Bibble garantiu que as outras partes entenderiam que não poderia
correr para as plataformas o dia todo. E, em todo caso, vários deles foram
um pouco rudes em suas respostas, o que significava que Padmé tinha
permissão para ficar um pouco distante até que se sentissem à vontade para
encontrá-la pessoalmente.
O setor Chommell tinha mais de trinta planetas e vários milhares de
dependências estabelecidas. Padmé convidou todos os governos primários,
mas a maioria deles recusou o convite. Alguns optaram por participar por
meio de holoprojeção e mais alguns concordaram em comparecer
pessoalmente. Padmé esperava um comparecimento maior, mas Bibble
parecia satisfeito.
— Esses planetas representam nossos aliados e nossos detratores. — ele
apontou assim que chegaram à lista final. — Ter todos eles em uma sala
conosco é um bom primeiro passo.
Os representantes de Jafan e Kreeling chegaram juntos. Os dois planetas
não estavam no mesmo sistema, então Padmé só podia ver a chegada deles
como uma espécie de declaração. Ao contrário de Kelma, que veio
pessoalmente junto com três ajudantes, os diretores planetários enviaram
embaixadores os quais pensaram ser páreo para a própria Padmé.
Especificamente, os seus próprios filhos. Padmé não se sentiu nem um
pouco insultada, embora tivesse quase certeza de que era essa a intenção.
Lidar com adultos podia ser muito cansativo.
— Meu nome é Harli Jafan. — Apresentou-se uma garota humanoide
alta e sem pelos, de pele azul-clara e dedos delicadamente palmados. —
Meu pai é o diretor planetário.
— E eu sou Tobruna. — Este era um garoto humano baixo de cabelos
ruivos e olhos castanhos. — Minha mãe é a responsável pelas refinarias de
Kreeling, o que mais ou menos a coloca no comando do planeta.
Padmé já sabia de tudo isso, mas eles tinham que começar de algum
lugar. Jafan era uma colônia relativamente nova. Eles chegaram no setor há
cerca de trezentos anos e ainda eram governados pela família que fundou a
colônia. Kreeling era um mundo de mineração. Recebia mais dinheiro no
envio de minério refinado, então também haviam muitas refinarias lá.
Circulavam rumores de que os métodos usados para manter a ordem nessas
refinarias eram menos do que democráticos, mas Padmé não podia permitir
que o preconceito afetasse a sua percepção dos delegados.
— Bem-vindo a Naboo. — ela disse.
Padmé repetiu as boas-vindas novamente uma hora depois para o
representante de Behpour, um senhor idoso, gentil, de pele negra e olhos
castanhos travessos que parecia ser muito bom amigo de Bibble, e
novamente uma última vez para a representante de Chommell Menor, uma
mulher da mesma idade da mãe de Padmé, que parecia profundamente
desinteressada na cúpula para a qual ela havia viajado através do setor.
Conforme a tarde avançava, Padmé deu as boas-vindas a meia dúzia de
outros delegados, elevando o número total para doze, incluindo ela mesma.
Mariek Panás, como a guarda de mais alta patente na ala diplomática,
estava encarregada da segurança dos delegados. Os funcionários do palácio
foram minuciosamente informados sobre as necessidades dos delegados não
humanos. Havia algo na atmosfera Kreelingi que tinha um efeito
permanente na visão humana. Padmé lembrou de repente. Tinha certeza de
que a sua equipe tinha tudo sob controle e teria feito os arranjos
apropriados, mas ela também sabia que teria que confirmar por si mesma,
ou isso a incomodaria.
Padmé queria relaxar quando o último representante saiu para ir para os
seus aposentos designados na ala diplomática, mas em vez disso, manteve a
sua dignidade e se deixou ficar encarregada de selecionar o jantar oficial.
— Você pediu por isso. — disse Panás.
— Estou ciente. — Padmé respondeu.
Ele não insistiu.
As aias tinham duas horas para se preparar para o jantar de gala, e Rabé
pretendia usar todo esse tempo. Primeiro, todas elas se lavaram nos
banheiros reais. Normalmente passavam um tempo lá, pois era um dos
poucos lugares onde nunca precisavam se preocupar com política, mas esta
noite estavam em uma missão.
Yané havia preparado as roupas de todas elas para quando estivessem
secas e, quando chegaram ao camarim, distribuiu mantos verde-jade para
todas, menos para Padmé. A Rainha foi instruída a sentar e não se mover
até receber permissão, e Padmé concordou com uma risada.
— Isso significa o seu rosto também. — disse Rabé, aproximando-se
com base e um pincel. — Não vou cometer um erro porque você está rindo.
Padmé riu ainda mais, mas controlou a sua expressão quando Rabé
começou a parecer exasperada. Fechou os olhos e deixou a dama do guarda-
roupa fazer o seu trabalho.
Yané estava trançando os cabelos de todas as outras para que pudessem
prendê-los sob os capuzes. Quando terminou, Rabé tinha acabado com o
rosto da Rainha, exceto pelas marcas vermelhas, então foi se vestir
enquanto Yané começava a sua parte. Trançou o cabelo de Padmé com
força e o prendeu todo no topo da cabeça. Então cobriu os alfinetes com
uma camada de gel que os impediria, e a peruca, de coçar. Encaixou a tiara
com cuidado, verificando frequentemente para ter certeza de que tudo
estava alinhado corretamente antes de uma conferência final para prendê-la
firmemente ao gel. Era um visual tradicional esta noite: um largo arco de
cabelo que combinava com a cor natural de Amidala e várias mechas
compridas nas costas.
Eirtaé e Saché terminaram de arrumar o vestido. Era um dos projetos de
Eirtaé e poderia ser vestido rapidamente. Isso tornava tudo sobre cabelo e
maquiagem mais fácil, e Eirtaé resmungou durante uma semana que era
ridículo que tivesse demorado tanto para que isso fosse normal. O vestido
era um rosa profundo em um estilo menos rígido do que os vestidos de
audiência de Amidala. Havia babados de verdade envolvidos, o que tornava
os movimentos muito mais engraçado do que o normal, e o decote era
menos conservador do que nas suas roupas normais.
Padmé entrou no vestido e ficou pacientemente em pé enquanto elas o
prendiam nela. Eirtaé deu a volta atrás dela e ativou as camadas internas do
vestido para que ajustassem ao seu corpo. Padmé havia aprendido mais
cedo a não respirar enquanto isso acontecia.
— Trapaceira. — disse Eirtaé com certo carinho enquanto apertava os
últimos laços e fechava a costura nas costas, tornando-a efetivamente
invisível.
Sabé estava trabalhando na maquiagem de todas as outras. Foi outro
truque que Rabé concebeu. Enuanto produziam Amidala, também
produziam as aias para se parecerem tanto quanto possível. Só era viável
quando havia capuzes envolvidos, caso contrário, Eirtaé era uma
discrepância óbvia, mas fora isso funcionava muito bem. Padmé passou por
Panás três vezes como pajem antes dele a identificar.
Após vários minutos de pequenos ajustes, Rabé e Yané anunciaram que
todas estavam prontas e elas partiram para a sala de jantar. As aias estariam
à mesa esta noite, intercaladas com vários funcionários do governo. Foi
uma demonstração deliberada de confiança da parte de Padmé. Ela estava
dando a seus convidados a oportunidade de descobrir algo que era muito
importante para ela. As únicas questões eram quem daria o salto intuitivo e
o que eles fariam com as informações. Se ela estava sendo completamente
honesta, Padmé mal podia esperar para descobrir.

O primeiro jantar oficial da Rainha Amidala depois de ser eleita para o seu
trono correu, ao que tudo indicava, muito bem. Considerou cuidadosamente
o menu, certificando-se de destacar as iguarias de Naboo sem sobrecarregar
os convidados com peixes. Embora fosse uma proteína básica em Naboo, os
outros planetas do setor não suportavam muita vida aquática, e sabia que a
textura poderia ser desanimadora. A disposição dos assentos foi ajustada no
último minuto para colocar Bibble ao lado de Olan Carrus, de Behpour,
quando a amizade deles se tornou evidente. Mesmo que isso tenha colocado
Carrus perto do pé da mesa, ele pareceu apreciar o gesto. Padmé se sentou à
cabeceira da mesa com a governadora Kelma de um lado e Nitsa Tulin, a
representante de Chommell Menor, do outro.
Os outros delegados foram intercalados com as aias aparentemente ao
acaso, mas não foi por acaso que Saché estava sentada com uma visão clara
dos rostos de Tobruna e Tulin. Padmé confiava muito em suas observações.
Sabé estava ao lado de Harli, que se revelou muito mais gregária do que
qualquer uma delas imaginara. À medida que a refeição avançava, foi Harli
quem manteve a conversa, movendo-se sem problemas de um tópico para
outro. Foi maravilhoso assistir, e tirou um peso enorme dos ombros de
Padmé, porque ela não tinha certeza se Amidala seria uma boa anfitriã de
um jantar.
— ...e então todo o rebanho se virou, e ficamos apenas os meus primos
idiotas e eu no caminho. — disse Harli, encerrando uma história sobre a
migração silpath anual em Jafan.
— O que você fez? — Perguntou Sabé, fascinada.
— Bem, havia uma árvore. — respondeu Harli. — E eu empurrei os
meus primos nela o mais rápido que pude antes de escalar também. Não era
bem uma árvore. Eu juro, alguns dos silpath tinham galhadas mais altas,
mas pelo menos não estávamos no chão com os cascos deles.
Carrus fez uma pergunta sobre o número do rebanho e como isso
afetava a dieta Jafani, que distraiu todos até que eles se moveram para a
varanda enquanto a sobremesa era servida, e depois deram uma volta para
ver o aquário que Padmé havia encomendado.
Durante o último caso da noite, enquanto Bibble discorria sobre várias
aventuras que ele havia experimentado em todos os planetas, Padmé não
estava tão distraída a ponto de não perceber Harli flertando descaradamente
com Sabé. O que a surpreendeu foi o grau com que Sabé flertou de volta.
Nada impróprio, é claro, e era possível que os adultos pensassem que elas
estavam apenas se conhecendo silenciosamente enquanto os adultos
falavam de algo que consideravam chato, mas Padmé percebeu a verdade.
Ela não sabia se Sabé estava pressionando uma vantagem ou se havia uma
atração genuína, e não sabia como no mundo ela iria descobrir, não sem
impor a sua posição. O seu relacionamento com as aias estava progredindo
muito bem. Não tinha visto isso chegando.
Enquanto os pratos eram retirados, Sabé chamou sua atenção. Ela não
revelou nada, seu rosto estava inexpressivo, e Padmé retribuiu o favor não
colocando em seus olhos uma pergunta que ela não tinha certeza se deveria
fazer. Então Harli disse alguma coisa e Sabé se aproximou para ouvir, e o
momento acabou. Tobruna atraiu Padmé para uma discussão sobre bola
gravitacional com uma Eirtaé muito entusiasmada.
Finalmente chegou a hora de desejar boa noite a todos. Eles se
encontrariam no final da manhã do dia seguinte para começar as discussões
de verdade, e Padmé estava muito ansiosa por isso.
— Bem, — disse Sabé depois que tudo foi arrumado e todas estavam
enfiadas em suas camas. — Isso vai ser mais interessante do que eu
pensava.
— Sei que não seremos capazes de mudar a opinião de todos no setor após
um único conjunto de reuniões. — disse Amidala ao final de seus
comentários de boas-vindas. A luz suave da sala do trono cintilava nas
lantejoulas azuis e verdes de seu vestido e nas joias em sua tiara que eram
sua única ornamentação. — Ainda assim, espero que possamos encontrar
um lugar para começar.
Enquanto a governadora Kelma se levantava para dar uma resposta em
nome dos convidados, Saché entrou na sala do trono. Mesmo que Naboo
fosse tecnicamente o planeta chefe no setor e o único a eleger uma rainha,
hoje Amidala estava sentada em uma cadeira que combinava com a de
todos os outros, e o gesto não passou despercebido. Nitsa Tulin ainda
parecia entediada e mal prestava atenção, mas Harli e Tobruna ficaram
visivelmente satisfeitos em ver Amidala sentada no mesmo nível. A única
pessoa que ficou chateada foi o Capitão Panás. Na verdade, havia dois
blasters escondidos no braço do trono de Naboo. Enquanto isso, o próprio
trono estava posicionado em uma antessala, esperando que Padmé o
exigisse novamente.
— Sinto muito, Capitão. — Amidala disse quando ele a confrontou
sobre isso. — Eu não fiz de propósito, eu garanto a você. Havia tantas
outras coisas para organizar e as cadeiras pareciam uma ideia muito boa.
Esqueci completamente dos blasters.
Panás olhou feio para Eirtaé, que o tinha definitivamente lembrado
disso.
— Por favor, não faça isso de novo. — Foi tudo o que ele disse.
— Eu não vou. — a Rainha prometeu.
A programação do primeiro dia foi decidida muito antes da chegada dos
delegados e era a mais simples. Eles se reuniram no meio da manhã para
permitir que os dois representantes com hiper-defasamento na viagem
algum tempo para se recuperarem e, após os comentários de boas-vindas,
cada pessoa teria alguns minutos para tratar de problemas específicos de seu
próprio mundo. O governador Bibble não esperava surpresas, mas nenhuma
das aias, as quais assistiam de seus lugares atrás do círculo de assentos, foi
tão blasé. Harli teve a palavra para começar.
— Vossa Alteza, honrados delegados, observadores, — Este último foi
direcionado diretamente a Sabé, que ficou levemente rosada e inclinou a
cabeça para a frente para que o seu capuz laranja cobrisse mais de seu rosto.
— Jafan já está por conta própria há quase três séculos. Sabemos que não
estamos tão bem estabelecidos quanto Naboo, mas não há dúvida de que
temos a nossa própria cultura e as nossas próprias tradições.
— Você sabia, Vossa Alteza, que há mais de três mil cidadãos Jafani em
Naboo no momento, excluindo a presente comitiva? — Padmé sabia disso,
mas entendia porque Harli diria isso em voz alta. — Além disso, quase
todas essas pessoas são artistas. Estamos sangrando cultura, meus amigos, e
tudo está terminando aqui.
Harli continuou, dando detalhes sobre a demografia e as disciplinas dos
artistas que estavam deixando o planeta. O problema não era que Jafan não
tivesse interesse em sua própria cultura, mas sim que Naboo tinha interesses
semelhantes, bem como mais consumidores em potencial. Simplificando,
era mais lucrativo ser um artista Jafani em Naboo do que ficar em casa.
— Por favor, me corrija se eu estiver errada. — disse Amidala quando
Harli voltou a sentar-se. — Mas parece que é uma questão de acessibilidade
e comércio. Se pudermos tornar mais fácil para as pessoas e obras de arte se
moverem entre os planetas, isso ajudaria?
— Seria um começo. — disse Harli. — Infelizmente, a maioria das
formas de arte Jafani não são exatamente portáteis.
Padmé se lembrou de algo sobre raspagem de calcário nas encostas e
vastas estruturas rochosas que podiam ser vistas de uma órbita baixa.
Proprietários de terras podiam encomendar o trabalho, e então os artistas
Jafani incorporavam a paisagem para fazer peças dramáticas.
— Claro. — ela disse. — Me desculpe. Talvez algum tipo de programa
de intercâmbio?
— Você disse que não poderíamos consertar tudo hoje. — disse Harli.
— E eu não espero que você faça. Além dos aspectos práticos, há uma boa
dose de preconceito entre nossos planetas, e todas as trocas culturais no
quadrante não vão tornar isso mais fácil para algumas pessoas engolirem.
— Você acha que se nos tornássemos parceiros comerciais regulares
para, digamos, grãos e o que você tiver, nossos povos se acostumariam com
a ideia de trabalharem juntos? — Bibble perguntou.
Padmé fez o possível para não estremecer. Para um político de carreira,
Bibble podia ser notavelmente nada sutil às vezes. Era uma grande parte de
seu charme e uma razão pela qual tantas pessoas confiavam nele, mas ainda
a pegava desprevenida de vez em quando.
— Bem proposto, Governador. — respondeu Harli, com um sorriso no
rosto. — Suponho que entrei direto nisso. É possível. Entretanto não tenho
certeza se seria fácil convencer o diretor a partilhar comida. Já se passaram
trezentos anos, mas ainda mantemos um estoque muito próximo de nossas
provisões.
A palavra passou para o próximo delegado e as negociações
continuaram. Nitsa Tulin passou sua vez de falar, e Olan Carrus disse que
não tinha nada a acrescentar. A população de seu planeta era muito
pequena, ele admitiu, e ele tinha vindo principalmente para que o seu
governo tivesse um relatório preciso sobre o que havia acontecido na
cúpula. Padmé aceitou isso com serenidade e então foi a vez de Tobruna
falar.
— Os problemas de Kreeling são de natureza um pouco mais séria,
infelizmente. — ele começou. — Embora entendamos que o setor é famoso
pela criação acima de tudo, somos nós que nos responsabilizamos pela
produção de uma matéria-prima fundamental. Um tratado desatualizado
exige que vendamos para Naboo e os outros planetas do setor primeiro a um
preço fixo, o que significa que eles sempre obtêm os minérios da mais alta
qualidade a preços abaixo do mercado. No momento em que nossos
mercadores são capazes de sair para a galáxia, eles têm apenas o material
inferior restante.
Todos eles tiveram que ser muito cuidadosos com suas respostas a esta.
Uma coisa era prometer apoio a uma comunidade de artistas e outra
totalmente diferente falar rapidamente dos principais meios econômicos de
um planeta, mesmo neste estágio inicial, quando ninguém estava fazendo
promessas oficiais.
— Eu sei porque você hesita, Vossa Alteza. — disse Tobruna. —
Assistimos à cobertura das eleições e sabemos que você se orgulha de sua
compaixão. Eu sei que você gostaria de oferecer a solução fácil
imediatamente, e não vou pressioná-la para nenhuma proposta comercial
hoje, ou mesmo amanhã.
— Agradecemos a sua compreensão e sua generosa leitura de nosso
personagem. — ela disse. — Você está certo. Agradecemos pelo tempo para
considerar nossa resposta.
Tobruna fez uma reverência e sentou-se. Isso deu a Padmé mais alguns
momentos para pensar sobre o que ela iria dizer.
— Naboo é o seu mercado principal? — ela perguntou. — E precisamos
de todo o seu minério de alta qualidade?
— Você é. — respondeu Tobruna.
— Usamos o minério para construção naval. — disse Bibble,
consultando suas notas. — A maior parte, de qualquer maneira. O resto vai
para a fabricação de instrumentos musicais.
— Isso requer alta qualidade? — Amidala perguntou.
Ninguém sabia, então Padmé arriscou uma olhada para Sabé. Elas
fizeram contato visual e Sabé balançou a cabeça minuciosamente.
— Uma das minhas acompanhantes é uma talentosa tocadora de
hallikset. — disse Amidala. — Sabé, você pode nos dizer?
— Vossa Alteza. — Sabé curvou-se ligeiramente no joelho. Foi a
primeira vez que Padmé chamou uma aia para pedir conselho quando
estavam em companhia de outros. — Pela minha experiência, o minério de
alta qualidade não é necessário. O brilho do minério está na moda, mas não
é obrigatório.
Yané tossiu baixinho e ajustou o capuz sobre o rosto antes de voltar a
mão ao lado do corpo. Padmé lembrou que poucos dias depois de suas aias
aparecerem na corte com as cabeças cobertas, seu estilo particular havia se
tornado uma tendência em todo o planeta.
— Isso pode não ser tão difícil de mudar. — disse Amidala. —
Especialmente se convencermos os músicos promissores de que o palácio
prefere um instrumento menos brilhante.
Tobruna sorriu.
— Eu não teria pensado nisso. — ele disse. — Estou ansioso para ver
suas soluções para os problemas de preços, se elas forem igualmente
criativas.
— É apenas uma posição muito preliminar, é claro. — disse Amidala.
— Mas todos devemos começar de algum lugar.
A governadora Kelma tinha a última vaga esta manhã.
— Eu sei que Naboo está enfrentando sua própria escassez de mão de
obra. — ela começou. — mas Karlinus está em dificuldades semelhantes.
Temos muitas pessoas vindo para fazer o trabalho regular durante todo o
ano, mas são os empregos sazonais que estão sofrendo. Eles pagam muito
bem, mas é difícil convencer alguém a se mudar para outro lugar se você
não pode prometer trabalho regular.
— As pessoas que queremos contratar de Naboo são aquelas que você
não sentiria falta, Vossa Alteza. — continuou Kelma. — Os jovens alunos
recém-saídos da escola que ainda não decidiram que tipo de aprendizagem
querem fazer ou a que ofício querem se dedicar. E poderíamos usá-los. Eles
seriam bem pagos e, quando voltassem, seriam capazes de se preparar da
maneira que quisessem.
— Minha mãe fez isso em Karlinus. — Padmé meditou. Na verdade,
tinha sido Sola, sua irmã, mas havia tão poucos alunos que fizeram a
viagem mais recentemente que se ela tivesse especificado uma jovem,
alguém poderia descobrir quem ela era. — Ela sempre fala bem disso. Eu
sei que era uma boa tradição e espero que possamos resgatá-la.
— Se você puder. — disse Kelma. — então podemos falar sobre grãos.
Padmé assentiu com a cabeça, e Bibble interpretou isso como sua deixa
para encerrar o dia. Como ela suspeitava, eles não haviam resolvido quase
nada, mas pelo menos estavam todos conversando, que era o começo que
ela esperava.

— Foi incrível assistir, Senador. — Panás não esperava a ligação de


Palpatine, mas quando o senador o surpreendeu no início da noite do
primeiro dia da cúpula, ele ficou mais do que feliz em atender a ligação. —
Vê-la falar com os outros e realmente ouvir. E fazer progressos! Mesmo que
fosse apenas o começo de consertar as cercas. Até suas aias ofereceram
conselhos.
— Que conquista incrível. — disse Palpatine. — Espero que ela não
tenha sido dramática demais e prometido a eles o direito de voto na próxima
eleição.
Panás riu.
— Sabe, tenho a sensação de que ela respeita demais a soberania deles
para fazer isso. — ele disse. — Isso é o que a tornou tão eficaz, eu acho. Ela
não era a rainha hoje. Era simplesmente a hospedeira deles.
— Um setor unido em Chommell seria uma força a ser considerada. —
Palpatine meditou. — Há várias coisas que eu gostaria de fazer eu mesmo,
mas acho que estou completamente ocupado representando o setor fora de
casa.
— Se a Rainha conseguir o que quer, você não terá que esperar muito.
— disse Panás. Ele percebeu que já falava sobre a cúpula há algum tempo e
que Palpatine era uma pessoa ocupada. — Sinto muito, Senador. Houve um
motivo para você ligar?
— Não, não realmente. — disse Palpatine. — Só estou tirando um
momento para verificar com um velho amigo. No entanto, estou feliz por
ter contatado você. Notícias tão inesperadas e emocionantes de casa.
Panás bocejou, sem conseguir disfarçar atrás da luva. Convocou guardas
extras, mas ainda estava acordado a maior parte do tempo desde que os
delegados chegaram.
— Não vou impedi-lo de descansar, Capitão. — disse Palpatine. —
Estou feliz que tudo está indo bem.
— Obrigado, Senador. — disse Panás, e Palpatine encerrou a ligação.

Darth Sidious considerou assuas opções. Os eventos no setor Chommell


foram completamente inesperados. Não achava que a Rainha Amidala
pudesse reunir esse tipo de conquista no curto período de tempo desde a sua
eleição. Seria a última vez que a subestimou. Mesmo que ela conseguisse
unir o sistema, ele ainda poderia jogar isso a seu favor. Comerciantes de
minério e caçadores de silpath não eram mais páreo para o lado sombrio do
que a própria Amidala. No entanto, teria que mover o seu cronograma
junto. Chega de ficar perdendo tempo no plenário do Senado esperando a
aprovação dos projetos de tributação. Ele moveria as peças diretamente e,
se isso lhe custasse alguns peões no processo, bem, ele tinha muito mais de
onde vinham. Era hora de a Federação do Comércio cessar as suas
manobras de treinamento, e mover a sua força de invasão para fora da selva
de Geonosis e começar a trabalhar.
Sabé não voltou para a suíte com a Rainha quando deixou a sala do trono no
segundo dia da cúpula. Não houve jantar formal naquela noite, então
ninguém precisava se preparar para nada. Padmé estava ansiosa por uma
noite tranquila em sua sala de estar, discutindo as impressões de todas sobre
as negociações do dia. A ausência de Sabé não a impediu de se vestir com
vestes mais confortáveis de estilo aia e se acomodar com o seu chá, mas
Padmé percebeu rapidamente que sentia falta da sua companhia. As outras
tentaram distraí-la.
Passou-se quase meia hora antes que Sabé entrasse. Estava um pouco
sem fôlego, como se tivesse caminhado rapidamente para voltar para a sala.
Ou talvez por outro motivo, mas isso não era da conta de Padmé.
— Você se perdeu nos corredores? — Rabé perguntou docemente.
— Cale a boca. — disse Sabé. Ela olhou para Padmé em busca de
apoio, mas Padmé se recusou a encontrar seu olhar.
— É muito bom você prestar tanta atenção às relações. — disse Eirtaé.
Yané corou e Saché parecia desconfortável. Ela tinha lutado contra uma dor
de estômago o dia todo e não estava com humor para brincadeiras.
— Se vocês forem ser legal comigo. — disse Sabé. — Eu tenho uma
oportunidade para nós.
Isso chamou a atenção de todas.
— Afeição Neurotransmissora está sendo tocando no Theed Odeon hoje
à noite. — disse Sabé. — Uma das primas de Harli canta com eles, então
ela pode nos colocar lá dentro.
Eirtaé fez um barulho ininteligível de excitação e Yané tapou a boca
com a mão.
— Harli Jafan nos convidou para um concerto? — Padmé perguntou.
— Bem, mais ou menos. — disse Sabé. — Ela me convidou.
Extraoficialmente. Mas ela disse que o resto de nós também poderia ir.
Imagino que ela se referisse às aias, não à Rainha, mas não há razão para
que uma pajem do palácio não possa acompanhar.
— Fora de questão. — disse Padmé. — Não há como conseguirmos sair
pela porta, muito menos sair do palácio.
— Não se precipite em dizer isso. — disse Rabé. — Ainda nem
começamos a tramar. Tenho certeza de que podemos bolar algo.
— E se houver uma emergência? — Padmé perguntou.
— Então, vamos lidar com isso. — Sabé respondeu a ela. — A menos
que você não queira ir. Seria muito mais fácil planejar sem você.
Isso acendeu um fogo sob o coração de Padmé.
— Definitivamente irei com vocês se vocês forem. — ela disse.
— Vou ficar aqui, se isso fizer alguma diferença. — disse Saché. — Eu
não me sinto muito bem de qualquer maneira, e nunca fui fã de barulhos e
multidões.
— Nós vamos trazer uma lembrança para você. — Sabé prometeu
grandiosamente. — Agora, sugestões?
Padmé as ouviu tramar, sentindo-se estranhamente desconectada. Sim,
Afeição Neurotransmissora era terrivelmente popular, mas não havia razão
para ser tão imprudente a ponto de ir vê-los. A menos que Sabé realmente
gostasse de Harli. Nesse caso, Sabé teria que manter segredos de ambas, e
certamente isso não seria divertido. A menos que ela acabasse gostando
mais de Harli. Padmé se recusou a seguir esse caminho. Não havia motivo
para ter ciúmes ou duvidar da lealdade de Sabé. Elas estavam apenas indo a
um show, como garotas normais. Uma noite. Elas podiam fazer aquele
trabalho.
Rabé rejeitou quatro sugestões antes que acertassem em algo que ela
considerava viável. Sabé, Yané e Eirtaé iriam ao concerto com Harli, saindo
à plena vista dos guardas da frente do palácio. Elas não usariam mantos de
aia, mas estariam vestidas da forma mais indescritível possível. Enquanto
isso, Rabé e Padmé iriam para a biblioteca da Rainha, aparentemente para
fazer pesquisas a pedido de Amidala. Os guardas não iriam incomodá-las, e
Rabé desceria Padmé pela parede antes de descer ela mesma.
— Como vamos voltar? — Padmé perguntou. Não havia sentido em
uma viagem só de ida.
— Vou escalar a parede e puxar você para cima. — disse Rabé.
— São cinco andares! — Yané protestou.
— Você tem uma ideia melhor? — Disse Rabé.
Yané foi até uma das gavetas no lado da sala e vasculhou-a por alguns
minutos.
— O Capitão Panás ficou aborrecido por você não permitir que ele
colocasse guardas aqui, então ele tomou providências. — ela disse. Ela
ergueu um lançador de garras com cabo triunfantemente. — Viu? Muito
mais fácil do que escalar.
— Ele vai nos matar. — previu Padmé. — Mas não vou deixar isso me
impedir.
Elas se vestiram. Era divertido fazer mais de um penteado, e Padmé
estava feliz por não ter as tranças justas usuais sob uma peruca. Eirtaé se
deu ao trabalho de cachear o cabelo, já que raramente conseguia exibi-lo.
Rabé e Padmé vestiram túnicas por cima das roupas, Rabé escondendo o
lançador de garra com cabo sob sua saia. Cada uma pegou alguns créditos
do caixa de Padmé, em caso de emergência, e os dobrou em vários bolsos,
no caso de Sabé, em suas botas.
Antes de partirem, elas se certificaram de que Saché estava o mais
confortável possível. Ela estava enrolada sozinha na cama de Padmé,
sentindo-se desolada e também miserável demais para se mover.
— Se o seu estômago ainda doer pela manhã, vamos chamar um droide
médico. — disse Yané, afastando o cabelo dela do rosto. Saché não se
esquivou dela, o que era novidade. — Não pode ser uma intoxicação
alimentar. Você não está vomitando e todas nós comemos as mesmas coisas.
— Você deveria ir. — disse Saché. — Eu sei que o Afeição
Neurotransmissora sempre tem um incrível show de luzes na abertura.
As três óbvias participantes do concerto saíram. Padmé podia ouvi-las
rindo com os guardas no corredor, esta era a primeira vez desde a chegada
delas ao palácio que as aias usavam roupas não combinadas, e podia ser a
primeira vez que alguém conseguia distingui-las imediatamente. Rabé fez
com que esperassem quinze minutos e então ela e “Saché” se dirigiram para
a biblioteca.
— Como é que elas vão a um show e vocês duas ficam presas aqui
lendo sobre processamento de minério? — Uma das guardas perguntou
quando Rabé explicou para onde iam.
— Ah, ficamos em casa de propósito. — disse Rabé. — Nenhuma de
nós realmente se importa com multidões. Uma noite tranquila de leitura é
muito mais o nosso estilo.
O guarda balançou a cabeça, mas as deixou passar sem mais
questionamentos. Padmé manteve a cabeça baixa e esperava que ninguém
notasse que ela era cinco centímetros mais alta do que Saché.
Uma vez que estavam na biblioteca, Rabé tirou as suas vestes de aia e as
dobrou com força. Padmé a seguiu um pouco mais devagar, também
colocando suas vestes em uma cadeira no canto da sala. Rabé abriu a janela
e disparou o cabo para cima do lintel.
— Isso vai segurar nós duas. — ela disse. — Você terá que pisar na
borda e colocar os braços em volta de mim, e então eu vou nos abaixar.
— Achei que você fizesse e vendesse falsificações. — disse Padmé. —
Como você sabe fazer tudo isso?
— Bem, você não pode forjar algo se não tiver visto. — disse Rabé.
Padmé não tinha pensado dessa forma. Ela subiu na saliência ao lado da
ex-ladra de arte e colocou os braços em volta da cintura dela.
— Salte comigo no três. — disse Rabé. — Um, dois, três!
Padmé se inclinou para ela e deu o primeiro passo no ar. Por um
segundo, ela estava caindo, e então o cabo as prendeu. Rabé baixou-as ao
solo e apertou o botão de retração. O cabo se soltou e desapareceu, e então
Rabé escondeu o lançador sob um arbusto conveniente. Ela liderou o
caminho pelos jardins, sussurrando instruções sobre como garantir que elas
ficassem nos pontos cegos do sistema de segurança. Uma corrida rápida a
levou ao topo do muro do jardim, e ela puxou Padmé atrás dela.
— Esta é a parte difícil. — admitiu Rabé. — Quando você cair no fosso
seco, certifique-se de dobrar os joelhos ao pousar. E pelo amor da fruta
jogan, não morda a língua.
Rabé deslizou até a borda da parede e desceu. Mesmo pendurada na
ponta dos dedos, ela estava a uma distância considerável do chão. Ela rolou
ao pousar e se levantou rapidamente, tirando a grama solta de suas mãos.
Padmé fez o possível para duplicar o movimento, sem rolar, e conseguiu
tirar o fôlego de seu peito quando pousou. Ela ficou sentada ofegante por
alguns momentos, e então Rabé a colocou de pé.
— Por favor, me ensine como fazer isso do seu jeito. — ela disse
quando teve fôlego suficiente para falar.
— Vou colocar na lista. — disse Rabé, sorrindo. — No entanto, você se
saiu muito bem.
— Obrigada. — disse Padmé.
As duas garotas saíram apressadas. Deveriam se encontrar com as
outras na entrada VIP do Odeon, e não queriam deixá-las esperando. Não
era uma longa distância a percorrer, e havia uma multidão para se misturar
assim que chegassem à via principal. Padmé sorriu apesar do peito dolorido.
Ela não tinha estado perto de tantas pessoas por muito tempo, e ela sentia
falta disso.
Sabé acenou para elas na entrada e apresentou Padmé a Harli como uma
pajem que Rabé havia ficado para escoltar.
— Quanto mais, melhor. — disse Harli. — Venha, vamos ver quais
lugares meu primo conseguiu para nós.

Os assentos estavam muito próximos. E não eram tanto assentos, mas sim
lugares na área de dança VIP. Isso era muito mais do que Yané esperava, e
estava muito feliz de ficar na beira da pista de dança e assistir ao palco.
Eirtaé estava profundamente interessada no projeto de iluminação e também
não tinha vontade de dançar. Rabé afirmava ter dois pés esquerdos, o que
Padmé duvidava muito que fosse verdade, mas não se importava o
suficiente para argumentar.
Harli puxou Sabé para dançar assim que o show de luzes de abertura
acabou. Os artistas entraram em colunas antigravitacionais enquanto a
música mudava e começavam a dançar a ironicamente intitulada “Pra
baixo”, enquanto o público fazia o possível para imitá-los no chão. Sabé e
Harli se moviam bem juntas, e Padmé quase se esqueceu de assistir a banda.
Não gostou dessa sensação. Não achava que era ciúme, não inteiramente,
pelo menos. Antes de Harli chegar, Padmé sabia onde ela e Sabé estavam.
Sabé foi a primeira de suas aias, a que melhor se passava por ela e que se
arriscaria se houvesse algum perigo. E agora, Padmé não sabia mais como
Sabé se sentia sobre qualquer uma dessas coisas.
Deveria apenas perguntar. Se fossem garotas normais, ela simplesmente
perguntaria. Foi como naquelas primeiras semanas, quando nenhuma delas
reclamou e ficaram cada vez mais irritadas umas com as outras. Mas elas
não eram normais. E embora Padmé pudesse perguntar como amiga de
Sabé, ela não tinha certeza se deveria perguntar como rainha de Sabé. Não,
ela teria que esperar que Sabé fosse até ela. E não gostou disso nem um
pouco.
A música mudou, o andamento se alterando ligeiramente, mas sem
diminuir muito à medida que os sólidos feixes de energia sônica reforçavam
a batida. Todas as luzes mudaram de cor e a multidão aplaudiu quando o
palco foi emoldurado por fluxos de plasma Naboo brilhante. Sabé se
aproximou e agarrou Padmé pela mão, puxando-a para dentro dos
dançarinos. Elas se moveram juntas e, por um momento, tudo estava como
deveria ser. Então Harli apareceu ao seu lado com um monte de lâmpadas
irradiantes nas mãos.
— Eles são iluminadores de glitter. — ela disse, gritando para se fazer
ouvir no meio da multidão. — Cada seção do público tem uma frequência
de ativação diferente. Eu tenho um pouco para todas nós!
Harli sacudiu os iluminadores para misturar os produtos químicos. Ela
agarrou um e entregou a Sabé. As luzes principais se apagaram e o Odeon
vibrou com som e cor, mas quando Harli passou o segundo para Padmé, ele
quebrou e cobriu Padmé com um líquido de glitter que brilhava no escuro.
— Eu sinto muito! — Harli gritou. — Mas agora, pelo menos, você não
precisa se preocupar em se agarrar a nada!
Padmé tentou tirar o líquido do rosto e só conseguiu bagunçar as mãos.
Yané apareceu com um lenço e uma garrafa de água, mas mesmo isso não
foi o suficiente para se livrar totalmente dos corantes.
— Teremos que lidar com isso em casa. — disse Yané diretamente em
seu ouvido. — Você quer ir embora?
— Não. — disse Padmé. — Estamos todas juntas nisso e não vou
estragar a noite de todas.
Yané parecia preocupada, então Padmé sorriu abertamente, e as duas
voltaram para o show.
Cada vez que Padmé avistava Sabé no resto da noite, estava rindo.
Panás conseguiu jantar com a sua esposa pela primeira vez em dias. Eles
acertaram isso um pouco antes dela entrar no turno, e não foi capaz de fazer
nada de especial no curto prazo, mas pelo menos conseguiram se ver.
Contou a ela o máximo que pôde sobre as conversas. A transcrição pública
não estaria disponível por mais alguns dias, mas mesmo nas noites de
trabalho, Mariek era obrigada a ouvir algo por meio da rede de fofocas do
palácio, e Panás preferia que ela ouvisse dele. Estavam prestes a comer os
bolinhos de feijão de denta que a cozinha havia assado para o primeiro dia
da cúpula quando o comunicador de Panás soou com um alerta que ele só
ouvira uma vez antes.
Depois que a Rainha se recusou a permitir que os guardas entrassem em
seus aposentos pessoais, Panás tomou algumas medidas de segurança sobre
as quais não havia contado. Havia um esconderijo de armas no assento da
janela, por exemplo, que incluía uma variedade de coisas que ajudariam a
Rainha a escapar ou revidar se a ocasião exigisse. Havia vários sensores que
podiam detectar uma violação do perímetro e vários outros para vários tipos
de disparo de armas. Havia também um sensor que a Rainha conhecia,
porque uma vez Eirtaé o acionou quando ela estava costurando e furou seu
dedo com uma agulha. Era aquele alarme que estava soando agora: aquele
que detectava sangue.
Mariek estava de pé antes do marido. Ela já estava vestida para o
trabalho, exceto pelo casaco. Ela não parou para vesti-lo enquanto se
dirigiam para a porta. Panás nem parou para pegar os sapatos. Ela agarrou
seu ombro assim que chegaram ao pátio do quartel.
— Não corra. — ela sussurrou.
— Eu sei. — ele murmurou com os dentes cerrados. Não era como se
alguém que o visse vestido assim deixasse de se alarmar, mas eles tinham
convidados, e correr pelos corredores do palácio atrairia muita atenção.
Padmé estava com as meninas. Podia ser um profissional.
Eles caminharam o mais rápido que puderam.
O corredor fora da suíte da Rainha estava silencioso. Os quatro guardas
de plantão estavam em seus postos. Eles ficaram em sentido quando Panás
apareceu e, quando viram o seu roupão, entraram em estado de alerta. Panás
não parou para falar com eles. Abriu a porta da suíte.
Os quartos estavam vazios e escuros. Apenas uma luz fraca estava acesa
perto da lareira. Era estranhamente calmante e Panás não queria ficar
calmo. Tinha uma prioridade, que era Amidala.
Bateu no quarto dela e a garota na cama se sentou e gritou.

Mariek seguiu Panás até o quarto da rainha. Os dois congelaram no


caminho com o grito, e Mariek se virou para acender as luzes. No centro da
cama estava Saché. Ela estava pálida e ofegante. Eles a tinham assustado.
— Onde ela está? — Panás rugiu.
Saché recuou. Ela piscou, tentando acordar o mais rápido que podia.
Mariek colocou a mão no ombro dele.
— Deixe-me fazer isso, amor. — ela disse. — Vá e diga aos guardas no
corredor que não houve emergência.

Panás obviamente pensou que havia uma emergência, visto que a


Rainha claramente não estava em seu quarto, mas ele saiu assim mesmo.
Mariek se sentou na beira da cama.
— Ele só está chateado porque o alarme o chamou para longe de um
bolinho de feijão de denta fresco. — ela disse. Saché riu da ideia de que o
Capitão Panás um dia escolheu sobremesa em vez de plantão. — Foi o
alarme de sangue, e eu não acho que foi um acidente de costura desta vez.
Saché pareceu confusa por um momento, e então conectou a linha entre
as cólicas e o alarme. Ela olhou sob as cobertas e seu rosto ficou vermelho.
— Nós mantemos as almofadas de absorção no banheiro. — ela disse
calmamente, desejando que a cama a engolisse inteira. — As instruções
estão na embalagem. Eu posso dar um jeito.
— Eu vou cuidar da roupa suja. — disse Mariek.
Panás estava esperando por ela no corredor. Olhou para o lençol que ela
carregava, consideravelmente perplexo.
— Onde elas guardam as roupas? — ela perguntou, como se tudo
estivesse bem.
— O que está acontecendo? Onde está a Rainha? — Ele demandou.
— Ainda não cheguei tão longe. — disse Mariek. — Você assustou
aquela pobre garota até a morte, e então a mortificação quase a levou pelo
resto do caminho. Dê-nos apenas alguns minutos.
Panás observou enquanto Mariek depositava a roupa suja e pegava um
jogo de cama limpo. Ela vasculhou o registro do guarda-roupa até encontrar
as coisas de Saché e pegou roupas de dormir limpas. Então ela as carregou
de volta para o quarto da Rainha. Panás estava em seus últimos nervos.
— Estou assumindo que ela não está ferida, pelo menos? — ele
perguntou.
— Ela está bem. — disse Mariek. — E você é um idiota por colocar um
sensor sensível a sangue no quarto de uma adolescente.
Panás fez várias conexões simultaneamente e teve a decência de parecer
culpado por isso.
— Nunca disparou antes. — murmurou.
— As meninas mais velhas provavelmente tomam supressores. — disse
Mariek. — Você sabe, como literalmente toda guarda que circula. Somos
pessoas ocupadas, Quarsh.
— Vou me desculpar por assustá-la. — ele disse. — Assim que ela me
disser onde está a Rainha.
Saché saiu alguns minutos depois. Ela estava enrolada em um roupão e
parecia incrivelmente envergonhada. Ela olhou para as botas de Panás.
— Há um concerto no Odeon. — ela disse, espontaneamente. — Foi
para lá que elas foram.
— Como elas saíram? — Panás exigiu.
— Sabé, Yané e Eirtaé saíram com Harli mais cedo. — Saché fez uma
pausa. Ela não queria revelar um segredo, mas não havia como contornar
isso. — Rabé e Padmé saíram pela biblioteca.
— A biblioteca. — disse Panás, extremamente calmo. — fica no quinto
andar do palácio.
— Yané encontrou o lançador de garras com cabo semanas atrás. —
disse Saché, apontando para o assento da janela. — Elas o usaram.
Mariek fez um barulho suspeito, como uma risada, e Panás colocou as
mãos no rosto.
— É isso o que vamos fazer. — ele disse, depois de pensar um pouco.
— Não vamos causar uma cena. Você vai ligar para a Rainha e dizer a ela
para voltar para casa. Ela vai voltar do jeito que saiu, para que não façamos
um espetáculo disso.
— Tudo bem. — disse Saché baixinho.
— Como ela está disfarçada? — Mariek perguntou enquanto o
pensamento ocorria. — Se elas estão com Harli Jafan, ela deve ter tomado
alguns cuidados.
— Elas foram como elas mesmas. — disse Saché. — Ninguém sabe
quem elas são. Esta noite eles são apenas garotas.
— Ligue para ela agora mesmo. — disse Panás.
Saché tirou o dispositivo do bolso e segurou-o na palma da mão. Pelo
menos a noite não poderia ficar muito pior.

Padmé tinha o seu comunicador no bolso. Ajustou a vibração o mais alto


possível. Não havia como ouvir por causa do barulho do show, mas poderia
ser capaz de sentir. Não esperava que ninguém a contatasse, mas quando o
comunicador balançou contra sua perna, sabia que só poderia ser apenas
uma pessoa.
Ativou o dispositivo e uma Saché em miniatura apareceu em sua palma.
Padmé não conseguiu ouvir por causa do barulho do show, mas Saché falou
com clareza o suficiente para que Padmé pudesse ler seus lábios.
— Venha para casa. — ela disse. — Estamos perdidas.
Bem. Isso estava ficando divertido.
Padmé chamou a atenção de Rabé. Rabé entendeu a situação
imediatamente e foi encontrar as outras. Sabé ainda estava na pista de dança
com Harli, então elas não a interromperam.
— Padmé e eu vamos voltar. — disse Rabé quando Padmé as colocou a
par da situação. — Vocês duas esperem por Sabé e voltem com ela.
A viagem de volta ao palácio não foi tão emocionante quanto a fuga.
Panás estava dando a elas uma chance de preservar a sua dignidade e o
disfarce da Rainha, e Rabé não a desperdiçou. Recuperou o cabo com garra
e as passou pela janela sem problemas. Elas colocaram as suas vestes de
aias novamente e então saíram para enfrentar a punição pelo que fizeram.
Os guardas no corredor estavam cuidadosamente neutros. Nenhum deles
tinha certeza do que estava acontecendo, e Padmé apreciou a discrição deles
em não tentar descobrir agora. Rabé abriu a porta da suíte e elas entraram.
— Estamos na sala de estar. — disse Saché.
Padmé levou um momento para se recompor.
— Não o deixe passar por cima de você. — disse Rabé baixinho.
— Não vou deixá-lo passar por cima de nós. — Padmé respondeu.
Quando entrou na sala de estar, estava vestida como uma aia, mas era a
Rainha Amidala até a ponta dos dedos. Rabé seguiu alguns passos atrás,
como se esta fosse uma caminhada normal no palácio, e em vez de se
sentar, ela se colocou atrás de Padmé.
— Eu nem mesmo sei por onde começar. — disse Panás. Ele passou
pelo calor de sua raiva e se estabeleceu em uma raiva fria. Ele estava
fazendo tudo o que podia para mantê-la segura, e ela quase jogou na cara
dele.
— Tivemos a oportunidade de estreitar os laços com a delegação Jafani.
— disse Padmé. — Eu considerei um risco apropriado.
— Não me venha com essa, Vossa Alteza. — Panás se agarrou às suas
boas maneiras para não gritar com ela. — Você poderia ter feito isso no
palácio. Poderia ter convidado qualquer entretenimento que quisesse. E, em
vez disso, você deslizou pelos seus guardas, desceu cinco andares e de
alguma forma conseguiu passar pelo muro do jardim e saiu sem segurança
alguma!
— Capitão Panás, você sabe que isso não é verdade. — disse Padmé. —
Você mesmo treinou as minhas guarda-costas.
Ela usou a palavra deliberadamente.
— Não é a mesma coisa! — Panás disse.
— Sim, é. — disse Padmé. Pela primeira vez, ela liberou todo o peso de
suas emoções sobre ele: raiva e frustração e uma determinação tão sólida
que quebraria pedras. — Este é o ponto principal. Elas desistiram de suas
famílias, de seus nomes e de suas reputações, e o fizeram de boa vontade,
porque acreditam na sua ideia do que poderíamos ser. Você nos treinou e
nos deu a capacidade de nos defender. Trabalhamos para nos tornar um
grupo fluido e adaptável, e somos poderosas, Capitão. Mesmo que não seja
o tipo de poder ao qual você está acostumado.
Panás se recostou surpreso. E houve um silêncio mortal por vários
momentos.
— Você vai fazer coisas que eu não gosto, Capitão. — disse Padmé. —
E eu vou fazer coisas que você não gosta. Mas, no final do dia, só eu fui
eleita Rainha de Naboo e farei o meu trabalho da maneira que achar melhor.
Vou ouvir os seus conselhos, da mesma forma que ouço a todos, mas às
vezes vou agir contra o que você disse. E você terá que fazer o seu trabalho
e me proteger de qualquer maneira.
— Como posso protegê-la se não sei onde você está? — ele perguntou.
— Você me deu cinco protetoras. — disse Padmé. — Você também terá
que confiar nelas.
Panás olhou por cima do ombro para Rabé, a garota que ele achava que
podia controlar. O olhar fixo dela disse a ele tudo o que precisava saber.
Esta não era uma luta que ele venceria.
— Compreendo, Vossa Alteza. — disse Panás. — Da próxima vez que
você quiser partir em uma aventura, me diga primeiro. Eu farei tudo que
puder para que isso aconteça.
— Agradeço a sua dedicação, Capitão. Agora, ela o deixou ouvir o
carinho e o respeito, já que ele havia recebido as emoções negativas antes.
— Estou atrasada para o meu turno. — disse Mariek, admiravelmente
dissipando a tensão. — E Saché provavelmente quer voltar para a cama.
Ela puxou o marido para que ficasse de pé e eles se despediram. Rabé
sentou-se e pôs os pés em cima da mesinha.
— Estraguei um lençol. — disse Saché, como se isso fizesse todo o
sentido. — E você está coberta de purpurina.
Provavelmente era a adrenalina passando, mas Padmé riu até chorar.
O glitter não saía. Yané tentou de tudo que conseguiu pensar para lavar as
mãos de Padmé, mas nada funcionou. Eirtaé fez uma análise dos produtos
químicos e tentou encontrar um limpador que não dissolvesse a pele de
Padmé de seus ossos, mas até agora ela não estava tendo sorte.
— Experimente a maquiagem por cima. — sugeriu Rabé.
Yané trabalhou nisso, mas não adiantou. A maquiagem que elas usavam
como corretivo funcionou bem no rosto de Padmé, mas rachava toda vez
que ela movia os dedos. Yané tentou uma aplicação mais leve, mas não foi
o suficiente para cobrir o glitter.
— É dia. — protestou Saché. — Como ainda está brilhando?
— É uma receita secreta. — disse Eirtaé. — Tive que hackear o banco
de dados do fabricante para encontrar os ingredientes.
— Você não pode sair assim. — disse Yané. — Harli irá reconhecê-la
imediatamente.
— Luvas? — Rabé sugeriu.
— Não com um representante de Kreeling aqui. — Yané disse a ela. —
Não é exatamente uma regra, mas é uma diretriz cultural que devemos
seguir se quisermos manter nossa amizade com os Tobruna.

Por um bom tempo nenhuma delas entrou em pânico.


— Terá de ser Sabé, então. — disse Eirtaé. — Ela é a única que já ficou
de dublê para você em público, e sua voz é a melhor. Haverá muitas
discussões hoje.
Sabé ergueu os olhos de onde estava desembaraçando fios de contas em
uma das tiaras mais ridículas da Rainha.
— O que? — ela disse.
— Eirtaé está certa. — Padmé concordou. — Você terá que ser a Rainha
hoje, e eu vou assistir os procedimentos da galeria de sussurros como uma
pajem. Se eu mantiver minhas mãos nas mangas, ninguém vai ver.
— Isso não é enganar os guardas ou tomar o seu lugar em um desfile.
— disse Sabé. — Isto é uma situação real. Com sérias ramificações.
— Estou ciente. — disse Padmé. A voz dela estava um pouco fria. —
Eu sabia quando fomos ao show que poderia haver consequências, e aqui
estamos. Hoje, você é a Rainha.
Serviu como uma declaração e as meninas começaram a trabalhar.
Padmé e Sabé trocaram de lugar. O vestido do dia era bastante formal.
O rico borgonhês foi compensado por detalhes em cinza claro, e a tiara
tinha novamente o formato de leque tradicional. Rabé e Yané, que
acompanhariam a Rainha à sala do trono, estavam mais uma vez na cor
laranja flamejante. Esta estava rapidamente se tornando a cor acolhida por
elas e, de alguma forma, o dinamismo do tecido as ajudava a desaparecer.
Saché ajudou Padmé e Eirtaé a vestir as vestes de um azul suave e de
mangas misericordiosamente largas, e todas elas amarraram os seus
capuzes.
— Graças aos deuses pelas tendências da moda. — disse Padmé.
— Você acreditaria em mim se eu dissesse que não estou surpresa? —
Yané perguntou.
— Sim. — Padmé respondeu, e quis dizer isso com toda a sua alma. —
Eu acreditaria.
Sabé apareceu enquanto Padmé colocava a maquiagem que obscurecia
sua aparência.
— Sinto muito. — ela disse.
— Não é sua culpa que o iluminador quebrou. — Padmé disse a ela.
— É minha culpa você estar lá. — disse Sabé.
— Eu faço as minhas próprias escolhas, Vossa Alteza. — disse Padmé.
— Você sabe disso.
Parecia que elas estavam conversando sobre o assunto, mas Padmé tinha
a sensação de que só piorou as coisas. Não havia tempo para mais nada, no
entanto. Todas elas tinham lugares para ir.
A galeria dos sussurros estava quase cheia. A assembleia legislativa
parou de ver a cúpula como um projeto de vaidade logo após a primeira
transcrição pública ter sido lançada. A resposta da população em geral foi
favorável, e agora as autoridades eleitas estavam curiosas para ver como
tudo acabaria. Padmé e as outras tinham assentos na seção reservada como
pajens, o que também significava que qualquer uma que precisasse enviar
uma mensagem poderia chamá-las.
Duas horas depois do início das negociações, um representante chamou
a atenção de Padmé. Não havia como ela passar a mensagem para Saché ou
Eirtaé sem erguer as sobrancelhas, então ela levantou e foi ver qual era a
mensagem.
— Por favor, leve isso para a cozinha. — disse o representante. —
Estamos saindo mais cedo do que pensei e quero ter certeza de que os
cozinheiros têm uma contagem precisa para esta noite.
Pela primeira vez, Padmé se perguntou porque eles não tinham um
sistema mecanizado para esse tipo de coisa. Não seria difícil enviar uma
breve mensagem via comunicador e, embora Padmé fosse perfeitamente
capaz de descer até lá, realmente não queria perder as discussões na cúpula.
Grande parte do governo de Naboo era assim: um conjunto de tradições que
funcionavam como créditos da República, valiosas apenas porque todos já
haviam concordado o quanto valiam. Mas isso significava que havia pontos
fracos a serem explorados e nenhuma defesa contra eles. Se Padmé não
entregasse a mensagem, haveria um número incorreto de cadeiras no jantar.
Não era um grande problema, mas ela estava começando a se perguntar de
que outra forma o sistema poderia ser melhorado.
Padmé memorizou a mensagem do representante e, em seguida, saiu da
galeria dos sussurros. Ela voltaria assim que pudesse. Como ela estava fora
do alcance da voz, ela não soube que, logo após sua partida, a Rainha
Amidala havia convocado um breve recesso e ela também não tinha visto
Harli Jafan se dispensar silenciosamente da sala do trono.

Padmé estava voltando da cozinha quando foi alcançada.


— Aí está você! — disse Harli, atrás dela e muito perto. — Quando não
te vi com a Rainha esta manhã, pensei que sentiria muito a sua falta.
Padmé congelou. Estava usando o seu próprio rosto, embora o seu
capuz e a maquiagem obscurecessem a maior parte dele. E essa garota tinha
chegado o mais perto até agora de ver através do disfarce da Rainha. Ela
havia contado o número de aias na sala e percebeu que Sabé não estava
entre elas. Ninguém pensaria em olhar para a rainha, é claro, mas outra
garota vestida de manto no corredor do palácio que era da mesma altura era
uma suposição lógica. Principalmente quando aquela garota havia
deliberadamente aprendido a se mover da mesma maneira.
— Tive um trabalho diferente hoje. — Padmé falou o mais baixo
possível. Rabé disse que vozes baixas são mais fáceis de confundir. A voz
da Rainha tinha que ser alta, por isso exigia muito trabalho. Virou-se para
ficar de frente para Harli, mas manteve a cabeça baixa e o capuz abaixado.
— Só queria dizer que me diverti muito ontem à noite. — disse Harli.
— A princípio, pensei que sair com as suas amigas pudesse estragar o
clima, mas elas também eram muito divertidas.
— Foi um bom show. — disse Padmé. Ela nunca se sentiu tão exposta
em toda a sua vida.
— Você está bem? — Harli perguntou. — Você teve problemas?
— O Capitão Panás se preocupa demais. — Admitiu Padmé.
Harli riu e então estendeu a mão e segurou os cotovelos de Padmé. Ela
se moveu rápido demais para que Padmé pudesse se esquivar, e a puxou um
pouco perto demais.
— Olha, não sou muito boa nisso e sei que literalmente vivemos em
planetas diferentes, mas eu gosto muito de você. — disse Harli. O coração
de Padmé disparou, e não da maneira que Harli provavelmente pretendia.
— Não sei muito sobre a cultura de namoro em Naboo, mas gostaria de
beijar você antes de ir.
— Ah, não. — disse Padmé. Foi reflexivo, absoluto e cruel. Ela se
arrependeu imediatamente, mas não conseguiu pensar em mais nada para
fazer. Ela se afastou.
— Ah. — disse Harli. Ela parecia surpresa. — Você nem vai olhar para
mim hoje?
— Sinto muito. — disse Padmé. — Estou entregando uma mensagem
importante.
Ela fugiu, deixando Harli sozinha no corredor e se perguntando o que
tinha acontecido.
O resto do encerramento da cúpula transcorreu sem incidentes, embora
Harli tenha falado muito pouco. A Rainha presidiu um chá de despedida
logo após a sessão final, e então cada delegado se despediu formalmente.
Eles partiriam na manhã seguinte, mas este seria o último evento oficial. As
aias voltaram para a suíte e se prepararam para passar a noite relaxando
após uma semana agitada. A manobra de engodo, até onde a maioria delas
sabia, transcorreu sem problemas, e todas estavam com vontade de
comemorar.
Sabé não teve a chance de verificar o seu comunicador pessoal ou falar
em particular com as outras até tarde da noite. Yané cuidou de tirar o
vestido dela e as outras foram para a cama. Sabé percebeu que Padmé tinha
algo que queria discutir e presumiu que era apenas que a Rainha desejava
avaliar o seu desempenho naquela tarde. Quando finalmente teve um
momento para si mesma, Sabé leu uma nota de Harli com confusão que
rapidamente se transformou em raiva quando percebeu o que devia ter
acontecido. Entrou no quarto de Padmé. Saché estava escondida sob as
cobertas, mas Padmé ainda estava lendo.
— Recebi a mensagem mais estranha de Harli Jafan agora mesmo. —
disse Sabé acidamente. — E, francamente, estou surpresa por não ter
recebido nem um ligeiro aviso de você.
Padmé ficou imóvel. Largou os documentos e deu a Sabé toda a sua
atenção.
— Parece que ela tentou se despedir de mim esta tarde. — continuou
Sabé. A sua raiva fervia dentro dela. Saché estava acordada, mas imóvel. —
E eu fui muito rude.
Harli havia usado uma linguagem muito mais amena.
— Ela me surpreendeu. — disse Padmé. A sua calma era
completamente irritante, não por causa de seu controle, mas porque Sabé
sabia que ela estava adaptando seu comportamento à resposta de Sabé. Ela
odiava ser manipulada. — Eu não esperava ser confundida com você. É
suposto funcionar ao contrário.
— E então você teve que ser horrível com isso? — Sabé disse. — Você
pode encantar um planeta inteiro para que ame você, mas não pode levar
dois segundos para considerar os sentimentos dela?
— Eu deveria ter deixado ela me beijar? — Padmé disse. Seu tom ficou
aquecido. — Você acha que ela ainda continuaria pensando que eu era você
então? Você não acha que ela pode ter me reconhecido do show, já que
ainda estou coberta de glitter?
— Eu não sei! — gritou Sabé. Ela estava ciente de que as outras
estavam atrás dela e modulou seu tom para que os guardas não entrassem.
— Eu só pensei por um segundo que você poderia ser capaz de pensar em
mais alguém além de você.
Não havia nada que pudesse ter dito para magoar mais Padmé, e sabia
disso.
— Eu tentei, Sabé. — Padmé disse depois de um silêncio horrível. —
Eu vi que você gostava dela e não sabia o que isso significava. Se eu fosse
apenas a sua amiga, poderia só ter perguntado a você, mas sou a sua rainha
também. Não posso mandar você me contar sobre a sua vida pessoal,
posso? Tive que confiar que você viria até mim e me diria o que eu
precisava saber. E você não fez.
— Você achou que eu iria desistir dos segredos? — Sabé perguntou. —
Você realmente pensa tão pouco de mim?
— Não. — respondeu Padmé. — Eu tenho muita consideração por
você. Mas é mais difícil do que eu pensava ser sua amiga e sua regente ao
mesmo tempo, e não posso fazer isso se você não me ajudar.
Sabé se sentou na cama. As outras entraram e se juntaram a elas, Saché
puxou as pernas para cima para abrir mais espaço do lado dela.
— Você queria uma noite normal. — disse Padmé. — E eu tentei te dar
isso. Achei que isso significava que eu poderia ir com você, mas acho que
seria melhor se evitássemos isso a partir de agora.
— Fiquei bastante triste por Saché ter perdido o show. — admitiu Sabé.
— Se você também não tivesse ido, dificilmente teria valido a pena.
— Achei que você queria passar mais tempo com Harli. — disse
Padmé.
— Sim. — disse Sabé. — Ela é a primeira pessoa que gostou de mim
por ser eu mesma. Mas isso não significa que eu não queria passar tempo
com todas vocês também. Fora desta maldita sala.
— Bem, provavelmente não podemos mais usar a biblioteca como uma
saída. — disse Rabé levemente. — Acho que Panás pode estar de olho em
nós.
Sabé deu uma risadinha apesar de tudo. Elas realmente não resolveram
nada, mas pelo menos elas tinham identificado o problema. Esse foi um
lugar para começar.
— Você pode ir se quiser. — disse Padmé. — Eu não sei o que você
diria, mas você pode ter a noite livre.
Sabé ficou grata pela oferta, mas era tarde demais. E Harli já havia dito
que não queria vê-la novamente.
— Não. — ela disse. — O que está feito, está feito.
— Sinto muito. — disse Padmé. Era tudo o que ela podia dizer, mas não
era o suficiente.
— Saché, você trocaria comigo esta noite? — Perguntou Sabé. Ela meio
que esperava que ela recusasse. Pois isso significaria compartilhar com
Yané.
— Só desta vez. — disse Saché baixinho. Yané olhou para as mãos.
Esta noite seria profundamente desconfortável para todas, aparentemente.
— Obrigada. — disse Sabé. Ela sabia que era importante não adormecer
com raiva de Padmé, por mais que ela quisesse. Ela não queria falar sobre
isso, mas talvez se elas estivessem na mesma sala, tudo se resolveria por
conta própria.
— Talvez devêssemos ir para a casa do lago agora que a cúpula acabou.
— disse Padmé. — Ainda está no início do meu reinado para fazer um
retiro, mas sinto que realizamos muito esta semana e gostaria de uma pausa.
— Vou averiguar isso amanhã. — disse Yané. Ela bocejou. — No meio
da tarde, no mínimo.
Todas foram embora e Sabé se arrastou até o local que Saché havia
desocupado.
— Você realmente queria beijá-la? — Padmé perguntou.
Sabé sabia o que ela estava fazendo e porque ela fazia, mas não teve
coragem de consertar a cerca. Ela poderia fazer o trabalho dela, mas por
enquanto era só.
— Ainda não, por favor. — ela respondeu. — Eu só quero falar sobre
política.
Padmé respeitosamente mudou de assunto.
O tear a fez se sentir melhor. Havia várias versões mecanizadas diferentes
para escolher, teares que faziam todo o trabalho e teares que permitiam
manter alguma aparência de controle, mas Suyan gostava mais dos
manuais. Sem um computador para dizer se a tensão estava certa, tinha
que prestar muita atenção e gostava da maneira como o mundo se fechava
ao seu redor enquanto ela tecia. Para começar, bloqueava a agitação do
mercado, e às vezes esse nível de ruído podia ser irritante.
Eram cobertores, hoje. Bastante simples, mas Suyan estava demorando.
Cada um tinha um design diferente. Todos eles foram encaminhados para o
hospital Theed posteriormente, mas isso não era motivo para não gostar do
processo. Suyan adorava ver o tecido crescer sob os seus dedos enquanto o
construía com fios, e ela nunca se cansava de usar a cor para contar
qualquer história que quisesse na trama.
— São todos seus? — alguém perguntou.
Suyan fez uma pausa e ergueu os olhos. Precisava de seus olhos para
tecer, e não apreciou inteiramente a interrupção. Já era tarde e já havia
feito várias vendas boas. Queria terminar este cobertor e cortá-lo antes que
escurecesse.
— Sim, eu os fiz. — ela respondeu. — São para o hospital.
— Eles são muito legais. — O orador era um homem alto de pele
morena e ombros quadrados. — Do que eles são feitos?
— É de um fio que eu mesmo faço. — Suyan respondeu a ele. — Eu teço
a partir de vários componentes e o resultado final é um cobertor que é leve,
quente e que absorve a umidade.
Se ele percebeu que não desistiu de nenhum dos detalhes, ele teve a
cortesia de respeitar sua propriedade. Algumas pessoas tentaram fazer com
que revelasse as combinações e, embora não se importasse em
compartilhar, não iria entregá-las a qualquer um.
— Você pode fazer tecido para as outras situações? — ele perguntou. —
À prova d'água? Ou à prova de fogo, talvez?
— Sim. — respondeu Suyan sem considerar por muito tempo. Era jovem
para ser uma mestra tecelã e ainda não tinha a designação oficial, mas era
apenas uma questão de tempo. Conhecia a extensão de seus talentos. —
Mas eu não tenho certeza de como isso seria prático em um cobertor no
hospital. Eles têm outros métodos de supressão de incêndio.
— Eu não estava falando apenas de cobertores. — ele disse. Ele ainda
estava sentindo o tecido, e ela poderia dizer pelo seu toque que ele
realmente não conhecia a qualidade do artesanato. Não tinha nenhum
problema com as pessoas apreciando as coisas porque eram bonitas ou
fofas, mas as suas perguntas não se relacionavam com o seu
comportamento. — Só com fios pesados que você pode fazer o que você
quiser?
— O volume torna tudo mais fácil. — ela admitiu. — Mas nem tudo tem
que estar na trama. Existem resinas que podem ser utilizadas para tratar
tecidos e ainda manter a flexibilidade. E provavelmente você poderia fazer
muito com bordados, se tiver o tipo certo de linha.
Ele considerou por um momento, e pensou que ele continuaria
andando. Em vez disso, ele se voltou para o cobertor vermelho que havia
terminado de manhã e o levantou para se certificar de que a trama estava
correta.
— Você sempre trabalha aqui? — perguntou ele, indicando o mercado
em geral.
— Às vezes eu trabalho em casa. — respondeu Suyan.
— Desculpe. — ele disse. — Quero dizer, você é sempre uma tecelã?
— Não. — ela respondeu. — Eu tenho que tecer minha linha, como eu
disse, e eu também tinjo na maioria das vezes.
— Isso é tudo que você sempre quis fazer?
Era uma pergunta estranhamente direta, e Suyan pensou na sua
resposta antes de respondê-la.
— Sim. — ela respondeu. — Eu sou feliz.
— Você consideraria outro emprego, se estivesse disponível? — ele
perguntou.
— Nada é para sempre. — respondeu Suyan.
Ele a olhou diretamente, sem passar as mãos ao longo da trama do
cobertor.
— Seria no palácio. — ele disse. — Haveriam muitas pessoas. Você não
teria muito tempo para si mesma. Pode ser perigoso. E é muito importante.
Suyan pousou as mãos no topo do tear, soltando as lançadeiras e
tirando os pés dos pedais. Percebeu que quem quer que fosse este homem,
definitivamente não a tinha encontrado por acidente. Não estava andando
no mercado e fora atraído pelas cores brilhantes de sua barraca. Sabia que
ela estaria aqui. Sabia o que ela fazia. Tinha vindo até ali para fazer essas
perguntas, embora já soubesse a maioria das respostas. E tinha feito tudo
de propósito.
— Eu sou uma tecelã. — ela disse.
— Você é uma artista. — ele respondeu. Era uma designação comum
em Naboo, mas a maneira como ele disse deu mais peso do que ela estava
acostumada. — Você tem um conjunto de habilidades muito interessante e
estou muito interessado em ver você atingir todo o seu potencial.
— Tecelões geralmente não têm empregos perigosos. — ela disse.
Mesmo tingir tecidos, que era um trabalho pesado e quente antes da
automação, era relativamente seguro, contanto que você não fizesse nada
estúpido.
— Há outro detalhe nisso. — ele admitiu. — Você seria responsável
pelo bem-estar de uma autoridade de alto escalão e espero que use todas as
suas habilidades para protegê-la.
— Você é da Segurança Real. — ela disse, estreitando os olhos para ele.
— Capitão Quarsh Panás. — ele se apresentou. — Sou chefe do
destacamento da guarda da Rainha Amidala.
O problema de tecer cobertores para o hospital é que Suyan tinha a
sensação de ter feito algo bom, sem realmente se aprimorar. Sim, era
divertido fazer o trabalho e, sim, ela gostava de criar novas misturas de
tecidos, mas a verdade é que ela fazia isso principalmente porque a deixava
confortável. O que o capitão Panás estava descrevendo parecia assustador.
Suyan não precisava ser informada sobre o poder de uma boa trama, um
bom fio, uma boa costura. Ela já sabia dessas coisas. Ela só não estava
acostumada com esse poder sendo reconhecido.
Tinha menos certeza era de que ela, Suyan, seria boa em proteger
alguém.
— Tudo bem. — ela se ouviu dizer. — Conte comigo.
A Rainha Amidala passou a manhã na plataforma de desembarque,
acenando decorosamente enquanto os seus convidados partiam. Estava
acompanhada por uma única aia e um punhado de guardas. Ninguém teria
adivinhado olhando pra ela, mas Padmé estava exausta. Pelo menos o
vestido estava fazendo a maior parte do trabalho para ela, em termos de
ficar em pé.
Panás estava semicerrando os olhos para o céu com uma expressão
intrigada no rosto.
— Capitão? — disse a Rainha.
— Estamos recebendo alguns retornos inesperados das balizas de
sinalização externas. — ele respondeu. — Quem sobrou?
— Apenas a Governadora Kelma. — respondeu Saché. — Ela se
ofereceu para ser a última porque tem menos hiper defasagem com que se
preocupar.

— Vou ligar para o piloto dela e dizer-lhes para se mexerem. — disse


Panás. — Mas teremos que enviar alguns de nossas próprias naves para
verificar as balizas.
— Quando você quiser, Capitão. — disse Padmé.
A nave Karlini decolou no momento em que as verificações pré-voo
foram feitas. O comunicador ainda estava aberto, e quando a nave saiu da
órbita, Padmé ouviu alguém muito claramente.
— Mas que droga? — Foi tudo o que foi discernível antes que a nave
estivesse fora de alcance, mas foi o suficiente para levantar ainda mais as
suspeitas de Panás.
— Eu gostaria que você voltasse para o palácio, Vossa Alteza. — ele
disse.
Padmé não pensou em discutir.
Saché pegou o seu comunicador e enviou uma pequena mensagem para
as outras, que esperançosamente ainda estavam na suíte. Elas haviam
vestido Padmé com outro vestido formal esta manhã, um que seria visível
de uma nave enquanto estivesse na plataforma de pouso. O vestido era
vermelho com uma saia larga e tabardo elaborado que cobria os seus
ombros e peito. Ao redor da saia havia um anel de globos luminescentes
laranja e amarelos. Não era exatamente um vestido para se mover
rapidamente, mas Padmé conseguiu, mesmo nos degraus. Na porta do
palácio, parou e se virou para um dos guardas.
— Você poderia, por favor, encontrar o governador Bibble e pedir-lhe
para ir à sala do trono? — ela perguntou. Tradição ou não, iria atualizar o
sistema de mensagens. — O Capitão Panás tem um relatório a dar.
O texto era enganosamente leve, e Padmé pôde ver que o guarda a
entendeu imediatamente. Começou a trotar, e Padmé continuou em direção
à sala do trono. Ela tinha um mau pressentimento.

Os comunicadores pessoais na suíte da Rainha dispararam todos ao mesmo


tempo, o que teria sido alarmante por si só. Quatro versões em miniatura de
Saché apareceram em quatro palmas e imediatamente a sua atenção foi
atraída.
— Chama. — foi a única coisa que ela disse antes de desaparecer.
Esse era um dos primeiros códigos que elas inventaram. Em vez de ter
uma única palavra que as chamasse a agir em caso de emergência, elas
tinham algumas palavras diferentes para ajudar a indicar que tipo de
emergência era. A cor das vestes que Saché usava naquela manhã, do ombré
laranja ao amarelo, neste caso, significava que todas elas precisavam
aparecer como aias na sala do trono, o mais rápido humanamente possível.
Elas não se preocuparam em trançar o cabelo. Em vez disso, as vestes
foram colocadas e puxadas em alinhamento reto, e todas deixaram para
prender o cabelo o melhor que pudessem. Sabé abriu o caminho pelos
corredores em uma caminhada rápida. Ninguém mais parecia estar
respondendo, então Amidala ainda exigia a discrição delas. Elas chegaram
às portas da sala do trono e viram que a Rainha já estava sentada, com
Saché ao seu lado. O resto delas correu para os seus lugares.
— Governador Bibble, obrigada. — Amidala estava dizendo quando o
governador entrou pelo outro lado da sala. — Sabemos que você pretendia
partir esta manhã, mas o Capitão Panás queria que você estivesse presente.
— Claro, Vossa Alteza. — Bibble era um político experiente demais
para mostrar abertamente o seu aborrecimento, mas dificilmente poderia ser
culpado por querer estar em outro lugar. Ele teve uma longa semana
também.
— Vossa Alteza, Governador Bibble. — Panás entrou na sala, as botas
ressoando no mármore, e parou no centro do piso. — Assim que a nave da
Governadora Kelma estava saindo da órbita, nossas boias externas foram
movimentadas por uma pequena nave de design desconhecido. Presumimos
que eles nos examinaram em busca de defesas planetárias, mas todos sabem
que não temos nenhuma. Nós não sabemos...
Uma holo borrou sobre ele, e ele deu um passo para o lado para deixar a
imagem clara. Mesmo sabendo que a pessoa não estava realmente lá, ele
não pôde deixar de alcançar o seu blaster.
— Vossa Alteza. — disse a figura. — Eu sou o Vice-rei Nute Gunray da
Federação do Comércio. Exijo que você assine um tratado.
— Vice-rei, isso é altamente heterodoxo. — disse Amidala. — Não
temos o hábito de assinar tratados com pessoas que acabamos de conhecer.
— Mesmo assim, você vai assinar este aqui. — disse Gunray. — Ele
está sendo entregue a você enquanto falamos.
Sabé foi até o console e assentiu com a cabeça. Qualquer documento
que o vice-rei quis dizer tinha aparecido no banco de dados da Rainha. A
sua mão pairou sobre o interruptor de desconexão, mas ela esperou pelo
sinal.
— Nós faremos com que ele seja adicionado à nossa programação. —
disse Amidala. — E entraremos em contato com você no devido tempo,
quando toda a consideração for feita.
— Você vai assinar. — disse Gunray. — Ou vocês vão sofrer.
Ele desapareceu.
— Vossa Alteza. — começou Panás, mas Padmé ergueu a mão.
— Capitão. — ela disse. — Por favor, prepare os seus guardas e o resto
das Forças de Segurança. Sei que não temos muito no que diz respeito à
defesa planetária, mas não ficarei de braços cruzados até que tenhamos
determinado o que esse vice-rei Gunray está procurando.
— Governador. — Ela se voltou para Bibble. — Sinto muito, mas vou
precisar que você fique no palácio por um pouco mais de tempo.
— Não será um tratado de verdade. — disse Bibble. — Eles esperam
que você se renda sem lutar.
— Eles esperam incorretamente. — disse Padmé. — Mas pode haver
dicas no documento sobre qual é o jogo deles. Recomendo que você e a sua
equipe leiam rapidamente.
— Eu farei os arranjos. — ele disse. Ele se levantou para ir, mas Padmé
levantou a mão novamente para detê-lo.
— Governador, quem em Naboo tem o poder de assinar tratados com
estrangeiros? — ela perguntou. — Devo confessar que não estou
familiarizada com a cadeia exata de precedência e gostaria que isso fosse
esclarecido o mais rápido possível.
— A Rainha é a única pessoa com esse poder. — Bibble respondeu a
ela.
— E se a Rainha estiver ausente ou incapacitada?
— Eles devem esperar por sua recuperação ou retorno.
— E se a Rainha estiver morta? — Ela não vacilou.
— Então deve haver uma eleição, Vossa Alteza. — respondeu Bibble, o
seu desconforto era óbvio em seu tom e na maneira como ele torceu as
mãos. — Isso nunca aconteceu.
— Obrigada, Governador. — Padmé disse. — Vamos nos reunir em
duas horas.

O tratado era, na opinião profissional de Sio Bibble, um monte de merda de


shaak. Naboo estaria se entregando aos caprichos da Federação do
Comércio e não ganharia absolutamente nada com o acordo. Eles não
podiam esperar que a Rainha o assinasse.
Eles deviam ter algum propósito mais sombrio. Bibble examinou todas
as notas que conseguiu encontrar sobre quem tinha poder de signatário em
caso de emergência para ver se a sua declaração original à Rainha estava
incorreta. Se a Federação do Comércio buscasse instalar uma rainha
fantoche que fosse mais receptiva às suas demandas, isso seria outro
assunto. Tudo o que ele encontrou indicava a mesma coisa: ele estava certo.
Só a Rainha poderia assinar, nada menos que a sua morte mudaria isso, e
mesmo que o pior acontecesse, nada poderia acontecer até que houvesse
outra eleição. Legalmente, eles ficariam bem.
Bibble começou a se preocupar com as maneiras menos legais pelas
quais isso poderia acabar mal enquanto voltava para a sala do trono.

— Preciso entrar em contato com o Senador Palpatine. — disse Padmé. —


Use o canal de emergência dele, se puder conectar.
— Se eu conseguir conectar. — murmurou Eirtaé. Em segundos, ela
configurou o comunicador e conduziu Padmé para o lugar certo para o
holoemissor.
Qualquer que fosse a hora em Coruscant, Palpatine devia estar
acordado, porque respondeu imediatamente.
— Rainha Amidala? — ele disse, cintilando azul na frente dela. — Esta
é uma surpresa inesperada.
— Receio ter más notícias, Senador. — disse Padmé. — E não há tempo
para formalidades.
— Oh, céus. — Palpatine parecia um pouco sem fôlego. Talvez tivesse
vindo correndo quando ouviu o canal de emergência. — Por favor,
continue.
— Recebemos uma comunicação ameaçadora do Vice-rei Nute Gunray,
da Federação do Comércio. — Padmé o informou. — Ele exigiu que eu
assinasse um tratado. Eu recusei, é claro. E vou recusar novamente.
Tivemos tempo para ler e ele está me pedindo para assinar a transferência
do planeta inteiro.
— Eu temia que algo assim pudesse acontecer. — disse Palpatine. —
Mas nunca em meus sonhos mais loucos eu pensei que realmente iria!
Vossa Alteza, a Federação do Comércio está por trás de uma conspiração no
Senado para mudar o imposto sobre as rotas comerciais, e Naboo está bem
no meio da operação proposta por eles.
— Nós tínhamos ouvido que as propostas tributárias falharam. — disse
Padmé.
— Elas tinham. — disse Palpatine. — Parece que a Federação do
Comércio está adotando uma abordagem mais extrema.
— O Capitão Panás e os outros oficiais estão tomando todas as medidas
que podem. — informou Padmé. — Por enquanto, não há nada que
possamos fazer a não ser esperar. Gostaria de informá-lo caso você tivesse
alguma sugestão.
— Vou levar isso ao Chanceler. — disse Palpatine. — É sempre melhor
ir direto ao topo.
— Obrigada, Senador. — disse Padmé. — Agora, receio que devo ir.
— Fique em segurança, Vossa Alteza. — disse Palpatine. — Você é
importante demais para perdermos.
Rabé cortou a conexão.
— É hora de voltar para a sala do trono. — ela disse.
— Todas vocês estão bem? — Padmé perguntou antes de partirem
novamente. — Eu sei que esses últimos dias foram muito cansativos.
— Estamos bem. — Sabé respondeu por todas. Era mais ou menos
verdade.
A porta da sala de estar se abriu e todas pularam.
— Vossa Alteza. — disse Panás. — A Federação do Comércio está
aqui. Em órbita. Eles bloquearam o planeta.

Darth Sidious olhou para o holograma de Naboo que pairava sobre a sua
mesa. Era um mundo lindo. Águas claras e árvores verdes, pedras amarelas
e céu azul. Pessoas que não queriam nada da vida a não ser fazer coisas
bonitas que deixassem outras pessoas felizes.
Ele queria ter certeza de que o seu legado nunca fosse esquecido.
E agora ele tinha os meios. Orbitando o planeta em um círculo perfeito
estavam dezenas de naves de bloqueio em forma de anel. Cada uma estava
fortemente armada e ainda mais fortemente blindada. E todas estavam
lotadas de droides.
Ele ficou agradavelmente surpreso com a ingenuidade que os
engenheiros Geonosianos demonstraram ao projetar a força de invasão.
Haviam droides para cada patente e cada tarefa, assim como em um
exército regular. Eles seriam capazes de dominar Naboo completamente, e
poderiam até mesmo nem danificar demais o planeta. Pelo menos não no
começo. Sidious preferia a destruição completa, mas a profanação seria
feita aos poucos. O holograma brilhou, e ele estendeu a mão para colocar a
ponta do dedo onde Theed estaria, como se pudesse esmagá-lo.
O outro console, aquele em seu escritório público, soou alto o suficiente
para que ouvisse através da porta fechada. Provavelmente era o chanceler
Valorum. Bem na hora.
A primeira semana sob o bloqueio da Federação do Comércio foi
extremamente tensa e extremamente entediante. Na maioria das vezes, não
havia nada a fazer a não ser esperar. Padmé passou horas na sala do trono
com vários oficiais do governo, teorizando como Naboo poderia se
defender e se perguntando a quais aliados eles poderiam pedir ajuda. Todas
as comunicações enviadas foram respondidas mais do que vagamente. Não
havia dúvida de que a Federação do Comércio estava ouvindo.
Nunca estava sem suas aias. Pelo menos duas ficavam ao lado dela o
tempo todo, enquanto as outras entravam e saíam da sala em várias tarefas.
Começou a lhes dar as suas próprias atribuições, em vez de esperar até que
se retirassem para passar a noite e fazer uma discussão como um grupo.
Não era como o sistema deveria funcionar, mas elas tiveram que se adaptar.
Não estava mais perto de consertar as coisas com Sabé, mas a outra
garota parecia ter empurrado todas as emoções de lado e se dedicado aos
seus deveres como se não houvesse mais nada a fazer. Padmé não podia
fazer nada além de esperá-la também, embora toda essa espera estivesse
começando a deixá-la um pouco mal-humorada.
O vice-rei se recusou a descer ao planeta, nem enviaria um
representante em pessoa. Insistiu que Amidala se juntasse a ele em seu
quartel-general em uma das naves orbitais, mas isso estava obviamente fora
de questão. Já que não cederia às suas demandas, ele começou a enviar
emissários droides, todos carregando uma variação da mesma mensagem.
Padmé devolveu cada um deles, sem resposta e sem assinatura.
Nenhuma nave foi autorizada a entrar ou sair da atmosfera planetária. O
Corpo de Caças Espaciais Real de Naboo não pressionou a Federação do
Comércio para ver se eles realmente atirariam nas naves que tentassem sair.
Eles fizeram alguns exercícios em baixa atmosfera e receberam um aviso
automático de um droide para não voar muito alto, mas eles não tinham
visto nenhuma nave inimiga voando em formação. O impasse não deixou
ninguém feliz, mas foi melhor do que uma guerra total.
No sétimo dia do bloqueio, um transporte agrícola de Karlinus se
aproximou da linha orbital. A governadora Kelma havia enviado a remessa
em sinal de boa fé, um agradecimento por reabrir as linhas de comunicação
entre os dois mundos. Era uma quantidade relativamente pequena de grãos,
mas o gesto simbólico era inconfundível. A passagem da nave foi recusada
e forçada a desviar para Enarc, onde a carga foi colocada em um
armazenamento refrigerado. Foi o primeiro teste real do bloqueio, e a
Federação do Comércio venceu.
— Quanto da safra nós realmente colhemos? — Amidala perguntou a
seu conselheiro agrícola, várias horas depois que o impasse acabou e todos
eles aceitaram que a nave não estava vindo.
— É mais complicado do que isso, Vossa Alteza. — disse Graf Zapalo.
— A primeira colheita é sempre mais fraca, por isso optamos por
transformar a maior parte em fertilizante. Colhemos talvez um oitavo, que
já foi replantado para a segunda metade da estação de cultivo.
— Então, quando a legislatura decidiu pela metade, eles se referiam à
segunda metade? — Amidala perguntou. Ela deveria saber disso. Haviam
muitos detalhes para serem corrigidos.
— Tal como é, Vossa Alteza. — disse Zapalo. — Esperávamos a
primeira remessa de grãos de fora do mundo dois dias depois que o
bloqueio foi implementado, mas é de um planeta aliado da Federação do
Comércio, então começamos a procurar em outro lugar. O grão Karlini teria
nos segurado, mas não fará diferença se nada puder passar.
— Quanta comida temos em reserva? — A voz da Rainha fez a
pergunta parecer fria, o que encobriu a preocupação crescente de Padmé.
— No mundo? — Zapalo fez uma pausa para fazer alguns cálculos. —
Podemos manter a cidade de Theed por um mês.
— Há mais em Naboo do que a cidade de Theed. — Amidala disse,
uma repreensão gentil.
— Claro, Vossa Alteza. — ele disse. — Se estivéssemos alimentando
todo o planeta, nossos suprimentos durariam uma semana. Cada base
populacional tem os seus próprios depósitos, mas teríamos que
complementá-los com os da capital.
— Você está dizendo que temos comida suficiente para uma semana? —
Amidala perguntou. Pareceu uma quantidade muito pequena de tempo.
— Comida pública, Vossa Alteza. — disse Zapalo. — Isso não leva em
consideração nenhum alimento no mercado geral ou o que os fazendeiros
têm em seus armazéns particulares.
Padmé ia perguntar se havia um censo desse tipo de coisa, mas se
conteve. Ou havia, e já deveria ter procurado, ou não havia, e só faria
Zapalo parecer um tolo quando tivesse que admitir.
— Você tem um plano de emergência para este tipo de situação? —
Amidala perguntou ao invés.
— Sim, por região. Mas os procedimentos de resposta foram
concebidos para situações de desastres naturais, não para bloqueios
estrangeiros. Não temos um plano para todo o planeta ao mesmo tempo. —
foi a resposta.
— Eirtaé irá acompanhá-lo e ajudá-lo a redigir um. — disse Amidala.
— Queremos algo que possamos implementar até o final do dia.
O assessor agrícola parecia querer protestar, mas Eirtaé o guiou
gentilmente para fora da sala.
— Mais alguma coisa mudou? — Amidala perguntou.
— Os embaixadores do Chanceler Valorum devem estar aqui amanhã.
— Bibble informou. — O gabinete dele indicou que eles se encontrarão
primeiro com o vice-rei, mas com o bloqueio, isso provavelmente era
inevitável de qualquer maneira.
— Devemos colocar nossa fé nos embaixadores. — disse Amidala. —
Yané, por favor avise a cozinha que estamos mudando para racionamento,
começando o quanto antes. Se tivermos de fazer um anúncio para a
população em geral, queremos liderar pelo exemplo.

Yané fez uma reverência e saiu da sala.


— Suponho que você não consideraria se esconder até que tudo isso
acabe? — Panás perguntou.
— Não, Capitão, — disse Amidala. — Mas, como sempre, agradecemos
a sua preocupação com a nossa segurança.
— Valeu a pena tentar. — ele disse.

Padmé se vestiu para os embaixadores do chanceler com tanto cuidado


quanto teria em melhores circunstâncias. Voltou a usar o vestido vermelho
com saia larga e ombreiras. Era o vestido mais usável que tinha e que era
apropriadamente real, feito por um desenho cuidadoso e enfeites de pele
potolli. Yané ajustou a roupa para que Padmé não precisasse mais de uma
roupa por baixo. Usava apenas um macacão e o vestido se sustentava
sozinho. Isso deixou a roupa mais leve e fácil de se mover. Yané fez um
trabalho impecável com sua maquiagem e, no momento em que a tiara foi
colocada, a Joia de Zenda pressionada contra sua testa, Padmé estava quase
confiante.
Todas elas seguiram para a sala do trono para esperar e passaram o
tempo organizando planos de racionamento. Após duas horas se passarem,
Padmé mandou uma mensagem para Nute Gunray, lembrando-o de que
sabia que os embaixadores estavam por vir. O vice-rei pareceu muito
presunçoso.
— Vocês acham que os embaixadores da República seriam suscetíveis a
suborno? — ela perguntou à sala em geral quando a ligação foi encerrada.
— Eu odiaria tirar conclusões precipitadas. — disse Bibble. — Mas
nada é impossível.
— Contate o Senador Palpatine. — disse Padmé. — Talvez ele possa
pelo menos nos dizer quem foi enviado.
O Senador Palpatine estava disponível, mas a sua imagem sumiu antes
que eles pudessem ter qualquer discussão real. Bibble declarou
imediatamente o que todos estavam pensando: a invasão estava próxima.
Panás e o governador discutiram sobre como responder, e antes que
pudessem tomar qualquer decisão real, isso foi feito por eles: as naves da
Federação do Comércio já estavam pousando.
Eles não tiveram tempo suficiente para lançar suas naves. Os pilotos no
hangar de Theed foram os primeiros alvos; e perderam contato com eles
imediatamente. As poucas naves que chegaram ao céu foram abatidas antes
que pudessem causar qualquer dano. Era apenas uma questão de tempo
antes que as tropas chegassem ao palácio.
Panás ordenou que saíssem da sala do trono imediatamente: haviam
muitas janelas e não era um bom lugar para montar uma defesa.
— Governador, recomendo que vá para o seu escritório. — disse Panás.
— A guarda do palácio fará o que puder para protegê-lo lá. Vossa Alteza, é
hora de ir.
Bibble parecia apavorado, mas foi. Padmé seguiu os seus guardas de
volta para a suíte. Estava tão ocupada tentando calcular a quantidade exata
de tempo que levaria para quebrar as portas do palácio que não percebeu
porque eles estavam indo para lá até pouco antes deles chegarem. Então se
virou e pegou a mão de Sabé.
— Qualquer coisa que nós tivermos de resolver, podemos resolver mais
tarde. — disse Sabé. — Deste ponto em diante, sou sua.
Foi um presente incrível. Padmé achava que nunca seria capaz de
engolir o seu orgulho daquele jeito, e admirava Sabé tremendamente por
isso. Sabia que era por isso que Panás a recrutara, mas ainda assim era
notável.
A mudança teria que acontecer mais rapidamente do que elas
administraram. Sabé trocou o manto laranja por um vestido preto, todas as
aias se concentrando nela por enquanto. Sozinha por um último e precioso
momento, Padmé foi até a janela do corredor. Os guardas deram-lhe espaço
para pensar. Com o rosto solene, olhou para a cidade, guardando a
arquitetura na memória, mesmo enquanto o exército droide a maculava, e
fazendo promessas silenciosas que não tinha certeza se conseguiria cumprir.
Padmé enxugou o rosto da Rainha antes de pegar um conjunto de vestes
para si mesma. Certificou-se de que as aias olhassem para Sabé, não para
ela, em busca de orientação. Este foi o verdadeiro teste, a primeira vez que
fizeram isso quando havia um perigo real e pessoal envolvido.
Sabé as conduziu até o terraço, pedindo aos guardas que se juntassem a
elas, e esperaram pelo inevitável.

Jar Jar Binks estava tendo uma tarde terrível. Desastres sempre o
atormentaram, era verdade, mas hoje a galáxia parecia estar levando isso a
extremos.
O acidente era definitivamente culpa dele. Normalmente, o caos que
causava era mais um caso de má sorte inadvertida, mas desta vez realmente
tinha estragado tudo. Forçado a deixar Otoh Gunga e com muito medo de
ficar sozinho nas águas profundas, Jar Jar fez o que considerou um
movimento muito inteligente. Havia subido à superfície. Lutaria para viver
lá, decidiu, até que o temperamento do Chefe Nass esfriasse, e então
tentaria voltar. Não era nada que um pouco de tempo não resolveria.
Apenas ficaria fora do caminho por um tempo.
Não esperava que a sua primeira semana sobre a água em Naboo
incluísse uma frota de naves descendo para a superfície do planeta. As
naves eram feias; não havia graça em seu projeto. Em vez disso, elas eram
grossas, marrons e totalmente desagradáveis.
Além disso, elas depositaram grandes tanques que não olhavam para
onde estavam indo e não se importavam com quem esmagavam.
O lado bom era que alguém resgatou Jar Jar, e aquele salvador era um
Jedi. Os Gungans era um povo isolado, mas eles sabiam o que os Jedi eram,
e se houvesse uma confusão na superfície, Jar Jar estava em boa
companhia. A desvantagem era que o Jedi e o seu aprendiz queriam que Jar
Jar os levasse para a cidade subaquática, embora tivesse acabado de ser
banido. Eles até tinham pequenos dispositivos de respiração para que
pudessem lidar com as profundezas com ele.
E então todos eles acabaram no núcleo do planeta. Foi o pior dia de
todos.
Quando as bolhas do bongô se abriram no estuário de Theed, Jar Jar
achou que nunca ficaria tão feliz em ver algo que não fosse água. Tinha
ouvido histórias sobre como os Naboo eram incivilizados durante toda a sua
vida, mas os edifícios que viu indicavam que eles deveriam ser pelo menos
razoavelmente inteligentes. Eles eram bonitos o suficiente, embora fossem
retos e arredondados em vez de serem fluidos e curvos, e havia até alguma
arte que ele pensou que não ficaria muito fora do lugar em uma exposição
Gungan. O único problema era que a cidade estava coberta por mais
daquelas naves marrons feias.
Quando conseguiram sair em segurança da água, tiveram que se mover
com cuidado pela cidade para evitar patrulhas de droides, o que não era
realmente algo em que Jar Jar era muito bom. Conseguiu manter os seus
percalços em sua maioria pequenos, tropeçando apenas uma vez, e então
caindo muito silenciosamente em uma pilha de tapetes. Por fim, eles
estavam em uma pequena passarela sobre a rua, e o Jedi chamado Qui-Gon
deu uma parada.
— Lá embaixo. — ele disse.
Eles olharam cuidadosamente pela a folhagem e viram uma estranha
procissão. Vários droides escoltavam quase uma dúzia de pessoas vestidas
com vários uniformes. No meio estava uma fêmea humana baixa em um
vestido preto e maquiagem que Jar Jar teria reconhecido em qualquer lugar.

Os Jedi saltaram para atacar os droides, e Jar Jar Binks os seguiu, direto
para os braços do seu destino.
— Nós somos valentes, Vossa Alteza.
A escolha do Jedi era difícil, e tudo dentro de Padmé gritava para ficar
com o seu povo. Não tinha certeza se confiava em Qui-Gon Jinn ainda, mas
sabia que Panás provavelmente seria morto se elas ficassem, e o
Governador Bibble parecia pensar que ir para Palpatine era a sua melhor
chance agora que eles haviam sido invadidos, e Padmé concordou com ele.
Eles não podiam ir todos na nave. O espaço estava cheio de limites
rígidos que nenhuma negociação inteligente poderia cruzar. Tinha apenas
um momento para escolher quem ficaria e quem iria, e Padmé nem mesmo
conseguiu fazer a ligação final. Todas olharam para a Rainha e Sabé
declarou que elas iriam para Coruscant. Yané pegou a mão de Saché e se
aproximou para ficar com Bibble. Nem houve tempo para um adeus
adequado. Elas tinham que chegar ao hangar, e então foi tudo disparos de
blaster e marcação de carbono até que eles estivessem livres do bloqueio.
Quando Naboo desapareceu atrás delas, nem Padmé nem Sabé
conseguiram afastar a sensação de que estavam apenas começando a
encontrar coisas que estavam além de seu controle.

A primeira coisa que os droides fizeram foi examiná-las. A maior parte foi
indolor, exceto pela pequena picada que acompanhou o exame de sangue, e
então todos foram empurrados para uma pequena casa fora do pátio onde
foram capturadas.
— Vocês permanecerão aqui até que seja designado outro local para
vocês. — disse o droide que parecia estar no comando. — Qualquer
tentativa de fuga será tratada com violência.
Saché não tinha planos de escapar.
Ela e Yané se sentaram juntas. Vários dos guardas andavam inquietos,
mas as meninas estavam perdidas em seus pensamentos. Neste momento, a
Rainha estava furando o bloqueio, e eles não teriam como saber se ela tinha
tido sucesso, a menos que seus inimigos decidissem contar. Depois de meia
hora, um droide veio com uma ordem para remover o Governador Bibble e
levá-lo de volta ao palácio. Ele saiu sozinho, e Saché só podia torcer para
que ficasse bem.
Eles esperaram mais uma hora. Até o mais inquieto dos guardas parou
de andar e se sentou. Yané se aproximou e, pela primeira vez, Saché não se
importou. Não estava sozinha e mesmo que os seus sentimentos fossem
complicados, pelo menos elas teriam uma à outra. Finalmente, a porta se
abriu.
— De pé, humanos. — disse o droide. — Venham comigo.
Eles foram conduzidos pelo centro de Theed até a maior praça do
mercado. Tudo na praça havia sido esmagado: as fontes, os bancos, as
estátuas. Normalmente o mercado zumbia com vida e comércio, mas agora
os únicos sons eram o clangor de pés de droide e ruídos variados que
acompanhavam a construção apressada de uma pequena cidade de tendas.
— Vocês foram designados para o campo quatro. — o droide os
informou. — Preparem-se para o encarceramento.
Eles foram escoltados até uma das novas tendas e empurrados pela aba.
Dentro havia duas fileiras de camas e o que parecia ser um banheiro
compartilhado nos fundos. Alguns guardas já estavam esperando lá dentro,
e Saché ficou aliviada ao ver Mariek Panás entre eles. Mariek abriu
caminho na direção delas e olhou atentamente para seus rostos.
— Ela escapou? — ela perguntou, com a sua voz baixa.
— Dois Jedi nos encontraram. — Saché disse calmamente. — Se eles
não puderem tirá-la do planeta, ninguém pode.
Yané estava examinando a configuração dentro da tenda com uma
expressão crítica. Era fácil saber que não haviam camas suficientes.
Duvidava que os droides estivessem recebendo requisições. O mais cedo
que Padmé poderia voltar era em três dias, isso se tudo corresse bem na
viagem, no Senado e na viagem de volta. Se ela demorasse muito mais do
que uma semana, todos ficariam desconfortáveis com fome e sede, a menos
que a Federação do Comércio decidisse fazer algo para os manter vivos. A
tempestade perfeita de escassez de alimentos em Naboo e o bloqueio
planetário ficaria ainda pior se houvesse falta de água também. Era a
estação quente e o campo estava definitivamente superlotado.
Mariek falou baixinho com um jovem guarda de rosto largo e cabelos
escuros. Ele assentiu com a cabeça e foi até a abertura da tenda. Estava
claro que ele havia sido designado para vigiar. Mariek gesticulou para que
as meninas se aproximassem. Elas não tinham ideia do quão bem os droides
podiam ouvir.
— Relatório. — disse Mariek. Ela poderia dizer que Yané estava
cuidando da logística.
— Devemos ficar bem por alguns dias. — disse Yané. — Muito mais
tempo, e a comida será um grande problema. Não localizei uma fonte de
água ainda, mas costumava haver quatro fontes neste mercado, então deve
haver algo em algum lugar.
— Isso cuida dessa barraca. — disse um guarda que Saché não
reconheceu. — E o resto deles?
— Faremos uma pesquisa assim que a construção parar. — disse
Mariek. — Não adianta fazer um inventário enquanto os droides ainda estão
mudando as coisas.
— Devemos descobrir quantos campos existem. — disse o guarda na
aba da tenda. Ele tinha uma boa voz.
— Os droides disseram que este era o campo quatro. — disse Saché.
— Eles parecem estar concentrando as pessoas com base em seus
empregos. — disse o guarda na porta. — Todos que eu vi neste campo até
agora usavam algum tipo de uniforme do governo.
— Onde está Bibble? — Perguntou Mariek.
— Eles o levaram de volta ao palácio. — disse Yané. — Eles
provavelmente o querem por perto, caso precisem de alguém para enviar
uma transmissão.
Fora da tenda, os ruídos da construção pararam. Mariek foi até a entrada
e ergueu a aba. Todo o mercado estava coberto com lona, e ela podia ouvir
o zumbido confuso dos cidadãos assustados. Haviam droides por perto, mas
não pareciam se importar se os seus prisioneiros vagassem por aí contanto
que ficassem longe dos marcadores de limite definidos.
— Tudo bem. — disse Mariek. — O campo é montado em um sistema
de grade, o que facilita a sua divisão em quadrantes. Veja se você consegue
um número de funcionários de cada área e uma ideia geral de quem está
aqui, e depois relate. Ah, e encontre a fonte de água também.
— E quanto aos droides? Não deveríamos monitorar os seus padrões de
patrulha e ver o que podemos dizer sobre as defesas?
— Uma coisa de cada vez, sargento Tonra. — disse Mariek. — Primeiro
as pessoas, depois vamos nos preocupar com os droides.
Saché foi em direção à aba da tenda, mas Mariek a segurou pela gola e a
puxou de volta.
— Vocês duas não. — ela disse. Yané começou a protestar e Mariek
levantou a mão. — Eu sei do que você é capaz. Eu preciso que você
encontre uma maneira de registrar tudo de uma forma que os droides não
percebam. Vocês duas vão ser as únicas a classificar todas as informações
que coletamos e descobrir o que podemos fazer com elas.
Com isso, ela as deixou. As duas aias se encararam por um momento.
— Por favor, diga que você vestiu o roupão esta manhã. — disse Yané.
O tecido cor de fogo era meticuloso de limpar, embora isso parecesse
menos importante agora. Para combater as manchas de suor, Yané projetou
uma túnica de seda laranja Karlini. Às vezes, as meninas ficavam sem ela,
porque adicionar uma camada extra era muito quente.
— Sim. — disse Saché.
— Ótimo. — disse Yané, puxando o manto externo sobre a cabeça. —
Vou precisar de suas roupas.

Limpar a marcação de carbono de um droide não era uma boa ideia para
ninguém, mas Padmé não se importava. Valia a pena ter um motivo para
ficar nas partes mais movimentadas da nave, em vez de estar isolada com a
Rainha. Foi por isso que Sabé lhe deu a tarefa, é claro, embora Padmé não
duvidasse de que a sua sósia também estava se divertindo profundamente
com a situação. Todas foram contratadas porque podiam realizar várias
tarefas ao mesmo tempo, e se deixassem o desespero dominá-las, estariam
em sérios apuros.
Padmé raspou o metal por um tempo antes de perceber que não estava
sozinha. O Gungan, Jar Jar Binks, parecia bastante amável. Nunca havia
conhecido um Gungan antes e duvidava que Jar Jar pudesse ser
representativo de toda a sua raça mais do que ela poderia ser da dela, mas
um aliado era um bom lugar para começar.
— O que você acha, carinha? — Ela perguntou ao droide que salvou as
vidas de todos não fazia muito tempo. Falou baixo demais para que Jar Jar a
ouvisse. — Assim que terminarmos de libertar nosso planeta da Federação
do Comércio, a Rainha deve tentar fazer as pazes com os Gungans? Eles
definitivamente vão se lembrar dela por isso.
O astromecânico azul bipou ao que parecia uma afirmação, e Padmé
sorriu pra isso.
— Tudo bem, então. — ela disse. — Vou adicionar isso à lista.

Não era nada pessoal, mas Sabé estava realmente começando a odiar
Tatooine. O planeta era seco, e mesmo com os controles ambientais dentro
da nave, Sabé poderia jurar que sentia o gosto da poeira. O pior é que teve
que ficar com o vestido preto gigantesco, e só pôde assistir enquanto Rabé e
Eirtaé ajudavam Padmé a vestir o traje mais simples que tinham: calça azul
e túnica.
— Vocês acham que o Jedi sabe? — Perguntou Sabé. — Eles deveriam
ser capazes de sentir as coisas.
— Tenho certeza de que Mestre Qui-Gon está perto de descobrir. —
disse Padmé. — Mas ele não deu nenhuma indicação de que vai nos
impedir.
— Ele pode, quando você se joga em perigo. — disse Rabé.
Nenhuma das aias ficou particularmente entusiasmada com o plano de
Padmé, e cada uma delas tinha certeza de que Panás iria derrubá-lo. Padmé
insistiu que ele fosse consultado de qualquer maneira. Uma vez que isso
envolvia deixá-lo sozinho em uma nave muito lotada, demorou um pouco,
mas não havia tempo para qualquer luta interna agora.
— Obviamente não estou feliz por estar aqui. — Panás disse quando ela
perguntou a ele. — Mas você me contou em vez de apenas seguir em frente,
e eu agradeço por isso.
— Os Jedi podem descobrir. — disse Padmé.
— Podemos confiar na discrição deles após o fato. — disse Panás. — E
entendo porque você precisa ver por si mesma. Eu me sentiria da mesma
forma na sua posição. Eu quero, na verdade, mas não tenho como chegar
em casa mais cedo sem você, então o que estou dizendo é: por favor, tome
cuidado, mas estou de acordo.
— Alguém está na rampa. — disse Eirtaé, lembrando a todos do
imediatismo do momento. — É melhor nos apressarmos.
Eles deixaram o cabelo de Padmé solto, sem tempo para terminar de
prender as suas tranças. Sabé pensou em cerca de um milhão de coisas para
dizer, e não conseguiu encontrar as palavras exatas para nenhuma delas.
Queria se desculpar, queria consertar, mas elas nunca pareciam ter tempo.
Tudo o que podia fazer era aceitar o seu lugar, como sempre fizera.
— Terei cuidado. — Padmé prometeu. — Tentem se manter ocupadas
enquanto eu estiver fora. Isso fará com que o tempo passe mais rápido.
— Eu ia bater um papo com aquele astromecânico, mas eles o levarão
com vocês. — reclamou Eirtaé.
— Veja se consegue fazer o piloto montar um simulador de voo. —
sugeriu Padmé. — Isso não vai exigir muita energia.
As meninas se animaram com a ideia de ter algo para fazer, mas Sabé
ainda estendeu a mão para pegar a de Padmé quando passou.
— Terei cuidado. — Padmé prometeu novamente, apenas para os
ouvidos de Sabé.
— É melhor você ter. — disse Sabé. — Esta peruca coça e não quero
usá-la para sempre.
Era quase normal.

Haviam cerca de três mil pessoas amontoadas na praça do mercado, todas


elas seguranças ou pessoal do palácio. Nenhum funcionário da cozinha
estava presente, o que era alarmante, mas os droides distribuíam rações
enquanto o sol se punha, e isso era melhor do que nada. Mariek e o sargento
Tonra se reuniram e chegaram a algo como um cronograma de serviço, uma
vez que não poderiam dormir todos ao mesmo tempo. Yané e Saché
dividiriam um leito.
— Sinto muito. — disse Yané. Não havia nada para desempacotar, então
elas apenas se sentaram desajeitadamente nas pilhas de tecido que Yané já
havia recuperado. — Eu sei que isso te deixa desconfortável.
— Eu nunca... — Saché hesitou. Então ela mordeu o lábio e continuou.
— Eu nunca passei tanto tempo com alguém que eu... quero dizer, eu queria
ser profissional.
— Eu entendo. — disse Yané. — Mas é bom finalmente poder falar
sobre isso.
— Eu poderia ter feito sem a invasão. — disse Saché. — Mas sim.
Yané passou a tarde retalhando seda. Mesmo que Saché fizesse o que
podia para ajudar, Yané bagunçou as mãos no processo. A pressão repetitiva
de rasgar a seda criou vergões vermelhos e raivosos na pele macia entre o
indicador e o polegar. Lavou-os o mais que pôde e os deixou abertos ao ar,
porque as únicas sobras que tinha para embrulhá-los já estavam reservadas.
Empurrou o colchão fino para fora da cama, expondo a estrutura de metal, e
amarrou cerca de um terço das tiras no sentido longitudinal, da cabeça aos
pés.
— Não é muito um tear. — ela disse quando terminou. — Mas vai
servir.
Colocou o colchão de volta na cama, cobrindo seu trabalho, e empurrou
as tiras de seda que sobraram para debaixo da cama. Não era um grande
esconderijo também, mas era um momento para fazer o melhor que
pudesse.
— Vamos tecer um código com o resto das peças. — ela explicou
enquanto ela e Saché tentavam dormir. As duas estavam exaustas com os
acontecimentos do dia, mas era difícil dormir. — Será algo simples, como
aquele velho código de comunicação que todos aprendemos como um jogo
de memória quando éramos crianças. Algo que as pessoas entenderão e os
droides não perceberão. E por estar debaixo do colchão, sempre estará
escondido se alguém entrar na tenda.
Era uma boa ideia, e melhor do que qualquer coisa que Saché tivesse
inventado. Os paralelepípedos eram muito difíceis de arranhar e elas não
tinham nem mesmo giz, muito menos um dispositivo pessoal.
— Você está assustada? — Yané perguntou. — Você mal disse algo.
— Não há realmente nada a dizer. — disse Saché. — E sim, estou com
medo. Não sei o que aconteceu com a minha família ou meus amigos, e
ainda não sabemos se a Rainha conseguiu sair do planeta. Eu só... quero
ficar quieta às vezes, só isso.
— Eu sei. — disse Yané. — É uma das coisas que gosto em você.
Saché corou. Em seus doze anos, nunca tinha falado tão abertamente
sobre seu afeto antes.
— Eu sei que você gosta de manter os seus sentimentos para si mesma.
— disse Yané. — Não temos muita privacidade e respeito a sua. Mas eu
queria que você soubesse. Eu gosto de você.
— Eu também gosto de você. — disse Saché, principalmente para o
colchão indiferente.

Em um mundo empoeirado com dois sóis brilhantes, um menino ergueu os


olhos de seu trabalho e viu um anjo.
Saché estava sentada perto da frente da tenda, de olho enquanto Yané
trabalhava, quando os Neimoidianos chegaram. A situação no campo se
deteriorou rapidamente. Havia uma evidente falta de saneamento e nunca
havia água potável suficiente. Ninguém estava doente ainda, mas era apenas
uma questão de tempo. Como esperado, o suprimento de alimentos na
cidade havia acabado e a Federação do Comércio não tinha pressa em
distribuir os seus próprios recursos. Yané vinha tecendo sem parar desde
que Mariek começou a receber relatórios, e logo ela teria um mapa
completo e rotação de guarda tecidos na seda sob a cama.
Saché tossiu duas vezes, o sinal combinado de antemão, e ouviu o
baque do colchão caindo de volta no batente antes de respirar novamente.
Não olhou por cima do ombro. A aba da tenda foi aberta e um droide
entrou.
— Você virá comigo. — ele disse. Saché se foi.
Fora da tenda estavam três Neimoidianos. Dois ela reconheceu desde a
primeira vez que Amidala foi capturada. Atrás deles, parecendo abatido,
estava o governador Bibble. Ele se animou consideravelmente quando viu
que Saché claramente não estava ferida.
— Vocês de Naboo afirmam ter grande orgulho e cuidado com os seus
filhos, e ainda assim esta estava no palácio quando atacamos, e agora ela
está aqui. A culpa é sua. — Nute Gunray não ficava mais impressionante
quanto mais falava. — Você dirá à sua rainha que você não pode proteger
nem mesmo uma única criança na ausência dela?
O droide colocou a sua mão de metal no pescoço de Saché. Sabia
exatamente como terminaria uma disputa entre o plastiaço e as vértebras
humanas, então não lutou. Imaginou como seria sentir medo de verdade e
espremeu as lágrimas dos olhos para negociar à parte. Mariek apareceu do
nada atrás dos visitantes, Tonra ao lado dela, mas não havia nada que
qualquer um deles pudesse fazer.
— Eu direi à minha rainha o que você quiser. — respondeu Bibble. Os
seus olhos alternavam entre Gunray e Saché, e ela sabia que as palavras
dele eram para ela. — Posso garantir que ela não assinará o tratado.
— Diga à Rainha que o tributo de mortos é catastrófico. — disse Saché.
Ela lançou a sua voz ainda mais alta do que o normal. Havia uma boa
chance de os Neimoidianos acharem que ela era mais jovem do que era, e
enganá-los fazendo-os pensar que estava apavorada não era tão difícil.
Conseguiu mais algumas lágrimas antes que o droide a soltasse. Caiu de
joelhos e pensou que até Rabé ficaria impressionada com a atuação.
— Pronto, Governador, está vendo? — disse Gunray. — Você acha que
Amidala é tão fria que vai ignorar isso? O seu povo ainda nem começou a
morrer, e esta pobre criança já está apavorada. Venha, terminaremos nosso
passeio por esta instalação e, em seguida, você enviará uma mensagem para
a sua rainha.
Eles se afastaram, sua escolta droide batendo ruidosamente na pedra.
Assim que dobraram a esquina, Saché se levantou e espanou os joelhos. As
suas vestes estavam começando a cheirar mal, e não havia razão para piorar.
Tonra olhou para ela com considerável admiração.
— Eu disse que elas eram boas. — disse Mariek. — Entrem, vocês dois.
Yané estava esperando por eles dentro da tenda, e jogou os braços em
volta dos ombros de Saché.
— Oh, eu sei que não havia realmente nada a temer. — ela disse. —
Mas eu estava tão preocupada.
— Estou bem. — disse Saché. — Bibble vai mandar uma mensagem
para a Rainha. Isso significa que eles sobreviveram!
— O que exatamente a Rainha vai ouvir nesta mensagem? — Mariek
perguntou, claramente tendo lido nas entrelinhas da conversa, mesmo que
ninguém mais tivesse. — Não acho que tenhamos atingido níveis
catastróficos ainda.
— Tributo é uma das nossas palavras de alerta. — disse Saché. —
Eirtaé executou algum tipo de equação e determinou que isso não aparece
nas conversas com muita frequência, então, quando ouvir, Amidala saberá
que a mensagem é minha ou de Yané. Ela saberá que estamos vivas e que
estamos fazendo o que podemos, e ela saberá cumprir a sua missão.
— Não acho que Eirtaé esperava que a usássemos nessas circunstâncias.
— acrescentou Yané. — Mas o capitão Panás queria que estivéssemos
preparadas, e assim nós…. nos preparamos.
— Quando escreverem a história oficial desta época, espero que deem a
vocês parte do crédito. — disse Mariek.
— Devemos ser anônimas. — disse Yané. — Esse era o ponto principal.
Foram para o fundo da tenda e puxaram o colchão da cama. Yané
explicou como havia entrelaçado as informações em seu trabalho. Como
Mariek e Tonra aprenderam o antigo código de comunicação quando
crianças, perceberam o padrão imediatamente. O trabalho concluído
delineou não apenas a rotação da guarda, mas também a localização de cada
lugar onde havia uma fonte, todas as entradas para o sistema de esgoto e
cada gerador de energia que eles puderam localizar.
— Devemos distribuir isso para as outras tendas. — disse Mariek. — A
Rainha vai voltar um dia, e vai precisar de nós. Devemos estar prontos para
fugir se pudermos, ou pelo menos, ajudar se formos resgatados.
— Se eu tivesse mais material, poderia tecer um pequeno pedaço de
tecido com a rotação da guarda nele. — disse Yané. — Isso seria o
suficiente, você não acha?
— E eu poderia distribuí-los enquanto ela está trabalhando. — disse
Saché. — Os Neimoidianos já pensam que sou uma criança apavorada, e os
droides nunca olham para mim duas vezes.
Eles passaram mais meia hora trabalhando nos detalhes do que Yané
deveria colocar no tecido. Foi decidido que qualquer plano de fuga real
precisaria ser conhecido. Afinal, eram na maioria soldados, e os soldados
podiam seguir ordens. O tecido conteria apenas a rotação da guarda, e
Saché dava instruções verbais para memorizar a informação e depois
destruir o tecido.
— Estou feliz que vocês duas estejam conosco. — disse Mariek quando
eles terminaram o planejamento e Tonra saiu para ver se ele conseguia
encontrar algum tecido sobressalente.
Saché entendeu o sentimento, mas ainda podia sentir os dedos de metal
frio em seu pescoço, e não conseguia concordar.
— É um truque. — disse o jovem Jedi. — Não responda.
Ele saiu da sala, com o seu manto marrom se arrastando atrás dele
dramaticamente, e a porta se fechou sibilando.
— Bem, é claro que é um truque. — disse Rabé explosivamente. — Ele
acha que somos idiotas?
— Ele acha que estamos escondendo coisas dele. — disse Eirtaé. — E
ele está certo.
O rosto de Sabé estava começando a coçar sob a maquiagem. Este foi o
período mais longo que já a tinha usado. No palácio, elas usavam a mistura
que Yané havia preparado, mas o material que havia sido armazenado na
nave real era de uma marca genérica e Sabé não gostou muito. Era uma
coisa ridícula para se preocupar, ela sabia, mas também era seu rosto, então
não podia evitar. Ser a rainha estava começando a afetá-la.
Além disso, a nave estelar poderia ter uma classificação real, mas tinha
uma linha de estilo militar, e isso tornava a ida ao banheiro um pesadelo
logístico.
Só queria sair e sentir o ar fresco, mesmo que fosse areia e calor. Panás
havia proibido, e, de qualquer maneira, houve mesmo uma tempestade de
areia; Sabé não estava tão desesperada. Não gostava de ser a pessoa que
todos olhavam. Embora Rabé e Eirtaé soubessem quem era, elas ainda
tinham que tratá-la como a Rainha sempre que alguém estava por perto, e a
distância era desanimadora.
Era assim que era para Padmé o tempo todo, Sabé percebeu. Por mais
que as outras aias se aproximassem dela, assim que o rosto aparecia, as
paredes subiam, e Padmé tinha que confiar que, quando as paredes caíssem
novamente, todas ainda gostariam dela. Foi por isso que o interesse de Harli
por Sabé incomodou tanto Padmé. Essa distância que Sabé não conseguia
afastar mais do que conseguia fazer o seu rosto parar de coçar.
— Você acha que deveríamos ter dito a ele o que a mensagem realmente
diz? — Perguntou Sabé.
— Não. — disse Eirtaé. — Não tenho certeza se ele acreditaria em você
e, em qualquer caso, não é da conta dele. Ele está aqui para negociar, seu
mestre foi muito claro sobre isso. Ele não pode interceder.
Elas ficaram sentadas no silêncio de seus próprios pensamentos por um
momento, cada uma evocando diferentes medos sobre o que estava
acontecendo no planeta que elas haviam deixado para trás. Elas sabiam que
elas haviam sido destinadas ao processamento, e isso provavelmente
significava algum tipo de campo de realocação. A velocidade com que os
campos foram montados significava que eles não seriam muito confortáveis
e os droides não eram exatamente conhecidos por sua consideração pelas
fragilidades humanas. Pelo menos o tempo estava quente.
— Estou feliz por elas estarem bem. — disse Eirtaé. — Quando ouvi a
palavra, quase ri de tão aliviada.
— Eu sei o que você quer dizer. — disse Sabé.
— E se Saché sabia que Bibble estava enviando a mensagem, então isso
significa que elas sabem que estamos bem também. — disse Rabé. —
Comparativamente falando, de qualquer maneira.
— Panás disse que devemos ter a peça até o final do dia de amanhã, ou
nunca vamos conseguir. — disse Sabé. — Mestre Qui-Gon vai a algum tipo
de evento cultural amanhã de manhã. Ele foi vago nos detalhes, mas parecia
pensar que seria capaz de cuidar de tudo.
— Os Jedi são legais, mas eu gosto mais quando nós estamos
manipulando as pessoas. — disse Rabé.
— Concordo. — disse Sabé. — Quando Padmé voltar, veremos o que
podemos fazer sobre isso.
Mesmo quando Sabé usava o rosto da Rainha, ainda estava em sua
natureza buscar a orientação de Padmé. Era algo que ela sentia falta desde a
discussão após o show, e algo que ela desejava consertar. A galáxia parecia
conspirar contra elas a esse respeito, mas Sabé estava determinada. Se não
conseguisse encontrar tempo, simplesmente arranjaria isso.

Padmé estava bem acordada e se sentia péssima por isso. Qui-Gon e Jar Jar,
ambos professos madrugadores, se ofereceram para dormir no chão da sala
principal da casa de Shmi Skywalker. Shmi levou o filho para o seu
pequeno quarto e cedeu a cama dele para Padmé. Foi a maior hospitalidade
que Shmi pôde oferecer, mas a cama era tão dura e a noite no deserto tão
seca que Padmé não conseguia dormir.
Após uma hora tentando não se mexer e se virar, levantou para pegar
um copo d'água. Contornou com cuidado o Gungan que roncava no chão da
cozinha. Quando limpou a sua xícara e a guardou, os seus olhos haviam se
ajustado ao escuro o suficiente para que pudesse ver o contorno de Mestre
Qui-Gon dormindo ao lado dele na porta principal da casa, como se ele
pensasse que iria protegê-los de qualquer coisa que tentasse entrar.
Do outro lado da cozinha, a luz vazava por baixo de uma porta fechada.
Padmé ouviu sons suaves vindos do outro lado e se perguntou se Anakin
havia se levantado para mexer em algo. Ele realmente deveria estar na
cama, então Padmé abriu a porta para ver como estava.
— Você precisa de algo? — Mas era Shmi Skywalker, não o seu filho,
curvada sobre a mesa com as partes de vários dispositivos diferentes
espalhados à frente. Ela estava trabalhando em algum tipo de tela.
— Eu não queria interromper. — disse Padmé. — Achei que Anakin
pudesse ter se levantado porque estava nervoso.
Shmi riu baixinho.
— Não, o meu filho dorme como uma pedra na noite anterior à corrida.
— ela admitiu. — Sou eu que fico acordada a noite toda me preocupando
com ele. O que está mantendo você acordada?
Padmé hesitou. Já havia se envergonhado na frente de sua anfitriã
quando o assunto da escravidão surgiu, mas isso não era desculpa para
deixar de ser honesta.
— Estou acostumada com uma cama diferente. — ela respondeu
diplomaticamente. — Está demorando um pouco para me acomodar.
— Você pode se sentar comigo, se quiser. — disse Shmi. — Estou
apenas tentando consertar esta tela para poder usá-la na corrida de amanhã.
— Eu gostaria disso. — disse Padmé.
Elas não conversaram muito depois disso. Padmé observou enquanto os
dedos espertos de Shmi remontavam a tela, cada peça se encaixando tão
facilmente que Shmi poderia estar fazendo mágica. Era reconfortante como
assistir a um artista, e Padmé percebeu que se tratava apenas de uma arte
diferente. Logo ela se sentiu calma o suficiente para tentar dormir
novamente e deu boa noite a Shmi.
Quando puxou os cobertores, a sua mente girou. Sempre soube que a
galáxia era um lugar complicado, mas vê-la, cheirá-la, vivê-la a fez
entender o quão tola e privilegiada havia sido. Tinha os seus próprios
problemas agora, e eles eram enormes, muito maiores do que ela mesma.
Não podia se dar ao luxo de ser distraída por um planeta que nem era o
dela. E, no entanto, o seu coração doeu por esta boa mulher e por seu filho
altruísta, e sabia que isto sempre aconteceria.
O escritório do Senador Palpatine no prédio do Senado da República era
bastante normal. Ele tinha uma janela alta e uma vista decente de
Coruscant. Não podia ver o Templo Jedi, pelo que estava muito grato.
Decorou a sala com várias obras de arte que coletou em suas viagens
quando jovem, cada peça cuidadosamente selecionada, apesar do fato de
que um docente de museu médio poderia pensar que era apenas uma
coleção de tralhas. O efeito geral era profissional e intimidante o suficiente
para que raramente tivesse que hospedar reuniões em seu próprio espaço.
Não queria encorajar visitantes.
Enquanto esperava que a comitiva real aparecesse, não tinha muito o
que fazer. O Senado estava paralisado em questões com as quais não se
importava, embora fosse escrupuloso em aparecer para votar, não podia
fazer mais nada sem a presença da Rainha. Ficou reduzido a olhar em seu
catálogo, passando rapidamente por entrada após entrada de obras de arte as
quais tinha armazenado porque não tinha um lugar para colocá-las.
Congelou a tela em uma estátua negra. À primeira vista, quase não era
esculpida e dificilmente digna de atenção. Mas se alguém conhecesse a
história de Yonta Prime, e conhecia, saberia que a superfície negra e
profunda da estátua absorvia a luz melhor do que quase qualquer outra
substância na galáxia. Era uma de suas peças favoritas. Nunca teve espaço
para guardá-la em qualquer lugar que não fosse o seu depósito.
Mediu mentalmente o seu escritório. Não, era impossível. A estátua o
faria parecer um colecionador descuidado que não ligava para organização,
desde que a peça o agradasse. Recusou-se a ceder à desordem.
Havia um escritório que serviria perfeitamente, é claro. Ficava alguns
andares acima, e Palpatine estava de olho nele já há um tempo.
Tomou providências para que a estátua fosse embalada e enviada para a
sua residência em Coruscant. Poderia mantê-la lá por um curto período e
então teria todo o espaço de que precisava para colocá-la em exibição.
— Vou entrar em contato com os Gungans. — disse Padmé.
Sabé ainda estava entusiasmada por tê-la visto derrubar o governo da
República Galáctica naquela tarde, depois de pedir um voto de desconfiança
no Chanceler Valorum, então não tinha certeza se tinha ouvido
corretamente.
— Você está indo fazer o quê? — ela disse, passando um pente pelo
cabelo de Padmé o mais gentilmente que pôde.
As aias estavam empacotando as várias roupas que Padmé havia exigido
naquele dia, enquanto Sabé colocava a Rainha em seu vestido de viagem
roxo escuro e tiara roxa, e retocava a sua maquiagem. Tinha sido um dia
muito agitado e elas teriam que dormir o que pudessem no hiperespaço.
Sabé estava feliz por fazer essa viagem em roupas simples.
— Vou entrar em contato com os Gungans. — Padmé repetiu. — Jar Jar
me disse que eles têm um exército, pouco antes de o Senador Palpatine
voltar. Vou pedir a eles que nos ajudem.
Sabé considerou. Elas receberam a notícia de que os Jedi voltariam para
Naboo com elas, mas haviam só dois deles, e as próprias forças de
segurança de Naboo eram pequenas. Afinal, os Gungans viviam no planeta.
A Federação do Comércio não os ignoraria para sempre. Era possível que
eles já tivessem sido encontrados. Panás ficaria feliz com mais tropas,
especialmente se elas não fossem tão inerentemente pacifistas quanto os
Naboo.
— Você acha que Panás ficará bem com você pisando em Naboo como
Rainha? — Perguntou Sabé. — Isso vai colocá-la em perigo e teremos que
abandonar a nave quando pousarmos. Nós não seríamos capazes de trocar.
— Nós vamos trocar antes de pousar. — disse Padmé. — Eu ia te contar
o que eu quis dizer.
Os dedos de Sabé cerraram-se em torno do pente. Fingiu ser a Rainha
na primeira viagem real e nos comentários finais da cúpula, e para a jornada
até ali como parte da segurança de Padmé, mas se encontrar com os
Gungans era um grande passo político para todos em Naboo.
— Você foi maravilhosa na turnê e perfeita durante a cúpula. —
Apontou Padmé. — Você foi tão perfeita que encobriu o meu erro quando
Harli me pegou em vez de ir até ela e explicar o que aconteceu. Você
sempre estará em mais perigo e sempre será o seu trabalho, mas... eu confio
em você. Eu confio muito em você.
— Mas você é a Rainha. — disse Sabé. — Eu realmente não entendia
isso até a tempestade de areia... quão isolada você fica e como você
transforma isso em influência. Eu estava só, mas você sempre encontra uma
maneira de fazer conexões.
— Você é tão qualificada para este trabalho quanto eu. — disse Padmé.
— Se você quisesse concorrer à função depois de mim, acho que você seria
boa nisso.
— Não. — disse Sabé. — Eu não seria.
— Não entendo. — disse Padmé. — Não há nada que eu possa fazer
que você não possa.
— Há uma diferença fundamental entre você e eu. — Sabé disse a ela.
— Você comanda e eu cumpro.
Padmé não respondeu, então Sabé continuou.
— Você sabe por que o Capitão Panás me recrutou? — ela perguntou,
um tanto retoricamente. — Não era para exercícios respiratórios. Somos
muito parecidas, mas deve haver incontáveis garotas magras de cabelos
castanhos na galáxia. Ele me escolheu pelo que sou melhor, a única coisa
em que já fui melhor, que é não ser a melhor.
— Você não é... — Padmé começou.
— Não, eu sou. — Sabé a interrompeu. — Eu sou boa em muitas
coisas. Trabalho muito e consigo resultados, mas nunca sou a melhor. E
pensei que tinha aceitado isso, até que Harli me olhou como se eu fosse
especial. E sim, sair com ela foi divertido e eu queria que ela me beijasse,
mas aprendi algo importante naquela noite.
— Não fugir do palácio? — Padmé perguntou.
— Não seja boba. — retrucou Sabé. Ela deu a volta na frente de Padmé
para checar seu cabelo. — Essa foi a melhor parte. O que eu aprendi é que
prefiro ser a segunda para você do que a primeira para qualquer outra
pessoa.
Confessar os seus sentimentos foi como tirar um peso do peito de Sabé.
Levou muito tempo para descobrir, para colocar em palavras o que sabia em
seu coração. E agora tinha feito isso. Queria voar.
— Eu posso estar mandando você para a morte. — disse Padmé.
A sua voz estava tão baixa que Sabé mal a ouviu. Estendeu a mão e
pegou as mãos de Padmé.
— E eu iria. — ela disse.
— Não posso ser tão dedicada a você. — disse Padmé.
— Eu sei. — disse Sabé.
Um longo silêncio cresceu entre elas, mas não foi estranho. Ambas
sabiam onde estavam.
— Então. — disse Sabé. — Os Gungans.
Separou o cabelo de Padmé e começou a trançar em preparação para a
tiara.
— Sim. — disse Padmé. — Gostaria que soubéssemos mais sobre eles.
— Bem, sabemos que Jar Jar é um caso isolado. — disse Sabé. — Isso é
um começo.
— Estive pensando sobre a cúpula, como convidei pessoas de todo o
setor mas nenhuma pessoa da espécie que compartilha nosso próprio
planeta. — disse Padmé. Sabé percebeu pelo seu tom que ela estava
pensando em voz alta e não interrompeu. — De muitas maneiras, é um
problema ainda mais espinhoso de tentar consertar.
— E você vai começar pedindo ajuda a eles. — disse Sabé. — Isso não
vai facilitar nada.
Ela endireitou a tiara na cabeça de Padmé e virou a cadeira para uma
verificação final pela frente.
— Quando você falar com eles, acho que seria uma boa ideia ser o mais
formal possível. — disse Padmé. — Queremos que eles saibam que têm o
nosso respeito.
— Você quer dizer o respeito da Rainha? — Perguntou Sabé.
— Sim. — respondeu Padmé. — Podemos trabalhar no resto mais tarde.
Sabé pegou as mãos de Padmé e ajudou-a a vestir a roupa interna de
seda roxa. Selou todas as costuras e então ergueu as peças de veludo escuro
no lugar. Depois de amarrados, dobrou o tecido mais pesado para revelar
lampejos de cor.
— E se você falasse com Jar Jar mais algumas vezes e me deixasse
observar? — Sabé disse. — Observar como uma aia, quero dizer. Você pode
fazer perguntas a ele sobre a cultura Gungan. Você tem uma ideia melhor do
que precisamos saber.
— Não precisamos trocar de lugar antes de chegarmos a Naboo. —
respondeu Padmé. — Então, sim, acho que funcionaria.
Sabé fez uma última inspeção na Rainha. Atrás dela, as outras estavam
quase terminando as malas.
— Este é um assunto diferente, mas tenho que perguntar. — disse Sabé.
— Como foi derrubar o chanceler?
— Eu não diria assim. — disse Padmé. — Isso faz parecer que fomentei
uma rebelião aberta. Eu só... aproveitei o procedimento parlamentar
enquanto eu tinha o plenário do Senado.
— Você derrubou o chanceler. — disse Sabé.
— Eu gostaria que você tivesse visto. — Padmé parecia triste. — Tantas
pessoas de toda a galáxia, e tudo o que podiam fazer era bater-boca. Eu
disse a eles que nosso povo estava sofrendo, e eles teriam nos feito esperar
até que algum comitê voasse para o setor Chommell e verificasse. Eles
estavam mais preocupados em votar nos moldes de sua aliança do que em
ouvir os problemas e tentar encontrar soluções. Foi uma bagunça e o
Chanceler Valorum não fez nada. Nada.
— Você acha que um novo chanceler fará melhor? — Perguntou Sabé.
— Não tive tempo de pesquisar todos os candidatos. — disse Padmé. —
Obviamente eu confiaria no Senador Palpatine, e ele parece genuinamente
gostar dos outros. Acho que de qualquer maneira que isso vai acabar, e será
a nosso favor.
— Mas não vai chegar a tempo em Naboo. — disse Sabé. — Não
importa o que aconteça no Senado, estamos por conta própria.
— Isso impedirá a Federação do Comércio de tentar novamente. —
disse Padmé com firmeza. — Com a gente ou com outra pessoa.
Sabé tinha mais algumas dúvidas sobre a santidade do Senado da
República do que Padmé parecia ter, mas foi por isso que Padmé fez coisas
como concorrer à Rainha do planeta. Ela acreditava no sistema, embora
pudesse ver as suas falhas. Sempre tentaria consertá-los. E Sabé iria ajudá-
la, porque foi isso o que escolheu fazer.
— Os Jedi vão se juntar a nós na plataforma? — Perguntou Sabé. Ela
teve problemas para controlar o tempo em Coruscant. Sempre houve muita
luz ambiente.
— Sim. — disse Padmé.
— Sei que estamos todos preocupados, mas espero que você encontre
tempo para dormir um pouco no caminho para casa, e eu também precisaria
de um pouco. — disse Sabé. — Se eu tiver que ser a Rainha novamente,
vou precisar descansar.
Padmé riu, como Sabé pretendia. Foi uma tentativa fraca de humor, mas
funcionou. A situação era terrível, mas não podiam se desesperar.
— Posso fazer uma pergunta estranha? — Padmé disse.
— Claro. — respondeu Sabé.
— Você notou que a pintura do rosto estava diferente?
Apesar de tudo, Sabé também caiu na gargalhada.

O seu mestre lhe disse para ir direto para Naboo, tão direto quanto tinha
ido. Os Neimoidianos que o encontraram no palácio falharam na tentativa
de mostrar que era bem vindo. Eles o mostraram um quarto, e ele os
ignorou.
Em vez disso, vagou pelos corredores do palácio. Era um lugar bonito,
cheio de cores vivas, mesmo quando visto pela luz da manhã. Explorou o
palácio de cima a baixo, procurando por todos os pontos de acesso. Sabia
que tinha uma luta chegando; o seu sangue cantava com prontidão para isso.
E estava determinado a escolher o campo de batalha ele mesmo.
O hangar perto do Palácio Real era o lugar mais provável para qualquer
força de infiltração atacar primeiro. Não se preocupou em dizer isso aos
Neimoidianos. Eles descobririam ou não. Realmente não importava para
ele.
O que importava era a série de corredores que iam do hangar até as
instalações de geração de energia. Haviam dois Jedi, o que significava que
tinham a vantagem de atacá-lo de várias direções ao mesmo tempo. Queria
uma maneira de remover algumas dessas direções, e o labirinto de
passarelas e caminhos desprotegidos na área do gerador era perfeito para
isso. Sempre saberia de onde eles estavam vindo.
Na parte de trás da instalação havia uma série de campos de força que
abriam e fechavam com um temporizador. Este lugar seria o seu objetivo
final. Tinha uma boa chance de separá-los se os envolvesse ali, e tinha
certeza de que poderia lidar com eles por tempo suficiente para atraí-los até
o fim.
Esperou até que os campos estivessem abertos e então correu antes que
fechassem novamente. O espaço do outro lado não era perfeito para um
duelo, nenhum espaço com um buraco tão grande no chão era perfeito...
mas serviria, ele decidiu. Sim, seria ótimo.
Ativou os dois lados do seu sabre de luz e girou-o, se acostumando com
a sensação das lâminas tão perto das paredes. Seria um alojamento
apertado. Seria capaz de usar toda a sua fisicalidade. O seu mestre
desaprovava tantos socos e chutes em seu estilo de luta, mas não havia nada
melhor do que a sensação de fratura óssea sob seu toque. Um sabre de luz
era bom, mas havia algo a ser dito sobre como trabalhar com as mãos.
Deu um salto voador e facilmente cruzou a rampa no chão. Pensou de
onde isso emergia e então decidiu que não importava. Logo enfrentaria os
Jedi ali, e traria todo o seu ódio sobre eles. Estava muito ansioso por isso.
O seu comunicador soou e o ativou, embora não desejasse falar com
nenhum lacaio da Federação de Comércio. O seu mestre lhe disse para jogar
junto.
— Meu lorde. — disse o vice-rei. — A nave real foi detectada no
sistema. Ela conseguiu evadir do bloqueio e se estabelecer em uma área do
planeta que é densamente arborizada. Enviamos tropas para resgatá-la, mas
é provável que a rainha e o seu grupo tenham fugido para a floresta. Você
deseja procurá-los?
Era tentador. Gostava de uma boa caçada. Mas havia escolhido este
lugar para ser o seu campo de batalha e estava relutante em desistir.
— Não. — ele disse. — Deixe-os vir até nós.
— Você continua voltando.
Panás não tinha visto as pernas da garota até ela falar, e então quase
caiu sobre elas.
— É um prédio público. — ele disse. — Posso entrar e sair quando
quiser.
— É um prédio público que está sendo usado para sediar um seminário
de atuação. — ela rebateu. — Para meninas.
Isso estava começando a ficar constrangedor.
— Estou recrutando. — ele disse.
— Estamos no meio do feriado. As Forças de Segurança Real têm o seu
recrutamento no final do semestre. — Ela afirmou. — Ninguém disse nada
sobre reagendá-lo.
Não se preocupou em perguntar como ela sabia que era da Segurança
Real. Tinha a sensação de que não gostaria da resposta.
— O seus instrutores sempre te contam quando a programação vai
mudar? — ele perguntou.
— Não. — ela admitiu. — Mas eles falam muito na minha frente.
Ninguém realmente presta atenção em mim.
Tendo quase tropeçado nela apenas alguns momentos antes, Panás
dificilmente poderia argumentar contra isso.
— A garota de quem você fica se afastando é a melhor escolha. — ela
disse.
— Perdão? — Panás perguntou. Estava começando a se acostumar a
lidar com crianças prodígios diariamente, mas isso estava exigindo muito
de seus nervos.
— Você fica olhando pra ela e fazendo uma careta como se desejasse
que algo fosse diferente, e então você volta a olhar para todas as sopranos
de cabelos castanhos. — disse a garota. — Escolher uma loira teria uma
vantagem.
Era verdade que a candidata que Panás mais gostou no seminário era
loira. Ela não parecia se importar em atuar, apesar do nível de dificuldade
para ser aceita no programa, e em vez disso estava se dedicando à
construção de cenários. As outras atrizes designadas para posições na
equipe de apoio ficaram profundamente afrontadas, mas ela parecia ter
escolhido isso.
— Qual é a vantagem? — ele perguntou.
— Se você escolher apenas garotas que se parecem com ela, ela nunca
será capaz de mudar a sua aparência sem se destacar. — ela respondeu.
Panás se recostou na parede baixa de pedra e a olhou com ar avaliador.
— Quem é você? — ele perguntou. — Eu não vi você no palco esta
semana.
— Meu nome é Sashah. — ela disse. — Eles não me deram um papel e
se esqueceram de me atribuir um trabalho nos bastidores, e eu não queria
estar aqui em primeiro lugar, então estou tirando uma semana para
aprender mais sobre como as pessoas trabalham.
— Acho que você está indo bem com isso. — disse Panás. — Ninguém
mais descobriu o que estou fazendo e estou procurando há uma semana.
Meu nome é Panás.
— Venha e veja a peça esta noite. — disse Sashah. — Você vai poder vê-
la em ação.
— Ah? — Panás disse. Que tipo de ação se vê de uma cenógrafa
durante a performance?
Sashah sorriu.
— Ela disse várias vezes a eles o que estão fazendo de errado. Eles não
ouviram.
Teve que admitir que ela despertou a sua curiosidade.
— E quanto a você, então? — ele perguntou. — Você deve ter notado
que se parece com ela.
Sashah considerou isso brevemente e então balançou a cabeça.
— Eu sou muito pequena. — ela disse. — Estou aqui porque os meus
pais pensaram que me obrigar a falar em público me faria bem, e nem isso
poderia me levar ao palco. Você precisa de pessoas que possam atrair a
atenção e desaparecer no fundo. Eu só posso me esconder.
— Você tem minha atenção. — disse Panás.
— Só porque falei com você primeiro. — ela disse. — Eu sempre me
sento aqui, e esta é a primeira vez que você me vê.
— E você me deu um conselho excelente. — disse Panás. — Você
escolheu o seu momento e se aproveitou dele.
A garota o olhou solenemente e puxou os joelhos até o queixo. Ela
franziu os lábios enquanto considerava o que disse. Apreciou o tempo que
ela estava levando para pesar as opções. Ela sabia o que estava em jogo,
ou pelo menos suspeitava fortemente, e não ia dizer sim apenas porque isso
acariciava seu ego. Ela se certificaria de que era realmente necessária.
— Tudo bem, Capitão. — ela disse. Não ficou surpreso que ela tivesse
determinado a sua posição. — Eu irei com você. Quando partimos?
— Amanhã, provavelmente. — ele disse. — E imagino que seremos três.
— Vou pegar as minhas coisas. — ela disse. — Você tem uma mentira
preparada para os meus pais? Eles vão se perguntar onde eu estou se eu
desaparecer para Theed.
— Diga a eles que você estará acompanhando um funcionário do
governo. — disse Panás. — É mais ou menos a verdade. E diga a eles que
todo o resto é confidencial.
— Muito bem. — ela disse. — Vejo você hoje à noite, Capitão.
Ela se levantou com a graça de uma dançarina e entrou no prédio.
Panás olhou para a alcova onde ela estava sentada. Era um bom lugar
para se estar, proporcionava uma vista dos jardins, mas longe do vento e do
sol. Se ela passasse muito tempo ali, e imaginava que ela passava, poderia
obter muitas informações. Ela pode ser pequena, mas as suas contribuições
para o destacamento de segurança da Rainha não seriam.
A palavra pequeno flutuou em seu cérebro por um momento enquanto
olhava para a alcova. Era maior do que pensava. Definitivamente grande o
suficiente para que, se ela se sentasse de costas para a parede, as suas
pernas não alcançassem as escadas.
Ela o fez tropeçar de propósito e, em seguida, o fez lhe oferecer o
emprego que ela queria. Panás partiu para o palácio, rindo baixinho.
Sashah se encaixaria bem.
Saché estava em sua décima viagem pelo acampamento quando foi pega.
— Você aí, pare. — disse um droide, e Saché parou. O tecido
firmemente dobrado no bolso de suas arruinadas vestes laranja queimavam
contra sua perna. — Vire-se.
O droide não estava sozinho. Era um esquadrão de seis em patrulha.
Desde que o encarceramento começou, as patrulhas droides se tornaram
mais frequentes e os seus métodos mais violentos. Ontem, três pessoas
foram mortas por tentarem roubar comida das lojas da Federação do
Comércio e, como resultado, as rações foram cortadas para todos.
Houve uma briga na tenda de Saché quando um guarda acusou outro de
acumular comida. Mariek e Tonra haviam terminado com isso o mais rápido
possível. Ninguém queria que os droides ouvissem. Mariek designou os
dois guardas para trabalhar na latrina. As latrinas originais haviam
transbordado há muito tempo, e colocar novas era desagradável o suficiente
para servir de impedimento para brigas na tenda. Entretanto, Mariek não
podia fazer mais nada, então eles estavam esperando o próximo golpe.
— As suas ações são desnecessárias, — disse o droide. — Você não tem
motivo para vagar pelo acampamento. Explique-se.
— Não gosto de ficar confinada na barraca. — disse Saché. — Eu
estava apenas tentando fazer algum exercício.
— Os humanos são criaturas de hábitos. — disse o droide. — Se você
estivesse se exercitando, seguiria o mesmo caminho. Você não está.
Explique-se.
— Eu só estava olhando em volta. — Saché tentou soar o mais infantil
possível, embora os droides não tivessem mostrado nenhuma indicação de
que se importavam com a idade dela.
O droide inclinou a cabeça como se estivesse ouvindo algo ou fazendo
um cálculo.
— O seu comportamento foi sinalizado. — disse o droide. — Você virá
conosco.
Não adiantava correr. Saché se lembrava muito bem da sensação do
plastiaço em seu pescoço para pensar em resistir. Tentou não recuar quando
os droides a cercaram e começaram uma marcha forçada. Eles estavam indo
para o escritório do mercado, o qual os droides tinham transformado em
uma estação de carregamento e um pequeno escritório para o Neimoidiano
que supervisionava as operações no acampamento.
O sargento Tonra estava parado entre duas tendas, uma expressão
alarmada no rosto. Saché não olhou pra ele. Ele se virou e desapareceu
antes que os droides pudessem dizer alguma coisa, e Saché sabia que a
notícia de sua captura chegaria a Yané e Mariek assim que ele pudesse
cruzar o acampamento com ela.
Os droides a levaram para o escritório e estreitaram a sua formação ao
redor dela para que tudo o que pudesse ver fossem torsos de metal.
— Saiam do caminho, estúpidos inúteis. — disse a supervisora
Neimoidiana. — Como posso interrogá-la se não posso vê-la?
Saché poderia pensar em algumas respostas, mas ela não iria
exatamente oferecê-las. Os droides à sua frente deram um passo para o
lado, movendo-se em uníssono perfeito.
— Crianças humanas são tão pequenas assim? — perguntou a
supervisora.
— Ainda estou crescendo. — respondeu Saché. — Tenho doze anos.
— Percebo. — A supervisora relaxou em sua cadeira. — Por favor,
sente-se.
Saché não baixou a guarda e se preparou para aproveitar qualquer
vantagem que lhe desse. O assento era alto e seus pés estavam suspensos do
chão, mas conseguiu.
— Meu nome é Usan Ollin. — ela disse. — Como você sabe, eu sou a
responsável por este acampamento. Estou alarmada ao saber que você está
sendo colocada em perigo.
— Estou? — Perguntou Saché. Ela deixou seus olhos se arregalarem o
máximo que pôde e lançou sua voz alta e um pouco sem fôlego.
— Os humanos adultos estão conspirando contra nós. — disse Ollin. —
Quando não temos sido nada além de atenciosos desde o início de nossa
visita aqui. A sua rainha e seus comparsas são responsáveis por esta
bagunça. Ela poderia acabar com isso a qualquer momento que quisesse.
— Eu sei. — disse Saché. Sempre era melhor misturar o máximo de
verdade possível. — Mas por que estou em perigo? Vai faltar comida?
— Bem, provavelmente. — Ollin admitiu. Ela se sacudiu. Ela disse algo
que não pretendia. — Mas não é por isso que você está em perigo. Os
adultos estão usando você, minha querida, para levar mensagens.
— Estão? — Saché engasgou. — Eu só queria fazer um pouco de
exercício.
— Temo que sim, criança. — disse Ollin. — E você está em apuros, a
menos que me diga o que dizem as mensagens.
— Mas eu não sei. — Saché se fez parecer o mais inocente e vulnerável
possível e torceu para que a linguagem corporal Neimoidiana fosse
semelhante. Eles se encolhem muito, ela lembrou, e giram os ombros para a
frente.
— Eles se acham muito espertos. — disse Ollin. — Colocam a
informação em pequenos pedaços de tecido. Encontramos um ontem à
noite, e há outro no seu bolso agora. Nossos droides irão decifrá-lo logo.
Mas se você me contar, vou deixar você ir.
Os dróides não o decifrariam. O ponto principal do código de
comunicação era que era um jogo de memória para as crianças de Naboo
que era completamente independente da tecnologia. Era como uma equação
insolúvel ou um quebra-cabeça lógico circular. Nenhum computador seria
capaz de quebrá-lo sem ajuda orgânica.
— Eu não sei. — ela disse novamente. Ela se enrolou tanto quanto
possível.
— Quem te deu o tecido? — Ollin disse.
— Eu... eu não me lembro. — gaguejou Saché. — Estou ficando com
tantos estranhos e nenhum deles quer falar comigo. É tão difícil distingui-
los em seus uniformes.
— E quanto à outra garota, aquela vestida como você? — Ollin disse.
— Minhas fontes dizem que vocês duas foram criadas no palácio. Ela é
uma estranha, também?
— Nós trabalhávamos juntas. — respondeu Saché. — Mas eu não a via
muito. Nós tínhamos empregos diferentes.
Ollin parecia desconfiada, mas engoliu aquelas duas verdades e uma
mentira. Ela se inclinou para frente.
— Criança, é muito importante que eu saiba o que essas mensagens
dizem. — ela disse. — E eu acho que você sabe mais do que está dizendo.
Vou perguntar mais uma vez. Para o seu próprio bem, diga-me quem as deu
a você.
Saché não disse nada. A hora do blefe tinha terminado.
— Então você não me deixa escolha. — disse Ollin. Ela apertou um
botão em sua mesa e os droides rangeram de volta ao escritório. — A
câmara de interrogatório está terminada, cabo?
— A construção está completa. — disse o droide. — A energia foi
ativada. Ainda não testamos as instalações.
— Tenho um sujeito de teste para você, então. — disse Ollin. Duas
mãos de droide fecharam sobre os ombros de Saché e a arrancaram da
cadeira. — Vou carregar as perguntas em seu banco de dados. Não pare até
que ela lhe conte tudo.

Saché os fez levá-la para fora da sala, embora duvidasse que suas pernas
a apoiassem por mais do que alguns passos de qualquer maneira. O seu
cérebro estava tentando manter a calma, mas o seu corpo não estava
escutando.
Isto provavelmente iria doer.

O sargento Tonra entrou na tenda sem se anunciar ou dar a senha. Yané


atirou um feixe de tiras de tecido para o ar e mergulhou para o colchão.
Mariek o pegou de surpresa, os dois chocando-se no chão, perdendo por
pouco a borda do leito que ficava mais perto da porta.
— Sou eu! — ele disse, e Mariek soltou seu aperto sobre ele.
— O que aconteceu? — exigiu Yané. Tinha que ser ruim para o sargento
ignorar todos os protocolos de segurança que eles tinham colocado em
prática.
— Os droides levaram Saché para o escritório da supervisora. — disse
Tonra. Yané sentou-se pesadamente no leito.
— Será que eles sabem? — perguntou Mariek. Pela primeira vez desde
o encarceramento deles, ela parecia verdadeiramente assustada.
— Eu não sei dizer. — disse Tonra.
— Não importa se eles sabem. — disse Yané. — Se eles suspeitaram o
suficiente para levá-la sob custódia, eles vão querer informações.
— Saché não vai ceder. — disse Mariek. — Ela é esperta o suficiente
para ficar frente a frente com uma neimoidiana.
— Eles construíram uma sala de interrogatório após as execuções de
ontem. — disse Tonra. — Eles trouxeram equipamentos durante toda a
noite. Ninguém conseguiu se aproximar o suficiente para ver que
maquinário tinham, mas vários de nosso povo ouviram os droides falando
sobre isso.
Yané fez um barulho como um ferido. As aias não haviam sido treinadas
para resistir à tortura física. Não tinha havido razão para isso. Mesmo a
paranoia do Capitão Panás não se estendia à crueldade gritante. Mas não era
só isso. Yané não queria que Saché fosse ferida por nada, nunca. Quer ela
tenha sido treinada para isso ou não.
— Vamos chegar o mais perto que pudermos. — disse Mariek. — Se
ficarmos aqui, todos nós vamos ficar loucos pensando nisso.
Qualquer que fosse a onda de rumores que funcionava no campo já
estava em pleno vigor quando Yané acabou de arrumar tudo e eles deixaram
a tenda. Os guardas e o pessoal do palácio se reuniram, sabendo que algo
ruim havia acontecido, mas sem ter todos os detalhes. Alguns viram Yané
sozinha e juntaram as peças, mas um olhar de Mariek foi suficiente para
silenciar qualquer pergunta. Era imperativo que todos agissem da maneira
mais normal possível.
Os droides se alinharam no perímetro do escritório do mercado, de
cotovelo a cotovelo, como se esperassem ser pressionados por atacantes a
qualquer momento. Os seus blasters eram segurados em prontidão. Mais
droides circulavam pelo campo, cada conjunto de seis andando com marcha
medida, pois assim garantiriam que ninguém saísse da linha. A tensão no ar
era palpável. Yané sentiu que pesava sobre ela. Foi a pior coisa que ela já
havia sentido. Saché precisava de ajuda, e tudo o que ela podia fazer era
esperar e ter esperança.
Os gritos começaram depois de cerca de vinte minutos, e todos os
humanos do campo congelaram. Saché tinha uma voz tão tranquila. Eles
estavam acostumados a ouvi-la de perto, ao se inclinar pra baixo para
capturar todo o seu significado, porque muito do que dizia era importante.
Os gritos eram tudo menos silenciosos. Eles eram horrivelmente estridentes
e perfuravam o ar com tanta ferocidade que Yané não tinha certeza se Saché
estava tendo a chance de respirar. A situação se prolongou por vários
minutos horríveis e depois parou.
O adiamento foi de curta duração. Eles devem ter feito uma pergunta e,
ou ela não tinha respondido, ou não tinham acreditado no que ela disse. Em
ambos os casos, o resultado foi o mesmo e mais gritos encheram o ar. Yané
queria vomitar. Queria tapar os ouvidos. Queria gritar ela mesma para
bloquear os terríveis ruídos. Ela não fez nenhuma dessas coisas. Ela só
podia dar testemunho do que Saché estava fazendo.
— Vou me entregar. — disse Tonra. — Eu lhes direi...
— Você não vai. — disse-lhe Mariek. — Se alguém vai fazer algo
heroico, serei eu.
Yané teve uma terrível presciência de dizer a Panás que a sua esposa
havia morrido, e isso a tirou de seu devaneio.
— Você não vai. — Yané repetiu. Ela caiu na voz da Rainha sem querer,
e ambos os guardas imediatamente entraram em posição de sentido. A nota
de comando em sua voz foi inesperada e absoluta. — Você não vai fazer
nada.
— Temos que fazer alguma coisa. — protestou Mariek. — Ela está
gritando.
— Se ela ainda está gritando, então não deu o que eles queriam. — Os
olhos de Yané se encheram de lágrimas. Amava Saché e não podia ajudá-la
a lutar contra a dor. — Está lutando muito para manter nossos segredos, e
até agora ela está ganhando. Sabe que tudo o que precisa fazer para parar é
dizer o que eles querem saber e está optando por não fazê-lo. Não vamos
desfazer essa decisão por ela.
Mariek pegou ambas as mãos dela e apertou.
— Você está certa. — ela disse. — Eu odeio isso, mas você está certa.
— Ela só precisa aguentar um pouco mais. — disse Yané. — Uma hora
eles vão pensar que deu tudo o que podia.
As palavras eram principalmente para um conforto para ela mesma, mas
dizê-las em voz alta a fez se sentir melhor. Os gritos pararam, cortados
como uma porta se fechando. Todos respiraram fundo e se permitiram
acreditar que tudo estava acabado.
Mas não estava.
As suas veias, a sua pele e os seus ossos estavam em chamas e toda vez que
o fogo se apagava, o droide a pedia que traísse os seus amigos. Ele falou
com tanta calma e deu argumentos tão lógicos. Diga o que eles queriam
saber, e o fogo iria embora. Ficou tentada. Estava tão, tão tentada. Aqueles
poucos momentos em que o fogo se apagou se tornaram o centro de sua
galáxia.
Mas não havia escolha. Saché sempre escolheria os seus amigos. E o
fogo continuou queimando.
Mariek observou Yané envolver as mãos de Saché nas tiras de tecido pelas
quais havia sido torturada por carregar e fervia de raiva. Os droides a
libertaram depois de três horas de interrogatório, quando não lhes deu nada
de útil, e Usan Ollin decidiu que realmente era tão ignorante quanto
alegava. Saché havia caminhado da sala de interrogatório até a linha de
droides que ainda guardavam o escritório do mercado por sua própria conta,
mas foi preciso o último resquício de vontade que tinha. O Sargento Tonra a
carregou pelo resto do caminho até a tenda deles.
Estava consciente, e não parecia que estava sentindo muita dor
persistente. Dispositivos de tortura eram frequentemente programados dessa
forma, para que as vítimas permanecessem na linha tênue entre a dor e o
alívio, e nunca caíssem no zumbido da aclimatação. O seu corpo estava
coberto de lacerações cauterizadas, linhas vermelhas brilhantes em suas
mãos e rosto e, presumia-se, em todo o seu corpo sob o manto laranja quase
destruído.
— Posso me sentar. — disse Saché com determinação, afastando as
mãos de Yané e se puxando para se sentar na beirada da cama.
Sob as marcas, estava pálida. Os seus olhos estavam injetados e a sua
voz estava rouca, como se os droides a tivessem arrancado de sua garganta.
Mas seu rosto estava firme.
— Quem vai levar as últimas mensagens? — ela perguntou.
— Tonra vai cuidar disso. — respondeu Mariek. — Ele já saiu com a
primeira. Enviaremos o restante nas próximas horas com pessoas diferentes.
— Eu tenho que voltar lá. — disse Saché.
— Não vou deixar você se arriscar a fazer entregas de novo! — Yané
disse. A sua insistência estridente surpreendeu a todos.
— Não terei nada comigo. — disse Saché. — Vou simplesmente andar
aleatoriamente pelo acampamento e os droides vão me vigiar.
— E se eles pegarem você de novo? — Yané perguntou.
— Bem, não terei nenhuma evidência incriminatória no bolso desta vez,
então é um começo. — A piada ficou vazia. — Eu serei a distração. Eles
estarão tão ocupados me observando, imaginando o que é tão importante
para que eu já esteja de pé e me mexendo, que eles não olharão para mais
ninguém. Você sabe que estou certa.
— Sim. — Yané disse calmamente. Ela terminou de enfaixar a mão de
Saché e enfiou o pedaço de tecido solto para que a bandagem aguentasse.
Saché olhou para baixo.
— Você não precisa disso para terminar o seu trabalho? — Ela ergueu
as mãos.
— Não. — disse Yané. — Estes são sobressalentes.
Yané enfiou a mão embaixo do colchão e tirou as últimas quatro peças
de tecido codificado. Entregou-os a Mariek, que assentiu e saiu para ir atrás
de Tonra. Yané encontrou um pequeno cantil de água para Saché. Elas não
tinham muito, principalmente com o corte das rações, mas Saché precisava.
— Lamento não ter nada para a sua garganta. — ela disse.
Saché bebeu devagar. Isso a fez se sentir um pouco melhor.
— Ah. — ela disse. — A supervisora parecia pensar que estávamos
caminhando para uma escassez de alimentos. Ela mencionou isso e então
pareceu que gostaria de não ter feito isso. O nosso cronograma é preciso.
— Espero que a Rainha volte logo. — disse Yané. — Ou envie uma
equipe de resgate.
— Teria que ser uma festa e tanto. — disse Saché. A tentativa de humor
ficou presa em sua garganta e ela tossiu, estremecendo. — Eu tenho que ir.
Tenho que ter certeza de que Tonra pode fazer o trabalho.
Yané sabia que era melhor não tentar dissuadi-la, ou mesmo perguntar
se poderia ir também. Não tinha saído muito da tenda desde que chegaram
ali, e era importante continuar com o comportamento que os droides veriam
como normal enquanto as apostas eram tão altas.
— Tenha cuidado. — Foi tudo o que ela disse.
Saché lhe deu um abraço rápido e depois se levantou da cama. Estava
rígida e os seus músculos protestaram contra o movimento, mas não ia ser
dissuadida. Um pé após o outro, caminhou até a aba da tenda e passou por
ela.
Foi igual a todas as outras caminhadas que fez pelo acampamento, para
falar a verdade. Não fez contato visual com ninguém e ficou fora do
caminho das patrulhas droides, esquivando-se para o lado sempre que
encontrava uma. Entrou em tendas ao acaso, levantando a mão e pedindo
silêncio quando encontrava outros prisioneiros. Circulou até voltar para
Yané, ficou com por meia hora e depois voltou a sair.
Passaram-se três horas antes que os droides a parassem pela primeira
vez.
— Humana. — disse o droide. Saché se encolheu e isso foi real. O
droide acenou para um de seus contrapartes. — Reviste-a.
Saché aguentou. As mãos de metal a agarraram, revirando os bolsos e
procurando protuberâncias sob as vestes. Eles não encontraram nada e a
deixaram ir. Os passos de Saché estavam trêmulos, mas dobrou a esquina
antes que as suas pernas fraquejassem. Mesmo assim, sentada nos
paralelepípedos, não deu voz ao grito que sentiu começar a ferver em seu
estômago quando o droide a tocou. Respirou fundo, se ajoelhou, pôs-se de
pé e continuou andando.
Os droides a pararam mais três vezes antes do pôr do sol e do toque de
recolher começar. Cada vez era um teste de vontades lutando dentro do
peito de Saché: a vontade de gritar e o desejo de não gritar. O não ganhou, e
cada vez que os droides eram forçados a deixá-la seguir seu caminho, ficava
mais fácil. O último droide, o mesmo cabo que a tinha prendido aquela
manhã, a mandou de volta para a sua tenda enquanto a luz fugia.
Yané estava esperando por ela na porta e a puxou para um abraço assim
que entrou. Mariek a abraçou também, e Tonra apertou o seu ombro
levemente o suficiente para não agravar as queimaduras. Yané a puxou para
o fundo da barraca e a deitou no colchão. Pela primeira vez naquele dia,
Saché cedeu ao esquecimento.

Aquele era o traje real mais simples no guarda-roupa da Rainha. Sabé


conseguiu entrar sozinha, exceto pelo cós largo, que fechava na parte de
trás. Padmé havia selado a costura ela mesma, determinada a fazer tudo o
que pudesse para proteger sua amiga, mesmo enquanto a colocava em
perigo.
— Haverá perigo mais do que o bastante para todos. — disse Sabé,
adivinhando o que Padmé estava pensando.
— Eu não queria uma guerra, mas aproveitei a primeira chance que tive
de lutar. — disse Padmé. — Vou até tentar recrutar um exército. Não gostei
da hipocrisia do Senado, mas descobri que sou igualmente má.
— Você não é realmente. — disse Sabé. — Você está defendendo o seu
planeta em um momento de desespero e está sendo muito, muito deliberada
sobre os passos que dá. Não há nada de vergonhoso ou hipócrita nisso.
Padmé a ajudou a vestir o sobretudo e endireitou as rugas das mangas.
— Há algo que você deseja revisar? — Padmé perguntou. — Podemos
revisar o discurso novamente, se quiser.
Sabé respirou fundo e se olhou no espelho. A tiara já estava no lugar.
Tudo o que tinha sobrado para colocar eram as botas resistentes.
— Acho que estou o mais pronta que posso. — disse Sabé. — Estou
nervosa, mas vou deixá-la orgulhosa.
Padmé pegou a mão dela e apertou.
— Eu sei que você vai. — disse Padmé. — Aconteça o que acontecer,
eu sei que você vai.
— Estou pronta para você, Padmé. — disse Rabé do outro lado da sala.
Ela e Eirtaé estavam vestidas de ouro e marrom, como Padmé, e as duas já
estavam com os cabelos presos.
Padmé se sentou e deixou Rabé arrumar o seu cabelo. Não houve muito
que Eirtaé pudesse providenciar para protegê-las no curto prazo, mas Rabé
havia pegado emprestado um material para absorção de concussão do forro
de um dos vestidos da Rainha e o usou para amarrar o cabelo de todas. Não
faria nada para parar um disparo de blaster, mas forneceria alguma proteção
contra um golpe forte ou um pedaço de escombros caindo, e isso era melhor
do que nada.
— Estamos prestes a sair do hiperespaço. — A voz do piloto Ric Olie
veio através do sistema de comunicação da nave. — Todos estejam
preparados para evacuar assim que pousarmos.
As outras duas já tinham colocado os vestidos marrons, com laços de
cabelo prontas para ir. Nenhuma delas disse respondeu, mas cada uma delas
esperava que estivessem.
Panás passou pelo sistema de esgoto de Theed até chegar ao cano que
levava a uma das fontes da praça do mercado. Não tinha sido capaz de fazer
tanto reconhecimento quanto queria. Como eles pousaram e evacuaram a
nave real muito rapidamente, tinha um número limitado de recursos para
trabalhar. Eles só conseguiram fazer varreduras muito rápidas do planeta
quando estavam chegando à terra, e foi assim que soube que havia um
campo de prisioneiros dentro dos muros da cidade. Esperava que as pessoas
que procurava estivessem lá.
Teve que remover alguns obstáculos, todos eles projetados para manter
as pessoas dentro, não fora. O sistema de esgoto de Theed era a única parte
da infraestrutura do planeta que era totalmente administrada por droides,
por questões de saúde, e, portanto, ficava inundado o tempo todo. Eles
fizeram lançamentos emergenciais para drenar cada cloaca, mas estes só
poderiam ser feitos sequencialmente, a partir da estação de tratamento de
esgoto fora da cidade. Isso explicava por que ninguém no campo tentou
usar os túneis para escapar. A situação podia não ser confortável, mas se
eles não estavam assumindo grandes riscos, então significava que ainda não
havia se deteriorado muito.
Subiu a escada e estendeu um sensor pela tampa do esgoto. Estava
escuro, mas não tinha ideia de onde estava entrando. Ao menos assim, seria
capaz de evitar qualquer droide.
A costa estava limpa. Testou a resistência da tampa do esgoto. Era
pedra, mantida no lugar por uma saliência esculpida. Tudo o que precisava
fazer era empurrá-la para cima e ela começaria a se mover. Levar longe o
suficiente para o lado para que pudesse rastejar sem fazer muito barulho é
que seria o desafio.
Apoiou-se nos degraus, curvou-se sob a cobertura e então a levantou. A
tampa se moveu para cima e meticulosamente subiu noutro degrau para ter
mais apoio. Depois de passar pela saliência, inclinou-se para trás para
colocar a tampa no chão. Doeu muito, e ficou muito feliz por estar usando
seu casaco de couro. Depois de um momento agonizante em que ficou
equilibrado na ponta dos pés e inclinado para trás com um enorme peso no
pescoço, mudou o centro de gravidade para ficar sobre o solo em vez de
sobre o buraco, e ele soltou um suspiro de alívio.
Subiu e puxou a tampa de volta. Não sabia quanto tempo ficaria aqui, e
não faria nenhum bem se os droides encontrassem sua saída. Fez o seu
caminho através do acampamento, o chapéu puxado para baixo cobrindo o
rosto, até que viu um guarda que ele reconheceu posicionada do lado de
fora de uma tenda. Ela estava sentada, trabalhando para consertar uma bota,
mas podia dizer que ela estava vigiando alguma coisa. Ele sorriu.

A guarda do palácio, de guarda na frente da tenda de Mariek, ficou bastante


surpresa ao ver seu oficial comandante.
— Capitão! — ela disse, lembrando-se no último momento de manter a
voz baixa. Ela se levantou rapidamente. — Como você...
A expressão no rosto dele a silenciou. Os aspectos práticos não estavam
aqui nem ali. Com uma saudação rápida, a guarda ergueu a aba da tenda e
ele entrou.
Panás tinha olhos para apenas uma pessoa.
— Estou tão feliz que você esteja bem. — ele disse enquanto Mariek
congelava de surpresa e se jogava em seus braços. — Disseram-me que as
meninas também estão aqui.
— Sim. — Mariek respondeu. Ela o apertou mais uma vez e o soltou.
— Elas estão bem.
Saché acordou no meio de toda a confusão e veio dizer olá. Ela
certamente não parecia bem, e Yané parecia preocupada com ela, mas Panás
confiou no julgamento de sua esposa no momento.
— Não podemos ir todos. — disse Mariek quando Panás explicou que
havia limpado os túneis de esgoto o suficiente para uma fuga. — Não é
prático e arruinaria o elemento surpresa.
— Quantas pessoas você acha que poderemos evadir sem sermos
notados pelos droides? — Panás perguntou. — Teremos que priorizar os
pilotos se quisermos deixar as pessoas para trás.
— Algumas dezenas, talvez. — respondeu Tonra. — Se nos
espalharmos entre as tendas, isso pode nos dar um pouco mais de presença.
— Como poderíamos começar a coordenar isso? — Panás disse.
— Já fizemos isso, Capitão. — disse Yané. — Cada barraca tem um
mapa do acampamento e um registro das rondas da guarda. Eles só
precisam de uma direção para ir e ordens para chegar lá.
Olhou para ela e Saché, e depois para Mariek.
— Explicarei mais tarde. — A sua esposa disse. — Temos que nos
mover.
Como a sua barraca estaria perdendo mensageiros em uma viagem só de
ida para ativar os outros grupos, foi decidido que apenas Mariek, Tonra,
Yané e Saché iriam com Panás. Os mensageiros foram despachados e Panás
liderou o caminho de volta para a tampa do esgoto que usara antes. Eles
esperaram a chegada do primeiro grupo de fugitivos e, em seguida, quatro
deles levantaram a tampa juntos. Era muito mais fácil assim. Mandou
Mariek na frente com Yané e Saché, e então ficou com Tonra até que todos
que estavam partindo na primeira onda tivessem feito sua descida. Quatro
guardas do palácio ficaram para trás para colocar a tampa de volta no lugar,
uma decisão de última hora da qual Panás não gostou, mas seus
subordinados insistiram. Então, com seus rastros cobertos da melhor forma
que podiam, a fuga começou.

Saché caminhou, embora estivesse exausta e não quisesse nada mais do que
dormir. Não havia promessa de descanso no seu destino, mas não havia
como ficar no acampamento mais do que o necessário. Não queria ser
cercada por droides nunca mais.
Eles saíram do esgoto por uma grade que ia para um dos muitos lagos
de Naboo. Vários landspeeders esperavam lá, e Panás os transportou de
volta ao local onde o grupo da Rainha havia se estabelecido. Panás contou a
eles sobre o plano de falar com os Gungans e como eles tiveram que esperar
o retorno de seu emissário. E então Saché viu listras douradas brilhantes
que forravam as roupas das aias no escuro e soube que estava realmente
segura. A Rainha manteve certa distância, é claro, mas Padmé estava perto
o suficiente para dar uma boa olhada nelas.
Saché percebeu que tinha centenas de perguntas e provavelmente mais
desculpas, mas agora não era hora para nada disso. Em vez disso, quando
Padmé estendeu os braços, Saché hesitou por um momento, muito
consciente de seu próprio cheiro, e então colocou os braços em volta dela.
— Estou tão feliz. — disse Padmé. — Estou tão feliz.
Eirtaé e Rabé também as abraçaram. Saché queria rir e chorar ao mesmo
tempo. Era possível que ela finalmente estivesse entrando em choque. Ela e
Yané molharam o rosto no riacho e ajeitaram o cabelo. Quando estavam o
mais limpas que podiam, elas mudaram para o uniforme de batalha marrom
e dourado que as outras usavam. Sabé pegou as mãos delas, o que foi o
máximo que ela podia fazer enquanto usava o rosto da Rainha. Elas
estavam juntas novamente, e Padmé Amidala tinha um plano.

A Federação do Comércio não tinha chance.


No momento em que Padmé entrou na sua frente, Sabé soube que havia
falhado. Sabé sempre deveria estar entre a Rainha e o perigo, e não apenas
vacilou em sua tarefa, como ficou lá boquiaberta enquanto Padmé
caminhava para frente. Era o seu momento e havia deixado escapar por
entre os dedos.
Elas haviam praticado tanto quanto puderam. Observou Jar Jar, e ela e
Padmé decidiram exatamente o que dizer. Nunca tinha ficado mais nervosa
em sua vida do que quando se apresentou para se dirigir ao Chefe Nass, e
fez o que sabia ser uma apresentação perfeita de tudo que havia preparado.
E não foi o suficiente. Padmé interveio e mudou o roteiro. É claro que
foi brilhante da parte dela mudar tão rapidamente assim que percebeu o que
Chefe Nass queria ouvir, mas também a expôs na frente de todos, e isso era
algo que Sabé deveria evitar a todo custo.
Não queria se levantar, mas é claro que tinha que fazer. Quando Padmé
se levantou, sorrindo com a aprovação do Chefe Nass, Sabé fez o mesmo.
Pelo menos agora podia conseguir tirar a maquiagem e o vestido da Rainha.
— Não foi sua culpa. — disse Padmé. Ela veio até onde Sabé estava
sentada em um tronco, o que não era nada majestoso. Pelo menos como ela
mesma, poderia se curvar. — Você fez exatamente o que planejamos.
— E não foi o suficiente. — disse Sabé. — Eu poderia ter sido melhor.
Se eu fosse mais como você, teria visto que não estava funcionando e
chegaria à mesma conclusão que você. Eu poderia ter falado com ele da
mesma maneira.
— Mas não seria verdade. — disse Padmé. — E naquele momento,
precisávamos da verdade.
— Você sabe, na maioria das vezes eu estou bem em ser a segunda
melhor. — disse Sabé. Ela olhou para Padmé e viu o rosto de sua amiga,
não a compreensão decepcionada da Rainha. — Você é convidada para
todas as festas chiques e raramente tem que falar em público. Nunca há
pressão sobre você. É assim que é ser Amidala. Eu apenas tento ser você, e
isso é tudo que todos vão lembrar. Mas às vezes eu sei que poderia ter feito
melhor e, quando descobri como, foi tarde demais. Eu odeio isso. Sinto que
falhei com você.
— E eu sinto que falhei com você. — disse Padmé. — Preparamos
apenas um discurso. Eu deveria ter sido mais flexível quando estávamos
nos preparando.
Sabé se endireitou.
— Eu não tinha pensado dessa forma. — ela admitiu.
— Está em nossa natureza culpar a nós mesmos, eu acho. — disse
Padmé. — Essa é definitivamente uma maneira de sermos iguais.
— Você quer mudar? — Perguntou Sabé. — Teremos que fazer isso
rápido.
— Não há tempo. — disse Padmé. — O Capitão Panás quer partir
agora. E mesmo se tivéssemos tempo, preciso que você seja a rainha um
pouco mais. Temos que tomar a sala do trono, e se houver alguma maneira
de você ser uma distração novamente, devemos usá-la.
Sabé assentiu, um pouco desapontada. A manobra de engodo foi
emocionante, mas depois de segurar a personagem por tanto tempo, ela
desejava ser ela mesma de novo. Era ridículo colocar seus desejos pessoais
em primeiro lugar em circunstâncias tão graves, mas ela não podia evitar.
— Sabé. — Padmé disse seriamente. — Você pode morrer.
— Eu sei. — disse Sabé. — Isso sempre fez parte do trabalho.
— Mas desta vez é de verdade. — disse Padmé. — Antes, se
morrêssemos, iríamos todas juntas, explodir na nave real ou algo assim.
Mas você estará sozinha. Você será exposta. E você será Amidala.
— Eu sei. — disse Sabé.
— Queria ser nobre e dizer que não vou mandar você fazer isso. —
disse Padmé. — Mas isso seria covarde também, e você merece coisa
melhor do que me deixar fazer de você uma mártir.
— Agradeço. — disse Sabé. Era estranho falar sobre isso em voz alta
depois de revirar sua cabeça tantas vezes, mas foi incrivelmente libertador
ouvir Padmé dizer isso em voz alta. — Minhas mãos são suas.
E elas sempre tinham sido.

Gregar Typho não estava em Theed quando ocorreu a invasão. A sua


licença começou assim que a cúpula foi concluída, então foi para casa. Seu
tio e tia Panás deveriam segui-lo alguns dias depois, supondo que seu tio
pudesse ser convencido a deixar a Rainha, mas é claro que isso não
aconteceu.
Em vez disso, Typho passou a Ocupação no campo três, que era em sua
maioria povoado por civis que haviam sido encarcerados nos dormitórios
do campus da Universidade Montanha Gallo. Saneamento e água potável
não foram um problema, mas a comida escasseou quase imediatamente, e
Typho dividiu seu tempo entre proteger sua família e garantir que as
crianças do acampamento tivessem o máximo de comida que ele pudesse
conseguir para elas.
A Federação do Comércio não se preocupou em examinar os
dormitórios antes de instalar seus prisioneiros, presumindo que todos os que
frequentavam o ensino superior em Naboo eram artistas ou filósofos. Typho
foi capaz de encontrar um transmissor funcionando quase imediatamente e
designou turnos a pessoas em quem ele podia confiar para monitorar os
canais de comunicação no caso de alguém furar o bloqueio. Enquanto seus
companheiros de prisão enfraqueciam com a escassez de alimentos, ele
próprio assumiu alguns turnos, e era que estava de plantão na madrugada,
quando a chamada finalmente chegou. A Rainha estava de volta, e a
resistência foi finalmente possível.
Gregar Typho esfregou o cansaço dos olhos e se preparou para lutar.

Sabé pairou no final do briefing enquanto Panás esboçava seu plano para o
que ela já havia começado a pensar como a Batalha de Naboo. Haveria três
frentes. O exército Gungan enfrentaria a maior parte dos droides em campo
aberto fora da cidade. Era a força que estava tentando exterminá-los, então
os Gungans estavam ansiosos para uma luta. A segunda frente seria no
espaço. Panás e os Jedi colocariam os pilotos no hangar e o máximo
possível deles no ar, antes de seguirem para a sala do trono. A terceira
frente seria na própria cidade. Assim que a luta começasse, uma força
fragmentada liderada por Mariek Panás reuniria todos os cidadãos de
Naboo que pudessem encontrar e tentaria espalhar a notícia do que estava
acontecendo na cidade através de comunicações de curto alcance.
Era quase um alívio que todos os presentes soubessem que era uma
fraude. Se ainda estivesse operando como Amidala, estaria na frente,
tentando coordenar as expressões faciais de Padmé em uma resposta
adequada. Era muito mais fácil assim, observar e se preocupar em proteger
a Rainha mais tarde. Panás as dispensou para fazer os preparativos de
última hora e Sabé se afastou alguns passos do grupo principal para
organizar seus pensamentos.
— Qual é o seu nome? — alguém perguntou. Ela virou. Era Anakin
Skywalker, olhando-a diretamente. Nenhum dos Jedi tinha perguntado.
— Sabé. — Ela respondeu. Não havia razão para manter em segredo.
Ele iria embora e ela provavelmente nunca mais ouviria falar dele.
— É um prazer conhecê-la, Sabé. — ele disse. — Obrigado por mantê-
la segura.
Qui-Gon o chamou, e se afastou. Sabé ficou estranhamente comovida.
As aias se reuniram enquanto Padmé discutia os detalhes finais com
Panás e os Jedi. Todas elas receberam blasters para a batalha que se
aproximava. Elas haviam sido treinadas em combate corpo a corpo e à
distância, mas nenhuma delas se sentia particularmente preparada.
Todas tinham visto as marcas na pele de Saché, mas não havia dito nada
sobre elas e estavam relutantes em perguntar. Em vez disso, Rabé havia lhes
contado tudo o que havia acontecido em Coruscant. Elas tentaram
preencher o tempo, mas não havia nada que qualquer uma delas quisesse
dizer. Tudo o que podiam fazer era esperar pelas ordens de marcha.
Por fim, o batalhão final de Gungans partiu para a planície relvada,
onde fariam sua resistência. O resto deles entrou em speeders e se dirigiu
para a capital.
O que quer que acontecesse, eles alcançariam a sala do trono.
O plano de batalha desmoronou quase imediatamente. Assim que os pilotos
escaparam, uma figura escura com uma lâmina vermelha apareceu no
hangar, bloqueando o acesso principal ao palácio. Padmé declarou que eles
fariam o caminho mais longo e deixou os Jedi lutando. Sabé não queria
ficar perto da pessoa que os estava atacando, mas também estava
preocupada em deixá-los para trás. Sem os Jedi, o plano de tomar a sala do
trono ficou mais complicado.
As duas equipes se separaram, com Sabé percorrendo pelos jardins do
palácio e Padmé percorrendo pelos corredores. Sabé tentou não pensar em
como os outros estavam. Sabia que os Jedi provavelmente conseguiriam se
virar sozinhos, mas os Gungans enfrentavam adversidades verdadeiramente
esmagadoras e dependiam inteiramente dos pilotos de Naboo derrubando a
nave de controle o mais rápido possível. Concentrou-se nos droides à sua
frente, na sensação do blaster em suas mãos, e seguiu pelo palácio o mais
rápido possível.
— Sabé!
Alguém chamou o nome dela e Sabé se virou para ver o grupo de Rabé
em um corredor que deveria estar fora da rota. O grupo era muito pequeno:
Padmé não estava com eles. Sabé chamou a atenção do grupo dela e
aproximou os dois grupos.
— Relatório! — ela disse, decidindo que era isso que o ausente Panás
faria.
— Eles estão bem. — disse Rabé. — Nós ficamos presos em um
corredor e eles usaram os cabos de ascensão como um atalho.
Um peso foi retirado do peito de Sabé.
— Há muitos droides no palácio, mesmo com a manobra dos Gungan.
— um guarda as informou. — Ainda estamos tentando chegar à sala do
trono, caso eles precisem de nós.
— Caso ela precise de mim. — disse Sabé. — A nossa rota tem sido
trabalhosa, mas não muito ruim. Venha conosco.
Sabé faria o que fosse preciso. Desta vez, não haveria espaço para erros.
Se ela fosse chamada para ser a Rainha, ela teria que agir imediatamente.
Nunca teve tanto medo de nada em toda a sua vida.

Anakin Skywalker gostava de voar.

Mariek e Tonra dispararam escada acima até as torres que cercavam a praça
do mercado. Eles sabiam pela tecelagem de Yané qual torre tinha droides
em quantidade mais baixa a esta hora do dia, e esse era o seu alvo. Foi uma
luta feia, como sempre acontecia com as trocas de raios de blasters de perto,
mas os dois conseguiram derrubar os droides. A partir daí, eles assumiram o
controle da arma da torre e explodiram os outros pontos de vigia em
pedacinhos.
Não era um sinal previamente combinado, mas os guardas que ainda
estavam no campo sabiam que poderiam esperar algo eventualmente, e a
destruição da propriedade da Federação do Comércio foi um chamado
bastante óbvio para a ação. Correndo um risco considerável, atacaram os
droides de batalha, na esperança de atacá-los de um ângulo onde os seus
corpos eram mais frágeis e imediatamente capturar os blasters. A maioria
deles teve sucesso, embora nenhum deles escapasse sem pelo menos
ferimentos leves.
Usan Ollin estava parada na porta de seu escritório, gritando ordens
para os droides que estavam ocupados demais para prestar atenção nela.
Mariek viu a abertura e era muito tentador deixar passar. Deixando Tonra
encarregado da arma, ela desceu as escadas correndo para o campo
principal e cruzou a praça do mercado em ruínas uma última vez. Poderia
ter parado por um blaster, mas não o fez. Em vez disso, abordou o droide
mais próximo de Ollin e, quando o rangedor caiu, deu um soco no rosto da
supervisora.

Anakin Skywalker realmente gostava de voar.

Quando o Capitão Panás implementou as aias como guarda pessoal da


Rainha Amidala, ele introduziu um grande número de peças móveis em um
campo de jogo de apostas muito altas. Tinha as suas metodologias, a Rainha
tinha as dela, e cada uma das aias trazia algo diferente para a mesa. Poderia
ter dado muito errado, mas as meninas trabalharam muito e se adaptavam a
cada cenário que encontravam. Não era um sistema perfeito, ainda não, mas
todos elas haviam se acomodado rapidamente em seus papéis.
Escolheu Tsabin porque estava acostumada a ser a segunda melhor.
Estava acostumada com as pessoas olhando através dela enquanto
desempenhava seu papel. Estava acostumada a ficar fora dos holofotes e da
mente de todos. Tsabin tentou convencer os Gungans a se juntarem à luta,
mas falhou. Sabé estava decidida que seria a última vez.
Quando chegou à sala do trono, examinou a cena rapidamente. O seu
coração afundou. Haviam muitos droides. Nute Gunray tinha Padmé, e
pensava que era Amidala. Eles estavam desarmados e oprimidos, mas
haviam alcançado seu objetivo principal. Estavam na sala do trono. Tudo
que Padmé precisava era de um momento. Uma distração.
Uma isca.
Sabé se moveu antes que terminasse de pensar. Deixou a relativa
segurança dos guardas que a cercavam e correu em direção à sala do trono.
Eles a seguiram, como sabia que fariam. Estava à vista dos Neimoidianos e
os seus droides.
— Vice-rei! — Ela gritou na voz da Rainha. — A sua ocupação aqui
acabou.
E então correu.
Voltou pela fila de guardas, passos batendo no chão de mármore do
corredor enquanto os droides vinham atrás dela. Estava se movendo tão
rápido que a tiara que usava se soltou dos alfinetes e tombou para trás em
sua cabeça. Ouviu o assobio das portas de segurança fechando a sala do
trono e soube que seu estratagema desesperado tinha funcionado. Os
droides estavam do seu lado das portas de segurança, e Padmé estava do
outro, a pistola real em suas mãos. Tudo que Sabé precisava fazer agora era
permanecer viva.
Os droides a seguiram sem fazer uma análise tática para onde ela estava
correndo e se chocaram contra a parede de guardas. Quando Sabé
conseguiu se virar, a maioria dos droides estava caída. Atirou em um deles,
e então o fogo do blaster foi silenciado. No silêncio, podia ouvir o seu
coração batendo forte. Não fazia ideia do que realmente estava acontecendo
na sala do trono. Só tinha que confiar que tudo tinha corrido como ela
esperava.

Padmé Amidala saiu vitoriosa em sua sala do trono com o vice-rei à sua
mercê e o planeta de volta sob o seu controle. Abaixou oseu blaster e olhou
ao redor da sala. Havia marcas de carbono no chão e marcas de arranhões
onde o metal havia sido arrastado sobre o mármore. Algumas das
instalações de arte foram destruídas e mais de uma janela foi quebrada. O
resto de Theed provavelmente estava da mesma maneira, mas haveria
tempo para isso depois que ela discutisse o novo tratado.
Os edifícios foram danificados, mas podiam ser consertados. As pessoas
estavam com fome, mas podiam ser alimentadas. E mais uma vez, Naboo
era deles.
A primeira coisa que eles tiveram que fazer foi enterrar os mortos.
Os Gungans levaram os seus guerreiros caídos para seu lugar sagrado.
Amidala foi convidada para assistir ao funeral, mas não houve tempo. Ela
enviou Eirtaé e Yané, que fizeram um relato completo da cerimônia
comovente quando voltaram.
Os mortos de Naboo foram enviados para os cemitérios de suas famílias
ou enterrados no cemitério da cidade. Todos os que morreram na batalha
teriam o brasão da Rainha esculpido em sua lápide, e Padmé decidiu que,
um ano depois, faria um passeio pelo planeta para ver as pedras acabadas e
realizar memoriais.
Os droides foram resgatados e derretidos. Eles eram feitos de materiais
de alta qualidade. Eles seriam refeitos em postes de cerca, treliças de jardim
e arte.
Qui-Gon Jinn foi colocado em uma pira perto da cachoeira no penhasco
no final do rio. Eles esperaram para queimá-lo até que o Conselho Jedi
chegasse para testemunhar o seu funeral. O recém-eleito Chanceler
Palpatine estaria chegando com os Jedi, e Padmé estava ansiosa para dar os
seus parabéns quase tanto quanto estava ansiosa para entregar Nute Gunray
à justiça da República.
Um funeral Jedi era um evento solene, e Padmé sabia que era uma
grande honra para Naboo ter sido confiado para cuidar de seus restos
mortais. Ela usou o vestido roxo escuro novamente, mas desta vez, em vez
das mãos de Sabé sozinhas, as de todas as aias a vestiram. Yané arrumou a
tiara e Rabé fez a maquiagem. Saché engraxou os sapatos e Eirtaé selou as
costuras das costas. Sabé baixou o veludo pesado para deixar a seda mais
clara aparecer, e a Rainha Amidala estava pronta para chorar.
A cerimônia em si foi simples. Ninguém falou, exceto baixinho entre si.
Em vez disso, eles assistiram enquanto o corpo de Qui-Gon era aceso com
fogo brilhante, e eles continuaram assistindo até que ele foi reduzido a
cinzas. A dor de Padmé parecia mais pessoal do que ela esperava. O Mestre
Jedi confiou nela quando soube que ela estava guardando segredos, a
deixou tentar manter o controle de uma situação totalmente imprevisível e
respeitou seu julgamento o suficiente para pelo menos ouvir seus
argumentos. Ela nunca iria agradecê-lo por nada disso. Eles nunca olhariam
para trás e veriam o que haviam experimentado juntos e descobririam o
lado mais leve disso. Sempre seria uma ferida aberta.
Os Jedi se afastaram da pira sozinhos ou em pares, misteriosos e tristes
de uma forma que desafiava qualquer descrição. Obi-Wan e Anakin ficaram
até a última brasa se extinguir, assim como a Rainha e sua corte. O ar da
noite estava frio e todos estavam exaustos, mas era a melhor maneira de
agradecer ao Mestre Jedi de fala mansa que arriscou muito e deu tudo para
salvar o seu lar.

Quando a música terminou e as pétalas de flores foram varridas da praça, a


Rainha Amidala e as suas aias se reuniram na varanda onde a Federação do
Comércio as havia capturado pela primeira vez. Os Jedi foram embora e
Anakin Skywalker com eles. A maioria dos Naboo nunca saberia o que
tinha feito por eles, mas aqueles que sabiam nunca esqueceriam.
Sabé trouxe seu hallikset para fora com elas. Não tocava há meses, mas
abrir a caixa era como voltar para casa. Ajustou as peças e verificou sua
afinação. Antes, o instrumento fora sua obrigação. A sua tarefa. Seu dever.
Uma vez, a música que ela tocava enchia o seu coração, enquanto o
conhecimento de suas deficiências o exauria. Mas sabia melhor agora.
Com as suas amigas ao seu redor e o céu claro de Naboo acima,
começou a tocar.
A menina de vestido branco tinha o cérebro de sua mãe e o coração de seu
pai, e uma centelha que era inteiramente dela. Brilho, direção e compaixão
tão brilhantes quanto as estrelas. Mas agora estava sozinha e ninguém
poderia ajudá-la. O que quer que acontecesse em seguida,
independentemente de como fosse registrado e lembrado, estava
inteiramente sozinha.
Desde pequena, queria ajudar. O seu pai costumava sair do mundo, e só
aos dezesseis anos tentou agir por conta própria. Não terminou
particularmente bem, mas aprendeu uma lição valiosa e ganhou a
confiança de seus pais no processo. Quando estava no topo do Pico
Appenza, com o seu planeta se estendendo à frente, em lindos azuis e verdes
até onde ela podia ver, sabia que nunca veria algo tão bonito quanto seu
lar.
Sempre soube que tinha sido um grande privilégio ser adotada por sua
família e o que isso significaria para ela quando fosse a hora de tomar o
lugar de sua mãe no trono. Ela trabalhou duro para ser digna disso, até
mesmo as partes de que não gostava. Desistiu de sua dignidade e liberdade
e, uma vez, de um menino o qual amava, e sempre soube que faria isso de
novo pelas pessoas que um dia governaria.
Mas agora... agora nunca viveria os sonhos de seus pais para ela.
Nunca iria subir tão alto quanto eles esperavam. O trono se foi e a
montanha se foi e eles se foram, e parecia que era a única que restava. Mas
não ia deixar que isso a impedisse.
Quanto mais pensava sobre isso, mais percebia que comandar uma
rebelião e comandar um planeta não eram tão diferentes quanto pensava.
Ambos exigiam um sacrifício de si mesma e ambos exigiam a compreensão
de ser uma pequena parte de um todo maior. A esperança da rebelião era
forte, mas sua lista de aliados era pequena. Sabia que estava à altura do
desafio.
E agora estava sozinha, embora estivesse cercada por pessoas no
corredor. Podia até ver outros Alderaanianos na primeira fila, parados
orgulhosamente em atenção, como se as suas almas não tivessem sido
esmagadas pelo peso de uma perda que era quase impossível de
quantificar. A batalha estava terminada e eles iriam festejar. Mas em seu
coração, sabia que a guerra seria longa. Sempre soube. Obrigou-se a lutar
e o faria enquanto respirasse.
A música começou, e as enormes portas no fundo do corredor se
abriram para revelar os Heróis da Rebelião. De repente, não se sentia mais
tão sozinha.
A garota de vestido branco nunca seria rainha, mas estava pronta.
STAR WARS / Star Wars - O PERIGO DA RAINHA
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Star Wars - Queens Peril

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: Tara Phillips

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2020 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2021
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

STAR WARS - O PERIGO DA RAINHA É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

J93ek Johnston, Emily Kate


Star Wars - O Perigo da Rainha [recurso eletrônico] / Emily Kate Johnston ; traduzido por Red
Skull Mythosaur
448 p. : 3.0 MB.
Tradução de: Star Wars - Queens Peril
ISBN: 978-1-368-02563-8 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Mythosaur, Red Skull CF. II. Título.
2020-274 CDD 813.0876
CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3
tradutoresdoswhills.wordpress.com
Obrigada, como sempre, a Josh, que ligou dez minutos depois de eu ter
enviado um e-mail para ele, em uma manhã fria de dezembro de 2014: “Ei,
você acha que poderíamos escrever um livro de Star Wars?” Tinha um título
e, hum, um enredo diferente na época, mas o coração era o mesmo, e Josh
me ajudou a ver além disso.
Jen Heddle continua extraordinária, caso alguém esteja contando os
pontos. Obrigada por sempre me deixar correr riscos e por se certificar de
que vou manter o equilíbrio. E para aquela cena em que garantimos que
alguém teria que adicionar uma página de menstruação à Wookieepedia. O
que mais?
Grupo de História da Lucasfilm continua sendo algumas das minhas
pessoas favoritas, mesmo se eu não fizer perguntas específicas o suficiente,
resultando em Leland me dando o nome de oito planetas (o que eu pedi) e
então o Pablo me dizendo que existem na verdade VÁRIAS DEZENAS DE
PLANETAS. As anotações de Matt sempre me fazem rir. Emily,
provavelmente direi a muitas pessoas que estava certa sobre os pilotos,
então sinta-se à vontade para lembrar a todos que literalmente não consigo
me lembrar de como qualquer uma das naves é chamada.
Leigh e Tara, vocês tornaram as minhas palavras lindas (de novo!) E
estou muito, muito satisfeita com todo o pacote. Aqui está para muitos,
muitos vestidos.
Michael Siglain, Lyssa Hurvitz, Dina Sherman e o restante da equipe
Space Mouse, obrigado por divulgar a mensagem. Aos meus colegas
escritores de Star Wars: é um prazer, como sempre, compartilhar esta
galáxia com vocês e pegar emprestado coisas legais. Eu não acabei com o
Panás. Isso foi a Claudia.
Emma, como sempre, eu acho que sou sensível à Força.
Davis, você gostou de A Ameaça Fantasma e eu dei um suspiro de
alívio. Eu te amo muito. Seu entusiasmo por Star Wars aumenta a minha
alegria sempre que penso nisso.
E, finalmente, obrigado a Dot, que trocou o nome de My Chemical
Romance, de brincadeira, exatamente no momento certo da minha vida. Foi
o destino, eu acho.
O Perigo da Rainha foi iniciado na cabeça da autora em 1999, mas só
foi escrito em setembro de 2019 em uma névoa de Mindhunter e My Little
Pony, e editado de forma bastante voraz em toda a América do Norte.
E. K. Johnston é a autora de Star Wars: A Sombra da Rainha; Star
Wars: Ahsoka; The Afterward; That Inevitable Victorian Thing; e Exit,
Pursued by a Bear. Ela teve vários empregos e uma vocação antes de se
tornar uma escritora publicada. Se ela aprendeu alguma coisa, é que às
vezes as coisas ficam estranhas e não há muito que você possa fazer a
respeito. Bem, isso e como forçar a fanfic estranha porque é sobre um casal
de quem ela gosta.
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
(Movie Storybook)
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro
Conde Dookan no roteiro original da emocionante produção
de áudio de Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno.
Líder dos Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado
no escuro. Mas quem era ele antes de se tornar a mão
direita dos Sith? Quando Dookan corteja uma nova aprendiz,
a verdade oculta do passado do Lorde Sith começa a
aparecer. A vida de Dookan começou como um privilégio,
nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade de
sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são
reconhecidas, e ele é levado de sua casa para ser treinado
nos caminhos da Força pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto
ele afia seu poder, Dookan sobe na hierarquia, fazendo
amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando um Padawan, o
promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida que ele
levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que
ela empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias
antigas dos Sith, em preparação para o eventual retorno dos
inimigos mais mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso
entre o mundo dos Jedi, as responsabilidades antigas de
sua casa perdida e o poder sedutor das relíquias, Dookan
luta para permanecer na luz, mesmo quando começa a cair
na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão-almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia.Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modeloado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda.Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império.E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo
momento. Determinado a erradicar os que estão por trás do caos,
Jacen segue uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro
sombrio com as mais chocantes revelações… enquanto Luke se
depara com algo ainda mais preocupante: visões de sonho de uma
figura sombria cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de
Darth Vader, um inimigo letal que ataca como um espírito sombrio
em uma missão de destruição. Um agente do mal que, se as visões
de Luke acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a
toda a galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, — a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera.

Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu legado


extremista, determinados a frustrar o Império, — não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave. tativa de vencer a guerra. Como membro do projeto secreto
da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic está
determinado a desenvolver uma super arma antes que os inimigos
da República possam. E um velho amigo de Krennic, o brilhante
cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa focada na
energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus inimigos,
tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico. Mas
depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua filha Jyn,
de sequestradores separatistas, a família Erso está profundamente
em dívida com Krennic. Krennic então oferece a Galen uma
oportunidade extraordinária: continuar seus estudos científicos com
todos os recursos totalmente à sua disposição. Enquanto Galen e
Lyra acreditam que sua pesquisa energética será usada puramente
de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos que finalmente
tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos no aperto cada
vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam desembaraçar a
teia de decepção de Krennic para salvar a si mesmos e à própria
galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República! Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia …

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira
Jedi com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade
parece muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.” Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes.Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. A sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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