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Já imaginaste se debaixo dos teus pés

existissem criaturas bisonhas e místicas,


mas amigáveis? Bem, se sim, este é o
livro ideal. Nele irás perceber melhor quem
foram os troblins e acompanhar a jornada
de um herói troblin que descobrirá os
segredos mais obscuros do seu povo,
enquanto lida com várias crises. Ao seu
lado terá uma humana que o acompanhará
na sua aventura tão bizarra. Entre
dimensões e perigos vais te envolver neste
drama e ajudar o bem, ou sucumbir ao
mal? A única coisa que tens de fazer é
abrir o livro e virar a página.
Para a minha Madrinha
Num país europeu, numa manhã de
primavera onde as árvores se voltam a
vestir com um lindo manto verde, os
pássaros entoam uma bonita melodia e o
sol aparece lentamente, fazendo o céu
iluminar-se de cores e anunciando um
novo dia, uma cidade peculiar vai
acordando. Cidade essa que apesar de ser
um pouco desconhecida, não deixa de ser
interessante, pois bem no seu centro
apresenta uma grande racha de
comprimento gigantesco e de
profundidade desconhecida. Nunca
ninguém se atreveu a explorar ou a
explicar tão imenso local, tendo também
os nativos dessa cidade um provérbio
curioso:
“As chances de alguém lá entrar são as
chances de o mundo finalmente conhecer
a paz”.
Não deixou de ser por isso que a cidade
não evoluiu, tendo hospitais, escolas,
edifícios e prédios ao seu redor. Os seus
habitantes, apesar de nunca terem
descoberto o que se encontra no buraco,
foram os mais nobres e corajosos
aventureiros, tendo dado muitas
contribuições importantes para o mundo.
Circulam muitas teorias sobre o que lá
habita, muitos até creem que seja um
portal para outro mundo, mas a verdade é
que ninguém pode realmente afirmar que
sabe a verdade. Mas na realidade, caro
leitor, posso eu dizer o que lá existe.
Apesar de todas essas teorias que
circulam, nenhuma delas chega perto da
verdade, pois na realidade aquele sítio
bizarro é o lar de criaturas tão bisonhas
como o próprio local. Consegui obter a
informação, de que são criaturas de em
média dois metros e meio, umas muitas
peludas, outras com escamas e outras que
nem se sabe o que são! Apesar de talvez
parecerem criaturas recentes, são na
verdade tão antigas quanto a própria
criação da terra! Estabeleceram-se no
solo, pelo que nunca viram a luz do dia,
nunca sentiram o cheiro da primavera e
nunca vislumbraram o doce mar.
Evoluíram, mas continuaram a nunca sair
do solo. Apenas uma dessas criaturas teve
a audácia de ter essa ideia, mas não por
sua vontade…. Por isso a história que hoje
te irei contar fala precisamente dessa
relação, e assim os troblins irão, não por
bons caminhos, finalmente sentir a brisa
que habita na superfície.
Numa manhã onde se sentia um ar
ligeiramente diferente, uma jovem muito
atarefada vai, de bicicleta, para o seu
trabalho num snack-bar. Ela andava com
uma pressa muito grande, visto que estava
mais uma vez atrasada, porém desta vez o
problema era maior, já que o seu chefe a
havia avisado de que, caso ela se voltasse
a atrasar, iria ser de imediato despedida.
Chegou ao local e viu o seu chefe à sua
frente com uma cara de deceção profunda:
- Estás atrasada…
- Peço desculpa chefe, não foi intencional,
prometo que esta vai ser a última vez!
- Dizes sempre isso…
- Sim, mas desta…
- Sabes…, não preciso das tuas
desculpas…, mas preciso de saber o que
passa contigo para te poder ajudar! São
cada vez mais desculpas e mais atrasos,
mas afinal o que se passa contigo, Chloe?
- A verdade, chefe, é que nem eu própria
já sei…, mas por favor…
- Sendo assim não te posso ajudar…, tens
de perceber daquilo que te atormenta,
posso ser muito bondoso por vezes, mas
tenho um negócio para gerir, por isso
estás despedida… Se precisares de
alguma coisa avisa-me.
- Pode voltar a contratar-me?
- Bem…, nem tudo! Vemo-nos por aí,
Chloe! Até um dia.
Ela saiu do snack-bar, devastada e
acabada, era o quarto emprego que
perdia. A verdade é que ela não gostava
daquela vida de empregos, pois nunca
soubera, de facto, o que queria ser….
Nesse dia, voltou a casa, desolada, pegou
num copo de vinho, sentou-se no sofá e
bebeu. Pensava em várias coisas, a mais
importante era no que a sua vida se havia
tornado. Estava disposta a desafiar o
impossível para conseguir algum dinheiro,
dentre eles até explorar a racha, criando
uma tecnologia possível de lá entrar, visto
que mesmo com a tecnologia mais atual,
toda elas perdiam a ligação com a
superfície quando chegavam a uma certa
altura. Esse pensamento fê-la pular de
alegria, visto que sempre havia sido boa
com tecnologias, chegando até a ter ganho
todos os concursos que a sua escola tinha
criado (que foram por volta de seis). Para
além do mais, ela tinha participado numa
visita de estudo, paga pela sua escola,
onde aprendera a construir tecnologia de
alto nível. Levantou-se sentindo algo que
há muito tempo não sentia, por isso foi
para a cave do seu apartamento, onde
tinha todas as tecnologias ao seu alcance.
Sentou-se na sua cadeira e foi
experimentando várias tecnologias que se
adaptassem a um cenário 3d que ela criou,
com uma ambientação do que
provavelmente poderia existir dentro da
racha, numa caixa. Em função disso,
colocou um quadro de cortiça com
algumas imagens e desenhos interligados
com fios de lã sobre as várias hipóteses do
que poderia lá estar. Tentou inúmeros
códigos e inúmeras proteções, mas
praticamente todos lá perdiam o sinal. Já
lhe restava pouco material, por isso
apenas conseguia produzir mais dois
robôs. Pensara muito, pois se cometesse
algum erro ia-lhe sair caro. Por isso, voltou
ao quadro de cortiça e pensou nas
respostas do porque é que os robôs lá
perdiam o sinal. Primeiro pensou no óbvio,
não havia ligação, porém sempre havia
algo a mais. Chegou a uma conclusão de
que se não fosse pelo sinal seria por algo
a abatê-lo. Existiam duas hipóteses dentro
dessa, ou o robô se desprendia das
paredes, ou alguém o abatia. Decidiu
arriscar nesta última, por isso programou o
seu robô para se preparar para ambientes
hostis, para saber algumas técnicas de
defesa e para se conseguir camuflar.
Demorou quatro dias, onde nesses, de
almoço apenas comia um pão com queijo,
mas assim o esforço e o sacrifício valeram
a pena! Agora chegava o momento da
verdade, precisava de colocar o robô
dentro da racha e de seguida mostrar aos
outros que era a primeira a conseguir
descobrir o que lá existia! Pegou na sua
bicicleta e saiu da cave. Nada podia
descrever a felicidade que sentia, por isso
ia quase voando com a bicicleta até à
racha. No entanto esqueceu-se da sua
câmara no seu apartamento. Tinha muito
tempo, mas ainda ia com alguma pressa.
Chegou a casa e pegou na câmara que
estava em cima do sofá, porém quando
estava prestes a sair de casa, de súbito
sentiu um tremor de terra gigantesco.
Protegeu-se indo de imediato para de
baixo da mesa da cozinha. Tudo agitava
com muita força, porém nada se
desmoronava. Por isso ela conseguiu ir
para a janela e viu algo sobrenatural.
Estava uma luz verde muita intensa a sair
da racha e dentro dessa luz estavam
dezenas de criaturas bizarras debaixo de
um com uma capa e com uma coroa de
louros que começou a falar:
- Não sei se me conseguem perceber,
mas de acordo com os vossos
pensamentos que acabei de ler, parece-
me que sim. Olá, gente de Cliff city!
Espero que a nossa visita não vos
incomode muito, até porque a nossa
estadia é definitiva! Há muito que observo
a ideia de dominar a superfície, porém
nunca tive as armas e os troblins certos
para fazer este trabalho. No entanto,
consegui finalmente isso e, sinceramente,
esperava uma receção mais calorenta…!
Aplaudam agora o vosso novo soberano,
pois se não o fizerem, eu e o meu exército
temos uma estratégia para aqueles que
saem do meu caminho.
Ela estava aterrorizada. Nem os seus
diplomas de mérito que havia conquistado
no ensino secundário poderiam explicar o
que estava a acontecer. Lembrou-se da
sua mãe, que estava no hospital, devido a
uma grave doença que tinha contraído, por
isso pensou logo em ir ver como ela
estava. Saiu de casa e, com o rosto triste e
a sentir-se muito mal, correu, como se
fosse para o infinito. Apesar disso, a meio
da trajetória, percebeu que no hospital
existiam várias proteções, colaboradores e
seguranças. Por isso na verdade ela não
iria melhorar nada indo, desesperada, ver
a sua mãe. Assumiu esse sacrifício,
abrigando-se numa lavandaria do seu
lado, visto que os tremores ainda
continuavam, a criatura cada vez soava
mais aterrorizante e já começava a
dominar uma parte da cidade. Escondeu-
se no canto da lavandaria e sentou-se no
chão, chorando. Mais uma vez, a sua vida
parecia virada do avesso, o que era muito
estranho, pois sempre tivera uma boa vida,
porém nos últimos anos parecia perdida.
Apesar de sempre lhe terem dito que se
fosse inteligente seria alguém muito feliz e
importante no futuro. No entanto, agora,
ela apenas parecia mais uma pessoa
fracassada e com os sonhos destruídos.
Perguntou-se também, como é que a
magia, que sempre lhe fora descrita com
tanta felicidade, era agora a sua pior
inimiga. Continuou com estas
interrogações, porém ouviu um grunhido
do outro canto da lavandaria. Levantou-se,
lentamente, e indo muito devagar passou
pela mesa que estava à sua frente e viu…
uma daquelas criaturas.
Também ele parecia assustado, por isso
engolindo o choro, Chloe aproximou-se
dele, porém quando a distância era já
muito curta, a criatura virou-se para ela,
pelo que gritaram os dois de medo:
- Não me faças mal! – disse Chloe
- Porque é que eu é que te devia fazer
mal? – disse a criatura, que na verdade se
chamava Blob, também com medo
- Não são vocês que estão a tentar
dominar-nos?
- Bem…, sim, eles estão, mas eu não.
Consegui que não me encontrassem e
assim pude ficar aqui nesta espécie da
brardan (um tipo de taberna no mundo dos
troblins). Nunca fui muito bom nestas
coisas de guerra…, nem gosto delas, na
verdade! Só acho estúpido mesmo!
Sempre pensei que ia ver a superfície e ia
ter imensas… o que vocês são… a falar
connosco e assim dois povos iam-se unir.
No entanto, graças ao meu tio, que está lá
fora a dizimar tudo e todos, isso
provavelmente nunca irá acontecer. Ele
sempre disse que eu era só um fraco e
apesar dos meus esforços, a verdade é
que fui, mesmo, sempre um fraco…
- ELE É TEU TIO? – Perguntou a Chloe,
espantada
- Não propriamente, sim ele é irmão do
meu pai, mas dos meus mil milhões de
anos só o vi umas três vezes, por isso,
nunca o vi como um familiar próximo, e
para além disso ele sempre foi um pouco
maluco. – De qualquer forma, ainda não
sei bem o que fazer para que isto pare,
mas a verdade é que sou mesmo um
fraco…
- Bem, também não sou propriamente a
pessoa mais corajosa daqui, mas acho
que ainda conseguimos fazer frente aquele
tirano.
- Sim! Ok, tive uma ideia, diz-se no
subterrâneo que existe algo que te leva
para falares com os deuses, e para isso
temos um mapa para conseguir descobrir
ou entrar nessa coisa.
- Deuses?
- Eu explico no caminho…
Prosseguiram lentamente, saindo da
lavandaria. Iam por caminhos, alguns
desconhecidos e outros pouco usados,
uns até perigosos, assim conseguindo
evitar qualquer soldado ou até o próprio tio
do blob. Chegaram a uma parte, mais ou
menos no centro, da racha:
- Ok, agora vamos saltar!
- ÉS MALUCO?! Nunca irei saltar para aí!
É morte na certa! O melhor é eu ir
emboraAAAAH – dizia ela sendo
interrompida pelo blob que a agarrou,
saltando com ela para o buraco
Chloe berrava muito alto, enquanto Blob
apenas caía já sabendo o que vinha a
seguir. O que acontecia, caros leitores, é
que na verdade, a uma certa altitude, um
pouco escaldante, existia um portal que
transportava qualquer um para o mundo
dos troblins, que fica exatamente no
núcleo da terra, e por isso, os troblins
colocaram um portal para evitar a longa
caminhada até à superfície (apesar de,
mesmo antes dos humanos, apenas lá
tinham ido uma vez). Então, foi isso que
aconteceu, os dois caíram no portal e
aterraram no mundo dos troblins! Chloe
abriu os olhos pela primeira vez desde que
caíra do portal e ficou espantada com a
imensidão e beleza daquele local. Existia
uma estátua no centro do reino e, á sua
volta existiam as casas feitas de madeira e
cobertas de vegetação, tabernas, prédios,
restaurantes voadores e muito mais. No
entanto, algo que se destacava eram
“minis sóis” por cima do reino, o que lhe
dava ainda mais beleza. Era algo tão
místico, mas tão bonito que a conseguiu
arrepiar:
- É lindo, não é?! Às vezes até me
esqueço de como este sítio é lindo, então
e vocês, também cuidam bem da
superfície? – disse Blob
- Pois…, olha o que é aquilo?
- A estátua do troblin no centro? Se for
isso, eu não sei propriamente bem a sua
história, mas diz-se que ele foi o primeiro
troblin a ferir um deus. É um bocadinho
ridículo, mas tenho de admitir que algo
fantástico.
Chloe fitou-o, franzindo a sobrancelha, no
entanto continuaram caminho. Blob ia
explicando-lhe o máximo que conseguia
de todas as bizarrices que existiam e ela
fingia que também existia na superfície,
tentando preservar um pouco do respeito
que blob tinha pela superfície. Chegando à
casa de Blob, entraram e Chloe, distraída,
até já se tendo esquecido do motivo
principal de estarem ali, ia tirando um livro
da estante, quando, de súbito o chão
começa a descer, como uma espécie de
elevador. Depois de algum tempo, o chão
parou e eles saíram num salão gigante
com pergaminhos, quadros, estátuas e
muito mais:
- Parece que descobriste o local mais
importante da nossa família! – disse Blob,
e continuou – O meu pai trouxe-me aqui
muitas vezes, não vou dizer que sentia um
que eu tinha de ter um cargo muito
importante, mas tinha um grande peso em
cima.
- Hm… família é algo complicado, então e
o que é aquilo ali a brilhar.
- Bem, aquilo é o último pergaminho que
te mostra o mapa de um sítio onde se fala
com os deuses. Então, já com eles, podes
pedir um desejo, segundo o que dizem
muitos boatos. Nunca me contaram porque
é que só há aquele, mas… espera, é isso!
Podemos ir falar com um desses deuses e
assim obrigamos a guerra a parar!
- Uau! Mas o que é temos de fazer para lá
chegar?
- Desafios…. Ah! Espero que tenhas uma
boa resistência ao calor, porque senão…
De súbito, ouviram-se passos. Blob e
Chloe esconderam-se e quando o invasor
se aproximara cada vez mais, Blob, com
muita coragem, saltou e começou a lutar
com o ele. Chloe, amedrontada, fechou os
olhos e abrigou-se, tentando que as feras
não a atingissem. No entanto,
aperceberam-se que o invasor era na
verdade, o pai de Blob:
- Espera… Pai? O que é que fazes aqui?!
- Filho?! Haha! Já dás uma boa luta ao teu
velhote! Esses braços andam fortes,
mas… quem é a tua amiga?
- Ah! Chloe este é o meu pai, Kujara,
também conhecido como o touro
subterrâneo, pai esta é a Chloe!
- És feita de carne? – disse o Kujara a
Chloe, assutada – Estava a gozar! Eu não
como humanos, prefiro carne de rayers
(que eram os monstros do subterrâneo
mais parecidos com humanos). De
qualquer forma o que fazem vocês aqui?
- Isso foi o que perguntei eu! – disse Blob
- Hmm… Na verdade, eu estou porque me
revoltei contra o teu tio. Ainda o consegui
aguentar um pouco, mas desde que ele
colocou aquela coroa, nunca mais foi
possível de derrotar. Por isso ele ia-me
mandar para o sol, mas fui capaz de sair
dali e ir para cá.
- Espera… ele é teu irmão e ia-te mandar
para o SOL?!
- Ele nem sempre foi assim…. Até já
fomos os melhores amigos, mas parece
que o tempo só nos trouxe desgraças. De
qualquer forma, qual a vossa história?
- É parecido, a diferença é que estávamos
numa lavandaria.
- O que é isso? Um ringue de luta?
- Não, mas quando só há uma máquina
de lavar para várias pessoas até fica pior.
Mas pronto, nós íamos agora à procura do
acesso aos deuses com este mapa. Quer
vir também?
- Hmm… mais exercício! Os meus tríceps
vão ficar incríveis, por isso, é claro que
sim!
Saíram, com um pressentimento de que
uma grande revolução iria começar e
possivelmente uma guerra sangrenta e
duradora, por isso já fora de casa e nas
ruas do subterrâneo analisavam o mapa.
O Kujara dizia que se devia ir pela direita,
já o Blob dizia que era pela esquerda. No
entanto, Chloe apenas observava, pois
não conhecia a letra troblin. Assim, eles
rasgaram o mapa, visto que ambos o
puxavam com grande força. Estavam
prestes a começar uma grande discussão,
porém nesse momento a grande estátua
do troblin primordial deslocou-se e debaixo
dela viram-se umas escadas. Confusos,
foram para lá. Descendendo as escadas o
calor cada vez era mais intenso, estavam
a ir para as profundezas da terra.
Continuaram e viram algo ao fundo do
túnel onde se encontravam. O calor não
dava tréguas, pelo que sempre aumentava
mais. Blob queria desistir, pois já nem a
sua estrutura interna aguentava, porém
Kujara pedia para continuar. Quando, de
repente, já perto do fim, Chloe cai para o
chão, desmaiada. Vendo isso, Blob
levantou-a e levou-a com o seu pai.
Finalmente chegaram aquilo que parecia
ser uma luz branca e assim viram-se, de
súbito, num tipo de caverna gigante
revestido com musgo e com alguns lagos.
Á sua frente estava um botão, que eram
antecedidos de uma grande porta:
- Como é que chegámos aqui?
- O que aconteceu era que aquele túnel
era uma preparação e uma entrada para
os desafios que que nos irão aparecer e
apenas os mais corajosos conseguiam
passar. Como viste, a tua amiga não está
propriamente pronta para isto. – disse
Kujara, quando Chloe, finalmente, acorda.
De seguida, Blob questionou o pai pelo
que deveriam fazer nessa fase, pelo que
este lhe respondeu que a partir daquele
momento pouco poderia dizer, visto que
ele tinha participado na escolha dos
desafios. Assim, a única solução parecia
carregar no botão, por isso eles fizeram-
no. Subitamente, apareceram os
caranguejos das profundezas, que eram
tais como os da superfície, mas revestidos
de musgo e com um desejo assassino.
Esses, cercaram Chloe e Blob, já que
Kujara apenas descansava no canto do
recinto onde estavam. Pelos seus códigos
morais, eles não apreciavam as lutas, por
isso pouco sabiam sobre o que haveriam
de fazer. Por isso, apenas fugiram para os
lados tentando, ao máximo, evitar os
caranguejos. Esses perseguiam mais
intensamente Chloe que já cercada no
canto onde se também encontrava Kujara,
sem nada que fazer e tentando preservar a
vida tentou saltar por cima deles. No
entanto, os caranguejos formaram uma
parede no momento do salto de Chloe, por
isso ele caiu contra a parede e… ela
atravessou a parede encontrando uma
pequena sala. Seguindo o instinto, Blob
também saltou em direção da parede. Já
na sala encontraram, uma mesa onde
tinha vários dispositivos, porém um deles
chamou-lhes a atenção, visto que tinha
uma instrução que era um raio de
teletransporte. Por isso, saíram da sala,
atravessando a parede e assim
aniquilaram os caranguejos e mandaram-
nos para a superfície, na esperança de
que estes conseguissem enfrentar o
exército do tio maligno de Blob:
- Não era o que eu esperava, apesar de
ter servido. Porém, nem sempre existirão
salas que terão algumas engenhocas que
vos auxiliarão no combate, têm de usar os
vossos próprios meios.
Blob fitou o pai, não concordara com
aquilo que ele dizia, porém estava a falar
do troblin que era considerado o deus da
luta. Prosseguiram em direção ao próximo
desafio, entrando pela porta, que se abriu
quando terminaram de expulsar os
caranguejos. No seguinte desafio, estavam
num salão gigante, vazio. Não
encontravam um desafio possível de
enfrentar, apenas não existia nada.
Subitamente, um espírito aparece, este
que dizia que era um dos conselheiros dos
deuses e assim, recomendou-lhes que
imaginassem os seus maiores sonhos. O
de Chloe era que a sua mãe finalmente
saísse do hospital, o de Blob era que
aquela guerra terminasse, já o de Kujara
era enfrentar trinta ursos armados. Desta
forma, aquilo que eles haviam imaginado
tornara-se realidade e, cada um deles
estava a presenciar a concretização do
seu sonho atual. Para cada um deles tudo
corria perfeitamente principalmente com
Kujara que até lutava de olhos fechados,
porém depois de alguns momentos os
sonhos começaram-se a tornar pesadelos.
Com Chloe que via a mãe a sair do
hospital foi cercada por javalis, com Blob
que estava a assinar um tratado de paz
com o tio viu este ser rasgado na sua
frente, enquanto Kujara ficou preso em
correntes estando prestes a ser atacado
pelos ursos. Todos (sim, incrivelmente,
Kujara também) gritavam de medo e assim
ainda sofreram com alguns segundos do
pesadelo, porém a simulação acabou logo
de seguida. Estavam de novo a
contemplar aquela sala sem alma, mas
que depois de algum tempo se tornou uma
arena de batalha pós-apocalíptica
iluminada por um céu vermelho, de grande
dimensão, com os espectadores sendo
uma espécie de zumbis troblins e com um
cheiro forte a picante. No entanto, quando
a simulação tinha já carregado
apareceram os vilões dos seus pesadelos:
javalis, o tio do Blob e ursos armados.
Estes estavam no mesmo local, ambos
com o objetivo de matar os três. Assim,
atacaram-nos de frente, porém Kujara
aguentou-os a todos usando um escudo
que havia sido implantado na sua pele há
muitos milhões de anos antes. Ele
segurava-os o quanto podia, mas a força
não chegava, por isso Blob e Chloe
tentaram segurar o escudo também.
Tinham garra, tinham ambição, mas
apesar disso, não chegava para conter os
pesadelos. Assim sendo, esses destruíram
o escudo e fraturam um osso de Kujara,
que usando o seu último truque tirou dos
bolsos uma esfera que quando bateu no
chão criou um portal, onde caíram todos.
Estavam no mulcitroblin, o universo dos
troblins, onde existiam portas para outras
realidades e inclusive era onde, os troblins
mais importantes de todos, emigravam
para puder descansar, já que eram
imortais. Imediatamente, os pesadelos
desvaneceram, pois não eram troblins e
não podiam estar ali (no caso do tio de
Blob era, devido ao facto do sistema que
analisava quem ali entrava não o
considerar como troblin, mas sim como o
puro mal). Aconteceu o mesmo a Chloe,
porém uma criatura fantasma de capuz
tocou-lhe na testa e assim, ela voltou ao
normal e já conseguia respirar o ar que ali
existia:
- Onde é que estamos?
- No mulcitroblin, já te contei muitas
histórias sobre este sítio, mas agora pude
finalmente levar-te a ele. Não da forma
que esperava, mas sim estás finalmente
aqui.
- Mas, como é que vamos voltar para falar
com os deuses?!
- Estou a ficar desiludido contigo, existe
aqui algo que nos leva ao salão onde está
o pergaminho dos deuses.
- Quantas cervejas é que eu bebi ontem?
– interrogou-se Chloe já não conseguindo
identificar o que era real e o que não era
- Não sei, mas quem é esta cidadã que
salvou a Chloe?
- Sou aquela que criou o espaço.
- Espera…, já sei quem és! Filho e amiga
do meu filho, esta é criadora deste
universo, conhecida por ser denominada
de “a irmã dos deuses”, por tudo o que ela
já fez.
- Exatamente, e se o meu cérebro não me
falha, pareceu-me ter ouvido que queriam
falar com os deuses! Se quereis mesmo
falar com meus irmãos tereis de descobrir
a localização do anfiteatro das divindades.
Ah! Levem também esta pedra.
- Espera…, tu ouves com o cérebro? Já
agora a pedra é para quê?
- Não só ouço com ele, como também
vejo, se quiseres até lhe ensino como
fazer isso.
- Dispenso, mas e a pedra é para quê?
- Isso terão de descobrir sozinhos. Porém
ativem-na apenas quando for necessário.
Assim, eles partiram em busca do
desconhecido. Tentaram andar pelo bairro
daquele universo onde habitavam troblins
muito importantes e alguns também com
ligações poderosas com os deuses. Kujara
sugeriu que visitassem o seu antigo
general de guerra, que vivia a uns
quarteirões à sua frente. Chegaram a casa
do general que tinha por nome: Ulysses.
Então, bateram à porta e ele apareceu.
Kujara eufórico em o ver outra vez tentou
fazer o cumprimento que eles tinham
quando ele ainda estava na terra, porém
algo estranho aconteceu. O general já não
se lembrava de como era. Podia ser
amnésia talvez? Não podia ser, já que, os
troblins nunca se esqueciam de nada. No
final, acabaram apenas por se abraçar
depois daquele momento constrangedor.
Chloe perguntou se ele sabia onde ficava
o anfiteatro das divindades:
- Sim, sim… Eu sei muito onde fica –
disse ele tossindo e rindo – Têm aqui as
coordenadas do local. Boa sorte… meus…
escudeiros!
Então com as coordenadas os três foram
indo:
- Estranho… Ele nunca soube muita coisa
de tecnologia, e aqui também ninguém
sabe muito… - disse Kujara
- Bem, nunca é tarde demais para se
aprender coisas novas. – afirmou Blob
- Hmm… duvido.
Mal sabiam eles que tudo não passava de
uma emboscada…. No entanto, foram,
ainda que com dúvidas, para as
coordenadas. Passaram por lugares
extraordinários, como pelo rio Ianek, que
tinha uma água incrivelmente azul e que
brilhava em todas as estações e para além
do mais, podia-se respirar nele! Saíram da
parte mais habitada dali e viram uma
montanha imensamente alta, que, quase
rasgava o céu. Passaram através de uns
trilhos que existiam para os viajantes não
terem de subir a montanha. De seguida, já
perto das coordenadas indicadas
chegaram a um deserto, porém
curiosamente este estava cheio de oásis!
Caminharam mais alguns metros e viram
uma arena muito grande. O aparelho que o
general tinha dado começou a soar um
som dizendo que tinham chegado ao local
indicado:
- Não pode, porque é que ele haveria de
nos mandar para uma arena? – perguntou
Chloe
- Eu disse que ele estava diferente. Mas
de qualquer forma sempre consigo um
pouco de diversão aqui. – disse Kujara
sorrindo
- Sim, mas… isso não nos leva a lado
nenhum! – opôs-se Chloe
Vamos lá pessoal – começou a discursar
Blob – A Chloe tem razão entrar nesta
arena não nos leva a sítio nenhum, mas é
a única coisa que podemos fazer, já que
iremos perder muito tempo a voltar para
trás.
Por isso entraram na arena. Viram um
guarda e perguntaram o que fazer, pelo
que ele disse, aborrecido, que bastava
irem para a direita onde iam encontrar a
fila para o combate. Equiparam Chloe já
que ela não tinha tanta resistência por não
ser uma troblin. Entraram na fila e um
troblin à frente disse:
Também estão empolgados por esta
batalha? Eu sinto mesmo que desta vez
tenha chances.
Então ele entrou pela porta para a batalha
e alguns segundos depois voltou de maca
levado por dois enfermeiros muito dorido:
- Tem certeza de que temos de fazer isto?
- Sim, vamos com tudo!
Entraram e viram na arena muitos troblins
na plateia, porém o destaque era o dragão
vermelho com olhos esverdeados que
estava na sua frente, este que teria
facilmente mais de 20 metros. Ao seu lado
estavam alguns capangas do tio malvado:
- Preparam-se para sentir o medo nas
vossas veias – disse um deles
- Oh não… - disse Blob, suspirando
Blob e Chloe ficaram encarregues dos
capangas enquanto Kujara estava prestes
a ter a maior luta da sua vida com o
dragão. Não estava fácil para Chloe e blob
que eram permanentemente atacados
pelos capangas, enquanto Kujara lutava
ferozmente ganhado ao dragão que pouco
conseguia fazer para retribuir os socos que
recebia. No entanto, quando Kujara deu
um salto muito alto, com o punho formado
para dar um soco à cara do dragão, mas
desequilibrou-se e aproveitando essa
deixa, o dragão socou-o mandando contra
a parede:
- Uau! Vocês lutam bem! Mas com lutar
bem eu quero dizer que o Kujara luta bem,
por isso, vamos melhorar a diversão. –
disse a bruxa que tinha aparecido quando
entraram no mulcitroblin
Assim ela estalou os dedos e Kujara
desapareceu:
- Espera, o quê?!
- AJUDA!!! – gritou Chloe
De súbito a bruxa invocou um holograma
com a imagem de Nero:
- Não entendem? Estou sempre um passo
à frente. Vocês são a presa e eu o
caçador…, e agora todo o mulcitroblin está
na minha mão. Juntem-se a mim e talvez
até vos deixe governar comigo, quem
sabe?
- Nunca! – disse Blob
- Estás maluco? Nós vamos morrer!
- Mas não vamos ajudá-lo nunca tu sabes!
- Vocês são engraçados a discutir, eu
deixo vos entenderem-se na minha base…
A mando de Nero o dragão soltou uma
bola de fogo, mas com salto energético e
vindo da multidão que assistia a batalha,
um troblin feito de gosma colocou-se à
frente com um escudo e protegeu Blob e
Chloe:
- Vocês são corajosos, mas temos de ir.
Assim, ele atirou o escudo ao dragão que
caiu bruscamente. A bruxa ainda tentou
pará-los, mas não conseguiu:
- Então e agora? – disse o troblin
- Temos de ir buscar o meu pai!
- Ok, pedido anotado.
O troblin pulou mais uma vez com a sua
energia incomparável, e pegou no braço
da bruxa mandando primeiro Chloe e
depois Blob para o local onde devia estar
Kujara. Claro ele foi o último a juntar-se a
eles. Deste modo, ele encontrou-os num
sítio completamente escuro, mas que
iluminava os seres que lá estavam:
- Uau! Como é que fizeste tudo aquilo?
Aliás, quem és tu?
- Bem, eu sou o Freud, o troblin que se
perdeu…, mas de qualquer forma, eu vi
que estavam em apuros por isso vim
ajudar-vos, já estava parado há tanto
tempo que até soube bem levantar-me um
pouco.
- És mesmo incrível, mas agora onde está
o Kujara?
- Procuram alguma coisa?! – disse um ser
com forma de hexágono surgindo nas suas
costas de maneira amedrontadora
Ele começou a disparar raios vermelhos
contra eles e assim perceberam que
estavam na dimensão errada:
- Quem és tu?
- Hahaha! Eu sou o ser mais supremo de
todo o multiverso, mas um troblin prendeu-
me nesta dimensão. Disse-me que só
poderia sair se alguém me mandasse de
volta. Jurei encontrá-lo e destruí-lo, mas o
covarde nunca voltou!
- Aqui estou, Brad!
- O QUÊ?!
- Faz a tua magia! – disse-lhe Blob
Mais uma vez, com um salto e pegando
no braço do monstro, Freud, abriu um
portal desta vez com a dimensão correta.
Por isso entraram todos no portal,
deixando o monstro para trás que ainda
pôde proferir umas últimas palavras:
- Vá lá! Volta! Eu paro de destruir
universos! Não me deixes aq…!
Assim, na dimensão correta Blob disse:
- Como é que capturaste aquele
monstro?!
- Se sobrevivermos eu depois digo.
Aquela dimensão era um tanto quanto
peculiar, já que era simplesmente uma
prisão, da qual ninguém conseguira
escapar. Chama-se A dimensão do tempo
fraturado, onde o tempo não se sucede de
maneira linear e consistente, mas sim de
forma fractal, ou seja, a pessoa vê
momentos passados, presentes e futuros a
ocorrer simultaneamente de uma maneira
confusa. Existiam vários fragmentos de
vidro onde estavam troblins e inclusive
Kujara. No entanto, Blob teve uma
memória e assim entrou num fragmento.
Chloe e Freud tentaram não pensar em
nada, para também não lhes acontecer o
mesmo:
- Como é que vos vamos tirar daqui? –
perguntou Chloe
- Posso simplesmente destruir os
fragmentos?
- Não, precisamos de um plano melhor…
- Olha Blob! A tua mãe apareceu aqui!
- Mas… pai…, prometeste que nunca
mais ias falar desse assunto comigo.
Se havia algo que irritava Kujara era
quebrar uma promessa, ainda mais com
aquele peso emocional, por isso com a
força bruta que só ele possuía destruiu as
paredes do fragmento. Assim,
desencadearam-se várias reações em
cadeia, já que o resto dos fragmentos
destruiu-se automaticamente:
- Pai, estás bem?
- Chama-me Kujara só.
Surgiu o verdadeiro general muito amigo
dele:
- Então ossos partidos? Já não te vejo há
milénios. Como estás?
- Sempre a tentar melhorar, general!
Agora sim, finalmente cumprimentaram-se
como Kujara desejava ter feito antes:
- Muito bem, então vocês precisam de
ajuda, correto?
- Sim, o mulcitroblin foi tomado pelo Nero!
- Quem é o Nero mesmo?
- Aquele que era amigo do que assaltou
um banco com um barril.
- Ah. A sério?! Sempre pensei que
terminasse exilado. Mas ok, nós vamos
para a arena e terminamos o serviço, por
isso assim que chegarmos vocês ponham-
se a andar!
O general criou uma esfera de energia e
jogou-a para cima destruindo aquela
dimensão. Apareceram no mulcitroblin e
começou uma pequena batalha que, no
caso, tinha muitos troblins envolvidos.
Contudo evitando os avisos do general, os
três ajudaram na luta, o que fez com que
um troblin inimigo tentasse acertar uma
flecha neles, que foram salvos pelo Freud
que cortou a flecha:
- Vão embora! Nós aguentamo-los!!!
Assim, finalmente obedeceram às regras
e foram embora, mas quando estavam já
longe da luta e apenas viam poeira, uma
criatura peluda de 5 metros apanhou-os e
fê-los desmaiar. Uns capangas surgiram e
levaram-nos para um local secreto.
Depois de muito tempo, eles acordaram
em cadeiras amarrados por cordas, numa
sala escura e onde na sua frente existia
uma janela muito grande onde estavam a
olhar para eles. Kujara soltou-se
facilmente usando a sua força bruta e
assim ajudando os outros a escapar.
Saíram pela porta daquela sala e foram a
correr tentando encontrar a saída daquele
local. Antes de ir embora encontraram um
mapa com um sítio assinalado dizendo
que era ali o anfiteatro. Não existia
nenhuma alma naquele local o que era,
deveras, muito estranho. Já fora daquele
local eles não tinham muito por onde ir, já
na sua frente apenas existia uma
imensidão de mar e atrás não havia nada:
- O que é que fazemos agora?! –
perguntou Blob
- A nossa única chance só pode ser ir pelo
mar. Olhem existe ali um barco e segundo
o que este mapa diz, o anfiteatro é perto
do mar.
Foram pelo barco e deixaram Chloe a
cargo da pilotagem do barco. No entanto,
ela já muito exausta devido ao facto de
não comer nem beber há muito tempo,
caiu no chão. Assim, o barco desviou-se e
entrou no caminho de um grande tsunami
que se aproximava, já que o exército do tio
malvado tinha colocado no mar um
aparelho que causava ondas gigantes.
Blob ainda tentou virar o barco, porém não
conseguiu evitar um desastre. Assim foram
apanhados pela onda…
Enquanto isso, em Cliff City, Nero
espalhava o terror. Tinha incendiado vários
locais, tinha já testado algumas bombas
em edifícios e tinha humanos e troblins a
seu dispor. Este encontrava-se na câmara
municipal da cidade a preparar os
próximos passos do seu plano:
- Ah… Chefe… peço… des-desculpa pela
pergunta, mas porque é que está a fazer
isto tudo?
- Bem…, se queres saber mesmo já nem
eu sei bem o motivo, mas o geral é a
vingança.
- Mas de quê?
- Vês esta coroa na minha cabeça?
Quando a encontrei todos disserem que eu
tinha ficado diferente e que não estava
normal. Sabiam da origem amaldiçoada
dela, mas nunca lhes dei ouvidos. Por
isso, tive uma grande discussão com o
meu irmão. As coisas estavam cada vez
mais intensas, até que ele se virou para
mim e expulsou-me de casa. Fui para o
lado negro do reino, onde apenas habitam
troblins esquecidos e sem rumo. Foi difícil
adaptar-me, no entanto encontrei alguém
que partilhava os mesmos pensamentos
que eu. Tornámo-nos amigos e tínhamos
um projeto de trazer a paz. Um dia, ele
decidiu assaltar um banco, para financiar o
nosso projeto, mas o Kujara apanhou-o e
enviou-o para a dimensão dos presos,
onde os troblins apodrecem. Eu voltei
mesmo quando o vi a fazer isso. Fitei-o
mesmo nesse momento e era como se ele
estivesse com uma chama ardente a
iluminar os olhos. Nunca o perdoei.
Refugiei-me na casa do meu pai.
Aperfeiçoei a minha magia e… agora
domino o mundo. Chamaram-me de louco,
mas mesmo antes disso, já existia muita
gente que nunca gostou de mim.
De súbito um troblin muito apressado e
armado aparece:
- Nero! Não sei se te lembras de mim,
mas eu era dos teus melhores amigos!
Deves pensar que nunca gostaram de ti,
mas é mentira! Essa coroa está a
envenenar-te! Fui ao mulcitroblin e
encontrei o teu pai, por isso trouxe-te esta
mensagem…
- Ah sim?! E queres que eu pare com o
meu plano que foi orquestrado ao
milímetro apenas porque um idiota
qualquer me diz uma coisa sentimental?
Não… já tive o meu tempo de ser fraco.
Mas… tu tens uma coisa na cara.
- O quê?
- Deixa-me tirar! – disse Nero dando um
soco ao troblin – Levem-no, nem sequer
serve para o meu exército.
Os guardas dele levaram, então, o
desconhecido para a racha. Assim, Nero
voltou a virar-se para a sua janela, olhando
para a cidade:
- Vês? Todos me querem derrubar…,
apenas porque tenho algo que me difere,
mas sabes, o que mais reflito disto tudo, é
que mesmo que não tivesse a coroa, iam-
me continuar a ignorar… Por isso…
redobra a segurança daqui. Devo admitir
Cliff City é engraçada, mas o que vai ser
mesmo divertido… é o resto do mundo.
- Ok, mas… e se o senhor estiver errado?
- Nem sei bem, no entanto, apesar de não
me recordar muito bem do meu pai, ele
dizia algo engraçado: ou se morre como
herói ou se vive o suficiente para se tornar
um vilão. Agora, desaparece-me daqui e
faz o que te mandei.
- Sim chefe! – disse o guarda superior –
Espero que um dia encontre a luz… -
continuou ele depois, sussurrando
Nero foi para fora da câmara andando pela
cidade, até chegar a certo ponto onde
ergueu da terra um penhasco gigantesco,
que criou de repente para poder examinar
a cidade:
- Giro! Adoro este aroma. Prepara-te
coroazinha, vamos espalhar a justiça pelo
mundo…. Quero enganar quem? O mundo
fez de mim um vilão, então vou retribuir-
lhes o favor.
De volta aos nossos três restauradores da
paz, mais uma vez estavam inconscientes,
porém pararam todos numa ilha. Kujara e
Blob acordaram depois de algum tempo,
porém para Chloe a história era diferente.
Ela estava desidratada e estava mesmo
perto da morte. Kujara tinha experiência
em fazer algumas poções e até sabia
várias coisas acerca da magia. Por isso
pegou num pouco de areia e proferiu
alguns encantamentos até a areia se
tronar verde. Assim ele deu a Chloe que
rapidamente voltou a acordar:
- Estás melhor?
- Sim…, mas… o que é se passou?
- Fomos envolvidos por um tsunami, e
paramos nesta ilha. Eu dei-te areia
encantada o que te permite não ter fome
nem sentir muita dor nos próximos dias,
para além de te ter acordado.
Eles levantaram-se e olhando para o lado
viram o que tanto procuravam! O anfiteatro
dos deuses:
- Finalmente! – dizia Blob – Não
aguentava mais um segundo a caminhar
sem destino!
- Sim, filho. Mas não tem te esqueças este
local tem muita história, por isso não
façam muito barulho, nem tentem fazer
algo que desrespeite os deuses, até
encontrarmos o portal que nos leve a eles.
Entendido?
- Claro, mas porque é este sítio é tão
deserto se os deuses são assim tão
importantes? – interrogou Chloe
- Bem…, irão saber isso mais tarde. Por
agora vamos concentrar-nos no nosso
objetivo: travar o nero.
Entraram lentamente no anfiteatro. Na
entrada existia uma estátua de cada um
dos deuses: em frente estava e mais
destacado estava o deus dos deuses, ao
seu lado direito estava o deus do sol, do
seu lado esquerdo estava a deusa da
sabedoria, na extremidade direita estava o
deus da guerra e na extremidade esquerda
estava o deus do espaço. Atrás de todos
estes estava o deus do tempo. Todas
estas estátuas eram feitas de mármore e
era incrivelmente detalhada. Kujara
observava as estatuas com grande
admiração enquanto Blob e Chloe
procuravam o portal:
- Sr. Kujara, eu acho que não está aqui o
portal.
- Procurem mais tem de estar aqui.
Kujara continuou parado a comtemplar as
estatuas, enquanto Chloe foi pela
esquerda, e Blob pela direita. Ambos não
tiveram sorte nenhuma, por isso apenas
ficaram parados onde estavam a observar
o teto:
- Isto é estranho, não está aqui nada.
- Pois é…
- Sabes que mais? Eu vou embora – disse
Blob chutando uma jarra que ali estava. De
súbito, o local começou a ruir, devido ao
que blob fez, já que, como Kujara tinha
dito: Não tentem fazer nada que
desrespeite os deuses. Então com o
anfiteatro quase a desaparecer Kujara
apareceu:
- O que é que vocês fizeram?!
- Nada…
- Então e agora, o que fazemos?
Apesar de tudo parecer perdido, eles viram
que debaixo da estatua do deus dos
deuses que já tinha caído toda estavam
umas escadas. Assim foram a correr o
mais que podiam para lá. Quando
finalmente começaram a descer as
escadas, já não havia nenhuma pedra
levantada, nem sequer vestígios do
anfiteatro. Percebia-se pela cara de Kujara
que ele estava um pouco desiludido com o
filho, pelo que Blob também não se sentia
bem e estava com uma espécie de nó na
barriga. Então, apesar de não estarem
todos em concordância olharem em frente
e encontraram o que tanto procuravam! O
portal estava à sua frente apenas a uns
poucos metros de distância de onde
estavam. No entanto, surgiram algumas
armadilhas, dentre elas: um chão com
picos, um machado que ia de lado para
lado e uma bola gigante de pedra que
começou a vir atrás deles:
- Não há nada que não nos queira matar
aqui?! – disse Chloe
Kujara segurou nos dois e passou pelos
obstáculos até com um pouco de avanço
da bola gigante e assim depois de muitas
aventuras e desventuras entraram os três
no portal. Acordaram numa relva macia e
verde, levantaram-se e comtemplaram
uma gigante floresta com árvores de várias
cores, umas do mais verde puro possível,
outras violetas, outras azuis. Existiam
também várias flores de imensas cores.
Kujara achava que existiam demasiadas
cores, no entanto Blob e Chloe estavam
maravilhados. Subitamente, um espírito
emerge do céu daquele lugar, que por
sinal, era também incrivelmente bonito,
parecido com o de um fim de tarde. Esse
espírito portava um grande capuz verde e
tinha dois grandes olhos, que se vissem, já
que a sua face estava não era visível:
- Olá, viajantes! Chegaram finalmente
para cumprir o vosso destino. Eu sou o
espírito conselheiro do deus do tempo, que
permite que mortais falem com ele. Porém,
para isso, precisam de um sacrifício.
Chloe olhou para Blob, tendo este feito o
mesmo. Esperavam que fosse um
sacrifício verdadeiramente doloroso, no
entanto deixaram o espírito prosseguir a
sua fala:
- Vocês, Kujara, o Touro subterrâneo,
Blob, filho de Kujara. Vocês terão de
abdicar da vossa imortalidade.
- Hmm…, Gostei da vossa proposta
espírito. Sabeis que eu, aceito de bom
grado. – disse Kujara, que depois olhou
para Blob, vendo-o muito desconfortável –
Mas, isto… claro se o meu filho concordar.
- Eu, não sei bem pai. E se nos acontecer
algo?
- Enquanto estiveres comigo, prometo que
nada nos acontecerá.
Eles deram um abraço e o espírito aplicou
a sua magia, lançando sobre eles um raio
amarelo que os fez levitar. Depois de uns
segundos eles caíram ao chão, sendo
agora mortais:
- Agora que o sacrifício foi cumprido o
deus do tempo aguarda-vos. Porém eu
preciso de o informar da vossa vinda, por
isso atravessem esta porta, onde
encontrarão uma ponte, em que em baixo
existe um abismo. No fim dela, estará um
portal onde atravessado dará ao deus do
tempo. Não se preocupem, não existe
mais nenhum desafio, nem nada mortífero,
apenas atravessem a ponte.
Blob foi o primeiro a travessar a porta, mas
Kujara e Chloe ficaram um pouco mais
com o espírito:
- Sabe se alguém consegue ser
teletransportado para essa ponte?
- É praticamente impossível, a menos que
alguém tenha um artefacto há muito tempo
perdido dado pelos mortos, mas isso é
impossível, já que atualmente nenhum
morto concede a outrem essa regalia.
- Houve, Chloe, se aparecer alguém na
ponte não deixes o Blob entrar num
conflito.
- Mas porquê?
- Estou apenas com… medo… de que
algo possa acontecer. Já agora, gostei
imenso de te conhecer, nunca pensei que
os humanos pudessem ser assim como tu.
Espero que consigas um dia ser finalmente
feliz, pelo que bem mereces.
- Obrigado…! – disse Chloe confusa
Enquanto isso Nero espalhava ainda mais
terror em Cliff City, que neste momento
estava já amedrontadora e irreconhecível.
Por sorte, antes de desaparecer, o
presidente da cidade tinha acionado o
exército do país, numa operação secreta.
Por isso, apesar de primeiro ainda
duvidarem um pouco pensando que era
uma partida, o exército veio o mais rápido
que pôde. Ao chegar depararam-se com
um inferno na terra: havia fogo por todo o
lado, ouviam-se gritos de humanos e
troblins, existiam muitos mais pássaros
macabros a voar pelo céu a atirar lasers
pelos olhos e até já existiam ainda mais
rachas no chão, um horror. Apesar disso, o
exército estava treinado para reagir a
qualquer situação por isso gritaram todos
eles, em sentido, com voz solene:
- Quem é o autor de tamanha destruição?
- Chamaram-me? – disse Nero
sobrevoando os céus
- Criatura, estás acusado de 1611 crimes
contra a humanidade, vem connosco para
a prisão ou teremos de abrir fogo!
- Bem vocês estão bem equipados, tantos
para apenas um. Mas a verdade, é que
vocês são… persistentes…, mas
percebam uma coisa: agora são apenas as
minhas marionetas! Vão embora antes que
eu me irrite.
- FOGO!!!
Todo o exército atirou o máximo que pôde
chegando mesmo a terminar com o seu
abastecimento.
- Só isso?
- Mas que… - dizia o comandante do
exército
- Deixem-me mostrar, humanos, um
pouco do meu poder.
Nero ergueu um punho que tinha uma
labareda verde na mão e indo dos céus
para o solo proferiu um ataque que causou
um grande tremor de terra. Depois de se
levantar o exército foi na sua direção
tentando-o atacar, mas a agilidade e
experiência (para além do poder) de Nero
permitiram-lhe triunfar. No entanto, criando
uma formação treinada, o exército foi para
cima dele, porém soltando uma rajada de
poder, o tio de Blob, soltou-se mais uma
vez:
- Vá lá! Um exército inteiro para um troblin
só?! Vamos equilibrar as coisas. – disse
ele soltando vários espíritos que estavam
aprisionados na coroa de louros
Os espíritos de um modo devastador
arrasaram o exército. Estavam muitos
feridos, e para além disso, estavam tão
cansados que não conseguiam mover um
único músculo. Assim, Nero, cada vez
mais consumido pelo ódio, criou um laser
que transformou todo o exército em pó:
Uau! Isto foi… de certa forma… bastante
divertido. Hehe! Acho que o meu plano vai
sofrer apenas umas ligeiras alterações.
- Chefe o seu alarme está a tocar.
- E parece que a diversão extra chegou.
Atravessaram a porta e viram Blob que
aparentava já estar algum tempo à espera.
Avançaram calmamente, mesmo que
Kujara dissesse para se apreçaram. De
súbito, mais uma vez, uma bomba de fumo
cinzenta apareceu e de lá surgiu, o tio
malvado, Nero:
- Ohh…, não sabiam que eu tinha acesso
aos espíritos dos mortos com a minha
coroa de louros? Vocês são engraçados!
- Deixa-nos passar, tio!
- Para quê? Para estragaram o meu
plano?! Agora que ele se concretizou e
consegui trazer-vos aqui, não vou deixar
ninguém atrapalhar-me.
- És fraco, Nero! Eu sou quase um
semideus vivo! Vais sofrer por todo o
sofrimento que causas-te!
- És um semideus?! Haha!!! Pois, mas…
eu sou um deus!
Os dois deram um salto em direção ao
outro, dando, ambos um soco. Kujara
estava em desvantagem já que tinha
passado por uma grande aventura e
estava exausto, enquanto Nero tinha
passado o dia a treinar e a descansar.
Percebendo isso Blob quis ajudar:
- Não, esta luta é deles. – disse Chloe
impedindo-o
Mesmo assim a luta estava bastante
equilibrada, já que quando um levava um
soco o outro devolvia logo. Ambos
proferiram alguns pontapés e umas
joelhadas, mas a luta continuava num
impasse. Assim, Kujara já exausto levou
um soco e caiu ao chão. Nero segurou-o e
colocou-o no extremo da ponte, deixando-
o cair. No entanto com as suas últimas
forças, Kujara segurou-se. E quando
estava à beira da morte segurando na
ponte, Nero disse:
- Que momento nostálgico, mas agora,
pareces portar o fim nos teus olhos! No
entanto, ainda vais a tempo de te juntares
às trevas! Vem comigo!
- Nunca. Nem sei no que te tornaste!
Sucumbiste com a escuridão! Prefiro
morrer agora, do que algum dia me juntar
a esse teu plano diabólico.
- Se assim o queres – disse Nero
largando Kujara que caiu na imensidão
- Adeus, irmão. - Proferindo as suas
últimas palavras, mas com um sentimento
de dever cumprido, e de que o seu filho,
Blob, terminaria, honrando o legado da
família, com as trevas que se tinham
instaurado na cabeça de Nero.
- O QUE É QUE TU FIZESTE?!
- Ele era um ignorante e um tolo. Sempre
pensou que podia mudar o mundo com a
paz e assim acabou por ir. Tenho de
admitir ele tinha honra, mas são sempre os
mais diferentes que partem primeiro.
Blob foi chorando com raiva, correndo em
direção ao tio com o punho formado.
Saltou e antes de o conseguir atingir, Nero
desviou-se. Blob, consumido pelo ódio, foi
mais uma vez, em direção ao tio e com um
espírito semelhante ao do pai nas
batalhas, socou-o várias vezes, fazendo-o
cair no chão. Para um golpe final, Blob deu
um grande salto e caiu com o pé na cara
do tio:
- Hehe…, lutas bem! És parecido com ele,
mas vais terminar da mesma forma.
Blob, invocou uma espada lendária, usada
e construída pelo general Ulysses na
primeira guerra dos troblins e que só
poderia aparecer para alguém com 50%
de amor e de 50% de ódio na alma.
Então, usou-a em direção do tio que, mais
uma vez, desviou-se. Este, também tinha
truques na manga, por isso tirou um sabre
preto da sua bolsa de utensílios. Era uma
luta épica de espadas. A luz contra a
escuridão. No entanto, raramente um
deles se acertava. Até que, Blob,
consegue desviar-se por baixo e acerta em
cheio um soco na cara de Nero. De
seguida, proferiu outro soco, o que fez
com que o tio caísse na escuridão. Porém,
ainda era imortal, por isso este abriu um
portal onde caiu:
- Até mais amigos! Gostei muito da nossa
luta, sobrinho! Mas pode ser que na
próxima vez não tenhas tanta sorte….
De repente o clima esfriou um pouco,
devido ao que se acabara de passar. Blob
estava destroçado, pois não só não
conseguiu salvar o pai, como também
deixou o tio escapar:
- Para onde é que vai o teu pai?
- Não sei…. Nenhum troblin se tinha
tornado mortal antes. Eu… nem quero
imaginar o que ele estará a passar. Porque
é que tu me tinhas de me impedir de o
salvar?!
- Bem…, a escolha não foi minha, antes
de partir ele tinha-me dito para não o
impedires de cumprir o seu destino…
- Talvez o tio esteja certo. Talvez ele
fosse mesmo um tolo…
- Ouve, blob. Já passei por isto várias
vezes…, uma vez, alguém me disse que
mesmo sabendo que um dia vamos
embora, nunca estamos prontos para
perder alguém. Mas não interessa como
eles se foram ou o que fizeram. O que
importa é o que sentes aqui por ele – disse
ela apontando para o coração de Blob
- Obrigado…, mas o que é que fazemos
agora?
- Bem estamos a uns passos dos seres
mais supremos deste universo, que
provavelmente nos irão ajudar a acabar
com todo o sofrimento. Vamos? – disse
Chloe estendendo a mão a Blob, ainda
ajoelhado no chão.
- Vamos!
Atravessaram, com sentimentos
diferentes, mas mútuos, a ponte. Assim,
entraram no portal. Eles viram um clarão
branco e apareceram, sentados, num local
completamente branco, digno de
divindades. Levantaram-se e viram uma
criatura gigante, com um símbolo de uma
ampulheta e um relógio, que era preta e
verde: era o deus do tempo:
- Olá, mortais! Vejo que chegaram
finalmente. Digam-me, diante todas as
galáxias, perante o infinito tempo, o que
vão vocês desejar?
- Queremos terminar a guerra que se está
a suceder, no nosso mundo…, alteza?
- Ah, aquela com os balas flutuantes e
as…, ok esperem só um pouco que eu vou
falar com meus irmãos deuses.
Precisamos da aprovação de todos para
fazer uma grande alteração com o mundo
mortal.
Eles esperam um pouco e logo de
seguida, surgiu o deus do tempo, não com
uma expressão alegre, nem triste, já que
eles não demonstravam nenhuma
expressão facial:
- Bem…, as notícias que trago, não serão
decerto do vosso agrado, diga-se de
passagem.
- Mas, então porquê?
- Os restantes deuses não estão
dispostos a negociar com meros mortais e,
para além disso, estão com um assunto
pendente agora.
- Mas isso é completamente estúpido! Os
riscos que corremos, as batalhas que
travamos, a morte do meu pai…, isso tudo
foi em vão?!
- Deixem-me explicar-vos uma coisa,
estamos habituados a poucas visitas…
- Mas isso porquê?
- Vou-vos contar uma história… olhem
aqui as areias do passado que erguem o
presente e moldam o futuro…
- Amigo, estamos a meio de uma guerra,
podia não se alongar muito?
- Quando neste local se passa 1 hora, na
vossa terra passam-se 4 segundos, por
isso, sendo eu o deus do tempo, posso
afirmar que vocês têm tudo controlado. –
disse ele levando-os para as areias do
tempo onde viram toda a explicação
ganhar imagens - Continuando, há muitos
séculos, mais precisamente na criação da
terra, nós sentíamos que faltava algo para
habitar na terra, por isso críamos os
troblins! Estas criaturas místicas,
instauraram-se na terra, mais
precisamente nas profundezas, e lá,
construíram o seu império. A cada dia que
passava, nós cada vez nos afeiçoava-mos
aos troblins e víamos como a perfeita
criação. Por isso, demos-lhes uma coroa
de louros que lhes dava tudo aquilo que
eles quisessem. No entanto eles só as
usaram para a avareza, gula, inveja, ira,
luxúria, preguiça e soberba. Ficamos
extremamente furiosos com eles e assim,
no dia 16 de novembro às 10 horas da
noite, nós surgimos na terra e queimámos
todas as coroas de louros, com exceção
de uma que hoje é usada pelo Nero.
Obviamente os troblins não ficaram nada
contentes e assim nós travamos a batalha
das batalhas. Foram 1000 anos de guerra
intensa, porém como erámos todos
imortais apenas nos causávamos alguns
arranhões. Pensámos em torná-los
mortais, cogitando que um dia eles se
fossem cansar, afinal apesar de ser uma
criação imperfeita, vai ser sempre uma
criação nossa e mesmo estando a travar
uma guerra, o amor impedia-nos de
terminar. Assim já farto de tudo o deus dos
deuses, o mais sério e poderoso, Suez,
ergueu a mão e proferiu um golpe tão
grande que originou um buraco de
profundidade desconhecida e comprimento
inimaginável. Depois jogou todos os
troblins para lá, amaldiçoando esse local e
impedindo que eles pudessem voltar à
superfície. Para além disso, tornou maioria
dos troblins mortais e atirou-os para o
universo, onde eles vieram a morrer
formando as estrelas. No final sempre
conseguiram iluminar algo…. Apenas
sobraram alguns, que também
encontraram a última coroa de louros e
esconderam-na num local longínquo, para
que mais ninguém caísse na desgraça de
começar uma nova guerra, mas ainda com
a esperança de que um dia ela fosse
usada para o bem. Assim, criaram uma
máquina de clones e espalharam toda a
sua espécie pelas profundezas da terra.
Nunca mais um troblin voltou a contactar
com os deuses, apesar de até terem
criado um caminho para nos visitar, o qual
vocês atravessaram, e que foram os
primeiros atravessar. Cada um seguiu o
seu caminho, distanciado. Por isso, nós
completámos a terra criando os animais e
mais algumas criaturas bisonhas, tentando
substituir os troblins, tal como o pé grande
e a mais recente, os humanos, que por
acaso até vieram de uma evolução, mas
nós pensamo-los para ser assim. Devo
admitir penso que esta também foi um
pequeno fracasso. Adiante, é esta a
história da separação de uma espécie
terráquea com as grandes divindades. Os
meus irmãos nunca mais quiserem ouvir
falar nem de troblins, nem de humanos, no
entanto eu, deixei que o tempo sarasse
todas as minhas raivas e angústias e devo
admitir fiquei surpreso com toda a vossa
evolução, tanto dos humanos como dos
troblins. Por isso concedo-vos um desejo.
Mas não pode ser nada de grande como
acabar com a guerra, isso seria muito mau
para as linhas do tempo que eu governo.
Pensem bem.
- Sim, lembro-me que existia um livro que
contava uma história das nossas origens
proibidas, mas foram completamente
destruídos…. Já agora, lembro-me de o
meu pai me ter contado que o Nero antes
de obter a coroa, era alguém muito normal
e amigável que esteve sempre do lado do
pai. Nem acredito que eles tiveram de
terminar assim…
Terminadas as falas, Chloe e Blob tinham
em mãos uma tarefa muito complicada,
não podiam acabar com a guerra
diretamente, mas podiam fazer algo, que
indiretamente, acabasse com a batalha:
Vaguearam um pouco pelo local, enquanto
admiravam toda a luminosidade daquele
local que trasbordava magia. Era uma sala
relativamente pequena, onde existiam
apenas uma estante de livros que
simbolizava todo o conhecimento da deusa
da sabedoria, essa que um dia forneceu
inteligência a uma raça inteira, estava
também um pedaço de cristal que flutuava
num pedestal azul com um olho nele
desenhado, esse cristal que era
proveniente de uma galáxia, criada e
destruída pelo deus do espaço. Nessa sala
existia também um fragmento em vidro de
um resquício de uma memória do dia em
que o deus do sol trouxe de volta o maior
sol do universo e também um telescópio,
guardado com especial cuidado, que
protegia o dia em que o deus do tempo,
retrocedeu completamente a vida de um
planeta, para dar à população uma
segunda hipótese e não cometer os
mesmos erros. Existia também um retrato,
pintado ao mais pequeno pormenor acerca
do dia em que o deus da guerra liderou os
deuses a uma vitória contra uma espécie
de monstros robôs muito poderosos e que
pretendiam governar o universo. Por fim,
estava retratado num holograma que
continha uma galeria de imagens, o menor
dos feitos do deus dos deuses, tornar
mortal os troblins:
- Mortal? É isso, Blob! Nós podíamos
tornar o Nero mortal, assim podemos
acabar com ele e toda a guerra acaba. É
isso sr. do tempo.
- Muito bem. – disse ele estalando os
dedos – Pedido concedido.
Enquanto isso no covil que Nero criou,
curiosamente ao lado do apartamento de
Chloe, este sentiu-se mal e caiu ao chão:
- Está bem senhor? – perguntou um
capanga seu desesperado
- Sim, está… tudo… bem. – Disse ele
apontando um aparelho seu, que mostrava
se alguém era mortal ou imortal – Raios…,
aqueles imbecis tornaram-me tão
indiferente como estes pacóvios humanos.
Será que sou inferior agora? Não…. Pelo
contrário, tornei-me ainda mais poderoso
que antes. Agora que sei que a minha vida
tem validade, vou dar tudo de mim nas
próximas batalhas… Preparem-se Blob e
Chloe. Vão conhecer o vosso fim
brevemente. Tu aí, manda uma busca com
alguns dos meus homens à procura deles.
Entretanto, de volta ao local onde vivem os
deuses:
- Muito bem, está tudo feito. Creio que a
vossa visita tenha acabado. Ah e já agora,
espero que consigam vencer esta luta. Se
precisarem mesmo, quero que saibam que
se depender de mim, todos os deuses irão
lutar a vosso lado.
- Muito obrigado, significa muito vindo de
si. Só mais uma coisa, vocês têm um
teletrasportador aqui?
- Sim já ali à minha frente.
- Mas antes de ir, não tens medo de que
ele ganhe a guerra e de alguma forma
chegue aqui e acabe contigo?
- Nunca. Isso é apenas uma péssima
decisão, aniquilar o regente do tempo, é
aniquilar as linhas que o suportam, vários
universos iriam colidir e o mundo iria
desaparecer. Sei que o contexto não é o
mesmo, mas tal como disse um humano
vosso: “não se pode matar o tempo sem
ferir a eternidade”.
Eles entraram na máquina em direção a
casa de Blob com o deus do tempo
sorrindo. Quando chegaram, estavam na
cave da casa, já que, o que Blob queria
era encontrar o diário do pai que continha
as fraquezas de todos os troblins. Ele
lembrava-se que estava numa gaveta
escondida atrás de um armário. No
entanto, de súbito, quando eles abriam a
gaveta, surgiram as tropas de Nero. Blob e
Chloe nem tiveram muito tempo para
reagir já que a reação da tropa foi
imediata. Assim, mais uma vez eles
estavam numa alhada, visto que estavam
já na superfície e a ir em direção a Nero.
Este quando soube mandou erguer um
palco mesmo ao lado da racha e fez
questão de desligar o portal que ligava o
fim da racha ao mundo troblin usando uma
magia já muito antiga, conhecida apenas
pelos portadores da coroa. Assim num
sábado ao fim da tarde, com um por do sol
diferente dos outros, a execução dos dois
começou, e nesta, estavam reunidos
quase todos os troblins e todos os
habitantes de Cliff City ainda vivos:
- Apreciem, público! Eu, Nero, o deus
vivo, capturei os dois parvalhões que
tentaram travar o meu plano. Eles são
Blob, meu sobrinho e Chloe, uma humana
com uma mente incrível. Isto é para todos
aprenderem que ninguém me pode
derrubar, nem mesmo família!!! Últimas
palavras, amigos?
- Sabes, tio, tal como o teu irmão e pai
disseram, essa coroa roubou-te toda a tua
sanidade. Não posso conhecer o troblin
que acabou de falar agora.
- Comovente. – Disse ele largando o saco
em que estavam os dois
No entanto, Blob, com um rugido
equivalente ao de dez leões e uma força
incrivelmente grande soltou-se do saco
levando Chloe e correndo até a uns
poucos metros do palco:
- Troblins e pessoas de Cliff city! – disse
Blob aumentando a sua voz – Sei que
estão infelizes com o reinado de terror que
o meu tio está a causar e por isso peço por
favor que se juntem a nós e acabaremos
com as trevas que se espalharam por aqui!
- Gostas mesmo de me dar trabalho, não
é? Vá lá, já estou perto da reforma.
No entanto, contrariando todas as
expectativas todos os humanos e alguns
troblins se juntaram a Blob para travar
Nero. Era o começo de uma guerra que
ditaria o destino do mundo:
-Ei! Para onde é que vocês estão a ir?! –
perguntou Nero
- O plano do Blob parece ser muito mais
agradável e para além disso, você está a
ficar um pouco maluco. – disse um troblin
indo em direção a Blob
- Eu? Maluco?! Vocês é que são todos
malucos! Eu vou acabar com todos vocês!
Eu vou triturar-vos até sentirem o que eu
senti ao longo destas décadas ao ser
chamado de louco, sem ter ninguém para
falar comigo! Exército, ATACAR!!!
Começou assim, provavelmente a
segunda luta mais épica da terra, apenas
antecedida da dos 1000 anos. Blob ficou
com Nero, Chloe com alguns troblins
apenas usando um livro e um taco de
basebol encontrados no chão para defesa.
O resto do exército de Blob lutava com os
troblins controlados telepaticamente por
Nero. Blob avançava com a sua tropa e
dominava claramente a batalha:
- Augh! Espera Freud?! És tu?!
- Vais lutar ou matar saudades? Eu tenho
algumas para te dar! – disse Freud que, no
entanto, estava com os olhos um pouco
mais esverdeados que o normal e com
energia de cor roxa e azul a subir pelo seu
corpo.
Apesar de ser uma decisão difícil, Blob
conseguiu derrotá-lo, com uma rasteira
que o fez cair ao chão e ficar imobilizado:
- Congelar! – gritou Nero carregando num
aparelho místico que inverteu o tecido do
espaço-tempo e congelou alguns minutos.
- Então sobrinho… nós estamos aqui a
lutar uns com os outros e… nem
parecemos família…! O que eu quero dizer
é que, ordena o teu exército para baixar as
armas e faço-te uma proposta que vai ser,
decerto, do teu agrado.
- Se podes congelar o tempo, porque é
ainda não acabaste comigo?!
- A coroa só me roubou a sanidade, não a
compaixão e beleza.
- Essa já se foi há muito tempo…
- Pois claro, mas vamos ao importante! Tu
paras de me atacar e… eu trago o teu pai
de volta à vida. Que me dizes, sobrinho?
Blob teve de repente uma reação de
surpresa, tanto que os seus olhos quase
que aumentaram. No entanto, afastou-se e
pensou melhor:
- Não. Nunca, na verdade. Ainda sinto bem
a dor, e muito que gostava de o ver outra
vez, mas o mundo não te pode ter como
regente. És alguém que se perdeu, apenas
uma criança com um brinquedo que a
corrompeu.
- Eu dei-te todas as oportunidades…,
poupei-te sempre…, tentei ao máximo não
acabar já contigo, mas tu não mudas
mesmo….
- Bem, estou sempre a tentar melhorar!

Assim, com um estalar de dedos, Nero


descongelou o tempo e invocou um
exército de espíritos de troblins, os quais
tinham combatido na guerra dos 1000
anos que estavam aprisionados na coroa.
Assim os espíritos foram libertados e
combateram ao lado de Nero. Alguns
possuíram muitos humanos e foram em
direção a Blob e Chloe:
- Mata-os! – disse Blob
- Não posso! São humanos e muitos deles
são meus amigos! – disse Chloe
Assim com toda a hesitação apanharam-
nos:
Blob revirando-se nos pensamentos,
quase que como instinto, olhou para o céu,
e viu uma nuvem formando a cara de seu
pai. Esta começou a falar. Doces palavras
ecoaram nos seus ouvidos. Kujara dizia
que era enorme o orgulho do filho por não
ter aceitado aquela proposta, mas as
trevas espalhavam-se cada vez mais e era
altura de terminar com tudo.
- Chloe… - disse Blob sendo abafado por
indivíduos de duas espécies – Adeus, foi
um prazer conhecer-te humana.
Assim, Blob deu um soco gigantesco no
chão que afastou todos os que os
rodeavam com uma rajada de vento.
Assim Blob foi correndo e chorando em
direção a Nero, agarrando-o e caindo com
ele em direção à racha, que estava com o
portal para o mundo dos troblins
desativado. A queda era de
aproximadamente 100 000 quilómetros,
pelo que ainda demorou um pouco e fez
com que a coroa saísse da cabeça de
Nero:
- Blob? O que estou eu a fazer aqui?
Porque é que estamos a cair por um
buraco?
- Olá, tio…
Assim os dois finalmente atingiram o chão
do buraco. Ouviu-se um grande estrondo
na terra, causando um pequeno sismo:
- Blob! Blob! – disse Chloe chorando e
indo em direção à racha – Oh não….
Por outro lado, Blob acordou numa sala
mais branca que o próprio brilho,
extremamente familiar. Levantou-se e qual
foi o seu espanto quando viu o deus do
tempo e o seu pai:
- Chegaste filho! Vejo que concluíste a tua
missão e… - dizia Kujara que foi
interrompido por Blob que lhe deu um
ternurento abraço – Também senti
saudades tuas.
- Então é para aqui que vão os troblins
mortais?
- Precisamente, quando chegaste estava
a falar com os outros deuses sobre onde
eu devia ficar.
- Ah… olá! – disse Nero que tinha
acabado de entrar
- Cuidado ele pode estar armado!
- Não…. Não estou hehe…. Quando te
sacrificaste comigo, eu perdi a minha
coroa. Peço desculpa, desperdicei a minha
vida por causa dela…, já nem me lembro
da última vez que era alguém normal e
estava apenas a conversar com o meu
irmão. Por sinal, desculpa-me também por
te ter… bem… matado. Mas acho que
ainda precisamos de destruir essa coroa
para mais ninguém perca tanta sanidade
como eu perdi.
- Não te preocupes, irmão! Já estava a
precisar de alguém que me fizesse frente.
Tive uma boa vida, se é que posso dizer.
Mas tu, filho…, ainda tens mais uns
tempos para viver na terra com aqueles
que mais gostas!
- Como assim?
- Filho, junto dos deuses, por teres
travado uma guerra, nós combinámos que
podias ficar mais alguns milhões de anos
na terra ou então, poder pedir um desejo.
Já eu, tenho de recuperar o tempo perdido
com o meu maninho. Isto claro se
aceitares.
- Mas eu queria ficar aqui convosco…
- Tens a certeza? – perguntou o deus do
tempo, mostrando o que acontecia na
terra, mais precisamente mostrava Chloe a
chorar por ter perdido o melhor amigo.
- Porque é que ela está assim tão triste,
parece estranho…, nunca a vi assim.
- Ela é uma guerreira. Durante tudo isto a
mãe dela esteve sempre no hospital com
uma doença muito grave… Ela já não a vê
há muito tempo. Tanto à mãe como ao
pai… Mas pronto. Tal como dizia Kujara,
podes decidir entre voltar à terra ou obter
um desejo.
- Deus do tempo… penso que por tudo
que ela me fez e tudo o que me ajudou,
vou pedir um desejo… Eu desejo que a
mãe dela fique bem e tenha uma excelente
vida com ela.
- O teu desejo… é uma ordem!
Assim se sucedeu. Chloe foi informada por
uma voz misteriosa que surgiu com o
vento, que a sua mãe estava, finalmente
bem. Por isso ela foi a correr para o
hospital e viu a mãe a levantar-se da cama
onde estava. Claro, a sua reação foi logo
dar um ternurento abraço à mãe!
O dia passou, a noite surgiu e quando
Chloe estava já a dormir, ela teve um
sonho esquisito onde aparecia Blob:
- Olá, Chloe! Tudo bem? Estou mesmo
com saudades tuas, no entanto eu fiz aqui
uns cálculos e vi que me podes trazer à
vida na terra! Podes fazer um holograma
meu através da tecnologia toda que eu te
deixei em cima da mesa, pedindo ao deus
do tempo para colocar aí isso. Eu acho
que já está um pouco aborrecido dos meus
pedidos hehe, mas com o teu intelecto
pode-mos voltar a ver-nos! A única
desvantagem é que isto só dura por um
ano.
Ela acordou de imediato, foi para a
garagem e colocou mãos à obra. Existia
tecnologia humana e tecnologia troblin por
isso foi extremamente complicado saber
onde eram postos todos os fios e como
eram programados os chips. Apesar de
tudo, com o seu intelecto fora do comum
ela conseguiu resolver aquele quebra-
cabeças. Juntou tudo e no fim levou o
aparelho que resultou de tudo aquilo ao
local que Blob indicou. Ela carregou o
botão e… surgiu um holograma do Blob:
- Olá, Chloe! Agora falta o último passo,
basta atirares este aparelho para a racha.
- O quê?! Toda esta tecnologia que
provavelmente me faria milionária? A
sério?!
- Sim.
- Hm…. Está bem, eu depois faço outra.
Assim o fez. Então de olhos fechados
Chloe atirou o aparelho para os confins da
racha. Por isso a forma holográfica de Blob
finalmente pode fazer tudo o que ele fez
quando estava vivo, já que em resumo a
alma dele tinha-se transferido para aquele
corpo. Chloe de imediato abraçou-o. Era
estranho o seu amigo não estar
propriamente vivo, mas era melhor que
nada.
Para dar um fim definitivo a tudo sobre a
guerra, através da engenhoca de Chloe
que tinha usado no início da aventura,
trouxeram a coroa para a superfície:
- É estranho pensar que este objeto tão
inofensivo causou uma guerra que quase
acabou com o mundo.
- Sim, mas afinal, porque é que ela ficou
assim, de certa forma, estragada?
- Pelo que o meu pai me explicou no
além, apesar de na guerra dos 1000 anos
os deuses terem destruído quase todas as
coroas, eles ainda desconfiavam da
possível existência de uma. Por isso,
lançaram uma maldição ao solo, que se
qualquer coroa estivesse em contacto com
ele, esta ficava com os sistemas
corrompidos, o que não permitia cumprir
os desejos do portador. Assim, após ficar
milénios abandonada e sem hospedeiro,
começou a ter vontade própia. Deste
modo, sugou todos os pensamentos do
meu tio e fê-lo de si um escravo. É mais ou
menos isto.
- Faz sentido, mas esta vai ser a última
vez que falamos disto.
Para destruir a coroa precisavam da
espada que Blob invocou. Por isso ele fez
o seu ritual e já com a espada em mãos foi
com o ódio todo que continha, destruindo
assim aquele objeto diabólico. Devido a
isso, os espíritos aprisionados na coroa
foram soltos, formando uma paisagem
realmente bonita, com fluxos verdes de
energia a aparecer:
- Este lugar é mesmo mágico! – disse
Blob
- Sabes esta aventura toda mostrou-me o
que eu quero realmente ser. Eu quero ser
ESCRITORA! O meu primeiro livro vai ser
sobre toda a nossa aventura!
- Hm… Tecnicamente estarias a revelar a
nossa localização, mas podes colocar no
fim do livro “baseado em factos não reais”,
penso que assim os humanos nem viriam
aqui incomodar-nos.
- Temos acordo, amigo!
Ainda nessa tarde foram erguidas duas
estátuas, dedicadas, claro, a Blob e Chloe,
a famosa dupla de Cliff City. Esse foi com
certeza o ponto mais alto da sua amizade,
uma amizade improvável de uma humana
e de um troblin. Na estátua Blob aparecia
com a sua espada enquanto Chloe
possuía algumas tecnologias.

Assim aconteceu meus amigos! O resto é


história que aconteceu. O livro de Chloe foi
um sucesso, tendo Cliff City vários turistas,
mas nunca sabendo que o que existia no
subterrâneo eram os troblins, já que a
história era vista como um simples conto
imaginário. Para além disso com todo o
dinheiro que ela ganhou, mandou contruir
um hospital melhor e também uma boa
casa para viver com a sua mãe e
futuramente com um homem que
conheceu. Por outro lado, Blob aproveitou
o seu tempo entre os troblins para
desenvolver a sua civilização, aumentando
a tecnologia, criando também muitas
empresas, desenvolvendo o exército
sempre sendo inspirado pelo seu pai,
Kujara. Claro, sempre que podiam os dois
passavam tempo juntos. Um facto
interessante é que a lavandaria onde eles
se encontraram, foi demolida e nela
construiu-se um museu em honra de
Chloe. No entanto, depois de um ano,
inevitavelmente o último dia de Blob na
terra chegou. Ele despediu-se de todos os
troblins dando um forte abraço a Chloe e
partindo em direção a seu pai e tio. Este
universo continuou repleto de aventuras e
histórias, mas isso… são contos para
outros tempos. Por isso, caro leitor, pode
ser que um dia nos encontremos em Cliff
City. Até lá, adeus…!
Baseado em factos não reais

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