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Nomes, lugares, e
outros incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na
ficção. Qualquer semelhança a eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou
morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © da Lucasfilm Ltd. ® TM
onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos
pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin
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personagens, nomes e situações são marcas comerciais e /ou propriedade
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Sumário
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Epílogo
Sobre o Ebook
Sobre o Autor
Agradecimentos
Para Connie e Mark
Bons amigos que vivem numa cidade muito, muito distante.
Dramatis Personae
Jaina Solo não queria deixar a sua bolha de sonhos. Estava com Jagged Fel
bem fundo no aconchego de seu ninho, as suas cabeças ainda pulsando no
ritmo do Pequeno Ribombar da Alvorada, com os seus corpos preenchidos
com o doce calor dos feromônios de acasalamento dos Killik. Todos os
problemas da galáxia pareciam muito longe, e a batalha deles nos céus de
Tenupe nunca acontecera. Dessa vez, eles estavam juntos e em paz, com
nada para fazer além de escutar o doce som de... alarmes?
O alarme tinia dentro do crânio de Jaina, agitando a bolha de sonho até
ela estourar, a chamando de volta de sua hibernação na Força para a gelada
queda livre da realidade. Abriu os olhos e se encontrou encarando o interior
desenhado com gelo da canopi de um StealthX, os seus dentes batiam tão
forte que pensou que poderiam rachar. Sentia-se tonta, dolorida e confusa, e
mesmo nessas condições frígidas, a cabine cheirava azedo e velho.
— Certo, Sneaker, estou acordada. — Jaina disse. — Você pode ligar o
aquecedor. E o purificador de ar.
O astromecânico, um substituto para Sneaky, o qual perdera quando Jag
e o seu esquadrão atiraram nela em Tenupe, soltou bipes em entendimento,
e o ar quente começou a se derramar na cabine do StealthX. Jaina expandiu
a sua percepção da Força. Enquanto a sua mente clareava, sentiu o seu
parceiro, Zekk, também acordando. Ele renunciara o seu posto no
Esquadrão Rogue a algumas semanas antes, quando Jacen tentara levar
Jaina à corte marcial por se recusar a atirar em um indefeso fugitivo do
bloqueio. Agora ele e Jaina eram parte de um time de reconhecimento Jedi
espiando os estaleiros Corellianos secretos no Aglomerado de Asteroides
Kiris.
Apesar de Jaina poder sentir a presença de Zekk flutuando a uma dúzia
de metros à frente e um pouco abaixo da posição dela, levou vários
segundos para localizar a silhueta em formato de cruz de seu stealthX.
Basicamente a configuração da formidável X-wing XJ3, o caça estelar
StealthX tinha um corpo de fibraplast formado por planos e ângulos
irregulares, com uma camuflagem preta fosca com um padrão de ilusão de
óptica de pequenos pontos azuis que o tornavam quase invisível contra um
fundo estrelado. Ele também tinha um modulador gravitacional,
absorvedores de fóton, dissipadores térmicos e um conjunto inteiro de
negativadores de sinal especializados que o faziam quase invisível a
varredura de sensores. Até mesmo os seus motores de fusão queimavam um
isótopo de Tibanna especial cujo efluxo se apagava em um milissegundo
após a fusão.
— O que temos, Sneaker? — Jaina perguntou.
Uma mensagem apareceu na tela agora descongelada, informando a
Jaina que um transporte leve estava partindo do aglomerado.
Jaina franziu a testa.
— Você nos tirou da hibernação por uma única embarcação?
Sneaker mostrou outra mensagem. O perfil de contato era único.
"Embarcação denominada CEC YT-1300, exibindo súbita mudança para
possível trajetória de saída. Assinatura de efluxo sugere difusor de escape
de classe militar".
— A Falcon? — Jaina não estava nem um pouco surpresa, obviamente
Han e Leia Solo estariam no meio de tudo. Ela apenas esperava que eles
não retornassem para os Kirises antes do Almirante Bwua'tu soltar a sua
armadilha. Até então, os Corellianos não pareciam perceber que a Aliança
Galáctica conhecia a sua frota secreta, e quando a frota Kiris finalmente
deixasse a sua base, os Corellianos teriam um choque terrível. — Você tem
certeza?
"Afirmativo. Trajetória confirmada para partida."
— Eu quis dizer sobre a assinatura de efluxo. — Jaina rosnou. — É a
Falcon ou não?
"Incerto. Dados atuais renderam um coeficiente de identidade de apenas
94%."
Jaina suspirou. Para a unidade R9 ter “certeza”, ele precisaria estar
plugado em um dos soquetes de dados da Falcon, trocando dados com o
controle central primário.
— Continue observando e trace uma lista de possíveis...
O StealthX de Zekk subitamente começou a seguir a Falcon, e Jaina
deixou a frase no ar.
"Uma lista de prováveis destinos?" Sneaker perguntou.
— Isso.
Jaina empurrou os manches para frente e voou atrás de Zekk, ao mesmo
tempo procurando-o na Força. Apesar de sua ligação telepática Enlaçada ter
finalmente dissolvido alguns anos antes, ela e Zekk continuaram tão
profundamente sincronizados um com o outro que eles podiam muitas
vezes se comunicar através da telepatia Jedi mais claramente do que a
maioria das pessoas conversavam, e ela rapidamente entendeu a intenção
dele.
Igualmente a nave espiã e de assalto, caças estelares StealthX eram
equipados com equipamentos de escuta tão sensíveis que podiam
interceptar sinais perdidos dos computadores internos de outras
embarcações. Se Zekk pudesse encurtar a distância antes da Falcon saltar
para o hiperespaço, ele poderia ser capaz de captar dados suficientes do
computador de navegação dos Solos para determinar o seu destino.
O que Zekk não pretendia, ele assegurou a Jaina, era vaporizar os seus
pais. Ela respondeu com uma preocupação cínica para com ele. Se houvesse
qualquer tiroteio, seria ele quem deveria se preocupar, não os seus pais. Isso
suscitou uma sensação quente de satisfação em Zekk, uma sincera sensação
de satisfação.
O elo quase se rompeu por trás da aspereza da frustração de Jaina.
Desejava que Zekk apenas desistisse. Ele nunca seria mais do que o melhor
amigo dela. Por que ele não conseguia aceitar isso e encontrar uma boa
garota Falleen para se apaixonar?
Mesmo sem a troca mental, a mensagem foi clara o bastante. Zekk
recuou em si mesmo, quase não mantendo contato suficiente para manter o
elo aberto, e eles diminuíram a distância em isolamento frio. Jaina odiava
machucá-lo assim. Ele era o melhor parceiro que tivera, mas ele não parecia
entender. Não queria estar apaixonada, não por ele, não por Jagged Fel, nem
por ninguém. Ela era a Espada dos Jedi, seja lá o que isso significasse;
provavelmente nem deveria estar apaixonada.
Kiris 17 passou deslizando por cima, baixando uma momentânea
cortina de escuridão sobre a canopi de Jaina; então não havia nada entre os
StealthXs e o seu alvo exceto cem quilômetros de espaço vazio. A Falcon
era bem rápida. Os manetes de Jaina eram levados até a sobrecarga, e ainda
assim o velho transporte fugia da vantagem dela.
A massa escura de Kiris 3 rolou por baixo da perseguição, a assinatura
térmica de sua superfície escura e gelada não traía qualquer sinal do
estaleiro escondido lá dentro. O rastro de efluxo da Falcon lentamente
mudou de uma cauda para uma barra sólida. Jaina ativou o seu painel de
escuta, então instruiu com Sneaker para informá-la quando começasse a
captar sinais. Mas vários segundos se passaram, e Jaina começou a pensar
que ela e Zekk não alcançariam a Falcon antes dela escapar da gravidade
fraca do Aglomerado Kiris e entrar no hiperespaço.
Finalmente, o contorno do disco de sensor da Falcon ficou visível sobre
o brilho radiante dos seus motores de íons, e Sneaker informou que o painel
de escuta pegava sinais. Jaina e Zekk fortaleceram o seu contato e viraram
para lados opostos do alvo, então sentiram uma onda de espanto passar pelo
elo quando Leia percebeu a presença deles.
Jaina se retirou imediatamente e, espantada pela sensibilidade da Força
de sua mãe, tentou deixar a sua presença bem pequena. O o seu painel de
escuta acendeu quando começou a captar e gravar pulsos eletrônicos de
dentro da Falcon. Um instante depois sentiu Leia procurando por ela e
tentou recuar mais para dentro de si ainda, mas não havia como se esconder
de sua própria mãe, não quando essa mãe era Leia Solo, de qualquer forma.
Jaina sentiu um breve momento de calor, seguido de uma sensação
esmagadora de alívio e, estranhamente, segurança.
Então o velho transporte disparou, o rastro de íon afinando até deixar de
existir enquanto a nave desaparecia no hiperespaço.
O elo foi preenchido com uma sensação de confusão enquanto Zekk
procurava por uma explicação, mas Jaina não entendia mais do que ele. A
sua mãe obviamente sentira a presença deles, significando que agora ela
sabia que os Jedi estavam de olho em Kirises, e que eles provavelmente
captaram a destinação da Falcon.
Zekk se perguntou se Leia estava aliviada porque pensou que Jaina não
reportaria o contato. Os Solos eram, afinal de contas, alvos de grande valor,
e que tipo de filha mandaria um esquadrão de assassinos contra os seus
próprios pais?
Sneaker bipou chamando a atenção de Jaina, então passou uma
mensagem pela tela anunciando que analisara os dados interceptados e usou
o seu poder de computador superior para listar os destinos mais prováveis
da Falcon.
— Então pare de se gabar e me mostre. — Jaina ordenou.
"Droides não se gabam", Sneaker respondeu. "Eles informam."
Uma lista de nomes de planetas começaram a rolar pela tela: Arabanth,
Charubah, Dreena, Gallinore...
— Todos eles estão no Consórcio Hapes! — Jaina gritou.
Sneaker confirmou isso, então se desculpou por não apontar a
localização mais precisa. As Névoas Transitórias que envolviam o
Consórcio faziam as vias de hiperespaço tão confusas que quando uma
embarcação entrava no território Hapan, analisar qual curso ela seguiria era
estatisticamente impossível.
— Está tudo bem. — Jaina respondeu. — Você chegou perto.
A surpresa de Zekk inundou o elo, e Jaina sabia que o seu R9 reportara
a mesma coisa a ele. A sua surpresa mudou para urgência. Sejam quais
fossem as razões para a Falcon viajar até o Consórcio Hapes, não podia
significar algo bom para a Aliança. Alguém teria de deixar o posto de
observação e reportar a interceptação, e a possibilidade de que os
Corellianos poderiam em breve saber que a Aliança Galáctica observava os
estaleiros secretos deles.
E Jaina sabia quem precisava ser aquela pessoa. Esperar Zekk omitir o
nome da Falcon de seu relatório estava fora de questão. Às vezes ele era
uma lâmina constante demais para o próprio bem, ou, nesse caso, pelo bem
dos pais dela.
Capítulo 3
Era o momento com o qual Mara sonhou, e temeu, por anos, a primeira vez
que pai e filho entraram na Arena de Treino do Templo Jedi com lâminas
reais. Mas nunca imaginou que seria assim, com Luke tão determinado a
ensinar em vez de treinar, e com Ben tão ressentido e assustado. Isso a fez
temer por ambos, a fez desejar poder estar lá embaixo no chão da arena em
vez de estar acima em uma cabine de controle quente com alavancas,
interruptores alternados e botões de acionamento.
A porta mais distante da arena se abriu e Luke entrou. Caminhando até
o centro do piso, ele olhou para cima até a cabine de controle e deu um
sorriso reconfortante para Mara, então esperou por Ben. A Arena de Treino
era basicamente uma câmara no formato côncavo preenchida com traves de
equilíbrio, vários tipos de balanços e esferas oscilantes. As condições
interiores de temperatura e iluminação poderiam ser alteradas da cabine de
controle, e um campo de segurança automático apanhava qualquer um que
começasse a sair de controle.
A porta mais próxima se abriu, e Ben entrou, com os seus olhos azuis
varrendo o cômodo, examinando tudo na câmara menos o seu oponente. Em
contraste ao simples robe cinza que Luke vestia, Ben usava um traje de
treino feito de uma versão mais leve e flexível da armadura de concha de
caranguejo vonduun que provara ser tão difícil de penetrar nos primeiros
encontros dos Jedi com os Yuuzhan Vong.
Apesar de sua óbvia apreensão, Ben marchou em frente até o centro da
câmara, e Mara se impressionou com o quão madur o seu filho de treze
anos se tornara. Ele usava o cabelo vermelho em um corte próprio para uso
de capacete com uma única trança mais longa, e o seu rosto estava menos
redondo. Mas a maior mudança era o seu queixo erguido e ombros
quadrados, em seu passo resoluto e expressão orgulhosa.
Ele se curvou formalmente, então disse:
— Aprendiz Skywalker reportando para instrução de treino como
ordenado, Mestre.
Luke ergueu as sobrancelhas ao uso de Ben do título aprendiz, mas não
o corrigiu.
— Muito bem. — Ele estudou a armadura de treino de Ben por um
momento, então apontou para a peça do peito. — Tire isso.
As sobrancelhas de Ben se ergueram, mas soltou os fechos laterais. As
placas do peito e costas caíram em suas mãos, e ele as colocou no chão ao
lado dele.
Em seguida, Luke fez um gesto para as proteções de braço e perna:
— Tudo isso.
Ben perdeu o suficiente de sua compostura para deixar os seus
sentimentos à mostra, e Mara começou a sentir pela Força o quão nervoso o
filho deles realmente estava por ser formalmente convocado para uma luta
de treino particular com o seu pai, e quão perturbador ele achou ser
mandado remover a armadura. Mas também podia sentir a coragem dele.
Apesar da confusão, Ben estava determinado a se apresentar bem, a deixar a
ansiedade de lado e se provar digno da confiança sendo colocada nele.
E isso fez Mara se lembrar por que o seu sobrinho era bom para Ben.
Fora Jacen quem puxara Ben para fora da concha e o ajudara a aceitar a
Força, quem o ensinara a enfrentar os seus medos e olhar além de si
mesmo. Jacen ensinava a Ben responsabilidade, dando a ele senso sobre si
como alguém além do filho de Luke Skywalker, Grão-Mestre da Ordem
Jedi.
Ben removeu a última proteção da canela e a colocou no chão ao lado
dele. Então, enquanto ele se endireitava novamente, Mara sentiu um
profundo sentimento de certeza. Era tão poderoso quanto uma visão da
Força, exceto por sua fonte estar parada a dez metros abaixo dela, na forma
de seu filho. A Força o atraíra para Jacen por uma razão, e se ela e Luke
ousassem interferir, colocariam Ben em perigo.
Luke sacou o sabre de luz de seu cinto e olhou para cima na direção da
cabine de controle.
— Comece com os obstáculos básicos. — Luke pediu. — Então
aumente até um ambiente de classe cinco.
— Perigo máximo? — Mara perguntou espantada. Mesmo Mestres
encontravam dificuldades tentando ambientes de classe cinco. — Tem
certeza?
— Certeza. — Luke respondeu em sua melhor voz de você está
realmente questionando o Grão-Mestre. Ele olhou de volta para Ben. — De
que outra maneira poderei testar o que Jacen vem ensinando a ele?
— Não se preocupe, mãe. — Ben encontrou o olhar de seu pai
calmamente, mas a voz tremida traiu sua apreensão. — Eu dou conta.
Pouco provável, Mara pensou. Mas Luke estaria lá, também, e ele não
deixaria nada terrível acontecer ao filho deles, ao menos nada físico.
— Se você diz. — Mara tinha de deixar Ben cometer os próprios erros e
aprender as suas lições... Luke, também. Não era isso o que a Força dizia a
ela? — Começaremos com gravidade variável, e eu adicionarei algo a cada
noventa segundos. Prontos?
O rosto de Ben empalideceu, mas ele sacou o sabre de luz de seu cinto.
— Pronto.
Mara alcançou o interruptor de controle de gravidade. Eles precisavam
confiar em Ben para encontrar o próprio caminho, aprender com as suas
experiências. Se eles não o fizessem, ele se tornaria ressentido, com raiva e
suprimido, e tudo o que ele seria na vida era o filho do grande Luke
Skywalker.
Era isso o que a Força estava dizendo a ela, não era?
O Corredor dos Mestres era tão longo e elegante quanto todos os outros
pelos quais os Solos se esgueiraram, com carpete vermelho de qashmel e
algumas das obras de arte mais finas da galáxia penduradas nas paredes.
Entre cada obra-prima, um arco de trevo ornamentado levava para outro
corredor igualmente opulento, enquanto de uma escada branca de alabas ao
final do corredor subia uma torre em abóbada até os andares mais altos do
imenso palácio de Tenel Ka.
— Oh, cara. — Han disse. — Em qual direção agora?
— Boa pergunta.
Han franziu a testa.
— Você não pode simplesmente seguir a Força ou algo assim?
— Eu poderia, se eu quisesse Tenel Ka me sentindo procurando por ela.
— Leia olhou para o cartão de segurança que ela roubara do guarda deixado
jogado no Salão Especial da Rainha Mãe, então seguiu pelo corredor. —
Mas eu tenho uma ideia melhor.
Han a seguiu até o fim do corredor, onde encontraram um pequeno
terminal de dados escondido embaixo de uma das escadas. Leia inseriu o
cartão de segurança e selecionou DESFILE DA RAINHA: AGENDA PÚBLICA DE VOSSA
MAJESTADE das opções que apareceram.
Com uma tênue luz azul e o doce cheiro da fumaça de rekka no ar, a
Cantina da Estação Telkur era o tipo de lugar onde clientes inteligentes
mantinham as costas viradas para o maior número de paredes possível. O
único teto era uma desorganizada teia de dutos de ventilação suspensos na
escuridão acima, e havia uma entrada meio escondida em algum lugar junto
de cada uma das oito paredes. Os fregueses estavam aglomerados em
grupos de três ou quatro, sentados ao redor de mesas de aço corroídas e
claramente estudando Han e as suas companheiras.
— O que você está esperando? — Nashtah exigiu por trás de Han. —
Estou com sede.
— Apenas me certificando. — Han disse. Os clientes da cantina eram
exclusivamente humanos e quase-humanos, nenhum droide, e mais ou
menos equilibrados entre homens atraentes com barbas sujas de três dias e
belas mulheres Hapan vestidas para parecerem duronas, mas disponíveis. C-
3PO e os Noghri estavam na Falcon, então Han pensou que ele e as suas
duas companhias femininas iriam se encaixar bem, a não ser que alguém
reconhecesse ele ou Leia de antigas transmissões da HoloNet. — Não
consigo acreditar que a Segurança Hapan não chega até esse lugar.
— Eles chegam... mas não serão muitos. — Nashtah passou por Han e
foi em direção ao bar. — Se eles nos causarem problemas, os matamos.
— Sim, esse é um ótimo plano. — Han retrucou. — Nós não queremos
fazer uma cena ou algo do tipo.
Mas Nashtah já estava na metade do caminho até o bar, sem dúvida
mais ciente dos olhares furtivos acompanhand o seu progresso do que
deixava transparecer. Tendo recusado a sugestão de Leia para que usassem
disfarces, alegando que o seu contato não apareceria a não ser que ela e os
Solos fossem facilmente reconhecidos, agora parecia determinada a atrair a
atenção da estação inteira.
— Não gosto disso. — Han disse para Leia. — Ela está nos testando.
— Claramente. — Leia disse. — Mas ela é nossa única pista. O que
vamos fazer?
— Que tal não acompanhar? — Han pegou o braço de Leia e a virou na
direção do sujo corredor de acesso. — Voltamos para a Falcon e a deixamos
vir até nós.
Leia o puxou de volta para a entrada da cantina.
— E arriscar que ela desapareça? — Ela se livrou do aperto dele. —
Não podemos. Muita coisa depende dela.
Leia foi atrás da companheira deles. Han xingou baixinho, então
relutantemente seguiu a dupla na direção do bar. A cantina era quase
certamente observada pela Segurança Hapan, e Nashtah estava
deliberadamente expondo os Solos para ver o que aconteceria. Se alguém
tentasse matá-los ou capturá-los, provavelmente aceitaria a história deles e
os deixaria levá-la pelo resto do caminho até os chefes dela. Por outro lado,
se nada acontecesse, ou se os esforços de captura parecerem falsos, ela
fugiria sorrateiramente ou tentaria matá-los ela mesma. Han apostava no
último.
No bar, um bartender vestindo avental com uma covinha no queixo e
olhos escuros apareceu para pegar os pedidos. Han suspeitou imediatamente
do corpo atlético e do rosto barbeado do sujeito, mas se ele era um agente
Hapan, era um bem preparado. Ele preparou o Névoablaster de Leia e até
mesmo o Nuvem Vermelha de Nashtah sem consultar o datapad atrás do bar
para as receitas dos drinques.
Ele colocou os dois drinques no balcão, junto com uma cerveja Gizer
para Han, então disse:
— Trinta créditos.
— Trinta créditos? — Han objetou. — Entendo porque chamam isso de
estação pirata.
O bartender simplesmente apontou para o Nuvem Vermelha de Nashtah.
— Sangue não é barato.
— Sangue? — Han fez uma cara azeda, mas tirou um par de chips de
créditos do bolso e os colocou no balcão. — Por esse preço, espero que seja
o seu.
Eles sentaram-se no canto mais próximo, em uma mesa manchada por
ferrugem que parecia não ser limpa há um mês. Leia se recusou a abaixar o
copo, e mesmo Han se absteve de colocar os cotovelos na superfície. Se
Nashtah notou a sujeira, não demonstrou, simplesmente se jogou no banco
oposto aos Solos com as costas contra a parede, então apoiou um braço
sobre a mesa.
Han deu um gole da Gizer e franziu a testa para o quão rala ela estava.
— Espero não termos que esperar muito. — Ele olhou ao redor da
cantina casualmente, tentando decidir se o contato de Nashtah era o cara de
macacão novo ou aquela morena elegante com um colete de syntex. — Não
consigo me obrigar a beber duas dessa. Ela foi fabricada quando Ta'a
Chume era Rainha-mãe.
Nashtah deu de ombros.
— Pode levar um tempo, vocês são companhias inesperadas, então o
meu contato será cuidadoso. — Ela deu um longo gole de seu Nuvem
Vermelha, então o ergueu na direção de Han. — Mas você pode sempre
tentar um desses. Eles são frescos.
Han fez uma cara azeda.
— Não, obrigado. Prefiro beber água.
— Daqui? — Leia olhou para a mesa suja. — Não se atreva.
Eles se sentaram por um tempo, esperando por um contato que
provavelmente não existia os abordar. Han e Leia apenas bebericavam os
seus drinques, Han porque a sua Gizer mal tinha gosto de cerveja, e Leia
porque odiava Névoablasters e apenas pedia quando queria uma bebida sem
ter de pensar nela. Mas Nashtah bebia com mais firmeza, secando metade
de seu copo dentro dos primeiros vinte e cinco minutos.
Após mais alguns minutos, ela se inclinou sobre a mesa para Leia.
— Alguém está observando você.
— Sim, também sinto isso. — Leia disse.
— Provavelmente uma equipe de vigilância Hapan. — Han disse
ironicamente. — Talvez devêssemos sair daqui antes dos reforços
chegarem.
Nashtah balançou a cabeça.
— Ele não parece Hapan. E você talvez o conheça. Ele está se
esforçando muito para se manter longe de sua vista.
Han se virou na direção de Leia, virando o banco como se fosse encará-
la... e lançando um olhar na direção do canto onde Nashtah olhava. Ele
vislumbrou um homem de ombros quadrados com uma barba grossa e uma
cabeleira escura pendendo sobre os olhos. O sujeito rapidamente se virou na
direção da parede para esconder o seu rosto, mas falhou em mudar a
postura... ou a precisão militar dos seus movimentos.
— Você sabe, algo realmente parece familiar nele. — Han disse. — Ele
está tentando esconder, mas aquele cara é um soldado, e eu tenho uma
sensação maluca de que nós o conhecemos sim.
— Deveríamos. — Leia disse. Ela ainda olhava por sobre a mesa na
direção de Nashtah, mas Han podia dizer pelo olhar desfocado dela que a
sua concentração estava na Força. — Eu acho que ele quase se casou com
nossa filha.
— O quê? — Han falou alto o bastante para, apesar do barulho
estridente da música, atrair olhares de várias mesas próximas. Ele diminui a
voz e se inclinou para Leia. — Qual é. Você não pode estar me dizendo que
ele é quem eu penso que seja.
— Eu não entendo, também. — Leia disse. — Mas a presença dele
parece muito familiar.
— Vocês o conhecem? — Nashtah perguntou. — Então nós devemos
dizer oi.
Antes de Han poder impedi-la, Nashtah se levantou e seguiu pela
cantina, balançando o suficiente para sugerir que não estava fingindo.
— Uh-oh. — Leia disse. — Isso parece problema.
Os Solos se levantaram e correram atrás dela. Han estava surpreso pela
condição de Nashtah. Seja lá o que ela fosse, claramente ela era uma
assassina de primeira, e assassinos de primeira não se deixavam ficar
embriagados em um trabalho, e provavelmente em outras ocasiões,
tampouco.
Eles chegaram atá a mesa do homem barbudo assim que Nashtah
sentou-se no banco oposto a ele.
— ... por que está seguindo meus amigos. — ela estava dizendo. — e
sua morte será indolor.
— Você precisa perdoar a nossa amiga. — Leia disse, sentando-se no
banco ao lado do homem na mesa. — Temo que ela não se controle muito
bem.
— É, ela provavelmente vai errar. — Han sentou-se no banco ao lado de
Nashtah, se posicionando perto o bastante para que ela tivesse de empurrá-
lo antes de poder alcançar o blaster no coldre da coxa. — Pelo menos a
primeira vez.
— Então vamos torcer para que não chegue a isso. — O homem
barbudo relutantemente desviou o olhar da parede. Apesar do cabelo
suspenso sobre as sobrancelhas esconder a cicatriz torta em sua testa, não
havia como confundir os olhos verdes de aço. — Porque eu nunca erro a
primeira vez.
Nashtah ficou tensa, mas Han bateu a mão em sua coxa, bloqueando o
acesso ao coldre, e sorriu sobre a mesa.
— Jagged Fel! — Ele estava genuinamente contente. — É bom ver que
não o matamos afinal.
Leia franziu a testa.
— O que Han quer dizer é que estamos felizes em vê-lo bem.
Perguntamos sobre você muitas vezes, mas o Aristocra Formbi sempre
alegava que a sua condição era um segredo militar.
— Porque eu ainda precisava ser resgatado. — A voz de Fel era
educada, mas reservada. — Após vocês me derrubarem, eu fiquei encalhado
por dois anos.
— Dois anos? — Leia tocou o antebraço dele, hesitando visivelmente
mesmo do outro lado da mesa. Ela rapidamente recolheu a mão. — Jagged,
eu sinto muito. Antes de partirmos de Tenupe, o Aristocra Formbi nos levou
a acreditar que o seu resgate era iminente.
— Tenupe pode ser um planeta bem perigoso, como você sabe. — ele
disse. — O time de resgate desapareceu, e a decisão tomada foi a de não
arriscar mais vidas em favor de um piloto.
— Desculpe, garoto... isso foi dureza. — Han disse. — Então como
você saiu da selva?
— A minha família contratou uma empresa de resgate privada, e um dos
grupos de busca encontrou um.... — Fel parou, escolhendo as palavras
cuidadosamente. — Eles encontraram um fim lamentável. Eu consertei um
dos aparelhos de comunicação, e quando o próximo grupo chegou
procurando por eles, eu consegui fazer contato.
— A Estação Telkur é bem longe das Regiões Desconhecidas. —
Nashtah disse desconfiada. — O que você está fazendo aqui.
— Procurando pelos Solos, é claro. — Fel disse.
Han ergueu a sobrancelha.
— Garoto, se isso é sobre Jaina...
— Não é. — Fel disse, um pouco forçado. — Jaina já causou problemas
suficientes à família Fel para uma vida inteira.
— Tudo bem. — Han disse, estremecendo por dentro pela agudez na
voz de Fel. Ele sempre gostou um pouco de Fel, e houve uma época em que
ele teria alegremente o recebido como genro, exceto pela parte sobre
arrastar Jaina para viver na Ascendência Chiss. — Eu estava apenas
dizendo que se...
— Estou aqui por causa de Alema Rar. — Fel disse, o cortando.
— Alema? — Leia franziu a testa. — Não entendo. Ela está morta.
— Não mais do que eu. — Fel disse.
Han olhou para Leia.
— Você disse que um tipo de aranha-preguiça a comeu!
— Eu disse que tinha quase certeza. — Leia corrigiu. Ela olhou para
Fel. — A criatura tinha metade do corpo dela na boca. Não consigo
imaginar como ela escapou... muito menos como sobreviveu.
— Eu garanto a você, ela fez ambos. — Fel disse. — A criatura.... —
Ele deixou a frase no ar quando o bartender subitamente apareceu
carregando os drinques que Han, Leia e Nashtah deixaram na primeira
mesa.
— Uma mesa por vez. — O bartender disse. Ele abaixou os copos e se
virou para Fel. — Vai beber ou ir embora?
Os olhos de Fel foram até a caneca de cerveja à frente de Han.
— Tomarei uma daquelas.
O bartender resmungou uma confirmação e saiu.
Han olhou os copos. Da bebida dele e de Leia ainda restavam três
quartos, mas Nashtah bebera quase todo o drink.
— Esse bartender parece bem determinado a nos ver terminando as
bebidas.
— Eu não o satisfaria, se fosse vocês. — Fel disse.
Nashtah estreitou os olhos.
— Por quê?
— Porque beber pode fazer mal à saúde. — Han disse, resistindo à
vontade de olhar em volta. Ele tinha quase certeza de que o bartender era
parte da equipe de Segurança Hapan, e ele queria ouvir o resto da história
de Fel antes da briga começar. — Nunca ninguém lhe disse isso?
Nashtah se virou para olhar o bartender, mas não disse nada.
Fel fingiu não notar e voltou o seu olhar para Leia.
— Estava prestes a lhe contar sobre Alema. — ele disse. — Ela matou a
criatura antes que tivesse a chance de comê-la.
— Você encontrou a carcaça? — Leia perguntou.
Fel balançou a cabeça.
— Corpos se decompõem muito rápido na selva.
Ele colocou a mão dentro da jaqueta, fazendo Nashtah alcançar o coldre
na coxa novamente.
— Calma aí! — Han disse, conseguindo agarrar o braço da assassina
antes que ela pudesse sacar o blaster.
Nashtah o olhou descrente.
— Como você fez isso?
— Velho truque de contrabandista. — Han disse casualmente. Algo
definitivamente estava errado com a bebida deles. Ele vira o quão rápida
Nashtah era, e ele nunca seria capaz de impedi-la, nem em seu melhor dia a
trinta anos antes. — Jag não vai machucar ninguém aqui. Ele apenas quer
nos mostrar algo.
Nashtah olhou sobre a mesa, mas afastou a mão do coldre.
— Não tente nada estúpido.
— Você não tem o que temer de mim, eu lhe asseguro. — Fel disse.
Quando ficou claro que ela não tentaria atirar nele, ele puxou um rolo de
tiras trançadas de dentro da jaqueta. Ele o segurou na frente de Leia. —
Você sabe o que é isso, presumo?
Leia assentiu.
— Um cordão de memória Twi'lek... um bem longo.
— Correto. Eu o encontrei em Tenupe, logo após descobrir os corpos do
grupo de busca comercial que mencionei. — Ele o colocou sobre a mesa. —
Mas o hospedeiro estava faltando, e eu segui os rastros de uma fêmea coxa
até uma caverna onde ela vivia.
— E lá você encontrou isso? — Leia perguntou.
Fel assentiu.
— A minha família o enviou para ser pesquisado. A primeira parte
parece recontar como ela se salvou ao cortar a garganta da aranha-preguiça
por dentro. A criatura a mordeu como você descreveu, mas ela já estava
morrendo e não causou tanto dano quanto você levou o Aristocra Formbi a
acreditar.
— O sabre de luz dela estava ativado quando a criatura a pegou. — Leia
disse. — Só não achei que ela mataria a coisa rápido o bastante para
sobreviver.
— Ela quase não matou. — Fel disse. Ele apontou para o próximo
conjunto de nós. — Esses descrevem as feridas dela e a recuperação. O
braço dela e seis costelas foram fraturados, e ela sofreu ferimentos
profundos no abdômen e nas costas. Felizmente para ela, e infelizmente
para nós, quando os Killiks evacuaram após a batalha, deixaram milhares de
desgarrados para trás. Ela foi capaz de convocar um pequeno grupo para
cuidar dela.
— Espere um minuto. — Han disse. Ele estava fazendo o seu melhor
para ficar de olho no resto da cantina, e até então o time de Segurança
Hapan parecia disposto a esperar que terminassem os seus drinques e
desmaiassem. — Você está dizendo que os Killiks ainda estão lá?
— Duvido. — Fel disse. — Eles eram náufragos, como eu era. Eu os,
hum, encontrei regularmente durante o primeiro ano. Mas eles eram sempre
de ninhos diferentes, e no segundo ano eles começaram a desaparecer. Acho
que viveram as suas vidas e morreram.
— Isso faz sentido, Killiks têm expectativa de vida curta. — Leia disse.
— Mas um ano seria o suficiente para cuidar de Alema até ela se curar.
— De fato. Ela registrou a morte de cada um deles em detalhes. — Fel
parou, então indicou um conjunto de nós que pareciam se repetir a cada
quatro ou cinco centímetros. — Mas esses nós são a razão pela qual estou
aqui. Eles parecem ser uma lista de lesões recorrentes infligidas por suas
mãos, e os nós no meio parecem ser listas de possíveis retaliações.
— Onde quer chegar? — Han pediu. — Você está dizendo que a maluca
safada está vindo atrás de Leia?
— Estou contando o que encontrei na caverna dela. — Fel respondeu
calmamente. — O que farão com isso é problema seu .
Os olhos de Leia mandaram um aviso para Han, então ela se virou para
Fel.
— Obrigada por me contar, Jagged. Depois do que aconteceu em
Tenupe, eu sei que não deve ter sido fácil para você.
— Fácil não importa. — O olhar de Fel ficou distante e talvez um
pouco duro. — Você me avisou para ejetar, e eu tinha um débito a retribuir.
Agora está feito.
— Entendo. — A expressão de Leia se tornou triste. — Então agora
você retornará para a Ascendência?
Fel balançou a cabeça.
— Não, observarei vocês.
Han teria perguntado o porquê, porém o bartender retornou. Ele colocou
a cerveja de Fel na mesa, então franziu a testa para Nashtah, que estava
caída no canto com o mesmo olhar desfocado que Leia geralmente assumia
quando entrava em um transe da Força.
— A Carequinha está bem? — Ele perguntou. — Não quero ninguém
morrendo aqui.
— Ela esstá bem. — Han enrolou as palavras deliberadamente, mas ele
realmente estava se sentindo um pouco quente e sonolento. — Apenasss
esssqueceu de fechar os olhosss.
O bartender fez uma careta, desconfiado. Han pensou ter exagerado,
mas Fel fez questão de erguer a própria caneca até os lábios e tomar um
pequeno gole.
— Excelente. — Ele estalou os lábios com um prazer exagerado, então
colocou a caneca na mesa e limpou a espuma com a manga. — Mata a sede
mesmo.
Han franziu a testa.
— Sério? Você não acha que essstá um pouco rala?
— Nem um pouco. — Os olhos de Fel desviaram nervosos. — Mas
quando se trata de cervejas, meu gosto não é muito refinado.
— Deve ser issso. — Han ergueu a própria caneca até os lábios e deu
um pequeno gole, então assentiu. — Sim, quanto maisss você toma, melhor
fica.
O bastender resmungou e retornou para o bar.
Assim que ele partiu, Han se virou para Fel.
— Então por que está nos observando?
— Porque nós somos a isca. — Leia resumiu. O rosto dela estava um
pouco corado, mas ela parecia alerta o bastante para terminar a conversa e
correr. Ela se virou para Fel. — Sua missão é caçar Alema e garantir que ela
não possa reiniciar o Ninho Sombrio, não é?
— Essa é minha intenção, sim. — Fel disse. — Mas não minha missão.
Não faço mais parte do exército da Ascendência.
Han franziu a testa.
— Se não está em missão, o que está fazendo aqui?
— Não tenho nada a esconder. — Fel fingiu tomar outro longo gole da
caneca. — Estou em exílio.
— Exílio? — Leia perguntou. — Por quê?
— Como você sabe, eu garanti a liberdade condicional de Lowbacca em
Qoribu. Quando ele participou do ataque ao Depósito de Suprimentos
Thrago, minha família se tornou responsável pelo dano causado à
Ascendência daquele ponto em diante.
Um olhar de tristeza subitamente veio ao rosto de Leia, e o estômago de
Han parecia vazio. Não fora ele que enganara Lowbacca e os outros para
atacar o Depósito de Suprimentos Thrago, mas havia sido o seu filho,
Jacen.
— Como sei que sabem, Wookiees podem causar bastante dano. — Fel
continuou. — Especialmente os Wookiees Jedi. Quando a minha família
não conseguiu cobrir as despesas, eu fui forçado a deixar a Ascendência.
O queixo de Leia caiu.
— Jagged, sinto muito. Se houver qualquer coisa que possamos...
— Não há. — Fel disse, um pouco cortante. — Não há nada que
qualquer Jedi, ou Solo, possa fazer para mudar o decreto das famílias
dominantes.
— Sei que as coisas parecem ruins agora, mas dê tempo ao tempo. —
Leia disse. — Após você encontrar Alema, tenho certeza de que a
Ascendência reconsiderará...
— Então você não conhece a Ascendência. — Fel gritou. — Encontrar
Alema redimirá a honra de minha família e dará a eles meios de refazer a
sua fortuna. Mas a minha situação continuará a mesma; se eu algum dia
retornar para a Ascendência, minha família inteira será desonrada.
— Bom, o que pudermos fazer. — Han não gostou do tom que Fel usou
com Leia, mas o garoto tinha uma boa razão para estar com raiva. — Nos
use como isca como quiser... todo mundo usa.
Ele lançou um olhar significativo para Nashtah, que ainda estava caída
contra a parede, encarando o nada.
— Estou usando vocês como isca. — Fel empurrou a caneca para o
centro da mesa e começou a se levantar. — E agora, se puderem me dar
licença...
— Não tão rápido. — Han deu uma olhada em volta rapidamente e
ficou desanimado ao notar meia dúzia de olhos virados na direção deles. —
Há apenas uma coisa sobre a sua história que me incomoda.
Jag não retornou ao seu assento.
— Isso realmente não é problema meu, Capitão Solo.
— Pelos velhos tempos. — Leia disse. Ela agarrou Fel por trás do
cotovelo e, usando a Força, o puxou de volta para o banco. — Eu acho que
Han quer dizer que o seu relato não está batendo.
— É. — Han disse. — É exatamente isso que estou dizendo. De jeito
nenhum você nos encontrou sozinho.
— Na verdade, não foi nem um pouco difícil. — Fel disse. — A
HoloNotícias está cheia de histórias sobre a sua deserção para Corellia.
— Aqui não é Corellia. — Han disse.
— Verdade, mas eu por acaso vi um comunicado do Almirante Bwua'tu.
— Fel olhou nervoso pela cantina, então continuou. — Ele estava
convencido de que o próximo passo de Corellia seria uma tentativa de
convencer Hapes a entrar na guerra do lado deles.
— Você está mentindo. — Han disse, com mais esperança do que
convicção. Apesar de sua fúria por Gejjen os ter usado para montar uma
tentativa de assassinato contra Tenel Ka, o seu coração permanecia com
Corellia, e o assustava pensar que a Aliança Galáctica era boa o bastante
para prever o plano desesperado de Gejjen. — Ninguém vê esse tipo de
comunicado.
— Há muitos oficiais na Aliança Galáctica que valorizam a honra tanto
quanto os Chiss. — Fel disse. — É difícil acreditar que um deles iria me
ajudar a caçar Alema Rar? Especialmente já que foi a Aliança quem
declarou a morte dela?
— Ele tem uma questão. — Leia disse para Han. — E eu não sinto que
ele esteja mentindo.
Han entendeu o que ela dizia, que podia sentir pela Força que Fel dizia a
verdade. Mas permaneceu desconfiado.
— Ainda é um longo caminho dessa mensagem até a Estação Telkur.
— Não tanto quanto você pensa, Capitão Solo. — Fel disse. — Vocês
dois conhecem a Rainha-mãe desde que ela era uma criança. Quem mais
Corellia mandaria?
— O que te coloca no meio do caminho. — Leia apontou. — Mas nada
do que você disse explica como você foi de Hapes até a Estação Telkur.
— Essa é a parte mais simples de todas. — Fel olhou ao redor da
cantina. — Eu os segui.
Han seguiu o olhar de Fel até o bartender, que fingia limpar o balcão,
mas os observava.
— É claro. — Leia disse baixinho. — Segurança Hapan.
Fel assentiu.
— A equipe dele partiu do Palácio da Fonte algumas horas após o seu
ataque contra a Rainha-mãe.
— É mesmo? — Irritava Han deixar Fel acreditar que ele e Leia
realmente tentaram matar Tenel Ka, claramente, o garoto já chegara a
conclusão de que nenhum dos Solos tinha honra, mas Han dificilmente
podia acertar as coisas com Nashtah sentada ao lado dele. — E você por
acaso colocou o seu sinalizador na nave deles?
— Na verdade, não. — Fel se levantou novamente. — Eu escolhi essa
equipe porque eu ouvi um técnico do hangar dizer que iriam para o mais
perverso covil de corrupção e decadência no espaço do Consórcio.
Naturalmente, eu sabia que você apareceria cedo ou tarde.
— Você talvez queria ser mais cuidadoso em como fala isso da próxima
vez. — Han estava cansado do ato de exílio amargurado de Fel, mas tinha
de admitir que a lógica do garoto era boa. A Estação Telkur era exatamente
o tipo de lugar onde uma nave fora da lei rondando nessa parte do
Consórcio iria eventualmente parar para suprimentos. — Mas obrigado por
nos avisar sobre as bebidas.
— De nada, no entanto, suspeito que vocês estavam esperando
problemas. — O olhar de Fel caiu sobre Nashtah, que agora estava sentada
ereta e piscando. — Agora, vocês terão de me dar licença. Essa luta
realmente não é da minha conta.
Fel andou na direção da saída, deixando Han e as suas companheiras
para localizar a equipe de segurança. Não era difícil. Eles eram aqueles se
esforçando demais para cuidar da própria vida, parecendo mais interessados
nas bebidas ou na conversa ao que acontecia ao redor deles. Han
rapidamente contou uma equipe de vigilância padrão de seis agentes,
incluindo o bartender. Eles estavam espalhados pela cantina perto das
saídas, com uma visão clara dos Solos, e bem posicionados para cortar
qualquer tentativa de fuga.
Não demorou para localizar o líder da equipe. Han esperava uma
mulher no comando e inicialmente não prestou atenção no sujeito magricela
sentado sozinho na ponta do bar. Mas da segunda vez que olhou, o homem
estudava os copos meio cheios e murmurava para a sua bebida.
— Acabou nosso tempo. — Enquanto Han falava, ele balançou as
pernas debaixo da mesa e abaixou a mão na direção do coldre do blaster. Se
ele quisesse convencer Nashtah que ele e Leia falavam sério sem muito
derramamento de sangue, ele precisava agir agora. — Acho que estão
bravos porque não gostamos dos drinques.
O líder desviou o olhar e murmurou para a bebida com mais urgência.
Han configurou o blaster para atordoar, então sacou e atirou duas vezes sem
se levantar.
O primeiro disparo passou de raspão no abdômen do líder, derretendo
uma linha escura na frente da túnica dele o fazendo se curvar de dor. O
segundo o pegou em cheio no flanco, derrubando-o no chão em uma massa
convulsionante.
No instante de silêncio de choque que se seguiu, Han pensou que o seu
plano pudesse dar certo, que ele, Leia e Nashtah poderiam desaparecer
pelos corredores confusos da estação antes da equipe de vigilância se
recuperar do choque.
Então ele se levantou. Os seus joelhos enfraqueceram e a cabeça
começou a girar, e ele precisou se apoiar na mesa.
— Han? — Puxando o seu sabre de luz de dentro de seu robe enquanto
se movia, Leia se levantou e começou a alcançá-lo, então precisou abaixar a
mão para se segurar. — Opa. Negócio forte.
— É. — Han disse. O time de segurança já estava se recuperando do
choque e sacando armas. — Pega você de jeito.
— Renatyl, um favorito dos caçadores de recompensa. — explicou
Nashtah. Subitamente parecendo alerta e pronta para a luta, claramente um
resultado do transe da Força que entrara. — Você não nota até tentar se
levantar, então você cai de cara no chão.
— Obrigado pelo aviso. — Han reclamou, começando a se sentir ainda
mais enjoado e zonzo.
Metade da equipe de segurança, dois homens altos e corpulentos e uma
mulher de olhos duros com bochechas altas e sobrancelhas finas, já estavam
levantando as pistolas blaster e gritavam ordens para se renderem. O sabre
de luz de Leia ganhou vida com um forte snap-hiss, mas Nashtah não
mostrava sinais de se levantar para partir com os Solos.
Han franziu a testa pra ela.
— Você vem?
— Ainda não. — Ela sacou o blaster de cano longo do coldre na coxa.
— Eu odeio ser drogada.
— Então é melhor vir conosco agora. — Han disse. Ele foi até ela,
estendendo a mão para ajudá-la, mas na verdade tentando bloquear a linha
de fogo dela. — Se você achou isso ruim, espere até os interrogatórios
Hapan...
Nashtah ergueu o blaster e apertou o gatilho, mandando um disparo de
calor azul raspando pela orelha de Han. Ele gritou espantado, então se virou
e viu o bartender caindo atrás do bar, um blaster repetidor T-21 voando das
mãos dele e um punhado de fumaça subindo entre os olhos dele.
Han abaixou a cabeça.
— Eu realmente gostaria que não tivesse feito isso. Agora as coisas vão
ficar...
Antes de poder terminar, a cantina irrompeu em um tumulto de vozes
gritando e armas aos berros. O sabre de luz de Leia rugia enquanto ela
trazia a lâmina para se defender.
— Han! — Ela berrou. — Uma ajudinha?
Han girou e encontrou Leia freneticamente desviando rajadas de tiros de
blaster, fazendo o seu melhor para evitar machucar alguém ao direcionar os
ataques para a teia de dutos que servia como o teto da cantina. Mas o
Renatyl estava fazendo efeito nela, diminuindo seus reflexos o bastante para
alguns disparos ricochetearem na parede ou chão, e alguns até mesmo
deslizavam e passavam gritando pela cabeça de Han.
mantendo o seu próprio blaster configurado para atordoar, Han começou
a devolver os tiros, concentrando em um trio de agentes entre eles e a saída.
Ele derrubou um, e Leia seguiu na direção da saída, cambaleando e
balançando.
Disparos de blaster começaram a fluir por trás. Han se virou para cobrir
o fogo, mas a cantina entrou em um giro alimentado pelo Renatyl, e ele não
pôde ver nada além de redemoinhos de cores embaçadas. Ele apontou o
blaster para o fluxo de disparos azuis e segurou o gatilho, então gritou em
choque quando algo quente bateu em seu ombro.
Han estava no chão antes de saber que estava caindo, as suas narinas
queimando com o cheiro de carne chamuscada, um lado de seu corpo
latejando com uma dor excruciante. Para sua surpresa, ele ainda estava
segurando a pistola blaster, atirando na direção de um par de formas
amorfas que rapidamente tomavam a forma de agentes de segurança
avançando.
— Han? — Leia gritou. — Você está...
— Ele vai ficar bem! — Nashtah falou. Finalmente decidindo ajudar,
ela deslizou para fora do banco e ajoelhou ao lado de Han. Ela atirou duas
vezes, e ambos os agentes caíram com buracos queimados nos rostos. —
Talvez eu acredite na sua história afinal de contas.
— Tarde... demais. — Han gemeu. — Se nós sairmos daqui, você está
por sua conta.
— Oh... você está bravo? — Nashtah deu tapinhas na bochecha dele,
então se virou na direção de Leia. — Que fofo.
Ela atirou uma dezena de vezes, e subitamente o único som na cantina
era o zumbido do sabre de luz de Leia. Han rolou para ficar de joelhos,
quase desmaiando pela dor e o Renatyl, e girou. Leia estava dois metros à
frente, segurando o seu sabre de luz de lado e encarando os corpos imóveis
de vários agentes de Segurança Hapan.
Quando ficou óbvio que estavam todos mortos, Leia desativou o seu
sabre de luz e ajoelhou-se ao lado de Han.
— Quão ruim...
— Vou viver. Temos outras coisas com que nos preocupar. — Han
desviou o olhar até Nashtah, que ainda estava ajoelhada no chão ao lado
dele. — Essa é só uma equipe de vigilância, mas...
Han estremeceu de dor quando Leia o colocou de pé.
— ... eles devem ter chamado reforços no minuto que nos identificaram.
— ela disse, terminando a frase dele. — Você está certo... temos que dar o
fora daqui.
— Antes de encontrarmos meu contato? — Nashtah perguntou.
— Que contato? — Han exigiu. — Você está só nos testando.
Mas Nashtah já cambaleava na direção dos fundos da cantina,
claramente sentindo os efeitos do Renatyl ainda mais do que os Solos.
Apesar da maioria dos clientes terem evacuado o mais rápido possível, uma
morena elegante em um colete de syntex vermelho estava parada na saída
dos fundos, os seus olhos indo de um lado para o outro, nervosa enquanto
Nashtah se aproximava.
O ombro de Han estava acabando com ele, mas ele começava a pensar
que isso fora mais do que um teste afinal.
— O que você acha? — Ele perguntou para Leia.
— Acho que passamos. — Leia disse. — Você está pronto para isso?
— Por Tenel Ka, estou pronto para qualquer coisa.
Han liderou o caminho até Nashtah, se contorcendo por dentro enquanto
ele e Leia pisavam em volta de clientes feridos e agentes de segurança
imóveis. Ele estava enojado pelo pensamento de tantas pessoas morrendo
apenas porque Nashtah era preguiçosa demais para ajustar a configuração
de seu blaster, mas as apostas eram altas demais para deixar os seus
sentimentos à mostra. As vidas de Tenel Ka e a filha dela dependiam de
descobrirem quem estava por trás do golpe, assim como a estabilidade do
Consórcio Hapes.
Até Han e Leia chegarem, Nashtah já estava conversando com a mulher.
— ... vir junto? — Ela perguntava.
— Esse foi o combinado. — A mulher olhou os Solos e franziu a testa.
— Para nós duas.
— Esses agentes provaram que os Solos estão do nosso lado. —
Nashtah disse, indicando com a mão os Hapans mortos.. — E eu preciso de
uma carona. O seu plano de assassinato foi uma cilada.
— Isso é impossível. — a mulher retrucou. — Se você pensa que o
conselho vai aceitar a culpa pelo o seu fracasso...
Nashtah cobriu a boca da mulher com a mão, então a jogou contra uma
parede de duraço e se inclinou para perto.
— Não é uma questão de se o conselho vai aceitar, Lady Morwan. — A
voz de Nashtah era fria e ameaçadora. — É uma questão do que eu vou
fazer.
Os olhos da mulher deslizaram na direção de Leia como se pedindo
ajuda.
— Ela está certa, Lady Morwan. — Leia disse. — Eles nos esperavam.
Alguém no seu conselho é um espião.
Os olhos de Morwan se arregalaram em espanto, e Han teve de forçar a
si mesmo para não sorrir. Eles já descobriram muito sobre o golpe, mas
Leia fizera algo ainda mais importante: ela começara a semear a suspeita e
discórdia dentro da própria organização.
Após um momento, Morwan assentiu, e Nashtah removeu a mão.
— O que vai fazer? — Morwan perguntou. — Espião ou não, o
conselho lhe pagou o tesouro de um Hutt. Eles esperam que você faça valer
o seu pagamento.
— Eu farei... do meu jeito.
Morwan considerou por um momento, então disse:
— Muito bem... mas o Conselho quer que você cuide da Chume'da
primeiro.
— A criança? — Nashtah franziu a testa. — E quanto à Rainha-mãe?
— Depois. — Morwan disse. — Sempre podemos encontrar a Rainha-
mãe. Mas agora que deixamos as nossas intenções claras, a Chume'da será
enviada para um esconderijo.
Nashtah nem mesmo hesitou.
— Exigirei uma nova comissão.
— É claro, assim que eliminar a Chume'da. — Morwan disse. — A sua
primeira comissão será o pagamento por isso.
Nashtah considerou, então assentiu.
— Combinado. — Ela deu um passo para trás e alisou o colete de
Morwan. — Com que tipo de embarcação você veio até aqui?
— Um Esquife Batag. — Morwan abaixou a sobrancelha, claramente
confusa. — as suas instruções diziam para vir em algo pequeno e discreto.
— E você fez bem. — Nashtah disse. — Me dê o código de segurança.
Morwan franziu a testa.
— O código de segurança?
— Eu preciso de transporte. — Nashtah olhou para Han. — A Falcon
não é muito discreta, mesmo com os códigos de transponder falsos.
— Mas como eu...
— Você não é meu problema. — Nashtah enfiou o dedão na laringe de
Morwan. — O código!
— Alophon! — Morwan engasgou. — Esse é o código para a escotilha.
Nashtah diminuiu a pressão na garganta de Morwan.
— E o código de piloto?
— Remela.
Nashtah sorriu.
— Foi assim tão difícil? — Ela abaixou a mão e se virou para Han e
Leia. — Eu acredito que não nos encontraremos novamente... suspeito que
seja mais prazeroso para mim do que para vocês.
— É isso? — Han perguntou. — Você simplesmente vai embora?
Nashtah pensou por um momento, então ergueu a sobrancelha como se
lembrasse de algo.
— Ah... o problema com o seu filho. — Ela pegou um datachip do cinto
de utilidades e o passou para Han. — Instruções de contato. Deixe uma
mensagem quando estiver pronto.
Ela seguiu na direção da saída, então parou e olhou pra trás, sorrindo.
— Espero que vocês entrem em contato. Estou ansiosa em trabalhar
com vocês nisso.
— Não vai acontecer. — Leia disse, pegando o chip de Han. — Jacen é
o nosso filho.
— E Tenel Ka era a sua amiga. — Nashtah rebateu. — Ainda assim
aqui estamos.
Ela desapareceu pela saída, deixando Han e Leia parados lá furiosos.
Han capturou o olhar de Leia, então olhou na direção de Nashtah,
silenciosamente perguntando se deveriam tentar eliminar a assassina agora.
Leia balançou a cabeça rapidamente. Com Han já ferido, ele sabia, as
chances eram poucas. Além do mais, havia uma boa chance de Tenel Ka e
sua equipe de segurança, sem mencionar o Star Destroier, impedirem
Nashtah sozinhos. O que eles não poderiam fazer, no entanto, era descobrir
quem estava no misterioso “conselho” de Morwan.
Leia escorregou uma mão sob o braço de Han.
— Vamos, piloto... é melhor levarmos você de volta para a Falcon e dar
uma olhada nessa queimadura de blaster.
Ela o virou na direção do lado oposto da cantina e começou a andar,
então subitamente parou e olhou por cima do ombro como se acabasse de se
lembrar de algo.
— Desculpe minha indelicadeza, Lady Morwan. Podemos te oferecer
uma carona para algum lugar?
— Por favor. — Morwan os seguiu, nem mesmo tentando esconder o
seu alívio. — Tive medo de você não perguntar.
Capítulo 15
Luke acordou com o mesmo espírito inquieto de todas as vezes que sonhava
com o rosto, com o seu peito pesado com o fardo de um dever não
respondido, com o seu estômago revirado pelas premonições de fracasso. O
rosto sempre vinha até ele meio escondido por baixo de um capuz
levantado, traindo apenas uma pista de sua aparência, uma boca congelada
em uma careta torta de angústia, a sobrancelha irregular fixada em uma
carranca de desaprovação permanente, um par de olhos negros brilhando
com malícia perpétua. Nunca viu o suficiente do rosto para saber se era o
mesmo todas as vezes, mas as emoções sempre vinham em ordem: dor,
condenação, rancor. Luke não tinha ideia do que o padrão significava, mas
tinha certeza de que era um alerta de tempestade.
Um assobio o chamando soou do outro lado da elegante cabine principal
da Sombra de Jade, onde R2-D2 estava na escotilha, arrastando-se para
frente e para trás em seus braços de apoio. Luke se permitiu imaginar
usando a Força para empurrar o pequeno droide para o corredor e fechar os
olhos novamente. Desde a descoberta do envolvimento de Lumiya com a
GAG, estivera tão preocupado com Ben que mal fora capaz de dormir, e
mesmo quando conseguia, era tão perturbado pelos sonhos que nunca
acordava se sentindo revigorado.
— Tudo bem, não precisa do marcador de ronto. — Luke girou as
pernas e sentou-se na beirada da cama. — Estou acordado.
R2-D2 emitiu um assobio duvidoso, mas parou e retraiu o braço
enquanto Luke pegava as suas botas. O tamborilar constante no de que
sugeria que a Sombra emergira do hiperespaço e estava desacelerando
rapidamente, presumidamente em sua aproximação final do planeta Hapes.
Luke podia sentir a impaciência de Mara através de seu elo com a Força,
mas não a causa. Talvez estivesse tendo dificuldades em conseguir
permissão para aproximação das forças defensivas Hapan, ou talvez
estivesse simplesmente ansiosa para afastar Ben de qualquer influência que
Lumiya estivesse exercendo sobre Jacen e a GAG.
Uma vez que as suas botas estavam amarradas, Luke pegou o seu robe e
seguiu em frente atravessando a sala de observação. As faces cheias de
crateras de duas luas prateadas deslizavam do lado de fora a estibordo da
Sombra. Do lado externo da outra, as caudas de íon de meia dúzia de naves
estelares rastejavam através do veludo salpicado de estrelas. À distância
pendia um disco branco imóvel, sem dúvida um dos Dragões de Batalha
que rastreariam Hapes após o atentado contra a vida de Tenel Ka.
Luke continuou em frente até o deque de voo, onde o disco machado de
nuvens do planeta pendia bem à frente. Os seus oceanos brilhantes e ilhas
arborizadas estavam lindos como sempre, mas Luke estava mais interessado
no objeto do tamanho de um dedão flutuando na direção do centro da
janela. Ao invés do habitual branco, o casco do Star Destroier era preto
fosco, com o domo revelador de um protuberante gerador de gravidade por
baixo de sua barriga e um cone de camuflagem erguendo-se na metade de
sua espinha.
Era a primeira vez que Luke via o novo Star Destroier da GAG. Não
gostou muito, e realmente não gostava dele ter sido nomeado Anakin Solo,
em homenagem ao seu sobrinho morto.
Uma seção da janela obscureceu e se tornou um espelho, e o rosto de
Mara apareceu no reflexo, parecendo focada e preocupada. A Sombra tinha
um convés baixo, com o piloto sentado embaixo no nariz da cabine, então
ela precisou inclinar a cabeça ligeiramente para cima para encontrar o seu
olhar.
— Acabamos de receber uma hologravação interessante. — ela disse.
— De Jacen?
Mara balançou a cabeça.
— De Han, retransmitida pela HoloNet do Templo Jedi.
— Sério? — Luke ergueu as sobrancelhas; antes de deixar o Templo
Jedi ele fora informado sobre a “participação” dos Solos na tentativa de
assassinato. — Explicando como eles foram representados por clones e não
estavam em Hapes quando alguém tentou matar Tenel Ka? Porque essa é a
única coisa que faz sentido.
— Não exatamente. — Mara disse. — E só fica mais confuso. Han e
Leia estão espionando os conspiradores do golpe.
— Espionando? — Luke franziu a testa, tentando decifrar o rumo dos
eventos que levariam os Solos de Corellia até a tentativa de assassinato para
tornarem-se espiões da Aliança Galáctica. — Tem razão, é confuso... mas
tudo o que Han e Leia fazem geralmente é. O que tinha na mensagem?
— Eles descobriram a identidade de um dos líderes. — Mara disse. —
Han quer que passemos a informação para Tenel Ka o mais breve possível.
Luke olhou para fora da janela, onde a silhueta da Anakin Solo agora
pendia bem à frente da Sombra.
— Então por que estamos seguindo para a Anakin?
— Eu tentei retransmitir a mensagem para Tenel Ka. Meu sinal foi
encaminhado para o Príncipe Isolder. Ele sugeriu que eu tentasse
novamente quando estivéssemos a bordo da Anakin.
— Da Anakin? — Luke fechou os olhos e expandiu sua percepção da
Força na direção do Star Destroier. Não levou muito até ele descobrir a
familiar e equilibrada presença de Tenel Ka. — O que ela está fazendo lá?
— Protegendo Allana, tenho certeza. Duvido de que ela precise de Han
dizendo a ela que há um traidor em sua equipe, ou que a sua filha é um alvo
tanto quanto ela.
— Então ela se vira para Jacen. — Luke disse. Ele estava
impressionado, como tantas vezes ficava, pelo quão solitária e triste a vida
de Tenel Ka se tornara, quanto ela sacrificava para garantir um governo
estável e humano para o povo de seu pai. — Acho que faz sentido.
Mara assentiu.
— Quando você não pode confiar em seus novos amigos, você se vira
para os antigos. — Ela ficou em silêncio por um momento, então
acrescentou. — Especialmente se um deles é por acaso um amigo bem
próximo.
Luke ergueu a sobrancelha.
— Você acha que Jacen e Tenel Ka são amantes?
— Ele foge para ver alguém de meses em meses. — Mara disse.
— Tenel Ka? — Luke franziu a testa, tentando imaginar Tenel Ka tendo
encontros secretos com alguém tão perigoso para o seu trono quanto Jacen,
então balançou a cabeça. — Se ela não fosse a Rainha-mãe, talvez. Mas não
há futuro nisso.
— E você pensa que isso os impediria?
— Talvez não Jacen. — Luke disse. — Mas um amante Jedi causaria
muitos problemas para Tenel Ka. Ela não tomaria um risco tão tolo, não
importa como ela se sentisse em relação a ele.
A expressão de Mara continuava duvidosa.
— Tenel Ka precisa ter algo para si. Ela dá tudo o mais para o
Consórcio.
— Certo, é possível. — Luke disse. Não entendia por que achava a ideia
tão alarmante; era meramente por causa dos seus medos acerca de Jacen?
Ou as suas reservas iam além disso? Talvez o fizesse temer que a corrupção
de Lumiya estivesse se espalhando mais rápido do que pudesse contê-la. —
E esse é mais um motivo pelo qual não deveríamos especular. Podemos
colocar a vida de Tenel Ka em risco.
— Tudo bem. — Mara disse, entendendo o ponto. — Mas você não tem
nem um pouco de curiosidade sobre Allana?
— É claro. — Luke admitiu. — Mas Jacen não pode ser o pai. O
momento não bate.
Mara fez beicinho, o que parecia completamente fora de lugar em seu
rosto forte.
— Estraga prazeres.
— Só estou dizendo que é impossível. — Subitamente Luke sentiu a
necessidade de explicar os seus motivos, talvez porque agora Mara o deixou
se perguntando sobre a paternidade de Allana. — Por seis meses após a
Batalha de Qoribu, Jacen foi confinado na academia em Ossus, junto com o
resto dos Cavaleiros Jedi envolvidos, e é quando Allana deve ter sido
concebida. Se Jacen estivesse fugindo para visitar Tenel Ka, saberíamos.
Mara deixou um escapar um exagerado suspiro de desapontamento.
— Estraga prazeres.
— Certo, Certo. — Percebendo que Mara o estava provocando agora,
Luke sorriu e ergueu as mãos. — Eu me rendo. Tenho certeza de que
podemos pensar em outra explicação. Sabemos que ele visitou Tenel Ka
quando pediu pela frota que ela mandara para Qoribu. Talvez a gestação de
Allana tenha levado um ano inteiro.
Mara recuou com desconforto.
— Agora você está sendo cruel. — Ela desviou o olhar na direção do
reflexo da cadeira do copiloto. — Sente-se. Você parece que esteve lutando
com rancores enquanto dormia.
— Quem dera. — Luke escorregou para o assento do copiloto atrás
dela. — Foi o rosto novamente.
A expressão de Mara ficou séria.
— Jacen?
Luke deu de ombros.
— Talvez. Eu nunca o vejo suficientemente claro.
— Então você não pode ter certeza.
— Era um homem. — Luke respondeu. Ele podia sentir através da
Força o quão perturbada Mara estava quanto a Ben, o quão alarmada estava
pela relação que descobriram entre a GAG e Lumiya, então ele não entendia
por que ainda se recusava a ver o que estava acontecendo com Jacen. —
Quem mais pode ser?
— Esse é a questão, Luke. — Mara disse. — Nós não sabemos. Até
então, a única conexão que temos entre Jacen e Lumiya é alguma evidência
sugerindo que ela vem trabalhando com a GAG.
— E você não acha isso alarmante?
— Como um gundark em um zoológico. — Mara respondeu. Ela
retornou o seu olhar para a Anakin Solo, constantemente crescendo no
centro da janela. — Mas há uma grande diferença entre suspeita e fato. E se
Lumiya não estiver trabalhando para a GAG? E se alguém na GAG estiver
trabalhando para ela?
— Você acha que ela subverteu um dos subordinados de Jacen?
— Eu acho que precisamos estar abertos para as possibilidades. —
Mara corrigiu. — Você não gosta do que Jacen está fazendo com a GAG,
então você está predisposto a presumir o pior. Tudo o que estou dizendo é
que não podemos deixar a emoção colorir o nosso julgamento.
Luke ficou em silêncio por um momento, então soltou um longo
suspiro.
— Você está certa, talvez eu esteja presumindo o pior porque não gosto
dos métodos de Jacen. Mas o seu conselho serve para nós dois, você sabe.
Eu acho que você se cegou para o que está acontecendo com Jacen porque
foi ele quem convenceu Ben a não se esconder da Força.
Mara assentiu.
— Culpada. — ela disse, mantendo os olhos para frente. — É por isso
que temos de trabalhar juntos nisso, Skywalker. Precisamos ser honestos
um com o outro... e se não gostarmos do que encontrarmos, precisaremos
um do outro ainda mais.
O tom dela fez Luke franzir a testa.
— O que está dizendo?
— Você sabe, Skywalker. — ela respondeu. — Se você estiver certo, se
Jacen estiver me enganando, não será fácil lidar com ele. Nós dois seremos
necessários.
Luke ergueu a sobrancelha, surpreso pelo gelo na voz de Mara.
— E quanto àquela sensação de certeza que sentiu na Arena de Treino?
Você disse que tínhamos de deixar Ben seguir o seu próprio caminho, que
você pensava que a Força o atraíra até Jacen por uma razão.
— Ainda penso isso. — Mara disse. — Mas nós temos um caminho
para seguir, também. Talvez seja onde nossos caminhos se encontrem, onde
o caminho de Ben finalmente se junta ao nosso.
— Apenas o de Ben? — Luke perguntou. Ele começava a sentir um
pouco da antiga implacabilidade em Mara, um pouco de seu antigo instinto
assassino, e isso o assustava. — E quanto a Jacen?
— Se eu estiver errada, Jacen não terá um caminho. — Mara disse. —
Teremos que acabar com ele.
— Agora penso que você é quem está presumindo o pior. — ele disse.
— Estou preocupado com Jacen, mas não estou pronto para matá-lo.
— Então você não está sendo realista. — Mara disse. — Se ele está
trabalhando com Lumiya, não teremos escolha. Eu não o deixarei levar Ben
por esse caminho.
— É claro que não, mas seja lá o que Jacen se tornou, foi causado pelo
que aconteceu após ser capturado pelos Yuuzhan Vong, e fui eu quem o
enviou naquela missão. — Luke parou, ainda lutando com a decisão que
custara a vida de seu sobrinho Anakin e tantos outros jovens Cavaleiros
Jedi, ainda imaginando o que mais poderia ter feito para salvar os Jedi. —
Eu não desistirei de Jacen apenas porque se perdeu. Se ele já caiu sob a
influência de Lumiya, eu o trarei de volta sob a minha.
O olhar de Mara desviou-se de volta para o reflexo de Luke no painel
espelhado.
— Por que isso não me surpreende?
Luke deu um sorriso inocente.
— Porque você está tão acostumada a me ver fazendo o impossível?
Mara suspirou.
— Algo assim. — Ele olhou de volta para a Anakin, que agora era uma
silhueta do tamanho de um braço contra as águas brilhantes de um oceano
Hapan. — Mas é melhor você não ter a intenção de redimir Lumiya,
também. O meu limite são as ex-namoradas.
— Não se preocupe. — Luke disse. — Mesmo eu não sou tão ingênuo.
Lumiya vai cair.
O canal de comunicações grasnou conforme o controle de tráfego emitia
uma permissão de aproximação para a Sombra. Pelos próximos minutos,
enquanto a massa escura da Anakin continuava a avolumar-se na janela, eles
ficaram ocupados fazendo correções de curso e providenciando verificações
de identidade. Um par de XJ5 ChaseXs os sobrevoaram para confirmar a
identidade deles visualmente, então irritaram Mara ao dar um giro e caírem
na zona de morte diretamente atrás da Sombra.
Finalmente, quando a Sombra se aproximara tanto que não podiam ver
nada além das camadas escuras da superestrutura maciça do Star Destroier,
o controle de tráfego os deu permissão para atracar no Hangar de Comando.
Mara desceu por baixo do céu de duraço preto que era a barriga da Anakin,
então direcionou a popa até uma pequena baía de lançamento defendida por
duas torres de canhões laser quádruplos.
Usou os propulsores de altitude para subir pela barreira de escudo até o
hangar, onde um conjunto de luzes de alerta a guiaram até o atracadouro
designado.
Tão logo a Sombra pousara, uma guarda de honra de vinte troopers da
GAG emergiu da escotilha de acesso. Eles se organizaram em duas colunas
em posição de atenção encarando um ao outro, e um momento depois Jacen
apareceu e caminhou pelo corredor entre eles. Uma capa preta saia dos
ombros de seu uniforme negro de coronel.
— Ah, não. — Mara disse, soltando o seu cinto. — Ele sabe com quem
se parece?
— Ele saberia se olhasse no espelho. — Luke estava desapontado por
não ver o seu filho companhando Jacen, mas não surpreso. Não sentira a
presença de Ben quando estendeu-se para ver se Tenel Ka estava a bordo da
Anakin. — Eu só espero que não seja essa a questão. Ele pode muito bem
ser uma holo de recrutamento para terroristas Corellianos.
Enquanto desligavam a Sombra, Luke expandiu a sua percepção na
Força para o Star Destroier inteiro, procurando por qualquer pista de que
Lumiya estava a bordo. Ele sentiu uma segunda presença perto de Tenel Ka
que parecia muito forte com a Força, a sua filha, Allana, ele suspeitava, mas
nada sombrio o bastante para ser Lumiya. É claro, isso não significava
muito. Jacen estava parado bem à frente dele, e Luke não conseguia sentir a
presença dele, tampouco.
Quando todos os sistemas foram colocados em espera, eles foram até a
popa e encontraram Jacen esperando na base da rampa de acesso. O seu
rosto estava cinza e enrugado, os círculos roxos embaixo dos olhos
sugeriam que ele não vinha dormindo bem, se é que dormia. Ele se curvou
primeiro para Mara, então para Luke.
— Mestres Skywalker, bem-vindos a bordo da Anakin Solo. — A voz
de Jacen soava genuinamente calorosa, apesar de ser impossível ler os seus
verdadeiros sentimentos. — Que surpresa agradável.
— Você talvez queira guardar o seu julgamento sobre isso. — Mara
disse. — Precisamos conversar.
— É claro. — Jacen permaneceu no pé da rampa de acesso, sem fazer
qualquer movimento para os permitir avançar. — Há algo errado?
— É seguro assumir que sim. — Luke disse. — Onde está o Ben?
— Em uma missão. — Jacen respondeu. — Ele está em uma zona sem
comunicação no momento, mas se isso é importante, eu posso expedir...
— Conversaremos sobre isso mais tarde, em particular. — Luke
precisou se esforçar para manter a voz calma; com Lumiya por aí, ele não
gostava da ideia de Ben estar em uma missão em lugar algum. — Primeiro,
precisamos conversar com a Rainha-mãe. Temos uma mensagem urgente
pra ela.
Os olhos de Jacen arregalaram-se surpresos.
— Tenel Ka?
— Agora, Jacen. — Luke disse. — E precisaremos de um holoprojetor.
Jacen soltou a respiração.
— Muito bem. — Ele deu um passo para o lado e os guiou com R2-D2
pelo corredor entre a guarda de honra. — Desculpe-me por hesitar, mas ela
me pediu para manter a presença dela em sigilo. Além da camareira que ela
trouxe consigo, Príncipe Isolder é o único Hapan que sabe que ela está a
bordo.
Eles passaram por uma escotilha até um pequeno átrio, onde quatro
troopers da GAG montavam guarda sobre um conjunto de tubos de
elevadores. A maioria dos tubos continha uma pequena placa próxima a
eles listando destinações como ENGENHARIA ou COMUNICAÇÕES, mas no fim do
átrio um tubo largo o bastante para cinco pessoas permanecia desmarcado.
— Esse desce até o Centro de Detenção. — Jacen explicou,
aparentemente notando o olhar de Luke. — Descobrimos que os
prisioneiros são menos propensos a resistir se não percebem que chegaram
ao fim de sua jornada.
— Muito... prático. — Luke disse, tentando não se alarmar por quão
proficiente o seu sobrinho se tornara na arte de aprisionamento e
interrogatório. — Presumo que resulta em menos lesões para os
prisioneiros.
Jacen assentiu.
— Isso também.
Um estremecimento de repulsa desceu pela espinha de Luke, mas se
Mara estava alarmada pela aparente indiferença de Jacen ao bem-estar dos
seus prisioneiros, ela não demonstrou. Ela apenas o seguiu pelo átrio até um
tubo marcado como PONTE, então entrou no tubo e subiu para longe de vista.
Jacen se virou para Luke.
— Você primeiro.
Luke indicou o tubo para R2-D2, então seguiu sem responder. O
estômago dele afundou enquanto as paredes do tubo passavam borradas.
Um momento depois parou e deu um passo para fora até uma antessala
espaçosa de duraço, onde outro destacamento de sentinelas da GAG
montavam guarda sobre várias escotilhas levando até um labirinto de
corredores azuis e brancos.
Uma única parede de transparaço, a única sem qualquer abertura,
mostrava o deque de voo um nível abaixo. A maioria dos oficiais ainda
vestia os uniformes azuis e cinza de um complemento normal de um Star
Destroier da Aliança Galáctica, mas Luke não pôde deixar de notar um
sentimento de orgulho e propósito que eles irradiavam na Força. Sejam
quais fossem as outras falhas de Jacen, ele claramente era um bom líder.
Jacen saiu do elevador atrás de Luke e falou para um trooper de pele
negra parado diretamente à frente deles:
— Sargento Darb, leve um destacamento de escolta até a Sala de
Reuniões e informe a Rainha-mãe que os Mestres Skywalker querem
conversar com ela. Esperaremos na Cabine de Conferência.
— Muito bem, Coronel.
O sargento fez uma continência e saiu para obedecê-lo. Jacen se virou
do deque de voo, guiando R2-D2 e os Skywalkers por um curto corredor até
uma Cabine de Conferência de última geração com uma unidade grande de
holocomunicação de um estágio em uma extremidade. A área era fechada
por um círculo de cadeiras flutuantes, cada uma com um painel acoplado no
braço para controlar unidades individuais de comunicação, telas em vídeo e
até mesmo dispensadores de caf automáticos.
Jacen foi até uma cadeira em uma das pontas, então se virou para
encarar Luke e Mara.
— Temo que levará alguns minutos antes do Sargento Darb chegar com
a Rainha-mãe. Após o atentado contra a vida dela, estou insistindo em
protocolos de segurança Nível Cinco mesmo a bordo da Anakin.
— Certamente isso não faz mal a ninguém. — Mara disse. — Contudo,
pelo que vi até agora, a sua tripulação parece excepcionalmente focada e
alerta, quase fanática. É difícil imaginar um assassino permanecendo
indetectado tempo o bastante para passar pela segurança.
— Obrigado. Vindo de você, tia Mara, encaro isso como um elogio e
tanto. — Ele ae sentou e indicou para os Skywalkers um par de assentos
próximos. — Há um cardápio de bebidas na tela do braço, se vocês
quiserem algo para beber.
Luke permaneceu de pé.
— Obrigado, mas não estamos com sede.
— Entendo. — A expressão de Jacen foi de contente para desapontada,
e se deslocou para a beirada de seu assento. — Então por que não
colocamos para fora o que está incomodando vocês? Eu sei que desaprovam
os meus métodos, mas a hostilidade que sinto vai mais fundo do que isso, e
me dói. Vocês e Ben são a única família que me resta.
— Isso não é verdade. — Mara se opôs. — E quanto a Jaina e os seus
pais?
— Você sabe o quão tenso está o meu relacionamento com Jaina. —
Jacen disse. — Tenho medo de que a insubordinação dela em Corellia
finalmente o tenha rompido. Não estamos nos falando, e eu suspeito que as
coisas continuarão dessa maneira.
— Talvez as coisas estivessem diferentes se você não a tivesse acusado.
— Luke apontou.
— O que eu deveria ter feito? Feito vista grossa porque ela é minha
irmã? — A voz de Jacen quebrava, mas a sua expressão permanecia
confiante e o seu olhar firme. — A Aliança Galáctica não poderá sobreviver
se os líderes continuarem tendo favoritos. É por esse tipo de coisa que
Corellia pensa não precisar viver sob as mesmas leis do que o resto da
Aliança. As regras se aplicam a todos ou a ninguém.
Luke não precisava da Força para sentir a convicção por trás das
palavras do sobrinho. Ela vertia de Jacen como calor de uma estrela,
banhando todos ao redor com o seu brilho, sem dúvida queimando aqueles
que chegavam perto demais.
— E quanto aos seus pais? — Mara perguntou. — Você está virando as
costas para eles porque eles não compartilham das suas ideias?
— Não mesmo. Estou virando as costas para eles porque eles tentaram
assassinar a governante de um estado-membro da Aliança, alguém que
sempre foi uma amiga para eles. — Jacen se levantou. — Os meus pais são
escória terrorista, e é por isso que virei as costas para eles.
O fogo nos olhos de Jacen era tão angustiado quanto era intenso, e Luke
finalmente começou a entender quão só o seu sobrinho realmente estava.
Ele perdera o seu irmão mais novo durante a última guerra intergaláctica e
renunciava a sua irmã e os pais em uma tentativa de prevenir uma nova, e
nessa inabalável batalha contra o mal que ele viu ameaçando a galáxia, ele
estava claramente pronto para abandonar o seu relacionamento com a tia e o
tio, também.
Como os Yuuzhan Vong que uma vez o capturaram, Jacen se tornara
capaz de qualquer sacrifício, e tão intolerante quanto em relação àqueles
que não compartilhavam de seu empenho. Jacen Solo caíra não porque era
egoísta, Luke percebeu, mas porque era altruísta.
— Jacen, eu sei que as ações dos seus pais são confusas. — Mara disse.
— Mas você precisa confiar em seu s...
— Deixe Jacen julgar os pais por si mesmo. — Luke interrompeu. A
única esperança deles em trazer Jacen de volta era chocá-lo, deixá-lo
descobrir por si próprio o quão errado estava. — No momento, estou mais
interessado em onde está Ben.
— Ele está a bordo de um esquife de reconhecimento. — Jacen
respondeu. — Eu ofereceria para colocá-lo em contato com vocês, mas ele
está nas Névoas Transitórias.
— O que Ben está fazendo nas Névoas Transitórias? — Mara
perguntou.
— Procurando por Jaina e Zekk. — Jacen respondeu. — Eles foram até
Terephon para entregar uma mensagem de Tenel Ka e não retornaram ainda.
Eu mandei o esquife de reconhecimento para investigar, e Ben foi junto
para ver se pode ajudar a encontrá-los através da Força.
A voz de Mara se tornou afiada.
— Sozinho?
— É claro que não. Como lhes disse, ele está a bordo de um esquife de
reconhecimento, com uma tripulação excelente. — Jacen franziu a testa,
preocupado. — Qual é o problema?
— Eu não avisei você que Lumiya havia retornado? — O tom de Luke
era tão afiado quanto o de Mara. — Que eu estava preocupado com a
possibilidade dela me atacar através dele?
— Sim. — Jacen disse. — Mas isso foi em Coruscant. Eu não acredito
ter motivo algum para se preocupar aqui.
— Por que não? — Mara exigiu. — Por que você tem certeza de que
Lumiya não está interessada nele?
A expressão de Jacen se tornou indignada.
— Como eu saberia isso?
— Jacen, descobrimos o apartamento de Lumiya. — Luke disse. —
Sabemos que ela vem trabalhando para a GAG.
Os olhos de Jacen se arregalaram. Não era uma reação despropositada,
dado o assunto em questão, mas Luke desejava que o seu sobrinho não
fosse tão bom em esconder os seus sentimentos na Força.
— Você pode pensar estar usando-a para os seus próprios fins. — Luke
continuou. — Mas está se enganando. Lumiya sempre tem intenções...
— Trabalhando com a GAG como? — Jacen interrompeu. — Eu
certamente não a vi de uniforme.
— Não nos insulte negando isso. — Mara disse. — Ela estava morando
em um esconderijo da GAG, e vem acessando os arquivos da GAG sobre o
Partido da Verdadeira Vitória.
— Então ela é quem está assassinando os Bothanos? — Jacen
perguntou. — Por quê? O que ela tem a ganhar ao disseminar a guerra?
— Você não vai sair dessa mudando de assunto. — Luke disse. Era
impossível dizer se a surpresa de Jacen era genuína ou falsa, então Luke
assumiu ser o último. — Sabemos que ela veio com você. Ela deixou o
apartamento no mesmo dia que a Anakin deixou Coruscant.
— Você acha que ela nos seguiu? — Jacen caiu na cadeira e apertou um
botão. — A Anakin precisa permanecer aqui em apoio a Rainha-mãe Tenel
Ka, mas eu levarei um esquife pessoalmente...
— Lidaremos com isso nós mesmos. — Mara disse. — Ben retornará
para Coruscant conosco após isso terminar.
— Você acha isso sensato? — A luz do comunicador no braço da
cadeira de Jacen acendeu, mas ele a ignorou e continuou conversando com
Mara. — Irá apenas interromper o treinamento de Ben, e se Lumiya está
tentando pegá-lo, será bem mais fácil pra ela em Coruscant.
— Ben e a GAG terminam aqui. — Luke disse. — Não entendo ainda
porque Lumiya está envolvida com a GAG, mas eu sei que está. A minha
decisão é final.
A expressão de Jacen se tornou de tristeza.
— Muito bem. — Ele desativou a unidade de comunicação, então se
recompôs e continuou. — Há uma estação de abastecimento em Roqoo, nos
arredores das Névoas. Vocês podem encontrá-lo lá.
— Obrigada. — Mara disse.
Jacen assentiu distraído, então disse:
— Espero que vocês, pelo menos, compartilhem os detalhes de sua
investigação. Se alguém em meu comando está usando Lumiya como uma
agente, preciso saber.
— É claro. Tresina Lobi vinha tentando rastrear Lumiya por algum
tempo. — Luke dava uma versão ligeiramente alterada dos eventos, em
parte porque queria descobrir o quanto Jacen sabia sobre o relacionamento
de Lumiya com a GAG. — Aparentemente, ela conseguiu, porque
encontramos o corpo dela na Praça da Comunidade na manhã que você
partiu para Hapes.
— Praça da Comunidade? — Dessa vez, o choque de Jacen era real;
Luke sentiu através da Força. — Mestra Lobi está morta?
— Isso mesmo. — Mara disse. Apesar de sua resposta ter sido casual,
Luke pôde sentir através de seu elo na Força quão atentamente ela estudava
Jacen. — Ela já avisara o Templo sobre o endereço do apartamento de
Lumiya.
O relato de Mara dos eventos era ainda menos preciso do que o de
Luke, e ainda mais perturbador para Jacen, que mal conseguiu responder
com um murmurado:
— Que... infortúnio.
Luke tentava decidir como proceder da melhor maneira, como melhor
manter Jacen desprevenido para que pudessem continuar a pressioná-lo,
quando a porta da cabine se abriu. Tenel Ka entrou, vestindo um macacão
de voo de eletrotex costurado justo o suficiente para sugerir que o seu
treinamento físico permanecia tão intenso quanto antes. Ela atravessou a
cabine até Luke e Mara, com o seu sorriso radiante em desacordo com a
aura de tensão e preocupação suspensa sobre ela na Força.
— Mestre Skywalker! Obrigada por virem. — Ela abraçou Luke, então
fez o mesmo com Mara. — Vocês são inesperados, mas muito bem-vindos.
Podemos usar toda a ajuda que encontrarmos.
— Obrigado, Vossa Majestade. — Luke disse. — Infelizmente, estamos
aqui para um assunto diferente.
— Mas nós temos uma mensagem que temos certeza se mostrará muito
útil. — Mara acrescentou.
— Espero que inclua notícias de quando os reforços da Aliança
chegarão. — A mulher que disse isso ainda estava na entrada da cabine,
seguindo a meia dúzia de passos atrás de Tenel Ka. Ela era alta e de
aparência pretensiosa, com um nariz longo e a boca permanentemente
virada para baixo nos cantos. — Após emprestar tantas de nossas frotas
para a Aliança Galáctica, nossos inimigos nos têm em terrível desvantagem.
O rosto de Tenel Ka corou, mas se virou e educadamente fez um gesto
para a mulher.
— Mestres Skywalker, permitam-me apresentar minha camareira, Lady
Galney, a irmã mais nova da Ducha Galney de Terephon.
Luke notou ser o mesmo nome do planeta para o qual Ben fora enviado,
mas meramente se curvou para Galney e não fez menção à coincidência.
— Chefe Omas e Almirante Niathal estão reunindo uma frota de defesa
considerável. — ele disse. — Deve estar pronta para partir de Coruscant em
uma semana.
— Uma semana! — Lady Galney explodiu. — Até lá os usurpadores
terão minado as vias de hiperespaço e atacarão Hapes.
— Não há necessidade de se preocupar sobre as minas, Lady Galney. —
Mara disse. — As frotas da Aliança são bem equipadas para lidar com elas.
Assim que a frota de defesa estiver a caminho, os usurpadores não a
atrasarão por muito tempo.
— É claro que não. — A voz de Tenel Ka carregava mais confiança do
que Luke sentia nela através da Força. — Essa é a mensagem que
mencionou?
— Na verdade, não. — Luke disse. — Aquela mensagem é somente
para os seus ouvidos.
Ele deu um olhar discreto na direção de Lady Galney, mas apenas sorriu
e continuou onde estava.
— Sou a conselheira mais elevada da Rainha-mãe. Para exercer as
minhas funções adequadamente, eu preciso ouvir tudo o que ela ouve.
— Então tenho certeza de que ela lhe informará mais tarde. — Mara
pegou a mulher pelo braço e começou a levá-la em direção à porta. — Mas
as nossas instruções são claras.
Jacen se levantou.
— Nesse caso, talvez seja melhor eu ir...
— Não, você fica. — Luke fez sinal para que sentasse novamente. —
Você precisa ver isso ainda mais do que Tenel Ka.
Jacen ergueu a sobrancelha, mas se sentou. Mara empurrou Lady
Galney para fora com instruções ao Sargento Darb para escoltá-la de volta
aos seus aposentos.
— Desculpe por isso, Vossa Majestade. — Luke disse para Tenel Ka. —
Mas é possível que alguém próximo a você seja um traidor.
Tenel Ka assentiu.
— Sim, eu mesma estive tendo premonições sobre isso, apesar de não
acreditar ser Lady Galney. — Ela sorriu. — Consigo sentir quando alguém
está mentindo para mim, você sabe. Ela é uma tola, mas é honesta.
— Isso não significa que os seus segredos podem ser confiados a ela. —
Mara disse, retornando para o lado de Tenel Ka. — Alguém com tanto
interesse nos assuntos de outra pessoa não os manterá para si.
— Estou contando com isso. Com a Anakin Solo em órbita ao redor de
Hapes, preciso de alguém comigo para reportar aos fofoqueiros que não
estou dormindo com o comandante Jedi. — Tenel Ka olhou na direção de
Jacen e sorriu novamente. — Além do mais, a irmã dela, a Ducha Galney, é
uma de minhas nobres mais devotas. Serve ao meu propósito cultivar a
ilusão de uma relação especial com Lady Galney.
Luke bufou, assombrado.
— Sua vida é um labirinto, Vossa Majestade. Não sei como você vive
assim.
— Porque eu fui bem preparada, Mestre Skywalker. — Tenel Ka disse
solene. — E eu agradeço a vocês todos os dias.
Luke realmente corou, mas se manteve calmo o bastante para responder:
— E você sempre me deixou muito orgulhoso, Tenel Ka.
— Apesar de estarmos muito desapontados por não conhecermos Allana
ainda. — Mara acrescentou com firmeza. — Eu acredito que isso mudará
antes de partirmos hoje?
Jacen avançou ao redor das cadeiras, claramente alarmado.
— Isso não será...
— Talvez. — Tenel Ka disse. — Mas, como Jacen estava prestes a
dizer, Allana está muito nervosa pela tentativa de assassinato,
particularmente já que uma Jedi estava envolvida. Talvez seja melhor se
adiarmos para outra hora.
Luke e Mara trocaram olhares confusos. Talvez Allana realmente
estivesse traumatizada pelo ataque, ou talvez os rumores de deformidades
fossem reais; em qualquer caso, eles não tinham escolha se não aceitar a
desculpa de Tenel Ka.
— Sinto muito ouvir isso. — Luke disse. — Estava ansioso em
conhecê-la.
— Mas a mensagem esclarece algumas coisas sobre o envolvimento de
Leia. — A voz de Mara tinha apenas um toque de petulância, como se ela
sentisse que Tenel Ka devesse saber melhor do que acreditar que os Solos
realmente tentariam matá-la. Ela usou a Força para levar R2-D2 até a zona
de fala, então disse: — Reproduza a mensagem de Han.
R2-D2 confirmou a ordem com um chiado, então foi até a unidade de
comunicação e inseriu o braço de interface no soquete de dados. Um borrão
rosado apareceu sobre a plataforma de projeção e rapidamente firmou-se na
imagem do rosto de Han. Sua pele estava pálida e irritada pelo choque, e a
boca pendia em uma careta torta de dor.
Luke imediatamente sentiu uma pontada de preocupação. Mara não o
avisara que Han estava ferido, mas quando ele olhou para o seu sobrinho, os
olhos de Jacen estavam estreitos.
— Escute, garoto. — A voz de Han estava baixa e rouca, como se ele
estivesse tentando evitar ser ouvido. — Não tenho muito tempo, temos
alguém a bordo que não pode saber sobre isso, mas eu preciso que você
retransmita esse holo para Tenel Ka... e apenas para Tenel Ka. Alguém
próximo a ela é um traidor, e pode ficar feio para nós se essa mensagem
chegar às pessoas erradas.
A imagem mudou para o perfil de uma bela mulher Hapan com longos
cachos castanhos e bochechas altas. Ela parecia estar inclinada sobre
alguma coisa, Luke pensou talvez ser um banco ou mesa, até vê-la remover
um tubo de bálsamo de bacta de uma gaveta na enfermaria da Falcon.
A voz de Han continuou:
— Essa mulher se chama Morwan, mas pode ser uma alcunha. Ela era
uma cirurgiã a bordo da Kendall na Batalha de Qoribu. Temos quase certeza
de que ela está a serviço da família AlGray das luas Relephon, e ela está em
contato entre o Conselho de Herança, é assim que os nobres por trás do
golpe chamam a si mesmos, e a assassina que escapou conosco.
A imagem da mulher mudou para uma de rosto inteiro, e ela parecia
ainda mais impressionante, com lábios cheios e olhos suaves e puxados.
Han continuou falando:
— Nós a ouvimos dizer à assassina para cuidar de Allana primeiro.
A imagem da mulher desapareceu, então o rosto de Han reapareceu,
parecendo ainda mais aflito do que em um momento antes.
— Luke, Tenel Ka precisa levar essa ameaça a sério. O nome da
assassina é Aurra Sing...
Luke estava tão chocado que temporariamente se desligou da voz de
Han. Ele sabia o nome de Aurra Sing pelos registros da antiga Ordem Jedi
que reunira e estudara ao longo dos anos.
— ... pensa que pode ter sido algum tipo de Jedi cerca de oitenta anos
atrás. — Han dizia. — Isso é tudo o que sabemos, mas há mais uma coisa.
Fiquem de olho em Alema Rar. Nós esbarramos em Jag Fel na Estação
Telkur, e...
Han parou e olhou por cima do ombro, então sua voz diminuiu para um
sussurro:
— Tenho que ir. Diga a Tenel Ka que sentimos muito sobre a bagunça
no palácio. Gejjen estava nos usando para armar contra ela, e nós não
sabíamos.
O holograma desapareceu, deixando-os parados lá em silêncio. Apesar
de Luke estar intrigado pelas menções à Alema Rar e Jagged Fel, ele não
pensou muito sobre isso. Ele estava mais interessado na reação de seu
sobrinho para o que acabara de ver.
Jacen mantinha a sua presença na Força enterrada e inteligível, mas
olhava carrancudo para o chão e respirava fundo. Luke resistiu a tentação
de sugerir que estivera errado em duvidar dos Solos em primeiro lugar. Se
Jacen quebraria asua influência do lado sombrio, precisaria redescobrir por
si mesmo que os Jedi confiavam sem seus sentimentos tanto quanto nos
olhos.
Após alguns minutos de silêncio, Tenel Ka disse:
— Obrigado por nos mostrar essa mensagem. É certamente mais fácil
acreditar que os Solos estavam sendo usados em vez de tentando me matar.
Jacen surpreendeu Luke ao assentir.
— E isso explica alguns dos conflitos de testemunhas que você
mencionou. — ele disse. — Se meus pais estavam sendo usados por Gejjen,
assim que perceberam o que estava acontecendo, eles tentariam impedir o
ataque.
Uma sensação calorosa de alívio cresceu dentro de Luke. Não apenas
Jacen estava aberto à ideia de que os seus pais eram inocentes, ele estava
procurando por razões para acreditar. Luke ficou mais confiante de que
seria capaz de afastar Jacen do lado sombrio, seja qual fosse o
relacionamento de seu sobrinho com Lumiya.
— Eu odeio jogar um balde de água fria. — Mara disse. — Mas pra
mim, isso me parece um convite para um banquete de um Hutt.
Luke abaixou as sobrancelhas.
— O que você está dizendo? — Ele queria dizer a ela para parar de
plantar dúvidas na mente de Jacen, mas ele sentiu através de seu elo na
Força que Mara estava apenas tentando ter certeza de que Jacen entendia o
seu erro, ter certeza de que Jacen acreditava em seu coração que os seus
pais eram não só inocentes de ajudar na tentativa de assassinato, mas
incapazes disso. — Que isso pode ser uma informação falsa?
— Estou dizendo que a mensagem deles é conveniente. — Mara dirigiu
o seu comentário para Jacen. — Se eles estiverem envolvidos, a mensagem
seria uma boa forma de afastar suspeitas, e nos entregar informações
erradas.
Os olhos de Jacen se arregalaram.
— Estou surpreso por ouvi-la dizendo isso, tia Mara. — Havia uma nota
de ressentimento, talvez até raiva, na voz dele. — Eu pensei que você teria
uma opinião melhor sobre os meus pais.
O olhar de Mara não vacilou.
— Eu tenho Han e Leia em alta estima, e é por isso que devemos
considerar a possibilidade de estarem nos enganando. — Ela parou, então,
em perfeita sincronia, se virou para Tenel Ka como se estivesse descartando
a opinião de Jacen. — Isso é uma guerra, e os Solos estão lutando pelo
outro lado. Temos que ser cuidadosos.
— Também temos que levar em conta de quem são eles. — Jacen disse,
também se virando para Tenel Ka. — Você conhece os meus pais. Eles não
são assassinos. Eu acho que devemos confiar nessa mensagem.
O coração de Luke se encheu de alegria. Claramente, Jacen continuava
em contato com as suas emoções, e isso significava que ainda havia
esperança de guiá-lo de volta para o lado luminoso.
Após pensar por um momento, Tenel Ka assentiu para Jacen.
— Assim como eu. — Ela se virou para Mara com um ar de desculpa.
— Você não sabe as discrepâncias nos relatos das testemunhas, mas havia
dúvida sobre com quem os Solos lutavam durante o ataque. A mensagem
deles esclarece isso.
— Bom, a decisão é sua. — Apesar da resposta de Mara, Luke podia
sentir que ela estava tão feliz quanto ele com os resultados. — Eu só quera
ter certeza de que considerou a possibilidade.
— E sou grata por isso, não deve ter sido fácil. — Tenel Ka se virou
para Jacen. — Obviamente, isso significa que ambos precisamos cancelar
as ordens em relação a os seus pais.
— Ordens? — Luke perguntou.
— Captura e detenção. — Jacen explicou. Ele pensou por um momento,
então balançou a cabeça. — Mas não podemos. Se eles estiverem certos
sobre um traidor na corte...
— E isso parece óbvio. — Tenel Ka interrompeu.
— ... então cancelar as ordens os entregaria. — Mara completou. —
Vocês têm de deixar as ordens em vigor.
Jacen assentiu.
— Outra coisa poderia ser uma sentença de morte.
— Muito bem, eles provaram ser bastante hábeis em nos iludir até
então. — Tenel Ka ficou em silêncio por um momento, então disse: —
Agora devemos considerar o que fazer sobre AlGray e o seu Conselho de
Herança.
— Há apenas uma coisa a fazer. — Jacen disse.
— Exatamente. — Tenel Ka foi ao lado dele. — Não tenho direito de
pedir isso a você...
— É claro que tem. — Jacen respondeu. — Você não sabe em qual dos
seus comandantes de frota pode confiar, o Consórcio Hapes é um membro
leal da Aliança Galáctica, e é meu dever ajudá-la de qualquer forma que
puder. Mas temo que a Anakin Solo não será suficiente, como me lembro do
arquivo de inteligência, a Casa AlGray tem uma dúzia de Dragões de
Batalhas próprios.
— Correto, e eu providenciarei para você uma flotilha grande o bastante
para assegurar a sua vitória. — Tenel Ka disse. — Mas não era sobre isso
que eu estava falando.
— Não é?
— Não. — Tenel Ka pegou a mão dele. — Eu devo ficar aqui para
comandar a Frota Local. Com Aurra Sing vindo atrás de Allana, no entanto,
eu a quero longe de Hapes. Até isso terminar, ela estará mais segura com
você a bordo da Anakin.
— Você tem certeza? — Mara perguntou, alarmada. — Jacen pode estar
indo para uma batalha.
— E eu estarei. — Tenel Ka respondeu, quase cortante. — AlGray não
está sozinha nesse “Conselho de Herança”. Quando nos movermos contra
ela, os outros se moverão contra mim, e Hapes se tornará um lugar bem
mais perigoso para Allana do que a Anakin.
Mara assentiu, um pouco surpreendida pelo tom de Tenel Ka.
— É claro. Eu não quis questionar o seu julgamento.
— É claro que não. — O tom de Tenel Ka suavizou. — E eu agradeço a
você, isso não é algo que esteja acostumada a fazer ultimamente. Além do
mais, Jacen não terá uma grande batalha. Ele terá o dobro da frota e bem
mais armas, então ele é minha melhor opção. — Ela parou, como se uma
ideia acabasse de lhe ocorrer. — A menos que você e Mestre Skywalker
estejam retornando diretamente para Coruscant?
— Desculpe. — Mara disse. — Allana não estaria mais segura conosco.
— Eu temo que precisamos rastrear Ben. — Luke explicou. — e então
tratar de assuntos pendentes com Lumiya.
Capítulo 17
Não era o silêncio sombrio do Porão de Mísseis que Alema achava tão
perturbador, nem mesmo todos aqueles cilindros lotados de detonita,
baradium e propelente. Era o frio. As cavernas de Ryloth, onde ela passara
os primeiros anos de sua vida, eram quentes, secas e empoeiradas, e o ninho
Gorog, no qual ela vivera como uma Killik Enlaçada, era quente, úmido e
íntimo. Mas o Porão de Mísseis da Anakin Solo era frígido, mesmo com um
par de volumosos macacões da GAG vestidos sobre os robes habituais. O
nariz dela estava dormente; o seu lekku formigava, os dentes batiam, as
suas antigas feridas doíam; e a respiração dela subia em cortinas de vapor.
— Alema, se você não manter esse bastão luminoso sobre o corte, nós
duas vamos nos arrepender. — Lumiya estava ajoelhada em frente a uma
prateleira de mísseis, usando a sua mão cibernética para cuidadosamente
fazer um corte na solda da ponta em cone de um míssil de baradium. —
Isso não é algo que faço todos os dias.
— Você não está nos deixando confiantes. — Alema iluminou o míssil
bem à frente do feixe do estilete de fusão. — Por que você não pede a Jacen
para mandar um técnico treinado remover o... seja lá o que estiver
buscando?
— O detonador de próton. — Lumiya disse. Ela não vestia o lenço de
rosto, então a sua mandíbula desfigurada inspirava em Alema uma sensação
de irmandade e união. — E Jacen não pode saber sobre isso.
— Deveríamos ter adivinhado. — Na verdade, Alema tinha adivinhado,
e ela estava simplesmente buscando confirmação. Mesmo após ter
impedido a Mestra Lobi de expor o que Lumiya estava fazendo com Jacen,
Lumiya permanecia reservada sobre os seus objetivos e planos, quase com
se não entendesse verdadeiramente a natureza de sua parceria com Alema.
— Mas nós dissemos a você, Jacen é importante para o Equilíbrio.
Precisamos dele vivo.
Lumiya continuou a trabalhar, movendo a lateral do míssil na direção do
ponto inicial do corte. Alema contou até cinco. Então, quando ainda não
recebeu uma resposta, afastou a luz. O estilete de fusão se desviou da solda,
causando um zumbido agudo quando cortou a casca do cilindro do míssil.
— Sua maluca! — Lumiya desligou o feixe do estilete. — Você podia
ter explodido a nave inteira!
Alema deu de ombros.
— E isso importa? Se Jacen morrer, ele não se torna um Sith. Se Jacen
não se tornar um Sith, o sofrimento de Leia não será igual ao meu. Se o
sofrimento de Leia não for igual ao meu, a galáxia continua sem...
— ... Equilíbrio. Você me disse. — Lumiya reativou o estilete de fusão,
mas continuou a segurá-lo longe do míssil. — Estou fazendo isso para
ajudar Jacen, não machucá-lo.
Alema continuava a iluminar o bastão longe do míssil.
— Como?
— Jacen me pediu para me encontrar com Ben na Estação Roqoo. —
Lumiya disse. — Ele está prestes a levar uma força tarefa para capturar um
dos líderes do golpe nas Luas Relephon, e ele me quer lá para assegurar que
Ben retorne à Anakin em segurança.
Alema franziu a testa.
— Mas Ben está a bordo do esquife de reconhecimento. — ela disse. —
Eles não podem chegar até as Luas Relephon.
— Exatamente. — Lumiya indicou o míssil. — Se você não se importa,
a Anakin fará o primeiro salto dentro de uma hora, e preciso sair antes
disso.
Alema devolveu a luz na direção do míssil, mas manteve o feixe focado
no chão.
— Isso parece suspeito.
Lumiya suspirou exasperada.
— Soa suspeito porque é suspeito. Jacen veio até mim assim que os
Skywalkers terminaram a sua pequena visita. Eu temo que tenha me
tornado um problema.
Alema retornou a luz para o trabalho de Lumiya.
— Você acha que Jacen está mandando você para uma armadilha?
— Eu sei que está. Ele está preparando uma luta entre eu e Luke. —
Lumiya retornou o estilete de fusão para a solda e continuou o seu trabalho.
— Se eu matar Luke, isso cria uma abertura para Jacen tomar a liderança da
Ordem Jedi. Se Luke me matar, então vai parecer como se eu estivesse
perseguindo Ben o tempo todo. Luke presumirá que os seus medos originais
estavam corretos, e o véu de suspeita será removido de Jacen.
— Jacen não é melhor do que qualquer outro Solo! — Alema estava
fervendo indignada. — Leia gerou um bando de lyleks.
— Oh, eu acho que ela fez melhor do que isso. — Lumiya respondeu.
— Eu diria que Jacen é mais uma thernbee: astuto, implacável e mortal. Eu
não poderia estar mais orgulhosa.
Ela completou o corte, e o nariz se soltou. Alema o pegou com a Força
por medo de um gatilho de impacto detonar a carga de próton.
— Orgulhosa? — Alema cuidadosamente abaixou o cone até o chão. —
Por trair você?
— Oh, muito orgulhosa. — Lumiya disse. — Eu estava ficando
preocupada que Jacen não dispunha da força e astúcia para cumprir o seu
destino. A traição dele prova que eu estava errada. Jacen é muito capaz.
— Nós não entendemos.
— O destino de Jacen não o permite ter o luxo da lealdade. — Lumiya
explicou. Ela desativou o estilete e o colocou de lado. — Se ele não estiver
disposto a me trair, como podemos esperar que ele traia a família inteira?
Alema não tinha resposta para aquilo. Mesmo nos antros de ryll de
Kala'uun, onde a lealdade de uma dançarina era estritamente para si mesma,
a única pessoa que nunca traiu foi a sua irmã, Numa.
Lumiya começou a arrumar o emaranhado de fios e filamentos cercando
o detonador de próton do míssil.
— Mestre Skywalker não é alguém para se brincar. — Alema disse. —
Você pode ser morta.
— Estou ciente disso. — Lumiya encontrou um maço de fios levando
até a ponta do invólucro do detonador e começou a separá-los. — Eu já
lutei contra ele antes, você sabe.
— E quanto ao destino de Jacen? — Alema perguntou. — Sem você
para guiá-lo...
— Jacen tem o conhecimento para completar a sua jornada. — Lumiya
separou um fio laranja que ia do invólucro do detonador até uma caixa de
relés na ponta do cilindro do míssil. — Tudo o que resta pra ele é fazer o
seu sacrifício.
— Então ele ainda não o fez?
— Ainda não. — Lumiya puxou um par de alicates do bolso de seu
cinto e deslizou as garras sobre o fio laranja. — Mas ele o fará.
O coração de Alema saltou para a boca.
— Não o dispositivo de segurança!
Lumiya olhou para cima, a testa franzida irritada.
— Laranja não é o dispositivo de segurança. É o sensor de proximidade.
— Era em mísseis Imperiais. — Alema disse. — Nos mísseis da
Aliança, é o dispositivo de segurança. Há apenas um fio, vê?
Lumiya estudou o maço, então relutantemente trocou o alicate para o
primeiro punhado de fios cinzas.
Alema deu um suspiro de alívio, então perguntou:
— Como pode ter certeza?
— Eu presumo que você me diria se estivesse errado novamente. —
Lumiya respondeu cortante.
— Queremos dizer sobre Jacen. — Alema explicou. — Se ele não fizer
o sacrifício e você já estiver morta...
— Ele fará o sacrifício. — Lumiya disparou. — Agora, quanto a esses
fios...
— Corte. — Alema disse. — O que está esperando?
Lumiya cortou o primeiro fio, então, quando a Anakin Solo não
desapareceu em um clarão branco, começou a cortar os outros fios cinzas.
— Não temos certeza se gostamos desse plano. — Alema disse. — Se
você for morta, o tio dele tentará atrair Jacen de volta para o lado luminoso
da Força...
— Ele não conseguirá. — Lumiya disse. — Porque eu posso retornar ou
não dessa luta, Luke não irá.
Cortou o último dos fios cinza, então trocou o alicate por uma chave
hidráulica e começou a desaparafusar o invólucro do detonador.
— É para isso o detonador de próton? — Alema perguntou, finalmente
compreendendo o plano de Lumiya. — Um último recurso?
Lumiya assentiu.
— Como você disse, eu posso ser morta.
— Parece para nós que está planejando isso. — Alema respondeu.
— Planejando, mas não contando com isso. — Lumiya removeu o
último parafuso do invólucro. — Mas eu admito que ser morta é um
resultado mais provável do que eu gostaria.
— Então por que vai? — Alema perguntou. Apesar de nunca admitir
isso para Lumiya, ela não gostava da ideia de Luke morrer tão cedo. O
Equilíbrio seria melhor servido se ele fosse forçado a assistir ao declínio de
Jacen, se ele lutasse para redimir o seu sobrinho antes de finalmente cair
para sua lâmina. — Matar o Mestre Skywalker não é bom se você não
sobreviver para apreciar isso.
Lumiya colocou a chave hidráulica de lado, então olhou para Alema
com uma expressão próxima de pena.
— Não estou fazendo isso por mim, sua dançarina tola. — ela disse. —
Mas não adianta explicar. Você não entenderia.
Retornou a atenção para o míssil, pegando o invólucro do detonador
com ambas as mãos.
Alema, fervilhando pela crítica de Lumiya, desativou o bastão
luminoso. Houve um clique metálico quando o invólucro entrou em contato
com o detonador de próton.
— Você está louca? — Lumiya sussurrou. No silêncio que seguiu a
questão dela podia ser ouvido um suave, quase inaudível estalo de um timer
eletrônico contando os segundos. — Ligue o bastão!
— Estamos tentando. — Alema bateu o bastão luminoso contra o braço
aleijado dela algumas vezes. Presumindo que o invólucro ativara um dos
gatilhos de impacto, elas teriam mais cinco segundos para desativar antes
do dispositivo de segurança caducar e permitir a carga ser detonada. — Mas
não somos inteligentes o bastante para entender. Somos apenas uma
dançarina tola.
— Me desculpe! — Lumiya rosnou. — Agora acende a kriffing da luz!
Alema bateu o bastão luminoso contra seu braço novamente.
— Nós ainda não sabemos se entendemos
— Certo, — Lumiya disse. — Você já foi parte de algo maior e mais
importante do que você mesma?
— O nosso ninho.
Alema reativou o bastão luminoso. Lumiya rapidamente removeu o
invólucro do detonador do resto do caminho da carga de próton, então
alcançou pela Força e puxou o gatilho para longe do contato.
Alema continuou a sua resposta:
— Indivíduos morrem, mas Gorog vive. Gorog era mais importante do
que nós.
— Exatamente. — Lumiya soltou o ar lentamente, então usou a Força
para levitar a cápsula do detonador enquanto recolhia os alicates e estendia
a mão por dentro para cortar o resto dos fios. — A minha situação não é tão
diferente.
Alema franziu a testa.
— Como não é diferente? Você é a... última... dos.... — Ela parou,
subitamente percebendo porque Lumiya talvez estivesse arriscando morrer
antes de Jacen completar o seu sacrifício... porque Lumiya parecia tão
confiante que ele iria, mesmo sem ela para guiá-lo. — Há mais Sith?
Lumiya flutuou o invólucro até o chão, revelando uma pastilha do
tamanho de uma cabeça de metal brilhante com um pequeno tubo de
deuterium líquido afundado no centro.
— Há um plano, um plano que será executado quer eu sobreviva ou
não. — Lumiya se esticou e seguiu dois fios do topo do tubo de deuterium
até um pequeno painel de circuito, então os soltou. — É tudo o que você
precisa saber.
— Nós não acreditamos em você. — Alema nem se incomodou em
afastar o bastão luminoso, já que não estavam em um ponto crucial no
processo de desarmar. — Não há só dois Sith de cada vez?
Lumiya pegou a chave hidráulica e começou a desaparafusar a carga de
próton.
— Você realmente quer que eu responda isso?
Havia uma frieza na voz de Lumiya que balançou Alema nos
calcanhares, e ela percebeu que provavelmente já ouvira demais. Se
realmente houvesse uma organização secreta de Sith, e essa era a única
razão pela qual conseguia justificar a disposição de Lumiya para se
sacrificar, eles eram obviamente muito empenhados em manter a sua
existência em segredo.
— Não, não há necessidade. — Alema disse. — Ouvimos o suficiente
das suas mentiras por enquanto.
Um brilho ao achar graça passou pelos olhos de Lumiya.
— Assim é provavelmente melhor.
Lumiya removeu a carga de próton do míssil, então puxou um colete
preto de combate da bolsa de ferramentas e deslizou o dispositivo para
dentro de um bolso no peito. Ela checou para ter certeza de que os fios de
acionamento alcançariam do tubo de deuterium até um painel de sensor
menor localizado mais ou menos onde o coração do usuário estaria, mas
não fixou os grampos.
— Muito esperto. — Alema disse. — Você ganha mesmo se perder.
— Esse é o caminho Sith. — Lumiya jogou a bolsa de ferramentas no
chão até o próximo míssil na prateleira. — Traga a luz, estamos ficando
sem tempo.
— Não entendemos. — Alema começou a sentir um aperto no coração,
mas ela fez o que Lumiya pediu e iluminou o nariz de cone do míssil. —
Como você usará duas cargas de próton?
— Eu não usarei. — Lumiya reativou o estilete de fusão, então olhou
para Alema. — Esse aqui é para você.
Capítulo 18
tradutoresdoswhills.wordpress.com
Troy Denning é o autor mais vendido pelo New York Times com o livro
Star Wars: Fate of the Jedi: Abyss; Star Wars: Tatooine Ghost; Star Wars:
The New Jedi Order: Star by Star; com a trilogia Star Wars: Dark Nest: The
Joiner King, The Unseen Queen e The Swarm War; Star Wars: Legado da
Força: Tormenta, Inferno e Invincible, bem como Pages of Pain, Beyond
the High Road, The Summoning e muitos outros romances. Um antigo
designer de jogos e editor, ele vive no oeste de Wisconsin com a sua esposa,
Andria.
Agradecimentos
Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e o seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda dos
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e o seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói o seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita... e
em quem ela pode realmente confiar.
Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e o seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e o seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão das suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.