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Legado da Força - Tormenta é uma obra de ficção.

Nomes, lugares, e
outros incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na
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morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © da Lucasfilm Ltd. ® TM
onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos
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TRADUTORES DOS WHILLS

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Sumário
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Dramatis Personae
Epígrafo
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Epílogo
Sobre o Ebook
Sobre o Autor
Agradecimentos
Para Connie e Mark
Bons amigos que vivem numa cidade muito, muito distante.
Dramatis Personae

Allana: Chume’da, herdeira do Trono Hapano (humana)


Alema Rar: Cavaleira Jedi (Twi’lek)
Ben Skywalker: membro júnior da GAG (humano)
C-3PO: droide de protocolo
Dur Gejjen: Primeiro Ministro dos Cinco Mundos e Chefe de Estado
Corelliano (humano)
Han Solo: capitão, Millennium Falcon (humano)
Jacen Solo: Cavaleiro Jedi (humano)
Jagged Fel: Caçador de Recompensas (humano)
Jaina Solo: Cavaleiro Jedi (humana)
Lady Galney: camareira (humana)
Lalu Morwan: ex-cirurgião de voo (humana)
Leia Organa Solo: Cavaleira Jedi (humana)
Luke Skywalker: Grão Mestre Jedi (humano)
Lumiya: Lady Sombria dos Sith (humana)
Mara Jade Skywalker: Mestre Jedi (humana)
Nashtah: assassina (humana/desconhecida)
Nek Bwua’tu: Almirante da Aliança Galáctica (Bothano)
R2-D2: droide astromecânico
Tenel Ka: Rainha Mãe Hapana (humana)
Zekk: Cavaleiro Jedi (humano)
Prólogo

O objeto do desejo dela estava andando do lado oposto da faixa, movendo-


se ao longo da passarela de pedestres tão sufocada pelas vinhas e corais
yorik que mesmo as gangues zap atravessavam em fila única. Ele estava
dois níveis abaixo e dez metros à frente, e continuava parando para estudar
as portas membranas e espreitar janelas de prédios incrustados de corais.
Então ele simplesmente parava na escuridão, sozinho e de mãos vazias,
como se nenhum Jedi precisasse temer os perigos da cidade baixa... como
se ele governasse as profundezas penumbrais onde Coruscant se tornava
Yuuzhan'tar.
Jacen Solo era arrogante como sempre, e dessa vez, seria a sua ruína.
O ângulo era perfeito, quase perfeito demais. Se ela atacasse agora,
estaria morto assim que atingisse a passarela. Mesmo se ladrões de
cadáveres não derrubassem o corpo pela pista aérea, a única pista do que o
havia matado seria a pequena farpa em seu pescoço e um vestígio de
veneno em seu sistema nervoso. Ninguém saberia que a sua morte fora uma
execução... nem mesmo Jacen.
Mas Alema Rar precisava que soubessem. Precisava ver o choque de
reconhecimento nos olhos de Jacen quando ele caísse, sentir o seu medo
queimando na Força enquanto o seu coração se tornasse um nódulo sem
pulsação. Precisava segurá-lo moribundo nos braços e sugar o último
suspiro dos seus lábios, ouvir o pai dele rugir os palavrões e assistir a mãe
lamentando em luto.
A última parte, Alema precisava mais do que tudo.
Passara anos refletindo no que poderia tomar de Leia Solo para igualar
tudo o que Leia tirara dela. O peito do pé e cinco dedos? Isso seria uma
troca justa pela metade do pé que Leia cortara em Tenupe. E os olhos e
orelhas da Princesa bastariam pelo lekku que ela cortara a bordo do
Almirante Ackbar. Mas e quanto à aranha-preguiça gigante a qual Leia
alimentara com ela na selva Tenupiana? Como Alema igualaria aquilo?
Porque isso não era sobre vingança, não era sobre crueldade. Era sobre
Equilíbrio. A aranha-preguiça quase a matou, quase a mordeu ao meio e
deixou o corp o seu esbelto de dançarina cheio de cicatrizes, uma coisa feia
e desigual que apenas um Rodiano desejaria. Agora Alema precisava tomar
algo equivalente de Leia, algo que a deixaria em pedaços... porque era isso
o que Jedi faziam. Eles serviam ao Equilíbrio.
E a primeira coisa que Alema queria tirar era Jacen, que se movia ao
longo da passarela em direção a uma esquina de uma pista aérea se
cruzando. Queria tomá-lo a um bom tempo, desde o dia que ele retornou tão
misterioso e poderoso de sua jornada de cinco anos para estudar a Força. E
agora o teria, talvez não da maneira que uma vez desejou, mas o teria.
Ávida em manter a sua presa à vista, Alema correu de volta na direção
da ponte de pedestres mais próxima. Estava a cinquenta metros, mas não
podia arriscar um salto da Força atravessando a pista aérea depois de Jacen
virar a esquina. Essa região estava infestada de Ferals, os sobreviventes
meio selvagens da invasão Yuuzhan Vong que continuaram a viver uma
existência primitiva nas profundezas da cidade baixa. Se eles vissem Alema
fazer algo tão extraordinário, Jacen sentiria o choque deles.
Conforme Alema se aproximava da ponte, um leve incômodo partiu do
coto de seu lekku amputado. Parou e escorregou para dentro das sombras o
máximo que o coral permitiu, então permaneceu imóvel, ouvindo o
murmúrio dos Ferals atrás das membranas das portas. Quando nenhum
perigo apareceu, conectou a sua percepção da Força por alguns metros e
sentiu um par de presenças nervosas atrás dela.
Alema se virou para descobrir os rostos de olhos fundos de dois jovens
humanos rindo acima do chão. Eles estavam se escondendo junto da
passarela, em uma escadaria obscura tão cercada de coral yorik que não a
notara. Quando eles a perceberam olhando de volta, os garotos riram e
começaram a deslizar escada abaixo.
Alema os capturou pela Força. Eles gritaram em choque e agarraram a
parede, cortando as mãos no coral yorik enquanto tentavam evitar serem
puxados à vista. Com testas finas e narizes pequenos de ponta redonda, eles
eram claramente irmãos. Ergueu o lábio em um meio sorriso retorcido,
desfrutando da sensação de poder que corria por suas veias conforme o
choque deles se tornava medo.
— E o que vocês dois planejaram pra nós? — Alema sempre se referia a
si no plural. Era um hábito que adquirira quando se tornou uma Killik
Joiner, e um daqueles que não tinha interesse em perder. Usar o singular
significaria admitir que o seu ninho se fora, que Jacen e Luke e o resto dos
Jedi destruíram Gorog, e isso não era verdade, não enquanto Alema ainda
vivia. — Roubo? Assassinato? Barbárie?
Os irmãos balançaram a cabeça e começaram a abrir a boca, mas
estavam claramente enojados demais pelas deformidades dela para falar.
— Vocês estão encarando. — Alema os prendeu com a Força contra a
parede. — Isso é rude.
— Nos solte! — O maior ordenou. Com o rosto magro e uma fina linha
de penugem de bigode no lábio superior, ele provavelmente estava há um
ano ou dois na adolescência humana. — Nós não tivemos a intenção. É só...
O olhar dele escorregou do rosto de Alema para o coto do lekku
pendendo atrás de seu ombro, então rapidamente começou a descer. Alema
trocara os seus trajes provocantes para vestimentas Jedi mais tradicionais,
mas mesmo esses robes que ocultavam as formas não eram o suficiente para
esconder as suas deformidades, a forma assimétrica de seu corpo, e a
maneira como um braço atrofiado pendia ao seu lado. Conforme o olhar do
garoto caía, sentia a repulsa crescente dele na Força, na verdade
experimentava a aversão que ele sentia quando a olhava.
— E só o quê? — Alema exigiu. Em sua raiva, ela pressionava ambos
os garotos contra a parede com tanta força que eles começaram a ofegar. —
Vá em frente. Diga-nos.
Foi o irmão mais novo que respondeu:
— É só.... — Ele indicou o sabre de luz pendurado no cinto dela. —
Você é uma Jedi!
Alema sorriu friamente.
— Vocês não são espertos? Fingindo nunca terem visto um Cavaleiro
Jedi antes. — Ela olhou dez metros descendo a passarela, para onde um
radank ossudo encurralara um Falleen aos guinchos em um emaranhado de
vinhas slash, então olhou de volta para o garoto. — Mas nós temos a Força.
Nós sabemos para o que vocês olhavam.
Permitindo o irmão mais velho cair, apontou para a passarela e
arremessou com a Força o irmão mais novo para as vinhas slash perto do
Falleen. O radank assustado empinou nas pernas traseiras, as patas da frente
erguidas e as garras à mostra. O garoto choramingou e gritou por ajuda.
Alema olhou novamente para o mais velho, que já tentava avançar em
direção ao irmão, e o dispensou.
— Vá. — Ela deu um pequeno riso cruel. — Depois que o radank
acabar com você, você saberá como nós nos sentimos.
Os olhos do garoto piscaram com medo, mas ele sacou uma navalha de
duraço afiado de sua manga e correu pela passarela para ajudar o irmão.
Alema se virou na direção da ponte e, enquanto o rosnar e gritos de
combate irrompiam atrás dela, se permitiu um pequeno sorriso de
satisfação. Os garotos zombaram de sua desfiguração, e agora eles mesmos
seriam desfigurados. O Equilíbrio fora preservado.
Continuou subindo a passarela, então começou a atravessar a ponte. O
seu coto começou a incomodar novamente, e ela se perguntou se alguém a
estava observando. Jacen parecia estar sozinho quando deixou o seu
apartamento, mas, como comandante da Guarda da Aliança Galáctica, ele
deveria esperar assassinos. Talvez o seu jovem aprendiz, Ben Skywalker, o
seguira alguns momentos depois para tomar conta dele.
Alema gentilmente estendeu a sua percepção da Força até as sombras
atrás dela, procurando por aquele lampejo de puro poder que sempre traía a
presença na Força de fervorosos jovens Cavaleiros Jedi. Não sentiu nada e
decidiu que talvez a causa de sua inquietação fosse a barulhenta gangue zap
à frente. Eles reivindicaram o meio da ponte para si e se revezavam
tentando empurrar uma Gamorreana aterrorizada por cima do corrimão de
segurança. Conforme Alema se aproximava, eles se espalharam pela ponte
e olhavam de soslaio a sua forma distorcida. Eles eram todos jovens
humanos, todos vestindo túnicas brancas sobre várias peças de armadura de
plastóide.
— O que você acha que é? — O líder perguntou, mirando os robes
negros de Alema. Ele era um jovem grande com uma barba de três dias sem
cortar e uma bochecha bem inchada. — Algum tipo de Jedi?
— Não temos tempo para os seus jogos. — Alema respondeu com
frieza. — Volte e brinque com sua Gamorreana. — Ela fez um gesto para
enxotá-lo com os dedos, ao mesmo tempo tocando sua mente com a Força.
— Você talvez ache mais divertido se deixá-la empurrar você.
Bochecha Inchada franziu a testa, então se virou para os seus
companheiros:
— Ela não tem tempo pra nós. — Ele se encaminhou para a
Gamorreana, que corria desajeitadamente em direção ao lado oposto da
ponte tão rápido quanto as suas pernas grossas a podiam levar. — Pegue-a!
Vamos tentar algo novo dessa vez!
A gangue zap girou como um e correu para longe. Alema seguiu,
alcançando-os conforme eles cercavam a Gamorreana e começavam a
discutir quem seria jogado pelo corrimão primeiro. Alema passou por eles e
sorriu para si. Equilíbrio.
Do outro lado da ponte, Jacen não estava à vista. Ele virara uma esquina
de um prédio ou entrara por uma porta enquanto Alema lidava com a ralé
da cidade. Sacou o sabre de luz e avançou pela passarela, meio esperando
sentir a ponta do emissor de um sabre de luz pressionando as suas costelas
pouco antes de Jacen ativar a lâmina.
A coisa mais perigosa que Alema encontrou foi um bando de skrat
procurando comida, o qual se afastou até um emaranhado de vinhas-slash
quase tão logo os viu. A única outra esquisitice era o fluxo esporádico de
Ferals desaparecendo por uma porta membrana perto do canto do prédio.
Haviam muitas espécies, Bith, Bothanos, Ho'Din, e todos portavam
carcaças de animais mortos, incluindo gaviões morcego, lesmas granito,
alguns yanskacs gosmentos. Uma vez, havia até mesmo um Chevin
segurando o que parecia ser um Ewok morto em suas garras enormes. Eles
provavelmente eram apenas Ferals voltando para a casa com a caça do dia,
mas conforme Alema passava em frente a uma entrada, mantinha o sabre de
luz de prontidão.
Ninguém pulou para atacá-la, mas sentiu um trio de presenças na Força
do outro lado da membrana. Alema não se incomodou em investigar; se
fosse Jacen à espreita atrás da porta, não sentiria nada. Ao invés disso,
trocou o seu sabre de luz por uma curta zarabatana e a armou com um
pequeno dardo cônico de um receptáculo selado de seu cinto utilitário.
Tinha mais oito desses dardos, um para cada Solo e Skywalker, e mais dois
extras, todos moldados do ferrão e saco de veneno de uma mortal wasber
Tenupiana.
O veneno era razoavelmente rápido, pelo menos para criaturas de
tamanho humano, mas mais importante, era certo. Ele adulterava os
glóbulos brancos enviados para combater infecções, tornando-os pequenas
fábricas de produção de toxina. Em segundos após ser atingida, todos os
órgãos da vítima cairiam sob ataque, e dentro de segundos disso, o seu
sistema vital começaria a falhar. Jacen viveria tempo suficiente para Alema
se revelar; ele provavelmente morreria antes mesmo de perceber que as suas
técnicas Jedi de neutralização de venenos não poderiam salvá-lo.
Alema ergueu a zarabatana até os seus lábios e virou a esquina, com o
seu corpo já roncando com o doce formigamento do assassinato.
Mas Jacen parecia determinado a desapontá-la. A passarela estava vazia
e escura, e não havia uma alma senciente à vista. Pensando que ele havia a
atraído para uma armadilha afinal, Alema girou de volta para a esquina, os
seus pulmões cheios com o ar que mandaria o dardo letal disparando em
quem a emboscou.
Não havia emboscada. A passarela também estava vazia, e o único
perigo que Alema sentia era o mesmo leve formigamento que vinha
sentindo desde antes de atravessar a ponte. Poderia Jacen Solo estar se
escondendo dela?
A raiva de Alema a preencheu por dentro. Eram aqueles garotos. Eles
fizeram-na machucá-los, e Jacen sempre fora tão sensível com essas coisas.
Ela amaldiçoou os irmãos por a terem feito perder o controle. O plano dela
acabara de ficar mais complicado, e isso significava que o par deveria
pagar, mas mais tarde. Agora ela precisava ir atrás de Jacen. O veneno no
dardo perderia a eficácia em menos de uma hora.
Alema voltou para a porta pela qual havia passado, aquela por onde os
Ferals entravam com as carcaças. Escura e cercada por uma grossa crosta de
coral yorik, parecia mais uma entrada de caverna do que uma porta.
Pressionou um feixe nervoso no umbral, e a membrana se afastou para o
lado. De pé oposto a ela estava um Nikto com o rosto escamoso, verde e um
anel de pequenos chifres circulando os seus olhos. Ele mantinha uma mão
no bolso de seu gibão manchado, obviamente segurando um blaster, e
Alema podia sentir mais dois guardas ao lado dele, escondidos em cada
lado da porta.
Ele a estudou por um instante, então disse áspero:
— Porrrta errada, senhora. Nada aí dentrrro te interrressa.
Alema começou a alcançar o guarda na Força, mas parou quando a sua
sensação de perigo cresceu tão forte que o seu lekku remanescente começou
a formigar também. Apontou a zarabatana para o pé do Nikto e, usando a
sugestão da Força para garantir que ele obedeceria, ordenou:
— Espere.
A expressão nos olhos do Nikto mudou de ameaçadora para surpreso
em obedecer, e Alema estendeu a sua percepção na Força em todas as
direções.
Para o seu espanto, tocou uma presença fria, algo sombrio e amargo,
atrás, na passarela perto da ponte. Mas quando se virou para olhar naquela
direção, tudo o que viu foi a gangue zap torcendo pela Gamorreana
enquanto ela balançava o líder deles pelo corrimão de segurança.
E a presença não pertencia a nenhum dos zappers. Era muito mais forte
na Força, muito focada... então a escuridão desapareceu, e o formigamento
de perigo em seu lekku diminuiu tão rapidamente quanto aparecera.
Alema continuou a estudar a passarela por alguns momentos, tentando
digerir o que sentira. Alguém estava definitivamente a seguindo, mas não
seria Jacen. Mesmo se ele fosse descuidado o bastante para deixá-la
detectá-lo, e ele não era, o Jacen que se lembrava era tudo menos amargo:
solene e melancólico, certamente, mas também dedicado e sincero.
Então quem estava a seguindo? Não era Ben. Ele era jovem demais para
ser amargo. E nem Jaina. O o seu temperamento era ardente demais para
parecer tão frio. Além do mais, a presença parecia sombria... e não fazia
nenhum sentido um usuário do lado sombrio estar protegendo Jacen.
Deveria ser outra coisa.
Outra possibilidade despontou nela: talvez Alema não fosse a pessoa
sendo seguida. Talvez fosse Jacen.
Alguém poderia tentar roubar a morte dela?
Alema se virou para o Nikto, gesticulando além dele com a zarabatana.
— Jacen Solo entrou aqui?
— Jacen Solo? — O Nikto balançou a cabeça. — Não conheço Solo
nenhum.
— Vamos lá. — Alema usou a Força para atrair o Nikto para a
passarela. — Os holos de notícias chegam até mesmo aqui embaixo, e um
terço das reportagens contém a imagem dele. O comandante da Guarda da
Aliança Galáctica? O salvador de Coruscant?
— Por que alguém assim virrria aqui? — O Nikto tentou soar com
certeza, mas Alema podia sentir sua mentira no sutil tremor de sua presença
na Força. — Não há nada lá além de alojamentos...
— Você ousa mentir para mim? — Alema usou a Força para erguer o
seu braço aleijado, então o agarrou pela garganta. — Para uma Jedi?
Ainda chamando a Força, ergueu-o e apertou até ouvir o feliz estalo de
cartilagem esmagada. A boca do Nikto se abriu e um terrível gorgolejar
veio de sua garganta. Alema continuou a segurá-lo no alto até os olhos dele
rolarem para trás e os seus pés começarem a chutar; só quando sentiu os
outros dois guardas aparecerem na porta, soltou o Nikto na varanda e se
virou para encontrar o par de Quarren com rostos com tentáculos erguendo
os velhos rifles blaster E-11.
Alema agitou a zarabatana, usando a Força para virar as armas deles
para o lado, então tocou as mentes deles com a dela para procurar a dúvida
que ela sabia estar em primeiro lugar nos pensamentos deles, o medo de não
conseguirem impedi-la de entrar, que eles seriam os que morreriam.
— Vocês não precisam morrer. — Alema falou em um sussurro da
Força tão suave e convincente que soava como um pensamento. — Vocês
não precisam impedir ninguém.
Os guardas relaxaram. Alema passou por cima do Nikto moribundo e
passou pela porta.
— Ninguém passará pela porta. — Ela ronronou.
Conforme Alema passava pelos Quarren, ela notou que um deles tinha
apenas três tentáculos faciais. Os olhos brilhantes deles começavam a focar
nela, e os velhos rifles blaster E-11 voltavam a mirar em sua direção.
— Vocês não precisam morrer. — Alema virou o cano das armas deles
para o lado. — Vocês não precisam me ver.
Os olhos deles desfocaram novamente, e eles voltaram a atenção para a
porta. Uma vez em segurança lá dentro, Alema encarou os dois Quarren.
— Vocês me conhecem bem. — ela disse, continuando a falar no
sussurro da Força. — Estivemos conversando por vários minutos.
Os Quarren trocaram de posição, abrindo espaço para Alema, e viraram
as cabeças levemente na direção dela.
Agora Alema falava em sua voz normal:
— Onde vocês supõe que ele está indo?
Três Tentáculos virou o rosto para ela:
— Quem? Solo?
Alema assentiu.
— Onde você pensa que ele está indo? — Três Tentáculos respondeu.
— Para ver Aquilo, é claro.
— Aquilo? — Alema passara tempo o suficiente de sua vida
chafurdando nas profundezas da galáxia para saber que empreendimentos
ilícitos eram geralmente referidos apenas em termos vagos. Jacen teria um
vício secreto, uma dependência que escondia, ou uma compulsão que ele
adquirira no cativeiro e não conseguira largar? Ela olhou de volta para os
Quarren. — Do que está falando? Antros de especiaria? Jogos mortais?
Agora o segundo Quarren se virou pra ela, com os seus tentáculos se
endireitando no equivalente de sua espécie de um cenho franzido.
— Isso deveria ser uma piada? Ele está aqui pela mesma razão de todos.
Para ver Aquilo. O amigo.
— O amigo... é claro.
Alema sabia o tipo de “amigos” que homens mantinham escondidos em
lugares assim... o tipo que eles arriscariam visitar apenas nas profundezas
anônimas de uma cidade baixa. O tempo de Jacen com os Yuuzhan Vong
deveria tê-lo corrompido mais do que percebera. Apontou a zarabatana para
a porta, gesticulando para o Nikto caído, então falou em seu sussurro da
Força novamente:
— O o seu companheiro foi atacado por um intruso. — ela disse. —
Vocês viram o intruso matá-lo, e em breve o intruso quererá entrar.
— Para matar Aquilo? — O segundo Quarren arfou.
— Sim, para matar Aquilo. — Alema concordou. — Você deve impedir
o intruso de entrar.
Três Tentáculos pressionou um feixe nervoso, fechando a porta, então
ambos os Quarren apontaram os rifles blaster para o coração da membrana.
— Bom. — Alema disse.
se afastou da porta, confiante de que os dois Quarren já a esqueciam.
Durante o seu tempo com os Killiks, a rainha de seu ninho, uma Jedi
Sombria chamada Lomi Plo, a ajudara a desenvolver uma presença
escorregadia na Força. Agora, tão logo Alema desaparecia da vista de
alguém, também desaparecia de sua memória.
Alema deixou o vestíbulo e entrou em um labirinto de passagens
sinuosas como túneis iluminados pelo líquen bioluminescente típico de
edifícios Yuuzhan Vong convertidos. Escolheu o corredor maior, mais
percorrido e seguiu em frente em um ritmo rápido. Tinha de trabalhar
rápido se quisesse ser aquela a matar Jacen; quem quer que estivesse atrás
dela não seria atrasado por muito tempo pelos Quarren.
O ar rapidamente ficou quente e úmido, e sopros do que parecia ser
amônia e enxofre começaram a chegar pela passagem. Alema franziu o
nariz e começou a se perguntar que tipo de antro de prazer era esse.
Nenhuma especiaria que usara era tão forte; se o odor ficasse mais forte,
seria fétido o suficiente para sufocar um rancor no cio.
Acabara de alcançar uma curta passagem lateral quando o distante
guincho de rifles blaster cantou pelo corredor, os guardas do vestíbulo
abrindo fogo em seu misterioso perseguidor. Alema espreitou a passagem
lateral e viu que se abria em algo vagamente parecido com a caverna de
prazer Kala'uun: uma câmara central cercada por um número de celas
privadas. Era ali onde encontraria Jacen e o seu amigo?
Um estranho coro de snap-hisses eclodiram do vestíbulo da entrada, e
os tiros de blaster cessaram tão subitamente quanto começaram. Pelo som,
quem estivesse seguindo Alema usava algum tipo de estranha tecnologia de
sabre de luz, e a usava bem. Os Quarren ganharam ainda menos tempo do
que Alema esperava.
Mas por qual caminho Jacen fora, para a caverna de prazer, ou mais
fundo no prédio? Procurar por ele na Força não adiantaria, de fato,
provavelmente seria desastroso. Mesmo se não estivesse escondendo a sua
presença, iria senti-la procurando por ele, e Alema não podia vencer Jacen
Solo em um duelo direto, não com um meio braço inútil e um meio pé
desajeitado.
Felizmente, Alema conhecia homens, e homens, especialmente homens
importantes que perseguiam as suas paixões secretas em submundos, não
gostavam de esperar por os seus prazeres.
Ela desceu pela passagem lateral e se surpreendeu ao não encontrar
nenhum aproveitador lá para recebê-la, nem nenhum traficante de
especiarias, nem qualquer garota brilhante esperando por clientes. Nem
sequer havia um centro de bebidas, apenas uma fonte borbulhante no meio
do cômodo e um banheiro escondido em uma alcova nos fundos. As portas
para a maioria das celas privativas estavam abertas, revelando pequenos
antros contendo camas, lavatórios, ou simples caixas abertas.
Mas um punhado das celas estavam fechadas, e Alema podia sentir
seres em todas. Foi até a primeira e segurando a sua zarabatana pronta para
atirar, pressionou o feixe nervoso ao lado da porta. A membrana se retraiu e
revelou um par de Jenets deitados em almofadas no chão, com os seus
membros encolhidos e os seus focinhos perto das pernas. Nenhum deles
abriu os olhos, mesmo quando Alema grunhiu em descrença.
Não haviam cachimbos de especiarias na cela, nenhum afrodisíaco, nem
mesmo uma caneca de cerveja vazia. Eles estavam dormindo, apenas
dormindo.
Alema seguiu, abrindo mais duas portas. Encontrou um Duros sozinho
atrás de uma e um trio de Chadra-Fan atrás da outra, todos dormindo.
Aparentemente, tinha entrado em algum tipo de dormitório. Xingou
baixinho. Que tipo de antro de prazer tinha os aposentos dos funcionários
na entrada?
Alema começou a voltar na direção do corredor principal e vislumbrou
a sombra de seu perseguidor na parede oposta. Abaixou-se fora de vista e
garantiu que a sua presença na Força estivesse obscurecida, então espiou ao
redor e assistiu enquanto uma mulher magra em um robe escarlate vinha
pelo corredor.
A mulher era de meia-idade, com cabelos vermelhos e um nariz fino, e
ela mantinha a metade inferior do rosto coberta por um lenço preto. Em
uma das mãos, segurava um conjunto de fios, couro e metal cravejado de
joias, fixados no que parecia ser um cabo de sabre de luz.
Alema estava tão chocada que quase deixou os seus sentimentos se
derramarem na Força. Na Academia Jedi em Yavin 4, estudara a história de
uma agente Imperial chamada Shira Brie: como Brie tentara desprestigiar
Luke aos olhos dos seus companheiros pilotos, apenas para ser derrubada e
quase morta; como Darth Vader a reabilitara, a transformando em máquina
tanto quanto ele, então a treinou no caminho dos Sith; como ela construíra o
seu chicote de luz e retornara para perturbar Luke Skywalker vez após vez
em sua nova identidade como Lumiya, Senhora Sombria dos Sith.
Podia Lumiya ter voltado mais uma vez? Alema não via margem para
dúvidas. A mulher tinha a idade certa e a aparência; escondia a parte
inferior do rosto atrás do mesmo lenço escuro que Lumiya usava para
esconder a sua mandíbula ferida, e carregava um chicote de luz, uma arma
única na era dos Jedi modernos.
E ela estava caçando Jacen Solo.
Alema recuou no canto, os seus pensamentos rodopiavam enquanto
lutava para digerir as implicações. Sabia pelas histórias que estudara que
Lumiya odiava os Skywalkers e Solos quase tanto quanto Alema, então
parecia que o objetivo delas era o mesmo, destruir o clã Solo e Skywalker.
Mas Alema não podia permitir que Lumiya roubasse as suas mortes. Se o
Equilíbrio deveria ser servido, Alema precisava destruir ela mesma sua
presa.
Preencheu os pulmões com ar, então levantou a zarabatana até os lábios
e girou no canto para atacar.
O corredor estava vazio.
Deu um passo pra trás de volta para o canto, esperando Lumiya atacar
da cobertura de um borrão da Força ou cair do teto a qualquer instante.
Quando nada aconteceu, Alema se levantou e se afastou da porta.
Ainda, Lumiya não apareceu. Alema expandiu a sua percepção da Força,
procurando pela presença sombria da Sith.
Nada.
Cautelosamente espreitou o canto novamente. Quando nenhum ataque
veio, estudou as paredes, teto e chão cuidadosamente, procurando por
qualquer sombra estranha ou área borrada onde Lumiya pudesse estar
escondida. Quando ainda assim nenhum ataque veio, avançou da curta
passagem lateral para o corredor principal e fez a mesma coisa.
Lumiya se fora, desapareceu tão rápido quanto apareceu.
Alema ficou fria e vazia por dentro, e começou a se perguntar se
realmente tinha visto Lumiya de fato. Talvez tivesse sido uma visão da
Força... ou talvez a sua febre retornara. Uma vez, perto do fim do ano que
passou abandonada na selva Tenupiana, passara dias explorando os templos
Massassi em Yavin 4 com a sua irmã morta, Numa, apenas para se
encontrar presa no alto de uma montanha Tenupiana quando a febre
finalmente passou.
Mas outra explicação parecia tão provável quanto: Lumiya continuava
atrás de Jacen.
Alema correu pelo corredor, a cada passo mais preocupada com Lumiya
a superando no assassinato, sem mais tempo de se mover silenciosamente,
quase não prestando atenção para qual caminho ia, apenas se aprofundando
no edifício, mais fundo no calor e escuridão e naquele cheiro horrendo de
amônia e enxofre.
Duas vezes passou desenfreada por Ferals surpresos, e duas vezes teve
de matá-los por tentar mentir para ela antes de finalmente apontar o
verdadeiro caminho para Aquilo. Outra vez, escutou um grupo grande de
Ferals com armadura subindo uma rampa que ela descia. Pressionou-se
contra a parede entre dois pedaços de líquen brilhante, então atraiu uma
sombra da Força sobre si e assistiu impacientemente enquanto eles
passavam correndo para procurar o intruso.
Finalmente, o cheiro de amônia e enxofre cresceu quase insuportável, e
Alema começou a ouvir estranhos gorgolejos e respingos. Emergiu em um
mezanino estreito e se encontrou olhando através de um enorme poço de
névoa amarela. Não se parecia nada com o antro de prazer que esperava,
mas saiu da passagem e atravessou a sacada sem hesitação. De um típico
modo Yuuzhan Vong, não havia corrimão para manter os pedestres seguros.
O chão de coral yorik simplesmente terminava vinte metros acima de uma
vasta piscina de gosma fumegante.
Uma constante distribuição de bolhas subia das profundezas da piscina,
pontilhando a superfície com lampejos de luz quando elas estouravam em
brilhos escarlate e amarelos. As paredes ao redor estavam manchadas com
pedaços de líquen bioluminescente, quase invisíveis através da névoa densa.
Mais acima, vários níveis de sacadas encurvadas dos dois lados
desapareciam no vapor. Espalhadas pelas bordas das sacadas estavam as
silhuetas sombrias dos Ferals, geralmente no processo de jogar carcaças de
animais, ou mesmo bípedes sem vida, na piscina abaixo. Os respingos eram
sempre seguidos de um curto borbulhar, como se os corpos fossem muito
pesados para flutuar na gosma.
Alema franziu a testa, tentando decidir exatamente para o que olhava.
Na cidade baixa selvagem de Coruscant, especialmente a parte que ainda
era Yuuzhan'tar, animais mortos eram invariavelmente devorados por Ferals
ou outros carniceiros antes da carne estragar. Então parecia improvável a
piscina ser algum tipo de lixeira. Pelo contrário, os Ferals deveriam estar
alimentando algo, algo que Jacen estava interessado, também.
Alema estava prestes a se afastar quando uma voz murmurou algo
através da névoa. Era impossível distinguir o que era dito sobre o borbulhar
da piscina, mas Alema não se importou. Reconheceu aquela voz: o seu
timbre sombrio, o seu ritmo cuidadoso, e, inconfundivelmente, as suas
inflexões condescendentes.
Jacen.
Alema focou toda a sua atenção naquela voz, tentando localizar a fonte.
A névoa e a piscina trabalhavam contra ela, abafando as palavras de Jacen e
as afogando com o borbulho. Mas eventualmente ela sintonizou o bastante
para desligar tudo o mais e começar a entender o que ele dizia.
— ... deixe que eu me preocupo com Reh'mwa e os Bothanos. — Jacen
soava irritado. — Deixar o Poço foi tolice. Não posso protegê-lo aqui.
A única resposta que Alema escutou foi um longo burburinho do
líquido, mas Jacen respondeu como se alguém lhe falasse.
— Isso é ridículo. Eu saberia se tivesse sido seguido. Nem mesmo os
assassinos Bothanos são tão bons.
Sempre muito cuidadosa, Alema usou a Força para clarear a névoa entre
ela e Jacen. Estava correndo o risco de Jacen a sentir usando a Força, mas
teria apenas uma chance, e precisava ver o seu alvo. Além do mais, Jacen
provavelmente estaria muito preocupado com a sua conversa para notar
uma perturbação tão sútil.
Após outro longo burburinho, a voz de Jacen ficou mais preocupada:
— Dentro do prédio? Tem certeza?
Houve um curto borbulho.
— É claro que me importaria. — Jacen respondeu bravo. Agarrou o
sabre de luz de seu cinto. — Você é o recurso mais valioso da Guarda. Sem
você, nós não podemos rastrear um décimo das células terroristas que
rastreamos agora.
A névoa clareou, e Alema se espantou ao ver Jacen se dirigindo para
uma negra monstruosidade corpulenta que saíra da gosma. A coisa era tão
grande que nem conseguia dizer o quanto dela estava vendo. Os seus olhos
tinham a pupila do tamanho da cabeça de um Sullustano, os seus tentáculos
eram tão compridos quanto Alema, e, como tudo nessa parte da cidade
baixa, a sua aparência era distintamente Yuuzhan Vong.
A criatura piscou... e bateu os seus tentáculos sobre a superfície.
— Eu não posso banir os Bothanos do planeta, — Jacen respondeu. —
Isso mandaria Bothawui direto para o acampamento de Corellia.
Alema começou a suspeitar o que a criatura era. Enquanto Jacen havia
sido capturado pelas Yuuzhan Vong, ele supostamente iniciara uma amizade
com o Cérebro Mundial, um tipo de mestre genético controlador que os
invasores criaram para supervisionar a reforma de Coruscant. Antes de
escapar, Jacen o persuadira a frustrar os planos dos seus mestres, para
cooperar apenas parcialmente nos esforços deles para remodelar Coruscant.
Mais tarde, durante os dias finais da guerra, ele convencera o seu “amigo” a
trocar de lado e ajudar a Aliança Galáctica a retomar o planeta. Agora ele o
usava para espionar terroristas Corellianos.
Garoto esperto.
Alema ergueu a zarabatana até os lábios e, usando a Força para
esconder o dardo cônico, expirou.
O dardo acabara de sair da zarabatana quando, de algum lugar acima de
Alema e a sua direita, uma voz gutural feminina gritou:
— Jacen!
Jacen girou, ligando o seu sabre de luz enquanto virava. Mas o dardo
era pequeno, veloz e ainda escondido na Força, e Alema percebeu com um
raio de satisfação que a sua lâmina não se erguia para bloquear.
Então Jacen gritou e caiu para trás, como se lançado por uma mão
invisível, e o dardo passou direto, induzindo um rugido líquido de dor
conforme desaparecia dentro do enorme olho do Cérebro Mundial.
Alema estava atônita, consternada, com raiva, mas não estava
paralisada. Estivera em muitas lutas mortais para se deixar paralisar por
qualquer surpresa. Girou na direção da voz que alertara Jacen.
Cinco metros cruzando o limite do Poço, e uma sacada acima, estava a
silhueta borrada pela névoa de uma mulher magra em um robe escarlate.
Com o seu braço ainda esticado em direção à piscina de gosma, não
restando dúvidas de que fora ela quem empurrou Jacen com a Força.
Lumiya.
Enquanto Alema se afastava da borda da sacada, Lumiya apontou na
direção dela:
— Ali, Jacen!
Alema se virou para correr, mas a névoa subitamente piscou azul, e um
tremendo estalo soou atrás dela. No momento seguinte se encontrou
escorregando pelo chão, com cobras de raios da Força dançavam sobre o
seu corpo em agonia até finalmente sair do campo de visão de quem a
atacava.
Alema não entendeu o que acabara de acontecer, Lumiya tinha
realmente alertado Jacen? Tinha sido ele quem lançara os raios da Força
nela? Mas não havia tempo para descobrir. Forçou os seus músculos com
câimbras e atraiu uma sombra da Força sobre si. Alcançou o bolso para
pegar outro dardo... e foi quando percebeu que os raios da Força a fizeram
derrubar a sua zarabatana.
Jacen pousou na beirada da sacada, tão obscurecido pela névoa amarela
que ele era nada mais do que uma silhueta. Mas ele estava queimando com
uma fúria que Alema não acreditava ser possível para ele, uma fúria tão
feroz que aquecia a Força como fogo. Ele ligou o seu sabre de luz, lançando
um reflexo verde que fez os seus olhos brilharem com uma intenção
homicida. Os o seu olhar caiu sobre a zarabatana, e ele avançou.
Um guincho ensurdecedor subiu do Poço do Cérebro Mundial, então
uma dúzia de tentáculos negros se ergueu da névoa. Eles começaram a se
debater freneticamente, ferindo-se nas sacadas e borrifando sangue nas
paredes. Os olhos de Jacen escureceram para a cor de buracos negros, e ele
avançou, com o seu olhar indo para o corredor onde Alema se escondia.
Apesar de Alema saber não possuir o poder para matar Jacen com um
ataque, e que não teria tempo para um segundo, abriu-se para a Força,
preparando-se para atacá-lo com raios.
Então uma segunda silhueta, essa uma mulher esbelta com o rosto
encoberto, saiu da névoa, aterrissando na beirada da sacada e desviando dos
tentáculos se contorcendo como apenas alguém treinado nas acrobacias da
Força poderia.
Alema esticou a mão. Lumiya não roubaria a sua morte.
Mas em vez de atacar Jacen, Lumiya apenas o pegou pelo braço e o
virou na direção dos tentáculos se debatendo.
— Jacen, isso são convulsões. — ela disse. — Temos que retardar o
veneno agora, ou o seu espião estará morto.
O queixo de Alema caiu. O tom de Lumiya era um de comando, um
Mestre para um aprendiz.
— Mas a assassina...
— Você prefere ter a sua vingança ou preservar um recurso de
inteligência?
— Isso não é sobre vingança. — Jacen olhou na direção do corredor
onde Alema se escondia. — É sobre justiça. Não podemos deixar a
assassina...
— A assassina é apenas a ferramenta. — Lumiya interrompeu
novamente. — É a mão a guiando que precisamos parar. É Reh'mwa e os
seus tenentes.
Jacen continuava a encarar o corredor de Alema, com a sua fúria e
desejo de matar se derramando na Força.
Lumiya soltou o braço de Jacen, puxando a mão com desgosto.
— Eu posso ver que foi um erro escolher você. Vá em frente. — Ela
acenou na direção do esconderijo de Alema. — Você é um servo das suas
emoções, não o mestre delas.
— Isso não tem nada a ver com as minhas emoções.
— Tem tudo a ver com as suas emoções. — Lumiya rebateu. — Você
está bravo porque o seu amigo foi ferido, e agora você não pensa em nada
além de levar o agressor à "justiça". Você está perdido.
O último comentário de Lumiya pareceu afetar Jacen. O qual continuou
a olhar para o corredor por um momento, então olhou para longe o bastante
para convocar a zarabatana dela.
— Diga a Reh'mwa que estamos indo. — ele disse, apontando a
zarabatana na direção geral de Alema. — Isso não passará sem resposta.
Jacen se virou. Ele e Lumiya passaram pelos tentáculos contorcidos do
Cérebro Mundial e caíram na névoa. Mesmo após eles sumirem, Alema
permaneceu escondida, chocada demais para se mover.
Jacen Solo, aprendendo com um Sith.
A galáxia tinha enlouquecido?
Capítulo 1

O ar a bordo da Thrackan Sal-Solo estava carregado com o cheiro de nave


nova, a pitada ácida dos ventiladores de refrigeração queimando graxa, com
a doçura do gás de acionamento escapando, o toque de ozônio do
permutador de ar fresco. Quando Han e Leia Solo passaram pela escotilha,
Han ainda se encontrava tocando as anteparas de duraço para ter certeza de
que não estava dormindo.
A Sal-Solo era a capitânia de uma frota secreta de ataque que o governo
Corelliano começara a construir quase dez anos antes, sob a liderança do
primo recentemente falecido de Han, Thrackan Sal-Solo. Ninguém diria
para o que Sal-Solo e os seus comparsas planejaram a misteriosa armada, e
Han não se importava. A frota estava pronta para o lançamento e era grande
o bastante para destruir o bloqueio da Aliança, e isso era tudo o que
importava. O bloqueio fora estendido para todos os cinco planetas do
Sistema Corelliano, sufocando a sua economia e ameaçando as suas
instalações fora dos mundos.
Quando os Solo alcançaram o Centro de Comando, Han não precisava
ser um Jedi para sentir a excitação no ar. Os guardas das portas
inspecionaram os passes de todos com mais do que o costumeiro aceno
superficial, e eles até mesmo passaram o escâner de segurança em C-3PO.
Dentro, os oficiais de apoio deixaram de lado as suas xícaras de caf e
realmente realizavam as suas tarefas, estudando as amostras de dados e
ordens codificadas. Os únicos indivíduos que não pareciam ocupados eram
meia dúzia de agentes de segurança civil esperando em bancos de aço do
lado de fora do Salão de Planejamento Tático, e mesmo eles sentavam-se
em silêncio tenso.
Han se inclinou para perto de Leia e perguntou em um sussurro:
— Você ficará bem com isso?
Leia olhou para cima e arqueou uma sobrancelha. As linhas nos cantos
dos seus olhos escuros só deixavam o seu olhar ainda mais penetrante... e,
bem, sábio.
— Bem com o quê, Han?
— Estar casada com um almirante Corelliano. — Han sorriu e passou os
dedos pelo queixo, recém-barbeado agora que não havia mais necessidade
em esconder a sua identidade dos assassinos de seu primo. — Olhe em
volta. Wedge está se aprontando para arrebentar o bloqueio, e ele vai
precisar de mim para derrubar um dos Encouraçados.
Leia examinou a cabine ocupada, permitindo o seu olhar repousar nos
agentes de segurança do lado de fora do salão de planejamento.
— Eu não acho que precisamos nos preocupar com isso, Han.
Han franziu a testa.
— Você acha que sou muito velho para uma linha de comando?
— Longe disso. Você nem tem setenta ainda. — Leia abaixou a voz,
então acrescentou: — Só tenho um pressentimento.
— Oh céus. — C-3PO disse. — Nunca é bom quando a Senhora Leia
tem um pressentimento.
Eles alcançaram a porta para o salão de planejamento e precisaram
terminar a conversa. Em vez de admiti-los imediatamente como fizera nos
dias anteriores, o guarda da porta, um suboficial de queixo quadrado em um
uniforme de serviço azul, bloqueou o caminho deles.
— O almirante o receberá assim que puder, Capitão Solo.
— Assim que puder? — Han estava começando a achar que o
pressentimento de Leia estava correto. — Ele nos chamou.
— Sim, senhor, estou ciente disso. — O guarda estudou Han com um
sorriso cansado que os Corellianos reservavam para exibicionistas e
fanfarrões. — Almirante Antilles é um homem muito ocupado.
— É? — Han ficava cada vez mais constrangido por sua confiança de
antes, e nada o deixava mais irritado do que se constranger na frente de
Leia. — Bom, eu também sou.
Antes de Han poder se virar para ir embora, Leia o segurou pelo braço.
— Diga ao Almirante Antilles para não se apressar. — ela disse para o
guarda. — Entendemos o quão ocupado ele deve estar agora.
Han não resistiu quando ela o puxou para um lado da porta. Wedge
Antilles fora apontado como Supremo Comandante das forças Corellianas
há dez dias padrões, o dia após o assassinato de Sal-Solo, e Han sabia tão
bem quanto qualquer um quão caótica a agenda dele deveria estar agora.
Por isso os Solos ficaram tão surpresos ao receber a mensagem pedindo
a eles para se encontrar com Antilles no Aglomerado de Asteroides Kiris.
Os Kirises estavam tão afastados do sistema que eles quase flutuavam
livremente, e tão obscuros que mesmo Han foi forçado a pedir as
coordenadas. Os Solos passaram a maior parte da viagem, ainda mais longa
pela necessidade de evitar o bloqueio da Aliança Galáctica, debatendo o
que raios o novo Supremo Comandante de Corellia estava fazendo tão
longe da guerra.
Todas as questões foram respondidas quando eles deram a volta em
Kiris 6 e viram a Sal-Solo flutuando em sua doca escondida. O
Encouraçado era um típico modelo Corelliano, inovador, austero e
configurado para combate cruel e próximo, com canhões turbolasers e tubos
de mísseis posicionados pesadamente e uniformemente sobre um casco azul
no formato de ovo. Han soube no momento em que a viu que a nave era
exatamente o que Corellia precisava, uma embarcação capaz de mergulhar
no coração do bloqueio da Aliança e o rasgar por dentro.
Mas o pulso de Han não acelerou até algumas horas mais tarde, quando
Antilles os informara que a Sal-Solo tinha duas naves-irmãs e uma frota de
apoio inteira escondida nos outros estaleiros do Aglomerado Kiris. Dado ao
óbvio elemento surpresa, Antilles se sentiu certo de que a frota seria
poderosa o suficiente para esmagar o bloqueio e convencer a Aliança a
reconsiderar os seus planos de guerra. O que queria saber de Han era se ele
e Leia consideravam um fim antecipado da guerra uma possibilidade forte o
bastante para servir no exército Corelliano.
Han e Leia passaram a noite agonizando sobre a questão de Antilles,
preocupados sobre se Han eventualmente se encontraria em batalha contra
os seus próprios filhos. Jaina agora servia com os Jedi ao invés do exército,
e Jacen supostamente estava de volta a Coruscant torturando Corellianos,
mas a guerra sabia como provocar o imprevisível. Se Han acabasse
matando um dos seus filhos, ele quebraria em mais pedaços do que havia
estrelas na galáxia.
A questão representava um dilema para Leia, também. Quatro anos
antes, quando a sua Mestra, Saba Sebatyne, a proclamara Cavaleira Jedi, ela
jurara obedecer o Conselho Jedi mesmo quando discordasse dele, e o
Conselho apoiava a Aliança Galáctica. Até então, Saba e os outros Mestres
toleraram a sua insubordinação por respeito a quem ela era. Mas isso
certamente mudaria se Han abertamente levantasse armas contra a Aliança.
O Conselho não teria escolha a não ser obrigá-la a escolher entre Han e os
Jedi.
Ainda assim, a única alternativa era ficar parado e assistir a guerra
florescer sem eles, e os Solos nunca eram do tipo que não fazia nada. No
fim, eles decidiram que o melhor plano de ação seria colocar Coruscant em
um estado de espírito mais razoável ao ajudar Antilles a provar que a guerra
seria tão custosa para a Aliança Galáctica quanto seria para Corellia. Depois
do bloqueio ser esmagado, a nova administração estaria em posição de
negociar por força, e Leia asseguraria a paz ao se voluntariar para agir
como emissária.
Era por isso que Han estava tão desapontado ao ter a entrada negada no
salão de planejamento. Ele e Leia decidiram arriscar tudo para ajudar
Antilles a acabar com essa guerra rapidamente. Agora parecia que a ajuda
deles não era mais desejada.
A espera foi mais curta do que Han esperava. Ele mal considerara um
passeio até o dispensador de caf quando Wedge Antilles chegou em seu
uniforme branco de almirante. O o seu rosto afunilado estava cheio de rugas
e linhas de preocupação, e o seu cabelo perfeitamente aparado estava agora
mais grisalho do que castanho.
— Han, Leia... desculpe pelo atraso. — Antilles disse. Enquanto a porta
atrás deles se fechava, Han vislumbrou as costas de uma cabeça civil
assentindo vigorosamente enquanto mais alguém falava em tons cortantes.
— Vocês se decidiram?
— Sim. — Han começou a se sentir um pouco mais otimista; talvez
Antilles estivesse apenas tendo uma reunião complicada com um alguns
figurões civis. — Estava meio que pensando em me aliar.
— Fico contente em ouvir isso! — Antilles sorriu e estendeu a mão,
mas havia mais apreensão em seu rosto do que entusiasmo. — Temos um
trabalho importante para vocês.
Han apertou a mão oferecida, mas Leia continuou a estudar Antilles
com uma expressão reservada.
— Estamos ansiosos para ouvir isso. — Ela disse. — para que
possamos tomar a decisão final.
Antilles fez o seu melhor para parecer desapontado, mas cometeu o erro
de silenciosamente soltar o ar pelo nariz. Era um antigo sinal de sabacc, e
um que Han sabia sempre significar alívio. Seja lá o que estivesse
acontecendo, começava a cheirar como a barriga de um Hutt.
— Isso mesmo. — Han disse. — Por que não nos diz o que tem em
mente?
— Justo. — Antilles os afastou do guarda da porta e abaixou a voz. —
Precisamos que vocês negociem uma coalizão.
— Negociar? — Han fez uma careta. — Achei que me quisesse no
exército.
— Talvez mais tarde. — Antilles não soava tão sério. — Agora, isso é
mais importante.
— Eu devo dizer, confiar no Capitão Solo para negociar qualquer coisa
além de um cinturão de asteroides parece tolice. — C-3PO disse. — O
temperamento dele é pouco apropriado para diplomacia.
— Han é um homem de talentos escondidos. — Antilles manteve o
olhar fixo em Han. — Não há mais ninguém em quem eu confiaria com
essa missão.
Han ponderou sobre o elogio apenas por um momento antes de decidir
se o seu amigo o estava enchendo de poodoo de bantha.
— Isso é sobre Jacen, não é?
Antilles franziu a testa.
— Jacen? — Ele balançou a cabeça. — Han, nós dois temos filhos
lutando do outro lado dessa coisa.
— Syal não está torturando Corellianos em Coruscant. — Han rebateu.
Mesmo bravo e envergonhado como estava quanto ao que Jacen se tornara,
não iria se esconder disso. — Olhe, eu não gosto do que Jacen está fazendo
mais do que você, mas ele ainda é meu filho, e não vou renegá-lo. Eu
entendo se você tiver um problema com isso.
— Han, eu não tenho. — Antilles respondeu. — Jacen perdeu o seu
rumo, mas é apenas porque ele acredita no que está lutando. Cedo ou tarde,
ele se lembrará de que você e Leia ensinaram a ele o certo e o errado, e
encontrará o caminho de volta.
Leia estendeu a mão e apertou a de Antilles.
— Obrigada, Wedge. — ela disse. — Sei que isso é verdade, mas é bom
ouvir outra pessoa dizer isso.
— Sim, faz você pensar que talvez não esteja louco afinal de contas. —
Han se virou para que pudesse piscar e eliminar uma lágrima, então olhou
de volta para Antilles. — Então o que realmente quer comigo?
— Eu disse a você. — Antilles disse. — Negociar uma coalizão.
Conforme falava, os olhos do almirante se desviavam para Leia, e Han
percebeu que a verdade era que ele queria que Leia negociasse a coalizão.
Han balançou a cabeça.
— Pela primeira vez, 3PO está certo... você não quer que eu negocie
esse tipo de coalizão. Eu posso iniciar uma guerra ou algo assim.
Antilles deu um suspiro teatral.
— Qual é, Han. — Ele brevemente desviou o olhar para Leia
novamente. — Você entende o que estou pedindo.
— Então peça. — Han disse. — Você sabe como odeio jogos.
— Muito bem. — Antilles se virou para Leia, e os seus olhos piscaram
mais rapidamente, outro sinal antigo de sabacc que geralmente significava
que o seu oponente estava tentando fazer uma jogada rápida. — Você
entende que isso não pode ser um pedido oficial...
— Por que não? — Han interrompeu.
— Porque não sou Corelliana. — Leia disse. — E sou uma Cavaleira
Jedi. Seria suspeito eu conduzir negociações.
— Então você me quer para ser o testa de ferro? — Han continuou a
olhar para Antilles.
Antilles assentiu.
— Exatamente.
— Não estou interessado. — Han disse, nem mesmo fingindo
considerar o pedido. Ele não podia pedir para Leia negociar em benefício de
uma causa que sabia que ela apenas apoiava parcialmente, especialmente
quando o próprio Antilles claramente tinha reservas sobre o que estava
pedindo. Além do mais, Han tinha uma sorrateira suspeita de que o seu
velho amigo estava deliberadamente tentando desencorajar os Solos a
aceitar a tarefa. — Me chame quando precisar de alguém para lutar.
Ele se virou pra sair, mas Leia o segurou pelo braço.
— Han, nós não deveríamos ouvir o Almirante Antilles?
— Pra quê?
— Por Corellia. — Leia o prendeu com um olhar duro que funcionava
com ele melhor do que qualquer sugestão da Força Jedi.— Você sempre
fala sobre a importância de preservar o espírito independente de Corellia.
Sentar em uma mesa de negociação é realmente pedir muito?
O queixo de Han caiu. Leia renunciara ao seu papel como diplomata
sênior durante a guerra contra os Yuuzhan Vong, quando ficara aparente que
o processo político estava apenas minando a habilidade da Nova República
de vencer a guerra. Ao se voluntariar para retomar o papel agora, pelo bem
de Corellia, parecia muito suspeito.
Ele fez uma careta.
— Você quer fazer isso?
— Estou disposta a considerar. — Leia se virou de volta para Antilles.
— Mas não tomaremos uma decisão até ouvir os detalhes, todos os
detalhes.
— Ninguém espera isso. — Antilles sorriu, mas a nota de
desapontamento em sua voz era inconfundível, pelo menos para alguém que
o conhecia por quarenta anos. — As minhas ordens eram simplesmente
descobrir se vocês estavam dispostos a considerar isso. O Primeiro-Ministro
Gejjen irá informá-los do resto.
A sobrancelha de Han subiu. Dur Gejjen subira ao poder ao ajudar Han
e Boba Fett a assassinar o primo megalomaníaco de Han, Thrackan Sal-
Solo. Posteriormente, Gejjen abolira o cargo de Presidente dos Cinco
Mundos, o qual Sal-Solo criara com o único propósito de exercer o seu
domínio pessoal sobre o sistema Corelliano inteiro. Se Gejjen parasse aí,
Han teria admirado a integridade e sabedoria dele. Mas Gejjen provara ser
tão ruim quanto Sal-Solo, estabelecendo o seu próprio domínio ao arranjar
para si com a nomeação de ambos Chefe de Estado do planeta Corellia e
Primeiro-Ministro dos Cinco Mundos.
— Gejjen está aqui? — Han perguntou. — Você deve estar brincando.
— Temo que não.
Antilles liderou o caminho até o salão de planejamento, uma cabine
espaçosa alinhada com a mais recente tecnologia de coordenação de
batalha: telas de exibição em metade das paredes, um holoprojetor tático
montado no teto, dispensadores automáticos de caf em todos os cantos. Dur
Gejjen e dois outros se sentavam conversando em uma grande mesa de
conferência oval com uma combinação de estação de dados e comunicação
em cada assento.
Tão logo Han e Leia entraram na sala, Gejjen terminou a conversa e
estendeu a sua mão.
— Capitão Solo, bem-vindo. — Ele era jovem e bem-apessoado, com
pele escura e cabelos negros cortados no estilo curto militar. — Estou tão
contente por concordarem em aceitar essa tarefa.
— Sim, bom, não fique tão contente. — Han disse. — Eu ainda não
aceitei nada.
Ele balançou a mão de Gejjen uma única vez, então olhou para além
dele para os outros. Eles eram mais velhos, o primeiro um homem com
cabelos cor de areia com a mandíbula quadrada e bigode tornando-se
grisalho, a segunda uma mulher de meia-idade com um rosto redondo e
frios olhos cinzas. Han não conhecia o bastante do novo governo para
reconhecê-los de vista, mas ele adivinhara pelo desprazer de Antilles e o
número de agentes de segurança esperando do lado de fora que eram
Gavele Lemora e Rorf Willems. Junto com Gejjen, Lemora e Willems eram
o coração do governo dos Cinco Mundos, com Lemora servindo como
ministra de inteligência e Willems como o ministro da defesa.
Gejjen franziu a testa na direção de Antilles.
— Achei que não deveria trazê-los aqui a não ser...
— O pedido do Almirante Antilles foi propriamente muito vago. —
Leia interrompeu. — Han precisará saber alguns detalhes a mais antes de
poder concordar em servir com o seu emissário.
— Ah... é claro. — Gejjen olhou por cima do ombro para a mulher de
olhos frios, Lemora, e pareceu aliviado. — Nós ficaremos felizes em lhe dar
a informação básica.
— Depois do droide sair. — Lemora acrescentou, encarando C-3PO.
— Eu não posso sair! — C-3PO protestou. — Não serei capaz de gravar
a reunião.
— Esse é o objetivo, cabeça de chip. — Willems disse. Ele tinha uma
voz rouca e um comportamento impiedoso. — Nós não queremos que seja
gravada.
— Você tem certeza? — C-3PO indagou. — Os circuitos de memória
do Capitão Solo mostraram sinais de fadiga ultimamente. Ainda outro dia,
ele disse a Princesa Leia que com o novo corte de cabelo, ela não parecia
ter um dia além de trinta e cinco anos.
— Eu falei sério. — Han rosnou. — E pare de bisbilhotar.
— Ele não tinha escolha, Han, está na programação dele. — Leia disse.
Ela se virou para C-3PO. — Mas eu tenho certeza de que Han ainda pode
guardar alguns fatos. Você pode esperar lá fora.
O queixo de C-3PO caiu.
— Muito bem. Estarei disponível se vocês precisarem de mim.
Depois de C-3PO sair, Gejjen fez um sinal mostrando as cadeiras para
Han e Leia. Antilles se sentou no fim da mesa, uma escolha que sugeria que
ele realmente não queria fazer parte dessa conversa.
— Presumo que você reconhece os ministros Lemora e Willems.
Han assentiu.
— Sim... eu só estava me perguntando o que poderia trazer o Alto
Gabinete inteiro de tão longe até aqui.
— Estamos em uma turnê de inspeção. — Lemora sequer se importou
em tentar soar plausível. — O que importa para você é que uma
oportunidade única se apresentou.
Antes de Han ameaçar ir embora porque ele não gostava de mentiras,
Gejjen soltou a bomba:
— A Rainha Mãe Tenel Ka concordou em encontrar uma delegação
Corelliana.
— Sim, claro.
— Você não pode estar falando sério!
Han e Leia falaram ao mesmo tempo, porque a única coisa que poderia
surpreendê-los mais, ou causar mais dúvida, seria ouvir Gejjen alegar que o
seu filho Anakin não morrera de verdade lutando contra os Yuuzhan Vong.
Tenel Ka era uma forte e muito leal apoiadora da Aliança Galáctica, e
qualquer sugestão de que ela poderia estar disposta a discutir uma mudança
de lado era loucura.
— Eu garanto a vocês, falamos sério. — Gejjen disse. — O Alto
Gabinete não veio até aqui para pregar uma peça em vocês.
— Então alguém te passou um conjunto de coordenadas podre. — Han
respondeu. — De jeito nenhum Tenel Ka apoiará Corellia. Ela já designou
duas frotas de batalha para o comando da Aliança.
Gejjen não se desencorajou.
— E se isso mudasse, a Aliança Galáctica seria forçada a reconsiderar a
sua posição em relação a Corellia.
— O convite é real. — Lemora assegurou a eles. — A Rainha Mãe tem
metade de um dia disponível no vigésimo. Você consegue chegar a Hapes
até lá?
— Claro. — Han olhou na direção do fim da mesa e encontrou Antilles
fitando o canto, aparentemente contemplando as maravilhas dos
dispensadores automáticos de caf. — Se fizer algum sentido ir.
— Eu acredito que o que Han quer dizer é que a oferta soa suspeita. —
Leia olhou para Han como se confirmasse, mas ela estava sinalizando para
que ele entrasse na onda. — Ambos conhecemos Tenel Ka o bastante para
ter certeza de que ela nunca mudaria de lado.
— Veja, é por isso que vocês são perfeitos para esse serviço. — Willems
disse. — Se alguém tem uma chance de colocar algum juízo nela, são vocês
dois.
Han não gostou do tom de ameaça que ouviu na voz rouca de Willems.
— É melhor não estar nos mandando até lá para ameaçá-la. — ele disse.
— Porque isso me enfureceria tanto quanto Tenel Ka.
Gejjen fez um gesto para acalmá-los.
— Ninguém está fazendo ameaças, Capitão Solo. Mas nós
temos informações da inteligência que sugere que o apoio dela à Aliança
está criando tensão na relação com os nobres.
— Presumimos que seja essa a razão de ela estar disposta a conversar.
— Lemora acrescentou. — Talvez ela esteja simplesmente fazendo uma
demonstração para aplacar os nobres ou tentando ganhar algum tempo, mas
não podemos ignorar essa abertura.
— Não, é claro que não. — Leia disse. — Mas o Almirante Antilles nos
disse que vocês queriam Han para negociar uma coalizão. Vocês entendem
que não há chance disso acontecer, certo?
— Se há alguma esperança, vocês são ela. — Gejjen respondeu. — Mas
não precisamos de uma coalizão, e a Rainha Mãe Tenel Ka também não.
— Se Hapes fizer uma declaração pública de neutralidade e retirar sua
frota do comando da Aliança. — Lemora disse. — a posição de Corellia
seria fortalecida tanto militarmente quanto politicamente. Outros governos
podem ser encorajados o suficiente para nos apoiar abertamente.
— E os nobres de Tenel Ka não teriam mais motivos para questionar a
decisão dela, ou o seu trono. — Leia presumiu. — A ameaça a ela é assim
tão grande?
— Ouvimos dizer que há rumores. — Gejjen se inclinou para frente e
deliberadamente fixou o olhar no de Leia. — Pode não ser um exagero
dizer que persuadir a Rainha Mãe a assumir uma posição favorável quanto a
Corellia seria um serviço tanto para ela quanto para nós.
— Eu vejo. — Leia estudou Gejjen por um momento, então se virou
para Han. — O primeiro-ministro realmente tem um ponto, querido.
Podemos fazer muito bem a Tenel Ka e a Corellia.
— Sim, talvez. — Han olhou de volta para Antilles, que continuava a
estudar o dispensador de caf como se aquilo pudesse ajudá-lo a adivinhar os
planos secretos da Aliança Galáctica. — Mas algo sobre isso cheira a bafo
de Hutt.
— Tudo bem, você não gosta disso, encontraremos outra pessoa. —
Willems apontou na direção da saída. — Obrigado por...
— Ministro Willems. — Gejjen interrompeu. — por que não ouvimos
as preocupações do Capitão Solo primeiro? — Ele se virou para Han com a
sobrancelha erguida.
— Tudo isso parece ótimo, se estivéssemos conversando lá em Corellia.
— Han disse. — O que não entendo é por que Wedge me fez vir até aqui, só
para que vocês três pudessem vir até aqui para nos pedir para aceitar a
tarefa.
Para a surpresa de Han, Gejjen se virou para Antilles:
— Talvez você devesse explicar, Almirante.
— Tudo bem. — Antilles finalmente afastou o olhar do dispensador de
caf. — Vocês já estavam a caminho daqui quando o primeiro-ministro
recebeu a mensagem de Tenel Ka. Eu originalmente tinha a intenção de
pedir a você para tomar o comando da Frota Local e preparar o contra-
ataque no bloqueio.
— Contra-ataque? — Han franziu a testa. A Frota Local Corelliana se
espalhava pelos cinco planetas habitáveis do sistema, ou fixas em seus
atracadouros ou brincando de moog-e-rancor com embarcações da Aliança
carregando o dobro de seu poder de fogo. — Você está doente? Perderíamos
metade da frota apenas tentando reuni-la.
Antilles balançou a cabeça.
— Improvável. Estamos quase prontos para lançar um ataque real
daqui.
Han franziu a testa, pensando, então exigiu:
— Eu nunca veria a ação? — Ele não sabia se estava bravo ou
magoado. — Eu seria uma isca?
— Desculpe, Han. — Antilles disse. — Eu precisava fazer algo.
— Estamos recebendo interceptações de informações da inteligência
indicando que o Alto Comando da Aliança está preocupado sobre onde o
Almirante Antilles está. — Lemora explicou. — Eu sugeri que
precisávamos de uma distração.
Leia repousou a mão no braço de Han.
— Pense nisso como um elogio, Han. — ela disse. — A Aliança não
acreditaria que mais ninguém seria louco o bastante para tentar algo tão
arriscado.
— Muito obrigado. — Conforme Han dizia isso, ele olhava para
Antilles. — É sempre bom se sentir necessário.
— Como você obviamente é. — Gejjen disse rapidamente. — O
Almirante Antilles não está feliz em perder você para uma missão
diplomática.
— E essa é a razão de vocês três me perseguirem até aqui? — Han
perguntou. — Para intimidar Wedge para me liberar?
— Não totalmente. — Lemora admitiu. — A Rainha Mãe não nos deu
muito tempo para selecionar um emissário. Se você não for...
— ... eu irei. — Willems terminou.
— Ainda não decidimos isso. — Gejjen disse. O olhar que passou entre
ele e Lemora sugeria que ambos esperavam que não. — Mas com a estrita
comunicação sendo mantida aqui, nós teríamos que esperar por um
mensageiro retornar a Corellia com a sua decisão. Apenas parecia mais
seguro vir aqui e conversar pessoalmente.
— E nós realmente queríamos inspecionar a frota de Kiris antes de dar a
ordem de lançamento para o ataque surpresa. — Lemora acrescentou. — O
futuro de Corellia depende disso.
— É compreensível. — Leia disse. Ela se virou para Han e deu o seu
melhor olhar de faça-isso-por-mim. — Satisfeito?
— Claro. — Han franziu a testa e torceu o lábio para ela, ele odiava
quando Leia usava os seus poderes femininos nele. — Conte comigo.
Leia apenas sorriu e deu um tapinha em sua mão.
— Comigo, também.
— Excelente. — Gejjen parecia aliviado. Ele se levantou e estendeu o
braço sobre a mesa. — Os Cinco Mundos estão gratos.
Enquanto ele e Han apertavam as mãos, Lemora removeu um cartão de
dados de seu bolso e o passou para Leia.
— Eu tomei a liberdade de preparar um resumo em vídeo. Você pode
assisti-lo quando retornar para a Falcon.
— As nossas instruções estão nele? — Leia perguntou.
— É claro. — Gejjen disse. Ele estendeu a mão na direção da saída. —
Vocês precisarão se encaminhar rapidamente se quiserem chegar a Hapes a
tempo.
— Eu os acompanho até a saída. — Antilles se levantou e guiou os
Solos até a cabine exterior. Tão logo as portas se fecharam atrás dele, ele
agarrou o ombro de Han. — Desculpe, velho amigo. Eu esperava
ansiosamente para dar as ordens em você.
— Por que? — Han devolveu. — Você não acha que eu obedeceria,
acha?
Antilles riu.
— Acho que não. — Ele se virou pra Leia e disse: — Obrigada por
ajudar. Se temos qualquer esperança de conseguir um recuo da Aliança
antes dessa guerra ficar feia, você é ela.
— Estou feliz em ajudar, você sabe disso. — Leia estudou Antilles por
um momento, então a sua voz ficou séria. — Wedge, o que eles não estão
nos contando?
Antilles olhou na direção da porta e balançou a cabeça.
— Eu não sei, Princesa... e eu não gosto disso mais do que vocês.
— Bem, seja o que for, é melhor nós conversarmos com Tenel Ka do
que Willems. — Han disse. — Aquele cara consegue me fazer ir para os
braços da Aliança.
— Acredito que seja com isso que Gejjen está contando. — Leia disse.
— Ele saberia que diria sim se visse a alternativa pessoalmente.
— Funcionou. — Han se virou para Antilles. — Isso e descobrir que
minha alternativa era ser a sua isca.
— Então, fico contente se pude ajudá-lo a se decidir. — Antilles sorriu
cansado, então apertou a mão de Han e beijou Leia na bochecha. — Eu
deveria voltar, ou eles pensarão que estou tentando fazê-los desistir. Que a
Força esteja com vocês.
— Obrigada, Wedge. — Leia disse, afastando-se da porta. — Vamos
precisar.
Capítulo 2

Jaina Solo não queria deixar a sua bolha de sonhos. Estava com Jagged Fel
bem fundo no aconchego de seu ninho, as suas cabeças ainda pulsando no
ritmo do Pequeno Ribombar da Alvorada, com os seus corpos preenchidos
com o doce calor dos feromônios de acasalamento dos Killik. Todos os
problemas da galáxia pareciam muito longe, e a batalha deles nos céus de
Tenupe nunca acontecera. Dessa vez, eles estavam juntos e em paz, com
nada para fazer além de escutar o doce som de... alarmes?
O alarme tinia dentro do crânio de Jaina, agitando a bolha de sonho até
ela estourar, a chamando de volta de sua hibernação na Força para a gelada
queda livre da realidade. Abriu os olhos e se encontrou encarando o interior
desenhado com gelo da canopi de um StealthX, os seus dentes batiam tão
forte que pensou que poderiam rachar. Sentia-se tonta, dolorida e confusa, e
mesmo nessas condições frígidas, a cabine cheirava azedo e velho.
— Certo, Sneaker, estou acordada. — Jaina disse. — Você pode ligar o
aquecedor. E o purificador de ar.
O astromecânico, um substituto para Sneaky, o qual perdera quando Jag
e o seu esquadrão atiraram nela em Tenupe, soltou bipes em entendimento,
e o ar quente começou a se derramar na cabine do StealthX. Jaina expandiu
a sua percepção da Força. Enquanto a sua mente clareava, sentiu o seu
parceiro, Zekk, também acordando. Ele renunciara o seu posto no
Esquadrão Rogue a algumas semanas antes, quando Jacen tentara levar
Jaina à corte marcial por se recusar a atirar em um indefeso fugitivo do
bloqueio. Agora ele e Jaina eram parte de um time de reconhecimento Jedi
espiando os estaleiros Corellianos secretos no Aglomerado de Asteroides
Kiris.
Apesar de Jaina poder sentir a presença de Zekk flutuando a uma dúzia
de metros à frente e um pouco abaixo da posição dela, levou vários
segundos para localizar a silhueta em formato de cruz de seu stealthX.
Basicamente a configuração da formidável X-wing XJ3, o caça estelar
StealthX tinha um corpo de fibraplast formado por planos e ângulos
irregulares, com uma camuflagem preta fosca com um padrão de ilusão de
óptica de pequenos pontos azuis que o tornavam quase invisível contra um
fundo estrelado. Ele também tinha um modulador gravitacional,
absorvedores de fóton, dissipadores térmicos e um conjunto inteiro de
negativadores de sinal especializados que o faziam quase invisível a
varredura de sensores. Até mesmo os seus motores de fusão queimavam um
isótopo de Tibanna especial cujo efluxo se apagava em um milissegundo
após a fusão.
— O que temos, Sneaker? — Jaina perguntou.
Uma mensagem apareceu na tela agora descongelada, informando a
Jaina que um transporte leve estava partindo do aglomerado.
Jaina franziu a testa.
— Você nos tirou da hibernação por uma única embarcação?
Sneaker mostrou outra mensagem. O perfil de contato era único.
"Embarcação denominada CEC YT-1300, exibindo súbita mudança para
possível trajetória de saída. Assinatura de efluxo sugere difusor de escape
de classe militar".
— A Falcon? — Jaina não estava nem um pouco surpresa, obviamente
Han e Leia Solo estariam no meio de tudo. Ela apenas esperava que eles
não retornassem para os Kirises antes do Almirante Bwua'tu soltar a sua
armadilha. Até então, os Corellianos não pareciam perceber que a Aliança
Galáctica conhecia a sua frota secreta, e quando a frota Kiris finalmente
deixasse a sua base, os Corellianos teriam um choque terrível. — Você tem
certeza?
"Afirmativo. Trajetória confirmada para partida."
— Eu quis dizer sobre a assinatura de efluxo. — Jaina rosnou. — É a
Falcon ou não?
"Incerto. Dados atuais renderam um coeficiente de identidade de apenas
94%."
Jaina suspirou. Para a unidade R9 ter “certeza”, ele precisaria estar
plugado em um dos soquetes de dados da Falcon, trocando dados com o
controle central primário.
— Continue observando e trace uma lista de possíveis...
O StealthX de Zekk subitamente começou a seguir a Falcon, e Jaina
deixou a frase no ar.
"Uma lista de prováveis destinos?" Sneaker perguntou.
— Isso.
Jaina empurrou os manches para frente e voou atrás de Zekk, ao mesmo
tempo procurando-o na Força. Apesar de sua ligação telepática Enlaçada ter
finalmente dissolvido alguns anos antes, ela e Zekk continuaram tão
profundamente sincronizados um com o outro que eles podiam muitas
vezes se comunicar através da telepatia Jedi mais claramente do que a
maioria das pessoas conversavam, e ela rapidamente entendeu a intenção
dele.
Igualmente a nave espiã e de assalto, caças estelares StealthX eram
equipados com equipamentos de escuta tão sensíveis que podiam
interceptar sinais perdidos dos computadores internos de outras
embarcações. Se Zekk pudesse encurtar a distância antes da Falcon saltar
para o hiperespaço, ele poderia ser capaz de captar dados suficientes do
computador de navegação dos Solos para determinar o seu destino.
O que Zekk não pretendia, ele assegurou a Jaina, era vaporizar os seus
pais. Ela respondeu com uma preocupação cínica para com ele. Se houvesse
qualquer tiroteio, seria ele quem deveria se preocupar, não os seus pais. Isso
suscitou uma sensação quente de satisfação em Zekk, uma sincera sensação
de satisfação.
O elo quase se rompeu por trás da aspereza da frustração de Jaina.
Desejava que Zekk apenas desistisse. Ele nunca seria mais do que o melhor
amigo dela. Por que ele não conseguia aceitar isso e encontrar uma boa
garota Falleen para se apaixonar?
Mesmo sem a troca mental, a mensagem foi clara o bastante. Zekk
recuou em si mesmo, quase não mantendo contato suficiente para manter o
elo aberto, e eles diminuíram a distância em isolamento frio. Jaina odiava
machucá-lo assim. Ele era o melhor parceiro que tivera, mas ele não parecia
entender. Não queria estar apaixonada, não por ele, não por Jagged Fel, nem
por ninguém. Ela era a Espada dos Jedi, seja lá o que isso significasse;
provavelmente nem deveria estar apaixonada.
Kiris 17 passou deslizando por cima, baixando uma momentânea
cortina de escuridão sobre a canopi de Jaina; então não havia nada entre os
StealthXs e o seu alvo exceto cem quilômetros de espaço vazio. A Falcon
era bem rápida. Os manetes de Jaina eram levados até a sobrecarga, e ainda
assim o velho transporte fugia da vantagem dela.
A massa escura de Kiris 3 rolou por baixo da perseguição, a assinatura
térmica de sua superfície escura e gelada não traía qualquer sinal do
estaleiro escondido lá dentro. O rastro de efluxo da Falcon lentamente
mudou de uma cauda para uma barra sólida. Jaina ativou o seu painel de
escuta, então instruiu com Sneaker para informá-la quando começasse a
captar sinais. Mas vários segundos se passaram, e Jaina começou a pensar
que ela e Zekk não alcançariam a Falcon antes dela escapar da gravidade
fraca do Aglomerado Kiris e entrar no hiperespaço.
Finalmente, o contorno do disco de sensor da Falcon ficou visível sobre
o brilho radiante dos seus motores de íons, e Sneaker informou que o painel
de escuta pegava sinais. Jaina e Zekk fortaleceram o seu contato e viraram
para lados opostos do alvo, então sentiram uma onda de espanto passar pelo
elo quando Leia percebeu a presença deles.
Jaina se retirou imediatamente e, espantada pela sensibilidade da Força
de sua mãe, tentou deixar a sua presença bem pequena. O o seu painel de
escuta acendeu quando começou a captar e gravar pulsos eletrônicos de
dentro da Falcon. Um instante depois sentiu Leia procurando por ela e
tentou recuar mais para dentro de si ainda, mas não havia como se esconder
de sua própria mãe, não quando essa mãe era Leia Solo, de qualquer forma.
Jaina sentiu um breve momento de calor, seguido de uma sensação
esmagadora de alívio e, estranhamente, segurança.
Então o velho transporte disparou, o rastro de íon afinando até deixar de
existir enquanto a nave desaparecia no hiperespaço.
O elo foi preenchido com uma sensação de confusão enquanto Zekk
procurava por uma explicação, mas Jaina não entendia mais do que ele. A
sua mãe obviamente sentira a presença deles, significando que agora ela
sabia que os Jedi estavam de olho em Kirises, e que eles provavelmente
captaram a destinação da Falcon.
Zekk se perguntou se Leia estava aliviada porque pensou que Jaina não
reportaria o contato. Os Solos eram, afinal de contas, alvos de grande valor,
e que tipo de filha mandaria um esquadrão de assassinos contra os seus
próprios pais?
Sneaker bipou chamando a atenção de Jaina, então passou uma
mensagem pela tela anunciando que analisara os dados interceptados e usou
o seu poder de computador superior para listar os destinos mais prováveis
da Falcon.
— Então pare de se gabar e me mostre. — Jaina ordenou.
"Droides não se gabam", Sneaker respondeu. "Eles informam."
Uma lista de nomes de planetas começaram a rolar pela tela: Arabanth,
Charubah, Dreena, Gallinore...
— Todos eles estão no Consórcio Hapes! — Jaina gritou.
Sneaker confirmou isso, então se desculpou por não apontar a
localização mais precisa. As Névoas Transitórias que envolviam o
Consórcio faziam as vias de hiperespaço tão confusas que quando uma
embarcação entrava no território Hapan, analisar qual curso ela seguiria era
estatisticamente impossível.
— Está tudo bem. — Jaina respondeu. — Você chegou perto.
A surpresa de Zekk inundou o elo, e Jaina sabia que o seu R9 reportara
a mesma coisa a ele. A sua surpresa mudou para urgência. Sejam quais
fossem as razões para a Falcon viajar até o Consórcio Hapes, não podia
significar algo bom para a Aliança. Alguém teria de deixar o posto de
observação e reportar a interceptação, e a possibilidade de que os
Corellianos poderiam em breve saber que a Aliança Galáctica observava os
estaleiros secretos deles.
E Jaina sabia quem precisava ser aquela pessoa. Esperar Zekk omitir o
nome da Falcon de seu relatório estava fora de questão. Às vezes ele era
uma lâmina constante demais para o próprio bem, ou, nesse caso, pelo bem
dos pais dela.
Capítulo 3

Era o momento com o qual Mara sonhou, e temeu, por anos, a primeira vez
que pai e filho entraram na Arena de Treino do Templo Jedi com lâminas
reais. Mas nunca imaginou que seria assim, com Luke tão determinado a
ensinar em vez de treinar, e com Ben tão ressentido e assustado. Isso a fez
temer por ambos, a fez desejar poder estar lá embaixo no chão da arena em
vez de estar acima em uma cabine de controle quente com alavancas,
interruptores alternados e botões de acionamento.
A porta mais distante da arena se abriu e Luke entrou. Caminhando até
o centro do piso, ele olhou para cima até a cabine de controle e deu um
sorriso reconfortante para Mara, então esperou por Ben. A Arena de Treino
era basicamente uma câmara no formato côncavo preenchida com traves de
equilíbrio, vários tipos de balanços e esferas oscilantes. As condições
interiores de temperatura e iluminação poderiam ser alteradas da cabine de
controle, e um campo de segurança automático apanhava qualquer um que
começasse a sair de controle.
A porta mais próxima se abriu, e Ben entrou, com os seus olhos azuis
varrendo o cômodo, examinando tudo na câmara menos o seu oponente. Em
contraste ao simples robe cinza que Luke vestia, Ben usava um traje de
treino feito de uma versão mais leve e flexível da armadura de concha de
caranguejo vonduun que provara ser tão difícil de penetrar nos primeiros
encontros dos Jedi com os Yuuzhan Vong.
Apesar de sua óbvia apreensão, Ben marchou em frente até o centro da
câmara, e Mara se impressionou com o quão madur o seu filho de treze
anos se tornara. Ele usava o cabelo vermelho em um corte próprio para uso
de capacete com uma única trança mais longa, e o seu rosto estava menos
redondo. Mas a maior mudança era o seu queixo erguido e ombros
quadrados, em seu passo resoluto e expressão orgulhosa.
Ele se curvou formalmente, então disse:
— Aprendiz Skywalker reportando para instrução de treino como
ordenado, Mestre.
Luke ergueu as sobrancelhas ao uso de Ben do título aprendiz, mas não
o corrigiu.
— Muito bem. — Ele estudou a armadura de treino de Ben por um
momento, então apontou para a peça do peito. — Tire isso.
As sobrancelhas de Ben se ergueram, mas soltou os fechos laterais. As
placas do peito e costas caíram em suas mãos, e ele as colocou no chão ao
lado dele.
Em seguida, Luke fez um gesto para as proteções de braço e perna:
— Tudo isso.
Ben perdeu o suficiente de sua compostura para deixar os seus
sentimentos à mostra, e Mara começou a sentir pela Força o quão nervoso o
filho deles realmente estava por ser formalmente convocado para uma luta
de treino particular com o seu pai, e quão perturbador ele achou ser
mandado remover a armadura. Mas também podia sentir a coragem dele.
Apesar da confusão, Ben estava determinado a se apresentar bem, a deixar a
ansiedade de lado e se provar digno da confiança sendo colocada nele.
E isso fez Mara se lembrar por que o seu sobrinho era bom para Ben.
Fora Jacen quem puxara Ben para fora da concha e o ajudara a aceitar a
Força, quem o ensinara a enfrentar os seus medos e olhar além de si
mesmo. Jacen ensinava a Ben responsabilidade, dando a ele senso sobre si
como alguém além do filho de Luke Skywalker, Grão-Mestre da Ordem
Jedi.
Ben removeu a última proteção da canela e a colocou no chão ao lado
dele. Então, enquanto ele se endireitava novamente, Mara sentiu um
profundo sentimento de certeza. Era tão poderoso quanto uma visão da
Força, exceto por sua fonte estar parada a dez metros abaixo dela, na forma
de seu filho. A Força o atraíra para Jacen por uma razão, e se ela e Luke
ousassem interferir, colocariam Ben em perigo.
Luke sacou o sabre de luz de seu cinto e olhou para cima na direção da
cabine de controle.
— Comece com os obstáculos básicos. — Luke pediu. — Então
aumente até um ambiente de classe cinco.
— Perigo máximo? — Mara perguntou espantada. Mesmo Mestres
encontravam dificuldades tentando ambientes de classe cinco. — Tem
certeza?
— Certeza. — Luke respondeu em sua melhor voz de você está
realmente questionando o Grão-Mestre. Ele olhou de volta para Ben. — De
que outra maneira poderei testar o que Jacen vem ensinando a ele?
— Não se preocupe, mãe. — Ben encontrou o olhar de seu pai
calmamente, mas a voz tremida traiu sua apreensão. — Eu dou conta.
Pouco provável, Mara pensou. Mas Luke estaria lá, também, e ele não
deixaria nada terrível acontecer ao filho deles, ao menos nada físico.
— Se você diz. — Mara tinha de deixar Ben cometer os próprios erros e
aprender as suas lições... Luke, também. Não era isso o que a Força dizia a
ela? — Começaremos com gravidade variável, e eu adicionarei algo a cada
noventa segundos. Prontos?
O rosto de Ben empalideceu, mas ele sacou o sabre de luz de seu cinto.
— Pronto.
Mara alcançou o interruptor de controle de gravidade. Eles precisavam
confiar em Ben para encontrar o próprio caminho, aprender com as suas
experiências. Se eles não o fizessem, ele se tornaria ressentido, com raiva e
suprimido, e tudo o que ele seria na vida era o filho do grande Luke
Skywalker.
Era isso o que a Força estava dizendo a ela, não era?

Luke sentiu os seus joelhos tensionarem enquanto Mara levava a gravidade


para dois Gs. Podia sentir pela Força que ela duvidava que ele estava
fazendo a coisa certa, acreditava que ele deveria apenas conversar com Ben
e ajudá-lo a ver como Jacen escorregava na direção da escuridão. Mas Luke
tentara conversar, fora paciente, e o filho deles ainda ia em incursões com a
Guarda da Aliança Galáctica. Ben até mesmo matara um homem em
autodefesa, e o fato dele estar em tanto perigo apenas deixava tudo mais
perturbador.
Luke não queria que o seu filho crescesse acreditando que tais coisas
eram necessidades comuns para os Jedi. Chegara a hora de mostrar a Ben
que havia outro caminho, um caminho melhor para alguém forte com a
Força usar os seus poderes.
— Tudo bem, filho. — Luke disse. — Vamos ver o quão bem Jacen
vem te treinando.
Ben trouxe o seu sabre de luz até a posição de saudação, mas não
acionou a lâmina.
— Você sabe que não quero fazer isso, certo?
— É difícil não perceber. — Luke permaneceu onde estava, segurando a
sua própria arma de lado. Com os olhos redondos e bochechas cheias, Ben
ainda parecia um garotinho pra ele, como uma criança brincando de
aprendiz Jedi. — Por que não?
Ben deu de ombros e recusou-se a encontrar os olhos de Luke.
— Só não quero.
— Está com medo de que eu te machuque?
— É, certo. — A voz de Ben era sarcástica. — O maior espadachim da
galáxia acidentalmente o retalha o seu próprio filho. Como se isso fosse
acontecer.
Luke precisou se forçar a manter uma expressão séria.
— Então está com medo de me machucar. É isso?
— Talvez. — Ben assentiu desconfortável. — Por acidente.
Luke esperou o olhar de Ben retornar, então disse:
— Você não vai. Tenha um pouco de fé, certo?
As bochechas de Ben coraram.
— Eu tenho. — ele disse. — Mas ainda tenho medo. Alguma coisa
sobre isso parece errada.
— Algo está errado nisso. — Luke disse. — Você não deveria caçar
com Jacen, você não deveria ser um membro da GAG, e você, com certeza,
não deveria derrubar portas e matar pessoas. Você é jovem demais.
O rosto de Ben endureceu, não com o ressentimento que Luke esperava,
mas com resolução.
— Eu salvo vidas toda vez que vou em uma missão. Não é isso que um
Jedi deveria fazer?
— Ben, você não é um Jedi. — Luke disse. — Você nem é um
verdadeiro aprendiz. Você não completou nenhum dos testes da academia.
— Estive meio ocupado capturando terroristas. — O tom de Ben era
afiado, sem raiva. — Além do mais, Jacen diz que sou mais forte na Força
do que qualquer aprendiz da academia.
— Isso não é trabalho de Jacen julgar. — Luke estava aliviado por
descobrir o quão forte Ben era contra a raiva, isso o deixava esperançoso de
que talvez Mara estivesse certa, e talvez Jacen não estivesse levando o filho
deles por um caminho tão sombrio afinal. — Se você quer continuar
ajudando Jacen e a GAG, terá de provar pra mim que está pronto.
— Não vou sair da GAG. — Ben insistiu. — Jacen precisa de mim. A
Aliança precisa de mim.
— Então me mostre que está pronto.
Luke trouxe o seu sabre de luz em guarda, mas não o ativou.
— Se eu preciso. — Ben ligou sua lâmina, então franziu a testa quando
Luke não fez o mesmo. — Você não vai ligar o seu sabre de luz?
— Quando eu precisar. — Luke disse. — Quando você me fizer ligá-lo.
Um brilho de entendimento passou pelos olhos de Ben, e ele avançou
com um golpe alto. A gravidade dobrada desacelerou o ataque, e Luke teve
bastante tempo para contemplar a hesitação que viu nos olhos do filho. Ben
não estava confortável treinando. Ele não o fizera com frequência suficiente
para confiar em si mesmo para não machucar o seu parceiro, ou para o seu
parceiro não machucá-lo. Luke evadiu o ataque ao se agachar, então
impulsionou o pé para atingir a perna de apoio de Ben por baixo dele.
Ben se chocou com o chão, então liberou a área ao chicotear a lâmina
em um círculo ao redor de seu corpo. O garoto podia não treinar muito,
mas sabia como lutar. Se Luke já não tivesse se lançado para trás em um
salto, o ataque teria cortado as suas pernas na altura dos joelhos. Pousou
logo além do alcance e permitiu a lâmina de Ben passar, então avançou
novamente e amorteceu o feixe nervoso braquial ao chutar Ben debaixo do
braço, com força.
A mão de Ben abriu, e a lâmina de seu sabre de luz desapareceu
conforme o cabo saiu girando pela câmara. Luke deu uma cambalhota três
metros pra cima aterrissando no topo de uma trave de equilíbrio.
— Você terá que fazer melhor do que isso, filho. — ele disse. Apesar de
seu tom leve, por dentro se contorcia por quão forte Ben batera no chão. O
campo de segurança não permitiria ninguém ser atingido com força
suficiente para sofrer uma lesão real, mas nenhum bom pai aprecia
machucar o seu próprio filho, mesmo se isso fizesse esse filho mais sábio e
forte. — Você não me forçará a acionar a minha lâmina em tacadas curtas.
O rosto de Ben corou mais por vergonha do que irritação. Então ele se
pôs de pé e tentou alcançar na direção de seu sabre de luz. Quando o seu
braço da espada falhou em levantar, pois os nervos ainda estavam
amortecidos pelo chute de Luke, ele estendeu sua outra mão e convocou a
arma de volta.
Ele ativou a lâmina e deu alguns golpes testando para ter certeza de que
sua pegada de uma mão estava firme e forte, então olhou para cima para a
trave de equilíbrio onde Luke estava de pé.
— Não entendo por que está fazendo isso.
— Sim, você entende. — Luke disse. — Preciso saber se você pode se
defender.
— Então por que eu estou atacando? — Ben perguntou. — Isso não te
dirá nada.
— Dirá bastante. — Luke apontou para a esfera oscilante flutuando
perto, então usou a Força para arremessá-la em Ben. — Há muitos tipos de
perigo.
Ben se esquivou do projétil e saltou com a Força no ar. Luke
arremessou outra esfera oscilante, e dessa vez Ben precisou bloquear,
levantando o seu sabre de luz para cortar a bola em duas. Ele pousou do
outro lado da trave de equilíbrio... e foi quando Mara ligou o vento.
A súbita rajada foi quase o suficiente para derrubar Luke da trave, mas
Ben apenas se inclinou para o vento e avançou cuidadosamente.
Luke franziu a testa para a cabine de controle, se perguntando se Mara
usara a Força para dar um pequeno aviso a Ben.
O pensamento mal cruzara a sua mente antes de sentir o toque dela,
assegurando lhe que não, mas lhe insistindo para não ser tão duro com o
filho.
Ainda assim Luke precisava ser. Precisava saber quais lições Jacen
ensinava a Ben. Ancorou-se na trave através da Força, então olhou para
outra esfera oscilante e a trouxe voando para o seu filho por trás.
Os olhos de Ben se arregalaram quando sentiu o perigo através da
Força, e se jogou achatando-se contra a trave. No momento seguinte usou
um empurrão da Força para acelerar a esfera pesada no peito de Luke e o
mandou girando na direção do chão.
No caminho até embaixo, Luke agarrou o cabo de apoio de um balanço
próximo e enganchou uma perna sobre o assento, então viu Ben descendo
na direção dele em uma série de cambalhotas, com o seu sabre de luz
tecendo um selvagem rosnado de luz. Dessa vez Luke não sentiu hesitação.
Ben tinha a intenção de fazê-lo ativar o sabre de luz, mesmo sob o risco de
cortar alguma coisa.
Luke soltou o balanço e caiu na direção do chão, quase não trazendo as
pernas para baixo a tempo de pousar de pé, agachando-se tão baixo que o
seu joelho acertou o peito.
Ben usou a Força para ajustar a sua trajetória, descendo de cabeça com
o sabre de luz mantido à sua frente. Luke rolou pra trás em uma
cambalhota, um formigamento arrepiante irrompeu sobre tod o seu corpo
enquanto o campo de segurança reagia ao mergulho incontrolado de Ben.
Mas o campo de segurança não impediu o sabre de luz de Ben perfurar
o chão. Um estalo elétrico alto ecoou pela arena, e subitamente o ar estava
carregado com o fedor ácido de circuitos derretidos. Um baque terrível
soou, e quando Luke completou a sua cambalhota ao encontrar o seu filho
estendido, encarando a direção oposta e gemendo.
O rugido do vento morreu, e a voz de Mara veio pelo alto-falante:
— Ben!
Luke correu até Ben por trás.
— Ben! Diga alguma coisa...
Quando não houve resposta, Luke começou a se ajoelhar... e então
ouviu o familiar snap-hiss de um sabre de luz acionado.
Ben girou sob o ombro, e Luke saltou, lançando-se em um mortal da
Força para ganhar alguma distância. Quando pousou a cinco metros de
distância, Ben ainda estava ajoelhado onde pousara, encarando Luke com
espantosa frustração.
Luke sorriu.
— Bela jogada.
Ben franziu os lábios com ceticismo.
— Ainda assim não o fiz acionar o sabre de luz.
— Quase, no entanto. — Luke disse. — Jacen te ensinou isso?
Ben revirou os olhos.
— Qual é, pai. Fingir de morto é uma coisa bem básica.
Luke ergueu a sobrancelha.
— Quase me pegou.
— Apenas usei o seu amor paterno contra você. — Ben desligou o sabre
de luz e se pôs de pé. — Não tenho certeza se isso é justo.
— Nem eu. — Luke riu, então apontou para o buraco no chão. — E isso
não é bom, tampouco. Você provavelmente arranjou uma brecha no campo
de segurança.
Ben estudou o buraco por um momento, então olhou de volta para Luke.
— Você não pode me culpar por isso. — ele disse. — Foi você quem
não bloqueou.
— Bloquearei da próxima vez, eu prometo. — Luke assumiu uma
posição de luta e fez um gesto para que ele avançasse. — Vamos.
O rosto de Ben enrugou com desmotivação.
— Pra quê? Nós já sabemos que não posso tocá-lo, e não estou
aprendendo nada.
— Você tem certeza disso? — Luke começou a deslizar lentamente para
frente. — Ben, não estou fazendo isso para ser maldoso. Se o seu
treinamento é um exemplo, está claro que você precisa dedicar mais tempo
para os seus estudos Jedi e menos ajudando a GAG.
— Treinar não é lutar. — Ben disse. — Quando a minha vida está em
jogo, eu posso tomar conta de mim mesmo.
— Contra a maioria das pessoas, sim. — Luke alcançou uma distância
de ataque e parou de avançar. — Mas você se lembra da mulher que contei
a você? Lumiya?
Os olhos de Ben se arregalaram.
— A mulher Sith maluca?
— Essa mesma. — Luke confirmou. — Eu ainda não sei quando ela
retornou ou por que, mas eu aprendi um pouco sobre ela, e estive
meditando sobre isso. Estou convencido de que se ela puder, ela me atacará
através de você.
— Eu? — Pela primeira vez, Ben começou a parecer apavorado, e Luke
teve esperanças de que poderia realmente convencer o seu filho. — Como?
Luke podia apenas balançar a cabeça.
— Gostaria de saber. Mas você precisa estar pronto, e isso significa que
você precisa ser treinado apropriadamente.
— Estou sendo treinado.
— Não por um Mestre, e não muito bem. — Luke parou, tentando
escolher as próximas palavras com cuidado, para motivar Ben a fazer o que
garotos de treze anos nunca faziam: pensar sobre o futuro. Finalmente, ele
disse: — Você está certo sobre uma coisa, Ben. Jacen e a Aliança realmente
precisam de você. Você os está ajudando a salvar vidas, e isso é uma coisa
boa.
Ben o olhou com cautela.
— Pai, seria muito legal se você parasse aí.
— Desculpe, eu não posso. — Luke disse. — O que você não vê é que
os Jedi precisam de você, também. Nós precisamos de você para nos
preparar agora, porque Jacen, a Aliança e o resto da galáxia precisarão de
você amanhã mais do que precisam de você hoje. Ben, você precisa aceitar
um Mestre.
— Eu tenho mestrado. — Ben replicou. — Jacen está me treinando, e
ele irá me proteger de Lumiya, também.
Luke balançou a cabeça.
— Jacen não pode te proteger o tempo todo, e ele não está treinando
você. Eu treinei Rontos melhores.
Apesar da afronta, Rontos eram estudantes da academia de oito a dez
anos, Ben permaneceu surpreendentemente calmo.
— Não tenho certeza se acredito nisso. Tenho quase certeza de que sou
melhor do que qualquer criança que ainda esteja lidando com um bastão de
treino.
— Então prove. — Luke disse. — Você nem precisa me fazer acionar o
sabre de luz. Apenas faça com que eu mova meu pé.
Ben fez uma careta, obviamente desconfiado.
— Pai, qual é. Nós dois sabemos...
— Faça! — Luke ordenou. — Se Jacen está te treinando tão bem,
prove. Apenas me faça mover um pé.
Ben enrugou a testa, mas se colocou em uma posição de combate e
começou a circular atrás de Luke.
Luke fechou os seus olhos e se concentrou no zumbido do sabre de luz,
todo o tempo acompanhando a presença de Ben através da Força, esperando
pelo formigamento revelador que indicaria o ataque de seu filho. Não veio
até Ben estar diretamente atrás dele, onde Luke seria forçado a se virar para
ver o ataque.
Mas Luke não precisava ver. Apenas ouviu até o zumbido do sabre de
luz começar a mudar de tom, então ergueu a mão livre e fez um movimento
de agarrar, segurando o cabo da arma de Ben pela Força e segurando-o
imóvel a dois metros de distância.
Ben grunhiu surpreso, mas era tão engenhoso quanto rápido. Luke
ouviu o sabre de luz sendo desativado quando o cabo foi solto, então sentiu
o seu filho voando na direção do centro das suas costas. Derrubou o seu
próprio sabre de luz e virou a mão da arma na direção do chão, ancorando-
se na Força. Ben atacou um segundo depois, chutando com os dois pés em
uma tentativa de mandar Luke voando.
Luke não cedeu, e Ben atingiu o chão com outro baque alto.
— Rodder!
Luke permaneceu imóvel, mas abriu os olhos e convocou o sabre de luz
de Ben para a sua mão.
— Isso significa que você desiste?
— Ainda... não.
Luke sentiu outro formigamento de agitação na Força, então olhou
sobre o seu ombro para ver Ben convocando o sabre de luz que Luke
derrubara apenas um momento atrás.
Quando chegou, Ben ergueu o seu peso algumas vezes, então fez uma
careta e abriu a base.
Nada saiu de lá.
Ben se virou para Luke espantado.
— Você não podia ativar a lâmina! — Ele reclamou. — Não tem célula
de energia.
— Não, não tem. — Luke se virou para encarar totalmente o seu filho.
— A maior arma de um Jedi é sua mente.
O rosto de Ben ficou vermelho.
— Eu ouvi falar. — Ele levantou e entregou o sabre de luz de Luke para
ele. — Obrigado por esfregar o meu nariz nisso.
Luke devolveu a arma de Ben.
— Não foi isso que fiz.
— Eu sei o que você está fazendo, pai. Você precisava me testar. — Ben
devolveu o sabre de luz para o cinto, então continuou. — Mas eu não me
tornarei sombrio. A raiva não tem controle sob mim, e nem o medo.
Luke assentiu.
— Eu posso ver isso, Ben. Eu ainda quero que aceite um Mestre
adequado.
— Então faça Jacen um Mestre. — Ben respondeu. — Ele sabe mais
sobre a Força do que qualquer um.
— Isso não vai acontecer, Ben. — Luke disse.
Ben considerou aquilo por um momento, então falou em uma voz
resignada:
— Acho que essa decisão é sua, pai. Você é o Grão-Mestre. — Ele
começou a recolher a armadura de treino dele. — Preciso ir, temos uma
incursão às oito horas.
— Ben, eu queria que você...
— Eu preciso ir, pai. Eles estão contando comigo. — Ben se levantou e
caminhou na direção da porta, então subitamente parou e encarou Luke. —
Mas eu poderia ter mais treinamento, se você tivesse tempo.
— Claro. — Luke estava tão surpreso pela oferta de paz quanto estava
encantado. — Eu adoraria, muito.
— Eu também. — Ben virou-se, então falou sobre os ombros. — Mas é
melhor você trazer uma célula de energia. Da próxima vez, não vou facilitar
para você.

Mara entrou na Arena de Treino e encontrou Luke ajoelhado no centro do


piso, encarando o buraco feito por Ben, mas não exatamente o examinando.
Podia sentir que ele estava mais preocupado do que nunca, seja pelo
treinamento de Ben ou por outra coisa, não poderia dizer isso ao certo.
— Isso te incomoda tanto assim? — Ela perguntou.
Luke franziu a testa.
— O quê?
— Ben passar em seu teste. — ela disse. — Seja lá o que ele está
aprendendo com Jacen, não está o levando para o lado sombrio. Não senti
raiva alguma nele.
— Nem eu. — O olhar de Luke ficou distante e pensativo. — Ele estava
quase calmo demais.
Mara soltou o ar em irritação.
— Quando Jacen poderia tê-lo preparado? — Ela perguntou. Luke tinha
chamado Ben intencionalmente quando Jacen estaria ocupado por uma
reunião com Cal Omas e a Almirante Niathal. — E é melhor você não me
dizer que não conseguiria sentir o seu próprio filho fingindo.
— Não, ele não está fingindo. — Luke se levantou e liderou o caminho
até a saída. — Mas eu ainda gostaria de ver Ben sendo um aprendiz
adequado. O treinamento dele é sofrível.
— Isso é verdade. — Mara disse. Enquanto as habilidades de autodefesa
de Ben eram adequadas, o seu treinamento mostrara uma falta de confiança
em seu controle. — Mas já ocorreu a você que Ben possa estar certo?
Talvez você devesse tornar Jacen um Mestre.
Luke parou na porta e fez uma careta pra ela como se fosse uma tola ou
uma traidora, ou ambos.
— Qual é, Skywalker. — Mara disse. — Você não pode contestar o
conhecimento da Força de Jacen. E ser um Mestre poderia colocá-lo de
volta na Ordem Jedi. E pode te dar algum controle sobre ele, pelo menos
você teria um meio formal de supervisionar como ele está treinando Ben.
A desaprovação desapareceu do rosto de Luke.
— Há uma certa verdade no que você está dizendo, mas não posso fazer
isso. Jacen não está pronto para ser um Mestre... e eu não acredito que ele
estará um dia. Quanto mais cedo tirarmos Ben de perto dele, melhor.
Ele passou pela porta na direção dos vestiários, mas Mara o segurou
pelo braço.
— Na verdade, Luke, não tenho certeza disso. — Ela disse a ele sobre o
profundo sentimento de certeza que experimentara antes, sobre o quão
convencida estava de que a Força atraíra Ben para Jacen por uma razão. —
Seja lá o que está acontecendo com Jacen, precisamos ter cuidado ao
interferir. Eu acho que o destino dele e o de Ben estão conectados.
O rosto de Luke ficou turvo, e Mara podia sentir que enquanto ele não
duvidava do que o contou, ele tinha dificuldade em aceitar. Jacen andava
muito perto do lado sombrio, mesmo Mara tinha de admitir isso, e ainda
assim aqui estava, dizendo a ele que o seu filho de treze anos tinha de
caminhar ao lado dele.
— Eu sei que é muito a se pedir. — ela disse. — Mas tudo o que sinto
está me dizendo que temos de deixar Ben aprender por suas próprias
experiências, mesmo se essas experiências envolvam Jacen. Se não
deixarmos, Ben crescerá ressentido e recluso novamente, de nós e da Força.
Finalmente, Luke assentiu, mas a sua expressão continuava turva.
— Tudo bem, desde que ele continue treinando comigo.
— Isso não deve ser um problema. Foi ideia dele. — Mara continuou a
segurar Luke na porta. — Mas tenho a impressão de que há algo que não
está me dizendo.
Luke franziu a testa.
— Não tenho certeza de como isso está relacionado.
— Mas você acha que pode estar?
Ele assentiu.
— Meu sonho tem ficado pior.
— Entendo. — Mara disse. Por algum tempo, Luke tinha sonhos sobre
uma figura sem rosto e de capuz que acreditava ser Lumiya. — Defina pior.
— Ela está sentada em um trono. — Luke disse. — Sentada em um
trono e rindo com uma voz masculina.
Mara engoliu. Não podia descartar o que Luke via na Força mais do que
poderia negar a certeza do que sentira a alguns momentos antes.
— Você viu.... — A garganta dela se fechou com uma secura, e precisou
tentar novamente. — Ben estava...
— Não. — Luke disse. — Ninguém mais estava lá. Apenas ela, ele,
aquilo, seja lá quem, olhando para baixo e rindo.
— Mas tem algo a ver com Ben? — Mara pressionou. — Por isso
queria testá-lo hoje?
— É por isso que eu queria testá-lo, mas eu não sei o quanto o sonho
tem a ver com ele. — Luke disse. — Estou começando a achar que isso é
maior que Ben e Jacen.
— Bom, isso é um alívio... de certa forma. — Mara disse. — Eu não
gosto desse trono, no entanto. Isso cheira ao Império.
— Certamente. — Luke disse, assentindo. — Então acredito ser a hora
de libertar o meu shoto.
Mara ergueu a sobrancelha. O shoto era um sabre de luz especial de
comprimento médio que Luke construíra após quase perder a vida da
primeira vez que encontrou o chicote de luz de Lumiya. A lâmina mais
curta permitia a ele lutar no estilo Jar'Kai, com uma arma em cada mão, o
qual combatia a vantagem do chicote de luz dos filamentos de natureza
dupla de energia e matéria.
— Então você vai atrás dela? — Mara perguntou.
Luke assentiu.
— Eu acho que é hora de encontrar Lumiya e chegar ao fundo disso.
— Então é melhor eu construir um shoto, também. — Mara disse. —
Porque você não vai atrás dela sozinho.
Capítulo 4

Após uma longa missão hibernando na Força na cabine gelada e apertada de


um StealthX, o que Jaina queria era um banho quente e um bife de nerf tão
grande quant o seu prato. O que ela ganhou, enquanto passava pelos oficiais
exigentes na ponte de comando da Almirante Ackbar, foram olhares súbitos
e, algumas vezes, narizes enrugados. Ela ainda vestia o mesmo macacão de
voo preto no qual ela passara a última semana, e o clima controlado ameno
do Star Destroier não ajudava em nada a mascarar o fato.
Jaina parou no limite do Salão Tático e esperou o Almirante Bwua’tu se
desocupar. Depois de uma década indo e voltando ao servir com o Rogue e
vários outros esquadrões de X-wing, era difícil evitar saudar ou reportar a
sua chegada em uma voz clara e acentuada. Mas não estava mais no
exército; tinha sido dispensada por se recusar a obedecer uma ordem de
Jacen para atirar em um fugitivo do bloqueio, e Cavaleiros Jedi raramente
precisavam se anunciar.
O holotela tática no centro da sala sugeria que a situação Corelliana não
mudara durante sua semana no posto de observação. Frotas impondo a Zona
de Exclusão da Aliança ainda cercavam a Estação Centerpoint e todos os
cinco planetas habitáveis de Corell, e o Aglomerado de Asteroides Kiris
continuava a brilhar levemente, um alerta amarelo. A localização da frota
de emboscada de Bwua’tu, em espera, posicionada a três anos-luz do limite
do sistema, estava indicada por uma simples seta azul e um marcador de
distância. Se a situação permanecesse imóvel por mais um ano, os dois
lados poderiam realmente ter tempo para resolver as suas diferenças.
Mas a galáxia não seria tão sortuda. Haviam esquemas demais em
curso, fatores demais em rota de colisão, e Jaina estava prestes a trazer
outra grande complicação à tona. Quando o Alto Comando descobrisse que
os Corellianos entraram em contato com Hapes, um dos estados-membros
que mais apoiavam a Aliança, espiões seriam incumbidos de investigar e
diplomatas seriam enviados para inquéritos. Forças seriam mobilizadas e
recursos colocados em posição, e a guerra cresceria ainda mais antes de
acabar.
Jaina nem mesmo queria considerar o que poderia acontecer se o Alto
Comando ouvisse que os seus pais estavam envolvidos. Haveria muita
preocupação injustificada, talvez até pânico. Batedores seriam enviados
para localizá-los, e uma força tarefa designada para capturar, talvez até
mesmo destruir, a Millennium Falcon. Essa possibilidade passou por sua
mente várias vezes durante a longa viagem de volta dos Kirises, reforçando
a noção de que o seu relatório poderia não incluir certas coisas.
Jaina olhou da holotela para um nicho alto na parede de trás do salão,
onde um busto de pedra larmal do grande Almirante Ackbar zelava pelo seu
homônimo. Conhecia o bastante sobre os instintos políticos dos Bothanos
para perceber que Bwua’tu apenas deixava a estátua à mostra para bajular a
nova Suprema Comandante Mon Calamari da Aliança, Cha Niathal. Mas a
efígie lhe pareceu profundamente irônica. Ackbar acreditava firmemente no
poder benevolente de uma galáxia unida, e ninguém poderia estar mais
perturbado em ver a Aliança Galáctica entrando em guerra contra um dos
seus próprios estados membros do que ele estaria.
O problema era que Jaina não via como Omas poderia ter evitado isso.
Thrackan Sal-Solo e os seus comparsas estavam tentando reativar a Estação
Centerpoint, e eles estavam construindo uma frota de invasão secreta no
Aglomerado de Asteroides Kiris. Claramente, Corellia estava se preparando
para atacar alguém, e a incapacidade de descobrir o alvo desejado não
escusava a Aliança de seu dever de interferir.
Jaina sentiu Bwua’tu se aproximando e virou a sua atenção na direção
do almirante. Com pequenos olhos ardentes e os pelos do queixo se
tornando grisalhos, o Bothano era uma figura feroz e surpreendentemente
digna em seu uniforme branco.
— Um lembrete. — Bwua’tu disse em sua voz áspera.
Jaina franziu a testa, confusa.
— Senhor?
Bwua’tu apontou um dedo para o busto do Almirante Ackbar.
— A estátua. — ele disse. — Não tem nada a ver com a Almirante
Niathal, como você estava pensando. Está aí para me manter humilde.
Jaina estava surpresa demais para perguntar a Bwua’tu exatamente
como ele sabia o que estava pensando. Talvez isso fosse o que todo mundo
pensasse quando visse a estátua, ou talvez ele apenas fosse bom em ler
rostos.
— Humilde? — Ela perguntou. — Como assim, senhor?
O pelo ao redor da nuca de Bwua’tu se arrepiou.
— Os Jedi não podem ser tão mal informados. Eu fui motivo de chacota
da marinha espacial inteira pelo incidente em Murgo Choke.
— Não a marinha espacial inteira, senhor. — Jaina disse. Durante as
recentes operações de paz nas Regiões Desconhecidas, a Ackbar fora
capturada por um enxame de comandos Killik, levados clandestinamente a
bordo em bustos do próprio Almirante Bwua’tu. — Tenho quase certeza de
que o Almirante Pellaeon não achou nada engraçado.
As orelhas de Bwua’tu caíram para frente; então ele pareceu reconhecer
o humor no tom de Jaina e bufou em aprovação.
— Não, ele não acharia. — Bwua’tu disse. — Com efeito, estou
surpreso pelo velho me deixar manter o meu comando.
— Os Killiks certamente desejavam que ele não deixasse. — Jaina
disse.
Bwua’tu a estudou com olhos estreitos, sem dúvida se perguntando se
restara Enlaçado suficiente em Jaina para desejar que os Killiks tivessem
prevalecido em sua guerra contra os Chiss.
— O que estou tentando dizer é que sua performance após a captura da
Ackbar foi brilhante. — Jaina esclareceu. — Ninguém mais poderia parar
aquele ninho de naves em Murgo Choke.
Uma expressão contente apareceu no rosto de Bwua’tu.
— Provavelmente não. Ninguém mais teria se movido tão rapidamente
para explorar a incerteza do inimigo, especialmente enfrentando algo tão
devastador.... — O almirante parou e olhou para o busto de Ackbar, então
abaixou as orelhas, envergonhado. — Bom, eu estava tomando um risco
considerável. Mas essa não pode ser a razão pela qual precisava me ver. Era
sobre um transporte deixando o sistema?
Jaina engoliu, então avançou ficando próxima o suficiente para falar em
uma voz sussurrada:
— Tinha como destino o Consórcio Hapes, senhor.
— O Consórcio. — O pelo da sobrancelha de Bwua’tu pulou para
frente. — Tem certeza?
Assentiu.
— Absoluta. A precisão dos interceptadores é acima de dúvidas.
— Bem, que... alarmante. — Bwua’tu evitou perguntar detalhes sobre o
método de interceptação. A tecnologia de escuta dos StealthX era altamente
sigilosa, e havia ouvidos demais sem a devida autorização para discutir o
assunto no Salão Tático. — O Consórcio Hapes é um lugar bem grande.
Você foi capaz de determinar qual planeta?
Jaina balançou a cabeça.
— Temo que não. As Névoas Transitórias deixam as vias de
hiperespaço de Hapan emaranhadas demais para saber, mas Hapes é
definitivamente a direção para onde a embarcação seguia.
— Entendo. — Bwua’tu ficou em silêncio por um momento, o seu olhar
ficando distante e pensativo. — Então, os Corellianos esperam atrair os
Hapans para a guerra ao lado deles.
— Isso é muito difícil de acreditar, Almirante. — Jaina disse. Era a
conclusão óbvia, mas dado a quem estava envolvido, apenas não fazia
sentido. — Talvez devamos considerar explicações alternativas.
— Eu já tenho, Jedi Solo. — Bwua’tu estudou com cuidado Jaina, com
os seus olhos lentamente ficando brilhantes e desconfiados. — Essa é
próxima da certeza. A Inteligência Naval relata que tanto Nal Hutta quanto
Bothawui se recusaram a se aliar, pelo menos abertamente, contra a Aliança
Galáctica, e Corellia sabe que não pode nos derrotar sozinho.
— Eles podem estar desesperados, Almirante, mas não são tolos. —
Jaina crescera em um lar onde Chefes de Estado e Supremos Comandantes
eram convidados rotineiros, mas havia algo penetrante no olhar de Bwua’tu
que a fazia se sentir exposta e desconfortável. — A Aliança Galáctica tem o
total apoio de Tenel Ka, e os Corellianos sabem disso. Ela nos mandou duas
frotas de batalha inteiras.
O olhar de suspeita de Bwua’tu mudou para um de desapontamento.
— Eu não disse que eles encontrariam a Rainha-mãe, Jedi Solo.
Jaina franziu a testa, digerindo o comentário dele por um momento,
então perguntou:
— Você acha que Corellia tem a intenção de depor Tenel Ka?
— Eu acho que Corellia tem a intenção de ajudar. — Bwua’tu corrigiu.
— O apoio da Rainha-mãe para a Aliança é impopular entre os seus nobres,
então tenho certeza de que eles tenham escolhido possíveis usurpadores.
— Não. — O estômago de Jaina se embrulhou em indignação, se
recusando a acreditar que os seus pais podiam trair uma grande amiga. —
Isso não faz sentido.
Bwua’tu a estudou com a cabeça inclinada por um momento, então
perguntou:
— Exatamente o que não faz sentido, Jedi Solo? Há algo que não está
me contando?
— O que faz o senhor dizer isso? — Jaina soube assim que falou que foi
a pergunta errada a se fazer. Bothanos eram conhecidos por toda a galáxia
como mestres da traição, e isso significava ver através das mentiras tão bem
quanto contá-las. — Eu quero dizer, tenho boas razões para acreditar que
isso não é o que os Corellianos pretendem.
Bwua’tu olhou para ela esperando.
— Sinto muito não estar autorizada a revelar isso. — ela disse. — É,
hm, um segredo da Ordem.
— Entendo. — Bwua’tu puxou o seu pelo grisalho, então se virou a fez
sinal para Jaina segui-lo. — Venha comigo, jovem.
Jaina engoliu e fez o que lhe foi ordenado.
Bwua’tu a guiou até o seu gabinete privativo na parte de trás do Salão
Tático. Como tudo o mais a bordo desse Star Destroier, a cabine era austera
e arrumada, com outro busto do Almirante Ackbar repousando em um canto
da mesa dele. Havia meia dúzia de cadeiras resistentes de plastóide em
frente à mesa e um par de sofás cinzas em um canto, mas Bwua’tu não
convidou Jaina a sentar-se em qualquer mobília. Ao invés disso, ele deixou
a parede de transparaço que separava a cabine do salão opaca, então se
virou para encará-la.
— O transporte era a Millennium Falcon. — O almirante declarou isso
como um fato, não uma questão. — Jedi tecnicamente não estão sob o meu
comando, então não me incomodarei ordenando-a a me responder. Mas
você deveria saber que isso é o que eu presumo.
O coração de Jaina se apertou. Os seus pais estavam prestes a ter um par
de alvos bem grandes colocados em suas costas.
— A exata identidade da embarcação não parecia relevante na hora.
A voz de Bwua’tu se tornou cortante:
— Obviamente, era. Você não acredita que Han e Leia Solo trairiam a
sua amiga.
— Eu sei que eles não a trairiam. — Jaina insistiu.
— Você teria uma noção melhor sobre isso do que eu, é claro.
A reação de Bwua’tu foi surpreendente por sua suavidade.
— Mas o fato de que eles estão a caminho do Consórcio Hapes
permanece, e isso é um momento crucial para Corellia. Nós devemos ao
menos considerar a possibilidade.
Ele colocou a mão peluda no ombro de Jaina, então continuou em uma
voz tão gentil quanto áspera:
— Eu quero que você pare um pouco e pense nisso com muito cuidado.
Acreditarei em qualquer coisa que me disser... mas por favor se lembre de
que as vidas dos seus pais são apenas duas das muitas bilhões que podem
depender de sua precisão.
— Estou ciente disso, Almirante. — Jaina disse. — Mas obrigada pelo
lembrete.
Por mais que Jaina quisesse saltar em defesa dos seus pais novamente,
forçou-se a fazer o que Bwua’tu pediu. A verdade era que, Jaina não tinha
ideia de como a sua mãe e o seu pai estavam reagindo à mudança de Jacen.
Uma vez, a sua mãe jurara nunca ter filhos porque um deles poderia crescer
e se tornar outro Darth Vader. Com as holonotícias reportando que Jacen
prendera centenas de milhares de Corellianos, os seus pais poderiam muito
bem ter decidido que os antigos temores de Leia eram justificados.
Mas Jaina não sentira qualquer pista de culpa quando a sua mãe a tocou
através da Força mais cedo, e se os Solos estivessem planejando trair Tenel
Ka, acreditava que teria. Além do mais, os seus pais sempre foram leais aos
seus amigos, especialmente amigos que eram leais a eles, e não conseguia
ver isso mudando agora.
Finalmente, Jaina suspirou e balançou a cabeça.
— Eu sei que isso parece grave, mas eu não acho que eles fariam algo
assim.
Bwua’tu encarou os olhos dela.
— Você tem certeza?
— É no que acredito, Almirante. É o melhor que posso fazer. — Jaina
desviou o olhar. — Tendo em conta o monstro que meu irmão está se
tornando, eu não acho que posso ter certeza do que alguém pode ser capaz.
O lábio de Bwua’tu se franziu com a menção de seu irmão.
— Sim, o seu irmão está conduzindo dissidentes para o campo do
inimigo mais rápido do que os está matando.
Jaina ergueu as sobrancelhas em surpresa.
O almirante recuou visivelmente, então dispensou o comentário ao
abanar a mão.
— Não perca tempo se preocupando com a minha lealdade. — ele disse.
— Fiz o juramento de krevi no dia que me tornei almirante de frota. Mesmo
quando Bothawui finalmente entrar na guerra, continuarei a servir a Aliança
Galáctica.
— Quando Bothawui entrar na guerra? — Jaina perguntou. — Não se?
— Quando. — Bwua’tu confirmou. — O meu povo prefere a traição à
guerra, mas nós ocasionalmente deixamos a indignação ditar as nossas
ações.
Jaina franziu a testa.
— Do que está falando?
Um brilho de entendimento passou pelos olhos de Bwua’tu.
— Desculpe, você não deve ter ouvido. O seu irmão começou a
assassinar Bothanos.
— Assassinar Bothanos? — Jaina engasgou. — Jacen não é tão burro.
— Não, mas ele realmente protege os seus recursos. — Bwua’tu disse.
— O Cérebro Mundial está quase morto por causa de um recente ataque, e é
o melhor meio de Jacen rastrear terroristas através da cidade baixa.
Jaina franziu a testa. Raramente ficava surpresa por descobrir que o seu
irmão estava empregando o Cérebro Mundial como espião, mas estava
chocada por ouvir Bwua’tu falar como se tivessem discutido o assunto
pessoalmente.
— Não consigo imaginar Jacen compartilhando essa informação com o
exército.
— Ele não o fez. — Bwua’tu disse.
— Então as suas fontes são...?
— Precisas. — Bwua’tu respondeu. — É tudo o que você precisa saber.
— Certo. — Jaina disse lentamente. — E essas fontes acham que
Bothanos atacaram o Cérebro Mundial? O Partido da Verdadeira Vitória?
— Não. — Bwua’tu hesitou, então disse: — De acordo com minhas
fontes, o Partido da Verdadeira Vitória não consegue nem encontrá-lo, mas
Jacen acredita que Reh'mwa ordenou o ataque, e então minha espécie
entrou em risco de extinção em Coruscant.
O estômago de Jaina ficou vazio e se sentiu enjoada. Isso era outro
empurrão na galáxia para mais perto da guerra, e, como sempre, o seu
irmão estava no meio.
— Não vejo como seus informantes podem saber o que Jacen acredita.
— Jaina disse, ainda sondando pela fonte de sua inteligência. — Eu tenho a
Força e ele é meu irmão gêmeo, e mesmo eu não sei dizer no que ele
acredita.
— Você não é Bothana, Jedi Solo.
Jaina ergueu as sobrancelhas.
— Então as suas fontes estão dentro do Partido da Verdadeira Vitória?
Bwua’tu desviou o olhar por um momento, obviamente debatendo o
quanto devia contar a ela.
— Você me pediu uma resposta honesta. — Jaina enviou a ele um
pequeno toque da Força. — E eu dei uma a você.
Bwua’tu assentiu.
— Muito bem. Nós dois temos lealdades divididas aqui, então teremos
que confiar um no outro. — Ele esperou por um aceno afirmativo de Jaina,
então continuou. — Por algum tempo agora, o governo Bothano vem me
pedindo para renunciar minha comissão e retornar para casa. A inteligência
em relação aos assassinatos é a última tentativa deles em me persuadir.
— Eles têm uma fonte dentro da GAG? — Jaina arfou.
— Eu não sei a natureza da inteligência deles. — Bwua’tu respondeu
com cautela. — Apenas que se provou precisa até então.
— Isso não significa que você precisa acreditar na negação deles. —
Jaina disse. — Quero dizer, o governo Bothano tem um interesse investido
em convencer você que o ataque ao Cérebro Mundial não foi Bothano.
— Verdade, mas não há outra evidência. — Bwua’tu respondeu. — Se o
Partido da Verdadeira Vitória estivesse por trás do ataque, não teria falhado.
Jaina escolheu ignorar a vaidade da espécie dele pelo momento e tratou
a afirmação como um fato.
— Certo. Se Bothanos não são responsáveis, quem é?
— Meu palpite seria terroristas Corellianos. Se o Cérebro Mundial
estava ajudando Jacen a rastreá-los, então são eles quem tem mais a ganhar
ao matá-lo. — Bwua’tu recuou em direção a mesa, então entrelaçou as
mãos atrás das costas e encarou o mapa galáctico em vídeo pendurado na
parede. — Mas essa é não a nossa preocupação no momento. Seja lá o que
os seus pais estão fazendo no espaço Hapan, a viagem deles tem algo a ver
com uma tentativa de golpe. Talvez eles estejam apenas indo avisar Tenel
Ka sobre as consequências de apoiar a Aliança.
— Você quer dizer, ameaçá-la?
— Uma ameaça é um aviso. — Bwua’tu respondeu. — No momento, é
isso o que devemos presumir. É realmente a única esperança de Corellia.
— O que significa que os Corellianos não enviarão a frota Kiris contra o
nosso bloqueio. — Jaina disse, adivinhando que Bwua’tu já percebera isso.
— Eles a usarão para apoiar o golpe Hapan.
— Exatamente. — Bwua’tu respondeu. — Minha frota está seriamente
fora de posição.
— Então você a reposicionará?
— Eu certamente sugerirei isso à Almirante Niathal. — Bwua’tu disse.
— Mas ela é um peixe muito autoritário. Ela armou uma armadilha para os
Corellianos, e ela não a abandonará facilmente.
— Então? — Jaina perguntou. — Você irá movê-la de qualquer forma,
certo?
— E desrespeitar meu krevi? — Bwua’tu zombou dela como se ela
sugerisse trapacear no dejarik. — Quem você pensa que sou? seu pai?
— D-Desculpe. — Jaina disse, pega de surpresa pelo tom duro dele. —
Eu não quis dizer nada com isso, mas há mais uma coisa que você deveria
saber. Quando a Falcon partiu, a minha mãe sentiu a minha presença. Ela
deve saber que os Jedi estão observando os Kirises.
— Entendo. — Bwua’tu ficou pensativo. — Você acha que ela diria ao
seu pai?
— Temos que presumir isso. — Jaina disse.
— E nós devemos também presumir que ele diria aos Corellianos que
sabemos sobre a frota secreta deles. — A expressão de Bwua’tu ficou ainda
mais pensativa. — E ainda assim, não podemos ter certeza. Isso realmente
acrescenta uma reviravolta interessante para o problema.
— Isso é um eufemismo. — Jaina disse. — Mas agora você terá que
mover a frota.
Bwua’tu franziu a testa para ela.
— Você não estava escutando? A Almirante Niathal está decidida.
— Mas quando ela ouvir...
— Ela não vai mudar os planos por causa de alguns sentimentos entre
uma mãe e filha. — Bwua’tu disse. — Ela descartará isso como informação
fraca de inteligência.
— Então o que você fará?
— Eu não sei ainda. — Bwua’tu franziu o focinho e retornou o olhar
para o mapa galáctico na parede. Sua voz assumiu um tom distraído. —
Interessante.
Como ele não elaborou, Jaina foi para o lado dele e encarou o mapa em
vídeo. Era uma projeção galáctica padrão, com a luminosa nuvem branca do
Núcleo Profundo perto do centro do enquadramento superior e as Regiões
Desconhecidas sequer estavam no mapa. Corellia era um pequeno ponto no
lado oposto do Núcleo Profundo de Coruscant, formando um grande espaço
triangular com Bothawui e Nal Hutta.
— Parece mais assustador pra mim do que interessante. — Jaina disse.
— Se você está certo sobre Bothawui se juntar a Corellia, não demorará
muito até Nal Hutta seguir. Os rebeldes controlarão um quarto da galáxia.
— Não isso. — Bwua’tu apontou um dedo para Duro, que localizava-se
além de Corellia na Coluna Comercial Corelliana. — Parece que os temores
do Chefe Omas eram bem justificados.
Jaina fez uma careta, ainda sem entender.
— Estou feliz em ouvir isso, mas...
— As minas. — Bwua’tu acionou uma chave de controle embaixo da
tela, e o mapa deu um zoom até mostrar apenas o sistema Corelliano. —
Em algumas semanas, os Kirises estarão em uma linha direta entre Duro e a
estrela Corelliana. Com todo esse sopro eletromagnético de fundo, seria
impossível para Duros detectar o lançamento da frota Kiris.
O queixo de Jaina caiu.
— Sal-Solo atacaria Duro?
— A sincronia é certeira. — Bwua’tu disse. — E Duro ainda tem
grandes depósitos de baradium e cortosis.
Jaina não sabia se estava enjoada ou aliviada. Como o componente
primário de explosivos variava de detonadores térmicos até bombas de
prótons, baradium se tornara a matéria-prima de escolha entre os números
crescentes de contrabandistas de armas da galáxia. E fibras de cortosis
tecidas podiam ser usadas para dar curto-circuito em lâminas de sabres de
luz.
— Bem, pelo menos Chefe Omas e tio Luke podem parar de duvidar de
si mesmos sobre o bloqueio. — Jaina disse. — A última coisa que a galáxia
precisa é alguém despejando milhões de toneladas de baradium no mercado
negro.
— Ou começar a vender armaduras à prova de sabre de luz. — Bwua’tu
acrescentou. — Mas essa não é nossa preocupação no momento. Alguém
precisa avisar a Rainha-mãe sobre a situação, e não podemos confiar isso a
uma holocomunicação. Mesmo se o sinal não for interceptado, não
podemos ter certeza de que a mensagem alcançará Tenel Ka sem passar
pelas mãos erradas antes. O Consórcio é um verdadeiro antro de intrigas.
— Eu posso alcançá-la através da Força. — Jaina disse. — Isso dará a
ela algum aviso.
— Um aviso específico?
Jaina balançou a cabeça.
— Ela saberá que há perigo, mas não de onde.
— Então alguém precisa vê-la pessoalmente. — Bwua’tu disse.
— Então você está me enviando? — Jaina perguntou.
— Estou pedindo a você. — Bwua’tu corrigiu. — Você é uma Jedi,
lembra?
— É claro. — Jaina disse. — Quero dizer, fico feliz em ir.
— Bom. — Bwua’tu checou o seu relógio, então disse: — E eu acho
que você deveria pegar Zekk no caminho. Esse não é o tipo de coisa com a
qual deveria arriscar. Pedirei a Lowbacca e Tesar para irem mais cedo e
assumir o posto de observação.
— Muito bem. — Jaina precisaria levar um pouco de combustível extra
para o StealthX de Zekk, mas era possível, e daria a ela uma chance de
descobrir o que raios os seus pais estavam fazendo. — Obrigada.
— Não, eu que agradeço. — Bwua’tu disse. — Enviarei uma mensagem
pela cadeia de comando, também, mas isso será mais rápido, e talvez você
possa descobrir uma maneira de manter o nome da família longe dessa
bagunça. Duvido que alguém em Coruscant quereria as Notícias da
HoloNet acusando Han e Leia Solo de correr pela galáxia organizando
golpes.
Capítulo 5

O Salão Especial da Rainha-mãe era equipado com toda comodidade


moderna, de dispensadores de bebida que otimizam de sabor à mobília
automassageadora às cabines de participação em holonovela. Então Han
não entendia por que o único cronômetro no cômodo era um relógio antigo
de pêndulo, do tipo com um braço longo e pesado que balançava de um
lado para o outro e emitia um alto tock todo segundo. Por sua estimativa,
ele já ouvira aquele tock mais de vinte e cinco mil vezes, e cada uma
parecia mais alta do que a última.
— Mais um tock e eu vou destruir aquela coisa. — Han rosnou.
— Não acho que a Rainha-mãe aceitaria isso muito bem, Capitão Solo.
— C-3PO disse. Não pela primeira vez, Han se perguntou por que não o
deixara na Falcon com Cakhmaim e Meewalh. — É pré-Lorellian,
provavelmente saqueado de uma nave colônia Bamorrana pelos mesmos
piratas que raptaram os ancestrais de Tenel Ka.
— Então está mais do que na hora de Tenel Ka arranjar outro. — Han
olhou para o raro painel de madeira byrle do salão e a modelagem dourada
de ogee, procurando pela câmera espiã que tinha de estar lá. — Pela
aparência desse lugar, ela deveria ser capaz de pagar por algo mais
silencioso.
— Han! — Leia, que estava sentada no chão meditando, abriu os olhos.
— Esse relógio vale mais do que a Falcon. Bem mais.
— É, e é mais barulhento, também.
Han se levantou, então agarrou uma mesinha inestimável de tampo de
larmal e atravessou o cômodo.
Leia pulou para bloquear o seu caminho.
— Han, o que está fazendo?
— Eu não aguento mais. — Ele deu a Leia uma rápida piscadela, então
deu a volta nela. — Esse tock está me enlouquecendo.
— Eu entendo. — Leia o segurou pelo braço. — Mas o ato insano não
nos dará uma plateia tão cedo. Não estamos sob vigilância.
— É claro que estamos. Aqui é Hapes, lembra?
— É a Hapes de Tenel Ka. — Leia virou-o para encará-la. — E ela nos
respeita demais para nos espionar.
Han revirou os olhos.
— Sim, certo.
— Ela sabe que notaríamos o monitoramento, então por que arriscar nos
insultar quando ela não saberá nada? Desse jeito, ela pode nos deixar saber
que não importa as nossas diferenças, ela ainda nos considera amigos.
— Deixe-me ver se eu entendi isso direito. — Han continuava a segurar
a mesa acima do ombro. — Ela nos deixa aqui esperando por sete horas
para nos garantir que ainda somos amigos?
— Exatamente. — Leia disse. — É a mesma razão pela qual o controle
de voo nos mandou pousar a Falcon no Hangar Real. Ela está tentando nos
dizer educadamente que não poderá nos receber.
O estômago de Han afundou.
— Diga que essa não é uma daquelas coisas codificadas de diplomacia.
Leia deu a ele um sorriso de desculpa.
— Temo que sim. Você sabe como Coruscant reagiria se ela nos desse
uma audiência. Omas e Niathal pensariam que ela está considerando a
possibilidade de chamar as suas frotas de volta, possivelmente até ajudar
Corellia.
— Então por que ela disse para Gejjen nos enviar?
— Para acalmar os seus nobres, tenho certeza. — Leia disse. — Ela
precisava ganhar tempo para uma manobra, e agora nós servimos ao nosso
propósito.
— Então ela nos usou. — Han disse. — Eu odeio isso.
— Não foi pessoal, Han. — Leia pegou a mesinha das mãos dele e usou
a Força para levá-la flutuando até o seu lugar. — Nós precisamos esperar.
Eventualmente, ela encontrará um meio de nos ver sem os espiões saberem.
— Eventualmente? — Han foi até o painel de intercomunicação ao lado
da porta. — Ela pode fazer melhor do que isso.
— Han, você não pode ficar...
— Claro que posso.
Han pressionou o botão de chamada, e um momento depois o rosto
irritado de um dos secretários sociais de Tenel Ka apareceu na tela de vídeo.
— Capitão Solo. — ele disse, obviamente amargurado. — Há algo que
eu possa fazer por você?
— Sim. — Han disse. — Você pode dizer a Tenel Ka que estou cansado
de esperar.
A expressão do homem ficou mais cansada.
— Como eu já expliquei, a Rainha-mãe está indisponível. Ela me pediu
para garantir a você que assim que ela estiver livre...
— Livre? — Han exclamou. — Deveríamos ter metade do dia com ela.
Já estamos aqui o dobro...
— Com licença, Capitão. — O secretário disse. — Vocês estavam sob a
impressão de que a Rainha-mãe estava esperando vocês?
— É claro que estávamos sob essa impressão. Tínhamos um
compromisso! — Han estava pronto para rastejar pelo interfone e
estrangular o homem. — Se você acha que viemos lá de Corellia apenas
para aparecer sem avisar...
— Está dizendo que não somos esperados? — Leia interrompeu, indo
até o lado de Han.
— De fato, estou. — O secretário respondeu. — A Rainha-mãe
cancelou a conferência quando o Primeiro-Ministro Gejjen insistiu que ela
deveria acontecer no mesmo dia que o Desfile da Rainha.
Han fez uma careta.
— O Desfile da Rainha?
— Para escolher o homem mais belo do Consórcio. — C-3PO explicou.
— Depois do Aniversário da Rainha-mãe e o Baile de Máscaras do
Carrasco, é o maior baile do ano.
— Precisamente. — O secretário assentiu. — É claro que a Rainha-mãe
está indisponível hoje.
— Não diga. — Han começava a ter um mal pressentimento sobre a
tarefa deles. — E é sempre no vigésimo?
— No último dia da terceira semana. — C-3PO corrigiu. — A tradição
tem mais de quatro mil anos. Parece que a primeira Rainha-mãe organizou
o primeiro desfile como uma paródia dos leilões de escravos uma vez
realizados...
— Chega, 3PO. — Han disse. — Não precisamos da história do
aglomerado inteiro.
— O seu droide está correto sobre a antiga história da tradição. — O
secretário disse pelo interfone. — Eu mesmo expliquei tudo isso ao
Primeiro-Ministro Gejjen.
— Para Gejjen em pessoa? — Leia perguntou. — Não para os
assistentes dele?
— Não precisa fingir surpresa. — O secretário fungou. — Ele me
entendeu muito bem.
Uma nuvem passou sobre o rosto de Leia.
— Tenho certeza de que entendeu. Por favor, aceite as nossas desculpas.
O erro claramente foi nosso.
— Obviamente. — O secretário respondeu. — Por favor sejam
pacientes. A Rainha-mãe os verá quando lhe for conveniente.
A tela de vídeo se apagou.
— Que rude! — C-3PO disse. — Ele nem mesmo nos desejou uma boa
noite.
— Ele não falaria sério. — Han desativou a linha deles da
intercomunicação e se virou para Leia. — Você sente que isso foi armado?
— Absolutamente. — Leia disse. — Mas eu não entendo o que Gejjen
espera conseguir ao nos envergonhar.
— Não há lógica nisso no que eu posso ver. — C-3PO disse. — Capitão
Solo pode se envergonhar sozinho muito bem.
Han estava ocupado demais tentando entender a visão de Gejjen para
responder. Gejjen devia saber que enviá-los para negociar em um dia de
celebração apenas irritaria Tenel Ka e a deixaria ainda mais longe de
cooperar com Corellia... e isso apenas podia significar que Gejjen não se
importava se irritava ou não Tenel Ka.
Han começou a ficar preocupado. Com os Bothanos e os Hutts
recusando uma aliança aberta, Corellia estava cada vez mais desesperada, e
governos desesperados faziam apostas perigosas. Talvez Gejjen não se
importasse em irritar Tenel Ka porque ele esperava lidar com mais alguém
no futuro próximo... em um futuro muito próximo.
Han se virou para Leia.
— E se não for para nós que Gejjen está armando?
Os olhos de Leia se estreitaram.
— Você acha que ele está nos usando para atrair Tenel Ka?
— Ou nos posicionando para levar a culpa. — Han disse. — Se Tenel
Ka for assassinada, seja lá quem está se preparando para tomar o lugar dela
vai querer apontar o dedo para alguém bem rápido. Caso contrário, uma
investigação poderia descobri-los.
Leia pensou por um momento, então balançou a cabeça.
— É possível, mas Tenel Ka é obrigada a ter uma equipe de segurança
de primeira classe, e, como uma antiga Cavaleira Jedi, ela é formidável
sozinha. Seja lá quem está por trás disso, são espertos o suficiente para
perceber que precisam de um profissional... e um dos bons.
— Claro, mas eu não vejo onde nós nos encaixamos. — Han disse.
— Eu também não... ainda. — Leia pensou por um momento, então
perguntou: — Por que era importante para nós chegarmos no dia do Desfile
da Rainha?
— Oh! — C-3PO levantou a mão. — Eu acho que sei!
Han se virou para o droide.
— Então solte a língua.
Os fotorreceptores de C-3PO piscaram.
— Droides não possuem língua, Capitão Solo. Mas o palácio estará
repleto de belos jovens hoje, a maioria deles desconhecidos dos
funcionários. Seria a hora ideal para infiltrar um assassino nas instalações.
— O que significa que a segurança estará ainda mais reforçada do que o
normal. — Han apontou.
— Por isso nós somos importantes. — Leia disse. — Gejjen sabe que
Tenel Ka encontrará tempo para nos ver, e isso interromperá a rotina de
segurança.
— Então nós somos a isca. — Han resmungou. — Está saltando aos
meus olhos.
Han se virou para o interfone e começou a alcançar na direção do botão
de chamada, mas Leia segurou o seu braço com a Força.
— Han, não podemos. — ela disse.
Han franziu a testa, confuso.
— Claro que podemos. — ele disse. — Eu amo Corellia, mas Tenel Ka
é praticamente uma filha. Se você pensa que vou deixar Gejjen assassinar...
— Han, não é isso o que penso. — Leia disse. — Mas se o plano deles
depende de uma mudança na rotina, eles devem ter alguém próximo de
Tenel Ka para alertá-los dessa mudança.
— Certo. — Han deixou a mão cair e tentou esconder o quão tolo ele se
sentia por não perceber a mesma coisa. — Eu sabia disso.
— É claro que sabia. — Leia sorriu e deu um tapinha tranquilizador no
braço dele. — E você também sabia que o informante deles apenas
interceptaria o seu aviso e deixaria o assassino saber que estamos de olho
neles.
— Oh, sim. — Han disse. — Eu sabia disso, também.
Leia assentiu.
— Pensei que sim.
Ela respirou fundo e fechou os olhos, obviamente se preparando para
alcançar Tenel Ka na Força.
Era a vez de Han agarrar o braço de Leia.
— Não pode fazer isso também, querida.
Leia abriu os olhos novamente.
— Não podemos?
— E quanto ao plano B deles? — Han disse. — Você sabe que eles têm
um, e no minuto que o informante deles vir Tenel Ka agindo estranho, eles
irão ativá-lo.
Leia suspirou.
— E estragamos qualquer chance de Tenel Ka os encurralar.
— Certo. — Han disse.
— Então o que vamos fazer?
Han deu um passo em frente e abriu o robe de Leia.
Leia ergueu a sobrancelha.
— Han, acho que não temos tempo pra isso agora.
Han deu a ela um sorriso maroto.
— Não se preocupe... isso não vai demorar muito. — Ele abriu um dos
bolsos do cinto de utilidades dela e removeu um hackeador de trinco
automático. — E então nós podemos ir encontrar Tenel Ka. Isso deve jogar
um banho de água fria nos planos deles.
Han foi até as portas duplas esculpidas à mão pela qual o secretário
social desaparecera após jogá-los no salão, então ajoelhou-se no chão e
deslizou o cartão da unidade de entrada e saída na fenda entre as portas.
C-3PO rangeu até ficar atrás dele.
— Capitão Solo, posso perguntar o que você está fazendo?
— Não.
O hacker de trinco emitiu um bipe curto, anunciando que fez contato
com o sistema de segurança.
Antes de Han poder ativá-lo, Leia alcançou o seu ombro e cobriu o
painel do instrumento.
— Han, precisamos ser...
— Não podemos esperar aqui. — Han disse. — Tenel Ka é uma ótima
garota. Ela não iria nos manter sentados...
— Eu ia dizer silenciosos. — Leia interrompeu. — Há dois sentinelas
do outro lado dessas portas.
— Oh, céus. — C-3PO disse. — Parece que Capitão Solo nos fará
passar vergonha novamente.
— Está tudo bem, 3PO. — Leia puxou Han para longe da porta e pegou
o hackeador das mãos dele. — Na verdade, precisamos que você retorne
para a Falcon.
C-3PO inclinou a cabeça.
— Retornar para a Falcon? Com que motivo?
— Apenas volte, cabeça de chip. — Han disse.
Um harummph indignado soou do vocabulador do droide, mas ele se
virou e saiu pela outra porta, que se abria para o Hangar Real. Leia
devolveu o hackeador para o seu cinto de utilidades e começou a bater
veementemente. Levou vários segundos antes de um zumbido eletrônico
soar e uma das portas se abrir parcialmente.
— Me desculpe, Princesa Leia. — uma voz Hapan disse. — mas a
guarda real não está autorizada a conversar com convidados. Se você
necessita de ajuda...
— Na verdade, não preciso.
Leia usou a Força para puxar o sentinela pela porta, ao mesmo tempo
que esticava uma perna para pegá-lo nos tornozelos. Ele aterrissou aos pés
de Han em uma pilha enorme de uma capa roxa cheirando a colônia Hapan
almiscarada.
Han saltou para as costas do sentinela e esmagou o capacete do homem
no chão de pedra para desorientá-lo. O Hapan era extremamente grande
para um humano, quase do tamanho de um Barabel e quase tão forte.
Apesar das repetidas batidas, o companheiro conseguiu se erguer de
joelhos.
Percebendo que estava em apuros, Han enganchou as pernas ao redor da
cintura do sentinela e plantou os seus pés nos joelhos do homem, então
empurrou. O camarada caiu de barriga novamente. Han bateu com a cabeça
dele rapidamente e efetivamente atordoou o Hapan por tempo suficiente
para tirar o seu capacete.
O sentinela começou a se levantar novamente, uma mão alcançando as
costas para agarrar a perna de Han, que deu um soco poderoso na base da
mandíbula dele. O grande Hapan mancou por um segundo, então seus dedos
cravaram-se na coxa de Han com tanta força que ele teve que gritar.
Ele atacou com soco rápido novamente, e o sentinela finalmente caiu no
chão em uma pilha imóvel.
A essa altura Leia estava carregando o outro guarda, também
inconsciente, para o cômodo. Apesar de o homem ser tão grande quanto o
qual Han lidou, as suas mãos e pés já estavam amarrados, e Leia usava
apenas uma mão para arrastá-lo. Han gostaria de acreditar que ela estava
usando a Força, mas ele sabia melhor. Após quatro anos de treinamento Jedi
no estilo Saba, ela era forte assim.
— Tudo bem? — Leia perguntou. — Você precisa de ajuda?
— Estou... bem. — Han ofegou. — Que tal um pequeno aviso da
próxima vez?
— Por quê? — Leia apertou os lábios em reprovação irônica. — Você
está ficando velho ou algo assim?
— Não. — Han rasgou uma faixa da capa do sentinela e começou a
amarrar os punhos do homem. — Apenas não estou acostumado a seguir a
sua liderança, é isso.
Leia sorriu.
— Como você pode dizer isso, querido? — Ela derrubou o sentinela
dela no chão ao lado do dele, então agachou-se, pegou o cartão de
segurança do homem, e beijou a bochecha de Han. — Invadir o palácio de
Tenel Ka foi ideia sua.
Capítulo 6

Localizado no coração do Distrito do Senado entre o Templo Jedi e o


Centro de Justiça Galáctica, a Praça da Comunidade geralmente ficava
abandonada após escurecer. Mas essa noite, Alema dificilmente ficava
sozinha. Jacen e Ben estavam a apenas alguns metros de distância,
conversando nas sombras ao lado de uma fileira perfeitamente podada de
árvores blar.
E não era a única escutando a conversa deles. Primeiro avistou Lumiya,
parada na privacidade de uma cobertura alta do lado oposto da calçada, tão
quieta e imóvel que era impossível ter certeza se ela ainda estava lá. Então
havia o borrão escuro que se aproximou pela névoa após Ben chegar. Estava
a cerca de vinte metros de distância, agachado atrás da cobertura na calçada
do lado de Alema, apontando o que parecia ser um pequeno disco
parabólico através das árvores blar na direção onde Ben e Jacen
conversavam. Quem quer que fosse, a sombra deveria ser Jedi, e um adepto
razoável daquilo. Como Lumiya e a própria Alema, ele ou ela, recuou para
dentro de si até não parecer ter uma presença na Força sequer.
— ... como as sessões de treinamento vão indo? — Jacen perguntou. —
Ele está tentando fazer você perder a calma?
Alema pensou ter visto Ben balançando a cabeça. Os dois primos
tomavam cuidado para não ficar na luz, e em condições tão enevoadas que
mesmo os olhos sensíveis ao escuro dos Twi'lek não podiam ver mais do
que silhuetas.
— Não. — Ben disse. — Eu acho que ele está realmente tentando me
ensinar algo.
— Você não poderia pedir por um instrutor melhor. — Jacen disse. —
Mas tenha cuidado. O seu pai está apenas procurando por uma desculpa
para mandá-lo de volta para a academia.
Ben continuou em silêncio por um momento, então perguntou:
— E ele encontrará uma?
— Isso é com você. — Jacen respondeu calmamente. — Você acha que
as técnicas que venho ensinando a você são sombrias?
— Depende de como você as usa. — Ben respondeu.
— Exatamente. — A voz de Jacen ficou calorosa, e ele segurou o
ombro de Ben. — Mas quanto mais velho o seu pai fica, mais conservador
ele se torna. Ele teme não ter feito um bom trabalho preparando a geração
moderna de Jedi, que eles não são fortes o bastante para empregar todos os
aspectos da Força.
— O que você acha? — Ben perguntou.
— Eu acho que ele fez um trabalho melhor do que pensa. Muitos
Cavaleiros Jedi não são fortes o bastante para usar toda a Força, mas alguns
são. — Jacen colocou ambas as mãos nos ombros de Ben. — Você é.
Ben derramou orgulho na Força.
— Você tem certeza?
— O que você acha? — Jacen perguntou. — Você só está perguntando
porque quer me ouvir dizer de novo.
— Acho que sim. — O tom de Ben estava constrangido. — Você não
estaria me ensinando a usar as minhas emoções se não me considerasse
forte o suficiente.
O coração de Alema encheu-se de admiração, quase religiosa. A menos
que estivesse interpretando mal o que estava ouvindo, e isso não parecia
possível, Luke Skywalker estava perdendo o seu único filho para a coisa
que ele mais temia: o lado sombrio. E o seu próprio sobrinho seria o
instrumento dessa perda.
— Isso mesmo. — Jacen disse a Ben. — Eu nunca ensinaria algo que
você não estivesse pronto para usar. Agora eu preciso que você diga ao
Capitão Shevu que não poderei me juntar a ele nas incursões dessa noite.
Você precisará lidar com os seus deveres Jedi sozinho.
— Tudo bem. — Ben disse. — Mas o Capitão Girdun está começando a
se preocupar por não ter Jedi suficientes para dois times. Talvez você
devesse considerar pedir ao Conselho alguma ajuda.
Jacen virou a cabeça em um ângulo cínico.
— E como você acha que esse pedido seria recebido?
— Sim, eu sei... o meu pai dirige o Conselho. — O tom de Ben foi mais
conspiratório do que de desculpas. — Mas Capitão Girdun queria que eu
sugerisse isso.
— Entendo. — Jacen considerou aquilo por um momento, então disse:
— É melhor você dizer a Girdun que estou considerando a ideia. Não
queremos nossos subordinados se preocupando sobre os nosso
relacionamento com o Conselho Jedi, queremos?
— Provavelmente não. — Ben concordou. — Devemos segurar os
interrogatórios para você?
Jacen balançou a cabeça.
— Girdun talvez tenha que começar sem mim. — ele disse. —
Encontrarei com alguém, e então tenho negócios com a Almirante Niathal.
— O Star Destroier da GAG?
— Talvez. — Jacen apontou para a passarela na direção do Centro de
Justiça Galáctica. — Vá para o quartel-general. Eu contarei a você em casa.
— É melhor mesmo.
Ben se virou e seguiu para a passarela, passando primeiro pelo
esconderijo de Lumiya, então o de Alema. Depois dele ter partido, Alema
retornou a sua atenção para a parte de trás da cobertura e encontrou o
bisbilhoteiro se aproximando dela, ainda segurando a antena parabólica em
uma mão.
Conforme a sombra chegou mais perto, a sua silhueta tomou a forma de
um robe com capuz padrão de um Jedi, então na forma de uma mulher alta
com o rosto pálido e a testa grande de uma Chev. Alguns passos a mais, e
Alema percebeu que não era uma Jedi qualquer seguindo Ben. Era Tresina
Lobi, uma das Mestras que servira no Conselho Especial de Cal Omas
durante a guerra com os Yuuzhan Vong.
Alema desceu a mão para o sabre de luz, ao mesmo tempo desejando
que Lobi não cometesse o erro de deixar a antena parabólica passar pelo
esconderijo dela. Dessa distância, a antena era sensível o suficiente para
pegar sons tão fracos quanto o bater de um coração, e a última coisa que
Alema queria era ter sua presença detectada.
Não precisou se preocupar. Lobi ainda estava a dois metros dela quando
a voz afiada de Lumiya soou do outro lado da cobertura.
— Jacen, estou impressionada.
Alema arriscou desviar o olhar de Lobi e viu Lumiya entrando na
passarela enevoada, com os seus longos robes pareciam flutuar para fora da
cobertura como se não fossem nada além de sombras.
— Você o tem muito bem sob controle.
— Não é uma questão de controle. — Havia apenas um toque de
hostilidade na voz de Jacen. — Ben é meu primo. Eu me importo muito
com ele.
Lumiya estudou Jacen por detrás do véu, então disse:
— Importar-se tudo bem... desde que você não deixe isso ficar em seu
caminho.
— Há uma diferença entre deixar algo ficar em seu caminho e destruí-lo
desnecessariamente. — Jacen rebateu. — Estou começando a pensar que eu
deveria mandá-lo de volta para o pai.
A voz de Lumiya ficou tão alarmada quanto reprovadora:
— Por que você faria algo tão tolo assim?
— Para completar o seu treinamento. — Jacen disse. — Estou tendo
dificuldade em encontrar tempo para fazer isso, e isso o deixa vulnerável.
Você viu como ele tentou me manipular para alimentar o seu ego.
— Eu vi, e esse tipo de fraqueza fará dele um servo das emoções. —
Lumiya disse. — Também fará dele seu servo, se você usá-lo sabiamente.
— Não é isso que quero para meu primo. — Jacen disse, soando
levemente enojado.
— O que você quer não importa! — Lumiya retrucou. — O que você
precisa importa... e você precisa de um aprendiz.
— Eu preciso de um assistente. — Jacen rebateu. — E há vários
Cavaleiros Jedi que me serviriam melhor e necessitam de menos tempo de
mim... Tahiri Veila, por exemplo.
— Tahiri não descende de Anakin Skywalker. — Lumiya respondeu. —
Ela não tem o potencial de Ben, e ela não servirá a você a longo prazo.
Jacen permaneceu silencioso por um longo tempo, então finalmente
perguntou:
— Não quer dizer servir a você?
— É a mesma coisa. — Lumiya respondeu rapidamente. — Servimos à
mesma causa... apesar de que tenho dúvidas sobre você, Jacen. Você parece
mais comprometido com os seus amigos e família do que com nossa
missão.
— Se isso significar protegê-los de perigo desnecessário, então sim,
estou. — Jacen disse. — Supostamente deveríamos estar fazendo isso pelo
bem da galáxia... e a galáxia inclui meus amigos e família.
— É claro que inclui, Jacen. Eu não quero dizer que não. — Apesar das
palavras de Lumiya serem conciliatórias, sua voz permaneceu dura e
exigente. — Mas a galáxia é maior do que sua família. Você deve estar
disposto a sacrificar o que você ama por um propósito maior.
— Eu já provei que estou disposto a isso. — Jacen disse friamente. —
Estou provando todos os dias.
— De fato, está. — A voz de Lumiya suavizou, e ela tomou o cotovelo
de Jacen nas mãos. — Tudo que estou dizendo é que precisamos manter
Ben por perto; ainda não sei como, mas tenho a sensação de que ele se
provará a chave para o nosso sucesso.
Jacen considerou isso por um momento, então soltou a respiração e
assentiu.
— Certo... por enquanto. Mas no minuto em que começar a suspeitar de
que você está apenas usando-o para dar o troco no tio Luke...
— Você não suspeitará, porque não estou. — Lumiya disse. — Tudo
que faço, faço para trazer paz e justiça para a galáxia.
A admiração de Alema pela mulher crescia a cada segundo; Jacen Solo
não era fácil de se enganar, e ela estava usando o próprio idealismo dele
para destruí-lo e sua família. Delicioso.
Lumiya olhou para cima e para baixo da passarela, sem dúvida
procurando na Força para ter certeza de que ninguém perambulava pela área
enquanto conversavam, então perguntou:
— Por que você queria me ver aqui?
— Porque eu não tinha tempo para ir ao seu apartamento. — Jacen
disse.
Alema olhou de volta para o outro lado da cobertura. Lobi agachara-se e
ligava uma linha da antena alimentando uma haste de gravação em seu
cinto. Agora Alema começava a se sentir menos deslumbrada pelo
Equilíbrio do que traída por ele. Desde que falhara em atacar Jacen, ela
passara o seu tempo espiando-o e à Lumiya, e lentamente lhe ocorreu que
assim como Luke estava perdendo Ben para o que mais temia, Jacen estava
se tornando o que Leia mais odiava: um Lorde Sith.
Mas se Lobi revelasse isso para Luke agora, o treinamento de Jacen
nunca se completaria. Luke caçaria Lumiya até matá-la, Leia redimiria o
seu filho através do amor dela, e os Solos viveriam felizes para sempre.
E onde estava o Equilíbrio nisso?
Jacen recapturou a atenção de Alema com uma réplica furiosa para algo
que ela perdera.
— Eu não tenho tempo para ser cuidadoso assim essa noite. Niathal está
prestes a me dar meu próprio Star Destroier. — A voz dele ficou mais
calma, ainda assim mais fria e exigente. — Eu deveria tê-la encontrado
cinco minutos atrás, mas eu preciso que você tome conta de algo para mim.
Agora.
— O que é? — Lumiya perguntou. O tom dela deixava claro que ela
não concordaria com nada. — E você pode tentar pedir de maneira
civilizada.
Após um momento, Jacen falou em um tom mais calmo:
— Desculpe. Eu perdi um amigo hoje.
— Entendo. — A voz de Lumiya mantinha apenas um toque de
reprovação sobre a tristeza de Jacen. — Deve ser por isso que os Ferals
estão revoltados.
— Sim. O Cérebro Mundial morreu esta tarde. — A voz de Jacen
quebrou de verdade. — Mas os Ferals não estão exatamente se revoltando,
eles apenas não têm qualquer controle impulsivo sem o Cérebro Mundial
para guiá-los.
— E você quer que eu forneça algum?
— Não, a Segurança de Coruscant pode lidar com isso. — ele disse. —
Eu preciso de você para terminar aquela lista que te dei.
— Os Bothanos? — Lumiya perguntou. — Jacen, você não pode deixar
os seus sentimentos pessoais...
— Não estou. — Jacen interrompeu. — Os Corellianos finalmente
descobriram como a GAG os rastreava. Eles planejam mandar a rede inteira
atrás do Cérebro Mundial.
— Mas não se eles perceberem que ele já está morto. — Lumiya
resumiu.
— Isso. — Jacen disse. — E eu preciso que eles ataquem. Isso trará os
terroristas à tona.
— E a GAG estará à espera? -Lumiya perguntou.
— A GAG observará. — Jacen corrigiu. — A Segurança de Coruscant
cuidará da emboscada de verdade. Nossos agentes se concentrarão nos
terroristas que escaparem. Alguns entrarão em pânico, e com um pouco de
sorte seremos capazes de segui-los de volta aos seus líderes.
— Então, muitos Bothanos devem morrer para servir de isca. —
Lumiya disse.
— Ninguém entenderia a necessidade melhor do que os Bothanos. —
Jacen disse.
Enquanto Jacen dizia isso, Lobi puxava o seu comunicador de seu cinto
de utilidades. Alema assistiu com um crescente desespero conforme a Chev
cuidadosamente colocava a antena parabólica no chão e colocava o seu fone
de ouvido e microfone. Isso não poderia estar no interesse do Equilíbrio,
não quando Alema ainda devia tanto para Leia.
Após uma pequena pausa, Lumiya disse:
— Você sabe que finalizar aquela lista forçará Bothawui a declarar
guerra. O embaixador deles está nela.
— Coloque-o no topo. — Jacen disse. — Bothawui declarará guerra de
qualquer maneira. Niathal diz que eles já estão equipando três frotas de
cruzadores para tripulações Corellianas.
— Tudo bem. — Lumiya disse. — O embaixador primeiro... se você
tiver certeza.
— Eu não pareço certo? — Jacen disparou. Um par de botas militares
começou a soar pela passarela conforme ele partia. — Só faça. Não posso
deixar a almirante esperando mais.
Tresina Lobi alcançou o microfone e começou a pressionar a tecla
ENVIAR em uma sequência rítmica, usando um código de cliques para
começar uma transmissão silenciosa para quem quer que estivesse do outro
lado. Alema podia ver os movimentos de seu dedo bem o bastante para
entender alguma coisa da mensagem.
— ... Skywalker tem... Lumiya ESTÁ seguindo Ben...
Isso foi o máximo que Lobi conseguiu antes de Alema entender a razão
pela qual a Força trouxera a Chev tão perto de seu esconderijo.
— ... tem mais...
Alema puxou o seu sabre de luz do cinto. Ela era uma Jedi, e Jedi
serviam ao Equilíbrio.
— ... Lumiya está...
Alema saltou de seu esconderijo, ativando a lâmina enquanto voava no
ar. Lobi já estava rolando, a mão dela voando de sua garganta quando ela
tentou pegar sua própria arma.
Alema estendeu o seu pulo para um salto da Força e trouxe o seu meio
pé mutilado entre as omoplatas de Lobi... então sentiu uma dor esmagadora
quando a Chev continuou rolando, esmagando a parte de trás do cotovelo
no joelho de Alema e bateu nas pernas dela por baixo.
Alema caiu deitada em cima de um arbusto de crisântemos, surpresa e
machucada. Lobi nunca fora uma lutadora brilhante, mas era poderosa e
eficiente, e claramente merecia sua posição. Alema chicoteou o seu sabre de
luz em volta para protegê-la, meio esperando sentir o golpe fatal antes que
ela se posicionasse.
Mas a Chev estava desorientada pelo ataque inesperado e decidiu
ganhar algum tempo de reação ao saltar em um mortal da Força. Alema
arqueou as costas e ficou de pé em um salto, então quase caiu quando o seu
joelho dolorido dobrou. Em vez de saltar para outro ataque, ela estendeu a
mão e usou a Força para arrancar o fone de ouvido da cabeça de Lobi.
A Chev aterrissou um instante depois, os seus olhos arregalado pela
fúria e descrença, mas ela não perdeu tempo reconhecendo a identidade de
Alema. Ela apenas ativou o seu próprio sabre de luz e avançou correndo
para atacar.
Alema quase não teve tempo de cortar o fone de ouvido ao meio antes
da Chev chegar nela, conduzindo as suas costas na direção da cobertura
com uma combinação de golpes altos e chutes frontais poderosos. O
primeiro chute a atingir expulsou o ar dos pulmões de Alema. O segundo a
fez se curvar, fazendo dela um alvo fácil, até que ela usou a Força para
acelerar a si mesma para longe do pé de Lobi e afundou na cobertura onde
ela estava escondida momentos mais cedo.
Enquanto Alema despencava nas árvores blar, ela ouviu Lumiya do
outro lado, gritando da passarela para Jacen.
— Vá em frente! Eu cuido disso.
Não! Alema queria gritar. Lobi é perigosa demais, precisamos de toda a
ajuda que conseguirmos!
Mas, é claro, ela não ousou. Durante os primeiros estágios do conflito
dos Killiks com a Aliança Galáctica, o seu ninho, um Ninho Sombrio,
tentara assassinar a filha de Jacen, e ela tinha certeza de que ele ficaria feliz
em deixar Lobi matá-la. Então ela se deixou levar até a passarela apenas o
suficiente para se revelar para Lumiya.
A Sith fez uma careta e ativou sua arma, uma exótica que parecia
igualmente tanto chicote quanto sabre de luz, com longos filamentos
flexíveis de metal e energia sibilando brilhante.
— Quem é você? — Lumiya exigiu. — Por que você...
— Não há tempo! — Alema se lançou para trás através das árvores blar;
se Lobi não a seguira até agora, só podia significar que ela estava fugindo.
— Venha, antes que a espiã Jedi escape!
Alema emergiu da cobertura para encontrar Lobi vinte passos de
distância e já desaparecendo na noite. Alema soltou o seu sabre de luz e
apontou na direção da Chev, se abrindo completamente para a Força,
usando a sua raiva e medo para atraí-la profundamente. Um momento
depois o seu poder começou a queimar, e o liberou em um longo e
crepitante raio que capturou o seu alvo direto entre as omoplatas, e a jogou
no chão.
Lumiya emergiu da cobertura, com o seu chicote de luz queimando um
buraco de cor vibrante na névoa. Ela olhou para os raios azuis vindo das
pontas dos dedos de Alema, então perguntou novamente:
— Quem é você?
— Nós somos uma amiga. — Continuando a despejar raios da Força na
forma prostrada de Lobi, Alema mancou em frente com o seu joelho
latejante. — Uma que não deseja que Mestre Skywalker descubra o que
você está fazendo com o sobrinho dele.
Lumiya seguiu.
— Nós? Eu não vejo...
— Mais tarde! — Alema gritou. Elas chegaram a cinco metros de Lobi.
— Agora, nós estamos muito ocupadas para...
Lobi subitamente parou de se contorcer e estendeu a mão na direção de
um pátio próximo. Uma urna decorativa saiu voando da névoa.
Alema deixou os raios da Força esvanecerem e tentou redirecionar a
urna, mas o aperto da Força de Lobi era seguro demais. A urna a pegou com
tudo em seu ombro aleijado e a mandou voando. Ela caiu no arbusto de
crisântemos vários metros dali, com o seu corpo latejando de dor e sua
mente entorpecida com o choque.
Os zumbidos e chiados de armas em conflito lentamente trouxe os seus
sentidos de volta, e ela sentou-se para encontrar Tresina Lobi girando e
atacando, lentamente forçando Lumiya a recuar, sondando e fazendo a finta,
tentando abrir o seu caminho pelos filamentos crepitantes do chicote de luz
exótico de Lumiya, e para dentro do alcance de um sabre de luz.
Alema convocou a sua própria arma de volta a sua mão, então se
levantou e mancou em frente para ajudar.
Lobi saltou em um mortal e passou por cima de uma chicotada. Então,
enquanto ela ainda caía, ela estendeu a mão na direção de Alema e usou a
Força para puxá-la até a trajetória dos filamentos brilhantes. Lumiya quase
não conseguiu desativar a arma antes de acertá-la, e mesmo então os
filamentos quentes cortaram o robe de Alema, queimando um arco-íris de
vergões em brasa nas suas coxas e costelas.
Alema ainda estava gritando quando Lobi aterrissou ao lado de Lumiya.
A Chev abaixou o seu sabre de luz, e o braço da arma de Lumiya – uma das
suas muitas partes cibernéticas–- caiu no chão arrastando faíscas e fluído
hidráulico.
Lobi inverteu a arma instantaneamente, mirando o torso de Lumiya,
mas Alema já saltava em frente para impedir o ataque da Chev com o seu
próprio sabre de luz.
Lobi chicoteou o seu sabre de luz em volta, mirando os joelhos de
Alema e a forçando a saltar para trás.
Alema apontou para o braço cortado de Lumiya, então usou a Força
para mandá-lo voando na cabeça de Lobi. A Chev abaixou facilmente, mas
isso deu a Lumiya tempo para chamar o chicote de luz para sua mão
restante e atacar novamente. Lobi girou para longe do ataque. Alema saltou
até ela por trás, atacando o pescoço grosso da Chev, então gritou de
surpresa quando um pé enorme resvalou em suas costelas... e ainda a
mandou cambaleando para trás.
Lumiya aproveitou a oportunidade para lançar uma onda de ataques,
atiçando os filamentos de seu chicote para deixá-lo mais difícil de bloquear,
atacando a direita e a esquerda para impedir a Chev de girar novamente,
lentamente conduzindo Lobi de volta na direção do zumbido do sabre de
luz de Alema.
Então, finalmente, Lobi vacilou, se recolhendo para um salto da Força,
mas hesitando e recuando outro passo na direção de Alema.
Era o momento pelo qual Alema estava esperando.
— Você é boa, Mestra Lobi... mas não tão boa. — Alema falou em um
sussurro da Força tão suave que era pouco mais do que um pensamento. —
Mesmo você não pode derrotar nós duas.
A cabeça de Lobi girou, com os seus olhos cheios de confusão e dúvida,
e ela girou em um turbilhão de crescentes chutes e golpes horizontais de
sabre de luz.
Alema manteve a sua posição, desviando de um ataque de sabre de luz e
deixando um chute escorregar pelo seu ombro, então bateu com a Força o
punho de seu sabre de luz na boca do estômago da Chev e falou novamente
em seu sussurro da Força.
— Isto não é nada bom.
Incrivelmente, Lobi tropeçou apenas um passo para trás... mas esse
passo foi muito longe. O chicote de luz de Lumiya a pegou atrás das pernas
e as cortou ambas na altura dos joelhos. A Chev rugiu primeiro em fúria,
depois, enquanto caía nos tocos e tombava para frente nas mãos, em agonia.
Era um som horrível de se ouvir. Alema deu um passo em frente e falou
mais uma vez em seu sussurro da Força:
— Não há necessidade de sofrer. — Ela varreu a lâmina pela nuca da
Chev, e a cabeça rolou para longe. — A sua luta terminou.
Lumiya apareceu do outro lado do corpo, mas o seu olhar permanecia
em Alema, e ela não desativou o seu chicote de luz.
— Eu te conheço? — Ela perguntou.
— Ainda não. — Alema ajoelhou-se ao lado do corpo sem cabeça de
Lobi e o virou, então removeu a haste de gravação do cinto da Chev e o
jogou para Lumiya. — Mas eu espero que você nos deixe servir você. O
que você está fazendo com Jacen é tão delicioso... e tão correto para o
Equilíbrio.
Capítulo 7

O Corredor dos Mestres era tão longo e elegante quanto todos os outros
pelos quais os Solos se esgueiraram, com carpete vermelho de qashmel e
algumas das obras de arte mais finas da galáxia penduradas nas paredes.
Entre cada obra-prima, um arco de trevo ornamentado levava para outro
corredor igualmente opulento, enquanto de uma escada branca de alabas ao
final do corredor subia uma torre em abóbada até os andares mais altos do
imenso palácio de Tenel Ka.
— Oh, cara. — Han disse. — Em qual direção agora?
— Boa pergunta.
Han franziu a testa.
— Você não pode simplesmente seguir a Força ou algo assim?
— Eu poderia, se eu quisesse Tenel Ka me sentindo procurando por ela.
— Leia olhou para o cartão de segurança que ela roubara do guarda deixado
jogado no Salão Especial da Rainha Mãe, então seguiu pelo corredor. —
Mas eu tenho uma ideia melhor.
Han a seguiu até o fim do corredor, onde encontraram um pequeno
terminal de dados escondido embaixo de uma das escadas. Leia inseriu o
cartão de segurança e selecionou DESFILE DA RAINHA: AGENDA PÚBLICA DE VOSSA
MAJESTADE das opções que apareceram.

Tenel Ka terminara o Julgamento Preliminar de Músculos meia hora


atrás e deveria sediar um banquete em duas horas, mas não havia nada
agendado para o momento.
— Procure pela agenda particular. — Han sugeriu. — Isso não nos diz
nada.
— Claro que diz. — Leia disse. Ela pediu o mapa do palácio, então
apontou para uma área apagada marcada simplesmente como RESIDÊNCIA REAL.
— É lá onde vamos encontrá-la.
— Eu não quero soar cético, mas...
— Levará uma hora para ela se vestir para o banquete. — Leia disse. —
E ela esteve julgando o desfile o dia inteiro. Onde você pensa que ela
passará a hora sem agenda?
— Com a filha. — Han concordou. Ele deveria saber melhor do que
duvidar de Leia; ela tendo crescido em um palácio, teria um entendimento
instintivo da vida de Tenel Ka. — Então onde é a brinquedoteca?
— Boa pergunta. — Leia arrancou o cartão do terminal, então ergueu o
rosto e fechou os olhos por um momento. — A escada está livre.
Han e Leia subiram lado a lado, passando retrato após retrato dos
ancestrais reais de Tenel Ka. A escada era ampla o bastante para acomodar
uma landspeeder, com espaço sobrando para pedestres, e parecia continuar
para sempre. Após um bom minuto subindo, um murmúrio abafado
começou a sair de uma porta oculta sobre o patamar acima.
Pensando que precisariam encontrar outro caminho, Han pegou o braço
de Leia e começou a puxá-la descendo as escadas.
— Não temos tempo. — ela sussurrou. — Se Tenel Ka fosse nos ver,
seria após visitar Allana e antes de começar a se vestir para o banquete.
Leia puxou Han para perto da parede e continuou subindo, lenta e
silenciosamente. Quando eles chegaram dentro de alguns metros do
patamar, ela parou e apontou para o vazio do outro lado do corrimão. Um
instante depois um alto clunk ecoou pela torre, como se algo tivesse caído
no chão do andar mais baixo.
Um par de guardas reais correu até o patamar para investigar. Enquanto
eles olhavam pela balaustrada, Han e Leia pressionaram as costas contra a
parede e subiram os degraus finais em silêncio, então escorregaram para
dentro da sala de espera extravagante cheia de homens Hapan carregados de
colônia. Eles estavam vestidos em elegantes túnicas de seda brilhante e
finos gibões de tavella. Todos seguravam estojos de plasticlear contendo
orquídeas de toda a galáxia, às vezes mais exóticas do que belas.
Leia escorregou a mão pelo braço de Han.
— Eles provavelmente são pretendentes esperando acompanhar a
Rainha-mãe no banquete de hoje à noite. — ela sussurrou, guiando-o até o
cômodo. — Tenel Ka certamente gosta de fazer jogos com os seus nobres.
— Contanto que eles não façam jogos conosco. — Han respondeu. —
Eu realmente queria que você não tivesse me feito deixar o blaster na
Falcon.
— Essa era supostamente uma visita amigável.
— Então como você ainda está com o seu sabre de luz?
— Isso é diferente. — Leia respondeu. — Aqui é Hapes, e eu sou
mulher.
Enquanto eles adentravam mais o cômodo, os jovens nobres se viraram
para estudá-los, zombando da jaqueta de piloto usada de Han ou franzindo a
testa para os robes Jedi de Leia. Os Solos prestavam pouca atenção,
segurando o olhar dos cortesãos apenas tempo suficiente para sugerir que
eles pertenciam ali tanto quanto qualquer um, e para Leia reforçar a ideia
com uma cutucada da Força.
O truque deve ter funcionado, porque no momento que os Solos
alcançaram o perímetro da sala de estar, os cortesãos retornaram para os
seus jogos de sabacc e conversas particulares. Han e Leia costuraram pelo
grupo até uma fonte grande que dominava o centro do cômodo. De frente a
eles, uma dúzia de guardas reais bloqueava a entrada de um enorme arco
cerimonial, que dava em um longo corredor branco. O corredor era alinhado
com armas antiquadas e antigas armaduras blast, mas a sua característica
mais espetacular era um lustre cintilante de cristais de vento do tamanho de
um caça A-wing.
— Acho que sabemos onde a Residência Real fica. — Han murmurou,
desviando o olhar dos guardas. — Mas para passar por eles, vamos precisar
de uma bem grande...
Os dedos de Leia afundaram no braço de Han.
— Han, ela está aqui.
— Aqui? — Han olhou casualmente em volta do cômodo e não viu
nada fora do comum, apenas dois jovens nobres discutindo sobre as apostas
de um jogo de dejarilk e um solteirão dando uma aula para um jovem de
pele pálida sobre a decência de se usar um chapéu em espaços fechados. —
Quem está aqui?
— O assassino.
O olhar de Leia foi para o jovem de pele pálida e continuou lá. Com um
rosto magro e sem barba e uma cabeça careca coroada por um elegante, se
não ridiculamente alto, chapéu, ele tinha uma aparência perigosa, no
entanto feminina. Os olhos dele eram fundos e escuros, o seu nariz reto
como uma faca, sua boca um pequeno talho com lábios rubis. Ele vestia
uma jaqueta de babados que deveria ser seis tamanhos maior do que o dele,
e ele era cuidadoso ao manter as mãos dentro dos bolsos exteriores, como
se tivesse medo do que pudessem fazer sozinhas.
— Você quer dizer ele? — Han sussurrou em descrença. — Ele é só um
garoto.
Os olhos do garoto desviaram-se de seu palestrante e encontraram Leia.
Quando ela não desviou o olhar, ele deu a ela um pequeno, quase
imperceptível, aceno, então voltou para sua conversa.
Leia agarrou o braço de Han.
— Esse não é um garoto. — Ela o puxou na direção dos guardas
esperando embaixo do arco cerimonial. — Na verdade, ela é mais velha do
que você.
— Ela?
— Isso não é importante agora. — Leia disse. — Ela não está
trabalhando sozinha. Precisamos avisar Tenel Ka.
Conforme se aproximavam do arco, um guarda de feições duras usando
o bracelete dourado de um sargento da guarda real deu um passo para
encontrá-los, bloqueando o caminho com um volumoso blaster de energia
Hapan.
— O Corredor dos Cristais de Vento está fechado para visitantes.
— É claro que está. — Leia ergueu a mão em um daqueles acenos que
os Jedi usam quando estão fazendo uma sugestão da Força, então falou tão
baixinho que o sargento teve de se inclinar para ouvi-la. — Mas a Rainha-
mãe está em perigo. Você precisa selar a câmara.
Os olhos do sargento se arregalaram, e ele repetiu:
— A Rainha-Mãe está em perigo. — Ele era muito bem treinado para
agir precipitadamente, no entanto, mesmo sob a influência de uma sugestão
da Força. — Qual é a natureza desse perigo?
— As pessoas desta câmara. — A voz de Leia estava impaciente. Ela
fez outro pequeno aceno. — A Rainha-mãe está em perigo. Você precisa
selar a câmara e soar o alarme agora.
O sargento assentiu.
— A Rainha-mãe está em perigo. — Os seus olhos desviaram-se para
além dos ombros de Leia, e então ele se virou para os seus subordinados.
— Selem a camaaaggh...
O comando terminou em um engasgo estrangulado quando algo longo e
branco passou zumbindo pela cabeça de Leia e plantou-se na lateral do
pescoço do sargento. Han gritou e instintivamente protegeu Leia, jogando-
se sobre ela, e quase perdendo um braço quando o sabre de luz dela ganhou
vida.
Eles mal atingiram o chão quando mais estranhos projéteis passaram
sobre as suas cabeças, vindo de todos os cantos da câmara e preenchendo o
ar com um som de tecido sendo rasgado. Um instante depois o resto dos
guardas caiu no chão em meio a uma cacofonia de gritos estrangulados e
ruídos de armadura.
Leia pressionou a mão contra o peito de Han.
— Han você tem que parar de fazer isso. — Ela o rolou para longe com
facilidade surpreendente e se ajoelhou, então puxou o robe. — Jedi,
lembra?
— Desculpe... velhos hábitos.
Han ficou de joelhos. Metade dos pretendentes no cômodo, umas duas
dúzias, corriam pela câmara, pulando e desviando de mobílias, seja
segurando uma faca branca de arremessos ou tirando outra das suas
mangas. Ele girou, procurando a arma do sargento caído, e encontrou o
complemento inteiro de guardas jazendo no arco, a maioria já morta, mas
alguns se contorcendo de dor com um cabo de plastóide projetando-se das
suas gargantas ou rostos.
Um nó frio se formou no estômago de Han. Os assassinos eram bons,
organizados e bem treinados. Ele rastejou para frente e agarrou o grande
blaster de energia do sargento, então começou a tatear pela trava de
segurança Hapan desconhecida.
— Blast! Eu não me importo com o que você diga, da próxima vez
trago...
O sabre de luz de Leia passou por trás dele, então o cheiro de carne
queimada preencheu o ar e um corpo caiu no chão. O resto dos agressores já
corriam para o arco vindos dos dois lados dos Solos. A maioria sequer
prestava atenção a Han, simplesmente agarravam armas dos guardas caídos
e continuavam pelo corredor em velocidade. Mas um, um homem de
maxilar forte com cabelos loiros, examinou o lugar e capturou o olhar de
Han.
— Você está bem? — Ele perguntou.
— Uh, sim. — Han respondeu. Ele finalmente descobriu a trava de
segurança do blaster de energia, um botão pequeno dentro do gatilho, e o
pressionou. — Obrigado por perguntar.
Ele puxou o gatilho, fazendo um buraco do tamanho de um punho no
centro do peito do homem. O Hapan tropeçou para trás, com a sua
sobrancelha ainda subindo de surpresa.
Han se virou e encontrou Leia atrás dele, de pé sobre um Hapan morto e
franzindo a testa na direção do homem que ele acabara de matar.
— Você tem a sensação de que nós não temos a mínima ideia do que
está acontecendo aqui? — Han perguntou.
— Nós não somos os únicos.
Leia colocou Han de pé, no processo o virou na direção da sala de
espera. Uma dúzia de jovens nobres estavam parados sobre o solteirão de
meia idade que estivera dando uma aula para o "garoto" de pele pálida
sobre chapéus.
Outros quinze pretendentes assistiam boquiabertos enquanto o “garoto”
mergulhava e rolava na direção da mesma porta pela qual os Solos
entraram, desviando de um constante fluxo de tiros de blaster dos guardas
postados lá. Agora que a assassina descartara o seu casaco descomunal,
revelando um apertado macacão e um cinto de utilidades repleto de facas,
estava bem claro que Leia estivera certa sobre ela ser mulher. E ela tinha
cabelo, pelo menos um pouco. O chapéu também sumira, revelando um
coque desgrenhado que a fazia parecer selvagem, imprevisível e muito
perigosa.
Han começou a posicionar o blaster de energia, mas Leia colocou a mão
no cano.
— Ainda não. — ela disse. — Ela é sensitiva à Força.
— Sensitiva à Força? — Han entendeu o que Leia dizia. A mulher não
seria fácil de matar, e eles não podiam se deixar ficar presos ali. — Alguém
poderia me dizer o que raios está acontecendo?
— Talvez mais tarde. — Leia se virou para o corredor atrás dos
assassinos. — Depois que eu tiver tempo para descobrir isso.
Han pegou alguma munição extra do sargento morto e correu atrás de
Leia. Quando a alcançou, eles já tinham percorrido duas dúzias de metros
pelo corredor de pedra branca e não se aproximavam dos seus alvos. Han
parou e ajoelhou-se na lateral do corredor, usando a proteção de um
pedestal que sustentava uma armadura blast de brilho azul feita de duraço
antigo.
— Nós precisamos atrasá-los. — ele disse.
— Boa ideia. — Leia continuou correndo. — Tente não me acertar!
— Ei! — Han chamou. — Não foi isso o que eu quis dizer!
Mas Leia já estava longe no corredor, passando por baixo do enorme
lustre e pegando velocidade. Han xingou a imprudência dela, então respirou
fundo três vezes e posicionou o blaster no ombro.
Antes que pudesse atirar, os assassinos subitamente pararam de correr e
olharam incertos na direção de Leia. Mesmo sem a Força, Han podia sentir
a confusão deles. Ou eles chegaram em um beco sem saída, ou eles não a
viram atacar os seus companheiros e não podiam entender por que ela
avançava até eles. Talvez ambos.
— O que raios está acontecendo? — Han perguntou novamente. Ele
fixou o olhar no Hapan à frente e atirou nele entre as omoplatas, então
mirou o cano para o próximo homem e atirou novamente. Esse ricocheteou
em um pedestal, então cambaleou até o meio do corredor e caiu. Os
assassinos sobreviventes mergulharam em busca de proteção, finalmente
começando a devolver os tiros.
Leia alcançou a retaguarda do grupo e se lançou em um ataque
rodopiante de sabre de luz, ocultando-se atrás de uma cobertura de luz
safira e rebatendo os tiros de blaster de volta para as suas fontes. Han
derrubou outro assassino e ela matou três; Han atirou na perna de um
homem e o mandou girando pelo corredor; Leia usou a Força para esmagar
mais dois embaixo de uma armadura pesada de plexoid voando.
Então o ensurdecedor estrondo de uma granada de concussão ecoou
pelo corredor. Han foi cegado momentaneamente pelo clarão amarelo
brilhante. Leia gritou de surpresa, e o ar ressoou com o guincho penetrante
dos tiros de blaster. Vozes Hapan começaram a gritar e abruptamente se
calaram, e disparos blaster voaram do corredor tão ferozmente que levou
um momento até Han perceber que a sua visão clareou.
Leia rolou com a Força na direção dele, dando cambalhotas e
rodopiando no ar, arqueando de um lado para o outro do corredor, rebatendo
tiros de blaster para o lado e usou um dos pedestais como abrigo
momentâneo. Atrás dela, os assassinos sobreviventes, se houvesse algum,
não eram vistos em lugar algum, e uma parede de guardas reais avançava
pelo lado oposto do corredor, com os seus blasters de energia disparando.
Han se ergueu o suficiente para mostrar os seus ombros e cabeça acima
do pedestal que usava como proteção.
— Parem com isso, os seus rodders! — Ele gritou. — Estamos...
Uma saraivada de disparos blaster terminou com o seu protesto,
explodindo a armadura exposta no pedestal e o mandando para o chão sobre
uma avalanche de duraço.
— Han! — A voz de Leia quase não era audível sobre o guincho dos
tiros de blaster, e o fedor de carne queimada do combate de blaster tornara-
se tão pesado no corredor que Han sentiu náuseas. — Fique abaixado.
— Como se eu tivesse escolha. — Han resmungou, ou teria resmungado
se tivesse ar suficiente em seu peito para fazer isso.
Empurrou uma placa de peito de vinte quilos dos seus ombros e cabeça,
então rolou até ficar de joelhos. A sua respiração ainda não vinha, mas a dor
em seu peito era entorpecente e geral, sugerindo que ele simplesmente ficou
sem ar. Leia estava do lado oposto do corredor e um pouco à frente dele,
presa entre um pedestal e uma torrente de tiros de blaster tão luminosos e
constantes que pareciam o efluxo de um motor de íon.
Han olhou de volta para os guardas reais, que já avançaram metade do
corredor.
— Certo. — ele rosnou. — Já me cansei de vocês atirando na minha
esposa.
Ele caiu de costas atrás do pedestal, apontou o blaster para o teto, e
atirou no coração do lustre gigante. Levou apenas um punhado de tiros para
fazer o suporte cair em um impacto de cristais de vento e metal tinindo, e a
torrente de disparos blaster vindo do fim do corredor imediatamente
diminuiu pela metade. Ele levantou a cabeça novamente e viu que o lustre
caíra diretamente no meio dos guardas atacantes, deixando a maior parte da
companhia espalhada no chão, feridos, presos ou atordoados demais para se
mover.
Mas quase uma dúzia de guardas estavam longe o bastante no corredor
para escapar do lustre. Eles concentravam o fogo em Leia, conduzindo-a de
volta para trás do pedestal toda vez que tentava correr para o lado de Han
no corredor. E Leia não ajudava a situação, simplesmente desviando os
disparos em vez de rebatê-los de volta para os seus agressores. Claramente,
ela tentava evitar machucar os Hapan ainda leais a Tenel Ka.
Han amaldiçoou os seus escrúpulos, então mirou nos pés dos guardas e
começou a chover disparos de blaster no chão. Mais da metade deles
imediatamente voltaram a atenção para Han, mas um, um homem raivoso
com o rosto desgastado de um veterano, devolveu a cortesia dos Solo
puxando uma granada de concussão de um cinto de equipamentos.
— Não! — Han gritou, mais para si mesmo do que qualquer outra
pessoa. — Não...
O guarda colocou o dedo no botão de ativação, e Han não teve escolha
além de mirar no peito do homem.
Antes de ele abrir fogo, uma série de disparos voou do corredor por trás
dele, pegando o guarda em cheio e o derrubando. A granada caiu da mão do
Hapan e rolou livre. Han se virou em choque, ou talvez fosse medo, e teve
apenas tempo suficiente para vislumbrar a assassina de pele pálida de pé na
entrada em arco, atirando com um pesado blaster de energia Hapan em cada
mão.
Então a granada de concussão detonou atrás dele, preenchendo o
corredor com luz, estrondo e fogo. A assassina mal piscou. Ela
simplesmente continuou atirando com uma das suas armas e usou a outra
para chamar os Solo na direção dela.
— Vamos!
Muito espantado para fazer qualquer outra coisa, Han olhou pelo
corredor para Leia, que simplesmente olhou para ele e deu de ombros.
Alguns dos guardas presos embaixo do lustre caído começavam a se
recuperar e atirar no corredor novamente, tanto na assassina como nos
Solos. Ela rolou em uma manobra evasiva, então ergueu-se atirando e
suprimiu os ataques deles a quase nada. Ela gesticulou para os Solos
novamente, dessa vez deixando o blaster de energia apontado na direção de
Han quando terminou.
— Vamos. — ela repetiu. A voz dela era aguda, mas fria. — Se
quiserem viver.
Han olhou para Leia.
Ela assentiu vigorosamente.
— Quem não quer?
Leia se levantou e correu na direção do arco girando e rolando,
rebatendo os poucos disparos blaster que vinham em seu caminho pelo
corredor. Han espelhou o progresso dela, lutando junto de lado e disparando
na direção do lustre. Ele ainda não tinha ideia do que acontecia ali, mas
ficava mais e mais aparente que ninguém sabia, também, e quando isso
aconteceu, a única regra se tornou sobrevivência a qualquer custo.
Conforme passavam pelo arco, a mulher pálida apontou com o queixo
na direção da entrada pela qual eles entraram.
— Escadas!
— Tudo bem por mim. — Leia disse, liderando o caminho.
Eles não encontraram resistência enquanto cruzavam a câmara, pois os
pretendentes que não tomaram partido no ataque estavam se protegendo
atrás de móveis ou se encolhendo nos cantos, relutantes em arriscar as vidas
sem armas próprias. Pelo que Han vira da assassina até então, era
provavelmente uma decisão inteligente.
No patamar do lado de fora da câmara, os dois guardas da porta jaziam
estendidos e imóveis, assim como outros dois em outro patamar do lado
oposto da torre. Até então, não havia sinais de mais guardas, mas Han sabia
que isso mudaria muito em breve. Ele guiou o caminho descendo as escadas
e até o corredor que levava ao salão que ele e Leia ocupavam mais cedo.
A assassina chamou atrás dele:
— Esperem!
Han parou e olhou para trás vendo-a ajoelhada na entrada da torre. Ela
apontava ambos os blaster de energia para cima, mas olhava na direção de
Han e Leia.
— Onde estão indo? — Ela exigiu.
— De volta para o hangar. — Han respondeu. — Temos que dar o fora
daqui.
— Não. — A mulher pálida olhou de volta para a torre e começou a
atirar nas escadas. — Nós temos um contrato para terminar.
— Nós? — Leia perguntou.
— Talvez vocês não sejam pagos, mas são parte disso. — A mulher
continuou a atirar com uma arma, mas apontou a outra para o peito de Han.
— E não se façam de surpresos. Isso não foi exatamente como eu esperava
que acontecesse, tampouco.
As juntas dos dedos da mão da arma de Leia ficaram brancas, mas por
sorte Han foi o único a notar. Os guardas reais alcançaram o topo da escada,
e a assassina estava ocupada trocando tiros com eles.
— Olhe. — Leia disse. — Eu não sei...
— Você obviamente sabe quem nós somos. — Han interrompeu. Ele
começava a ver por que a luta parecera tão maluca, os assassinos
confundiram ele e Leia com as pessoas que deveriam ajudá-los a chegar até
Tenel Ka. — Que tal retribuir o favor?
A assassina desviou o olhar das escadas tempo suficiente para fazer uma
careta para ele.
— Você não sabe?
— Não fomos exatamente informados. — Leia apontou, pegando a
estratégia de Han. — Acabamos de chegar de Corellia.
Uma enxurrada de disparos blaster passou pelo corredor, quase
arrancando a cabeça da assassina. Ela apenas rolou para fora do corredor e
pressionou as costas contra a parede, então olhou para o sabre de luz de
Leia.
— Por que não me chamam de Nashtah? — Ela quase pareceu sorrir. —
Eu gostaria disso.
Por alguma razão que Han não entendia, o nome fez as suas costas
arrepiarem, ou talvez fosse só o fluxo crescente de tiros de blaster chovendo
pela entrada do corredor.
— Tudo bem, Nashtah. — ele disse. — Caso não tenha notado, alguém
armou para nós.
— Tenel Ka obviamente sabe sobre a tentativa de assassinato. — Leia
acrescentou. — E isso significa que nós não temos chance de chegar até ela
agora. Tudo o que pode acontecer é sermos encurralados e mortos.
— Eu não acho que ela sabia que nós estávamos envolvidos até isso
começar. — Han disse. — Mas isso mudou. Nós temos apenas cerca de dois
minutos para voltar para a Falcon, se tivermos sorte. Depois disso, o hangar
estará tão selado que nem mesmo um sabre de luz será capaz de cortar um
caminho para dentro.
Os olhos de Nashtah pareceram ficar mais sombrios e mais fundos
enquanto ela considerava essa possibilidade. Subitamente ela se agachou,
então girou de volta pela entrada e despejou uma enxurrada de tiros de
blaster pelas escadas. Houve um coro de gritos angustiados.
— Conduza! — Nashtah ergueu-se e fez sinal para eles, então bateu no
braço de Leia com o cano do blaster tão quente que chamuscou o tecido de
seu robe. — E é melhor isso não ser uma emboscada. Não há nada que eu
ame mais do que matar Jedi.
Capítulo 8

A Sala de Estar dos Consortes fedia a fumaça, tecido chamuscado e carne


cauterizada, e o chão estava repleto de mobília tostada e corpos queimados
por blaster. Equipes de emergência evacuavam os feridos enquanto os
agentes de segurança do palácio hologravavam os mortos. Do outro lado da
câmara, um grupo de nobres confusos era isolado por um destacamento da
guarda real Hapan.
Jaina começou a sentir um mal pressentimento sobre o transporte leve
da Corporação de Engenharia Corelliana que saltara para o hiperespaço no
momento em que ela e Zekk entraram no sistema. Ele estava se afastando
de Hapes a uma velocidade que poucos cargueiros conseguiam atingir, e o
fato de terem apenas dois esquadrões de caças estelares Hapan no rastro da
embarcação apenas tendia a confirmar que era a Millennium Falcon.
Zekk se inclinou para perto.
— Han e Leia Solo não fizeram isso. — ele sussurrou. Ele ainda usava
o mesmo traje de voo que estivera usando por mais de uma semana, mas o
cheiro não era nada para o fedor ácido que já preenchia o cômodo. — Não é
o estilo deles.
— Eu não preciso que você me diga isso. — Jaina percebeu que Zekk
estava apenas tentando confortá-la, mas conforto não era o que ela
precisava agora. O que precisava era de fatos. — Você acha que não
conheço os meus pais?
Zekk passou a mão pelos cabelos emaranhados de suor, então balançou
a cabeça e soltou uma bufada enojada. Ele atravessou o cômodo sem mais
palavras, deixando Jaina parada lá se perguntando o que estava errado. Não
era do feitio de Zekk ser rude com ela, e não entendia por que ele deveria
estar chateado. Afinal, não eram os pais dele que eles viram fugindo da
cena de uma tentativa de assassinato.
Quando Jaina não seguiu Zekk imediatamente, o sargento responsável
pela escolta deles a cutucou nas costas.
— Fiquem juntos. — Ele conduziu Jaina na direção do vestíbulo. — Já
tivemos truques Jedi suficientes por um dia.
Jaina se virou para o Hapan. Ele era alto e tipicamente bonito, com
feições bem definidas e olhos azuis escuros.
— A minha mãe não teve nada...
— Diga isso para o Príncipe Isolder. — Ele repousou a mão em seu
blaster no coldre, então usou a outra mão para apontar para Zekk. — Vão.
Como Jaina estava tentada a bater com a Força no sargento e mandá-lo
até a parede mais próxima, reconheceu que agora seria a hora menos ideal
para ajustar a atitude dele. Contentou-se com um sorriso de desdém, então
seguiu Zekk na direção do canto, onde o Príncipe Isolder observava uma
oficial de segurança entrevistar um nobre de aparência abalada.
Quando Jaina e Zekk se aproximaram, dois guarda-costas deram um
passo para bloquear o caminho deles. Isolder tocou o braço de um.
— Não, Brak. — Apesar de ter algumas novas e bem colocadas rugas, o
rosto de fortes feições Hapan de Isolder estava tão belo quanto sempre fora.
— Está tudo bem.
Brak não recuou.
— Eles são Jedi, milorde. Após o que acabou de acontecer...
Isolder apertou o braço de Brak e fisicamente o puxou pra trás.
— Eles provavelmente são a razão de minha filha ter sobrevivido ao que
acabou de acontecer. — Ele voltou a atenção para Jaina. — A não ser que
eu esteja enganado, vocês são a fonte do recente mal-estar da Rainha-mãe.
— Eu realmente entrei em contato com ela, sim. — Jaina disse.
— Eu pensei que sim. — Isolder abriu os braços, convidando-a para um
abraço. — É bom ver você novamente, Jaina.
— Você também, Príncipe Isolder. — Jaina o abraçou, então se colocou
de lado para que ele e Zekk se cumprimentassem. — Perdoe-nos por não
termos chegado antes.
— Bobagem. Estamos gratos por seu , hum, aviso. Isso motivou a
Rainha-mãe a aumentar a sua guarda.
— E selar as portas blindadas internas da residência. — Tenel Ka disse,
chegando por trás de Jaina e Zekk. — Você não precisa se desculpar por
nada.
Jaina se virou e viu Tenel Ka parada a dois metros, cercada por uma
pequena companhia de criados e guardas reais. Os cabelos cor de ferrugem
pendiam soltos por suas costas, e ela estava vestida com uma túnica de seda
verde brilhante que conseguia parecer tão prática quanto elegante. O efeito
era tão impressionante e régio que Jaina teve que conscientemente lembrar
a si mesma que estava olhando para uma antiga colega da Academia Jedi e
companheira de armas.
— Sua Majestade.
Jaina se curvou, e Zekk junto com ela. Os olhos de Tenel Ka piscaram
constrangidos por ser enaltecida por os seus amigos, mas ela teve o cuidado
de se manter de cabeça erguida para esconder o seu desconforto na frente
dos seus súditos.
— Jaina, Zekk. Mas que prazer inesperado. — Ela gesticulou para que
se levantassem, então olhou por cima do ombro, na direção do grande
corredor onde a maioria da devastação ocorrera. — Eu presumo que a sua
visita tenha algo a ver com aquilo.
— Certo... viemos para alertá-la. — Jaina não mencionou a frota de
ataque Corelliana que Bwua'tu suspeitava que viria logo após para ajudar
com o golpe; ela compartilharia essa informação mais tarde, quando
estivessem sozinhas. — Não pensávamos que aconteceria tão rápido.
— Sei que fez tudo o que pôde. — O rosto de Tenel Ka ficou
perturbado. Ela continuou: — O que eu não entendo é por que os seus pais
estavam envolvidos.
Jaina sentiu como se tivessem a chutado no estômago.
— Envolvidos? — Ela olhou ao redor para a devastação, incapaz de
acreditar que os seus pais participariam de um ataque contra Tenel Ka. —
Tem certeza?
— Mais do que gostaríamos de ter. — Isolder disse. Ele soava mais
desapontado do que com raiva. — Sua mãe e o Capitão Solo chegaram sem
ser anunciados e pediram por uma audiência com a Rainha-mãe. Antes dela
poder encontrar tempo para isso, eles saíram do salão de convidados e
desativaram o sistema de segurança do palácio inteiro.
— Ainda estamos tentando descobrir como. — Tenel Ka disse. —
Nossa estimativa mais próxima é de que eles o fizeram em menos de dois
minutos... e eles precisaram percorrer quase meio quilômetro de corredores
desconhecidos.
— Talvez vocês estejam tendo problemas porque eles não fizeram isso.
— Zekk sugeriu.
— É claro que fizeram! — A mulher que disse isso era uma assessora
de olhar imponente com talvez quarenta ou cinquenta anos, era difícil dizer,
dada a forma como os Hapan se esforçavam para permanecer jovens e
atraentes. — Tal façanha não é nada para um...
— Obrigada, Lady Galney. — Tenel Ka silenciou a mulher com um
aceno educado, então se virou para Zekk. — Você tem outra teoria?
Zekk franziu a testa, então disse:
— Talvez eles estivessem aqui pela mesma razão que nós... para alertá-
la.
A sugestão foi recebida apenas por expressões Hapan duvidosas, em
muitos casos desdenhosas, e mesmo Jaina teve dificuldades em ver a base
da afirmação de Zekk.
Finalmente, Tenel Ka perguntou:
— Então por que eles foram vistos indo embora com a líder do
esquadrão de assassinos?
— Eles foram? — Jaina engasgou.
— Temo que sim. — Tenel Ka disse. — Uma mulher pálida com a
cabeça raspada e um coque. Quando o meu guarda conseguiu encurralar os
seus pais, ela arriscou a própria vida para resgatá-los.
O coração de Jaina se apertou. Certamente soava como se os seus pais
estivessem trabalhando com os assassinos.
— Deve haver uma explicação. — Zekk deu um aperto tranquilizador
no braço dela. — Jaina, você precisa confiar em seus sentimentos.
Jaina se afastou, irritada, confusa e... abalada. Achava difícil acreditar
que os seus pais participariam de qualquer tentativa de assassinato... mas
apenas não sabia. Havia todo tipo de rumor sugerindo que o seu pai ajudara
Boba Fett a assassinar Thrackan Sal-Solo, e a sua mãe vivera em primeira
mão o medo provocado por Darth Vader. Era ir muito longe pensar que Leia
poderia matar uma amiga para impedir Jacen de seguir pelo mesmo
caminho?
— Eu não sei quais são os meus sentimentos. — Jaina disse. Ela se
virou para Tenel Ka. — Tenel... é, Rainha-mãe, eu não sei o que dizer.
— Estou tendo dificuldades para acreditar, também. — Tenel Ka
respondeu. — As primeiras impressões estão contra eles, mas a
investigação está longe de completa, e há evidências conflitantes.
— Como? — Zekk pediu.
— Alguns relatos de testemunhas sugerem que os Solos podem ter
atacado alguns assassinos quando a luta começou. — Tenel Ka se virou e
estendeu o braço na direção do grande corredor onde a maior parte da luta
acontecera. — Nós podemos dar uma olhada, se quiserem.
— Eu gostaria. — A voz de Zekk dificilmente era hostil, mas não
precisava de um Jedi para sentir que ele estava bravo. — Por que estão
ignorando esses relatos?
— Não estamos ignorando. — Isolder disse. Ele deu um passo até o
lado de Zekk, e eles caminharam na direção do corredor arruinado. — Mas
relatos de testemunhas são notoriamente duvidosos, como tenho certeza de
que foi ensinado em suas aulas de investigação na Academia Jedi.
— E algumas testemunhas afirmam que os homens atacados pelos Solos
estavam na verdade tentando defender a Rainha-mãe. — Lady Galney
disse. — Algumas testemunhas muito confiáveis.
— Julgarei isso eu mesmo. — Zekk disse. Ele se virou para Isolder. —
Quando posso conversar com essas testemunhas?
Isolder parou e se virou para Zekk.
— Você quer interrogar nobres Hapan?
— Isso mesmo. — Zekk disse. — Há algo errado aqui, e eu...
— Chega. — Jaina agarrou o braço de Zekk e apertou. O tom dele
estava a beira da indelicadeza, especialmente para o sensível ego Hapan, e
acusações duras apenas fariam os investigadores oficiais mais propensos a
ignorar evidências que poderiam inocentar os seus pais. — Tenho certeza de
que a Rainha-mãe e o seu pessoal descobrirão a verdade.
— De fato. — Tenel Ka disse. — A investigação dará aos Solos todo o
benefício da dúvida, e eu tenho a intenção de interrogar cada testemunha
pessoalmente.
Isso foi o bastante para calar os protestos de Zekk, e para assegurar
Jaina de que os seus pais não se tornariam bodes expiatórios convenientes.
Apesar dos deveres familiares de Hapes forçarem Tenel Ka a deixar a
Ordem Jedi, ela manteve todos os talentos e habilidades com a Força que
aprendera como uma Cavaleira Jedi. Se alguém tentasse mentir sobre o
envolvimento dos Solos, a Rainha-mãe saberia.
— Obrigada, Vossa Majestade. — Jaina disse. — Eu agradeço. Se
houver qualquer coisa que pudermos fazer para ajudar...
— Há. — Isolder disse instantaneamente. — Sabemos que a Falcon
geralmente viaja sob códigos de transponder falsos. Uma lista se provaria
muito útil.
A boca de Jaina ficou seca. Estavam pedindo a ela para escolher entre a
sua lealdade para com sua família e o seu dever para com a Ordem Jedi, e
fora treinada o bastante para perceber que a decisão dela não dependia se os
seus pais serem culpados ou não de algo. Um estado-membro da Aliança
Galáctica pedia informações sobre um ataque ao seu governo, e como uma
Cavaleira Jedi era obrigada a providenciá-las.
Quando Jaina demorou para responder, Lady Galney a lembrou:
— O Consórcio Hapes é uma parte importante da Aliança Galáctica,
uma parte muito importante, e os seus pais são terroristas.
— Supostos terroristas. — Tenel Ka corrigiu. Ela fixou os olhos cinzas
em Jaina, então disse: — Seria melhor para todos. Meus companheiros
seriam mais... cuidadosos se soubessem quando estivessem realmente
lidando com a Falcon.
— E a informação será útil apenas enquanto eles permanecerem dentro
do Consórcio. — Isolder apontou. — Se eles não forem um perigo para a
Rainha-mãe, tenho certeza de que partiriam do espaço Hapan o mais breve
possível.
— Neste caso, nós não o perseguiremos além de nossas fronteiras. —
Tenel Ka acrescentou. — Deixaremos para as autoridades da Aliança... que
eu tenho certeza de que já possuem os códigos falsos.
— Não tenho certeza se tenho todos os códigos falsos. — Jaina disse,
forçando-se a responder. O acordo de Tenel Ka era mais do que justo. A
Marinha Real Hapan abordaria ou destruiria todo YT-1300 que encontrasse.
Dessa maneira, pelo menos Tenel Ka poderia emitir instruções para os seus
comandantes capturarem a Falcon e a sua tripulação inteiros. — Mas eu
darei a vocês os que tenho.
— Obrigada. — Tenel Ka disse. — Eu sei como isso deve ser difícil
para você.
— Apenas diga aos seus comandantes para serem pacientes. — Jaina
disse. Ela olhou na direção de Galney e ficou um pouco enojada pela
arrogante satisfação que sentiu na mulher, mas isso não mudava nada os
fatos fundamentais da situação. — A mãe e o pai não desistirão fácil...
mas não vão matar ninguém que eles não tenham motivo, tampouco.
— Eu já instruí os meus comandantes de que precisamos dos seus pais
vivos. — Tenel Ka disse.
— Bom. — Jaina disse. — Nós deveríamos ir para algum lugar e
terminar a nossa reunião. Em nossa aproximação, Zekk e eu vimos a Falcon
saltar para o hiperespaço. Se nos apressarmos, talvez sejamos capazes de
poupar os seus comandantes do esforço de capturá-los.
— Vocês mesmos indo atrás deles? — Isolder perguntou. — No espaço
Hapan?
Jaina franziu a testa.
— Presumindo que eles ainda estejam dentro do espaço Hapan, sim.
— Oh, isso não serve. — Galney deu um passo à frente de Jaina, então
se virou de costas e se dirigiu para Tenel Ka. — Não podemos deixar a Jedi
Solo perseguir os seus próprios pais. Parecerá como se você tivesse
encenado o ataque como um pretexto para confisco de propriedades. Você
acabará levando mais nobres para o campo inimigo.
Tenel Ka suspirou, então olhou sobre o ombro de Galney para Jaina.
— Lady Gainey tem razão, minha amiga. Pareceria muito estranho para
os olhos Hapan.
— Ninguém precisa saber. — Zekk disse. — Somos Jedi.
— Todo mundo precisa saber. — Isolder disse. Ele acenou com a mão
ao redor da câmara, deixando-a se demorar um pouco na direção da
comitiva de Tenel Ka. — Olhe em volta.
Um olhar envergonhado passou pelo rosto de Zekk, e Jaina percebeu
que teria de se render aos desejos de Tenel Ka. O Consórcio Hapes era de
fato um antro de conspirações e intrigas... e mandar uma filha trazer os
próprios pais para justiça levantaria olhares até em Coruscant.
— Certo, mas essa é uma questão de segurança da Aliança, também. —
Jaina disse. — Nós podemos ajudar a identificar essa assassina e tentar
traçar as suas viagens. Isso não deve ofender...
— Na verdade. — Tenel Ka interrompeu. — Já pedi ao seu irmão para
nos ajudar com essa investigação.
O queixo de Jaina caiu.
— Jacen?
— Eu sei que vocês tiveram as suas diferenças ultimamente, mas é isso
que Jacen faz agora. — A voz de Tenel Ka tinha um tom de desculpas, mas
firme. — Você pode honestamente dizer que faria melhor?
— Isso depende do que você quer dizer com melhor. — Jaina retrucou.
Ela não podia acreditar que Tenel Ka pretendia soltar o seu irmão dentro do
Consórcio. — Você tem alguma ideia do que ele está fazendo em
Coruscant?
— Protegendo a população dos terroristas Corellianos, pelos relatos que
vi. — O tom de Tenel Ka era defensivo e teimoso. — Peço desculpas por
distraí-lo, mas pode haver uma conexão entre os terroristas e a tentativa de
assassinato... e Jacen é o único com o conhecimento para investigá-la.
Jaina exalou em frustração.
— Certo. Posso perceber quando não somos bem-vindos.
— E quanto a Allana? — Zekk se dirigiu para Tenel Ka. — Alguém
tentando te remover também quereria eliminá-la. Até as coisas se
acalmarem, talvez ela devesse ter alguns Jedi de babá.
— Isso não será necessário. — A expressão de Tenel Ka permaneceu
calma, mas a sua apreensão se derramou na Força. Ela mantinha a filha fora
de vista desde o nascimento, ao ponto de um rumor sobre um defeito
congênito começar a circular pelo Templo Jedi. Talvez houvesse algo de
verdade nesses rumores, afinal. — A segurança dela é melhor do que a
minha.
— Como eu disse, eu percebo quando não somos bem-vindos. — Jaina
não pode deixar de se sentir um pouco brava e magoada; acabara de
concordar em fornecer um dos segredos mais bem guardados dos seus pais,
e ainda assim Tenel Ka se recusava a confiar em Jaina com a natureza da
vulnerabilidade de Allana. — Talvez nós devêssemos terminar nossa
reunião e seguir nosso caminho. Mas eu realmente preciso fazer isso em
particular. — Ela deu um olhar indicando a comitiva de Tenel Ka.
— É claro. — Tenel Ka disse. — Venham comigo.
A Rainha-mãe fez sinal para os dois Jedi a acompanharem. Quando eles
obedeceram, tirou suspiros de Galney e várias outras nobres senhoras ao
deslizar o braço pelo de Jaina, e então se aproximar.
— E você é bem-vinda, minha amiga. — O sussurro de Tenel Ka era tão
suave que Jaina ouviu dentro de sua cabeça mais do que pelos ouvidos. —
Há algo mais que preciso lhe pedir para fazer por mim... algo que confio
apenas aos meus amigos mais antigos.
— É claro. — Jaina respondeu. O seu coração afundou até os joelhos.
Se os seus pais eram ou não parte do atentado contra a vida de Tenel Ka, o
fato permanecia que Jaina precisava considerar a possibilidade... e isso a
atingiu como uma tristeza quase tão grande quanto à da morte de seu irmão
Anakin. — Os Jedi estão sempre ao seu dispor.
Capítulo 9

Apesar da alvorada ter despontado intensa e dourada alguns minutos mais


cedo, uma sensação de escuridão e perigo ainda pendia sobre a Praça da
Comunidade, e quanto mais Luke e Mara se aproximavam da cena do
crime, mais pesada e sinistra a sensação ficava. Um esquadrão de robôs
policiais com visor escuro bloqueava o acesso até a passarela em ambas as
extremidades, enquanto um time de droides peritos parecidos com aranhas
cercava a privacidade das coberturas altas de cada lado. Dois detetives, o
primeiro um Bith com uma cabeça enorme em uma túnica abarrotada, o
outro um Rodiano com escamas verdes em um traje zing nitidamente
amassado, estavam dentro do cordão de segurança comparando anotações.
— Isso não parece bom. — Mara disse. — Temo que estamos prestes a
descobrir por que não conseguimos encontrar Tresina na Força.
— Eu também. — Luke respondeu. — Não gostei da maneira como a
despachante de segurança soou essa manhã.
Mara olhou em volta e fez uma careta.
— Como ela soou?
— Surpresa. — Luke disse. — Talvez até incrédula.
As primeiras palavras da despachante da força de segurança quando
Luke respondeu a comunicação meia hora antes foram para assegurá-lo de
que o seu filho não estava “envolvido” no incidente. Recusando-se a
responder qualquer pergunta, a despachante perguntara se Luke sabia onde
a Mestra Lobi estava, então o instruiu a encontrar um par de detetives na
Praça da Comunidade. É claro, Mara imediatamente ligou para Ben; para o
seu alívio, ele estava seguro e a caminho de um encontro importante com
Jacen.
Eles alcançaram o cordão de segurança e foram barrados por um robô
policial, que fez um rápido escaneamento de retina em Luke e deu um passo
para o lado.
— Os detetives Raatu e Tozr estão esperando você. — O robô policial
apontou primeiro para o Rodiano, depois para o Bith. — Por favor lembre-
se de que a lei exige que você responda a todas as perguntas honestamente,
ou não responda. A recusa pode ser considerada como base para um
mandado de interrogatório.
— Desde quando? — Mara exigiu.
Um feixe de escâner saiu do visor do robô policial até os olhos de Mara,
então perguntou:
— Mara Jade Skywalker?
— Apenas responda a pergunta, cabeça de chip. — ela disse.
— Tome isso como uma afirmativa. — Luke disse rapidamente. —
Quando o silêncio se tornou um ato suspeito?
O robô policial manteve o visor em Mara.
— A Provisão de Silêncio Suspeito foi acrescentada ao Ato de Lealdade
Galáctica às três e vinte dessa manhã.
— No meio da noite? — Mara perguntou. — Como eles conseguiram o
quórum?
— Sob a Provisão de Instrumentos para Cumprimento da Lei do Ato de
Lealdade Galáctica, quóruns não são mais necessários para aprovar
legislação antiterrorismo.
— E quando isso passou? — Mara perguntou sarcasticamente.
— Ontem às dezoito e vinte e sete. — O robô policial respondeu. — Por
cinco votos, sob os requisitos de quórum reduzido devido ao boicote da
delegação Bothana.
— Obrigado pela informação. — Luke disse. Ele pegou o braço de
Mara e caminhou na direção dos detetives. — É sempre bom conhecer a lei.
— Especialmente quando eles a mudam constantemente. — Mara
acrescentou baixinho.
— As mais novas atualizações estão disponíveis em qualquer droide de
cumprimento da lei. — O robô policial disse atrás deles. — Todas as
questões serão anotadas em seu arquivo.
— Maravilha. — Mara resmungou.
Luke achou a atitude dela um pouco surpreendente. Mara geralmente
apoiava uma resposta mais dura para o terrorismo. Mas como a antiga Mão
do Imperador, também sabia o quão fácil era abusar do tipo de informação
que o governo agora estava recolhendo sob as disposições do Ato de
Lealdade Galáctica. Todo ano dava um seminário especial na Academia,
ensinando jovens Jedi como usar os vastos bancos de dados da galáxia para
rastrear os seus alvos.
Conforme os Skywalkers se aproximavam, os dois detetives pararam de
falar. O Bith estendeu uma mão de dedos delicados em saudação a Luke, e
então para Mara.
— Mestre e Mestra Skywalker, obrigado por virem. Eu sou Chal Tozr.
— Ele indicou o seu companheiro de escamas verdes. — Esse é meu
parceiro, Gwad Raatu.
Em vez de oferecer a mão, Raatu franziu o focinho em suspeita.
— Vocês conhecem uma Tresina Lobi?
— É claro que eles a conhecem. — Tozr disse. — Ela é uma Mestra
Jedi.
— Está correto. — Luke disse. Ele podia sentir a excitação de Raatu
através da Força; o instinto de caçador do Rodiano fora acionado, e ele
estava ansioso por encontrar a sua presa. — Ela tem um assento no
Conselho Jedi, por acaso.
— Não mais. — Continuando a estudar os rostos dele evidentemente,
Raatu fez um sinal na direção da cobertura do lado mais próximo da
passarela. — Um droide jardineiro a encontrou.
— Gwad! Mostre algum respeito. — Os cantos das bochechas de Tozr
ficaram azuis em constrangimento. — Desculpem por isso. O meu parceiro
pensa que todos são suspeitos.
— Todo mundo é suspeito. — Os olhos escuros de Raatu permaneceram
fixos em Luke e Mara. — Onde vocês estavam noite passada?
Tozr suspirou em uma exasperação assoviada.
— Gwad! — Ele virou sua enorme cabeça na direção dos Skywalkers.
— Vocês não precisam responder.
— Não, está tudo bem. — Um nó de raiva se formava no estômago de
Luke, mas não era com Raatu que estava aborrecido. O técnico noturno do
centro de comunicação Jedi deixara uma mensagem detalhando a
transmissão interrompida da Mestra Lobi, então ele sabia o que acontecera
com Lobi, e quem era responsável. — Eu tive uma reunião importante com
o Chefe Omas que durou até depois da meia-noite. Mara estava comigo.
— Se você quiser confirmar isso, você pode ligar para o escritório dele.
— A voz de Mara estava particularmente afiada e sarcástica, um sinal da
mágoa e raiva que Luke podia sentir nela através da Força. — Peça pelo
Chefe de Estado.
Raatu girou as suas antenas sensoriais em formato de disco na direção
dela.
— Eu poderia conversar com o Chefe Omas pessoalmente?
— Não! — Tozr disse. Ele se virou para Luke. — Olhe, alguém
assassinou o embaixador Bothano ontem à noite, e o chefe dos detetives
quer quantos de nós for possível nisso. Então se você quiser lidar com esse
assunto, apenas diga...
— Nós somos a lei em Coruscant. — Raatu contestou. — Não os Jedi.
O Bith se virou para o seu parceiro.
— Alguém matou uma Mestra Jedi, seu cérebro de laser! — Ele estava
tão irritado que sua voz subiu. — Mesmo se nós resolvêssemos o caso, nós
faríamos a prisão?
O focinho de Raatu se alargou em excitação.
— Você tem medo de um desafio?
— Talvez nós devêssemos trabalhar juntos por enquanto. — Luke
sugeriu. Ele indicou os droides peritos espalhados sobre a cobertura. —
Vocês já começaram a coletar evidências, e os Jedi podem trazer alguns
recursos únicos para apoiar.
Raatu deu um olhar ressentido na direção de Tozr, então bufou enojado.
— Nós damos as ordens. — ele disse. — Tecnicamente, vocês são
apenas observadores.
— Eu acho que isso é melhor do que suspeitos. — Mara retrucou. Ela se
virou para Tozr. — Por que você não nos mostra a cena?
— Vocês estão nela. — Tozr indicou a passarela, então fez sinal para as
coberturas de árvores blar alinhadas em cada lado. — Parece que eles
estavam esperando uma emboscada...
— Eles? — Luke perguntou.
— Acha que isso está errado, Skywalker? — Raatu manteve os olhos
salientes fixos em Luke. — Algo que queira compartilhar?
— Não, continue. — Luke disse. A interrupção fora um erro, e não
apenas por despertar a suspeita de Raatu. Ele podia sentir Mara o
estudando, também, se perguntando o que ele sabia que ela desconhecia. —
Eu estava me precipitando... ninguém tem algo a ganhar com isso.
— Certo. — Tozr disse. Ele apontou da passarela para uma árvore blar
no lado oposto, onde um droide perito parecia fazer moldes de resina de um
par de pegadas. — Alguém esperava ali de tocaia, e outro por aqui.
Ele apontou para um arbusto do outro lado da passarela, um pouco mais
próximo, onde outro droide tirava moldes de pegadas.
— Qual espécie? — Mara perguntou.
— Humano ou quase humano. — Raatu respondeu. — Os sapatos
dificultam, mas ambos eram provavelmente fêmeas e relativamente leves...
as pegadas eram pequenas e fracas.
— E uma delas tinha um pé deformado, ela não colocou nenhum peso
na parte da frente do sapato. — Tozr acrescentou. Gesticulando para os
Skywalkers o seguirem, ele atravessou a cobertura. — Nós achamos que a
sua Jedi percebeu algo errado e tentou atacá-las por trás.
— Uma pena que eles a viram chegando. — Raatu disse atrás do grupo.
— Mas não parece que ela sofreu por muito tempo.
Elas emergiram da cobertura até um canteiro de arbustos de crisântemos
na altura dos joelhos. Um par de droides médicos esperavam do outro lado
com uma maca em um carrinho flutuante, enquanto ainda mais droides
peritos cercavam a área, fazendo moldes de pegadas e hologravando cada
detalhe da cena do crime.
No centro do canteiro, ainda vestida em seu manto Jedi, jazia o torso de
uma grande mulher Chev. Ambas as partes de baixo das pernas e a sua
cabeça jaziam alguns metros de distância. Os olhos sem vida na cabeça
ainda estavam arregalados, surpresos. Não havia sinal de seu sabre de luz
ou outro equipamento.
Luke sentiu um vazio no estômago.
— Isso é uma mensagem. — Ele começou a se aproximar do corpo, mas
um droide perito rapidamente o interceptou. — Ela está brincando comigo.
— Brincando com você? — Raatu repetiu. — Quem seria essa?
— Um minuto. — Mara tocou Luke através da Força, se assegurando de
que ele sentira a sua suspeita, e crescente irritação. — Como isso é uma
mensagem, Luke? De Lumiya?
— Temo que sim. — Luke disse. — Eu acho que ela está nos dizendo
que pode pegar Ben quando quiser.
— O que isso tem a ver com Ben? — Mara perguntou. — É melhor não
me dizer que você estava usando nosso filho como isca.
— Não isca, exatamente. — Luke disse. Ele não contara a Mara sobre
pedir a Tresina Lobi para seguir Ben, em grande parte por causa de seu
desentendimento sobre se Jacen era ou não bom pra ele. — Mas eu
realmente pedi a Tresina para ficar de olho nele, porque eu pensei que
Lumiya podia tentar usá-lo contra mim. Parece que eu estava certo.
— E é por isso que você me disse para trazer o meu shoto? — Mara
perguntou, se referindo ao sabre de luz de tamanho médio que ela construíra
como uma defesa contra o chicote de luz de Lumiya. — Porque você sabia
que Lumiya tinha algo a ver com a morte de Tresina?
Luke deu de ombros.
— Parece que eu estava certo.
— Estar certo não é desculpa. — Mara disse. — Você deveria ter me
dito.
Luke suspirou.
— Eu disse que seria uma boa ideia ficar de olho nele. Você me acusou
de procurar uma desculpa para espionar Jacen. — Ele parou para se
recompor e sentiu o entusiasmo do interesse de Raatu na conversa deles.
Ele deu um toque da Força em Mara, lembrando-a da plateia, então disse:
— Além do mais, não é com isso que você está brava.
Mara deu um olhar para ele dizendo que a conversa não havia
terminado, mas pegou a dica.
— Não, eu suponho que não.
— Assumo que essa Lumiya seja nossa principal suspeita? — Tozr
perguntou. — Quem é ela?
— Uma das antigas namoradas de Luke. — Mara disse duramente.
As antenas de Raatu ficaram de pé.
— Ah... isso explica. — Ele ergueu a mão e ditou uma anotação para o
microfone preso ao seu bracelete, então gesticulou para o corpo de Lobi. —
E a Mestra Lobi é a nova namorada?
Em vez de responder, Mara simplesmente ergueu as sobrancelhas e
olhou para Luke.
— Claro que não! — Luke respondeu. — Mara é... er, Mara é minha
esposa. Eu não tenho uma namorada.
Raatu deu de ombros.
— O que eu sei sobre vocês Jedi? — Ele perguntou. — Com a maioria
dos humanos, é geralmente sexo ou amor.
Tozr assentiu com sabedoria.
— Oitenta e sete por cento das vezes. — ele disse. — Especiaria é um
segundo lugar distante.
— Não dessa vez. — Luke insistiu. — Dessa vez, é vingança.
— Vingança pelo quê? — Tozr perguntou. — E com o seu filho está
envolvido?
— Lumiya era uma aprendiz Sith. — Luke explicou. — Ela quer
vingança porque eu a abati e ajudei a depor o Imperador. Ben é apenas um
meio para um fim.
— Claro, Mestre Skywalker. — Raatu disse. — O que você disser... mas
por ora, vamos manter todos os motivos na mesa.
— Alguma ideia de quem a cúmplice possa ser? — Tozr perguntou.
A voz de Mara subitamente subiu atrás de Luke, afiada e com raiva. Ele
se virou para vê-la afastada do grupo e ela não estava exatamente gritando
em seu comunicador.
— Eu sou muito mais do que a mãe de Ben, Cabo Lekauf. — ela estava
dizendo. — Eu sou a Mestra Mara Jade Skywalker da Ordem Jedi.
A resposta do cabo não foi audível para Luke.
— Se você sabe quem eu sou, então você também sabe que é melhor me
dizer por que o comunicador de meu filho está bloqueado... ou passe as
próximas seis semanas em um tanque de bacta tentando regenerar todas as
partes que cortarei fora. — Mara olhou pela praça na direção do gigante
cilindro prata do Centro de Justiça Galáctica. — Eu posso chegar aí em três
minutos.
Houve uma breve pausa.
— É claro que esse link está codificado. — Mara disse.
O cabo falou novamente.
— Ele o quê?
O cabo repetiu seja lá o que disse a ela, então a raiva de Mara começou
a se esvair da Força.
— Entendo. Bem, peça-o para entrar em contato comigo no momento
em que retornar. — Mara parou, então acrescentou: — No momento, Cabo
Lekauf. Eu fui clara?
Mara fechou o comunicador, então pareceu surpresa ao encontrar Luke
e os outros a assistindo. Ela franziu a testa.
— Eu apenas queria ter certeza de que Lumiya não estava mandando o
resto de sua mensagem.
— E você tem certeza de que ela não está? — Luke perguntou.
— Cabo Lekauf foi bem convincente. — ela disse. — Aparentemente,
Jacen levou Ben até a Base Crix.
— Base Crix? — Raatu repetiu. — Pra quê?
Mara deu um olhar de não seja idiota para o Rodiano.
— Ele não disse.
Mais propriamente conhecida como a Reserva Militar General Crix
Madine, a Base Crix fora construída durante a primeira onda de
reorganizações de frotas realizadas no despertar da guerra com os Yuuzhan
Vong. Era um complexo enorme de hangares orbitais atualmente servindo
como base naval das Terceira, Oitava, e da misteriosa Nona Frota. Ela
também abrigava o quartel-general de duas unidades de combate de elite, os
Patrulheiros do Espaço e Tropa Gama, e, como o Chefe Omas revelara
durante sua reunião na noite passada, um novíssimo Star Destroier da
classe Imperial secretamente designado para a GAG, a Anakin Solo.
— Talvez isso seja uma coisa boa. — Luke disse, adivinhando que
Jacen levara Ben para a base para um passeio teste na Anakin. — Pelo
menos sabemos que Lumiya não o pegará lá.
— Sabemos? — Mara perguntou. — A segurança da base não me
impediu.
— Não, mas levaria tempo para você derrotá-la. — Luke apontou. Ele
não mencionou a possibilidade de um passeio teste porque Raatu e Tozr não
possuíam autorização de segurança necessária para sequer ouvir sobre uma
embarcação chamada Anakin Solo. — E implicaria riscos que você não
precisaria correr em outro lugar.
Mara pensou sobre isso por um momento, então assentiu.
— Tudo bem. A sua ideia é?
— Que agora é nossa chance. — Luke disse. — Até Ben voltar,
seremos só nós e ela.
— E nós. — Raatu lembrou Luke. — Essa mulher Lumiya é a nossa
suspeita.
— Você acha que pode identificar a sua antiga namorada? — Tozr tirou
um grande datapad do bolso de sua túnica amarrotada e começou a digitar
códigos. — Havia muita neblina ontem à noite, mas as câmeras de
segurança têm bons filtros de imagem. Estamos em um ponto cego aqui,
mas nós podemos ser capazes de pegá-la no caminho.
— Eu a reconheceria se a visse. — Luke foi até o lado do Bith e viu que
ele convocava o vídeo da noite passada das câmeras antiterroristas
instaladas para proteger a Praça da Comunidade. — Mas ela não estará
visível.
— Não estará?
— Não. Ela é muito habilidosa para isso. — Mara se juntou a eles e
estendeu a mão pedindo pelo datapad. — Posso?
Tozr enrugou as bochechas, então relutantemente entregou o datapad.
Mara começou a socar teclas, trazendo o vídeo da entrada mais próxima do
Templo Jedi. Não levou muito tempo para identificarem Ben entrando no
parque e Mestra Lobi o rastreando, seguindo de uma distância discreta atrás
dele e tomando cuidado para permanecer nas sombras. Mas eles não
detectaram nenhum sinal de Lumiya, ou da segunda assassina, mesmo
quando Mara trouxe vídeos das outras duas câmeras.
Luke checou a hora marcada na parte de baixo da tela, então disse:
— É muito cedo. A mensagem de Tresina não chegou até dezenove e
vinte e dois.
— Qual mensagem? — Raatu perguntou.
— Ela enviou uma mensagem parcial dizendo que avistara Lumiya. —
Luke respondeu.
— O que mais? — Raatu pediu.
— É isso. — Luke disse. — Apenas que eu estava certo, Lumiya estava
observando Ben. Então ela terminou.
— Mas não parece que essa Lumiya estava seguindo o seu filho quando
ele deixou o Templo. — Tozr disse. Ele alcançou para tocar na tela do
datapad. — Então ela estava esperando por ele dentro da praça.
— Parece que sim. — A tensão na voz de Mara era tão fria quanto o nó
no estômago de Luke. — Não gosto disso. Ela sabia onde ele estaria.
— Nós dissemos que era uma emboscada. — Raatu os lembrou. —
Ambas as assassinas esperavam por Mestra Lobi na cobertura.
— É assim que parece, sim. — Luke disse. Ele se virou de volta para
Mara. — Lumiya teve de entrar na praça por algum lugar.
Mara começou a trazer vídeos das outras entradas e passou por elas
rapidamente. Finalmente, uma linha de estática passou pela tela, e ela
congelou a imagem e checou a hora.
— Dezenove e quatorze. — ela relatou.
— Oito minutos antes da mensagem de Tresina. — Luke disse. — Isso
encaixa.
— Mas isso é só uma falha elétrica. — Tozr disse, ainda olhando para o
datapad.
— É um clarão da Força. — Luke corrigiu. — E pode ser usado para
impedir uma câmera de segurança gravar a sua imagem enquanto você
passa pelo o seu campo de visão.
Mara checou o código da câmera na parte de baixo da tela, então
perguntou a Tozr:
— Essa é a entrada da Cidade Galáctica?
Tozr assentiu.
— Isso mesmo.
— Então estamos com sorte. — Raatu disse. Sem pedir, o Rodiano
pegou o datapad de Mara e convocou um esquema da rede de câmeras. —
A Cidade Galáctica é um centro dignatário. Há câmeras de segurança por
todo o lugar.
Ele percorreu pelos vídeos de cada uma das câmeras adjacentes até
encontrar uma linha de estática similar àquela do último.
— Dezenove e seis. — Raatu abriu caminho de volta para a cobertura,
então subiu a passarela na direção da entrada da Cidade Galáctica. —
Parece que estamos no rastro.
Capítulo 10

Algumas horas após descobrir o rastro de Lumiya na Praça da Comunidade,


Luke, Mara e os dois detetives os acompanhando seguiam um síndico
Neimoidiano por um corredor de pedra larmal no trecentésimo andar da
suntuosa torre de apartamentos Zorp House. Luke convencera Raatu a não
chamar um time de extração, mas por pouco, ao apontar que os droides
SWAT dificilmente eram discretos. Lumiya sentiria a agitação de qualquer
espectador que os visse por acaso se colocando em posição e fugiria antes
que pudessem capturá-la. Mas Saba Sebatyne e dois outros Jedi estavam
posicionados do lado de fora como apoio, disfarçados como funcionários de
manutenção em um hoversled virando a esquina.
O síndico parou ao lado de uma cara mesinha lateral de homogoni,
então apontou para o fim do corredor para uma porta dupla deslizante de
metal polido.
— Aquele é o trezentos sete doze. — ele sussurrou.
— Tem certeza que pertence a elas? — Tozr perguntou. Como Raatu, o
Bith estava convencido de que Lumiya tinha uma cúmplice. Luke e Mara
não discutiam o ponto, especialmente desde que havia dois pares de
pegadas na cobertura.
O Neimoidiano estendeu as mãos enrugadas.
— Há vinte e cinco mil apartamentos na Zorp House. — ele disse. —
Não tenho como saber quem vive em cada um.
— Mas é neste onde as câmeras de segurança continuam a funcionar
mal? — Luke perguntou.
O Neimoidinao assentiu com a cabeça de rosto achatado.
— E esse é o único apartamento cujas portas nunca abrem quando a
câmera está funcionando.
Mara chamou Saba, dizendo a ela que estavam prestes a entrar. Raatu
sacou o blaster e avançou pelo corredor, puxando o Neimoidiano junto.
— Chame-as. — Raatu ordenou. — Diga que recebeu um alarme de
fumaça do apartamento, e você quer ter certeza de que estão bem.
— Eu? — O Neimoidiano olhou cautelosamente para o blaster de
Raatu, então para Luke e Mara. — O inquilino não é perigoso?
— Você está se recusando a cooperar com uma investigação criminal?
— Raatu exigiu.
— Você não precisa entrar. — Tozr disse, falando com o síndico por
cima dos ombros do parceiro. — Só estamos tentado descobrir se estão em
casa.
O passo do Neimoidiano continuou sem entusiasmo, mas ele foi até a
porta e fez o que foi pedido. Enquanto esperavam por uma resposta, Luke
estendeu sua percepção da Força até o apartamento, procurando por um
vislumbre de uma presença que sugeria alguém se escondendo lá dentro.
Ele não sentiu nada, mas isso significava pouco. Lumiya certamente seria
capaz de esconder sua presença na Força.
Quando nenhuma resposta chegou após a segunda chamada, o
Neimoidiano disse:
— Parece que não estão em casa. — Ele se virou para ir embora. — Se
precisarem de mim, estarei em meu...
— Ainda não. — Raatu pegou o braço dele e apontou para o painel de
segurança. — A chave universal.
O alívio do Neimoidiano inundou a Força.
— É claro. — Ele estendeu um dedo e alcançou o teclado. — Se puder
fazer a gentileza de afastar o olhar.
Uma sensação de perigo correu pela espinha de Luke, e ele e Mara
gritaram em uníssono:
— Não!
Luke usou a Força para puxar a mão do Neimoidiano para longe do
painel, então se aproximou.
— Eu acho que foi alterado.
— Alterado? — O Neimoidiano perguntou. — Isso é impossível.
Ninguém exceto nosso pessoal de manutenção pode... — Ele deixou a
explicação no ar quando Luke acionou a lâmina curta de seu shoto e
cuidadosamente começou a cortar o painel de segurança da parede.
— Você está doente? — O Neimoidiano gritou. — Quem vai pagar por
isso?
— Espero que não esteja tentando nos negar acesso ao apartamento. —
Raatu disse. — Abrigar terroristas resulta em um confisco total de
propriedade.
— Quem está abrigando terroristas? — O Neimoidiano jogou as mãos
para o alto. — Tudo bem. Eu colocarei como dano do inquilino.
Luke terminou de cortar, então desativou sua arma e cuidadosamente
puxou a unidade para fora da parede. Fixado a um lado estava um pequeno
detonador térmico, com um sutil fio sinalizador saindo do painel de
segurança até o gatilho.
— Bom, pelo menos sabemos que estamos no apartamento certo. —
Mara disse.
Estendeu a mão e pressionou a trava de segurança do detonador, então
partiu os fios sinalizadores, desconectou a cápsula do painel de segurança, e
a colocou no bolso por segurança.
Luke ergueu o painel de segurança na direção do Neimoidiano.
— Agora você pode colocar o código.
O Neimoidiano encarou o teclado por um momento, então começou a
tremer e olhou para Luke.
— Vermelho sete, azul doze, verde zero, zero.
Luke colocou o código, e as portas se abriram. Sem esperar ser
dispensado, o Neimoidiano girou e tentou ir embora novamente.
Luke segurou o seu braço.
— Espere aqui. — ele ordenou. — Você estará seguro no corredor... e
eu saberei se tentar ir embora.
O rosto do Neimoidiano ficou pálido como mármore.
— É claro. Fico feliz em ajudar a Aliança como posso.
Raatu deu um tapinha na bochecha do outro.
— Esse é um bom cidadão. Coruscant precisa de mais gente como você.
Luke liderou o caminho até o apartamento. Era menor do que ele
esperava e surpreendentemente aconchegante, com uma área de estar funda
na frente de uma parede de entretenimento. O resto das paredes eram
decoradas com reproduções de obras de arte famosas de toda a galáxia,
incluindo uma cópia holográfica do Crepúsculo Killik de Leia. Mas o que
mais surpreendia Luke eram os espelhos. Havia, pelo menos, um em cada
parede, todos cuidadosamente colocados para possibilitar a visão de cada
canto do cômodo ao olhar para a combinação adequada de espelhos.
Luke fez um sinal para Raatu e Tozr permanecerem onde estavam, então
ele e Mara foram para o quarto e checaram o closet e o banheiro para ter
certeza de que Lumiya não estava escondida em algum lugar. Ao
retornarem para a sala principal, os dois detetives estavam saindo da
cozinha.
— Eu não pedi a vocês para ficarem na porta?
— Você pediu. — Raatu respondeu. — Ela não está na cozinha.
— Não está lá também. — Mara disse, apontando na direção do quarto
com o dedão. — Parece que a perdemos.
— Ela voltará. — Tozr apontou para um buquê com bolas puff azuis de
caule longo repousando no meio da mesa de jantar, então sorriu e se
aproximou para cheirá-las. — Ninguém coloca flores frescas a não ser que
estejam...
— Não! — Dessa vez foi Mara quem puxou com a Força uma vítima
potencial para longe do perigo. Ela o levou flutuando para o lado oposto do
cômodo, então disse: — Eu não faria isso.
Tozr ergueu as bochechas, irritado.
— Por que não?
— Os Sith são especialistas em truques e armadilhas. — Luke pegou o
datapad de Raatu, então tirou uma foto das flores e pediu uma identificação.
— Por isso pedimos a vocês para ficarem na sala principal. — Mara
explicou. — Tudo nesse lugar é uma armadilha em potencial.
O datapad bipou, e Luke olhou para baixo encontrando o nome e a
descrição da flor.
— Nerfscourge. — ele relatou. — Uma overdose do pólen causa uma
lesão nervosa na maioria das espécies.
— Oh. — Raatu olhou em volta do cômodo algumas vezes, então
seguiu Tozr até o corredor para esperar com o síndico. — Vocês podem
ditar um relatório do que encontrarem no datapad.
— Boa ideia. — Mara apontou para Luke na direção da cozinha. —
Você fica com a copa. A última coisa que quero é você fuçando no quarto
de sua antiga namorada.
— Sem problemas. — Luke deu um sorriso malandro. — Não tem nada
aqui que não vi antes.
Mara deu um olhar pra ele que teria derretido um cometa, então indicou
a cozinha.
— Mãos à obra. Essa mulher está atrás de nosso filho, lembra?
Luke foi até a cozinha e começou a procurar pelas unidades de
processamento e contêineres de armazenamento. Ele rapidamente descobriu
que Lumiya vivia quase completamente de suco e bebidas de proteína, não
muito surpreendente dado os desafios de manter um corpo que era tanto
cibernético quanto orgânico. Mas não encontrou nada que sugeria como ela
saberia que Ben estaria na Praça da Comunidade naquela noite, nenhum
equipamento de escuta escondido no armário, nenhum binóculo eletrônico
pendurado no puxador de uma gaveta, nenhum carregador de holocâmera
em cima do balcão. Nada.
Luke se virou na direção da sala de estar e viu o reflexo de Mara o
encarando por um espelho. Ela parecia mais bonita do que nunca, com o seu
cabelo um vermelho mais profundo, com o seu rosto um pouco mais cheio e
com menos rugas.
— Notou algo? — Ela falava do quarto, mas graças ao reflexo, Luke
sentia como se estivesse olhando diretamente para os olhos dela. — Sobre
os espelhos, eu digo.
— É claro. — Luke disse. — Eles estão em todo lugar... e você pode ver
o apartamento inteiro daqui.
Mara parecia desapontada.
— Não isso. — ela disse. — Eles distorcem a sua imagem... fazem você
parecer mais atraente de cada ângulo.
— Certo, agora vejo isso. — Luke disse.
— Como você disse, os Sith se resumem a ilusões e mentiras. — Mara
disse. — Mesmo quando estão sozinhos. Sabe o que mais eu encontrei?
— O datapad dela? — Luke perguntou esperançoso.
— Desculpe. — Mara emergiu do quarto de mãos vazias, e ele se virou
para encará-la, ela real, que ele achava ainda mais bonita do que os reflexos
melhorados. — Nada. Nenhuma bagagem, nenhuma célula de energia,
nenhum kit de ferramentas.
Luke franziu a testa.
— Nenhuma parte de reposição?
Mara balançou a cabeça.
— Nenhuma.
— Partes de reposição? — Raatu perguntou da porta.
— Partes de reposição cibernéticas. — Luke respondeu. — Lumiya é
tanto máquina quanto humana, e isso significa que precisa de manutenção.
— Exatamente. — Mara disse. — Tudo o que Luke possui é uma mão
mecânica, e ele precisa manter meio quilo de partes úteis ou arriscaria não
ser capaz de cortar o próprio bife de nerf. Lumiya precisa carregar uma
pequena oficina por aí.
Tozr ergueu as sobrancelhas.
— Então se as ferramentas não estão aqui...
— Então Lumiya também não. — Raatu deixou escapar um infame
palavrão Rodiano. — Alguém a avisou que estávamos vindo!
— Não. — Mara foi até o quarto, e voltou com um conjunto elegante de
saia e túnica de tafetá. — Ela pretende voltar alguma hora. Nenhuma
mulher levaria a bagagem e deixaria isso pra trás... pelo menos não uma
com tantos espelhos desses.
— Então ela está apenas viajando para algum lugar. — Raatu disse. —
Isso significa que ela precisou arranjar transporte.
Ele entrou na sala, pegou o datapad de Luke, e foi até a parede de
entretenimento. Ele começou a conectá-lo na porta central de comunicação,
então subitamente parou e olhou por cima dos ombros por garantia.
Luke não sentiu perigo algum.
— Está seguro. — ele disse. — Mas eu não vejo o que...
— A Provisão de Instrumentos de Cumprimento da Lei. — Raatu
explicou. — Eu posso evocar todos os dados acessados desse ponto de
origem a qualquer hora no último mês. — Ele conectou, e começou a socar
o teclado furiosamente. Um momento depois uma seção da parede de
entretenimento se ativou, mostrando um histórico de acesso de dados
daquela localização. Ele selecionou a VIAGEM, e um mapa mostrando a
localização da embaixada Bothana apareceu.
— Mas que raios? — Tozr gritou. — Isso não faz sentido algum!
— Isso mostra que Lumiya matou o embaixador. — Mara disse. — Veja
quais outras localizações ela procurou.
Raatu digitou mais alguns comandos, e uma longa lista de endereços no
distrito Bothano apareceu. Antes de Luke pedir, Raatu já pedira por uma
lista de nomes correspondentes.
Assim que os nomes começaram a aparecer, Tozr engasgou.
— É ela! Ela é a pessoa que vem matando Bothanos!
Luke e Mara trocaram um olhar, silenciosamente perguntando um ao
outro se precisavam compartilhar algo que Omas dissera a eles na noite
anterior sobre os assassinatos Bothanos.
Enquanto Raatu continuava a navegar pelo longo arquivo, Tozr puxou o
seu comunicador e começou a abrir um canal.
Mara o alcançou e o parou.
— Talvez você queira esperar até estar de volta à sua base.
Raatu esticou o seu pescoço verde, os lábios de seu focinho verde
recuaram em um rosnado ameaçador.
— Isso é um assunto para os agentes da lei.
— É também um campo minado político. — Luke apontou para os
nomes na tela. — Esses Bothanos mortos eram todos membros do Partido
da Verdadeira Vitória.
O rosnado de Raatu desapareceu, e Tozr imediatamente desligou o
comunicador.
— Nós esperaremos. — O Bith disse.
— Boa ideia. — Mara disse. — O que eu quero saber é como Lumiya
conseguiu a lista de membros deles.
— Vamos ver se eu consigo descobrir isso. — Raatu disse. Ele digitou
mais alguns comandos, então uma mensagem apareceu pedindo por uma
senha. Ele apertou mais algumas teclas, e outra mensagem apareceu. ACESSO
EXCLUSIVO DA GAG.
Raatu desconectou o seu datapad tão rápido que o alto-falante estalou, e
Tozr deixou o queixo cair até o peito.
— Mais crime. — O Bith disse. — Agora estamos ferrados.
Uma segunda mensagem apareceu na tela da parede: SUA TENTATIVA DE
INVADIR A SEGURANÇA FOI ANOTADA.
— Como Lumiya conseguiu hackear os arquivos da GAG? — Mara
perguntou.
Luke não se incomodou em adivinhar. Começava a temer que a resposta
era bem menos complicada do que imaginavam, e o pensamento causava
um caroço gelado em seu estômago. Atravessou a porta do apartamento e
gesticulou para o síndico se aproximar.
— Qual é o nome no contrato?
— Defula. — O Neimoidiano o informou. — Bant Defula.
— Defula? — Mara perguntou, vindo por trás de Luke. — Quem é o
empregador dela?
O Neimoidiano removeu um pequeno datapad de seu bolso e digitou um
comando.
— Os meus arquivos indicam que ela é uma executiva sênior na
Astrotours Limitada.
— Nunca ouvi falar deles. — Mara disse. — Qual é o código de
comunicação deles?
O Neimoidiano virou o seu datapad para que ela pudesse ver.
Mara franziu a testa.
— É o mesmo sufixo do código da GAG.
Luke olhou para o número e franziu a própria testa.
— Talvez seja só uma coincidência. — ele disse. — Apenas porque dois
códigos de comunicação têm o mesmo sufixo não significa que estejam
relacionados.
— Não... mas geralmente sim. — Mara disse. Ela se virou para Raatu.
— Veja o que consegue descobrir sobre Astrotours.
Raatu manteve as mãos longe do datapad.
— Isso tem algo a ver com a GAG?
— É o que estamos tentando descobrir. — Luke disse. — Vá em frente.
Você já disparou o portão de segurança deles.
O Rodiano deixou escapar um assobio nasal relutante, mas rapidamente
encontrou uma página de informações precariamente feita divulgando
cruzeiros de aventuras na Orla Exterior com paradas em mundos selvagens
como Hoth, Geonosis e Dagobah.
— Quem quereria ir para Geonosis? — Tozr perguntou com desdém. —
Não é nada além de um ninho de insetos!
— Eu acho que essa é a questão... ninguém iria. — Mara disse. — E
Hoth e Dagobah não são exatamente paraísos de férias, tampouco.
— Eu não sei. — Luke disse. — Dagobah é muito bom.
— Apenas se você gostar de alimentar leechwings. — Mara retrucou.
Ela balançou a cabeça com nojo, então digitou o código de comunicação
que o síndico providenciara para o locatário. Um momento depois ela
arqueou a sobrancelha, então se virou para Luke com uma expressão
preocupada, mas falou no comunicador. — Cabo Lekauf... por que não
estou surpresa?
Luke subitamente se viu com muita raiva. Se Astrotours Limitada era
uma empresa de fachada da GAG, então Lumiya não hackeara os arquivos
da GAG, fora dado acesso a eles para ela.
Ele pegou o próprio comunicador e tentou abrir um canal para Ben, mas
o comunicador de Ben ainda estava bloqueado, provavelmente porque ele
ainda estava na zona de segurança ao redor da Base Crix, ou já embarcara
na Anakin Solo.
— Não tente negar. — Mara dizia para Lekauf. — Eu reconheço sua
voz.
Luke pegou o comunicador de Mara, então disse:
— Cabo, aqui é o Grão-Mestre Skywalker da Ordem Jedi. Você sabe se
Coronel Solo e meu filho já embarcaram na Anakin Solo?
— A Anakin Solo, senhor? — Lekauf fez o seu melhor para soar
confuso.
— Não se faça de burro. — Luke segurou o comunicador entre ele e
Mara para que ela pudesse ouvir também. — É do meu filho que estamos
falando.
Lekauf hesitou, então disse:
— Acredito que embarcaram, sim. A GAG planeja levá-la para um
pequeno passeio teste.
— Então contacte a Base Crix e diga a eles para adiar a partida da
Anakin. — Luke disse. Se Lumiya estava trabalhando com a GAG, então
ela estava trabalhando com Jacen, também. — Meu filho não irá a lugar
algum com o Coronel Solo. Você entendeu?
A única resposta de Lekauf foi um silêncio nervoso.
— Ele perguntou se você entendeu! — Mara explodiu.
— Eu entendo, senhora. — Lekauf disse. — Mas eu temo que o que o
Grão-Mestre Skywalker pede é impossível. A Anakin partiu para Hapes
uma hora atrás.
— Hapes? — Luke perguntou. Ele sentiu Mara pegar o comunicador
dele de seu cinto, já que ele ainda conversava com Lekauf no dela, então a
viu se afastar para fazer preparativos para seguir. — Eu o ouvi
corretamente?
— Você ouviu. — Lekauf confirmou. — Aparentemente, os terroristas
tentaram assassinar a Rainha-mãe Tenel Ka. Ela pediu a ajuda do Coronel
Solo para acabar com eles.
Luke ficou em silêncio por um momento, tentando decidir se Lekauf
estava dizendo a verdade ou tentando despistá-lo de alguma outra operação.
— O seu filho estará seguro, senhor. — Lekauf disse. — Ele foi muito
bem treinado. Eu mesmo trabalhei com ele.
Vendo que tinha poucas opções no momento além de aceitar o que
Lekauf contou a ele, Luke disse:
— É melhor isso ser verdade, Cabo.
— É sim, senhor. — Lekauf parou, então acrescentou em um tom
reconfortante: — O Coronel Solo levou um quarto da GAG junto. Eu
estaria lá, exceto por estar em trabalho administrativo porque torci meu
joelho há alguns dias.
— Muito bem.
Luke olhou para Raatu e Tozr, que ainda encaravam a última mensagem
na tela da parede e tinham um debate sussurrado sobre o que deveriam
fazer.
— Houve uma tentativa acidental para acessar os dados da GAG de um
abrigo no trecentésimo andar da Zorp House. — Luke disse. — Eu gostaria
que ignorassem.
— Considere feito. — Lekauf disse. — E não se preocupe com o seu
filho. Ele vai ficar bem.
— Espero que sim, Cabo.
Luke fechou o canal e se virou para encontrar Mara já falando no
comunicador que ela pegara dele.
— ... hangar em vinte minutos. — ela dizia. — Eu quero a Sombra
preparada e pronta para partir.
Capítulo 11

Jacen estava na janela da Sala de Comando da Anakin Solo, encarando a


face manchada de nuvens do planeta Hapes. Era um mundo de esplendor e
abundância, coberto por oceanos brilhantes e ilhas verdejantes, mas Jacen
estava preocupado demais para apreciar a vista. Alguém tentara matar Tenel
Ka e a filha dele, Allana. as suas mãos tremiam e o seu estômago estava
embrulhado, enquanto esperava a chegada do transporte, os seus
pensamentos continuavam a inclinar-se em idas e vindas entre fantasias de
vingança em massa e erupções de auto-reprovação.
Jacen sabia que não podia ser a primeira linha de defesa de Allana. Até
então, o seu relacionamento com ela continuava secreto. Se passasse tempo
demais no Palácio da Fonte, os nobres de Tenel Ka começariam a suspeitar
que a herdeira do trono Hapan era filha de um Jedi estrangeiro, e isso
apenas colocaria Allana em um perigo ainda maior. Além do mais, Tenel Ka
era mais do que capaz de proteger a filha de quatro anos deles, e não
poderia desistir de seu trabalho antiterrorismo em Coruscant sem deixar a
galáxia inteira sofrer.
Mas Jacen não podia deixar de se sentir culpado e assustado. Todos os
instintos dele queriam mandar Allana para longe para ser criada em algum
lugar seguro, talvez entre os Fallanassi ou Jensaarai. Apenas as experiências
de sua própria infância, que provaram várias vezes quão falhas essas
estratégias podem ser, o impediam de considerar tal ideia.
Isso, e o fato de nenhum lugar ser verdadeiramente seguro. Jacen
passara a maior parte da vida tentando trazer paz para uma galáxia brutal e
caótica, e as coisas só pareciam piorar. Sempre havia uma guerra invisível
prestes a surgir sobre o sistema mais próximo, algum demagogo cheio de
ódio pronto para assassinar bilhões para assegurar o “bem maior”. Algumas
vezes Jacen se perguntava se fazia algum efeito, se a galáxia não estaria do
mesmo jeito se nunca tivesse retornado para os Jedi e permanecido entre os
Aing-Tii, meditando na Força.
Enquanto Jacen contemplava, os oceanos Hapan começaram a brilhar
mais forte. Alguns dos clarões se firmavam em luzes e começavam a reluzir
em uma centena de cores lustrosas. Outros tornavam-se vermelhos ou
dourados e começavam a piscar em intervalos regulares. Eles fluíam juntos
para faixas estreitas e começavam a circular o planeta, como os rios de
tráfego corrente que uma vez rodearam Coruscant.
Jacen respirou fundo três vezes, expirando lentamente após cada uma, e
conscientemente acalmando a sua mente. Como ainda não podia convocar
as visões da Força quando queria, aprendera a recebê-las quando vinham.
Elas eram uma manifestação de sua união com a Força, um sinal de seu
poder aumentando, e a crescente frequência com a qual vinham o
tranquilizavam de que teria sucesso, que era forte o suficiente para manter a
galáxia unida.
No planeta abaixo, as florestas tropicais das ilhas escureceram até um
profundo roxo colorido pela noite. Dois pontos brancos começaram a
brilhar no coração de uma das ilhas obscuras, e Jacen se encontrou
encarando os pontos. Eles eram mais largos e brilhantes do que qualquer luz
nos oceanos, e quanto mais ele olhava, mais eles pareciam olhos, brancos e
ardentes olhos encarando-o de um poço de escuridão.
Alguns tufos de nuvens flutuaram sobre a face da ilha obscura, criando
a impressão de uma boca torta e um rosto espectral.
Os cantos da boca subiram.
— Minha.
As palavras eram sussurradas e frias, e repletas de poder do lado
sombrio... e a voz era familiar. Soava como a de Jacen. Ele se inclinou mais
perto da janela, estudando os traços nebulosos abaixo, tentando decidir se
ele estava vendo o próprio rosto.
Mas as nuvens não cooperavam. Os tufos flutuaram em um novo
arranjo, e uma testa irregular apareceu sobre os olhos. As bochechas
ficaram fundas e amassadas, enquanto a boca se escancarou e contorceu.
Então o rosto inteiro começou a se expandir, traçando um véu de sombras
sobre o resto do planeta e escurecendo seus mares de luzes cintilantes.
Um canto da boca ergueu-se, e o sorriso se tornou de escárnio.
— Minha.
Dessa vez, a voz era baixa e áspera demais para ser de Jacen. Sentiu
alívio, já que o rosto deformado não poderia ser uma visão de seu futuro se
a voz não pertencesse a ele.
A cabeça sombreada continuava a aumentar, inchando sobre as bordas
do planeta e engolfando as luas Hapan. O rosto se tornou longo e
esquelético, as feições agora definidas por padrões de luzes meio
obscurecidas brilhando através da superfície do planeta.
— Minha.
Dessa vez a palavra era nítida e imponente, e a cabeça continuava a
crescer, se tornando redonda e grosseira. Ela inchou além do que Jacen
podia ver pela janela, obscurecendo as estrelas de todos os lados de Hapes e
engolfando, até onde ele podia dizer, a galáxia conhecida inteira. A maior
parte do rosto desapareceu em irreconhecíveis padrões de luz e sombra, mas
os olhos permaneceram, expandindo-se em um par de ardentes sóis brancos.
— Minha!
Os olhos brancos piscaram e desapareceram com o esplendor de um par
de novas explodindo, e Jacen sentiu como se uma granada incendiária
detonasse em sua cabeça. Deixou escapar um gemido involuntário e girou,
as mãos apertando o rosto.
Mas a sua cabeça não explodira. A dor desapareceu tão rápido quanto
surgira, e quando afastou as mãos, encontrou-se encarando o perolado
tranquilizador da luxuosa mesa revestida de resicreto da Sala de Comando.
Sequer haviam pontos nadando sobre os seus olhos.
— Espero que essa expressão não signifique que deixou algo em
Coruscant. — Lumiya disse. Ela estava sentada do outro lado da espaçosa
cabine na estação de inteligência cheia de equipamentos de Jacen,
debruçada sobre as últimas informações dos nobres imprevisíveis de Tenel
Ka. — Temos uma oportunidade de posicionar você como o salvador da
Aliança Galáctica... mas só se você se mover rapidamente.
— Posicionar-me não é o que importa aqui. — Jacen não queria que
Lumiya visse o quão abalado estava, pelo menos não até entender o que a
Força tentava dizer a ele. — Pegar os terroristas que atacaram a Rainha-
mãe... isso é importante. Certificar-se de que não aconteça novamente... isso
importa.
Lumiya franziu a testa.
— O que você viu lá?
Ela se levantou e caminhou pela cabine, vestida em um macacão de voo
preto que combinava exatamente com a cor do lenço cobrindo a parte
inferior de seu rosto. O disfarce de piloto era apropriado para o ancoradouro
que ela exigira perto dos deques do hangar, e quando ela estava em áreas
públicas, também a permitia esconder o seu rosto desfigurado atrás de um
visor escuro. Em qualquer outro Star Destroier, um piloto andando por aí
em um capacete escondendo sua identidade teria levantado suspeitas, mas a
Anakin Solo era uma embarcação da GAG, e a maioria dos visitantes da
GAG tinham razões válidas para esconder as suas identidades.
— O que tem de errado? — Lumiya indagou novamente. Ela parou ao
lado de Jacen e olhou para Hapes, que retornara para sua aparência
tranquila normal. — Não vejo nada perturbador.
— Já passou. — Jacen só podia pensar em uma única razão para a
sucessão de rostos sombrios que vira, e ele reteve o bastante de sua
doutrinação da infância para tremer com a ideia de uma dinastia Sith. —
Não se preocupe com isso.
— Não se preocupe com o quê? — Lumiya pressionou.
— Nada.
Jacen continuou a olhar para a janela, observando os distantes rastros de
fumaça subir e descer conforme o tráfego interplanetário entrava e saia da
atmosfera Hapan. Era a Força lhe dizendo que estava cometendo um erro
terrível, que o caminho Sith levaria a galáxia para uma longa era de
escuridão e tirania?
— Vamos, Jacen. Não pode haver segredos entre nós. — Lumiya
escorregou a mão sob o braço de Jacen e gentilmente o virou na direção
dela. — Diga-me o que você viu. Eu sinto que isso o preocupa.
— Não estou preocupado. — Jacen insistiu. Ele caminhou pela cabine
na direção da estação de inteligência. — Você descobriu quem está por trás
do ataque à Rainha-mãe?
— Garoto tolo... você não vai me enganar ao mudar de assunto. —
Lumiya o puxou de volta para encará-la, dessa vez mais vigorosamente. —
Eu sei o quão perturbado você está. As veias em seu pescoço estão
pulsando como vermes.
— Duvido muito disso. — Jacen disse. Como todos os Cavaleiros Jedi,
ele fora treinado desde a infância para esconder sinais tão óbvios dos seus
sentimentos, e ele era bem melhor do que a maioria. — Não estou nem um
pouco perturbado.
— Oh... eu posso ver isso. — Lumiya zombou. — Então as suas pupilas
devem estar dilatadas porque você está muito animado. — Ela olhou pela
janela e permitiu o seu olhar se demorar na face do planeta. — Há alguma
razão pela qual visitar Hapes o deixaria feliz?
— Estou sempre feliz em ajudar uma velha amiga. — Jacen disse
cuidadosamente. A última coisa que queria era Lumiya continuar a sondar e
descobrir os seus sentimentos por Allana e Tenel Ka. — Tenel Ka e eu
éramos colegas na Academia Jedi.
— Entendo. — A voz de Lumiya assumiu um tom de conhecimento. —
Agora eu entendo por que está tão preocupado.
O coração de Jacen saltou para a boca, ficou preocupado em ter
revelado muito. Prometera a Tenel Ka nunca revelar o segredo da
paternidade de Allana para ninguém, e quando se tratava de Lumiya,
considerava essa promessa duplamente obrigatória. Os Sith consideravam o
amor como uma benção que deveria ser sacrificada a fim de equilibrar o
alcance do poder, e haviam algumas coisas que Jacen nunca estaria disposto
a sacrificar.
Jacen encontrou o olhar de Lumiya.
— Na verdade, acho que não entende. — Ele daria algo para ela pensar,
algo que ela acharia ainda mais interessante do que se ele tivera ou não um
relacionamento com Tenel Ka. Ele exalou lentamente, então disse: — Eu vi
rostos.
Contou sobre a sua visão, descrevendo como as cabeças obscuras
cobriam um pouco mais da galáxia a cada vez que as via. Quando ele
terminou, Lumiya arqueou as finas sobrancelhas.
— E esse futuro o assusta? — Ela perguntou.
— Eu tenho dificuldades em pensar em uma dinastia Sith como uma
coisa boa. — Jacen admitiu. — Chame de preconceito familiar.
— A opinião de sua família foi moldada por Darth Sidious. — O tom de
Lumiya era surpreendentemente paciente. — E ele se importava mais com o
poder pessoal do que a sua responsabilidade para com a galáxia. Esse não é
o caminho Sith... e eu acreditava que você soubesse a essa altura.
— Eu sei o que você diz. — Jacen disse. Apesar de seu tom, ele estava
aliviado por mudar de assunto. — Que o caminho Sith é o caminho da
justiça e da ordem.
— O caminho Sith é o caminho da paz. — Lumiya corrigiu. — Para
trazer a paz, primeiro precisamos trazer justiça e ordem. Para trazer justiça
e ordem para a galáxia...
— Primeiro nós precisamos controlá-la. — Jacen disse. — Eu sei.
Lumiya correu as pontas dos dedos pelo braço de Jacen.
— Então por que você se preocupa com o que viu?
— Você sabe porquê. — Jacen puxou o braço, não bruscamente, mas
com firmeza suficiente para deixá-la saber que ele não seria distraído pelos
jogos dela. — Você viu o que Palpatine e meu avô se tornaram.
— E dessa forma sei que você não cairá nas tentações que os desfez. —
Lumiya parou para pensar, então acrescentou: — Vergere certamente
pensava assim, também... ou você não seria o escolhido dela.
Jacen ergueu a sobrancelha.
— Havia outros candidatos?
— É claro. — Lumiya disse. — Você pensa que selecionaríamos
alguém para um papel tão importante sem considerar todas as nossas
opções? Kyp Durron é muito teimoso e imprevisível, Mara muito
comprometida com os seus apegos, a sua irmã regida demais pelas
emoções...
— Você considerou Mara? — Jacen engasgou. — E Jaina?
— Nós consideramos todo mundo. A sua mãe era muito apavorada pelo
legado de Darth Vader, o seu tio era.... — A voz de Lumiya se tornou dura e
fria. — Bom, ele não ouviria. Ele estava preso demais aos dogmas Jedi.
— E velhos rancores. — Jacen acrescentou. A longa história de malícia
e traição entre o seu tio e Lumiya era uma das razões pelas quais ainda tinha
dúvidas sobre a sua decisão de se tornar um Sith. Estava bem ciente de que
toda a conversa de Lumiya sobre salvar a galáxia poderia ser um truque;
que tornar ele e Ben em Sith seria uma vingança contra Luke que
ultrapassaria assassinatos. — E quanto a você ou Vergere? Por que se
incomodar em fazer de mim um Sith quando vocês são Sith?
— Porque nós não teríamos sucesso. — Lumiya disse. — Eu sou tanto
máquina quanto humana, e você sabe como isso me limita.
— Eu sei a teoria. — Jacen disse. — A Força pode ser tocada apenas
por seres vivos, então pessoas com a maior parte do corpo cibernética não
podem usá-la em seu potencial completo. Mas, francamente, os seus
poderes da Força não parecem nem um pouco limitados.
— Nem os de seu avô... exceto para o Imperador, cujo poder não tinha
limite. — Lumiya respondeu. — Você tem o potencial para o sucesso. Eu
não.
— E Vergere? — Jacen perguntou. Ele precisava saber que Lumiya não
estava usando-o para se vingar de Luke; que realmente era a única pessoa
que poderia trazer uma era de paz e ordem para a galáxia. — O potencial
dela não era limitado.
— Não da maneira que você diz. Mas ela poderia ganhar a confiança de
qualquer governo? — Lumiya balançou a cabeça com tristeza. — Ela
estaria manchada para sempre... na melhor das hipóteses, suspeita de ser
uma agente Yuuzhan Vong, na pior das hipóteses de ser uma colaboradora
que ajudara-os a conquistar tanto.
Jacen suspirou.
— Eu imagino que seja verdade. — Ele ainda não tinha certeza se
Lumiya estava dizendo a verdade, mas não encontrava nada em suas
explicações para provar que não estava. — Então sobrou eu.
— Eu não diria sobrou. — Lumiya respondeu. — Você era claramente a
melhor escolha. A sua relutância em usar Centerpoint contra os Yuuzhan
Vong demonstrou que você era capaz de empunhar a responsabilidade de
um grande poder. A sua vitória sobre Tsavong Lag em combate provou que
você não tem medo de usar um grande poder quando necessário. Tudo o
que restava era Vergere recrutá-lo.
— Recrutar-me? — Jacen zombou, pensando em seu longo
aprisionamento entre os Yuuzhan Vong. — Você quer dizer capturar, não é?
— Eu quero dizer ambos. — Lumiya disse. — O seu tio teria interferido
em seu treinamento, então tivemos de isolar você. Vergere retornou para os
Yuuzhan Vong e os ajudou a capturar você, então se colocou em uma
posição para controlar o seu aprisionamento.
— Você quer dizer minha fuga. — Jacen corrigiu. Começava a perceber
quão intrinsecamente as duas planejaram o seu destino. O que parecera um
acidente e coincidência na hora fora parte de uma estratégia maior que ele
ainda não compreendia completamente. — Sejamos honestos. Vergere
precisou destruir o que eu era antes de poder me tornar o que você
precisava.
Lumiya inclinou a cabeça.
— Grande força exige grande sacrifício. Eu sempre fui honesta com
você sobre isso. — Ela olhou pela janela e deixou o seu olhar permanecer
em Hapes. — A questão é: você foi honesto comigo? Você está disposto a
sacrificar tudo o que ama pelo bem maior?
O estômago de Jacen ficou tão vazio que se sentiu como se uma
escotilha tivesse sido aberta dentro dele. De alguma forma, Lumiya sabia.
Começou a perguntar como ela descobrira sobre o relacionamento... então
percebeu que perguntar apenas revelaria toda a profundidade dos seus
sentimentos por Tenel Ka e Allana, e aumentaria a possibilidade de Lumiya
eventualmente exigir o sacrifício delas para equilibrar o seu poder
crescente.
Ele encaminhou-se para o lado de Lumiya.
— Estou ficando cansado de ser perguntado o quanto eu sacrificarei. —
ele disse. — Já provei...
Um suave alarme soou de uma pequena tela no canto do teto, então a
voz de Ben surgiu pelo alto-falante do interfone.
— Agente Especial Skywalker, senhor. Os pacotes chegaram.
— Eles não são pacotes, Ben. — Jacen disse. — São nossos
convidados. Mostre a eles as cabines e...
— Preferimos nos juntar a você agora. — A voz de Tenel Ka era menos
distinta do que a de Ben, mas ainda bem reconhecível. — Descansaremos
mais tarde.
— Está bem, Vossa Majestade. — Jacen olhou para Lumiya e a
encontrou estudando-o pensativa. — Ben seria um acompanhante
satisfatório?
— Muito. — Tenel Ka respondeu. — Iremos até você diretamente.
O interfone estalou, e um brilho de conhecimento passou pelos olhos de
Lumiya.
— Não precisa se preocupar, Jacen... eu sei quando a minha presença
seria um problema.
Ela foi até o canto da sala e colocou a palma em um sensor de pressão
escondido. Um painel de um metro de largura da parede avançou e deslizou
para o lado. Ela passou pela abertura até um corredor estreito branco, então
olhou por cima do ombro.
— Quando precisar de mim, estarei na minha cabine.
— Bom. — Jacen foi até a estação de inteligência e começou a estudar
os dados que Lumiya reuniu sobre os nobres de Tenel Ka. — Eu contarei a
você o que mais a Rainha-mãe puder nos dizer sobre esses suspeitos.
— Tenho certeza de que isso será bastante útil. — Lumiya disse.
Tão logo o painel se fechou, Jacen convocou o seu droide de segurança
da Tendrando Armas, SD-XX, e o pediu para fazer uma varredura de
segurança na cabine toda. Ele não suspeitava realmente que Lumiya
plantara um dispositivo de escuta, mas não arriscaria. Lumiya claramente já
sabia demais sobre o seu relacionamento com Tenel Ka, e ele estava
determinado a impedi-la de saber mais.
Quando Jacen terminou de revisar os arquivos que Lumiya reunira, SD-
XX completara a sua varredura e estava parado ao lado da estação de
inteligência. Com uma fina armadura e fotorreceptores azuis instalados em
um rosto preto, como uma caveira, ele parecia uma versão de menor escala
de sua linha progenitora, o poderoso droide de combate da Tendrando
Armas YVH.
Jacen desviou o olhar da tela e assentiu.
— Relatório.
— Nenhum dispositivo de escuta detectado pelas varreduras preliminar
e padrão. — A voz do droide era suave, rouca e um pouco ameaçadora. —
Consente com o prosseguimento de uma varredura completa?
— Não. — Jacen disse. — Não temos tempo para isso, XX.
— Uma varredura padrão é apenas noventa e três por cento efetiva. —
O droide disse. — Se há razão para suspeitar...
— Não há. — Jacen disse, levantando-se. Ele tinha apenas alguns
momentos antes de Ben chegar com Tenel Ka e Allana. SD-XX era
projetado para parecer ameaçador e sinistro, e ele não queria que o droide
desse pesadelos a sua filha. — Dispensado.
SD-XX continuou ao lado da estação de inteligência.
— Você pode ter certeza, Coronel? Em minha experiência, sempre há
razão para se suspeitar.
— Tenho certeza. — Jacen apontou para a saída escondida que Lumiya
usara. — Saia pelos fundos. Estou prestes a receber visitas, e eles não têm
permissão para vê-lo.
SD-XX se inclinou para frente, então fixou os fotorreceptores azuis no
rosto de Jacen e não disse mais nada.
— Vá. — Jacen disse. — Isso é uma ordem.
A voz de SD-XX ficou fria.
— Entendido.
Girou e caminhou para o canto em silêncio absoluto, então tocou o
sensor de pressão e desapareceu pelo corredor. Um momento depois a voz
feminina do droide de recepção de Jacen soou pelo alto-falante do
interfone.
— Agente Especial Skywalker está aqui com os seus convidados,
Coronel Solo.
— Mande-os entrar.
Jacen se levantou e saiu da estação de inteligência. A porta sibilou, e
Tenel Ka entrou a passos largos na Sala de Comando com Allana ao lado.
Mãe e filha vestidas com trajes de voo sob medida de eletrotex cinza, um
material de nanocostura mais conhecido pelo seu brilho opalino e custo
absurdo do que a sua efetividade como uma armadura multiúso.
Atrás delas seguia Ben em seu uniforme preto da GAG, e uma mulher
mais velha com um longo nariz aquilino que Jacen reconheceu como a
assessora pessoal de Tenel Ka, Lady Galney. Na retaguarda estava DD-11A,
um grande Droide de Defesa com um rosto angelical, torso de pele sintética
e braços equipados com armas. O droide servia Allana tanto como guarda-
costas quanto babá.
Jacen começou a se curvar para Tenel Ka, mas assim que Allana o viu,
ela puxou a mão do aperto de Tenel Ka e correu pelo deque com os braços
estendidos.
— Yedi Jacen!
Jacen riu e se inclinou para pegá-la nos braços, e todos os problemas
sumiram dos seus pensamentos. Ela era uma linda garotinha com os cabelos
vermelhos da mãe e um nariz de botão, e subitamente sabia que toda sua
longa luta valia a pena, que nunca pararia de tentar trazer paz e ordem para
a galáxia... que Allana e todas as crianças como ela mereciam crescer em
mundos imperturbados pela guerra e injustiça.
Allana se inclinou pra trás, estudando Jacen com um par de grandes
olhos cinzas.
— Jacen, alguns homens malvados tentaram matar a gente, mas os
guardas da mamãe correram atrás deles, então agora nós não podemos ter
nenhuma festa...
— Mais festas. — Tenel Ka corrigiu. Ela parara a três passos de Jacen.
Apesar das olheiras de preocupação em seus olhos, ela estava radiante
como sempre, com as bochechas altas e a longa trança de cabelos
vermelhos pendendo sobre um ombro. — Deixe o Coronel Solo soltá-la.
Você está tão grande agora que ficou pesada demais para carregar por muito
tempo.
Isso não era nem um pouco verdade. Jacen poderia segurar Allana em
seus braços para sempre, porque por dentro ele estava aterrorizado pelo
sacrifício que Lumiya continuava a insinuar. Queria segurar a sua filha para
sempre, mantê-la pressionada contra si em segurança e manter contato
constante com ela através da Força, mas fazer qualquer uma dessas coisas
paternais iria colocá-la em um perigo ainda maior. Mesmo essa pequena
demonstração do afeto de Allana colocou expressões pensativas nos rostos
de Ben e Lady Galney.
— A Rainha-mãe está certa. — Jacen disse, segurando Allana afastada
para poder olhá-la. Apesar de geralmente conseguir escapar para uma visita
três ou quatro vezes no ano, essa era a primeira vez que notara o mesmo
brilho ardente nos olhos de Allana que ele tão frequentemente via nos olhos
da mãe dela enquanto ele crescia. — Posso retorná-la para o deque agora?
Allana franziu a testa.
— Yedi devem ser fortes!
— Eu sou forte. — Jacen riu. — Mas eu preciso poupar minha força
para quando encontrar os homens malvados.
Os olhos de Allana se arregalaram.
— Você vai lutar com os homens malvados?
— É claro. — Jacen disse. — Caçar homens malvados é o meu
trabalho.
Allana considerou isso por um momento, então disse:
— Muito bem, Jacen... você pode me colocar no chão... por enquanto.
— Obrigado. — Jacen colocou Allana no deque e a assistiu retornar
para o lado de Tenel Ka. Então se virou para Ben, que ainda o estudava
cuidadosamente, e disse: — Eu gostaria que escoltasse Lady Galney até a
suíte de convidados. Fique de prontidão durante a inspeção dela.
— Certo. — A voz de Ben traiu o seu desapontamento. — Quero dizer,
como quiser, Coronel.
Jacen preferiria deixar Ben ficar para o relato de Tenel Ka. Mas Ben
estivera presente quando Jacen descobriu ser pai de Allana, e Jacen se
preocupava que vê-los juntos superaria o truque de memória que usara para
alterar a lembrança de Ben do incidente.
Depois, Jacen se virou para Lady Galney.
— Ben cuidará de qualquer coisa que você precise para garantir o
conforto da Rainha-mãe.
— Na verdade, eu ficarei. — Galney deu a ele um sorriso frio. — Como
eu tenho certeza de que pode compreender, o tempo tem sido bem penoso
para a Rainha-mãe.
— Eu estarei bem, Lady Galney. — Tenel Ka manteve o olhar fixo em
Jacen enquanto falava. — A sugestão do Coronel Solo é excelente... e eu
gostaria que você levasse DeDe e Allana junto. Ben, digo, Agente Especial
Skywalker, pode olhar a Chume'da enquanto DeDe faz uma varredura de
segurança.
Os olhos verdes de Galney piscaram com raiva na direção de Jacen, mas
ela inclinou a cabeça para Tenel Ka.
— Como desejar. — Ela levantou a mão para Allana. — Venha,
Chume'da.
Alana passou pela mão estendida na direção de Ben, então pegou a mão
dele e o puxou na direção da saída.
— Você é um Yedi também, Ben?
— Sim. — Ben ofereceu um olhar culpado por cima do ombro, então se
corrigiu. — Mais ou menos. Estou em treinamento.
— Mamãe foi uma Yedi uma vez. — Allana disse. — Ela ainda tem o
sabre de luz e platíca com um droide remoto...
A narrativa de Allana se tornou inaudível conforme ela guiava a
pequena comitiva cada vez mais fundo na antessala. Assim que a porta
deslizou-se atrás de DeDe e Galney, Jacen e Tenel Ka ficaram encarando
um ao outro em um silêncio incerto, os seus olhos se encontrando, mas os
seus corpos ainda a três passos de distância.
Finalmente, Jacen teve certeza de que ninguém retornaria
inesperadamente.
— Está tudo bem. — ele disse. — Acabei de fazer uma varredura de
segurança.
Tenel Ka não sorriu, mas um olhar de alívio passou pelo seu rosto. Ela
estava nos braços de Jacen quase antes que pudesse abri-los.
— É bom ter você aqui, Jacen. Obrigada por vir.
— Estou contente por você ter chamado. — Jacen a segurou contra o
seu peito, então disse: — Você não precisava vir até aqui, no entanto. Eu
ficaria feliz em ir até o palácio.
— Não. Assim é melhor. — Tenel Ka se afastou o bastante para olhar
nos olhos dele. — Eu precisava trazer Allana para algum lugar seguro.
Jacen ergueu uma sobrancelha.
— E o seu palácio não é?
— Não no momento. — Tenel Ka pegou a mão dele e o guiou até a
janela, onde o crescente sombrio do lado noturno do planeta rotacionava. —
Alguém envenenou as testemunhas.
— Testemunhas? — Jacen perguntou.
— Da tentativa de golpe. — Tenel Ka explicou. — Eu isolei todos os
que viram o ataque no Poço.
— O Poço é o seu centro de detenção? — Jacen perguntou.
Tenel Ka assentiu.
— Meu centro de detenção secreto. — ela explicou. — Confortável,
escondido e muito seguro. Os meus ancestrais o usaram por mais de vinte
séculos para deter nobres problemáticos, e ninguém nunca escapou de lá.
— Eles ainda não escaparam, se eu entendi o que você disse
corretamente. — Jacen deu a ela um torto sorriso Solo. — A menos que a
definição Hapan para escapar seja mais ampla do que na maior parte da
galáxia.
Tenel Ka franziu a testa para ele.
— Sua piada não foi engraçada, Jacen. A maioria dos homens que
morreram eram espectadores inocentes. Eu estava apenas mantendo-os até
poder determinar quem estava ou não envolvido no ataque.
— Espectadores? Por que alguém envenenaria.... — Jacen deixou a
questão se perder, então disse: — Tenel Ka, quem quer que tenha matado os
prisioneiros está tentando mais do que silenciar co-conspiradores.
Tenel Ka assentiu.
— Se tudo o que quisessem fosse proteger a sua identidade, eles não
envenenariam todos os prisioneiros. — Ela se virou e encarou o planeta
escurecendo abaixo. — Os usurpadores querem que pareça que eu estou
matando tanto os inocentes quanto os culpados. Eles estão tentando virar os
meus nobres contra mim.
— Não deixaremos isso acontecer. Descobriremos quem são esses
usurpadores e os impediremos. — Jacen colocou as mãos nos ombros dela.
— Você disse que o Poço é secreto. Quem sabe sobre ele?
— Apenas uma companhia de meus guardas pessoais e alguns membros
do meu círculo íntimo.
— Poderia ser alguém na guarda. — Jacen disse. — Mas as chances
são...
— Sim... parece sempre ser os mais próximos a você.
Jacen olhou na direção da saída da sala.
— Lady Galney?
— Não foi isso o que quis dizer. — Tenel Ka disse. — Os membros da
família de Lady Galney estão entre meus apoiadores mais fiéis. A irma dela
reunirá um encontro em minha causa no momento em que Jaina entregar as
minhas intimações.
Jacen franziu a testa.
— Jaina está aqui?
— Sim. — Tenel Ka pegou a mão de Jacen e o levou na direção da área
de conversação da sala. — Sua irmã chegou logo após os seus pais.
— Os meus pais? — Jacen ficava mais perplexo a cada momento. — O
que eles estão fazendo aqui?
— Nada, não mais. Eles fugiram. — Tenel Ka sentou-se no sofá e
puxou Jacen para o lado dela. — Temo que eles podem estar envolvidos na
tentativa de assassinato.
— Envolvidos?
— Participaram. — Tenel Ka esclareceu.
Por um tempo, Jacen estava atordoado demais para responder. Sabia que
os seus pais tomaram o lado de Corellia no conflito, essa era uma das
poucas coisas que o faziam questionar a posição da Aliança Galáctica, mas
assassinato não era o estilo deles. Pelo menos, pensava que não era, até
começar a ler os relatórios de inteligência descrevendo o papel de seu pai
no assassinato de Thrackan Sal-Solo.
Finalmente, Jacen se virou para Tenel Ka.
— Você tem certeza?
— Tenho certeza de que eles estavam aqui. — Tenel Ka explicou. —
Eles chegaram no dia do Desfile da Rainha e insistiram que tinham um
encontro marcado comigo. Primeiramente, pensei que houve um mal-
entendido, mas minha equipe de segurança está agora convencida de que a
missão deles era causar uma quebra na minha rotina de segurança.
— A sua equipe de segurança está convencida. — Jacen se levantou e
olhou para o canto, tentando dar sentido ao que estava ouvindo, tentando
imaginar as pessoas que o criaram, o canalha de bom coração e a diplomata
de princípios, preparando Tenel Ka para uma tentativa de assassinato. — O
que você acha?
— Jacen, eu não sei o que pensar. — Tenel Ka disse. — Alguns
relatórios preliminares sugeriam que eles talvez estivessem tentando me
avisar sobre os assassinos, mas...
Jacen continuava a encarar o canto. Começava a quase se sentir
aliviado. Talvez Allana não fosse o sacrifício que Lumiya continuava a falar
sobre. Talvez os seus pais fossem o sacrifício exigido, e talvez a morte
deles não fosse um ato de traição a sangue frio afinal. Talvez ele serviria ao
Equilíbrio, apenas fazendo justiça final e terrível para mais um par de
terroristas assassinos.
— Mas o que? — Ele perguntou, não afastando o olhar do canto. —
Continue.
— Mas eles foram vistos indo embora com a líder dos assassinos. —
Tenel Ka terminou. — Ela até mesmo os ajudou quando meus guardas o
encurralaram.
— Entendo. — Uma terrível sensação de tristeza tomou conta de Jacen,
e uma sensação de inevitabilidade. Os seus pais ultrapassaram a tênue linha
que separava os heróis dos assassinos? Eles realmente escorregaram para
dentro do obscuro reino do terrorismo? Ele virou o rosto para Tenel Ka. —
Há alguma razão para pensar que devemos colocar a nossa fé nesses
relatórios sugerindo que eles estavam tentando avisá-la?
Tenel Ka abaixou os olhos.
— Na verdade, não.
— Achei que não. — Jacen atravessou a cabine para a estação de
comunicação. — Parece que meus pais se tornaram parte do problema nessa
guerra.
— Jacen, o que você está fazendo? — Tenel Ka perguntou, seguindo-o.
— Por favor, lembre-se que por mais feio que isso pareça, não sabemos a
história toda ainda.
— Mas nós precisamos saber. — Jacen escorregou para a cadeira e
ativou a tela de dados, então começou a navegar pela longa lista de
formulários eletrônicos. — É por isso que precisamos encontrá-los.
— Precisamos? — Tenel Ka deu a volta na mesa e parou atrás dele. —
Após a Millennium Falcon deixar Hapes, ela desapareceu nas Névoas
Transitórias. Contanto que continuem desaparecidos, estou disposta a dar
aos seus pais o benefício da dúvida... de fato, eu quero dar.
— Tenel Ka, nós não podemos fazer isso. — Jacen encontrou o
formulário que procurava, um MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DA GAG, e começou a
colocar os nomes dos seus pais. — Mas obrigado por oferecer.
— Jacen, pare. — Tenel Ka usou a Força para afastar as mãos dele do
teclado. — Se você está bravo com eles porque Allana foi ameaçada, isso
não é justo. Os seus pais sequer sabem que Allana é neta deles, e haveria
uma tentativa de assassinato de qualquer maneira.
Jacen abaixou a guarda para que Tenel Ka pudesse sentir as emoções
dele, então disse:
— Não estou bravo. Estou triste.
Livrou as mãos do aperto da Força dela e continuou a colocar as
informações dos pais no mandado.
— Mas isso é maior do que eu... e pode ser ainda maior do que o
Consórcio Hapes. — Ele colocou a descrição da Millennium Falcon, então
apertou uma tecla e enviou o mandado para o centro de distribuição. —
Seja lá o que os terroristas estão planejando, os meus pais são parte disso...
e a GAG precisa saber como.
Capítulo 12

A Falcon entrou no espaço mais profundo e escuro que Leia já vira. O


punhado de estrelas visíveis através das janelas da cabine eram apenas
fantasmas cintilantes, e a frequência com a qual elas desapareciam e
reapareciam a faziam pensar que as estava imaginando.
— Quem diminuiu a coloração? — Han perguntou, reclamando mais do
que indagando. — Cheque o detector de luz. Deve estar piscando.
Leia puxou um bastão luminoso do kit de emergência perto do assento
do copiloto e iluminou o domo do tamanho de um dedão repousando na
parte de cima do console de instrumentos. As estrelas fantasmas
desapareceram instantaneamente enquanto as janelas escureciam.
— O detector de luz está normal. — ela relatou. — Devemos ter
tropeçado em um pedaço das Névoas Transitórias.
— Tropeçado não é como eu descreveria. — disse a passageira deles,
Nashtah. A assassina estava largada no assento do navegador, brincando
com uma vibroadaga desembainhada entre os longos dedos. O cabelo dela
continuava em um coque desgrenhado, e ela ainda vestia o macacão sem
mangas. — As névoas absorvem a luz e bloqueiam leituras de sensores de
longo alcance.
— Entendo. — Leia disse. — Então você esperava isso?
— É sempre uma boa ideia cegar os seus perseguidores. — Os olhos
contornados de preto de Nashtah se desviaram para a nuca de Han. —
Podemos agir com calma escolhendo o nosso próximo salto. Eles não nos
encontrarão aqui.
— Gosto de como você pensa. — Han disse, observando o reflexo dela
na janela. — Depois de como ficaram as coisas lá no palácio, lideraremos
uma frota de Dragões de Batalha pela galáxia se não formos cuidadosos.
Nashtah deu de ombros.
— Sem problemas. Eles teriam de estar bem em cima de nós para traçar
o nosso próximo vetor.
Ela continuou jogada em seu assento, brincando com a vibroadaga entre
os dedos e esperando pelos Solos começarem a traçar as coordenadas de um
salto que eles não tinham. No silêncio que se seguiu, Leia começou a pensar
que talvez não fosse uma boa ideia tentar enganar a assassina para revelar a
identidade do líder do golpe. Havia um apetite frio na presença de Nashtah
na Força que sugeria que estava apenas procurando por uma desculpa para
plantar a vibroadaga na nuca de Han.
Quando o longo silêncio começou a se estender de desconfortável para
alarmante, Leia soltou o cinto e se levantou.
— Eu não sei quanto a vocês dois, mas estou faminta. — Ela deu um
aperto afetuoso no ombro de Han, então se virou na direção da parte de trás
da cabine; a última coisa que ela queria era lutar com essa assassina, mas se
isso precisasse acontecer, queria espaço para manobrar. — Por que eu não
procuro algo para nós comermos enquanto você faz a varredura?
— Varredura? — Nashtah perguntou.
— Por sinalizadores. — Han disse, tranquilamente seguindo o exemplo
de Leia. — Nós sempre fazemos uma varredura após uma fuga daquelas...
um hábito que pegamos lutando contra os Imperiais.
— Ah. — Os olhos fundos de Nashtah foram de Leia para o reflexo de
Han. — Muito inteligente.
Han pareceu murchar um pouco por baixo da análise dela.
— Ah, sim. — Ele soltou o cinto e acompanhou Leia. — E conte
comigo para a gororoba. Estou com fome o bastante para comer um rancor.
— Sim, comer seria bom. — Nashtah embainhou a vibroadaga e seguiu,
claramente determinada a não deixar os Solos fora de vista, principalmente
juntos. — Uma boa luta sempre abre meu apetite.
Eles desceram até o corredor de acesso da cabine para a cabine
principal. Han foi até a estação de engenharia para escanear sinais não
autorizados, e Leia foi até a copa. Os Noghri permaneceram fora de vista,
apesar de Leia poder os sentir por perto, um escondido no porão dianteiro, o
outro espreitando alguns passos atrás no corredor principal. Felizmente, C-
3PO estava nos fundos da nave, supervisionando uma checagem de rotina
dos sistemas de suporte de vida reservas.
Em vez de se oferecer para ajudar Leia ou Han, Nashtah sentou-se à
mesa, onde ela estaria em uma boa posição para observar ambos. Nenhum
deles removeu os cintos de armas.
Leia convocou uma lista de itens, então se virou para Nashtah.
— Do que você gosta? Temos ensopado de brogy, sanduíches de
gorba...
— Vocês têm bife de nerf? — Nashtah interrompeu.
— Claro. — Leia disse. Bifes de nerf eram mais um jantar do que
almoço, mas quem saberia em qual horário Nashtah estava? — Como você
gosta dele?
— Deles. — Nashtah corrigiu. — Eu preciso de três. Só descongelado
está bom.
— Três? — Leia engasgou. Ela não queria ser rude, mas mesmo Saba
teria dificuldade em comer tanta carne, e Saba era uma Barabel. — Talvez
você esteja acostumada com bifes menores dos que os que temos em
estoque. Esses têm meio quilo cada.
Os olhos de Nashtah piscaram como se tivesse sido insultada.
— Mande quatro. — ela pediu. — Minha espécie tem um...
metabolismo incomum.
— Eu acho que a palavra que está procurando é voraz. — Leia disse. —
Descongelados então.
Ela socou uma ordem no multiprocessador da copa, pedindo dois
sanduíches de gorba para ela e Han, e os quatro bifes para Nashtah. Então
retornou para a mesa e sentou de frente para a assassina.
— Qual é a sua espécie? — Leia perguntou, tentando soar casual e
educada. — Você tem uma aparência jovem, mas eu sinto que você já viveu
uma vida interessante.
— Você sente? — O rosto de Nashtah continuou tão sério e ilegível
como sempre, mas a Força ao redor dela começou a se aquecer com
ressentimento. — Cuidado com o que você sente, Jedi. O lado sombrio
pode ser contagioso.
Leia franziu a testa, subitamente se sentindo ainda mais cautelosa e
curiosa sobre a assassina do que antes.
— Está dizendo que você é uma Jedi?
Nashtah riu, um resmungo seco e sem humor, então prontamente mudou
de assunto.
— Por que você e o Capitão Solo não sabem onde estão indo?
— Tomarei isso como um “sem comentários”. — Leia disse,
automaticamente ganhando tempo. Uma mudança abrupta no assunto
poderia ser tão efetiva para provocar uma resposta honesta quanto para
evitar uma e, mesmo sem o formigamento descendo por suas costas, Leia
sabia que a próxima resposta dela seria uma perigosa. — Isso significa que
você não quer falar sobre a sua espécie, também?
— A minha mãe era humana. O meu pai era um fantasma na noite, e eu
duvido que a minha mãe conhecia a espécie dele... mas era obviamente uma
de vida longa. — Nashtah deu um sorriso indiferente. — Se eu algum dia
descobrir quem ele era, talvez eu seja capaz de caçá-lo e matá-lo. — A mão
dela voou na direção do coldre que usava no quadril. — Então como você e
o Capitão Solo não sabem quem é o seu chefe?
O senso de perigo de Leia se tornou um aperto no coração.
— Han e eu não trabalhamos para o seu chefe. — Ela cuidadosamente
moveu a mão para o cabo de seu sabre de luz. — Somos agentes do
governo Corelliano.
— Isso mesmo. — Han disse do outro lado da cabine. Ele parara de
trabalhar e encarava Nashtah, com a mão apoiada no cabo do próprio
blaster. — O Primeiro-Ministro Gejjen nos pediu para ir até o palácio e
atrair Tenel Ka até uma área pública. Isso é tudo o que sabemos sobre o seu
plano.
— E vocês concordaram? — Nashtah perguntou. Não parecia perturbá-
la que uma luta estava prestes a eclodir, ela seria pega no meio de Han, Leia
e os Noghri, que Leia tinha certeza que a assassina podia sentir observando-
a. — A minha informação diz que Tenel Ka é uma amiga da família Solo.
— Ela é... e está do lado errado dessa guerra. — Leia colocou um pouco
de duraço na voz. — Eu vi um Império se erguer em minha vida. Eu não
quero ver outro.
— Faremos o que for necessário para impedir. — Han disse. — O meu
próprio filho está torturando Corellianos.
— Ele realmente parece seguir o exemplo do avô, não parece? —
Nashtah mantinha os olhos fixos em Leia, e pela primeira vez o seu sorriso
pareceu genuíno. — Isso deve deixá-los muito... infelizes.
— Infelizes não é como eu colocaria. — Apesar do prazer óbvio de
Nashtah com a dor dela, Leia respondeu honestamente; se eles tinham
qualquer esperança de enganar a assassina para revelar a identidade do líder
do golpe, eles precisavam ganhar a confiança dela. — Isso me aterroriza.
Nashtah literalmente lambeu os lábios.
— De verdade?
— Sim. — Leia respirou fundo, então continuou. — Quando Han e eu
nos casamos, eu não queria ter filhos porque não queria ter a chance de um
deles crescer e se tornar outro Darth Vader.
Han franziu a testa do outro lado da cabine para Leia, claramente infeliz
em ter a vida da família dele revelada para uma assassina.
— Então alguma coisa aconteceu para fazê-la mudar de ideia. —
Nashtah resumiu. — Você dificilmente me parece o tipo descuidada.
— Não sou. — Leia disse. — Estávamos em uma missão para Tatooine.
Eu comecei a ter visões da Força, e então alguém me deu o diário em vídeo
da minha avó. Quando eu comecei a ver o meu pai através dos olhos dela...
Leia deixou a sentença no ar, incapaz de evitar se perguntar se ela
interpretara mal os eventos tantos anos antes, se deveria ter visto o futuro
sombrio de Jacen nos olhos ardentes da visão da Força que vivera, se
deveria ter ouvido a ameaça em sua mensagem de voz cruel: Minha...
minha. Ela concluíra na época que a Força tentava lhe dizer que aquilo
pertencia a ela, que precisava confiar nisso com o seu futuro. Mas agora...
agora não podia evitar se perguntar se a visão fora algo mais sombrio,
algum mal não visto reivindicando a causa.
— Você mudou de ideia. — Nashtah disse, terminando a frase de Leia.
— Você começou a pensar que o perigo não era real?
Leia assentiu.
— E agora o que você pensa? — Os olhos de Nashtah brilhavam com
deleite. — O seu medo era justificado?
— Espere um segundo. — Han atravessou o deque na direção da
assassina. — Se você pensa que desejamos nunca ter tido filhos...
Leia ergueu a mão e usou a Força para impedir Han de se aproximar
mais.
— Se Han e eu nunca tivéssemos tido filhos, não haveria Anakin Solo
para salvar os Jedi de voxyn, nenhum Jacen Solo para nos mostrar o
caminho para a vitória contra os Yuuzhan Vong, nenhuma Jaina Solo para
liderar a luta. Então o que eu acho é que é imprudente se opor à vontade da
Força.
— Entendo. — Nashtah disse. — Então se é a vontade da Força o seu
filho seguir o caminho do avô, você não irá se opor?
— É muito cedo para dizer o quanto desse caminho Jacen seguirá, mas
eu não o deixarei se tornar outro Darth Vader. — Leia viu a apreensão que
sua resposta levantou nos olhos de Han, mas dar qualquer outra resposta
seria entrar na armadilha de Nashtah, admitir que as razões que ela dera
para se voltar contra Tenel Ka eram falsas. — O que for preciso para
impedir isso de acontecer, eu farei.
Nashtah continuou a estudar Leia.
— O que for preciso?
— Você a ouviu. — Han disse. Ele parara no meio da cabine, com a
mão ainda repousando no cabo da pistola blaster. — Não que seja da sua
conta como nos sentimos sobre como nossos filhos terminaram.
— Pode ser, quando você perceber que não pode lidar com ele sozinho.
— Nashtah lentamente olhou de Leia para Han. — Eu sou especialista em
Jedi, sabe. Por isso eles me recrutaram para Tenel Ka.
— É? — Han respondeu. — Bom, deixe o seu contato e vamos pensar
nisso.
O multiprocessador soou três vezes, anunciando que o almoço estava
pronto.
Han deixou a tira do coldre solta.
— Vamos comer ou o quê?
O olhar de Nashtah caiu para a mão dele e ficou ali por um momento.
Então bufou com desprezo e lentamente tirou a mão do blaster.
— Comer parece bom. — ela disse.
— Maravilha. — Leia disse. Tentando manter o suspiro de alívio
relativamente inaudível, ela foi até o multiprocessador e preparou uma
bandeja com os dois sanduíches de gorba com um cheiro delicioso e os
quatro bifes descongelados de Nashtah. — Você gostaria de algo para beber,
Nashtah?
— Não é necessário. — a assassina disse. — Mas eu precisarei de um
copo vazio.
Resistindo a tentação de perguntar por que, Leia acrescentou o copo
vazio na bandeja, então voltou para a mesa e distribuiu o seu conteúdo.
Para o espanto de Leia, Nashtah pegou um dos bifes de nerf crus e o
enrolou bem. Segurando-o sobre o copo vazio, a assassina enrolou os
longos dedos ao redor da carne e enterrou as unhas afiadas nele, então
cuidadosamente espremeu o sangue.
Subitamente o sanduíche de gorba de Leia não parecia mais tão
saboroso.
Nashtah sorriu para o óbvio olhar de repulsa de Leia, então disse:
— Eu vi o seu pai correr uma vez.
— Correr? — Han repetiu. Apesar dos seus olhos estarem fixos no copo
lentamente se enchendo de Nashtah, ele devorava o sanduíche e tinha de
falar com a boca cheia. — Você quer dizer corrida de Pods?
— Sim. Era o Clássico de Boonta Eve. Ele era bom... muito bom.
— Eu ouvi falar. — Leia se encontrou se sentindo ressentida com
Nashtah. Por mais que ainda odiasse a memória de Darth Vader, ao longo
dos anos começara a pensar em seu pai como o garotinho que vislumbrara
no diário em vídeo de sua avó, e parecia de alguma forma injusto que essa
assassina estivera lá no ponto mais alto da vida dele quando tudo o que Leia
conhecera foram os baixos. — Ele ganhou, acredito.
— Isso mesmo. Foi quando ele ganhou a liberdade. — Nashtah colocou
o bife atrofiado de lado, então bebeu um gole do copo e estalou os lábios
em aprovação. — Você sabe o que sempre me impressionou naquela
corrida?
— Espere um minuto. — Han engoliu um bocado do sanduíche de
gorba. — Você espera que nós acreditemos que você estava lá?
— Eu acredito nela, Han. — Leia empurrou o sanduíche de gorba
intocado dela para o lado, então perguntou: — O que impressionou você,
Nashtah?
— Que ele não trapaceou. — ela respondeu. — Toda aquela habilidade
natural com a Força, e ele fez uma corrida honesta em um concurso que não
tem regras.
— Onde quer chegar? — Leia perguntou.
Nashtah engoliu de uma só vez o conteúdo de seu copo, então pegou
outro bife e começou a enchê-lo novamente.
— Eu preciso chegar a algum lugar?
— Sim. — Han fez uma careta. — Ajuda a mover a conversa.
Nashtah arqueou a sobrancelha, de algum modo mesmo esse gesto
simples parecia ameaçador.
— Então eu suponho que quero chegar aqui. — O bife fez um suave
som de estouro quando ela reforçou o aperto, forçando todo o suco para
fora de uma vez. Nashtah olhou de volta para Leia. — O seu pai era tão
cheio de surpresas quanto você. Suponho que eu acredito na sua história.
— Bom. — Leia estendeu a mão para o seu sucovita, então teve um
vislumbre do que estava no copo de Nashtah e pensou melhor. — Então eu
espero que você nos permita levar você onde você precisa ir.
Nashtah assentiu.
— Estação Telkur.
— Estação Telkur? — Han perguntou desconfiado. — Você espera que
acreditemos que um bando de piratas contratou você?
Nashtah olhou Han com frieza.
— Eu disse que vamos encontrar os meus empregadores?
Capítulo 13

As silhuetas em formato de pinça de uma dúzia de caças estelares Miy'til se


ergueram da colina atrás da Vila Solis, então dispararam para os céus em
pilares de efluxo azul. Jaina esticou o pescoço, assistindo em silêncio
enquanto o esquadrão de caças formava um arco na direção de um
aglomerado de pontos brilhantes já flutuando sobre o céu noturno de
Terephon. Estimou o número de pontos em quase trinta, e mesmo enquanto
observava, eles se organizavam em uma formação de diamante aberta de
um lançamento de frota de batalha para o salto para o hiperespaço.
— Algo não está certo sobre isso. — ela disse, ainda olhando a frota.
Tendo o acesso ao hangar negado pelo chefe de voo, ela e Zekk pousaram
do lado de fora do portão principal há pouco tempo. — Nós deveríamos
estar entregando as ordens de mobilização de Tenel Ka. Para preparar a
frota tão rápido, Ducha Galney já deveria saber sobre a tentativa de golpe
antes de deixarmos Hapes.
— Bom, a irmã dela é a camareira de Tenel Ka. — Zekk se referia a
arrogante Lady Galney, que parecera tão convencida sobre a participação
dos pais de Jaina no ataque após a tentativa de golpe. — Talvez Lady
Galney disse a Ducha o que aconteceu.
— Como? — Jaina perguntou. — Terephon está nas Névoas
Transitórias. Não há HoloNet aqui, lembra?
Zekk apenas resmungou e se virou para estudar os domos com topo em
pico subindo sobre os muros da vila. Jaina não precisava da Força para
dizer a ela que ele estava menos interessado na arquitetura simples da vila
do que em evitar conversar com ela. Durante a longa e complicada viagem
de Hapes, ele não permitira contato na Força além do que era necessário
para coordenar os seus saltos para o hiperespaço, e as suas únicas palavras
até então foram sobre ver a Ducha.
Jaina segurou o braço dele e o virou para encará-la.
— Olhe, nós temos uma missão aqui. Então seja lá o que está te fazendo
torcer o nariz... supere!
Zekk puxou o braço de volta, mas falou em uma voz suave:
— Eu acho que já superei.
— Bom. — Jaina disse. Então ela franziu a testa, percebendo pela
primeira vez em anos, que não fazia ideia do que Zekk queria dizer. —
Superou o que, exatamente?
— Jaina, pare. — Zekk disse. — Você não se faz de sonsa muito bem.
— Sonsa? — Agora Jaina estava realmente confusa. Ela quase sempre
podia dizer o que Zekk estava pensando, pelo menos até agora. — Zekk, eu
não sei sobre o que você está falando. Eu realmente não sei.
Zekk a estudou por um momento, então arqueou as sobrancelhas
escuras.
— Qual é... não estamos tão desEnlaçados. — Ele balançou a cabeça.
— Você quis isso por anos. Pare de esconder.
Ele acionou os sistema de segurança do StealthX e caminhou em
direção à vila, deixando Jaina sozinha. Estava tão acostumada com a
aprovação cega dele que não podia acreditar que ele estava lhe falando
como se fosse uma garotinha mimada. Retornou a lembrança para a última
vez que as coisas pareceram normais entre os dois, logo após chegarem no
Palácio da Fonte e descobrirem que os pais dela eram suspeitos de
envolvimento na tentativa de golpe.
Zekk tentara confortá-la, sugerindo que assassinato não era o estilo dos
seus pais, e gritou com ele. Ele se afastara para o outro lado do cômodo, e
apesar de continuar a defender os pais dela para Tenel Ka e o Príncipe
Isolder, em relação a ela permaneceu silencioso e recuado.
— Pela Força! — Jaina ativou a segurança de seu próprio StealthX e o
alcançou. — Isso tudo é por causa daquilo? Do que eu disse na sala de
espera? Eu estava preocupada com os meus pais! Você não pode usar isso
contra mim.
— Não estou. — Zekk respondeu. — Eu só finalmente percebi.... — Ele
parou e suavizou o seu tom. — Olhe, Jaina, eu só percebi que você estava
certa o tempo todo. Nós somos melhores como amigos do que seríamos
como namorados. Eu sei que você diz isso por anos, mas eu acho que parte
de mim realmente não acreditava nisso até agora.
Jaina estava tão espantada que simplesmente parou de andar e ficou
olhando as costas largas de Zekk. Rompeu o romance deles quando eram
adolescentes, e tentara fazê-lo parar de persegui-la desde então. Então por
que subitamente parecia que perdera algo?
Agora que entendia o que acontecera, Jaina percebeu que ainda podia
sentir a presença de Zekk em sua mente. Ele era forte, determinado e
independente... e a esquecera. Ele finalmente concedera o desejo dela.
E isso era uma coisa boa, realmente era.
Jaina se apressou para alcançá-lo, então diminuiu ao lado de Zekk.
— Já era hora. — ela resmungou. — Agora talvez eu possa parar de
esperar até que você esteja dormindo para tomar o meu banho.
Zekk riu.
— Não funcionava de qualquer maneira. — ele disse. — Eu continuava
tendo esses sonhos...
— Você tinha? — Jaina procurou algum brilho malicioso nos olhos de
Zekk, mas agora que localizara a conexão deles novamente, sabia que ele
estava dizendo a verdade. — E você não disse nada?
Zekk deu de ombros e deu um sorriso constrangido.
— Eu pensei que eram apenas... bom, sonhos.
Jaina começou a aceitar a explicação dele, então teve a súbita percepção
de que ele zombava dela.
— Mentiroso! — Ela o socou no ombro. — Vamos só entregar a
mensagem de Tenel Ka.
— Claro. — Zekk riu. — É tudo o que venho tentando fazer.
Jaina caminhou a passos largos, tomando a liderança enquanto eles
cruzavam os últimos metros até o portão. Vila Solis era um aglomerado de
atarracados prédios redondos, construídos com gratenito branco e localizada
no coração dos remotos charcos do planeta. Era cercada por duzentos
quilômetros de atoleiros, e o único caminho prático para alcançá-la era pelo
ar. No geral, era um dos retiros mais isolados e inacessíveis que Jaina já
visitara, mas supunha que fosse de propósito. Lady Galney os avisara que a
única coisa que a irmã dela, a Ducha, apreciava mais do que privacidade era
caçar, e certamente havia ambos de sobra em Vila Solis.
Conforme se aproximavam, Jaina ficou esperando um painel deslizar-se
no portão de crodium manchado para um sentinela, ou, pelo menos, um
droide de segurança, para poder lançar um desafio. Mas a vila permanecia
estranhamente silenciosa, com nada se mexendo além da úmida brisa do
atoleiro.
— Quieto demais. — Zekk disse. — Eles devem saber que estamos
aqui.
— Sim. — Jaina disse. Por mais esquivos que os StealthXs fossem,
mesmo eles criavam uma explosão sônica quando desciam pela atmosfera
bem mais rápido do que a velocidade do som local. — Talvez tenhamos
assustados todos.
Assim que pararam em frente ao portão, um tentáculo revestido de
bronze subiu de cada lado deles. Jaina e Zekk soltaram os sabres de luz dos
seus cintos e giraram para ficarem costas com costas, e Jaina se encontrou
olhando para o módulo ocular boiando e de lentes azuis-escuras de um
Serv-O-Droide porteiro.
— Vocêsss têm um minuto para deixar a propriedade. — A voz do
porteiro, emitida por um pequeno vocalizador escondido atrás do módulo
ocular, fora customizada para soar sibilante e ameaçadora. — Ausência de
obediência será tratada duramente.
— Estamos aqui com uma mensagem para Ducha. — Jaina respondeu.
— Você não está na agenda. — Foi o porteiro do lado de Zekk que falou
dessa vez, em uma voz adocicada e feminina. — Você deveria ter solicitado
um horário.
— Como? — Zekk perguntou. — A HoloNet não alcança Terephon.
— A nossa mensagem é da Rainha-mãe Tenel Ka. — Jaina acrescentou.
— É importante.
— Então você terá que marcar um horário e retornar quando essstiver
agendado. — O primeiro porteiro disse. — Ducha não essstá em casa no
momento.
Jaina franziu a testa.
— O Serviço de Inteligência Real disse que ela está. — ela retrucou. —
E eles não estiveram errados sobre o paradeiro de nenhum dos outros
nobres que visitamos.
Os dois porteiros recuaram em seus tentáculos de mobilidade.
— Vocêsss têm trinta segundosss para partir. — O primeiro disse.
Em uma voz doce, o segundo acrescentou:
— Procedimentos de exterminação estão sob prepa...
Jaina ativou o seu sabre de luz no mesmo instante que a lâmina de Zekk
ganhou vida. Eles atacaram juntos, tanto cortando através dos módulos
oculares quanto os incinerando, então inverteram o golpe em perfeito
uníssono, cortaram os tentáculos de mobilidade no chão, e giraram para
encarar o portão.
— Melhor parceiros de missão do que namorados, também. — Jaina
observou.
— Sem surpresas. — Zekk resmungou. — Nós realmente estivemos em
missões juntos.
Quando o ataque ameaçado pelos porteiros não se realizou, Jaina
perguntou:
— Por que Ducha está tão relutante em ouvir uma mensagem de Tenel
Ka?
— Não sei. — Zekk disse. — Acho que teremos de perguntar a ela
quando a encontrarmos.
Jaina olhou pra cima, para o céu noturno, mirando as partículas
brilhantes da frota de Ducha se reunindo.
— Acho que existem algumas coisas que precisamos perguntar a ela.
Conectou-se pela Força e ficou um pouco surpresa por sentir apenas
uma única presença senciente do outro lado do portão.
— Abra! — Ela exigiu. — Não estamos aqui para machucar ninguém.
Não houve resposta.
Após um momento, Zekk olhou para Jaina e ergueu uma sobrancelha,
questionando. Jaina deu de ombros e se colocou em posição atrás dele,
preparada para contra-atacar qualquer coisa que atraíssem. Zekk mergulhou
o sabre de luz na emenda onde o portão encontrava o muro, então começou
a arrastar a lâmina lentamente para baixo, cortando as barras de travamento
internas.
Uma voz abafada soou do outro lado.
— Parem!
Eles ouviram um clunk alto, então o portão recolheu-se para dentro do
muro com um whoosh pneumático. Do outro lado estava uma mulher
musculosa e com rosto de lua, vestindo um avental de couro sujo por cima
de uma túnica muito manchada. Os olhos dela eram estreitos e inchados, o
seu nariz era largo e achatado, e os lábios grossos contorcidos em uma
expressão de desprezo permanente. No geral, ela era provavelmente a
Hapan mais feia que Jaina já vira.
A mulher franziu a testa para Jaina.
— Não era necessário mandar o seu homem cortar o portão da Ducha.
— ela disse. — Eu teria deixado vocês entrarem.
— Então não deveria ter demorado tanto para se decidir. — Jaina
desativou o seu sabre de luz, mas continuava a olhar para a mulher. — Qual
é o seu nome?
— Entora. — a mulher respondeu. — Entora Zar.
— Bom, Entora. — Jaina disse. — da próxima vez que um Cavaleiro
Jedi se dirigir a você, talvez devesse responder.
Ela e Zekk atravessaram o portão até uma impressionante massa de
estruturas com domo de gratenito branco, tão abarrotadas que à primeira
vista parecia impossível se espremer entre elas. Cada janela e porta estavam
fechadas, e, tirando a mulher feia, não havia ninguém à vista.
Jaina estendeu sua percepção da Força para alguns metros mais para
dentro do complexo e sentiu apenas as presenças furtivas de pequenas
criaturas parasitas.
— Onde está todo mundo? — Zekk exigiu.
— Foram embora. — Zar disse. — Sua pilotagem precária foi uma
afronta para a sensibilidade da Ducha.
Jaina estava espantada demais com a audácia de Zar para se ofender.
— Nossa pilotagem?
— O seu ângulo de entrada foi íngreme demais. — Zar disse. — Vocês
não conseguiriam desacelerar rápido o suficiente para fazer uma
aproximação graciosa. Estou surpresa por não ter arrancado as asas de
vocês.
— Não estávamos tentando fazer uma aproximação graciosa. — Jaina
disse através dos dentes cerrados. — E eu não me lembro de ter pedido a
sua opinião.
— Nossas embarcações têm características de voo únicas. — Zekk
explicou. — Elas não aguentam como os XJ-Setes, especialmente na
atmosfera.
— Eu duvido que vocês possam fazer melhor com um XJ-Sete. — Zar
respondeu. — Vocês obviamente precisam de mais tempo no simulador em
qualquer coisa que pilotem.
Isso foi demais para Jaina.
— Escute, rodder, eu comecei a voar em XJs em combate antes de ter
idade para assinar os meus próprios contratos. Quantas horas você acumula?
— Em um XJ?
— Não, em um carro de pedais! — Jaina retrucou. — É claro que em
um XJ.
Zar desviou o olhar.
— Nenhuma, na verdade.
— Nenhuma? — Jaina não podia acreditar no que ouvia; nenhum piloto
decente presumiria saber o ângulo apropriado de entrada na atmosfera para
uma embarcação que nunca voou. — Então no que você voa?
— Muitas outras coisas. — Zar respondeu com orgulho. — A Naboo
Real N-Um, o Heahhunter Mark Um, o Xi Char DFS...
— Essas são velharias, não caças estelares! — Jaina objetou.
— E os DFS são caças droides. — Zekk disse, desconfiado. — Onde
você voou com essa embarcação?
Zar olhou para Zekk, claramente ofendida por um mero macho
questionar as credenciais dela.
— No mesmo lugar onde faço toda a minha pilotagem. — ela disse. —
Em meu holossimulador. Sou uma instrutora classificada.
O queixo de Jaina caiu.
— Você é louca? Há uma.... — Ela sentiu um toque da Força de Zekk e
percebeu que estava se deixando distrair pelo que era no mínimo irrelevante
e no máximo uma tática de atraso intencional. — Deixe pra lá. Apenas nos
leve até a Ducha.
Mas Zar não estava pronta para desistir do debate sobre o
holossimulador.
— De fato, sou provavelmente um piloto melhor do que vocês, já que a
minha unidade...
— Você não é. — Jaina interrompeu. — E terminamos de discutir isso.
Jaina passou por um lado e Zekk pelo outro, ambos ignorando os
protestos de Zar de que não tinham permissão. Como a filha de uma famosa
estadista, Jaina aprendera cedo que é sempre melhor ignorar falastrões e
idiotas.
Não havia presença humana em nenhum dos prédios por perto. Jaina
estendeu sua percepção da Força para mais fundo na vila e se surpreendeu
por não encontrar nada, também. Mas quando alcançou além do complexo e
a área ao redor, detectou pessoas assustadas sob a colina, nos arredores do
hangar subterrâneo da vila.
— Você sentiu isso? — Jaina perguntou para Zekk. — Eles estão se
escondendo de nós.
Zekk assentiu.
— Provavelmente um abrigo de emergência sob a colina com o hangar.
— Isso faria sentido. — Jaina disse. — Mas por que eles teriam medo
de nós?
Zekk deu de ombros.
— Acho que teremos de perguntar a eles.
Ele não levantou a possibilidade de perguntar a Zar, e Jaina não a
sugeriu. Outra conversa com a mulher apenas causaria mais atraso, e Jaina
duvidava que descobririam algo útil. Zar dificilmente era o tipo de mulher
que uma astuta nobre Hapan confiaria com qualquer informação verdadeira.
Eles continuaram cada vez mais fundo na vila, com Zar os seguindo e
protestando. De vez em quando um rato droide passava por uma intersecção
próxima, e uma vez cruzaram com um droide de limpeza cuidadosamente
polindo blocos de gratenito que pavimentavam a passarela. De outro modo,
o interior da vila permanecia tão deserto quanto a entrada estivera.
Visto que os prédios estavam todos trancados e eles estavam
simplesmente ali para entregar uma mensagem, Jaina se absteve de invadi-
los. Mas pelas evidências que notou enquanto passavam, batentes
marcados, um poço para assar externo, o cheiro azedo de vats curtidos, a
vila certamente parecia ser o retiro de caça de um nobre muito rico. A única
parte estranha era que a Ducha se sentira obrigada a esconder a criadagem
inteira porque dois Jedi chegaram com uma mensagem de Tenel Ka.
Alguns momentos depois, eles alcançaram a colina na parte de trás do
complexo, onde um penhasco artificial indicava a fonte de gratenito que
fora usada para construir a Vila Solis. Um par de torres brancas se
estendiam contra o penhasco, uma de cada lado de um fosso enorme. O
fosso era cercado por um muro da altura do peito, e de seu interior subia o
tênue fedor de decomposição e musgo.
Após confirmar que ambas as torres estavam trancadas tão bem quanto
as outras construções, Jaina foi inspecionar o fosso. Tinha cerca de três
metros de profundidade do pé do muro, com um fundo barrento repleto de
ossos quebrados e caveiras de animais. Prensado contra o barro fino
estavam as impressões de dezenas de enormes pés com formato de raquete,
sempre dispostos em pares de cada lado de uma longa depressão em zigue-
zague.
A parte de trás do fosso se estendia por baixo do penhasco, criando uma
grande caverna por baixo da colina. No interior da caverna, Jaina sentiu um
aglomerado de presenças semi-inteligentes.
Zekk foi até o lado dela e espreitou sobre o muro, então fez cara feia
para o cheiro.
— Espero que essa não seja a única entrada.
— Não pode ser. — Jaina apontou para os estranhos rastros na lama no
fundo do fosso. — Não são pés de pessoas.
— Eu não vejo a Ducha rastejando através do barro apenas para nos
evitar, tampouco. — Zekk virou sua atenção para as torres ao lado do fosso.
— A entrada deve ser em uma dessas.
Ele foi em direção à torre mais próxima, segurando o seu sabre de luz e
claramente pretendendo cortar um caminho para dentro.
— Espere. — Jaina disse. — Não vamos causar mais dano do que o
necessário... Ducha Galney supostamente é uma das aliadas mais leais de
Tenel Ka.
Virou-se para Zar, que finalmente parara de protestar, mas continuava a
seguir os dois Jedi pelo complexo.
— Como chegamos ao abrigo de emergência? — Jaina perguntou. —
Você pode nos ajudar, ou pode explicar para Ducha Galney por que tivemos
de cortar um caminho.
Zar franziu a testa, confusa.
— Abrigo de emergência?
Ela mal falara antes de um coro de estridentes guinchos subirem pelo
fosso. Jaina e Zekk giraram e encontraram seis criaturas, pelo menos era o
número de bocas que Jaina viu, saindo da caverna em uma confusão cinza e
viscosa. Eles eram tão longos quanto speeders bikes, com grossos corpos
tubulares, pernas atarracadas e pés com formato de nadadeira.
Assim que viram Jaina e Zekk, eles se lançaram contra a lateral do
fosso. Eles bateram primeiro com a barriga e arranhavam freneticamente a
pedra, arrastando-se para cima o suficiente para impulsionar as cabeças de
nariz redondo por cima do muro, mordendo e chiando para os dois Jedi.
Jaina e Zekk recuaram um passo e ligaram os sabres de luz, então quase
foram derrubados quando Zar se forçou entre eles, colocando-se entre os
sabres de luz e as criaturas no fosso.
— Não! Por favor! — Ela girou e encarou os dois Jedi, estendendo os
braços para proteger as estranhas criaturas. — Eu direi o que quiserem...
apenas não machuquem os meus bebês!
As criaturas começaram a guinchar ainda mais excitadas do que antes,
as cabeças balançando atrás de Zar enquanto lambiam as orelhas e braços
dela, cobrindo a cabeça e ombros com uma gosma amarela pegajosa.
Jaina torceu o nariz com nojo.
— Seus bebês?
— Eles são os murgs de caça favoritos da Ducha. — Zar disse. — Eu
cuido deles.
Zekk desativou o seu sabre de luz.
— Não se preocupe. — ele disse. — Não vamos machucar...
— Contanto que nos ajude. — Jaina interrompeu. Ela sentiu a imediata
desaprovação de Zekk, mas deu um passo na direção de Zar de qualquer
forma. Às vezes Zekk era honrado demais para o próprio bem. — Por que a
Ducha está se escondendo de nós?
— Ela não está escondida. — Zar disse. — Eu disse a vocês. Ela ficou
tão ofendida com a sua chegada que decidiu ir embora.
— Ela decidiu ir embora após a nossa chegada? — Zekk perguntou. —
Você tem certeza?
— É claro que tenho certeza. — Zar continuava com os braços erguidos,
protetiva. — Após as suas explosões sônicas penetrarem a serenidade dela,
ela me convocou para dizer que ela e o resto da casa partiriam. Eu deveria
ficar e cuidar de meus bebês, os murgs, e garantir que vocês não roubassem
nada.
— Roubassem? — Jaina começou a ter uma sensação ruim. — A Ducha
sabem quem nós somos?
— Ela disse “os Jedi”. — Os braços de Zar começaram a tremer, e o
olhar dela caiu no sabre de luz ainda ligado de Jaina. — Por favor, não
machuque meus bebês. Não é culpa deles.
— Ninguém machucará os seus murgs. — Zekk disse. Ele franziu a
testa para Jaina. — Certo?
Jaina desativou sua lâmina.
— Suponho que sim. — Para Zar, ela disse: — Mas você precisa nos
mostrar como chegar até o han...
Um estrondo baixo soou das profundezas da colina. Um instante mais
tarde a silhueta no formato de uma amêndoa de um iate de luxo Hapan
disparou e começou a subir na direção do céu em um pilar de efluxo azul.
Jaina estendeu a percepção da Força até o hangar e sentiu apenas um vazio.
— Zar. — ela perguntou. — é comum para a Ducha levar a criadagem
inteira quando ela deixa a Vila Solis?
— De jeito nenhum. — Zar respondeu. — Cerca de vinte de nós ficam
aqui o tempo todo. Há muita coisa para cuidar além dos murgs.
— Eu temia que dissesse isso. — Jaina proferiu um palavrão silencioso,
então perguntou: — Você notou a frota orbitando Terephon?
— Um bom piloto sempre mantém um olho no céu. — Zar disse
indignada. — Além do mais, eles vêm mandando esquadrões de caças para
serem reequipados a semana toda.
— A semana toda? — Zekk repetiu.
Zar franziu a testa e começou a contar os dias em seus dedos.
— Sim, a semana...
— Deixe pra lá. — Jaina disse. Ela se virou para Zekk. — Antes de
saber sobre a tentativa de golpe.
— Houve uma tentativa de golpe? — Zar perguntou. — Nós nunca
ouvimos nada em Terephon.
Zekk colocou uma mão no ombro dela e a virou na direção da torre
mais próxima.
— Vá. Encontre algum lugar seguro.
Jaina franziu a testa.
— Você acha que a Ducha atiraria na própria vila?
— Eu sei que vai. — Zekk virou a cabeça na direção de Zar, que até
então se recusava a sair. — Se você precisasse deixar uma isca para trás,
quem seria?
— Eu? — Zar balançou a cabeça enfaticamente. — Nunca. Eu sou a
companheira de montaria favorita da Ducha!
Jaina ignorou os protestos de Zar e assentiu para Zekk.
— Entendo o seu objetivo. — ela disse. A Ducha começara a mobilizar
a sua frota antes da tentativa de golpe, o que significava que ela fora um
dos seus arquitetos, e isso era claramente um segredo que merecia ser
protegido, especialmente desde que Tenel Ka ainda parecia pensar que a
família Galney era leal. — Mas eu não acho que acabaria com a vila de
caça inteira só para nós pegar.
— Nós somos Jedi. — Zekk rebateu. — E você sabe o que isso
significa pra ela se escaparmos. Ela precisa ter certeza.
— Certo. — Jaina precisou se lembrar de apenas alguns relatos da
HoloNet sobre fugas miraculosas dos Jedi para saber que Zekk estava certo.
A Ducha ficaria aterrorizada se eles sobrevivessem a qualquer tentativa de
matá-los, eles avisariam Tenel Ka de seu envolvimento no golpe. Ela se
virou para ir. — Vamos voltar para os...
Jaina parou quando duas formas grosseiras saíram de trás de uma
habitação. Eles tinham torsos no formato de placas, braços enormes
equipados com sistemas de armas e armadura cinza de laminanium. Com
fotorreceptores vermelhos reluzindo fixados na cavidade das suas distintas
cabeças mortas, não havia como se enganar sobre os droides.
— YVs! — O coração de Jaina pulou para a garganta. Mesmo Jedi eram
adversários fracos para a precisão e o feroz do poder de fogo dos droides de
batalha YVH. Ela e Zekk ativaram os sabres de luz. — É melhor Tio Luke
ter uma conversa com Lando sobre quem anda comprando essas coisas.
Zar franziu a testa para as lâminas sibilantes.
— Não há necessidade pra isso, Jedi Solo. Eles são apenas droides de
vigilância. — Ela deu um passo para frente, bloqueando a linha de fogo dos
droides. — Vocês dois para trás. Esses convidados já estão indo embora.
— Negativo. — O droide mais próximo levantou o braço contendo o
canhão blaster. — Por favor libere a linha de disparo. Intrusos são alvos
designados.
Zar colocou as mãos nos quadris.
— Eu decido quem são os alvos por aqui, Dois-Vinte. A Ducha me
deixou no comando.
— Uh, Entora. — Jaina disse. — Talvez seja melhor escutar...
Jaina foi cortada pelo rápido estrondo de um canhão blaster, e
subitamente havia sangue e luz quente por todo o lugar. Sabendo melhor do
que permitir aos droides concentrar o feroz poder de fogo, ela e Zekk
saltaram em direções opostas, rolando no ar em uma hélice selvagem de
rodopios e saltos, confiando na Força para ficar um piscar de olhos à frente
dos computadores de mira dos droides.
Um estalar tremendo ecoou pelo complexo enquanto disparos de canhão
atingiam o muro em volta do fosso dos murgs, mandando pedaços de rocha
e poeira superaquecida para todo o lado. Jaina desceu a quatro metros e deu
uma cambalhota, então se lançou em uma longa espiral. Havia tantos tiros
que o ar parecia prestes a explodir, e duas vezes precisou usar o seu sabre
de luz para desviar ataques que chegaram tão perto que achou que metade
de seu rosto fosse derreter.
Uma cacofonia de guinchos ensurdecedores soaram atrás dela, quase tão
altos quanto os canhões blaster dos droides. Jaina atingiu o chão rolando e
deu uma cambalhota para se proteger atrás do muro da primeira construção
que encontrou.
Girou para encarar os seus agressores e se surpreendeu ao vislumbrar
uma série de formas cinzas viscosas escalando por uma brecha esfumaçada
no muro do fosso dos murgs. Os olhos das criaturas estavam arregalados,
eles arrastavam longas linhas de baba amarela, e, devido a forma
desajeitada e pernas deformadas deles, eles rastejaram para o complexo
com uma velocidade que Jaina só podia pensar como espantosa.
Uma saraivada de disparos de canhão despedaçou a construção que
usava como proteção, então abruptamente espalhou-se por todo lado.
Espreitou pelo canto e viu que o bando de murgs fugindo ao baterem de
cabeça nos droides de batalha. A maioria enterrou as poderosas mandíbulas
sobre as pernas ou braços dos droides e lutavam para arrastá-los, mas o
menor segurava o que restara do corpo sem vida de Zar na boca e circulava
pelo combate, aparentemente tentando carregá-la em segurança.
Jaina olhou sobre o pátio até Zekk, que estava também agachado atrás
de uma construção, estudando a situação. Alcançou-o na Força e soube
instantaneamente que estavam ambos pensando a mesma coisa: Vai
enquanto dá.
Zekk assentiu pra ela, então rolou na direção oposta e desapareceu atrás
da construção. Jaina fez o mesmo, correndo por um caminho sinuoso que
levava mais ou menos na direção do portão.
Puxou o comunicador e abriu um canal direto para Sneaker.
— Acione esses motores! Estamos voltando com tudo e precisamos
estar prontos para decolar rápido.
Sneaker respondeu com um assobio irritado.
— Sem tempo para explicações, apenas faça! — Jaina ordenou.
Apesar de Jaina não entender realmente os códigos em bipes, era fácil o
bastante adivinhar o protesto de seu astromecânico. Porque estavam com
baixo combustível, Jaina e Zekk desligaram os motores sem queimar o
abastecimento na célula de preaquecimento. Acionar os motores agora
significaria forçar combustível frio nas câmaras de combustão, e isso
implicaria uma completa revisão, presumindo, é claro, que os motores
durariam tempo o bastante para retornar para a base.
Jaina estava na metade do caminho de volta para o portão quando os
murgs passaram por uma intersecção adjacente, agora rindo e grasnando
excitados. Um momento depois ouviu os servomotores sibilantes e sabia
que um dos droides de batalha a encontrara. Desviou em uma curva, mal
escapando da morte quando uma enxurrada de disparos de canhão
explodiram um buraco de um metro de largura na parede de gratenito.
O droide de batalha correu atrás dela, o seu canhão blaster continuando
a socar estrelas negras no prédio atrás dela. Quando Jaina virou na próxima
intersecção, usou a Força para mandar uma pedra barulhenta pela passarela
na direção do portão, então desativou o sabre de luz, abaixou do lado oposto
do prédio, e deitou de barriga na passarela fria.
Pareceu levar uma eternidade para o droide chegar. Jaina começou a se
preocupar que apesar das suas precauções, ele detectara a assinatura térmica
dela com uma varredura de imagem térmica, ou talvez capturara a batida do
pulso dela através de uma análise acústica. Concentrou-se na sua
respiração, tentando acalmar o seu coração com um exercício de
relaxamento que raramente usava.
Do outro lado do complexo veio o som da batalha de Zekk contra o seu
perseguidor, o sabre de luz dele zumbindo abafado contra os rápidos
estrondos do canhão blaster do droide de batalha. Ainda mais preocupante
era o medo e incerteza que Jaina sentiu através da Força, o desespero
crescente enquanto o droide continuava a pressionar os seus ataques.
Começou a temer que Zekk não aguentaria; que chegara a hora de ver se
podia escapar de seu próprio agressor e pegar o de Zekk de surpresa.
E foi quando o distante rugido de uma entrada na atmosfera estalou do
céu. Jaina esticou o pescoço e rapidamente viu uma dúzia de caudas de
efluxo brilhantes cruzando as estrelas. Pensou por um momento que a
Ducha mandara um esquadrão de Miy'tils para reforçar os droides de
batalha, mas percebeu que havia um outro alvo, mais importante, para os
caças.
Jaina pegou o comunicador, pretendendo avisar o seu astromecânico
que o StealthX estava prestes a sofrer um ataque, então ouviu servomotores
sibilando contornando a curva, exatamente como planejara.
Mas o droide de batalha estava sendo atipicamente cuidadoso, tomando
tempo para uma varredura na área com os seus sensores, alerta à
possibilidade de uma emboscada. Jaina segurou a respiração e se pressionou
com mais força contra o chão, tentando se manter calma, tentando diminuir
a sua respiração e coração. O droide provavelmente trocara a sua rotina de
ataque para uma rotina de perseguição, e se não pudesse controlar as suas
respostas corporais, elas a trairiam.
Pelos próximos momentos, Jaina não pôde fazer nada além de deitar no
chão e ouvir os rugidos dos Miy'tils aumentarem. O som do sabre de luz de
Zekk começou a desaparecer enquanto a luta se afastava na direção do
portão, e podia sentir o crescente desespero dele durante o combate. A essa
altura, ele precisava usar a Força para continuar lutando. Logo a pele dele
ficaria irritada com os efeitos de recorrer à Força tão intensamente... e então
ele simplesmente pararia.
Zekk preferiria morrer a arriscar tocar no lado sombrio, e isso era uma
das coisas frustrantes sobre ele. Para ele, uma coisa ou era certa ou errada,
bom ou mau, e isso fazia cada escolha simples. Ou você amava alguém, ou
não. Não havia espaço para incertezas, sem espaço para se sentir confuso
sobre como se sentia, para se perguntar onde estava o limite entre uma
amizade de uma vida inteira e o amor... ou mesmo se havia amor.
Finalmente um par de passos metálicos soou do outro lado da
construção. Jaina permaneceu onde estava, esforçando-se ainda mais para
acalmar o seu coração e respiração. O droide entraria em uma rotina de
varredura agora, e estaria alerta a possibilidade de um ataque.
Outro trio de passos soou do outro lado do prédio, então uma sequência
inteira. Jaina se levantou o mais silenciosamente possível, então deslizou
pela curva e viu o droide de batalha movendo-se por outra passarela na
direção do portão. Ela foi atrás dele, correndo o mais sorrateiramente
possível, o seu sabre de luz ainda desativado mas pronto para atacar.
Abaixou-se escorregando, e uma torrente de disparos coloridos
passaram tão perto que sentiu a pele escaldar sob o calor. O droide abaixou
o braço, explodindo crateras do tamanho de cabeças na passarela enquanto
tentava mirar nela. Jaina ativou o sabre de luz e bateu a lâmina contra o
joelho dele tão forte quanto pôde.
A perna se soltou em uma chuva de faíscas e fluído hidráulico, e o
droide despencou quase em cima dela, tocando o cano do canhão contra o
chão e explodindo o próprio braço enquanto continuava atirando.
Um jato de estilhaços quentes cortou as costas e o pescoço de Jaina.
Continuou deslizando, usando a Força para se afastar, então desligou o
sabre de luz e saltou de pé alguns metros na passarela. Correu fazendo uma
curva logo à frente de um minimíssil que reduziu cinco metros de uma
parede de gratenito em escombros.
Assim que os ouvidos de Jaina pararam de zunir, estava aliviada por
ouvir o boom-boom-boom de uma saraivada de granadas vindo do outro
lado da vila. Alcançou Zekk através de seu combate e sentiu sua presença
de alguma forma à frente, perto do portão. Não havia como dizer
exatamente o que acontecera, mas pelos sons ele, também, encontrara uma
maneira de incapacitar o droide o perseguindo. Eles conseguiriam chegar
aos StealthXs, afinal.
Então uma longa série de explosões sônicas abalou a vila, e Jaina olhou
para cima e viu os Miy'tils descendo em direção aos StealthXs. Ela pegou o
comunicador e abriu um canal para o seu astromecânico.
— Sneaker, levante os escudos. E diga...
Foi interrompida por um pio negativo.
É claro, com todo aquele combustível congelado no sistema, mesmo
ativar os motores não os deixaria com força total.
— Tudo bem, Sneaker. Apenas faça seu ...
O assobio de reconhecimento do astromecânico se perdeu na colisão
retumbante de um míssil detonando. Um clarão brilhante iluminou o céu
fora da vila, então várias outras explosões vieram, cada uma mais luminosa
do que a anterior, e todas na área próxima dos StealthXs.
Quando as explosões terminaram, Jaina alcançara o pátio da frente da
vila. O portão fora fechado, e os murgs o arranhavam com tanto pânico que
escavaram o crodium duro. Zekk estava em cima do muro, olhando na
direção da nuvem de fumaça preta. Mesmo se Jaina não sentisse a sua
frustração, saberia pela nuvem de raiva no rosto dele que os caças foram
destruídos.
Um rugido distante soou sobre o atoleiro, e Jaina olhou para cima para
ver os Miy'tils manobrando para uma nova volta. Ela correu para frente e
saltou com a Força sobre o bando de murgs, então desceu no topo do muro
ao lado de Zekk. Onde os StealthXs estiveram, havia agora seis crateras
fumegantes.
— É melhor sairmos daqui. — Jaina disse. Ela virou a atenção de volta
para o céu e viu que os Miy'tils já estavam mergulhando na direção da vila.
— Você estava certo sobre a Ducha, quando se trata de Jedi, não acredita
existir algo como exagero.
— Não há. — Zekk disse sombrio. — E quando encontrarmos uma
maneira de sair dessa bola de lama, irei caçá-la e provar isso.
Em vez de pular para o lado de fora do muro e correr para se proteger
nos atoleiros, ele voltou para dentro do muro e abriu caminho pelos murgs
aos guinchos até os controles do portão.
— Você está louco? — Jaina gritou de cima do muro. — Esses Miy'tils
vão bombardear tudo em cinco segundos.
— Então me ajude a abrir esses portões!
Jaina começou a protestar, então percebeu que só perderia tempo. Outra
coisa sobre Zekk, ele era tão gentil e corajoso quanto os Jedi deveriam ser, e
nada mudaria aquilo, nem mesmo ela.
— Zekk, às vezes você é insuportável. — Ela usou a Força para puxar
um par de murgs para longe do caminho dele, e ele finalmente alcançou os
controles do portão. — E eu não consigo acreditar que estou dizendo isso,
mas eu meio que estou começando a gostar disso.
— Agora é que você me diz. — Zekk puxou o hackeador de travas de
seu cinto de equipamentos e começou a trabalhar nos controles do portão.
— Me avise quando nosso o tempo acabar.
— Pra quê? — Jaina se virou na direção dos Miy'tils se aproximando.
— Faria alguma diferença?
— Na verdade, não. — Zekk disse. O hackeador de travas surpreendeu
Jaina ao apitar um sinal de sucesso após apenas alguns segundos. Os
portões se abriram, e os murgs dispararam na direção do atoleiro. — Mas é
bom saber que você esperou.
Capítulo 14

Com uma tênue luz azul e o doce cheiro da fumaça de rekka no ar, a
Cantina da Estação Telkur era o tipo de lugar onde clientes inteligentes
mantinham as costas viradas para o maior número de paredes possível. O
único teto era uma desorganizada teia de dutos de ventilação suspensos na
escuridão acima, e havia uma entrada meio escondida em algum lugar junto
de cada uma das oito paredes. Os fregueses estavam aglomerados em
grupos de três ou quatro, sentados ao redor de mesas de aço corroídas e
claramente estudando Han e as suas companheiras.
— O que você está esperando? — Nashtah exigiu por trás de Han. —
Estou com sede.
— Apenas me certificando. — Han disse. Os clientes da cantina eram
exclusivamente humanos e quase-humanos, nenhum droide, e mais ou
menos equilibrados entre homens atraentes com barbas sujas de três dias e
belas mulheres Hapan vestidas para parecerem duronas, mas disponíveis. C-
3PO e os Noghri estavam na Falcon, então Han pensou que ele e as suas
duas companhias femininas iriam se encaixar bem, a não ser que alguém
reconhecesse ele ou Leia de antigas transmissões da HoloNet. — Não
consigo acreditar que a Segurança Hapan não chega até esse lugar.
— Eles chegam... mas não serão muitos. — Nashtah passou por Han e
foi em direção ao bar. — Se eles nos causarem problemas, os matamos.
— Sim, esse é um ótimo plano. — Han retrucou. — Nós não queremos
fazer uma cena ou algo do tipo.
Mas Nashtah já estava na metade do caminho até o bar, sem dúvida
mais ciente dos olhares furtivos acompanhand o seu progresso do que
deixava transparecer. Tendo recusado a sugestão de Leia para que usassem
disfarces, alegando que o seu contato não apareceria a não ser que ela e os
Solos fossem facilmente reconhecidos, agora parecia determinada a atrair a
atenção da estação inteira.
— Não gosto disso. — Han disse para Leia. — Ela está nos testando.
— Claramente. — Leia disse. — Mas ela é nossa única pista. O que
vamos fazer?
— Que tal não acompanhar? — Han pegou o braço de Leia e a virou na
direção do sujo corredor de acesso. — Voltamos para a Falcon e a deixamos
vir até nós.
Leia o puxou de volta para a entrada da cantina.
— E arriscar que ela desapareça? — Ela se livrou do aperto dele. —
Não podemos. Muita coisa depende dela.
Leia foi atrás da companheira deles. Han xingou baixinho, então
relutantemente seguiu a dupla na direção do bar. A cantina era quase
certamente observada pela Segurança Hapan, e Nashtah estava
deliberadamente expondo os Solos para ver o que aconteceria. Se alguém
tentasse matá-los ou capturá-los, provavelmente aceitaria a história deles e
os deixaria levá-la pelo resto do caminho até os chefes dela. Por outro lado,
se nada acontecesse, ou se os esforços de captura parecerem falsos, ela
fugiria sorrateiramente ou tentaria matá-los ela mesma. Han apostava no
último.
No bar, um bartender vestindo avental com uma covinha no queixo e
olhos escuros apareceu para pegar os pedidos. Han suspeitou imediatamente
do corpo atlético e do rosto barbeado do sujeito, mas se ele era um agente
Hapan, era um bem preparado. Ele preparou o Névoablaster de Leia e até
mesmo o Nuvem Vermelha de Nashtah sem consultar o datapad atrás do bar
para as receitas dos drinques.
Ele colocou os dois drinques no balcão, junto com uma cerveja Gizer
para Han, então disse:
— Trinta créditos.
— Trinta créditos? — Han objetou. — Entendo porque chamam isso de
estação pirata.
O bartender simplesmente apontou para o Nuvem Vermelha de Nashtah.
— Sangue não é barato.
— Sangue? — Han fez uma cara azeda, mas tirou um par de chips de
créditos do bolso e os colocou no balcão. — Por esse preço, espero que seja
o seu.
Eles sentaram-se no canto mais próximo, em uma mesa manchada por
ferrugem que parecia não ser limpa há um mês. Leia se recusou a abaixar o
copo, e mesmo Han se absteve de colocar os cotovelos na superfície. Se
Nashtah notou a sujeira, não demonstrou, simplesmente se jogou no banco
oposto aos Solos com as costas contra a parede, então apoiou um braço
sobre a mesa.
Han deu um gole da Gizer e franziu a testa para o quão rala ela estava.
— Espero não termos que esperar muito. — Ele olhou ao redor da
cantina casualmente, tentando decidir se o contato de Nashtah era o cara de
macacão novo ou aquela morena elegante com um colete de syntex. — Não
consigo me obrigar a beber duas dessa. Ela foi fabricada quando Ta'a
Chume era Rainha-mãe.
Nashtah deu de ombros.
— Pode levar um tempo, vocês são companhias inesperadas, então o
meu contato será cuidadoso. — Ela deu um longo gole de seu Nuvem
Vermelha, então o ergueu na direção de Han. — Mas você pode sempre
tentar um desses. Eles são frescos.
Han fez uma cara azeda.
— Não, obrigado. Prefiro beber água.
— Daqui? — Leia olhou para a mesa suja. — Não se atreva.
Eles se sentaram por um tempo, esperando por um contato que
provavelmente não existia os abordar. Han e Leia apenas bebericavam os
seus drinques, Han porque a sua Gizer mal tinha gosto de cerveja, e Leia
porque odiava Névoablasters e apenas pedia quando queria uma bebida sem
ter de pensar nela. Mas Nashtah bebia com mais firmeza, secando metade
de seu copo dentro dos primeiros vinte e cinco minutos.
Após mais alguns minutos, ela se inclinou sobre a mesa para Leia.
— Alguém está observando você.
— Sim, também sinto isso. — Leia disse.
— Provavelmente uma equipe de vigilância Hapan. — Han disse
ironicamente. — Talvez devêssemos sair daqui antes dos reforços
chegarem.
Nashtah balançou a cabeça.
— Ele não parece Hapan. E você talvez o conheça. Ele está se
esforçando muito para se manter longe de sua vista.
Han se virou na direção de Leia, virando o banco como se fosse encará-
la... e lançando um olhar na direção do canto onde Nashtah olhava. Ele
vislumbrou um homem de ombros quadrados com uma barba grossa e uma
cabeleira escura pendendo sobre os olhos. O sujeito rapidamente se virou na
direção da parede para esconder o seu rosto, mas falhou em mudar a
postura... ou a precisão militar dos seus movimentos.
— Você sabe, algo realmente parece familiar nele. — Han disse. — Ele
está tentando esconder, mas aquele cara é um soldado, e eu tenho uma
sensação maluca de que nós o conhecemos sim.
— Deveríamos. — Leia disse. Ela ainda olhava por sobre a mesa na
direção de Nashtah, mas Han podia dizer pelo olhar desfocado dela que a
sua concentração estava na Força. — Eu acho que ele quase se casou com
nossa filha.
— O quê? — Han falou alto o bastante para, apesar do barulho
estridente da música, atrair olhares de várias mesas próximas. Ele diminui a
voz e se inclinou para Leia. — Qual é. Você não pode estar me dizendo que
ele é quem eu penso que seja.
— Eu não entendo, também. — Leia disse. — Mas a presença dele
parece muito familiar.
— Vocês o conhecem? — Nashtah perguntou. — Então nós devemos
dizer oi.
Antes de Han poder impedi-la, Nashtah se levantou e seguiu pela
cantina, balançando o suficiente para sugerir que não estava fingindo.
— Uh-oh. — Leia disse. — Isso parece problema.
Os Solos se levantaram e correram atrás dela. Han estava surpreso pela
condição de Nashtah. Seja lá o que ela fosse, claramente ela era uma
assassina de primeira, e assassinos de primeira não se deixavam ficar
embriagados em um trabalho, e provavelmente em outras ocasiões,
tampouco.
Eles chegaram atá a mesa do homem barbudo assim que Nashtah
sentou-se no banco oposto a ele.
— ... por que está seguindo meus amigos. — ela estava dizendo. — e
sua morte será indolor.
— Você precisa perdoar a nossa amiga. — Leia disse, sentando-se no
banco ao lado do homem na mesa. — Temo que ela não se controle muito
bem.
— É, ela provavelmente vai errar. — Han sentou-se no banco ao lado de
Nashtah, se posicionando perto o bastante para que ela tivesse de empurrá-
lo antes de poder alcançar o blaster no coldre da coxa. — Pelo menos a
primeira vez.
— Então vamos torcer para que não chegue a isso. — O homem
barbudo relutantemente desviou o olhar da parede. Apesar do cabelo
suspenso sobre as sobrancelhas esconder a cicatriz torta em sua testa, não
havia como confundir os olhos verdes de aço. — Porque eu nunca erro a
primeira vez.
Nashtah ficou tensa, mas Han bateu a mão em sua coxa, bloqueando o
acesso ao coldre, e sorriu sobre a mesa.
— Jagged Fel! — Ele estava genuinamente contente. — É bom ver que
não o matamos afinal.
Leia franziu a testa.
— O que Han quer dizer é que estamos felizes em vê-lo bem.
Perguntamos sobre você muitas vezes, mas o Aristocra Formbi sempre
alegava que a sua condição era um segredo militar.
— Porque eu ainda precisava ser resgatado. — A voz de Fel era
educada, mas reservada. — Após vocês me derrubarem, eu fiquei encalhado
por dois anos.
— Dois anos? — Leia tocou o antebraço dele, hesitando visivelmente
mesmo do outro lado da mesa. Ela rapidamente recolheu a mão. — Jagged,
eu sinto muito. Antes de partirmos de Tenupe, o Aristocra Formbi nos levou
a acreditar que o seu resgate era iminente.
— Tenupe pode ser um planeta bem perigoso, como você sabe. — ele
disse. — O time de resgate desapareceu, e a decisão tomada foi a de não
arriscar mais vidas em favor de um piloto.
— Desculpe, garoto... isso foi dureza. — Han disse. — Então como
você saiu da selva?
— A minha família contratou uma empresa de resgate privada, e um dos
grupos de busca encontrou um.... — Fel parou, escolhendo as palavras
cuidadosamente. — Eles encontraram um fim lamentável. Eu consertei um
dos aparelhos de comunicação, e quando o próximo grupo chegou
procurando por eles, eu consegui fazer contato.
— A Estação Telkur é bem longe das Regiões Desconhecidas. —
Nashtah disse desconfiada. — O que você está fazendo aqui.
— Procurando pelos Solos, é claro. — Fel disse.
Han ergueu a sobrancelha.
— Garoto, se isso é sobre Jaina...
— Não é. — Fel disse, um pouco forçado. — Jaina já causou problemas
suficientes à família Fel para uma vida inteira.
— Tudo bem. — Han disse, estremecendo por dentro pela agudez na
voz de Fel. Ele sempre gostou um pouco de Fel, e houve uma época em que
ele teria alegremente o recebido como genro, exceto pela parte sobre
arrastar Jaina para viver na Ascendência Chiss. — Eu estava apenas
dizendo que se...
— Estou aqui por causa de Alema Rar. — Fel disse, o cortando.
— Alema? — Leia franziu a testa. — Não entendo. Ela está morta.
— Não mais do que eu. — Fel disse.
Han olhou para Leia.
— Você disse que um tipo de aranha-preguiça a comeu!
— Eu disse que tinha quase certeza. — Leia corrigiu. Ela olhou para
Fel. — A criatura tinha metade do corpo dela na boca. Não consigo
imaginar como ela escapou... muito menos como sobreviveu.
— Eu garanto a você, ela fez ambos. — Fel disse. — A criatura.... —
Ele deixou a frase no ar quando o bartender subitamente apareceu
carregando os drinques que Han, Leia e Nashtah deixaram na primeira
mesa.
— Uma mesa por vez. — O bartender disse. Ele abaixou os copos e se
virou para Fel. — Vai beber ou ir embora?
Os olhos de Fel foram até a caneca de cerveja à frente de Han.
— Tomarei uma daquelas.
O bartender resmungou uma confirmação e saiu.
Han olhou os copos. Da bebida dele e de Leia ainda restavam três
quartos, mas Nashtah bebera quase todo o drink.
— Esse bartender parece bem determinado a nos ver terminando as
bebidas.
— Eu não o satisfaria, se fosse vocês. — Fel disse.
Nashtah estreitou os olhos.
— Por quê?
— Porque beber pode fazer mal à saúde. — Han disse, resistindo à
vontade de olhar em volta. Ele tinha quase certeza de que o bartender era
parte da equipe de Segurança Hapan, e ele queria ouvir o resto da história
de Fel antes da briga começar. — Nunca ninguém lhe disse isso?
Nashtah se virou para olhar o bartender, mas não disse nada.
Fel fingiu não notar e voltou o seu olhar para Leia.
— Estava prestes a lhe contar sobre Alema. — ele disse. — Ela matou a
criatura antes que tivesse a chance de comê-la.
— Você encontrou a carcaça? — Leia perguntou.
Fel balançou a cabeça.
— Corpos se decompõem muito rápido na selva.
Ele colocou a mão dentro da jaqueta, fazendo Nashtah alcançar o coldre
na coxa novamente.
— Calma aí! — Han disse, conseguindo agarrar o braço da assassina
antes que ela pudesse sacar o blaster.
Nashtah o olhou descrente.
— Como você fez isso?
— Velho truque de contrabandista. — Han disse casualmente. Algo
definitivamente estava errado com a bebida deles. Ele vira o quão rápida
Nashtah era, e ele nunca seria capaz de impedi-la, nem em seu melhor dia a
trinta anos antes. — Jag não vai machucar ninguém aqui. Ele apenas quer
nos mostrar algo.
Nashtah olhou sobre a mesa, mas afastou a mão do coldre.
— Não tente nada estúpido.
— Você não tem o que temer de mim, eu lhe asseguro. — Fel disse.
Quando ficou claro que ela não tentaria atirar nele, ele puxou um rolo de
tiras trançadas de dentro da jaqueta. Ele o segurou na frente de Leia. —
Você sabe o que é isso, presumo?
Leia assentiu.
— Um cordão de memória Twi'lek... um bem longo.
— Correto. Eu o encontrei em Tenupe, logo após descobrir os corpos do
grupo de busca comercial que mencionei. — Ele o colocou sobre a mesa. —
Mas o hospedeiro estava faltando, e eu segui os rastros de uma fêmea coxa
até uma caverna onde ela vivia.
— E lá você encontrou isso? — Leia perguntou.
Fel assentiu.
— A minha família o enviou para ser pesquisado. A primeira parte
parece recontar como ela se salvou ao cortar a garganta da aranha-preguiça
por dentro. A criatura a mordeu como você descreveu, mas ela já estava
morrendo e não causou tanto dano quanto você levou o Aristocra Formbi a
acreditar.
— O sabre de luz dela estava ativado quando a criatura a pegou. — Leia
disse. — Só não achei que ela mataria a coisa rápido o bastante para
sobreviver.
— Ela quase não matou. — Fel disse. Ele apontou para o próximo
conjunto de nós. — Esses descrevem as feridas dela e a recuperação. O
braço dela e seis costelas foram fraturados, e ela sofreu ferimentos
profundos no abdômen e nas costas. Felizmente para ela, e infelizmente
para nós, quando os Killiks evacuaram após a batalha, deixaram milhares de
desgarrados para trás. Ela foi capaz de convocar um pequeno grupo para
cuidar dela.
— Espere um minuto. — Han disse. Ele estava fazendo o seu melhor
para ficar de olho no resto da cantina, e até então o time de Segurança
Hapan parecia disposto a esperar que terminassem os seus drinques e
desmaiassem. — Você está dizendo que os Killiks ainda estão lá?
— Duvido. — Fel disse. — Eles eram náufragos, como eu era. Eu os,
hum, encontrei regularmente durante o primeiro ano. Mas eles eram sempre
de ninhos diferentes, e no segundo ano eles começaram a desaparecer. Acho
que viveram as suas vidas e morreram.
— Isso faz sentido, Killiks têm expectativa de vida curta. — Leia disse.
— Mas um ano seria o suficiente para cuidar de Alema até ela se curar.
— De fato. Ela registrou a morte de cada um deles em detalhes. — Fel
parou, então indicou um conjunto de nós que pareciam se repetir a cada
quatro ou cinco centímetros. — Mas esses nós são a razão pela qual estou
aqui. Eles parecem ser uma lista de lesões recorrentes infligidas por suas
mãos, e os nós no meio parecem ser listas de possíveis retaliações.
— Onde quer chegar? — Han pediu. — Você está dizendo que a maluca
safada está vindo atrás de Leia?
— Estou contando o que encontrei na caverna dela. — Fel respondeu
calmamente. — O que farão com isso é problema seu .
Os olhos de Leia mandaram um aviso para Han, então ela se virou para
Fel.
— Obrigada por me contar, Jagged. Depois do que aconteceu em
Tenupe, eu sei que não deve ter sido fácil para você.
— Fácil não importa. — O olhar de Fel ficou distante e talvez um
pouco duro. — Você me avisou para ejetar, e eu tinha um débito a retribuir.
Agora está feito.
— Entendo. — A expressão de Leia se tornou triste. — Então agora
você retornará para a Ascendência?
Fel balançou a cabeça.
— Não, observarei vocês.
Han teria perguntado o porquê, porém o bartender retornou. Ele colocou
a cerveja de Fel na mesa, então franziu a testa para Nashtah, que estava
caída no canto com o mesmo olhar desfocado que Leia geralmente assumia
quando entrava em um transe da Força.
— A Carequinha está bem? — Ele perguntou. — Não quero ninguém
morrendo aqui.
— Ela esstá bem. — Han enrolou as palavras deliberadamente, mas ele
realmente estava se sentindo um pouco quente e sonolento. — Apenasss
esssqueceu de fechar os olhosss.
O bartender fez uma careta, desconfiado. Han pensou ter exagerado,
mas Fel fez questão de erguer a própria caneca até os lábios e tomar um
pequeno gole.
— Excelente. — Ele estalou os lábios com um prazer exagerado, então
colocou a caneca na mesa e limpou a espuma com a manga. — Mata a sede
mesmo.
Han franziu a testa.
— Sério? Você não acha que essstá um pouco rala?
— Nem um pouco. — Os olhos de Fel desviaram nervosos. — Mas
quando se trata de cervejas, meu gosto não é muito refinado.
— Deve ser issso. — Han ergueu a própria caneca até os lábios e deu
um pequeno gole, então assentiu. — Sim, quanto maisss você toma, melhor
fica.
O bastender resmungou e retornou para o bar.
Assim que ele partiu, Han se virou para Fel.
— Então por que está nos observando?
— Porque nós somos a isca. — Leia resumiu. O rosto dela estava um
pouco corado, mas ela parecia alerta o bastante para terminar a conversa e
correr. Ela se virou para Fel. — Sua missão é caçar Alema e garantir que ela
não possa reiniciar o Ninho Sombrio, não é?
— Essa é minha intenção, sim. — Fel disse. — Mas não minha missão.
Não faço mais parte do exército da Ascendência.
Han franziu a testa.
— Se não está em missão, o que está fazendo aqui?
— Não tenho nada a esconder. — Fel fingiu tomar outro longo gole da
caneca. — Estou em exílio.
— Exílio? — Leia perguntou. — Por quê?
— Como você sabe, eu garanti a liberdade condicional de Lowbacca em
Qoribu. Quando ele participou do ataque ao Depósito de Suprimentos
Thrago, minha família se tornou responsável pelo dano causado à
Ascendência daquele ponto em diante.
Um olhar de tristeza subitamente veio ao rosto de Leia, e o estômago de
Han parecia vazio. Não fora ele que enganara Lowbacca e os outros para
atacar o Depósito de Suprimentos Thrago, mas havia sido o seu filho,
Jacen.
— Como sei que sabem, Wookiees podem causar bastante dano. — Fel
continuou. — Especialmente os Wookiees Jedi. Quando a minha família
não conseguiu cobrir as despesas, eu fui forçado a deixar a Ascendência.
O queixo de Leia caiu.
— Jagged, sinto muito. Se houver qualquer coisa que possamos...
— Não há. — Fel disse, um pouco cortante. — Não há nada que
qualquer Jedi, ou Solo, possa fazer para mudar o decreto das famílias
dominantes.
— Sei que as coisas parecem ruins agora, mas dê tempo ao tempo. —
Leia disse. — Após você encontrar Alema, tenho certeza de que a
Ascendência reconsiderará...
— Então você não conhece a Ascendência. — Fel gritou. — Encontrar
Alema redimirá a honra de minha família e dará a eles meios de refazer a
sua fortuna. Mas a minha situação continuará a mesma; se eu algum dia
retornar para a Ascendência, minha família inteira será desonrada.
— Bom, o que pudermos fazer. — Han não gostou do tom que Fel usou
com Leia, mas o garoto tinha uma boa razão para estar com raiva. — Nos
use como isca como quiser... todo mundo usa.
Ele lançou um olhar significativo para Nashtah, que ainda estava caída
contra a parede, encarando o nada.
— Estou usando vocês como isca. — Fel empurrou a caneca para o
centro da mesa e começou a se levantar. — E agora, se puderem me dar
licença...
— Não tão rápido. — Han deu uma olhada em volta rapidamente e
ficou desanimado ao notar meia dúzia de olhos virados na direção deles. —
Há apenas uma coisa sobre a sua história que me incomoda.
Jag não retornou ao seu assento.
— Isso realmente não é problema meu, Capitão Solo.
— Pelos velhos tempos. — Leia disse. Ela agarrou Fel por trás do
cotovelo e, usando a Força, o puxou de volta para o banco. — Eu acho que
Han quer dizer que o seu relato não está batendo.
— É. — Han disse. — É exatamente isso que estou dizendo. De jeito
nenhum você nos encontrou sozinho.
— Na verdade, não foi nem um pouco difícil. — Fel disse. — A
HoloNotícias está cheia de histórias sobre a sua deserção para Corellia.
— Aqui não é Corellia. — Han disse.
— Verdade, mas eu por acaso vi um comunicado do Almirante Bwua'tu.
— Fel olhou nervoso pela cantina, então continuou. — Ele estava
convencido de que o próximo passo de Corellia seria uma tentativa de
convencer Hapes a entrar na guerra do lado deles.
— Você está mentindo. — Han disse, com mais esperança do que
convicção. Apesar de sua fúria por Gejjen os ter usado para montar uma
tentativa de assassinato contra Tenel Ka, o seu coração permanecia com
Corellia, e o assustava pensar que a Aliança Galáctica era boa o bastante
para prever o plano desesperado de Gejjen. — Ninguém vê esse tipo de
comunicado.
— Há muitos oficiais na Aliança Galáctica que valorizam a honra tanto
quanto os Chiss. — Fel disse. — É difícil acreditar que um deles iria me
ajudar a caçar Alema Rar? Especialmente já que foi a Aliança quem
declarou a morte dela?
— Ele tem uma questão. — Leia disse para Han. — E eu não sinto que
ele esteja mentindo.
Han entendeu o que ela dizia, que podia sentir pela Força que Fel dizia a
verdade. Mas permaneceu desconfiado.
— Ainda é um longo caminho dessa mensagem até a Estação Telkur.
— Não tanto quanto você pensa, Capitão Solo. — Fel disse. — Vocês
dois conhecem a Rainha-mãe desde que ela era uma criança. Quem mais
Corellia mandaria?
— O que te coloca no meio do caminho. — Leia apontou. — Mas nada
do que você disse explica como você foi de Hapes até a Estação Telkur.
— Essa é a parte mais simples de todas. — Fel olhou ao redor da
cantina. — Eu os segui.
Han seguiu o olhar de Fel até o bartender, que fingia limpar o balcão,
mas os observava.
— É claro. — Leia disse baixinho. — Segurança Hapan.
Fel assentiu.
— A equipe dele partiu do Palácio da Fonte algumas horas após o seu
ataque contra a Rainha-mãe.
— É mesmo? — Irritava Han deixar Fel acreditar que ele e Leia
realmente tentaram matar Tenel Ka, claramente, o garoto já chegara a
conclusão de que nenhum dos Solos tinha honra, mas Han dificilmente
podia acertar as coisas com Nashtah sentada ao lado dele. — E você por
acaso colocou o seu sinalizador na nave deles?
— Na verdade, não. — Fel se levantou novamente. — Eu escolhi essa
equipe porque eu ouvi um técnico do hangar dizer que iriam para o mais
perverso covil de corrupção e decadência no espaço do Consórcio.
Naturalmente, eu sabia que você apareceria cedo ou tarde.
— Você talvez queria ser mais cuidadoso em como fala isso da próxima
vez. — Han estava cansado do ato de exílio amargurado de Fel, mas tinha
de admitir que a lógica do garoto era boa. A Estação Telkur era exatamente
o tipo de lugar onde uma nave fora da lei rondando nessa parte do
Consórcio iria eventualmente parar para suprimentos. — Mas obrigado por
nos avisar sobre as bebidas.
— De nada, no entanto, suspeito que vocês estavam esperando
problemas. — O olhar de Fel caiu sobre Nashtah, que agora estava sentada
ereta e piscando. — Agora, vocês terão de me dar licença. Essa luta
realmente não é da minha conta.
Fel andou na direção da saída, deixando Han e as suas companheiras
para localizar a equipe de segurança. Não era difícil. Eles eram aqueles se
esforçando demais para cuidar da própria vida, parecendo mais interessados
nas bebidas ou na conversa ao que acontecia ao redor deles. Han
rapidamente contou uma equipe de vigilância padrão de seis agentes,
incluindo o bartender. Eles estavam espalhados pela cantina perto das
saídas, com uma visão clara dos Solos, e bem posicionados para cortar
qualquer tentativa de fuga.
Não demorou para localizar o líder da equipe. Han esperava uma
mulher no comando e inicialmente não prestou atenção no sujeito magricela
sentado sozinho na ponta do bar. Mas da segunda vez que olhou, o homem
estudava os copos meio cheios e murmurava para a sua bebida.
— Acabou nosso tempo. — Enquanto Han falava, ele balançou as
pernas debaixo da mesa e abaixou a mão na direção do coldre do blaster. Se
ele quisesse convencer Nashtah que ele e Leia falavam sério sem muito
derramamento de sangue, ele precisava agir agora. — Acho que estão
bravos porque não gostamos dos drinques.
O líder desviou o olhar e murmurou para a bebida com mais urgência.
Han configurou o blaster para atordoar, então sacou e atirou duas vezes sem
se levantar.
O primeiro disparo passou de raspão no abdômen do líder, derretendo
uma linha escura na frente da túnica dele o fazendo se curvar de dor. O
segundo o pegou em cheio no flanco, derrubando-o no chão em uma massa
convulsionante.
No instante de silêncio de choque que se seguiu, Han pensou que o seu
plano pudesse dar certo, que ele, Leia e Nashtah poderiam desaparecer
pelos corredores confusos da estação antes da equipe de vigilância se
recuperar do choque.
Então ele se levantou. Os seus joelhos enfraqueceram e a cabeça
começou a girar, e ele precisou se apoiar na mesa.
— Han? — Puxando o seu sabre de luz de dentro de seu robe enquanto
se movia, Leia se levantou e começou a alcançá-lo, então precisou abaixar a
mão para se segurar. — Opa. Negócio forte.
— É. — Han disse. O time de segurança já estava se recuperando do
choque e sacando armas. — Pega você de jeito.
— Renatyl, um favorito dos caçadores de recompensa. — explicou
Nashtah. Subitamente parecendo alerta e pronta para a luta, claramente um
resultado do transe da Força que entrara. — Você não nota até tentar se
levantar, então você cai de cara no chão.
— Obrigado pelo aviso. — Han reclamou, começando a se sentir ainda
mais enjoado e zonzo.
Metade da equipe de segurança, dois homens altos e corpulentos e uma
mulher de olhos duros com bochechas altas e sobrancelhas finas, já estavam
levantando as pistolas blaster e gritavam ordens para se renderem. O sabre
de luz de Leia ganhou vida com um forte snap-hiss, mas Nashtah não
mostrava sinais de se levantar para partir com os Solos.
Han franziu a testa pra ela.
— Você vem?
— Ainda não. — Ela sacou o blaster de cano longo do coldre na coxa.
— Eu odeio ser drogada.
— Então é melhor vir conosco agora. — Han disse. Ele foi até ela,
estendendo a mão para ajudá-la, mas na verdade tentando bloquear a linha
de fogo dela. — Se você achou isso ruim, espere até os interrogatórios
Hapan...
Nashtah ergueu o blaster e apertou o gatilho, mandando um disparo de
calor azul raspando pela orelha de Han. Ele gritou espantado, então se virou
e viu o bartender caindo atrás do bar, um blaster repetidor T-21 voando das
mãos dele e um punhado de fumaça subindo entre os olhos dele.
Han abaixou a cabeça.
— Eu realmente gostaria que não tivesse feito isso. Agora as coisas vão
ficar...
Antes de poder terminar, a cantina irrompeu em um tumulto de vozes
gritando e armas aos berros. O sabre de luz de Leia rugia enquanto ela
trazia a lâmina para se defender.
— Han! — Ela berrou. — Uma ajudinha?
Han girou e encontrou Leia freneticamente desviando rajadas de tiros de
blaster, fazendo o seu melhor para evitar machucar alguém ao direcionar os
ataques para a teia de dutos que servia como o teto da cantina. Mas o
Renatyl estava fazendo efeito nela, diminuindo seus reflexos o bastante para
alguns disparos ricochetearem na parede ou chão, e alguns até mesmo
deslizavam e passavam gritando pela cabeça de Han.
mantendo o seu próprio blaster configurado para atordoar, Han começou
a devolver os tiros, concentrando em um trio de agentes entre eles e a saída.
Ele derrubou um, e Leia seguiu na direção da saída, cambaleando e
balançando.
Disparos de blaster começaram a fluir por trás. Han se virou para cobrir
o fogo, mas a cantina entrou em um giro alimentado pelo Renatyl, e ele não
pôde ver nada além de redemoinhos de cores embaçadas. Ele apontou o
blaster para o fluxo de disparos azuis e segurou o gatilho, então gritou em
choque quando algo quente bateu em seu ombro.
Han estava no chão antes de saber que estava caindo, as suas narinas
queimando com o cheiro de carne chamuscada, um lado de seu corpo
latejando com uma dor excruciante. Para sua surpresa, ele ainda estava
segurando a pistola blaster, atirando na direção de um par de formas
amorfas que rapidamente tomavam a forma de agentes de segurança
avançando.
— Han? — Leia gritou. — Você está...
— Ele vai ficar bem! — Nashtah falou. Finalmente decidindo ajudar,
ela deslizou para fora do banco e ajoelhou ao lado de Han. Ela atirou duas
vezes, e ambos os agentes caíram com buracos queimados nos rostos. —
Talvez eu acredite na sua história afinal de contas.
— Tarde... demais. — Han gemeu. — Se nós sairmos daqui, você está
por sua conta.
— Oh... você está bravo? — Nashtah deu tapinhas na bochecha dele,
então se virou na direção de Leia. — Que fofo.
Ela atirou uma dezena de vezes, e subitamente o único som na cantina
era o zumbido do sabre de luz de Leia. Han rolou para ficar de joelhos,
quase desmaiando pela dor e o Renatyl, e girou. Leia estava dois metros à
frente, segurando o seu sabre de luz de lado e encarando os corpos imóveis
de vários agentes de Segurança Hapan.
Quando ficou óbvio que estavam todos mortos, Leia desativou o seu
sabre de luz e ajoelhou-se ao lado de Han.
— Quão ruim...
— Vou viver. Temos outras coisas com que nos preocupar. — Han
desviou o olhar até Nashtah, que ainda estava ajoelhada no chão ao lado
dele. — Essa é só uma equipe de vigilância, mas...
Han estremeceu de dor quando Leia o colocou de pé.
— ... eles devem ter chamado reforços no minuto que nos identificaram.
— ela disse, terminando a frase dele. — Você está certo... temos que dar o
fora daqui.
— Antes de encontrarmos meu contato? — Nashtah perguntou.
— Que contato? — Han exigiu. — Você está só nos testando.
Mas Nashtah já cambaleava na direção dos fundos da cantina,
claramente sentindo os efeitos do Renatyl ainda mais do que os Solos.
Apesar da maioria dos clientes terem evacuado o mais rápido possível, uma
morena elegante em um colete de syntex vermelho estava parada na saída
dos fundos, os seus olhos indo de um lado para o outro, nervosa enquanto
Nashtah se aproximava.
O ombro de Han estava acabando com ele, mas ele começava a pensar
que isso fora mais do que um teste afinal.
— O que você acha? — Ele perguntou para Leia.
— Acho que passamos. — Leia disse. — Você está pronto para isso?
— Por Tenel Ka, estou pronto para qualquer coisa.
Han liderou o caminho até Nashtah, se contorcendo por dentro enquanto
ele e Leia pisavam em volta de clientes feridos e agentes de segurança
imóveis. Ele estava enojado pelo pensamento de tantas pessoas morrendo
apenas porque Nashtah era preguiçosa demais para ajustar a configuração
de seu blaster, mas as apostas eram altas demais para deixar os seus
sentimentos à mostra. As vidas de Tenel Ka e a filha dela dependiam de
descobrirem quem estava por trás do golpe, assim como a estabilidade do
Consórcio Hapes.
Até Han e Leia chegarem, Nashtah já estava conversando com a mulher.
— ... vir junto? — Ela perguntava.
— Esse foi o combinado. — A mulher olhou os Solos e franziu a testa.
— Para nós duas.
— Esses agentes provaram que os Solos estão do nosso lado. —
Nashtah disse, indicando com a mão os Hapans mortos.. — E eu preciso de
uma carona. O seu plano de assassinato foi uma cilada.
— Isso é impossível. — a mulher retrucou. — Se você pensa que o
conselho vai aceitar a culpa pelo o seu fracasso...
Nashtah cobriu a boca da mulher com a mão, então a jogou contra uma
parede de duraço e se inclinou para perto.
— Não é uma questão de se o conselho vai aceitar, Lady Morwan. — A
voz de Nashtah era fria e ameaçadora. — É uma questão do que eu vou
fazer.
Os olhos da mulher deslizaram na direção de Leia como se pedindo
ajuda.
— Ela está certa, Lady Morwan. — Leia disse. — Eles nos esperavam.
Alguém no seu conselho é um espião.
Os olhos de Morwan se arregalaram em espanto, e Han teve de forçar a
si mesmo para não sorrir. Eles já descobriram muito sobre o golpe, mas
Leia fizera algo ainda mais importante: ela começara a semear a suspeita e
discórdia dentro da própria organização.
Após um momento, Morwan assentiu, e Nashtah removeu a mão.
— O que vai fazer? — Morwan perguntou. — Espião ou não, o
conselho lhe pagou o tesouro de um Hutt. Eles esperam que você faça valer
o seu pagamento.
— Eu farei... do meu jeito.
Morwan considerou por um momento, então disse:
— Muito bem... mas o Conselho quer que você cuide da Chume'da
primeiro.
— A criança? — Nashtah franziu a testa. — E quanto à Rainha-mãe?
— Depois. — Morwan disse. — Sempre podemos encontrar a Rainha-
mãe. Mas agora que deixamos as nossas intenções claras, a Chume'da será
enviada para um esconderijo.
Nashtah nem mesmo hesitou.
— Exigirei uma nova comissão.
— É claro, assim que eliminar a Chume'da. — Morwan disse. — A sua
primeira comissão será o pagamento por isso.
Nashtah considerou, então assentiu.
— Combinado. — Ela deu um passo para trás e alisou o colete de
Morwan. — Com que tipo de embarcação você veio até aqui?
— Um Esquife Batag. — Morwan abaixou a sobrancelha, claramente
confusa. — as suas instruções diziam para vir em algo pequeno e discreto.
— E você fez bem. — Nashtah disse. — Me dê o código de segurança.
Morwan franziu a testa.
— O código de segurança?
— Eu preciso de transporte. — Nashtah olhou para Han. — A Falcon
não é muito discreta, mesmo com os códigos de transponder falsos.
— Mas como eu...
— Você não é meu problema. — Nashtah enfiou o dedão na laringe de
Morwan. — O código!
— Alophon! — Morwan engasgou. — Esse é o código para a escotilha.
Nashtah diminuiu a pressão na garganta de Morwan.
— E o código de piloto?
— Remela.
Nashtah sorriu.
— Foi assim tão difícil? — Ela abaixou a mão e se virou para Han e
Leia. — Eu acredito que não nos encontraremos novamente... suspeito que
seja mais prazeroso para mim do que para vocês.
— É isso? — Han perguntou. — Você simplesmente vai embora?
Nashtah pensou por um momento, então ergueu a sobrancelha como se
lembrasse de algo.
— Ah... o problema com o seu filho. — Ela pegou um datachip do cinto
de utilidades e o passou para Han. — Instruções de contato. Deixe uma
mensagem quando estiver pronto.
Ela seguiu na direção da saída, então parou e olhou pra trás, sorrindo.
— Espero que vocês entrem em contato. Estou ansiosa em trabalhar
com vocês nisso.
— Não vai acontecer. — Leia disse, pegando o chip de Han. — Jacen é
o nosso filho.
— E Tenel Ka era a sua amiga. — Nashtah rebateu. — Ainda assim
aqui estamos.
Ela desapareceu pela saída, deixando Han e Leia parados lá furiosos.
Han capturou o olhar de Leia, então olhou na direção de Nashtah,
silenciosamente perguntando se deveriam tentar eliminar a assassina agora.
Leia balançou a cabeça rapidamente. Com Han já ferido, ele sabia, as
chances eram poucas. Além do mais, havia uma boa chance de Tenel Ka e
sua equipe de segurança, sem mencionar o Star Destroier, impedirem
Nashtah sozinhos. O que eles não poderiam fazer, no entanto, era descobrir
quem estava no misterioso “conselho” de Morwan.
Leia escorregou uma mão sob o braço de Han.
— Vamos, piloto... é melhor levarmos você de volta para a Falcon e dar
uma olhada nessa queimadura de blaster.
Ela o virou na direção do lado oposto da cantina e começou a andar,
então subitamente parou e olhou por cima do ombro como se acabasse de se
lembrar de algo.
— Desculpe minha indelicadeza, Lady Morwan. Podemos te oferecer
uma carona para algum lugar?
— Por favor. — Morwan os seguiu, nem mesmo tentando esconder o
seu alívio. — Tive medo de você não perguntar.
Capítulo 15

Após uma partida apressada da Estação Telkur, a Falcon emergiu de seu


primeiro salto do hiperespaço em um bolsão de espaço real listado nos
mapas como “Buracos Emaranhados”. Até onde Leia podia dizer, o nome
era uma referência às dezenas de estreitas vias de hiperespaço que
atravessavam as profundezas negras das Névoas Transitórias, criando uma
cortina rasgada de formas irregulares cheia de estrelas. Han, que estava
sentado no assento do copiloto enquanto Leia pilotava, apontou na direção
de um crescente de estrelas pairando a estibordo da janela.
— Por... ali. — Han estava suando pela dor e incapaz de mover o seu
ombro ferido, mas se recusara a ir até a enfermaria até estarem a uma
distância segura da Estação Telkur. Olhou para trás na direção de Lady
Morwan, sentada atrás de Leia na estação de navegação, então acrescentou.
— Estamos voltando para o Interior?
— Correto. — Morwan respondeu. A voz dela subiu um pouco mais
alta quando ela dirigiu o resto de sua resposta para a nuca de Leia. —
Espero que isso não seja inconveniente, Princesa.
— Nem um pouco. — Leia virou o manche na direção indicada por Han
e o pegou observando a tela, sem dúvida checando a força do sinal. Assim
que descobrissem para quem Lady Morwan trabalhava, eles precisariam
acessar a HoloNet e enviar a inteligência o mais rápido possível. —
Estamos totalmente ao seu dispor. Estivemos operando por iniciativa
própria desde que a primeira tentativa de assassinato falhou.
— Assassinato. — A voz de Morwan continha um definitivo tom de
remorso quando ela repetiu a palavra. — Depor soa muito melhor... mas
suponho que assassinato é mais honesto, não é? Se o Conselho não quisesse
a Rainha-mãe morta, não teriam contratado Aurra Sing.
O nome fez Leia erguer a sobrancelha. Sabia por registros históricos que
Aurra Sing fora uma implacável assassina de Cavaleiros Jedi durante a
Velha República. Antes de poder arriscar perguntar se Nashtah era o nome
verdadeiro dela, Han se virou para olhar diretamente para Morwan.
— Não me diga que está com a consciência pesada de repente?
— Eu sou tão dedicada à independência do Consórcio quando você é à
de Corellia. — A voz de Morwan ficou fria o bastante para mostrar o seu
descontentamento por ser questionada por um homem. — Isso não significa
que aprecio as mortes da Rainha-mãe e da Chume'da.
— É claro que não. — Leia disse. Ela olhou para o reflexo de Morwan
na janela, se perguntando o mesmo que ela sabia Han também estaria: as
dúvidas de Morwan eram fortes o bastante para fazê-la mudar de lado e
simplesmente revelar a identidade dos organizadores do golpe? — Decisões
como essas nunca são fáceis.
— Talvez eu possa ajudar em algo? — C-3PO ofereceu. — Se estão
falando sobre a mulher que nos acompanhou em nossa fuga do Palácio da
Fonte, tenho alguns dados sugerindo que não seria possível ela ser Aurra
Sing.
— Só porque ela nos disse que o nome dela era Nashtah não significa
que era. — Han disse. — Se essa é a sua informação, esqueça.
— Estou bem familiarizado com o uso de alcunhas, Capitão Solo. — C-
3PO respondeu. — Porque tenho um setor inteiro de memória dedicado às
identidades que você e a Princesa Leia já assumiram.
— Estamos mais interessados em Aurra Sing. — Leia disse. — Se Lady
Morwan diz ser ela, estou inclinada a acreditar.
— Temo que Lady Morwan esteja equivocada. — C-3PO disse. — De
acordo com os registros encontrados pelo Mestre Skywalker a bordo da
Chu'unthor, Aurra Sing era uma aprendiz Jedi de noventa anos capturada
por piratas há mais de setenta e cinco anos padrão. Ela parece ter se sentido
bastante traída pelo fracasso da Ordem Jedi em resgatá-la, porque ela
retornou anos depois como uma caçadora de recompensas que se
especializara em caçar e matar Jedi. Ela finalmente foi capturada pela Jedi
Aayla Secura, então detida na colônia penal em Oovo Quatro. Não há
registros de sua soltura.
— Talvez porque não há registros de Oovo Quatro. — Han respondeu.
— Quando os Yuuzhan Vong destruíram o lugar, eles foram incinerados
junto com os guardas, os domos de confinamento e provavelmente a
maioria dos prisioneiros.
— Talvez. — C-3PO respondeu. — Mas o diretor era um administrador
excelente. Ele mantinha um backup fora do planeta...
— 3PO, Han está tentando dizer que não haveria um registro de soltura.
— Leia explicou. O crescente de estrelas que Han apontara estava no centro
da janela agora, brilhando através da cortina negra das Névoas Transitórias
como um sorriso. — Se Aurra Sing escapou durante o ataque, não haveria
ninguém para reportar a fuga.
C-3PO ficou em silêncio por um momento, então disse:
— Oh. Eu não havia considerado isso.
— Estou curiosa sobre como você escolheu Aurra. — Leia disse. — Ela
dificilmente é uma assassina de Jedi conhecida atualmente.
— E mesmo se ela fosse, esse não é o tipo de trabalho para o qual se
procuraria uma mulher de oitenta anos. — Han apontou.
— Na verdade, ela me encontrou. — Morwan explicou. — Quando o
Conselho de Herança me designou para encontrar alguém capaz de remover
a Rainha-mãe do trono, comecei a reunir a história de conhecidas mortes de
Jedi. Quando encontrei a história de Aurra Sing, decidi pesquisá-la também,
esperando aprender algo que pudesse me ajudar a escolher o meu assassino
sabiamente.
Ela continuou:
— Devo ter acionado algum alarme. Sing apareceu algumas semanas
depois, exigindo saber porque eu estava a investigando. Depois disso, era
contratá-la ou morrer.
— Parece que você não teve muita escolha. — Han disse com simpatia.
— Espero que isso não signifique que está reconsiderando.
— Não estou. — O tom de Morwan se tornou defensivo. — Mas eu não
vejo porque vocês estão tão preocupados com os meus sentimentos, Capitão
Solo. Sequer sou um membro do Conselho. O golpe continuará
independente de como me sinto.
— Certo... não fique tão sensível. — Han se virou para frente
novamente, resmungando conforme o movimento agravava sua ferida. —
Estou apenas tentando descobrir quem armou para nós no palácio, só isso.
— Não fui eu. — Morwan se levantou e ficou entre os assentos do
piloto e copiloto, então gentilmente deslizou a mão sob o braço ferido de
Han. — Hora de você ir para a enfermaria.
— Ainda não. — Han tentou livrar o seu braço, mas conseguiu apenas
causar tanta dor a ele mesmo que engasgou. — Não até estarmos no
Interior.
— Até chegarmos no Interior, você pode ter uma infecção. — Morwan
disse. Claramente não acostumada a ouvir não de um mero homem, ela
continuou a puxá-lo, lentamente colocando Han de pé. — E o jeito com o
seu braço não está se movendo não é bom. A ferida de blaster pode ter
fundido... você é louco?
Essa última observação Morwan gritou quando o cano do blaster de Han
subitamente apareceu abaixo do nariz dela.
— Não significa não. — Han avisou. — A sua mãe não lhe ensinou
isso?
Morwan soltou o braço dele mas se recusou a recuar.
— Você não é tão durão, Capitão Solo. Quando o spray de anestesia
passar, você gritará de dor.
— Provavelmente. — Leia disse. — E ele estará bem aqui fazendo isso.
Já conheci rontos menos teimosos.
Morwan se virou para Leia, boquiaberta.
— E você tolera isso?
— Tenho um colar de choque. — Leia respondeu. — mas só o faria
babar.
A sobrancelha de Morwan subiu alarmada.
— Tenha cuidado. Ligá-lo em uma potência muito alta pode afetar a
performance.... — Ela finalmente pareceu perceber a piada de Leia e deixou
a frase no ar. — Por favor, perdoe-me. Às vezes é difícil lembrar que o resto
da galáxia tem uma visão mais tolerante sobre os homens.
— Às vezes, eu mesmo acho difícil acreditar. — Fazendo uma careta
para o blaster de Han, Leia assumiu a voz aguda que uma mãe usaria com
um filho. — Han, querido, por que não guarda esse blaster desagradável?
Talvez C-3PO possa levar a senhora lá atrás até a enfermaria e ajudá-la a
encontrar um pouco de bacta e ataduras, e então você possa ficar na cabine
com os adultos.
— Tudo bem... você não precisa ser sarcástica comigo. — Han colocou
o blaster no coldre, então caiu no assento do copiloto e estremeceu. —
Estava apenas marcando a minha posição.
— Você sucedeu além dos seus sonhos mais ousados, Capitão Solo. —
Morwan disse. — Da próxima vez, sinta-se à vontade para gritar.
Ela se virou e seguiu C-3PO até o corredor de acesso. Assim que os
passos metálicos do droide morreram, Han inclinou-se mais perto de Leia e
falou em uma voz suave:
— Assim que descobrirmos para quem ela trabalha...
— ... precisamos acessar a HoloNet e ver se nossas informações
alcançam Tenel Ka. — Leia terminou. — Eu sei.
— Bom. Porque nós talvez não tenhamos muito...
— ... tempo. — Leia terminou novamente. — Eu sei, Han. Talvez você
devesse ativar a câmera de monitoramento da enfermaria.
Han desceu as sobrancelhas.
— Ainda não. Ninguém vai me colocar na enfermaria até lidarmos...
— Não é você que quero observar. — Leia disse. — E se Lady Morwan
não estiver usando o nome verdadeiro?
— Oh, sim. — Han se acomodou na cadeira do copiloto e ativou a
câmera da enfermaria. — Uma imagem pode ser útil.
— Um pouco. — ela disse em uma voz irônica.
Com mesmo uma imagem moderadamente clara, Leia tinha certeza de
que o Serviço de Inteligência Hapan, um dos melhores da galáxia, seria
capaz de identificar Morwan e os seus superiores.
Han ativou a imagem da enfermaria na tela.
— Ótimo... 3PO está bloqueando o ângulo.
Leia olhou por cima e encontrou o droide dourado na frente de Morwan,
com a cabeça dele inclinada para o lado enquanto ele apontava para uma
gaveta. Na cama estava uma bandeja onde ela juntava suprimentos.
— Seja paciente. — Leia disse. — Ela vai se inclinar para abrir a gaveta
de bálsamos e aparecerá.
Han resmungou uma confirmação e reclinou-se no assento, parecendo
mais exausto e desencorajado do que estivera em anos. Era como se toda a
luta e perdas que eles suportaram por quatro décadas a serviço da galáxia
finalmente tornaram-se pesadas demais até mesmo para Han Solo carregar.
Leia estendeu a mão e tocou o braço dele.
— Como você está?
— Não se preocupe comigo. — Ele indicou o crescente de estrelas do
lado de fora da janela. Ele crescia cada vez mais e mais nítido a cada
momento, as bordas negras das Névoas Transitórias pareciam se afastar
mais rapidamente conforme a Falcon se aproximava. — Apenas preciso
aguentar mais dez minutos. Quando estivermos na entrada da passagem,
teremos um bom sinal.
— Não estou falando sobre o seu ombro, Han. Quero dizer, como você
está? — Com Nashtah, ou melhor, Aurra Sing, uma presença constante
desde a falha tentativa de assassinato, essa era a primeira chance deles
conversarem sobre a decisão de proteger Tenel Ka, e Leia queria ter certeza
de que Han percebia o que isso significaria para Corellia. — Não importa
como você olhe para isso, estamos trabalhando contra os interesses de
Corellia aqui. Eu posso ver como isso perturba você.
Han franziu a testa, e Leia pensou que estava prestes a protestar pala
milésima vez sobre ter sua “mente lida” por sua própria esposa. Em vez
disso, soltou um suspiro cansado e deixou a cabeça cair em frustração.
— Não é o que nós estamos fazendo que me incomoda. — ele disse. —
É Gejjen. Eu odeio ser manipulado.
Leia assentiu compreensiva.
— Eu também, mas isso é maior do que os nossos sentimentos. Se
estivermos fazendo isso somente porque Gejjen nos manipulou, estamos
fazendo pelos motivos errados. Tenho certeza de que ele sentiu não ter outra
opção. Corellia está em uma situação desesperada.
— Desespero não conta. — Han disse. Ele se virou para encará-la. —
Quando você me deixou convencê-la a participar disso, lá atrás quando
ainda tínhamos uma vida em Coruscant, Corellia supostamente estava certa.
— Concordamos que Corellia tinha direito à independência. — Leia
disse cautelosamente. — Mas ela precisava se declarar totalmente
independente. Não poderia demandar benefícios de membros da Aliança
sem obedecer à lei da Aliança.
— Certo. — Han disse, mal prestando atenção. — Mas Thrackan estava
jogando conosco desde o início, construindo frotas secretas e tentando
reativar Centerpoint. E agora Gejjen nos usou para tentar expandir a guerra.
— O que está dizendo, Han? — Leia estudou as pupilas dele,
procurando por dilatações, tamanhos discrepantes ou algum outro sinal de
que precisava de outra injeção de estimulantes para impedi-lo de entrar em
choque. — Que deveríamos voltar para a Aliança?
Han olhou pra ela como se Leia tivesse pedido a ele para sair de uma
escotilha pelado.
— E ajudar Omas a sufocar as últimas gotas de independência da
galáxia? — O rosto dele ficou com raiva. — Sem chance. Ele não usará
Corellia como desculpa pra isso.
— Certo... então o que você quer fazer?
Han encolheu o ombro que ainda podia se mover.
— Acho que já estamos fazendo, Leia.
— Tem certeza? — Leia já sabia a resposta, Han nunca ficava incerto
sobre algo, mas ela queria ouvi-lo dizer isso. — Você sabe que manter o
Consórcio fora da guerra pode ser a diferença entre a sobrevivência e a
derrota para Corellia.
Uma luz desafiadora passou pelos olhos de Han.
— Não subestime Wedge. Niathal não viu dificuldade até...
— Não estou dizendo que Corellia não tem chances, Han. — Leia
interrompeu. — Só que é uma chance pequena, e estamos prestes a diminuí-
la.
— É, mas que escolha temos? Deixar Gejjen organizar o assassinato de
Tenel Ka e de uma criança de quatro anos? — Han balançou a cabeça
bruscamente. — Não quero que Corellia consiga a sua liberdade dessa
maneira. Se não conseguir sem arrastar Hapes e o resto da galáxia para uma
grande guerra civil, então não deveria conseguir.
— Acho que você tem certeza. — Leia disse.
— Você não tem?
— Oh, tenho certeza. — Leia disse. — Estou bem com isso.
Han parecia confuso.
— Então por que estamos falando sobre isso? — Ele se virou para a tela
e permaneceu quieto por um momento, então falou com uma voz triste. —
Eu só queria que alguém nessa galáxia fosse confiável.
— Alguém é. — Leia sorriu. — Estou sentada ao lado dele.
Um olhar de leve surpresa passou pelo rosto de Han, mas continuou a
observar a tela e fingiu não ouvir. Mesmo após tudo o que fizera para ajudar
derrotar o Imperador e ganhar a guerra contra os Yuuzhan Vong, ainda se
recusava a pensar sobre si mesmo como um dos mocinhos. Na mente dele,
Leia suspeitava, mocinho era perto demais de otário.
Na tela, Morwan finalmente inclinou-se de trás de C-3PO, apresentando
um perfil claro enquanto alcançava a gaveta de bálsamos. Han capturou a
imagem, então outra do rosto inteiro dela quando ela se virou para
perguntar algo para C-3PO. O droide apontou para outra gaveta, e dessa
Morwan pegou um bisturi sônico.
Han se endireitou.
— Pra que isso?
— Provavelmente para cortar tecido morto. — Leia disse.
— Aqui?
— Você não deu muita escolha para ela. — Leia disse. — Eu não me
preocuparia com isso. Pelo que vi até agora, ela conhece medicina de
combate.
— Ótimo. — Han disse. — Ela saberá bem onde cortar quando me
degolar.
Leia abaixou a cabeça, dando a ele um olhar de não seja ridículo.
— Com uma Jedi e dois Noghri a bordo?
Han considerou isso por um momento, então disse:
— Ainda assim, ela não vai chegar perto de mim com aquele bisturi.
Você sabe como ela se sente sobre os homens.
— Tem de ser feito, ou você pode desenvolver uma infecção necrótica.
— Leia disse. — Tenho certeza de que pode confiar em Lady Morwan, mas
você sempre pode pedir para o 3PO fazer ao invés dela.
— Obrigado. — Han resmungou. — Eu preferiria beijar um Hutt.
— Não, você não preferiria. — Leia respondeu rapidamente. — Vai por
mim.
Na tela de Han, Morwan finalmente pegou a bandeja com suprimentos e
seguiu em frente. Han salvou as imagens capturadas, então desativou a
câmera de monitoramento e substituiu a imagem em sua tela para a leitura
de temperatura da janela do drive.
Assim que terminou, Han inclinou-se para Leia novamente.
— Você sabe, talvez você esteja certa sobre confiar em Morwan. — ele
disse baixinho. — Ela não está muito feliz sobre matar Tenel Ka e Allana.
Talvez possamos convencê-la...
— Isso não vai acontecer. — Leia disse, cortando-o. — Ela acredita
verdadeiramente na independência do Consórcio. Ela talvez se arrependa
das necessidades do golpe, mas nós nunca a convenceríamos na conversa a
trair os seus líderes.
Han recuou novamente na cadeira, exalando frustrado.
— Então voltamos ao jeito difícil.
— Temo que sim. — Leia disse. — Continuamos a bancar os espiões.
Os passos metálicos de C-3PO soaram no corredor, pontuando os tons
afiados da voz indignada de Morwan.
— Sou uma cirurgiã de campo treinada, 3PO. — ela dizia. — Acho que
me lembro como usar uma ampola de irrigação.
— Tenho certeza de que se lembra. — C-3PO respondeu. — É
realmente bem simples, contanto que use o antibiótico apropriado.
— Eu sei, 3PO. — Morwan disse. — A Aliança programa todos os
droides de padrões masculinos para serem tão condescendentes quanto
você?
— Temo que a sua questão seja baseada em uma suposição errônea,
Lady Morwan. Eu nem mesmo tenho um módulo condescendente. — C-
3PO parou por um momento, então acrescentou. — Mas por favor, não se
sinta mal por isso. A maioria das humanas do sexo feminino comete o
mesmo erro.
A única resposta de Morwan foi um gemido exasperado. Um momento
mais tarde ela guiou C-3PO até o deque de voo.
— Eu não sei como consegue viver em uma sociedade de gêneros
iguais, Princesa Leia. — ela disse. — Até mesmo os seus droides têm egos
intoleráveis.
— Você se acostuma. — Leia virou a sua atenção para frente
indiferentemente. O destino deles agora preenchia a maior parte da janela,
com uma moldura de névoa escura rodopiando pelas bordas do crescente de
estrelas. — Eu a escutei dizendo a 3PO que é uma cirurgiã de campo?
— Era, — Morwan corrigiu. — Eu, hum, me aposentei após a fuga em
Qoribu.
A sobrancelha de Leia subiu.
— Você esteve em Qoribu? — A Batalha de Qoribu fora curta, mas
feroz, o resultado de um mal entendido durante a crise do Ninho Sombrio
entre um comandante Hapan e o seu contraparte Chiss. — A bordo da
Kendall?
Morwan hesitou antes de responder, apenas tempo o bastante para
sugerir que percebeu entregar mais informação sobre si mesma do que
deveria.
— De fato, servi a bordo da Kendall. — ela finalmente disse. — Como
sabia?
— Eu a reconheci de quando transportamos os Killiks. — Leia mentiu.
A verdade era que apenas jogara o nome da capitânia Hapan, esperando
fazer Morwan revelar o nome da embarcação na qual serviu. — Então você
serviu com Aleson Gray?
— Eu não diria com. — O tom da voz de Morwan foi apenas um pouco
mais alto do que o normal, mas foi o suficiente para confirmar a onda de
ansiedade que Leia sentiu através da Força. — Eu não era parte da equipe
de comando.
— Lady Morwan, ninguém nunca lhe disse que é impossível mentir
para um Jedi? — Leia pegou o olhar de Han pelo reflexo na janela e o
manteve, certificando-se de que ele entendia o significado da pergunta.
Oficiais Hapan tendiam a chamar equipes de comando das suas próprias
casas, então as chances de terem acabado de identificar os líderes do golpe
eram boas. — Mas não se preocupe. O segredo de sua Ducha está seguro
conosco.
— É. — Han disse. — Para quem contaríamos?
Capítulo 16

Luke acordou com o mesmo espírito inquieto de todas as vezes que sonhava
com o rosto, com o seu peito pesado com o fardo de um dever não
respondido, com o seu estômago revirado pelas premonições de fracasso. O
rosto sempre vinha até ele meio escondido por baixo de um capuz
levantado, traindo apenas uma pista de sua aparência, uma boca congelada
em uma careta torta de angústia, a sobrancelha irregular fixada em uma
carranca de desaprovação permanente, um par de olhos negros brilhando
com malícia perpétua. Nunca viu o suficiente do rosto para saber se era o
mesmo todas as vezes, mas as emoções sempre vinham em ordem: dor,
condenação, rancor. Luke não tinha ideia do que o padrão significava, mas
tinha certeza de que era um alerta de tempestade.
Um assobio o chamando soou do outro lado da elegante cabine principal
da Sombra de Jade, onde R2-D2 estava na escotilha, arrastando-se para
frente e para trás em seus braços de apoio. Luke se permitiu imaginar
usando a Força para empurrar o pequeno droide para o corredor e fechar os
olhos novamente. Desde a descoberta do envolvimento de Lumiya com a
GAG, estivera tão preocupado com Ben que mal fora capaz de dormir, e
mesmo quando conseguia, era tão perturbado pelos sonhos que nunca
acordava se sentindo revigorado.
— Tudo bem, não precisa do marcador de ronto. — Luke girou as
pernas e sentou-se na beirada da cama. — Estou acordado.
R2-D2 emitiu um assobio duvidoso, mas parou e retraiu o braço
enquanto Luke pegava as suas botas. O tamborilar constante no de que
sugeria que a Sombra emergira do hiperespaço e estava desacelerando
rapidamente, presumidamente em sua aproximação final do planeta Hapes.
Luke podia sentir a impaciência de Mara através de seu elo com a Força,
mas não a causa. Talvez estivesse tendo dificuldades em conseguir
permissão para aproximação das forças defensivas Hapan, ou talvez
estivesse simplesmente ansiosa para afastar Ben de qualquer influência que
Lumiya estivesse exercendo sobre Jacen e a GAG.
Uma vez que as suas botas estavam amarradas, Luke pegou o seu robe e
seguiu em frente atravessando a sala de observação. As faces cheias de
crateras de duas luas prateadas deslizavam do lado de fora a estibordo da
Sombra. Do lado externo da outra, as caudas de íon de meia dúzia de naves
estelares rastejavam através do veludo salpicado de estrelas. À distância
pendia um disco branco imóvel, sem dúvida um dos Dragões de Batalha
que rastreariam Hapes após o atentado contra a vida de Tenel Ka.
Luke continuou em frente até o deque de voo, onde o disco machado de
nuvens do planeta pendia bem à frente. Os seus oceanos brilhantes e ilhas
arborizadas estavam lindos como sempre, mas Luke estava mais interessado
no objeto do tamanho de um dedão flutuando na direção do centro da
janela. Ao invés do habitual branco, o casco do Star Destroier era preto
fosco, com o domo revelador de um protuberante gerador de gravidade por
baixo de sua barriga e um cone de camuflagem erguendo-se na metade de
sua espinha.
Era a primeira vez que Luke via o novo Star Destroier da GAG. Não
gostou muito, e realmente não gostava dele ter sido nomeado Anakin Solo,
em homenagem ao seu sobrinho morto.
Uma seção da janela obscureceu e se tornou um espelho, e o rosto de
Mara apareceu no reflexo, parecendo focada e preocupada. A Sombra tinha
um convés baixo, com o piloto sentado embaixo no nariz da cabine, então
ela precisou inclinar a cabeça ligeiramente para cima para encontrar o seu
olhar.
— Acabamos de receber uma hologravação interessante. — ela disse.
— De Jacen?
Mara balançou a cabeça.
— De Han, retransmitida pela HoloNet do Templo Jedi.
— Sério? — Luke ergueu as sobrancelhas; antes de deixar o Templo
Jedi ele fora informado sobre a “participação” dos Solos na tentativa de
assassinato. — Explicando como eles foram representados por clones e não
estavam em Hapes quando alguém tentou matar Tenel Ka? Porque essa é a
única coisa que faz sentido.
— Não exatamente. — Mara disse. — E só fica mais confuso. Han e
Leia estão espionando os conspiradores do golpe.
— Espionando? — Luke franziu a testa, tentando decifrar o rumo dos
eventos que levariam os Solos de Corellia até a tentativa de assassinato para
tornarem-se espiões da Aliança Galáctica. — Tem razão, é confuso... mas
tudo o que Han e Leia fazem geralmente é. O que tinha na mensagem?
— Eles descobriram a identidade de um dos líderes. — Mara disse. —
Han quer que passemos a informação para Tenel Ka o mais breve possível.
Luke olhou para fora da janela, onde a silhueta da Anakin Solo agora
pendia bem à frente da Sombra.
— Então por que estamos seguindo para a Anakin?
— Eu tentei retransmitir a mensagem para Tenel Ka. Meu sinal foi
encaminhado para o Príncipe Isolder. Ele sugeriu que eu tentasse
novamente quando estivéssemos a bordo da Anakin.
— Da Anakin? — Luke fechou os olhos e expandiu sua percepção da
Força na direção do Star Destroier. Não levou muito até ele descobrir a
familiar e equilibrada presença de Tenel Ka. — O que ela está fazendo lá?
— Protegendo Allana, tenho certeza. Duvido de que ela precise de Han
dizendo a ela que há um traidor em sua equipe, ou que a sua filha é um alvo
tanto quanto ela.
— Então ela se vira para Jacen. — Luke disse. Ele estava
impressionado, como tantas vezes ficava, pelo quão solitária e triste a vida
de Tenel Ka se tornara, quanto ela sacrificava para garantir um governo
estável e humano para o povo de seu pai. — Acho que faz sentido.
Mara assentiu.
— Quando você não pode confiar em seus novos amigos, você se vira
para os antigos. — Ela ficou em silêncio por um momento, então
acrescentou. — Especialmente se um deles é por acaso um amigo bem
próximo.
Luke ergueu a sobrancelha.
— Você acha que Jacen e Tenel Ka são amantes?
— Ele foge para ver alguém de meses em meses. — Mara disse.
— Tenel Ka? — Luke franziu a testa, tentando imaginar Tenel Ka tendo
encontros secretos com alguém tão perigoso para o seu trono quanto Jacen,
então balançou a cabeça. — Se ela não fosse a Rainha-mãe, talvez. Mas não
há futuro nisso.
— E você pensa que isso os impediria?
— Talvez não Jacen. — Luke disse. — Mas um amante Jedi causaria
muitos problemas para Tenel Ka. Ela não tomaria um risco tão tolo, não
importa como ela se sentisse em relação a ele.
A expressão de Mara continuava duvidosa.
— Tenel Ka precisa ter algo para si. Ela dá tudo o mais para o
Consórcio.
— Certo, é possível. — Luke disse. Não entendia por que achava a ideia
tão alarmante; era meramente por causa dos seus medos acerca de Jacen?
Ou as suas reservas iam além disso? Talvez o fizesse temer que a corrupção
de Lumiya estivesse se espalhando mais rápido do que pudesse contê-la. —
E esse é mais um motivo pelo qual não deveríamos especular. Podemos
colocar a vida de Tenel Ka em risco.
— Tudo bem. — Mara disse, entendendo o ponto. — Mas você não tem
nem um pouco de curiosidade sobre Allana?
— É claro. — Luke admitiu. — Mas Jacen não pode ser o pai. O
momento não bate.
Mara fez beicinho, o que parecia completamente fora de lugar em seu
rosto forte.
— Estraga prazeres.
— Só estou dizendo que é impossível. — Subitamente Luke sentiu a
necessidade de explicar os seus motivos, talvez porque agora Mara o deixou
se perguntando sobre a paternidade de Allana. — Por seis meses após a
Batalha de Qoribu, Jacen foi confinado na academia em Ossus, junto com o
resto dos Cavaleiros Jedi envolvidos, e é quando Allana deve ter sido
concebida. Se Jacen estivesse fugindo para visitar Tenel Ka, saberíamos.
Mara deixou um escapar um exagerado suspiro de desapontamento.
— Estraga prazeres.
— Certo, Certo. — Percebendo que Mara o estava provocando agora,
Luke sorriu e ergueu as mãos. — Eu me rendo. Tenho certeza de que
podemos pensar em outra explicação. Sabemos que ele visitou Tenel Ka
quando pediu pela frota que ela mandara para Qoribu. Talvez a gestação de
Allana tenha levado um ano inteiro.
Mara recuou com desconforto.
— Agora você está sendo cruel. — Ela desviou o olhar na direção do
reflexo da cadeira do copiloto. — Sente-se. Você parece que esteve lutando
com rancores enquanto dormia.
— Quem dera. — Luke escorregou para o assento do copiloto atrás
dela. — Foi o rosto novamente.
A expressão de Mara ficou séria.
— Jacen?
Luke deu de ombros.
— Talvez. Eu nunca o vejo suficientemente claro.
— Então você não pode ter certeza.
— Era um homem. — Luke respondeu. Ele podia sentir através da
Força o quão perturbada Mara estava quanto a Ben, o quão alarmada estava
pela relação que descobriram entre a GAG e Lumiya, então ele não entendia
por que ainda se recusava a ver o que estava acontecendo com Jacen. —
Quem mais pode ser?
— Esse é a questão, Luke. — Mara disse. — Nós não sabemos. Até
então, a única conexão que temos entre Jacen e Lumiya é alguma evidência
sugerindo que ela vem trabalhando com a GAG.
— E você não acha isso alarmante?
— Como um gundark em um zoológico. — Mara respondeu. Ela
retornou o seu olhar para a Anakin Solo, constantemente crescendo no
centro da janela. — Mas há uma grande diferença entre suspeita e fato. E se
Lumiya não estiver trabalhando para a GAG? E se alguém na GAG estiver
trabalhando para ela?
— Você acha que ela subverteu um dos subordinados de Jacen?
— Eu acho que precisamos estar abertos para as possibilidades. —
Mara corrigiu. — Você não gosta do que Jacen está fazendo com a GAG,
então você está predisposto a presumir o pior. Tudo o que estou dizendo é
que não podemos deixar a emoção colorir o nosso julgamento.
Luke ficou em silêncio por um momento, então soltou um longo
suspiro.
— Você está certa, talvez eu esteja presumindo o pior porque não gosto
dos métodos de Jacen. Mas o seu conselho serve para nós dois, você sabe.
Eu acho que você se cegou para o que está acontecendo com Jacen porque
foi ele quem convenceu Ben a não se esconder da Força.
Mara assentiu.
— Culpada. — ela disse, mantendo os olhos para frente. — É por isso
que temos de trabalhar juntos nisso, Skywalker. Precisamos ser honestos
um com o outro... e se não gostarmos do que encontrarmos, precisaremos
um do outro ainda mais.
O tom dela fez Luke franzir a testa.
— O que está dizendo?
— Você sabe, Skywalker. — ela respondeu. — Se você estiver certo, se
Jacen estiver me enganando, não será fácil lidar com ele. Nós dois seremos
necessários.
Luke ergueu a sobrancelha, surpreso pelo gelo na voz de Mara.
— E quanto àquela sensação de certeza que sentiu na Arena de Treino?
Você disse que tínhamos de deixar Ben seguir o seu próprio caminho, que
você pensava que a Força o atraíra até Jacen por uma razão.
— Ainda penso isso. — Mara disse. — Mas nós temos um caminho
para seguir, também. Talvez seja onde nossos caminhos se encontrem, onde
o caminho de Ben finalmente se junta ao nosso.
— Apenas o de Ben? — Luke perguntou. Ele começava a sentir um
pouco da antiga implacabilidade em Mara, um pouco de seu antigo instinto
assassino, e isso o assustava. — E quanto a Jacen?
— Se eu estiver errada, Jacen não terá um caminho. — Mara disse. —
Teremos que acabar com ele.
— Agora penso que você é quem está presumindo o pior. — ele disse.
— Estou preocupado com Jacen, mas não estou pronto para matá-lo.
— Então você não está sendo realista. — Mara disse. — Se ele está
trabalhando com Lumiya, não teremos escolha. Eu não o deixarei levar Ben
por esse caminho.
— É claro que não, mas seja lá o que Jacen se tornou, foi causado pelo
que aconteceu após ser capturado pelos Yuuzhan Vong, e fui eu quem o
enviou naquela missão. — Luke parou, ainda lutando com a decisão que
custara a vida de seu sobrinho Anakin e tantos outros jovens Cavaleiros
Jedi, ainda imaginando o que mais poderia ter feito para salvar os Jedi. —
Eu não desistirei de Jacen apenas porque se perdeu. Se ele já caiu sob a
influência de Lumiya, eu o trarei de volta sob a minha.
O olhar de Mara desviou-se de volta para o reflexo de Luke no painel
espelhado.
— Por que isso não me surpreende?
Luke deu um sorriso inocente.
— Porque você está tão acostumada a me ver fazendo o impossível?
Mara suspirou.
— Algo assim. — Ele olhou de volta para a Anakin, que agora era uma
silhueta do tamanho de um braço contra as águas brilhantes de um oceano
Hapan. — Mas é melhor você não ter a intenção de redimir Lumiya,
também. O meu limite são as ex-namoradas.
— Não se preocupe. — Luke disse. — Mesmo eu não sou tão ingênuo.
Lumiya vai cair.
O canal de comunicações grasnou conforme o controle de tráfego emitia
uma permissão de aproximação para a Sombra. Pelos próximos minutos,
enquanto a massa escura da Anakin continuava a avolumar-se na janela, eles
ficaram ocupados fazendo correções de curso e providenciando verificações
de identidade. Um par de XJ5 ChaseXs os sobrevoaram para confirmar a
identidade deles visualmente, então irritaram Mara ao dar um giro e caírem
na zona de morte diretamente atrás da Sombra.
Finalmente, quando a Sombra se aproximara tanto que não podiam ver
nada além das camadas escuras da superestrutura maciça do Star Destroier,
o controle de tráfego os deu permissão para atracar no Hangar de Comando.
Mara desceu por baixo do céu de duraço preto que era a barriga da Anakin,
então direcionou a popa até uma pequena baía de lançamento defendida por
duas torres de canhões laser quádruplos.
Usou os propulsores de altitude para subir pela barreira de escudo até o
hangar, onde um conjunto de luzes de alerta a guiaram até o atracadouro
designado.
Tão logo a Sombra pousara, uma guarda de honra de vinte troopers da
GAG emergiu da escotilha de acesso. Eles se organizaram em duas colunas
em posição de atenção encarando um ao outro, e um momento depois Jacen
apareceu e caminhou pelo corredor entre eles. Uma capa preta saia dos
ombros de seu uniforme negro de coronel.
— Ah, não. — Mara disse, soltando o seu cinto. — Ele sabe com quem
se parece?
— Ele saberia se olhasse no espelho. — Luke estava desapontado por
não ver o seu filho companhando Jacen, mas não surpreso. Não sentira a
presença de Ben quando estendeu-se para ver se Tenel Ka estava a bordo da
Anakin. — Eu só espero que não seja essa a questão. Ele pode muito bem
ser uma holo de recrutamento para terroristas Corellianos.
Enquanto desligavam a Sombra, Luke expandiu a sua percepção na
Força para o Star Destroier inteiro, procurando por qualquer pista de que
Lumiya estava a bordo. Ele sentiu uma segunda presença perto de Tenel Ka
que parecia muito forte com a Força, a sua filha, Allana, ele suspeitava, mas
nada sombrio o bastante para ser Lumiya. É claro, isso não significava
muito. Jacen estava parado bem à frente dele, e Luke não conseguia sentir a
presença dele, tampouco.
Quando todos os sistemas foram colocados em espera, eles foram até a
popa e encontraram Jacen esperando na base da rampa de acesso. O seu
rosto estava cinza e enrugado, os círculos roxos embaixo dos olhos
sugeriam que ele não vinha dormindo bem, se é que dormia. Ele se curvou
primeiro para Mara, então para Luke.
— Mestres Skywalker, bem-vindos a bordo da Anakin Solo. — A voz
de Jacen soava genuinamente calorosa, apesar de ser impossível ler os seus
verdadeiros sentimentos. — Que surpresa agradável.
— Você talvez queira guardar o seu julgamento sobre isso. — Mara
disse. — Precisamos conversar.
— É claro. — Jacen permaneceu no pé da rampa de acesso, sem fazer
qualquer movimento para os permitir avançar. — Há algo errado?
— É seguro assumir que sim. — Luke disse. — Onde está o Ben?
— Em uma missão. — Jacen respondeu. — Ele está em uma zona sem
comunicação no momento, mas se isso é importante, eu posso expedir...
— Conversaremos sobre isso mais tarde, em particular. — Luke
precisou se esforçar para manter a voz calma; com Lumiya por aí, ele não
gostava da ideia de Ben estar em uma missão em lugar algum. — Primeiro,
precisamos conversar com a Rainha-mãe. Temos uma mensagem urgente
pra ela.
Os olhos de Jacen arregalaram-se surpresos.
— Tenel Ka?
— Agora, Jacen. — Luke disse. — E precisaremos de um holoprojetor.
Jacen soltou a respiração.
— Muito bem. — Ele deu um passo para o lado e os guiou com R2-D2
pelo corredor entre a guarda de honra. — Desculpe-me por hesitar, mas ela
me pediu para manter a presença dela em sigilo. Além da camareira que ela
trouxe consigo, Príncipe Isolder é o único Hapan que sabe que ela está a
bordo.
Eles passaram por uma escotilha até um pequeno átrio, onde quatro
troopers da GAG montavam guarda sobre um conjunto de tubos de
elevadores. A maioria dos tubos continha uma pequena placa próxima a
eles listando destinações como ENGENHARIA ou COMUNICAÇÕES, mas no fim do
átrio um tubo largo o bastante para cinco pessoas permanecia desmarcado.
— Esse desce até o Centro de Detenção. — Jacen explicou,
aparentemente notando o olhar de Luke. — Descobrimos que os
prisioneiros são menos propensos a resistir se não percebem que chegaram
ao fim de sua jornada.
— Muito... prático. — Luke disse, tentando não se alarmar por quão
proficiente o seu sobrinho se tornara na arte de aprisionamento e
interrogatório. — Presumo que resulta em menos lesões para os
prisioneiros.
Jacen assentiu.
— Isso também.
Um estremecimento de repulsa desceu pela espinha de Luke, mas se
Mara estava alarmada pela aparente indiferença de Jacen ao bem-estar dos
seus prisioneiros, ela não demonstrou. Ela apenas o seguiu pelo átrio até um
tubo marcado como PONTE, então entrou no tubo e subiu para longe de vista.
Jacen se virou para Luke.
— Você primeiro.
Luke indicou o tubo para R2-D2, então seguiu sem responder. O
estômago dele afundou enquanto as paredes do tubo passavam borradas.
Um momento depois parou e deu um passo para fora até uma antessala
espaçosa de duraço, onde outro destacamento de sentinelas da GAG
montavam guarda sobre várias escotilhas levando até um labirinto de
corredores azuis e brancos.
Uma única parede de transparaço, a única sem qualquer abertura,
mostrava o deque de voo um nível abaixo. A maioria dos oficiais ainda
vestia os uniformes azuis e cinza de um complemento normal de um Star
Destroier da Aliança Galáctica, mas Luke não pôde deixar de notar um
sentimento de orgulho e propósito que eles irradiavam na Força. Sejam
quais fossem as outras falhas de Jacen, ele claramente era um bom líder.
Jacen saiu do elevador atrás de Luke e falou para um trooper de pele
negra parado diretamente à frente deles:
— Sargento Darb, leve um destacamento de escolta até a Sala de
Reuniões e informe a Rainha-mãe que os Mestres Skywalker querem
conversar com ela. Esperaremos na Cabine de Conferência.
— Muito bem, Coronel.
O sargento fez uma continência e saiu para obedecê-lo. Jacen se virou
do deque de voo, guiando R2-D2 e os Skywalkers por um curto corredor até
uma Cabine de Conferência de última geração com uma unidade grande de
holocomunicação de um estágio em uma extremidade. A área era fechada
por um círculo de cadeiras flutuantes, cada uma com um painel acoplado no
braço para controlar unidades individuais de comunicação, telas em vídeo e
até mesmo dispensadores de caf automáticos.
Jacen foi até uma cadeira em uma das pontas, então se virou para
encarar Luke e Mara.
— Temo que levará alguns minutos antes do Sargento Darb chegar com
a Rainha-mãe. Após o atentado contra a vida dela, estou insistindo em
protocolos de segurança Nível Cinco mesmo a bordo da Anakin.
— Certamente isso não faz mal a ninguém. — Mara disse. — Contudo,
pelo que vi até agora, a sua tripulação parece excepcionalmente focada e
alerta, quase fanática. É difícil imaginar um assassino permanecendo
indetectado tempo o bastante para passar pela segurança.
— Obrigado. Vindo de você, tia Mara, encaro isso como um elogio e
tanto. — Ele ae sentou e indicou para os Skywalkers um par de assentos
próximos. — Há um cardápio de bebidas na tela do braço, se vocês
quiserem algo para beber.
Luke permaneceu de pé.
— Obrigado, mas não estamos com sede.
— Entendo. — A expressão de Jacen foi de contente para desapontada,
e se deslocou para a beirada de seu assento. — Então por que não
colocamos para fora o que está incomodando vocês? Eu sei que desaprovam
os meus métodos, mas a hostilidade que sinto vai mais fundo do que isso, e
me dói. Vocês e Ben são a única família que me resta.
— Isso não é verdade. — Mara se opôs. — E quanto a Jaina e os seus
pais?
— Você sabe o quão tenso está o meu relacionamento com Jaina. —
Jacen disse. — Tenho medo de que a insubordinação dela em Corellia
finalmente o tenha rompido. Não estamos nos falando, e eu suspeito que as
coisas continuarão dessa maneira.
— Talvez as coisas estivessem diferentes se você não a tivesse acusado.
— Luke apontou.
— O que eu deveria ter feito? Feito vista grossa porque ela é minha
irmã? — A voz de Jacen quebrava, mas a sua expressão permanecia
confiante e o seu olhar firme. — A Aliança Galáctica não poderá sobreviver
se os líderes continuarem tendo favoritos. É por esse tipo de coisa que
Corellia pensa não precisar viver sob as mesmas leis do que o resto da
Aliança. As regras se aplicam a todos ou a ninguém.
Luke não precisava da Força para sentir a convicção por trás das
palavras do sobrinho. Ela vertia de Jacen como calor de uma estrela,
banhando todos ao redor com o seu brilho, sem dúvida queimando aqueles
que chegavam perto demais.
— E quanto aos seus pais? — Mara perguntou. — Você está virando as
costas para eles porque eles não compartilham das suas ideias?
— Não mesmo. Estou virando as costas para eles porque eles tentaram
assassinar a governante de um estado-membro da Aliança, alguém que
sempre foi uma amiga para eles. — Jacen se levantou. — Os meus pais são
escória terrorista, e é por isso que virei as costas para eles.
O fogo nos olhos de Jacen era tão angustiado quanto era intenso, e Luke
finalmente começou a entender quão só o seu sobrinho realmente estava.
Ele perdera o seu irmão mais novo durante a última guerra intergaláctica e
renunciava a sua irmã e os pais em uma tentativa de prevenir uma nova, e
nessa inabalável batalha contra o mal que ele viu ameaçando a galáxia, ele
estava claramente pronto para abandonar o seu relacionamento com a tia e o
tio, também.
Como os Yuuzhan Vong que uma vez o capturaram, Jacen se tornara
capaz de qualquer sacrifício, e tão intolerante quanto em relação àqueles
que não compartilhavam de seu empenho. Jacen Solo caíra não porque era
egoísta, Luke percebeu, mas porque era altruísta.
— Jacen, eu sei que as ações dos seus pais são confusas. — Mara disse.
— Mas você precisa confiar em seu s...
— Deixe Jacen julgar os pais por si mesmo. — Luke interrompeu. A
única esperança deles em trazer Jacen de volta era chocá-lo, deixá-lo
descobrir por si próprio o quão errado estava. — No momento, estou mais
interessado em onde está Ben.
— Ele está a bordo de um esquife de reconhecimento. — Jacen
respondeu. — Eu ofereceria para colocá-lo em contato com vocês, mas ele
está nas Névoas Transitórias.
— O que Ben está fazendo nas Névoas Transitórias? — Mara
perguntou.
— Procurando por Jaina e Zekk. — Jacen respondeu. — Eles foram até
Terephon para entregar uma mensagem de Tenel Ka e não retornaram ainda.
Eu mandei o esquife de reconhecimento para investigar, e Ben foi junto
para ver se pode ajudar a encontrá-los através da Força.
A voz de Mara se tornou afiada.
— Sozinho?
— É claro que não. Como lhes disse, ele está a bordo de um esquife de
reconhecimento, com uma tripulação excelente. — Jacen franziu a testa,
preocupado. — Qual é o problema?
— Eu não avisei você que Lumiya havia retornado? — O tom de Luke
era tão afiado quanto o de Mara. — Que eu estava preocupado com a
possibilidade dela me atacar através dele?
— Sim. — Jacen disse. — Mas isso foi em Coruscant. Eu não acredito
ter motivo algum para se preocupar aqui.
— Por que não? — Mara exigiu. — Por que você tem certeza de que
Lumiya não está interessada nele?
A expressão de Jacen se tornou indignada.
— Como eu saberia isso?
— Jacen, descobrimos o apartamento de Lumiya. — Luke disse. —
Sabemos que ela vem trabalhando para a GAG.
Os olhos de Jacen se arregalaram. Não era uma reação despropositada,
dado o assunto em questão, mas Luke desejava que o seu sobrinho não
fosse tão bom em esconder os seus sentimentos na Força.
— Você pode pensar estar usando-a para os seus próprios fins. — Luke
continuou. — Mas está se enganando. Lumiya sempre tem intenções...
— Trabalhando com a GAG como? — Jacen interrompeu. — Eu
certamente não a vi de uniforme.
— Não nos insulte negando isso. — Mara disse. — Ela estava morando
em um esconderijo da GAG, e vem acessando os arquivos da GAG sobre o
Partido da Verdadeira Vitória.
— Então ela é quem está assassinando os Bothanos? — Jacen
perguntou. — Por quê? O que ela tem a ganhar ao disseminar a guerra?
— Você não vai sair dessa mudando de assunto. — Luke disse. Era
impossível dizer se a surpresa de Jacen era genuína ou falsa, então Luke
assumiu ser o último. — Sabemos que ela veio com você. Ela deixou o
apartamento no mesmo dia que a Anakin deixou Coruscant.
— Você acha que ela nos seguiu? — Jacen caiu na cadeira e apertou um
botão. — A Anakin precisa permanecer aqui em apoio a Rainha-mãe Tenel
Ka, mas eu levarei um esquife pessoalmente...
— Lidaremos com isso nós mesmos. — Mara disse. — Ben retornará
para Coruscant conosco após isso terminar.
— Você acha isso sensato? — A luz do comunicador no braço da
cadeira de Jacen acendeu, mas ele a ignorou e continuou conversando com
Mara. — Irá apenas interromper o treinamento de Ben, e se Lumiya está
tentando pegá-lo, será bem mais fácil pra ela em Coruscant.
— Ben e a GAG terminam aqui. — Luke disse. — Não entendo ainda
porque Lumiya está envolvida com a GAG, mas eu sei que está. A minha
decisão é final.
A expressão de Jacen se tornou de tristeza.
— Muito bem. — Ele desativou a unidade de comunicação, então se
recompôs e continuou. — Há uma estação de abastecimento em Roqoo, nos
arredores das Névoas. Vocês podem encontrá-lo lá.
— Obrigada. — Mara disse.
Jacen assentiu distraído, então disse:
— Espero que vocês, pelo menos, compartilhem os detalhes de sua
investigação. Se alguém em meu comando está usando Lumiya como uma
agente, preciso saber.
— É claro. Tresina Lobi vinha tentando rastrear Lumiya por algum
tempo. — Luke dava uma versão ligeiramente alterada dos eventos, em
parte porque queria descobrir o quanto Jacen sabia sobre o relacionamento
de Lumiya com a GAG. — Aparentemente, ela conseguiu, porque
encontramos o corpo dela na Praça da Comunidade na manhã que você
partiu para Hapes.
— Praça da Comunidade? — Dessa vez, o choque de Jacen era real;
Luke sentiu através da Força. — Mestra Lobi está morta?
— Isso mesmo. — Mara disse. Apesar de sua resposta ter sido casual,
Luke pôde sentir através de seu elo na Força quão atentamente ela estudava
Jacen. — Ela já avisara o Templo sobre o endereço do apartamento de
Lumiya.
O relato de Mara dos eventos era ainda menos preciso do que o de
Luke, e ainda mais perturbador para Jacen, que mal conseguiu responder
com um murmurado:
— Que... infortúnio.
Luke tentava decidir como proceder da melhor maneira, como melhor
manter Jacen desprevenido para que pudessem continuar a pressioná-lo,
quando a porta da cabine se abriu. Tenel Ka entrou, vestindo um macacão
de voo de eletrotex costurado justo o suficiente para sugerir que o seu
treinamento físico permanecia tão intenso quanto antes. Ela atravessou a
cabine até Luke e Mara, com o seu sorriso radiante em desacordo com a
aura de tensão e preocupação suspensa sobre ela na Força.
— Mestre Skywalker! Obrigada por virem. — Ela abraçou Luke, então
fez o mesmo com Mara. — Vocês são inesperados, mas muito bem-vindos.
Podemos usar toda a ajuda que encontrarmos.
— Obrigado, Vossa Majestade. — Luke disse. — Infelizmente, estamos
aqui para um assunto diferente.
— Mas nós temos uma mensagem que temos certeza se mostrará muito
útil. — Mara acrescentou.
— Espero que inclua notícias de quando os reforços da Aliança
chegarão. — A mulher que disse isso ainda estava na entrada da cabine,
seguindo a meia dúzia de passos atrás de Tenel Ka. Ela era alta e de
aparência pretensiosa, com um nariz longo e a boca permanentemente
virada para baixo nos cantos. — Após emprestar tantas de nossas frotas
para a Aliança Galáctica, nossos inimigos nos têm em terrível desvantagem.
O rosto de Tenel Ka corou, mas se virou e educadamente fez um gesto
para a mulher.
— Mestres Skywalker, permitam-me apresentar minha camareira, Lady
Galney, a irmã mais nova da Ducha Galney de Terephon.
Luke notou ser o mesmo nome do planeta para o qual Ben fora enviado,
mas meramente se curvou para Galney e não fez menção à coincidência.
— Chefe Omas e Almirante Niathal estão reunindo uma frota de defesa
considerável. — ele disse. — Deve estar pronta para partir de Coruscant em
uma semana.
— Uma semana! — Lady Galney explodiu. — Até lá os usurpadores
terão minado as vias de hiperespaço e atacarão Hapes.
— Não há necessidade de se preocupar sobre as minas, Lady Galney. —
Mara disse. — As frotas da Aliança são bem equipadas para lidar com elas.
Assim que a frota de defesa estiver a caminho, os usurpadores não a
atrasarão por muito tempo.
— É claro que não. — A voz de Tenel Ka carregava mais confiança do
que Luke sentia nela através da Força. — Essa é a mensagem que
mencionou?
— Na verdade, não. — Luke disse. — Aquela mensagem é somente
para os seus ouvidos.
Ele deu um olhar discreto na direção de Lady Galney, mas apenas sorriu
e continuou onde estava.
— Sou a conselheira mais elevada da Rainha-mãe. Para exercer as
minhas funções adequadamente, eu preciso ouvir tudo o que ela ouve.
— Então tenho certeza de que ela lhe informará mais tarde. — Mara
pegou a mulher pelo braço e começou a levá-la em direção à porta. — Mas
as nossas instruções são claras.
Jacen se levantou.
— Nesse caso, talvez seja melhor eu ir...
— Não, você fica. — Luke fez sinal para que sentasse novamente. —
Você precisa ver isso ainda mais do que Tenel Ka.
Jacen ergueu a sobrancelha, mas se sentou. Mara empurrou Lady
Galney para fora com instruções ao Sargento Darb para escoltá-la de volta
aos seus aposentos.
— Desculpe por isso, Vossa Majestade. — Luke disse para Tenel Ka. —
Mas é possível que alguém próximo a você seja um traidor.
Tenel Ka assentiu.
— Sim, eu mesma estive tendo premonições sobre isso, apesar de não
acreditar ser Lady Galney. — Ela sorriu. — Consigo sentir quando alguém
está mentindo para mim, você sabe. Ela é uma tola, mas é honesta.
— Isso não significa que os seus segredos podem ser confiados a ela. —
Mara disse, retornando para o lado de Tenel Ka. — Alguém com tanto
interesse nos assuntos de outra pessoa não os manterá para si.
— Estou contando com isso. Com a Anakin Solo em órbita ao redor de
Hapes, preciso de alguém comigo para reportar aos fofoqueiros que não
estou dormindo com o comandante Jedi. — Tenel Ka olhou na direção de
Jacen e sorriu novamente. — Além do mais, a irmã dela, a Ducha Galney, é
uma de minhas nobres mais devotas. Serve ao meu propósito cultivar a
ilusão de uma relação especial com Lady Galney.
Luke bufou, assombrado.
— Sua vida é um labirinto, Vossa Majestade. Não sei como você vive
assim.
— Porque eu fui bem preparada, Mestre Skywalker. — Tenel Ka disse
solene. — E eu agradeço a vocês todos os dias.
Luke realmente corou, mas se manteve calmo o bastante para responder:
— E você sempre me deixou muito orgulhoso, Tenel Ka.
— Apesar de estarmos muito desapontados por não conhecermos Allana
ainda. — Mara acrescentou com firmeza. — Eu acredito que isso mudará
antes de partirmos hoje?
Jacen avançou ao redor das cadeiras, claramente alarmado.
— Isso não será...
— Talvez. — Tenel Ka disse. — Mas, como Jacen estava prestes a
dizer, Allana está muito nervosa pela tentativa de assassinato,
particularmente já que uma Jedi estava envolvida. Talvez seja melhor se
adiarmos para outra hora.
Luke e Mara trocaram olhares confusos. Talvez Allana realmente
estivesse traumatizada pelo ataque, ou talvez os rumores de deformidades
fossem reais; em qualquer caso, eles não tinham escolha se não aceitar a
desculpa de Tenel Ka.
— Sinto muito ouvir isso. — Luke disse. — Estava ansioso em
conhecê-la.
— Mas a mensagem esclarece algumas coisas sobre o envolvimento de
Leia. — A voz de Mara tinha apenas um toque de petulância, como se ela
sentisse que Tenel Ka devesse saber melhor do que acreditar que os Solos
realmente tentariam matá-la. Ela usou a Força para levar R2-D2 até a zona
de fala, então disse: — Reproduza a mensagem de Han.
R2-D2 confirmou a ordem com um chiado, então foi até a unidade de
comunicação e inseriu o braço de interface no soquete de dados. Um borrão
rosado apareceu sobre a plataforma de projeção e rapidamente firmou-se na
imagem do rosto de Han. Sua pele estava pálida e irritada pelo choque, e a
boca pendia em uma careta torta de dor.
Luke imediatamente sentiu uma pontada de preocupação. Mara não o
avisara que Han estava ferido, mas quando ele olhou para o seu sobrinho, os
olhos de Jacen estavam estreitos.
— Escute, garoto. — A voz de Han estava baixa e rouca, como se ele
estivesse tentando evitar ser ouvido. — Não tenho muito tempo, temos
alguém a bordo que não pode saber sobre isso, mas eu preciso que você
retransmita esse holo para Tenel Ka... e apenas para Tenel Ka. Alguém
próximo a ela é um traidor, e pode ficar feio para nós se essa mensagem
chegar às pessoas erradas.
A imagem mudou para o perfil de uma bela mulher Hapan com longos
cachos castanhos e bochechas altas. Ela parecia estar inclinada sobre
alguma coisa, Luke pensou talvez ser um banco ou mesa, até vê-la remover
um tubo de bálsamo de bacta de uma gaveta na enfermaria da Falcon.
A voz de Han continuou:
— Essa mulher se chama Morwan, mas pode ser uma alcunha. Ela era
uma cirurgiã a bordo da Kendall na Batalha de Qoribu. Temos quase certeza
de que ela está a serviço da família AlGray das luas Relephon, e ela está em
contato entre o Conselho de Herança, é assim que os nobres por trás do
golpe chamam a si mesmos, e a assassina que escapou conosco.
A imagem da mulher mudou para uma de rosto inteiro, e ela parecia
ainda mais impressionante, com lábios cheios e olhos suaves e puxados.
Han continuou falando:
— Nós a ouvimos dizer à assassina para cuidar de Allana primeiro.
A imagem da mulher desapareceu, então o rosto de Han reapareceu,
parecendo ainda mais aflito do que em um momento antes.
— Luke, Tenel Ka precisa levar essa ameaça a sério. O nome da
assassina é Aurra Sing...
Luke estava tão chocado que temporariamente se desligou da voz de
Han. Ele sabia o nome de Aurra Sing pelos registros da antiga Ordem Jedi
que reunira e estudara ao longo dos anos.
— ... pensa que pode ter sido algum tipo de Jedi cerca de oitenta anos
atrás. — Han dizia. — Isso é tudo o que sabemos, mas há mais uma coisa.
Fiquem de olho em Alema Rar. Nós esbarramos em Jag Fel na Estação
Telkur, e...
Han parou e olhou por cima do ombro, então sua voz diminuiu para um
sussurro:
— Tenho que ir. Diga a Tenel Ka que sentimos muito sobre a bagunça
no palácio. Gejjen estava nos usando para armar contra ela, e nós não
sabíamos.
O holograma desapareceu, deixando-os parados lá em silêncio. Apesar
de Luke estar intrigado pelas menções à Alema Rar e Jagged Fel, ele não
pensou muito sobre isso. Ele estava mais interessado na reação de seu
sobrinho para o que acabara de ver.
Jacen mantinha a sua presença na Força enterrada e inteligível, mas
olhava carrancudo para o chão e respirava fundo. Luke resistiu a tentação
de sugerir que estivera errado em duvidar dos Solos em primeiro lugar. Se
Jacen quebraria asua influência do lado sombrio, precisaria redescobrir por
si mesmo que os Jedi confiavam sem seus sentimentos tanto quanto nos
olhos.
Após alguns minutos de silêncio, Tenel Ka disse:
— Obrigado por nos mostrar essa mensagem. É certamente mais fácil
acreditar que os Solos estavam sendo usados em vez de tentando me matar.
Jacen surpreendeu Luke ao assentir.
— E isso explica alguns dos conflitos de testemunhas que você
mencionou. — ele disse. — Se meus pais estavam sendo usados por Gejjen,
assim que perceberam o que estava acontecendo, eles tentariam impedir o
ataque.
Uma sensação calorosa de alívio cresceu dentro de Luke. Não apenas
Jacen estava aberto à ideia de que os seus pais eram inocentes, ele estava
procurando por razões para acreditar. Luke ficou mais confiante de que
seria capaz de afastar Jacen do lado sombrio, seja qual fosse o
relacionamento de seu sobrinho com Lumiya.
— Eu odeio jogar um balde de água fria. — Mara disse. — Mas pra
mim, isso me parece um convite para um banquete de um Hutt.
Luke abaixou as sobrancelhas.
— O que você está dizendo? — Ele queria dizer a ela para parar de
plantar dúvidas na mente de Jacen, mas ele sentiu através de seu elo na
Força que Mara estava apenas tentando ter certeza de que Jacen entendia o
seu erro, ter certeza de que Jacen acreditava em seu coração que os seus
pais eram não só inocentes de ajudar na tentativa de assassinato, mas
incapazes disso. — Que isso pode ser uma informação falsa?
— Estou dizendo que a mensagem deles é conveniente. — Mara dirigiu
o seu comentário para Jacen. — Se eles estiverem envolvidos, a mensagem
seria uma boa forma de afastar suspeitas, e nos entregar informações
erradas.
Os olhos de Jacen se arregalaram.
— Estou surpreso por ouvi-la dizendo isso, tia Mara. — Havia uma nota
de ressentimento, talvez até raiva, na voz dele. — Eu pensei que você teria
uma opinião melhor sobre os meus pais.
O olhar de Mara não vacilou.
— Eu tenho Han e Leia em alta estima, e é por isso que devemos
considerar a possibilidade de estarem nos enganando. — Ela parou, então,
em perfeita sincronia, se virou para Tenel Ka como se estivesse descartando
a opinião de Jacen. — Isso é uma guerra, e os Solos estão lutando pelo
outro lado. Temos que ser cuidadosos.
— Também temos que levar em conta de quem são eles. — Jacen disse,
também se virando para Tenel Ka. — Você conhece os meus pais. Eles não
são assassinos. Eu acho que devemos confiar nessa mensagem.
O coração de Luke se encheu de alegria. Claramente, Jacen continuava
em contato com as suas emoções, e isso significava que ainda havia
esperança de guiá-lo de volta para o lado luminoso.
Após pensar por um momento, Tenel Ka assentiu para Jacen.
— Assim como eu. — Ela se virou para Mara com um ar de desculpa.
— Você não sabe as discrepâncias nos relatos das testemunhas, mas havia
dúvida sobre com quem os Solos lutavam durante o ataque. A mensagem
deles esclarece isso.
— Bom, a decisão é sua. — Apesar da resposta de Mara, Luke podia
sentir que ela estava tão feliz quanto ele com os resultados. — Eu só quera
ter certeza de que considerou a possibilidade.
— E sou grata por isso, não deve ter sido fácil. — Tenel Ka se virou
para Jacen. — Obviamente, isso significa que ambos precisamos cancelar
as ordens em relação a os seus pais.
— Ordens? — Luke perguntou.
— Captura e detenção. — Jacen explicou. Ele pensou por um momento,
então balançou a cabeça. — Mas não podemos. Se eles estiverem certos
sobre um traidor na corte...
— E isso parece óbvio. — Tenel Ka interrompeu.
— ... então cancelar as ordens os entregaria. — Mara completou. —
Vocês têm de deixar as ordens em vigor.
Jacen assentiu.
— Outra coisa poderia ser uma sentença de morte.
— Muito bem, eles provaram ser bastante hábeis em nos iludir até
então. — Tenel Ka ficou em silêncio por um momento, então disse: —
Agora devemos considerar o que fazer sobre AlGray e o seu Conselho de
Herança.
— Há apenas uma coisa a fazer. — Jacen disse.
— Exatamente. — Tenel Ka foi ao lado dele. — Não tenho direito de
pedir isso a você...
— É claro que tem. — Jacen respondeu. — Você não sabe em qual dos
seus comandantes de frota pode confiar, o Consórcio Hapes é um membro
leal da Aliança Galáctica, e é meu dever ajudá-la de qualquer forma que
puder. Mas temo que a Anakin Solo não será suficiente, como me lembro do
arquivo de inteligência, a Casa AlGray tem uma dúzia de Dragões de
Batalhas próprios.
— Correto, e eu providenciarei para você uma flotilha grande o bastante
para assegurar a sua vitória. — Tenel Ka disse. — Mas não era sobre isso
que eu estava falando.
— Não é?
— Não. — Tenel Ka pegou a mão dele. — Eu devo ficar aqui para
comandar a Frota Local. Com Aurra Sing vindo atrás de Allana, no entanto,
eu a quero longe de Hapes. Até isso terminar, ela estará mais segura com
você a bordo da Anakin.
— Você tem certeza? — Mara perguntou, alarmada. — Jacen pode estar
indo para uma batalha.
— E eu estarei. — Tenel Ka respondeu, quase cortante. — AlGray não
está sozinha nesse “Conselho de Herança”. Quando nos movermos contra
ela, os outros se moverão contra mim, e Hapes se tornará um lugar bem
mais perigoso para Allana do que a Anakin.
Mara assentiu, um pouco surpreendida pelo tom de Tenel Ka.
— É claro. Eu não quis questionar o seu julgamento.
— É claro que não. — O tom de Tenel Ka suavizou. — E eu agradeço a
você, isso não é algo que esteja acostumada a fazer ultimamente. Além do
mais, Jacen não terá uma grande batalha. Ele terá o dobro da frota e bem
mais armas, então ele é minha melhor opção. — Ela parou, como se uma
ideia acabasse de lhe ocorrer. — A menos que você e Mestre Skywalker
estejam retornando diretamente para Coruscant?
— Desculpe. — Mara disse. — Allana não estaria mais segura conosco.
— Eu temo que precisamos rastrear Ben. — Luke explicou. — e então
tratar de assuntos pendentes com Lumiya.
Capítulo 17

Não era o silêncio sombrio do Porão de Mísseis que Alema achava tão
perturbador, nem mesmo todos aqueles cilindros lotados de detonita,
baradium e propelente. Era o frio. As cavernas de Ryloth, onde ela passara
os primeiros anos de sua vida, eram quentes, secas e empoeiradas, e o ninho
Gorog, no qual ela vivera como uma Killik Enlaçada, era quente, úmido e
íntimo. Mas o Porão de Mísseis da Anakin Solo era frígido, mesmo com um
par de volumosos macacões da GAG vestidos sobre os robes habituais. O
nariz dela estava dormente; o seu lekku formigava, os dentes batiam, as
suas antigas feridas doíam; e a respiração dela subia em cortinas de vapor.
— Alema, se você não manter esse bastão luminoso sobre o corte, nós
duas vamos nos arrepender. — Lumiya estava ajoelhada em frente a uma
prateleira de mísseis, usando a sua mão cibernética para cuidadosamente
fazer um corte na solda da ponta em cone de um míssil de baradium. —
Isso não é algo que faço todos os dias.
— Você não está nos deixando confiantes. — Alema iluminou o míssil
bem à frente do feixe do estilete de fusão. — Por que você não pede a Jacen
para mandar um técnico treinado remover o... seja lá o que estiver
buscando?
— O detonador de próton. — Lumiya disse. Ela não vestia o lenço de
rosto, então a sua mandíbula desfigurada inspirava em Alema uma sensação
de irmandade e união. — E Jacen não pode saber sobre isso.
— Deveríamos ter adivinhado. — Na verdade, Alema tinha adivinhado,
e ela estava simplesmente buscando confirmação. Mesmo após ter
impedido a Mestra Lobi de expor o que Lumiya estava fazendo com Jacen,
Lumiya permanecia reservada sobre os seus objetivos e planos, quase com
se não entendesse verdadeiramente a natureza de sua parceria com Alema.
— Mas nós dissemos a você, Jacen é importante para o Equilíbrio.
Precisamos dele vivo.
Lumiya continuou a trabalhar, movendo a lateral do míssil na direção do
ponto inicial do corte. Alema contou até cinco. Então, quando ainda não
recebeu uma resposta, afastou a luz. O estilete de fusão se desviou da solda,
causando um zumbido agudo quando cortou a casca do cilindro do míssil.
— Sua maluca! — Lumiya desligou o feixe do estilete. — Você podia
ter explodido a nave inteira!
Alema deu de ombros.
— E isso importa? Se Jacen morrer, ele não se torna um Sith. Se Jacen
não se tornar um Sith, o sofrimento de Leia não será igual ao meu. Se o
sofrimento de Leia não for igual ao meu, a galáxia continua sem...
— ... Equilíbrio. Você me disse. — Lumiya reativou o estilete de fusão,
mas continuou a segurá-lo longe do míssil. — Estou fazendo isso para
ajudar Jacen, não machucá-lo.
Alema continuava a iluminar o bastão longe do míssil.
— Como?
— Jacen me pediu para me encontrar com Ben na Estação Roqoo. —
Lumiya disse. — Ele está prestes a levar uma força tarefa para capturar um
dos líderes do golpe nas Luas Relephon, e ele me quer lá para assegurar que
Ben retorne à Anakin em segurança.
Alema franziu a testa.
— Mas Ben está a bordo do esquife de reconhecimento. — ela disse. —
Eles não podem chegar até as Luas Relephon.
— Exatamente. — Lumiya indicou o míssil. — Se você não se importa,
a Anakin fará o primeiro salto dentro de uma hora, e preciso sair antes
disso.
Alema devolveu a luz na direção do míssil, mas manteve o feixe focado
no chão.
— Isso parece suspeito.
Lumiya suspirou exasperada.
— Soa suspeito porque é suspeito. Jacen veio até mim assim que os
Skywalkers terminaram a sua pequena visita. Eu temo que tenha me
tornado um problema.
Alema retornou a luz para o trabalho de Lumiya.
— Você acha que Jacen está mandando você para uma armadilha?
— Eu sei que está. Ele está preparando uma luta entre eu e Luke. —
Lumiya retornou o estilete de fusão para a solda e continuou o seu trabalho.
— Se eu matar Luke, isso cria uma abertura para Jacen tomar a liderança da
Ordem Jedi. Se Luke me matar, então vai parecer como se eu estivesse
perseguindo Ben o tempo todo. Luke presumirá que os seus medos originais
estavam corretos, e o véu de suspeita será removido de Jacen.
— Jacen não é melhor do que qualquer outro Solo! — Alema estava
fervendo indignada. — Leia gerou um bando de lyleks.
— Oh, eu acho que ela fez melhor do que isso. — Lumiya respondeu.
— Eu diria que Jacen é mais uma thernbee: astuto, implacável e mortal. Eu
não poderia estar mais orgulhosa.
Ela completou o corte, e o nariz se soltou. Alema o pegou com a Força
por medo de um gatilho de impacto detonar a carga de próton.
— Orgulhosa? — Alema cuidadosamente abaixou o cone até o chão. —
Por trair você?
— Oh, muito orgulhosa. — Lumiya disse. — Eu estava ficando
preocupada que Jacen não dispunha da força e astúcia para cumprir o seu
destino. A traição dele prova que eu estava errada. Jacen é muito capaz.
— Nós não entendemos.
— O destino de Jacen não o permite ter o luxo da lealdade. — Lumiya
explicou. Ela desativou o estilete e o colocou de lado. — Se ele não estiver
disposto a me trair, como podemos esperar que ele traia a família inteira?
Alema não tinha resposta para aquilo. Mesmo nos antros de ryll de
Kala'uun, onde a lealdade de uma dançarina era estritamente para si mesma,
a única pessoa que nunca traiu foi a sua irmã, Numa.
Lumiya começou a arrumar o emaranhado de fios e filamentos cercando
o detonador de próton do míssil.
— Mestre Skywalker não é alguém para se brincar. — Alema disse. —
Você pode ser morta.
— Estou ciente disso. — Lumiya encontrou um maço de fios levando
até a ponta do invólucro do detonador e começou a separá-los. — Eu já
lutei contra ele antes, você sabe.
— E quanto ao destino de Jacen? — Alema perguntou. — Sem você
para guiá-lo...
— Jacen tem o conhecimento para completar a sua jornada. — Lumiya
separou um fio laranja que ia do invólucro do detonador até uma caixa de
relés na ponta do cilindro do míssil. — Tudo o que resta pra ele é fazer o
seu sacrifício.
— Então ele ainda não o fez?
— Ainda não. — Lumiya puxou um par de alicates do bolso de seu
cinto e deslizou as garras sobre o fio laranja. — Mas ele o fará.
O coração de Alema saltou para a boca.
— Não o dispositivo de segurança!
Lumiya olhou para cima, a testa franzida irritada.
— Laranja não é o dispositivo de segurança. É o sensor de proximidade.
— Era em mísseis Imperiais. — Alema disse. — Nos mísseis da
Aliança, é o dispositivo de segurança. Há apenas um fio, vê?
Lumiya estudou o maço, então relutantemente trocou o alicate para o
primeiro punhado de fios cinzas.
Alema deu um suspiro de alívio, então perguntou:
— Como pode ter certeza?
— Eu presumo que você me diria se estivesse errado novamente. —
Lumiya respondeu cortante.
— Queremos dizer sobre Jacen. — Alema explicou. — Se ele não fizer
o sacrifício e você já estiver morta...
— Ele fará o sacrifício. — Lumiya disparou. — Agora, quanto a esses
fios...
— Corte. — Alema disse. — O que está esperando?
Lumiya cortou o primeiro fio, então, quando a Anakin Solo não
desapareceu em um clarão branco, começou a cortar os outros fios cinzas.
— Não temos certeza se gostamos desse plano. — Alema disse. — Se
você for morta, o tio dele tentará atrair Jacen de volta para o lado luminoso
da Força...
— Ele não conseguirá. — Lumiya disse. — Porque eu posso retornar ou
não dessa luta, Luke não irá.
Cortou o último dos fios cinza, então trocou o alicate por uma chave
hidráulica e começou a desaparafusar o invólucro do detonador.
— É para isso o detonador de próton? — Alema perguntou, finalmente
compreendendo o plano de Lumiya. — Um último recurso?
Lumiya assentiu.
— Como você disse, eu posso ser morta.
— Parece para nós que está planejando isso. — Alema respondeu.
— Planejando, mas não contando com isso. — Lumiya removeu o
último parafuso do invólucro. — Mas eu admito que ser morta é um
resultado mais provável do que eu gostaria.
— Então por que vai? — Alema perguntou. Apesar de nunca admitir
isso para Lumiya, ela não gostava da ideia de Luke morrer tão cedo. O
Equilíbrio seria melhor servido se ele fosse forçado a assistir ao declínio de
Jacen, se ele lutasse para redimir o seu sobrinho antes de finalmente cair
para sua lâmina. — Matar o Mestre Skywalker não é bom se você não
sobreviver para apreciar isso.
Lumiya colocou a chave hidráulica de lado, então olhou para Alema
com uma expressão próxima de pena.
— Não estou fazendo isso por mim, sua dançarina tola. — ela disse. —
Mas não adianta explicar. Você não entenderia.
Retornou a atenção para o míssil, pegando o invólucro do detonador
com ambas as mãos.
Alema, fervilhando pela crítica de Lumiya, desativou o bastão
luminoso. Houve um clique metálico quando o invólucro entrou em contato
com o detonador de próton.
— Você está louca? — Lumiya sussurrou. No silêncio que seguiu a
questão dela podia ser ouvido um suave, quase inaudível estalo de um timer
eletrônico contando os segundos. — Ligue o bastão!
— Estamos tentando. — Alema bateu o bastão luminoso contra o braço
aleijado dela algumas vezes. Presumindo que o invólucro ativara um dos
gatilhos de impacto, elas teriam mais cinco segundos para desativar antes
do dispositivo de segurança caducar e permitir a carga ser detonada. — Mas
não somos inteligentes o bastante para entender. Somos apenas uma
dançarina tola.
— Me desculpe! — Lumiya rosnou. — Agora acende a kriffing da luz!
Alema bateu o bastão luminoso contra seu braço novamente.
— Nós ainda não sabemos se entendemos
— Certo, — Lumiya disse. — Você já foi parte de algo maior e mais
importante do que você mesma?
— O nosso ninho.
Alema reativou o bastão luminoso. Lumiya rapidamente removeu o
invólucro do detonador do resto do caminho da carga de próton, então
alcançou pela Força e puxou o gatilho para longe do contato.
Alema continuou a sua resposta:
— Indivíduos morrem, mas Gorog vive. Gorog era mais importante do
que nós.
— Exatamente. — Lumiya soltou o ar lentamente, então usou a Força
para levitar a cápsula do detonador enquanto recolhia os alicates e estendia
a mão por dentro para cortar o resto dos fios. — A minha situação não é tão
diferente.
Alema franziu a testa.
— Como não é diferente? Você é a... última... dos.... — Ela parou,
subitamente percebendo porque Lumiya talvez estivesse arriscando morrer
antes de Jacen completar o seu sacrifício... porque Lumiya parecia tão
confiante que ele iria, mesmo sem ela para guiá-lo. — Há mais Sith?
Lumiya flutuou o invólucro até o chão, revelando uma pastilha do
tamanho de uma cabeça de metal brilhante com um pequeno tubo de
deuterium líquido afundado no centro.
— Há um plano, um plano que será executado quer eu sobreviva ou
não. — Lumiya se esticou e seguiu dois fios do topo do tubo de deuterium
até um pequeno painel de circuito, então os soltou. — É tudo o que você
precisa saber.
— Nós não acreditamos em você. — Alema nem se incomodou em
afastar o bastão luminoso, já que não estavam em um ponto crucial no
processo de desarmar. — Não há só dois Sith de cada vez?
Lumiya pegou a chave hidráulica e começou a desaparafusar a carga de
próton.
— Você realmente quer que eu responda isso?
Havia uma frieza na voz de Lumiya que balançou Alema nos
calcanhares, e ela percebeu que provavelmente já ouvira demais. Se
realmente houvesse uma organização secreta de Sith, e essa era a única
razão pela qual conseguia justificar a disposição de Lumiya para se
sacrificar, eles eram obviamente muito empenhados em manter a sua
existência em segredo.
— Não, não há necessidade. — Alema disse. — Ouvimos o suficiente
das suas mentiras por enquanto.
Um brilho ao achar graça passou pelos olhos de Lumiya.
— Assim é provavelmente melhor.
Lumiya removeu a carga de próton do míssil, então puxou um colete
preto de combate da bolsa de ferramentas e deslizou o dispositivo para
dentro de um bolso no peito. Ela checou para ter certeza de que os fios de
acionamento alcançariam do tubo de deuterium até um painel de sensor
menor localizado mais ou menos onde o coração do usuário estaria, mas
não fixou os grampos.
— Muito esperto. — Alema disse. — Você ganha mesmo se perder.
— Esse é o caminho Sith. — Lumiya jogou a bolsa de ferramentas no
chão até o próximo míssil na prateleira. — Traga a luz, estamos ficando
sem tempo.
— Não entendemos. — Alema começou a sentir um aperto no coração,
mas ela fez o que Lumiya pediu e iluminou o nariz de cone do míssil. —
Como você usará duas cargas de próton?
— Eu não usarei. — Lumiya reativou o estilete de fusão, então olhou
para Alema. — Esse aqui é para você.
Capítulo 18

Faixas de fumaça ainda se infiltravam da entrada do hangar e subiam até o


aguaceiro, mas o resto da Vila Solis obviamente queimara bem antes da
chuva chegar. Duas bombas de prótons reduziram o lugar a uma mancha de
escombros e pedras derretidas, deixando apenas poucos círculos de
fundações fantasma para indicar onde os domos das habitações uma vez
estiveram. Para a surpresa de Ben, sentiu apenas um indício de morte na
Força. Ou o ataque ocorrera a muito tempo antes, o que parecia improvável,
considerando a fumaça ainda subindo do hangar, ou apenas poucas pessoas
morreram ali.
A voz melodiosa da piloto e comandante do esquife, uma tenente júnior
Duros chamada Beta Ioli, soou no fone de ouvido de Ben, que ele e o resto
da tripulação usavam para abafar o rugido dos motores enormes.
— Algo ruim aconteceu aqui. — ela disse. — Chefe, você está captando
alguma coisa?
— Negativo, senhora. — Tanogo respondeu. Um Bith suboficial chefe
que estivera na marinha espacial desde antes de Ben nascer se sentava a três
metros atrás na cabine apertada do Rover, operando a “estação espiã” usada
para localizar e avaliar alvos inimigos. — Não há sinais provenientes dentro
de trezentos quilômetros, mas nós temos um esquadrão inimigo vindo em
nossa direção de Warro Field.
— Miy'tils? — Ioli perguntou.
— Negativo. Parecem mais com Headhunters.
— Headhunters? — Ioli resmungou. — Está brincando.
— A milícia planetária ainda usa Headhunters. — Ben disse, citando o
arquivo da inteligência fornecido por Tenel Ka quando Jacen o designou
para a missão. — Eles provavelmente estão curiosos sobre nós.
— Ninguém manda doze caças para um relatório visual. — Tanogo
repetiu. — Isso é um esquadrão de ataque.
— Não posso culpá-los por serem cautelosos. — Ioli respondeu. —
Alguém acabou de arrasar com a casa da Ducha deles. Nos identifique e
veja se eles sabem o que aconteceu.
Tanogo confirmou a ordem, e um momento depois Ben notou os
sistemas de armas passando por um teste padrão. Ou o jovem técnico de
armas Twi'lek do esquife decidiu por si mesmo ligar os sistemas, ou, mais
provavelmente, o experiente suboficial sugerira isso discretamente.
Após o Rover descer até uma altitude de duzentos metros, Ioli circulou
em frente às ruínas, onde estava um aglomerado de crateras inundadas no
que um dia fora a entrada da vila. Ben subitamente teve uma sensação de
frustração, tão leve e silenciosa que de primeira ele pensou ter imaginado.
Enquanto eles se precipitavam sobre as crateras, no entanto, a sensação
ficou mais forte, e ele a reconheceu como uma reverberação na Força.
— Eles estão aqui. — ele disse.
— Quem? — Tanogo perguntou pelo fone de ouvido. — Seja preciso,
filho!
— Desculpe. — Ben disse. — Jaina e Zekk. Essas crateras foram um
grande problema para eles.
— Eu que o diga. — A voz de Tanogo era sarcástica. — Ser explodido
em moléculas é sempre um problemão.
— Chefe! — Iolo ergueu o nariz do esquife e deu a volta para pousa. —
É da prima dele que está falando.
— Está tudo bem, não estou sentindo morte. — Ben disse. Conforme
eles voltavam na direção das ruínas da vila, a sensação de frustração e raiva
começaram a diminuir. — Volte pelo caminho que estávamos, Tenente. Eu
acho que é por onde temos de ir.
Ioli começou a virar o esquife.
— Senhora, não temos tempo para os jogos de adivinhações do garoto.
— Tanogo disse. — Se vamos olhar por aí, precisamos pousar agora. O
esquadrão está a apenas vinte minutos, e acabou de ir de inimigos para
bandidos.
— Por quê?
— O líder do esquadrão respondeu o nosso questionamento sobre o que
aconteceu aqui. — Tanogo disse. — Ela está dizendo que um par de Jedi
bombardeou o lugar.
Ioli olhou para Ben. O rosto Duros dela permaneceu ilegível, mas podia
sentir a incerteza dela através da Força.
— Precisamos voltar pelo nosso caminho anterior. — Ben disse. —
Jaina e Zekk não estão aqui. Eu os sentiria se estivessem.
— Mesmo se estivessem mortos? — O tom de Tanogo não era cruel,
apenas pragmático. — Senhora, se não pudermos localizar esses dois Jedi,
as nossas ordens são determinar o que aconteceu com eles.
— E usar Ben como um recurso. — Ioli disse, continuando a virar o
esquife para o caminho pedido por Ben. — É você quem dirá ao Coronel
Solo que não confiamos nos instintos do aprendiz dele?
Tanogo ficou instantaneamente em silêncio, subitamente derramando
incerteza e preocupação na Força. Ben se sentiu secretamente entusiasmado
e vagamente inquieto pela reação, entusiasmado por perceber que ele fora
investido com uma certa medida de poder simplesmente por ser associado
com Jacen, e inquieto por perceber que a reação ao seu poder era medo em
vez de respeito.
Assim que o Rover retornou ao seu caminho original, a sensação de
frustração e raiva cresceu mais perceptível na Força. Ben se virou em seu
assento e olhou para o rosto marcado pela idade de Tanogo.
— Não estou imaginando isso, Chefe Tanogo. — Ele disse. — A Força
é real.
Tanogo ondulou as bochechas no que parecia ser divertimento.
— Você que manda, filho. Não tem que explicar nada par um velho
espacial como eu.
— Certo. — Ben disse, ainda se perguntando se ele acalmara as coisas.
— Obrigado.
Virou-se novamente e encontrou uma planície de lama e grama borrada
pela chuva passando por baixo do esquife. Era impossível dizer quão longe
o território se estendia à frente, mas Ben sabia pelo arquivo da inteligência
que o atoleiro se estendia por mais de trezentos quilômetros em todas as
direções, mais longe do que mesmo um Jedi poderia se arrastar pela lama
macia em tão pouco tempo.
Fechou os olhos e imaginou o rosto de Jaina, ao mesmo tempo focando
sua atenção na frustração que sentia na Força. As ondas ficaram mais fortes
quase instantaneamente, atingindo-o mais perceptivelmente de uma direção
vinte graus a estibordo. Sem abrir os olhos, ele apontou:
— Pra lá.
Ioli hesitou por apenas um instante antes de virar a embarcação na
direção indicada. As ondas cresceram ainda mais, mas agora parecia a Ben
que vinham a cerca de dez graus a bombordo. Apontou naquela direção.
— Mais pra lá.
A bufada de Tanogo veio sobre o fone de ouvido, e Ioli hesitou um
pouco mais antes de corrigir o curso. Ben tentou não deixar as suas dúvidas
o incomodarem, mas as ondas começaram a diminuir e ficaram mais
difíceis de sentir.
— Volte pelo outro caminho, eu acho.
Dessa vez, Ioli sequer corrigiu o curso.
— Ben, você está nos levando de um lado para o outro. — ela disse. —
Se você não sabe onde eles estão, precisamos voltar para a vila.
Ben abriu os seus olhos e franziu a testa para Ioli.
— Confie em mim, Tenente. Não é como ver um ponto de referência,
mas eles estão por alí.
Ioli o encarou por um momento, então lentamente assentiu.
— Como quiser, Agente Especial Skywalker.
Eles fizeram mais duas correções no curso antes das ondas se tornarem
mais fortes novamente. Dessa vez, Ben estendeu a sua percepção da Força o
mais longe possível naquela direção, imaginando Jaina em sua mente e
tentando tocá-la através da Força.
Então, subitamente, ela estava na mente dele com ele, cheia de surpresa,
alegria e alívio, e urgência. Algo estava terrivelmente errado, e ela
precisava de Ben para ajudá-la a corrigir.
— Eles estão bem à frente. — Ben tentou abrir os seus olhos, talvez ele
tenha aberto, mas Jaina não liberava o aperto na mente dele. Tudo o que ele
via à frente dele era o rosto dela, parecendo ao mesmo tempo feliz,
preocupada e exausta. — Acho que podem estar em perigo.
— Quando você diz bem à frente...
— Eu quero dizer bem à frente. — Ben estendeu o braço na direção da
imagem de Jaina em sua mente. — Ali.
O esquife virou... com força.
— Eu disse bem...
— Eu os vejo! — Ioli gritou de volta. — Mas não voarei até uma
encosta, não importa quem esteja ordenando!
A imagem de Jaina desapareceu, e um par de pequenas lâminas
coloridas apareceram na chuva mais ou menos na mesma altitude do Rover.
Eles estavam cerca de cinquenta metros à frente, do lado de Ben da janela e
lentamente deslizando para estibordo enquanto Ioli se afastava.
Devido ao mau tempo, era impossível ver as figuras segurando as
lâminas, mas Ben podia sentir a preocupação de Jaina conforme o esquife
continuava fazendo a curva. Ele a alcançou na Força, tentado tranquilizá-la
de que o sinal com o sabre de luz fora visto, e então as lâminas sumiram de
vista.
A voz de Ioli veio pelo fone de ouvido:
— Tanogo, quanto tempo até aqueles bandidos...
— Estamos voando na direção deles, Tenente. — Tanogo reportou. —
Os interceptadores estarão sob alcance dos mísseis em dois minutos, e eles
estarão em cima de nós em cinco.
— Então estamos com problemas. — Ioli disse.
— Não, não estamos. — Ben soltou o cinto e se levantou. Felizmente, o
fone de ouvido não tinha fio, então ele não precisava removê-lo antes de
seguir para a popa. — Eles são Jedi. Apenas nos leve até uma distância de
dez metros.
Ioli virou o esquife com tanta força que Ben precisou se prender com a
Força ao deque para evitar ser arremessado contra a fuselagem. Ela
desacelerou e começou a se aproximar com as unidades repulsoras, ao
mesmo tempo emitindo ordens de combate para o técnico de armas.
Até Ben chegar na câmara de compressão traseira e abrir a escotilha
exterior, Ioli colocara o esquife pairando junto da colina. Por um momento,
nada era visível do lado de fora além da chuva, neblina e montes de lama e
grama. Então um dos montes subitamente caiu pela encosta e pousou dentro
da câmara de compressão, espalhando gotas de lama pela janela da
escotilha interior. Um momento mais tarde o Rover balançou
perceptivelmente quando uma segunda massa, mais pesada, pousou dentro.
— Eles entraram! — Ben relatou. — Mas vá com calma. Eles ainda não
tiveram tempo de...
— Ao alcance de Mísseis! — Tanogo reportou. — Lançar!
O esquife ergueu o nariz e disparou na direção do céu tão rápido que
Ben precisou segurar um puxador para evitar cair no técnico de armas
Twi'lek. Um par de pancadas secas reverberou de dentro da câmara de
compressão, e por um momento ele pensou que Ioli poderia ter perdido
Jaina ou Zekk.
Um momento depois a escotilha interna se abriu e os dois Jedi entraram
na cabine de voo, caídos pela exaustão e cobertos dos pés à cabeça em
lama. Eles cobriam as orelhas pelo rugido dos motores, mas mesmo isso
não impediu a enxurrada de perguntas que Ben podia apenas entender
parcialmente lendo os lábios de Jaina.
— Qual é... a pressa? — Ela perguntou. — ... quase perdi...
Ben os levou até os únicos assentos de passageiros disponíveis na
cabine de voo, entre a estação espiã de Tanogo e a estação de armas na
antepara da popa, e fez sinal para sentarem-se. Zekk obedeceu com
gratidão, colocando o cinto e um fone de ouvido pendurado em um gancho
atrás do assento.
Jaina pegou o fone de ouvido pendurado atrás do outro assento, mas
continuou de pé e disparou perguntas para Ben:
— O que você está fazendo aqui?
O esquife sacudiu quando o técnico de armas lançou os chaff e
despistador.
Os olhos de Jaina percorreram em volta e, antes de Ben poder responder
a primeira pergunta, ela exigiu:
— Estamos sob ataque?
Ben assentiu.
— Os Terephonianos mandaram alguns Headhunters...
— Aqueles vermes lung! — Ela passou por Ben na direção da estação
espiã. — Quantos? Eles estão em um vetor de perseguição ou
interceptação...
Zekk pegou o braço dela.
— Jaina, você não tem patente aqui. — Ele a puxou para o assento. —
E acabamos de ser resgatados, lembra?
Para surpresa de Ben, Jaina não puxou o braço ou disse a Zekk que não
perguntara ou mesmo deu a ele um olhar feio. Ela simplesmente se sentou e
estendeu a mão para o cinto.
— Desculpe. — ela disse. — Acho que não estou acostumada a ser uma
civil.
— Eu preciso retornar para minha estação. — Ben disse no microfone.
— Tenente Ioli vai saltar assim que sairmos do poço de gravidade, e eu sou
o navegador.
Jaina assentiu e acenou na direção da cabine para Ben.
— Vai. Avise-nos se pudermos ajudar.
Ben seguiu em frente, balançando a cabeça espantado. Jaina agia como
se realmente gostasse de Zekk. Talvez a mãe de Ben estivesse certa sobre os
dois afinal, claramente, algo mudara entre eles.
O esquife balançou quando os primeiros mísseis de concussão foram
vítimas das contramedidas e começaram a detonar. Ben deu uma olhadela
para a tela de ameaças quando passou pela estação de Tanogo, então
deslizou para o próprio assento se sentindo imensamente aliviado. O astuto
chefe exagerara o perigo apenas para assegurar uma fuga segura. Os mísseis
Terephonianos começaram a queimar e cair quase tão logo alcançaram a
parede de chaff, enquanto os velhos Headhunters nem mesmo deixariam a
atmosfera até muito após o Rover ter entrado no espaço e atingido a
aceleração máxima.
Após colocar o cinto, Ben ativou a tela do computador de navegação e
puxou um diagrama da rota que tomaram para Terephon.
— Retraçar os nossos saltos de aproximação, Tenente?
— Temos outra escolha? — Ioli perguntou.
Ben estudou o labirinto de estreitas e distorcidas vias de hiperespaço
que desapareciam dentro das Névoas Transitórias sem indicação de onde
levavam.
— Temos um gazilhão de escolhas. — ele disse. — Só não temos como
saber onde elas levam.
Ioli assentiu.
— Foi o que pensei. — ela disse.
Ben traçou o rumo do primeiro salto e o transferiu para a tela de Ioli,
então estabeleceu um curso retraçando a rota para fora das Névoas
Transitórias. Até ter terminado, a Rover entrara no espaço e escapou do
poço de gravidade de Telephon. Ioli soou o alarme de salto, então um leve
estremecer passou pelo esquife e as estrelas se alongaram em linhas.
— Eu dou conta daqui, Ben. — Ioli disse. — Por que você não leva os
nossos passageiros para se limparem e passar-nos um relatório? O Coronel
Solo espera um relatório completo assim que pudermos fazer contato
novamente.
Ben removeu o fone de ouvido, os motores do Rover se silenciaram no
momento que deixaram a atmosfera de Terephon, e chamou Jaina e Zekk,
levando-os pela antepara até os aposentos da tripulação. Essa cabine era tão
apertada quanto tudo o mais a bordo do pequeno esquife, com uma pequena
copa e uma unidade sanitária enfiada no dois cantos da frente e quatro
camas empilhadas atrás de uma divisória na parte de trás.
Ben indicou a pequena mesa no centro da cabine para Jaina e Zekk.
— Vocês devem estar com fome. — ele disse, virando-se para a copa.
— O que querem?
Jaina ergueu a sobrancelha, deslocando vários flocos de lama, então
olhou para o seu macacão imundo e bufou.
— Estou contente em ver que Jacen não tirou completamente o
adolescente de você. — ela riu. — Até eu ter uma chance de me limpar,
uma xícara de caf está ótimo.
— Então você pode tomar banho primeiro. — Zekk disse, levantando-
se. — Porque estou morrendo de fome. Eu como qualquer coisa, desde que
seja quente e tenha bastante.
Ele foi até o sanitário para lavar as mãos e o rosto, apertando o ombro
de Jaina quando passou por trás dela. Ela não estremeceu, revirou os olhos
nem nada, até ela perceber Ben encarando o seu ombro.
— O quê? — Ela perguntou.
— Hum... nada.
Ben se virou para o dispensador de caf.
— Somos só amigos. — Jaina disse.
Ben deu de ombros.
— Não importa pra mim.
— Ele nem mesmo está mais apaixonado por mim.
— Claro. — Ben disse, enchendo o copo dela. — Tanto faz.
Virou-se para dar a Jaina a xícara e a encontrou encarando a porta
fechada do sanitário. Desejando que a xícara demorasse um pouco mais
para encher, virou-se novamente para pegar uma tampinha que a tripulação
usava em suas estações de serviço.
— Ben... não preciso da tampa. — O tom de Jaina sugeria que ela sabia
exatamente porque ele se virou. — O que você está fazendo aqui, afinal?
Ben colocou o caf na mesa.
— Jacen nos enviou.
— Sem brincadeiras. — Jaina disse, impassível. — Por quê?
— Porque vocês desapareceram após irem para Terephon. — Ben disse.
— E então Tenel Ka começou a sentir como se não pudesse confiar em
ninguém, então ela pediu a Jacen nos mandar e ver o que aconteceu.
— Então pelo menos demos algum aviso. — Zekk disse, saindo da
unidade sanitária. O seu rosto e mãos estavam limpos, mas cheirava ainda
mais como um atoleiro. — Bom.
— Aviso sobre o quê? — Ben perguntou. Ele pressionou o pedido de
um sanduíche de nerfloaf no multiprocessador, então se lembrou do quanto
Zekk precisava se abaixar para sair da unidade sanitária. Ele acrescentou
uma tigela de ensopado de brogy ao pedido e virou-se. — Terephon não
está exatamente do lado de Tenel Ka, está?
Jaina balançou a cabeça.
— A Ducha já deveria estar reunindo a frota dela quando chegamos. —
ela explicou. — E quando pedimos para vê-la, ela tentou nos matar.
— Ela deve ter pensado que fomos até lá para prendê-la. — Zekk
acrescentou, mantendo os olhos no multiprocessador.
— E por isso vocês bombardearam a vila? — Ben perguntou.
Jaina franziu a testa.
— Não bombardeamos nada. Os Miy'yils dela fizeram isso após os
droides de batalha não funcionarem.
— A Ducha bombardeou a própria vila? — Ben perguntou. — Ela
deveria mesmo querer vocês mortos.
— Era a única maneira de proteger a irmã que tem espionando Tenel
Ka. — Jaina disse. — Ela podia nos deixar encalhados ao destruir os nossos
StealthXs, mas agora que Tenel Ka é a Rainha-mãe, tenho certeza que a
Ducha pesquisou o bastante sobre as habilidades Jedi para perceber que
podemos tocar um ao outro pela Força mesmo a distância.
O multiprocessador apitou, mas Ben mal o ouviu. Ele estava muito
confuso com o que Jaina tinha dito. Se compreendeu o sistema de
parentesco Hapan corretamente, e duvidava disso, a irmã da Ducha Galney
era a camareira de Tenel Ka, Lady Galney.
— Ben? — Zekk perguntou, estudando o multiprocessador com uma
expressão preocupada. — Esse sinal não significa que o meu lanche está
pronto?
— Ah, desculpe. — Ben colocou o “lanche”, eram dois pacotes de
porção padrão, em uma bandeja e a pôs à frente de Zekk. — Mas isso não
faz sentido algum. Tenel Ka era uma Cavaleira Jedi, certo?
— Uma muito boa. — Jaina disse.
— Então ela não seria capaz de dizer quando alguém está mentindo pra
ela? — Ben perguntou. — Ela não saberia se Lady Galney a estivesse
espionando?
— Você está dizendo que ela não sabe? — Zekk perguntou. Sem se
levantar, inclinou-se na direção de Ben e começou a abrir as gavetas
embaixo do balcão. — Onde estão as colheres?
Ben recolheu um conjunto de talheres do cesto esterilizante e entregou-
os a Zekk.
— Lady Galney ainda estava com Tenel Ka quando Jacen me enviou
nessa missão.
A expressão de Jaina ficou alarmada.
— Então Tenel Ka ainda não sabe que a Ducha é uma traidora?
Ben balançou a cabeça.
— Acho que não. — ele disse. — Da última vez que ouvi, ela contava
com a frota de Galney para reforçar as suas defesas.
— Blast! — Jaina socou a mesa com tanta força que um pouco do
ensopado roxo derramou-se da tigela de Zekk. — Então é por isso que a
Ducha não queria falar conosco, ela está fingindo estar ao lado de Tenel Ka,
e sabe que os dois Jedi sentiriam a mentira.
— Então Tenel Ka pensa que está correndo para a defesa dela, e então a
Ducha pode atacar de dentro. Isso faz sentido. — Zekk assentiu, então
franziu a testa. — O que não entendo é porque Tenel Ka não consegue
sentir que a sua camareira é uma espiã.
— Talvez Lady Galney possa esconder quando está mentindo. — Ben
disse. — Se Jedi podem fazer isso...
— A maioria não consegue. — Jaina disse, franzindo a testa para Ben.
— Pelo menos não entre si.
Ben se encolheu, percebendo tarde demais que esconder que as mentiras
eram uma daquelas técnicas especiais que Jacen provavelmente não o
queria falando.
— Bom, talvez Lady Galney consiga. — ele rebateu. — Ela não
precisaria ser uma Jedi. Tudo o que precisaria fazer é acreditar que está
dizendo a verdade quando não está.
— Ou sequer saber que está mentindo. — Zekk acrescentou entre
garfadas.
Jaina se virou para Zekk e perguntou:
— Você acha que Lady Galney não está nisso?
Zekk deu de ombros.
— Você não tem que ser um espião para ser um vazamento de
segurança. — ele disse. — Descuido é só o que precisa.
— Sim. — Ben disse, ficando animado. — Mais ou menos como a
Woolamander Cega, só que ao contrário.
— A Woolamander Cega? — Jaina perguntou.
— Você sabe... quando você usa alguém inocente para espalhar
informações falsas. — Ben explicou. — Só que dessa maneira, você está
coletando informações de alguém inocente, e desde que não saiba o que está
acontecendo, é a própria fachada, também. É a armadilha perfeita para
alguém como Tenel Ka.
Jaina parecia levemente preocupada.
— Onde você está aprendendo essas coisas?
Novamente, Ben se encolheu. Os outros aprendizes não estava
aprendendo nada das coisas que Jacen ensinava a ele?
— É parte de meu treinamento da GAG. — Ben colocou uma camada
de calma sobre a sua presença na Força para que Jaina e Zekk não
sentissem a sua mentira. — Precisamos saber todas essas coisas de espião.
— Bom, então você deve estar estudando bastante. — Zekk disse. —
Porque acho que você está certo.
Jaina assentiu.
— Faz sentido. O espião real é provavelmente um dos consortes de
Galney. Tenel Ka não teria razão para conversar com eles de qualquer
forma. — Ela olhou novamente para Ben. — E mulheres nobres Hapan têm
um péssimo hábito de subestimar a duplicidade dos homens.
O comentário mandou um raio de alarme disparando sobre Ben, mas fez
o seu melhor para permanecer calmo, lembrando a si mesmo que durante as
suas sessões de treino, nem mesmo Jacen sempre podia dizer quando estava
mentido.
— Estou contente por essas coisas finalmente serem úteis. Para dizer a
verdade, estava começando a me perguntar se aqueles instrutores estavam
inventando isso. — Ele virou a atenção para Zekk, que já devorara a
maioria de seu “lanche” e estava usando o pão para limpar a tigela. — Você
sabe como usar o multiprocessador se ainda estiver com fome?
Zekk estudou a unidade com um brilho voraz nos olhos.
— Ah, sim.
— Bom. — Ben apontou para o armário embaixo da cama dele. — O
meu macacão de voo reserva pode servir em você, Jaina, mas Zekk...
— Não se preocupe. — Jaina disse. — Eu enfiarei o de Zekk no lavador
enquanto ele toma banho.
— Então é melhor eu ir falar com a Tenente Ioli. — Ben disse. Ioli não
o pediu para reportar, mas a última coisa que queria era dizer mais alguma
coisa para despertar a análise de Jaina. — Ela vai querer mandar um
relatório para Jacen assim que estivermos fora da zona sem sinal.
— Peça a ela para enviar um para Tenel Ka, também. — Jaina pediu.
— Não sei se isso é uma boa ideia. — Zekk disse. — Sabemos que ela
está cercada por espiões, mesmo se Lady Galney não for um deles.
— Temos que aceitar esse risco. — Jaina disse. — Tenel Ka precisa
saber sobre isso o mais breve...
— A Rainha-mãe saberá sobre isso assim que Jacen souber. — Ben
disse. — Ela está a bordo da Anakin com ele.
Jaina franziu a testa.
— A Anakin?
— A Anakin Solo, o nosso novo Star Destroier. — Ben disse com
orgulho. — Ela está em órbita acima de Hapes, e a Rainha-mãe Tenel Ka
está escondida...
— O nosso novo Star Destroier? — Jaina repetiu. Ela se levantou e
inclinou sobre a mesa na direção de Ben. — Jacen nomeou uma nave da
GAG em homenagem ao Anakin?
— Sim, ele pensou...
— O que ele estava pensando? — Jaina perguntou. — Que ele arrastaria
o nome do nosso irmãozinho para a poça de poodoo com ele?
— Hum, você terá que perguntar pra ele. — Ben disse, percebendo que
nada que dissesse acalmaria Jaina. — Tenho que ir.
Retirou-se pela antepara e escapou. Estava ciente dos ressentimentos
entre Jaina e Jacen, é claro, mas não entendera a razão até agora. Jaina era
tão volátil e irracional quanto Jacen alegava. Era de se admirar que ela tinha
durado tanto tempo no exército, mas então, os padrões das forças da velha
Nova República não eram tão altos quanto eram agora que Jacen e a
Almirante Niathal reorganizaram o exército. Ultimamente, alguém tão
esquentado quanto Jaina nem mesmo entraria para a escola de voo, e não
conseguia imaginar como ela sequer se tornou uma Cavaleira Jedi. Jacen
sempre dizia a que um bom Jedi usa a sua raiva, não o contrário.
Ben retornou para a sua estação de serviço e reportou para Ioli, então
codificou uma mensagem para ser enviada pela HoloNet assim que eles
deixassem as Névoas Transitórias. Após alguns minutos pensando, também
incluiu um aviso sobre a reação de Jaina ao nome da Anakin. Com um
pequeno aviso prévio, talvez Jacen pudesse ser capaz de evitar outra
explosão como a que abrira a ruptura entre os dois em primeiro lugar.
Após Ben terminar a mensagem, ele permaneceu em seu assento, com
medo de voltar e dar algo para Jaina se irritar. Ele realmente não queria
causar mais tensão entre ela e Jacen, mas os seus motivos também eram
egoístas. Com o seu pai já ameaçando terminar o seu aprendizado com
Jacen, a última coisa que ele queria era dar a Jaina qualquer razão para ela
sugerir aos pais dele que talvez houvesse motivo para preocupação.
Felizmente, evitar Jaina e Zekk acabou por ser fácil. A longa caminhada
através dos atoleiros os deixara tão exaustos que assim que se limparam e
comeram, eles subiram nas camas e dormiram.
A dupla ainda não havia se mexido quase um dia padrão mais tarde
quando o Rover finalmente emergira do hiperespaço para a vastidão
manchada de estrelas fora das Névoas Transitórias. Tanogo rapidamente
ligou o holocomunicador e mandou a mensagem de Ben.
Para o espanto deles, receberam uma resposta quase imediatamente,
mesmo antes de Ben terminar de planejar o curso de volta para Hapes.
— Isso foi rápido. — ele disse.
— Rápido demais. — Tanogo respondeu. Ele começou a decodificá-la.
— É uma mensagem VV. Só pode ser.
Isso tirou um gemido do geralmente silencioso oficial de armas Twi'lek.
— Mensagem VV? — Ben perguntou.
— Vejo você mais tarde. — Ioli explicou. — Quando um Star Destroier
precisa trocar de posto enquanto os batedores estão fora, solta um sinal de
mensagem com coordenadas de um ponto de encontro.
— Certo. — Ben disse, sem ver o problema. — Então eu não planejo
um curso até termos as novas coordenadas.
— Isso seria fácil demais, filho. — Tanogo disse.
— É bem raro que um Star Destroier se mova na direção de uma nave
batedora. — Ioli disse. — E já que esquifes de reconhecimento não
carregam muito combustível ou provisões...
— E já que temos mais metade de nosso complemento normal. — Ben
acrescentou, começando a entender.
— Certo. — Ioli disse. — Isso pode ser um problema.
Eles esperaram em silêncio enquanto Tanogo terminava de decodificar a
mensagem. Então Ben sentiu uma onda de alívio na Força.
— Não é tão ruim. — Tanogo anunciou. — Talvez até possamos relaxar
e descansar um pouco, se a tenente estiver se sentindo generosa.
— Isso depende de quanto tempo você pretende me deixar esperando.
— Ioli disse.
A mensagem apareceu na tela da cabine quase imediatamente. ESQUIFE DE
RECONHENCIMENTO ROVER PROSSIGA PARA A ESTAÇÃO ROQOO PARA REABASTECIMENTO. ESPERE
ENCONTRO OU ORDENS.
— E quanto à nossa mensagem? — Ben perguntou.
— A Anakin provavelmente está no hiperespaço. — Tanogo disse. —
Nós temos que continuar tentando e esperar alcançá-los entre os saltos.
— Isso não é bom o bastante. — Jaina disse do fundo da cabine.
Ben se virou em seu assento e a viu com Zekk emergindo dos aposentos
da tripulação. Os seus rostos tinham linhas de travesseiros e os cabelos
ainda estavam despenteados, mas eles pareciam completamente
descansados, como Jedi após um transe de recuperação.
— Temos que ir para Hapes. — ela disse, seguindo em frente.
— Essas não foram nossas ordens. — Tanogo se opôs. — Quando o
Coronel Solo nos diz para ir a algum lugar...
— O Coronel Solo não sabe sobre a nossa mensagem. — Zekk
interrompeu. — Ou a importância de chegar até lá agora.
Jaina passou pela estação de Tanogo e parou atrás do assento de Ioli.
— Você sabe o quão importante é entregar a nossa informação para a
Rainha-mãe a tempo, e você tem a autoridade de agir por sua iniciativa.
Ioli assentiu.
— É claro. Mas a Rainha-mãe está a bordo da Anakin...
— Não, se a Anakin deixou Hapes, ela não está. — Jaina disse.
— Uma líder com a coragem e integridade de Tenel Ka não deixaria o
seu mundo capital enquanto está sob a ameaça de ataque. — Zekk
acrescentou. — Para onde quer que a Anakin tenha ido, a Rainha-mãe ficará
para trás para supervisionar a defesa de Hapes.
— Então eu sugiro que você aja por iniciativa própria. — Jaina disse. —
Ou agiremos pela nossa.
Ioli fechou a boca, então bufou irritada e se virou para Ben.
— O que você acha que o Coronel Solo quereria?
Ben olhou por cima do ombro até os rostos firmes de Jaina e Zekk.
— Bom, aquela mensagem é bem importante. — ele disse. — E eu não
acho que Jacen iria querer você e a sua tripulação fosse mortos pelos dois
Cavaleiros Jedi que foram enviados para resgatar.
Jaina sorriu para Ben, então piscou.
— Boa resposta. — ela disse. — Talvez Jacen esteja ensinando algo a
você, afinal.
Capítulo 19

A força tarefa emergira do hiperespaço em uma perfeita formação de


crescente, e o disco luminoso verde do planeta Relephon já estava
aumentando na janela da ponte da Anakin. O mundo era um daqueles
gigantes gasosos verdadeiramente massivos à beira de se tornar uma estrela,
as tremendas pressões em seu núcleo liberavam energia suficiente para
banhar sua horda de luas em uma coberta sustentando vida com calor e luz.
Jacen não notou os pequenos discos de nenhuma silhueta de Dragões de
Batalha contra o brilho pálido, nem mesmo viu as faixas azuis de uma
cauda de efluxo cruzando para interceptar a força tarefa que Tenel Ka
mandara para prender AlGray. Mesmo assim, ele sentia um ferrão frio em
sua espinha e um vazio inquietante em seu estômago. Os minutos após uma
frota emergir do hiperespaço eram sempre os mais agitados e vulneráveis,
com os oficiais de sensores se esforçando para calibrar os seus instrumentos
e os chefes de hangar correndo para lançar um monitor de caças. Era o
momento ideal para um ataque, e Jacen podia sentir um chegando.
Infelizmente, ele não fazia ideia de onde. Os batedores apenas
reportaram uma alarmante incapacidade de localizar a frota inimiga, e a
comandante de AlGray estava certamente sem pressa para revelar a sua
posição.
— Major Espara, isso me parece estranho. — Jacen se dirigia à Major
Moreem Espara da guarda real Hapan, que Tenel Ka designara para servir
como conselheira dele e ligação de comando. Junto com um punhado de
assessores, eles estavam parados juntos na sacada de observação
supervisionando a movimentada ponte da Anakin. — A Ducha AlGray não
estaria mobilizando a sua frota agora?
— Ela estaria se estivesse aqui. — Uma mulher alta com cabelos negros
e sedosos e pele de alabastro, Espara estava vestida em um uniforme azul-
claro que conseguia parecer tanto militar quanto estiloso. — Mesmo se ela
fosse inocente, estaria perturbada o bastante por nossa chegada para dar
uma demonstração de força.
Jacen permaneceu em silêncio, concentrando-se no que estava sentido
através da Força. Ele não conseguia sentir a fonte do perigo, mas o ferrão
em sua espinha parecia como se estivesse prestes a irromper em uma
urticária.
— Chegamos tarde demais. — Espara continuou, como se Jacen não
fosse astuto o suficiente para entender o que ela dissera. — O golpe deve
estar se movendo mais rápido do que a Rainha-mãe percebeu. Os
usurpadores estão seguindo para uma revolta aberta.
Jacen começou a expandir a sua percepção da Força rapidamente, mas a
população das Luas de Relephon era muito espalhada para se coletar algo
útil. O planeta era cercado por, pelo menos, trinta centros populosos
principais e centenas de pequenas concentrações, e nenhuma delas parecia
particularmente hostil.
— Coronel Solo? — Espara perguntou. — Você ouviu o que eu disse?
A frota de AlGray está provavelmente a caminho de Hapes!
— As suas assessoras. — Jacen perguntou, ainda perturbado por suas
premonições. — Quantas você trouxe?
— Você acha que alguém traiu a nossa missão? — Espara olhou na
direção das duas oficias atrás dela. — Eu garanto a você, Beyele e Boh
estão acima de suspeitas...
— Quantas? — Dessa vez, Jacen colocou o poder da Força por trás das
suas palavras.
Espara se encolheu.
— Somente Beyele e Roh.
— E quanto aos seus pilotos? — Jacen exigiu. — Alguma equipe
pessoal?
Espara balançou a cabeça.
— Eles são da Reserva de Transporte Real.
A sensação de vazio no estômago de Jacen se tornou um vácuo frio.
Seja lá o que dera errado, começara com os pilotos.
— Mas eu não vejo como eles poderiam ter nos traído. — Espara
continuou. — Mesmo se fossem traidores, tudo o que fizeram foi me
transportar até a órbita. Eles podem ter notado a Anakin fazendo
preparações para zarpar, mas eles não saberiam para onde.
— Isso pode ter sido o bastante. — Jacen disse. Ele se virou para o seu
assessor, um Jenet chamado Orlopp. — Peça ao Comandante Twizzl um
relatório de ameaças.
— Estive monitorando isso continuamente. — Com um focinho rosa,
narinas úmidas e um sorriso com o lábio superior que não cobria bem as
suas presas amarelas, Orlopp fazia uma figura ameaçadora em seu uniforme
preto da GAG. — Não parece haver ameaça alguma. Uma comandante
júnior de guarnição exige saber as nossas intenções, apesar de não ter
mobilizado qualquer defesa ainda.
— Ela quer evitar nos dar qualquer desculpa para atacar. — Espara
resumiu. — Isso confirma que a frota principal partiu. Coronel Solo,
devemos retornar para Hapes de uma vez. Se a Rainha-mãe não já está sob
ataque...
Jacen não ouviu o resto da reclamação de Espara, porque se virara e
corria para fora da sacada de observação. A ameaça parecia mais imediata
do que nunca, e se não vinha de fora da Anakin, então deveria vir de dentro.
— Coronel Solo? — Espara chamou, o seguindo. — Estamos no meio
de uma ação aqui!
A confusão de Espara era compreensível. Ela não sabia que Tenel Ka
deixara Allana a bordo da Anakin, e certamente não sabia que os pais de
Jacen forneceram informação de inteligência sugerindo que o alvo primário
de Aurra Sing seria a criança.
Enquanto corria para o tubo elevador, o comunicador de Jacen chiou.
Ele o pegou do cinto e abriu o canal.
— Você sabe quem é? — Perguntou uma voz fina.
— XX. — Jacen respondeu. — O que é?
— Você me ordenou reportar se alguém tentasse entrar na cabine da
garota. — O droide de segurança respondeu. — Estou reportando.
O estômago de Jacen afundou.
— Eu temia isso.
— Quais são minhas ordens? — SD-XX perguntou. — Evaporá-los?
— Não. — Jacen disse. A sua reunião sobre Aurra Sing sugeria que
“evaporá-la” estaria além das capacidades do droide de segurança. — Fique
longe de vista e frustre as tentativas dela de entrar. Estou a caminho.
Jacen abriu um canal para a Segurança da Ponte.
— Execute isolamento de Nível Um. — Ele não se incomodou em se
identificar, com o seu nome já apareceria na tela de dados do oficial de
serviço. — Isso não é um exercício.
— Nível Um, Coronel?
— Afirmativo. — Jacen alcançou o tubo elevador e entrou, sem se
incomodar em reconhecer as saudações dos dois sentinelas GAG em
posição ali. — Agora!
— Desculpe, senhor. — O oficial respondeu. — Não podemos nos
isolar enquanto estamos nas estações de batalha. A tripulação precisa se
mover livremente.
— Então vá para Nível Dois! — Jacen ordenou.
Teria cancelado as estações de batalha, exceto que a ordem precisaria
passar pelo Comandante Twizzl, que exigiria uma confirmação e explicação
que Jacen não tinha tempo de fornecer. A assassina, presumindo que Sing
era o perigo que vinha sentindo, escolhera bem o momento, quando as
prioridades de um Star Destroier pronto para entrar em batalha tinham
preferência sobre as de segurança mesmo de sua passageira mais
importante.
Sirenes de alarme começaram a soar sobre a intercomunicação da
Anakin, indicando que os protocolos de segurança Nível Dois que Jacen
ordenou estavam agora em vigor. Guardas armados estariam em posição em
cada tubo elevador e escotilha com ordens para deter qualquer um
desprovido de identificação adequada; qualquer um que resistisse seria
alvejado. Jacen não pensava que essas precauções fariam a menor diferença
para Aurra Sing.
Quando chegou no Deque de Comando, encontrou os sentinelas do
elevador caídos no chão com fumaça saindo dos seus rostos queimados por
blaster. Uma dúzia de passos descendo o corredor, mais dois guardas
estavam caídos do lado de fora da Cabine Sovv, os aposentos designados
para dignatários visitantes, e havia fumaça vertendo da cabine. Pegou o seu
sabre de luz e correu em frente.
A mente de Jacen era um turbilhão de medos sombrios e fúrias negras.
Pela primeira vez desde o seu aprisionamento pelos Yuuzhan Vong,
realmente queria machucar alguém, para fazê-los pagar em agonia e
angústia por suas ações cruéis. E se Allana tivesse que morrer, não via onde
encontraria forças para continuar com a sua missão. Quem quereria salvar
uma galáxia que podia tolerar o assassinato de sua própria filha inocente?
Conforme Jacen se aproximava da Cabine Sovv, um dos guardas
começou a gemer por ajuda. O torso do sujeito fora dividido em um ângulo
para cima por algo quente e longo, e a fraca presença da Força sugeria que
ele morreria se não recebesse ajuda logo. Um hackeador de tranca
abandonado pendia no teclado sobre a sua cabeça, e um arco ainda
crepitante fora cortado atravessando as portas duplas.
Deixando a cabine sem inspeção e o guarda para morrer onde estava,
Jacen continuou seguindo o longo corredor. O baixo zumbido de um sabre
de luz cortando metal ecoava da esquina à frente, onde a entrada de sua
própria cabine estava localizada. Estendeu sua percepção da Força até os
próprios aposentos e ficou aliviado em sentir a presença de sua filha em
algum lugar perto do fundo da cabine, aproximadamente onde o banheiro
estava localizado. Ela parecia curiosa e nem um pouco assustada.
Subitamente Allana respondeu ao contato de Jacen, preenchendo a
Força de surpresa e encanto. Ela pareceu reconhecer o seu toque e estava
feliz por isso, e isso o encheu de orgulho, alegria e até mesmo uma maior
determinação para pegar Sing antes dela encontrar a sua filha.
Mas o contato deles foi rompido pela intrusão de uma presença fria,
alegremente derramando sua intenção assassina na Força. Allana recuou em
choque e desapareceu, deixando Jacen sozinho com a presença da assassina.
Então o zumbido do sabre de luz subitamente assumiu um tom mais alto, e
um forte clangor soou quando um recém-cortado painel de segurança da
porta caiu no chão.
No momento seguinte um clarão brilhante laranja iluminou o corredor à
frente, acompanhado pelo ruidoso whumpff de uma granada de concussão,
lançada, sem dúvida, pelo Droide de Defesa de Allana, DeDe. Jacen parou
por um momento para ter certeza de que não haveria outra granada, então
virou a esquina quando começou a ouvir os guinchos do canhão blaster de
DeDe.
O corredor à frente estava tão carregado de fumaça e disparos de blaster
que parecia o interior de uma tempestade. Sing era um fantasma pálido em
um macacão vermelho, lutando pelo buraco que cortara na porta de Jacen,
cercando-se de cobras de luz escarlate enquanto usava o seu sabre de luz
para desviar os ataques de DeDe.
Jacen sacou sua pistola e atirou enquanto corria, esperando atingir a
assassina pelas costas enquanto ela estava sobrecarregada em se defender.
Sing caiu e rolou para frente desaparecendo pela porta. Um instante depois
o seu sabre de luz soou meia dúzia de vezes, e o canhão blaster de DeDe
ficou em silêncio.
Aurra Sing estava sozinha na cabine de Jacen, e com as suas habilidades
da Força, levaria apenas um segundo para encontrar a filha dele. Ele parou a
alguns passos da porta e alcançou a assassina na Força.
Espere.
Jacen falou a palavra com a sua mente ao invés da boca. Ao mesmo
tempo, ele expandia a sua presença da Força na mente de Sing, abrindo-se
totalmente para a Força e usando o seu poder para avançar ainda mais na
mente dela, para esmagar a presença dela e forçá-la cada vez mais fundo em
seu ser.
— Espere. — ele repetiu.
Sing resistiu, tentando empurrá-lo para fora de sua mente, mas Jacen a
pegou de surpresa. inha o poder de sua raiva, de seu medo e o seu ódio por
trás dele, e ela simplesmente não era forte o bastante.
Jacen avançou novamente, então soltou a pistola blaster e pegou o seu
comunicador.
— XX, abra...
As portas de sua cabine deslizaram, raspando ruidosamente quando a
área danificada arranhou os batentes. Jacen entrou no vestíbulo de sua suíte,
onde grânulos de duraço fundido ainda estouravam e chiavam no deque de
pedra. À sua direita, as paredes acima da área da copa e sala de jantar
estavam crivadas com marcas chamuscadas. O Droide de Defesa de Allana
caído à sua esquerda, com uma pilha de membros cortados e circuitos
soltando fumaça espalhada na ponta de uma área de estar.
Sing estava de costas para Jacen, cerca de cinco passos depois do
droide, do outro lado de um sofá fumegante. Em uma das mãos, ela
segurava o sabre de luz ligado. Na outra um detonador térmico de classe-C
com um raio de desintegração grande o bastante para matar a si mesma,
Jacen, Allana e provavelmente metade do pessoal nos deques diretamente
acima e abaixo.
Conforme Jacen caminhava na direção dela, ela olhou sobre o ombro
com uma expressão nos olhos pálidos parecendo em partes iguais de ódio e
espanto.
— Nunca mais me toque assim novamente.
Jacen não respondeu. Sing ainda lutava para se libertar de seu domínio,
e toda a concentração dele estava focada em manter a pressão até ele se
aproximar o suficiente para atacar.
Sing deu a ele um sorriso frio.
— Mas então, eu não acho que terá a chance.
O dedão dela se mexeu.
A luz de ativação no detonador térmico começou a piscar, e isso foi o
bastante para quebrar a concentração de Jacen. Sentiu Sing se libertar, e
subitamente estava completamente fora da mente dela, assistindo com
horror enquanto ela lançava o detonador na direção do banheiro onde
Allana se escondia.
O coração de Jacen desceu para o estômago. O seu braço se lançou
inconscientemente, e o detonador flutuou até sua mão quase antes dele
perceber que o convocara.
Sing já estava rodopiando, saltando na direção dele com a lâmina
escarlate subindo na altura do pescoço. Jacen ergueu o seu sabre de luz
automaticamente e bloqueou, então deslizou a trava do detonador de volta.
Nunca viu se a luz de ativação se apagou. Subitamente o joelho de Sing
estava afundando em seu estômago, tirando o ar dos seus pulmões e o
mandou tropeçando sobre o sofá. O detonador retiniu no chão em algum
lugar na copa. Caiu em uma mesa de bebidas, esmagando-a, então Sing
estava sobre ele, com a sua lâmina escarlate fazendo um arco para baixo.
Jacen açoitou o seu sabre de luz para bloquear, pegando a lâmina dela
ao redor do cabo e preenchendo o ar com uma chuva escaldante de faíscas.
Sing agarrou o punho com ambas as mãos e começou a empurrar,
lentamente guiando a ponta de seu sabre de luz para baixo na direção do
olho dele.
O brilho era tão cegante quanto o calor era excruciante, e a visão de
Jacen se tornou um vermelho borrão ardente. Ergueu a mão livre para
reforçar o braço da arma e tentou não se preocupar se o seu olho derreteria,
sem ousar virar a cabeça ou mesmo desviar o olhar por medo de que ele
escorregaria.
Sing chutou-o na lateral do corpo. A ponta de uma pequena lâmina em
formato de cunha arranhou as suas costelas e mandou um raio abrasador de
dor disparando pelo seu corpo.
— Nunca.... — Ela o chutou novamente, mandando outro raio de dor
fundo em seu estômago. — viole...
Ela chutou novamente.
— ... minha.... — Outro chute, mais dor. — ... mente!
Sing chutou novamente, dessa vez o acertando perto de um rim. Uma
onda de angústia ardente subiu sobre o seu corpo, roubando o seu ar, tão
quente que nem pôde gritar. A dor teria paralisado qualquer um, o deixado
no chão rezando para morrer antes de dar o próximo suspiro.
Mas a dor era uma velha amiga de Jacen. Aprendera a aceitá-la durante
o seu aprisionamento entre os Yuuzhan Vong, e agora não mais o
perturbava. Agora ela o servia.
Virou a palma de sua mão de apoio na direção de Sing e a empurrou
com a Força.
O movimento não a surpreendeu tanto quanto esperava. Enquanto ela
voava para longe, Sing rolou a ponta de sua lâmina sobre a dele, e o sabre
de luz dele saiu voando. Segurou o seu empurrão da Força até ouvir o baque
dela batendo na parede oposta, então pulou de pé.
O borrão ardente continuava a cegar um olho, e a sua visão do outro
olho ainda estava salpicada de manchas escarlates. Mas podia ver
claramente para se preocupar. Sing caíra perto do banheiro onde Allana
estava escondida, perto o bastante para cumprir o seu contrato, se ela
estivesse disposta a arriscar Jacen a atacando por trás.
Jacen não deu a ela a chance. Abriu-se completamente para o seu medo
e raiva, usando o poder das suas emoções para fazer a Força inundá-lo, e o
seu corpo começou a estalar e queimar com a energia sombria. Ergueu os
braços na direção de Sing, as mãos niveladas e dedos abertos.
Foi quando a porta do banheiro se abriu, e um par de pequenos olhos
cinzas saíram para fora. Eles estavam arregalados e vidrados em Jacen com
uma expressão que poderia ser tanto de admiração quanto medo, ou ambos.
— Não, Allana! — Jacen não poderia se deixar liberar os raios da Força
enquanto ela estava assistindo; mesmo se Tenel Ka ainda não a tivesse
ensinado que o lado sombrio era mal, o seu próprio treinamento de infância
permanecia enraizado forte o bastante para que ele não quisesse sua filha o
vendo usá-lo. — Feche a...
Jacen teve de deixar a ordem no ar quando Sing tirou vantagem de sua
hesitação e saltou sobre ele. Allana gritou de dentro do banheiro, então Sing
estava a três passos de distância, sabre de luz vindo para um ataque no
corpo. Jacen ergueu um pé como se fosse rodopiar, e Sing pegou a isca e
parou, deixando uma perna cair enquanto continuava o seu ataque.
Em vez de girar como simulou, Jacen deu uma pirueta sobre a lâmina
dela e desceu do outro lado. Sing inverteu o seu ataque tão rápido que mal
teve tempo de agarrar o pulso dela, muito menos de virar a arma dela contra
ela como pretendia.
Então Jacen a chutou no joelho tão forte quanto conseguiu.
A junta deslocou num estalo repugnante, e Sing caiu no chão gritando.
Mas ela não soltou o seu sabre de luz. Nem mesmo parou de lutar, rolando
para ele em um esforço para soltar o seu aperto e cortá-lo. Jacen começou a
girar para longe do caminho, pretendendo trazer o braço dela para fraturá-lo
atrás das costas.
Mas Allana subitamente apareceu do outro lado de Sing, avançando
com as sobrancelhas escuras abaixadas e o que parecia uma pequena haste
de gravação agarrada às mãos.
— Allana, não!
Allana continuou vindo.
Determinado a impedir Sing de atacar a sua filha com qualquer uma das
suas armas, Jacen deu um salto com a Força para trás, arrastando a
assassina para longe de sua filha. Allana deu mais dois passos e ergueu a
haste prateada sobre a cabeça... então mergulhou.
Sing ergueu a perna machucada, levantando o pé para chutar Allana
com a pequena faca na ponta de sua bota.
Jacen gritou e torceu o braço de Sing, puxando-a para longe de sua
filha. O sabre de luz dela passou tão perto que quase perdeu uma orelha,
mas as pernas da assassina giraram com o seu corpo, e o chute com a faca
passou meio metro acima da cabeça de Allana.
Allana caiu sobre a outra perna de Sing e enfiou a haste prateada no
joelho ferido dela. O silvo de um autoinjetor soou de sua ponta, e Sing
gritou em assombro.
— Sua pequena víbora!
Sing levantou a perna novamente para chutar... então a deixou cair no
chão. Os seus olhos se arregalaram com raiva, ou talvez fosse medo. Ela
esticou o pescoço em volta, encarando Allana, e começou a convulsionar.
Jacen rapidamente puxou o sabre de luz de Sing de sua mão sem
resistência, então segurou a ponta ainda ativa para o pescoço da assassina.
— Allana, o que...
— Ela vai ficar bem, Jacen. — Allana sentou-se sobre a perna da
assassina, não mais com medo, se é que estivera. — Foi só meu bastão de
segurança.
— Certo. — Jacen estava entorpecido e aliviado demais para perguntar
mais, ou para punir Allana por não ter ficado no banheiro. Simplesmente
fez sinal para que ela saísse das pernas de Sing. — Saia. Ela ainda pode ser
perigosa.
— Não é o que a Doutora Meala diz. — Apesar dos seus protestos,
Allana desceu das pernas de Sing. — Ela disse que a pessoa má não vai
mais ser perigosa até alguém dar o antídoto.
Allana foi até o lado de Jacen, então se agachou e olhou nos olhos
enfurecidos de Sing.
— Mas não se assuste. — ela disse. — Yedi nunca matam pessoas
indefesas, mesmo as malvadas como você.
— Isso mesmo. — Jacen pegou a mão de Allana e, surpreso por como
as palavras dela pareciam certas, a levantou para ficar ao seu lado. — Só as
colocamos em uma instalação de confinamento por muito, muito tempo.
Capítulo 20

Do lado de fora da janela da Falcon pendia um véu de fluxo contínuo


brilhando em azul e branco, tão intenso que machucava os olhos de Han
como uma ressaca de Névoablaster. Ele hesitou na parte de trás do deque de
voo, tentando entender o que estava vendo, meio convencido de que era a
cauda de efluxo de alguma meganave do tipo da Estrela da Morte.
E se essa era alguma nova superarma, Han sabia que ele e Leia
tentariam destruir a coisa antes de explodir o mundo de Tenel Ka ou outra
coisa, e não tinha dúvidas quanto a como isso acabaria. Han já era mais
velho do que Obi-Wan Kenobi quando este morrera a bordo da Estrela da
Morte original, e em missões malucas assim, não era sempre o velho sábio
que morria primeiro? Se isso acontecesse, Han apenas esperava que os seus
filhos descobrissem que ele e Leia não fizeram parte da tentativa de
assassinar Tenel Ka. Morrer ele poderia aguentar, apenas não queria partir
com as pessoas pensando que era algum tipo de terrorista.
Mas quanto mais Han estudava o lençol flamejante à frente, mais
percebia que não poderia estar olhando para nenhum tipo de cauda de
efluxo. Havia, na verdade, dois fluxos brilhantes, um largo e curvo no
formato de leque, e outro fino, direto e trançado.
Finalmente percebeu o que via.
Fazendo cara feia para o assento do piloto, que tinha se tornado de Leia
até o seu ombro estar curado o suficiente para voar, Han entrou no deque de
voo.
— Você está levando a minha nave para um cometa?
— Sim, querido. — Leia encontrou o olhar dele no reflexo da janela,
então franziu a testa de leve, o que ele sabia significar um lembrete de que
ainda tinham muito a aprender sobre Morwan e os usurpadores. —
Concordamos em trazer Lady Morwan de volta para a sua Ducha, lembra?
— É claro que lembro. — Han olhou para Morwan, que estava na
cadeira do copiloto, então se jogou no assento do navegador atrás de Leia.
— Mas ninguém vive em um cometa.
— Na verdade, um número surpreendente de seres habitam cometas. —
C-3PO informou da estação de comunicação. — Eremitas, piratas,
fugitivos, exilados políticos...
— AlGray não é uma eremita. — Han resmungou. — E mesmo se
fosse, ela já deve ser dona de uma dúzia de luas vazias.
— De fato, todas as Luas de Relephon são habitadas. — Morwan disse.
— Mas não vamos encontrar a Ducha AlGray em sua residência.
Han olhou para a tela de navegação e viu que não estavam sequer perto
de Relephon, longe de lá, aliás.
— O sistema Hapan? — Ele perguntou. — O que estamos fazendo
aqui?
— A resposta para isso é óbvia. — Morwan respondeu. — E você não
deveria estar fora da enfermaria. Você precisa daquela intravenosa de
hidratação para manter os seus eletrólitos em equilíbrio. Queimaduras de
blaster removem muitos fluídos de seu sistema.
— Meus fluídos estão ótimos. — Han sentiu um aperto no coração
pensando saber exatamente porque estavam no sistema Hapan, e tinha
quase certeza de que Tenel Ka não podia estar pronta. Com o tanto da sua
Marinha Real destacada para a Aliança Galáctica, precisaria do apoio dos
nobres ainda leais a ela, apoio que levaria tempo para chegar. — E pare de
mudar de assunto.
— Ótimo. — Morwan respondeu. — A sua saúde não me diz respeito.
Se você realmente está com dificuldade para entender a situação, apenas
olhe pela janela.
Han deu uma olhadela para o cometa. Assim que os seus olhos se
acostumaram com o brilho, viu um crescente escuro de espaço vazio na
ponta a estibordo da janela, bem em frente ao brilho escaldante da cabeça
do cometa. Aglomeradas logo atrás da cabeça estavam setenta pequenas
formas ovais negras, organizadas em um diamante tridimensional
comumente usado para atacar defesas planetárias.
— Ah, aquilo. — Han disse, tentando esconder a apreensão que sentiu
por quão rápido os usurpadores estavam se movendo. — Eu quis dizer o
que nós estamos fazendo aqui? Você não pode ter a intenção de participar
dessa luta.
Morwan fez uma careta pra ele sobre o ombro.
— Você duvida da minha devoção?
— Não foi isso o que eu disse. — Han ergueu as mãos defensivamente.
— Mas a Falcon não é bem uma nave de guerra.
— Não estarei a bordo da Falcon após nos encontrarmos. — Morwan
respondeu. — E eu suspeito que vocês também não.
— Isso é uma ameaça? — Han exigiu, começando a se preocupar que
ela descobrira que ele e Leia eram espiões. — Porque se não for, é melhor
você esclarecer as coisas bem rápido.
— Mesmo se fosse uma ameaça, você não está em condição de fazer
algo quanto a isso. — Morwan respondeu. — Mas tudo o que quero dizer é
que estarei a bordo da Kendall, e vocês provavelmente estarão com os seus
amigos de Corellia.
— Corellia? — Han olhou de volta para a formação de batalha e
percebeu que o tamanho das três silhuetas na frente eram várias vezes o
número das outras. — Estava me perguntando se aqueles eram nossos
Encouraçados.
Enquanto Han dizia isso, tentou captar o olhar de Leia no reflexo da
janela. Mas os olhos dela tinham aquele olhar distante e desfocado de
quando ela captava algo na Força. Com um pouco de sorte, ela estava
alcançando Tenel Ka, tentando avisar a Rainha-mãe do perigo a caminho.
— Encouraçados? — Morwan repetiu. — Eu realmente não sei o que
são, apenas que Corellia prometeu enviar uma frota que poderia derrotar as
defesas de Hapes.
— Eles enviaram. — Han assegurou a ela. — Esses Encouraçados vão
atravessar em pouco tempo. A essa hora amanhã, AlGray será a nova
Rainha-mãe.
— Essa não é a razão pela qual ela organizou a deposição. — Morwan
disse. — A única preocupação dela é com a independência do Consórcio.
— Tanto faz. — Han disse. — Isso não importa pra mim.
Trocou a tela de navegação para tático. Nenhuma das embarcações da
frota dos usurpadores transmitia um código de transponder, mas o
computador de ameaças da Falcon usara uma combinação de padrões de
massa e energia liberada para classificar os contatos como Dragões de
Batalha. As três embarcações em forma de ovo na ponta da frota, os
Encouraçados Corellianos, foram designados como DESCONHECIDOS, atribuindo
a eles um nível de ameaça estimado aproximadamente com o dobro de um
Star Destroier de classe Imperial.
Os Encouraçados estavam cercados por uma proteção de fragatas leves
configuradas para defesa de caça, e os Dragões de Batalha tinham um
número de cruzadores de batalha Nova intercalados entre eles. Após estudar
por um momento, Han notou que os Dragões de Batalha estavam agrupados
em conjuntos com assinaturas de massa e energia liberada quase idênticas.
Fazia sentido; as casas nobres operariam em subunidades dentro de uma
formação maior, e as suas embarcações tendiam a ter configurações
padrões.
Han armazenou uma captura da tela tática, então notou que um dos
cruzadores Nova saíra da formação e vinha interceptá-los.
— Alguém nessa frota sabe que estamos chegando? — Ele perguntou.
— Estão enviando um comitê de boas-vindas.
— Ducha AlGray não espera que eu chegue em.... — Morwan parou
para olhar em volta do deque de voo. — ... um cargueiro comum. — ela
terminou.
— Então talvez seja melhor darmos meia-volta nesse cargueiro. — Han
disse, arrepiado pelo desdém na voz dela. — Porque eles não vão olhar
pelas janelas antes de abrir fogo.
— Isso não será necessário, Capitão Solo. — Morwan respondeu. —
Abra um canal de nave pra nave. Tenho certeza de que a Ducha entenderá
se eu quebrar o silêncio de comunicação para evitar ser alvejada.
— Sim... suponho que sim. — Han disse, pensando que uma onda de
comunicação seria bem menos evidente do que uma saraivada de tuborlaser.
— Vá em frente, 3PO.
C-3PO abriu um canal.
— Apenas ative o seu microfone, Lady Morwan.
Morwan checou a situação do painel de comunicação, sem dúvida para
ter certeza de que o canal estava em um feixe estreito, então ativou o seu
microfone.
— Frota da Herança Nova. Aqui é Lalu Morwan, uma verdadeira
guardiã da independência Hapan, chegando a bordo de um transporte
alternativo.... — Ela olhou para ver qual código de transponder a qual a
Falcon estava usando. — Longshot. Peço permissão para juntar-me à
formação e encontrar com a Kendall.
— Longshot confirmada como a nossa companheira guardiã. — veio a
resposta do cruzador. — Continue a aproximação, espere por instruções.
Han estudou Morwan com a sobrancelha erguida.
— Não diga. — Morwan avisou. — Já ouvi todas as piadas com "lulu"
possíveis.
— Han namorou várias lulus antes de me conhecer. — Leia disse,
finalmente retornando de seja lá onde estava sua atenção. — Eu acho que
ele só está surpreso por você nos ter dado o seu nome verdadeiro mais cedo.
Morwan deu de ombros.
— Eu não tinha muita escolha. — Aurra Sing me encontrou, lembra?
— Perdoe-me. — C-3PO disse. — Mas estamos sendo saudados pela
Kendall. Eu deveria transferi-la?
— É claro! — Morwan respondeu.
C-3PO entrou um código, e uma voz nítida, de meia idade surgiu nos
alto-falantes da cabine:
— Você está atrasada!
— Peço desculpas. — Morwan respondeu. — É Lalu, a sua
companheira guardiã.
— Sim, sim, somos ambas verdadeiras guardiãs da independência
Hapan. — AlGray disse, claramente irritada por ter de usar a frase de
reconhecimento. — Agora me diga por que está atrasada, e por que está
chegando nessa sucata.
Han fez uma careta e teria protestado, exceto por estar ocupado com a
tela tática, fixando a designação KENDALL para o Dragão de Batalha do
qual o sinal provinha.
— Na verdade, essa é a Millennium Falcon. — Morwan explicou. —
Fui forçada a entregar o meu iate para... a nossa agente, e a Princesa Leia
foi gentil o bastante para me oferecer uma carona.
AlGray fez uma pausa antes de responder. Han armazenou mais uma
captura da tela tática, essa detalhando a localização da Kendall e a
designando como a nau capitânia. Ele quase podia ouvir AlGray se
perguntando se sua trama fora exposta, mas a triste verdade era que até
então, ele e Leia conseguiram avisar Tenel Ka de muito pouco.
AlGray finalmente pareceu chegar à mesma conclusão.
— Como isso aconteceu?
— É uma longa história, dada as nossas restrições de comunicação. —
Morwan respondeu com cuidado. — Talvez eu pudesse informá-la quando
estiver a bordo?
— Você não embarcará. — AlGray respondeu. — A Frota da Herança
está se preparando para um salto de ataque. Vá para a retaguarda da
formação. Você pode explicar após a batalha.
— Após? — Morwan perguntou, claramente infeliz sobre a ideia de
entrar em uma grande batalha espacial a bordo da Falcon. — Ducha?
— Temo que a Kendall fechou o canal. — C-3PO disse. — Devo tentar
reestabelecer contato?
— Absolutamente não. — Morwan se virou para Leia. — Princesa Leia,
eu realmente odeio pedir isso, mas as ordens da Ducha fora claras.
— É claro, obedeceremos. — Leia já estava acelerando em frente. —
Somos veteranos em ficar longe do perigo em grades batalhas como essa.
Conforme Leia falava, o computador de navegação apitou anunciando
que recebera coordenadas de salto. Um momento depois a frota usurpadora,
Han se recusava a pensar nela como a Frota da Herança, começou a acelerar
sob a cabeça do cometa.
Enquanto Leia perseguia a frota, Han fez os cálculos para o salto,
aproveitando o tempo para procurar o ciclo de rotação de Hapes para que
pudesse delinear exatamente onde a frota retornaria para o espaço real
relativo ao planeta. Após checar duas vezes as suas respostas, copiou a
informação em um arquivo, então anexou as duas capturas de tela que tirara
identificando a nau capitânia e composição da frota. Como dossiês de
inteligência de campo eram, não era nem muito completo, nem muito
pontual, mas era o melhor que podia fazer dadas as circunstâncias.
A Falcon passou sob o cometa e avançou em frente. Um momento mais
tarde a coloração da janela empalideceu, revelando os círculos azuis de
centenas de motores de íon espalhados sobre a escuridão à frente deles. Os
círculos aceleravam na direção da pequena bola branca do sol Hapan, mas,
ainda assim, aumentando rapidamente enquanto a Falcon alcançava a frota.
— Blast! — Han disse. Ele precisava de uma desculpa para fazer Leia
atrasar alguns segundos quando a frota usurpadora saltasse para o
hiperespaço, e precisava manter Morwan distraída ao mesmo tempo. — O
disco do sensor está prendendo de novo. Lady Morwan, você pode desligar
o conjunto dos sensores antes de saltarmos?
— Isso não será perigoso quando retornarmos ao espaço real? — Ela
perguntou. — Não seremos capaz de dizer onde o resto da frota está.
— Não se Leia esperar um pouquinho após todo mundo saltar. — Han
respondeu. — E se você ligar os sensores novamente após saltarmos, nós
não estaremos cegos por mais do que quinze ou vinte segundos.
— Vinte segundos? — C-3PO grasnou. — Oitenta e sete por cento de
todos os acidentes com manobras de frota acontecem dentro dos primeiros
dez segundos após sair do hiperespaço!
— Melhor do que ficar cego pelo resto da batalha. — Leia disse,
seguindo a deixa de Han. — Consigo lidar com isso, 3PO. Eu tenho a
Força, lembra?
— É claro... perdoe-me me por duvidar de você. — C-3PO disse. — É
impossível atribuir um coeficiente de segurança à Força, mas eu estou certo
de que estamos tão seguros com você voando cegamente do que estivemos
mesmo quando Capitão Solo tinha todos os seus instrumentos.
Han teria lembrado ao droide de que ainda não os matara, exceto que os
círculos azuis já começavam a inchar mais lentamente enquanto Leia
igualava a velocidade da frota. Rapidamente formatou o seu dossiê de
inteligência para transmissão, então assistiu em silêncio enquanto a Falcon
deslizava em posição na retaguarda da formação.
Finalmente, a voz de uma chefe de manobras surgiu dos alto-falantes da
cabine:
— Salto em três.
Leia colocou a mão no acionador de hiperespaço, e Lady Morwan se
estendeu para o controle dos sensores.
— Dois.
Han se virou para C-3PO e segurou o dedo na frente dos lábios, então
acionou a unidade de linha-S para a força de transmissão ir ao máximo e
trocou para um canal de saudação geral.
— Marca.
O espaço à frente queimou em azul quando a frota usurpadora acelerou
para a velocidade de salto.
— Desativar sensores. — Leia ordenou.
Morwan usou ambas as mãos para puxar o interruptor do conjunto de
sensores para a posição desligada, e o espaço ficou escuro novamente
quando a frota usurpadora entrou no hiperespaço.
Han pressionou a tecla TRANSMITIR.
Leia esperou mais um segundo, então empurrou os aceleradores ao
máximo e ativou o hiperespaço. As estrelas se esticaram em um borrão
perolado.
Han retornou a unidade de comunicação para a configuração anterior,
então pegou C-3PO o observando com a cabeça inclinada.
— Não seria necessário fazer isso você mesmo. — O droide disse. —
Sou perfeitamente capaz de...
— O seu sincronismo não é tão bom. — Han interrompeu, preocupado
que o droide estivesse prestes a mencionar a mensagem da linha-S. — E é a
última coisa que quero ouvir sobre isso.
— Mas a minha sincronia é excelente! — C-3PO protestou. — A minha
velocidade de reação é menos de dois milésimos de um segundo, ou seja,
duas magnitudes mais rápida do que a sua.
— Han quis dizer em matéria de julgamento. — Leia disse. — Haviam
variáveis demais para definir no tempo disponível.
— Oh, entendo. — C-3PO respondeu, soando mais calmo. — Capitão
Solo está tendo problemas em se expressar novamente.
— Eu vou desligar o seu interruptor principal. — Han disse. — Isso foi
claro o bastante?
— Isso não é necessário. — C-3PO recuou até o lado oposto do deque
de voo. — Se você quer que eu fique quieto, tudo o que precisa fazer é
falar.
Morwan se virou em seu assento.
— Ficar quieto sobre o quê, 3PO?
C-3PO olhou brevemente na direção de Han.
— Realmente não tenho permissão para dizer, Lady Morwan.
— 3PO não tem permissão para revelar nada em relação à operação da
Falcon. — Leia mentiu. Ela manteve o olhar no relógio do painel de
controle, contando os segundos até voltarem ao espaço real. — É um
protocolo de segurança padrão.
— Mas não há um grande segredo. — Han acrescentou rapidamente. —
A antena de comunicação se retrai quando o disco de sensores inverte para
o salto. E já que o disco estava preso...
— ... você precisou abaixá-lo manualmente. — Morwan terminou. Ela
olhou para C-3PO, como se pudesse ler a verdade no rosto sem expressão
do droide, então assentiu. — É claro.
Morwan se virou de volta para as alavancas dos sensores, deixando Han
se perguntando quão altas as suas suspeitas foram levadas. Mesmo se ela
não acreditasse antes que ele e Leia eram espiões, a gafe de C-3PO
certamente plantara a semente.
O alarme de inversão soou, e um instante depois o véu cinza do
hiperespaço irrompeu em uma parede de energia escarlate. Os alto-falantes
da cabine começaram a estalar com vozes alarmadas e explosões a bordo,
então o soco invisível de um ataque turbolaser resvalou nos escudos
superiores da Falcon, martelando tão forte que C-3PO bateu no deque de
costas.
— Fomos atingidos! — O droide gritou. — Devo ativar a sirene para
abandonar a nave?
— Não! — Han disse. — Isso foi apenas um arranhão. Estamos bem.
Olhou por cima do ombro de Leia para o painel de controle de danos e
viu que estava parcialmente correto. O compartimento de carga dianteiro se
fechara por causa de um vazamento de pressão, e uma linha de refrigeração
estourara em algum lugar no túnel de engenharia à popa, mas Han pensou
que aguentariam a batalha, contanto que não fossem atingidos com força
outra vez.
— Não vamos repetir a dose. — ele disse, falando no ouvido de Leia.
— Não queremos assustar o droide.
Um ataque de turbolaser floresceu cem metros abaixo das entranhas da
Falcon, comprimindo Han contra o cinto e disparando um novo ciclo de
alarmes.
C-3PO emitiu um guincho surpreso e envolveu os braços na cadeira do
oficial de comunicações, então Leia os jogou em uma espiral apertada e
mesmo Han arfou alarmado. Desejou pegar o manche do piloto, mas com
apenas uma mão para segurá-lo seria tolice até mesmo pra ele. A fúria
escarlate de uma saraivada contínua surgiu acima e começou a avançar na
direção da Falcon.
— Mergulhe! — Han estava tenso contra o cinto de segurança, gritando
sobre o ombro de Leia. — Vá para baixooooooo!
Leia empurrara o manche o máximo que podia.
— Tô tentando!
A saraivada passou sobre a popa, empinando a nave o bastante para
jogar C-3PO contra o chão, e enviar uma pontada de dor através do ombro
machucado de Han.
Um disco vermelho brilhante apareceu à frente, então rapidamente se
expandiu em uma chapa de metal meia derretida do que uma vez fora o
disco superior de um Dragão de Batalha Hapan. Os pods de fuga se
espalhavam para fora da nave como estrelas cadentes, e pulsos de chamas
momentâneos continuavam a ejetar de fendas no casco.
— Suba! — Han gritou.
Leia já levantava o nariz da nave, e o Dragão de Batalha começou a
balançar por baixo da Falcon.
— Tô tentando!
Eles se nivelaram bem acima do Dragão de Batalha, tão perto do casco
meio derretido que a temperatura dentro da Falcon começou a subir.
— Dê uma acelerada nela! — Han ordenou. — Tire-nos daqui!
Leia já acionara os aceleradores além da sobrecarga. A Falcon se
afastou do Dragão de Batalha, apenas para encontrar um esguio cruzador
Nova bem à frente, rompendo-se ao meio de sua longa espinha, derramando
nuvens escuras de vapor e destroços no espaço.
— Vá para a esquerda! — Han gritou meio segundo antes da ponte da
Nova explodir em um jato de estilhaços superaquecidos. — Espere, vá para
baixo!
O conjunto de armas da popa da Nova começaram a atirar
aleatoriamente, entrelaçando o espaço abaixo com veios cortantes de cor e
chama.
— Não, vá...
— Capitão Solo! — Morwan gritou. Ela apertava os braços de sua
cadeira com ambas as mãos. — Você pode, por favor, calar a boca e deixá-
la pilotar? Você vai nos matar!
Han se arrepiou com o tom de Morwan, então percebeu como ela estava
certa e começou a se sentir envergonhado.
— Com Leia segurando o manche? — Ele disse. — Sem chance! Eu
sou um professor melhor do que isso.
— Não... se gabe! — Leia falou por entre os dentes cerrados. — Dá
azar.
Ela girou a Falcon para o lado dela e continuou para a única direção que
podia, diretamente entre as metades da espinha partida da Nova. A brecha
desapareceu atrás de uma nuvem de atmosfera congelada. Borrões escuros
começaram a passar rápido demais para identificar, e o alarme de impacto
soou continuadamente enquanto eles abriam caminho através dos destroços.
— Eu certamente espero que o escudo de partículas não falhe agora. —
C-3PO disse, tinindo de joelhos. — Um desses corpos congelados poderia
causar uma ruptura no casco catastrófica!
Eles saíram da nuvem de vapor até um bolsão de relativa calma atrás de
dois Dragões de Batalha destruídos. A maior parte da frota mal estava
visível adiante, um campo de círculos de efluxo azul partilhando traços de
cor com uma frota inimiga distante demais para ser vista.
Han soltou um suspiro de alívio.
— Viu? Nada com o que se preocupar.
— Nada com o que se preocupar? — Morwan soltou os braços da
cadeira e se virou para Han com um meio olhar acusatório. — Nós fomos
emboscados! A Marinha Naval estava esperando por nós!
Han encontrou o olhar dela com a sua melhor expressão de sabacc.
— Sim, é quase como se eles soubessem as coordenadas. Me pergunto
como isso aconteceu.
Os olhos de Morwan estreitaram-se.
— Eu também, Capitão Solo.
Eles passaram pelos Dragões de Batalha destruídos, e a canopi da
Falcon escureceu contra os novos ataques de turbolaser por perto.
— Odeio interromper. — Leia disse com o seu usual timing perfeito. —
Mas eu preciso daquela tela tática de volta. Mesmo Jedi não conseguem ver
através dessa batalha.
A suspeita no olhar de Morwan se tornou medo, e sua atenção voltou
para o painel de sensores.
— Estou tentando. Tudo que consigo é um grande borrão.
— São esses tiros de laser. — C-3PO disse por trás dela. — Você
precisa ativar os filtros.
— Filtros? — Morwan parecia confusa. — Como eu faço isso?
— Você se diz piloto? — Han resmungou. — Como foi que você
encontrou a Estação Telkur?
— Estava pilotando um Esquife Batag. — Morwan respondeu, como se
o nome explicasse tudo. — Os sensores têm filtros automáticos.
— Filtros automáticos? — Han balançou a cabeça. — O que mais vão
colocar nas embarcações? Assentos aquecidos e dispensadores de caf na
cabine?
Soltou o cinto e caminhou pelo espaço entre os assentos do piloto e
copiloto, então se inclinou na frente de Morwan para ativar os filtros de
descarga eletromagnéticas.
— Eles alternam deslizando, começando pelas ondas de rádio até raios
gama.
Enquanto Han explicava, subiu os controles, diminuindo a estática.
Gradualmente, uma imagem clara apareceu na tela tática. A frota
usurpadora estava pior do que imaginava, com grandes lacunas na formação
de ataque e um quarto da Marinha Real Hapan atirando na Kendall.
— Parece que você teve sorte ficando conosco. — Han disse,
removendo a mão dos controles dos filtros. — A capitânia de AlGray está
apanhando bastante.
— Sim. — Morwan pegou o braço de Han e o segurou em sua frente. —
Eu acho que nós dois sabemos o porquê.
Algo pequeno espetou Han de lado, e olhou pra baixo para encontrar um
pequeno blaster pressionado contra as suas costelas.
— Você acha que eu tive algo a ver com isso? — A raiva na voz de Han
era genuína, em maior parte consigo por deixar Morwan levar a melhor. —
De todas as Hutt mal agradecidas...
— Poupe-me, Solo! — Morwan ordenou. — Você realmente não quer
me deixar mais irritada. Já estou furiosa comigo mesma por me deixar
enganar por vocês.
— Enganar como? — Leia perguntou. A Falcon desacelerou e virou
como se afastando-se da batalha. — E eu seria muito cuidadosa com esse
blaster. Sou conhecida por perder a calma com pessoas que atiram no meu
marido.
— E você não quer ver Leia perder a calma. — Han disse, fazendo o
melhor para manter o seu corpo na frente do rosto de Morwan. Assim que
Leia disse atiram, C-3PO começou a se esgueirar para os fundos do deque
de voo, provavelmente querendo chegar ao corredor de acesso para chamar
Cakhmaim e Meewalh. — Desde que se tornou uma Jedi, quando ela fica
brava, as coisas começam a voar de todas as direções.
— Isso não deve ser um problema, Capitão Solo. O seu destino está
inteiramente nas mãos da Princesa. — Morwan falava sob o braço de Han,
já que continuava a segurá-lo diante de si. — Eu não atirarei se ela voltar
para a batalha.
Leia continuou a se afastar.
— Pra quê?
— Porque ela não quer parecer suspeita quando mandarmos outra
mensagem para Tenel Ka. — Han disse, olhando para a tela tática.
Protegido pelos escudos poderosos e cascos de múltiplas camadas, dois
Encouraçados Corellianos continuavam a pressionar o ataque, com o que
restou da frota usurpadora bem atrás. — Ela quer dizer a Tenel Ka para se
reforçar e manter a posição.
Leia ficou em silêncio por um momento, provavelmente estudando o
seu própria tela, e a raiva que Han sentiu por ser feito refém começou a dar
lugar a outras emoções. Sabendo que Leia sentiria a mudança através da
Força, esperava que ela percebesse que o medo que sentia era apenas por
Tenel Ka. A última coisa que queria era Leia pensando que uma coisa
pequena como ter um blaster nas costelas o incomodava.
Após um momento, Leia perguntou a Han:
— Você acha que os Encouraçados conseguem avançar?
Han assentiu.
— Foi para isso que foram projetados, para penetrar uma frota inimiga e
a romper por dentro. E se essa estratégia funcionar...
— ... eles irão atrás de Tenel Ka. — Leia terminou. — E não importará
se eles vencerem a batalha nave-contra-nave que se segue. Se eles matarem
Tenel Ka, a monarquia estará partida.
— E o Conselho de Herança estará em posição para montar o Consórcio
de volta. — Morwan disse. — Muito astuto, Princesa.
C-3PO alcançou os fundos do deque de voo e começou a correr pelo
corredor de acesso.
Morwan nem mesmo se virou para olhar.
— Parece que estamos ficando sem tempo, Princesa. Você retornará
agora... ou eu atiro no seu homem?
— Hummm. — Leia disse. — Essa é uma decisão difícil. Por um lado,
eu herdaria esse transporte velho...
— Esse transporte clássico. — Han corrigiu. — A YT-1300 é uma das
mais valiosas...
— Parem de enrolar. — Morwan ordenou. — Retorne agora, ou eu puxo
o gatilho.
Leia suspirou, e o nariz da Falcon começou a voltar na direção da
batalha.
— Leia! — O medo de Han se transformou em vergonha; ela realmente
acreditava que queria arriscar a vida de Tenel Ka para salvar a dele? — Os
traidores têm um espião!
— Está tudo bem, Han. — Leia disse. — Eu tenho a sensação de que
não importa.
— É claro que importa! — Han contestou. — Eles saberão em qual
nave Tenel Ka está...
— Já chega, Capitão Solo. — Morwan cravou o blaster com mais força
nas costelas dele. — Com uma Jedi e dois Noghri a bordo, eu não espero
sobreviver a isso de qualquer forma. Em minha saída, eu não hesitarei em
livrar a galáxia de mais um miolo mole da Aliança.
— Miolo mole da Aliança? — Han empurrou o braço ferido na tipoia.
— Não há necessidade de insultar!
Apertou a mão sobre o blaster de Morwan. Enquanto afastava a pequena
arma de seu corpo, ela puxou o gatilho, mandando uma onda de tiros
queimando a palma de sua mão e ricocheteando no painel de controle.
— Han, não! — Leia gritou.
Mas Han já estava jogando o cotovelo de seu braço bom no nariz de
Morwan. Sentiu a cartilagem esmigalhando e ouviu o grito dela, mas os
tiros de blaster continuavam. Bateu com o cotovelo novamente.
Morwan soltou o blaster e estendeu a mão para proteger o nariz. Han se
afastou, trocando a arma para a mão boa, e soltando um rugido de dor
quando ele finalmente percebeu o quanto sua palma queimada doía.
— Han! — Leia o alcançou e gentilmente o empurrou para trás para o
sabre de luz na mão dela ter o caminho livre até a cabeça de Morwan. — O
que você está fazendo?
— Tomando minha nave de volta. — Han apontou a arma para Morwan,
que agora segurava o rosto com ambas as mãos, sangrando por entre os
dedos e gemendo de dor. — O que você acha?
— Eu acho que está se deixando levar um tiro novamente sem motivo.
— Leia repousou o sabre de luz no colo, então ordenou. — Sente-se e fique
de olho nela até os Noghri chegarem.
Han se deixou cair no assento do navegador.
— O que você quis dizer com sem motivo? — Uma nuvem de fumaça
cinza pairava sobre o painel de controle, subindo de meia dúzia de buracos
que Morwan fizera através do duraço. — Ela ia me matar!
— Eu acho que não. — Leia disse. — Ela não teria motivo.
Han notou que ainda seguiam em direção à batalha.
— Não me diga que vai mandar aquela mensagem!
— Na verdade, eu vou. — Leia disse.
Até Morwan estava surpresa.
— Você vai? — A voz dela estava abafada e nasal. — Por quê?
— Não importa. — Leia disse. Ela inclinou a cabeça, olhando para o
reflexo da canopi, então ergueu a voz para que se projetasse pelo corredor
de acesso. — Está tudo bem, Cakhmaim. Temos tudo sob controle.
Ela mal terminara de falar antes de Cakhmaim e Meewalh correrem
para o deque de voo, Cakhmaim segurando um martelo de luta mortal e
Meewalh uma rede. Quando eles viram Han sentado no assento do
navegador com o blaster e Morwan curvada com a cabeça nas mãos, os seus
rostos sáurios pareciam quase desapontados.
— Está tudo bem, pessoal, vocês podem prendê-la. — Han gesticulou
para que eles a levassem. — E usem as algemas de atordoamento.
— Depois de cuidarem do nariz dela. — Leia acrescentou. — Não
queremos que ela engasgue até a morte em seu próprio sangue.
Han olhou para as rugas queimadas sobre a sua palma ferida.
— Fale por si mesma.
— Han!
Han deu de ombros.
— É você quem sempre me diz para ser honesto sobre os meus
sentimentos. — Ele esperou até os Noghri levarem Morwan, então
perguntou. — Você não falou sério sobre a mensagem, falou?
— Falei... e precisamos enviar agora. — Leia indicou a tela tática, que
mostrava a formação de Tenel Ka começando a recuar em preparação para
um vale-tudo nave contra nave. — Abra um canal.
Han estudou a sua tela, tentando ver sobre o que Leia falava.
Infelizmente, ele foi distraído por um padrão irregular de luzes piscando.
— Maldita mulher! — Ele disse. — Ela acertou algo no painel de
controle.
— O que é mais um motivo para mandar a mensagem agora, Han. —
Leia disse. — Tenel Ka não pode deixar essa batalha se tornar um combate
direto, ou a Aliança não será capaz de usar a armadilha.
— Armadilha?
Algo apareceu no painel de controle, e fumaça começou a sair de um
buraco na frente da estação do copiloto. Han xingou, e ignorando todo o
sangue que o nariz quebrado de Morwan espalhou por tudo, sentou-se no
assento do copiloto. O tela tática não estava melhor do que aquele da
estação de navegação, mas podia ver claro o bastante para saber que não
mostrava nenhuma frota da Aliança.
— Eu não vejo uma armadilha.
Leia ficou em silêncio por um tempo, então disse:
— Escute, Han, se você não consegue fazer isso, apenas diga.
Agora Han estava ficando realmente confuso.
— Fazer o quê?
— Está tudo bem. — Leia disse. — Eu entendo.
— Bom. — Han respondeu. — Pelo menos um de nós entende.
Leia abriu a boca e olhou em volta, dando a ele um dos seus olhares
patenteados de “eu sei que você está mentindo”.
— Leia, do que está falando?
— Assim que mandar a mensagem, nós dois sabemos que os nossos
nomes serão gosma de Hutt em Corellia. — Leia disse. — Gejjen saberá
que nós trabalhamos contra ele aqui, e você será marcado como um traidor.
As palavras de Leia acertaram Han com força, perto do coração, e
percebeu que ela estava certa. Se eles ajudassem Tenel Ka agora, só poderia
ser às claras, e o Alto Comando Corelliano, Wedge, Gejjen, todos eles,
saberiam que escolhera Hapes acima de seu mundo natal.
Mas como Han poderia não escolher Tenel Ka? Corellia estava errada
ali, tentando assassinar a líder soberana e expandir a guerra apenas para
ganhar uma posição de negociação mais favorável, tentando mergulhar
sessenta e três mundos em uma guerra civil que faria o conflito Corelliano
com a Aliança parecer uma briga de bolinha de cuspe.
— Leia, a minha reputação não importa. — ele disse. — A minha
consciência sim.
Leia sorriu aliviada.
— Estou contente. — ela disse. — Foi o que pensei, mas eu não queria
tomar essa decisão por você.
— Ótimo, eu agradeço. — Han disse. — Mas eu ainda não tenho ideia
do que você está falando.
— Eu disse a você que tinha uma sensação. — Leia disse. — E então
você atacou o blaster de Morwan.
Han franziu a testa, lembrando-se de que Leia dissera algo sobre uma
sensação.
— Ah, esse tipo de sensação. Por que você não me disse que era isso?
Leia revirou os olhos.
— O que eu poderia dizer? Confie em mim?
— Acho que não. — Han admitiu. Ele se sentiu um pouco tolo por
perder a pista, mas não podia se esperar que lesse a mente de Leia o tempo
todo, afinal, não era Jedi. — Mas olhe, eu não posso simplesmente abrir um
canal para Tenel Ka e dizer "segure firme, garota, os Solos estão à
caminho". Que tipo de armadilha você sente?
Leia balançou a cabeça.
— Eu não sei exatamente. Lá no cometa, eu senti alguém nos
observando.
Han se lembrou da expressão distante de Leia, quando pensou que ela
estivesse tentando avisar Tenel Ka.
— Um Jedi?
Leia assentiu.
— Eu acho que era Tesar, mas não tinha certeza quanto a mim e se
fechou rapidamente.
Han franziu a testa em concentração.
— E já que sentiu Jaina nos observando lá em Kirises...
— Exatamente. — Leia disse. — As chances são de que quem quer que
seja que estivesse observando a frota Kiris lá...
— ... a seguiu até aqui.
Han alternou a unidade de comunicação para o canal de saudação, que
precisariam usar já que não tinham os códigos ou frequências para a frota
de Tenel Ka. Outro jato de fumaça começou a subir do painel de escudos, e
quando ele tentou ajustar os controles, a leitura não mudou.
— Ah, antes de enviar essa mensagem, talvez seja melhor você se
colocar em um transe voador Jedi ou algo assim.
— Han, eu estarei aberta para a Força. — Leia disse. — Mas não existe
isso de transe voador Jedi.
— Que pena, porque eu acho que nossos escudos estão travados. —
Han olhou para Leia e assoprou um beijo pra ela, então ativou o seu
microfone e começou a transmitir no canal de saudação geral. — Essa é
uma mensagem de Han Solo para a Rainha-mãe Tenel Ka. Escute, garota,
tenho algo importante para dizer a você...
Capítulo 21

Do lado de fora da janela do depósito da cantina pairava uma aurora


gloriosa, uma explosão luminosa verde, violeta e escarlate açoitando sobre
a face das Névoas Transitórias vindo da direção da estrela Roqoo. O
espetáculo era um testamento da vasta extensão das névoas e o poder feroz
do vento solar de uma gigante azul, mas hoje Mara a achou mais lúgubre do
que inspiradora. Hoje a sua beleza dançante era apenas uma barreira
impedindo a ela e Luke de entrar em contato com o seu filho.
Mara se afastou da janela e olhou sobre a mesa, onde Luke se sentava
tomando o seu terceiro chocolate quente da tarde.
— É melhor nós encararmos isso. Ben não vem.
Luke continuou a olhar para a cortina de luz brilhante.
— Ele está muito atrasado. — Mara continuou. — E quando eu o
procuro na Força, ele não está em lugar algum perto daqui. Ou Jacen não
enviou a mensagem de encontro, ou Ben não a recebeu. Mas algo deu
errado.
Luke assentiu e tomou um gole de sua caneca.
— E algo errado está vindo. — ele acrescentou. — Você consegue
sentir?
Agora que Luke mencionou, Mara podia sentir algo. Não era muito,
apenas uma leve pontada facilmente confundida com um calafrio, mas
estava �lá.
Mara se virou para a janela, mas dessa vez estudou os reflexos nos
cantos ao invés da aurora do lado de fora. A maioria dos clientes que ela
podia ver na escura cantina eram humanos de boa aparência, típicos
Hapans, e sem exceção eles pareciam mais interessados em suas refeições
ou na cantora glimmik Falleen no palco do que nos Skywalkers. Os não-
humanos, uma dúzia de Duros de pele azul, alguns Arcona de cabeça de
bigorna e um casal de Mon Calamari, pareciam hipnotizados pela aurora
além da janela. E a família Twi'lek que geria o lugar estava muito ocupada
para prestar atenção em alguém que não estivesse pedindo algo.
Mara olhou de volta para Luke.
— Você acha que Jacen armou pra nós?
— Eu acho. — A voz de Luke estava firme, mas a ligação da Força
deles estava impregnada de tristeza, e por uma sensação de perplexidade e
fracasso. — Se Tenel Ka não tivesse confirmado, eu sequer acreditaria que
ele enviou Ben para encontrar Jaina e Zekk.
Mara suspirou.
— Eu tenho que admitir, estou começando a me sentir um pouco tola
por colocar minha fé em Jacen.
— Não. — Luke disse. — Nós dois confiamos nele, e eu ainda não
tenho certeza se estávamos errados. Jacen ajudou Ben a superar o seu medo
da Força. Não podemos esquecer isso.
— Como eu poderia? — Mara perguntou. — Mas se ele realmente
armou para nós, se ele está levando Ben para o lado sombrio...
— Agora quem está se precipitando? — Luke inclinou-se sobre a mesa
e pegou as mãos dela. Em voz baixa, ele acrescentou. — Olhe, mesmo se
Jacen estiver trabalhando com Lumiya, eu não acho que faça muito tempo.
E não significa que ele está se tornando um Sith.
— Não significa que ele não está. — Mara rebateu. — Não podemos
saber o que está acontecendo entre ele e Lumiya.
— Eu conheço Jacen. — Luke disse rapidamente. — Seja lá o que ele
estiver fazendo, é porque ele pensa ser o certo para a galáxia. Assim que
perceber estar errado, será fácil trazê-lo de volta.
Mara considerou isso, tentando se lembrar de quando ela vira Jacen
fazer qualquer coisa egoísta, tentando pensar em qualquer coisa, mesmo
após assumir o comando da GAG, que Jacen tenha feito por interesse
próprio em detrimento do bem do estado.
Após alguns instantes, assentiu. O seu medo por Ben, e a sua raiva por
se sentir enganada por Jacen, estavam começando a afetar o seu julgamento.
— Você está certo. — ela disse. — Mas é melhor agirmos rápido. Jacen
já é poderoso demais, e se Lumiya tiver as suas garras nele, não demorará
até ele chegar a um ponto sem volta. Não podemos deixar isso acontecer,
Luke. Não podemos deixá-lo arrastar a galáxia com ele.
— Não deixaremos. — Luke assegurou. — Nós impedimos Raynar,
não?
— Você não está inspirando muita confiança. — Mara disse. Após um
pouso forçado perto de um ninho de Killiks, Raynar Thul se juntara à
cultura deles, eventualmente ascendendo para se tornar líder de uma
poderosa civilização insectóide. Sob a sua liderança, a Colônia expandira
até os limites da Ascendência Chiss, provocando uma guerra de fronteira
que Luke evitara apenas ao capturar Raynar em combate. — Veja como
aquilo funcionou. Ele está preso no porão do Templo há quanto tempo?
— Raynar está fazendo progresso. — Luke disse na defensiva. — Ele
aceitou uma prótese para o braço e está considerando uma cirurgia estética
para reparar as cicatrizes de queimaduras.
— Isso deve ser útil quando ele escapar. — Mara disse. — Ele não
assustará tantas crianças no caminho até a cidade baixa.
Luke franziu a testa para o sarcasmo dela.
— A cirurgia ajudará Raynar a se ver de maneira diferente. — ele disse.
— Cilghal diz que será um grande passo para a recuperação dele.
— Certo, então talvez ele esteja curado em dois ou três anos. — Mara
ergueu-se e subiu o seu cinto de equipamentos, o qual tendia a escorregar
para os seus quadris agora que carregava o peso extra do shoto que ela
construíra antecipando um encontro com Lumiya. — Vamos alcançar a
Anakin e ficar perto de Jacen. Ben aparecerá lá cedo ou tarde.
— Se já não estiver lá.
Luke se levantou e seguiu na direção da porta, e subitamente a pontada
de inquietação que ele sentia floresceu para uma sensação de perigo
completa. Olhou em volta do salão, tentando localizar a fonte da ameaça.
Não sentiu nada de ameaçador dos outros clientes, mas isso não o impediu
de puxar o seu sabre de luz do cinto o mais casualmente possível.
Mara já tinha a sua arma em mãos, no entanto, como Luke, ela a
segurava de lado para evitar espalhar o pânico.
— Você sentiu também?
— Vamos. — Luke disse. Ele costurou pelas pessoas na direção da
escotilha de saída mais próxima, e Mara permaneceu por perto. Se eles
permitissem uma luta se iniciar ali, muitos seres inocentes sofreriam.
Eles estavam a apenas alguns passos da saída quando uma figura
encurvada apareceu no corredor vazio de duraço do lado de fora da cantina,
mancando em uma intersecção cerca de seis metros à frente. Ela vestia uma
pesada capa preta com o capuz levantado, e estava sendo cuidadosa em
manter o rosto afastado das luzes do teto.
Luke mal teve tempo de perceber que não sentia a presença dela na
Força antes que erguesse o braço e mandasse um tubo prateado rolando pelo
corredor cinza na direção dele. Um conjunto de diodos piscando da metade
para baixo de seu comprimento confirmou a natureza do cilindro. Ele
ergueu o braço e usou a Força para lançar o tubo de volta no corredor.
— Granada! — Ele gritou.
A granada estava quase de volta na intersecção quando o corredor
irrompeu em um brilho prateado. Um estrondo enorme balançou a cantina,
e Luke se encontrou tropeçando de costas sobre uma mesa, os ouvidos
zumbindo e manchas dançando sobre os olhos.
Atingiu o chão em meio a uma enxurrada de bebidas derramadas e
clientes caindo. Os seus tímpanos estalaram dolorosamente quando a
pressão do ar caiu, e a escotilha de saída caiu com um clangor
ensurdecedor. Um instante depois, metade das luzes da cantina se
apagaram, deixando a multidão atordoada banhada em escuridão. Um
alarme de ruptura no casco começou a assoviar acima.
Luke procurou na Força e sentiu Mara caída cerca de três metros de
distância, surpresa, mas ilesa e já se recuperando. Ficou de pé e viu que a
área perto da saída pegara o pior da explosão, com talvez duas dúzias de
seres caídos no chão com destroços espalhados em vários graus de
enfermidade. A maioria dos gritos parecia vir da parte de trás da cantina,
onde estavam os clientes mais longe da explosão, em pânico em vez de
atordoados.
Mara foi até Luke.
— Bons reflexos. — Ela indicou a janela, onde uma nuvem de
estilhaços do corredor danificado já se afastava. Felizmente, parecia haver
poucos corpos, mas nenhum deles vestido em uma capa preta.
— Esse foi apenas o sinal de abertura. — Enquanto Luke falava, os
primeiros clientes assustados começaram a seguir na direção da outra saída
da cantina, os seus gritos tornando-se impacientes e furiosos quando todos
não conseguiram se espremer para fora de uma vez. — Há uma razão para
ela ter nos atacado antes de...
Um longo estalo sibilado soou da segunda saída, atraindo um frenesi de
gritos dos clientes em fuga. Luke não ouvia o chiado de um chicote de luz
golpeando em décadas, e o som enviou uma pontada em sua espinha.
Estendeu o braço em seu robe e retirou o shoto que carregava antecipando
esse exato momento.
— Bom, eu diria que isso prova. — O coração de Luke doía com
desapontamento. — Ben não está aqui. Lumiya está.
— Sim. — A voz de Mara mostrava raiva. — Jacen armou pra nós.
Pegou o shoto de seu cinto e seguiu na direção da parede interior da
cantina, colocando-se em posição para flanquear a sua oponente. Luke
seguiu na direção da escotilha e viu cobras de luzes crepitando para a
multidão à frente. Uma cabeça no formato de bigorna saiu voando e dois
braços humanos caíram no chão. Uma dúzia de vozes gritou de dor quando
faixas de tecido ensanguentado caíram das suas túnicas.
— Pra trás, seus kreetles! — A voz gélida pertencia a Lumiya. — Pra
trás! Apenas um homem pode salvá-los agora!
O chicote atacou novamente, e os clientes confusos começaram a
recuar. Uma figura em uma capa escura apareceu na escotilha. O seu capuz
estava abaixado, mas o seu rosto estava enrolado em tecido preto. O chicote
de luz dela se arrastava ao lado, sua meia dúzia de filamentos divididos
igualmente entre energia, couro e metal cravejado de cristais. Luke
começou a avançar na direção dela, usando a Força para sutilmente mover
as pessoas para o lado enquanto lutava contra a multidão recuando.
— Você! — Lumiya apontou um dedo longo na direção de Luke. —
Abaixe as lâminas e ajoelhe-se.
— Sem chance.
Luke acionou as lâminas, uma curta e uma longa, para combater a
natureza dupla da arma dela, e assistiu a multidão dividir-se diante dele.
Seria mais rápido e seguro lançar-se na direção de Lumiya em um longo
arco de acrobacias com a Força, mas ela não parecia estar ciente de Mara
esgueirando-se pela lateral, e Luke queria manter a sua atenção fixa nele até
Mara estar em posição para atacar.
Lumiya não estava no clima para ser paciente. O seu chicote de luz
estalou novamente e retalhou um Duros completamente. Sua vítima caiu,
gorjeando em dor, e o blaster que tentara puxar retiniu no chão diante dele.
A multidão congelou em terror, encarando de boca aberta a vítima ainda
se contorcendo.
— O Jedi decidiu o seu destino! — Lumiya gritou por sobre o Duros
estridente. O seu chicote fustigou novamente, dessa vez envolvendo os seus
tentáculos ao redor da cintura de uma esbelta beldade Hapan e quase a
cortando ao meio. — Por causa dele, todos vocês morrerão!
Os clientes da cantina começaram a rodear Luke, muitos puxando
blasters ou vibro lâminas. Os seus olhos estavam distantes e as suas bocas
uniformemente contorcidas no mesmo rosnado raivoso, e Luke percebeu
que Lumiya usava a Força para redirecionar os seus medos e raiva na contra
ele. Claramente, ela não visava uma luta justa... tanto quanto ele e Mara.
Luke se lançou em frente, empurrando os clientes para longe do
caminho com a Força e usando as suas lâminas de luz para devolver os tiros
daqueles que cometiam o erro de atirar nele. Odiava machucar os capangas
involuntários de Lumiya e fez o seu melhor para evitar feri-los seriamente,
mas precisava se defender. Se permitisse que a situação saísse de controle e
eles tentassem cercá-lo, muitas pessoas perderiam braços, pernas ou pior.
Luke se aproximara do alcance do chicote de luz quando um Twi'lek em
um avental de cozinha deu um passo bloqueando o seu caminho.
— Você é um Jedi! — Os tentáculos do Twi'lek se contorciam de raiva,
e se ele estava incomodado com as duas lâminas sibilando na frente dele, o
seu rosto inchado não mostrou sinais. — Você não pode deixar meus
clientes morrerem só para se salvar!
Luke usou a Força para empurrar o Twi'lek para o lado. Apesar de Mara
não estar mais em seu campo de visão, ele podia senti-la através de sua
ligação com a Força se posicionando e pronta para atacar, e Lumiya ainda
parecia alheia a ela.
O Twi'lek se aproximou por trás de Luke.
— Covarde! — Sua voz se tornou um pouco abafada enquanto ele
virava-se para a multidão. — Vamos...
Luke silenciou o Twi'lek com um chute de esmagar os ossos nas costas,
então se lançou sobre Lumiya, ambas as lâminas atacando para matar. Ele
sabia muito bem que a vitória não viria tão fácil, mas precisava manter a
atenção dela fixa nele até Mara atacar.
O contra-ataque de Lumiya foi, é claro, magistral. Ela brandiu o seu
chicote nas pernas de Luke, forçando-o a dar uma cambalhota alta que deu
a ela meio segundo para girar. Desceu alguns passos para dentro da cantina,
emoldurado pela escotilha e encarando o corredor escuro onde Alema se
agachava, escondida dentro de sua sombra na Força.
Então o chicote de luz de Lumiya estalou no flanco de Luke, atacando
de cima, baixo e no meio de uma vez só. Ele girou para se defender,
preenchendo o ar com faíscas, ozônio e estilhaços voadores de Cristal
Kaiburr enquanto bloqueava com a lâmina curta e usava a longa para cortar
um dos filamentos.
Alema poderia tê-lo matado naquele momento. Ela tinha o dardo em
cone na zarabatana e esta pressionada nos lábios, e Skywalker estava tão
focado em Lumiya que nunca teria sentido o dardo vindo. Era isso o que
Lumiya queria, o que ela esperava.
Mas onde estava o Equilíbrio nisso? Luke Skywalker tirara tanto dela, o
uso de seu braço, o seu ninho, a sua identidade, e não seria certo Alema
simplesmente matá-lo. Ela precisava destruí-lo, deixá-lo assistir Mara
morrer primeiro para que só então ele morresse, saberia que não havia
esperança, então saberia que Lumiya ganhara, que os Sith teriam o seu
sobrinho e o seu filho, e que a Ordem Jedi morreria com ele.
Então Alema segurou o seu dardo, esperando imóvel enquanto o chicote
de luz de Lumiya passava de novo e de novo, mantendo Skywalker
emoldurado na escotilha para ela, atacando sua lateral e cabeça para
impedi-lo de girar, ou dar uma cambalhota ou simplesmente avançar além
de seu campo de visão.
Finalmente Skywalker simulou um salto para a escotilha. Quando
Lumiya cometeu o erro de tentar bloquear a sua “fuga” com indiferença, ele
incrivelmente desviou o corpo com sua lâmina curta, então girou em um
avanço rodopiante e cortante com sua lâmina longa.
Lumiya não teve escolha a não ser recuar. Skywalker desapareceu da
escotilha para longe da vista de Alema, então o último dos filamentos
metálicos do chicote de luz passou pela escotilha. Um coro de gritos
renovados surgiu, e um jato de sangue saiu da cantina espirrando em uma
linha de contas alongadas vermelhas.
Quando Alema olhou de volta para a cantina, encontrou Mara agachada
defronte a ela, dentro da escotilha e encarando o outro lado. Meia dúzia de
metros além dela, Skywalker e Lumiya lutavam uma batalha frenética no
meio da multidão, Skywalker tentando permanecer em áreas vazias para
nenhum espectador se machucar, Lumiya trabalhando para manter os
espectadores na frente dela para Skywalker não poder atacar sem cortá-los
primeiro.
Agora era a chance de Alema, mas não seria o suficiente simplesmente
matar Mara. Alema era uma Jedi, e os Jedi serviam ao Equilíbrio.
Enquanto ela enchia os pulmões, Alema também tentava alcançar
Skywalker, compartilhando com ele toda a tristeza, solidão e desespero que
ele lhe causara, a vergonha, desesperança e angústia sem fim.
Uma pontada de surpresa surgiu na Força. Os olhos de Skywalker se
arregalaram e desviaram na direção da escotilha, e essa era a abertura que
Lumiya precisava.
O chicote de luz estalou novamente, envolvendo Skywalker em uma
jaula de luz e couro. A lâmina curta saiu voando, tirada junto com a mão
que a segurava, o manto de Skywalker caiu abaixo das axilas em filetes,
deixando o ar rosa e enevoado com sangue e carne chamuscada.
Alema esvaziou os pulmões e o dardo saiu da zarabatana.
Mara ouviu Luke gritando e pensou ser apenas porque ele fora
seriamente ferido, mas então a tocou através de sua ligação com a Força e
ela percebeu que estava assustado por ela, que algo vinha na direção dela
apenas levemente mais devagar do que um tiro de blaster. Ela mergulhou e
sentiu a pele espetada quando algo pequeno e escuro passou por sobre o
ombro.
Uma Twi'lek gritou perplexa, e quando Mara voltou a ficar de pé, foi
para encontrar uma das esposas dos donos da cantina de pé alguns metros
diante dela, encarando-a da escotilha enquanto arrancava um pequeno dardo
em forma de cone da coxa. Claramente, Lumiya trouxera reforços, mas
Mara não tinha tempo de pensar em prováveis candidatos. A Twi'lek
subitamente começou a tremer e engasgar, então a sua perna se dobrou e ela
caiu convulsionando.
Veneno.
Mara rodopiou para atacar pela escotilha, apenas para encontrá-la
bloqueada por um enxame de Hapans aterrorizados tentando fugir. Ela
desativou as suas armas e correu para o meio deles, empurrando com a
Força os líderes para o corredor escuro à frente dela. Luke estava muito
ferido e ela sabia, mas ela não iria salvá-lo dando uma nova chance para a
sopradora do dardo. Assim que ela atravessou a escotilha, ela reacionou as
suas lâminas e girou na direção do corredor sombrio pelo qual o dardo
viera.
Não havia nada além de sombras.
Os clientes em fuga continuavam a se acotovelar atrás de Mara,
xingando-a por bloquear a sua passagem. Pensando que a agressora já havia
fugido pelo corredor, ela se virou para segui-la, então se perguntou porque o
canto ainda estava em sombras com o brilho de duas lâminas de luz
brilhando nele.
Mara se virou para encarar o canto, mas precisou desativar o seu sabre
de luz quando um Arcona bêbado quase se empalou em sua lâmina,
assobiando em pânico e batendo contra ela tão forte que ela precisou usar a
Força para evitar ser arremessada.
— Saia! — Ela ordenou.
Em vez de empurrar o Arcona com a Força de volta pela escotilha, ela
deu um passo para trás para deixá-lo continuar pelo corredor, e foi isso que
salvou sua vida quando uma lâmina de sabre de luz azul escura, quase preta,
brotou do peito dele, tão perto da garganta dela que ela temia abrir a boca.
Reagindo mesmo antes de entender o que acontecia, Mara bateu a mão
esquerda atrás do Arcona estridente e sentiu a lâmina de seu shoto roçar em
algo. Uma voz feminina gritou surpresa, então a lâmina escura desapareceu
do peito do Arcona, e ele caiu no chão gemendo e lamentando.
Parada atrás dele estava a figura distorcida de um manto Jedi preto. Ela
se portava ligeiramente curvada, como se doesse ficar ereta, e um braço
pendia atrofiado e coxo por baixo de um ombro curvado. O lekku distante
fora cortado bem acima do ombro, enquanto o mais próximo tinha uma
ferida fumegante atrás onde fora atingido pela lâmina de Mara.
— Alema?
Mara não estava tão espantada a ponto de esquecer de se defender
quando a Twi'lek reacionou o seu sabre de luz. Ela segurou o ataque de
Alema com o seu shoto, então varreu a lâmina da Twi'lek para o lado e
trouxe o seu longo sabre de luz para um corte mortal.
Alema usou a Força para se lançar em um mortal pra trás, caindo de
ponta cabeça através da linha de clientes da cantina ainda fugindo. Ela caiu
de pé do outro lado do corredor. Um ruído raivoso começou a crescer na
cantina enquanto clientes em fuga pararam na escotilha em vez de correr
para o meio de uma luta de sabre de luz.
Havia uma dúzia de perguntas que Mara gostaria de fazer para Alema.
Ela era a aprendiz de Lumiya? Como ela escapara de Tenupe? Há quanto
tempo estava de volta?
Mas Mara podia sentir através de sua ligação da Força que Luke estava
enfraquecendo rápido. A sua energia diminuindo e a sua concentração
derrapando, e ele chamava intensamente a Força apenas para manter a sua
dor controlada e o seu corpo em movimento.
Mara entrou no corredor, colocando-se ao alcance do ataque de Alema.
A Twi'lek se afastou da parede, ganhando espaço para manobrar e traindo o
mancar causado pelo seu meio pé, e Mara acrescentou uma pergunta para
sua lista: por que Alema ajudara a matar Tresina Lobi?
Mara nivelou a sua longa lâmina com a garganta da Twi'lek.
— Eu não tenho muito tempo, então eu darei a você mais uma chance
de se render. — ela disse. — Depois disso, será até a morte, e não me
parece que você está em condição de durar muito.
Alema olhou na direção da cantina, onde o estalar do chicote de Lumiya
crescia mais alto e mais frequente, e o desdém que veio dos seus lábios era
surpreendentemente confiante.
— Você podia nos deixar ir embora mancando. — ela disse. — Nós
prometemos ir.
Mara ficou mais fria e furiosa por dentro.
— Essa foi a sua chance.
Ela saltou, atacando com ambas as mãos, derrubando as defesas de
Alema com o seu sabre de luz e estocando o torso com o seu shoto.
Normalmente ela nunca arriscaria um ataque completo, mas Alema não era
um desafio tão grande e Luke estava ficando sem...
Como sempre acontece com excesso de confiança, o de Mara provou-se
custoso. Alema derrubou o seu sabre de luz e esticou o braço, mergulhando
as suas afiadas garras Twi'lek na garganta de Mara e girou para o lado para
que o curto sabre de luz passasse direto sem atingir nada.
A respiração de Mara parou instantaneamente, e ela se sentiu
engasgando em algo úmido e quente. Ela começou a juntar os braços,
visando cruzar as lâminas através do corpo de Alema, então percebeu que
eles caíram ao seu lado. Ela tentou erguê-los, mas os olhos de Alema
ficaram escuros, e pequenas forquilhas de energia crepitavam sobre o seu
rosto azul.
Mara não teve o meio segundo necessário para erguer os seus braços
novamente, então ela simplesmente se jogou para trás, puxando sua
gargante para longe das garras e levando as suas pernas para cada lado de
Alema. Um relâmpago azul estalou sobre o seu rosto tão perto que ela o viu
mesmo com os olhos fechados.
Mara já juntava as pernas, segurando a Twi'lek abaixo dos joelhos com
uma perna e sobre os joelhos com a outra. As duas inimigas atingiram o
chão no mesmo segundo, Alema batendo a nuca com força.
A Twi'lek amoleceu instantaneamente, com os seus braços e corpo
batendo no chão como se o seu manto estivesse cheio de gelcarne aquecido.
Mara se sentou, já levantando o seu sabre de luz para cortar a cabeça de
Alema, então parou a lâmina a centímetros da garganta da Twi'lek. Ela não
podia matar um inimigo inconsciente, mesmo um que traíra a Ordem Jedi...
mesmo quando estava com pressa para ajudar Luke.
Tendo nocauteado seres o bastante para ter certeza de que Alema não
fingia a sua inconsciência, Mara afastou as suas armas e girou nos
calcanhares. Podia sentir a energia de Luke esvanecendo e que começava a
duvidar de sua capacidade de triunfar, mas deixar a Twi'lek armada e livre,
mesmo estando inconsciente, não era uma opção.
Conforme o êxodo de clientes continuava através da escotilha, Mara
amarrou as mãos de Alema atrás das costas e recolheu o seu sabre de luz e
zarabatana de onde ela os derrubou. Então ela abriu o manto da Twi'lek para
verificar armas escondidas e ficou subitamente contente por não ter matado
uma inimiga inconsciente.
Sob o manto, Alema vestia um colete de combate preto com um painel
de sensor piscando sobre o seu coração. Um bolo de finos fios saíam do
painel até um bolso saliente no peito com algo moldado com um grosso
wafer. Com muito cuidado, Mara abriu o bolso e seguiu os fios para até o
que temia encontrar: um relé morto conectado ao detonador de próton de
um míssil de baradium.
Estava fora de questão voltar para a cantina sem desconectar o relé.
Lesões na cabeça eram imprevisíveis. A Twi'lek podia morrer a qualquer
momento, e mesmo se ela vivesse, um dos clientes em fuga poderia acionar
o dispositivo acidentalmente. Infelizmente, os fios precisavam ser
desconectados na sequência específica para impedi-los de acionar o
detonador. Mara apenas esperava que Luke pudesse segurar Lumiya até ela
terminar. Mesmo com a Força para guiá-la, isso levaria tempo.
E tempo era algo que Luke não possuía. Podia sentir isso no fogo
consumindo os seus pulmões, na acertando de sua carne crua. A sua
respiração vinha em suspiros inadequados, e o seu sangue borbulhava ao
lado em uma espuma rosa. Chamava a Força para continuar lutando,
atraindo-a em si mais rápido do que o seu corpo podia aguentar,
literalmente cozinhando as suas próprias células. No máximo, tinha outro
minuto de luta em si... talvez menos.
Luke precisava acabar com isso agora.
Bloqueou um par de filamentos de energia estalando com o seu sabre de
luz e os arremessou para o lado, então se lançou sobre a mesa de claqball na
direção de Lumiya. Ela respondeu girando para longe, trazendo para entre
os dois uma garçonete Twi'lek. Poderia ter continuado o ataque, cortando
através do peito de ambas, mas mesmo desesperado, não podia matar uma
refém. Jogou-se em uma cambalhota aérea e desceu no chão liso, repleto de
utensílios, encarando Lumiya diretamente.
A mão dela sacudiu, e o chicote de luz veio em arco na direção da
cabeça dela. Luke caiu de quatro e o deixou estalar por cima de si. Então,
quando Lumiya começou a se afastar do ataque esperado contra o seu peito,
acertou-a com um empurrão da Força e a fez girar. Ela bateu contra uma
mesa de bebidas e quase caiu, mas rapidamente ergueu a sua refém para
protegê-la de um ataque.
Luke sorriu e ergueu o braço, apontando o seu sabre de luz na direção
da garçonete, então usando a Força para arrancá-la do aperto de Lumiya, ele
a mandou voando sobre a mesa de claqball. Ela caiu do outro lado, gritando
de terror, mas bem mais segura do que estivera um momento antes.
A essa altura Lumiya se recuperara de seu tropeço, e o chicote de luz
serpenteava de volta na direção de Luke. Saltou e deu uma cambalhota,
envolvendo a ponta de sua lâmina nos filamentos crepitantes enquanto
passava por cima de cabeça para baixo. Pousou na superfície fofa da mesa
de caqball e puxou com toda sua força.
E foi quando o seu corpo ferido falhou. Em vez de arrancar a arma das
mãos de Lumiya, o seu sabre de luz escapou de sua própria mão e saiu
voando para as sombras.
Luke xingou incrédulo, então rolou para fora da mesa em um salto-
mortal.
Mesmo isso se tornou um desastre. Caiu sobre o corpo de uma das
primeiras vítimas de Lumiya e, fraco demais para se firmar, atingiu o chão
com um baque audível. Podia sentir Mara no corredor, concentrada
intensamente em algo, muito assustada e apelando a ele para esperar por
ela, não pressionar o ataque até ela chegar.
Não havia chance disso. A força de Luke falhava tão rápido que temia
que a traição de Jacen lhe custasse a vida. E quando Lumiya terminasse
com ele, ela estaria livre para atacar Mara, também. O seu peito ficou
apertado com uma emoção que poderia ser raiva, ou tristeza, ou medo, e era
provavelmente todas essas coisas de uma vez. Jacen os traíra... o que só
podia significar que em algum ponto pelo caminho, Luke falhou com Jacen.
Lumiya deve ter suspeitado de uma armadilha, porque quando Luke
falhou em se levantar imediatamente, ela não se apressou para atacar. Ao
invés disso, ela chamou:
— Não é tarde demais, Skywalker. Deixe-me matá-lo agora, e todos os
outros sobrevivem. Até Mara.
— Muito generoso. — Enquanto Luke respondia, ele inspecionava o
chão da cantina, procurando pelo shoto que perdera quando Lumiya
arrancou sua mão cibernética. — Mas eu acho... que não. Você não pode
ter... Jacen.
— Jacen? — Lumiya deixou escapar uma risada fria. — O que o faz
pensar que isso é sobre ele?
— O seu envolvimento com a GAG. — Ele não estava tendo muito
sucesso na procura por os seus sabres de luz; as lâminas se desativaram
assim que deixaram as suas mãos, e o chão da cantina estava coberto por
muitos destroços e sombras para encontrar algo. — Quem mais poderia dar
a você... um apartamento? Quem mais poderia dar a você acesso aos...
arquivos deles?
Novamente, a risada cruel.
— De fato. — Os estalos do chicote de luz aumentaram conforme
Lumiya diminuía os filamentos para um controle mais fácil. — Quem mais
tem acesso aos códigos de Jacen? Quem mais poderia dar ordens para os
oficiais da GAG em nome de Jacen?
As perguntas pegaram Luke como um chute no estômago. Sabia que
Lumiya estava apenas tentando machucá-lo, que as implicações dela
provavelmente eram mais falsas do que verdadeiras. Mas a possibilidade
explicava muita coisa... e agora que lembrava do comportamento de Ben
pelos últimos meses, precisava admitir que mesmo vira muito dessa
possibilidade.
Algo rangeu no chão enquanto Lumiya rodeava a base da mesa de
claqball. Luke desistiu de sua busca pelo shoto e começou a procurar por
outra arma. Não trouxera o seu blaster para a cantina, preferindo as lâminas
de luz, mas o corpo sob o qual ele caíra muito provavelmente era de um
espaçador, e espaciais sempre carregavam blasters.
— Você está mentindo. — Luke encontrou o cinto do espaçador e o
seguiu até um coldre. — Apenas dizendo isso... para me machucar!
— Isso a torna uma mentira? — Lumiya perguntou. — Você me causou
muita dor ao longo dos anos, Skywalker. Que maneira melhor para retribuir
do que dar a volta completa no legado de sua família?
Luke sabia que ela estava apenas tentando girar a vibrolâmina, para
machucá-lo o máximo que podia antes de matá-lo, mas ergueu a cabeça de
qualquer maneira.
— Pare com isso! — Ele gritou, com raiva verdadeira. — Você nunca
fará de meu filho um...
Luke nunca teve a chance de dizer Sith.
Tudo o que ele viu foi o brilho claro do chicote de luz de Lumiya
serpenteando sobre a mesa de claqball a apenas centímetros da superfície, e
sabia que os seus reflexos estavam lentos demais agora, que não poderia
abaixar rápido o bastante para impedir o chicote de cortar até o seu cérebro.
Então Luke simplesmente caiu para trás, fechando os seus olhos contra
o brilho crepitante enquanto os filamentos passavam a altura de um dedo de
seu nariz, levantando o blaster que tirara do coldre do espaçador morto,
permitindo à Força guiar a sua mão, apertando o gatilho três vezes antes de
sentir o choque de Lumiya na Força, então apertou mais duas vezes antes de
ouvir o seu corpo cair no chão.
E subitamente Mara gritava para ele do outro lado da cantina,
inundando a Força com preocupação:
— Pare de atirar!
Luke sentou e olhou por tempo suficiente para vê-la na escotilha,
empurrando os últimos retardatários, a maioria ferida, que ainda lutava para
deixar a cantina.
— Você não pode matá-la! — Mara gritou.
Luke olhou de volta para Lumiya e pensou ter feito um bom trabalho.
Ela estava caída sob o pé da mesa de claqball com três colunas diferentes de
fumaça subindo de seu peito, o seu espartilho de suporte de vida cibernético
faiscando e chiando com curto-circuitos. O seu chicote de luz jazia no chão
ali perto, onde ela o derrubara quando ele atirou nela. O seu próprio sabre
de luz estava a alguns metros, onde caíra quando ela usara o chicote para
desarmá-lo. Luke usou a Força para convocar ambas as armas, então se
levantou e foi checá-la.
Para a sua surpresa, os olhos de Lumiya estavam focados e alertas, e
horrivelmente esbugalhados pela dor. Assim que ela o viu, eles se
enrugaram nos cantos como se ela estivesse sorrindo. Esse pequeno ato fez
sua espinha doer com uma sensação de perigo, mas ele tentou não
demonstrar quando falou:
— Mara... está vindo. — ele arfou. — Ela tentará salvar você...
— Talvez não. — Mara apareceu atrás dele e deu uma olhada em
Lumiya, então disse: — Na verdade, sem chance.
Ela agarrou Luke e tentou puxá-lo para longe, mas, ainda lutando com
sua dor, ele a puxou de volta e permaneceu onde estava.
— Mara, não podemos deixá-la...
— Sim, Luke, nós podemos. — Mara se inclinou e abriu o manto de
Lumiya, revelando, além das feridas de blaster e o espartilho de suporte de
vida, um colete de combate preto com um painel de sensor sobre o coração.
Os diodos piscavam fracos e errantes. — Na verdade, acho que é melhor
corrermos.
Capítulo 22

Com um enxame de Miy'tils com asa em formato de pinça mordiscando os


escudos dianteiros e um cruzador de batalha de classe Nova mastigando os
da popa, Leia empurrava o manche do piloto aleatoriamente, apenas
confiando na Força e na sorte para atravessar a tempestade de fogo inimigo
com a Falcon. Como Han fizera isso pelos últimos quarenta anos sem
serem transformados em átomos, ou, pelo menos, sem desenvolver uma
ansiedade, ia além de sua imaginação. Apenas esperava ser boa o suficiente
para aguentar até a frota de resgate da Aliança chegar... e que não estava
errada sobre a sua vinda.
Brilhos dourados de energia de dispersão começaram a aparecer alguns
metros à frente, um sinal de que os escudos da Falcon estavam
sobrecarregados. Leia ignorou o turbilhão piscando tempo o bastante para
olhar o assento do copiloto, onde Han se sentava curvado sobre o painel
desmontado do ajuste de escudos. C-3PO parado ao lado dele tentava
segurar o painel com firmeza contra a placa de controle enquanto Han
trabalhava.
— Como estão esses reparos do escudo?
— Eu mesmo não consigo emendar um alvo em movimento. — Han
reclamou. — Segure firme, 3PO!
— Não é minha culpa. — C-3PO respondeu. — Segurar firme é quase
impossível enquanto a Princesa Leia continua a evadir do fogo inimigo. Os
compensadores de inércia da Falcon são simplesmente inadequados para
esse tipo de manobra.
A Falcon balançou para a frente enquanto turbolasers acertavam os
escudos traseiros, e então um alarme soou do painel de controle,
anunciando uma necessidade desesperada de redistribuição da energia do
escudo.
— Estou tentando. — Han resmungou para o alarme. — Estou
tentando!
Leia fez uma curva aberta para evitar um voo de mísseis de concussão.
A Falcon estremeceu enquanto os Noghri, operando as torres de canhão,
libertaram-se com os canhões quádruplos. Os Miy'til que lançaram o ataque
irromperam em uma esfera de chamas.
C-3PO grasnou alarmado.
— Essa é minha mão, Capitão Solo!
— Pare de reclamar. — Han ordenou. — Eu nem a queimei direito.
— Ainda precisarei de uma nova cobertura de metacarpal. — O droide
reclamou. — Talvez não precisássemos nos esquivar tão freneticamente se a
Princesa Leia seguisse na direção oposta a do inimigo.
— Eu não posso, 3PO. — Leia disse. No momento, ela voava para
longe dos usurpadores em um ângulo direto, fazendo o seu melhor para
manter a Falcon apontada na direção do crescente amarelo da terceira lua
de Hapes, Megos. — Seremos pegos no fogo cruzado.
— Fogo cruzado? — C-3PO perguntou. — Entre quem? Eu não vi uma
frota amiga sair do hiperespaço atrás de nós.
— Estará aqui. — Leia disse.
— Claro, qualquer dia desses. — Han acrescentou.
Leia mal podia culpar Han pelo seu ceticismo. A frota de resgate da
Aliança deveria atacar, e o breve toque de contato da Força que sentira
antes era pouca confirmação de sua existência. Mas nada mais fazia sentido.
Sentira Jaina e Zekk assistindo enquanto a Falcon partia do Aglomerado de
Asteroides Kiris, o que só podia significar que a Aliança Galáctica estava
esperando pela oportunidade certa de atacar a frota de assalto secreta de
Corellia.
Então por que não estavam atacando?
Um disparo de turbolaser irrompeu perto a bombordo, mandado a
Falcon para o lado e jogando C-3PO nas costas do assento de Leia. O
droide ricocheteou e caiu no deque, deixando um emaranhado de fios
partidos soltando faíscas em um soquete vazio do painel de controle.
— Oh, céus. — C-3PO disse atrás de Leia. — Parece que arranquei o
painel de ajustes do escudo do painel de controle. Agora levará o dobro do
tempo para Capitão Solo fazer os reparos!
— Esqueça, 3PO. — A chave de fusão fez um suave snap quando Han a
desativou. — Nunca tivemos chance.
A resignação na voz de Han preocupou Leia mais do que qualquer
gritaria ou xingamentos. Parecia como se não acreditasse que sairiam dessa,
como se não pensasse que ela era uma piloto boa o bastante para salvá-los.
— Desculpe por perder o seu sinal sobre a coisa da mensagem. — Han
disse para Leia. — Fazer com que o painel de controle levasse tiro vai nos
custar caro.
— Não, Han, me desculpe. — Leia respondeu. Com a tela tática ainda
sem mostrando nenhum sinal da Frota da Aliança, ela começava a se
perguntar se estava certa em pedir a Tenel Ka para aguentar firme em
primeiro lugar. — Mas eu não vou desistir. — Ela colocou uma mão sobre
os aceleradores. — Você vê alguma razão para eu não forçar os motores?
— Você quer dizer além do líquido de refrigeração vazando e a placa de
vetor número quatro estar presa?
— Sim. — Leia quase tirou a mão dos aceleradores, ela não notara a
placa do vetor presa. — Eu quero dizer além desses dois problemas.
— Bom, então... não, não vejo. — Han soou um pouco mais
esperançoso, como se apostar as vidas deles desesperadamente fosse tudo o
que ele precisava para se animar. — Arranque, querida.
Leia apontou o nariz da Falcon diretamente para o interior da lua
crescente, então empurrou os aceleradores além das paradas de sobrecarga e
continuou pressionando até não terem mais para onde ir. Ela se sentiu
afundar no assento quando a aceleração da embarcação testou os já
sobrecarregados compensadores de inércia, e eles dispararam em frente
para o enxame de Miy'ils que os perseguia.
Conforme a Falcon saia do meio deles, os caças estelares dispararam
tiros de curto alcance, e o espaço explodiu em uma parede de energia. Os
Noghri responderam com os canhões quádruplos, derrubando quatro caças
na metade do tempo. Então a Falcon atravessou a formação, com nada além
da face coberta de crateras de Megos avolumando-se rapidamente na canopi
dianteira.
Os Miy'tils lançaram uma saraivada desesperada de mísseis de
concussão e viraram-se para persegui-los, colocando-se entre a Falcon e o
cruzador Nova, exatamente como Leia esperava que fizessem. Han ativou
os lançadores de isca e os Noghri mantiveram os canhões ativos, e os
mísseis começaram a desaparecer da tela tática dois ou três de uma vez.
Temendo atingir os seus próprios caças, a Nova acalmou os seus
turbolasers, e então houve um momento de relativa paz enquanto os Miy'tils
lutavam para se colocar no alcance dos canhões e readquirir os alvos. Leia
manteve o nariz apontado em frente, acrescentando a atração gravitacional
para a aceleração da nave, e o intervalo entre a Falcon e Megos começou a
diminuir mais rapidamente do que aquele entre a Falcon e os Miy'tils.
— Tentando o velho Estilingue Solo? — Han perguntou.
— Parcialmente, de qualquer modo. — Leia disse. — Parecia uma boa
hora para aprender.
— Claro, por que não? — Han respondeu. — Você sabe que essa é uma
manobra bem complicada em aceleração máxima, certo?
Leia assentiu.
— Pensei que fosse.
— E se aquela placa de vetor prender na hora errada, você sabe que a
cratera que criaremos terá cerca de três quilômetros de profundidade?
— Eu não terminei os cálculos, na verdade. — Leia admitiu.
— Eu não acho que o Capitão Solo tenha, tampouco. — C-3PO disse do
deque atrás dela. — Em nossa atual aceleração e massa, a cratera ficará
perto dos cinco quilômetros de profundidade, presumindo que nossas
nacelas não superaqueçam e nos vaporizem primeiro, é claro.
Leia ainda digeria aquele pensamento alegre quando uma pontada fria
correu por sua espinha. Ela olhou para a tela tática e viu que os Miy'tils
viravam com tudo para bombordo, tentando abrir uma linha de fogo para a
Nova. Ela girou o manche na mesma direção, tentando manter os caças
atrás deles e virando na direção do centro da lua, na direção errada para a
manobra de Estilingue.
— Ah, querida? — A voz de Han estava nervosa e alta. — Essa é...
Uma nuvem de ebulição brilhante irrompeu a estibordo, engolindo a
posição que acabaram de abandonar.
— ... uma bela jogada. — Han admitiu. — Provavelmente teria feito a
mesma coisa.
— Se você diz, querido.
Leia olhou para a tela tática e viu que a Nova erguera uma parede de
tiros de turbolaser ao longo da Falcon, eliminando a rota que precisava
seguir para completar a manobra. Os Miy'tils ainda estavam atrás, cobrindo
o intervalo com firmeza. Leia amaldiçoou a competência do comandante
inimigo e puxou o manche. A placa de vetor número quatro não respondeu,
colocando a nave inteira em uma oscilação perigosa para as soldas.
Leia estendeu a mão para diminuir os aceleradores.
— Tarde demais! — Han avisou. — Não pode deixá-los diminuir a
distância. Teremos que fazer um Estilingue Inverso parcial.
— Um Estilingue Inverso parcial? — Leia perguntou. O lado iluminado
da lua desaparecia de vista, e agora não havia nada além da escuridão total
do lado obscuro de Megos à frente. — Nunca ouvi falar.
— É claro que não. — Han respondeu. — Essa é nova.
— Nova? — Leia sentiu um aperto. — Han, aquela placa de vetor está
presa de novo. Você não consegue sentir a vibração?
— Só deixe o nariz pra cima. — Han disse. — Você está fazendo um
ótimo trabalho.
Fazer um ótimo trabalho não era garantia de sobrevivência, Leia sabia,
mas ouvir Han dizer isso a fez se sentir melhor sobre as suas chances.
Continuou a segurar o manche pra trás, vibrando tanto em seu assento que
mal podia ler as leituras do medidor de nacele, as quais eram provavelmente
tão ruins quanto, dado ao vazamento do líquido refrigerador e a quanto
tempo eles estavam voando na aceleração máxima.
Grande e pesada demais para seguir a Falcon, a Nova teve que
interromper e virar na direção oposta. Mas os Miy'tils continuaram a
diminuir a distância, e em breve eles começariam a martelar os escudos
traseiros novamente. Leia poderia fazer pouco para impedi-los. Com a
Falcon vibrando como um Neimoidiano sob interrogatório e a superfície
obscura da lua se aproximando rapidamente, ela precisou concentrar todos
os seus esforços em simplesmente manter o controle da nave.
Finalmente um fragmento do veludo salpicado de estrelas apareceu ao
longo do topo da canopi da Falcon. Leia continuou a segurar o manche pra
trás, com o seu alívio aumentando conforme o fragmento lentamente se
tornava uma faixa de vinte centímetros de espaço aberto pairando sobre o
horizonte escuro e ondulante.
— Eu não poderia ter feito melhor! — Han exclamou, ainda mais
aliviado do que Leia. — Certo, agora você pode nivelar.
Um rápido estrondo soou de dentro da nave quando os canhões laser
dos Miy'til finalmente atravessaram os escudos e começaram a martelar o
casco, então o horizonte de Megos subitamente se tornou irregular e
alongado no topo da canopi da Falcon novamente.
— Uma cadeia de montanhas! — C-3PO gritou. — Isso certamente
complicará a nossa fuga.
— Complicará? — Han se virou para olhar para o droide. — Se fosse
eu pilotando, você estaria aí gritando "estamos condenados, estamos
condenados".
— Muito provavelmente. — C-3PO admitiu. — Mas a Princesa Leia é
uma Jedi.
Leia teria agradecido o droide pelo voto de confiança, exceto por ela ter
quase certeza de que pareceria descabido em cerca de três segundos.
Continuou a segurar o manche para trás, tentando fazer a Falcon subir mais
rápido, então notou um entalhe irregular de estrelas aparecendo através das
montanhas à frente. Empurrou o manche para a posição central. A placa do
vetor soltou, e a nave finalmente parou de vibrar.
— Ah, Leia. — Han disse. — A parte sobre nivelar? Você pode
esquecer...
— Tarde demais! — Leia girou a Falcon na direção do entalhe, indo em
um ângulo no qual o nariz apontava para a montanha do outro lado. —
Lançar mísseis!
— Mísseis? — Han olhou para frente e viu a brecha se abrindo diante
deles, então estendeu a mão e acionou a chave de armas. — Por que não?
Pressionou um par de botões de lançamento, e dois círculos azuis
apareceram na frente da cabine, então rapidamente encolheram quando os
mísseis partiram. Leia jogou a Falcon para cima e seguiu na direção do
entalhe com os seus perseguidores ainda bem perto. Ela estava ocupada
demais pilotando para ver o que aconteceu em seguida, mas quando a
Falcon alcançou a divisão repleta de estrelas do outro lado do desfiladeiro,
o martelar à popa parou.
Enquanto eles disparavam pelo cânion, a superfície da lua desapareceu,
e Leia finalmente teve tempo para arriscar um olhar para a tela tática. Os
Miy'tils sumiram, seja destruídos quando os mísseis preencheram o
desfiladeiro com destroços ou momentaneamente superados. Leia
permaneceu dentro de um quilômetro da superfície por alguns segundos
para se certificar de que nenhum Miy'til sobrevivente apareceria de trás da
cadeia de montanhas, então puxou o manche para trás e apontou o nariz
para longe da lua.
Eles mal começaram a subir quando o espaço em frente irrompeu em
sinuosas cobras de iridescência. O alarme de proximidade retumbava, e a
janela foi subitamente lotada de halos azuis, todos aumentando cada vez
mais.
— Que droga agora? — Leia arfou.
— Acho que sua frota apareceu. — Han disse. — E no lugar errado!
Leia olhou pra baixo e descobriu a sua tela tática cada vez mais lotado.
Fragatas, cruzadores e Star Destroiers saíam do hiperespaço, dois ou três
por segundo, todos derramando caças estelares no espaço e acelerando na
direção de Megos a toda velocidade. O nome ALMIRANTE ACKBAR
apareceu sob o Star Destroier na retaguarda da formação, e subitamente
Leia entendeu porque demorou tanto para a Aliança atacar.
— É Bwua’tu!
— Que figura. — Han resmungou. — Que Bothano faria um ataque
direto quando ele pode tentar algo ardiloso como vir de trás de uma lua em
vez disso?
— Bom, pelo menos eles se importaram o bastante para enviar o
melhor. — Leia empurrou o nariz da Falcon pra baixo e começou a voltar
na direção da luz. Continuar a se aproximar de uma frota em reversão nessa
velocidade não era uma opção. Mesmo se Bwua’tu percebesse que não
estavam em rota de ataque, a chance de uma colisão de frente com uma das
naves principais ainda o forçaria a reduzi-los a átomos. — O que você
acha? Encontro uma cratera para nos esconder?
— Nessa velocidade, nós faríamos a cratera. — Han disse. — Sem
tempo para desacelerar.
— Você quer dizer...
— Sim. — Han disse. — Temos que fazer o Estilingue inteiro.
— De volta para a batalha? — Leia perguntou. — Sem escudos
traseiros?
— Relaxe. — Han disse. — Nessa velocidade, estaremos do outro lado
da briga antes dos canhões conseguirem uma mira.
— O que significa que atirarão na nossa retaguarda. — Leia apontou. —
Onde nós não temos nenhum escudo!
— Bom, sim. — Han disse. — Tem alguma ideia melhor?
Leia precisava admitir que não. Eles estavam em uma posição difícil. É
claro, eles estiveram em posições difíceis centenas de vezes antes. Mas
dessa vez, ela estava sentada atrás do manche do piloto em vez de Han... e
ele nunca a deixou na mão.
Leia olhou pela janela e viu que eles já estavam aparecendo no lado
iluminado de Megos.
— Como está a temperatura das nacelas? — Ela perguntou.
— Nada mau. — Han disse. — Estamos apenas trinta e sete por cento
acima das especificações.
— E você tem certeza de que podemos chegar a quarenta?
— Claro. — Han disse. — Só não sei por quanto tempo podemos ficar
nisso.
Leia considerou reduzir os propulsores, mas até lá eles já estavam
atravessando entre Megos e Hapes, e uma visão completa da batalha a
convenceu de que queria toda a velocidade que pudesse atingir. O espaço à
frente era uma grande faixa de tiros de turbolaser, salpicada de pontos
carmesim de energia e pequenas lascas de chamas de jato, vapor e vidas de
naves distantes.
Conforme a Falcon deixava a lua para trás, uma tela intensamente
repleta de Dragões de Batalha, parecendo pratos empilhados à distância,
começou a aparecer dentro do conflito. Eles estavam aglomerados em frente
a dois ovos do tamanho de dedões, lentamente recuando na direção de
Hapes e levantando uma parede de fogo tão grande que os Encouraçados
Corellianos foram forçados a abandonar sua tática de penetração e
simplesmente tentavam derrubá-la à curta distância.
— Parece que Tenel Ka confiou em nós.
— Sim, só espero que isso não a tenha matado. — Han disse. —
Bwua’tu demorou muito para chegar aqui. Há muitas naves quebradas
flutuando por lá.
Leia estava ocupada demais pilotando para checar a tela, mas tinha
certeza de que o Bothano discordaria da avaliação de Han. De um ponto de
vista estratégico, salvar Tenel Ka seria um objetivo secundário em relação a
destruir a frota Corelliana, já que a última seria um golpe tão devastador
que poderia muito bem acabar com a revolta. Mas Leia não apontou isso
para Han; só o faria se sentir com raiva e traído, e a verdade era que, ela já
sentia raiva o suficiente por ambos.
Ver que seria impossível passar pela batalha longe do alcance dos
turbolasers, Leia virou a Falcon pra trás da frota usurpadora e assistiu com
horror e fascinação conforme o combate crescia em tamanho e
luminosidade. Dentro de segundos o inferno preencheu o lado da canopi de
Han completamente, piscando e borbulhando tão intensamente que era
impossível ver o planeta por trás.
O brilho começou a esgueirar-se para a parte de trás da canopi, e ainda
assim ninguém atirara na Falcon. Leia começou a torcer para os
usurpadores simplesmente estarem ocupados demais para notar um pequeno
transporte surgindo por trás deles, até sua espinha começar a despontar em
uma sensação de perigo, e ela sabia que não foram tão sortudos.
— Sele as escotilhas! — Ela ordenou.
Leia rolou para o lado, e a nave começou a vibrar violentamente
enquanto a placa de vetor se prendeu novamente. Um eixo de um metro de
fogo azul passou raspando sob a barriga da Falcon, então outro tiro à
distância de um braço sobre a canopi.
Empurrou o manche para frente e o sentiu prender na metade do
caminho. A Falcon começou a empinar, então parou abruptamente quando
um tiro de turbolaser atingiu a popa com um baque ensurdecedor.
Leia temia ser a última vez que respirava fundo e se virou para se
despedir de Han... então sentiu o manche obedecer e viu as estrelas
rodopiando na frente deles. Uma enxurrada de disparos de turbolaser passou
por eles, inofensiva, diminuindo e se afastando até pararem completamente,
e o som dos alarmes de danos preencheu a cabine, o que significava que
ainda tinham ar.
Leia puxou o manche pra trás novamente. Foi bem lento, mas a Falcon
parou de vibrar, e rapidamente trouxe a nave sob controle.
Descobrindo que ainda olhava para Han, perguntou:
— O que aconteceu?
— Parece que foi um tiro de raspão na popa a estibordo. — A sua voz
estava firme, mas determinada, e o seu olhar fixo no painel de controle. —
Eu acho que nem temos mais as placas de vetor número três e quatro... e
talvez seja melhor diminuir esses propulsores. Perdemos outra linha de
líquido de refrigeração.
Leia obedientemente diminuiu os propulsores, então percebeu que os
ataques de turbolaser pararam.
— Han, não foi isso o que quis dizer. Ainda estamos vivos.
Han finalmente olhou para cima, sorrindo com a surpresa na voz dela.
— Claro que estamos. — ele disse. — Você é uma Jedi, lembra?
— Muito engraçado. — Leia respondeu. Ela checou a tela tática e viu a
razão por não mais atirarem neles. A frota de Bwua’tu finalmente dera a
volta em Megos e abria fogo, rasgando um buraco no flanco da frota
usurpadora que não deixou dúvida sobre o resultado final da batalha. —
Mas verdade. Nós talvez sobrevivamos a isso.
É claro, foi quando o alarme de proximidade ganhou vida novamente.
Faixas coloridas dançaram sobre o espaço à frente, então halos azuis
começaram a piscar e inchar até as formas iluminadas de uma frota
chegando.
— Outra? — Han ofegou. — O que é isso, uma guerra?

No caminho de volta de Terephon, a Rover conseguiu superar a Ducha até


Hapes beirando as margens de segurança e pressionando entre os saltos.
Mas Ben ainda abria os sistemas de comunicação quando a frota de Galney
saiu do hiperespaço ao lado deles e começou a acelerar na direção da
batalha. A essa distância, o conflito era pouco mais do que uma mancha de
luminosidade piscando contra a face colorida do planeta, mas Ben podia
senti-la rasgando-o por dentro; ele podia sentir todas aquelas vidas
tremulando. Aquilo o lembrou do porque ele tentara se esconder da Força
quando era mais jovem, da constante sensação de angústia que era tudo o
que ele lembrava da guerra com os Yuuzhan Vong.
Exceto que agora Ben era mais velho. Sabia que não era a Força
causando toda essa dor; eram as pessoas. Sabia que pessoas podiam ser
egoístas, medrosas, nobres e corajosas, e quando todas essas coisas se
misturavam, guerras começavam. Era por isso que a galáxia precisava de
alguém como Jacen: para endireitar as coisas para que não houvesse tanto
sofrimento.
O sistema de comunicações finalmente completou o seu diagnóstico
pós-salto, e Ben começou a configurá-lo para o canal de comando de Tenel
Ka.
— Jedi Skywalker! — Ioli gritou. Ela virou o seu rosto sem nariz na
direção de Ben. — O que você está fazendo?
A sua mão pairava sobre o painel de entrada.
— Se Tenel Ka deixar a Ducha chegar por trás dela...
— A tenente sabe o que acontecerá, filho. — disse Tanogo, o suboficial
chefe que operava a estação espiã atrás de Ben. — Ela perguntou o que
você está fazendo.
Ben olhou por sobre o ombro para o Bith de cabeça grande.
— Abrindo um canal de comunicação?
— Com o inimigo tão perto que podemos ler os nomes do lado das
naves deles? — As dobras das bochechas de Tanogo vibraram. — Não
duraríamos dez segundos.
— Mas nós precisamos avisar Tenel Ka! — Ben se virou para Ioli. — E
não vamos alcançá-la antes da Ducha.
— Você não pode fazer algo com a Força? — Ioli perguntou.
Ben balançou a cabeça.
— Não seria específico o bastante. Ela saberia que há perigo, e ela
poderia até mesmo sentir que quero dizer traição. Mas ainda seria apenas
uma sensação, e no meio de uma batalha...
— Ela já sentirá essas preocupações de qualquer maneira. — Ioli soltou
um suspiro, então disse: — Muito bem, mas faremos isso com uma
gravação. E leve em consideração que enviaremos isso pelo canal de
saudação.
Ben franziu a testa.
— Eu não entendi.
— Temos que ter certeza de que chegará a ela. — Tanogo disse atrás de
Ben. — E já que os traidores ainda podem ter alguém perto da Rainha-mãe
interceptando mensagens...
— ... queremos que todos ouçam o aviso. — Ben disse, assentindo. — É
a parte da gravação que eu não entendo. Por que não podemos só...
— Jedi Skywalker, você realmente espera que eu explique as minhas
ordens? — Ioli exigiu. — Tenel Ka está ficando sem tempo, então faça o
seu relatório breve e direto.
Ben se encolheu, mais pela raiva na presença dela do que pela dureza
em sua voz.
— Certo... desculpe. — Ele abriu um arquivo de gravação, então falou
no microfone. — Aqui é o Jedi Ben Skywalker com um aviso urgente para
a Marinha Real Hapan. A Ducha Galney é uma traidora confirmada vindo
para lançar um ataque furtivo na Rainha-mãe. Repito o aviso urgente:
Ducha Galney é uma traidora. Tomem todo o cuidado.
Ben terminou e olhou para Ioli para aprovação, mas a encontrou
colocando o microfone da comunicação interna de volta no suporte.
Ela apontou o dedão na direção da traseira do esquife.
— Os outros estão se preparando para evacuar. Junte-se a eles.
— Entendido. — Ainda abalado pela última vez que questionou as
ordens de Ioli, Ben soltou o cinto e se levantou, e então percebeu o que ela
pretendia fazer e parou entre os assentos. — Espere um minuto... nós temos
seis pessoas e apenas quatro trajes.
— Você acha que eu não sei disso? — Ela perguntou.
— Sim... quer dizer, não. — ele disse. — Eu sei que sabe. Mas tem que
haver outra maneira.
Ela olhou para ele com uma expressão mais impaciente do que
esperançosa.
— Você sabe alguma?
Incapaz de pensar enquanto olhava nos olhos dela, Ben deixou o seu
olhar cair no deque. Tanto ela quanto o chefe pareciam tão calmos e
focados, mas ele podia sentir o medo deles em seu próprio estômago, uma
bola tremulante de energia da Força que o fez querer vomitar.
Quando Ben não respondeu rapidamente, Ioli disse:
— Achei que não. — Ela checou o relógio no painel de controle. — O
chefe diz que eu preciso mandar a sua mensagem em dois minutos e doze
segundos para dar uma chance à Rainha-mãe. Levará três para você vestir o
traje.
— E quanto ao sinal de mensagem?
— Ótima ideia. — Tanogo disse. — Se esquifes de reconhecimento
carregassem sinais de mensagem.
— Vá, Ben. — Ioli apontou para a popa. — E isso é uma ordem.
— Não posso simplesmente deixá-los para morrer. — Ben disse,
permanecendo onde estava. — Sou um Jedi.
— Você será um Jedi morto, porque eu vou mandar esse relatório em
exatamente... — Ioli checou o relógio novamente. — um minuto e
cinquenta e dois segundos.
Tanogo agarrou o braço de Ben.
— Somos batedores, filho. Esse tipo de coisa vem com a insígnia. —
Ele puxou Ben para fora da cabine e o empurrou para a popa. — Vá, agora.
Nós daremos a volta e o pegaremos se não formos vaporizados.
Ben tropeçou pra trás, sentindo-se culpado e confuso, pensando que
deveria ser ele e Jaina ficando para trás enquanto o resto da tripulação ia
evacuar. Mas após tantos dias, sentado ao lado de Ioli na cabine, sabia sem
perguntar que ela veria tal oferta como um insulto tanto para ela quanto
para sua tripulação. Mesmo com a Força, ele e Jaina não seriam capazes de
lidar com um esquife desconhecido tão bem quanto Tanogo e Ioli poderiam.
Além do mais, a Rover era a nave deles, então era o dever deles enviar o
relatório, e no novo exército da Almirante Niathal, um oficial simplesmente
não entregava o seu dever para alguém.
Ben chegou ao final da cabine, onde Gim Sorzo, o artilheiro Twi'lek da
Rover, travava o seu colar. Jaina e Zekk, que já estavam hibernando na
Força dentro de trajes de evacuação para evitar sobrecarregar os sistemas de
suporte de vida limitados do Rover, estavam prontos e esperando do lado de
fora da cabine de evacuação, onde o último traje pendia, aberto e pronto.
Ben subiu as pernas e colocou os braços nas mangas, e Jaina pressionou
a aba de emergência no ombro. Conforme o traje selava, Zekk colocou o
capacete sobre a cabeça de Ben e fechou o colar. Menos de um minuto
depois, o alto-falante do capacete piou para confirmar a compatibilidade
com o espaço do traje, e os três Jedi juntaram-se na câmara de compressão
com Sorzo.
Ben mal fechara a escotilha interna quando ouviu a sua própria voz
surgir no alto-falante do capacete.
— Aqui é o Jedi Ben Skywalker com um aviso urgente...
— Façam uma fila. — a voz de Jaina se sobrepôs. — Explodindo a
escotilha em três... dois...
Enquanto ela contava, eles prenderam os cabos de fixação um no outro
e se organizaram para a saída de emergência, com Jaina na frente da
escotilha e Sorzo atrás dela, envolvendo seus braços ao redor da cintura
dela. Ben estava atrás do Twi'lek, segurando uma barra com uma mão. Zekk
estava no canto atrás dele, agarrando a barra com as duas mãos.
— Um.
Jaina acionou a alavanca de emergência, e a escotilha exterior tombou
em uma nuvem de fumaça e ar escapando. Jaina e Sorzo foram puxados
para fora da câmara diretamente atrás dela. Ben segurar a barra deu a Jaina
e Sorzo meio segundo para abrir o caminho; então sua mão se soltou e ele
foi sugado para fora da escotilha. O seu visor embaçou instantaneamente, e
ele sentiu o cabo puxar quando Zekk foi trazido para o vácuo atrás dele.
O seu estômago começou a dar cambalhotas enquanto eles deixavam a
gravidade artificial da Rover para trás, mas toda a sensação de movimento
cessou. Ben ouviu enquanto sua própria voz continuava a ressoar no alto-
falante de seu capacete, apelando para Tenel Ka “tomar todo o cuidado”.
Então um suave clique soou quando a comunicação do traje
automaticamente alternou para o canal de intercomunicações da Rover.
— Cuidado com os olhos. — a voz de Ioli avisou. — Rover partindo.
— Obrigada. — Jaina disse. — E que a Força esteja com vocês.
— Igualmente. — Ioli respondeu. — Rover desligando.
Os motores de ion do esquife ganharam vida, iluminando o espaço tão
intensamente que os olhos de Ben doeram mesmo através do visor
escurecido e pálpebras fechadas.
O brilho diminuiu alguns segundos depois, e Ben abriu os olhos e
descobriu que a névoa sumira de seu visor. O vácuo manchado de estrelas
rodopiava a uma velocidade estonteante, e de vez em quando ele tinha um
vislumbre da batalha, ou dos seus companheiros girando em seus cabos.
Ben ativou os propulsores do traje e controlou os seus giros, então se
virou na direção de Hapes. A frota da Ducha já abria fogo em Ioli e Tanogo,
escondendo o planeta atrás de uma parede de energia. Mal podia distinguir
a Rover, uma lasca escura do tamanho de um dedo com um rastro de efluxo
em espiral enquanto Ioli tentava encontrar um caminho para se salvar.
Uma faixa de disparos de turbolaser tocou a cabeça da espiral e
floresceu em uma bola de fogo. Ben não sabia dizer se a angústia que sentia
estava na Força... ou nele.
Capítulo 23

Na holotela do Salão de Comando, tudo parecia tão limpo e ordenado. O


planeta Hapes pairava na parte de trás da projeção, uma inchada parede de
luz com opacas ilhas verdes espalhadas sobre um básico oceano azul. A
batalha em si era uma coluna com uma ponta de flecha de símbolos
“amigáveis” azuis atravessando um bloco de “hostis” vermelhos. Os amigos
estavam tentando alcançar uma massa disforme, identificada em azul como
a MARINHA REAL HAPAN, que enxameava um par de símbolos ovais
designados como DESCONHECIDO. Uma frota de reforço rotulada como
GALNEY corria da periferia do poço de gravidade Hapan, as suas cores
designantes saindo do azul amigável para o vermelho hostil enquanto
viajava.
Mas Jacen sabia como era a batalha realmente. Podia senti-la nas
centenas de presenças piscando a cada segundo, nas ondas de angústia
rolando através da Força cada vez mais forte. Acima de tudo, podia senti-la
em Tenel Ka, na raiva cuidadosamente controlada que percebia quando a
alcançava, no medo e tristeza que ela sentia sobre o resultado. Era isso que
vinha lutando para proteger toda a sua vida, uma civilização que se
devorava? Era esse o propósito superior ao qual Vergere o moldara pra
servir, uma sociedade que enviava assassinos para matar crianças?
Uma sútil pressão na Força chamou a atenção de Jacen para o seu
assessor, Orlopp. Ele se virou para encontrar o Jenet olhando por cima do
datapad em suas mãos.
— Sim? — Jacen perguntou.
O focinho de Orlopp se torceu, inquieto. Sempre o desconcertava ser
antecipado, mas Jacen não se importava. Orlopp estava monitorando a duas
situações cruciais em seu datapad, e ele tinha ordens para interromper
imediatamente se a situação de qualquer uma delas mudasse.
Quando Orlopp demorou demais para recompor os seus pensamentos,
Jacen arrancou o datapad das mãos dele.
— Eu não posso esperar o dia todo, tenente.
Os olhos de Jacen foram primeiro para o canto esquerdo da tela, que
mostrava a imagem de sua cabine, onde Allana estava sentada no chão
brincando com um par de simples bonecas de pano. Espalhados ao redor
dela estava o esquadrão especial de assalto da GAG com ordens para matar
qualquer um que tentasse entrar no quarto. O outro canto da tela mostrava
Aurra Sing deitada inconsciente no chão de uma cela de duraço, com os
punhos e tornozelos presos em algemas de atordoamento, fixadas à parede
em três pontos por correntes pesadas.
Só então, quando teve certeza de que a sua filha estava segura e a sua
agressora ainda estava incapacitada, que Jacen leu a mensagem na parte
debaixo da tela.
— O que é isso sobre sinais de resgate da Aliança, tenente?
— O Deque de Sinais começou a captá-los assim que retornamos,
senhor. Eles estão mais ou menos... aqui.
Orlopp esticou o dedo até a holotela, indicando uma posição do lado
oposto da frota de reforços de Galney. Mas a mente de Jacen vagou
novamente, com o seu olhar retornando para a luta sobre Hapes. Após o
ataque contra a sua filha, e com a mãe dela em perigo agora, achava difícil
se concentrar nos deveres de comando. Queria estar em um caça estelar
levando Allana em segurança para um mundo discreto onde esse tipo de
perigo nunca a encontraria.
Mas isso não salvaria Tenel Ka. Ela estava lá na batalha, provavelmente
a bordo de um dos cinco Dragões de Batalha lutando de uma posição
reservada na retaguarda da Marinha Naval.
— Coronel? — Orlopp estalou o dedo, chamando a atenção de Jacen de
volta para a questão dos sinais de resgate, que estavam localizados
diretamente do lado oposto da frota de reforço Galney a partir da Anakin
Solo. — Eu estava debatendo se o incomodaria com isso, já que qualquer
nave de resgate que enviarmos provavelmente será destruída. Para
recuperar esse pessoal encalhado, teríamos que desviar a frota inteira.
— Obviamente. — Jacen continuou a estudar o holograma,
perguntando-se o que poderia levar uma tripulação da Aliança a evacuar tão
longe da batalha principal. — Alguma ideia de quem...
— Coronel Solo. — A interrupção veio da Major Espara, a mulher de
pele clara que Tenel Ka enviara para servir como oficial de contato para os
Dragões de Batalha Real na força tarefa dele. — Eu espero que você ao
menos considere desviar essa frota para resgatar um punhado de seu
pessoal. A Rainha-mãe já está em perigo, e se você permitir os reforços da
Ducha Galney...
— Eu asseguro a você que o meu entendimento do perigo da Rainha-
mãe é bem mais claro do que o seu . — Jacen respondeu, um tanto brusco.
Ele retornou a atenção para Orlopp. — Peça ao Deque de Sinais para
rastrearem os sinais. Nós os ajudaremos após a Rainha-mãe estar segura.
Orlopp apertou um botão em seu datapad, mandando uma ordem que
obviamente preparara em antecipação à decisão de Jacen.
Quando o Jenet não desviou o olhar, Jacen perguntou:
— Há mais alguma coisa, tenente?
— Há sim. — Orlopp respondeu. — O dingue mensageiro que você
enviou para a Estação Roqoo estava esperando para ser trazido a bordo
quando saímos do hiperespaço.
Jacen franziu a testa.
— E?
— E o chefe do hangar está desconfiado, Coronel. — Orlopp disse. —
A piloto está exigindo uma audiência imediata com o senhor, e há
questionamentos quanto a como ela poderia saber nossas coordenadas de
reversão.
— Elogie o chefe pelo seu cuidado. — Jacen disse. — E diga a ele para
trazer essa piloto aqui agora.
Para alguém como Lumiya, prever as coordenadas de reversão da
Anakin seria necessário apenas uma pequena adivinhação e meditação da
Força. Jacen estava bem mais surpreso por ela retornar, já que não sentira
nada na Força sugerindo que Luke ou Mara morreram.
Ocorreu a ele que Lumiya poderia ter previsto a sua armadilha e evitado
o confronto completamente. Perguntou-se brevemente se o retorno dela
deveria preocupá-lo, mas, apesar das reservas expressadas por ela
recentemente quanto às habilidades dele em fazer sacrifícios necessários
para trazer ordem para a galáxia, ele estava bem ciente de que Lumiya
precisava dele mais do que precisava dela.
Na holotela, a frota Galney começou a brilhar mais intensamente
enquanto a Anakin Solo se aproximava do alcance dos seus novos
turbolasers de longa distância. Os reforços usurpadores continuavam na
direção de Hapes em velocidade máxima, claramente convencidos de que
chegariam à batalha e matariam Tenel Ka antes da força tarefa de Jacen os
alcançar.
Jacen usou a Força para pressionar um botão na parede, ativando um
microfone de intercomunicação.
— Comandante Twizzl, hora de chamar a atenção deles. Ataque ao seu
critério.
A voz de Twizzl veio pelo alto-falante:
— Muito bem, Coronel.
Alguns momentos mais tarde e as baterias de turbolaser de longo
alcance da Anakin lançaram uma rajada, fazendo as luzes piscarem e os
ventiladores diminuírem. Em partes menos importantes da nave, os efeitos
seriam ainda piores, mergulhando corredores em escuridão temporária e
forçando os sistemas eletrônicos a alternar para energia de bateria. Os novos
turbolasers eram tecnologia de ponta, mas eles necessitavam de tanta
energia que era improvável que se tornassem armamento padrão tão cedo.
Um momento após a primeira saraivada, um dos Dragões de Batalha
Galney começou a piscar com os danos. As luzes no Salão de Comando
tremularam novamente, e então a embarcação desapareceu da holotela.
Aparentemente, a Anakin atingira o alvo com os escudos ainda
compensados na dianteira.
— Muito bem. — Jacen disse. Ele se virou para Espara. — Você daria
aos Dragões de Batalha da Rainha-mãe a permissão para abrir fogo, assim
que estiverem dentro do alcance?
— É claro, Coronel.
Enquanto Espara falava em seu comunicador, Jacen tomou a
oportunidade para olhar por sobre o ombro de Orlopp e confirmar que Sing
ainda estava em sua cela. A porta fora soldada, não foi dado a ela o antídoto
para a droga paralisante de Allana, e um fluxo constante de gás indutor de
coma era bombeado para a cela dela, mas Jacen precisava ter certeza. Ela já
demonstrara que entendia o valor de sincronizar um ataque, então se ela
tentasse escapar, seria em breve.
— Senhor? — Orlopp perguntou.
— Apenas checando. — Jacen olhou para a imagem de sua cabine e
encontrou Allana ainda brincando no chão. — Nunca se é cuidadoso
demais.
— Não, senhor, nunca. — O tom de Orlopp era rotineiro, mas ele
derramava preocupação na Força. — Estou de olho na situação, Coronel...
você não precisa se preocupar com isso.
— Bom. — Jacen disse, percebendo que ele atraía a atenção de mais
pessoas na cabine além de Orlopp. — Obrigado.
Voltou o seu olhar para a holotela. Vários Dragões de Batalha Galney
piscavam com danos, e havia buracos na formação onde mais dois foram
destruídos. Era muito mais prejuízo do que a Anakin podia causar com três
baterias de turbolaser de longo alcance.
Jacen se virou para Espara.
— Eu não sabia que os Dragões de Batalha da Rainha-mãe eram
equipados com turbolasers de longo alcance.
Espara concedeu a ele um raro sorriso.
— Desculpe, Coronel. O Almirante Pellaeon foi gentil o bastante para
compartilhar a tecnologia após a Rainha-mãe designar duas frotas para a
Aliança Galáctica. A Alta Comandante Real me instruiu a revelar a
melhoria apenas para o pessoal essencial.
— Entendo. — Jacen estava irritado, mas não surpreso. Mesmo entre
aliados, segredos não eram partilhados com facilidade. — E quão difundida
está essa tecnologia no Consórcio?
— Não está. Até então, os únicos Dragões de Batalha levando os novos
turbolasers estão em nossa força tarefa. — Espara se virou de volta para a
holotela, onde várias embarcações usurpadoras piscavam. — Talvez isso
mude após a Rainha-mãe ver o quão efetivo eles são.
— Não conte com isso. — Jacen assentiu na direção da holotela. Os
elementos da retaguarda da frota de reforços de Galney estavam se
separando para encontrar a Anakin e sua força tarefa. — Agora que o
elemento surpresa se foi, os novos turbolasers perderão a efetividade
rápido.
As naves de Galney já derramavam nuvens de caças estelares no
espaço, tentando montar uma rede defensiva para os elementos de liderança
da frota traidora poderem continuar o ataque à Tenel Ka. A força tarefa de
Jacen começou a desacelerar e se espalhar, preparando para lançar os seus
próprios caças estelares e tomar a vantagem dos seus turbolasers de longo
alcance para suavizar o inimigo antes de enfrentá-lo completamente.
— Coronel Solo, não podemos parar a luta. — Espara disse. Ela
apontou para a pequena flotilha de Tenel Ka. — A Rainha-mãe ficará
encurralada contra os escudos planetários.
— Eu entendo isso, Major. — Jacen sabia que não deveria sugerir que
Tenel Ka poderia recuar para o planeta; haviam embarcações inimigas
demais por perto. Se ela abaixasse os escudos planetários, eles iriam
simplesmente segui-la e tomariam as estações geradoras. — Você está
sugerindo uma tentativa de avanço?
Espara assentiu.
— Não temos escolha. Se nós retardarmos a luta aqui, até alcançarmos a
Rainha-mãe, ela estará em um pod de fuga tentando desviar de Miy'tils.
Espara estava certa, e Jacen sabia disso. Mesmo com a metade da frota
Galney recuando para lutar contra a sua força tarefa, a flotilha da Rainha-
mãe ainda estaria em desvantagem numérica de quase três para um. O que
Espara não sabia era que qualquer tentativa de avanço também colocaria em
risco a vida da Chume'da do Consórcio, Allana, e Jacen tinha certeza de que
Tenel Ka não quereria isso mais do que ele.
Espara franziu a testa.
— Coronel Solo, você está desperdiçando valiosos...
Jacen a silenciou erguendo a mão.
— Pensar não é desperdiçar tempo. — Ele ativou o microfone de
intercomunicação novamente. — Comandante Twizzl, quantos Dragões de
Batalha seriam necessários para termos uma chance razoável de avançar por
aquela rede? E tenha em mente que eu precisarei ter força suficiente
restando para continuar a perseguição.
A resposta de Twizzl veio imediatamente.
— Seria melhor mandar a todos nós. Essa é nossa melhor chance.
Twizzl ficou quieto por um instante, então disse:
— Dezoito, senhor. Berda acredita que essa força daria à força tarefa
uma chance de sessenta e três por cento de romper o ataque de Galney
contra a Rainha-mãe.
— Então é isso o que faremos, Capitão. — Jacen disse. Berda era o
computador tático da Anakin, uma poderosa unidade central operado por
um esquadrão de programadores Bith. — Mantenha os outros dois Dragões
de Batalha aguardando com a Anakin.
— Aguardando? — Espara repetiu. — Coronel Solo, uma chance de
sessenta e três por cento de salvar a vida da Rainha-mãe não é boa o
bastante. Você pode ser covarde demais para mandar a Anakin, mas eu
asseguro a você que cada Hapan...
— Já basta, Major.
Jacen fez um gesto de pinça com os dedos, e Espara subitamente estava
ocupada demais ofegando para continuar falando. A sua acusação doeu
mais do que desejava admitir, em parte porque era muito verdadeira, pelo
menos quando se tratava de Allana. Estava com medo demais de perder a
sua filha para arriscar a vida dela no meio de uma batalha repleta de naves
estelares, e realmente não importava que Tenel Ka quereria que tomasse
essa decisão. O fato simples era que havia algumas coisas que nunca
sacrificaria, nem mesmo se significasse salvar a galáxia.
Enquanto Jacen continuava a segurar o seu estrangulamento da Força, o
ofegar de Espara se tornou um gorgolejar desesperado, e as mãos dela
subiram até a garganta. as suas duas assessoras franziram o cenho
alarmadas, e deram um passo à frente para protegê-la, automaticamente
estendendo os braços para as armas que não foram permitidas de carregar a
bordo da Anakin.
Jacen as paralisou com um olhar, então se virou para Espara.
— A sua dedicação é louvável, Major. Mas há aspectos da situação aos
quais você não está ciente, e estou fazendo tudo exatamente como a Rainha-
mãe desejaria. Isso está claro?
Espara assentiu e apoiou a mão no braço de uma das suas assessoras.
— Estou contente por nos entendermos. — Jacen liberou o seu aperto
da Força e a permitiu respirar fundo, então ergueu a outra mão. — Eu
duvido que seja necessário para você se comunicar com os Dragões de
Batalha de Sua Majestade até o término da batalha. Eu ficarei com os seus
comunicadores.
Espara relutantemente entregou o seu próprio comunicador e assentiu
para as suas assessoras fazerem o mesmo.
— Obrigado. — Jacen guardou os dispositivos em um bolso de seu
uniforme, então se virou de volta para a holotela se sentindo preocupado e
inútil. Os dezoito Dragões de Batalha que ele enviara para salvar Tenel Ka
já se aproximavam da rede defensiva de Galney. Nuvens de caças estelares
vertiam no espaço entre eles, e embarcações em ambos os lados já piscavam
e começavam a sair da formação.
Jacen não podia deixar de pensar que a informação fornecida por os
seus pais até agora tinha sido mais uma maldição do que uma bênção. Não
impedira o ataque de Aurra Sing a Allana, mas o mandara para Relephon
com uma parte considerável da Marinha Naval na hora errada, um erro que
poderia muito bem privar Hapes de sua rainha... e Allana, de sua mãe.
A Anakin e os seus dois acompanhantes concentravam o seu fogo ao
longo de um flanco, tentando ajudar a abrir um buraco através da rede. Mas
os usurpadores se ajustaram rapidamente, deslizando uma embarcação nova
no lugar cada vez que uma era destruída, comprimindo sua formação
enquanto seus agressores se aproximavam. O destacamento de perseguição
já diminuíra para quatorze Dragões de Batalha, e um terço desses piscavam
em vários graus de danos.
Jacen sentiu a atenção de Orlopp. Ele olhou e esperou até o Jenet olhar
para ele, então deu uma olhada significativa para o datapad.
— Está tudo bem aí?
— Nada mudou. — A voz de Orlopp carregava uma nota de aflição
quanto à aparente obsessão de Jacen em monitorar a assassina e a garota em
sua cabine. — A piloto que você pediu para ver chegou.
— Bom. — Jacen disse. — Precisaremos de alguns momentos de
privacidade.
Feliz por escapar da presença de Jacen, Espara e as suas assessoras
saíram imediatamente, seguidas de perto pelo seu próprio pessoal. Apenas
Orlopp hesitou.
— Há mais alguma coisa, tenente?
— Há sim. — Orlopp disse. — Você provavelmente não precisa se
preocupar, mas nós talvez não precisaremos mandar ninguém atrás daqueles
sinais de resgate que detectamos. O Deque de Sinais relata um transporte
particular seguindo na direção deles.
— Bom. Peça a eles para rastrearem a embarcação, e faremos contato
após a batalha.
— Muito bem, senhor. — Orlopp girou o datapad sob o punho e se
virou na direção da saída. — Eu mandarei a piloto entrar agora.
— Obrigado. — Jacen estendeu a mão. — Mas deixe o datapad.
Orlopp franziu o focinho preocupado, mas entregou o datapad e partiu.
Jacen checou a tela para ter certeza de que a sua filha estava realmente bem,
como Orlopp relatara, então deixou a unidade sobre uma mesa e desligou a
tela. A sua conversa com Lumiya seria difícil o suficiente sem ter que
explicar a sua obsessão em proteger Allana.
Um momento depois, uma mulher esbelta em um macacão de voo preto
apareceu na entrada, com o seu rosto escondido por trás de um visor de
capacete fechado. Jacen imediatamente teve a sensação de algo estar errado,
não era perigo, mas não era o que ele esperava, tampouco. Talvez ele
estivesse simplesmente nervoso em encontrar Lumiya após tentar armar
para ela na Estação Roqoo. Ou talvez o seu medo real fosse de que ela
tivesse triunfado afinal, que Luke e Mara estavam mortos.
Então Jacen notou o quão mais alta e mais esguia do que Lumiya essa
piloto era, o quão volumos o seu capacete era na parte de trás, como um dos
ombros pendia. Ele deixou sua mão cair sobre o sabre de luz.
— Nem mais um passo até eu ver o seu rosto.
A piloto parou, e uma agitação sombria de contentamento ondulou
irregularmente na Força. Deixando uma mão pendendo ao seu lado inútil,
ela ergueu a outra e soltou o colar.
— Você não deve nos matar. — Mesmo modulada pelo alto-falante do
capacete, a voz dela soava sedosa e um pouco familiar, e definitivamente
não pertencia à Lumiya. — Nós temos notícias de sua Mestra.
— Minha Mestra?
— Sua Mestra Sith... Lumiya. — O capacete subiu, revelando um rosto
antes sedutor que endurecera e se acentuara. — Certamente você está
curioso quanto ao que aconteceu com ela na Estação Roqoo?
Uma coluna de fogo se ergueu dentro de Jacen. Alema Rar fora uma
Enlaçada Gorog, uma membro do ninho Killik que tentara matar a sua filha
quando era recém-nascida, e agora ali estava ela a bordo da mesma nave
que Allana. Antes de perceber, Jacen acionara o seu sabre de luz e a
agarrara com a Força.
Alema o permitiu arrastá-la para perto, os seus olhos brilhando com um
deleite desequilibrado.
— Você faria. — ela riu. — Você nos mataria sem mesmo pensar!
Assustado pela verdade nas palavras dela, Jacen a soltou.
— Sem hesitar. — ele corrigiu. Quantas vezes Lumiya dissera que não
podia ser um servo das suas emoções? Se quisesse restaurar a ordem, as
suas emoções precisavam servir a ele. — Mas eu estive pensando nisso.
Pensei bastante nisso.
— É bom saber, Jacen. — Os lábios de Alema se curvaram em um
estranho rosnado, o que provavelmente pretendia ser um sorriso tímido que
o seu rosto desfigurado não conseguia mais transmitir. — Nós estivemos
pensando em você, também.
— E isso ainda me dá arrepios. — Jacen respondeu. — Agora, já que eu
duvido que você tenha vindo aqui para realizar um desejo de morte, por que
não me conta sobre a Lumiya?
Alema ergueu uma fina sobrancelha.
— Você não nega que ela é a sua Mestra?
Jacen deu de ombros.
— Eu duvido que haja muito sentido nisso. — Ele olhou para a holotela,
onde o seu destacamento de perseguição atingia a rede de naves de Galney,
então acrescentou: — E estou no meio de algo, como você pode ver.
O olhar de Alema foi da holotela para o sabre de luz dele, e ela recuou
um passo.
— Vá em frente e nos mate, então. Você deveria. — Apesar das
palavras da Twi'lek, ela parecia claramente menos confiante quanto às
chances de deixar o salão viva do que estivera alguns minutos antes. — Nós
somos as únicas que sabem sobre a linhagem de Allana, além de você e
Tenel Ka, é claro.
O ódio de Jacen brotou dentro dele novamente, ou talvez dessa vez
fosse inquietação. Ele receava que os Gorog tivessem descoberto o segredo
da linhagem de sua filha quando foram enviados para assassiná-la. Agora
Alema confirmara os seus medos, e ele ansiava em fazer exatamente como
ela sugerira e extinguir a vida de seu corpo retorcido.
Mas deveria ser uma armadilha, a Twi'lek nunca o tentaria se proteger o
seu segredo fosse tão simples quanto matá-la.
— Eu nunca gostei de ameaças. — Jacen avisou. — Nos últimos dias,
eu não as tolero absolutamente.
— Então isso é bom, porque não estamos ameaçando. — Alema
respondeu friamente. — Estamos sugerindo. Gorog tentou matar a sua filha.
Nós somos tudo o que restou de Gorog. Você deveria nos matar.
— E ter vídeos de fofoca alegando que sou o pai de Allana começando
a aparecer por todo o Consórcio?
— Nós dissemos que isso aconteceria? — Alema perguntou
inocentemente. — Nós estamos preocupadas com propósitos maiores,
Jacen. Nós servimos ao Equilíbrio.
Jacen sabia que não podia acreditar nela. Alema Rar nunca chegaria
mais perto do que um ano-luz dele sem algum meio de assegurar a sua
segurança, e a forma mais provável disso era a ameaça que ela tão
habilmente evitava fazer diretamente. Se Alema falhasse em deixar a
Anakin viva, não tinha dúvidas de que o segredo da linhagem de sua filha
rapidamente se tornaria conhecimento público.
Jacen considerou matar a Twi'lek de qualquer maneira, pensando talvez
ser melhor que o segredo da paternidade de Allana visse à tona agora,
enquanto o Consórcio já estava desordenado. Mas essa decisão não era dele,
pelo menos não enquanto Tenel Ka ainda estivesse viva.
Olhou para a holotela e viu que a questão da sobrevivência da Rainha-
mãe permanecia pendente. Apesar da flotilha que enviara para salvá-la ter
diminuído para dez embarcações, três Dragões de Batalha penetraram fundo
a rede defensiva e estavam perto de atravessar, desde que não sofressem
muito mais danos. Os seus indicadores já piscavam rapidamente.
Jacen desativou o seu sabre de luz e se virou para Alema.
— Por mais tentador que eu ache o seu convite, eu prefiro deixá-la viver
por enquanto. Diga-me o que aconteceu em Roqoo.
O rosto de Alema relaxou, e ela disse simplesmente:
— Nós falhamos.
— Nós? — Jacen perguntou. — Quem são "nós"? Você? Você e os
Killiks? Você e...
— Lumiya. — Alema disse. — Estivemos trabalhando com ela por
algum tempo.
A Twi'lek arriscou dar um passo à frente, então começou a explicar
como ela dera de cara com Tresina Lobi espionando Ben na Praça da
Comunidade, e como ela ajudara Lumiya a matá-la. Após isso, Lumiya
concordara que deviam trabalhar juntas. Alema assassinara vários membros
do Partido da Verdadeira Vitória Bothano, então embarcou na Anakin Solo
com Lumiya e a acompanhou até a Estação Roqoo para atacar os
Skywalkers.
— Espere. — Jacen disse. — Lumiya sabia que eles estariam lá?
— É claro, ela sabia que a melhor maneira de você lidar com as
suspeitas dela era traí-la e a mandar lutar com eles. — Alema entendeu a
mão para tocar o seu antebraço, então, quando ele o empurrou para longe,
fingiu não se incomodar. — A sua Mestra estava muito orgulhosa de você,
Jacen. Ao traí-la, você provou que tinha a força para cumprir o seu destino.
— Eu não sei o que acho mais difícil de acreditar. — Jacen zombou. —
que Lumiya se aliaria a você, ou que ela estaria orgulhosa por eu armar pra
ela.
— Acredite em ambos. — Alema retrucou. — Nós duas estávamos
preocupadas que você estava mais comprometido com a sua família do que
com a sua missão, mas a sua resposta para a suspeita de Luke nos
convenceu de que estávamos erradas. Você usou a todos brilhantemente,
Lumiya e os seus tios. Isso provou que você é capaz de qualquer coisa.
— Obrigado. — Jacen disse, mais surpreso do que sincero. Ele achava
difícil ignorar os detalhes que Alema sabia sobre o seu relacionamento com
Lumiya, mas algo ainda não batia. — Você disse que Lumiya sabia que
estava sendo enviada para lutar com os Skywalkers?
— É claro. — Alema disse. — Lumiya era uma Sith, afinal.
— E ela foi? E ainda assim foi morta?
Alema assentiu.
— Ela sabia que matar o seu tio era a melhor maneira de garantir o seu
sucesso, mas ela não podia ter certeza de sua vitória. Então colocou um
detonador de próton no peito. quando o seu batimento cardíaco parou, o
detonador explodiu. Nós sentimos muito.
— Você a viu morrer?
Alema balançou a cabeça.
— Nós ainda estamos aqui, não? Mas Lumiya não poderia ter
sobrevivido. A cantina inteira foi destruída. Até mesmo os seus tios
escaparam por apenas dois minutos. — A Twi'lek parou por um momento,
então acrescentou: — Foi por isso que voltamos, para avisá-lo de que eles
retornarão para Hapes assim que fizerem alguns reparos.
— Reparos?
Os olhos de Alema cintilaram com malícia.
— A Sombra de Jade sofreu uma misteriosa ruptura de uma linha de
contenção. — ela disse. — Os reparos não serão simples.
— E você fez isso porque...?
— Porque você precisa de tempo para se preparar. — Alema disse. —
Os Skywalkers sabem que você armou pra eles, também.
Jacen franziu a testa. Ele estava cada vez mais perturbado pela história
de Alema, apesar de apenas porque sentia que ela dizia a verdade, pelo
menos como ela sabia. O seu plano fora usar os próprios medos dos
Skywalkers contra eles ao fazer parecer que Lumiya estivera seguindo Ben.
Claramente algo dera errado.
— E quanto a Ben? — Jacen perguntou.
Pela primeira vez, Alema parecia confusa.
— Ben?
— Ele sobreviveu à explosão?
Alema franziu a testa.
— Ben nunca esteve lá. — ela disse. — Foi por isso que os Skywalkers
descobriram que você os traiu.
Jacen sentiu um vazio no estômago. Se Ben nunca foi ao encontro,
naturalmente os Skywalkers acreditariam que Estação Roqoo era uma
armadilha. Mas então onde Ben teria ido? A sensação de vazio no estômago
de Jacen piorou, e ele se virou de volta para a holotela.
A flotilha de resgate, ou melhor, os oito indicadores dos Dragões de
Batalha ainda piscando na holotela, finalmente atravessaram. Eles em breve
estariam em plena perseguição da força de Galney movendo-se contra Tenel
Ka. Mas o olhar de Jacen foi até a posição do outro lado da rede defensiva
golpeada, onde um símbolo de transporte piscando rotulado como longshot
deslizava na direção dos pontinhos azuis de quatro sinais de resgate da
Aliança.
— O que tem de tão interessante lá? — Alema perguntou, seguindo o
seu olhar.
Em vez de responder, Jacen se orientou na direção dos sinais de resgate
reais, físicos, então alcançou com a Força e sentiu quatro presenças, três
delas conhecidas. Eles pareciam saudáveis, apesar de um pouco
impacientes, assustados e, pelo menos no caso de Jaina, com raiva. Jacen
não se incomodou em tentar adivinhar porque três Jedi retornaram com a
Rover para Hapes em vez de obedecer as suas ordens e ir ao encontro na
Estação Roqoo, ou como eles conseguiram ser ejetados de seu esquife. Ele
simplesmente inundou sua presença com tranquilidade e tentou projetá-la
para eles, então eles saberiam que a ajuda estava a caminho.
Zekk e Ben responderam ao projetar sentimentos de gratidão na direção
dele. Jaina simplesmente se desligou.
— Longshot não é um dos códigos de transponder falsos da Falcon? —
Alema perguntou.
Jacen virou e a encontrou franzindo a testa para o símbolo indicador da
Longshot.
— Talvez seja.
Se Alema notou a suspeita e hostilidade em seu tom, ela ignorou.
— Você acha que isso é uma boa ideia?
— Se acho o que é uma boa ideia? — Jacen perguntou.
— Permitir aos seus pais tomarem o seu aprendiz como refém. — ela
disse.
— Não tente isso em mim, Alema. — Jacen disse, franzindo o cenho. —
Eu sei como o Ninho Sombrio funciona, lembra-se?
— Como podemos esquecer? — Alema se virou pra ele, com o ódio em
seus olhos agora claro e honesto. — Nunca tentaríamos usar os nossos
poderes em você, Jacen. Você já provou que é poderoso e esperto demais
para nós.
— Só para nos entendermos. — Jacen indicou a porta para ela. — Os
neus pais vão ajudar Ben e aos outros, não tomá-los como reféns.
— Se é nisso que você acredita, então nós, com certeza, devemos estar
erradas. — Alema disse. — Não somos mais bem informadas do que você.
— Errada sobre o que? — Jacen perguntou. Ele sabia que era assim que
o Ninho Sombrio funcionada, ao usar as dúvidas da própria vítima contra
ela, mas Jacen saberia se Alema estivesse usando a Força. — Você não
espera que eu acredite que os meus pais machucariam Jaina ou Ben.
— Eles nunca fariam isso. — Alema concordou. — Apenas pensamos
que eles estivessem do lado de Corellia nessa guerra.
— Eles estão. — Jacen admitiu. — Isso não significa que sejam
terroristas.
— Então nós devemos ter ouvido errado. — Alema disse. —
Pensávamos que eles estivessem envolvidos na tentativa de assassinato de
sua filha.
— Eles não estavam. — Jacen disse secamente. — Isso foi um mal
entendido.
— Sem dúvida. — Alema disse. — Após a Estação Roqoo, nós
sabemos que você nunca deixaria um apego pessoal o impedir de fazer um
sacrifício necessário.
— Eu não deixaria. — Jacen disse.
— Nós acreditamos em você. — Alema usou a Força para recuperar o
seu capacete, então se virou na direção da porta. — Talvez nós devêssemos
ir embora, se você nos permitir sair.
Jacen assentiu.
— O Tenente Orlopp conseguirá uma escolta para você. — As suas
mãos ansiavam por matar a Twi'lek, mas não ousou, não enquanto
suspeitava que isso exporia o segredo da paternidade de Allana. — Você
pode considerar o dingue mensageiro como um presente da Aliança
Galáctica.
Alema ergueu a sobrancelha surpresa.
— Obrigada.
— Mas se a minha relação com Allana for exposta, eu mesmo caçarei
você.
— Nada tema, Coronel Solo. — Alema disse. — O seu segredo está
seguro conosco. Nós sabemos que é a única razão por estarmos saindo
daqui vivas.
Jacen assentiu.
— Estou contente por nos entendermos. — Ele esperou até ela alcançar
a porta, então acrescentou: — Só mais uma coisa, Alema. Se você aparecer
dentro de um ano-luz da minha família novamente, eu não serei tão
misericordioso.
Alema sorriu e assentiu.
— É claro, nós entendemos. — Ela usou uma mão e a Força para erguer
o capacete até a cabeça. — O Equilíbrio deve ser atendido.
A Twi'lek abaixou o visor e saiu pela porta. Jacen ativou a
intercomunicação e pediu a Orlopp para arranjar uma escolta para ela, então
pegou o datapad e verificou que a sua filha ainda estava segura, e a sua
assassina ainda trancada.
A voz de Orlopp soou da porta:
— Eu arranjei a escolta, Coronel. Você gostaria que retornássemos
agora?
— Em um minuto, Tenente. Preciso pensar.
Jacen foi até a holotela, onde os seis Dragões de Batalha sobreviventes
de sua flotilha de resgate estavam perseguindo Galney. Os restos da rede
defensiva, sete Dragões de Batalha e um igual número de cruzadores Nova
piscando rapidamente, agrupavam-se para seguir na perseguição, mas Jacen
já antecipara essa possibilidade e tinha um plano para pará-los. A pequena
força de Tenel Ka já abria fogo nos elementos liderando a frota de Galney, e
pensou que era mais provável que a Rainha-mãe sobrevivesse.
O olhar de Jacen caiu sobre os pontinhos azuis representando os sinais
de resgate de Ben, Jaina e Zekk. O indicador da Longshot estava a apenas
alguns centímetros deles agora. Ele sabia que Alema estava tentando fazê-
lo duvidar das intenções dos seus pais, mas ela se fora, e essas dúvidas
permaneceram. Haviam perguntas sem respostas demais sobre o papel dos
seus pais na tentativa contra a vida de Tenel Ka, e as informações
fornecidas por eles fora mais prejudicial do que útil.
O fato era, Jacen começara a questionar os motivos dos seus pais antes
de Alema embarcar na Anakin, quando retornou de Relephon e encontrou
Tenel Ka já sob ataque. É claro, sabia que os grandes Han e Leia Solo eram
capazes de trabalhar como agentes duplos. Simplesmente se recusara a
acreditar que participariam de uma tentativa de assassinato a sangue frio
contra uma amiga.
Lumiya estivera certa. Jacen tinha colocado a lealdade para com a
família acima da sua missão. Tinha hesitado nos sacrifícios necessários. E
essa hesitação quase custara a mãe de Allana e Rainha-mãe de Hapes,
chegara perto de custar à Aliança um dos seus estados-membros mais
importantes... e talvez mesmo a guerra.
Jacen indicou para Orlopp e os outros voltarem para o salão, então
ativou a intercomunicação.
— Comandante Twizzl, chegou a hora de esmagar os usurpadores,
precisamos tirar aqueles Dragões de Batalha de Galney do rastro de nossa
flotilha de resgate.
— Muito bem, senhor. — A voz de Twizzl estava feliz. — E muito
bem-feito, se me permite dizer.
— Você pode, Comandante. — Jacen disse. — E eu tenho outra ordem.
Mire uma das baterias de longo alcance na Longshot.
Houve um momento de silêncio, então Twizzl disse:
— Mas Coronel, a Longshot é um código de transponder falso. O
transporte é na verdade...
— Pare de perder tempo. — Jacen disse. — Eu gostaria que essa
embarcação fosse destruída antes de alcançar os sinais de resgate.
Houve um momento de silêncio surpreso, então Twizzl disse:
— Coronel Solo... a Longshot está quase neles agora.
— Eu entendo os riscos, Comandante. — Jacen checou o datapad mais
uma vez e viu Allana sorrindo para a câmera. Os seus olhos brilhavam com
segurança e confiança, e ele sabia estar fazendo o certo por ela, e por todas
as crianças da galáxia.
— Designe a sua melhor equipe de artilharia e dispare.
Capítulo 24

A câmara de ar quase terminou de equalizar quando um estrondo como se


um meteoro os atingisse ressoou através do casco da Falcon. O corredor
desapareceu e Han atingiu o teto, ou melhor, o teto o atingiu. Um instante
depois ele se encontrou colado ao deque sem lembranças de como deixou o
teto. A sua cabeça doía e o seu ombro latejando, e os seus ouvidos não
zumbiam, eles retumbavam.
Han rolou pro lado e ficou deitado sofrendo, tentando entender o que
aconteceu, tentando entender os últimos meses inteiros, para falar a
verdade, como ele e Leia se deixaram envolver em mais uma guerra e o que
deixava essa pior do que as outras, tão mais dolorosa e confusa.
Então um pedaço de flimsiplast passou rolando, quicando pelo deque
passando pelo nariz de Han, e subitamente não importava o que aconteceu.
O retumbar não estava em seus ouvidos. Vinha dos alto-falantes de
intercomunicação, e estava lentamente, apesar de regularmente,
aumentando o tom.
A pressão da cabine diminuía.
Han lutou para se colocar de pé, então caminhou até o painel de
controle ao lado da câmara de ar e silenciou o alarme de emergência.
A voz de Leia veio pela intercomunicação instantaneamente,
acompanhada de um coro de sinos e campainhas sugerindo que os sistemas
da Falcon afundavam mais rápido do que um cometa em direção a um
buraco negro.
— Han? Você está bem?
— Sim, até agora. — Percebendo que precisaria de ambas as mãos para
fazer os reparos, Han tentou tirar a mão da tipoia, e quase caiu pela dor.
Precisaria de ajuda. — Mas eu não posso desperdiçar tempo falando sobre
isso. Temos um vazamento de pressão em algum lugar.
— Um vazamento? — C-3PO perguntou, também falando pela
intercomunicação da cabine. — Capitão Solo, você tem apenas um braço
operacional. Você nunca será capaz de...
— Eu cuido disso. — Han espiou pela janela da escotilha e ficou
aliviado em ver que Jaina e os seus companheiros estavam todos de pé e
seguros. — Tenho ajuda na câmara de ar.
— Apenas tenham cuidado. — Leia avisou. O deque continuou a
inclinar e empinar enquanto Leia colocava a Falcon através de uma série de
manobras evasivas. — Algum cérebro de laser em um Star Destroier está
atirando em nós.
— É só isso? — Han perguntou. Vendo que a pressão da câmara de ar
estava quase dentro das margens de segurança normais, ele apertou a trava
de comando. — Eu pensei que tivesse atingido um asteroide ou algo assim.
Uma luz de aviso piscou dentro da câmara de ar, e a escotilha sibilou e
abriu-se num momento depois. Jaina e os outros, Zekk, Ben e um Twi'lek
estranho, emergiram da típica corrida pós-evacuação para se libertar dos
seus trajes de emergência claustrofóbicos, tirando as luvas e abrindo os
colares. O coração de Han disparou ao ver Jaina, e a sua garganta se fechou
porque agora ela estava em perigo tanto quanto ele e Leia.
Uma vez que o visor de Jaina se levantou, ela se virou para Han e abriu
os braços volumosos de seu traje de evacuação e o abraçou.
— Eu não sei o que está fazendo aqui, mas seja lá o que for...
— Eu te amo também, garota. — Han disse, erguendo a mão para
interrompê-la. — Mas os abraços terão de esperar. Temos um vazamento de
pressão.
Os olhos de Jaina caíram sobre a tipoia pendendo no peito de Han, e sua
expressão saiu de alívio para entendimento.
— O quão grave fomos atingidos?
— Ainda não sei. — Han disse. Ele se virou para o painel de controle e
acionou o teclado, convocando um relatório de danos da nave. — Mas não
pode ser tão ruim. Ainda temos...
Han foi interrompido quando uma mão apareceu entre ele e a tela do
painel. Levou um segundo para os seus olhos focarem, mas quando eles o
fizeram, ele viu que a mão estava segurando um par de algemas Jedi.
— O que é isso? — Han virou-se, correndo o seu olhar do braço no traje
de evacuação para o rosto de seu sobrinho.
— Eu sinto muito, tio Han. — Ben disse. — Mas você está preso.
— Preso? — Han franziu a testa para o garoto, tentando decidir se ele
deveria explodir em risadas ou raiva. — Garoto, você têm uma sincronia
terrível.
— Vem das companhias que ele mantém. — Jaina disse. Ela se virou
para Ben com fogo nos olhos. — Guarde isso antes que eu...
— Está tudo bem, Jaina. — Zekk estendeu o braço até os ombros de
Ben e gentilmente empurrou a mão do garoto para baixo. — Deixe comigo.
Para o espanto de Han, Jaina meramente assentiu e voltou-se para o
painel de controle, perfeitamente contente em deixar Zekk tomar conta de
Ben enquanto ela focava no vazamento de pressão. Claramente algo mudara
entre os dois, ela agia como se realmente o respeitasse.
— Mas há um Mandado de Busca e Apreensão por eles. — Ben
protestou. — Nós temos que prendê-los!
— Você está treinando para se tornar um Jedi, Ben. — Zekk disse. —
Isso significa que você deveria usar o bom senso nessas situações.
— Eu estou. — Ben insistiu.
— Eu espero que você não acredite realmente nisso. — Zekk retraiu a
mão, então disse: — Guarde isso. Falaremos sobre isso mais tarde.
Descobrindo-se sem ter como argumentar, Ben obedientemente retornou
as algemas para um bolso dentro de seu traje de evacuação, então fez uma
careta para Han.
— Nada pessoal, tio Han, mas eu ainda o levarei.
— O que você disser, garoto. — Han respondeu. — Vamos só passar
por isso primeiro.
Han se afastou de Ben.
— Eu não sei, pai. — Jaina disse. — Esse vazamento pode ser mais do
que podemos lidar.
— Você está brincando, né? — Han disse. — Lá no Setor Corporativo,
Chewbacca e eu costumávamos entrar em situações assim toda semana.
— Não assim.
Jaina apontou para o esquema de dados que ela trouxera para a tela do
painel de controle, e o coração de Han desceu para o estômago. A torre de
canhão superior sumira, junto com um pedaço substancial do casco ao
redor, e a torre de canhão inferior estava aberta como uma flor, claramente
explodida por dentro. O túnel de acesso que as conectava estava vermelho,
indicando uma perda de pressão total, e os compartimentos ao redor
estavam rapidamente ficando cor-de-rosa.
Jaina deve ter sentido o choque de Han, porque ela perguntou:
— Cakhmaim e Meewalh estavam nas torres?
— Sim, atirando com os canhões. — As entranhas de Han davam um nó
com a tristeza; devido ao dano que ele vira nos esquemas, a única coisa que
sobrara dos dois Noghri era o lugar que sempre teriam nos corações dos
Solos. — Eu devo a quem quer que esteja comandando aquele Star
Destroier um sanduíche de detonita.
— Um Star Destroier atirou em vocês? — Ben perguntou. O seu sabre
de luz pendia de uma alça de utilidades em seu traje de evacuação, mas
Zekk era cuidadoso em permanecer ao lado dele de qualquer forma.
— O que você fez para merecer isso?
— Salvamos vocês. — Han disse, azedo. — Nós sempre podemos jogá-
los de volta, se você achar que foi uma má ideia.
— Cuidaremos de Ben mais tarde. — Jaina pegou o braço de Han e
seguiu em frente. — Agora nós precisamos colocar você e mamãe em trajes
de evacuação.
— Trajes de evacuação? Sem chance. — Han recuou. — Até lá, a
Falcon não terá nenhuma pressão nas cabines.
— Pai, vocês levaram um tiro de turbolaser direto no centro de acesso.
— Jaina cambaleou ao lado dele em seu traje. — Nós podemos não ser
capazes de consertar as coisas.
— Claro que podemos. — Han respondeu. — Essa é uma YT-1300. O
centro de acesso não é tão importante.
Continuou a recuar para a popa, batendo nas paredes enquanto o
corredor virava e inclinava ao redor dele. Um tremor se intensificando no
deque sugeria um suporte do motor quebrado, enquanto uma serenata
contínua de gemidos abafados insinuava o quão extremamente a estrutura
danificada da Falcon se esforçava sob as manobras evasivas de Leia, e fez
Han se perguntar quanto tempo eles tinham antes de um baque metálico em
algum lugar bem fundo na nave trazer aquele estalo de descompressão final
ao ouvido.
Virou à esquina e encontrou a escotilha da antepara selada e um fluxo
de ar assobiando por um pequeno buraco na parede. As bordas do buraco
lisas e inchadas, como se o duraço tivesse derretido em vez de ter sido
perfurado.
— Isso é má notícia. — Ben comentou a alguns metros atrás de Han. —
É uma violação de respingo.
— Não é nada sério. — Han disse. Rupturas de respingo aconteciam
quando uma massa de metal irrompia em um jato derretido, geralmente
após ser atingida por um tiro de turbolaser. Elas eram notoriamente
perigosas e difíceis de reparar porque causavam muito dano em vários
lugares diferentes. — Não atingiu nada importante, ou já estaríamos mortos.
Han ativou o painel de controle, então checou a pressão do outro lado
da antepara e digitou um código de trava de comando. Os seus ouvidos
estalaram dolorosamente quando a escotilha se retraiu, e o assobio de ar
escapando se tornou um grito. Ele entrou no compartimento da popa e se
virou na direção do som, e o primeiro problema se tornou aparente
instantaneamente.
O respingo perfurara um círculo de um metro de diâmetro de duraço
com literalmente centenas de pequenos buracos derretidos. O metal estava
tão fraco que a pressão do ar curvava a parede para fora, e Han sabia que
não demoraria para a área simplesmente se soltar e sugar a atmosfera do
compartimento em um sopro mortal.
— Certo, então é um pouco sério. — ele disse. — Jaina, você e Zekk
vão para o armário de reparos e liberem os remendos e tiras de reforço.
Ben, pegue o seu amigo Twi'lek e...
— Não somos amigos, na verdade. — Ben interrompeu, soando tão
petulante quanto apenas adolescentes podiam numa situação dessas. — E o
nome dele é Espaçador de Primeira Classe Sorzo.
— Ótimo. — Han olhou por cima de Ben para o Twi'lek. — Apenas
deem uma olhada ao redor do centro de acesso e vejam se há outros pontos
ruins assim.
O Twi'lek, Sorzo, aceitou a ordem com uma continência e seguiu com
Ben atrás. Han passou os próximos vinte segundos procurando uma área ao
redor com perfurações menos óbvias, e encontrou várias. Mesmo se eles
conseguissem remendar esse grupo, ainda precisariam localizar dezenas de
buracos pequenos escondidos atrás de lugares como a estação de engenharia
e a enfermaria. Significava selar a cabine e passar horas em trajes de
evacuação, mas o que mais ele poderia fazer, abandonar a Falcon?
Um estrondo terrível ressoou de algum lugar nos deques inferiores, e
uma sensação estranha de sucção começou a acompanhar o tremor e
resistência da nave.
A voz de Leia veio pela intercomunicação, quase não audível sobre o
guincho de ar escapando:
— Han, o que foi isso?
— Como eu deveria saber? — Han estava começando a se sentir
sobrecarregado pelos problemas da Falcon, e isso nunca acontecia. — C-
3PO não pode te dizer?
— Não há indicação de um novo problema nos relatórios de danos. —
O droide reportou. — Mas parece que estamos perdendo potência em
nossos motores sub-luz.
— Que blast! — Han começou a bater o punho contra a parede, então
deu uma nova olhava para o círculo de perfurações e decidiu não arriscar.
— Algo deve estar comprimindo uma linha de alimentação.
— Talvez você possa liberá-la. — C-3PO sugeriu.
— Estou meio ocupado consertando vazamentos de pressão aqui atrás.
— Han respondeu.
— Isso não vai importar se levarmos outro disparo. — Leia disse. — E
se não pudermos manobrar...
— Vamos levar outro disparo. — Han terminou. — Eu sei. Certo, deixe-
me arranjar um relatório de fluxo e ver se posso localizar o problema.
Foi até o canto e encontrou Ben já parado em frente à estação de
engenharia, os olhos grudados na tela e dedos no teclado. Pensando que o
garoto tivesse feito algo para causar a perda de potência, Han correu para o
lado dele.
A tela não tinha nada além da transmissão da tela tática, que mostrava
uma situação confusa, mas melhorando, perto do planeta Hapes. A frota do
Almirante Bwua’tu já começava a martelar os Encouraçados Corellianos, e
uma força tarefa de Dragões de Batalha Reais rasgava a frota usurpadora
por trás.
Com os Dragões de Batalha Reais estava um Star Destroier de
classe Imperial com um símbolo indicativo desconhecido. Enquanto a
embarcação dirigia a maior parte do fogo na direção dos usurpadores, ela
dedicara uma única bateria de turbolasers de longo alcance para atacar a
Falcon.
— Eu acho que disse a você para procurar por vazamentos de pressão.
— Han disse, aliviado por não ter pego Ben tentando sabotar a Falcon. —
Ainda sou o capitão dessa banheira, e isso significa que você faz o que eu
mandar.
— Estou usando o bom senso. — Ben retrucou. Ele colocou um dedo na
tela, indicando o misterioso Star Destroier. — E ele me diz que estamos
bem encrencados. A nossa única chance de sobrevivermos é seguir na
direção daquele Star Destroier.
— Você está louco? — Han perguntou. — Ele já está atirando em nós!
— Apenas porque você está tentando escapar. — Ben rebateu. — Ele
vai parar de atirar se você se render. Essa é a Anakin Solo.
O queixo de Han caiu.
— A Anakin o que?
— A Anakin Solo. — Ben disse com orgulho. — A nave de Jacen.
— A nave de Jacen? — Han de fato tropeçou pra trás, e não apenas
porque o deque tombou novamente. Ele sentiu como se um bantha o tivesse
chutado no estômago. — Eles nomearam o Star Destroier da GAG em
homenagem ao meu garoto morto?
— Bom, sim. — Ben disse, claramente confuso. — Anakin foi um
grande Jedi.
— Eu não posso acreditar! — Com medo de descontar a sua fúria em
Ben, Han se virou e chutou a parede com tanta força que ele sentiu os seus
dedos estalarem. — Os kriffing rodders!
Ben se encolheu e começou a recuar.
— É uma honra. Jacen disse...
— Esqueça o que Jacen disse. — Jaina interrompeu, retornando com
Zekk e os suprimentos para o conserto. — Ele está vivendo em sua própria
galáxia nos últimos dias.
Ben franziu a testa.
— Mas a Almirante Niathal pensou ser uma boa ideia, também.
— Então a Almirante Niathal é um peixe burro. — Han arrancou as
tiras de reforço das mãos de Zekk e indicou a ele a estação de engenharia.
— Eu acho que temos uma linha de combustível comprimida. Veja se você
consegue liberá-la antes dos motores desligarem e virarmos um alvo.
Sem esperar uma resposta, Han virou a esquina. A pressão caíra tanto
agora que o ar começava a esfriar enquanto expandia. Eles tinham menos de
três minutos antes da atmosfera ficar tão fina que teriam dificuldade para
respirar. Derrubou as tiras no chão em frente às perfurações, então virou
uma e tentou em vão remover o fundo de flimsiplast. Não era algo que se
podia fazer com uma mão, pelo menos não quando sua única mão
trabalhando tremia de medo.
— Tio Han, nos render é nossa melhor chance de sobrevivência. — Ben
disse, seguindo-o. — Tudo o que tenho que fazer é chamar Jacen e dizer
que estou te levando.
— Para que ele possa torturar os pais dele como os outros prisioneiros
Corellianos? — Jaina exigiu. Ela ajoelhou ao lado de Han e pegou a tira de
metal das mãos dele. — Eles estão melhores se arriscando na Falcon.
— Mas nós não. — Ben rebateu. — Nós não somos traidores da
Aliança, pelo menos eu não sou.
— Vou esquecer que disse isso, porque se eu não esquecer, nós dois
vamos nos arrepender. — Jaina removeu o fundo da tira com um puxão
fácil. — Tenha cuidado com como você aplica isso, ou só criará mais
sucção. O pai mostrará a você.
Ela estendeu a tira para Ben e alcançou outra, mas ele balançava a
cabeça e a ignorava.
— Não, não até tio Han prometer...
A tira flutuou além de Ben e se colou no meio das perfurações de
respingo. O grito da atmosfera escapando se tornou estridente e insistente, e
um vinco atingiu a área danificada.
O coração de Han pulou para a boca.
— Ah, Jaina...
— Ah, kriff! — Ela pulou, já removendo o fundo de outra tira de
reforço. — Ben, o que há de errado contigo?
— Nada, eu só estou fazendo o meu dever. — Ben removeu o sabre de
luz da alça de segurança de seu traje de evacuação. — Se ajudarmos com os
reparos, eles simplesmente vão escapar.
— E se não ajudarmos, todos nós seremos sugados pelo vácuo em trinta
segundos. — Segurando a tira de reforço com as duas mãos, Jaina
caminhou em direção à parede, então subitamente parou quando Ben
acionou o seu sabre de luz. O seu queixo caiu, e ela olhou para cima e disse:
— Por favor me diga que você não sacou o seu sabre de luz contra mim.
— Desculpe, Jaina. — Ben disse. — Mas você não tem disciplina,
como Jacen diz, você está sempre inventando as próprias ordens em vez de
seguir àquelas dadas a você.
Jaina olhou para Ben por um instante, então empurrou a tira de reforço
para Han.
— Segure isso.
Ben recuou um passo, erguendo a sua lâmina atrás do ombro.
— Jaina, não me faça... oqueeergggh!
A ameaça de Ben chegou a um surpreendente fim quando Zekk
contornou a esquina e segurou as suas mãos por trás, torcendo os seus
pulsos para frente e forçando a lâmina do sabre de luz para baixo na direção
do deque.
E foi quando a onda de choque de um ataque de turbolaser perto se
chocou com a Falcon. O deque saltou com tanta força que os joelhos de
Han se dobraram, e ele caiu sobre o seu ombro ferido novamente. Gritos de
espanto soaram por toda a volta, e o seu corpo explodiu em dor.
— Como estão os reparos daquela linha de alimentação? — Leia
perguntou pela intercomunicação. O ar estava tão rarefeito agora que a voz
dela começava a soar metálica e fraca. — Se eu não puder acelerar, o voo
vai ficar bem agitado.
— Apenas continue seguindo para longe daqui. — Enquanto Han
falava, ele percebeu que alguém por perto gemia por uma dor terrível. —
Nós sairemos do alcance alguma hora.
Ficou de joelhos e viu Zekk encolhido no deque, com as suas mãos
apertando um corte enegrecido na lateral de seu traje de evacuação. Ben
estava ajoelhado ao lado dele com um olhar de terror no rosto, ainda
segurando um sabre de luz ligado e balançando a cabeça em desespero.
— Você não deveria ter me agarrado. — ele disse. — Por que você tinha
que me segurar, Zekk?
— Porque você estava agindo como um aspirante a Jedi. — Jaina disse,
vindo por trás dele. — Me dê isso.
Ela arrancou o sabre de luz da mão de Ben.
Ele olhou pra ela.
— Não foi minha culpa.
— Então foi culpa de quem, cérebro de laser? — Ela desligou o sabre
de luz. — Eu só espero que você não tenha matado a nós todos. Agora
cresça, vá ajudar o seu tio, e eu...
— Não, Jaina. — Han colocou um punhado de tiras de reforço na tipoia
e se virou para a área danificada. — Você precisa tirar Zekk e Ben daqui.
— Tirar daqui? — Jaina perguntou.
— Vão para os pods de fuga. — Sem remover o fundo da tira, ele a
segurou na borda do círculo perfurado e permitiu que o vácuo a sugasse no
lugar. — Zekk precisa de ajuda médica, e eu realmente não quero você nos
defendendo do pirralho.
— Mas e quanto...
— A Falcon está com uma capacidade de pods de fuga para quatro
pessoas no momento. — Han interrompeu. — E mesmo se tivéssemos mais,
Leia e eu não vamos nos render. — Ele deu um olhar para Ben que poderia
derreter frasium, então acrescentou: — Não para Jacen, ou mais ninguém.
Colocou mais uma tira na beirada do círculo e deixou o vácuo a deixar
no lugar. Seria um reparo temporário na melhor das hipóteses, mas poderia
aguentar o bastante para salvá-los. Ele colocou outra tira, então olhou para
trás encontrando Jaina ajoelhada ao lado de Zekk. Ela tinha os dedos de
uma mão pressionados contra a sua garganta, tomando o pulso dele. Mas os
olhos estavam fixos em Han, e havia lágrimas rolando por suas bochechas.
Ela assentiu, ativou acionou um botão no colar, e falou no microfone da
unidade de comunicação do traje:
— Sorzo, volte aqui. Vamos abandonar a nave novamente.
— Bom. — Han nunca teve tanto orgulho de sua filha. Ele podia ver no
rosto de Jaina o quanto ela queria permanecer a bordo da Falcon com ele e
Leia, mas ela era uma espacial veterana que sabia melhor do que questionar
as ordens de um capitão a bordo da própria nave. — Não se preocupe com a
sua mãe ou comigo. Até concertarmos a Falcon, será bom não ter tantos
narizes respirando, mas ficaremos bem. Já tivemos consertos piores do que
esse.
Jaina conseguiu sorrir, apesar de seu medo pelos pais continuar óbvio.
— Eu sei, pai... já vi os holovídeos. — Ela gesticulou para Ben na
direção da escotilha à popa e usou a Força para erguer Zekk do deque, então
foi ao lado de Han e deu um beijo na bochecha dele. — Avise quando
terminar... e que a Força esteja com você.
— Sim. — Sem querer que ela visse as lágrimas brotando em seus
olhos, e percebesse que ele temia que esse pudesse ser o adeus final, Han
não olhou enquanto ela seguia atrás de Ben. — Com você também, garota.
Virou-se de volta para a área danificada e começou a prender o resto das
tiras de reforço no lugar. Até terminar, Jaina já colocara todos nos pods de
fuga e soou o alarme de partida. Os ataques de turbolaser continuavam. A
Falcon empinava e saltava como um ronto selvagem, e a pressão da cabine
caíra ao ponto de Han ter calafrios e começar a respirar com dificuldade.
Não sentiu os pods de fuga saindo. O alarme de lançamento
simplesmente silenciou-se, e ele teve uma sensação de algo se soltando
dentro dele.
— Han? — Mesmo pelo interfone, a voz de Leia soava quebrada. —
Você ainda está aí?
— É claro que estou. — Ele seguiu em frente, selando a antepara atrás
dele. — Você não vai se livrar de mim tão fácil.
— Nada é fácil com você, garoto voador. — O tom de Leia era
brincalhão, mas um pouco forçado e assustado. — Eu só queria avisá-lo que
estamos prontos para saltar.
Outra onda de choque atingiu a Falcon, derrubando Han e
desencadeando um guincho de dor metálico da velha nave. Ele respirou
fundo pensando que poderia ser o seu último, então se espantou por ainda
estar inteiro quando alcançou o corredor da antepara dianteira.
— O que você está esperando? — Ele digitou o código da trava de
comando no painel de controle, então sentiu uma rajada de pressão
enquanto a escotilha se abria. — Quanto mais cedo saltarmos, melhor.
— E quanto à pobre Lady Morwan? — C-3PO perguntou. — Ela ainda
está trancada no compartimento dianteiro!
— E está mais segura do que nós. — Han respondeu, atravessando a
antepara.
Fechou a escotilha atrás dele e se apressou até a cabine principal e o
corredor de acesso do deque de voo. O alarme de salto tocou, soando um
tom acima do comum no ar rarefeito, então as luzes diminuíram e um
ronronar alarmante subiu dos compartimentos do motor na parte de trás da
nave. A Falcon começou a emborcar e desacelerar, e a voz de Leia surgiu
pelo corredor, xingando e gritando como um contrabandista de especiaria
Aqualish em um dia ruim.
Han se inclinou para perto da parede.
— Vamos lá, velha garota. — ele sussurrou. — Você não está pronta
para o ferro velho ainda, está?
O ronronar intensificou para um lamento agudo, então as luzes
voltaram, e Han quase foi derrubado novamente quando a Falcon acelerou
com força.
Ele sorriu e fez um carinho na antepara.
— Eu também acho.
Selou a antepara, então se encaminhou para o deque de voo, onde o
lamento do motor crescera tanto que não era mais audível para os ouvidos
humanos. O tremor da Falcon se tornara uma vibração mais leve, e C-3PO
estava na estação de navegação checando as coordenadas do salto. Leia
estava no assento do piloto, com nada à frente além da liberdade sombria e
vazia.
Han foi ao lado dela e viu por os seus olhos vidrados que não havia
necessidade de contar a ela sobre os eventos lá atrás. Ela provavelmente
sentira as mortes de Meewalh e Cakhmaim através da Força, e Jaina teria a
avisado para liberar os pods de fuga para lançamento. Quanto a Ben, Jacen
e a Anakin Solo, havia tempo o bastante para conversar com ela sobre isso
mais tarde... e se não houvesse, seria melhor que ela nunca soubesse.
Han inclinou-se pra baixo.
— Ficará tudo bem. — Ele beijou a bochecha dela, então escorregou
para o assento do copiloto. — Você ainda tem a mim.
Leia deixou escapar uma bufada surpresa, então sorriu e olhou em volta.
— Acho que sim. — Ela estendeu a mão e apertou o braço dele. —
Você é o bastante.
O hiperdrive finalmente funcionou, e as estrelas se esticaram em linhas
mais uma vez.
Epílogo

Um murmúrio animado se ergueu perto da entrada do Hangar Real do


Dragão da Rainha, então cresceu até uma vibrante comemoração. Tenel
Ka, Rainha-mãe do Consórcio Hapes e monarca incontestável de sessenta e
três mundos, se virou da recentemente chegada da Sombra de Jade na
direção do som. Dezenas de tripulantes em trajes de reabastecimento à
prova de fogo e macacões cobertos de ferramentas olhavam através do
campo de contenção, erguendo os braços e gritando de alegria.
Mas tudo o que Tenel Ka viu além da entrada do hangar era a escuridão
pontilhada de estrelas do reino que governava. Estava repleto de cascos de
naves de guerra destruídas e enlaçado pelos rastros de íon de centenas de
embarcações de resgate, e não viu nada alegre naquilo. Manteve o seu
trono, mas muitos Hapans morreram em ambos os lados, e muito da força
do Consórcio foi desperdiçada na luta de outra pessoa.
E o calvário estava longe de terminado. Em breve, o serviço de
inteligência de Tenel Ka começaria a trazer nomes e prisioneiros, e seria
forçada a entregar a Justiça da Rainha. Os seu conselheiros recomendariam
que fosse brutal e rápido, e os seus nobres remanescentes esperariam que a
sua lealdade fosse recompensada com a redistribuição das propriedades dos
usurpadores. Tenel Ka consideraria todas as suas sugestões com cuidado, é
claro, mas no fim, ela manteria o seu próprio conselho... e isso estava
destinado a desapontar a todos.
Após um momento, um transporte preto da GAG se tornou visível e
começou a atravessar o campo de contenção. A comemoração ficou ainda
maior, e um oficial de triagem avançou com um par de bastões de
sinalização para direcionar o piloto até um ancoradouro por perto. Tenel Ka
estendeu-se na Força e ficou alarmada ao sentir a familiar presença de sua
filha.
Jacen estava retornando com Allana, e a sua sincronia não poderia ser
pior. Tenel Ka se virou novamente para a Sombra de Jade e viu Mara e
Jaina já carregando uma maca pela rampa de acesso na direção dela. Era
tarde demais para ligar para Jacen avisando. Ao invés disso, Tenel Ka o
alcançou na Força, contando que ele sentisse a sua ansiedade e descobrisse
o motivo. Deixou um breve toque de afeto, então precisou interromper o
contato quando Mara e Jaina alcançaram o final da rampa com o seu fardo.
Deitado na maca estava Zekk, pálido, inconsciente e extremamente
enfaixado no torso. O coração de Tenel Ka doeu ao ver o antigo
companheiro de armas tão ferido, mas ela se forçou a manter o rosto
indiferente. Não seria bom para o seu sempre presente séquito de nobres
“leais” perceberem uma sobrancelha arqueada ou um lábio trêmulo quando
ela assistira tantos Hapan perecerem em uma posição estoica.
— Mestra Skywalker, Jedi Solo, bem-vindas a bordo. — Tenel Ka deu
um passo à frente para recebê-las, seguida de perto pela equipe médica que
trouxe para encontrar a Sombra. — Meu cirurgião está esperando em um
salão operacional. Se vocês confiarem Zekk à equipe de transporte, eles o
levarão imediatamente.
— Isso é muito gentil. — Mara disse. — Nós agradecemos.
— Sim, obrigada. — Jaina acrescentou. — Isso significa muito.
Elas entregaram a maca para um par de médicos de uniforme vermelho,
que rapidamente colocaram Zekk a bordo de um pequeno hoversled e
seguiram na direção dos fundos do hangar. Notando como o olhar de Jaina
seguiu o veículo até os elevadores, Tenel Ka postou-se ao lado dela.
— Eles tomarão conta dele, Jaina. — Tenel Ka podia sentir que Jaina
estava um pouco irritada por toda a comemoração atrás delas, mas não
havia nada a ser feito quanto aquilo. Mesmo se a Rainha-mãe pedisse por
silêncio, ela duvidava que a ordem seria atendida tão rápido. — Assim que
prepararem Zekk para a operação, podemos esperar na enfermaria.
— Isso seria ótimo. — Jaina disse. — Mas não se preocupe. Zekk está
forte como um bantha ultimamente.
Tenel Ka sorriu.
— Fico contente em ouvir isso, mas estou um pouco confusa. Meu
cirurgião disse que foi dito a ele ter sido um ferimento de sabre de luz?
Jaina olhou para Mara, então disse:
— É uma longa história.
— Ben cometeu um erro. — Mara disse.
— Ben? — Tenel Ka se espantou.
— Não foi um ataque. — O tom de Mara sugeria que ela não queria
discutir o “erro” de Ben além disso. — Houve alguma confusão a bordo da
Falcon.
— Na Falcon? — Ficando mais confusa a cada minuto, Tenel Ka se
virou para Jaina. — Mas eu pensei que os Mestres Skywalker encontraram
vocês em pods de fuga.
— Os pods da Falcon. — Luke respondeu do topo da rampa de acesso.
Sua mão cibernética estava faltando e o seu manto parecia volumoso no
meio, como se ele, também, estivesse enfaixado ao redor do peito. — Ainda
estamos tentando entender.
— Mestre Skywalker, você está ferido também! — Tenel Ka clamou. —
Se você tivesse nos falado...
— Estou bem, acabei de sair de um transe de cura. — Luke soava tão
abatido quanto a sua aparência. Ele olhou na direção do transporte da GAG,
que estava agora rodeado de Hapans jubilantes, e perguntou: — Todos estão
aplaudindo Jacen?
— Sim, estão. — Tenel Ka se virou na direção do transporte, onde Jacen
descera pela rampa de acesso e começava a caminhar na direção deles
através da multidão aplaudindo. A Major Espara estava com ele, mas
Allana aparentemente fora deixada a bordo com as assessoras de Espara. —
Após destruir a frota de Galney e me salvar, Jacen se tornou um herói dos
Hapan leais.
— Ele um herói? — Jaina perguntou. — Você deve estar de
brincadeira!
— Nem um pouco. — Tenel Ka disse com firmeza. Devido à recepção
calorosa que Jacen recebia dos seus súditos, ela considerava se poderia ser
possível revelar a paternidade de Allana. Não ter que manter o segredo
certamente simplificaria sua vida, e os seus nobres, pelo menos aqueles
leais, nunca seriam mais receptivos à verdade do que estavam agora. —
Jacen salvou minha vida, e com isso, a monarquia Hapan.
O rosto de Jaina endureceu como só o rosto dela poderia.
— Isso dá a ele a desculpa para atirar nos próprios pais?
Tenel Ka franziu a testa.
— Não tenho certeza se ouvi corretamente. Você realmente disse que
Jacen atirou em Han e Leia?
— Temo que ela tenha dito. — Luke disse sobriamente. Ele descia a
rampa, seguido de Ben e um Twi'lek em um macacão militar da Aliança. —
A Falcon já saltara quando chegamos de Roqoo, mas parece que a Anakin a
atingiu feio.
— Você tem certeza? — Tenel Ka não podia acreditar no que estava
ouvindo. — Não faz sentido.
— Nós estamos com dificuldade em entender muito do que Jacen vem
fazendo. — Mara disse. Quando Luke alcançou o fim da rampa, ela foi até
o lado dele. — Agora que as coisas estão se acalmando no Consórcio,
esperamos ter a chance de resolver essas questões.
O tom desaprovador na voz de Mara, e a amargura na de Luke, fez o
coração de Tenel Ka apertar. Após o seu encontro a bordo da Anakin Solo,
Jacen disse a ela que os Skywalkers estavam perdendo a fé nele, que eles
mesmo suspeitavam de que ele estivesse trabalhando com Lumiya, e agora
ela podia ver o quão certo ele estava.
Tenel Ka se virou para Ben.
— O que você sabe sobre isso? Eu acho difícil acreditar que Jacen
abriria fogo contra os próprios pais.
— Ele não teve escolha. — Ben disse. — Eles são terroristas, e estavam
tentando escapar.
— Terroristas? — Tenel Ka foi destroçada ao ouvir o garoto dizer tal
coisa. — Ben, isso não é verdade.
— Eu temo que seja. — Jacen disse, emergindo de sua multidão de
admiradores. — As suspeitas que tia Mara manifestou durante nosso
encontro a bordo da Anakin estavam certas afinal.
Mara franziu o cenho.
— Estavam?
— Sim, e eu peço desculpas por não considerar o seu ponto com mais
cuidado. — Jacen disse. — Mas os eventos com certeza a provaram certa.
A informação que os meus pais nos forneceram em relação a Ducha AlGray
nos causou mais prejuízos do que benefícios, e eles certamente estavam
envolvidos no ataque contra a Sua Majestade.
A raiva fria na voz de Jacen deixou Tenel Ka ainda mais triste, mas ela
estava começando a entender o que acontecera, a ver o como ele
interpretara errado os eventos para chegar à terrível conclusão.
— Jacen, você não pode acreditar que os seus pais fariam tal coisa.
Tenel Ka percebeu que a multidão se acalmara ao redor deles,
esforçando-se para ouvir, e sabia que o que dissesse em seguida poderia
determinar como os Solos seriam vistos nas histórias galácticas, se eles
seriam lembrados como heróis idealistas ou terroristas imorais.
— Han e Leia Solo tiveram tanto crédito em salvar a Coroa quanto
você. — ela disse, falando uniforme e claramente. — Eles arriscaram as
suas vidas para me entregar as coordenadas de reversão da frota de AlGray.
Os olhos de Jacen se arregalaram.
— Eles entregaram?
— Sim. — Tenel Ka disse. — Além disso, os Solos se colocaram em
um risco ainda maior para ter certeza de que a Marinha Real permanecesse
firme até o ataque do Almirante Bwua’tu.
A expressão de Jacen se alterou de choque para vergonha, e a tristeza de
Tenel Ka começou a diminuir. Claramente, o ataque à Falcon fora o
resultado de um terrível engano. Jacen cometera o grave erro, mas apenas
porque tentava compensar, tentava muito evitar deixar os seus sentimentos
pessoais influenciarem no seu julgamento.
Isso era certamente o que Tenel Ka esperava, e o que ela escolhera
acreditar.
— Tenho certeza de que os seus pais ficarão bem. — Tenel Ka falava
isso tanto para Jacen quanto Jaina, mas em seu coração falava mais para
Jacen. Fora ele quem cometera o erro, e sabia como ele se culparia se
qualquer coisa acontecesse a eles por causa disso. — Ninguém é mais capaz
de arriscar-se sob circunstâncias difíceis, e eu enviarei ordens para todas as
embarcações Hapan ajudá-los de todas as maneiras possíveis.
— Isso não pode fazer mal. — Mara disse. — Mas ninguém os verá até
estarem bem longe daqui. Eles ficarão invisíveis até encontrarem algum
lugar seguro para pousar.
Luke assentiu.
— Isso mesmo. Eu alcançarei Leia na Força, tentarei deixá-la saber que
toda a ajuda está disponível se precisarem. — Ele se virou para Jacen, a sua
sobrancelha baixou em desaprovação. — Mas nós precisamos conversar.
Você foi bem rápido em acreditar no pior sobre alguém que você ama. Isso
é um problema.
Os olhos de Jacen queimavam com ressentimento, e Tenel Ka entendia
o porquê. Afinal, Luke não estava assumindo o pior quanto a Jacen e
Lumiya?
— Isso não é justo, Mestre Skywalker. — Tenel Ka disse. — As
suspeitas de Jacen foram baseadas na informação disponível a ele no
momento.
— A diferença é que as nossas suspeitas não machucaram ninguém.
Jacen colocou os seus pais em um perigo mortal. — Luke deu um olhar
significativo para o séquito de Tenel Ka, então acrescentou: — Talvez
possamos conversar sobre isso a bordo da Sombra?
— Como desejar. — Apesar de Tenel Ka fazer soar como se estivesse
concedendo um favor, estava aliviada por ter qualquer desculpa para tirar os
Skywalkers e Jaina do deque do hangar para poder tirar Allana do
transporte. Dado a cisma e desconfiança que se abrira entre Jacen e todos os
outros, revelar a paternidade de sua filha não parecia mais uma boa ideia.
— Eu me juntarei em um minuto. Há algumas coisas que preciso fazer aqui.
— É claro.
Luke fez uma reverência e guiou os outros para embarcarem na Sombra.
Tenel Ka esperou até entrarem, então se virou para a multidão de tripulantes
que se aglomerara ao redor do confronto.
— E vocês pensavam que as políticas Hapan eram traiçoeiras! — Ela
disse em um tom leve, se não forçado. Uma risada constrangida agitou a
multidão, mais em reconhecimento à tentativa de humor da Rainha-mãe do
que porque Tenel Ka finalmente aprendera a contar uma piada. — Mas
agora a diversão acabou. De volta ao trabalho.
Fez um gesto para espantá-los, e a multidão começou a se dispersar.
Tenel Ka se virou para as nobres que sempre se acumulavam ao redor dela,
quando ela permitia. Indicou para a Major Espara se aproximar, então
estranhou a ausência de um dos rostos mais conhecidos em seu séquito.
— Onde está Lady Galney? — Ela perguntou, franzindo a testa. — Eu a
pedi para ficar por perto.
Uma voz nervosa soou de trás do grupo:
— Aqui, Majestade.
Como se por mágica, um corredor se abriu através do séquito de Tenel
Ka. Do outro lado estava Lady Galney, com os seus olhos fixos no deque e
o seu queixo colado ao peito. A Força eletrificou-se em antecipação, e Tenel
Ka sabia que essas rapinas que chamava de nobres sentiram cheiro de
sangue.
— Você pode se aproximar, por favor? Há algo que eu preciso que você
e a Major Espara façam por mim.
— É c-claro, Majestade.
Galney se arrastou para a frente, as suas pernas tremendo tanto que ela
quase tropeçou duas vezes. É claro, as suas caras nobres apenas assistiam e
sorriam, convencidas de que sua colega receberia a punição que tanto
merecia por ter a infelicidade de ser irmã da mais sorrateira dos muitos
traidores do Conselho de Herança.
Galney parou em frente à Tenel Ka, então encontrou forças para olhar
para cima.
— Se eu puder, Majestade, eu gostaria de ser ouvida antes de a senhora
falar.
— Muito bem. — Tenel Ka disse. — Mas não temos muito tempo. Você
sabe como esses Jedi podem ser insistentes.
Isso gerou uma genuína risada das nobres, mas Galney permaneceu
nervosa e séria.
— Eu... eu sei que não mudará a sua decisão, mas eu queria pedir
desculpas.
Tenel Ka encontrou o olhar da mulher e franziu a testa.
— Pelo quê, Lady Galney?
— Pelo meu papel nisso tudo. — ela disse. — Eu nunca teria...
— Milady Galney. — Tenel Ka interrompeu. — Eu posso não ser mais
um membro da Ordem Jedi, mas eu asseguro a você que ainda mantenho as
habilidades de um Cavaleiro Jedi. Você acha que eu não saberia se você
quisesse me trair?
— É... é claro. — Galney respondeu, confusa. — Mesmo assim, eu o
fiz. Minha língua foi livre demais com o meu consorte, e ele estava
relatando tudo o que eu dizia...
— Para a sua irmã. — Tenel Ka interrompeu. — Eu sei... e tenho
certeza de que foi um erro que você nunca cometerá novamente. — Ela
olhou na direção da Sombra. — Agora, posso fazer o meu pedido?
O queixo de Galney caiu novamente.
— É claro, Majestade.
— Obrigada. — Ela apontou para o transporte preto da GAG de Jacen.
— Allana está a bordo daquele transporte, e você é um rosto conhecido para
ela. Eu gostaria que você e a Major Espara a buscassem e levem-na para a
sua cabine.
Os olhos de Galney se arregalaram.
— Minha cabine, Majestade?
— Sim, e não permitam a ninguém entrar até eu chegar. — Tenel Ka se
virou para Espara. — Isso está claro, Major?
Espara parecia tão confusa quanto Galney, mas ela estava acostumada
demais a aceitar ordens para questioná-las agora.
— Sim, Majestade.
— Bom. — Tenel Ka se virou de volta para Galney.
— Majestade, se você estiver tentando me poupar da dor de saber...
— Lady Galney, eu não sou a minha avó. — Tenel Ka interrompeu. —
Eu não executo os meus súditos pelos crimes das suas irmãs. Quanto ao seu
consorte... conversaremos sobre a sua escolha de homens outra hora. — Ela
se virou para Espara. — Minhas instruções foram claras, Major?
— Sim, Majestade.
— Então prossiga. — Tenel Ka começou a subir a rampa de acesso da
Sombra, mas quando o seu séquito irrompeu em um zumbido de vozes
chocadas, ela parou e se virou. — Se vocês estão a bordo do Dragão da
Rainha, supostamente há uma razão. O meu conselho a vocês é: descubram
qual é essa razão, e comecem a se ocupar!
O séquito caiu em um silêncio aturdido, então subitamente se dissolveu
enquanto as mulheres nobres se apressavam para as saídas do hangar. Tenel
Ka sorriu para si mesma e, pensando ter uma chance de trazer Hapes para a
galáxia moderna, subiu a rampa de acesso.
Entrou no salão de passageiros opulento da Sombra de Jade e encontrou
a discussão já a todo vapor. Luke e Jaina parados de um lado da mesa de
bebidas central, com Jacen e Ben do outro e Mara no meio. Ela se dirigia ao
seu sobrinho, mas parecia querer que todos se sentassem e se acalmassem.
— ... deveria pensar, Jacen? — O tom de Mara era razoável, mas direto.
— Você nos mandou para encontrar Ben. Ao invés disso, Lumiya nos
emboscou.
— Isso não significa que eu a enviei. — Jacen respondeu. Tenel Ka
sabia o quão chateado ele estava pelo fato de que não podia senti-lo na
Força; ele sempre se fechava quando ficava com raiva. — Você mesma
disse que estava receosa de que ela estivesse atrás de Ben.
— Ben não estava lá. — Luke disse.
— Eu deveria estar! — Ben interrompeu. — Jacen enviou uma
mensagem ordenando a Rover a ir para a Estação Roqoo, mas nós a
ignoramos.
— Vocês o quê? — Mara perguntou, encarando Ben.
— Nós ignoramos a ordem. — Ben se virou para Jaina. — Pergunte a
Jaina. Foi ideia dela.
Todos os olhos se viraram para Jaina, que relutantemente assentiu.
— Eu insisti nisso. Precisávamos avisar Ten... er, a Rainha-mãe, sobre a
Ducha.
Ben se virou de volta para Luke.
— Viu? Não foi culpa de Jacen.
— Você ignorar uma ordem não explica como Lumiya sabia que estaria
lá. — Mara apontou. — Ou por que ela estava envolvida com a GAG.
— E eu queria ter a resposta para isso. — Jacen disse. — Eu
investigarei assim que a Anakin retornar para Coruscant. Eu quero a
resposta mais do que você, eu prometo isso.
— Promete? — Luke perguntou, mantendo o seu olhar fixo em Jacen.
— É claro que sim. — Tenel Ka disse, indo até o lado de Jacen. —
Alguns minutos atrás, você repreendeu Jacen por acreditar muito rápido no
pior sobre aqueles que ama. E aqui está você, fazendo o mesmo.
Luke franziu a testa, claramente irritado com ela, mas Mara suspirou e
olhou para o marido.
— Ela tem alguma razão, Luke. Nós realmente não temos mais
evidências contra Jacen do que ele tinha contra Han e Leia. A batalha
acabou, talvez seja hora de colocarmos os blasters no coldre e tentar
resolver as coisas como uma família.
— Isso me parece bom. — Jacen disse. — Eu serei o primeiro a admitir
que cometi alguns erros, mas eu estava trabalhando pelo bem da Aliança, e
sei que estavam, também.
Luke considerou as palavras de Jacen por um momento antes de falar
novamente.
— E quanto a os seus pais? Eles são família também.
— Eu não posso cancelar um mandado de detenção, se é o que está
pedindo.
As palavras de Jacen chocaram Tenel Ka profundamente.
— Jacen, se não fosse por os seus pais, eu não estaria viva. Nem Allana.
O rosto de Jacen ficou tão triste quanto duro, e Tenel Ka sabia que
mesmo ela não seria capaz de fazê-lo mudar de ideia quanto a isso. Ele
estava convencido de que o seu dever o forçava a ignorar os seus
sentimentos por sua família, e ela achou isso terrivelmente doloroso, e,
quando se lembrou de que ela e Allana eram a sua família também, um
pouco assustada.
— Eu sei disso. — Jacen disse a ela. — Eles arriscaram as próprias
vidas para salvá-la, mas eles ainda têm crimes contra a Aliança para
responder. — Ele retornou a sua atenção para Luke. — Se Han e Leia Solo
estão pensando melhor quanto às lealdades políticas deles, podemos
negociar uma rendição segura e detenção adequada.
— Rendição? — Jaina explodiu. — Detenção? Eles nunca...
— Você acha que eu não sei? — Jacen respondeu, tão ardentemente
quanto ela. — Mas se eu cancelar o mandado deles, parecerá como se eu
estivesse dando tratamento especial aos meus pais, e eu não posso fazer
isso. Há apenas uma lei, Jaina, e ela se aplica a todos, mesmo aos Solos.
— Eles arriscaram as vidas para salvar Tenel Ka. — Jaina contestou. —
Eles não são terroristas.
— Eu sei. — Jacen disse. — Mas eles não são inocentes, tampouco.
Jaina suspirou frustrada, então olhou para Luke em um apelo silencioso.
Luke encarou o chão por um momento, então olhou para cima encontrando
os olhos de Jacen.
— Certo, mas eu não mudei de ideia quanto a Ben. Ele ainda voltará
para Coruscant conosco.
— O quê? — Ben gritou. — Sem chance. Jacen é o meu Mestre!
— Isso não é decisão sua, Ben. — Luke disse. — E Jacen não é um
Mestre.
— Ele é para mim. — Ben retrucou. — Ninguém é tão poderoso com a
Força...
— É a decisão do seu pai. — Jacen disse. Ele ergueu a mão para
silenciar Ben, então se virou de volta para Luke. — Mas isso é realmente
necessário? Agora que Lumiya está morta...
— O que o faz pensar que ela está morta? — Mara perguntou.
— Você disse. — Jacen respondeu, franzindo a testa. — Não faz cinco
minutos, você disse que ela usava uma bomba...
— Uma bomba que explodiu após deixarmos a cantina. — Luke o
lembrou. — Não sabemos se Lumiya ainda estava lá.
— E se eu tivesse que adivinhar, diria que ela não estava. — Mara
acrescentou. — Levou quase dois minutos para a bomba detonar. Mesmo
com os ferimentos no peito, deveria ser tempo o bastante para escapar.
— O que certamente é o que devemos presumir. — Luke disse. — Eu
não acreditarei que Lumiya está morta até eu mesmo levar o corpo dela para
o crematório.
— Entendo. — O olhar de Jacen caiu para o chão, tornando-se distante
e desfocado. Quando ele finalmente o ergueu novamente, ele olhou Luke
diretamente nos olhos, firme, calmo e tranquilo. — Então eu acredito que
devo confiar no seu julgamento. Afinal, eu nunca sequer conheci a mulher.
Luke manteve o olhar de Jacen.
— Eu espero que isso seja verdade, Jacen.
A expressão de Jacen se tornou sombria, mas antes de poder falar, Ben
se colocou entre os dois homens e fez uma careta para o pai.
— É claro que é verdade! — Ben exclamou. — Jacen está tentando
proteger a galáxia. Por que ninguém entende isso além de mim?
— Eu entendo, Ben. — Tenel Ka disse, tentando afastar a tempestade
que sentia se formando. — E eu tenho certeza de que o seu pai também.
Tenel Ka deu um olhar esperançoso na direção de Luke, mas ele apenas
continuou a estudar Jacen, e Tenel Ka sentiu a tensão continuar a subir.
Assim como Mara. Ela deu um passo mais perto de Ben e colocou a
mão em seu ombro.
— Ben, todos estamos tentando salvar a galáxia. — ela disse. — Mas
nós nem sempre concordamos em como isso deve ser feito.
— E por isso eu não posso ficar com Jacen? — Ben exigiu. — Isso é
ridículo!
— A razão por não poder ficar com Jacen é porque estou mandando
você voltar para casa conosco. — Luke disse severamente. — E a razão
pela qual estou fazendo isso é porque Lumiya me disse que você estava a
ajudando com a GAG.
— O quê?
Tenel Ka exclamou ao mesmo tempo que Jacen e Ben, então assistiu a
expressão de Jacen alternar de choque para raiva e depois enigmática. Ben
apenas parecia confuso.
— E você acreditou nela? — Ele perguntou.
— Não. — Luke respondeu. Ele olhou na direção de Jacen. — Mas
alguém a está ajudando, e até eu saber quem é...
— ... você precisa ficar longe da GAG. — Jacen terminou. — O seu pai
está certo em ser cauteloso, Ben.
— Mas você é meu Mestre! — Ben se opôs.
— E estou pedindo a você para ficar com os seus pais até eu resolver
isso. — Jacen olhou para Luke, então acrescentou: — Tenho certeza de que
trabalharemos juntos novamente muito antes do que você imagina.
O coração de Tenel Ka apertou pelo tom de desafio na voz de Jacen,
mas Luke parecia aceitar a declaração sem hostilidade.
— Eu espero que todos nós trabalhemos juntos em breve. — Luke
estendeu a mão e pegou o braço de Jacen. — Eu não penso que você
aceitará a minha ajuda, mas me informe sobre a investigação. Ficarei muito
interessado em saber mais sobre o envolvimento de Lumiya.
— É claro. — Jacen respondeu. Apesar de não permitir os seus
sentimentos escoarem na Força, Tenel Ka podia dizer pela leve contração
dos lábios dele que ele tomara o comentário de Luke como uma ameaça. —
E agora, se vocês me dão licença, eu realmente deveria retornar para a
Anakin e dar início a isso.
Jacen se despediu dos Skywalkers, então se virou para Tenel Ka:
— Sua Majestade, se tudo estiver bem...
— Está. — Tenel Ka disse. Ela tomou o seu braço e, de coração partido,
seguiu na direção da escotilha com ele. — Jacen, o que eu posso dizer? Nós
estamos em dívida com você.
— Não. — Jacen disse. — A Aliança está contigo. Graças à coragem do
Consórcio aqui, nós talvez tenhamos eliminado a capacidade de guerra dos
Corellianos.
Eles pararam dentro da escotilha, onde estariam escondidos do hangar,
mas ainda visíveis para o salão de passageiros da Sombra. Seria, Tenel Ka
sabia, o máximo de privacidade que teriam por um bom, bom tempo. Ela
tomou a mão de Jacen.
— Ainda assim, estamos gratos. — ela disse. — Por favor nos informe
se houver algo que possamos fazer por você, e sinta-se à vontade para nos
visitar novamente quando tiver tempo. Você encontrará uma recepção
calorosa entre nossos súditos.
— Obrigado, Majestade. — Jacen fez uma reverência. — Eu virei.
— Bom. Estarei ansiosa por isso.
Tenel Ka beijou Jacen na bochecha, então lutou para segurar as lágrimas
enquanto o observava atravessar a escotilha e mais uma vez desaparecer de
sua vida.
STAR WARS / LEGADO DA FORÇA - TORMENTA
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / Legacy Of The Force - Tempest

COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS

REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS

GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS

VERSÃO ELETRÔNICA: TRADUTORES DOS WHILLS

ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2006 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT ©TRADUTORES DOS WHILLS, 2022
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.


PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

LEGADO DA FORÇA - TORMENTA É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E


ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

T93k Denning, Troy


LEGADO DA FORÇA - Tormenta [recurso eletrônico] / Troy Denning ; traduzido por
TRADUTORES DOS WHILLS.
448 p. : 3.0 MB.

Tradução de: LEGACY OF THE FORCE - TEMPEST


ISBN: 978-0-345-51050-1 (Ebook)

1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. DOS WHILLS, TRADUTORES CF. II.


Título.
CDD 813.0876
2020-274 CDU 821.111(73)-3

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Troy Denning é o autor mais vendido pelo New York Times com o livro
Star Wars: Fate of the Jedi: Abyss; Star Wars: Tatooine Ghost; Star Wars:
The New Jedi Order: Star by Star; com a trilogia Star Wars: Dark Nest: The
Joiner King, The Unseen Queen e The Swarm War; Star Wars: Legado da
Força: Tormenta, Inferno e Invincible, bem como Pages of Pain, Beyond
the High Road, The Summoning e muitos outros romances. Um antigo
designer de jogos e editor, ele vive no oeste de Wisconsin com a sua esposa,
Andria.
Agradecimentos

Muitas pessoas contribuíram para este livro de maneiras grandes e


pequenas. Gostaria de agradecer a todos, especialmente o seguinte: Andria
Hayday pelo o seu apoio, críticas e muitas sugestões valiosas; James
Luceno, Leland Chee, Howard Roffman, Amy Gary, Pablo Hidalgo, e Keith
Clayton por suas belas contribuições durante as nossas sessões de trocas de
ideias iniciais e de outra forma; Shelly Shapiro e Sue Rostoni para tudo,
desde a sua notável paciência até à sua perspicaz revisão e edição até às
maravilhosas ideias que expõem, tanto dentro como fora das sessões de
brainstorming, e especialmente por serem tão grandes para trabalhar; para
os meus colegas escritores Aaron Allston e Karen Traviss por todo o seu
trabalho duro de coordenar histórias e escrevê-los e sua miríade outras
contribuições para este livro e para a série; para todas as pessoas na
Lucasfilm e Del Rey que fazem ser um escritor muito divertido; para Laura
Jorstad por sua excelente edição; e, finalmente, para George Lucas por nos
deixar colocar a sua galáxia nesta nova direção emocionante.
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
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pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
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chega, com uma milícia dos seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
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reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo as suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas o seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde....

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, as suas habilidades Jedi são
reconhecidas, e ele é levado de sua casa para ser treinado nos
caminhos da Força pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia o
seu poder, Dookan sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi
Sifo-Dyas e levando um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e
tenta esquecer a vida que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído
por um estranho fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela
missão que ela empreende para a Ordem: encontrar e estudar
relíquias antigas dos Sith, em preparação para o eventual retorno
dos inimigos mais mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o
mundo dos Jedi, as responsabilidades antigas de sua casa perdida
e o poder sedutor das relíquias, Dookan luta para permanecer na
luz, mesmo quando começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress pelo seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar os seus copiosos talentos como
caçadora de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos,
Ventress e Vos são as melhores esperanças para eliminar a
Dookan, — desde que os sentimentos emergentes entre eles não
comprometam a sua missão. Mas Ventress está determinada a ter
sua vingança e, finalmente, deixar de lad o seu passado sombrio de
Sith. Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com
a fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
pelo seu inimigo mortal... e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e os seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e o seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação dos seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que os seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até o seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
o seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações... enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram o
seu legado extremista, determinados a frustrar o Império, não
importa o custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar o seu
status como o melhor dos melhores e derrubar os Partisans de
dentro. Mas a crescente ameaça de serem descobertos no meio de
seu inimigo transforma uma operação já perigosa em um teste ácido
de fazer ou morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e
preservar o Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão
longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e dos
seus inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito
galáctico. Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra,
e sua filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar os seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior dos seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e o seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda dos
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e o seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói o seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita... e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e os seus companheiros de viagem encontram
refúgio no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas
então coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva...

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados... Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era o seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, o seu ex-protegido Eli Vanto retorna
com um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com o seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito pelo seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por
que Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam
os Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em
vez de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse
que Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao
Conselho Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria?
A resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com o seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir o seu povo. Junto com as suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés


dos seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou o seu chamado como um dos seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e os seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão dos seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um dos seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que o seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O o seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
os seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith... junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. O seu comandante, Yaru Korsin, luta contra
o derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada pelo
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos... e, como
verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado sombrio da
Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos e
intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo custo.
Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho de
volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia. Mas à
medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de anos, os
Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa de todas: o
inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz dos seus inimigos. Os comandos estão em
menor número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas,
sem apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros
de equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e os seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e os seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse
ebook é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova
Era da Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e o seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e o seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão das suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a os seus protetores Jedi, e não há
monumento à sua causa maior do que o Farol Luz Estelar.
Pendurado como uma joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta
República no ápice das suas aspirações: um centro de cultura e
conhecimento, uma tocha brilhante contra a escuridão do
desconhecido e uma mão estendida de boas-vindas aos confins do
mundo. a galáxia. Enquanto sobreviventes e refugiados fogem dos
ataques do Nihil, o Farol e a sua tripulação estão prontos para
abrigar e curar. Os agradecidos Cavaleiros e Padawans da Ordem
Jedi estacionados lá finalmente têm a chance de se recuperar, da
dor dos seus ferimentos e da dor das suas perdas. Mas a
tempestade que eles pensavam ter passado ainda continua; eles
são simplesmente capturados em seus olhos. Marchion Ro, o
verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu ataque mais
ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O o seu líder está fugindo e os seus números
diminuíram. A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso
signifique que ela finalmente terá tempo para realmente treinar o
seu Padawan, Imri Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a
Porto Haileap logo frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil
que atacaram o pacífico posto avançado, como também
sequestraram a amiga de Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois
Jedi partiram para Porto Haileap, determinados a descobrir para
onde os Nihil levaram a sua amiga. Enquanto isso, Avon deve
colocar a sua inteligência e habilidades à prova enquanto luta pela
sobrevivência entre os Nihil, e descobre um plano sinistro. Vernestra
e Imri podem encontrar a sua amiga antes que o desastre
aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa o seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos dos seus invasores são tão cruéis quanto a
Executora da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente
da Ordem Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos
monstros mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode
fugir dos defensores da Alta República para sempre. Após a derrota
de sua tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, o seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e os seus companheiros Tempest Runners infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, o seu terrível arsenal e o seu temido nome,
Lourna deve trilhar o seu próprio caminho. Mas isso levará à
redenção? Ou ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que
nunca?

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