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do proletariado em Gotham City: Artigo
de Slavoj Žižek sobre o novo Batman
Posted on 08/08/2012 // 53 Comments
(h摩效ps://boitempoeditorial.files.wordpress.com/2012/08/12‑08‑08_slavoj‑zizek_ditadura‑do‑proletariado‑em‑
gotham‑city.jpg)Por Slavoj Žižek.
Confira abaixo artigo inédito, traduzido por Rogério Be摩效oni, enviado com exclusividade pelo autor para
a Boitempo publicar em seu Blog.
Adverte‑se aos leitores que o texto contém detalhes da trama de Batman – O Cavaleiro das Trevas
Ressurge.
For the english version, click here (h葿ꚵps://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/08/08/dictatorship‑
of‑the‑proletariat‑in‑gotham‑city‑slavoj‑zizek‑on‑the‑dark‑knight‑rises/).
Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge confirma mais uma vez como os blockbusters de Hollywood
são indicadores precisos da situação ideológica da nossa sociedade. A narrativa (resumida) se dá da
seguinte maneira. Oito anos depois dos eventos de Batman – O Cavaleiro das Trevas, capítulo anterior
da saga Batman, a lei e a ordem prevalecem em Gotham City: sob os extraordinários poderes do Ato
Dent, o comissário Gordon praticamente erradicou o crime violento e organizado. No entanto, ele se
sente culpado pela cobertura dos crimes de Harvey Dent (Dent morreu ao tentar matar o filho de
Gordon, salvo por Batman, que assumiu a culpa em nome da manutenção do mito de Dent, levando a
uma demonização de Batman como vilão de Gotham) e planeja admitir a conspiração em um evento
público de celebração a Dent, mas acaba concluindo que a cidade não está preparada para a verdade.
Bruce Wayne, que não atua mais como Batman, vive isolado na própria Mansão enquanto sua
empresa desmorona depois de ter investido em um projeto de energia limpa criado para aproveitar a
energia nuclear, mas encerrado quando ele descobriu que o núcleo poderia ser transformado em uma
energia nuclear, mas encerrado quando ele descobriu que o núcleo poderia ser transformado em uma
bomba. A lindíssima Miranda Tate, membra do conselho administrativo da Wayne Enterprises,
convence Wayne a refazer a sociedade e continuar com seus trabalhos filantrópicos.
Aqui entra o (primeiro) vilão do filme: Bane, líder terrorista e antigo membro da Liga das Sombras,
consegue a cópia do discurso de Gordon. Depois que as tramas financeiras de Bane quase levam a
empresa de Wayne à falência, Wayne confia a Miranda a tarefa de controlar seus negócios, além de
ter com ela um breve caso amoroso. (Nesse aspecto ela compete com a gata‑ladra Selina Kyle, que
rouba dos ricos para redistribuir a riqueza, mas acaba se juntando a Wayne e às forças da lei e da
ordem.) Ao descobrir a movimentação de Bane, Wayne retorna como Batman e confronta Bane, que
afirma ter assumido a Liga das Sombras após a morte de Ra’s Al Ghul. Depois de deixar Batman
gravemente ferido em um combate corpo a corpo, Bane o coloca numa prisão de onde é praticamente
impossível fugir. Seus companheiros de prisão contam para Wayne a história da única pessoa que
conseguiu escapar: uma criança motivada pela necessidade e pela mera força de vontade. Enquanto o
prisioneiro Wayne se recupera dos ferimentos e se prepara para ser Batman de novo, Bane consegue
transformar Gotham City em uma cidade‑Estado isolada. Primeiro ele atrai para o subsolo a maior
parte dos policiais de Gotham e os prende lá; depois provoca explosões que destroem a maioria das
pontes que conectavam Gotham City ao continente, anunciando que qualquer tentativa de deixar a
cidade resultaria na detonação do núcleo de Wayne, do qual se apoderou e transformou em uma
bomba.
Chegamos então ao momento crucial do filme: a tomada de poder por parte de Bane acontece junto
com uma vasta ofensiva político‑ideológica. Bane revela publicamente o acobertamento da morte de
Dent e liberta os prisioneiros detidos pelo Ato Dent. Condenando os ricos e poderosos, ele promete
devolver o poder ao povo, convocando as pessoas comuns a “tomarem a cidade de volta” – Bane
revela‑se como “o manifestante definitivo do Occupy Wall Street, convocando os 99% a se juntarem
para derrubar as elites sociais”[1]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn1). Segue‑se então a ideia do filme de poder do
povo: uma sequência mostra uma série de julgamentos e execuções dos ricos, as ruas tomadas pelo
crime e pela vilania… alguns meses depois, enquanto Gotham City continua sofrendo o terror
popular, Wayne consegue fugir da prisão, retorna a Gotham como Batman e convoca os amigos para
ajudá‑lo a libertar a cidade e desarmar a bomba nuclear antes que ela exploda. Batman confronta e
domina Bane, mas Miranda intervém e apunhala Batman – a benfeitora social revela‑se como Talia al
Ghul, filha de Ra’s: foi ela que escapou da prisão quando criança e foi Bane que a ajudou a fugir.
Depois de comunicar seu plano de terminar a tarefa do pai de destruir Gotham, Talia foge. Na
confusão que se segue, Gordon destrói o dispositivo que permitia a detonação remota da bomba
enquanto Selina mata Bane, permitindo que Batman vá atrás de Talia. Ele tenta forçá‑la a levar a
bomba para a câmara de fusão onde pode ser estabilizada, mas Talia inunda a câmara. Talia morre
quando seu caminhão bate, confiante de que a bomba não pode ser detida. Usando um helicóptero
especial, Batman transporta a bomba para além dos limites da cidade, onde ela explode sobre o
oceano e supostamente o mata.
Agora Batman é celebrado como um herói cujo sacrifício salvou Gotham City, enquanto Wayne é tido
como morto nos motins. Após seus bens serem divididos, Alfred vê Bruce e Selina juntos em um café
em Florença, enquanto Blake, jovem policial honesto que conhecia a identidade de Batman, herda a
Batcaverna. Em suma, “Batman salva a situação, aparece incólume e continua com uma vida normal,
enquanto outro o substitui no papel de defender o sistema”[2]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn2). A primeira pista dos fundamentos
ideológicos desse final é dada por Gordon, que, no (suposto) enterro de Wayne, lê as últimas linhas
de Um conto de duas cidades, de Dickens: “Esta é, sem dúvida, a melhor coisa que faço e que jamais fiz;
este é, sem dúvida, o melhor descanso que terei e que jamais tive”. Alguns críticos do filme
este é, sem dúvida, o melhor descanso que terei e que jamais tive”. Alguns críticos do filme
interpretaram essa citação como um indício de que o filme “atinge o nível mais nobre da arte
ocidental. O filme apela para o centro da tradição norte‑americana – o ideal do nobre sacrifício pelo
povo comum. Batman deve se humilhar para ser exaltado e renunciar à própria vida para encontrar
uma nova. […] Como máxima figura de Cristo, Batman sacrifica a si para salvar os outros”[3]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn3).
Dessa perspectiva, com efeito, Dickens está apenas a um passo de distância de Cristo no Calvário:
“Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê‑la, mas o que perder a sua vida por causa de
mim, vai encontrá‑la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a
sua vida?” (Mt 16:25‑26 da Bíblia de Jerusalém). O sacrifício de Batman como repetição da morte de
Cristo? Essa ideia não seria comprometida pela última cena do filme (Wayne com Selina em um café
em Florença)? O equivalente religioso desse final não seria a conhecida ideia blasfema de que Cristo
realmente sobreviveu à crucificação e teve uma vida longa e pacífica (na Índia, ou talvez no Tibete, de
acordo com algumas fontes)? A única maneira de remir essa cena final seria interpretá‑la como um
devaneio (alucinação) de Alfred, que se senta sozinho em um café em Florença. Outra característica
dickensiana do filme é a queixa despolitizada sobre a lacuna entre ricos e pobres – no início do filme,
Selina sussurra para Wayne enquanto eles dançam em um baile exclusivo da elite: “Está vindo uma
tempestade, sr. Wayne. É melhor que estejam preparados. Pois quando ela chegar, todos se
perguntarão como acharam que poderiam viver com tanto e deixar tão pouco para o resto”. Nolan,
como todo bom liberal, está “preocupado” com essa disparidade e reconhece que essa preocupação
impregnou o filme:
O que vejo do filme relacionado ao mundo real é a ideia de desonestidade. O filme inteiro trata da chegada do seu
ponto crítico. […] A ideia de justiça econômica perpassa o filme, e por duas razões. Primeiro, Bruce Wayne é um
bilionário. Isso tem de ser levado em conta. […] E segundo, há muitas coisas na vida, e a economia é uma delas,
em que precisamos confiar em grande parte do que nos dizem, pois a maioria de nós se sente desprovida das
ferramentas analíticas para saber o que está acontecendo. […] Não acho que existe uma perspectiva de direita ou
de esquerda no filme. Ele faz apenas uma avaliação honesta, ou uma exploração honesta, do mundo em que
vivemos – de coisas que nos preocupam.[4]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn4)
Por mais que os espectadores saibam que Wayne é extremamente rico, eles tendem a se esquecer de
onde vem a riqueza dele: fabricação de armas e especulação financeira, e é por isso que as jogadas de
Bane na Bolsa de Valores podem destruir seu império – traficante de armas e especulador, esse é o
verdadeiro segredo por trás da máscara do Batman. De que modo o filme lida com isso?
Ressuscitando o tema arquetípico dickensiano do bom capitalista que se envolve no financiamento de
orfanatos (Wayne) versus o mau e ganancioso capitalista (Stryver, como em Dickens). Nessa
moralização dickensiana excessiva, a disparidade econômica é traduzida na “desonestidade” que
deveria ser “honestamente” analisada, embora não tenhamos nenhum mapeamento cognitivo
confiável, e uma abordagem “honesta” como essa nos leva a mais um paralelo com Dickens – é como
afirmou Jonathan (corroteirista), irmão de Christopher Nolan, sem rodeios: “Para mim, Um conto de
duas cidades foi o retrato mais angustiante de uma civilização reconhecível e descritível que se
desintegrou completamente em pedaços. Com os terrores em Paris, na França daquela época, não é
difícil imaginar que as coisas dariam tão errado assim”[5]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn5). As cenas do vingativo levante populista no
filme (uma multidão sedenta pelo sangue dos ricos que os ignoraram e exploraram) evocam a
descrição de Dickens do Reino do Terror, tanto que, embora não tenha nada a ver com política, o
descrição de Dickens do Reino do Terror, tanto que, embora não tenha nada a ver com política, o
filme segue o romance de Dickens ao retratar “honestamente” os revolucionários como fanáticos
possuídos, e assim fornece
a caricatura do que, na vida real, seriam revolucionários comprometidos ideologicamente no combate da
injustiça estrutural. Hollywood conta o que o establishment quer que saibamos – que os revolucionários são
criaturas brutais, sem nenhum respeito pela vida humana. Apesar da retórica emancipatória sobre a libertação,
eles têm projetos sinistros por trás. Portanto, quaisquer que sejam as razões, elas precisam ser eliminadas.[6]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn6)
Tom Charity destacou corretamente “a defesa que o filme faz do establishment na forma de bilionários
filantrópicos e uma polícia corrupta” – na sua desconfiança das pessoas que resolvem as coisas com
as próprias mãos, o filme “demonstra tanto o desejo por justiça social quanto o medo do que
realmente pode parecer nas mãos de uma multidão”[7]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn7). Aqui, Karthick levanta uma questão bem
clara sobre a imensa popularidade da figura do Coringa no filme anterior: qual o motivo de uma
atitude tão hostil para com Bane quando o Coringa foi tratado com tanta mansidão no filme anterior?
A resposta é simples e convincente:
O Coringa, que clama por anarquia na sua mais pura manifestação, enfatiza a hipocrisia da civilização burguesa
como ela existe, mas é impossível traduzir suas visões em uma ação de massa. Bane, por outro lado, representa
uma ameaça existencial ao sistema de opressão. […] Sua força não é apenas a psique, mas também sua
capacidade de comandar as pessoas e mobilizá‑las rumo a um objetivo político. Ele representa a vanguarda, o
representante organizado dos oprimidos que promove a luta política em nome deles para gerar mudanças
sociais. Tamanha força, com o maior dos potenciais subversivos, não tem lugar dentro do sistema. Ela precisa ser
eliminada.[8]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn8)
No entanto, ainda que Bane não tenha o fascínio do Coringa de Heath Ledger, há uma característica
que o distingue desse último: o amor incondicional, a mesma fonte da sua dureza. Em uma cena
curta mas comovente, vemos como, em um ato de amor no meio do sofrimento terrível, Bane salvou a
garota Talia sem se importar com as consequências e pagando um preço terrível por isso (foi
espancado quase até a morte por defendê‑la). Karthick tem toda razão ao situar esse acontecimento
dentro da longa tradição, de Cristo a Che Guevara, que exalta a violência como uma “obra do amor”,
como nas famosas palavras do diário de Che Guevara: “Devo dizer, correndo o risco de parecer
ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado pelo forte sentimento do amor. É impossível
pensar em um revolucionário autêntico sem essa qualidade”[9]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn9). O que encontramos aqui nem é tanto a
“cristificação de Che”, mas sim uma “cheização do próprio Cristo” – o Cristo cujas palavras
“escandalosas” de Lucas (“se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos,
irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo” [Lc 14:26]) apontam exatamente na
mesma direção que a famosa citação de Che: “É preciso ser duro, mas sem perder a ternura”. A
afirmação de que “o verdadeiro revolucionário é guiado pelo forte sentimento do amor” deveria ser
interpretada juntamente com a declaração muito mais “problemática” de Guevara sobre os
revolucionários como “máquinas de matar”:
O ódio é um elemento da luta; o ódio impiedoso do inimigo que nos ergue acima e além das limitações naturais
do homem e nos transforma em eficazes, violentas, seletivas e frias máquinas de matar. Assim devem ser nossos
soldados; um povo sem ódio não derrota um inimigo brutal.
Ou, parafraseando Kant e Robespierre mais uma vez: o amor sem crueldade é impotente; a crueldade
Ou, parafraseando Kant e Robespierre mais uma vez: o amor sem crueldade é impotente; a crueldade
sem amor é cega, paixão efêmera que perde todo seu vigor. Guevara está parafraseando as
declarações de Cristo sobre a unidade do amor e da espada – em ambos os casos, o paradoxo
subjacente consiste nisto: o que torna o amor angelical, o que o eleva acima da mera sentimentalidade
instável e patética, é essa mesma crueldade, o seu elo com a violência – é esse elo que eleva o amor
acima e além das limitações naturais do homem e o transforma em pulsão incondicional. É por isso
que, voltando a O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o único amor autêntico no filme é o de Bane, o “amor
do terrorista”, em nítido contraste a Batman.
Nesse mesmo viés, a figura de Ra’s, pai de Talia, merece um exame mais cuidadoso. Ra’s é uma
mistura de características árabes e orientais, um agente do virtuoso terror lutando para
contrabalancear a corrompida civilização ocidental. O personagem é interpretado por Liam Neeson,
ator cuja persona na tela geralmente irradia uma nobre bondade e sabedoria (ele faz o papel de Zeus
em Fúria de Titãs), e que também representa Qui‑Gon Jinn em A Ameaça Fantasma, primeiro episódio
da série Star Wars. Qui‑Gon é um cavaleiro Jedi, mentor de Obi‑Wan Kenobi, bem como o descobridor
de Anakin Skywalker, acreditando que Anakin é O Escolhido que restituirá o equilíbrio do universo,
ignorando os alertas de Yoda sobre a natureza instável de Anakin; no final de A Ameaça Fantasma,
Qui‑Gon é morto por Darth Maul[10]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn10).
Na trilogia Batman, Ra’s também é professor do jovem Wayne: em Batman Begins, ele encontra Wayne
em uma prisão chinesa; apresentando‑se como Henri Ducard, ele oferece um “caminho” para o
garoto. Depois que Wayne é libertado, ele segue até a fortaleza da Liga das Sombras, onde Ra’s está
esperando, embora se apresente como servo de outro homem chamado Ra’s Al Ghul. Depois de um
longo e doloroso treinamento, Ra’s explica que Bruce deve fazer o que for preciso para combater o
mal, embora revele que eles treinaram Bruce para liderar a Liga com o intuito de destruir Gotham
City, que eles acreditam ter se tornado irremediavelmente corrupta. Portanto, Ra’s não é a simples
encarnação do Mal: ele representa a combinação de virtude e terror, a disciplina igualitária que
combate um império corrupto, e assim pertence ao fio condutor (na ficção recente) que vai de Paul
Atreides em Duna até Leônidas em 300 de Esparta. E é crucial que Wayne seja seu discípulo: Wayne foi
formado como Batman por ele.
Duas críticas do senso‑comum se apresentam aqui. A primeira é de que houve violência e matanças
monstruosas nas revoluções reais, desde o estalinismo ao Khmer Vermelho, por isso está claro que o
filme não está apenas engajado na imaginação revolucionária. A segunda, oposta, é esta: o atual
movimento Occupy Wall Street não foi violento, seu objetivo definitivamente não era um novo reino
do terror; na medida em que se espera que a revolta de Bane extrapole a tendência imanente do
movimento OWS, o filme, portanto, deturpa de maneira absurda seus objetivos e estratégias. Os
atuais protestos antiglobalistas são o exato oposto do terror brutal de Bane: este representa a imagem
espelhada do terror estatal, uma seita fundamentalista e homicida dominada e controlada pelo terror,
e não a sua superação por meio da auto‑organização popular… As duas críticas compartilham a
rejeição da figura de Bane. A resposta a essas duas críticas é múltipla.
Primeiro, devemos esclarecer o atual escopo da violência – a melhor resposta para a afirmação de que
a reação violenta da multidão à opressão é pior que a opressão original foi dada por Mark Twain no
seu Um ianque na corte do rei Artur: “Houve dois ‘Reinos do Terror’, se bem nos lembramos; um
forjado na incandescente paixão, outro no desumano sangue frio. […] Mas todos os nossos temores,
que os tenhamos pelo menor terror, o momentâneo, por assim dizer; pois o que é o terror da morte
súbita pelo machado se comparado à morte em toda uma vida de fome, frio, insulto, crueldade e
desilusão? O cemitério de qualquer cidade pode bem conter os caixões cheios desse breve terror, que
todos aprendemos com afinco a temer e lamentar; mas a França inteira mal conteria os caixões cheios
todos aprendemos com afinco a temer e lamentar; mas a França inteira mal conteria os caixões cheios
daquele outro terror, mais antigo e verdadeiro, o terror de amargura e atrocidade indizíveis, que
nenhum de nós aprendeu a encarar em toda sua amplitude ou desprezo que merece”.
Depois, deveríamos desmistificar o problema da violência, rejeitando afirmações simplistas de que o
comunismo do século XX agiu com uma violência homicida excessiva demais, e de que deveríamos
tomar cuidado para não cair mais uma vez nessa armadilha. Com efeito, trata‑se de uma terrível
verdade – mas esse foco voltado diretamente para a violência obscurece uma questão basilar: o que
houve de errado no projeto comunista do século XX como tal, qual foi o ponto fraco imanente desse
projeto que impulsionou o comunismo a recorrer (não só) aos comunistas no poder para a violência
irrestrita? Em outras palavras, não basta dizer que os comunistas “negligenciaram o problema da
violência”: foi um aspecto sócio‑político mais profundo que os impulsionou à violência. (O mesmo se
aplica à ideia de que os comunistas “negligenciaram a democracia”: seu projeto geral de
transformação social impôs sobre eles esse “negligenciar”.) Portanto, não é apenas o filme de Nolan
que foi incapaz de imaginar o poder autêntico do povo – os próprios movimentos “reais” de
emancipação radical também não o fizeram e continuam presos nas coordenadas da antiga
sociedade, e, por essa razão, muitas vezes o efetivo “poder do povo” foi esse horror violento.
E, por último, mas não menos importante, é muito simples dizer que não há potencial violento no
movimento OWS e similares – há sim uma violência em jogo em todo processo emancipatório
autêntico: o problema com o filme é que ele traduziu essa violência de uma maneira errada em terror
homicida. Qual é, então, a sublime violência em relação à qual até mesmo o mais brutal assassinato é
um ato de fraqueza? Façamos uma digressão em Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago, que conta a
história dos estranhos eventos na capital sem nome de um país democrático não identificado.
Quando a manhã do dia das eleições é arruinada por chuvas torrenciais, a quantidade de eleitores
presentes é extremamente baixa, mas o tempo melhora no meio da tarde e a população segue em
massa para as seções eleitorais. No entanto, o alívio do governo logo acaba quando a contagem de
votos revela que 70% das cédulas na capital foram deixados em branco. Frustrado por esse aparente
lapso civil, o governo dá aos cidadãos a chance de refazer o fato uma semana depois, em mais um dia
de eleição. O resultado é pior: agora 83% dos votos foram brancos. Os dois principais partidos
políticos – o governante partido da direita (p.d.d.) e seu principal adversário, o partido do meio
(p.d.m.) – entram em pânico, enquanto o infeliz e marginalizado partido da esquerda (p.d.e.)
apresenta uma análise afirmando que os votos brancos são, essencialmente, um voto por sua agenda
progressiva. Sem saber como responder a um protesto benigno, mas certo de que existe uma
conspiração antidemocrática, o governo rapidamente rotula o movimento de “terrorismo puro e
duro” e declara estado de emergência, permitindo a suspensão de todas as garantias constitucionais e
adotando uma série de medidas cada vez mais drásticas: os cidadãos são apanhados aleatoriamente e
desaparecem em interrogatórios secretos, a polícia e a sede do governo saem da capital, proibindo a
entrada e a saída da cidade e, por fim, fabricando seu próprio líder terrorista. A cidade toda continua
funcionando quase normalmente, as pessoas se esquivam de todas as ofensivas do governo com uma
harmonia inexplicável e com um verdadeiro nível gandhiano de resistência não violenta… isso, a
abstenção dos eleitores, é um exemplo de “violência divina” verdadeiramente radical que desperta
reações de pânico brutal nos detentores do poder.
Voltando a Nolan, a trilogia dos filmes do Batman, portanto, segue uma lógica imanente. Em Batman
Begins, o herói continua dentro dos limites de uma ordem liberal: o sistema pode ser defendido com
métodos moralmente aceitáveis. O Cavaleiro das Trevas é de fato uma nova versão de dois clássicos de
faroeste de John Ford (Sangue de Heróis e O Homem Que Matou o Facínora) que retratam como, para
civilizar o ocidente selvagem, é preciso “publicar a lenda” e ignorar a verdade – em suma, como
nossa civilização tem de se fundamentar em uma Mentira: é preciso quebrar as regras para defender
o sistema. Ou, dito de outra forma, em Batman Begins, o herói é simplesmente uma figura clássica do
vigilante urbano que pune os criminosos naquilo que a polícia não pode; o problema é que a polícia,
órgão responsável pela imposição das leis, relaciona‑se de maneira ambígua à ajuda de Batman:
órgão responsável pela imposição das leis, relaciona‑se de maneira ambígua à ajuda de Batman:
enquanto admite sua eficácia, ela também considera Batman uma ameaça ao seu monopólio do poder
e uma testemunha da sua ineficácia. No entanto, a transgressão de Batman aqui é puramente formal,
consiste em agir em nome da lei sem a legitimação para fazê‑lo: nos seus atos, ele nunca viola a lei. O
Cavaleiro das Trevas muda essas coordenadas: o verdadeiro rival de Batman não é o Coringa, seu
oponente, mas Harvey Dent, o “cavaleiro branco”, o novo e agressivo promotor público, um tipo de
vigilante oficial cuja batalha fanática contra o crime o conduz ao assassinato de pessoas inocentes e o
destrói. É como se Dent fosse a resposta à ordem legal da ameaça de Batman: contra a vigilante luta
de Batman, o sistema gera seu próprio excesso ilegal, seu próprio vigilante, muito mais violento que
Batman, violando diretamente a lei. Desse modo, há uma justiça poética no fato de que, quando
Bruce planeja revelar ao público sua identidade como Batman, Dent o interrompe e se apresenta
como Batman – ele é “mais Batman que o próprio Batman”, efetivando a tentação à qual Batman
ainda era capaz de resistir. Então quando, no final do filme, Batman assume os crimes cometidos por
Dent para salvar a reputação do herói popular que incorpora a esperança para o povo comum, seu
ato modesto tem uma ponta de verdade: Batman, de certa forma, devolve o favor a Dent. Seu ato é
um gesto de troca simbólica: primeiro Dent toma para si a identidade de Batman, e depois Wayne – o
Batman verdadeiro – toma para si os crimes de Dent.
Por fim, O Cavaleiro das Trevas Ressurge ultrapassa ainda mais os limites: Bane não seria Dent levado
ao extremo, à sua autonegação? Dent que chega à conclusão de que o sistema é injusto, de modo que,
para combater a injustiça com eficácia, é preciso atacar diretamente o sistema e destruí‑lo? E, como
parte da mesma atitude, Dent que perde as últimas inibições e está pronto para usar toda sua
brutalidade assassina para atingir esse objetivo? O advento dessa figura muda a constelação inteira:
para todos os participantes, inclusive Batman, a moralidade é relativizada, torna‑se uma questão de
conveniência, algo determinado pelas circunstâncias: é uma guerra de classes aberta, tudo é
permitido para defender o sistema quando estamos lidando não só com gângsteres malucos, mas
com uma revolta popular.
Será, então, que isso é tudo? O filme deveria ser categoricamente rejeitado por quem se envolve em
lutas emancipatórias radicais? As coisas são mais ambíguas, e é preciso interpretar o filme da
maneira que se interpreta um poema político chinês: as ausências e as presenças surpreendentes
também contam. Recordemos a antiga história francesa sobre uma esposa que reclama do melhor
amigo do marido, dizendo que o amigo tem se insinuado sexualmente para ela: leva algum tempo
para que o amigo surpreso entenda a mensagem – de uma maneira invertida, ela o está incitando a
seduzi‑la… É como o inconsciente freudiano que não conhece a negação: o que importa não é um
juízo negativo sobre algo, mas o simples fato de que esse algo seja mencionado – em O Cavaleiro das
Trevas Ressurge, o poder do povo ESTÁ AQUI, encenado como um Evento, em um passo fundamental
dado a partir dos oponentes habituais de Batman (criminosos megacapitalistas, gângsteres e
terroristas).
Temos aqui a primeira pista – a perspectiva de que o movimento OWS tome o poder e estabeleça a
democracia do povo em Manha葿ꚵan é nítida e completamente tão absurda e irreal que não podemos
deixar de fazer a seguinte pergunta: POR QUE UM IMPORTANTE BLOCKBUSTER DE
HOLLYWOOD SONHA COM ISSO, POR QUE EVOCA ESSE ESPECTRO? Por que sequer sonhar
com o OWS culminando em uma violenta tomada de poder? A resposta óbvia (manchar o OWS com
acusações de que ele guarda um potencial terrorista totalitário) não é o bastante para explicar a
estranha atração exercida pela perspectiva do “poder do povo”. Não admira que o funcionamento
apropriado desse poder continue branco, ausente: nenhum detalhe é dado sobre como funciona esse
poder do povo, sobre o que as pessoas mobilizadas estão fazendo (é preciso lembrar que Bane diz
que as pessoas podem fazer o que quiserem – ele não impõe sobre elas a sua própria ordem).
É por isso que a crítica externa do filme (“sua retratação do reino do OWS é uma caricatura ridícula”)
É por isso que a crítica externa do filme (“sua retratação do reino do OWS é uma caricatura ridícula”)
não basta – a crítica tem de ser imanente, tem de situar dentro do próprio filme uma multiplicidade
de sinais que aponte para o Evento autêntico. (Recordemos, por exemplo, que Bane não é apenas um
terrorista brutal, mas sim uma pessoa de profundo amor e sacrifício.) Em suma, a ideologia pura não
é possível, a autenticidade de Bane TEM de deixar rastros na tecitura do filme. É por isso que o filme
merece uma leitura mais íntima: o Evento – a “república do povo de Gotham City”, a ditadura do
proletariado sobre Manha葿ꚵan – é imanente ao filme, é o seu centro ausente.
[1]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref1) Tyler O’Neil, “Dark Knight and Occupy
Wall Street: The Humble Rise” (h葿ꚵp://hillsdalenaturallawreview.com/2012/07/21/dark‑knight‑and‑
occupy‑wall‑street‑the‑humble‑rise/), Hillsdale Natural Law Review, 21 de julho de 2012.
[2]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref2) Karthick RM, “The Dark Knight Rises a
‘Fascist’?” (h葿ꚵp://wavesunceasing.wordpress.com/2012/07/21/the‑dark‑knight‑rises‑a‑fascist/), Society
and Culture, 21 de julho de 2012.
[3]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref3) Tyler O’Neil, cit.
[4]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref4) Christopher Nolan, entrevista na
Entertainment 1216 (julho de 2012), p. 34.
[5]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref5) Entrevista de Christopher e Jonathan
Nolan ao Buzzine Film (h葿ꚵp://www.buzzinefilm.com/interviews/film‑interview‑dark‑knight‑rises‑
christopher‑nolan‑jonathan‑nolan‑07192012).
[6]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref6) Karthick, cit.
[7]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref7) Forrest Whitman, “The Dickensian
Aspects of The Dark Knight Rises”
(h葿ꚵp://www.slate.com/blogs/browbeat/2012/07/21/the_dark_knight_rises_inspired_by_a_tale_of_two
_cities_the_parts_that_draw_from_dickens_.html), 21 de julho de 2012.
[8]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref8) Karthick, cit.
[9]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref9) Citado em Jon Lee Anderton, Che Guevara:
A Revolutionary Life, New York: Grove 1997, p. 636‑637.
A Revolutionary Life, New York: Grove 1997, p. 636‑637.
[10]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref10) Notemos a ironia do fato de que o filho
de Neeson é um xiita devoto, e que o próprio Neeson às vezes fala sobre a sua futura conversão ao
islamismo.
***
Todos os títulos de Slavoj Žižek publicados no Brasil pela Boitempo já estão disponíveis em ebooks,
agora com preços até metade do preço do livro impresso. Confira:
Vivendo no fim dos tempos (h땛⾑p://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑
7559‑212‑0) * ePub (Livraria Cultura (h葿ꚵp://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?
nitem=25027590&sid=20181149214530566609718546) | Gato Sabido
(h葿ꚵp://www.gatosabido.com.br/ebook‑download/161486/slavoj‑zizek‑vivendo‑no‑fim‑dos‑
(h葿ꚵp://www.gatosabido.com.br/ebook‑download/161486/slavoj‑zizek‑vivendo‑no‑fim‑dos‑
tempos.html)) (LANÇAMENTO)
***
No dia 4 de julho de 2012, o psicanalista Christian Dunker se reuniu com os filósofos Paulo Arantes e
Vladimir Safatle no Espaço Revista CULT para discutir os novos livros dos filósofos Slavoj Žižek
(Vivendo no fim dos tempos (h摩效p://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑212‑
0)) e Alain Badiou (A hipótese comunista (h摩效p://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?
isbn=978‑85‑7559‑194‑9)), ambos publicados no Brasil pela Boitempo Editorial. Confira abaixo
gravação integral do debate:
***
Slavoj Žižek nasceu na cidade de Liubliana, Eslovênia, em 1949. É filósofo, psicanalista e um dos
principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência
principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑
modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade
de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é um dos
diretores do centro de humanidades da University of London. Dele, a Boitempo publicou Bem‑vindo
ao deserto do Real! (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=85‑7559‑035‑9)(2003), Às portas
da revolução (escritos de Lenin de 1917) (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=85‑7559‑
060‑X) (2005), A visão em paralaxe (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑
124‑6) (2008), Lacrimae rerum (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑134‑5)
(2009) e os mais recentes Em defesa das causas perdidas (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?
isbn=978‑85‑7559‑163‑5) e Primeiro como tragédia, depois como farsa
(h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑174‑1) (ambos de 2011). Colabora
com o Blog da Boitempo esporadicamente.
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41 Comments on Ditadura do proletariado em Gotham City: Artigo de Slavoj
Žižek sobre o novo Batman
1. Vinicius // 09/08/2012 às 13:38 // Responder
Uma punheta seria muito mais rentável q esse texto.
Nerdbully // 11/09/2012 às 11:36 // Responder
Para quem quiser ler uma réplica interessante:
h葿ꚵp://quadrinheiros.wordpress.com/2012/09/11/the‑dark‑knight‑rises‑e‑occupy‑wall‑street‑o‑
sonho‑equivocado‑de‑zizek/
2. Ricardo Correia // 09/08/2012 às 17:15 // Responder
Meu deus.
Cara na boa discordo de 98% de tudo que você disse e isso não é o caso, cada um tem o direito de
achar o que quiser, e a interpretação vai por conta de cada um. Mas na boa que texto mal escrito,
não entendo como com tão boas bases conseguiu fazer um trabalho tão mal feito.
Eu copiei colei e contei
o começo do texto: são 2 páginas, 4 parágrafos, 954 Palavras num total de 5678 caracteres.
E completamente inutil, simplesmente um resumo mal feito do filme (pois vc corta cenas como a
volta do batman e a invasão do Bane a bolsa de valores, a relação dele com a Selina e depois cita
isso como se fosse obvio) um conselho, numa próxima Resenha, faça sua analise e ignore os
resumos, este texto esta grande demais e extremamente Prolixo. Sinceramente, acho que você
poderia conseguir um conteúdo melhor do que este, ou reescrever sua propria versão…traduzir
um texto ja não é muito interessante, traduzir um texto ruim é pedante.
P.S. Wayne Enterprisese é uma holding de Investimento e Tecnologia…não tem nada relacionada
armas, esta é a Stark Industries..do Homem de ferro…da Marvel … O Bruce Wayne tem uma
politica rígida contra formentar o crime por conta do trauma que ele tem na morte dos pais.
Lucas Luz // 22/11/2012 às 2:15 // Responder
pesquisa direito o que é a Wayne Enterprise…:
Wayne SteelEdit
Wayne Steel é uma das fábricas mais antigas de aço e refinarias de metal em Gotham e aço
suprimentos para construção naval. Ele também estuda e replica tecnologia alienígena. Isto
levou a Batman recebendo prioridade em tecnologia e ligas para ele estudar. Wayne aliança de
aço com a Marinha dos EUA eo governo tem produzido inúmeros contatos para Wayne
Enterprises.
Wayne ShipbuildingEdit
WayneYards é responsável pela construção de um grande número de navios de guerra,
WayneYards é responsável pela construção de um grande número de navios de guerra,
comercial, e navios privados e está a construir um porta‑aviões Nimiᨤ䁎 classe em Gotham.
Instalações WayneSteel e WayneYards reparar um grande número de cruzadores e destróieres
e também tem contatos dentro dos pilões superiores da Marinha e do negócio marítimo
mundial
Wayne AerospaceEdit
Wayne Aerospace constrói jatos de luxo e exclusivo corporativa e privada e aviões. Seu ramo
de aviação experimental produz aviões experimentais e de pesquisa construídos para os
Estados Unidos governo e da NASA. Os desenhos da aviação militar de filiais e fabrica caças e
helicópteros para as Forças Armadas dos EUA. Os modelos mais notáveis são o lutador W‑4
Wraith eo helicóptero de ataque Kestrel. Wayne Aeroespacial mantém a concorrência com
empresas aeroespaciais outros como Ferris Air e LexAir. A divisão mantém instalações e
veículos de Archie Goodwin International Airport.
entre outros… fonte: h葿ꚵp://batman.wikia.com/wiki/Wayne_Enterprises
3. ungassforum // 09/08/2012 às 20:54 // Responder
Ops, Zizek é um bom filósofo, mas como crítico de cinema continua sendo somente um bom
filósofo. Essa de querer colocar Occupy Wall Street como metáfora no filme foi obra de RP da
Warner, que ele, a imprensa e o Nolan (que nesse filme se perdeu feio) infelizmente quer ajudar a
difundir. Pena.Get a grip, Slavoj, get real!
4. Rodrigues // 10/08/2012 às 2:42 // Responder
Para variar, Zizek se deixa levar pela superinterpretação. Tudo o que este texto consegue é gerar
(mais) publicidade para o filme.
5. André Serpa // 10/08/2012 às 3:00 // Responder
Discordo, discordo e discordo. O cara pegou pesado e se equivocou ao dizer que Bruce/ Batman é
um traficante de armas. O que as Industrias Wayne faz é desenvolver tecnologia, algumas vezes
em parceria com o governo. Inclusive nota‑se a preocupação clara de Lucius Fox, e depois, de
Bruce com a finalidade, o destino e a guarda de certas tecnologias. O Departamento de Ciências
Aplicadas, não é o mais importante, tanto é verdade que qu é quase secreto e mantido nas mãos
de uma pessoas extremamente séria e ética. Vide “O Cavaleiro das Trevas”. Os acionistas não
lidam com ele. Vc acha que investiriam grana alta em algo que não sabem o que é?? Distorceu.
6. André Serpa // 10/08/2012 às 3:22 // Responder
Quanto a Che Guevara pode ter alguma semelhança, embora o revolucionário latino‑americano
jamais quisesse jogar uma bomba nuclear em seu próprio povo. Quanto a Jesus está mais longe
ainda. Apenas 2 pontos de muitos discordantes:1. O Reino de Cristo não é deste mundo. 2.O
preceito da não violência é indissociável da ética e conduta de Jesus.
7. Vinicius Brito // 10/08/2012 às 12:42 // Responder
Gostei mais das respostas do que do texto…Concordo em partes com os comentários, mas o texto
tampouco é ruim. Só não é a verdade absoluta sobre o filme. E ainda se fosse: P0RRA, é só um
filme. Feito para vender e entreter. Precisa de explosões, mocinhas e mocinhos. Coisas que
agradam as massas. Pessoas inteligentes pra cacete deveriam gastar tempo super‑analisando
eventos mais relevantes. Ou fazer seus próprios filmes, com a mensagem que quiser (ninguem vai
assistir e só vai passar no Telecine Cult).
8. Gustavo Bruno // 10/08/2012 às 13:56 // Responder
Mas que interpretação absurda. Toda a interpretação do Zizek sobre o filme se encaixa nos
Mas que interpretação absurda. Toda a interpretação do Zizek sobre o filme se encaixa nos
DESEJOS de Zizek, e não do que podemos realmente retirar do filme. Acho que todo mundo aqui
já apontou os erros, enganos e exageros do autor. Mas só pra finalizar, Zizek e muitos outros
ignoraram que Bane não é um líder revolucionário e sim POPULISTA. Ele chama as massas para
fazer valer seus próprios interesses, e não os interesses do povo. Ele não está interessado em
distribuir poder e renda ao povo, mas enganá‑los para que seu objetivo maior, que é destruir
Gotham e concretizar os planos de Ra´s.
João // 05/01/2013 às 23:36 // Responder
Justamente, como o proprio Zizek fala, trata‑se de uma CARICATURA do revolucionario, seu
cabeção. Uma caricatura que retrata um certo tipo de visão que assimila o revolucionario a um
terrorista e a causa revolucionaria a um “projeto sinistro”.
9. Ricardo André // 10/08/2012 às 14:18 // Responder
Gostei da análise. Em especial do paralelo feito com a obra de Saramago. Não vi o filme, verei
com esse viés crítico – o que certamente tornará a experiência mais interessante. Vi os filmes
anteriores e me pareceram pertinentes as reflexões relacionadas a eles… A ideia psicanalítica do
“espectro” (quando conclui que o “poder do povo” exerceu sobre Hollywood algum magnetismo
e que tal aspecto não deve passar em branco neste filme) e, sobretudo, as conclusões para além do
senso comum estão presentes, como sempre. Isso é marcante no pensamento de Zizek. E é mais
interessante porque ele se propõe a bordar suas ideias sobre o tecido de uma cultura de massa.
Essa perspectiva crítica e materialista (quando lançada sobre uma história de herói que tenderia
ao banal) é muitíssimo instigante.
Maria Helena // 18/08/2012 às 14:01 // Responder
Afinal, um comentário lúcido e inteligente! Merece resposta! Veja, Ricardo, o que pensa sobre a
idéia do amor nos revolucionários? Já leste O Príncipe, do Maquiavel? E na tua opinião, o que
move uma grande potência a invadir outros países para “salvar” seu povo de alguma coisa,
promovendo a matança, não é o amor?
João // 18/09/2012 às 1:21 // Responder
Acho engraçado esse ideal da revolução do povo, e ainda comparar com cristianismo.
Enquanto Marx falava na união do povo para mudar um sistema, Jesus fala da mudança
pessoal para mudar o todo o que acaba sendo distoante. No final a experiência comunista
foi um fracasso, porque sempre esbarra no grande problema do homem como individuo,
sim porque mesmo um ideal revolucionário , com belos principios demagógicos, no final
resultaram no inicio de um novo regime com lideres com grande fraqueza moral (pessoas
que não mudaram) como exemplo che guevara e Fidel (um traindo o outro), os lideres da
CCCP com maior destaque para Stalin, enfim pessoas que vieram de “belos ideais” mas
que no fim só mudaram a própria vida (no caso o bolso), transformando assim na boa e
velha mensagem, “eu me tornei quem eu tanto combati…”
10. Cristiano // 10/08/2012 às 14:56 // Responder
Concordo em alguns pontos, discordo em muitos outros. Gotham no filme se divide entre sua
elite (a maioria corrupta, ok), os bandidos relacionados ao crime organizado, e o povo
propriamente dito, que sofre na mão da elite dominante e dos gângsters. É por esses que Batman
sempre lutou, apesar de no último filme essa motivação ficar um pouco de lado. Acho que a idéia
do “ressurgimento” vem daí. A decisão do Batman provocou o fim dos bandidos nas ruas, mas se
mostrou equivocada, já que então o povo passou a sofrer só na mão dos bandidos da elite,
respaldados pelo Ato Dent, e o herói se tornou novamente necessário. Nesse ponto o Nolan se
atrapalhou com as fichas, e as motivações do Bane deram um nó no resto. Outra coisa, o tal “povo
no poder” de Gotham não é realmente o “povo” de Gotham. Quem toma o controle da cidade e
organiza os julgamentos da elite capitalista e corrupta (e seriam todos corruptos só por serem
ricos ?), são os mercenários da Liga das Sombras e os presos que foram soltos. O fato deles terem
ricos ?), são os mercenários da Liga das Sombras e os presos que foram soltos. O fato deles terem
sido presos e ficarem trancados por uma lei opressora não os absolve dos seus crimes (ou
absolve?), e eu acho muito difícil de acreditar que TODOS naquela prisão tenham sido
trancafiados só APÓS a aprovação do Ato Dent. E convenhamos, o “juiz” do tribunal é o
Espantalho, um psiquiatra de olhos azuis, ex‑integrante da “elite dominante e corrupta”,
completamente INSANO, que aproveitava a sua posição de poder para usar como cobaias nos
seus cruéis experimentos os internos do Asilo Arkham. E aquilo não dá pra chamar de tribunal, já
que a única escolha dos “culpados” era andar e morrer no gelo. Era apenas execução sumária
disfarçada. Pra mim é só um filme confuso e pretensioso, que acerta em alguns pontos e erra em
muitos outros ( Bane é o exemplo – um personagem fascinante que foi muito mal aproveitado ).
As interpretações a partir daí ficam a cargo de cada um. Essa relação com o Occupy Wall Street
pra mim é bem distante, mas outros podem pensar diferente e tem esse direito. Por enquanto
espero a análise do mesmo autor sobre a season finale de “The Walking Dead”, e a frase de Rick
Grimes: “‑ This is not a democracy anymore!”. Não rende alguns parágrafos ?
11. rodrigo // 10/08/2012 às 15:04 // Responder
resenha fantástica, como esperado do zizek, mas percebi algumas lacunas:
1‑ a caracterização do wayne como traficante de armas e especulador financeiro. os comentários
acima rejeitaram a primeira afirmação mas não falaram da segunda, que é realmente verdadeira.
aliás, o homem de ferro também é especulador e fabricante/comerciante de armas
2‑ a representação dos movimentos de revolta como uma abertura em relação à barbárie. se a
preocupação foi unicamente o ows, então é mesmo uma caracterização absurda. o ows teve um
início espontâneo e é comprometido, por princípio, com a não‑violência. mas se o objetivo foi algo
mais geral, achei uma boa caracterização. diferente do ows até o momento, a revolta do filme foi
uma revolta orquestrada por um não revoltoso, o bane, que manipula completamente o contexto
de início da revolta para, então, se juntar às sombras, permitindo que os revoltosos se vejam como
donos do processo, em vez de herdeiros de um plano completamente diferente, que não
conhecem. essa crítica da manipulação das massas é sempre oportuna, na minha opinião
3‑ harvey dent é mais batman do que o batman. nessa, eu tenho que admitir, fiquei
completamente perdido. o fato de ele ser mais violento que o próprio batman também me soou
estranho. a não ser que seja uma referência à cena em que ele ameaça matar um criminoso caso a
moeda dê coroa (a moeda é falsa, tem duas caras, mas o ato é violento pela crueldade)
4‑ achei muito boa a dinâmica do amor e da violência como fatores da atitude revolucionária. no
caso, atitude terrorista de bane. mas tive uma dúvida: por que o zizek não percebeu que o batman
TAMBÉM é um terrorista? diferente de bane, ele é um terrorista a favor do sistema, mas até aí,
bush também era. quem leu o batman de frank miller (o cavaleiro das trevas/the dark knight
returns e cavaleiro das trevas 2/the dark knight strikes again)”vai lembrar que ele diz “incutir
terror é a melhor parte do trabalho”. batman aterroriza os criminosos utilizando seu próprio
medo (o morcego). ele mantém o crime sob controle, mas não agindo nos motivos pelos quais o
crime existe, mas reprimindo pela força a atividade criminosa, tanto do pé‑de‑chinelo
desesperado quanto do tubarão de colarinho branco (e essa é a diferença do batman antigo, que só
lutava com bandidinhos de rua e loucos com arsenais interessantes). se bane é movido por um
grande amor, batman também é: ele ama a cidade, ama a memória dos pais. se bane se sacrificou
para salvar talia, pagando um preço terrível, batman também o fez: ele perdeu o controle da
própria vida civil, afastou amigos, perdeu a mulher que amava (tanto quando a salvou no
primeiro filme quanto quando falhou em salvá‑la no segundo. aliás, quando ela morreu, já estava
fora do alcance dele). no final ele realmente reconquista pelo menos o que resta de sua vida (a
aparição dele em florença dificilmente seria uma alucinação, pois o batsinal foi consertado e blake
herdou a caverna)
5‑ ainda sobre o amor e a violência. a comparação de guevara e jesus foi muito interessante. nunca
li nada realmente informativo sobre o che, mas há um livro, muito interessante, chamado “a
última semana”, que reconta a última semana de jesus, explicitando suas motivações políticas
passionais (primeiro sentido de paixão, como amor devoto) que o levaram à paixão pela
passionais (primeiro sentido de paixão, como amor devoto) que o levaram à paixão pela
crucificação (segundo sentido de paixão, como sofrimento). é um livro interessante porque
defende que não há possibilidade de um cristianismo que venere a segunda paixão sem
compreender a primeira (e participar dela). e isso chama atenção para as várias significações de
violência no texto do zizek. a violência pode ser tanto o ato de agressão, direto ou indireto, a outra
pessoa quanto a recusa e inclusive o ataque a algo imaterial como um sistema político‑econômico.
e é através desse segundo sentido que zizek nos mostra a “violência” do ows e do cristianismo
primitivo, ambos movimentos pacifistas
12. Carolina Nerval // 10/08/2012 às 22:50 // Responder
Zizek é um escritor instigante, sempre inteligente, profícuo. Incrível ter um texto dele assim tão
elaborado, publicado no Brasil com exclusividade! A Boitempo está de parabéns por nos
proporcionar boas reflexões, e de altíssimo nível. Abraços a todos aí.
13. Eli // 11/08/2012 às 1:09 // Responder
Isso me remete aos Ufólogos que vêem conspirações governamentais para encobrimento da
presença alienígena em todos os cantos, seja livros, músicas, filmes e todo tipo de manifestação
midiática de massa. Também me recorda aqueles que conspiram a respeito de um governo
mundial, os Iluminates, enfim não deixa de ser um tipo de alienação que faz o indivíduo perder a
noção da realidade e ver aquilo que lhe interessa em tudo que o cerca.
14. Fabio De Oliveira Ribeiro // 11/08/2012 às 10:46 // Responder
Quando eu proponho este tipo de discussão o respeitável publico cai de pau em cima de mim
h葿ꚵp://www.midiaindependente.org/pt/blue/2012/07/510123.shtml
Desta vez Zizec apenas confirmou, com eloquencia, a validade do tipo de abordagem que eu faço.
vinicius // 13/08/2012 às 19:59 // Responder
h葿ꚵp://dialetica.org/donize葿ꚵi/do‑papel‑da‑critica‑batman‑e‑zizek/
este texto deveria vir como pré‑requisito pra poder comentar a publicação do zizek. pq tá feio
o negócio ein…
15. Ingrid // 13/08/2012 às 12:50 // Responder
Se for para interpretar o filme sob a velha dicotomia esquerda/direita, me parece muito mais
significativo o fato de que o povo não participou da “revolução”: a luta final foi entre a polícia e o
pessoal do Bane, os atos que pretendiam divulgar a revolução foram do pessoal do Bane, em
nome do povo, que não foi consultado em nenhum momento e que nenhuma relevância teve no
curso da estória, assim como frequentemente não o tem na História.
Pois o que realmente me perguntei depois que começou a confusão toda em Gotham quando
estava assistindo o filme foi: onde raios está o povo? esse homem, que nem é da cidade nem nada,
chega invadindo a Bolsa, explodindo o estádio, prendendo a polícia no esgoto da cidade e falando
de uma revolta popular, como se eles tivessem tido escolha em algum momento. Os julgamentos
eram comandados pelo povo, mesmo? onde foi que apareceu a manifestação da massa, sem que
eles estivessem usando aquelas roupas toscas do pessoal do Bane?
Embora existam movimentos populares autênticos, ao longo da História o que mais se vê são
aqueles em que o povo mesmo, é apenas o pretexto para os atos que permitirão que um grupo
especifico satisfaça sua própria vontade e ao povo restará se adaptar ao fluxo do tempo e tentar
sobreviver ao que nunca é um combate entre “O Sistema vs. Seus Destruidores” e sim “O Sistema
atual vs. O Próximo Sistema”.
aldo // 27/08/2012 às 4:01 // Responder
adorei seu comentário.
Apolo // 06/10/2012 às 20:38 // Responder
Apolo // 06/10/2012 às 20:38 // Responder
Ninguém está questionando as reais intenções do Bane… mas eu compartilhei com você da
mesma dúvida enquanto assistia o filme: “Onde está o povo ali?”
16. Capivara humana // 14/08/2012 às 13:10 // Responder
Esse Zizek é muito picareta hauhauhauhauahuahuah
Muito, MUITO picareta
17. L // 14/08/2012 às 13:11 // Responder
O Nolan já havia dito que seu filme foi inspirado em A Tale of Two Cities de Charles Dickens
18. L // 14/08/2012 às 14:31 // Responder
Nolan escreveu e filmou ANTES do Ocupe Wall Street
19. grandehippie // 14/08/2012 às 14:42 // Responder
Reblogged this on Casa do Grande Hippie ʺe comentado:
Bane e os 99%
20. Brega Presley // 14/08/2012 às 16:49 // Responder
O texto traz considerações diferentes e apresenta outra visão. Concordar ou não é direito de cada
um, mas comentários como o da punheta são bem dispensáveis.
A análise do herói, fazendo um pareamento entre Guevara e Cristo não é novidade e nem deveria
ofender religiosos. Já foi feita inúmeras vezes, e recomendo a leitura de “Herói Das Mil Faces”
antes de falar bobagem.
O texto não escapa de uma certa dicotomia, ainda que o autor tente minimizá‑la um pouco: A
direita liberal e opressora com medo dos que não comem, etc. Mas ele tem razão sob vários
aspectos. Pode não ter sido uma intenção conciente do diretor ou roteirista, mas um filme que só
pode tratar de revoltas populares como algo opressivo é um espelho de uma certa opressão que
deveras existe, ainda que disfarçada. De fato há miséria, de fato Wall Street foi inepto e
ganancioso em uma série de erros que culminaram na atual recessão americana e os liberais
pedem “sepração de corpos” com o governo, mas ficam bem excitadinhos quando é preciso
intervenções de injeção de dinheiro em bancos falidos.
Mas fora tudo isso, o problema é que o filme não apresenta de forma clara a NECESSIDADE de
mudanças. Talvez não tão radicais como a do filme, mas sem dúvida necessárias em algum ponto.
Basta ver o que ocorre (ainda) na “Primavera Árabe” para entender que que há, sim, revoluções e
levantes violentos porém necessários mesmo hoje em dia.
E Bruce Wayne é um ‘terrorista” que usa o terror contra assaltantes, igualmente violento e
moralmente questionável. É um justiceiro, que “não mata” porque é um personagem, mas seus
equivalentes reais nada tem das mesmas preocupações éticas.
É válida a crítica, no meu entender, portanto, e acho engraçado que em um país com enormes
desigualdades e com governos de ética bem questionável, tanta surpresa cause uma defesa do
direito de se revoltar contra uma situação opressiva e injusta.
O problema das revoluções é o “day After” com julgamentos e patrulhamentos ideológicos em
geral bem opressivos. Mas isso não altera o fato de uma outra opressão, anterior, ter sido tão forte
a ponto de alimentar tamanha ebulição e caos social que a desestabilizasse, para início de
conversa.
21. SR // 14/08/2012 às 20:46 // Responder
21. SR // 14/08/2012 às 20:46 // Responder
Existe um caminho que perpassa o pano de fundo do filme que vai dar nos quadrinhos. Sua
releitura, sua adequação à realidade social, sua adequação ao produto da Industria Cultural. O
derrapar de Slavoj encontra‑se exatamente em não perceber essa rede discursiva e mirabolar
pretensões discursivas.
22. serge // 17/08/2012 às 0:52 // Responder
muito bom mesmo, acadei de ler…concordo com algumas ideias. os americanos sempre gostam
de representar um herói, esquecendo seu lado escuro( wayne vende armas, é especulador, etc.). o
primeiro também mostrava um povo besta, manipulável, o que justifica a dominação de uma
pequena elite em gotham(aí o livro de charles wright mill, as elites do poder, tem toda sua
relevância). tenho certeza também que existem revolucionários sinceros e o contrário deles…
kkk…o que seria o caso de zizek????? queria, porém, uma análise mais aprofundada da violência
como uma necessidade em algumas ocasiões. Franz Fanon e Hannah Arendt escreveram
excelentes livros sobre o tema… bom , depois ele tem uma concepção de violência que não é
muito consequente na minha opinião, pois, o que deve ser problematizado de fato é a violência no
sentido literal…
Apolo // 06/10/2012 às 20:40 // Responder
Wayne NÃO VENDE ARMAS!
23. Matheus P Silva // 20/08/2012 às 1:59 // Responder
Reblogged this on Blog do Prof. Matheuse comentado:
Interessante análise político‑filosófico do filme “Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge”. Sugiro
a leitura.
24. Anticomunismo // 23/08/2012 às 4:45 // Responder
Batman é só batman gente,o Nolan queria colocar algo mais serio e digamos até real nos filmes
dele,não sobre herois bonzinhos e tudo mais,só que essa analise ai é uma merda,esse é o que eu
chamo de o efeito socialismo/comunismo,querer dar em tudo um sentido filosofico,politico,por
favor,esse papo de querer formar um significado não rola,e tem mais,se quer criticar uma coisa
pelo menos entenda ela,falar que a wayne enterprises fatura dinheiro com armas é muita
sacanagem.É facil ficar citando livros,textos,e autores cults pra comparar e comprovar a teses,mas
tudo são apenas palavras pra tentar,e eu disse tentar forçar essa explicação sobre o filme.O filme
nada mais é do que um filme,sem comprometimento com politica pesada ou essas coisas
25. marcus moura // 24/08/2012 às 15:36 // Responder
vamos ler o quadrinho sobre o bane!
26. rafael // 27/08/2012 às 18:36 // Responder
quero ver slavoj comentar ‘os mercenários 2’…
falando sério, a análise é interessante, mas não há cinema nela. teria mais valor se fosse feita
juntamente com o diretor antes de filmar para dar mais profundidade psicológica aos
personagens. PS. só faltou fazer um comparativo a relação do batman com a mulher‑gato com o
amor proibido de romeu e julieta. se batman fose che, teria uma ak‑47 e fumaria charutos, se fosse
jesus, andaria descalço e andaria de jegue.
quanto ao filme, é um péssimo filme do batman; no qual o personagem‑título aparece apenas uns
20‑25 minutos do tempo total do filme. é o cavaleiro das trevas que aparece mais de dia que à
noite. a primeira metade do filme dá sono, a outra, tédio. crise de identidade é pro chato do
homem‑aranha, que não sabe se casa ou compra uma bicicleta; batman tem que dar porrada em
bandido, ter apetrechos legais no cinto, abrir a capa. nesse filme, ele quase é morto duas vezes e
nenhuma delas se salvou por mérito próprio, mas, uma pela piedade do vilão não o ter matado (o
nenhuma delas se salvou por mérito próprio, mas, uma pela piedade do vilão não o ter matado (o
mandou para prisão), a outra pela mulher‑gato.
ainda fico com os dois filmes do tim burton, com o michael keaton, que são mais dark!
Apolo // 06/10/2012 às 20:43 // Responder
A intenção do Žižek não foi escrever uma crítica de cinema, caso você não tenha percebido…
27. Ricardo // 02/09/2012 às 18:29 // Responder
É uma análise interessante, embora seja viciada pela obsessão intelectual de Zizek pelo Occupy
Wall Street.
O movimento iniciado por Bane é terrorista e sua parte revolucionária é ilusória. É como se Bane
fosse um fundamentalista do talibã sequestrando aviões e explodindo pontos de Gotham com o
objetivo de passar sua mensagem, mas não um ativista com uma agenda revolucionária. Basta
lembrar que sua república “comunista” tinha prazo de validade definido pela bomba nuclear
obtida nas Wayne Enterprises.
Sua diferença em relação ao Coringa é que Bane é um terrorista profissional, usando de uma
ordem para criar o caos em outra ordem, enquanto Coringa era o puro caos, trabalhando ou
explorando as pessoas por um curto espaço de tempo para disseminar sua visão de mundo
anarquista. Dessa forma é possível dizer que o Coringa era um vilão até mais ideológico que Bane.
O Batman, nesse contexto é a própria ordem, baseada não no amor ao sistema, mas no amor às
pessoas, à ideia de humanidade (de uma maneira que a metáfora de Jesus Cristo torna‑se
apropriada). Batman é avesso à morte e ao derramamento de sangue como métodos válidos de
justiça, e, no final, acaba defendendo a vida mais que a propriedade. Basta ver como sua redenção
ocorre depois que ele divide seus bens materiais e ressuscita o orfanato para notar que ele não é
capitalista, e sim humanista.
28. Juliana Melo // 24/01/2013 às 3:38 // Responder
Tem duas coisas muito complicadas nesse texto, que acabam derrubando toda a tese. Uma vez
que o autor pauta sua argumentação em uma visão do personagem do Bruce Wayne que não é
real, em relação as armas, parece algo pequeno, mas desconstrói todo o argumento. Em segundo
lugar, o projeto do Bane de “devolver a cidade ao povo” nunca foi uma tentativa de instigar uma
revolução anarquista, mas sim a criação de um caos da esperança, provando que, no desespero,
toda a cidade de Gothan entraria em colapso pois a sua própria existência é corrupta. Ele levou ao
extremo a tentativa do Coringa de fazer os barcos explodirem um ao outro simultaneamente no
final do The Dark Knight. Nunca houve revolução, nunca houve participação popular e nunca
houve possibilidade de redenção para a cidade dentro dos planos de Bane.
Mas uma coisa eu concordo, o final que Bane teve foi patético. Não concordo com a carga
simbólica que o autor atribuiu a isso, mas, falando agora como fã que achou a construção e a
interpretação do personagem excelentes, acho que ele merecia um final mais digno.
29. Ricardo Lima // 24/07/2015 às 23:23 // Responder
Republicou isso em Páginas Perdidase comentado:
Brilhante análise sobre o Homem Morcego.
30. Art // 04/05/2016 às 13:16 // Responder
resposta
31. teste // 04/05/2016 às 14:03 // Responder
teste
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