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Ditadura 

do proletariado em Gotham City: Artigo
de Slavoj Žižek sobre o novo Batman

Posted on 08/08/2012 // 53 Comments

(h摩效ps://boitempoeditorial.files.wordpress.com/2012/08/12‑08‑08_slavoj‑zizek_ditadura‑do‑proletariado‑em‑
gotham‑city.jpg)Por Slavoj Žižek.

Confira abaixo artigo inédito, traduzido por Rogério Be摩效oni, enviado com exclusividade pelo autor para
a Boitempo publicar em seu Blog.

Adverte‑se aos leitores que o texto contém detalhes da trama de Batman – O Cavaleiro das Trevas
Ressurge.

For the english version, click here (h葿ꚵps://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/08/08/dictatorship‑
of‑the‑proletariat‑in‑gotham‑city‑slavoj‑zizek‑on‑the‑dark‑knight‑rises/).

Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge confirma mais uma vez como os blockbusters de Hollywood
são indicadores precisos da situação ideológica da nossa sociedade. A narrativa (resumida) se dá da
seguinte maneira. Oito anos depois dos eventos de Batman – O Cavaleiro das Trevas, capítulo anterior
da saga Batman, a lei e a ordem prevalecem em Gotham City: sob os extraordinários poderes do Ato
Dent, o comissário Gordon praticamente erradicou o crime violento e organizado. No entanto, ele se
sente  culpado  pela  cobertura  dos  crimes  de  Harvey  Dent  (Dent  morreu  ao  tentar  matar  o  filho  de
Gordon, salvo por Batman, que assumiu a culpa em nome da manutenção do mito de Dent, levando a
uma demonização de Batman como vilão de Gotham) e planeja admitir a conspiração em um evento
público de celebração a Dent, mas acaba concluindo que a cidade não está preparada para a verdade.
Bruce  Wayne,  que  não  atua  mais  como  Batman,  vive  isolado  na  própria  Mansão  enquanto  sua
empresa desmorona depois de ter investido em um projeto de energia limpa criado para aproveitar a

energia nuclear, mas encerrado quando ele descobriu que o núcleo poderia ser transformado em uma
energia nuclear, mas encerrado quando ele descobriu que o núcleo poderia ser transformado em uma
bomba.  A  lindíssima  Miranda  Tate,  membra  do  conselho  administrativo  da  Wayne  Enterprises,
convence Wayne a refazer a sociedade e continuar com seus trabalhos filantrópicos.

Aqui entra o (primeiro) vilão do filme: Bane, líder terrorista e antigo membro da Liga das Sombras,
consegue  a  cópia  do  discurso  de  Gordon.  Depois  que  as  tramas  financeiras  de  Bane  quase  levam  a
empresa de Wayne à falência, Wayne confia a Miranda a tarefa de controlar seus negócios, além de
ter  com  ela  um  breve  caso  amoroso.  (Nesse  aspecto  ela  compete  com  a  gata‑ladra  Selina  Kyle,  que
rouba  dos  ricos  para  redistribuir  a  riqueza,  mas  acaba  se  juntando  a  Wayne  e  às  forças  da  lei  e  da
ordem.) Ao descobrir a movimentação de Bane, Wayne retorna como Batman e confronta Bane, que
afirma  ter  assumido  a  Liga  das  Sombras  após  a  morte  de  Ra’s  Al  Ghul.  Depois  de  deixar  Batman
gravemente ferido em um combate corpo a corpo, Bane o coloca numa prisão de onde é praticamente
impossível  fugir.  Seus  companheiros  de  prisão  contam  para  Wayne  a  história  da  única  pessoa  que
conseguiu escapar: uma criança motivada pela necessidade e pela mera força de vontade. Enquanto o
prisioneiro Wayne se recupera dos ferimentos e se prepara para ser Batman de novo, Bane consegue
transformar  Gotham  City  em  uma  cidade‑Estado  isolada.  Primeiro  ele  atrai  para  o  subsolo  a  maior
parte dos policiais de Gotham e os prende lá; depois provoca explosões que destroem a maioria das
pontes que conectavam Gotham City ao continente, anunciando que qualquer tentativa de deixar a
cidade  resultaria  na  detonação  do  núcleo  de  Wayne,  do  qual  se  apoderou  e  transformou  em  uma
bomba.

Chegamos então ao momento crucial do filme: a tomada de poder por parte de Bane acontece junto
com uma vasta ofensiva político‑ideológica. Bane revela publicamente o acobertamento da morte de
Dent e liberta os prisioneiros detidos pelo Ato Dent. Condenando os ricos e poderosos, ele promete
devolver  o  poder  ao  povo,  convocando  as  pessoas  comuns  a  “tomarem  a  cidade  de  volta”  –  Bane
revela‑se como “o manifestante definitivo do Occupy Wall Street, convocando os 99% a se juntarem
para  derrubar  as  elites  sociais”[1]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn1). Segue‑se então a ideia do filme de poder do
povo: uma sequência mostra  uma série de julgamentos e execuções dos ricos, as ruas tomadas pelo
crime  e  pela  vilania…  alguns  meses  depois,  enquanto  Gotham  City  continua  sofrendo  o  terror
popular, Wayne consegue fugir da prisão, retorna a Gotham como Batman e convoca os amigos para
ajudá‑lo a libertar a cidade e desarmar a bomba nuclear antes que ela exploda. Batman confronta e
domina Bane, mas Miranda intervém e apunhala Batman – a benfeitora social revela‑se como Talia al
Ghul,  filha  de  Ra’s:  foi  ela  que  escapou  da  prisão  quando  criança  e  foi  Bane  que  a  ajudou  a  fugir.
Depois  de  comunicar  seu  plano  de  terminar  a  tarefa  do  pai  de  destruir  Gotham,  Talia  foge.  Na
confusão  que  se  segue,  Gordon  destrói  o  dispositivo  que  permitia  a  detonação  remota  da  bomba
enquanto  Selina  mata  Bane,  permitindo  que  Batman  vá  atrás  de  Talia.  Ele  tenta  forçá‑la  a  levar  a
bomba para a câmara de fusão onde pode ser estabilizada, mas Talia inunda a câmara. Talia morre
quando seu caminhão bate, confiante de que a bomba não pode ser detida. Usando um helicóptero
especial,  Batman  transporta  a  bomba  para  além  dos  limites  da  cidade,  onde  ela  explode  sobre  o
oceano e supostamente o mata.

Agora Batman é celebrado como um herói cujo sacrifício salvou Gotham City, enquanto Wayne é tido
como morto nos motins. Após seus bens serem divididos, Alfred vê Bruce e Selina juntos em um café
em Florença, enquanto Blake, jovem policial honesto que conhecia a identidade de Batman, herda a
Batcaverna. Em suma, “Batman salva a situação, aparece incólume e continua com uma vida normal,
enquanto  outro  o  substitui  no  papel  de  defender  o  sistema”[2]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn2).  A  primeira  pista  dos  fundamentos
ideológicos desse final é dada por Gordon, que, no (suposto) enterro de Wayne, lê as últimas linhas
de Um conto de duas cidades, de Dickens: “Esta é, sem dúvida, a melhor coisa que faço e que jamais fiz;

este  é,  sem  dúvida,  o  melhor  descanso  que  terei  e  que  jamais  tive”.  Alguns  críticos  do  filme
este  é,  sem  dúvida,  o  melhor  descanso  que  terei  e  que  jamais  tive”.  Alguns  críticos  do  filme
interpretaram  essa  citação  como  um  indício  de  que  o  filme  “atinge  o  nível  mais  nobre  da  arte
ocidental. O filme apela para o centro da tradição norte‑americana – o ideal do nobre sacrifício pelo
povo comum. Batman deve se humilhar para ser exaltado e renunciar à própria vida para encontrar
uma  nova.  […]  Como  máxima  figura  de  Cristo,  Batman  sacrifica  a  si  para  salvar  os  outros”[3]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn3).

Dessa  perspectiva,  com  efeito,  Dickens  está  apenas  a  um  passo  de  distância  de  Cristo  no  Calvário:
“Pois  aquele  que  quiser  salvar  a  sua  vida,  vai  perdê‑la,  mas  o  que  perder  a  sua  vida  por  causa  de
mim, vai encontrá‑la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a
sua  vida?”  (Mt  16:25‑26  da  Bíblia de Jerusalém).  O  sacrifício  de  Batman  como  repetição  da  morte  de
Cristo? Essa ideia não seria comprometida pela última cena do filme (Wayne com Selina em um café
em Florença)? O equivalente religioso desse final não seria a conhecida ideia blasfema de que Cristo
realmente sobreviveu à crucificação e teve uma vida longa e pacífica (na Índia, ou talvez no Tibete, de
acordo com algumas fontes)? A única maneira de remir essa cena final seria interpretá‑la como um
devaneio (alucinação) de Alfred, que se senta sozinho em um café em Florença. Outra característica
dickensiana do filme é a queixa despolitizada sobre a lacuna entre ricos e pobres – no início do filme,
Selina sussurra para Wayne enquanto eles dançam em um baile exclusivo da elite: “Está vindo uma
tempestade,  sr.  Wayne.  É  melhor  que  estejam  preparados.  Pois  quando  ela  chegar,  todos  se
perguntarão como acharam que poderiam viver com tanto e deixar tão pouco para o resto”. Nolan,
como todo bom liberal, está “preocupado” com essa disparidade e reconhece que essa preocupação
impregnou o filme:

O que vejo do filme relacionado ao mundo real é a ideia de desonestidade. O filme inteiro trata da chegada do seu
ponto crítico. […] A ideia de justiça econômica perpassa o filme, e por duas razões. Primeiro, Bruce Wayne é um
bilionário. Isso tem de ser levado em conta. […] E segundo, há muitas coisas na vida, e a economia é uma delas,
em  que  precisamos  confiar  em  grande  parte  do  que  nos  dizem,  pois  a  maioria  de  nós  se  sente  desprovida  das
ferramentas analíticas para saber o que está acontecendo. […] Não acho que existe uma perspectiva de direita ou
de  esquerda  no  filme.  Ele  faz  apenas  uma  avaliação  honesta,  ou  uma  exploração  honesta,  do  mundo  em  que
vivemos  –  de  coisas  que  nos  preocupam.[4]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn4)

Por mais que os espectadores saibam que Wayne é extremamente rico, eles tendem a se esquecer de
onde vem a riqueza dele: fabricação de armas e especulação financeira, e é por isso que as jogadas de
Bane  na  Bolsa  de  Valores  podem  destruir  seu  império  –  traficante  de  armas  e  especulador,  esse é  o
verdadeiro  segredo  por  trás  da  máscara  do  Batman.  De  que  modo  o  filme  lida  com  isso?
Ressuscitando o tema arquetípico dickensiano do bom capitalista que se envolve no financiamento de
orfanatos  (Wayne)  versus  o  mau  e  ganancioso  capitalista  (Stryver,  como  em  Dickens).  Nessa
moralização  dickensiana  excessiva,  a  disparidade  econômica  é  traduzida  na  “desonestidade”  que
deveria  ser  “honestamente”  analisada,  embora  não  tenhamos  nenhum  mapeamento  cognitivo
confiável, e uma abordagem “honesta” como essa nos leva a mais um paralelo com Dickens – é como
afirmou Jonathan (corroteirista), irmão de Christopher Nolan, sem rodeios: “Para mim, Um conto de
duas  cidades  foi  o  retrato  mais  angustiante  de  uma  civilização  reconhecível  e  descritível  que  se
desintegrou completamente em pedaços. Com os terrores em Paris, na França daquela época, não é
difícil  imaginar  que  as  coisas  dariam  tão  errado  assim”[5]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn5).  As  cenas  do  vingativo  levante  populista  no
filme  (uma  multidão  sedenta  pelo  sangue  dos  ricos  que  os  ignoraram  e  exploraram)  evocam  a

descrição  de  Dickens  do  Reino  do  Terror,  tanto  que,  embora  não  tenha  nada  a  ver  com  política,  o
descrição  de  Dickens  do  Reino  do  Terror,  tanto  que,  embora  não  tenha  nada  a  ver  com  política,  o
filme  segue  o  romance  de  Dickens  ao  retratar  “honestamente”  os  revolucionários  como  fanáticos
possuídos, e assim fornece

a  caricatura  do  que,  na  vida  real,  seriam  revolucionários  comprometidos  ideologicamente  no  combate  da
injustiça estrutural. Hollywood conta o que o establishment quer que saibamos – que os revolucionários são
criaturas brutais, sem nenhum respeito pela vida humana. Apesar da retórica emancipatória sobre a libertação,
eles  têm projetos sinistros  por  trás.  Portanto,  quaisquer  que  sejam  as  razões,  elas precisam ser eliminadas.[6]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn6)

Tom Charity destacou corretamente “a defesa que o filme faz do establishment na forma de bilionários
filantrópicos e uma polícia corrupta” – na sua desconfiança das pessoas que resolvem as coisas com
as  próprias  mãos,  o  filme  “demonstra  tanto  o  desejo  por  justiça  social  quanto  o  medo  do  que
realmente  pode  parecer  nas  mãos  de  uma  multidão”[7]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn7).  Aqui,  Karthick  levanta  uma  questão  bem
clara  sobre  a  imensa  popularidade  da  figura  do  Coringa  no  filme  anterior:  qual  o  motivo  de  uma
atitude tão hostil para com Bane quando o Coringa foi tratado com tanta mansidão no filme anterior?
A resposta é simples e convincente:

O Coringa, que clama por anarquia na sua mais pura manifestação, enfatiza a hipocrisia da civilização burguesa
como ela existe, mas é impossível traduzir suas visões em uma ação de massa. Bane, por outro lado, representa
uma  ameaça  existencial  ao  sistema  de  opressão.  […]  Sua  força  não  é  apenas  a  psique,  mas  também  sua
capacidade de comandar as pessoas e mobilizá‑las rumo a um objetivo político. Ele representa a vanguarda, o
representante  organizado  dos  oprimidos  que  promove  a  luta  política  em  nome  deles  para  gerar  mudanças
sociais. Tamanha força, com o maior dos potenciais subversivos, não tem lugar dentro do sistema. Ela precisa ser
eliminada.[8]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn8)

No entanto, ainda que Bane não tenha o fascínio do Coringa de Heath Ledger, há uma característica
que  o  distingue  desse  último:  o  amor  incondicional,  a  mesma  fonte  da  sua  dureza.  Em  uma  cena
curta mas comovente, vemos como, em um ato de amor no meio do sofrimento terrível, Bane salvou a
garota  Talia  sem  se  importar  com  as  consequências  e  pagando  um  preço  terrível  por  isso  (foi
espancado quase até a morte por defendê‑la). Karthick tem toda razão ao situar esse acontecimento
dentro da longa tradição, de Cristo a Che Guevara, que exalta a violência como uma “obra do amor”,
como  nas  famosas  palavras  do  diário  de  Che  Guevara:  “Devo  dizer,  correndo  o  risco  de  parecer
ridículo,  que  o  verdadeiro  revolucionário  é  guiado  pelo  forte  sentimento  do  amor.  É  impossível
pensar  em  um  revolucionário  autêntico  sem  essa  qualidade”[9]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn9).  O  que  encontramos  aqui  nem  é  tanto  a
“cristificação  de  Che”,  mas  sim  uma  “cheização  do  próprio  Cristo”  –  o  Cristo  cujas  palavras
“escandalosas” de Lucas (“se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos,
irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo” [Lc 14:26]) apontam exatamente na
mesma  direção  que  a  famosa  citação  de  Che:  “É  preciso  ser  duro,  mas  sem  perder  a  ternura”.  A
afirmação de que “o verdadeiro revolucionário é guiado pelo forte sentimento do amor” deveria ser
interpretada  juntamente  com  a  declaração  muito  mais  “problemática”  de  Guevara  sobre  os
revolucionários como “máquinas de matar”:

O ódio é um elemento da luta; o ódio impiedoso do inimigo que nos ergue acima e além das limitações naturais
do homem e nos transforma em eficazes, violentas, seletivas e frias máquinas de matar. Assim devem ser nossos
soldados; um povo sem ódio não derrota um inimigo brutal.
Ou, parafraseando Kant e Robespierre mais uma vez: o amor sem crueldade é impotente; a crueldade
Ou, parafraseando Kant e Robespierre mais uma vez: o amor sem crueldade é impotente; a crueldade
sem  amor  é  cega,  paixão  efêmera  que  perde  todo  seu  vigor.  Guevara  está  parafraseando  as
declarações  de  Cristo  sobre  a  unidade  do  amor  e  da  espada  –  em  ambos  os  casos,  o  paradoxo
subjacente consiste nisto: o que torna o amor angelical, o que o eleva acima da mera sentimentalidade
instável e patética, é essa mesma crueldade, o seu elo com a violência – é esse elo que eleva o amor
acima e além das limitações naturais do homem e o transforma em pulsão incondicional. É por isso
que, voltando a O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o único amor autêntico no filme é o de Bane, o “amor
do terrorista”, em nítido contraste a Batman.

Nesse  mesmo  viés,  a  figura  de  Ra’s,  pai  de  Talia,  merece  um  exame  mais  cuidadoso.  Ra’s  é  uma
mistura  de  características  árabes  e  orientais,  um  agente  do  virtuoso  terror  lutando  para
contrabalancear a corrompida civilização ocidental. O personagem é interpretado por Liam Neeson,
ator cuja persona na tela geralmente irradia uma nobre bondade e sabedoria (ele faz o papel de Zeus
em Fúria de Titãs), e que também representa Qui‑Gon Jinn em A Ameaça Fantasma, primeiro episódio
da série Star Wars. Qui‑Gon é um cavaleiro Jedi, mentor de Obi‑Wan Kenobi, bem como o descobridor
de Anakin Skywalker, acreditando que Anakin é O Escolhido que restituirá o equilíbrio do universo,
ignorando  os  alertas  de  Yoda  sobre  a  natureza  instável  de  Anakin;  no  final  de  A  Ameaça  Fantasma,
Qui‑Gon  é  morto  por  Darth  Maul[10]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftn10).

Na trilogia Batman, Ra’s também é professor do jovem Wayne: em Batman Begins, ele encontra Wayne
em  uma  prisão  chinesa;  apresentando‑se  como  Henri  Ducard,  ele  oferece  um  “caminho”  para  o
garoto. Depois que Wayne é libertado, ele segue até a fortaleza da Liga das Sombras, onde Ra’s está
esperando, embora se apresente como servo de outro homem chamado Ra’s Al Ghul. Depois de um
longo e doloroso treinamento, Ra’s explica que Bruce deve fazer o que for preciso para combater o
mal,  embora  revele  que  eles  treinaram  Bruce  para  liderar  a  Liga  com  o  intuito  de  destruir  Gotham
City,  que  eles  acreditam  ter  se  tornado  irremediavelmente  corrupta.  Portanto,  Ra’s  não  é  a  simples
encarnação  do  Mal:  ele  representa  a  combinação  de  virtude  e  terror,  a  disciplina  igualitária  que
combate um império corrupto, e assim pertence ao fio condutor (na ficção recente) que vai de Paul
Atreides em Duna até Leônidas em 300 de Esparta. E é crucial que Wayne seja seu discípulo: Wayne foi
formado como Batman por ele.

Duas críticas do senso‑comum se apresentam aqui. A primeira é de que houve violência e matanças
monstruosas nas revoluções reais, desde o estalinismo ao Khmer Vermelho, por isso está claro que o
filme  não  está  apenas  engajado  na  imaginação  revolucionária.  A  segunda,  oposta,  é  esta:  o  atual
movimento Occupy Wall Street não foi violento, seu objetivo definitivamente não era um novo reino
do  terror;  na  medida  em  que  se  espera  que  a  revolta  de  Bane  extrapole  a  tendência  imanente  do
movimento  OWS,  o  filme,  portanto,  deturpa  de  maneira  absurda  seus  objetivos  e  estratégias.  Os
atuais protestos antiglobalistas são o exato oposto do terror brutal de Bane: este representa a imagem
espelhada do terror estatal, uma seita fundamentalista e homicida dominada e controlada pelo terror,
e  não  a  sua  superação  por  meio  da  auto‑organização  popular…  As  duas  críticas  compartilham  a
rejeição da figura de Bane. A resposta a essas duas críticas é múltipla.

Primeiro, devemos esclarecer o atual escopo da violência – a melhor resposta para a afirmação de que
a reação violenta da multidão à opressão é pior que a opressão original foi dada por Mark Twain no
seu  Um  ianque  na  corte  do  rei  Artur:  “Houve  dois  ‘Reinos  do  Terror’,  se  bem  nos  lembramos;  um
forjado na incandescente paixão, outro no desumano sangue frio. […] Mas todos os nossos temores,
que os tenhamos pelo menor terror, o momentâneo, por assim dizer; pois o que é o terror da morte
súbita  pelo  machado  se  comparado  à  morte  em  toda  uma  vida  de  fome,  frio,  insulto,  crueldade  e
desilusão? O cemitério de qualquer cidade pode bem conter os caixões cheios desse breve terror, que

todos aprendemos com afinco a temer e lamentar; mas a França inteira mal conteria os caixões cheios
todos aprendemos com afinco a temer e lamentar; mas a França inteira mal conteria os caixões cheios
daquele  outro  terror,  mais  antigo  e  verdadeiro,  o  terror  de  amargura  e  atrocidade  indizíveis,  que
nenhum de nós aprendeu a encarar em toda sua amplitude ou desprezo que merece”.

Depois, deveríamos desmistificar o problema da violência, rejeitando afirmações simplistas de que o
comunismo do século XX agiu com uma violência homicida excessiva demais, e de que deveríamos
tomar  cuidado  para  não  cair  mais  uma  vez  nessa  armadilha.  Com  efeito,  trata‑se  de  uma  terrível
verdade – mas esse foco voltado diretamente para a violência obscurece uma questão basilar: o que
houve de errado no projeto comunista do século XX como tal, qual foi o ponto fraco imanente desse
projeto que impulsionou o comunismo a recorrer (não só) aos comunistas no poder para a violência
irrestrita?  Em  outras  palavras,  não  basta  dizer  que  os  comunistas  “negligenciaram  o  problema  da
violência”: foi um aspecto sócio‑político mais profundo que os impulsionou à violência. (O mesmo se
aplica  à  ideia  de  que  os  comunistas  “negligenciaram  a  democracia”:  seu  projeto  geral  de
transformação social impôs sobre eles esse “negligenciar”.) Portanto, não é apenas o filme de Nolan
que  foi  incapaz  de  imaginar  o  poder  autêntico  do  povo  –  os  próprios  movimentos  “reais”  de
emancipação  radical  também  não  o  fizeram  e  continuam  presos  nas  coordenadas  da  antiga
sociedade, e, por essa razão, muitas vezes o efetivo “poder do povo” foi esse horror violento.

E,  por  último,  mas  não  menos  importante,  é  muito  simples  dizer  que  não  há  potencial  violento  no
movimento  OWS  e  similares  –  há  sim  uma  violência  em  jogo  em  todo  processo  emancipatório
autêntico: o problema com o filme é que ele traduziu essa violência de uma maneira errada em terror
homicida. Qual é, então, a sublime violência em relação à qual até mesmo o mais brutal assassinato é
um ato de fraqueza? Façamos uma digressão em Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago, que conta a
história  dos  estranhos  eventos  na  capital  sem  nome  de  um  país  democrático  não  identificado.
Quando  a  manhã  do  dia  das  eleições  é  arruinada  por  chuvas  torrenciais,  a  quantidade  de  eleitores
presentes  é  extremamente  baixa,  mas  o  tempo  melhora  no  meio  da  tarde  e  a  população  segue  em
massa  para  as  seções  eleitorais.  No  entanto,  o  alívio  do  governo  logo  acaba  quando  a  contagem  de
votos revela que 70% das cédulas na capital foram deixados em branco. Frustrado por esse aparente
lapso civil, o governo dá aos cidadãos a chance de refazer o fato uma semana depois, em mais um dia
de  eleição.  O  resultado  é  pior:  agora  83%  dos  votos  foram  brancos.  Os  dois  principais  partidos
políticos  –  o  governante  partido  da  direita  (p.d.d.)  e  seu  principal  adversário,  o  partido  do  meio
(p.d.m.)  –  entram  em  pânico,  enquanto  o  infeliz  e  marginalizado  partido  da  esquerda  (p.d.e.)
apresenta uma análise afirmando que os votos brancos são, essencialmente, um voto por sua agenda
progressiva.  Sem  saber  como  responder  a  um  protesto  benigno,  mas  certo  de  que  existe  uma
conspiração  antidemocrática,  o  governo  rapidamente  rotula  o  movimento  de  “terrorismo  puro  e
duro” e declara estado de emergência, permitindo a suspensão de todas as garantias constitucionais e
adotando uma série de medidas cada vez mais drásticas: os cidadãos são apanhados aleatoriamente e
desaparecem em interrogatórios secretos, a polícia e a sede do governo saem da capital, proibindo a
entrada e a saída da cidade e, por fim, fabricando seu próprio líder terrorista. A cidade toda continua
funcionando quase normalmente, as pessoas se esquivam de todas as ofensivas do governo com uma
harmonia  inexplicável  e  com  um  verdadeiro  nível  gandhiano  de  resistência  não  violenta…  isso,  a
abstenção  dos  eleitores,  é  um  exemplo  de  “violência  divina”  verdadeiramente  radical  que  desperta
reações de pânico brutal nos detentores do poder.

Voltando a Nolan, a trilogia dos filmes do Batman, portanto, segue uma lógica imanente. Em Batman
Begins, o herói continua dentro dos limites de uma ordem liberal: o sistema pode ser defendido com
métodos moralmente aceitáveis. O Cavaleiro das Trevas é de fato uma nova versão de dois clássicos de
faroeste de John Ford (Sangue de Heróis e O  Homem  Que  Matou  o  Facínora)  que  retratam  como,  para
civilizar  o  ocidente  selvagem,  é  preciso  “publicar  a  lenda”  e  ignorar  a  verdade  –  em  suma,  como
nossa civilização tem de se fundamentar em uma Mentira: é preciso quebrar as regras para defender
o sistema. Ou, dito de outra forma, em Batman Begins, o herói é simplesmente uma figura clássica do
vigilante urbano que pune os criminosos naquilo que a polícia não pode; o problema é que a polícia,

órgão  responsável  pela  imposição  das  leis,  relaciona‑se  de  maneira  ambígua  à  ajuda  de  Batman:
órgão  responsável  pela  imposição  das  leis,  relaciona‑se  de  maneira  ambígua  à  ajuda  de  Batman:
enquanto admite sua eficácia, ela também considera Batman uma ameaça ao seu monopólio do poder
e uma testemunha da sua ineficácia. No entanto, a transgressão de Batman aqui é puramente formal,
consiste em agir em nome da lei sem a legitimação para fazê‑lo: nos seus atos, ele nunca viola a lei. O
Cavaleiro  das  Trevas  muda  essas  coordenadas:  o  verdadeiro  rival  de  Batman  não  é  o  Coringa,  seu
oponente, mas Harvey Dent, o “cavaleiro branco”, o novo e agressivo promotor público, um tipo de
vigilante oficial cuja batalha fanática contra o crime o conduz ao assassinato de pessoas inocentes e o
destrói. É como se Dent fosse a resposta à ordem legal da ameaça de Batman: contra a vigilante luta
de Batman, o sistema gera seu próprio excesso ilegal, seu próprio vigilante, muito mais violento que
Batman,  violando  diretamente  a  lei.  Desse  modo,  há  uma  justiça  poética  no  fato  de  que,  quando
Bruce  planeja  revelar  ao  público  sua  identidade  como  Batman,  Dent  o  interrompe  e  se  apresenta
como  Batman  –  ele  é  “mais  Batman  que  o  próprio  Batman”,  efetivando  a  tentação  à  qual  Batman
ainda era capaz de resistir. Então quando, no final do filme, Batman assume os crimes cometidos por
Dent para salvar a reputação do herói popular que incorpora a esperança para o povo comum, seu
ato modesto tem uma ponta de verdade: Batman, de certa forma, devolve o favor a Dent. Seu ato é
um gesto de troca simbólica: primeiro Dent toma para si a identidade de Batman, e depois Wayne – o
Batman verdadeiro – toma para si os crimes de Dent.

Por fim, O Cavaleiro das Trevas Ressurge ultrapassa ainda mais os limites: Bane não seria Dent levado
ao extremo, à sua autonegação? Dent que chega à conclusão de que o sistema é injusto, de modo que,
para combater a injustiça com eficácia, é preciso atacar diretamente o sistema e destruí‑lo? E, como
parte  da  mesma  atitude,  Dent  que  perde  as  últimas  inibições  e  está  pronto  para  usar  toda  sua
brutalidade assassina para atingir esse objetivo? O advento dessa figura muda a constelação inteira:
para todos os participantes, inclusive Batman, a moralidade é relativizada, torna‑se uma questão de
conveniência,  algo  determinado  pelas  circunstâncias:  é  uma  guerra  de  classes  aberta,  tudo  é
permitido  para  defender  o  sistema  quando  estamos  lidando  não  só  com  gângsteres  malucos,  mas
com uma revolta popular.

Será, então, que isso é tudo? O filme deveria ser categoricamente rejeitado por quem se envolve em
lutas  emancipatórias  radicais?  As  coisas  são  mais  ambíguas,  e  é  preciso  interpretar  o  filme  da
maneira  que  se  interpreta  um  poema  político  chinês:  as  ausências  e  as  presenças  surpreendentes
também  contam.  Recordemos  a  antiga  história  francesa  sobre  uma  esposa  que  reclama  do  melhor
amigo  do  marido,  dizendo  que  o  amigo  tem  se  insinuado  sexualmente  para  ela:  leva  algum  tempo
para que o amigo surpreso entenda a mensagem – de uma maneira invertida, ela o está incitando a
seduzi‑la…  É  como  o  inconsciente  freudiano  que  não  conhece  a  negação:  o  que  importa  não  é  um
juízo negativo sobre algo, mas o simples fato de que esse algo seja mencionado – em O Cavaleiro das
Trevas Ressurge, o poder do povo ESTÁ AQUI, encenado como um Evento, em um passo fundamental
dado  a  partir  dos  oponentes  habituais  de  Batman  (criminosos  megacapitalistas,  gângsteres  e
terroristas).

Temos aqui a primeira pista – a perspectiva de que o movimento OWS tome o poder e estabeleça a
democracia do povo em Manha葿ꚵan é nítida e completamente tão absurda e irreal que não podemos
deixar  de  fazer  a  seguinte  pergunta:  POR  QUE  UM  IMPORTANTE  BLOCKBUSTER  DE
HOLLYWOOD  SONHA  COM  ISSO,  POR  QUE  EVOCA  ESSE  ESPECTRO?  Por  que  sequer  sonhar
com o OWS culminando em uma violenta tomada de poder? A resposta óbvia (manchar o OWS com
acusações  de  que  ele  guarda  um  potencial  terrorista  totalitário)  não  é  o  bastante  para  explicar  a
estranha  atração  exercida  pela  perspectiva  do  “poder  do  povo”.  Não  admira  que  o  funcionamento
apropriado desse poder continue branco, ausente: nenhum detalhe é dado sobre como funciona esse
poder  do  povo,  sobre  o  que  as  pessoas  mobilizadas  estão  fazendo  (é  preciso  lembrar  que  Bane  diz
que as pessoas podem fazer o que quiserem – ele não impõe sobre elas a sua própria ordem).

É por isso que a crítica externa do filme (“sua retratação do reino do OWS é uma caricatura ridícula”)
É por isso que a crítica externa do filme (“sua retratação do reino do OWS é uma caricatura ridícula”)
não basta – a crítica tem de ser imanente, tem de situar dentro do próprio filme uma multiplicidade
de sinais que aponte para o Evento autêntico. (Recordemos, por exemplo, que Bane não é apenas um
terrorista brutal, mas sim uma pessoa de profundo amor e sacrifício.) Em suma, a ideologia pura não
é possível, a autenticidade de Bane TEM de deixar rastros na tecitura do filme. É por isso que o filme
merece  uma  leitura  mais  íntima:  o  Evento  –  a  “república  do  povo  de  Gotham  City”,  a  ditadura  do
proletariado sobre Manha葿ꚵan – é imanente ao filme, é o seu centro ausente.

[1]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref1) Tyler O’Neil, “Dark Knight and Occupy
Wall Street: The Humble Rise” (h葿ꚵp://hillsdalenaturallawreview.com/2012/07/21/dark‑knight‑and‑
occupy‑wall‑street‑the‑humble‑rise/), Hillsdale Natural Law Review, 21 de  julho de 2012.

[2]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref2) Karthick RM, “The Dark Knight Rises a
‘Fascist’?” (h葿ꚵp://wavesunceasing.wordpress.com/2012/07/21/the‑dark‑knight‑rises‑a‑fascist/), Society
and Culture, 21 de julho de 2012.

[3]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref3) Tyler O’Neil, cit.

[4]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref4) Christopher Nolan, entrevista na
Entertainment 1216 (julho de 2012), p. 34.

[5]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref5) Entrevista de Christopher e Jonathan
Nolan ao Buzzine Film (h葿ꚵp://www.buzzinefilm.com/interviews/film‑interview‑dark‑knight‑rises‑
christopher‑nolan‑jonathan‑nolan‑07192012).

[6]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref6) Karthick, cit.

[7]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref7) Forrest Whitman, “The Dickensian
Aspects of The Dark Knight Rises”
(h葿ꚵp://www.slate.com/blogs/browbeat/2012/07/21/the_dark_knight_rises_inspired_by_a_tale_of_two
_cities_the_parts_that_draw_from_dickens_.html), 21 de julho de 2012.

[8]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref8) Karthick, cit.

[9]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref9) Citado em Jon Lee Anderton, Che Guevara:

A Revolutionary Life, New York: Grove 1997, p. 636‑637.
A Revolutionary Life, New York: Grove 1997, p. 636‑637.

[10]
(/Users/BT/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/T8
1OZC2S/zizek%20‑%20batman%20‑%20trad.doc#_ftnref10) Notemos a ironia do fato de que o filho
de Neeson é um xiita devoto, e que o próprio Neeson às vezes fala sobre a sua futura conversão ao
islamismo. 

***

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(h葿ꚵp://www.gatosabido.com.br/ebook‑download/161486/slavoj‑zizek‑vivendo‑no‑fim‑dos‑
tempos.html)) (LANÇAMENTO)

***

No dia 4 de julho de 2012, o psicanalista Christian Dunker se reuniu com os filósofos Paulo Arantes e
Vladimir  Safatle  no  Espaço  Revista  CULT  para  discutir  os  novos  livros  dos  filósofos  Slavoj  Žižek
(Vivendo no fim dos tempos (h摩效p://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑212‑
0))  e  Alain  Badiou  (A  hipótese  comunista  (h摩效p://www.boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?
isbn=978‑85‑7559‑194‑9)),  ambos  publicados  no  Brasil  pela  Boitempo  Editorial.  Confira  abaixo
gravação integral do debate:

Debate Badiou + Žižek | Christian Dunker, Paulo Arantes e Vladim...

***

Slavoj  Žižek  nasceu  na  cidade  de  Liubliana,  Eslovênia,  em  1949.  É  filósofo,  psicanalista  e  um  dos
principais  teóricos  contemporâneos.  Transita  por  diversas  áreas  do  conhecimento  e,  sob  influência
principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós‑
modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade
de  Liubliana,  Žižek  preside  a  Society  for  Theoretical  Psychoanalysis,  de  Liubliana,  e  é  um  dos
diretores do centro de humanidades da University of London. Dele, a Boitempo publicou Bem‑vindo
ao deserto do Real! (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=85‑7559‑035‑9)(2003), Às portas
da  revolução  (escritos  de  Lenin  de  1917)  (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=85‑7559‑
060‑X)  (2005),  A  visão  em  paralaxe  (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑
124‑6)  (2008),  Lacrimae  rerum  (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑134‑5)
(2009) e os mais recentes Em defesa das causas perdidas (h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?
isbn=978‑85‑7559‑163‑5)  e  Primeiro  como  tragédia,  depois  como  farsa
(h摩效p://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=978‑85‑7559‑174‑1)  (ambos  de  2011).  Colabora
com o Blog da Boitempo esporadicamente.

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41 Comments on Ditadura do proletariado em Gotham City: Artigo de Slavoj
Žižek sobre o novo Batman

1. Vinicius // 09/08/2012 às 13:38 // Responder
Uma punheta seria muito mais rentável q esse texto.

Nerdbully // 11/09/2012 às 11:36 // Responder
Para quem quiser ler uma réplica interessante:
h葿ꚵp://quadrinheiros.wordpress.com/2012/09/11/the‑dark‑knight‑rises‑e‑occupy‑wall‑street‑o‑
sonho‑equivocado‑de‑zizek/

2. Ricardo Correia // 09/08/2012 às 17:15 // Responder
Meu deus.

Cara na boa discordo de 98% de tudo que você disse e isso não é o caso, cada um tem o direito de
achar o que quiser, e a interpretação vai por conta de cada um. Mas na boa que texto mal escrito,
não entendo como com tão boas bases conseguiu fazer um trabalho tão mal feito.

Eu copiei colei e contei

o começo do texto: são 2 páginas, 4 parágrafos, 954 Palavras num total de 5678 caracteres.

E completamente inutil, simplesmente um resumo mal feito do filme (pois vc corta cenas como a
volta do batman e a invasão do Bane a bolsa de valores, a relação dele com a Selina e depois cita
isso como se fosse obvio) um conselho, numa próxima Resenha, faça sua analise e ignore os
resumos, este texto esta grande demais e extremamente Prolixo. Sinceramente, acho que você
poderia conseguir um conteúdo melhor do que este, ou reescrever sua propria versão…traduzir
um texto ja não é muito interessante, traduzir um texto ruim é pedante.

P.S. Wayne Enterprisese é uma holding de Investimento e Tecnologia…não tem nada relacionada
armas, esta é a Stark Industries..do Homem de ferro…da Marvel … O Bruce Wayne tem uma
politica rígida contra formentar o crime por conta do trauma que ele tem na morte dos pais.

Lucas Luz // 22/11/2012 às 2:15 // Responder
pesquisa direito o que é a Wayne Enterprise…:

Wayne SteelEdit

Wayne Steel é uma das fábricas mais antigas de aço e refinarias de metal em Gotham e aço
suprimentos para construção naval. Ele também estuda e replica tecnologia alienígena. Isto
levou a Batman recebendo prioridade em tecnologia e ligas para ele estudar. Wayne aliança de
aço com a Marinha dos EUA eo governo tem produzido inúmeros contatos para Wayne
Enterprises.

Wayne ShipbuildingEdit

WayneYards é responsável pela construção de um grande número de navios de guerra,
WayneYards é responsável pela construção de um grande número de navios de guerra,
comercial, e navios privados e está a construir um porta‑aviões Nimiᨤ䁎 classe em Gotham.
Instalações WayneSteel e WayneYards reparar um grande número de cruzadores e destróieres
e também tem contatos dentro dos pilões superiores da Marinha e do negócio marítimo
mundial

Wayne AerospaceEdit

Wayne Aerospace constrói jatos de luxo e exclusivo corporativa e privada e aviões. Seu ramo
de aviação experimental produz aviões experimentais e de pesquisa construídos para os
Estados Unidos governo e da NASA. Os desenhos da aviação militar de filiais e fabrica caças e
helicópteros para as Forças Armadas dos EUA. Os modelos mais notáveis   são o lutador W‑4
Wraith eo helicóptero de ataque Kestrel. Wayne Aeroespacial mantém a concorrência com
empresas aeroespaciais outros como Ferris Air e LexAir. A divisão mantém instalações e
veículos de Archie Goodwin International Airport.

entre outros… fonte: h葿ꚵp://batman.wikia.com/wiki/Wayne_Enterprises

3. ungassforum // 09/08/2012 às 20:54 // Responder
Ops, Zizek é um bom filósofo, mas como crítico de cinema continua sendo somente um bom
filósofo. Essa de querer colocar Occupy Wall Street como metáfora no filme foi obra de RP da
Warner, que ele, a imprensa e o Nolan (que nesse filme se perdeu feio) infelizmente quer ajudar a
difundir. Pena.Get a grip, Slavoj, get real!

4. Rodrigues // 10/08/2012 às 2:42 // Responder
Para variar, Zizek se deixa levar pela superinterpretação. Tudo o que este texto consegue é gerar
(mais) publicidade para o filme.

5. André Serpa // 10/08/2012 às 3:00 // Responder
Discordo, discordo e discordo. O cara pegou pesado e se equivocou ao dizer que Bruce/ Batman é
um traficante de armas. O que as Industrias Wayne faz é desenvolver tecnologia, algumas vezes
em parceria com o governo. Inclusive nota‑se a preocupação clara de Lucius Fox, e depois, de
Bruce com a finalidade, o destino e a guarda de certas tecnologias. O Departamento de Ciências
Aplicadas, não é o mais importante, tanto é verdade que qu é quase secreto e mantido nas mãos
de uma pessoas extremamente séria e ética. Vide “O Cavaleiro das Trevas”. Os acionistas não
lidam com ele. Vc acha que investiriam grana alta em algo que não sabem o que é?? Distorceu.

6. André Serpa // 10/08/2012 às 3:22 // Responder
Quanto a Che Guevara pode ter alguma semelhança, embora o revolucionário latino‑americano
jamais quisesse jogar uma bomba nuclear em seu próprio povo. Quanto a Jesus está mais longe
ainda. Apenas 2 pontos de muitos discordantes:1. O Reino de Cristo não é deste mundo. 2.O
preceito da não violência é indissociável da ética e conduta de Jesus.

7. Vinicius Brito // 10/08/2012 às 12:42 // Responder
Gostei mais das respostas do que do texto…Concordo em partes com os comentários, mas o texto
tampouco é ruim. Só não é a verdade absoluta sobre o filme. E ainda se fosse: P0RRA, é só um
filme. Feito para vender e entreter. Precisa de explosões, mocinhas e mocinhos. Coisas que
agradam as massas. Pessoas inteligentes pra cacete deveriam gastar tempo super‑analisando
eventos mais relevantes. Ou fazer seus próprios filmes, com a mensagem que quiser (ninguem vai
assistir e só vai passar no Telecine Cult).

8. Gustavo Bruno // 10/08/2012 às 13:56 // Responder

Mas que interpretação absurda. Toda a interpretação do Zizek sobre o filme se encaixa nos
Mas que interpretação absurda. Toda a interpretação do Zizek sobre o filme se encaixa nos
DESEJOS de Zizek, e não do que podemos realmente retirar do filme. Acho que todo mundo aqui
já apontou os erros, enganos e exageros do autor. Mas só pra finalizar, Zizek e muitos outros
ignoraram que Bane não é um líder revolucionário e sim POPULISTA. Ele chama as massas para
fazer valer seus próprios interesses, e não os interesses do povo. Ele não está interessado em
distribuir poder e renda ao povo, mas enganá‑los para que seu objetivo maior, que é destruir
Gotham e concretizar os planos de Ra´s.

João // 05/01/2013 às 23:36 // Responder
Justamente, como o proprio Zizek fala, trata‑se de uma CARICATURA do revolucionario, seu
cabeção. Uma caricatura que retrata um certo tipo de visão que assimila o revolucionario a um
terrorista e a causa revolucionaria a um “projeto sinistro”.

9. Ricardo André // 10/08/2012 às 14:18 // Responder
Gostei da análise. Em especial do paralelo feito com a obra de Saramago. Não vi o filme, verei
com esse viés crítico – o que certamente tornará a experiência mais interessante. Vi os filmes
anteriores e me pareceram pertinentes as reflexões relacionadas a eles… A ideia psicanalítica do
“espectro” (quando conclui que o “poder do povo” exerceu sobre Hollywood algum magnetismo
e que tal aspecto não deve passar em branco neste filme) e, sobretudo, as conclusões para além do
senso comum estão presentes, como sempre. Isso é marcante no pensamento de Zizek. E é mais
interessante porque ele se propõe a bordar suas ideias sobre o tecido de uma cultura de massa.
Essa perspectiva crítica e materialista (quando lançada sobre uma história de herói que tenderia
ao banal) é muitíssimo instigante.

Maria Helena // 18/08/2012 às 14:01 // Responder
Afinal, um comentário lúcido e inteligente! Merece resposta! Veja, Ricardo, o que pensa sobre a
idéia do amor nos revolucionários? Já leste O Príncipe, do Maquiavel? E na tua opinião, o que
move uma grande potência a invadir outros países para “salvar” seu povo de alguma coisa,
promovendo a matança, não é o amor?

João // 18/09/2012 às 1:21 // Responder
Acho engraçado esse ideal da revolução do povo, e ainda comparar com cristianismo.
Enquanto Marx falava na união do povo para mudar um sistema, Jesus fala da mudança
pessoal para mudar o todo o que acaba sendo distoante. No final a experiência comunista
foi um fracasso, porque sempre esbarra no grande problema do homem como individuo,
sim porque mesmo um ideal revolucionário , com belos principios demagógicos, no final
resultaram no inicio de um novo regime com lideres com grande fraqueza moral (pessoas
que não mudaram) como exemplo che guevara e Fidel (um traindo o outro), os lideres da
CCCP com maior destaque para Stalin, enfim pessoas que vieram de “belos ideais” mas
que no fim só mudaram a própria vida (no caso o bolso), transformando assim na boa e
velha mensagem, “eu me tornei quem eu tanto combati…”

10. Cristiano // 10/08/2012 às 14:56 // Responder
Concordo em alguns pontos, discordo em muitos outros. Gotham no filme se divide entre sua
elite (a maioria corrupta, ok), os bandidos relacionados ao crime organizado, e o povo
propriamente dito, que sofre na mão da elite dominante e dos gângsters. É por esses que Batman
sempre lutou, apesar de no último filme essa motivação ficar um pouco de lado. Acho que a idéia
do “ressurgimento” vem daí. A decisão do Batman provocou o fim dos bandidos nas ruas, mas se
mostrou equivocada, já que então o povo passou a sofrer só na mão dos bandidos da elite,
respaldados pelo Ato Dent, e o herói se tornou novamente necessário. Nesse ponto o Nolan se
atrapalhou com as fichas, e as motivações do Bane deram um nó no resto. Outra coisa, o tal “povo
no poder” de Gotham não é realmente o “povo” de Gotham. Quem toma o controle da cidade e
organiza os julgamentos da elite capitalista e corrupta (e seriam todos corruptos só por serem
ricos ?), são os mercenários da Liga das Sombras e os presos que foram soltos. O fato deles terem
ricos ?), são os mercenários da Liga das Sombras e os presos que foram soltos. O fato deles terem
sido presos e ficarem trancados por uma lei opressora não os absolve dos seus crimes (ou
absolve?), e eu acho muito difícil de acreditar que TODOS naquela prisão tenham sido
trancafiados só APÓS a aprovação do Ato Dent. E convenhamos, o “juiz” do tribunal é o
Espantalho, um psiquiatra de olhos azuis, ex‑integrante da “elite dominante e corrupta”,
completamente INSANO, que aproveitava a sua posição de poder para usar como cobaias nos
seus cruéis experimentos os internos do Asilo Arkham. E aquilo não dá pra chamar de tribunal, já
que a única escolha dos “culpados” era andar e morrer no gelo. Era apenas execução sumária
disfarçada. Pra mim é só um filme confuso e pretensioso, que acerta em alguns pontos e erra em
muitos outros ( Bane é o exemplo – um personagem fascinante que foi muito mal aproveitado ).
As interpretações a partir daí ficam a cargo de cada um. Essa relação com o Occupy Wall Street
pra mim é bem distante, mas outros podem pensar diferente e tem esse direito. Por enquanto
espero a análise do mesmo autor sobre a season finale de “The Walking Dead”, e a frase de Rick
Grimes: “‑ This is not a democracy anymore!”. Não rende alguns parágrafos ?

11. rodrigo // 10/08/2012 às 15:04 // Responder
resenha fantástica, como esperado do zizek, mas percebi algumas lacunas: 
1‑ a caracterização do wayne como traficante de armas e especulador financeiro. os comentários
acima rejeitaram a primeira afirmação mas não falaram da segunda, que é realmente verdadeira.
aliás, o homem de ferro também é especulador e fabricante/comerciante de armas
2‑ a representação dos movimentos de revolta como uma abertura em relação à barbárie. se a
preocupação foi unicamente o ows, então é mesmo uma caracterização absurda. o ows teve um
início espontâneo e é comprometido, por princípio, com a não‑violência. mas se o objetivo foi algo
mais geral, achei uma boa caracterização. diferente do ows até o momento, a revolta do filme foi
uma revolta orquestrada por um não revoltoso, o bane, que manipula completamente o contexto
de início da revolta para, então, se juntar às sombras, permitindo que os revoltosos se vejam como
donos do processo, em vez de herdeiros de um plano completamente diferente, que não
conhecem. essa crítica da manipulação das massas é sempre oportuna, na minha opinião 
3‑ harvey dent é mais batman do que o batman. nessa, eu tenho que admitir, fiquei
completamente perdido. o fato de ele ser mais violento que o próprio batman também me soou
estranho. a não ser que seja uma referência à cena em que ele ameaça matar um criminoso caso a
moeda dê coroa (a moeda é falsa, tem duas caras, mas o ato é violento pela crueldade) 
4‑ achei muito boa a dinâmica do amor e da violência como fatores da atitude revolucionária. no
caso, atitude terrorista de bane. mas tive uma dúvida: por que o zizek não percebeu que o batman
TAMBÉM é um terrorista? diferente de bane, ele é um terrorista a favor do sistema, mas até aí,
bush também era. quem leu o batman de frank miller (o cavaleiro das trevas/the dark knight
returns e cavaleiro das trevas 2/the dark knight strikes again)”vai lembrar que ele diz “incutir
terror é a melhor parte do trabalho”. batman aterroriza os criminosos utilizando seu próprio
medo (o morcego). ele mantém o crime sob controle, mas não agindo nos motivos pelos quais o
crime existe, mas reprimindo pela força a atividade criminosa, tanto do pé‑de‑chinelo
desesperado quanto do tubarão de colarinho branco (e essa é a diferença do batman antigo, que só
lutava com bandidinhos de rua e loucos com arsenais interessantes). se bane é movido por um
grande amor, batman também é: ele ama a cidade, ama a memória dos pais. se bane se sacrificou
para salvar talia, pagando um preço terrível, batman também o fez: ele perdeu o controle da
própria vida civil, afastou amigos, perdeu a mulher que amava (tanto quando a salvou no
primeiro filme quanto quando falhou em salvá‑la no segundo. aliás, quando ela morreu, já estava
fora do alcance dele). no final ele realmente reconquista pelo menos o que resta de sua vida (a
aparição dele em florença dificilmente seria uma alucinação, pois o batsinal foi consertado e blake
herdou a caverna) 
5‑ ainda sobre o amor e a violência. a comparação de guevara e jesus foi muito interessante. nunca
li nada realmente informativo sobre o che, mas há um livro, muito interessante, chamado “a
última semana”, que reconta a última semana de jesus, explicitando suas motivações políticas
passionais (primeiro sentido de paixão, como amor devoto) que o levaram à paixão pela
passionais (primeiro sentido de paixão, como amor devoto) que o levaram à paixão pela
crucificação (segundo sentido de paixão, como sofrimento). é um livro interessante porque
defende que não há possibilidade de um cristianismo que venere a segunda paixão sem
compreender a primeira (e participar dela). e isso chama atenção para as várias significações de
violência no texto do zizek. a violência pode ser tanto o ato de agressão, direto ou indireto, a outra
pessoa quanto a recusa e inclusive o ataque a algo imaterial como um sistema político‑econômico.
e é através desse segundo sentido que zizek nos mostra a “violência” do ows e do cristianismo
primitivo, ambos movimentos pacifistas

12. Carolina Nerval // 10/08/2012 às 22:50 // Responder
Zizek é um escritor instigante, sempre inteligente, profícuo. Incrível ter um texto dele assim tão
elaborado, publicado no Brasil com exclusividade! A Boitempo está de parabéns por nos
proporcionar boas reflexões, e de altíssimo nível. Abraços a todos aí.

13. Eli // 11/08/2012 às 1:09 // Responder
Isso me remete aos Ufólogos que vêem conspirações governamentais para encobrimento da
presença alienígena em todos os cantos, seja livros, músicas, filmes e todo tipo de manifestação
midiática de massa. Também me recorda aqueles que conspiram a respeito de um governo
mundial, os Iluminates, enfim não deixa de ser um tipo de alienação que faz o indivíduo perder a
noção da realidade e ver aquilo que lhe interessa em tudo que o cerca.

14. Fabio De Oliveira Ribeiro // 11/08/2012 às 10:46 // Responder
Quando eu proponho este tipo de discussão o respeitável publico cai de pau em cima de mim

 h葿ꚵp://www.midiaindependente.org/pt/blue/2012/07/510123.shtml

Desta vez Zizec apenas confirmou, com eloquencia, a validade do tipo de abordagem que eu faço.

vinicius // 13/08/2012 às 19:59 // Responder
h葿ꚵp://dialetica.org/donize葿ꚵi/do‑papel‑da‑critica‑batman‑e‑zizek/

este texto deveria vir como pré‑requisito pra poder comentar a publicação do zizek. pq tá feio
o negócio ein…

15. Ingrid // 13/08/2012 às 12:50 // Responder
Se for para interpretar o filme sob a velha dicotomia esquerda/direita, me parece muito mais
significativo o fato de que o povo não participou da “revolução”: a luta final foi entre a polícia e o
pessoal do Bane, os atos que pretendiam divulgar a revolução foram do pessoal do Bane, em
nome do povo, que não foi consultado em nenhum momento e que nenhuma relevância teve no
curso da estória, assim como frequentemente não o tem na História. 
Pois o que realmente me perguntei depois que começou a confusão toda em Gotham quando
estava assistindo o filme foi: onde raios está o povo? esse homem, que nem é da cidade nem nada,
chega invadindo a Bolsa, explodindo o estádio, prendendo a polícia no esgoto da cidade e falando
de uma revolta popular, como se eles tivessem tido escolha em algum momento. Os julgamentos
eram comandados pelo povo, mesmo? onde foi que apareceu a manifestação da massa, sem que
eles estivessem usando aquelas roupas toscas do pessoal do Bane? 
Embora existam movimentos populares autênticos, ao longo da História o que mais se vê são
aqueles em que o povo mesmo, é apenas o pretexto para os atos que permitirão que um grupo
especifico satisfaça sua própria vontade e ao povo restará se adaptar ao fluxo do tempo e tentar
sobreviver ao que nunca é um combate entre “O Sistema vs. Seus Destruidores” e sim “O Sistema
atual vs. O Próximo Sistema”.

aldo // 27/08/2012 às 4:01 // Responder
adorei seu comentário.
Apolo // 06/10/2012 às 20:38 // Responder
Apolo // 06/10/2012 às 20:38 // Responder
Ninguém está questionando as reais intenções do Bane… mas eu compartilhei com você da
mesma dúvida enquanto assistia o filme: “Onde está o povo ali?”

16. Capivara humana // 14/08/2012 às 13:10 // Responder
Esse Zizek é muito picareta hauhauhauhauahuahuah

Muito, MUITO picareta

17. L // 14/08/2012 às 13:11 // Responder
O Nolan já havia dito que seu filme foi inspirado em A Tale of Two Cities de Charles Dickens

18. L // 14/08/2012 às 14:31 // Responder
Nolan escreveu e filmou ANTES do Ocupe Wall Street

19. grandehippie // 14/08/2012 às 14:42 // Responder
Reblogged this on Casa do Grande Hippie ʺe comentado: 
Bane e os 99%

20. Brega Presley // 14/08/2012 às 16:49 // Responder
O texto traz considerações diferentes e apresenta outra visão. Concordar ou não é direito de cada
um, mas comentários como o da punheta são bem dispensáveis.

A análise do herói, fazendo um pareamento entre Guevara e Cristo não é novidade e nem deveria
ofender religiosos. Já foi feita inúmeras vezes, e recomendo a leitura de “Herói Das Mil Faces”
antes de falar bobagem.

O texto não escapa de uma certa dicotomia, ainda que o autor tente minimizá‑la um pouco: A
direita liberal e opressora com medo dos que não comem, etc. Mas ele tem razão sob vários
aspectos. Pode não ter sido uma intenção conciente do diretor ou roteirista, mas um filme que só
pode tratar de revoltas populares como algo opressivo é um espelho de uma certa opressão que
deveras existe, ainda que disfarçada. De fato há miséria, de fato Wall Street foi inepto e
ganancioso em uma série de erros que culminaram na atual recessão americana e os liberais
pedem “sepração de corpos” com o governo, mas ficam bem excitadinhos quando é preciso
intervenções de injeção de dinheiro em bancos falidos.

Mas fora tudo isso, o problema é que o filme não apresenta de forma clara a NECESSIDADE de
mudanças. Talvez não tão radicais como a do filme, mas sem dúvida necessárias em algum ponto.
Basta ver o que ocorre (ainda) na “Primavera Árabe” para entender que que há, sim, revoluções e
levantes violentos porém necessários mesmo hoje em dia.

E Bruce Wayne é um ‘terrorista” que usa o terror contra assaltantes, igualmente violento e
moralmente questionável. É um justiceiro, que “não mata” porque é um personagem, mas seus
equivalentes reais nada tem das mesmas preocupações éticas.

É válida a crítica, no meu entender, portanto, e acho engraçado que em um país com enormes
desigualdades e com governos de ética bem questionável, tanta surpresa cause uma defesa do
direito de se revoltar contra uma situação opressiva e injusta.

O problema das revoluções é o “day After” com julgamentos e patrulhamentos ideológicos em
geral bem opressivos. Mas isso não altera o fato de uma outra opressão, anterior, ter sido tão forte
a ponto de alimentar tamanha ebulição e caos social que a desestabilizasse, para início de
conversa.

21. SR // 14/08/2012 às 20:46 // Responder
21. SR // 14/08/2012 às 20:46 // Responder
Existe um caminho que perpassa o pano de fundo do filme que vai dar nos quadrinhos. Sua
releitura, sua adequação à realidade social, sua adequação ao produto da Industria Cultural. O
derrapar de Slavoj encontra‑se exatamente em não perceber essa rede discursiva e mirabolar
pretensões discursivas.

22. serge // 17/08/2012 às 0:52 // Responder
muito bom mesmo, acadei de ler…concordo com algumas ideias. os americanos sempre gostam
de representar um herói, esquecendo seu lado escuro( wayne vende armas, é especulador, etc.). o
primeiro também mostrava um povo besta, manipulável, o que justifica a dominação de uma
pequena elite em gotham(aí o livro de charles wright mill, as elites do poder, tem toda sua
relevância). tenho certeza também que existem revolucionários sinceros e o contrário deles…
kkk…o que seria o caso de zizek????? queria, porém, uma análise mais aprofundada da violência
como uma necessidade em algumas ocasiões. Franz Fanon e Hannah Arendt escreveram
excelentes livros sobre o tema… bom , depois ele tem uma concepção de violência que não é
muito consequente na minha opinião, pois, o que deve ser problematizado de fato é a violência no
sentido literal…

Apolo // 06/10/2012 às 20:40 // Responder
Wayne NÃO VENDE ARMAS!

23. Matheus P Silva // 20/08/2012 às 1:59 // Responder
Reblogged this on Blog do Prof. Matheuse comentado: 
Interessante análise político‑filosófico do filme “Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge”. Sugiro
a leitura.

24. Anticomunismo // 23/08/2012 às 4:45 // Responder
Batman é só batman gente,o Nolan queria colocar algo mais serio e digamos até real nos filmes
dele,não sobre herois bonzinhos e tudo mais,só que essa analise ai é uma merda,esse é o que eu
chamo de o efeito socialismo/comunismo,querer dar em tudo um sentido filosofico,politico,por
favor,esse papo de querer formar um significado não rola,e tem mais,se quer criticar uma coisa
pelo menos entenda ela,falar que a wayne enterprises fatura dinheiro com armas é muita
sacanagem.É facil ficar citando livros,textos,e autores cults pra comparar e comprovar a teses,mas
tudo são apenas palavras pra tentar,e eu disse tentar forçar essa explicação sobre o filme.O filme
nada mais é do que um filme,sem comprometimento com politica pesada ou essas coisas

25. marcus moura // 24/08/2012 às 15:36 // Responder
vamos ler o quadrinho sobre o bane!

26. rafael // 27/08/2012 às 18:36 // Responder
quero ver slavoj comentar ‘os mercenários 2’…

falando sério, a análise é interessante, mas não há cinema nela. teria mais valor se fosse feita
juntamente com o diretor antes de filmar para dar mais profundidade psicológica aos
personagens. PS. só faltou fazer um comparativo a relação do batman com a mulher‑gato com o
amor proibido de romeu e julieta. se batman fose che, teria uma ak‑47 e fumaria charutos, se fosse
jesus, andaria descalço e andaria de jegue.

quanto ao filme, é um péssimo filme do batman; no qual o personagem‑título aparece apenas uns
20‑25 minutos do tempo total do filme. é o cavaleiro das trevas que aparece mais de dia que à
noite. a primeira metade do filme dá sono, a outra, tédio. crise de identidade é pro chato do
homem‑aranha, que não sabe se casa ou compra uma bicicleta; batman tem que dar porrada em
bandido, ter apetrechos legais no cinto, abrir a capa. nesse filme, ele quase é morto duas vezes e

nenhuma delas se salvou por mérito próprio, mas, uma pela piedade do vilão não o ter matado (o
nenhuma delas se salvou por mérito próprio, mas, uma pela piedade do vilão não o ter matado (o
mandou para prisão), a outra pela mulher‑gato. 
ainda fico com os dois filmes do tim burton, com o michael keaton, que são mais dark!

Apolo // 06/10/2012 às 20:43 // Responder
A intenção do Žižek não foi escrever uma crítica de cinema, caso você não tenha percebido…

27. Ricardo // 02/09/2012 às 18:29 // Responder
É uma análise interessante, embora seja viciada pela obsessão intelectual de Zizek pelo Occupy
Wall Street.

O movimento iniciado por Bane é terrorista e sua parte revolucionária é ilusória. É como se Bane
fosse um fundamentalista do talibã sequestrando aviões e explodindo pontos de Gotham com o
objetivo de passar sua mensagem, mas não um ativista com uma agenda revolucionária. Basta
lembrar que sua república “comunista” tinha prazo de validade definido pela bomba nuclear
obtida nas Wayne Enterprises.

Sua diferença em relação ao Coringa é que Bane é um terrorista profissional, usando de uma
ordem para criar o caos em outra ordem, enquanto Coringa era o puro caos, trabalhando ou
explorando as pessoas por um curto espaço de tempo para disseminar sua visão de mundo
anarquista. Dessa forma é possível dizer que o Coringa era um vilão até mais ideológico que Bane.

O Batman, nesse contexto é a própria ordem, baseada não no amor ao sistema, mas no amor às
pessoas, à ideia de humanidade (de uma maneira que a metáfora de Jesus Cristo torna‑se
apropriada). Batman é avesso à morte e ao derramamento de sangue como métodos válidos de
justiça, e, no final, acaba defendendo a vida mais que a propriedade. Basta ver como sua redenção
ocorre depois que ele divide seus bens materiais e ressuscita o orfanato para notar que ele não é
capitalista, e sim humanista.

28. Juliana Melo // 24/01/2013 às 3:38 // Responder
Tem duas coisas muito complicadas nesse texto, que acabam derrubando toda a tese. Uma vez
que o autor pauta sua argumentação em uma visão do personagem do Bruce Wayne que não é
real, em relação as armas, parece algo pequeno, mas desconstrói todo o argumento. Em segundo
lugar, o projeto do Bane de “devolver a cidade ao povo” nunca foi uma tentativa de instigar uma
revolução anarquista, mas sim a criação de um caos da esperança, provando que, no desespero,
toda a cidade de Gothan entraria em colapso pois a sua própria existência é corrupta. Ele levou ao
extremo a tentativa do Coringa de fazer os barcos explodirem um ao outro simultaneamente no
final do The Dark Knight. Nunca houve revolução, nunca houve participação popular e nunca
houve possibilidade de redenção para a cidade dentro dos planos de Bane. 
Mas uma coisa eu concordo, o final que Bane teve foi patético. Não concordo com a carga
simbólica que o autor atribuiu a isso, mas, falando agora como fã que achou a construção e a
interpretação do personagem excelentes, acho que ele merecia um final mais digno.

29. Ricardo Lima // 24/07/2015 às 23:23 // Responder
Republicou isso em Páginas Perdidase comentado: 
Brilhante análise sobre o Homem Morcego.

30. Art // 04/05/2016 às 13:16 // Responder
resposta

31. teste // 04/05/2016 às 14:03 // Responder
teste
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