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Índice
Capa
Página Título
Direitos Autorais Página
Índice
Dedicatória
Prólogo
CAPÍTULO Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Interlúdio
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Interlúdio
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Interlúdio
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Interlúdio
Capítulo VINTE E Um
Capítulo VINTE E Dois
Epílogo
Sobre O Ebook
Agradecimentos
Sobre O Autor
Para Ralph McQuarrie
PRÓLOGO

DARTH VADER, O LORDE SOMBRIO DOS SITH, estava sonhando.


No sonho, ele viu a própria forma escura sobre o terraço aberto que se
projetava da parede externa curvada do Castelo Bast, sua fortaleza
particular no planeta Vjun. Uma chuva ácida congelante fustigava seu
capacete, e ventos fortes faziam seu manto negro farfalhar com uma fúria
incrível, como se as próprias condições climáticas estivessem dando tudo de
si para matá-lo junto a qualquer outra coisa que tentasse sobreviver naquele
planeta estéril. E ainda assim Vader sentia-se mais vivo do que em muitos
anos.
Ao dar as costas para o terraço, ele entrou por uma porta em arco,
deixando um rastro de pegadas molhadas no chão do corredor. As paredes
tinham uma sucessão de aberturas automatizadas para aquecimento, que
secavam seu traje conforme ele se encaminhava para o observatório mal-
iluminado. Embora poucos já tivessem adentrado sua fortaleza, Vader não
estava surpreso de encontrar aquele jovem parado no centro da câmara com
teto abobadado.
O rapaz era Luke Skywalker.
Vestido com roupas pretas ajustadas ao seu corpo, Luke estava de costas,
examinando um mapa estelar tridimensional suspenso no ar sobre um
holoprojetor. Vader reconheceu o lugar como o Setor de Coruscant. Os
braços de Luke pendiam ao lado do corpo, e Vader percebeu que sua mão
direita, calçada em uma luva preta, estava quase tocando o sabre de luz
preso ao cinto.
Um novo sabre de luz, pensou ele. E uma nova mão.
Silencioso como uma sombra, Vader avançou para dentro da câmara.
Sem manifestar reação à entrada de Vader, Luke levantou o braço direito
para o campo estelar holográfico e moveu os dedos cibernéticos pelo orbe
minúsculo e reluzente que representava o planeta Coruscant.
– O imperador está morto – disse Luke, em voz baixa. – Tudo o que era
dele agora é seu.
– Não, meu filho – disse Vader. – A galáxia é nossa.
Luke assentiu com a cabeça e sorriu. Vader ainda estava de frente para
Luke quando uma voz grave e familiar murmurou inesperadamente atrás
deles:
– Vocês dois estão… errados.
Era a voz do imperador Palpatine. Vader viu a expressão de Luke ficar
tensa, mas não se virou para encarar o imperador, que começou a rir.
Um anel de fogo irrompeu do chão ao redor de Vader, separando-o de
Luke. Ao ouvir a gargalhada de seu mestre, abaixou a cabeça mascarada e
pensou: Por que você não morre?
A risada continuou.
– Ele não pode estar vivo! – exclamou Luke. – Pai, ajude-me!
Ao redor de Vader, o fogo começou a avançar para dentro do círculo,
cada vez mais próximo de seu corpo. Por trás do capacete, ele tentou não
ouvir o riso repugnante. Por que você não morre nunca?
Mas o riso não parou. Vader tentou pegar o próprio sabre de luz, porém,
de repente, era como se seu braço fosse feito de pedra. As chamas agora
lambiam sua capa e suas botas. O imperador riu mais alto. Luke começou a
gritar.
Vader fechou os olhos com força. Conseguia sentir o cheiro dos circuitos
fundidos e da carne assando.
POR QUE VOCÊ NÃO MORRE…?!
E então ele acordou.
Os olhos de Darth Vader se abriram. Sentado dentro da câmara de
meditação pressurizada a bordo de seu Super Destróier Estelar pessoal, o
Executor, seu primeiro pensamento ao despertar foi: Os Jedi não têm
pesadelos. Essa lembrança o surpreendeu quase tanto quanto a intensidade
das imagens do Castelo Bast. Fazia mais de duas décadas que ele rompera
com a Ordem Jedi para se tornar um Lorde Sith e, em todos aqueles anos,
não tinha se questionado sobre os Jedi terem pesadelos – ou mesmo sonhos,
diga-se de passagem. Não desde o fim das Guerras Clônicas.
Talvez seja uma premonição, pensou. Uma veia pulsava na têmpora
esquerda de sua cabeça nua e horrivelmente coberta de cicatrizes. Ele se
apressou em rejeitar a ideia. Vader conhecia uma premonição quando tinha
uma, sabia que era mais do que apenas um truque da imaginação misturado
aos desejos subconscientes. A visão de sua fortaleza tinha sido algo
diferente.
Talvez um aviso, mas de quem? Vader considerou a possibilidade de que
a visão tivesse sido plantada em sua mente por um telepata habilidoso. A
ideia de que ele pudesse ter sido violado o enraiveceu – e sua raiva o abria
para o Lado Sombrio da Força. De olhos fechados, ele recorreu à Força e
procurou por indícios de rastros de energia psíquica que pudessem levar a
um invasor telepático. Não encontrou nada, nem ninguém…
Mas o imperador não deixaria um rastro.
Vader fechou a cara. Um ano se passara desde o último encontro com
Luke Skywalker na Cidade das Nuvens, onde ele tinha revelado sua
identidade e lhe dito que era seu destino destruir o imperador. Vader
suspeitava que o imperador sabia daquela traição, pois sempre ficava
sabendo de tudo em algum momento. No entanto, mesmo que o imperador
estivesse ciente de tudo o que havia acontecido, Vader tinha certeza de que
ele não se sentiria ameaçado, já que era simplesmente poderoso demais. E
ainda assim, de alguma forma, Vader pressentia que Palpatine não tinha
nada a ver com sua estranha visão do Castelo Bast.
Poderia ter sido apenas um sonho? Ele não tinha certeza. Depois de
tantos anos sem sonhar, havia esquecido como os sonhos eram.
Acima de sua cabeça pálida, um braço robótico retrátil segurava seu
capacete, próximo ao teto da câmara esférica. Servomotores dedicados lhe
abaixaram o capacete na cabeça e o travaram no colarinho com vedação
hermética. Quando seus pulmões danificados exalaram o ar pelo sistema de
suporte de vida da armadura, um silvo profundo foi emitido da abertura
triangular respiratória.
A metade superior da câmara de meditação foi levantada e assim expôs
Vader como um pistilo negro no centro de uma flor mecânica branca. Seu
assento girou, permitindo-lhe ficar de frente para uma ampla tela de
visualização que se acendeu e mostrou uma imagem do almirante Piett na
ponte de comando do Executor.
– Relatório sobre a situação – disse Vader.
– O Executor está preparado para deixar a órbita de Coruscant –
respondeu Piett, em posição de sentido no uniforme cinzento. Embora sua
voz estivesse alerta, seus olhos pareciam cansados de olhar para as telas dos
sensores e monitores de navegação. – Aguardo suas ordens.
– Definir curso para o sistema Endor – respondeu Vader.
– Como quiser, milorde. – A imagem de Piett desapareceu da tela.
Definitivamente não foi um sonho, Vader convenceu-se sem dificuldade.
Os sonhos são para as formas de vida patéticas. Olhou fixo para o próprio
reflexo na superfície da tela.
Eu sou o pesadelo.
Com um gesto imperceptível, ele redefiniu a tela para exibir o campo
estelar diante da proa do Executor. Ao olhar para as estrelas distantes, uma
memória profundamente enterrada abriu caminho em sua consciência. Era a
memória de um desejo, um desejo de visitar cada estrela da galáxia. No
entanto, esse desejo, e os sonhos que o acompanhavam, havia pertencido a
outra pessoa, a uma criança que vivera muito tempo antes e que não existia
mais.
Aqueles eram os sonhos de um garoto chamado Anakin Skywalker.
CAPÍTULO UM

ANAKIN SKYWALKER ESTAVA SONHANDO.


No sonho, ele era um menino mais velho, embora anos ainda o
separassem da idade adulta. Estava dentro da cabine aberta de um pequeno
veículo repulsor, voando em velocidade incrivelmente alta acima de um
terreno rochoso. Dois cabos fortes estavam fixados a um par de motores
longos e paralelos na frente do veículo, e o vão entre eles era unido por um
arco de energia crepitante. Anakin nunca tinha visto uma engenhoca tão
estranha, mas, de alguma forma, ele sabia como lidar com ela. Ao
pressionar uma alavanca de aceleração e mergulhar numa ravina de
encostas altas, ele percebeu: Eu sou um piloto!
Ele não estava sozinho. Vários veículos semelhantes davam guinadas
pela ravina diante dele, e o ronco de seus motores, ecoando por entre as
muralhas de rocha, era quase ensurdecedor.
É uma corrida!
Com precisão destemida, Anakin acelerou e passou a toda velocidade por
outros veículos. Pelo canto dos olhos, ele captou velozes vislumbres da
competição. A maioria dos adversários era alienígenas que ele nunca tinha
visto antes, mas todos tinham expressões alertas e determinadas, e dedos
ágeis. Anakin havia sonhado com outros planetas antes, mas nunca com um
lugar como aquele.
Lançando-se para fora da ravina, Anakin liderava os outros corredores
por uma vasta extensão de planícies desérticas. Dois sóis gêmeos ardiam no
céu, cozinhando a areia dura. O calor cada vez mais forte fazia o ar cintilar,
e as formações rochosas distantes pareciam flutuar sobre a superfície
planetária. À distância, ele avistou uma enorme arena aberta que era
circundada por arquibancadas lotadas e torres encimadas por uma cúpula.
Ele sabia que a linha de chegada ficava naquela arena. Apertando mais as
mãos ao redor dos controles, Anakin pensou: Eu vou ganhar!
De repente, o motor esquerdo começou a tremer e a sacudir
violentamente o cabo que o ligava ao veículo. Anakin lutava para manter o
controle quando seu motor direito deixou escapar um gemido alto e, em
seguida, os dois motores embicaram para o solo. Anakin se contorceu na
cabine e gritou:
– NÃO!
– Está tudo bem, Ani – disse a voz de sua mãe.
E então Anakin Skywalker acordou.

A sensação de estremecimento e o gemido alto de um motor continuaram


quando Anakin abriu os olhos. Estava encolhido ao lado de sua mãe em um
banco de metal duro no porão de um cargueiro espacial, separado da
barulhenta sala de máquinas por barras de metal cruzadas. O compartimento
estava bem cheio, com trinta outros seres, tanto alienígenas quanto
humanos; aqueles que não tinham assento em um dos quatro longos bancos
estavam em pé ou agachados no chão imundo.
Anakin olhou para o rosto pálido e coberto de sujeira de sua mãe e disse:
– Estamos pousando?
– Parece que sim – respondeu Shmi Skywalker, com um sorriso. Ela
afastou o cabelo loiro de Anakin da testa e olhou em seus olhos azuis.
– Você teve um sonho ruim?
Anakin pensou por um momento e então disse:
– Não tão ruim assim. – Ele desejava que o porão de carga tivesse algum
tipo de janela, ou mesmo uma pequena tela de visualização pela qual
pudesse ver o que estava acontecendo lá fora. – Já sabe aonde estamos
indo?
– Ainda não.
Antes de terem embarcado no cargueiro, um tripulante havia explicado
que apenas passageiros pagantes tinham autorização para conhecer o
destino com antecedência; todos os outros – por razões de segurança –
simplesmente teriam que esperar. Shmi tivera esperanças de fazer Anakin se
sentir melhor sobre a situação ao lembrá-lo de que ela sempre tinha gostado
de surpresas, mas o menino sentia que ela estava com medo. Shmi pegou a
mãozinha do filho na sua.
– Apenas segure firme.
Quando o cargueiro parou de tremer e o lamento do motor começou a
desaparecer, os ocupantes do porão se remexeram nos assentos e se
levantaram do chão. Em pé ao lado da mãe enquanto ela pendurava nas
costas a bolsa rasgada que continha seus poucos pertences, Anakin desejou
ser mais alto para não se sentir tão amassado entre os corpos dos adultos.
Ele também desejava um pouco de ar fresco, pois o circulador de ar estava
danificado e todos, incluindo ele, estavam fedendo. Estavam esperando há
vários minutos que a escotilha de saída se abrisse, quando Shmi olhou para
Anakin e disse:
– Quer que eu leve você no colo?
As pernas de Anakin não estavam cansadas, mas ele concordou.
Movendo-se com cuidado para evitar trombar com as pessoas ao seu
redor, Shmi levantou o filho e o trouxe junto ao peito. Após passar os
bracinhos ao redor do pescoço dela, o menino disse:
– Obrigado.
– Você está ficando grande – respondeu sua mãe. – Logo será você que
me carregará no colo.
– Sério?
Shmi riu.
– Não se preocupe, você não está crescendo tão rápido assim.
Uma mulher mais velha que estava atrás de Shmi sorriu para Anakin e
perguntou:
– Quantos anos você tem?
Anakin retribuiu o sorriso e levantou três dedos. Na verdade, ele não
estava certo de que tinha três anos, mas não queria admitir que não sabia.
A escotilha finalmente foi aberta e o porão foi instantaneamente
inundado por uma rajada de ar quente e seco. Mesmo aqueles ansiosos para
deixar o compartimento apertado, de repente, ficaram relutantes em
caminhar até a rampa de desembarque. O calor lembrava Anakin de seu
sonho. Movendo os lábios perto do ouvido de sua mãe, ele sussurrou:
– Sóis gêmeos.
Antes que Shmi pudesse perguntar do que ele estava falando, uma voz
vinda de baixo gritou:
– Vamos, saiam!
Em fila, todos deixaram o cargueiro e se encontraram em um trecho de
areia perto de um conjunto de estruturas abobadadas e baixas, feitas de
adobe. O tráfego aéreo indicava que haviam desembarcado na periferia de
um espaçoporto bem movimentado. Alguns pedestres eram visíveis à
distância, movendo-se lentamente e mantendo-se à sombra dos edifícios
sem janelas, num esforço de evitar o calor escaldante.
– Bem-vinda de volta a Mos Espa, ó poderosa Gardulla – bradou uma
voz em huttês, com sotaque acentuado. Anakin, ainda carregado por sua
mãe, virou a cabeça e viu que quem estava falando era um rodiano de pele
verde, parado na parte inferior da rampa que se estendia da escotilha
principal do cargueiro. Enquanto o rodiano fazia uma mesura profunda,
Gardulla, a Hutt, a enorme alienígena parecida com uma lesma gigante que
havia fretado o cargueiro, desceu em uma plataforma repulsora que veio
deslizando sobre a rampa da escotilha principal. Gardulla imediatamente
começou a emitir ordens para seus assistentes. Anakin conhecia huttês o
suficiente para compreender que Gardulla estava ansiosa para ver algo
chamado “corrida de pods”.
Shmi colocou Anakin no chão. Ele olhou para o céu.
– Está vendo, mãe? Eu disse.
Shmi seguiu o olhar do filho até os dois sóis no alto, e então ela entendeu
o que o garoto tinha dito momentos antes.
– Sóis gêmeos. Sim, estou vendo.
Anakin queria contar à mãe sobre seu sonho, mas tiveram que
permanecer em silêncio quando um dos assistentes de Gardulla, um anx de
pescoço comprido, começou a vociferar instruções. Ele apontou para
Anakin, Shmi e seis outras pessoas e disse:
– Vocês vão dividir alojamentos na propriedade de Gardulla, aqui em
Mos Espa. Antes que sejam escoltados até lá, fiquem cientes de que seus
transmissores implantados foram programados para…
Anakin estava se perguntando se alojamentos significava mais de um
cômodo quando o anx foi interrompido pelo estrondo de um blaster que
parecia vir dos edifícios de adobe nas proximidades. Ao som do disparo,
Anakin ficou imóvel, enquanto todos os outros próximos ao cargueiro
estremeceram e se abaixaram ou mergulharam para se esconder atrás dos
poucos contêineres de carga que já haviam sido retirados da nave. Shmi
jogou o corpo de forma protetora na frente do filho, mas ele abriu os braços
para se afastar dela e poder enxergar o que estava acontecendo.
Um humanoide reptiliano saiu em disparada de um beco entre duas
construções de adobe e correu em direção ao cargueiro. Enquanto ele se
aproximava, Anakin viu que o fugitivo era um arcona magro com cabeça
em forma de bigorna e os olhos límpidos como bolas de gude. Um grilhão
de metal com uma longa corrente quebrada estava fixa ao tornozelo direito
dele, provocando um barulho ensurdecedor ao ser chicoteada para trás pelos
pés que corriam. Um instante depois, dois homens armados com blasters
saltaram do beco, e Anakin percebeu que o arcona estava correndo para
salvar a própria vida.
Ao ver os homens com blasters prestes a atirar na direção do cargueiro, o
assistente anx de Gardulla berrou em huttês:
– Cessar fogo, seus idiotas! – Em seguida, com um longo dedo pontudo
ele indicou o arcona em fuga e gritou para os guardas de Gardulla: – Parem-
no!
Os guardas se espalharam rapidamente. Sem quebrar o ritmo, o arcona
empurrou um guarda com uma cotovelada e se esquivou de outro. Anakin
notava que o alienígena estava tentando fugir de seus perseguidores, mas
não tinha ideia de onde estava tentando chegar. Exceto por algumas dunas
baixas, o terreno que os circundava era quase totalmente plano, sem outras
naves ou veículos à vista. Nenhum lugar para se esconder, pensou Anakin.
Os olhos assustados do arcona encontraram os de Anakin, e o menino
sustentou seu olhar. Ele sentiu pena e desejou poder ajudar. Em seguida, um
dos guardas de Gardulla pulou para frente, e o arcona fugiu em disparada,
passando por Anakin e pelos outros. Estava a cerca de dois metros de
Anakin quando seu corpo foi consumido por uma pequena explosão.
Anakin piscou quando os restos mortais do arcona caíram no chão. Ele se
virou rapidamente para olhar os dois homens que o haviam perseguido
desde os edifícios. Nenhum dos dois tinha disparado o blaster. Anakin
estava atento o suficiente para perceber que o Arcona não havia sofrido um
disparo, mas que algum dispositivo explosivo havia sido detonado dentro
dele.
Shmi puxou o filho para perto de si.
– Não olhe, Ani.
Anakin a ignorou e manteve os olhos sobre o que restava do Arcona.
Alguns dos guardas e o assistente anx se aproximaram para inspecionar a
sujeira fumegante. Ao notar Anakin, o anx virou-lhe o queixo longo e
pontudo e disse:
– Em Tatooine, isso é o que acontece com os escravos que tentam fugir.
Anakin sentiu a garganta ficar dolorosamente seca. Não importava
quantas vezes sua mãe o lembrasse de que havia seres menos afortunados
na galáxia, era impossível negar o fato de que ambos eram escravos, a
propriedade de Gardulla, a Hutt.
Tatooine, pensou Anakin. Bem-vindo a Tatooine.
CAPÍTULO DOIS

A ESCRAVIDÃO ERA ILEGAL EM TODO O ESPAÇO da República, mas o planeta


Tatooine ficava nos Territórios da Orla Exterior da galáxia, onde as leis da
República raramente eram aplicadas.
Shmi Skywalker tinha sido escrava quase a vida inteira, desde que piratas
espaciais capturaram sua família durante uma viagem. Separada de seus
pais ainda bem jovem, havia passado por muitos proprietários. Uma antiga
senhora, Pi-Lippa, havia sido gentil e ensinara a Shmi habilidades técnicas
valiosas. Embora Pi-Lippa planejasse libertar Shmi, morreu antes que
tivesse a possibilidade, e, em vez disso, Shmi tornou-se propriedade de um
dos parentes de Pi-lippa, que não quis libertá-la.
Antes de se tornar propriedade de Gardulla, Shmi dera à luz a Anakin.
Ela não conseguia explicar sua concepção – não houve nenhum pai –, mas o
aceitava como o maior presente que poderia ter recebido na vida.
Nos meses que se seguiram à chegada a Tatooine, Anakin manteve os
olhos e ouvidos abertos. Escondido, ouvia conversas entre os assistentes de
Gardulla, guardas e outros escravos, e observava atentamente quando
mecânicos e técnicos vinham reparar ou substituir máquinas danificadas
pela areia. Ele queria aprender tudo o que podia sobre o planeta do deserto,
seus habitantes e suas tecnologias, porque acreditava que tal conhecimento
poderia ser a única forma de ganhar a liberdade para ele e sua mãe.
E assim Anakin aprendeu sobre os primeiros colonos de Tatooine, os
mineiros cuja busca de minerais valiosos acabou se mostrando uma
decepção astronomicamente cara. Alguns deles optaram por permanecer no
planeta desértico enquanto outros simplesmente se desgarraram. Um dos
primeiros assentamentos humanos aconteceu em um lugar chamado Forte
Tusken, que foi atacado por humanoides nativos de Tatooine, o nômade
Povo da Areia, que posteriormente ficou conhecido como Nômades Tusken.
Preferindo armas tradicionais como porretes e machados, o Povo da Areia
usava máscaras à prova de areia que cobriam toda a cabeça e mantos
pesados que os protegiam das condições do ambiente e os ajudavam a se
fundir com a paisagem. O Povo da Areia nunca se adaptou ao contato fácil
com os colonos e parecia ser um povo tão feroz quanto misterioso. Anakin
ainda não os tinha visto, mas pessoas haviam lhe contado que eram seus
uivos que ele às vezes ouvia após o anoitecer. Anakin achava aquilo
horripilante.
Outros nativos significativos de Tatooine eram os jawas, seres diminutos
com olhos brilhantes que resgatavam os enormes veículos abandonados dos
mineiros para vasculhar o deserto em busca de qualquer pedaço de metal ou
sucata que pudessem transformar em mercadoria para venda ou troca.
Embora os jawas fossem quase tão fétidos quanto um circulador de ar
quebrado, Anakin ficava ansioso por sua visita à propriedade de Gardulla,
pois aprendia muito ao vê-los trabalhar. Para grande espanto dos outros
escravos e de alguns assistentes, Anakin rapidamente ganhou a reputação de
ser capaz de consertar aparelhos descartados.
Quanto a Gardulla, Anakin ficou sabendo que ela competia com um hutt
ainda maior, chamado Jabba, pelo controle de vários empreendimentos em
Tatooine. Anakin também descobriu que Gardulla pegava quem a
desagradava e dava de comer a um monstruoso dragão Krayt que ela
mantinha em um poço debaixo de seu palácio-fortaleza na avenida Mos
Espa, e que era viciada em apostar em corridas de pods. Anakin não tinha
pressa de conhecer nenhum dragão Krayt, mas estava intrigado por tudo o
que ouvira sobre o esporte perigoso de alta velocidade que envolvia um par
de motores repulsores atados a um veículo de cabine aberta. Na primeira
vez que ouviu dois dos assistentes de Gardulla discutindo o modelo de um
pod que tinham visto, ele se lembrou do sonho que tivera logo antes de
chegar a Tatooine. De acordo com os assistentes, a corrida era a maior
atração em Mos Espa, e reunia multidões de toda a galáxia. Anakin se
perguntava se algum dia poderia ver uma corrida de pods.
Alguns meses depois da chegada a Mos Espa, Anakin estava ajudando
um droide de última geração a reparar a mecânica de um vaporizador perto
da entrada principal da propriedade, quando um toydariano alado, de
barriga proeminente e nariz flexível parecido com uma tromba, entrou
voando no pátio. Ao ver o garoto, o toydariano pairou no ar e examinou o
trabalho manual de Anakin. Em huttês, ele disse numa voz baixa e
ofegante:
– Você colocou essa bomba de água do jeito errado.
Anakin havia recebido instruções de não falar com estranhos, mas
respondeu com cautela:
– Eu amarrei aqui. – Ao ver que o toydariano parecia genuinamente
interessado, ele demonstrou o mecanismo de bombeamento e acrescentou: –
Eu fiz funcionar melhor.
Os olhos do toydariano se arregalaram observando a bomba em operação
fluida.
– Hum… quem te mostrou como fazer isso?
– Ninguém – Anakin respondeu. Sua mãe tinha dito para não se
vangloriar, mas ele não podia evitar o orgulho que sentia. – Eu só…
descobri como fazer. Minha mãe também sabe consertar coisas.
– É verdade? – O toydariano abaixou-se no ar para examinar o sistema
com mais atenção. – Você não é ruim com as mãos, garoto. Nem um pouco
ruim.
Anakin baixou a cabeça levemente e disse:
– Obrigado, senhor.
– Tenho um compromisso com Gardulla – disse o toydariano. Depois
piscou e esfregou os dedos com garras uns nos outros ao acrescentar: – Um
assunto de dinheiro!
Anakin não sabia o que responder àquilo, mas logo em seguida a própria
Gardulla inclinou o corpo volumoso pela entrada e disse:
– Pronto para a quitação, Watto?
– Talvez, talvez – disse o toydariano, voando até Gardulla. – Mas a
próxima corrida é amanhã e eu tenho uma ideia para outra aposta…
Anakin observou-o seguir Gardulla para dentro do edifício principal e
então voltou a trabalhar no vaporizador.

Gardulla perdeu a aposta com Watto.


Dois dias depois, Anakin e Shmi tinham um novo dono.

Quando Watto não estava metido em jogos de azar, administrava um dos


ferros-velhos mais bem-sucedidos em Mos Espa. Ele precisava de alguém
com a aptidão mecânica de Anakin, mas também tinha trabalho suficiente
para Shmi. Mãe e filho eram gratos a Watto por tê-los mantido juntos e,
depois de terem dividido um alojamento lúgubre e fétido com outros seis
escravos na propriedade de Gardulla, eles ficaram impressionados ao
descobrir que teriam um aposento inteiro para eles nos alojamentos de
escravos, nos arredores de Mos Espa. Watto acreditava que eles deveriam se
sentir gratos, e deixava claro que, se não fizessem o que ele mandava, iria
encher o alojamento ao máximo com escravos extras.
Conforme os dias se tornavam semanas e os meses se tornavam anos,
Anakin fazia o melhor com o seu tempo, aprendendo tudo o que pudesse
sobre tecnologia e viagem interestelar. Estudava os alienígenas que
passavam por Mos Espa e passou a conhecer os mercadores locais pelo
nome. Sentado sobre a pilha retorcida de cabines de espaçonave, ele
aprendeu a reconhecer os controles de propulsores, estabilizadores e
repulsores. De observar outros mecânicos e droides de reparo, ele se tornou
proficiente em consertar pods de corrida na loja de Watto.
Aos sete anos, em segredo, começou a recolher pedaços de sucata para
restaurar a cabine de um pod e de um par de motores Radon-Ulzer 620C
que ele esperava transformar em seu próprio pod. Anakin manteve o projeto
sob a cobertura de uma lona velha em uma área comum de despejo de lixo
nos fundos do alojamento de escravos, onde Watto nunca se aventurava, e
deliberadamente manteve o pod com uma aparência de que nunca iria
funcionar. Se Watto algum dia ficasse sabendo sobre aquilo, ele não daria
importância, como se fosse apenas um projeto infantil.
Porém, o que Watto viu foi Anakin levando um pod remodelado para dar
uma volta ao redor do ferro-velho, só que a fúria do toydariano morreu
quando ele percebeu que o menino manejava bem o veículo. Como
Gardulla, Watto era viciado em apostar nas corridas de pod, e mal podia
acreditar na sua sorte: ser dono de um escravo capaz de ganhar dinheiro nos
circuitos. Apesar da idade e da espécie de Anakin, ele foi testado e logo
qualificado para se tornar um piloto de pod. Para grande horror de sua mãe,
ele acabou começando a competir sob o patrocínio de Watto.
O toydariano nunca parou de ameaçar comprar mais escravos, mas
Anakin e sua mãe continuaram a ter o alojamento para si próprios. Watto
ainda deu a Shmi um aeroamplificador que ela poderia usar para limpar os
dispositivos de memória de computador, o que lhe permitiria conseguir uma
renda modesta. Apesar dessas vantagens, Anakin não desistiu de seus
sonhos de liberdade. Ele começou a pensar em fazer algum tipo de scanner
para localizar o transmissor implantado em seu corpo, mesmo que não
tivesse certeza de como algum transmissor desse tipo poderia ser desativado
ou removido.
Em algum momento, enquanto ouvia gente do espaço falando sobre
mundos distantes, ele tomou conhecimento dos Cavaleiros Jedi, os
poderosos defensores da paz da República Galáctica que usavam sabres de
luz: uma arma de mão que emitia um feixe de laser compacto letal. Apesar
de seu conhecimento limitado sobre os Jedi, ele às vezes sonhava em se
tornar um deles. Anakin se perguntava se algum Jedi já tinha ouvido falar
de Tatooine, ou se algum deles havia nascido na escravidão.
Aos nove anos, ele estava resignado com o fato de que não partiria de
Tatooine num futuro próximo.
Ainda assim, a cada noite, deitado na escuridão de seu quarto pequeno
cheio de seus muitos dispositivos caseiros e projetos científicos, ele jurou:
Não vou ser um escravo para sempre.
CAPÍTULO TRÊS

– COMO O POD DE CORRIDA ESTÁ SE SAINDO, ANI? – perguntou seu amigo


Kitster ao subir na turbina de um solodeslizador enferrujado no ferro-velho
de Watto.
Anakin disparou um olhar alarmado para o garoto de cabelos escuros.
– Fale baixo – disse num sussurro. – Quer que Watto descubra?
Kitster baixou a voz.
– Desculpe, eu esqueci. Quanto tempo faz que você está trabalhando
nisso?
– Quase dois anos – Anakin admitiu ao pegar uma junta de vedação
desgastada.
– Você acha mesmo que vai voar?
– Assim que eu conseguir mais algumas peças, com certeza vai –
respondeu Anakin, jogando a junta de lado. – O problema é: se eu voar com
ele, Watto vai saber que eu tenho um pod, e então ele vai querer tirá-lo de
mim. Vou ter que manter segredo e continuar voando nos pods horríveis
dele.
– Eu gostaria de tentar voar num pod de corrida um dia – disse Kitster,
melancólico.
– Talvez você voe. – Anakin não queria magoar Kitster, mas sabia que
seu amigo não duraria cinco segundos numa corrida de pods. E pilotar um
pod exigia reflexos incrivelmente rápidos. A competição era feroz, e
Anakin, até onde sabia, era o único humano que já tinha voado em um pod
e sobrevivido. Apesar de sua conquista, ele tinha consciência de que teria
de fazer mais para agradar Watto. Em mais de meia dúzia de corridas nas
quais competira até o momento, ele havia caído duas vezes e não tinha
conseguido terminar nem mesmo uma. Seu maior desafio era lidar com
Sebulba, seu oponente dug desengonçado e de pernas tortas, que vencia
com frequência e trapaceava quase constantemente. Sebulba nunca hesitava
em forçar os competidores para fora do circuito, e tinha feito mais do que
uma dúzia de pilotos sofrerem acidentes, só no último ano. Anakin pensou:
Se não fosse por aquele trapaceiro, eu já teria vencido a essa altura!
– Você acha que vai vencer a próxima corrida? – perguntou Kitster.
Anakin deu de ombros.
– Eu ficaria feliz em simplesmente chegar ao final.
Anakin se voltou para outra pilha de metal e se viu diante de um par de
lentes com ranhuras cercadas por cabos multicoloridos dentro de uma
armação de metal em forma de crânio. Era estranho, mas as lentes pareciam
encará-lo, e ele se deu conta de que eram fotorreceptores queimados.
– Ei, Kitster! – disse ele, ao pegar o objeto. – Olha o que eu encontrei!
– O que é?
– Uma cabeça de droide! – respondeu Anakin, tirando a areia da placa
vocabuladora abaixo dos fotorreceptores que haviam servido como os olhos
do droide. – E também não é um droide de reparo! – As placas de metal da
cabeça tinham sido removidas e os fotorreceptores expostos tinham uma
expressão surpresa, semelhantes a olhos arregalados. Anakin passou a
cabeça para Kitster.
– Está bem detonado – Kitster observou. – Talvez fosse algum tipo de
droide de batalha?
– Acho que não – respondeu Anakin, olhando em volta, na esperança de
encontrar algumas outras partes do droide. – O metal é bem fino… Ah,
UAU! – Seu olhar havia recaído sobre o que parecia ser o esqueleto do corpo
da cabeça decapitada, que estava amontoado num canto, perto de uma pilha
de células de combustível descartadas. Como a cabeça, o corpo estava sem
a couraça de metal, mas Anakin estava feliz da vida mesmo assim. – Toda a
estrutura está aí! Você sabe o que isso significa, não sabe?
Kitster pensou bastante.
– Hum… não.
– Significa que vou poder construir o meu…
– Garoto! – A voz de Watto o interompeu chamando-o do portal em
forma de arco que separava o pátio de sucata e a loja em formato de sino. –
Garoto! Você está onde nesse pátio?!
– Ah, não! – Anakin disse, olhando para Kitster e depois de novo para a
entrada em arco. – Espere aqui! – Fazendo esforço para manter a expressão
relaxada, ele saiu do pátio de sucata com uma corridinha.
– Ah! Aí está você! – disse Watto quando viu Anakin. Pairando fora da
entrada da loja, ele falou em huttês: – Por um instante, eu suspeitei que
você tivesse fugido de Watto.
– Ah, e dar a você o prazer de ver meu transmissor ser detonado?
– Prazer? – disse Watto, curvando o nariz de tromba ligeiramente para
cima, como se para se encolher das palavras de Anakin. – Você acha que eu
gosto de limpar os restos dos escravos explodidos? Bué-he-he! – Quando
acabou de rir, fez um gesto com sua mão de três dedos para alguns
contêineres com mais sucata que tinham acabado de ser entregues. – Agora
volte ao trabalho! Quero essa sucata organizada até o meio-dia!
Depois de Anakin ter carregado os contêineres para o pátio, voltou para
onde havia deixado Kitster com os pedaços de droide.
– Você não vai contar ao Watto sobre o droide? – perguntou Kitster.
– Eu o encontrei. Ele é meu – Anakin respondeu ao começar a arrastar o
corpo do droide para uma área sombreada por um grande pedaço de metal
descartado, onde Watto provavelmente não notaria. – Além do mais, Watto
não seria capaz de consertá-lo. Vou levar isso aqui escondido para casa,
peça por peça.
Ao entregar a cabeça do droide para Anakin, Kitster disse:
– Mas, mesmo se você o fizer funcionar, para que vai usá-lo?
– Para muitas coisas. Fazer tarefas. Levantar coisas… Ei, o que é isso? –
Tinha encontrado uma linha com letras pequenas gravadas na base do
crânio do droide, e segurou a cabeça no ar para que Kitster pudesse ver
também. – Diz aqui que é um Droide de protocolo Cybot Galactica.
– Protocolo? Para que serve isso?
– Não sei – Anakin admitiu. – Vou ter que perguntar para minha mãe. Ei,
talvez ele até ajude minha mãe e eu a partir de Tatooine! – Segurando a
cabeça do droide nas duas mãos, Anakin analisou os mecanismos com mais
atenção. – O giroscópio de equilíbrio é muito velho! Acho que deve ter uns
setenta ou oitenta anos. Aposto que ele viu muita ação. Queria saber…
como foi que ele acabou assim?
Anakin olhou para os olhos queimados como se pudesse encontrar ali
mais pistas sobre a história do droide. Porém, ele só via sua expressão
paralisada e assustada. Não se preocupe, amigão, pensou Anakin. Vou
cuidar bem de você.
Levou cinco dias de manobras furtivas para Anakin carregar os restos do
droide do pátio até seu alojamento. Exceto por Kitster, ele não contou a
mais ninguém sobre a descoberta. Contudo, deveria ter dito pelo menos
para uma outra pessoa: sua mãe, que não ficou feliz de entrar em casa e
descobrir o último projeto de seu filho espalhado em centenas de pedaços
sujos sobre a mesa de jantar.
Shmi havia comprado um pequeno saco de legumes secos no mercado, e
os colocou no balcão da cozinha. Sem querer ver o esqueleto bizarro de
cabos e metal que estava de barriga para cima, com os olhos mortos fitando
o teto, ela desviou o olhar.
– Deixe-me adivinhar – disse ela. – Você encontrou isso?
– Encontrei, que sorte, né? E… bom, não conheço mais ninguém em Mos
Espa que teria capacidade de consertá-lo do jeito certo. Se eu não o tivesse
salvado da pilha de sucata, ele poderia acabar sendo fundido! – Como Shmi
não respondeu, Anakin sentiu-se compelido a acrescentar: – É um droide de
protocolo, mãe. Você sabe o que é isso?
Shmi respirou fundo e se virou para ficar de frente para Anakin.
– Droides de protocolo falam milhões de línguas. São usados como
tradutores por diplomatas.
– Ah – disse Anakin. Ele percebia pelo tom da voz de sua mãe que ela
pensava que não teriam nenhuma utilidade para um droide de protocolo. Na
esperança de convencê-la do contrário, ele continuou: – Ah! Isso é… isso é
incrível! Ele vai ser muito útil no mercado quando quisermos negociar com
um mercador que não fale básico. E… e imagine só como as visitas vão
ficar impressionadas quando ele as receber na porta! Tenho certeza de que
ele vai ser bom para nos ajudar também de muitas outras formas.
Shmi voltou sua atenção para os legumes.
– Ele vai precisar de novos fotorreceptores – disse Anakin. – Acho que
posso encontrar alguns na loja do Watto.
– Você está sendo descuidado, Ani – disse Shmi, preocupada. – Watto vai
ficar irado se descobrir que você pegou um droide inteiro.
– Mas eu tinha que pegar, mãe! Quando eu vi que ele tinha todas as
partes, eu soube na hora que tinha que montá-lo de novo. – Anakin pegou
delicadamente o antebraço direito do droide e o levantou da mesa, para
testar a flexibilidade da junta do cotovelo. – Olhar para ele, todo retorcido e
detonado… me deixou tão triste. Se droides de protocolo são bons com
línguas e com tradução, aposto que ele era muito inteligente. – Anakin
olhou para o rosto do droide novamente. – Eu também aposto que ele não
tinha nenhum amigo na galáxia. Por que mais ele acabaria numa pilha de
sucata em Tatooine?
– Talvez ele falasse demais – disse Shmi.
– Ah, mãe… Você vai magoá-lo.
– O droide é uma máquina, Ani. Não tem sentimentos.
– Como você sabe? – perguntou Anakin, incapaz de ocultar a mágoa da
voz. – Talvez os donos o tratassem mal e não se importassem com o que
acontecesse com ele. Vai ver ele tentou fugir. Talvez… ele fosse exatamente
como nós.
Shmi sentiu a tristeza de Anakin e pensou no escravo que tinha morrido
ao tentar fugir, cinco dias antes. Ela se voltou para o filho, colocou as mãos
nos ombros dele e disse:
– Prometa para mim, Ani. Quando você… encontrar um novo par de
fotorreceptores para nosso novo amigo… não seja pego.
– Você quer dizer que posso ficar com ele?
Shmi assentiu ao passar os olhos pelo droide.
– Agora ficou claro para mim. Você estava destinado a ajudar esse
droide. Você é a segunda chance dele.
– Obrigado, mãe! – disse Anakin ao abraçar a mãe. – Quando eu
conseguir fazê-lo falar, vou dizer para ele agradecer você também!
– Não, Ani. Afinal, você é que vai ser o criador dele. Apenas se lembre
de que o droide é responsabilidade sua. E você só merece ter alguma coisa
se estiver preparado para cuidar dela.
– Não vou esquecer – ele respondeu.
– E mais uma coisa – acrescentou Shmi, em um tom severo.
– Sim, mãe?
– Quero o droide fora da nossa mesa de jantar agora.
CAPÍTULO QUATRO

A CORRIDA SEGUINTE NÃO FOI BOA PARA ANAKIN. Voando em um pod de


Watto, ele entrou numa disputa acirrada com Sebulba, só que o dug
trapaceiro mirou os propulsores na cabine do pod de Anakin e quase o
esmagou ao jogá-lo em uma área do circuito chamada de despenhadeiro
Metta. Anakin sobreviveu, mas bateu o pod de Watto e destruiu os dois
motores. Watto ficou furioso, e Shmi deixou claro para Anakin que ela não
queria que ele corresse nunca mais, nem se Watto decidisse fazer Anakin
competir de novo.
Pouco mais de uma semana depois da queda, Anakin já estava com os
processadores de inteligência e comunicação do droide de protocolo em
funcionamento. Embora ele não tivesse memória de como tinha chegado a
Tatooine, o droide contava com jawa e tusken entre os 6 milhões de idiomas
que falava. Ele pronunciava frases curtas em um tom de voz educado, mas,
por algum motivo, nem sempre sabia quando parar de falar. Ele também se
preocupava muito. Anakin o chamou de C-3PO, tendo escolhido o número
três porque considerava o droide como o terceiro membro de sua família,
depois de sua mãe e ele. C-3PO ainda estava sem as coberturas metálicas e
tinha apenas um único olho que funcionava, mas, quando Watto instruiu
Anakin a levar um deslizador cheio de sucata e outros itens para o mar das
Dunas para negociar com os jawas, ele decidiu levar secretamente o droide
consigo na viagem de quatro horas-padrão, contando o caminho de volta.
Anakin e C-3PO se encontraram com os jawas à sombra do rastreador da
areia, próximo à escarpa Mochot, uma formação rochosa singular perto do
centro do mar das Dunas. C-3PO provou ser um tradutor habilidoso ao
ajudar Anakin a negociar com os jawas, que às vezes eram conhecidos por
fazer comércio com bens danificados. Quando a negociação terminou,
Anakin havia adquirido dois droides mecânicos, três droides multiuso que
poderiam ser reparados e um conversor de hiperpropulsor danificado que
precisava apenas de pequenos reparos.
No caminho de volta a Mos Espa, Anakin estava conduzindo o deslizador
cheio de droides pelo vale Xelric, um cânion raso e amplo perto dos limites
do mar das Dunas, quando avistou alguma coisa. Era algo sombrio que
parecia fora de lugar na base das paredes do cânion de pedra. Quando
Anakin deu uma guinada em direção à área que havia atraído sua atenção,
C-3PO ficou nervoso e fixou o único olho em seu criador.
– Mestre Anakin, mas o que você está fazendo? – disse C-3PO em tom
preocupado. – Mos Espa fica depois da base do cânion, não pela lateral
do… minha nossa! Aquilo é o que eu acho que é? – C-3PO também tinha
visto a forma e, como havia aprendido sobre as formas de vida mais
perigosas em Tatooine, não gostou do que viu. – Mestre, todas as razões nos
levam a virar para a direita…
– Eu sei – interrompeu Anakin. – Só quero dar uma olhada.
Anakin fez o deslizador parar perto do penhasco. Uma pilha de rochas
repousava na base das muralhas e, debaixo delas, um corpo humanoide
estava imóvel, com uma perna presa debaixo de um grande rochedo. O
corpo vestia uma túnica ocre, e calçava luvas de couro e botas. Estava
esparramado de bruços, com a cabeça virada de lado, permitindo que
Anakin visse que estava envolta num tecido, e que o rosto estava oculto por
óculos de proteção e uma máscara para respirar. Um rifle blaster longo com
suporte duplo estava a cerca de um metro de distância de seu braço
estendido.
Anakin já tinha ouvido o suficiente sobre os Nômades Tusken para saber
que aparência eles tinham, mas nunca tinha visto um tão de perto.
Do deslizador, Anakin esquadrinhou a superfície sulcada e irregular do
penhasco. Ele imaginava facilmente que o tusken estivera escondido em
algum lugar acima, quando as rochas que o sustentavam cederam e o
fizeram despencar no solo do cânion. Anakin desceu do deslizador para
olhar de perto.
A forma esquelética de C-3PO estremeceu.
– Mestre Anakin, não acho uma boa ideia, de jeito nenhum!
Conforme Anakin se aproximava, o tusken se remexeu e ergueu a cabeça
para observá-lo, depois baixou-a novamente.
Ele ainda está vivo! De tudo o que Anakin tinha ouvido sobre os tuskens,
ele sabia que seria melhor sair dali imediatamente. Se ficasse, mais tuskens
poderiam chegar. Se ele se atrasasse para voltar a Mos Espa, ou se não
conseguisse retornar com os droides e com o deslizador, Watto ficaria
furioso. Enquanto C-3PO protestava atrás dele, Anakin pensou em sua mãe.
Ele sabia que ela ficaria preocupada, mas ficou se perguntando: Será que
ela também me pediria para sair daqui? O que ela diria se estivesse aqui?
– C-3PO – ele chamou o droide, nervoso –, traga os outros droides para
cá.

Foi necessária a força combinada dos vários droides e o peso do


deslizador para criar uma alavanca capaz de erguer o rochedo o suficiente
para que Anakin pudesse puxar o agora inconsciente tusken. Da caixa de
primeiros-socorros do deslizador, Anakin aplicou uma tala de cura rápida
para deixar a perna ferida no lugar, pois estava fraturada em vários lugares.
Os sóis de Tatooine começaram a se pôr. Anakin sabia que nunca
chegaria a Mos Espa até o anoitecer e não queria arriscar uma viagem pelo
deserto na escuridão. Depois de fazer seu melhor para esconder o deslizador
e os droides recém-adquiridos debaixo de uma proteção na face do
penhasco, Anakin sentou-se ao lado de C-3PO. Iluminado por um pequeno
dispositivo de brilho que tinham removido do deslizador, eles estavam
observando o Nômade Tusken quando ele acordou. O tusken estava deitado
na areia, encarando Anakin através das lentes opacas dos óculos de
proteção, depois se levantou devagar e se sentou, com cuidado para não
mexer a perna ferida.
– Hum, olá – disse Anakin, com esperanças de que sua voz soasse
amigável.
O tusken não respondeu.
– Está com sede?
De novo, sem resposta.
C-3PO inclinou a cabeça de um olho só para perto de Anakin e disse em
voz baixa:
– Acho que ele não gosta muito da gente.
A cabeça do tusken se virou ligeiramente. Anakin percebeu que ele tinha
avistado seu rifle blaster, apoiado de encontro a algumas rochas longe do
alcance. O humanoide voltou o olhar para Anakin.
Vários minutos depois, o tusken falou. Anakin não entendeu as palavras
rosnadas, por isso se voltou para C-3PO. O droide traduziu:
– Ele quer saber o que você vai fazer com ele, mestre Anakin.
Confuso, Anakin olhou de volta para o tusken.
– Diga que eu não vou fazer nada. Só estou tentando ajudá-lo a melhorar.
O tusken não respondeu, mas Anakin sentiu que ele estava com medo.
Como quase todo mundo acreditava que os Nômades Tusken eram
destemidos, Anakin ficou intrigado. Por que ele está com medo de mim? Eu
não tenho medo dele. Depois, Anakin pensou com alguma surpresa: Eu não
tenho medo de nada.
Porém, conforme observava o rosto mascarado do tusken, ele viu seu
próprio reflexo nas lentes dos óculos de proteção e estremeceu de leve.
Tinha ouvido que o Povo da Areia nunca tiravam as máscaras ou
mostravam a pele, e o pensamento de seu próprio corpo totalmente coberto
e selado de forma que ele não pudesse sentir nada – nem mesmo o toque da
mão da minha mãe – fez Anakin de repente se deparar com uma verdade
dolorosa: embora ele nunca temesse por si mesmo, às vezes tinha muito
medo por sua mãe.
E se eu a perdesse? Eu ainda seria tão corajoso?
Anakin continuou observando o tusken até adormecer.

Anakin Skywalker teve muitos sonhos naquela noite. Em um deles, não


tinha mais nove anos: já era um homem. E não apenas um homem qualquer,
mas um Cavaleiro Jedi com um sabre de luz.
Ele corria pelas ruas de Mos Espa, procurando por alguns donos de
escravos que haviam fugido dele. Sua missão era libertar todos os escravos
de Tatooine. Por tempo demais, negociantes de escravos da Orla Exterior
acreditaram ser imunes às leis da República Galáctica. Anakin iria mudar
tudo aquilo.
– Soltem os escravos agora – ele bradou – e nada de mau acontecerá com
vocês!
Nas construções que ladeavam as ruas de Mos Espa, alguns moradores se
inclinaram para fora das janelas e deram vivas por Anakin. Apesar de ele
ter desativado a lâmina do sabre de luz, a maior parte dos donos de escravos
tinha medo só de olhar para ele e sua arma, e se rendia assim que o via.
Anakin lhes deu algum crédito por saberem que era melhor não se meter
com um Jedi.
Uma sombra serpenteou pelo exterior curvado de um prédio nos
arredores. Pelo ângulo da sombra, Anakin rapidamente determinou que era
projetada por um alienígena humanoide, em cima do telhado de uma
construção vizinha. De cima e de trás, Anakin ouviu o clique do mecanismo
de segurança de um blaster ser desativado. Ele pensou: A-há! Um escravista
que não sabe onde se mete!
O sabre de luz de Anakin se acendeu com um leve zumbido quando ele
se virou e olhou para o telhado bem a tempo de ver o alienígena apertar o
gatilho do blaster. Antes que a rajada de laser pudesse atingir o peito de
Anakin, ele brandiu o sabre de luz com força e rebateu o jato de volta para o
agressor. O alienígena apertou o ombro e despencou do telhado para
aterrissar com um baque alto na rua coberta de areia. A poeira ainda estava
baixando quando Anakin ouviu uma voz de mulher chamar seu nome.
Ele se virou e a viu. Era sua mãe, vestida nas roupas rústicas de trabalho.
Anakin desativou o sabre de luz.
– Eu voltei, mãe! Como eu prometi! Você está livre!
Sua mãe sorriu e abriu os braços para Anakin. Ele correu para abraçá-la,
mas antes que a alcançasse, ela desapareceu. Anakin ainda estava agarrando
o ar onde ela estivera parada quando, de repente, foi cercado pelo Povo da
Areia.

Acordou com um sobressalto. Assim como tinham aparecido em seu


sonho, caçadores do Povo da Areia agora o circundavam, recortados sobre o
céu que precedia a aurora. Carregavam rifles blaster e longos bastões gaffi,
armas parecidas com machados de lâminas duplas, feitas de metal recolhido
dos escombros ou de veículos abandonados. Anakin estava completamente
à mercê deles.
Enquanto se perguntava o que o Povo da Areia faria com ele, Anakin
ouviu um murmúrio gutural ali perto. Além do grupo ao redor de Anakin,
mais caçadores do Povo da Areia estavam erguendo e carregando o tusken
que ele havia resgatado. O ferido é que tinha falado, e suas palavras fizeram
os outros tuskens recuar lentamente de Anakin.
Dentro de segundos, todo o Povo da Areia se foi, deixando Anakin ileso.
Talvez eles estejam gratos por eu ter ajudado seu amigo. Talvez os tuskens
não sejam tão horríveis, afinal.
– Mestre Anakin, eles se foram! – gritou C-3PO ao sair de sua posição ao
lado do deslizador, onde tinha se escondido. – Oh, temos sorte de estarmos
vivos! Felizmente eles não o machucaram!
Anakin se levantou e olhou em volta. O deslizador e os outros droides
estavam onde ele os havia deixado, mas o rifle blaster do tusken ferido, não.
A única prova daquele encontro era a diminuição do conteúdo no kit de
primeiros-socorros e as pegadas na areia.
É quase como se a coisa toda nunca tivesse acontecido.
Enquanto os sóis gêmeos começavam a subir e as estrelas desapareciam
do céu cada vez mais claro, Anakin decidiu que era hora de voltar para
casa.

O retorno a Mos Espa aconteceu como Anakin esperava. Depois de ter


levado C-3PO sorrateiramente de volta para os alojamentos de escravos, ele
quase foi soterrado pelos abraços de sua mãe preocupada. Quando entregou
os droides a Watto, o toydariano quase perdeu a voz bradando reprimendas
por vários minutos. Watto só se acalmou um pouco depois de ver a
qualidade dos droides que Anakin havia obtido dos jawas, mas, no fim das
contas, nada realmente mudou. Tatooine ainda era um mundo cruel e sem
lei, e Anakin continuava sendo um escravo.
No dia seguinte, entretanto, algo notável aconteceu. Foi o dia em que
uma nave estelar de Naboo aterrissou em Tatooine, e a vida de Anakin
mudou para sempre.
CAPÍTULO CINCO

ERA MEIO-DIA EM MOS ESPA, e Anakin estava limpando chaves de


ventilador no ferro-velho de Watto quando seu mestre o convocou aos
berros para ir cuidar da loja. Lá dentro, Watto estava falando com um
homem alto e de barba, vestido como um fazendeiro; estava acompanhado
por um humanoide alienígena com juntas elásticas e os olhos no topo da
cabeça, por uma garota vestida com roupas rústicas de camponesa e um
droide astromecânico com cabeça azul em forma de cúpula.
Enquanto o homem alto e o astromecânico seguiam Watto, que saiu
voando rumo ao pátio do ferro-velho para procurar componentes de motor,
Anakin chegou até o balcão que serpenteava em meio à loja e olhou para a
garota. Ela era dona de feições delicadas; sua pele era perfeita demais para
uma camponesa. Parecia ser alguns anos mais velha que ele, e Anakin se
percebeu incapaz de desviar os olhos.
– Você é um anjo? – ele perguntou de repente.
Ela sorriu, e o coração dele afundou no peito.
– Como?
– Um anjo – ele respondeu quando ela se aproximou. – Ouvi os pilotos
do espaço profundo falarem sobre os anjos. São as criaturas mais lindas do
universo e vivem nas luas de Iego, eu acho.
– Você é um garotinho engraçado – ela disse docemente. – Como você
sabe de tanta coisa?
– Eu ouço todos os negociantes e pilotos estelares que passam por aqui.
Sou piloto, sabia? E um dia vou voar para longe deste lugar.
– Você é piloto? – ela perguntou, como se achasse difícil de acreditar.
– Aham. Minha vida toda.
– Há quanto tempo você está aqui?
– Desde que eu era muito pequeno, desde os três anos, eu acho. Minha
mãe e eu fomos vendidos para Gardulla, a Hutt, mas ela nos perdeu quando
apostou nas corridas de pods.
Soando surpresa e alarmada, a garota perguntou:
– Você é um escravo?
Embora ela tivesse presumido corretamente, Anakin não gostava de ser
chamado de escravo e sentiu-se ofendido pela pergunta.
– Sou uma pessoa – disse ele, olhando feio – e meu nome é Anakin!
– Desculpe. Não entendi totalmente – ela respondeu, e Anakin sentiu que
estava sendo sincera. Sem conseguir sustentar o olhar dele, a recém-
chegada desviou os olhos para o interior da loja, como se procurando
respostas na sucata disposta ali pelas paredes. – Este lugar é estranho para
mim.
Anakin se lembrou de sua chegada a Tatooine e tinha de admitir que
também achava estranho. Ele tentou ignorar o alienígena desajeitado e de
rosto sarapintado, enquanto continuava conversando com a garota por
alguns minutos mais, até que o homem alto e o droide astromecânico
voltaram com Watto. O homem anunciou que seu grupo estava de saída, e
Anakin sentiu o coração partido quando a garota cruzou a porta.
Depois que Watto deu a Anakin a permissão para deixar a loja, o garoto
alcançou os três forasteiros e o droide. Assim que eles ficaram sabendo que
uma tempestade de areia estava se aproximando, Anakin os persuadiu a se
refugiar temporariamente em sua casa, onde ele os apresentou para sua mãe
e para C-3PO. Lá, descobriu que o homem era um Cavaleiro Jedi chamado
Qui-Gon Jinn, que a garota tinha catorze anos e se chamava Padmé
Naberrie, que o alienígena desajeitado era um gungan chamado Jar Jar
Binks e que o astromecânico era R2-D2. Quando R2-D2 comentou que o
droide de protocolo, desprovido de cobertura metálica exterior, parecia estar
pelado, C-3PO ficou bem envergonhado.
Anakin havia suspeitado que Qui-Gon Jinn era um Jedi antes mesmo de o
homem admitir com as próprias palavras. Ele avistara o sabre de luz de
Qui-Gon pendurado no cinto, no caminho de sua casa, e não pôde evitar os
pensamentos de que o Jedi tinha vindo a Tatooine para libertar os escravos.
Embora Qui-Gon revelasse poucos detalhes sobre si mesmo, Anakin
percebeu que era um homem bom e honrado, o tipo que sempre esteve em
falta durante a infância de Anakin. Ele admirava a postura confiante e
discreta de Qui-Gon. Quando Jar Jar Binks cometeu o erro de usar a própria
língua comprida para pegar um pedaço de comida de cima da mesa de
jantar, Anakin achou engraçado e ao mesmo tempo espantoso ver a mão de
Qui-Gon se mover com a velocidade de um raio e pegar a língua comprida
do Gungan com o polegar e o indicador.
– Não faça isso de novo – disse Qui-Gon com alguma severidade antes
de soltar a língua de Jar Jar, que voltou com tudo para dentro da boca.
Feiticeiro!, pensou Anakin. De repente, ele se viu desejando que Qui-
Gon pudesse lhe ensinar como ser um Jedi. No entanto, como Anakin já
tinha passado por decepções demais na vida, achava difícil imaginar como
aquilo poderia acontecer.
Enquanto Anakin e sua mãe estavam sentados com seus novos amigos ao
redor da mesa de jantar, ele lhes contou sobre o sonho de se tornar um Jedi.
Ele ficou sabendo que Padmé era a criada da rainha Amidala do planeta
Naboo e que Qui-Gon estivera escoltando a rainha e seu séquito em uma
missão importante no planeta Coruscant, quando sua nave estelar foi
danificada, e eles foram forçados a aterrissar em Tatooine sem recursos para
os reparos necessários. Com esperanças de ajudar, Anakin explicou que
uma grande corrida de pods, o Clássico de Boonta Eve, estava programada
para o dia seguinte. Ele se voluntariou para entrar na corrida, que oferecia
um prêmio em dinheiro mais do que suficiente para pagar os componentes
de que eles precisavam.
– Anakin! – Shmi protestou. – Watto não vai deixar.
– Watto não precisa saber que eu o construí. – Voltando-se para Qui-Gon,
ele disse: – Você poderia fazê-lo acreditar que era seu e convencê-lo a me
deixar pilotar o pod.
Embora Padmé gostasse dessa ideia tanto quanto Shmi, Anakin estava
confiante de que seu plano – assim como seu pod de corrida secreto –
funcionaria.

O Clássico de Boonta Eve foi a corrida mais perigosa da qual Anakin já


participou. Era uma corrida perversa estilo “salve-se quem puder”, e mais
do que um corredor acabava vítima das curvas em alta velocidade, dos
obstáculos rochosos e dos truques sujos dos adversários covardes e cruéis.
O começo da corrida foi difícil para Anakin. Quando deu partida nos
motores com o sinal da largada, as turbinas não funcionaram, e ele quase
sentiu náusea ao olhar pelos óculos de proteção e ver os demais pilotos
saírem em disparada pela planície Star-lite e o deixarem comendo poeira.
Havia perdido segundos preciosos brigando com os controles, mas, quando
finalmente conseguiu acionar os Radon-Ulzers, impulsionou o veículo para
frente e se lançou para fora da arena de Mos Espa a toda velocidade.
Sobrevoando os abismos sinuosos e as grandes planícies, Anakin
conseguiu alcançar os demais corredores ainda na primeira volta. Enquanto
as formações rochosas muito altas que pontuavam o planalto Mushroom
chicoteavam ao seu redor, ele captou o cheiro do combustível queimando,
uma fração de segundo antes de ver os restos espalhados e fumegantes de
um pod de motores verdes que tinha sido pilotado por um gran chamado
Mawhonic. De alguma forma, ele tinha uma intuição de que Sebulba era
responsável pela queda, e não tinha ilusões de que o gran tivesse
sobrevivido.
Agarrando-se aos controles, Anakin rangeu os dentes e pensou: Não vou
morrer assim!
Prosseguia em uma velocidade furiosa, manobrando em meio a vários
competidores, conduzindo seu pod ainda mais rápido pelos percalços de
Boonta, cujos exóticos nomes eram: desfiladeiro Penhasco Entalhado,
cavernas Laguna e curva Bindy. Enquanto outros pilotos diminuíam
levemente a velocidade para ultrapassar o abismo notoriamente sinuoso
conhecido como Saca-Rolhas, Anakin se manteve numa velocidade alta
constante até chegar à Maçaneta do Diabo, uma passagem tão estreita que
os pilotos precisavam inclinar os veículos de lado para conseguir
ultrapassá-la. Com enorme habilidade, além do que seria esperado para sua
idade, ele virou o pod e se lançou sobre a Maçaneta do Diabo, depois
acelerou ainda mais sobre a ampla extensão do leito do mar morto
conhecido como planície Hutt. Instantes depois, a arena de Mos Espa entrou
em seu campo de visão, e então ele se lançou violentamente pelas multidões
que haviam observado sua largada retardatária apenas alguns minutos antes.
Ainda restavam duas voltas.
Anakin sabia que estava alcançando rapidamente os corredores que
estavam na liderança. Enquanto seu pod saía do Cânion do Mendigo, ele
vislumbrou Mars Guo muito acima, logo atrás de Sebulba. De súbito, um
dos motores de Mars Guo explodiu e, um momento depois, seu pod estava
voando em todas as direções. Anakin mergulhou perigosamente perto do
chão em um esforço desesperado de se esquivar dos destroços voadores e
incandescentes, mas um pedaço grande de metal solto atingiu o cabo de
controle steelton que ligava o pod ao motor a estibordo. O cabo de controle
se soltou, e o pod de Anakin – agora ligado apenas ao motor de bombordo –
começou a girar sem controle.
Forçando os cintos de segurança na cabine do pod, Anakin tensionou os
músculos do pescoço e cerrou os dentes para impedir que sua cabeça fosse
chicoteada para trás. Mantenha o foco! Ele sentia que ainda estava se
movendo para frente e sabia que o único motivo de ainda não ter caído era
que o arco de energia que ligava os dois motores continuava funcionando.
À medida que a superfície de Tatooine passava num borrão e espiralava
ao seu redor, Anakin socou os controles da cabine até estabilizar o pod,
depois recorreu a uma ferramenta de emergência: o removedor magnético
extensível. Ele estendeu a mão com a ferramenta, mirando a ponta na
extremidade metálica do cabo de controle a estibordo, que chicoteava e
ondulava na lateral da cabine. Houve um ruído satisfatório quando o
removedor magnético travou na ponta do cabo. Anakin sentiu o braço ser
forçado quando puxou o cabo para trás, depois enfiou a ferramenta
diretamente na entrada do cabo de estibordo. Um instante depois, ele havia
retomado o controle da nave.
Anakin não se parabenizou. Sua perda de controle momentânea havia
permitido que Gasgano, o piloto xexto, e alguns outros o ultrapassassem, e
Sebulba ainda estava na liderança. Anakin fez o que tinha de fazer: seguiu
em frente, só que mais rápido.
Esquivou-se de Gasgano, mas, ao tentar ultrapassar o piloto veknoid,
Teemto Pagalies, sentiu um tranco repentino de sacudir os ossos quando
Pagalies desviou para chocar deliberadamente um dos motores compridos
contra o pod de Anakin. Este se endireitou na cabine e manteve o controle
para levar Pagalies a sair das cavernas Laguna e emergir na base do trecho
longo, largo e cercado por muralhas altas chamado de cânion Desvios das
Dunas.
CRACK!
A despeito do rugido dos motores, Anakin ouviu o disparo vindo de
cima. Uma fração de segundo depois, fagulhas brilhantes dispararam em
sua frente à medida que os projéteis disparados ricochetearam de seu pod. O
Povo da Areia! Estão disparando contra mim! Ele empurrou as alavancas
de aceleração, que o fizeram voar ainda mais rápido através do cânion.
Anakin conseguiu. Pagalies não teve a mesma sorte.
Anakin alcançou Sebulba em Saca-Rolhas, mas o dug cruel disparou os
motores diretamente na frente do garoto. O pod de Anakin ficou para trás,
mas ele ainda estava em segundo lugar, seguindo o pod de Sebulba pela
lateral ao cruzar a Maçaneta do Diabo. Menos de um minuto depois,
Anakin seguiu Sebulba novamente pela arena de Mos Espa.
Só mais uma volta!
O menino se manteve na cola de Sebulba por toda a volta e estava bem
atrás dele quando começaram um percurso sinuoso entre o estreito
confinamento do Cânion do Mendigo. Sebulba deu uma guinada forte para
o lado, forçando Anakin para fora do circuito e a seguir na direção do
declive íngreme de uma rampa de serviço. Um instante depois, os motores
de Anakin estavam carregando seu pod para cima e para fora do cânion,
lançando-o em direção ao céu.
Não!, pensou Anakin. Se não vencesse a corrida e ganhasse o prêmio em
dinheiro, não poderia ajudar o Jedi a comprar as peças de nave necessárias
para partir de Tatooine. E ele queria muito ajudá-lo e à garota que viajava
com ele.
Não posso perder!
Quando seu pod alcançou o máximo da altitude permitida pelo motor
repulsor, Anakin se manteve calmo durante o arco que o veículo fez de
volta para a superfície de Tatooine. Lá embaixo, ele via o pod de Sebulba
ainda atravessando o cânion. Mantendo os olhos na posição de seu
oponente, Anakin deu uma guinada e mergulhou fundo. Sentiu o ar cortar
sua face no percurso veloz de volta para o cânion, depois inclinou o pod em
um ângulo que o permitisse acelerar para se posicionar na frente do dug
enraivecido.
O êxtase de ser o líder não durou muito. Enquanto ele e Sebulba seguiam
pela Calha de Jett a caminho do Saca-Rolhas, o motor restante de Anakin
superaqueceu e começou a soltar fumaça. Seus dedos ágeis rapidamente
ajustaram os controles para corrigir o problema técnico, mas, conforme dois
pods saíram da Maçaneta num borrão e sobrevoaram o trecho final da
planície Hutt, Sebulba começou a atingir Anakin pela lateral num último
esforço mau-caráter de tirá-lo da corrida.
Ele é louco!
O dug atingiu Anakin de novo, mas, em vez de tirá-lo do circuito, as
barras de direção dos dois pods se enroscaram e travaram uma na outra.
Anakin olhou para Sebulba e viu o dug franzindo a cara. Se continuassem
presos naquela posição até a linha de chegada, a corrida terminaria
empatada, mas Anakin sabia que isso nunca aconteceria. Ou Sebulba vai me
matar, ou vai matar nós dois antes que permita um empate.
Anakin batia nas alavancas de aceleração para frente e para trás. Eu tenho
que me libertar.
Houve um grande estalo quando o pod de Anakin se soltou, e depois os
motores do dug explodiram. Sebulba gritou quando seu pod destruído
começou a despencar pela areia; Anakin deu uma guinada para evitar os
destroços e então acelerou para a linha de chegada.
Eu consegui! Eu venci! Eu venci! A multidão na arena ficou em
polvorosa.
Depois da corrida, um Anakin jubiloso encontrou sua mãe, Padmé, Jar
Jar, R2-D2 e C-3PO no hangar principal da arena, onde Watto havia
entregado os componentes que Qui-Gon pedira. Anakin não esperava
celebração para sua vitória, mas qualquer esperança de passar mais tempo
com seus novos amigos acabou quando Qui-Gon apareceu minutos depois,
olhou para os companheiros de viagem e disse:
– Vamos. Temos que levar essas peças de volta para a nave.
Anakin mordeu o lábio inferior. Desejava também poder ir embora de
Tatooine, mas sabia que era inútil dizer qualquer coisa. Enquanto Padmé e
os outros se preparavam para partir, ele olhou para Qui-Gon.
– Tenho algumas coisas para fazer antes de ir – disse o Jedi. – Volte para
casa com a sua mãe e eu encontro vocês lá daqui a uma hora, mais ou
menos.
Depois de voltar para casa com Shmi e C-3PO e de se limpar, Anakin não
resistiu à ideia de sair para se encontrar com algumas crianças
entusiasmadas que o tinham visto em Boonta. Ele gostava da atenção e fez
seu melhor para contar em detalhes os numerosos perigos que tinha
encontrado durante a corrida. A maioria das crianças ficou muito
impressionada. Ouviram com atenção até que um jovem rodiano falou em
huttês:
– Que pena que você não ganhou de forma justa.
Anakin lançou um olhar fulminante para o rodiano.
– Está me chamando de trapaceiro?
– Estou – disse o rodiano. – Nenhum outro humano conseguiu ganhar.
Acho bem provável que você…
Antes que ele pudesse dizer outra palavra, Anakin o havia derrubado no
chão de areia. As outras crianças começaram a gritar quando Anakin
montou sobre o rodiano e começou a socá-lo. Haviam trocado apenas
alguns socos antes que uma longa sombra aparecesse sobre os garotos.
Distraído, Anakin olhou para cima e encontrou Qui-Gon parado ao seu
lado. Um instante depois, o rodiano derrubou Anakin de cima dele.
Olhando-o, Qui-Gon perguntou, sem graça:
– O que foi isso?
– Ele disse que eu trapaceei – Anakin rosnou.
Com os olhos fixos em Anakin, Qui-Gon ergueu as sobrancelhas
ligeiramente.
– É verdade?
Anakin ficou um tanto ofendido pela pergunta. Afinal, Qui-Gon sabia
que ele não tinha trapaceado. Perguntando-se por que o Jedi não o defendia,
Anakin explodiu:
– Não!
Sem se abalar, Qui-Gon olhou para o rodiano e continuou com as
perguntas:
– Você ainda acha que ele trapaceou?
Em huttês, o rodiano respondeu:
– Sim, eu acho.
– Bem, Ani – disse Qui-Gon enquanto Anakin se levantava do chão. –
Você conhece a verdade; só precisa tolerar a opinião dele. Brigar não vai
mudá-la.
Talvez não, Anakin pensou, ao se afastar dali com Qui-Gon e deixar os
outros para trás. Ainda assim, não tinha certeza de que a tolerância era a
melhor opção. Se você não defender sua honra, ninguém vai fazer isso por
você. Ele queria saber se os Jedi alguma vez tinham que defender sua honra,
mas relutou em perguntar. Embora Qui-Gon não o tivesse repreendido por
brigar com o rodiano, tinha deixado bem óbvio que não aprovava.
Ao caminharem a pequena distância de volta para a casa de Anakin, Qui-
Gon explicou que os reparos já estavam acontecendo na nave estelar da
rainha Amidala e que ele tinha vendido o pod de Anakin. Entregando-lhe
uma pequena bolsa cheia de créditos, Qui-Gon disse:
– Ei. Isso aqui é seu.
Anakin sentiu o peso da bolsa e exclamou:
– Sim! – Seguido por Qui-Gon, ele entrou em casa, onde encontrou sua
mãe sentada na mesa de trabalho. – Mãe! – gritou –, nós vendemos o pod!
Olha só quanto dinheiro temos!
– Minha nossa! – exclamou Shmi quando Anakin revelou o conteúdo da
bolsa. – Mas isso é tão maravilhoso, Ani!
Parado na porta, Qui-Gon acrescentou:
– E ele foi liberto.
Anakin virou as costas para a mãe e olhou para Qui-Gon.
– O quê? – ele perguntou, querendo saber se tinha ouvido certo.
– Você não é mais escravo – respondeu o Jedi.
Ainda ligeiramente atordoado pela novidade inesperada, Anakin olhou de
volta para a mãe e perguntou:
– Você ouviu isso?
– Agora você pode realizar seus sonhos, Ani – disse Shmi. – Você está
livre. – Então ela suspirou e olhou para o chão de terra.
Anakin achou sua mãe triste, mas não conseguia entender por que ela
ficaria assim. Antes que pudesse perguntar, ela voltou o olhar para Qui-Gon
e perguntou:
– Vai levá-lo com você? Ele vai se tornar um Jedi?
– Vai – respondeu Qui-Gon. – Nosso encontro não foi uma coincidência.
Nada acontece por acaso.
Suspeitando de que não passava de um sonho, Anakin virou-se para o
Jedi em busca de confirmação:
– Quer dizer que eu vou poder ir junto na sua nave estelar?
Qui-Gon se ajoelhou até ficar quase na altura dos olhos do garoto e disse:
– Anakin, o treinamento para se tornar um Jedi não é um desafio fácil, e,
mesmo se você tiver sucesso, é uma vida dura.
– Mas eu quero ir! – respondeu Anakin. – É o que eu sempre sonhei em
me tornar. – Ele se virou para a mãe, implorando: – Posso ir, mãe?
Shmi sorriu.
– Anakin, esse caminho foi colocado diante de você. A escolha é só sua.
Anakin hesitou apenas por um instante.
– Eu quero ir.
– Então arrume suas coisas – respondeu Qui-Gon. – Não temos muito
tempo.
– Oba! – gritou o menino ao correr para o quarto, mas parou de chofre
quando se deu conta de algo terrível. Seus olhos viajaram de Qui-Gon para
sua mãe e de novo para o Jedi.
– E a minha mãe? Ela também está livre?
– Tentei libertar sua mãe, Ani – disse Qui-Gon –, mas Watto não aceitou.
O quê? Anakin sentiu como se tivesse levado um chute. Ele caminhou
lentamente de volta para Shmi e disse:
– Você vem com a gente, não vem, mãe?
Ainda sentada ao lado da mesa de trabalho, ela estendeu a mão e pegou
as de Anakin.
– Filho, meu lugar é aqui. Meu futuro está aqui. É hora de você ir.
Anakin enrugou a testa.
– Não quero que as coisas mudem.
– Mas você não pode impedir a mudança, como não se pode impedir que
os sóis se ponham – Shmi respondeu. – Então ela puxou o filho para junto
de si e o abraçou apertado. – Ah, eu amo você. – Preciosos segundos se
passaram, depois ela afastou Anakin à distância de seus braços e disse: –
Agora se apresse. – E o empurrou de leve pelas costas antes que ele saísse
correndo para o quarto, mas sem o mesmo entusiasmo.
A forma esquelética de C-3PO havia sido desativada, e ele estava
silencioso e imóvel como uma estátua quando Anakin entrou no quarto. Ele
acionou o dispositivo no pescoço do droide e, um instante depois, os olhos
de C-3PO piscaram.
– Oh! – disse o droide, balançando-se um pouco, como se estivesse
surpreso de se encontrar em pé. – Minha nossa. – E então ele viu o menino.
– Ah! Olá, mestre Anakin.
Enquanto Anakin recolhia alguns pertences, disse:
– Bem, 3PO, eu fui liberto e vou embora em uma nave estelar.
– Mestre Anakin, você é meu criador, e eu desejo seu bem. Porém, eu iria
preferir se estivesse um pouco mais… completo.
– Sinto muito não ter conseguido terminar você, 3PO, não ter feito sua
cobertura e tudo – disse Anakin ao enfiar algumas coisas em uma mochila
de viagem. – Vou sentir falta de trabalhar em você. Você foi um grande
companheiro. – Anakin jogou a bagagem sobre o ombro e acrescentou: –
Vou me certificar de que minha mãe não venda você nem nada.
A cabeça de C-3PO virou de leve e, com preocupação genuína, ele
perguntou:
– Me vender?
– Tchau – disse Anakin ao sair do quarto.
– Minha nossa! – o droide exclamou atrás.
Qui-Gon e Shmi observaram Anakin surgir de seu quarto. De repente, ele
se lembrou do implante explosivo em seu corpo. Olhando para Qui-Gon, ele
perguntou:
– Tem certeza de que não vou explodir quando sairmos de Tatooine?
– Eu me certifiquei de que Watto desativasse o transmissor para o seu
implante – disse Qui-Gon. – Quando chegarmos ao nosso destino, vou
mandar removerem cirurgicamente.
– Então está bem – respondeu Anakin. – Acho que estou tão pronto
quanto possível.
Até o momento em que Anakin saiu do alojamento seguido por sua mãe e
por Qui-Gon, não tinha passado por sua cabeça que ele não fazia ideia se
um dia voltaria a Tatooine. E se eu nunca voltar? Subitamente, ele sentiu
como se estivesse sendo conduzido, como se não tivesse o controle total das
próprias pernas que o carregavam para o calor ferrenho. Era difícil pensar
com clareza. Tudo o que tinha acontecido desde que o Jedi chegara a
Tatooine parecia mais sonho do que realidade.
Ele sentiu uma dor horrível no peito quando disse adeus à mãe, mas,
porque não queria decepcionar Qui-Gon, tentou não dar tanta importância à
situação. Ele começou a conversar com Qui-Gon, tentou se concentrar no
caminho que tinha diante de si, mas a cada passo suas pernas pareciam
incrivelmente pesadas. Caminhou apenas uma curta distância e parou;
depois se virou e correu de volta para a mãe.
Shmi caiu de joelhos e abraçou Anakin com força. Sem conseguir conter
as lágrimas, Anakin chorou.
– Não posso fazer isso, mãe. Não posso fazer isso.
– Ani – disse Shmi, segurando-o a uma pequena distância, para que
conseguisse ver o rosto sofrido do filho.
– Nunca vou ver você de novo? – ele choramingou.
– O que seu coração diz?
Anakin tentou ouvir o coração, mas tudo o que sentia era dor.
– Espero que sim. – E acrescentou: – Sim… eu acho.
– Então vamos nos ver de novo.
Anakin engoliu com dificuldade.
– Vou voltar para libertar você, mãe. Eu prometo.
Shmi sorriu.
– Agora seja corajoso e não olhe para trás. Não olhe para trás.
Anakin fez como sua mãe instruiu, baixando o olhar para a rua de areia
compacta e seguindo Qui-Gon para longe dos alojamentos. Cada passo era
um esforço para manter o equilíbrio, como se não conseguisse confiar
totalmente que suas pernas não iriam parar ou o fazer voltar para sua mãe.
Prosseguiu com o andar pesado, tentando acompanhar as passadas
comedidas de Qui-Gon. Ele engoliu um soluço e sentiu a garganta seca.
Graças ao ar árido, não teve que enxugar as lágrimas, pois evaporavam
mais rápido do que ele as derramava.
No caminho de saída de Mos Espa, Qui-Gon e Anakin pararam
brevemente no mercado para que Anakin pudesse se despedir da amiga Jira,
uma idosa que vendia frutas chamadas pallies. Jira estava sentada atrás de
sua banquinha, e seu rosto enrugado se iluminou com a aproximação de
Anakin. Ele anunciou:
– Estou livre. – Antes que Jira pudesse comentar, ele lhe deu um pouco
de seu prêmio e falou: – Tome. Compre uma unidade de refrigeração com
isso, senão vou ficar preocupado.
Perplexa, Jira ficou boquiaberta por um instante e depois disse:
– Posso te dar um abraço?
– Claro – respondeu Anakin, ao se aproximar.
– Oh, vou sentir sua falta, Ani – disse ela quando o soltou. – Você é o
menino mais bondoso da galáxia. – Com um sorriso radiante, Jira ergueu
um dedo para ele e acrescentou: – Cuide-se, viu?
– Está bem. Eu vou. Tchau. – E ele se afastou com Qui-Gon.
Ele e o Jedi estavam nos limites de Mos Espa quando Anakin teve uma
estranha sensação… Como se estivéssemos sendo seguidos. Ele duvidava
que valia a pena comentar aquilo, mas, um instante depois, Qui-Gon parou
depressa e girou ao ativar e brandir o sabre de luz contra algo atrás deles.
Mais uma vez impressionado pela velocidade do Jedi, Anakin soltou uma
exclamação no instante em que o sabre cruzou um dispositivo repulsor
esférico preto que vinha pairando no ar atrás deles.
Partido perfeitamente ao meio, a geringonça destruída caiu na areia. Qui-
Gon se inclinou para examinar as partes que chiavam e soltavam faíscas.
– O que é isso? – Anakin perguntou.
– Um droide sonda – ele respondeu. – Muito incomum. Não se parece
com nada que eu já tenha visto antes.
Anakin já tinha ouvido antes sobre droides sonda. Eles se pareciam com
droides de segurança, que eram projetados para vigiar lugares, mas seus
sensores e programação especializados eram mais para espionagem. Ele
ouvira rumores de que alguns droides sonda eram equipados com armas, e
que os hutts os usavam como assassinos.
Olhando em volta à procura de qualquer sinal do dono desconhecido
daquela máquina, Qui-Gon se levantou depressa.
– Venha – disse ele e se virou e começou a correr, levando Anakin para
longe de Mos Espa e entrando nas vastidões desérticas.
Anakin fez seu melhor para acompanhar o Jedi alto na corrida pelas
dunas. Quando avistou a nave longa e reluzente da rainha Amidala logo
adiante, ele já tinha ficado a alguma distância de Qui-Gon. Anakin nunca
tinha visto uma nave como aquela. A superfície era tão lisa e reflexiva que
literalmente cegava à luz solar. Ele teve que apertar os olhos para conseguir
olhar para ela diretamente. Ao ficar cada vez mais para trás em relação a
Qui-Gon, ele temeu que nunca fosse chegar àquela bela nave.
– Qui-Gon, senhor, espere! – gritou Anakin, seguindo pesadamente pela
areia fofa. – Estou cansado!
Qui-Gon girou e Anakin pensou que o Jedi estivesse olhando para ele,
mas então ouviu um zumbido de um motor se aproximando por trás. Ele
gritou:
– Anakin, abaixe-se!
Sem hesitar, o menino se jogou na areia bem quando um deslizador em
formato de foice passou rasgando acima dele. Anakin levantou o olhar e viu
uma figura vestida de preto acionar um sabre de luz de lâmina vermelha e
pular do deslizador. Quando o dispositivo continuou voando sem seu
ocupante, Qui-Gon ativou o próprio sabre de luz a tempo de bloquear um
golpe de seu agressor mortífero.
– Vá! – Qui-Gon gritou para Anakin. – Diga a eles que decolem!
Mais uma vez, Anakin obedeceu ao Jedi sem questionar. Ao se levantar e
correr, teve apenas um rápido vislumbre do rosto do guerreiro sombrio, que
era coberto de marcas entalhadas de vermelho e preto. Anakin não parou
para ponderar se uma das cores era a pele real da criatura e a outra era
tatuada. Apenas continuou correndo. E, por mais cansado que estivesse da
longa corrida desde Mos Espa, ele nunca correu mais depressa do que
quando saiu em disparada para a nave estelar. Praticamente voou sobre a
rampa de desembarque e para dentro do porão de proa. Assim que entrou,
ao lado da escotilha, encontrou Padmé, conversando com um homem alto
em uma túnica de couro.
– Qui-Gon está em apuros! – Anakin despejou, em meio à respiração
ofegante. – Ele diz para decolar! Agora!
O homem olhou feio para Anakin e perguntou bruscamente:
– Quem é você?
– É um amigo – Padmé respondeu por Anakin ao pegar o braço do garoto
sem fôlego e o levar para a ponte de comando da nave. O homem os seguiu
quando entraram. Ali estavam dois outros homens, um sujeito mais velho
vestido em trajes de piloto, e um mais jovem de robe, verificando os
controles.
– Qui-Gon está em apuros – disse o homem que tinha seguido Padmé e
Anakin.
O jovem de robe agachou-se ao lado do piloto e disse:
– Decolar. – Depois olhou pela janela da nave e apontou. – Ali. Voe
baixo.
Anakin ficou atrás do homem de robe e seguiu seu olhar para onde Qui-
Gon estava duelando contra o guerreiro sombrio. No curto tempo em que
conhecia Qui-Gon, Anakin tinha passado a encarar o Jedi como um ser
invencível; porém, agora, ele temia genuinamente por sua vida.
Os motores da nave foram acionados, e ela se ergueu do chão e começou
a se mover no ar em direção ao local onde Qui-Gon estava. Anakin prendia
a respiração à medida que passavam sobre as silhuetas em combate, e então
olhou para o monitor que mostrava o porão de proa. Um instante depois,
Qui-Gon entrou pela abertura e desabou no chão. Anakin percebeu que ele
havia pulado na rampa de acesso da nave, que ainda estava estendida. Ele
conseguiu!
O homem de robe correu da ponte de comando para a base da proa e
Anakin o seguiu. Qui-Gon ainda estava recuperando o fôlego quando
apresentou Anakin para seu aprendiz Jedi, Obi-Wan Kenobi.

Após a partida de Tatooine, seguiu-se uma série vertiginosa de eventos na


vida de Anakin: sua chegada ao planeta Coruscant, coberto de arranha-céus,
o lar do Senado Galáctico e do Templo Jedi; seu encontro com Yoda, com
Mace Windu e com outros membros do Alto Conselho Jedi, que testaram as
habilidades de Anakin com o poder que eles chamavam de Força; a
subsequente rejeição do Conselho ao pedido de Qui-Gon de treinar Anakin
para que ele se tornasse um Jedi, embora Qui-Gon insistisse que Anakin era
o “escolhido”. A mente do garoto girava. Escolhido? Escolhido para quê?
Antes que Anakin pudesse começar a compreender por inteiro sua
situação, estava viajando novamente com Qui-Gon e Obi-Wan, escoltando a
ricamente vestida rainha Amidala de volta a Naboo, planeta que fora
invadido pelos exércitos droides da Federação de Comércio Neimoidiana.
Em Naboo, Anakin ficou atônito ao descobrir que Padmé Naberrie tinha se
passado pela criada por razões de segurança e que, na verdade, ela era
Padmé Amidala, a rainha de Naboo.
Subitamente arrastado para a batalha entre os droides da Federação de
Comércio e os habitantes de Naboo, Anakin tinha acabado de se refugiar na
cabine de um caça estelar quando Qui-Gon e Obi-Wan foram confrontados
pelo mesmo cavaleiro sombrio que aparecera em Tatooine. Embora Anakin
não tivesse pretendido pilotar o caça para destruir a nave maior que
controlava os droides da Federação, suas ações trouxeram um fim repentino
para a invasão.
Depois da batalha, Anakin encontrou Obi-Wan no palácio da rainha. Pela
expressão austera do Jedi, Anakin soube o que tinha acontecido. Qui-Gon
Jinn estava morto.
Três dias depois, o Conselho Jedi honrou o desejo final de Qui-Gon e
permitiu que Anakin se tornasse o aprendiz de Obi-Wan. Quando Anakin
percebeu que até mesmo o recém-indicado supremo chanceler Palpatine, o
ex-senador de Naboo, tinha consciência de seu papel em destruir a nave de
controle dos droides, ele concluiu que tinha ido mais longe do que um
escravo de Tatooine poderia chegar.
Porém, suas aventuras só estavam começando.
INTERLÚDIO

DARTH VADER NUNCA PONDEROU o que poderia ter acontecido se Qui-Gon


Jinn não tivesse descoberto o jovem Anakin Skywalker, ou se Anakin não
tivesse vencido aquela corrida crucial de pods. Tampouco se perguntou se a
vida de Anakin poderia ter tomado um caminho diferente se Qui-Gon – em
vez de Obi-Wan Kenobi – tivesse sobrevivido ao duelo com o Lorde Sith
Darth Maul em Naboo. Em Tatooine, Qui-Gon afirmara que nada
acontecia por acaso e embora houvesse muitas coisas em que Vader teria
discordado de Qui-Gon, com essa ele teria concordado, pois Vader
acreditava em destino.
Ele acreditava que tinha sido o destino de Anakin deixar Tatooine e se
tornar um Jedi, assim como ele tinha sido destinado a tudo o que aconteceu
depois disso. Era inútil especular sobre como sua vida poderia ter sido
diferente.
Agora, ainda a caminho de Endor, o Lorde Sombrio de máscara preta se
perguntava se Luke Skywalker tinha alguma ilusão sobre ser capaz de
controlar seu próprio destino. Se ele lutar contra mim, vai fracassar, pensou
Vader.
Ainda assim, ele teria ficado quase decepcionado se Luke se rendesse
depressa demais, sem qualquer esforço para resistir ao poder do Lado
Sombrio. Afinal, Anakin Skywalker já tinha sido jovem um dia, e não tinha
se rendido facilmente…
CAPÍTULO SEIS

COMO APRENDIZ PADAWAN DE OBI-WAN KENOBI, Anakin Skywalker estava


ansioso para se tornar um Cavaleiro Jedi. No entanto, os salões do Templo
Jedi não incentivam a ansiedade, e os Mestres Jedi insistiam que Anakin se
devotasse ao estudo sério da Força e da história dos Jedi.
Ele aprendeu sobre a natureza da Força, o campo de energia gerado por
todas as coisas vivas e que permeava e unia a galáxia inteira. Os Jedi
antigos tinham aprendido a manipular a Força e optaram por usá-la de
forma altruísta para ajudar os outros. Identificaram dois lados na Força: o
lado luminoso, que concedia grande conhecimento, paz e serenidade; e o
Lado Sombrio, que era repleto de medo, raiva e agressão. Muito tempo
atrás, um grupo Jedi tinha se voltado para o Lado Sombrio e assim foram
exilados numa região desconhecida do espaço, de onde vieram a dominar a
espécie Sith e se denominar Lordes Sith. Os investigadores Jedi concluíram
que o assassino de Qui-Gon Jinn era um Lorde Sith, o primeiro a aparecer
no espaço da República em mil anos.
Anakin também aprendeu sobre os midi-chlorians, formas de vida
microscópicas encontradas em todos os seres vivos, que poderiam
determinar o escopo dos poderes de um Jedi. Um exame de sangue havia
determinado que o corpo de Anakin continha mais midi-chlorians do que
qualquer Jedi conhecido, até mesmo o grande Mestre Jedi Yoda, o que
levou alguns Jedi a acreditar que ele tinha o potencial para se tornar o Jedi
mais poderoso de todos os tempos.
Os Arquivos Jedi estavam repletos de holocrons, dispositivos antigos que
projetavam hologramas e serviam como ferramentas educacionais
interativas, e foi por meio dos Holocrons que Anakin aprendeu mais sobre a
profecia do Escolhido, um Jedi que destruiria os Sith e traria equilíbrio para
a Força. Ele só podia imaginar as ramificações daquela profecia, mas se
sentiu muito, muito orgulhoso quando se recordou de como Qui-Gon Jinn
tinha dito ao Conselho Jedi que ele acreditava que Anakin era o Escolhido.
Porém, Anakin também tinha um ressentimento de que ele não tinha sido
escolhido por Obi-Wan, que só o aceitara como aprendiz por obrigação a
Qui-Gon. Como Anakin não havia sido treinado desde a infância no
Templo, como quase todos os outros Padawans, vários Mestres Jedi
aceitavam o fato de que ele não tinha a disciplina de seus colegas.
Aceitavam menos, no entanto, seu comportamento arrogante quando
demonstrava as próprias habilidades.
A Força é mais poderosa em mim do que alguns dos meus instrutores,
Anakin pensava, e eles sabem disso!
Como ansiedade, orgulho e arrogância não eram características aceitas
em um Jedi, mesmo se ele realmente viesse a ser o Escolhido, muitos
tinham cautela com relação a Anakin.
Eles só têm inveja.
Anakin gostava dos elogios de Obi-Wan, mas muitas vezes ficava mal-
humorado quando era repreendido. Obi-Wan lhe assegurou que ele mesmo
tinha sido lembrado frequentemente por Qui-Gon a ser mais cuidadoso com
a Força, mas, de alguma forma, mesmo a mínima crítica conseguia deixar
Anakin ofendido.
Primeiro eles me dizem para fazer o meu melhor, depois me dizem que eu
fui longe demais!
Obi-Wan era compreensivo. Ele sabia que a criação de Anakin – bem
como os seus poderes formidáveis – o colocavam à frente de outros
Padawans e até mesmo o distanciavam de alguns dos Mestres Jedi. Afinal,
Anakin tivera uma história infeliz com a palavra “mestre”.
Eles não sabem como é ter nascido na escravidão.
Ele também tinha dificuldade para se ajustar a um ambiente que
desencorajava a raiva, bem como o amor, pois tais emoções poderiam
prejudicar o julgamento de um Jedi e levar a pensamentos e ações
negativas. Da mesma forma como o menino não podia deixar de amar sua
mãe, também não conseguia esquecê-la. E não deixava de sentir sua falta,
ou de se ressentir do fato de que a Ordem Jedi desencorajava o contato com
parentes.
Por que eles não me ajudam a libertar minha mãe? Não é justo! Não é
certo!
Inúmeras vezes, Obi-Wan explicou que todos os Jedi tinham que
obedecer às diretrizes do Conselho Jedi e nunca poderiam usar a Força para
fins egoístas. Ele incentivava Anakin a considerar que dar a liberdade a um
escravo em Tatooine poderia levar à morte de outros, pois alguns donos de
escravos poderiam preferir destruir sua “propriedade” a libertá-la da
escravidão. Os Jedi também tinham de responder ao Senado Galáctico e,
por enquanto, o Senado tinha pouco interesse em qualquer coisa que
acontecia em Tatooine.
Por que os Jedi têm de responder a alguém?, Anakin se perguntava.
Apesar do desejo de se distanciar do escravo que ele tinha sido um dia,
Anakin não era capaz de, ou não queria, abrir mão de outros aspectos que o
definiam quando morava em Tatooine. Ainda sonhava com a glória, ainda
ansiava por aventura e nunca perdeu o apetite pelas emoções de alta
velocidade e pelo desejo de provar a si mesmo em uma competição.
Ao longo dos anos, as ações de Anakin frequentemente testavam a
paciência de seu Mestre. Com doze anos, ele voava em corridas ilegais nos
lixões do submundo da Cidade Galáctica de Coruscant. Quando tinha quase
treze, construiu seu primeiro sabre de luz, que logo foi usado para dar cabo
de um negociador de escravos notório chamado Krayn. Aos quinze, durante
uma missão com Obi-Wan na qual serviram como defensores da paz nos
Jogos Galácticos do planeta Euceron, ele competiu em uma corrida de pods
ilegal para ganhar a liberdade de um escravo. Aos dezessete anos, sua
rivalidade com outro Padawan levou a um resultado extremamente infeliz
na antiga terra natal Sith de Korriban. Mais tarde naquele ano,
circunstâncias incomuns o levaram a entrar em uma corrida de pods contra
seu inimigo de infância, Sebulba, em Ryloth.
Chegou um momento em que Anakin percebeu que Obi-Wan era o único
Jedi que se recusava a desistir dele. Anakin passou a encarar Obi-Wan
como a figura paterna que ele nunca teve, apesar de Qui-Gon Jinn ter
certamente chegado perto, nesse quesito. Com o tempo, Anakin e Obi-Wan
aprenderam a confiar um no outro e se tornaram amigos íntimos. Tal como
acontecera com a antiga parceria entre Obi-Wan e Qui-Gon, eles ganharam
reputação como uma equipe habilidosa, tão afinados que conseguiam sentir
a presença um do outro através de grandes distâncias. Embora fossem
frequentemente convocados para missões diplomáticas, também eram
despachados em muitas missões perigosas.
Para grande surpresa de Anakin, o Supremo Chanceler Palpatine adquiriu
um interesse especial por ele e por suas atividades. Várias vezes Palpatine
dizia a Anakin que ele era o Jedi com o maior dom que ele conhecera, e que
enxergava que um dia Anakin se tornaria ainda mais poderoso que o Mestre
Yoda.
Contudo, por toda a confiança em seus próprios poderes, ocasionada
graças a todas as suas conquistas e vitórias e a todas as lições aprendidas na
década que se seguiu à Batalha de Naboo, nada foi capaz de preparar
Anakin, aos vinte anos, para sua reunião com Padmé Amidala.

– Ani? – disse Padmé, surpresa com a visão do jovem alto ao lado de


Obi-Wan, em seu apartamento em Coruscant. Os dois Jedi tinham acabado
de voltar de uma missão para resolver uma disputa de fronteira em Ansion,
quando foram instruídos a se encontrar com Padmé, que continuava a servir
sua terra natal como uma senadora galáctica depois de completar seu
segundo mandato como a rainha eleita de Naboo. Também presentes
estavam Jar Jar Binks e um agente de segurança de Naboo. Padmé e Jar Jar
não viam Obi-Wan e Anakin havia dez anos.
– Minha nossa, como você cresceu – disse Padmé, sorrindo para Anakin.
Na esperança de parecer maduro, ele respondeu sem pensar:
– Você também. – Que coisa estúpida de se dizer. Da última vez em que a
vi, eu era mais baixo que ela! Tentando se recuperar do constrangimento,
ele acrescentou: – Ficou mais bonita, quero dizer. – Acabei mesmo de dizer
isso? – Bem, p-para uma senadora, quero dizer. – Todo mundo aqui deve
pensar que eu sou idiota!
Padmé riu.
– Ani, você sempre vai ser aquele garotinho que eu conheci em Tatooine.
Anakin sentiu-se devastado. Tinha pensado em Padmé todos os dias
desde que se conheceram e não queria que ela pensasse nele como “aquele
garotinho”.
Ela é ainda mais linda do que eu me lembrava.
Embora os velhos amigos estivessem contentes em se rever, as
circunstâncias de sua reunião eram sérias. O Senado Galáctico havia se
tornado tão corrupto que os cidadãos de muitos planetas estavam
ameaçando pôr fim à sua fidelidade à República e criar seu próprio
governo. Um ex-Jedi, o carismático conde Dookan, começara a organizar
esse movimento separatista, e muitos acreditavam que a situação iria
explodir em uma guerra civil total. Como a Ordem Jedi não estava
preparada para um conflito tão grande, muitos senadores queriam criar um
exército para defender e preservar a República.
Na esperança de encontrar uma resolução pacífica, a senadora Amidala
tinha viajado para Coruscant com o propósito de votar contra o Ato de
Criação Militar, mas quase foi assassinada quando lá chegou. Em uma
emboscada terrível, sua nave foi destruída, e seis pessoas, incluindo um de
seus guarda-costas, foram mortas. A pedido do Supremo Chanceler
Palpatine, Obi-Wan e Anakin foram designados para proteger Padmé.
Para piorar a situação, nas últimas semanas, Anakin tinha sido perturbado
por uma série de sonhos em que sua mãe estava correndo perigo. Ele se
perguntava se os sonhos tinham sido algum tipo de premonição do ataque a
Padmé, mas sentiu que as visões não tinham relação. No pesadelo mais
surpreendente, sua mãe havia sido transformada em uma estátua de vidro e
quebrada diante de seus olhos. Foi apenas um sonho ruim, Anakin tentou
convencer a si mesmo, enquanto se concentrava em sua tarefa.
Era ideia de Padmé se usar como isca para atrair o assassino misterioso
para as mãos dos Jedi.
Depois de ouvir o plano, Anakin disse:
– É uma má… quero dizer, não é uma boa ideia, senadora. – Ao lado
dele, R2-D2 fez barulhinhos que poderiam expressar concordância. Embora
Anakin tivesse ficado secretamente feliz por ter tido aquele momento a sós
com Padmé no apartamento dela, agora quase desejava que Obi-Wan
estivesse com eles, e não reunido com o Conselho Jedi, para que também
pudesse desencorajar Padmé.
– Me mudar para outra suíte só vai atrasar um novo ataque.
– Mas o que você está sugerindo é muito perigoso. Você pode se
machucar.
– Essa é mesmo uma possibilidade – disse Padmé. – Mas, se nos
prepararmos para um ataque aqui nesta suíte e realmente cobrirmos todos os
ângulos, poderíamos ter uma vantagem sobre o assassino, não poderíamos?
E R2 pode ajudar…
Desviando os olhos de Padmé, Anakin negou com a cabeça.
– Ainda seria muito arriscado. Até onde sabemos, pode haver um
exército inteiro de assassinos.
Padmé se aproximou de Anakin, forçando-o a se virar para ela e olhá-la
nos olhos.
– Eu não tenho nenhum interesse em morrer, Anakin, mas não quero que
mais pessoas inocentes percam a vida porque alguém quer me ver morta. Se
você conseguir entender isso, então pode me ajudar.
Por mais que Anakin quisesse prender as pessoas que haviam tentado
matar Padmé, ele sabia que Obi-Wan não aprovaria prontamente a ideia de
usá-la como isca. Apesar de seu bom senso, ele disse:
– Tudo bem, senadora. Vou ajudá-la.
Obi-Wan não ficou sabendo sobre o plano até de noite, quando Padmé já
estava dormindo. Apesar de seus preparativos e da presença vigilante de
R2-D2, Obi-Wan e Anakin tiveram que se movimentar depressa para
interceptar um par de kouhuns – pequenos artrópodes mortíferos – que
invadiram o apartamento da senadora adormecida e furtivamente
deslizaram para sua cama. Os Jedi tiveram que se mexer ainda mais rápido
para alcançar o assassino que tinha soltado os kouhuns.
Viajando com o aerodeslizador e por instinto, os Jedi perseguiram sua
presa por mais de cem quilômetros através dos céus e das ruas da Cidade
Galáctica, antes que sua caçada terminasse em uma boate lotada. Embora o
assassino parecesse uma fêmea humana de pele clara, era, na verdade, uma
metamorfa clawdite, que usava uma roupa elástica escura que ficava rígida
quando ela mudava de forma. Dentro da boate, sua tentativa de atirar em
Obi-Wan pelas costas resultou no Jedi decepando seu braço com o sabre de
luz. A clawdite ainda estava em choque quando Obi-Wan a levou por uma
saída que dava em um beco do lado de fora da boate. Anakin caminhava ao
lado deles, e apenas o seu olhar de cólera foi necessário para encorajar os
presentes no beco a esvaziar o local.
A clawdite gemeu quando Obi-Wan colocou seu corpo trêmulo no chão.
Anakin esperava que ela continuasse consciente por tempo o bastante para
dar algumas respostas. Obi-Wan olhou nos olhos da clawdite e disse:
– Sabe quem você estava tentando matar?
– Era uma senadora de Naboo – murmurou a clawdite.
– E quem contratou você?
Os músculos do rosto dela se contraíram enquanto tentavam manter um
semblante humano.
– Era só um trabalho – murmurou.
Ajoelhado ao lado dela, Anakin sentiu sua raiva aumentar por aquela
criatura que considerava matar Padmé “apenas um trabalho”. Precisou de
todo seu autocontrole para manter o tom calmo e cordial na voz quando se
abaixou para perguntar:
– Quem contratou você? Fale.
A clawdite revirou os olhos para Anakin. Quando ela não respondeu de
imediato, ele rugiu:
– Fale já!
Ela engoliu em seco e depois disse:
– Foi um caçador de recompensas chamado…
Sua declaração foi interrompida por um pequeno projétil que fez um
chiado ao ser disparado e se fincar em seu pescoço. Anakin e Obi-Wan
viraram a cabeça depressa e traçaram a trajetória do projétil até um telhado
alto, onde um homem armado usando uma mochila a jato, de repente,
lançou-se para o céu e desapareceu.
Os dois Jedi olharam de volta para a clawdite, cuja carne se tornou verde-
escura e suas feições contorcidas voltaram à configuração natural.
– Wee shahnit… sleemo – ela suspirou antes de sua cabeça tombar para
trás.
Por ser fluente em huttês, Anakin entendeu as últimas palavras da
assassina: caçador de recompensas nojento. E, com grande amargura, ele
desejou que ela, em vez disso, tivesse lhes dado um nome.
Obi-Wan levou a mão ao pescoço da clawdite morta e removeu o dardo,
um objeto pequeno e asqueroso que tinha barbatanas estabilizadoras para
disparos de longa distância e uma ponta de agulha injetora.
– Dardo tóxico – observou ele.
Anakin sentiu algum alívio por pelo menos um assassino já não poder
mais prejudicar Padmé. Olhando para o cadáver da clawdite, ele pensou:
Você teve o que mereceu.
E então ele estremeceu. Anakin sabia que não fazia parte da filosofia Jedi
pensar que alguém merecia morrer.
Mesmo assim, não mudou de opinião.
CAPÍTULO SETE

COMO A SENADORA AMIDALA ainda estava em perigo, o Conselho Jedi


instruiu Obi-Wan a perseguir o furtivo caçador de recompensas enquanto
Anakin escoltasse Padmé de volta a Naboo. Para impedir que qualquer um
ficasse sabendo do paradeiro de Padmé, ela e Anakin se disfarçaram de
refugiados e partiram com R2-D2 a bordo de um cargueiro para o sistema
Naboo. Anakin continuava extremamente preocupado com a segurança de
Padmé, mas, em segredo, ele também se sentia muito satisfeito por sua
missão – sua primeira missão oficial sem seu Mestre – lhe permitir passar
mais tempo com a jovem que ele venerava desde a infância.
Seria possível que ela também tivesse sentimentos por mim?, ele não
conseguia parar de pensar.
Dentro do cargueiro rumo a Naboo, eles se mantiveram discretos entre os
emigrantes no porão de terceira classe. Anakin se arriscou a tirar uma
soneca durante o longo voo, mas foi visitado por outro pesadelo. Durante o
sono, ele murmurou:
– Não, não, mãe, não… – E então acordou com um sobressalto. Padmé
estava ali perto, olhando para ele. Um pouco confuso, Anakin olhou para
ela também e disse:
– O que foi?
– Você parecia estar tendo um pesadelo.
Anakin não disse nada. Porém, mais tarde, enquanto partilhavam uma
refeição de mingau e pão, Padmé persistiu:
– Você estava sonhando com sua mãe, não estava?
– Estava – Anakin admitiu. – Deixei Tatooine há muito tempo, e as
memórias que tenho dela estão desaparecendo. Eu não quero perdê-las.
Ultimamente, tenho visto minha mãe nos meus sonhos… sonhos vívidos…
sonhos assustadores. Eu me preocupo com ela.
Bem naquele momento, R2-D2 foi até eles e emitiu um apito eletrônico.
O cargueiro tinha chegado ao sistema Naboo.
Anakin acompanhava Padmé a todos os lugares em Naboo, e logo
conheceu sua família. De início, Padmé tratava seu guardião Jedi como uma
sombra ligeiramente indesejável que seguia cada movimento seu. Ela
parecia tão determinada a reter informações pessoais quanto ele estava em
descobri-las. Chegou até mesmo a negar para a própria irmã que seu
relacionamento com Anakin fosse qualquer coisa que não profissional.
No entanto, com o passar dos dias, ela foi ficando mais relaxada na
presença do jovem constantemente ao seu lado. Os assuntos de suas
conversas mudaram da devoção de Padmé à política, e das preocupações de
Anakin em matéria de segurança, para assuntos mais pessoais. Anakin, por
sua vez, passou a conhecer as lembranças mais queridas de Padmé sobre
crianças que ela conhecera com trabalho de caridade e seus lugares
favoritos em Naboo. Anakin, que havia crescido sob os sóis escaldantes de
Tatooine, sentia frio na maioria dos mundos que visitava; mas, com Padmé
em Naboo, ele se sentiu – pela primeira vez na vida – verdadeiramente
confortável. E feliz.
Estavam no terraço do jardim em um alojamento que tinha vista para um
lago. Padmé usava um vestido que revelava a pele clara de suas costas e de
seus braços. Anakin se aproximou cuidadosamente de seu rosto e a beijou.
Ela não resistiu, mas, alguns segundos depois de seus lábios se
encontrarem, ela se afastou e disse:
– Não. – Ela desviou o olhar e se fixou no lago diante deles. – Eu não
deveria ter feito isso.
Anakin ansiava por beijá-la desde o reencontro em Coruscant, mas nunca
fizera planos disso, e muito menos imaginava que algum dia a beijaria de
fato. A aceitação de Padmé e a retribuição do beijo tinha sido seu maior
momento de alegria, mas ser rejeitado tão prontamente o havia feito se
sentir arrasado, envergonhado e confuso. Ele seguiu o olhar dela para as
águas tranquilas.
– Sinto muito – desculpou-se.
Sinto muito que você não sinta por mim o mesmo que eu sinto por você.

Anakin tentava fingir que o beijo nunca tinha acontecido, mas a cada
minuto que passava depois daquele instante à beira do lago, a cada
momento com Padmé, ele se sentia mais torturado, como se seu coração
tivesse se tornado uma ferida aberta. Incapaz de repelir seus sentimentos,
ele confrontou Padmé, que lhe lembrou de que os Jedi não tinham
autorização para se casar, e que ela era uma senadora com coisas mais
importantes para fazer do que se apaixonar. Quando Anakin sugeriu que
eles poderiam manter um relacionamento secreto, ela respondeu que se
recusava a viver uma mentira.
Anakin começou a se perguntar sobre seu lugar na Ordem Jedi. Quanto
mais pensava sobre todas as regras que deveria seguir e sobre o tempo
dedicado à meditação e ao treinamento, mais ele questionava a lógica de
tanto sacrifício pessoal. É tão errado que eu goste de Padmé do jeito que eu
gosto? Ou que eu ainda sinta falta da minha mãe e me preocupe com ela?
Pela primeira vez desde que ele se tornara um Jedi, Anakin se viu
considerando seriamente a possibilidade de abandonar o sabre de luz, deixar
a Ordem e se tornar um cidadão da galáxia.
Ele tentava se imaginar em uma outra carreira. Tinha confiança de que
poderia encontrar trabalho como piloto ou como mecânico. Mas será que
esse tipo de trabalho me faria feliz? A resposta veio imediatamente para
Anakin: a única coisa que o faria feliz era estar com Padmé.
Mas e se eu deixasse de ser um Jedi e ela continuasse não enxergando
qualquer chance de um futuro comigo? E então? Era tudo complicado
demais para contemplar.
Se por um lado os momentos de vigília haviam se tornado
emocionalmente dolorosos para Anakin, dormir era ainda pior. Certa
manhã, ele estava na varanda do alojamento, meditando com os olhos
fechados, quando sentiu Padmé se aproximar atrás dele.
– Você teve outro pesadelo ontem à noite – disse ela.
– Os Jedi não têm pesadelos – ele respondeu laconicamente.
– Eu ouvi você.
Anakin não duvidava de que ela ouvira. O pesadelo tinha sido o pior até
o momento. Ele abriu os olhos e disse:
– Eu vi minha mãe. – Virando-se de frente para Padmé, ele fez um
grande esforço para impedir que a voz tremesse. – Ela está sofrendo,
Padmé. Eu a vi como estou vendo você agora. – Ele soltou um longo
suspiro, mas não era suficiente para liberar a pressão que estava ficando
cada vez mais forte dentro do peito. Anakin temia que o sonho da noite
anterior não fosse uma premonição, mas uma visão de eventos que já
houvessem acontecido. – Ela está sentindo dor – continuou. – Eu sei que
estaria desobedecendo minhas ordens de protegê-la, senadora, mas eu tenho
que ir. Eu tenho que ajudar minha mãe!
– Eu vou com você – disse Padmé.
– Desculpe – disse Anakin –, mas não tenho escolha.
Ele não havia esperado a possibilidade de que ela pudesse acompanhá-lo
a Tatooine. Eu posso continuar a vigiá-la. Obi-Wan não aprovaria, mas…
essa decisão não cabe a ele.

Sem informar nem Obi-Wan nem o Conselho Jedi sobre seus planos,
Anakin, Padmé e R2-D2 partiram de Naboo em uma esbelta nave real
Nubiana tipo H. Os aromas perfumados da terra natal exuberante e fértil de
Padmé ainda estavam frescos nas narinas de Anakin quando ele avistou o
planeta de areia ressequido e estéril.
Descendo e atravessando a atmosfera, eles voaram para o espaçoporto de
Mos Espa. Após desembarcarem e garantirem que a nave estivesse segura
em uma das valas abertas e profundas que serviam de baías de aterrissagem,
Anakin contratou um riquexó puxado por droide para levá-lo com Padmé à
loja de sucata de Watto. R2-D2 seguiu atrás deles.
Anakin não sabia bem como reagiria quando visse Watto novamente.
Apesar de seu antigo mestre ter sido mais bondoso do que outros donos de
escravos, Anakin sempre se ressentira do fato de que Watto havia se
recusado a libertar sua mãe. Watto não é o único culpado, Anakin pensou,
perguntando-se o quanto Qui-Gon havia se esforçado na tentativa de libertar
Shmi. Aqui a escravidão é permitida, e Watto é apenas um homem de
negócios.
Logo eles chegaram à loja, onde encontraram o velho toydariano sentado
na entrada. Não era de surpreender que Watto não reconhecesse o Jedi
jovem e alto que estava diante dele, mas, quando Anakin disse que
procurava por Shmi Skywalker, Watto ligou uma coisa à outra.
– Ani? – ele perguntou com um sobressalto, sem acreditar. – Pequeno
Ani? Nããão! – Seus olhos se arregalaram, então ele bateu as asas e gritou: –
Você é Ani! É você! Você cresceu, hein?
Watto depois informou Anakin de que vendera Shmi anos antes para um
fazendeiro de umidade chamado Lars e que ouvira dizer que Lars tinha
libertado Shmi e se casado com ela. Por sorte, os registros de Watto
proporcionaram a localização da fazenda, que ficava perto de uma pequena
comunidade chamada Anchorhead.
Depois de voltarem à nave e saírem em disparada da baía de
aterrissagem, Anakin, Padmé e R2-D2 voaram alto sobre o Mar das Dunas
setentrional. Foi uma questão de minutos até descerem nos arredores da
fazenda, que consistia de vaporizadores que coletavam umidade, espalhados
ao redor de uma pequena estrutura abobadada. A cúpula era uma entrada
para uma pequena propriedade subterrânea e um pátio adjacente que
repousava em um poço aberto. R2-D2 ficou com a nave, e Anakin e Padmé
caminharam em direção à cúpula. Assim que chegaram lá, foram recebidos
por um droide de protocolo coberto totalmente por placas metálicas.
– Oh! – exclamou o droide quando notou os dois humanos se
aproximando. Ele estivera fazendo um pequeno ajuste em um droide
Treadwell binocular, mas agora tinha se virado de frente para Anakin e
Padmé. – Hum, uh, olá. Como eu poderia ser útil? Sou C…
– 3PO? – disse Anakin, perguntando-se se sua mãe tinha sido responsável
por cobrir o corpo do droide com revestimento metálico.
Confuso, C-3PO inclinou ligeiramente a cabeça.
– Oh, hum… – Em seguida, ele se lembrou. – O criador! Oh, mestre Ani!
Eu sabia que você iria voltar. Eu sabia! E a senhorita Padmé. Minha nossa.
C-3PO os conduziu por um lance de degraus até o pátio, onde um homem
e uma mulher jovens, surpresos, surgiram por uma porta em arco. O casal
usava vestes pardacentas de deserto, comuns no planeta de areia. O homem
tinha porte robusto e mãos fortes de fazendeiro.
– Mestre Owen – disse C-3PO –, permita-me apresentar dois visitantes
muito importantes.
– Sou Anakin Skywalker – disse Anakin.
– Owen Lars – disse o fazendeiro, parecendo um pouco alarmado.
Apontando para a mulher ao seu lado, ele continuou:
– Hum, esta é minha namorada, Beru.
Beru sorriu timidamente e cumprimentou Padmé.
Mantendo os olhos em Anakin, Owen continuou:
– Acho que sou seu meio-irmão. Eu tinha a sensação de que você poderia
aparecer algum dia.
Ansioso e impaciente, Anakin passou os olhos pelo pátio e disse:
– Minha mãe está aqui?
– Não, ela não está – respondeu uma voz profunda vinda de trás. Anakin
e Padmé se viraram e encontraram um homem mais velho cujas
características grisalhas o entregavam obviamente como o pai de Owen. Ele
estava sentado em uma cadeira mecânica flutuante. Seu robe estava puxado
para trás e revelava sua perna direita como um coto enfaixado. – Cliegg
Lars – ele se apresentou enquanto sua cadeira o levava para frente devagar.
– Shmi é minha esposa. Devíamos entrar. Temos muito o que conversar.

Poucos minutos depois, na câmara de jantar que se abria para o pátio,


Anakin e Padmé estavam sentados a uma mesa retangular com Cliegg e
Owen.
– Foi pouco antes do amanhecer – Cliegg contou. – Eles apareceram do
nada. Um grupo de Nômades Tusken.
Anakin sentiu um aperto no estômago.
Enquanto Beru colocava uma bandeja de bebidas sobre a mesa, Cliegg
continuou:
– Sua mãe tinha saído cedo, como sempre fazia, para colher os
cogumelos que crescem nos vaporizadores. Pelos rastros, ela estava na
metade do caminho de casa quando eles a levaram. Esses tuskens andam
como homens, mas são monstros descerebrados e cruéis. Trinta de nós
saíram atrás dela. Só quatro voltaram. Eu estaria com eles, mas depois que
perdi minha perna… Eu simplesmente não conseguia mais me locomover…
a-até eu me curar.
Anakin baixou o olhar para as bebidas intocadas na mesa. Seus músculos
faciais se contraíam nervosamente enquanto ele pensava. Se ao menos ela
tivesse ido embora de Tatooine comigo. Se eu não a tivesse deixado para
trás… Anakin não teve muito tempo para formular uma opinião sobre
Cliegg Lars. Inicialmente, ele sentira algum senso de gratidão pelo homem
que o havia ajudado a libertar sua mãe de Watto. Porém, Anakin não
conseguia deixar de sentir uma raiva amarga por Cliegg ter levado a esposa
para viver naquela área desolada rondada pelos tuskens. Se ao menos você
não a tivesse trazido para cá!
– Eu não quero desistir dela – disse Cliegg –, mas faz um mês que ela se
foi. Há pouca esperança de que ela tenha durado todo esse tempo.
Fazendo todos os esforços para controlar sua raiva, Anakin se levantou e
se afastou um passo da mesa.
– Aonde você está indo? – perguntou Owen.
Anakin disparou um olhar acusador para Owen e respondeu:
– Encontrar minha mãe.
CAPÍTULO OITO

OS SÓIS ESTAVAM COMEÇANDO A SE PÔR QUANDO ANAKIN parou do lado da


entrada em cúpula da residência da família Lars. Owen tinha oferecido sua
moto swoop a Anakin, e o veículo repulsor agora estava estacionado no ar a
uma pequena distância da cúpula. Eu não deveria ficar com raiva de Owen
e Cliegg por terem desistido, pensou Anakin. Eles cuidaram da minha mãe,
mas são apenas humanos. Eles não eram capazes de fazer mais.
Padmé surgiu na entrada da cúpula e foi até Anakin. Ele sabia que ela
queria ajudar, mas também sabia que não poderia arriscar a vida dela mais
do que já tinha arriscado.
– Você vai ter que ficar aqui – disse ele. – Essas pessoas são boas,
Padmé. Você vai ficar em segurança.
– Anakin…
Eles se abraçaram. Anakin quase desejou que pudesse ter congelado
aquele momento só para manter Padmé para sempre perto dele. Mas estava
escurecendo rápido e sua mãe ainda estava em algum lugar desconhecido.
Ela está viva, ele sentia. Eu sei que ela está!
Libertando-se dos braços de Padmé, Anakin foi até a moto swoop.
– Eu não vou demorar – disse. Ele montou no veículo, deu partida no
motor e saiu em disparada pelo solo desértico.

Com o vento quente fazendo seu robe chicotear, Anakin cruzou para o
deserto de Jundland, onde se sabia que os tuskens se escondiam e caçavam
entre as formações rochosas imponentes. Ele não parou para pensar por que
os tuskens tinham pegado sua mãe, ou por que não a tinham matado como
fizeram com os outros fazendeiros. Até onde ele sabia, os tuskens poderiam
estar fazendo algum ritual profano. Os motivos não lhe importavam. Ele só
queria sua mãe de volta.
Anakin também a queria de volta sã e salva. Ele pensou sobre o que os
Nômades Tusken tinham feito com Cliegg Lars e aumentou a velocidade da
swoop pelo deserto.
Estava a cerca de 150 quilômetros da propriedade de Lars quando avistou
as silhuetas altas dos rastreadores da areia contra o céu crepuscular. Era um
acampamento jawa. Embora os jawas temessem os Nômades Tusken tanto
quanto quaisquer seres em Tatooine, Anakin sabia que os pequenos
catadores de sucata com seus olhos incandescentes estariam mais dispostos
a fornecer informações se ele desse alguma retribuição. Em troca de uma
ferramenta multifuncional e um scanner portátil que ele encontrou no
alforje do veículo emprestado, os jawas disseram que ele deveria seguir
para o leste e encontraria um acampamento tusken.
Fazia muito tempo que os sóis de Tatooine haviam se posto, e as luas
pairavam baixo no horizonte quando Anakin viu o conjunto de fogueiras
resplandecentes na parte inferior de um vale profundo. Deixando a swoop à
beira de um penhasco alto, ele se manteve nas sombras ao se aventurar para
o vale e se movimentar silenciosamente em direção ao acampamento.
O local consistia de cerca de duas dezenas de barracas feitas de peles e
pedaços de madeira coletados das florestas de Tatooine, mortas havia muito
tempo. Dois tuskens estavam a uma pequena distância de uma tenda,
montando guarda. Anakin estendeu a mão e, com o uso da Força, sentiu que
sua mãe estava ali dentro. Sem chamar atenção para si mesmo, ele deu a
volta na tenda, usou seu sabre de luz para cortar um buraco no revestimento
de pele esticada e entrou.
Anakin encontrou a mãe no centro da tenda, amarrada a uma estrutura
feita de varas finas de madeira. Uma pequena fogueira queimava em uma
tigela próxima e lançava sombras mornas e perversas pelas paredes da
barraca. Shmi não estava se movendo.
Assustado como uma criança, Anakin disse:
– Mãe?
Nenhuma resposta. Ele podia ver pelo sangue seco no rosto e nos braços
que ela tinha sido terrivelmente espancada.
– Mãe? – Ainda nenhuma resposta. Ela estava quase morta. Shmi gemeu
quando ele soltou seus pulsos das tiras de couro que a prendiam à estrutura.
Com cuidado, ele a abaixou até o chão, embalando a parte de cima de seu
corpo nos braços. – Mãe?
As pálpebras feridas de Shmi se abriram, e ela se esforçou para se
concentrar no rosto de Anakin.
– Ani? – murmurou. – É você?
– Estou aqui, mãe – disse ele. – Você está segura.
– Ani? Ani? – Ela parecia confusa, como se estivesse tentando descobrir
se ele estava mesmo ali. Então, incrivelmente, ela conseguiu sorrir. – Oh,
você está tão bonito. – Ela passou a mão de leve no rosto do filho, e ele
beijou-lhe a palma da mão aberta. – Meu filho. Oh, meu filho adulto. Eu
estou tão orgulhosa de você, Ani.
Anakin engoliu em seco e sentiu as lágrimas arderem em seus olhos
quando disse:
– Eu senti sua falta.
– Agora eu estou completa – disse Shmi. – Eu amo v…
Anakin ficou tenso quando a voz dela falhou.
– Fique comigo, mãe. Tudo…
Ele queria dizer que tudo ia ficar bem. E queria dizer muito mais, mas,
antes que pudesse falar qualquer coisa, Shmi disse novamente:
– Eu amo… – Logo em seguida, seus olhos se fecharam e sua cabeça
tombou para trás.
Ela morreu nos braços de Anakin.
Ele ficou sentado num silêncio atordoado, apenas segurando sua mãe. Se
eu tivesse chegado aqui mais cedo, poderia tê-la salvado. Ele passou os
dedos pelo cabelo emaranhado de Shmi. Eu não vou deixá-la aqui. Tenho
de levá-la de volta para a swoop. Mas aqueles guardas tuskens…
Anakin se lembrou do tusken que ele havia encontrado quando era
menino.
Eu salvei a vida dele!
Antes, Anakin não tinha questionado os motivos dos tuskens. Agora,
porém, se perguntava se eles teriam levado sua mãe se soubessem que o
filho dela um dia havia salvado alguém do povo deles. Ou é assim que os
tuskens agradecem? Anakin rapidamente especulou se o tusken que ele
resgatara ainda poderia estar vivo, possivelmente naquele mesmo campo.
Eu deveria tê-lo deixado morrer! Eu deveria!
Anakin pensou em como os tuskens tinham levado sua mãe, imaginou o
que ela havia sofrido durante aquele mês…
Por que eles fariam isso? Como alguém poderia fazer isso?
A resposta veio até ele dos cantos mais escuros de seu próprio coração.
Eles fizeram isso porque quiseram. Eles fizeram isso porque podiam. À
medida que sua tristeza se transformava em raiva, ele soube exatamente
como iria eliminar os guardas tuskens.
Abandonando temporariamente o cadáver de sua mãe, Anakin Skywalker
saiu da tenda e reativou seu sabre de luz.
Ele não se deteve com os guardas.
Quando Anakin chegou à residência dos Lars com o corpo de sua mãe
embrulhado em um cobertor, Cliegg Lars, Owen, Beru, Padmé e C-3PO
apareceram na cúpula de entrada. Eles observaram em silêncio Anakin tirar
a mãe morta da swoop e a levar em direção à porta. Ele não estava com
disposição para falar e tinha reconsiderado sua avaliação de que a família
Lars era composta de “pessoas boas”.
Qual é a vantagem de ser bom se você é fraco?
Sua expressão triste e carrancuda se fixou em Cliegg Lars, que baixou o
olhar.
Talvez você esteja desejando que não tivesse desistido dela tão cedo, não
é?
Sem diminuir o passo, Anakin redirecionou seu olhar para Owen e Beru.
Talvez minha mãe nunca tenha ensinado você a estar preparado para
cuidar das coisas?
Anakin nem sequer olhou para Padmé ou para o droide de protocolo
enquanto descia com sua mãe para a habitação subterrânea.

Mais tarde, Anakin estava em pé em uma bancada na garagem da


propriedade, consertando uma peça da swoop. Padmé entrou carregando
uma bandeja de comida.
– Eu trouxe uma coisa para comer – disse ela. – Você está com fome?
Movendo-se lentamente, Anakin continuou a examinar a peça do veículo
como se estivesse um pouco atordoado.
– O câmbio quebrou – disse ele. – A vida parece muito mais simples
quando a gente está consertando as coisas. Eu sou bom em consertos.
Sempre fui. Mas eu não pude… – Ele parou de trabalhar e olhou para
Padmé. – Por que ela precisava morrer? Por que eu não pude salvá-la? Eu
sei que poderia ter salvado. – Ele se virou e olhou para um canto escuro da
garagem bagunçada. Sua raiva tinha momentaneamente dado lugar ao luto.
– Às vezes, existem coisas que ninguém pode consertar – disse Padmé. –
Você não é todo-poderoso, Ani.
– Bem, eu deveria ser! – ele vociferou, fazendo Padmé se encolher. –
Algum dia eu vou ser – continuou. – Eu vou ser o Jedi mais poderoso de
todos os tempos! Eu prometo. Vou até mesmo aprender a impedir que as
pessoas morram.
Padmé simplesmente ficou ali, confusa e alarmada com aquelas palavras.
– Anakin…
– É tudo culpa de Obi-Wan. Ele está com inveja! Ele está me contendo! –
Anakin arremessou uma chave pela garagem. Ela atingiu a parede e caiu
tilintando no chão.
– O que foi, Ani?
Ainda evitando o olhar dela, Anakin tentou acalmar a voz.
– Eu… eu os matei. Eu matei todos eles. Eles estão mortos. Cada um
deles. – Anakin virou-se lentamente de frente para Padmé, revelando as
lágrimas que escorriam pelo seu rosto. – E não apenas os homens, mas
também as mulheres e as crianças. Eles são como animais, e eu os abati
como animais! – Então ele gritou: – Eu os ODEIO!
Anakin começou a soluçar e se deixou cair no chão. Padmé se ajoelhou e
passou os braços ao redor dele.
– Ter raiva é humano – disse ela.
– Eu sou um Jedi – Anakin respondeu, ofegante, entre as lágrimas. – Eu
sei que eu sou melhor do que isso.
E, ainda assim, ele também sabia algo mais, algo muito pior do que ter se
permitido ceder à raiva.
Matar os tuskens tinha lhe dado satisfação.
CAPÍTULO NOVE

ANAKIN SE AJOELHOU EM FRENTE AO LOCAL de descanso final de sua mãe, um


cemitério fora do complexo Lars, onde havia duas lápides antigas ao lado
da nova.
– Eu não fui forte o suficiente para salvá-la, mãe – disse ele, tentando não
engasgar com as palavras. Eu falhei, ele pensou. Não apenas como seu
filho, mas como um Jedi. – Não fui forte o suficiente – repetiu. – Mas eu
prometo que não vou falhar de novo. – Anakin se levantou. Com os dentes
cerrados, ele acrescentou: – Eu sinto muito a sua falta.
Padmé, Cliegg, Owen, Beru e C-3PO estavam reunidos atrás de Anakin.
Quando ele se afastou da sepultura, R2-D2 veio deslizando na direção do
grupo e emitiu uma enxurrada de sinais sonoros e assobios.
– R2? – falou Padmé, surpresa que ele houvesse deixado a nave. – O que
você está fazendo aqui?
R2-D2 apitou e assobiou mais um pouco.
Aproveitando a oportunidade de agir como tradutor, C-3PO disse:
– Parece que ele está trazendo uma mensagem de um tal de Obi-Wan
Kenobi. Humm. Mestre Ani, esse nome faz algum sentido para você?
Os dois droides seguiram Anakin e Padmé para dentro da nave.

Obi-Wan havia rastreado o caçador de recompensas – um homem


chamado Jango Fett – até as fundições de droides no planeta Geonosis,
onde ele descobriu que o vice-rei da Federação de Comércio, Nute Gunray,
estava por trás das tentativas de assassinato contra Padmé. Obi-Wan
também havia descoberto que a Federação de Comércio em breve receberia
a entrega de um exército de droides produzidos em Geonosis, e que várias
facções de comércio interestelar tinham se aliado ao movimento separatista
do conde Dookan. Embora Obi-Wan, de Geonosis, tivesse conseguido
transmitir essas informações, sua gravação holográfica terminou com ele
tentando escapar de uma saraivada de disparos a laser provenientes de
droides inimigos.
Anakin e Padmé assistiram à mensagem pré-gravada na ponte de
comando de sua nave estelar em Tatooine, enquanto o Conselho Jedi e o
Chanceler Palpatine viam a transmissão simultaneamente retransmitida em
Coruscant. Ao fim da mensagem de Obi-Wan, o Mestre Jedi Mace Windu
instruiu Anakin a ficar onde estava, com a senadora Amidala, enquanto o
Conselho Jedi lidava com o conde Dookan.
– Proteja a senadora a todo custo – disse Mace Windu, via transmissão
holográfica. – Essa é a sua prioridade número um.
– Entendido, Mestre – Anakin respondeu. Primeiro eu perco minha mãe,
agora… Obi-Wan.
Quando o holograma de Mace Windu desapareceu, Padmé disse:
– Eles nunca vão chegar lá a tempo de salvá-lo. Eles vão ter que cruzar a
galáxia. – Girando no assento para examinar as coordenadas no painel do
navegador da nave, ela acrescentou: – Vejam, Geonosis fica a menos de um
parsec de distância.
– Se ele ainda estiver vivo – disse Anakin em tom severo.
– Ani, você vai simplesmente ficar sentado aqui e deixar que ele morra?
Ele é seu amigo, seu mentor. Ele é…
– Ele é como um pai! – Anakin estrilou. O pai que eu nunca tive. – Mas
você ouviu Mestre Windu. Ele me deu ordens estritas para ficar aqui.
– Ele deu ordens estritas para você me proteger – disse Padmé, enquanto
acionava uma série de dispositivos que ativaram os motores da nave –, e eu
vou ajudar Obi-Wan. Se você planeja me proteger, terá que vir junto.
Anakin sorriu.
Enquanto a nave decolava, levando Anakin, Padmé e os dois droides para
longe de Tatooine, ocorreu a Anakin que eles nem sequer tinham se
despedido de Cliegg, Owen e Beru. Se bem que eu não tinha muito a dizer a
eles, pensou. Anakin olhou para C-3PO, que havia afivelado seu corpo de
metal coberto de areia em um assento atrás de Anakin, e sentiu um pequeno
senso de realização.
Pelo menos eu salvei alguém que era importante para mim em Tatooine.

Apesar de acabarem encontrando Obi-Wan Kenobi muito vivo, a missão


não autorizada de Anakin para Geonosis foi quase um desastre. Ele e
Padmé foram capturados pelos insectoides geonosianos antes que pudessem
resgatar Obi-Wan, e, depois, o ambíguo conde Dookan e os geonosianos os
condenaram à morte.
Ainda assim, para Anakin, tudo aquilo se elevou a um patamar de quase
desastre, pois ele não tivera um único momento iluminado e significativo
em Geonosis sozinho com Padmé. Depois de terem sido capturados e
acorrentados, e de estarem prestes a ser transportados para uma arena
gigante de execução, Padmé o havia encarado e dito:
– Eu não tenho medo de morrer. Estou morrendo um pouco a cada dia
desde que você voltou para a minha vida.
Morrendo?
– Do que você está falando? – perguntou Anakin.
– Eu amo você.
– Você me ama? – ele repetiu, incrédulo. – Eu pensei que tínhamos
decidido não nos apaixonar, que seríamos obrigados a viver uma mentira, e
que isso iria destruir as nossas vidas.
– Acho que nossas vidas estão prestes a ser destruídas de qualquer
maneira – disse Padmé, tristemente. – Eu amo você, verdadeira e
profundamente, e antes de morrer quero que você fique sabendo disso.
Eles se beijaram e, naquele momento, Anakin acreditou que tinha mais
razão para viver do que jamais tivera antes.
Anakin, Padmé e Obi-Wan quase foram mortos por monstros em uma
arena gigante de execução. Felizmente, as mortes foram impedidas pela
chegada de Cavaleiros Jedi empunhando sabres de luz, incluindo Mace
Windu e Yoda, e um inesperado exército de soldados clones. Embora Mace
Windu pudesse dispor de Jango Fett, que tinha servido como modelo
genético para os clones, muitos Jedi morreram na batalha contra os droides
fabricados pelos geonosianos.
O conde Dookan fugiu da arena de execução, e Obi-Wan e Anakin o
perseguiram até uma fábrica de armas abandonada em uma torre alta de
rocha que Dookan tinha convertido em um hangar para sua nave pessoal,
um veleiro solar personalizado. Com os sabres de luz já ativados, Obi-Wan
e Anakin entraram no hangar escuro e encontraram o ex-Jedi grisalho,
elegantemente vestido, preparando-se para fugir de Geonosis. Dookan
mostrou uma expressão levemente irritada quando se virou e avistou a
dupla de perseguidores que estava do outro lado do hangar.
Mesmo que fizesse dez anos que Dookan tivesse renunciado à Ordem
Jedi, Anakin percebeu que o homem tinha um sabre de luz de cabo curvo
preso ao cinto.
– Você vai pagar por todos os Jedi que matou hoje, Dookan – vociferou
Anakin.
Conhecendo a reputação de Dookan como espadachim, Obi-Wan se
aproximou de Anakin sem tirar os olhos do ex-Jedi.
– Vamos enfrentá-lo juntos – disse em voz baixa. – Avance devagar pela
esquerda.
Mas a paciência de Anakin já se esgotara.
– Vou enfrentá-lo agora! – ele gritou, ignorando os protestos de Obi-Wan
e avançando para cima de Dookan. Anakin estava apenas a meio caminho
sobre o piso de mosaico do hangar quando o conde, em vez de recorrer ao
sabre de luz, levantou a mão direita na direção de seu oponente.
De repente, relâmpagos azuis brilhantes envolveram o corpo de Anakin,
que gritou e involuntariamente fechou os olhos. Dominado pela dor intensa,
ele mal podia conceber como Dookan conseguia controlar os relâmpagos e
usá-los contra ele. Anakin sentira seus pés deixarem o chão e então foi
arremessado do outro lado da câmara, onde se chocou contra a parede. Ele
gritou de novo quando caiu no chão duro, ainda sentindo a onda de energia
das trevas que Dookan havia liberado para atacá-lo. Seu corpo parecia estar
sendo queimado. Contorcendo-se no chão, ele percebeu que havia fumaça
subindo de sua túnica.
Anakin lutou para permanecer consciente. Tentando bloquear a dor,
percebeu apenas vagamente que Obi-Wan havia entrado em um duelo de
sabres de luz contra Dookan. Eu deveria ter dado ouvidos a Obi-Wan! Ele
pensou em Padmé. Eu não posso morrer assim!
Deitado no chão e se esforçando para se recuperar, Anakin tentou abrir os
olhos, mas sentiu ainda mais agonia. Era como se o choque elétrico ainda
estivesse lambendo seus globos oculares. Por um momento, ele se
perguntou se tinha sido cegado pelo relâmpago.
Preciso de foco! Ele se concentrou e tentou recuperar o controle da
respiração. Um momento depois, sua visão voltou, permitindo-lhe assistir,
impotente, ao sabre de luz vermelha de Dookan ferir o braço e a perna
esquerdos de Obi-Wan. O Jedi desabou no chão e, com isso, largou o sabre
de luz.
Fumaça ainda subia das roupas de Anakin. Ele viu com horror crescente
Dookan levantar o sabre e se preparar para baixá-lo sobre o indefeso Obi-
Wan.
Encontrando alguma reserva de energia inesperada dentro de si, Anakin
rugiu, acionou seu sabre de luz e saltou sobre o hangar para bloquear o
golpe fatal desferido por Dookan. Com a forma inerte de Obi-Wan debaixo
dos sabres de luz cruzados, Dookan olhou para Anakin e disse:
– Corajoso da sua parte, rapaz, mas eu pensei que você tinha aprendido a
lição.
– Eu demoro para aprender – respondeu Anakin ao manobrar o duelo
para longe de Obi-Wan.
– Anakin! – Obi-Wan gritou. Ele usou a Força para recuperar o sabre de
luz caído e conseguiu lançá-lo ao seu Padawan. Anakin o capturou e o
ativou. Agora estava usando dois sabres contra o adversário. No entanto,
depois de apenas alguns contatos rápidos, a lâmina de Dookan partiu o
punho do sabre de Obi-Wan e o lançou longe, quase cortando fora os dedos
de Anakin. Este ainda segurava o próprio sabre na outra mão, e o duelo
continuou por todo o hangar.
Tentando reprimir a raiva, Anakin recorreu à Força, e seus olhos se
fixaram em Dookan. Seu sabre de luz e o de seu oponente apareciam
borrados na periferia de sua visão. Ele acreditava que a Força o guiaria para
derrotar Dookan. Porém, enquanto continuava a encarar o olhar
condescendente de Dookan, ele sentiu sua raiva começar a se elevar uma
vez mais.
E então o conde desferiu seu golpe. O movimento de sua arma decepou o
braço de Anakin que empunhava o sabre, logo acima do cotovelo. Dookan
usou a Força para arremessar o jovem Jedi de costas pelo ar. Anakin gritou
e sentiu seu fôlego ser arrancado do peito. Depois, tudo ficou escuro.

Quando começou a retomar a consciência, Anakin não sabia quantos


minutos haviam se passado. Sentiu algo se mexer atrás de sua cabeça e
percebeu que estava deitado sobre as pernas de Obi-Wan. Este se levantou
do chão e, em seguida, ajudou Anakin a se erguer também. Anakin viu
Yoda no meio do hangar. Partes do teto tinham se rompido, e havia
escombros por todo o chão.
O que aconteceu?
Logo Anakin percebeu que o veleiro solar de Dookan tinha ido embora.
– Anakin! – gritou Padmé. Ela chegara ao hangar com um pelotão de
clone troopers. Doeu em Anakin ver a expressão angustiada de Padmé, que
veio correndo para perto dele assim que notou o que restava de seu braço
direito. Ela o envolveu num abraço cuidadoso.
Pelo menos você está segura, pensou ele, passando o braço esquerdo ao
redor dela para abraçá-la. Anakin não se importava que Obi-Wan ou Yoda
estivessem observando. Ele estava atordoado e mutilado, e tinha medo de
que, se soltasse Padmé, seus joelhos fraquejariam e ele desmaiaria
novamente. E assim ele apenas ficou ali, abraçando-a.
Ao final, nem mesmo o Mestre Yoda tinha sido capaz de impedir que
Dookan fugisse para o espaço, ou que os planetas da República entrassem
numa guerra civil. As Guerras Clônicas tinham começado.
Para piorar a situação, o conde Dookan disse a Obi-Wan que centenas de
senadores estavam sob o controle de um Lorde Sith chamado Darth Sidious.
Embora o Jedi não considerasse Dookan uma fonte confiável, eles
concordaram em ficar de olho no Senado.
Depois do duelo com Dookan, Anakin recebeu um braço cibernético e
escoltou Padmé de volta para Naboo. Lá, no mesmo terraço à beira do lago
onde haviam trocado seu primeiro beijo hesitante, eles marcaram um
encontro secreto com um sacerdote de Naboo. Padmé estava com um
vestido branco de bordado florido, e Anakin usava suas vestes Jedi formais.
Com C-3PO e R2-D2 como suas únicas testemunhas, eles se casaram.
Anakin não tinha ideia de por quanto tempo eles poderiam manter seu
casamento em segredo, mas não se importava. Ela é minha. Finalmente o
coração da minha amada Padmé agora é meu. Era realmente um sonho que
se tornava realidade. E no dia do casamento, parecia fácil para ele acreditar
que seus maiores problemas tinham ficado no passado.
Ele nunca imaginou os pesadelos que ainda estavam por vir.
CAPÍTULO DEZ

QUASE DA NOITE PARA O DIA, a República Galáctica adquiriu uma enorme


força militar que incluía naves de guerra interestelares, caças armados e
enormes veículos terrestres. Enquanto os senadores discutiam se o Supremo
Chanceler Palpatine tinha cometido um erro ao recrutar e implantar o
Grande Exército da República às pressas, mais planetas foram rápidos em
se unir ao movimento separatista do conde Dookan, que tinha se
autointitulado oficialmente a Confederação de Sistemas Independentes.
Como Mestre Yoda tinha previsto, as Guerras Clônicas se espalharam como
um vírus explosivo por toda a galáxia.
Embora Palpatine sempre se apresentasse como um político cauteloso e
despretensioso, ele deixou claro que faria o que fosse necessário para
preservar a República. Apesar de seus protestos modestos, o Senado exigiu
que ele permanecesse no cargo por muito tempo após seu mandato ter
chegado ao fim. Porém, à medida que as Guerras Clônicas se
intensificavam, até mesmo seus assessores mais confiáveis foram
surpreendidos pelas muitas alterações à Constituição da República feitas
por Palpatine, que estendeu os próprios poderes políticos e limitou a
liberdade dos demais.
O Conselho Jedi relutantemente concordou em permitir que os Jedi
servissem como generais para as tropas de clones do Grande Exército. No
entanto, nem todos estavam dispostos a lutar; alguns Jedi escolheram servir
como curandeiros e outros abandonaram a Ordem em definitivo.
Compelido a lutar em nome da República, Obi-Wan Kenobi tornou-se
um general, e Anakin, como muitos outros Padawans, foi promovido a
Cavaleiro antes do esperado, para acomodar as necessidades do Grande
Exército. Embora membros do Conselho Jedi observassem que Anakin
ainda era propenso a arrogância e impaciência, ninguém contestou o fato de
que ele continuava a se tornar ainda mais forte com o poder da Força.
Droides letais não eram os únicos adversários dos Jedi; o conde Dookan
havia recrutado seres mortíferos, tais como a aspirante a Sith Asajj Ventress
e o quase indestrutível caçador de recompensas de gen’dai, Durge, para
lutar em seu nome. O próprio Dookan havia treinado Ventress na arte do
combate de sabres de luz, porém, muitas vezes ridicularizava sua
preferência por empunhar dois sabres ao mesmo tempo. Anakin quase
derrotou Ventress na quarta lua do gigante gasoso Yavin. Um de seus
duelos, no setor industrial de Coruscant, o deixou com uma cicatriz
profunda no lado direito do rosto.
Três anos após a Batalha de Geonosis, Ventress e Durge não
representavam mais uma ameaça, mas o conde Dookan liderava a
Confederação, e os Jedi não estavam mais perto de encontrar o misterioso
Darth Sidious. As Guerras Clônicas se alastraram.

Após destruírem um laboratório secreto da Confederação no planeta


Nelvaan, na Orla Exterior, Anakin e Obi-Wan estavam partindo com R2-D2
em um Destróier Estelar da República, quando receberam uma mensagem
urgente. R2-D2 se ligou a um painel de comunicação e projetou um
holograma de Mace Windu, que disse:
– Kenobi, Skywalker. Coruscant está sitiado, e o general Grievous raptou
o Supremo Chanceler. Vocês devem retornar imediatamente e resgatar
Palpatine.
– Grievous – Anakin rosnou quando a mensagem holográfica terminou.
O tenente mais notório do conde Dookan, o ciborgue general Grievous
comandava os exércitos droides da Confederação. Grievous fora treinado
em combate de sabre de luz pelo próprio Dookan e tinha uma propensão a
matar Jedi e recolher seus sabres de luz. Embora alguns Jedi se
perguntassem quanto esforço Palpatine estava realmente fazendo para tentar
pôr fim à guerra, Anakin passara a considerar o líder da República parte de
seus amigos mais confiáveis.
Eu não vou deixar que o Chanceler morra!, Anakin jurou a si mesmo.
Afastando-se de R2-D2 e Obi-Wan, Anakin se dirigiu aos clone troopers
de armadura no hangar do Destróier Estelar.
– Estações de batalha. Toda a tripulação nos seus caças. Preparem-se para
saltar para o hiperespaço. Agora!

Os Destróieres Estelares da República e as aeronaves de combate da


Confederação estavam totalmente engajados em uma batalha explosiva
sobre os céus de Coruscant quando Anakin e Obi-Wan retornaram da Orla
Exterior. Caças de fogo antiaéreo faiscavam em explosões ofuscantes perto
de todas as naves. As espaçonaves dizimadas despencavam de órbita e se
chocavam contra as torres do planeta-cidade lá embaixo.
Flanqueados por um esquadrão de aviadores clones veteranos e com R2-
D2 atuando como copiloto de Anakin, os dois Jedi deixaram seu Destróier
Estelar e partiram a bordo de um par de caças em disparada para o combate
direto. Disparando os blasters contra as naves de droides ao mesmo tempo
que se esquivavam de mísseis, Anakin e Obi-Wan corajosamente seguiram
caminho através do fluxo mortífero de naves inimigas até se infiltrarem na
nave capitânia da Confederação, a Mão Invisível, na qual o Supremo
Chanceler Palpatine era mantido refém pelo general Grievous.
Para aumentar a velocidade e a capacidade de manobra, os caças Jedi
eram projetados sem geradores de escudo. Embora isso levasse alguns
adversários a acreditar que os caças eram mais vulneráveis a ataques, a
maioria dos pilotos Jedi era adepta do uso da Força para antecipar, fugir e
atacar seus inimigos. Anakin era considerado um dos melhores pilotos na
Ordem Jedi; mas, ao contrário de outros membros da Ordem, ele não
hesitava em se valer de tecnologia para ajudar a atingir seus objetivos. Na
visão de Anakin, a Força não tinha sido suficiente para salvar seu braço
direito nem para deter Dookan em Geonosis. Pelo mesmo motivo, ele
duvidava que a guerra seria ganha apenas pelo uso da Força.
Os Jedi avançaram furtivamente pela nave até chegarem à central de
comunicação e sensores da Mão Invisível, uma câmara alta com janelas
amplas que ofereciam uma visão de 180 graus da batalha que acontecia no
espaço circundante. Foi nessa câmara que eles encontraram o Supremo
Chanceler Palpatine, sentado em uma cadeira de espaldar alto, com os
pulsos presos aos braços da cadeira por algemas de energia. O rosto de
Palpatine estava pálido, e ele não parecia aliviado ao ver os Jedi.
– O senhor está bem? – Anakin perguntou enquanto ele e Obi-Wan se
aproximavam.
Com nervosismo, Palpatine olhou além dos dois Jedi e disse:
– Conde Dookan.
Anakin e Obi-Wan se viraram, olharam para cima e ali encontraram
Dookan vestido de forma impecável e dois superdroides de batalha
aproximando-se de um terraço elevado que circundava a parede traseira da
câmara. Embora Dookan estivesse em sua nona década, movia-se com a
graça de um predador das selvas. A mente de Anakin retornou numa fração
de segundo para seu confronto com Dookan em Geonosis, quando ele
cometeu o erro de atacar sem Obi-Wan ao seu lado.
Mantendo os olhos em Dookan ao falar com Anakin, Obi-Wan disse:
– Desta vez vamos fazer isso juntos.
– Era o que eu ia dizer – respondeu Anakin.
Dookan se afastou de seus droides, saltou sobre a proteção do terraço e
deu um mortal preciso no ar antes de pousar a uma curta distância dos Jedi.
Ele se aproximou e sacou o sabre de luz.
– Procurem ajuda – disse Palpatine de seu assento, em tom urgente. –
Vocês não são páreo para ele. Ele é um Lorde Sith.
Obi-Wan ofereceu um sorriso tranquilizador.
– Chanceler Palpatine, Lordes Sith são nossa especialidade. – Obi-Wan e
Anakin se livraram dos robes, deixando-os cair no chão, e sacaram também
seus sabres de luz.
– Suas espadas, por favor – pediu Dookan caminhando em direção aos
Jedi. – Não queremos criar tamanha confusão na frente do Chanceler.
– Você não vai se safar desta vez, Dookan – disse Obi-Wan. Ele e Anakin
acionaram os sabres de luz azul e avançaram para cima de Dookan, que, por
sua vez, acionou o seu, de lâmina vermelha. Os sabres zuniam e se
chocavam enquanto o confronto se movia por toda a câmara. Dookan se
defendia sem esforço.
No piso acima, os dois droides não se mexiam, apenas observavam em
silêncio quando os combatentes ficaram parados por um instante. Enquanto
os três sabres de luz continuavam a brilhar, Dookan sorriu para os
adversários e disse:
– Eu estava ansioso por isso.
Sem se intimidar pelo espadachim mais velho, Anakin respondeu:
– Meus poderes duplicaram desde a última vez em que nos encontramos,
conde.
– Que bom – respondeu Dookan. – O dobro do orgulho, o dobro da
queda.
Os Jedi investiram mais uma vez. Dookan recuou defendendo os golpes
e, em seguida, usou a Força para lançar Obi-Wan no chão. Enquanto
Anakin continuava seu ataque contra Dookan, forçando-o de costas a subir
os degraus para o piso superior, Obi-Wan recuperou-se e deu um salto para
se juntar à luta.
Os dois droides dispararam contra Obi-Wan, mas ele rebateu os raios de
energia e retalhou os robôs no caminho para se aproximar rapidamente de
Dookan. Infelizmente, o conde se moveu mais rápido, estendeu a mão
esquerda e usou a Força para levantar Obi-Wan do chão, ao mesmo tempo
que lhe constringia a garganta. Enquanto Obi-Wan se esforçava para
respirar, Anakin brandiu o sabre contra Dookan pelas costas, mas este
chutou o estômago de Anakin com o pé esquerdo e arremessou o jovem
Jedi contra uma parede próxima.
Obi-Wan ainda estava suspenso no ar quando Dookan fez um novo gesto
e lançou sua vítima, sufocando, do outro lado da câmara. Obi-Wan se
chocou contra a proteção do terraço proeminente e depois desabou como
um boneco quebrado no chão. Com outro gesto, Dookan usou a Força para
arrancar uma porção do terraço e prender o inconsciente Obi-Wan debaixo
de seu peso.
Mestre!
Anakin se jogou contra Dookan e o derrubou do terraço para o piso
inferior. Ele saltou em seguida e investiu de novo e de novo até que as
lâminas dos dois oponentes estivessem praticamente travadas uma na outra.
– Eu sinto um grande medo em você, Skywalker – disse Dookan. – Você
tem ódio. Você tem raiva. Mas você não os usa.
Anakin fez uma careta, mais irritado do que antes; as lâminas se
desvencilharam, e o duelo recomeçou. Trocando golpes por toda a câmara,
eles pararam próximo ao refém Palpatine. Dookan estava usando as duas
mãos para empunhar o sabre de luz, colocando ainda mais de sua força em
cada movimento mortífero, porém Anakin estendeu rapidamente a mão
esquerda e capturou os pulsos do Conde. No instante em que Dookan ficou
temporariamente preso, a mão direita de Anakin fez um giro brusco para
brandir seu sabre de luz entre ele e o alarmado adversário.
As mãos de Dookan foram decepadas e caíram no chão com um barulho
feio e úmido. Seu sabre saiu voando e se desativou automaticamente. Seus
joelhos fraquejaram e ele caiu ajoelhado ao lado das mãos. Anakin
arrebatou o sabre de luz de Dookan do ar, ativou a lâmina vermelha e
cruzou-a com seu próprio sabre, formando uma tesoura em volta do
pescoço do conde. Boquiaberto, Dookan observava com olhos arregalados
as extremidades mutiladas de seus braços. Era surpreendente que quase não
houvesse sangue, mesmo devido ao fato de os sabres de luz cauterizarem a
carne muito rápido.
Peguei você, Anakin pensou, mantendo os sabres cruzados, com o vértice
próximo ao pescoço de Dookan.
– Ótimo, Anakin – Palpatine disse de seu assento. – Ótimo. –
Inesperadamente, ele deu risada.
Ele quase parece contente. Ele deve estar em choque.
Então Palpatine disse:
– Mate-o.
O quê? Anakin manteve os olhos em Dookan, que voltou o olhar trêmulo
para Palpatine.
– Mate-o agora – disse o Chanceler.
Dookan olhou para Anakin, que agora via um verdadeiro temor nos olhos
assustados e velhos do homem.
– Eu não deveria – disse Anakin. Suas palavras pareceram dar algum tipo
de alívio para Dookan, cuja expressão de pânico relaxou ligeiramente,
embora ele continuasse a tremer. Eu posso ser misericordioso, Anakin
pensou ao sustentar o olhar do conde. Sou um Jedi melhor do que você já
foi.
– Mate-o – disse Palpatine, praticamente cuspindo as palavras.
Com um movimento rápido de tesoura, Anakin decapitou Dookan. O
corpo desabou ao lado das mãos, e a cabeça saiu rolando como uma bola
imperfeita. Anakin desativou os sabres e sentiu seu coração palpitar no
peito. Quase imediatamente ele pensou: O que foi que eu fiz?
– Você fez bem, Anakin – Palpatine disse em tom calmo. – Ele era
perigoso demais para continuar vivo.
– Sim, mas era um prisioneiro desarmado – Anakin respondeu ao libertar
as algemas de energia que prendiam Palpatine. – Eu não deveria ter feito
isso. Não é como os Jedi fazem.
Levantando-se da cadeira de espaldar alto, Palpatine respondeu:
– É natural. Ele cortou seu braço, você queria vingança. Não foi a
primeira vez, Anakin. Você se lembra do que me contou sobre sua mãe e o
Povo da Areia?
Nos três anos desde a morte de sua mãe, Anakin havia se convencido de
que ele temporariamente perdera a cabeça naquela noite no acampamento
tusken. Continuava seu segredo mais sombrio, algo que ele não tinha
contado nem mesmo para Obi-Wan, pois sabia que seria banido da Ordem
Jedi, mas ainda assim ele havia se sentido compelido a se confidenciar com
Palpatine. Anakin fez uma careta com a lembrança da carnificina contra os
tuskens. O desejo de matá-los estivera além de seu controle. Matar Dookan
não foi a mesma coisa. Eu sabia que era errado, mas fiz mesmo assim.
– Agora devemos partir antes que cheguem mais droides de segurança –
disse Palpatine.
Anakin correu para Obi-Wan, que continuava preso debaixo da porção
quebrada do terraço. Fora das grandes janelas da câmara, a sequência de
clarões indicava que a batalha espacial havia se intensificado.
– Anakin, não há mais tempo – disse Palpatine quando Anakin libertou
seu Mestre dos escombros. – Temos que sair desta nave antes que seja tarde
demais. – A Mão Invisível estremeceu violentamente ao ser percorrida por
uma série de explosões.
Depois de verificar os sinais vitais de Obi-Wan, Anakin disse:
– Ele parece estar bem.
– Deixe-o – ordenou Palpatine –, ou nunca vamos conseguir.
– O destino dele será o mesmo que o nosso – Anakin respondeu, pelo
menos uma vez se recusando a obedecer ao Chanceler. Ele ergueu Obi-Wan
e o colocou sobre o ombro, e depois saiu correndo com Palpatine para o
tubo elevador.

Anakin e Palpatine ainda estavam a bordo da Mão Invisível quando Obi-


Wan se recuperou. Junto com R2-D2, eles foram brevemente capturados
pelo general Grievous, mas conseguiram fugir de suas garras metálicas.
Infelizmente, Grievous lançou todos os pods de fuga e partiu para o espaço
enquanto a destruída Mão Invisível começava a cair sobre a atmosfera
superior de Coruscant. Embora a queda tivesse sido de sacudir os ossos para
Palpatine e para os Jedi, as habilidades incríveis de Anakin como piloto os
fizeram pousar, junto com o pouco que restava da nave capitânia, em uma
pista de desembarque.
Mace Windu, o senador Bail Organa de Alderaan e C-3PO estavam entre
os dignitários que receberam Palpatine e Anakin na plataforma particular de
desembarque no Senado. Obi-Wan retornou para o Templo Jedi. Depois de
falar brevemente com Bail Organa ao entrarem no prédio do Senado,
Anakin encontrou Padmé esperando por ele discretamente nas sombras de
uma coluna alta. Fazia meses que não a via.
Mesmo preocupado que o general Grievous ainda estivesse à solta e
tivesse assumido a liderança da Confederação, Anakin se esqueceu de seus
problemas quando abraçou Padmé.
No entanto, ela parecia diferente; tinha algo muito importante para lhe
contar.
CAPÍTULO ONZE

– ANI, ESTOU GRÁVIDA.


Ainda nas sombras do corredor no prédio do Senado, Anakin de repente
sentiu-se zonzo. Padmé olhou-o fixamente nos olhos, esperando que ele
dissesse alguma coisa.
– Isso é… – ele começou, mas então suspirou e desviou o olhar. Com a
súbita percepção de que o casamento não poderia ser mantido em segredo
por muito mais tempo, seus primeiros pensamentos foram de qual poderia
ser o impacto daquele desdobramento sobre suas vidas. Padmé pode ser
chamada de volta a Naboo, e eu vou ser expulso em desgraça da Ordem
Jedi. Vai ser um escândalo…
Então seu olhar encontrou novamente o de Padmé, e ele viu como ela
estava assustada.
– Bem – ele disse –, isso é mar… é maravilhoso! – Ele sorriu.
Não tão certa disso, Padmé perguntou:
– O que vamos fazer?
– Não vamos nos preocupar com nada agora, está bem? – disse Anakin,
abraçando-a com força. – Este é um momento de felicidade. O momento
mais feliz da minha vida.
Mais tarde, naquela noite, no apartamento de Padmé na Cidade Galáctica,
Anakin teve um pesadelo tão terrível que quase o fez gritar ao acordar. Ele
tentou sair da cama silenciosamente para que Padmé não percebesse sua
ausência, mas ela também acordou e o encontrou em pé no terraço,
observando o tráfego aéreo deslizando diante das janelas do apartamento.
– O que está incomodando você? – perguntou ela.
– Nada – ele respondeu. Padmé estava usando o amuleto de boa sorte que
Anakin entalhara para ela pouco depois que eles se conheceram. Ele
estendeu a mão para tocar o pingente. – Eu me lembro de quando dei isso a
você.
Padmé mostrou-lhe um olhar duro.
– Quanto tempo vai demorar para sermos honestos um com o outro?
Anakin respirou fundo.
– Foi um sonho – ele admitiu.
– Ruim?
– Como os que eu costumava ter sobre a minha mãe… pouco antes de ela
morrer.
– E?
– E era sobre você.
Padmé se aproximou de Anakin.
– Conte-me.
Anakin se afastou um pouco.
– Foi apenas um sonho – disse ele, mas, assim que as palavras foram
pronunciadas, ele sentiu que eram falsas.
Não foi apenas um sonho. Era real, e é isso que vai acontecer.
Ele se virou para Padmé.
– Você morre no parto.
Ela tentou não estremecer.
– E o bebê?
– Eu não sei.
Padmé aproximou-se novamente de Anakin.
– Foi só um sonho – disse ela, agora tentando, na mesma proporção,
convencer a si mesma e tranquilizar Anakin.
– Não vou deixar que isso se torne realidade – prometeu ele.
– Esse bebê vai mudar nossas vidas. Eu duvido que a rainha vá continuar
permitindo que eu sirva no Senado. E, se o Conselho descobrir que você é o
pai, você vai ser expulso.
– Eu… eu sei – Anakin gaguejou, tentando afastar aquelas realidades. –
Eu sei.
– Você acha que Obi-Wan vai poder nos ajudar?
– Não precisamos da ajuda dele – disse Anakin, e fechou o semblante ao
imaginar as reprimendas de seu Mestre. Quando percebeu que Padmé
parecia assustada com a expressão de seu rosto, Anakin aliviou suas feições
em um sorriso gentil. – Nosso bebê é uma bênção.
Anakin pensou de novo sobre o sonho, na esperança de que não fosse
uma descrição exata das coisas que estavam por vir; mas, de alguma forma,
ele sabia no coração que eram. Felizmente, ele conhecia alguém que era
uma espécie de especialista em premonições.
– Premonições? – perguntou o Mestre Yoda. – Premonições. Humm.
Era a manhã depois do pesadelo sobre Padmé, e Anakin estava nos
aposentos de Yoda no Templo Jedi. Estavam sentados um diante do outro, e
os raios de luz solar brilhante penetravam as cortinas que cobriam as janelas
do cômodo escassamente mobiliado.
Yoda disse:
– Essas visões que você tem…
– São de dor, sofrimento, morte.
– De você está falando, ou de algum conhecido seu?
Anakin ficou relutante em oferecer muitos detalhes, mas admitiu:
– De um conhecido.
– Próximo?
Anakin baixou o olhar e se sentiu quase envergonhado quando
respondeu:
– É.
Levantando um dedo de advertência, Yoda perscrutou Anakin com um
olhar penetrante.
– Cuidado você deve ter quando sentir o futuro, Anakin. O medo da
perda é um caminho para o Lado Sombrio.
Anakin se recordou dos sonhos que precederam a morte de sua mãe e,
depois, de seu fracasso em salvá-la. Olhando para Yoda, ele afirmou
categoricamente:
– Eu não vou deixar que essas visões se tornem realidade, Mestre Yoda.
– A morte é uma parte natural da vida – explicou Yoda. – Alegre-se por
aqueles ao seu redor que se transformam na Força. Lamentá-los não deve.
Sua falta não sinta. O apego leva ao ciúme. Uma sombra da ganância isso é.
Na esperança de permanecer no caminho certo dessa vez, Anakin
indagou:
– O que devo fazer, Mestre Yoda?
– Treine para se desapegar de tudo o que você tem medo de perder.
Eu conseguiria deixar de ser um Jedi, Anakin pensou, mas não
conseguiria deixar Padmé. Eu simplesmente não posso. Eu a amo demais.
Não vou deixá-la morrer. Eu não vou.

Logo depois de Anakin se reunir com Yoda, Palpatine confidenciou que


temia que o Conselho Jedi desejasse mais controle do que eles já tinham na
República. Anakin achava difícil de acreditar, mas concordou em se tornar
representante pessoal de Palpatine no Conselho. Já que só Mestres Jedi
serviam no Conselho, Anakin presumiu que a nomeação seria uma garantia
da sua promoção a Mestre, mas sentiu-se insultado quando o Conselho
insistiu que ele continuasse a ser um Cavaleiro. Depois de sua primeira
reunião desajeitada com o Conselho, Anakin ficou sabendo por intermédio
de Obi-Wan que o Conselho queria que ele informasse todas as negociações
do Chanceler. Parecia que Anakin era o único Jedi que confiava em
Palpatine.
Palpatine suspeita que o Conselho está tramando alguma coisa, e o
Conselho quer que eu espione Palpatine! Em quem devo confiar? Anakin
tentou falar com Padmé, mas ela expressou sua preocupação de que a
democracia já não existia na República, e ele a acusou de falar como uma
separatista. Ela também está se voltando contra mim?!
Naquela noite, Palpatine convocou Anakin para encontrá-lo em seu
camarote particular na Casa de Ópera das Galáxias. Lá, enquanto assistiam
a uma trupe de mon calamari executar um balé de gravidade zero dentro de
imensas esferas da água cintilantes, Palpatine informou Anakin de que as
unidades de Inteligência Clone haviam descoberto que o general Grievous
estava escondido no sistema Utapau. Palpatine dispensou os criados de
dentro do camarote e fez mais confidências; ele havia começado a suspeitar
que o Conselho Jedi queria controlar a República e que estava tramando
uma traição contra ele.
– Eles pediram para você me espionar, não foi? – perguntou Palpatine.
Encolhendo-se no assento ao lado do Chanceler, Anakin respondeu:
– Eu não… hum… não sei o que dizer.
– Lembre-se dos seus primeiros ensinamentos – Palpatine continuou. –
Todos aqueles que ganham poder têm medo de perdê-lo. Até mesmo os
Jedi.
Não, isso não é verdade, pensou Anakin.
– Os Jedi usam o poder para o bem – ele insistiu.
– O bem é um ponto de vista, Anakin – explicou Palpatine, calmamente.
– Os Sith e os Jedi são similares em quase todos os aspectos, incluindo sua
busca por um poder maior.
Isso também não é verdade.
– Os Sith recorrem à paixão que eles têm pela própria força – disse
Anakin. – Eles pensam para dentro, apenas em si mesmos.
– E os Jedi, não? – Palpatine perguntou, erguendo as sobrancelhas para
transmitir sua crença de que a resposta era tão evidente quanto seu rosto.
– Os Jedi são altruístas – Anakin retrucou. – Eles só se importam com os
outros.
Ouviu-se o aplauso do público. Anakin e Palpatine voltaram sua atenção
para os seres que estavam se apresentando.
– Você já ouviu a tragédia de Darth Plagueis, o Sábio? – perguntou
Palpatine.
– Não – Anakin admitiu.
– Eu achei que não – o outro respondeu em tom convencido. – Não é
uma história que os Jedi lhe contariam. É uma lenda Sith. Darth Plagueis
era um Lorde Sombrio dos Sith, tão poderoso e tão sábio que podia usar a
Força para influenciar os midi-chlorians para criar… vida. – Lentamente,
ele voltou o olhar para Anakin antes de continuar. – Seu conhecimento
sobre o Lado Sombrio era tão grande que ele podia até mesmo impedir que
aqueles que ele amava morressem.
Anakin pensou imediatamente em Padmé e nos seus pesadelos mais
recentes e sentiu um arrepio na espinha.
– Ele conseguia mesmo impedir que as pessoas morressem? – perguntou.
– O Lado Sombrio da Força é um caminho para muitas habilidades que
alguns considerariam não naturais.
Anakin pensou em Darth Plagueis, perguntando-se quanto da lenda
poderia ser verdade.
– O que… o que aconteceu com ele? – perguntou.
Desviando os olhos de Anakin, Palpatine respondeu devagar:
– Ele se tornou tão poderoso que a única coisa de que tinha medo era
perder seu poder, o qual, é claro, ele acabou perdendo. Infelizmente, ele
ensinou ao seu aprendiz tudo o que ele sabia. Então o aprendiz o matou
durante o sono. É irônico. Ele podia impedir que os outros morressem, mas
não a si mesmo.
Já que o Chanceler era um homem tão erudito e havia discutido com os
membros do Conselho Jedi a caçada em andamento contra Darth Sidious,
Anakin não ficou curioso sobre como ele poderia ter tomado conhecimento
de uma história tão bizarra dos Sith. Anakin só queria saber de uma coisa.
– É possível aprender esse poder?
Arqueando as sobrancelhas, Palpatine se virou mais uma vez para fixar
os olhos em Anakin.
– Não com um Jedi.
INTERLÚDIO

VINTE E TRÊS ANOS DEPOIS DO FIM DAS GUERRAS CLÔNICAS, Darth Vader não
tinha dificuldade em se lembrar do encontro de Anakin Skywalker com o
Supremo Chanceler Palpatine na Casa de Ópera das Galáxias. Embora, na
ocasião, ele ainda não tivesse se dado conta de que Palpatine era
realmente o Lorde Sith Darth Sidious, foi naquele momento particular que
Anakin Skywalker decidiu que precisava aprender os segredos dos Sith.
Na época, Anakin tinha se convencido de que só queria obter poderes
que o ajudariam a salvar sua esposa. Ele não queria seguir o caminho do
Lado Sombrio. Inclusive, ele continuou a se comportar com nobreza depois
do encontro na Ópera das Galáxias. Quando o Conselho o insultou uma
vez mais ao selecionar Obi-Wan para perseguir o General Grievous em
Utapau, Anakin se desculpou por sua arrogância. E, depois de ficar
sabendo que Palpatine era o Lorde Sith que havia assassinado Darth
Plagueis e de se dar conta de que o Chanceler não tinha intenção de abrir
mão de seu poder mesmo depois da morte do general Grievous, Anakin
relatou sua descoberta a Mace Windu, que liderou um grupo de Mestres
Jedi para capturar Palpatine. Anakin tinha feito a coisa certa.
Porém, como Anakin acreditava que sua única forma de salvar Padmé
era através do conhecimento arcano de Palpatine, ele não conseguiu
permitir que Mace Windu matasse o Lorde Sith. E depois permitiu que
Palpatine liberasse o relâmpago Sith em Mace Windu e escolheu trair todos
os Jedi de Coruscant: ele jurou lealdade a Palpatine.
Como novo aprendiz do Lorde Sith, ele havia recebido o nome de Darth
Vader antes de partir para matar todos os Jedi que permaneceram no
Templo. Agora, tantos anos depois, Vader refletiu sobre todos os Jedi que
ele assassinou naquele dia. Lembrando-se da expressão de espanto no rosto
de Mace Windu ao cair da janela do gabinete de Palpatine e dos gritos dos
Jedi mais jovens e seus professores, ele não sentiu nenhum remorso. Assim
como acreditava que havia feito o seu melhor para ser um Jedi obediente,
ele acreditava que suas ações como aprendiz de Palpatine eram ainda mais
corretas.
A fumaça ainda ondulava do Templo Jedi quando Vader viajou para o
mundo vulcânico de Mustafar para matar os líderes separatistas em seu
esconderijo. Enquanto isso, Palpatine proferiu uma ordem para que os
clone troopers de todos os mundos exteriores matassem seus generais Jedi
e depois informou ao Senado que os separatistas haviam sido derrotados e
que a rebelião Jedi havia sido frustrada. Aplausos jubilosos
acompanharam a declaração de Palpatine de que a República seria
reorganizada no primeiro Império Galáctico.
Depois de matar todos os líderes separatistas, o novo aprendiz de
Palpatine saiu da fortaleza na montanha em Mustafar para observar os
rios de lava incandescente que escorriam lá embaixo. Não lamentaria pelas
vidas que ele havia tirado. Porém, a perda de seu antigo ser, o menino que
sonhara em se tornar um Jedi, o deixou incapaz de segurar as lágrimas que
escorreram por suas faces.
Anakin Skywalker não existia mais. Ou existia? Afinal, Padmé havia se
apaixonado por Anakin, não por Darth Vader.
Ele não havia antecipado que Padmé, viajando com C-3PO, o seguiria
até Mustafar e refutaria a justiça de suas ações. Ele também não havia
previsto que Obi-Wan sobreviveria ao expurgo Jedi e que a traiçoeira
Padmé o levaria consigo. Apesar de seus poderes e dos anos de sintonia
com Obi-Wan, a raiva havia bloqueado sua habilidade de sentir a presença
do ex-Mestre em Mustafar até que ele o visse parado na escotilha da nave
de Padmé.
Ele também nunca tinha imaginado que Obi-Wan possuísse a força para
derrubá-lo tão brutalmente.
CAPÍTULO DOZE

– VOCÊ ERA O ESCOLHIDO! – gritou Obi-Wan para o que sobrara de Anakin


Skywalker, contorcendo-se na base de um banco de areia negra, às margens
de um rio de lava em Mustafar. O duelo exaustivo os havia levado para
longe do local de desembarque da nave de Padmé, e onde Anakin havia
usado a Força para asfixiar a esposa que aparentemente o havia traído.
Mas agora o duelo tinha chegado ao fim. Com um único golpe do sabre
de luz, Obi-Wan havia decepado as duas pernas de seu antigo Padawan na
altura dos joelhos e também seu braço esquerdo.
Anakin se esforçava para erguer a cabeça da areia abrasadora. Seus olhos
ardiam com fúria quando ele fitou Obi-Wan. Não vou morrer assim! Ainda
sou mais forte que você!
– Diziam que você destruiria os Sith, não que se juntaria a eles! –
continuou Obi-Wan. – Que traria equilíbrio para a Força, não que a deixaria
na escuridão!
Sentindo um calor intenso permear a túnica rasgada, Anakin avistou seu
sabre caído a uma pequena distância. Atônito e confuso demais para se
focar em seus poderes, ele observou com raiva Obi-Wan se abaixar para
pegar o sabre de luz e levá-lo consigo quando subiu a encosta para sair dali.
– Eu odeio você! – rugiu Anakin, mantendo os olhos focados na figura
que se afastava.
Obi-Wan parou no meio do caminho e se virou uma última vez para
encarar o monstro arruinado e cheio de ira.
– Você era meu irmão, Anakin. Eu amei você.
As roupas de Anakin pegaram fogo e ele foi engolido subitamente pelas
chamas. Seus gritos eram carregados de raiva e de dor, não diferente de
qualquer criatura indefesa. Seus instintos eram de girar e apagar as chamas,
mas por causa dos ferimentos e das pedras incandescentes embaixo de sua
cabeça e tronco devastados, a única coisa que ele podia fazer era queimar e
queimar.
Obi-Wan saiu dali e deixou Anakin para morrer. De alguma forma,
através da agonia, Anakin sentiu um último lampejo da presença de Obi-
Wan antes que o Jedi saísse de vista.
Anakin continuou gritando.

As chamas finalmente se apagaram.


O braço direito mecânico de Anakin se cravou na areia.
Ele se puxou e deslizou alguns milímetros encosta acima.
De novo!
Com cada movimento, pedregulhos vulcânicos em brasa feriam e
arranhavam sua pele carbonizada. Foi necessária toda a sua concentração
para mover seus restos queimados encosta acima e para longe do rio de
lava.
Ele gemia. Apenas seus poderes o impediam de perder a consciência.
De novo!
Apenas seu ódio por Obi-Wan o fazia querer viver mais um dia.
Anakin – ele ainda pensava em si mesmo como Anakin – ouviu o motor
de uma nave que se aproximava de onde ele estava. Não tinha ideia de
quanto tempo havia se passado antes de ouvir a voz do clone trooper dizer
em voz alta:
– Majestade, por aqui.
Então ele ouviu a voz de Palpatine:
– Ali. Ele ainda está vivo.
O tronco escurecido de Anakin relaxou completamente quando, enfim,
ele permitiu que a escuridão o varresse.

Anakin acordou em uma mesa de operação, cercado por droides. O


recém-apontado imperador Palpatine o havia levado a um centro cirúrgico
de reconstrução em Coruscant, e os droides estavam ocupados acoplando
membros robóticos no tronco que estremecia, mas estava preso a uma mesa
por fortes cintas de aço. Os droides estavam trabalhando rápido para manter
os preciosos midi-chlorians presentes no tecido e no sangue de Anakin.
Para impedir que os midi-chlorians rareassem devido a componentes
químicos invasivos, os droides estavam trabalhando sem anestésicos.
Anakin sentia tudo.
Ele sentia cada lâmina de metal frio que partia sua pele horrivelmente
dilacerada para permitir que mais instrumentos perfurassem e
estabilizassem seus órgãos internos danificados. Ele se retorcia quando os
ossos estilhaçados eram substituídos por plastoide, e se encolhia quando
lasers enxertavam os novos membros no lugar. Em dado momento, ouviu
por acaso um droide cirúrgico explicar a Palpatine que ele precisaria de um
capacete especial e de uma mochila para circular ar para dentro e para fora
de seus pulmões danificados.
Apesar dos pulmões, durante todo o procedimento, ele nunca parou de
gritar.
Finalmente estabilizado, Anakin ficou em silêncio na mesa na qual ainda
estava preso. Agora estava revestido em um traje negro reluzente de suporte
de vida com um painel de controle sobre o peito. Ele observou um
mecanismo robótico, acima de sua cabeça, abaixar lentamente uma máscara
negra com receptores de luz ovais e uma abertura respiratória triangular
sobre o rosto, enquanto outro mecanismo colocava o capacete sobre seu
crânio. O capacete e a máscara travaram um no outro ao serem fixados
simultaneamente no anel da armadura que envolvia o seu pescoço.
Encapsulado por inteiro com a armadura pressurizada, ele ouviu um sopro
mecânico de ar e depois se deu conta de que era o som de sua própria
respiração.
A mesa se levantou e trouxe junto o corpo preso de Anakin até que ele
ficasse em pé. Das sombras da sala de operação, o imperador encapuzado
deu um passo adiante e disse:
– Lorde Vader. Pode me ouvir?
Vader? Isso… Sou Darth Vader. Anakin não existe mais.
Vader soltou o ar e depois disse:
– Sim, Mestre. – O vocabulador da máscara havia transformado sua voz
num barítono de comando. Ele ainda se sentia fraco, e foi com alguma
dificuldade que virou a cabeça devagar, ajustando a visão através do
capacete para enxergar melhor o imperador. O rosto de Palpatine estava
nodoso e retorcido, deformado pelo relâmpago Sith que fora rebatido
brevemente por Mace Windu durante a batalha.
– Onde está Padmé? – perguntou Vader com sua nova voz. Depois de
tudo o que tinha acontecido, ele ainda estava preocupado com a esposa,
ainda a amava, ainda queria salvar sua vida. – Ela está segura? Ela está
bem?
Em seu tom mais compreensivo, Palpatine disse:
– Pelo visto, na sua raiva, você a matou.
– Eu? Eu não poderia ter feito isso – Vader disse, sem acreditar. Eu a
amava! Eu fiz tudo que pude para salvá-la. A voz de sua mente lhe soava
estranha, mais frágil do que o trovejar sintetizado que a máscara emitia. Ele
se lembrou de sufocar Padmé em Mustafar, de observar o rosto dela se
encolher e de seu corpo cair na pista de desembarque.
Eu não queria…
Vader rosnou.
– Ela estava viva. Eu senti!
Palpatine deu um passo cauteloso para trás quando Vader gemeu com
sofrimento e ódio. Por todo o laboratório, equipamentos e droides
começaram a se romper e explodir quando Vader disparou seu poder da
Força em todas as direções. Ouviu-se um partir ruidoso de metal quando ele
soltou o braço esquerdo de cima da mesa e depois o direito. Seu corpo se
impulsionou para frente com as pernas metálicas instaladas em botas
pesadas até chegar à beira do piso cirúrgico. E de alguma forma, em meio a
toda a sua ira, de repente ele sentiu ao menos uma verdade: Padmé estava
morta, junto com seu filho não nascido.
– Não! – ele gritou num brado tão alto e longo que seu lamento ecoou
pelas paredes. Por trás da máscara, ele fechou os olhos com firmeza num
esforço para conter as lágrimas que, fisicamente, ele era incapaz de
enxugar.
Mas nenhuma lágrima saiu. Ele não sabia se os droides cirúrgicos tinham
alterado ou removido seus dutos lacrimais, mas não se importava. Tudo o
que sabia com certeza era que nunca mais teria Padmé… e que havia mais
do que alguns poucos Jedi esperando para serem mortos.
Destituído de amor por quem quer que fosse e incapaz de sentir o toque
de alguma coisa através dos dedos enluvados e cibernéticos, Darth Vader
finalmente estava pronto para abraçar o Lado Sombrio por inteiro.
E assim ele fez.
CAPÍTULO TREZE

A PRIMEIRA MISSÃO DE DARTH VADER incluiu caçar os Jedi que tinham


sobrevivido ao expurgo. Ele investigou cada relato de avistamento, viajou
para muitos mundos remotos em busca de seus adversários e matou todos
os Jedi que encontrou. Nenhuma informação levava a Obi-Wan ou Yoda,
mas Vader se mantinha sempre vigilante.
A cada dia, Vader se distanciava mais do Jedi que fora um dia. Enquanto
Anakin Skywalker havia sido influenciado por circunstâncias traumáticas,
Vader se moldava infligindo dor nos outros. Infelizmente, por causa dos
braços artificiais, ele não era capaz de invocar o relâmpago Sith ou de ser
invulnerável a ele. Vader sempre seria mais fraco do que o imperador.
Poucas pessoas tinham consciência do que havia acontecido com Anakin
Skywalker, mas não demorou até que quase todo mundo no Império
Galáctico ouvisse algum rumor ou fato aleatório sobre o novo servo de
Palpatine. Um mês depois de Palpatine se tornar imperador, começou a
circular uma história de que Vader tinha encontrado um refúgio de traidores
Jedi e matado todos eles sozinho. Testemunhas o descreviam como um ser
fantasmagórico que parecia possuir poderes Jedi e empunhar um sabre de
luz, mas definitivamente não se tratava de um Jedi. Afinal, os Jedi podiam
ter tentado derrubar a República, mas nunca foram conhecidos por
estrangularem seus oponentes.
Alguns suspeitavam que Darth Vader era um droide projetado para levar
a cabo a vontade do imperador. Outros sugeriam que ele, um dia, talvez
tivesse sido um gladiador profissional ou um caçador de recompensas.
Havia até mesmo especulação de que ele pudesse ser uma figura pública
bem conhecida que havia assumido o nome “Darth Vader” e escolhido o
capacete que ocultava o rosto para esconder sua verdadeira identidade.
O próprio Vader não fazia nada para revelar sua história pessoal. Na sua
opinião, a única coisa que as pessoas tinham de saber era que ele respondia
apenas ao imperador.
Como o tenente do imperador, Vader colocava em prática as diretivas de
seu Mestre com precisão letal. Além de caçar os Jedi, ele supervisionava a
Marinha Imperial e fazia com que todas as novas leis fossem cumpridas –
muitas das quais promoviam o ódio aos não humanos – para trazer poder
ainda maior para o Império. Aqueles que se opunham ou decepcionavam
Vader acabavam mortos ou eram escravizados, e até mesmo os apoiadores
mais ardentes de Palpatine olhavam para o ciborgue mascarado e sombrio
com temor. Num curto espaço de tempo, até seu nome se tornou sinônimo
de terror.
O imperador reorganizou o Senado Galáctico em Senado Imperial, para
que pudesse continuar a controlar e manipular os representantes dos
mundos que agora controlava. Vader acompanhava o imperador nos
trabalhos mais importantes do Senado, que muitas vezes eram frequentados
pelo senador Bail Organa de Alderaan, entre outros. Durante as Guerras
Clônicas, Anakin Skywalker, por um tempo, havia compartilhado com a
senadora Amidala a admiração por Organa como um raro político honrado,
mas, para Darth Vader, o homem era tão insignificante como um inseto
comum. Como a maioria das pessoas, Organa desviava os olhos quando
Vader estava presente.
Depois de alocar as responsabilidades mais mundanas do governo para os
administradores paranoicos, o imperador fez menos aparições públicas, o
que lhe permitiu dedicar mais do seu tempo para estudar o Lado Sombrio da
Força em seu palácio, em Coruscant. Logo, a forma ameaçadora de Vader
se tornou o ícone definitivo da autoridade imperial.
Mas o imperador nunca deixou Vader esquecer quem estava no comando.
Ao longo do tempo, eles tiveram muitas variações da mesma conversa, que
geralmente começavam com a pergunta intimidadora:
– Você tem medo da morte, Lorde Vader?
– Não, Mestre.
– Então por que continua a viver?
– Para aprender a me tornar mais poderoso, Mestre.
– Você busca esse poder para que possa tentar me derrubar?
– O senhor é meu caminho para o poder, Mestre. Eu preciso do senhor.
– Sim, meu aprendiz. Lembre-se do seu lugar, e de que você tem muito a
aprender.
Vader finalmente criou seu próprio retiro privado, o Castelo Bast, em
Vjun, o planeta assolado por tempestades, onde o conde Dookan havia uma
vez se refugiado durante as Guerras Clônicas. Em Vjun, Vader realizou seus
próprios estudos sobre o Lado Sombrio. Ele não tinha dúvida alguma de
que o imperador sabia o que ele queria acima de qualquer outra coisa: o
poder de matar seu Mestre. Mas, como Palpatine tinha um poder
extraordinário, e apesar de várias tentativas, Vader se deu conta de que não
tinha razões para acreditar que algum dia poderia derrotar o Lorde Sith que
era seu superior hierárquico.
Com o passar dos anos, o Império se expandiu com a conquista de mais
planetas. Mesmo que os soldados clonados ainda fossem utilizados na
Marinha Imperial, os humanos também começaram a servir como oficiais
alistados ou foram recrutados como técnicos, pilotos e Stormtroopers.
Embora Anakin Skywalker nunca tivesse tido quaisquer negociações
pessoais com o caçador de recompensas Jango Fett, Darth Vader se tornou
familiarizado com seu clone “filho”, Boba Fett, que havia herdado a
armadura de seu pai, as armas e a nave estelar. Já que Boba Fett havia
adquirido uma reputação bem merecida como o melhor caçador de
recompensas na galáxia, era inevitável que Vader ocasionalmente o
mantivesse próximo para missões clandestinas.
Vader também supervisionou operações secretas em inúmeros mundos.
Para arregimentar guerreiros noghri mortíferos para sua causa, ele chegou
para ajudar o planeta deles depois de tê-lo envenenado dissimuladamente
com toxinas inibidoras de vida. Quando uma estação imperial de pesquisa
disparou acidentalmente um bioagente letal no planeta Falleen, Vader
ordenou que seus soldados disparassem turbolasers no mundo contaminado
e assim acabassem matando mais de 200 mil nativos.
De todas as operações que Darth Vader supervisionou, a mais importante
foi a construção da Estrela da Morte, uma estação de batalha do tamanho de
uma lua que, quando finalizada, seria equipada com um superlaser capaz de
destruir planetas inteiros. Concebida por um dos oficiais de maior patente
no Império, o grande Moff Wilhuff Tarkin, e originalmente projetada em
Geonosis, a Estrela da Morte prometia ser a arma suprema do Império.
Como parte da doutrina de Tarkin de governar pelo medo, a estação de
batalha levaria tamanho terror por toda a galáxia que nenhum planeta se
atreveria a desafiar ou desobedecer a uma ordem imperial.
Como Palpatine previra, o Império tinha, de fato, seus inimigos. Um
movimento clandestino em particular – a Aliança para Restauração da
República, mais comumente conhecida como a Aliança Rebelde – se
mostrou a mais irritante. Embora os oficiais imperiais estivessem certos de
que os rebeldes haviam estabelecido uma base secreta, sua localização
permanecia desconhecida.
Dezenove anos depois do fim das Guerras Clônicas e do nascimento do
Império, a Aliança Rebelde atacou um comboio imperial no sistema
Toprawa, na Orla Exterior. Darth Vader imediatamente percebeu que se
tratava de uma tática para desviar a atenção, quando o verdadeiro objetivo
dos rebeldes era se infiltrar em uma estação imperial de pesquisa em
Toprawa.
Os rebeldes roubaram os planos para a Estrela da Morte.
CAPÍTULO CATORZE

DARTH VADER HAVIA ENCONTRADO A FILHA DE BAIL ORGANA, a princesa Leia,


em várias ocasiões nos anos recentes. A primeira vez fora em Coruscant,
antes que ela se tornasse senadora, quando ela e seu pai aguardavam em
uma fila para receber o imperador no Palácio Imperial. Como a maioria das
pessoas, ela tremera na presença do imperador e não deu nenhum motivo
para Vader considerar que ela pudesse apresentar algum tipo de ameaça.
Mais recentemente, ele vira a princesa e um de seus oficiais, o capitão
Antilles, no planeta Ralltiir, onde ela alegou estar trabalhando de boa
vontade como embaixadora, na esperança de entregar suprimentos médicos
ao alto conselho de Ralltiir. Como sua atuação recente a havia posto em
locais onde havia atividade rebelde, Vader se certificou de que a velha
corveta corelliana da princesa – os imperiais criaram o apelido de a “Fujona
dos Bloqueios” por causa das qualidades evasivas dessa nave – não partisse
de Ralltiir sem que fosse implantado um pequeno dispositivo rastreador.
Ao ficar sabendo que os rebeldes tinham atacado um comboio imperial
no sistema Toprawa, Vader viajou imediatamente para lá. Estava ao lado de
seu subordinado de uniforme negro, o comandante Praji, na ponte de
comando do Destróier Estelar Imperial Devastador, na órbita de Toprawa,
quando apareceu na tela do radar um pequeno ponto que indicava uma nave
se aproximando. Embora não estivesse transmitindo um número de
identificação, o sinal indicava que a nave era a Fujona dos Bloqueios da
princesa Leia.
Vader não ficou surpreso.
Segundos depois, um oficial de comunicação imperial ergueu os olhos de
seu monitor e informou:
– Comandante, transmissões confusas estão sendo enviadas do planeta.
Vader virou o capacete para encarar Praji e disse:
– A nave estelar acabou de entrar no sistema. Detenham-na.
Praji foi até um painel, abriu uma linha de transmissão com a corveta e
falou em um comunicador:
– Nave não identificada. Detenham-se imediatamente e se preparem para
uma busca de segurança e interrogatório!
– Aqui é a Tantive IV – respondeu uma voz masculina no comunicador, e
Vader imediatamente reconheceu o interlocutor como o capitão Antilles. –
Estamos com uma avaria extraveicular. A unidade de manutenção está
trabalhando nisso agora. – Depois de um momento de silêncio, Antilles
continuou: – Somos uma nave consular em missão diplomática e partiremos
deste sistema assim que efetuarmos os reparos.
O comandante Praji olhou para Vader, que moveu a cabeça apenas uma
vez para indicar autorização. De volta ao comunicador, Praji anunciou:
– Reconhecemos sua transmissão, Tantive IV. O Devastador não vai abrir
fogo. Mantenham sua rota atual e se preparem para receber investigadores
imperiais.
Alguns segundos depois, Antilles respondeu:
– Cruzador Imperial Devastador, estamos em uma missão diplomática e
não podemos ser detidos nem desviados de nossa rota.
Praji rapidamente examinou uma tela de radar.
– A Tantive IV acionou escudos de energia e está acelerando para fora da
órbita.
– Atrás deles – Vader ordenou, confiante de que a Fujona não escaparia.
Quando os motores do Devastador rugiram e ganharam vida, Praji falou
novamente no comunicador:
– Tantive IV, aqui é o Devastador. Nossos sensores indicam que vocês
interceptaram transmissões ilegais neste sistema solar. Detenham-se ou
vamos abrir fogo!
Quando Vader viu que a nave estava mantendo o curso, disse com voz
calma:
– Dispare para causar o mínimo dano.
Os canhões do Devastador dispararam longos jatos de raios energizados
que tamborilaram nos escudos da pequena nave em movimento. Um
instante depois, os motores da Tantive IV foram acionados e a nave
desapareceu no hiperespaço.
Todos os viajantes espaciais sabiam que era impossível encontrar outra
nave no hiperespaço, a dimensão que permitia viajar numa velocidade
superior à da luz.
No Devastador, o comandante Praji consultou uma tela radar para
localizar o dispositivo rastreador.
– Lorde Vader, eles estão indo para o sistema Tatooine.
Tatooine! Vader parecia impassível, mas, por trás da máscara, ele cerrou
os dentes com raiva. O mero pensamento de Tatooine dava vazão a uma
pequena enxurrada de lembranças desagradáveis. Recuperando a frieza,
Vader disse:
– Definir curso.
– Sim, milorde.
Quando a Tantive IV alcançou o sistema Tatooine, o Devastador estava
logo atrás. A Fujona disparou lasers quando alcançou a órbita de Tatooine,
mas foi superada esmagadoramente pelo Destróier Estelar Imperial. Depois
que o Destróier arruinou o sistema de sensores primários da corveta e o
projetor de escudo de estibordo, a nave menor ficou efetivamente
danificada.
Um raio trator imperial atraiu a Tantive IV para o hangar principal do
Devastador, e Stormtroopers armados com rifles blaster foram despachados
para a nave capturada. Vários Stormtroopers foram abatidos pela tripulação
da Tantive IV assim que chegaram, mas o fluxo constante de soldados
imperiais encouraçados e in-cansáveis conseguiu dominar a nave pequena
em minutos.
Quando a luta de blasters chegou ao fim, Darth Vader embarcou na
Tantive IV. Os corredores de paredes brancas estavam chamuscados, o ar
estava pesado com o cheiro da fumaça proveniente das armas, e o chão
estava coberto pelos corpos de Stormtroopers e soldados rebeldes caídos.
Vader avançou pelo corredor como uma sombra do mal.
O capitão Antilles sobrevivera ao ataque imperial e foi escoltado por
Stormtroopers à central de operações da nave, onde Vader estava esperando
por ele. O Lorde Sombrio envolveu os dedos enluvados ao redor do pescoço
de Antilles. Um soldado imperial entrou às pressas e anunciou:
– Os planos da Estrela da Morte não estão no computador principal.
Vader voltou o olhar da máscara para o capitão Antilles.
– Onde estão as transmissões que você interceptou? – Sem esforço, o
Lorde Sith ergueu o braço lentamente e levantou Antilles do chão. – O que
você fez com aqueles planos?
Sem ar, Antilles respondeu:
– Não interceptamos nenhuma transmissão. Aaah… Esta é uma nave
consular. Estamos em uma missão diplomática.
Vader apertou mais os dedos.
– Se esta é uma nave consular… onde está o embaixador?
Como Antilles não respondeu, Vader decidiu que o interrogatório tinha
chegado ao fim. O Lorde Sombrio deu um apertão firme e quebrou
instantaneamente o pescoço do capitão. Vader jogou o cadáver contra a
parede e se voltou para um Stormtrooper.
– Comandante – disse Vader –, revire esta nave até encontrarmos aqueles
planos e me traga os passageiros. Quero todos eles vivos!
Minutos depois de os Stormtroopers terem começado a busca pelos
passageiros, Vader foi informado de que a princesa Leia tinha sido
capturada.

– Darth Vader – Leia se dirigiu ao seu captor. Seus pulsos haviam sido
presos em algemas. Ela ignorou os numerosos Stormtroopers que também
estavam no estreito corredor da Tantive IV. Bravamente olhando direto nas
lentes do capacete do Lorde Sith, Leia continuou: – Só você poderia ser tão
atrevido. O Senado Imperial não vai deixar de tomar providências. Eles vão
ouvir que você atacou uma missão diplomá…
– Não finja estar tão surpresa, alteza – Vader interrompeu. – Sua missão
não tinha nada de caridosa desta vez. Várias transmissões foram enviadas a
esta nave. Quero saber o que aconteceu com os planos que eles enviaram a
você.
– Não sei do que você está falando – Leia respondeu bruscamente. – Eu
faço parte do Senado Imperial e estou em uma missão diplomática em nome
de Alderaan…
– Você faz parte da Aliança Rebelde… e é uma traidora – vociferou
Vader. – Levem-na!
Enquanto os Stormtroopers levavam Leia de sua nave para o Destróier
Estelar, um oficial do Império de nariz aquilino e uniforme preto chamado
Daine Jir caminhou ao lado de Vader pelos corredores. O Lorde Sith estava
em busca de algum sinal que pudesse levá-lo até os planos roubados.
– Ficar com ela é perigoso – disse o discreto Jir. – Se essa notícia se
espalhar, poderá gerar simpatia pela Rebelião no Senado.
– Eu segui os espiões rebeldes até aqui – disse Vader, sem preocupação. –
Agora ela é meu único elo para encontrar a base secreta.
Jir devia ter consciência da reputação da princesa, pois acrescentou:
– Ela vai morrer antes de te dizer alguma coisa.
– Deixe isso comigo – respondeu Vader. – Envie um sinal de alerta e
depois informe o Senado de que todos que estavam a bordo foram mortos!
Assim que Vader chegou a uma encruzilhada de corredores, o
comandante Praji o parou e disse:
– Lorde Vader, os planos da estação de batalha não estão a bordo desta
nave! E nenhuma transmissão foi feita. Uma cápsula de segurança foi
ejetada durante a luta, mas não havia nenhuma forma de vida a bordo dela.
Sentindo a raiva aumentar, Vader respondeu:
– Ela deve ter escondido os planos na cápsula de fuga. Envie um
destacamento para recuperá-los. Cuide disso pessoalmente, comandante.
Ninguém vai nos parar desta vez.
– Sim, senhor – respondeu Praji.
– E envie destacamentos para patrulhar os espaçoportos – Vader
acrescentou. – Nenhuma nave deve deixar Tatooine sem autorização
imperial.
Vader caminhou até uma janela e observou o planeta de areia. Parecia tão
estéril quanto ele se lembrava.
E pensar que eu já morei ali um dia… Esse foi meu lar antes que os Jedi
viessem e me levassem. Minha mãe deu seu último suspiro nessa terra e,
por anos, eu senti uma enorme… perda torturante.
Agora não sinto nada. Este mundo significa tanto quanto um grão de
poeira, e todos os seus habitantes poderiam muito bem virar pó.
Quando retornou para o Devastador, Vader considerou o fato de que
Tatooine poderia ser reduzido a pó pela Estrela da Morte. Ele ficou se
perguntando se assistir à obliteração do planeta de areia poderia lhe trazer
algum prazer. Era uma possibilidade que ele não deixaria de cogitar.
CAPÍTULO QUINZE

COM UM ORBE DE 160 QUILÔMETROS DE DIÂMETRO, a Estrela da Morte era do


tamanho de uma lua classe IV e a maior nave estelar já construída. Seu casco
exterior de aço quadânio tinha duas características proeminentes: um
conjunto de lentes focais côncavas de superlaser acoplado ao hemisfério
superior e uma trincheira equatorial que continha motores iônicos,
hiperpropulsores e baías de hangares. Além do superlaser, que ainda não
estava em plena operação, o arsenal da Estrela da Morte incluía mais de 10
mil baterias de turbolaser, 2,5 mil canhões laser e 2,5 mil canhões iônicos.
Seus hangares continham 7 mil caças estelares de motores iônicos gêmeos e
mais de 20 mil naves militares e de transporte. A tripulação da estação de
batalha, as tropas e os pilotos chegavam à marca de 1 milhão de integrantes.
A Estrela da Morte não impressionava Darth Vader em nenhum aspecto.
Depois de voltar do sistema Tatooine com a princesa Leia como
prisioneira, Vader e o grande Moff Tarkin, com suas faces encovadas,
entraram em uma sala de conferências na Estrela da Morte, onde uma
reunião já estava acontecendo. O almirante Motti, comandante imperial
sênior responsável pelas operações na Estrela da Morte, o general Tagge do
Exército Imperial e cinco outros oficiais imperiais de alta patente estavam
sentados ao redor de uma mesa. Eles ouviram Tarkin anunciar que o
imperador dissolvera o Senado Imperial e lhes garantira que o medo da
Estrela da Morte manteria os sistemas estelares locais na linha.
Enquanto o general Tagge sustentava sua preocupação de que a Aliança
Rebelde poderia usar os planos da Estrela da Morte roubados como um
ponto de vantagem, o almirante Motti afirmou em tom mordaz que qualquer
ataque contra a Estrela da Morte seria um ato inútil.
– Esta estação agora é o poder supremo no universo – disse Motti. –
Sugiro que nós a usemos.
– Não fique orgulhoso demais por este terror tecnológico que você
construiu – Vader alertou. – A capacidade de destruir um planeta é
insignificante perto do poder da Força.
Com um sorriso sarcástico para o Lorde Sith, Motti respondeu:
– Não tente nos assustar com seus modos de feiticeiro, Lorde Vader. Sua
devoção patética àquela antiga religião não o ajudou a conjurar o material
com os dados roubados, nem lhe deu clarividência para encontrar o forte
escondido dos rebeldes…
Motti parou de falar e levou as mãos à garganta no instante em que
Vader, do outro lado da sala de reuniões, fez um movimento de pinça com
os dedos enluvados.
– Acho sua descrença perturbadora – disse o Lorde Sombrio.
– Chega disso! – Tarkin o repreendeu. – Vader, solte-o!
Embora Vader respondesse apenas ao imperador, era pela ordem do
imperador que ele servia Tarkin na Estrela da Morte.
– Como desejar – disse ele, ao baixar a mão e aliviar o aperto telecinético
na garganta de Motti.
Arfando para conseguir respirar, Motti curvou o corpo em direção à
mesa.
– Essa discussão é inútil – sentenciou Tarkin. – Lorde Vader vai nos
informar a localização da fortaleza rebelde quando esta estação estiver
operando. Então destruiremos a Rebelião com um só golpe veloz!

Depois do encontro, Vader foi informado de que tinha uma mensagem do


sistema Tatooine. Ele já fora notificado de que o esquadrão de
Stormtroopers do comandante Praji ficara sabendo que o pod de segurança
desaparecido da Tantive IV havia levado dois droides para a superfície de
Tatooine e que os droides haviam sido capturados por um rastreador da
areia jawa. Vader foi até um painel de comunicação, onde um holoprojetor
se acendeu e mostrou a imagem de dois troopers do deserto inteiramente
armados ao lado de um homem e de uma mulher de meia-idade, vestindo
robes e ajoelhados no chão. Ao lado das quatro figuras, era possível ter uma
visão parcial de uma estrutura que Vader reconhecia como a entrada em
forma de cúpula de uma habitação do deserto.
Dirigindo-se ao líder do esquadrão de troopers do deserto, Vader disse:
– Relatório por circuito fechado.
– Lorde Vader – disse um dos soldados, ajustando um controle no
capacete para que apenas Vader pudesse ouvir sua voz –, os jawas
venderam um droide de protocolo e um astromecânico para esses dois
fazendeiros de umidade, mas os dois droides desapareceram.
Fazendeiros de umidade? Intrigado, Vader examinou os hologramas do
casal ajoelhado e disse:
– Os nomes dos fazendeiros?
– Owen e Beru Lars, senhor – respondeu o trooper do deserto. – Eles
dizem que não sabem onde estão os droides, mas parece que o
solodeslizador não está na garagem deles.
Owen e Beru, Vader lembrou-se. A resolução dos hologramas era clara o
bastante para que ele identificasse as feições sofridas e enrugadas. Nenhum
deles parecia estar confortável por ter rifles blaster apontados para suas
costas. Lembrando-se da aparência que eles tinham no dia em que Anakin
Skywalker os conheceu, Vader pensou: Os anos não foram gentis. É hora
de pagarem por sua fraqueza recorrente.
– Suas ordens, senhor? – pediu o trooper do deserto.
– Diga ao senhor e à senhora Lars que eles parecem ter dificuldade em
manter os droides de protocolo na propriedade deles.
Sem saber ao certo se tinha ouvido direito, o trooper questionou:
– Senhor?
– Então você pode oferecer a eles toda a cortesia que mostrou aos jawas
antes de continuar sua busca. Arme postos de controle para impedir
quaisquer droides de entrar em Mos Espa ou no espaçoporto de Mos Eisley.
E tem mais uma coisa.
– Sim, senhor?
– Não corte a transmissão até eu interromper a conexão.
– Entendido – disse o soldado.
Vader observou os troopers cumprirem as ordens recebidas com relação a
suas vítimas indefesas. Ele considerou a visão das chamas cada vez mais
altas – até mesmo o holograma de chamas queimando a milhões de anos-luz
de distância – extremamente satisfatória.
Vader só desativou o holoprojetor quando a propriedade da família Lars
havia sido transformada em um inferno incandescente. Ele seguiu para o
tubo elevador mais próximo e foi rapidamente transportado para o subnível
cinco da área de detenção AA-23, reservada para presos políticos.
Hora de falar com a princesa.
A porta da cela de detenção 3187 deslizou até o teto e Darth Vader
entrou, seguido por dois soldados imperiais de uniforme preto. Dentro da
cela, a princesa Leia estava sentada em uma cama de metal sem lençóis, que
se projetava da parede. Agigantando-se próximo da prisioneira, Vader disse:
– E agora, alteza, vamos discutir a localização da sua base rebelde
secreta.
Houve um zumbido elétrico por trás de Vader; em seguida, um droide
interrogador preto e esférico flutuou lentamente para dentro da cela. Sua
seção mediana era rodeada por um sistema repulsor, e seu exterior era
adornado com dispositivos que incluíam um conjunto de eletrochoque, um
aparelho de tortura sonora, uma seringa química e um detector de mentiras.
Os olhos de Leia se arregalaram assim que viram o droide, e Vader
praticamente conseguiu sentir o gosto de seu terror.
– Mantenha isso longe de mim! – disse ela.
Vader pegou sua prisioneira e segurou os dois braços dela ao lado do
corpo enquanto o droide interrogador se aproximava mais. Ouviu-se um
breve silvo do braço injetor do droide, e então Leia gritou e caiu para trás
com um baque de encontro à parede da cela.
– Você não pode… – disse ela. – Você nã…
– Alteza – falou Vader, em seu tom mais suave. – Ouça minha voz.
Os olhos de Leia reviraram nas órbitas, incapazes de se focar em coisa
alguma.
Ela gaguejou:
– V-voz…
– Isso mesmo. Ouça… Sou seu amigo.
– Que… amigo? – respondeu Leia e, em seguida, fez uma careta. –
Não…
– Sim! – Vader insistiu, observando-a mergulhar mais fundo em um
estado hipnótico. – Você confia em mim, você pode confiar em mim. Todos
os seus segredos estão seguros comigo.
– Humm? – Leia lambeu os lábios. – Seguros?
– Isso mesmo, seguros. Você está segura aqui. Está entre amigos. Pode
confiar em mim. Eu faço parte da Aliança Rebelde, como você.
Um olhar de alívio percorreu o rosto de Leia quando ela murmurou:
– Rebelde?
– O que você fez com os planos da Estrela da Morte? Onde eles estão?
Os rebeldes precisam saber! Ajude-nos, Leia!
– Não – ela gemeu, fechando os olhos. – Não é possível!
– É o seu dever – Vader insistiu. – O seu dever com a nossa Aliança. Sua
obrigação para com Alderaan e seu pai. É seu dever nos dizer onde estão
essas fitas!
– Pai? – Leia disse, com os olhos ainda fechados.
– Sim – respondeu Vader. – Seu pai ordena que você nos diga!
– Meu pai… não faria isso.
Cada vez mais impaciente, Vader usou seus poderes psíquicos para fazer
Leia acreditar que ela estava sentindo uma dor excruciante, mas depois de
alguns minutos encerrou o interrogatório. Sentia que a força de vontade
inata de sua prisioneira não só era formidável, como devia ter sido
aumentada por meio de certas disciplinas físicas e mentais. Ela não seria
facilmente manipulada.
Assim que deixou a cela de detenção, ele foi se reportar ao grande Moff
Tarkin na sala de controle da Estrela da Morte.
– A resistência que ela apresenta à sonda mental é considerável – disse
ele. – Vai levar algum tempo para que possamos extrair alguma informação
dela.
Só então o almirante Motti se aproximou de Tarkin e o informou de que a
Estrela da Morte estava finalmente em pleno funcionamento.
Tarkin olhou para Vader.
– Talvez ela responda a uma forma alternativa de persuasão.
– O que quer dizer? – perguntou Darth Vader.
– Eu acho que é hora de demonstrar o poder desta estação – respondeu
Tarkin. Virando-se para Motti, ele ordenou: – Defina o curso para Alderaan.
– Com prazer – Motti respondeu com um sorriso maligno.
Percebendo o que Tarkin pretendia, Vader olhou para o homem com novo
respeito. O Lorde Sombrio havia feito muitas coisas horrendas e
imperdoáveis, mas parecia que Tarkin – pelo menos naquela situação – era
ainda mais diabolicamente inventivo. No entanto, Vader tinha uma
preocupação com relação ao plano do grande Moff.
– Alderaan é um dos mais avançados entre os sistemas internos – disse
Vader. – O imperador deve ser consultado.
– Não pense em me desafiar! – Tarkin estrilou. – Não é Tagge ou Motti
que você está confrontando agora! O imperador me colocou no comando
deste caso com liberdade de ação, e a decisão é minha! E você terá sua
informação o quanto antes.
Já fazia tempo que Vader suspeitava da loucura do grande Moff Tarkin,
mas só quando Tarkin se dirigiu a ele daquela forma, sem um pingo de
medo, foi que Vader teve certeza. Ele então disse:
– Se o seu plano serve ao nosso propósito, ele se justificará.
– A estabilidade do Império está em jogo – respondeu Tarkin. – Um
planeta é um pequeno preço a pagar.

Solta da sua cela e levada perante o grande Moff Tarkin na sala de


controle da Estrela da Morte, a princesa Leia estava encostada contra o
peito de Darth Vader, com os olhos fixos em uma grande tela de
visualização que exibia o planeta Alderaan. Depois de Tarkin ameaçar
destruir sua terra natal, a menos que ela revelasse a localização da base
rebelde, Leia lhes disse que os rebeldes estavam em Dantooine. No entanto,
Tarkin estava determinado a provar que o Império estava preparado para
usar a Estrela da Morte sem a menor provocação.
Havia bilhões de pessoas em Alderaan, incluindo Bail Organa, e estavam
todas prestes a morrer. Quando o superlaser da estação de batalha foi
acionado, Vader sentiu a princesa tremer de medo.
Foi você mesma quem provocou isso, ele pensou.
O superlaser verde foi disparado contra Alderaan e varreu o planeta
inteiro da galáxia.
CAPÍTULO DEZESSEIS

DEPOIS QUE A PRINCESA FOI LEVADA DE volta à cela, Vader se encontrou com
Tarkin na sala de conferências da Estrela da Morte.
– E quanto à busca pelos planos? – indagou Tarkin.
– Estou convencido de que a princesa os enviou para o planeta Tatooine
junto com uma dupla de droides. Pouco tempo atrás, uma nave fez um
lançamento altamente ilegal do espaçoporto de Mos Eisley, em Tatooine,
após a tripulação trocar tiros com um esquadrão de Stormtroopers. A nave
então entrou no hiperespaço e fugiu da perseguição. Acredita-se que os
droides em questão estejam a bordo.
Tarkin fez uma careta.
– E os nossos Stormtroopers foram derrotados, a nossa frota estelar
evadiu? Como isso é possível? De quem era a nave?
– É difícil dizer – respondeu Vader. – Ela tinha marcas de identificação
falsas e um registro falsificado. Além do mais, era uma nave extremamente
rápida e evasiva, provavelmente de um dos contrabandistas que se reúnem
naquela região.
Um oficial imperial entrou na sala de conferências e relatou que naves
batedoras tinham viajado para Dantooine, mas descobriram apenas vestígios
de uma base rebelde que fora evacuada algum tempo antes. Após a saída do
oficial, Tarkin explodiu de raiva.
– Ela mentiu! – vociferou o grande Moff. – Ela mentiu para nós!
Por mais que Vader respeitasse a indiferença de Tarkin aos assassinatos
em massa, sua exaltação indicava que a princesa Leia claramente tinha
vencido aquela batalha de vontades. Sem poder resistir a uma espetada
adicional na psique demente de Tarkin, Vader disse:
– Eu disse que ela nunca trairia a Rebelião conscientemente.
Tarkin fez uma careta.
– Extermine-a… imediatamente!
Vader atravessou a sala de conferências até um painel de comunicação.
De frente para o comunicador, ele anunciou:
– Segurança da área de detenção. Agendar execução da prisioneira na
célula 3187 para daqui uma hora-padrão.
– Sim, Lorde Vader – respondeu uma voz do comunicador.
Olhando feio para as costas de Vader, Tarkin disse:
– Eu falei imediatamente, Lorde Vader.
Vader estava prestes a responder quando um comunicador zuniu sobre a
mesa diante de Tarkin. Ele apertou um botão e atendeu:
– Sim?
Do comunicador, um oficial imperial anunciou:
– Acabamos de capturar um cargueiro que estava entrando nos
fragmentos restantes do sistema Alderaan. Suas marcações coincidem com
as de uma nave que decolou de Mos Eisley.
Processando a informação, Vader supôs:
– Eles devem estar tentando devolver os planos roubados à princesa. Ela
ainda pode ter alguma utilidade para nós.

Darth Vader passou para a baía 327 do hangar da Estrela da Morte, onde
um raio trator havia depositado a nave capturada. Assim que entrou no
grande hangar, Vader reconheceu a nave avariada como um velho cargueiro
corelliano modelo YT-1300. Ele também observou as características
personalizadas, incluindo canhões ilegais blaster de nível militar e um
sensor côncavo absurdamente grande e de última geração a bombordo.
Definitivamente uma nave de contrabandista, Vader pensou enquanto
passava pelo esquadrão de Stormtroopers que fazia a segurança da nave.
Um capitão imperial de uniforme cinzento e dois Stormtroopers
desceram a rampa de desembarque. O capitão parou diante de Vader e
anunciou:
– Não tem ninguém a bordo, senhor. De acordo com o registro, a
tripulação abandonou a nave logo após a decolagem. Deve ser um
chamariz, senhor. Várias das cápsulas de fuga foram ejetadas.
– Encontrou algum droide?
– Não, senhor – respondeu o capitão. – Se havia algum a bordo, eles
também devem ter sido ejetados.
– Envie um grupo de busca a bordo – ordenou Vader. – Eu quero que
cada parte da nave seja verificada.
– Sim, senhor.
Vader olhou para o casco da nave.
– Eu sinto algo… Uma presença que não sinto desde…
Desde Mustafar.
Em seguida, ele compreendeu.
Obi-Wan Kenobi…
Ele está vivo!

Quase uma hora depois de o cargueiro ter sido capturado, o grande Moff
Tarkin estava em seu lugar habitual na sala de conferência quando Darth
Vader anunciou:
– Ele está aqui.
– Obi-Wan Kenobi! – Tarkin disse com descrença. – O que o faz pensar
assim?
– Um tremor na Força – respondeu Vader. – Da última vez que senti isso,
eu estava na presença do meu antigo Mestre.
– Com certeza agora ele deve estar morto.
– Não subestime o poder da Força.
– Os Jedi foram extintos – Tarkin insistiu. – O fogo deles deixou de
existir no universo. Você, meu amigo, é tudo o que resta daquela religião. –
Um sinal soou no comunicador do painel em frente ao assento de Tarkin. O
grande Moff apertou um botão e atendeu: – Sim?
Do comunicador, uma voz respondeu:
– Temos um alerta de emergência no bloco de detenção AA-23.
– A princesa! – exclamou Tarkin. – Coloque todas as seções em alerta!
– Obi-Wan está aqui – disse Vader. – A Força está com ele.
– Se você estiver certo, não devemos permitir que ele fuja.
– Fugir não está nos planos dele – objetou Vader com conhecimento de
causa. – Eu tenho que enfrentá-lo… sozinho. – Ele se virou para a porta.
Por maior que fosse a Estrela da Morte, Darth Vader sabia que iria
encontrar o esquivo Mestre Jedi.
No entanto, primeiro ele se certificaria de que um dispositivo rastreador
fosse colocado no cargueiro capturado. Embora tivesse confiança de que
Obi-Wan não deixaria a Estrela da Morte, na verdade ele estava contando
com a possibilidade de que a princesa fugisse.
Obi-Wan Kenobi, vestindo um robe de deserto marrom sujo com uma
grande capa, já havia conseguido evitar inúmeros Stormtroopers e sensores
sofisticados de segurança no momento em que Vader o avistou adentrando
um túnel de acesso mal iluminado, de paredes cinzentas, que levava de
volta à baía de ancoragem 327. Vader ficou em plena vista, empunhando o
sabre de luz de lâmina vermelha e bloqueando o caminho de Obi-Wan para
o cargueiro capturado.
Ele parece tão velho, Vader pensou, mas sabia que não deveria supor que
o Obi-Wan de barba branca tinha enfraquecido com a idade. Quando Vader
avançou lentamente em direção ao intruso de capuz, seu antigo Mestre
ativou o sabre de luz de lâmina azul.
– Eu estava esperando por você, Obi-Wan – disse Vader, aproximando-se
do velho Jedi. – Enfim nos encontramos de novo. O círculo agora está
completo.
Obi-Wan assumiu uma postura ofensiva.
– Quando deixei você – Vader continuou –, eu era apenas o aprendiz;
agora sou o mestre.
– Apenas um mestre do mal, Darth – disse Obi-Wan.
Embora Vader não esperasse que Obi-Wan se dirigisse a ele pelo nome
obsoleto de Anakin Skywalker, era muito incomum que alguém o chamasse
apenas pelo seu título de Lorde Sith. Ele está tentando me confundir!,
pensou Vader.
Obi-Wan se movimentava com rapidez brandindo o sabre contra Vader,
mas o Lorde Sombrio bloqueou o ataque com facilidade. Houve um estalo
elétrico alto quanto os sabres de luz se tocaram. Implacável, Obi-Wan fez
uma série rápida de golpes, mas todos foram defendidos por Vader.
– Seus poderes estão fracos, velho – disse Vader.
– Você não pode vencer, Darth – respondeu Obi-Wan, o que fez Vader se
perguntar se talvez Obi-Wan estaria zombando, recusando-se a se dirigir a
ele do jeito certo. Com incrível autoconfiança, Obi-Wan acrescentou: – Se
me derrotar, eu vou me tornar mais poderoso do que você jamais poderia
imaginar.
– Você não deveria ter voltado – disse Vader.
Os sabres de luz entraram em confronto de novo e de novo, e o duelo
continuou até que Obi-Wan e Vader estivessem próximos à entrada da baía
de ancoragem 327. Enquanto se moviam em direção à porta que dava
diretamente para o hangar onde estava o cargueiro capturado, Vader ouviu
passos de Stormtroopers se aproximarem correndo. A arma de Vader
cruzou-se com a de Obi-Wan quando este desviou o olhar para o hangar.
Vader manteve os olhos cravados no Jedi. Desta vez você não me escapa!
Inesperadamente, Obi-Wan ergueu o sabre de luz diante dele e fechou os
olhos. Sua expressão era serena.
Vader mal podia acreditar. Ele está se rendendo! Sem piedade, o Lorde
Sith brandiu firme o sabre de luz e cortou a forma de Obi-Wan. Ele
francamente esperava ouvir o som satisfatório do corpo devastado
desabando no chão polido, mas ficou surpreso ao ver apenas o robe e o
sabre de luz do Jedi a seus pés. O corpo de Obi-Wan tinha desaparecido
completamente.
– Não! – gritou uma voz do hangar. De repente, o ancoradouro foi
preenchido pelo ruído de muitos blasters disparando ao mesmo tempo.
Vader ouviu o grito e os disparos, mas não deu atenção. Atônito, ele
olhou para arma e para o robe vazio de Obi-Wan; em seguida, chutou as
roupas com a bota. Onde ele está? Como ele poderia desaparecer? Que
tipo de truque é esse?
Do hangar, acima do barulho da luta de blasters, Vader ouviu a princesa
Leia gritar:
– Vamos! Vamos! Luke, é tarde demais!
Vader não tinha interesse em deter a princesa Leia, nem quis saber quem
viria a ser “Luke”, mas não podia deixá-los fugir com tanta facilidade.
Afastando-se do robe e do sabre de luz caídos de Obi-Wan, ele se dirigiu ao
hangar. Porém, antes que pudesse chegar à porta, uma voz de homem gritou
lá de dentro:
– Atire na porta, garoto!
Houve uma pequena explosão do outro lado, e as duas portas de
segurança deslizaram das paredes para vedar o hangar. Momentos mais
tarde, Vader ouviu os motores do cargueiro rugirem e ganharem vida,
levando a nave para fora do hangar e para longe da Estrela da Morte.
Tinha sido ideia de Vader plantar o dispositivo rastreador no cargueiro e
permitir que a princesa escapasse; assim, inadvertidamente, ela levaria o
Império até a base rebelde secreta. Vader estivera confiante de que seu
plano iria funcionar. E, no entanto, ao pegar o sabre de Kenobi, percebeu
que já não tinha tanta certeza do que o futuro reservava.
Foi determinado que o cargueiro viajara para Yavin 4, a mesma lua onde
Anakin Skywalker havia duelado contra Asajj Ventress durante as Guerras
Clônicas. Primeiro Tatooine, agora Yavin 4, Vader pensou. Apesar de sua
devoção ao poder do Lado Sombrio da Força, ele tinha a sensação
incômoda de que seu passado estava voltando para assombrá-lo.
Assim que a Estrela da Morte chegou ao sistema Yavin e ficou a uma
distância de trinta minutos de onde poderia destruir a lua com a base
rebelde, a confiança de Vader retornou.
– O dia de hoje será lembrado por muito tempo – ele disse a Tarkin na
sala de controle da Estrela da Morte. – Ele assistiu ao fim de Kenobi. Logo
verá o fim da Rebelião.
INTERLÚDIO

NO MOMENTO EM QUE OS OFICIAIS TÁTICOS imperiais determinaram que os


registros técnicos roubados revelavam uma área vulnerável de seu posto de
combate, dezenas de caças rebeldes já haviam começado o ataque contra a
Estrela da Morte. Tarkin e a maioria de seus homens haviam considerado
que as naves inimigas não eram nada mais do que um incômodo
temporário, mas Darth Vader sentira a confiança mudar novamente à
medida que a batalha progredia. Vader nunca tinha considerado a Estrela
da Morte algo mais do que um brinquedo mortífero de grandes proporções,
mas, como a dispendiosa superarma era necessária para os planos do
imperador, ele sentira o dever de protegê-la.
E tinha fracassado.
Agora, com o Super Destróier Estelar Executor se aproximando do
sistema Endor, ele recordou o que tinha acontecido em Yavin quatro anos
antes.
Com o sabre de luz de Obi-Wan Kenobi preso ao cinto como um troféu,
ele tinha voado em seu protótipo de asas curvadas, um caça TIE, para
defender a Estrela da Morte. Nenhum dos pilotos rebeldes fora páreo para
Vader até ele se envolver com um único caça X-Wing na trincheira
equatorial da Estrela da Morte. Apesar da fúria da batalha espacial, Vader
percebera facilmente que a Força era poderosa naquele piloto do X-Wing.
Vader estava prestes a disparar contra seu alvo esquivo quando uma
explosão inesperada vinda de cima danificou sua nave e a lançou girando
pelo espaço. Ele teve apenas um milésimo de segundo para ver que tinha
sido atacado pelo mesmo cargueiro que levara a Estrela da Morte para
Yavin.
E então a Estrela da Morte havia explodido. A onda de choque resultante
tinha lançado seu caça TIE numa queda cada vez mais veloz e para mais
longe de Yavin. Não levou muito tempo para que Vader recuperasse o
controle de sua nave, mas, como o ataque do cargueiro danificara seus
sistemas de hiperpropulsão e de comunicação, foi necessário algum tempo
para chegar a um posto avançado do Império. Vader tinha usado aquele
tempo para pensar nos droides que a princesa Leia enviara para Tatooine e
no cargueiro que transportara Obi-Wan Kenobi para a Estrela da Morte.
Vader se perguntou: Por quanto tempo Obi-Wan esteve em Tatooine? E por
quê?
Será que ele tinha contato com Owen e Beru Lars?
Será que a princesa Leia sabia que ele estava vivo e que os droides o
encontrariam lá?
E o piloto rebelde cuja Força era tão poderosa nele… De onde ele viera?
O imperador não tinha ficado satisfeito ao saber da perda da Estrela da
Morte, mas não tinha culpado Vader. Afinal, Vader não tinha nada a ver
com o projeto falho da estação de batalha. Se por um lado os arquitetos da
propaganda política de Palpatine tinham lançado uma campanha para
desacreditar a Aliança Rebelde, negando que houvesse existido uma
estação de batalha imperial das proporções de uma lua, por outro, Vader
conduziu sua própria investigação para identificar o piloto rebelde que
havia destruído a Estrela da Morte. Ele elaborou um plano para atrair os
rebeldes para os Estaleiros Espaciais de Fondor.
Vader falhou em capturar o espião rebelde que mordera a isca em
Fondor, mas por meio da Força percebeu que o espião era o piloto que
fugira dele na Estrela da Morte, e que aquele indivíduo tinha, de fato, sido
um discípulo de Obi-Wan Kenobi.
Algum tempo depois, ficou sabendo o nome do piloto.
CAPÍTULO DEZESSETE

LUKE SKYWALKER.
De acordo com registros municipais obtidos no povoado de Anchorhead,
em Tatooine, esse era o nome no registro de um skyhopper T-16 de
propriedade de um piloto humano do sexo masculino que tinha vivido na
propriedade Lars e tinha cerca de dezenove anos-padrão.
Luke Skywalker.
De acordo com um espião temporário Kubaz em Mos Eisley, esse era o
nome no registro de uma loja chamada Corredores do Espaçoporto,
referente a um solodeslizador comprado de um jovem que, mais tarde,
partira na Millennium Falcon, o cargueiro corelliano que também
transportara Obi-Wan Kenobi até a Estrela da Morte.
Luke Skywalker.
De acordo com um rebelde capturado interrogado por Darth Vader no
planeta Centares, esse era o nome do piloto de X-Wing que havia destruído
a Estrela da Morte.
Luke Skywalker.
Mesmo inspecionando sua nave capitânia quase concluída, o Super
Destróier Estelar Executor, nos Estaleiros Espaciais de Fondor, Vader não
conseguia tirar Luke Skywalker da cabeça. Em silêncio, ele ruminava o
nome e considerava o fato de que o garoto havia nascido três anos depois da
morte de Shmi Skywalker. Até onde ele sabia, Anakin Skywalker era o
único parente vivo de sua mãe.
Poderia haver outros Skywalker em Tatooine? Vader aceitava a
possibilidade. Afinal, não era um nome totalmente incomum na galáxia.
Mas, dezenove anos atrás, Anakin e Padmé Amidala estavam esperando
um bebê.
Dezenove anos-padrão.
Não é possível, pensou Vader. Eu matei Padmé. O bebê morreu com ela.
Não pela primeira vez, ele se perguntou se o imperador havia lhe contado
toda a verdade sobre a morte de Padmé. Mas eu me lembro de sufocá-la…
de vê-la cair em Mustafar. Eu estava tão zangado. E, mesmo assim…
Luke Skywalker existe.
Vader se recusava a acreditar que o sobrenome do famoso rebelde fosse
apenas uma coincidência bizarra. Se fosse dono de qualquer outro nome,
Vader não teria hesitado em relatar ao imperador o que tinha descoberto.
Mas, por razões puramente egoístas, ele manteve o nome do rebelde em
segredo. Para ele, Luke Skywalker era mais do que um mistério a ser
resolvido.
Ele é… uma oportunidade. Por mais poderosa que a Força seja nele,
Luke é uma oportunidade… uma oportunidade para um poder ainda maior.
Mas quem é ele? Quem eram seus pais? Ele poderia ser o filho de Obi-
Wan? Mas, então, por que ele recebeu o nome Skywalker e foi criado pela
família Lars? Ou simplesmente estava sendo treinado por Obi-Wan?
Como Obi-Wan Kenobi, Shmi Skywalker, Owen e Beru Lars e Padmé
Amidala estavam todos mortos, só havia uma maneira de Vader conseguir
descobrir a verdade. Ele mesmo teria que perguntar a Luke Skywalker. Só
precisava encontrá-lo.
Depois de recrutar um ator para personificar Obi-Wan Kenobi, Vader
teceu uma nova armadilha especificamente para Luke no mundo desértico
de Aridus. Infelizmente, Luke enxergou o ardil e escapou. Vader ficara
ainda mais frustrado pelas ações de seu oficial superior, o extremamente
incompetente almirante Griff, que permitiu que a Aliança Rebelde fugisse
do bloqueio imperial em Yavin 4 e evacuasse para uma nova base secreta.
Vader não desistiu: procurava e esperava por qualquer informação que o
levasse a Luke Skywalker e a seus aliados. Ele levou o sabre de luz de Obi-
Wan Kenobi de volta para o Castelo Bast, onde também estudava um antigo
holocron Sith que havia obtido. Supervisionou vários projetos secretos,
incluindo o desenvolvimento do pacifog capaz de alterar mentes; em Kadril,
a construção de troopers sombrios imperiais robóticos; e a preparação de
uma nova superarma no sistema Endor. A uma agente da Inteligência
Imperial chamada Shira Brie, sensitiva à Força, ele deu a incumbência de se
infiltrar na Aliança Rebelde, mas sua missão de desacreditar Luke
Skywalker foi um fracasso e a deixou horrivelmente ferida. Como ainda
considerava Brie valiosa, Vader ordenou que médicos imperiais
substituíssem os seus membros quebrados por próteses de ciborgue e a
ofereceu a Palpatine para servir como uma agente secreta de elite.
Luke Skywalker também não ficou parado. À medida que notícias de
suas ações se espalhavam, muitos integrantes do Império se familiarizaram
com o nome do jovem piloto, que era uma figura proeminente na Aliança
Rebelde.

Dois anos depois da destruição da Estrela da Morte, um governador


imperial notificou Vader de que pessoas cuja descrição batia com a de Luke
Skywalker e a da princesa Leia Organa haviam sido capturadas em
Circarpous V, um planeta pantanoso conhecido localmente como Mimban.
Vader tinha ciência da lenda local sobre o cristal Kaiburr, uma gema
luminosa de cor escarlate que aumentava mil vezes o poder da Força, e
esperava obter essa relíquia junto com os rebeldes prisioneiros.
Quando Vader chegou a Mimban, Skywalker e a princesa haviam fugido
para dentro da selva. Depois de quase encontrá-lo em uma caverna, ele
finalmente os alcançou no Templo de Pomojema, um zigurate piramidal
coberto de vinhas, construído por grandes blocos de pedra vulcânica em
homenagem a uma antiga deidade mimbaniana. Ali estava o cristal Kaiburr.
Usando a Força, Vader derrubou uma pedra do teto sobre Luke Skywalker,
o que deixou o rebelde preso ao chão do Templo, enquanto Leia Organa
assistia indefesa.
– Você deve muito a mim – Vader disse a Skywalker, que, como a
princesa, vestia o uniforme de trabalho escuro que era usado pelos mineiros
locais. Vader ativou seu sabre de luz e começou a brandir a lâmina
vermelha de um lado para o outro, partindo, por brincadeira, pedaços de
pedra das paredes circundantes. – Provavelmente não vou ter paciência para
deixá-lo viver tanto quanto você merece – continuou ele. – Considere-se
com sorte.
Voltando a atenção para a princesa, Vader disse:
– Não espero ter nenhuma dificuldade em me controlar no que diz
respeito a você, Leia Organa. De várias maneiras, você é muito mais
responsável por meus reveses do que esse simples garoto.
Simples garoto? Vader ficou surpreso com as palavras que saíram de sua
própria boca. Mesmo sabendo que havia mais em Skywalker do que os
olhos podiam ver, e mesmo tendo a intenção de capturar os rebeldes, Vader
foi subitamente tomado pelo desejo de matá-los. Ele percebeu que estava
perdendo o autocontrole.
A princesa pegou o sabre de luz de Luke e ativou a lâmina azul.
Enquanto se movia em direção a Vader, ele baixou o braço abruptamente,
deixando que o feixe de sua arma pendesse frouxamente ao lado do corpo.
– Leia, não! – Luke gritou. – É uma armadilha… ele está desafiando
você. Mate-me, depois mate a si mesma… agora não temos mais
esperanças.
Com um olhar hostil, Vader disse à princesa:
– Vamos, deixe que ele lute no seu lugar, se é isso o que você quer, mas
eu não vou deixar que você o mate. – Pensando em como Luke havia fugido
de suas garras antes, Vader acrescentou: – Já fui roubado vezes demais.
A princesa lutou bravamente, mas não era páreo para Darth Vader. Ela
usou suas últimas forças para jogar o sabre de luz para Skywalker no
instante em que ele emergiu de sob os escombros. Encarando o Lorde Sith,
ele disse:
– Ben Kenobi está comigo, Vader, e a Força está comigo também.
O duelo foi furioso e levou Vader e Skywalker por todo o Templo até
uma câmara onde havia uma abertura circular escura no chão: a boca de um
poço profundo. À medida que a batalha prosseguia, Vader se viu arfando
pelo respirador. Mas então, graças à sua proximidade com o cristal Kaiburr,
que potencializava a Força, ele sentiu uma onda repentina do poder do Lado
Sombrio, o que lhe permitiu projetar luz da ponta de seus dedos pela
primeira vez. Ele lançou o relâmpago potencializado pela Força contra
Skywalker, mas seu jovem oponente rebateu o golpe.
– Não… é possível! – murmurou Vader, sentindo sua energia ser drenada.
– Tamanho poder… em uma criança. Não é possível!
Quando Skywalker se lançou contra a enorme figura de preto, Vader
ergueu o sabre de luz para se defender, mas não foi veloz o suficiente. A
lâmina de Skywalker atravessou a prótese de seu braço, e o membro caiu no
chão ainda empunhando o sabre de luz de lâmina vermelha.
Zonzo, Vader se curvou e usou a mão esquerda para pegar a arma entre
os dedos enluvados do braço decepado. Estava mudando o apoio do corpo
em preparação para outro ataque quando, subitamente, teve uma visão clara
do sabre na mão de Skywalker. O desenho da arma e a empunhadura
pareciam… familiares.
A cabeça de Vader de repente pareceu pesada, e ele tentou avançar, mas
tropeçou no braço cortado. O braço robótico caiu junto quando o Lorde Sith
despencou dentro do poço.
Vader gritou ao desabar na escuridão, e parecia que a queda nunca fosse
terminar. Durante o percurso, ele pensou no sabre de luz de Skywalker.
Jurava que era a mesma arma que Obi-Wan havia tomado de Anakin
Skywalker em Mustafar. Ele não parou de urrar sua fúria até se chocar
contra uma pilha de pedras duras.

Uma hora já havia se passado quando Vader recuperou a consciência no


fundo do poço, debaixo do Templo de Pomojema. Sentia gosto de sangue
dentro do capacete. Ele se amaldiçoou em silêncio.
Então percebeu o que havia acontecido no Templo. O cristal Kaiburr
aumentara seus poderes da Força, mas não para sua vantagem. Amplificara
sua raiva e seu ódio, o que o fez abandonar o desejo de capturar Skywalker
e descobrir mais sobre sua identidade. Agora ele sentia que o cristal Kaiburr
não estava mais lá; ele havia deixado Mimban.
Junto com Skywalker e a princesa.
Vader pegou o braço e o sabre de luz e saiu da caverna. Ali ele invocou
uma lançadeira imperial que o levaria para o centro médico mais próximo.
Enquanto seu braço direito era substituído, ele não considerou a batalha em
Mimban uma derrota, pois agora ele sabia que Skywalker era mais do que
uma oportunidade para o poder maior: ele era a solução para seu maior
obstáculo.
Ele é a pessoa que pode me ajudar a derrubar o imperador.
Vader nunca chegou a discutir sobre Luke Skywalker com o imperador,
mas não descartou a possibilidade de que seu Mestre tivesse tomado
conhecimento do nome do piloto rebelde que destruiu a Estrela da Morte.
Era apenas uma questão de tempo até que o imperador trouxesse o assunto à
tona.
Embora Vader ainda precisasse descobrir alguma informação
significativa sobre a ancestralidade de Skywalker, ele sentia que havia uma
forte conexão entre eles, e não apenas porque ambos tinham sido treinados
por Obi-Wan. No entanto, Vader não queria simplesmente mais
informações; ele queria Skywalker. E o queria imediatamente. E vivo.
Dessa forma, era inevitável que o Lorde Sombrio se encontrasse com
Boba Fett.
CAPÍTULO DEZOITO

USANDO O CAPACETE E A ARMADURA HERDADOS do pai, Boba Fett estava


diante de Darth Vader em uma sala de recepção no espaçoporto de Ord
Mantell, um planeta da Orla Média que um dia fora um depósito de material
bélico da Velha República. A sala tinha uma ampla janela que dava para a
pista de aterrissagem onde a lançadeira classe Lambda de Vader estava
recebendo um embarque de suprimentos. A própria armadura de Vader e
dispositivos internos haviam sido completamente reparados, sem que
restasse evidência do duelo em Mimban.
– O senhor busca certos rebeldes, Lorde Vader – Fett disse com a voz
áspera através do vocabulador de seu capacete. – Assim como meu
empregador, Jabba, o Hutt. É possível que, para agradá-lo, eu possa também
agradar o senhor.
– E obter dois pagamentos em vez de apenas um, caçador de
recompensas? – questionou Vader, captando o ardil. – Um rebelde em
particular me interessa… Luke Skywalker.
Boba Fett balançou a cabeça discretamente, inclinando o capacete para a
frente.
– Um companheiro do homem de quem estou atrás… Han Solo. Um
pode atrair o outro, Lorde Vader.
Àquela altura, Vader já estava familiarizado com o nome do capitão da
Millennium Falcon, a nave que havia atirado contra seu caça TIE na batalha
da Estrela da Morte. Não estava interessado em por que Jabba, o Hutt,
queria Han Solo, mas por trás de sua máscara negra, quando considerou
usar Solo como isca para Skywalker, ele sentiu um sorriso distender seus
lábios.
– Você é um empreendedor, Fett – disse ele ao se virar e pegar um tubo
elevador que descia e levava à pista de aterrissagem. – Talvez nos
encontremos de novo quando sua empreitada der frutos.
Vader deixou Fett em Ord Mantell e retornou para o Executor. Mesmo
que ficasse satisfeito se o plano do caçador de recompensas funcionasse,
não desejava esperar por informações que levassem à localização da nova
base da Aliança Rebelde. Encontrar Luke Skywalker tinha se tornado mais
do que uma meta para Darth Vader. Havia se tornado seu propósito.
Naquele momento, milhares de droides sonda imperiais munidos de
sensores haviam sido dispersados para mundos remotos por toda a galáxia,
e milhares mais seriam empregados nas semanas subsequentes. Cedo ou
tarde, um daqueles droides sonda acabaria encontrando algo útil.

Três anos-padrão haviam se passado desde a destruição da Estrela da


Morte quando Vader, na ponte de comando do Executor, ficou sabendo que
um droide sonda havia transmitido imagens de um grande gerador de
energia em um planeta de gelo no distante sistema Hoth.
– Encontramos – disse Vader. – Os rebeldes estão lá. – Ele se recusou a
dar ouvidos a seu pomposo oficial-chefe, o almirante Ozzel, que sugeriu
que o droide sonda poderia ter encontrado qualquer coisa que não fosse a
base rebelde. – Esse é o sistema – ele insistiu. – Definir rota para o sistema
Hoth.
Infelizmente, enquanto a armada de Darth Vader disparava para o destino
via hiperespaço, os rebeldes já haviam começado uma evacuação
emergencial da base. Ainda pior, o almirante Ozzel permitiu que o Executor
saísse do hiperespaço perto demais do sistema Hoth. Isso acionou sensores
que alertaram os rebeldes da chegada da armada e permitiu que eles
erguessem um campo de força planetário para repelir qualquer bombardeio
aéreo. Depois de destituir Ozzel de sua vida e promover o capitão Piett, que
era mais capaz, à patente de almirante, Vader ordenou que enviassem tropas
imperiais para a superfície do mundo de gelo.
Ele está lá embaixo, pensou Vader com absoluta certeza. Skywalker está
lá embaixo.
Para seu crédito, os rebeldes não se renderam ali. Os desliza-dores de
neve com tiro a laser sobrevoavam os gigantescos Transportes Blindados
para Todo Terreno – os AT-AT imperiais, que se arrastavam sobre gelo e
neve –, e seu canhão iônico planetário conseguiu desabilitar as naves
imperiais em órbita por tempo suficiente para a maior parte da frota escapar
para o espaço. No fim, porém, os rebeldes foram incapazes de impedir que
os AT-ATs destruíssem os geradores de energia, e onda após onda de poder
de fogo superior do Império garantiu que eles nunca pudessem vencer o dia.
Entretanto, não foi uma vitória para Vader, que aterrissou em Hoth
enquanto a batalha ainda estava no auge. Os últimos dos rebeldes ainda
estavam fugindo da base destruída quando ele entrou em um hangar
cavernoso e revestido de gelo com um esquadrão de troopers de neve bem a
tempo de ver a Millennium Falcon decolar a toda velocidade. Vader não
sabia se Luke Skywalker estava a bordo do cargueiro de Han Solo, mas
rapidamente sentiu que Skywalker ainda estava vivo.
Ele não havia se esquecido do plano de Boba Fett.
Voltando-se para um trooper de neve, Vader disse:
– Alerte o almirante Piett e todos os Destróieres Estelares que a
Millennium Falcon está tentando deixar Hoth. Nosso objetivo primário é
capturar aquele cargueiro. Os passageiros não devem ser feridos!

Vader voltou para o Executor. Estava sentado em sua câmara de


meditação, seu recanto particular, quando chegou o almirante Piett. Uma
garra robótica baixou o capacete sobre sua cabeça com cicatrizes. Vader
girou dentro da câmara e ficou de frente para Piett. O almirante relatou:
– Nossas naves avistaram a Millennium Falcon, Lorde. Mas… ela entrou
em um campo de asteroides, e não podemos arriscar…
– Asteroides não me interessam, almirante – interrompeu Vader. – Quero
aquela nave, sem desculpas.
Piett sabia que era melhor não discutir.
– Sim, Lorde.
O hemisfério superior da câmara de meditação desceu sobre Vader. Na
esperança de obter alguma informação sobre os eventos que ainda estavam
por vir, ele respirou devagar, clareando a mente de todos os pensamentos,
abrindo-se para o Lado Sombrio da Força…
Skywalker.
Ouviu o nome em sua mente como se a própria Força o sussurrasse. Mas
é a Força, Vader se perguntou, ou eu estou preocupado demais em
encontrar…
De repente, Vader sentiu uma perturbação na Força. E não apenas uma
flutuação súbita. Algo maior estava prestes a acontecer, algo incrivelmente
significativo…
Algo que vai mudar tudo.
Asteroides bombardeavam a frota imperial, e Vader continuava a busca
pela Millennium Falcon. Estava na ponte de comando do Executor quando
um almirante Piett muito nervoso relatou que o imperador dera ordens para
Vader se comunicar com ele.
Vader foi para seus aposentos e desceu até um painel preto circular no
piso inferior, abaixo de sua câmara de meditação. O painel era um scanner
HoloNet que permitia a transmissão de mensagens através da galáxia. Com
uma genuflexão do joelho esquerdo, ele curvou a cabeça coberta pelo
capacete, e o aro exterior do painel se iluminou com uma pálida luz azul.
Vader ergueu o olhar devagar para o ar vazio, e o nada foi instantaneamente
preenchido por um grande holograma tremeluzente da cabeça encapuzada
do imperador Palpatine.
– Qual é o motivo do chamado, Mestre?
A anos-luz de distância, em Coruscant, o imperador respondeu:
– Há uma grande perturbação na Força.
– Eu senti – disse Vader.
– Temos um novo inimigo. O jovem rebelde que destruiu a Estrela da
Morte. Não tenho dúvida de que esse rapaz seja a prole de Anakin
Skywalker.
Prole?! O tecido remanescente na garganta de Vader ficou
repentinamente seco. Em meio ao choque, ele conseguiu dizer:
– Como isso é possível?
Sem oferecer explicação nenhuma para apoiar a convicção declarada, o
imperador respondeu:
– Procure nos seus sentimentos, Lorde Vader. Você descobrirá que é
verdade. Ele pode nos destruir.
Depois de ter lutado contra Luke Skywalker em Mimban, Vader tinha
ainda mais consciência dos poderes daquele jovem do que o imperador.
Mas também sabia algo além: Luke ignorava a conexão familiar assim
como Vader a havia ignorado. Se eu soubesse a verdade em Mimban,
pensou Vader, eu teria sentido. Ainda se engalfinhando com a declaração do
imperador, ele se esforçou para encontrar palavras que pudessem
desencorajar o interesse de seu Mestre em Skywalker.
– Ele é só um garoto – disse Vader. – Obi-Wan não pode mais ajudá-lo.
O imperador tinha uma opinião diferente.
– A Força é poderosa nele. O filho de Skywalker não deve se tornar um
Jedi.
Palpatine não dissera com todas as letras que desejava Luke Skywalker
morto; portanto Vader, precisando de Skywalker vivo para realizar seus
objetivos, adotou uma tática diferente.
– Se pudesse ser convertido – Vader sugeriu –, ele se tornaria um aliado
poderoso.
– Sim – refletiu o imperador, como se não tivesse pensado naquela
possibilidade. Vader só podia supor o que o imperador estava pensando.
Fazia muito tempo que os Sith mantinham sua regra de dois: um Mestre,
um aprendiz. Mesmo que Vader soubesse que não havia espaço suficiente
na galáxia para três Lordes Sith, os olhos do imperador debaixo do capuz
pareceram faiscar quando ele prosseguiu com mais ênfase: – Sim. Ele seria
uma grande vantagem. Pode ser feito?
– Ele vai se juntar a nós ou vai morrer, Mestre – respondeu Vader e, em
seguida, fez uma reverência. O holograma do imperador desvaneceu.
Agora que o imperador estava interessado na sorte de Luke Skywalker,
Vader sabia que tinha de fazer tudo o que estivesse a seu alcance para
encontrar Luke antes que Palpatine o encontrasse. Se nem seus soldados
nem o infame Boba Fett pudessem encontrar os líderes rebeldes, então seria
necessário tomar medidas mais proativas.
Vader disparou um sinal e convocou caçadores de recompensas de toda a
galáxia para se encontrarem com ele no Executor. Não demorou para seis
caçadores, incluindo Boba Fett, estarem alinhados na ponte do Super
Destróier. Meros segundos depois de Vader se dirigir ao grupo reunido e
enfatizar seu desejo de que eles encontrassem a Millennium Falcon sem
matar ninguém a bordo, o furtivo cargueiro corelliano saiu do campo de
asteroides. O Destróier Estelar Vingador foi atrás, mas instantes depois a
Millennium Falcon desapareceu de seus sensores. Parecia que os rebeldes
haviam escapado do Império uma vez mais.
Mesmo assim, eles não escaparam de Boba Fett. Várias horas depois de o
Vingador perder a Falcon de vista, Darth Vader recebeu uma transmissão de
Fett, que havia empregado medidas sub-reptícias para encontrar a nave
rebelde sacudindo no espaço devido a um hiperpropulsor danificado, em
rota para o sistema Bespin.
Voltando-se para o almirante Piett na ponte do Executor, o Lorde
Sombrio disse:
– Definir curso para Bespin.
CAPÍTULO DEZENOVE

BOBA FETT JÁ HAVIA CHEGADO À CIDADE DAS NUVENS, um resort luxuoso e


também uma refinaria de gás em órbita ao redor do gigante planeta gasoso
Bespin, e a Millennium Falcon, destituída da velocidade da luz, ainda
estava a caminho, quando a lançadeira de Darth Vader tocou uma
plataforma de aterrissagem da Cidade das Nuvens. Precedido por dois
esquadrões de Stormtroopers imperiais, Vader saiu da nave e foi recebido
pelo barão administrador do lugar, Lando Calrissian, e seu assistente Lobot,
um ciborgue com um computador acoplado ao redor da cabeça careca.
Calrissian foi cortês e receptivo ao acompanhar os soldados a serviço do
Império pelo complexo e ouviu com atenção quando Vader delineou seu
plano de capturar um grupo de rebeldes. Ao ouvir o nome do cargueiro
corelliano que estava a caminho, Calrissian manteve uma expressão
completamente neutra no rosto, o que não surpreendeu Vader. Embora uma
pesquisa de antecedentes tivesse confirmado que Calrissian era um dos
antigos proprietários da Millennium Falcon, ele nunca foi um jogador muito
habilidoso.
O Executor permaneceu estacionado fora do alcance do rastreador de
Bespin, e os imperiais assumiram posições dentro da Cidade das Nuvens, na
espera de que a nave de Han Solo chegasse. Não precisaram aguardar
muito.

– A Millennium Falcon aterrissou na plataforma 327, Lorde Vader –


disse o tenente Sheckil, um oficial do Império de uniforme cinza. Sheckil
ouvia um relatório de progresso e estava de frente para Vader e Fett numa
sala de conferências na Cidade das Nuvens. – A princesa Leia está com o
capitão Solo e seu copiloto – continuou Sheckil. – Também há um droide. O
barão administrador Calrissian os está levando para a Cidade das Nuvens
neste momento. – Sheckil sorriu e acrescentou: – Foi sorte o hiperpropulsor
da Millennium Falcon ter se danificado, ou não teríamos chegado ao
sistema Bespin antes dos rebeldes.
– Nossa viagem para Bespin não teve nada a ver com sorte, tenente
Sheckil – Vader respondeu. – Lembre nossos homens de que devem ficar
fora de vista. A captura dos rebeldes será feita ao meu comando.
– Sim, senhor. Eu… – Sheckil parou de falar de repente quando ouviu
algo no comunicador. – O quê? Imbecis! – Tentando não soar nervoso ao
voltar a atenção para Vader, ele disse: – É o droide, senhor. Ele… ele ficou
para trás e calhou de encontrar a posição do Esquadrão Gamma. Eles… o
destruíram com os blasters. Por sorte, a princesa e os outros não ouviram os
disparos.
– Então você é quem tem sorte – Vader sibilou. – Não fracasse de novo.
Traga o droide aqui imediatamente. A memória pode conter alguma
informação valiosa.
Depois que Sheckil deixou a sala, Vader olhou pela janela para a linha do
horizonte da Cidade das Nuvens e disse:
– Parece que nossa empreitada está dando frutos, caçador de
recompensas. Usando o capitão Solo como isca para Skywalker, você
continua conseguindo dois pagamentos em vez de um.
Com os olhos nas costas do Lorde Sith, Boba Fett disse:
– Skywalker chegaria aqui mais rápido se espalhássemos a informação de
que os aliados dele estão em perigo.
– Isso não vai ser necessário – respondeu Vader, sentindo um
estremecimento na Força atravessar o espaço. – Ele já sabe.
Sheckil voltou com uma dupla de Stormtroopers que carregavam um
recipiente sem tampa com os pedaços recuperados do droide. Os membros
haviam sido arrancados do tronco, e um emaranhado de cabos
multicoloridos despontavam do pescoço sem cabeça.
– Lorde Vader? – disse Sheckil. – R-receio que os danos sejam
razoavelmente extensos. – Segurando a cabeça do droide para a inspeção de
Vader, Sheckil continuou. – Como pode ver, é um droide de protocolo.
Provavelmente é propriedade da princesa.
Vader pegou a cabeça e a examinou com atenção.
– Da forma como essas peças foram destruídas pelo disparo – Sheckil
apontou –, é provável que o droide tenha sido feito há muito tempo.
Apesar do desgaste e dos danos na cabeça do droide, Vader reconheceu
alguns poucos detalhes que indicavam o trabalho manual de Anakin
Skywalker. Ele ficou olhando para os fotorreceptores vazios da cabeça
decapitada.
C-3PO.
A última vez que Vader vira o droide dourado tinha sido em Mustafar. Eu
vi você pela janela da nave de Padmé quando ela aterrissou, Vader se
lembrou. Segurando aquela relíquia de sua antiga vida, o Lorde Sith sentiu
ondas de raiva e perda varrerem sua alma sombria. Sua memória voltou
num piscar de olhos para o dia em que Anakin encontrou o esqueleto do
droide no pátio de sucata da loja de Watto e ficou pensando se o robô
poderia ajudar sua mãe e ele a deixar Tatooine.
Vader ficou se perguntando se C-3PO se lembrava de alguma coisa a
respeito de Anakin Skywalker. Ele duvidava. Se o droide tivesse qualquer
conhecimento de Anakin em seus bancos de memória, teria compartilhado
as informações com Luke Skywalker. Porém, Luke continuava ignorando a
identidade do pai. Vader estava certo disso.
Considerando todas as coisas, ele pensou enquanto olhava nos olhos do
droide, eu deveria ter deixado você naquele pátio de sucata. Darth Vader
sentiu um ímpeto súbito de esmagar a cabeça do droide, mas depois se
lembrou de que Sheckil e Boba Fett o observavam com curiosidade.
Sheckil disse:
– Devo pedir aos nossos técnicos que recuperem a memória dessa
unidade, Lorde Vader?
Vader relaxou o aperto dos dedos na cabeça do droide e a colocou junto
com as demais peças, dentro da caixa aberta.
– O droide é inútil – disse ele. – Mande destruírem. – Vader não pensou
mais em C-3PO. Ao se voltar para a porta, ele disse: – Vamos, caçador de
recompensas. Quero discutir nosso encontro iminente com os rebeldes.

Depois de o tremor na Força convencer Darth Vader de que Luke


Skywalker estava a caminho de Bespin, o Lorde Sombrio acionou a
armadilha. Ele cuidou para que Calrissian acompanhasse a princesa Leia,
Han Solo e o copiloto wookiee de Solo para uma sala de banquetes onde ele
e Boba Fett estariam esperando. Um instante depois de a porta da sala
deslizar e se abrir, revelando Darth Vader para os rebeldes horrorizados,
Solo alcançou seu blaster e disparou contra o Lorde Sith. Com a mão
enluvada, Vader repeliu os raios de energia e usou a Força para arrancar a
pistola da mão de Solo e fazer a arma cair na mesa, ao alcance dos dedos
estendidos de Vader.
– Não tive escolha – Calrissian lhes disse. – Eles chegaram logo antes de
vocês. Eu lamento.
Solo olhou feio para Calrissian.
– Eu também lamento.

– Lorde Vader! – o tenente Sheckil disse com algum entusiasmo depois


que o Lorde Sith havia deixado a sala de banquetes e ordenado que um
esquadrão de Stormtroopers escoltasse os prisioneiros até as celas de
detenção. – Em nossa busca pelos aposentos da princesa Leia, encontramos
algo… inesperado.
Caminhando rápido com Sheckil em seus calcanhares, Vader percorreu
os corredores da Cidade das Nuvens até alcançarem uma suíte espaçosa e
bem iluminada que a princesa Leia havia ocupado antes de sair para a sala
de banquetes. Dois Stormtroopers estavam no quarto, ao lado de dois
ugnaughts: humanoides baixinhos e porcinos que trabalhavam nas refinarias
de gás da cidade. Em cima da mesa estava uma caixa de armazenagem com
os pedaços de C-3PO.
Então nos encontramos de novo.
Olhando para as peças, que não pareciam diferentes de como estavam da
última vez, Vader disse:
– Eu dei uma ordem, tenente.
– Sim, Lorde Vader – Sheckil respondeu. Com um gesto para os
trabalhadores atarracados, ele continuou: – Mas, de acordo com os
ugnaughts, o wookiee invadiu a sala de sucata e ficou descontrolado quando
encontrou os fragmentos. Ele os trouxe diretamente aqui para a princesa. Se
a Rebelião tem interesse em preservar essa unidade, pode haver mais nesse
droide do que os olhos conseguem enxergar.
Vader colocou a mão na caixa e pegou a cabeça do robô. Apesar de seu
desejo de deixar todas as memórias de Anakin Skywalker enterradas, outra
emergiu… Algo que Shmi Skywalker disse ao filho quando permitiu que
ele ficasse com as partes do droide que tinha trazido sorrateiramente para
seu pequeno alojamento. Ela dissera: Você só merece ter alguma coisa se
estiver preparado para cuidar dela.
Por trás do capacete, Vader estremeceu com a lembrança.
Observando o Lorde Sith, Sheckil perguntou:
– Devo instruir os técnicos a fazer uma busca na memória dele? – Vader
não respondeu, e Sheckil continuou: – Ou prefere que eu mande os
ugnaughts destruir a coisa?
Vader parecia continuar contemplando a cabeça do droide, segurando-o
mais perto de seu capacete, de forma a conseguir enxergar seu próprio
reflexo sombrio e distorcido na superfície dourada e amassada da face sem
vida de C-3PO.
– Senhor? – Sheckil insistiu.
Darth Vader lentamente devolveu a cabeça para junto das demais peças.
– Os pedaços do droide carregam o fedor do copiloto do capitão Solo –
disse ele. – Entregue esta caixa na cela do wookiee.
– Eu… Perdoe-me, senhor – disse Sheckil, obviamente confuso. – Eu não
entendo. O senhor… quer que o prisioneiro fique com o droide?
– Vou dar ao wookiee o que ele merece – Vader respondeu de forma
misteriosa.
– Oh – disse Sheckil. – Sim… claro, Lorde Vader.
– O capitão Solo tem um compromisso na câmara de interrogatório –
anunciou Vader ao caminhar para a saída da suíte. – Certifique-se de que ele
chegue até lá.
Na câmara de interrogatório, Darth Vader não fez uma única pergunta
para Han Solo dentre as que os imperiais haviam preparado na Cidade das
Nuvens, mas torturou o contrabandista da mesma forma. Depois, mandou
uma equipe de ugnaughts preparar uma câmara de carbono congelante para
Solo, para determinar se Luke Skywalker poderia sobreviver ao processo
congelante. O teste também foi testemunhado por Boba Fett, Lando
Calrissian, Lobot, princesa Leia e o enorme copiloto de Solo, que já tinha
conseguido montar C-3PO parcialmente e carregava as partes do droide em
uma rede de carga pendurada em suas costas peludas. Com algum
divertimento, Vader notou que C-3PO ainda não aprendera quando parar de
falar.
Solo foi baixado a um poço central da câmara de congelamento, e houve
uma grande baforada de vapor quando ele se transformou instantaneamente
em um bloco sólido de carbonita. Depois que o bloco foi removido do poço
e Calrissian verificou que Solo havia sobrevivido em perfeita hibernação,
Vader se voltou para Boba Fett e disse:
– Ele é todo seu, caçador de recompensas. – Depois olhou para os
ugnaughts e ordenou: – Preparem a câmara para Skywalker.
O momento não poderia ser melhor, pois Skywalker acabara de aterrissar
com seu caça estelar X-Wing na Cidade das Nuvens.
CAPÍTULO VINTE

– A FORÇA É PODEROSA EM VOCÊ, JOVEM SKYWALKER – disse Darth Vader


quando sua presa caiu direto na armadilha. – Mas você ainda não é um Jedi.
Luke Skywalker estava com seu blaster em punho quando entrou na
obscura câmara de congelamento por carbono, mas a colocara no coldre
antes de subir um lance de escadas para ficar diante de Vader. Ali, na
plataforma elevada que circundava o poço, Vader estava parado, esperando
que Skywalker desse o próximo passo. Luke alcançou o sabre de luz e
acionou a lâmina azul. Vader notou que era, de fato, a mesma arma de
Anakin Skywalker, da qual Obi-Wan havia se apropriado em Mustafar.
Contudo, não era hora de compartilhar essa informação com Luke. Ainda
não.
Vader também acionou seu sabre de luz. Luke atacou primeiro, mas
Vader bloqueou o golpe com facilidade. O duelo estava iniciado.
Luke lutou bravamente e até mesmo com criatividade e golpes
inesperados, que impressionaram Vader uma vez ou outra. Ele inclusive
conseguiu saltar e sair da câmara de congelamento, o que impediu Vader de
imobilizá-lo. Mesmo assim, o Lorde Sombrio o perseguiu pelo controle do
reator da Cidade das Nuvens e usou a Força para arrancar maquinários
pesados das paredes e lançá-los contra Luke. Por fim, ele o conduziu a uma
passarela que se estendia para o tubo de ar do reator.
Os ventos de Bespin sopravam pelo duto. Luke brandiu o sabre de luz e
acertou um golpe na placa sobre o ombro direito de Vader. O Lorde
Sombrio rosnou. O jovem se afastou por uma projeção sobre o duto
profundo. Equilibrando-se na viga estreita, ele estava se segurando em um
sensor de clima com a mão esquerda. Vader o atingiu forte com o sabre de
luz.
Luke gritou quando a lâmina vermelha atravessou seu pulso direito e viu
com horror sua mão e sabre de luz caírem no duto profundo do reator.
– Não existe escapatória – disse Vader à medida que seu oponente ferido
tentava se afastar mais, agarrado a uma matriz de sensores na ponta da
projeção metálica. – Não me faça destruí-lo – ele acrescentou, falando cada
vez mais alto para que pudesse ser ouvido acima dos ventos fortes. – Você
ainda não tem noção da sua importância. Você só está começando a
descobrir seu poder. Junte-se a mim, e eu vou completar seu treinamento.
Com a nossa força combinada, podemos acabar com esse conflito destrutivo
e trazer ordem para a galáxia.
– Eu nunca vou me juntar a você! – Luke gritou de volta.
– Se ao menos você soubesse o poder do Lado Sombrio – disse Vader, e
decidiu que chegara a hora de revelar tudo. – Obi-Wan nunca lhe contou o
que aconteceu ao seu pai.
– Ele me disse o suficiente! – respondeu Luke, com os dentes cerrados e
agarrado à matriz de sensores. – Ele me disse que você o matou.
– Não – respondeu Vader. – Eu sou seu pai.
Darth Vader não sabia como Luke iria reagir. Não podia imaginar que o
rapaz ficaria mais chocado do que ele ficara ao ser informado pelo
imperador de que Luke era filho de Anakin Skywalker.
– Não – Luke gemeu. – Não. Isso não é verdade! Isso é impossível!
Lembrando-se de como o imperador havia encorajado aquela aceitação,
Vader acrescentou:
– Procure nos seus sentimentos. Você sabe que é verdade.
– Não! – gritou Luke. – NÃO!
O vento assobiava, e a capa de Vader farfalhava descontrolada em suas
costas.
– Luke. Você pode destruir o imperador. Ele previu. É o seu destino. –
Ele estendeu a mão para Luke, chamando-o para deixar a viga e voltar para
seu lado. – Junte-se a mim, e juntos nós podemos governar a galáxia como
pai e filho.
Ainda agarrado à matriz de sensores, Luke olhou para baixo.
– Venha comigo – insistiu Vader. – É a única saída.
Inesperadamente, Luke abriu os braços, se soltou e despencou no duto
profundo. Vader inclinou-se sobre a beirada da grua para ver a silhueta do
filho desaparecer velozmente em um cano de exaustão na parede do duto.
Apesar disso, o Lorde Sith tinha certeza de que Luke ainda estava vivo.
Se ele tivesse morrido, eu teria sentido.
Depois que Vader deixou o duto do reator, oficiais imperiais o
informaram de que o dúplice Lando Calrissian havia ajudado todos os
residentes e visitantes a evacuar a Cidade das Nuvens, e que Calrissian, a
princesa Leia e o wookiee já tinham fugido na Millennium Falcon. Vader
sabia que eles não iriam longe, uma vez que mecânicos imperiais já haviam
tomado a precaução de desativar o hiperpropulsor da Millennium Falcon.
Vader despachou imediatamente dois esquadrões de Stormtroopers para
encontrar Luke. Confiante de que ele e a tripulação da Falcon logo seriam
recuperados e trazidos, ele seguiu para a lançadeira e voltou ao Executor.
Assim que chegou, Vader permaneceu confiante quando foi notificado de
que a Millennium Falcon voltara para a Cidade das Nuvens a fim de
resgatar Luke.
Deixe que os aliados o salvem, pensou Vader. E então eu vou capturar
todos eles.
Enquanto a Millennium Falcon tentava evadir o bloqueio imperial ao
redor de Bespin, Vader usou a Força para chamar o filho telepaticamente:
– Luke.
Pai, Luke chamou de volta.
– Filho – disse Vader, e sentiu um arrepio ao se dar conta de que Luke
aceitara a verdade.
Assim que o cargueiro rebelde passou voando ao longo do Destróier
Estelar, Vader sentiu a proximidade de Luke e tentou usar a Força para
chamá-lo novamente.
– Filho. Venha comigo. – Quando Luke não respondeu, Vader
acrescentou: – Luke. É o seu destino.
Mas então a Millennium Falcon desapareceu no hiperespaço. A essa
altura, o cargueiro corelliano não estava carregando o dispositivo de rastreio
do Império.
Mais uma vez, Vader fora roubado.
INTERLÚDIO

DARTH VADER QUISERA RETOMAR SUA BUSCA A LUKE SKYWALKER, mas o


imperador tinha outros planos em mente para seu aprendiz. Depois que
Vader recebeu instruções para supervisionar a conclusão de uma nova
superarma, que estava em construção havia algum tempo no sistema Endor,
ele pensou: O imperador deve saber que eu tentei recrutar meu filho para se
unir a mim contra ele. Ele sabe que Luke poderia destruí-lo… e que eu não
poderia fazer isso sozinho.
E então o imperador havia feito seu melhor para manter Vader em rédea
curta, instruindo-o a trabalhar com o príncipe Xizor, que controlava a
maior frota mercante da galáxia, a qual o Império necessitava para agilizar
os requisitos de transporte para Endor. Um falleen, Xizor era também o
chefe da organização criminosa conhecida como Sol Negro. Como Xizor
tinha perdido a maior parte de sua família devido aos atos genocidas do
próprio Vader em Falleen, seu planeta natal, fazia tempo que ele desejava
vingança. Assim, ele tramou para que Vader caísse em descrédito e para
conquistar o imperador. Porém, quando Vader ficou sabendo que Xizor
tinha descoberto sua relação com Luke Skywalker e havia tentado matar
Luke, ele pôs fim ao acordo de trabalho com os falleen de forma
permanente e explodiu Xizor e seu skyhook pessoal – uma grande nave
repulsora – para fora da atmosfera superior de Coruscant.
A construção do Projeto Endor prosseguiu. Um ano após o último
encontro de Vader com Luke Skywalker, o Executor estava levando o Lorde
Sombrio para a superarma ainda inacabada.
Contra as objeções de Vader, o imperador – seguindo um plano que
havia sido concebido por Xizor – permitira que um computador com os
planos para o Projeto Endor fosse transportado em um cargueiro único e
sem escolta pelo sistema Both. Com a ajuda de espiões bothanianos, os
rebeldes tinham capturado o computador e ficado sabendo que a maior das
nove luas de Endor estava gerando um campo energético poderoso para
proteger a nova estação de batalha “secreta” do Império.
O imperador tinha confiança de que os rebeldes morderiam a isca e
trariam sua frota para Endor, mas Vader estava mais interessado no futuro
que os aguardava, qualquer que fosse, além daquela escaramuça provável.
Embora ele houvesse proposto ao imperador que Luke Skywalker poderia
ser convertido ao Lado Sombrio e ser unido aos Lordes Sith, ele tinha plena
consciência da longa tradição da Ordem dos Sith de limitar seu número a
dois: um Mestre, um aprendiz.
Um de nós vai ter que morrer, refletiu Vader.
CAPÍTULO VINTE E UM

O PROJETO ENDOR ERA UMA NOVA ESTRELA DA MORTE, suspensa em uma


órbita sincrônica ao redor da Lua Florestal de Endor, coberta de floresta, do
gigante gasoso Endor. Quando a construção fosse finalizada, a nova Estrela
da Morte seria ainda maior que a original. Sua arma principal, um
superlaser destruidor de planetas, havia sido redesenhado para poder ser
recarregado em minutos e focado com eficiência em alvos em movimento,
tais como naves capitais. Mecânicos imperiais a consideravam a invenção
mais mortífera de todos os tempos.
Enquanto era levado pela lançadeira do Executor para a silhueta
fragmentada da nova estação de batalha, Vader analisou o enorme
superlaser com desprezo. Mesmo que tenha sucesso onde a primeira Estrela
da Morte falhou, é um brinquedo de criança comparado ao poder da
Força.
Depois de aterrissar, Vader informou ao comandante da Estrela da Morte,
Moff Jerjerrod, que o imperador estava insatisfeito pelo fato de a estação
ainda não estar em funcionamento. Ao descobrir que o próprio imperador
logo chegaria ao sistema Endor, Jerjerrod ordenou que seus homens
redobrassem os esforços.

Na ocasião da chegada do imperador, via lançadeira, para uma grandiosa


recepção imperial em um hangar da Estrela da Morte, Vader já recebera um
relatório de Tatooine de que Jabba, o Hutt, estava morto. Era evidente, Luke
e seus aliados haviam conseguido libertar, com sucesso, Han Solo do hutt.
Vader informou ao imperador que a Estrela da Morte ficaria pronta de
acordo com o cronograma. Palpatine respondeu:
– Você fez bem, Lorde Vader. E agora eu sinto que você deseja continuar
sua busca pelo jovem Skywalker.
– Sim, Mestre.
– Paciência, meu amigo – o imperador respondeu com voz áspera. – Em
tempo, ele procurará você. E, quando o fizer, você deve trazê-lo para mim.
Ele se tornou forte. Apenas juntos nós podemos trazê-lo para o Lado
Sombrio da Força.
– Como desejar – respondeu Vader. Ele não havia se esquecido de como
Anakin Skywalker obedecera ao comando de Palpatine para matar o conde
Dookan, e não tinha razão para duvidar que o imperador já tinha planejado
um teste para Luke, a fim de determinar se Vader continuaria sendo seu
aprendiz.
– Tudo está procedendo do jeito que eu tinha previsto – sibilou o
imperador.
Escoltando seu Mestre pela Estrela da Morte, Vader desejou que pudesse
enxergar o futuro com tanta clareza. Palpatine havia atraído Anakin
Skywalker para o Lado Sombrio, depois o reconstruiu como um monstro
cibernético e ainda permanecia o mais poderoso entre os dois Lordes Sith.
Embora Luke Skywalker houvesse derrotado Vader na primeira Estrela da
Morte, o despistado em Hoth e fugido em Bespin, Vader não acreditava que
seu filho pudesse resistir ao poder do imperador.
Luke tem que se juntar a mim. Não posso perder de novo.

A construção da nova Estrela da Morte continuava. Vader acabava de


ficar sabendo que naves rebeldes haviam se reunido no sistema Sullust
quando foi convocado à sala do imperador. Empoleirada em cima de uma
torre altamente protegida no polo norte da estação, a sala do trono tinha
grandes janelas circulares que permitiam ao imperador uma ampla visão da
lua florestal e do hemisfério superior da estação de batalha. O trono era um
assento de espaldar alto posicionado em cima de uma plataforma elevada.
As costas do assento estavam viradas para Vader, que subia os degraus que
levavam ao trono.
– Por que o chamado, Mestre?
O imperador girou o trono e olhou para Vader.
– Envie a frota para o lado mais distante de Endor. Lá ela deve ficar até
que seja chamada.
– E quanto aos relatos de que a frota rebelde está se concentrando em
Sullust?
– Isso não tem importância – disse o imperador para encerrar o assunto. –
Logo a Rebelião será esmagada, e o jovem Skywalker será um de nós! Seu
trabalho aqui está terminado, meu amigo. Vá para a nave de comando e
espere pelas minhas ordens.
Logo depois de retornar para a ponte do Executor, Vader estava olhando
por um visor quando avistou uma lançadeira classe Lambda se
aproximando de Endor. A nave havia transmitido um código imperial
desatualizado para autorização, mas Vader permitiu que continuasse o
percurso até a lua florestal. Luke está naquela nave, ele sentiu com absoluta
certeza.
Embora o imperador tivesse instruído Vader a permanecer no Executor, o
Lorde Sombrio sentiu-se compelido a relatar o último desdobramento em
pessoa. Ele voltou para a sala do trono do imperador na Estrela da Morte e
notou que o imperador, na verdade, parecia surpreso ao ouvir que Luke
chegara a Endor.
– Tem certeza? – perguntou Palpatine.
– Eu o senti, Mestre.
– Estranho, pois eu não senti – o imperador respondeu com cautela. –
Fico me perguntando se o que você sente sobre esse assunto está claro,
Lorde Vader.
– Está claro, Mestre.
– Então você deve ir para a Lua Florestal de Endor e esperar por ele.
Cético, Vader perguntou:
– Ele virá comigo?
– Eu previ. A compaixão por você será a ruína dele. Ele irá até você, e
então você o trará para mim.
– Como desejar – disse Vader. Ao sair da sala do trono, ele pensou: Se o
imperador não conseguiu detectar a chegada de Luke, talvez ele tenha
enfraquecido com a idade. Se ao menos eu pudesse levar Luke daqui e
persuadi-lo a se aliar a mim…
Por um momento, Vader permitiu-se imaginar um futuro com seu filho.
Imaginou Luke como seu aprendiz – eu iria lhe ensinar tudo – e seu
parceiro – ele me manteria forte! Não haveria nenhuma rivalidade nem
segredos entre eles. Com seu vínculo de sangue e poder compartilhado, eles
seriam os maiores dos Lordes Sith.
Seríamos invencíveis. Vou levá-lo ao Castelo Bast e…
Vader se lembrou da visão que tivera quando partiu de Coruscant rumo a
Endor, a visão de seu encontro com Luke em sua fortaleza em Vjun. Nessa
visão, Luke tinha se juntado a ele, e o imperador chegara com fogo e morte.
Vader percebeu que não importava se a visão tinha sido um pesadelo, uma
premonição, um aviso psíquico ou uma ilusão, uma vez que era a revelação
de um evento que nunca poderia acontecer.
Não existe lugar algum para onde Luke e eu pudéssemos ir. Nenhum
lugar para nos escondermos.
Sem poder para desobedecer ao seu Mestre, Vader seguiu para a
lançadeira.

A maior estrutura imperial na Lua Florestal de Endor era o gerador de


escudo energético, uma torre piramidal de quatro lados que sustentava uma
ampla estrutura côncava de foco com a capacidade de projetar um escudo
defletor em torno da Estrela da Morte orbital. Perto desse gerador havia
uma plataforma de aterrissagem elevada que era iluminada por holofotes
brilhantes. Uma grande área de floresta natural tinha sido desmatada para
acomodar tanto o gerador como a plataforma, algo que não tinha caído
muito nas graças da população ewok nativa.
Um AT-AT de quatro patas caminhava pelas bordas da floresta e se virou
em direção à plataforma de desembarque assim que a nave de Vader
pousou. Após desembarcar, o Lorde Sith percorreu uma plataforma até o
AT-AT. Quando a escotilha do enorme transporte subiu, revelou um
comandante imperial, três Stormtroopers e Luke Skywalker, cujos pulsos
estavam presos por algemas.
Luke havia se rendido aos soldados. Ele vestia um uniforme preto
ajustado, e Vader ficou se perguntando se aquilo sugeria, de alguma forma,
que Luke também já tinha se rendido ao Lado Sombrio. Não, ele pensou.
Ainda não.
Os soldados apresentaram o sabre de luz do prisioneiro para Vader, que
olhou de relance para a mão direita de Luke, agora enluvada. Um novo
sabre de luz, pensou, e uma nova mão. Exatamente como na minha visão no
Castelo Bast.
O Lorde Sombrio pegou o sabre de luz oferecido e então disse:
– O imperador estava esperando por você.
– Eu sei, pai.
Vader observou que, na verdade, gostara de ouvir Luke se referir a ele
como pai.
– Então você aceitou a verdade.
– Eu aceitei a verdade de que você um dia foi Anakin Skywalker, meu
pai.
Menino tolo. De frente para Luke, Vader olhou duro para seu filho
através das lentes escuras da máscara e disse:
– Esse nome não tem mais nenhum significado para mim.
Luke tentou convencer Vader de que ainda existia o bem dentro dele.
Implorou que o pai viesse com ele para longe da lua florestal e do
imperador.
– Você não conhece o poder do Lado Sombrio – disse Vader. – Eu devo
obedecer meu Mestre.
– Eu não vou me converter – Luke jurou –, e você vai ser forçado a me
matar.
Eu fiz coisas piores, Vader pensou.
– Se esse é seu destino…
– Procure nos seus sentimentos, pai – Luke o interrompeu. – Você não
pode fazer isso. Eu sinto o conflito dentro de você. Abra mão do seu ódio.
Se ao menos eu pudesse, Vader pensou. Se ao menos eu pudesse.
– Agora é tarde demais para mim, filho. – Darth Vader convocou dois
Stormtroopers para conduzirem Luke até a lançadeira. Então acrescentou: –
O imperador vai mostrar a você a verdadeira natureza da Força. Ele é seu
Mestre agora.
Com uma expressão de tristeza e resignação, Luke respondeu:
– Então meu pai realmente está morto.
À medida que Luke era escoltado até a nave, Vader pensava: Eu devo
obedecer meu Mestre. Mesmo que isso signifique a morte do meu filho.
E mesmo que signifique a minha morte.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

VADER LEVOU LUKE À TORRE NO TOPO DA ESTRELA DA MORTE, onde o


imperador – sem se levantar de seu trono – usou a Força para libertar Luke
das algemas. Depois que Palpatine deu ordens para que seus guardas reais
de armadura vermelha deixassem a sala do trono, Vader apresentou o novo
sabre de luz de Luke para inspeção. O imperador tinha confiança de que
Luke se uniria a ele como o pai fizera.
Sem se impressionar com o imperador, Luke se recusou a ser convertido
para o Lado Sombrio. Entretanto, sua confiança foi fortemente abalada
quando o imperador confessou que ele é quem tinha permitido que a
Aliança Rebelde ficasse sabendo da localização da Estrela da Morte e de
seu gerador de escudo, e que o Império estava completamente preparado
para lidar com o ataque inimigo iminente.
Luke olhou pelas janelas altas da sala do trono para ver a chegada das
naves rebeldes. Vader sentiu a ansiedade de seu filho aumentar. A batalha
espacial prosseguia, e era óbvio que as naves rebeldes estavam em grande
desvantagem numérica em relação aos caças imperiais. Ainda sentado no
trono, o imperador tentava provocar Luke insistindo que ele pegasse de
volta o sabre de luz e se entregasse à sua raiva. Mais uma vez, Luke se
recusou.
Porém, o imperador revelou que o superlaser da Estrela da Morte estava
em pleno funcionamento e deu uma ordem para que os atiradores
disparassem a bel-prazer. Um feixe intenso foi disparado da Estrela da
Morte em direção ao grande cruzador rebelde, que explodiu em um clarão
ofuscante.
O imperador continuou a incitar Luke a pegar o sabre de luz.
– Ataque-me com todo o seu ódio – disse o imperador, cuspindo as
palavras –, e a sua jornada para o Lado Sombrio terá sido completa.
Usando a Força, Luke capturou sua arma, ativou a lâmina e a brandiu
contra a cabeça do imperador, só que Vader foi mais rápido e ativou seu
sabre para conter eficientemente a investida de Luke. A visão de Vader e de
Luke de sabres cruzados excitava e divertia o imperador, que gargalhou
com júbilo perverso. Vader se lembrou de que Palpatine rira do mesmo jeito
havia mais de duas décadas, quando ordenou que Anakin Skywalker
matasse o conde Dookan.
Naquela época, eu fui o vitorioso, Vader pensou ao usar o sabre de luz
para afastar Luke do imperador. E a Força está comigo agora!
À medida que o duelo prosseguia por toda a sala do trono, o Lorde
Sombrio sentiu que Luke estava extraindo forças da própria raiva para
abastecer seus ataques. Do trono, o imperador disse:
– Ótimo. Use seus sentimentos agressivos, garoto! Deixe que o ódio flua
em você.
Meu mestre quer que Luke vença, Vader percebeu com algum
ressentimento. Eu não vou dar essa satisfação a ele. Eu não vou ser…
De forma inesperada, Luke desativou o sabre de luz e disse:
– Não vou lutar contra você, pai.
– Você é imprudente por baixar suas defesas – Vader respondeu,
erguendo o sabre num movimento veloz. Luke reativou sua arma para
defender o ataque de Vader com velocidade incrível. Este brandiu o sabre
de novo e de novo, mas Luke bloqueou cada golpe. Logo Vader soava
ofegante através do respirador. Não posso deixar que Luke me derrote,
pensou ele. Não vou deixar que o imperador fique com ele!
Um chute preciso de Luke jogou Vader para a beira da plataforma
elevada. O Sith desabou no chão de metal abaixo e rugiu quando sentiu um
cabo cibernético se partir em sua perna direita. Luke tentou se distanciar de
Vader ao pular sobre uma passarela que cruzava o teto da sala do trono.
– Seus sentimentos o estão traindo, pai – disse Luke. – Eu sinto o bem
em você… o conflito.
Vader se levantou do piso abaixo com desconforto óbvio e respondeu:
– Não existe conflito.
– Você não conseguiu me matar antes – Luke respondeu, caminhando
pela passarela –, e não acredito que vá me destruir agora.
Vader respondeu, mudando o foco para os suportes de metal que
prendiam a passarela ao teto:
– Se você não lutar, então vai encontrar seu destino.
O Lorde Sombrio lançou o sabre ainda ativado para cima. Luke se
esquivou da lâmina vermelha, mas não conseguiu impedir que ela partisse
os suportes da passarela, que se soltou do teto e fez Luke despencar para o
chão. Vader observou Luke rolar e sair de seu campo de visão debaixo da
plataforma elevada do imperador.
O sabre de luz de Vader, desativado, caiu no chão a vários metros de
distância. Ele estendeu a mão, o sabre se fazendo erguer e voar para seus
dedos. Vader ativou a lâmina da arma e desceu um lance de escada até a
área debaixo da plataforma, onde a estrutura de metal oferecia inúmeros
pontos de esconderijo. Fora da Estrela da Morte, na Lua Florestal de Endor,
a batalha do Império contra os rebeldes ia a todo vapor, mas Vader não se
importava. Na sua concepção, o duelo contra Luke era a única batalha que
importava.
Enquanto procurava pelo menor movimento debaixo da plataforma, o pai
disse:
– Você não pode se esconder para sempre, Luke.
Da escuridão, o filho respondeu:
– Não vou lutar contra você.
– Entregue-se ao Lado Sombrio – Vader insistiu. – É a única forma de
você salvar seus amigos. – Vader subitamente tomou consciência de que
Luke agora estava pensando nos amigos, e que a preocupação por eles era
quase palpável. – Sim – disse Vader –, seus pensamentos o traem. Seus
sentimentos por eles são fortes. Especialmente por…
Luke era incapaz de impedir que Vader acessasse sua mente.
– Irmã! – Vader exclamou. – Então… você tem uma irmã gêmea. Seus
sentimentos agora também a traíram. Obi-Wan foi sábio em escondê-la de
mim. Agora o fracasso dele está completo. – Aprofundando-se mais nos
recessos debaixo da plataforma, ele disse: – Se você não se entregar ao
Lado Sombrio, então talvez ela se entregue.
– Não! – Luke gritou, acionando o sabre de luz ao sair correndo de seu
local de esconderijo para atacar Vader. Faíscas voaram da troca de golpes na
área escura e cheia de obstáculos, e Vader foi forçado a recuar de sob a
plataforma até que eles chegassem à beira de uma ponte curta, ao lado de
um vão de elevador aberto e profundo.
Um forte golpe partiu o sistema de suporte de vida de Vader e, quando
ele caiu de costas contra a proteção da ponte, foi incapaz de impedir que a
lâmina de Luke partisse seu punho direito. Metal e peças eletrônicas
voaram do coto destruído, e o sabre de luz de Vader tombou sobre a beira
da ponte e caiu dentro do poço aparentemente sem fundo. Gravemente
ferido e no limite da exaustão, Vader olhou para cima e viu o sabre de luz
de Luke no ângulo certo para desferir um golpe fatal.
O imperador havia se levantado do trono para ficar na escada atrás de
Luke.
– Ótimo! – disse ele. – Seu ódio o tornou poderoso. Agora, cumpra seu
destino e tome o lugar do seu pai ao meu lado!
Então é assim que tudo acaba, Vader pensou.
Mas então Luke desativou o sabre de luz e respondeu:
– Nunca! – Ele jogou a arma de lado e declarou: – Eu nunca vou me
converter ao Lado Sombrio. Vossa alteza fracassou. Eu sou um Jedi, como
meu pai antes de mim.
O imperador fez uma careta. Com imensurável cólera, ele disse:
– Então que seja… Jedi. Se não vai se converter, você será destruído.
Ainda deitado na proteção da ponte ao lado do poço do elevador, Vader
observou o imperador estender seus dedos retorcidos e disparar rajadas
ofuscantes de relâmpago azul. A energia atingiu Luke, que tentou repelir os
raios de energia crepitante, mas estava tão atordoado por aquilo tudo que
seu corpo desabou no chão.
Não, Vader pensou. Não. Não assim.
Conforme o imperador continuava a atingir Luke com seu ataque de
relâmpagos Sith, Vader se levantou com dificuldade. Uma perna estava
quebrada e a outra não estava funcionando direito. Andando desajeitado, ele
levou o corpo robusto até o lado de seu Mestre. No chão, Luke se contorcia
em agonia, e estava à beira da morte quando grunhiu:
– Pai, por favor. Me ajude.
Vader observou Luke se contorcer em posição fetal assim que o
imperador disparou uma onda ainda mais poderosa de relâmpagos sobre sua
vítima. Vader não tinha dúvida de que Luke estava prestes a morrer. Seu
filho gritou.
Não apenas meu filho…
O imperador desferiu outra onda de relâmpagos.
… nem o filho de Padmé…
Luke gritou mais alto.
… mas meu filho… que me ama.
As roupas de Luke começaram a soltar fumaça e seu corpo estremeceu
com espasmos involuntários. De repente, Vader percebeu que não estava
mais preocupado com seu futuro pessoal. Apesar de todas as coisas terríveis
e indizíveis que fizera na vida, ele sabia que não poderia ficar ali e permitir
que o imperador matasse Luke. E, naquele momento de consciência, ele não
era mais Darth Vader.
Era Anakin Skywalker.
Foi necessária toda a sua força remanescente para agarrar o imperador
pelas costas, erguê-lo do chão e carregá-lo em direção ao poço aberto do
elevador. O maldito imperador continuou a disparar relâmpagos, mas eles
se desviaram de Luke e fizeram um arco que terminou nele mesmo e em
seu aprendiz insurgente. O relâmpago penetrou a armadura de suporte de
vida de Vader e eletrificou os restos orgânicos de Anakin, mas ele
continuou se arrastando até que pudesse jogar o imperador no poço aberto.
Palpatine gritou quando seu corpo despencou pelo vão. Ainda preso na
armadura de Darth Vader, Anakin caiu na borda do abismo, mas ouviu a
explosão de energia das trevas consumir o imperador em queda.
Ouvindo sua própria respiração dificultosa e áspera, Anakin sabia que o
aparato respiratório do capacete de Vader estava quebrado. Ele sentiu algo
puxar seus ombros e entendeu que Luke havia se arrastado ao seu lado e o
estava puxando para longe da beira do abismo.
A despeito dos próprios ferimentos, Luke conseguiu arrastar seu pai para
o hangar onde estava a lançadeira de Vader. O caminho foi ainda mais
difícil pelo fato de que os rebeldes haviam desativado o projetor de escudo
energético na Lua Florestal de Endor, e a Estrela da Morte agora estava sob
forte ataque. Tentando manter as pernas firmes mesmo com a estação de
batalha sendo devastada por explosões, Luke arrastou seu pai para a rampa
de embarque da lançadeira antes que desabasse devido ao esforço.
Ele não vai conseguir, Anakin pensou. Não comigo.
– Luke – ele ofegou –, ajude-me a tirar esta máscara.
Luke se ajoelhou ao lado dele e respondeu:
– Mas você vai morrer.
– Nada pode impedir isso agora – respondeu Anakin. – Pelo menos uma
vez… deixe-me olhar para você… com meus próprios olhos.
Devagar e com cuidado, Luke ergueu o capacete anguloso de Vader e
depois removeu a máscara da carapaça negra de durasteel que envolvia seu
pescoço. Quando suas feições cheias de cicatrizes foram expostas, Anakin
ficou surpreso de sentir lágrimas brotarem de seus olhos.
Acabou, ele pensou. O pesadelo acabou.
Ele sorriu fracamente e depois disse:
– Agora… vá, meu filho. Deixe-me.
– Não – Luke insistiu. – Você vem comigo. Não vou deixá-lo aqui. Tenho
que salvá-lo.
Anakin sorriu de novo.
– Você já salvou, Luke. Você estava certo. – Sufocando com o que
restava de seu fôlego, ele concluiu: – Você estava certo sobre mim. Diga à
sua irmã… você estava certo.
Anakin Skywalker fechou os olhos, e seu corpo se largou sobre a rampa
da lançadeira. Ele tinha todas as razões para acreditar que finalmente estava
prestes a abraçar a escuridão perpétua.
Não pela primeira vez, ele estava errado.
EPÍLOGO

PRIMEIRO, HOUVE SIM ESCURIDÃO PARA ANAKIN SKYWALKER: um reino de


sombras infinitas, como um universo sem estrelas. Mas então, de algum
lugar na fronteira de sua consciência, ele percebeu uma distante luz
tremeluzente e depois ouviu uma voz dizer: Anakin.
A voz era familiar.
Mesmo que Anakin não mais tivesse um corpo ou uma boca com a qual
falar, de alguma forma ele respondeu: Obi-Wan? Mestre, eu sinto muito.
Sinto muito, muito…
Anakin, ouça com atenção, interrompeu Obi-Wan, e Anakin percebeu
que aquela luz distante ou estava ficando mais forte ou estava ficando mais
próxima; talvez as duas coisas. Você está no mundo inferior da Força, mas,
se deseja ainda revisitar o espaço corporal, então ainda tenho uma coisa a
te ensinar. Uma maneira de se unir à Força. Se você escolher esse caminho
para a imortalidade, deve prestar atenção agora, antes que sua consciência
se desvaneça.
Sabendo que estava além da redenção, Anakin disse: Mas, Mestre… por
que eu?
Porque você pôs fim ao horror, Anakin, respondeu Obi-Wan. Porque você
cumpriu a profecia.
A luz agora estava muito forte.
O primeiro pensamento de Anakin foi de que poderia ser capaz de ver
seus filhos novamente. Ele disse: Obrigado, Mestre.

Na lançadeira imperial, Luke Skywalker havia fugido da Estrela da


Morte com os restos de seu pai apenas um instante antes de a estação de
batalha explodir. Após o desembarque na Lua Florestal de Endor, Luke
preparou um funeral muito particular em uma clareira na floresta.
A noite já tinha caído quando Luke colocou o corpo de armadura de
Anakin Skywalker em cima de uma pilha de madeira. Quando acendeu a
pira, Luke entoou:
– Eu queimo sua armadura e, com ela, o nome de Darth Vader. Que o
nome de Anakin Skywalker seja uma luz para orientar os Jedi pelas
gerações que virão.
Luke não tinha consciência dos espíritos que o observavam das sombras
dos bosques tremeluzentes. Mas depois, quando voltou a seus aliados para a
celebração da vitória na aldeia de árvores que era o lar dos ewoks, Luke viu
três aparições brilhantes se materializarem na escuridão. Eram Obi-Wan
Kenobi, Yoda… e seu pai, Anakin Skywalker.
Os Jedi tinham retornado.
STAR WARS / A ASCENSÃO E A QUEDA DE DARTH VADER
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The Rise and Fall of Darth Vader
PREPARAÇÃO: Alexander Barutti
REVISÃO: Juliana Gregolin | Nestor Turano Jr.
DIAGRAMAÇÃO: Renato Carbone/TdW
ARTE E ADAPTAÇÃO: Francine C. Silva | Valdinei Gomes
ILUSTRAÇÃO: LUCASFILMS
GERENTE EDITORIAL: Marcia Batista
DIREÇÃO EDITORIAL: Luis Matos
ASSISTENTES EDITORIAIS: Aline Graça | Letícia Nakamura

COPYRIGHT © & TM 2007 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © EDITORA UNIVERSO DOS LIVROS, 2016
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

A ASCENSÃO E A QUEDA DE DARTH VADER É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS, LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
K28s Windham, Ryder
THE RISE AND FALL OF DARTH VADER [recurso eletrônico] / Ryder Windham ; traduzido por Felipe CF Vieira. - São
Paulo : Universo dos Livros, 2020-1618
208 p. : 2.0 MB.
Tradução de: The Rise and Fall of Darth Vader
ISBN: 978-85-7930-983-0 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I.Summa, Guilherme CF. II. Título.
20.1618

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:


Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876
Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3
Rua do Bosque, 1589 – Bloco 2 – Conj. 603/606
CEP 01136-001 – Barra Funda – São Paulo/SP
Tel.: [55 11] 3392-3336
www.universodoslivros.com.br
e-mail:
editor@universodoslivros.com.br
AGRADECIMENTOS

SINCEROS AGRADECIMENTOS AOS ROTEIRISTAS dos filmes de Star Wars:


George Lucas, Lawrence Kasdan, Leigh Brackett e Jonathan Hales.
Também estou em dívida com Terry Brooks, James Luceno, Kilian
Plunkett, Daniel Wallace e os falecidos Brian Daley e Archie Goodwin,
cujos respectivos livros sobre Star Wars, quadrinhos e dramatizações no
rádio forneceram material para várias cenas deste romance. Um
agradecimento especial a Dorothy Windham pela ajuda na pesquisa, a
Violet Windham por não me deixar vencer uma luta de sabres de luz, a
Anne Windham por me ajudar em todos os sentidos a ganhar tempo para
concluir este livro, e aos fãs de Star Wars Titus DosRemedios e Peter Ricci,
por compartilharem suas ideias e preocupações sobre Darth Vader. Como
sempre, um grande obrigado a David Levithan, da Scholastic, e Jonathan
Rinzler e Leland Chee, da Lucasfilm.
SOBRE O AUTOR

RYDER WINDHAM escreveu muitos livros de Star Wars, incluindo a


novelizações juvenil da trilogia Star Wars, Album de Rocortes do Vingança
dos Sith e Star Wars: The Ultimate Visual Guide (DK). Ele também é o
autor dos livros de não ficção O que você não sabe sobre animais, O que
você não sabe sobre lugares misteriosos e O que você não sabe sobre
lugares perigosos. Ele mora com sua família em Providence, Rhode Island,
EUA.
STAR WARS - GUARDIÕES DOS WHILLS
Greg Rucka
240 páginas
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Antes de Rogue One, no mundo do deserto de Jedha, na Cidade


Santa, os amigos Baze e Chirrut costumavam ser Guardiões das
colinas, que cuidavam do Templo de Kyber e dos devotos
peregrinos que adoravam lá. Então o Império veio e assumiu o
planeta. O templo foi destruído e as pessoas espalhadas. Agora,
Baze e Chirrut fazem o que podem para resistir ao Império e
proteger as pessoas de Jedha, mas nunca parece ser suficiente.
Então um homem chamado Saw Gerrera chega, com uma milícia de
seus próprios e grandes planos para derrubar o Império. Parece ser
a maneira perfeita para Baze e Chirrut fazer uma diferença real e
ajudar as pessoas de Jedha a viver melhores vidas. Mas isso vai
custar caro?
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Episódio VIII – Os Últimos Jedi – Movie Storybook
Elizabeth Schaefer
128 páginas
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
Lucasfilm Press
24 páginas
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars Ahsoka
E.K. Johnston
371 páginas
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….
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Star Wars - Kenobi Exílio
Tradutores dos Whills
79 páginas
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars -Dookan: O Jedi Perdido
Cavan Scott
469 páginas
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Guerra nas Estrelas! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja um novo aprendiz, a verdade oculta do passado do
Senhor Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como
um privilégio – nascido dentro das muralhas pedregosas da
propriedade de sua família, orbitada pela Lua Cemitério, onde os
ossos de seus ancestrais estão enterrados. Mas logo, suas
habilidades Jedi são reconhecidas, e ele é levado de sua casa para
ser treinado nos caminhos da Força pelo lendário Mestre Yoda.
Enquanto ele afia seu poder, Dookan sobe na hierarquia, fazendo
amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando um Padawan, o promissor
Qui-Gon Jinn – e tenta esquecer a vida que ele levou uma vez. Mas
ele se vê atraído por um estranho fascínio pela mestre Jedi Lene
Kostana, e pela missão que ela empreende para a Ordem: encontrar
e estudar relíquias antigas dos Sith, em preparação para o eventual
retorno dos inimigos mais mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso
entre o mundo dos Jedi, as responsabilidades antigas de sua casa
perdida e o poder sedutor das relíquias, Dookan luta para
permanecer na luz – mesmo quando a escuridão começa a cair.

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Star Wars – Discípulo Sombrio
Tradutores dos Whills
319 páginas
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar – juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan – desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Os Segredos dos Jedi
Tradutores dos Whills
50 páginas

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars – Legado da Força – Traição
Tradutores dos Whills
496 páginas

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia.Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo designado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda.Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império.E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.
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Star Wars – Thrawn – Alianças
Timothy Zahn

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão-almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável – nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados –
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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