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Reação & Testemunho de experiência com a Disciplina História das Religiões II

João Ricardo Marques

A atividade sugerida foi a discrição da experiência de leitura de um dos textos


apresentados na disciplina História das Religiões II, pela professora Edilece. A forma
como a leitura e/ou a abordagem teria feito mudanças e gerado novas reflexões
acerca de aspectos novos ou mesmo de antigos, vistos com novo prisma, embasados
nas discussões.

A verdade é que não consegui me decidir.

Mais uma vez, como nas experiências anteriores (História Medieval II e História
das Religiões I), me vi mergulhado em temas que, no caso do primeiro exemplo,
sempre me fascinaram e, no caso do segundo, nunca haviam sido apresentados de
maneira interessante para mim.

Por que eu já não era mais o mesmo estudante que, anteriormente, carecia de
um pouco de embasamento. Pegar História das Religiões II ao fim do curso me
permitiu fazer ligações que, em outros momentos do curso, poderia não ser capaz ou
simplesmente, ignoraria. Seja por estar com a xícara cheia demais ou por não ter
noção de que poderia trocar a xícara por um balde enorme e aproveitar o processo.

Hoje, posso, tranquilamente, testemunhar que o grande prazer da disciplina está


nas comparações com o que já vimos antes ou com o que vivemos, enquanto pessoas
em constante mudança e processo de compreensão do mundo.

Falamos sobre o cristianismo e toda a sua relação com o mundo e, de fato, com
o Brasil. Em suas várias versões e facções dentro do Brasil e a forma como se
tornaram parte da formação social do Brasil, com suas particularidades, concordâncias
e discrepâncias. Para isso, os textos de Dreher e Elizete da Silva se mostraram
surpreendentes na forma como esquematizaram a pluralidade existente dentro do
movimento protestante (e suas exceções, como Testemunhas de Jeová), do
movimento pentescostal e do neo-pentescostal.

O papel das lideranças na arte e arte e na cultura, chegando mesmo a inspirar a


resposta católica, com o catolicismo midiático da Renovação Carismática, mostra a
luta pelos corações, almas e apoio dos brasileiros cristãos, por parte das diferentes
roupagens e formatações cristãs. Foi possível perceber, ainda, o movimento
coordenado Católico, desde séculos atrás, de resposta a tudo o que entendia como
ameaça a sua supremacia social dentro do Brasil.

Falamos sobre o Candomblé (neste momento em que escrevo, espero a aula


sobre Umbanda) e a forma como as religiões de matizes africanas criaram um terreno
de manutenção cultural da cultura herdade de África, dentro da sociedade cristã
brasileira. E o que eram pontos de desavença e caos, em situações como a da Bahia
(em específico, Salvador e Recôncavo), gerados pelo ódio e preconceito dos que não
entendiam (e ainda não entendem) que a religião é parte da cultura que se tem o
direito de manter.
Falamos, a partir de textos como os de Leonardo Jesus e Erivaldo Nunes, sobre
lideranças e responsabilidades sociais assumidas por quem, em origem, nada tinha
recebido do mundo além da certeza de que só é possível mudar o que existe a partir
daquilo que se faz com as próprias mãos.

Falamos sobre as misturas feitas entre esses elementos a assunção de


hibridismos como formas próprias e de mérito autêntico, devendo ser respeitadas
como símbolos e resultados dos seus processos de criação. A visão do catolicismo
Tupinambá, de Vainfas traz a formação de toda uma racionalização de credo a partir
de vivências diversas que se juntam em uma roupagem que se torna familiar a todos
os envolvidos. Uma fórmula próxima de sincretismo religioso que é, ao mesmo tempo,
similar e diversa do que aconteceu com os negros, aliás.

E se falarmos de sincretismo religioso, que maior exemplo do que o que


aconteceu com o a formação do Espiritismo e a sua consolidação, dentro do Brasil,
como uma religião que mescla elementos tão diversos quanto instigantes, num todo
coeso e que também traz familiaridades com diversos ramos religiosos?

Mas que, diferente do que sempre imaginei, também possuiu seus momentos de
cisma e discordância, sendo, hoje, fruto de decisões que quase expurgaram
determinados ramos de pensamento. O kardecismo, enquanto ramo do espiritismo,
tem o peso do catolicismo, para os cristãos. Uma versão escolhida e seguida, ainda
que tratada, em muitos momentos, como ortodoxia de pensamento em oposição a
Heresia da discordância.

O que posso garantir, ao fim do curso de História das Religiões, é que me sinto
mais certo de que a fé, diferente da religião, é intocável e impossível de ser
mensurada. Ela, a fé, é um conjunto de sentimentos em relação ao imponderável e à
incerteza, tornados lógicos apenas pela força da vontade do indivíduo.

Ter fé é saltar no vazio, no escuro, com a certeza de seremos agarrados de


maneira gentil antes do fim (seja ele qual for).

Mas religião... essa é uma definição de regras para organização social daqueles
que saltam (ou não). É a coreografia que se faz ao correr e saltar, aliada com o que se
espera que ocorra, exatamente, para impedir o fim trágico do voo. Pessoas diferentes
podem realizar os mesmo rituais de salto, vestir roupas iguais e proferir as mesmas
palavras...

Mas, no fim, no momento de estar no vazio do ar, só o que há são os


sentimentos mais sinceros dentro de quem salta.

Isso foi o que aprendi nesse curso de História das Religiões II.

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