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Rio de Janeiro, RJ
2021
SUMÁRIO
Introducão………………………………………………………………...……………..……….3
1. Romantismo…………………………………………...…………………………...…….....5
1.1. O herói Romântico…………………………………………………………..….....7
1.2. A Escultura Romântica …………………………………………………………...….9
2. Medievalismo…....…………………………………………………………………….……….....11
2.1. O herói Medieval…...………..…………………………………………………….....….13
2.2. A Escultura Medieval ……………………………………………………….………...15
3. Star Wars como uma obra Romântica Medieval.…………..……….……...17
3.1 A vida e a morte de Ben Solo ………………………………...…………….……..20
4. A imortalização do herói ……...……………..……………………………….………...….22
Referências Bibliográficas
2
INTRODUÇÃO
“He had given Rey back to the galaxy. It wouldn’t atone for the darkness he’d wrought, but it
was what he could do.
Ben Solo had no regrets as he collapsed to the ground. The Force reached for him in
welcome. His final awareness was of Rey, clasping his hand with her own.” ¹
A citação acima foi retirada do livro adaptado do filme “Star Wars: The Rise of Skywalker”,
escrito por Rae Carson e publicado em 2020. Relata a cena final após a última batalha
contra o Imperador Sith, que seria o vilão da história, onde o personagem Ben Solo sacrifica
sua força vital para trazer Rey de volta à vida (figura 1a e 1b). A morte de Ben Solo somada
a suas escolhas de vida e seus últimos momentos antes do fim remetem a maneira
medievalista romântica de se enxergar o processo de vida e morte digna.
A representação sobre a vida e a morte com referência medieval não é algo novo na arte
contemporânea, seja por meio de livros, filmes ou histórias, quando um personagem se
encontra encurralado pela morte tem-se um momento de clareza mesmo em meio ao medo,
onde este percebe que o fim é o único caminho e se entrega totalmente ao destino, como
ocorreu com o Apóstolo Paulo, o qual após ser preso em Jerusalém passou quatro anos
encarando a possibilidade de ser condenado à morte.
“Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito de
Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e
esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre,
também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:19-21). ²
No universo de Star Wars a vida se torna o Purgatório tão falado em textos e artes
presentes na Idade Média. O viver é repleto de sofrimento e solidão, onde os personagens
se encontram sobrecarregados com injustiças sociais e impotentes contra as normas
sociais e morais estabelecidas, algo recorrente na literatura e arte Romântica. Dessa forma,
a morte no universo fantástico de Star Wars, tanto na visão medieval quanto romântica,
seria a libertação, o “se tornar parte da natureza e do universo” de acordo com os
Românticos e se juntar a algo maior de acordo com a era Medieval. Tal junção de sua alma
com o universo seria se tornar “um com a Força" onde os personagens Jedi, que seriam
uma forma de guerreiros, após a morte se tornaram fantasmas em uma consciência coletiva
de informações, se tornando um. (figura 1c)
¹ Retirado do livro adaptado do filme “Star War: The Rise of Skywalker” “Ele havia devolvido Rey à galáxia. Não iria
expiar a escuridão que ele criou, mas era o que ele podia fazer. Ben Solo não se arrependeu quando caiu no chão. A
Força o alcançou em boas-vindas. Sua consciência final foi de Rey, segurando sua mão com a dela.” (tradução livre)
² Frase do Apóstolo Paulo para os cristãos de Filippo
3
Figura 1a - Ben Solo transferindo sua força vital para Rey
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ROMANTISMO
“Aqui está a raiz de todo romantismo: aquele homem, o indivíduo, é um reservatório infinito
de possibilidades, e se você puder reorganizar a sociedade pela destruição da ordem
opressora, então essas possibilidades terão uma chance e você obterá Progresso.”
(Thomas Ernest Hulme) ⁴
Por meio de pinturas os artistas focaram em temas racionais e sóbrios, focaram no pessoal,
com cores carregadas e dramaticidade. (figura 2a e 2b)
³ “Música, quando as vozes suaves morrem” poema de P.B. Shelley, publicado em 1824
⁴ Citação retirada do livro “Romanticism and Classicism” de T.E. Hulme (em tradução livre)
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Figura 2a - Lord Byron on the Shore of the Hellenic Sea.
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O HERÓI ROMÂNTICO
“Eu não sou um pássaro; e nenhuma rede me enreda; Eu sou um ser humano livre com
uma vontade independente.” Charlotte Bronte⁵
"Ela é tolerável, mas não bonita o suficiente para me tentar, e no momento não estou com
humor para dar importância às jovens que são menosprezadas por outros homens." Jane
Austen⁶
Não há limites de sua imaginação e sentimentos e por isso o mesmo vive em grande
agonia pelo sofrimento humano, não apresenta compaixão para com os outros, sempre se
encontrando nesse estado de pobreza, não necessariamente monetária mas de alma.
O herói Romântico se refere a aquele personagem artístico/literário o qual rejeita as normas
estabelecidas a ele, se vê como o centro de sua existência, podendo se tornar obsessivo,
melancólico, por se colocar nessa posição, se sente excluído e isolado da sociedade,
possuem um determinado ódio perante a humanidade e muitas vezes se vê alienado.
Mesmo com tanta tristeza rodeando esses indivíduos, teriam ainda um senso de honra,
não baseado no que a sociedade define por honra, mas baseadas em princípios maiores
assim como heróis Medievais, honrosos por algo maior e por isso tanto o Romântico quanto
o Medieval se tornam um ser inocente e puro, não por não ser alguém com atitudes boas ou
ruins mas por ter essa introspecção, essa capacidade de olhar para dentro das pessoas,
entender os sentimentos e pensamentos desse outro alguém. (figura 3b)
Logo, se encontram diversas vezes buscando por algo maior que ele, fanático e cego por
devoção em referência aos heróis Medievais quando se referiam a si mesmos como
guerreiros de seu Deus, não necessariamente o Deus cristão mas sim aquele que possui o
poder. Assim possui um conhecimento sobre a vida e as pessoas advindos não de forma
tradicionalmente aprendidas mas de uma intuição profunda. Se torna consumido pela busca
por algo inatingível, sempre sonhando com algo mais. (figura 3c)
7
Figura 3a - A Morte de Sardanapalo, Eugène Delacroix
8
A ESCULTURA ROMÂNTICA
Já na escultura se tinham duas divisões, aquelas sobre o mundo humano e aquelas sobre
o mundo natural.
François Rude, nascido na França (1784–1855) foi mais conhecido por sua arte social, a
qual capturava o interesse do público geral e não somente da elite e clero como as obras do
Iluminismo. Rude rejeitou as ideias de esculturas clássicas nos séculos XVIII e início do
século XIX na França em favor de algo mais dinâmico, com estilo emocional; com isso criou
diversos monumentos. Uma de suas criações mais famosa foi “Departure of The Volunteers”
conhecido como “La Marseillaise” (se referindo ao hino nacional da França), a obra retrata a
Deusa da liberdade chamando pelos soldados da Revolução Francesa, a face da Deusa e
dos soldados ao redor dela é carregado de emoção e expressividade (figura 4a). A
retratacão de contos era bastante presente na escultura Romântica, como por exemplo as
obras de Auguste Rodin e Jean-Baptiste Carpeaux, nascidos na França (Jean: 1827–1875)
(Rodin: 1840–1917) os quais produziram esculturas de Ugolino e seus filhos, derivado do
canto 33 do Inferno de Dante, em que o poeta descreve como o conde Ugolino della
Gherardesca, traidor pisano, seus filhos e seus netos foram encarcerados em 1288, e
acabaram morrendo de fome.(figura 4b e 4c)
Em contraposição, Antoine-Louis Barye, também nascido na França (1796–1875) se
tornou o escultor de animais mais conhecido. Barye estudou a anatomia de suas referências
esboçando residentes do Zoológico de Paris. Uma de suas esculturas mais famosas se
encontra no Museu Nacional em Warsaw, e é a escultura de Hércules sentado em um touro
(figura 4d).
Figura 4a - La Marseillaise
9
Figura 4b - Ugolino e seus filhos - Rodin
10
MEDIEVALISMO
11
Figura 5a - Spoliarium - Juan Luna (1884)
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O HERÓI MEDIEVAL
“E os pedaços da lança
que mais que tudo ele queria
enterrou com a princesa
na cova que já lhe abria.
E triste o triste partiu
para seguir sua via
até ao negro mosteiro
em que p’ra sempre estaria.
Mas da cova nascem rosas
que ninguém colher podia
sem que a mão lhe mirasse
no ramo que se partia:
rosas de sangue e de leite
que só a terra bebia.” ⁸
O herói Medieval na arte e na literatura demonstra total obediência para com aqueles no
comando, uma batalha serve como teste de sua masculinidade e apresenta sua lealdade ao
seu rei ou líder, normalmente é um guerreiro de seu Deus (figura 6a), seja este qual for, e
por isso ocasionalmente luta contra o sobrenatural ou aqueles que discordam com o seu
Deus. Representa o ideal nacionalista na sociedade a qual é inserido, e para provar seu
patriotismo passa por rito de passagem (figura 6b). O herói no Medieval se torna parte de
um exército com o fim de se tornar superior em relação para de onde veio, ele luta pelo bem
x mal, dependendo no que acredita. Esse indivíduo sofre até certo ponto de sua própria
vontade e aceita seu fracasso e a punição que se sucede, em conjunto com o herói
Romântico às vezes pode se sentir confuso por seus ideais e em caso de falha de princípios
ele aceita seu castigo.
“I know what I have to do but I don’t know if I have the strength to do it” ⁹
Uma narrativa comum é a luta de homem contra si mesmo, quando relacionado ao seu
sofrimento interior e sua vontade de ser algo maior e além de um servo, homem contra a
sociedade, quando esse é mandado para lutar em guerras e assim como no Romântico,
homem contra seu possível destino, muitas vezes esse sendo uma morte precoce, próxima
de quando se está perto de se tornar algo maior e longe daqueles que ama.
A literatura era feita oralmente, iconograficamente e por meio de textos antigos, onde por
meio desses era demonstrado o ideal patriota e o servo de Deus, aquele que luta pelo seu
povo e em retorno ganha glória e a donzela, em contraposição ao herói Romântico o
Medieval era considerado um cavalheiro e que era amado pelas mulheres, esse ideal era
demonstrado em pinturas (figura 6c).
13
Figura 6a - The Vigil' John Pettie, em exposição em 1884
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A ESCULTURA MEDIEVAL
Já a arte medieval foi influenciada por dois estilos, sendo eles o românico e o gótico. Com
as principais produções sendo a arquitetura, pintura e escultura, seguindo um pouco o estilo
gótico a escultura, o realismo prevaleceu com a busca de dar um aspecto real e humano
(figura 7a) às figuras de anjos, santos e personagens bíblicos, a arte medieval em si se
destacou pela construção de igrejas, catedrais e palácios.
Foi desenvolvida entre os séculos V e XV, na Europa. Onde o contexto social e artístico era
grande influenciado pela Igreja Católica, a arte era predominantemente religiosa.
Tinha o intuito de aproximar as pessoas da religião, as principais produções foram na
arquitetura, pintura e escultura. Se desenvolveu em um cenário em que a Igreja Católica
influenciava, supervisionava e filtrava toda e qualquer produções científicas e culturais que
iam a público. Dessa forma, se teve uma forte temática religiosa e de vida simples (figura
7b) nas produções, onde templos, igrejas, mosteiros e palácios eram construídos a montes
e por ser um período onde guerras eram recorrentes essas construções tinham formato e
localização estratégico e de vigia para servirem de refúgio de cavalheiros se necessário.
A maioria das obras desse período não tem autoria definida, isso ocorre pois o clero
medieval pregava que o verdadeiro autor das obras era Deus, e utilizando dos seres
humanos, produzia e expressava suas ideias e vontades.
As obras surgiram em meio ao contexto em que o conceito de arte não era algo definido,
não se tinha o ideal da beleza como objetivo, nem mesmo um conceito de artista em si, mas
sim algo mecânico, a arte possuía caráter funcional, para representar imagens e a vida da
sociedade. Era em suma, uma oferta a Deus, santos ou pessoas falecidas, com a finalidade
de obter sua bênção e indulgência, era também um intermediário entre o mundo humano e
o sobrenatural, assim se tornando algo físico e visível nesta realidade, podia ser
considerada também uma afirmação de poder, em casos de esculturas em castelos e
igrejas (figura 7c e 7d)
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Figura 7b - Os camponeses - Benedetto Antelami (c.1150-1230)
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STAR WARS COMO UMA OBRA ROMÂNTICA MEDIEVAL
“O momento entre sopros é o equilíbrio da Força, entre vida e morte, descanso e ação,
serenidade e paixão, esperança e desespero”¹⁰
Star Wars é uma série de filmes (primeiro filme: 1977 - último filme: 2019) criada por George
Lucas, a qual foi baseada no romance peregrino de ficção, produzido por Frank Herbert,
DUNA (1965). Star Wars é uma “space opera'': um subgênero da ficção científica onde se
tem uma narrativa que acontece ou em vários planetas, ou no espaço. Possui uma
história que gira em torno de uma grande aventura, podendo ter na trama desde o romance
romântico até apenas ou com batalhas épicas, essas batalhas podem ser entre naves
espaciais ou no solo de algum planeta.
A história de Luke é nada mais que isso, um conto Arthuriano. Ambos cresceram sem saber
quem seus verdadeiros pais eram, porém eventualmente chegam a conhecer seus
mentores (Arthur - Merlin / Luke - Obi-wan e eventualmente Yoda), ambos adquirem suas
espadas especiais (Arthur - Excalibur / Luke - Sabre de Luz) e assim iniciam sua jornada
contra o mal. Ainda com um aspecto Romântico na história, que seria Han Solo, o
contrabandista, rejeitado pela sociedade e egoísta.
Os Jedi foram inspirados nos cavaleiros das Cruzadas “eram estimados acima de outros
cavaleiros por sua austeridade, devoção e pureza moral. Como os Jedi, eles praticavam a
pobreza individual dentro de uma ordem militar-monástica que comandava grandes
recursos materiais. Ambas as ordens de cavaleiro exigiram celibato e obediência de seus
membros, que por sua vez eram reverenciados como modelos de honestidade, sabedoria e
bravura." escreve Terrance MacMullan no livro “Star Wars and History”.
¹⁰ Profecia sobre Anakin, aquele que traria o equilíbrio para a natureza. Que reflete a busca pelo equilíbrio da guerra
interna do bem e do mal presente no homem, e que tal situação é algo alcançável porém não eterno.
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Em contraposição a trilogia original que conta a história de Luke Skywalker, a segunda
trilogia, que conta a história de Anakin Skywalker e a criação do Darth Vader, juntamente
com a trilogia final sobre Ben Solo e Rey, são narrativas mais românticas.
Nos “Episódios I, II e III”, assim como na animação “Guerra dos Clones”, é contado a
trajetória de Anakin Skywalker, uma criança tirada de sua mãe e levada para se tornar um
guerreiro Jedi. Anakin é muitas vezes descrito como imprudente, impulsivo e aventureiro,
diversas vezes ele se baseia em sua intuição do que a razão, o que faz com que outros Jedi
não concordem com ele e acabem o reprimindo. Obi- wan, jovem nesse momento, era seu
mestre e amigo que tentava mantê-lo no “caminho certo”, com devoção total aos Jedi e
seus modos de vida. Anakin e Obi-wan eram opostos, Anakin sendo o ideal Romântico,
tendo uma honra cega perante a seus amigos, sonhos de se tornar parte de algo maior,
alienado, triste e muitas vezes não seguindo a moral entendida como correta pela
sociedade, enquanto Obi-wan foi o ideal Medieval, leal e com seu patriotismo acima de tudo
a ponto de sacrificar seu melhor amigo por esse não concordar com suas crenças.
Eventualmente e após ser alienado e manipulado sem perceber, pelo Governador e
Imperador Palpatine, Anakin se rebelou contra tudo o que lhe foi ensinado e tudo aquilo dito
como correto.
Na trilogia final, onde vemos a história de Ben Solo e Rey, temos novamente esse contraste
de dois períodos, Ben Solo, abandonado e traído por aqueles que ama, que se encontra em
um luta diária contra si mesmo, alienado por seu Líder Supremo, é assim como os heróis
românticos cheio de honra e inocente. Enquanto Rey, abandonada pelos pais mas adotada
em uma comunidade leal a Resistência, se torna um símbolo da guerra, de esperança para
a pátria a deixando em uma situação melhor do que a qual vivia, assim como os heróis
medievais buscavam.
Em resumo as três trilogias seguem um ritmo, a primeira como sendo Medieval, a segunda
sendo Medieval com introdução Romântica e a terceira sendo Romântica com fatores
medievais.
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Figura 8a¹: Sith’s e Darth Vader Figura 8a²: Ordem Jedi
Figura 8b¹: Anakin usando a Força Figura 8b²: Rey usando a Força
Figura 8c¹: Anakin se rebelando Figura 8c²: Ben Solo em busca de algo maior
8d¹: Darth Vader se rendendo a Luke 8d²: Ben Solo sendo comandado a matar Rey
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A VIDA E A MORTE DE BEN SOLO
“With a blood of a scoundrel and a princess in his veins, his defiance will shake the stars“ ¹¹
Como visto anteriormente, as trilogias de Star Wars seguem um padrão entre Romantismo e
Medieval. Ben Solo, filho da Princesa Leia e do contrabandista Han Solo, é a junção dos
períodos. É certo que quando em comparação com Rey, dita como metade de sua alma (díade),
ele se torna o ideal Romântico, mas quando analisado sua trajetória de vida é possível ver que
ele é a junção dos dois períodos, o que de uma forma remete a ideia do Romantismo de se
reconectar com o início de sua sociedade.
Seu nome, Benjamin, o qual na Bíblia era o filho mais novo de Jacó, sua mãe morreu no parto e
Jacó o nomeou no início de Ben-Oni (que se lembra a Obi-wan), que significa “Filho do meu
problema” e assim se inicia uma história de sofrimento para o personagem, fortemente visto em
obras Românticas. Ben Solo era conectado com a natureza, a Força, desde antes de nascer e
isso trazia grande agonia a si e grandes expectativas também, então foi mandado para o
internato de Luke Skywalker, onde se sentia isolado de todos e por ter grande conexão com a
Força, escutava vozes do Líder Supremo. Luke Skywalker então o traiu, invadindo seu quarto, e
como o ideal Medieval tentou acabar com o “mal” presente em Ben Solo (figura 9a¹). Logo antes
de sua morte, também foi novamente traído e abandonado por aqueles que juraram lealdade a
ele (figura 9a²).
Após a traição de Luke, se juntou ao Líder Supremo, se tornando totalmente leal a seu líder, o
Medieval, se mostrando em seu fanatismo ao divino pela ideia de se tornar alguém tão grande
como Darth Vader um dia (figura 9b¹). No futuro, em batalha com Rey, acaba quebrando esse
símbolo de seu fanatismo, se colocando nessa linha tênue entre sua alienação medieval e sua
liberdade espiritual romântica (figura 9b²). É possível confirmar esses fatores ao analisarmos
seu senso de honra e pureza por seu líder supremo (figura 9c¹) e mais tarde matando o mesmo
após uma situação tensa onde precisa decidir se continua sendo mais um peão ou se o mata
(figura 9c²) e se junta a sua igual para se tornar algo maior. Seus princípios éticos românticos
também são pontos grandes na relação Medievalística Romântica, a princípio ele tem um único
foco, se tornar algo maior, sem uma moral social na busca de conseguir converter outros ou
matá-los se recusarem a se juntar (figura 9d¹), mais tarde porém, após a quebra de lealdade a
seu líder ainda vemos fatores medievais quando Ben Solo se junta a Rey na batalha contra o
bem eo mal (figura 9d²). Assim como no Medieval temos a exaltação das batalhas como
sinônimo de lealdade, o que é possível ver quando Ben Solo é mandado para matar seu pai
(figura 9e¹), com isso ele vive em uma grande pobreza espiritual e melancolia tão presente no
Romantismo, o que o torna ligado ao seu passado, a fim de buscar conhecimento para seu
destino quando Ben Solo tem uma visão de seu pai o confortando (figura 9e²).
Por fim, podemos concluir os paralelos entre o Medieval e o Romântico, criando essa narrativa
Medievalística Romântica. Sua morte, então, seria como a representação do fim desse legado,
do fim do interesse romântico pela sua sociedade medieval. Se tornando apenas um período na
história e finalmente se libertando do Purgatório real ao lado de uma pessoa que importava,
tendo uma “boa morte” tão dita em histórias medievais.
¹¹“Com o sangue de um canalha e uma princesa nas veias, sua ousadia vai abalar as estrelas“ Frase do personagem
Lando no Livro “Empire’s End”, escrito por Chuck Wendig (tradução livre)
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9a¹: Luke traindo Ben Solo 9a²: Ben Solo sendo traído por seus soldados
9b¹: Ben Solo com o capacete de Darth Vader 9b²:Rey e Ben destruindo o capacete
9c¹: Ben Solo se ajoelhando ao Líder Supremo 9c²: Ben Solo matando o Líder Supremo
9d¹: Ben tentando converter Rey 9d²: Ben Solo se juntando a Rey
9e¹:Ben Solo matando o pai 9e²: Ben Solo sendo confortado por seu pai
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A IMORTALIZAÇÃO DO HERÓI (A OBRA)
Utilizando de referências como Rodin, foi feita então uma escultura com expressão
Romântica porém com cores e entendimento anatômico iniciante como no Medieval. Dessa
forma a ideia da obra é se tornar uma estátua de um morto, seguindo a ideia Medieval de
honra aos mortos com artes concretas e também conectar com o Romantismo que possui
interesse no espiritual.
Adam Driver, ator que interpreta Ben Solo nos filmes. Ben Solo na história em quadrinho
22
A NATUREZA NA OBRA
23
INSPIRAÇÃO
24
Parte 3: Ben Solo e seu capacete, uma maneira
de estar conectado a Darth Vader
25
360⁰
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