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(vocês realmente deveriam ter formado uma banda com esse nome)
Índice
Capa
Página Título
Dedicatória
Índice
Direitos Autorais
Epígrafo
Introdução
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e Um
Capítulo Quarenta e Dois
Capítulo Quarenta e Três
Capítulo Quarenta e Quatro
Capítulo Quarenta e Cinco
Capítulo Quarenta e Seis
Capítulo Quarenta e Sete
Capítulo Quarenta e Oito
Capítulo Quarenta e Nove
Capítulo Cinquenta
Capítulo Cinquenta e Um
Capítulo Cinquenta e Dois
Capítulo Cinquenta e Três
Capítulo Cinquenta e Quatro
Capítulo Cinquenta e Cinco
Capítulo Cinquenta e Seis
Capítulo Cinquenta e Sete
Capítulo Cinquenta e Oito
Capítulo Cinquenta e Nove
Capítulo Sessenta
Capítulo Sessenta e Um
Capítulo Sessenta e Dois
Capítulo Sessenta e Três
Capítulo Sessenta e Quatro
Capítulo Sessenta e Cinco
Capítulo Sessenta e Seis
Capítulo Sessenta e Sete
Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre o Autor
Star Wars: A Alta República - O Olho da Escuridão é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e outros
incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a
eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2023 da
Lucasfilm Ltda. ® MR onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos
pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House LLC, Nova
York.DEL REY e a HOUSE colophon são marcas registradas da Penguin Random House LLC.
randomhousebooks.com/starwars.com/Facebook.com/starwarsbooks
— Não!
Elzar bateu com o punho na mesa com tanta força que um dos targons da
Chanceler emitiu um rosnado baixo de advertência. Lutou para conter o
súbito aumento de raiva, lembrando-se do que Orla Jareni lhe ensinara;
lembrando que sucumbir a tais sentimentos era trilhar um caminho que não
desejava percorrer.
Lina Soh não podia olhar para ele, não conseguia encontrar o seu olhar.
Todo o seu corpo tremia, com os punhos cerrados ao lado do corpo, os
lábios firmemente cerrados. Ela se virou para longe dele, respirou fundo e,
em seguida, soltou o ar.
Quando ela se virou novamente, tinha se recomposto, mas podia ver que
as suas mãos ainda tremiam, não de medo, mas de fúria e adrenalina.
— Desculpe, — ela soltou entre os dentes.
As palavras pareciam passar por ele, sem sentido.
Pra-Tre Veter estava morto. Morto diante das câmeras e transmitido na
mesma frequência que um dia carregara os tons tranquilizadores do Farol
Luz Estelar. No aniversário da queda da estação.
E Marchion Ro tinha rido. O maníaco realmente tinha gostado.
O que era pior, ao testemunhar essa tragédia, ali na tela holográfica,
Elzar finalmente teve um vislumbre das monstruosas criaturas que haviam
assombrado os Jedi por tanto tempo.
Vira a criatura conhecida como o Inominável. Todos eles tinham visto.
Capturado na câmera, em todo o seu esplendor repugnante, com a sua
aparência monstruosa, com a sua boca tentacular, a sua pele branca como
giz que era simultaneamente folgada e apertada demais para o seu corpo
maciço. Parecia olhar para ele com os seus olhos brilhantes, diretamente
pela lente da câmera. Agora, os Jedi sabiam contra o que estavam realmente
lutando. A verdadeira extensão do horror que enfrentavam.
Mesmo um grão-mestre não fora suficiente para ficar em seu caminho.
Elzar estremeceu. Que chance eles tinham?
Olhou pra cima para a Chanceler. Os seus olhos estavam cheios de firme
determinação.
— Aquela coisa... A maneira como ela... — Ela se interrompeu, como se
não conseguisse encontrar as palavras, mas Elzar entendia o sentimento
muito bem.
Balançou a cabeça. Não podia fazer isso, permitir-se ceder a essa dor, a
esse desespero. Não de novo. Enterrou-a, empurrando-a para baixo, usando-
a para alimentar a sua determinação. — Pra-Tre Veter agora é um com a
Força.
— Você sabia? Que ele estava dentro da Zona de Oclusão?
Elzar assentiu.
— Ele foi capturado pelos Nihil durante uma missão até o limite da
Muralha de Tempestade. Tentando ajudar Bell, Mirro e os outros a capturar
um motor de Trilha e impedir mais ataques. Tínhamos esperança de que
ainda estivesse vivo, mas não havia como ter certeza.
A voz da Chanceler estava nivelada.
— Quantos mais, Elzar?
— Muitos. A maioria dos Jedi respondeu à convocação geral emitida
pelo Conselho, enviando mensagens mesmo que não pudessem retornar.
Alguns, sabemos, estão muito longe no Espaço Selvagem. Outros estão
envolvidos em conflitos ou eventos localizados. O restante... só podemos
presumir que estavam presos dentro da Zona de Oclusão quando a Muralha
de Tempestade foi erguida.
— Assim como Kip e Jom.
O silêncio se estendeu.
— Isso... foi horrível o que fizeram com ele. — Mesmo Lina Soh,
geralmente tão inabalável, tão estoica, parecia abalada pelo que vira no
holograma. — Quero dizer, ouvi as histórias. Eu até vi uma imagem do que
aconteceu com o pobre Loden. Mas ver acontecer assim. Ver o que aquela
coisa podia fazer... — Ela desdobrou o punho esquerdo, depois o formou
novamente. — Pela primeira vez, acredito que entendo verdadeiramente por
que o Conselho os chamou de volta aqui para Coruscant.
— Ainda não sabemos como lutar contra eles, — disse Elzar. Ele
desviou o olhar. — Eu não sei o que fazer.
— Você vai descobrir. E o Conselho também. E você tem o total apoio
da Coalizão de Defesa da República. E o meu. Você tem a mim. Por mais
que valha.
— Obrigado, Chanceler. O que você fará agora?
Ela se levantou, fechando os olhos, respirando fundo.
— Mais uma vez, aquele patife do Marchion Ro fez pouco caso de mim.
Elzar foi momentaneamente pego de surpresa pela intensidade que se
infiltrara em sua voz. Ela viu a sua surpresa e assentiu.
— Oh, os seus ensinamentos podem impedi-lo de expressar a sua raiva,
Elzar, então eu xingarei por nós dois. E deixe-me dizer-lhe agora, sem
incertezas, ele pagará por seus crimes. De uma maneira ou de outra.
Ela foi até a janela, olhando para as agulhas da cidade além.
— Na noite passada, fiquei ali, diante dessas câmeras, e disse à galáxia
que ninguém seria machucado. Que os Nihil não fariam nada para marcar o
aniversário da queda do Farol. Que até entrei em discussões sobre um
cessar-fogo. E agora isso. — A raiva em sua voz era palpável. — Eu cometi
um erro. Eu queria tanto que fosse verdade que comecei a acreditar nisso.
Eu sou uma tola.
— Não, Chanceler. Nunca, — disse Elzar, com a voz firme.
— Não pode ficar assim. Ro não pode agir impunemente. Devemos ser
vistos agindo. — Ela se virou para encará-lo novamente. — Então é isso
que vou fazer. Vou duplicar as naves da CDC patrulhando a fronteira da
Muralha de Tempestade. Vou traçar um anel mais fechado de proteção ao
redor de Coruscant. E vou reunir os comandantes da CDC e encontrar uma
maneira, qualquer maneira, de impor uma resposta militar. Mesmo que não
possamos romper a Muralha de Tempestade, deve haver alguma maneira de
mostrar aos Nihil que não toleraremos isso.
Elzar assentiu. Podia ouvir a desesperança sob a raiva rosnante em sua
voz. Ele afastou a cadeira e ficou de pé.
— Vou marcar uma reunião com o Conselho Jedi. Você está certa. Deve
haver uma resposta para isso. Não podemos esperar mais.
Ele se dirigiu para a porta.
— Vamos recuperá-los, Elzar, — disse Soh, sua voz tensa. — Vamos
encontrar um caminho. Já passou da hora de acabar com isso. De alguma
forma.
HINTIS IV
— Me diz que você tem boas notícias pra mim, — disse Elzar.
Estava no prédio do Senado, em uma das salas de instrução tática que
haviam sido cedidas às equipes da CDR que trabalhavam no problema da
Muralha de Tempestade.
O técnico e hacker de dados, Keven Tarr, havia sido solicitado pela
República para ajudar na tentativa de decifrar as estruturas subjacentes da
Muralha de Tempestade. Foi uma boa escolha, e embora Tarr ainda não
tenha conseguido liderar uma descoberta, Elzar sabia que havia poucos
outros em toda a República que poderiam igualar a sua proficiência e
compreensão de sistemas complexos de dados.
Tarr estava olhando para Elzar agora, um pouco confuso. Ao redor deles,
a equipe de engenheiros e pesquisadores da CDR continuava a zumbir e se
mover, discutindo em estações de dados ou examinando leituras.
— Se eu tivesse boas notícias, Mestre Elzar, teria enviado uma
mensagem imediatamente para o Templo.
— Eu sei. Desculpe. É só que, depois do que aconteceu com o Grão-
Mestre Veter... eu estou procurando por algo, qualquer coisa, que eu possa
usar para persuadir o Conselho a agir.
Tarr assentiu. Ele era um humano alto e magro, com cabelos vermelhos
brilhantes e pele pálida.
— Entendo. Eu vi a transmissão. — Sua expressão estava sombria. —
Mas estamos trabalhando o mais rápido que podemos. Ainda estamos
tentando entender como a tecnologia dos Nihil funciona.
Elzar suspirou. Isso não era o que ele queria ouvir.
— Então, não fizemos progresso algum?
Tarr parecia aflito.
— Eu teria te dito se tivéssemos. Eu estou tentando, Mestre Elzar. Todos
nós estamos.
— Eu sei. E desculpe, — disse Elzar. — É só... eu preciso de algo.
— Entendo. Só não tenho certeza do que mais posso dizer.
— Você pode responder a uma pergunta? — disse Elzar.
— Claro, — disse Tarr. — Qualquer coisa.
— Quanta força seria necessária para destruir uma das boias? Eu sei que
tentamos antes e nunca conseguimos romper os seus escudos. Mas o que
realmente seria necessário?
— Essa não é realmente a pergunta certa, — disse Tarr, franzindo a
testa. — Veja, mesmo se conseguíssemos destruir uma, as outras ao redor
dela imediatamente mudariam de posição, estendendo os seus campos de
perturbação para cobrir o buraco. O sistema se autorrepara. Para fazer
diferença suficiente, teríamos que derrubar várias boias de uma vez. E
mesmo assim, teríamos apenas alguns momentos antes que se curasse
novamente. É um sistema fascinante.
Fascinante não é a palavra.
— Mas é possível? — incentivou Elzar.
— É possível, — disse Tarr, — mas não funcionaria. Não para o
propósito que precisamos. Pense assim. Forçamos uma brecha, destruímos,
digamos, quatro, cinco boias. Teríamos então uma janela limitada para
atravessar a Muralha de Tempestade antes que ela se fechasse novamente.
Para manter qualquer tipo de passagem, teríamos que implantar uma frota
enorme, atirando constantemente para manter a brecha aberta enquanto as
outras boias se moviam para o lugar.
— Uma frota que seria um alvo fácil para o ataque Nihil, significando
que teríamos que encontrar ainda mais naves para defendê-las, — disse
Elzar.
— Precisamente, — concordou Tarr. — E há também o fato de que os
Nihil poderiam simplesmente implantar mais sementes de tempestade,
fortalecendo a Muralha de Tempestade ao redor do local de qualquer
brecha. Não sabemos quantos mais eles têm.
— E qualquer nave que passasse poderia se encontrar presa no espaço
ocupado pelos Nihil, — disse Elzar, — sem meio de retornar.
— E sem saber o que os espera lá dentro, — acrescentou Tarr. —
Podemos assumir que os Nihil têm alguma maneira de controlar as rotas de
hiperespaço dentro da Zona de Oclusão, também. Sem mencionar muitas de
suas próprias naves, todas com motores de Trilha, o que significa que
poderiam manobrar facilmente qualquer nave Jedi ou da CDR.
Provavelmente destroçariam qualquer nave que conseguisse passar.
— Os motores de Trilha usam rotas de hiperespaço, não é? Por que as
naves Nihil não são destroçadas pelos campos de distorção da Muralha de
Tempestade? — disse Elzar.
— Isso não está totalmente certo, — disse Tarr. — Os motores de Trilha
permitem que os Nihil acessem rotas de hiperespaço personalizadas, não
testadas e não mapeadas, as suas chamadas 'Trilhas', mas deve haver outro
componente. Uma chave. Achamos que os motores de Trilha devem se
comunicar com um núcleo central, em algum lugar profundo dentro da
Zona de Oclusão, que aloca um código para cada unidade conforme
necessário. Esse código diz às boias para conceder passagem à rota e
unidades específicas em questão. — Tarr deu de ombros. — É
incrivelmente complexo e incrivelmente simples ao mesmo tempo. Mas
sem a tecnologia de controle, atualmente não há como rompê-la.
— Então você está me dizendo que é sem esperança, — disse Elzar. Ele
esperava vir aqui em busca de respostas, e em vez disso descobriu que eles
não estavam mais perto de encontrar uma maneira através da barreira do
que estavam há um ano.
— Não, — disse Tarr. — Estou dizendo que ainda não temos as
respostas. Mas teremos. É apenas uma questão de tempo.
Elzar assentiu. O tempo era a única coisa que não tinham. Já se passara
um ano, e eles só agora estavam começando a entender como a Muralha de
Tempestade operava. Quanto mais tempo levaria até que uma solução se
apresentasse? Quantas pessoas mais teriam que morrer?
— Tudo bem. Obrigado, Keven. Desculpe por pressionar tanto. É só...
eu me sinto tão impotente. Preciso fazer algo. Encontrar uma maneira de
detê-los.
— Como eu disse, eu entendo. E já estamos fazendo tudo que está ao
nosso alcance. Eu te manterei informado. Nós vamos encontrar uma
maneira. — Tarr ofereceu a ele um sorriso tenso.
Elzar forçou um sorriso em resposta.
— Eu sei.
Só espero que seja cedo o suficiente.
NAVE DE TRANSPORTE NIHIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
— Quem é você?
Depois de ejetar o pod de fuga contendo os dois Nihil ainda
inconscientes, Avar foi para a cabine de comando da nave de transporte,
onde uma série de alarmes estava tocando e o piloto Ugnaught parecia estar
em algo parecido com pânico. Ele virou para encarar Avar com os olhos
arregalados enquanto entrava com determinação no pequeno espaço,
inclinava-se sobre os controles e silenciava os irritantes alarmes. KC-78
entrou por trás dela.
— Não importa quem eu seja. Estou aqui para ajudar.
O Ugnaught, um pequeno macho peludo com uma sobrancelha espessa e
uma boca caída, a olhou avaliativamente.
— Um pirata? Um contrabandista? — Ele avistou o coldre preso ao
quadril de Avar. — Oh não. Não. Uma Jedi!
Avar estreitou os olhos.
— Você parece preocupado.
— Bem claro que estou preocupado! — cuspiu o Ugnaught. — Houve
uma perturbação na carga, e um dos pods de fuga foi ejetado. Agora, em
vez dos dois guardas Nihil que deveriam estar supervisionando este
carregamento de grãos, eu tenho você, parada aí toda cheia de si com o seu
sabre de luz.
Avar tentou manter o seu sorriso para si mesma, mas falhou.
— Toda cheia de si?
— Bem, você parece bastante satisfeita consigo mesma.
— Hummm. Bem, eu posso garantir que o meu sabre de luz está
exatamente onde deveria, em seu coldre.
— Por que isso não me deixa mais tranquilo? — disse o Ugnaught.
— Você não é Nihil, então? — disse Avar. Era extremamente óbvio que
o Ugnaught não estava afiliado ao regime de Marchion Ro, mas Avar
achava que poderia ser uma maneira de fazê-lo falar, acalmá-lo um pouco.
O seu melhor palpite era que ele era apenas um piloto de transporte que
havia sido cooptado para servir aos Nihil por coerção e ameaças.
— Eu? Eu não tenho nada a ver com esses tolos mascarados. Quero
dizer, olhe para mim. — Ele bateu no peito. — Eu pareço sair por aí
ameaçando as pessoas e pintando o meu rosto de azul? Bem, eu pareço?
— Você não parece, — concedeu Avar. — Então, imagino que você
ficará feliz em se livrar deles.
— Livrar deles? Eles provavelmente vão dar de alimento para um
whickersnipe por isso! Comida de réptil! Isso é tudo que serei bom. Isso,
claro, se eu sobreviver a qualquer tolice que você tenha planejado. — Ele
balançou a cabeça. — Jedi, — murmurou para si mesmo.
Avar examinou os dados de navegação.
— Você não quer saber o que estou fazendo? — ela perguntou.
— Eu não sei. Quero? — respondeu o Ugnaught.
— Estou redirecionando essa carga. Para pessoas que precisam dela. —
Ela se inclinou sobre o painel de controle e começou a inserir um curso para
Prandril, uma pequena colônia Rodiana numa lua no Aglomerado Minos,
onde Avar ouvira dizer que estava à beira da inanição depois que os canais
regulares de suprimento de alimentos dos colonos foram interrompidos
pelos Nihil. Ficava perto. Eles descarregariam o grão dentro de algumas
horas. Grão que havia sido cultivado em Hetzal, onde os Nihil agora tinham
sua principal base de operações, e de onde estavam controlando todos os
envios de alimentos na região, matando de fome as populações que se
recusavam a prestar vassalagem ou pagar dízimos. Era completamente
bárbaro.
— Você está louca? Se os Nihil te pegarem...
Avar lançou um olhar ao Ugnaught.
— Eles não vão.
— Isso é o que diz. Eles pegaram muitos outros. — O Ugnaught ergueu
o queixo. — E quanto a mim? Onde eu entro nesse plano?
— Você pode dizer a eles que eu o mantive contra a vontade. Ameacei
você se não me ajudasse.
— Você está me ameaçando? — perguntou o Ugnaught, cautelosamente.
— Claro que não.
— Hummm. — Ele parecia pensativo. — O que você fez com os
guardas? Matou eles, sim?
— Não, — disse Avar. Ela se acomodou na cadeira do copiloto enquanto
terminava de inserir as novas coordenadas. Estava começando a gostar
desse piloto Ugnaught espinhoso. — Eu não os matei. Eu os nocauteei e os
ejetei no pod de fuga. Serão recolhidos por outra nave Nihil dentro de
algumas horas.
O Ugnaught pareceu chocado. A cor sumiu de seu rosto. As suas mãos
agarraram os braços de sua cadeira.
— Você nos matou, sua tola!
Avar franziu a testa.
— E como é isso?
— Patrulhas Nihil! Essa nave não tem um motor de Trilha. É só um
transportador. Sem os guardas para testemunharem por nós, nunca
passaremos pelos bloqueios.
O Ugnaught estava certo. Ninguém se movia dentro da zona sem as
permissões corretas. Avar tinha apenas assumido que uma nave de carga de
Hetzal seria programada com os códigos corretos.
Claramente, estava errada. Claro, os Nihil garantiriam que qualquer nave
de carga dependesse deles para uma passagem segura. Especialmente
porque sabiam que os pilotos e outros trabalhadores estavam operando sob
coação. Eles não tinham tempo para revoltas, e não tinham Nihil suficientes
para pilotar as naves eles mesmos.
Avar examinou o mapa de voo, procurando rotas alternativas. A rota
mais curta e não controlada os aproximaria, mas eles teriam que emergir
perto de um campo de destroços perigoso que orbitava Prandril. Usar tal
rota arriscaria atrair a atenção dos enxames de droides carniceiros também.
Sem os códigos de acesso corretos, os enxames atacariam
indiscriminadamente. Mas não havia outra opção. Avar não podia desistir
agora. Começou a inserir as novas coordenadas.
A ruga na testa do Ugnaught se aprofundou enquanto ele observava a
nova rota aparecer nos dados.
— Você está nos levando por uma rota de hiperespaço não aprovada! E
para o meio de um campo de destroços! E quanto aos enxames de
carniceiros? — Sua voz aumentou de tom à medida que ele ficava cada vez
mais apavorado.
— Nós lidaremos com eles. KC tem trabalhado na invasão de seus
protocolos de ataque. Nós encontraremos uma maneira. — Avar olhou para
ele. — Claro, há outro pod de fuga lá atrás, se você preferir arriscar com os
Nihil?
O Ugnaught cruzou os braços sobre o peito.
— E abandonar minha nave? Eu acho que não.
Avar acionou a unidade de hiperespaço.
— Então, é melhor você se segurar, — ela disse.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
Ghirra Starros ficou com as mãos por trás das costas, espiando os
agradáveis campos ondulantes de Hetzal de trás da enorme escultura do
olho giratório fixado no quarto de Marchion Ro.
Atrás dela, Ro estava deitado na cama sob lençóis amarrotados,
finalmente desprovido dos adornos do governo: a capa, a máscara, a pompa
e circunstância. Mas talvez não a atitude sombria, a frieza, o distanciamento
que a deixava se sentindo afastada e usada.
Não que não tivesse conseguido algo com isso também. Embarcara
nesse relacionamento em parte como uma maneira de se aproximar dele, de
buscar a sua aprovação e proteção, mas também havia uma atração. Sempre
fora atraída pelo poder, e Marchion Ro o vestia absolutamente.
Agora, porém, se perguntava se não havia simplesmente se enredado em
algo mais perigoso do que poderia imaginar.
Ghirra voltou-se para a janela. Lá embaixo, trabalhadores se esforçavam
nos campos para colher as safras, auxiliados por droides servis que
puxavam enormes contêineres metálicos ao longo de seu rastro, nos quais
os trabalhadores jogavam os seus produtos recém-colhidos. Poderia parecer
idílico se não fosse pelos guardas Nihil, esparramados nas costas de suas
speeders, prontos para reivindicar cada grão que os trabalhadores colhiam.
Não apenas isso, mas os trabalhadores sabiam o que aconteceria com
eles se não atingissem as suas cotas. Os Nihil haviam recentemente
reprimido uma revolta entre a população local, e o resultado foi que a força
de trabalho foi reduzida em quase vinte por cento. Dito isso, funcionou, os
restantes oitenta por cento agora entregavam taxas de crescimento ainda
melhores na produção. Como Ro mesmo havia dito, a rebelião fora uma
bênção, ajudara-os a se livrar do peso morto e lembrar ao restante da
população civil quem estava no comando.
Supunha que era a única maneira. O livre mercado da República era
coisa do passado, pelo menos por trás da Muralha de Tempestade. A única
maneira de garantir que todos fossem alimentados era assumir o controle da
rede de distribuição.
Observou um murmúrio de pássaros, se reunindo no horizonte. Eles
voaram baixo, depois voltaram sobre si mesmos, espelhando os
movimentos um do outro com perfeição.
Mudando de rumo.
Ghirra se lembrou de um tempo em que ficara em janelas semelhantes
em Coruscant, olhando para uma visão totalmente diferente. Uma cheia de
faixas de tráfego zumbindo e luzes de néon, folhas altas de vidro e palácios
antigos. Naquela época, a sua filha, Avon, estava ao seu lado,
maravilhando-se com o mundo além da janela.
Mas Avon estava se tornando cada vez mais distante a cada dia que
passava. Uma criança rebelde que não queria mais nada com a mãe. Ghirra
desejou poder fazer Avon entender. Apoiara o lado vencedor. Isso estava
claro desde já. Marchion Ro havia feito o que se propusera a fazer. Ele
havia derrubado a República. Ele havia afrouxado a pressão dos Jedi. E ele
havia estabelecido um território próprio.
Ao estar ao seu lado, o poder de Ghirra cresceu proporcionalmente. E se
continuasse jogando as suas cartas corretamente, ainda havia muito
potencial para continuar a expandir essa base de poder. Talvez fosse hora
dela remover algum peso morto também.
— Você ainda está aqui, então.
Assustada, Ghirra se virou para ver Ro de pé logo atrás dela.
Amaldiçoou-se. Jurara nunca virar as costas para o Evereni, e agora aqui
estava ele. Ele nem mesmo precisou se aproximar sorrateiramente, estava
tão perdida em pensamentos.
— Olho.
Ele se aproximou para se juntar a ela, olhando para os mesmos campos.
Perguntou-se se ele via algo diferente quando olhava para aqueles seres que
trabalhavam lá embaixo. Ele cruzou as mãos atrás das costas. O seu torso
superior estava nu, e Ghirra lutou contra o impulso de estender a mão, de
acariciar os músculos ondulados, a fina teia de cicatrizes franzidas, os
rastros de mapas estelares tatuados e rotas de hiperespaço que cobriam sua
pele azul acinzentada. — Bonito, não é? — ele disse, surpreendendo-a.
Engoliu em seco, virando-se para seguir o olhar dele.
— Sim. Suponho que seja.
— Pensar que, até onde você pode ver, e muito mais além, pertence a
mim. A nós. Todos esses mundos distantes, prestando homenagem aos
Nihil.
— Isso é uma beleza diferente, Marchion. Uma que fala de poder.
— Poder. Sim. Você está certa.
Ghirra fechou os olhos, engoliu em seco. Então:
— Foi um erro, executar o Jedi assim. Transmitir para a galáxia.
Ro deu um sorriso melancólico.
— Por quê? Porque isso abalou algumas penas em Coruscant?
— Porque os seres da galáxia agora pensam que somos vilões.
— Tenho uma novidade para você, Ghirra, eles sempre pensaram. Desde
o ataque em Valo. Desde nosso triunfo em Eiram, derrubando o Farol da
República nas ondas. Você acha que me importo com o que as pessoas
pensam?
— Acho que você se importa mais do que finge, — disse Ghirra. Ela
sabia que estava pisando em águas perigosas. Mas também sabia que, se
não conseguisse chegar até ele, não encontrasse uma maneira de fazê-lo
entender, tudo o que ele construíra aqui, tudo o que ela apoiara, até matara,
desabaria ao redor deles.
— E eu acho que você foi envenenada pela ideologia de um governo que
insiste em impor sistemas de ordem e controle ao seu povo. A República se
deleita sistematicamente infiltrando diferentes culturas por meio da
disseminação casual de suas crenças. E os Jedi estão no centro disso,
pregando paz enquanto empunham armas, alegando não interferência
enquanto fazem precisamente o oposto. Eles não passam de hipócritas.
Todos eles.
Ghirra se sentiu encurralada. Como ela deveria defender a República ao
Olho dos Nihil sem parecer condenar tudo pelo qual ele lutava?
Com cuidado.
— A República tem muitos defeitos. Sabemos disso. E mesmo assim...
— Ela hesitou, escolhendo as suas palavras com muito cuidado. — E
mesmo assim, eles detêm o equilíbrio de poder na galáxia,
independentemente desses defeitos. Milhares de mundos aderem a essa
ideologia, a esses sistemas.
Ro estreitou os olhos. Ghirra sentiu como se estivesse entrando em uma
armadilha.
— O que você fez, o que nós fizemos, destacou essas falhas, —
continuou ela. — Mostramos à galáxia que a arrogância da República não
foi merecida. Que os Jedi não estavam à altura da tarefa de protegê-los.
— Hummm, — murmurou Ro.
— Agora temos a oportunidade de concluir o trabalho. Suplantar os Jedi.
Mostrar que nós temos os meios para ter sucesso onde eles falharam.
Vencê-los em seu próprio jogo. Infiltrar assim como eles fazem e mostrar-
lhes uma maneira diferente de fazer as coisas.
— Você fala de paz e banalidades. De compromisso. — Ele cuspiu a
última palavra com repugnância. — Você fala de política.
Ghirra endireitou as costas.
— Acho que sim.
— Eu sou o Olho da Tempestade.
— Sim, mas o que acontece quando a tempestade se apaga?
Ro encontrou o olhar dela. Os seus olhos eram poços de tinta preta,
revelando nada. Ele mostrou os dentes. Ghirra estremeceu, subitamente
com frio.
— Eu não sei de mais nada.
Por um momento, pensou que isso era uma capitulação, uma admissão
de fraqueza, a brecha em sua armadura que finalmente a deixaria entrar. Um
raro momento de autoconsciência crua. Mas este era Marchion Ro.
Seu tom endureceu.
— Isso é o que os Nihil são. Uma tempestade que varre a galáxia. Uma
força imparável. O caos não se torna ordem quando o interrompe. Apenas
gera mais caos, se espalhando como uma onda, uma ondulação que não
para. Assim é com a Tempestade. Ela só sabe como rugir.
— Mas nós vencemos, Marchion. — Ghirra se perguntou se ele poderia
realmente entender. Aqui estava um homem que passara toda a sua vida
lutando. Não apenas vencer, mas para existir. A sua filosofia inteira foi
construída em torno dessa tempestade rugindo e fervilhando.
— Vencemos? — Ro voltou-se para a vista da janela. — Diga-me, qual
parte disso é 'vencer', Ghirra Starros?
— Derrubamos o Farol Luz Estelar! — Ela queria gritar isso em seu
rosto, forçá-lo a entender, mas se conteve, diminuindo a sua crescente
frustração. Como ele não vê? — Você fez os Jedi fugirem assustados.
Construiu a Muralha de Tempestade e conquistou uma região inteira da
galáxia. Como isso não é vencer?
— E ainda assim a República continua como sempre. Você mesma disse.
Os Jedi ficam em seus templos, e os políticos vão de reunião a reunião. O
que realmente mudou? Como isso pode ser suficiente?
— Então você quer destruir todos eles? — disse Ghirra, incrédula.
Ro se virou para olhá-la novamente. Ele parecia vazio. Vazio. E isso
assustou Ghirra mais do que ele já a assustara antes.
Aqui está um homem que não sabe o que quer.
E isso é mais perigoso do que qualquer tirano, qualquer revolucionário,
qualquer senhor da guerra.
Porque ninguém pode prever o que ele vai fazer em seguida.
E aqui estou eu, presa aqui com ele, pega na tempestade.
— Vou para Coruscant, — disse ela, tentando manter o tremor repentino
longe de sua voz.
— É mesmo?
Ela meio que esperava que ele a ordenasse a não ir, ou pior. Na verdade,
estava surpresa por ele ainda não tê-la matado por sua insolência.
— As pessoas estão passando fome. Aqui, na zona. Enviamos grãos de
Hetzal, mas não é o suficiente, e retemos isso daqueles que se recusam a
pagar os dízimos. Impusemos restrições de viagem. Estabelecemos
bloqueios. Erguemos uma barreira, prendendo pessoas no espaço Nihil.
Enchemos o espaço com droides carniceiros programados para despedaçar
naves não autorizadas, e os seus ocupantes, em pedaços. Se não quisermos
que eles se voltem contra nós, se quisermos mostrar à galáxia uma maneira
diferente de fazer as coisas, temos que encontrar uma maneira de governar.
E fazê-lo eficazmente. Para vencer a República em seu próprio jogo.
— Você presume que tenho algum interesse em governar, — disse Ro.
— Não vejo que você tenha escolha, — disse Ghirra. — A menos que
queira que o nosso domínio sobre o espaço Nihil seja considerado um
fracasso maior do que qualquer coisa que a galáxia já viu. Perder o controle
dos sistemas em nossos próprios setores, encorajá-los a fomentar a rebelião
e passar fome, isso será julgado mais severamente do que qualquer falha da
República em se proteger contra nós e seu povo.
Ro deu um sorriso melancólico, e foi mais perturbador do que qualquer
risada de escárnio.
— Veja o que eu quis dizer sobre vencer, Ghirra Starros? Há uma lição
que a República e os Jedi ainda precisam aprender: para vencer nesse tipo
de jogo, você deve se tornar o seu inimigo. E ironicamente, há outra lição
que eu só aprendi por mim mesmo.
— Que é? — disse Ghirra.
— Que em se tornar seu inimigo, você perde afinal. — Ele virou as
costas para ela. — Vá para Coruscant. Peça aos pés de seus líderes. Veja até
onde isso te leva. Veja como eles tratam aqueles que consideram que não
pertencem à patética República deles. É a única maneira de você aprender.
— Ele olhou para ela por cima do ombro. — E certifique-se de dar
cumprimentos ao Conselho Jedi.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
— Tem que haver um padrão nos ataques. Algo que não estamos
vendo. Rode novamente. — Bell cruzou os braços, recuando para observar
o enorme mapa holográfico da barreira da Muralha de Tempestade. Em
outro lugar, um dos técnicos da CDR apertou um botão e reiniciou a
simulação.
Eles estavam em uma grande sala de reuniões na base da CDR em Hintis
IV, em meio a uma bagunça de telas de monitoramento em estações de
diagnóstico e pesquisa. Seres vestidos com macacões da CDR circulavam
ao seu redor, orquestrando várias missões da CDR em setores próximos.
Bell estudou o mapa. Pontos de luz pontilhavam a sua superfície em
sequência, mostrando pontos onde, durante o último ano, diferentes naves
Nihil haviam emergido por trás da Muralha de Tempestade, irrompendo no
espaço real através do uso de seus caminhos hiperespaciais arcanos. A
maioria era de naves de saque como a Cacofonia, às vezes viajando em
pequenas frotas ou comboios, às vezes sozinhas. A República vinha
rastreando cada emergência desde que a barreira foi erguida pela primeira
vez, tentando determinar como armar uma armadilha para essas naves, e
agora os dados haviam sido alimentados em uma simulação que reproduzia
cada emergência em ordem, representando todas elas no holo mapa como
pontos de luz florescentes.
Bell observou com a testa franzida.
Parecia ser totalmente aleatório. Nenhuma concentração em torno de
certos pontos de saída, sem lógica óbvia para o sincronismo de cada
emergência. Apenas uma nuvem de pequenas estrelas cintilantes, marcando
cada nave Nihil à medida que saía do vazio negro.
— Rwaaaarrr, — disse Burry, do outro lado da grande holo tela circular.
— Sim, — disse Bell. — Você está certo. Parece tão caótico quanto tudo
o mais que os Nihil fazem. Mas deve haver uma maneira de dar sentido a
isso. De desbloquear o padrão enterrado em tudo isso.
Acenou com a mão para o holo com frustração. Perto dali, Ember
resmungou em empatia.
Eles haviam retornado à base em Hintis IV após sua curta excursão a
Phrill. Estava ansioso para estar de volta patrulhando a fronteira,
enfrentando os Nihil, mas foram convidados para uma reunião para ouvir o
que os técnicos da CDR que investigavam os ataques Nihil haviam
conseguido descobrir, e Burry estava ansioso para usar esse tempo e
informação para formular um plano.
O que fazia todo o sentido. Burry estava certo. Eles precisavam de um
plano. Mas ainda parecia para Bell como ficar parado enquanto os Nihil
estavam lá fora, rindo deles.
E além disso, estar em Hintis IV parecia deixar os seus nervos à flor da
pele.
O planeta era o quarto a partir da carcaça inchada e vermelha da
moribunda estrela Hintis, e o único entre eles ainda habitável. Já fora o lar
de uma vasta civilização que, segundo Bell tinha ouvido dizer, havia
prosperado lá por muitos milhares de anos. Conforme a sua estrela começou
a inchar e morrer ao longo dos últimos dois séculos, no entanto, as cidades
diminuíram à medida que os Hintianos fugiam, resultando em uma
evacuação em larga escala, auxiliada pela República, cerca de cinquenta
anos antes.
Um posto avançado científico da República foi estabelecido entre as
ruínas de uma das antigas cidades, Belax, para coletar dados sobre o sol
moribundo; um sistema de alerta precoce projetado para garantir que as
consequências da expansão do gigante seriam mínimas.
Foi aqui que a CDR estabeleceu uma base temporária depois que a
Muralha de Tempestade foi erguida. Estrategicamente perto o suficiente do
limite da Zona de Oclusão para poder despachar caças, mas não tão perto
que os saqueadores Nihil pudessem representar algum risco real.
Além disso, a radiação causada pelo sol vermelho seria suficiente para
jogar qualquer sensor desprotegido em desordem. Era a cobertura perfeita.
Era também o lugar onde Amaryl Pel supervisionava os reparos na
Tratado, após a sua quase destruição pelas naves perfuradoras dos Nihil.
Ela lhe assegurou que estariam prontos em breve e que requisitar uma nave
substituta levaria ainda mais tempo.
Por sua vez, Bell ainda estava tentando se acostumar a viver na sombra
do sol vermelho. A luz estranha fazia com que se sentisse como se
estivessem constantemente em estado de alerta. A cor tinha uma qualidade
tensa, quase febril. Isso o deixava nervoso e inquieto.
A Tratado está pronta para o serviço.
— Certo, Harlak, — disse Bell, dirigindo-se ao técnico da CDR que os
estava ajudando, — você pode desligar agora.
— Sim, — reconheceu o Gran. Ele virou uma chave e o holograma
desapareceu, deixando Bell e Burry se encarando através da mesa de
projeção. Ember, que estava enrolada aos pés de Bell desde que chegaram à
sala de reuniões, começou a se movimentar, como se estivesse captando a
tensão de Bell.
Burry também conseguia ver. Ele continuava dizendo a Bell para
descansar, para tirar um tempo para se centrar e meditar. Ele fez isso
novamente agora, mas Bell afastou a sugestão com cansaço.
— Eu sei que você está certo, Burry. Nós dois precisamos de um tempo.
Mas como podemos descansar quando os Nihil ainda estão lá fora, agindo
com impunidade?
— Arrroorrroo waa, — disse Burry, com o seu tom melancólico. Sentia
isso talvez até mais intensamente do que Bell. Eles tinham que continuar.
Eles tinham que parar a Cacofonia, e outros como Melis Shryke, de
machucar mais pessoas. Mais do que isso, eles tinham que encontrar uma
maneira de fazer o que Elzar e os outros pediram a eles, pegar uma nave,
capturar um motor de Trilha e dar aos Jedi um caminho para a Zona de
Oclusão.
O Mestre Mirro e o seu Padawan Amadeo haviam retornado
recentemente à base de outra missão fracassada. Bell não havia falado
diretamente com nenhum deles, eles voltaram direto para a patrulha depois
de reabastecer e coletar os recursos frescos, evidentemente chateados com a
derrota, mas entendeu que tinha sido por pouco, que o Nihil capturado
havia afundado seu próprio motor de Trilha em vez de permitir que caísse
nas mãos dos Jedi.
Era preciso só um sucesso.
Bell rolou os músculos cansados do pescoço e dos ombros. Então, com
um suspiro, se dirigiu para as portas deslizantes que levavam para as
plataformas de pouso do lado de fora do prédio principal. Burry e Ember se
juntaram a ele.
Aqui fora, o sol vermelho dominava o horizonte, com a sua superfície
craterada e efervescente, o seu calor agora fraco contra o rosto inclinado de
Bell. Olhou para as ruínas da cidade abaixo, as torres caídas, os muros
desmoronados, as vinhas rastejantes e as raízes que já começaram a
recuperar a terra que era deles.
Um dia, não muito no futuro, tudo isso seria poeira e cinzas. Isso o
lembrou do assentamento arruinado em Phrill. E todos os outros que eles
tinham visto nos últimos meses.
— Isto é tudo o que resta no final, Burry?
Era uma pergunta retórica, e Burryaga fez apenas um som baixo em
resposta. Eles ficaram em silêncio por um momento, Ember circulando em
volta de suas pernas.
Bell esfregou a parte de trás do pescoço e depois balançou a cabeça.
— Não. O legado deste mundo não são as ruínas, mas os seres que
partiram para começar novas vidas em outros planetas. Criar novos lares, ao
lado de outros povos diferentes, carregando todo aquele conhecimento,
experiência e amor consigo. Isso é o que torna isso diferente do que os Nihil
estão fazendo, arrasando os assentamentos até o chão. — Ele apontou para
a vista ruim. — Estas são apenas pedras e estradas e coisas. São as pessoas
que importam.
— Arrwooo rarrgh, — disse Burry, concordando.
— É assim que vamos derrotar os Nihil, Burry. Salvando as pessoas,
uma de cada vez, se necessário. Assim como fizemos em Phrill. Cada vida
que protegemos é um golpe bem dado. Ao garantir que o legado delas viva,
mesmo que os Nihil tirem tudo delas, mostramos aos Nihil que eles nunca
podem realmente vencer.
— É um bom sentimento, — disse uma voz portrás deles. Bell se virou
para ver Amaryl Pel de pé na plataforma de pouso próxima. Nem mesmo
sentiu a sua chegada. Ele estava muito envolvido em seus próprios
pensamentos. — E você pode querer guardar esse pensamento, —
acrescentou ela.
— O que foi? — perguntou Bell.
Pel sorriu.
— A Tratado, — ela disse, — está pronta para o serviço.
— Já? — disse Bell.
Pel deu de ombros.
— Bem, a comporta a bombordo não foi testada, os canhões não foram
recalibrados e os purificadores de ar precisam de novos filtros, mas não há
uma nave perfuratriz grudada nele, se é isso que você quer dizer...
Bell sentiu uma onda de adrenalina.
Finalmente, podemos voltar lá fora. Podemos fazer algo.
Olhou para Burry.
— Você vem? — ele disse.
Burry parecia aflito
— Wraarr waaar wooo, — ele disse, o que, pelo que Bell podia entender,
significava mais ou menos: — A nave pode estar pronta, mas você está?
Bell forçou um sorriso.
— Claro que estou pronto. Harlak e os outros continuarão a analisar os
dados dos ataques. Somos necessários lá fora, Burry. Você sabe disso.
Burry assentiu e se juntou a Bell enquanto ele seguia a capitã da Tratado
de volta para a base, mas o Wookiee não parecia convencido.
Por um momento, nem por um momento.
CORUSCANT
Belin estava certo: era uma subida infernal até o topo dos degraus,
mesmo para um Jedi.
No entanto, Avar podia ver agora por que Rhil havia sugerido que
pousassem a nave na base de uma fenda tão profunda. Acima da linha das
árvores, à distância, erguia-se a silhueta da imensa fortaleza dos Nihil. Era
uma cicatriz sombria na paisagem pastoral, um dedo torto que irrompia do
solo para apontar acusadoramente para as estrelas. A forma daquele
estranho olho redemoinhante de Marchion Ro olhava para fora do coração
enferrujado e caótico da torre, como o olho de alguma divindade malévola,
sempre vigilante, sempre observador.
Avar estremeceu. Perguntou-se se ele estava lá, de pé no centro daquele
olho maciço, olhando para a mesma paisagem sobre a qual agora estava.
Havia uma certa poesia nisso. A ideia de que, apesar de seu apelido,
apesar de seu símbolo, ele não podia ver os Jedi em seu próprio meio. Ou a
traidor que desejava ajudá-la.
Avar ficou parada por um momento, examinando a área imediata. Não
sentiu perigo iminente.
Assim como tinha visto da cabine da nave cambaleante, o ponto de
encontro era ladeado por árvores em três lados, o que significava que tinha
algum tipo de cobertura, mas também qualquer inimigo que se aproximasse.
À sua esquerda e direita, a entrada da fenda, os lábios torcidos de um
sorriso antigo quando vistos do ar, eram quase totalmente engolidos pelo
crescimento arbóreo.
Tinha que dar créditos a Rhil. Era o local perfeito para um encontro
secreto. Ou um assassinato.
Sair da fenda vibrante parecia para Avar como se estivesse emergindo de
um casulo; uma criatura deixando a relativa segurança de seu ninho para se
aventurar pelo mundo, para ser transformada pelo processo. Sentiu-se
lúcida pela primeira vez em meses. Como se finalmente pudesse ver um
caminho à frente. Como se tivesse deixado pra trás toda a sua insatisfação e
preocupação na nave com Belin e KC-78, e tudo o que restava era o foco
que vinha perdendo.
Talvez sempre precisasse voltar para Hetzal. Confrontar o seu passado
de frente. Talvez estivesse adiando isso por tempo demais.
Supôs que o tempo diria.
Avar virou as costas para a visão da torre sombria e se abaixou no chão,
de pernas cruzadas. A grama longa estava seca e macia. Fechou os olhos,
colocando as mãos no colo.
A Força fluía através dela. Ainda quebrada, ainda discordante, mas
ainda presente.
Depois de um curto período, se mexeu ao som de um motor ao longe.
Levantou-se, sacudindo as suas vestes, e se virou na direção do som que
se aproximava.
Uma speeder bike.
Dois pilotos.
Pelo menos isso era um bom sinal. Eles não trouxeram um pequeno
exército. Ou uma daquelas coisas desprezíveis que eles usaram para matar
Pra-Tre Veter. Esse tinha sido seu pior medo. Se encontrar encurralada por
um Inominável e incapaz de lutar.
Os Nihil, poderia lidar.
Descansou a mão no cabo de seu sabre de luz e esperou.
Os recém-chegados demoraram. Eles estacionaram a speeder bike do
lado oposto da linha das árvores e vieram o resto do caminho a pé,
marchando apressadamente entre as árvores.
Avar estava pronta pra eles quando emergiram das sombras: um Halisite
desconhecido vestido com macacões manchados e uma mulher que Avar
reconheceu imediatamente como Rhil Dairo.
Saiu de onde estava esperando nas sombras de uma árvore perela
massiva.
— Olá, Rhil.
A cabeça de Rhil se virou abruptamente, com a sua expressão de total
choque.
— Avar? Avar Kriss?
Para surpresa de Avar, a outra mulher se lançou em uma corrida, abrindo
os braços enquanto se aproximava e envolvendo Avar em um abraço
poderoso. Agarrou-se como se Avar fosse a sua única âncora para o mundo
inteiro.
Incerta de como responder, Avar simplesmente se inclinou para o
abraço, aproveitando o breve momento de contato físico depois de tanto
tempo privada dele. Era bom sentir o calor de outro ser, apesar das
circunstâncias estranhas.
Rhil finalmente soltou o seu aperto e deu um passo para trás, olhando
Avar de cima a baixo de maneira avaliativa. Havia lágrimas nos cantos de
seus olhos.
— Você veio. Você recebeu a minha mensagem e veio. — O alívio em
sua voz era comovente.
Agora que Avar conseguia olhá-la melhor, ela ficou chocada com a
aparência física de Rhil. Não parecia ter sido fisicamente maltratada, mas
estava claramente sofrendo de desnutrição, e Avar estava ciente do trauma
mental já infligido a ela, na forma das transmissões de propaganda que ela
fora forçada a fazer.
No entanto, ela precisava permanecer cautelosa. Pelo menos até
entender mais sobre o que estava acontecendo.
— É bom te ver, Rhil, — disse ela. — Eu gostaria que as circunstâncias
fossem melhores.
Rhil deu uma risada soluçante.
— Não preciso nem dizer. Você está... diferente. Você esteve aqui o
tempo todo?
— Desde que a Muralha de Tempestade foi erguida, — disse Avar. —
Me movendo, tentando fazer o que posso para ajudar. Tentando ficar viva.
Rhil assentiu.
— Eu esperava que alguém ouvisse. Que ainda havia Jedi por aí que
queriam ajudar.
— Nunca paramos de querer ajudar, Rhil, — disse Avar. — Mas você,
mais do que qualquer outra pessoa, está ciente dos riscos.
— Eu sei, — disse Rhil. — E sinto muito.
— Você está machucada?
Rhil balançou a cabeça.
— Apenas o meu orgulho. Eles me veem como um ativo valioso demais
para arriscar me machucando. Eles têm me forçado a fazer essas
transmissões horríveis...
— Eu sei, — disse Avar.
— Mas tenho jogado o jogo deles. Tentando contar às pessoas a verdade.
Enterrando a história real no código profundo das transmissões. Eles
pensam que estão usando as ferramentas da República contra nós, mas na
verdade, estou usando as ferramentas dos Nihil contra eles. As coisas que
eles têm feito aqui, Avar... É terrível. Eles mataram tantas pessoas. Civis.
Trabalhadores. Isso precisa parar.
Avar lançou um olhar para o Halisite parado de lado, parecendo
desconfortável. O crista de osso em sua cabeça estava tingida de vermelho e
azul, e ele continuava olhando por cima do ombro, como se preocupado que
alguém mais pudesse chegar a qualquer momento.
Rhil seguiu o olhar de Avar.
— Este é Quith Meglar. Ele é quem mencionei na minha mensagem. Ele
tem me ajudado e acha que pode nos tirar daqui. Você pode confiar nele.
Meglar deu um passo à frente, cruzando os braços no peito.
— Jedi, — disse ele, projetando o queixo para fora. Ele cuspiu a palavra
com não pouca aversão.
— E por que exatamente você quer nos ajudar, Quith Meglar? —
perguntou Avar. — Na minha experiência, os Nihil nunca desertam. Eles
simplesmente morrem, geralmente de maneira ruim.
Meglar mostrou os dentes.
— Não me entenda mal, Jedi. Eu não quero ajudar você. Nem ela. —
Ele apontou para Rhil. — Não me importo com a sua causa, e nunca vou
me importar. Mas eu me importo com a minha própria pele, e não quero
sofrer uma dessas mortes horríveis pra mim mesmo. — Ele fungou. — As
coisas não estão indo tão bem. A festa acabou agora. Hora de sair antes que
todos os outros cheguem à mesma conclusão.
— Que nobre, — disse Avar.
Ele era um típico Nihil arrogante. E ainda assim, pelo que Avar podia
perceber, ele parecia estar dizendo a verdade. Além de seu desgosto geral
por sua mera presença, não conseguia sentir intenções malignas ou raiva
fervente dele. Só o medo. E, julgando pela forma como continuava a olhar
por cima do ombro na direção da fortaleza dos Nihil, era fácil adivinhar de
quem ele tinha medo.
— Então, o acordo é o seguinte: Eu os levo para fora da Muralha de
Tempestade, — disse ele.
— Diga-me mais, — disse Avar. — Como exatamente você planeja
realizar esse feito incrível?
Meglar olhou para Rhil, depois coçou a parte de trás da cabeça
nervosamente.
— Há uma saqueadora chamada Melis Shryke. Ela trabalha para uma
dos ministros de Ro, a General Viess, e tem uma nave chamada Cacofonia.
Avar assentiu e fez um gesto para que ele continuasse.
— Ela realiza incursões regulares fora do espaço Nihil. Você sabe do
tipo. Pilhagem nos assentamentos da fronteira por qualquer coisa que
brilhe, garantindo que todos lá fora na galáxia ainda tenham medo dos
Nihil. O seu motor de Trilha significa que ela pode entrar e sair livremente
usando as rotas de hiperespaço dos Nihil.
— Como isso nos ajuda, a mim e a Rhil? — disse Avar.
— Consegui me designar para a tripulação dela. Posso contrabandear as
duas a bordo de sua nave antes da próxima incursão. Então, quando
estivermos do outro lado...
— Nós fazemos uma fuga, — disse Rhil.
— Caberá a você, Jedi, nos tirar da nave em segurança. E aqui está a
questão: Você me leva sem fazer perguntas. Depois disso, sigo o meu
próprio caminho. Você me tira de Shryke e eu estou fora do seu belo cabelo,
— disse Meglar.
Avar ponderou sobre isso em sua mente.
Não podia confiar nele, não importa o que Rhil dissesse. Mas podia
confiar em seu medo. Ele já tinha ido longe demais; se os Nihil
descobrissem sobre as mensagens que ele ajudou Rhil a enviar, ou o fato de
que essa reunião sequer aconteceu, ele seria executado, e provavelmente de
uma maneira horrível.
Isso era motivo suficiente para saber que ele estava dizendo a verdade.
Se ele pudesse colocar Avar naquela nave, poderia fazer o resto.
— Está bem, — disse ela. — Temos um acordo. Quando voamos?
Meglar assentiu, obviamente aliviado.
— Shryke está aqui, em Hetzal, se preparando para outra incursão. Ela
planeja sair amanhã. Fique confortável e mantenha o seu comunicador
sintonizado na frequência certa. Vamos informá-la quando estivermos
voltando para buscá-los.
— E Rhil?
Rhil parecia confusa.
— E quanto a mim?
— Certamente você não está voltando pra lá? — Avar perguntou.
Rhil estremeceu, abraçando a si mesma, mas a sua expressão era
desafiadora.
— Eu tenho que voltar. Caso contrário, eles saberão que algo está
acontecendo. Se vierem atrás de mim, há uma grande chance de que eles a
encontrem aqui também. Eu não vou arriscar isso.
Avar colocou a mão no ombro de Rhil.
— Você tem certeza?
— Tenho certeza. É o melhor. Além disso, você está aqui agora. Tudo
vai ficar bem.
Avar esperava que o seu rosto não denunciasse a sua súbita dúvida.
— Eu espero que sim.
— Eu tenho fé, — disse Rhil. — Não teria ousado nem esperar que você
seria a pessoa a responder ao meu chamado, Avar. A Heroína de Hetzal. De
novo.
Avar fez uma careta.
— Vamos conseguir, — disse Rhil. — Eu sei disso.
Avar os observou se afastarem na floresta que escurecia e, em seguida,
se virou e iniciou a lenta subida de volta para a nave.
CORUSCANT
Mais tarde, quando o resto dos Nihil estava dormindo ou festejando, uma
figura única entrou sorrateiramente na sala do trono vazia, tendo o cuidado
de não perturbar nada na penumbra.
Ele parou por um momento no limiar, prendendo a respiração, esperando
silenciosamente para garantir que não estava sendo observado. O crista
óssea em sua cabeça brilhava em um azul profundo e rico, quase invisível
na escuridão. O suor ardia em seus olhos. O seu coração batia como um
tambor retumbante em seu peito.
Quando estava certo de que estava sozinho, Quith Meglar atravessou até
os destroços do velho droide ainda espalhados após o acesso de raiva do
Olho.
Sabia que os destroços não seriam perdidos. Ro, Viess e os outros
assumiriam que os She'ar ou algum subordinado o haviam descartado,
assim como o corpo do humano morto que eles jogaram no lixo.
Pra ele, no entanto, os restos do droide eram o seu bilhete para comprar
a confiança da Jedi, Avar Kriss. Dando isso a ela, mostrando que há outro
Jedi ainda vivo por aí, talvez permitindo que ela reconstrua a mensagem do
outro Jedi a partir do arquivo de memória do droide. Se ela conseguisse
reconstruir a mensagem e enviá-la para Coruscant, ainda poderia concluí-la,
concluir a sua missão.
Certamente seria o suficiente para conquistá-la. Um gesto que ela não
poderia ignorar.
Não é que se importasse com o que a Jedi pensava dele. Ou que tivesse
alguma agenda além de comprá-la lealdade. Só queria que ela estivesse do
seu lado tempo suficiente para ajudá-lo a sair, e o que importava pra si se a
mensagem do outro Jedi chegasse ou não a Coruscant? Já teria ido embora
há muito tempo.
Era apenas mais um risco além de tantos que ele já tinha corrido.
Recolheu os pedaços do droide de volta para o saco, embrulhou-o
cuidadosamente e o içou sobre o ombro.
Então, ainda tentando não fazer barulho, saiu da sala do trono e voltou
para os seus aposentos, onde esconderia o droide embaixo de sua cama até a
hora de partir, ao lado de Melis Shryke e da tripulação da Cacofonia em
apenas algumas horas.
ESPAÇO DA REPÚBLICA, LIMITE DA ZONA DE OCLUSÃO
— Consegui!
Harlak estava examinando o mapa holográfico da Muralha de
Tempestade. Ele quase preenchia a sala, uma exibição caótica e cintilante
de pontos luminosos, linhas cruzadas e siglas piscantes. Ele estava em pé
dentro dele, apontando para algo que Bell não conseguia distinguir
completamente.
Burryaga estava por perto, franzindo a testa enquanto observava o mapa
abrangente.
— Você pode nos dar um pouco mais de espaço, Harlak? — disse Bell.
O Gran olhou pra eles. Os seus olhos pareciam levar um momento para
se atualizar e focar.
— O quê? Ah, sim. Sim. Desculpe. — Ele mexeu nos controles na
estação tática e o holograma encolheu.
Bell viu Burry suspirar aliviado. Ambos foram se juntar a Harlak.
— O que você encontrou? — perguntou Bell.
— Você estava certo, — disse Harlak, dando um tapinha no braço de
Burry, como se ele fosse um jovem que tivesse respondido bem a uma
pergunta em sua lição de treinamento. — Mapeei as localizações e os
horários de todos os ataques conhecidos da Cacofonia. E há um padrão
emergindo.
Bell deu um tapa leve no braço de Burry.
— Eu disse. Gênio.
— Obrigado! — disse Harlak.
Burry rosnou.
— Mostre-nos, — disse Bell.
Harlak inseriu alguns comandos no terminal. O mapa inclinou, girou e
começou a reproduzir uma sequência repetida. Bell observou planetas
piscando com luzes.
— Cada ataque é um ponto único, aparecendo no mapa de acordo com a
linha do tempo de quando ocorreu.
Inicialmente, Bell não conseguiu identificar coerência ou estrutura no
que estava vendo, apenas luzes piscando pelo mapa. Mas à medida que a
sequência continuava, notou que os ataques estavam formando três
aglomerados distintos e irregulares.
— Deixe-me recuar um pouco, — disse Harlak, ajustando os controles,
— e as coisas podem ficar um pouco mais claras.
O mapa encolheu. A sequência reproduziu novamente, e a imagem ficou
clara.
Burry apontou que Shryke não estava atacando os mesmos planetas,
nem mesmo planetas vizinhos, mas assentamentos e sistemas nas mesmas
regiões gerais do espaço. Isso explicava por que eles nunca a tinham visto.
— Ela continua voltando aos mesmos setores amplos do espaço, —
disse Bell.
— Além disso, — disse Harlak, claramente orgulhoso de si mesmo, —
ela faz isso em sequência. Veja novamente.
Bell se inclinou mais perto, observando as luzes pequenas. Uma no
extremo esquerdo do mapa. Uma perto do centro. Uma à direita. Então a
sequência se inverteu. Uma à direita. Uma perto do centro. Uma à esquerda.
E assim por diante.
— Ela está apenas indo e vindo em ondas, — disse ele.
— E é consistente, — disse Harlak. — Ela não quebra o padrão uma
vez. Não desde o começo. A sua Melis Shryke é claramente uma criatura de
hábitos.
Outro rosnado baixo de Burryaga.
Harlak esfregou a parte de trás do pescoço para esconder o seu arrepio
involuntário.
— Então, a partir daqui, podemos descobrir mais ou menos onde ela vai
atacar a seguir, — disse Bell.
Harlak assentiu.
— Assumindo que ela mantenha o padrão, sim. É complicado um pouco
pelo fato da Muralha de Tempestade ter mudado de posição. A maioria dos
locais sendo atacados agora está dentro do domínio dos Nihil.
Foi um lembrete infeliz. Bell afastou a sua frustração latente,
lembrando-se de mais ensinamentos de seu falecido mestre, ainda fixados
em sua memória. Era como se ainda pudesse ouvir a voz de Loden, um eco
do passado, dizendo-lhe para se levantar depois de falhar ao tentar pular
através de dois postes altos de madeira.
Não adianta ficar pensando nisso.
Concentre-se no que você pode fazer. Não no que já aconteceu. Você só
precisa continuar, Bell. Continue tentando. Você vai conseguir no final.
Burry perguntou em qual setor seria o próximo se o padrão continuasse.
Bell interpretou.
— Aqui, — disse Harlak, apontando com o dedo para o holograma.
— Avance a Muralha de Tempestade até a sua posição atual, — disse
Bell. Harlak fez como instruído. Bell observou a linha vermelha crescer e se
deslocar, e finalmente parar.
— Então, se o princípio se mantiver, então em algum lugar no setor
Seswenna seria um alvo lógico a seguir, — disse ele.
— Parece provável, — concordou Harlak.
— Rwaaaraa rooo, — disse Burry, e a sua excitação era palpável.
Bell podia sentir a sua frequência cardíaca aumentando, a sensação de
suor em sua pele, sua excitação crescendo.
É isso.
É por isso que estávamos procurando.
— Você tem certeza de que ainda funciona, agora que a Muralha de
Tempestade se moveu? — perguntou Bell. — O Setor Seswenna é provável
que seja o próximo alvo?
Harlak assentiu.
— Com uma pequena tolerância, sim, eu acredito que sim. — Ele
expandiu ainda mais o mapa, focando em um ponto único. — Eu prevejo,
com uma certa confiança, que o próximo ponto de emergência da Cacofonia
é provável que seja aqui.
Era um ponto silencioso e vazio no gráfico de estrelas a dois sistemas de
Eriadu. Um planeta chamado Prevenção.
Peguei você.
Bell trocou olhares com Burry. Podia sentir a crescente excitação de seu
amigo.
— Harlak, você é um gênio! — disse Bell. — Burry, que tal
prepararmos uma armadilha para a nossa velha amiga, hein?
O rugido de aprovação de Burry ecoou pelos corredores de toda a base
da CDR.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
— Este é o momento.
Avar envolveu Rhil em um abraço apertado e depois se virou para Belin,
que ainda estava em sua cadeira, lutando para segurar o controle trêmulo
enquanto a nave de transporte se aproximava rapidamente da Cacofonia.
— Obrigada, Belin. Por tudo. Eu... — Ela hesitou, sem saber como
expressar a sua profunda gratidão a este amigo inesperado que havia feito
tanto para ajudá-la.
— Ah, não vai ficar sentimental agora, Jedi. Você é feita de algo mais
resistente que isso. E não se preocupe conosco. Vamos ficar bem, não é,
Rhil?
— Ficaremos.
— Até Rhil soava certo, confiante.
Eles estavam fazendo a coisa certa. Todos eles.
Eles iriam fazer isso funcionar.
Avar respirou fundo, soltou. Porter já estava no porão de carga,
preparando a bomba improvisada. KC-78 insistira em supervisionar as
coisas para garantir que o velho Jedi não os explodisse acidentalmente. Pelo
menos, essa fora sua desculpa. A verdade é que o droide não era bom em
despedidas. Não desde o Farol Luz Estelar e Maru.
— Só... tenha cuidado, — disse Avar. — E lembre-se, afastem-se o
máximo possível, assim que fizermos o salto.
A nave deu um solavanco repentino e áspero quando os tiros de canhão
da Cacofonia atingiram o chassi. Belin amaldiçoou enquanto lutava com os
controles.
— Parece que não pareço convincente como um Nihil, — ele disse.
— Sinto muito, — disse Avar.
— Só vai, — disse Belin. — Eu cuido disso. Você lida com o resto.
Avar se virou para sair.
— Adeus, Jedi. Espero que encontre o que procura.
Avar pausou, sorriu para si mesma e depois desceu apressada para
encontrar Porter e KC-78.
Encontrou-os esperando junto à porta de carga. O enorme silo de grãos
estava equilibrado no topo de uma rampa, pronto para rolar assim que a
porta estivesse aberta.
Assim que o silo passasse, eles fechariam os controles, protegendo-se do
vácuo. Em seguida, juntos, guiariam o explosivo improvisado para o alvo
usando a Força. Ou pelo menos, esse era o plano.
— Pronta? — disse Porter. Ele havia amarrado uma pequena bolsa de
couro ao seu cinto, contendo o núcleo de memória do droide EX arruinado,
mas deixou tudo, exceto seu sabre de luz, para trás. Eles não precisariam do
chassi e da carcaça externa do droide para os Jedi de volta a Coruscant. Não
se tivessem sucesso.
E se não tivessem...
Bem, eles não precisariam disso então também.
— Tão pronta quanto vou ficar, — respondeu Avar.
Sentiu a nave começando a virar.
— É isso, — disse Avar. — Belin está nos girando.
Os canhões blaster latiam. A nave estremeceu sob o impacto. Os
escudos não aguentariam por muito tempo.
— É agora ou nunca, — disse Avar. Pegou uma das máscaras Nihil,
jogando a outra para Porter. Colocou-a, de repente se sentindo confinada
enquanto se fechava com um sibilo, encapsulando a sua cabeça. Cheirava a
mofo e era velha. Foi projetada para permitir que os Nihil respirassem
durante ataques de gás e não os protegeria contra o vácuo por muito tempo,
mas ajudaria. Rhil e Belin, na cabine de comando, estariam protegidos por
uma porta de explosão selada. KC-78 havia se amarrado ao casco interno.
Porter, agora parecendo quase demoníaco na outra máscara, com chifres
pintados de vermelho, uma fenda estreita nos olhos e uma ventoinha preta,
deu o sinal.
— Pela Luz e pela Vida.
O estômago de Avar se retorceu.
Espero que isso funcione...
Pressionou o interruptor de liberação. O mecanismo chiava, e com um
sibilo pneumático e o grito de um alarme, a porta de carga deslizou aberta.
O jato de ar derramando-se no vácuo foi imediato e intenso. Avar
cambaleou, já ofegante. Além do final da rampa, no vazio, podia ver o
flanco desigual da Cacofonia. A comporta de ar estava claramente visível.
A sua visão parecia estreitar. A exposição súbita ao vácuo rasgou-a,
ameaçando fazê-la entrar em pânico. Ofegou pelo ar viciado dentro da
máscara e se estabilizou, conectando-se à Força, saudando a sua estranha e
discordante canção, tentando se centrar em sua melodia distorcida.
Você pode fazer isso, Avar.
Porter deu um empurrão gigantesco no silo.
Ele desceu pela rampa, impulsionado pela atmosfera evacuada, caindo
para o espaço frio.
Avar alcançou os controles da porta, mas a puxada do ar que escapava
parecia varrer seus pés e, de repente, ela estava perdendo o equilíbrio.
Sentiu-se caindo, puxada pra trás pela atração do vácuo, arrastada pela
esteira da bomba em queda em direção à outra nave.
Os seus pulmões doíam. Queria gritar. Estendeu-se para a Força, mas a
sua mente estava turva com desespero e pânico.
Girou no ar, lançando as mãos para fora.
Estava a apenas alguns metros do vazio do espaço.
E então a porta bateu, e atingiu o chão do compartimento de carga, o
ombro batendo com força contra a grade de metal. Rolou, arrastando-se
para os pés. Porter estava ao lado dos controles da porta.
Mas não havia tempo para agradecê-lo. Ele já estava na janela a
bombordo, o braço se estendendo enquanto ele se comunicava com a Força,
tentando empurrar o caminho do silo em queda em direção à porta de ar da
outra nave.
Avar se apressou para o lado dele.
Ao redor deles, a nave tremia violentamente, cedendo à manobra de
Belin e à saraivada de tiros de canhão a laser que martelavam seus escudos
frágeis.
O silo estava deslizando para o lado. Estava prestes a perder o seu alvo.
Avar levantou o braço esquerdo, juntando-se a Porter, chamando a
canção. Cresceu, enchendo os seus ouvidos, a sua mente, o seu coração.
Ainda quebrada, ainda não sincronizada.
O silo mudou de curso, brilhando à luz das estrelas, quase bonito
enquanto descrevia uma curva graciosa em direção à Cacofonia.
Ele atingiu a comporta de ar.
E floresceu.
Uma explosão súbita, maciça e silenciosa que fez a Cacofonia tremer,
liberando ar enquanto o fogo se espalhava e piscava, deixando pra trás um
buraco deformado circundado por dentes de metal retorcidos.
Tudo isso levou apenas alguns segundos.
Porter correu em direção à escotilha de desembarque. Avar seguiu,
mantendo o passo.
Ele olhou pra trás pra ela, com a sua expressão escondida por trás da
grotesca máscara Nihil.
— Pronta?
— Como nunca estive.
Porter se agachou, reunindo a Força ao seu redor, controlando a sua
respiração. Concentrando-se.
Então ele acionou o mecanismo de liberação da porta.
A escotilha se abriu.
E Porter pulou.
Belin havia aproximado a nave da Cacofonia, de modo que o espaço
entre eles era de apenas alguns metros.
Só um salto de fé.
Só um pequeno salto através da vastidão do espaço.
Porter agitou os braços enquanto saltava graciosa e graciosamente pelo
vácuo, varrido pelo ar que escapava, impulsionado e guiado pela Força. O
seu objetivo era perfeito. Ele se precipitou pelo buraco retorcido no lado da
outra nave, desaparecendo na tempestade de fogo de sua comporta de ar
arruinada, sumindo quase instantaneamente de vista.
Avar sentiu a nave tremer novamente por outro ataque.
Conectou-se, sentindo a canção quebrada se intensificar ao seu redor,
concentrando-se até que a galáxia inteira consistisse apenas nela e naquela
comporta de ar aberta. Expirou, expelindo todo o ar de seus pulmões.
E então pulou.
Navegou pelo vazio da meia-noite. O seu corpo inteiro doía. O frio
parecia morder sua carne exposta. Os seus pulmões já queimavam.
Ao seu lado, KC-78 voava em pequenos jatos propulsores, espelhando o
seu progresso através do abismo.
E então atravessou, tombando na confusão furiosa da comporta de ar
arruinada.
Pousou, com os pés batendo no chão. Porter já tinha ido. Olhou pra trás,
viu Belin e Rhil se afastando, mergulhando baixo para evitar a explosão dos
canhões a laser que ainda ecoava.
Não há mais tempo para despedidas.
Avar acionou o mecanismo de liberação interna.
Não abriu.
Bateu com o punho, lutando contra a crescente desesperação. Os seus
pulmões pareciam estar pegando fogo. Precisava de ar, e precisava agora.
Nada.
A porta interna, levemente amassada na explosão, deve ter emperrado
depois que Porter passou por ela. Ou os controles estavam quebrados.
Avar queria gritar.
O seu corpo se contorceu enquanto ela lutava contra o desejo de respirar
fundo. A sua mente estava girando.
Alcançou o seu sabre de luz. Sequer tinha tempo para abrir o caminho
pra dentro? E se o fizesse, correria o risco de descomprimir toda a nave
Nihil.
Mas não tinha escolha.
A escuridão contornava as bordas de sua visão. Cambaleou
instavelmente. A pele nas costas das mãos estava machucada e coberta de
cristais de gelo.
E então a porta se abriu com um grito de ar correndo.
KC-78 tinha conseguido anular o sistema que a mantinha fechada.
Cambaleou pra dentro.
A porta bateu por trás deles.
A presença súbita de ar era como a respiração de algum deus antigo e
esquecido. Avar o puxou profundamente, tossindo a fumaça espessa que
ainda se torcia de várias aberturas próximas. Jatos d'água haviam borrifado
uma fina névoa no ar, se misturando à fumaça, tornando difícil ver.
Arrancou o capacete Nihil, jogando-o pra longe.
Enxugou os olhos. Encostou-se na parede. A sua visão começava a
clarear.
Essa foi muito perto.
Mas não havia tempo a perder. Avar se afastou da parede. Apertou o
cabo de seu sabre de luz. A lâmina efervescente se acendeu, brilhante e
verde.
À frente, na névoa, podia ouvir gritos, tiros de blaster, gritos,
acompanhados pelo zumbido familiar do sabre de luz azul de Porter.
Ela moveu os ombros e depois caminhou em direção ao seu destino.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
Avar rebateu na parede do corredor, girando pelo ar, com o seu sabre de luz
piscando enquanto ela aterrissava, correndo. Dois Nihil caíram. Um de um
tiro de blaster desviado, outro da ponta de sua lâmina, que desenhou uma
linha precisa através do peito dele.
Atrás dela, Porter estava fechando o cerco, mas os Nihil restantes
começaram a recuar.
A nave estava agora sob pesado ataque, presumivelmente de outros
Nihil tentando evitar que ela e Porter conseguissem passar pelo Muro da
Tempestade com sucesso, e muitos dos Nihil se apressavam para se ejetar
da nave rangente, pegando qualquer nave ou pod de fuga que pudessem
encontrar.
Estava quase acabado. Podia sentir.
Estamos tão perto.
Ainda podemos conseguir.
Mais à frente, o caminho até a ponte agora estava livre. Avar olhou pra
trás. Porter estava retrocedendo pelo corredor em direção a ela, com o sabre
de luz girando em movimentos lentos e defensivos.
KC-78 estava se movendo em seu encalço o mais rápido que os seus
servos permitiam. Díodos piscavam pela frente de sua cabeça. Ele estava
assustado. A última vez que o viu assim foi nos momentos finais no Farol
Luz Estelar.
Prometi fazer você se orgulhar, Maru.
Talvez este seja esse momento.
Talvez depois disso eu consiga me olhar nos olhos novamente.
Talvez...
Avar se preparou, segurando o punho de seu sabre de luz com as duas
mãos, e avançou, os pés batendo no piso metálico. Alcançou a entrada e
atravessou apressadamente.
Não havia ninguém lá. A ponte parecia completamente abandonada. As
luzes estavam fracas, reduzidas às configurações de emergência. Ícones
vermelhos piscavam em quase todos os terminais de controle. Não
conseguia ouvir nada além do som de crump constante do bombardeio,
fazendo com que toda a nave vibrasse ao seu redor.
Avar começou a baixar a sua lâmina.
E então, um clarão de aviso, uma ondulação pela Força.
Avar se torceu, girando o seu sabre de luz para cima e ao redor, no
momento em que uma Nihil em armadura azul de carapaça se lançou para
fora da penumbra.
O zumbido do sabre ecoou.
A mão da mulher, que carregava uma lâmina grande e curva, se separou
de seu pulso, girando para longe pela ponte vazia, lembrando Avar do
tempo não tão distante quando havia cortado a mão de Lourna Dee, outra
discípula de Marchion Ro, de maneira semelhante.
A mulher gritou de agonia, tropeçando, incapaz de parar seu ímpeto para
frente. O seu ombro atingiu Avar com força no peito, tirando-lhe o fôlego.
Avar recuou, sugando o ar.
A mulher tentou se recuperar, balançando o seu outro punho em um
movimento amplo em direção à cabeça de Avar.
Avar desviou do golpe, chutando com a sua bota esquerda. Conectou-se
com a perna direita da mulher, esmagando a junta do joelho. A mulher
gritou enquanto dobrava, cambaleando, e depois desabou para trás, não
conseguindo mais sustentar seu próprio peso. Ela se espalhou no chão,
fazendo caretas, segurando o joelho com a mão restante.
Avar ficou de pé sobre ela, olhando para baixo, rosto impassível.
— Você é Shryke.
A mulher cuspiu. Ela bateu com o dedo no peito, batendo alto na placa
plana de seu peitoral, como se apresentasse seu coração como um alvo fácil.
— Vamos lá. Termine logo. — Ela deu um suspiro dolorido e encontrou
o olhar de Avar. Avar podia ver o ódio queimando ali, por trás deles. — Não
diga que você não quer.
Avar ouviu Porter e KC-78 entrarem na ponte atrás dela. Ela desligou o
seu sabre de luz.
— Vamos! — gritou Shryke. O seu rosto estava torcido pela agonia, mas
Avar podia ver que era mais do que apenas a dor de suas feridas. Esta era
uma mulher cujo coração tinha sido arrancado. Os alicerces de tudo em que
acreditava estavam desmoronando ao seu redor. — Vamos!
— Não, — disse Avar. — Não vou te dar a saída fácil.
Virou as costas para a mulher Nihil e foi para os controles de voo.
Shryke berrava sem palavras atrás dela, crua e furiosa, mas tombou para
trás, incapaz de se mexer.
Avar estudou as leituras de dados nas telas. O seu coração parecia pular
para a garganta, fazendo a sua cabeça latejar. Lutou contra o pânico súbito e
crescente.
Oh não.
Não.
— Porter, temos um problema.
Porter ainda olhava para Shryke, como se esperasse que ela se levantasse
e tentasse lutar contra eles novamente, mas Avar podia dizer que a mulher
estava quebrada. Ela fora abandonada por todos e tudo o que ela amava.
Não havia retorno para isso.
— O que foi?
— Eles destruíram o motor de Trilha. — Ela tentou chamar um relatório
de status, mas o sistema estava completamente morto. — Estamos indo
direto para o Muro da Tempestade, e o motor de Trilha está desativado.
Melis Shryke deu uma risada desagradável e rouca.
— Você chegou tarde demais, Jedi. Acabou. Morto. Destruído. Vocês
não sairão daqui vivos.
A Cacofonia deu mais um estremecimento a outra nave continuar o seu
bombardeio implacável.
— Os escudos se foram completamente, — disse Avar. — Se
conseguirem eliminar o motor de subluz, ficaremos encalhados. Alvos
fáceis.
— A General, — disse Porter, percebendo. Ela era a responsável pelos
bombardeios. Ele se virou, encontrando o olhar de Avar. — Ela nunca vai
parar, — disse ele. — A menos que alguém a pare primeiro.
— Porter...
Podia ver para onde isso estava levando.
Ele deu uma pequena negação com a cabeça, avisando-a para não
protestar.
— Isso sempre foi destinado a você, Avar. Esta missão. Você é o futuro
da Ordem Jedi. Eu sou o passado. Você precisa sair, além do Muro da
Tempestade. Elzar e os outros precisam de você.
— Não. Mesmo que eu consiga encontrar uma saída, você ficará preso.
Porter se aproximou dela, tirando o pequeno saquinho de couro do cinto.
Ele o pressionou em sua palma.
— Ainda há uma maneira. Lembre-se, a única coisa que importa agora é
levar isso de volta para Coruscant. Tudo o mais é insignificante. Eles
precisam saber que estão no caminho certo, que há uma maneira de romper
o Muro da Tempestade.
Avar o encarou. Ela não sabia o que dizer, ou como dizer.
— Porter...
— Você pode fazer isso, Avar. Eu acredito em você.
Ele caminhou até a porta, depois parou por um momento, virando-se
para olhá-la, um largo sorriso nos lábios.
— Que a Força esteja com você.
E então ele se foi.
Enquanto isso, Melis Shryke havia conseguido arrastar-se pelo chão,
apoiando-se na borda de sua cadeira de comando. Ela estava observando
Avar com malícia aberta.
— Não há saída, Avar Kriss. É só você e eu agora. Até o fim. Vai ser um
espetáculo e tanto.
Avar não respondeu. Estava sozinha novamente, agora. Apenas ela
contra a escuridão.
Ficou parada por um momento, com as mãos tremendo.
Não.
Não sozinha.
Nunca sozinha.
Olhou pra baixo para o saquinho de couro em seu punho, contendo o
núcleo de memória do antigo droide EX.
Ainda há uma maneira...
Devagar, um sorriso se espalhou por seus lábios.
— KC, — disse ela, chamando urgentemente o astromecânico. —
Espero que esteja pronto para trabalhar mais rápido do que nunca.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO
tradutoresdoswhills.wordpress.com
Agradecimentos
Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.
Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.
Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?
Padawan Iskat Akaris dedicou sua vida a viajar pela galáxia ao lado
de seu mestre, aprendendo os caminhos da Força para se tornar um
bom Jedi. Apesar da dedicação de Iskat, a paz e o controle
permaneceram indescritíveis e, a cada revés, ela sente que seus
companheiros Jedi ficam mais desconfiados dela. Já incerta sobre
seu futuro na Ordem Jedi, Iskat enfrenta uma tragédia quando seu
mestre é morto e as Guerras Clônicas engolem a galáxia no caos.
Agora general na linha de frente contribuindo para esse caos, ela é
frequentemente lembrada: Confie em seu treinamento. Confie na
sabedoria do Conselho. Confie na Força. No entanto, à medida que
as sombras da dúvida se instalam, Iskat começa a fazer perguntas
que nenhum Jedi deveria fazer: perguntas sobre seu próprio
passado desconhecido. Perguntas que os Mestres Jedi
considerariam perigosas. Conforme os anos passam e a guerra
perdura, a fé de Iskat nos Jedi diminui. Se eles lhe concedessem
mais liberdade, ela tem certeza de que poderia fazer mais para
proteger a galáxia. Se eles confiassem nela com mais
conhecimento, ela poderia finalmente deixar de lado as sombras
que começaram a consumi-la. Quando a Ordem Jedi finalmente cai,
Iskat aproveita a chance de abrir seu próprio caminho. Ela abraça a
salvação da Ordem 66.