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Ao Mike e os Arquitetos

(vocês realmente deveriam ter formado uma banda com esse nome)
Índice
Capa
Página Título
Dedicatória
Índice
Direitos Autorais
Epígrafo
Introdução

Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e Um
Capítulo Quarenta e Dois
Capítulo Quarenta e Três
Capítulo Quarenta e Quatro
Capítulo Quarenta e Cinco
Capítulo Quarenta e Seis
Capítulo Quarenta e Sete
Capítulo Quarenta e Oito
Capítulo Quarenta e Nove
Capítulo Cinquenta
Capítulo Cinquenta e Um
Capítulo Cinquenta e Dois
Capítulo Cinquenta e Três
Capítulo Cinquenta e Quatro
Capítulo Cinquenta e Cinco
Capítulo Cinquenta e Seis
Capítulo Cinquenta e Sete
Capítulo Cinquenta e Oito
Capítulo Cinquenta e Nove
Capítulo Sessenta
Capítulo Sessenta e Um
Capítulo Sessenta e Dois
Capítulo Sessenta e Três
Capítulo Sessenta e Quatro
Capítulo Sessenta e Cinco
Capítulo Sessenta e Seis
Capítulo Sessenta e Sete

Sobre o Ebook
Agradecimentos
Sobre o Autor
Star Wars: A Alta República - O Olho da Escuridão é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e outros
incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a
eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2023 da
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pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House LLC, Nova
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HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Como todas as coisas vivas, o Grão-Mestre Jedi Pra-Tre Veter


conheceu o medo. Era, afinal, um impulso natural e biológico, uma reação a
estímulos externos que governava o comportamento de seres e animais por
toda a galáxia. O medo era o que mantinha as pessoas seguras, um sistema
de alerta que avisava quando se estava em perigo, um impulso que instigava
a fugir, a procurar terreno seguro longe dos predadores que poderiam causar
danos.
Mas o medo também era uma ferramenta. Uma arma empunhada pelos
desorientados, um instrumento de controle. O medo podia ser aplicado, às
vezes com delicadeza e precisão, às vezes com a força de um martelo
atingindo a pedra. O medo podia derrubar até mesmo os indivíduos mais
fortes e levar populações inteiras à miséria e subserviência.
O medo podia derrubar estrelas.
No entanto, era a arma dos covardes. O medo podia ser superado. Podia
ser derrotado. Podia ser transformado em força.
Como aprendiz, como Cavaleiro Jedi, Veter aprendera a controlar as
suas emoções, contê-las, entendê-las e usá-las. Não era que tivesse parado
de sentir ou reconhecer o medo, mas sim que entendia o que era e aprendera
a compartimentalizá-lo. Pra ele, como para a maioria dos Jedi, o medo era
simplesmente informação, um sistema de alerta que acendia, permitindo-lhe
reconhecer o perigo e agir de acordo. Como Grão-Mestre do Conselho Jedi,
não permitia mais que os seus pensamentos fossem obscurecidos pelo
medo. Cada decisão que tomava era racional, ponderada.
Dessa forma, Veter, como tantos outros Jedi antes dele, aprendera a
enfrentar o perigo de frente. A se colocar no caminho do perigo para
proteger os outros, e fazer isso com calma, logicamente e com aceitação.
O que tornava a sua situação atual ainda mais preocupante.
Não era o fato dele estar incomodado pela escuridão absoluta, pelas
paredes e barras de metal frio de sua cela. Não estava com medo dos Nihil,
de Marchion Ro e dos seus lacaios, da morte e da transcendência para a
Força.
Mas aquela coisa, aquela criatura que espreitava lá fora, em algum lugar
na penumbra além de sua cela, isso era algo diferente. Isso foi feito para
corroer quem ele era, para corroê-lo. Foi projetado para trazer medo, e era
um medo que não conseguia afastar, enrolando-se em suas entranhas como
um compressa fria. Os Inomináveis deveriam ser criaturas de mito,
habitantes de histórias feitas para assustar os jovens. Mas Veter, como
muitos Jedi infelizes antes dele, descobrira com o custo de sua própria
experiência que os monstros eram muito reais mesmo.
Se ouvisse com cuidado, poderia ouvir a coisa andando, em algum lugar
na distante penumbra, traçando as paredes de sua própria prisão; um
predador enjaulado esperando o momento de atacar, de ser livre. Uma fera
faminta que sabia que a sua presa estava próxima.
Veter abriu os olhos, mas não havia nada para ver. Nenhum movimento
nas profundezas, nenhuma indicação de luz. Memórias eram agora a sua
única consolação. Preso aqui, com aquela coisa Inominável tão perto, não
conseguira limpar a sua mente, se concentrar, por dias, semanas, meses?
Perdera completamente a noção do tempo. Mas ainda era um Jedi, e ainda
não havia se perdido. Era fortalecido pelas lembranças de seus
companheiros Jedi, pela esperança que eles uma vez inspiraram, não apenas
nele, mas em toda a galáxia. Esperança que seria reacendida.
Não estava com medo. Mas conhecera o medo. E encontraria os meios
para superá-lo, como sempre fez.
Veter estendeu a mão para beliscar o topo do nariz e hesitou,
amaldiçoando-se enquanto a dor surgia ao longo do comprimento de seu
antebraço. A sua mão esquerda se fora, reduzida a um toco acinzentado.
Vestígios da estranha calcificação subiam pelo resto de seu antebraço, como
veias envenenadas, marcando a sua pele marrom escura. A calcificação
ainda se espalhava, mas lentamente, agonizantemente, consumindo-o um
pouco mais a cada hora que passava. Sofrera outras feridas, os Nihil se
deliciaram em cortar os chifres que cuminavam a sua cabeça, tentando
humilhá-lo, torná-lo inferior ao Tarnab que era. Mas nunca fora orgulhoso.
Essas eram cicatrizes com as quais podia conviver, que não alteravam quem
era. Mas a estranha calcificação era algo diferente, uma morte sorrateira,
causada pela proximidade da criatura.
Era o resultado de um dos 'experimentos' dos Nihil, realizado em um
laboratório improvisado por um Ithoriano fervoroso de cabeça de martelo
que murmurava em sua língua nativa durante todo o processo, fornecendo
um comentário constante enquanto Veter era trazido lentamente para mais
perto da criatura mantida por uma corrente eletrificada do outro lado da
sala. Ou assim Veter acreditava, a criatura desafiava a observação, a sua
mera proximidade distorcendo a sua visão, causando lanças quentes de dor
em seu crânio, provocando terror além de qualquer senso de razão enquanto
começava a se alimentar dele, sugando lentamente a Força viva de seu
corpo.
Foi nesse ponto que Veter perdeu o controle. O medo o dominara. A sua
sanidade havia fugido. Não conseguia se lembrar exatamente do que
aconteceu em seguida, mas sabia que tinha sido arrastado para longe antes
que a criatura pudesse consumi-lo ainda mais. Ele a ouvira uivando, se
esforçando contra a corrente eletrificada para tentar alcançá-lo, quebrando
os seus próprios ossos em completa desespero e fome enquanto era jogado
de volta em sua cela, mergulhando em um sono profundo e perturbado.
Quando acordou novamente, surpreendeu-se por estar vivo. A sua
garganta estava ferida de tanto gritar, e a sua mão esquerda se fora, reduzida
a um toco calcificado onde o seu pulso antes estivera.
Não sabia quanto tempo se passara desde aquele dia. Poderiam ter sido
horas. Poderiam ter sido dias. Mas desde então, estivera sozinho, com
apenas um jarro de água morna deixado no canto da cela para sustentá-lo.
Seja o que o Ithoriano havia feito com ele, Veter notara as marcas de
injeção em seu outro braço, sugerindo mais experimentos enquanto estava
inconsciente, parecia ter desacelerado o processo de descascamento.
Uma morte mais lenta, mais dolorosa.
Tão parecido com os Nihil.
Veter sentiu movimento na escuridão.
O som de clang de uma fechadura mecânica. O rangido de dobradiças. E
então um repentino clarão de luz, tão intenso que o deixou tonto, como se a
realidade tivesse repentinamente se apressado e queimado um buraco em
sua mente. Fechou os olhos, segurando a mão restante como um escudo
imperfeito contra a luz.
A ironia não lhe escapou.
Pela Luz e pela Vida.
Passos se aproximaram, a batida de botas pesadas. Elas pararam fora das
grades de sua cela. Veter achou que ouviu um resmungo de desprezo.
Lentamente, abriu os olhos para descobrir que a luz não era tão aguda e
brilhante como pensara inicialmente. Tão acostumado à penumbra, o mero
brilho, um brilho familiar, parecia nítido e doloroso para os seus olhos
adaptados à escuridão.
Não, era apenas a luz amarela de um sabre de luz roubado, segurado no
punho de outro. Veter sentiu o despertar da indignação. Um lampejo de seu
antigo espírito.
Como ele se atreve? Como ousa usar as nossas próprias armas, os
nossos próprios símbolos contra nós?
Como caímos tão fundo?
Assim como o farol que caía pelos céus de Eiram, os Jedi haviam sido
rebaixados. Mas eles se levantariam novamente. Eles caminhariam na Luz.
— Você recuperou o seu espírito. — A voz era fria, sem emoção. —
Vejo isso em seus olhos. Você é resiliente, admito isso. — A figura deu um
passo à frente, para o brilho cintilante do sabre de luz. — Mas essa semente
de esperança à qual você se agarra, essa crença de que os Jedi vão superar
isso, vão pôr fim a tudo o que eu fiz... é uma falácia. Eu vou esmagá-la
como esmaguei tudo o mais em que você e a sua espécie acreditam. Eu vou
te ver implorar. — A figura pausou, depois baixou a voz, adotando um tom
razoável e afável. — Mas talvez não hoje.
Veter olhou para cima. Fitou esse ser, esse monstro, com um olhar
desafiador.
Aqui estava o orquestrador de tudo, a dor, o sofrimento, o caos. Aqui
estava Marchion Ro, o Olho dos Nihil, o centro da tempestade.
Ele parecia esplêndido em sua capa carmesim, com o seu colarinho
forrado de pele caído sobre os seus ombros largos. E então havia o
capacete, o seu estranho olho vermelho, ciclópico e giratório, olhando para
Veter, sentado na sujeira, como um penitente aos pés de seu senhor.
Como Marchion Ro o havia concebido.
Determinado a não dar ao Olho a satisfação que ele claramente desejava,
Veter se ergueu, tentando disfarçar o esforço, a fraqueza que sentia lá no
fundo de seus ossos. Estava faminto, torturado e exposto àquela coisa, mas
ainda era um Jedi. Ainda um membro do Alto Conselho.
Forçou-se a ficar em sua altura total e deu um passo em direção às
grades, mais perto de seu captor. O zumbido do sabre de luz era o único
som, além da respiração ofegante de Veter. Em breve, sabia, seria um com a
Força.
Olhou desafiadoramente para Ro, encarando de volta aquele olho
solitário no centro do elmo Evereni.
Se ao menos pudesse estender a mão e pegar o sabre de volta...
Veter se conectou à Força. Ela estava distante, fraca, como um eco do
que sempre fora. A proximidade da criatura estava perturbando a sua
conexão com ela, como se estivesse de alguma forma drenando a Força viva
de dentro dele.
Veter sempre sentira a Força como uma coisa sólida. Maleável e
moldável, como argila. Algo que poderia moldar de novas maneiras para se
expressar. Mas agora ela parecia fina e solta, incapaz de assumir as formas
que ele tentava moldar em sua mente. A fome da criatura roía nos cantos de
sua concentração, distraindo-o, interferindo em cada pensamento seu. Uma
agulha constante, sempre presente, quente no fundo de seu crânio, negando-
lhe paz, impedindo-o de encontrar seu centro. E no entanto, como Mestre
Yoda uma vez lhe ensinara, quando Veter ainda era um jovem: Não há
tentativa, apenas fazer. Não importa as circunstâncias, não importa a dor.
Veter estendeu a mão para o sabre de luz, puxando-o para si. O punho se
moveu ligeiramente na palma de Ro, tremendo como se fosse atraído para
Veter como a agulha de uma bússola, mas era demais, e deu um passo
vacilante pra trás, soltando a sua frágil aderência na arma.
Ro apagou o sabre de luz com um movimento do polegar, empurrando-
os de volta para a noite perpétua da prisão. E então, sem mais uma palavra,
Marchion Ro simplesmente se virou e se afastou.
CORUSCANT

Lá em cima, acima das torres altaneiras de Coruscant, as estrelas


giravam em seu firmamento como sempre fizeram, como sempre fariam.
Pontos de luz denotando sóis distantes, mundos distantes, povos distantes,
espelhados pelas luzes cintilantes da cidade lá embaixo.
Deveria ser bonito.
No entanto, para Elzar Mann, as estrelas pareciam erradas. Não
importava o quanto as encarasse do seu ponto de vista na grande sacada do
lado de fora do escritório da Chanceler, elas simplesmente pareciam de
alguma forma desalinhadas, fora de ordem. Como se a galáxia tivesse se
torcido, retorcido, mudado. Como se tudo em que uma vez confiara, cada
ponto de referência em uma galáxia caótica, tivesse sido abruptamente
puxado para longe, arrancado bruscamente debaixo dele enquanto tentava
permanecer de pé.
Isso acontecia desde a queda do Farol Luz Estelar e...
...e Stellan.
Elzar fechou os olhos e permitiu que a brisa bagunçasse os seus cabelos
desarrumados, como se esperasse que o vento gelado pudesse de alguma
forma varrer as memórias, levá-las para longe pelas faixas de tráfego e
através das torres e domos até que desaparecessem. Notou que alguns fios
grisalhos haviam aparecido ao redor de suas têmporas nos últimos meses.
Perdera peso também, e embora ainda estivesse em forma, se acostumara a
praticar treinos de sabre de luz até tarde da noite na maioria das noites,
estava magro. Tentara se convencer de que era o resultado do trabalho, de
se manter tão ocupado tentando encontrar uma solução para o problema dos
Nihil, mas sabia que estava permitindo que as coisas o corroessem.
Como Stellan teria rido dele. Cutucado as suas costelas e dito para ele
parar de se preocupar com coisas que já estavam feitas. Focar no aqui e no
agora. Fazer o que precisava ser feito e aceitar que a Força guiava a sua
mão, agora como sempre.
Mas Stellan se foi. Ele era um com a Força. Já se passou um ano. Elzar
sabia que o seu velho amigo encontrara paz. E ainda assim, a sua ausência
ainda era marcada. Não apenas um buraco nos corações e mentes dos Jedi,
mas também em sua liderança. Especialmente agora que os Nihil tinham
vencido, tinham destroçado o Farol Luz Estelar e anexado dezenas de
mundos, um setor inteiro da Orla Exterior, do resto da galáxia. Essa área
estava sendo chamada de Zona de Oclusão Nihil, e era separada por uma
barreira invisível que tornava tudo isso possível.
A Muralha de Tempestade: uma vasta rede que perturbava a viagem
hiperespacial, fazendo com que qualquer nave que tentasse atravessá-la
fosse arrancada violentamente para fora do hiperespaço, destruindo-a
imediatamente ou fazendo-a desaparecer sem deixar vestígios. Houveram
muitos debates sobre o que exatamente acontecia com essas naves
desaparecidas, dado que a comunicação através da Muralha de Tempestade
também era impedida, mas a suposição era que qualquer nave que não fosse
destruída na tentativa estava sendo cercada por patrulhas Nihil do outro
lado e depositada nas chamadas zonas de morte. Certamente, nunca mais
foram ouvidas.
Pior, a rede de retransmissores e boias, ou 'sementes da tempestade' que
alimentava a Muralha de Tempestade, era tão grande que viajar através dela
sem a velocidade da luz também era impossível. Qualquer nave tentando
atravessar um vão tão vasto de espaço a subluz teria que viajar por cem
anos antes de alcançar o seu destino. Além disso, qualquer tentativa de
ingresso subluz estava sendo interceptada e destruída por patrulhas Nihil ou
enxames de droides carniceiros, alertados pelos sistemas automatizados que
controlavam a tecnologia da Muralha de Tempestade. Patrulhas que podiam
atravessar a Muralha de Tempestade e desferir um golpe mortal antes que o
alvo percebesse que tinha acontecido.
Isso era engenhoso, de certa forma, e até agora tinha frustrado todas as
tentativas dos Jedi ou da República de contorná-lo, geralmente com
resultados desastrosos. Naves pilotadas por droides. Pulsações
eletromagnéticas. Hackeamento de dados. Ataque sustentado às bem
protegidas sementes da tempestade. Nada funcionou. Absolutamente nada.
Com a Muralha de Tempestade, os Nihil esculpiram o seu próprio
domínio, desafiando a República a cada turno. E com os Inomináveis, ou
'Devoradores da Força' como também eram conhecidos, eles haviam
liberado uma arma que nem mesmo os Jedi podiam deter. Uma arma que
visava a essência mesma do que os Jedi eram. Uma arma projetada para
obliterá-los.
Elzar exalou.
Isso tudo teria sido muito mais fácil se Avar estivesse ao seu lado. Em
vez disso, ela estava em algum lugar profundo na Zona de Oclusão, tão
distante quanto Stellan estava.
Eles estavam juntos em Eiram, assistindo os últimos vestígios do Farol
afundarem sob as ondas frias e esmagadoras, carregando todas as
esperanças e sonhos da República consigo. Era um símbolo de força e
união, de luz na escuridão, de esperança. E os Nihil, liderados por
Marchion Ro, tinha virado esse símbolo contra eles. Agora era um símbolo
de nada além de fracasso e perda.
Elzar permitiu que Avar segurasse a sua mão naquele momento,
emprestando-lhe força. Tirara conforto disso; uma compreensão
compartilhada, um reconhecimento silencioso de que ainda tinham um ao
outro, apesar de tudo. Apesar da galáxia se transformar em caos ao seu
redor. Mas ele se amaldiçoava agora por, perdido em seu próprio choque e
luto, sua própria vergonha pelo que havia feito, ter falhado em perguntar a
Avar como ela se sentira. Falhara em oferecer a ela o conforto que ela lhe
oferecera. E essa dor que ela carregava, esse sentimento de perda e fracasso,
a afastara.
A menos que fosse ele que a tivesse afastado. Essa era a ideia que o
assombrava, que o afligia com incerteza e vergonha. Finalmente reunira
coragem para confidenciar a ela sobre o que acontecera nos momentos
finais do Farol Luz Estelar. Como agira sem pensar, assassinando a mulher
Nihil, Chancey Yarrow, enquanto ela tentava salvá-los todos. Não sabia na
época, é claro. Achava que ela era apenas mais uma Nihil tentando sabotar
os esforços dos Jedi para salvar a estação. Mas os resultados foram os
mesmos: encerrou a última chance de salvar o Farol, e ao fazer isso, tirou a
vida de alguém que estava tentando ajudar.
Tudo que aconteceu depois era agora em parte culpa dele. Precisava se
redimir, tentar incorporar mesmo que uma pequena fatia do bem que Stellan
tinha presenteado à galáxia. Tentar preencher de alguma forma o vazio que
Stellan deixara pra trás. Contara tudo a Avar, as palavras saindo de sua boca
nas margens de Eiram.
Avar havia dito todas as coisas certas, é claro. Todas as banalidades e
garantias, repetindo todos os preceitos da Força e os lembretes de que tudo
acontece por um motivo, que ele não era culpado. Que só os Nihil
carregavam aquele peso sobre os seus ombros. Ela lhe mostrara toda a
misericórdia e compreensão pela qual esperava.
E ainda assim... Elzar não podia deixar de se perguntar se também tinha
sido parte da razão pela qual ela tinha ido embora, aceitando uma missão
para tentar se aproximar dos Nihil, para descobrir as suas intenções no
rescaldo de sua vitória. Intenções que nenhum deles poderia ter antecipado.
Agora ela também estava perdida. Presa por trás da Muralha de
Tempestade, no espaço profundo dos Nihil. Nem mesmo sabia se ela ainda
estava viva.
Não, Elzar. Você saberia. Ela ainda está lá fora.
Ela tem que estar.
Traria de volta. Avar e os outros que compartilhavam o mesmo destino.
Encontraria um jeito. A ameaça dos Nihil seria encerrada. A Muralha de
Tempestade cairia, e a paz seria devolvida à galáxia.
Não havia escolha. Faria o que Stellan teria feito. Não importa que já
tivessem tentado tudo o que podiam pensar. Não importa que os Nihil os
tivessem derrotado em cada passo.
Encontraria um jeito.
Tinha que encontrar.
Era a única maneira de fazer as coisas certas.
Elzar se virou ao som das portas da sacada se abrindo por trás dele. Um
droide familiar rolou para fora em sua base giratória, com a sua metade
superior, vagamente humanoide, virando-se para observá-lo. Mirou em seu
rosto metálico e vazio. O droide que presenteou a Stellan, JJ-5145. Uma
última ligação ao seu velho amigo.
— A Suprema Chanceler Soh está quase pronta para começar, Mestre
Elzar, — disse o droide. Os seus tons eletrônicos e animados pareciam
abrasivos após o silêncio da contemplação de Elzar. Abrasivo, mas uma
distração bem-vinda, mesmo assim.
— Obrigado, 45. Eu me juntarei a você em apenas um momento.
O droide manteve o olhar por um momento.
— A sua hesitação sugere incerteza. Se quiser compartilhar as suas
preocupações, posso ajudar a organizar os seus pensamentos e priorizar as
suas respostas.
— Estou bem, 45.
— Hummm, — foi a única resposta do droide. Ele se virou e voltou
através das portas deslizantes.
Elzar sorriu. Confiar no droide de Stellan para enxergar através dele
melhor do que ele mesmo podia se enxergar. Tinha dado JJ-5145 a Stellan
como uma piada, mas também como uma forma de lembrar Stellan de pedir
ajuda, de se apoiar nos outros quando fosse necessário. E agora JJ-5145
estava lembrando-o dessa mesma lição. Instigando-o a viver no aqui e
agora, a se concentrar na tarefa diante dele.
Elzar alisou a frente de suas vestes do templo e partiu atrás do droide
excessivamente opinativo.
ORLA EXTERIOR

A Tratado deslizou pelo hiperespaço como uma pequena partícula


sendo engolida pela própria garganta da galáxia; insignificante e sozinha.
Invisível e não mapeada, a nave da República de classe Pacificadora
esculpiu um caminho através da Orla Exterior, contornando os limites
externos da chamada Zona de Oclusão, canais de comunicação abertos e
vasculhando os sistemas planetários nas fronteiras do espaço Nihil em
busca de qualquer indício de um chamado de socorro.
O Cavaleiro Jedi Bell Zettifar ficou no centro de comando na proa da
nave, observando a mancha azul do hiperespaço. Mundos passavam
rapidamente, muitos deles repletos de vida; uma cacofonia de vozes, cada
uma um ponto na Força viva. Bell podia senti-los, com as suas esperanças e
os medos, queimando brilhantes e fortes.
Pela Luz e pela Vida.
Isso sempre foi o mantra dos Jedi. E não importa o que acontecesse, Bell
se apegava a essas palavras como verdade.
Por cada ser vivo.
Pela paz.
Era por isso que estava lá, agora. Para manter esses princípios
fundamentais. Para garantir que todas as terríveis perdas que haviam
sofrido, toda a dor e angústia que haviam suportado, não tivessem sido em
vão.
Bell afagou Ember gentilmente na cabeça. Ao lado dele, a charhound
emitiu um murmúrio baixo, com vapor saindo de suas narinas.
— Eu sei, Ember. Silencioso, não é?
Ember cutucou gentilmente a sua coxa em resposta, mas podia dizer que
ela estava captando o seu humor perturbado.
Bell tentou empurrar a sua crescente ansiedade para o lado. Girou o
pescoço, tentando aliviar os nós de tensão em seus ombros. Tentara meditar,
mas não conseguira se centrar, assombrado por pensamentos do aniversário
iminente da queda do Farol Luz Estelar e dos seres, alguns deles amigos,
perdidos por trás das linhas inimigas.
Pessoas como Avar Kriss, Porter Engle, Pra-Tre Veter e tantos outros.
Não tinha ideia se algum deles ainda estava vivo, e o pensamento o enchia
com algo perigosamente próximo da raiva. Especialmente porque estava lá
quando Veter foi levado dois meses antes durante um ataque dos Nihil. O
Mestre Jedi, um membro do Conselho, nada menos, voluntariou-se para
conter uma onda de Nihil enquanto Bell e Burryaga evacuavam um
assentamento, mas de alguma forma, os Nihil conseguiram vencê-lo,
levando-o prisioneiro e arrastando-o de volta pra trás da Muralha de
Tempestade.
Veter não foi visto desde então. E os ataques dos Nihil continuaram.
Pelo menos aqui, no limite da Zona de Oclusão, Bell sentia que estava
fazendo algo, lutando de volta. Resistindo.
Enquanto Elzar Mann e o restante dos Jedi trabalhavam no problema de
contornar a Muralha de Tempestade, Bell havia buscado permissão para se
concentrar em defender os necessitados que de repente se encontravam nos
limites externos deste espaço militarizado. Esses mundos haviam se isolado,
cortados de suas rotas de comércio anteriores e sujeitos a ataques
irregulares por naves Nihil que passavam para dentro e para fora da Zona de
Oclusão com impunidade, usando as rotas secretas de hiperespaço
fornecidas por seus motores de Trilha para contornar a barreira da Muralha
de Tempestade. Onde antes estavam aninhados entre sistemas vizinhos com
relativa segurança, agora culturas inteiras, civilizações inteiras, estavam em
risco.
O Conselho Jedi lhe deu a liberdade necessária para realizar essa missão
autoimposta, concedendo-lhe uma exceção aos Protocolos Guardiões que
haviam sido instituídos apenas uma semana após a destruição do Farol,
sabendo muito bem que, se Bell e a sua pequena equipe conseguissem
derrubar uma das naves de ataque dos Nihil, havia também uma chance de
salvarem os motores de Trilha que lhes dava passagem segura pela Muralha
de Tempestade, fornecendo assim aos Jedi o acesso tão desesperadamente
procurado.
Para Bell, esta era uma preocupação importante, mas secundária. Mais
urgente era a necessidade de salvar vidas. Enquanto os Jedi estavam
ocupados tentando encontrar uma maneira de deter os Nihil, alguém
precisava se concentrar no que sempre fizeram de melhor: ajudar pessoas
necessitadas. Defender aqueles que não podiam se defender. Os Nihil
deixavam pra trás um rio de sangue derramado e miséria após cada ataque.
Cabia aos Jedi detê-los... não importava os riscos envolvidos.
E havia riscos. Riscos graves. Bell estava muito consciente disso.
Os Nihil haviam causado tanta dor. Tanto prejuízo. E embora os Jedi
ainda não entendessem completamente a arma que os Nihil haviam lançado
contra eles, apesar de mais de um ano tentando entender as criaturas e como
elas perturbavam ou se alimentavam da conexão dos Jedi com a Força, Bell
sabia que os Jedi não podiam se dar ao luxo de ficar de lado, de se retirar da
luta contra os Nihil. E assim, eles continuavam lutando, apesar do perigo.
Imagens do antigo mestre de Bell, Loden Greatstorm, passaram por sua
mente. A expressão horrorizada e contorcida em seu rosto acinzentado. A
carne cinza que fora reduzida a nada além de uma casca vazia. Bell sentiu
uma pontada de perda, ainda aguda, ainda afiada. E a mesma coisa
acontecera com os outros também. Orla Jareni. Nib Assek. Tantos outros,
todos eles amigos, professores. Cada um deles deixara pra trás um vazio
impossível de preencher.
Os Nihil tinham que ser detidos.
Então, enquanto o restante dos Jedi voltava a sua atenção para romper a
Muralha de Tempestade ou encontrar uma maneira de combater os
Inomináveis, Bell, junto com outros como Mirro Lox e Amadeo Azzazzo,
continuaria tentando frustrar os seus ataques e impedi-los de machucar mais
alguém.
Nesta guerra, e ela era uma guerra para Bell, cada vida importava. Cada
morte era um fracasso. O que mais pela Luz e pela Vida significava senão
isso?
Conversas entre a tripulação da nave, composta principalmente por
soldados da CDR, inevitavelmente se voltaram para o iminente aniversário
da queda do Farol Luz Estelar, e embora tivessem sido cuidadosos para
falar em tons sussurrantes em torno de seus passageiros Jedi, isso ainda
colocou Bell em um estado reflexivo.
Por um momento fugaz após a queda do Farol, Bell pensou que havia
perdido tudo. Mas foi apenas por um momento. Por tudo o que perderam, a
Ordem Jedi permaneceu. E enquanto eles ainda estavam de pé, aqueles
sobreviventes, todos aqueles Jedi de volta a Coruscant, eles ainda podiam
sustentar a Luz. Eles ainda podiam ser o farol na escuridão.
Bell nunca perdeu a esperança. Ele nunca...
— Rwwwaaaarrrwooo.
Sorrindo, Bell se virou para ver o seu amigo Burryaga de pé por trás
dele. O Jedi Wookiee o encarou com um olhar inquisitivo, inclinando a
cabeça ligeiramente para um lado, de modo que as finas tranças de cabelo
sob seu rosto balançavam sobre o seu ombro esquerdo.
— Arroorrrooo, — disse Bell, rouco. Ele passara grande parte do último
ano estudando Shyriiwook, mas formar algumas das palavras e expressões
ainda doía em sua garganta.
Burryaga soltou uma risada latindo.
— Warrraa roowarr.
Bell deu de ombros, com o seu rosto se enrugando em um sorriso largo
enquanto se juntava à risada provocadora de seu amigo.
— Bem, pelo menos eu tentei. — Ele alisou a frente de suas vestes. — E
sim, eu estava me sentindo reflexivo, com o aniversário e tudo mais.
A expressão de Burry obscureceu. Ele olhou para longe, esfregando a
parte de trás do pescoço. Ember trotou até ele para se esfregar na perna de
Burry, causando um pequeno ponto de fogo no pelo do Wookiee. Ele
apagou.
— Sinto muito, — disse Bell. — Eu sei que ainda é difícil. — Seu
fôlego ficou preso na garganta, e ele desviou o olhar. Ele ainda estava se
acostumando com o quão perto ele esteve de perder outro amigo para os
Nihil.
Burryaga havia desaparecido lutando contra um rathtar durante os
minutos finais da queda do Farol Luz Estelar e não havia emergido depois
que a estação colidiu com o oceano agitado de Eiram. Ele foi dado como
morto, perdido junto com o Mestre Stellan, Maru e todos os outros que
deram suas vidas tentando evitar a destruição do Farol ou ajudar nas
tentativas desesperadas de evacuação.
Mas Bell se recusou a reconhecer isso. Tinha certeza de que Burry teria
encontrado uma maneira de se agarrar, de sobreviver, apesar das
probabilidades. E estava certo. Encontrou Burry no fundo do oceano de
Eiram, preso dentro de um sistema de cavernas com um suprimento
diminuto de oxigênio. O Wookiee sobreviveu contra todas as
probabilidades. Ele conseguiu encontrar um bolsão de ar dentro de uma
caverna submersa e permaneceu lá por um mês, agarrando-se
desesperadamente à vida, se perguntando se algum de seus companheiros
Jedi sequer considerara que ele ainda poderia estar vivo.
E então Bell o encontrou, e o retorno de Burry a Coruscant foi uma
vitória muito necessária para os Jedi, um impulso para a sua moral
enfraquecida. Nos momentos mais sombrios, no entanto, Bell ainda se
perguntava o que poderia ter acontecido se tivesse ouvido os outros Jedi,
voltado para Coruscant e assumido que Burry estava morto, lá embaixo nas
profundezas escuras do oceano.
A Força o havia guiado até Burry, apesar das dúvidas de todos. Entendia
que o Alto Conselho tinha decisões a tomar, que a ameaça dos Nihil era
maior do que qualquer vida individual, mas, mesmo assim, havia aprendido
uma lição valiosa sobre confiar em seus próprios instintos, mesmo que
esses instintos às vezes parecessem estar em desacordo com os dos outros.
Foi por isso que estava lá agora. Estava onde deveria estar. Podia sentir
isso.
A sua amizade com o Wookiee havia se fortalecido nos meses que se
seguiram ao resgate de Burry, e eles haviam sido Cavaleiros juntos,
cortando as suas tranças de Padawan para se tornarem Cavaleiros Jedi
completos, os seus esforços durante a queda do Farol sendo reconhecidos
pelo Conselho Jedi como prova suficiente para elevar qualquer Padawan à
Cavalaria.
Eles haviam se apoiado em várias missões até a nova fronteira da
galáxia, à beira da Zona de Oclusão, e haviam lutado lado a lado para
proteger um assentamento contra os saqueadores Nihil na lua de Saltear,
onde haviam encontrado pela primeira vez a nave saqueadora Nihil
Cacofonia e a sua perigosa capitã de cabelos brancos, Melis Shryke. A
mesma senhora da guerra Nihil responsável pelo sequestro do Gão-Mestre
Veter.
Quando Bell solicitou ao Conselho permissão para realizar esta missão,
Burry estava ao seu lado, firme e resoluto. Ele acreditava plenamente no
chamado de Bell, compartilhando o desejo de seu amigo de defender
aqueles que não podiam se defender. Foi assim que eles estavam ali, agora,
na proa de uma nave da República, trabalhando com o pequeno
destacamento de soldados da CDR enquanto tentavam antecipar os locais
de futuros ataques Nihil.
Para Bell, parecia que os ataques eram oportunistas, atingindo
assentamentos fora da Zona de Oclusão, mirando aqueles que eram fracos
demais ou muito assustados para reagir. O trabalho de covardes.
Eles tentaram rastrear as naves Nihil, mas todas as comunicações dentro
da Zona de Oclusão, incluindo os sinais transmitidos por dispositivos de
rastreamento, estavam desativadas ou eram controladas pelos Nihil. Assim
que uma nave Nihil passava de volta pela Muralha de Tempestade, ela
efetivamente desaparecia, e não havia como saber onde ela poderia surgir
em seguida. Tudo o que podiam fazer era permanecer perto dos sistemas
mais vulneráveis e... esperar.
E esperar não agradava a Bell. Não quando vidas estavam em jogo.
Olhou ao redor da ponte espaçosa do Tratado.
— Alguma notícia do Mestre Elzar? — perguntou Bell, voltando-se para
Burryaga.
O Wookiee balançou a cabeça.
A falta de progresso era preocupante. Com todos os recursos
combinados dos Jedi e da República, era apenas questão de tempo até que
encontrassem uma maneira de contornar a Muralha de Tempestade. No
entanto, parecia que os Nihil haviam sido eficientes em virar a própria
tecnologia da República contra ela, e até agora haviam perdido várias naves
e os seus pilotos tentando forçar uma brecha. Algumas foram arrastadas
para fora do hiperespaço como destroços amassados, enquanto outras
simplesmente desapareceram, nunca mais sendo ouvidas, e presumidas
mortas.
E agora haviam conversas sobre tentar negociar a paz.
Bell era a favor de qualquer solução que evitasse a violência, mas a
verdade era que não confiava, nem por um minuto, que a paz era o que os
Nihil queriam.
Todos eles ouviram o discurso de Marchion Ro na sequência da queda
do Farol. Os tons zombeteiros, presunçosos do 'Olho da Tempestade'. Na
verdade, de volta a Coruscant, Bell fez parte da equipe que tentou analisar a
transmissão em busca de pistas, reproduzindo-a repetidamente até que as
palavras do Everen estivessem queimadas como sulcos em sua memória.
Não há esperança nesta parte da galáxia. Só há desespero.
Era uma mentira. Uma mentira flagrante e terrível.
Mas Bell se perguntava quantas pessoas dentro da Zona de Oclusão
teriam sido persuadidas a acreditar que era verdade, especialmente após um
ano inteiro sem conhecer nada além do terror do domínio dos Nihil.
Burryaga trouxe Bell de volta de sua contemplação com um uivo baixo e
preocupado.
— Sim, eu sei. Você está certo. Eu deveria tirar um tempo para meditar.
Mas e se...?
Um alarme agudo soou, rasgando o ar por toda a nave. Próximo dali,
Ember latiu, alertada pelo barulho repentino.
— Salvo pelo alarme, — disse Bell, com um olhar de lado para Burry.
Ele se dirigiu à capitã da Tratado, Amaryl Pel, que estava emitindo ordens
apressadas para que o piloto tirasse a nave do hiperespaço.
— Outro ataque? — perguntou Bell.
A mulher olhou brevemente para Bell e depois deu de ombros.
— Sinal de socorro desconhecido, originado no planeta Ribento.
— Mas é dos Nihil? — pressionou Bell.
— Isso importa? — disse Pel, falhando em esconder sua irritação. — As
pessoas precisam da nossa ajuda.
Bell assentiu.
— Claro. — Ele olhou pra cima, encontrando o olhar de Burry. — Você
está pronto?
— Wrrraaw.
— Sim, pensei que sim, — disse Bell.
CORUSCANT

A Suprema Chanceler Lina Soh estava sentada atrás de sua


mesa, com os ombros curvados, a cabeça inclinada sobre um datapad.
Estava acompanhada por seus targons parados, Matari e Voru, dois felinos
enormes com pelagem macia e felpuda, quatro olhos e presas pronunciadas,
servindo tanto como animais de estimação quanto como guardiões, e a
Chanceler raramente ficava sem eles. Ambos olhavam pra cima quando
Elzar entrou na sala, o encarando com julgamento. Ou o medindo. Nunca
tinha certeza.
A Chanceler parecia contemplativa, com a testa franzida em
concentração profunda, e Elzar não pôde deixar de notar que as linhas ao
redor de seus olhos haviam se aprofundado, não devido à idade avançada,
mas sem dúvida devido às pressões incessantes de sua posição. Aqui estava
uma mulher que carregava o peso de toda a República sobre os seus
ombros, que havia enfrentado a tempestade de algumas das maiores perdas
que a galáxia já conheceu, que sofreu lesões e terror, e ainda assim
conseguia permanecer focada e calma, fazendo o que precisava ser feito.
Pelo menos, na maioria das vezes. O seu filho Kitrep Soh também estava
desaparecido, presumidamente perdido por trás da Muralha de Tempestade
com o seu namorado Jom Lariin, e a Chanceler estava ficando cada vez
mais desesperada para trazê-lo de volta. Os dois jovens estavam viajando,
passeando, na Orla Externa quando a Muralha de Tempestade foi erguida
um ano antes, e como tantos outros, eles não foram mais ouvidos desde
então.
A Chanceler olhou pra cima quando Elzar se aproximou de sua mesa,
com o canto de sua boca tremendo em um sorriso acolhedor.
— Mestre Mann. Elzar.
— Você está repassando o seu discurso pela última vez?
Ela balançou a cabeça.
— Quem dera. — Ela baixou o datapad na mesa à sua frente. —
Relatórios agrícolas. Com Hetzal ainda trancado na Zona de Oclusão,
estamos tendo que redistribuir as colheitas em outros mundos para ajudar a
alimentar e irrigar aqueles nos limites externos da zona. Está causando
tensão em toda a Orla Média.
Ao lado dela, Matari emitiu um resmungo, como se percebendo a
frustração crescente dela. Ela se inclinou pra baixo e bagunçou a pelagem
de sua juba.
— Você sabe que não sou fã de clichês, Chanceler. Mas você está
fazendo um trabalho incrível. E um trabalho invejável, por sinal.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Bem, estou feliz que alguém pensa assim, pelo menos. Tente dizer
isso ao Senado.
— Você sabe que eles estão apenas esforçando, como todos os outros.
Até lidarmos com os Nihil...
— Já se passou um ano, Elzar. Um ano inteiro. Estou começando a
pensar que talvez precisemos encarar a verdade. Que os Nihil vieram para
ficar.
— Não. Não depois do que eles fizeram. Pense em todas aquelas pessoas
presas por trás da Muralha de Tempestade, em Delemede, Galtea, Pantora,
lutando sob o jugo da opressão dos Nihil. Não podemos apenas aceitar isso
e seguir em frente.
— Você está dizendo isso para mim? — ela retrucou, e Elzar se
repreendeu interiormente por sua insensibilidade. — Eu não consigo pensar
em mais nada. Eu nem sei se o Kip ainda está vivo. E isso está me
corroendo, todos os dias. Mais do que qualquer um poderia imaginar.
— Eu sei, e sinto muito, — disse Elzar. — Precisamos continuar.
Pressionando. Precisamos encontrar uma maneira de entrar na Z.O. e detê-
los. A ameaça que eles representam para a galáxia... sem mencionar para os
Jedi.
A Chanceler assentiu resignada.
— Eu sei. É só que há aqueles que pressionam para fazermos um
acordo. Reconhecer a legitimidade do 'espaço Nihil' na esperança de reabrir
as rotas comerciais. E essas vozes estão crescendo em número.
— Então, eles estão errados, — disse Elzar.
— Estão? — disse Soh. — Eu me pego pensando, e se for a única
maneira de recuperarmos o nosso povo? Fazer algum tipo de acordo,
concordar com os termos dos Nihil? Talvez pudéssemos negociar uma
troca.
Elzar balançou a cabeça, horrorizado com a sugestão.
— Não. Capitular agora seria desistir. Esquecer tudo o que perdemos.
Quem perdemos. Não podemos confiar nos Nihil, nem agora, nem nunca.
Como sabemos que qualquer avanço que eles estejam fazendo não é apenas
outra maneira de brincar conosco?
— Não sabemos, — concedeu a Chanceler.
Eles caíram em silêncio por um momento.
— Eu sinto falta deles também, — disse ela, mudando de posição para
ajustar a sua perna protética, resultado de seus ferimentos em Valo durante
o ataque Nihil à Feira da República. Um lembrete para Elzar, talvez, de que
a Chanceler sabia muito bem o quanto eles haviam perdido.
Elzar engoliu em seco, a boca subitamente seca.
— Eles continuariam lutando. Ambos. Avar e Stellan.
— Eu sei.
— E Avar não teria desistido. Ela está lá agora, fazendo tudo o que pode
para derrubá-los de dentro da Zona de Oclusão.
Soh assentiu.
— Você está certo. Vamos encontrar uma maneira. Você vai encontrar
uma maneira. — Ela umedeceu os lábios. — Apenas faça isso logo. Por
todos nós. Não posso segurar o Senado pra sempre. E eu não posso esperar.
Preciso saber que ele está bem, Elzar. Você entende isso. Mais do que
qualquer pessoa.
Elzar assentiu.
— Ele sabe que você está tentando alcançá-lo. Todos eles sabem. Eles
sabem que não desistimos.
Soh deu um sorriso tenso.
— Sim. Claro. E sempre há a chance de que uma de suas mensagens
tenha chegado até eles. Isso lhes daria a esperança de que ainda estamos
indo buscá-los, não é? Eu tenho que acreditar nisso.
— Espero que sim, — disse Elzar. Enquanto os Nihil bloqueavam todas
as transmissões dentro e fora da Zona de Oclusão, Elzar passou meses
transmitindo uma série de mensagens em um amplo espectro de canais e
frequências, algumas delas antigas e arcanas, derivadas de descobertas nos
Arquivos Jedi. Esperava que servissem como um lembrete para todos os
Jedi, todos os seres, dentro da Zona de Oclusão de que os Jedi estavam ao
lado deles, não importa o que. Que ainda havia esperança. Que juntos, a
República e os Jedi encontrariam uma maneira de trazê-los para casa, ou
libertá-los da opressão sob a qual se encontravam.
Só esperava que de alguma forma, em algum lugar, as pessoas tivessem
ouvido.
Elzar esfregou o queixo pensativamente, reagindo com perplexidade às
cerdas curtas e pontiagudas que espetavam sua palma. Será que tinha
passado tanto tempo assim desde que se barbeou?
— Fica bem em você, — disse a Chanceler com um sorriso sarcástico.
Elzar balançou a cabeça.
— Oh não. Eu não fico...
A Chanceler Soh sorriu.
Não estou tentando cultivar uma barba como Stellan, Elzar terminou,
silenciosamente. Ele desviou o olhar, respirou fundo e expirou.
— Desculpe, Elzar. Não quis te constranger, — disse Soh. Ela sorriu,
mas estava tingido de tristeza. Ela baixou a voz. — Todos estamos sentindo
a pressão. Especialmente hoje, entre todos os dias. — Ela deixou isso pairar
por um momento. — Como você está? Realmente.
Elzar encontrou o seu olhar. Como poderia ser que uma pessoa
carregando um fardo tão tremendo pudesse pensar nos outros,
especialmente em um dia como hoje?
— Só espero que os Nihil não estejam planejando marcar a ocasião, —
disse ele.
— Eles estão quietos há um mês, — disse Soh.
— Eles continuaram a saquear alguns dos sistemas mais afastados, —
contra-argumentou Elzar.
— Sim, mas a nossa inteligência, por mais limitada que seja, não sugere
ataques em grande escala, — disse Soh. — Mesmo assim, a Coalizão de
Defesa da República está em alerta máximo. Estabelecemos medidas de
precaução e posicionamos frotas próximas a quaisquer alvos vulneráveis ao
longo da fronteira da Zona de Oclusão. — Ela endireitou as costas,
sentando-se em sua cadeira como se estivesse mudando a sua postura da
mais pessoal e aberta Lina Soh que o cumprimentara para a oficial Suprema
Chanceler da República. Como se, por esse simples ato, ela estivesse
tentando se convencer tanto quanto Elzar. — Não estamos antecipando
problemas.
— Eu espero que você esteja certa, — disse Elzar.
A Chanceler piscou, inspirou e levantou-se, fazendo com que os dois
targons se movessem ao lado dela.
— Agora, é hora de fazer aquele discurso.
SISTEMA RIBENTO

A Tratado emergiu do hiperespaço. Alarmes de proximidade


eclodiram, rudes e intrusivos. Luzes de aviso piscavam em vermelho,
estroboscópicas e intensas. Membros da tripulação gritavam, corriam,
clamavam por atenção.
— Três embarcações Nihil
— Estão bombardeando o planeta da órbita
— Eles nos viram.
Bell fechou os olhos. Respirou fundo e longamente, limpando a mente.
Concentre-se... Concentre-se...
Os seus olhos se abriram novamente.
— Preparem-se, — disse ele. A sua voz era firme, nivelada, mas de
alguma forma parecia cortar através da cacofonia de alarmes e gritos tensos.
Em suas estações, a tripulação segurava as cadeiras e consoles enquanto a
Tratado estremecia, fogo de laser varrendo o seu flanco esquerdo. Mais
alarmes trilhavam. Uma chuva de faíscas espirrava do teto. Ember deu um
latido de aviso.
— Arrrwooo, — murmurou Burryaga.
— Sim, — disse Bell. — Quatro naves Nihil.
— Relatório de danos! — bradou a Capitã Pel.
— A câmara de ar de estibordo está ventilando, mas a integridade está se
mantendo.
— Dê a volta, — ordenou Pel. — E faça os Hintis enviar reforços,
agora!
— Sim, Capitã.
O nariz em forma de martelo da Tratado mergulhou enquanto girava
para a direita, varrendo o cenário e presenteando Bell e os outros com a sua
primeira visão real do sistema Ribento para o qual emergiram. Era glorioso,
com estrelas binárias brilhantes dançando majestosamente com três corpos
planetários, o planeta Ribento e as suas duas luas habitáveis, Morlas e Tho,
mas a visão estava atualmente manchada pelos destroços espalhados do que
pareciam ser antigas estações avançadas, e pela presença de várias naves
Nihil.
Três delas eram naves menores, desiguais, típicas dos Nihil, montes de
sucata, um casamento de peças mal ajustadas recuperadas de destroços ou
roubadas de vítimas sequestradas, enquanto a outra era totalmente mais
familiar.
A Cacofonia. A nave de Melis Shryke. A senhora da guerra Nihil que
havia levado o Grão-Mestre Veter bem debaixo de seus narizes e travado
uma campanha de terror através dos mundos dispersos na fronteira da Zona
de Oclusão.
— Finalmente, — suspirou Bell, com o peito apertado. Uma chance de
corrigir um erro. De colocar Melis Shryke de joelhos. A oportunidade que
estava esperando.
— Despachem os Skywings, — ordenou Pel.
Quarik transmitiu a ordem.
Oito das pequenas naves de combate em forma de seta da República
foram lançadas do hangar da Tratado, se desviando para formar dois
esquadrões.
No momento, a Cacofonia estava lançando fogo de canhão da órbita
sobre um assentamento em chamas no planeta Ribento, presumivelmente a
origem do chamado de socorro. As outras naves Nihil menores estavam
virando em sua direção. Uma delas, uma nave de combate com um olho
azul brilhante pintado em seu flanco, desapareceu ao entrar no hiperespaço.
— Ponto de mira sete-nove-marca-três-dois-cinco com um míssil, —
disse Bell.
— Mas não há nada lá, — disse Pel.
— Confie em mim, — disse Bell. Ele estava operando por instinto
agora, permitindo que os seus sentidos se estendessem além dos limites da
nave, para sentir cada pequeno tremor na Força.
— Alvo encontrado, — chamou o artilheiro, um Kel Dor alto e magro
chamado Pha Rool. A sua voz estava ligeiramente abafada pela presença da
sua máscara, que todos os Kel Dors eram obrigados a usar em ambientes
oxigenados.
— Atire! — bradou Pel.
O míssil, um dos apenas seis transportados pela Tratado, disparou de seu
alojamento com um rugido de ignição, riscando o vazio em direção à
estrela.
Segundos se passaram. Pel se virou para olhar Bell, com a frustração
franzindo a sua testa. As outras duas naves Nihil menores se aproximaram
de sua posição.
— Espere, — disse Bell, levantando a mão para pedir paciência. —
Espere...
E então a nave de combate Nihil emergiu de sua Trilha de Hiperespaço
diretamente na trajetória do míssil que se aproximava. Não havia nada que
pudessem fazer. Sem tempo sequer para reagir, o míssil colidiu com as
placas ablativas no lado do nariz da nave, fazendo com que toda a nave
irrompa em chamas ardentes, espalhando o que restava dela como poeira
entre as estrelas.
Bell sentiu várias luzes se apagando na Força, e fez uma careta.
Um grito de triunfo irrompeu da tripulação. Pel olhou para Bell com um
olhar que era metade respeito, metade suspeita.
— Mais chegando!
— Manobras evasivas!
A Tratado deu uma guinada enquanto os propulsores traseiros
disparavam, enviando a nave para um mergulho profundo. Uma série de
disparos de canhão da segunda nave Nihil rasgou a nadadeira do nariz do
lado a bombordo enquanto viravam, passando perto do centro de comando
onde Bell e os outros estavam.
Quatro dos Skywings caíram por trás dela, com os canhões laser
estrondeando. Os outros circundaram, se preparando para enfrentar a nave
Nihil restante.
— Precisamos alcançar a Cacofonia, — disse Bell. — Os Skywings
podem lidar com os caças.
Burry assentiu, fazendo as suas tranças tilintarem. Em Shyriiwook
rosnante, ele sugeriu que eles se dirigissem para os seus Vetores.
— Sim, — disse Bell. Ele se virou para Pel. — Mas você pode nos
aproximar primeiro?
— Claro. Quarik, leve-nos até lá, — disse Pel.
A Tratado deslizou pra frente, ganhando velocidade enquanto os seus
motores de subluz queimavam.
Próximo, visível através do visor frontal, quatro dos Skywings haviam
pegado uma das naves Nihil em um movimento de pinça apertada. Canhões
piscavam.
A nave Nihil floresceu como uma estrela furiosa.
Em outro lugar, o restante dos Skywings estava perseguindo a nave
Nihil restante. Não demoraria muito para que, também, fosse apenas poeira
estelar.
Bell sentiu uma onda de esperança.
Desta vez.
Desta vez, conseguimos fazer isso.
À frente da Tratado, a Cacofonia havia interrompido o seu bombardeio a
Ribento e estava se virando lentamente, afastando-se do poço gravitacional
do planeta para enfrentá-los.
Bell cutucou Burryaga no braço.
— Espero que esteja pronto para lutar.
Burryaga jogou a cabeça pra trás e emitiu um rugido desafiador.
— Preparem os canhões, — ordenou Pel, inclinando-se para a frente em
sua cadeira de comando. — Bombardeio pela proa assim que estivermos
dentro do alcance. E mantenham os mísseis prontos. Lembrem-se, estamos
mirando para incapacitar, não destruir. Queremos aquele motor de Trilha.
— Sim, Capitã, — veio o coro de respostas.
A Tratado continuou o seu ataque em direção ao saqueador Nihil.
— Nós os manteremos ocupados enquanto vocês se posicionam, —
disse Pel, olhando para Bell, seus olhos firmes. — Mas lembrem-se,
reforços estarão chegando em breve. Não há necessidade de correr riscos
desnecessários. Eu sei que vocês são Jedi, mas ainda fazem parte desta
tripulação.
Bell assentiu. Pel também estava lá quando Pra-Tre Veter foi capturado.
Ela claramente não estava pronta para ver mais Jedi sendo capturados sob a
sua supervisão.
— Vou mirar nos propulsores de subluz. Burry vai atrás dos sistemas de
armas. Se pudermos mantê-los presos até a chegada dos reforços, teremos
uma chance.
O Wookiee concordou, já seguindo para a traseira da nave onde seus
Vetores aguardavam no hangar de implantação.
— Esperem! — chamou Quarik.
Bell se virou.
— O que foi?
— Eles saíram do poço gravitacional do planeta. Estão ativando o motor
de Trilha.
Bell pausou, encarando a Cacofonia enquanto ele piscava subitamente
para o hiperespaço, desaparecendo da vista.
— Eles ativaram o motor de Trilha, — disse Pha Rool.
— Eles fugiram? — perguntou Pel.
Bell lutou contra uma maré de frustração crescente.
Tão perto. Novamente.
Outro fracasso.
— Parece que sim, — disse Quarik. — Não estou detectando nenhum
sinal deles.
Pel praguejou entre dentes.
— Tudo bem, vamos chamar os Skywings assim que, — As palavras
restantes foram perdidas quando o estrondo tonitruante de disparos de
canhão varreu o topo de seu casco, fazendo toda a nave tremer. Mais
alarmes tocaram enquanto os símbolos de aviso vermelhos piscavam em
leituras por toda a ponte.
— Relatório!
— É a Cacofonia! Eles saíram de uma Trilha de Hiperespaço direto
sobre nós, — berrou Pha Rool.
— E eles lançaram mais naves, — disse Quarik, sua voz tensa. — Estão
vindo direto até nós.
SISTEMA RIBENTO

Melis Shryke estava começando a entender por que Marchion Ro


e o resto dos Nihil abrigavam um ódio ardente pelos Jedi.
Havia se juntado às fileiras deles há apenas seis meses, depois que o
assim chamado Ministro da Proteção dos Nihil, um feroz Mirialano vestido
com uma armadura preta cravejada e referido pelos outros Nihil como a
General Viess, chegou à cidade de Jodzia, em seu planeta natal de Bantoo,
exigindo dízimos. Quando o prefeito da cidade se recusou a pagar esses
dízimos, alegando que os Nihil agiram ilegalmente ao erguer a Muralha de
Tempestade e isolar Bantoo dentro da Zona de Oclusão Nihil, Shryke
assistiu da sua sacada enquanto os Nihil devastavam a cidade como uma
tempestade furiosa, nivelando três distritos inteiros, disparando a sua atroz
'música' e assassinava violentamente quem atravessasse o caminho deles.
Deveria ter ficado chocada. Deveria ter chamado a mobilização da
guarda da casa, tentado proteger os cidadãos. Deveria ter feito o que a sua
família estava destinada a fazer e enfrentar a catástrofe. Resistir aos
opressores monstruosos. Porque, como o seu pai sempre lhe dizia, membros
da família Shryke eram os únicos autorizados a oprimir alguém em Jodzia.
Mas Melis Shryke não fez nada disso.
Em vez disso, simplesmente permaneceu na sacada e observou,
hipnotizada, enquanto os Nihil arrasavam as ruas, deixando um rastro de
destruição e cadáveres ensanguentados por onde passavam.
Além disso, ela gostou disso. Na verdade, se deleitou com isso. Viu-se
atraída pela pureza das ações dos Nihil; a honestidade inerente à sua
brutalidade. Aqui, decidiu, estavam seres não impedidos por imperativos
sociais, pelos rituais e regras enfurecedores que sempre guiaram a sua vida
como filha de uma casa preeminente. Regras que transformaram a sua vida
em uma prisão. Aqui, entre os Nihil, estavam pessoas que entendiam a
alegria de se abandonar completamente. Cujo o código era viver de acordo
com os seus impulsos, ceder aos seus desejos básicos sem questionamento,
preocupação ou culpa. Que pegavam o que queriam e diziam exatamente o
que pensavam. E que tinham uma bela e devastadora aptidão para a
violência.
Para uma mulher que viveu toda a sua vida como herdeira de uma
fortuna nobre, que foi vestida e cuidada e exibida por toda a sua vida, que
nunca foi autorizada a dizer, ou fazer, ou agir como desejava, era totalmente
intoxicante. Pra ela, os Nihil eram livres de uma maneira que nunca poderia
ter imaginado que alguém pudesse ser livre. E, na General Viess, finalmente
encontrou alguém para admirar. Um ser que vivia a sua vida exatamente
como Shryke sempre quis viver a dela.
Então, pela primeira vez em sua vida, permitiu que os seus próprios
impulsos guiassem o que aconteceria em seguida.
Primeiro, decidiu que precisava de algo mais apropriado para vestir.
Algo que Viess, em sua armadura resplandecente, pudesse apreciar.
Vestiu-se rapidamente em sua própria armadura cerimonial, forjada pra
ela usar durante os desfiles ostensivos que a sua família fazia pela cidade a
cada estação. Embora detestasse a pompa e circunstância por trás desses
eventos, sempre amou a armadura em si, a carapaça azul cintilante, o peso
das placas sobre os seus ombros e costas, a maneira como o cobalto polido
contrastava com o branco puro de seus cabelos trançados. Vestindo-a, se
sentia poderosa. Como se pudesse fazer qualquer coisa ou ser qualquer
pessoa.
Uma vez devidamente vestida, tinha tirado a arma do pai da gaveta do
escritório dele e atirou no miserável onde ele dormia. Não sentiu perda ou
culpa pela morte do homem, ele mal tinha sido um pai exemplar pra ela, e
ainda o responsabilizava pela morte de sua mãe. Na verdade, sentiu um
grande senso de libertação no momento em que puxou o gatilho e viu a
percepção chocada fugir de seus olhos.
Em seguida, virou a arma para o conselheiro-chefe de seu pai até que o
Neimoidiano finalmente foi persuadido a abrir o cofre da família (levou as
mortes de dois de seus capangas para convencê-lo de que estava falando
sério). Pegou o máximo de créditos que pôde carregar, e então saiu do
palácio e foi para as ruas arruinadas.
Enquanto a fumaça negra de seu povo queimado se enrolava pelo ar, se
aproximou da General Viess, colocando o monte de créditos aos pés da
mulher.
— Eu pagarei os seus dízimos. Mas quero entrar.
Viess lhe ofereceu um sorriso achando graça, observando a sua
armadura brilhante, com a sua postura desafiadora, e depois deu um aceno
breve.
Agora, seis meses depois, Shryke estava comandando a sua própria
nave, a Cacofonia, e a sua própria tripulação, realizando saques além dos
limites exteriores do espaço Nihil. Inserindo o medo da morte naqueles que
poderiam ter considerado se revoltar contra o novo regime. Continuando o
bom trabalho de Marchion Ro e do seu povo, trazendo caos e desordem à
galáxia. Chovendo morte e colhendo créditos.
E, o mais importante, se divertindo. Pela primeira vez em sua vida.
E agora os Jedi queriam estragar tudo. Só queria matá-los, para que
parassem de ficar no seu caminho. Essa era a lição que aprendeu com os
Nihil. E era a única lição que realmente importava.
Matar não fazia parte da missão, no entanto. Infelizmente. Viess ordenou
que os trouxesse até ela. Para capturá-los vivos e levá-los de volta à base
Nihil em Hetzal. Mais comida para aquelas criaturas horríveis que Ro
mantinha trancadas no porão, ou desfilava com uma coleira elétrica, assim
como aquele Tarnab que trouxe há alguns meses.
Agora, isso era uma luta digna. Estava grata pela tecnologia Nihil na
época, gerando um campo para evitar que o sabre de luz do Jedi
funcionasse, depois que pegaram a sua nave incapacitada. A expressão em
seu rosto tinha sido digna de prêmios.
Não que se desse a esse luxo desta vez. Parece que não haviam
geradores de campo suficientes para todos.
— E agora, Tormenta?
Shryke olhou para o Caphex diminuto, atualmente relaxando na estação
do piloto, uma perna apoiada de maneira descontraída sobre o braço da
cadeira. Todos os Nihil eram esperados a usar o símbolo do Olho, pintado
em seus corpos ou em suas armaduras, e Bryn o usava espiralado na testa
em tinta azul.
— Eu já disse para não me chamar assim, Bryn.
Bryn deu um sorriso divertido.
— Você entende que é um sinal de respeito, certo? Você não é uma
Executora da Tempestade, mas está tudo bem pra nós. Então, é Tormenta.
Shryke considerou apagar o sorriso convencido do rosto deles com a sua
pistola, mas então supôs que eles estavam certos. Talvez devesse aceitar.
Era apenas que pensava que tinha terminado com os títulos quando
renunciou à sua família e a qualquer conexão com a sua antiga vida.
Deu de ombros.
— Tanto faz. Agora, tenho coisas mais importantes na mente.
— Certo. Como esses malditos Jedi.
— Sim. Eles estão se tornando um verdadeiro espinho no meu pé. —
Shryke riu. — O que me dá uma ideia...
Bryn a observou por um momento, antes que a luz da compreensão
finalmente alcançasse os seus olhos. Eles desceram a perna da borda da
cadeira.
— Oh. Oh. Eu gosto da maneira que pensa. — Eles se inclinaram sobre
os controles, os dedos deslizando sobre o teclado. — Vamos com tudo? O
pacote completo? Os seis?
Shryke balançou a cabeça.
— Não. Ainda não. Dois devem ser suficientes para parar aquela
monstruosidade da República. E cuidar do que quer que esteja dentro dela.
Bryn riu positivamente.
— Sopa de Jedi.
— Eu queria. Precisamos deles vivos, — disse Shryke. — Não se
esqueça. — Ela se virou, fazendo um gesto expansivo com os braços,
chamando a atenção dos outros Nihil na ponte. A sua tripulação. Os únicos
inteligentes o suficiente para ouvi-la. — Agora, onde está a música? — ela
chamou. — Não deveríamos estar nos divertindo?
Houve um brado ruidoso de aprovação à medida que os Nihil batiam os
pés e uivavam seu apoio. O estrondo de wreckpunk inundou o sistema de
alto-falantes improvisado, com as placas no chão tremendo à medida que a
marcha industrial reverberava por toda a nave.
Shryke fechou os olhos, deleitando-se no momento, na tensão crescente,
na onda de adrenalina, na adoração de sua tripulação, no barulho. Isso era
verdadeiro caos. Essa era a essência dos Nihil. E era lindo.
— Ao seu comando, — disse Bryn.
Shryke abriu os olhos e sorriu para o Caphex.
— Ataquem.
SISTEMA RIBENTO

— Mais naves? — disse Pel, levantando-se de sua cadeira de


comando na ponte da Tratado.
Bell correu até a tela para espiar as naves que se aproximavam.
Quatro novas naves de combate Nihil agora estavam envolvidas em uma
dança mortal com os Skywings, zumbindo como mosquitos ao redor das
duas naves maiores enquanto o bombardeio da Cacofonia continuava a
causar estragos no casco da Tratado.
Quarik estava fazendo o possível para traçar um caminho defensivo,
arrastando a volumosa nave através de manobras que nunca deveria realizar,
mas a Cacofonia estava acompanhando cada movimento deles, mais ágil,
mais poderosa.
Mais letal.
Agora, mais duas naves de aparência estranha, maiores do que as outras
naves de combate Nihil que haviam despachado, lançaram-se do
compartimento traseiro da Cacofonia, disparadas como armas projetadas
em plumas de luz cintilante. Eram diferentes das outras naves, menores,
mas ainda tipicamente Nihil em aparência, com placas de casco
descombinadas, marcadas e embaçadas de ferrugem e com sinais de
impactos antigos. Grafites haviam sido borrifados em seus flancos,
representando o brilhante e turbilhonante olho de Marchion Ro. Ficava
claro que as naves haviam sido construídas em torno do mesmo antigo
modelo industrial, ambas tinham cones nasais afunilados e espiralados que
brilhavam à luz fria do sol de Ribento.
E elas estavam vindo diretamente para a Tratado.
— Manobras evasivas! — ordenou Pel.
Tarde demais, Bell percebeu o que eram as naves Nihil: naves
perfuradoras. Antigas naves de mineração projetadas para perfurar
asteroides ou outras rochas e minerais, provavelmente compradas ou
roubadas de um sucateiro que as havia retirado de algum campo de batalha
esquecido abandonado após o final da Guerra Eterna entre E’ronoh e o seu
planeta vizinho, Eiram.
O lugar onde o Farol Luz Estelar caiu. O lugar onde Burry quase
morreu, e tantos outros foram perdidos. O lugar de nossa maior vergonha.
Os Nihil estavam tentando lembrá-los de tudo o que haviam perdido.
E estava funcionando.
Quarik lutava desesperadamente com os controles de voo, tentando girar
a Tratado ao redor, mas era tarde demais.
A Cacofonia havia armado a sua armadilha, e não havia nada que
pudessem fazer.
A primeira nave perfuradora atingiu o flanco a bombordo com um
impacto estrondoso, fazendo a nave inteira se inclinar. Bell sentiu tanto
quanto ouviu a ponta da broca perfurar o casco da Tratado, rasgando as
placas de metal com um rangido doentio. Virou-se, com os olhos se
arregalando enquanto conectava à Força para impedir que Amaryl Pel fosse
arremessada pela força do golpe. Soltou-a suavemente conforme a nave
lentamente se endireitava.
— Temos uma violação! — berrou Quarik, examinando as leituras na
tela de dados em seu console.
Pel olhou para Burry, que a estava ajudando a se levantar.
— O que em nome...?
Ela foi interrompida pelo baque de múltiplos garras se engajando. O
gemido do casco sob o peso da nave perfuradora pressionando contra eles.
Bell sabia o que estava por vir.
O ar se encheu com o agudo zumbido do mecanismo perfurador,
enquanto a nave perfuradora começava a se aprofundar no lado da Tratado,
fazendo com que toda a nave trepidasse e vibrasse.
— Fechem as portas de segurança antes de ventilar! Isolem a ruptura! —
berrou Pel.
— Sim!
Bell se firmou quando a segunda nave perfuradora atingiu o flanco de
estibordo, adicionando o seu zumbido agudo ao do seu gêmeo.
Dentro de momentos, ambas seriam atravessadas, a Tratado estaria
apertada entre as duas naves invasoras. E com as portas de segurança
fechadas, não havia como alcançar os Vetores deles.
— Eles vão atravessar a nave inteira! — disse Pha Rool. — Não restará
nada.
— Os pods de fuga ainda estão acessíveis? — disse Bell.
Pel assentiu. Ela parecia abatida.
— Então, acho que não temos escolha.
— Todos os tripulantes, abandonem a nave! — berrou Pel. — Repito,
todos os tripulantes, abandonem a nave! Para os pods de fuga agora!
Era um lance perigoso. Os pods de fuga seriam alvos fáceis para os
Nihil. Mas permanecer na Tratado já não era uma opção.
— Capitã, há relatos de combate, — disse Quarik. Nenhum dos
membros da ponte abandonara os seus postos, apesar da ordem da capitã.
Eles esperariam até o último minuto possível para garantir que o maior
número possível de membros da tripulação escapasse primeiro. — Fomos
invadidos por droides capangas, passando pelos buracos feitos pelas naves
perfuradoras. Alguns deles passaram antes que as portas de segurança se
fechassem.
Bell se virou com o som de vrroosh de um sabre de luz se acendendo.
— Rrrrawww waaarrghh, — disse Burry.
— Sim, — disse Bell. Ele puxou o seu próprio sabre de luz de sua
bainha, acendendo a lâmina. — Eu também. — Bell encontrou o olhar de
Burry. — Um pra cada?
— Warraarrr, — disse Burry, enfaticamente.
Bell se virou para Pel.
— Vamos cobrir a evacuação. Tire o seu pessoal desta nave.
Virou-se e saiu da ponte, correndo pelo corredor central ao lado de
Burry antes de se desviar, Bell para o lado a bombordo, Burry para o lado a
estibordo.
Ao seu redor, o som torturado da nave preenchia o ar à medida que o
casco era despedaçado. A única coisa que os protegia da destruição total
eram as portas de segurança seladas, mas o suprimento de oxigênio não
duraria muito tempo, e havia a chance de que a integridade da Tratado
falhasse a qualquer momento.
Precisava agir rápido.
À frente, o som de tiros de blaster cortava o gemido leviatã da nave
moribunda. Impulsionou-se mais rápido, contornando uma curva, com o seu
sabre de luz se movendo para desviar um tiro de blaster perdido.
Soldados da CDR mortos jaziam pelo chão do corredor. Outros, um
grupo de seis liderado por um Togruta com montrais grandes azuis e
brancos, estavam devolvendo fogo a um grupo de droides capangas mais
adiante no mesmo corredor.
Havia pelo menos dez dessas figuras humanoides altas, com os seus três
olhos vermelhos e assimétricos vívidos e brilhantes. Cada um ostentava o
símbolo borrifado do olho de Marchion Ro, grande e orgulhoso em seus
peitos, e estavam pesadamente armados com blasters. Eram velhos, tão
velhos que Bell ficou surpreso que ainda estivessem de pé, com as suas
carcaças externas amassadas e marcadas por remendos de ferrugem, mas
não menos mortais por isso.
Os droides apresentaram as suas armas.
Os soldados da CDR se prepararam.
Bell afrouxou os ombros, segurando o punho de seu sabre de luz com as
duas mãos, e avançou.
— Saiam do caminho! — ele berrou para os soldados da CDR. —
Evacuem agora! Eu vou cobrir vocês. — Ele impulsionou-se para fora da
parede com um pé, se impulsionando no ar, usando a Força para aumentar a
extensão de seu salto. O seu sabre de luz verde, que um dia pertencera a
Rana Kant, piscava enquanto descia no meio dos droides apertados,
removendo a cabeça de um, cortando outro do ombro ao quadril.
Girou, trazendo o seu sabre de luz para cima e ao redor, removendo a
perna de um outro droide no joelho e fazendo-o tombar pesadamente,
forçando mais dois a recuar enquanto caía no chão.
O corredor havia explodido em tiros de blaster, vindo de todas as
direções. Bell dançava, tecendo entre a chuva de plasma abrasador, com o
seu sabre de luz girando ao redor dele para desviar aqueles que se
aproximavam demais.
Vários dos droides haviam avançado contra os soldados da CDR e agora
estavam trancados em uma amarga troca de tiros à curta distância, enquanto
a nave inclinava, lançando os combatentes ao redor.
Quatro droides adicionais estavam quase em cima de Bell. Eles se
aproximaram, sincronizando o seu ataque, movendo-se com uma
velocidade que desmentia as suas formas volumosas. Bell se esquivou,
socando o seu sabre de luz pelo peito de um droide, fazendo-o explodir em
um halo crepitante de descarga elétrica.
Mas foi muito lento para evitar o soco trovejante de outro, que pegou o
seu ombro esquerdo e o fez cambalear para trás, caindo no chão no meio
dos destroços de outro droide.
Ainda conseguia ouvir o som de metal retorcido enquanto o casco
perfurado além das portas de segurança continuava a se curvar e torcer.
Mais rápido, Bell.
Dê a eles mais tempo para escapar.
Agora que havia mais espaço no corredor estreito, os droides restantes
estavam se movendo com maior precisão e velocidade. Eles avançavam,
com os blasters disparando, borrifando-o com uma tempestade de raios
efervescentes. Bell mal conseguia erguer o seu sabre de luz a tempo de
desviá-los, enviando-os assobiando em direções aleatórias.
Cravou os calcanhares no chão, empurrando-se pra trás até ter espaço, e
então girou para a esquerda, se lançando no ar, seu sabre de luz girando ao
redor dele como um escudo. Aterrissou, girou a lâmina para cima e para
fora, e a cravou na garganta de outro droide. Este se contorceu e tombou
para trás, suas extremidades ainda chutando loucamente.
Mais dois.
Bell avaliou a distância entre eles. Em seguida, fechou os olhos,
conectando-se à Força. Agarrou um dos droides, usando a Força para
arrastá-lo em sua direção, empalando-o com o seu sabre de luz mesmo
enquanto tentava levantar o braço para disparar.
O droide restante fez exatamente isso, disparando um tiro certeiro na
cabeça de Bell, mas, quase preguiçosamente, balançou o seu sabre de luz
para cima, enviando-o de volta diretamente para o droide. O tiro atingiu a
máquina na cabeça, e ela caiu sem outro som.
Mais adiante no corredor, os soldados da CDR haviam conseguido
derrubar dois dos droides, mas haviam sofrido várias perdas próprias. Dois
deles, ambos humanos, estavam agora pressionados contra a parede pelo
último droide, que fechava os punhos, tentando sufocar a vida deles.
Bell pesou o punho de seu sabre de luz em sua mão direita. Então,
semicerrando os olhos, lançou-o como um dardo. Cintilou e zumbiu
enquanto navegava pelo ar, empalando o droide pelo lado da cabeça. As
suas mãos se abriram, soltando os soldados ofegantes enquanto ele
cambaleava pra trás e então caía.
Bell estava esperando para pegar o punho de seu sabre de luz quando ele
rolou para longe. Ele se virou para os dois soldados.
— Vão para um pod de fuga. Agora.
Então saltou sobre os restos do droide e se apressou de volta pelo
corredor por onde veio.
Um momento depois, irrompeu de volta na ponte. Burry já estava lá, de
pé junto à tela frontal, espiando a íngreme curva de Ribento diante deles.
— Por que você ainda está aqui? — ele chamou. — Vamos! A nave está
se despedaçando!
Mas então viu. O espaço ao redor da nau em desalinho da Tratado estava
cheio de naves da CDR.
Os reforços haviam chegado.
Eles ficariam bem.
— Onde está a Cacofonia? — ele disse, entre respirações ofegantes.
Pel se virou para encontrar o olhar de Bell. A sua expressão estava
cansada, mas os seus olhos eram penetrantes, transbordando de raiva
reprimida.
— Acabou, — ela disse, entre dentes cerrados. — Ela fugiu assim que
os reforços chegaram. Ela se foi.
CORUSCANT

— Nós todos somos a República.


A Chanceler Soh pausou por um momento para permitir que as suas
palavras pairassem, ganhassem peso. Olhou de um lado para o outro,
absorvendo a extensão completa do Senado movimentado.
Elzar observava de uma varanda muito abaixo, ao lado de JJ-5145. A
vasta câmara estava silenciosa, e a tensão era palpável.
— O que isso realmente significa? — continuou a Chanceler a partir de
seu púlpito. — São só palavras? É só um lema sem pensar que todos nós
jogamos por aí sem considerar a sua verdadeira intenção? — Ela manteve o
olhar, olhando diretamente para a reluzente variedade de lentes de câmera
que pairavam diante dela, desafiando qualquer um que ousasse desviar o
olhar. — Talvez para alguns, isso seja tudo o que essas palavras já
significaram. Para os nossos inimigos, certamente, elas são motivo de
zombaria. Mas isso é porque eles não entendem a força que pode ser
encontrada na unidade. Enquanto nós, da República, compartilhamos um
propósito comum, compartilhamos também valores comuns. A compaixão
por nossos semelhantes. Um desejo de elevar uns aos outros, de ajudar onde
a ajuda é necessária, de crescer. E de fazer isso juntos.
— Isso é o que os Nihil não entendem. Isso é por que, quando eles
tentam nos derrubar, isso apenas alimentam a nossa determinação e nos
torna mais fortes, mais unidos do que jamais fomos antes. A nossa dor
compartilhada nos torna mais fortes, precisamente porque a
compartilhamos.
— Amanhã é o aniversário de um ano da destruição do Farol Estelar.
Um momento sóbrio. Um dia lamentável. Todos nós lamentamos a sua
terrível perda, juntamente com as vidas daqueles que morreram a bordo,
que se sacrificaram para que outros pudessem viver. O Farol já foi um
símbolo de esperança. Os nossos inimigos querem transformá-lo, em vez
disso, em um símbolo de medo e opressão. E por um tempo, parecia que
eles teriam sucesso. — Ela ergueu o queixo, inclinando a cabeça. — Mas
somos mais fortes que isso. Então, quando digo que Nós. Somos. Todos. A.
República, — ela cutucou o dedo junto com cada palavra para enfatizar o
seu argumento, — eu não quero dizer apenas aqueles que vivem dentro dos
limites de nosso grande domínio compartilhado, mas também todos aqueles
que carregam a República em seus corações. Aqueles que compartilham os
nossos valores, que anseiam ver a galáxia retornar a um estado de paz.
Aqueles que, mesmo agora, estão presos por trás do ilegal Muro de
Tempestade dos Nihil, fundo na Zona de Oclusão, cortados do resto da
galáxia, mas ainda mantendo a esperança em seus corações.
— Digo a esses seres agora, mesmo que não possam ouvir as minhas
palavras: Estamos com vocês. E iremos atrás de vocês e de todos que
precisam de nossa ajuda. Nós encontraremos um caminho. — Elzar notou a
leve rachadura em sua voz, a forma como o seu queixo se erguia com
determinação. Ela não estava simplesmente se dirigindo a alguma
população abstrata de estranhos do outro lado da galáxia, ela estava se
dirigindo ao filho dela.
Ela estendeu os braços, gritando para os membros reunidos do Senado.
— A República prevalecerá.
Um rugido estrondoso de aprovação ecoou por toda a câmara do Senado.
Elzar se juntou, embora não pudesse deixar de se perguntar como a
Chanceler esperava cumprir tais promessas. A fé era fundamental para um
Jedi, fé na Força, na Ordem, uns nos outros, mas havia um ponto em que
essa convicção se tornava fé cega. Tornava-se tanto uma necessidade quanto
um caminho para a verdade.
Deveria saber.
A Chanceler esperou que os aplausos se acalmassem, respirou fundo e
então soltou o ar. Quando ela falou novamente, com o seu tom era mais
suave, mais medido. — Houveram muitas especulações, na véspera deste
aniversário fatídico, sobre se os Nihil planejam marcar a ocasião com outro
ataque. Deixe-me garantir a vocês agora, a Coalizão de Defesa da
República, juntos com os nossos aliados na Ordem Jedi, estamos fazendo
tudo o que podemos para garantir que isso não aconteça. Nós vamos
protegê-los. Não haverá repetição dos horrores do ano passado. Ninguém
será machucado.
Elzar sentiu uma pontada de incerteza na convicção de sua voz. Este era
um discurso projetado para tranquilizar e apaziguar, para acalmar o medo
que se espalhava pelos mundos da República. Mas era baseado na
esperança tanto quanto na verdade.
— Além disso, posso dizer-lhes agora que entrei em um diálogo com um
representante sênior dos Nihil e fui assegurada de que, embora não haja
suspensão imediata das hostilidades, eles não têm planos de se envolver em
atividades terroristas contra a República. Nosso dia de luto passará sem
incidentes.
Um silêncio se abateu sobre a multidão reunida. Elzar examinou os seus
rostos. Essa última revelação era novidade para muitos deles, que uma
representante dos Nihil, na forma de Ghirra Starros, uma ex-senadora, havia
se comunicado com a Chanceler Soh na semana anterior, se não para
pleitear pela paz, exatamente, mas para tentar abrir canais diplomáticos.
Sob conselho do Conselho Jedi, a Chanceler havia respondido friamente
a essas inesperadas aproximações, argumentando que a República precisaria
ver alguma evidência das intenções dos Nihil se o Senado sequer começasse
a considerar a noção de diplomacia. E assim Ghirra fez barulhos
encorajadores para sugerir que os Nihil, e Marchion Ro, permitiriam que o
aniversário da queda do Farol passasse despercebido.
Enquanto a Chanceler concluía o seu discurso, continuando a oferecer
garantias, Elzar se virou para JJ-5145.
— Espero que ela esteja certa, 45, — disse, mantendo a voz baixa.
— O tom de sua voz sugere que você não acredita que ela esteja, Mestre
Mann.
Elzar lançou a JJ-5145 um olhar de lado.
— Você entendeu mal, 45. É exatamente porque eu espero que ela
esteja.
O droide emitiu o que Elzar interpretou como uma aproximação de um
ruído pensativo, embora fosse verdadeiramente mais um longo e
melancólico bipe que soava mais como se JJ-5145 estivesse desligando.
— Você acredita que um ataque dos Nihil é iminente?
— Todos nós estamos pensando nisso, 45. Mas, como com muitas coisas
nesta vida, nenhum de nós pode ter certeza.
Elzar se virou para ver o Grão-Mestre Ry Ki-Sakka se aproximando. Ele
estava usando as suas vestes de templo, com o capuz abaixado, revelando o
seu rosto barbudo e olhos afiados. As suas mãos estavam dobradas dentro
de suas mangas volumosas.
— Grão-Mestre, — disse Elzar, inclinando a cabeça em reconhecimento.
Ki-Sakka havia sido promovido após a perda do Farol e o desaparecimento
do Grão-Mestre Pra-Tre Veter.
— Menos formalidades, Elzar, — disse Ry, com um som de tut leve e
repreensivo. — Eu sei que a Chanceler precisa manter as suas poses e
graças para o Senado, mas desde quando o rebelde Elzar Mann começou a
respeitar as regras? — Ele sorriu calorosamente, numa evidente tentativa de
deixar Elzar à vontade.
— Praticamente de um ano pra cá, — disse Elzar, com a sua voz
nivelada.
Ry acenou solenemente.
— Bem, sinto muito ouvir isso, Elzar. Quando tudo é dito e feito, ser
verdadeiro consigo mesmo é o único caminho para verdadeira paz.
Elzar se irritou.
— Talvez eu esteja sendo verdadeiro comigo mesmo. Talvez eu tenha
mudado. Aprendi algumas lições difíceis. Aceitei as minhas
responsabilidades e o dever que carrego para com a Ordem.
Ry o estudou por um momento. Ele deu um suspiro quase imperceptível.
— A guerra contra os Nihil nos mudou a todos, de maneiras diferentes.
Elzar assentiu, sem saber se isso era a capitulação de Ry, ou
simplesmente uma mudança de assunto.
— Mudou.
— Você está preocupado?
— Não estamos todos?
— O que você passou no Farol... Deve ser difícil. Ter sobrevivido. Ser
aquele que viveu. — Ry colocou a mão no ombro de Elzar. Ele apertou
firmemente. — E agora tudo isso. Chavões e garantias na véspera do
aniversário. Isso traz tudo de volta, não?
Elzar rangeu os dentes. O que Ry estava insinuando?
— Sim. E é por isso que devemos estar vigilantes. Você realmente acha
que Marchion Ro não vai aproveitar a oportunidade para se gabar? Para
torcer a faca que ele deixou enterrada em nossas entranhas? Mesmo agora,
ele provavelmente está planejando algum tipo de incursão ou ataque,
incitando as suas tropas, enchendo as suas cabeças de promessas de poder e
rebelião contra a República.
Ry retirou lentamente a mão, deslizando-a de volta nas mangas de sua
túnica.
— Você está certo. Não tenho dúvidas de que o Olho dos Nihil está
fazendo todas essas coisas e mais.
— Então, por que não estamos fazendo algo? — disse Elzar.
— O que mais você gostaria que fizéssemos? As forças da Coalizão de
Defesa da República, apoiadas pelos Jedi, estão posicionadas perto de todos
os alvos vulneráveis, incluindo Coruscant. Não estamos deixando nada ao
acaso. Outros patrulham as fronteiras do Muro de Tempestade. Outros
ainda, como Bell e Burryaga, ou Mirro e Amadeo, estão tentando garantir
para nós um motor de Trilha Nihil para que possamos encontrar uma
maneira de romper o muro. Ainda outros, como Reath e Emerick, buscam
uma solução para o problema dos Inomináveis. E as nossas mentes mais
brilhantes trabalham incansavelmente para encontrar outra solução, outra
maneira de contornar o Muro de Tempestade. — Ry sorriu. — Não há mais
o que fazer além de confiar na Força.
— Há uma força avassaladora, — disse Elzar. — Há de levar a batalha
aos Nihil.
— Um cerco? — Ry franziu o cenho. — Já tentamos a força bruta.
Como você bem sabe.
— Então tentamos de novo, — disse Elzar. — Certamente é apenas uma
questão de escala. Se atingirmos o Muro de Tempestade com força
suficiente, com poder de fogo suficiente, talvez possamos levar a luta aos
Nihil. Libertar os mundos que eles anexaram. Com toda a força dos Jedi e
da CDR, certamente seria o suficiente.
— Ao fazer isso, deixaríamos o resto da República completamente
exposto. Lembre-se, temos responsabilidades com o resto da galáxia. O
problema dos Nihil, embora urgente, permanece apenas uma preocupação
entre muitas. Para a maioria dos seres lá fora, a vida continua normalmente,
com todas as discordâncias e disputas usuais, negociações comerciais,
migrações e questões de governança e tutela que requerem nossa ajuda. Não
podemos ignorá-los. — Ry encolheu os ombros. — Além disso, não há
garantia de que um ataque assim funcionaria. Na verdade, todas as
informações que obtivemos sugerem que não funcionaria. As boias estão
muito bem protegidas, e o Muro de Tempestade se auto-repara. Montar um
cerco assim seria um enorme risco, com pouco ou nenhum chance de
sucesso.
Elzar odiava admitir, mas Ry estava certo. Pelo menos sobre a falta de
sucesso deles. Nada do que tentaram havia funcionado. E assim, eles
continuavam a procurar novas maneiras de abordar o problema. Os
Protocolos Guardiões foram promulgados após o retorno a Coruscant;
Postos Avançados Jedi foram deixados para serem ocupados por droides, e
nenhum Jedi deveria viajar sozinho. E pela primeira vez em gerações,
Padawans estavam sendo acelerados para realizar os seus testes para
substituir os Cavaleiros Jedi que haviam sido perdidos. Mas o progresso
tornara-se glacial, já que o Conselho estava sendo excessivamente cauteloso
em autorizar quase qualquer ação Jedi. Para Elzar, a falta de impulso para a
frente parecia uma morte lenta.
— Há pessoas atrás do Muro de Tempestade que contam conosco.
Pessoas que estão presas. Tanto Jedi quanto civis.
Avar.
Ry assentiu.
— Compartilho de sua preocupação, Elzar. Todos nós compartilhamos.
E estou feliz em ver um pouco de sua antiga faísca rebelde. Mas, agora, um
ataque total não é a resposta. Estamos seguindo os Protocolos Guardiões
para proteger a Ordem, enquanto reunimos mais informações. Elaboramos
um plano melhor. Caso contrário, estaríamos apenas enviando mais pessoas
para a morte.
— Não sabemos disso com certeza, — contestou Elzar, embora já
soubesse que perdera essa discussão, como tinha perdido uma dúzia de
vezes antes.
— As probabilidades estão contra nós. E não podemos arriscar mais
vidas sem sequer indicar que poderíamos ter sucesso. Até lá, devemos ser
pacientes e ter fé de que a Força guiará nossa mão.
— Claro, — disse Elzar, forçando-se a ceder. — Mas apenas me
responda isso, como podemos dizer que fizemos tudo em nosso poder para
ajudar essas pessoas, quando não tentamos isso?
Ry parecia aflito.
— Porque muitas pessoas já morreram, Elzar. É por isso. — Ele
estendeu a mão e apertou o ombro de Elzar novamente. — Se precisar
conversar, estou aqui. A qualquer momento. Você sabe disso.
Elzar lutou para conter a sua frustração. Ry tinha boas intenções. Claro
que tinha. Mesmo que Elzar não concordasse com as suas conclusões.
— Obrigado. Eu sei.
Por um momento, Ry pareceu que ia dizer mais alguma coisa, mas então
pareceu pensar melhor e se virou para se afastar.
Elzar o observou desaparecer na multidão agitada de seres no corredor
além da varanda. A Chanceler já havia ido embora, sem dúvida levada por
seus secretários para evitar as pressionantes perguntas dos repórteres.
Ao redor de Elzar, o Senado estava agitado. O clamor de vozes parecia
pressioná-lo, ruidoso e opressivo, afogando os seus pensamentos, até que
ele estava perdido no mar, o silêncio contido dentro do coração do turbilhão
furioso.
Vazio. Oco. E sozinho.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Ghirra Starros odiava o barulho. Não conseguia entender como essas


pessoas consideravam aquilo música. Pra ela, era apenas um fluxo caótico e
furioso de metal rasgado, notas de baixo graves que faziam os seus ossos
tremerem, e gritarem.
Supunha que era esse a questão, que soava como algo quebrado, que
apelava para a mentalidade de turba dos Nihil, a falta de ordem deles, sua
natureza rebelde.
Às vezes, se perguntava por que algum dia se envolvera com os Nihil.
Mas sabia por que fizera essa escolha específica, para ganhar poder, apoiar
o lado vencedor, pegar o que podia ao se alinhar com a tormenta crescente
que ela vira se formar no horizonte.
Essa tormenta estava personificada na forma de um homem, o Olho dos
Nihil, Marchion Ro.
Tudo o que acontecera fora planejado por ele. Tudo fora a visão dessa
única mente distorcida.
Sim, outros desempenharam os seus papéis. Claro que sim, inclusa
Ghirra. Mas foi o gênio singular de Marchion Ro que os levou a este ponto.
Agora ele tinha tudo o que sempre quisera.
A República de joelhos, incapaz até mesmo de infringir o domínio Nihil.
Os Jedi fugindo assustados.
Um domínio para governar.
E toda a adoração que os Nihil poderiam oferecer.
Até de Ghirra mesma.
Então, por que ele parecia tão desconfortável? Ele não falava com ela
adequadamente há dias. Mesmo quando compartilhavam uma cama, o que
acontecia menos frequentemente nos dias de hoje do que costumava ser.
Ela observava o Evereni enquanto ele se espreguiçava em seu enorme
trono irregular, uma cacofonia de chapas de metal retorcidas recuperadas
dos destroços da Legacy Run, a nave da República que ele destruíra para
instigar o que a galáxia agora chamava de Grande Desastre. As placas
foram retiradas de um pedaço do destroço e batidas, dobradas e soldadas na
forma de um olho enorme, refletindo o símbolo em seu capacete. E então
este olho foi colocado bem no alto desta fortaleza construída de lixo e naves
espaciais afundadas, construída ao redor da concha do antigo prédio
parlamentar no mundo pastoral de Hetzal.
Ele até supervisionara a construção de outro olho construído com
sucatas, formando uma janela em seu quarto no andar de cima, na qual ele
inserira a empunhadura de um sabre de luz Jedi capturado. Ele o acendia às
vezes à noite, para que brilhasse pelos campos como um farol, ou, pensava
Ghirra, talvez mais como um aviso, como se dissesse aos trabalhadores que
ainda trabalhavam naqueles campos todos os dias: Estou de observando
vocês.
Ro sabia o que estava fazendo, usando os símbolos da República contra
eles. Tornando-se o reflexo deformado que viam no espelho todas as
manhãs, encarando-os com olhos selvagens e famintos.
Hetzal significava algo para a República e os Jedi. Não só pela
abundância de suas vastas colheitas, que alimentavam grandes extensões da
fronteira, mas por causa do que havia se tornado um símbolo. Este era o
mundo que foi salvo durante o Desastre na Hiperespaço. O lugar onde a
Mestra Jedi Avar Kriss, a oficial da Estação Farol Luz Estelar, se tornara
uma verdadeira heroína.
Agora Marchion Ro tinha tirado isso deles também.
No entanto, lá ele estava, nesse vasto salão caótico de festas, ladeado por
duas de suas feras repugnantes, seu elmo implacável obscurecendo o seu
rosto, seus ombros envolvidos na pele cinza de algum animal extinto de
outro setor da galáxia. Ele não parecia estar em clima de celebração.
As duas criaturas deformadas, que alguns chamavam de Comedoras da
Força, ou Shrii-Ka-Rai, ou simplesmente Inominável para aqueles com
muito medo de falar sobre elas, tornaram-se mais pervertidas, mais
selvagens nos meses desde que Ro as trouxera para Hetzal. Elas se
esforçavam constantemente contra as suas correntes eletrificadas,
observando os Nihil festejando como predadores que entendiam que não
podiam obter sustento das criaturas ao seu redor, mas estavam considerando
matar todos eles de qualquer maneira, apenas para lidar com o barulho.
Ghirra entendia como elas se sentiam.
À esquerda do trono de Ro ficavam os seus She'ar, o seu bando de
guarda-costas de elite. Eles eram um grupo heterogêneo de guerreiros
grisalhos, fiéis antigos retirados das fileiras dos Nihil para realizar tarefas
específicas para o Olho, além de seus três ministros, ela mesma, a Ministra
da Informação; a Mirialana, General Viess, Ministra da Proteção; e Barão
Boolan, o imponente Ithoriano, Ministro do Avanço. O simples pensamento
nesses outros dois, especialmente Boolan, fez Ghirra dar um arrepio
involuntário. Ele era um enigma, e um perturbador, sempre vestido de preto,
com túnicas semelhantes a mantos de mortalha, com um dispositivo de
tradução implantado na carne de sua garganta, que dava à sua voz um
timbre eletrônico e assustador.
Tanto Viess quanto Boolan tinham mais de 150 anos, e o fato de ainda
estarem vivos impressionava Ghirra, sugerindo que ambos eram ou muito
sortudos ou muito bons em lidar com os seus inimigos.
Felizmente, nenhum deles estava presente agora. Viess estava dando
informações à sua pupila, Melis Shryke, depois que esta voltara de uma
incursão fora do Muro de Tempestade, onde havia encontrado alguns Jedi, e
Boolan, bem, raramente saía de seu complexo laboratorial nos níveis
inferiores.
Considerando tudo, porém, os She'ar não eram muito melhores do que
os ministros. Eles se comportavam com uma postura simples e confiante,
dando a impressão de que estavam aproveitando as festividades, mas Ghirra
sabia que poderiam mudar drasticamente. Viu um deles decapitar um Nihil
de baixo escalão por se atrever a questionar uma ordem. E não foi um golpe
limpo. Um deles, um monstruoso Tarnab chamado Arathab Fal, quase
nunca parecia se afastar do lado de Ro, mesmo quando ela e Marchion
estavam sozinhos.
Ghirra supôs que os She'ar encapsulavam perfeitamente tudo o que a
assustava em Ro: a sua arrogância, a sua imprevisibilidade e a sua
propensão excessiva à violência extrema.
Todas qualidades que tornavam o trabalho de Ghirra ainda mais difícil.
E não apenas o trabalho dela, seus planos. Ainda nutria ambições. Ainda
ansiava por poder. E a instabilidade de Ro colocava tudo isso em risco.
Observou Thaya Ferr, a alta e magra humana que servia como assistente
e confidente do Olho, se aproximar do trono, lançando um olhar para os
She'ar com deferência. Ela se curvou, sussurrando no ouvido de Ro.
Ro deu um aceno quase imperceptível e então virou a cabeça para
observar Thaya se afastar. O seu olhar parecia pousar em algo. Ghirra se
virou, examinando a multidão de Nihil festeiros, uma confusão de carne,
tatuagens, armaduras improvisadas, blasters, máscaras e membros agitados.
Onde antes eles usavam as três linhas azuis dos Nihil em suas testas, agora
cada um deles usava o olho borrado de Marchion Ro, em uma mistura
desconfortável de homenagem e medo. Ro instigara a mudança quase assim
que o Muro de Tempestade subiu. Ele sempre ansiara pela adoração, mesmo
que fosse apenas dada na ponta errada de um blaster.
Os olhos de Ghirra se fixaram na pessoa que Ro aparentemente avistara
na multidão: a jovem Nan. A ex-pupila, agora afastada de sua posição
privilegiada por Thaya. Ainda celebrada, é claro, talvez até promovida, aos
olhos da maioria dos Nihil, como uma das últimas sobreviventes da Estação
Farol Luz Estelar. Uma verdadeira Nihil que escapara da captura depois de
ajudar a garantir a queda da estação. Pelo menos era assim que as histórias
contavam. Ghirra achava que os Nihil provavelmente haviam escrito uma
música sobre ela. Também era verdade que ela ainda tinha a atenção de Ro.
Só... não tão frequentemente quanto Thaya.
Nan encarava Thaya com olhos assassinos. Isso divertiria Ro. Uma
rivalidade por sua atenção. Ghirra fez uma nota mental, reprimindo um
lampejo não solicitado de ciúmes. Talvez ela pudesse usar essa informação
de alguma forma.
A música parou. Uma onda de irritação percorreu os Nihil reunidos.
Olhares foram trocados. Franzimentos se aprofundaram. Todos os olhos se
voltaram para Marchion Ro.
Que não se moveu. Nem mesmo para levantar um dedo.
Um crepitar veio pelo sistema de comunicação. E então uma voz
familiar, ecoante. Uma voz de mulher. No meio de um discurso.
— ...quanto à possibilidade dos Nihil marcarem a ocasião com outro
ataque. Deixe-me garantir agora, a Coalizão de Defesa da República, junto
com nossos aliados na Ordem Jedi, estão fazendo tudo o que podem para
garantir que isso não aconteça. Nós os protegeremos. Não haverá repetição
dos horrores do ano passado. Ninguém será machucado.
Silêncio. Nenhum dos Nihil parecia saber como reagir a essa interrupção
súbita e bizarra de sua celebração. Ali estavam eles, convidados para o
grande salão de festas para se regozijar em seu triunfo, para marcar o
aniversário da destruição da Estação Farol Luz Estelar, seu maior momento,
essa realização singular.
E agora isso. A voz de seu inimigo, ecoando pela fortaleza, assegurando
a seu povo que a República e os Jedi os manteriam seguros.
O silêncio se esticou até ficar quase insuportável, como uma coceira
rastejante e dolorosa que Ghirra não conseguia coçar.
Todos os olhos novamente se voltaram para Marchion Ro.
Como ele gosta disso.
Devagar, Marchion Ro se levantou, erguendo-se de seu trono como um
rei mais velho, pronto para se dirigir aos seus súditos. Ghirra meio que
esperava que todos se ajoelhassem, mas então lembrou, esses eram os Nihil.
Ro levantou a mão e retirou o capacete, jogando-o de volta no trono
atrás dele com um baque opaco. Mechas soltas de cabelo caíram sobre os
seus ombros. Ele virou o seu rosto azul-escuro, absorvendo a multidão
silenciosa.
— Bem, é bom ouvir que a República e os seus cães de guarda Jedi
estão fazendo tudo o que podem. — A voz de Ro ressoou na imensa sala. —
O que se resume a quase nada.
Risadas se espalharam pela multidão como uma infecção. Eles bateram
os pés como forma de aplauso. Perto dali, uma Falleen alta e esguia
chamada Selch, com a pele reptiliana escura, uma das discípulas favoritas
de Viess, gritou alto. Ela se virou para olhar Ghirra e sorriu.
Ro acenou para que ficassem em silêncio novamente.
— E aparentemente, ninguém vai se machucar. — Ele mostrou os
dentes. — Bem, posso garantir a todos vocês, aqui e agora, alguém vai se
machucar. E toda a galáxia estará assistindo!
Mais aplausos e batidas de pés estridentes. Ghirra se sentiu enjoada ao
se juntar à celebração.
Sem mais mortes desnecessárias. Por favor.
Tinha tanto sangue em suas mãos que sabia que nunca as limparia
novamente. E tinha aceitado isso. Sabia que tinha feito essas escolhas e
aceitado o que elas significavam. Ela mesma apertou o gatilho, sentiu a
sensação estranha e ecoante de ter acabado de encerrar a vida de uma
pessoa. Agiu em defesa, raiva e medo, mas, acima de tudo, por
pragmatismo. Fez o que precisava fazer para prosperar. Para proteger a sua
filha.
Mas Ro, ele se regozijava na morte de seus inimigos. Ele apreciava isso.
Especialmente os Jedi.
— Amanhã, os Nihil vão marcar o aniversário de nosso maior triunfo, e
isso servirá como um lembrete do que somos capazes. — Mais aplausos. Ro
parecia absorver, fortalecido pelo entusiasmo de seu povo. Ele abriu os
braços em um gesto expansivo. — Um lembrete para aqueles no espaço
Nihil que considerariam se levantar contra nós! Um lembrete para a
República do porquê permanecemos invictos! — Ele deu um sorriso astuto.
— E um lembrete para os Jedi do porquê são fracos e falharam como os
protetores que afirmam ser.
Ele baixou os braços, virando a cabeça lentamente de um lado para o
outro. Isso deixou Ghirra com a impressão perturbadora de que ele estava
olhando para cada um dos Nihil reunidos, com os seus olhos negros os
perfurando. Incluindo ela mesma.
Ele aumentou o tom de voz, berrando agora, bruto e apaixonado.
— Vamos mostrar a eles o que acontece quando esquecem as lições que
deveriam ter aprendido há um ano, quando o seu grande Farol caiu e os Jedi
finalmente foram derrotados. Vamos mostrar a eles o que acontece quando
tentam impor ordem ao belo caos dos Nihil!
O wreckpunk explodiu novamente nos alto-falantes, e os Nihil voltaram
às suas celebrações com ainda mais vigor do que antes. Em algum lugar do
outro lado do salão, uma briga começou, atraindo a atenção dos festeiros
próximos. Ghirra imaginou que pelo menos quatro ou cinco seres
morreriam antes da noite terminar. Não era considerada uma boa festa de
outra forma.
Viu Marchion Ro se dirigindo rapidamente para a porta e correu para
interceptá-lo. Os seus She'ar o seguiram, e um deles, um Pau'an alto,
lançou-lhe um rosnado de aviso. Ignorou o tolo ignorante, abrindo caminho
diretamente na frente de Ro. Ele a viu e parou, um lampejo de diversão nos
olhos.
— Ghirra. Você está aproveitando a festa?
Ignorou pergunta dele claramente provocadora.
— Olho. Com o maior respeito, você acha sábio prosseguir com
qualquer lição que planeja ensinar à República?
— Pelo seu tom, eu inferiria que você não acha, Ministra? — Ele usou a
palavra como um xingamento.
Haviam seis meses desde que Ghirra reorganizara os Nihil, nomeando os
ministérios e tentando impor alguma ordem governamental à estrutura
caótica de Tempestades e pequenos senhores da guerra. Ro não resistiu
exatamente, mas simplesmente permaneceu em silêncio sobre o assunto,
sem vontade de se envolver com o processo enquanto Ghirra definia os
papéis e responsabilidades para cada um dos três ministros. Os outros, por
sua vez, interpretaram o seu silêncio como concordância tácita e seguiram
as ordens de Ghirra. Mas Ghirra sabia que Ro não gostava disso. E desde
então, ele parecia mais distante, mais frio, se isso fosse possível.
Tentou entender o que ele pensava agora, mas a sua expressão
permaneceu fixa e indecifrável. O que ficou claro era que, seja lá qual fosse
o entusiasmo que ele havia despertado para a multidão, já parecia ter se
dissipado. Se é que algo, ele parecia cansado.
— Eu apenas acho que outro ataque à República seria...
contraproducente, — disse ela. — Nós já sabemos que eles nos levam a
sério. Nós vencemos. Agora temos responsabilidades. Uma região inteira da
Orla Exterior para governar. Pessoas para alimentar, acalmar e governar. —
Sua boca ficou subitamente seca. Ela sabia que ele não ia gostar do que ela
diria em seguida. — Acho que é hora de construir pontes com a República.
De enviar um delegado ao Senado deles. De forçá-los a nos reconhecer
como um corpo político legítimo.
Marchion Ro manteve o seu olhar até que ela começou a ficar
desconfortável e teve que lutar contra a vontade de desviar o olhar.
Encarou-o de volta.
Após um momento, ele falou, com a sua voz baixa.
— Eu não preciso do reconhecimento da República, — ele praticamente
cuspiu a palavra, — ou de suas noções de legitimidade. Os Nihil já
provaram a si mesmos várias vezes. Se eles falharem em entender isso, que
seja por conta própria. Não construiremos pontes. E os súditos do espaço
Nihil logo entenderão a natureza de nosso governo. Você pode ter sido uma
política, Ghirra, mas agora você é Nihil. Não esqueça disso.
Afastou-se enquanto ele continuava seu caminho, passando por ela, com
a sua capa carmesim esvoaçando ao redor dele enquanto caminhava.
Ghirra o viu sair, seguido pelos She'ar. Agora, mais do que nunca, ela
estava convencida de que algo estava profundamente perturbando o Olho
dos Nihil.
E isso representava um perigo para todos eles.
DAEDUS, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter Engle se agachou na penumbra da floresta, aquecendo as


mãos sobre o buraco de uma pequena fogueira. Havia cavado o buraco da
fogueira profundamente para minimizar as chances de ser avistado na
penumbra, e mantinha as chamas baixas e queimando para afastar o excesso
de fumaça. Também estava vestido da cabeça aos pés em cinza e preto,
calças, túnica e poncho, que se ajustavam confortavelmente em seu amplo e
musculoso corpo. Não seria fácil de ser visto entre os galhos sombrios das
árvores.
Não que houvesse muitos aqui nas terras selvagens de Daedus para vê-
lo. O pequeno planeta sempre foi pouco povoado, mesmo antes da chegada
dos Nihil e da criação do Muro da Tempestade. Porter se lembrava disso
desde a sua juventude, quando acompanhara o Mestre Creighton Sun em
uma missão diplomática para o setor. Eles visitaram este lugar. Ou melhor, a
sua nave havia sido trazida para cá pelos piratas que saqueavam os
assentamentos em todo o setor. Porter sorriu, lembrando a expressão no
rosto de Creighton quando saíram da carcaça retorcida da nave e
encontraram mais piratas esperando por eles.
Foi uma grande batalha.
Agora, as estações avançadas em Daedus, construídas para monitorar o
tráfego de hiperspaço dentro e fora do sistema Bentora, estavam
principalmente abandonadas, habitadas apenas por um bando de
saqueadores Nihil que decidiram fazer do lugar a sua base não oficial.
Era engraçado como o tempo tinha uma maneira de se dobrar sobre si
mesmo, repetindo os ritmos do passado.
Sempre alguém querendo algo em troca de nada.
Tinha feito uma breve reconhecimento da estação avançada mais
próxima logo após sua chegada, dois dias antes. Teve que abandonar a sua
nave rapidamente, os enxames de droides carniceiros patrulhando as rotas
não controladas através do espaço Nihil o identificaram mais rapidamente
do que nunca desta vez. Mal conseguiu despistá-los, e teria que fazer alguns
reparos no compartimento do motor do transporte antes que pudesse fazê-lo
decolar novamente. E não havia nada que garantisse que o enxame não
estaria esperando por ele em órbita alta.
Os Nihil não eram nada se não fossem hábeis em controlar as viagens
dentro da zona. Todas as vias de hiperspaço aprovadas, aquelas usadas para
remessas de suprimentos e coisas do tipo, estavam sujeitas a patrulhas
Nihil, o que as tornava muito arriscadas para viagens abertas, especialmente
para um Jedi. E assim, Porter, e qualquer outra pessoa que quisesse se
mover sem chamar a atenção dos Nihil, era forçado a usar as rotas não
controladas. O que não seria um problema, se não fosse pelo fato de que
fazer isso atraía enxames de droides carniceiros Nihil que rapidamente
atacavam qualquer nave não autorizada e começavam a desmontá-la.
Os droides carniceiros eram coisas horríveis, quando usados nesse
contexto. Foram originalmente projetados para desmontar lixo em ferros-
velhos e docas orbitais, e se assemelhavam a grandes aranhas metálicas,
com corpos curtos e membros poderosos em forma de lâmina. Eles podiam
se fixar em uma nave e desmontá-la até suas partes constituintes em questão
de minutos. Se ainda houvesse seres dentro... bom, eles também seriam
desmontados. Os Nihil claramente encontraram uma maneira de fabricá-los
em massa, provavelmente em uma fábrica de construção apreendida em
algum lugar na Zona de Oclusão. E os programaram para se aglomerarem
em qualquer nave incapaz de fornecer os códigos corretos do motor de
Trilha.
Códigos que Porter não tinha.
Teria que fazer algo a respeito disso. Talvez fazer outra tentativa de
pegar uma nave Nihil e adquirir os códigos que o permitiriam navegar mais
livremente dentro desta maldita Zona de Oclusão. Supunha que ter os
códigos também poderia tirá-lo daqui. De volta a Coruscant e aos outros.
O pensamento tinha algum apelo. Mas apesar do perigo constante dos
caçadores de Jedi Nihil que inevitavelmente ainda estavam em seu encalço,
não estava pronto para desistir ainda. Haviam seres dentro da zona, milhões
deles, que precisavam de ajuda para se proteger dos Nihil. Porter não podia
abandoná-los. Não importa o custo. Mas podia continuar tentando enviar
uma mensagem aos outros. Deixá-los saber o quão ruim as coisas ficaram
no espaço controlado pelos Nihil.
Os Nihil aqui em Daedus eram tipicamente ignorantes. Eles eram tão
arrogantes, tão satisfeitos consigo mesmos, que praticamente se cegaram
para a possibilidade de que alguém pudesse estar se movendo bem debaixo
de seus narizes. Essa tripulação, liderada por um Abyssin corpulento com
um braço ausente que, estranhamente, não parecia ter crescido de volta,
claramente havia estabelecido uma espécie de feudo próprio. Porter
percebeu que eles realizariam um ataque ocasional ou visitariam um
assentamento vizinho exigindo dízimos, e então retornariam aqui para se
banquetearem com os seus despojos.
Os seus superiores na organização Nihil, como ela era, estavam cientes
de suas atividades, Porter só podia adivinhar, mas presumivelmente,
enquanto os tributos continuassem chegando e as revoltas permanecessem
mínimas, ao Abyssin e aos seus seguidores era dada liberdade para se
comportar da maneira que lhes conviesse.
Porter tinha considerado cuidadosamente eliminá-los da equação. Um
ataque noturno, pegando-os bêbados e despreparados, não tinha dúvidas de
que poderia derrubá-los todos, passar por sua base rapidamente, deixando
um rastro sangrento em seu caminho. Mas isso não era o caminho Jedi. Isso
teria sido um assassinato a sangue-frio. Também provavelmente teria
chamado a atenção de um dos três ministros dos Nihil para os quais eles
trabalhavam, o que, por sua vez, pioraria as coisas aos mundos ao redor.
Além disso, Porter poderia dispensar chamar a atenção deles. Tinha
coisas a fazer. Se fosse enviar uma mensagem aos Jedi além do muro, teria
que encontrar alguma maneira de contornar a zona morta de comunicação
dos Nihil.
E para isso, tinha uma ideia. Uma ideia em que vinha trabalhando há
meses.
Aquele transporte que ele e Creighton haviam abandonado aqui, todos
aqueles anos antes. Destruído em fragmentos e irrecuperável, foi deixado
onde caiu. Mas havia componentes naqueles destroços dos velhos tempos,
da época em que as equipes Desbravadoras percorriam essas regiões,
contatando mundos e espécies então desconhecidos para a República da
galáxia mais ampla. Usando ferramentas que há muito estavam inativas.
Ferramentas que Porter lembrava e vinha reunindo desesperadamente de
todos os locais desse tipo que conseguia encontrar. Lugares por onde
passou, há muito tempo. Mundos que sabia que os Desbravadores haviam
visitado. Qualquer lugar dentro da Zona de Oclusão onde pudesse conseguir
salvar os componentes necessários para concluir a sua tarefa.
Estou velho. Velho demais. Com a cabeça cheia de memórias.
Levou meses de tentativas frustradas, jornadas desperdiçadas e dezenas
de batalhas com os Nihil, mas agora, de volta à sua nave, tinha a carapaça
quase completa de um droide EX. Esses eram os droides que os
Desbravadores levaram com eles em suas missões de exploração até a
fronteira, nos dias em que as regiões mais afastadas ainda precisavam ser
mapeadas. O propósito dos droides era simples, os Desbravadores
estabeleceriam contato com um mundo e povo fora da República, e então
enviariam o droide EX pelo hiperespaço para entrar em contato com uma
equipe de comunicações, que então estabeleceria uma série de faróis e
retransmissores, criando assim uma rede primitiva de comunicação por toda
a região.
O que interessava a Porter, no entanto, era o fato de que os droides EX
usavam um sistema proprietário para fazer saltos curtos e sucessivos no
hiperespaço que, se estivesse certo, operava de maneira diferente das
unidades de hiperespaço baseadas em naves, e portanto poderia permitir
que o droide passasse pelo Muro da Tempestade sem acionar a interrupção
de hiperespaço, assim como as Trilhas dos Nihil.
Era um tiro no escuro, mas era o melhor que tinha.
Agora, tudo o que precisava era de um núcleo de memória intacto e de
um pod de trânsito, e o droide estaria completo.
Tudo. Como se fosse fácil encontrar peças de droides funcionando que
não foram usadas por mais de um século.
Ainda assim, já tinha chegado até aqui. Não estava prestes a desistir
agora.
Foi Elzar quem lhe deu a ideia. O jovem ambicioso sempre foi bom em
pensar fora da caixa. Buscar novas maneiras de fazer as coisas. Só que ele
nem sempre percebia o quão inteligente realmente era. Nem sempre via até
onde as suas ideias levavam.
Alguns meses antes, Elzar havia transmitido uma mensagem. Um
chamado de união para todos os Jedi atrás do Muro da Tempestade, todos
aqueles presos como Porter dentro da Zona de Oclusão. Uma mensagem
para que todos soubessem que não tinham sido esquecidos.
Sabendo que os Nihil estavam interferindo em todas as transmissões da
zona, Elzar havia, e agora Porter estava contando com a suposição,
transmitido a mensagem em um amplo espectro de canais, esperando que
um ou mais deles pudesse encontrar o caminho através.
A parte inteligente foi que, em vez de simplesmente depender das
frequências regulares, Elzar transmitiu a sua mensagem em um loop
repetitivo, usando todos os métodos e canais conhecidos, incluindo aqueles
que não estavam em incumbência há mais de um século.
E um deles tinha chegado lá, usando o antigo sistema de relé subluz que
os Desbravadores e as equipes de comunicações estabeleceram todos
aqueles anos atrás. Porter provavelmente era um dos poucos vivos que se
lembravam disso. Ficou surpreso que ainda funcionasse; a maioria dos relés
provavelmente haviam sido destruídos há muito tempo. Mas a mensagem
chegou, um ruído de pips e bipes e tons sintetizados, transmitidos através
do vão das estrelas, através da barreira obscena dos Nihil e além.
Uma canção de camaradagem. Para Porter, parecia esperança.
Pensou em Avar, então, que sempre experimentou a Força como uma
espécie de música, ecoando por meio de todas as coisas vivas. Na última
vez que ouvira falar dela, ela também estava presa atrás do Muro da
Tempestade, interferindo nas operações dos Nihil.
Esperava que ela ainda estivesse viva, ainda lutando. Pensou em
procurá-la, mais de uma vez. Mas enquanto a companhia seria bem-vinda,
os colocaria ambos em risco se tentasse. Era mais provável que
permanecessem vivos e, portanto, mais eficazes, se se mantivessem
afastados, sempre em movimento, como grãos nas engrenagens do trabalho
dos Nihil, fazendo as suas engrenagens rangerem.
Porter mergulhou na mochila, tirando a unidade receptora que também
havia salvo de um local de queda anterior. Amanhã, ao primeiro sinal de
luz, sairia em busca dos destroços. Por enquanto, estava satisfeito em ouvir
mais uma vez os bipes e assobios daquela mensagem repetitiva e, ao fazê-
lo, sentir-se mais próximo daqueles que estavam de outra forma tão
distantes.
CORUSCANT

O amanhecer rompeu as cintilantes pináculos de Coruscant


como a aguardada chegada de uma tormenta.
Elzar permaneceu por um tempo em sua cama, observando o jogo dos
finos raios através das persianas, a dança das partículas de poeira na brisa
suave e filtrada. E por um momento, sentiu paz. Existia só ali, naquele
momento singular. Permitiu que a Força se espalhasse sobre e através dele,
e abraçou a sua tranquilidade, a sua inevitabilidade leve.
E então se lembrou. A serenidade foi despedaçada. Imagens vacilantes
caleidoscópicas passaram pelo olho da sua mente: da expressão calma no
rosto de Stellan; do corpo de Chancey Yarrow, partido por seu próprio sabre
de luz; da expressão no rosto de Avar quando contou a ela; do Farol Luz
Estelar se chocando contra as ondas espumantes; o olhar de indignação de
Bell Zettifar, a sua incapacidade de aceitar que o seu amigo poderia estar
morto.
Elzar desejou ainda ter a fé tão forte quanto a de Bell. Aquela crença
ardente em seus amigos, em sua vontade de sobreviver, na imortalidade da
juventude. Uma vez, ele, Stellan e Avar foram assim. Eles pensavam que
duraria para sempre. Que nada poderia desfazer a amizade deles. Que
nenhum perigo realmente seria mortal o suficiente para levar um deles
embora.
Quão errados eles estavam.
Elzar passou a mão pelo rosto. Onde um momento antes estava cheio de
paz e tranquilidade, agora se sentia apático e cansado.
Foi uma noite turbulenta, alimentada por sonhos de afogamento, nas
profundezas do oceano de Eiram, onde os destroços do Farol Luz Estelar
surgiam do chão arenoso na penumbra nebulosa, maciços, quebrados e
imóveis. Em outros momentos, afundava nas águas enegrecidas da Força,
gelado e desesperado, cercado por todos os lados pela escuridão espessante.
Elzar sempre experimentou a Força como uma série de correntes giratórias,
sombras nebulosas e profundezas crepusculares. Tirava conforto disso; era
capaz de dar sentido ao mundo por meio dessa metáfora tangível.
Em seus sonhos, no entanto, estava se debatendo, incapaz de encontrar o
seu caminho enquanto era arrastado lenta e inexoravelmente para as
profundezas insondáveis. Cada vez mais longe da luz. Da claridade.
Tais sonhos o assombravam há meses. Tentou meditar, até tentou buscar
a orientação de outros no Templo. Todos eles tentaram ajudar, é claro,
oferecendo várias garantias e sugerindo técnicas meditativas, mas Elzar
sabia que eles realmente não entendiam. Eles não podiam. Acreditavam que
os seus sonhos eram simplesmente uma manifestação de seu luto, a sua
maneira de lidar com a perda do Farol, Stellan e o resto.
Mas era mais do que isso. Se ao menos pudesse falar com Orla Jareni.
Se ao menos ela não tivesse morrido a bordo do Farol Luz Estelar. Ela
olharia diretamente nos olhos dele e diria o que ela realmente pensava.
Ou Avar.
Se ao menos ele pudesse falar com Avar.
Avar o entendia de maneiras que apenas Stellan entendia. Ela enxergava
além de Elzar Mann que a maioria dos outros conhecia. Confiava nela
implicitamente.
Em alguns aspectos, ela era tudo o que ainda tinha. É por isso que não
suportava deixá-la ir. Aceitar que ela se perdeu dentro da Zona de Oclusão.
Avar era o último elo que ainda tinha com o homem que costumava ser.
Antes de se tornar isso. Antes de se lançar para provar que Stellan estava
certo.
Stellan acreditava nele. Agora Elzar tinha que merecer essa crença.
Tinha que mostrar à galáxia que o profundo otimismo de seu amigo não
estava equivocado. Sobre Elzar, sobre o futuro, sobre os Nihil.
O que você faria se estivesse aqui agora, Stellan? Como marcaria o dia
da sua própria morte? Da queda do Farol e de tudo o que construímos. O
que você faria para nos fazer sentir melhor?
Você sorriria, e riria, e me diria para parar de me preocupar tanto. E
então você me diria para confiar na Força. Deixar toda a angústia ir
embora. Concentrar-me em fazer o que precisa ser feito.
E o problema é, que eu teria ouvido você.
Elzar suspirou cansado.
Talvez fosse de se esperar, hoje de todos os dias. A outra coisa que
Stellan teria dito a ele era para não ser tão duro consigo mesmo. Era natural
que, no primeiro aniversário desses eventos fatídicos, estivesse um pouco
distraído.
O que precisava fazer era aproveitar esse desconforto. Deixá-lo
impulsioná-lo, empurrá-lo para fazer melhor. Um ano se passou, e ainda há
muito a ser feito. Tantas pessoas que ainda precisam de sua ajuda e do apoio
dos Jedi. Talvez essa seja a resposta, a maneira de processar esses
sentimentos que estão surgindo nele novamente.
Transformá-los em algo positivo. Se dedicar novamente ao caminho que
escolheu, naquela praia de Eiram. Fazer o hoje ser sobre lembrar o quão
longe ele chegou.
Elzar ergueu as pernas da cama, alongando os músculos das costas e do
pescoço. Coçou a barba, que começara a coçar, pensando nas palavras da
Chanceler no dia anterior. Descartou a ideia de raspá-la por enquanto.
Estava começando a gostar dela.
Atravessou o quarto e abriu uma gaveta. Lá estava.
O familiar punho de sabre de luz prateado e preto, com os seus detalhes
dourados brilhantes e guarda cruzada. Elzar não o olhava há meses, mas
agora algo parecia guiar a sua mão, e a baixou e envolveu os dedos ao redor
dela, levantando-a cuidadosamente da gaveta. Virou-o nas mãos, sentindo o
seu peso perfeitamente equilibrado.
Ah, Stellan.
Elzar deu um passo pra trás, segurou o punho diante de si e pressionou o
interruptor. A lâmina cantarolando se acendeu, brilhante e azul, com a
guarda cruzada se dobrando para apoiar as duas pequenas lâminas quillon.
A respiração de Elzar se prendeu na garganta. E então levantou o sabre
de luz alto, segurando-o diante de si, assim como Stellan na cerimônia de
dedicação do Farol há muitos meses.
Pela Luz e pela Vida.
Elzar sentiu um repentino fluxo de confiança.
Talvez fosse um bom dia, afinal. Talvez Lina Soh estivesse certa e os
Nihil realmente não tentariam novos atos de violência.
Obrigado, Stellan.
Elzar olhou ao redor ao ouvir o som de JJ-5145 avançando. Ele desligou
o sabre de luz e o colocou de volta na gaveta.
— Ah, 45. Hora do café da manhã?
— Não, Mestre Mann. Você deveria vir rapidamente. Algo está
emergindo da Zona de Oclusão.
A OLHAR ELÉTRICO, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Certo, posicione-se. Você conhece o procedimento.


O diminuto Talpini empurrou o coto do seu blaster dolorosamente sob as
costelas da Rhil Dairo.
— Está bem! Está bem! Eu ouvi você.
O Talpini, que Rhil havia descoberto se chamar Petrik, ou Pet para ser
breve, zombou dela, com os seus olhos pequenos cintilando de prazer. Ele
tinha a pele bronzeada, uma cabeça calva e uma barba cinza e peluda. A sua
boca estava virada pra baixo, com os lábios separados para revelar uma
fileira de presas desiguais e amareladas.
Outro exemplo estúpido e cruel do tipo de ser que preenchia as fileiras
inferiores dos Nihil. Aqueles que prosperavam no caos, na desordem e na
dor alheia. Alguns deles realmente acreditavam na causa Nihil, mas a
maioria deles, em sua experiência recente, era como Pet, estavam nisso pela
própria gratificação. Isso era o que Rhil realmente queria contar à
República. A verdade.
Não isso. Não mais propaganda.
Rhil se movimentou para a esquerda, ocupando a sua posição designada
diante da pequena variedade de câmeras flutuantes. Fingiu ajeitar o cabelo.
— Melhor, — disse Petrik.
— Pra quem?
— Pra você, é claro, — cuspiu o Talpini. — Você entende que ele
realmente não precisa de você pra isso, não é? Ele está apenas te mantendo
viva porque o diverte virar a porta-voz da República contra eles. — Ele se
inclinou mais perto, com a sua respiração fétida quente contra o pescoço
dela. — Eu poderia te matar agora, e ele nem pestanejaria.
— Então por que você não tenta? — disse Rhil, conseguindo manter a
tremulação fora de sua voz. Ela se virou para olhá-lo, olhando nos olhos
dele. — Por que você não aperta o gatilho desse blaster agora e vê o que
acontece. Vê o que Marchion Ro realmente pensa de você.
O Talpini a encarou. Ele espetou o blaster nela novamente e depois
cuspiu no chão do canto da boca.
— Ah, você adoraria isso, não é? Uma saída. Então, Petrik aqui não vai
te dar essa satisfação.
Rhil ergueu uma sobrancelha.
— Não. Eu não imagino que você vai?
O Talpini a olhou por um momento, confuso, depois balançou a cabeça.
— Só se prepare. O Olho estará aqui a qualquer minuto. Ele está
esperando que você faça isso direito. — Ele esticou o pescoço, olhando
para fora da janela mais próxima no lado a bombordo da Olhar Elétrico, a
nau capitânia de Marchion Ro e o centro de controle de toda a operação
Nihil. — Lá vamos nós.
A nave saiu de sua Trilha de hiperespaço, com toda a estrutura da nave
fazendo barulho enquanto os seus motores de subluz eram acionados
ruidosamente.
Rhil se sentiu enjoada. Não tanto pela agitada viagem espacial, embora
viajar nesta antiga catedral voadora certamente não ajudasse, mas por
pensamentos da transmissão iminente que estava prestes a ser forçada a
fazer. Somado a isso, ainda estava sofrendo de desorientação por perder o
seu droide câmera de rede, T-9. Eles foram separados quando os Nihil a
capturaram em Bentora, entrevistando as vítimas dos recentes ataques dos
Nihil, e, após tanto tempo compartilhando uma ligação eletrônica via o seu
implante, ainda parecia que uma parte dela estava faltando. Havia um vazio
onde o droide deveria estar. Esperava que o carinha estivesse bem, onde
quer que ele estivesse.
Petrik a cutucou nas costas novamente. Virou-se, afastando o nariz do
blaster dele.
Rhil não tinha ideia do que Marchion Ro tinha planejado para hoje, mas
seja o que fosse, não seria bom. Ele era cruel e calculista, e o que quer que
ele tivesse planejado seria projetado para ter um impacto máximo.
E aqui estava ela, prestes a contar para a galáxia inteira.
Conforme o Olhar Elétrico começou a diminuir a velocidade, ouviu o
som de uma porta deslizante e o clangor de múltiplos pés de botas na
passarela de metal.
Ro.
Os pelos na nuca dela se eriçaram.
Era fácil ser petulante ao redor de tolos como Petrik. Resistir aos jogos
infantis deles, vê-los apenas como os valentões que eram. Mas Marchion
Ro, ele era algo completamente diferente. Estar na presença dele era como
estar diante de uma fera predatória e à espreita. Um movimento errado, e
ele a devoraria sem pensar duas vezes.
Virou-se para olhá-lo agora, andando como se não tivesse uma
preocupação no mundo, com a sua capa forrada de pele esvoaçando dos
ombros, o olho estranhamente hipnótico girando na frente de seu capacete.
Por trás dele marchavam os seus três ministros: Ghirra Starros, a
senadora caída que parecia mal adaptada a uma companhia tão
desagradável; General Viess, a colaboradora que prontamente entregou o
seu próprio mundo quando os Nihil ergueram o véu ao redor da Zona de
Oclusão; e o Barão Boolan, o terrível Ithoriano com um gosto por
modificações corporais bizarras, tanto as dele quanto as dos outros.
Ro parou perto de onde Rhil estava. Arriscou um contato visual, apenas
para descobrir, horrorizada, que ele parecia estar olhando diretamente para
ela.
— Uma manhã auspiciosa, de fato, — disse Ro. Ele fez uma pausa,
como se estivesse esperando que ela respondesse. Perto dali, os ministros
estavam ocupando os seus assentos. Outros Nihil estavam entrando agora,
também, formando um grande círculo ao redor de Rhil e Ro. Ela notou,
com um olhar, que Petrik já havia se misturado à multidão para se juntar aos
seus colegas torturadores.
Quando ficou claro que Rhil não ia falar, Ro deu um passo mais perto.
Ele levantou os braços e lentamente tirou o capacete da cabeça, para que
pudesse ver os seus olhos negros brilhantes a encarando, o azul escuro de
sua pele Evereni, as presas afiadas em seu sorriso irregular.
— Espero que você encontre a sua voz, repórter. Eu odiaria ter que fazer
todo o falatório sozinho.
Rhil engoliu em seco. A sua garganta parecia estar se contraindo. Ela
respirou fundo.
— Sobre o que é tudo isso? — ela disse, depois de um momento.
— Aí, — disse Ro. — Não foi difícil, foi?
Rhil mordeu o lábio.
— Você não respondeu a minha pergunta.
Ro inclinou a cabeça, fingindo ponderação.
— Não. Eu não respondi, não é? Acho que você vai ter que esperar para
ver como todos os outros. — Ele se virou para os Nihil reunidos, girando no
lugar. — Estamos prontos para uma celebração?
O rugido subsequente foi alto o suficiente para fazer tremer as paredes
da sala. Os Nihil bateram os pés no chão, criando uma batida estrondosa.
Ro acenou para ficarem quietos novamente.
— Agora é a hora do acerto de contas da República, — disse ele. —
Agora é a hora de mostrarmos a eles exatamente o que significa agir contra
os Nihil.
Rhil percebeu que a nave havia parado de se mover. Todos os olhos na
sala agora estavam voltados para ela. Sentiu-se exposta de uma maneira que
nunca tinha sentido antes. Transmitira centenas, talvez milhares de vezes, e
sempre se regozijara com o conhecimento de que, em toda a galáxia, as
pessoas ouviriam as suas palavras e as reconheceriam como a verdade.
Estava em cativeiro por algum tempo, desde que a Muralha de
Tempestade foi erguida e se viu presa dentro da zona que Ro e os outros
agora se referiam como espaço Nihil. Foi forçada a fazer transmissões
antes. Pequenos pedaços de propaganda, direcionados aos planetas dentro
da zona, mentindo pra eles sobre como os Nihil cuidariam de seus
interesses, instigando-os a pagar os seus dízimos para que pudessem se
beneficiar da proteção de seus novos senhores. Fingindo que tudo ia
melhorar agora que a nova era dourada dos Nihil estava sobre eles.
Foi uma traição de tudo o que Rhil representava, e falar cada palavra a
deixou enojada. No entanto, encontrou uma maneira de aceitar isso. De
usar isso. Encontrou o seu próprio jeito de resistir. Um que Marchion Ro e
a sua coorte ainda não descobriram. Um que esperava que pudesse ajudar a
causa de qualquer Jedi preso dentro da zona, ou de qualquer outra pessoa
que estivesse tentando resistir. Trabalhando com um desertor Nihil chamado
Quith Meglar, encontrou meios de usar a propaganda deles contra eles e
codificar as suas próprias mensagens entre as transmissões dos Nihil.
Hoje, no entanto, era diferente. Ficar aqui agora, na nau capitânia dos
Nihil, com os bocais dos blasters apontados na sua direção, com Marchion
Ro de pé sobre ela e as palavras de sua propaganda prestes a sair de seus
lábios, a deixava completamente apavorada.
Hoje era o aniversário da queda do Farol Luz Estelar, e ao invés de
confinar a sua transmissão aos planetas da Zona de Oclusão, Marchion Ro
estava obrigando Rhil a falar para a galáxia inteira.
Só esperava que as pessoas entendessem. Soubessem que isso não era
dela. Acreditassem que não era uma colaboradora disposta. Que estava
fazendo isso apenas porque não tinha escolha. E se quisesse continuar
ajudando aqueles dentro da zona, precisava sobreviver.
Rhil disse a si mesma, repetidas vezes..
Está tudo bem querer viver. E viver significa lutar, de qualquer maneira
pequena que eu possa. Significa ajudar os outros a lutar também.
Hoje, significava seguir em frente com o que Marchion Ro tinha
planejado.
— É hora. — A voz de Ro cortou seus pensamentos, trazendo-a de volta
ao aqui e agora.
Rhil se fortaleceu. Olhou diretamente para as fileiras de câmeras. As
luzes piscaram em vermelho. Palavras se deslocaram por um monitor para
que lesse. Limpou a garganta e começou.
— Saudações. Eu sou Rhil Dairo, reportando ao vivo da Olhar Elétrico,
a nau capitânia da frota Nihil, sob o comando direto do grande Olho dos
Nihil em pessoa, Marchion Ro.
— Falo com todos vocês neste dia importante para comemorar o grande
triunfo dos Nihil que ocorreu precisamente há um ano: a destruição do
Farol Luz Estelar e a libertação da Orla Exterior da opressão da República e
de seus lacaios Jedi. Por muito tempo, a República impôs regras e leis às
pessoas simples de mundos que desejam nada com o seu Senado, as suas
seitas e a sua hipocrisia.
— Agora, essas pessoas estão livres. O espaço Nihil é um testemunho
dessa liberdade, um reino protegido onde as pessoas têm a liberdade de
serem o quem querem. De viver livres da interferência dos políticos.
Rhil deu um suspiro profundo, lutando contra o gosto amargo subindo
em sua garganta. As palavras tinham um sabor amargo em sua boca.
— Os Nihil encontraram um lar. Eles gentilmente permitem que outros
compartilhem desse lugar de descanso, para se beneficiar de sua
benevolência e fazer parte de algo maior. E eles estão prosperando. No
entanto, a República continua interferindo, enviando profundamente os seus
agentes nesta zona protegida. Tentando nos prejudicar. E assim, neste
grande dia, quando toda a galáxia deveria estar celebrando o aniversário
deste momento de libertação, somos obrigados a testemunhar um
julgamento, por crimes dos mais hediondos.
As palavras tinham terminado de rolar no monitor. Incerta, mas
preenchida por um crescente senso de temor, Rhil se virou para olhar
Marchion Ro. Ele a estudou com olhos vazios e sem emoção. As câmeras se
moveram para enfrentá-lo, deixando Rhil se curvar para trás, seus ombros
caindo enquanto expirava o ar dos pulmões. Mas era cedo demais para
sentir qualquer alívio. O que era esse julgamento?
Ro estava diante do banco de câmeras, sorrindo para as lentes, revelando
os seus dentes afiados e reluzentes.
— Eu não poderia ter dito melhor. É, de fato, um dia de alegria e
celebração, e eu, pelo menos, não permitirei que os esforços equivocados
dos Jedi minem isso, para nenhum de nós. — Ele se virou, olhando
brevemente para longe das câmeras. — Tragam o prisioneiro.
O coração de Rhil estava na boca. Um prisioneiro? Não estava ciente de
que os Nihil estavam segurando mais alguém além dela. Ela olhou para os
três ministros. Boolan estava sorrindo de maneira sinistra. Viess estava
assistindo com desinteresse afetado. Apenas Ghirra Starros parecia
desconfortável, mexendo-se em sua cadeira.
A porta deslizou aberta. Dois Nihil empurraram uma figura magra e
encurvada para dentro da sala. As câmeras se aproximaram, rastreando os
seus movimentos. O prisioneiro usava túnicas brancas e douradas, recém-
limpas, o capuz levantado sobre a cabeça como uma mortalha.
Um Jedi.
A figura levantou a cabeça, sacudindo a pegada de seus dois guardas, e
quando o capuz caiu, Rhil pegou um vislumbre do rosto fino de Tarnab por
baixo.
Pra-Tre Veter. Um Mestre Jedi que conhecera de volta em Coruscant,
antes de tudo isso. Antes de a galáxia parecer segura e previsível. Antes de
qualquer um ter ouvido o nome Marchion Ro.
Veter parecia doente. As suas bochechas estavam afundadas, os seus
olhos eram poços machucados. O seu cabelo estava desgrenhado e
desarrumado, e os chifres haviam sido cortados de sua cabeça, deixando
tocos crus e cobertos de sangue. Ele perdera muito peso, e um de seus
braços, Rhil podia ver pela forma como as túnicas estavam presas, estava
faltando desde pouco abaixo do cotovelo. No entanto, a sua expressão
permanecia desafiadora. Calma e aceitação.
Os dois guardas o conduziram para mais perto, até ficarem a apenas
alguns metros de Marchion Ro. Ao redor, os Nihil estavam vaiando e
cuspindo, murmurando maldições e insultos. Ro acenou para que ficassem
quietos novamente. Os dois guardas empurraram Veter de joelhos. Ele nem
tentou resistir.
— Pra-Tre Veter. Você não é um Jedi? — disse Ro, enfatizando a última
palavra com evidente repugnância. — Um grão mestre, ainda por cima?
— Eu sou. — Até a voz de Veter parecia fina e seca. Rhil mal podia
acreditar que alguém tão poderoso tinha sido tão arrasado. Apenas esperava
que fosse tudo um ato, assim como estava atuando, indo de acordo com o
que Ro queria até o momento certo. Talvez Veter estivesse esperando
também...
— E você nega que, durante o último ano, os Jedi têm realizado
operações ilegais no espaço Nihil, tentando minar o bom trabalho do povo
Nihil, semear a rebelião entre os súditos do espaço Nihil e interferir de
outras maneiras nas operações Nihil, — continuou Ro.
— Esta é uma ocupação ilegal e injusta. Fui capturado no espaço da
República e trazido aqui contra a minha vontade. Eu nego a própria
legitimidade do seu regime. Eu me oponho a tudo o que você representa.
Todos os Jedi se opõem. — O tom de Veter estava calmo, mesmo. — Então
sim, os Jedi trabalharam para minar o que você fez. Pela Luz e pela Vida.
Marchion Ro se virou para as câmeras.
— Viram? Viram o que ele afirma representar? Viram como ele admite
ousadamente os crimes dos Jedi? — Ele fez uma pausa, como se estivesse
pesando as suas palavras. — Só pode haver um julgamento. Apenas um
resultado. Você, Pra-Tre Veter, Jedi, deve servir como um exemplo para a
galáxia. O seu destino servirá como um lembrete, um aviso, para o resto da
República e a sua ridícula Ordem, do que acontece com aqueles que se
opõem aos Nihil.
Rhil deu um passo à frente, como se quisesse correr para o lado de Veter,
mas Petrik estava novamente às suas costas, segurando-a dolorosamente
pelo pulso, mantendo-a afastada. Sentiu o blaster pressionando contra a sua
espinha.
— Ah não, princesa. Não desta vez.
Ro fez um gesto para mais guardas, que saíram apressados pela porta.
— Vocês mesmos trouxeram isso sobre vocês. Não me deixaram
escolha, assim como, há um ano, vocês me forçaram a destruir o chamado
Farol de vocês. Estou transmitindo este julgamento agora na frequência do
Farol Luz Estelar, para as casas das pessoas em toda a galáxia. Os Nihil não
serão detidos. Não por ninguém. Menos ainda por um mero Jedi. — Ele
olhou para cima, e Rhil seguiu o olhar.
Os guardas voltaram, e um deles segurava agora uma longa corrente
eletrificada, com uma das criaturas nojentas de Ro puxando com força na
ponta dela. Rhil mal conseguia olhar para a coisa. Era uma criatura nascida
de pesadelos, uma torção horrenda e deformada de membros esguios e
probóscides contorcendo-se, seu corpo movendo-se em um andar irregular e
desajeitado. Como os sistemas naturais de qualquer mundo poderiam ter
dado origem a algo tão intrinsecamente monstruoso, Rhil nem conseguia
começar a imaginar. Pior, ela sabia o que o Inominável poderia fazer. Ela
nunca tinha visto, mas ouvira as histórias, sussurradas com reverência até
mesmo pelos Nihil.
Era um matador de Jedi.
Rhil queria desviar o olhar. Queria se virar e correr, se afastar o máximo
possível desses monstros, de Ro, dos Nihil, do Inominável, quanto podia.
Mas Petrik a segurava firme. Tudo o que podia fazer era assistir e esperar
que Veter ainda tivesse algo na manga, algum truque Jedi ou um sabre de
luz escondido, que pudesse convocar para derrubar a criatura.
Marchion Ro fez um gesto para os guardas soltarem o grão mestre. Os
ombros de Veter caíram. Ele vacilou, seu rosto se contorcendo em dor
óbvia, como se a mera proximidade do Inominável fosse excruciante.
A criatura puxou a corrente, com os tentáculos se contorcendo.
Ro olhou para o Jedi ajoelhado. Ele empurrou pra trás sua capa e tirou
algo, um punho de sabre de luz, de seu cinto. Zombando, ele o jogou no
chão diante de Veter, onde ressoou alto e rolou até parar contra os joelhos
do Jedi.
— Você pode precisar disso, — disse Ro, com tom de zombaria. — Não
que isso vá te ajudar em alguma coisa.
O Jedi olhou para o punho do sabre de luz, mas não se mexeu.
Rhil o encarou confusa. Por que ele não estava fazendo nada? Por que
não tinha agarrado a arma e derrubado Marchion Ro onde ele estava? Agora
era a chance dele!
Devagar, Ro recuou, indicando para o guarda trazer o Inominável pra
frente.
— Não... Não... por favor. — Veter baixou a cabeça. Essas não eram as
palavras, as ações, de um Grão-Mestre Jedi.
Lágrimas brotaram nos olhos dela enquanto Veter, um homem tão
corajoso, tão gentil, tão ilustre membro dos Jedi, recuava pateticamente
enquanto o Inominável se aproximava. Saliva respingava de sua boca
enquanto ele gemia em dor óbvia e terrível. O Inominável sorria, com a sua
cabeça deformada se erguendo, como se estivesse aspirando o cheiro da
presa, saboreando o momento antes que os seus captores o permitissem se
alimentar.
E então Veter se levantou vacilante.
Ele ergueu a sua mão direita trêmula, e o sabre de luz se acendeu com
um sibilo de verde brilhante. Os seus maxilares ainda estavam trabalhando,
como se estivesse tentando dizer algo, e os seus olhos estavam arregalados
e fixos, mas havia um toque de desafio em sua postura quando deu um
passo único em direção à criatura.
O sabre de luz zumbia enquanto Veter o girava em um arco amplo. Mas
a sua mira estava fora. Ele deu mais um passo, deu mais um balanço
selvagem, mas Rhil sentiu o seu coração afundar. Era quase como se ele não
conseguisse ver a coisa bem diante dele.
A cabeça de Veter se sacudiu da esquerda para a direita. Ele estava
entrando em pânico agora, gritando com coisas que não estavam lá. Era
como se a criatura tivesse afetado sua mente e, em seu estado lamentável e
enfraquecido, ele parecia incapaz de funcionar, apesar da ameaça
devastadora bem diante dele. Ele vacilou, tremendo, paralisado pelo medo,
seu sabre de luz pendendo frouxamente ao lado.
E os Nihil estavam apenas... rindo.
Rhil sentiu as lágrimas quentes rolando por suas bochechas.
— É hora de cumprir a sentença dele, — disse Ro. Ele segurava algo em
seu punho. Uma haste de algum tipo. Ele a levantou, segurando-a sobre a
cabeça de Veter. — Soltem o Nivelador.
Os Nihil que seguravam a corrente a deixaram cair no chão.
— Não... — Rhil tentou gritar, mas tudo o que saiu de sua boca foi um
suspiro sem fôlego e horrorizado. Sentiu o blaster de Petrik pressionar com
mais força contra a pequena parte das costas.
Os droides câmera agora estavam circulando Veter e a criatura enquanto
ela se lançava sobre ele, derrubando-o pra trás e enviando o sabre de luz,
agora apagado, girando para longe. O Inominável caiu sobre Veter,
prendendo o Tarnab gemendo ao chão, com as suas garras dianteiras nos
ombros dele, com as suas probóscides estranhas balançando logo acima de
seu rosto.
Veter torceu a cabeça, apertando os olhos, gemendo enquanto a criatura
emitia um burburinho satisfeito, jogando a cabeça pra trás em satisfação
extasiada. Abaixo dela, Veter parara de se mover e apenas sussurrava,
repetidamente, implorando para parar.
Algo estava acontecendo com o seu corpo. Preso sob o volume da
criatura, estava começando a empalidecer, acinzentar. Não. Não apenas
pálido... ele estava se transformando em pó. Enquanto o Inominável se
alimentava dele, o corpo inteiro de Veter estava rachando, como se estivesse
se transformando primeiro em pedra pálida e depois desmoronando para se
tornar poeira sob o peso da criatura. Rhil assistiu, fascinada, enquanto o
efeito se espalhava rapidamente ao longo do comprimento do corpo de
Veter, incorporando até mesmo suas túnicas. Ao atingir seu peito, Veter
soltou um último suspiro gemendo, e então sua cabeça tombou para o lado.
Os seus olhos permaneceram abertos, mas Rhil podia ver que já estavam
sem visão, sucumbindo à mesma praga estranha de poeira que agora subia
em volta de sua garganta, de seu queixo, do lado de seu rosto.
Em questão de momentos, não restava nada do Grão-Mestre Jedi que um
dia fora Pra-Tre Veter. Nada além de poeira derramada e a vaga silhueta de
um casulo em forma de corpo.
Incapaz de se conter, Rhil virou a cabeça e vomitou, a corrente doentia
respingando no chão aos seus pés. Petrik praguejou e deu um passo pra trás,
fazendo barulhos de nojo.
Ao redor deles, os Nihil aplaudiram, rugindo em alegria abjeta pela
morte de um de seus inimigos jurados. No meio disso, Marchion Ro se
banhava em sua adoração, girando no lugar, com os braços abertos
enquanto recebia os aplausos, como se ele fosse aquele que tivesse
derrotado seu inimigo em uma arena, e não a fera.
O Inominável grunhiu, saciado, e voltou em direção aos guardas, que
enrolaram correntes ao redor de seu pescoço e imediatamente o levaram
pelo caminho por onde vieram.
As câmeras agora se aglomeravam ao redor de Ro.
— Hoje fui forçado a lembrar a vocês do que os Nihil são capazes. Os
Jedi não nos assustam. Nem os Jedi, nem a República, têm jurisdição no
espaço Nihil. Vocês não são bem-vindos aqui. — Ele fez um gesto para os
restos desidratados do que fora Pra-Tre Veter. — Compreendam que este
será o destino de qualquer Jedi pego atravessando a Muralha de
Tempestade. Esta é a justiça Nihil, rápida e justa. — Ele olhou diretamente
para a lente da câmera, um sorriso irônico estampado em seus lábios finos.
— Vocês são todos a República, mas nós somos os Nihil. Subestimem-nos
por sua conta e risco.
Ro deu um sinal, e as câmeras se apagaram.
Rhil enxugou as lágrimas dos olhos. Lutou para conter os soluços que
ameaçavam explodir de seu peito. Não conhecia Pra-Tre Veter, mas isso
pouco importava: ninguém merecia uma morte tão horrível como a que
acabara de ser forçada a testemunhar. Ninguém.
Marchion Ro poderia ter desejado mostrar à galáxia que os Nihil tinham
força e poder, e uma arma que poderia dizimar até mesmo os Jedi... mas ele
também lhes mostrara que os Nihil eram ainda mais brutais, distorcidos e
perigosos do que eles já sabiam.
Tudo o que Rhil podia esperar era que, longe de fazer os outros fugirem
assustados, um ato como este só ajudasse a fortalecer a determinação deles,
a fazê-los lutar ainda mais.
Ro mostrara à galáxia quem os Nihil realmente eram.
Olhou para Ghirra Starros, a única dos Nihil seniores que não estava
celebrando. Ro também percebera, e Rhil viu o olhar que passou entre eles.
Ro não estava feliz com a sua 'ministra' e suposta amante.
Quanto a ela, Ghirra parecia... assustada. Inquieta. Ela se mexeu
desconfortavelmente em sua cadeira, alisando a frente de seu vestido, e
desviou o olhar, como se tivesse achado toda a cena tão desagradável, tão
horrível quanto Rhil, e não quisesse mais olhar para o cadáver desidratado e
os Nihil festejando.
Então. As coisas não eram tão cor-de-rosa nos escalões superiores dos
Nihil como Marchion Ro gostaria que todos acreditassem...
Rhil viu Ro se voltar para o seu povo, agora se aglomerando ao redor
dele de todos os lados, gritando e aplaudindo o seu nome.
— Hora de ir. — Ela sentiu o hálito repugnante de Petrik contra a parte
de trás do pescoço novamente. Ele a empurrou, empurrando-a na direção da
porta. — Essa festa é só para os Nihil.
Rhil não discutiu. Não queria estar naquela sala mais do que o
necessário. Sentindo-se oca, se dirigiu para a porta.
CORUSCANT

— Não!
Elzar bateu com o punho na mesa com tanta força que um dos targons da
Chanceler emitiu um rosnado baixo de advertência. Lutou para conter o
súbito aumento de raiva, lembrando-se do que Orla Jareni lhe ensinara;
lembrando que sucumbir a tais sentimentos era trilhar um caminho que não
desejava percorrer.
Lina Soh não podia olhar para ele, não conseguia encontrar o seu olhar.
Todo o seu corpo tremia, com os punhos cerrados ao lado do corpo, os
lábios firmemente cerrados. Ela se virou para longe dele, respirou fundo e,
em seguida, soltou o ar.
Quando ela se virou novamente, tinha se recomposto, mas podia ver que
as suas mãos ainda tremiam, não de medo, mas de fúria e adrenalina.
— Desculpe, — ela soltou entre os dentes.
As palavras pareciam passar por ele, sem sentido.
Pra-Tre Veter estava morto. Morto diante das câmeras e transmitido na
mesma frequência que um dia carregara os tons tranquilizadores do Farol
Luz Estelar. No aniversário da queda da estação.
E Marchion Ro tinha rido. O maníaco realmente tinha gostado.
O que era pior, ao testemunhar essa tragédia, ali na tela holográfica,
Elzar finalmente teve um vislumbre das monstruosas criaturas que haviam
assombrado os Jedi por tanto tempo.
Vira a criatura conhecida como o Inominável. Todos eles tinham visto.
Capturado na câmera, em todo o seu esplendor repugnante, com a sua
aparência monstruosa, com a sua boca tentacular, a sua pele branca como
giz que era simultaneamente folgada e apertada demais para o seu corpo
maciço. Parecia olhar para ele com os seus olhos brilhantes, diretamente
pela lente da câmera. Agora, os Jedi sabiam contra o que estavam realmente
lutando. A verdadeira extensão do horror que enfrentavam.
Mesmo um grão-mestre não fora suficiente para ficar em seu caminho.
Elzar estremeceu. Que chance eles tinham?
Olhou pra cima para a Chanceler. Os seus olhos estavam cheios de firme
determinação.
— Aquela coisa... A maneira como ela... — Ela se interrompeu, como se
não conseguisse encontrar as palavras, mas Elzar entendia o sentimento
muito bem.
Balançou a cabeça. Não podia fazer isso, permitir-se ceder a essa dor, a
esse desespero. Não de novo. Enterrou-a, empurrando-a para baixo, usando-
a para alimentar a sua determinação. — Pra-Tre Veter agora é um com a
Força.
— Você sabia? Que ele estava dentro da Zona de Oclusão?
Elzar assentiu.
— Ele foi capturado pelos Nihil durante uma missão até o limite da
Muralha de Tempestade. Tentando ajudar Bell, Mirro e os outros a capturar
um motor de Trilha e impedir mais ataques. Tínhamos esperança de que
ainda estivesse vivo, mas não havia como ter certeza.
A voz da Chanceler estava nivelada.
— Quantos mais, Elzar?
— Muitos. A maioria dos Jedi respondeu à convocação geral emitida
pelo Conselho, enviando mensagens mesmo que não pudessem retornar.
Alguns, sabemos, estão muito longe no Espaço Selvagem. Outros estão
envolvidos em conflitos ou eventos localizados. O restante... só podemos
presumir que estavam presos dentro da Zona de Oclusão quando a Muralha
de Tempestade foi erguida.
— Assim como Kip e Jom.
O silêncio se estendeu.
— Isso... foi horrível o que fizeram com ele. — Mesmo Lina Soh,
geralmente tão inabalável, tão estoica, parecia abalada pelo que vira no
holograma. — Quero dizer, ouvi as histórias. Eu até vi uma imagem do que
aconteceu com o pobre Loden. Mas ver acontecer assim. Ver o que aquela
coisa podia fazer... — Ela desdobrou o punho esquerdo, depois o formou
novamente. — Pela primeira vez, acredito que entendo verdadeiramente por
que o Conselho os chamou de volta aqui para Coruscant.
— Ainda não sabemos como lutar contra eles, — disse Elzar. Ele
desviou o olhar. — Eu não sei o que fazer.
— Você vai descobrir. E o Conselho também. E você tem o total apoio
da Coalizão de Defesa da República. E o meu. Você tem a mim. Por mais
que valha.
— Obrigado, Chanceler. O que você fará agora?
Ela se levantou, fechando os olhos, respirando fundo.
— Mais uma vez, aquele patife do Marchion Ro fez pouco caso de mim.
Elzar foi momentaneamente pego de surpresa pela intensidade que se
infiltrara em sua voz. Ela viu a sua surpresa e assentiu.
— Oh, os seus ensinamentos podem impedi-lo de expressar a sua raiva,
Elzar, então eu xingarei por nós dois. E deixe-me dizer-lhe agora, sem
incertezas, ele pagará por seus crimes. De uma maneira ou de outra.
Ela foi até a janela, olhando para as agulhas da cidade além.
— Na noite passada, fiquei ali, diante dessas câmeras, e disse à galáxia
que ninguém seria machucado. Que os Nihil não fariam nada para marcar o
aniversário da queda do Farol. Que até entrei em discussões sobre um
cessar-fogo. E agora isso. — A raiva em sua voz era palpável. — Eu cometi
um erro. Eu queria tanto que fosse verdade que comecei a acreditar nisso.
Eu sou uma tola.
— Não, Chanceler. Nunca, — disse Elzar, com a voz firme.
— Não pode ficar assim. Ro não pode agir impunemente. Devemos ser
vistos agindo. — Ela se virou para encará-lo novamente. — Então é isso
que vou fazer. Vou duplicar as naves da CDC patrulhando a fronteira da
Muralha de Tempestade. Vou traçar um anel mais fechado de proteção ao
redor de Coruscant. E vou reunir os comandantes da CDC e encontrar uma
maneira, qualquer maneira, de impor uma resposta militar. Mesmo que não
possamos romper a Muralha de Tempestade, deve haver alguma maneira de
mostrar aos Nihil que não toleraremos isso.
Elzar assentiu. Podia ouvir a desesperança sob a raiva rosnante em sua
voz. Ele afastou a cadeira e ficou de pé.
— Vou marcar uma reunião com o Conselho Jedi. Você está certa. Deve
haver uma resposta para isso. Não podemos esperar mais.
Ele se dirigiu para a porta.
— Vamos recuperá-los, Elzar, — disse Soh, sua voz tensa. — Vamos
encontrar um caminho. Já passou da hora de acabar com isso. De alguma
forma.
HINTIS IV

— Vocês são todos a República, mas nós somos os Nihil.


Subestimem-nos por sua conta e risco.
Bell pressionou um botão no receptor de holo e a gravação turva e
instável começou a se repetir. Figuras translúcidas ganharam vida como
fantasmas de gosma.
Havia Rhil Dairo, mal se segurando diante da câmera flutuante,
claramente lendo de uma tela. As palavras saíam de seus lábios, mas não
eram dela. Bell podia ver isso em seus olhos.
E lá estava Marchion Ro, o Olho dos Nihil, em pé sobre a forma curvada
e submissa do Grão-Mestre Veter. Zombando de seu prisioneiro quebrado.
O braço de Veter estava faltando. A câmera tremeu e o holograma
piscou, aumentando a sensação de desorientação, desconexão.
Bell se inclinou pra frente. Estava em seu alojamento privado na base da
CDC em Hintis IV, sentado de pernas cruzadas no chão com o pequeno
dispositivo de holo diante dele. Retirara-se para lá depois de ver a
transmissão na sala principal de reuniões com os outros membros da CDC e
Jedi na base. Sabia que Burryaga estava preocupado com ele, mas Bell não
conseguia falar sobre isso.
Nem antes. Nem agora.
Mal conseguira conter a sua frustração borbulhante, a sua dor.
Bell se forçou a manter os olhos fixos na cena se desenrolando diante
dele, mesmo quando a criatura, o Devorador da Força, era levada para fora.
Estremeceu. Queria desviar os olhos, olhar para qualquer coisa além do
monstro, para o que sabia que ele ia fazer, mas era a única maneira. Tinha
que tentar entender. E tinha que ver se ela estava lá.
A boca tentacular da criatura se contorceu em antecipação. Bell não
tinha ideia se era a mesma fera que matara o Mestre Loden, mas Ro a
chamara de 'Nivelador'.
A criatura enojava Bell de uma maneira que nenhum ser vivo já o havia
enojado antes. A visão dela fazia a sua pele se arrepiar. Assistiu enquanto
ela puxava a coleira, quase consumida por sua própria fome terrível.
Selvagem e bestial, com os seus olhos vidrados fixos em seu alvo.
Bell queria desviar o olhar quando o Mestre Veter foi forçado a ficar de
pé, a tentar lutar contra a fera. O olhar selvagem em seus olhos, o puro
horror em seu rosto, a desorientação... Era difícil testemunhar.
O que foi mais, Bell entendeu. Sentira o mesmo pânico, o mesmo medo,
quando tentara resgatar Loden. Quando o chão desapareceu e a sua visão
girou e nada mais fazia sentido. Isso fora debilitante. Isso o tornara de
alguma forma menos.
E isso matara o seu antigo mestre e muitos outros desde então.
A casca de Pra-Tre Veter jazia no chão aos pés de Marchion Ro.
A gravação de holo se aproximava de seus momentos finais. Bell
estudou os rostos na multidão. Eles estavam borrados e indistintos.
Melis Shryke estava lá? Ela nem mesmo estava presente para
testemunhar o horror que perpetrara? Não conseguia vê-la.
Isso tinha sido obra dela. Ela fora quem entregara o Mestre Veter a
Marchion Ro. Quem o atraíra, usando pessoas inocentes como isca.
E ela nem sequer tinha a decência de ver pessoalmente o fruto de seus
trabalhos.
Bell tentou controlar a sua respiração. Buscar paz. Mas ela não vinha.
Sentia-se inadequado. Sentia-se culpado. Sentia-se perdido.
Deveria ter feito algo para impedir que levassem o Mestre Veter. Estava
lá, em uma missão de resgate que deveria ter sido simples para ajudar as
pessoas de Solunus após um ataque dos Nihil.
O Grão-Mestre Jedi ficou pra trás para conter uma onda de Nihil
atacando enquanto Bell e Burryaga evacuavam os civis. Mas ele foi
dominado. Encurralado. Levado por Melis Shryke.
E então foi aprisionado e executado, da pior maneira possível.
Bell se perguntou se o Mestre Veter entendia a gravidade de seu
sacrifício. Se sabia como as coisas poderiam terminar. Se soubesse, ainda
teria feito o que fez?
Bell tinha que acreditar que sim. Tinha que esperar que ele, também,
teria tido a força para fazer o mesmo se a situação deles fosse revertida. Isso
é o que os Jedi faziam, colocavam os outros antes de si mesmos, não
importando as consequências.
O Mestre Veter agora era um com a Força. Assim como todos os outros.
Para Bell, era hora de traçar uma linha. Shryke tinha que ser detida. E
então, quando isso fosse feito, todos os outros Nihil também. Caso
contrário, eles continuariam indo cada vez mais, até destruírem tudo e todos
que Bell amava. Até minarem tudo o que os Jedi eram.
Pressionou o botão novamente. Pela quinta vez. A sequência recomeçou.
Bell assistiu.
O indicador da porta tocou.
Bell pausou o holo.
Tocou novamente.
— O que foi?
A porta se abriu. Burryaga estava na abertura, delineado pela luz
brilhante do corredor além.
— Wrraaarooo rooo raaar, — disse o Wookiee, com tom inquisitivo.
— Eu sei, Burry. Mas isso é importante. Estou revisando a transmissão
novamente, tentando entender o que aconteceu. Procurando rostos na
multidão. — Bell não encontrou o olhar do amigo. Ele pressionou o botão
novamente, reiniciando o holo de onde parou.
Burry entrou no quarto, curvou-se e pegou o receptor de holo do chão.
Ele apertou os controles e o holo piscou.
— Rwaaar.
— Tudo bem. Estou ouvindo, — disse Bell, soando mais frustrado do
que pretendia.
Burry o encarou com um olhar fixo. Então, enfiando o holo gravador em
suas vestes, ele explicou que houve outro ataque, a uma pequena colônia de
mineração no planeta Phrill. A força de defesa local foi aniquilada e a
colônia quase destruída. Uma equipe da CDC estava partindo
imediatamente para ajudar no local.
— Shryke? — disse Bell, pronunciando a palavra com raiva.
Burry assentiu, mas explicou que ela já havia partido, retornando à
segurança da Zona de Oclusão.
Bell estudou o seu amigo por um momento.
— Então por que...? — Ele se interrompeu. Ele sabia por quê.
Pessoas precisavam de ajuda, e os Jedi se colocavam antes dos outros,
sempre.
De sua maneira, Burry estava lembrando Bell de que eles tinham um
trabalho a fazer, além de capturar um impulsor ou parar Melis Shryke e os
outros Nihil.
Não importava o que tivesse acontecido. Não importava o quão difícil
fosse. Era o dever deles.
Isso é o que os Jedi fazem.
Bell se levantou. Bateu no ombro de Burry.
— Vamos lá. Há pessoas que precisam de nós.
NAVE DE TRANSPORTE NIHIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Fique quieto agora, KC. Eles estão vindo nesta direção.


Avar Kriss transferiu o seu peso de um pé para o outro, agachando-se
atrás da pilha de caixas de armazenamento para evitar o campo de visão dos
dois guardas Nihil. Nenhum deles estava usando as suas máscaras, que
estavam jogadas a alguns metros de onde Avar estava escondida. Uma era
uma Pantorana com pele azul, olhos dourados pálidos e uma cabeça raspada
que ostentava as típicas tatuagens de sua cultura. O outro era um humano
do sexo masculino com pele marrom clara e uma barba desgrenhada e
irregular. Ambos usavam o olho pintado de Marchion Ro em suas
armaduras, como uma espécie de amuleto antigo. Ambos também pareciam
muito à vontade enquanto passeavam ao longo da passarela superior do
transportador de carga, conversando despreocupadamente sobre algum
plano que haviam elaborado e como pretendiam passá-lo pelo líder de sua
Tempestade. Eram guardas que não estavam acostumados a realmente
guardar alguma coisa.
Eles estavam prestes a receber uma surpresa.
Avar flexionou os dedos de ambas as mãos. Ao seu lado, KC-78, o
antigo droide astromecânico de Estala Maru e o único amigo que tinha
neste canto abandonado da galáxia, tremia nervosamente, como se estivesse
inseguro sobre o seu papel nos eventos que estavam por vir.
Estendeu a mão e afagou o topo da cabeça do droide.
Avar já não se parecia com a Jedi que fora. Para começar, abandonara as
suas vestes em favor de uma vestimenta menos identificável: calças cinza
com uma túnica cinza presa por fivela, botas marrons e uma capa de cor
carvão para ajudá-la a se misturar com as sombras. Até mesmo perdeu o seu
diadema, prendendo o seu cabelo loiro em um rabo de cavalo apertado. A
única concessão que manteve à sua antiga vestimenta Jedi foi o coldre de
seu sabre de luz, ainda preso firmemente em seu quadril.
Não havia apreciado se desfazer da pele de sua vida anterior, mas o
último ano havia sido difícil, para dizer o mínimo. O rosto dela era
reconhecível, e ouvira falar sobre o que aconteceu com os Jedi pegos
operando dentro da zona. Então, tomou as medidas necessárias,
disfarçando-se, trabalhando nas sombras, fazendo tudo o que podia para
ajudar os civis que também se viram encurralados pelos Nihil depois que a
Muralha de Tempestade foi erguida.
Pelo menos, era isso que dizia a si mesma. Na verdade, sentia-se
libertador se livrar das vestes de sua antiga vida, se libertar das
expectativas, do fardo dos erros que a trouxeram até aqui.
Aqui, agora, era só Avar. Nada mais, nada menos. Sem ser mais a oficial
do Farol Luz Estelar. Sem ser mais a Heroína de Hetzal. Só Avar, fazendo o
que precisava ser feito. Sentia-se como se estivesse voltando às suas raízes.
Fazendo o trabalho. Acertando as coisas, um passo de cada vez. Como ficar
escondida no fundo de um transporte de carga, esperando para sequestrar o
carregamento de grãos deles e entregá-lo a quem precisava.
No fundo, sabia que estava se iludindo. Em seus momentos mais
sombrios, sozinha, sentia-se perdida, à deriva, cortada das pessoas que
realmente precisavam dela e daquelas de quem ela precisava em troca.
Elzar, Reath, Vernestra, Yoda... e muitos outros. Ela os abandonara todos.
A melodia da Força tornara-se distante e dissonante, como se tudo
estivesse quebrado, desalinhado. Ainda podia senti-la lá, ainda podia
invocá-la quando precisava, mas a sua conexão com a Força carecia da
harmonia e paz que ela fornecia anteriormente.
Avar desejou nunca ter vindo aqui, deixando Eiram com tanta pressa, tão
ansiosa para escapar do local de seu pior fracasso.
Havia disfarçado isso em termos que os outros poderiam entender.
Alguém precisava ficar de olho nos Nihil, descobrir o próximo movimento
deles. Alguém precisava relatar o que estava acontecendo e descobrir uma
maneira de detê-los. Alguém precisava agir rapidamente e decisivamente
contra aqueles que quase causaram a sua ruína. Alguém precisava parar o
Olho.
Na verdade, estava apenas fugindo. E, ao fazer isso, havia abandonado
aqueles que mais precisavam dela.
Pensou em Elzar, parado lá naquela praia encharcada, despejando o seu
coração, confessando o que acontecera nos últimos minutos da queda do
Farol, o erro que cometera, a culpa que ameaçava consumi-lo.
E partira. Naquela mesma noite. Muito consumida por seus próprios
fracassos para ajudá-lo, para ser a amiga que ele precisava.
Não sabia se ele seria capaz de perdoá-la por aquela fraqueza, por aquele
momento de egoísmo. Na época, tudo o que conseguira fazer era se afastar.
Em seus momentos finais, Maru lhe dissera que sempre fora a sua 'luz
brilhante'. Mas era um manto que nunca mereceu. Tentara estar à altura
daquela expectativa, e falhara. Liderara os Jedi em uma caçada falha para
encontrar Lourna Dee, a Executora da Tempestade Nihil que Avar se
convencera de ser o Olho dos Nihil, mas que se revelara apenas uma das ex-
tenentes de Marchion Ro. Tratara Stellan com desdém e ignorara os seus
avisos antes do ataque o Farol Luz Estelar, quando, na verdade, deveria ter
ouvido as suas palavras e estado lá para ajudar. Não demonstrara a liderança
necessária de uma Oficial, e as pessoas morreram.
Agora, estava fazendo o que sempre pretendera. Estava ajudando as
pessoas. E isso tinha que ser o suficiente.
Havia um momento para tais pensamentos, no entanto, e este não era
agora. Avar os enterrou, assim como enterrara tudo o mais.
Espiou por cima da borda de uma caixa de armazenamento. Os guardas
Nihil agora haviam passado e estavam prestes a se virar e voltar sobre si
mesmos, completando a sua passagem pelo porão de carga. Esta seria a sua
chance. Derrubá-los. Amarrá-los. Empurrá-los para fora em um pod de
fuga. E então chegar ao piloto civil na frente.
Avar olhou para KC-78.
— Pronto? — ela sussurrou.
A luz indicadora na frente da cabeça de KC-78 piscou verde.
Ela assentiu, ao olhar por cima da caixa de armazenamento novamente e
depois lhe deu um empurrãozinho.
— Vai.
O droide pareceu hesitar por um momento, como se esperasse que
mudasse de ideia, mas o encarou com um olhar urgente. A sua luz
indicadora piscou silenciosamente novamente e, então, ele partiu,
avançando para fora de trás da caixa, suas rodas zunindo enquanto subia a
rampa até a plataforma de metal elevada. Abaixo dele, o silo de grãos chiou
suavemente à medida que as partículas se moviam.
— O que...? — A Pantorana franziu a testa diante da visão do
inesperado astromecânico em seu caminho. KC-78 avançou, ignorando-a,
como se estivesse alegremente ocupado com os seus afazeres.
— Você! Droide. Pare aí mesmo. — A voz do humano era áspera e
cansada. Os seus ombros se curvaram enquanto ele se dirigia em direção a
KC-78, claramente mais incomodado pelo fato de que agora teria que fazer
algum trabalho real do que pela implicação de um intruso inesperado. — O
que você está fazendo aqui?
KC-78 parou na passarela. A sua cabeça virou lentamente na direção do
humano Nihil. Ele emitiu uma série de zeros e uns. O guarda o olhou com
confusão e, em seguida, para a Pantorana.
— Você fala droide?
A Pantorana olhou para ele com raiva.
— Eu pareço falar droide?
O homem franziu a testa.
— Isso nem faz sentido, Niquita. Como você pode parecer que sabe
alguma coisa?
Niquita sorriu astutamente.
— Você entenderia se soubesse, Dascha.
Isso pareceu o suficiente para Dascha, que voltou a sua atenção para
KC-78.
— O que você está fazendo aqui?
KC-78 deu de ombros verbalmente na forma de um longo tom cansado.
Dascha pareceu considerar isso, então balançou a cabeça. Ele deu um
chute com a borda de sua bota no KC-78. O droide mudou de posição
ligeiramente, mas não se moveu.
— Ei, — disse Dascha. — Que tal nos divertirmos um pouco?
Niquita franziu a testa.
— Olha, eu já disse...
— Não, não, — interrompeu Dascha, claramente constrangido. —
Quero dizer com o droide.
— Você o quê?
— Quero dizer tiro ao alvo. O que você acha?
Niquita sorriu.
— Gosto da maneira que pensa.
— Eu também.
— Claro que você gosta. É a sua ideia.
Ambos sacaram os seus blasters.
— Eu não faria isso, se fosse vocês.
Niquita e Dascha trocaram um olhar confuso.
— Diga isso de novo, droide, — disse Niquita, franzindo a testa.
KC-78 emitiu outro fluxo de bipes e assobios frenéticos.
Niquita apontou a sua pistola para o droide.
— No Básico.
KC-78 apenas a encarou sem expressão. O seu dedo se fechou no
gatilho.
— Eu disse, não faria isso se fosse vocês.
Os dois Nihil se viraram em uníssono para olhar por cima dos ombros.
Avar estava parada na passarela por trás deles.
Dascha levantou o seu blaster.
— O que foi isso?
Avar soltou um suspiro tranquilo.
— Um sequestro, — ela disse de maneira prática. — E vocês têm uma
escolha. Podem largar as suas armas, entrar no pod de fuga e sair agora.
Não há necessidade de machucar ninguém. Ou...
— Ou o que? — disse Dascha.
— Ou ela nos machuca, seu tolo, — disse Niquita. — É isso que ela está
tentando implicar.
Dascha riu.
— O que, você? — Ele a olhou de cima a baixo. — Acho que não. —
Mirou ao longo do comprimento de seu blaster e apertou o gatilho.
De repente, Avar estava pulando. A empunhadura de seu sabre de luz
deslizou para fora de seu coldre, e ela o empalmou, acendendo a lâmina
com um vrooosh que rasgou o ar. A lâmina cantou enquanto chicoteava em
um arco, atingindo o tiro do blaster e desviando-o, onde ricocheteou de uma
placa de casco de metal e atingiu uma das caixas de armazenamento abaixo.
— Jedi! — gritou Dascha.
— Eu percebi! — respondeu Niquita, irritada.
Os dois Nihil dispararam uma rajada de tiros de blaster. Avar girou o seu
sabre de luz para frente e para trás, desviando cada tiro conforme vinha,
tendo o cuidado de não enviá-los de volta para os seus atacantes. Teria sido
fácil matar os dois Nihil. Muito fácil. E embora Avar matasse para se
defender ou defender os outros, também acreditava em evitar a morte a todo
custo. Afinal, era quem estava sequestrando a nave deles. E havia outra
maneira.
— Atire nela! — berrou Dascha.
— Estou tentando!
Avar olhou pra baixo para os silos de grãos sob a passarela. Em seguida,
afastando outro aguaceiro de tiros de blaster, ela deu alguns passos pra trás
e correu. O seu sabre de luz cortou as placas de metal da passarela enquanto
ela saltava, torcia e enrolava, bem sobre as cabeças dos dois guardas Nihil.
Pousou suavemente do outro lado, ao lado de KC-78, que apitou alto em
admiração.
A passarela gemeu enquanto se movia insegura, uma linha de metal
derretido traçando onde o sabre de luz de Avar havia cortado uma seção de
placas de piso e vigas.
Os Nihil se viraram, confusos, enquanto a passarela começava a ceder.
Dascha, ainda não desanimado, levantou o seu blaster novamente.
Avar simplesmente balançou o seu sabre de luz para baixo, cortando as
placas de piso logo antes de seus pés.
Houve um grito agudo de metal rasgado e, em seguida, toda a seção da
passarela superior, a seção em que os dois Nihil permaneceram de pé,
deslizou para a esquerda, antes de tombar, caindo nas silos de grãos abaixo.
Os dois Nihil foram junto, braços agitando, batendo com força no grande
cilindro aberto de grãos.
Eles se esparramaram um ao lado do outro no grão, desacordados pela
queda.
KC-78 apitou dramaticamente.
— Oh, eu sei, KC. Eu peguei leve com eles. Melhor para a minha
consciência assim. — Ela olhou para baixo para os Nihil prostrados.
Será que realmente acreditava que, ao poupar a vida desses dois e dos
outros que se recusou a matar durante os últimos meses, estava de alguma
forma encontrando uma maneira de compensar todas as vidas que foram
perdidas? Ser melhor do que os Nihil, que matavam indiscriminadamente?
Não sabia. Não estava certa se algum dia saberia. Mas que escolha
tinha? Enquanto estava contente em trabalhar nas sombras, não estava
disposta a se tornar uma assassina. A sua maneira de fazer as coisas
simplesmente teria que funcionar.
— Prepare o pod de fuga, KC. Eu quero esses dois fora daqui nos
próximos cinco minutos.
KC-78 deu um sinal sonoro indignado, e então virou e desceu a única
rampa restante.
CORUSCANT

— Me diz que você tem boas notícias pra mim, — disse Elzar.
Estava no prédio do Senado, em uma das salas de instrução tática que
haviam sido cedidas às equipes da CDR que trabalhavam no problema da
Muralha de Tempestade.
O técnico e hacker de dados, Keven Tarr, havia sido solicitado pela
República para ajudar na tentativa de decifrar as estruturas subjacentes da
Muralha de Tempestade. Foi uma boa escolha, e embora Tarr ainda não
tenha conseguido liderar uma descoberta, Elzar sabia que havia poucos
outros em toda a República que poderiam igualar a sua proficiência e
compreensão de sistemas complexos de dados.
Tarr estava olhando para Elzar agora, um pouco confuso. Ao redor deles,
a equipe de engenheiros e pesquisadores da CDR continuava a zumbir e se
mover, discutindo em estações de dados ou examinando leituras.
— Se eu tivesse boas notícias, Mestre Elzar, teria enviado uma
mensagem imediatamente para o Templo.
— Eu sei. Desculpe. É só que, depois do que aconteceu com o Grão-
Mestre Veter... eu estou procurando por algo, qualquer coisa, que eu possa
usar para persuadir o Conselho a agir.
Tarr assentiu. Ele era um humano alto e magro, com cabelos vermelhos
brilhantes e pele pálida.
— Entendo. Eu vi a transmissão. — Sua expressão estava sombria. —
Mas estamos trabalhando o mais rápido que podemos. Ainda estamos
tentando entender como a tecnologia dos Nihil funciona.
Elzar suspirou. Isso não era o que ele queria ouvir.
— Então, não fizemos progresso algum?
Tarr parecia aflito.
— Eu teria te dito se tivéssemos. Eu estou tentando, Mestre Elzar. Todos
nós estamos.
— Eu sei. E desculpe, — disse Elzar. — É só... eu preciso de algo.
— Entendo. Só não tenho certeza do que mais posso dizer.
— Você pode responder a uma pergunta? — disse Elzar.
— Claro, — disse Tarr. — Qualquer coisa.
— Quanta força seria necessária para destruir uma das boias? Eu sei que
tentamos antes e nunca conseguimos romper os seus escudos. Mas o que
realmente seria necessário?
— Essa não é realmente a pergunta certa, — disse Tarr, franzindo a
testa. — Veja, mesmo se conseguíssemos destruir uma, as outras ao redor
dela imediatamente mudariam de posição, estendendo os seus campos de
perturbação para cobrir o buraco. O sistema se autorrepara. Para fazer
diferença suficiente, teríamos que derrubar várias boias de uma vez. E
mesmo assim, teríamos apenas alguns momentos antes que se curasse
novamente. É um sistema fascinante.
Fascinante não é a palavra.
— Mas é possível? — incentivou Elzar.
— É possível, — disse Tarr, — mas não funcionaria. Não para o
propósito que precisamos. Pense assim. Forçamos uma brecha, destruímos,
digamos, quatro, cinco boias. Teríamos então uma janela limitada para
atravessar a Muralha de Tempestade antes que ela se fechasse novamente.
Para manter qualquer tipo de passagem, teríamos que implantar uma frota
enorme, atirando constantemente para manter a brecha aberta enquanto as
outras boias se moviam para o lugar.
— Uma frota que seria um alvo fácil para o ataque Nihil, significando
que teríamos que encontrar ainda mais naves para defendê-las, — disse
Elzar.
— Precisamente, — concordou Tarr. — E há também o fato de que os
Nihil poderiam simplesmente implantar mais sementes de tempestade,
fortalecendo a Muralha de Tempestade ao redor do local de qualquer
brecha. Não sabemos quantos mais eles têm.
— E qualquer nave que passasse poderia se encontrar presa no espaço
ocupado pelos Nihil, — disse Elzar, — sem meio de retornar.
— E sem saber o que os espera lá dentro, — acrescentou Tarr. —
Podemos assumir que os Nihil têm alguma maneira de controlar as rotas de
hiperespaço dentro da Zona de Oclusão, também. Sem mencionar muitas de
suas próprias naves, todas com motores de Trilha, o que significa que
poderiam manobrar facilmente qualquer nave Jedi ou da CDR.
Provavelmente destroçariam qualquer nave que conseguisse passar.
— Os motores de Trilha usam rotas de hiperespaço, não é? Por que as
naves Nihil não são destroçadas pelos campos de distorção da Muralha de
Tempestade? — disse Elzar.
— Isso não está totalmente certo, — disse Tarr. — Os motores de Trilha
permitem que os Nihil acessem rotas de hiperespaço personalizadas, não
testadas e não mapeadas, as suas chamadas 'Trilhas', mas deve haver outro
componente. Uma chave. Achamos que os motores de Trilha devem se
comunicar com um núcleo central, em algum lugar profundo dentro da
Zona de Oclusão, que aloca um código para cada unidade conforme
necessário. Esse código diz às boias para conceder passagem à rota e
unidades específicas em questão. — Tarr deu de ombros. — É
incrivelmente complexo e incrivelmente simples ao mesmo tempo. Mas
sem a tecnologia de controle, atualmente não há como rompê-la.
— Então você está me dizendo que é sem esperança, — disse Elzar. Ele
esperava vir aqui em busca de respostas, e em vez disso descobriu que eles
não estavam mais perto de encontrar uma maneira através da barreira do
que estavam há um ano.
— Não, — disse Tarr. — Estou dizendo que ainda não temos as
respostas. Mas teremos. É apenas uma questão de tempo.
Elzar assentiu. O tempo era a única coisa que não tinham. Já se passara
um ano, e eles só agora estavam começando a entender como a Muralha de
Tempestade operava. Quanto mais tempo levaria até que uma solução se
apresentasse? Quantas pessoas mais teriam que morrer?
— Tudo bem. Obrigado, Keven. Desculpe por pressionar tanto. É só...
eu me sinto tão impotente. Preciso fazer algo. Encontrar uma maneira de
detê-los.
— Como eu disse, eu entendo. E já estamos fazendo tudo que está ao
nosso alcance. Eu te manterei informado. Nós vamos encontrar uma
maneira. — Tarr ofereceu a ele um sorriso tenso.
Elzar forçou um sorriso em resposta.
— Eu sei.
Só espero que seja cedo o suficiente.
NAVE DE TRANSPORTE NIHIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Quem é você?
Depois de ejetar o pod de fuga contendo os dois Nihil ainda
inconscientes, Avar foi para a cabine de comando da nave de transporte,
onde uma série de alarmes estava tocando e o piloto Ugnaught parecia estar
em algo parecido com pânico. Ele virou para encarar Avar com os olhos
arregalados enquanto entrava com determinação no pequeno espaço,
inclinava-se sobre os controles e silenciava os irritantes alarmes. KC-78
entrou por trás dela.
— Não importa quem eu seja. Estou aqui para ajudar.
O Ugnaught, um pequeno macho peludo com uma sobrancelha espessa e
uma boca caída, a olhou avaliativamente.
— Um pirata? Um contrabandista? — Ele avistou o coldre preso ao
quadril de Avar. — Oh não. Não. Uma Jedi!
Avar estreitou os olhos.
— Você parece preocupado.
— Bem claro que estou preocupado! — cuspiu o Ugnaught. — Houve
uma perturbação na carga, e um dos pods de fuga foi ejetado. Agora, em
vez dos dois guardas Nihil que deveriam estar supervisionando este
carregamento de grãos, eu tenho você, parada aí toda cheia de si com o seu
sabre de luz.
Avar tentou manter o seu sorriso para si mesma, mas falhou.
— Toda cheia de si?
— Bem, você parece bastante satisfeita consigo mesma.
— Hummm. Bem, eu posso garantir que o meu sabre de luz está
exatamente onde deveria, em seu coldre.
— Por que isso não me deixa mais tranquilo? — disse o Ugnaught.
— Você não é Nihil, então? — disse Avar. Era extremamente óbvio que
o Ugnaught não estava afiliado ao regime de Marchion Ro, mas Avar
achava que poderia ser uma maneira de fazê-lo falar, acalmá-lo um pouco.
O seu melhor palpite era que ele era apenas um piloto de transporte que
havia sido cooptado para servir aos Nihil por coerção e ameaças.
— Eu? Eu não tenho nada a ver com esses tolos mascarados. Quero
dizer, olhe para mim. — Ele bateu no peito. — Eu pareço sair por aí
ameaçando as pessoas e pintando o meu rosto de azul? Bem, eu pareço?
— Você não parece, — concedeu Avar. — Então, imagino que você
ficará feliz em se livrar deles.
— Livrar deles? Eles provavelmente vão dar de alimento para um
whickersnipe por isso! Comida de réptil! Isso é tudo que serei bom. Isso,
claro, se eu sobreviver a qualquer tolice que você tenha planejado. — Ele
balançou a cabeça. — Jedi, — murmurou para si mesmo.
Avar examinou os dados de navegação.
— Você não quer saber o que estou fazendo? — ela perguntou.
— Eu não sei. Quero? — respondeu o Ugnaught.
— Estou redirecionando essa carga. Para pessoas que precisam dela. —
Ela se inclinou sobre o painel de controle e começou a inserir um curso para
Prandril, uma pequena colônia Rodiana numa lua no Aglomerado Minos,
onde Avar ouvira dizer que estava à beira da inanição depois que os canais
regulares de suprimento de alimentos dos colonos foram interrompidos
pelos Nihil. Ficava perto. Eles descarregariam o grão dentro de algumas
horas. Grão que havia sido cultivado em Hetzal, onde os Nihil agora tinham
sua principal base de operações, e de onde estavam controlando todos os
envios de alimentos na região, matando de fome as populações que se
recusavam a prestar vassalagem ou pagar dízimos. Era completamente
bárbaro.
— Você está louca? Se os Nihil te pegarem...
Avar lançou um olhar ao Ugnaught.
— Eles não vão.
— Isso é o que diz. Eles pegaram muitos outros. — O Ugnaught ergueu
o queixo. — E quanto a mim? Onde eu entro nesse plano?
— Você pode dizer a eles que eu o mantive contra a vontade. Ameacei
você se não me ajudasse.
— Você está me ameaçando? — perguntou o Ugnaught, cautelosamente.
— Claro que não.
— Hummm. — Ele parecia pensativo. — O que você fez com os
guardas? Matou eles, sim?
— Não, — disse Avar. Ela se acomodou na cadeira do copiloto enquanto
terminava de inserir as novas coordenadas. Estava começando a gostar
desse piloto Ugnaught espinhoso. — Eu não os matei. Eu os nocauteei e os
ejetei no pod de fuga. Serão recolhidos por outra nave Nihil dentro de
algumas horas.
O Ugnaught pareceu chocado. A cor sumiu de seu rosto. As suas mãos
agarraram os braços de sua cadeira.
— Você nos matou, sua tola!
Avar franziu a testa.
— E como é isso?
— Patrulhas Nihil! Essa nave não tem um motor de Trilha. É só um
transportador. Sem os guardas para testemunharem por nós, nunca
passaremos pelos bloqueios.
O Ugnaught estava certo. Ninguém se movia dentro da zona sem as
permissões corretas. Avar tinha apenas assumido que uma nave de carga de
Hetzal seria programada com os códigos corretos.
Claramente, estava errada. Claro, os Nihil garantiriam que qualquer nave
de carga dependesse deles para uma passagem segura. Especialmente
porque sabiam que os pilotos e outros trabalhadores estavam operando sob
coação. Eles não tinham tempo para revoltas, e não tinham Nihil suficientes
para pilotar as naves eles mesmos.
Avar examinou o mapa de voo, procurando rotas alternativas. A rota
mais curta e não controlada os aproximaria, mas eles teriam que emergir
perto de um campo de destroços perigoso que orbitava Prandril. Usar tal
rota arriscaria atrair a atenção dos enxames de droides carniceiros também.
Sem os códigos de acesso corretos, os enxames atacariam
indiscriminadamente. Mas não havia outra opção. Avar não podia desistir
agora. Começou a inserir as novas coordenadas.
A ruga na testa do Ugnaught se aprofundou enquanto ele observava a
nova rota aparecer nos dados.
— Você está nos levando por uma rota de hiperespaço não aprovada! E
para o meio de um campo de destroços! E quanto aos enxames de
carniceiros? — Sua voz aumentou de tom à medida que ele ficava cada vez
mais apavorado.
— Nós lidaremos com eles. KC tem trabalhado na invasão de seus
protocolos de ataque. Nós encontraremos uma maneira. — Avar olhou para
ele. — Claro, há outro pod de fuga lá atrás, se você preferir arriscar com os
Nihil?
O Ugnaught cruzou os braços sobre o peito.
— E abandonar minha nave? Eu acho que não.
Avar acionou a unidade de hiperespaço.
— Então, é melhor você se segurar, — ela disse.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Ainda há Jedi aqui, — disse Marchion Ro. — Atrás da


Muralha de Tempestade. Agitando a dissidência como parasitas, se enfiando
de maneira insidiosa nas mentes das pessoas. — Ele caminhava de um lado
para o outro diante de uma fileira de grandes gaiolas de metal. Dentro de
cada uma delas, um Inominável encolhido, treinado por um regime rigoroso
de dor e fome para temer Marchion e, talvez de maneira mais direta, a
figura imponente de preto que era o mestre mais imediato de seu destino. —
Não podemos descansar até que todos estejam mortos, — Ro continuou. —
Não podemos descansar até nos livrarmos deles. Eles representam uma
ameaça contínua pros Nihil. Pra mim.
Barão Boolan, o imponente Ithoriano, entrou na luz sombria do
laboratório.
Este era o seu domínio, uma série de câmaras interligadas que Ro
construíra para ele quando a fortaleza foi erguida aqui em Hetzal. Esses
níveis inferiores haviam sido parte de um Proa Longa da República, e Ro se
deleitava em saber o que estava sendo testado aqui, no ventre de uma antiga
nave da República. Ele gostava de usar as ferramentas da República contra
eles, mostrando-lhes que qualquer coisa que lançassem contra ele poderia
ser transformada em uma arma.
Qualquer coisa.
— Estou quase pronto para outro teste, — disse Boolan. O seu tradutor
estalava e ecoava, deixando Ro com a estranha impressão de que Boolan
estava mais longe do que realmente estava. Outra de suas estranhas
afetações, projetada para fazer as pessoas se sentirem desconfortáveis em
sua presença. Para Ro, era apenas uma irritação.
— Então precisamos encontrar mais Jedi para testá-los, — disse Ro. Ele
observou as criaturas em suas caixas, mas não pôde discernir nada de útil na
luz fraca. — A General Viess e a sua insuportável pupila me asseguram que
estão perto de garantir algumas novas cobaias.
Boolan rangia os dentes.
— Sim. É o que dizem. Eu lhes desejo sorte. As minhas próprias fontes
me dizem que todos os esforços para obter mais Jedi estão sendo...
limitados. Alguém dentro do espaço Nihil está frustrando os nossos
esforços. No entanto, estou fazendo arranjos alternativos. Tenho vários
alunos promissores. Meus filhos mostraram aptidão com as feras e desejam
o prestígio que vem de servi-lo, meu Olho.
Ro nunca conseguia dizer se o Ithoriano estava zombando dele ou não.
Um dia teria que fazer algo a respeito disso. Por enquanto, no entanto,
Boolan desempenhava uma função importante, e a sua deferência estava do
lado certo da bajulação. Não havia dúvida de que ele era um cientista
excepcional e entendia as feras de uma maneira que ninguém mais entendia,
nem mesmo os antepassados Evereni de Ro, que as descobriram pela
primeira vez. Boolan compreendia, também, o prazer de transformar as
criaturas nas armas que Ro tanto desejava. As ferramentas que aniquilariam
os últimos Jedi. Os 'aperfeiçoamentos' que estava fazendo em sua fisiologia
resultaram em uma matilha de Comedores de Força aprimorados que seriam
absolutamente imparáveis. Não são só Niveladores, mas armas de
aniquilação completa.
Os seus chamados 'filhos' no entanto, eram algo diferente. Seres
conscientes, ex-usuários da Força, sobre os quais Boolan experimentara
com um deleite perturbador, torcendo os seus corpos em algo repugnante e
novo, quebrando os seus espíritos e reconstruindo-os para se tornarem
fanáticos perigosos alinhados com a sua causa. Havia criado uma pequena
'família' desses monstros hibridizados e planejava usá-los na luta contra os
Jedi.
Às vezes, Ro se perguntava se Boolan era realmente um barão, ou
apenas um carniceiro com uma capacidade interminável de crueldade.
Supunha que não importava, desde que o Ithoriano permanecesse útil.
— Muito bem, — disse Ro. — Enquanto isso, vou enfatizar para Viess a
necessidade de antecipar os seus planos.
— E Starros? Entendi que ela não ficou impressionada com a sua
transmissão recente, — disse Boolan.
— Starros continua sendo uma ferramenta útil. Mas ela é uma criatura
da República e de seu Senado, então, embora a sua perspectiva
ocasionalmente seja útil, ela acha difícil pensar em termos diferentes. Como
muitos de nós, ela adere à visão de mundo que lhe foi dada quando criança.
Ela nunca viu nada além disso, e assim ela imporia as estruturas da
República a todos nós. Ela não entende por que continuamos a provocar
esses tolos em Coruscant, lá no alto de suas torres cintilantes.
— E por que nós continuamos a provocá-los? — perguntou Boolan.
— Porque me agrada.
— Sempre o meu filho, — disse uma voz familiar logo atrás do ombro
de Ro. Ele virou, mas não havia ninguém lá. Só as sombras vazias e o
gemido baixo das feras cativas.
Mas a voz tinha sido real. Ele a ouvira.
Asgar.
Pai.
O espírito inquieto que se recusava a deixá-lo em paz. O pai que ele
havia assassinado para assumir o controle dos Nihil.
— Você está bem, meu Olho? — disse Boolan, olhando para ele com
olhos indecifráveis. Novamente, não havia indício de ironia no discurso
eletrônico cortado do Ithoriano, mas desta vez Ro tinha certeza de que
estava lá.
— Continue, — disse Ro, virando-se para sair.
O Ithoriano murmurou algo em sua própria língua indescritível e voltou
ao trabalho.
— Você vai aceitar isso? — disse Asgar enquanto Ro marchava em
direção à saída para os níveis superiores. — Você vai permitir que uma
criatura como ele fale com você desse jeito? Você deveria matá-lo por sua
insolência.
Ro continuou a andar, ignorando o tom zombeteiro e divertido do
fantasma. Enterrando a raiva que surgia. Ele vinha ouvindo a voz de seu pai
com mais frequência nas últimas semanas, junto com outra, vinda do
passado distante, uma Evereni cuja história ecoara pelos séculos, um nome
que ouvira mil vezes quando criança: Marda Ro. A fundadora original dos
Nihil.
Talvez ele estivesse apenas cansado.
Talvez.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Ghirra Starros ficou com as mãos por trás das costas, espiando os
agradáveis campos ondulantes de Hetzal de trás da enorme escultura do
olho giratório fixado no quarto de Marchion Ro.
Atrás dela, Ro estava deitado na cama sob lençóis amarrotados,
finalmente desprovido dos adornos do governo: a capa, a máscara, a pompa
e circunstância. Mas talvez não a atitude sombria, a frieza, o distanciamento
que a deixava se sentindo afastada e usada.
Não que não tivesse conseguido algo com isso também. Embarcara
nesse relacionamento em parte como uma maneira de se aproximar dele, de
buscar a sua aprovação e proteção, mas também havia uma atração. Sempre
fora atraída pelo poder, e Marchion Ro o vestia absolutamente.
Agora, porém, se perguntava se não havia simplesmente se enredado em
algo mais perigoso do que poderia imaginar.
Ghirra voltou-se para a janela. Lá embaixo, trabalhadores se esforçavam
nos campos para colher as safras, auxiliados por droides servis que
puxavam enormes contêineres metálicos ao longo de seu rastro, nos quais
os trabalhadores jogavam os seus produtos recém-colhidos. Poderia parecer
idílico se não fosse pelos guardas Nihil, esparramados nas costas de suas
speeders, prontos para reivindicar cada grão que os trabalhadores colhiam.
Não apenas isso, mas os trabalhadores sabiam o que aconteceria com
eles se não atingissem as suas cotas. Os Nihil haviam recentemente
reprimido uma revolta entre a população local, e o resultado foi que a força
de trabalho foi reduzida em quase vinte por cento. Dito isso, funcionou, os
restantes oitenta por cento agora entregavam taxas de crescimento ainda
melhores na produção. Como Ro mesmo havia dito, a rebelião fora uma
bênção, ajudara-os a se livrar do peso morto e lembrar ao restante da
população civil quem estava no comando.
Supunha que era a única maneira. O livre mercado da República era
coisa do passado, pelo menos por trás da Muralha de Tempestade. A única
maneira de garantir que todos fossem alimentados era assumir o controle da
rede de distribuição.
Observou um murmúrio de pássaros, se reunindo no horizonte. Eles
voaram baixo, depois voltaram sobre si mesmos, espelhando os
movimentos um do outro com perfeição.
Mudando de rumo.
Ghirra se lembrou de um tempo em que ficara em janelas semelhantes
em Coruscant, olhando para uma visão totalmente diferente. Uma cheia de
faixas de tráfego zumbindo e luzes de néon, folhas altas de vidro e palácios
antigos. Naquela época, a sua filha, Avon, estava ao seu lado,
maravilhando-se com o mundo além da janela.
Mas Avon estava se tornando cada vez mais distante a cada dia que
passava. Uma criança rebelde que não queria mais nada com a mãe. Ghirra
desejou poder fazer Avon entender. Apoiara o lado vencedor. Isso estava
claro desde já. Marchion Ro havia feito o que se propusera a fazer. Ele
havia derrubado a República. Ele havia afrouxado a pressão dos Jedi. E ele
havia estabelecido um território próprio.
Ao estar ao seu lado, o poder de Ghirra cresceu proporcionalmente. E se
continuasse jogando as suas cartas corretamente, ainda havia muito
potencial para continuar a expandir essa base de poder. Talvez fosse hora
dela remover algum peso morto também.
— Você ainda está aqui, então.
Assustada, Ghirra se virou para ver Ro de pé logo atrás dela.
Amaldiçoou-se. Jurara nunca virar as costas para o Evereni, e agora aqui
estava ele. Ele nem mesmo precisou se aproximar sorrateiramente, estava
tão perdida em pensamentos.
— Olho.
Ele se aproximou para se juntar a ela, olhando para os mesmos campos.
Perguntou-se se ele via algo diferente quando olhava para aqueles seres que
trabalhavam lá embaixo. Ele cruzou as mãos atrás das costas. O seu torso
superior estava nu, e Ghirra lutou contra o impulso de estender a mão, de
acariciar os músculos ondulados, a fina teia de cicatrizes franzidas, os
rastros de mapas estelares tatuados e rotas de hiperespaço que cobriam sua
pele azul acinzentada. — Bonito, não é? — ele disse, surpreendendo-a.
Engoliu em seco, virando-se para seguir o olhar dele.
— Sim. Suponho que seja.
— Pensar que, até onde você pode ver, e muito mais além, pertence a
mim. A nós. Todos esses mundos distantes, prestando homenagem aos
Nihil.
— Isso é uma beleza diferente, Marchion. Uma que fala de poder.
— Poder. Sim. Você está certa.
Ghirra fechou os olhos, engoliu em seco. Então:
— Foi um erro, executar o Jedi assim. Transmitir para a galáxia.
Ro deu um sorriso melancólico.
— Por quê? Porque isso abalou algumas penas em Coruscant?
— Porque os seres da galáxia agora pensam que somos vilões.
— Tenho uma novidade para você, Ghirra, eles sempre pensaram. Desde
o ataque em Valo. Desde nosso triunfo em Eiram, derrubando o Farol da
República nas ondas. Você acha que me importo com o que as pessoas
pensam?
— Acho que você se importa mais do que finge, — disse Ghirra. Ela
sabia que estava pisando em águas perigosas. Mas também sabia que, se
não conseguisse chegar até ele, não encontrasse uma maneira de fazê-lo
entender, tudo o que ele construíra aqui, tudo o que ela apoiara, até matara,
desabaria ao redor deles.
— E eu acho que você foi envenenada pela ideologia de um governo que
insiste em impor sistemas de ordem e controle ao seu povo. A República se
deleita sistematicamente infiltrando diferentes culturas por meio da
disseminação casual de suas crenças. E os Jedi estão no centro disso,
pregando paz enquanto empunham armas, alegando não interferência
enquanto fazem precisamente o oposto. Eles não passam de hipócritas.
Todos eles.
Ghirra se sentiu encurralada. Como ela deveria defender a República ao
Olho dos Nihil sem parecer condenar tudo pelo qual ele lutava?
Com cuidado.
— A República tem muitos defeitos. Sabemos disso. E mesmo assim...
— Ela hesitou, escolhendo as suas palavras com muito cuidado. — E
mesmo assim, eles detêm o equilíbrio de poder na galáxia,
independentemente desses defeitos. Milhares de mundos aderem a essa
ideologia, a esses sistemas.
Ro estreitou os olhos. Ghirra sentiu como se estivesse entrando em uma
armadilha.
— O que você fez, o que nós fizemos, destacou essas falhas, —
continuou ela. — Mostramos à galáxia que a arrogância da República não
foi merecida. Que os Jedi não estavam à altura da tarefa de protegê-los.
— Hummm, — murmurou Ro.
— Agora temos a oportunidade de concluir o trabalho. Suplantar os Jedi.
Mostrar que nós temos os meios para ter sucesso onde eles falharam.
Vencê-los em seu próprio jogo. Infiltrar assim como eles fazem e mostrar-
lhes uma maneira diferente de fazer as coisas.
— Você fala de paz e banalidades. De compromisso. — Ele cuspiu a
última palavra com repugnância. — Você fala de política.
Ghirra endireitou as costas.
— Acho que sim.
— Eu sou o Olho da Tempestade.
— Sim, mas o que acontece quando a tempestade se apaga?
Ro encontrou o olhar dela. Os seus olhos eram poços de tinta preta,
revelando nada. Ele mostrou os dentes. Ghirra estremeceu, subitamente
com frio.
— Eu não sei de mais nada.
Por um momento, pensou que isso era uma capitulação, uma admissão
de fraqueza, a brecha em sua armadura que finalmente a deixaria entrar. Um
raro momento de autoconsciência crua. Mas este era Marchion Ro.
Seu tom endureceu.
— Isso é o que os Nihil são. Uma tempestade que varre a galáxia. Uma
força imparável. O caos não se torna ordem quando o interrompe. Apenas
gera mais caos, se espalhando como uma onda, uma ondulação que não
para. Assim é com a Tempestade. Ela só sabe como rugir.
— Mas nós vencemos, Marchion. — Ghirra se perguntou se ele poderia
realmente entender. Aqui estava um homem que passara toda a sua vida
lutando. Não apenas vencer, mas para existir. A sua filosofia inteira foi
construída em torno dessa tempestade rugindo e fervilhando.
— Vencemos? — Ro voltou-se para a vista da janela. — Diga-me, qual
parte disso é 'vencer', Ghirra Starros?
— Derrubamos o Farol Luz Estelar! — Ela queria gritar isso em seu
rosto, forçá-lo a entender, mas se conteve, diminuindo a sua crescente
frustração. Como ele não vê? — Você fez os Jedi fugirem assustados.
Construiu a Muralha de Tempestade e conquistou uma região inteira da
galáxia. Como isso não é vencer?
— E ainda assim a República continua como sempre. Você mesma disse.
Os Jedi ficam em seus templos, e os políticos vão de reunião a reunião. O
que realmente mudou? Como isso pode ser suficiente?
— Então você quer destruir todos eles? — disse Ghirra, incrédula.
Ro se virou para olhá-la novamente. Ele parecia vazio. Vazio. E isso
assustou Ghirra mais do que ele já a assustara antes.
Aqui está um homem que não sabe o que quer.
E isso é mais perigoso do que qualquer tirano, qualquer revolucionário,
qualquer senhor da guerra.
Porque ninguém pode prever o que ele vai fazer em seguida.
E aqui estou eu, presa aqui com ele, pega na tempestade.
— Vou para Coruscant, — disse ela, tentando manter o tremor repentino
longe de sua voz.
— É mesmo?
Ela meio que esperava que ele a ordenasse a não ir, ou pior. Na verdade,
estava surpresa por ele ainda não tê-la matado por sua insolência.
— As pessoas estão passando fome. Aqui, na zona. Enviamos grãos de
Hetzal, mas não é o suficiente, e retemos isso daqueles que se recusam a
pagar os dízimos. Impusemos restrições de viagem. Estabelecemos
bloqueios. Erguemos uma barreira, prendendo pessoas no espaço Nihil.
Enchemos o espaço com droides carniceiros programados para despedaçar
naves não autorizadas, e os seus ocupantes, em pedaços. Se não quisermos
que eles se voltem contra nós, se quisermos mostrar à galáxia uma maneira
diferente de fazer as coisas, temos que encontrar uma maneira de governar.
E fazê-lo eficazmente. Para vencer a República em seu próprio jogo.
— Você presume que tenho algum interesse em governar, — disse Ro.
— Não vejo que você tenha escolha, — disse Ghirra. — A menos que
queira que o nosso domínio sobre o espaço Nihil seja considerado um
fracasso maior do que qualquer coisa que a galáxia já viu. Perder o controle
dos sistemas em nossos próprios setores, encorajá-los a fomentar a rebelião
e passar fome, isso será julgado mais severamente do que qualquer falha da
República em se proteger contra nós e seu povo.
Ro deu um sorriso melancólico, e foi mais perturbador do que qualquer
risada de escárnio.
— Veja o que eu quis dizer sobre vencer, Ghirra Starros? Há uma lição
que a República e os Jedi ainda precisam aprender: para vencer nesse tipo
de jogo, você deve se tornar o seu inimigo. E ironicamente, há outra lição
que eu só aprendi por mim mesmo.
— Que é? — disse Ghirra.
— Que em se tornar seu inimigo, você perde afinal. — Ele virou as
costas para ela. — Vá para Coruscant. Peça aos pés de seus líderes. Veja até
onde isso te leva. Veja como eles tratam aqueles que consideram que não
pertencem à patética República deles. É a única maneira de você aprender.
— Ele olhou para ela por cima do ombro. — E certifique-se de dar
cumprimentos ao Conselho Jedi.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

De pé nos aposentos particulares da General Viess na fortaleza em


Hetzal, sob o escrutínio intenso da Mirialana, Melis Shryke se sentiu
desconfortável. Fora chamada para relatar os seus esforços recentes para
capturar mais prisioneiros Jedi para o Olho, e embora tivesse realizado dois
ataques adicionais nos territórios fronteiriços desde Ribento, não teve mais
encontros com nenhum Jedi. Sabia que Viess não ficaria satisfeita, mas, na
verdade, o que poderia esperar? Não era como se Viess mesma estivesse se
saindo melhor na caçada dentro da Zona de Oclusão, e esses Jedi pelo
menos estavam operando no espaço controlado pelos Nihil.
Cruzou os braços sobre o peito e, em seguida, os desdobrou novamente
para não parecer excessivamente cautelosa.
A sala de recepção estava bem equipada para o que Shryke esperava dos
Nihil. Viess claramente a havia decorado com os despojos de vários saques:
arte de vários mundos adornava as paredes, e estava sentada agora por trás
de uma mesa esculpida em ébano antigo de Batuu. Dizia a lenda que ela
havia estrangulado o antigo dono até a morte em cima da mesa com as
próprias mãos, para não derramar sangue em sua superfície polida e valiosa.
Shryke achava que essa história em particular provavelmente era
verdadeira.
Isso era o que ela gostava em Viess: a general sabia o que queria e o
pegava sem hesitação. Shryke aprendera muito com ela, estudando à
sombra da mulher mais velha. Maneiras de se portar com uma confiança
que a ajudara a se integrar aos Nihil meses atrás; maneiras de lidar com os
seus inimigos que a ajudaram a se manter viva.
Shryke ouvira os sussurros, é claro, os comentários astutos murmurados
entre os outros Nihil, que Shryke não passava de uma imitadora, que ela
idolatrava Viess a ponto de imitar a chamada Ministra da Proteção, que não
era nada além de uma cachorrinha para a coisa real.
Mas isso estava perdendo o sentido. Viess era uma sobrevivente. Ela
tinha pelo menos três vezes a idade da maioria dos Nihil e provavelmente
sobreviveria a todos eles também. Shryke queria aprender com a melhor. E
quando chegasse a hora de Viess ser lançada para fora de uma comporta de
ar, bem, Shryke seria quem acionaria o interruptor de liberação.
E ainda assim, apesar de tudo isso, estar na presença da General Viess
sempre parecia irritar os dentes de Shryke. A mulher tinha uma certa
maneira, um ar específico de desdém que sempre fazia Shryke sentir que
precisava de alguma forma provar a si mesma; que Viess estava julgando
cada palavra, cada gesto dela.
Provavelmente estava.
Viess reclinou-se em sua cadeira, olhando para Shryke por baixo de
pálpebras preguiçosas. O seu lábio se curvou em um esgar. Shryke não
recebeu um convite para se sentar. Ela cruzou os braços por trás das costas
no estilo militar, da maneira que a sua mãe a ensinara.
— O Olho quer um relatório sobre o seu progresso, — disse Viess.
— Tenho realizado ataques além da Muralha de Tempestade, como
ordenado, — disse Shryke. — Estamos atacando inesperadamente,
saqueando e destruindo assentamentos em cada mundo antes de seguir em
frente. Parece que a notícia está se espalhando, começamos a encontrar
mais resistência tanto dos locais quanto da República, mas nada que a
minha tripulação não possa lidar.
— Bom, — disse Viess, embora parecesse menos impressionada. — O
Olho quer que você mantenha a pressão. Lembre-se, os ataques são um
exercício para mostrar à República que nada mudou. Só porque erguemos a
Muralha de Tempestade não significa que não somos Nihil. Os ataques são
um indicador de nossa intenção. Eles devem continuar em ritmo acelerado.
— Entendo, — disse Shryke.
— Há certas facções dentro dos Nihil que buscam abraçar os caminhos
de nosso inimigo e entrar em negociações. Não fazemos parte dessas
facções. Nunca faremos. O Olho sabe disso e conta conosco para fazer a sua
vontade, — disse Viess.
Ela está falando de Ghirra Starros.
Viess, por outro lado, parecia ser mais oportunista, assim como Shryke.
Não havia dúvida na mente de Shryke de que, de qualquer maneira que o
vento soprasse eventualmente, Viess sairia por cima.
— E os Jedi? — disse Viess. Ela bateu com a ponta dos dedos da mão
direita contra o antebraço esquerdo.
Toc-toc-toc. Toc-toc-toc.
Então ela está ansiosa também. Assim que mencionou os Jedi.
Interessante.
Shryke desviou o olhar, incapaz de sustentar o olhar penetrante de Viess.
— Cheguei perto em Ribento, mas os Jedi conseguiram reforçar com
uma frota inteira de naves da República. Fomos forçados a recuar. Nenhum
Jedi apareceu em nenhum dos ataques que realizei desde então. Estou
pensando que precisamos ser mais óbvios em nossas iscas. Deixá-los pensar
que têm a vantagem para atraí-los.
— Humm. — Viess parecia menos convencida. — O que quer que faça,
é melhor fazer rápido. Lembre-se de que garantir mais cobaias para o Barão
Boolan é seu objetivo principal. Os seus resultados têm deixado a desejar
ultimamente.
Shryke não podia acreditar no que estava ouvindo.
— Eu trouxe Pra-Tre Veter! Um Jedi Grão-Mestre. Só dois meses atrás.
Viess inclinou a cabeça.
— Você trouxe. E você foi devidamente recompensada. Mas você é tão
boa quanto a sua última missão, Shryke, e, como você mesma disse, se
passaram dois meses. O Olho exige resultados. E eu também.
Shryke resistiu à vontade de pegar o seu blaster e atirar na outra mulher
onde estava sentada.
Isso não terminaria bem.
Ainda não.
Assentiu, contendo uma réplica.
— Entendo, — finalmente conseguiu dizer.
— Bom. Capturar os Jedi deve se tornar o seu único objetivo.
— E e quanto aos Jedi já dentro do espaço Nihil? Não seria melhor
concentrarmos os nossos esforços em encontrá-los, dado o fato de já
estarem presos dentro de nossas fronteiras? — Era uma pergunta calculada,
projetada para apagar o olhar satisfeito do rosto de Viess.
Viess rangeu os dentes.
— Eu mesma cuidarei deles. Suspeitamos que há pelo menos três deles,
trabalhando de forma independente em diferentes setores. Pelo menos um
deles é conhecido por mim: Porter Engle. Ele se escondeu logo após a
elevação da Muralha de Tempestade, mas recentemente tem se movido e
chamado a atenção dos enxames de carniceiros. Temos filmagens como
evidência de sua sobrevivência.
— Eu poderia ajudar, — começou Shryke, mas Viess a interrompeu com
um aceno de mão.
— Ele é demais para alguém de suas habilidades lidar. Eu cuidarei disso.
Você fique com os tolos presos na patrulha de fronteira.
Shryke cerrava os punhos atrás das costas com tanta força que sentiu
suas unhas morderem a carne macia das palmas.
Minhas habilidades?
Eu trouxe um grão-mestre.
— Muito bem, — disse Shryke. — Vou cuidar disso.
— Excelente, — disse Viess. Ela acenou com a mão. — Você está
dispensada.
Shryke dirigiu-se à porta.
— Oh, e Shryke? — Viess chamou por ela.
— General?
— Arrume um novo visual. Fico lisonjeada, mas está ficando cansativo.
— Sim, General, — disse Shryke, saindo pela porta, com os lábios
franzidos.
Era hora de mostrar a todos do que ela era capaz.
E então, talvez, mostrar para a General Viess aquela porta da câmara
de ar...
PHRILL

— É pior do que eu imaginava. A devastação... — Bell se calou,


sem palavras ao contemplar a paisagem infernal que os cercava. Os tocos
carbonizados e queimados de árvores. As ruínas fumegantes de edifícios.
Os restos trincados e superaquecidos de veículos calcinados.
Em todas as direções, até onde podia ver, a fumaça ainda enrolava
preguiçosamente do solo coberto de cinzas, torcendo-se em espirais no leve
vento que soprava pelo horizonte árido. O cheiro de queimado entupia o ar,
deixando um resíduo desagradável e gorduroso nas narinas e na garganta de
Bell.
Eles haviam chegado em Phrill com a segunda onda de naves de socorro
da CDR, juntando-se ao pessoal da República enquanto vasculhavam as
ruínas do pequeno povoado minerador, em busca de sinais de sobreviventes.
Foi reconfortante ouvir que vários grupos grandes de refugiados foram
encontrados abrigados em aldeias vizinhas, e a CDR já estava
estabelecendo abrigos temporários e distribuindo pacotes de alimentos,
suprimentos médicos e roupas novas.
A República estava se unindo em apoio aos necessitados. Mas Bell
temia que não fosse o suficiente. A cidade principal, antes conhecida, talvez
ironicamente, como Perseverança, fora completamente destruída, e as
pessoas aqui teriam que reconstruir, mesmo enquanto lamentavam as suas
perdas.
Isso nunca deveria ter sido permitido acontecer, mas a CDR e os Jedi
estavam simplesmente pressionados demais para guarnecer todos os
mundos e sistemas ao longo da nova fronteira. Eles podiam responder, mas
não podiam proteger a todos contra os Nihil. Um pensamento que enchia
Bell de uma dor profunda.
No entanto, eles estavam aqui. E estavam ajudando. Burry estava certo
em lembrar Bell de que havia um dever além de sua missão. Eles não
podiam mudar o que os Nihil já haviam feito, mas ainda podiam oferecer
esperança às pessoas agora. A busca por sobreviventes continuaria até que
tivessem certeza de que cada pessoa tinha sido encontrada e posta em
segurança. Bell estava determinado a não desistir de uma única vida.
Virou em outra rua, agora apenas um caminho de paralelepípedos entre
montes de escombros carbonizados que cintilavam na miragem de calor
enquanto se estendiam até o horizonte. Burryaga estava andando à sua
frente, abrindo caminho solenemente pelos destroços.
Bell começou a segui-lo, imaginando ao mesmo tempo o fantasma do
que este lugar já fora. Era difícil conceber. Isso fora um próspero povoado
minerador, com mercados, casas, lojas e bares. Agora, parecia um lugar
assombrado, ecoando com perda. Bell sentia como se pudesse quase
perceber a presença daqueles que ali viveram, chamando-o em sua
desesperança.
— Vamos, Ember. — Bell afagou a coxa, instigando a charhound a
permanecer próxima enquanto seguia apressado atrás de Burryaga. Ela
também havia estado pelos destroços, sendo parte da equipe de busca e
resgate tanto quanto os Jedi. A equipe da CDR já havia terminado nesse
distrito, relatando que todos os sobreviventes haviam fugido antes que a
conflagração se instalasse completamente, mas Burry insistira em passar
por ali novamente, apenas para ter certeza.
— Wrrrarroo rarroww aarrrr, — disse o Wookiee quando Bell se
aproximou, improvisando a sua tristeza profunda pelo que havia acontecido
ali.
— Eu sei, — concordou Bell, afastando um monte de cinzas com a bota
para revelar os restos carbonizados de uma figura ou ídolo pequeno. Outro
triste lembrete das vidas que foram destruídas. Ele o cobriu novamente.
— Tenho tentado entender por que os Nihil vieram aqui, — disse Bell.
— Por que Shryke atacaria este lugar. As minas não parecem ser um alvo
estratégico. O minério que extraem aqui só serve para projetos de
construção civil, não militares.
Burryaga emitiu um rosnado baixo, argumentando que os Nihil não
eram nada além de caos. Eles não faziam planos, não da mesma maneira
que os Jedi ou a República. Eles faziam o que queriam, quando queriam.
Bell franziu a testa.
— É isso que eles querem que acreditemos. Mas eles fazem planos. E
fazem bem. Olhe o que fizeram em Valo. Ou Farol Luz Estelar. Ou a
criação da Muralha de Tempestade. Há planos por trás de tudo isso. Tem
que haver.
Burry concordou com o argumento, com a sua expressão sombria.
Lembrando.
— Shryke está agindo com propósito, — disse Bell. — Sabemos que ela
está tentando chamar a atenção com esses ataques, e suspeitamos que ela
está tentando capturar mais Jedi para Marchion Ro alimentar aos seus
monstros. Então, as ações dela não podem ser aleatórias. O que
precisamos...
Ele se interrompeu diante do olhar repentino de profunda concentração
no rosto de Burry.
— O quê? O que foi?
Mas Burry já havia saído correndo. O enorme Wookiee estava
avançando pela rua deserta, com os seus pés levantando grandes nuvens de
cinzas em seu rastro.
— Espere! — chamou Bell, apressando-se atrás dele.
Burryaga parou abruptamente cerca de cem metros mais adiante, diante
da carcaça enegrecida de um prédio que desabara sobre si mesmo durante o
incêndio. Bell podia sentir o calor emanando das paredes de pedra
derrubadas, fazendo gotas de suor brotarem em sua testa.
Várias vigas de metal, suportes para o teto agora ausente, haviam caído
dentro da estrutura oca da casa, criando uma estrutura de treliça dentro das
paredes curtas dos destroços que ainda brilhavam vermelhas com o calor
residual. Além disso, o lugar parecia vazio, com nada além de pontos de
cinza branca dançando na brisa leve.
— Burry?
O Wookiee acenou para que Bell ficasse em silêncio. Ele fechou os
olhos, estabilizou a respiração.
Franzindo a testa, Bell seguiu seu exemplo, abrindo-se para a Força,
estendendo-se...
...e sentiu também. Vozes desesperadas, chamando por ajuda.
Os 'fantasmas' que ele pensava ter imaginado antes. Eles não eram
fantasmas. Eram pessoas. Sobreviventes. Presos e morrendo, com os seus
espíritos esfriando como as brasas do fogo que passara por aquele lugar.
Eles estavam debaixo dos destroços. Devem ter se escondido ali quando
os Nihil chegaram e ficaram presos quando o prédio desabou. Como eles
conseguiram sobreviver ao calor e à fumaça por tanto tempo, não conseguia
imaginar. A sua presença era fraca. Eles não tinham muito tempo.
Os olhos de Bell se abriram. Ele se virou de volta para o prédio
desabado.
— Deve haver uma adega ou depósito sob o andar principal, — disse
Bell. — Temos que tirá-los de lá, agora.
Burryaga assentiu. Ele se aproximou, procurando uma maneira entre os
destroços. Ele estendeu a mão em direção a uma das vigas de metal, mas
retirou a mão quase instantaneamente, sua pelagem já começando a
escurecer e queimar pelo calor.
— Raaarrwww.
— Vamos ter que levantar, — disse Bell. — Juntos.
Ombro a ombro, os dois Jedi plantaram os pés, estenderam os braços e
se conectaram à Força.
Bell grunhiu enquanto as vigas começavam a se mover e gemer,
rangendo umas contra as outras à medida que se erguiam, pesadamente, dos
destroços carbonizados.
Devagar, trabalhando juntos, eles conseguiram levantá-los vários metros
do chão, até que a treliça de metal, parcialmente fundida, estava suspensa
sobre o piso inferior exposto do prédio.
Com os dentes cerrados, Burryaga grunhiu que precisavam elevar as
barras mais alto, para passá-las sobre as paredes danificadas do prédio, mas
Bell já estava dando o máximo de si. O seu corpo tremia com o esforço.
Não havia como eles conseguirem remover as vigas, não sem a CDR
chamar maquinário, e isso levaria muito tempo. As pessoas presas dentro
estavam morrendo.
Bell tentou novamente, rugindo com o esforço, mas as vigas
permaneceram frustrantemente onde estavam, tremendo, mas se recusando
a se mover mais pra cima.
Bell encontrou o olhar de Burry. O Wookiee mostrou os dentes.
— Arrooo waaa.
— Claro que não consigo segurar isso sozinho! — ofegou Bell.
— Wrraaaa rooo, — respondeu Burry, encorajadoramente. E então ele
soltou seu domínio sobre as vigas.
Uma das barras de metal escorregou, e Bell cambaleou, gemendo,
chamando a Força por força. A estrutura metálica sacudiu, como se
estivesse tentando se libertar de seu domínio, mas permaneceu flutuando
onde estava.
Burry deu um passo à frente, olhou para Bell com olhos esperançosos e
depois correu para dentro das ruínas através da abertura da antiga porta,
passando por baixo das vigas flutuantes e se jogando de joelhos para cavar
na cinza.
— Não! Burry! É muito perigoso!
Burryaga o ignorou, procurando freneticamente pela escotilha ou painel
de acesso que levaria ao porão e às pessoas abaixo. Já mais de sua pelagem
começava a se queimar, mas ele continuou mesmo assim, remexendo na
cinza quente.
Bell não conseguiria segurar as vigas por muito mais tempo, não
sozinho. E ainda assim... Burryaga estava apenas fazendo o que sempre
fazia, colocando os outros em primeiro lugar. Arriscando a sua própria vida,
novamente, para salvar aqueles que precisavam.
E Bell não permitiria que nada acontecesse ao seu amigo. Não de novo.
O pensamento o galvanizou.
Podia sentir que estava cedendo, mas cavou fundo, grunhindo enquanto
lutava contra a tensão, mantendo as vigas incandescentes de desabarem de
volta sobre Burryaga.
O Wookiee deu um rugido triunfante que se transformou em um gemido
de dor quando ele encontrou o aro de metal que levantaria a escotilha e o
arrancou, queimando a sua mão no processo.
Bell ouviu sons de tosse vindo de baixo, o choro de uma criança, vozes
fracas e frenéticas.
Cambaleou, e as vigas caíram alguns centímetros, batendo uma na outra
e ressoando no ar ainda silencioso.
Burry deu um passo para frente, olhou pra cima, e então, sem olhar pra
trás, caiu no buraco no chão.
Ao lado de Bell, Ember estava impaciente. Ela emitiu um rosnado baixo.
— Vai, — disse Bell, mal conseguindo pronunciar a palavra entre dentes
cerrados.
Ember não precisou ser mandada duas vezes. Ela correu até a beira da
escotilha, latindo alto para que Burryaga soubesse que ela estava lá.
Momentos depois, a charhound estava puxando o primeiro sobrevivente
para fora pelo colarinho, depois que Burry o levantou semiconsciente para
fora da escotilha de baixo.
A mulher, suja de fuligem e tossindo, cambaleou para fora dos destroços
e desabou na estrada próxima.
Outros seguiram em rápida sucessão. Um Rodiano. Um Weequay.
Várias crianças humanas. E eles continuavam chegando.
Sombras pretas começaram a contornar o canto da visão de Bell. Rugiu,
mantendo a sua posição, com os seus braços estendidos tremendo
incontrolavelmente. Sentiu uma perna ceder, e ele caiu de joelhos. As vigas
escorregaram e deslizaram, caindo mais alguns centímetros.
— B-B-Burry... — ele conseguiu gaguejar, mas mal era um sussurro.
Não posso...
...segurar...
Burry...
E então, de repente, a pressão estava se aliviando.
Bell ergueu a cabeça, olhando para ver Burryaga de pé triunfantemente
nas ruínas, braços acima da cabeça, segurando as vigas que estavam caindo,
compartilhando o fardo com Bell.
Ember saiu correndo da cinza, abanando o rabo, enquanto Burryaga
cambaleava para fora atrás dela. No momento em que ele estava livre, Bell
soltou.
As vigas desabaram em uma cacofonia de metal tilintante.
Bell estremeceu, respirando fundo, a cabeça pendendo de exaustão.
Sentiu uma mão em seu ombro e olhou pra cima.
A pelagem de Burryaga estava irregular e ainda queimando, mas o
sorriso em seu rosto era de pura alegria. Ele ajudou Bell, tremendo, ao se
levantar.
Bell olhou para o grupo de refugiados. Eram nove deles. Nove vidas que
salvaram. Nove pessoas que os Nihil não poderiam adicionar à sua
contagem.
Eles estavam sorrindo, abraçando uns aos outros, chorando aliviados.
Bell podia sentir isso, fluindo deles em ondas.
Todos estavam cheios de esperança.
E naquele momento, exausto e sujo, Bell também estava.
SISTEMA PRANDRIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Estão chegando! — bradou o piloto Ugnaught, que se


apresentara como Belin. Ele estava sentado na cadeira do copiloto,
encarando-a horrorizado enquanto ela estabilizava os controles, lutando
contra a turbulência causada pela proximidade do campo de destroços nas
proximidades.
— Eu posso ver isso! — disse Avar, um pouco irritada.
Os mostradores do sensor de rastreamento acenderam na cabine da nave
de transporte como Coruscant na véspera do Dia da Vida, mostrando pisca-
piscas indicando dezenas de droides carniceiros convergindo para a posição
deles.
Eles acabavam de sair do hiperespaço no sistema Prandril, tão perto
quanto podiam chegar do destino sem colidir com o coração do campo de
destroços que lotava a sua órbita externa. Eles teriam que fazer o restante da
abordagem em velocidades subluz... se conseguissem passar pelo enxame
de droides carniceiros que já se aproximava de sua posição, alertados por
sua passagem não autorizada pelas vias de hiperespaço não patrulhadas.
— Estamos acabados, — disse Belin. Ele massageou as têmporas
dramaticamente. — Você fez isso, no momento em que atirou naqueles
aliados dos Nihil para fora da comporta de ar.
— Eu não os atirei para fora da comporta de ar, — disse Avar. — Eu os
coloquei em uma pod de fuga. A questão toda era não matá-los.
— É, bom trabalho. Agora vamos morrer no lugar deles.
Avar respirou fundo. Ela expirou pelo nariz.
Força, me dê poder.
Sabia que o Ugnaught estava sendo apenas argumentativo porque estava
assustado. Mas as constantes discussões não estavam ajudando-a a
encontrar soluções.
O problema era que, apesar de suas garantias anteriores, não estava certa
de que poderia se livrar dos droides carniceiros antes que eles rompessem
um dos sistemas fundamentais da nave. Como as linhas de combustível do
motor subluz ou o suporte de vida.
Já havia enfrentado droides carniceiros antes. Raramente acabava bem.
Para a nave, pelo menos. E embora o KC-78 estivesse trabalhando para
hackear os seus protocolos de ataque há vários meses, ele ainda não havia
conseguido engenharia reversa. Ele estava trabalhando nisso novamente
agora, mas julgando pela proximidade do enxame, qualquer avanço viria
tarde demais.
— O que você sugere? — ela disse, na remota possibilidade de que
Belin realmente tivesse uma ideia útil.
— Que nos explodimos pra fora da comporta de ar antes que eles
cheguem, — disse ele amargamente. — Será mais rápido e menos doloroso.
— Isso não vai acontecer, — disse Avar.
— Você disse que lidaríamos com eles!
— Nós vamos. — Ela moveu a alavanca de controle, enviando a nave
em um mergulho justo quando o primeiro dos droides carniceiros começou
a persegui-los. Eles estavam se reunindo em um enxame agrupado,
semelhante a um bando de pássaros predadores, e mergulharam em
uníssono, perseguindo enquanto Avar lutava contra os controles revoltos.
— Puf! — Belin escorregou, batendo no anteparo e lutando para segurar
a parte de trás de sua cadeira enquanto Avar forçava a alavanca de controle
para a esquerda, fazendo a nave sair de seu mergulho descendente em um
rodamoinho. O seu estômago deu uma guinada até que ela se sentiu
nauseada. Manteve a pressão, sentindo a nave girar.
Ouviu um dos droides carniceiros bater ruidosamente no casco enquanto
tentava encontrar apoio, atingido por uma barbatana traseira enquanto a
nave girava em alta velocidade. Avar observou sua trajetória no monitor
enquanto ele era arremessado para o vazio. Mas os outros pareciam estar se
aproximando deles, e rápido.
Sentiu a subestrutura da nave gemer sob a pressão crescente enquanto
continuava a girar. Não havia sido construída para suportar tais manobras, e
não sabia quanto tempo conseguiria mantê-la. Além disso, uma série de
sons de impacto de algum lugar no porão sugeriam que a carga estava sendo
castigada. Esperava que os silos de grãos sobrevivessem intactos. Caso
contrário, toda a operação teria sido em vão.
Supôs que isso também era verdade para ela.
Falhe agora, e essas pessoas passam fome.
Mas ela estava tentando não pensar assim.
Permaneça no momento.
Concentre-se. Sobreviva. Siga em frente.
— KC? Como está indo com esses protocolos de ataque? Já os decifrou?
— ela chamou.
O astromecânico, que estava atualmente conectado ao console através de
seu conector e tentava se segurar contra o anteparo com um grampo
magnético, emitiu um som decididamente sarcástico.
— Eu sei que você está trabalhando nisso há quase um ano. Mas a
menos que você consiga descobrir agora, será um pouco inútil.
Belin riu. Um pouco alto demais. Ele havia conseguido se encaixar em
sua cadeira e estava segurando-a como se sua vida dependesse disso.
— Lá se vai seu plano. Você realmente esperava que o droide hackeasse
os protocolos dos Nihil? — Ele parecia totalmente incrédulo.
KC-78 emitiu outro ruído rude.
Um tinido de cima, seguido por um zumbido agudo, anunciou a chegada
de um droide carniceiro, depois outro, depois um terceiro, todos se fixando
no casco externo, enquanto a nave caía e girava.
Avar puxou os controles na direção oposta, fazendo a nave se inclinar
para o lado enquanto a levava de volta a uma subida pesada. Mais droides
carniceiros estavam se fixando no casco. Sinais de aviso piscavam. Ela
tentou ignorá-los.
Belin estava literalmente puxando os cabelos.
— E se eletrificássemos as placas do casco? — disse Avar.
O Ugnaught balançou a cabeça.
— Não adianta. Os droides carniceiros são protegidos contra
sobrecargas. É o que permite que eles desmontem sistemas ativos.
— Então temos que sacudi-los.
— Eles já começaram a afundar as suas âncoras no casco. Nenhuma
dose de pilotagem extravagante vai fazê-los soltar agora.
Avar rangeu os dentes. À frente deles, a superfície enrugada de uma lua
rochosa surgiu como um sol nascente através da janela. Era um dos uma
série de planetoides aparentemente inabitados neste sistema. Claramente,
havia ocorrido uma grande colisão em algum momento nos últimos
milênios, e os destroços do que poderia ter sido uma lua ou um pequeno
mundo estavam agora espalhados em grandes anéis orbitais ao redor de
vários dos corpos maiores, formando o imenso campo de asteroides que
ainda estava se estabilizando. Grandes pedaços de rocha se chocavam e se
esmagavam, enquanto pedaços menores, desde seixos até fragmentos do
tamanho de prédios, clicavam e batiam enquanto eram arrastados para os
poços de gravidade dos mundos competidores.
Avar mirou no campo de asteroides e acelerou os motores, empurrando a
nave para a extensão máxima de sua velocidade.
— Se não podemos nos livrar deles, talvez possamos derrubá-los. Vou
atravessar o campo de destroços.
— Você não pode estar falando sério! — gritou Belin, lutando para
tentar afastar as mãos dela dos controles. — Não podemos voar por ali!
Avar o afastou, buscando calma. Os seus protestos histéricos se tornaram
um ruído de fundo enquanto ela alcançava a Força, procurando um
caminho.
A sua conexão com a Força tinha sido... abalada, ela supôs, após Farol e
a sua subsequente captura no espaço Nihil. Avar sempre ouvira a Força
como uma canção, um belo refrão que abrangia todas as coisas vivas, que as
unia como uma espécie de coro, enchendo a galáxia de luz e paz. Era uma
canção que percorria o tempo, o espaço e a individualidade. Um refrão que
elevava o seu coração e lhe emprestava energia.
Apenas, durante o último ano, a canção se tornara fraca e discordante.
Abafada e quebrada. Como se ela pudesse ouvi-la ainda tocando ao longe,
mas não conseguisse mais discernir as diferentes notas, não pudesse mais
sentir sua graça.
Não era que ela de alguma forma tivesse sido isolada da Força, que
tivesse perdido a sua conexão ou sua capacidade de invocá-la quando
necessário. Apenas que... algo não estava certo. A canção não era
verdadeira. Era mais como um eco do refrão que costumava ser.
No entanto, Avar se conectou a ela agora. E sentiu ela responder. A
música estava lá, mas as notas eram irregulares, não naturais, fora de
sincopação. Ainda assim, fechou os olhos, abraçando-a, seus dedos se
enrolando firmemente em torno dos controles de voo.
Em algum lugar ao longe, ela ouviu Belin gritando, mas permitiu que o
som a envolvesse, apenas mais uma nota na cacofonia violenta que se
tornara seu mundo.
A nave de transporte varreu para o meio dos asteroides. A mão de Avar
guiava seu caminho inconscientemente enquanto ela ouvia mais do que via
a forma de sua rota em sua mente. Seguindo o instinto, confiando no poder
da Força.
Um som de clang, alto e dissonante. E então outro, e outro. Mais gritos
de Belin. Fragmentos de asteroides estavam atingindo a nave. Mas estavam
atingindo os droides carniceiros, arrancando-os violentamente do casco
enquanto Avar conduzia a embarcação, por curvas mais apertadas,
esculpindo um caminho através da tempestade caótica de rochas.
Clang.
Clang.
Clang.
Mais droides carniceiros aniquilados pelas rochas. Ainda assim, Avar
mantinha o seu lugar nos controles, com os olhos bem fechados.
Clang.
Clang.
Clang.
E então o timbre da música mudou. Uma variação. Uma nova repetição.
Ainda dissonante, ainda fraca, mas lá mesmo assim.
Abriu os olhos.
Eles haviam passado pelo campo de asteroides e estavam do outro lado.
Os alarmes de impacto estavam estridentes. Os relatórios de danos estavam
todos no vermelho. E ainda assim, a nave estava intacta. Uma trilha de
droides carniceiros quebrados, brilhando no clarão solar, flutuava em seu
rastro, destroçados pelas pedras esmagadoras.
— Como...?
Avar olhou para Belin, que parecia ter encolhido em sua cadeira. Os seus
olhos estavam selvagens. Ele se tocava por todo lado, como se verificasse
se ainda era real, ainda inteiro.
— A Força, — ela disse, como se as duas palavras encapsulassem tudo o
que ele poderia precisar saber. Não era uma conversa com a qual ela
quisesse se envolver. Não agora. Ela não queria que ele ficasse
impressionado. Ela não queria que ele pensasse que ela era uma heroína.
— Quero dizer, — assobiou Belin, — eu já ouvi falar sobre vocês Jedi
antes. Como vocês podem... sabe, fazer coisas. Mas isso? Isso foi
inacreditável. — Ele se corrigiu, limpando a garganta. — Claro, isso não
muda nada. Você ainda é a pessoa que nos meteu nessa enrascada.
Avar sorriu.
— Sim. Suponho que seja. E sinto muito por isso. A última coisa que eu
queria era colocar você em perigo. Estou tentando ajudar.
O Ugnaught lhe deu sua melhor aproximação de um olhar sério, mas ela
podia dizer que o coração dele não estava nele.
— Os Nihil têm muito a responder. — Ele franzia a testa. — Então, essa
colônia. As pessoas estão morrendo de fome?
— Sim. Eles estão sofrendo mais do que a maioria. E isso quer dizer
algo, dada a situação presente.
Belin assentiu.
— Então, eu suponho que é melhor conseguirmos algum grão pra eles.
Antes que mais daqueles latas enferrujadas descubram onde, Oh. — Os
sensores de proximidade tilintaram novamente. Avar se inclinou para
estudar a leitura. Mais droides carniceiros estavam vindo do outro lado do
cinturão de asteroides, mergulhando e mudando a sua direção como uma
vasta nuvem de moscas da praga.
Pressionou o nó dos dedos contra o centro de sua testa, exatamente no
local onde costumava ficar o seu diadema.
— Certo. Novo plano.
— Não vamos voar de volta por aquele mar de pedras de novo, vamos?
— murmurou Belin.
— Não. Precisamos de outra maneira de impedi-los. Algo que nos dê
tempo para levar esta carga até Prandril.
— Não adianta. Sem os códigos, eles continuarão vindo, — disse Belin.
— Mesmo que consigamos descer em Prandril, o que duvido, eles estarão
nos esperando quando tentarmos sair. Ficaremos encalhados lá embaixo,
apenas esperando pelos Nihil. — Ele balançou a cabeça. — Se fugirmos,
seremos interceptados por uma patrulha ou outro enxame. Foi uma boa
tentativa, eu admito. Mas não há escapatória. É assim que os Nihil garantem
nossa conformidade. O sistema é infalível.
— Nenhum sistema é infalível. Você só precisa encontrar o caminho. —
Um pensamento ocorreu a Avar. — KC, se você tivesse acesso a um dos
droides carniceiros, poderia hackear os seus sistemas? Descobrir os
protocolos necessários trabalhando retroativamente através de seus registros
de memória?
KC-78, que ainda estava conectado ao terminal, emitiu um bipe
afirmativo.
Avar apontou um dedo na direção de Prandril, visível através da tela
frontal: uma bola azul acinzentada envolta em nuvens revoltas.
— Eu tenho uma ideia.
Levantou-se, guiando as mãos de Belin para os controles de voo.
— Nos leve devagar. Deixe que alguns dos droides carniceiros se fixem
no casco. E uma vez que estivermos dentro da atmosfera, nos mantenha
estáveis até eu dar o sinal. Certo?
Belin assentiu, ainda parecendo confuso.
— Por quê? Para onde você vai?
Avar seguiu em direção à porta.
— KC precisa de acesso a um droide carniceiro. Então eu vou lá fora
pegar um.
SISTEMA PRANDRIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Avar se agarrou à comporta aberta da nave de transporte com a sua


mão esquerda, seu sabre de luz firmemente segurado na direita, com a sua
capa cinza esvoaçando por trás dela como uma asa enquanto se inclinava
para fora. O ar aqui fora era fino e gelado, picando os seus olhos e as suas
bochechas.
A nave de transporte pairava acima de nuvens ondulantes que pareciam
para Avar como um cobertor sufocando o mundo; como se pudesse
simplesmente soltar e cair, apenas para ser abraçada pelos suaves
redemoinhos brancos abaixo. Esperançosamente, a longa corda que se
estendia de seu cinto impediria que isso acontecesse. No horizonte, o pico
de uma montanha se erguia grande e ameaçador, perfurando aquele teto de
nuvem para alcançar as estrelas.
Belin estava mantendo a nave estável, exatamente como pedira.
Os droides carniceiros jaziam na superfície do casco, com as suas garras
parecidas com garras embutidas nas placas de metal, as suas mandíbulas de
broca já abrindo buracos em sua superfície marcada. Eles haviam descido
sobre a nave momentos depois que ela havia entrado na atmosfera do
planeta. Mais estavam caindo do céu, brilhando em um laranja vivo à
medida que o atrito da entrada atmosférica os superaquecia.
Mas esses eram droides resistentes, projetados para trabalhar nas
condições mais severas, e, enquanto caíam, abriam as suas pernas e se
chocavam contra a nave, fixando-se como magnéticas mortais prontos para
se alimentar.
Sentiu as placas do casco vibrarem com cada nova chegada, tremendo
sob os seus pés.
Não tinha muito tempo.
Você consegue fazer isso, Avar.
Avar fechou os olhos e ouviu aquela estranha e discordante canção. E
então, quando as suas notas tênues começaram a cutucar a borda de seus
pensamentos, ela abriu os olhos novamente e pulou, girando para cima no
casco da nave, mantendo-se lá apenas pela força de vontade enquanto
mergulhavam pela fina atmosfera superior de Prandril.
Começou a trabalhar, com o seu sabre de luz cantando enquanto se
apoiava contra o vento, cada passo ponderado a trazendo mais perto da
ativa colmeia de droides carniceiros.
O seu comunicador zumbiu, mal audível sobre o som do vento
apressado.
— Você está bem aí fora?
— Apenas continue pilotando a nave, Belin, — ela chamou, sem certeza
se ele seria capaz de ouvi-la sobre a interferência.
— Como você quiser. — Ele soava tão desesperado quanto ela se sentia.
Era fácil entender o porquê. Havia pelo menos vinte dos droides grudados
no casco agora, e o número estava crescendo a cada minuto. Não demoraria
até que um deles conseguisse romper, ganhando acesso às entranhas da
nave. Se isso acontecesse, não teriam chance, caindo milhares de metros até
o chão lá embaixo. Olhou para baixo, mas tudo o que podia ver era nuvem
em turbilhão.
Avar sentiu o seu estômago se contrair.
Não pense na queda.
Não pense no Farol girando, queimando, caindo...
Enterrou o pensamento, profundamente.
Você tem um trabalho a fazer. Pessoas para proteger.
Forçou-se a dar mais um passo, invocando a Força para se firmar, para
mantê-la presa ao casco vibrante. Perto dela, um dos droides se ergueu para
encará-la, então outro, e outro, suas mandíbulas mortais e giratórias
abandonando toda tentativa de perfurar o casco diante dessa nova ameaça
iminente.
Ou deveria ser uma presa?
Avar balançou instavelmente enquanto a nave se sacudia, batida por uma
bolsa de ar turbulento. Um dos droides carniceiros viu a sua oportunidade e
saltou.
Torceu, varrendo o seu sabre de luz ao redor e dividindo o droide
saltitante, apenas para ser quase derrubada por um segundo que colidiu com
o seu ombro, fazendo-a se chocar contra o casco com um estrondo
ressonante e doloroso. Deslizou, derrapando pela parte superior da nave,
incapaz de se conter...
Jogou um braço para fora, escorregando, agarrando-se a algo quente e
metálico. O seu braço puxou, forte, fazendo-a gritar quando o seu impulso
torceu a tomada. Os seus músculos pareciam estar em chamas. Sentiu as
suas botas cortando o ar e, lentamente, sem fôlego, arrastou-se para baixo
até ficar deitada de bruços contra o casco. Ainda segurava o punho de seu
sabre de luz na mão livre.
Centralize-se, Avar.
A canção discordante preenchia a sua mente.
E então sua aderência se deslocou.
Recuou quando o droide carniceiro se ergueu, as suas mandíbulas
giratórias, ainda incandescentes do momento em que estavam roendo o
casco momentos antes, a apenas um braço de distância de seu rosto.
Avar soltou e rolou.
O droide carniceiro caiu onde a sua cabeça estava apenas um momento
antes.
Lutando contra o vento, se arrastou de joelhos, depois, gritando, voltou a
ficar de pé. O seu sabre de luz se reacendeu em seu punho.
Os droides carniceiros avançaram. Avar manteve a sua posição,
balançando, imobilizando, abaixando-se, girando, dividindo os droides
atacantes um de cada vez, bissecando as suas carcaças superiores, cortando
os seus sistemas de controle e enviando as suas carcaças arruinadas nave a
fora.
Sentiu perigo e balançou o braço esquerdo, usando a Força para
redirecionar um droide ainda incandescente que estava prestes a cair
diretamente sobre ela. Ele girou loucamente, jogado para longe da nave, e
desapareceu entre as nuvens abaixo, engolido sem deixar rastro.
Avar deu um passo para o lado, torcendo o corpo, enquanto outro droide
carniceiro se erguia, suas pernas insectóides piscando como adagas. Ela
girou sua lâmina em um círculo, removendo as pontas das pernas dianteiras
do droide. Ele deslizou descontroladamente e começou a se afastar dela, sua
aderência restante inadequada, mas o pegou com a Força, puxando-o de
volta pra ela.
Enquanto o segurava, ainda se contorcendo, contra o casco aos seus pés,
chicoteou o seu sabre de luz ao redor para cortar outro, depois outro,
enquanto eles começavam a convergir em sua posição. O seu ombro ainda
estava latejando, e tinha um arranhão brilhante e sangrento em sua
bochecha esquerda onde um dos apêndices dos droides a pegou de surpresa,
mas se sentia eufórica também. Não na destruição desenfreada, mas no ato
de se defender a si mesma e aos outros.
Sentia falta disso.
Grunhindo com esforço, a tensão de manter tanto ela quanto o droide
desarticulado pressionados contra o casco estava começando a cobrar o seu
preço, se contorceu, balançando os ombros em um amplo círculo para que a
ponta de seu sabre de luz marcasse uma fila limpa através de três dos
droides, deixando uma fila brilhante de metal derretido onde as partes
superiores de suas carapaças estavam.
Estendendo a mão, agarrou os restos do droide carniceiro danificado e
começou a arrastá-lo de volta pela superfície da nave, a sua garra restante
arranhando um longo sulco estridente nas placas.
Por trás dela, mais droides estavam caindo do céu como gotas de chuva
luminosas, martelando na parte traseira da nave. Mirando no propulsor.
Avar chegou à borda do casco, logo acima da comporta de ar. Com um
rápido movimento de seu sabre de luz, removeu a ponta mortal da perna do
droide capturado, e então, com um poderoso puxão, o lançou sobre o lado
da nave e o jogou na comporta de ar abaixo dela.
Ouviu o impacto contra a parede interna.
— Feche a comporta de ar, Belin, — ela ofegou em seu comunicador, —
e diga a KC para entrar em ação.
A resposta crepitante do Ugnaught soou horrorizada.
— E quanto a você? Não podemos deixar você aí fora.
Avar olhou pra trás, para os droides carniceiros ainda se aproximando
dela, e além deles, os outros ainda tentando roer o alojamento do propulsor.
Ergueu o sabre de luz.
— Eu ainda tenho trabalho a fazer.
DAEDUS, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter se movia silenciosamente ao longo da crista da colina


de pedra, tentando firmar cada passo na pedra solta. Abaixo, à sua direita, o
barranco coberto de musgo afundava na penumbra estrelada. Conseguia
ouvir pequenos animais e pássaros se movendo pela vegetação rasteira, a
dança perpétua de predador e presa.
Um jogo que, agora, também estava jogando. Muito para a sua irritação.
Tinha a intenção de descer até o local da queda mais cedo naquela
manhã, em busca dos destroços da antiga nave que ele e Creighton haviam
abandonado tantos anos antes. Em vez disso, foi forçado a dar a volta para
tentar despistar uma patrulha inesperada dos Nihil em seu encalço.
Me atrasando.
Lutava contra uma crescente onda de frustração. Tinha que se mover
mais rápido. Cada dia gasto procurando por componentes era um dia mais
perto dos Nihil alcançá-lo. Outro dia arriscando o fracasso.
Tinha que fazer isso funcionar.
Nem sabia se a antiga nave ainda estaria lá. Teve tantos falsos começos,
tantas jornadas difíceis e perigosas para mundos que só meio que lembrava,
apenas para ter suas esperanças frustradas. Sabia que era uma tarefa quase
fútil. Catando as peças de droides inativos, tentando montar algo que
funcionasse novamente depois de tanto tempo, era um plano nascido da
desesperança. Mas então, viu-se em uma situação desesperada. Não podia
simplesmente se esconder e esperar que o resto dos Jedi de alguma forma
encontrasse uma maneira de lidar com os Nihil. Estava aqui, atrás das
linhas inimigas, e não tinha outra maneira de transmitir a mensagem para
Coruscant. Para os seus amigos.
A mensagem de Elzar lhe deu uma ideia, uma que poderia ajudar os Jedi
a ultrapassar a Muralha de Tempestade. Mas mais do que isso, deu a Porter
esperança. E o que mais eles tinham agora, senão esperança?
A esperança era o que o diferenciava dos Nihil.
A esperança era o que o fazia ser um Jedi.
Essa esperança também tinha dado frutos. Estava perto agora. Mesmo
que esse local de queda tenha desaparecido há muito tempo, mesmo que
não houvesse nada para ele em Daedus, tinha que acreditar que encontraria
as últimas peças faltantes em outro lugar.
E então? Bem, então veria o que mais poderia fazer para fazer a
diferença. Mas a sua primeira prioridade, a sua única prioridade, era
encontrar esses componentes e colocar o droide em movimento.
Parou por um momento, ouvindo qualquer sinal da patrulha Nihil.
Amaldiçoou a si mesmo por subestimá-los. Apesar de sua predileção por
festas em sua base cooptada, como Porter tinha pensado, eles não relaxaram
completamente as suas medidas de segurança. Patrulhas faziam circuitos
regulares na área, e uma claramente encontrou os restos de seu
acampamento. Cuidou de preencher a fogueira e espalhar os restos de sua
refeição, mas, independentemente disso, alguém entre os guardas em
patrulha avistou os sinais, e um pequeno grupo partiu para seguir o seu
rastro.
Isso era algo que Porter teria que lembrar sobre os Nihil, eles
subestimavam muito fácil. Eles não tinham ordem, mas não faltavam
disciplina. Pareciam se importar tão pouco com suas próprias vidas quanto
com as dos outros, mas isso os tornava perigosos. E eram tenazes, de uma
maneira que poucos outros eram: eles simplesmente não paravam.
Os Nihil falavam do caos e desordem, de anarquia e liberdade, mas
apesar de tudo isso, apesar de quererem que a galáxia os visse como um
grupo de saqueadores desorganizados, os Nihil tinham estratégia. Eles
faziam planos. E os executavam sem falhas.
O Grande Desastre. O ataque a Valo. O Farol. Nenhum deles poderia ter
sido alcançado sem organização e liderança.
A queda do Farol Luz Estelar mostrou à galáxia do que eram capazes, e
era fácil atribuir esse sucesso ao seu líder nomeado, o Olho, Marchion Ro.
Certamente parecia ansioso para assumir toda a responsabilidade. Mas
nenhum líder trabalha sozinho. Haviam outros em seu quadro que eram tão
astutos, tão afiados e tão dispostos a arriscar tudo por algum prêmio
imaginário.
Fanáticos.
O Porter já os conhecia.
Agora um grupo deles estava em seu encalço.
Não era a primeira vez que era caçado dessa forma, e pelo menos tinha
uma vantagem sobre os seus perseguidores, eles não sabiam que era um
Jedi. Se soubessem e soubessem qual Jedi, eles já teriam chamado o
verdadeiro caçador agora.
A General Viess.
A grande traidora. A que vendeu o seu povo para os Nihil para salvar a
própria pele.
Eles tinham história, ela e Porter. História antiga. Quase tão antiga
quanto os destroços da nave que procurava lá embaixo no barranco.
Sabia que Viess o estava caçando. Que ela sabia que ainda estava vivo.
Que ela provavelmente o via como algum tipo de prêmio a ser levado diante
de Marchion Ro, um velho e retorcido Jedi da época anterior dos Nihil
sequer existirem.
Se fosse honesto consigo mesmo, queria enfrentá-la novamente. Tinha
sido o ataque de Viess a Firevale que levou a irmã adotiva de Porter,
Barash, a fazer seu voto de solidão, a deixá-lo todos esses anos antes.
Barash temia que fosse a sua ligação familiar com ele que a havia feito
tomar as decisões erradas, falhar em ouvir a luz orientadora da Força, mas
Porter sabia que se não fosse por Viess, Barash teria permanecido ao seu
lado. Culpava Viess por isso, e embora não buscasse vingança, sabia que
era um caminho que nunca deveria permitir a si mesmo trilhar, queria
justiça por toda a dor e sofrimento que a mulher havia causado.
Porter sabia que ela ia alcançá-lo eventualmente. Ainda era um Jedi, mas
era velho. Não queria ficar correndo pra sempre. Não era isso que os Jedi
deveriam fazer. Em algum momento, se posicionaria. Até o fim. Encararia a
sua antiga inimiga nos olhos.
Por enquanto, no entanto, tinha que continuar se movendo. Ainda havia
muito a ser feito. E essas eram memórias do passado nas quais não desejava
se deter. Pensava em Barash com frequência, mas havia dor em tal
lembrança. Dor que não era útil e não ia ajudá-lo a terminar de construir o
droide.
Ele deu a volta uma hora ou mais antes e conseguiu dar uma olhada em
seus perseguidores. Cinco Nihil. Bem armados. Equipados com armaduras
e unidades de comunicação. Dois humanos. Um Twi'lek de pele azul com
bainhas metálicas em seus lekku. Um Shistavaneno parecido com um lobo.
Um Umbarano alto e magro com pele azul pálida.
O Umbarano parecia ser o rastreador. Um homem com a cabeça careca.
Magro. Cicatrizes de faca ao longo da linha de sua mandíbula.
Era bom, também. Porter sabia como se mover sem deixar muitas pistas,
mas o Umbarano sabia como ler a paisagem. Havia conseguido permanecer
no rastro de Porter.
Realmente não queria ter que matá-los. Isso o entregaria aos outros. E
apesar de serem Nihil, uma vida ainda era uma vida. Mesmo que eles
próprios não entendessem isso.
Então, aqui estava ele, tendo feito o melhor para criar um falso rastro,
escorregando pela parede de pedra solta do barranco.
Algo voou pelo ar à sua esquerda. A mão de Porter foi para o cabo de
seu sabre de luz. Mas era apenas um lagarto voador, perturbado de sua caça.
Ele guinchou, alçando voo, voando para longe na noite fria.
Porter xingou.
Seja cuidoso. O Umbarano está observando.
Chegou ao fundo do barranco. O solo aqui estava úmido e escorregadio.
Vinhas semelhantes a cordas estrangulavam as pedras, suavizando as suas
silhuetas recortadas na luz das estrelas. Musgo levemente brilhante roía as
pedrinhas sob os pés.
Agora, onde está?
Porter tentou recuar em sua mente para aqueles dias mais felizes. A sua
primeira vez em Daedus. Caindo do céu como uma pedra lançada,
Creighton Sun no controle de voo, mal suando enquanto lutava para
controlar a sua queda. Fumaça negra se enrolando dos motores explodidos.
Piratas em seu encalço.
Quantos anos se passaram? Cem. Duzentos? Havia perdido a conta.
Mas ainda conseguia ver o brilho nos olhos de Creighton quando o
Mestre Jedi girou a pequena nave, rebateu-a na parede de pedra do barranco
para perder velocidade (e várias placas do casco), e depois varreu o chão
em um sulco longo quando finalmente pararam com um estrondo. Quando
Creighton terminou o seu 'pouso' os dois estavam cercados apenas pelo ar
aberto.
Porter sorriu com a lembrança.
Muitos velhos amigos agora eram um com a Força. Em alguns dias, os
invejava por isso.
Se curvou, correndo os dedos pelo chão, tentando ler a paisagem. Mas
muito tempo se passou desde o acidente; qualquer sinal de sua passagem
aqui há muito foi submerso sob camadas de lama e raízes endurecidas.
Se levantou novamente, olhando ao redor. Deveria haver algo aqui. O
lugar estava quase deserto; a nave não poderia ter sido retirada como sucata.
Viu então, um brilho de metal, reluzindo na luz refletida da lua de
Daedus. Um pedaço irregular do casco, saindo do chão como uma
barbatana. Se apressou, os pés mexendo na lama.
Era um pedaço da nave antiga, agora coberto por um manto de musgo e
ervas daninhas emaranhadas, mas ainda aqui. Estava claramente no
caminho certo. Não conseguia dizer qual parte da nave havia sido, mas
evidentemente foi arrancada do casco externo durante o pouso abrupto
deles e foi parcialmente enterrada aqui desde então. Vestígios de animais ao
redor de sua base sugeriam que pequenas criaturas estavam usando os
destroços como abrigo contra os elementos.
Porter continuou ao longo do leito do barranco, escolhendo o seu
caminho entre rochas e arbustos espinhosos. Mais fragmentos de metal
jaziam no chão aqui, grande parte deles deteriorada e frágil após mais de
um século de abandono e exposição.
Como todos nós, mesmo as máquinas eventualmente retornam ao solo,
dobrando-se de volta à natureza para se tornar um com a Força.
O pensamento era agradável.
Grandes pedaços de revestimento de casco jaziam cobertos de musgo no
chão. Estava seguindo a trajetória do deslizamento deles pelo fundo do
barranco, cada passo causando mais memórias a florescerem. O otimismo
selvagem de Creighton de que mesmo uma queda do céu não os mataria.
Porter agarrando a cadeira do copiloto enquanto a tela se despedaçava,
banhando-os em pedaços ardentes. O impacto do pouso, o quicar da nave,
descendo ainda mais forte na segunda vez. O raspado rasgante de metal
contra rocha enquanto deslizavam, placas do casco torcendo e se soltando.
E então a parada final, tremida. A expressão orgulhosa de Creighton,
sentado nas ruínas de sua nave como se tivesse acabado de vencer uma
corrida.
A batalha com os saqueadores que se seguiu.
Porter esperava que essa parte específica da história não se repetisse.
Tinha que se apressar, antes que o Umbarano conseguisse entender que ele
havia voltado em seu próprio rastro.
Mais à frente, a carcaça da antiga nave era como os ossos de uma fera
extinta há muito tempo, as suas costelas de metal se erguendo da terra para
acolher um ninho de espinheiros, ervas daninhas e capim alto. A vida
florescendo onde a morte já parecera tão próxima. Na verdade, mal
mantinha a aparência de uma nave espacial. Olhando pra ela agora, Porter
mal conseguia acreditar que ela já estivera no ar, ou que já os tinha servido
tão bem em várias missões, tantos anos antes.
No entanto, agora não era hora para nostalgia.
O compartimento traseiro do transporte ainda estava parcialmente
intacto, embora claramente tivesse sido arrombado em algum momento no
passado distante: as placas de casco sobreviventes foram forçadas a se abrir
para criar uma abertura. Isso não era um bom sinal. Havia a chance de que
os componentes que procurava tivessem sido recuperados afinal.
Ainda assim, chegou até aqui, e estava começando a ficar sem opções.
Circundando os destroços, Porter não viu evidências de atividade
recente, além de ninhos de várias aves e alguma espécie de lagarto terrestre,
julgando pelas pegadas na lama. Voltou para o buraco improvisado na parte
traseira. Era estreito demais para a sua considerável massa. Agarrou as
bordas das placas de metal, sentindo os músculos de seus braços, ombros e
peito estalarem e se esforçarem enquanto forçava a abertura, chamando
cada reserva para lhe emprestar a força necessária.
O metal guinchou enquanto cedia e se dobrava, o buraco se alargando
diante dele. Poderia ter usado o seu sabre de luz e passado em segundos,
mas isso serviria como um farol para qualquer um observando o barranco
de cima, era melhor economizar isso para quando estivesse lá dentro.
Respirando fundo, Porter se forçou através da abertura para o espaço
além.
Aqui, a escuridão era completa. Porter alcançou o seu sabre de luz,
acendendo-o com um movimento rápido do polegar. A lâmina zumbia, azul
e fresca, lançando luz tremeluzente pelos confins do pequeno
compartimento.
As águas de chuva tinham entrado, e as placas do piso estavam
enferrujadas e frágeis. Ervas cresciam dentro da estrutura, mas a falta de luz
significava que estavam atrofiadas e não conseguiram colonizar totalmente
o espaço.
Porter sorriu ao ver as vestes brancas ainda penduradas em um nicho do
lado oposto. Agora marrons e manchadas, cheias de buracos, essas era o
antigo robe de Creighton do templo. Havia encomendado um novo conjunto
após a conclusão bem-sucedida de sua missão.
Vários painéis nas paredes foram forçados abertos e as suas engrenagens
internas derramadas como vísceras derramadas; bobinas de fios que já
estiveram ligadas a unidades estabilizadoras, sistemas de comunicação,
reguladores de energia. Todos foram retirados por algum caça-destroços
empreendedor muitos anos antes.
Estava prestes a desistir e apagar o seu sabre de luz quando avistou algo
cintilando no canto do olho.
Se aproximou. Lá, no canto do compartimento, alojado em meio a um
pedaço de capim seco que havia se infiltrado pelo chão podre, estava a
carcaça de um droide EX, junto com a sua grande e redondo pod de
propulsão para viajar através do hiperespaço.
Porter sentiu o seu coração acelerar. Era isso que estava procurando.
Se abaixou diante da carcaça do velho droide. Estendeu a mão, virando-
a suavemente. Dois roedores correram para fora de suas engrenagens
internas, piando enquanto se enterravam na grama alta para se afastar dele.
— Desculpe, — sussurrou ele, — mas acho que preciso disso mais do
que vocês no momento.
Pelo brilho de seu sabre de luz, deu ao droide e o seu pod de propulsão
uma inspeção superficial. O pod estava em condições surpreendentemente
boas, afinal, elas foram projetadas para sobreviver às micro colisões de
viagens interestelares, mas grande parte da circuitaria interna do droide
havia sido roída pelos roedores.
Não importava. Havia muito o que aproveitar lá dentro, e ainda havia
uma chance de que os últimos componentes que ele precisava pudessem
estar intactos no interior.
Esperava.
Porter enfiou a carcaça do velho droide em seu pod e a arrastou pelo
chão. Era desajeitado, e tirá-lo pela abertura pela qual havia entrado seria
difícil. Talvez tivesse que usar o seu sabre de luz afinal.
Segurou-o no alto ao se aproximar da abertura e, em seguida, sentindo
movimento além, deu um passo para trás, deixando a pod de propulsão
onde estava no chão.
Alguém estava se movendo do lado de fora. Pegou uma breve troca de
vozes abafadas, muito baixas para que ele pudesse discernir as palavras.
Porter estabilizou a sua respiração, ouvindo, permitindo que os seus
sentidos se estendessem através da Força, interrogando o mundo além dos
limites da nave.
Pensamentos zangados.
Pensamentos assustados.
Pensamentos violentos.
Cinco seres, se espalhando para cercar os destroços.
Porter se xingou. O Umbarano obviamente tinha percebido a sua
artimanha mais rápido do que esperava. E agora eles, sem dúvida, viram o
brilho de seu sabre de luz através da rachadura no casco da nave. Não havia
mais sentido em tentar manter uma fachada agora.
Suspirou. Não queria fazer isso. De jeito nenhum.
Mas teria que matá-los.
Do lado de fora, os cinco Nihil pararam de se mover. Ele ouviu um deles
limpar a garganta.
— Nós sabemos que você está aí. Você está invadindo a propriedade dos
Nihil. Estamos te cercando. — Era uma voz rouca, feminina.
Porter rolou a cabeça de um lado para o outro, esticando o pescoço,
rolando os ombros.
— Você não quer fazer isso, — ele chamou. — Estou te dando a chance
agora. Afaste-se.
Risadas abafadas dos cinco.
Presunçoso. Arrogante.
Porter suspirou novamente. Isso não tornava as coisas mais fáceis.
— Você está entendendo errado, — chamou a mulher, com a sua voz
cheia de sarcasmo. — Nós realmente queremos fazer isso.
Ela abriu fogo, com os seus tiros de blaster fazendo as placas ablativas
do casco ressoarem e cantarem na noite silenciosa. Os outros Nihil
seguiram o exemplo, disparando com os seus blasters com abandono
confiante. A maioria dos tiros foi absorvida pelo casco. Vários perfuraram o
metal podre, penetrando no interior para se agitar ao redor do
compartimento antes de se extinguirem.
Porter não se moveu. Fechou os olhos, confiando em seus sentidos.
— Então vocês me deixam sem escolha, — ele disse. Porter lamentou o
que estava prestes a acontecer, mas agora estava certo. Estendeu a mão
esquerda, espalhando os dedos enluvados. Não havia necessidade de
sutileza agora.
As paredes da nave destroçada começaram a tremer, sacudindo-se tão
violentamente que o som se tornou quase torturante, as placas retorcidas
rangendo umas contra as outras enquanto vibravam em velocidade
crescente. Rebites caíram no chão com uma série de batidas maçantes.
Porter cerrou o punho.
As paredes caíram, se abrindo como pétalas se desdobrando.
Revelando-o, ali em pé no coração do destroço, o seu sabre de luz
zumbindo na escuridão como uma costura brilhante no próprio coração da
galáxia.
— É... é...
— Jedi! — gritou a mulher. Ela abriu fogo, balançando de um lado para
o outro para disparar uma saraivada de tiros de blaster contra Porter, todos
vindo de ângulos ligeiramente diferentes.
Ele se moveu.
Os tiros de blaster chiaram, desviados para longe na noite. Exceto um,
que atingiu a mulher na testa, queimando um buraco limpo no centro de sua
máscara, através da pupila do terceiro olho pintado.
O seu corpo tombou. O Shistavaneno, com o seu rosto de lobo e corpo
coberto por pelos gordurosos e emaranhados, rugiu alto, carregando, o seu
blaster disparando descontroladamente. Porter deu um passo para o lado e,
em seguida, deu um passo à frente, em direção ao seu agressor, fechando a
lacuna para que o Shistavaneno subestimasse a sua velocidade.
Ele caiu ao chão em duas metades.
Porter lançou o braço livre para fora, jogando o outro humano no chão
com a Força. O homem caiu pesadamente e não se moveu mais. Nas
proximidades, o Twi'lek tentava apressadamente puxar o pino de uma
granada de gás, com so seus lekku gêmeos balançando enquanto lutavam
com o mecanismo. Porter apertou um botão no cabo de seu sabre de luz e
depois o lançou, observando enquanto ele girava através do ar, cortando a
noite. Atingiu o Twi'lek no peito, queimando um buraco através de seu
coração. Eles afundaram de joelhos e caíram para trás, com o sabre de luz,
ainda aceso, caindo no chão.
Eles morreram rapidamente. Isso era o mínimo que poderia fazer por
eles. Por todos eles.
Porter se enrijeceu com a sensação de um blaster sendo pressionado em
suas costas inferiores.
O Umbarano.
Pela luz, mas ele é um adversário digno.
— Não se mexa, Jedi, — sibilou o Nihil em seu ouvido. Se inclinou,
prolongando a última palavra. — O Olho quer você e os seus vivos. Pelo
menos por um tempo. — Ele riu, e era um som repugnante, nascido da
traição e do prazer. — Você me fez um favor, matando todos eles assim.
Economizou-me um trabalho. Agora posso ocupar o lugar de Roola sem ter
que responder a perguntas difíceis.
— Sinto muito, — disse Porter.
O Umbarano hesitou, confuso.
— Por quê?
A mão de Porter virou no pulso, de modo que os seus dedos estavam
espalhados. Perto do cadáver do Twi'lek, o cabo de seu sabre de luz tremeu
uma vez e voou, piscando pelo ar com velocidade, com a sua lâmina de
plasma ainda zumbindo.
No último momento, Porter caiu de joelhos, virando o pulso para que o
sabre de luz se invertesse no ar.
Se enterrou até o cabo no peito do Umbarano. Ele desabou, com o
blaster caindo de seus dedos ainda quentes.
Porter o pegou enquanto caía, um peso morto, e o colocou gentilmente
no chão. Em seguida, recuperando o seu sabre de luz, ele o desligou com o
polegar, encaixando-o de volta em sua bainha.
Silenciosamente, voltou para os destroços da nave, pegou o chassi do
droide EX e o seu pod, e caminhou até a beira do barranco.
Olhou pra trás, uma vez, para contemplar a visão desagradável dos Nihil
mortos.
— Eu realmente sinto muito, — ele disse.
E então partiu.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Vamos, acelere. Eu não tenho o dia todo, — disse Petrik, em


seu tom mais condescendente.
Rhil lançou um olhar sombrio para o Talpini, que estava em pé junto à
porta da sala de comunicação Nihil, segurando impacientemente o seu
blaster.
— Isso não é fácil, sabe. Mentir para as pessoas. Mas, por outro lado,
talvez isso seja algo que você não entenderia.
Petrik fez um som irritado de resmungo.
— Se o Olho não quisesse você viva... — rosnou para ela, e a
implicação de quanto ele apreciava a ideia de violência enviou um arrepio
pela espinha dela. Rhil tentou não lhe mostrar a abalou, forçando-se a
manter o olhar. O Talpini deu um passo em direção à mesa de comunicação
onde ela estava sentada, levantando o seu blaster como se quisesse enfatizar
seu argumento. — Termine logo para que eu possa te levar de volta para a
sua cela.
Rhil havia acabado de gravar o primeiro segmento de uma nova
transmissão de propaganda, sob coerção, é claro. Ou pelo menos, essa era a
impressão que dava. Na verdade, estava ansiosa para chegar perto do
sistema de comunicação improvisado que tinham montado ali, nos níveis
inferiores da fortaleza.
Essa transmissão, roteirizada pela General Viess, tinha como objetivo
incentivar as pessoas do espaço Nihil a serem mais abertas com os seus
dízimos, através de uma série de ameaças veladas e a promessa de futuras
'visitações' Nihil aos seus assentamentos, caso se recusassem, tudo
embrulhado no tipo de discurso político ambíguo que faria até os olhos de
Lina Soh revirarem. Rhil havia visto o trabalho da Mirialana pessoalmente,
aqui em Hetzal, depois de reprimir uma revolta entre os locais, que haviam
se revoltado exigindo melhores condições de trabalho. Em vez disso, os
Nihil tinham dado um exemplo a eles, e a maioria dos amotinados agora
estava fertilizando as plantações que antes cultivavam.
Ministra da Proteção, de fato.
— Estou trabalhando o mais rápido que posso. — Rhil observou Petrik
com cautela, sabendo que seria preciso mais um empurrão para fazê-lo
perder a paciência. Ele era nervoso, mesmo para um Nihil.
— Um momento de calma, talvez, — disse a única outra pessoa na sala,
o alto e magro Halisite chamado Quith Meglar. Ele pertencia a uma espécie
rara que se originava em um planeta mais distante na fronteira e
aparentemente havia se juntado aos Nihil depois de ser descoberto por um
grupo de saqueadores, o único sobrevivente de um naufrágio que, diziam,
tinha matado os outros tripulantes para sobreviver. Rhil suspeitava que ele
fosse um fugitivo, ou algo assim. Parecia gostar do ar de mistério que o
cercava e se recusava a elaborar sobre o seu passado. Muitos dos Nihil eram
assim. Todos tinham segredos. Talvez, se Rhil conseguisse sair dessa, ela
faria um documentário sobre isso.
Meglar tinha pele cinza pálida, da cor do céu antes de uma tempestade, e
a sua cabeça era adornada por uma fina barbatana óssea que pulsava com
vermelhos e azuis brilhantes à medida que era irrigada com sangue,
mantendo o ritmo de seu coração. Ele usava uma longa faca desembainhada
presa a um aro de couro em seu cinto. Ele também tinha um pequeno blaster
embutido em um coldre sob o braço esquerdo. Ele estava vestido com uma
túnica e calças folgadas, e ele era um dos especialistas em comunicações
dos Nihil.
Não só isso, mas ele era o infiltrado que a ajudava a fazer transmissões
codificadas sempre que possível.
Petrik cuspiu, uma gosma espessa que grudou na grade do chão.
— Ela dá mais trabalho do que vale, e você sabe disso, Meglar. — Ele
sorriu astutamente. — A menos que você tenha se apegado a ela? — Seus
olhos pequenos pareciam se iluminar com a ideia.
Meglar fez uma careta.
— Uma humana? — Ele estreitou os olhos. — Você tem sorte de eu não
te matar. — Ele olhou para Rhil e depois voltou para Petrik. — Olha, por
que você não dá uma volta. Uma pausa para o banheiro. Eu tenho tudo sob
controle. — Ele deslizou a longa faca, mais uma espada na mente de Rhil,
de sua bainha, virando-a para que brilhasse na luz. Rhil conseguia ver
manchas antigas de sangue ressecado ao redor do cabo.
Petrik riu em apreciação.
— Sabe de uma coisa, eu posso fazer isso. — Ele recuou em direção à
porta. — Você terá uma bebida por minha conta mais tarde, Meglar.
A porta deslizou fechada por trás dele.
Rhil soltou um suspiro de alívio.
— Graças à Luz por isso.
Meglar enfiou a faca de volta em sua bainha aro e cruzou os braços.
— É melhor você se apressar, — ele disse. — Não sabemos quanto
tempo temos.
Rhil sorriu. O primeiro sorriso genuíno que usara em dias.
— Certo. Vamos fazer isso. Vamos sair daqui.
O penacho na cabeça de Meglar pulsou novamente com cores, um
tumulto de vermelho e azul brilhantes.
— Apenas lembre-se, isso não é sobre você. É sobre mim.
— De qualquer forma, é a mesma coisa, — disse Rhil.
Foi ideia dela. Foi ela era quem tinha, se não convertido Meglar,
exatamente, o pressionado até o ponto em que ele estava disposto a ajudá-la
a escapar.
Não era que ele fosse simpático à sua causa, pelo que podia perceber, ou
que ele parecesse particularmente preocupado com as terríveis
circunstâncias em que Rhil estava confinada, o tratamento que sofria pelas
mãos de seres como Petrik. Mais do que isso, assim como ele disse, ele
estava desesperado para encontrar o seu próprio caminho para fora.
Começou com uma conversa simples. Estava tentando facilitar as coisas
para si mesma, conquistar o silencioso e sombrio oficial de comunicações
que a vigiava, repetidamente, enquanto ela fazia todas aquelas exaustivas
transmissões de propaganda. Pensou que, se pudesse atraí-lo, fazê-lo falar,
talvez ele pelo menos a deixasse ter um pouco mais de água, ou na melhor
das hipóteses, impedisse Petrik de tratá-la tão brutalmente o tempo todo.
O que não esperava era que isso funcionasse. Parecia que Meglar
gostava de falar. Mesmo que fosse cauteloso sobre o seu próprio passado.
Ele falou sobre o seu tempo com os Nihil, como achava libertador no início,
mas como, ao longo do tempo, começou a perceber que a expectativa de
vida de um Nihil era um pouco mais curta do que o ideal, e expressou um
desejo genuíno de que as suas circunstâncias mudassem. Ele trabalhava
como parte do chamado Ministério da Proteção da General Viess, e embora
fosse um especialista em comunicações e muitas vezes fosse o responsável
por supervisionar as transmissões de Rhil, era considerado nada mais do
que um soldado raso pela General e os seus oficiais superiores.
Levou tempo, mas ao longo de três meses, Rhil o atraiu. Ele
eventualmente admitiu que se sentia tão preso quanto ela, e que, se
houvesse uma maneira de sair, ele a levaria consigo. E foi aí que lançou a
sua ideia. Disse-lhe que tinha amigos, amigos Jedi, que estavam lá fora, na
Zona de Oclusão, e a ajudariam a escapar, se tivesse uma maneira de
alcançá-los.
Ele foi cauteloso no início, relutante em considerar a ideia, mas isso foi
trabalhando nele, e da próxima vez que se encontraram, ele lhe disse que
estava disposto a ajudar, se pudesse garantir uma passagem segura para fora
dali também.
Além disso, ele tinha um plano. Com a ajuda de um Jedi, ele iria ajudá-
los a roubar um motor de Trilha.
Foi assim que Rhil se viu fazendo transmissões reais, mensagens
secretas enterradas na propaganda, enquanto Meglar preparava o caminho,
descobrindo o melhor momento para colocar o seu plano em prática.
Esta era a sua própria rebelião privada. A sua maneira de lutar contra os
Nihil. Marchion Ro se deliciava em transformar as ferramentas da
República contra eles. Era por isso que Rhil ainda estava viva, porque as
suas transmissões já foram onipresentes, uma fonte principal de notícias e
informações para as pessoas de Coruscant e além. Ro via uma ironia em
obrigá-la a transmitir a sua propaganda. Mas agora Rhil estava virando o
jogo contra ele, usando as ferramentas dos Nihil para galvanizar a luta de
volta, para reunir as pessoas dos mundos capturados a se levantarem contra
os seus opressores.
Não confiava em Meglar, nem por um momento, mas confiava em seu
desejo de viver. Meglar estava muito envolvido para recuar agora. Sabia
que se algum dos Nihil descobrisse sobre as mensagens codificadas, eles
saberiam que tinha recebido ajuda. Não tinha acesso aos sistemas de
transmissão. Seria óbvio que Meglar havia conspirado com ela.
Então o plano estava seguindo em frente. Era agora ou nunca.
Rhil levantou o dispositivo de comunicação aos lábios.
— Então, se eu gravar a mensagem...?
— Eu a codificarei e a encobrirei na sub onda como antes. Será
transmitida junto com a transmissão principal, em uma onda repetitiva. Mas
não há garantia de que alguém estará ouvindo.
Rhil umedeceu os lábios.
— Eles estarão ouvindo, — ela disse. — Eu sei. Se eles estiverem lá
fora, eles vão me ouvir.
— É melhor estarem, — disse Meglar. — Não podemos continuar
fazendo isso. Está ficando mais arriscado a cada vez. Tudo o que precisa é
um Nihil perceber o que estamos fazendo. E não teremos outra chance de
sair daqui. Eu me inscrevi na tripulação de Shryke...
— Eu sei. — Rhil engoliu em seco. Esperava que a sua fé não fosse
equivocada.
Observou atentamente enquanto Meglar digitava os códigos de
transmissão Nihil. Então respirou fundo, soltou.
— Esta é uma mensagem para qualquer Jedi lá fora na Zona de
Oclusão...
CORUSCANT

Elzar sempre se sentira desconfortável ao participar das reuniões do


Conselho Jedi, e hoje não foi exceção. Pra ele, as conversas que ocorriam
nesta câmara no Templo Jedi sempre pareciam demasiado formais,
demasiado estáticas, como se todos estivessem reprimindo o que realmente
sentiam em obediência a alguma regra não dita. Era uma dança de opiniões
e perspectivas, algo parecido com politicagem, e inevitavelmente terminava
em algum tipo de compromisso.
Supunha que esse era a questão, realmente. Orientar a Ordem Jedi por
meio de um comitê, em vez de ditadura; garantir que todos tivessem uma
voz. E aplaudia isso. Realmente aplaudia. Na maioria das circunstâncias,
era a maneira certa de fazer as coisas.
Hoje, no entanto, eles precisavam concordar com uma ação. A
Chanceler estava pressionando a CDR por um plano para atacar a Muralha
de Tempestade. E agora, lá estava ele, ao lado dela, apoiando-a diante do
Conselho Jedi reunido.
Não era a primeira vez que desejava que Stellan ainda estivesse lá para
ajudá-lo a lidar com tudo isso. Stellan sempre tivera uma afinidade por tais
coisas. Ele era igualmente hábil diante de um indivíduo ou de uma
multidão, falando com clareza e paixão, mas raramente permitindo que a
sua frustração ou indignação se tornassem visíveis quando desafiado. Pelo
menos, não visivelmente. Apenas ele e Avar conseguiam pressionar esses
botões, agitar ou desconcertar Stellan, e, aos olhos de Elzar, era bom para o
seu amigo, de vez em quando, se ver provocado dessa maneira. Um
lembrete de que era tão falível quanto o restante deles. Que às vezes errava.
Era uma lição que Elzar tentava se lembrar com afinco. Embora sentisse
fortemente o que achava que os Jedi deveriam fazer em resposta à execução
de Pra-Tre Veter, entendia que a sua opinião era só isso, uma opinião, e isso
não significava que estivesse certo.
De qualquer forma, havia resolvido falar o que pensava. Mesmo que
significasse ser repreendido. Precisava ser ouvido, e, embora, é claro,
obedeceria aos desejos do Conselho, não era tão rebelde quanto o Grão-
Mestre Ry Ki-Sakka havia sugerido, precisava dar voz às suas dúvidas. Do
contrário, elas o consumiriam por dentro. Pelo menos, entendia isso sobre si
mesmo.
As botas de Elzar ecoaram no chão polido enquanto ele e Lina Soh se
dirigiam ao círculo de assentos. Além da vasta janela, as movimentadas vias
de tráfego de Coruscant zumbiam com veículos indo e vindo, e além delas,
os pináculos da cidade se erguiam orgulhosos contra as nuvens passageiras.
Eles pararam à entrada do círculo, aguardando serem formalmente
recebidos. Elzar alisou as suas vestes de templo e coçou nervosamente a
barba, que estava se tornando mais uma característica permanente.
Perguntou-se o que Avar faria disso.
Ao seu lado, a Chanceler exalava confiança e calma, ficando ereta com
as mãos cruzadas por trás das costas.
Hoje, nem todos os assentos dos mestres estavam ocupados. O Grão-
Mestre Ry Ki-Sakka estava lá, observando-o com um olhar simpático,
juntamente com Lahru, Keaton Murag e Soleil Agra.
Yarael Poof estava presente como um holograma cintilante, transmitido
do posto avançado Jedi em Kwenn. Os outros assentos estavam
ostensivamente vazios, incluindo o que fora ocupado por Stellan. Elzar
ficou surpreso por não haver sinal do Mestre Yoda, que, tanto quanto Elzar
sabia, sempre comparecia a tais reuniões, a menos que estivesse fora do
mundo. Elzar o tinha visto no dia anterior, meditando nos jardins do
Templo, então esperava que ele estivesse ali. Tinham negócios importantes
a discutir, afinal. A perspectiva do Mestre Yoda teria sido esclarecedora. Ele
tentou esconder a sua decepção.
— Suprema Chanceler, Mestre Elzar, por favor, juntem-se a nós, —
disse Ry, chamando-os para frente. Elzar fez como lhe foi ordenado,
caminhando para o centro do círculo. Ele girou no lugar, cumprimentando
os outros com uma reverência. A Chanceler fez o mesmo, honrando a
tradição Jedi com uma breve reverência.
— Mestres, — disse ela.
— Sejam bem-vindos, — disse Soleil Agra. Mestra Agra era uma
Nautolana de Glee Anselm, com pele amarela e olhos pretos como
azeviche. Como todos os Nautolanos, ela tinha um emaranhado de longas
tênias que cresciam da parte de trás da cabeça e caíam pelos ombros.
— Meu muito obrigado, — disse Elzar. Ele olhou para os assentos
vazios. — Estamos aguardando os outros membros do Conselho?
Mestra Agra balançou levemente a cabeça.
— Infelizmente, eles estão ocupados com outros assuntos urgentes, para
que o restante de nós possa manter o foco nos Nihil e na ameaça que eles
continuam representando para a galáxia.
Elzar assentiu.
— Entendo. — Teria ouvido uma nota de aviso em sua voz, instando-o a
não pressionar demais? Ele realmente entendia, o resto da galáxia não
parava por causa do problema dos Nihil. Lina Soh estava sendo puxada em
tantas direções diferentes que Elzar frequentemente se perguntava como ela
não se despedaçava em mil pedaços. Mas, então, todos eles acabaram de ver
Marchion Ro executar um dos seus em uma transmissão ao vivo, da
maneira mais terrível possível. Isso deveria ser a prioridade do Conselho,
com certeza?
— Então vamos começar, — disse Ry. — Estamos aqui para responder à
urgente pergunta sobre o que faremos para dar uma resposta ao hediondo
assassinato do Grão-Mestre Veter. — Ele olhou para os outros, sua
expressão sombria. — Presumo que todos estamos familiarizados com os
detalhes horrendos do evento e não precisamos revisitar a gravação
holográfica?
Houve um murmúrio de concordância. Ninguém queria ver isso
novamente, principalmente Elzar.
Já havia assistido três vezes do início ao fim, estudando cada momento
em detalhes horríveis.
Ficara chocado ao ver Rhil Dairo à frente da câmera, mas estava certo,
após assistir novamente, que ela não o fazia de livre vontade. A sua
expressão dizia tudo, e depois, quando a câmera a avistara novamente mais
tarde, à margem, com o seu rosto chocado fora suficiente para confirmar a
teoria de Elzar. Os Nihil deviam estar mantendo-a prisioneira, obrigando-a
a transmitir sua propaganda como ela costumava transmitir notícias e
boatos de Coruscant. Podia muito bem imaginar os Nihil apreciando a
ironia disso.
— Outro rosto familiar, agora preso por trás daquela parede
impenetrável.
Também assistira com fascinação horrorizada quando a criatura de Ro, o
Inominável, apareceu brevemente no holograma quebrado e engasgado. A
presença imediata da criatura tinha um efeito profundo na percepção dos
Jedi, torcendo as suas mentes, induzindo alucinações oblíquas e medo
abjeto. Isso foi evidenciado pela reação do pobre Mestre Veter à coisa,
como ele tremia, os olhos se alargavam de terror, sua incapacidade de
sequer tentar se defender.
Aqui, porém, presa na câmera, a criatura era evidente em toda a sua
terrível glória. A sua aparência provocou um profundo sentimento de
repulsa e desconforto em Elzar. A coisa era abominável, uma forma
retorcida e deformada que parecia não fazer muito sentido. As tentáculos se
retorcendo da boca, a fome em seus olhos enquanto se lançava sobre Veter...
eram nascidos de pesadelo e escuridão.
Elzar se perguntava como tal fera poderia sequer existir.
— É uma coisa terrível, terrível, — disse o Mestre Lahru, um macho
Anx com uma cabeça alta em forma de nadadeira e pele verde pálida. —
Ver um dos nossos sofrer de tal maneira. Ser preso e torturado assim... —
Ele se calou, balançando a cabeça. — Agradeço à Força que o Mestre Veter
agora está em paz.
— E ainda, mesmo na morte, ele encontrou uma maneira de nos ajudar,
— disse Keaton Murag. — Não podemos ignorar a visão que a sua morte
nos proporcionou. Agora podemos ver as criaturas, esses chamados
Inomináveis, pela primeira vez com cabeça fresca. Podemos observar um
deles se alimentando. Podemos ver em primeira mão o efeito que ele tem
sobre um Jedi. Esses eram monstros de nossa juventude, contados em
histórias para assustar crianças. Agora vimos que são reais e muito piores
do que poderíamos ter imaginado. — Ele pesou as suas próximas palavras
cuidadosamente. — Embora seja doloroso assistir, através do sacrifício de
Veter, aprendemos. Agora precisamos encontrar os meios para aplicar esse
aprendizado, para ajudar a honrá-lo e àqueles que o precederam na proteção
de outros Jedi para que não sofram o mesmo destino.
— Sim, — disse a Mestra Agra. — Embora ainda não saibamos quantos
Inomináveis existam, de onde Marchion Ro os obteve ou como neutralizar
o seu ataque, nós estamos progredindo. Os Cavaleiros Jedi Caphtor e Silas
têm buscado pistas nos registros das histórias antigas. Neste momento, há
equipes de Jedi examinando minuciosamente essas imagens horríveis.
Aguardamos as suas conclusões, e, embora ainda estejamos frustrados e
longe de quaisquer respostas, isso deve levar a algo que possamos usar
contra eles.
O Mestre Lahru concordou.
— Concordo. Devemos continuar dedicando tantos recursos quanto
pudermos para resolver o problema dos Inomináveis. Se conseguirmos
encontrar uma maneira de combatê-los, então podemos encontrar uma
maneira de derrotar os Nihil. — Ele pausou, olhando para cada um deles.
— E ainda não podemos ignorar o fato de que Marchion Ro sabia
exatamente o que estava fazendo quando transmitiu essa mensagem. Ele
estava nos lembrando do que nos aguarda do outro lado da Muralha de
Tempestade. Ele nos enviou um aviso.
A sala mergulhou em silêncio enquanto os Mestres Jedi pareciam
contemplar as suas palavras.
Elzar se moveu impacientemente de um pé para o outro. Por que
nenhum deles conseguia ver? Embora estivessem certos sobre as imagens, o
fato de que esclarecia um assunto que os preocupava há meses, agora não
era hora para estudo e contemplação. Era hora de agir. Eles precisavam
responder. Precisavam dar uma resposta aos crimes de Marchion Ro.
— Chanceler Soh, você solicitou ao Conselho que participasse desta
reunião. Tem algo que deseja dizer? — incentivou Ry, percebendo
claramente a crescente impaciência de Elzar.
A Chanceler limpou a garganta.
— Tenho. Obrigada, Grão-Mestre. Embora eu veja o sentido nas
palavras tanto dos Mestres Agra quanto de Lahru, eu argumentaria por uma
abordagem diferente.
— Continue.
— Embora eu aprecie a necessidade de estudar os Inomináveis e
elaborar uma maneira para os Jedi se protegerem e derrotarem essas
criaturas desprezíveis, o tempo está contra nós. Equipes de Jedi e técnicos
da República estão trabalhando incansavelmente para descobrir uma
maneira de atravessar a Muralha de Tempestade. No entanto, por todos os
nossos esforços, não estamos chegando a lugar nenhum rápido. — Ela
ergueu a mão para afastar qualquer interjeição.
A voz dela era firme, inabalável. Decisiva.
— Enquanto isso, Marchion Ro e os seus Nihil estão se enraizando. Ele
claramente acredita que pode fazer qualquer coisa, que é invulnerável à
justiça ditada tanto pela lei da República quanto por qualquer coisa que se
assemelhe à decência moral. Ao permitirmos que ele continue, a nossa
própria posição se enfraquece. Já dissemos tudo isso antes, inúmeras vezes.
Todos nós dissemos. Mas agora algo mudou. Ele usou as suas criaturas para
executar um Grão-Mestre Jedi e transmitir isso por toda a galáxia.
Elzar concordou, sentindo a urgência de Soh.
— Pensem na mensagem que enviamos se não respondermos, — ele
disse. — Pense no que isso diz ao resto da galáxia sobre os Jedi e nosso
papel como seus protetores. — Ele apontou para a alta janela atrás de Ry.
— Cada ser lá fora está assistindo, esperando para ver o que faremos a
seguir, — disse Soh, virando-se no lugar, encontrando os olhares um por
um. A sua voz era clara, direta e apaixonada. Elzar sabia que ela sentia isso
tão intensamente quanto todos eles. Que isso não era apenas sobre Pra-Tre
Veter, ou Marchion Ro. Isso era sobre o seu filho. — Se permitirmos que
Marchion Ro saia impune, permitimos que cem, mil senhores da guerra
autonomeados comecem a dividir a galáxia da maneira que acharem
adequada. Dizemos a eles que podem assassinar cidadãos da República sem
recurso ou retaliação. Dizemos a eles que tudo o que Marchion Ro diz sobre
nós é verdade e que falhamos com todos eles.
Um silêncio se espalhou pela câmara.
— O que você sugere? — disse Yarael Poof.
— Precisamos de uma demonstração de força, — disse Elzar. —
Precisamos de uma vitória. Uma maneira de enviar uma mensagem de
volta, que não toleraremos os horrores que os Nihil estão infligindo à
galáxia. — Ele tentou falar com a mesma confiança e autoridade de Lina
Soh, para esconder a ansiedade borbulhante que estava sentindo. — A única
coisa que ainda não tentamos é um ataque total à Muralha de Tempestade.
Sim, há riscos. Mas as teorias sobre a Muralha de Tempestade sugerem que,
com poder de fogo suficiente, podemos ser capazes de derrubar uma seção
dela, pelo menos temporariamente.
— Permita-me deixar uma coisa clara, — disse Keaton Murag. —
Ninguém aqui está defendendo que Marchion Ro seja permitido 'escapar'
com o assassinato de qualquer cidadão da República, Jedi ou não. O
momento do acerto de contas dele chegará. Mas já estamos fazendo tudo o
que podemos. Redobramos os nossos esforços para capturar um motor de
Trilha, enviando mais equipes de Jedi para a fronteira, colocando-as em
grande risco tanto dos Nihil quanto dos Inomináveis. Ajudamos a CRD a
reforçar os planetas vulneráveis ao longo dessa mesma fronteira. E estamos
canalizando recursos imensos para resolver o problema dos Inomináveis.
Elzar rangeu os dentes. Ao seu lado, a Chanceler se enrijeceu.
— Concordo, — disse Soleil Agra. — Os Nihil estão tentando provocar
uma retaliação. Uma que estaria fadada ao fracasso. As teorias das quais
você fala, Elzar, vêm com terríveis riscos. Ainda não conseguimos ver o
caminho para a vitória. Uma ação assim poderia se voltar contra nós e
alcançar exatamente o oposto do que você está sugerindo. Estaríamos
arriscando milhares de vidas em uma missão que sabemos que
provavelmente falhará. E se falhar, estaremos provando o argumento de
Marchion Ro por ele, melhor do que ele poderia fazer sozinho.
— Se não atacarmos, certamente falhamos de qualquer maneira, — disse
Elzar. — Marchion Ro nos provoca. Sim, você está certo, ele está
provocando uma briga. Mas talvez seja hora de darmos uma a ele.
— Vejo que a triste morte do Mestre Veter mexeu com águas amargas
em você, Elzar, — disse Ry. — Você deveria tirar um tempo. Meditar e
refletir. Todos nós perdemos muito, você mais do que a maioria.
A Chanceler limpou a garganta. Quando ela falou, sua voz estava firme
e controlada.
— Não temos tempo para meditação e reflexão. Eu não vim aqui pedir a
sua permissão. Vim pedir a sua ajuda. Vou ordenar que a CRD planeje um
ataque sustentado. Eles precisarão do apoio dos Jedi e de seus Vetores.
Pergunto novamente, vocês estão disposto a ajudar?
— Entendemos a sua frustração, Chanceler, e a compartilhamos, —
disse Ry. — Acredite em mim, estamos tão ansiosos quanto você para
encontrar uma maneira de acabar com o reinado de terror de Marchion Ro.
Como o Mestre Murag já disse, estamos fazendo tudo o que está em nosso
poder. Procuramos os meios para deter os Nihil e os Inomináveis.
Emprestamos a nossa experiência àqueles que tentam encontrar uma
maneira de romper a Muralha de Tempestade. Defendemos o povo da
República onde podemos, em mundos distantes ou aqui em Coruscant.
Patrulhamos as fronteiras da Zona de Oclusão, procurando qualquer
oportunidade. E não nos esqueçamos de que há Jedi por trás da Muralha de
Tempestade também. Aqueles como Avar Kriss, que, embora ainda não
possamos alcançá-los, estarão fazendo tudo em seu poder para proteger a
Luz. A luta continua. — Ele suspirou. — Mas não podemos aprovar esse
curso de ação que você propõe. Nós não vamos arriscar as vidas de mais
pessoas em uma missão que não funcionará.
Lina Soh encontrou o olhar de Mestre Ry. O seu rosto estava impassível.
— Entendo, e agradeço pelo seu tempo. — Ela não olhou para Elzar
enquanto se virava e saía da câmara.
— Elzar? — disse Mestra Agra, depois que o som da porta se shushou
por trás dela.
— Estou dividido, Mestra Agra, — disse Elzar. — Eu entendo e respeito
a decisão do Conselho, e sei que não há um único Jedi ocioso nesta crise.
— Mas? — instigou Mestre Lahru.
— Mas também acho que a Chanceler está certa. Precisamos mostrar à
galáxia, e especialmente àqueles presos dentro da Zona de Oclusão, que a
cada dia que passa devem acreditar que desistimos deles, que estamos ao
lado deles contra a opressão dos Nihil. Que não toleraremos o terror e a
destruição que Marchion Ro e os seus seguidores continuam causando.
Precisamos deixar claro que os Jedi não têm medo.
— Mas e se nós tivermos medo, Elzar Mann? Como será, humm?
Elzar se virou ao som da voz familiar, chocado por não ter percebido a
chegada do Mestre Yoda. O Mestre Jedi, diminuto em tamanho, mas não em
estatura, estava apoiado em uma bengala de madeira, observando Elzar
achando graça.
Ao lado de Yoda estava uma figura alta, mas ligeiramente curvada,
vestida com túnicas brancas amorfas. O seu rosto rochoso estava envolto na
sombra do capuz erguido, e as suas mãos estavam escondidas nas dobras
das mangas. O homem irradiava uma aura perturbadora, e Elzar sentiu a sua
frieza, o seu distanciamento, a maneira como parecia avaliar cada ser na
sala como se fosse uma ameaça potencial. Acima de tudo, no entanto, Elzar
sentiu o medo do homem. Nesta sala, o homem era menos predador e mais
presa; um gato tooka cercado por uma matilha de lobos. E ainda assim,
inquietantemente, Elzar sentiu algo familiar dentro deste recém-chegado
também. Uma tensão, uma incerteza, uma sensação de profundezas ocultas.
Elzar não reconhecia o homem, mas estava claro que ele não era um
Jedi.
— Azlin Rell, — disse Yarael Poof. Elzar ficou surpreso com a repulsa
na voz do Mestre Jedi ao pronunciar o nome.
O recém-chegado inclinou a cabeça. Ele lançou um olhar para Elzar, e
isso enviou um arrepio frio pela espinha de Elzar. Os olhos do homem
estavam invisíveis por trás do que parecia ser um par de grandes óculos
cinza.
Elzar nunca tinha conhecido Azlin, mas estava vagamente ciente de sua
má reputação. Um ex-Jedi que abraçara o lado sombrio e prolongara a sua
vida de maneira antinatural com o poder arcano que lhe concedia.
Não tinha ideia do motivo pelo qual o Mestre Yoda o trouxera perante o
Conselho agora.
— Você esqueceu, Mestre Yoda, que o Conselho deixou bem claro que
este... caído não é bem-vindo aqui, — disse Soleil Agra.
Yoda balançou a cabeça. Ele deu um sorriso fraco.
— A vocês, eu digo, que os Inomináveis são a maior ameaça que
enfrentamos, e a chave para resolver o problema dos Nihil, — disse ele. —
É aí que a nossa atenção deve permanecer, hummm.
— E é por isso que você insiste em trazer esse... herege entre nós mais
uma vez? — disse Keaton Murag, incapaz de esconder o desgosto em sua
voz.
— É um argumento que já ouvimos antes, Mestre Yoda. Confiávamos
nele, e ele destruiu uma cidade inteira em Travyx Prime. O seu julgamento
sobre Azlin está obscurecido, Mestre Yoda. Ele cometeu atrocidades tão
graves quanto qualquer Nihil. Não podemos nos alinhar a este criminoso.
Elzar estudou Azlin, com a sua curiosidade despertada apesar de si
mesmo. Podia ver o leve traço de um sorriso torcendo os lábios do homem
sob o véu sombreado de seu capuz branco.
— Tenho meditado sobre isso, — disse Yoda, como se essa simples
explicação fosse suficiente.
— Assim como eu, — disse Azlin. A sua voz era um grasnido seco,
frágil com a idade.
— Não podemos aprovar as suas ações, — disse Yoda, — mas
precisamos dele. O seu discernimento sobre os Inomináveis nos ajudará a
entender o nosso inimigo. E como derrotá-los.
— Eu não peço a confiança de vocês, Mestres Jedi, — disse Azlin,
sorrindo e abrindo as palmas diante de si como um suplicante. — Apenas
que ouçam o que ofereço.
— Não, — disse Ry, firmemente. — Não precisamos do conselho de
alguém como você. — Elzar notou que o sorriso não deixou o rosto de
Azlin, na verdade, se ampliou. Estaria ele brincando com o Grão-Mestre
Jedi?
— Esqueceu-se de que Azlin já foi um Jedi? Ele sobreviveu à Noite da
Tristeza, todos esses anos antes em Dalna. Enfrentou os Inomináveis, viveu
para contar. Dedicou a sua vida a compreendê-los. A sua perspectiva é
única em toda a galáxia. Podemos nos dar ao luxo não de ouvi-lo? — disse
Yoda.
Devagar, Azlin recuou o seu capuz, revelando o seu rosto enrugado e de
cor pálida. Os seus óculos de metal cobriam completamente os olhos, e os
seus longos cabelos negros caíam sobre os ombros. Ele era velho, mais
velho do que qualquer humano deveria ser, e embora Elzar não conseguisse
se livrar completamente do pressentimento que sentia na presença de Azlin,
não detectou intenções malignas.
— Desejo apenas ajudar a pôr fim à ameaça que agora ronda a Ordem
Jedi, assim como já fiz no passado, — disse ele. — Fiz escolhas em minha
vida que me levaram por um caminho diferente... mas isso não significa que
eu não queira proteger a Ordem e o seu lugar na galáxia. Mestre Yoda está
certo. Os Inomináveis apresentam a maior ameaça aos Jedi que já existiu. E
não apenas aos Jedi, mas a todos que usam a Força. Eles são um desafio
fundamental para a nossa existência. Eles consomem a essência de nós
mesmos. Comparado a isso, os Nihil são apenas mais um bando de
saqueadores manipuladores.
Murag zombou. Ele continuou a observar o homem com aversão mal
disfarçada.
Pra Elzar, Azlin era uma figura digna de compaixão, não de desprezo.
Um homem que havia se perdido e nunca encontrara o caminho de volta. Se
ele tivesse alguém como Orla, as coisas poderiam ter sido diferentes. Por
mais que a ideia o perturbasse, talvez ele tivesse sido, em algum momento,
como Elzar, mas não teve as pessoas ao seu redor para ajudá-lo a
permanecer no verdadeiro caminho.
Talvez esta fosse a estrada de Azlin para a redenção. A sua última
chance de, se não encontrar o caminho de volta para a Luz, pelo menos agir
corretamente pela Ordem que um dia foi sua casa. Seria correto negar a ele
essa chance? Ele não era, afinal, um inimigo dos Jedi. Mais um irmão
perdido que caiu e nunca foi levantado.
— Saqueadores que, no entanto, encontraram uma maneira de aproveitar
essa ameaça e usá-la como arma contra nós, — disse Ry. O seu tom era
cauteloso. — Se pudéssemos encontrar uma maneira de neutralizá-la,
permitiria que enfrentássemos os Nihil...
— Não há respostas fáceis, — disse Yoda. — Escolhas, devemos fazer.
Mesmo que não nos agradem, hummm.
Ry se virou para Elzar.
— Elzar, já concedemos a nossa decisão à Chanceler. A menos que a
situação mude, a Ordem Jedi não será provocada a uma retaliação perigosa
que colocaria tantas outras vidas em risco. Continuaremos a dedicar todos
os nossos esforços para elaborar uma maneira eficaz de atravessar a
Muralha de Tempestade, protegendo aqueles que mais precisam, e
enfrentando o problema dos Inomináveis. — Ele lançou um olhar para o
Mestre Yoda ao mencionar as últimas duas palavras.
Elzar sentiu as suas bochechas corarem, mas conteve o impulso de
contestar as palavras do grande mestre. Agora não era o momento. A
decisão fora tomada, e ele a respeitaria. Mas isso não significava que ele
pararia de procurar outro meio de deter os Nihil. Deveria haver uma
maneira. O seu único objetivo era atravessar aquela Muralha de Tempestade
e libertar as pessoas lá dentro.
— Sim, Grão-Mestre. Obrigado. — Ele fez uma breve reverência e se
virou para sair. Ao passar por Azlin, o outro homem estendeu a mão e
segurou o braço de Elzar. A sua pegada era como gelo. Elzar o sacudiu,
voltando-se para encará-lo.
— Elzar Mann? — disse Azlin. — Já ouvi o seu nome antes.
Elzar encarou o rosto amarelado do homem.
— Igualmente, — disse ele, com a voz firme.
Azlin sorriu, claramente achando graça. Ele levantou e segurou os seus
óculos com as duas mãos, erguendo-os para a testa e revelando, para o
horror apavorado de Elzar, dois buracos contraídos e afundados onde os
seus olhos costumavam estar. As órbitas estavam cobertas de sangue velho
e negro. Vazias. Fixas.
— Vejo muito de mim em você, — disse Azlin.
Elzar engoliu em seco, com a sua boca subitamente seca. Sentiu uma
sensação de instabilidade, como se o mundo estivesse prestes a engoli-lo,
mergulhando-o de volta naqueles sombrios e aquosos abismos dos quais
havia sonhado.
Ele se virou e saiu da sala, sem olhar pra trás.
PRANDRIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Belin se esticou em sua cadeira de piloto para olhá-la.


— Aquilo foi... algo surpreendente, — ele disse enquanto a nave de
transporte suspirava, afundando-se tremulamente através da atmosfera
inferior de Prandril, antes de finalmente pousar com um estrondo metálico.
Avar fez uma careta. Não parecia saudável.
Os droides carniceiros finalmente desistiram de perseguir a nave pela
atmosfera superior, presumivelmente recuando para a órbita, e, com grande
esforço, Avar conseguiu destruir os poucos restantes que estavam presos ao
casco. No entanto, a nave estava em péssimas condições. Os droides
carniceiros haviam mastigado buracos na casca externa, e o voo através do
campo de destroços havia danificado vários sistemas e deixado pra trás uma
infinidade de amassados, arranhões e pequenas brechas.
Mesmo assim, valeu a pena. KC-78 havia dissecado os restos do droide
carniceiro capturado, atualmente ainda espalhados pela cabine em pedaços,
e, em parte devido aos seus esforços anteriores para hackear os seus
sistemas, havia conseguido fazer a engenharia reversa dos protocolos
necessários. Isso significava que, assumindo que KC-78 estava certo, eles
poderiam se movimentar mais livremente a partir de agora pelas vias de
hiperespaço não patrulhados dentro da Zona de Oclusão.
— Então, este é Prandril, — disse Belin, olhando pela tela para a savana
gramada e as silhuetas de edifícios de teto baixo nas proximidades. — Que
lugar mais estranho...
— Sim, sim. Eu sei, — interrompeu Avar. — Não é exatamente o que
você chamaria de metrópole. Mas a colônia aqui está desesperada. Os seus
pedidos de socorro diziam que os Nihil cortaram os seus suprimentos de
alimentos porque não podiam pagar os seus 'tributos'.
Belin franziu o nariz.
— Tributos, hein? Eu gostaria de dar a Marchion Ro um tributo meu.
Avar sorriu. Estava desfrutando da sensação de realização que
acompanhou a chegada ao mundo da colônia Rodiana.
Havia lutado contra os Nihil e vencido. Tudo por apenas um transporte
de grãos, nada grandioso ou teatral. Mas conseguiu. Tirou isso de debaixo
de seus narizes, e ninguém morreu no processo.
Essa era a Avar sendo Avar, exatamente como planejara. Sem heroísmos
grandiosos. Sem pressão para ser algo além do que era: uma Jedi em
campo, fazendo a diferença um pouco de cada vez. E isso era bom.
KC-78 emitiu uma série de assobios e bipes. Avar cruzou a passarela da
nave para se juntar a ele. O lado da nave de transporte se abriu como uma
asa, e uma pequena rampa se estendia lentamente a partir da borda.
Uma brisa quente soprava pelos campos gramados, trazendo consigo o
cheiro de flores, água fresca e madeira queimada. Um lago cintilava no
horizonte, e barcos pequenos pontilhavam a sua superfície como manchas
solares vistas através de uma lente.
Era totalmente sereno, e ficando ali, quase podia acreditar que nada do
que acontecera nos últimos dois anos tinha acontecido.
O lugar parecia intocado, exatamente como a colônia Rodiana que se
estabelecera aqui desejava mantê-lo.
A rampa se encaixou no lugar, e Avar desceu, seguida de perto por KC-
78. Por trás dela, podia ouvir Belin bufando e ofegando enquanto saía da
nave. Estava começando a perceber que era apenas o jeito dele, que ele
gostava de transformar tudo em uma oportunidade para um grande drama.
Era tudo apenas um jogo, e por baixo disso, ele estava tão preocupado com
os Nihil quanto ela, e tão disposto a fazer o que podia para contra-atacar.
Enquanto caminhava ao redor da traseira da nave estacionada, gemendo
com as suas próprias contusões e ferimentos leves, viu o estrago que as
últimas horas haviam infligido. Em alguns lugares, o casco estava rasgado,
revelando a subestrutura da nave sob as placas ablativas. Eles tiveram sorte.
Muita sorte.
Agora que tinha a chance de absorver tudo, podia ver que o resto da
nave também não se saíra muito melhor. Cabos espetavam-se por buracos
rasgados, fluido vazava de pelo menos uma válvula quebrada, e em alguns
lugares, a casca estava preta e queimada pela entrada atmosférica.
— Considerando tudo, — disse Belin, que a havia seguido para fora na
planície gramada e estava olhando para a nave com avaliação ao lado dela,
— você fez um trabalho bastante ruim de tentar nos matar, Jedi.
— Vou levar isso como um elogio, — disse Avar.
— Se preferir, — murmurou Belin. Ele bateu em sua barriga
rechonchuda. — Eu sei que você provavelmente é algum tipo de esteta que
não precisa comer, mas estou morrendo de fome. Se eu for colocar isso no
ar de novo, você vai ter que me alimentar primeiro.
Avar riu.
— Tenho certeza de que podemos encontrar algo para você. Mas
lembre-se por que estamos aqui. Essas pessoas têm muito pouco.
— O problema com vocês, Jedi, é que não sabem como se colocar em
primeiro lugar, — disse Belin.
— Não teria tanta certeza disso, — disse Avar, virando-se para olhar
para o outro lado. Ela protegeu os olhos do brilho dos sóis. — Vou ver se
algum desses edifícios está habitado. É hora de dar a essas pessoas o seu
grão.
Avar contornou a nave, olhando para onde tinham visto os edifícios
silhuetados em sua visão da cabine.
Seu coração afundou na visão que a cumprimentou.
Um mar de cinzas negras e ondulantes, mexendo-se na brisa. Os tocos
de edifícios, tão superaquecidos no fogo que as paredes racharam, fazendo
com que desmoronassem em montes de destroços. Os restos quebrados e
bolhosos de uma estrada que atravessava os destroços do que costumava ser
um grande assentamento. Várias bandeiras Nihil plantadas no solo
queimado, exibindo orgulhosamente o símbolo do Olho.
O cheiro de madeira queimada não era madeira de forma alguma. Era
cinza.
— O que aconteceu aqui? — perguntou Belin. Todo senso de alegria
dele desapareceu enquanto ele caminhava para ficar ao lado dela, olhando
para a cena de completa devastação.
A boca de Avar estava seca. Pensou que podia sentir o gosto da cinza na
língua.
— Os Nihil, — ela disse.
— Pelo menos algumas pessoas parecem ter escapado, — disse Belin,
apontando para a distância. — Veja.
Duas speeder bikes estavam se aproximando deles pelos desertos de
cinzas, levantando grandes nuvens em seu rastro. Bem atrás delas, seguia
um grande carrinho de transporte, puxado por uma criatura enorme com
troncos gêmeos e um par de enormes chifres de osso se erguendo como uma
coroa em sua testa.
— Fiquem perto, — disse Avar. A sua mão se dirigiu ao cabo de seu
sabre de luz. Ela esperava que Belin estivesse certo, que esses eram
sobreviventes do que quer que os Nihil tivessem feito aqui, e não Nihil eles
mesmos.
Observou as speeder bikes se aproximarem. Os pilotos cobriram os seus
rostos contra a cinza em turbilhão, mas Avar podia ver as orelhas em forma
de trombeta e os olhos vidrados dos Rodianos. Permitiu-se relaxar, Prandril
era principalmente uma colônia Rodiana.
Avar caminhou para encontrá-los quando pararam perto, deixando
espaço para o carrinho chegar atrás delas. Ela estendeu as mãos em
saudação, mostrando que não estava carregando armas.
Os dois Rodianos a olharam de cima a baixo avaliativamente e, em
seguida, retiraram tradutores de seus bolsos e os prenderam na frente de
suas túnicas azul pálido. Ambos removeram as suas coberturas faciais.
— Quem é você? — disse o rodiano à esquerda. Ela parecia suspeita e,
talvez, um pouco temerosa também. Avar notou que ambos pareciam
cansados e magros, e tinham blasters presos aos cintos.
Avar deu um passo à frente, mantendo as mãos à mostra.
— Meu nome é Avar Kriss, e eu...
Sou uma Jedi.
— Estou aqui para ajudar. Ouvi o seu chamado de socorro, e trouxe um
carregamento de grãos para vocês. — Avar apontou para a nave de
transporte.
Os dois Rodianos trocaram olhares, e então ambos desceram de suas
speeder bikes.
Feito isso, eles entrelaçaram as mãos sobre o peito e se aproximaram em
passo firme.
— Então, você é muito bem-vinda, Avar Kriss, — disse a da esquerda.
— Eu sou Meela. Esta é a minha esposa, Boona. Juntos, governamos a
colônia aqui em Prandril. E você? — ela perguntou, virando-se para o
Ugnaught.
— Belin, — ele disse, estufando o peito. — Prazer em conhecê-los.
Avar fez um gesto para Belin.
— Este piloto arriscou a sua vida para me ajudar a trazer a vocês este
carregamento de grãos.
— Você é pequeno e corajoso, — disse Meela.
Belin gargalhou.
— Pelo menos uma dessas coisas é verdadeira.
— E este é o meu droide, KC, — disse Avar.
— Também pequeno, — disse Boona.
— E mais corajoso do que parece, — disse Avar.
O droide emitiu um bipe caloroso.
Ao longe, a estranha criatura ainda marchava mais perto, com os seus
passos retumbantes agora levantando flores de cinzas.
Avar olhou para as ruínas enegrecidas.
— Os Nihil fizeram isso? — ela perguntou.
Meela assentiu.
— Eles vieram exigir tributo. Dois meses atrás. Foi o primeiro contato
real que tivemos com eles, embora a vida aqui tenha sido difícil desde o
início da ocupação. Estamos racionando a comida, gastando todos os nossos
recursos comprando o que podíamos de outros mundos locais. Pensávamos
que eles tinham nos esquecido, aqui na nossa solidão.
— Mas os Nihil não nos esqueceram, — disse Boona. — Eles
simplesmente ainda não tinham chegado até nós. Ouvímos as histórias,
claro, do que aconteceu nesses mundos que não podiam pagar, ou se
recusavam, a pagar os dízimos dos Nihil. Mas não achávamos que isso
poderia acontecer conosco. — Ela balançou a cabeça, desviou o olhar.
— Eles queimaram a sua vila? — disse Avar. Esta era uma história que
ouvira repetidas vezes enquanto percorria os mundos da Zona de Oclusão.
A história da destruição, punição e ganância dos Nihil. Eles não eram um
governo, mas uma quadrilha, saqueadores que inesperadamente se
encontraram com tudo o que poderiam querer. E, no entanto, apesar de tudo
isso, não podiam negar a sua verdadeira natureza. Eles não podiam
esconder quem realmente eram. Assassinos, ladrões e terroristas.
— Não podíamos pagar, — disse Meela. — Gastamos o que restava em
comida para o nosso povo. Somos uma colônia simples e vivemos uma vida
simples. Ou pelo menos, vivíamos...
— Eles mataram metade de toda a nossa população, — disse Boona, e a
sua voz estava sombria mesmo através dos tons digitais do tradutor. —
Alinharam-nos e usaram-nos como alvo. Então nos disseram que
deveríamos ficar felizes porque tínhamos menos bocas para alimentar. —
Seus ombros tremiam enquanto chorava, lembrando. — Depois queimaram
todo o assentamento. Levaram as nossas crianças. — Ela se virou, incapaz
de olhar mais para Avar e Belin.
— Sinto muito, — disse Avar. Sabia que não era suficiente. Nunca seria
o suficiente. Esta era a verdadeira história do que estava acontecendo por
trás da Muralha de Tempestade. Isso é pelo que os Nihil realmente seriam
lembrados. Sim, seus grandes gestos, o horror do Grande Desastre, o ataque
a Valo, ao Farol. Destaques terríveis em um reinado de terror inauspicioso.
Mas isso? Isso era algo completamente diferente. Um ataque sustentado às
vidas de milhões, bilhões, de pessoas inocentes. Isso seria o legado deles,
seu emblema uma casa queimada transformada em um túmulo.
— Nós também, — disse Meela.
— Onde estão os outros de seu povo agora?
Meela apontou na direção de onde eles vieram.
— Estamos reconstruindo, da melhor maneira que podemos. Mas, como
você sabe pelos nossos pedidos de socorro, temos pouco para nos sustentar.
Os Nihil cortaram os nossos suprimentos. Nenhuma nave passa por aqui
mais. — Ela pausou, encontrando o olhar de Avar. — Estamos morrendo.
Avar assentiu.
— Bem, esperançosamente podemos ajudar um pouco com isso.
— Ela se moveu ao redor da traseira da nave e apertou os controles para
abrir o compartimento. As portas se abriram amplamente, revelando uma
bagunça confusa de cilindros e tambores, pedaços da passarela cortada e
derramamentos. Felizmente, o grão parecia ter permanecido principalmente
em seus tanques.
— Parece que você fez um estrago também no compartimento, — disse
Belin. — Estou quase impressionado. Existe alguma parte da nave que você
não destruiu?
— Vou tentar mais da próxima vez, — retorquiu Avar, mantendo a voz
baixa. Ela fez sinal para os dois Rodianos se juntarem a eles. — Aqui.
Meela e Boona foram até a traseira da nave, espiando para dentro do
compartimento.
— Agradecemos pela sua ajuda, — disse Meena. — Nossa gente está
muito necessitada deste grão.
Boona encontrou o olhar de Avar.
— Qual é o seu preço?
Avar balançou a cabeça.
— Não há preço. Todos têm direito a comida. Os Nihil não tinham o
direito de tirar isso de vocês. Então, eu recuperei.
— Agradecemos a você, Avar Kriss, — disse Boona.
— Sim. Agradecemos a você, — concordou Meela. Ela hesitou, incapaz
de encarar Avar. — E o próximo carregamento? Precisaremos de mais se
quisermos sobreviver.
Avar a olhou, confusa.
— O próximo carregamento?
— Sim. Este grão não durará mais do que duas semanas. Precisaremos
de outro carregamento. E outro depois desse. E assim por diante, — disse
Boona.
O coração de Avar afundou. Claro que precisariam. Estava tão envolvida
na urgência de alimentar essas pessoas que não havia considerado as suas
necessidades contínuas. Não se tratava de um único carregamento. Nunca
era. O que essas pessoas precisavam era um suprimento constante, assim
como tinham antes de os Nihil virem e levarem tudo embora. O que eles
precisavam era de apoio e infraestrutura, e não havia como ela poder
oferecer a eles. Avar não podia oferecer uma solução permanente. Ninguém
podia... exceto talvez os próprios Nihil.
O pensamento deixou um gosto amargo em sua boca.
— Eu...não sei o que dizer... — Ela se sentia vazia. A alegria e certeza
da última hora simplesmente se esvaiu, deixando-a mais perdida e incerta
do que nunca.
Não deveria ser tão difícil.
Boona parecia arrasada.
— Sem mais grãos, morreremos de fome.
— Eu sei, — disse Avar.
— Por que vocês não cultivam os seus próprios alimentos? Vocês têm
toda essa terra, — disse Belin. Ele se virou no lugar, fazendo um gesto
expansivo com os braços.
Meela fez um som melodioso.
— É um preceito de nossa crença que não estragamos a terra em que
vivemos. Somos visitantes aqui. Vivemos como parte do ambiente; não
tentamos impor a nossa vontade sobre ele.
— Além disso, o solo aqui libera toxinas nas plantas incompatíveis com
a vida Rodiana, — acrescentou Boona. — É uma das razões pelas quais
escolhemos este lugar para nossa colônia. Para que não possamos estragá-
lo.
Belin inchou as bochechas, mas não disse mais nada.
— Sinto muito, — disse Avar. — Não há mais nada que eu possa fazer.
Sou apenas eu, trabalhando sozinha, e os Nihil já estão cientes das minhas
atividades. Depois disso, eles vão reforçar a segurança em todas as suas
remessas. Essa foi única. — Ela esfregou a testa onde costumava ficar a joia
de seu diadema. — Vou tentar encontrar uma solução...
Meela levantou a mão.
— Entendemos. Você fez mais do que qualquer um poderia esperar. E
somos gratos. Você nos deu o presente do tempo. Não será esquecido.
— Agradecemos a você, Avar Kriss, — acrescentou Boona. Ela se virou
para direcionar as feras carregadoras que se aproximavam para trazerem a
carroça deles, para que pudessem descarregar o grão.
Avar viu que haviam cerca de dez Rodianos na carroça, e recuou para
dar espaço a todos. Ou mais precisamente, para dar espaço a si mesma. Um
tumulto de emoções passou por sua cabeça. Alcançou instintivamente a
Força, buscando a tranquilidade da canção, mas permaneceu distante e
discordante, e de pouco conforto.
Estava tão certa de que estava fazendo a coisa certa. Ajudando essas
pessoas. Mas não podia resolver problemas tão sistêmicos sozinha. Uma
nave de transporte roubada cheia de grãos não ia derrotar os Nihil. Nem
sequer se ia listar.
De qualquer maneira que olhasse, tinha falhado. Novamente. Todo o
esforço, todo o risco. Tinha colocado a vida de Belin em perigo, talvez até
mesmo feito com que ele nunca pudesse voltar para casa. E por quê?
Sentiu uma mão em seu braço. Olhou pra baixo e o viu agora, com o
rosto franzido de preocupação.
— Você não pode salvar a todos eles, — ele disse. — Isto é sobre os
Nihil, não sobre você. Você fez algo bom aqui hoje. Trouxe comida para
pessoas famintas. Lembrou-as de que não estão sozinhas na galáxia. É o
suficiente. E tenho dito.
Mas não era o suficiente. Não realmente. Não para a Heroína de Hetzal.
Não para aquela que Maru havia nomeado como 'a melhor de nós'. Se isso
fosse verdade, se realmente fosse o melhor que a Ordem Jedi tinha a
oferecer, então certamente todos estavam condenados.
Tinha se enganado.
Avar assentiu, mas não conseguiu agradecê-lo por sua bondade. Não era
o que precisava agora, por mais bem-intencionado que fosse.
Precisava de tempo para pensar. Para planejar. Para tentar entender o que
fazer a seguir. Talvez tivesse se enganado o tempo todo. Talvez todos esses
gestos pequenos, esses pequenos atos de rebelião contra os Nihil, realmente
não se somassem a algo maior. Talvez fossem apenas isso, pequenos atos
que não faziam diferença a longo prazo.
Não pela primeira vez, se sentiu muito sozinha.
— Vou verificar o sistema de navegação, — disse ela. — Talvez você
possa avaliar os danos no casco externo, ver que reparos são necessários
antes de estarmos aptos a voar novamente? — Ele assentiu. Se ele soubesse
que era uma desculpa, ele era bom o suficiente para não pressioná-la sobre
isso.
Ela se afastou de Belin e voltou para a rampa da nave. Ela ouviu KC-78
rodando por trás dela.
— Está tudo bem, KC. Eu só preciso de um minuto.
O droide emitiu um sinal sonoro obstinado e continuou a segui-la
enquanto se dirigia para a cabine, onde se deixou cair em uma das cadeiras
do piloto. O sistema de comunicação estalava, repetindo uma nova
transmissão da base dos Nihil em Hetzal, que continuaria em um loop
repetitivo pelas próximas horas.
Avar já tinha ouvido muitas delas antes. Propaganda pró-Nihil de
Marchion Ro e os seus comparsas, usando Rhil Dairo como sua porta-voz.
Ameaças veladas e promessas que nunca seriam cumpridas. Uma tentativa
de pintar uma imagem da vida dentro da Zona de Oclusão que não tinha
relação com a realidade. Ver como era no local, aqui em Prandril, já era
evidência suficiente de suas mentiras, e tinha visto o mesmo, e pior, em
cada mundo que visitara.
— Já estou cheia disso.
Enquanto Rhil continuava a falar sem parar, Avar estendeu a mão para
os controles para silenciá-la. Não tinha ideia se Rhil estava fazendo isso sob
coação ou se de alguma forma tinha sido radicalizada para a causa dos
Nihil, como a ex-senadora Ghirra Starros. Supunha que tudo era possível,
mas conhecia Rhil um pouco, e a mulher sempre foi profissional e ética,
buscando transmitir a verdade, mesmo que estivesse envolta em brilho e
apresentada como fofoca da sociedade. Avar suspeitava que Rhil era uma
serva involuntária da causa dos Nihil, fazendo o que fazia porque não tinha
escolha. O pensamento a fez ranger os dentes.
Enquanto seus dedos tocavam o botão DESLIGAR, KC-78 emitiu uma
cacofonia de sinais de alerta. Avar conteve a mão, virando-se para olhar o
astromecânico aparentemente enlouquecido. — KC? O que foi?
Recuou, franzindo a testa, enquanto KC-78 balançava freneticamente
para frente e pra trás em suas pernas. Ele emitiu outra série de sinais
sonoros e assobios.
— Olha, eu entendo que você está agitado, mas precisa desacelerar. Vai
queimar um fusível se continuar assim.
A cabeça de KC-78 girou, rotacionando duas vezes. Ele parou de
balançar. Luzes piscavam em sua cabeça. E então a voz de Rhil Dairo
irrompeu de seu alto-falante, repetindo um fragmento da transmissão que
acabaram de ouvir.
— ...os muitos benefícios prontamente disponíveis para aqueles que
escolhem voluntariar dízimos aos Nihil, incluindo proteção contra a tirania
da República, acesso total ao mercado livre de alimentos...
Avar balançou a cabeça.
— Sim, eu sei. É Rhil Dairo. Não é a primeira vez que a ouvimos fazer
uma dessas terríveis transmissões.
KC-78 reproduziu a mesma sequência novamente. Desta vez, o áudio
estava encharcado de estática, como se Avar estivesse ouvindo através de
um filtro ou de uma certa distância. KC-78 estava claramente processando
através de algum tipo de filtro. Ela se esforçou para ouvir as palavras, mas
eram exatamente as mesmas que ela ouvira apenas um momento antes.
— O que foi, KC? O que você está ouvindo que eu não estou?
KC-78 ciclou novamente o mesmo fragmento. Desta vez, Avar mal
conseguia decifrar as palavras de Rhil, que soavam tão baixas na mistura
que quase desapareceram. Mas havia uma sugestão de algo mais, outra voz.
Como se KC-78 estivesse devolvendo a mensagem original para a mistura e
destacando algo mais. Outra voz abafada, falando baixo sob a primeira.
Estava muito distorcida para ser compreendida, como se alguém estivesse
conversando ao fundo em um evento, um murmúrio indecifrável. A
gravação chegou ao fim.
— Reproduza novamente, KC. E veja se consegue aumentar um pouco
mais.
KC-78 assentiu com um sinal sonoro afirmativo. Ele rodou novamente o
fragmento de áudio. Agora a voz de Rhil praticamente havia desaparecido,
e a voz ao fundo, embora ainda indistinta, estava definitivamente presente.
— O que é isso? Nihil falando ao fundo? — ela disse. — Algo que
podemos usar?
Mas KC-78 não respondeu. Ele apenas rodou a repetição processado
mais uma vez, e desta vez Avar conseguiu distinguir uma única palavra
distinta.
— Jedi.
DAEDUS, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— E eles estavam assim quando você os encontrou, Nool? —


disse a General Viess. Observou o Abyssin, que, apesar de seu tamanho
considerável, parecia profundamente desconfortável em estar em sua
presença. Quase se contorcendo, na verdade. Embora supusesse que isso
poderia ter tanto a ver com os cinco cadáveres espalhados no chão quanto
com ela. Eles já começavam a cheirar bastante mal.
Nool a encarou com o seu único olho melancólico. Ele parecia
tristemente típico de um recruta Nihil. Eletro tatuagens primitivas
rastejavam por seu braço esquerdo musculoso, enquanto o direito terminava
em um toco logo acima do cotovelo. Podia ver que a pele ali estava
enegrecida e danificada, quase apodrecendo. Dada a contusão profunda sob
seu olho e o brilho lustroso em seu rosto, ela imaginava que ele
provavelmente estava no meio de algum tipo de abuso de substâncias que
afetara adversamente as suas capacidades regenerativas. Ele usava uma
túnica de couro coberta por tiras e fivelas e carregava um cutelo de carne
pendurado num aro em seu cinto. Um par de granadas pendia de seu cinto, e
um blaster em uma alça ao redor de seu pescoço grosso.
Supercompensando.
— Sim. Exatamente assim. Não os movemos, exceto para verificar se
estavam mortos, — ele disse. Ele olhou ao redor para a pequena equipe de
caçadores escolhidos a dedo que ela trouxera de Hetzal. Eles o observavam
com olhos vazios.
— Para verificar se estavam mortos? — ela ecoou. Ela cutucou uma
metade do Shistavaneno com a borda de sua bota.
— É, — disse Nool.
— Está bem, — disse Viess. Circulou a pequena cena, absorvendo tudo.
Era uma armadilha mortal. Ou melhor, deveria ter sido. A maneira como os
cinco Nihil mortos formavam um círculo ao redor de um ponto central, os
destroços da nave antiga. Imaginava que eles haviam encurralado os Jedi
aqui, ou talvez tentado emboscá-los. Estavam pesadamente armados, podia
ver isso pelas armas caídas, ou pelos blasters ainda presas em seus cintos e
coldres. E ainda assim tudo deu errado. Eles nunca tiveram uma chance.
Olhou para a Twi'lek morta, com o buraco chamuscado em seu peito
onde um sabre de luz a atravessara, matando-a instantaneamente.
O Umbarano, que recebera o mesmo golpe no rosto.
Os dois humanos, que nem mesmo chegaram perto o suficiente para
sentir a mordida do sabre de luz.
Foi rápido, preciso e clínico.
Definitivamente, o trabalho de um Jedi. Mas não de qualquer Jedi.
Haviam marcas aqui que eram familiares para Viess. As marcas de
alguém que ela havia conhecido antes, há muito tempo, nos dias em que
aquela antiga nave enferrujada ainda era nova e reluzente.
Alguém que estava caçando desde que o Muralha de Tempestade foi
erguido pela primeira vez, e encontrou evidências em outro local
semelhante de que ele ainda estava vivo e, um pouco deliciosamente, preso
no espaço Nihil sem para onde ir. A razão pela qual tinha sido chamada
aqui em primeiro lugar.
Porter Engle.
Capturá-lo seria útil pra ela com Marchion Ro, mas mais do que isso, ela
gostaria disso.
Este era o terceiro local semelhante que visitara nos últimos meses, cada
um em mundos diferentes. Um tinha sido a ruína de um antigo posto
avançado dos Desbravadores, o outro o local de um antigo relé de
comunicações em uma pequena lua habitada.
Todos os três locais tinham algo em comum, apesar do que pensava ser a
presença de Porter Engle, eram todos locais onde antigas naves Jedi ou da
República haviam sido abandonadas.
Ele estava tramando algo, e Viess queria saber o que era.
Foi por isso que divulgou um alerta entre os Nihil para informá-la sobre
quaisquer descobertas como esta, uma patrulha morta no local de uma
antiga nave Jedi, e por que até alguém tão lento quanto Nool sabia para
chamá-la imediatamente.
Olhou pra cima para Nool, que estava se contorcendo ansiosamente,
claramente desconfortável na presença de Viess, e sob o escrutínio de sua
equipe de caçadores.
— Ele ainda está aqui?
Nool deu de ombros.
— Nenhuma nave deixou a superfície desde que encontramos os corpos
há um dia. E eles ainda estavam frescos.
Viess assentiu.
— Muito bem. Então é provável que ele ainda esteja aqui. Vamos usar a
sua base.
Ela se dirigiu para se juntar ao seu bando de caçadores.
— Ah, e Nool?
— É?
Ela virou, puxando o seu blaster de seu coldre, e disparou, tudo em um
movimento fluido.
Nool caiu como um peso morto, com um buraco ardente em seu coração.
— Isso é por esquecer o seu lugar e ter a tenacidade de tentar criar o seu
próprio pequeno reino, — ela disse, para o bem de qualquer outro em sua
equipe que pudesse estar tendo ideias grandes demais para as suas botas.
Começou a se dirigir para a sua nave, que estava estacionada ali perto.
— Oh, — ela chamou de volta por cima do ombro, acenando com a mão
desinteressada, — alguém se certifique de que ele está morto.
DAEDUS, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter estava sentado na longa grama, com as suas costas


apoiadas no flanco fresco de seu transporte. Ao seu redor estavam
espalhados os componentes que passara tanto tempo coletando nos últimos
meses, os restos de vários antigos droides EX, cada um deles retirado de
destroços ou postos avançados diferentes, agora reduzidos às suas partes
constituintes.
A carcaça do droide quase completo repousava em seu colo. As suas
mãos estavam profundamente inseridas na caixa enquanto ele lutava para
conectar um pequeno plugue em uma tomada mal ajustada.
Próximo a ele repousava o pod de propulsão, que, após quase um dia de
trabalho difícil e implacável, finalmente conseguira fazer funcionar.
Agora, tudo o que tinha que fazer era fazer o droide esquisito funcionar
e depois esperar que ele pudesse levar a sua mensagem até Coruscant antes
que mais Jedi fossem pegos e torturados, ou antes que muitos outros
mundos na Zona de Oclusão sofressem a ponto de passar fome ou serem
atacados pelos Nihil por não pagarem os seus chamados dízimos.
Era só isso.
Nada demais mesmo.
O plugue finalmente encaixou. Porter pegou a outra seção da placa de
circuito.
Por mais ansioso que estivesse para terminar e enviar o droide em seu
caminho, sabia que se apressar não ia ajudar. E assim limpou tudo e
lubrificou as partes necessárias, e agora, esperando que a sua memória
antiga e confusa lembrasse do que precisava ir onde, ele estava no processo
de montagem final. Um droide restaurado a partir dos destroços de poucos.
Ou pelo menos, um completo o suficiente para funcionar.
Seus dedos trabalhavam, peças se encaixando. Conexões foram feitas.
Componentes se encaixaram perfeitamente.
Pensou em Creighton enquanto trabalhava, as suas memórias agitadas
por sua presença aqui em Daedus. O homem havia sido irritante às vezes.
Teimoso. Ocasionalmente arrogante. Mas também fora uma bússola moral
impecável. Muito parecido com Stellan Gios.
Muito parecido com Barash.
Muitos amigos antigos se foram.
É por isso que tinha que continuar lutando pelos que restavam.
Trabalhou inconscientemente enquanto as memórias se desenrolavam: A
primeira vez que conheceu Avar Kriss. Os seus debates de uma semana com
Yoda. As suas sessões de treinamento com Rooper Nitani.
E Barash. Tantas lembranças de sua irmã.
Esperava que o juramento dela a tivesse servido bem. Que ela ainda
estivesse por aí em algum lugar, longe dos Nihil e da Zona de Oclusão e de
toda a morte e devastação. Que ela estivesse ajudando as pessoas como ela
sempre quisera.
Porter teria dado qualquer coisa para tê-la ainda ao seu lado. Juntos,
poderiam ter ajudado a liderar a luta contra Marchion Ro. Mas isso era o
que ele queria, não ela. Ela fez o que achou que era certo. Não podia culpá-
la por isso.
Não. Isso era tudo culpa da General Viess.
Tentou afastar tais pensamentos de sua mente. Tinha um trabalho a fazer.
Os componentes continuaram se encaixando, como as peças de um
quebra-cabeça que desejavam se juntar.
Um droide que queria voltar à vida.
Porter balançou a cabeça. Agora estava ficando sentimental.
Mesmo assim, Porter gostava de antigas máquinas como essa. Havia
uma certa satisfação em sua simplicidade. Feitas para fazer um trabalho e
fazê-lo bem. Feitos para sobreviver a qualquer coisa que a galáxia pudesse
lançar contra eles.
Um pouco como o próprio Porter.
O pensamento o fez rir. Com mais de dois séculos, se perguntava quanto
tempo realmente lhe restava e o quanto realmente importava agora.
Duvidava que conseguiria sair da Zona de Oclusão, e, na verdade, o
pensamento não o incomodava. Contanto que encontrasse uma maneira de
ajudar outros a escapar e enviar uma mensagem a Elzar e ao Conselho, para
ajudá-los a encontrar uma maneirade de entrar.
Assumindo que haviam outros Jedi dentro da zona. Viu o que os Nihil
fizeram a Pra-Tre Veter, a morte indigna que deram a ele pelas mãos de suas
feras cruéis.
Porter manteve a sua unidade receptora recuperada funcionando em um
ciclo recorrente, escaneando constantemente as frequências muito usadas e
os canais pouco conhecidos em busca de mensagens de quem precisava de
ajuda, ou daqueles que tentavam organizar resistência contra os Nihil.
Às vezes, as pessoas tentavam enterrar essas mensagens entre o ruído,
procurando uma maneira de contornar o bloqueio de comunicações dos
Nihil. Foi assim que captou a mensagem de Elzar pela primeira vez,
transmitida pelos antigos faróis de retransmissão. Mas também significava
que captava toda a propaganda dos Nihil e a tagarelice dos saqueadores
enquanto realizavam seu trabalho nauseante. E significava que viu a
execução enquanto ela era reproduzida em uma repetição constante e
provocativo.
Porter continuou o seu trabalho, e as pilhas de componentes diminuíram.
Uma hora se passou. Depois outra.
Quando olhou pra cima novamente, os sóis estavam começando a se pôr
no horizonte, lançando uma aura dourada pálida sobre a terra.
Era bonito, esse planeta quase esquecido nos confins do nada. Pacífico.
Que os Nihil o tivessem tomado, transformando-o em um lugar de morte e
feiura, era imperdoável.
No entanto, ele não poderia ficar por muito tempo. Os Nihil estariam em
seu rastro. Assim que a patrulha que ele deixara morta no local do destroço
não se reportasse, outros seriam enviados para localizá-los, e quando
encontrassem os corpos, saberiam imediatamente que tinham um Jedi no
meio deles. A notícia se espalharia, e outros chegariam.
Caçadores de Jedi.
Rastreadores como o Umbarano que poderiam rastrear os seus
movimentos. Combatentes com mais poder de fogo e em maior número.
Ou pior. Mais de seus bichos. Essa era uma batalha da qual não poderia
sobreviver. Tinha que terminar com o droide e seguir em frente antes que o
encontrassem. E ainda não tinha uma nave em condições de voo.
Olhou para o colo.
Tinha algo, no entanto. Tinha um droide completo.
Porter colocou as suas ferramentas de lado, virando lentamente a carcaça
do droide, garantindo que tivesse fechado todas as portas de acesso. A sua
superfície era antiga e rugosa, marcada por anos de viagens interestelares.
— Cansado e velho, mas ainda tem utilidade, não é? — murmurou
Porter. A ironia não lhe escapava.
Até onde sabia, tudo estava em seu devido lugar. A bateria estava
totalmente carregada. O núcleo de memória parecia estar intacto. Os
sistemas de navegação, o elemento crucial que Porter esperava que
permitisse atravessar a Muralha de Tempestade, estavam completos.
Era isso. O momento para o qual ele havia trabalhado meses.
Cautelosamente, Porter acionou o interruptor de energia.
Por um momento, nada aconteceu. A sua respiração parecia prender na
garganta. Então, um zumbido baixo à medida que os sistemas lentamente
entravam em funcionamento. Luzes piscavam em alguma sequência
arcaica, diodos piscando. Um ponto de luz vermelha apareceu nas
profundezas sem fundo de sua lente ocular arranhada. A luz cresceu, como
uma pupila dilatando.
O droide se contorceu. E então os seus sistemas de propulsão entraram
em ação, e ele se soltou do aperto de Porter, elevando-se para pairar sobre
ele, olhando para baixo com o seu olhar implacável. As suas três pernas se
contraíram espasmodicamente enquanto as testava pela primeira vez.
— Wheee woo, — disse.
O rosto de Porter se abriu em um largo sorriso. O seu coração se encheu.
— A memória não é tão ruim afinal, não é? — Ele tocou a têmpora
esquerda com a ponta do dedo indicador. — Ainda consigo, Porter.
— Beedle-doo-whoo? — perguntou o droide.
— Desculpe, amigão. Não se preocupe comigo. — Ele se levantou. —
Bem-vindo de volta. Já faz um tempo.
— Wheee, — disse o droide, em uma espécie de concordância.
— Estou supondo que você está um pouco confuso sobre a sua
designação. O núcleo de memória disse que você era EX-ZG, mas receio
que eu tive que pegar algumas peças emprestadas para fazê-lo funcionar
novamente. Então, por que não vou te chamar de EX-Um por enquanto?
— Beedle-doo-whoo, — disse o droide.
— Bom. Por que você não faz um diagnóstico completo enquanto eu
pego algo para comer. Eu tenho um trabalho importante para você, então
precisamos garantir que tudo esteja em pleno funcionamento.
EX-1 deu mais uma série de respostas toantes, e depois se dirigiu a uma
grande pedra plana e se abaixou ali, suas três pernas traseiras se enrolando
sob so eu corpo abobadado. Luzes piscavam em sequência ao redor de sua
concha externa.
Esticando os seus músculos cansados, encurvando-se por horas a fio
causou que o seu antigo corpo se enrijecesse, Porter se levantou e entrou em
sua nave. Ou pelo menos, na nave que havia roubado de alguns Nihil
desafortunados depois de emboscar a sua patrulha em Exu Prime muitos
meses antes.
Porter tinha passado a chamar a nave de Tormento, devido às jornadas
tortuosas nas quais haviam embarcado juntos, e ela estava parecendo pior
para o desgaste. Não apenas o casco externa tinha sido quase mastigado por
sucessivos enxames de droides carniceiros, mas o interior também não
estava em muito melhor estado.
Ninhos de fios irrompiam em intervalos das paredes onde fora forçado a
remendar ou contornar sistemas danificados. Painéis estavam espalhados
pelo chão. Fragmentos de droides antigos jaziam em montes de sucata não
utilizada: os restos de seus meses de garimpo pelos mundos da Zona de
Oclusão. Algumas das peças eram de outras naves também, partes que
usaria para continuar remendando o Tormento após cada ataque de droides
carniceiros que conseguia escapar.
Havia até mesmo restos dos saqueadores Nihil de quem havia tomado a
nave em primeiro lugar: máscaras de gás, armas primitivas roubadas de
outros mundos capturados, granadas de gás. Não tinha muita utilidade para
nada disso.
Porter cruzou para a pequena cozinha e pegou uma panela. Então pegou
uma bolsa prateada de uma gaveta, rasgou-a aberta e despejou o conteúdo
na panela, que colocou no pequeno queimador.
O ensopado era marrom e cheirava pouco apetitoso, contendo grandes
pedaços de vegetais e carne desconhecidos. As marcações no pacote
também não eram claras, sendo escritas em algum idioma que Porter havia
negligenciado aprender. Ou talvez fosse apenas mais uma coisa que se
permitira esquecer. Era difícil dizer, nos dias de hoje.
Colocou a comida para esquentar. O seu estômago roncou. Não era um
Ensopado de Nove Ovos, mas serviria. Vinha se alimentando disso por
semanas. Era combustível, isso era tudo. Não tinha mais tempo para
saborear a sua comida. Não tinha tempo para nada além da missão. Aqui,
atrás das linhas inimigas, sozinho, Porter estava simplesmente existindo.
Em breve, no entanto, essa existência simples daria frutos. Em breve, o
seu droide EX, montado às pressas, levaria a notícia até Coruscant, e a vida
começaria novamente. Finalmente, os Jedi poderiam contra-atacar.
O pensamento deu a Porter grande conforto. Imaginou uma enorme frota
de naves da CDR, liderada por Elzar Mann, Bell Zettifar, Keeve Trennis e
os outros, perfurando a Muralha de Tempestade usando a tecnologia há
muito esquecida do droide EX, invadindo o espaço Nihil para derrubar
Marchion Ro de joelhos. E Porter estaria bem ao lado deles. Um último
hurra.
Não era um sonho tão grande, não é? Que os Jedi pudessem prevalecer.
Que eventualmente venceriam contra os piratas arrogantes que claramente
morderam mais do que podiam mastigar.
Tinha que ter esperança. A esperança era o único caminho restante,
porque sucumbir ao desespero era permitir que os Nihil vencessem. E
Porter se recusava a deixar isso acontecer.
Quando o ensopado estava borbulhando quente e pegajoso, Porter pegou
uma colher de pau e comeu a comida direto da panela. Não tinha gosto, mas
não queria perder tempo tentando temperá-lo. Terminou rapidamente e
tomou um gole de água morna de seu decantador.
Então, com um olhar desanimado para a sua cama, fazia algum tempo
desde que conseguira dormir, Porter se aventurou novamente para onde
deixara EX-1 agachado na pedra plana, executando as suas verificações de
sistema.
O droide não estava em lugar algum.
Xingando, a mão de Porter roçou a empunhadura de seu sabre de luz. Os
Nihil o alcançaram muito mais cedo do que esperava? Se tivessem
encontrado o droide...
Abaixou-se, examinando a área ao redor, procurando sinais de ingresso
nos limites do acampamento.
Nada.
Virou, a mão esquerda estendida, a empunhadura do sabre de luz agora
agarrada em sua mão direita. Alcançou com a Força...
Mas não havia sensação de perigo iminente. Não conseguia sentir
nenhuma presença imediata, além das pequenas criaturas que escavavam no
solo sob as suas botas.
Devagar, Porter rastejou ao redor da borda externa da nave. Em algum
lugar próximo, um pássaro gritou e alçou voo, perturbado pelo movimento.
Porter contornou a frente da nave... e, para o seu imenso alívio, viu que EX-
1 estava pairando nas proximidades, explorando o perímetro do
acampamento.
Talvez estivesse ficando paranoico. Isso é o que acontecia depois de
passar meses fugindo, sendo caçado por aqueles que o obliterariam sem
hesitar.
Porter relaxou, apenas um pouco, e baixou a mão. Ele enfiou a
empunhadura do sabre de luz de volta em sua bainha. Ele supôs que mal
poderia culpar o droide por ser curioso depois de ter seu núcleo de memória
desativado por tanto tempo.
— Posso assumir que tudo está em ordem, então, Ex-Um?
EX-1 virou para olhá-lo com o seu único olho central.
— Whoo-da-bee-do-waa, — gracejou. O ar afetado de inocência era
impressionante para um droide.
Porter riu.
— Você está indo para uma longa jornada. Até Coruscant. Você
consegue lembrar o caminho?
EX-1 se aproximou flutuando.
— Doop-dee-baa.
— Bom, — disse Porter. Ele foi até o pod de propulsão aguardando. —
Preciso que você encontre um Jedi chamado Elzar Mann. Ele estará no
Templo Jedi em Coruscant. Quero que você entregue uma mensagem
urgente. — Ele fixou EX-1 com um olhar firme. — Não desvie do seu curso
a menos que não tenha outra opção. Se descobrirem você, há pessoas que
tentarão impedi-lo de concluir a sua missão. Você deve ser rápido e não
correr riscos desnecessários. Está claro?
— Woo-naa-dee. — EX-1 soava nervoso.
— Milhares, se não milhões de vidas podem depender disso, Ex-Um. É
por isso que eu o remontei. — Ele estendeu a mão e afagou a carapaça do
droide. — A antiga tecnologia de hiperespaço dentro de você pode ser o
que os Jedi desesperadamente precisam para salvar todos.
— Beet-beet-da, — disse EX-1 um pouco mais animado.
— Está bem, — disse Porter. Ele foi até uma pedra grande e sentou. —
Agora, ouça com atenção. Quero que você grave esta mensagem...
PRANDRIL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Então? O que diz, KC?


Avar batia impacientemente os dedos no braço de sua cadeira. Era a
quarta vez que perguntava. Ao lado dela, o astromecânico permanecia em
silêncio e imóvel, assim como antes. O único indicador de que ele ainda
estava funcionando era a sequência piscante de luzes que continuava a
cintilar na frente de sua cabeça.
Eles foram forçados a esperar o término da mensagem repetida e seu
ciclo novamente, para que KC-78 pudesse capturar toda a sequência. Agora
ele estava removendo camadas de estática e sobregravação para descobrir a
mensagem enterrada profundamente sob a transmissão pública. E ele estava
levando o seu tempo, muito para a frustração de Avar.
Estava tentando não especular, mas achava quase impossível. O seu
melhor palpite era que KC-78 tinha tropeçado em alguma técnica de
comunicação sub onda que os Nihil usavam para transmitir ordens às suas
equipes no campo. Se assim fosse, poderia ser revolucionário. Saber o que
os Nihil estavam planejando permitiria que se movesse com muito mais
liberdade, alertando seres por toda a Zona de Oclusão quando os Nihil
estivessem se reunindo para um ataque e trabalhando melhor para frustrar
os seus esforços, sempre que possível.
Além disso, precisava disso. Precisava da vitória, especialmente depois
de tudo pelo qual passara para trazer o carregamento de grãos até aqui, para
Prandril, e a terrível realização de que isso não faria nenhuma diferença real
para a situação dos colonos. Precisava encontrar algo para se agarrar. Um
propósito. Porque, no fundo, sabia que a abordagem dispersa que estava
adotando simplesmente não estava funcionando.
Estava jogando com segurança. Agindo como uma solitária.
Considerando cada pequena vitória como sua justificativa para continuar
evitando as suas verdadeiras responsabilidades. Mas se fosse fazer alguma
diferença real, teria que fazer algum barulho.
Apenas uma grande descoberta ia fazer isso, e embora ainda não
estivesse pronta para admitir, mesmo para si mesma, já estava depositando
as suas esperanças na ideia de que isso poderia ser.
KC-78 emitiu um único bipe e virou a cabeça pra ela. A sequência de
luzes havia parado de dançar.
Ele tinha terminado.
— Então?
O droide emitiu um tom de desaprovação.
— Eu sei. Desculpe, — disse Avar. — É só... — Ela se interrompeu e
depois olhou para longe. — Eu só preciso saber o que diz, KC. Desculpe
por apressar você.
KC-78 se movimentou até bater suavemente em sua perna. Foi um gesto
amável que quase trouxe uma lágrima aos seus olhos, algo que Maru
poderia ter feito, uma mão leve no braço, apenas para que soubesse que não
estava sozinha.
Perguntou-se se as histórias antigas eram verdadeiras, que um droide que
passasse tempo suficiente perto de seu mestre começaria a adquirir alguns
de seus traços. Provavelmente era apenas uma história de fadas, um
pensamento desejoso, mas a ideia ainda tinha um certo apelo.
Afagou o topo da cabeça de KC-78. Ele deu o equivalente a um suspiro
sincero e depois recuou meio metro.
— Certo, — disse Avar. — O que você descobriu?
KC-78 ativou a gravação destilada. O sibilar e estalar da estática
ecoaram pelo interior da cabine da nave.
A voz de Rhil Dairo falou num tom sussurrado e apressado.
— Esta é uma mensagem para qualquer Jedi por aí na Zona de Oclusão.
Espero que ouçam isso. Meu nome é Rhil Dairo e sou uma prisioneira dos
Nihil. Marchion Ro e os seus seguidores estão me mantendo contra a minha
vontade em Hetzal e me forçando a transmitir as suas mentiras e
propaganda. — Ela fez uma pausa por um momento, como se estivesse
recuperando o fôlego.
Avar sentiu dor. Ela já havia suspeitado disso.
— Mas estou fazendo tudo o que posso para agir contra eles, —
continuou Rhil. — Estou tentando transmitir a verdade. Contar às pessoas
que a situação na Zona de Oclusão é pior do que qualquer um imagina. Esta
é uma mensagem que precisa ser divulgada. De volta para a Chanceler e o
povo da República. Para o Conselho Jedi e aqueles que podem fazer a
diferença. Eles precisam saber como as coisas estão ruins aqui. Como as
pessoas estão passando fome e morrendo nas mãos desses bárbaros.
Outra pausa. E então:
— E acho que encontrei uma maneira. Um dos Nihil está me ajudando.
Ele é o responsável por tornar essas mensagens possíveis. Ele está
procurando uma saída e está disposto a ajudar. Se houver algum Jedi
ouvindo isso, ele tem um plano. Ele vai tirar você da Zona de Oclusão,
através da Muralha de Tempestade, em troca de imunidade de processos
pela República. Ele quer desertar. Desaparecer.
Avar encarou KC-78, que permanecia tão impassível quanto sempre.
— Eu não vou mentir pra você. Este é um plano perigoso. Mas eu
acredito nele. As pessoas aqui, até mesmo alguns entre os Nihil, têm medo
de Ro e do que ele pode fazer. Estou enviando algumas coordenadas com
esta mensagem. Um porto seguro aqui em Hetzal. E um horário em que
estaremos lá para encontrá-los. Venha se puder.
A mensagem terminou com um estalo de estática.
A boca de Avar estava seca. Ela engoliu em seco.
— E você tem as coordenadas e o cronograma que ela mencionou?
KC-78 emitiu um relutante bipe de afirmação.
— Então não vejo que temos escolha.
KC-78 começou a emitir uma sequência de piados, assobios e bipes
frenéticos.
Avar levantou as mãos.
— Eu sei, KC. Eu sei que é arriscado.
— O droide está certo.
Avar se virou para ver Belin parado na entrada da cabine. Ele
obviamente estava ali por algum tempo. Estava tão absorvida na gravação
que não o havia notado chegar.
— Provavelmente é uma armadilha, — disse Belin. Ele coçou
pensativamente a barba por fazer. — É exatamente o tipo de coisa que eles
fariam para atrair mais Jedi.
O guincho afirmativo de KC-78 sugeriu que o droide concordava com
Belin.
— Você acha que ela está mentindo? — disse Avar.
Belin balançou a cabeça.
— Oh, eu não duvido de que a pobre mulher seja uma prisioneira, com
certeza. Assim como o resto de nós. Presa sem poder fazer nada a respeito.
Mas esse Nihil que supostamente está ajudando ela...?
— Mas e se for real? — disse Avar. — E se ele realmente quiser uma
saída? Não está fora das possibilidades, não é? Que alguém entrou para os
Nihil e não gosta de como as coisas ficaram ruins.
Belin fez um meio sorriso.
— Um Nihil de bom coração?
— Não é isso que eu quero dizer. Não estou dizendo que é uma boa
pessoa. Ou um desertor que de repente quer ajudar a derrubar os Nihil. Ou
qualquer coisa remotamente parecida. Eles obviamente se juntaram aos
Nihil em primeiro lugar, e tenho certeza de que fora cúmplice de coisas
terríveis. Nem estou advogando que ele poderiam ser confiáveis, nem por
um segundo. Mas o que Rhil disse, parece verdade, não é? Alguém que está
se afundando. Que está fugindo de Ro, vê seu futuro diminuindo quanto
mais permanece em sua órbita... Isso eu posso acreditar. Não precisa ser
uma mudança de coração. Apenas que ele está com medo o suficiente e
desesperados o suficiente para procurar outras opções. Isso eu posso usar.
Estava tentando se convencer tanto quanto Belin e KC-78? Avar nem
sabia mais. Queria algo grande, alguma nova oportunidade para se
apresentar. Isso era a Força, mostrando o caminho?
Ou era apenas mais um terrível erro prestes a acontecer, como tantos que
cometera antes?
Belin deu de ombros.
— Se há uma coisa que aprendi sobre os Nihil, é que todos estão nisso
por si mesmos. Exceto por alguns fanáticos, eles não acreditam em
nenhuma grande causa. Eles querem saquear, destruir e enriquecer com os
despojos. Eles não se importam com a cruzada de Ro. Não realmente.
Então, se você está contando com essa pessoa colocar os seus próprios
interesses em primeiro lugar, eu acho que é a única coisa que você pode
confiar.
KC-78 fez um som que parecia claramente estar tentando aproximar Ah,
não.
Avar encontrou o olhar de Belin.
— Vou deixar você em algum lugar seguro.
— Uh, uh. — Ele se dirigiu à cadeira do copiloto e sentou-se,
pesadamente. — Minha nave, minhas regras. Você não vai a lugar nenhum
sem mim.
Avar franziu a testa, confusa.
— Mas...
Belin balançou o dedo.
— Agora, me ouça. Você pode ser uma Jedi tola que gosta de correr
riscos e quase me matou algumas vezes, mas eu vi o que você fez por
aquelas pessoas, mesmo que elas sejam muito esnobes ou desesperadas
demais para ver isso por si mesmas. Você fez a diferença. E há uma coisa
que eu sei com certeza, pilotar esta nave para esses Nihil não vai fazer
muito bem para ninguém. Então eu vou com você e vou ajudar. — Ele
levantou a mão para impedir a interrupção dela. — E não há nada que você
possa dizer para me impedir. Minha nave, minhas regras. E tenho dito.
— Belin...
— Além disso, — ele disse, cortando-a, — este velho pássaro não vai a
lugar algum até que esses tubos de refrigeração estejam consertados. Então
você vai ter que ficar quieta enquanto eu e seu amiguinho arrumamos as
coisas para nossa jornada.
— É muito perigoso, — protestou Avar.
— Exatamente a razão pela qual você não pode ir sozinha. Mas se você
vai entrar diretamente em uma armadilha provável, então pelo menos leve
algum apoio. — Belin cruzou os braços no peito. — Não vai me deixando
mal-humorado protestando mais.
— Mas e se eu não puder proteger você? — disse Avar. A sua voz era
quase um sussurro. — E se...
— Se eu for e me matar. Então é meu problema, não é? Você não vê
isso? Você pode ser uma Jedi, mas não precisa salvar todo mundo. Você não
pode salvar todo mundo. É o fato de você tentar que a torna diferente dos
Nihil. Você não precisa vencer, Avar Kriss. Tudo o que você precisa fazer é
tentar. Isso é suficiente.
Avar sentiu como se algo estivesse se quebrando. Não sabia o que dizer.
Sufocou um soluço e se virou, se recompondo.
Como poderia ser tão humilhada? Por um ser que mal conhecia. Por
alguém cuja nave tinha comandado, cuja vida tinha colocado em risco.
E se ele estivesse certo? E se tentar realmente fosse o suficiente?
Isso é tudo que Stellan tinha tentado fazer, não é? A coisa certa. E Elzar
também, quando tudo deu errado para ele no Farol. Todos tinham cometido
erros. Erros terríveis. Eles permitiram que os Nihil vencessem.
Mas pelo menos eles tinham tentado.
Em algum momento, tinha esquecido disso. Tinha decidido que, se não
conseguisse corresponder ao que pensava que tinha sido, ao que pensava
que tinha que ser, então poderia se tornar outra pessoa.
Avar.
Só Avar.
Mas isso não era verdade. Nunca tinha sido verdade.
— E agora, um pequeno piloto Ugnaught havia erguido um espelho.
Tinha lembrado quem ela realmente era. Alguém que tentava.
Então é exatamente isso que ia fazer.
— Está bem, — disse ela. — Está bem. Você pode vir. — Ela se virou.
Mas Belin e KC-78 já estavam do lado de fora, consertando a nave antes
de sua jornada.
HINTIS IV

— Tem que haver um padrão nos ataques. Algo que não estamos
vendo. Rode novamente. — Bell cruzou os braços, recuando para observar
o enorme mapa holográfico da barreira da Muralha de Tempestade. Em
outro lugar, um dos técnicos da CDR apertou um botão e reiniciou a
simulação.
Eles estavam em uma grande sala de reuniões na base da CDR em Hintis
IV, em meio a uma bagunça de telas de monitoramento em estações de
diagnóstico e pesquisa. Seres vestidos com macacões da CDR circulavam
ao seu redor, orquestrando várias missões da CDR em setores próximos.
Bell estudou o mapa. Pontos de luz pontilhavam a sua superfície em
sequência, mostrando pontos onde, durante o último ano, diferentes naves
Nihil haviam emergido por trás da Muralha de Tempestade, irrompendo no
espaço real através do uso de seus caminhos hiperespaciais arcanos. A
maioria era de naves de saque como a Cacofonia, às vezes viajando em
pequenas frotas ou comboios, às vezes sozinhas. A República vinha
rastreando cada emergência desde que a barreira foi erguida pela primeira
vez, tentando determinar como armar uma armadilha para essas naves, e
agora os dados haviam sido alimentados em uma simulação que reproduzia
cada emergência em ordem, representando todas elas no holo mapa como
pontos de luz florescentes.
Bell observou com a testa franzida.
Parecia ser totalmente aleatório. Nenhuma concentração em torno de
certos pontos de saída, sem lógica óbvia para o sincronismo de cada
emergência. Apenas uma nuvem de pequenas estrelas cintilantes, marcando
cada nave Nihil à medida que saía do vazio negro.
— Rwaaaarrr, — disse Burry, do outro lado da grande holo tela circular.
— Sim, — disse Bell. — Você está certo. Parece tão caótico quanto tudo
o mais que os Nihil fazem. Mas deve haver uma maneira de dar sentido a
isso. De desbloquear o padrão enterrado em tudo isso.
Acenou com a mão para o holo com frustração. Perto dali, Ember
resmungou em empatia.
Eles haviam retornado à base em Hintis IV após sua curta excursão a
Phrill. Estava ansioso para estar de volta patrulhando a fronteira,
enfrentando os Nihil, mas foram convidados para uma reunião para ouvir o
que os técnicos da CDR que investigavam os ataques Nihil haviam
conseguido descobrir, e Burry estava ansioso para usar esse tempo e
informação para formular um plano.
O que fazia todo o sentido. Burry estava certo. Eles precisavam de um
plano. Mas ainda parecia para Bell como ficar parado enquanto os Nihil
estavam lá fora, rindo deles.
E além disso, estar em Hintis IV parecia deixar os seus nervos à flor da
pele.
O planeta era o quarto a partir da carcaça inchada e vermelha da
moribunda estrela Hintis, e o único entre eles ainda habitável. Já fora o lar
de uma vasta civilização que, segundo Bell tinha ouvido dizer, havia
prosperado lá por muitos milhares de anos. Conforme a sua estrela começou
a inchar e morrer ao longo dos últimos dois séculos, no entanto, as cidades
diminuíram à medida que os Hintianos fugiam, resultando em uma
evacuação em larga escala, auxiliada pela República, cerca de cinquenta
anos antes.
Um posto avançado científico da República foi estabelecido entre as
ruínas de uma das antigas cidades, Belax, para coletar dados sobre o sol
moribundo; um sistema de alerta precoce projetado para garantir que as
consequências da expansão do gigante seriam mínimas.
Foi aqui que a CDR estabeleceu uma base temporária depois que a
Muralha de Tempestade foi erguida. Estrategicamente perto o suficiente do
limite da Zona de Oclusão para poder despachar caças, mas não tão perto
que os saqueadores Nihil pudessem representar algum risco real.
Além disso, a radiação causada pelo sol vermelho seria suficiente para
jogar qualquer sensor desprotegido em desordem. Era a cobertura perfeita.
Era também o lugar onde Amaryl Pel supervisionava os reparos na
Tratado, após a sua quase destruição pelas naves perfuradoras dos Nihil.
Ela lhe assegurou que estariam prontos em breve e que requisitar uma nave
substituta levaria ainda mais tempo.
Por sua vez, Bell ainda estava tentando se acostumar a viver na sombra
do sol vermelho. A luz estranha fazia com que se sentisse como se
estivessem constantemente em estado de alerta. A cor tinha uma qualidade
tensa, quase febril. Isso o deixava nervoso e inquieto.
A Tratado está pronta para o serviço.
— Certo, Harlak, — disse Bell, dirigindo-se ao técnico da CDR que os
estava ajudando, — você pode desligar agora.
— Sim, — reconheceu o Gran. Ele virou uma chave e o holograma
desapareceu, deixando Bell e Burry se encarando através da mesa de
projeção. Ember, que estava enrolada aos pés de Bell desde que chegaram à
sala de reuniões, começou a se movimentar, como se estivesse captando a
tensão de Bell.
Burry também conseguia ver. Ele continuava dizendo a Bell para
descansar, para tirar um tempo para se centrar e meditar. Ele fez isso
novamente agora, mas Bell afastou a sugestão com cansaço.
— Eu sei que você está certo, Burry. Nós dois precisamos de um tempo.
Mas como podemos descansar quando os Nihil ainda estão lá fora, agindo
com impunidade?
— Arrroorrroo waa, — disse Burry, com o seu tom melancólico. Sentia
isso talvez até mais intensamente do que Bell. Eles tinham que continuar.
Eles tinham que parar a Cacofonia, e outros como Melis Shryke, de
machucar mais pessoas. Mais do que isso, eles tinham que encontrar uma
maneira de fazer o que Elzar e os outros pediram a eles, pegar uma nave,
capturar um motor de Trilha e dar aos Jedi um caminho para a Zona de
Oclusão.
O Mestre Mirro e o seu Padawan Amadeo haviam retornado
recentemente à base de outra missão fracassada. Bell não havia falado
diretamente com nenhum deles, eles voltaram direto para a patrulha depois
de reabastecer e coletar os recursos frescos, evidentemente chateados com a
derrota, mas entendeu que tinha sido por pouco, que o Nihil capturado
havia afundado seu próprio motor de Trilha em vez de permitir que caísse
nas mãos dos Jedi.
Era preciso só um sucesso.
Bell rolou os músculos cansados do pescoço e dos ombros. Então, com
um suspiro, se dirigiu para as portas deslizantes que levavam para as
plataformas de pouso do lado de fora do prédio principal. Burry e Ember se
juntaram a ele.
Aqui fora, o sol vermelho dominava o horizonte, com a sua superfície
craterada e efervescente, o seu calor agora fraco contra o rosto inclinado de
Bell. Olhou para as ruínas da cidade abaixo, as torres caídas, os muros
desmoronados, as vinhas rastejantes e as raízes que já começaram a
recuperar a terra que era deles.
Um dia, não muito no futuro, tudo isso seria poeira e cinzas. Isso o
lembrou do assentamento arruinado em Phrill. E todos os outros que eles
tinham visto nos últimos meses.
— Isto é tudo o que resta no final, Burry?
Era uma pergunta retórica, e Burryaga fez apenas um som baixo em
resposta. Eles ficaram em silêncio por um momento, Ember circulando em
volta de suas pernas.
Bell esfregou a parte de trás do pescoço e depois balançou a cabeça.
— Não. O legado deste mundo não são as ruínas, mas os seres que
partiram para começar novas vidas em outros planetas. Criar novos lares, ao
lado de outros povos diferentes, carregando todo aquele conhecimento,
experiência e amor consigo. Isso é o que torna isso diferente do que os Nihil
estão fazendo, arrasando os assentamentos até o chão. — Ele apontou para
a vista ruim. — Estas são apenas pedras e estradas e coisas. São as pessoas
que importam.
— Arrwooo rarrgh, — disse Burry, concordando.
— É assim que vamos derrotar os Nihil, Burry. Salvando as pessoas,
uma de cada vez, se necessário. Assim como fizemos em Phrill. Cada vida
que protegemos é um golpe bem dado. Ao garantir que o legado delas viva,
mesmo que os Nihil tirem tudo delas, mostramos aos Nihil que eles nunca
podem realmente vencer.
— É um bom sentimento, — disse uma voz portrás deles. Bell se virou
para ver Amaryl Pel de pé na plataforma de pouso próxima. Nem mesmo
sentiu a sua chegada. Ele estava muito envolvido em seus próprios
pensamentos. — E você pode querer guardar esse pensamento, —
acrescentou ela.
— O que foi? — perguntou Bell.
Pel sorriu.
— A Tratado, — ela disse, — está pronta para o serviço.
— Já? — disse Bell.
Pel deu de ombros.
— Bem, a comporta a bombordo não foi testada, os canhões não foram
recalibrados e os purificadores de ar precisam de novos filtros, mas não há
uma nave perfuratriz grudada nele, se é isso que você quer dizer...
Bell sentiu uma onda de adrenalina.
Finalmente, podemos voltar lá fora. Podemos fazer algo.
Olhou para Burry.
— Você vem? — ele disse.
Burry parecia aflito
— Wraarr waaar wooo, — ele disse, o que, pelo que Bell podia entender,
significava mais ou menos: — A nave pode estar pronta, mas você está?
Bell forçou um sorriso.
— Claro que estou pronto. Harlak e os outros continuarão a analisar os
dados dos ataques. Somos necessários lá fora, Burry. Você sabe disso.
Burry assentiu e se juntou a Bell enquanto ele seguia a capitã da Tratado
de volta para a base, mas o Wookiee não parecia convencido.
Por um momento, nem por um momento.
CORUSCANT

Era uma noite fria em Coruscant, e a brisa na plataforma de pouso


agitava as vestes de Elzar, enviando um arrepio de frio por sua espinha.
Coçou a barba. Sentia-se fora de sintonia. Nada sobre essa situação era
bom. Estava atormentado por dúvidas. Permitir que Ghirra Starros voltasse
a Coruscant? Parecia uma coisa ridícula a se fazer. Mas então, Lina Soh
sabia o que estava fazendo.
Olhou pra ela, de pé ao seu lado, nem mesmo um fio de cabelo fora do
lugar pela brisa. Como sempre conseguia parecer tão imaculada e serena?
Ele sabia que, por trás de sua fachada cuidadosamente elaborada, estava
frenética, ansiosa e transbordando com a mesma incerteza que ele sentia
agora. De alguma forma, sabia como disfarçar esse tumulto interno,
apresentando a sua fachada política à galáxia. Era uma habilidade que a
beneficiava.
Por trás da Chanceler, havia um grupo de guardas e assistentes, todos
vestidos nas várias elegâncias de um comitê de boas-vindas. E à esquerda
de Elzar estavam dois membros do Alto Conselho Jedi, Soleil Agra e Ry
Ki-Sakka. As suas expressões não entregavam nada também.
Era de fato uma presença impressionante, para o inimigo. Mas Ghirra
Starros sempre fora uma boa política também, assim como Lina Soh.
Essa reunião era o fruto das comunicações às quais a Chanceler aludira
durante o seu discurso na véspera do aniversário da queda do Farol. Na
véspera da execução de Pra-Tre Veter.
No entanto, apesar do que Marchion Ro havia feito, tanto a Chanceler
quanto o Conselho Jedi concordaram com a proposta de Ghirra para uma
reunião diplomática. Ghirra alegava querer sugerir um caminho para a paz
entre os Nihil e a República, e embora Elzar soubesse que tinham que ouvir
tais propostas, falar de paz apenas dias depois que o seu líder realizara um
assassinato público brutal parecia... bem, deixava um gosto ruim na boca.
Além disso, a proposta veio com um aviso claro: se algo acontecesse
para interromper as conversas, como Ghirra e os seus aliados sendo detidos,
os Jedi e a República pagariam.
Então, adeus à paz.
Felizmente, Elzar estava lá apenas como observador. A Chanceler e os
membros do Conselho falariam. E Ghirra, sem dúvida.
Ele olhou pra Lina Soh novamente.
— Noite fria.
Soh o encarou com o seu olhar frio.
— Algo em sua mente, Mestre Jedi?
Elzar não pôde conter um riso silencioso. Ela não perdia nada.
— Você tem certeza de que não é uma Jedi?
— Elzar...
— É uma jogada ousada, dou-lhes isso. Especialmente depois do que
fizeram ao Mestre Veter.
— Depois de tudo o que fizeram, — disse Soh. — Mas mesmo assim, é
nosso dever ouvi-los. Especialmente se isso puder levar a uma cessação das
hostilidades. E talvez até mesmo uma oportunidade de alcançar alguns de
nosso povo na Zona de Oclusão.
Elzar entendia bem o pensamento dela. Ela faria qualquer coisa para
saber que Kip estava seguro. E não podia culpá-la.
O zumbido agudo de um motor de transporte cortou o zumbido de fundo
da cidade. Elzar ergueu o olhar. A nave, ainda muito distante para ser vista
claramente, começara a descer.
— Aqui vem a nossa visitante indesejada.
— Ghirra Starros ainda é uma senadora, Elzar, — disse Soh.
— Mesmo que tenha se aliado a um bando de ladrões e assassinos? —
disse Elzar.
— A opinião no Senado está dividida. Alguns buscam expulsá-la.
Outros acreditam que ela é uma cativa dos Nihil, coagida a fazer a vontade
deles.
— E o que você acha? — perguntou Elzar.
— Acho que descobriremos em breve, — respondeu Soh.
— O que você espera ganhar com esta reunião? Certamente não pode
acreditar que os Nihil vêm oferecer a mão da diplomacia.
— No mínimo, espero obter algumas informações, algum discernimento,
— disse Soh.
— Quero saber o que realmente está acontecendo por trás daquela
parede. — O ronco do motor do transporte estava ficando mais alto agora.
— Como você pode acreditar em qualquer coisa que ela tenha a dizer?
Ou que isso não seja alguma tentativa de assassinato? — disse Elzar.
— Para responder à sua primeira pergunta: Na política, até as coisas que
os nossos oponentes se recusam a dizer nos dizem algo. Quanto à sua
segunda pergunta: Por que você acha que está aqui?
— Meu charme e boa aparência?
A Chanceler abafou uma risada.
— Você é mais parecido com ele do que pensa.
— Eu tento, — disse Elzar. — Todos os dias. — Ele seguiu a nave em
descida enquanto se aproximava da plataforma de pouso. Diferentemente
das típicas naves Nihil que Elzar tinha visto antes. Em vez de ser uma
amalgamação precária de peças recolhidas, era elegante e nova, brilhando
na luz refletida da cidade, e não tinha marcas significativas para indicar que
era parte de alguma frota ou Tempestade Nihil específica.
Elzar olhou para os outros Jedi, que tinham ficado em silêncio reflexivo
enquanto conversava com a Chanceler. Ry lançou-lhe um sorriso rápido e
apertado de tranquilidade. Foi um gesto bem-vindo, e Elzar tentou acalmar
a sua respiração, relaxar. Não estava ansioso por isso. A primeira Nihil que
conhecia desde a queda do Farol. E uma traidora da República, também.
Se fosse honesto consigo mesmo, no entanto, não era o que ela
representava que o deixava tão tenso, ou mesmo a ameaça que ela poderia
representar, mas o que ela poderia saber. Por quase um ano, não ouvira
nada de Avar. Tudo o que sabia era que ela estava em algum lugar lá dentro,
dentro da Zona de Oclusão. Tinha que acreditar que ela ainda estava viva.
Precisava que ela estivesse viva.
Mas Ghirra Starros poderia saber a verdade. Talvez ela estivesse aqui
para entregar essa notícia da maneira mais direta, dolorosa possível. E isso
o assustava mais do que qualquer Nihil poderia fazer.
Os seus pensamentos foram afogados no refluxo do transporte se
estabilizando quando finalmente pousou na plataforma de pouso. De trás
dele, os guardas da CDR se espalharam, formando um semicírculo protetor
ao redor da Chanceler.
Sentiu-a tensa ao seu lado.
Um minuto se passou. Então outro. Não havia sinal de movimento
dentro do transporte. Nenhum sibilo da liberação de uma porta pneumática.
Nenhum sinal de comunicação.
Nada.
— Elzar? — A voz de Soh soou tensa.
Elzar conectou-se a Força, sentindo-a como água fresca e rasa em sua
pele. Estendeu-se ainda mais, empurrando mais fundo, mas, para a sua
surpresa, não sentiu profundezas ocultas, nem intenções malignas. As águas
aqui estavam calmas, pacíficas.
— Não sinto perigo, — disse Elzar. — E acho que ela estava falando a
verdade.
Soh se virou bruscamente para olhá-lo.
— Sobre o quê? — Sobre vir em paz. Eu não acredito que ela nos quer
mal.
A Chanceler assentiu, mas não disse nada. Virou-se novamente para
encarar a nave, como se estivesse desejando que a rampa de embarque se
abrisse.
Mais um minuto passou, e então aconteceu. O fôlego de Elzar se
prendeu na garganta quando a rampa assobiou e rangia, com os seus
travamentos mecânicos desacoplando. Pesadamente, ela se abriu.
A mão de Elzar escovou o cabo de seu sabre de luz.
Os soldados da CDR verificaram os seus blasters.
Lina Soh alisou a frente de suas vestes.
Os Mestres Ki-Sakka e Agra permaneceram frios e compostos.
A rampa de embarque bateu para descansar na plataforma de pouso.
Apesar de si mesmo, Elzar meio que esperava por um gás verde sibilante
e uma erupção de ruídos estridentes. Mas os seus instintos estavam certos.
O perigo aqui era muito menos direto e muito mais insidioso, pois vinha
vestido sob a aparência de diplomacia.
Ghirra Starros estava no topo da rampa de embarque, ladeada por uma
equipe de assistentes. Estava vestida com uma simples blusa e calças de
chiffon preto, com pouco ou nenhum adorno, exceto uma faixa dourada em
volta do pescoço. Sem máscara, sem sigilos pintados, sem armas óbvias.
Ela parecia cada centímetro a senadora de antigamente, como se, ao
retornar a Coruscant, de alguma forma tivesse deixado pra trás a sua pele
Nihil, retrocedendo o cronômetro para o tempo antes dos Nihil terem se
revelado à galáxia. Como Elzar desejaria que isso pudesse ser verdade. A
sua única concessão à sua nova posição era um pingente dourado,
pendurado ao redor do pescoço, no formato do infame olho.
A Chanceler estendeu a mão para afastar os seus guardas enquanto
Ghirra dava os seus primeiros passos descendo a rampa de embarque na
direção deles. Ela abriu as mãos, palmas para fora, em um gesto de
rendição. Atrás de Ghirra, os seus seis assistentes, também vestidos com
túnicas simples e sem armas óbvias, carregavam leitos de madeira contendo
caixas abertas cheias de arte, garrafas de vinho, alimentos variados, tecidos
e outras ofertas. A pompa era certamente impressionante, semelhante ao
que seria esperado de qualquer grande delegação diplomática.
— Suprema Chanceler. Mestres Jedi, — disse Ghirra, observando a
multidão reunida. — Venho a vocês pacificamente, para falar aberta e
honestamente sobre diplomacia. — Ela fixou a Chanceler com um largo
sorriso. — E trago comigo presentes e cultura de todos os cantos do
território Nihil. Desejamos compartilhar com vocês a abundância de nosso
povo.
A Chanceler usava um sorriso fixo.
— E você é bem-vinda, Ghirra Starros. Ouviremos o que você tem a
dizer, com mentes claras e abertas. Agradecemos pelos seus presentes.
Ghirra inclinou a cabeça ligeiramente em reconhecimento. Virou-se para
Soleil Agra.
— Marchion Ro envia os seus cumprimentos ao Conselho Jedi. — Para
seu crédito, não havia um traço de ironia ou diversão em sua voz.
Mestra Agra permitiu que o comentário pairasse por um momento.
— O Conselho Jedi está sempre aberto a buscar uma solução
diplomática e pacífica para as nossas diferenças com os outros, — disse ela,
com tom medida. — Mas entenda isso, Ghirra Starros, não reconhecemos, e
não podemos reconhecer, a autoridade de qualquer regime que assassine
pessoas de maneira fria e deliberada. Se houver paz, deve haver um fim ao
sofrimento e ao derramamento de sangue.
Ghirra fez uma única e triste inclinação com a cabeça.
— Entendo. E é por isso que estou aqui. Para buscar um fim
mutuamente aceitável para este terrível conflito entre os nossos governos.
— Ela continuou a descer a rampa enquanto falava, e os guardas da CDR
formaram um anel ao seu redor e de seus assistentes.
Soh gesticulou para eles.
— Por favor, permitam-nos mostrá-la aos seus aposentos.
A Chanceler caminhou ao lado de seus guardas, liderando Ghirra
lentamente na direção de um turboelevador na plataforma. A Ghirra havia
sido atribuída uma das suítes seguras do prédio do Senado, vigiada dia e
noite, sem acesso a comunicações de qualquer tipo. Os seus assistentes
seriam alojados na suíte vizinha. Ghirra poderia ter sido recebida como
diplomata, mas nenhum deles, os Jedi ou a Chanceler, estava arriscando.
Elzar se juntou aos Mestres Agra e Ki-Sakka enquanto seguiam a
senadora caída e ao seu séquito para dentro.
— Então, Elzar? — disse Ry. — O que você acha de tudo isso?
Elzar encontrou o seu olhar.
— Permaneço cético. Estou esperando que a verdadeira razão de sua
visita se torne clara. Não posso acreditar que Marchion Ro realmente busca
um fim pacífico para tudo isso. Não depois de tudo o que ele fez.
Soleil Agra assentiu.
— De fato. Então devemos tentar decifrar as verdades ocultas nas
palavras de Starros. Compreender o artista por trás do quadro que ele pinta.
— Não é uma tarefa fácil, — disse Elzar.
— Com certeza, — disse Ry. — É por isso que valorizaríamos a sua
opinião, Elzar. Queremos que você nos acompanhe no que vem a seguir.
Surpreso, Elzar concordou com a cabeça.
— Claro, — ele disse. — O que eu puder fazer.
Seguiu os dois Mestres Jedi para o turboelevador, mas, enquanto subia
silenciosamente para os andares superiores, descobriu que não conseguia se
livrar do profundo sentimento de inquietação que se instalara em seu peito
como um peso.
DAEDUS, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Com o EX-1 devidamente despachado em seu módulo de


propulsão, para longe na atmosfera superior de Daedus e além, Porter
voltou a sua atenção para consertar a Tormento, pronto para fazer a sua
própria retirada apressada da lua praticamente abandonada. Atualmente, o
alojamento do motor da nave estava desmontado ao seu redor enquanto
martelava painéis reaproveitados para proteger os delicados componentes
de propulsão das partículas interestelares à deriva. E dos droides
carniceiros.
Não estava ansioso para enfrentá-los novamente. Mas então, ele supôs
que era preferível enfrentar os próprios Nihil.
Porter sabia que eles estavam procurando por ele agora. Podia sentir
isso. Havia passado tempo demais aqui, reconstruindo o droide. O sentido
de perigo iminente, a sensação áspera no fundo de sua mente, dizia-lhe que
eles estavam perto. Aprendera a confiar nesses instintos ao longo das
décadas, sem questionar. Eles eram uma das razões pelas quais ainda estava
vivo depois de todo esse tempo.
Deveria ter consertado a nave primeiro, saído antes de terminar o droide.
Mas, então, conhecia os riscos, e o prêmio pelo sucesso era muito maior do
que a sua própria sobrevivência. O droide tinha sido a sua prioridade.
Porter passara tanto tempo procurando os locais de sua juventude,
caçando os componentes de que precisava para terminar o droide, que
permitira que essa busca dominasse a sua existência. Agora que estava
completo, não tinha certeza do que viria a seguir.
Precisava de tempo. Um lugar seguro para se comunicar com a Força,
para buscar o caminho certo. Para onde quer que levasse, sabia que estava
destinado a continuar a luta contra os Nihil. A se opor àqueles que o
veriam, a ele e aos seus, esmagados sob o calcanhar da opressão. Mas como
e onde, ele ainda não estava certo.
Perto dali, sua unidade de comunicação hackeada continuava a escanear
todas as frequências possíveis, decifrando e decodificando as mensagens
que lotavam as faixas eletromagnéticas. Um relatório de segurança Nihil
sobre dízimos sendo coletados com sucesso na cidade de asteroides de
Pontus. Alguém pedindo ao marido para preparar a sua refeição, pois logo
estaria em casa. Uma nave de transporte emitindo códigos de pouso. E
então uma voz familiar, falando apressadamente, encharcada de estática.
— ... ele está procurando uma saída e está disposto a ajudar. Se houver
algum Jedi ouvindo isso, ele tem um plano...
Porter abaixou o seu turbo martelo. Onde tinha ouvido aquela voz antes?
— ... ele quer desertar. Desaparecer...
Era Rhil Dairo. Anteriormente da alta sociedade de Coruscant e, mais
recentemente, uma propagandista Nihil. Ela tinha sido quem falou durante a
transmissão da execução de Pra-Tre Veter. Ouvira o desgosto em sua voz
naquela época, mas isso era diferente. Agora podia sentir a desesperança.
Colocando o turbo martelo no chão, Porter foi até a unidade de
comunicação. A mensagem havia terminado, e só captara o suficiente para
despertar o seu interesse. Não era uma transmissão oficial dos Nihil, isso
era certo.
Agachou-se, pegando a unidade de comunicação. Tocou nos botões com
o dedo indicador, pausando a varredura, fixando-a em um canal. Era uma
das principais frequências dos Nihil, mas modulada. Mexeu nas
configurações.
— ...os muitos benefícios prontamente disponíveis para aqueles que
escolhem voluntariar dízimos para os Nihil, incluindo proteção contra a
tirania da República, acesso total ao mercado livre de alimentos...
A mesma voz, mas cheia das habituais mentiras apaixonadas. Modulou a
frequência novamente. Estática crepitava e sibilava.
— Meu nome é Rhil Dairo e eu sou uma prisioneira dos Nihil. Marchion
Ro e os seus seguidores estão me mantendo contra a minha vontade em
Hetzal e me forçando a transmitir as suas mentiras e propaganda.
Porter se abaixou no chão, sentando-se com a unidade de comunicação
em seu colo enquanto ouvia a transmissão de Rhil, a transmissão real.
Devagar, um plano começou a se formar. Talvez não precisasse de
tempo, afinal. Talvez a Força estivesse mostrando o caminho.
Quando a transmissão terminou, desligou a unidade de comunicação,
guardando-a dentro da nave. Então, pegando o seu turbo martelo
novamente, começou a atacar os reparos do compartimento do motor com
renovado vigor.
Precisava permanecer um passo à frente de seus perseguidores Nihil.
Rhil havia fornecido coordenadas em Hetzal e um horário para um
encontro.
Ele tinha um compromisso em Hetzal.
CORUSCANT

— Você está confortável?


Ghirra Starros os observou de sua poltrona do outro lado da ampla suíte.
Estavam dispostos ao redor de uma mesa de conferência circular, com
Ghirra sentada em frente à Chanceler Soh, e os Jedi estrategicamente
posicionados entre eles. Elzar tinha a Chanceler à sua esquerda e a Mestra
Agra à sua direita, enquanto Ry se sentava em frente a ele. Deram a Ghirra
uma hora para se acomodar e desfrutar de uma refeição antes de se
reunirem para conversar. Ou, no caso de Elzar, para ouvir.
Ghirra sorriu, mas havia veneno nisso.
— Uma prisão ainda é uma prisão, Chanceler Soh, não importa o quão
bem seja decorada. — Ela olhou para os guardas da CDR posicionados
pelas portas e janelas.
— E imagino que você tenha decorado a Zona de Oclusão, a sua
chamada região Nihil, com um padrão semelhante, — respondeu Soh.
Ghirra sorriu despreocupadamente.
— Touché. — Ela espalhou as mãos sobre a mesa à sua frente. — Mas
não vamos começar com o pé errado. Estamos aqui para discutir a paz, não
estamos?
— Estamos, — disse Soh, com a sua expressão insondável.
Elzar os observava atentamente. Em um campo de batalha, saberia o que
fazer. Aqui, no entanto, em uma suíte bem equipada nos escalões superiores
de Coruscant, se sentia mais perdido do que nunca. Essa não era a sua força,
essa política. Sempre deixara para os outros que eram mais adequados ao
corte e à investida verbal, que estavam bem sintonizados com as correntes
subterrâneas de tais conversas, os significados ocultos em uma determinada
frase ou olhar.
Com frequência, o tópico discutido na superfície não era o tópico
discutido na realidade, e Elzar não era um mestre do subtexto. A maioria
dos Jedi que conhecia não era. Eles eram treinados desde jovens a falar o
que pensavam, a ser condutos de honestidade e integridade. Subterfúgio e
sutileza eram difíceis para eles.
Era por isso que pessoas como Stellan eram raras; sempre conseguira
andar naquela linha tênue entre diplomacia e verdade. Elzar... nem tanto.
Supunha que não tinha escolha. Tinha que pelo menos tentar.
Havia prometido a todos eles, à Chanceler, ao Conselho e a si mesmo.
Prometera tentar preencher a lacuna que fora deixada, não importa o quão
desconfortável isso o fizesse.
E ainda assim... A visão de Ghirra Starros sentada ali, vestida com os
trajes de uma senadora, quase revirava o seu estômago.
Queria desprezá-la. Ficar furioso com ela. Gritar em seu rosto. Fazê-la
entender o terrível sofrimento que ela ajudara a causar, os custos de sua fé
equivocada em Marchion Ro.
Queria ceder ao seu ódio.
Mas não cedeu.
Lembrou-se das palavras serenas de Orla Jareni, a esperança que ela
ajudara a florescer em seu peito.
E respirou.
Quando exalou, era como se estivesse afastando as nuvens escuras.
Encontrando paz. Emergindo das profundezas para buscar ar.
— Você percorreu um longo caminho, Ghirra, — disse a Chanceler.
Exatamente o tipo de coisa com a qual Elzar estava preocupado. Uma
declaração carregada com tanta bagagem que quase rangia.
Ghirra se arrepiou.
— Você não concorda com as minhas escolhas porque não as
compreende.
Soh zombou.
— Você está insinuando que todos nós nos daríamos muito bem se
apenas tentássemos compreender um pouco mais os Nihil? Que eles
parariam de anexar planetas e executar pessoas se pudéssemos apenas ser
um pouco mais empáticos?
— Eu apenas quis dizer que todos nós tivemos que tomar decisões
difíceis, Chanceler, — disse Ghirra. — Algumas delas mais palatáveis do
que outras. Nem todos estamos em uma posição de tal privilégio.
As duas mulheres se encararam em silêncio.
Elzar sentiu uma gota de suor escorrendo por sua nuca.
— Por que você está aqui, Senadora Starros? — disse Soleil Agra. Os
seus grandes olhos negros cintilavam enquanto ela estudava a embaixadora
Nihil.
Ghirra olhou para Agra como se ela tivesse jogado uma corda salva-
vidas.
— Estou aqui para discutir o que acontece a seguir, Mestra Jedi.
— E o que acontece a seguir? — perguntou Soh. — Pelo menos, na sua
versão do futuro.
— Meu povo, — começou Ghirra.
— Seu povo? — disse Soh.
Ghirra muito evidentemente mordeu a língua.
— Por favor, permita-me recomeçar. — Ela juntou as mãos no colo. —
Os habitantes do espaço Nihil, — disse, adotando um tom diplomático, —
merecem reconhecimento oficial no Senado. Eles merecem uma voz no
palco galáctico. Como os seus líderes designados, os Nihil deveriam ser
essa voz.
— Líderes designados? — disse Soh.
Talvez eles tivessem terminado com o subtexto afinal, considerou Elzar.
Ghirra sorriu.
— Você só vê o que quer ver, — ela disse. — Você imagina o caos.
Bandoleiros selvagens. O calcanhar da opressão. Impostos e dízimos.
Mundos onde as pessoas estão morrendo de fome. Rebeliões sendo
sufocadas da esquerda para a direita. Um milhão de mortes, e as mãos Nihil
mergulhadas no sangue dos inocentes. — Ela olhou de Soh para os Jedi e de
volta. — Não estou errada, estou? É isso que você imagina que a vida seja
por trás do Muro da Tempestade.
— Como poderíamos imaginar algo diferente? — disse Ry. — Vocês
não permitiram que ninguém entrasse ou saísse para ver por si mesmo. As
pessoas que você afirma representar não tiveram a chance de contar a sua
própria história. E enquanto isso, o seu chamado Olho continua a causar
estragos. Ataques a assentamentos inocentes ao longo do limite do Muro da
Tempestade. Liberdade de movimento cerceada para aqueles que desejam
deixar a zona. E a execução pública de um Jedi.
— Com todo respeito, Mestra Jedi, você está errada, — disse Ghirra. —
O povo do espaço Nihil está prosperando. Sob o domínio dos Nihil, eles
prosperam. A comida é abundante. Há crescimento no comércio e
colaboração entre mundos e culturas. Nós defendemos os pilares
fundamentais da democracia e do igualitarismo. Nos esforçamos por uma
sociedade mais igualitária e respeitosa, onde todas as vozes são ouvidas. Os
três ministérios Nihil que eu estabeleci, para avanço, proteção e estado,
garantiram um meio justo e eficaz de governo. Não há revoltas, não há
rebeliões. As pessoas encontraram a paz. — Ela enfatizou a última palavra,
como se fosse a única coisa que importava para ela.
— Sim, policiamos nossas fronteiras, — continuou ela, — como todas
as nações devem fazer. Mas o fazemos para proteger aqueles sob a nossa
tutela. — Ela baixou os olhos. — O incidente com o Mestre Veter foi
lamentável. Mas se as nossas duas sociedades puderem encontrar uma
maneira de se comunicar melhor, concordar em um caminho significativo
para o futuro, então tais coisas podem ser evitadas no futuro. Falo com a
plena autoridade do Olho nisso. Nós podemos encontrar um caminho para a
paz.
Soh inclinou-se para frente em sua cadeira.
— Então você está aqui para pedir um assento no Senado. É isso que
você quer? É isso que Marchion Ro quer? Depois de tudo isso, depois de
Valo e do Farol e o resto? Ele ficará satisfeito com jogos políticos e um
lugar à mesa?
Elzar observou atentamente Ghirra. Ela estava esperando por isso. Claro
que estava. Ela endireitou as costas, recusando-se a ser intimidada pelas
palavras de Soh.
— Você está certa. Claro que está. Marchion Ro não é um governador ou
um estadista. Ele é um guerreiro. Um combatente pela liberdade. Um
libertador. — Ela levantou a mão para afastar qualquer interjeição da
Chanceler. — Mas ele entende o que é necessário. Eu sei o que é
necessário. Eu entendo as apostas e o que é necessário para governar. As
pessoas do espaço Nihil estão prosperando, Chanceler, mas elas precisam
de uma mão firme. Elas precisam de estrutura e apoio. Os Nihil deram isso
a elas. Agora é hora de fazer as pazes com a República e estabelecer novas
oportunidades de comércio e o direito de livre passagem entre nós.
— E você espera que apenas nós a recebamos de braços abertos?
Reconhecer os Nihil como um corpo oficial e dar a você uma voz no
Senado. Sem mais nem menos? — disse Soh.
Ghirra deu de ombros.
— A galáxia mudou, Chanceler. Talvez nenhuma de nós tenha visto isso
acontecer, mas aconteceu mesmo assim. Os Nihil não vão a lugar algum, e
não estão abrindo mão de seu território. Embora tenham sido... decisões
tomadas com as quais eu não necessariamente concordava, todos nós
precisamos aceitar o inevitável: Pelo bem das pessoas, precisamos
encontrar um caminho para a paz. É exatamente isso que estou propondo.
Conceda-nos um assento no Senado. Reconheça o espaço Nihil como um
domínio legítimo. Que motivo resta para alguém continuar lutando?
— E você fala por Marchion Ro neste assunto? — disse Mestra Agra.
Ghirra empinou o queixo.
— Falo.
Elzar olhou para Lina Soh. As suas mãos estavam apertadas em punhos
ao lado do corpo. Ela parecia tão desconfortável quanto ele se sentia.
— Estamos tentando ajudar. Ao me trazer, podemos trabalhar juntos
para estabelecer a paz que a galáxia precisa desesperadamente, —
acrescentou Ghirra.
— E se Marchion Ro mudar de ideia? — perguntou Elzar. Ele odiava
admitir, mas parte do que Ghirra estava dizendo fazia sentido. Talvez esta
fosse uma maneira de neutralizar Marchion Ro. Ganhar acesso à Zona de
Oclusão e às pessoas que precisavam de ajuda lá dentro.
A Kitrep, Avar e aos outros.
— Ele não vai.
— E esperamos simplesmente perdoar os seus crimes e seguir em
frente? — disse Ry.
— Eu sinto muito, — disse Ghirra. — Sinceramente. E entendo que
nada do que aconteceu pode ser esquecido, muito menos perdoado. — Ela
respirou fundo, soltou. — Mas talvez tenhamos que encontrar uma maneira
de superar isso. De trabalhar juntos para restabelecer a paz. E, mais
importante, para mantê-la. — Ela olhou para Lina Soh. — O que você diz?
Soh franziu os lábios. Ela se levantou, alisando a frente de suas vestes.
Então ela olhou diretamente para Ghirra, com o seu olhar inabalável.
— Eu vou pensar sobre isso, — ela disse.
Ela se levantou, se virou e saiu da sala.
Elzar olhou para Ghirra, notou o pequeno brilho de triunfo em seus
olhos e, sem dizer mais uma palavra, saiu apressadamente atrás da
Chanceler.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Tinha sido uma jornada tranquila de Prandril à Hetzal.


Não apenas porque os protocolos cortados do KC-78 continuavam a
manter com sucesso as hordas de droides carniceiros à distância, mas
porque Avar tinha mergulhado em um silêncio profundo e contemplativo, e
Belin era respeitoso o suficiente, ou talvez apenas cauteloso o suficiente,
para não interrompê-la.
Tentara meditar no porão agora vazio da nave, mas estava muito
distraída, e a canção discordante da Força era pouca consolação. Sentia-se
inquieta, ainda cutucada por sua falha na remessa de grãos e por sua
incapacidade de antecipar as necessidades contínuas dos colonos que
tentara ajudar.
E agora estava voltando para Hetzal. O lugar onde fora aclamada como
heroína. O lugar que uma vez ajudara a salvar do desastre. O lugar que
desde então falhara em proteger do horror que agora o assolava.
Hetzal agora era o lar dos Nihil. A sua base de operações. O coração
podre no centro da Zona de Oclusão. O lugar onde a mão indesejada deles
era sentida com mais intensidade.
Avar não tinha dúvidas de que Marchion Ro o escolhera
cuidadosamente. Sim, também era o jardim daquilo que agora se tornara o
espaço Nihil, o lugar de onde grãos e outros alimentos básicos eram
exportados para dezenas de sistemas vizinhos. Mas também era o lugar de
maior valor simbólico para os Jedi. O emblema de sua primeira vitória
contra os Nihil.
Agora Ro o recuperara. Reduzira aquela vitória inicial a cinzas. E ao
fazer isso, desfizera tudo o que os Jedi haviam alcançado ali.
Avar começava a se perguntar se poderia se recuperar disso. Se, mesmo
que conseguisse sair, pudesse nunca mais ser a mesma.
E ainda assim... ainda estava aqui. Ainda estava lutando.
Podia não ser mais a heroína de Hetzal, mas tinha que contar algo o fato
de que não desistira. E talvez agora, se a mensagem codificada de Rhil
fosse acreditada, poderia ter uma chance de fazer uma diferença real. Não
apenas isso, mas encontrara amizade, camaradagem e fé nos lugares mais
inesperados, na forma do pequeno piloto Ugnaught conhecido como Belin.
Isso era algo para se agarrar, não é?
Além disso, ela era uma Jedi. Conquistas eram irrelevantes. A única
coisa que importava era ajudar pessoas necessitadas. Já era hora dela se
responsabilizar por isso novamente.
Avar evitara retornar a Hetzal por quase um ano inteiro. Sabia que as
pessoas aqui estavam sofrendo muito sob o jugo dos Nihil, que precisavam
desesperadamente de emancipação, mas sabia, também, que talvez fosse o
local mais perigoso para um Jedi em toda a galáxia. Era provável que fosse
onde os notórios caçadores de Jedi de Ro estivessem posicionados, junto
com o seu animal de estimação Inominável.
Se estava voando para uma armadilha, pelo menos estava fazendo isso
com estilo.
A nave inclinou, cortando a atmosfera do planeta, e então os motores se
apagaram, e Avar sentiu o convés desabar sob si mesma. Segurou uma
barra, agarrando-se firme para se manter em pé. Sentiu a embarcação
despencar de nariz, lento e raso a princípio, mas ganhando rapidamente
velocidade.
Correu para a cabine, lutando contra a gravidade a cada passo.
— Belin?
Belin virou o pescoço para olhar pra ela. Ele estava sorrindo
amplamente.
— Ah, aí está você. Melhor arrumar um lugar. Isso vai ficar um pouco
desconfortável.
Encaixado no canto, se segurando, o KC-78 deu trinados de pânico
enquanto a antiga nave de transporte rangia e gemia sob o estresse de seu
mergulho repentino e dramático. Avar escorregou na cadeira do co-piloto,
se prendendo rapidamente.
— O que você...? — Avar começou, mas se calou à medida que a nave
caía cada vez mais rápido em direção à superfície do planeta. Uma névoa de
luz vermelha brilhou na tela frontal conforme a temperatura externa
aumentava, a fricção fazendo com que as placas externas do casco
brilhassem de vermelho vibrante.
— Velho truque que aprendi nos meus dias na marinha, — gritou Belin
sobre o rugido estridente do vento. — Desligue os motores e mergulhe em
queda livre. Faz você ser mais difícil de atingir, e sem motores, eles não
podem rastreá-lo na maioria dos escâneres.
Avar queria dizer a ele que provavelmente preferiria correr o risco, mas
sabia que se abrisse a boca, provavelmente gritaria, então manteve-a
fechada.
Lá fora, o chão se aproximava para encontrá-los. A zona de pouso que
Rhil indicara em sua mensagem oculta parecia estar em uma fenda estreita
na rocha, cercada por uma floresta natural em três lados. Além disso,
campos se estendiam como lençóis dobrados, demarcados em parcelas
arrumadas e ondulando com feixes de grãos altos. Estavam a vários
quilômetros da cidade mais próxima, mas Avar conseguia distinguir uma
estrutura enorme, uma fortaleza improvisada, pelo que parecia, situada
entre os campos de grãos. Ostentava o símbolo circular do olho Nihil em
seu flanco superior, e presumivelmente Rhil escolhera a ravina para manter
a nave fora de vista da torre.
O que era um bom presságio para a veracidade da mensagem.
KC-78 emitiu mais trinados de alarme. Belin apertou os controles de
voo. Sirenes de alarme soaram. Ele as silenciou com um movimento casual
do dedo.
A nave continuou a girar como uma pedra lançada.
O chão nadou para encontrá-los.
Avar se sentiu enjoada. Os seus ouvidos estouraram. Se estivesse
pilotando a nave ela mesma, se estivesse no controle, mal teria percebido o
perigo. Mas nunca fora uma boa passageira.
— Certo então, — murmurou Belin, a ponta da língua saindo do canto
de sua boca. Ele acionou outro interruptor. Os motores se acenderam. A
nave deu um solavanco.
Belin puxou a alavanca de controle pra trás assim que o nariz da nave
mergulhou entre os dois lados da ravina. Avar ouviu placas do casco
soltando enquanto a gravidade tentava rasgar a nave inteira.
Ela segurou os braços da cadeira. Com força.
E então a pressão estava diminuindo.
A nave estava se nivelando.
Mas eles ainda estavam descendo rápido demais. As paredes íngremes
da ravina passavam rapidamente, os motores gritando em protesto...
A respiração de Avar prendeu na garganta.
E então eles estavam tocando no fundo do vale estreito, com uma leveza
que parecia totalmente contrária ao seu mergulho surpreendente.
A nave se estabeleceu, emitindo um suspiro pneumático.
Belin soltou os controles e recostou-se na cadeira, entrelaçando os dedos
atrás da cabeça.
— Ah. Ainda consigo isso. — Ele parecia profundamente satisfeito
consigo mesmo.
KC-78 emitiu uma série de bipes e trinados irritados, que Avar tinha
certeza de que eram equivalentes aos palavrões de um droide.
Ela respirou.
— Bem, isso foi certamente uma experiência.
Belin lhe lançou um sorriso cheio de dentes.
— Você não é a única que conhece alguns truques.
— Parece que sim. — Avar se levantou da cadeira, levando um
momento para encontrar os seus pés. — Então, estamos aqui. Em Hetzal.
— Apesar das probabilidades, — disse Belin. — Mas não podemos ter
certeza de que não fomos vistos chegando. Fizemos o nosso melhor, e
graças ao seu droide, parecemos ter os protocolos certos... mas não temos
como saber se os Nihil não estão enviando uma equipe de interceptação
agora.
Avar concordou. Conhecia os riscos.
— Vou dar uma olhada lá fora. — Ela atravessou a nave, apertou os
controles de acesso e esperou que a rampa de desembarque se movesse para
a posição.
Tudo estava pacífico, silencioso. Os cheiros de Hetzal giravam em suas
narinas, envolventes e familiares.
Cautelosamente, desceu a rampa.
Aqui embaixo, no fundo do vale estreito, um pequeno rio cascata sobre
pilares de pedra de ébano antiga, lisa e suave, lançando uma fina névoa de
água no ar circundante. Em todos os lugares, a vida vegetal florescia, fresca
e verde, com árvores esguias que se estendiam para os finos feixes de luz
que caíam de cima e um espesso tapete de musgo esmeralda sob os pés.
Pássaros multicoloridos dançavam e rodopiavam, piando alegremente e
batendo asas enquanto brigavam por frutas penduradas.
Nos tempos antigos, uma escadaria sinuosa havia sido cinzelada na
parede íngreme da ravina, os degraus de pedra agora envolvidos por mais
do musgo aderente e enredados em videiras pendurando flores roxas em
forma de estrela.
Era absolutamente bonito.
— E agora?
Avar olhou para Belin, que desceu da nave para ficar ao seu lado,
admirando a vista.
— Está quase na hora. As coordenadas na mensagem de Rhil
especificavam um ponto de encontro logo além da ravina ali. — Ela indicou
os degraus com um aceno de mão. — Hora de conhecer o comitê de boas-
vindas.
— E se eles não forem tão acolhedores afinal?
Avar bateu na empunhadura de seu sabre de luz.
— Se eu não voltar em duas horas, vai embora sem mim e não olhe pra
trás. E prometa que cuidará bem do KC.
Belin balançou a cabeça.
— Eu vou com você.
— Não desta vez, Belin. Você arriscou o bastante. Se isso se revelar uma
armadilha, pelo menos saberei que você e KC escaparam em segurança. Se
não for, e eu espero que não seja, haverá tempo de sobra depois para fazer
amizade com Rhil e o seu contato duvidoso mais tarde.
— Não sei, Jedi. Parece um risco muito grande...
— Exatamente. O tipo de risco para o qual fui treinada, — disse Avar.
— Não vou recuar desta vez, Belin. Preciso saber que você está seguro. —
Ela olhou para cima na crista no topo da ravina, mãos nos quadris. — Além
disso, você é o meu único plano de fuga. Preciso de você aqui com a nave,
caso precisemos fugir.
Belin soltou um suspiro pesado.
— Está bem. Se é o que você quer.
— É.
— Então é melhor você começar. — Ele indicou a escadaria. — É uma
escalada e tanto.
Avar riu. E começou a descer o primeiro degrau.
CORUSCANT

— Pensei que você poderia ter me procurado antes, — disse


Lina Soh enquanto, mais tarde naquela noite, ela e Elzar davam um passeio
privado pelos jardins formais da Chanceler, no alto dos telhados do
complexo do Senado. — Especialmente depois de como as coisas
terminaram com nossa convidada, mais cedo.
— Me desculpe, — disse Elzar. — Eu tinha um assunto urgente para
tratar com os Mestres Agra e Ki-Sakka.
Na verdade, a reunião com os outros Jedi foi rápida e direta. Nenhum
deles acreditava nas histórias de prosperidade e paz de Ghirra, e todos
suspeitavam que havia mais na proposta dela do que podia ser determinado
até agora. Eles também não acreditavam por um momento nas alegações de
que Marchion Ro estaria contente em mudar as suas maneiras e aceitar um
fim não violento para a sua campanha. Tudo o que sabiam sobre Ro sugeria
que ele estaria relutante em deixar de lado o seu aparente ódio profundo
pelos Jedi, especialmente quando tinha em mãos uma arma que poderia
derrotá-los. Os Nihil tinham a vantagem.
Depois, Elzar se retirou para os seus aposentos para meditar, mas não
encontrou respostas ali também. E assim veio encontrar a Chanceler, para
ver quais conclusões ela tinha conseguido tirar.
— Claro, — disse Soh, embora houvesse uma ponta em sua voz, como
se estivesse questionando o que poderia ser mais urgente do que Ghirra
Starros e a decisão que ela estava enfrentando sobre o futuro dos Nihil e do
Senado.
Pensou em lembrá-la de que era um Jedi, não um político, mas decidiu
contra isso. As palavras pareceriam mais duras do que eram destinadas. Não
havia necessidade de incomodar alguém que já estava enfrentando uma das
decisões mais difíceis de sua vida.
O pensamento fez com que sorrisse. Talvez estivesse se tornando mais
político do que pensava.
Você ficaria orgulhoso de mim, Stellan.
Esperava que isso fosse verdade.
Elzar olhou pra cima, buscando respostas entre as estrelas. Elas
formavam um dossel acima do sinuoso caminho das árvores de flores
Panshan e gramados cuidadosamente aparados que compunham o jardim
cheiroso. Nessa altura acima da cidade, o tráfego incessante estava quase
fora do alcance auditivo.
— Há algum sentido no que ela está propondo, — disse ele, indo direto
ao ponto. — Sobre minar Ro concedendo-lhe legitimidade. Se você os
trouxer para o lado deles, eles teriam que pelo menos fingir jogar pelas
regras. E poderíamos vigiá-los melhor e o que estão fazendo na Zona de
Oclusão.
— O Senado ficaria dividido, — disse Soh. — Assim como a galáxia.
— E os Jedi, — disse Elzar. — Embora eu tema que a divisão não seria
igual. Não antecipo muito apoio à ideia entre os membros do Conselho, não
depois de falar com os Mestres Agra e Ki-Sakka, que questionam a validade
das alegações de Ghirra. Embora eles muitas vezes me surpreendam, e eu
não falo por eles. Você terá que perguntar a eles se buscar a sua orientação.
— Falando como um verdadeiro político, Elzar. — Soh parou sob os
galhos de uma árvore alta. Pétalas flutuavam ao seu redor na brisa. Era raro
vê-la parecendo tão vulnerável, sem os seus habituais targons, seus guardas,
ou o frio aço da persona que ela normalmente vestia, mesmo ao redor de
Elzar. Aqui, agora, ela apenas parecia uma mulher enfrentando uma escolha
difícil e não sabendo o que fazer.
— Eu sei que isso não foi fácil pra você. Pra nenhum de nós. Mas
valorizo sua amizade. E gostaria de ouvir o que você realmente pensa.
Elzar encontrou o seu olhar.
— Eu... — Ele hesitou, tropeçando nas palavras.
— Não estou pedindo para você tomar a decisão por mim, Elzar. Ou me
dizer qual é a resposta certa. Só quero saber como você se sente. O que
você faria na minha situação.
Elzar esfregou a barba.
— Ela não pode ser confiável. — Ele umedeceu os lábios. — Há muitas
engrenagens, e ainda não entendemos todas. Talvez Ghirra esteja
procurando legitimidade para si mesma, não para Marchion Ro. Se ele a
autorizou ou não, não acredito que Ro ficará satisfeito com uma solução
diplomática para tudo isso. Ele é um terrorista que prospera no caos, que
odeia os Jedi e a República com tudo o que tem. Por que ele pararia agora?
Soh concordou.
— Concordo. Isso pode ser um jogo de poder. Talvez Ghirra sinta uma
oportunidade de elevar a sua posição dentro dos Nihil e se distanciar de
seus crimes.
— E nos usar como alavanca, — acrescentou Elzar.
— Mesmo assim, ainda pode nos proporcionar uma oportunidade. Se
pudermos aguentar isso.
— Ou seja?
— Paz, de certa forma. Uma trégua, talvez. E informações. Não temos
ideia do que está acontecendo por trás da Muralha de Tempestade, mas eu
não acredito por um momento que seja tudo doce e luz, como Ghirra quer
nos fazer acreditar. — Ela pausou, tirando flores do ombro. — Há pessoas
lá dentro que precisam da nossa ajuda. Mundos e civilizações inteiras que
estão sendo mantidos como reféns. Família e amigos perdidos...
Avar...
Desviou o olhar.
— Tentador, não é? — disse Soh.
— Como sabemos que não é mais um ardil de Ro? Uma tentativa de
colocar alguém dentro do Senado pelo mesmo motivo que você descreveu.
Para obter informações. Para entender as nossas operações internas para que
possam ser exploradas.
— Não podemos, — disse Soh. — E Ro é obviamente esperto. Ghirra
pode nem mesmo saber que esse é o jogo dele. Ele pode estar jogando com
ela. — Ela franziu a testa. — É uma bagunça. Queria que houvesse outra
maneira.
Elzar se virou, fixando o olhar na vista.
— Quando isso ficou tão difícil? Mais do que qualquer coisa, quero
mostrar à galáxia que os Jedi, a República, ainda são quem afirmamos ser.
Aqueles que os protegem contra ameaças como os Nihil. Isso não é sobre
vingança...
— Pra você, talvez, — disse Soh, com uma amargura que surpreendeu
Elzar.
— Precisamos mostrar à galáxia que somos mais fortes porque estamos
juntos, — disse ele. — Que não seremos divididos ou derrotados. Que a
República representa algo verdadeiro. A galáxia precisa saber que ainda
estamos aqui por eles. Que pessoas como os Togrutas ainda desejam se aliar
a nós, apesar de tudo o que Marchion Ro fez. — Ele estava fluindo agora, e
era bom deixar tudo derramar, toda a frustração que vinha contendo. — Tão
tentador quanto é tentar usar isso como uma maneira de alcançar Kitrep,
Avar e todos aqueles que nos importamos do outro lado, certamente o ônus
continua sobre nós para mostrar ao povo da galáxia que somos melhores do
que os Nihil? Precisamos deixar claro que as atrocidades que eles
cometeram são inaceitáveis. Se capitularmos agora, se os trouxermos para o
nosso lado, não estaríamos de alguma forma condenando as suas ações?
Não estaríamos enviando a mensagem de que a violência é tão justificável
quanto o caminho da diplomacia e da democracia?
Conteve-se, respirou fundo.
— Isso é tudo o que eu precisava ouvir, Elzar, — disse Soh. Ela tocou o
braço dele, um sorriso fraco nos lábios. — Que você sente o mesmo que eu.
Que ainda há luta suficiente, esperança suficiente para levar isso adiante.
— Eu não tenho as respostas, Chanceler.
— Ninguém tem. Mas você vê mais do que se dá crédito, Elzar Mann.
Você precisa parar de se perguntar o que Stellan faria e pensar em vez disso
no que você faria.
Devagar, Elzar assentiu.
— Eu rejeitaria a proposta de Ghirra. Mesmo com o risco de represálias.
Eu permaneceria fiel ao que acredito e ao que a República representa. Mas
essa não é minha decisão. Não pode ser a minha decisão.
— Não, — disse Soh. — É a minha decisão. E está tomada. Não
capitularemos. Nem agora, nem nunca. Não para terroristas e assassinos.
— Muito bem. O que acontecerá com Ghirra? Ela será levada para uma
instalação segura para interrogatório?
Soh balançou a cabeça.
— Não. Ela será libertada de manhã, assim que eu a informar da minha
decisão.
— Ela o quê? — Elzar ficou surpreso. — Ela é uma prisioneira de alto
valor. Uma Nihil.
— E ela voltará diretamente para Ro como uma fracassada. Talvez ela
perceba que foi usada. Talvez ele perceba. Mas qualquer brecha em sua
organização, qualquer brecha, vale a pena explorar. Lembre-se do seu
treinamento, Mestre Jedi, um inimigo dividido é um inimigo fraco.
Elzar assentiu.
— E além disso, — disse Soh. — Não somos os Nihil. Ela veio a
Coruscant para negociar um acordo. Como uma convidada. Permitiremos
que ela saia sob os mesmos termos. Precisamos ser melhores do que eles,
caso contrário, qual é o objetivo?
— Muito bem. Vou informar o Conselho.
Ela começou a se afastar, parando e se virando.
— E Elzar?
— Sim?
— Ela é uma mulher muito sortuda para manter as suas afeições assim.
— Ela continuou o seu caminho, deixando-o parado sob a árvore Panshan
enquanto mais pétalas se agitavam na brisa, girando ao seu redor enquanto
ele ficava ali, sem palavras, seus pensamentos em completa confusão.
Estava prestes a sair quando uma voz alta cortou sua contemplação.
Correu atrás da Chanceler, com a sua mão se dirigindo para o punho de seu
sabre de luz.
Se os Nihil tentaram algo aqui em Coruscant...
Alcançou-a um momento depois, para descobri-la ouvindo atentamente
um de seus assistentes, um homem humano curto e robusto que claramente
estava sem fôlego, tentando entregar uma mensagem.
— ...Keven Tarr... notícias... quer falar...
Keven Tarr. Isso tinha que ter algo a ver com a Muralha de Tempestade.
Soh olhou para Elzar e depois pôs a mão no braço superior do assistente.
— Recupere o fôlego primeiro, por favor, Mica.
O homem assentiu agradecido, ofegando por ar. Depois de um momento,
ele se estabilizou.
— Desculpe, senhora.
— Então? — disse Soh.
— Houve um avanço. O Almirante Kronara pediu para você ser
informada imediatamente.
— No meu escritório?
— Não. No laboratório de pesquisa. Keven Tarr está esperando para
explicar tudo, — disse Mica.
— Excelente. Leve-me até lá, agora. — Soh olhou para Elzar. Ela
ergueu uma sobrancelha. — Você vem, é claro?
Elzar sorriu, a esperança florescendo pela primeira vez em dias.
— Tente me impedir.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Belin estava certo: era uma subida infernal até o topo dos degraus,
mesmo para um Jedi.
No entanto, Avar podia ver agora por que Rhil havia sugerido que
pousassem a nave na base de uma fenda tão profunda. Acima da linha das
árvores, à distância, erguia-se a silhueta da imensa fortaleza dos Nihil. Era
uma cicatriz sombria na paisagem pastoral, um dedo torto que irrompia do
solo para apontar acusadoramente para as estrelas. A forma daquele
estranho olho redemoinhante de Marchion Ro olhava para fora do coração
enferrujado e caótico da torre, como o olho de alguma divindade malévola,
sempre vigilante, sempre observador.
Avar estremeceu. Perguntou-se se ele estava lá, de pé no centro daquele
olho maciço, olhando para a mesma paisagem sobre a qual agora estava.
Havia uma certa poesia nisso. A ideia de que, apesar de seu apelido,
apesar de seu símbolo, ele não podia ver os Jedi em seu próprio meio. Ou a
traidor que desejava ajudá-la.
Avar ficou parada por um momento, examinando a área imediata. Não
sentiu perigo iminente.
Assim como tinha visto da cabine da nave cambaleante, o ponto de
encontro era ladeado por árvores em três lados, o que significava que tinha
algum tipo de cobertura, mas também qualquer inimigo que se aproximasse.
À sua esquerda e direita, a entrada da fenda, os lábios torcidos de um
sorriso antigo quando vistos do ar, eram quase totalmente engolidos pelo
crescimento arbóreo.
Tinha que dar créditos a Rhil. Era o local perfeito para um encontro
secreto. Ou um assassinato.
Sair da fenda vibrante parecia para Avar como se estivesse emergindo de
um casulo; uma criatura deixando a relativa segurança de seu ninho para se
aventurar pelo mundo, para ser transformada pelo processo. Sentiu-se
lúcida pela primeira vez em meses. Como se finalmente pudesse ver um
caminho à frente. Como se tivesse deixado pra trás toda a sua insatisfação e
preocupação na nave com Belin e KC-78, e tudo o que restava era o foco
que vinha perdendo.
Talvez sempre precisasse voltar para Hetzal. Confrontar o seu passado
de frente. Talvez estivesse adiando isso por tempo demais.
Supôs que o tempo diria.
Avar virou as costas para a visão da torre sombria e se abaixou no chão,
de pernas cruzadas. A grama longa estava seca e macia. Fechou os olhos,
colocando as mãos no colo.
A Força fluía através dela. Ainda quebrada, ainda discordante, mas
ainda presente.
Depois de um curto período, se mexeu ao som de um motor ao longe.
Levantou-se, sacudindo as suas vestes, e se virou na direção do som que
se aproximava.
Uma speeder bike.
Dois pilotos.
Pelo menos isso era um bom sinal. Eles não trouxeram um pequeno
exército. Ou uma daquelas coisas desprezíveis que eles usaram para matar
Pra-Tre Veter. Esse tinha sido seu pior medo. Se encontrar encurralada por
um Inominável e incapaz de lutar.
Os Nihil, poderia lidar.
Descansou a mão no cabo de seu sabre de luz e esperou.
Os recém-chegados demoraram. Eles estacionaram a speeder bike do
lado oposto da linha das árvores e vieram o resto do caminho a pé,
marchando apressadamente entre as árvores.
Avar estava pronta pra eles quando emergiram das sombras: um Halisite
desconhecido vestido com macacões manchados e uma mulher que Avar
reconheceu imediatamente como Rhil Dairo.
Saiu de onde estava esperando nas sombras de uma árvore perela
massiva.
— Olá, Rhil.
A cabeça de Rhil se virou abruptamente, com a sua expressão de total
choque.
— Avar? Avar Kriss?
Para surpresa de Avar, a outra mulher se lançou em uma corrida, abrindo
os braços enquanto se aproximava e envolvendo Avar em um abraço
poderoso. Agarrou-se como se Avar fosse a sua única âncora para o mundo
inteiro.
Incerta de como responder, Avar simplesmente se inclinou para o
abraço, aproveitando o breve momento de contato físico depois de tanto
tempo privada dele. Era bom sentir o calor de outro ser, apesar das
circunstâncias estranhas.
Rhil finalmente soltou o seu aperto e deu um passo para trás, olhando
Avar de cima a baixo de maneira avaliativa. Havia lágrimas nos cantos de
seus olhos.
— Você veio. Você recebeu a minha mensagem e veio. — O alívio em
sua voz era comovente.
Agora que Avar conseguia olhá-la melhor, ela ficou chocada com a
aparência física de Rhil. Não parecia ter sido fisicamente maltratada, mas
estava claramente sofrendo de desnutrição, e Avar estava ciente do trauma
mental já infligido a ela, na forma das transmissões de propaganda que ela
fora forçada a fazer.
No entanto, ela precisava permanecer cautelosa. Pelo menos até
entender mais sobre o que estava acontecendo.
— É bom te ver, Rhil, — disse ela. — Eu gostaria que as circunstâncias
fossem melhores.
Rhil deu uma risada soluçante.
— Não preciso nem dizer. Você está... diferente. Você esteve aqui o
tempo todo?
— Desde que a Muralha de Tempestade foi erguida, — disse Avar. —
Me movendo, tentando fazer o que posso para ajudar. Tentando ficar viva.
Rhil assentiu.
— Eu esperava que alguém ouvisse. Que ainda havia Jedi por aí que
queriam ajudar.
— Nunca paramos de querer ajudar, Rhil, — disse Avar. — Mas você,
mais do que qualquer outra pessoa, está ciente dos riscos.
— Eu sei, — disse Rhil. — E sinto muito.
— Você está machucada?
Rhil balançou a cabeça.
— Apenas o meu orgulho. Eles me veem como um ativo valioso demais
para arriscar me machucando. Eles têm me forçado a fazer essas
transmissões horríveis...
— Eu sei, — disse Avar.
— Mas tenho jogado o jogo deles. Tentando contar às pessoas a verdade.
Enterrando a história real no código profundo das transmissões. Eles
pensam que estão usando as ferramentas da República contra nós, mas na
verdade, estou usando as ferramentas dos Nihil contra eles. As coisas que
eles têm feito aqui, Avar... É terrível. Eles mataram tantas pessoas. Civis.
Trabalhadores. Isso precisa parar.
Avar lançou um olhar para o Halisite parado de lado, parecendo
desconfortável. O crista de osso em sua cabeça estava tingida de vermelho e
azul, e ele continuava olhando por cima do ombro, como se preocupado que
alguém mais pudesse chegar a qualquer momento.
Rhil seguiu o olhar de Avar.
— Este é Quith Meglar. Ele é quem mencionei na minha mensagem. Ele
tem me ajudado e acha que pode nos tirar daqui. Você pode confiar nele.
Meglar deu um passo à frente, cruzando os braços no peito.
— Jedi, — disse ele, projetando o queixo para fora. Ele cuspiu a palavra
com não pouca aversão.
— E por que exatamente você quer nos ajudar, Quith Meglar? —
perguntou Avar. — Na minha experiência, os Nihil nunca desertam. Eles
simplesmente morrem, geralmente de maneira ruim.
Meglar mostrou os dentes.
— Não me entenda mal, Jedi. Eu não quero ajudar você. Nem ela. —
Ele apontou para Rhil. — Não me importo com a sua causa, e nunca vou
me importar. Mas eu me importo com a minha própria pele, e não quero
sofrer uma dessas mortes horríveis pra mim mesmo. — Ele fungou. — As
coisas não estão indo tão bem. A festa acabou agora. Hora de sair antes que
todos os outros cheguem à mesma conclusão.
— Que nobre, — disse Avar.
Ele era um típico Nihil arrogante. E ainda assim, pelo que Avar podia
perceber, ele parecia estar dizendo a verdade. Além de seu desgosto geral
por sua mera presença, não conseguia sentir intenções malignas ou raiva
fervente dele. Só o medo. E, julgando pela forma como continuava a olhar
por cima do ombro na direção da fortaleza dos Nihil, era fácil adivinhar de
quem ele tinha medo.
— Então, o acordo é o seguinte: Eu os levo para fora da Muralha de
Tempestade, — disse ele.
— Diga-me mais, — disse Avar. — Como exatamente você planeja
realizar esse feito incrível?
Meglar olhou para Rhil, depois coçou a parte de trás da cabeça
nervosamente.
— Há uma saqueadora chamada Melis Shryke. Ela trabalha para uma
dos ministros de Ro, a General Viess, e tem uma nave chamada Cacofonia.
Avar assentiu e fez um gesto para que ele continuasse.
— Ela realiza incursões regulares fora do espaço Nihil. Você sabe do
tipo. Pilhagem nos assentamentos da fronteira por qualquer coisa que
brilhe, garantindo que todos lá fora na galáxia ainda tenham medo dos
Nihil. O seu motor de Trilha significa que ela pode entrar e sair livremente
usando as rotas de hiperespaço dos Nihil.
— Como isso nos ajuda, a mim e a Rhil? — disse Avar.
— Consegui me designar para a tripulação dela. Posso contrabandear as
duas a bordo de sua nave antes da próxima incursão. Então, quando
estivermos do outro lado...
— Nós fazemos uma fuga, — disse Rhil.
— Caberá a você, Jedi, nos tirar da nave em segurança. E aqui está a
questão: Você me leva sem fazer perguntas. Depois disso, sigo o meu
próprio caminho. Você me tira de Shryke e eu estou fora do seu belo cabelo,
— disse Meglar.
Avar ponderou sobre isso em sua mente.
Não podia confiar nele, não importa o que Rhil dissesse. Mas podia
confiar em seu medo. Ele já tinha ido longe demais; se os Nihil
descobrissem sobre as mensagens que ele ajudou Rhil a enviar, ou o fato de
que essa reunião sequer aconteceu, ele seria executado, e provavelmente de
uma maneira horrível.
Isso era motivo suficiente para saber que ele estava dizendo a verdade.
Se ele pudesse colocar Avar naquela nave, poderia fazer o resto.
— Está bem, — disse ela. — Temos um acordo. Quando voamos?
Meglar assentiu, obviamente aliviado.
— Shryke está aqui, em Hetzal, se preparando para outra incursão. Ela
planeja sair amanhã. Fique confortável e mantenha o seu comunicador
sintonizado na frequência certa. Vamos informá-la quando estivermos
voltando para buscá-los.
— E Rhil?
Rhil parecia confusa.
— E quanto a mim?
— Certamente você não está voltando pra lá? — Avar perguntou.
Rhil estremeceu, abraçando a si mesma, mas a sua expressão era
desafiadora.
— Eu tenho que voltar. Caso contrário, eles saberão que algo está
acontecendo. Se vierem atrás de mim, há uma grande chance de que eles a
encontrem aqui também. Eu não vou arriscar isso.
Avar colocou a mão no ombro de Rhil.
— Você tem certeza?
— Tenho certeza. É o melhor. Além disso, você está aqui agora. Tudo
vai ficar bem.
Avar esperava que o seu rosto não denunciasse a sua súbita dúvida.
— Eu espero que sim.
— Eu tenho fé, — disse Rhil. — Não teria ousado nem esperar que você
seria a pessoa a responder ao meu chamado, Avar. A Heroína de Hetzal. De
novo.
Avar fez uma careta.
— Vamos conseguir, — disse Rhil. — Eu sei disso.
Avar os observou se afastarem na floresta que escurecia e, em seguida,
se virou e iniciou a lenta subida de volta para a nave.
CORUSCANT

— Você encontrou algo, — disse a Chanceler.


Eles acabavam de chegar à estação de pesquisa cooptada nos níveis
inferiores do Edifício do Senado. Keven Tarr estava esperando para
cumprimentá-los e indicou que se reunissem ao redor de uma das mesas
circulares que usavam para projetar holos e esquemas em grande escala. Ele
parecia mais do que um pouco aflito. Passou a mão pelos cabelos. Elzar
notou que ele estava nervosamente mexendo nas pontas das unhas.
— Sim, Chanceler, — disse Tarr, com o seu tom cauteloso. Ele olhou
para Elzar como se estivesse buscando solidariedade, e Elzar lhe deu um
pequeno aceno de encorajamento. — Pode não ser nada, mas é a primeira
fraqueza que identificamos.
— Uma fraqueza, — ecoou Soh. — O que é isso? Um caminho através
da Muralha de Tempestade?
— Não é tão simples, receio, — respondeu Tarr com um encolher de
ombros. — Não quero que você veja isso como mais do que é.
— Entendo, — disse Soh, claramente tentando manter a impaciência
fora de sua voz. — Você não está arriscando a sua carreira profissional com
isso ou algo assim.
Tarr engoliu em seco, então acionou um interruptor no holo terminal.
Lentamente, um mapa da Muralha de Tempestade se formou no ar diante
deles, uma teia de luzes pequenas, cada ponto representando uma das
sementes de tempestade, as boias adaptadas usadas pelos Nihil para gerar o
campo de perturbação em suas fronteiras.
— Isso é enorme, — disse Tarr, — como vocês sabem. Cada uma dessas
boias está pelo menos a um ano-luz de distância das outras. — Ele girou um
botão e a imagem se moveu. Uma das boias, um ponto único entre centenas,
estava marcada em vermelho intermitente em vez do azul constante.
— O que é isso? — disse Elzar.
— Nossa possível fraqueza, — disse Tarr. — Pode ser nada. Mas, pelo
que conseguimos perceber, essa boia parece estar falhando.
— E é isso? Uma única boia falhando? — disse Soh.
— Receio que sim, Chanceler, — respondeu Tarr.
Elzar apontou para o ponto vermelho intermitente.
— Você acha que poderia ser explorada? Já conversamos antes sobre
tentar destruir as boias, e você sempre aconselhou contra. Por que essa é
significativa? É mais fácil destruí-la?
Tarr mordeu o lábio inferior pensativamente.
— Não. Pelo menos, não acho isso. Mas não se trata de destruí-la. Veja
bem, a falha parece estar afetando a forma como a boia se comunica com as
suas vizinhas na rede. Enviando pulsos errôneos.
— Criando um buraco? — disse Elzar.
— Não, como eu disse, não é tão simples, — disse Tarr, balançando a
cabeça. — Ainda está gerando o campo de perturbação usual, pelo que
conseguimos perceber, mas seu campo parece ser temperamental. Nunca
fica desativado tempo suficiente para algo passar, mas definitivamente não
está funcionando corretamente. E ainda assim nenhum dos sistemas de
autorreparo da Muralha de Tempestade entrou em ação para substituí-la.
Eles ainda a reconhecem como uma parte viável da rede. É como se a sua
comunicação com as boias ao redor estivesse fora, retornando um falso
positivo.
— E como isso nos ajuda, Keven? — disse Soh. Ela suspirou. —
Desculpe, você terá que explicar de forma simples se eu devo entender o
que deixou o Almirante Kronara tão animado.
— Bem, já conversamos antes sobre tentar abrir um buraco na Muralha
de Tempestade destruindo boias...
— E você sempre argumentou que seria quase impossível manter
qualquer brecha por tempo suficiente por causa dos sistemas de autorreparo,
— disse Elzar.
— Certo, — disse Tarr. — Mas aqui está o ponto. Se conseguíssemos
eliminar todas as boias ao redor ao mesmo tempo...
— As que circundam a boia com a falha, certo? — disse Soh.
— Sim, — confirmou Tarr, — mas deixando a boia com falha intacta.
Pode haver uma chance, e eu enfatizo que é apenas uma teoria, de que a
boia com falha continue enviando esse falso positivo e engane os sistemas
de autorreparo tempo suficiente para enviar uma frota considerável através
da brecha. — Ele pausou, olhando para os rostos surpresos deles. — É
claro, há toda a probabilidade de que a Muralha de Tempestade se repararia
por trás de vocês, prendendo vocês lá dentro.
— Mas se pudéssemos levar embarcações suficientes antes desse
ponto... — disse Elzar. A sua mente estava começando a funcionar agora.
Formulando um plano.
— É um grande risco, — contra-argumentou Tarr. — Já expliquei isso
ao Almirante. Não há garantias. Eu aconselharia contra, na verdade. Pelo
menos até entendermos mais. Não temos certeza do que causou a falha ou
se a teoria está correta. Não há como testá-la sem enviar dezenas de naves
contra ela.
Elzar olhou para a Chanceler. Ela estava apoiada no canto do terminal,
com os lábios franzidos, olhando para o ponto vermelho que piscava como
se contivesse todas as respostas que ela procurava.
— É isso que estávamos esperando, — disse ela depois de um momento,
decisiva. — Vamos aproveitar essa oportunidade. A CDR já está pronta
para um ataque. Agora temos uma fraqueza para explorar. Vou dar a ordem
ao Almirante Kronara. Depois, vou lidar com Ghirra Starros.
— Concordo, — disse Elzar. Sentiu uma súbita onda de esperança. —
Vou falar com o Conselho imediatamente. — Eles certamente concordariam
com isso. Era a melhor chance que tiveram até agora. Uma frota inteira
dentro da Zona de Oclusão. Poderia mudar tudo.
Tarr permaneceu cauteloso. Ele estava olhando para Elzar, mas se
dirigindo a todos.
— Não estou convencido de que seja a panaceia que vocês estão
procurando. As chances de funcionar são tão pequenas.
Soh levantou a mão.
— Entendemos. Eu entendo. Mas às vezes, chances pequenas são as
únicas chances que temos. Veja se pode fazer uma simulação, você
consegue? Tente ter uma ideia de quanto tempo teríamos para passar as
nossas naves se pudéssemos forçar uma brecha. Me dê a resposta dentro de
uma hora.
— Claro. Mas eu não acho que você vai gostar da resposta, — disse
Tarr.
Elzar riu.
— Raramente gostamos, — ele disse.
CORUSCANT

Ghirra estava ficando impaciente. Entendia o jogo que Lina Soh


estava jogando, deixando-a remoer durante a noite em cativeiro. Era a
mesma tática que Ghirra teria usado se a situação fosse invertida.
Agora, porém, a manhã estava começando a se arrastar pela tarde, e não
tinha recebido mais nenhuma notícia, nenhuma visita, nada. Oh, havia
muita comida e bebida fresca, mas os seus nervos a traíam, e só conseguiu
comer um pequeno prato de frutas antes de desistir e recusar o resto.
O que a incomodava mais do que qualquer coisa era o medo de que
Marchion Ro fosse provado certo. Que ele soubesse que tinha falhado; que
a República tinha feito exatamente como ele previra e rejeitado as suas
tentativas de paz. A ideia a incomodava como uma coceira persistente.
No entanto, ainda havia uma chance. Tinha dado a Lina Soh muito o que
pensar e tinha visto a expressão no rosto da mulher quando saiu no dia
anterior. Estava tentada. Podia ver o sentido no que Ghirra estava propondo.
Tudo o que precisava era um pequeno empurrão e estaria pronta para fazer
um acordo.
Então Ghirra voltaria até o Olho com a cabeça erguida. O senado seria
um escudo contra as piores intenções de Ro, mas, além disso, concederia a
Ghirra ainda mais poder. Uma voz mais forte tanto entre os Nihil quanto na
galáxia em geral. A oportunidade de inclinar as coisas ainda mais ao seu
favor. O estilo de vida que sempre quis, livre de interferências dos outros,
com pessoas para comandar e outros para se curvarem aos seus pés.
Já havia decidido que passaria a maior parte do tempo aqui em
Coruscant. Encontraria um tutor para Avon, a educaria adequadamente na
vida diplomática. Supondo, é claro, que a sua filha desgarrada pudesse se
dignar a falar com ela. Mas isso era uma preocupação para outro momento.
Ghirra tinha que encontrar uma maneira de se libertar de Marchion Ro.
Para sobreviver ao que quer que viesse a seguir. Os Nihil teriam que mudar,
se transformar em algo diferente, quer ele quisesse ou não. E Ghirra tinha
que estar pronta.
Era a melhor maneira que conseguia pensar para se proteger e proteger
sua família.
Afastou-se da janela onde estava encarando o tráfego movimentado ao
som da porta deslizando aberta.
Dois guardas entraram, um humano e um Gand, seguidos de perto pela
própria Lina Soh.
Ela parecia cansada.
Ela olhou para Ghirra e indicou os sofás.
— Você não vai sentar?
— Eu prefiro ficar em pé, — disse Ghirra.
— Como desejar. — A Chanceler se sentou mesmo assim.
— Nenhum Jedi hoje? — disse Ghirra com um sorriso malicioso. Ela
não podia se conter, provocando a mulher pomposa.
— Hoje não, — respondeu Soh.
— Você considerou a minha proposta? — arriscou Ghirra. Ela estava
começando a ter um mau pressentimento sobre a maneira como Soh a
olhava. O conjunto duro de sua boca. O brilho desafiador em seus olhos.
— Eu considerei, sim. E embora haja algum mérito no que você tinha a
dizer, eu me vejo incapaz de aceitar o que você afirma serem os motivos
dos Nihil aqui. A verdade é, Ghirra, eu não confio em Marchion Ro. E não
confio em você. Duvido que eu possa confiar em você novamente. Como
posso esperar ficar diante do Senado e incentivá-los a reconhecer um novo
estado-nação construído sobre mentiras, assassinato e destruição
indiscriminada? Que continua a realizar ataques devastadores em
assentamentos periféricos, que, apenas dias atrás, assassinou um Mestre
Jedi e transmitiu isso para toda a galáxia, com Marchion Ro debochando da
República enquanto assistia? — Ela se levantou, o rosto marcado pela raiva
mal contida.
— Como posso garantir que o pior disso acabou quando não tenho
motivo para acreditar que Marchion Ro jamais deixará de tentar matar, ferir
ou minar todos os que personificam o que a República significa? Quando
ele ainda tem uma coleção de criaturas cujo propósito expresso e declarado
é matar Jedi?
Ela caminhou até ficar diante de Ghirra. Os guardas se retesaram.
— Eu entendo o dilema em que você se encontrou, Ghirra. Você apoiou
o lado errado, e agora está tendo arrependimentos. Você quer transformar os
Nihil em algo que não são. Quer vesti-los bem com um laço e apresentar a
sua boa face à galáxia. Mas nós lembramos. Nós todos lembramos. Eu
assisti enquanto pessoas morriam em Valo. Eu vi os Nihil cortando civis
para chegar aos Jedi. Bombardearam praças, hotéis e estruturas civis. — Ela
pausou, respirando rápido e superficialmente. — Eles riram, Ghirra. Eles
riram. — Ela olhou pra baixo, indicando a sua perna protética. — Eu perdi
a minha perna, mas eu assisti enquanto outros perderam muito mais. Filhos.
Irmãos. Pais. Vidas. Vidas reais. Não peões, nem peças políticas, nem
números em um relatório oficial. Você acha que posso perdoar isso? Sério?
— Ela deu um profundo suspiro, depois exalou lentamente. — Ambas
temos filhos, Ghirra. Será que realmente queremos que eles vivam em uma
galáxia onde não podem seguir com as suas vidas sem a ameaça constante
de que, a qualquer momento, terroristas possam descer sobre eles e matá-los
a eles e aos seus entes queridos?
Ghirra não respondeu. O seu coração estava acelerado.
— Marchion Ro a enviou aqui sob a fachada de negociar a paz, mas eu
não acredito que ele realmente busca uma solução pacífica. Acredito que
ele está nos provocando e a usando como peão para fazer isso.
Ghirra estava tremendo, e não sabia se era de raiva, medo, ou
simplesmente porque tudo o que Lina Soh acabara de dizer a ela era
verdade. Mas estava determinada a não mostrar. Não pra ela. Não assim.
— Você está cometendo um erro, Chanceler. Nós estávamos oferecendo
a você a melhor oportunidade que você jamais terá de encerrar esse
conflito. Você poderia ter sido uma heroína. Você poderia ter, sozinha,
inaugurado uma nova era de paz. Em vez disso, você recorreu às antigas
maneiras de curta visão da República. Essa é a razão pela qual todos nós
acabamos nessa situação em primeiro lugar. Porque os Nihil tinham algo
contra o que lutar. Esta era a sua chance de provar que estavam errados. De
abraçar a mudança e fazer a diferença.
— Ghirra, eles são assassinos sem remorso. Não estamos falando de
uma minoria oprimida aqui, buscando justiça através de rebelião. Isso eu
poderia entender. — Soh a encarou incrédula. — Estamos falando de
terroristas.
Ghirra voltou para a vista, mas tudo o que conseguia ver era seu próprio
reflexo, encarando-a.
— Então, o que acontece agora? Você me leva para uma cela enquanto
continua a sua guerra contra os Nihil?
— Não, — disse Soh. A sua voz era um grunhido seco. — Não. Você
pode ir. De volta ao seu povo, conforme concordamos. Não somos como os
Nihil, Ghirra. Você veio aqui em paz, e pode ir em paz.
Ghirra olhou para o reflexo de Soh no vidro da janela.
— Assim, do nada?
— Assim mesmo. Eu gostaria que as coisas pudessem ser diferentes,
mas é tarde demais.
Soh fez um gesto para os guardas.
— Mostrem-na e ao seu pessoal de volta à nave. Certifiquem-se de que
ela deixe Coruscant. — Ela se virou para sair. — Adeus, Ghirra. Espero que
não nos encontremos novamente.
— Não posso ser responsabilizada pelo que acontece a seguir, Lina.
Oferecemos a mão da paz, e você rejeitou. Lembre-se, foi a sua escolha.
A Chanceler nem sequer a cumprimentou, apenas saiu pela porta, com
as suas vestes de ofício roçando dramaticamente em seu rastro.
CORUSCANT

— Mestre Elzar, entendemos que você traz notícias. — O Grão-


Mestre Ry Ki-Sakka inclinou-se para frente em sua cadeira, chamando
Elzar para mais perto.
Elzar fez como lhe foi ordenado. A Câmara do Conselho Jedi estava
quase vazia, com apenas Ry e os Mestres Yoda, Lahru e Murag presentes.
Elzar teria pensado que uma audiência menor o faria sentir menos tenso,
mas isso não parecia ser o caso. De jeito nenhum.
Além do círculo de Mestres Jedi sentados, lá fora, acima da cidade, as
vias de tráfego também pareciam calmas, e uma chuva leve batia contra as
janelas. Era um tempo inauspicioso para uma reunião tão importante, mas
Elzar esperava que as coisas fossem mais a seu favor do que da última vez
que ele estivera exatamente no mesmo lugar.
— Sim, Grão-Mestre, — disse Elzar. — Acabo de sair de uma reunião
com Keven Tarr, que, como sabem, está liderando uma das equipes de
pesquisa do Conselho da República em busca de uma maneira de atravessar
a Muralha de Tempestade.
— Relatórios formais não tivemos, — disse Yoda em sua cadência
estranha e familiar. — Nenhuma notícia da equipe de pesquisa.
— Eu sei, — disse Elzar. — Participei do reunião da Chanceler e vim
encontrá-los imediatamente. Os relatórios formais sem dúvida virão, mas
senti que não podia esperar.
Mestre Yoda levantou uma sobrancelha inquisitiva.
— A equipe acredita ter encontrado uma possível fraqueza na Muralha
de Tempestade, — continuou Elzar, com o seu coração pulsando. — É uma
boia hiperespacial reaproveitada que está com defeito. Parece estar gerando
um falso positivo, enganando inadvertidamente as boias vizinhas para
pensar que ainda está estável. Tarr acredita que podemos usá-la a nosso
favor se destruirmos as boias circundantes em um ataque coordenado. Pode
ser o suficiente para ajudar a manter uma brecha temporária e permitir que
uma frota passe para dentro da Zona de Oclusão.
— Querer não é possível, — disse Yoda, com um tom de advertência em
sua voz.
— E ainda assim, este é precisamente o tipo de oportunidade que
estávamos procurando, — disse Ry, inclinando-se para frente em sua
cadeira. — A frota conseguiria retornar, Elzar, pela mesma brecha?
— Não sabemos, — disse Elzar. — Tarr teoriza que o defeito seria
descoberto e a Muralha de Tempestade provavelmente se repararia antes
que a frota tivesse tempo de fazer o retorno. A menos que eles pudessem
encontrar uma maneira de destruir os mecanismos que controlam a Muralha
de Tempestade de dentro.
— Mesmo assim, — disse Ry, pensativo, — uma frota inteira dentro do
espaço dos Nihil. Pode ser o suficiente para virar o jogo contra Marchion
Ro.
— E ainda não temos noção da escala da armada dos Nihil que eles
enfrentariam do outro lado, — advertiu Keaton Murag. — Ou quantos dos
Inomináveis eles poderiam usar contra qualquer Jedi que se encontre preso
e incapaz de retornar.
— De fato, — disse Yoda. — Os Inomináveis ainda representam uma
terrível ameaça. Eles devem permanecer como a nossa prioridade.
— E a Chanceler? — perguntou Ry. — Diz muito que ela não voltou
para falar conosco desde o nosso último encontro.
Elzar assentiu.
— A Chanceler já está informando o Almirante Kronara. O Conselho da
República fará o seu ataque, com ou sem nosso apoio. Eu não acredito que
ela culpe o Conselho por discordar de seu plano. Mas também acredito que
ela espera que o Conselho reconsidere o apoio agora que a chance de
sucesso parece ter mudado significativamente a nosso favor.
Ry concordou com a cabeça.
— Também acredito que devemos ficar atentos ao que Marchion Ro fará
em seguida, após o fracasso de suas chamadas negociações de paz.
Acreditamos que a Chanceler Soh tomou a decisão certa em negar o pedido
deles de ingressar no Senado. Mas isso nos deixa abertos a uma retaliação.
— Marchion Ro continua sendo uma grande ameaça para todos nós. Ele
ainda controla uma coleção das criaturas Inomináveis que claramente
pretende usar para destruir os Jedi, — disse Murag. — Ele vive para o caos
e a perturbação em detrimento da governança e da estabilidade. Eles podem
querer nos fazer acreditar que ele oferece paz, mas eu não acredito, nem por
um minuto, que isso seja verdade. Todas as evidências apontam para o
contrário.
— Elzar? — disse Ry.
— Concordo. Acho que Ro responderá à rejeição do Senado da única
maneira que ele conhece: com violência. Acredito que ele atacará a
República ou os Jedi. Ele procurará a próximo Farol Luz Estelar, ou Valo, e
atacará sem hesitar. E ele tem as ferramentas à disposição para fazê-lo.
— Isto faz sentido, — disse Yoda. — Vejo a lógica nisso.
— Estamos esperando que eles deem outro passo contra nós há algum
tempo, — disse Ry. — Acredito que esta rejeição poderia precipitar isso.
Talvez esse tenha sido o plano de Ro o tempo todo, de usar a diplomacia
como arma contra nós.
— Cada um dos meus argumentos anteriores permanece verdadeiro, —
disse Elzar. — Talvez até mais agora. Precisamos mostrar à galáxia que nós
vamos proteger os seus cidadãos. Outro desastre, outra perda, e perderemos
a confiança daqueles que estão ao nosso lado. Precisamos agir.
— E você acredita que essa fraqueza que Tarr e a sua equipe
identificaram será o suficiente?
Elzar encontrou o olhar de Ry.
— Tem que ser, — ele disse. — Nós temos que fazer ser o suficiente.
— A sua tenacidade lhe faz justiça, Elzar, — disse Ry. — E ainda assim
não podemos ignorar a ameaça dos Inomináveis. As nossas prioridades não
mudaram.
— Você está certo. Eu sei, — disse Elzar. — Tenho certeza de que a
chave para resolver tudo isso está em desvendar os segredos dos
Inomináveis. Mas também acho que estamos correndo assustados, assim
como Mestre Yoda disse outro dia. A ameaça dos Inomináveis não é apenas
física, mas existencial. Eles desafiam a nossa própria existência, os
princípios fundamentais de nossas crenças. Eles nos levam a questionar
quem somos.
Elzar olhou de um mestre sentado para outro.
— Mas quem somos nós, se não Jedi? Guardiões. Pacificadores.
Protetores. Sim, há um risco, mas é um que eu aceitarei de bom grado se
nos aproximarmos de parar os Nihil, de libertar os mundos da Zona de
Oclusão. Enquanto alguns dos melhores entre nós buscam entender os
Inomináveis, encontrar os meios para combatê-los, certamente é certo que o
restante de nós faça tudo o que pudermos para anular essa ameaça de outras
maneiras?
Desviou o olhar, incapaz de encarar Ry enquanto antecipava a
repreensão iminente.
Em vez disso, foi Mestre Yoda quem falou primeiro.
— Com Elzar, eu concordo. Chegou a hora. Não podemos ignorar esta
oportunidade.
Ry olhou para o Mestre Murag.
— Murag?
— Concordo. Há riscos graves, mas não devemos permitir que a
República suporte o peso deste ataque sozinha. Precisamos agir.
— E você, Mestre Lahru?
— Estou inclinado a concordar, — disse Lahru. — Se essa suposta
fraqueza na Muralha de Tempestade puder ser explorada, então eu digo que
damos a Mestre Elzar a oportunidade que ele está esperando. Nós ajudamos
a República e levamos a batalha aos Nihil.
— E ainda assim, — continuou com um suspiro, — em todos os nossos
cálculos, não devemos esquecer que a liberdade de vários bilhões de seres
sencientes está em jogo. Qualquer verdadeira oportunidade de libertá-los
deve ser agarrada com ambas as mãos. A eliminação dos Nihil continua
sendo uma preocupação secundária.
— Concordo, — disse Elzar, sentindo uma súbita inundação de
esperança. Virou-se, encontrando o olhar firme de Ry. — O que você diz,
Grão-Mestre?
Ry acenou com a cabeça, pensativo.
— Lahru e os outros estão certos. Agora é hora de agir. Precisamos
mostrar, não apenas à galáxia, mas aos próprios Nihil, que não recuaremos
dessa luta. Que continuaremos lutando pela liberdade dos cidadãos da
República e além; para deter a mão da opressão. E que lutaremos por nós
mesmos e por nossa própria existência diante da ameaça dos Inomináveis.
— Ry olhou para cada um dos outros membros do Conselho
sucessivamente. — Assim, por uma votação unânime, damos a você a
permissão para reunir uma frota de Vetores Jedi e se juntar ao Conselho de
Pesquisa da República em sua tentativa de romper a Muralha de
Tempestade.
Elzar ficou por um momento, atordoado e sem saber o que dizer.
— Obrigado. Não vou decepcioná-los.
— Que a Força esteja com você, Elzar Mann.
Curvou-se e depois recuou, com a sua mente girando. Era isso.
Finalmente, eles o ouviram.
Finalmente.
Dirigiu-se à porta, sentindo-se mais alto do que em meses.
Estou indo, Avar.
Aguente um pouco mais.
Estou indo.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Viess passeou pelos corredores da fortaleza dos Nihil usando um


sorriso como o de um gato tooka que tinha capturado uma erva daninha
fresca. Atrás dela, um de seus seguidores, um Halisite de baixo escalão
chamado Quith Meglar, arrastava um grande saco de pano contendo um
peso morto pesado. Ele deslizava pelas placas de metal irregulares, batendo
ocasionalmente contra as paredes.
Viess parou na entrada da sala do trono do Olho e acenou para os dois
She'ar que estavam de guarda para deixá-la passar.
Para a sua imensa satisfação, eles se afastaram sem questionar, acenando
silenciosamente para ela passar.
Marchion Ro estava sentado languidamente em seu trono, meio
observando os dois Nihil humanos se espancarem até a morte no chão
vários metros abaixo dele. Um deles, uma mulher, tinha um olho
ensanguentado que parecia ter sido cegado por uma unha afiada, enquanto o
outro, um homem barbado, estava agarrando desesperadamente a garganta,
aparentemente nas últimas convulsões de sua existência..
Viess parou para assistir, cruzando os braços e rindo enquanto o homem
tombava, com o seu rosto ficando de um vermelho escuro, antes de ficar
imóvel.
A mulher rosnou em triunfo, cambaleando para os pés. Fitas de sangue
fluíam por sua bochecha machucada. Viess notou que o seu braço estava
aberto como uma costura, carne rosa visível do ombro até o cotovelo. Ela
precisaria ver um cirurgião, e um bom; caso contrário, a infecção se
instalaria, e ela estaria morta em uma semana.
Tal era a vida de um Nihil. Viess via como talvez a forma mais pura de
existência: os fortes sobreviviam. Mas geralmente apenas por alguns dias
ou semanas. Eram os astutos que conseguiam sair vivos. Aqueles que
persuadiam, convenciam ou enganavam outros a fazerem o trabalho sujo
por eles. A maioria dos Nihil não eras inteligentes o suficiente para
perceber isso e continuava se dilacerando na caça desesperada pela glória,
muito para a diversão de Viess.
A lutadora deu um passo vacilante em direção ao trono. Parecia que ela
não duraria uma hora, quanto mais a noite toda.
— Olho? — ela murmurou.
Ro, com a sua expressão escondida por trás de sua máscara sempre
presente, grunhiu para a mulher sangrando em reconhecimento.
— A nave é sua. Se você ainda puder voá-la.
A mulher murmurou algo devidamente deferente e depois se virou e se
afastou, deixando o cadáver de seu ex-comandante aos pés de Ro.
Ele acenou pra ele.
— Jogue isso no compactador de lixo.
Dois She'ar a mais se apressaram por trás do trono para arrastá-lo sem
cerimônia, deixando manchas de sangue arterial no chão.
— Pouco higiênico, — disse Viess.
Ro olhou ao redor, notando-a pela primeira vez. Ele levou um momento
para falar, e quando o fez, foi uma declaração simples. — Você está de
volta.
— Estou.
— E vejo que você tem um prêmio. A sua pequena viagem a Daedus foi
um sucesso, suponho? — Ro inclinou-se para frente em seu trono, e Viess
imaginou os olhos negros famintos por trás da máscara, desesperados por
mais um brinquedo. Uma criança constantemente necessitada de novos
brinquedos. Nos dias de hoje, tais coisas pareciam ser tudo o que despertava
o Olho de seu desinteresse como um transe.
Hoje, no entanto, ele ficaria desapontado. Mas só um pouco.
— Foi, mas talvez não da maneira que você imagina, meu Olho, — disse
ela, diplomaticamente.
— Se você matou o Jedi, General, talvez eu não consiga perdoar você.
Você deveria tê-lo trazido de volta vivo. — As palavras pingavam de
ameaça, e Viess sabia muito bem que Marchion Ro não fazia ameaças
vazias. Afinal, só aprendeu com os melhores, e levou o seu exemplo a sério.
Além disso, não era o cadáver de Porter Engle no saco.
Balançou a cabeça.
— O Jedi se foi quando chegamos. Aquele idiota do Nool o assustou.
Engle matou todos eles e fugiu.
Ro murmurou uma maldição Evereni por baixo da respiração.
— Nool? Ele não estava lá só como isca, para tentar atrair o Jedi?
— Sim. Embora ele não soubesse disso. Claramente, ele tinha ideias
acima de sua posição.
Ro a estudou, como se a avisasse para não cometer o mesmo erro.
— É bom que o Jedi tenha matado os tolos. Caso contrário, teríamos que
fazer isso nós mesmos.
Viess riu.
— Ele não pode ter ido longe. Está viajando em uma nave velha e
surrada. Encontramos evidências de seus reparos improvisados. Os droides
carniceiros devem estar desmontando a nave toda vez que ele deixa a
atmosfera de um planeta. Nós o alcançaremos novamente em breve.
— É melhor que sim. Prometi a Boolan. Ele está ficando ansioso,
falando sobre usar a sua própria equipe para encontrar cobaias. Você não
gostaria que ele a tornasse redundante, — disse Ro.
— Boolan não me preocupa, — disse Viess. — Eu sei o meu valor. A
questão é, ele sabe? — Ro ficou em silêncio por um momento. — O que há
no saco?
Viess acenou para o Halisite. Ele deu uma reverência piedosa para Ro e
arrastou o saco diante do trono.
— A coisa interessante, — disse Viess, — é que Engle não mordeu a
isca. Ele não estava interessado em Nool.
— Então por que ir para Daedus? — disse Ro. — Não há nada lá.
— Isso é o que eu pensava. Até eu encontrar isso. — Ela fez um gesto
para Meglar abrir o saco. Ele fez isso, descascando o tecido grosseiro para
revelar a carcaça surrada de um antigo droide dentro. Estava desligado e
sem vida.
— Um droide? — Ro praticamente cuspiu a palavra. — O que é isso,
Viess?
— Não é apenas qualquer droide, — disse Viess, ignorando o desprazer
ignorante de Ro. — É um modelo antigo EX. O tipo que a República
costumava usar para enviar mensagens a longas distâncias, muito antes de
existirem rotas mapeadas de hiperespaço.
— E?
— Engle estava retirando peças de um antigo local de queda para
reconstruí-lo. Por algum motivo, ele obviamente achou que seria capaz de
passar pelo Muralha de Tempestade, onde outras transmissões o haviam
decepcionado.
Ro olhou para o droide.
— Veja como estão desesperados. Quão rebaixamos os Jedi? Que eles
estão cavando nas ruínas de antigas naves estelares, procurando maneiras de
voltar ao passado. — Ele ficou de pé, rolando o droide com a borda de sua
bota. — Ele abandonou isso quando fugiu?
— Não, — disse Viess. — Está completo. Interceptei-o em órbita baixa.
Ele esperava enviar uma mensagem de volta para Coruscant.
Ro agachou-se, sondando o droide com as mãos.
— Ele realmente achava que essa velha sucata poderia burlar a Muralha
de Tempestade?
— Parece que sim, pois é.
Ro se levantou e pisoteou-o, descendo com tanta força que uma de suas
pernas se soltou, e uma grande rachadura apareceu em sua carcaça externa.
Então ele fez novamente.
E novamente.
Até que o droide ficou mutilado e quebrado aos pés de seu trono.
Depois, sem fôlego, ele olhou pra Viess. Um silêncio desceu sobre o
resto da sala. Ele apontou para o droide destruído.
— Cada esperança e sonho do Jedi estão quebrados aos pés do meu
trono.
Viess sorriu.
— Exatamente.
— Estou cansado, — disse Ro. Ele fez um gesto para os seus She'ar,
pegou o seu capacete e saiu da sala.
Viess o viu sair.
— Isso correu bem, — disse Meglar quando estavam sozinhos.
Viess o atingiu na parte de trás de sua cabeça com a sua greave de metal
por sua insolência.

Mais tarde, quando o resto dos Nihil estava dormindo ou festejando, uma
figura única entrou sorrateiramente na sala do trono vazia, tendo o cuidado
de não perturbar nada na penumbra.
Ele parou por um momento no limiar, prendendo a respiração, esperando
silenciosamente para garantir que não estava sendo observado. O crista
óssea em sua cabeça brilhava em um azul profundo e rico, quase invisível
na escuridão. O suor ardia em seus olhos. O seu coração batia como um
tambor retumbante em seu peito.
Quando estava certo de que estava sozinho, Quith Meglar atravessou até
os destroços do velho droide ainda espalhados após o acesso de raiva do
Olho.
Sabia que os destroços não seriam perdidos. Ro, Viess e os outros
assumiriam que os She'ar ou algum subordinado o haviam descartado,
assim como o corpo do humano morto que eles jogaram no lixo.
Pra ele, no entanto, os restos do droide eram o seu bilhete para comprar
a confiança da Jedi, Avar Kriss. Dando isso a ela, mostrando que há outro
Jedi ainda vivo por aí, talvez permitindo que ela reconstrua a mensagem do
outro Jedi a partir do arquivo de memória do droide. Se ela conseguisse
reconstruir a mensagem e enviá-la para Coruscant, ainda poderia concluí-la,
concluir a sua missão.
Certamente seria o suficiente para conquistá-la. Um gesto que ela não
poderia ignorar.
Não é que se importasse com o que a Jedi pensava dele. Ou que tivesse
alguma agenda além de comprá-la lealdade. Só queria que ela estivesse do
seu lado tempo suficiente para ajudá-lo a sair, e o que importava pra si se a
mensagem do outro Jedi chegasse ou não a Coruscant? Já teria ido embora
há muito tempo.
Era apenas mais um risco além de tantos que ele já tinha corrido.
Recolheu os pedaços do droide de volta para o saco, embrulhou-o
cuidadosamente e o içou sobre o ombro.
Então, ainda tentando não fazer barulho, saiu da sala do trono e voltou
para os seus aposentos, onde esconderia o droide embaixo de sua cama até a
hora de partir, ao lado de Melis Shryke e da tripulação da Cacofonia em
apenas algumas horas.
ESPAÇO DA REPÚBLICA, LIMITE DA ZONA DE OCLUSÃO

— Vamos apenas revisar mais uma vez, — disse Elzar.


Estava de pé na movimentada ponte da Proa Longa Shattersong,
olhando para fora da tela frontal para o que parecia ser apenas um vasto
trecho de espaço silencioso e vazio.
Nem conseguia identificar os destroços ou asteroides à deriva, nem
nuvens gasosas ou destroços de satélites antigos.
Só... nada.
Nada além das estrelas distantes.
Lá fora, no entanto, invisível aos olhos humanos, estava a vasta barreira
da Muralha de Tempestade dos Nihil. Uma fortaleza que se estendia como
uma falha através da galáxia. Uma cicatriz.
Elzar conseguia vê-la piscando nos monitores de leitura, demarcada
como uma linha ondulante de vermelho intenso. Tentar entrar no
hiperespaço em sua proximidade, ou passar por uma via que a dividisse, e a
nave seria puxada para fora em pedaços pequenos, às vezes
explosivamente. Isso, ou ela desapareceria para sempre, presumivelmente
seria jogada em uma das zonas de morte que os Nihil haviam se gabado de
usar como alvo de prática tiro.
Era simples e eficaz.
Muito eficaz.
Ao lado de Elzar, Keven Tarr coçou a parte de trás da cabeça. Elzar
podia dizer que o homem estava nervoso. Ele fora quem formulou este
plano e carregava o peso das expectativas sobre os seus ombros.
— A Força está conosco, Keven. E lembre-se, se isso não funcionar, não
há mais nada que você poderia ter feito. A Chanceler ordenou esse ataque.
Eu insisti com o Conselho. Eu sou quem lutou para ter essa chance. — Ele
sorriu. — Dito isso, por favor, me diga que vai dar certo...
— A verdade é, Mestre Elzar, eu não faço ideia se vai funcionar ou não,
— disse Tarr, inclinando-se para uma honestidade sombria em vez de
humor. — Mas eu acredito que é a melhor chance que temos. Na teoria
funciona...
— Então, isso é suficiente para mim, — disse Elzar, não desejando
entrar em uma conversa sobre as probabilidades relativas de sucesso. Já
conhecia os números. Mas simulações e modelos eram apenas isso, não
eram? Suposições. Previsões. E não importa o que os modelos diziam, Elzar
tinha esperança. A esperança poderia levar as pessoas longe. A esperança
era o que os diferenciava dos narcisistas como os Nihil. — Então, me guie.
O que acontece a seguir?
Ao redor da Shattersong, mais e mais naves estavam chegando, saindo
do hiperespaço para ocupar as suas posições na grande formação. Uma frota
inteira.
Vinte naves da CDR. Oito Vetores Jedi, pilotadas por velhos amigos
como Indeera Stokes, Nooli Grang, Reede Somas. Bell Zettifar e Burryaga
a bordo de sua nave de patrulha da classe Pacificadora, a Tratado.
Tudo pronto para o ataque.
A pedido de Elzar.
Isso que é comandar, Stellan? É assim que se sente? Como um nó no
fundo do estômago e os olhos da galáxia observando cada movimento seu?
Se for isso, não tenho certeza de que gosto.
Mas era tarde demais para tais pensamentos agora. Estava fazendo o que
precisava ser feito. O que deve ser feito. Hoje, a Muralha de Tempestade
seria violado.
Em outros lugares, a anos-luz de sua posição de comando, outras naves
estavam dispostas em cinco locais separados, prontas para descarregar os
seus canhões de laser sob o comando de Elzar. Para destruir os boias de
hiperespaço que Tarr identificara como seus principais alvos. Eles
eliminariam seis, trabalhando simultaneamente, e, quando a brecha
estivesse clara, as naves da CDR ativariam as suas unidades de hiperespaço
e passariam por ela. As naves nos outros cinco locais tentariam manter a
brecha aberta o máximo possível em seu rastro.
E o tempo todo, a boia com defeito estava lá, piscando no monitor
enquanto continuava a enviar leituras errôneas.
Ao fundo, as comunicações chiavam à medida que cada nova nave
chegava, registrando a sua posição e sendo reconhecida pelo oficial chefe
de comunicações da Shattersong, uma Pantorana chamada Aliss, que
parecia ter uma incrível aptidão para idiomas.
— É realmente bastante simples, — disse Tarr, como se estivesse
envergonhado pela falta de complexidade em seu próprio plano. — Uma
vez que a brecha estiver aberta, daremos a ordem. A Outpath será a
primeira nave a fazer a sua movimentação.
A Outpath era outra Proa Longa, mas não fazia parte da frota de ataque
propriamente dita. Em vez disso, fora equipado com um piloto droide
sacrificial, cuja memória fora copiada, replicada e transferida para um
invólucro de substituição, que seria o primeiro a pular através da brecha. Se
a Outpath fosse bem-sucedida e a Shattersong recebesse uma transmissão
clara do outro lado, então Elzar daria a ordem para o resto das naves
saltarem.
A partir daí, as naves aguardariam cada uma fazer um salto para o
hiperespaço até um ponto de encontro do outro lado da Muralha de
Tempestade, onde a força de ataque se reagruparia, pronta para enfrentar os
Nihil.
— Depois que a Outpath passe com segurança, — continuou Tarr, —
teremos uma janela de vários minutos para ingressar. Depois disso, não
podemos ter certeza. A Muralha de Tempestade pode começar a tentar se
curar, restabelecendo os pulsos fractais que causam a interrupção do
hiperespaço.
— Significando que ficaremos presos lá dentro, — disse Elzar.
— Com muita potência de fogo e uma frota completa de naves, — disse
Tarr. — Além disso, os Nihil não estarão esperando por nós.
— Olha, você agora está começando a parecer otimista também. —
Elzar disse rindo.
Tarr riu.
— Suponho que seja contagioso. — Ele estudou o rosto de Elzar, de
repente sério. — Você realmente acha que podemos fazer isso?
— Eu não estaria aqui de outra forma, — disse Elzar.
— E quando estivermos dentro? E agora?
— Achamos Marchion Ro e o impedimos. Descobrimos como ele está
controlando a Muralha de Tempestade e o derrubamos de uma vez por
todas.
— Soa tão simples, — disse Tarr.
— É simples, — respondeu Elzar. — E não é tão diferente das táticas
que os Nihil usariam. Assim como um de seus ataques. Bater e pegar. Abrir
caminho, fazer o que precisa ser feito. Às vezes, para derrotar o seu
inimigo, você tem que pensar como o seu inimigo.
— Um jogo perigoso, — alertou Tarr. — Se usarmos as táticas do
inimigo, o que nos separa deles? O que nos faz melhores?
— Os nossos motivos, — disse Elzar.
— Tenho certeza de que eles argumentariam a mesma coisa, — disse
Tarr. — Alguém realmente pensa que é o vilão?
Elzar lhe lançou um olhar.
— Agora não é o momento para um debate filosófico.
— Não. Eu não suponho que seja.
Eles observaram a tela por um momento em silêncio.
Ainda nada. Elzar meio que esperava ver algum sinal de que os Nihil
estavam se reunindo do outro lado da Muralha de Tempestade. Que estavam
preparando as suas defesas ou se movendo para tentar frustrar o plano dos
Jedi. Mas não havia nada. Nenhum sinal de que os Nihil sequer
suspeitassem deles.
Pensou então em Ghirra Starros, de volta ao ninho da serpente do outro
lado da Muralha de Tempestade. Repreendida pela Chanceler para voltar
aos Nihil com o rabo entre as pernas. E agora isso. A República à porta
deles, e Ghirra não poderia ter ideia, não poderia oferecer a Marchion Ro
nenhum aviso do que estava por vir, apesar de ter estado no coração da
República por dois dias.
— Aliss? — chamou Elzar. — Qual é a nossa situação?
— Todas as naves presentes e em posição, senhor.
Elzar hesitou diante do tratamento honroso. Não era oficial, não era
capitão. Mas ele não repreendeu o Pantorano, que claramente só usara isso
como um sinal de respeito.
— Obrigado.
— Bell? Burryaga? — Como uma das maiores naves da frota, a Tratado
era fundamental para os seus planos de lançar um ataque aos Nihil do outro
lado da Muralha de Tempestade.
— Estamos prontos, — respondeu Bell, através da comunicação
crepitante. — Apenas esperando a chance de mostrar aos Nihil do que
somos feitos.
— Preparado. — Elzar olhou ao redor para os outros na ponte, todos o
observando, todos esperando com a respiração suspensa. Até mesmo JJ-
5145 estava lá, logo dentro da porta, uma mostra de solidariedade com o
seu mestre adotivo. Inclinou a cabeça para um lado enquanto observava
Elzar.
A visão do droide mexeu com algo profundamente desconfortável
dentro de Elzar. Uma sensação de descontentamento. De solidão absoluta.
Memórias piscavam como sonhos meio esquecido. A expressão no rosto
de Stellan na última vez no Farol Luz Estelar, quando já tinha aceitado o
seu destino. A expressão no rosto de Avar quando Elzar contou a ela o que
havia feito a Chancey Yarrow. A falta de reconhecimento quando ele se
olhou no espelho no dia em que voltou para Coruscant.
Esta era a primeira vez que saía de Coruscant desde que retornou de
Eiram. A primeira missão pela qual ele assumira responsabilidade. E ambos
os seus âncoras se foram.
Ficou por um momento na ponte da Shattersong, desejando que a mão
de Stellan batesse no seu ombro, desejando poder ouvir uma palavra de
encorajamento de seu amigo mais querido.
E Avar. Como ansiava por corrigir as coisas. Conversar com ela. Pedir
desculpas por colocar a sua própria vergonha e confusão acima das
necessidades dela.
Como desejava que ela estivesse lá ao seu lado. Tomando essas decisões
para que não precisasse.
— Mestre Elzar?
Virou-se para ver Tarr o observando, uma ruga de preocupação na testa.
Elzar engoliu em seco.
— Faça isso, — disse ele. — Vamos acabar com isso de uma vez por
todas.
Aliss deu o comando.
— Fogo! Todos, fogo! Em seus alvos, agora!
As armas da nave explodiram como um leviatã despertando, com as
torres de armas batendo, canhões de laser cuspindo. Mais luzes brilharam
quando o alvo da boia de hiperespaço da Shattersong foi atingido por
projéteis.
O barulho era horrendo. Um chilrear ensurdecedor de destruição. Um
rugido de aniquilação.
Luz.
Chama flamejante.
Clarões.
Uma onda de choque como uma placa tectônica sendo atingida, como
um tapete sendo puxado de debaixo da Shattersong.
Alarmes.
Gritos.
Tarr agarrou a manga de Elzar.
— Funcionou! Funcionou! A boia está fora.
Elzar olhou para o técnico com olhos arregalados e descrentes.
Tinha funcionado. A primeira boia estava fora.
— Aliss? — chamou Elzar, berrando sobre o barulho.
Ela ouviu o seu comunicador por um momento, filtrando mensagens
urgentes das outras equipes.
— Quatro fora!
Elzar mal podia acreditar. Estava funcionando.
— Cinco!
O som do bombardeio havia desaparecido agora, e o silêncio caiu sobre
a ponte. Todos estavam olhando para Aliss enquanto ela esperava o
relatório da última equipe.
O momento se esticou, quase febril.
E então:
— Seis! Temos seis boias fora!
O coração de Elzar parecia que estava tentando se libertar de seu peito.
— Temos uma brecha! — Tarr deu um passo à frente, estudando
apressadamente os monitores. Elzar pôde ver por cima do ombro que a
linha vermelha indicando a barreira da Muralha de Tempestade tinha uma
ferida aberta, escancarada.
— É grande o suficiente?
Sem resposta.
— Keven! É grande o suficiente?
Tarr virou, acenou com a cabeça.
— Sim! E parece estar segurando.
— Agora! — chamou Elzar. — Envie a Outpath agora!
— Sim, senhor, — disse Aliss. — Outpath. Vamos. Repito. Estamos
indo.
O piloto droide, designado A2-D6, expressou a sua compreensão com
uma sequência abafada de bipes e deets.
Coletivamente, cada ser na frota prendeu a respiração. Elzar sentiu a
tensão se espalhar pela tripulação ao seu redor, como uma ondulação nas
águas da Força.
Isso tem que dar certo.
Por favor, que dê certo.
Acima deles, um rugido.
Mais alto.
Mais alto.
Até preencher toda a parte sensorial de Elzar. Até não haver mais nada
além da iminente Outpath. Até tudo ter sido reduzido a esse único ponto,
essa diferença binária entre o sucesso e o fracasso.
Elzar manteve os olhos fixos na tela frontal.
A Outpath deslizou sobre eles, lançando uma sombra profunda através
da Shattersong. E então estava passando, ganhando velocidade, com os seus
propulsores enchendo a tela para que Elzar tivesse que momentaneamente
proteger os olhos do brilho.
Pra frente.
Mais rápido.
Mais rápido.
A Outpath socou no hiperespaço.
E então:
Silêncio.
Elzar correu para a estação de comunicação.
— Eles podem me ouvir?
Aliss apertou um botão.
— Sim.
— Aqui é o Mestre Elzar Mann. Temos uma brecha. Vão. Vão agora!
Um chiado de afirmação.
A frota de ataque começou a se mover.
Elzar correu de volta para o lado de Tarr, espiando pela tela.
Outro Proa Longa deslizou, acelerando em direção à brecha. Um
segundo seguiu. E um terceiro.
Elzar sentiu um jorro de euforia.
Era para isso que estava lutando. Era isso que queria por tanto tempo. A
chance de revidar. De levantar um punho de desafio e mostrar aos Nihil que
a República não estava derrotada. Que o Farol Luz Estelar definitivamente
não era o fim.
As três primeiras naves estavam se aproximando da Muralha de
Tempestade.
A nave líder atingiu a brecha... ...ativou o seu hiperdrive... ...e explodiu.
Elzar experimentou como se estivesse em câmera lenta. Viu a proa do
Proa Longa torcer, como se algum gigante terrível e invisível simplesmente
tivesse agarrado a nave em suas mãos e torcido o nariz da cabeça de
martelo bem fora. Uma cadeia de explosões irrompeu ao longo de seu
comprimento, a integridade da embarcação perdida em um segundo.
Ela floresceu, uma flor de destroços, ar, chama e sangue.
Era tarde demais para a segunda nave. E para a terceira.
Elzar ouviu os seus gritos pelo comunicador, sentiu a onda repentina e
brutal de perda através da Força como um tsunami, lavando-o, arrastando-o
para baixo com a sua ressaca.
Outra explosão.
E outra.
Mais naves, agora comprometidas, incapazes de desengatar os seus
hiperdrivees a tempo.
— Parem! Parem! — Ele percebeu que estava gritando.
Mas mais três naves de guerra floresceram, arrancados do hiperespaço
como destroços retorcidos, antes que finalmente, o restante da frota
conseguisse recuar.
Quase um terço deles havia sido perdido. Em questão de momentos.
Oito Proa Longas. Um Vetor.
O Vetor do Cavaleiro Jedi Reede Somas.
Todos os soldados da CDR. Tripulações. Capitães.
Tanta gente só... desaparecida.
Elzar cambaleou, se apoiou na estação terminal ao lado de Tarr.
— O que... — Ele não precisava terminar a frase.
Tarr estava olhando para os dados com acusação, como se fossem de
alguma forma culpados por esse terrível, terrível erro.
— Estava lá. A brecha estava lá.
Sentindo náuseas, Elzar estudou a tela. A linha vermelha da Muralha de
Tempestade estava inteira, completa, ininterrupta.
— Se reparou. Se consertou tão rapidamente... — Tarr baixou a cabeça,
cabelos soltos caindo sobre o rosto.
— Mestre Elzar, senhor? Os outros estão aguardando ordens, — veio a
voz de Aliss, pequena e tensa.
— Diga a eles para recuarem, — disse Elzar, com a voz trincando.
Ele levantou a cabeça, olhando para a visão antes vazia.
Agora havia destroços por toda parte. Não havia como alguém ter
sobrevivido. As naves destroçadas eram apenas pedaços amassados de lixo,
flutuando sem rumo no espaço, dilacerados pela ferocidade de sua saída não
desejada do hiperespaço.
Todas essas pessoas.
Todas essas vidas.
O que eu fiz?
Elzar mal conseguia respirar. Estava se afogando, incapaz de
desembaraçar as emoções tumultuadas, a culpa, a vergonha, o horror, a dor.
Incapaz de se concentrar, de pensar claramente o suficiente para buscar paz
e calma.
Tudo o que faço termina em sofrimento.
Será que sou realmente tão cego?
Tão perdido?
Stellan nunca teria cometido esse erro.
Deveria ter sido eu a ter caído com o Farol, não ele.
Eu não sou bom o suficiente.
Desculpe, Avar. Eu nunca serei bom o suficiente.
Do lado de fora, ainda não havia sinal dos Nihil. Nem uma única
indicação de que eles estavam cientes da tragédia que acabara de se
desdobrar em sua fronteira. Se estivessem, provavelmente estavam rindo.
Ele conseguia ouvir as suas vozes agora; imaginar as suas zombarias.
Olhe para os Jedi. Olhe para eles. Jogando-se voluntariamente no
abismo. Fazendo o nosso trabalho por nós.
Elzar percebeu que estava tremendo. A raiva queimava em suas veias.
As suas mãos se fecharam em punhos, tão forte que as unhas afundaram nas
palmas.
— Onde estão eles? — ele rosnou. — Onde estão os Nihil? Por que eles
não se mostram? Por que não lutam?
Ele queria gritar o nome de Marchion Ro no vazio.
Onde você está!
Ele sentiu o braço de Tarr envolvendo os seus ombros, segurando-o.
— Mestre Elzar?
Elzar tentou respirar. Tentou buscar as suas memórias de Orla, da
mensagem que ela havia transmitido, das técnicas que ela lhe ensinara para
se concentrar na luz.
Mas tudo o que ele conseguia ouvir eram os gritos dos moribundos,
tocando numa repetição constante em sua cabeça.
Eu sinto muito.
É tudo culpa minha.
— Nos leve para casa, — ele disse, se livrando do abraço de Tarr e indo
em direção à porta. — Nos leve para casa.

— Pare! Pare esta nave, agora!


A voz da Capitã Pel ecoou pela ponte da Tratado enquanto Quirik girava
os controles da nave, fazendo com que a embarcação gemesse quando ela
virou, inclinando-se em um mergulho íngreme, roçando a borda da fronteira
da Muralha de Tempestade. Um momento depois, e todos eles estariam
mortos. Quirik estava prestes a ativar o hiperdrive quando as primeiras
naves explodiram.
À medida que a nave se endireitava, a extensão completa da devastação
entrava em vista.
O lamento de Burryaga estava tão cheio de dor, de tristeza intensa e
profunda, que o som sozinho era o suficiente para mover Bell às lágrimas,
enquanto, juntos, eles observavam as outras naves florescendo em destroços
retorcidos, arrancadas do hiperespaço pela tecnologia disruptiva da Muralha
de Tempestade.
Bell sentia cada morte ecoando pela Força tão nitidamente quanto
lâminas de faca cortando a sua pele. Sentia o peso de sua falha, das
esperanças frustradas do Mestre Elzar. Da culpa que o homem devia estar
sentindo mesmo agora, enquanto assistia aqueles sob seu comando se
precipitarem para a morte.
E não havia nada que qualquer um deles pudesse fazer.
Bell estava esperando por este momento, desde que a Muralha de
Tempestade fora erguido pela primeira vez. Ele tinha recebido a convocação
para a batalha de Elzar pessoalmente. Estava preparado. Todos estavam.
E agora isso.
Agora os Nihil os tinham derrotado novamente.
Os comunicadores explodiram em uma conversa de ordens transmitidas
e relatórios de danos de toda a frota, mas Bell não ouvia nada disso. Ele
cambaleou, apoiando-se contra o console mais próximo para obter apoio.
Não era assim que deveria acontecer.
Mas se Phrill lhe ensinara alguma coisa, era que isso não mudava nada.
Ele não permitiria que isso despedaçasse a sua determinação. Ele não
permitiria que essas vidas fossem perdidas em vão.
Agora não era hora de se lamentar.
Agora era hora de agir. De cavar fundo. De pressionar ainda mais.
Levantou a cabeça, olhando para os destroços em chamas das naves
perdidas, flutuando diante de sua vista.
Eles encontrariam um caminho através da Muralha de Tempestade, e
eles levariam a luta para os Nihil. Hoje não era aquele dia, mas estava
chegando, e em breve.
Bell garantiria disso.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Marchion Ro estava de pé junto à janela em forma de olho em seu


quarto, assim como estivera da última vez que Ghirra o vira.
Naquela época, a conversa fora esclarecedora de muitas maneiras, um
raro momento de perspicácia do Evereni, mas não terminara bem. Esperava
retornar de Coruscant triunfante, para provar que as suas afirmações
estavam erradas, mas agora, enquanto ficava ao lado dele, fingindo
paciência, ela entendia que elas nunca realmente estiveram em questão.
Não que admitisse isso a ele.
As mãos de Ro estavam por trás das costas, e ele parecia estar olhando
satisfeito para os campos ondulantes além da fortaleza. Ele estava usando a
sua capa forrada de pele, pendurada em seus largos ombros blindados, e seu
elmo mascarado estava descansando no chão aos seus pés.
Ele estava sozinho, tendo dispensado a jovem, Nan, com quem estava
conversando antes da chegada de Ghirra. Ghirra não sabia se isso era um
bom sinal ou um mau sinal.
Ele se virou. O seu lábio se ondulou.
Ghirra decidiu que era algo ruim.
Definitivamente algo ruim.
— Ghirra. Ou é Senadora novamente? Presumo que o seu acordo foi
feito e estamos prestes a inaugurar uma nova era de prosperidade e
democracia.
Desgraçado.
— Essas coisas levam tempo, Olho. A minha visita a Coruscant foi
apenas a primeira etapa de um longo processo. Eles estavam naturalmente
cautelosos. Levará tempo para a Chanceler se convencer da ideia de uma
contigência Nihil no Senado.
— Quão diplomático de sua parte, — disse Ro. — Eles a prenderam e a
acusaram de crimes de guerra, não foi?
Ghirra franziu os lábios.
— Como eu disse, eles estavam compreensivelmente cautelosos.
— Eu admiro a sua resolução, Ghirra, — disse Ro. — E a sua espinha
dorsal. Ficar lá e me alimentar de mentiras descaradas. Você é uma
verdadeira política.
Ghirra sentiu o sangue subir às suas bochechas. E um arrepio de medo.
Ele estava brincando com ela. Como um predador.
— Eles aprenderão a nos aceitar, — ela disse. — Não têm outra escolha.
Conseguir o apoio da República era a única chance de Ghirra sobreviver.
Os Nihil já estavam condenados. Ela fora tola em não ver isso antes. Eles
estavam condenados desde o momento em que começaram.
A situação por trás da Muralha de Tempestade se desenrolaria em
questão de meses sem intervenção adequada. Os próprios Nihil estavam
determinados a se autodestruir. Todos os dias, mais deles se assassinavam
em nome do esporte ou de jogos de poder.
E então havia Ro. O perigoso, misterioso Olho da Tempestade. O seu
amante. Um homem sem propósito. E isso o tornava mais perigoso do que
nunca.
— Sem escolha? — disse Ro, ecoando as suas palavras. Ele a estudou
silenciosamente. — Você não sabe, não é?
— Saber o quê? — ela retrucou.
— Que uma frota de naves da República, liderada pelos Jedi, acaba de
realizar um grande ataque a Muralha de Tempestade. — Ele parecia
satisfeito consigo mesmo.
— Eles fizeram o quê?
— Foi um espetáculo impressionante. Eles conseguiram destruir várias
sementes de tempestade. Acharam que tinham rompido a barreira.
Lançaram um punhado de naves de guerra contra nós.
— E?
Ro sorriu.
— E todas foram despedaçadas em nossas costas. Nunca houve uma
brecha. Não realmente. A Muralha de Tempestade se reparou como sempre
faz. Eles não sabem nada sobre a estação Colisor de Relâmpago ou como a
barreira é controlada. Eles se destruíram à toa.
— Então as nossas fronteiras permanecem sacrossantas e intactas. Sem
levantar um dedo, sem sequer uma única perda de vida Nihil, provamos a
nossa força, — disse Ghirra.
— Nós? — disse Marchion.
— Posso advogar por uma solução diplomática, Marchion, mas continuo
sendo uma Nihil, — disse Ghirra. — Chegamos longe demais juntos para
eu ser qualquer outra coisa. Estou com você, em tudo isso. — Ela estendeu
a mão, tremendo, e colocou a palma contra o peito dele. — Mas as coisas
estão desmoronando, por todo o espaço Nihil. As pessoas estão morrendo
de fome. Os Nihil estão se matando porque não têm inimigos reais para
lutar, não aqui dentro da zona. E só vai piorar. O nosso espaço é limitado.
Os recursos são limitados. Vamos nos destruir se continuarmos assim. É por
isso que precisamos encontrar um caminho diferente. Uma nova
abordagem. Você não pode ver isso?
Ro se afastou.
— Eu vejo uma República na defensiva e a Ordem Jedi correndo
assustada. E vejo você querendo apaziguá-los, mesmo ao custo de sua
dignidade e posição.
— Não estou tentando apaziguar ninguém. Estou tentando garantir a
nossa longevidade. Um futuro para os Nihil. Um lugar para nós na ordem
galáctica. Um futuro para nós.
— Não precisamos deles para fazer nada disso, — disse Ro.
Ele realmente era tão cego? Ou ele simplesmente não se importava?
Ghirra estava começando a pensar que toda a operação Nihil era apenas o
projeto de vaidade deste ser, a sua fantasia egocêntrica reproduzida em uma
escala enorme.
— O que você está planejando?
Por favor, não outra execução pública. Isso seria o fim de toda
esperança.
— Devemos dar uma resposta. As nossas muralhas foram atacadas. A
República deixou claras as suas intenções.
O coração de Ghirra afundou.
Mais violência, então.
Tinha que fazer o que podia para minimizar as consequências.
— Deixe-me falar com eles novamente, — ela disse. — Certamente eles
verão agora que a violência não é a resposta. Que eles nunca podem nos
vencer em nosso próprio jogo. A melhor coisa que podem fazer é aceitar
minha proposta e capitular. Dizer à galáxia que os Nihil estão aqui para
ficar.
— Estamos além de conversas, — disse Ro. — Especialmente agora que
a Chanceler deles mostrou que tem a audácia de rejeitar as nossas tentativas
de paz.
Ghirra olhou pra ele, confusa.
— Olho?
— Enviamos um de nossos próprios. A nossa Ministra da Informação,
nada menos, em uma missão diplomática para buscar a paz. E o que eles
fazem? Te prendem, rejeitam a nossa mão estendida e depois atacam as
nossas fronteiras.
Oh não.
Ela estava certa. Lina Soh estava certa.
Ele me enganou. Ele vai usar isso contra mim. Ele me deixou ir lá
porque sabia que acabaria assim.
— O que você está dizendo? — gaguejou Ghirra.
— Que a galáxia finalmente os verá pelo que são. Que todos saberão que
estamos justificados em nossas ações. Que estamos tentando proteger as
pessoas da tirania da República e de seus marionetes Jedi, — disse Ro.
Ghirra balançou a cabeça.
— Você está planejando uma retaliação? Você vai atrair os Jedi para que
você possa aniquilá-los com os seus monstros?
Ro lhe ofereceu um sorriso astuto.
— Tudo a seu tempo.
— E depois? — disse Ghirra, perturbada pelo olhar febril em seus olhos,
pelo conhecimento de que ela inadvertidamente alimentara seus planos.
Que ela havia sido ludibriada antes mesmo de começar a jogar o jogo.
— Você estava certa sobre o espaço Nihil não ser grande o suficiente,
Ghirra, — disse Ro, ignorando a sua pergunta. — Saiba que eu ouvi. Que
eu quero abordar as suas preocupações. Eu estive trabalhando em algo que
pode ajudar.
— Marchion... O que você vai fazer?
Ele se virou para ela. Ele estava mordendo o lábio inferior com prazer.
— Vou fazer algo que a República não está esperando. Algo que os
machucará mais do que qualquer canhão, míssil ou bomba, — disse Ro. —
Alerte o Colisor de Relâmpago. Eu vou expandir a Muralha de Tempestade.
LIMITE DA ZONA DE OCLUSÃO, ESPAÇO DA REPÚBLICA

Ao contrário de muitas das naves envolvidas no ataque a Muralha


de Tempestade, a Tratado não retornou diretamente à base em Hintis IV.
Nenhum da tripulação se sentia pronto para parar ainda. E assim, eles
retomaram a patrulha da fronteira da Muralha de Tempestade,
permanecendo vigilantes por qualquer sinal de retaliação dos Nihil.
Após o que aconteceu, a importância da missão de Bell e Burry
aumentou. Era agora mais crucial do que nunca que capturassem um motor
de Trilha, que oferecessem a Elzar e aos outros uma maneira alternativa de
penetrar nas defesas dos Nihil.
Ainda chegavam relatórios sobre a escala de perdas sofridas pela frota
de ataque, e tudo isso era difícil de ouvir. Bell se perguntava como Elzar
Mann estava se sentindo. Ele sabia que nenhum dos Jedi o culparia pelo que
aconteceu, mas Bell também conhecia Elzar. Estaria se culpando. Esperava
que pudessem conversar na próxima vez que Bell voltasse a Coruscant.
Às vezes, era solitário na fronteira, com pouca oportunidade de falar
com aqueles de volta ao Templo. Tinha Burry, é claro, e era sempre grato
por isso, e pelo que aconteceu sob o oceano de Eiram. Às vezes encontrava
Mirro e Amadeo na base da CDR em Hintis IV também. Mas, embora Bell
estivesse certo de que tomara a decisão certa ao embarcar nesta missão,
muitas vezes passava longos períodos sem qualquer contato significativo
com o restante da Ordem, além de transmitir informações operacionais
relevantes.
Outro motivo para acabar com isso de uma vez por todas.
Bell olhou ao redor da ponte. Todos estavam contidos, absorvendo ainda
o que acontecera.
A Capitã Pel, no entanto, parecia estar querendo uma briga, mas até
agora, não havia sinal de qualquer atividade dos Nihil. — Mais uma
passagem, Quarik, e então você pode nos levar de volta à base, — disse ela.
Ela estava em pé diante de sua cadeira, olhando para o vazio silencioso
além da nave. Bell podia ver que ela estava cerrando os dentes,
provavelmente pensando em todos os amigos e companheiros soldados que
perdera no ataque.
— Sim, Capitã, — respondeu o piloto, ajustando os controles para virar
a nave.
Um símbolo de aviso acendeu no visor de leitura de Quarik. Ela o tocou,
expandindo o tamanho da imagem, franzindo o cenho.
Bell olhou para Burry, que estava agachado nas proximidades,
acariciando Ember com cautela. Os dois pareciam inseparáveis, embora,
pelo menos três vezes ao dia, Burry inadvertidamente incendiasse a sua pele
ao tentar se aconchegar a ela.
— Rwaaarrr, — disse Burry.
— Sim, eu sinto também, — disse Bell. — Algo está errado.
— Quarik? — disse Pel, atravessando até a estação do piloto. — O que
foi?
Quarik parecia confusa.
— Acho que deve haver algo errado com o conjunto de sensores. Talvez
tenha sido danificado na batalha com as naves brocas e não tenha sido
devidamente reparado.
— Por que você diz isso? — disse Pel.
— Está dando uma leitura incorreta. Diz que a Muralha de Tempestade
está se movendo.
Bell ficou tenso.
— Movendo como? — ele disse. Todos estavam convergindo agora em
torno da estação de Quarik, até mesmo Pha Rool, que havia deixado a sua
própria estação para ver o que estava acontecendo.
— Ali, — disse Quarik, apontando para a tela de leitura. A linha
vermelha da Muralha de Tempestade parecia estar se movendo lentamente
para fora, como a borda de uma bolha em expansão, sendo empurrada
lentamente por forças de dentro.
— Mas isso não pode estar certo, não é? — disse Quarik. — Não mudou
desde que a barreira foi erguida há um ano. Eles não podem fazer isso,
podem?
Burry fez um som que Bell interpretou como significando que não
podiam ter certeza de nada quando se tratava dos Nihil.
— Existe outra maneira de verificar? — ele disse.
— A plataforma de artilharia, — disse Pha Rool. — O sistema de mira
de mísseis tem a sua própria série de sensores. Espere um momento. — Ele
voltou para a mesa, os dedos dançando sobre o teclado. O visor se acendeu.
Ele pressionou outro botão, e o sistema projetou uma pequena imagem
holográfica acima do console principal.
— É a mesma coisa, — disse Pel. — Está ficando maior.
— E está ganhando velocidade, — disse Bell. — Quanto maior está
ficando, mais rápido está acontecendo.
Tinha que ser a resposta dos Nihil ao ataque do Mestre Elzar. Uma
forma distorcida de retaliação. A devoração de ainda mais da galáxia como
punição para os Jedi e a República. Mais um desastre, fabricado por
Marchion Ro.
— O que acontece se isso nos atingir? — disse Quarik.
Bell franzia a testa.
— Presumivelmente, nos encontraremos do outro lado.
Quarik parecia arrasada.
— Então, é melhor nos apressarmos! — disse ela, tocando a tela com a
ponta do dedo. — Está vindo direto para cá.
— Faça isso! — chamou Pel. — Nos tire daqui!
Bell observou a holografia enquanto a Muralha de Tempestade se
expandia para fora, rolando em sua direção.
— Não, — ele disse, a voz carregada de determinação.
Quando isso vai acabar?
Acaba agora.
— Não? Do que você está falando? — disse Pel, levantando-se de sua
cadeira de comando. — Temos que sair imediatamente!
Bell balançou a cabeça. Ele foi até os controles do copiloto e começou a
virar a nave na direção da maré iminente do campo de distorção.
— Pense nisso, — ele disse. — Esta é a nossa chance. Podemos fazer
exatamente o que Elzar estava tentando fazer. Nós não temos que romper a
Muralha de Tempestade. Os Nihil estão fazendo isso por nós.
Puxou os controles para trás, e a nave deu um solavanco, ganhando
velocidade.
Diretamente em direção a Muralha de Tempestade.
Contanto que não fizessem um salto para o hiperespaço, deveriam passar
diretamente pela barreira em expansão. Normalmente, levaria décadas para
atravessar a velocidades subluz, mas desta vez era diferente. Desta vez, a
barreira ia varrê-los enquanto os Nihil aumentavam o tamanho de seu
território.
Ao lado de Bell, Quarik olhava para Pel, arrasada.
— Recue, Bell! — berrou Pel. — Quarik, vire esta nave agora mesmo!
Quarik estendeu a mão para os seus controles.
— Não! — exclamou Bell. — Você não vê? Esta é a nossa melhor
chance! — Podia sentir toda a raiva e frustração borbulhando dentro dele,
direcionada a Melis Shryke e a todos os outros Nihil que estavam por trás
daquela barreira em movimento. Não queria nada mais do que enfrentá-los,
mostrar-lhes o que os Jedi realmente eram. Fazer valer a pena. — Nada de
se esconder nas sombras, esperando que os Nihil realizem ataques.
Podemos atacar direto no coração deles. Tirar um motor de Trilha de dentro.
Podemos acabar com isso.
— Wrraarrroo! — protestou Burry, apressando-se.
Sirenes começaram a tocar por toda a nave.
— Não! — disse Bell. — Isso não é minha frustração falando. Isso faz
sentido!
— Quarik, dê a volta nessa nave! — ordenou Pel.
— Arroo wrra rooo, — implorou Burry, argumentando que eram
necessários na fronteira. Que Bell estava arriscando vidas. Que a tripulação
desta nave tinha famílias que precisavam delas, aqui fora, não presas por
trás da Muralha de Tempestade. Que ele, Burry, não poderia enfrentar outro
período de isolamento como o que sofrera sob o oceano após a queda do
Farol, ninguém sabendo se ele estava morto ou vivo.
Bell estendeu a mão para os controles... e depois deixou a mão cair ao
lado do corpo.
Burry estava certo.
Quase cedeu à sua raiva, a sua raiva ardente pelos Nihil. Ele quase
deixou isso consumi-lo, levando-o em direção à vingança.
E a vingança não tinha lugar no coração de um Jedi.
Como eu poderia sequer considerar fazer isso a essas pessoas, meus
amigos. Ao Burry...
Afastou-se dos controles, sentindo-se subitamente perdido.
A Tratado estremeceu quando Quarik a virou, com as turbinas
flamejando.
Burry estendeu a mão, pegou Bell pelos ombros e o virou. Ele olhou
para Bell por um momento, a expressão em seu rosto tão gentil, tão
empática, que Bell sentiu algo dentro dele se partir.
— Desculpe, — disse Bell. — Sinto muito.
— Sem tempo pra isso agora, — disse Pel, fazendo o possível para
permanecer calma. — Ative o hiperdrive. Eu acabei de recuperar a minha
nave. Não vou perdê-la agora.
Quarik alcançou a alavanca.
— Não! — chamou Bell. — Estamos no limite do campo de distorção.
Não sabemos o que vai acontecer. Precisamos sair antes de acionar o
hiperdrive.
— Então o que? — disse Pel, a desesperança começando finalmente a se
infiltrar em sua voz.
— Desvie toda a energia para os motores subluz, — disse Bell. — Tudo
o que temos. Sobrecarregue-os se for preciso. Apenas nos dê o máximo de
impulso possível.
E esperar.
Esperar que seja suficiente.
Fui um tolo.
Quarik virou uma série de interruptores. Bell assistiu a um banco inteiro
de mostradores deslizar para o vermelho.
— Capitã? — disse Quarik. O pânico começava a se infiltrar em sua
voz.
— Faça isso, — ordenou Pel.
Quarik levou os propulsores à potência máxima.
A Tratado estremeceu, com as suas turbinas flamejando.
— Force! — disse Bell. — Tão forte quanto puder.
— Estamos saindo do campo. Mas ainda está se expandindo. Está vindo
direto para nós novamente! — chamou Pha Rool.
Quarik manteve os propulsores acelerados, e a Tratado subiu sobre
pilares de luz.
— Estamos livres! — chamou Quarik, sobre o rugido dos motores.
— Nos tire daqui! — disse Pel.
Quarik acionou o hiperdrive. A luz azul irrompeu.
E ainda assim, não havia motivo para comemoração. Por trás deles, a
Muralha de Tempestade ainda estava crescendo, engolindo sistemas
estelares enquanto se inchava como um sol inchado.
Todo o trabalho deles. Todos os esforços para proteger os seres daqueles
mundos periféricos.
Todos desfeitos em questão de momentos.
Tudo tinha sido em vão.
— Nos leve de volta à base, — disse Pel, — onde podemos descobrir o
que diabos está acontecendo. Supondo que ainda teremos uma base quando
tudo isso acabar...
Bell se abateu, os ombros caídos. Ele não conseguia encarar os olhos
dela.
— Sinto muito, — repetiu, sem ter certeza do que mais dizer.
Pel assentiu, mas não respondeu.
Enquanto se afastava, Burry estendeu a mão, agarrou-o pelos ombros e o
puxou para um abraço poderoso e avassalador.
CORUSCANT

Alarmes estridentes ecoavam por todo o Prédio do Senado.


Lina Soh corria, com as suas vestes de dormir esvoaçando ao redor dela
enquanto ela se apressava pelo corredor, toda pretensão de decoro há muito
abandonada. Ao seu redor, os operativos da CDR se dispersavam para abrir
caminho, com os seus olhos arregalados de choque e incerteza.
A notícia se espalhava rapidamente.
Contornou uma curva, sua mente girando. Mal ouvira o que a ajudante
dissera quando veio acordá-la.
Relatos de que a Muralha de Tempestade estava se movendo.
Crescendo.
Expandindo.
Lina sentiu náuseas.
Irrompeu na sala central de operações para encontrá-la já cheia de
técnicos da CDR, comandantes, droides. O tráfego de comunicação
crepitante preenchia o ar. Operativos digitavam furiosamente em estações
de comunicação. Outros estavam reunidos ao redor de uma grande estação
de holograma central, envolvidos em um debate acirrado.
Avistou o Almirante Kronara e foi direto até ele.
O homem parecia cansado, magro, mais velho do que os seus já
consideráveis anos. Ele se virou para fitá-la com um olhar vazio.
— Chanceler...
— Relatório, — disse ela, o ar assobiando entre os dentes enquanto
tentava recuperar o fôlego.
— Bem, é... é... — Ela nunca vira Kronara vacilar antes. Ele pigarreou,
endireitou as costas e parecia se reunir. — Confirmamos que a Muralha de
Tempestade está se expandindo.
— Expandindo como? — disse Soh.
Kronara parecia tão perdido quanto ela se sentia.
— Não entendemos completamente, — ele disse, — ainda não, mas os
técnicos estão trabalhando nisso. Parece que as sementes da tempestade
estão se movendo, arrastando a sua rede invisível para mais longe. Elas
estão sendo reforçadas por centenas de sementes da tempestade adicionais
também.
— Sim, sim, — disse Soh, dispensando a necessidade de entendimento
técnico nesta fase. — Mas, o que isso significa, Almirante?
Ele manteve o olhar dela.
— Significa que estamos prestes a perder ainda mais setores para os
Nihil.
Ao redor deles, as pessoas ainda estavam chegando, se aglomerando na
grande sala.
Pessoal da CDR.
Pessoal do Senado.
Todos vieram silenciosamente para absorver o que estava acontecendo.
A gravidade do momento.
Os Jedi estavam chegando em massa também. Indeera Stokes, Ry Ki-
Sakka, Keaton Murag, Reath Silas, Yoda, Soleil Agra, Arkoff e mais.
Muitos mais.
Reunindo-se aqui para testemunhar o horror juntos. Compartilhar a
tristeza e a dor de seu fracasso. Tentar entender o que estava acontecendo.
Um dos técnicos, uma Gran com muitos olhos, se levantou da cadeira,
virando-se para olhar para ela e Kronara em choque abjeto.
— Perdemos Utapau, — ela chamou.
Lina sentiu como se o chão estivesse subitamente se movendo debaixo
dela.
— O que você quer dizer com, perdemos ele?
— Todas as transmissões do planeta cessaram. A linha da Muralha de
Tempestade passou por cima dele. Utapau está agora dentro da Zona de
Oclusão.
Não.
Não. Não. Não.
Isso não podia estar acontecendo.
— Triton se foi, — chamou outro técnico de outro lado da sala.
— Mas... — balbuciou Soh.
— Ryloth está silencioso, — chamou outro.
Um silêncio tenso estava se instalando na sala. Tudo o que podiam ouvir
agora era o crepitar da comunicação restante, o zumbido do estático.
Lina sentiu como se um grande peso estivesse pressionando sobre ela,
dificultando a respiração.
Isso é pior do que poderíamos ter imaginado.
O que eu fiz?
Isso é minha culpa. Esta é a retaliação de Marchion Ro.
Pensou em Kitrep, quão sozinho deve se sentir, preso lá fora. Tudo o que
queria fazer era envolvê-lo com os braços e abraçá-lo. Apenas algumas
horas antes, estava cheia de esperança. Agora parecia que ele estava mais
longe do que nunca.
Um holograma brotou da estação circular no centro da sala, um mapa
azul tremeluzente do Núcleo Galáctico. Uma linha vermelha representava a
Muralha de Tempestade enquanto se expandia, avançando como uma onda
implacável. Os operativos reunidos recuaram para observar, o desânimo se
espalhando por seus rostos ao mesmo tempo que a zona de brilho vermelho
se expandia.
Quando vai parar?
— Todas as comunicações de Abtin cessaram. — Os técnicos estavam
tentando manter suas vozes claras e profissionais, mas Lina podia ouvir o
tremor, o horror crescente.
— Sluis Van caiu.
— E Elrood.
A tagarelice da comunicação que antes preenchia a sala agora se reduziu
a um murmúrio distante. Mas não era apenas a sala que ficara em silêncio.
Era a galáxia.
— Ultrapassou o setor Seswenna.
A linha vermelha no holograma parecia vacilar e parar.
Lina prendeu a respiração por um momento.
Por favor. Que seja só isso.
— Parou.
Lina nem sabia quem tinha falado. Deu um suspiro ofegante, mas não
havia sensação de alívio. Apenas a realização iminente de quão longe
haviam caído.
As coisas acabavam de piorar.
Olhou para os Jedi reunidos, observando solemnemente do outro lado da
sala. Nenhum deles tinha algo a dizer. Não ainda.
Uma única lágrima escorreu pela sua bochecha, e a afastou com o canto
da mão.
— Chanceler? — disse Kronara. Ele estava cauteloso. Gentil.
Ela virou a cabeça abruptamente, contendo as suas emoções que
transbordavam.
— Quero um relatório completo dentro de uma hora, — disse ela. —
Preciso entender o que acabou de acontecer. Quero um mapa da nova
fronteira. E quero saber exatamente quais planetas e sistemas acabamos de
perder.
— Entendido, — disse Kronara.
Um estalo ensurdecedor encheu a sala. Um dos técnicos humanos
ajustou apressadamente as configurações em seu terminal.
— Chanceler, Almirante, estamos recebendo uma transmissão. É... —
Eles olharam em volta, boquiabertos. — É dos Nihil.
Lina engoliu em seco.
— Vamos ouvir.
O técnico assentiu e digitou algumas teclas.
Uma voz familiar encheu a sala.
Marchion Ro.
— Sem dúvida, muitos de vocês estão se perguntando o que acabou de
acontecer. — O seu tom era suave, calmo, mas Lina não pôde deixar de
ouvir a sugestão de triunfo que se infiltrava em sua voz quando ele falava.
— Por que ampliei as nossas fronteiras e aumentei o território do espaço
Nihil. Estou aqui para explicar.
— Não se enganem, — continuou ele, — esta é uma escolha que a sua
Chanceler fez, junto com os seus aliados Jedi. Dois dias atrás, os Nihil
enviaram uma delegação pacífica a Coruscant, trazendo tributos e presentes
de todas as muitas culturas do espaço Nihil e desejando apenas falar sobre
colaboração entre as nossas duas regiões. Procuramos uma resolução
pacífica para os conflitos recentes que viram tantos, infelizmente,
perecerem, de ambos os lados.
Lina recuou diante de seu tom despreocupado, da maneira como ele se
referia abertamente à sua campanha assassina de terror, como se fosse
apenas um jogador relutante, como se a República fosse tão culpada pelas
mortes de seus cidadãos quanto ele.
— Estendemos a mão da amizade, mas foi cruelmente rejeitada, — disse
ele. — A nossa embaixadora foi tratada como uma criminosa. Insinuações
foram feitas. Ela foi interrogada e depois enviada embora sem recurso. A
República estava indisposta a sequer considerar a paz. A falar. Além disso,
são tão impulsionados por sua necessidade de guerra, a sua recusa em
aceitar o nosso direito de existir nesta galáxia, que então sitiaram as nossas
fronteiras com uma vasta frota de naves de guerra.
Lina olhou ao redor. Ninguém encontrou o seu olhar.
— Felizmente, a engenhosidade Nihil prevaleceu, — continuou Ro, — e
a perda de mais vidas inocentes foi evitada. As nossas fronteiras
permanecem fortes e verdadeiras, assim como nossa vontade. É por isso
que, hoje, estendemos essas fronteiras, para libertar muitos mais mundos e
os seus habitantes do regime opressor da República que os manteve sob
controle por muito tempo. Os Nihil oferecem a todos eles nossa proteção e
os recebem no espaço Nihil, onde prosperarão e crescerão, livres agora das
correntes que antes os prendiam. — Ele elevou a voz, berrando no
microfone. — Nós somos todos os Nihil.
Lina ouviu um rugido de vozes, repetindo a frase ao fundo, uma terrível
paródia de tudo o que havia construído.
A transmissão terminou.
Lina sentiu o seu bom joelho fraquejar. Mas uma mão estava lá para
segurar seu braço, para estabilizá-la.
Olhou ao redor para ver Soleil Agra, a Mestra Jedi, ao seu lado.
— Estamos com você, Chanceler, — disse ela, enquanto Lina
recuperava o equilíbrio, contendo as suas emoções tumultuadas. — Os Jedi
estão com você.
Lina deu um breve aceno com a cabeça e depois olhou para Kronara.
— Uma hora, — disse ela, e então saiu da sala.
ESPAÇO DA REPÚBLICA

Elzar nunca se sentira tão sozinho.


Nem mesmo quando esteve perto de ceder à sua raiva e medo,
permitindo-se ser momentaneamente tentado pelo poder do lado sombrio.
Nem mesmo quando ficou em pé sobre o cadáver de Chancey Yarrow, com
o seu sabre de luz na mão, a compreensão surgindo sobre o que havia feito.
Nem mesmo depois que Stellan caiu com o Farol e Avar fugiu, deixando-o
parado naquela praia gelada, perdido e confuso.
Estivera mentindo para si mesmo desde então.
Ele disse si mesmo que a bondade de Stellan precisava ser canalizada,
de alguma forma. Que a galáxia não podia se dar ao luxo de ficar sem ela.
Que ele, Elzar, faria tudo em seu poder para incorporar quem Stellan tinha
sido, pelo que havia lutado. Para estar à altura do exemplo que o outro
homem havia dado.
Mas agora estava claro. Elzar não era Stellan. Nunca fora e nunca seria.
Deveria ter sabido disso.
Todas essas pessoas...
Todas essas vidas se foram, por minha causa.
Estava examinando as listas das naves que foram perdidas.
Não, não perdidas. Destruídas.
Estava tentando memorizar os nomes de todos que morreram, encontrar
uma maneira de honrá-los através da lembrança. Mas nem conseguia fazer
isso direito. Eram simplesmente muitos.
Eu nem consigo lembrar os nomes deles para pedir desculpas.
Por anos, Elzar tentara acompanhar Stellan e Avar, mas se fosse
verdadeiro consigo mesmo, se fosse verdadeiramente honesto, ele sabia que
sempre estaria na sombra deles.
E talvez isso estivesse bem. Talvez fosse o seu lugar ajudar os outros a
alcançar a grandeza.
Só desejava que não tivesse sido necessário as mortes desnecessárias de
mais de cinquenta seres para que reconhecesse isso.
Pior, enquanto estava deitado em seu beliche, JJ-5145 o informara sobre
o que acontecera como represália, tanto pelo ataque quanto por sua rejeição
à proposta de paz dos Nihil.
Agora tudo estava muito pior.
Pior do que poderia ter imaginado. Bilhões de pessoas a mais perdidas
atrás daquela barreira impenetrável. Sistemas estelares inteiros engolidos
por aquela noite avançadora, lançados na silenciosa obliteração da prisão
gigantesca dos Nihil.
Quando esses seres acordassem em suas camas amanhã, a galáxia seria
diferente. Não haveria República, nenhum Jedi para protegê-los. Nenhuma
esperança. Tudo o que saberiam seria o terror.
E então os Nihil viriam, exigindo tributo, abatendo qualquer um que
ousasse se revoltar. Qualquer um que se recusasse a se curvar. As suas
liberdades lhes seriam tiradas. Terríveis regras seriam impostas, limitando
as suas vidas, sua capacidade de se mover livremente, sua segurança
financeira e física, seu direito de existir. Refugiados seriam negados a
oportunidade de buscar asilo. Planetas inteiros seriam mantidos como
reféns. Bilhões de seres pacíficos agora eram peões no jogo de Marchion
Ro.
Levariam semanas para contabilizar os desaparecidos. Meses. Havia Jedi
naqueles mundos engolidos também. Mais deles agora à mercê das
horríveis criaturas de Marchion Ro.
Havia novas fronteiras para patrulhar. Novos alvos para os ataques dos
Nihil.
Menos pessoas para lutar contra eles.
E do outro lado, pessoas morrendo e assustadas.
Se Farol era uma perda, isso... isso era uma falha de proporções
galácticas.
Marchion Ro nunca precisara sequer lutar com ele na brecha.
Provavelmente estava rindo enquanto Elzar lançava todas aquelas naves
contra a Muralha de Tempestade, tentando inutilmente abrir caminho. Elzar
tentara derrotar o inimigo em seu próprio jogo, empregar as suas próprias
táticas grosseiras contra eles, e em vez disso, eles o derrotaram pela
paciência e inteligência.
Foi uma lição surpreendente, e uma que veio tarde demais. Assim como
Marchion Ro sem dúvida pretendia.
Deveria ter ouvido o Conselho, deveria ter prestado atenção aos avisos.
Mais uma vez, Elzar subestimara os Nihil. Cometeu o erro de presumir que
aqueles dispostos a assassinar a sangue frio, que não entendiam ou
apreciavam a beleza imperfeita da República e o que ela tinha a oferecer,
eram de alguma forma menos propensos a se adaptar, a desenvolver
contramedidas complexas, a deixar as suas ações falarem por si mesmas.
Ele pensou que conhecia Marchion Ro, mas estava errado. Ele não sabia de
nada.
Marchion Ro, por outro lado, sabia exatamente o que estava fazendo.
E ele venceu. Novamente.
E não havia nada que ninguém pudesse fazer a respeito.
Menos ainda Elzar e os Jedi.
Pensou em Avar, tentou imaginar como ela deve estar se sentindo, presa
e incapaz de voltar para casa. Ela sabia o quanto ele tinha tentado encontrá-
la? Salvá-la? Ele não suportava pensar que ela poderia acreditar que ele
desistira. Que os Jedi a tinham abandonado ao seu destino.
Agora, com a mudança na fronteira da Muralha de Tempestade, ela
estava mais longe dele do que nunca, e ele odiava isso.
Desejaria poder pegar a sua mão. Abraçá-la. Dizer que sentia muito.
Avar entenderia. Ela saberia o que dizer, o que fazer.
Juntos, eles teriam conseguido superar isso. Separados... Elzar não
estava tão certo.
Imaginou Avar, como ela era antes dos Nihil, dos Inomináveis e dos
Drengir terem entrado em suas vidas. Ela era uma estrela brilhante, um
farol como nenhuma estação espacial poderia ser. Ela iluminava o caminho.
Sempre iluminava. Onde ela liderava, Elzar a seguia.
Agora ambos estavam à deriva.
Fechou os olhos, tentando encontrar seu centro na Força.
Podia sentir a vibração do hiperdrive da Shattersong, zumbindo pela
nave. Estava sentado no chão de sua pequena acomodação temporária,
pernas cruzadas, braços dobrados.
Mas não havia paz para ser encontrada aqui. Estava muito profundo,
debatendo-se em águas desconhecidas. Não havia consolo a ser encontrado.
Estendeu a mente mais longe, procurando-a, alcançando-a pela Força.
Mas ela não estava lá. Ela nunca estava. Não mais.
Eu te perdi, Avar.
E eu me perdi.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Você ouviu isso? — disse Belin, chamando Avar da escotilha


aberta da nave.
Avar estava colhendo frutas das videiras fibrosas que cobriam as
encostas inferiores das paredes da ravina. Por alguns momentos, quase
esquecera onde estava, escondida nesse idílio bizarro, bem ali nas
profundezas do reduto do inimigo. A existência do lugar parecia de alguma
forma incongruente, dissonante, como se não devesse ser capaz de
sobreviver tão perto do coração envenenado dos Nihil. E no entanto, aqui
estava, um lembrete de que a luz vibrante e a vida podiam florescer mesmo
nos lugares mais sombrios.
Colocou uma fruta na boca, aproveitando o sabor acentuado de seu suco
ao estourar em sua língua. Caminhou até a nave, protegendo os olhos com
uma mão enquanto olhava para cima para Belin, que estava de pé no topo
da rampa de desembarque.
— É a Rhil? — Ela estava esperando outra mensagem informando-a
sobre o horário de seu próximo encontro com Rhil e o desertor dos Nihil,
Quith Meglar.
Belin balançou a cabeça.
— Mais ou menos. É melhor você entrar.
Intrigada, Avar subiu apressadamente a rampa, abandonando o pote de
frutas perto da porta. Seguiu Belin de volta para a cabine de pilotagem,
onde KC-78 estava escaneando o tráfego de comunicação local, procurando
cada canal por qualquer sinal de mensagens codificadas. O estático sibilava
pelos alto-falantes. Até agora, ele só tinha conseguido captar uma sequência
quebrada de bipes e apitos que, até onde podiam dizer, era muito
fragmentada para decifrar.
— O que é isso? — ela perguntou.
Belin apontou para o astromecânico.
— KC, toque pra ela.
Avar olhou do droide para o Ugnaught.
— O que está acontecendo, Belin? Estou começando a ficar preocupada
aqui.
— Será melhor você se sentar. — Ele olhou para KC-78. — Pronto?
O droide balançou a cabeça, e então o crepitar e sibilar de uma gravação
fora do ar soou nos alto-falantes metálicos. Avar fez como Belin sugerira,
deslizando para a cadeira do copiloto para ouvir. A voz era imediatamente
familiar.
— Aqui é Rhil Dairo, relatando de Hetzal. Falo com vocês hoje para
informar que, esta manhã, a República, junto com os seus conspiradores
Jedi, lançaram um ataque maciço e não provocado contra a Muralha de
Tempestade. Uma frota inteira tentou romper a santidade de nossa fronteira,
trazer a sua guerra para o espaço Nihil. Colocar todos vocês em risco. Isso
apesar das recentes tentativas de paz que o Olho fez à Chanceler por meio
de seu embaixador e Ministra da Informação, Ghirra Starros.
Avar encarou KC-78, hipnotizada pela notícia. O que havia acontecido?
Isso era obra de Elzar? Uma resposta ao assassinato de Pra-Tre Veter?
— Ficarão felizes em saber que o ataque fútil deles foi um fracasso
miserável, — continuou Rhil. — Dezenas de invasores da República
morreram, e tudo isso sem envolver uma única nave Nihil. Nenhum tiro
Nihil foi disparado. O inimigo se lançou contra a Muralha de Tempestade,
mas não conseguiu forçar uma brecha. O espaço Nihil, e todos os seus
cidadãos, permanecem protegidos.
— Em resposta a este ataque grave, Marchion Ro, o Olho da
Tempestade, aumentou hoje o tamanho e alcance da Muralha de
Tempestade para trazer mais mundos e sistemas sob a nossa proteção. Os
setores Danjar, Mayagil e partes do setor Seswenna agora são oficialmente
concedidos ao estado Nihil, e damos as boas-vindas aos seus cidadãos em
nosso meio.
Avar sentiu como se o chão tivesse acabado de desabar da galáxia. Rhil
ainda estava falando, mas Avar não ouviu. Não conseguia processar mais
uma palavra.
A Muralha de Tempestade tinha se movido. Assim mesmo. Engolindo
mais mundos, a afastando ainda mais de casa.
Era um desastre completo. Os Nihil nem mesmo conseguiam governar e
alimentar os mundos que já haviam tomado, como esperavam assumir
mais? Incontáveis vidas seriam perdidas, tudo por causa da postura de
Marchion Ro.
A triste verdade era que os Nihil nunca tiveram a intenção de cuidar das
pessoas cujos lares haviam reivindicado como seus. Eles não tinham
interesse em administrar um domínio tão vasto, lidar com logística,
gerenciamento e leis. Eles só queriam semear o caos e a ruína.
Tudo isso porque Marchion Ro queria derrubar a República. E por seu
ódio profundo pelos Jedi. Todos presos no meio? Tanto quanto os Nihil
estavam preocupados, eram apenas danos colaterais. Não importava que
eles fossem bilhões. Contanto que Marchion Ro pudesse afirmar que havia
vencido, esculpido o seu próprio reino livre da interferência da República,
as vidas de seres comuns não importavam.
De repente, Coruscant parecia mais distante do que nunca.
A esperança que estava florescendo no coração de Avar começou a
murchar.
Será que era assim que tudo ia acabar? Tudo o que a República e os Jedi
tentaram construir. Tudo pelo que lutara.
Era isso mesmo? Um fluxo constante de falhas. Os Nihil crescendo cada
vez mais fortes. A lenta dissolução de tudo o que era bom e verdadeiro?
Não.
A voz em sua cabeça, a voz de Stellan, era inflexível, insistente.
Não. Você não pode desistir agora.
Essa não é você.
Você é melhor que isso. Melhor que todos nós. E se você não se levantar
agora, se não encontrar uma maneira de lutar, realmente estaremos
acabados.
A voz podia pertencer a Stellan, mas os pensamentos eram seus.
Você precisa levar isso até o fim, Avar. Você precisa continuar.
Você consegue.
Eu acredito em você.
Avar sentiu uma pontada profunda por seu antigo amigo.
Mas a voz em sua cabeça estava certa. Estava se escondendo por muito
tempo. Fugindo. A hora de agir era agora.
A gravação havia terminado, e Belin a encarava expectante.
— Então? — ele disse. — O que vamos fazer?
— Nada, — disse Avar. — Continuamos como antes.
— Mas todas essas pessoas, — ele disse, franzindo a testa. — Não
vamos tentar ajudá-las de alguma forma? Você é uma Jedi. Não é isso que
você faz?
— A melhor maneira de ajudá-los é encontrar uma maneira de entrar e
sair da Muralha de Tempestade. Você ouviu o que Rhil acabou de dizer. Se
for verdade, se as forças da República e dos Jedi tentaram forçar uma
brecha, então eles ainda não têm uma maneira de alcançar ninguém lá
dentro. Eles estão ficando desesperados. Se eu puder conseguir um motor
de Trilha através da barreira...
— Então você não está planejando fugir da Cacofonia assim que passar,
como Meglar planejou?
Avar deu a ele um sorriso torto.
— Como você disse, eu sou uma Jedi.
Belin riu.
— Você é uma tola! Mas uma tola corajosa. Se alguém pode sequestrar
uma nave dos Nihil de dentro, é você.
— Espero que você esteja certo, — disse Avar. — É a única maneira que
vejo de fazer uma diferença real.
E de voltar para Elzar. Para dizer a ele que sinto muito por tê-lo
deixado.
— KC, me diga que havia outra transmissão oculta sob essa mensagem.
KC-78 deu um whoop positivo.
— Vamos ouvir então, — disse Avar.
Mais estática, pior do que antes, e então.
— Avar. Aqui é a Rhil. O plano está em andamento. Mesmo local, hoje à
noite, ao pôr do sol. — A mensagem desligou. Curta e direta.
— Tudo bem, — disse Avar. Ela se levantou. — Então estarei pronta.
Esta é a noite.
CORUSCANT

— Este é um desastre de nossa autoria.


Lina Soh recuou em sua cadeira, tentando manter uma aparência calma e
profissional. Por baixo dessa fachada, no entanto, as suas emoções estavam
em tumulto. Principalmente, estava irritada. Consigo mesma, com os Nihil,
com a galáxia por conspirar para colocá-la nessa posição.
Sabia que podia esconder pouco do Mestre Yoda, no entanto. Ele era
talvez o mais perspicaz de todos os Jedi que ela havia conhecido e
trabalhado nos últimos anos; ele tinha uma maneira de ver diretamente para
o cerne das coisas. Especialmente se essas coisas fossem pessoas.
— Fui precipitada em rejeitar a proposta de Ghirra Starros, — ela disse.
— Se eu tivesse feito as coisas de maneira diferente, isso nunca teria
acontecido. — E nunca teríamos nos lançado naquele ataque desesperado
a Muralha de Tempestade.
Sabia que Elzar estaria se torturando pela horrível perda de vidas
também. Quando ele descobrisse que bilhões de almas a mais agora foram
varridas para o abraço indesejado da Zona de Oclusão, ela se perguntava
como ele se recuperaria.
Na verdade, se perguntava como ela se recuperaria.
Depois de tudo, eles precisavam de uma vitória.
Em vez disso, provocaram outro desastre.
Talvez Ghirra estivesse certa o tempo todo.
Talvez eu devesse ter ouvido.
Talvez eu seja só muito teimosa.
Talvez eu nunca devesse ter incentivado Kip a explorar a Orla Exterior.
Talvez, talvez, talvez...
A sua cabeça girava com dúvidas de uma maneira que não acontecia
desde que viu o Farol Luz Estelar mergulhar no oceano frio de Eiram.
— Colocar a culpa em nós mesmos pelas ações dos outros, não
podemos. As escolhas dos Nihil pertencem a eles mesmos, hein? — Yoda
estava sentado do outro lado da ampla mesa de Lina, estudando um grande
mapa holográfico da fronteira recém-alterada. Ele levantou um dedo torto,
apontando para o mapa. — Esperando por uma oportunidade, Marchion Ro
estava. Isso não é culpa sua.
Estudara o relatório da CDR. A Muralha de Tempestade inchou para
quase metade do tamanho novamente, engolindo completamente dois
setores, e deixando Eriadu no setor Seswenna perigosamente próxima à
nova fronteira. Eles perderam contato com dezenas de naves da CDR, agora
presumivelmente presas em um território inimigo perigoso. Já milhares de
mensagens urgentes estavam sendo tratadas pela equipe da chancelaria.
Pior, a movimentação falava do poder inerente dos Nihil. Se eles
pudessem estender tão facilmente o seu alcance, cortando a República de
grandes partes da galáxia, mantendo sistemas estelares inteiros como reféns,
o que os impediria? O que os impediria de fazer isso novamente, da
próxima vez que Marchion Ro quisesse deixar uma marca?
Os Jedi e a CDR passaram um ano inteiro tentando decifrar a tecnologia
dos Nihil, descobrir uma maneira de interromper, destruir ou contornar a
Muralha de Tempestade. E a coisa mais próxima que tinham era o suposto
ponto fraco que identificaram.
Então, veja como isso acabou.
Se não conseguissem encontrar uma maneira de romper a Muralha de
Tempestade, e os Nihil pudessem continuar a estendê-lo, a situação era
muito pior do que Lina ou qualquer um deles pensava.
Isso não era mais um impasse.
Era uma batalha que a República já havia perdido.
— Ordenei que novas rotas de patrulha fossem elaboradas e alocadas.
Locais para novos postos avançados estratégicos serem mapeados e
identificados. Delegações para os mundos na nova fronteira serem enviadas,
— ela disse.
— Os Jedi ajudarão a CDR em tudo isso, — disse Yoda. — Inativos, não
podemos ficar. A galáxia deve ver que estamos reagindo, unidos.
— Mas 'tudo isso' é apenas ficar parado. Não estamos mais perto de
impedi-los do que estávamos meses atrás. Precisamos encontrar uma nova
maneira de revidar. — Ela odiava o fato de não conseguir ver uma saída
para isso. De não saber como liderar seu povo. De se sentir tão perdida.
— Os limites, os Nihil ultrapassaram, — disse Yoda. — Essa situação
será insustentável. Quanto maior se torna o domínio deles, menos controle
têm. Haverão revoltas. Uma mudança feita às pressas, essa expansão é. —
Ele fechou os olhos, como se estivesse olhando para o futuro. — Eles
fizeram um show de força, mas isso se tornará uma fraqueza.
— Mesmo que seja verdade, não podemos esperar que eles se desfaçam,
— disse Lina. — Muitas vidas serão perdidas. Muito dano será feito.
Yoda assentiu. Abriu os olhos, mas estavam pesados, como se ele ainda
estivesse em outro lugar, perdido em seus próprios pensamentos.
— Concordo. Precisamos manter a pressão. O Conselho já autorizou
mais Jedi para ajudar na captura de um motor de Trilha. Isso deve ser uma
prioridade.
Lina assentiu. Não sabia o que mais dizer.
— Há tempos difíceis pela frente, — disse Yoda. — Nossa atenção está
dividida. As pessoas precisam da nossa ajuda, mais do que nunca. Nossos
recursos estão espalhados. A Muralha de Tempestade deve ser rompido.
Aprender a combater os Inomináveis, nós devemos.
Lina queria gritar de frustração.
— Por mais apavorantes que essas criaturas sejam, tão preocupante
quanto o seu efeito sobre os Jedi, certamente, são apenas uma arma usada
por um ditador louco. Como podem ser a resposta para tudo isso?
— Entrelaçados com a história dos Nihil, os Inomináveis estão.
Desvendar a verdade sobre eles e as respostas se tornarão claras, — disse
Yoda.
— Você tem certeza disso? — perguntou Lina. Ela não conseguia
começar a entender, mas precisava depositar a sua fé no Conselho Jedi.
Agora não era hora de descartar qualquer opção.
Yoda assentiu.
— Estamos mais perto de entender. Com a ajuda de Azlin e através da
dedicação de Jedi como Reath Silas e Emerick Caphtor, em breve
saberemos a verdade.
— Então, o que posso fazer para ajudar? Como você diz, nossos
recursos já estão espalhados, mas o que quer que você precise, colocarei à
sua disposição.
— Sábia, você é, — disse Yoda. — Ajuda, precisaremos. Os Jedi não
podem lidar com os Inomináveis sozinhos.
— Falarei com os comandantes da CDR, — disse Lina. —
Coordenaremos com o Conselho e alocaremos pessoal adequado para
ajudar nisso.
Yoda desceu de sua cadeira.
— Com o Conselho, eu falarei.
Lina assentiu, exausta.
— Juntos, enfrentaremos isso, Lina Soh, — disse Yoda. — Juntos,
encontraremos um caminho.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Avar. Aqui é a Rhil. O plano está em andamento. Mesmo local


hoje à noite, ao pôr do sol. — Uma pausa. — Avar. Aqui é a Rhil. O plano
está em andamento. Mesmo local hoje à noite, ao pôr do sol. — E então: —
Avar, aqui é...
Viess estendeu a mão e apertou o interruptor de DESLIGAR no dispositivo
de gravação. Encarou o odioso pequeno Talpini parado diante dela em suas
câmaras particulares. Ele estava usando um sorriso autossatisfeito tão
amplo que ela achou que poderia desenvolver seu próprio horizonte de
gravidade e engoli-lo inteiro.
— Certo, Petrik. Você fez bem.
Petrik colocou o dispositivo de gravação de volta em suas coberturas
imundas.
— Fiquei desconfiado, viu. Meglar continuava inventando desculpas
para ficar sozinho com a mulher repórter. No começo, eu pensei...
— Sim, sim. Posso imaginar o que você pensou, — disse Viess, com um
arrepio. Não é de se admirar que o tolo estivesse espionando-os. Ele
obviamente esperava ver mais do que apenas uma transmissão secreta.
Mas que transmissão.
Avar.
Tinha que ser Avar Kriss, a lendária Jedi. A oficial do Farol Luz Estelar.
A chamada Heroína de Hetzal, que havia salvo este planeta da destruição
após o primeiro Grande Desastre.
Ela estava aqui, em Hetzal, agora? Ela havia estado operando dentro da
Zona de Oclusão todo esse tempo, despercebida? Certamente parecia.
Viess ouvira histórias sobre uma Jedi, mais recentemente ao pegar uma
pod de fuga contendo dois guardas Nihil, que foram ejetados de uma nave
de transporte carregando um carregamento de grãos. Eles estavam mortos
agora, é claro, esse tipo de falha não podia ser tolerado, mas falavam de
uma humana loira, uma mulher com um sabre de luz.
Uma mulher com o poder de mover coisas com a mente, que não os
matou mesmo tendo oportunidade.
Uma Jedi de verdade.
É claro, não havia muita informação para se basear. Provavelmente
havia dezenas de Jedi que se modelaram a partir de Avar Kriss. Mas ouvir
isso agora... fazia sentido.
Avar Kriss, quase ao alcance.
Pela gravação, parecia que a Jedi estava planejando algo com Rhil Dairo
e o traidor Halisite, Quith Meglar. Talvez uma fuga da prisão. Talvez mais.
Por meses, Viess vinha dizendo a Ro que manter a repórter viva era um
risco. Que, apesar da deliciosa ironia de usar uma ex-porta-voz da
República para transmitir propaganda contra ela, Dairo tentaria virar o jogo
na primeira oportunidade.
Claramente, Ro havia entendido isso. Na verdade, ele provavelmente
contava com isso, vendo como uma maneira de atrair mais Jedi, que
poderiam tentar salvar a sua amiga de outrora, ou pelo menos tentar pôr fim
às suas transmissões.
O plano havia funcionado, também. Embora Viess não tivesse a intenção
de contar a Marchion Ro. Pelo menos, não até que pudesse entregá-lo Avar
Kriss em uma bandeja de prata.
Falhara em trazer Porter Engle. Até agora.
Isso, no entanto, seria a glória suprema. Isso a elevaria acima dos outros
ministros. Finalmente silenciaria o tolo Ghirra Starros, que estava tão
inclinado à paz que praticamente se tornara uma simpatizante do inimigo. E
Boolan, também. Aquele horrendo Ithoriano com os seus experimentos
grotescos. Não haveria necessidade dele e de seus próprios caçadores de
Jedi. Não quando Viess havia trazido Avar Kriss para a mesa.
— Devo matá-los? — perguntou Petrik, com um entusiasmo um pouco
exagerado. — Ou você quer fazer isso pessoalmente?
— Ainda não, — disse Viess.
Petrik parecia confuso.
— Mas eles são traidores. Devemos pegá-los e dividi-los antes que
tenham a chance de causar algum problema real. É o que o Olho faria.
— E como eles nos levariam até a Jedi se estivessem mortos? — disse
Viess, sua paciência se esgotando rapidamente. — Não sabemos onde é o
'local' secreto deles, não é?
Petrik balançou a cabeça.
— A Jedi? Você quer dizer que há uma Jedi misturada a tudo isso? —
Ele realmente parecia assustado com a ideia. Como o imbecil ainda estava
vivo, era um palpite.
— Olha, só... fique de olho nos dois. Deixe que tenham todo o espaço de
que precisam. Se fizerem mais transmissões, você sabe o que fazer.
— Sei?
— Registre-as e traga pra mim, como esta, — disse Viess, entre dentes
cerrados.
— Ah, sim. Claro.
— E Petrik, se você contar a mais alguém sobre isso, eles não serão os
únicos que acabarão 'presos e divididos'. Você entende?
— Acho que sim, — disse Petrik.
— Então volte para o buraco imundo de onde saiu. E esteja pronto.
Quando saírem para fazer aquele encontro, você vem comigo.
Petrik assentiu e saiu apressado.
Viess o observou ir.
Aquele alimento pra lâmina da Jedi.
Assumindo que eu não o mate primeiro...
HINTIS IV

A luz do sol vermelho fez Bell pensar em sangue.


Ela o envolvia enquanto estava em pé na estação tática, banhando o seu
rosto, imergindo-o em seu suave brilho carmesim. Hoje, as ruínas da cidade
pareciam um cemitério, um mausoléu erguido para dar conta dos mortos.
E haviam tantos mortos.
O clima na base da CDR em Hintis IV era sombrio. As pessoas haviam
perdido amigos e entes queridos no ataque ao Muralha de Tempestade e
estavam imersas na tristeza. Outras estavam atordoadas com a perda de seus
mundos natais, envolvidos pela expansão da Zona de Oclusão. Famílias,
lares, todos agora fora de alcance. Era inconcebível, e as ondas seriam
sentidas por gerações.
Bell tentou contactar a Coruscant, falar com alguém, qualquer um, sobre
o que havia acontecido, mas os canais de comunicação estavam
sobrecarregados, e os Jedi estavam lutando para lidar com os milhares de
novos problemas que todos enfrentavam.
A melhor coisa que ele e Burry poderiam fazer, eles concordaram, era
redobrar os esforços para capturar um motor de Trilha. Não só isso, mas
eles tinham uma nova fronteira para ajudar a patrulhar.
A base de Hintis IV agora estava perigosamente próxima da nova
fronteira, que havia se expandido para o sistema estelar vizinho antes de
finalmente parar. Os ataques podiam estar chegando até eles em seguida. As
pessoas estavam compreensivelmente nervosas.
Bell, por outro lado, estava profundamente frustrado. Passara algum
tempo meditando, tentando lidar com a raiva e desespero que o haviam
levado a tentar virar a Tratado, para se deixar ficar preso junto com os
outros dentro da Zona de Oclusão à medida que ela se expandia.
Foi uma ação nascida dessa mesma frustração, da necessidade de
revidar, fazer algo que valesse a pena, fazer a diferença.
Mas deixara isso ir longe demais, e pedira desculpas a Burry, Capitã Pel
e à tripulação.
A questão era que eles entendiam. Compartilhavam da sua frustração, do
seu desespero. Eles não queriam nada mais do que parar os Nihil. Mas
Burry estava certo. Mais uma nave dentro da zona não era suficiente. E eles
eram necessários. A última coisa que a Ordem Jedi precisava era perder
mais pessoas por trás da Muralha de Tempestade sem um plano.
E assim voltara a sua atenção para o plano.
Onde eles haviam encontrado outro obstáculo.
— Então ainda não há um padrão que você possa decifrar nos ataques?
— disse Bell, afastando-se da janela.
Harlak, o técnico Gran, balançou a cabeça.
— Nada. Parece quase como se estivessem sendo aleatórios. Como se,
sempre que uma nave com um motor de Trilha deseja atravessar a Muralha
de Tempestade, o sistema alocasse uma rota permitida aleatória pela qual
viajar. — Ele deu de ombros. — É uma configuração inteligente. Primitiva,
mas se você tem controle da nave-mãe e um monte de motores de Trilha
contendo mapas de rotas de hiperespaço inexploradas, é quase infalível.
Burry rosnou baixinho de desagrado.
Harlak levantou as mãos em rendição simulada.
— Não estou dizendo que gosto disso, — ele disse, — mas posso
apreciar pelo que é.
— Então você está nos dizendo que não há um padrão nos ataques da
Cacofonia? — disse Bell.
— É o que parece, — disse Harlak.
Burry balançou a cabeça, fazendo as suas tranças tilintarem. Ele apontou
que não podia ser o caso. Os ataques eram tudo menos aleatórios. Eles eram
muito bem executados, muito cuidadosamente planejados. Alguns eram
bombardeios orbitais, outros ataques ao nível do solo. Eles não podiam
fazer isso sem saber no que estavam se metendo, era muito arriscado,
mesmo para os Nihil. Um passo em falso, atacando uma fortaleza ou
guarnição armada, e eles seriam obliterados ou correriam o risco de deixar
um motor de Trilha cair nas mãos do inimigo. Além disso, ele estava certo
de que Shryke estava usando os ataques como uma espécie de isca, uma
tentativa de atrair mais Jedi para capturar e levar de volta por trás da
Muralha de Tempestade.
— Você está certo, — disse Bell. — Combina com o que aconteceu com
o Mestre Veter. E o que eles tentaram fazer quando nos atacaram com
aquelas naves de perfuração. A Cacofonia poderia nos ter eliminado. Nos
explodido em pedaços enquanto estávamos presos. Mas, em vez disso, eles
estavam se aproximando.
— Interessante, — disse Harlak.
— Isso significa que nem todos os ataques podem ser aleatórios, —
disse Bell. — A maioria, talvez, onde faz pouca diferença para o resultado.
Mas Melis Shryke pode estar trabalhando com um plano. Usando Trilhas
específicas para se aproximar de patrulhas Jedi.
Burry assentiu. Ele foi até a estação tática e exibiu o mapa holográfico
da Muralha de Tempestade. Bell tentou não pensar em quão maior parecia.
Burry girou uma série de botões, retrocedendo a linha do tempo antes da
recente expansão. A Muralha de Tempestade holográfica encolheu
novamente.
— O que você está fazendo? — perguntou Bell. Ele e Harlak se
aproximaram para se juntar a Burry, olhando para o mapa azul oscilante.
— Arrwwwrara warrgh, — disse Burry, explicando que ele tinha uma
ideia.
— Oh, isso é bom! — disse Bell. — Por que não pensamos em olhar
para isso dessa maneira antes?
Harlak olhou para Bell, indecifrável.
— O que ele disse?
Bell sorriu.
— Ele disse que, em vez de olhar para o ponto de emergência, por que
não tentamos correlacionar os locais dos ataques reais.
Harlak considerou isso por um momento.
— Pode funcionar. Já tentamos antes, mas em geral, e não encontramos
padrões óbvios. Mas se você estiver certo sobre a Cacofonia
especificamente... — Ele parecia genuinamente animado agora, mexendo
com as mãos como se já tivesse que se segurar no terminal. — Se isolarmos
os ataques que sabemos com certeza que foram realizados pela Cacofonia,
podemos muito bem triangulá-los para ver se surge um padrão.
— Gênio, — disse Bell.
Burry o golpeou levemente no braço.
— Eu quis dizer você! Eu quis dizer você!
Bell esfregou o braço de forma significativa. Quando olhou novamente
ao redor, Harlak já estava ocupado inserindo dados.
CORUSCANT

Elzar evitou praticamente todos ao retornar ao Templo Jedi em


Coruscant. Sabia que teria que enfrentá-los mais cedo ou mais tarde,
haveria uma investigação, durante a qual ele e Keven Tarr cada um
esboçaria a sua compreensão do que aconteceu durante o ataque a Muralha
de Tempestade.
Não tinha preocupações ou escrúpulos sobre isso. Seria honesto e direto
sobre as suas decisões e as suas implicações, e sabia que Tarr faria o
mesmo.
A verdade era que tanto o Conselho Jedi quanto a CDR tinham coisas
muito mais importantes com que se preocupar primeiro. A expansão da
Muralha de Tempestade era um golpe que nenhum deles poderia ter
antecipado, e isso dominaria as suas vidas no futuro próximo. Decisões
estavam sendo tomadas. Novas linhas estavam sendo desenhadas. Jedi
estavam sendo reatribuídos para ajudar nas operações da CDR em novos
setores. Outros estavam sendo enviados para reforçar os esforços de
capturar um motor de Trilha funcional.
O Templo estava agitado de atividade.
Elzar ajudaria em tudo, da melhor maneira que pudesse. Desempenharia
o seu papel da melhor forma possível.
Isso viria depois, no entanto. Por enquanto, tinha se retirado para os seus
aposentos.
Para se esconder.
Não era que não pudesse enfrentar o desprezo deles. Era mais que não
estava certo se poderia suportar a bondade deles. Era por isso que se isolara
de Tarr na viagem de volta, porque Tarr era quase tão empático quanto
Burryaga, apesar de sua fachada de distração estudiosa. Tarr teria procurado
confortá-lo, e Elzar não achava que poderia suportar isso. Tomara decisões
erradas, pressionara e pressionara até conseguir o que queria, e depois
arriscara a vida dos outros. Ele precisava enfrentar o que tinha feito e
aprender a viver com as consequências, o peso da responsabilidade.
Não precisava de bondade. Precisava de honestidade e verdade.
Precisava que alguém segurasse um espelho para ele e o lembrasse por que
se importava tanto, por que fazia o que fazia; por que era um Jedi em
primeiro lugar.
Ele precisava de Stellan.
Ou Avar.
Sentado no chão, com os joelhos puxados até o peito, ele se perguntava
se a veria novamente. A ideia de que talvez não a visse era insuportável.
Avar era uma amiga. Uma colega Mestra Jedi. Eles concordaram há
muito tempo que era tudo o que seriam. E era o suficiente.
Verdadeiramente, era.
O que precisava dela agora era um ombro para se apoiar. Orientação.
Compreensão.
Precisava saber que alguém se importava.
Que alguém ainda conseguia ver o verdadeiro Elzar, por trás de toda a
bagunça, por trás da fachada que ele tentara desesperadamente manter.
Precisava da ajuda dela para se encontrar novamente.
Elzar queria dizer tudo isso a ela. Ela era a única que restava com quem
ele podia falar assim. Ainda a única a quem ele contara sobre Chancey
Yarrow. Precisava contar a ela como estava se sentindo.
Sabia que isso era egoísta da parte dele.
Mesmo assim, independente disso, precisava colocar pra fora. Apenas...
conversar.
Olhou para uma gaveta próxima.
Talvez houvesse uma maneira.
Inclinou-se, puxou a gaveta aberta e retirou um pequeno e antigo
dispositivo de comunicação preto. Era antigo, um relicário, projetado para
um antigo sistema de retransmissão de comunicações que fazia uso de uma
cadeia de boias satélites semeadas durante a grande expansão quase
duzentos anos antes. As ferramentas dos antigos Desbravadores e as suas
equipes de comunicação, deixadas para definhar sem uso desde o
mapeamento das rotas de hiperespaço que as tornaram obsoletas.
Isso traduziria as suas palavras em uma espécie de código simples, uma
sequência formada por apitos, assobios e bipes, que seria lançada nas
profundezas da Orla Exterior.
Havia esperado que fosse uma maneira de enviar uma mensagem para a
Zona de Oclusão, uma tecnologia tão antiga que os equipamentos de
interferência usados pelos Nihil para bloquear comunicações nem
reconheceriam. Nos meses após a queda do Farol, enviou várias mensagens,
usando várias técnicas e equipamentos antigos, trabalhando com o mesmo
princípio, de que os Nihil não estariam bloqueando ativamente modos
antigos ou obsoletos de comunicação. Ele passara semanas nas Bibliotecas
Jedi pesquisando tecnologia obsoleta, assim como técnicas mais arcanas e
antigas de projeção da Força. Montara dispositivos e transmitira as suas
mensagens, mas não recebera resposta.
Apenas uma vez tentara entrar em contato diretamente com Avar. Mas a
experiência, feita com um dispositivo que ele construíra para tentar
canalizar a Força, provou ser dolorosa e ineficaz.
No final, desistira de todo o empreendimento como inútil, mas apenas
depois de ter esgotado todas as possibilidades que podia encontrar. Parecia
que ninguém estava ouvindo, e se estivessem, provavelmente não saberiam
como decifrar os estranhos códigos que ele precisava usar para fazer o
equipamento funcionar. Eles provavelmente nem pensariam em escanear os
canais certos. A tecnologia era tão obscura agora que toda a empreitada
provavelmente era um completo desperdício de tempo.
E no entanto, hoje, isso servia ao seu propósito. Gritar no vazio parecia
certo. Segurou o transmissor na boca e apertou o botão para transmitir.
E então ele falou:
— Avar. É Elzar. Não sei se você ouvirá isso algum dia. Talvez seja
melhor se você não ouvir, se essas palavras se dissiparem entre as estrelas
para serem esquecidas para sempre. Pode nos poupar algum
constrangimento.
— A questão é... eu sinto a sua falta. E eu preciso da sua ajuda. O seu
conselho. Eu preciso da sua orientação. Eu preciso de você.
— É só... eu estou perdido, e não tenho certeza se consigo fazer isso
sozinho. Não mais. Eu passei tanto tempo tentando fazer o que pensei que
as pessoas queriam de mim. Ser quem elas precisavam que eu fosse, quem a
galáxia precisava que eu fosse.
— A verdade é que é a minha culpa que Stellan se foi. Se eu tivesse
feito escolhas melhores no Farol Luz Estelar, se não tivesse sido tão
precipitado, ele ainda estaria aqui. E eu não ficaria pra trás sozinho,
tentando tomar o seu lugar.
— Mas os lugares dele são grandes demais para mim, Avar. Eu
simplesmente não sou tão bom quanto ele era. Eu não posso fazer isso. Eu
tentei tanto. Eu realmente tentei. Eu prometi a mim mesmo que não deixaria
a galáxia sofrer tal perda, que eu precisava incorporar pelo menos parte do
que o tornava a pessoa que ele era.
— Mas eu não consigo. Eu não sou o Stellan, entende. Eu não posso
fazer o que ele fez. E toda vez que eu tento, dá errado, e as pessoas se
machucam.
— Tantas vidas foram perdidas por minha causa. Eu tentei perfurar a
Muralha de Tempestade. Eu argumentei a favor de tentar quebrar o impasse,
levar a batalha até Marchion Ro. Para impedi-lo de machucar mais pessoas.
Mas eu estava tentando alcançar você também. Porque, ao contrário de
Stellan, eu não sou altruísta. Não como deveria ser. Eu não suportava a
ideia de não te ver novamente. Eu ainda não suporto. E então eu tentei
encontrar um jeito. Uma maneira que ajudasse a todos. Eu tentei fazer o que
pensei que Stellan faria. Lutar, mesmo que todas as probabilidades
estivessem contra mim, e todos me dissessem que não funcionaria.
— Mas eu falhei, de tantas maneiras. Pessoas morreram. E a Muralha de
Tempestade se expandiu. E agora isso também está em mim.
— E aqui está o problema, Avar. Eu não sei o que fazer. Eu não sei o que
vem a seguir, ou como consertar qualquer coisa disso. Eu nem sei se devo
tentar consertar as coisas, porque e se eu estragar isso também? Pela
primeira vez em minha vida, não consigo ver o caminho à frente. Eu
costumava ser tão certo, tão certo de que sabia o que a Força precisava de
mim. Agora toda essa certeza se foi.
— Eu só... espero que você esteja bem. E mesmo que você não ouça esta
mensagem, eu quero que você saiba que eu me importo. E eu tentei.
— Eu...
— Eu...
— Que a Força esteja com você, Avar.
Desligou a transmissão e encostou a cabeça no lado de sua cama.
Pronto. Estava feito.
Agora era hora de lembrar que ele era um Jedi. Um mestre. Ele tinha
responsabilidades.
Levantou-se, colocou o antigo dispositivo de comunicação
cuidadosamente de volta na gaveta e pegou um conjunto de roupas de
templo limpas que estavam penduradas ordenadamente no armário.
O mínimo que ele poderia fazer é manter as aparências.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Avar veio sozinha.


Tanto Belin quanto KC-78 haviam objetado veementemente,
argumentando que deveriam permanecer juntos como equipe, mas Avar
insistiu. Disse-lhes que precisava que estivessem prontos caso as coisas
dessem errado e precisasse fazer uma fuga rápida, assim como da última
vez, mas, na verdade, simplesmente não conseguia se obrigar a colocar
nenhum dos dois em perigo novamente. Não se pudesse evitar.
Prometera a ambos que voltaria para a nave assim que estivesse
totalmente ciente do plano. Mas também deixara claro que talvez não
pudesse levá-los com desta vez. Contrabandeá-los para a nave Nihil poderia
ser uma complicação demais, um risco que não estava disposta a correr.
Belin já fizera muito, arriscara a sua vida e o seu futuro para ajudá-la. Era o
suficiente. E embora a ideia de deixá-lo e a KC-78 dentro da Zona de
Oclusão à mercê dos Nihil não fosse atraente, jurou que voltaria por eles
assim que entregasse o motor de Trilha aos Jedi, e eles fossem capazes de
replicar os mapas das rotas de hiperespaço escondidas dos Nihil. Livre
movimento dentro e fora do espaço Nihil mudaria tudo. Isso tinha que ser o
objetivo. Mas era o risco dela, não deles.
Disse a Belin para voltar pra casa em Taroon, aproveitando os
protocolos do droide carniceiro para passar pelas regiões não
patrulhadas.Tinha que esperar que ele e KC-78 estivessem seguros lá, mas
com os Nihil distraídos e espalhados por conta da expansão repentina da
Muralha de Tempestade e da chegada de novos mundos para policiar,
achava que seria a melhor chance deles. Pelo menos até encontrar uma
maneira de trazê-los de volta.
Avar alcançou o topo dos degraus de pedra e, um pouco sem fôlego, se
enfiou na cobertura das árvores. O ar aqui estava úmido e quente, e o rico
aroma de agulhas de pinheiro enchia suas narinas enquanto ela as esmagava
suavemente sob os pés, tecendo entre os galhos para ter a melhor visão
possível da clareira.
Rhil e Meglar já estavam lá, de pé próximos um do outro perto do centro
do espaço irregular. Avar decidiu observá-los por um momento, apenas para
ver se algum deles revelava algo. Especialmente o Halisite, Meglar. Seria
bom para ela permanecer cautelosa, especialmente quando se tratava dos
Nihil. Um desertor era um traidor por natureza, e Avar permaneceria em
guarda até que a missão estivesse terminada, independentemente das
garantias de Rhil.
Avar ainda não podia confiar totalmente em sua conexão com a Força,
não podia assumir que os seus instintos eram tão apurados quanto antes;
que a sua bússola nesses assuntos era inteiramente precisa. Não com a
desarmonia da canção que ainda ouvia toda vez que invocava a Força. A
sua leitura de Meglar era que ele era genuíno, mas isso não significava que
não agiria com cuidado.
Meglar arrastava um saco de pano em seu rastro. Ele continha algo
volumoso e irregular. Ele continuava olhando para a linha de árvores atrás
deles, assim como da última vez que se encontraram, como se preocupado
que alguém pudesse se aproximar deles a qualquer momento. Avar
imaginou que isso fazia parte de ser um Nihil, quando o perigo mais
provável vinha de dentro de suas próprias fileiras, você aprendia a cuidar
das suas costas.
Rhil também parecia nervosa. Ela se esforçava para olhar ao redor na
penumbra crescente.
Avar não sentiu nada incomum ou inesperado. Ela se afastou das
árvores, abaixando o capuz de sua capa escura.
Meglar olhou rapidamente na direção dela, a mão indo para o blaster
preso ao seu cinto, e relaxou quando viu que era Avar.
— Você está atrasada, — ele disse.
— Fui pontual, — disse Avar. — É você quem está adiantado.
Meglar deu de ombros.
— As coisas estão um pouco... difíceis agora. Aproveitamos a
oportunidade para sair quando podíamos.
— Entendi, — disse Avar. Ela estudou Rhil, que estava batendo a ponta
de uma bota contra o calcanhar da outra em um gesto nervoso. — Você está
bem, Rhil? Há algo que eu deveria saber?
Rhil balançou a cabeça.
— Não. É só... — Ela fez uma pausa, reunindo-se. — Eu espero que isso
funcione, isso é tudo. Eu preciso sair daqui, Avar. — Ela parecia cansada,
como se estivesse correndo com energia nervosa.
— Vai funcionar, — disse Meglar, um pouco impaciente. Ele chutou o
saco no chão diante dele. Fez um clunk metálico abafado. Ele deu alguns
passos para trás, fazendo sinal para Avar se aproximar. — Eu trouxe isso
para você.
Avar estreitou os olhos.
— O que é isso?
— Um droide. Está quebrado agora. Mas eu pensei que você gostaria de
ver. A General Viess trouxe para o Olho. Ela disse que o pegou tentando
deixar a atmosfera de algum lugar chamado Daedus. Que ele foi montado
por um Jedi chamado Engle usando tecnologia antiga, coisas que ele achava
que poderiam passar pela Muralha de Tempestade. Ele estava tentando
enviar uma mensagem para os outros Jedi, ou algo assim. — Ele deu de
ombros, como se dissesse que não entendia realmente do que se tratava. —
Eu pensei... Bem, você é uma Jedi. Você pode saber o que fazer com isso.
Engle.
Será possível?
Porter Engle ainda estava vivo, em algum lugar próximo, por trás da
Muralha de Tempestade? Porter nunca desistiria. Se ele estivesse lá fora,
ainda estaria lutando.
— Esse Jedi, Engle, ele ainda está vivo?
Meglar acenou com a mão de forma displicente.
— Não sei. Não me importo. Mas pelo que vale, parece que o Olho está
bastante insatisfeito que a Viess ainda não o pegou.
Porter Engle.
A ideia dele trouxe um sorriso aos lábios de Avar.
Aproximou-se do saco, dobrando o tecido para revelar os destroços de
um droide antigo. Após alguns momentos, o identificou como um modelo
EX, embora estivesse bastante danificado. Já tinha visto esses droides uma
ou duas vezes, como imagens nos Arquivos Jedi, ou como sucata empilhada
em ferros-velhos por toda a Orla Exterior. Sabia que eles haviam sido
usados pelas equipes Desbravadoras da República para comunicação de
longa distância, quando Porter ainda era jovem.
Ligou o interruptor de alimentação, mas o droide estava muito
danificado. Algumas faíscas estalaram e chiaram dentro de suas
engrenagens, e uma perna deu uma dança espasmódica, mas as luzes não se
acenderam e o núcleo de memória do droide parecia estar inativo. Olhou
para Meglar.
— Você disse que ele estava carregando uma mensagem?
— Foi o que a general disse. Mas eu não a ouvi tocá-la. Provavelmente
ainda está na unidade de memória, se você conseguir encontrar uma
maneira de fazê-lo funcionar novamente.
— Meu droide pode, — disse Avar. — Eu vou levá-lo de volta para
minha nave.
Rhil e Meglar trocaram um olhar.
— Não temos tempo pra isso, — disse Rhil. — Estamos partindo assim
que terminarmos aqui. Você terá que trazê-lo com você. — Ela indicou o
droide EX que Avar estava embrulhando de volta no saco.
— Saindo agora? — disse Avar.
Meglar olhou por cima do ombro novamente.
— As coisas mudaram. Os prazos foram antecipados. Melis Shryke está
planejando um ataque no setor Seswenna.
— O setor Seswenna, mas isso é...
— Dividido pela fronteira da Muralha de Tempestade agora, — disse
Rhil. — Eles querem manter a pressão, deixar a República saber que as
coisas não mudaram só porque o espaço Nihil ficou maior.
— Eles estão se preparando para partir de manhã. Precisamos colocar
você e Rhil a bordo e escondidos o mais rápido possível. Há um
compactador de lixo na nave que está fora de serviço. Não deve ter sido
usado por meses. Vamos esconder vocês lá até estarmos em segurança fora
da zona. — Ele encarou Avar. — Espero que você esteja preparada para
isso, Jedi. Assim que estivermos em órbita ao redor de Eriadu, cabe a você
nos tirar com segurança daquela nave.
— Estou preparada pra isso, — disse Avar.
A ideia de abandonar Belin e KC-78 sem nem uma palavra estava longe
de ser atraente. Mas ela mal podia pressionar o ponto. Eles sabiam o que
fazer se ela não voltasse, esperar mais um dia e depois partir, colocando o
máximo de distância entre eles e Hetzal possível.
— Tudo bem. Trouxemos dois speeders. Você sabe como... — A boca de
Meglar continuou se movendo, mas nenhum som parecia passar por seus
lábios. Os seus olhos se arregalaram. A sua crista óssea ficou vermelha. Ele
olhou acusadoramente para Avar e depois tombou para frente, tombando
como uma árvore derrubada, o buraco ardente de uma ferida de saída no
centro de sua testa.
Claramente, ele estava certo de ficar de olho atrás de si.
O sabre de luz de Avar floresceu em sua mão.
— Não! Não, não, não! — Rhil encarou o cadáver aos seus pés,
consternada.
— Fique atrás de mim, Rhil, — disse Avar, escaneando as árvores do
outro lado da clareira. — Agora.
Rhil, em pânico, correu para o lado de Avar.
— O que...?
— Eles te seguiram até aqui, — disse Avar. Era a única explicação
lógica.
—Eles disseram que você era inteligente, — disse a voz de uma mulher.
Avar a rastreou, movendo-se entre as árvores à sua esquerda. Parecia
engraçada, mas cansada.
Passos à sua direita também.
Um movimento de flanco.
Quão simplista.
Avar deu um passo para trás, seu sabre de luz torcendo em sua mão. A
lâmina girou, zumbindo.
— Não imagino que você trouxe um blaster, Rhil?
— Na verdade... — Rhil puxou o seu cinto, tirando uma pequena arma
de uma dobra escondida. — Meglar achou que eu poderia precisar disso.
— Ele estava certo. Cubra as árvores à nossa direita.
Motores agora. O rugido de speeders se aproximando, vindo diretamente
para a clareira à frente deles.
Avar xingou. Estavam encurralados, com apenas a ravina por trás deles.
Se conseguisse levá-los até a nave abaixo, teriam chance de escapar, mas
havia toda chance de serem pegos nos degraus de pedra pelos disparos de
blaster. Não seria capaz de desviar de cada tiro. Não de um pequeno
exército.
— Está tudo bem, Avar Kriss, — disse a voz da mulher. — Não estou
aqui para matar você. — A mulher saiu de entre os troncos de duas árvores.
Era uma Mirialana, com a pele enrugada pelo tempo e cabelos grisalhos,
vestida com uma armadura preta completa e ornamentada. — Deixarei isso
para Marchion Ro e os seus bichos de estimação. — Ela carregava um
blaster ornamentado e usava uma espada antiquada na cintura.
— General Viess, — disse Rhil. — Um dos chamados ministros de Ro.
Avar ofereceu a Viess um sorriso sombrio.
— Receio que você tem a vantagem, — disse ela. — Nunca ouvi falar
de você.
Viess fez uma careta.
— Eu tenho a vantagem. — Ela apontou para a outra extremidade da
clareira, onde as speeders estavam começando a surgir. Pelo menos vinte
delas, a maioria carregando dois Nihil cada. Vários deles carregavam redes
metálicas.
Não parecia promissor.
— Avar? — disse Rhil.
— Eu sei, Rhil.
— Sinto muito. Eu não tinha ideia.
Avar acreditava nela. O fato de Quith Meglar estar morto no chão era
prova suficiente de que ele era genuíno em seu plano de tirá-los dali.
— Sempre foi um risco, — disse Avar.
— Não, — disse uma voz rouca e masculina à direita deles. — Sempre
foi uma estupidez completa.
Avar lançou um olhar ao recém-chegado, emergindo das árvores do lado
oposto a Viess. Um Talpini vestido com macacões desgrenhados.
— Você! — disse Rhil.
— Eu. — O Talpini sorriu sorrateiramente e levantou o seu blaster. — A
general disse nada de matar. Mas ela não disse nada sobre queimaduras
desagradáveis de blaster...
— Prepare-se, Rhil, — sussurrou Avar, em voz baixa.
— O que você...
— Pro chão, — gritou Avar.
Girou, sabre de luz girando, na direção da General Viess.
Blasters Nihil cuspiram, mas desviou os raios ardentes, fazendo-os se
dispersarem como uma espingarda, queimando através da copa das árvores
enquanto se dirigia até Viess.
Por trás dela, Rhil atingiu o chão e rolou.
Viess jogou o seu blaster no chão e tirou duas adagas de lâminas longas
de bainhas em seu cinto. Ela estava sorrindo enquanto corria para encontrar
Avar, com os seus movimentos ágeis e flexíveis, contradizendo a sua idade
aparente.
Avar sabia que não era hora de clemência. Derrubar essa mulher era a
única maneira de se salvar e salvar Rhil. O seu sabre de luz arqueou...
... e foi desviado por um antebraçal levantado. O plasma espirrou e
sibilou enquanto a lâmina escorregava pela armadura que cobria o
antebraço esquerdo da general.
Beskar.
A incrustação trabalhada era beskar.
Uma das adagas cintilou.
Mais beskar.
Avar recuou, pega de surpresa, enquanto a lâmina cortava a sua capa
esvoaçante, a ponta arranhando o lado de sua túnica presa. Fez uma careta
ao sentir o sangue escorrer.
Próxima, Rhil se arrastara para a cobertura das árvores, mantendo o seu
blaster apontado para o Talpini.
Avar torceu, jogando o seu sabre de luz para a outra mão, pressionando
um ataque no flanco direito exposto de Viess.
Novamente, Viess se abaixou e deslizou, com o seu braço direito
subindo para bater a lâmina do sabre de luz para longe.
— Sou experiente nisso, Avar, — ela sibilou, avançando com uma súbita
série de ataques, com as suas lâminas mordendo em ângulos diferentes
como dois cães que mordem.
Avar girou, com o seu sabre de luz rodando pelos ombros para desviar
um tiro de blaster que havia sido mirado em suas costas, e então chutou,
fazendo a mão esquerda de Viess se afastar, enquanto se inclinava, fazendo
com que a mão direita deslizasse passando por seu quadril, quase abrindo o
seu abdômen.
De perto, moveu a cabeça para frente, atingindo o nariz de Viess com a
sua testa. Viess recuou, com sangue escorrendo pelo queixo, um sorriso
malicioso no rosto.
Ela estava se divertindo com isso.
O restante dos Nihil haviam descido de seus speeders e estava
preparando as redes. Eram muitos. Se fossem apenas os saqueadores, talvez
conseguisse afastá-los, mas essa Viess...
Avar afastou mais uma série de ataques, com o beskar faiscando.
Arriscou um olhar para Rhil, que se arrastava de volta pela vegetação
enquanto o Talpini se aproximava, seu blaster acompanhando cada
movimento.
Acima, o som de um transporte rugiu acima da copa das árvores.
Reforços Nihil.
Desculpe, Rhil.
Viu a General franzir o cenho. Hesitar. Olhar pra cima além das árvores.
Ela não está esperando reforços.
Em outros lugares, os Nihil gritavam.
Avar avançou, empurrando Viess pra trás com uma série de golpes
brutais de duas mãos. A Mirialana se protegeu atrás dos braços, recuando
sob a intensidade dos golpes. Os seus antebraçais começaram a se curvar e
deformar sob o assalto sustentado do sabre de luz de Avar, mas os reforços
de beskar estavam segurando. Por enquanto.
O som acima estava ficando mais alto a cada segundo. Avar parou,
girou, parou novamente e lançou um olhar para cima, apenas por um
segundo, para ver uma faixa de chamas brilhantes iluminando o céu acima
das copas das árvores.
O que estava acontecendo?
Os seus sentidos se aguçaram.
Precisava se mover.
Agora.
Avar girou, golpeou Viess novamente e, em seguida, usando a Força,
empurrou a mulher pra trás, jogando-a nas árvores.
Desviando os tiros de blaster, deu três saltos em direção a Rhil, que
ainda estava no chão, agora lutando contra o Talpini, que parecia estar
tentando prender os braços da repórter. Avar correu, agarrou o Talpini pela
gola e o jogou pela clareira, onde ele colidiu com o tronco gordo de uma
árvore e afundou silenciosamente no chão.
— Fique no chão! — Avar se ajoelhou, protegendo Rhil, enquanto a
copa acima delas explodia em chamas.
Um transporte estava se aproximando em um ângulo agudo, um muito
agudo, liberando colunas de fumaça negra, seus motores liberando rastros
de chamas que incendiavam as árvores ao redor como se fossem papel seco.
Droides de sucata se agarravam ao que restava de seu casco, ainda
triturando, cortando e dissecando a nave, como lapas, mesmo enquanto ela
avançava pelo ar em sua descida final e mortal.
O calor já era intenso. Cinzas quentes se espalhavam ao redor delas
como flocos de neve flutuantes.
Ouviu Viess berrar a plenos pulmões.
Os saqueadores Nihil se dispersavam entre as árvores ou tentavam correr
para as suas speeders, mas era tarde demais.
O transporte atingiu com a força de uma pequena bomba, fazendo o solo
se romper ao redor do local do impacto. A onda resultante de terra
amassada atingiu os Nihil fugitivos como uma parede, esmagando aqueles
que ainda não haviam sido incinerados pela explosão inicial.
Avar e Rhil foram arremessadas pra trás, com o solo e matéria de
árvores em chamas chovendo sobre elas enquanto rolavam, tentando
desesperadamente evitar o pior da onda de choque flamejante.
O calor passou sobre Avar como um sol passante, encolhendo os finos
cabelos em seus braços e rosto. Rhil estava gritando, mas Avar mal podia
ouvir sobre o zumbido em seus ouvidos e o som das explosões secundárias,
reverberando por toda a clareira, enquanto o suprimento de combustível do
transporte explodia em uma série de estampidos.
Avar agarrou o seu sabre de luz, se levantando, virando para ver Viess a
encarando das árvores. Folhas queimadas pingavam como gotas de chuva
derretida ao seu redor, repelidas por sua armadura, caindo no chão como
cinzas enegrecidas.
Na outra extremidade da clareira, os poucos sobreviventes Nihil se
levantavam, cambaleando como se estivessem perdidos. Uma enorme
cratera ardente fervilhava no meio deles, os fragmentos quebrados do
transporte projetando-se do chão irregular.
Avar acendeu o seu sabre de luz. Viess cerrava os dentes.
E então algo mais caiu do céu.
A figura estava vestida de preto e carregava um sabre de luz azul-
brilhante em seu punho direito. Ele pousou com uma destreza que
contradizia a sua estrutura larga, usando a Força para desacelerar a sua
descida.
Ele havia caído do céu em chamas. Saltou da nave em queda.
Um Jedi.
Um Ikkrukkiano, com duas protuberâncias correspondentes brotando de
sua testa, uma barba grisalha selvagem e um curativo cobrindo o seu olho
esquerdo. Ele usava uma mochila pequena pendurada no ombro.
— Porter? — exclamou Avar, incapaz de conter sua credulidade.
— Avar! Desculpe pelo atraso na festa. Parece que perdi a diversão.
Avar o encarou.
— Mas... o quê...?
Mas Porter já havia voltado a sua atenção para a figura emergindo da
floresta em chamas.
— General, — disse ele cumprimentando ironicamente, com a sua voz
pingando sarcasmo.
— Porter Engle. Que inesperado, — disse Viess. Ela olhou de Porter
para Avar e de volta, claramente avaliando as suas chances e as
considerando insuficientes. Avar podia ver a frustração na maneira como
ela se segurava, com a sua desesperança para se lançar de volta na luta. Mas
era uma batalha que Viess sabia que não poderia vencer.
Em vez disso, Viess sorriu e deu um passo pra trás para a linha de
árvores em brasas.
— Acho que... não hoje, — disse ela, e então se virou e fugiu.
Porter parecia prestes a persegui-la, mas então pareceu pensar melhor.
Ele se virou para Avar.
— Precisamos nos mover. E rapidamente. A nave que caiu alertará todo
o forte. Eles estarão aqui em breve, em número.
— É bom te ver também. — Ela balançou a cabeça incrédula. — Como
você...?
Porter sorriu.
— Transmissões ocultas de Rhil. Admito que estou um pouco atrasado...
— Deu de ombros. — Mas haverá tempo para explicações depois.
Avar assentiu. Ela se virou para Rhil, que havia se levantado e estava se
sacudindo, o que teve o efeito de espalhar mais cinzas gordurosas sobre
suas roupas já sujas.
— Porter, — disse Rhil, com um aceno.
Porter sorriu.
— Estou supondo que as coisas não saíram como vocês esperavam.
— Pode-se dizer que sim, — disse Rhil.
Um grunhido.
Alguém se mexendo à direita deles.
Avar olhou ao redor para ver o Talpini correndo para fora da fumaça
giratória em direção a Rhil, uma careta assassina em seu rosto.
— Eu vou te matar! Sua traiçoeira...
As suas últimas palavras foram interrompidas por um tiro de blaster que
o atingiu no peito, fazendo-o girar de volta para o chão. Ele deu um suspiro
horrível e úmido e ficou imóvel.
— Não, Petrik. Você não vai, — disse Rhil. Ela deixou cair o blaster
com um soluço entrecortado.
Avar apagou o seu sabre de luz e correu para o lado de Rhil, pegando a
repórter enquanto ela cambaleava. Segurou-a por um momento.
— Está tudo bem, Rhil. Acabou.
Rhil assentiu, se afastando do abraço de Avar.
— Eu estou bem. É só... eu nunca...
— Eu entendo, — disse Avar.
Rhil atravessou até onde o corpo de Quith Meglar estava encolhido sob
um monte de terra amassada. Por um momento, Avar pensou que a mulher
iria prestar as suas homenagens. Em vez disso, ela pegou o saco de pano
contendo o EX droide quebrado. Ela entregou a Porter.
— Acho que isso é seu.
Porter abriu o saco e olhou para dentro. O seu rosto caiu ao ver seu
conteúdo.
— Não...
— Ainda há tempo, Porter, — disse Avar. — Ainda podemos transmitir
a sua mensagem.
Ele assentiu, pendurando o saco sobre o ombro.
— Você tem uma nave? A minha, hm... bem, ela não está realmente em
condições de voo.
Avar balançou a cabeça incrédula.
Tudo estava em frangalhos. O plano de fuga de Quith Meglar estava em
ruínas. O mundo ao redor deles estava literalmente em chamas. E ainda
assim, vendo Porter aqui, em meio a todo esse caos, Avar se sentiu mais
esperançosa do que havia se sentido em meses.
— Você tem sorte, — disse ela, com um sorriso. — Por aqui. — Ela
conduziu Rhil lentamente em direção aos degraus de pedra que os levariam
de volta a Belin e KC-78, na ravina lá embaixo. — Mas deixe-me deixar
uma coisa perfeitamente clara, Porter.
— O que é?
— Eu vou pilotar.
CORUSCANT

Elzar ficou ao lado de Lina Soh do lado de fora das portas


principais da Sala do Conselho no Templo Jedi.
A Chanceler havia solicitado uma audiência com o Conselho, e mais
uma vez, ela havia pedido a Elzar para comparecer. Ele veio, é claro,
porque recusar seria não apenas um insulto, mas uma falha em cumprir seu
dever. A verdade era que era o último lugar onde ele queria estar naquele
momento.
A Chanceler nem mesmo o olhara desde que chegaram. Elzar sabia que
era porque ela não queria trair sua própria vulnerabilidade. Ambos estavam
se sentindo machucados e feridos pelos acontecimentos recentes. Mesmo
alguém com a resiliência de Lina não conseguia manter totalmente as suas
emoções afastadas.
— Chanceler, eu...
Soh levantou a mão, impedindo-o em seu caminho.
— Se você vai dizer o que eu acho que você vai dizer, se vai começar a
se culpar pelo que aconteceu lá fora, então não faça. Ambos sabemos que
poderíamos ter tomado decisões diferentes. E ambos desejamos que
tivéssemos feito. Mas não é útil. Fizemos o que pensamos ser o melhor,
para a República e para as pessoas sob a nossa responsabilidade. Agora,
encerramos isso e seguimos em frente.
— Às vezes, não é tão fácil, — disse Elzar, gentilmente.
Finalmente, a Chanceler se virou para olhá-lo.
— Eu não disse que seria fácil. Mas que escolha temos? Não podemos
simplesmente sair porque cometemos erros. Muito pelo contrário. Temos
que nos esforçar mais.
Elzar assentiu, surpreendido pela simplicidade de seu argumento.
Ela estava certa. Que escolha eles tinham? As coisas haviam mudado,
mas não podiam voltar atrás no tempo. A única coisa a fazer agora era
decidir o que fazer a seguir.
— Sim. Você está certa, — disse ele.
— Bom. Então, vamos acabar com isso, — ela disse. Ela atravessou a
porta, e Elzar apressou-se para acompanhar.
Os membros do Conselho estavam todos presentes, embora os assentos
de Stellan e Pra-Tre Veter permanecessem propositadamente vazios. Yarael
Poof transmitia novamente por holo, mas os Mestres Yoda, Keaton Murag,
Soleil Agra, Lahru Xo e Ry Ki-Sakka estavam todos lá, junto com aqueles
que Elzar não via há algum tempo: os dois humanos, Ada-li Carro e Teri
Rosason; o Thisspiasiano, Oppo Rancisis, com o seu emaranhado de
cabelos torcidos e pele amarelo-verde; e o pequeno Yarkora de pele verde,
Adampo, que batia suas garras em seu colo enquanto os observava se
aproximarem. Todos haviam retornado do trabalho de campo para ajudar a
orientar a Ordem por meio da crise atual.
Elzar manteve a cabeça baixa ao acompanhar a Chanceler até o centro
de seu círculo reunido.
— Chanceler, Elzar, — disse Teri Rosason. — É bom vê-los. Eu gostaria
que estivéssemos nos encontrando em circunstâncias melhores.
— De fato, — disse Soh. — Obrigado por ter tempo para falar comigo.
Sei o quão ocupados vocês estão, orquestrando a resposta Jedi a esta crise.
— Devemos nos unir em nossa hora de necessidade, — disse Lahru. —
Apenas trabalhando juntos poderemos superar isso.
— Nos diga, — disse Soleil Agra, — como podemos ajudar?
Soh ergueu a cabeça. Elzar podia ver pelas linhas sob seus olhos, pela
superficialidade de sua respiração, que mal havia dormido. Seja lá o que
fosse que estava prestes a dizer, estava pesando sobre ela.
— Eu me pergunto agora se fui muito apressada em rejeitar a proposta
de Ghirra Starros de oferecer um assento no Senado aos Nihil.
Elzar a observou, as sobrancelhas se franzindo. Será que ela realmente
estava pensando em voltar atrás em sua decisão?
— E a sua justificativa para uma reversão tão ousada? — perguntou
Murag. — Além da repulsa óbvia à natureza da retaliação dos Nihil?
— Tudo o que tentamos até agora falhou, — disse Soh. — E então eu
me pergunto, se não podemos derrotá-los com força, talvez possamos
derrotá-los com diplomacia. Se oferecermos a eles um assento à mesa,
talvez possamos encontrar uma maneira de pelo menos influenciar, se não
dirigir, o curso futuro dos Nihil. — Ela parecia dolorida. — Não quero
admitir, mas estou começando a pensar que não temos outra escolha.
Oferecer legitimidade aos Nihil e trazê-los para dentro pode ser a única
jogada restante.
— Mas o que isso nos torna? — disse Adampo, acariciando as finas
cerdas de seu queixo. — Cúmplices de seus crimes? Apoiadores de um
regime que oprime bilhões de seres, mantendo-os reféns em seus próprios
mundos? Condescendentes e apologéticos, apoiando um governo inimigo
porque é marginalmente melhor do que a alternativa?
— E no entanto, uma pessoa como Ghirra Starros, embora não deva ser
confiável, — disse Rancisis, — pode pelo menos estar disposta a se
envolver nos sistemas democráticos do Senado e da República. Ela pode
ajudar a domar as tendências mais bárbaras de Marchion Ro.
— Há alguma lógica nisso, — disse Agra. — Sinto que Ghirra Starros
não nos deu o quadro completo. Talvez haja algumas divisões se formando
entre as facções dos Nihil, e poderíamos usar isso a nosso favor, ajudando a
separá-los.
— O Mestre Yoda disse algo semelhante, — disse Soh, olhando para ele.
— Que os Nihil podem ter se espalhado muito e não serão capazes de
manter o controle do maior domínio que eles se encontraram governando
agora.
— De fato, — disse Yoda. — Mas confiar nisso não podemos. O tempo
está contra nós.
— Pode-se tentar mudá-los, — disse Ry, — mas, quando se resume a
isso, eles têm que querer mudar. Ghirra poderia ser parte disso, mas não
temos ideia se ela é uma voz solitária gritando ao vento, ou a ponta de um
iceberg de revolução. O objetivo a longo prazo tem que ser a redução da
ameaça e o retorno da soberania aos planetas dentro da Zona de Oclusão,
não é mesmo? Essa é a melhor maneira de atingir esse objetivo?
Certamente dar aos Nihil um assento no Senado também poderia consolidar
o poder de Marchion Ro, dando legitimidade e influência ao seu governo
em toda a galáxia, além do que ele tem agora.
— E ainda assim, como as coisas estão, ele tem a capacidade unilateral
de estender o alcance de sua Muralha de Tempestade sempre que escolher,
apreendendo mais e mais território à vontade, — disse Soh.
— Você ouviu a proposta de Ghirra, Elzar. O que o seu instinto lhe diz?
— perguntou Murag.
Você está me perguntando?
Depois de eu já ter cometido tantos erros?
Elzar limpou a garganta.
— Embora não pareça certo apoiar Ghirra, em tantos níveis, não consigo
oferecer a vocês um plano melhor. Não mais. Estamos ficando sem opções.
Soh assentiu.
— Cheguei à mesma conclusão. Enquanto todos os nossos esforços são
direcionados para capturar um motor de Trilha, apoiar os mundos da nova
fronteira, resolver a questão dos Inomináveis, podemos realmente dizer que
tentamos tudo se não tentamos isso?
Uma série de acenos relutantes se espalhou pelos Jedi reunidos.
— Acredite, isso não é algo que eu aprecio, — disse Soh. — É um dia
sombrio para a democracia. Mas se nos der a oportunidade de alcançar as
pessoas dentro da Zona de Oclusão, de impedir uma expansão ou ataques
futuros, acho que é algo que devemos fazer.
— Você acha que ainda vão ouvir? — disse Lahru.
— Sinceramente, eu não sei, — disse Soh. — Não consigo antecipar a
reação de Marchion Ro, mas tenho certeza de que Starros estaria mais do
que disposta. Se houver uma maneira de alcançá-la.
— Sempre há uma maneira, — disse Ada-Li Carro. — Sabemos que há
naves Nihil entrando e saindo da Zona de Oclusão o tempo todo. Se
transmitirmos uma mensagem, certamente uma delas a pegará e a levará de
volta a ela.
Soh assentiu.
— Então é isso que faremos.
— Parece que você está decidida, Chanceler Soh, — disse Adampo.
— Parece que sim, — disse a Chanceler. Ela olhou para Yoda e depois
para Ry. — Vocês não vão votar?
— Esta não é a nossa decisão, — disse Yoda. — Mas saiba que, como
Mestre Lahru disse quando você entrou pela primeira vez nesta Sala, os Jedi
estão com você, Chanceler Soh. Há riscos graves no que você propõe, sim,
mas também há sabedoria. Um inimigo próximo é, talvez, melhor do que
um inimigo desconhecido.
— Muito bem, — disse Soh. — A menos que a situação mude, eu farei
as devidas aberturas para reiniciar as negociações de paz.
Elzar suspirou, em parte aliviado e em parte consternado.
Pelo menos uma decisão havia sido tomada. Um possível fim para o
constante pesadelo do conflito com os Nihil.
Então, por que ele sentia como se todos estivessem navegando às cegas
em águas ainda mais profundas e perigosas?
ESPAÇO, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter estava sentado com as costas apoiadas em um dos tonéis de


armazenamento vazios na parte traseira do compartimento. Ao lado dele, o
KC-78 estava parado adormecido, absorvendo tudo o que os dois Jedi
diziam. Rhil estava na frente com Belin, devorando uma refeição muito
necessária. Sem dúvida, ela precisava de assistência médica adequada após
seu tormento; o tormento psicológico de ser mantida cativa por tanto tempo
deve ter sido verdadeiramente horrendo de suportar, sem mencionar as
necessidades fisiológicas associadas a ser uma prisioneira, mas isso teria
que esperar, talvez até que pudessem encontrar uma maneira de sair da
Zona de Oclusão. E com Quith Meglar morto, Avar nem mesmo sabia por
onde começar.
Mesmo assim, Belin parecia tê-la adotado imediatamente. O Ugnaught
era uma fonte constante de surpresa para ela, e a sua admiração por ele
havia crescido em ordens de grandeza durante o curto tempo em que
estiveram juntos. Se alguém que havia passado por tanto quanto ele
conseguia permanecer tão constante, tão intrinsecamente bondoso, então
talvez realmente houvesse esperança para a galáxia.
Depois de deixar Hetzal, eles se refugiaram em meio a um campo de
asteroides no setor Kiblini, guiando a nave entre os destroços à deriva de
um antigo planeta e pousando na parte de trás de um dos pequenos corpos
rochosos. Eles desligaram tudo, exceto os sistemas básicos de suporte à
vida, enquanto tentavam elaborar um plano.
Eles sabiam que havia naves de patrulha Nihil vasculhando os territórios
ao redor de Hetzal, seguindo a sua fuga apressada. Avar esperava que isso
fosse o suficiente como esconderijo, pelo menos para comprar algumas
horas de respiro. Belin estava menos convencido e estava pronto para outra
saída rápida se necessário.
— Estou impressionado, Avar, — disse Porter.
— Não vejo motivo para ficar impressionado, — respondeu Avar. — Eu
estive me escondendo, Porter. Realizando pequenos gestos de rebelião, em
vez de fazer um plano adequado.
Estava andando pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo, como se
estivesse procurando um caminho que nunca se apresentava. Tê-lo aqui, ter
outro Jedi com quem conversar, alguém que realmente entendia... Era como
uma panaceia. Como uma oportunidade. E estava sendo honesta, consigo
mesma tanto quanto com Porter. Admitindo verdades que estava apenas
começando a enfrentar. Apenas estar com Porter era como segurar um
espelho. Não havia julgamento ali, nenhuma pergunta, exceto aquelas que
se fazia.
Era um lembrete de quanto sentia falta de fazer parte de algo. Pertencer.
Um lembrete também daqueles que deixou para trás.
Porter acompanhava os seus movimentos com o seu único olho enquanto
ela chutava as máscaras Nihil descartadas com a ponta da bota, deixadas pra
trás pelos dois Nihil que havia lançado no pod de fuga.
— Você sobreviveu, — ele disse. — Em um ambiente hostil. Você
ajudou as pessoas. Isso não é pouca coisa, Avar. Você não pode
desconsiderar os pequenos gestos que mudam a vida das pessoas. Depois de
um tempo, eles começam a se acumular. Você fez a diferença, quer veja ou
não.
Eles dedicaram um tempo para trocar as suas histórias do último ano,
lamentando que não tivessem se encontrado antes, e reconhecendo que se
tivessem, teriam se tornado um alvo muito maior para os Nihil. Era
provável que fosse porque eles continuaram a operar sozinhos que ambos
ainda estavam vivos.
Avar se perguntava quantos outros Jedi estavam por aí, sobrevivendo
sob o calcanhar dos Nihil, mantendo a cabeça baixa para evitar detecção,
ajudando as pessoas quando podiam.
— Seja como for, isso não me levou muito longe, não é mesmo? — ela
disse.
— Te trouxe aqui, agora. Nos trouxe juntos, através da mensagem de
Rhil. Vejo a mão da Força nisso. Nos foi concedida uma oportunidade, e
não podemos desperdiçá-la.
Avar assentiu.
— E você, Porter. Como está você?
— Velho e cansado, — disse o Ikkrukkiano. — Mas pronto para levar
isso até o fim. É um conflito que já vem há muito tempo, Avar.
— Como assim?
— Uma história para outro dia, quando tivermos mais tempo. Mas tem
as suas raízes no passado distante, e estou pronto para vê-la terminar. É hora
de encontrarmos uma maneira de pôr um fim definitivo nos Nihil e lidar
com os seus animais problemáticos.
Os Inomináveis. Avar estremeceu com a ideia deles.
— Isso é subestimar um pouco o problema, Porter.
Ele sorriu.
— Força do hábito.
— Você realmente acha que o droide Eeex tem a capacidade de
contornar a Muralha de Tempestade? — perguntou Avar. Porter explicou o
seu plano, como passou meses juntando as peças necessárias para
reconstruir um dos antigos droides, tudo para enviar uma mensagem aos
Jedi do outro lado da parede. Só para falhar no último obstáculo, por causa
da General Viess.
— Acredito, — disse Porter. — E, além disso, acho que talvez possa
apontar o caminho de como contornar a Muralha de Tempestade. Se a
República puder utilizar a antiga tecnologia de hiperespaço usada pelos
droides de comunicação, eles podem ser capazes de contornar
completamente o campo de distorção, da mesma forma que os Nihil usam
as suas Trilhas. Esses antigos droides usavam um sistema esquecido e
obsoleto de encadear saltos menores no hiperespaço para evitar os perigos
inerentes em viajar pelas rotas maiores e não mapeadas.
— Um sistema do qual os Nihil não têm conhecimento, — disse Avar.
— Isso poderia finalmente nos colocar em pé de igualdade. Temos que
encontrar uma maneira de obter as informações. Se Elzar e os outros
soubessem...
— Já estão no caminho certo, — disse Porter. — Eles simplesmente
ainda não perceberam.
Avar franzia o cenho.
— Ou seja?
— Foi Elzar quem me deu a ideia em primeiro lugar, — disse Porter.
— Elzar? — Avar olhou abertamente para Porter. — Como? Ele não
está aqui, na zona... está?
Ela sentiu seu coração dar um salto.
— Não, — disse Porter. Ele se levantou. — Por causa de suas
mensagens.
— Que mensagens?
— Você não sabe?
— Porter, eu o ouvi me chamar uma vez através da Força, mas foi há
meses, e apenas o meu nome, nada mais. E nada desde então.
— Avar, ele tem transmitido mensagens nos antigos canais obsoletos.
Tentando encontrar uma maneira de atravessar. Uma delas funcionou. Foi
isso que me deu a ideia de ir atrás dos droides Eeex em primeiro lugar.
Porter alcançou sua mochila, as únicas coisas que ele conseguiu salvar
de sua nave, além de seu sabre de luz. Ele abriu a aba e tirou um pequeno
comunicador. Era antigo e tinha sido adaptado, com uma antena adicional e
vários mostradores extras. Ele ligou. Estática chiou. E então uma série de
tons longos e curtos soou no alto-falante metálico.
— Está em código, — disse Porter. — O antigo código abreviado das
equipes Desbravadoras. — Ele ouviu por um momento. — Acho que... —
Ele hesitou. — Acho melhor você conseguir KC para traduzir para você. —
Ele deu um tapinha no astromecânico em cima da cabeça. — Você
concorda, amigo? — KC-78 mexeu-se, virando-se para acompanhar Porter
enquanto ele pegava a sua mochila e se dirigia para a porta. — Vou verificar
os outros.
Avar olhou para KC-78. Ela se abaixou lentamente para o chão,
segurando o comunicador.
— Então? — ela disse. — Você consegue fazer isso, KC?
KC-78 deu um bipe afirmativo.
Avar se sentiu estranhamente tonta.
— Vai em frente. Me conta.
KC-78 balançou pra trás em suas pernas. Díodos dançavam pela lata
cilíndrica de seu torso. E então a voz de Elzar emergiu de seu alto-falante,
repentina e silenciosa no espaço ecoante do compartimento de carga.
— Avar. Sou eu, Elzar. Não sei se você vai ouvir isso algum dia. Talvez
seja melhor se você não ouvir, se essas palavras se dissiparem entre as
estrelas para serem esquecidas para sempre. Isso pode nos poupar de algum
constrangimento. A questão é... eu sinto a sua falta...
Avar apertou o comunicador contra o peito e chorou.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Marchion Ro estava furioso, e agora, Ghirra imaginava que todos


em Hetzal sabiam disso.
Ele estava diante de seu trono, com a sua mão enluvada a centímetros da
garganta da General Viess, enquanto terminava de dar a notícia da repórter
fugitiva e dos seus aliados Jedi.
Uma palavra errada e o futuro poderia parecer muito diferente para
Viess. Ou para Marchion Ro, dependendo de como as coisas se
desenrolassem.
Ghirra tinha certeza de que havia mais na história do que Viess estava
deixando transparecer. Alegava que um de seus colegas, um Talpini
chamado Petrik, tinha tropeçado em um plano sendo elaborado por Dairo e
Quith Meglar, depois que a repórter seduziu o engenheiro de comunicações
e o persuadiu a ajudá-la a escapar.
Petrik, desejando colher a glória de trazer os Jedi para Ro, manteve a
informação em segredo até ser tarde demais. Viess tentou intervir quando
descobriu, mas Petrik estragou a emboscada, e os dois Jedi, junto com
Dairo, escaparam.
Tudo parecia um pouco conveniente demais para Ghirra, mas decidiu
manter a boca fechada por enquanto. O horrendo Ithoriano, Boolan,
claramente adotava a mesma abordagem, a julgar por seu silêncio e pelo
olhar de desdém total em seus olhos.
Viess, no entanto, parecia se sair melhor do que tinha o direito. Nada
grudava naquela mulher. Jogue sujeira nela e ela escorregava direto de sua
armadura. Atravesse as suas costas e a sua faca saía quebrada em sua mão.
Não é de admirar que tenha conseguido viver tanto tempo. Deveria ter sido
uma política.
— Quero que os encontrem, — cuspiu Ro, retirando a mão. — E quero
que os Jedi me sejam trazidos ilesos. A repórter você pode matar. — Ele
considerou isso por um momento, depois inclinou a cabeça para o lado. —
Na verdade, quero que você a faça sofrer.
— Entendo, — disse Viess.
Ro a fulminou com o olhar, com os seus olhos negros perfurando
buracos.
— Entende?
— Claro. Usarei todos os recursos disponíveis para garantir que seja
feito. Você sabe que eu e Porter Engle temos história. Eu o quero morto
tanto quanto você.
— Às vezes eu me pergunto, — disse Ro.
Viess não conseguiu esconder a sua expressão amarga. Ghirra quis rir,
mas manteve os seus próprios conselhos. Agora realmente não era o
momento.
— E o traidor? — disse Ro.
— Já está morto, — respondeu Viess. — Atirei nele eu mesma para ter
certeza.
Ro assentiu.
— Conveniente.
Ao redor deles na sala do trono, vários outros Nihil de alta patente
fingiam não estar ouvindo, iniciando as suas próprias conversas, mas se
pensavam que estavam sendo discretos, estavam muito enganados.
Felizmente pra eles, o Olho sempre foi um artista e se apresentava bem para
uma plateia. Ghirra achava que metade das coisas que ele fazia eram
puramente para as métricas.
— Pensar, — ele disse, — que a grande Avar Kriss esteve escondida no
espaço Nihil todo esse tempo. Se acovardando como uma criança assustada
que foi separada de sua mãe. E pior, ela estava aqui, em Hetzal, e não
sabíamos de nada sobre isso. — Ele soltou um longo suspiro, lutando para
recuperar o controle de sua raiva ardente. Ghirra podia ver que era uma
batalha perdida. Ele estava cheio de fúria justa. — Eu gostaria que ela
estivesse aqui agora. Quero ver o rosto dela ao se retrair diante do
Nivelador. Quero ver enquanto é dominada pelo medo, enquanto a
realização de seu destino atinge seus olhos. Quero pisotear nas cinzas de
seu cadáver morto.
Ele finalmente parou de andar.
— O dela será o julgamento para encerrar todos os julgamentos. A
execução da chamada Heroína de Hetzal, a grande esperança da República.
Veremos quão esperançosos eles permanecerão depois disso.
— Primeiro, precisamos pegá-la, — disse Boolan. O seu tradutor emitiu
um zumbido longo, em um tom seco e eletrônico.
Ro o encarou.
— Parece que você está se voluntariando, Boolan.
Boolan fez um gesto de apaziguamento.
— O que quer que o Olho comande...
Ro estava prestes a responder quando Viess o interrompeu.
— Não. Eu conheço Engle. Já sei o que ele fará em seguida. Agora que
se uniu a Avar Kriss, eles certamente tentarão escapar. Eles tentarão
sequestrar uma nave Nihil para usar o seu motor de Trilha. Meglar já havia
claramente colocado a ideia em suas cabeças. Eu posso resolver isso. — Ela
se virou para Boolan, com os olhos estreitos. — Você apenas se preocupe
com os seus pequenos experimentos. Eu cuidarei disso.
O tradutor de Boolan emitiu um longo sibilo embolado. Seja lá o que ele
disse, o significado estava claro: Viess estava em terreno perigoso.
Ro parecia estar considerando as suas opções.
Ghirra desdobrou os braços e se aproximou.
— Há outro caminho, — ela disse.
O Olho parecia não ouvi-la. Ela elevou a voz.
— Poderíamos simplesmente..., — acenou com a mão, — deixar os Jedi
irem.
Isso chamou a atenção dele. Ele virou a cabeça lentamente para estudá-
la.
Ela sentiu os pelos na parte de trás do pescoço se arrepiarem.
— Deixá-los ir?
— Sim, — disse Ghirra, mais confiante do que se sentia. Isso era um
jogo calculado, uma jogada política. E estava cheio de perigo.
— E por que eu consideraria deixá-los ir?
— Porque a República está prestes a desmoronar. Eles lançaram tudo o
que tinham naquele ataque à Muralha de Tempestade, e onde isso os levou?
A lugar nenhum? Algumas dúzias de soldados mortos. E agora você
aumentou as fronteiras do espaço Nihil. Engoliu mais sistemas estelares. —
Ghirra tentou medir cuidadosamente suas próximas palavras. — Eles estão
entrando em pânico. Eu os conheço. A Chanceler estará reconsiderando
apressadamente a minha oferta. Eles vão implorar a qualquer momento
agora, oferecendo-nos um lugar no Senado e legitimidade como um corpo
governante. Além disso, podemos usar os dois Jedi como ferramentas de
barganha. Entregue-os em troca de um poder político ainda maior.
A sala ficou em silêncio. Até mesmo a pretensão de outras conversas
parou. Todos os olhos estavam em Ghirra e Ro.
É isso. Este é o momento.
Se ele vai me matar, acontecerá agora.
Caso contrário, há poder em afirmar o meu caso tão audaciosamente.
Se ele não atacar, parecerá fraco.
Ro deu um passo em sua direção. Ele mostrou os dentes. Podia sentir a
tensão enrolada em seu corpo magro, mesmo a um metro de distância.
— Você não aprende, não é?
Ghirra engoliu em seco, mas manteve a sua posição.
— Não quando estou certa.
Será que era um sorriso raro, fazendo cócegas no canto de sua boca? Ele
via isso como algum tipo de jogo?
— Eu já disse antes. Não estou interessado no poder político, — disse
ele, com a voz nivelada, razoável.
Ele virou no local e berrou com toda a força.
— Quero os Jedi mortos!
A sala respondeu com um alvoroço tumultuado. Um cântico começou
como uma onda, percorrendo a sala até que todos os Nihil presentes, exceto
Ro e os três ministros, estavam cantando.
— MATEM. OS. JEDI!
— MATEM. OS. JEDI!
— MATEM. OS. JEDI!
Ro tirou um momento para se deleitar com a adoração deles. E então ele
fez um gesto para o silêncio.
— Você tem uma chance, Viess, — ele disse. O seu tom era suave e
ameaçador. — Traga-me aqueles Jedi.
— Com prazer, — disse ela. Ela se virou e saiu da sala.
Ro ofereceu a Ghirra um sorriso cheio de dentes.
Ele a manipulou novamente?
Inclinou a cabeça em uma breve reverência e apressou-se por trás de
Viess.
No corredor fracamente iluminado, viu que Viess já tinha ido.
Não podia sair de lá rápido o bastante.
Ghirra não podia culpá-la.
Sentiu alguém se aproximando por trás e virou-se, meio esperando ver
um dos She'ar de Ro, vindo para colocar uma faca entre as suas omoplatas.
Em vez disso, era um dos seguidores de Viess, Selch, a alta Falleen, que,
Ghirra lembrava, se preparando, havia sido elogiada mais de uma vez por
sua tenacidade e brutalidade. Hoje, no entanto, ela parecia atipicamente
séria.
— Selch? — disse Ghirra, quando a Falleen se aproximou, até quase
tocar Ghirra.
Ela se inclinou mais perto, com os lábios roçando a orelha de Ghirra.
— Eu só queria que você soubesse, há muitos de nós que concordam
com a sua maneira de pensar. Viess vem acumulando muitas mortes entre o
seu pessoal, e isso tem feito as pessoas pensarem de maneira diferente. Faça
o que quiser com essa informação.
Selch recuou, olhou nos olhos de Ghirra por um momento como se
quisesse enfatizar a seriedade de seu ponto, e então seguiu seu caminho,
deixando Ghirra sozinha no corredor.
Um pequeno riso borbulhou de seus lábios involuntariamente, e ela o
reprimiu imediatamente. Mas a sensação de súbita euforia permaneceu.
Funcionou.
Estão ouvindo.
Isso realmente funcionou.
ESPAÇO, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Devemos seguir o plano, — disse Porter.


— Que plano? — disse Rhil. — Meglar está morto, e mesmo que não
estivesse, as chances de conseguirmos entrar furtivamente na Cacofonia
agora são menores que zero.
— Rhil está certa, — disse Avar. — Esse plano foi arruinado no
momento em que Viess e os outros Nihil apareceram.
Eles estavam apertados na cabine da nave de Belin, debatendo o seu
próximo movimento.
Lá atrás, no porão de carga, Avar fez com que o KC-78 repetisse a
mensagem de Elzar três vezes antes de finalmente desistir do comunicador
e devolvê-lo a Porter. Sabia que estava claro que tinha estado chorando,
mas não se importava.
Sentia como se um peso tivesse sido tirado. Como se uma represa
tivesse se rompido e a liberação repentina de pressão fosse palpável. Sentia-
se em paz.
Olhou para ver que Porter estava sorrindo.
— O quê? — perguntou Belin a ele. — Do que está rindo?
— Quem disse algo sobre se infiltrar? — disse Porter.
Rhil balançou a cabeça em total descrença.
— Você não está sugerindo...
— Estou, — disse Porter. — Que tomemos essa Cacofonia. Peguemos à
força. Usemos o seu motor de Trilha para sair da Muralha de Tempestade e
levar tanto a nave quanto o droide Eeex de volta a Coruscant.
— Dois Jedi e dois civis enfrentando toda uma nave de ataque Nihil? —
Belin riu.
— E um droide, — disse Porter, balançando o polegar para o KC-78,
que emitiu uma melodia hesitante. — E além disso, não estou sugerindo
que você venha conosco. Isso é algo que Avar e eu precisamos fazer
sozinhos.
— Oh, eu gosto disso, — disse Belin, — você entra na minha nave e
começa a me dizer o que posso ou não fazer. Bem, deixe-me dizer uma
coisa, velho, aquela Jedi ali é minha amiga, e para onde ela vai, eu a sigo.
— Ele cruzou os braços enfaticamente. — E tenho dito.
— Avar? — incentivou Rhil. — Você ficou bem quieta.
Avar olhou de Rhil para Belin.
— Isso porque Porter está certo.
Belin gargalhou.
— Vocês todos perderam a cabeça!
— Não. Podemos fazer isso, — disse ela. — Nós dois, com KC. Mas é
perigoso.
— Perigoso! — disse Belin. — Você está falando sobre entrar em uma
armadilha mortal. Não consigo acreditar que concorda com ele. Se esconder
com ajuda interna era uma coisa, Avar, mas atacar a nave diretamente, em
uma nave de carga, ainda por cima, é completamente diferente.
Avar olhou para Belin.
— Sempre foi para acontecer assim, Belin. Preciso levar esse motor de
Trilha de volta a Coruscant. Pelo menos dessa forma, temos dois Jedi para
ajudar a concretizar isso. E um deles é a Lâmina de Bardotta, ainda por
cima!
Porter olhou para Avar.
— Sabemos que eles estão partindo para o setor Seswenna em algumas
horas. Interceptamos, entramos a bordo. Tomamos o controle da ponte e dos
controles de voo. Uma vez que passarmos pela Muralha de Tempestade,
enviamos um sinal para as forças da CDR do outro lado. Tudo o que
precisamos fazer é manter a nave tempo suficiente para que eles cheguem.
— Tudo...? — disse Belin. — Tudo!
Avar conseguia entender a reação de Belin. Realmente soava como um
plano arruinado. Mas Belin não tinha visto Porter lutar com um sabre de luz
antes. Era algo espetacular de se ver. Sem ele, era verdade que não teria
chance. Mas juntos? Tinha que acreditar que poderiam fazer isso.
Além disso, era hora.
Tinha que voltar a si mesma. Tinha que cavar fundo e encontrar a antiga
Avar novamente, e libertá-la. Tinha que aceitar todas as suas falhas e lidar
com tudo o que aconteceu.
Tinha que fazer isso por si mesma.
E tinha que fazer isso por Elzar.
— Rhil? — ela disse. — Este era o seu plano. O que você acha?
Rhil mastigou o lábio pensativamente.
— Eu acho que se alguém pode fazer isso, os dois podem. — Ao lado
dela, Belin gemeu. — E... eu não posso acreditar que estou dizendo isso...
mas acho que quero ficar.
— Você quer ficar aqui, na Zona de Oclusão? — Avar mal podia
acreditar no que estava ouvindo.
Rhil assentiu.
— Por enquanto. Até que tudo isso acabe, e o espaço Nihil seja
libertado. Só... sinto que é onde posso fazer mais bem. Eu memorizei os
códigos de transmissão dos Nihil. Vi Meglar digitando-os tantas vezes.
Posso usá-los para falar com as pessoas da Zona de Oclusão. Para garantir
que saibam a verdade sobre os Nihil e a República. Posso ajudá-los a se
organizar, coordenar a resistência. — Ela assentiu, se convencendo
enquanto falava. — Parece certo. Posso garantir que todos saibam que os
Jedi e a República ainda estão lá fora lutando por eles. Que precisam
resistir, contra os Nihil. Passei grande parte da minha vida relatando sobre
moda e fofocas sociais. Esta é minha chance de fazer algo real. Algo que
importa.
— Você faria isso? — disse Belin. — Você abriria mão da chance de
escapar para ajudar os outros?
— Não é isso que você fez? — disse Rhil. — Avar me disse que você
poderia ter partido a qualquer momento. Mas em vez disso, escolheu ficar.
Para ajudá-la. Olhe como você acabou de argumentar para lutar ao lado
dela, apesar de todas as probabilidades.
— Bem, eu... — Belin murmurou algo incoerente. Então olhou para
cima, batendo com o punho no braço de sua cadeira. — Você está certa. E
eu não quero parar. Não pedi para me envolver em tudo isso, mas estou
feliz por ter feito. Passei toda a minha vida sem fazer nada de consequente.
Transportando grãos. E quando os Nihil vieram, eu não tentei detê-los. Não
lutei. Apenas continuei transportando grãos para onde eles apontavam. Eu
estava sonâmbulo. Pensando que isso realmente não significava muito pra
mim, toda essa questão da Muralha de Tempestade.
— E então Avar sequestrou a minha nave e abriu os meus olhos para o
que estava realmente acontecendo. Colônias inteiras morrendo de fome.
Pessoas morrendo. E os Nihil apenas rindo. — Belin chupou os dentes. —
Não vou tolerar mais isso. Vou fazer a minha parte.
— Obrigado, — disse Porter.
— Belin, — começou Avar, — o risco...
— Não. Não comece com isso de novo. Eu entendo. Vou ficar e ajudar
Rhil, se ela me aceitar.
Rhil parecia completamente surpresa.
— Você vai?
— Bem, você vai precisar de uma nave, não vai?
— Eu suponho que sim, — concordou Rhil.
— Bem então, está decidido, — disse Belin.
Avar queria agarrar o Ugnaught e abraçá-lo apertado. Mas haveria tempo
para isso depois.
— Então, esse plano insensato. Como você espera chegar perto da
Cacofonia? — perguntou Belin.
— Não nos verão chegando, — respondeu Porter.
— E como você supõe que isso acontecerá?
— Porque eles não estarão esperando por nós, — disse Porter. — Esta
nave está tão detonada que parece uma nave Nihil. E KC tem pelo menos
alguns dos códigos certos. Se encontrarmos um lugar seguro para parar por
um tempo, podemos desenhar um grande olho no casco. Eles nem vão
pensar duas vezes. E se pensarem, já teremos feito nossa jogada. — Ele
acenou para si mesmo. — Sabemos para onde eles estão indo, e mais ou
menos quando. Podemos esperar para interceptá-los.
— Só precisamos de alguns segundos, — disse Avar. — Preparamos um
dos silos de grãos. Usamos uma célula de combustível para transformá-lo
em uma bomba. Explodimos a sua comporta de ar e estamos dentro.
— Você está dentro? Você está falando de uma caminhada espacial não
protegida, — argumentou Belin. — A menos que você espere que tentemos
acoplar.
Avar balançou a cabeça.
— Estou falando de um único salto de fé. E além disso, aqueles Nihil
que eu ejetei deixaram as suas máscaras de gás no porão. Podemos usá-las.
Deveriam nos proteger tempo suficiente para o salto. E então, quando
estivermos a bordo, você e Rhil se afastam o máximo que puderem, o mais
rápido possível. Os protocolos hackeados de KC os protegerão de qualquer
enxame de saqueadores.
— Você só precisa nos aproximar o suficiente, — disse Porter.
— Ah, eu posso te aproximar o suficiente, — disse Belin. — Se você
pode fazer o resto ou não, é outra história.
— Eu gosto dele, — disse Porter a Avar, com um sorriso.
— Hummm, — murmurou Belin.
Rhil e Avar riram. E se sentiu bem.
HINTIS IV

— Consegui!
Harlak estava examinando o mapa holográfico da Muralha de
Tempestade. Ele quase preenchia a sala, uma exibição caótica e cintilante
de pontos luminosos, linhas cruzadas e siglas piscantes. Ele estava em pé
dentro dele, apontando para algo que Bell não conseguia distinguir
completamente.
Burryaga estava por perto, franzindo a testa enquanto observava o mapa
abrangente.
— Você pode nos dar um pouco mais de espaço, Harlak? — disse Bell.
O Gran olhou pra eles. Os seus olhos pareciam levar um momento para
se atualizar e focar.
— O quê? Ah, sim. Sim. Desculpe. — Ele mexeu nos controles na
estação tática e o holograma encolheu.
Bell viu Burry suspirar aliviado. Ambos foram se juntar a Harlak.
— O que você encontrou? — perguntou Bell.
— Você estava certo, — disse Harlak, dando um tapinha no braço de
Burry, como se ele fosse um jovem que tivesse respondido bem a uma
pergunta em sua lição de treinamento. — Mapeei as localizações e os
horários de todos os ataques conhecidos da Cacofonia. E há um padrão
emergindo.
Bell deu um tapa leve no braço de Burry.
— Eu disse. Gênio.
— Obrigado! — disse Harlak.
Burry rosnou.
— Mostre-nos, — disse Bell.
Harlak inseriu alguns comandos no terminal. O mapa inclinou, girou e
começou a reproduzir uma sequência repetida. Bell observou planetas
piscando com luzes.
— Cada ataque é um ponto único, aparecendo no mapa de acordo com a
linha do tempo de quando ocorreu.
Inicialmente, Bell não conseguiu identificar coerência ou estrutura no
que estava vendo, apenas luzes piscando pelo mapa. Mas à medida que a
sequência continuava, notou que os ataques estavam formando três
aglomerados distintos e irregulares.
— Deixe-me recuar um pouco, — disse Harlak, ajustando os controles,
— e as coisas podem ficar um pouco mais claras.
O mapa encolheu. A sequência reproduziu novamente, e a imagem ficou
clara.
Burry apontou que Shryke não estava atacando os mesmos planetas,
nem mesmo planetas vizinhos, mas assentamentos e sistemas nas mesmas
regiões gerais do espaço. Isso explicava por que eles nunca a tinham visto.
— Ela continua voltando aos mesmos setores amplos do espaço, —
disse Bell.
— Além disso, — disse Harlak, claramente orgulhoso de si mesmo, —
ela faz isso em sequência. Veja novamente.
Bell se inclinou mais perto, observando as luzes pequenas. Uma no
extremo esquerdo do mapa. Uma perto do centro. Uma à direita. Então a
sequência se inverteu. Uma à direita. Uma perto do centro. Uma à esquerda.
E assim por diante.
— Ela está apenas indo e vindo em ondas, — disse ele.
— E é consistente, — disse Harlak. — Ela não quebra o padrão uma
vez. Não desde o começo. A sua Melis Shryke é claramente uma criatura de
hábitos.
Outro rosnado baixo de Burryaga.
Harlak esfregou a parte de trás do pescoço para esconder o seu arrepio
involuntário.
— Então, a partir daqui, podemos descobrir mais ou menos onde ela vai
atacar a seguir, — disse Bell.
Harlak assentiu.
— Assumindo que ela mantenha o padrão, sim. É complicado um pouco
pelo fato da Muralha de Tempestade ter mudado de posição. A maioria dos
locais sendo atacados agora está dentro do domínio dos Nihil.
Foi um lembrete infeliz. Bell afastou a sua frustração latente,
lembrando-se de mais ensinamentos de seu falecido mestre, ainda fixados
em sua memória. Era como se ainda pudesse ouvir a voz de Loden, um eco
do passado, dizendo-lhe para se levantar depois de falhar ao tentar pular
através de dois postes altos de madeira.
Não adianta ficar pensando nisso.
Concentre-se no que você pode fazer. Não no que já aconteceu. Você só
precisa continuar, Bell. Continue tentando. Você vai conseguir no final.
Burry perguntou em qual setor seria o próximo se o padrão continuasse.
Bell interpretou.
— Aqui, — disse Harlak, apontando com o dedo para o holograma.
— Avance a Muralha de Tempestade até a sua posição atual, — disse
Bell. Harlak fez como instruído. Bell observou a linha vermelha crescer e se
deslocar, e finalmente parar.
— Então, se o princípio se mantiver, então em algum lugar no setor
Seswenna seria um alvo lógico a seguir, — disse ele.
— Parece provável, — concordou Harlak.
— Rwaaaraa rooo, — disse Burry, e a sua excitação era palpável.
Bell podia sentir a sua frequência cardíaca aumentando, a sensação de
suor em sua pele, sua excitação crescendo.
É isso.
É por isso que estávamos procurando.
— Você tem certeza de que ainda funciona, agora que a Muralha de
Tempestade se moveu? — perguntou Bell. — O Setor Seswenna é provável
que seja o próximo alvo?
Harlak assentiu.
— Com uma pequena tolerância, sim, eu acredito que sim. — Ele
expandiu ainda mais o mapa, focando em um ponto único. — Eu prevejo,
com uma certa confiança, que o próximo ponto de emergência da Cacofonia
é provável que seja aqui.
Era um ponto silencioso e vazio no gráfico de estrelas a dois sistemas de
Eriadu. Um planeta chamado Prevenção.
Peguei você.
Bell trocou olhares com Burry. Podia sentir a crescente excitação de seu
amigo.
— Harlak, você é um gênio! — disse Bell. — Burry, que tal
prepararmos uma armadilha para a nossa velha amiga, hein?
O rugido de aprovação de Burry ecoou pelos corredores de toda a base
da CDR.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Melis Shryke estava de pé na ponte da Cacofonia, com as mãos


nos quadris, observando a tripulação heterogênea como se estivesse
avaliando um bufê mísero que não continha nada que quisesse comer.
Tinha um gosto amargo na boca desde Ribento, e começou a pensar que
a sua tripulação ineficaz poderia ser parte do problema. Com pessoas
melhores sob o seu comando, poderia ter capturado os dois Jedi. Um golpe
assim teria elevado a sua posição entre os Nihil. Se o Olho descobrisse que
foi ela quem também trouxe Pra-Tre Veter e não Viess, a quem ela agora
suspeitava de levar o crédito, então poderia até mesmo se encontrar numa
posição para desafiar Viess.
Agora, porém, depois de uma sucessão de falhas, a sua posição estava
decididamente em risco.
Não podia permitir isso. Nem por um momento.
Precisava realizar uma nova campanha de recrutamento, e esperava que
essa pequena excursão para o setor Seswenna pudesse lhe oferecer a
oportunidade perfeita. Já havia avisado a sua tripulação de que, desta vez,
não deveriam matar todos durante o ataque, mas capturar pelo menos uma
porcentagem razoável dos jovens civis. Aqueles que resistissem ou
mostrassem um pouco de coragem. Arrancar alguns deles de suas famílias,
arrastá-los de volta por trás da Muralha de Tempestade, quebrar as suas
vontades com algumas semanas nas arenas de luta... Em breve, teria uma
nova leva digna, pronta para substituir os fracassados que vinha carregando
nos últimos meses. Era uma tática antiga dos Nihil, e não havia falhado com
ela ainda.
A ideia a fez sorrir.
Prevenção.
Ia ser interessante. A primeira vez que saquearia um lugar tão distante e
tão populoso. Mas isso era parte da diversão. Agora que a Muralha de
Tempestade tinha se movido, tinha uma nova fronteira inteira para
aterrorizar.
Mal podia esperar para começar.
— Ei, Tormenta.
Shryke se virou para olhar Bryn, o Caphex diminuto, que havia deixado
pra trás sua postura habitual relaxada na estação de monitoramento e estava
sentado para a frente, curvado sobre o escâner de proximidade.
— Sim? — ela disse, com impaciência afetada.
— Sabe algo sobre um cargueiro?
— Não posso dizer que prestei muita atenção neles, — ela respondeu.
— Então, você talvez queira dar uma olhada neste, — disse Bryn,
movendo-se em seu assento e tocando o monitor com a ponta do dedo. —
Está em curso de interceptação direta e está ganhando velocidade.
Shryke caminhou até lá, franzindo a testa enquanto olhava por cima do
ombro de Bryn para a tela. — Eles têm os códigos certos?
— Sim.
— Nesse caso?
— Sabe, não são os códigos que me preocupam, — disse Bryn.
Pela centésima vez, Shryke considerou atirar no Caphex.
— Então, o que é? — ela disse, com raiva. — E vá direto ao ponto,
Bryn.
— Eles não estão respondendo aos comunicadores.
Shryke deu de ombros.
— Eles são Nihil?
Bryn assentiu.
— Veja. Eles estão exibindo o olho. Bem ali a bombordo. — Eles deram
de ombros. — Mas estão ganhando velocidade. Não está certo, Tormenta.
Shryke estudou a exibição no terminal. O Caphex estava certo. O
cargueiro estava se aproximando rapidamente, como se pretendesse se
posicionar bem ao lado deles.
— Tente os comunicadores novamente.
Bryn pressionou uma série de botões.
— Cargueiro não identificado. Aqui é a nave Nihil Cacofonia. Você me
ouve?
Nada além do silêncio zumbido de um canal morto.
— Não gosto disso, Tormenta, — repetiu Bryn.
— Não. — Shryke também não gostava. Seria outro Nihil tentando agir
contra ela, aproveitar-se de sua situação atual? Essa era a situação mais
provável. — Preparem os canhões a bombordo, — ela chamou.
— Sim, — veio a resposta do artilheiro, uma mulher humana corpulenta
chamada Glix. — Devo abrir fogo?
— Sim, — disse Shryke. Ela observou o monitor enquanto o cargueiro
se aproximava cada vez mais.
— Tenho um mau pressentimento sobre isso, — disse Bryn.
— Provavelmente é apenas o café da manhã rançoso que você comeu
antes de partirmos, — murmurou Shryke. Mas o Caphex estava certo. Algo
não parecia certo. Melhor explodir a nave e acabar com isso, Nihil ou não.
— Cacofonia.
O estalo de estática acompanhou a transmissão metálica.
— São eles, — disse Bryn.
— Glix, não dispare. Mas mantenha os canhões prontos, — disse
Shryke. — Bryn, abra o canal.
— Feito.
— Aqui é Melis Shryke da Cacofonia. Quem é você?
— ...da General Viess... envio de armas... saque...
A mensagem estava quebrada, encharcada em resposta.
Shryke não sabia de nada sobre um envio de armas. Mas se ela os
explodisse agora, e eles fossem de Viess...
— Mantenham sua posição, — disse Shryke. — Não se aproximem. —
Ela foi até a janela, olhando para a velha e decrépita nave.
Certamente parecia uma nave Nihil. Os códigos estavam corretos. Mas
não havia chance dela deixá-los atracar.
O alto-falante estalou novamente.
— ...armas... Jedi...
— Eles ainda estão se aproximando, Tormenta, — disse Bryn. — Vindo
rápido demais.
Shryke balançou a cabeça. Isso não parecia certo.
— Glix, dispare.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Este é o momento.
Avar envolveu Rhil em um abraço apertado e depois se virou para Belin,
que ainda estava em sua cadeira, lutando para segurar o controle trêmulo
enquanto a nave de transporte se aproximava rapidamente da Cacofonia.
— Obrigada, Belin. Por tudo. Eu... — Ela hesitou, sem saber como
expressar a sua profunda gratidão a este amigo inesperado que havia feito
tanto para ajudá-la.
— Ah, não vai ficar sentimental agora, Jedi. Você é feita de algo mais
resistente que isso. E não se preocupe conosco. Vamos ficar bem, não é,
Rhil?
— Ficaremos.
— Até Rhil soava certo, confiante.
Eles estavam fazendo a coisa certa. Todos eles.
Eles iriam fazer isso funcionar.
Avar respirou fundo, soltou. Porter já estava no porão de carga,
preparando a bomba improvisada. KC-78 insistira em supervisionar as
coisas para garantir que o velho Jedi não os explodisse acidentalmente. Pelo
menos, essa fora sua desculpa. A verdade é que o droide não era bom em
despedidas. Não desde o Farol Luz Estelar e Maru.
— Só... tenha cuidado, — disse Avar. — E lembre-se, afastem-se o
máximo possível, assim que fizermos o salto.
A nave deu um solavanco repentino e áspero quando os tiros de canhão
da Cacofonia atingiram o chassi. Belin amaldiçoou enquanto lutava com os
controles.
— Parece que não pareço convincente como um Nihil, — ele disse.
— Sinto muito, — disse Avar.
— Só vai, — disse Belin. — Eu cuido disso. Você lida com o resto.
Avar se virou para sair.
— Adeus, Jedi. Espero que encontre o que procura.
Avar pausou, sorriu para si mesma e depois desceu apressada para
encontrar Porter e KC-78.
Encontrou-os esperando junto à porta de carga. O enorme silo de grãos
estava equilibrado no topo de uma rampa, pronto para rolar assim que a
porta estivesse aberta.
Assim que o silo passasse, eles fechariam os controles, protegendo-se do
vácuo. Em seguida, juntos, guiariam o explosivo improvisado para o alvo
usando a Força. Ou pelo menos, esse era o plano.
— Pronta? — disse Porter. Ele havia amarrado uma pequena bolsa de
couro ao seu cinto, contendo o núcleo de memória do droide EX arruinado,
mas deixou tudo, exceto seu sabre de luz, para trás. Eles não precisariam do
chassi e da carcaça externa do droide para os Jedi de volta a Coruscant. Não
se tivessem sucesso.
E se não tivessem...
Bem, eles não precisariam disso então também.
— Tão pronta quanto vou ficar, — respondeu Avar.
Sentiu a nave começando a virar.
— É isso, — disse Avar. — Belin está nos girando.
Os canhões blaster latiam. A nave estremeceu sob o impacto. Os
escudos não aguentariam por muito tempo.
— É agora ou nunca, — disse Avar. Pegou uma das máscaras Nihil,
jogando a outra para Porter. Colocou-a, de repente se sentindo confinada
enquanto se fechava com um sibilo, encapsulando a sua cabeça. Cheirava a
mofo e era velha. Foi projetada para permitir que os Nihil respirassem
durante ataques de gás e não os protegeria contra o vácuo por muito tempo,
mas ajudaria. Rhil e Belin, na cabine de comando, estariam protegidos por
uma porta de explosão selada. KC-78 havia se amarrado ao casco interno.
Porter, agora parecendo quase demoníaco na outra máscara, com chifres
pintados de vermelho, uma fenda estreita nos olhos e uma ventoinha preta,
deu o sinal.
— Pela Luz e pela Vida.
O estômago de Avar se retorceu.
Espero que isso funcione...
Pressionou o interruptor de liberação. O mecanismo chiava, e com um
sibilo pneumático e o grito de um alarme, a porta de carga deslizou aberta.
O jato de ar derramando-se no vácuo foi imediato e intenso. Avar
cambaleou, já ofegante. Além do final da rampa, no vazio, podia ver o
flanco desigual da Cacofonia. A comporta de ar estava claramente visível.
A sua visão parecia estreitar. A exposição súbita ao vácuo rasgou-a,
ameaçando fazê-la entrar em pânico. Ofegou pelo ar viciado dentro da
máscara e se estabilizou, conectando-se à Força, saudando a sua estranha e
discordante canção, tentando se centrar em sua melodia distorcida.
Você pode fazer isso, Avar.
Porter deu um empurrão gigantesco no silo.
Ele desceu pela rampa, impulsionado pela atmosfera evacuada, caindo
para o espaço frio.
Avar alcançou os controles da porta, mas a puxada do ar que escapava
parecia varrer seus pés e, de repente, ela estava perdendo o equilíbrio.
Sentiu-se caindo, puxada pra trás pela atração do vácuo, arrastada pela
esteira da bomba em queda em direção à outra nave.
Os seus pulmões doíam. Queria gritar. Estendeu-se para a Força, mas a
sua mente estava turva com desespero e pânico.
Girou no ar, lançando as mãos para fora.
Estava a apenas alguns metros do vazio do espaço.
E então a porta bateu, e atingiu o chão do compartimento de carga, o
ombro batendo com força contra a grade de metal. Rolou, arrastando-se
para os pés. Porter estava ao lado dos controles da porta.
Mas não havia tempo para agradecê-lo. Ele já estava na janela a
bombordo, o braço se estendendo enquanto ele se comunicava com a Força,
tentando empurrar o caminho do silo em queda em direção à porta de ar da
outra nave.
Avar se apressou para o lado dele.
Ao redor deles, a nave tremia violentamente, cedendo à manobra de
Belin e à saraivada de tiros de canhão a laser que martelavam seus escudos
frágeis.
O silo estava deslizando para o lado. Estava prestes a perder o seu alvo.
Avar levantou o braço esquerdo, juntando-se a Porter, chamando a
canção. Cresceu, enchendo os seus ouvidos, a sua mente, o seu coração.
Ainda quebrada, ainda não sincronizada.
O silo mudou de curso, brilhando à luz das estrelas, quase bonito
enquanto descrevia uma curva graciosa em direção à Cacofonia.
Ele atingiu a comporta de ar.
E floresceu.
Uma explosão súbita, maciça e silenciosa que fez a Cacofonia tremer,
liberando ar enquanto o fogo se espalhava e piscava, deixando pra trás um
buraco deformado circundado por dentes de metal retorcidos.
Tudo isso levou apenas alguns segundos.
Porter correu em direção à escotilha de desembarque. Avar seguiu,
mantendo o passo.
Ele olhou pra trás pra ela, com a sua expressão escondida por trás da
grotesca máscara Nihil.
— Pronta?
— Como nunca estive.
Porter se agachou, reunindo a Força ao seu redor, controlando a sua
respiração. Concentrando-se.
Então ele acionou o mecanismo de liberação da porta.
A escotilha se abriu.
E Porter pulou.
Belin havia aproximado a nave da Cacofonia, de modo que o espaço
entre eles era de apenas alguns metros.
Só um salto de fé.
Só um pequeno salto através da vastidão do espaço.
Porter agitou os braços enquanto saltava graciosa e graciosamente pelo
vácuo, varrido pelo ar que escapava, impulsionado e guiado pela Força. O
seu objetivo era perfeito. Ele se precipitou pelo buraco retorcido no lado da
outra nave, desaparecendo na tempestade de fogo de sua comporta de ar
arruinada, sumindo quase instantaneamente de vista.
Avar sentiu a nave tremer novamente por outro ataque.
Conectou-se, sentindo a canção quebrada se intensificar ao seu redor,
concentrando-se até que a galáxia inteira consistisse apenas nela e naquela
comporta de ar aberta. Expirou, expelindo todo o ar de seus pulmões.
E então pulou.
Navegou pelo vazio da meia-noite. O seu corpo inteiro doía. O frio
parecia morder sua carne exposta. Os seus pulmões já queimavam.
Ao seu lado, KC-78 voava em pequenos jatos propulsores, espelhando o
seu progresso através do abismo.
E então atravessou, tombando na confusão furiosa da comporta de ar
arruinada.
Pousou, com os pés batendo no chão. Porter já tinha ido. Olhou pra trás,
viu Belin e Rhil se afastando, mergulhando baixo para evitar a explosão dos
canhões a laser que ainda ecoava.
Não há mais tempo para despedidas.
Avar acionou o mecanismo de liberação interna.
Não abriu.
Bateu com o punho, lutando contra a crescente desesperação. Os seus
pulmões pareciam estar pegando fogo. Precisava de ar, e precisava agora.
Nada.
A porta interna, levemente amassada na explosão, deve ter emperrado
depois que Porter passou por ela. Ou os controles estavam quebrados.
Avar queria gritar.
O seu corpo se contorceu enquanto ela lutava contra o desejo de respirar
fundo. A sua mente estava girando.
Alcançou o seu sabre de luz. Sequer tinha tempo para abrir o caminho
pra dentro? E se o fizesse, correria o risco de descomprimir toda a nave
Nihil.
Mas não tinha escolha.
A escuridão contornava as bordas de sua visão. Cambaleou
instavelmente. A pele nas costas das mãos estava machucada e coberta de
cristais de gelo.
E então a porta se abriu com um grito de ar correndo.
KC-78 tinha conseguido anular o sistema que a mantinha fechada.
Cambaleou pra dentro.
A porta bateu por trás deles.
A presença súbita de ar era como a respiração de algum deus antigo e
esquecido. Avar o puxou profundamente, tossindo a fumaça espessa que
ainda se torcia de várias aberturas próximas. Jatos d'água haviam borrifado
uma fina névoa no ar, se misturando à fumaça, tornando difícil ver.
Arrancou o capacete Nihil, jogando-o pra longe.
Enxugou os olhos. Encostou-se na parede. A sua visão começava a
clarear.
Essa foi muito perto.
Mas não havia tempo a perder. Avar se afastou da parede. Apertou o
cabo de seu sabre de luz. A lâmina efervescente se acendeu, brilhante e
verde.
À frente, na névoa, podia ouvir gritos, tiros de blaster, gritos,
acompanhados pelo zumbido familiar do sabre de luz azul de Porter.
Ela moveu os ombros e depois caminhou em direção ao seu destino.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Bryn? O que está acontecendo? A nave de carga nos


atingiu?
Bryn se torceu em seu assento. Pareciam completamente aterrorizados.
— Não. Parece que eles explodiram a comporta de ar com algum tipo de
dispositivo explosivo.
— E?
— E nós... humm...
Eles estão tremendo. Eles estão tremendo de sangue. O que foi isso?
— Desembucha, — rosnou Shryke.
— Fomos invadidos.
Shryke inclinou a cabeça para trás, frustrada. Isso não era bom. De jeito
nenhum.
Eles vieram por mim. Qual é deles? Um dos capangas distorcidos de
Boolan? Assassinos de Ghirra? Viess, decepcionado com os meus fracassos
recentes? Atacando enquanto estou caída.
— Invasão por quem? — ela perguntou, com a voz tensa. — Nihil rival?
— Não, — disse Bryn. — Muito pior do que isso, Tormenta.
— Muito pior? Apenas responda à pergunta! Quem?
— Jedi. — A palavra era como um xingamento que se espalhou pelo
resto da tripulação na ponte. Os cinco pararam, virando-se em suas cadeiras
para encarar Shryke.
— O quê?
— Jedi, — repetiu Bryn. — E, pelo que parece estar acontecendo lá
atrás, há muitos deles.
— Como? De onde eles vieram?
— Como diabos eu vou saber? — disse Bryn. Eles se levantaram da
cadeira. — Mas eu não vou esperar aqui.
Dois outros começaram a subir de suas estações também, puxando
lâminas, blasters e outras armas desagradáveis de vários bolsos ou alças.
— Voltem para as suas estações, — disse Shryke. Fúria e pânico
borbulhavam dentro dela, disputando a dominância. — Podemos lidar com
os Jedi. É para isso que estamos tentando, lembra? Atraí-los. Trazê-los para
Marchion Ro. Esta é a nossa chance.
— Talvez se tivéssemos algum droide capanga restante, — disse Bryn.
— Mas a maioria deles foi destruída em Ribento. — Eles alcançaram e
giraram um botão no painel de controle. A sala se encheu com os sons
horríveis da batalha.
Tiros de blaster. Sabres de luz. Gritos.
— Desligue isso.
Bryn fez o que pediu.
— Vamos manter a ponte. Não importa o que aconteça.
Bryn deu de ombros.
— Boa sorte com isso. Você não é nenhuma General Viess. Você não
tem armadura beskar. Você nem mesmo tem uma tripulação leal. — Eles
começaram a andar em direção à saída. Os outros estavam observando
Shryke, incertos sobre o que fazer.
Eles estão todos aterrorizados.
Eles não querem lutar.
— Vocês são Nihil! — ela gritou. — Nihil ficam e lutam! Nihil não
viram as costas por alguns Jedi patéticos. Nihil retalham os seus inimigos e
dançam sobre os seus cadáveres!
Bryn lançou-lhe um olhar simpático.
— Nihil cuidam de si mesmos, Tormenta. Sempre cuidaram, sempre
cuidarão. — Eles saíram da ponte.
Dois outros, um Duros de pele enrugada e um jovem e corpulento Nikto,
seguiram Bryn.
Shryke olhou para eles, incrédula.
Não era assim que deveria ser. Ela era Melis Shryke! Ela deveria estar no
topo. Sempre no topo. Eles deveriam responder a ela!
Puxou sua pistola do cinto.
Ela os mataria. Atiraria nos traidores onde estavam; mostraria ao resto
da tripulação como era um verdadeiro Nihil.
Mas quando olhou novamente, eles já tinham ido.
Virou-se para os dois membros da tripulação restantes. Selea, uma
Zygerriana com focinho pronunciado, orelhas felinas e uma pelagem
marrom por todo o corpo, e Jago, um velho Ortolano cicatrizado que estava
sem um olho e com a maioria da metade direita de seu rosto azul pálido
faltando.
Shryke apontou o dedo para Selea.
— Abra uma frequência para a General Viess. Agora.
A Zygerriana assentiu. Ela parecia aterrorizada. Ela apertou alguns
botões no painel de comunicação e depois se afastou.
Shryke assentiu. Talvez houvesse uma maneira dela dar uma reviravolta
nisso, salvar a sua própria pele. Talvez até sair bem disso.
— General Viess. Aqui é Shryke, a bordo da Cacofonia. Temos dois Jedi
a bordo, mas precisamos de reforços imediatos para ajudar a contê-los. —
Ela fez uma pausa, considerando cuidadosamente suas próximas palavras.
— Eu fiz o que você pediu. Os Jedi são seus para pegar. Tudo o que você
precisa fazer é vir e pegá-los.
Ela acenou para Selea cortar a ligação.
— Envie a ela as nossas coordenadas, — disse ela, e depois se virou
para o Ortolan. — E acione as medidas de contingência. Detone o motor de
Trilha. Não vamos permitir que caia nas mãos Jedi sob a minha supervisão.
O Ortolano assentiu e começou a trabalhar.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Não são muitos deles, — resmungou Porter, desviando para a


esquerda para evitar um disparo perdido e em seguida girando o seu sabre
de luz em um amplo arco, cortando um Nihil que se aproximava pelo peito.
O Tognath desabou no chão, largando a granada que carregava, e Porter a
fez girar pelo ar com um gesto, lançando-a de volta para o corredor
enevoado com a Força.
Ela detonou no espaço confinado, lançando vários Nihil pelo ar como
pétalas ensanguentadas. As placas internas da estrutura se curvaram,
gemendo e escurecendo, mas não se romperam. Porter se moveu
novamente, com o seu sabre de luz dançando entre sua mão esquerda e
direita, desviando tiros de blaster a cada movimento conciso e medido.
— Eu esperava mais resistência, — acrescentou, chamando por cima do
ombro.
— Isto é o bastante, obrigado, — disse Avar. Ela ainda estava sofrendo
os efeitos do salto pelo vazio, mas os seus instintos assumiram o controle,
impulsionando-a para a batalha.
Eles estavam de costas um para o outro, circulando enquanto os Nihil
avançavam de todas as direções, seus sabres de luz rodopiando. Estavam
perfeitamente sincronizados, antecipando os movimentos um do outro antes
mesmo de serem feitos, impulsionados pelo instinto e décadas de
treinamento.
Ou séculos no caso de Porter. Não era de se admirar que ele fosse tão
bom com o seu sabre de luz.
Tiros de blaster ricocheteavam no teto e nas paredes de metal,
queimando o ar com o cheiro de plasma queimado. Em outras partes da
nave, Avar sentia o estrondo dos pods de fuga sendo ejetadas.
Alguns deles já estavam desistindo.
Será que eles realmente têm tanto medo dos Jedi?
Somos nós os demônios que assombram os seus sonhos, os demônios
que vivem debaixo de suas camas?
O pensamento era perturbador. Mas não tinha tempo para ponderar mais
sobre isso agora.
Ao redor deles, Nihil tombavam, atingidos por seus próprios tiros
desviados. Vários haviam chegado perto o suficiente para sentir a mordida
da lâmina de Avar, e tentava ser rápida, golpeando para matar sempre que
podia.
Doía cortar tantas vidas. Mas eram Nihil, que haviam se comprometido
com o caos, destruição e morte. Todos eles eram assassinos, várias vezes. E
eles não pensariam duas vezes em matá-la se pudessem. Então, cortava e
avançava, desviava e pirueteava, e reduzia os seus números até que o
caminho à frente estivesse claro.
Então continuou o seu caminho, com Porter e KC-78 ao seu lado,
seguindo diretamente para a ponte da Cacofonia.

— Estamos nos aproximando da Cacofonia agora, General. Pelo dano que


já está visível a bombordo e pelo número de pods de fuga nas
proximidades, eu diria que os Jedi têm a vantagem.
Viess espiou pela tela frontal de sua nave, a Catástrofe Antecipada. A
nave de Shryke ainda estava na direção correta e ganhando velocidade, mas
claramente estava em má forma. A comporta de ar a bombordo havia
explodido, e a maioria dos pods de fuga haviam sido expelidos, semeando o
espaço no rastro da nave.
— Sim. Muito perspicaz da sua parte, Blick. Não consigo imaginar
como você chegou a essa conclusão.
O Quarren, Blick, emitiu um murmúrio baixo de desagrado, com os seus
tentáculos faciais se enrolando. Um dia ele viria atrás dela. Como um bom
Nihil deveria.
O comunicador tocou, mas Blick o silenciou com um soco.
Viess já havia instruído a sua tripulação a ignorar as incessantes
chamadas de socorro dos pods. Os ocupantes sobreviveriam ou não. Tinham
coisas muito mais importantes com que lidar.
Porter Engle.
E aquela mulher, Avar Kriss. Ela merecia ser rebaixada um ou dois
degraus depois do que aconteceu em Hetzal. Se Engle não tivesse aparecido
na hora certa...
Detestava o fato de ter que fazer uma retirada tática. Poderia ter
arriscado enfrentar os dois Jedi se um deles não fosse Engle. Como estava,
foi forçada a mostrar fraqueza na retirada, e isso tinha um gosto amargo.
Agora, no entanto, era a sua chance de acertar as coisas. Estava certa
sobre Engle. Sabia que ele não ficaria inativo por muito tempo. Não depois
dela ter posto fim ao seu pequeno esquema de lançar um droide EX para
fora da Zona de Oclusão. Quase sentia pena dele. Quase. Ele passou longos
e difíceis meses viajando de local para local, recolhendo destroços,
remontando aquela coisa decrépita. E colocou um fim nisso em questão de
momentos.
Então, aqui estava, se aproximando deles, pronta para terminar o que
começara. Pronta para provar para o Olho, Boolan, Ghirra e os outros que
não deveria ser subestimada.
Ro disse que queria os Jedi ilesos. Mas certamente estar vivo era o
suficiente? Viess pretendia ter pelo menos um pouco de satisfação antes de
entregá-los. A falta de um dedo ou membro não faria diferença, com
certeza?
— Nos leve até lá, — disse ela.
— Sim, General. — Blick conduziu os controles de voo para frente.
A nave deslizou para mais perto da Cacofonia, de modo que a outra
nave quase preencheu a tela frontal. Estavam ligeiramente acima, olhando
para o casco enferrujado e remendado.
Viess nunca conseguiu apreciar a estética Nihil. Qual era o ponto de
tudo se não pudesse ter coisas boas, aproveitar os despojos da guerra? Por
que escolher ter uma nave batida em estado de semi-reparo e coberta de
grafites, quando você poderia simplesmente roubar algo melhor?
— Estamos na posição, General. Quais são as suas ordens? — disse
Blick.
— Atire. Rajadas de doze tiros. Alvo nos propulsores e nos sistemas de
armas primeiro. Não queremos que eles escapem ou revidem.
O Quarren virou-se, franzindo o cenho.
— Mas, General, essa é a nave de Melis Shryke. Eu pensei que
estávamos vindo para ajudar contra os Jedi?
— Ajudar? — ela zombou. — Você pensou errado, Blick. Estamos aqui
para pegar os Jedi. Shryke teve a sua chance. E foi considerada insuficiente.
Ela não passa de uma isca. Vamos desabilitar a sua nave e abordar o casco à
deriva. Os Jedi não vão saber o que os atingiu.
Supôs que era uma pena sacrificar um de seus seguidores mais ardentes
dessa forma, mas era o custo do negócio. Uma vez, pensou que Shryke
poderia ter sido uma verdadeira pupila. Era semelhante a Viess de muitas
maneiras: uma jovem rica de uma família bem-apresentada. Mas a sua
ambição ultrapassou a sua utilidade, e ela se tornou como qualquer outro
Nihil: caótica e fácil de manipular. Sem mencionar que a sua imitação de
Viess se tornou cansativa muito rapidamente. A armadura, a atitude. Ela se
marcou como um objeto de pena e ridículo, e falhou em quase todas as
tarefas que lhe foram atribuídas. Sim, ela teve sorte uma vez, trouxe Pra-Tre
Veter. Mas isso foi apenas porque ela teve acesso à tecnologia de supressão
de sabres de luz que outros desenvolveram, e ela até estragou isso,
permitindo que fosse destruído no processo.
A verdade era que, quando comparada à oportunidade de finalmente
aprisionar Porter e ganhar o favor de Ro entregando Avar Kriss, bem,
Shryke nunca teve uma chance.
O Quarren assentiu.
— Ela sempre foi uma bajuladora.
Viess riu.
— Isso ela foi.
Blick sorriu e transmitiu a ordem.
As baterias gêmeas de canhões a laser tremeram, lançando uma
tempestade de munição na extremidade traseira da Cacofonia. A outra nave
estremeceu enquanto seus escudos tentavam resistir à tempestade súbita.
Viess sorriu.
O bombardeio havia começado.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Sozinha agora na ponte, Shryke cambaleou conforme a Cacofonia


estremecia sob os seus pés. Podia ouvir o bombardeio incessante
mastigando crateras na casca externa, e sirenes de alerta começaram a soar
de cada console.
A sua cabeça estava girando.
Havia enviado Selea e Jago para os pods de fuga. Agora que os sistemas
de contingência haviam sido ativados, essencialmente um pequeno conjunto
de explosivos plantados na estrutura do próprio motor de Trilha, não havia
mais nada para eles fazerem.
Como isso aconteceu? Tudo foi tão rápido. Em um minuto, estava
fazendo planos, indo para o seu próximo saque, com a sua tripulação
obediente ao seu lado. No próximo, a sua nave estava sendo invadida por
Jedi e atacada pela general.
Então ela veio atrás de mim, afinal.
Shryke sentiu a sua determinação murchar.
Isso era o fim. Isso era como o fim parecia. Havia jogado o jogo e
perdido.
Deveria ter sido mais forte, mais determinada. Mas agora Viess estava
decidida a destruí-la por suas falhas. Os Jedi estariam sobre ela a qualquer
momento, e a sua tripulação a havia abandonado ao seu destino.
Supôs que Bryn estava certo. Realmente não era como Viess. Não no
final.
Havia uma coisa que poderia fazer, no entanto. Se fosse sair, poderia sair
em grande estilo. Levar os Jedi consigo. Impedir Viess de ter a satisfação de
capturá-los. Uma última cusparada em seu rosto autossatisfeito.
Examinou os dados de voo.
Estavam se aproximando do Muro da Tempestade. Uma vez que o
alcançassem, sem o motor de Trilha funcionando, a nave seria despedaçada
no momento em que tentasse entrar no hiperespaço.
Shryke se apoiou pesadamente nos controles de voo, empurrando a
Cacofonia em direção à sua velocidade total de subluz e além. Os
mostradores se acenderam em vermelho. Ela travou o curso para que
estivessem indo diretamente para o Muro da Tempestade. Então, ela
acionou o comunicador para enviar uma mensagem a qualquer tripulação
leal que ainda estivesse a bordo da nave.
— Aqui é Melis Shryke, — disse ela, forçando-se a ficar de pé, a
projetar confiança, mesmo enquanto a nave tremia ao seu redor. — Para
todos os Nihil ainda a bordo, esta é uma ordem de abandonar a nave. Pelo
Olho!
Soltou o botão TRANSMITIR e ficou de pé, respiração ofegante, olhando
para o vazio além da nave, para a barreira invisível que os aguardava.
Ela não podia vir rápido o suficiente.

Avar rebateu na parede do corredor, girando pelo ar, com o seu sabre de luz
piscando enquanto ela aterrissava, correndo. Dois Nihil caíram. Um de um
tiro de blaster desviado, outro da ponta de sua lâmina, que desenhou uma
linha precisa através do peito dele.
Atrás dela, Porter estava fechando o cerco, mas os Nihil restantes
começaram a recuar.
A nave estava agora sob pesado ataque, presumivelmente de outros
Nihil tentando evitar que ela e Porter conseguissem passar pelo Muro da
Tempestade com sucesso, e muitos dos Nihil se apressavam para se ejetar
da nave rangente, pegando qualquer nave ou pod de fuga que pudessem
encontrar.
Estava quase acabado. Podia sentir.
Estamos tão perto.
Ainda podemos conseguir.
Mais à frente, o caminho até a ponte agora estava livre. Avar olhou pra
trás. Porter estava retrocedendo pelo corredor em direção a ela, com o sabre
de luz girando em movimentos lentos e defensivos.
KC-78 estava se movendo em seu encalço o mais rápido que os seus
servos permitiam. Díodos piscavam pela frente de sua cabeça. Ele estava
assustado. A última vez que o viu assim foi nos momentos finais no Farol
Luz Estelar.
Prometi fazer você se orgulhar, Maru.
Talvez este seja esse momento.
Talvez depois disso eu consiga me olhar nos olhos novamente.
Talvez...
Avar se preparou, segurando o punho de seu sabre de luz com as duas
mãos, e avançou, os pés batendo no piso metálico. Alcançou a entrada e
atravessou apressadamente.
Não havia ninguém lá. A ponte parecia completamente abandonada. As
luzes estavam fracas, reduzidas às configurações de emergência. Ícones
vermelhos piscavam em quase todos os terminais de controle. Não
conseguia ouvir nada além do som de crump constante do bombardeio,
fazendo com que toda a nave vibrasse ao seu redor.
Avar começou a baixar a sua lâmina.
E então, um clarão de aviso, uma ondulação pela Força.
Avar se torceu, girando o seu sabre de luz para cima e ao redor, no
momento em que uma Nihil em armadura azul de carapaça se lançou para
fora da penumbra.
O zumbido do sabre ecoou.
A mão da mulher, que carregava uma lâmina grande e curva, se separou
de seu pulso, girando para longe pela ponte vazia, lembrando Avar do
tempo não tão distante quando havia cortado a mão de Lourna Dee, outra
discípula de Marchion Ro, de maneira semelhante.
A mulher gritou de agonia, tropeçando, incapaz de parar seu ímpeto para
frente. O seu ombro atingiu Avar com força no peito, tirando-lhe o fôlego.
Avar recuou, sugando o ar.
A mulher tentou se recuperar, balançando o seu outro punho em um
movimento amplo em direção à cabeça de Avar.
Avar desviou do golpe, chutando com a sua bota esquerda. Conectou-se
com a perna direita da mulher, esmagando a junta do joelho. A mulher
gritou enquanto dobrava, cambaleando, e depois desabou para trás, não
conseguindo mais sustentar seu próprio peso. Ela se espalhou no chão,
fazendo caretas, segurando o joelho com a mão restante.
Avar ficou de pé sobre ela, olhando para baixo, rosto impassível.
— Você é Shryke.
A mulher cuspiu. Ela bateu com o dedo no peito, batendo alto na placa
plana de seu peitoral, como se apresentasse seu coração como um alvo fácil.
— Vamos lá. Termine logo. — Ela deu um suspiro dolorido e encontrou
o olhar de Avar. Avar podia ver o ódio queimando ali, por trás deles. — Não
diga que você não quer.
Avar ouviu Porter e KC-78 entrarem na ponte atrás dela. Ela desligou o
seu sabre de luz.
— Vamos! — gritou Shryke. O seu rosto estava torcido pela agonia, mas
Avar podia ver que era mais do que apenas a dor de suas feridas. Esta era
uma mulher cujo coração tinha sido arrancado. Os alicerces de tudo em que
acreditava estavam desmoronando ao seu redor. — Vamos!
— Não, — disse Avar. — Não vou te dar a saída fácil.
Virou as costas para a mulher Nihil e foi para os controles de voo.
Shryke berrava sem palavras atrás dela, crua e furiosa, mas tombou para
trás, incapaz de se mexer.
Avar estudou as leituras de dados nas telas. O seu coração parecia pular
para a garganta, fazendo a sua cabeça latejar. Lutou contra o pânico súbito e
crescente.
Oh não.
Não.
— Porter, temos um problema.
Porter ainda olhava para Shryke, como se esperasse que ela se levantasse
e tentasse lutar contra eles novamente, mas Avar podia dizer que a mulher
estava quebrada. Ela fora abandonada por todos e tudo o que ela amava.
Não havia retorno para isso.
— O que foi?
— Eles destruíram o motor de Trilha. — Ela tentou chamar um relatório
de status, mas o sistema estava completamente morto. — Estamos indo
direto para o Muro da Tempestade, e o motor de Trilha está desativado.
Melis Shryke deu uma risada desagradável e rouca.
— Você chegou tarde demais, Jedi. Acabou. Morto. Destruído. Vocês
não sairão daqui vivos.
A Cacofonia deu mais um estremecimento a outra nave continuar o seu
bombardeio implacável.
— Os escudos se foram completamente, — disse Avar. — Se
conseguirem eliminar o motor de subluz, ficaremos encalhados. Alvos
fáceis.
— A General, — disse Porter, percebendo. Ela era a responsável pelos
bombardeios. Ele se virou, encontrando o olhar de Avar. — Ela nunca vai
parar, — disse ele. — A menos que alguém a pare primeiro.
— Porter...
Podia ver para onde isso estava levando.
Ele deu uma pequena negação com a cabeça, avisando-a para não
protestar.
— Isso sempre foi destinado a você, Avar. Esta missão. Você é o futuro
da Ordem Jedi. Eu sou o passado. Você precisa sair, além do Muro da
Tempestade. Elzar e os outros precisam de você.
— Não. Mesmo que eu consiga encontrar uma saída, você ficará preso.
Porter se aproximou dela, tirando o pequeno saquinho de couro do cinto.
Ele o pressionou em sua palma.
— Ainda há uma maneira. Lembre-se, a única coisa que importa agora é
levar isso de volta para Coruscant. Tudo o mais é insignificante. Eles
precisam saber que estão no caminho certo, que há uma maneira de romper
o Muro da Tempestade.
Avar o encarou. Ela não sabia o que dizer, ou como dizer.
— Porter...
— Você pode fazer isso, Avar. Eu acredito em você.
Ele caminhou até a porta, depois parou por um momento, virando-se
para olhá-la, um largo sorriso nos lábios.
— Que a Força esteja com você.
E então ele se foi.
Enquanto isso, Melis Shryke havia conseguido arrastar-se pelo chão,
apoiando-se na borda de sua cadeira de comando. Ela estava observando
Avar com malícia aberta.
— Não há saída, Avar Kriss. É só você e eu agora. Até o fim. Vai ser um
espetáculo e tanto.
Avar não respondeu. Estava sozinha novamente, agora. Apenas ela
contra a escuridão.
Ficou parada por um momento, com as mãos tremendo.
Não.
Não sozinha.
Nunca sozinha.
Olhou pra baixo para o saquinho de couro em seu punho, contendo o
núcleo de memória do antigo droide EX.
Ainda há uma maneira...
Devagar, um sorriso se espalhou por seus lábios.
— KC, — disse ela, chamando urgentemente o astromecânico. —
Espero que esteja pronto para trabalhar mais rápido do que nunca.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter se lançou pelo compartimento de carga da Cacofonia.


Ao seu redor, a nave ameaçava se despedaçar, dilacerada entre as
tensões de seu motor de subespaço super trabalhando e o efeito que a
saraivada de blasters causava em sua estrutura enfraquecida. Faíscas caíam
do teto como gotas de chuva cintilantes. Vários incêndios estavam
queimando. Luzes de aviso piscavam em vermelho. Atmosfera estava
escapando de pequenas rachaduras no casco interno.
Avar não tinha muito tempo. Ele precisava fazer algo para interromper
os bombardeios. Era a única maneira de comprar tempo suficiente para ela.
Ele procurou, procurando uma nave auxiliar, qualquer coisa que pudesse
usar para levar a luta até Viess na outra nave.
A maioria das naves menores já tinha ido embora, levadas pelos Nihil
fugitivos, que abandonavam a moribunda Cacofonia como ratos
aterrorizados. Mas ali, bem no fundo do compartimento, estava uma antiga
nave de perfuração mineradora, igual às que as forças de E'ronoh haviam
implantado durante a guerra Eiram e E'ronoh.
Ele se apressou.
A broca do nariz parecia ter sido revisada, e os motores foram
atualizados para algo mais recente. Era um trabalho descuidado dos Nihil,
mas serviria. Se conseguisse fazê-lo funcionar.
Porter se lançou pela cabine, caindo pesadamente no estreito assento de
piloto. Apertou os antigos botões, surpreso quando o console realmente se
iluminou diante dele.
Talvez a Força esteja comigo hoje.
Prendeu a escotilha sobre a sua cabeça e ligou os motores. Eles rugiram
no espaço confinado do compartimento da Cacofonia, abafando o som dos
canhões retumbantes.
Olhou para as portas de desdobramento traseiras. Não havia tempo para
encontrar uma maneira de abri-las. Além disso, Viess o veria chegando por
esse caminho. E o que importava se o conteúdo do compartimento fosse
evacuado para o espaço, contanto que a integridade do resto da nave fosse
mantida?
Porter puxou uma alavanca para fazer a broca do nariz girar. Começou
devagar a princípio, fazendo barulho enquanto girava, tentando encontrar
seu momento.
— Vamos! Vamos!
Bateu com o punho no painel de controle.
A broca vibrou, deu outro rangido e começou a girar, ganhando
velocidade enquanto rugia à vida. Em segundos, toda a nave de perfuração
estava vibrando enquanto o nariz girava mais rápido e mais rápido,
emitindo um agudo gemido mecânico.
— Está bem, Viess. Aqui vou eu.
Porter puxou os controles de voo com força, acionando a liberação da
doca magnética.
A nave de perfuração sacudiu, avançando, jogando-o pra trás no assento
enquanto se levantava do berço de ancoragem, ainda dentro do
compartimento da nave maior. Manteve a potência do motor a um mínimo,
apenas o suficiente para dar-lhe alguma elevação.
Grunhindo, forçou a alavanca de controle pra trás, fazendo o nariz da
nave se inclinar para cima e para cima, girando no local até apontar em um
ângulo agudo, a broca quase tocando o teto da baía do hangar.
Então acelerou o motor principal, inundando-o de energia. A nave de
perfuração disparou como um pod-racer.
A broca giratória atingiu o fino casco da Cacofonia com um guincho
estridente, mordendo fundo. Acelerou o motor principal novamente,
empurrando a nave com tudo o que tinha. Ao seu redor, as placas da
Cacofonia se abriram como uma flor, e a nave de perfuração irrompeu pela
extremidade traseira da embarcação, explodindo no espaço em uma pluma
de luz.
Porter cerrava os dentes. Como previra, a nave de Viess pairava com o
nariz apenas acima da traseira da Cacofonia.
Tornando-se um alvo direto.
Prendeu os controles de voo o máximo que pôde.
A nave de perfuração voou como um dardo, colidindo com a base do
arco da outra nave. Porter foi arremessado pra frente com a força do
impacto, batendo a cabeça contra a mesa de controle. Balançou pra trás na
cadeira, momentaneamente tonto, mas não fez diferença. Com a energia
ainda inundando o sistema de propulsão, a nave de perfuração forçou o seu
caminho pra cima e pra dentro da nave maior, guinchando enquanto
triturava a densa blindagem.
Porter não tinha mais controle sobre a nave de perfuração. Ela avançou
mais fundo, explodindo através do interior da Catástrofe Iminente, rasgando
uma enorme fenda ao longo da base da nave maior. Ar, equipamentos e
Nihil gritando foram arrastados para o vazio gélido enquanto a nave se
contorcia ao redor da menor, metal rangendo como o grito de um leviatã
moribundo.
O barulho era incrível. Tudo o que Porter conseguia ouvir era o guincho
do metal retorcendo e o burburinho da broca enquanto avançavam e
subiam, finalmente parando abruptamente alguns segundos depois. O seu
nariz havia rompido o teto da nave maior, enterrando todo o comprimento
dentro da outra embarcação. A broca ainda estava tentando girar, mas ficara
presa, o impulso da nave de perfuração diminuindo enquanto tentava se
arrastar para fora da frente da nave de Viess.
Está feito.
Agora é com você, Avar.
Alarmes estavam tocando.
Porter encostou a cabeça no encosto do assento, recuperando o fôlego.
O som dos bombardeios havia cessado. Agora, sob o uivo dos alarmes,
tudo o que conseguia ouvir eram os últimos suspiros agonizantes da nave de
Viess, que lentamente, inexoravelmente, começava a se despedaçar.
Se esforçando, ainda um pouco tonto, se esticou e soltou a escotilha. Ela
estalou com um sibilo pneumático, e a realidade pareceu se precipitar. Os
alarmes estridentes cortaram os seus pensamentos, assustando-o para a
ação.
Verificou as telas. A nave de perfuração estava arruinada, se não já
estivesse presa.
Precisava encontrar outra maneira de sair dos destroços. Se fosse rápido,
havia uma chance de encontrar um pod de fuga, talvez roubar uma nave.
Uma nave como a de Viess tinha que estar carregando uma tripulação
completa de naves de apoio.
Arrastou-se para fora da cabine, escorregando desajeitadamente pelo
fuselagem amassada e caindo no chão. Ao seu redor, tudo estava em caos.
O ar jorrava em jatos de tubos rompidos. Corpos mutilados de Nihil
estavam espalhados pelo chão, onde foram pegos pela passagem da nave de
perfuração. O ar cheirava a queimado. E o barulho parecia estar tentando
afogar os seus próprios pensamentos.
Concentre-se, Porter.
Felizmente, esta seção dos destroços havia se selado em torno do eixo da
nave de perfuração, como um parafuso que foi torcido profundamente em
uma peça de madeira. Não duraria muito, no entanto, julgando pelos sons
vindos de outras partes da nave Nihil. A subestrutura se desintegrava. Atrás
dele estava a ponte. Se ele quisesse chegar a um transporte ou a um pod de
fuga na parte de trás da nave, teria que encontrar uma maneira ao redor da
bagunça que acabara de criar. Preferencialmente antes que toda a nave se
desintegrasse.
Passos.
Porter virou-se, seu sabre de luz brilhando em sua mão.
Uma figura solitária estava na sombra de uma porta, a vários metros de
distância.
— Viess.
Ela estava vestida em sua armadura rendilhada habitual, segurando a sua
espada e usando uma expressão de desprezo total.
— Porter Engle, — ela cuspiu. — Pensei que você poderia ter fugido,
assim como sua irmã fez. Mas aqui está você. E mais uma vez, você
estragou tudo.
Por trás dele, a nave de perfuração se moveu, tentando se acomodar, mas
abrindo outra fenda na placa do casco. Os escudos ainda estavam
segurando... por enquanto.
Mas eles não durariam para sempre.
Nada poderia.
Nem mesmo ele.
Porter suspirou. Parecia que estava certo quando disse a Avar que
pertencia ao passado, afinal.
— Uma última dança? — ele disse, preparando o seu sabre de luz.
Viess gritou em fúria selvagem enquanto avançava.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

— Não vai funcionar, — disse Shryke. — Seja lá o que você esteja


tentando fazer. Não vai funcionar.
Avar tentou ignorar os constantes comentários de Shryke. Ela estava
claramente começando a entrar em choque. A perda da mão, o ferimento na
perna, o golpe chocante em sua psique por ter sido traída por Viess e perder
sua tripulação, sua nave. Estava cobrando o seu preço. Parecia cansada,
como se tivesse desistido, e começou a se repetir. Se não recebesse
tratamento em breve, ficaria catatônica. Ou pior.
Os bombardeios haviam parado, e a Cacofonia agora estava bem à frente
da nave de Viess, que havia desaparecido dos monitores. A última coisa que
Avar viu foi que a nave parecia estar se desintegrando, se curvando e se
partindo enquanto seu impulso continuava a arrastá-la pelo espaço.
Seja lá o que Porter tinha feito, ele lhe deu tempo.
Ele lhe deu essa chance.
Mas agora mais naves Nihil começaram a aparecer, deslizando para fora
do hiperespaço ao redor deles, e logo todo o enxame estaria sobre eles.
A única saída dela era através da Muralha de Tempestade. E estava se
aproximando, rápido.
Os sistemas de alarme estavam gritando com ela. Silenciou-os.
Se isso não funcionasse, Shryke estaria certa. Uma vez que entrassem no
campo de disruptura, a Muralha de Tempestade os despedaçaria assim que
ativasse o hiperdrive.
Pelo menos será rápido.
— KC?
Olhou para o astromecânico, que estava enterrado em um ninho de cabos
sob a mesa de controle de voo. Faíscas voavam enquanto ele tentava
desesperadamente conectar o núcleo de memória do antigo droide EX aos
sistemas de navegação.
As telas de dados estavam rolando com linhas de código obscuro que
Avar não conseguia entender.
— Você está pronta para morrer, Avar Kriss? — murmurou Shryke. —
Você está em paz com tudo o que fez?
Avar lançou-lhe um olhar.
— E você?
Shryke sorriu, mas não respondeu.
— KC?
O droide piou furiosamente em resposta.
— Eu sei que você está fazendo o seu melhor, mas agora seria um
momento realmente bom para...
Os monitores piscaram.
Uma grade de linhas brancas apareceu na tela mais próxima. Uma cadeia
de formas serpenteantes começou a se sobrepor à grade, a sequência de
saltos de hiperespaço curtas e personalizadas que os levariam à segurança.
— Está pronto? — perguntou Avar.
KC-78 apitou freneticamente e recuou, tentando se arrastar para fora do
emaranhado de fios que se enroscaram ao redor de suas pernas.
As sirenes soaram novamente. A Cacofonia estremeceu quando
bombardeios estrondosos recomeçaram, desta vez não da nave de Viess,
mas de uma série de naves menores que ela deve ter convocado para ajudar
no ataque.
— Agora ou nunca, KC. Precisamos confiar que o cérebro do droide
ainda funcione como foi projetado. Faça.
Por trás dela, Shryke ria maniacamente.
Por favor, funcione.
Por favor.
O monitor piscou. Uma das rotas sinuosas se solidificou.
As sirenes gemiam.
Todos os seus instintos estavam gritando.
— Agora, KC!
O hiperdrive foi acionado. A galáxia ao redor deles estremeceu. A luz
distante se esticou, alongando, formando um túnel à frente deles...
... e parou.
O hiperdrive se desativou, incapaz de fazer o salto.
— KC?
KC-78 emitiu um som como um lamento, impregnado de tristeza. Ele
começou a mexer nos fios novamente.
Mas eles estavam sem tempo. Estavam mergulhando no campo de
disruptura da Tempestade. Errar desta vez e seriam poeira estelar.
Avar agarrou o canto do terminal.
Fechou os olhos.
E respirou.
A canção da Força se apressou, preenchendo a sua parte sensorial. A
melodia estava tão quebrada e discordante quanto sempre fora, tecendo para
dentro e para fora, uma melodia suave que soava errada. E ainda assim,
havia padrões familiares nela. Fragmentos da canção que havia conhecido.
Ecos.
Estendeu-se até eles, sentindo o caminho, buscando orientação.
A passagem do tempo parecia ter parado. Era só Avar e a canção. Ela era
parte da canção, e a cação era parte dela.
As mãos dela se moveram como se tivessem vontade própria, pairando
sobre os controles.
KC-78 ainda estava mexendo freneticamente nos fios sob o console.
Esperou. Sem fôlego.
E esperou...
E então a canção discordante pareceu crescer ao seu redor.
— Agora. — Ela puxou a alavanca para acionar o hiperdrive.
Shryke gritou, com a sua anterior indiferença substituída por um medo
repentino.
Avar abriu os olhos.
A galáxia se estendia.
A luz preencheu a sua visão.
SETOR SESWENNA, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Porter marcou a borda de seu sabre de luz ao longo da linha do


antebraço de Viess. Fervilhou e estalou enquanto jogava o seu peso pra trás,
tentando desequilibrá-la.
No entanto, Viess não estava aceitando nada disso.
Ela se esquivou, grunhiu e o empurrou com um empurrão poderoso,
avançando com a sua espada. A ponta roçou o tecido da túnica de Porter, e
recuou, abrindo novamente a lacuna entre eles.
Ao redor deles, a nave de Viess estava se desfazendo. O estresse do dano
que ele causara ao atravessar com a nave de perfuração estava se mostrando
fatal. A sua coluna estava quebrada, e estava nos últimos estertores de sua
existência.
As esperanças de Porter de sair do destroço estavam diminuindo.
Grandes pedaços da extremidade traseira já haviam se soltado, flutuando no
espaço, e se não fosse pela própria nave de perfuração, ironicamente
segurando essa parte da nave juntos, eles já estariam mortos há muito
tempo.
A nave gemeu novamente, mudando sob os seus pés. Em algum lugar
próximo, uma explosão. Um grito.
— Parece que vamos cair juntos, General, — ele disse, girando,
golpeando, recuando.
Havia uma certa elegância no fim das coisas dessa maneira, um senso de
encerramento. Ambos viveram vidas longas e extraordinárias. Viess
escolheu passar a dela de maneira diferente de Porter, em busca de poder, às
custas da vida de outros. Supôs que o trabalho que tentou fazer como Jedi
pelo menos compensou isso de alguma forma, trazendo equilíbrio a isso.
Gostaria de ter visto Coruscant novamente. Passar uma última noite em
conversa com o Mestre Yoda. Passear pelos mercados nos níveis mais
baixos e sentir os ricos aromas de comida exótica e crepitante. Ver Bell
Zettifar e Ember, e verificar Indeera Stokes.
Mas a Força o abraçaria da mesma forma, e era grato. Não estava com
pressa de morrer, mas também não tinha medo disso. E isso parecia um fim
para as coisas. Como se o círculo estivesse se fechando. A General afastou
Barash todos aqueles longos anos antes. Agora ela pagaria.
O que acontecesse a seguir, que tivesse comprado o tempo que Avar
precisava para escapar era um conforto. Só esperava que tivesse
funcionado. Supôs que talvez nunca soubesse.
Viess avançou novamente, avançando, com a sua lâmina baixa ao lado.
A antiga espada não duraria um momento em um choque com o seu sabre
de luz, mas ela sabia disso muito bem. Em vez disso, ela estava lutando
com inteligência, se aproximando, usando a sua armadura incrustada de
beskar para bater a sua lâmina enquanto tentava encontrar uma abertura
para a sua própria arma.
Isso quase funcionou também. Várias vezes.
Porter se orgulhava de sua habilidade com uma lâmina, mas em Viess,
havia encontrado uma das poucas pessoas que poderiam lhe resistir e sair
ilesas. E ela nem mesmo era uma usuária de sabre de luz. Gostava disso
nela, mesmo que desaprovasse praticamente todas as outras escolhas que
ela havia feito.
— Maldito Jedi, — ela sibilou. — Você sempre conseguiu ficar no meu
caminho.
Porter sorriu ironicamente.
— Você sempre facilitou as coisas.
Aproximou-se, jogando o braço esquerdo pra cima em um blefe, depois
usando o direito para bloquear seu golpe. Ela se agachou, jogando a espada
para a outra mão, espetando novamente em sua barriga. Girou enquanto a
lâmina deslizava, levantando o joelho para pegar Viess no peito.
Ela se afastou, ofegante.
Quase me pegou dessa vez.
Avançou, primeiro com o ombro, mas Viess estava pronta e pulou para
fora do caminho. Eles circularam, ambos predador, ambos presa.
Um som rasgante vindo de cima. Uma queda súbita na temperatura. A
nave de perfuração se moveu, rangendo contra a casca de sua anfitriã.
Era isso. A nave estava se desfazendo ao redor deles.
— Acabou, Viess, — ele disse, ainda circulando cautelosamente. —
Poderíamos baixar nossas armas. Ir em paz em vez de lutar.
Viess riu. Ela estava contornando, se posicionando para algo. Porter se
enrijeceu.
— Mesmo agora, depois de todos esses anos, você é tão ingênuo. Vocês
Jedi pensam que entendem como a galáxia funciona, mas não sabem de
nada. Ritos estranhos e meditação só o levarão até certo ponto. A galáxia é
muito maior do que você imagina.
— Há virtude em uma vida pequena também, — ele disse. — Qualquer
um pode fazer a diferença.
— Não. Os fortes sobrevivem. São eles que fazem a diferença. Os Nihil
entendem isso.
Porter suspirou.
— Eu gostaria que você tivesse aberto os olhos. Eu gostaria que você os
tivesse visto pelo que eles realmente são. Mas agora é tarde. Mas isso está
prestes a acabar.
A nave deu um solavanco, e Porter cambaleou, tentando manter o
equilíbrio.
Viess viu a sua oportunidade e atacou, lançando-se no ar, trazendo a sua
lâmina em um arco fechado.
Ela deslizou pelo ombro esquerdo de Porter, enterrando-se
profundamente nos músculos e tendões.
Gritou de dor, dando um passo para trás no momento em que o chão
inclinou, as duas partes da nave se separando. Viess empurrou, e ele tombou
pra trás, batendo com força no chão instável, com o seu sabre de luz
rolando de seus dedos e se apagando. A espada de Viess ainda estava
cravada em seu ombro, e podia sentir o sangue quente escorrendo por seu
braço.
A nave deu outra gemida poderosa. As placas do piso se curvaram,
racharam, desmoronaram. Porter rolou, caindo, batendo, atingindo um canto
recém-formado de metal irregular. Escorregou, estendendo o braço bom,
dedos encontrando uma compra desesperada em uma dobra pontiaguda de
metal. Agarrou-se, com o seu outro braço pendurado inerte ao seu lado,
agora escorregadio e vermelho de sangue. Lentamente, se arrastou pra cima
do canto, fazendo uma careta com o esforço. Puxou a espada de Viess de
seu ombro, jogando-a para longe, ignorando o agudo florescer de dor. A
arma desapareceu sobre a borda, girando e virando.
Abaixo dele, não havia nada além do vazio gritante do espaço, agora
contido apenas pelos últimos restos vacilantes dos escudos da nave. Logo,
isso o engoliria. Não havia pra onde ir.
Então, é isso.
Fique bem, Avar.
Olhou pra cima. Viess o encarava do chão quebrado acima, agora fora de
alcance.
— Adeus, Porter Engle.
Ele assistiu, piscando sangue e suor de seus olhos, enquanto ela se
virava e corria.
SETOR SESWENNA, ESPAÇO DA REPÚBLICA

Bell estava novamente andando de um lado para o outro.


Ember podia sentir a sua ansiedade crescente e se retirara para o seu
local favorito sob o terminal de Quarik, observando-o com olhos
perspicazes.
— Wawwarrooo? — disse Burryaga, perguntando por que ele estava tão
nervoso.
Era uma pergunta redundante, e Burry sabia disso. Eles estavam na
ponte da Tratado, à frente de uma grande frota de naves da CDR que
haviam sido designadas para apoiá-los na captura da Cacofonia.
Assumindo, é claro, que os cálculos de Harlak estavam corretos e que a
nave Nihil realmente deveria emergir da Zona de Oclusão em algum lugar
nas proximidades.
Bell esperava, além da esperança, que o técnico Gran estivesse certo.
Parecia ser a última melhor chance deles. Se estivessem errados, se Shryke
não estivesse seguindo o padrão que identificaram, então estariam
realmente de volta à estaca zero.
Por favor. Que esteja certo.
Precisava que isso funcionasse. Não conseguia mais suportar. A sua
frustração por não conseguir impedir os Nihil, por não fazer uma diferença
real, por não lutar de volta de maneira significativa, ainda fervia dentro
dele, como uma pressão crescente que buscava liberação.
Já havia decidido que buscaria aconselhamento do Mestre Elzar assim
que essa missão terminasse. Elzar nunca escondeu as suas lutas, sempre
defendeu compartilhar com aqueles que poderiam ajudar.
Se houvesse alguém de volta a Coruscant que pudesse ajudá-lo a lidar
com os seus sentimentos tumultuados, era Elzar.
Agora, no entanto, não era o momento para tais pensamentos.
Agora era hora de agir.
Antes de saírem, eles formularam um plano.
Quando a Cacofonia aparecesse, a frota a atingiria com um bombardeio
rápido e abrangente para desabilitá-la sem destruir seu propulsor de
caminho, que planejavam adquirir para estudos adicionais.
Então os Jedi entrariam em ação, abordando a nave e, finalmente,
capturando Melis Shryke.
Soava tão fácil, mas Bell sabia que seria tudo menos isso. A nave estaria
infestada de Nihil. E Shryke não se renderia facilmente.
Eles também haviam elaborado um plano de redundância. O Mestre
Mirro Lox e seu Padawan Amadeo estavam esperando em órbita ao redor
de Eriadu com uma frota secundária, perto o suficiente para intervir se
fossem necessários, mas longe o suficiente para, caso a Cacofonia tentasse
fugir, ou se pulasse através da Muralha de Tempestade em algum outro
local próximo, eles estariam prontos para deter Shryke enquanto a frota
principal se aproximava.
Outros ainda estavam de prontidão em Hintis IV e em Coruscant,
prontos para se mobilizar se a teoria de Harlak se mostrasse correta.
Não era à prova de falhas, mas era a melhor chance que eles tiveram.
Os sensores de proximidade emitiram um sinal sonoro.
A cabeça de Bell virou rapidamente.
Pha Rool estava estudando a sua tela. Ele mastigava o lábio inferior,
nervoso também.
— Então? — disse Bell.
— Não tenho certeza, — disse Pha Rool. E então: — Não! Fiquem
prontos. Algo está vindo!
Bell ficou tenso.
— Alerte as outras naves, — disse Amaryl Pel, que estava sentada à
frente de sua cadeira, tão tensa quanto Bell. — Diga a elas para ligarem
suas armas.
— Sim, Capitã, — disse Quarik. Ela repetiu a mensagem na matriz de
comunicação.
Bell estudou a tela frontal.
Nada.
Nada.
Uma nave surgiu do hiperespaço diretamente à frente deles, parando
abruptamente enquanto se desviava a bombordo, com os motores de
subespaço faiscando.
Estava mais perto do que Harlak havia previsto.
Muito mais perto.
Quase em cima deles.
Bell a observou.
A nave estava sozinha. Sem escoltas ou outras naves saqueadoras. Era
definitivamente Nihil.
Certamente parecia a Cacofonia, mas estava uma bagunça. Uma ruína
que mal se segurava. Grandes crateras haviam sido mastigadas em seu
casco externo, enegrecidas pela queima de tiros de blaster. A sua escotilha
principal a bombordo havia sido explodida, aparentemente com força
explosiva, e parecia que algo havia irrompido do compartimento traseiro, a
extremidade traseira da nave estava aberta e efetivamente ausente.
Como alguém poderia estar vivo a bordo, Bell não sabia. Como havia
passado pela Trilha hiperespacial sem se despedaçar em mil pedaços
também era igualmente desconcertante.
O que nas estrelas havia acontecido? Os Nihil haviam se virado uns
contra os outros? Essa era a situação mais provável. Bell os conhecera por
trair uns aos outros antes, lutando para superar os seus rivais para obter
maior reconhecimento e força.
Alguém havia se voltado contra Melis Shryke?
Não parecia uma ideia absurda.
— O que eles estão fazendo? — disse Amaryl Pel. — Eles estão apenas
sentados lá. — Ela se virou para Burry. — Você acha que é uma armadilha?
Você sente alguma coisa?
Burry balançou a cabeça. Ele disse a Pel que nada o surpreenderia. Melis
Shryke não estava além de afundar a sua própria nave se isso significasse
conseguir o que queria.
Mas Bell sentia de maneira diferente. Sentia...
...esperança.
Não sabia por que. Não conseguia entender completamente. Mas algo
parecia diferente. Uma ondulação na Força que ele não sentia há meses.
Não desde o Farol. Não desde que todos estavam naquela praia de Eiram e
compartilhavam seu luto mútuo.
— Deixe-me falar com eles. Por favor, — disse ele, tranquilamente.
Pel se virou em sua cadeira, oferecendo-lhe um olhar inquisitivo.
— Fique à vontade.
Bell foi até o terminal de Quarik.
— Você se importaria? Eu quero transmitir uma mensagem.
Quarik sorriu e digitou o comando. Ela fez um gesto para indicar que ele
estava livre para falar.
— Aqui é Bell Zettifar da nave da República Tratado. Se você pode me
ouvir, Shryke, temos a Cacofonia cercada. Se você tentar escapar ou
mostrar qualquer sinal externo de agressão, abriremos fogo. Por favor,
responda para que saibamos que você entende.
Estática estalou no canal aberto.
Nenhuma resposta.
Bell se virou para Burry. Ele deu de ombros.
Estava prestes a repetir a mensagem quando uma voz rompeu a estática.
Estava imersa em interferência e cortava, mas as palavras eram mais ou
menos discerníveis.
— Bell! Bell? É realmente você?
A voz parecia estranhamente familiar. Bell sentiu seu pulso acelerar, os
pelos da nuca arrepiarem. Isso o lembrava...
— Avar?
Sentiu a mão de Burry apertar seu ombro. O seu coração estava
acelerado.
— Bell! É tão bom ouvir a sua voz. Sim! Sim, é Avar!
Bell sentiu as lágrimas picarem nos seus olhos. Seria possível? Depois
de todo esse tempo. Ele mal podia acreditar.
E ainda assim... parecia certo.
Burry soltou um rugido jubilante.
— Burryaga? — A voz de Avar soou engasgada. — Você está vivo!
Bell mal conseguia encontrar palavras. Tinha tantas perguntas.
— Avar! Também é bom ouvir você. — Ele tentou se compor. — O que
você está fazendo nessa nave?
— É uma longa história, Bell. Mas eu preciso chegar a Coruscant
imediatamente. E eu tenho uma prisioneira a reboque.
— Uma prisioneira?
— Uma líder Nihil. Melis Shryke. Ela está ferida e precisa de atenção
médica.
Bell mal podia acreditar.
Avar está viva.
Avar Kriss.
E ela nos trouxe Melis Shryke e a sua nave.
A esperança se inflamou em seu peito.
Amaryl Pel colocou a mão no braço de Bell e o guiou suavemente para
fora do caminho, inclinando-se sobre o comunicador.
— Avar, aqui é a Capitã Amaryl Pel da Coalizão de Defesa da
República. Vamos enviar uma equipe de abordagem imediatamente. Vamos
tirar você de lá e levá-la para casa.
Avar demorou um momento para responder.
— Eu... — Ela hesitou por um momento. — Obrigada, Capitã.
A ligação foi encerrada.
Bell se virou para Burry e sorriu.
HETZAL, DENTRO DA ZONA DE OCLUSÃO

Ghirra ficou sozinha no topo da fortaleza, olhando pela janela do


Olho. Era um dia sombrio em Hetzal. Nublado, chovendo, o vento soprando
os altos campos de grãos não colhidos quase ao chão. Ninguém estava
trabalhando hoje.
Até os Nihil estavam contidos. As notícias sobre a fuga de Avar, a
captura de Shryke e o desaparecimento tanto da General Viess quanto de
Porter Engle haviam chegado até eles. Mesmo agora, os Nihil estavam
vasculhando os destroços da Catástrofe Antecipada, e começaram a retornar
a Hetzal com sobreviventes a reboque. Não eram muitos, e falavam de
demônios com sabres de luz que haviam devastado ambas as naves,
derrubando os seus comandantes e destruindo tudo em seu caminho.
Ro zombou dessas histórias, mas Ghirra sabia que se espalhariam, se
mitificariam, se transformariam em contos edificantes que alertariam os
Nihil sobre os perigos de enfrentar os Jedi e, talvez pior, encorajariam os
cidadãos da República presos dentro da Zona de Oclusão a se rebelarem
contra os Nihil.
No futuro, alguns deles poderiam pensar duas vezes antes de correrem
tais riscos.
Ghirra sorriu. As coisas não tinham saído conforme o planejado para
Marchion Ro.
De jeito nenhum.
E isso era agradável.
As antigas tradições dos Nihil estavam morrendo. Era um sistema falido,
projetado para atender a um objetivo específico que agora não era mais
relevante. Ro sabia disso também. Ele simplesmente não estava preparado
para admitir.
Mais dos Nihil estavam aderindo ao seu modo de pensar. E a perda de
Viess apenas precipitaria isso. Ser um Nihil agora parecia mais perigoso do
que nunca. Enquanto haviam aqueles entre eles que prosperavam no caos,
que queriam apenas saquear, matar e morrer em um lampejo de glória,
havia outros que queriam viver para ver os despojos de suas vitórias.
Agora era a sua chance, a sua oportunidade de assumir ainda mais
controle. De sair por cima.
Passos soaram por trás dela.
Ele está aqui.
Resistiu à vontade de virar e olhar.
Deixe-o ver que as nossas posições foram invertidas. Deixe-o pensar
isso, mesmo que ainda não seja verdade. Deixe-o questionar a força de sua
presa.
— Fica bem em você, Ghirra.
Marchion Ro veio ficar ao lado dela. Ele estava usando a sua capa
forrada de pele. O seu capacete estava sob um braço. O seu cabelo preto jet
caía solto sobre os ombros.
— O que fica bem, meu Olho?
— A sua arrogância recém-descoberta. O seu ar de satisfação. Talvez,
finalmente, eu ache que você pode entender o que é ser Nihil. Ter sempre
um olho nas fraquezas de seus superiores e o outro na força de seus
subordinados. Desejar poder a qualquer custo.
— Uma descrição perfeita de um político, — disse Ghirra.
Ro franzia a testa.
— Não pense que, porque uma dupla de Jedi temporariamente superou
um de meus seguidores, eu de alguma forma expus uma fraqueza pessoal.
— Mas se você tivesse ouvido...
— A você? Se eu tivesse ouvido você, os Nihil agora seriam nada além
dos cães de colo da República. Infiltrados por senadores se pavoneando, —
ele a olhou de forma significativa, — puxa-sacos e Jedi. Teríamos nos
tornado tudo o que buscávamos destruir.
— E ainda assim estamos aqui reduzidos, — disse Ghirra. — Os Jedi
escaparam, ajudados, nada menos, por um traidor das próprias fileiras de
Viess. A Muralha de Tempestade não é mais impenetrável. A galáxia
testemunhou o triunfo dos Jedi.
— Não disfarce isso como um de seus belos discursos políticos. Dois
prisioneiros escaparam. Não é nada, — disse Ro. Ela podia sentir a sua
raiva borbulhando.
— É tudo. Você não vê, Marchion? A República se alimenta de
esperança. Avar Kriss era uma de suas grandes esperanças. Uma líder nata.
Um símbolo tão poderoso quanto qualquer farol. E agora ela voltou em um
lampejo de glória. Ela sobreviveu no espaço Nihil por um ano inteiro. E
agora ela aprendeu como romper as nossas defesas. É tudo o que a
República precisava. Isso nos atrasará meses. Talvez mais.
— Não. Ela teve sorte. Não acontecerá de novo. As antigas rotas de
prospecção que ela usou para contornar a Muralha de Tempestade serão
fechadas, — disse Ro.
— Mesmo assim... — começou Ghirra.
— Se há algo que você deseja me dizer, Ghirra, agora é a hora de dizer.
Ela engoliu em seco.
— Isso começou com aquelas encenações ridículas. A execução dos
Jedi. A transmissão pública. A postura. — Ela mediu a sua respiração,
tentando suprimir o seu medo. Afinal, ainda era Marchion Ro com quem
estava falando. Não faz muito tempo, o viu quebrar o pescoço de um
homem que trazia uma mensagem que ele não queria ouvir. — Você pode
não ter revelado uma fraqueza, mas mostrou que não conhece a República,
ou os Jedi, como pensa que conhece.
Ro nada disse. Ele se virou para olhar pela janela. Gotas de chuva
batiam nos vidros.
Depois de um tempo, ele levantou a mão, fazendo um gesto para a vista.
— Nuvens de tempestade, — disse ele.
Ghirra assentiu.
— Amanhã elas terão ido embora. O dia seguirá a noite porque não tem
escolha. É ordenado, inevitável. As colheitas ficarão altas novamente e o
sol brilhará. Tudo será como antes.
— Então todos nós seremos esquecidos, com o tempo, — disse Ghirra.
— A menos que encontremos uma maneira de ser lembrados, — disse
Ro. — De deixar uma impressão indelével.
— E esse é o seu objetivo? — disse Ghirra. — A verdadeira questão dos
Nihil. Elevar você, Marchion Ro, para torná-lo um deus?
Ro sorriu.
— O que mais há?
— Você parece desequilibrado.
— E você parece... entediante, — disse Ro. — E ninguém quer ficar
entediado. — Ele se inclinou mais perto, até que ela pudesse sentir a sua
respiração quente contra sua bochecha. — Não atravesse meu caminho,
Ghirra. É uma batalha que você não pode vencer.
Ghirra engoliu em seco, incapaz de encontrar palavras para responder.
— E lembre-se disso, — ele disse, virando-se para ir embora. — Você só
está viva porque me lembra do que os Nihil nunca devem se tornar. Esse é o
seu propósito. Isso é tudo o que você é.
Mas não.
Eu sou muito mais.
E quando chegar a hora certa, você verá.
Você verá.
Olhou ao redor, mas ele já tinha ido embora.
Aliviada, Ghirra se voltou para a janela.
Lá fora, o clima já estava começando a melhorar.
CORUSCANT

Já havia se passado mais de um ano desde que Avar havia percorrido


os corredores do Templo Jedi em Coruscant. Talvez devesse ter se sentido
nervosa, mas, em vez disso, sentia-se aliviada. Depois de tanto tempo na
escuridão, seria um raro conforto olhar para os rostos familiares, estar na
companhia de seus colegas Jedi. Sentir-se parte de algo novamente.
Mas havia um rosto que ansiava ver mais do que qualquer outro.
Avar percorreu os corredores arejados, segurando o núcleo de memória
do droide EX, agora devolvido à pequena bolsa de couro de Porter. Ao seu
lado, KC-78 seguia trilhando, emitindo sons alegres para outros droides. Ao
redor deles, outros Jedi paravam e encaravam, com os seus sorrisos
radiantes expressando a alegria de ver Avar de volta.
Era um tônico, sentir-se tão amada.
Por tanto tempo, permitiu que a sua culpa obscurecesse o seu
julgamento, a deixasse acreditando que estava melhor sozinha. Deveria ter
sabido que isso nunca poderia ser verdade. Ser um Jedi era muito mais do
que isso. Não importa os seus erros, as suas falhas, pertencia aqui.
Encontrara-se novamente. E tudo graças a um Ugnaught que a lembrou
do que era ser uma amiga. Esperava que Belin e Rhil estivessem seguros.
Voltarei por vocês. Os dois. Eu prometo.
Também esperava que Porter estivesse em paz. A nave da General Viess
estava se desfazendo, a última vez que viu. Não parecia para que alguém
poderia ter sobrevivido a esse nível de destruição... mas se alguém pudesse,
seria Porter Engle.
Esperava que se encontrassem novamente quando tudo isso terminasse.
À frente, a entrada alta e arqueada para a Sala do Conselho se erguia.
Pausou, recuperando o fôlego.
Certo, talvez eu esteja um pouco nervosa, afinal.
KC-78 cutucou gentilmente a sua perna, incentivando-a a continuar
caminhando. Olhou para o astromecânico e pensou em Maru, desta vez não
com tristeza e pesar, mas com um sorriso caloroso. Ele teria sido o primeiro
a cumprimentá-la. O seu sorriso teria sido o mais amplo de todos.
— Está tudo bem, KC. Estou pronta.
Juntos, continuaram a andar.
Todo o Conselho Jedi havia se reunido para recebê-la, e viraram-se para
encará-la quando ela entrou na câmara. Sentiu uma onda intensa de boa
vontade e não conseguiu suprimir uma risada.
Olhou de rosto em rosto. Ry, Yoda, Lahru, Adampo, Keaton, Ada-Li,
Soleil, Teri, Oppo e Yareal via holograma. Todos estavam sorrindo.
Outros vieram vê-la também, Arkoff, Indeera, Bell, Burryaga. Tantos
rostos familiares e acolhedores.
O coração de Avar se encheu.
E a sala se encheu de canção.
Surpreendida, deu um suspiro.
Conseguia ouvir.
Alto e claro. A bela e vibrante canção da Força, girando ao redor e
através dela, elevando-a com a sua majestade. Pela primeira vez desde o
Farol.
Toda a discordância havia desaparecido. As notas eram perfeitas, em
todos os sentidos.
E então o viu.
Elzar.
Ele também estava lá, de pé perto da janela, de costas pra ela.
Observou-o por um momento. Podia ver que ele estava tremendo.
Ele se virou. Os seus olhos se encontraram.
Ela o encarou, incapaz de desviar o olhar.
Ela estava em casa.
Não ali na Sala do Conselho, não no Templo Jedi. Nem mesmo em
Coruscant.
Com Elzar.
Obrigada, Porter. Obrigada por este presente.
Elzar deu um passo à frente. Ele abriu a boca para falar, mas então
pareceu lembrar onde estava e se segurou, desviando o olhar.
Avar queria correr até ele. Mas não podia. Não aqui.
Oh, Elzar.
O que acontece agora?
Porque a verdade é, eu preciso de você também.
Sentiu uma ondulação de impaciência educada e se virou para observar
os membros sentados do Conselho.
— É bom vê-los. Todos vocês.
— Seja bem-vinda, Avar Kriss. Sentimos a sua falta, — disse Yoda, cujo
sorriso parecia se espalhar de orelha a orelha.
— É notável que você esteja aqui, Avar, — disse Ry.
Avar assentiu.
— Para ser honesta, houveram momentos em que pensei que isso nunca
aconteceria.
— Nós sempre tivemos esperança, — disse Ada-Li. — Nunca
duvidamos de você. — Mesmo quando eu duvidava de mim mesma.
— Haverá tempo, — disse Yoda, — para celebração. Mas primeiro, há
trabalho a ser feito.
— Sim, — disse Lahru. — As suas informações sobre os detalhes da
base dos Nihil em Hetzal e o funcionamento da Muralha de Tempestade
serão fundamentais para o que acontecerá a seguir.
Avar assentiu, atravessando para ficar ao lado de Elzar enquanto os
outros Jedi se reuniam ao redor de um holograma florescente, mostrando a
extensão total da Zona de Oclusão.
— Eu ouvi você, Elzar, — sussurrou Avar. — Eu ouvi as suas
mensagens, e elas me deram força.
Ouviu Elzar engolir em seco, mas nenhum dos dois se virou para olhar
um para o outro. A sua mão, pendurada ao lado, roçou suavemente contra a
dele. Apenas por um momento. Mas era tudo o que precisavam.
Por enquanto.
Avar se virou para se dirigir ao Conselho.
Havia trabalho a ser feito.
STAR WARS / STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA - O OLHO DA ESCURIDÃO
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The High República - The Eye of Darkness
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ILUSTRAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS / GRANT GRIFFIN
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2023 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2023
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

STAR WARS: A ALTA REPÚBLICA - O OLHO DA ESCURIDÃO É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS


PERSONAGENS, LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
M28g Mann, George
Star Wars: A Alta República - O Olho da Escuridão [recurso
eletrônico] / George Mann; traduzido por Tradutores dos Whills.
400 p. : 4.0 MB.
Tradução de: The High Republic - The Eye of Darkness
ISBN: 978-059-359-79-34 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. Dos Whills,
Tradutores CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Agradecimentos

Agradeço enormemente aos meus colegas e amigos na equipe de escritores


da Alta República: Zoraida Córdova, Claudia Gray, Tessa Gratton, Justina
Ireland, Lydia Kang, Daniel José Older, Cavan Scott, Charles Soule e
Alyssa Wong.
Grandes agradecimentos também a Michael Siglain e Tom Hoeler, que
ajudaram a guiar este livro em sua jornada, assim como às equipes não
reconhecidas nos bastidores e à Disney, Lucasfilm e Random House
Worlds, que ajudam a apoiar os nossos esforços todos os dias.
A minha família é imensamente solidária e suporta o meu
desaparecimento por dias, semanas e meses a fio em uma galáxia muito,
muito distante. Vocês tornam tudo isso valioso.
E talvez, o mais importante, aos nossos leitores. OBRIGADO por lerem
nossos livros e quadrinhos e compartilharem esta jornada conosco. Vocês
são todos maravilhosos, e não poderíamos fazer nada disso sem vocês.
Sobre o Autor

GEORGE MANN é um romancista mais vendido pelo Sunday


Times roteirista de quadrinhos e roteirista de cinema. Ele é
o criador da série de mistério sobrenatural Wychwood,
assim como dos populares Newbury & Hobbes e Tales of
the Ghost. Ele escreveu quadrinhos, romances e dramas de
áudio para propriedades como Star Wars, Doctor Who,
Sherlock Holmes, Judge Dredd, Teenage Mutant Ninja
Turtles, e Dragon Age.
Mann mora perto de Grantham, Inglaterra, com a sua
esposa, filhos e dois cachorros barulhentos. Ele adora
mitologia e folclore, Kate Bush e chocolate. Ele está
constantemente cercado por pilhas cambaleantes de
quadrinhos e livros.
Star Wars: Guardiões dos Whills
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No mundo do deserto de Jedha, na Cidade Santa, os amigos Baze e


Chirrut costumavam ser Guardiões das colinas, que cuidavam do
Templo de Kyber e dos devotos peregrinos que adoravam lá. Então
o Império veio e assumiu o planeta. O templo foi destruído e as
pessoas espalhadas. Agora, Baze e Chirrut fazem o que podem
para resistir ao Império e proteger as pessoas de Jedha, mas nunca
parece ser suficiente. Então um homem chamado Saw Gerrera
chega, com uma milícia de seus próprios e grandes planos para
derrubar o Império. Parece ser a maneira perfeita para Baze e
Chirrut fazer uma diferença real e ajudar as pessoas de Jedha a
viver melhores vidas. Mas isso vai custar caro?

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STAR WARS: Episódio VIII: Os Últimos Jedi
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Um livro de imagens ilustrado que reconta o filme Star Wars: Os


Últimos Jedi.

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Chewie e a Garota Corajosa
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Um Wookiee é o melhor amigo de uma menina! Quando Chewbacca


conhece a jovem Zarro na Orla Exterior, ele não tem escolha a não
ser deixar de lado sua própria missão para ajudá-la a resgatar seu
pai de uma mina perigosa. Essa incrível Aventura foi baseada na
HQ do Chewbacca… (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8 anos)

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Star Wars: Ahsoka
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Esse é o Terceiro Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre uma heroína corajosa das Séries de
TV Clone Wars e Rebels: Ahsoka Tano! Os fãs há muito tempo se
perguntam o que aconteceu com Ahsoka depois que ela deixou a
Ordem Jedi perto do fim das Guerras Clônicas, e antes dela
reaparecer como a misteriosa operadora rebelde Fulcro em Rebels.
Finalmente, sua história começará a ser contada. Seguindo suas
experiências com os Jedi e a devastação da Ordem 66, Ahsoka não
tem certeza de que possa fazer parte de um todo maior de novo.
Mas seu desejo de combater os males do Império e proteger
aqueles que precisam disso e levará a Bail Organa e a Aliança
Rebelde….

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Star Wars: Kenobi Exílio
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A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos


terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu
tudo… menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que
deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan
Kenobi manter a sanidade na missão de proteger aquele que pode
ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre
fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da
galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho
Ben”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na
luta pela sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por
causa de um chefe do crime e do povo da areia. Se com o Novo
Cânone pudéssemos encontrar todos os materiais disponíveis aos
anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em um só Lugar? Após o Livro
Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem saber o que aconteceu
com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os Tradutores dos
Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer esse
trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e
HQs, em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!

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Star Wars: Dookan: O Jedi Perdido
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Esse é o Quarto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilão dos Filmes e da Série de TV
Clone Wars: Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde
Dookan no roteiro original da emocionante produção de áudio de
Star Wars! Darth Tyranus. Conde de Serenno. Líder dos
Separatistas. Um sabre vermelho, desembainhado no escuro. Mas
quem era ele antes de se tornar a mão direita dos Sith? Quando
Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade oculta do passado do
Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan começou como um
privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da propriedade
de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são reconhecidas, e
ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da Força
pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan
sobe na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando
um Padawan, o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida
que ele levou uma vez. Mas ele se vê atraído por um estranho
fascínio pela mestra Jedi Lene Kostana, e pela missão que ela
empreende para a Ordem: encontrar e estudar relíquias antigas dos
Sith, em preparação para o eventual retorno dos inimigos mais
mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo dos Jedi,
as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando
começa a cair na escuridão.

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Star Wars: Discípulo Sombrio
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Esse é o Quinto Ebook dos Tradutores dos Whills com uma


aventura emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da
Série de TV Clone Wars! Baseado em episódios não produzidos de
Star Wars: The Clone Wars, este novo romance apresenta Asajj
Ventress, a ex-aprendiz Sith que se tornou um caçadora de
recompensas e uma das maiores anti-heróis da galáxia de Star
Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos do lado
negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde Sith
Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas.
Apesar dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu
exército de clones, o grande número de mortes está cobrando um
preço terrível. E quando Dookan ordena o massacre de uma flotilha
de refugiados indefesos, o Conselho Jedi sente que não tem
escolha a não ser tomar medidas drásticas: atacar o homem
responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio Conde
Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para
o caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada
de trazer tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o
ousado Cavaleiro Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj
Ventress. Embora a desconfiança dos Jedi pela astuta assassina
que uma vez serviu ao lado de Dookan ainda seja profunda, o ódio
de Ventress por seu antigo mestre é mais profundo. Ela está mais
do que disposta a emprestar seus copiosos talentos como caçadora
de recompensas, e assassina, na busca de Vos.Juntos, Ventress e
Vos são as melhores esperanças para eliminar a Dookan, — desde
que os sentimentos emergentes entre eles não comprometam a sua
missão. Mas Ventress está determinada a ter sua vingança e,
finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a
fúria de seu espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em
todas as frentes, uma promessa que será impiedosamente testada
por seu inimigo mortal… e sua própria dúvida.

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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker:
Edição Expandida

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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização


oficial de Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas
ampliadas e conteúdo adicional não visto nos cinemas! A
Resistência renasceu. Mas, embora Rey e seus companheiros
heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a Primeira Ordem,
agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de terminar.
Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith
realmente voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas
estrelas, determinado a descobrir qualquer desafio ao seu controle
sobre a Primeira Ordem e seu destino para governar a galáxia – e
esmagá-la completamente. Enquanto isso, para descobrir a
verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem embarcar na
aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando cenas
totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas
excluídas e informações dos cineastas, a história que começou em
Star Wars: O Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os
Últimos Jedi chega a uma conclusão surpreendente.

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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi

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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência


de leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o
melhor guia do universo Jedi para o universo dos Jedi,
transportando jovens leitores para uma galáxia muito distante,
através de recursos interativos, fatos fascinantes e ideias cativantes.
Com ilustrações originais emocionantes e incríveis recursos
especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais, Star Wars:
Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.

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Star Wars:Thrawn: Alianças

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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais


quando proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites
das Regiões Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se
enraizando. Com a sua existência pouco mais que um vislumbre, as
suas consequências ainda desconhecidas. Mas é preocupante o
suficiente para o líder imperial justificar a investigação de seus
agentes mais poderosos: o impiedoso agente Lorde Darth Vader e o
brilhante estrategista grão almirante Thrawn. Rivais ferozes a favor
do Imperador e adversários francos nos assuntos imperiais,
incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o
Imperador sabe que não é a primeira vez que Vader e Thrawn
juntam forças. E há mais por trás de seu comando real do que
qualquer um dos suspeitos. No que parece uma vida atrás, o
general Anakin Skywalker da República Galáctica e o comandante
Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal
desesperada, o outro com motivos desconhecidos... e não
divulgados. Mas, diante de uma série de perigos em um mundo
longínquo, eles forjaram uma aliança desconfortável, — nem
remotamente cientes do que seus futuros reservavam. Agora,
reunidos mais uma vez, eles se veem novamente ligados ao planeta
onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente desafiados, —
por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo que
ameaça até seu poder combinado.

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Star Wars: Legado da Força: Traição

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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a


Ordem em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas
enquanto a nova era começa, os interesses planetários ameaçam
atrapalhar esse momento de relativa paz, e Luke é atormentado
com visões de uma escuridão que se aproxima. O mal está
ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o legado dos
Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever colidirão
com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito
explosivo com repercussões potencialmente devastadoras para
ambas as famílias, para a ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando
uma missão para descobrir uma fábrica ilegal de mísseis no planeta
Aduman termina em uma emboscada violenta, da qual a Cavaleira
Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben Skywalker, escapam
por pouco com as suas vidas; é a evidência mais alarmante ainda
que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários
mundos estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança
Galáctica, e os esforços diplomáticos para garantir o cumprimento
estão falhando. Temendo o pior, a Aliança prepara uma
demonstração preventiva de poder militar, numa tentativa de trazer
os mundos renegados para a frente antes que uma revolta entre em
erupção. O alvo modelado para esse exercício: o planeta Corellia,
conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito renegado
que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo como
um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança
Galáctica. Mas quando os Corellianos de guerra lançam um contra-
ataque, a demonstração de força da Aliança, e uma missão secreta
para desativar a crucial Estação Central de Corellia; dão lugar a
uma escaramuça armada. Quando a fumaça baixa, as linhas de
batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em grande escala
aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo
Império. E, enquanto os dois lados lutam para encontrar uma
solução diplomática, atos misteriosos de traição e sabotagem
ameaçam condenar os esforços de paz a todo momento.
Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen segue
uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo
ainda mais preocupante: visões de sonho de uma figura sombria
cujo poder da Força e crueldade lembram a ele de Darth Vader, um
inimigo letal que ataca como um espírito sombrio em uma missão de
destruição. Um agente do mal que, se as visões de Luke
acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi e a toda a
galáxia.

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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno

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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a


destruição da estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas
não por muito. Em retaliação, os soldados imperiais de elite do
Esquadrão Inferno foram chamados para a missão crucial de se
infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a facção rebelde que já foi
liderada pelo famoso lutador pela liberdade da República, Saw
Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros continuaram seu
legado extremista, determinados a frustrar o Império, não importa o
custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a
crescente ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo
transforma uma operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou
morrer que eles não ousam falhar. Para proteger e preservar o
Império, até onde irá o Esquadrão Inferno. . . e quão longe deles?

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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One

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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os


Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma
tecnologia cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra.
Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler
Palpatine, Orson Krennic está determinado a desenvolver uma
super arma antes que os inimigos da República possam. E um velho
amigo de Krennic, o brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a
chave para a tentativa de vencer a guerra. Como membro do projeto
secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o
brilhante cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa
focada na energia de Galen chamou a atenção de Krennic e de seus
inimigos, tornando o cientista um peão crucial no conflito galáctico.
Mas depois que Krennic resgata Galen, sua esposa, Lyra, e sua
filha Jyn, de sequestradores separatistas, a família Erso está
profundamente em dívida com Krennic. Krennic então oferece a
Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição.
Enquanto Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será
usada puramente de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos
que finalmente tornarão a Estrela da Morte uma realidade. Presos
no aperto cada vez maior de seus benfeitores, os Ersos precisam
desembaraçar a teia de decepção de Krennic para salvar a si
mesmos e à própria galáxia.

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Star Wars: Ascensão Rebelde

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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.

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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. É uma era de ouro. Os intrépidos
batedores do hiperespaço expandem o alcance da República para
as estrelas mais distantes, mundos prosperam sob a liderança
benevolente do Senado e a paz reina, reforçada pela sabedoria e
força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos como
Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da
galáxia estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer
tempestade. Mas mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma
sombra, e algumas tempestades desafiam qualquer preparação.
Quando uma catástrofe chocante no hiperespaço despedaça uma
nave, a enxurrada de estilhaços que emergem do desastre ameaça
todo o sistema. Assim que o pedido de ajuda sai, os Jedi correm
para o local. O escopo do surgimento, no entanto, é o suficiente
para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os
Jedi devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um
único erro pode custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi
lutam bravamente contra a calamidade, algo verdadeiramente
mortal cresce além dos limites da República. O desastre do
hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi poderiam
suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.

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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi

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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um


desastre acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal
Prime em grave perigo, apenas os Jedi da Alta República podem
salvar o dia! Esse ebook é a forma mais incrível de introduzir as
crianças nessa nova Era da Alta República, pois reconta a história
do Ebook Luz dos Jedi de forma simples e didática para as crianças.
(FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)

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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a
galáxia na Alta República. Padawan Reath Silas está sendo enviado
da cosmopolita capital galáctica de Coruscant para a fronteira
subdesenvolvida, e ele não poderia estar menos feliz com isso. Ele
prefere ficar no Templo Jedi, estudando os arquivos. Mas quando a
nave em que ele está viajando é arrancada do hiperespaço em um
desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra no centro
da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram refúgio
no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a
investigar a verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade
que pode terminar em tragédia...

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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem

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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo


da Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi
com dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece
muito com ser babá. Ela foi encarregada de supervisionar a
aspirante a inventora Avon Starros, de 12 anos, em um cruzador
rumo à inauguração de uma nova estação espacial maravilhosa
chamada Farol Estelar. Mas logo em sua jornada, bombas explodem
a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto tenta salvar a nave,
Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan Jedi e o filho
de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga, mas as
comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito
mais. E sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…

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Star Wars: A Alta República: Corrida para Torre
Crashpoint

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Outra história emocionante da série mais vendida do New York


Times! A Feira da República está chegando! Visitantes de toda a
galáxia estão viajando para o planeta Valo para um festival enorme
e inspirador que celebra a República. Enquanto os seus
companheiros Valons se preparam para a feira, o Padawan Jedi
Ram Jomaram está se escondendo em seu lugar favorito: uma
garagem suja cheia de peças mecânicas e ferramentas. Mas
quando um alarme de segurança dispara no topo de uma colina
próxima, apelidado de Pico Crashpoint, ele se aventura com o seu
confiável droide V-18 para investigar. Lá, ele descobre que alguém
derrubou a torre de comunicações de Valo, um sinal assustador de
que Valo e a Feira da República estão em perigo. Com certeza,
enquanto Ram corre para avisar os Jedi, os temidos Nihil
desencadeiam um ataque surpresa! Cabe a Ram enfrentar o inimigo
na Torre Crashpoint e enviar um pedido de ajuda à República.
Felizmente, ele está prestes a receber ajuda de novos amigos
inesperados… Não perca todas as aventuras de Star Wars: A Alta
República! (Material indicado para crianças a partir de 8 – 12 anos)

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Star Wars: Velha República: Enganados

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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos;


ficamos mais fortes enquanto você descansava em seu berço de
poder... Agora sua República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar
com o mais sinistro dos Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus
derrubou o Templo Jedi em Coruscant em um ataque brutal que
chocou a galáxia. Mas se a guerra o coroasse como o mais sombrio
dos heróis Sith, a paz o transformará em algo muito mais hediondo,
algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não pode parar de se
tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi desobediente de se
aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e o único
Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele,
mesmo que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.

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Star Wars: Thrawn: Traição

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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador


Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido
um dos instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus
inimigos até os limites da galáxia conhecida. Mas por mais que
Thrawn tenha se tornado uma arma afiada, o Imperador sonha com
algo muito mais destrutivo. Agora, enquanto o programa TIE
Defender de Thrawn é interrompido em favor do projeto
ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor Krennic,
ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por mais
do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o
maior intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar
planetas inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu
lugar na hierarquia Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com
um terrível aviso sobre o mundo natal de Thrawn. O domínio da
estratégia de Thrawn deve guiá-lo através de uma escolha
impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou a fidelidade
para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha certa
signifique cometer traição.

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Star Wars: Mestre e Aprendiz

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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e


um erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais
essencial de um Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda
treinou Dookan o qual treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem
um Padawan próprio. Mas enquanto Qui-Gon enfrentou todos os
tipos de ameaças e perigos como um Jedi, nada o assustou tanto
quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-Wan Kenobi tem
profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-lo. Por que
Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez
de preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que
Qui-Gon está considerando um convite para se juntar ao Conselho
Jedi - sabendo que isso significaria o fim de sua parceria? A
resposta simples o assusta: Obi-Wan falhou com seu Mestre.
Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de Dookan, solicita sua
ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam para a Corte
Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O que
deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido
por engano e por visões de desastre violento que tomam conta da
mente de Qui-Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a
fé de Obi-Wan nele é testada - assim como surge uma ameaça que
exigirá que o Mestre e o Aprendiz se unam como nunca antes, ou se
dividam para sempre.

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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue

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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes


continua a se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars
avança em um novo território surpreendente. A guerra civil se
aproxima enquanto a incipiente Aliança Galáctica enfrenta um
número crescente de mundos rebeldes... e a guerra que se
aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e Leia
retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência.
Os seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da
Aliança Galáctica para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um
mestre completo da Força, tem os seus próprios planos para trazer
ordem à galáxia. Guiado por sua mentora Sith, Lumiya, e com o filho
de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen embarca no mesmo caminho que
o seu avô Darth Vader fez uma vez. E enquanto Han e Leia
assistem o seu único filho homem se tornar um estranho, um
assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e
inimigos não são mais o que parecem...

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Star Wars: A Sombra da Rainha

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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua


posição, ela é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a
representante de Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem
certeza sobre assumir a nova função, mas não pode recusar o
pedido para servir seu povo. Junto com suas servas mais leais,
Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras da
política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.

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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio

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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de


seus sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e
métodos da Força, e encontrou seu chamado como um de seus
discípulos mais poderosos. Mas tão fortemente quanto a Força fluiu
dentro de Lanoree e seus pais, ela permaneceu ausente em seu
irmão, que passou a desprezar e evitar os Je'daii, e cujo
treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia. Agora,
de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em
uma questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático,
obcecado em viajar além dos limites do espaço conhecido, está
empenhado em abrir um portal cósmico usando a temida matéria
escura como chave - arriscando uma reação cataclísmica que
consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais chocante para
Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação galáctica
total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por
que ela foi escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve
rastrear e parar a qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou
por muito tempo, e cuja vida ela deve temer agora.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos
Crescente)

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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas:


caóticas, desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos
ocultos e perigos em igual medida. E aninhada em seu caos
turbulento está a Ascendência, lar dos enigmáticos Chiss e das
Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz da Ascensão, um
farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado ataque à
capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para
erradicar os agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título,
mas adotado na poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de
Thrawn. Com o poder da Frota Expansionista em suas costas e a
ajuda de sua camarada Almirante Ar’alani, as respostas começam a
se encaixar. Mas conforme o primeiro comando de Thrawn investiga
mais profundamente a vasta extensão do espaço que seu povo
chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi dada não é o
que parece.

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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente

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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz


destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz
dos Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos
Jedi, a República continua a crescer, reunindo mais mundos sob
uma única bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina
Soh, o espírito de unidade se estende por toda a galáxia, com os
Jedi e a estação Farol Luz Estelar recentemente estabelecida na
vanguarda. Em comemoração, a chanceler planeja a Feira da
República, será uma vitrine das possibilidades e da paz da
República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover.
Stellan Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento
como embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da
galáxia se voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil.
O seu líder, Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua
Tempestade desce sobre a pompa e a celebração, semeando o
caos e exigindo vingança.

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Star Wars: Velha República – Aniquilação

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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado


como morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o
trono terminou fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante
do temível cruzador de batalha Imperial Lança Ascendente, continua
seus esforços incansáveis para alcançar o domínio Sith total da
galáxia. Mas a determinação implacável de Karrid é mais do que
compatível com a determinação de aço de Theron Shan, cujos
negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não
exerce a Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de
rebelião está em seu sangue. Como um importante agente secreto
da República, ele desferiu um golpe crucial contra o Império ao
expor e destruir um arsenal de super arma Sith, o que o torna o
agente ideal para uma missão ousada e perigosa para acabar com o
reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável,
e o sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid,
Theron deve combinar inteligência e armas com uma tripulação
testada em batalha da escuridão mais fria discípulos secundários.
Mas o tempo é brutalmente curto. E se eles não aproveitarem sua
única chance de sucesso, certamente terão inúmeras oportunidades
de morrer.

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Star Wars – The Clone Wars – Histórias de Luz e
Escuridão

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Um confronto épico entre as forças da luz e das trevas, entre a


República Galáctica e os Separatistas, entre bravos heróis e vilões
brilhantes – o destino da galáxia está em jogo na série de animação
ganhadora do Emmy Award, Star Wars: The Clone Wars. Nesta
emocionante antologia, onze autores que também são fãs da série
trazem histórias de seu programa favorito para a vida. Reunidos
aqui estão momentos memoráveis e aventuras impressionantes, de
tentativas de assassinato a generosidades roubadas, de lições
aprendidas a amores perdidos. Todos os seus personagens
favoritos de The Clone Wars estão aqui: Anakin Skywalker, Yoda,
Obi-Wan Kenobi, Ahsoka Tano, Capitão Rex, Darth Maul, Conde
Dookan e muito mais!

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Star Wars – Tribo Perdida dos Sith: Coletânea de
Histórias

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Finalmente, em um volume único, as oito partes originais da épica


série de e-books Tribo perdida dos Sith… junto com o final explosivo
e nunca antes publicado, Pandemônio, com mais de cem páginas
de novo material! Cinco mil anos atrás. Após uma emboscada Jedi,
a nave mineira Sith Presságio está destruída em um planeta
desconhecido e remoto. Seu comandante, Yaru Korsin, luta contra o
derramamento de sangue de uma facção amotinada liderada por
seu próprio irmão. Encalhados e enfrentando a morte, a tripulação
Sith não tem escolha a não ser se aventurar em seus arredores
desolados. Eles enfrentam inúmeros desafios brutais, predadores
cruéis, pragas letais, tribos que adoram deuses vingativos… e,
como verdadeiros guerreiros Sith, enfrentam-nos com o lado
sombrio da Força. As lutas só estão começando para os orgulhosos
e intransigentes Sith, dirigidos como estão para governar a todo
custo. Eles vencerão os nativos primitivos e encontrarão o caminho
de volta ao seu verdadeiro destino como governantes da galáxia.
Mas à medida que o seu legado cresce ao longo de milhares de
anos, os Sith acabam sendo testados pela ameaça mais perigosa
de todas: o inimigo interno.

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Star Wars – Esquadrão Alfabeto

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O Imperador está morto. A Rebelião é vitoriosa. No rescaldo, Yrica


Quell é apenas um dos milhares de desertores imperiais que vivem
em uma favela de desertores. Incerta sobre o seu lugar na
República contra a qual ela lutou uma vez, ela começou a perder
qualquer esperança de redenção, até que ela seja selecionada para
se juntar ao Esquadrão do Alfabeto. Formados por uma variedade
eclética de pilotos e caças, os cinco membros da Alfabeto são
encarregados pela própria general da Nova República, Hera
Syndulla. A missão deles: rastrear e destruir o misterioso Shadow
Wing, uma força letal de TIE fighters exigindo uma vingança
sangrenta e impiedosa no crepúsculo de seu reinado. Mas passar
de rebeldes menos favorecidos a heróis célebres não é tão fácil
quanto parece. Os rebeldes guerreiros do Esquadrão Alfabeto terão
que aprender a voar juntos para proteger a nova era de paz que
lutaram tanto para conquistar.

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Star Wars - Comandos da República - Contato Hostil

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Enquanto a Guerra dos Clones se enfurece, a vitória ou a derrota


estão nas mãos de esquadrões de elite que assumem as tarefas
mais difíceis na galáxia, soldados frios que vão aonde ninguém mais
iria, para fazer o que ninguém mais poderia... Em uma missão para
sabotar uma instalação de pesquisa de armas químicas em um
planeta controlado pelos Separatistas, quatro soldados clones
operam sob o nariz de seus inimigos. Os comandos estão em menor
número e com menos armas, bem atrás das linhas inimigas, sem
apoio, e trabalhando com estranhos em vez de companheiros de
equipe de confiança. As coisas não melhoram quando Darman, o
especialista em demolições do esquadrão, se separa dos outros
durante a queda do planeta. Mesmo a aparente boa sorte de
Darman em encontrar uma Padawan inexperiente desaparece
quando Etain admite a sua terrível inexperiência. Para os comandos
clones divididos e o Jedi preso, uma longa e perigosa jornada está à
frente, através de um território hostil repleto de escravos
Trandoshanos, Separatistas e nativos suspeitos. Um único passo
em falso pode significar descoberta... e morte. É uma missão suicida
virtual para qualquer um, exceto para os Comandos da República.

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Star Wars - Alta República - Confronto na Feira

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida um confronto épico entre os Cavaleiros
Jedi e seus misteriosos inimigos, os Nihil. Burryaga, o Wookiee
Padawan e seus companheiros Jedi devem salvar o dia! Esse ebook
é a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da
Alta República, pois reconta a história do Ebook Tormenta
Crescente do ponto de vista do Padawan Jedi Burryaga, que conta
de forma simples e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 6 a 8
anos)

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Star Wars – A Alta República – Fora das Sombras

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Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.

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Star Wars - A Alta República - A Estrela Cadente

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Uma e outra vez, os invasores viciosos conhecidos como Nihil


tentaram trazer a era de ouro da Alta República a um fim ardente.
Repetidamente, a Alta República emergiu desgastada e cansada,
mas vitoriosa graças a seus protetores Jedi, e não há monumento à
sua causa maior do que o Farol Luz Estelar. Pendurado como uma
joia na Orla Exterior, o Farol encarna a Alta República no ápice de
suas aspirações: um centro de cultura e conhecimento, uma tocha
brilhante contra a escuridão do desconhecido e uma mão estendida
de boas-vindas aos confins do mundo. a galáxia. Enquanto
sobreviventes e refugiados fogem dos ataques do Nihil, o Farol e a
sua tripulação estão prontos para abrigar e curar. Os agradecidos
Cavaleiros e Padawans da Ordem Jedi estacionados lá finalmente
têm a chance de se recuperar, da dor de seus ferimentos e da dor
de suas perdas. Mas a tempestade que eles pensavam ter passado
ainda continua; eles são simplesmente capturados em seus olhos.
Marchion Ro, o verdadeiro mentor dos Nihil, está preparando o seu
ataque mais ousado até agora, um projetado para extinguir a luz dos
Jedi.

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Star Wars - Os Segredos dos Sith

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e você conhecesse o poder do lado sombrio! Descubra os caminhos


dos Sith neste livro infantil emocionante, informativo e totalmente
ilustrado. Junte-se ao Imperador Palpatine, também conhecido
como Darth Sidious, nesta exploração dos Sith e dos aliados
malignos do lado sombrio. Star Wars: Os Segredos dos Sith irá
emocionar os jovens fãs com conhecimento do lado sombrio, obras
de arte incríveis e recursos interativos, como pop-ups, livretos e
inserções de levantar a aba. Experimente o poder do lado sombrio :
Narrado pelo Imperador Palpatine, este livro dará aos jovens leitores
uma visão do poder do lado sombrio. Aprenda sobre alguns dos
maiores vilões do lado sombrio de Star Wars : abrangendo filmes,
programas de televisão, livros, quadrinhos e videogames, Star Wars:
Os Segredos dos Sith narra alguns dos praticantes mais infames do
lado sombrio, incluindo Darth Maul, Conde Dookan, Asajj Ventress,
Darth Vader, o Grande Inquisidor e Kylo Ren. Ilustrações originais
incríveis: Star Wars: Os Segredos dos Sith é um livro infantil
lindamente ilustrado que os leitores vão querer revisitar várias
vezes. Cheio de recursos interativos empolgantes: Pop-ups, folhetos
e inserções de levantar a aba vão emocionar os jovens fãs,
proporcionando uma experiência envolvente enquanto investiga as
histórias sobre os Sith. O complemento perfeito para qualquer
biblioteca virtual de Star Wars : Este lindo ebook encadernado é um
item obrigatório para a coleção de qualquer jovem fã.

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Star Wars - A Alta República – Missão para o
Desastre

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Os Jedi acham que os temidos saqueadores Nihil foram todos


derrotados. O seu líder está fugindo e os seus números diminuíram.
A Cavaleira Jedi Vernestra Rwoh espera que isso signifique que ela
finalmente terá tempo para realmente treinar o seu Padawan, Imri
Cantaros, mas os relatos de um ataque Nihil a Porto Haileap logo
frustram essas esperanças. Pois não só os Nihil que atacaram o
pacífico posto avançado, como também sequestraram a amiga de
Vernestra e de Imri, Avon Starros. Os dois Jedi partiram para Porto
Haileap, determinados a descobrir para onde os Nihil levaram a sua
amiga. Enquanto isso, Avon deve colocar a sua inteligência e
habilidades à prova enquanto luta pela sobrevivência entre os Nihil,
e descobre um plano sinistro. Vernestra e Imri podem encontrar a
sua amiga antes que o desastre aconteça?

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Star Wars - Alta República - Batalha Pelo Farol Luz
Estelar

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Muito antes das Guerras Clônicas, do Império ou da Primeira


Ordem, os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia em uma era
dourada conhecida como Alta República! Este emocionante livro de
histórias colorido traz à vida uma outra emocionante aventura no
livro de histórias com heróis Jedi e os seus Padawans enquanto
lutam contra os nefastos vilões Nihil!!

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Star Wars - Alta República - Horizonte à Meia Noite

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Séculos antes dos eventos de Star Wars: A Ameaça Fantasma, na


era da gloriosa Alta República, os Jedi são os guardiões da paz e da
justiça na galáxia! Depois de uma série de perdas impressionantes,
a República parece finalmente ter os vilões saqueadores de Nihil em
fuga, e parece que há luz no fim do túnel. Até que venha a notícia
de um suposto ataque de Nihil ao mundo cosmopolita industrial de
Corellia, bem no Núcleo Galáctico. Enviados para investigar estão
os Mestres Jedi Cohmac Vitus e Kantam Sy, juntamente com os
Padawans Reath Silas e Ram Jomaram, todos travando as suas
próprias batalhas particulares após meses de perigo implacável. Em
Corellia, Reath e Ram encontram um descarado jovem especialista
em segurança chamado Crash, cujo amigo foi uma das vítimas do
ataque Nihil, e eles se unem a ela para se infiltrar na elite de Corellia
enquanto os Mestres buscam caminhos mais diplomáticos. Mas se
disfarçar com Crash é mais perigoso do que qualquer um esperava,
mesmo quando Ram puxa seu amigo Zeen para ajudar com um
estratagema elaborado envolvendo uma estrela pop galáctica. Mas
o que eles descobrem em Corellia acaba sendo apenas uma parte
de um plano maior, que pode levar os Jedi à sua derrota mais
impressionante até agora...

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Star Wars - A Alta República - Executora da
Tempestade

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Mergulhe no mundo cruel de um dos maiores inimigos da Alta


República, a impiedosa Lourna Dee, neste roteiro completo para o
áudio original de Star Wars: Executora da Tempestade. A
tempestade Nihil assolou a galáxia, deixando caos e tristeza em seu
rastro. Poucos de seus invasores são tão cruéis quanto a Executora
da Tempestade Lourna Dee. Ela fica um passo à frente da Ordem
Jedi no comando de uma nave com o nome de um dos monstros
mais mortais da galáxia: ela mesma. Mas ninguém pode fugir dos
defensores da Alta República para sempre. Após a derrota de sua
tripulação, Lourna cai nas mãos dos Jedi, mas não antes de
esconder a sua identidade, tornando-se apenas mais uma
condenada de Nihil. Os seus captores não entendem a fera que
encurralaram. Assim como todos os tolos que ela já enterrou, seu
primeiro erro foi mantê-la viva. Lourna está determinada a
subestimá-la pela última vez. Trancada em uma nave correcional da
República, ela é arrastada pela galáxia para reparar os danos que
ela e seus companheiros Executores da Tempestade infligiram. Mas
enquanto Lourna planeja a sua gloriosa fuga, ela faz alianças que se
aproximam perigosamente das amizades. Fora dos Nihil, separada
da sua infame nave, seu terrível arsenal e seu temido nome, Lourna
deve trilhar seu próprio caminho. Mas isso levará à redenção? Ou
ela emergirá como uma ameaça mais mortal do que nunca?

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Star Wars – Legado da Força – Tormenta

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Enquanto a guerra civil ameaça a unidade da Aliança Galáctica, Han


e Leia Solo enfureceram suas famílias e os Jedi ao se juntarem aos
insurgentes Corellianos. Mas os Solos traçam a linha quando
descobrem o plano dos rebeldes para fazer do Consórcio Hapan um
aliado – que depende dos nobres Hapan assassinarem sua rainha
pró-Aliança e a sua filha. No entanto, a determinação altruísta dos
Solos de salvar a rainha não pode dissipar as consequências
inevitáveis de suas ações que colocarão mãe contra filho e irmão
contra irmã nas batalhas à frente. À medida que os poderes
sombrios de Jacen Solo se fortalecem sob o Jedi Negro Lumiya, e
sua influência sobre Ben Skywalker se torna mais insidiosa, a
preocupação de Luke com seu sobrinho o força a uma luta de vida
ou morte contra seu inimigo mais feroz, e Han e Leia Solo
descobrem ficam à mercê de seu inimigo mais mortal... O filho
deles.

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Star Wars: Irmandade

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As Guerras Clônicas começaram. As fileiras de batalha estão sendo


desenhadas por toda a galáxia. Com cada mundo que se junta aos
Separatistas, a paz guardada pela Ordem Jedi está escorregando
por entre os dedos. Depois que uma explosão devasta Cato
Neimoidia, a joia da Federação do Comércio, a República é culpada
e a frágil neutralidade do planeta é ameaçada. Os Jedi despacham
Obi-Wan Kenobi, uma das mentes diplomáticas mais talentosas da
Ordem, para investigar o crime e manter o equilíbrio que começou a
mudar perigosamente. Enquanto Obi-Wan investiga com a ajuda de
uma heroica guarda Neimoidiana, ele se vê trabalhando contra os
Separatistas que esperam atrair o planeta para a sua conspiração, e
sente a mão sinistra de Asajj Ventress nas brumas que cobrem o
planeta. Em meio ao caos crescente, Anakin Skywalker sobe ao
posto de Cavaleiro Jedi. Apesar da ordem de que Obi-Wan viaje
sozinho, e da insistência de seu ex-mestre para que ele ouça desta
vez, A determinação obstinada de Anakin significa que nada pode
impedi-lo de invadir a festa e trazer um jovem promissor, mas
conflitante. Antes um Padawan de Obi-Wan, Anakin agora se
encontra em pé de igualdade, mas incerto, com o homem que o
criou. O atrito persistente entre eles aumenta o perigo para todos ao
seu redor. Os dois cavaleiros devem aprender uma nova maneira de
trabalhar juntos, e devem aprender rapidamente, para salvar Cato
Neimoidia e seu povo dos incêndios da guerra. Para superar a
ameaça que enfrentam, eles devem crescer além de mestre e
aprendiz. Eles devem permanecer juntos como irmãos.

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Skywalker – Uma Família em Guerra

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Descubra os segredos dos Skywalkers: a família que moldou uma


galáxia muito, muito distante... A história de Skywalker tem tudo:
paixão, intriga, heroísmo e feitos sombrios. Esta biografia reveladora
explora cada reviravolta da dinastia Skywalker: a lenta sedução ao
lado sombrio de Anakin; seu casamento condenado com Padmé
Amidala; o heroísmo de Luke e Leia; a queda e redenção do filho de
Han Solo e da princesa Leia, Ben; e as lutas de sua díade na Força,
Rey. Sem deixar pedra sobre pedra ao traçar as provações e
tribulações da dinastia, esta biografia definitiva da primeira família
de Star Wars explora e explica a história mais profunda e pessoal
dos Skywalkers, seus personagens, motivações e, contra
probabilidades aparentemente impossíveis, seu triunfo final.

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Star Wars – Comandos da República – Triplo Zero

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Após a erupção das sangrentas Guerras Clônicas na batalha de


Geonosis, ambos os lados permanecem em um impasse que só
pode ser quebrado por equipes de guerreiros de elite como o
Esquadrão Ômega, comandos clone com habilidades de combate
aterrorizantes e um arsenal letal... Para o Esquadrão Ômega ,
implantado bem atrás das linhas inimigas, é a mesma velha rotina
de operações especiais: sabotagem, espionagem, emboscada e
assassinato. Mas quando o Esquadrão Ômega é levado às pressas
para Coruscant, o novo ponto de acesso mais perigoso da guerra,
os comandos descobrem que não são os únicos a penetrar no
coração do inimigo. Uma onda de ataques separatistas foi rastreada
até uma rede de células terroristas de Separatistas na capital da
República, planejada por um espião no Quartel General do
Comando. Identificar e destruir uma rede de espionagem e terror
separatista em uma cidade cheia de civis exigirá talentos e
habilidades especiais. Nem mesmo a liderança dos generais Jedi,
juntamente com a assistência do esquadrão Delta e um certo notório
CRA trooper, pode igualar as chances contra os Comandos da
República. E enquanto o sucesso pode não trazer vitória nas
Guerras Clônicas, o fracasso significa derrota certa.

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Star Wars – De um Certo Ponto de Vista – Uma Nova
Esperança

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Em 25 de maio de 1977, o mundo foi apresentado a Han Solo, Luke


Skywalker, Princesa Leia, C-3PO, R2-D2, Chewbacca, Obi-Wan
Kenobi, Darth Vader e uma galáxia cheia de possibilidades. Em
homenagem ao quadragésimo aniversário , mais de quarenta
colaboradores emprestam sua visão a esta releitura de Star Wars .
Cada um dos quarenta contos reimagina um momento do filme
original, mas através dos olhos de um personagem coadjuvante. De
um Certo Ponto de Vista apresenta contribuições de autores mais
vendidos, artistas inovadores e vozes preciosas da história literária
de Star Wars.

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Star Wars: Velha República - Aliança Fatal

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O contrabandista Jet Nebula encontrou um rico tesouro. Os Hutts


querem leiloá-lo pelo maior lance, seja a República ou o Império. O
Alto Conselho Jedi envia um investigador; um Mandaloriano está
perseguindo algo ligado a um crime há muito esquecido; enquanto
um espião joga em todos os lados ao mesmo tempo. No final, o que
Jet descobriu surpreenderá a todos.

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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro III - O
Mal Menor)

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Por milhares de anos, a Ascendência Chiss tem sido uma ilha de


calma, um centro de poder e um farol de integridade. É liderado
pelas Nove Famílias Governantes, cuja liderança é um baluarte da
estabilidade contra o Caos das Regiões Desconhecidas. Mas essa
estabilidade foi corroída por um inimigo astuto que elimina a
confiança e a lealdade em igual medida. Laços de fidelidade deram
lugar a linhas de divisão entre as famílias. Apesar dos esforços da
Frota de Defesa Expansionista, a Ascendência se aproxima cada
vez mais da guerra civil. Os Chiss não são estranhos à guerra. O
seu status mítico no Caos foi conquistado por meio de conflitos e
atos terríveis, alguns enterrados há muito tempo. Até agora. Para
garantir o futuro da Ascendência, Thrawn mergulhará
profundamente em seu passado, descobrindo os segredos sombrios
que cercam a ascensão da Primeira Família Governante. Mas a
verdade do legado de uma família é tão forte quanto a lenda que a
sustenta. Mesmo que essa lenda seja uma mentira. Para garantir a
salvação da Ascendência, Thrawn está disposto a sacrificar tudo?
Incluindo a única casa que ele já conheceu?

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Star Wars – Cavaleira Errante

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Mil anos antes de Luke Skywalker, uma geração antes de Darth


Bane, em uma galáxia muito, muito distante... A República está em
crise (1032 ABY). Os Sith vagam sem controle, competindo entre si
para dominar a galáxia. Mas uma Jedi solitária, Kerra Holt, está
determinada a derrubar os Lordes das Trevas. Seus inimigos são
estranhos e muitos: Lorde Daiman, que se imagina o criador do
universo; Lord Odion, que pretende ser seu destruidor; os curiosos
irmãos Quillan e Dromika; a enigmática Arcádia. Tantos Sith em
guerra tecendo uma colcha de retalhos de brutalidade, com apenas
Kerra Holt para defender os inocentes pegos sob os pés. Sentindo
um padrão sinistro no caos, Kerra embarca em uma jornada que a
levará a batalhas ferozes contra inimigos ainda mais ferozes. Com
um contra tantos, sua única chance de sucesso está em forjar
alianças entre aqueles que servem seus inimigos, incluindo um
misterioso espião Sith e um general mercenário inteligente. Mas
eles serão seus adversários ou sua salvação? Coruscant, o novo
ponto de acesso mais perigoso da guerra, os comandos descobrem
que não são os únicos a penetrar no coração do inimigo.

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Star Wars – A Esperança da Rainha

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Padmé está se adaptando a ser uma senadora de guerra durante as


Guerras Clônicas. O seu marido secreto, Anakin Skywalker, está
lutando na guerra e se destaca por ser um Jedi de guerra. Em
contraste, quando Padmé tem a oportunidade de ver as vítimas nas
linhas de frente devastadas pela guerra, ela fica horrorizada. As
apostas nunca foram tão altas para a galáxia ou para o casal recém-
casado. Enquanto isso, com Padmé em uma missão secreta, a sua
serva Sabé assume o papel de senadora Amidala, algo que
nenhuma serva faz há muito tempo. No Senado, Sabé fica
igualmente horrorizada com as maquinações que ali acontecem. Ela
fica cara a cara com uma decisão angustiante quando percebe que
não pode lutar uma guerra dessa maneira, nem mesmo por Padmé.
E o Chanceler Palpatine paira sobre tudo isso, manipulando os
jogadores para os seus próprios fins...

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Star Wars – O Vencedor Perde Tudo

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Lando Calrissian não é estranho a torneios de cartas, mas este tem


uma atmosfera verdadeiramente eletrizante. Isso porque o prêmio é
uma escultura rara que vale cinquenta milhões de créditos. Se
Lando não tomar cuidado, ele vai falir, especialmente depois de
conhecer as gêmeas idênticas Bink e Tavia Kitik, ladras mestres que
têm motivos para acreditar que a escultura é falsa. As Kitiks são
fofas, perigosas e determinadas a acertar as coisas, e convenceram
Lando a ajudá-las a expor o golpe. Mas o que eles enfrentam não é
uma simples simples traição, nem mesmo uma traição tripla. É um
jogo de poder completo de proporções colossais. Pois um mentor
invisível detém todas as cartas e tem uma solução à prova de falhas
para cada problema: Assassinato.

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Star Wars – A Sombra do Sith

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O Império está morto. Quase duas décadas após a Batalha de


Endor, os restos esfarrapados das forças de Palpatine fugiram para
os confins da galáxia. Mas para os heróis da Nova República, o
perigo e a perda são companheiros sempre presentes, mesmo
nesta nova era de paz. O Mestre Jedi Luke Skywalker é
assombrado por visões do lado sombrio, predizendo um segredo
sinistro crescendo em algum lugar nas profundezas do espaço, em
um mundo morto chamado Exegol. A perturbação na Força é
inegável… e os piores medos de Luke são confirmados quando o
seu velho amigo Lando Calrissian vem até ele com relatos de uma
nova ameaça Sith. Depois que a filha de Lando foi roubada de seus
braços, ele procurou nas estrelas por qualquer vestígio de seu filho
perdido. Mas cada novo boato leva apenas a becos sem saída e
esperanças desbotadas, até que ele cruza o caminho de Ochi de
Bestoon, um assassino Sith encarregado de sequestrar uma
jovem. Os verdadeiros motivos de Ochi permanecem ocultos para
Luke e Lando. Pois em uma lua ferro-velho, um misterioso enviado
da Eternidade Sith legou uma lâmina sagrada ao assassino,
prometendo que responderá às perguntas que o assombram desde
a queda do Império. Em troca, ele deve completar uma missão final:
retornar a Exegol com a chave para o glorioso renascimento dos
Sith, Rey, a neta do próprio Darth Sidious. Enquanto Ochi persegue
Rey e os seus pais até o limite da galáxia, Luke e Lando correm
para o mistério da sombra persistente dos Sith e ajudam uma jovem
família que corre para salvar suas vidas.

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Star Wars – Boba Fett – Um Homem Prático

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Na superfície, parece apenas mais um contrato de rotina para Boba


Fett e os seus comandos Mandalorianos, mas o cliente misterioso
que os contrata para iniciar uma pequena guerra é mais perigoso do
que qualquer um deles pode imaginar. Quando a força de invasão
Yuuzhan Vong varre a galáxia, os Mandalorianos descobrem que
estão do lado errado, lutando por uma cultura alienígena que trará o
fim da sua própria. Agora Fett tem que escolher entre sua honra e a
sobrevivência de seu povo. Como ele é um homem prático, ele está
determinado a ajudar a resistência a derrotar os Yuuzhan Vong,
mesmo que isso signifique trabalhar com um agente Jedi. O
problema é que ninguém confia em um homem com a reputação de
Fett. Então, convencer a Nova República de que eles estão lutando
do mesmo lado é uma tarefa difícil. Denunciados como traidores, os
Mandalorianos de Fett precisam ficar um passo à frente de seus
pagadores Yuuzhan Vong, e da República que os vê como
colaboradores do inimigo mais destrutivo que a galáxia já
enfrentou...

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Yuuzhan Vong

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Enquanto a Nova República e os Jedi tentam resolver os seus


problemas de convivência, e também tentam resolver pequenas
intrigas entre planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a
Força consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um
predador de planetas tomando-os e transformando-os. Como a
Galáxia de Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já
enfrentou? Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura,
história, guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido
Legend de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia
definitivo para toda a série Nova Ordem Jedi.Enquanto a Nova
República e os Jedi tentam resolver os seus problemas de
convivência, e também tentam resolver pequenas intrigas entre
planetas. Surge algo sombrio e malévolo que nem a Força
consegue perceber. Os Yuuzhan Vong surgem como um predador
de planetas tomando-os e transformando-os. Como a Galáxia de
Star Wars vai derrotar o inimigo mais destrutivo que já enfrentou?
Desvende tudo sobre a raça, planetas, armas, cultura, história,
guerras, mapas, etc... que mudaram o Universo Expandido Legend
de Star Wars para sempre. Esse material vai ser o seu guia para
toda a série Nova Ordem Jedi.

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Star Wars – Nova Ordem Jedi - Vetor Primário

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Vinte e um anos se passaram desde que os heróis da Aliança


Rebelde destruíram a Estrela da Morte, quebrando o poder do
Imperador. Desde então, a Nova República lutou bravamente para
manter a paz e a prosperidade entre os povos da galáxia. Mas a
agitação começou a se espalhar; as tensões surgem em surtos de
rebelião que, se não forem controlados, ameaçam destruir o tênue
reinado da República. Nesta atmosfera volátil vem Nom Anor, um
incendiário carismático que aquece as paixões ao ponto de
ebulição, semeando sementes de dissidência por seus próprios
motivos sombrios. Em um esforço para evitar uma guerra civil
catastrófica, Leia viaja com a sua filha Jaina, sua cunhada Mara
Jade e o leal droide de protocolo C-3PO, para conduzir negociações
diplomáticas cara a cara com Nom Anor. Mas ele se mostra
resistente às súplicas de Leia, e, muito mais inexplicavelmente,
dentro da Força, onde um ser deveria estar, estava... espaço em
branco. Enquanto isso, Luke é atormentado por relatos de
Cavaleiros Jedi desonestos que estão fazendo justiça com as
próprias mãos. E então ele luta com um dilema: ele deve tentar,
neste clima de desconfiança, restabelecer o lendário Conselho Jedi?
Enquanto os Jedi e a República se concentram em lutas internas,
uma nova ameaça surge, despercebida, além dos confins da Orla
Exterior. Um inimigo aparece de fora do espaço conhecido,
carregando armas e tecnologia diferente de tudo que os cientistas
da Nova República já viram. De repente, Luke, Mara, Leia, Han Solo
e Chewbacca, junto com as crianças Solo, são lançados novamente
na batalha, para defender a liberdade pela qual tantos lutaram e
morreram. Mas desta vez, toda a sua coragem, sacrifício e até
mesmo o poder da própria Força podem não ser suficientes...

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Star Wars – A Alta República – Trilha do Engano

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Situado no mundo da Alta República, 150 anos antes da narrativa


da Fase I, uma era de mudanças traz novas esperanças e
possibilidades... mas também novos perigos. O planeta da Orla
Exterior Dalna se tornou o foco de uma investigação Jedi sobre um
artefato roubado da Força, e a Zallah Macri e o seu Padawan,
Kevmo Zink, chegam ao mundo pastoral para acompanhar uma
possível conexão com um grupo missionário de Dalnan chamado
Caminho da Mão Aberta. Os membros do Caminho acreditam que a
Força deve ser livre e não deve ser usada por ninguém, nem
mesmo pelos Jedi. Um desses crentes é Marda Ro, uma jovem que
sonha em deixar Dalna para espalhar a palavra do Caminho por
toda a galáxia. Quando Marda e Kevmo se encontram, a sua
conexão é instantânea e elétrica… até que Marda descobre que
Kevmo é um Jedi. Mas Kevmo é tão gentil e ansioso para aprender
mais sobre o Caminho, que ela espera poder convencê-lo da justeza
de suas crenças. O que Marda não percebe é que a líder da Trilha,
uma mulher carismática conhecida apenas como a Mãe, tem uma
agenda própria, que nunca poderá coexistir pacificamente com os
Jedi. Para seguir a sua fé, Marda pode ter que escolher se tornar a
pior inimiga de sua nova amiga... Não perca essas outras aventuras
ambientadas na era da Alta República!

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Star Wars – Star Wars – Episódio I – A Ameaça
Fantasma

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No mundo verde e intocado de Naboo, o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn e


seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi, chegam para proteger a jovem
rainha do reino enquanto ela busca uma solução diplomática para
acabar com o cerco de seu planeta pelas naves de guerra da
Federação do Comércio. Ao mesmo tempo, em um Tatooine varrido
pelo deserto, um menino escravo chamado Anakin Skywalker, que
possui uma estranha habilidade de entender e “corrigir” as coisas,
labuta durante o dia e sonha à noite, em se tornar um Cavaleiro Jedi
e encontrar uma maneira de conquistar a liberdade pra si e para a
sua amada mãe. Será o encontro inesperado de Jedi, da Rainha e
de um menino talentoso que marcará o início de um drama que se
tornará uma lenda.

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Star Wars - A Alta República - Em Busca da Cidade
Oculta

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Séculos antes das Guerras Clônicas ou do Império, nos primeiros


dias da Alta República, era uma era de exploração em uma galáxia
muito, muito distante… Pilotos ousados traçam novas rotas através
do hiperespaço, enquanto as equipes de Desbravadores fazem
contato com mundos fronteiriços para convidá-los a se juntarem à
República. Quando um droide de comunicações da equipe de
Desbravadores é encontrado flutuando no espaço, danificado e
carregando uma mensagem enigmática, a Cavaleira Jedi Silandra
Sho e a sua Padawan, Rooper Nitani, são enviadas para encontrar
os membros da equipe de desaparecidos. A sua investigação os
leva ao planeta Gloam, um mundo devastado que dizem ser
assombrado por monstros míticos. Os Jedi podem encontrar os
Desbravadores desaparecidos e desvendar o mistério dos
monstros? As respostas estão em uma cidade escondida sob a
superfície do planeta…

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Star Wars – Legado da Força – Exílio

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Na galáxia de Star Wars, o mal está em movimento enquanto a


Aliança Galáctica e os Jedi ordenam as forças de batalha visíveis e
invisíveis, da traição interna desenfreada ao pesadelo da guerra
total. A cada vitória contra os rebeldes Corellianos, Jacen Solo se
torna mais admirado, mais poderoso e mais certo de alcançar a paz
galáctica. Mas essa paz pode ter um preço. Apesar dos
relacionamentos tensos causados por simpatias opostas na guerra,
Han e Leia Solo e Luke e Mara Skywalker permanecem unidos por
uma suspeita assustadora: alguém insidioso está manipulando esta
guerra e, se ele ou ela não for impedido, todos os esforços de
reconciliação podem ser perdidos. por nada. E como visões sinistras
levam Luke a acreditar que a fonte do mal não é outro senão
Lumiya, Lady Sombria dos Sith, o maior perigo gira em torno do
próprio Jacen.

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Star Wars - A Alta República - Convergência

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É uma era de exploração. Os Jedi viajam pela galáxia, expandindo


sua compreensão da Força e de todos os mundos e seres
conectados por ela. Enquanto isso, a República, liderada por seus
dois chanceleres, trabalha para unir os mundos em uma
comunidade cada vez maior entre estrelas próximas e distantes.
Nos planetas de órbita próxima de Eiram e E'ronoh, as dores de
crescimento de uma galáxia com recursos limitados, mas ambição
ilimitada, são sentidas profundamente. O ódio entre os dois mundos
alimentou meia década de conflitos crescentes e agora ameaça
consumir os sistemas circundantes. A última esperança de paz
surge quando os herdeiros das famílias reais dos planetas planejam
se casar. Antes que a paz duradoura possa ser estabelecida, uma
tentativa de assassinato visando o casal leva Eiram e E'ronoh de
volta à guerra total. Para salvar os dois mundos, a Cavaleira Jedi
Gella Nattai se oferece para descobrir o culpado, enquanto a
Chanceler Kyong nomeia o seu próprio filho, Axel Greylark, para
representar os interesses da República na investigação. Mas a
profunda desconfiança de Axel nos Jedi vai contra a fé de Gella na
Força. Ela nunca conheceu um festeiro tão arrogante e privilegiado,
e ele nunca conheceu uma benfeitora mais séria e implacável.
Quanto mais eles trabalham para desvendar a teia sombria da
investigação, mais complicada parece ser a conspiração. Com
acusações voando e inimigos em potencial em cada sombra, a
dupla terá que trabalhar juntos para ter alguma esperança de trazer
a verdade à tona e salvar os dois mundos.

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Star Wars - Mão de Thrawn - Espectro do Passado

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Uma vez que o mestre inquestionável de incontáveis sistemas


solares, o Império está cambaleando à beira do colapso total. Dia a
dia, sistemas neutros estão correndo para se juntar à coalizão da
Nova República. Mas com o fim da guerra à vista, a Nova República
foi vítima de seu próprio sucesso. Uma aliança pesada de raças e
tradições, a confederação agora se encontra dividida por antigas
animosidades. A princesa Leia luta contra todas as probabilidades
para manter a Nova República unida. Mas ela tem inimigos
poderosos. Um ambicioso Moff Disra lidera uma conspiração para
dividir a desconfortável coalizão com uma trama engenhosa para
culpar os Bothanos por um crime hediondo que pode levar ao
genocídio e à guerra civil. Ao mesmo tempo, Luke Skywalker, junto
com Lando Calrissian e Talon Karrde, persegue um misterioso grupo
de navios piratas cujas tripulações consistem em clones. E então
vem a notícia mais surpreendente de todas: o Grande Almirante
Thrawn, que se acredita estar morto há dez anos, é dado como vivo.
O guerreiro mais astuto e implacável da história imperial
aparentemente voltou para liderar o Império ao triunfo. Enquanto
Han e Leia tentam impedir o desmoronamento da Nova República
diante dessa terrível e inexplicável ameaça do passado, Luke decide
rastrear as naves de piratas desonestos. À espreita nas sombras
está o enigmático Major Tierce, um discípulo do Imperador
Palpatine, compartilhando o desejo de poder de seu mestre morto
há muito tempo, educado nos estratagemas tortuosos do próprio
Thrawn e armado com os seus próprios planos sombrios para a
Nova República e o Império.

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Star Wars - A Alta República - Batalha de Jedha

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Em Jedha. As ruas desgastadas deste mundo antigo servem como


uma confluência para a galáxia. Visitado por todos, mas propriedade
de ninguém. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que
adoram e estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho
da Mão Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em
paz. Aqui, os Jedi são apenas um credo entre muitos que adoram e
estudam a Força. Dos Guardiões dos Whills ao Caminho da Mão
Aberta, incontáveis seres vêm aprender e compartilhar em paz.
Enquanto toda Jedha se prepara para o Festival do Equilíbrio, a
galáxia ainda se recupera da violência em Eiram e E'ronoh. Mas
depois de frustrar um plano para intensificar a guerra entre os dois
planetas, os Jedi acreditam que uma paz duradoura pode estar ao
seu alcance. O Mestre Creighton Sun e a Cavaleira Jedi Aida Forte
chegam a Jedha com delegações de ambos os planetas para
encerrar formalmente a “Guerra Eterna”. Os Jedi esperam que a
harmonia das muitas facções de Jedha, juntamente com a
assinatura de um tratado de paz, crie um símbolo para o resto da
galáxia do que pode ser alcançado através da unidade. Mas nem
todos estão felizes com o envolvimento dos Jedi ou prontos para se
preocupar com a paz. Começam a circular rumores de que os Jedi
trazem a guerra em seu rastro. A desconfiança e a raiva que por
tanto tempo alimentaram a Guerra Eterna agora ameaçam
corromper as comunidades de Jedha. Quando a violência irrompe
na lua sagrada, a guerra que deveria terminar em Jedha pode em
breve envolver o mundo inteiro.

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Star Wars Jedi: Cicatrizes de Batalha

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Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?

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Star Wars – Darth Maul – Caçador das Sombras

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Depois de anos esperando nas sombras, Darth Sidious está dando


o primeiro passo em seu plano mestre para colocar a República de
joelhos. A chave para o seu esquema são os Neimoidianos da
Federação do Comércio. Então um de seus contatos Neimoidianos
desaparece, e Sidious não precisa de seus instintos afiados pela
Força para suspeitar de traição. Ele ordena que o seu aprendiz,
Darth Maul, cace o traidor. Mas é tarde demais. O segredo já
passou para as mãos do corretor de informações Lorn Pavan, o que
o coloca no topo da lista de alvos de Darth Maul. Então, nos becos
labirínticos e esgotos de Coruscant, capital da República, Lorn cruza
o caminho de Darsha Assant, uma Padawan Jedi em uma missão
para ganhar seu título de Cavaleira. Agora o futuro da República
depende de Darsha e Lorn. Mas como pode uma Jedi inexperiente e
um homem comum, estranho aos caminhos poderosos da Força,
esperar triunfar sobre um dos assassinos mais mortais da galáxia.

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Star Wars – A Alta República – Cataclisma

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Após cinco anos de conflito, os planetas Eiram e E’ronoh estão à


beira de uma verdadeira paz. Mas quando surgem as notícias de um
desastre na assinatura do tratado em Jedha, a violência reacende
nos mundos sitiados. Juntos, os herdeiros reais de ambos os
planetas, Phan-tu Zenn e Xiri A’lbaran, trabalhando ao lado dos Jedi,
descobriram evidências de que o conflito está sendo orquestrado
por forças externas, e todos os sinais apontam para a misterioso
Trilha da Mão Aberto, de quem os Jedi também suspeitam ter
causado o desastre em Jedha. Com tempo, e respostas, escassos,
os Jedi devem dividir seu foco entre ajudar a acabar com a violência
renovada em Eiram e E’ronoh e investigar o Caminho. Entre eles
está Gella Nattai, que se volta para a única pessoa que acredita
poder desvendar o mistério, mas a última pessoa em quem deseja
confiar: Axel Greylark. O filho da Chanceler, preso por seus crimes,
sempre procurou se livrar do peso do nome de sua família. Ele se
reconciliará com os Jedi e os ajudará em sua busca por justiça e
paz, ou abraçará a promessa de verdadeira liberdade da Trilha?
Como todos os caminhos levam a Dalna, Gella e os seus aliados se
preparam para enfrentar um inimigo diferente de qualquer outro que
já enfrentaram. E será preciso toda a confiança deles na Força, e
uns nos outros, para sobreviver.

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Star Wars – A Alta República – Trilha da Vingança

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Esta fascinante continuação de Trilha do Engano encontra as


primas Marda e Yana Ro ligadas pelo sangue, mas separadas pela
fé. Marda e Yana pertencem ao Trilha da Mão Aberta, um grupo
liderado por uma mulher carismática chamada Mãe, que acredita
que a Força não deve ser usada por ninguém. Enquanto Marda se
junta a uma perigosa expedição ao Planeta X em busca de mais
criaturas misteriosas para usar contra os Jedi, Yana se vê formando
uma inesperada aliança com o pai de seu amante morto na tentativa
de arrancar a Trilha do controle da Mãe. Essas duas jovens
enfrentarão uma encruzilhada, forçadas a escolher não só os seus
próprios destinos, mas o da própria galáxia.

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Star Wars – Comandos da República – Verdadeiras
Intenções

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Na luta desesperada do Grande Exército para esmagar os


Separatistas, as missões secretas de operações especiais de seus
guerreiros clones de elite nunca foram tão críticas… ou mais
perigoso. Uma ameaça crescente ameaça a vitória da República, e
os membros do Esquadrão Omega fazem uma descoberta chocante
que abala a sua própria lealdade. À medida que as linhas entre
amigos e inimigos continuam a se confundir, os cidadãos, de civis e
Sargentos a Jedi e Generais, se deparam com um novo inimigo: a
dúvida em seus próprios corações e mentes. A verdade é uma
ilusão frágil e instável, e apenas o inferno que se aproxima revelará
os dois lados em suas verdadeiras cores.

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Star Wars – Colheita Vermelha

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Ao contrário dos outros Jedi marginalizados do Corporação


Agrícola, jovens Jedi cujas habilidades não provaram ser suficientes
- Hestizo Trace possui um extraordinário talento da Força: um dom
com plantas. De repente, sua existência tranquila entre espécimes
de estufas e jardins é violentamente destruída pela chegada de um
emissário de Darth Scabrous. Pois a rara orquídea negra com a qual
ela nutriu e se uniu é o ingrediente final de uma antiga fórmula Sith
que promete conceder a Darth Scabrous seu maior desejo. Mas no
coração da fórmula está um vírus nunca antes visto que é pior do
que fatal, ele não apenas mata, ele transforma. Agora os mortos
apodrecidos e famintos estão se levantando, impulsionados por uma
fome sanguinária por todas as coisas vivas, e comandados por um
Mestre Sith com um desejo insaciável de poder e o prêmio final: a
imortalidade... não importa o custo.

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Star Wars – Linhas de Tempo

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Um companheiro indispensável para todos os fãs de Star Wars, este


ebook de alta qualidade exibe cronogramas visuais que mapeiam
cronologicamente os principais eventos, personagens e
desenvolvimentos e marcam seu significado. Acompanhe conflitos
cruciais ao longo dos anos que afetam a galáxia de maneiras
profundas. Siga o sabre de luz Skywalker enquanto ele passa pelas
gerações e testemunhe a evolução do icônico TIE fighter em
diferentes épocas. Rastreie o movimento dos planos da Estrela da
Morte ao longo dos anos e descubra várias linhas do tempo
ramificadas que dividem batalhas importantes. Veja rapidamente os
eventos essenciais organizados por era e analise os detalhes para
descobrir eventos maiores e menores, datas importantes e
informações fascinantes, tudo organizado cronologicamente.
Examine linhas do tempo intrincadas em quase todas as páginas.

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Star Wars – Legado da Força - Sacrifício

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Uma guerra civil assola a galáxia, enquanto a Aliança Galáctica,


liderada por Cal Omas, e as forças Jedi de Luke Skywalker
batalham contra uma confederação de planetas rebeldes que se
uniram ao lado da Corellia insubmissa. Suspeitos de envolvimento
em um plano de assassinato contra a Rainha Mãe Tenel Ka do
Consórcio Hapes, Han e Leia Solo estão fugindo, perseguidos pelo
próprio filho, Jacen, cujas as táticas cada vez mais autoritárias como
chefe da segurança da Aliança Galáctica têm feito Luke e Mara
Skywalker temerem que o seu sobrinho esteja se aproximando
perigosamente do lado sombrio. Mas enquanto sua família enxerga
em Jacen a arrepiante herança de seu avô Sith, Darth Vader, muitos
dos soldados na linha de frente o adoram e inúmeros cidadãos o
veem como um salvador. A galáxia foi dilacerada por inúmeras
guerras. Tudo o que Jacen quer é segurança e estabilidade para
todos, e ele está disposto a fazer qualquer coisa para alcançar esse
objetivo. Para acabar com o derramamento de sangue e o
sofrimento, qual sacrifício seria grande demais? Essa é a pergunta
que atormenta Jacen. Ele já sacrificou muito, abraçando os
ensinamentos impiedosos de Lumiya, a Lady Sombria dos Sith, que
lhe ensinou que uma vontade forte e um propósito nobre podem
conter os excessos malignos do lado sombrio, trazendo paz e ordem
à galáxia, mas a um preço. Pois há um último teste que Jacen deve
passar antes de poder obter o poder imenso de um verdadeiro
Lorde Sith: ele deve causar a morte de alguém a quem valoriza
profundamente. O que perturba Jacen não é se ele tem a força para
cometer assassinato. Ele se fortaleceu para isso e para coisas
piores, se necessário. Não, a pergunta que perturba Jacen é quem
deveria ser o sacrifício. Conforme os fios do destino se entrelaçam
cada vez mais em uma teia que abrange a galáxia, a resposta
chocante irá despedaçar duas famílias... e lançar uma sombra
escura sobre o futuro.

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Star Wars – Inquisidor - Ascensão da Lâmina
Vermelha

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Padawan Iskat Akaris dedicou sua vida a viajar pela galáxia ao lado
de seu mestre, aprendendo os caminhos da Força para se tornar um
bom Jedi. Apesar da dedicação de Iskat, a paz e o controle
permaneceram indescritíveis e, a cada revés, ela sente que seus
companheiros Jedi ficam mais desconfiados dela. Já incerta sobre
seu futuro na Ordem Jedi, Iskat enfrenta uma tragédia quando seu
mestre é morto e as Guerras Clônicas engolem a galáxia no caos.
Agora general na linha de frente contribuindo para esse caos, ela é
frequentemente lembrada: Confie em seu treinamento. Confie na
sabedoria do Conselho. Confie na Força. No entanto, à medida que
as sombras da dúvida se instalam, Iskat começa a fazer perguntas
que nenhum Jedi deveria fazer: perguntas sobre seu próprio
passado desconhecido. Perguntas que os Mestres Jedi
considerariam perigosas. Conforme os anos passam e a guerra
perdura, a fé de Iskat nos Jedi diminui. Se eles lhe concedessem
mais liberdade, ela tem certeza de que poderia fazer mais para
proteger a galáxia. Se eles confiassem nela com mais
conhecimento, ela poderia finalmente deixar de lado as sombras
que começaram a consumi-la. Quando a Ordem Jedi finalmente cai,
Iskat aproveita a chance de abrir seu próprio caminho. Ela abraça a
salvação da Ordem 66.

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Star Wars – A Princesa e o Canalha

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A Estrela da Morte é destruída. Darth Vader está morto. O Império


está desolado. Mas na lua da floresta de Endor, entre o caos de
uma galáxia em mudança, o tempo parou para uma princesa e seu
canalha. Depois de ser congelado em carbonita e arriscar tudo pela
Rebelião, Han está ansioso para parar de viver sua vida para outras
pessoas. Ele e Leia ganharam seu futuro juntos mil vezes. E quando
ele pede Leia em casamento, é a primeira vez em muito tempo que
ele tem um bom pressentimento sobre isso. Para Leia, uma vida
inteira de lutas não parece ter acabado. Ainda há trabalho a fazer,
penitência para pagar pelo segredo obscuro que ela agora sabe que
corre em suas veias. Seu irmão, Luke, está oferecendo a ela essa
chance, uma que vem com a família e a promessa da Força. Mas
quando Han a pede em casamento, Leia encontra a resposta
imediatamente em seus lábios. . . Sim. No entanto, felizes para
sempre não vem facilmente. Assim que Han e Leia partem de sua
cerimônia idílica para sua lua de mel, eles se encontram no palco
mais grandioso e glamoroso de todos: o Halcyon, uma embarcação
de luxo em uma jornada muito pública para os mundos mais
maravilhosos da galáxia. O casamento deles e a paz e a
prosperidade que ele representa são um para-raios para todos,
incluindo os remanescentes imperiais que ainda se apegam ao
poder. Enfrentando seu momento mais desesperador, os soldados
do Império se dispersaram pela galáxia, se concentrando em
planetas isolados e vulneráveis à sua influência. Enquanto a
Halcyon viaja de mundo a mundo, uma coisa fica bem clara: a
guerra ainda não acabou. Mas à medida que o perigo se aproxima,
Han e Leia descobrem que lutam suas melhores batalhas não
sozinhos, mas como marido e mulher.

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Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith

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À medida que o combate se intensifica em toda a galáxia, o palco


está montado para um final explosivo: Obi-Wan empreende uma
missão perigosa para destruir o temido líder militar separatista,
General Grievous. O Supremo Chanceler Palpatine continua a
suprimir as liberdades constitucionais em nome da segurança,
enquanto influencia a opinião pública a se voltar contra os Jedi. E
um Anakin conflituoso teme pela vida de seu amor secreto, a
Senadora Padmé Amidala. Atormentado por visões indescritíveis,
Anakin se aproxima cada vez mais do limite de uma decisão que
moldará a galáxia. Resta apenas para Darth Sidious dar o golpe
final avassalador contra a República, e consagrar um novo Senhor
Sith temível: Darth Vader. Baseado no roteiro do último filme da
saga épica de George Lucas, o livro do aclamado autor de Star
Wars, Matthew Stover, estala com ação, captura os personagens
icônicos em toda a sua complexidade e fecha a obra-prima da ópera
espacial com um estilo impressionante.
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Star Wars – Jornada para Star Wars – Os Último Jedi
As Lendas de Luke Skywalker

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Enquanto uma nave de carga atravessa a galáxia em direção a


Canto Bight , os marinheiros a bordo contam histórias sobre o
lendário Cavaleiro Jedi Luke Skywalker. Mas as histórias do icônico
e misterioso Luke Skywalker são verdadeiras ou apenas contos
fantásticos passados de um canto da galáxia a outro? Skywalker é
realmente um herói Jedi famoso, um charlatão elaborado ou mesmo
parte droide? Os marinheiros terão que decidir por si mesmos
quando ouvirem As Lendas de Luke Skywalker.

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Star Wars – Voo de Partida

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Antes do início das Guerras Clônicas, um grupo de Jedi liderado


pelo Mestre Jorus C’baoth pressionou o Senado da República para
financiar um projeto para procurar e contatar vida inteligente fora da
galáxia conhecida. Seis Mestres Jedi, 12 Cavaleiros Jedi e 50.000
funcionários de apoio adicionais embarcaram em uma nave estelar
incrível e partiram em sua aventura… apenas para desaparecer sem
deixar rastros. Este foi o primeiro encontro dos Jedi com os
alienígenas chamados Chiss, e o futuro arqui-inimigo da Nova
República, Thrawn. Mas até Luke Skywalker e a sua esposa Mara
partirem para as Regiões Desconhecidas em Survivor’s Quest, o
destino do Projeto Voo de Partida permaneceu um enigma.

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Star Wars - Contos de Luz e Vida

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Contos emocionantes com personagens favoritos dos fãs da amada


série Alta República, cada um escrito por um autor best-seller do
New York Times. Os autores da Alta República compartilham contos
imperdíveis que conectam Fases, resolvem mistérios e oferecem
dicas tentadoras do que está por vir. Junte-se novamente às
aventuras dos Jedi e Padawans, Desbravadores e membros da
Trilha, heróis e vilões antes do lançamento da Fase III.

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Star Wars - Nova Ordem Jedi - Rumo Sombrio I -
Ofensiva

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É um momento perigoso para a Nova República. Justamente


quando a unidade é mais necessária, a desconfiança aumenta. Até
os Jedi sentem a tensão, à medida que elementos rebeldes se
rebelam contra a liderança de Luke. Quando invasores alienígenas
conhecidos como Yuuzhan Vong atacam sem aviso, a Nova
República fica na defensiva. Guerreiros impiedosos, a glória de
Yuuzhan Vong na tortura. A tecnologia deles é tão estranha quanto
mortal. O mais sinistro de tudo é que eles são imunes à Força.
Agora Luke deve exercer todos os poderes incríveis de um Mestre
Jedi para derrotar a ameaça mais grave desde Darth Vader.
Enquanto Leia e Gavin Darklighter lideram refugiados desesperados
em uma retirada de combate das forças de Yuuzhan Vong, Mara
Jade, Anakin, Jacen e Corran Horn são testados como nunca antes
por um inimigo implacável e sem rosto determinado a sufocar para
sempre a luz da Nova República. uma mortalha do mal mais
sombrio...

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Star Wars [Jornada para Star Wars - A Ascensão
Skywalker] Colecionador da Força

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Karr é um adolescente como muitos outros na galáxia. Ele vai à


escola, ajuda os pais nos negócios da família, gosta de speeders e
droides. Mas Karr também tem um segredo: quando toca em certos
objetos, ele sente fortes dores de cabeça e desmaia. E junto com a
dor às vezes vêm visões de pessoas que ele não conhece e de
lugares onde nunca esteve. Os pais de Karr temem que ele esteja
doente; sua avó está convencida de que as visões vêm da Força.
Mas já se passaram anos desde que alguém ouviu falar do último
Jedi, Luke Skywalker. Sobrou algum Jedi para guiar Karr no uso de
suas habilidades? Alguém está disposto a falar sobre os Jedi e o
que aconteceu com eles, à medida que sua memória continua a
desaparecer e a Primeira Ordem surge? Preso em seu isolado
planeta natal, Karr se torna um colecionador de artefatos históricos,
na esperança de um dia encontrar um objeto que lhe dê uma visão
sobre os segredos dos Jedi.Quando sua avó morre e os seus pais
anunciam que vão mandá-lo para uma escola no outro lado do
planeta, Karr chega ao limite. Ele precisa saber o que seu destino
reserva e se os Jedi estão envolvidos. Acompanhado por Maize, a
nova garota rude e imprevisível da escola com ligações com a
Primeira Ordem, e RZ-7, o solícito companheiro droide de Karr, ele
parte para a galáxia maior para descobrir a verdade. Suas aventuras
o levarão de Utapau a Jakku, a Takodana e além, enquanto ele
aprende mais sobre os Jedi do que poderia esperar... e sobre seu
próprio lugar na Força.

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