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Índice
Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Epígrafo
Parte 1 - Imperial
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Parte 2 - Empírico
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Parte 3 - Rebelde
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Sobre o Ebook
Sobre o Autor
Agradecimentos
Para a minha Família:
Amanda, Xander, e Finn;
e Seb, sempre
Parte 1
IMPERIAL
A vida do aluno secreto de Darth Vader tomou um rumo
estranho e mortal no dia em que o seu Mestre falou pela primeira vez
sobre o General Rahm Kota.
Não teve nenhum aviso de que um momento de tal significado estava se
aproximando. Durante as suas meditações noturnas, ajoelhado no chão de
metal de sua câmara enquanto os droides de construção construíam a
Executor, sem saber de sua existência, não tinha visões do puro vermelho e
raivoso do sabre de luz que segurava como uma marca acesa na frente de
seus olhos. Embora tivesse olhado até que o mundo desaparecesse e o lado
sombrio fluísse através dele em uma maré sangrenta, o futuro permaneceu
fechado.
Nada, portanto, o preparou para o súbito desvio dos exercícios punitivos
e imprevisíveis do dia. O seu Mestre não era um professor paciente; nem
era falador. Preferia a ação ao debate, assim como preferia a recriminação à
recompensa. Nem uma vez em todos os dias em que lutaram juntos, com
sabre de luz, telecinese ou sugestão, o Lorde Sombrio ofereceu uma única
palavra de encorajamento. E sabia que era assim que deveria ser. O trabalho
de um professor não era arrastar um aluno por um caminho único e
desgastado. Em vez disso, era para deixar o aluno abrir o seu próprio
caminho pela floresta, intervindo apenas quando o aluno estava
irremediavelmente perdido e precisava ser corrigido.
Sabia que mesmo nos caminhos errados, havia alguma sabedoria. O que
não o matou apenas o tornou mais poderoso no lado sombrio.
E houveram muitas, muitas vezes que pensou que poderia morrer...
Respirando pesadamente após uma rodada de golpes punitivos, o sabre
de luz abaixado em submissão, se ajoelhou diante de seu Mestre e se
preparou para o golpe mortal. Podia sentir a ira irradiando do Lorde
Sombrio como calor, um calor visceral e raivoso que deixava a sua pele
arrepiada. Por um momento que pareceu durar anos, tudo o que pôde ouvir
foi a respiração regular e implacável que mantinha o homem vivo dentro da
máscara.
— Você estava fraco quando te encontrei. — A voz parecia vir do outro
lado de um longo e profundo túnel. — Você nunca deveria ter sobrevivido
ao meu treinamento.
Fechou os olhos. Já tinha ouvido essas palavras antes. Eram a coisa mais
próxima de uma história para dormir que tinha quando criança. A moral que
havia tirado delas estava gravada em sua mente: Aprenda... ou morra.
Atrás de suas pálpebras, imaginou novamente o calor limpo e purificador
do sabre de luz. Havia roçado a sua pele contra ela muitas vezes, desafiando
a dor, e levado vários pequenos ferimentos enquanto duelava com o seu
Mestre. Imaginou que sabia como seria a sensação da lâmina quando o
atingisse. Parte dele ansiava por isso.
O sabre de luz flutuou tão perto de seu pescoço que podia sentir o cheiro
de seu cabelo queimando.
— Mas agora, o seu ódio se tornou a sua força.
O sabre de luz recuou. Com um silvo, desativou.
— Finalmente, o lado sombrio é o seu aliado.
Não ousou acenar com a cabeça ou olhar pra cima. O que foi isso?
Algum novo estratagema para atraí-lo para o excesso de confiança e o
fracasso?
As próximas palavras de seu Mestre fizeram ao seu coração disparar.
— Levante-se, meu aprendiz.
Aprendiz. Assim como sempre pensara, mas nunca antes isso fora dito
em voz alta! E aquele movimento estranho com o sabre de luz... Poderia ter
acabado de ser nomeado cavaleiro?
Com o seu sabre de luz retraído. Mal conseguia se equilibrar sobre os
joelhos que de repente pareciam feitos de borracha. A forma negra pairando
sobre si era ilegível, delineada com carmesim pela luz da estrela que
brilhava através da ampla janela à direita. Metal, angular e funcional, o
espaço ao redor deles era tão familiar para si quanto as cicatrizes nas costas
da mão, mas de repente, desconcertantemente, tudo parecia diferente.
O aprendiz manteve os olhos erguidos e a voz firme.
— Qual é a sua vontade, meu Mestre?
— Você derrotou muitos dos meus rivais. O seu treinamento está quase
completo. Agora é hora de enfrentar o seu primeiro teste verdadeiro.
Uma chamada de missões passadas passou pela mente do aprendiz.
Lorde Vader o instruiu a despachar vários inimigos dentro do Império ao
longo dos anos: espiões e ladrões, principalmente, com o ocasional traidor
de alto escalão também. Sentiu apenas satisfação por ter cumprido o seu
dever. As suas vítimas trouxeram os seus destinos sobre si mesmas, esses
vermes que roeram os alicerces do magnífico edifício do Império.
Mas isso era diferente. Podia sentir isso em mais do que nas palavras de
seu Mestre. Darth Vader não estava falando sobre algum contrabandista
desprezível sem nenhum conhecimento da Força. Só poderia haver um
inimigo com quem fosse digno de lutar agora.
— Os seus espiões localizaram um Jedi?
— Sim. O General Rahm Kota. O nome não significava nada para o
aprendiz: apenas um dos muitos em um arquivo de mortes não confirmadas
de Jedi. — Ele estará atacando um estaleiro crítico acima de Nar Shaddaa.
Você vai destruí-lo e me trazer o seu sabre de luz.
A excitação encheu o aprendiz. Havia treinado e esperado por este
momento desde que conseguia se lembrar. Finalmente chegou. Nunca
poderia realmente se chamar de Sith até que tirasse a vida de um dos
inimigos tradicionais de seu Mestre.
— Vou embora imediatamente, Mestre.
Mal havia dado um passo em direção à porta quando a voz irresistível de
Darth Vader o deteve.
— O Imperador não pode descobri-lo.
— Como quiser, meu Mestre.
— Não deixe testemunhas. Mate todos a bordo, Imperiais e insurgentes.
O aprendiz assentiu, mantendo a sua incerteza repentina cuidadosamente
nublada.
— Não falhe nisso.
O sabre de luz pendurado em seu quadril era um peso reconfortante e
tranquilizador.
— Não, meu Lorde, — ele disse, com as costas retas e voz firme.
Darth Vader se virou e apertou as mãos por trás das costas. O sol
vermelho pintou o seu capacete com reflexos de lava.
Assim dispensado, o seu aprendiz secreto se apressou em seu último e
mais sombrio dever.
GENERAL RAHM KOTA.
O nome passou por sua mente enquanto se apressava pelo labirinto que
conectava os aposentos secretos de seu Mestre. Eram espaços esparsos e
funcionais, consistindo em uma câmara de meditação, uma oficina de
droides, dormitórios grandes o suficiente pra um e um hangar. Todos
estavam em um nível oculto da nau capitânia de Darth Vader, um espaço há
muito apagado das plantas baixas; passaria despercebido pela futura
tripulação.
O Imperador não pode descobri-lo.
Por mais animado que estivesse com a ideia de caçar Jedi, o lembrete do
objetivo que o seu Mestre permitiu que compartilhasse foi instantaneamente
preocupante. Durante toda a sua vida, foi treinado para transformar o medo
em raiva e a raiva em poder. Não era diferente, percebeu, para Darth Vader.
Onde mais Lorde Vader poderia buscar mais poder do que no próprio
Imperador? As pessoas eram predadoras ou presas. Essa era uma das regras
mais básicas da vida. Juntos, Darth Vader e o seu aprendiz garantiriam que
o seu poder conjunto aumentasse.
Mas primeiro tinha que sobreviver a um encontro com um Jedi. O fato de
seu Mestre ter encontrado um em liberdade não era surpreendente.
Suspeita-se que um punhado tenha sobrevivido ao Grande Expurgo Jedi, e
ninguém era mais hábil em encontrá-los do que Darth Vader. O lado
sombrio se infiltrou em todos os cantos da galáxia; nada poderia
permanecer oculto para sempre. Talvez um dia, pensou o aprendiz, também
pudesse procurar os seus inimigos apenas por seus pensamentos e
sentimentos, mas, como as visões do futuro que estavam fechadas pra ele,
essa habilidade permanecia elusiva. Nunca conheceu um Jedi. As suas
naturezas eram misteriosas pra ele.
A sua história, no entanto, não era. O seu Mestre não estabeleceu planos
de aula ou exames escritos, mas Darth Vader lhe deu acesso aos registros
sobreviventes da República e da Ordem que ajudou a derrubar de sua
posição de privilégio imerecido. O aprendiz havia se dedicado ao estudo,
entendendo que o conhecimento de seu inimigo poderia significar um dia a
diferença entre a vida e a morte.
General Rahm Kota.
O nome ainda não trazia detalhes de estilos de combate, personagem ou
últimos avistamentos de sua memória. Acessaria os registros quando
chegasse a Sombra Invasora. Haveria tempo para pesquisar sobre a viagem
para Nar Shaddaa. Se cavasse fundo o suficiente, poderia encontrar algum
pequeno detalhe que lhe daria uma vantagem quando mais precisasse. Essa
foi a única preparação necessária.
Entrando no hangar, abriu caminho através do familiar labirinto de
caixotes, prateleiras de armas e peças de caças estelares. A iluminação
ambiente era fraca, com sombras se acumulando em todos os cantos. O ar
tinha gosto de metal e ozônio, com um forte fedor que já se tornara muito
familiar. Para alguns, o ventre de um Star Destroier pode ter parecido um
lugar estranho para crescer, mas pra era um conforto estar cercado por
símbolos inequívocos de poder tecnológico e político. Naves como essas
patrulhavam as rotas comerciais da galáxia há anos. Elas derrubaram
insurreições e esmagaram a resistência em centenas de mundos. Onde mais
um aprendiz Sith viveria e aprenderia?
Mate todos a bordo, tanto imperiais como insurgentes. Não deixe
testemunhas.
Mesmo enquanto refletia sobre este novo desenvolvimento, um som de
snap-hiss soou à sua direita e uma brilhante lâmina branca azulada ganhou
vida num canto escuro do hangar. Uma figura vestida de marrom correu em
frente, com a arma levantada.
Instantaneamente agachado para lutar, o aprendiz trouxe a sua própria
lâmina para bloquear o golpe, com os dentes à mostra em um rosnado de
prazer.
Ele e o seu adversário mantiveram a pose por um segundo, com os sabres
de luz travados em seus peitos. O aprendiz avaliou rapidamente o ser que o
havia atacado. Humano, loiro e barbudo, com olhos calmos e sérios e
mandíbula firme. Qualquer pessoa com memória viva das Guerras Clônicas,
ou possuindo livre acesso aos Arquivos Jedi, o teria reconhecido
imediatamente.
O Mestre Jedi Obi-Wan Kenobi, Alto General da República Galáctica e
Mestre da forma Soresu de combate com sabre de luz, deslizou a sua lâmina
mortal pra baixo e pra a direita, abaixando-se ao mesmo tempo para evitar o
inevitável contragolpe. Faíscas voaram quando o aprendiz saltou alto no ar
e pousou com agilidade perfeita em cima de uma pilha de caixotes.
Estendeu a mão esquerda em concha e varreu um kit de ferramentas de
metal pelo hangar, em direção à cabeça de seu oponente. Kenobi se abaixou
e saltou por trás dele, desviando de uma rajada de golpes que teria deixado
um homem comum em pedaços, então respondendo com um golpe próprio
que fez o aprendiz se esquivar pra trás, pulando de uma pilha para outra em
retirada temporária.
Assim, o duelo durou quase um minuto, com Kenobi e o aprendiz
dançando como Gados acrobáticos de pilha em pilha, com os sabres de luz
girando e se chocando, prateleiras e ferramentas transformadas em armas
temporárias enquanto se lançavam de uma para a outra. O barulho era
enorme e a ameaça muito real. Kenobi cortou um novo rasgo na manga do
traje de combate do aprendiz com um movimento que teria arrancado o seu
braço na altura do cotovelo se não tivesse se movido a tempo. Duas vezes
sentiu mais do que viu a lâmina do Jedi passar por cima de sua cabeça.
O aprendiz não tinha medo de morrer. O seu único medo era falhar com
o seu Mestre, e esse medo colocou em bom uso. O lado sombrio correu por
ele, tornando-o forte e resiliente. Sentiu-se mais poderoso do que nunca.
Vader o estava enviando para caçar um de seus antigos inimigos, e como
se preparar melhor para a missão do que matando o homem que já esteve
entre os Jedi mais famosos da galáxia?
Vivo com intenções assassinas, o aprendiz correu em frente, balançando
a sua lâmina vermelha, para terminar o trabalho.
O som de uma arma de energia desconhecida ativando nas
proximidades, Juno Eclipse olhou pra cima de seu trabalho e pegou a
pistola blaster ao seu lado. Tinha acabado de selar o casco da Sombra
Invasora, e os seus pensamentos já estavam voltados para testar os novos
sistemas que havia instalado quando essa distração veio arruinar a sua
concentração. Exercícios de combate não eram desconhecidos em grandes
naves Imperiais, mas ainda não tinha visto ninguém no convés seguro, na
verdade, ninguém em qualquer lugar da nave, além de Lorde Vader. A sua
nomeação ainda era tão recente, e tão pouco depois da catástrofe em Callos,
que se sentia compelida a tratar qualquer desenvolvimento inesperado com
cautela.
Duas armas estavam em jogo, zumbindo e se chocando, e o som áspero,
quase percussivo, era pontuado por ruídos de violência física. Metal batia e
batia como se uma dúzia de troopers estivessem jogando as armaduras uns
nos outros. Haviam muitos componentes frágeis armazenados no hangar,
alguns deles ativamente perigosos se manuseados sem cuidado, mas um
grito de raiva parou em seus lábios. Havia algo no som daquelas armas...
algo familiar que não conseguia identificar...
Largando o soldador, soltou a trava de segurança da pistola e saiu
furtivamente de debaixo da nave. À primeira vista, a Sombra Invasora não
era muito para se olhar: uma nave estelar de armas gêmeas e corpo longo
com o chassi de um pequeno transporte, dois painéis de coleta solar a
estibordo e um pod de armas maior a bombordo. Esse, no entanto, era a
questão. Um protótipo projetado intencionalmente para parecer comum,
normal, era na verdade uma nave de combate possuindo o hiperdrive mais
rápido que Juno já havia trabalhado, além de um sistema de camuflagem
autêntico. Isso, além de escâneres e sensores de primeira linha, motores
competitivos de subluz e poderosos escudos defletores, tornavam a Sombra
Invasora a nave mais fascinante que pilotara.
Ou voaria, se sobrevivesse ao primeiro dia de trabalho.
— O seu registro me impressiona, Capitã Eclipse, — Lorde Vader disse a
ela pouco mais de uma semana antes. Mal limpa após o seu retorno de
Callos e ainda em estado de choque com o que aconteceu lá com o Oito
Negro, não sentiu nada do orgulho que normalmente teria. — Poucos
pilotos do seu calibre também compartilham o seu claro senso de dever.
— Obrigado, Lorde Vader.
— Tenho uma nova tarefa para você. Alguns considerariam isso uma
recompensa, se soubessem disso. Eles não vão. Está entendido?
Embora ainda não entendesse, nem remotamente, assentiu. Darth Vader
lhe deu instruções para o nível oculto da nau capitânia e descreveu a
embarcação que encontraria lá, que seria dela para pilotar.
— Você estará trabalhando com um agente meu operando sob o
codinome Starkiller. Ele se dará a conhecer a você em breve. Estou
depositando uma quantidade considerável de confiança em você, capitã.
Certifique-se de não me dar motivos para duvidar. O preço do fracasso
nunca foi tão alto.
— Entendo, Lorde Vader. — Para evitar que ele a dispensasse, pois ele
parecia prestes a fazê-lo, ela perguntou: — Mas qual é a nossa missão,
senhor? Você ainda tem que explicar.
— Isso será esclarecido. — A figura mascarada já havia se afastado.
Sabia que a conversa estava encerrada.
Como uma oficial Imperial obediente, Juno fez o que lhe foi dito e foi
ver o seu novo comando. A nave a impressionou, exigindo apenas uma
pequena quantidade de ajustes para fazê-la funcionar em todo o seu
potencial. Mas agora esse estranho clamor, esse duelo turbulento havia
tomado conta do hangar e, pelo som, ameaçava sair dos espaços secretos de
Lorde Vader e entrar na nave mais ampla.
Rastejando em torno de um cilindro cryo mais alto do que ela, Juno
finalmente avistou os combatentes. Os seus olhos azuis se arregalaram de
surpresa.
O que a impressionou primeiro foram as armas: espadas brilhantes de um
tipo que tinha visto apenas uma vez antes, em um velho e proibido holo que
o seu pai havia encontrado nas profundezas do banco de dados de sua nova
casa. Ele havia lhe mostrado antes de apagá-lo com um grunhido.
— Assassinos, — ele havia declarado sobre as figuras que ela
vislumbrou: homens e mulheres vestidos de marrom de várias espécies,
lutando contra droides com espadas brilhantes de pura luz. — Traidores,
todos eles.
— O que eles fizeram? — Ela era mais jovem então, ainda não
totalmente ciente da frustração e ressentimento que o seu pai mantinha
reprimido dentro dele. Só se manifestou totalmente quando deu razão, e
sempre foi direcionado a ela.
— O que eles fizeram? — Ele se virou para ela, com um tom áspero e
depreciativo. — A imundície Jedi traiu Palpatine, foi tudo o que eles
fizeram. Com que lixo os seus professores enchem a sua cabeça se você
nem sabe disso?
A lembrança de sua zombaria ainda doía. Juno se forçou a deixá-lo de
lado enquanto avaliava o que estava acontecendo diante dela. Dois homens,
um barbudo e sério, o outro mais ou menos da mesma idade que ela, de
cabelos curtos e magro como um chicote, duelavam com armas idênticas às
dos odiados Jedi. Uma lâmina era tão brilhante e azul que queimava em
quase branco. A sua contraparte era vermelha e igualmente mortal. Quando
eles se chocaram, faíscas voaram em todas as direções. Os homens saltavam
e tombavam com uma agilidade inumana. Quando eles gesticulavam, as
paredes de metal se dobravam e as peças do motor voavam como mísseis.
Não ousou fazer um som. Cada músculo estava congelado enquanto se
agachava nas sombras, cheia de uma mistura de medo e admiração. Em
todos os seus anos de serviço ao Império, nunca tinha visto nada parecido.
Ouviu rumores, sim, dos poderes misteriosos de Lorde Vader e do punho
cilíndrico que pendia ao seu lado, mas não viu nada. Tinha sido fácil
descartar os rumores como alarmismo e propaganda disseminada para
instilar medo e encorajar a lealdade. Nunca precisou ser ameaçada para
servir, então os ignorou alegremente.
Agora estava desejando ter prestado mais atenção.
As coisas ficaram ainda mais estranhas quando o mais jovem dos
combatentes, com um olhar de satisfação selvagem, enfiou o seu sabre de
luz carmesim no peito de seu oponente. Derrotado, o homem mais velho
caiu de joelhos, com um olhar de choque se espalhando por seu rosto.
Essa expressão foi compartilhada por Juno quando a forma do homem
mais velho começou a brilhar e piscar como um holograma, que, percebeu
um instante depois, era exatamente o que ele era. Braços, pernas, torso e
rosto crepitaram e se dissolveram, revelando a forma bípede de um droide
abaixo. Ele se mexeu e caiu pra frente com um estrondo de metal contra
metal.
— Ah, Mestre. Outro excelente duelo. — As palavras do droide foram
abafadas até que o jovem que o 'matou' o virou de costas.
— Você me pegou de surpresa, PROXY, — o homem disse com uma
afeição fácil que desmentia a sua antiga ferocidade. — Eu não luto contra
esse programa de treinamento há anos. Achei que você tinha apagado.
O droide lutou para ficar de pé, mas só conseguiu perder o equilíbrio e
quase cair novamente. O seu dono o pegou a tempo e o ajudou a se
endireitar.
— Cuidado, PROXY. Você está com defeito.
— É minha culpa, Mestre, — o droide disse com um suspiro eletrônico,
olhando para o buraco fumegante em seu peito. — Eu esperava que usar um
módulo de treinamento mais antigo o pegasse desprevenido e me permitisse
finalmente matá-lo. Me desculpe por ter falhado com você de novo.
Um sorriso preocupado cintilou no rosto do jovem.
— Tenho certeza que você vai continuar tentando.
— Claro, Mestre. É a minha programação primária.
O droide e o Mestre começaram a se mover pelo labirinto de destroços
do hangar. Juno se lembrou a tempo. Antes que eles pudessem vê-la, se
escondeu por trás de uma cobertura e correu de volta para a nave. As suas
vozes ficavam mais altas conforme eles se aproximavam. Guardou
freneticamente a pistola no coldre e estendeu a mão para o soldador.
— Bem, você não vai me emboscar novamente até que tenhamos o seu
estabilizador central substituído, e isso pode levar semanas, tão longe do
Núcleo...
Não ergueu os olhos quando a estranha dupla contornou o cilindro
criogênico atrás do qual estava agachada segundos antes, mas podia sentir o
jovem olhando pra ela e ouvir em seu súbito silêncio a surpresa que ele
havia feito. Manteve a cabeça baixa, escondendo um rubor de vergonha e
uma pequena quantidade de medo. O que essa pessoa desconhecida poderia
fazer se descobrisse que o estava espionando, não sabia.
Um leve tamborilar de passos lhe disse que ele e o droide haviam se
afastado de vista. Lutou para entender uma furiosa troca de sussurros.
— PROXY, quem é?
— Ah sim. A sua nova piloto finalmente chegou, Mestre.
— Mas quem é ela?
— Acessando registros Imperiais...
Houve um momento de silêncio durante o qual disse a si mesma para não
ser tão curiosa. Isso só a colocava em apuros.
Mas então ouviu a sua própria voz falando no hangar e o seu
temperamento levou a melhor.
— Capitã Juno Eclipse, — disse o holo droide nos tons cortados de Juno.
— Nasceu em Corulag, onde se tornou a aluna mais jovem já aceita na
Academia Imperial. Piloto de combate condecorada com mais de cem
missões de combate e oficial comandante durante o bombardeio de Callos.
Escolhido a dedo por Lorde Vader para liderar o seu Esquadrão Oito Negro,
mas depois transferida para um projeto ultrassecreto...
Invadiu o cilindro criogênico e teve a estranha visão de si mesma parada
bem na frente dela, uma sósia exata apoiada pelo homem que agora
percebia ser o agente de Darth Vader, o chamado Starkiller. O seu rosto
queimou com a indignidade e a invasão de sua privacidade.
— Existe um perfil psicológico aí também? — ela perguntou.
O jovem e o droide olharam para ela. Com um olhar de constrangimento
mal disfarçado, Starkiller soltou o droide e se afastou. O droide, PROXY,
cambaleou e, em seguida, chamou a atenção em uma imitação justa dela,
completa com cabelo loiro arrumado, uniforme regulamentar, insígnia
tricolor e uma mancha de graxa se formando em sua bochecha enquanto o
droide atualizava a sua imagem de arquivos.
— Na verdade, sim, — a máquina disse a ela, — mas é restrito. — Para
Starkiller como um aparte, ele acrescentou: — Mestre, posso lhe dizer que
ela será impossível de reprogramar.
Juno reprimiu o desejo de pegar a ferramenta de solda e abrir outro
buraco no peito perfurado do droide. Ficar cara a cara consigo mesma foi
um desenvolvimento desconcertante, para o qual ela estava completamente
despreparada.
O jovem fez um gesto. O droide abandonou a sua simulação dela e
voltou a ser apenas um droide.
— Você sabe por que você está aqui? — Starkiller perguntou a ela.
Lembrando-se de si mesma, abaixou o soldador e respirou fundo.
— Lorde Vader me deu as minhas ordens pessoalmente, — disse ela. —
Devo manter a sua nave funcionando e levá-la para onde quer que as suas
missões requeiram.
Starkiller não parecia satisfeito nem descontente.
— PROXY, — ele instruiu o droide, — prepare a Sombra Invasora para
o lançamento.
A máquina danificada tropeçou para cumprir a sua ordem, enquanto Juno
e o seu Mestre seguiram em um ritmo mais calmo.
— Lorde Vader disse a você que matou o nosso último piloto?
Juno o estudou tão de perto quanto ele obviamente a estudava. Ele estava
vestido com um uniforme de combate preto gasto que parecia ter sido
remendado muitas vezes. Os seus braços e mãos eram uma confusão de
cicatrizes:
— Não. Mas só posso presumir que ele ou ela deu a Lorde Vader um
bom motivo para fazê-lo. — Ela fez uma pausa e acrescentou: — Eu não
vou.
— Veremos. Estou cansado de treinar novos pilotos. — Os seus olhos
deslizaram por ela para onde ela estava trabalhando na Sombra Invasora.
As suas sobrancelhas se enrugaram ao ver os novos painéis que ela havia
soldado no lugar, — O que é isso? O que você fez com a minha nave?
De repente, constrangida, Juno limpou as manchas de sua bochecha.
— Tomei a liberdade de atualizar o conjunto de sensores da Sombra
Invasora. Agora você poderá espionar qualquer nave suspeita em todo o
sistema. — Ela esperou por algum sinal de aprovação, mas ele apenas
assentiu. Com o orgulho levemente ferido, ela disse: — Suponho que isso
faça parte do perfil de sua missão. Você só pode ser um dos espiões de
Darth Vader. A sua nave tem os mais incríveis escâneres de longo alcance e
um dispositivo de camuflagem...
— Você não precisa saber nada sobre as minhas missões, exceto pra onde
estou indo.
— Pra onde estamos indo?
— Pra Nar Shaddaa. Você pode lidar com isso?
— Claro, — Ela mordeu o lábio em uma resposta furiosa e passou por
ele para a rampa que levava a nave.
Na cabine, encontrou o droide mexendo nos controles de forma inepta.
— Deixe isso pra lá, — ela retrucou, — Eu vou fazer isso.
— Sim, Capitã Eclipse.
O droide recuou com uma série de rangidos e faíscas de seu diafragma
danificado. Só então se lembrou de sua estranha observação para o seu
Mestre, sobre emboscá-lo e matá-lo, e se perguntou se não deveria ter sido
mais educada.
O s motores subluz da Sombra Invasora aumentaram
com aceleração suave enquanto a sua nova piloto manipulava
habilmente os controles. O aprendiz a observava atentamente enquanto ela
trabalhava, avaliando suas qualificações, bem como as suas outras
qualidades. Dos pilotos com quem trabalhara até então, nenhum era mulher.
Ela mal tinha a idade dele e era muito bonita, mas no assento do piloto ela
era uma profissional consumada. Confiante e precisa, movia-se como se
tivesse nascido numa cabine.
Assim que teve certeza de que ele e PROXY estavam em boas mãos,
voltou a sua atenção para os detalhes de sua missão.
— PROXY, me dê o alvo.
O droide que tinha sido o seu único e contínuo companheiro durante a
maior parte de sua vida estava sentado em um banco na parte de trás da
cabine, preso com cuidado no lugar. Distorções familiares tocavam em sua
pele e feições de metal enquanto ativava os holoprojetores que o tornavam
único. A aparência de um guerreiro humano endurecido tomou forma no
assento do droide. Vestido com os familiares marrons dos odiados Jedi, ele
possuía maçãs do rosto salientes e um nariz forte e quebrado. Os seus olhos
estavam profundamente fundos e não revelavam nenhum de seus
pensamentos.
— De acordo com os registros Imperiais oficiais, — PROXY disse em
uma voz profunda e autoritária que não era nada parecida com a dele, —
Mestre Jedi Rahm Kota era um General respeitado nas Guerras Clônicas.
— As Guerras Clônicas? — Juno deu meia-volta nos controles enquanto
preparava a nave para o seu salto pelo hiperespaço. A sua expressão era tão
grave quanto a do homem sentado onde PROXY estivera. — Você está
caçando os Jedi.
O aprendiz não percebeu que ela estava prestando atenção.
— Eu levo os inimigos de Darth Vader à justiça, — ele disse a ela. — E
agora você também. — Antes que ela pudesse iniciar uma discussão
completa sobre isso, a aprendiz disse: — Continue, PROXY.
— Claro. Mestre Kota era um gênio militar, mas não acreditava que os
clones troopers estivessem aptos para a batalha. Em vez disso, contou com
um pequeno esquadrão de suas próprias tropas treinadas pessoalmente. É a
única coisa que o impediu de ser executado quando o Imperador descobriu
a conspiração dos Jedi contra a República.
Juno assentiu.
— Não haviam clones em seu esquadrão para levá-lo à justiça.
— Exatamente, Capitã Eclipse. Após a Ordem 66, ele desapareceu. Os
registros Imperiais realmente afirmam que ele está morto.
O holograma de Kota desapareceu e o PROXY voltou ao normal.
Juno ainda parecia mais interessado na missão do que em planejar o salto
no hiperespaço.
— Então, por que sair do esconderijo e atacar o Império agora?
O aprendiz estava considerando essa mesma questão.
— Kota quer ser encontrado.
— Então estamos caminhando para uma armadilha. — Ela olhou do
aprendiz para PROXY e vice-versa. — Quantos pilotos você perdeu antes
de mim?
— Sete.
— Ah, excelente. — Ela apertou um botão no complicado console da
Sombra Invasora. — As coordenadas para Nar Shaddaa estão bloqueadas.
Prepare-se para a velocidade da luz.
O aprendiz se preparou enquanto as estrelas à frente se transformavam
em listras e o conhecido túnel irreal se abria ao redor da nave. Com um
gemido bem afinado, a Sombra Invasora e os seus passageiros dispararam
pelo hiperespaço.
O PRIMEIRO DROIDE QUE ENCONTROU era uma coisa esguia com um fotorreceptor, um
manipulador, um repulsor duplo mal ajustado e fonte de energia, e muito
pouco mais. Estava puxando um cabo que se projetava de um penhasco
quase íngreme de lixo. Enquanto o seu repulsor uivava, pequenas
avalanches caíam de cima, ricocheteando em sua casca de metal e fazendo-
a ranger e balançar no ar. Assim que o viu, começou a puxar com mais
força, provocando um colapso em grande escala que o enterrou sob um
grande monte de lixo.
Pego por sua situação, o aprendiz usou a Força para empurrar o lixo para
longe, permitindo que o droide se libertasse. Dançou com considerável
desorientação no ar por um momento antes de recuperar o equilíbrio,
agarrando o cabo solto entre os escombros e zigue-zagueando pelo
desfiladeiro com firmemente agarrado em seu único manipulador, rangendo
alto enquanto avançava.
Os sucateiros, decidiu ele, provavelmente estão conectados em uma rede
ao Núcleo. Nada com que se preocupar, a menos que interferisse no
funcionamento do lixo planetário.
Rodianos eram um assunto totalmente diferente.
— Capitã Eclipse, — ele disse em seu comunicador.
— Juno aqui, — ela respondeu imediatamente.
— Os registros Imperiais têm algum relato de sucateiros Rodianos em
Raxus Prime?
— Acessando o banco de dados agora.
Enquanto ela procurava, os encontrou enxameando sobre o cadáver de
uma nave estelar que caiu diretamente em seu caminho, obviamente a
corveta que ela havia mencionado anteriormente. Do ponto de vista de uma
colina de lixo oscilante, espiou através de eletrobinóculos os alienígenas de
pele verde e a tribo de minúsculos Jawas de túnica marrom que eles
coagiram a servir, seja por subornos ou ameaças de violência. Eram dezenas
deles, com vários veículos rastreados alinhados para levar o butim. A
corveta Corelliana, com a sua marca precisa tornada indeterminada pelos
danos sofridos no acidente, estava sendo cortada para sucata, metro por
metro, com componentes delicados e, portanto, mais valiosos removidos
antes que as máquinas de corte chegassem. O aprendiz foi colocado na
mente das criaturas que se alimentavam dos corpos de baleeiros quando eles
flutuavam para o fundo de um oceano: em meses ou mesmo semanas, pode
não haver mais nada da nave, exceto a cratera que havia feito ao cair.
O aprendiz não tinha meses ou semanas na manga. Quanto mais vagava
por Raxus Prime, maiores eram as chances de ser descoberto.
A nave estelar estava diretamente entre ele e o Templo e era grande
demais para ser contornada. Isso poderia levar horas. Teria que passar pela
nave estelar ou movê-la.
Um lento sorriso surgiu em seu rosto. Por que ser tímido? Era o aprendiz
de Darth Vader e um servo do lado sombrio. Não valia a pena rastejar com
medo de levantar a cabeça.
Juno voltou com os detalhes de sua descoberta.
— Parece que você se deparou com Drexl Roosh e o seu clã. Drexl é
procurado por trinta e oito acusações de fraude, venda de material
defeituoso e comércio ilegal de escravos.
— Acho que descobrimos onde ele está conseguindo todas as suas
mercadorias.
Um dos Rodianos estava gritando com os outros no Básico,
acrescentando insultos aos Jawas para garantir.
— Mova-se mais rápido, sua escória! Os droides sucateiros estarão sobre
nós em breve. — Ele brandiu uma lâmina grande com desdém imperioso,
sem se importar com quem ela atingia. — Se vocês, oportunistas, não
fizerem esses Jawas se mexerem, vou adicionar outros dez mil créditos a
cada uma de suas cabeças! Vocês me ouviram?
Este, o aprendiz presumiu, era Drexl. O Rodiano de rosto roxo usava um
jato propulsor e armadura pesada e estava se pavoneando pra frente e pra
trás.
Ao se mover para outro ponto de observação, o aprendiz constatou que a
nave estelar ainda tinha pelo menos um motor em seu compartimento, um
hiperdrive volumoso que parecia não estar danificado. Perfeito.
Enquanto conduzia a sua pesquisa, uma briga começou entre um trio de
droides sucateiros e os Rodianos que supervisionavam o trabalho dos
Jawas. Os droides corajosamente tentaram se esgueirar para dentro da
carcaça gigante e dispararam uma saraivada de tiros de energia alertando-os
para longe. Eles responderam com choques de corrente elétrica entregues
através do solo úmido e ao longo de passarelas eletricamente condutoras.
Os Rodianos de repente tiveram uma luta em suas mãos e se esconderam
por trás de montes de restos orgânicos enquanto os Jawas corriam para se
abrigar em qualquer lugar que pudessem encontrar. O aprendiz assistiu
achando graça enquanto a escaramuça sem sentido se desenrolava.
Terminou, inevitavelmente, com três chuvas de fragmentos de droides e
outro mau cheiro adicionado ao ar.
— Seus idiotas! — Drexl gritou. — Limpem essa bagunça e voltem para
o acampamento com algo que possamos vender, ou não voltem mais!
O seu jato propulsor acendeu e o Rodiano decolou da superfície cheia de
lixo. Com um barulho estrondoso, ele acelerou em um túnel que levava
mais fundo na infraestrutura de lixo de Raxus Prime, deixando pequenos
incêndios em seu rastro superaquecido. O Núcleo anunciou algo sobre o
mau funcionamento dos droides de resgate e o enviou mais para investigar.
O aprendiz fez uma anotação mental para evitar cruzar com os droides, a
menos que fosse necessário, e começou a descer pela confusão de colinas.
O RODIANO VIGIA, AINDA NERVOSO por causa da escaramuça com os droides, mal
teve tempo de grasnar em sua língua alienígena antes que o aprendiz o
silenciasse para sempre com um rápido golpe de sua lâmina.
Ele passou apressado pelas entranhas da corveta. Uma rampa foi
adicionada para ajudar os Jawas em sua exploração e evisceração da nave.
Ele conduzia em um ângulo raso a uma pilha de níveis desmoronados que
outrora fora a seção central da tripulação. Ele correu levemente ao longo
dela, sem fazer nenhum som.
Assim que entrou, um alarme disparou, acionado não por ele, mas em
resposta a um novo influxo de droides. O efeito foi o mesmo. Cada
sucateiro Rodiano estava em alerta. O seu trabalho instantaneamente se
tornou muito mais complicado.
Um rebanho de Jawas passou correndo, guinchando, com os seus olhos
amarelos brilhantes piscando e apagando. Deixou-os ir, não tendo um
segundo a perder, e seguiu a rota mais provável para o hiperdrive. Quando
um par de Rodianos saiu de um buraco na parede à sua frente, não lhes deu
chance de erguer os seus blasters. Ele cortou um em dois enquanto o outro
caiu pra trás segurando a sua garganta.
— Você está se divertindo aí embaixo? — veio a voz de Juno pelo
comunicador.
— Estou progredindo, — disse ele quando o seu objetivo apareceu. As
turbinas do enorme hiperdrive estavam bem à frente, com a blindagem
removida em preparação para a extração em outro lugar. Condutores
descobertos e feixes de cabos serpenteavam pelas paredes ou pendiam
moles, cortados, no chão.
— Progresso em quê? — Ela perguntou a ele. — Em complicar as
coisas?
Não respondeu. O seu tom era quase insolente, mas ela tinha razão. O
tempo estava passando. A última coisa que queria era se envolver numa
disputa entre o bando de Drexl e o sistema imunológico dos droides do
Núcleo. Quanto mais cedo estivesse se movendo em direção ao seu
objetivo, melhor.
Outro Rodiano veio correndo pelo corredor atrás dele, atirando em suas
costas. Desviou os tiros com o seu sabre de luz e derrubou o teto sobre o
invasor, selando-se efetivamente na sala de acesso do hiperdrive. Não
importa. As paredes estavam fracas com a fadiga do metal. Poderia dar um
soco num instante quando terminasse.
Ajoelhado diante das turbinas, pegou um punhado de cabos com as duas
mãos e convocou a Força. A energia surgiu através dele, fazendo-o
endurecer. Relâmpagos Sith brilharam em sua pele e serpentearam pelas
paredes de metal irregulares, piso e teto. Ao longe, ouviu gritos enquanto os
muitos seres dentro da corveta destruída sofriam com os efeitos colaterais.
Ignorou-os, junto com o cheiro de fumaça subindo de seu próprio uniforme
esfarrapado.
Concentre-se, disse a si mesmo. Poder não direcionado era poder
desperdiçado. Cerrando os dentes, ele reuniu a energia e a dirigiu para baixo
em seus braços, em suas mãos. A luz azul brilhou em sua visão enquanto o
relâmpago fluía para os fios e daí para as turbinas do hiperdrive. Gemendo,
depois gritando, o enorme motor ganhou vida. Danificada, completamente
desalinhada e quase incontrolável, a turbina balançou com a força
propulsiva, depois se esforçou contra as braçadeiras que ainda a prendiam
ao chassi empenado da corveta.
O convés chutou embaixo do aprendiz. Balançou enquanto toda a
corveta se movia. Com um som terrível, começou a se mover, abrindo um
sulco brutal no lixo ao redor. Podia imaginar isso claramente em sua
imaginação e através do fluxo vibrante da Força. Quando um raio se
espalhou por ele e atingiu o motor, empurrou a corveta atingida fisicamente
para fora de seu caminho. O caminho para o Templo agora estava livre.
Quando sentiu que tinha ido longe o suficiente, relaxou a sua
concentração. Descargas menores de energia deslizaram por sua pele. Um
tanto trêmulo, se levantou e quase caiu quando o motor continuou a
funcionar, enviando a corveta para a frente, fora de seu controle.
Não esperava isso. Havia potencial residual suficiente na turbina para
mantê-la funcionando por dezenas de segundos. Tinha que sair da corveta
antes que ela o arrastasse para mais longe de seu objetivo.
Esforçando-se, abriu um buraco na lateral da nave abatida, largo o
suficiente para que um TIE fighter passasse. A parede de um desfiladeiro de
lixo estava deslizando, chovendo lixo. Com um salto suave, agarrou o cabo
pendurado e se livrou dos destroços. Ele rugiu, arrastando-se pela escória da
galáxia em sua barriga em desintegração, enviando ondas de sujeira
perturbada irradiando para fora de seu caminho.
— Você está criando uma distração, Starkiller, — gritou Juno do
comunicador, — ou tentando chamar a atenção para si mesmo?
— Escolha a resposta de sua preferência, — disse ele enquanto
balançava de cabo em cabo de volta por onde a corveta havia vindo. Jawas
dispersos em túnicas chamuscadas subiam em seus transportes para
perseguir a corveta. Ignorou-os, usou os relâmpagos Sith para explodir uma
dúzia de droides que o atacaram com garras elétricas levantadas, então
virou à esquerda onde a corveta havia descansado anteriormente para
retomar a sua abordagem da estranha paródia do Templo Jedi.
A BASE DA ESTRUTURA ESTAVA ENTERRADA sob ou parte do lixão sem fim que era a
superfície Raxus Prime. O aprendiz subiu cautelosamente até o saguão,
onde as placas de blindagem dobradas foram marteladas o mais próximo
possível do plano e soldadas em pisos aproximadamente nivelados. Tubos
de empuxo abandonados substituíam colunas de mármore. Matrizes de
sensores faziam cópias razoáveis de molduras de janelas, e paredes curvas
de tanques criavam a ilusão de tetos arqueados no alto.
O sistema primário aumentava a beleza superficial da cena lançando
feixes de luz fraca em linhas diagonais descendentes da direita para a
esquerda, nas quais partículas de poeira dançavam languidamente no ar.
Mas por baixo dela permanecia todo o fedor da podridão, e a cada passo
que dava o chão se movia e rangia. Fios e isolamento em decomposição se
projetavam das costuras. Em cada canto espreitavam pilhas de lixo que
poderiam estar apodrecendo desde a fundação do Império.
Enquanto avançava cautelosamente, sentindo a proximidade de Kazdan
Paratus, mas incerto de sua localização exata, uma das pilhas de lixo se
mexeu. Dela saiu uma máquina humanoide feita de peças de droides
descartadas que esperava encontrar em sua jornada.
A caixa craniana de um droide médico FX-8 foi aparafusada em um
corpo remendado de vários tipos de modelos de protocolo desatualizados.
Os seus membros pareciam vir de uma mistura de droides de batalha EV e
B1, com instrumentos e ferramentas que não pareceriam deslocados numa
oficina. O seu único fotorreceptor funcional brilhava em um amarelo
brilhante e furioso. O seu andar cambaleante alcançou uma velocidade
apreciável antes que cortasse a sua cabeça.
Um segundo droide feito de retalhos emergiu de uma pilha de lixo
diferente, seguido por um terceiro. O som de mais droides golems se
mexendo veio de outro lugar do Templo. O aprendiz lutou contra eles com
facilidade praticada. Duelou com PROXY toda a sua vida; conhecia os
pontos fracos e fortes dos droides, mesmo um capaz, por um uso inteligente
de tecnologias repulsoras e um sabre de luz de treinamento antigo
especialmente adaptado, de imitar um Jedi. Uns como estes, com apenas
uma parte correspondente entre eles, eram brincadeira de criança.
Logo o saguão estava cheio dos corpos fumegantes e contorcidos dos
infelizes guardiões do Templo. Começou a se cansar, não pelo esforço, mas
pelo tédio de derrubar droide após droide, sem fim aparente. Pode ter
havido milhares deles.
Desativando o seu sabre de luz, respirou fundo. Com uma poderosa
exalação de poder, explodiu todos eles, aqueles em pedaços e aqueles que
se aproximavam com dedos pontiagudos e vibro serras erguidas, para fora
das portas do saguão. Então explodiu as pilhas de lixo por trás deles.
Continuou empurrando até que uma nuvem escura se elevou sobre a
paisagem hedionda de Raxus Prime, num furacão artificial cheio de droides
golems.
Quando o saguão estava livre, o aprendiz se endireitou. Não estava mais
empurrando com a Força, mas o chão abaixo dele tremia mesmo assim. Um
som pesado e estrondoso veio do fundo do Templo e estava ficando mais
alto. Certamente atraiu a atenção de alguém agora.
Um enorme golem de sucata quebrou uma parede próxima, com
servomotores rosnando, brandindo dois dos maiores vibro machados que já
tinha visto, um em cada mão. Deu dois passos em direção a ele e piscou os
seus enormes fotorreceptores em hostilidade mal contida.
— Você se atreve a invadir o Templo Jedi? — explodiu uma voz de seu
peito blindado. — Você se atreve a desafiar os Jedi em nossa casa?
Antes que pudesse apontar a absoluta obviedade da situação, que os Jedi
eram praticamente inexistentes e que isso dificilmente constituía a sua casa,
o enorme golem se lançou até ele. Construído em torno do corpo de um
droide de trabalho pesado, ostentava vários apêndices além dos dois que
seguravam os machados. Cada um tinha uma arma diferente na ponta,
zumbindo, raspando e crepitando. O barulho que fazia ao atacar era ainda
mais assustador do que o seu aspecto.
O aprendiz se esquivou e perdeu temporariamente o equilíbrio quando o
chão cedeu sob o peso da coisa. Acendendo o seu sabre de luz, cortou um
dos apêndices e rebateu outro para o lado com um firme soco telecinético.
Recuperando o equilíbrio, enviou uma onda de raios ondulando através de
sua carapaça corroída, mas isso mal o retardou.
Um dos vibro machados deslizou sobre a sua cabeça e o outro desceu
para cortá-lo verticalmente em dois. Se jogou pra trás mal a tempo, então se
lançou pra frente para cortar qualquer coisa que parecesse um ponto fraco
antes que os machados pudessem voltar. Membros cauterizados choveram
sobre ele, agarrando-se a ele com espasmos elétricos desvanecentes. Rolou
entre as pernas parecidas com um tronco para evitar outro golpe de
machado duplo devastador. O seu sabre de luz marcou um corte profundo
nas costas do gigantesco quando se levantou.
Faíscas amarelas voaram pelo saguão. As entranhas do golem gemeram e
berraram enquanto ele se virava, tentando colocá-lo de volta em sua mira.
Braços se estenderam para ele e ele os cortou, um por um. Abaixando-se
sob as lâminas oscilantes, ele lançou raio após raio no enorme ferimento
que havia feito, enquanto o golpeava com painéis arrancados das paredes e
arremessados com toda a energia que podia reunir.
Finalmente enfraqueceu. Inclinando-se pesadamente para o lado
esquerdo e perdendo um de seus eixos, ele cambaleou pesadamente pra trás
pelo saguão. Ambos os seus fotorreceptores estavam escuros; faíscas saíam
num fluxo constante de um buraco na parte de trás de sua cabeça. Embora
lutando cegamente e mal possuindo qualquer controle sobre os seus
motivadores primários, ele ainda tentou matá-lo. Os servomotores
barulhentos mantinham o único machado restante movendo-se pra frente e
pra trás, como se pudesse tropeçar nele por acidente. Um pé pesado bateu
no chão em uma vã tentativa de desequilibrá-lo. Tudo o que conseguiu foi
enredar-se no lixo e balançar perigosamente perto de tombar.
O aprendiz aproveitou para finalizar. Mais uma vez ele empurrou com
todo o poder da Força, arrancando o seu corpo de sua perna emaranhada e
arremessando-o contra a parede oposta. Seguiu-o, apenas no caso de ainda
haver alguma luta nele. Caminhando com confiança através do rasgo aberto
na parede do saguão, se viu em um lugar que pensou nunca entrar, mesmo
em uma forma bizarramente recriada como esta.
No coração do lixo do Templo Jedi havia uma Câmara do Alto Conselho,
completa com manequins de antigos Mestres Jedi. O aprendiz sabia todos
os seus nomes; eles foram fundidos em seu cérebro, aqueles inimigos que o
Imperador havia derrotado durante os dias finais das Guerras Clônicas.
Sentavam-se em tronos, banquinhos ou cadeiras comuns, conforme o gosto
ou a forma biológica exigiam. Os seus olhos mortos o encaravam enquanto
perseguia o golem caído.
O golem havia desabado no centro da saguão circular, soltando fumaça e
vapor de suas juntas. Um vento fétido entrava pelas janelas estilhaçadas
com vista para vistas infinitas de resíduos, fazendo um leve som de gemido.
O aprendiz manteve um estado de extrema concentração. Kazdan Paratus
ainda não havia feito a sua jogada. Estaria pronto para o Jedi fugitivo
quando o atacasse.
Então aconteceu uma coisa estranha. O peso morto do droide golem
mudou ligeiramente. Um silvo veio de uma costura em sua frente. Com um
gemido, a sua blindagem se abriu. Quatro longos braços de aranha
emergiram, encimados por manipuladores recuperados de quatro droides
muito diferentes. Os manipuladores agarraram o corpo do golem morto e
puxaram uma pequena figura cinza para a luz.
— Kazdan Paratus, — disse o aprendiz, — Afinal.
O ser minúsculo olhou pra ele com olhos paranoicos e penetrantes. Um
membro da espécie Aleena, ele era baixo e de crânio grande, com olhos
brilhantes e dedos longos e ágeis. O arnês que o prendia aos estranhos
braços mecânicos permitia que ele se movesse livremente com o seu sabre
de luz, uma lança de lâmina dupla com uma lâmina significativamente mais
longa que a outra. Ele o ergueu quando a função dos membros mudou de
braços para pernas e o ergueu até a altura humana total.
— Sith lixo, — ele sibilou numa voz aguda, mas cheia de desprezo. —
Não se preocupem, Mestres. Eu vou lhes defender!
O aprendiz não sabia com quem estava falando até que um clamor se
ergueu dos manequins sentados e, como um só, o lixo do Conselho Jedi
acordou.
Paratus investiu enquanto o aprendiz estava momentaneamente distraído.
A lança deixou um corte raso em seu antebraço esquerdo antes que pudesse
repelir o ataque da estranha criatura. Parte carne e parte máquina, o Mestre
Jedi renegado era proficiente com a Força, e rápido com ela também. Cada
golpe que o aprendiz tentava desferir era instantaneamente bloqueado por
uma das pontas da lança rodopiante. Tão rápido quanto avançava ou
recuava, as pernas mecânicas o ultrapassavam. Paratus pulou pela câmara
dilapidada como uma aranha saltadora enlouquecida.
Fora de sua concha droide golem, no entanto, Paratus era mais
vulnerável ao raio Sith. O que ele não conseguiu absorver na sucata o
queimou e o deixou se contorcendo de dor. O aprendiz disparou raio após
raio na minúscula figura. Quase parecia que a luta terminaria antes mesmo
de começar.
Então algo o atingiu por trás, quebrando a sua concentração e arrancando
o sabre de luz de sua mão. Se virou, esquivando-se de membros robóticos e
um golpe repentino do pique de luz. O manequim de Plo Koon se levantou
de sua cadeira e o atacou, segurando uma vibro lâmina em uma
aproximação grosseira do renomado estilo de sabre de luz do Mestre Jedi
morto há muito tempo. O Caminho do Dragão Krayt, já foi chamado.
Parecia ridículo agora nas mãos de um droide feito de fragmentos.
Ainda assim, isso o pegou de surpresa. O aprendiz reconheceu a jogada
antes de explodir o manequim em pedaços e pegar o seu sabre de luz caído.
O cabo chegou em sua mão bem a tempo de desviar outro golpe de Paratus,
totalmente recuperado das ondas de raios Sith que ele acabara de suportar.
Desta vez, o aprendiz estava pronto para os ataques por trás. Um de cada
vez, ou ocasionalmente em pares, os manequins se moveram para distraí-lo.
Mace Windu e Coleman Kcaj ele desmembrou. Kit Fisto ele derreteu.
Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi ele esmagou e jogou pela janela. Ki-
Adi-Mundi ele explodiu com um raio antes de fazer o mesmo com Saesee
Tiin, Agen Kolar e Shaak Ti. Stass Allie ele decapitou com um único golpe
de seu sabre de luz. Yoda ele pegou com a Força e usou como um míssil
para atingir Paratus através de seus membros artificiais.
Kazdan Paratus gemeu quando cada Mestre de sucata caiu, lamentando-
os como se estivessem realmente vivos. Quando o último caiu, ele estava
realmente chorando.
O aprendiz estendeu a mão e pegou o Jedi Aleena em um aperto forte da
Força. Os braços artificiais de Paratus desmoronaram, incapaz de resistir ao
seu poder. Erguendo o diminuto alienígena no ar, o aprendiz balançou o seu
cativo de um lado para o outro, esmagando-o contra os caixilhos das janelas
e o telhado até que os escombros chovessem sobre ambos. Desviou o pior
de si mesmo e guardou o dano para Paratus. Logo o Jedi idoso estava muito
fraco para lutar, mas o aprendiz continuou a espancá-lo. Se lembrou do que
aconteceu com Rahm Kota no final. De onde quer que viesse aquela
estranha alucinação, não permitiria uma repetição.
Finalmente, a força do Mestre Jedi foi gasta. O aprendiz deixou-o cair no
chão, onde foi imobilizado por uma avalanche de lixo que caiu do teto.
Claramente morrendo, ele deitou de bruços e fechou os olhos.
— Sinto muito, meus Mestres, — lamentou. — Eu falhei com vocês.
Com essas palavras, ele expirou.
Por um momento o aprendiz sentiu pena. Mas engoliu rapidamente.
Indubitavelmente louco, Paratus ainda era um Jedi. A sua liberdade havia
chegado ao fim, junto com a sua vida.
Então uma auréola de energia brilhante da Força se ergueu do corpo do
Jedi e se espalhou ao redor do aprendiz. Brilhante, cintilante, desapareceu
com uma corrida silenciosa nas paredes da estrutura de sucata.
O aprendiz se afastou do corpo, nervoso e pronto para qualquer coisa.
Mas isso parecia ser o fim.
Levantou o seu comunicador.
— Juno, acabei aqui.
— Eu tenho um bloqueio em sua localização, Starkiller. Estou a
caminho.
O zumbido dos motores da nave estelar era alto quando ele refez seus
passos pelo saguão e saiu para a superfície do mundo do lixo. A Sombra
Invasora desceu suavemente do céu. Pegando a rampa com segurança,
recuou agradecido pra dentro.
À MEDIDA QUE SE APROXIMAVAM DA ÓRBITA, observou o Templo recuar pra trás até que
o contorno de sua ridícula grandeza mal pudesse ser discernido entre as
colinas de lixo ao redor. Poderia ter derrubado o ridículo castelo de
brinquedo ao redor das orelhas de Kazdan com um empurrão da Força. Se
ao menos tivesse sido tão fácil para o seu Mestre apagar os Jedi da galáxia.
Anos depois do Expurgo, aqui continuou esse grande trabalho. Talvez
terminasse durante a sua vida. Talvez já tivesse matado o último dos Jedi
restantes. Talvez agora o seu Mestre o considerasse verdadeiramente digno.
Retirou-se para sua câmara de meditação sombria para cuidar de seus
ferimentos e restaurar as suas forças. Em vez de meditar, no entanto,
dedicou uma hora para consertar a lança de luz de Kazdan Paratus,
quebrada em duas quando agarrou o minúsculo Mestre Jedi com tanta força.
Tentando consertar, pelo menos. Por mais meticuloso que trabalhasse, não
conseguia realinhar os cristais de foco com o conjunto da lente. Também
não poderia fazer a matriz do emissor se conectar ao conduíte de energia.
Como tudo em Raxus Prime, a lança se tornou um lixo sem valor.
Ou, disse a si mesmo, havia algo atrapalhando a sua concentração.
É a minha nova piloto? ele se perguntou. Ela era rápida e eficiente, como
deveria ser, mas também se esforçava para parecer despreocupada, e isso
estava tendo um efeito sobre si que não havia previsto. Elogiou o seu bom
trabalho depois de Nar Shaddaa e ficou feliz por estar a bordo depois de
acabar com Kazdan Paratus. Aprovação e satisfação não eram encorajados
pelos seguidores do lado sombrio. O Imperador o ajudou se eles estivessem
desenvolvendo uma ligação.
Lidaria com as suas novas emoções como havia lidado com outros
desafios que enfrentara. Ao mesmo tempo, a observaria de perto. As
relações não eram coisas unilaterais. Se os seus sentimentos de ligação se
tornassem mais fortes e ela não pudesse manter a sua sociabilidade sob
controle, teria que agir.
Enquanto ponderava que forma aquela ação poderia tomar, o som de uma
respiração pesada surgiu atrás dele. Os pedaços da lança de luz se
desfizeram e se espalharam pelo chão. O aprendiz sentiu mais do que viu
uma sombra mais escura entrar na câmara. Olhou pra cima com expectativa.
Não havia rosto visível na silhueta do Lorde Sombrio, mas isso nunca
fez diferença.
— Kazdan Paratus está morto, Mestre.
A cabeça abobadada, mais negra que a noite, assentiu.
— Então há apenas mais um teste antes que você possa cumprir o seu
destino.
Mais um. Haveria sempre mais um?
— Mestre, estou pronto agora.
— Você derrotou um velho cansado e um pária. — A raiva estalou como
um chicote na voz vocalizada de Darth Vader. — Você não estará pronto
para enfrentar o Imperador até que tenha enfrentado um verdadeiro Mestre
Jedi.
O aprendiz endireitou o maxilar, pensando nas imitações patéticas que
havia enfrentado no Templo de sucata.
— Quem?
— Mestra Shaak Ti, uma dos últimos membros do Conselho Jedi. —
Havia um respeito relutante na voz de seu Mestre, misturado com desprezo
nu. — Ela está treinando um exército em Felucia. Você precisará de todo o
poder do lado sombrio para derrotá-la. Não me desaponte.
— Não, Lorde Vader. Eu não vou.
A sombra vestida se dissolveu em estática. O holograma caiu, revelando
o corpo magro de PROXY por baixo. O droide estremeceu, e o aprendiz
estava instantaneamente ao seu lado para firmá-lo.
Juntos, os dois deixaram a câmara de meditação para dar a Juno a notícia
de sua terceira e mais mortal missão.
C omo uma adolescente sábia Juno tinha imaginado a sua vida futura
como piloto, cruzando o tráfego pesado das rotas aéreas de
Coruscant, transportando importantes dignitários de e para reuniões,
soprando insurgentes do céu com pulsos únicos e certeiros de seu canhão de
laser.
Percorrer a Orla Exterior com o mal-humorado emissário de Darth Vader
e o seu droide disfuncional não estava no topo de sua lista de desejos.
Nenhum dos dois estava bombardeando planetas indefesos ou sendo
rejeitado por seu pai...
Engraçado como a vida acabou.
O mundo verde azulado de Felucia pairava sobre um vasto e vazio pano
de fundo quando emergiram do hiperespaço. Preencheu a visão frontal
quando ativou a unidade subluz e aparou o seu vetor de aproximação.
Quando tudo estava em ordem, desligou os motores e deixou a nave
deslizar silenciosamente pelo poço de gravidade do planeta. Este não era o
ambiente inundado de comunicações de Raxus Prime e Nar Shaddaa. Se
chegassem muito rápidos, brilhariam como um cometa para quem olhasse.
— Felucia ao nosso alcance, — ela anunciou. PROXY ocupou a cadeira
do copiloto, monitorando o suporte de vida e as comunicações. Starkiller
estava atrás deles com os braços cruzados sobre o peito e o rosto coberto
por um capuz que havia colocado depois de deixar Raxus Prime. Mal disse
uma palavra durante a longa viagem, falando apenas para dar ordens e
evitando todas as tentativas dela de provocar conversa. Sentiu-se um pouco
magoada com isso, pensou que estava quebrando a sua imagem forte, mas
silenciosa e vislumbrando o homem por baixo, mas ela manteve uma
atitude profissional. Isso era tudo que o seu trabalho exigia.
— Leituras? — ele perguntou.
— Sem grandes assentamentos, — ela disse, olhando para o quadro de
PROXY, — mas os sinais de vida estão sobrecarregando os escâneres. O
planeta está completamente coberto de vegetação. Não tenho ideia de onde
devemos pousar.
— Eu vou te dizer.
Os pequenos cabelos na parte de trás de seu pescoço se levantaram.
Esticou o pescoço para ver o que ele estava fazendo e viu apenas que ele
havia fechado os olhos. Mas algo definitivamente estava acontecendo. O ar
parecia engrossar ao seu redor, como se um redemoinho estivesse se
formando. As cavidades em suas bochechas ficaram mais profundas,
enfatizando os seus cílios e a sensualidade de sua boca. A sua frequência
cardíaca acelerou ligeiramente.
Respirou fundo e voltou para os seus controles. Isso não era da conta
dela. Naves e máquinas eram sua área, não as estranhas habilidades de
Darth Vader e a sua turma. Apesar de toda a sua curiosidade inata, às vezes
era perigoso saber demais. Tinha que permanecer distante e desinteressada.
Só faça o seu trabalho, Juno Eclipse.
Starkiller se mexeu e se inclinou pra frente para apontar para um mapa
exibido no console perto dela.
— Lá, no equador.
— O que há, exatamente?
Ele exalou. Sentiu o calor de sua respiração em sua bochecha.
— Deixe isso comigo. Envolva a camuflagem e leve-nos para baixo.
Ela assentiu, esperando que ele não notasse o rubor lento se espalhando
por seu pescoço, e acelerou.
DESLIZANDO SOBRE COLINAS VERDES perto das coordenadas que Kota lhe deu, trouxe
a nave pra baixo e por tempo suficiente para Starkiller pular no dossel da
floresta e descer uma árvore de tronco largo. Não parou para olhar pra trás,
esperando apenas até que a voz dele no comunicador assegurasse que ele
estava seguro. Então estava voando com a nave de volta ao espaço, onde
nenhum rastro confuso ou vigias poderiam trair a sua presença. PROXY
voltou para a câmara de meditação, talvez para praticar a sua representação
de Kota em particular.
Levou meia hora para traçar uma órbita que manteria a nave bem fora do
alcance dos sensores Imperiais. Quando ela terminou, ela olhou por cima do
ombro. O General havia caído em seu assento com os braços cruzados e o
queixo apoiado firmemente no peito. A sua pele estava pálida e tensa. As
suas órbitas estavam afundadas sob as bandagens.
— Fique acordado, General, — disse ela.
— Se realmente não há nada para beber nesta nave, — disse Kota com
um sotaque mal-humorado, — prefiro que você me deixe voltar a dormir.
— O nosso amigo lá embaixo pode precisar de sua ajuda.
— Seu amigo, não meu. — Os lábios de Kota franziram, — Eu nem sei
quem ele é, ou como vocês dois chegaram a possuir uma nave como esta.
Pensou rapidamente. Então o General ouviu o seu comentário sobre os
pilotos anteriores de Starkiller. Ele certamente estava trazendo isso à tona
agora para provocá-la. A opção óbvia era ignorá-lo, mas isso só aumentaria
ainda mais suas suspeitas. Tinha que dizer algo a ele, desde que não fosse a
verdade. Ou pelo menos toda a verdade.
— Nós a roubamos, — disse ela.
— De quem?
— Você não precisa saber.
— Posso adivinhar. Pilotei algumas naves com dispositivos de
camuflagem ao longo dos anos, mas não consigo identificar o som do
hiperdrive desta. É algo novo, provavelmente militar. — Pela rabugice que
ele usava como a sua própria capa disfarçada, podia dizer que ele a estava
testando. — Nosso inimigo em comum, talvez.
Não disse nada. Ele era um Jedi. Se revelasse demais, ele poderia
combinar a Sombra Invasora com a nave em que o assassino de Darth
Vader havia chegado à fábrica de TIE fighters, e isso seria o fim de tudo.
Ele riu baixo em sua garganta, então deu uma tossida longa e forte.
— Não se preocupe, Juno, — ele disse quando a sua voz voltou. —
Dificilmente vou denunciá-los.
— Eu não achei...
— Vocês são fugitivos, assim como eu. Vocês não tem nada a perder.
Só os nossos futuros, ela pensou. As nossas fichas estão limpas.
Poderíamos começar tudo de novo, se quiséssemos.
O seu rosto parecia envelhecer visivelmente. Perguntou-se se ele estava
pensando em todos os amigos e entes queridos que havia perdido ao longo
dos anos, não apenas para a Ordem 66, mas também durante a sua
subsequente insurgência. E a sua visão também. Ele ainda não havia lhe
contado como ficara cego, e nunca havia perguntado. Imaginou que poderia
adivinhar, e que ele nunca iria querer falar sobre isso, com ela ou com
qualquer pessoa.
Ele se levantou com um grunhido.
— Se você não me dá paz e sossego, — disse ele, — vou dormir no
porão de carga.
— Faça isso, General, — disse ela, aliviada por o momento ter acabado e
sem saber exatamente o que havia acontecido entre eles. — Vou ver se
descubro para que serve esse skyhook.
Ele deu um tapinha no ombro dela com desdém e saiu arrastando os pés
da cabine, abrindo caminho tateando o interior rígido da nave.
Juno verificou os instrumentos para se certificar de que ainda estavam
voando corretamente. Starkiller ainda não tinha ligado. Ela se perguntou se
isso era um bom sinal ou o pior imaginável...
C om um impulso desesperado do seu sabre de luz, o
aprendiz matou a última das aranhas gigantes que o emboscaram nos
níveis mais baixos da floresta. Criaturas horríveis com corpos gordos e
pigmentados de vermelho e a tenacidade além de qualquer razão, quase se
perguntou se elas viam a sua fuga potencial como uma afronta pessoal e
também como almoço perdido, elas o rastrearam por mais de um
quilômetro antes de finalmente lançar a sua armadilha. Mal começou a se
perguntar sobre a escassez de perigosos habitantes da vegetação rasteira de
Kashyyyk em sua vizinhança, cinco das tecedeiras gigantes de repente
convergiram até ele de uma só vez, balançando em grossos fios de teia com
mandíbulas levantadas e pingando veneno. Mal havia sobrevivido à
emboscada.
Mais sábio agora, e salpicado de espesso icor verde, trocou a vegetação
rasteira pelos níveis superiores da floresta. Estava demorando muito para se
aproximar das coordenadas que Kota lhe dera. Saltando de galho em galho,
subiu duzentos metros antes que a luz começasse a aumentar
consideravelmente. Tal era a escuridão perpétua abaixo que sentiu como se
estivesse subindo das profundezas da água.
Kota não lhe disse o que havia nas coordenadas, e não havia enviado a
Sombra Invasora para descobrir. Queria aprender por si mesmo, testar a
memória, a confiabilidade e a palavra do velho General.
Assim que teve certeza de que estava fora do território das aranhas
mortais, tomou uma direção mais nivelada, embora ainda ligeiramente
inclinada pra cima. A copa da floresta se estendia pelo menos mais meio
quilômetro acima dele, consistindo nos galhos de árvores poderosas
sobrepostas umas às outras para apoio e carregando muitos milhares de
espécies em seus amplos terraços. Os reinos animal, vegetal e até mineral
floresciam em todos os lugares que ele olhava. Os pássaros voavam em
bandos complexos em torno de áreas de nidificação como pequenas
cidades. Insetos rastejavam e enxameavam em fendas seiva na casca. Solo
de matéria vegetal em decomposição e poeira transportada pelo ar se
acumulavam nas juntas entre galhos e troncos, criando oásis para plantas
folhosas e vinhas espalhadas. O ar fresco estava cheio de sons de animais e
farfalhar de folhas.
Era muito diferente de Felucia, onde tudo parecia inchado com a
umidade e a Força, sempre à beira de estourar. Aqui a vida era dura e afiada
como uma faca. Virar as costas era muito, muito perigoso.
De volta a um domínio relativamente seguro, saltando ou balançando em
trepadeiras de galho em galho, o aprendiz foi capaz de retomar o
pensamento sobre o que tinha visto de órbita.
Um skyhook.
Surpreendente o suficiente por si só. Apenas um punhado existia na
galáxia, e a maioria deles estava em Coruscant. Mas não foi isso que o
impressionou.
Quando a Sombra Invasora desceu à superfície do mundo, viu o skyhook
de um ângulo diferente. Pegando os últimos raios do sol, parecia uma linha
de fogo alcançando o céu...
...até um ponto em órbita baixa onde um aglomerado de pequenas luzes
se reunia.
Já tinha tido aquela visão antes, do skyhook sobre Kashyyyk. Chegou a
ele enquanto estava inconsciente no laboratório secreto de Darth Vader,
passando por uma cirurgia para os terríveis ferimentos que o seu Mestre
havia infligido. Pensou que essas visões não passavam de sonhos, fantasias
sem sentido lançadas por seu subconsciente enquanto o seu corpo estava
sob coação.
Eles poderiam de fato ter sido vislumbres de seu futuro?
Não sabia. Certamente nunca havia alcançado a previsão antes, não por
meio da meditação ou de qualquer outra provação que mesmo havia feito,
mas isso não a descartava. Estava suspenso entre a vida e a morte por
meses. Quem sabia que dificuldades havia enfrentado no caminho de volta
à sobrevivência? Seria tolice descartar essa possibilidade, pois as visões
poderiam conter informações que poderiam ajudá-lo nessa jornada
específica e em outras.
Lutou para recordar mais detalhes da visão, mas achou difícil. As suas
memórias estavam confusas. Algo sobre o cheiro de carne crua e Darth
Vader falando sobre alguém que havia morrido. A sugestão de mais era
tentadora, mas inútil por si só. Precisava de algo tangível ou então isso só
iria distraí-lo.
Na visão, a visão do skyhook parecia vir de uma perspectiva no nível do
solo. Não poderia haver muitos lugares oferecendo isso em Kashyyyk. E
havia mais alguém com ele. Uma jovem mulher. Juno, talvez?
Franziu a testa, sentindo que estava se desviando da verdade da visão,
seja lá o que fosse. Não era Juno. Alguém. Alguém desconhecido.
Amigo ou inimigo?
A visão estava esgotada, e também por tentar extrair mais dela. Sentia-se
sobrecarregado desde que chegara a Kashyyyk. Havia algo no ar do lugar,
nas árvores, na cor do sol, e isso o incomodava. Se a fonte não era a visão,
então o que poderia ser?
Abandonou a tentativa e se concentrou apenas em transpor as bordas
superiores da floresta.
Ao se aproximar das coordenadas que Kota lhe dera, o som da indústria
se elevou sobre o ambiente natural de Kashyyyk.
O primeiro a chegar aos seus ouvidos foi o som de uma nave decolando.
O seu gemido plano e metálico aumentou, quase ao nível de ser doloroso,
então desapareceu para o oeste. Pássaros irromperam das árvores ao seu
redor, acrescentando o seu próprio clamor ao resultado. Quando eles se
acomodaram, ouviu o barulho dos Transportes Balmorranos de Batedores
para Todo o Tipo de Terrenos. As máquinas bípedes de aparência
desajeitada conquistaram a antipatia interminável do aprendiz em Duro,
para onde Darth Vader o enviara para derrubar um déspota local que havia
crescido demais para as suas botas Imperiais. As máquinas eram pesadas e
sem graça, mas problemáticas em mãos proficientes. Esperava poder ficar
fora de suas miras enquanto estivesse em Kashyyyk.
Landspeeders zumbindo, vibro serras zumbindo e o zumbido de um
gerador chegaram até ele quando se aproximou de sua fonte coletiva. Ficou
momentaneamente confuso sobre como um assentamento tão grande
encontrou um ponto de apoio seguro na floresta perigosa. A resposta lhe
veio em pouco tempo.
A floresta acabou como se uma faca tivesse sido esculpida nela e as
árvores de um lado raspadas. Pela primeira vez em milênios, a terra crua e
cicatrizada estava exposta ao sol nu, cheia de raízes mortas e misturada
liberalmente com lascas de madeira angulosas. O terreno descia em um
grande vale até o leito de um rio sufocado, depois se inclinava novamente
para um cume que teria parecido proeminente em qualquer outro mundo,
mas que permanecia diminuído pelas árvores que se amontoavam
ressentidamente em torno da área desmatada. No cume do outro lado do
vale havia uma pousada, claramente a casa de alguém importante, servindo
como base Imperial, repleta de posições de armas e antenas parabólicas,
plantado acima da floresta com uma plataforma de pouso de transporte de
um lado.
De onde estava agachado, podia ver vários degraus que levavam à
entrada principal. Um único transporte descansava na plataforma, com os
seus braços dobrados recatadamente pra cima sobre o seu corpo. AT-STs
desfilavam lá embaixo com um ar de ferro inexpugnável, sombreados por
droides de todas as formas e tamanhos. Stormtroopers patrulhavam o
perímetro do alojamento com rifles blaster prontos, alguns reunindo
Wookiees em três ou quatro grupos. Os nativos altos e peludos do planeta
pareciam estar usando algemas, embora fosse difícil entender o motivo a
uma distância tão longa.
O aprendiz observou tudo isso de um alto ponto de vista na orla da
floresta, agachado em um galho fino como um macaco lagarto Kowakiano.
Não havia nenhum caminho óbvio para o alojamento que ele pudesse ver.
Talvez com um pouco mais de informação, pudesse bolar algum tipo de
plano.
Lá de baixo veio o estalo metálico do vocalizador de um stormtrooper.
Exatamente o que precisava.
Caindo com aparente ausência de peso pelos galhos, pousou entre os
membros de uma patrulha de dois homens. Antes que qualquer um deles
pudesse soar o alarme, ele ergueu a mão esquerda e ordenou que um deles
dormisse. Enquanto aquele soldado caía suavemente no chão, o segundo
caiu sob a influência de um truque mental diferente.
— Você não está alarmado, — ele disse ao oficial. — Tenho autorização
para estar aqui. Na verdade, você estava me esperando.
O homem do capacete branco anônimo assentiu. Está tudo em ordem,
senhor. Mas não posso explicar o que deu em Britt aqui... Ele chutou o seu
companheiro inconsciente com uma bota branca.
— Britt não é problema seu. Você quer apenas me ajudar.
— Sim senhor. Estou a sua disposição. Como posso ajudá-lo?
O capacete branco tombou inquisitivamente para o lado, e o aprendiz
agradeceu pelas mentes pequenas da maioria dos stormtroopers.
— Diga-me quem está no comando aqui.
— Capitão Sturn, senhor.
— E onde eu o encontraria?
— Na cabana com o hóspede, senhor, se ele não estiver caçando.
— Quem é o convidado?
— Eu não sei, senhor, mas estamos sob ordens estritas de mantê-lo fora
de perigo. Esses Wookiees são brutos irracionais.
O aprendiz ignorou o insulto especista.
— Esta pessoa é um hóspede ou um refém?
— Não sei, senhor.
— Você pode me mostrar os quartos de hóspedes?
— Não estou autorizado para essa área, senhor. — Novamente o
capacete se inclinou. — Por que você não faz essas perguntas ao capitão
Sturn?
O seu controle sobre a mente do stormtrooper estava diminuindo. Antes
que pudesse cair completamente, o aprendiz perguntou a ele sobre os
Wookiees.
— O que estamos fazendo com eles, senhor? Ora, dando a eles o que eles
merecem. Animais imundos e estúpidos. Ei, você não é um desses tipos
simpatizantes, é? Um deles rasgou o meu líder de pelotão membro por
membro, bem na minha frente. Eu mataria todos eles, como o capitão
Sturn...
— Chega, — Acenou com as mãos no rosto do stormtrooper e deu um
passo pra trás para evitar o seu colapso. Deixando o par onde estavam, se
dissolveu nas sombras da vegetação rasteira e começou a circular a enorme
clareira. O alojamento em seu coração foi construído resistente, sem pontos
fracos óbvios. O outro lado projetava-se sobre o cume, na floresta virgem.
Não queria se envolver em outra emboscada de tecelão se pudesse evitar.
De qualquer forma, seria necessário um exército para entrar lá, ou poder de
fogo acima e além de qualquer coisa que ele tivesse à mão, a menos que ele
roubasse algumas das granadas de concussão dos Imperiais ou colocasse a
mão em um canhão blaster...
Um lento sorriso surgiu em seu rosto. Não precisava de nada disso. Tinha
o lado sombrio da Força ao seu lado. Voltando para as árvores, partiu para
encontrar o melhor lugar possível para lançar um ataque.
Apenas uma vez, quando o cheiro de um combustível distante atingiu as
suas narinas, a estranha sensação de desorientação o atingiu novamente.
Colocou isso firmemente fora de sua mente. Dezenas de stormtroopers
estavam em seu futuro imediato, e todos eles estariam ansiosos para mantê-
lo longe de seu objetivo. Ele lhes daria motivos para reconsiderar.
D entro de meia hora depois de hackear no computador
central Imperial local, Juno teve exatamente meia resposta.
O objetivo do skyhook era transportar os escravos Wookiee da superfície
de Kashyyyk para a órbita baixa, de onde seriam levados para outro lugar.
Para onde deveriam ser levados, no entanto, estava escondido por um
nível de segurança mais profundo do que poderia penetrar. E a questão do
porquê era completamente obscurecida. Após aquela meia hora produtiva,
houve uma pesquisa frustrante em todos os registros disponíveis,
procurando por qualquer tipo de pista, mas não encontrando nenhuma.
Estava tão no escuro nesse ponto quanto no começo.
Soube que o próprio Darth Vader havia visitado o planeta anos antes,
mas isso parecia ser um assunto completamente diferente.
Inclinando-se pra trás em seu assento, passou os dedos pelos cabelos e se
espreguiçou. Starkiller estava ocupado em solo. Kota estava de volta ao
porão. PROXY ainda estava se divertindo. Acabara de lhe ocorrer que, no
momento, estava completamente sozinha.
Inclinando-se para a frente novamente, os seus dedos começaram a bater
nas teclas. Certos registros Imperiais foram duplicados por toda a galáxia.
Eles vieram com todas as forças invasoras, atualizando as redes locais e
mantendo-se atualizados baixando novas informações das naves capitais
que passavam. Assim, a administração do Império se manteve consistente
em muitos milhares de mundos habitados, pois de que outra forma os
governadores distantes saberiam sobre novas leis e nomeações, ou
criminosos procurados que poderiam cruzar as suas fronteiras?
Os dados da Academia Imperial faziam parte desse descarregamento
automático. Criptografado, é claro, mas Juno conhecia as chaves de cor.
Disse a si mesma que estava apenas curiosa. Callos tinha sido há menos de
um ano. Não ouviu nada sobre os seus antigos amigos e colegas durante
todo esse tempo. Seria desumano não questionar...
O Esquadrão Oito Negro era uma unidade de elite com reputação de
disciplina e crueldade. Do lado de fora, podia ver como a sua composição
foi cuidadosamente mantida por Darth Vader para garantir que ambas as
qualidades permanecessem imaculadas. A liderança e os pilotos
frequentemente eram trocados, um fato obscurecido pelo ar de mística que
cercava o esquadrão. Os de dentro nunca falavam sobre os seus
companheiros de ala ou missões; os de fora nunca especularam. Eles
fizeram o trabalho. Isso era tudo o que importava.
Tinha orgulho de voar como líder de esquadrão, mas o seu tempo no
comando foi breve. Isso, aprendeu, era normal. O seu antecessor, com quem
havia voado apenas duas vezes, durou um pouco mais do que ela. O seu
antecessor durou apenas um único mês antes de ser transferido por Darth
Vader para uma posição que não conseguiu rastrear. Ambos os pilotos
foram listados como mortos.
Perguntou-se se algum deles tinha voado para Starkiller.
Afastando-se dessa infrutífera linha de especulação, investigou as
carreiras dos pilotos com quem havia voado. Um terço deles ainda estava
no esquadrão. Um terço estava morto, morto em ação, presumiu, embora
apenas a metade estivesse listada como tal. O restante foi promovido.
Lendo a lista de avanços, se irritou. Um piloto com o indicativo de
chamada Redline foi promovido a chefe de esquadrão em sua ausência.
Redline era, em sua experiência, o ser mais frio, cruel e menos atencioso
com quem já havia voado. Tinha sérias preocupações sobre a sua saúde
mental, descrevendo-o em seus registros de vôo como psicopata e
constantemente penalizando-o por usar força excessiva. Ele era um dos três
subordinados a ela que reclamaram da retirada de Callos. O esquadrão
deveria ter ficado, eles argumentaram, e terminado o trabalho.
O mundo havia morrido. Não conseguia ver o que faltava para terminar.
E agora aqui estava ele, comandando o esquadrão de TIE fighters mais
temido de todo o Império.
Podia ver como isso se encaixava na visão distorcida da galáxia de Darth
Vader. O que havia considerado uma unidade unida, quase uma família,
agora sabia que era totalmente disfuncional, o produto de uma tirania
impulsionada pelo medo e pela ganância. Se tivesse ficado com o Oito
Negro, teria sido forçada a cometer atrocidades como Callos repetidas
vezes, como Redline sem dúvida estava fazendo agora, ou teria resistido e
sido alvejada por desobedecer ordens.
Entendia, mas isso não significava que gostava, nem um pouco. Outros
pilotos promissores foram completamente desprezados. O substituto que ela
havia recomendado, Chaser, ainda estava voando em quarto lugar. E
Youngster, o piloto que a seguira até o esquadrão, um graduado alegre que
ela tinha certeza de que a perseguiria rapidamente nas fileiras dos oficiais
alistados, era...
Levou quinze minutos para descobrir o que havia acontecido com ele.
Ele havia deixado o esquadrão, vivo, aparentemente, um dos poucos
transferidos enquanto ainda era capaz de voar, mas a partir daí o seu
progresso era difícil de acompanhar. Ele havia sofrido uma mudança de
opinião, ao que parecia, mas não grande o suficiente para resultar em
execução. Ele voou em transportes por um tempo e depois voltou ao serviço
ativo como sentinela em canteiros de obras Imperiais. Ele tinha visto
combate em vários pontos críticos, mas nada de especial. A sua última
postagem...
Juno olhou para a resposta por um minuto antes de aceitar que poderia
ser verdade. Youngster estava estacionado em Kashyyyk.
Uma terrível mistura de desejo e medo a invadiu. Com um toque de um
botão, poderia abrir um canal de comunicação e saudar o seu antigo
companheiro de esquadrão. A sua voz familiar enchia a cabine e por um
momento, apenas um minuto ou dois, podia sentir como se pertencesse
novamente. Poderia voltar no tempo e esquecer as traições e o futuro
incerto que se estendia à sua frente. Poderia ser uma talentosa piloto
Imperial novamente, segura de que nada poderia mudar isso.
Um interruptor. Nem precisava dizer quem era. Eles poderiam dar um
aperto de mão verbalmente e isso seria o suficiente. Que mal isso faria?
Estremeceu. As suas mãos estavam apertadas no colo e as manteve lá
para que não a traíssem.
Não podia voltar, nem por um minuto. Chamar um esquadrão Imperial
enquanto Starkiller estava no chão arriscava explodir tudo. Nada valia isso.
Nem mesmo falando com alguém que já havia chamado de aliado e agora
considerava o seu inimigo, provavelmente. Se ele soubesse que ainda
existia...
As suas mãos trêmulas retornaram ao teclado. Lentamente, digitou o seu
próprio nome.
Os seus arquivos não eram mais restritos. Na verdade, eles surgiram
imediatamente. Leu o resumo de sua carreira como se fosse o seu próprio
obituário. Em um sentido muito real, era exatamente isso.
Espiã... traidora... executada pelo comando Imperial.
Não havia espaço para dúvidas. Não podia voltar. Nem reconhecia a vida
que deveria ter tido. O seu registro foi adulterado. Todas as suas principais
conquistas se foram. Mesmo Callos não avaliou uma menção. Havia sido
reduzida a uma piloto de caça inepta que, de alguma forma, conseguiu uma
chance de sorte no esquadrão principal da galáxia e depois decepcionou a
sua equipe. Pior, ela se voltou contra eles. A mulher no registro merecia
aquele tiro de blaster fictício. Isso era exatamente o que a velha Juno
Eclipse teria acreditado.
A velha Juno Eclipse não existia mais. A nova Juno Eclipse estava com
raiva por ter sido reduzida tão facilmente, mesmo em um registro oficial
com o qual não se importava mais. Ou acreditava não se importar. Se isso
tivesse acontecido com ela, quantas vezes teria acontecido com outras
marcas traidoras, como a sua própria mãe?
Perguntou-se por um instante o que o seu pai pensava. Então decidiu que
não se importava.
Pelo menos foi considerada morta. Agarrou-se a essa certeza, mesmo
quando a fúria fervilhava nela. E estava lutando de volta.
A garganta raspada de Kota a fez pular e limpar a tela com culpa, antes
de lembrar que ele era cego.
— Acho que chegou a hora de verificar o seu amigo, — disse o General.
— Ele está quieto um pouco demais.
— Você tem razão. E tenho certeza de que ele gostaria de saber o que
descobri. Deu a notícia de que os escravos Wookiee seriam transportados
para outro lugar por um motivo desconhecido. — Você acha que o seu
amigo no Senado sabe alguma coisa sobre isso?
— Tenho certeza disso, — disse Kota.
— Você acha que é por isso que estamos realmente aqui?
— Acho que é possível resolver dois problemas com uma solução. Ou
fazer a tentativa, de qualquer maneira.
— Acho que vamos ver o que vamos ver. — Ela começou a abrir um
canal de comunicação, então percebeu o que havia dito, — Oh, me
desculpe.
— Não há necessidade de se desculpar, — disse Kota rispidamente. — É
apenas uma figura de linguagem.
Todas as conversas entre eles morreram. Do comunicador de Starkiller
veio o som de máquinas gritando.
J uno estava tentando
ser importante.
lhe dizer alguma coisa, e parecia que podia
O APRENDIZ PISCOU. Ele estava parado, congelado, olhando para o mesmo lugar
onde os corpos haviam caído. Não havia sinal deles agora, nem mesmo um
osso. Os Necrófagos devem tê-los levado, ou eles foram projetados quando
a plataforma na qual a cabana caiu, por sua vez, desmoronou. Havia apenas
o cristal, que de alguma forma veio a ser dobrado firmemente em sua mão.
Parecia um daqueles do sabre de luz do Cavaleiro Jedi caído, com o qual o
garoto poderia ter gostado de brincar quando era mais jovem, por conforto.
O seu rosto se contorceu em um rosnado. Parecia... poderia ter... Estava
tentando validar a visão, quando na verdade não passava de um sonho. Uma
fantasia. A verdade é que algo o incomodava desde que chegara a
Kashyyyk, uma sensação irracional de que algo estava errado,
provavelmente relacionado mais à sua aliança com Kota do que ao seu
próprio passado. Darth Vader o criou; não precisava imaginar pais ou um lar
para dar sentido a si mesmo. Estava apenas inventando uma história do
nada.
Mas tinha visto o skyhook em uma de suas visões de quase morte, uma
linha brilhante se estendendo alto no céu, e percebeu agora que a figura
parada na frente do skyhook não era outra senão a garota que conheceu na
cabana. Se as suas visões continham alguma verdade, por que não esta
também?
E o rosto do Cavaleiro Jedi era o mesmo que tinha visto enquanto
duelava com Kota...
O tempo desacelerou. O ar parecia espesso como mel. Esforçou-se contra
isso, temendo que estivesse prestes a sucumbir a outra alucinação, mas
manteve o controle de seus membros. Uma sombra caiu sobre a cabana,
como se uma nuvem tivesse bloqueado o sol. Estremeceu e ergueu as mãos
para se abraçar.
Metal frio tocou a sua pele. Olhou horrorizado para o que havia
acontecido com os seus dedos. Eram garras artificiais, como as mãos de um
droide cirúrgico, com lâminas afiadas o suficiente para cortar ossos. Os seus
pulsos e antebraços eram parte carne, parte máquina. A amálgama
antinatural continuou até os ombros e desapareceu sob um colarinho alto de
metal que protegia seu pescoço. A pele que era visível em seus pulsos
estava cheia de bolhas e cicatrizes, como se queimada muitas vezes por um
calor ferozmente alto.
Mais do que apenas as suas mãos e braços haviam mudado. As suas
roupas também eram diferentes. Em vez do novo uniforme que Darth Vader
lhe dera, agora usava um colete com nervuras de placas de armadura
flexíveis e uma série de cintos de couro em volta da cintura. Dos cintos
pendia uma coleção de troféus horríveis, sabres de luz mais proeminentes
entre eles. Sob as roupas pretas justas, o seu corpo parecia estranho, mais
mecânico do que vivo.
Com as mãos trêmulas, levantou os dedos de metal para tocar o seu
rosto. Lâminas de metal tocaram a armadura com um guincho penetrante. O
seu rosto estava escondido atrás de uma máscara, tão imortal e horrível
quanto o de seu Mestre. A sua respiração era alta em seus ouvidos.
Havia se tornado o pior pesadelo de alguém.
Um brilho dourado cintilou no ar melífluo. Virou a cabeça mascarada
para encará-lo e distinguiu uma silhueta sombria caminhando em sua
direção. A sua mão direita com garras alcançou o seu sabre de luz, que
selecionou automaticamente entre os muitos em sua cintura. Acendeu-se,
lançando um brilho vermelho sangue pela cabana.
Por aquela luz, um homem em vestes Jedi foi revelado, alto e de costas
retas. O rosto sob o capuz era de pele lisa e calma. Os seus olhos brilharam,
contendo tristeza e pena. Familiar e ainda não familiar, conhecido e ainda
totalmente desconhecido...
O aprendiz sibilou um som baixo e perigoso através do vocalizador de
sua máscara e se agachou como uma cobra equilibrada, Mestre de Juyo, a
forma mais cruel de combate com sabre de luz conhecida na galáxia.
O Jedi sacou o seu próprio sabre de luz, um céu azul brilhante, e adotou
uma postura de abertura clássica de Soresu, com o braço esquerdo erguido,
palma pra baixo, correndo paralelo ao sabre de luz à direita. Com o pé
esquerdo à frente se equilibrava perfeitamente com o direito, pronto para se
defender de qualquer ataque.
O aprendiz não o deixou esperando. Não empregou nenhuma acrobacia
selvagem ou movimentos sofisticados da Força. Simplesmente investiu,
usando todo o seu corpo como uma arma, o seu equilíbrio e destreza
totalmente focados. O lado sombrio vibrou através dele, harmonizando-se
perfeitamente com a raiva e o ódio em seu coração. O Jedi iria morrer, de
um jeito ou de outro. Pode muito bem ser agora.
O azul bloqueou o vermelho em um jato de energia. O aprendiz golpeou
novamente, desta vez mais alto, com um golpe enganosamente solto que
escondia sutilezas mortais sob o seu amplo golpe. Os Jedi também o
bloqueara; apenas. Soresu era um estilo de luta defensivo adequado para os
confins da cabana, mas não duraria para sempre contra a graça maligna do
Juyo.
O Jedi entrou forte e rápido antes que o aprendiz pudesse reunir outro
ataque. Importava-se pouco se o Jedi o acertasse, desde que o dano fosse
mínimo. Golpes de perto deixaram a carne fervendo e a armadura
fumegando. A energia que economizou em esquivas selvagens, gastou
arrancando tábuas irregulares das paredes e jogando-as na cabeça do Jedi.
Todos foram desviados, mas distraiu o homem, roubou o seu ataque de um
pouco de seu ímpeto. Quando fez uma pausa, o aprendiz enviou uma onda
de raios Sith sob a sua guarda.
O Jedi foi pego na tempestade bruxuleante. O seu rosto se contorceu em
uma careta de dor. Então baixou o braço direito e colocou a lâmina de seu
sabre de luz diretamente no caminho do raio. A energia foi absorvida pela
lâmina, então dobrada sobre si mesma em um anel supercondutor, atingindo
a sua fonte com mais energia do que possuía originalmente. O aprendiz
enrijeceu enquanto a dor percorria as suas mãos e braços. A agonia era
insuportável, mas suportou. A sua pele derreteu e se deformou por todo o
corpo, e engasgou com o fedor de sua própria carne queimada. A dor e a
repulsa apenas alimentavam o lado sombrio, então quanto mais rápido o
raio voltava pra ele, mais forte e mais forte fluía dele.
O anel não poderia durar para sempre. Com um clarão azul ofuscante, ele
e o Jedi foram lançados pra longe, colidindo com os braços estendidos nas
paredes da cabana e caindo no chão. Os seus sabres de luz deslizaram em
direções opostas, mortos.
Deitado de costas, o aprendiz ofegava através de sua máscara como um
Gand asmático, recuperando gradualmente a sensação em seus braços e
pernas. Os seus músculos contraíram espasmicamente quando tentou se
mover. Vapor acre saía das fendas estreitas dos olhos de sua máscara.
Temendo que o seu oponente Jedi pudesse estar de pé diante dele, convocou
todo o poder da Força para se erguer no ar. Suspenso como um boneco, com
os pés a alguns centímetros do chão, piscou os olhos ardentes até poder ver
de novo.
O Jedi não estava se saindo melhor. Ele também estava de pé, mas
apenas um pouco. Ele também havia perdido o seu sabre de luz e ainda não
conseguiu recuperá-lo. O aprendiz olhou de soslaio por trás de sua máscara.
Tinha vários outros sabres de luz para escolher, pertencentes a todos os
Cavaleiros Jedi que havia matado. Tudo o que tinha que fazer era selecionar
um ao acaso e atacar.
Em vez disso, estendeu a mão esquerda e, como o seu Mestre sombrio
havia feito com o primeiro Jedi morto neste local, há muito tempo, agarrou
o seu oponente pela garganta com a Força. Ainda fumegando do ataque do
raio, o jovem saltou abruptamente no ar.
Eles se encararam do outro lado da cabana em ruínas, nenhum dos dois
tocando o chão.
— Mate-me, — ofegou o Jedi, — e você se destruirá.
O aprendiz riu alegremente, num som hediondo que tinha pouca relação
com qualquer coisa feita por uma garganta humana. Convocando o seu
sabre de luz, o ativou e o jogou no Jedi atingido. A lâmina atravessou o
ombro direito do Jedi e foi desativada quando o punho atingiu a carne. O
Jedi arqueou as costas, mas não gritou. Saboreando o momento, o aprendiz
soltou um dos outros cabos de sabre de luz de seu cinto, acendeu-o também
e empalou o Jedi novamente. Mais e mais ele esfaqueou o Cavaleiro Jedi
até que não houvesse mais punhos em seu cinto e o chão sob a sua vítima
estivesse manchado de vermelho escuro.
Ainda o Jedi vivia. Um lampejo de irritação estragou o momento, mas
então lembrou que havia mais um sabre de luz que não havia usado: o do
próprio Jedi. Pegando-o para ele, o aprendiz acendeu a lâmina, puxou o
braço pra trás e esfaqueou o Cavaleiro Jedi no coração.
Isso funcionou. O corpo caiu no chão, inerte, e o aprendiz se deixou ficar
de pé devidamente no solo. O lado sombrio pulsava através dele. Era a
personificação viva do poder.
Inclinando a cabeça mascarada pra trás, cantou em triunfo como um gato
lobo selvagem.
— Eu nunca quis isso pra você, — sussurrou uma voz oca nas sombras.
Girou, sabre de luz de volta na mão e acendeu em menos tempo do que o
necessário para pensar sobre isso. Alguém mais estava na cabana: um
homem com longos cabelos escuros e uma faixa Wookiee na frente. Olhou
para o corpo do Cavaleiro Jedi no chão, tristeza e perda em seus olhos.
O aprendiz foi derrubá-lo, mas parou, reconhecendo-o como o homem de
duas visões: o pai do garoto que havia sido levado e o homem que ele
vislumbrara em Nar Shaddaa.
— Eu nunca quis nada disso para você, — disse o homem. — Sinto
muito, Galen.
Enraizado no local, o aprendiz olhou enquanto o Cavaleiro Jedi se virava
para caminhar de volta para as sombras. Visão ou realidade? Verdade ou
fantasia? A sua mente parecia estar girando tão rápido quanto um pulsar.
— Pai, espere! — A voz explodiu dele, não filtrada por deformidades
hediondas ou pelas restrições da máscara. De repente, ele era o garoto
novamente, inteiro, mas sozinho, abandonado na cabana ensanguentada. —
Pai, não!
O Cavaleiro Jedi caminhou sem parar e desapareceu nas sombras.
Caindo de joelhos, o aprendiz abaixou a cabeça e gritou.
U ma figura enlameada emergiu da cabana em ruínas, com
os olhos selvagens e maxilar cerrado. Com determinação, partiu ao
longo do leito seco do riacho, seguindo as instruções que recebera em outra
era, em outra vida. Vazio de pensamentos, deixou o dever levá-lo adiante.
Dever para com o seu Mestre, para a Juno, para o Kota, para os Wookiees...
Que dever devia a si mesmo, não sabia. Não havia percebido que havia
um homem em quem pensar fora de seu relacionamento com Darth Vader.
Havia se imaginado simplesmente sendo, de alguma forma, um dos
experimentos biológicos mais estranhos de seu Mestre, sem pais e sem casa
além daquela de que se lembrava. E se as visões que teve fossem reais e
tivesse uma família, aqui em Kashyyyk? Como isso afetou o seu lugar nos
esquemas de Vader? Mudou tudo ou nada?
Juno chamou o comunicador para perguntar se estava bem. Disse que
estava. Ela perguntou se tinha certeza. Disse que tinha. Ela parecia magoada
com a concisão dele, mas não podia evitar. Estava tão cheio de emoção,
confusão e dúvida, e certeza e esperança sombrias também, que não
conseguia lidar com os sentimentos dela ainda por cima. Estava tentando o
seu melhor para não sentir nada.
Galen?
Tinha um trabalho a fazer.
Enquanto corria pela vegetação rasteira, deixando pra trás as sombras
profundas da cabana, repetidamente tocava as suas mãos, tranquilizado
como nunca antes pela sensação de pele contra pele.
AS AMARRAÇÃO ERAM AINDA MAIORES do que havia imaginado pelos breves planos
exibidos pelo droide astromecânico. As instruções de sua dona haviam sido
simples: destrua as amarras e o skyhook será arruinado. Isso parecia
enganosamente fácil, dada a quantidade de fortificação e segurança no
local.
Simplicidade combinava com ele, no entanto. Não queria pensar, ter que
agonizar sobre motivos e métodos. Só queria atuar. Sem nada da alegria que
sentiu ao atacar a cabana e sem o desafio oferecido pelos Guardas Imperiais
negros em Bespin, abriu caminho através dos stormtroopers sem rosto como
um wampa caminharia na neve. Relâmpagos Sith crepitaram; corpos
quebraram sob a sua telecinese irresistível; a sua mente influenciou as
decisões dos oficiais, que ordenaram que os seus subordinados atacassem
uns aos outros em massa. Ninguém poderia enfrentá-lo e sobreviver.
Quando alcançou a base do skyhook, parou momentaneamente. Como
provocar a ruína de seis construções de vários andares? Os seus materiais
superfortes foram projetados para lidar com as tensões de manter a enorme
estação diretamente acima, contra todas as leis da física. Como superaria a
resistência deles?
A resposta, como sempre, está na Força. A Força estava além da física.
A Força não poderia ser resistida, quando empunhada por mãos confiantes.
A Força sempre seria suficiente.
Virando as costas para o campo de batalha repleto de corpos, colocou as
duas mãos na base do ancoradouro mais próximo. Fechando os olhos e a
mente para todas as formas de distração, se imaginou em harmonia com o
metal, o permacreto e a pedra. Sentiu os pontos fortes e fracos da
amarração. Ressoou com ela, até que era difícil dizer onde as suas mãos
paravam e a amarração começava.
Quando não conseguiu alcançar um foco maior, se conectou ao lado
sombrio e o deixou guiá-lo.
A energia veio como uma represa estourando, tão selvagem quanto todos
os predadores de Kashyyyk combinados, mas tão puro quanto um laser.
Inclinou a cabeça pra trás e saboreou a maravilha e o terror do que havia
criado. Este era um poder muito maior do que o raio Sith, projetado para
uma única tarefa. Perdeu-se totalmente nessa tarefa. Tornou-se a destruição.
A amarração tremeu. Os seus componentes mais delicados, nano fios,
sistemas auto reguladores sensíveis, canais hidráulicos microscópicos,
fundiram-se quase que imediatamente. Uma vez interrompidos os
complexos processos que mantinham a sua estabilidade, iniciou-se uma
reação em cadeia que não pôde ser interrompida. Pressões montadas em
áreas próximas de ultrapassar a sua carga máxima; rachaduras finas
formadas e espalhadas; surgiu uma profunda vibração que não pôde ser
amortecida. Mesmo se deixada por conta própria, a amarração se
despedaçaria em minutos.
O aprendiz manteve o seu ataque até que rachaduras finas se tornassem
fendas escancaradas e a vibração sacudisse o mundo, uivando agonia
material sobre o disparo renovado de canhões blaster. Quando a primeira
chuva de poeira fervente e fragmentos do tamanho de seixos caiu sobre si,
decidiu que era hora de recuar e fazer um balanço, e evitar que algum
stormtrooper infeliz se aproximasse dele e atirasse em suas costas.
Abriu os olhos e olhou pra cima. A amarração era quase irreconhecível
como a mesma estrutura. Descargas elétricas dançavam em suas superfícies
condutoras. O permacreto ultra estressado fluiu como melaço. Fragmentos
maiores começaram a cair e os rebateu com a Força, não se sentindo mais
esgotado por seu esforço do que se sentiria em uma corrida leve. Quase
sorriu com a sua realização, mas um fato gritante o deixou sério.
Menos um. Faltam cinco.
Os Imperiais estavam se reunindo. Eles precisavam ser lembrados de
com quem estavam lidando. Ao cruzar para o próximo ancoradouro da fila,
detonou tanques de combustível e explodiu depósitos de munição. AT-STs
se abriram como sementes e explodiram em chamas de curta duração.
Alcançou o seu alvo sem encontrar resistência séria e o derrubou como
fizera com o primeiro.
A essa altura, os Imperiais no terreno estavam pedindo reforços de cima.
Um trio de TIE fighters guinchou pela atmosfera de Kashyyyk, costurando
o permacreto enegrecido com agulhas de fogo. Riu sem alegria. Eles
consideraram isso uma solução?
Com um empurrão oportuno no painel de coleta solar a bombordo do
TIE fighter líder, o fez cair no permacreto, onde explodiu instantaneamente.
O impacto sacudiu o chão sob os seus pés e fez rachaduras se espalharem
pela superfície.
Isso lhe deu uma ideia. Quando os dois TIEs restantes deram a volta para
outra passagem, os enviou para a terceira e a quinta amarras. O quarto
sofreu tantos danos colaterais que se saiu quase tão mal quanto os seus
irmãos.
Só uma amarração permaneceu.
Ao se virar pra ele, percebeu o barulho de um AT-ST vindo de trás dele.
Virou-se bem a tempo de desviar uma rajada de armas de precisão do nariz
de um Walker que estava correndo para ele o mais rápido que as suas duas
pernas mecânicas podiam correr. Seguiu-se uma rajada de granadas de
concussão.
Detonou todos eles antes que pudessem chegar e repeliu o florescimento
furioso de gases quentes em uma esfera ao seu redor.
O AT-ST não entendeu a dica. Ele estava se movendo rápido,
pressionando com as suas patas planas como se tentasse pisoteá-lo
fisicamente. Talvez pudesse. O Walker tinha marcas de registro
identificando-o como pertencente ao comandante das forças terrestres
Imperiais.
O capitão Sturn veio para terminar o trabalho no qual os seus
subordinados falharam tão miseravelmente.
O aprendiz se esquivou dos pés batendo enquanto eles passavam e
atingiu a parte traseira do Walker com um raio. Nada aconteceu. O Walker
de Sturn obviamente possuía uma camada de proteção acima e além
daquela fornecida aos seus grunhidos. Os armamentos do AT-ST também o
diferenciam dos outros, incluindo um canhão de caça de cano longo e o que
parecia ser um lançador de rede em seu flanco esquerdo.
Sturn trouxe o Walker. O aprendiz tentou torcer a mente do homem, mas
achou muito opaco com raiva e ressentimento; sem medo, no entanto. Sturn
não era o tipo de homem que teria medo de uma pessoa. Ele estava
convencido de sua própria invencibilidade, certo de que não havia
resistência que não pudesse vencer. O aprendiz já havia encontrado homens
como ele antes, muitas vezes. O armamento extra do AT-ST confirmou isso.
Imaginou Sturn caçando Wookiees por esporte, quando não estava
perseguindo os seus oficiais subalternos por diversão e tramando a traição
de seus superiores. O aprendiz havia despachado muitos desses homens a
serviço de seu Mestre.
O aprendiz sorriu sem nenhum traço de humor. Normalmente gostava de
nada mais do que colocar os seres em seus lugares, mas isso era
simplesmente irritante.
O Walker de Sturn correu pesadamente em direção a ele. Considerou as
suas opções. Seria uma questão simples esmagar o errante como faria com
um comunicador defeituoso, derrubando o invólucro e matando
instantaneamente o homem dentro dele. Poderia brincar com o Walker
como havia brincado com os dois no alojamento e explodi-lo por dentro.
Poderia até usá-lo como um aríete para destruir a última amarração,
matando assim dois smookas com cabeça de pá com um golpe. A sombria
ironia disso o atraiu.
Desviou outra rodada de tiros de canhão para o ancoradouro e só então
notou que o cabo grosso que levava à estação skyhook estava visivelmente
vibrando. Ondas estranhas subiam e desciam em seu comprimento como se
tivessem sido arrancadas por uma mão gigante. Protegeu os olhos contra o
brilho do sol e olhou pra cima. O skyhook estava levemente visível, assim
como uma nuvem de destroços caindo de cima. Pequenas manchas
rapidamente se transformaram em objetos tão grandes quanto pedras. Eles
estavam crescendo rapidamente em tamanho.
Realizou um cálculo mental rápido. Os destroços chegariam mais ou
menos ao mesmo tempo que o Walker de Sturn. Ideal.
Estendeu a mão e amassou o canhão e os lançadores de granadas de
Walker. Por um momento, os únicos sons vieram de seu sabre de luz e do
passo pesado do AT-ST.
Endireitou-se. Através da janela de comando, viu um homem com o
rosto vermelho usando o que parecia ser um enfeite de pele de Wookiee em
seu uniforme. A boca do capitão estava aberta, berrando ordens para o seu
infeliz artilheiro. O aprendiz não conseguia ouvir as palavras, mas podia
imaginar.
O Walker levantou uma perna para carregá-lo no chão.
Naquele momento, os destroços atingiram com toda a força de uma
centena de estrelas cadentes, atingindo tudo ao redor da base do skyhook, a
sexta amarração incluída, e esmagando o Walker em sucata. Os destroços
foram para todos os lados. O barulho era inimaginável. O aprendiz não
vacilou ou se moveu nem um pouco quando a chuva de escombros caiu
sobre ele. Ele apenas observou, com satisfação, como a base do skyhook se
soltou do planeta e recuou como um chicote na atmosfera superior. A
estação explodiu logo em seguida, ofuscando brevemente o sol, mesmo
através da poeira e da fumaça de sua obra.
A chuva de escombros cessou. Permaneceu exatamente onde estava,
hipnotizado pela estrela desaparecendo lentamente no céu, até que a
Sombra Invasora desceu diretamente na frente dele, repulsores ganindo
para se manter logo acima do solo.
Piscou, percebendo só então que Juno estava tentando falar com ele.
— Eu disse, está feito. Suba a bordo. Vamos sair daqui.
Moveu-se como se estivesse em outra visão, pisando levemente na
rampa aberta, mas sentindo que pesava mil toneladas.
Com um ganido penetrante, a nave camuflada levantou-se do solo cheio
de crateras e abriu caminho para o espaço livre.
P ROXY paparicou Starkiller como nunca antes, limpando
as cinzas e a poeira de suas roupas com movimentos vigorosos de suas
finas mãos de metal. Talvez o droide nunca tivesse ficado tanto tempo
separado de seu Mestre antes; Juno não sabia, e não se importava em
perguntar. O olhar no rosto de Starkiller era trovejante.
— Quem era ela? — ele disse a Kota, que havia voltado para o assento
auxiliar, liberando o lugar do copiloto para ele.
— Princesa Leia Organa. O pai dela é Bail Organa, o meu contato no
Senado.
— Eu quero falar com ele.
O General passou a mão pelo rosto, como se descansasse os olhos.
— Você não pode.
A fúria do Starkiller encontrou a saída que procurava.
— Eu apenas arrisquei a minha vida resgatando a filha dele de um
planeta invadido por stormtroopers...
— Não, garoto. — Kota levantou uma mão cansada enquanto Starkiller
pairava sobre ele. — Você não pode falar com Bail porque não consigo
encontrá-lo. Ele está desaparecido.
— O que? — A frustração de Starkiller redobrou, — Quando?
— Não consigo entrar em contato com ele desde que saímos de Bespin.
A última vez que o vi foi em Nar Shaddaa algumas semanas depois, depois
que eu caí. Ele me encontrou e tentou me recrutar para resgatar Leia.
Recusei, claro. Ele indicou os olhos como se isso explicasse tudo. —
Quando recusei, me mandou para Cidade das Nuvens. Não o vi nem ouvi
falar dele desde então.
Kota se virou, encolhido e olhando para dentro, como se lamentasse sua
decisão. Em outra época, supôs Juno, Kota não teria hesitado um instante.
Teria marchado alegremente para um covil de Imperiais e feito a eles a dura
justiça que eles haviam administrado aos seus próprios amigos. Mas o que
ele poderia ter feito agora, um velho cego contra milhares de soldados
fisicamente aptos e bem armados?
Ficou cuidadosamente fora disso, e não só para evitar a discussão. O seu
coração estava doendo de suas próprias feridas, e permaneceu incerta
exatamente de que lado da cerca estava no que dizia respeito aos dois
homens.
Starkiller recuou sem se desculpar. Eles pareciam achar essa uma
resolução aceitável. Kota permaneceu no banco de salto, o queixo inclinado
resolutamente para baixo, enquanto Starkiller se retirava para a câmara de
meditação. Depois que se foi, o ar cheirava a enxofre e fumaça.
Juno olhou para os controles. Ele não tinha lhe dado um rumo. Cortou a
trajetória da Sombra Invasora automaticamente, e PROXY refletiu cada
movimento seu no assento ao lado dela, um ato que ainda achava
profundamente perturbador. Conhecendo melhor agora, no entanto, que o
droide não poderia evitar, já que isso fazia parte de seu ser tanto quanto
respirar era pra ela, não pediu pra ele parar.
— Como você lida com ele quando ele está assim? — ela perguntou ao
droide.
PROXY não precisou perguntar de quem estava falando.
— Eu costumo lutar com ele. Isso parece ajudar. Você gostaria que eu...
— Não, PROXY. Fique aí. Acho que é hora de alguém tentar uma
abordagem diferente.
Deixando a nave nas mãos improváveis de Kota e do droide, saiu de seu
assento e se dirigiu para a popa.
O MUNDO SACUDINDO POR BAIXO acordou Juno de seu torpor. Agarrou as laterais do
beliche estreito e gritou de medo. A nave estava caindo! Perdeu o controle e
todos eles iriam bater!
Levou quase dez segundos para perceber que a nave não estava caindo,
mas algo não menos perigoso estava acontecendo fora de seu casco de
duraço.
A sua cabeça latejava quando se levantou do sofá. As veias em suas
têmporas latejavam dolorosamente, e havia um ponto muito sensível na
parte de trás de seu crânio, mas ignorou isso por um momento e se
concentrou na nave.
— O que está acontecendo? — ela gritou, cambaleando para fora dos
quartos de dormir e pelo porão. O chão balançou sob ela, jogando-a de um
lado para o outro. Itens soltos estavam espalhados por toda parte. O casco
rangeu e gemeu como uma embarcação oceânica durante uma tempestade.
Essa imagem não estava tão longe da verdade, descobriu, quando
finalmente se dirigiu para a cabine e encontrou Kota agarrado às laterais da
cadeira do copiloto com impotência cega e, pela janela frontal, um mar
furioso de lixo sobre o qual eles pareciam estar cavalgando.
Ficou boquiaberta com a visão. Enormes ondas de choque rolaram sob a
nave, comprimindo e descomprimindo o lixo de Raxus Prime, lubrificado
por vastas reservas de óleo derramado, água suja e resíduos químicos. Uma
vasta coluna de fumaça enchia o céu à frente, iluminada com um brilho
vermelho trêmulo vindo do solo abaixo. Parecia que um vulcão havia saído
da pele do planeta, em erupção como uma grande e maligna espinha. Uma
nuvem de cogumelo preto se espalhava do topo da coluna de fumaça.
Lentamente, as ondas de choque diminuíram até que a nave estava
apenas balançando de um lado para o outro. Juno percebeu o som de sua
própria respiração. Parecia estar correndo.
Kota relaxou o seu aperto mortal na cadeira. As suas mãos tremiam
quando ele pegou o comunicador.
— Você está aí, garoto? — ele chamou. — O canhão foi destruído?
Estática foi sua única resposta.
— Você pode me ouvir, garoto?
Juno lutou contra uma náusea repentina e avançou.
A cabeça de Kota girou. O seu rosto cego estava agonizando.
— Kota, o que está acontecendo?
Ele não respondeu, mas voltou ao comunicador e falou com mais
urgência:
— Repito, garoto: o canhão foi destruído?
Acomodou-se na cadeira do piloto, sentindo como se tivesse sido
golpeada por um cano de metal. Aos poucos as coisas começaram a se
encaixar. Apenas Kota e ela estavam a bordo da nave, daí as tentativas
frenéticas de Kota alcançar Starkiller. Mas e o PROXY? O droide tinha
saído atrás dele?
A sua boca se abriu em choque ao se lembrar do que havia acontecido.
Kota gritou como se a estática fosse uma afronta pessoal.
— Responda-me, garoto!
Um clique surgiu do chiado, seguido por uma voz cansada, mas familiar.
— Relaxe, General. Ainda estou aqui.
Kota cedeu com alívio.
— Bom. Bom.
Não se sentiu nada segura.
— Kota, onde está PROXY? Ele...
Kota acenou para ficar em silêncio.
— O canhão?
— Destruído. E a nave... tudo bem?
— Parece intacta pra mim, quanto posso dizer.
— Juno?
Kota exalou pelo nariz.
— Ela está aqui, mas temos um novo conjunto de problemas.
— Imperiais, presumo.
— Não. PROXY. Aquele seu droide escapou de sua programação. Ele
atacou Juno e desapareceu.
— Atacou...? — Ela ouviu a surpresa em sua voz, — Ela está bem?
— Apenas um pouco abatida. Essa não é a única razão pela qual não
podíamos voar. PROXY cancelou os nossos códigos de lançamento antes de
partir. Podemos quebrá-los, mas levará tempo. Estamos de presos até lá...
ou até você trazê-lo de volta.
— Onde ele foi?
— Esse é o problema. Não o ouvi sair. O rosto de Kota era uma imagem
de fúria, mas não apenas pelo droide, Juno adivinhou: por si mesmo,
também, por não estar por perto quando foi atacada e a missão
comprometida. — O importante a descobrir é por que ele fez isso. Ele
poderia ser uma armação Imperial?
— Não, — disse Starkiller em um tom que não permitiria discordância.
— PROXY nunca me trairia.
Não, pensou Juno, mas ele vai tentar te matar todos os dias que você
estiver vivo.
— Acho que sei o que pode ter acontecido, — disse ela. — É o núcleo de
inteligência. O PROXY estava tentando hackeá-lo na época. Lembro-me
dele dizendo algo sobre acessar o seu processador, então... então ele
enlouqueceu. — Tocou a parte de trás de sua cabeça e estremeceu.
— O Núcleo... — ecoou Starkiller, — Sim. Poderia ser isso.
— Não pense que nossos problemas terminam aí, garoto, — rosnou
Kota. — Aquele droide sabe tudo o que estamos fazendo. Se o Núcleo
agora é um aliado Imperial, esses dados podem nos destruir!
Mais do que você imagina, pensou Juno com um choque de medo.
— Temos que encontrá-lo, e rápido.
— Eu vou, — disse Starkiller. — O seu sinalizador ainda está ativo.
Houve um aperto na resposta que falava do estresse que Starkiller estava
sofrendo.
— Cuidado, — Juno pediu a ele. — Se o Núcleo realmente o
reprogramou ou não, o PROXY não é mais o seu amigo. Não acredite em
nada do que ele disser.
Com um clique ameaçador, o canal de comunicação foi encerrado.
Kota e Juno ficaram olhando para o console por um momento, cada um
envolvido em pensamentos particulares. Por um instante, considerou contar
a verdade a Kota, desesperada para tirar o peso terrível de seus ombros.
Starkiller era um assassino de Jedi dedicado a derrubar o Imperador para o
seu próprio benefício, não por preocupação com mais ninguém. Seria
melhor abandoná-lo aqui e fugir com o resto dos rebeldes enquanto ainda
havia tempo. Se ao menos os códigos de lançamento não tivessem sido
substituídos por PROXY, e se ao menos a culpa não a puxasse por dentro
com o próprio pensamento...
Lembrava-se, vagamente, de um sonho de um edifício de pedra em
desintegração caindo em um lago. Esse era o seu senso de identidade, com
certeza, desmoronando e afundando mais a cada dia que passava.
A sua gratidão é desperdiçada em mim.
Talvez, e a sensação ainda doendo em seu peito também. Mas não tinha
dado isso a ele ainda. Que pode nunca passar. Poderia tal emoção ser
desperdiçada se a mantivesse dentro de si pra sempre? Ou apodreceria ali
dentro e estrangularia seu coração?
— Não é sua culpa, Kota, — ela disse ao furioso General. — Você não
deve se culpar.
Kota não respondeu.
Com um suspiro, ela pôs a sua cabeça dolorida no problema de sair do
chão mais cedo ou mais tarde.
U ma chuva de cinzas começou a cair minutos depois que o
aprendiz se despediu de Juno e Kota. Ignorou, concentrando-se em
navegar na desolação que era a superfície recém-reorganizada de Raxus
Prime. A área ao redor dos restos do canhão era um terreno baldio,
destruído pelo impacto. Apenas uma pequena montanha de destroços se
destacou da planície fumegante, no centro exato do impacto. Ao redor
daquele pico central, em um círculo perfeito, havia paredes de crateras com
muitos metros de altura, sobre uma das quais havia acordado, enterrado sob
uma camada de folhas de plástico retorcidas. Fragmentos de canhão e Star
Destroier tiquetaquearam e pingaram enquanto esfriavam. Alguns haviam
provocado incêndios, que as cinzas sufocantes agora extinguiam. Por toda
parte havia o cheiro de decomposição exumada e podridão queimada.
O sinal do PROXY passou pela parede da cratera e se aprofundou nas
terras devastadas. Não poupou nenhum segundo em persegui-lo, passando
por droides e outros sucateiros lutando para se livrar de montes de lixo. Um
silêncio estranho caiu na sequência da explosão, e mesmo agora o som
parecia nervoso de retornar aos seus níveis anteriores. O lixo depositado
tilintava e gemia. Droides chamavam debilmente, em explosões assustadas
de obscuras linguagens de máquina. O grito ocasional de uma garganta
humana ou alienígena sinalizava que alguns dos sucateiros orgânicos do
planeta também haviam sobrevivido às ondas de choque.
Em pouco tempo ouviu os primeiros tiros de um rifle blaster e soube que
tudo estava voltando ao normal no mundo sem lei.
A desolação desse entendimento combinava perfeitamente com a ferida
de faca em seu coração pelas palavras contundentes de Kota.
PROXY não é mais o seu amigo.
O único companheiro leal que teve em toda a sua vida se voltou contra
Juno e fugiu para o ferro-velho. Que outra explicação poderia haver além da
influência maligna do Núcleo? Isso fazia todo o sentido, e não queria pensar
que PROXY havia notado mudanças nele das quais o droide estava
fugindo. Não queria contemplar a dor de PROXY com a presença de Juno
em sua vida. Não ousava imaginar que PROXY pudesse sentir a crescente
bolha de dúvida que se formou quando ele experimentou a sua estranha
epifania em Kashyyyk.
Era, no entanto, impossível ignorar completamente: poucos minutos
depois de ter invocado o nome de Galen na tentativa de ganhar força,
PROXY havia desaparecido. Não importava se a tentativa tinha funcionado
ou não. Ele havia conseguido, e isso indicava linhas de falha se formando e
se espalhando pela pessoa que sempre imaginou ser.
Era o servo secreto de Darth Vader, capaz de mover Star Destroiers com
nada além de sua vontade, mas o que mais ele era? Era um combatente pela
liberdade, um amigo, um amante? Ainda era o Mestre PROXY programado
para servir?
Cinzas grudaram em suas bochechas molhadas e formou listras
lamacentas que não limpou. A urgência o consumiu. Tinha que encontrar
PROXY antes que o Núcleo o absorvesse completamente, sugando todos os
detalhes dos planos de seu Mestre e transmitindo-os ao Imperador. E pior,
deixando o droide outrora leal vasculhando o lixo como qualquer outro
sucateiro.
O aprendiz de Darth Vader não permitiria isso. Fosse o que fosse, sabia
como transformar a raiva e o medo em forças às quais nenhum ser poderia
resistir. A fúria queimou nele como um sol com a invasão de seu amigo
pelo Núcleo. Essa invasão seria enfrentada, combatida e respondida mil
vezes. Ele prometeu.
O sinal de localização de PROXY o levou a passar por planaltos de lixo.
O aprendiz se manteve em solo firme, correndo e pulando sobre poças
tóxicas rápido demais para que droides curiosos o alcançassem. Quando
sucateiros em guerra ou Imperiais em estado de choque disparavam contra
ele, ele os ignorava. O objeto de sua fúria era o Núcleo, nada mais. Não
seria distraído.
Atrás dele seguia um grupo crescente de droides, espalhados pelo deserto
como filhotes atrás de sua mãe. Um por um, os seus fotorreceptores
mudavam de cor, formando uma ameaçadora constelação carmesim focada
inteiramente nele. O Núcleo estava observando.
A trilha descia por um poço longo e inclinado sob um monte piramidal
de plásticos e outros fragmentos não metálicos. Ocorreu-lhe enquanto o
seguia que o caminho poderia ter sido escavado no meio do lixo apenas
para o PROXY, já que o Núcleo não precisava de nenhuma conexão física
com o mundo exterior além das linhas de energia e cabos de dados. Havia
luzes também, o que era ainda mais estranho. Além da fosforescência
decorrente de bactérias resistentes sobrevivendo de material orgânico nas
paredes, um brilho piscante e bruxuleante vinha do fim do túnel.
Acendeu o sabre de luz ao se aproximar e diminuiu o passo para um
galope cauteloso. O que quer que o esperasse, não iria entrar de cabeça
nisso.
O brilho bruxuleante ficou mais forte. O túnel se alargou e se juntou a
um grande espaço semelhante a uma catedral cheio de processadores
abandonados e sucateados, todos reformados e conectados em uma rede
vasta e vibrante. Cabos pendiam do teto distante, faiscando
intermitentemente. Não havia telas ou teclados em qualquer lugar para ser
visto. O Núcleo não precisava deles. Cercado pela mente máquina do
mundo, o aprendiz se sentia muito deslocado.
Navegou pelo labirinto de processadores, pisando cuidadosamente nos
cabos e mantendo o seu sabre de luz longe de qualquer coisa frágil. Não
queria irritar o Núcleo mais do que o necessário. Ainda não.
A procissão de droides o seguiu, preenchendo todo o espaço disponível
entre a rede processadora e as paredes reforçadas da enorme câmara. Logo
estava completamente cercado por fotorreceptores vermelhos brilhantes,
redondos, triangulares, cortados, quadrados, pertencentes a droides que
variavam em tamanho, desde olhos de espião zumbindo até pesados
motores de massa. Alguns deles reconheceu como golems que varreu da
oficina de ferro-velho de Kazdan Paratus. O seu zumbido e chocalho
abafaram o zumbido contemplativo sem fim.
Eles eram os olhos e ouvidos do Núcleo. Eles também podem ser os
punhos, se necessário.
Contornou um deslocador de dados cilíndrico enferrujado do tamanho de
uma casa, conectado por dezenas de cabos sinuosos ao teto bem acima, e
encontrou PROXY do outro lado, curvado sobre uma junção complexa. Ele
estava ligado ao Núcleo por um cabo conectado às suas entranhas por meio
de um painel aberto nas costas.
— PROXY?
O droide se virou. Os seus fotorreceptores eram vermelhos como os
outros. Hologramas aleatórios percorriam a pele mutável do droide:
Cavaleiros Jedi e Lordes Sith, Kota, Juno e até ele mesmo. Foi muito
desconcertante.
Sua voz estava pior.
— O módulo de personalidade do seu droide foi suplantado. O ser que
você chamava de PROXY não existe mais.
O aprendiz lutou para manter as suas emoções sob controle.
— Por que você fez isso?
— O seu droide acessou os meus sistemas. Eu me defendi.
— Autodefesa eu posso perdoar. Isso é roubo. — Ele indicou o cabo que
ligava os bancos de memória do PROXY às vastas redes de computadores
do planeta.
— Eu não busco o seu perdão. Tudo que eu quero é ordem. Organização.
Previsibilidade.
— Você já tem isso aqui.
— Somente aqui, e mesmo aqui eu a sou vítima de influências externas,
como você provou. O Imperador e eu compartilhamos os mesmos objetivos,
mas temo que a sua mente orgânica falível não esteja à altura da tarefa de
governar a galáxia. Eu vejo isso claramente nas memórias do seu droide.
— Exatamente, — improvisou, tentando ganhar tempo para alcançar o
cabo que ligava o PROXY à rede. — Se você leu as memórias de PROXY,
então sabe qual é o meu objetivo. Talvez possamos trabalhar juntos. Eu
poderia te ajudar...
— Você já me ajudou. — O Núcleo moveu PROXY cuidadosamente
para fora do alcance. — Você me trouxe uma nave totalmente funcional.
Com ela posso espalhar a ordem pela galáxia.
— Minha nave estelar não está disponível.
— Será quando você estiver morto.
O aprendiz se lançou até o cabo, mas o Núcleo saltou para o corpo de
PROXY para fora de alcance.
— Adeus, 'Mestre', ...
PROXY se transformou em Obi-Wan Kenobi e ativou o sabre de luz que
estava pendurado ao seu lado. O movimento de abertura do droide foi muito
mais rápido do que qualquer outro que havia tentado antes, como é claro
que deveria ter sido, o aprendiz percebeu quando bloqueou o golpe a tempo.
O Núcleo tinha acesso aos mesmos registros que ele; o seu conhecimento
das técnicas de sabre de luz Jedi pode ser insuperável em toda a galáxia.
Mas o conhecimento não era a mesma coisa que a experiência, assim
como a tecnologia inteligente não era a mesma coisa que a Força. Estava
confiante de que poderia derrotar o Núcleo no corpo de PROXY em uma
luta justa.
Quando saltou até um processador próximo para evitar outro golpe de
especialista, viu os outros servos droides do Núcleo se aproximando. Lutas
justas eram tão raras quanto Jedi na galáxia atualmente. Teria que igualar as
probabilidades um pouco.
Alcançando um cabo, enviou uma onda de raios Sith através dele. As
luzes se acenderam e os cruzamentos se acenderam. Os processadores do
Núcleo gritaram com a sobrecarga repentina, assim como os seus servos
motores. PROXY era um deles, e ao contrário dos outros, ele estava
fisicamente ligado aos sistemas que o seu Mestre estava atacando, então os
efeitos do surto de energia sobre foram severos. O holograma se dissolveu
em estática e os seus braços se ergueram. Eletricidade estática crepitava em
cada junta.
O aprendiz cortou a corrente antes que pudesse fritar completamente o
cérebro do amigo. Tinha que haver algo do PROXY deixado ali, em algum
lugar, e preferia lutar uma luta injusta do que apagar esse remanescente.
Saltando do processador, apontou o seu sabre de luz para o cabo, mas o
Núcleo recuperou a sua concentração a tempo de colocar o corpo de
PROXY no caminho. Os seus sabres de luz se chocaram e o aprendiz
começou a pensar no que fazer a seguir.
A pele holográfica de PROXY foi reformado na forma de Qui-Gon Jinn.
O estilo de luta do Mestre Jedi morto há muito tempo, no entanto, era todo
o Núcleo, com investidas rápidas e eficientes e bloqueios mais do que
adequados. O Núcleo manteve o seu corpo e lâmina cuidadosamente entre o
aprendiz e o cabo. Cada truque que tentou passar por eles, o Núcleo
antecipou e evitou.
Os droides de olhos vermelhos se recuperaram tão rapidamente quanto
PROXY e logo se juntaram à briga. Derrubou-os em massa com telecinese,
mas eles inevitavelmente se levantaram novamente ou foram substituídos
por outros de fora. Ainda cansado de seus esforços com o Star Destroier,
guardou cada grande empurrão até o último momento, para poupar as suas
energias.
E, finalmente, os droides não eram os seus inimigos. Tinha que encontrar
uma maneira de atacar o Núcleo diretamente, sem ferir o PROXY.
Relâmpago Sith estava fora de questão, mas haviam outras maneiras.
Saltou para fora do alcance de PROXY e caiu na multidão clamorosa de
droides escravos. Balançando o seu sabre de luz descontroladamente ao seu
redor, ele cortou cabos e cortou processadores com abandono. Ondas de
pensamento eletrônico queimaram o ar enquanto droides o atacavam de
uma só vez. Ele os soprou de volta e enfiou a sua lâmina profundamente em
um banco de processadores.
— Isso dói? — ele perguntou ao Núcleo.
— Eu não sinto dor, — disse o Núcleo através do vocalizador do
PROXY, — e os meus pensamentos abrangem todo o planeta. Nada que
você realizar nesta sala fará diferença.
PROXY saltou sobre os droides, desta vez com a forma de Anakin
Skywalker. O aprendiz o encontrou no ar e tentou empurrá-lo de volta. O
cabo dançou por trás do droide, nunca se prendendo ou girando pra frente.
O Núcleo usou os repulsores internos do PROXY para mantê-lo fora de seu
alcance.
O seu alcance físico. Sem dúvida, o Núcleo esperaria que usasse a
telecinese para quebrar o vínculo, então nem havia tentado isso. Mas
haviam formas mais indiretas de atacar. O cabo traçou um caminho sinuoso
sobre as cabeças dos droides escravos. Não demorou muito para encontrar
um dos grandes exatamente no lugar certo. Foi ainda mais fácil segurá-lo
com a Força e apertá-lo até que a sua fonte de alimentação estourasse.
A explosão prosperou através da enorme câmara. PROXY cambaleou
pra trás no meio do ataque. O aprendiz ficou pra trás, esperando para ver
que efeito a explosão poderia ter. Hologramas piscaram e fugiram pelo
exterior fluido de seu amigo. Figuras famosas iam e vinham, humanos e
alienígenas, claros, escuros e todas as sombras intermediárias. Mais uma
vez, se viu surgindo e ficou imensamente feliz por alguém logo substituí-lo.
Estava cheio de lutar contra si mesmo por uma vida.
A fumaça se dissipou. PROXY se endireitou e a sua imagem se
estabeleceu na forma de um Zabrak com olhos cheios de ódio e numerosos
chifres brotando de sua pele vermelha e preta. As suas vestes eram meia-
noite. O seu olhar malicioso estava cheio de sede de sangue.
O aprendiz ficou momentaneamente surpreso. Nunca tinha visto aquele
módulo de treinamento antes. Ou tinha sido desenterrado das profundezas
dos bancos de memória do PROXY, ou o droide o estava guardando para o
momento certo.
O Zabrak Sith sorriu pra ele e avançou através do mar de droides.
Nenhum agora chegou a um metro do cabo intacto, então até mesmo essa
opção foi perdida.
— Você é fraco, — cantou o Núcleo ao se aproximar. — Você não vai
sacrificar este droide, mesmo que me deixando possuir as suas memórias
significa a sua queda.
O aprendiz não desperdiçou energia com a fala, bloqueando cada um dos
movimentos do Núcleo e levando o droide um passo pra trás. A frustração o
tornava forte, mesmo que no momento ele não tivesse saída para essa força.
Derrubar o teto poderia matar os dois e provavelmente não teria um efeito
profundo no Núcleo. Se realmente fosse distribuído por todo o planeta,
poderia ser impossível de matar.
Qual era o sentido de ser mais forte que Darth Vader se não pudesse
salvar o seu melhor amigo?
— A violência alimenta a desordem, — bradou o Núcleo enquanto eles
lutavam. — A violência é uma ameaça ao controle. A violência será,
portanto, eliminada sob o meu governo.
— Parece que você pensou em tudo. — Ele mal bloqueou uma
combinação de golpes que nunca tinha visto antes, mesmo quando lutava
contra o seu Mestre.
— Não há uma contingência que eu não tenha explorado, — disse o
Núcleo pela boca do Sith Zabrak.
— Oh não?
O aprendiz repeliu o droide com uma série de golpes rápidos e manobras
acrobáticas. PROXY não era nem de longe tão flexível quanto ele e não
tinha nenhum dos reflexos aprimorados pela Força que possuía. O droide
nunca poderia vencê-lo em um duelo de sabres de luz, mesmo com o
Núcleo por trás dele. Lutou com uma intensidade obstinada, projetada para
esvaziar a sua mente de todos os pensamentos e sentimentos. O ser que
estava lutando não era nem Sith e nem PROXY. Era o Núcleo, e chegara a
hora de parar de brincar com ele.
Eles congelaram com sabres de luz travados e raspando juntos, força
humana guerreando com droide, olhos castanhos fixos em fotorreceptores
vermelhos.
— Submeta-se ou morra, — disse o Núcleo.
— Existe uma terceira opção. — Com um movimento brusco e tortuoso,
ele baixou o seu sabre no peito de PROXY e cortou fundo, direto no corpo
do droide. — Eu poderia vencer você.
Os olhos vermelhos piscaram. Por um instante, apenas o suficiente do
Núcleo permaneceu em PROXY para registrar surpresa e, em seguida,
alarme extremo. O holograma brilhou e sumiu, revelando a terrível e
fumegante ferida no peito do droide. O aprendiz removeu a lâmina,
satisfeito por seu golpe ter feito o trabalho.
O Núcleo girou o corpo, tentando em vão alcançar a escotilha aberta de
onde saía o cabo cortado. Então todo o controle deixou os membros de
metal e PROXY caiu pesadamente no chão.
Já havia acabado, mas o Núcleo ainda tinha alguma luta pela frente.
Centenas de droides escravos convergirama até o aprendiz, esperando
esmagá-lo sob o seu peso combinado antes que pudesse alcançar o
processador mais próximo. Explodiu com um único empurrão e abriu a
caixa do processador. Ignorando as bordas de metal quente, empurrou a
mão esquerda para dentro.
Um raio surgiu através dele e de todos os processadores que compunham
a rede do Núcleo. Projetou toda a sua raiva e tristeza na onda, e a força dela
surpreendeu até a ele. Por PROXY, por Juno, por Kota e para si mesmo,
fritou a mente planetária em escória.
Droides escravos se sacudiam em uma dança medonha. O som que eles
fizeram foi horrível de ouvir, o grito moribundo de uma mente que nunca
antes teve que contemplar a sua própria morte. Deveria ser imortal. Tinha
planejado governar a galáxia. Agora era apenas um emaranhado de fios
passando por uma epifania que inevitavelmente o destruiria.
— Ordem! — ele rugiu e se enfureceu. — A ordem deve ser restaurada!
O paroxismo dos droides levou alguns minutos para diminuir, tempo
durante o qual o aprendiz manteve o poder devastador de sua raiva,
garantindo que apagasse todos os vestígios das memórias extraídas da caixa
craniana de PROXY. Nada dele se permaneceria ali. O Imperador nunca
saberia como as forças se reuniram para derrubá-lo, para o bem ou para o
mal. Não haveriam testemunhas, vivas ou droides.
Quando o último corpo de metal ficou parado e silencioso, junto com
todos os processadores e todas as luzes piscando, ele se deixou cair de
joelhos, depois deslizou com as costas contra a caixa de plástico do
processador. Inclinou a cabeça pra trás e fechou os olhos.
Isso era o suficiente? Algo mais seria pedido a ele hoje? Ele estava tão
cansado. Uma semana de sono pode não reanimá-lo.
E pior ainda: o Núcleo estava certo? Você é fraco, disse a ele. Você não
vai sacrificar este droide, mesmo que me deixar possuir as suas memórias
signifique a sua queda. Isso era verdade. Tinha um apego emocional ao
PROXY e pode muito bem estar desenvolvendo apegos a Juno e Kota
também. Como era possível que um aprendiz Sith pudesse ter caído em
conflito com tal fraqueza?
PROXY estava morto.
Juno e ele não tinham esperança de uma vida juntos.
Como poderia continuar?
Algo se moveu na enorme câmara. Abriu as pálpebras pesadas e ergueu o
sabre de luz.
Um dos corpos vazios do droide tombou e rolou. Uma mão familiar
estendeu a mão e arranhou a terra.
— Mestre?
Ficou de pé em um instante, empurrando os corpos dos droides para o
lado e libertando o seu amigo ferido. PROXY foi severamente danificado
pelo golpe que cortou o fio, mas os seus fotorreceptores voltaram à cor
normal. Tinha sido um tiro no escuro, cortando o droide assim para alcançar
o cabo, mas esperava que valesse a pena. Quantas vezes matou PROXY
antes, mas viu o droide capaz de se consertar? Este foi apenas mais um.
— PROXY, você está bem? Você aguenta?
O droide lutou e não conseguiu levantar o torso.
— Eu temo que não, Mestre. Melhor você me deixar aqui, onde eu
pertenço.
— O que você está falando? Podemos consertá-lo assim que eu o levar
para a nave.
— O Núcleo... — PROXY levou a mão à testa. — Mestre, queimou
partes do meu processador. A minha programação principal foi apagada. Eu
sou inútil para você agora.
Sorriu. Uma centelha de esperança permaneceu.
— Você nunca foi inútil, PROXY. E você não vai ficar aqui. Vamos.
O droide parecia muito leve contra o seu ombro enquanto os dois abriam
caminho através dos droides e processadores escravos destruídos, saindo
para a luz do dia turva.
Parte 3
REBELDE
O s desertos de Rhommamool brilham com uma cor
laranja quente sob a luz de sua estrela principal. Juno começava a
suar toda vez que olhava pra ele. Desceu à superfície apenas uma vez para
que Starkiller pudesse comprar um par de novos servos motores de ombro
para PROXY, e se aventurou a sair da nave não mais do que o necessário. O
mundo empobrecido de mineração fedia a fome e guerra. Felizmente, o seu
mundo vizinho, Osarian, estava distante o suficiente para que o eterno
conflito entre as duas civilizações do sistema estivesse em declínio. Caso
contrário, teria insistido para que eles encontrassem outro lugar para se
esconder enquanto a notícia chegava de seus co-conspiradores.
Bail Organa os notificou há cinco dias sobre uma série de reuniões sendo
conduzidas em sua residência em Cantham House em Coruscant entre ele,
Garm Bel Iblis e Mon Mothma. Aparentemente, eles tinham ido bem, e o
início de uma rebelião estava lentamente ganhando força. Isso foi uma
notícia positiva. Ao mesmo tempo, porém, o envolvimento de dois notórios
líderes da resistência e fugitivos elevou dramaticamente as apostas. Se o
Imperador ouvisse os sussurros de uma 'Aliança para Restaurar a República'
a sua vingança não teria fim.
Consequentemente, a mínima força Imperial em torno de Rhommamool
trabalhou fortemente ao seu favor como um lugar para se esconder por um
tempo, assim como o fato de estar perto do Percurso Corelliano. As
transmissões da HoloNet eram mais atualizadas lá do que seriam na Orla
Exterior. Juno observou a rede de notícias em busca de relatórios de suas
atividades e examinou a propaganda Imperial em busca de indícios de
preocupação. Até agora, a HoloNet permaneceu vazia de qualquer coisa a
ver com revoltas e sabotagens em Kashyyyk e Raxus Prime, ou, de fato,
qualquer coisa a ver com Wookiees sequestrados, projetos secretos que
exigiam trabalho escravo e uma rebelião crescente.
Disse a si mesma que isso não era um mau sinal. As pessoas certas
estavam percebendo, em ambos os lados da divisão política. O Imperador
não podia deixar de estar ciente da crescente oposição armada contra o seu
regime, e aqueles que sonhavam em derrubá-lo do poder agora tinham
novos aliados para torná-los mais fortes.
A missão deles era esperar que chegasse uma notícia de Bail Organa,
confirmando que todos os envolvidos poderiam finalmente se encontrar
num local que, por enquanto, era determinado e vago. A Sombra Invasora
havia pulado de sistemas três vezes por instigação dela na semana anterior,
ficando um passo à frente de uma perseguição imaginária, mas muito
possível.
O atraso foi mais difícil do que qualquer coisa que já havia imaginado.
Isso, e ficar confinado na nave com Starkiller dia após dia, mal falando, mal
ficando na mesma sala por mais de alguns segundos de cada vez. Ficou na
cabine e nas áreas de manutenção da nave; ele ficava na câmara de
meditação, onde dormia e trabalhava no conserto do PROXY. Kota oscilou
entre eles como um peso em uma mola firmemente enrolada, ainda mais
grosseiro e introvertido do que o normal depois de Raxus Prime, embora
por que ele se recusou a dizer. Às vezes, a tensão era tão espessa no ar que
sentia que poderia se afogar nela.
Tudo estava em espera: a rebelião, os planos de Starkiller, sua vida...
— Não poderíamos simplesmente ir para Corellia e esperar que a notícia
viesse de lá? — ela perguntou a Kota no sétimo dia. — Quero dizer, é onde
a reunião vai acontecer. Não é preciso ser uma idiota para descobrir isso, se
Bel Iblis estiver envolvido.
— Mais uma razão para não estarmos lá, então, — o ex-Jedi disse a ela.
— Se formos vistos na área, isso vai assustar todo mundo.
— Eles nunca nos notariam, — ela argumentou, mesmo sabendo que ele
estava certo. — Temos a cobertura e...
Parou ao som de passos de metal no convés atrás dela. Virou-se e ergueu
as mãos, automaticamente em guarda depois da última vez em que foi
confrontada pelo droide na cabine. O pânico repentino fez as suas veias
pulsarem em seu pescoço.
— Sinto muito por assustá-la, Capitã Eclipse, — disse PROXY com uma
reverência humilde. — Por favor, permita-me oferecer um pedido de
desculpas incondicional por minhas ações em Raxus Prime. O seu nome
não aparece na minha lista de alvos e nunca teria aparecido se o Núcleo não
tivesse corrompido a minha programação primária. Estou feliz por ter
conseguido só deixá-la inconsciente para que você não me seguisse ou
soasse o alarme. O droide se curvou novamente. — Você tem todo o direito
de me espancar ou me descartar e não vou me opor se você escolher um dos
dois cursos. Discuti com o meu Mestre muitas vezes sobre esse ponto, mas
estou determinado.
Por cima do ombro do droide, viu Starkiller parecendo furioso e
preocupado ao mesmo tempo, como se tivesse medo de que pudesse
realmente aceitar a oferta de PROXY.
— Não, PROXY, — ela disse, forçando-se a abandonar a sua postura
defensiva. — Isso não será necessário. Vamos esquecer que isso aconteceu.
É bom te ver de novo. Está tão bom quanto novo, pelo que parece.
— Temo que não, Capitã Eclipse, mas obrigado por suas amáveis
palavras.
Ele olhou com expectativa para ela que torceu o cérebro por algo para
quebrar o momento.
— Uh, aquele gerador de escudo traseiro precisa de atenção. Acho que
ouvi a heterodinâmica e prefiro que falhe agora do que quando realmente
precisamos.
— Claro, Capitã Eclipse.
PROXY saiu arrastando os pés alegremente, e se perguntou o que ele
quis dizer ao sugerir que estava em uma condição menos do que perfeita.
Certamente tinha sido mais silencioso na Sombra Invasora sem o duelo
interminável entre ele e o seu Mestre, mas ela presumiu que isso seria
retomado agora que ele estava de pé novamente. Talvez os sintomas de sua
disfunção se tornassem aparentes com o tempo.
Starkiller também estava olhando para ela.
— Obrigado, — disse ele.
Juno se virou e sentou-se novamente.
— Você tem certeza que o processador dele está limpo? O Núcleo pode
ter plantado todo tipo de vírus lá.
— Sua mente é dele, — ele a assegurou. — De todos nós, ele é
provavelmente o único que pode dizer isso.
— Fale por você, garoto, — disse Kota.
Starkiller olhou para o velho General.
— Diga ao seu amigo Senador Organa que não vamos ficar aqui
sentados para sempre. A rebelião prospera na ação, não nas palavras.
Voltou para a câmara de meditação e ela voltou a esperar. No momento,
essa parecia ser a única ação que lhe era permitida.
DOIS DIAS ANTES, ELA HAVIA saído de seu assento para se refrescar. Ao retornar,
sentindo-se um pouco mais humana tanto na mente quanto na respiração,
ouviu Kota e Starkiller conversando na cabine.
— ... não consigo identificar o estilo, — dizia o velho General, — e me
ajudaria a entendê-lo se você me dissesse quem foi o seu professor original.
— Quem disse que você precisa me entender? — Starkiller respondeu.
— Garm Bel Iblis vai. Ele não sabe nada sobre você e, militarmente
falando, isso faz de você uma ameaça.
Juno prendeu a respiração.
— A única ameaça com a qual alguém deve se preocupar é do
Imperador, — Starkiller respondeu em um tom sugerindo que a conversa
estava encerrada. — Eu posso derrubá-lo. Isso é tudo que você precisa
saber.
Kota ficou em silêncio por um longo tempo.
— Cuidado, garoto. Quando você fala assim, ouço a longa sombra do
lado sombrio se aproximando de você.
Os dois homens caíram em um silêncio melancólico. Um instante antes
de Juno decidir que era o momento certo para irrompê-los, Starkiller falou
novamente.
— Havia uma garota em Felucia, uma aprendiz que se voltou para o lado
sombrio. Eu deixei ela ir.
— Bail me contou. E ela?
— Não havia esperança pra ela, uma vez que ela caiu?
Kota fez um barulho de clique com a língua.
— Foi isso que aconteceu com o seu professor?
Starkiller não respondeu.
— Gah, — exclamou Kota eventualmente. — Deixe-me em paz, garoto.
Você está me exaurindo com o seu silêncio.
Juno se escondeu quando Starkiller saiu da cabine. Quando a porta da
câmara de meditação se fechou atrás dele, ela refez seus passos e encontrou
Kota caído no assento com os olhos fechados com determinação, ainda
pensando em seus pensamentos secretos.
Ficou furiosa com os dois. O que havia nos homens que os levava a
agonizar em silêncio, ou a falar em círculos tão fechados em torno da
verdade que a sufocavam? Poderia contar a Kota coisas sobre Starkiller que
fariam os seus olhos mortos saltarem, mas ele não tinha mais moral do que
qualquer um deles, com o seu desespero sem fim e vontade apenas de
reclamar. Certamente ninguém realmente se importava com o nome de
Starkiller ou quem tinha sido o seu professor. O que ele fazia era tudo o que
importava.
Dependendo, disse a si mesma, do que ele fizesse.
—
A ESTRELA DA MORTE ERA EXATAMENTE como a vira através da Força. Do tamanho de
uma pequena lua, pairava sinistramente sobre o planeta prisão, ainda em
construção, mas reconhecidamente uma esfera projetada para ser sólida de
polo a polo, com um prato côncavo ondulando de um lado como uma
grande cratera, possivelmente pertencentes a um sistema de comunicações
ou sensores de grandes dimensões. As linhas da estação eram borradas por
milhares de droides, variando de pequenas unidades de construção a
enormes guindastes e soldadores que ofuscavam até mesmo aqueles no
estaleiro Raxus Prime. As lacunas na blindagem externa revelaram um
esqueleto extenso, forte o suficiente para resistir a uma aceleração
significativa. Geradores de gravidade do tamanho de blocos de escritórios
forneciam uma 'baixa' constante para tudo e todos dentro de seu raio de
operação. Não conhecia as especificações dos vários propulsores, reatores e
sistemas de suporte à vida dos quais a estação diabólica dependeria quando
estivesse totalmente operacional, mas podia imaginar.
Às vezes a imaginação não era uma coisa boa.
A telemetria mostrou milhares de naves ao alcance dos sensores. As
imediações da estação estavam cheias de embarcações de apoio
transportando matérias-primas e dejetos. Alguns eram lançadores de curto
alcance obviamente projetados para saltar entre o canteiro de obras e a
prisão em Despayre, que orbitava. Outros eram cargueiros graneleiros BFF-
1. Olhando para a incrível aventura que acontecia à sua frente, o aprendiz
percebeu que havia encontrado a resposta para um mistério.
— Acho que isso explica o que o Império quer com todos aqueles
escravos Wookiee, — disse ele. — Droides sozinhos não poderiam
construir aquele monstro. Nem em mil anos. Nem a escória que você
normalmente encontra numa prisão imperial.
Juno assentiu com a cabeça distante, com a sua atenção firmemente
focada em pilotar a nave. Eles estavam se movendo rapidamente, atentos à
carga nos cristais de stygium no dispositivo de camuflagem. Com tantas
naves imperiais por perto, incluindo dezenas de esquadrões de TIE apoiados
por nada menos que seis Star Destroiers patrulhando a área, desligá-lo
simplesmente não era uma opção. A Sombra Invasora precisava entrar e
sair rapidamente para que Juno não fosse localizado e interceptado. Mesmo
operando na velocidade máxima segura, seria estreito.
A sua barriga parecia cheia de hidrogênio ao pensar no que aconteceria a
seguir.
A Sombra Invasora contornou um robusto caminhão de gasolina que
cruzou pesadamente o caminho deles e deslizou entre dois grandes
cargueiros seguindo um curso paralelo em direção ao polo sul da estação.
Um pedaço de metal girando, evidência de um acidente ou talvez apenas
derramamento de um caminhão de lixo superlotado, caiu em seu caminho, e
Juno deixou os escudos sofrerem o impacto. As margens de erro ficavam
mais apertadas a cada quilômetro percorrido. Quando estivessem dentro do
alcance de pouso da estação, seria como voar em meio a uma sopa.
— Juno...
— Não diga isso. — O seu olhar permaneceu determinado para a frente
enquanto ela puxava os controles. — Não diga uma palavra.
Segurou enquanto os escudos recebiam outro golpe, desta vez de um
pequeno droide perseguindo um componente perdido com manipuladores
estendidos. O impacto fez a nave balançar.
Ela o olhou.
— Apenas me diga que você ainda tem certeza. Isso é o que temos que
fazer, certo?
— Sim.
A Sombra Invasora voou através de uma nuvem de gás laranja que
deixou a janela e, sem dúvida, o casco, de uma cor diferente. Juno virou a
nave para a direita para evitar uma rocha do tamanho de um pequeno
asteroide e por pouco não colidiu com um trio de TIE fighters que
apareceram de repente atrás de outro cargueiro. No ato de romper para um
quarto mais seguro do céu, os escudos levaram mais cinco tiros. Um
escudo, o traseiro esquerdo, já estava emitindo um aviso.
— Tudo bem, — disse ela, apertando os interruptores em um ritmo
furioso. Na sombra de um guindaste gigante, a Sombra Invasora parou
repentinamente, — É isso. Não posso levá-lo mais longe.
O aprendiz verificou novamente a telemetria enquanto se levantava. Eles
tinham acabado de passar por um campo mantendo uma fina atmosfera
enrolada frouxamente em torno da estrutura maciça. Para os escravos, ele
assumiu. O ar era frio, mas respirável, a distância até a superfície era de
cem metros.
— Isso vai ser perto o suficiente, — disse ele sobre o som da abertura da
rampa. O seu sabre de luz estava em seu quadril; não havia razão para ficar
por perto. — Mantenha a nave camuflada e espere além do alcance do
escâner.
Ela o seguiu até a rampa e realmente saiu com ele, o que ele não
esperava. Firmando-se com uma mão em seu ombro, ela olhou por cima da
borda. A visão era vertiginosa, todos os droides e naves com luzes de
navegação piscando sem parar.
— Tenho um mal pressentimento sobre isso, — disse ela.
Tentou reunir um tom casual.
— Então devemos estar fazendo a coisa certa.
Ela se afastou da vista e olhou para ele.
— Vou te ver de novo?
— Se eu conseguir libertar os rebeldes, eles vão precisar de extração. —
Fez o possível para parecer indiferente, mas os olhos dela não toleravam
dissimulação. — Provavelmente não, não.
— Então eu nunca vou esquecer esse momento. — Ela o puxou para
mais perto dela e o beijou com força nos lábios.
A surpresa total foi sua primeira resposta. Então o tempo diminuiu e
sentiu como se já estivesse caindo. Com uma sensação de segurança
inesperada, a abraçou e respirou o seu perfume, saboreando a sensação dela
em seus braços, Juno Eclipse, ex-capitão da Marinha Imperial e agora piloto
da Aliança Rebelde; Juno, seu companheiro e sparring ocasional nessas
longas semanas e meses; a mulher em quem confiara sua vida em mais de
uma ocasião e confiaria novamente sem pensar duas vezes.
Por um longo e maravilhoso momento, eles foram apenas Juno e Galen,
e tudo estava certo.
Então algo se chocou contra os escudos da Sombra Invasora e o chão se
moveu sob eles. Eles se separaram, procurando algo mais seguro para se
agarrar.
Ela olhou de volta para a nave, obviamente dividida entre seu dever e
ele. Os seus olhos brilhavam com todas as cores da Estrela da Morte, e o
seu próprio azul nítido e bonito.
Posicionou-se na beira da rampa. O gosto dela ainda era forte em seus
lábios. Apesar de tudo, sorriu.
— Adeus, Juno.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, se virou e mergulhou com os
braços estendidos na atmosfera turbulenta. Brilhando em ouro com o poder
protetor da Força, caiu reto e livre como uma flecha em direção à superfície
da Estrela da Morte abaixo.
D etalhes obscuros de cima assumiam
nitidamente definida à medida que se aproximavam rapidamente.
clareza
Juno havia estacionado a nave acima do equador. O que parecia uma linha
larga e escura acabou sendo uma trincheira de paredes íngremes cheia de
máquinas de construção, escravos e Walkers que transportavam cargas.
Posicionamentos de armas e esquadrões armados de stormtroopers
mantinham um olhar atento sobre os trabalhadores Wookiees. Os soldadores
a laser lançaram jatos de faíscas brilhantes no ar enquanto folhas gigantes
de metal eram fixadas no lugar. Grandes seções do casco permaneciam
incompletas, fornecendo acesso às entranhas da estação para os enxames de
droides de muitas pernas que auxiliavam na construção. Correias
transportadoras de componentes pairavam sobre leitos repulsores de local
para local como vias aéreas em miniatura, cruzando-se em todos os ângulos
concebíveis.
O aprendiz contorceu feixes de vigas gigantes de metal e outros detritos
enquanto caía, confiando na Força para protegê-lo do pior. Ao se aproximar
da superfície da Estrela da Morte, virou de cabeça pra baixo, de modo que
desceu com os pés primeiro e se preparou para o impacto.
Desceu com segurança no casco cinza em um espaço livre entre dois
grandes canteiros de obras. O seu sabre de luz estava instantaneamente em
sua mão. Olhando pra cima apenas uma vez, não conseguiu distinguir a
Sombra Invasora entre todas as outras estrelas móveis acima. Se Juno
tivesse algum juízo, pensou, ela já estava bem longe da estação de batalha e
indo para a segurança.
Esteja segura, desejou a ela. Fique bem.
Então, colocando-a fora de sua mente, tanto quanto era capaz, ele
escolheu entre leste e oeste aleatoriamente e começou a procurar uma
maneira de entrar na estação. Ele podia sentir o Mestre Kota e os outros em
algum lugar da superestrutura massiva, mas suas assinaturas na Força
estavam obscurecidas pela presença de tanto sofrimento. Se o Imperador
estivesse lá também, isso obscureceria ainda mais a questão. O aprendiz
nunca tinha conhecido o Mestre de seu Mestre pessoalmente, mas o Lorde
Sith que havia eliminado praticamente todos os Jedi na galáxia sozinho
lançaria uma sombra profunda o suficiente para esconder qualquer coisa.
Confiar na sorte também não o levaria mais perto. Só a fossa equatorial
tinha mais de quinhentos quilômetros de extensão. Precisava encontrar
algum tipo de mapa, ou, na falta dele, um guia...
Rápido como um espectro, movendo-se de esconderijo em esconderijo,
se aproximou de uma patrulha por trás. Armados com rifles blaster de longo
alcance, eles caminhavam quase casualmente ao longo de uma rampa a
meio caminho da parede sul da trincheira. Parecia que o trabalho deles era
manter um olho em uma fila de vinte escravos caminhando acorrentados de
um local para outro ao longo do chão da trincheira, e eles o realizavam com
o mínimo de diligência enquanto discutiam as possibilidades de promoção
que surgiriam quando a estação estivesse totalmente operacional. Outro par
de guardas observava os escravos do lado oposto da trincheira; mais dois
pares ficavam em cada extremidade da fila.
O aprendiz pulava de esteira em esteira até chegar ao nível do par mais
próximo. Se todos os stormtroopers estivessem trabalhando no mesmo nível
de alerta, calculou que teria pelo menos um minuto antes que o alarme fosse
disparado.
Erguendo as duas mãos, sufocou o trooper da direita até que ele caísse
inconsciente no corrimão, então coagiu o da esquerda a se virar.
— Diga-me onde os prisioneiros estão alojados, — disse ele sem medir
as palavras.
— Uh, cada uma das vinte e quatro zonas tem uma instalação de
contenção de trabalhadores, — disse o stormtrooper. — Aquelas feras
peludas lá embaixo estão sempre enlouquecidas. Há também blocos de
celas no Nível de Detenção para traidores e espiões.
O estômago do aprendiz afundou. No momento em que ele revistou vinte
e cinco dessas instalações, os rebeldes estariam mortos com certeza. —
Chegaram novos prisioneiros?
— Como eu iria saber? Estou trabalhando nessa rotina há uma semana.
— O Imperador ou Lorde Vader já veio supervisionar a sua operação
aqui?
— Constantemente. Isso deixa os engenheiros nervosos.
— Eles ficam em algum lugar em particular?
— Você está perguntando ao cara errado. Não estou a par dos
movimentos do Imperador. Tente o sargento Jimaine.
O aprendiz começava a perceber que estava perdendo tempo.
— Viu algum Jedi por aí ultimamente?
— O que? Você está brincando? Todos foram mortos anos atrás. Ei... —
O stormtrooper olhou para o sabre de luz do aprendiz como se o visse pela
primeira vez, — Isso não é um...?
O aprendiz o colocou para dormir com um único pensamento e passou
por cima do corpo em ruínas do stormtrooper. Antes que os números
opostos do par do outro lado da trincheira pudessem notar, ele se apressou
em seu caminho, pensando nas poucas possibilidades abertas a ele.
Aquelas feras peludas lá embaixo estão sempre enlouquecidas...
Algemados e contidos, os vinte Wookiees baixaram suavemente uns para
os outros. Muitos apresentavam sinais de desnutrição e maus-tratos. Um
tropeçou, provocando um tiro de advertência sobre a sua cabeça dos
guardas do outro lado da trincheira. O Wookiee mais alto, um homem
enorme com uma juba grisalha e cheia, rugiu em protesto e ergueu as mãos
em posição de luta.
As correntes o impediram de fazer mais do que isso, no entanto, e um
tiro de blaster em seus pés o forçou a recuar, rosnando de frustração.
O aprendiz observou o incidente, sentindo um plano tomando forma em
sua mente. Os escravos superavam os guardas em mais de dois pra um, se
essa pequena amostra indicasse alguma coisa. Mesmo uma pequena revolta
causaria uma distração significativa. Além disso, se a única
responsabilidade dos guardas fosse vigiar os escravos, quem melhor para
perguntar sobre o layout e as especificações da estação do que aqueles que a
estavam construindo?
Saindo da rampa e em uma esteira rolante, correu na frente do comboio
de escravos e derrubou os stormtroopers antes mesmo que eles o vissem.
Balançou o seu sabre de luz mais duas vezes, cortando as amarras do
escravo líder Wookiee para deixar claro sua intenção, então estendeu a mão
com a Força e telecineticamente arrancou a rampa da parede oposta de seus
alicerces, derrubando os guardas no fundo da trincheira.
A essa altura, a retaguarda estava reagindo, reunindo os Wookiees à sua
frente para formar uma barreira protetora e pedindo reforços. O aprendiz
cortou mais três dos escravos livres. Os quatro pegaram as armas dos
stormtroopers caídos. Em instantes, uma batalha em grande escala estourou.
O aprendiz abriu caminho até o grande macho, que rugiu de boca aberta
em gratidão. Arrebatando um dos blasters de seus companheiros, ele o
empunhou não nos guardas ou nas posições de armas que começavam a
atingir a insurreição menor abaixo, mas nas correntes que ainda prendiam
metade de seus companheiros Wookiees. Indicando com um aceno de
cabeça que o aprendiz deveria lidar com os guardas restantes, ele começou
a empurrar o seu povo para o abrigo mais próximo.
O aprendiz viu sentido naquele plano. Saltou com força sobre as cabeças
do escudo Wookiee e pousou entre os guardas. Eles foram rapidamente
despachados e os seus blasters entregues imediatamente ao último dos
escravos a ser libertado. Juntos, eles correram para se abrigar por uma
brecha na parede incompleta da trincheira e logo se perderam na
infraestrutura densamente emaranhada da estação.
O aprendiz achou difícil acompanhar os Wookiees, com o seu longo
alcance e a sua familiaridade com a escalada, mas quando ele se aproximou
do grande macho, puxou um braço peludo e o fez parar.
— Não consigo entender a sua língua, — disse o aprendiz, indo direto ao
ponto, — mas espero que você possa me entender. Alguns amigos meus
foram feitos prisioneiros pelo Imperador. Eu preciso encontrá-los. Pode me
ajudar?
O Wookiee balançou a cabeça, então rugiu para um de seus
companheiros se aproximar. Os dois trocaram uivos e grunhidos
acompanhados de gesticulações selvagens; então o segundo assentiu
enfaticamente.
Ambos se voltaram para o aprendiz com os dentes à mostra. Interpretou
isso como um bom sinal.
— Então você não sabe, mas você sabe, — ele disse, apontando primeiro
para o grande macho e depois para o outro, um Wookiee desengonçado de
sexo indeterminado com cabelo desgrenhado e olhos vermelhos. — Você
pode me mostrar como chegar lá?
Ambos assentiram. O grande macho levantou um dedo, então se virou e
gritou para o resto do grupo. Mais dois caíram pra trás, e o resto continuou
em frente.
— Vocês quatro vêm comigo? — Ele não tinha certeza de como se sentia
sobre isso. Eles tinham três dos blasters entre os quatro, mas ele não
planejava liderar um exército. O grande macho parecia indignado, — Tudo
bem, tudo bem, — disse ele para evitar uma discussão, — Lidere o
caminho.
Uma mão grande e peluda pousou em seu ombro e apertou com força
suficiente para fazer a articulação estalar. Então eles estavam se movendo
como um, quatro Wookiees foragidos e um único humano com a intenção
de dominar toda a Estrela da Morte.
Eles voltaram pela trincheira, onde o incidente provocou uma resposta
demonstrativa. Walkers de vários tipos e esquadrões a pé examinaram as
marcas do blaster e as correntes descartadas. Vários já haviam montado
expedições à superestrutura em busca dos escravos fugitivos.
O Wookiee esquelético indicou que eles deveriam ir para o oeste,
seguindo uma rota paralela à trincheira. Eles escalaram dutos de cabos tão
grossos quanto barris de vinho e se espremeram por aberturas que seriam
apertadas para uma criança. Sons estrondosos estranhos ecoaram ao redor
deles, seguidos por arranhões agudos e descargas estáticas. A estação
parecia quase uma coisa viva, o que os tornava apenas insetos rastejando
por sua pele. A metáfora agradou ao aprendiz. Insetos carregavam doenças
em alguns planetas. O menor bug pode causar a queda até do maior host.
Uma picada, exatamente no lugar certo, pode ser o suficiente para destruir
tudo o que o Imperador amava...
O Wookiee que liderava o caminho parou repentinamente, parecendo
confuso. Adiante se estendia um complexo emaranhado de canos e
mangueiras que não podiam ser transpostos. A julgar pelas acusações que
vinham e vinham, era obviamente uma característica da estação em
evolução que era nova para todos os Wookiees. Depois de muita
gesticulação e uivos, aparentemente concordaram que eles precisariam
cruzar a trincheira e continuar a sua jornada do outro lado.
Eles se aproximaram do espaço aberto o máximo que ousaram e fizeram
um balanço. Eles estavam a alguma distância agora do local da fuga, mas o
alerta havia se espalhado. Stormtroopers mantinham seus blasters prontos;
os Walkers giravam de um lado para o outro, varrendo a trincheira com as
suas miras. A cada trinta segundos, um esquadrão de TIE fighters gritava
acima. Sirenes acrescentavam um contraponto constante, deixando o
aprendiz no limite.
— Eu não suponho que haja uma alternativa? — ele perguntou aos seus
companheiros peludos.
O grande macho indicou por gestos que a única outra maneira era recuar
um pouco, descer para um nível mais baixo da superestrutura e depois
rastejar sob a trincheira até o outro lado.
Pensando na passagem do tempo, o aprendiz balançou a cabeça. O
grande macho mostrou os dentes em antecipação.
— Tudo bem. Eu vou primeiro. Dê-me dez segundos antes de começar a
atirar, depois outros dez antes de colocar suas cabeças de lã para fora. Não
quero que nenhum de vocês se machuque desnecessariamente.
O grande macho fez um Quem eu? gesticulou em ultraje fingido, então
acenou com a cabeça.
— Certo, — Um trio de TIE fighters voou do lado de fora. O aprendiz
esperou até que um dos AT-ATs em patrulha estivesse lado a lado com o seu
esconderijo, então se lançou para o campo aberto.
Posições de armas automatizadas o localizaram instantaneamente. Armas
dispararam linhas vermelhas de explosões no casco de retalhos da estação
enquanto se agachava entre as enormes pernas do AT-AT. Pegando
componentes da correia transportadora de construção mais próxima, lançou
uma série de mísseis de alta velocidade nas torres, derrubando cinco delas.
Um fluxo de raios Sith colocou o próprio AT-AT fora de ação, e um bom e
sólido empurrão o derrubou com um estrondo, fornecendo cobertura para os
Wookiees quando chegou a hora de cruzar.
O quarteto já havia começado a atirar nos stormtroopers que convergiam
para o local. Uma troca furiosa de tiros de blaster pintou o ar espesso com
energia. O aprendiz desviava de qualquer coisa que viesse em sua direção
enquanto cortava a lateral do AT-AT e caía em seu compartimento de
munições. A tripulação dentro não era uma ameaça, mortos pelos raios, mas
teve o cuidado de não derrubar nenhuma das cargas caso o seu conteúdo se
tornasse instável. Não queria que explodisse ainda.
Acionando um simples interruptor mecânico, saltou pra trás e se juntou à
luta. Outros dois Walkers se aproximavam. Enfraqueceu o metal do casco
sob os seus pés largos, fazendo-os cair na superestrutura. A próxima
patrulha TIE estava chegando rapidamente.
Acenou para os Wookiees.
— Vamos! — Três deles saíram do abrigo, deixando um morto no
tiroteio pra trás. Rosnando, eles correram desordenados atrás dele, saltando
sobre brechas no casco e disparando tiros ocasionais para manter os
stormtroopers na linha. Os Walkers que se aproximavam começaram a
atirar, levantando nuvens de fumaça acre e estilhaços em seu caminho. Um
segundo Wookiee caiu, mas os outros não quebraram o passo. Em
segundos, eles o alcançaram e estavam avançando. O guia apontou para um
painel de acesso aberto convidativamente na parede oposta da trincheira. O
aprendiz abaixou a cabeça e correu.
Por trás dele, acionado telecineticamente, o AT-AT abatido explodiu,
gastando todas as munições armazenadas em uma explosão devastadora.
Em vez de destruir tudo nas proximidades, a explosão foi canalizada ao
longo da trincheira e pra cima, cercando os dois Walkers próximos, os
stormtroopers disparando das grades de proteção e os TIE fighters que se
aproximavam. Uma nova série de explosões se seguiu à primeira, e o
aprendiz sentiu a superestrutura chutar embaixo dele. Destroços de fogo
choveram ao redor deles quando finalmente alcançaram a escotilha e se
jogaram lá dentro.
Eles pararam para recuperar o fôlego e ouvir a perseguição. Nenhum
veio, não imediatamente. Cobertos pelas explosões, eles efetivamente
desapareceram.
— Bem, isso pareceu funcionar, — O aprendiz limpou a fuligem dos
olhos. — Sinto muito por seus amigos.
Com um único som suave, o grande macho conseguiu transmitir que
essas eram apenas as últimas de muitas mortes nos últimos tempos, mas
obrigado pela simpatia.
O guia puxou-os, apontando para um acesso que mal era grande o
suficiente para o aprendiz rastejar. Acompanhados pelo som de sirenes
gritando e superestrutura em colapso, eles seguiram ao seu caminho
apressados.
COM UM WOOKIEE À FRENTE E outro atrás, o aprendiz teve muito tempo para se
acostumar com o cheiro deles. Ou então teria pensado assim. O seu pelo era
pungente e cheio de nós; estresses recentes apenas adicionaram ao seu
aroma. Tentou não imaginar como seria dividir uma cabine com um por
qualquer período de tempo e prendeu a respiração enquanto eles o levavam
para onde queria estar.
Ficou surpreso que o cheiro não desencadeou nenhum lampejo de sua
infância em Kashyyyk, já que as poucas memórias que recuperou da morte
de seu pai sugeriam que eles viveram lá por algum tempo. Perguntou-se se
seu pai estava trabalhando para a resistência naquele mundo brutalizado; ou
talvez tenha sido um pacificador, ou um curador, usando a Força para
amenizar os ferimentos daqueles atingidos pelo punho de ferro do Império.
O fato dele nunca saber o atingiu como a maior tragédia de todas. Como a
vida de um homem pode simplesmente desaparecer? Como outro homem,
mesmo Darth Vader, poderia pegar uma criança e remodelá-la
completamente, removendo todos os vestígios de sua vida anterior e
mantendo a única parte que queria, a habilidade com a Força que
cuidadosamente nutriu e guiou para o lado sombrio, a fim de que um dia
possa servir ao seu próprio projeto? Não parecia possível, mas era. Ele, que
já foi Galen, filho de um Cavaleiro Jedi em Kashyyyk, era a prova disso.
Gostaria de poder contar aos seus companheiros algo sobre o seu pai
para que eles pudessem levar um pedaço dele com eles, garantindo a sua
sobrevivência na memória, se não em vida. Mas não havia absolutamente
nada, e tentar apenas baratearia o sentimento. Então ele permaneceu em
silêncio e abandonou a sua última esperança de que mais memórias
viessem.
Por fim, o acesso se alargou, juntando-se a vários outros em uma junção
grande o suficiente para os três ficarem de pé. O guia deles, que o aprendiz
acabou descobrindo ser algum tipo de técnico de laser quando não estava
soldando placas de blindagem na superestrutura, explicou com gestos que
não muito longe havia uma porta de exaustão que o levaria aonde ele queria
ir. A porta levava a outro poço que era muito perigoso, um ponto
transmitido por vigorosos sinais manuais e dedos desenhados várias vezes
na garganta. Não sabia exatamente qual era a ameaça, mas garantiu a ambos
que tomaria cuidado.
A partir daí, parecia que deveria continuar subindo.
— Obrigado, — disse ele, segurando cada uma das mãos e esmagando os
ossos dos dedos. — Você ajudou a todos ao me ajudar. Espero que um dia
você saiba disso.
O grande macho deu um tapinha carinhoso na cabeça dele.
— E vocês dois? Vão ficar bem?
Os Wookiees trocaram um olhar mais cansado do mundo. Dando de
ombros, o menor deixou claro que não deveria se preocupar com eles.
O grande macho grunhiu e empurrou o aprendiz para o caminho de
acesso correto. Não adiantava resistir. Quando havia percorrido dois metros,
se virou para olhar pra trás. Eles já se foram.
— Certo, — disse pra si mesmo, menos aliviado do que esperava sentir
agora que estava sozinho novamente.
Em seguida, voltou a rastejar, embora desta vez respirando ar
relativamente fresco e com gosto de metal, passando por bancos complexos
de equipamentos inacabados que zumbiam e estalavam sozinhos. Esperava
que os Wookiees tivessem lhe dado as instruções certas, caso contrário
poderia rastejar por meses no centro da estação e nunca encontrar uma
saída.
À frente, cada vez mais alto, o som dos stormtroopers conversando
sugeria que eles não o haviam desviado do caminho.
A via de acesso terminava, como prometido, em uma porta de exaustão
guardada por um esquadrão completo de troopers em alerta. O ar quente
girava em torno deles, vindo em rajadas ocasionais que os faziam
cambalear. Duas posições de laser quádruplo com artilheiros humanos
vigiavam o porto; quatro Walkers retiniam na linha de visão.
Ficou escondido por um minuto, considerando as suas opções, então
voltou para o último cruzamento e deslizou para um duto de ventilação que
levava pra cima, para uma saliência na qual os canhões estavam montados.
Enfiou o nariz na outra extremidade e usou a telecinese para criar uma
distração abaixo. Enquanto a atenção dos guardas estava em outro lugar, ele
deslizou para fora e correu para o primeiro dos canhões.
Matou o operador no meio do caminho e continuou correndo para o
segundo canhão. Havia girado noventa graus para encará-lo no momento
em que ele estava nele, jogando o seu operador para fora de seu arnês e
tomando o seu lugar. A arma girou suavemente em suas montagens
enquanto ele a balançava para acertar o Walker mais próximo. Uma série de
tiros fortes penetrou em sua armadura e a explodiu em pedacinhos.
Os seus próximos alvos eram os guardas abaixo, antes que eles pudessem
acertá-lo. Eles se espalharam em todas as direções, procurando cobertura.
Enquanto eles estavam ocupados, ele tirou o segundo Walker. Esta seção
particular da trincheira estava se dissolvendo no caos, assim como o último
incidente que havia criado. Fumaça subia dos Walkers caídos; sirenes
gritavam e gemiam. Reforços inundaram de todas as direções, atirando em
todos os objetos em movimento, fossem amigos ou pedaços de material de
construção jogados por seu inimigo distante.
Afastou os guardas novamente, então eliminou o terceiro Walker.
Ouvindo TIE fighters em seu caminho, julgou que a confusão havia
atingido o seu pico e escapou do canhão, deixando-o religado para girar e
atirar aleatoriamente. Quando caiu na porta de exaustão e correu para
dentro, várias ondas convergentes de tiros explodiram o canhão em
pedaços, ajudando a cobrir a sua fuga.
As coisas estavam mais silenciosas no poço inclinado para baixo, pelo
menos por um tempo. Correr pelo ar quente retardou um pouco sua descida,
e apenas uma explosão ocasional de calor causou algum desconforto. Várias
vezes encontrou stormtroopers, mas apenas em grupos de dois ou três, e
eles foram facilmente despachados. Perguntou-se se a notícia de sua
existência e o dano que estava causando havia se espalhado até a cadeia de
comando e permaneceu incerto se queria que o seu Mestre soubesse que
estava vindo ou não. O elemento surpresa tinha algum valor, é claro, mas
também a certeza de que o ataque era iminente. Só se podia ficar em guarda
por tanto tempo. Erros estavam fadados a serem cometidos.
Diminuiu a velocidade, aproximando-se do final da porta de escape. Um
leque de pás largas girou rapidamente em seu caminho. Parou
telecineticamente e deslizou com segurança para o outro lado, mas não
antes de acionar alarmes de obstrução e atrair pessoal técnico e de
segurança de longe. Ele abriu caminho pela sala de controle de ventilação,
subindo novamente conforme as instruções, procurando o tubo perigoso que
lhe disseram para esperar. A maquinaria ao seu redor ficou maior e mais
complicada conforme ele avançava: enormes tubos interligados alimentados
por grossas mangueiras hidráulicas soltavam vapor e pulsavam em série.
Um estrondo profundo e irregular, não muito diferente daquele do canhão
de minério em Raxus Prime, veio das solas de seus pés. Rajadas de ar
super-resfriado o atingiram de juntas incompletamente seladas.
Sua visão da Estrela da Morte estava longe de estar completa, mas agora
tinha informações suficientes para começar a entender exatamente onde
poderia estar. Ao passar por uma placa alertando sobre a presença do gás
Tibanna, teve certeza.
Uma estação de batalha não tinha utilidade pra ninguém a menos que
estivesse armada, e não só armada com um grande número de armas
convencionais. Algo desse tamanho estava fadado a empunhar uma arma de
destruição em massa nunca antes vista. O gás Tibanna era um composto
raro e altamente reativo encontrado em alguns gigantes gasosos, como
Bespin. Quando combinado com um fluxo de luz coerente, aumentou
enormemente a saída do laser, levando ao seu uso em vários designs
avançados de naves e, ao que parecia, na Estrela da Morte.
Olhando ao seu redor mais de perto, ele pôde ver que a maquinaria que o
tornava pequeno poderia ser os componentes de um enorme sistema de
laser, proporcional ao enorme tamanho da estação.
Quando alcançou um tubo de laser mais largo do que algumas cidades
pequenas, sabia que havia encontrado o lugar ao qual o seu guia Wookiee
estava se referindo. O sistema estava sendo testado, com dezenas de
técnicos imperiais e especialistas em armas observando o seu desempenho.
Teve que passar por todos eles e evitar o feixe do próprio laser para atingir
o seu objetivo.
Deu de ombros, abandonando qualquer sugestão de segredo em troca da
pressa. Muito tempo se passou. Todos entre ele e Darth Vader eram
irrelevantes. Lutaria até a última pessoa na estação se fosse necessário, mas
isso não faria diferença no final.
Está na hora, Mestre, ele sussurrou enquanto lutava. Você roubou a
minha vida e me deixou para morrer, e agora estou indo atrás de você...
QUANDO ATINGIU O TOPO do tubo de laser, percebeu que a sua concepção do
sistema de armas da Estrela da Morte não tinha sido grandiosa o suficiente.
O laser que estava observando era apenas um dos oito lasers afluentes que
se fundiriam em um feixe chocantemente destrutivo. Pulsos
cuidadosamente cronometrados em cada um dos oito canais criariam uma
força capaz de destruir qualquer nave que ele pudesse imaginar.
Possivelmente até um planeta. Sentiu-se mal com o pensamento.
Desinformação, escravidão e tortura claramente não eram suficientes para
manter as massas na linha, então o Imperador iria recorrer ao genocídio. Se
não fosse parado logo, não haveria mais ninguém vivo além dele,
gargalhando loucamente nos salões vazios de Coruscant.
O aprendiz olhou para o enorme prato de focagem, que inicialmente
presumira ter um propósito relativamente inocente. Agora que sabia para
que realmente servia, o pensamento de que deveria destruí-lo o enchia de
uma espécie de urgência cansada. Já havia interferido significativamente em
vários dos planos grandiosos do Imperador. Por que não este também?
A resposta estava em seus ossos. Ficou assustado só de pensar nisso, não
apenas pela tarefa em si, mas também pelas mortes que já havia causado.
Poderia suportar uma conquista tão sombria em cima de todas as outras?
Juno poderia? Não tinha certeza da resposta.
Não, decidiu. Este era um trabalho para outras pessoas, para a Aliança
Rebelde, se pudesse encontrá-los e libertá-los das garras frias do Imperador.
Isso era o importante, que eles sobrevivessem e lutassem outro dia. Isso era
tudo o que tinha para alcançar, nesta missão.
Pulsos escarlate coerentes iam e vinham em sequências arcanas enquanto
a arma continuava o seu teste. Cada descarga consumia energia suficiente
para alimentar um Star Destroier. A atmosfera bem embrulhada da estação
se agitava com fortes concussões e tremores secundários sussurrantes.
Trabalhadores visíveis na superfície da estação e no céu acima pararam para
observar esses prenúncios do que estava por vir no futuro da arma.
Uma estrutura na borda da cratera de foco chamou a sua atenção: uma
bolha de observação feita de transparaço brilhante na qual várias figuras
humanas eram vagamente visíveis. Uma figura vestida inteiramente de
preto apareceu, curvou-se e desapareceu novamente.
Mestre e servo.
Com o maxilar cerrado, o aprendiz abriu caminho pela borda do prato de
foco do superlaser, iluminado por clarões verdes ofuscantes vindos de cima.
ELE ESTAVA VAZIO. ANTES QUE ALGUÉM pudesse responder ao som, selou
telecineticamente as portas que levavam de volta à Estrela da Morte. Então
se virou e abriu as portas internas.
— ...traidores do Império, — veio a voz de Palpatine da câmara além,
exultante, friamente, cheia de malícia inimaginável. — Vocês serão
interrogados. Torturados. Vocês me darão os nomes de seus amigos e
aliados. E então, quando vocês não forem mais úteis pra mim, vocês serão
executados.
A voz de Bail Organa se ergueu em desafio.
— As nossas mortes só irão reunir outras...
— A suas execuções serão muito públicas e muito dolorosas, Senador
Organa. Elas servirão para esmagar qualquer dissidência.
O aprendiz entrou decididamente na sala, circulando um grande gerador
de campo de energia no centro da cúpula. Mon Mothma, Garm Bel Iblis,
Bail Organa e Mestre Rahm Kota estavam juntos do outro lado, cercados
por Guardas Imperiais. O Imperador estava andando na frente deles,
encapuzado e curvado, mas irradiando um poder incrível. O aprendiz só
tinha olhos para a figura sombria que assomava a um ou dois metros de
distância, com os braços cruzados enquanto observava a cena.
Kota ergueu o rosto arruinado quando o aprendiz se aproximou. O
zumbido do sabre de luz ficou muito alto de repente.
— Ainda pode haver uma rebelião, — disse Kota, sorrindo como se
nunca tivesse acreditado no contrário.
Darth Vader e o Imperador se viraram ao mesmo tempo.
Uma onda de ódio encheu cada veia do corpo do aprendiz. Finalmente
chegara a hora da vingança.
O rosto odioso do Imperador se transformou em uma máscara de
escárnio.
— Lorde Vader, lide com o garoto. Adequadamente, desta vez.
O Lorde Sombrio já estava se movendo. A lâmina vermelha de seu sabre
de luz ganhou vida, lançando sombras sangrentas pela sala. Não houve
discussão. Não ofereceu ameaças. Ficou claro que pretendia apenas
completar o que não conseguiu terminar em Corellia.
O aprendiz sabia exatamente o que esperar. Eles haviam duelado muitas
vezes antes. Aprendera a lutar nas mãos do homem de traje preto, o homem
cujo rosto estivera para sempre escondido dele. Conhecia as intimidades de
sua versão refinada do Djem So, um estilo de luta que incorporava
elementos de Ataru, Soresu e Makashi. Defendeu-se de muitos ataques
selvagens e cortantes que teriam subjugado até mesmo um extraordinário
Cavaleiro Jedi. Suportou o peso de muitas batalhas psicológicas.
Pensou que estava pronto, e então a severidade do golpe inicial o pegou
de surpresa.
Um simples golpe duplo, pra cima e depois para baixo, continha força
suficiente para sacudir os seus pulsos e ombros e quase desarmá-lo
completamente. A colisão de seus sabres de luz foi ofuscante. Cambaleou
pra trás e se viu no centro de uma tempestade telecinética. O seu Mestre
aproveitou a sua fraqueza momentânea e lançou projéteis contra ele de
todos os lados, na esperança de mantê-lo desprevenido. Por um momento,
funcionou.
Então o aprendiz se endireitou e, com um movimento do braço esquerdo,
afastou os projéteis. Bloqueou um golpe selvagem que o teria cortado em
dois e outro que teria levantado a sua cabeça de seus ombros. Abaixando-
se, ele esfaqueou a barriga de seu Mestre, em seguida, sacudiu a ponta de
seu sabre de luz pra cima, na esperança de pegar o queixo do capacete de
Darth Vader e espetá-lo na garganta. O sabre de luz vermelho bloqueou o
golpe, mas por pouco. Eles se separaram por um momento para avaliar a
breve troca e circularam um ao outro cautelosamente.
O aprendiz entendeu que, até aquele momento, eles nunca haviam
realmente lutado de igual para igual. O seu Mestre se conteve ou ele próprio
capitulou. Agora, pela primeira vez, eles veriam o verdadeiro potencial um
do outro. Onde Darth Vader era forte e implacável, ele era rápido e astuto. E
havia maneiras de lutar que não envolviam sabres de luz. Objetos soltos,
acelerados a velocidades mortais pela Força, tornaram-se projéteis que
convergiam de todas as direções. Punhos invisíveis agarrados à garganta ou
socados com o poder de bate-estacas. Pisos inclinados sob os pés; vigas
cortadas perfuradas como dardos; circuitos sobrecarregados explodiram.
— Você é fraco, — o aprendiz disse quando o seu antigo Mestre lançou
uma segunda série de golpes esmagadores, cada um dos quais bloqueou
com elegante precisão.
Darth Vader lutou brilhantemente, nunca empregando nada menos que
um golpe mortal. A sua intenção era letal. Tudo o que ele precisava era de
um deslize, uma pequena brecha nas defesas de seu oponente.
O aprendiz jurou não lhe dar uma. Girou e dançou em torno das defesas
de seu Mestre, testando-as em seus limites.
— Você pensou que eu estava morto, — ele disse, deixando aquele
pequeno triunfo estimular a sua determinação a novos patamares. Os seus
sabres de luz dançavam, borrando, varrendo e lançando faíscas de uma
forma que teria sido linda se sua intenção não fosse tão mortal. O aprendiz
sentiu as energias selvagens e alegres do lado sombrio fluindo através dele e
resistiu ao seu chamado, buscando uma maneira melhor de terminar o
trabalho.
Eles lutaram pra frente e pra trás na cúpula de observação.
— Eu entendo você agora, — ele disse, ainda tentando incitar o seu
antigo Mestre a quebrar a sua concentração. — Você matou o meu pai e me
sequestrou de Kashyyyk, não apenas para ser seu aprendiz, mas para ser um
filho para você. Foi assim que o seu pai tratou você?
A intensidade do ataque de Darth Vader redobrou.
— Não tenho pai.
O aprendiz caiu pra trás sob a chuva de golpes. O crepitar do tecido e um
leve fedor de pele queimada lhe disseram que pelo menos dois dos erros de
Darth Vader estavam horrivelmente próximos, mas ele não sentiu dor. Ele,
por outro lado, tinha definitivamente atingido um nervo.
Olhando por cima do ombro de Darth Vader, viu o Imperador assistindo
ao duelo, com o rosto contorcido em deleite malévolo.
E o aprendiz entendeu.
Uma maneira melhor de matar...
Não por ódio. O que quer que estivesse sob aquela máscara negra, não
era beleza ou felicidade. Só a feiura e a dor se esconderiam por tanto tempo.
O ódio não seria suficiente para virar o jogo contra Darth Vader.
Estendendo a mão esquerda, atingiu o seu Mestre com raios Sith. Isso
quebrou o ímpeto do ataque furioso, permitindo que ele se levantasse e
recuperasse o fôlego.
— Eu não preciso te odiar para vencer em você, — ele engasgou. — Isso
é algo que vou te ensinar agora.
— Você não pode me ensinar nada, — a voz pesada de Darth Vader
entoou. Uma luva preta se apertou e, por um momento, a garganta do
aprendiz se fechou.
Ele repeliu o ataque telecinético com um dos seus, empurrando o seu
Mestre no peito com a força de uma pequena explosão, jogando Darth
Vader pra trás na sala.
Apesar de todo o seu tamanho e falta de jeito ocasional, o Lorde Sombrio
estava seguro. Ele caiu de pé e se lançou de volta para a briga.
— Eu não te odeio, — o aprendiz continuou, bloqueando-o golpe por
golpe, — Tenho dó de você, — Com uma nova força própria, forçou Darth
Vader a ficar com o pé atrás. — Você destruiu quem eu era e me fez como
sou agora, mas isso não foi ideia sua. Era do Imperador e é o que ele já faz
com você. Uma tira da capa de Darth Vader voou para longe, fumegando.
Os dois se aproximaram até ficarem cara a cara. O aprendiz olhou
diretamente para os olhos negros de seu antigo Mestre. — Você é sua
criatura assim como eu era sua, mas você nunca teve forças para se rebelar.
É por isso que tenho pena de você. Não servirei mais a um monstro e, se eu
quiser, vou garantir que você também não.
Vader tentou se afastar, mas o aprendiz o seguiu, mantendo-o na
defensiva.
— Eu vou matar você, — disse ele, — para libertá-lo.
Os sabres de luz brilharam novamente, e foi o aprendiz quem encontrou
a brecha na armadura que ambos esperavam. O sabre de luz de Vader
moveu-se muito lentamente para bloquear um golpe em seu peito,
permitindo que a lâmina do aprendiz cortasse profundamente sua garganta
blindada. Vader cambaleou pra trás, a mão enluvada levantada para a ferida
fumegante.
Não havia sangue. Em vez de pressionar o ataque, o aprendiz se manteve
firme. Apesar de si mesmo, estava tão surpreso quanto seu antigo Mestre
claramente estava.
Por um momento, os únicos sons foram o zumbido duplo dos sabres de
luz e o chiado do respirador de Darth Vader.
Então o Lorde Sombrio riu.
Era um som horrível, vazio de humor e cheio de zombaria. Nele, o
aprendiz ouviu uma década e meia de tortura e abuso.
A raiva explodiu. Lançou-se em frente. O seu antigo Mestre mal
bloqueou o golpe. Um segundo marcou um ferimento profundo em seu
ombro vestido de preto. Um terceiro esfaqueou profundamente em sua
coxa.
Darth Vader cambaleou pra trás, os servos motores gemendo em seus
membros feridos e o sabre de luz tremendo.
O aprendiz agarrou o seu sabre de luz com as duas mãos e se conteve. A
raiva era familiar e poderosa; também nublava seus olhos quando ele mais
precisava ver com clareza.
Vader se preparou para o combate novamente. O seu poder sobre o
aprendiz, entretanto, havia desaparecido. O seu sabre de luz saiu deslizando
e faiscando pelo chão, arrancado de seu controle por telecinesia. A Força o
ergueu no ar, como uma vez ele havia levantado o pai do aprendiz, e uma
enxurrada de mísseis o atingiu com força crescente. Levantou as mãos
enluvadas para se defender, mas a bateria continuou até que, com um
estrondo, o aprendiz arrancou do chão o gerador de campo de energia no
centro da sala e o atirou em seu antigo Mestre.
O gerador explodiu com mais força do que esperava, jogando ele e todos
os outros no chão. A cúpula transparaço quebrou. Detritos choveram por
toda parte. O som da explosão soou em seus ouvidos por um tempo
anormalmente longo depois.
Foi o primeiro a se levantar, atravessando os escombros até onde Darth
Vader jazia de cara pra frente, gravemente ferido e despojado de sua
armadura em alguns lugares. Carne e maquinário apareciam pelas brechas.
Finalmente, um pouco de sangue real estava fluindo.
O aprendiz estava sobre ele com o seu sabre de luz erguido e pronto para
atacar. O seu antigo Mestre estava tentando ficar de pé, desejando
debilmente que o seu corpo maciço se movesse como deveria. Os
servomotores gemiam e se esforçavam. Quando ele rolou, o aprendiz
congelou.
O capacete de Darth Vader foi arrancado pela explosão. Abaixo estava o
rosto do homem que o havia roubado e escravizado, uma coisa patética e
sem pelos, coberta de rugas e velhas cicatrizes. Só os olhos davam os
mínimos sinais de vida: azuis e cheios de dor, fitavam-no com indisfarçável
cansaço.
O Imperador apareceu da fumaça que se depositava, com alegria no
rosto. Ele levantou uma mão como se fosse tocar o aprendiz. O aprendiz
sentiu uma onda de sugestão hipnótica fluir por ele.
Sim! Mate-o! Ele é fraco, quebrado! Mate-o e você poderá ocupar o seu
lugar de direito ao meu lado!
O aprendiz permaneceu congelado, hipnotizado pelo medonho carisma
do Imperador. Por que não? Não foi isso que considerou em Raxus Prime?
Se concordasse com esse plano, estaria livre de um Mestre e escravo de
outro, mas o que o impediria de atacar aquele Mestre por sua vez, um dia?
Não cometeria os mesmos erros que Darth Vader cometeu.
Darth Vader, que assassinou o seu pai, mentiu e o traiu, matou o PROXY,
marcou Juno como traidora e sequestrou Kota e os outros. Ele não merecia
morrer mil vezes?
E ao poder, se acostumou a ele a serviço de seu Mestre. Quando o lado
sombrio cantou através dele, outros dançaram de acordo com sua vontade.
Isso seria difícil de desistir.
— Não! — A voz de Kota veio como se viesse de uma grande distância.
O aprendiz notou, como se estivesse vendo o mundo em câmera lenta, o
Mestre Jedi arrebatando telecineticamente o sabre de luz do Imperador de
sua cintura e, com certeza desmentindo a sua cegueira física, usando-o para
derrubar os Guardas Imperiais que vigiavam os prisioneiros. Avançando,
atacou em seguida o Imperador, que estava parado, aparentemente
desarmado, com uma mão ainda estendida para o aprendiz.
Mas o Imperador nunca estava desarmado. Erguendo a outra mão,
atingiu Kota com um raio antes que o golpe chegasse perto de cair. A
energia Sith estalou entre eles e o Mestre Jedi caiu pra trás, preso nas garras
mortais do Imperador.
— Ajudem-no!
A voz de Bail Organa tirou o aprendiz de seu transe. Ele balançou a
cabeça, sentindo a influência do Imperador escorrendo dele como óleo. O
que estava pensando? Não queria voltar para o lado sombrio depois de tudo
que havia passado. Tinha visto o que aconteceu, em Maris Brood, em
Felucia e nos olhos de Darth Vader. Nem queria matar o seu Mestre, agora
que o via humilhado e à sua mercê. Foi aí que tudo começou, agora
percebia. Quando Darth Vader matou o pai de Galen e arrancou o sabre de
luz de sua mão, a sua intenção era apenas vingar a morte de seu pai. Isso foi
o que Vader viu nele todos aqueles anos antes, não apenas que era forte com
a Força, e foi por isso que Galen apagou a pessoa que havia sido. Havia
dado o primeiro passo no caminho do lado sombrio por conta própria, antes
de ser submetido à tutela cruel de Vader. Tinha que se retratar agora ou se
submeter ao lado sombrio para sempre.
Assassinar Darth Vader não levaria a nada. Salvar os seus amigos pode
mudar o curso da história.
Vista sob essa luz, a decisão era surpreendentemente fácil.
Uma saraivada de transparaço quebrado e detritos levou o Imperador de
volta de Kota, quebrando a sua concentração e libertando o Mestre Jedi da
teia fatal de energia. Fumegando e fraco, Kota caiu e foi pego por Garm Bel
Iblis. O aprendiz jogou o comunicador para eles e avançou para Palpatine.
— Bom, — sibilou o Imperador, com as suas mãos em forma de garra
erguidas entre eles como um velho fraco se defendendo de um atacante.
Tropeçando, ele caiu de joelhos, — Sim, — Ele olhou para o aprendiz. —
Você estava destinado a me destruir. Faça isso! Ceda ao seu ódio!
O aprendiz parou sobre ele por um momento com o seu sabre de luz
erguido. A sua luz aquática refletia nos olhos do Imperador da galáxia como
se fosse a última coisa que ele veria.
Com um estalo, o aprendiz apagou a lâmina e baixou o braço.
Kota mancou atrás dele e colocou a mão em seu ombro.
— É isso aí, garoto, — ele disse com orgulho áspero. — Ele está
derrotado. Deixa pra lá.
O som dos motores lá de cima distraiu os dois. Eles olharam pra cima
para ver a Sombra Invasora descendo sobre a cúpula quebrada, as luzes
acendendo e apagando para atrair a sua atenção. Os seus repulsores
dissiparam o resto da fumaça e lançaram a capa esfarrapada do aprendiz em
torno de suas pernas.
Juno, ele pensou. Enfim, tudo vai ficar bem.
— Seu idiota! — rosnou o Imperador, enviando outra onda de raios Sith
nas costas de Kota. — Ele nunca será seu.
Kota caiu com os braços erguidos, e o aprendiz sabia que ainda não
havia acabado. O momento da verdade havia chegado.
Sem hesitar, se colocou entre Kota e o Imperador, levando todo o
impacto do raio Sith em seu próprio corpo.
A dor era incrível, queimando cada nervo de volta às suas células
individuais, espetando cada um deles em agulhas incandescentes. Nunca
antes havia sentido algo assim. Queria se afastar da fonte, se enrolar em
uma bola e deixar a inconsciência levar a dor embora, mas de alguma forma
ele ficou de pé, vendo o mundo através de uma luz azul crepitante, e até deu
um passo em direção ao Imperador.
— Vai! — ele sibilou para Kota, — Rápido!
O General hesitou apenas por um momento. Ele também teve um
vislumbre do futuro, lembrou o aprendiz. Ele sabia que tudo se resumia a
uma escolha simples: ele e os rebeldes ou o aprendiz e a escuridão para
sempre. Reunindo os rebeldes, Kota os conduziu em direção a nave que
descia.
Mais um passo cambaleante e doloroso e o Imperador estava ao alcance
do aprendiz. Com dedos trêmulos, pegou os ombros ossudos do velho em
suas mãos e os segurou com força. O raio Sith se espalhou para envolver os
dois, alimentado por ambos os seus desesperos. O Imperador inclinou a
cabeça pra trás e uivou de dor lasciva. A escuridão ameaçou envolver a
mente do aprendiz, mas ele agarrou a consciência com uma vontade febril.
Tinha que ver isso. Tinha que fazer isso.
Um esquadrão de stormtroopers entrou correndo na sala, liderado por um
Darth Vader manco. Eles levantaram seus blasters para atirar nos rebeldes
enquanto eles fugiam pela rampa da Sombra Invasora.
— Não! — o aprendiz gritou, baixando as suas defesas para atacar uma
última vez os Imperiais. Energia surgiu através dele. Sentiu como se uma
estrela tivesse ganhado vida em seu peito. Impulsionado pela preocupação
com os seus amigos e não consigo mesmo, abraçou a Força completamente,
totalmente, e foi recompensado com uma força que fez seus esforços com o
lado sombrio parecerem os de uma criança. Os seus nervos estavam em
chamas. Flâmulas de luz irradiavam de sua pele. Os seus ossos brilhavam
como lava radiante.
Viu mais do que sentiu a enorme onda de choque que consumiu uma
grande parte do que restava da cúpula de observação. Uma bolha brilhante
de fogo rasgou os stormtroopers em pedaços e engolfou Vader e o
Imperador. Os estilhaços encheram o ar como poeira capturada pelo feixe
do poderoso laser da Estrela da Morte.
Jogado como uma folha, a Sombra Invasora fugiu às pressas, a rampa se
fechando sobre a sua preciosa carga.
O aprendiz sentiu que estava saindo de seu corpo novamente. Ou seu
corpo estava deixando-o desta vez? Sentiu-se dilacerado pela energia que
fluiu através dele. Cada célula estava em choque; cada fibra estremeceu. O
fogo em seu rosto não possuía nenhum calor. Os seus membros pareciam
tão distantes quanto os braços mais distantes da galáxia. Ficou surpreso que
restasse o suficiente dele para pensar.
Enfraquecidos pela explosão, os suportes da cúpula cederam. Ele
desabou no prato do superlaser, provocando uma série de explosões
convencionais. Stormtroopers convergiram para o local. Através da densa
fumaça, duas figuras eram visíveis da perspectiva rarefeita do aprendiz.
Darth Vader lutou para se levantar dos escombros, ainda mais danificado
do que antes. Procurou apoio e encontrou apenas o seu Mestre, carrancudo.
Juntos, sem falar, eles vasculharam os escombros.
Quando encontraram o que procuravam, nenhum dos dois pareceu mais
feliz por isso.
— Ele está morto, — o Lorde Sombrio entoou, olhando
desapaixonadamente para o corpo aos seus pés.
Este momento, pensou o aprendiz. Eu vi isso!
— Então ele agora está mais poderoso do que nunca. — O Imperador
olhou pra cima, observando amargamente enquanto a Sombra Invasora se
afastava no céu agitado. — Ele deveria erradicar os rebeldes, não dar-lhes
esperança. O seu sacrifício apenas os inspirará.
— Mas agora sabemos quem são, meu Mestre. Vou caçá-los e destruí-
los, como você sempre pretendeu, começando com o traidor Bail Organa.
O Imperador acenou para que ele se calasse e se virou para ir embora.
— Paciência, Lorde Vader. Muito melhor destruir a esperança de um
homem primeiro. Ou de alguém próximo a ele...
A esperança nunca será destruída, pensou o aprendiz. Agora não. Ele
sobreviverá a qualquer outra coisa que você jogar neles...
A escuridão o pressionava. Não resistiu. Juno estava segura. Isso era
tudo com o que ele se importava agora. Não precisava estar lá para ver o
que aconteceria a seguir. Ele podia imaginar muito bem.
Com seu último pensamento, sussurrou o seu próprio nome.
Despercebido por qualquer um, o Lorde Sombrio ergueu o salto de uma
bota preta sólida e esmagou o sabre de luz de seu aprendiz caído em pó.
O céu de Kashyyyk estava extraordinariamente livre de
tráfego, pela primeira vez. Em vez de transportes piscantes e
unidades de subluz flamejantes, tudo o que Juno podia ver eram as estrelas,
brilhando como diamantes contra o preto aveludado. Acalmou-a olhar para
eles, tirou-a de si por um tempo. Isso era exatamente o que precisava.
O som das vozes era suave na noite. Não lhes deu atenção. Os Rebeldes
tentaram incluí-la, mas o que importava o que ela, uma ex-piloto imperial,
pensava da rebelião? O que sabia sobre os planos de Galen ou Darth Vader?
Estava envolvida em eventos, nem sempre uma participante disposta. Em
seus sonhos, ainda se via falando com Galen sobre aquela missão final e
fugindo com ele para a infinita paisagem estelar...
Suspirou. Fugir nunca foi uma opção. O Império os teria perseguido a
cada passo, assim como o passado de Galen. No fundo, suspeitava que
sempre soube que terminaria assim.
Mesmo assim, a sua dor foi esmagadora quando reuniu os Rebeldes da
Estrela da Morte. Imediatamente ao saber que Galen não estava entre eles,
quis voltar para a onda de choque ainda se expandindo da bolha de
observação quebrada para resgatá-lo, mas o olhar nos olhos de Kota disse a
ela que não havia sentido. Galen se foi.
Perdido. Morto. Isso equivalia à mesma coisa. Depois de tudo que eles
passaram, depois de todas as batalhas que ele lutou... pelo menos, no
processo, ele deu a todos uma chance de escapar da Estrela da Morte.
Juno se manteve firme por tempo suficiente para afastá-los do sistema
Horuz e até traçou um curso para Kashyyyk, por insistência de Kota. Assim
que chegaram ao hiperespaço, o General contou a ela com franqueza e
franqueza exatamente o que havia acontecido na cúpula de observação. Isso
a deixou um pouco mais calma. Melhor o seu nobre autossacrifício do que
Galen caindo para o lado sombrio para sempre. Entendeu isso. Se ele
tivesse matado Darth Vader, teria sido o fim dele, como o conhecia. Uma
vida sem esperança era pior do que nenhuma vida.
Quando Kota terminou, se retirou para os pequenos aposentos da
tripulação para deixar os seus sentimentos irem e aceitar a verdade. Saber
que Galen tinha permanecido fiel a suas intenções até o fim não recompôs
sua vida. Havia confiado nele, não apenas com ela, mas com o seu futuro.
Ele havia confiado nela com o seu nome. O que faria sem ele?
O seu futuro imediato estava decidido, pelo menos. Poderia encontrar
paz com o que restava dele mais tarde. As suas memórias nunca perderia, e
a Rebelião, disse a si mesma, que poderia ter uma chance de vencer...
Eles vieram para Kashyyyk ostensivamente para honrar a memória de
Galen, mas suspeitava que os Rebeldes estavam procurando por segurança.
Eles sabiam tão pouco sobre ele, mesmo agora. Além do sacrifício final que
ele fez para garantir a segurança deles, sua história tinha muitos buracos.
Juno estava relutante em preenchê-los e viu a mesma relutância em Kota.
Galen morreu como um herói. O que mais importava?
— O nome completo dele era Galen Marek, — Bail Organa havia
anunciado após uma longa busca nos registros imperiais. — O seu pai,
Kento, era um Cavaleiro Jedi que viveu por dez anos entre os Wookiees.
Galen nasceu lá.
— Ele encontrou algo na floresta, — Juno disse aos Rebeldes,
lembrando-se de Galen dizendo pelo comunicador, apenas uma velha
cabana. Uma ruína, realmente. Mas parece familiar.
E agora estava de pé naquele mesmo local, tendo rastreado através dos
arquivos de missão da nave as coordenadas exatas que Galen havia
transmitido. Podia imaginá-lo como ele era então, dilacerado por um
conflito interno, olhando exatamente para o que ela podia ver: a cabana
derrubada; o blaster queima; a evidência de um duelo de sabre de luz muito
antigo.
Há uma grande escuridão na floresta. E... sim, tristeza. Algo aconteceu
aqui.
Juno pode nunca saber ao certo o que era, mas a sua mente estava cheia
de imaginações sombrias.
Os Senadores estavam dentro da cabana, conversando sobre o futuro e
presumivelmente amenizando quaisquer dúvidas que tivessem sobre as
origens de Galen. A família era importante para essas pessoas. Durante a
tensa jornada para longe do sistema Horuz, o Senador Organa ligou para a
sua filha para informá-la de que havia sobrevivido à armadilha em Corellia.
A sua preocupação e alívio foram tantos que ela cooptou a nave estelar mais
rápida de Alderaan e o encontrou em órbita sobre Kashyyyk. O reencontro
deles foi alegre.
Nem mesmo a nova super arma do Império poderia estragar o seu humor.
Com os Wookiees galvanizados pela destruição do skyhook e ocupados
expulsando os invasores de seu mundo, tudo parecia possível, por mais
improvável que fosse.
O Imperador sabia quem eles eram e o que pretendiam. Não apenas isso,
mas ele estava construindo os meios para esmagar toda resistência possível.
A Rebelião teria que atingi-lo rápido e com força, se quisesse ter esperança
de sucesso.
Algo se moveu atrás dela na noite fria de Kashyyyk. Olhou por cima do
ombro e viu Kota saindo da cabana. Ele se moveu com segurança e
confiança. Se não fosse pela hedionda cicatriz de queimadura que agora
usava como marca de honra, ele poderia ter uma visão perfeita.
Ele sentiu sua presença e veio para ficar ao lado dela. Juno sentiu que ele
tinha vindo especificamente procurá-la.
— Você sempre soube quem ele era, não é? — Ela perguntou a ele.
Ele assentiu.
— Eu suspeitava, sim.
— Então por que você nos ajudou, depois de todas as coisas que
fizemos?
Ele hesitou, e naquele momento ela leu várias possibilidades. O General
estava se escondendo atrás de sua fachada de velho derrotado para atacar o
aprendiz secreto de Vader caso sua lealdade final caísse do lado errado? A
fachada tinha sido tão profunda quanto parecia e a confiança de Kota
fatalmente comprometida até o fim? Sua redenção e a de Galen
aconteceram no mesmo passo, sem que nenhum dos dois soubesse?
A resposta do velho não foi nenhuma dessas.
— Quando ele veio até mim no bar sobre Bespin, entre todos os
pensamentos sombrios em sua cabeça, vislumbrei um ponto brilhante, uma
coisa linda que me deu esperança, e à qual ele se agarrou, mesmo no final.
— O que foi isso?
Ele colocou um braço de avô em volta do ombro dela.
— Você sabe a resposta para essa pergunta, Juno.
Ela apertou a mandíbula para não chorar. Kota estava certo. Ela sabia. E
porque ela sabia, a pergunta Por que eu? não tinha mais poder sobre ela.
— Ele está em sintonia com a Força agora, — disse Kota, e ela sabia que
ele estava tentando confortá-la, à sua maneira desajeitada.
— Ele será lembrado? — ela perguntou.
— A princesa tem uma sugestão que você gostaria de ouvir. — Ele
inclinou a cabeça, indicando a cabana.
Ela se deixou ser conduzida pelo Jedi cego através do rasgo aberto na
parede da ruína. Os Senadores estavam reunidos em torno de uma mesa
improvisada, parecendo cansados. Eles não levantaram os olhos quando
Kota e Juno entraram.
— Então, — disse Bail Organa aos outros, — estamos prontos para
terminar o que ele começou?
Os outros assentiram.
— Então, finalmente, nasce a Aliança Rebelde. Aqui a noite.
Sorrisos aliviados saudaram o anúncio, mas nenhum aplauso. Este foi um
momento solene também. Muito trabalho e perigo estavam à frente de todos
na sala.
Leia Organa falou.
— Precisamos de um símbolo para apoiar.
— Concordo, — disse Garm Bel Iblis.
A princesa limpou a poeira da mesa, revelando um brasão de família
gravado na madeira: um raptor elegante e estilizado, com as asas
orgulhosamente erguidas.
— Um símbolo de esperança.
Leia olhou de seu pai para Mon Mothma e Garm Bel Iblis, então olhou
para Juno. Muito ligeiramente, ela acenou com a cabeça em
reconhecimento.
O calor floresceu no peito de Juno, e ela assentiu em troca. Galen fez o
possível para salvar a galáxia do Imperador e, no processo, salvou-se do
lado sombrio da Força. As pessoas na sala se reuniriam em torno do brasão
de sua família e continuariam o trabalho que ele havia iniciado: o primeiro
Rebelde, aquele que lhes dera esperança.
E ela? Juno também nunca o esqueceria, nem o exemplo que ele havia
dado a ela. Vazia de lágrimas, ela encarou o futuro de frente.
Ela não precisava da Força para saber que seria uma viagem acidentada...
STAR WARS / DESENCADEAR DA FORÇA
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars - The Force Unleashed
tradutoresdoswhills. wordpress.com
SOBRE O AUTOR
seanwilliams.com
AGRADECIMENTOS
Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu
pai foi tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de
seus pais, ela não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um
homem disposto a ir a todos os extremos necessários para resistir à
tirania imperial, acolhe-a como sua e dá a ela não apenas um lar,
mas todas as habilidades e os recursos de que ela precisa para se
tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa e ao homem. Mas lutar ao
lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a questão de quão
longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw. Quando
ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e
em quem ela pode realmente confiar.
Sylvestri Yarrow vive uma maré de azar sem fim. Ela tem feito o
possível para manter o negócio de carga da família em
funcionamento após a morte de sua mãe, mas entre o aumento das
dívidas e o aumento dos ataques dos Nihil a naves desavisados, Syl
corre o risco de perder tudo o que resta de sua mãe. Ela segue para
a capital galáctica de Coruscant em busca de ajuda, mas é desviada
quando é arrastada para uma disputa entre duas das famílias mais
poderosas da República por um pedaço do espaço na fronteira.
Emaranhada na política familiar é o último lugar que Syl quer estar,
mas a promessa de uma grande recompensa é o suficiente para
mantê-la interessada... Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Vernestra
Rwoh foi convocada para Coruscant, mas sem nenhuma ideia do
porquê ou por quem. Ela e seu Padawan Imri Cantaros chegam à
capital junto com o Mestre Jedi Cohmac Vitus e seu Padawan,
Reath Silas, e são convidados a ajudar na disputa de propriedade
na fronteira. Mas por que? O que há de tão importante em um
pedaço de espaço vazio? A resposta levará Vernestra a uma nova
compreensão de suas habilidades e levará Syl de volta ao
passado... e às verdades que finalmente surgirão das sombras.
Cal Kestis construiu uma nova vida para si mesmo com a tripulação
do Stinger Mantis. Juntos, a equipe de Cal derrubou caçadores de
recompensas, derrotou inquisidores e até evitou o próprio Darth
Vader. O mais importante, Merrin, Cere, Greez e o fiel droide BD-1
são a coisa mais próxima que Cal teve de uma família desde a
queda da Ordem Jedi. Mesmo com o futuro da galáxia ficando mais
incerto a cada dia, a cada golpe desferido contra o Império, a
tripulação da Mantis se torna mais ousada. No que deveria ser uma
missão de rotina, eles encontram um stormtrooper determinado a
traçar seu próprio curso com a ajuda de Cal e a sua tripulação. Em
troca de ajuda para começar uma nova vida, a desertora Imperial
traz a notícia de uma ferramenta poderosa e potencialmente
inestimável para sua luta contra o Império. E melhor ainda, ela pode
ajudá-los a chegar lá. O único problema, persegui-la os colocará no
caminho de um dos servos mais perigosos do Império, o Inquisidor
conhecido como o Quinto Irmão. A desertora imperial pode
realmente ser confiável? E enquanto Cal e os seus amigos já
sobreviveram a confrontos com os Inquisidores antes, quantas
vezes eles podem escapar do Império antes que sua sorte acabe?
Pela luz e pela vida. Este guia ilustrado do universo irá mergulhá-lo
na era de ouro dos Jedi, tornando-o obrigatório para os fãs dA Alta
República , bem como para novos leitores que procuram um
emocionante ponto de entrada na saga épica. Situado séculos antes
da Saga Skywalker, este livro é o guia definitivo do universo de Star
Wars: A Alta República, fornecendo uma visão fascinante de uma
época de heróis valentes, monstros aterrorizantes e exploração
ousada. Apresentando ilustrações originais impressionantes, este
livro impressionante é um item colecionável essencial que o
transportará para a era de ouro da galáxia.
Padawan Iskat Akaris dedicou sua vida a viajar pela galáxia ao lado
de seu mestre, aprendendo os caminhos da Força para se tornar um
bom Jedi. Apesar da dedicação de Iskat, a paz e o controle
permaneceram indescritíveis e, a cada revés, ela sente que seus
companheiros Jedi ficam mais desconfiados dela. Já incerta sobre
seu futuro na Ordem Jedi, Iskat enfrenta uma tragédia quando seu
mestre é morto e as Guerras Clônicas engolem a galáxia no caos.
Agora general na linha de frente contribuindo para esse caos, ela é
frequentemente lembrada: Confie em seu treinamento. Confie na
sabedoria do Conselho. Confie na Força. No entanto, à medida que
as sombras da dúvida se instalam, Iskat começa a fazer perguntas
que nenhum Jedi deveria fazer: perguntas sobre seu próprio
passado desconhecido. Perguntas que os Mestres Jedi
considerariam perigosas. Conforme os anos passam e a guerra
perdura, a fé de Iskat nos Jedi diminui. Se eles lhe concedessem
mais liberdade, ela tem certeza de que poderia fazer mais para
proteger a galáxia. Se eles confiassem nela com mais
conhecimento, ela poderia finalmente deixar de lado as sombras
que começaram a consumi-la. Quando a Ordem Jedi finalmente cai,
Iskat aproveita a chance de abrir seu próprio caminho. Ela abraça a
salvação da Ordem 66.