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Índice

Capa
Página Título
Direitos Autorais
Dedicatória
Epígrafo

Parte Um
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito

Parte Dois
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze

Parte Três
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete

Sobre o Ebook
Sobre o Autor
Sobre o Ilustrador
A Alta República - Corrida para Torre Crashpoint é uma obra de ficção. Nomes, lugares, e outros
incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usadas na ficção. Qualquer semelhança a
eventos atuais, locais, ou pessoas, vivo ou morto, é mera coincidência. Direitos Autorais © 2021 da
Lucasfilm Ltd. ® TM onde indicada. Todos os direitos reservados. Publicado nos Estados Unidos
pela Del Rey, uma impressão da Random House, um divisão da Penguin Random House LLC, Nova
York. DEL REY e a HOUSE colophon são marcas registradas da Penguin Random House
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Para Azul
Sentado com as pernas cruzadas em um velho assento de piloto de caça
estelar, Ram Jomaram fechou os olhos e tentou bloquear todo o barulho e a
comoção lá de fora. Havia muito o que bloquear: dignitários e visitantes de
toda a galáxia conhecida convergiam para as belas montanhas e florestas de
Valo para a primeira Feira da República em anos. A maioria dos residentes
da Cidade de Valo estavam dando os retoques finais nos cartazes,
cozinhando comidas deliciosas e preparando os quartos de hóspedes. Logo
estariam se preparando para se reunir no Templo Jedi quase totalmente
construído para dar as boas-vindas à Chanceler a Valo.
A cidade de Lonisa, onde Ram cresceu, era um lugar pequeno. As
pessoas se conheciam e cuidavam umas das outras; parecia estar anos-luz
de distância da agitação contínua e do barulho do resto da galáxia. Mas, nas
últimas semanas, Ram sentiu a onda crescente de toda aquela atenção
repentina, o burburinho e o barulho parecendo ficar cada vez mais alto
conforme os muitos olhos da República se voltavam para Valo. Muita
preparação foi feita para este evento gigantesco, e ainda havia muito o que
se fazer!
Mas!
Nada disso importava.
Tudo o que importava era este exato momento.
Ram dissimuladamente mencionou ao Mestre Kunpar que uma das
speeder bikes da equipe de segurança estava fora de circulação com um
cubo de vedação com defeito e todos os mecânicos do estado estavam
ocupados preparando a demonstração de luzes, entãaaao... o Mestre Kunpar
resmungou e mexeu com os tentáculos de seu queixo um pouco antes de
finalmente ceder, mas cedeu, e é por isso que Ram chegou ao seu lugar
favorito no planeta: uma garagem escura e suja cheia de ferramentas e
peças mecânicas enferrujadas.
A equipe de reparos de Bonbraks corria pra frente e pra trás nas
prateleiras ao redor dele, tagarelando um com o outro em vários projetos
menores, mas fora isso, Ram Jomaram o Padawan Jedi estava no estado
mais pacífico que conhecia: sozinho em sua garagem.
Sem regras complicadas ou protocolos a seguir, sem os antigos sábios
Mestres para mostrar a deferência correta. Só com metal, parafusos,
plastóide e algumas bolas de pelo de orelhas grandes e cauda longa que
faziam muito barulho, mas a maioria cuidava da própria vida.
Ram estava unido a Força, e a Força estava com Ram, ele se lembrou.
Ali, naquele refúgio pacífico e manchado de graxa, poderia se entregar
totalmente ao tranquilo e poderoso interior dele. Ao redor dele, uma
pequena constelação de peças da speeder pairava. Havia o assento de couro
e o revestimento de metal sobre o cubo principal, poderia tirá-los do
caminho por enquanto. Ali estava o motor, com a sua grade e a junta de
tubulação. Ali estava a caixa de fusíveis que caberia ao lado da correia do
ventilador e se conectaria ao resto do maquinário. E havia o cubo de
elevação do repulsor, ainda brilhante com os resíduos de óleo de fissão de
quando tinha lascado mais cedo, durante uma patrulha de rotina.
— Você deve ver o todo pelo todo, — disse Mestre Kunpar muitas e
muitas vezes — e cada parte pelo papel que cumpre. Não por aquilo que
quer que seja, não pelo que teme que seja. Só pelo que é.
Falando assim parecia fácil. Além disso, na maior parte das vezes estava
se referindo, provavelmente, a técnicas de meditação e manobras de
combate, coisas realmente Jedi. E, de qualquer modo, a Força estava em
toda parte, certo? Percebeu que o seu mestre ficaria contente em saber que
estava encontrando aplicações práticas para toda essa sabedoria.
Esperançosamente!
Ram podia sentir a vibração silenciosa de cada parte, as pequenas
vibrações no ar que emanavam enquanto flutuavam em um círculo lento ao
redor dele. Havia um trinado distante, dentro do cubo, que ressoava apenas
uma fração de uma nota, mostrando-se dissonante das outras partes. Cada
parte do papel que desempenha... Ali! Isso significava que algo estava
errado. Sabia como cada peça deveria parecer, sentir ou soar. Debruçou-se
sobre as peças, desmontou e remontou tudo o que era mecânico e que
estava ao alcance de sua mão desde que era criança, então sabia quando as
vibrações de uma peça não estavam soando direito. Algo havia deformado a
forma dela, provavelmente muito calor, mas como? Não por aquilo que
você quer que seja, não pelo que teme que seja... Outra coisa deve estar
errada.
Sabia que a maioria dos Jedi não usavam a Força dessa maneira, mas
que graça teria possuir habilidades tão legais e não usá-las para investigar o
funcionamento interno de velhas peças mecânicas quebradas? Era como
Ram via a questão, de todo modo. Adorava as peças, fios e os segredos que
guardavam. Adorava também sentir a Força fluindo por ele, conectando-o
ao universo como um todo. Essa combinação era a melhor coisa de todas.
Ram continuou a varredura, com a sua mente deslizando ao longo dos
pedais do acelerador, mecanismo de direção, painéis de controle e cano de
escape. Tão somente pelo que é. Tinha acabado de captar uma fraca
sensação, um pequeno som fora do tom, quando...
— SAUDAÇÕES, MESTRE RAM! — a voz metálica do V-18 chamou
da porta.
— Devo ver o todo pelo todo, — Ram sussurrou, com os olhos ainda
fechados. As partes da speeder vacilaram em sua lenta rotação,
mergulhando em direção ao solo — E cada parte pelo papel que cumpre.
— JomaramaRam do chunda mota mota-ta! — um Bonbrak irritado
respondeu. Provavelmente era o Tip, o mais jovem e o mais grosseiro da
tripulação. Vários outros concordaram em voz alta.
— Bem, não há necessidade de ser rude. — disse V-18.
As peças da speeder deslizaram mais para baixo.
— Não por aquilo que quero que seja, não pelo que temo que seja. —
Ram rosnou — Tão somente pelo que é.
— Bacha no bacha kribkrib patrak!
— Pratrak patrak!
— JomaramaRam!
— Eu simplesmente expressei as minhas saudações. — V-18 insistiu. —
Acontece que estou animado para ver o jovem Padawan e em uma missão
de alguma urgência, por isso modulei a minha voz para uma frequência e
volume mais altos, para a sua informação...
Um dos Bonbraks grunhiu (quase certamente o Fezmix, que sempre foi
o mais barulhento), e então um ding metálico tocou e V-18 gemeu.
— Que desnecessário! — gritou o droide.
— EU DEVO VER O TODO PELO TODO! — Ram gritou quando
todas as peças da speeder, exceto uma, caíram no chão. Olhou para cima
para ver sete pares de escuros olhos redondos e um deles eletrônico
brilhante o olhando.
— Oh, céus. — murmurou V-18.
Ram suspirou, e então a última peça caiu com um clank.
Os Bonbraks imediatamente começaram a discutir entre si e Ram saiu
do assento do piloto e esfregou os olhos.
— O que foi, Vê-Dezoito?
Só a Força sabia há quantos anos o droide estava por perto. Ele se
destacava entre os outros como uma grande e ridícula caixa enferrujada
com pernas curtas. Ram teve que pintá-lo de roxo brilhante porque as
pessoas sempre carregavam acidentalmente V-18 para naves, quando ele
estava no modo de hibernação, pensando que era uma carga. Um único olho
fora do centro brilhava de cada lado e às vezes piscava, o que indicava
impaciência ou uma falha de programação, o que Ram nunca sabia ao certo.
— Mestres Kunpar e Lege estão em uma verificação de rotina, no lago.
— anunciou V-18.
— E?
— E os Mestres Devo e Shonnatrucks estão recebendo algumas das
novas forças de segurança que a República enviou para a feira, antes de se
dirigirem para a cerimônia iminente.
— Vê-dezoito...
— E todos os outros Padawans estão com eles.
— Vê-Dezoito, por que você está me dizendo a localização de todos os
Jedi de Valon?
— Porque a torre de comunicação está com problemas.
A torre de comunicação ficava fora da cidade de Lonisa propriamente
dita, nas profundezas da Floresta Farodin, em um morro ao qual certos
aventureiros deram o nome de Pico Crashpoint. E logo escureceria.
— Bem, é melhor eu dar uma olhada nisso.
— Não!
Ram piscou para V-18.
— Por que não?
— Porque há um assunto que requer a sua atenção com mais urgência.
— disse o droide.
— Você vai me fazer te desmontar para acessar os seus bancos de dados
ou vai apenas me dizer o que é?
— Minha nossa! Não há necessidade de...
— Vê-dezoito!
— Houve um alerta disparado no perímetro de segurança da torre de
comunicação.
Os olhos de Ram se arregalaram. Uma violação do perímetro não era
necessariamente um grande negócio, provavelmente era só algum bicho da
floresta. Mas com os ataques dos Nihil na Orla Exterior e a feira chegando,
todos estavam em alerta máximo, então os Jedi foram instruídos a tratar
qualquer possível problema de segurança como prioridade máxima.
— O quê? Você alertou os Mestres?
V-18 sacudiu o seu grande corpo quadrado e piscou irritado, desta vez
Ram tinha certeza de que a cintilação era de propósito.
— Acabei de te falar! As comunicações estão com falhas! Putz, cara!
— Então, há uma violação de segurança na torre de comunicação e os
comunicadores estão com falhas? E... Por que você não me disse isso em
antes?
— Bem, eu não queria que ninguém se machucasse.
Ram não teve tempo de entrar em todos os aspectos que não faziam
sentido.
— Temos que sair daqui! Quando foi a violação?
— Há uma hora atrás! — V-18 anunciou triunfantemente.
— Nós temos de ir agora! Precisamos... — Ele se virou, pronto para
pular na speeder bike da segurança, e então se lembrou de que estava em
pedaços por todo o chão da garagem. E não foi liberado para usar qualquer
um dos transportes maiores. E caminhar levaria muito tempo, nunca
conseguiriam chegar antes de escurecer, e o que quer que tenha violado o
perímetro e possivelmente danificado a torre de comunicação já teria
desaparecido. O que poderia ser uma coisa boa, porque então Ram não teria
que confrontá-los e talvez lutar com eles. Ram odiava lutar. Bem, nunca
tinha feito isso, mas odiava a ideia. Era como se o seu corpo se recusasse a
cooperar e era necessário muito treino de batalha. O treinamento com sabre
de luz e as manobras de combate Jedi eram as duas matérias em que se dava
pior, e a simples ideia de ficar cara-a-cara com um inimigo o deixava
nervoso.
Mas isso não importava. Era um Padawan Jedi e aparentemente era o
único por perto para lidar com isso. Era o seu dever, mesmo que preferisse
gastar o resto da noite na garagem. Isso significava que tinha que sair o
mais rápido possível.
Ele olhou para o V-18.
— Primeiro eu tive que ir ver onde os Mestres Jedi estavam, de acordo
com o protocolo. — o droide divagou — Mas os aposentos e o templo
estavam vazios! E então tentei elevá-los nas comunicações, mas... Por que
você está olhando assim pra mim?
Uma ideia se formou na mente de Ram e, uma vez formada, seria difícil
pensar em outra coisa. Devia estar olhando assustadoramente para o droide;
estava certamente avaliando onde as diferentes partes poderiam caber
naquela estrutura volumosa.
— Essas suas pernas se retraem? — Ram olhou para uma unidade
propulsora sobressalente que havia retirado de uma velha colheitadeira de
um piloto, que estava na pilha de sucatas. Sete pequenos pares de olhos
seguiram o seu olhar.
— Eu quero que você saiba que este ágil, mas físico de robusto é capaz
de um número imprevisível de...
— Eles se retraem? — Ram lançou um olhar significativo para os
Bonbraks, que já haviam começado a se posicionar em torno do V-18. Ele
estava feliz por terem aprendido a reconhecer o seu rosto prestes a entrar
em ação.
— Claro! Não há necessidade de interr...
— Como você se sentiria em relação a uma atualização de mobilidade?
— Bem, eu não vejo como poderia atualizar este aparato incomp...
— Vê-dezoito!
— Ora, sim, na verdade, eu gostaria bastante disso. — o droide admitiu.
— Vamos nessa! — Ram gritou e, com guinchos agudos, os Bonbraks
avançaram.
— O que está acontecendo? — V-18 lamentou. — Soltem-me, seus
pequenos vagabundos! Você está deixando pequenas impressões digitais
gordurosas na minha delicada sustentação!
— Não vai demorar muito. — Ram o assegurou.
Não demorou, de fato. V-18 logo ficou entusiasmado ao perceber como
a atualização ficaria e até tentou ajudar. Com os Bonbraks trabalhando na
fiação e fusíveis, Ram prendeu o propulsor ao V-18 e equipou um assento
com pedais para controlar a aceleração. Não houve tempo para colocar
freios, mas quem precisava de freios, certo? Tudo bem, teria que resolver
isso mais tarde. Por enquanto, desacelerar teria que bastar.
Lançou um olhar melancólico para os restos da speeder e então usou um
pedal para subir até o V-18. O assento que prenderam era muito confortável
e o guidão alcançava a altura certa. Ram ligou o motor e saiu pela porta, sob
os aplausos dos Bonbraks.
— Isso é realmente muito agradável! — V-18 gritou sobre o vento
assobiador enquanto voava passando pelos barracos nos arredores da cidade
de Valo e entrando na Floresta Farodin.
— Achei que você gostaria. — Ram disse. — A questão é: como
podemos ir mais rápido...?
— Não acho que isso é...
Ram empurrou o pedal do acelerador até o fim e o V-18 se lançou a toda
velocidade, passando por cima das altas árvores espinhosas, depois subindo
uma colina e passando por um aterro rochoso.
— Uuuhuuuuuuuuuhuuuuuuuuu! — Ram gritou.
O sol estava começando a se esconder nas nuvens que pairavam sobre a
cordilheira distante, quando eles surgiram por cima da floresta onde ficava a
Torre Crashpoint.
Ram tirou o pé do acelerador. Algo se moveu na clareira à frente: uma
figura se levantando de onde estivera agachada e erguendo um longo
cilindro. Os olhos de Ram se arregalaram. Acionou o acelerador com força
e acelerou os propulsores no exato momento em que a primeira rajada de
tiros de blaster atingiu as árvores atrás dele.
— Ieeeeeeeeeee! — V-18 guinchou. Outro tiro de blaster raspou por
suas cabeças. — O que fazemos agora?
Ram os levou pra trás de uma pilha de pedras e lentamente desacelerou.
O tiroteio havia parado, mas podia ouvir os rosnados raivosos de motores
em alta velocidade. Muito além dos galhos e folhas, algumas pequenas
luzes piscaram contra o céu escurecendo.
— Eles vão fugir. — Ram sussurrou. — De volta para alguma nave que
os trouxe aqui. — Se eles estavam mais interessados em fugir do que acabar
com Ram, isso significava que o que quer que estivessem escondendo era
muito importante. O que significava...
— Espero que você não esteja planejando... — V-18 avisou assim que
Ram ligou o motor.
— Precisamos detê-los!
A galáxia girou ao redor de Lula Talisola, transformando-se em um
fluxo constante e selvagem de luzes e cores. Era tão lindo e parecia se
mover com ela; como se também fosse parte disso e isso fosse parte dela.
— Lula?
Quem poderia incomodá-la em um momento como este? Com todas
estas estrelas e galáxias fluindo...
Algo tocou o seu ombro.
— Lula! — era a voz de Zeen.
— Hummmmm?
— Estamos quase lá — disse Zeen.
Onde é que eles estavam?
Era Trymant IV!
Lula se endireitou, piscando. Estava em sua cama no dormitório dos
Padawans na Star Hopper. Vestia o seu lenço de seda e, ao seu redor, podia
sentir o familiar cheiro rançoso de sono misturado com o odor corporal de
vários seres.
Trymant IV era o lar de Zeen. Era lá que estavam quase chegando. Seria
a primeira vez que voltavam ao planeta desde que os destroços de uma nave
haviam emergido do hiperespaço meses antes e quase destruído todo o
planeta. Zeen salvara as vidas de Lula e de seus amigos naquele dia, e o
fizera usando a Força, mesmo que fosse uma cidadã comum e não uma
Padawan Jedi como Lula. Na verdade, Zeen foi educada a não confiar nos
Jedi e escondera sua sensibilidade à Força de todos, até que um punhado de
destroços quase esmagou Lula e seus amigos, Farzala e Qort. Eles estavam
distraídos enfrentando os Nihil, um grupo de piratas mascarados que
aterrorizavam o planeta, e não viram o que estava vindo, mas Zeen vira.
Interrompeu os destroços flamejantes no ar, salvando as suas vidas e nada
fora mais o mesmo desde então. Lula nunca havia visto alguém sem treino
usando a Força com tanta naturalidade.
As duas garotas se tornaram inseparáveis quase imediatamente e, para o
alívio de Lula, Zeen decidiu ficar com os Padawans, apesar de ser muito
velha para ser treinada.
— Você está bem? — perguntou Zeen.
Lula esfregou os olhos para espantar aquele sono galáctico e se
espreguiçou. As rotas do hiperespaço ainda estavam um pouco perigosas
após o Grande Desastre, então tiveram que entrar e sair dele algumas vezes,
tornando a viagem ainda mais longa.
— Estou bem. — disse e, vendo o olhar de preocupação no rosto
magenta de sua amiga e a forma como os tentáculos da cabeça Mikkiana de
Zeen se tensionavam, ondulando em pequenas ondas, completou: — Mas
você não está.
— Não, eu estou bem. — disse Zeen desviando o olhar.
— E eu sou o chifre de um morglesnap, — respondeu Lula, revirando
os olhos e dando um tapinha na cama. — Sente-se.
Zeen fez como pedido, ainda sem encontrar o olhar de Lula.
Com certeza a Mikkiana estava chateada. Estava prestes a voltar para
casa e estava retornando junto com as pessoas de que os seus amigos e
família desconfiavam mais: os Jedi. O rumor de que havia usado a Força,
provavelmente, se espalhara, isso não era o tipo de coisa que as pessoas
esqueceriam facilmente. Pior, o seu amigo de infância, Krix Kamarat, viu
tudo acontecer. Ela o salvara também, mas o idiota ingrato parecia odiá-la
por isso, fugindo até mesmo com os saqueadores Nihil.
— Certo, eu não estou bem — admitiu Zeen — Mas vou ficar. — Sorriu
amargamente.

— Não é bom o suficiente! — disse Lula batendo com um travesseiro


na face de Zeen.
— Uau! Isso foi desnecessário! — gritou Zeen, empurrando Lula para
fora da cama.
— Padawan Talisola e Zeen Mrala! — soou a voz robótica de PZ1-3
pelo comunicador da nave. — Estamos nos aproximando de Trymant IV!
Dirijam-se à sala de comando imediatamente!
— Você consegue, — disse Lula, trocando olhar com a amiga — E
vamos estar a seu lado, não importa o que aconteça.
Zeen assentiu e fez o seu melhor para se manter firme, como Lula podia
perceber.

O Mestre Jedi Kantam Sy andava de um lado para o outro na sala de


comando da Star Hopper, enquanto PZ1-3 os dirigia para cada vez mais
perto de Trymant IV. Sy era alto e esguio, com maçãs do rosto salientes e
um topete notável. Parecia mais velho do que a sua idade real, em parte
porque frequentemente caminhava de maneira assustadoramente lenta,
como se meditasse. Mas Lula havia visto Mestre Sy em ação, e seu
comportamento gentil e descontraído desaparecia quando vidas estavam em
risco.
Lula e Zeen se sentaram em seus lugares. Era estranho ser as únicas
duas jovens a bordo da Hopper. A ponte de comando era, em geral, repleta
de vida, com conversas e risadas. Farzala soltando piadas e Qort explicando
algo complicado enquanto os outros contavam segredos e trocavam dicas.
Mas todos os outros haviam partido para lutar contra um exército de
criaturas-plantas-carnívoras chamadas Drengir. Somente Zeen e Lula
ficaram.
Estrelas brilhavam na escuridão, do lado de fora do vidro que cobria
todo o andar superior da nave. Por vezes, Lula e seus amigos pegavam
sacos de dormir e deitavam de costas para assistir, à noite, a galáxia girando
e passando.
— Escutem, escutem, — disse Mestre Sy, já em modo de ação —
Pousaremos em breve. A última vez que estivemos aqui, as coisas eram
diferentes, claro. Tivemos alguns confrontos...
— Quase morreu o grupo todo — acrescentou Lula, em ajuda.
— E fizemos uma nova amiga! — respondeu Sy, lançando um sorriso
triunfante para Zeen. — Agora estamos aqui por um motivo bem específico,
que seria seguir uma pista da Jedi Vernestra Rwoh. Vou deixar que ela lhes
explique.
Uma pequena imagem azul de uma garota não muito mais velha que
Lula surgiu do holotransmissor. Era essa a Vernestra Rwoh? Ela tinha um
rosto esguio e gentil, cabelo longos e lisos. Usava vestes tradicionais do
templo, simples e ornamentadas. Estava de pé com as costas bem retas. Mas
como poderia ser tão jovem? Um lampejo amargo cresceu dentro de Lula,
mesmo tentando afastá-lo. Era inveja. Um sentimento muito estranho para
um Jedi, de fato. Franziu o nariz em um esforço para manter as suas
emoções sob controle.
Desde que muito cedo, Lula Talisola esteve determinada a ser a maior
Jedi de todos os tempos. Sabia que esta ambição não era muito o caminho
Jedi, e logo percebera que, em seus treinamentos, deveria colocar esse lado
sob controle. E, de qualquer jeito, se treinasse bastante muito e se tornasse
excelente em todas as habilidades possíveis, não teria que se preocupar em
ser a melhor; ela simplesmente seria a melhor!
Então estudou, treinou e meditou, pelo menos o dobro do que qualquer
outro Padawan que conhecia. E ficou no topo de seu clã. Percebeu que
estava na trilha certa, na maior parte do tempo. Conhecer Zeen e ver o que
podia fazer com a Força, mesmo sem treinamento, havia-a chocado Lula, a
princípio, claro. Mas Zeen logo se tornara uma de suas melhores amigas e
viu que não se incomodava em imaginar que Jedi incrível Zeen seria se
tivesse sido criada na Ordem, em vez de suprimir a sua sensibilidade à
Força, pelo menos não enquanto estivessem se divertindo tanto juntas.
Contudo, Vernestra já se tornara uma completa Cavaleira, ainda tão
nova! Quem era essa garota?
Uma cutucada de Zeen arrancou Lula da espiral de pensamento
excessivo.
— Ai! O quê? — sussurrou.
— Você está fazendo de novo — respondeu Zeen.
— Fazendo o quê?
— Pensando demais sobre alguma coisa e não prestando atenção para o
que está a seu redor!
— Como você sabe? — disse Lula, com uma irritação extra por sua
amiga estar certa.
— Você está rangendo os dentes.
— E então, — Vernestra continuou a explicação. — olhei mais
atentamente os arquivos do desastre de Trymant IV e descobri a história de
seu grupo e a de Zeen Mrala, — disse, acenando com a cabeça para Zeen,
que respondeu com um gesto tímido com a mão — Os saqueadores Nihil
com quem vocês se encontraram devem ter algo em comum com os que eu
enfrentei em Wevo. Pelo que entendi, o ataque em Trymant IV não seguiu o
padrão comum de ataque deles.
Seguiu-se um momento constrangedor; a jovem Jedi olhou diretamente
para Zeen. Pelo que Lula entendeu, estava esperando que a sua amiga
dissesse algo. Mas os tentáculos da cabeça de Zeen estavam apontados par
abaixo, tensos, e a sua testa franzida. A confusão com Krix e tudo o que
acontecera desde então, eram muito para suportar, especialmente em frente
a uma Jedi desconhecida em um holograma.
— Ah, seria verdade — começou Vernestra, com a sua voz agora gentil
e hesitante — Que um de seus amigos mais próximos fugiu com os piratas
mascarados?
Zeen assentiu, com o seu rosto todo em uma careta.
— Acreditamos que o ancião levado pelos Nihil durante a Emergência
em Trymant IV...
— Elder Tromak — disse Zeen.
— Sim, — respondeu Vernestra, solenemente. — Acreditamos que ele
possa ter algum tipo de informação ancestral que os Nihil procuravam...
Mestre Yoda foi investigar, nós achamos...
— Ainda sem notícias dele? — perguntou Lula, tentando não parecer
muito preocupada. Lula achava que Mestre Yoda era o maior Jedi que a
galáxia conhecera. Ele vinha acompanhando a ela e a seus amigos na
maioria das aventuras da Star Hopper. Nada mais fora o mesmo sem ele por
perto, mas sabia que o mestre voltaria.
— Nada ainda, — respondeu Vernestra — Mas enquanto isso,
mantivemos as investigações, — virou-se para o Mestre Sy, acenando em
respeito. — Acreditamos que você e a sua Padawan poderiam continuar a
investigar por nós, Mestre Sy. E com a ajuda de Zeen, talvez vocês possam
ter algumas respostas dos anciãos que não foram levados pelos Nihil.
— Faremos o nosso melhor — afirmou Mestre Sy. — Certo, Zeen?
— Sim, Mestre Sy.
— Tenho certeza de que vocês já sabem, — completou Vernestra. —
Que esses piratas são impiedosos, imprevisíveis e extremamente perigosos.
Acreditamos que eles não estão mais no Sistema Trymant, mas não
significa que não possam voltar.
— Sim, nós sabemos, — disse Mestre Sy, com algo como orgulho em
sua voz. — Os meus Padawans já os enfrentaram várias vezes.
— Entrando no Sistema Trymant — anunciou PZ1-3, de seu assento de
piloto.
— Que a Força esteja com todos vocês. — disse Vernestra, acenando
para Sy e virando-se para Lula e Zeen. Sua imagem desapareceu.
— Oh, céus. — exclamou PZ1-3 e todos se voltaram para ele. O droide
girou em seu assento e fixou seu olhar em Zeen — Ouvimos relatórios
dizendo que o desastre causara um dano severo na ecologia do planeta, mas
não havia como saber da proporção da destruição.
— O quê? — gritou Zeen, correndo para a janela da nave. Ela perdeu o
fôlego e pôs uma mão no ombro do droide.
Lula estava logo atrás de sua amiga. Trymant IV havia sido um planeta
de florestas exuberantes, as suas cidades se erguiam em meio a robustas
árvores e lagos gigantes; complexas redes de rios cortavam a superfície,
formando cintilantes veias azuis que podiam ser vistas quilômetros acima.
Agora parecia nada mais do que um deserto vermelho empoeirado.
Ram somente havia usado o seu sabre de luz somente em
seções de treino.
Como todo Padawan, já havia sonhado acordado sobre isso. Mas esses
devaneios sempre pareceram fantasias muito distantes, as fábulas de um
mundo antigo, em que eram travadas grandes guerras entre os Jedi e os Sith,
e o perigo espreitava em cada esquina. Nesses dias, seria mais provável que
precisasse usar o seu sabre para lutar contra algum animal selvagem do que
qualquer vilão nefasto. Ao menos era isso que sempre pensava.
Contudo... o vento rasgava a sua face conforme V-18 chiava e o motor
em aceleração os lançava cada vez mais altos, acima das árvores, em
direção a três machas que se erguiam pelos céus. Três manchas que já
haviam começado disparar e provavelmente feito algum tipo de sabotagem
na torre de comunicação. Ram firmou o guidão com uma das mãos e pegou
seu sabre de luz com a outra. Os seus dedos tremiam quando agarrou o
cabo, puxando-o do coldre.
— Acalme a sua mente e a lâmina irá se mover como uma parte de seu
corpo. — Era o que sempre dizia Mestre Kunpar, nas sessões de treino.
Rá. É fácil falar quando não se estava voando pelo ar para enfrentar um
inimigo desconhecido sem qualquer tipo de ajuda. Mas era essa a questão,
não era? Uma mente calma era uma mente calma, seja na sala de
treinamento ou na batalha. Respirou fundo, conectou-se com o tremor
vibrante da Força correndo por seu corpo e acionou sua lâmina.
FFFZZzzzzzzhhhhwwooosssSHHHHH! O sabre de luz de Ram cantou
enquanto a luz amarela iluminou o crepúsculo. E bem a tempo, pois, acima,
uma das figuras gritou para outra e uma explosão abalou o céu.
— Inimigos se aproximando. — Alertou V-18.
Ram desviou para o lado e os disparos passaram chiando. Acelerou os
propulsores até o limite. Aquele que estava atirando foi forçado a
desacelerar e mudar de curso. Essa era a oportunidade para Ram. Firmou-se
no assento e estendeu a sua mão livre, desejando que a speeder logo à frente
desacelerasse.

A figura a bordo ainda estava de costas. Parecia uma Togruta, com uma
máscara de gás e vários pedaços aleatórios de armadura cobrindo todo o seu
corpo.
Ram sentiu a Força fluindo através de seu corpo, passando por ele, e
sorriu levemente ao distinguir o barulho do motor do veículo à frente.
Imaginou a Força deslizando pelo invólucro metálico, fluindo através das
engrenagens e tubos, dando vida ao coração agitado da máquina. Fechou o
punho. O som engasgou, estalou e então parou completamente.
Isso!
A speeder havia parado; em questão de segundos, despencaria. Ram
agarrou o guidão novamente com uma mão, a outra estendida com o sabre,
e disparou o motor.
— Uh, Mestre Ram? — murmurou V-18.
A Togruta mascarada se virou e lançou algo, um tipo de cápsula, do
tamanho de um capacete. Ram viu o objeto despencar em direção ao solo,
pousando perto da base da torre, levantando uma nuvem de poeira. O jovem
Padawan olhou para cima, bem a tempo de ver a mulher puxar um blaster e
apontá-lo para ele.
— Mestre Ram! — gritou V-18.
Ram balançou com força para o lado conforme a speeder da mulher
começou a cair. Desviou, com o seu sabre de luz formando um arco, um dos
disparos de blaster, enviando-o para o espaço. Dois outros passaram
zunindo e um quarto se chocou contra a tampa do motor, fazendo um estalo
efervescente. V-18 resmungou.
— Segure firme — gritou Ram, mesmo que fosse ele quem de fato
precisasse se segurar em algo. O tiro lançou-os para o lado e o motor estava
soltando fumaça, apesar de não estar de todo quebrado.
O rugido repentino da speeder da Togruta encheu o ar. A sabotagem que
fizera, ao que parece, havia sido somente temporária. Ram ergueu os olhos
no momento em que ela disparou mais três vezes em sua direção. Desviou
os dois primeiros com o seu sabre, o terceiro passou longe, mas nesse
momento a Togruta já passava por ele. Lá em cima, uma nave estelar
pairava; os outros dois piratas já deviam ter embarcado. Ram nunca vira
uma nave como aquela: pelo tamanho devia ser de um caça de algum tipo,
com uma larga cabine e um anel enferrujado e gasto ao seu redor. A rampa
de embarque estava abaixada, revelando uma boca aberta pela qual a
Togruta se enfiou facilmente, como se estivesse sendo devorada por uma
fera espacial.
Ao acelerar, a nave soltou uma parede de fogo na direção de Ram, não
chegando muito perto, então se virou e começou a se afastar.
Ram apertou os olhos para ver. Aquele anel que circundava a nave
parecia estranho. Quase como se fosse um, de repente, o próprio anel
pareceu pegar fogo com a ignição de motores por toda a sua extensão. Com
uma série de estalos, a nave desapareceu completamente, deixando atrás de
si apenas o rastro de exaustão de seu motor.
— Uau! — exclamou Ram, levantando os seus óculos de proteção e
piscando para o céu vazio, onde a nave estivera até pouco. Estavam
voltando lentamente para a floresta, com a fumaça continuamente saindo do
motor atingido. V-18 murmurou algo em um idioma que Ram não entendia,
para o seu contentamento.
— Você viu isso, Vê-Dezoito?
— Ver-nos quase ser assassinado por um bando de piratas espaciais?
Sim, eu vi. De camarote, aliás.
— Não, — falou Ram. — Na verdade, sim. Isso também. Mas queria
saber se você viu a nave saltando para o hiperespaço ainda estando na
atmosfera.
— Hummm, eu acho que sim. Estava ocupado tentando não fazer o
salto para uma destruição completa.
Ram tinha convicção sobre duas coisas:
Um: era estranho que uma nave tão pequena e destroçada fosse capaz de
fazer o salto para o hiperespaço.
Dois: mesmo se fosse capaz, ninguém em sã consciência seria
imprudente o suficiente para fazer o salto direto da superfície de um
planeta, arriscando uma quase certa destruição!
E as duas coisas acompanhavam um terceiro e indiscutível fato.
O fato que a República como um todo mais temia; o fato que os Jedi e
as forças de segurança locais haviam passado meses tentando evitar, mas
estava acontecendo: os Nihil vieram para Valo.
— O que... o que aconteceu aqui, Mestre Sy? — Perguntou lula,
apertando a mão de Zeen, conforme o transporte os levava pelas ruas
destruídas da cidade Bralanak. Zeen apenas franzia o cenho para o brilho
empoeirado do céu vermelho, visível através das janelas estreitas acima
deles.
Eles haviam entrado no transporte na parte de baixo da Star Hopper e,
então, partido diretamente pela rampa de embarque até a superfície.
— Nenhum dos destroços maiores da Legacy Run colidiu por aqui,
graças à Força. — Disse Sy, balançando a cabeça — Contudo, como vocês
podem perceber, vários pedaços menores sim. Chequei algumas
informações enquanto pousávamos. Ao que parece, a lua mais próxima,
uma pequena e inabitada chamada Prakat 3, recebeu um impacto direto da
fuselagem principal da nave. O impacto desalinhou o equilíbrio
gravitacional de todo o sistema. Trymant IV se moveu para perto do
segundo sol, como nunca antes, fazendo com que todas suas fontes de água
fossem evaporadas da superfície.
— Uau, — Disse Lula. — Mas as pessoas... ainda conseguem viver
aqui?
— Elas estão tentando, — respondeu Sy. — Mas tenho certeza de que
não está sendo fácil. Pelo que ouvi, a República mandou uma frota de
cargueiros de perfuração para procurar pelas fontes de água no subsolo que
se dizia haver abaixo da área do vale, a sul daqui. Mas não sabia o quão
ruim estava a situação.
Quanta destruição, pensou Lula. Quantas vidas despedaçadas. E para
quê? Os Nihil haviam causado o desastre original no hiperespaço, e eles se
aproveitaram disso para seus fins, até serem derrotados pelas forças Jedi e
da República. Mas eles ainda estavam por aí, sendo imprudentes e
devastadores com a vida e o lar das pessoas. Ela cerrou os punhos. Nisso,
percebeu que estava apertando a mão de Zeen com muita intensidade e
forçou-se a se acalmar.
— Temo que devo insistir para que vocês usem um destes, — Disse
PZ1-3, posicionando uma caixa cheia de máscaras de respiração no chão da
passarela. — Eu sei que não é o ideal, devidas as circunstâncias. Mas a
quantidade de poeira no ar transformou a atmosfera do planeta, que agora
não é mais totalmente segura para se respirar.
— Coloquem as máscaras, — Pediu Mestre Sy. — Temos de andar o
resto do caminho a partir daqui.
Lula engoliu em seco. Havia enfrentado o perigo diversas vezes, mais
do que a maioria dos Padawans que conhecia. Mas o perigo era algo que
você conseguia encarar e lutar contra. Isto era algo completamente
diferente, e muito mais complicado. O perigo imediato havia chegado e
partido de Trymant IV, deixando uma longa sombra de destruição atrás de
si. Não havia nenhum inimigo a ser enfrentado e derrotado, apenas a
constante tristeza de um mundo que lutava para sobreviver.
— Você consegue fazer isso? — Perguntou Lula, vendo que Zeen não
se movera.
— Sabe qual é a pior parte? — Falou Zeen, fazendo uma careta. Pegou
duas máscaras, passando uma para Lula. — Eu não sentia saudade alguma
deste lugar. Quer dizer, era minha casa. Eu passei minha vida toda aqui.
Mas no acampamento, não havia esta coisa de mamães e papais. Era só os
anciãos e o resto de nós. Não sabíamos nem quem eram nossos verdadeiros
pais. E, claro, devíamos todos ser uma família, mas, bem, você sabe... Não
é a mesma coisa.
Lula já havia escutado essa conversa antes, mas parecia diferente agora
que estavam de volta ao planeta, juntas.
— E o meu único amigo... — A voz de Zeen vacilou, como sempre
acontecia quando falava sobre Krix, o qual havia prometido protegê-la, mas
a deixou de lado. A tristeza familiar se formou a sua volta, misturada com
flashes de raiva. Lula tentou pensar na coisa certa a se falar, mas Zeen
olhou para ela e sorriu, dizendo: — Mas agora eu tenho vocês. E vocês são
melhores do que qualquer coisa que veio antes. — Colocou a máscara e
apertou as tiras atrás, ajeitando suavemente seus tendrils — Agora vamos
lá.
A cidade de Bralanak parecia um pedaço de tecido que alguém amassou e
tingiu de vermelho, depois jogou no chão sujo algumas vezes. Lula não
fazia ideia se eles estavam em uma parte em que haviam passado durante a
operação de resgate, mas isso não faria muita diferença, tudo estava
irreconhecível. Mal havia sobrado algo.
Seguiram em uma fila única por um beco, fachadas em ruínas e janelas
quebradas estavam em ambos lados. Uma bandeira despedaçada balançava
com o vento quente e empoeirado. Um monte de pequenas partículas voava
pelo ar, a seu redor, mas, fora isso, não havia muita coisa se movendo.
— Reconhece algo, Zeen? — Perguntou Lula, com a sua voz distorcida
pelo vocalizador da máscara. Pareciam os Nihil e Lula odiava isso.
— Acredito que estamos ao sul do centro da cidade — Respondeu Zeen.
— Certo, Mestre Sy?
— Correto, Zeen.
— O que significa que o acampamento em que cresci deve estar logo...
Oh.
Todos pararam. No final do beco, um grupo de figuras mascaradas e
encapuzadas estavam paradas, logo ao lado de uma parede imponente. A
mão de Lula correu para o seu sabre de luz. Qualquer um poderia ser um
Nihil nestas ruas poeirentas.
— Vocês não são bem-vindos aqui, demônios Jedi. — Gritou um deles.
— Viemos em paz — Disse Mestre Sy, dando um passo a frente, com
suas túnicas esvoaçando ao seu redor.
— Vão embora, já disse! — Gritou uma figura baixa e curvada,
avançando.
Lula desembainhou o sabre, mas não o acionou.
— Recuem! — Ordenou Mestre Sy, com uma mão levantada.
Lula sabia bem o que seu mestre era capaz de fazer. Sem pensar muito,
Mestre Sy conseguia mandar um adversário voando para trás. Mas sabia
também que a última coisa que queriam era se mostrarem agressivos.
Ainda assim, a figura encurvada seguiu avançando, cambaleante.
— Parem! — surgiu uma voz diferente, retumbando como um trovão.
Algo enorme surgiu das sombras, logo à frente das outras figuras
mascaradas. — Deixe que eu cuide destes intrusos.
Zeen respirou fundo.
— Ancião Barbatash — murmurou.
Linhas roxas e vermelhas cortavam o céu da tarde e estrelas
começavam a ganhar vida na escuridão. Ram se deitou de costas,
permitindo que o ar voltasse lentamente ao seu corpo. Ecos de sua
perseguição aos Nihil ressoavam por seu corpo, tingidos por uma mistura
inebriante de terror e satisfação.
Esteve em sua primeira luta real! E sobrevivera! Assim como todos os
outros! O que era um grande alívio, de fato. A ideia de tirar uma vida,
mesmo em batalha, era quase tão assustadora quanto a de perder sua vida.
Esperava nunca ter que fazer isso. Então, como fora treinado para fazer,
dava o seu melhor para não se apegar a resultados e somente existir na
gigantesca galáxia giratória.
Algo flutuou no ar acima dele. Era pequeno e deixava rastros
minúsculos atrás de si. Outro surgiu, seguido por ainda mais um. Ram se
sentou. Pelas estrelas, o que seria? Todo um redemoinho de manchas
navega suavemente ao seu redor, visível somente com as luzes fracas.
Eram lindas, Ram tinha de admitir, mas algo em relação a elas não
estava certo.
O pod que o invasor tinha deixado cair!!
Não havia explodido, claro, mas e se havia se rompido e...? Seja lá o
que essas coisas fossem, Ram devia alertar os outros Jedi sobre tudo o que
acontecera. Para fazer isso, precisava concertar as comunicações.
— Mestre Ram? — V-18 chamou, acordando do que parece ter sido um
agradável cochilo.
— Preciso ver o que aqueles saqueadores Nihil fizeram aqui. — Disse
Ram, começando a subir pela escada de metal que levava ao topo da torre.
— E precisamos te concertar para voltarmos depressa. Se ao menos
tivéssemos trazido alguns dos Bonbraks conosco.
— Ah, sobre isso... — disse V-18.
Ram ouviu o farfalhar de couro e, a seguir, um pequeno assovio
familiar. Olhou para baixo e gritou de alegria quando surgiram duas grandes
orelhas e um rosto familiar.
— Tip! Seu pequeno clandestino!
De dentro de uma bolsa, a criatura o encarou com os seus brilhantes
olhos pretos, gritando uma longa explicação que Ram não acompanhou.
Então, mais as duas orelhas pontudas e outra cabeça peluda surgiu da bolsa:
Breebak.
— Cara, estou tão feliz em ver vocês — disse Ram.
Os dois saíram correndo, com ferramentas em mãos. Com pequenas
disputas e bastante confusão, começaram a trabalhar no motor acoplado a
V-18.

A unidade de comunicação da torre não estava muito danificada, somente


haviam alguns cabos cortados, então só demorou alguns minutos para Ram
conseguir substituí-los e reiniciar o sistema. Tentou contactar com o Mestre
Kunpar e os outros, mas ninguém o respondia. Todos eles estavam
provavelmente já no templo Jedi e no meio da cerimônia de abertura com a
Chanceler, o que significava que teria que ir, por si mesmo, até eles. Ram,
V-18 e os dois Bonbraks conseguiram fazer os motores do droide funcionar,
mas estava um pouco irregular e estalando de vez em quando.
O céu já estava praticamente todo escuro quando chegaram a cidade de
Lonisa, com V-18 e um Bonbrak empoleirado em cada ombro. A cerimônia
devia já ter começado; as largas avenidas e becos sinuosos do Distrito do
Festival se estendiam infinitamente vazias. Todos estavam reunidos no
quase concluído templo Jedi. Cartazes e telas de luz se encontravam em
cada varanda, balançando com a brisa do início da noite. Estava tudo tão
pacífico, pensou Ram. Mesmo que não gostasse muito de multidões, estava
feliz por Valo estar recebendo tanta atenção de outros mundos. Eles sempre
pareciam tão distantes, impossivelmente distantes, e agora estavam todos
bem ali! Alguns kri-snorts voavam preguiçosamente em direção ao lago. O
mundo, a galáxia talvez, estava prendendo a respiração, pronto para que
começassem as comemorações.
E então, com um grito e uma explosão, tão repentina que fez Ram
desviar para o lado, elas começaram. Uma enorme explosão de luz cintilou
sobre os telhados: fogos de artifício. Aquele barulho estridente de pouco
tempo antes havia sido um Vetor Jedi cruzando os céus. Outro logo se
seguiu, junto com mais estalos e estrondos, conforme os brilhos de
diferentes cores formavam raios em cascatas sobre a cidade de Lonisa.
A Feira da República começou, o que significava que seria ainda mais
difícil para Ram encontrar os outros Jedi e alertá-los sobre o que
acontecera.
— Vamos lá, Vê-Dezoito. — Disse com urgência, acelerando os
motores. — Temos que encontrar o Mestre Kunpar.
À sua frente, os altos portões do zoológico de Lonisa se agigantavam
nas sombras. Ram diminuiu quando se aproximaram. Os uivos e grunhidos
de criaturas de toda a galáxia emanavam de trás das grades. Aqueles chilros
eram provavelmente os pequenos barbarbarbs noturnos, fazendo serenatas
uns para os outros. Aquele outro pio suave devia ser um sanval, um réptil
alado gigantesco que era mais antigo que o tempo e haviam rumores de que
nunca esquecia rostos. Um grito repentino e horrível rasgou o ar, seguido
pelo som de muitos dentes esmagando algo úmido e carnudo. Esse seria um
dos hragscythe, criaturas com muitas garras e muitos dentes, das quais Ram
esperava nunca chegar muito perto. Parecia que estava tendo um jantar
saboroso.
Ele estremeceu e parou, pensando na melhor rota para contornar o
zoológico.
— Nrenat brak brak patak. — disse o Breebak.
— O atalho do rio? — considerou Ram, então deu de ombros. — Tudo
bem, se você acha que por lá chegaremos mais rápido.
Desviou o V-18 por uma rampa sinuosa que conduzia a um caminho ao
longo das águas escuras do Canal Karova. Jangadas de recreio e alguns
cruzadores de segurança lançaram âncora ao longo da outra borda, onde
janelas de um hotel de luxo brilhavam na direção do rio.
Eles voaram por baixo de uma ponte e através de um túnel assustador,
para emergir ao lado de andaimes presentes na parte ainda inacabada do
templo Jedi. Lá, os quatro tanques da Força de Segurança de Valo pairavam
no ar, enviando seus holofotes brilhantes dançavam pelos telhados ao redor,
pelas águas cintilantes do canal e pelos becos vazios de Lonisa. Ram se
abaixou rapidamente sob uma lona pendurada. Não deveria estar se
esgueirando em uma área de alta segurança como se não pudesse estar ali.
Afinal, ele era um membro da Ordem Jedi, não um intruso. Mas ele também
tinha certeza de que não havia outra maneira de chegar perto de Mestre
Kunpar, pelo menos não com toda a confusão e alarde acontecendo.
— Por aqui — disse, levando V-18 a um elevador de carga. Uma
multidão se reunira fora do templo. Ram viu que estavam olhando
fixamente para frente, com os seus rostos hipnotizados, inundados pelo
brilho do que parecia uma holoprojeção gigante da cerimônia de abertura.
— Pessoas de bem da galáxia, — uma voz entusiasmada ecoou pela
noite. — Bem-vindos à Feira da República!
Para além do andaime, a cidade de Lonisa se estendia em direção à
escuridão do lago, em uma colcha de retalhos de avenidas iluminadas e
cruzamentos. O céu ao redor do Distrito do Festival estava preenchido com
os Pavilhões Mundiais, ilhas flutuantes que representavam planetas da
República, montadas para apresentar suas culturas durante a feira. Cada um
iluminava a noite com uma cor diferente enquanto pairavam em torno do
complexo principal.
Uma das naves de seguranças passou zunindo, próxima demais.
— Fique aqui — disse Ram.
Em um andaime, desmontou de V-18 e se contorceu para passar por
uma abertura. Abaixo, todos os dignitários de Valo e os Jedi estavam
reunidos em suas melhores vestes. Lá estava Mestre Kunpar entre eles,
acenando serenamente através do estrado para uma mulher alta em uma
capa elegante: Chanceler Soh. Seus dois targons de dentes de sabre sentados
em posição de sentido de cada lado, olhando com desconfiança para todos
ao redor.
Se Ram conseguisse descer sem ser notado, ele ia poder...
— Você aí! — Alguém com uma voz rouca gritou do andaime atrás
dele. — O que você está fazendo aqui?
Drat.
A criatura assustadora parou perfeitamente aprumada no final do beco
empoeirado e escuro.
Zeen havia lhes contado sobre o Ancião Barbatash, um velho ser que
havia sobrevivido a um massacre muito antigo e mantinha viva a minguante
luz de sua estranha e pequena comunidade, tempo o suficiente para
conseguir encontrar um refúgio seguro em Trymant IV. Ela falava sobre ele
em voz baixa e só o tinha visto poucas vezes. Tudo isso fizera Lula o
imaginar como uma espécie de demônio sombrio que a assombrava em
pesadelo.
E ali estava ele, com partículas de poeira voando de encontro a seus
quatro olhos longos. Inclinava-se para frente com os seus grandes braços
musculosos que se estendiam de suas vestes esfarrapadas. Não estava
usando máscara como os outros.
— Vocês são Jedi — declarou Barbatash. — Não são?
Mestre Sy assentiu.
— Viemos apenas com perguntas. Não pretendemos fazer mal.
— E?
Um pesado silêncio se estendeu por algum tempo. Lula sentiu o aperto
emaranhado de tensão que emanava de Zeen crescer até se tornar
totalizante. Justo quando esticou o braço para pousar a sua mão no ombro
de sua amiga, Zeen deu um passo à frente.
— E eu retornei, Ancião Barbatash. Discípula Zeen, do clã Mrala. —
disse, retirando o seu capuz para revelar o amplo conjunto de tentáculos
ondulando na parte de trás de sua cabeça.
Será que eles tentariam raptar Zeen para mantê-la para sempre em seu
acampamento? Lula apertou o punho de seu sabre de luz.
O ancião assentiu como se estivesse esperando que isso fosse acontecer,
mas um Zabrak baixinho ao seu lado levantou o seu blaster e disse:
— Ela nos decepcionou, Ancião! Ela está com aqueles que traem a
Força, agora! E dizem que ela mesma a usa...
— Chega! — disse Barbatash, a sua voz como que explodindo. — Os
Jedi vêm sendo nossos inimigos jurados por várias eras, sim. Mas eles eram
os nossos inimigos jurados quando salvaram vários de nós durante o
desastre?
— Foram os Nihil quem nos salvaram! — Um outro afirmou. — A
República e os cães Jedi só apareceram para ganhar o crédito!
— Já nos cansamos de seus choramingos envergonhados, Barbatash!
— Matem os Jedi!
— Matem a traidora!
— Matem todos!
— CHEGA! — Berrou Barbatash, levantando um longo e robusto braço
acima de sua cabeça, para então balançá-lo violentamente em um golpe
feroz que derrubou os três homens mascarados ao seu redor. Lula deu um
passo para trás, de olhos arregalados. Barbatash bateu com as duas mãos no
chão de duracreto rachado, fazendo voar pedregulhos, e berrou mais uma
vez para as figuras que se contorciam: — VOLTEM PARA DENTRO,
MINHAS CRIANÇAS INSOLENTES!
Eles se rastejaram, soluçando e murmurando desculpas, até desaparecer
atrás de um portão.
O ancião balançou a cabeça e disse:
— Que constrangedor. Eles fazem isso cada vez mais à medida que o
nosso povo e nossos recursos minguam. Venham, temos muito o que
discutir.

Ele os levou por um estreito caminho lateral até uma sala apertada, selada e
isolada da atmosfera pesada do lado de fora.
— Você parece bem, minha filha, — disse Barbatash quando Zeen
retirou a máscara.
Lula não confiava nele. Claro, ele intervira a favor deles, mas
convencera Zeen a odiar as suas habilidades da Força, por tanto tempo. E
isso não era nada bom para uma pessoa.
— Eu estou bem, Ancião Barbatash. — Disse Zeen sem encarar os
olhos dele.
Barbatash tinha de se agachar para não bater com a cabeça no teto. Fez
um gesto para que eles se sentassem ao redor da mesa que emitia um suave
brilho laranja, a única luz na sala.
— Vocês têm perguntas, certo?
Zeen assentiu.
— Os Nihil vieram até aqui durante o desastre e levaram o Ancião
Tromak consigo. Por quê?
Parecia que o ancião ruminava a questão por um tempo, passando por
memórias e debates internos. Afinal, assentiu.
— Os Nihil, — Disse com tristeza. — Começaram como uma
infestação, pode-se dizer, em nosso povo. E quando cortávamos a área
infectada, em vez de morrer, cresciam. Cresciam e se espalhavam,
tornando-se inúmeras e diferentes coisas, caos. Mas tudo deve voltar a sua
fonte, vocês sabem. Tudo deve voltar a sua fonte.
— O que isso significa? — indagou Lula.
O ancião a encarou com um olhar cansado e penetrante. Por um
segundo, pensou ter falado fora de hora e, de alguma forma, lhe ofendido.
Entretanto, ele respondeu à questão, encolhendo os ombros:
— O Ancião Tromak estava comigo nos antigos tempos de nossa
tradição. Ele leva consigo uma sabedoria que a maioria não sabe nem que
existe. — Assentiu, perdendo-se em memórias.
— Que conhecimento? — Perguntou lula.
— A localização de uma arma muito poderosa. — Respondeu Barbatash
— Algo que pode mudar a galáxia para sempre.
Um silêncio pesado tomou a sala, preenchido somente pelo barulho do
vento do lado de fora.
— Onde está o Ancião Tromak agora? — Indagou Zeen. — Onde eles o
levaram?
— Não sei. — Disse Barbatash, balançando a cabeça. — Só sabemos a
localização de uma das células dos Nihil e isso porque um deles nos
mandou uma holo para nos informar que está vivo.
Zeen animou-se. Lula sentiu a súbita urgência crescendo em sua amiga.
— Isso seria... — começou Zeen.
— Humm, — O ancião interrompeu com um aceno. — Sim, o seu
amigo, o Discípulo Krix. Ele nos enviou a mensagem do sistema de
Stygmarn, onde os Nihil possuem uma base, pelo que disse. Ele perguntou
por você, Zeen, mas nós ainda não tínhamos nenhuma notícia sua, além dos
rumores, claro.
Ele provavelmente estava procurando por informações de sua
localização, pensou Lula ironicamente.
— E é lá que estão agora? — Perguntou Mestre Sy, com um pouco de
empolgação em excesso.
— Talvez. — Disse Barbatash, ao virar seus velhos olhos para o Jedi.
Depois assentiu.

A galáxia passou fluindo, as estrelas se esticaram e giraram ao redor deles


conforme a Star Hopper se lançava no hiperespaço.
Tudo parecia estar acontecendo rápido demais; Lula mal conseguia
recuperar o seu fôlego. Parecia que ontem a galáxia estava em paz e tudo
com o que tinha de se preocupar era aprender as habilidades de que
precisava para se tornar a maior Jedi de todos os tempos. Agora mundos
inteiros foram quase destruídos e planos secretos para derrubar a República
espreitavam por toda a parte. O treinamento de combate sempre pareceu
uma espécie de exercício de meditação, aprendido mais por causa da
tradição do que por qualquer necessidade terrível. Os Padawans aprendiam
as formas de combate, memorizavam cada passo e honravam os seus sabres
de luz como parte de si mesmos e, ao fazer isso, seguiam o caminho de cada
Jedi antes deles e de todos os Jedi os quais ainda estavam por vir.
Mas, agora, Mestre Sy os levou para praticar na ponte, enquanto PZ1-3
conversava com Vernestra por holo, mas os movimentos pareciam de
repente urgentes, não mais somente uma bonita dança marcial.
— Dayanar Sete. — Falou Sy.
Lula e Zeen se moveram como uma, girando os braços como um largo
moinho, pulando para trás e empurrando para frente com os dois braços.
Quando Zeen começou a treinar com os Padawans, Lula se sentiu um pouco
irritada. A Mikkiana não era membro da Ordem; era apenas sensitiva à
Força. Ela crescera odiando os Jedi. Parecia injusto começar a acompanhá-
los. Mas Lula encarou esse sentimento e se libertou da melhor maneira que
pôde. Ficou aliviada por ter a amiga a seu lado, dando passos e balançando
os braços no mesmo ritmo que ela.
— Alfa-Paraval Sete.
E elas deslizaram para o lado em sequência e se agacharam.
Quantas vezes Lula havia acionado o seu sabre para salvar a sua avida
ou a das pessoas que amava, nos últimos meses? Perdera a conta.
Mas os Jedi não deviam possuir ligações, nem mesmo com o passado,
com uma vida simples e mais segura. Se era assim o período em que vivia,
devia encará-lo da melhor maneira que podia. Era a única escolha que tinha.
— Fiz algumas varreduras no Sistema Stygmarn. — A holo de
Vernestra anunciou. — Há uma lua no seu limite. É remota o suficiente para
ninguém perceber que está repleta de Nihil.
— Pezê, arrume o trajeto. — Disse Mestre Sy. — Vernestra,
encontraremos você nas proximidades e exploramos de lá. — Então,
olhando para as garotas: — Melhor se prepararem.
—Ah, — V-18 começou a falar, não muito convincente — Estamos
aqui para falar com o Mestre Kunpar sobre uma urgente situação...
— Situações de segurança são domínio da Força de Segurança de Valo.
— Insistiu a voz rouca. — E este sou eu: Capitão Idrax Snat, da segunda
divisão.
Ainda se escondendo atrás de uma lona, Ram se encolheu. Todos em
Lonisa sabiam que a FSV ficava por aí fingindo ser importante e acabando
com as festas quando ficavam entediados.
— De todo modo, — Continuou Idrax. — Não é permitida a presença
de ninguém neste andaime.
— Bem, certamente eu poss... — Tentou V-18.
— E por que você está com os Bonbraks?
— Não foi minha escolha trazer os Bonbra...
— Também não são permitidos animais de estimação neste perímetro,
droide.
Os Bonbraks irromperam em xingamentos e apelidos maldosos sobre o
Capitão Snat, sobre a sua extensa árvore genealógica e a FSV como um
todo. Ram torceu para que o cara não falasse Bonbreez. Mas estava sem
sorte.
— Ei! O que você disse sobre o meu Larvô?
Os Bonbraks não pararam nem para respirar.
— Já chega! Vocês vêm comigo! — Um barulho de estática surgiu e
Idrax berrou uma série de códigos em seu comunicador.
— Espere. — disse Ram, surgindo de trás da lona.
— Uou! — Disse o capitão dando um passo para trás, ajoelhando-se e
pegando o seu blaster, em um só movimento.
Ele tinha o rosto verde, enrugado, e olhos grandes e nublados de um
Neimoidiano; saliências marcavam as suas bochechas e testa, como se ele
nunca tivesse sorrido em toda sua vida. O volumoso uniforme FSV fazia a
sua cabeça parecer muito pequena para o seu corpo. Um monte de bolsas,
equipamentos e cantis, provavelmente desnecessários, estavam pendurados
em cintos ao redor de seu peito e de sua cintura.
— Identifique-se!
— Padawan Ram Jomara. — Respondeu, levantando as duas mãos. —
Do Templo de Valo.
— Você não parece um Padawan.
Sobre isso, Ram não podia discordar. Estava coberto de graxa e sujeira.
Estava com os seus óculos de proteção e um kit de ferramentas completo
consigo. Todos os outros Padawans deviam estar com as suas vestes de
templo impecáveis, assistindo à cerimônia serenamente.
— Eu sou... Eu preciso falar com o Mestre...
— O que você precisa não é problema meu.
O zumbido dos motores de uma nave de segurança ficou cada vez mais
alto, até que a sua fuselagem apareceu ao lado deles. Uma porta abriu
deslizando.
— Pra dentro. — Grunhiu Idrax quando uma prancha de embarque se
abriu para eles. — Vocês estão sob a custódia da FSV, agora.

Sim, Ram preferia a companhia de engenhocas mecânicas, instalações


elétricas e dos Bonbraks do que a da maioria dos seres sencientes. E uma
das principais razões para isso era nenhuma dessas coisas maltratariam
você. Mas ali estava ele, junto com V-18, Tip e Breebak, sendo rudemente
levado aos empurrões até um assento na nave da FSV, por um capitão
Neimoidiano.
Um humano com aparência de tédio, também em um uniforme de
tamanho errado, olhou para ele do assento de piloto, deu de ombros, e
continuou a mexer em seu datapad.
— Eu capturei alguns penetras sem sorte, Oficial Torgo! — Anunciou
triunfalmente Idrax Snat, uma vez que todos estavam já em seus assentos de
contenção.
— Maravilha. — Murmurou o piloto. — Avise quando estiver pronto
para irmos.
O cinto de segurança afundou nos ombros de Ram, apertando-o contra a
parede e dificultando a sua respiração.
— Você precisa me ouvir. — Pediu. — Alguém invadiu o perímetro das
comunicações. Podemos estar sob ata...
— Uma dica de segurança de um intruso? — Lançou Idrax. — Hoje
não! Torgo, vamos! Leve-nos para o centro de detenção.
Os motores roncaram conforme começaram a voar pelos céus. As luzes
da cidade de Lonisa passando vertiginosamente abaixo.
Ram nunca fora bom em todas os truques mentais que faziam parte de
ser um Jedi. Muito porque parecia invasivo e desnecessário. Mas isso era
antes dos saqueadores Nihil atacarem o seu planeta, atirando nele. Tudo era
diferente agora, especialmente com todos os dignitários mais importantes
da República Galáctica reunidos em um só lugar.
Se ele não conseguisse alertar alguém sobre o que acontecera, poderia
vir um desastre total.
— Com licença. — Disse Ram.
Fixou os seus olhos nos de Idrax, tentando se lembrar de cada etapa que
Mestre Kunpar havia ensinado. A Força estava com ele. Era parte dele.
Fluía através de seu corpo, através de tudo. Estabelecendo a conexão com o
capitão da FSV seria como focar no motor da speeder do saqueador, talvez
até mais fácil. Era só uma questão de usar o que ele já sabia sobre mecânica
e descobrir qual o interruptor certo a apertar.
— Você vai me soltar deste assento de contenção.
— Eu não vou fazer nada disso, sua lesma insolente! — disse Idrax.
Drat, Drat.
— O que foi isso? — Perguntou Torgo da parte da frente.
Ah, o aceno com a mão! Mestre Kunpar havia dito que não era
totalmente necessário, mas que ajudava com adversários teimosos. Ram
ergueu o seu braço de lado, o melhor que pôde com as contenções de
segurança.
— Você vai me soltar deste assento de contenção.
— Eu vou... — Começou a dizer Idrax, piscando fortemente. A sua voz
vacilou como se tivesse esquecido o que estava para dizer. Estava
funcionando! Quase!
— Você vai me soltar deste assento de contenção! — Afirmou Ram,
movendo sua mão para frente e para trás algumas vezes.
— Eu não consigo escutar! — Gritou Torgo tentando se fazer ouvir
mesmo com o ronco dos motores.
— Eu vou te soltar do assento de contenção! — Declarou com orgulho
Idrax.
— Isso! — Gritou Ram.
Idrax apertou alguns botões e a contenção, após um suspiro mecânico,
levantou.
— Espera... O quê? — Disse Torgo. — O que está acontecendo aí atrás?
— Você vai me levar para os oficiais da República e os Jedi para eu
alertá-los sobre o que eu descobri.
— Eu vou te levar para alertar a República, — Concordou Idrax —
Sobre o que eu descobri.
— É, quase isso.
Torgo se inclinou para trás, com uma expressão de preocupação.
— Capitão, você está bem?
— Para a sede da República! — Pediu Idrax. — Vamos rápido!
— Espere! — Gritou Ram.
Não era para lá que tinham que ir. Mas Torgo já havia virado a nave e
acelerado para uma direção diferente.
— Não tem ninguém na sede! Todos estão na cerimônia de boas-vindas,
em que estávamos agorinha!
— Para a sede da República! — Disse Idrax de novo, ainda mais
animado, dessa vez.
— Estou indo, estou indo! — Resmungou Torgo da parte da frente. —
Putz!

Os passos de Ram e de Idrax ecoavam pelo longo e vazio hall da sede da


República Galáctica da cidade de Lonisa. Mesmo os guardas e a equipe de
segurança haviam se dirigido para a cerimônia de boas-vindas.
— Bem, aqui estamos. — Disse Idrax, satisfeito consigo mesmo. Então
parou e olhou ao redor. — Estranho... Parece que não tem ninguém por
aqui.
Ram suspirou.
— Foi isso que eu tentei te dizer nos últimos dez minutos!
— Ah.
Passaram por mesas vazias, uma atrás da outra. No final da sala, uma
luz piscava no sistema de comunicações principal.
— Bom, talvez... — Disse Ram, levantando uma sobrancelha.
Todos postos avançados da República tinham uma linha direta com o
Farol de Luz Estelar. Ram começou a correr.
— Ei, espera aí! — Falou Idrax, correndo também.
— Você tem os códigos de segurança para ligar para o Farol?
— Claro. — Respondeu Idrax, olhando ao redor como se estivesse
acordando de um longo cochilo. — Mas por que eu o daria a você? E por
que você não está em uma cela na detenção?
— Oh-ou — Disse Ram.
— Ei, você...
— Você vai me ajudar a entrar em contato com o Farol de Luz Estelar.
— Ram acenou a mão em frente ao rosto de Idrax.
— Ei! — Disse Idrax afastando a mão.
Eu sou um com a Força, pensou Ram, apertando os olhos. E a Força é
um comigo.
— Você vai me ajudar a entrar em contato com o Farol de Luz Estelar e
alertá-los sobre o que eu descobri.
— Nós temos que entrar em contato com o Farol de Luz Estelar —
Disse Idrax. — Alertá-los sobre o que eu descobri.
— Quase lá. — Disse Ram balançando a cabeça e suspirando. — Vá em
frente.
— Eu vou colocar o código de segurança aqui.
Uma holo de um velho Dug apareceu entre eles.
— Farol de Luz Estelar. Qual área da estação você deseja contactar?
— Estou ligando para alertar Ram sobre o que o Farol descobriu. —
Berrou Idrax.
— O quê?
Ram resmungou. Vai ser uma longa noite.
Vernestra Rwoh tinha uma pele verde clara e o comportamento
natural e gentil de alguém que vivera bem mais do que os dezesseis anos.
Além disso, era bem mais baixa do que Lula pensou que seria. Mas, quanto
a isso, Lula tinha certeza de que havia imaginado a garota como uma
gigante, tão somente por que a existência de Vernestra a fazia se sentir
menor. Uma Cavaleira Jedi tão nova? Isso não parecia ser muito justo.
E ainda mais injusto era que Lula não conseguia parar esse pensamento
pouco Jedi de ficar circulando sua cabeça. Era como se ela estivesse se
afastando em espiral de seu objetivo. E nem tivera a chance de se provar
ainda!
— Lula Talisola? — Disse Vernestra, fazendo Lula piscar e prestar
atenção.
— Sim, Mestra Rwoh!
— Por favor, me chame Vernestra — Disse, rejeitando o título
honorífico com um riso tranquilo. — Só não Vern. Nunca Vern.
Lula encarou Mestre Sy para se certificar se estava tudo bem ser casual
com uma Cavaleira Jedi. Sy deu de ombro e rolou os olhos como que
dizendo por que não.
— Sim, Vernestra!
— Você virá comigo. E...
— Eu... Eu... — Lula Gaguejou.
Claramente esteve muito tímida e insegura para conseguir prestar
atenção no que Vernestra estava mostrando durante a reunião sobre a
missão. Tudo que queria fazer era sumir em si mesmo, desaparecendo por
algumas centenas de anos, por favor e obrigado.
— Tudo bem!
— Tudo bem? — Perguntou Vernestra. — Bom. Você pode me
perguntar o que você precisar, no caminho. Zeen, você e o Mestre Sy vão
ficar aqui com o meu Padawan, Imri. — Acenou com a cabeça para um alto
e robusto adolescente a seu lado. — Quero que ele adquira alguma
experiência dirigindo operações da ponte de comando, se estiver tudo bem.
Precisamos de todos na Star Hopper para monitorar qualquer atividade na
superfície lunar e ficar de olho em naves saindo do hiperespaço. Estaremos
bem expostas lá embaixo. Então, se alguém vier nos atacar, será bem difícil
escaparmos com aquela nave pequena. Certo?
Mais uma vez o mundo pareceu se tornar acelerado e barulhento. Lula
mal conseguia tomar fôlego.
— Certo, Mestra Vernestra! — Gritaram Zeen e Lula ao mesmo tempo.
— O que acha de pilotar? — perguntou Vernestra acenando para Lula.

Lula observou a superfície manchada e quebrada de Vrant Tarnum


passando, enquanto voava com o ferro-velho emprestado de Vernestra por
entre pilares naturais. A Varonchagger parecia um tanque enferrujado da
Velha República ao qual alguém havia anexado asas e um hiperdrive.
Mesmo assim, Lula estava animada por ter a chance de mostrar as suas
habilidades de pilotagem.
A nave resmungou e reclamou como um homem velho a cada vez que
fazia uma curva muito acentuada, como se fosse se desmontar inteiro.
— O pessoal do Luz Estelar realmente fez o melhor que pode por você,
né?
— Você acha sobre essa lata-velha aqui? — Respondeu Vernestra,
rindo. — O mestre de naves Nubarron deve ter ficado chateado por eu ter
batido o meu último Vetor.
— Ah, uau!
— Longa história. De qualquer forma, a nave deve aguentar uma
batalha. Quem sabe.
Em algum lugar entre os cânions que cortavam toda a lua,
provavelmente havia um posto avançado dos Nihil, com sabe-se lá quantos
caças inimigos prontos para atacar. Lula planejou as manobras evasivas que
faria, para, a seguir, correr de volta para a Hopper, em caso de ataque.
— Certo. — Disse Vernestra do assento atrás de Lula. — O que
faremos?
Lula riu de verdade.
— Desculpa, mas não era você que devia me dizer isso? — As palavras
saíram antes que pudesse interrompê-las, e percebeu, tarde demais o quão
rude deve ter soado. — Quero dizer...
— Está tudo bem, você está certa. — Respondeu Vernestra, rindo. — E
eu poderia te dizer, claro. Mas como você vai aprender se estiver sempre
fazendo o que os outros falam?
— Eu...
— Exatamente. Então, você me diz. O que faremos agora?
Lula cerrou os olhos, focando no labirinto de cânions.
— Você disse que captou um sinal vindo mais ou menos dessa região,
mas sumiu rapidamente, certo?
— Correto.
— E você suspeita que a base Nihil está em algum lugar no subterrâneo.
Ela voou mais baixo para escanear o solo, mas tudo que pôde divisar
foram infindáveis extensões de pedras rachadas e, de vez em quando, um
pilar calcificado.
— Então, vamos acionar os escâneres e voar baixo, para cobrir o
máximo possível desta área mais próxima, assim podemos ter alguma ideia
de onde eles podem estar.
— Bom. — Disse Vernestra. — E se os encontrarmos?
— Atiramos neles! — Gritou Lula, mas logo emendou: — Brincadeira,
brincadeira. — Vernestra já estava rindo, ainda bem. — Ficamos fora de
vista e observamos o que pudermos, né?
— Exaaatamente.
Lula adorava voar. Puxou o acelerador e passou por um círculo rochoso
natural, então fez uma ampla curva, deixando que os ventos da lua os
virassem de lado para poder ter uma visão melhor do solo que
sobrevoavam. Mesmo com a mente tranquila, inseguranças surgiram. É
claro que Vernestra havia conquistado muito ainda bem nova: ela era a
pessoa mais legal do mundo! E a estava deixando pilotar e dizer o que
fazer? Surpreendente. Outros Jedi já lhe haviam dado bastante liberdade,
certamente. Mestre Sy e Mestre Yoda enviavam os Padawans em missões
em que difíceis decisões eram tomadas, de vida ou morte. Mas isso tinha
acontecido principalmente por necessidade. Sempre que um Jedi mais velho
estava por perto, era ele quem comandava.
Mas aí surgiu a Vernestra, que, mais do que qualquer outro, tinha algo a
provar, mas simplesmente havia passado o comando para uma Padawan.
Lula levou a Varonchagger tão baixo que elas quase deslizavam na
superfície, como um speeder. Percebeu destroços carbonizados de uma
pequena nave numa colina próxima, mas, fora isso, o lugar parecia deserto.
Mesmo com Vernestra sendo tão mente aberta, Lula sentiu-se a milhares de
quilômetros longe do objetivo.
Uma chuva de sinais sonoros surgiu no escâner.
— Uau! — Gritou Vernestra. — Acionando escudos e canhões.
Mantenha o modo furtivo.
Lula olhava boquiaberta para a tela, na qual pelo menos uma dúzia de
pontinhos apareceram, distantes apenas alguns cliques de onde estavam.
Desviou para baixo, escondendo-se atrás de uma longa formação rochosa.
Soltou os aceleradores para planar suavemente. Um ardente pânico tentou
crescer dentro dela, mas fez o melhor que pôde para se acalmar. Mais
pontinhos brilharam na tela. Um monte a mais. Os Nihil foram derrotados
várias e várias vezes, mas sempre voltavam. Como? Todos pensavam que
eles quase sempre em em fuga, mal conseguindo escapar. Aquelas naves
podiam encontrá-las, atacá-las e destruí-las em segundos.
— O que faremos?
— Você quem me diz. — Respondeu Vernestra, com uma tensão pela
primeira vez em sua voz. — Rápido.
Os pontinhos que apareceram, a princípio, haviam se espalhado, mas
olhando com cuidado, Lula percebeu que estavam subindo em uma confusa
formação.
— Os Nihil estão de partida — Disse.
— Sim. — Vernestra acionou o comunicador. — Imri, temos
movimentação em nosso setor. Fique atento.
— Certo. — A voz de Imri surgiu em resposta.
— Agora, Lula: onde eles estão indo?
Lula balançou a cabeça e respirou profundamente. Os Nihil não
pareciam estar indo em sua direção, mas isso era difícil de se dizer. Ela
checou os detalhes das análises do escâner. Todos os números indicavam
uma direção: para cima. A superfície era o ponto zero, e aquelas naves
estavam correndo nessa direção.
— Eles estão saindo de sua base secreta.
— Sim.
— E rápido.
— Então, a qualquer momento, podemos...
— Ah, Mestra Vernestra. — A voz de Imri veio pelo comunicador. —
Star Hopper para Mestra Jedi Ver...
— Prossiga com a mensagem, Hopper.
— Acabamos de receber uma transmissão do Luz Estelar. Vou
encaminhá-la a vocês para que vejamos todos ao mesmo tempo. Disseram
que não viram tudo e mandaram imediatamente para nós, uma vez que
mencionaram os Nihil e eles sabiam que estávamos investigando sobre eles.
— Mande-nos. E fique em espera para o surgimento de atividade. Eles
estão prestes a...
A primeira nave, um batedor de bloqueios, rompeu nos céus sobre elas.
O impulsionador de hiperespaço externo formava um anel mecânico em
volta da nave, interrompida por semiesferas verdes, com um design
estranho. Quase imediatamente, acendeu-se em uma forte luz azul e a nave
se fora.
Outras naves surgiram em seguida, em sua maioria, naves de um piloto
de diferentes formas e níveis de descuido. Todos estavam rodeados com os
anéis de hiperdrive externos e partiram.
— Para onde estão indo? — Perguntou lula.
Nunca lhe ocorreu que a pior coisa, fora um ataque, seria o inimigo
desaparecer rumo à vastidão do espaço, sem possibilidade de rastreá-lo.
Não havia como pará-los, nem de segui-los.
Uma holo surgiu no painel de controle, a mensagem que Imri repassara
do Luz Estelar. Um Neimoidiano parecendo confuso, em um uniforme
ridículo e maior que ele, estava ao lado de um humano baixo vestido com
vestes de Padawan esfarrapadas e sujas. O Padawan era pouco mais novo
que Lula, com uma cara redonda e pele marrom claro. Parecia bem
alimentado.
A imagem estava não muito nítida e o som cortava, mas Lula conseguia
entender.
— E então, — Dizia o Neimoidiano. — Em conclusão, o que eu vi é o
porquê, do quando, onde, o quê.
O Padawan balançou a cabeça.
— Ah! Estamos tentando contactar alguém no Luz Estelar, para
informar que os Nihil possivelmente...
— Que a torre de comunicação foi substituída!
— Sabotada!
— Sabotada foi a torre de comunicação! Possivelmente! Por uma
desconhecida não sabemos com o quê!
Onde é que querem chegar? O Neimoidiano não estava dizendo coisa
com coisa, mas a criança humana estava tentando dizer algo...
— Por saqueadores em uma nave com anel externo de hiperdrive! —
Insistiu o Padawan. — Os Nihil!
— Eu sou o Padawan Ram Jomaram! — Declarou o Neimoidiano.
— Não! Você é o Capitão Idrax Snat da Força de Segurança de Valo. Eu
sou o Padawan Ram Jomaram.
— Espera! — O Neimoidiano se virou para Ram, piscando seus olhos
como se estivesse acabado de acordar. — Você é o Padawan Ram Jomaram!
E está preso!
— Oh, não! O que é aquilo? — Disse Ram, apontando para alguma
coisa distante.
— Onde? — Indagou Idrax Snat, olhando ao redor.
Ram correu.
— Ei!
A transmissão se encerrou.
— A Feira da República em Valo. — Disse Lula. — Se os Nihil
tentaram sabotar a torre de comunicações...
— Eu não pensei que os Nihil estivessem fortes o suficiente para
arriscar um ataque em um alvo tão grande, mas temos que ir a Valo agora e
verificar. — Disse Vernestra. — Vamos dizer ao Luz Estelar o que
encontramos aqui, quando chegarmos em Valo. Por enquanto, diga a
Hopper para nos seguir e prepare para fazer o salto ao hiperespaço!
Ram acordou com o murmúrio de uma conversa na cela em frente a
sua. Parecia o burburinho de um rio, pensou de braços cruzados, antes que a
lembrança de tudo o que acontecera viesse de volta para si. Ele tinha que
sair dali! Tinha que alertar os Jedi que algo estava acontecendo! Mas, além
disso, o que quer que fosse que as mulheres estavam discutindo parecia
importante.
— Não importa — Disse rispidamente a alta mulher de pele escura.
Ela tinha cabelos longos e azuis e olhos magenta. Possuía uma
rebuscada tiara de metal em sua testa, que se estendia em duas pequenas
pontas ao redor de seu rosto.
— Não nos trará benefício algum fugirmos, não agora. Você quer se
tornar uma criminosa procurada, Mantessa? Acredite em mim, não é tão
glamoroso quanto parece nas holos.
Ram reconheceu a espécie da outar mulher, Mantessa, como sendo
Kuranu, ela era alta e esbelta, com uma pele roxo clara que não possuía
absolutamente nenhum pelo. Ela estava de pé no meio da cela, em um
elegante terno, olhando nervosamente a seu redor, como se, a qualquer
momento, um germe ou uma sujeira fosse saltar e colar em sua pele.
— Ninguém vai me colocar numa lista de procurados, Ty. Não seja
ridícula. E, de todo modo, tudo isso fora um mal-entendido. Arrume isso
com os seus amigos Jedi e vamos seguir nosso caminho. Tenho acordo para
fazer, certo? Além disso, temos que encontrar Klerin.
— Eles não são meus amigos. — Murmurou Ty.
Do outro lado do recinto, um droide de segurança olhava para um painel
de controle, ocasionalmente apertava algum botão. Provavelmente havia
chaves com ele, imaginou Ram. Se ele pudesse só... Tentou se conectar com
a Força, sentir o painel de controle e a mesa, então o droide.
— Já tentei isso. — Disse bruscamente a mulher Tholothiana. — Não
deu certo.
Ram sentou-se, encarando-a através das barras.
— Ah, você é... você é...
Os seus amigos Jedi, havia dito Mantessa.
— Sou Ty Yorrick. — Disse. — E é tudo o que sou.
— Não é uma Jedi? — Perguntou Ram.
— Hoje não. — Respondeu Ty, sorrindo.
— Ty trabalha pra mim. — Afirmou Mantessa bufando. — A sua tarefa
é me manter segura. Ela está fazendo um grandessíssimo trabalho até agora.
— Eu sou Ram. — Acenou. — Sou um Padawan daqui de Valo.
— Parece que você teve uma noite daquelas. — Respondeu Ty, vendo
as vestes manchadas de graxa.
— Ah não, quer dizer, sim, mas eu sempre tenho essa aparência. Eh,
não para eventos importantes e tal, mas eu geralmente estou trabalhando em
uma oficina.
Essa era outra razão para Ram não gostar de estar perto de pessoas: ele
tinha de se explicar e tentar fazer as coisas terem sentido. Isso era, sendo
muito franco, exaustivo e uma perda de tempo.
— Bem, você ficaria bem desapontado em saber que aumentaram os
níveis de segurança por causa da feira. — Disse Ty. — Está
surpreendentemente bem fechada para uma área de detenção mixuruca
como essa.
— Obrigado! — O droide soltou uma risada arrogante de seu painel de
controle. — Sou Cinco-Tríade, droide protocolar de segurança, responsável
por este estabelecimento. Bem-vindos! E sim, aumentamos a segurança
com uma tecnologia de ponta! Não podemos permitir que nada dê errado,
vocês sabem!
— Viu? — Bufou Ty.
Ram andou até as grades da sua cela e segurou-as.
— Essa é a parte ruim! Estamos prestes a ser atacados! Você tem que
me... nos libertar!
O droide jogou a sua grande cabeça para trás em uma esquisita imitação
de risada.
— Há! Atacados! Certo, “Padawan”. Tenho certeza disso.
— É verdade! saqueadores sabotaram as torres de comunicação na noite
anterior ao evento de boas-vindas! Eu acho que foram os Nihil.
— Não seja ridículo, criança. — Disse Mantessa, lançando-lhe um olhar
afiado. — Todos sabem que os Nihil foram destruídos meses atrás. Os que
restaram não ousariam atacar um tão...
— Como você sabe disso, criança? — Interrompeu Ty, entrando na
frente da patroa para encarar Ram da frente de sua cela.
— Porque eu os impedi! Bem, eu, Vê-Dezoito e os Bonbraks. Eles
tinham máscaras de ventilação e as suas naves saltaram para o hiperespaço
antes mesmo de saírem da atmosfera! Eu juro!
— Isso é um conto de fadas. — Disse rispidamente Mantessa. — Jedi
não deveriam mentir, você sabe disso.
— Não estou mentindo! — Insistiu Ram. — E se eles atacaram as torres
de comunicação é porque devem ter um plano maior! Temos que...
— Bem, se ele está mentindo ou não. — Disse Ty com uma voz
tranquila. — Todos queremos a mesma coisa, não?
— Por que vocês dois não usam o seu pequeno truque mental Jedi
naquele droide e nos libertam daqui, hein?
— Estou bem aqui. — Apontou 5-Tríade.
— Nosso truque mental não funciona em droides. — Disse Ram,
tentando não parecer tão irritado. — O que é provavelmente o motivo por
terem deixado um como guarda.
— Exatamente! — Concordou 5-Tríade.
— É verdade que truques mentais não funcionam neles. — Disse Ty. —
Mas isso funciona.
Com um ruído, o droide voou pelo ar e se chocou contra uma lâmpada.
Ram se desviou de fagulhas e a fumaça que emanaram da cabeça danificada
do droide.
— Ai! — resmungou 5-Tríade, ainda se soltando da lâmpada. — Isso
não é muito o jeito Jedi.
— Por sorte, eu não sou Jedi.
— Isso vai nos fazer sair daqui? — Balbuciou Mantessa.
— Não. — Disse Ty, dando de ombros. — Provavelmente não.
— Então...
— Ele estava me irritando.
O droide finalmente se chocou de volta ao chão, lançando montes de
fagulhas.
— Vou cuidar pessoalmente para que adicionem cinco anos de pena
para cada um de vocês, seus bárbaros.
— Você pode parar de arrumar confusão e nos tirar daqui? — Rugiu
Mantessa.
Um estrondo soou de algum lugar nas proximidades. Outro veio logo
em seguida, tão próximo que todo o edifício estremeceu. Ram olhou ao
redor. Ouviu pessoas gritando do lado de fora e, então, ouviu o repentino
som de tiros de blaster.
O ataque à cidade de Lonisa começou.
As estrelas ficaram para trás e a galáxia se tornou um borrão, mais
uma vez.
Quando as coisas desacelerariam? Imaginou Lula. Saltaram para o
hiperespaço. A Star Hopper estava provavelmente logo atrás delas.
Emergiriam em algum tipo de confusão prestes a se desenrolar; o que
parecia o suficiente. Zeen e Mestre Sy estariam indo em direção ao perigo e
sabe-se lá o que estaria acontecendo com Farzala, Qort e os outros.
Lula sabia que não devia formar ligações e sabia o motivo, conseguia
sentir o seu fluxo vital sendo sacudido, a conexão dela com a Força
formando nós incompreensíveis. Mas o que mais devia fazer? Importava-se
com os seus amigos e não queria que se machucassem.
Vernestra parecia tão calma no assento do técnico, como se não
estivessem correndo para mais um desastre. Não é de se estranhar que tenha
sido condecorada Cavaleira tão nova. Como ela fazia isso?
— O que foi? — Perguntou Vernestra, por cima do zumbido suave do
motor.
— O que foi o quê?
— Vamos lá, Lula. Somos duas Jedi. Não me faça explicar o que já sei
que você sabe. Os seus pensamentos profundos estão ocupando mais espaço
nesse recinto do que você mesma.
Lula franziu o seu rosto. Devia saber que os eus pensamentos a trairiam,
especialmente perto de uma tão perfeita Cavaleira Jedi.
— Como você faz isso?
— Ah, você sabe que não entramos em detalhes sobre nossos testes
finais, Lula. Sinto muito. Mas... não é exatamente isso o que você quer
saber, não é?
Por alguns instantes, Lula não disse nada, somente as estrelas passavam.
— Como Jedi, — Disse afinal. — Não devemos nos ligar a nada, certo?
— Essa é a ideia, claro.
— Mas...
Lula sentiu, de repente, como se uma represa estivesse prestes a
quebrar. Percebeu que ninguém com mais experiência que ela nunca havia
conversado desta forma. Mesmo entre os outros Padawans, nunca ninguém
quis admitir as suas lutas interiores, lá de dentro.
— Eu sou... uma grande bola de ligações! — Lamentou. — Sinto-me
apegada a estar viva! E à vida de meus amigos também! E Mestre Sy! Toda
vez que vou a um lugar novo na galáxia e me sinto apegada a ele, conheço
mais pessoas maravilhosas que não quero que se machuque ou morra!
Ligações não param de chegar para mim! Se eu chegar a envelhecer, terei
milhares e milhares delas! Eu me apeguei até mesmo à Star Hopper e é só
uma nave! Aaah!
Ao acabar de dizer isso, não sabia se a sua voz estava vacilando por
conta de riso ou lágrimas, conseguir, finalmente, colocar isso tudo para fora
era tão bom e terrível!
Mas isso não mudava o fato de que não conseguia lidar com as coisas
mais básicas para ser uma Jedi.
— Eu sou um grande fracasso. — Disse, enxugando as lágrimas com a
mão.
A mão pequena e forte de Vernestra deslizou sobre o ombro de Lula,
com um leve aperto.
— Ah, Lula, de jeito nenhum. Você é tão forte.
— Sou?
A Jedi se inclinou pra frente, de forma que a sua cabeça ficasse ao lado
da de Lula. Estava sorrindo.
— Claro que sim! Ser uma Jedi não significa não sentir nada ou não se
ligar para nada. Você sabe disso.
— Sei?
Vernestra riu.
— Se um Jedi não devesse sentir nada, deveríamos todos ser droides. E
mesmo eles sentem algo, se você parar para pensar. O fato de que sentimos,
de que nos preocupamos, é o que faz os Jedi grandiosos.
— Mas...
— Equilíbrio. — Afirmou Vernestra. — Ser uma Jedi é sobre equilíbrio.
Equilíbrio da Força em você, da Força no vasto mundo. Equilíbrio da Força
conforme ela flui por você. — A voz dela soou calma. Parecia realmente
saber do que estava falando.
Será que Lula algum dia se sentiria tão certa sobre alguma coisa?
— Equilíbrio. — Repetiu, tentando soar confiante.
— Pense em Mestre Sy ou na sua amiga Zeen. — Disse Vernestra,
sorrindo. — Você tentaria salvar as vidas deles, se estivessem em perigo,
certo?
— Com certeza! — Respondeu Lula.
Mestre Sy era uma das pessoas que Lula mais amava no mundo todo. E
Zeen... Zeen parecia entendê-la melhor do que qualquer outra pessoa,
mesmo se elas tiveram vidas completamente diferentes até então. Vidas
opostas. Faria qualquer coisa pela amiga.
— Mas e quanto a um estranho, ou mesmo um inimigo. — Continuou
Vernestra. — Você salvaria as suas vidas também, ou não?
Lula sentiu como se estivesse caindo em uma armadilha, mas tentou
responder mais honestamente possível.
— Eu salvaria, sim... especialmente se eles não estivessem tentando me
matar no momento.
— Ha! — Vernestra sorriu. — Uma resposta esperta. Mas você não se
importa com eles, certo? E mesmo assim você os salvaria. Por quê?
— Porque eu me importo com a vida. E com a luz. Eu os salvaria
porque é o certo a se fazer.
— E é por isso, também, que você salvaria o Mestre Sy ou a Zeen.
Deixe-me perguntar outra coisa: se salvar Mestre Sy ou Zeen significasse
que você nunca mais os veria, mas sabendo que estavam seguros, mesmo
assim você o faria?
— Com toda certeza! — Lula quase gritou, mesmo algo lá dentro a
tenha feito hesitar.
Queria ter certeza aquilo era verdade. Ficaria arrasada se não fosse ver
Mestre Sy novamente, mas sabia que seria muito pior se fosse por ele ter
morrido e ela deixado isso acontecer! O mesmo valia para Zeen, ainda que
a dor de imaginar nunca mais ver sua amiga quase a sufocasse; uma dor tão
grande que quase não havia espaço em seu corpo para suportá-la.
Não importava. A resposta era a mesma e estava começando a entender
a verdade que Vernestra estava tentando lhe mostrar: as ações e as escolhas
dela revelavam o profundo equilíbrio necessário para ser Jedi. Não devia se
afastar do amor ou de suas emoções. Devia encontrar o equilíbrio entre ter
essas emoções e, ainda assim, procurar pela luz, para fazer o certo.
— Eu faria! — Disse, assentindo.
Vernestra olhou satisfeita para Lula, a qual se sentiu uma onda de
orgulho.
— Então você os salvaria por eles, Padawan, não por você. Isso não é se
apegar. Falando em não se apegar a coisas, troque de lugar comigo.
Estamos prestes a sair do hiperespaço e preciso de você nas armas, só por
precaução.
Lula se levantou e deixou Vernestra se sentar na cadeira de piloto. Então
se jogou no assento dos canhões e começou a checar o equipamento.
A nave era, definitivamente, um ferro-velho. A tela do escâner parecia
ter várias décadas de idade, pontinhos grossos passavam por ela, deixando
atrás de si pequenas versões fantasmas ao se mover, e as torres de canhão a
laser, visíveis em ambos os lados da janela esférica da cabine, giravam com
dobradiças rotativas cobertas de ferrugem, não alcançando aonde
supostamente deveriam estar.
— Vamos avisar ao Farol sobre a situação assim que soubermos com o
que estamos lidando. — Disse Vernestra.
Com um sinal sonoro e uma estremecida, saíram do hiperespaço, a nave
toda se sacudiu e rangeu. Avançaram para o planeta azul e verde abaixo de
si.
Lula teve de respirar profundamente para conter uma onda de náusea
conforme as estrelas desaceleraram ao redor dela.
— Ai, ai, ai, ai. — Queixou-se junto com o grunhido do motor direito.
— Ufa!
Assim que as coisas retornaram ao seu estado natural, luzes emergiram
na tela de mira de Lula.
— Um ataque! — Gritou Vernestra, levando-as para frente. — E já está
em curso! Alerte o Farol!
À frente, centenas de trilhas de íon ganhavam vida conforme caças
Nihil desciam caótica e imprudentemente em direção à cidade de Lonisa.
Abaixo, disparos de blaster voavam através de prédios, pavilhões flutuantes
e ruas movimentadas. Colunas de fumaça subiam aos céus.
Somente estática veio como resposta quando Lula tentou contactar o
Luz Estelar.
— As comunicações não estão funcionando! — Tentou chamar a
Hopper, com o mesmo resultado. — E não vejo nenhuma nave da
República. É possível que eles não...
— Não temos tempo para pensar no porquê. Faça o que puder para
enviar um sinal de socorro para o Luz Estelar. — Disse Vernestra. —
Vamos descer.
Lula tentou, mas o sistema continuou respondendo com uma mensagem
automática em uma língua que não entendia.
— Achei que aquele Padawan havia dito que consertara a torre de
comunicações. Não é o que parece... Uau!
Quase mordeu a própria língua quando Vernestra acelerou, lançando-as
sobre a multidão.
— Todas as armas ativas! — Gritou Vernestra. — Precisamos abrir uma
brecha nessa horda, para desfazer o seu padrão de ataque!
Lula abriu a boca para responder ou pedir um momento para respirar,
mas não havia tempo para tal luxo. Pessoas inocentes estavam sendo
massacradas em Valo, baixas aumentavam a cada segundo que passava. E
elas já estavam avançando em direção à horda de ataque.
— Fogo! — Disse Vernestra, compenetrada.
Lula mirou os controles até duas naves mais próximas a elas, apertando
o gatilho. Disparos de blaster surgiram dos canhões em uma explosão
raivosa de luz, destruindo o hiperdrive de uma das naves e acabando com os
canhões traseiros da outra.
Vernestra inclinou ligeiramente a Varonchagger para um lado, cortando,
com suas asas, duas naves menores. Giraram em meio a três naves, e a
maioria delas explodiram em chamas, espiralando pelo céu.
Mas os outros Nihil perceberam que estavam sob ataque pela parte de
trás. Vários deles saíram da formação, virando-se para cima e para trás,
acionando os seus canhões de laser.
— Segure-se! — Vernestra acelerou e girou pelo céu, passando pelos
saqueadores em ataque, então freou completamente. A Varonchagger,
convulsionou rudemente ao ser acertada por um disparo atrás do outro,
afundou completamente.
Lula encarou o olhar arregalado de um Nihil em uma nave de um piloto
avançando sobre elas, com o redemoinho do espaço atrás de si. Avançou,
disparando com os canhões das asas. Manejou os canhões em um
movimento diagonal através do céu, liberando uma rajada de tiros de blaster
que cravejaram quatro naves Nihil. Então concentrou ambos canhões no
saqueador que se aproximava. Fumaça e chamas surgiram primeiramente da
cabine; segundos depois, toda a nave desapareceu em uma bola de fogo,
lançando estilhaços que se chocavam contra as janelas frontais da nave das
Jedi.
O homem estava morto, percebeu Lula, piscando. Ela o havia matado.
Havia estado em batalhas antes, havia tomado outras vidas, mas nunca
ficava mais fácil.
— Sem tempo para isso. — Disse Vernestra, passando a mão dela pela
de Lula. — Não agora. Depois da batalha, passamos pelo processo de cura e
reconstrução. Agora temos que gastar o nosso tempo em garantir que vamos
sair vivas dessa.
Lula assentiu. Mais naves Nihil já se aproximavam delas. Vernestra
manobrou a Varonchagger para as encar de frente.
— Você não está assustada? — Indagou Lula.
— Ah, eu estou aterrorizada. — Respondeu Vernestra com uma curta
risada nervosa. — Mas é isso que queria dizer... — Balançou a nave
repentinamente para ambos os lados, então lançou-as em uma espiral em
direção à vasta floresta fora da cidade, levando os saqueadores para longe
de áreas povoadas, percebeu Lula. — Equilíbrio. Se não estivermos
assustadas... — Fez uma careta quando disparos atingiram os escudos
traseiros e do lado direito. — ... Não podemos ser corajosas, certo? E nós
podemos cometer erros com nossa arrogância. Mas se formos vencidas pelo
terror, seremos inúteis, também.
— Acho que sim. — Suspirou Lula.
Alternou para os canhões laterais, acendendo uma imagem estática para
sua tela e levando a mira para os atacantes que se aglomeravam.
— Quer dizer, estou tentando.
Disparou outra rajada de blaster, mas os Nihil pareciam infinitos, quatro
desapareceram nas chamas e outros setes tomaram o seu lugar.
Vernestra os manobrou de volta, sobre um lago magnífico que Lula
imaginou em outras circunstâncias ser uma paisagem pacífica. O céu sobre
a cidade de Lonisa estava repleto de caças e nuvens de fumaça. Vindas de
diversos pontos da cidade, grossas nuvens amarelo-esverdeadas de gás
químicos usados pelos Nihil, emergiam sobre os altos prédios. Um alarme
de emergência soou.
— Os escudos estão prestes a... — Começou Lula, mas outra chuva de
tiros estremeceu a Varonchagger, fazendo com que mais sinais sonoros
disparassem.
— Eu sei. — Respondeu Vernestra, entredentes.
Um grupo de Vetores Jedi passou sobrevoando as construções, em um
primeiro sinal de contra-ataque. Eles provavelmente estavam no planeta
antes de o ataque começar. Lula expirou, então apertou os gatilhos dos
canhões traseiros.
— Eles são muitos! — Disse, balançando a cabeça.
— Vou pousar. — Respondeu Vernestra.
— De propósito?
— Uma coisa assim.
Ondas cintilantes de sol pareciam ansiar para encontrá-las. À frente,
havia um terreno arenoso próximo a um calçadão, onde multidões
turbulentas corriam para todos os lados.
— Aguente firme! — Gritou Vernestra.
Os Nihil que estiveram atrás delas devem ter percebido que havia
problemas maiores para lidarem, moveram-se pra cima, em direção às
batalhas aéreas emergindo com os Vetores.
A Varonchagger deslizou pelo lago, então quicou uma e outra vez.
Vernestra fez a nave virar violentamente, lançando uma grande onda de
água e areia. Finalmente, colidiram contra o terreno arenoso e pararam.
— Mais uma! — Vernestra já estava fora de seu assento, dirigindo-se
para a saída. — O mestre de naves Nubarron nunca vai me perdoar por isso!
— Espere! — Disse Lula, apressando-se para segui-la. — O que
faremos?
Um brilho roxo iluminou o interior da Varonchagger conforme soou o
ruído nítido e crepitante de um sabre de luz. Os olhos arregalados de Lula
fixaram-se em um fluxo longo e fino de pura energia que se ergueu e
deslizou pelo ar ao redor delas. Era um sabre de luz, mas também um
chicote.
— Nunca vi algo assim! — Murmurou.
— Não conte a ninguém, certo? — Vernestra permitiu-se um pequeno
sorriso. — Você está com o seu?
— Claro, mas...
— Parece que aquele Padawan da mensagem estava sendo preso, então,
provavelmente ainda está na prisão local. Deve ser uma destas construções
com domo, no Distrito Governamental do centro da cidade. Liberte-o e
descubra o que mais ele sabe.
— O que você...
— Eu vou encontrar os Jedi mais velhos e garantir que a Chanceler está
segura. As comunicações podem estar desativadas, mas pode ser uma
interferência de tudo o que está acontecendo. Se não, você precisa ir com
aquele garoto arrumar isso. Entendeu?
Lula pestanejou, mas se endireitou. Em algum lugar, Zeen e Mestre Sy
estavam provavelmente tendo uma conversa parecida. Estavam em perigo,
todos eles, e saber isso a fez estremecer. Mas tinha de se manter focada.
Faria o que pudesse para manter todos a salvo. Assentiu e acionou a lâmina
azul de seu próprio sabre de luz, refletindo o roxo da arma de Vernestra.
— Vamos lá.
— O olha, garoto. — Disse Ty, quando o som da batalha e de
medo, que se alastravam do lado de fora, chegaram mais perto. — As coisas
vão ficar turbulentas.
Ram acenou com a cabeça. Mantessa estava mexendo em um pequeno
aparelho que havia escondido, mas o que quer que estivesse fazendo não
parecia estar funcionando. O droide, 5-Tríade, apressava-se para todo lado,
apertando botões e gritando comandos sem sentido, alheio aos danos em
sua cabeça.
— Posso contar com você? — A voz da autônoma usuária da Força era
estranhamente calma, até mesmo tranquilizadora.
Ram não estava certo se estava preparado para a ocasião, acabara de sair
de sua primeira luta, poucas horas antes, afinal, mas algo sobre Ty Yorrick o
fez querer avançar e fazer o que era necessário, não importava o que
acontecesse.
— Sim. — Disse, torcendo para que soasse mais seguro do que estava.
— Diga o que preciso fazer.
— Isso vai depender...
A porta da prisão se abriu e uma rajada de tiros de blaster irrompeu pelo
recinto. O Droide caiu para trás num chiado, voando em chamas.
— Desnecessário! — Reclamou para um homem alto e musculoso com
um blaster enorme, o qual entrava pela porta. A sua máscara de gás possuía
três visores, o que significava, provavelmente, que era um Gran.
— Hummm, Jedi? — Gritou, com uma voz distorcida, levantando a
arma. — Vamos ver no que vai dar!
— Você vai devolver as nossas coisas e nos tirar destas celas. — Disse
Ty com firmeza, acenando com a mão.
O Gran inclinou a sua cabeça para ela e assentiu.
— Eu vou devolver as suas coisas e tirar vocês destas celas. —
Concordou.
— E depois você vai dominar e capturar todos os companheiros Nihil
que encontrar.
— E depois vou dominar e capturar todos os companheiros Nihil que eu
encontrar.
— Uau! — Disse Ram, impressionado.
O pirata atravessou todo o recinto até uma passagem que levava ao
depósito, em algum lugar mais adentro do prédio.
— Zarabarb! — Gritou alguém com uma voz rouca do outro lado da
porta. — O que você está fazendo, cara?
Ram se encolheu de susto quando o Gran se virou, com o seu canhão
blaster erguido, e liberou uma devastação de blaster que transformou a
parede em destroços. Algo pesado caiu no chão, do outro lado da sala, mas
outros gritos já se faziam ouvir. Ram ouviu botas soando em sua direção.
— Esta é uma interpretação bem criativa de dominar. — Murmurou Ty.
— Mas, tudo bem. — Olhando para Ram, completou: — Fique preparado
para improvisar.
Alguns disparos vieram da abertura onde a porta ficava. Então, algo
voou para o recinto, quicou algumas vezes no chão e rolou até parar.
— Detonador termal! — Berrou Mantessa.
Ram já havia se conectado a Força e sentira a sua conexão se
estabelecer com a esfera. Se ele a lançasse para o hall de onde viera,
provavelmente mataria quem havia tentado os matar. Mas se houvesse
outras pessoas junto, reféns ou prisioneiros? Era muito arriscado. Lançou
por cima da cabeça de Zarabarb, direto por uma janela. Uma explosão
aguda se seguiu, destruindo as outras vidraças.
— Dano mínimo ao inimigo. — Comentou Ty. — Tirando isso, nada
mal.
— Avançar! — Berrou alguém e um grupo de Nihil surgiu, disparando
blasters.
Zarabarb derrubou dois deles antes de avançar para a briga e atacar
descontroladamente com os seus enormes braços.
— Force-os para trás! — Ordenou Ty.
Ram imaginou a Força se juntando para formar uma parede, quando
ambos levantaram as mãos e, depois, empurraram para frente. Com muita
gritaria, todo o emaranhado de Nihil brigando voou para trás, chocando-se
contra as escrivaninhas e os compiladores de dados.
— Ha! — Gritou 5-Tríade de algum lugar abaixo deles todos. —
Tomem essa, vilões!
Ty assentiu em aprovação e disse:
— Blasters, rápido!
Isso seria mais difícil. Alguns caíram na confusão e outros estavam
agarrados em mãos suadas. Ram se conectou a Força e sentiu o metal frio
destas armas, puxou-as com toda força. Várias deslizaram pelo chão até ele,
enquanto outras voaram pelos ares até se chocarem contras as barras da cela
de Ty.
Ram sentiu, na Força, uma certa tensão, fazendo-o erguer os olhos para
o lugar onde um Mon Calamari Nihil acabara de se levantar, com uma
balestra levantada em suas mãos repletas de membranas. Estava apontando
para Ty. Ram cerrou os olhos. Como se tentasse retirar a arma das mãos do
saqueador, poderia não funcionar a tempo. Em vez disso, enviou a sua
mente para as válvulas e engrenagens engorduradas da arma. Era diferente
de tudo que Ram havia visto antes, mas rapidamente compreendeu o seu
mecanismo. Com o mais leve aceno de sua cabeça, uma faísca saltou,
seguida por um estalo.
— Gah! — Gritou o Nihil, largando a balestra e saltando para longe,
quando fumaça começou a sair da arma.
— Nada mal. — Disse alguém. — Agora levantem as mãos!
Ram olhou através do recinto para onde uma mulher alta e de pele roxa
estava parada com um rifle mirado para ele.
— Eu... — Ram começou, mas a mulher caiu para trás, soltando um
grunhido, conforme um disparo de blaster acertava seu peito.
Olhou para Ty, que havia puxado um blaster Nihil através das barras de
sua cela. Uma pequena nuvem de fumaça saía da ponta da arma.
— Aaaah! — Gritou o Mon Calamari, avançando contra Ty. Caiu assim
que Ty atirou contra ele, uma e outra vez.
— Bons sonhos, fruto-do-mar. — Disse com um risinho.
— Uau! — Disse Ram, boquiaberto.
— Eles estão só cochilando. — Disse Ty, rolando os olhos. — Agora...
Apontou com a arma para o painel de controle do outro lado da abertura
feita com blasters, mirou e atirou uma vez.
Com um zumbido, a sua cela se abriu.
— Trabalho em equipe! — Disse, piscando para Ram. — Com um
Padawan! Estou quase tão impressionada comigo mesma, quanto estou com
você. — E se dirigiu para o corredor. — Agora deixe-me ver a sua... — Ty
levantou ambas as mãos e deu alguns passos para trás, seu sorriso
desdenhoso ainda em seu rosto. — Bem, bem, bem.
Um borrão roxeado passou por ela e entrou no recinto, com uma coisa
pequena e peluda em cima. Duas coisas. Bonbraks!
— Vê-Dezoito! — Gritou quando o droide parou e olhou ao redor. —
Como...?
Então Ram viu a brilhante ponta azul de um sabre de luz, seguida por
sua dona, uma garota um pouco mais velha que ele, em vestes de Padawan.
Dirigia para Ty uma carranca muito séria, juntamente para o seu sabre de
luz
— Jogue o blaster no chão.
Em sua maioria, as pessoas na rua se mantiveram afastadas de Lula.
Ela estava assustada, realmente aterrorizada, por estar sozinha lá. Não lhe
ocorrera quanto estava acostumada a estar com seu grupo de Padawans, até
encarar inimigos sem eles. Mas logo aprendeu que os Nihil não estavam
preparados para muita resistência; a maioria andava em grupos de dois ou
três. E uma vez que viram o seu sabre de luz, fugiam dela e buscavam caçar
uma presa mais fácil. Não havia quase nenhuma coordenação em seus
ataques, também; parecia um horripilante vale-tudo.
Até mesmo no centro de detenção, os dois saqueadores postados na
frente, fugiram rapidamente assim que a viram. Mas esta mulher
Tholothiana, que não parecia ser uma Nihil, era outra história. Mesmo
tendo recuado, levantado as mãos e colocado o blaster no chão, ela a
encarava como se tivesse vencido, de alguma forma.
— Está tudo bem — Disse ansiosamente o Padawan na cela. — Ela...
me ajudou!
Lula o encarou. Ram Jomaram, o garoto que havia enviado a
mensagem. Ele era baixo, um ano ou dois mais novo do que ela e estava
bem bagunçado, ainda vestia as roupas sujas de graxa, mas Lula imaginava
que isso era bem natural para o garoto. Os Padawans de postos avançados
levavam uma vida totalmente diferente daqueles ligados ao Farol ou
Coruscant, percebeu.
— Você confia nela?
A mulher direcionou um olhar intenso com os seus olhos cor magenta.
— Sim, hum, essa é Ty Yorrick, — Disse Ram. — Ela tem a Força! E
essa é a senhora Mantessa Chekkat.
— Você é... — Lula olhou para Ram. — Ela não é uma Jedi.
— Não temos tempo para isso agora. — Disse Ty, revirando os olhos.
— Deixe-nos sair.
Ela estava certa, não tinham muito tempo. Mas isso não significava que
deviam deixar criminosos sair da prisão, especialmente os sensitivos à
Força. E se essa mulher fizesse parte do ataque?
— Por que ela está aqui, para começo de conversa? — Perguntou Lula.
Ram balançou a cabeça, com os olhos arregalados.
— Eu não... Lula, eu provavelmente estaria morto sem ela.
— Saia do caminho imediatamente, garota! — Ordenou Mantessa em
um rugido altivo.
A mulher de meia idade estava vestida com um terno elegante que
provavelmente seria usado para reuniões e negociações importantes. Seu
tom era de alguém que não aceitava muito bem ser comandada.
— Estamos sem tempo para bobagens.
Lula passou por Ram para encarar diretamente Ty e a olhou diretamente
em seus olhos ardentes. Com a sua mente em turbilhão.
— Você... você saiu da Ordem Jedi? — Era só um palpite, na verdade,
mas pela maneira como o rosto de Ty pareceu ter se contraído, Lula teve
certeza de que estava correta.
— Ouça, garota: a qualquer segundo, um outro grupo de Nihil vai surgir
por aquela porta e vamos precisar de mais do que dois Padawans para
repeli-los. Ram já te disse que eu o ajudei e você viu o estrago que estes
caras estavam fazendo quando você entrou. — Acenou para o amontoado
de corpos no chão. — Há muitas coisas mais preciosas por aí do que a sua
Ordem Jedi e se manter viva deveria ser a número um nesta lista.
Por alguns breves segundos, ficaram somente se encarando. Por que
alguém com a Força deixaria a Ordem Jedi? Parecia incompreensível para
Lula; seria como arrancar o seu próprio braço. Mas acreditava em Ram, ele
provavelmente não teria conseguido derrotar todos estes Nihil sozinho.
Estava claro que Ty Yorrick era bastante poderosa na Força...
Mantessa deu um passo à frente. Lula viu algo nos olhos da mulher
mais velha: desespero.
— Minha... minha filha. — Gaguejou Mantessa. — Ela... ela está lá
fora, no meio disso tudo. Eu preciso encontrá-la.
Lula olhou para Ty, cujo o rosto austero não revelava nada. Nenhuma
delas parecia ser muito confiável, mas Mantessa não estava mentindo, disso
Lula estava certa.
— Se dependesse de mim... — Um dos Nihil bufou do chão.
Ty o silenciou com um simples movimento da mão. Não precisou usar a
Força para isso, mas tão somente da pura ferocidade de que era feita.
— Não depende.
— Certo. — Disse Lula, expirando.
Agora que decidira, parecia o certo a se fazer. Fosse como fosse, essa
não era uma luta de que precisava agora. Desativou o seu sabre.
— Mas se por acaso você mentiu para mim, eu vou voltar atrás de você.
E não pense que não faria só porque sou nova.
Irritantemente, Ty soltou um sorriso, erguendo uma sobrancelha
conforme ela e Mantessa passavam.
— Eu percebi, Padawan.
Assim que partiram, Lula voltou para o painel no corredor e abriu a cela
de Ram.
— Eu sou Lula Talisola. — Disse quando o garoto saiu. — Eu sou uma
Padawan, também. Você está bem?
Ela deu um tapinha em seu ombro, tentando lhe dar alguma segurança.
Lá fora, os sons de lutas aumentavam e abaixavam em meio a carnificina
em curso, com os Vetores Jedi e naves dos saqueadores Nihil batalhando no
ar.
Ram assentiu, balançou a cabeça e disse afinal:
— Eu não sei. O que está acontecendo? Como você nos encontrou?
— O Luz Estelar encaminhou a sua mensagem pra mim e a Cavaleira
Jedi que estava comigo, Vernestra Rwoh. Estávamos investigando os Nihil,
e acabou que... eles estavam vindo para cá. Não sabíamos da história
completa ainda, mas nós tínhamos de...
Ela balançou as mãos como se o que tinham de fazer era algo
assustadoramente grande, incompreensível.
— Precisamos pegar as minhas coisas e sair daqui. — Afirmou Ram, já
partindo pelo corredor até o depósito.
Lula o seguiu. Uma vez que saíssem do centro de detenção, poderiam
encontrar com Vernestra e descobrir onde estavam Zeen e Mestre Sy. E
então... bem, isso já era bastante, na verdade. De todo modo, a qualquer
momento eles poderiam ser incinerados ou atacados por um grupo Nihil, do
jeito que as coisas estavam se desenrolando.
— Ali está ele! — Disse Ram, apontando para uma caixa num armário.
Puxou a escada de metal e subiu nela.
Lula pegou o seu comunicador e o acionou.
— Vernestra? Atenda, Vernestra.
Como resposta somente estática.
— O que foi? — Indagou Ram do alto.
— Os comunicadores das naves. — Respondeu, balançando a cabeça.
Tentou novamente: — Vernestra? Você me ouve? — Franziu o cenho. —
Ainda não está funcionando. Por isso que vim te encontrar.
— A Torre... — Disse Ram, abatido.
— Você disse que os impediu durante um ataque ontem à noite, não foi?
Ele desceu da escada com a caixa.
— Sim, eles a sabotaram, mas eu arrumei e... estava funcionando
porque minha mensagem chegou ao Luz Estelar, certo? Por isso vocês
chegaram aqui.
— Sim. — Disse, Lula. — Mas não está claro o que está acontecendo.
Eles só sabiam que era algo envolvendo os Nihil, por isso encaminharam
para Vernestra. Por isso viemos. Mas se as comunicações não estão
funcionando de novo, isso significa...
— Não podemos coordenar um contra-ataque em solo. — Afirmou
Ram.
— Alguns Vetores estão no ar e deviam estar já por aqui, mas não perto
o suficiente. — Disse Lula, balançando a cabeça. — E ninguém está vindo
nos ajudar.
Ram havia sentido uma onda de insegurança desde que vira o quão
serena e poderosa era Ty. Isso só aumentou quando Lula apareceu. Como
um Padawan em um posto avançado da República, Ram não entrava em
contato com muitos usuários de Força, além dos outros Jedi de seu templo.
E, em sua maioria, eles o deixavam na oficina fazendo reparos. De todo
modo, não havia nenhuma competitividade em Valo; cada um cuidava de
sua própria vida. Mas agora... a vasta galáxia havia se aberto repentina e
abruptamente, em questão de horas. Ram viveu a sua vida toda estudando,
concertando coisas e em companhia de Bonbraks. Havia sido uma ida e
vinda sem fim entre o templo inacabado e os aposentos no lago. No
máximo, com uma ou duas viagens para fora do mundo. Até este momento,
havia pensado que a sua vida seria sempre do jeito que vinha sendo, para o
bem ou para o mal. Envelheceria em Valo, como Mestre Kunpar. Um dia
tomaria um Padawan, provavelmente, com sorte um que gostasse de
trabalhar com mecânica e não falasse muito.
Mas agora, parado, em meio ao centro de detenção destruído, ouvindo o
som do caos e da batalha crescendo por toda a cidade, a sua cidade... Ram
tinha certeza somente de que nada voltaria a ser como antes.
Respirou profundamente. Você deve ver o todo pelo todo, e cada parte
pelo papel que cumpre. Não por aquilo que você quer que seja, não pelo
que teme que seja. Tão somente pelo que é. Este momento era uma peça
crucial para o que quer que fosse acontecer e Lula seria capaz de fazer algo
bom em meio a tanta destruição.
— Eu sei o que devemos fazer. Precisamos ir diretamente para a torre.
O que quer que eles tenham feito, ontem, quando os interrompi, deve ter
sido mais do que uma simples sabotagem. Eles devem...
Aqueles pacotes lançados, girando ao pôr do sol... Se eles têm algo a ver
com isso?
— Vamos, — Continuou Ram, colocando Breebak e Tip no V-18 e
subindo também. — Temos de ir para lá imediatamente!
— O que? No droide? — Respondeu Lula, boquiaberta.
— Oh. — Disse V-18 altivamente. — Breebak, Tip e eu estivemos
trabalhando em algo enquanto vocês estavam relaxando!
Desde quando V-18 se dava bem com os Bonbraks? Agora que Ram
parou para examiná-lo, percebeu que o droide estava com um motor
totalmente novo soldado em si. E aquilo era um pequeno propulsor de caça
estelar?
— Eu não estava relaxando! — Disse Lula. — E eu não acho que estar
preso em uma cela se qualifica como...
— Fitzabom takna takna! — Insistiu Tip.
— Eles melhoraram o antigo motor de speeder que eu havia instalado.
— Traduziu Ram, ajudando Lula a subir. — Para algo muito mais
sofisticado.
— Você instalou um motor em um droide?
— Longa história. — Disse Ram balançando a cabeça.
— MOTORES COM POTÊNCIA TOTAL! — Anunciou V-18.
Breebak gritou de alegria e Tip murmurou algo rude.
— Uh. — Disse Ram. — Isso pode não ser a melhor...
Tip soltou um grito quando começaram a voar através da parede
destruída e das ruas do Distrito Governamental devastadas pela guerra. Era
um dia ensolarado, que normalmente seria aproveitado pelos Valons para
um mergulho no lago ou um passeio ao longo do passeio pavimentado. Em
vez disso, destroços em chamas choviam devido aos confrontos de caças
acima e gritos ecoavam em meio disparos por toda a cidade.
No final da rua, uma multidão surgiu, correndo e tropeçando. Logo a
seguir uma dúzia de piratas Nihil apareceu, balançando porretes e lanças.
Um ser alto, com seis braços, virou seu rosto mascarado na direção de Ram
e outros, gritando algo.
— Fomos notados! — Disse Ram.
— Já? — Chocou-se Lula. Virou-se em seu assento, ficando de costas
para Ram, para poder ficar de olho em qualquer um que começasse a segui-
los. — Qual o caminho até a torre?
Ram fez uma curva com V-18.
— A esta altura, qualquer caminho serve! Só temos que...
— Inimigos chegando! — Gritou Lula conforme corriam.
Ram ouviu o sabre de luz de Lula ganhar vida. Ele não estava certo
sobre o que devia fazer... acelerar, desviar ou manter o curso? Uma decisão
errada e eles todos acabariam explodindo.
— Chegando o quê?
— Eu cuido disso! — Gritou Lula, conforme o som das speeders se
aproximando ficou repentinamente mais alto.
— AH, ESSES VERMES MASCARADOS QUEREM BRINCAR? —
Gritou V-18.
— O que está acontecendo com o seu droide? — Perguntou Lula.
— Eu não tenho cer...
— VÊ-DEZOITO ESTÁ CANSADO DE SER ATINGIDO POR
TIROS!
— Ele acabou de se referir a si mesmo na terceira pessoa? — Indignou-
se Ram, balançando a cabeça.
Fizeram uma curva apertada, virando-se para trás. Algo zumbiu e
pareceu se encaixar embaixo deles.
Os Nihil aparentemente não se importavam se V-18 estava cansado: as
seis speeder bikes pararam e os dez piratas Nihil levantaram os seus
blasters.
— Fatoopa fatoopa fatoopa! — Gritou Tip.
— Aparentemente eles também instalaram um... — Traduziu Ram.
Disparos de canhão romperam pelo ar, sacudindo todo o quarteirão e
explodindo desordenadamente prédios e calçadas ao redor dos Nihil. Os
invasores mergulharam em busca de cobertura; a maioria de suas speeders
foram destruídas.
— Sistema de armas.
— Uau! — Disse Lula.
— Fatoopa. — Concordou solenemente o Breebak.
Alguns Nihil já estavam de pé, sacudindo a poeira e preparando as suas
armas.
— Agora vamos! — Disse V-18, dando meia volta.
Partiram e viraram em uma esquina, zigue-zagueando entre pessoas
espalhadas pelas ruas. Duas speeders estavam os perseguindo. Ram podia
ouvir os pares de Nihil em cada speeder, gritando um para o outro.
Um feixe de luz passou voando, colidindo, em um tiro efervescente,
com uma parede nas proximidades.
— Estão chegando perto. — Alertou Lula. — Aguentem firme.
Ram a sentiu mudando de posição no assento. Ela estava... olhou para
trás e viu a garota ficando de pé, mesmo com mais disparos vindo em sua
direção.
— ESTAMOS PASSANDO! — Berrou V-18 e um Gran saltou para
fora do caminho. — BI BI!
— Acho que se ele vai se dirigir. — Murmurou Ram. — Eu posso...
Conseguiu se virar e se agachar. Lula moveu o seu sabre uma vez,
rebatendo um tiro de blaster. Depois outra e outra vez, defendendo outros.
A sua face estava calma, mas determinada, como se tivesse sido treinada
para este momento durante toda a vida dela. O que, percebeu Ram, ambos
haviam sido, na verdade. Mas se sentiu de certa forma totalmente
despreparado.
Atrás deles, as speeders Nihil em perseguição avançavam pelas ruas,
investindo contra qualquer pessoa que chegasse mais perto. O mais próximo
estava prestes a alcançá-los. Lula desviou mais um disparo, depois se
abaixou e pulou no guidão dianteiro da speeder.
— Uau! — Impressionou-se Ram, acionando o seu próprio sabre.
Teve pouco tempo para reparar em como Lula cortava o rifle do bandido
ao meio. A outra speeder estava se aproximando rapidamente e tinha a
bordo um sistema de disparos rápidos. Ram moveu o seu sabre para a
esquerda e para a direita, depois fez um circulo à frente, desviando um
disparo após o outro, enviando-os para os muros ao redor deles.
Lula derrotou ambos Nihil e tomou a primeira speeder, mas os
saqueadores que atiravam em Ram se colocaram ao lado dela, tentando
espremê-la contra um prédio.
— Vê-Dezoito, mantenha-nos estáveis! — Gritou Ram, sentindo o
droide balançando em baixo de si. Conectou-se a Força e sentiu a vibração
e o calor que o motor da speeder bike Nihil emitia.
— ESTOU ESTÁVEL! — Berrou V-18. — Mas há algo à frente e não
sei o que é.
— Hum? — Ram não podia olhar ou perderia a conexão com o motor.
— Aguente firme!
Lula atacou a speeder Nihil que estava atacando assim que desviou do
caminho. O piloto disparou dois tiros contra ela, desviados rapidamente,
mas Ram sabia que dirigir com uma das mãos e lutar com a outra não
funcionaria por muito tempo.
Voltou a se concentrar no motor, bloqueou todo o resto e usou a Força
para sobrecarregá-lo.
— Aaaaah! — Gritou o Nihil de trás, conforme fumaça começou a subir
a seu redor.
Pulou da speeder com um grito, mas aquele que dirigia pareceu pisar no
acelerador, em seu desespero, a speeder mergulhou para frente, o guidão
raspando na rua. Partiu-se ao meio e tudo girou para frente, numa
cambalhota de destroços em chama.
— Cuidado! — Gritou Ram conforme chamas e destroços voavam na
direção de Lula.
Ela olhou para o lado, jogou a bike para cima, sobrevoando os
destroços. Uma bola de fogo atingiu o leme e ela se jogou do assento. Deu
uma cambalhota no chão e se levantou correndo.
— Hm... à frente! — Alertou V-18.
— Você está bem? — Ram estendeu a mão para Lula quando ela os
alcançou. — O que foi, Vê-Dezoito?
— Somente uns cortes e arranhões. — Disse Lula, agarrando a mão dele
e se erguendo.
Ela havia pegado uma bolsa da speeder Nihil, percebeu Ram. Deve tê-la
posto em seu ombro antes do acidente.
— Parece ruim. — V-18 disse e fez um zumbido de preocupação.
Ram se virou. À frente, uma densa névoa amarelo-esverdeada se
aproximava cada vez mais.
— Podemos dar a volta? — Perguntou Lula.
Pararam bem à frente da névoa densa. Mais disparos de blaster e gritos
emergia de dentro, junto com alguns outros sons assustadores, rugidos e
gemidos, que Lula não queria imaginar de onde vinham. Ela havia estado
em ataques químicos Nihil antes e não queria ter que estar nunca mais.
— Esse é o único caminho para a Torre Crashpoint. — Disse Ram,
balançando a cabeça.
— Crashpoint?
— É como chamam a torre. — Respondeu Ram. — O pessoal costuma
praticar manobras de speeder por lá. Nem sempre dá certo. De toda forma,
vamos lá!
Lula se ajeitou em seu lugar. Com as atualizações em V-18, podiam
avançar bem rápido, pelo menos mais rápido que andar, de todo modo, e
seguir o seu caminho. Entregou a Ram a bolsa que pegara da speeder Nihil.
— Coloque uma.
— Uau! Boa ideia! — Respondeu Ram, retirando uma máscara facial
com filtros de ar e tubos.
— Eu já enfrentei esses bandidos antes, infelizmente. — Disse Lula,
conseguindo sorrir, de algum modo, em meio ao medo e à agitação. — Eu
vi as máscaras enquanto estávamos nos livrando das speeders e pensei que
poderiam ser úteis. Em alguns casos, eles têm em suas bolsas uma ou duas
máscaras com tamanho ajustável, então talvez consigamos encontrar algo
para os Bonbraks.
— Ah, eu tenho mais notícia ruim, caso vocês estejam precisando de
uma. — Disse V-18.
— Não estamos. — Responderam ambos.
— Uau, essa doeu. Aliás, de nada por terem sido salvos graças às
minhas novas atualizações maneiras.
— Obrigado. — Disse sem muita convicção Ram. — Qual é a notícia
ruim?
— Acho que estou com um vazamento.
Ram e Lula desceram do droide e olharam embaixo dele. Uma poça
preta reluzente estava se espalhando rapidamente, abaixo de um furo
carbonizado no motor.
— Você foi atingido! — Gritou Lula, dando um passo para trás.
Não esperava ficar tão tocada, mas o droide havia, salvado as suas
vidas, de fato, mesmo se estivesse se gabando por isso. Era mais uma coisa
terrível em meio a tanto horror. Olhou para Ram e perguntou:
— O que vamos fazer?
Ele olhou a rua deserta ao redor, surpreendentemente calma, então
assentiu para as duas criaturas peludas, puxando suas cabeças para fora de
uma bolsa.
— Vocês conseguem fazê-lo ficar pronto para correr?
Breebak e Tip se inclinaram para dar uma boa olhada nos danos.
Fizeram uma pequena conferência sussurrando. Finalmente, o maior dos
dois virou os seus enormes olhos negros para Ram, acenou com a cabeça e
disse:
— Ponk.
— Vou me dispor às mãos nobres e enrugadas dessas eloquentes
criaturas. — Proclamou V-18. — Vão em frente, sem mim!
— Vamos continuar avançando. — Ram, apontou para um beco que
estendia pelas sombras à frente e completou: — Leve-o até lá. Quando
estiver funcionando novamente, dirijam-se à torre de comunicação.
Provavelmente precisaremos de ajuda. Ou...
O fato de que talvez Ram e Lula não conseguissem chegar até lá ficou
pairando pesadamente no ar.
— Afirmativo! — Disse V-18, já a caminho da via no final da rua. Os
Bonbraks reclamaram de algo e acenaram em adeus.
— Obrigado! — Agradeceu, Lula. — Por nos ajudar! Cuidem-se!
Trocou olhares ansiosos com Ram.
— A pé?
— É o melhor jeito, por enquanto. — Respondeu Ram, gravemente. —
Não sei quanto tempo os reparos vão demorar, então é melhor continuar
indo até que eles consigam arrumá-lo.
— Mas...
Havia algo com essa névoa. Não era somente pelo fato de já ter estado
em uma névoa gerada pelos Nihil, não desejando estar novamente, um tipo
vicioso de ebulição emanada a partir dela neste momento, como se uma
criatura horrível espreitasse dentro dela. Fosse como fosse, teriam que
enfrentá-la. Não havia outro jeito. Lula colocou a máscara e acenou para
Ram, e eles entraram juntos.

— Será que usar a Força funciona nisso? — Indagou Ram conforme


andavam pela rua de paralelepípedos, em meio a uma extremamente densa
nuvem cor mostarda.
Lula balançou negativamente a sua cabeça. A máscara Nihil quase não
servia. As tiras apertavam as suas tranças e as pontas de borracha
machucavam a sua carne toda vez que ela se movia, mas era melhor muito
apertada do que muito solta.
— Um pouco, mas não o suficiente para valer a pena todo o esforço
para limpar esta área.
Eles não queriam acionar os seus sabres, era arriscado demais, com
pessoas inocentes correndo ao redor. De toda forma, chamaria mais atenção
do que desejavam. Em vez disso, continuaram a andar muito próximos um
do outro, prestando muito atenção a todos os lados conforme avançavam.
— Se seguirmos nesta rua. — Disse Ram. — Vamos chegar ao lago e de
lá aos arredores da cidade e, finalmente, à floresta. O problema é que vamos
passar por...
— Alto lá! — Gritou uma voz raivosa à frente.
Lula e Ram pararam imediatamente. A sensação fervilhante ainda
pulsava de algum lugar próximo; na verdade, estava ainda mais forte. Mas
tinham outros problemas com os quais lidar. Um pirata Nihil surgiu no
nevoeiro, com um blaster apontando diretamente para eles. Dois outros
vieram, seguidos por mais cinco. Todos estavam apostando as suas armas
para os Padawans.
— Jedi! — Disse o líder. Os outros murmuraram algo e avançaram ao
seu lado. — Larguem os seus sabres!
Lula não conhecia Ram o suficiente para saber o que ele faria, mas
esperava que, pelo menos, seguisse o seu exemplo. Estavam em menor
número, claro, mas ainda tinha a sua arma. Desistir disso significaria
abandonar toda a sua luta e não pretendia fazer isso. O seu sabre se acionou
ao mesmo tempo que o de Ram e sorriu por dentro.
— Eles vão atacar! — Berrou alguém. — Acabem com eles!
Tiros foram disparados de todos os lados; Lula e Ram defenderam uma
e outra vez, recuando lado a lado, passo a passo. Alguns Nihil caíram,
atingidos por seus próprios disparos ricocheteados, mas os outros
continuaram avançando.
— Você estava dizendo que teríamos que atravessar? — Perguntou
Lula, rebatendo um tiro após o outro.
— Ah. — Ram disse, girando o seu próprio sabre em um movimento
furioso. — Pelo...
Aquela sensação fervilhante emanou repentinamente da névoa,
acompanhado por um grito horrível.
— Zoológico de Lonisa.
— O que foi isso? — Disse Lula ofegando.
Os Nihil pararam de atirar e olharam ao redor. Não havia nada à vista,
entretanto; não era possível ver nada através da fumaça química de seu
ataque.
Ram deu um passo para trás, puxando Lula consigo.
— Esse som é de um...
Um enorme objeto metálico, com um estrondo, surgiu voando e
derrapando ao longo da rua: o portão de entrada destruído do zoológico.
Dois longos braços musculosos emergiram da névoa. Terminavam em patas
com garras que rachavam o pavimento por onde pousavam. O grito soou
novamente e o rosto da criatura apareceu: um longo focinho aberto em
quatro partes revelava dentes brilhantes encharcados de sangue e seis
línguas se contorcendo. Duas outras cabeças similares surgiram. Acima
dessas mandíbulas rangentes, meia dúzia de olhos miravam todas as
direções.
— Hragscythe! — Completou Ram. — Corre!
Lula deu alguns passos para trás conforme a criatura avançava, batendo
uma pata com garras afiadas atrás da outra, contou seis no total. Os Nihil
voltaram seu fogo em direção à criatura, mas era tarde demais; já estavam a
seu alcance. Os três primeiros foram varridos por um golpe violento das
garras dianteiras. O resto se espalhou gritando, mas o hragscythe agarrou
um com uma boca e acertou outro com um golpe de sua longa cauda
espinhosa.
Lula se virou, viu o sabre de luz de Ram brilhando através da névoa à
frente e correu.
— Eles conseguem respirar esse gás horrível? — Perguntou Lula
enquanto corriam lado a lado pela névoa.
— Aparentemente sim! — Gritou Ram.
Estava quase sem fôlego e sem respostas. Durante as últimas horas,
percebera que havia tantas coisas que não sabia sobre o mundo que até
perdera a conta.
— Está vindo! — Disse Lula arfando. — Eu posso senti-lo.
Ambos giraram, com os sabres de luz acionados, mas a névoa
permaneceu como uma parede espessa e impenetrável a seu redor. Passos se
aproximaram depressa e Ram ergueu o seu sabre. No momento em que o
Nihil apareceu, a apenas alguns metros de distância, o hragscythe já estava
sobre ele, com aquele rosto cruel vindo de cima para agarrar o pirata,
puxando-o aos gritos para cima.
— Não acho que podemos despistá-lo! — Disse Ram conforme viraram
por outra esquina. — Por aqui! Eu acho!
Guiou-os por caminhos, mas não tinha certeza de onde estavam agora, o
mundo todo parecia ter se tornado um pesadelo nebuloso. Um estrondo veio
de algum lugar à frente, não eram explosões, mas algo que corria em sua
direção. Ram esticou o braço dele, fazendo Lula parar. Outro grupo de Nihil
apareceu em meio à névoa, olhando ao redor. Eles também haviam escutado
o barulho e sentiram o chão tremendo abaixo.
— Mais Jedi! — Gritou um deles, ao notar Ram e Lula.
— Espere! — Disse outro, antes que abrissem fogo. — Olhem lá!
Todos os Nihil ergueram as suas armas e começaram a disparar uma
rajada diferentes blasters em direção à densa nuvem de fumaça, que parecia
engolir os tiros.
— Aaaaah! — Berrou alguém e um Nihil foi arremessado por cima de
todos, aterrissando em algum lugar nas redondezas.
— Corram! — Exclamaram os outros, fugindo pela névoa.
Uma fera gigante avançou pesadamente em uma marcha irregular.
— É um mudhorn! — Gritou Ram.
Estava vindo em sua direção, cabeça abaixada, apontando seu enorme
chifre de forma que atravessasse qualquer um no caminho.
— Temos que...
Ram não conseguiu acabar a frase, porque o mudhorn pareceu olhar
diretamente para eles, correndo ainda mais rápido. Um Nihil Gungan
passou correndo, disparando o seu blaster em todas as direções. O mudhorn
o acertou com um ombro enquanto avançava rapidamente, fazendo o
saqueador voar pela névoa.
Lula deu um passo à frente, com o rosto determinado.
— O que você... — Disse Ram se aproximando.
Entretanto o mudhorn já estava quase chegando, bem rápido. Lula
ergueu uma mão, polegar virado para seu peito e a palma estendida para o
lado, as pontas dos dedos apontando para a fera que se aproximava. Jogou a
mão para o lado e o mudhorn se moveu junto, tropeçando, olhos
arregalados e confusos. Vacilou e caiu, deslizando para o lado até se chocar
contra uma loja, a espatifando.
A fera se ergueu com dificuldade e fugiu rapidamente pela névoa.
— Uau! — Disse Ram estupefato.
— Você sabe como fazemos para sair daqui? Porque nunca
conseguiremos chegar à torre de comunicações nesse ritmo.
— Eu tenho uma ideia, na verdade. — Uma ideia que vinha se
desenvolvendo desde que viraram a esquina.
Lula estava certa. Eles mal podiam avançar um quarteirão sem serem
alvejados ou mesmo comidos por uma fera. Mesmo se conseguissem, não
havia meios de se orientar nesta névoa. Como os Nihil conseguiam fazer
isso? Pensou Ram. Não importava, se ele e Lula não podiam enxergar,
talvez houvesse outro meio...
— Siga-me.
Ram pulou em cima de um speeder estacionado e se lançou para cima,
através da fumaça, agarrou-se a um mastro e o usou para saltar para um
parapeito de uma janela do terceiro andar. Lá, esperou Lula o alcançar. Em
seguida, acenou com a cabeça para uma sacada que se projetava acima
deles e, juntos, pularam, agarrando-se à grade e se içando para cima.
A névoa já estava se dissipando. Era quase possível ver o outro lado da
rua e, do lato, era ainda melhor. Ouviram um caça passar zunindo, seguido
por sons de tiros de canhão laser vermelhos que brilhavam através da
névoa.
— Genial! — Disse Lula, causando uma ponta de orgulho em Ram. —
Vamos continuar.
Mantiveram-se em seu caminho, cada vez mais alto, pulando por
parapeitos de janelas e sacadas. No momento em que chegaram nos
telhados, o céu estava limpo a seu redor.
— Ah, não. — Disse Lula, retirando a sua máscara e chegando à
beirada.
— O que foi? — Ram chegou a seu lado, livrando-se também de sua
máscara. — Oh...
A cidade que Ram amava e onde havia crescido estava agora em ruínas.
Maior parte do Distrito do Festival e uma larga área do Distrito
Governamental estavam tomados por uma névoa terrível. Fumaça se erguia
em torres por diversos telhados de construções, gritos de pessoas assustadas
soavam das ruas abaixo. Acima do lago, pavilhões flutuantes mostravam
inúmeros sinais de destruição. Alguns quase despencando, outros em
chamas. Speeders disparavam em todas direções, desesperados para
escapar. O pavilhão maior, ao redor do qual todos giravam, representando
Coruscant, simplesmente havia desaparecido. Provavelmente fora
explodido, levando consigo incontáveis vidas.
Um transporte gravemente destruído pelo fogo estava na superfície da
água, percebeu Ram com um suspiro que era a Inovadora. A nave principal
da Chanceler Soh. Uma batalha parecia ocorrer em seu topo, sabres de luz
Jedi brilhavam enquanto disparos de blaster dos Nihil voavam para todo
lado. De onde estava, Ram não conseguia distinguir ninguém conhecido.
Nos céus, caças Nihil voavam, dançando e balançando no ar. Um
esquadrão de Vetores Jedi passou, atirando em algumas das naves Nihil em
pedaços, enquanto outras respondiam os disparos.
Lula pousou a mão no braço de Ram. Não era somente o seu mundo que
estava sendo destruído, que nunca mais seria o mesmo, e isso apesar de
qualquer reforma que possa tentar consertar as ruínas da cidade capital.
Não, um ataque tão ousado, tão implacável, tão devastador poderia
significar somente uma coisa, que Lula sabia também: Os Nihil nunca
foram totalmente derrotados. Eles estiveram escondidos, esperando pelo
momento certo. Isso não era uma célula isolada de encrenqueiros; era um
completo ataque àquilo que a República defendia e aos Jedi.
Valo estava sendo destruída sob a vista de Ram, o povo do planeta
sendo massacrado sem misericórdia. Toda a dor e o terror emanaram do
Padawan em uma onda. Não havia reparado que estava chorando até que
Lula limpasse, com a manga de sua túnica, uma das lágrimas que caíam por
seu rosto.
— Eu... — Ele começou a dizer, mas não conseguia articular. Em vez
disso, deixou que Lula o envolvesse em um abraço, apertando-o enquanto
se libertava de todo medo e desespero. — Temos que... fazer algo... —
Disse fungando. — Temos que ajudá-los.
Havia tantas pessoas machucadas, tanto medo. Parecia que o próprio
tecido da Força estava tentando se rasgar ao meio no ar ao redor deles.
— Temos que chegar à torre de comunicações, Ram. — Disse Lula com
firmeza. — É o que podemos fazer.
— Mas... — Respondeu levantando a mão, apontando para a cidade em
chamas, abaixando-a em seguida.
Ela estava certa. Queria com todas as suas forças descer às ruas, levar
cada pessoa a segurança, uma por uma, e lutar contra as hordas Nihil. Mas
eles nunca conseguiriam ajudar a todos, além de provavelmente serem
mortos no processo.
Não. Ele tinha de ver o todo pelo todo, não se distrair com cada parte. O
todo desta situação não era um ataque em uma esquina; era a cidade inteira.
Mais que isso, percebeu Ram, era toda a República sob ataque. Se os Nihil
ganhassem, se eles conseguissem simplesmente varrer tudo e massacrar
essas pessoas, sem nenhum resgate a caminho, ninguém tentando impedi-
los, além dos Jedi ali presentes, bem... então seria aberta uma temporada de
caça pela galáxia. Qualquer um poderia fazer o que quisesse.
A República precisava saber o que estava acontecendo; eles precisavam
enviar um pedido de socorro. E para isso acontecer, a torre de
comunicações deveria estar funcionando. Pelo menos isso era algo que Ram
poderia realmente fazer, algo em que era bom.
Enxugou os olhos e respirou profundamente.
— Se vamos avançar telhado por telhado, conseguiremos chegar ao
lago. Dali não fica longe o limite da cidade.
— Vamos fazer isso. — Disse Lula assentindo.
Zeen Mrala.
Farzala Tarabal.
Qort.
Lula corria pelos irregulares telhados de Valo, usando os pequenos
muros na borda para impulsionar os seus saltos.
Mestre Sy.
Mestre Yoda.
Vernestra Rwoh.
Cada passo era outro nome; cada nome era uma prece.
Ela navegava pelo ar sobre as ruas estreitas, ignorando as lutas abaixo,
com os sons de gritos, com os disparos de blaster e explosões.
O que importava era cada momento que vinha a seguir, o telhado se
movendo para encontrá-la, os seus sapatos aterrizando no cimento, as suas
pernas saltando por sobre os prédios, Ram à frente mostrando o caminho.
Cada momento, cada amigo com que se importava e que esperava estar
bem, passavam ao seu redor.
Ram a levou por vias estreitas entre dois prédios, passando por um
domo brilhante. Uma nave em chamas passou em queda e explodiu em um
parque próximo.
Equilíbrio, dissera Vernestra. Equilíbrio.
Havia tantas vidas em jogo, tantas já perdidas. Lula precisava manter o
foco. Mas os nomes continuavam a rodar sua mente, mesmo quando
ultrapassaram uma larga avenida, perdendo o momento certo de seu passo,
escorregando e salvando-se somente por ter se agarrado a uma gárgula de
pedra.
Zeen Mrala.
Farzala Tarabal.
— Lula! — Gritou Ram, assustado acima.
Qort.
— Estou bem! — Respondeu, apesar de seus dedos estarem
escorregando.
Mestre Sy.
— Segure firme! Já estou chegando! — Respondeu Ram já descendo
pelo muro.
Mestre Yoda.
— Não! — Insistiu Lula. — Tenho tudo sob...
A gárgula rachou e se inclinou dramaticamente para frente. Lula sentiu
o vento passando enquanto despencava.
— LULA!
Ram levantou a mão acima de sua cabeça e, de repente, Lula estava
voando pelo céu, em direção ao muro. Ela pousou em pé e correu, pela
parede, para cima, enquanto a gárgula se espatifava no pavimento abaixo.
Içou-se para o telhado com um gemido. Estava de pé, sacudindo a
poeira quando Ram alcançou-a, ofegante.
— Você está bem?
— Você salvou a minha vida. — Respondeu, ainda cambaleante, e
acenou com a cabeça.
— Ah! Eu só te auxiliei. — Disse Ram. — Você fez todo o trabalho
pesado.
Ela olhou ao redor. O seu coração finalmente diminuiu o ritmo,
enquanto as palmas de suas mãos começava a arder terrivelmente. Ela
precisava manter o foco. Sim, equilíbrio era possível. E naquele justo
momento, equilíbrio significava não se apegar a resultados sobre os quais
não tinha controle. Especialmente porque havia algo muito importante que
poderia fazer.
— Vamos continuar avançando? — Perguntou Ram. — Estamos perto
do...
O zumbido de um motor se intensificou repentinamente, fazendo tremer
o telhado em que estavam. Eles se viraram e viram uma nave saltador de
asteróide de classe três afundando pelo céu até chegar próxima à altura em
que estavam.
Lula conseguia discernir a cabeça chifruda de um Devaroniano. Uma
mulher humana estava sentada a seu lado. A nave possuía uma cabine
esférica na parte da frente e duas asas corpulentas de cada lado. Uma
bateria de canhões se alinhava ao longo de cada asa.
— Abaixe-se! — Berrou Lula, jogando Ram para o chão junto consigo
mesma.
Disparos laser salpicaram por todo o telhado, chamuscando o ar acima
de onde haviam se jogado. Na primeira pausa, Lula se levantou com o sabre
dela acionado, preparando-se para a próxima rodada de disparos. Só seria
necessário um tiro refletido no ângulo correto para derrubar um dos motores
ou uma asa. Ela conseguiria.
Ram se levantou ao seu lado, sem machucados, graças à Força, e
acendeu o sabre dele.
O ataque nunca chegou a acontecer.
Em vez disso, um grasnar estridente soou e uma longa sombra o qual se
estendeu sobre o telhado em que estavam.
Lula olhou para cima a tempo de ver um pedaço de uma escamosa carne
roxa e duas imensas asas batendo e avançando diretamente para a nave
Nihil. A criatura agarrou o caça com sua longa cauda, jogando-o para trás.
Lula mal teve tempo de reagir à chuva de disparos lasers que emergiu das
asas em um arco, o artilheiro deve ter entrado em pânico. Junto com Ram,
levantou o sabre dela a tempo de rebater os tiros para os prédios ao redor.
A janela da cabine rachou e se partiu completamente. O enorme lagarto
voador se virou de ponta-cabeça e lançou a nave despedaçada para o alto.
Golpeou-a com sua cauda, destruindo-a completamente. Os destroços em
chamas colidiram com um prédio e caíram na rua abaixo.
Lula percebeu que estava boquiaberta. A serpente deslizou em um
gracioso arco acima deles e pousou com um poderoso baque a alguns
metros de distância. Alguém estava montado nela, como podia perceber
agora. Uma mulher.
— Saudações, Younglings. — Disse Ty Yorrick, desmontando
facilmente da criatura e alongando seu ombro como se nada de muito
empolgante houvesse acontecido.
Estava com um impressionante protetor facial dourado cobrindo a sua
boca e queixo. Ram percebeu que ela havia recuperado o seu sabre de luz.
— Somos Padawans, não Younglings. — Disse Lula, parecendo algo
entre maravilhada e irritada.
— Sim, sim. Eu trouxe um presente.
— É essa sua cobra voadora? — Perguntou Ram um pouco
nervosamente.
— Ééé, não. — Ty soltou uma risada áspera e sem graça.
Outra sombra sobrevoou por suas cabeças, muito maior dessa vez.
— É a mãe dela.
Como se revelou, Ty Yorrick havia lhes trazido duas surpresas. A
misteriosa usuária da Força decolou com a sua montaria assim que a
gigantesca Sanval pousou no telhado fazendo estrondo enorme, com as suas
garras enormes afundando no chão. Ram deu alguns passos para trás, sabia
que era exatamente o que precisavam para chegar à torre, mas também: eca.
Lula deu um suspiro de alegria, por sua vez, e correu para frente.
Ram percebeu que havia alguém montado nesta sanval também, uma
garota da idade de Lula com uma pele cor magenta e flutuantes tentáculos
atrás da cabeça, uma Mikkiana.
— Zeen! — Gritou Lula — Como...
A garota sorriu e soltou um risinho.
— Mestre Sy e eu estávamos lutando contra alguns Nihil no pavilhão
principal e acabamos ajudando a Ty em uma confusão. Ela se ofereceu para
me ajudar a te encontrar.
— Mestre Sy está...
— Ele está bem! — Disse Zeen. — Foi ajudar a proteger a Chanceler.
— Estendeu a mão e ajudou Lula a subir.
— Este é Ram. — Afirmou Lula, ajeitando-se atrás de Zeen. — Ele é
um Padawan de Valo. Ele sabe onde fica a torre de comunicações e como
consertá-la, então é para lá que vamos.
Ram tentou sorrir e fazer o que pensava que as pessoas faziam quando
conheciam alguém, mas não tinha certeza se estava fazendo corretamente.
De todo modo, e se não conseguisse consertar as comunicações? Ou e se
alguma outra coisa estivesse errada e eles nem soubessem? Em meio a tudo
de ruim que estava acontecendo, a repentina pressão das expectativas pesou
em seus ombros.
— Ei. — Disse afinal, acenando com a mão, desajeitado.
— Prazer em te conhecer. — Disse Zeen, e Ram pôde sentir que ela
estava sendo sincera, pois parecia do tipo de pessoa que não dizia as coisas
à toa. — Eu sou Zeen Mrala. Vamos lá?
— Uh, sim! Claro!
Aproximou-se com cuidado, observando a cabeça gigantesca da sanval,
uma enorme língua bifurcada deslizando de um lado para o outro.
Pegou a mão estendida de Zeen e tentou não parecer chocado quando
ela se moveu para trás, para que ele se sentasse à frente. A sanval cheirava a
terra e pântano; os seus ombros musculosos se mexeram sob Ram e, em um
instante, a criatura rompeu pelos céus.
— Ihuuuuul — Exclamou involuntariamente Ram.
— Pois é! É muito maneiro, não é? — Disse Zeen rindo.
O telhado começou a se afastar e, em segundos, toda a cidade estava sob
sua vista. O céu, ainda permeado por fumaça e tiros dos caças, tornou-se o
mundo para eles.
— Como você... — Começou Ram, mas qual palavra usaria? Dirigir
não parecia certo. — Pede para que ela vá em uma determinada direção?
— Eu não sei, pra ser honesta. — Respondeu Zeen com uma risada. —
Ty sussurrou algo para ela e me disse para montar, então... Eu tentei me
conectar com a Força e meio que funcionou. Como se ela quisesse me
ouvir.
— Então você é... — Ela não vestia roupas de Padawan, mas acabara de
dizer que usara a Força.
Qualquer coisa que dissesse poderia soar grosseiro. Por isso, ficou
aliviado quando ela respondeu sua pergunta inacabada.
— Não sou uma Padawan, mas tenho ficado com Lula e seus amigos.
— Longa história. — Disse Lula. — Vamos te contar assim que tudo
estiver terminado e todos a salvo.
Ram gostou da ideia de sentarem e conversarem casualmente após tudo
terminar. Não tinha certeza se eles todos conseguiriam sobreviver,
entretanto. Tantos outros haviam perecido.
Abaixo, a cidade ficou para trás, assim como o lago, sendo substituído
pela floresta. Fechou os olhos, conectando-se com a sanval pela Força.
Sentiu uma onda de energia crescer dentro de si. Como se ela o entendesse,
imaginou a rota pelas árvores até a torre de comunicações.
— Uhhhh, temos companhia. — Disse Lula.
Ram olhou para trás e seu coração parou. Não era somente um caça ou
dois, era praticamente toda uma célula Nihil se espalhando atrás deles,
aproximando-se rapidamente.
Para piorar, o nevoeiro que haviam enfrentado no zoológico, a tática de
batalha caótica preferida dos Nihil, estava se erguendo por sobre os prédios.
Era como se toda a cidade de Lonisa estivesse sendo engolida por um
gigantesco mostro de fumaça.
Os Nihil estavam em vantagem.
E sem conseguir coordenar uma resposta, a República e os Jedi não
podiam traçar uma estratégia para um contra-ataque efetivo.
Depressa, pensou Ram. Sentiu o vento em seu rosto e as árvores abaixo
passando mais rapidamente.
— Falta muito? — Perguntou Lula.
— Devemos estar... perto...
Tinha certeza de que, após alcançarem o topo de uma pequena encosta,
haveria um campo aberto, já perto da torre. Entretanto...
— Essa não... — Continuou Ram. — O que aconteceu?
A torre ainda estava de pé, o que, a princípio, seria um bom sinal..., mas
arbustos haviam a tomado pela metade. Pior que isso, a planta parecia se
mover pela base da torre. Crescendo!
Deve ter sido isso que estava dentro da bolsa jogada pelos Nihil na noite
anterior. Haviam derrubado as comunicações planetárias, mas sabiam que
alguém poderia consertá-las. Então eles haviam deixado uma bomba-
relógio, basicamente. Uma que se espalharia e cresceria por toda a Torre
Crashpoint, a tempo do ataque Nihil estar em pleno curso.
Um grupo das Forças de Segurança de Valo parece ter tido a mesma
preocupação. Aproximaram-se correndo da torre tomada por plantas, armas
abaixadas, então pararam a alguns metros, consultando-se para ver o que
fariam.
Pouco importava qual espécie de planta fosse aquela, mas o movimento
que faziam não era somente crescimento, percebeu Ram — nem somente o
balançar natural de vegetação ao vento. Não... aquela coisa não era
exatamente uma planta. Era uma criatura.
Um longo tentáculo ergueu-se, repleto de espinhos afiados, justo no
momento em que um dos membros da FSV se aproximava da base da torre.
Outro tentáculo chicoteou pelo ar, seguido por mais um. Eles convergiram
sobre o guarda que parecia nem mesmo os ter notado.
— Aquilo são... — Gaguejou Ram conforme avançavam para a torre. —
São... são...
— Os Drengir! — Gritou Lula.
Os tentáculos espinhentos atacaram, dois deles agarram o guarda e
lançaram-no em direção ao solo, enquanto o terceiro acertou o grupo que
estava mais atrás. Eles se espalharam, atirando em todas as direções.
O soldado se fora.
Drengir!
E já haviam devorado ao menos um cidadão de Valo.
Lula havia escutado histórias sobre essas plantas sencientes que
pareciam estar se espalhando pelos planetas da Orla Exterior, como uma
plantação carnívora. Farzala e Qort estavam, agora mesmo, participando de
uma expedição Jedi para destruí-los pela raiz. Mas o fato destas coisas
estarem ao redor da torre de comunicações significava somente uma cosia:
os Drengir se aliaram aos Nihil. E isso era uma má notícia para todos.
O pior era que tinham uma conexão estranha com a Força, o que ainda
ninguém entendia direito. Seja como fosse, estavam ligados ao lado
sombrio, claramente. Lula conseguia sentir a energia fria e cruel emanando
deles em ondas. Parecia uma esponja suja sendo espremida. Tudo que
queria era ir embora.
— Vou pousar naquela plataforma, — Disse Ram enquanto a sanval
fazia um círculo. — E ver o que posso fazer para a consertar.
Por conta do ranger de dentes, Lula sabia que ele também estava se
sentindo mal.
— Aquelas plantas. — Alertou-o Lula. — Não deixe que cheguem perto
de você. Você viu o que fizeram com aquele guarda!
— Temos que fazer alguma coisa. — Argumentou Zeen. — Eu vou com
ele e cuido das plantas enquanto ele trabalha no que precisa.
— Mas...
Lula torcia para ter Zeen ajudando-a a combater as naves Nihil que se
aproximavam. Não seria fácil lidar com eles sozinha. Mas se Ram não
conseguisse chegar próximo ao painel de controle, não havia sentido em
nada. A sanval desacelerou até a plataforma mais alta da torre, acima das
ramas dos Drengir.
— Você está certa. — Assentiu Lula, olhando nos olhos de Zeen.
Haviam acabado de se encontrar em meio ao desastre e já teriam de se
separar, cada uma para enfrentar um inimigo que as queria destruir. Não era
justo. Equilíbrio, a voz distante ecoou em sua cabeça. A Força era
equilíbrio. E Lula precisaria de todo equilíbrio que pudesse ter para
enfrentar esses piratas.
— Que a Força esteja com vocês dois. — Disse afinal.
Ram e Zeen assentiram e pularam de cima das costas da sanval indo
para a plataforma.
— Vamos lá. — Disse Lula, forçando-se para não olhar os amigos
descendo em direção aos Drengir.
A sanval deslizou em uma longa e lenta espiral para cima. A criatura se
moveu pelo ar como se fosse água, minúsculas vibrações de seu musculoso
corpo de serpente fizeram ondulações para um lado e para o outro, enormes
batidas de suas gigantescas asas a lançaram para frente como um torpedo
escamoso gigante.
Lula não sabia o que Ty havia dito para a sanval, mas podia sentir a
fome do lagarto por caos, destruição e explosões.
— Tudo bem, garota. — Disse, dando tapinhas na pele fria abaixo dela.
— Já, já.
Acima das árvores, as naves Nihil adotaram uma formação de espera.
Havia cerca de dez deles, a maioria fazia pequeno círculos enquanto outros
pairavam no lugar, mas nenhum estava se aproximando da clareira.
Que estranho, pensou Lula, enquanto a sanval se lançava na direção
deles, com o seu maxilar gigante soltando um rugido triunfante. Havia
tantos deles, por que iriam...
— Espere! — Gritou, pousando as mãos no pescoço enorme da sanval,
para chamar a sua atenção. — É uma armadilha!
O desejo que a sanval tinha de destruir emanava como uma corrente
elétrica ao redor delas.
— Espere! — Implorou Lula.
Não tinha certeza de qual seria a armadilha, mas sabia que alguma coisa
estava errada. Correr para os atacar era exatamente o que os Nihil queriam.
— Dê a volta. — Disse Lula. — Há muitos que você poderá destruir,
mamãe, eu prometo.
A sanval deu meia-volta tão abruptamente que Lula quase deslizou para
fora de seus ombros, caindo para uma morte certa. Viu a primeira nave se
erguer de dentro das árvores à frente, enquanto ela se arrumava na montaria.
Duas outras vieram em seguida. Estreitou os olhos e viu o grupo que estava
esperando lá para atrair o seu ataque. Se tivessem avançado, teriam deixado
Ram e Zeen indefesos, até porque provavelmente já estavam ocupados com
os Drengir nesse momento.
Outras três naves se ergueram da floresta. Todas as seis se dirigiram
para a torre. Eram caças de um piloto, ágeis e rápidas, provavelmente com
armas de precisão, mas nada pesado. Se quisessem destruir a torre, já o
teriam feito. Os Drengir estavam atrapalhando as comunicações somente de
forma temporária. Os Nihil provavelmente arrumariam a torre assim que as
forças da República fossem esmagadas, usando as comunicações para
chamar o seu próprio reforço.
Ao menos isso significava que não destruiriam a torre com Ram e Zeen
nela. Mas não hesitariam em disparar nos amigos dela se tivessem uma
oportunidade.
Entretanto, não haveria tal oportunidade; Lula se asseguraria disso.
Olhou pra baixo e divisou o que pensou serem seus amigos a caminho
às folhas e cipós. Não podia fazer mais do que isso. Teria que confiar que
conseguiriam ficar bem e fazer o necessário.
Acima, as naves Nihil estavam já quase na clareira.
Atrás dela, os motores de outras naves se faziam ouvir. Provavelmente
estavam avançando, pois devem ter percebido que o seu pequeno plano
falhara.
Em breve ela estaria em completa desvantagem.
Lula respirou fundo e o entendimento do que deveria fazer tomou
forma.
Não havia sentido em enfrentar a galáxia toda sozinha, quando tinha
alguém para auxiliá-la.
— Certo, mamãe. — Disse, dando tapinhas carinhosos na sanval e a
guiando para cima. — Vamos subir, em direção àquelas naves, logo à
frente. Depois você faz o que você precisar com aquelas de trás, tudo bem?
Um urro estrondoso foi a única resposta que Lula recebeu em seu
caminho. Sorriu. Era a resposta certa. Abaixo, a primeira nave Nihil girou
em sua direção, alguns tiros passaram voando.
Lula mirou, planejou e, quando estavam perto, pulou da sanval, sabre
ligado, deixando-se levar pelo ar.
— Hummmm… — Disse Ram, olhando para o emaranhado de
criaturas espinhosas alguns metros abaixo.
Era difícil dizer, mas parecia que havia oito ou nove deles, todos
enrolados em um labirinto mortal em volta dos pilares da torre.
— O que são de fato estas criaturas e por que estão aqui?
Zeen riu, o que era um hábito de ansiedade e não uma expressão de
alegria, como percebeu Ram. Ele teria que lembrar disso.
— Os Drengir vêm causando problema por toda a galáxia,
recentemente. Alguns Jedi partiram enfrentar a sua colmeia principal nos
confins de algum lugar. Odeiam tudo que não seja eles mesmos, pelo que
sei. E eles comem... tipo... uh, pessoas.
— Eles comem pessoas? — Indagou Ram confuso. — São plantas! Eles
fazem exceção para, tipo, pessoas ruins? Eles estão aliados aos Nihil, não?
Zeen balançou a cabeça, ainda dando um risinho entredentes.
— Não faço ideia, cara.
— CARNE! — Uma voz que parecia leite coalhado veio de baixo.
Ram ligou o seu sabre. Zeen pegou dois blasters.
— É por isso que prefiro máquinas. — Disse ele, franzindo a testa. —
Elas não tentam comer você.
— CARNE! CARNE! CARNE!
Os cipós e galhos, que vinham rastejando de forma gradual em direção a
Ram e Zeen, de repente avançaram para perto. Enormes espinhos afiados
brotaram dos caules grossos enquanto se estendiam para cima, se
envolvendo firmemente ao redor das pernas metálicas da torre.
— Não queremos machucar vocês! — Berrou Ram, descendo cada
degrau. O painel de controle estava meio andar abaixo, a apenas alguns
passos. — Estamos apenas tentando chegar àquela caixa de comunicações,
só isso!
— Esta carne é tagarela! — Comentou um Drengir.
— Eu acho as carnes tagarelas geralmente são difíceis de mastigar. —
Notou outro.
— Tem uma espada de luz, hein? — Disse um terceiro.
— Aaah, estas carnes são especialmente saborosas.
— E também suculentas, pelo que ouvi dizer!
— Hummmmmmm! — Murmuraram juntos.
Ram desceu ainda alguns degraus e ouviu Zeen logo atrás. Sentiu a
respiração dela e o medo emanando através da Força, misturando-se com o
dele.
— Olá? Vocês estão nos ouvindo? Estou falando com vocês! Não quero
usar essa espada de luz, certo? Não estamos tentando machucar vocês!
Os Drengir se ergueram, com os seus tentáculos de madeira e folhas
rangendo conforme se esticavam e se enroscavam ainda mais alto,
bloqueando a vista do céu e das árvores.
— Você fala, carne? — Sibilou um deles.
— Mas é claro, estamos falando agora! Eu acho isso enfadonho, no
entanto. Tento ignorar.
— Eu também. Na verdade, é uma habilidade inútil.
— Ram...
— Eu sei, eu sei. — Alcançaram a caixa. O painel da frente foi deixado
aberto, um grosso cipó espalhada no meio. — Drat.
— Está muito ruim? — Zeen estava de costas para Ram, encarando o
grupo de criaturas plantas ao redor deles.
— Está mal. — Respondeu Ram. — Entretanto, acredito que consigo
consertar. Só preciso de tempo...
— Está na hora de comer, então? — Sussurrou um Drengir.
— CARNE! — Chamaram todos de uma vez. Um farfalhar soou de
todos os lados.
— Acho que não temos tempo! — Disse Zeen.
Disparou com os seus dois blasters, acertando as plantas que se
aproximavam. Os pedaços que se queimavam, recuavam, revelando um
breve vislumbre do céu azul, com nuvens e um grupo de caças estelares se
aproximando. Folhas e galhos em chamas choveram ao redor deles
enquanto Ram mexia os fios danificados dentro da caixa, cortando suas
pontas retorcidas. Zeen parou de atirar, respirando pesadamente.
— Uau! Carnes com um desejo audacioso e feroz para se manter não-
comidos. — Caçoou um Drengir. — Interessante!
Ram prendeu os fios nas fendas restantes, tirou do caminho um nodo de
pulso danificado e encaixou o suporte do modulador externo de volta no
lugar.
— Pra trás! — Gritou Zeen. Os Drengir já estavam se regenerando.
Uma risada cruel se sobrepôs ao farfalhar das folhas. — Vão pra trás!
Ram fez uma careta. Esses blasters não iriam segurar os Drengir por
muito tempo. Acendeu o seu sabre, cortando um pedaço do cipó que estava
dentro da caixa de comunicações. A seguir, desativou a lâmina e estendeu a
mão e cutucou Zeen com o cabo...
— O certo era não compartilharmos os sabres. — Disse. — Mas não
temos muita escolha. Você pode não ser uma Jedi oficialmente, mas sei que
está me protegendo e, de qualquer modo, preciso de sua ajuda!
Zeen arregalou os olhos, surpresa, virando-se para a caixa.
— Obrigado.
— Carnes dividindo armas brilhantes!
— Mantenha-os afastados. — Disse Ram, voltando-se para a caixa. —
Vamos precisar de toda ajuda que pudermos ter.
Os Drengir estavam se aglomerando do outro lado da plataforma, rindo
e conversando grosseiramente entre si conforme avançavam. Ram estendeu
as mãos, palma da mão para fora, e usou a Força para afastá-los. Voltou ao
trabalho. Zeen grunhia enquanto cortava as plantas.
— Aaaaa! Carnes agressivas!
— Carnes e carnes!
Mais folhas e galhos chamuscados caíam ao redor deles.
Ram limpou todos os destroços da caixa, arrumou os fios e ativou os
sistemas de sensores. Tudo que restava era conectar os vórtices de
transmissão principal, mas estes ficavam na parte de trás do sistema... Abriu
a porta que os protegia e soltou um gemido. O vórtex principal estava
despedaçado e todos os menores estavam pendurados em um emaranhado
incompreensível.
— Más notícias. — Disse sobrepondo-se ao barulho de seu sabre de luz
sendo balançado para frente e para trás.
— Também tenho algumas. — Respondeu Zeen. — Você primeiro.
— Não temos um pedaço crucial desta unidade de comunicações. E
você?
— Estas plantas parecem estar crescendo cada vez mais rápido ao cortá-
las.
Ram virou-se. Zeen fez um bom trabalho em manter uma área aberta ao
redor deles, mas o céu já estava novamente se fechando com os galhos
crescentes.
— Eita!
— Além disso, acho que os espinhos estão cada vez maiores.
— Carnes!
— Preparar para comer carnes!
— O que faremos? — Perguntou Zeen, seus olhos arregalados
encontrando os de Ram.
— Vamos continuar lutando. — Respondeu Ram, balançando a sua
cabeça, sem saber o que mais dizer.
Lula pousou no teto de uma nave de um piloto com um baque surdo.
Caiu agachada, certificando-se de que o impacto não reverberasse por toda
sua coluna, com ambas as mãos estendidas para se equilibrar. A nave virou
repentinamente para um lado, Lula se atirou ao chão para se agarrar num
canhão e não sair voando.
O seu sabre voou diretamente do cinto para sua mão. Em segundos,
estava acionado e abrindo um corte no motor de propulsão direito. Isso
deveria bastar. Lula se ergueu, uma das mãos ainda segurando os canhões.
Preparou-se e saltou no momento em que a nave em que estava começou a
cair em direção às árvores, fumaça saindo dela.
Lula aterrissou em um pequeno cruzador. A nave longa e rápida fora
modificada para que a cobertura de sua cabine principal pudesse se retrair
enquanto não estivesse no espaço profundo, fazendo com que se
assemelhasse mais a um speeder elaborado. Quatro saqueadores Nihil
estavam amontoados lá dentro, um pilotando, dois com seus blasters e o
quarto estava atrás de um canhão laser duplo, na parte de trás da nave. Lula
subiu correndo pelo longo bico cônico, desviando para um lado e para o
outro, enquanto disparos passavam zunindo. Saltou sobre o para-brisa,
pisando violentamente no meio do capacete do piloto Nihil. Deu uma
joelhada extra para se assegurar. Pulou para frente, passando por cima dos
outros piratas, para cortar o canhão duplo ao meio e deslizar até parar no
acelerador de íons traseiro.
O Nihil mascarado que estava no canhão se virou pra ela por um
segundo, perplexo, antes de todos se virarem gritando. Um pequeno caça
avançou na direção deles, com os blasters disparando. À frente, um Nihil
sozinho levantou a tampa da escotilha superior, daquilo que parecia ser uma
antiga cápsula de fuga e que agora estava ali pairando. Ele colocou um
lançador de torpedo em seu ombro. Uma rajada de disparos do caça, que era
um R-Wing, atingiu o mini-cruzador, fazendo-o tomar para o lado enquanto
os piratas procuravam proteção.
Lula saltou.
As árvores eram somente um borrão abaixo. O vento um ruído furioso
em suas orelhas.
Era um com a Força e a Força estava com ela. Podia a sentir crescendo
dentro de si.
Mas não ia conseguir. A cápsula de fuga estava longe demais. Estava no
ponto mais alto do salto e começava a cair.
Com todo o seu poder, usou a Força para trazer o pod bruscamente para
baixo, mesmo com um torpedo surgindo em sua direção. Afastou o míssil
com seu sabre de luz e agarrou-se no último degrau de uma escada externa
do pod, subindo rapidamente para não ser queimada pelo propulsor.
— Ei! — Berrou o Nihil do topo, olhando a seu redor. — Onde...
Lula já havia subido pela lateral da nave e se jogado na borda do topo.
Bastou um pequeno empurrão com a Força para fechar a escotilha contra a
pirata, a qual largou seu lançador de torpedos, gritando e desabando para
dentro.
Lula ficou de pé e observou o campo de batalha ao seu redor.
O mini-cruzador estava vazio e em chamas, soltando fumaça e caindo
em direção às árvores, abatido pela tentativa de atingir Lula. A primeira
nave em que pousara já havia batido e o pod em que estava fora de serviço.
As três naves remanescentes circulavam acima, avaliando contra quem
avançariam, sem dúvidas. Dispararam alguns tiros, facilmente rebatidos por
Lula. Nos céus ao longe, em direção à cidade de Lonisa, a sanval havia
lançado algumas naves em direção ao solo. Estava, agora, perseguindo uma
nave maior que conseguira em seu caminho até o principal campo de
batalha.
Os outros saqueadores já estavam virando suas naves em direção a Lula
e se aproximavam rapidamente.
O quanto ela conseguiria aguentar? Olhou para baixo e viu flashes de
disparos de blaster e a lâmina amarela do sabre de Ram balançando em
meio ao emaranhado de Drengir. Não consegui distinguir mais nada.
À frente, as naves Nihil estavam lançando uma rajada de laser e
torpedos enquanto voavam sobre as árvores, em sua direção. Ajustou a sua
posição nos pods de escape, pés separados, joelhos levemente dobrados, e
ergueu o sabre de luz.
— IRRRAAAAAA! — Uma voz familiar soou pelos ares.
Lula olhou pra cima a tempo de ver uma figura alada surgir pelas
nuvens, dirigindo-se para o aglomerado de naves Nihil, em meio a várias
explosões.
— Vê-Dezoito? — Gaguejou Lula.
O fogo inimigo já estava a atingindo, entretanto, e não havia tempo para
ficar olhando. Inclinou seu sabre de luz para cima e desviou o primeiro tiro
de laser, enviando-o diretamente para o torpedo que se aproximava.
Ka-BOOOM! Explodiu acima dela.
Mais à frente, o recém modificado V-18 já havia destruído duas naves e
estava caçando uma terceira. Os dois Bobraks sentados no topo, gritando
em torcida ao droide, enquanto faziam pequenos reparos e ajustes.
Cinco piratas ainda estavam correndo em direção a Lula, no entanto.
Ainda não estava acabado.
— U ma coisa viva é muito parecida com uma máquina — Disse
certa vez Mestre Kunpar, quando Ram reclamava de ter que fazer algo além
de trabalhos de reparo. — A Força flui por orgânicos, sim, e é diferente,
mas também temos motores que nos mantém funcionando, certo? Temos
unidades de processamento central e quando algo está vazando, ficamos
mais lentos, algumas vezes parando completamente.
Na época, Ram ficou frustrado. Sabia que era verdade, em certa medida,
mas o problema não era estas questões de mobilidade ou as conexões entre
as partes. O problema era que os orgânicos, os sencientes, pelo menos,
tinham opiniões e julgamentos, modos de agir e modos de não agir,
opiniões e julgamentos sobre estes modos de agir ou não agir, e, e, e... Tudo
isso era demais, na verdade. E nenhuma teoria ou metáfora poderia mudar
esse fato.
Mas agora... Galhos cobertos de espinhos se espalhavam em sua direção
e na de Zeen. Ambos estavam sangrando com inúmeros arranhões,
enquanto atiravam e cortavam com o sabre. O painel de controle precisava
de vórtices de transmissão e mal havia céu para ser visto além do ataque
dos Drengir.
No entanto, os Drengir eram orgânicos e Mestre Kunpar dizia que
orgânicos não eram muito diferentes de máquina, de certa forma. Se Ram
podia consertar ou desmontar coisas mecânicas com a Força e se ele
conseguia (mais ou menos) embaralhar as mentes de orgânicos, ele
conseguiria ao menos fazer algo para estas plantas raivosas.
— Cubra-me um segundo. Eu vou tentar algo. — Disse e Zeen assentiu,
ainda cortando e atacando os galhos que se aproximavam.
Ram fechou os seus olhos e se conectou com a Força. Imediatamente,
uma espessa e transbordante parede de opressão se lançou ao seu encontro.
O uso maléfico da Força por parte dos Drengir tomava o ar. Seja lá como
for, pensou Ram, estavam muito longe da luz.
Escolheu um cipó que se contorcia e sentiu pulsando a força vital dele,
o movimento dos nutrientes através de suas células e o fluxo da Força. O
cipó começou a se debater em movimentos repentinos, mas Ram finalmente
conseguiu se conectar fixamente.
Então se espremeu.
A habilidade da Força do Drengir parecia avançar, parcialmente
bloqueando a de Ram, mas se manteve firme, mesmo quando o farfalhar ao
seu redor aumentou vertiginosamente.
— O QUE É ISSO, CARNES? — Indagou um Drengir.
Ainda o estavam chamando de carne, mas esta era a primeira vez que se
dirigiam a ele pessoalmente.
Ram abriu os olhos. Os ataques haviam parado. Zeen o encarou,
espantada.
— Por que estão nos atacando? — Perguntou Ram.
— Vocês atacaram a gente, carnes!
— Nós estamos aqui somente para consertar a nossa torre de
comunicações. — Replicou Ram, reprimindo uma onda de raiva que crescia
dentro de si. — Porque fomos atacados pelos piratas que trouxeram vocês
para este planeta!
Os Drengir pareciam se consultar entre sussurros e farfalhares.
— Os Nihil? — Um acabou perguntando.
— Sim. — Respondeu Ram. — Eles lançaram sementes de vocês ontem
à noite, certo?
— Carnes bem informadas.
— O que eles prometeram para vocês?
— Prometer? — O Drengir parecia surpreso, mas Ram não se deixou
enganar.
— Vocês não permitiriam serem semeados em um planeta distante
somente por diversão. Eles prometeram algo em retorno para que vocês os
ajudassem, não foi?
Fizeram mais uma conferência. Zeen se aproximou de Ram, os olhos
percorrendo as criaturas ao redor. Ram havia notado também. Mesmo o
ataque tendo parado, os Drengir ainda se projetavam lentamente,
arrastando-se para cada vez mais perto.
Explosões e tiros de lasers surgiam ininterruptamente no céu acima.
Ram só podia torcer para que Lula e a sanval estivessem acabando com os
Nihil.
— As carnes piratas prometeram que, se tomássemos esta torre e
impedíssemos qualquer um que tentasse consertá-la, poderíamos ficar com
o planeta todo cheio de carnes, só para nós.
Ram conteve o calafrio que passou por seu corpo.
— Eles disseram que as carnes seriam uma colheita fácil, não é?
— Hummmmm, servidas em uma bandeja e prontas para devorar, sim.
— Concordou um Drengir. Ram notou pequenos brilhos de umidade em
várias folhas, como se estivessem salivando.
— Prometeram carnes vivas? — Disse Ram, tentando soar cético.
— Drengir só comem carnes vivas. Qual seria a finalidade se não fosse
assim?
— Eles mentiram para vocês. — Afirmou Zeen. Ram ficou contente por
ela ter entendido por onde estava indo.
— O QUÊ? — A torre toda balançou com o rugido dos Drengir
incrédulos.
O ruído de motores se amplificou e Ram divisou uma familiar forma
arroxeada por entre os galhos e folhas dos Drengir.
— Vê-Dezoito?
— Mestre Ram Jomaram! — Respondeu o droide.
Breebak e Tip gritaram animados.
— O que é isso? — Indagaram os Drengir, abrindo uma brecha para um
recentemente reformado V-18, flutuando pelo ar. — Isso não é carne!
— Vê-Dezoito. — Disse Ram. — O que... vocês fizeram?
O droide definitivamente recebera alguns ajustes neste tempo em que
ficaram separados. Parecia ter encontrado alguma nave pequena e se
apropriado de algumas partes, com a ajuda dos Bonbraks. Um novo e
impressionante propulsor auxiliar se estendia para trás sob uma barbatana
aerodinâmica. E ele estava com asas, longas, alaranjadas e reequipadas,
completadas por escudos externos e uma série de mísseis.
— Longa história. — Murmurou evasivamente o droide. — Você quer
que eu exploda essas ervas feiosas? Nós adicionamos uma unidade de
lança-chamas no meu núcleo de processamento frontal. — Tip mexeu em
um painel de controle e um canhão de chamas surgiu.
— Pequena carne peluda com fogo! — Berraram os Drengir, agitando
os seus galhos espinhosos, prontos para atacar. — Precisamos destruir!
— Para, para, para! — Gritou Ram. — Sem fogo! Sem fogo! Espera um
pouco!
— As ervas estão falando. — Disse V-18.
Os Bonbraks fizeram alguns comentários rudes intraduzíveis.
— Todo mundo se acalmando! — Pediu Ram. — Drengir, não vamos
queimar vocês. Foco. As carnes Nihil mentiram para vocês. Isso é o que
importa.
— Drengir odeiam carnes mentirosas mais do que tudo.
— Vê-Dezoito, vocês por acaso pegaram o sistema de comunicações da
nave de onde tiraram estas partes?
— Por quê, senhor? Eu rejeito qualqu...
— Bom-bala. — Confirmaram Breebak e Tip.
— Perfeito! — Disse Ram. — E vem com vórtices de transmissão?
— Por que, mestre Ram? — Questionou V-19. — Os meus novos e
incrementados vórtices de transmissão classe-A estão diretamente
conectados com o meu vocalizador. Se você os retirar, não vou mais poder
falar!
Por um breve momento, todos olharam para o droide.
— Humm. — Disse. — Entendi.
— Vamos arrumar um novo para você, assim que acabar toda esta
confusão, Vê-Dezoito, prometo. Agora, venha cá.
FwaZZshoooom! Fez um disparo de laser ao passar por Lula, perto
o suficiente para rasgar a sua manga e... Ela olhou para baixo e engoliu em
seco. Um pequeno pedaço da pele de seu braço havia se queimado, restando
apenas um tecido brilhante. A dor ainda nem a atingira, apenas o terror de
ter sido ferida. Choque.
Olhou para cima no momento em que outra série de disparos foram
lançados em sua direção. Correu pela asa de um transporte Classe-Grus até
a sua cabine. A parte em que estava explodiu em chamas e a nave guinou
perigosamente em direção ao solo. Só então a dor chegou, como se alguém
estivesse batendo em seu braço repetidamente com um chicote de espinhos.
Lula saltou sobre o anteparo, passou por baixo da asa dorsal e deslizou
pela parte mais longa, jogando-se contra o compartimento dos motores para
recuperar o fôlego.
O droide havia derrubado um bom número de naves Nihil antes que
tivesse a chance de alcançá-lo. Lula havia derrubado uma boa parte,
também. Então, fazia sentido que V-18 fosse ajudar Ram e Zeen. Sabia que
tinha capacidade de lidar com a meia dúzia de saqueadores que restavam.
Contudo, com uma queimadura grave e extremamente cansada, não
tinha mais tanta certeza.
As mãos dela tremiam quando se levantou esticando o sabre. O céu e as
árvores pareciam girar a seu redor. Teria ido longe demais? Não importava.
Não podia parar. Ram e Zeen precisavam da ajuda dela. Valo e a galáxia
inteira, também. Introduziu seu sabre diretamente na faixa estreita de metal
que conectava a asa dorsal no casco do transporte. Sentiu-o queimar por
toda a extensão. Então, correu para a beira da cauda, arrastando o sabre ao
seu lado. A asa tremeu e começou a se inclinar em sua direção. Lula usou a
Força para empurrar a asa em outra direção. Lançou-se para frente a tempo
de desviar de uma nova rajada de tiros de canhão. O transporte balançou
para os lados, recebendo um disparo atrás de outro, estes saqueadores
realmente não tinham mira alguma, e então guinou em direção ao chão.
Lula se ergueu e, apesar da queda se acentuar, correu para pular pelos
ares. Agarrou-se com uma mão no degrau superior de uma escada da torre,
com o seu corpo se chocando com toda força.
Por alguns dolorosos instantes, ficou ali pendurada, ofegante. A
queimadura em seu braço pulsava agudamente.
Precisava manter o foco. Naves circulavam nas proximidades; podia
ouvir o ruído feroz de seus motores, seus sistemas de armas rangendo e
girando.
De repente, elas pararam.
O que era pior, pensou Lula ao se erguer para a plataforma mais
próxima.
Todas as seis naves Nihil mergulharam em direção à torre, cercando
exatamente o ponto em que Ram e Zeen estavam encurralados com Drengir
furiosos.
A distração de Lula falhara.
— Eles estiveram atacando a cidade a manhã toda. — Insistiu
Ram.
— Carnes enganadoras! — Rugiram os Drengir. — Mas eles não
mataram nenhuma carne de Valo, certo? Só as construções pertencentes às
carnes, para deixar a colheita mais fácil. Eles nos prometeram estas carnes!
Vivas!
— Com certeza eles mataram as suas carnes! — Disse Zeen.
Atrás de Ram, os Bonbraks mexiam irritantemente em V-18 e a unidade
de comunicações. Ouvia-se estalos e barulhos entre as brincadeiras deles,
mas era possível entender muita coisa. De todo modo, estavam sem tempo.
— Olhem. — Disse o Padawan, apontando para longe, onde naves
mergulhavam baixo, disparando com os sistemas de armas delas.
Estavam circulando em volta da torre, rápido demais para que Ram
pudesse causar danos a qualquer um deles.
— São os seus benfeitores prestes a explodir todos nós.
— CARNES TRAÍDORAS! — Berraram os Drengir em um rouco
uníssono.
Ram acionou o seu sabre de luz. Parecia tudo tão inútil, mas tinham que
tentar. Zeen preparou os seus blasters. E, então, algo, ou melhor, alguém
aterrissou na plataforma, próximo a eles.
— Ei. — Disse Lula, acionando seu próprio sabre. Uma manga estava
rasgada, revelando uma queimadura feia em seu braço. — Como vão?
— Fanfan paloooo! — Exclamou um Bonbrak.
— Quase lá, mas sem tempo. — Respondeu Ram.
As naves abriram fogo.
O primeiro disparo atravessou um emaranhado de ramos, enviando
madeira e folhas chamuscadas para todo lado, acertando, depois,
diretamente o sabre de Ram.
Do outro lado da plataforma, Lula balançava e defendia, rebatendo tiro
atrás de tiro.

Ram desviou dois outros, mas um terceiro passou por ele e atingiu a asa
do V-18, fazendo um estridente tchapá.
— Vê-Dezoito! — Gritaram Ram e Lula ao mesmo tempo.
Tip comentou alguma coisa e voltou rapidamente ao trabalho.
— Ele está bem, — Traduziu Ram. — Quase.
Você deve ver o todo pelo todo, lembrou-se Ram. Cada parte pelo papel
que cumpre. Em algum lugar de sua imaginação, estava de volta a sua
garagem, o lugar mais pacífico que conhecia, com uma dúzia de partes de
speeder levitando no ar a seu redor, os funcionamentos internos gravados e
mapeados em sua mente. Havia somente seis naves Nihil. Não por aquilo
que você quer que seja. Mas ali não era a garagem dele e as naves não
ficariam estáticas tempo suficiente para que pudesse fazer algo a elas. Com
Lula e Zeen eram três, mais o droide e dois Bonbraks... Não pelo que teme
que seja. Contudo, talvez com um pouco de ajuda... Não havia somente
uma maneira de dar certo, percebeu Ram, mas não sabia se conseguiria
fazer isso e rebater os disparos do canhão.
— Lula. — Disse, defendendo mais dois tiros e recuando. — Zeen.
— Do que você precisa? — Zeen estava agachada atrás de uma barra de
suporte, disparando sempre que possível, por entre os galhos do Drengir.
— Preciso que ambas me cubram, certo?
Ambas assentiram, prontas.
— Drengir! — Gritou Ram.
— Carne?
— Carne fala!
— O que diz a carne?
— Eu sei que vocês estão bravos! — Afirmou Ram, tentando conferir
um ar de comando a sua voz, para soar como se soubesse o que está
fazendo. — Vocês precisam focar essa raiva. Especialmente na nave laranja,
no bombardeiro de um piloto e naquelas duas Traineira-Z que estão
atirando em nós. Também naquele Cumberjumper e o que quer que essa
coisa enferrujada for, vocês conseguem lidar com eles? Só os mantenha
parados!
Ram rebateu outro disparo enquanto as criaturas plantas
conferenciavam entre si. Os seus braços doíam e sua mente parecia pegar
fogo.
— Quando? — Veio a questão como resposta.
— AGORA! — Berrou Ram.
Zeen guardou as suas armas e pegou o sabre de Ram, mantendo-se
preparada. A seu lado, Lula rebateu ainda alguns disparos.
As ramas e folhas farfalharam e tremeram. Então, com um repentino
ruído e movimento, os galhos dispararam de todos os lados, destroçando
para-brisas e se enrolando em trens de pouso e dutos de aquecimento.
Todas as naves Nihil tremeram, presas no lugar.
Ram fechou os olhos e se conectou a Força.
Veria o todo pelo todo, cada parte pelo papel que cumpre. Encolheu-se
quando outro tiro atingiu o aço próximo a ele, fazendo os seus ossos
tremerem. Veria o todo pelo todo, cada parte pelo papel que cumpre.
Ajustou a sua postura e se conectou novamente, mais forte e mais amplo
dessa vez.
Lá! Sentiu cada zumbido de máquina a seu redor, a Força fluindo
através de seu corpo.
Você deve ver o todo pelo todo, cada parte pelo papel que cumpre.
Alcançou a nave alaranjada com a Força e causou pequenos defeitos em
seus circuitos, válvulas do motor e no sistema de escapamento. Podia sentir
as peças encaixadas ao redor, lembrou-se de cada um de seus manuais
manchados de graxa. Destruir coisas era muito mais fácil do que montá-las
de volta!
O Cumberjumper começou a chiar e soltar fumaça assim que usou a
Força para fechar o cano de escapamento. A nave laranja já estava girando
em direção ao chão, o piloto saltando com um grito agudo.
O bombardeiro era mais complicado. Assim que se concentrou nele,
pôde sentir a nave começar a tremer, libertada das garras dos Drengir. Mas
não estava ainda em movimento! O trem de pouso estava escondido sob
enormes placas de metal e destruí-los não ajudaria muito. Ram sabia que,
logo acima, deveria haver uma intricada placa de circuitos que mantinha os
motores principais funcionando e, ao lado, o tanque de combustível... Um
tanque de combustível, Ram se deu conta, calibrado para manter um nível
de pressão, já que essa classe de bombardeiro funcionava com zylium 12, o
qual se solidificaria caso não fosse mantido sob as especificações
atmosféricas corretas!
Aquilo devia bastar.
Alcançou o tanque com a sua mente e o pressionou com a Força.
Imediatamente, o zylium 12 enrijeceu e o tanque inteiro explodiu,
queimando a placa de circuitos instantaneamente.
O bombardeiro recuou e despencou em direção às árvores.
Uma lata-velha estava se desgarrando do aperto venoso dos Drengir,
quando Ram o alcançou. Abriu os olhos para ver os canhões dianteiros da
nave ganhando vida e disparando em sua direção e, então... Fwoooosh, dois
sabres de luz se cruzaram na sua frente, o de Lula e o dele próprio. A rajada
de laser disparou pelo céu e as duas garotas correram em direções opostas,
cada uma ao longo de um galho de Drengir.
Moveram-se como se fossem extensões de uma mesma pessoa, sem
precisar trocar uma palavra. Lula pulou de uma das traineiras, que estava
ocupada demais tentando se livrar do aperto mortal dos Drengir para
perceber, e Zeen da outra.
Encontraram-se no meio do caminho, no ar, logo acima da lata-velha,
caindo com seus sabres estendidos. Em segundos, a nave velha foi reduzida
a um destroço em chamas naufragando. Lula e Zeen pularam juntas, no
momento em que começou a queda acentuada em direção ao solo.
— CARNES! — Rugiram os Drengir.
Explosões surgiram de uma das traineiras. Girou para trás, disparando
rajadas desordenadas. Um único galho enrolou-se nos canhões, jogando a
traineira contra uma árvore.
— Uau! — Gritaram Ram, enquanto Zeen e Lula pousavam, à sua
frente, na plataforma.
Restou uma nave.
Os Drengir deixaram a segunda traineira em Z praticamente intacta,
percebeu Lula. Seus ramos estavam firmemente enrolados, mas se
contiveram para não estourar o para-brisa ou partes vitais. Como
consequência, a nave estava prestes a se colocar em posição para disparar
contra eles.
Lula mal havia recuperado o fôlego, mas não havia tempo. Correu
através de uma ponte vacilante, feita de Drengir, em direção à traineira,
evitando cuidadosamente os espinhos. Um compartimento lateral se abriu e
três Nihil saíram sobre a asa, armas disparando.
A Padawan defendeu um tiro e rebateu outro para a nave. Alcançou-os
com seu sabre gritando pelo ar, em um arco imparável que atingiria os
blaster dos Nihil.
Eles todos pararam de atirar, piscando boquiabertos, e saltaram da nave
para a floresta abaixo.
Lula teve de se conter para não bater de cabeça na barriga da nave,
levada por seu ímpeto.
Permitiu-se um tempo para retomar o fôlego e olhou para trás, enquanto
um estrondoso som soou atrás de si.
— OBRIGADO, CARNES! — Berraram os Drengir em uma cacofonia
de vozes.
Lula se desviou pro lado para deixar passar voando uma imensa
corrente de madeira e folhas em direção à nave.
— Vamos pegar esta aqui, sim.
— Mas... — Começou Lula, mas os Drengir já haviam se encolhido
para caber em um espaço repentinamente menor e estavam procurando,
com suas ramas, os controles da porta.
— Planeta ruim.
— Comunicações consertadas agora.
— Reforço das carnes a caminho.
— Acordo Quebrado.
— Como vocês vão...
O compartimento lateral se fechou. Lula teve de correr para pular de
volta à torre, conforme a nave fez uma curva aguda. A Padawan se agarrou
em um dos degraus. Ram e Zeen a puxaram para cima. A traineira-Z deu
uma guinada para a frente, bateu em uma árvore e desviou com força para
outra, antes de disparar em direção aos céus.
— Drengir conseguem voar? — Disse Ram boquiaberto.
— Não muito bem, pelo jeito. — Respondeu Zeen enquanto as duas
árvores atingidas rachavam e despencavam.
— Bem, aquilo foi... — Começou a dizer Ram, mas foi
interrompido por um grito urgente dos Bonbraks.
— Fadooo kopa kopata!
Haviam chegado em um beco sem saída no conserto do painel de
comunicações. Ram se virou e tudo pareceu tomar sentido diante de seus
olhos, instantaneamente: lá estava o calibrador de ligações, o cabo que
conduzia ao renovador de energia, os vórtices de transmissão... Uma
pequena onda de fumaça subiu da câmara interna de uma das grades
vetoriais secundárias... o que significava que os vórtices estavam
sobrecarregando o sistema... o que significava que se eles reduzissem um
pouco a carga de saída, tudo deveria funcionar perfeitamente. E ele poderia
fazer isso puxando um dos fios vermelhos da base.
— Isso deve... — Puxou o cabo e imediatamente o painel ganhou vida,
fazendo uma série de sons. — Servir! As comunicações estão funcionando!
— Gritou Ram.
Todos soltaram o ar, aliviados, e comemoraram.
De repente, estática tomou o ar.
A seguir, vozes. Tantas vozes.
— Alô, alô?
— Alguém na escuta?
— Responda! Líder de Segurança Sete! Responda!
— Socorro!
— Estamos sob ataque! Envie...
— Mestre Gios, é você?
As comunicações voltaram! E toda a cidade estava se dando conta, de
uma só vez, enviando mensagens a torto e a direito.
— Conseguimos! — Berrou Lula. — Todos bem?
Surpresos, todos assentiram. Os Bonbraks pulavam para cima e para
baixo pela caixa de comunicações. Ao lado deles, V-18 girava em círculos,
aparentemente bem.
— Força de Segurança de Valo. Jedi reunidos. — Uma voz autoritária
emergiu dos comunicadores. — Aqui é Stellan Gios. Por favor, respondam.
Repetindo...
Mais vozes encheram o ar, todos reportando animadamente.
— Hum, Padawan Ram Jomaram aqui. — Ram disse no meio. —
Senhor.
Eles venceram as adversidades e sobreviveram aos Nihil e aos
Drengir. Ajudaram a encontrar uma vitória em meio a todo o terror. Com
isso a balança se desequilibraria, pois, assim que chegar a notícia do que
está acontecendo, o Farol enviaria reforços e Valo seria salvo.
Lula ouviu Vernestra pelos comunicadores, coordenando alguma ação,
além de Mestre Sy. Mesmo o seu velho amigo Mestre Torban Buck
aparecera de algum modo, ouviu-o gritar que estava a caminho para salvar
alguém, falando de si mesmo na terceira pessoa, como sempre.
Ela mesma enviou mensagens quando as coisas se acalmaram um
pouco, para que soubessem que ela e Zeen estavam bem.
O que quer que acontecesse depois, a República, a Ordem Jedi e a
galáxia em si nunca mais seriam iguais. Valo fora o cerne no qual todo o
mar mudou de direção.
Estava se esforçando para encontrar o seu próprio equilíbrio na Força,
uma parte de sua jornada para se tornar uma Cavaleira Jedi, que Lula
passou a aceitar em meio a todo o caos das últimas horas. Mas agora sabia
que não era somente si mesma, toda a galáxia oscilava perigosamente entre
a ordem e o caos, a paz e a guerra absoluta. Tudo encontraria equilíbrio,
pensou Lula, e ela faria parte desse equilíbrio. De uma forma ou de outra.
Tudo ficaria para o futuro, claro. Mas antes, havia uma cidade a ser
salva.
— Vamos lá. — Disse Lula, montando em V-18, logo atrás de Ram e
Zeen. Ajudou os Bonbraks a entrarem nas bolsas laterais. Partiram por cima
das árvores.
As árvores passavam abaixo deles e, acima, era possível dizer que os
Vetores Jedi estavam dominando os céus. Ram assistiu um deles passando
por um esquadrão de caças Nihil, que o perseguiram. Juntaram-se atrás do
Vetor, fazendo uma ampla curva que os pôs diretamente na mira de cerca de
doze outras naves da República. Foram explodidos em pedaços.
Ram mal podia acreditar que haviam sobrevivido, muito menos que
ajudaram a República a ganhar vantagem. Sempre se imaginara vivendo
uma vida tranquila em Valo, reparando naves e passando tempo com os
amigos Bonbraks e com V-18 até que se tornasse um sábio Jedi como
Mestre Kunpar. Aquilo parecia certo para ele. Contudo, em menos de um
dia, ele fizera algo diferente disso. Conhecera novos amigos e, de repente, a
ampla galáxia, com toda a sua política e maquinações, parecia muito como
um lar.
Ele via o todo pelo todo e isso significava que não havia diferença entre
a cidade de Lonisa e a vasta galáxia. Eram tudo um só, conectado e parte de
um sistema gigantesco, como as partes de speeder flutuando, e cada um
tinha seus próprios universos internos. Eles se combinavam e cumpriam os
seus papeis. Agora Ram sabia, mais concretamente do que qualquer coisa
antes, que tinha seu próprio papel a cumprir. E ele iria cumprir.
As conversas pareceram diminuir quando uma voz de comando tomou
os ares e passou instruções para os Jedi. Ram mal pôde entender as palavras
devido ao vento, mas parecia que algo importante estava para acontecer.
— Lula. — Disse, virando-se para sua nova amiga. — Quando tudo isso
acabar, quero me juntar a vocês. Quero ver a galáxia e ajudar a República.
Tinha quase certeza de que Mestre Kunpar concordaria com isso. Ele
sempre havia dito que um Padawan deveria explorar a galáxia. Ram só não
tinha prestado muita atenção.
Lula sorriu e apontou com a cabeça para Zeen.
— Estávamos conversando exatamente sobre o quanto torcíamos por
isso.
— Vocês estavam?
— Mas é claro! — Respondeu Zeen. — E, de qualquer jeito, nós
precisamos de toda ajuda que pudermos ter!
Ram não sabia o que dizer. Virou o seu rosto para frente, novamente,
sorrindo por dentro. E então ficou boquiaberto.
Era sobre isso que as mensagens estavam falando no comunicador! À
frente, a espessa névoa de gás dos Nihil estava se dispersando, sendo
varrida pelos Jedi através da cidade, usando a Força para limpar os ares de
Lonisa.
Ram levantou o braço e sentiu a galáxia se alargando ao seu redor,
como se avançassem rumo ao lar.
STAR WARS / A ALTA REPÚBLICA - CORRIDA PARA TORRE
CRASHPOINT
TÍTULO ORIGINAL: Star Wars / The High Republic - Race to Crashpoint Tower
COPIDESQUE: TRADUTORES DOS WHILLS
REVISÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
DIAGRAMAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ARTE E ADAPTAÇÃO: TRADUTORES DOS WHILLS
ILUSTRAÇÃO: Petur Antonsson
GERENTE EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
DIREÇÃO EDITORIAL: TRADUTORES DOS WHILLS
ASSISTENTES EDITORIAIS: TRADUTORES DOS WHILLS

COPYRIGHT © & TM 2021 LUCASFILM LTD.


COPYRIGHT © TRADUTORES DOS WHILLS, 2021
(EDIÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
PROIBIDA A REPRODUÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, ATRAVÉS DE QUAISQUER MEIOS.

A ALTA REPÚBLICA - CORRIDA PARA TORRE CRASHPOINT É UM LIVRO DE FICÇÃO. TODOS OS PERSONAGENS,
LUGARES E ACONTECIMENTOS SÃO FICCIONAIS.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
TDW CRB-1/000
JO28d Jose Older, Daniel
A ALTA REPÚBLICA - CORRIDA PARA TORRE CRASHPOINT [recurso eletrônico] / Daniel
Jose Older ; traduzido por Tradutores dos Whills
80 p. : 2.0 MB.
Tradução de: The High Republic - Race to Crashpoint Tower
ISBN: 978-1-368-06326-5 (Ebook)
1. Literatura norte-americana. 2. Ficção científica. I. dos Whills, Tradutores CF. II. Título.
2017.352

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:

Literatura : Ficção Norte-Americana 813.0876


Literatura norte-americana : Ficção 821.111(73)-3

tradutoresdoswhills.wordpress.com
Daniel José Older, é um dos arquitetos das histórias de Star Wars:
A Alta República, escreve a série mensal de quadrinhos A Alta República
Adventures, onde você pode descobrir mais sobre Lula, Zeen e Ram. Ele
também é o autor mais vendido do New York Times com a aventura de
ficção científica Flood City; o próximo romance de fantasia para jovens
adultos Ballad & Dagger, livro um da série Outlaw Saints; a série de
fantasia histórica de grau médio Dactyl Hill Squad; The Book of Lost
Saints; a série de fantasia urbana Bone Street Rumba; Star Wars: Last Shot;
e a premiada série para jovens adultos, Shadowshaper Cypher, o qual foi
eleito um dos melhores livros de fantasia de todos os tempos pela revista
Time e um dos 80 livros da Esquire que toda pessoa deve ler. Ele ganhou o
prêmio International Latino Book Award e foi indicado para o Prêmio
Kirkus, o Prêmio Mundial de Fantasia, o Prêmio Andre Norton, o Locus e o
Mythopoeic. Ele co-escreveu a história seguinte em quadrinhos Death’s
Day. Você pode encontrar mais informações e ler sobre a sua carreira de
uma década como paramédico em Nova York em danieljoseolder.net.
Petur Antonsson é um ilustrador autônomo de publicações e
animações que mora em Reykjavik, Islândia. O seu nome completo é Pétur
Atli Antonsson Crivello, e ele nasceu e foi criado na Islândia por sua mãe
islandesa e pai francês. Formou-se no Instituto de Arte na Universidade em
San Francisco em 2011 com um bacharelado em Belas Artes em ilustração.
Petur trabalhou na indústria de jogos em San Francisco antes de voltar para
a Islândia, onde atualmente faz trabalhos autônomos de ilustração para
vários clientes e empresas ao redor do mundo. Ele é representado pela
Shannon Associados.
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Império. Vivendo entre fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine,
nos confins da galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo
anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores locais. No
entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Velho Ben”,
como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na luta pela
sobrevivência dos habitantes por uma Grande Seca e por causa de um chefe
do crime e do povo da areia. Se com o Novo Cânone pudéssemos encontrar
todos os materiais disponíveis aos anos de Exílio de Obi-Wan Kenobi em
um só Lugar? Após o Livro Kenobi se tornar Legend, os fãs ficaram sem
saber o que aconteceu com o Velho Ben nesse tempo de reclusão. Então os
Tradutores dos Whills também se fizeram essa pergunta e resolveram fazer
esse trabalho de compilação dos Contos, Ebooks, Séries Animadas e HQs,
em um só Ebook Especial e Canônico para todos os Fãs!!
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Conde Dookan! Mergulhe na história do sinistro Conde Dookan no roteiro
original da emocionante produção de áudio de Star Wars! Darth Tyranus.
Conde de Serenno. Líder dos Separatistas. Um sabre vermelho,
desembainhado no escuro. Mas quem era ele antes de se tornar a mão
direita dos Sith? Quando Dookan corteja uma nova aprendiz, a verdade
oculta do passado do Lorde Sith começa a aparecer. A vida de Dookan
começou como um privilégio, nascido dentro das muralhas pedregosas da
propriedade de sua família. Mas logo, suas habilidades Jedi são
reconhecidas, e ele é levado de sua casa para ser treinado nos caminhos da
Força pelo lendário Mestre Yoda. Enquanto ele afia seu poder, Dookan sobe
na hierarquia, fazendo amizade com Jedi Sifo-Dyas e levando um Padawan,
o promissor Qui-Gon Jinn, e tenta esquecer a vida que ele levou uma vez.
Mas ele se vê atraído por um estranho fascínio pela mestra Jedi Lene
Kostana, e pela missão que ela empreende para a Ordem: encontrar e
estudar relíquias antigas dos Sith, em preparação para o eventual retorno
dos inimigos mais mortais que os Jedi já enfrentaram. Preso entre o mundo
dos Jedi, as responsabilidades antigas de sua casa perdida e o poder sedutor
das relíquias, Dookan luta para permanecer na luz, mesmo quando começa
a cair na escuridão.
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Star Wars: Discípulo Sombrio
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emocionante sobre um Vilões e Heróis dos Filmes e da Série de TV Clone
Wars! Baseado em episódios não produzidos de Star Wars: The Clone Wars,
este novo romance apresenta Asajj Ventress, a ex-aprendiz Sith que se
tornou um caçadora de recompensas e uma das maiores anti-heróis da
galáxia de Star Wars. Na guerra pelo controle da galáxia entre os exércitos
do lado negro e da República, o ex-Mestre Jedi se tornou cruel. O Lorde
Sith Conde Dookan se tornou cada vez mais brutal em suas táticas. Apesar
dos poderes dos Jedi e das proezas militares de seu exército de clones, o
grande número de mortes está cobrando um preço terrível. E quando
Dookan ordena o massacre de uma flotilha de refugiados indefesos, o
Conselho Jedi sente que não tem escolha a não ser tomar medidas drásticas:
atacar o homem responsável por tantas atrocidades de guerra, o próprio
Conde Dookan. Mas o Dookan sempre evasivo é uma presa perigosa para o
caçador mais hábil. Portanto, o Conselho toma a decisão ousada de trazer
tanto os lados do poder da Força de suportar, — juntar o ousado Cavaleiro
Quinlan Vos com a infame acólita Sith Asajj Ventress. Embora a
desconfiança dos Jedi pela astuta assassina que uma vez serviu ao lado de
Dookan ainda seja profunda, o ódio de Ventress por seu antigo mestre é
mais profundo. Ela está mais do que disposta a emprestar seus copiosos
talentos como caçadora de recompensas, e assassina, na busca de
Vos.Juntos, Ventress e Vos são as melhores esperanças para eliminar a
Dookan, — desde que os sentimentos emergentes entre eles não
comprometam a sua missão. Mas Ventress está determinada a ter sua
vingança e, finalmente, deixar de lado seu passado sombrio de Sith.
Equilibrando as emoções complicadas que sente por Vos com a fúria de seu
espírito guerreiro, ela resolve reivindicar a vitória em todas as frentes, uma
promessa que será impiedosamente testada por seu inimigo mortal… e sua
própria dúvida.
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Star Wars: Episódio IX: A Ascensão do Skywalker: Edição Expandida
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Leia o épico capítulo final da saga Skywalker com a novelização oficial de
Star Wars: A Ascensão Skywalker, incluindo cenas ampliadas e conteúdo
adicional não visto nos cinemas! A Resistência renasceu. Mas, embora Rey
e seus companheiros heróis estejam de volta à luta, a guerra contra a
Primeira Ordem, agora liderada pelo líder supremo Kylo Ren, está longe de
terminar. Assim como a faísca da rebelião está reacendendo, um sinal
misterioso é transmitido por toda a galáxia, com uma mensagem
assustadora: o Imperador Palpatine, há muito pensado derrotado e
destruído, está de volta dos mortos. O antigo Senhor dos Sith realmente
voltou? Kylo Ren corta uma faixa de destruição pelas estrelas, determinado
a descobrir qualquer desafio ao seu controle sobre a Primeira Ordem e seu
destino para governar a galáxia – e esmagá-la completamente. Enquanto
isso, para descobrir a verdade, Rey, Finn, Poe e a Resistência devem
embarcar na aventura mais perigosa que já enfrentaram. Apresentando
cenas totalmente novas, adaptadas de material nunca visto, cenas excluídas
e informações dos cineastas, a história que começou em Star Wars: O
Despertar da Força e continuou em Star Wars: Os Últimos Jedi chega a uma
conclusão surpreendente.
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Star Wars: Os Segredos Dos Jedi
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Descubra o mundo dos Jedi de Star Wars através desta experiência de
leitura divertida e totalmente interativa. Star Wars: Jediografia é o melhor
guia do universo Jedi para o universo dos Jedi, transportando jovens leitores
para uma galáxia muito distante, através de recursos interativos, fatos
fascinantes e ideias cativantes. Com ilustrações originais emocionantes e
incríveis recursos especiais, como elevar as abas, texturas e muito mais,
Star Wars: Jediografia garante a emoção das legiões de jovens fãs da saga.
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Star Wars:Thrawn: Alianças
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Palavras sinistras em qualquer circunstância, mas ainda mais quando
proferidas pelo Imperador Palpatine. Em Batuu, nos limites das Regiões
Desconhecidas, uma ameaça ao Império está se enraizando. Com a sua
existência pouco mais que um vislumbre, as suas consequências ainda
desconhecidas. Mas é preocupante o suficiente para o líder imperial
justificar a investigação de seus agentes mais poderosos: o impiedoso
agente Lorde Darth Vader e o brilhante estrategista grão almirante Thrawn.
Rivais ferozes a favor do Imperador e adversários francos nos assuntos
imperiais, incluindo o projeto Estrela da Morte, o par formidável parece
parceiros improváveis para uma missão tão crucial. Mas o Imperador sabe
que não é a primeira vez que Vader e Thrawn juntam forças. E há mais por
trás de seu comando real do que qualquer um dos suspeitos. No que parece
uma vida atrás, o general Anakin Skywalker da República Galáctica e o
comandante Mitth’raw’nuruodo, oficial da Ascensão do Chiss, cruzaram o
caminho pela primeira vez. Um em uma busca pessoal desesperada, o outro
com motivos desconhecidos... e não divulgados. Mas, diante de uma série
de perigos em um mundo longínquo, eles forjaram uma aliança
desconfortável, — nem remotamente cientes do que seus futuros
reservavam. Agora, reunidos mais uma vez, eles se veem novamente
ligados ao planeta onde lutaram lado a lado. Lá eles serão duplamente
desafiados, — por uma prova de sua lealdade ao Império... e um inimigo
que ameaça até seu poder combinado.
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Star Wars: Legado da Força: Traição
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Esta é a era do legado de Luke Skywalker: o Mestre Jedi unificou a Ordem
em um grupo coeso de poderosos Cavaleiros Jedi. Mas enquanto a nova era
começa, os interesses planetários ameaçam atrapalhar esse momento de
relativa paz, e Luke é atormentado com visões de uma escuridão que se
aproxima. O mal está ressurgindo “das melhores intenções” e parece que o
legado dos Skywalkers pode dar um ciclo completo.A honra e o dever
colidirão com a amizade e os laços de sangue, à medida que os Skywalker e
o clã Solo se encontrarem em lados opostos de um conflito explosivo com
repercussões potencialmente devastadoras para ambas as famílias, para a
ordem Jedi e para toda a galáxia. Quando uma missão para descobrir uma
fábrica ilegal de mísseis no planeta Aduman termina em uma emboscada
violenta, da qual a Cavaleira Jedi Jacen Solo e o seu protegido e primo, Ben
Skywalker, escapam por pouco com as suas vidas; é a evidência mais
alarmante ainda que desencadeia uma discussão política. A agitação está
ameaçando inflamar-se em total Rebelião. Os governos de vários mundos
estão se irritando com os rígidos regulamentos da Aliança Galáctica, e os
esforços diplomáticos para garantir o cumprimento estão falhando.
Temendo o pior, a Aliança prepara uma demonstração preventiva de poder
militar, numa tentativa de trazer os mundos renegados para a frente antes
que uma revolta entre em erupção. O alvo modelado para esse exercício: o
planeta Corellia, conhecido pela independência impetuosa e pelo espírito
renegado que fizeram de seu filho favorito, Han Solo, uma lenda. Algo
como um trapaceiro, Jacen é, no entanto, obrigado como Jedi a ficar com
seu tio, o Mestre Jedi Luke Skywalkers, ao lado da Aliança Galáctica. Mas
quando os Corellianos de guerra lançam um contra-ataque, a demonstração
de força da Aliança, e uma missão secreta para desativar a crucial Estação
Central de Corellia; dão lugar a uma escaramuça armada. Quando a fumaça
baixa, as linhas de batalha são traçadas. Agora, o espectro da guerra em
grande escala aparece entre um grupo crescente de planetas desafiadores e a
Aliança Galáctica, que alguns temem estar se tornando um novo Império. E,
enquanto os dois lados lutam para encontrar uma solução diplomática, atos
misteriosos de traição e sabotagem ameaçam condenar os esforços de paz a
todo momento. Determinado a erradicar os que estão por trás do caos, Jacen
segue uma trilha de pistas enigmáticas para um encontro sombrio com as
mais chocantes revelações… enquanto Luke se depara com algo ainda mais
preocupante: visões de sonho de uma figura sombria cujo poder da Força e
crueldade lembram a ele de Darth Vader, um inimigo letal que ataca como
um espírito sombrio em uma missão de destruição. Um agente do mal que,
se as visões de Luke acontecerem, trará uma dor incalculável ao Mestre Jedi
e a toda a galáxia.
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Star Wars: Battlefront II: Esquadrão Inferno
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Após o humilhante roubo dos planos da Estrela da Morte e a destruição da
estação de batalha, o Império está na defensiva. Mas não por muito. Em
retaliação, os soldados imperiais de elite do Esquadrão Inferno foram
chamados para a missão crucial de se infiltrar e eliminar os guerrilheiros, a
facção rebelde que já foi liderada pelo famoso lutador pela liberdade da
República, Saw Gerrera. Após a morte de seu líder, os guerrilheiros
continuaram seu legado extremista, determinados a frustrar o Império, não
importa o custo. Agora o Esquadrão Inferno deve provar seu status como o
melhor dos melhores e derrubar os Partisans de dentro. Mas a crescente
ameaça de serem descobertos no meio de seu inimigo transforma uma
operação já perigosa em um teste ácido de fazer ou morrer que eles não
ousam falhar. Para proteger e preservar o Império, até onde irá o Esquadrão
Inferno. . . e quão longe deles?
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Star Wars: Catalisador: Um Romance de Rogue One
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A guerra está destruindo a galáxia. Durante anos, a República e os
Separatistas lutaram entre as estrelas, cada um construindo uma tecnologia
cada vez mais mortal na tentativa de vencer a guerra. Como membro do
projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine, Orson Krennic
está determinado a desenvolver uma super arma antes que os inimigos da
República possam. E um velho amigo de Krennic, o brilhante cientista
Galen Erso, poderia ser a chave para a tentativa de vencer a guerra. Como
membro do projeto secreto da Estrela da Morte do Chanceler Palpatine,
Orson Krennic está determinado a desenvolver uma super arma antes que os
inimigos da República possam. E um velho amigo de Krennic, o brilhante
cientista Galen Erso, poderia ser a chave. A pesquisa focada na energia de
Galen chamou a atenção de Krennic e de seus inimigos, tornando o cientista
um peão crucial no conflito galáctico. Mas depois que Krennic resgata
Galen, sua esposa, Lyra, e sua filha Jyn, de sequestradores separatistas, a
família Erso está profundamente em dívida com Krennic. Krennic então
oferece a Galen uma oportunidade extraordinária: continuar seus estudos
científicos com todos os recursos totalmente à sua disposição. Enquanto
Galen e Lyra acreditam que sua pesquisa energética será usada puramente
de maneiras altruístas, Krennic tem outros planos que finalmente tornarão a
Estrela da Morte uma realidade. Presos no aperto cada vez maior de seus
benfeitores, os Ersos precisam desembaraçar a teia de decepção de Krennic
para salvar a si mesmos e à própria galáxia.
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Star Wars: Ascensão Rebelde
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Quando Jyn Erso tinha cinco anos, sua mãe foi assassinada e seu pai foi
tirado dela para servir ao Império. Mas, apesar da perda de seus pais, ela
não está completamente sozinha, — Saw Gerrera, um homem disposto a ir
a todos os extremos necessários para resistir à tirania imperial, acolhe-a
como sua e dá a ela não apenas um lar, mas todas as habilidades e os
recursos de que ela precisa para se tornar uma rebelde.Jyn se dedica à causa
e ao homem. Mas lutar ao lado de Saw e seu povo traz consigo o perigo e a
questão de quão longe Jyn está disposta a ir como um dos soldados de Saw.
Quando ela enfrenta uma traição impensável que destrói seu mundo, Jyn
terá que se recompor e descobrir no que ela realmente acredita… e em
quem ela pode realmente confiar.
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Star Wars: A Alta República: A Luz dos Jedi
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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo da
Ameaça Fantasma . . . Os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia na Alta
República. É uma era de ouro. Os intrépidos batedores do hiperespaço
expandem o alcance da República para as estrelas mais distantes, mundos
prosperam sob a liderança benevolente do Senado e a paz reina, reforçada
pela sabedoria e força da renomada ordem de usuários da Força conhecidos
como Jedi. Com os Jedi no auge de seu poder, os cidadãos livres da galáxia
estão confiantes em sua habilidade de resistir a qualquer tempestade. Mas
mesmo a luz mais brilhante pode lançar uma sombra, e algumas
tempestades desafiam qualquer preparação. Quando uma catástrofe
chocante no hiperespaço despedaça uma nave, a enxurrada de estilhaços
que emergem do desastre ameaça todo o sistema. Assim que o pedido de
ajuda sai, os Jedi correm para o local. O escopo do surgimento, no entanto,
é o suficiente para levar até os Jedi ao seu limite. Enquanto o céu se abre e a
destruição cai sobre a aliança pacífica que ajudaram a construir, os Jedi
devem confiar na Força para vê-los em um dia em que um único erro pode
custar bilhões de vidas. Mesmo enquanto os Jedi lutam bravamente contra a
calamidade, algo verdadeiramente mortal cresce além dos limites da
República. O desastre do hiperespaço é muito mais sinistro do que os Jedi
poderiam suspeitar. Uma ameaça se esconde na escuridão, longe da era da
luz, e guarda um segredo.
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Star Wars: A Alta República: O Grande Resgate Jedi
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Conheça os nobres e sábios Jedi da Alta República!Quando um desastre
acontece no hiperespaço, colocando o povo de Hetzal Prime em grave
perigo, apenas os Jedi da Alta República podem salvar o dia! Esse ebook é
a forma mais incrível de introduzir as crianças nessa nova Era da Alta
República, pois reconta a história do Ebook Luz dos Jedi de forma simples
e didática para as crianças. (FAIXA ETÁRIA: 5 a 8 anos)
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Star Wars: A Alta República: Na Escuridão
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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo da
Ameaça Fantasma... Os Jedi iluminaram o caminho para a galáxia na Alta
República. Padawan Reath Silas está sendo enviado da cosmopolita capital
galáctica de Coruscant para a fronteira subdesenvolvida, e ele não poderia
estar menos feliz com isso. Ele prefere ficar no Templo Jedi, estudando os
arquivos. Mas quando a nave em que ele está viajando é arrancada do
hiperespaço em um desastre que abrange toda a galáxia, Reath se encontra
no centro da ação. Os Jedi e seus companheiros de viagem encontram
refúgio no que parece ser uma estação espacial abandonada. Mas então
coisas estranhas começaram a acontecer, levando os Jedi a investigar a
verdade por trás da estação misteriosa, uma verdade que pode terminar em
tragédia...
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Star Wars: A Alta República: Um Teste de Coragem
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Muito antes da Primeira Ordem, antes do Império ou antes mesmo da
Ameaça Fantasma... Vernestra Rwoh é mais nova Cavaleira Jedi com
dezesseis anos, mas a sua primeira missão de verdade parece muito com ser
babá. Ela foi encarregada de supervisionar a aspirante a inventora Avon
Starros, de 12 anos, em um cruzador rumo à inauguração de uma nova
estação espacial maravilhosa chamada Farol Estelar. Mas logo em sua
jornada, bombas explodem a bordo do cruzador. Enquanto o Jedi adulto
tenta salvar a nave, Vernestra, Avon, o droide J-6 de Avon, um Padawan
Jedi e o filho de um embaixador conseguem chegar a uma nave de fuga,
mas as comunicações acabam e os suprimentos são poucos. Eles decidem
pousar em uma lua próxima, que oferece abrigo, mas não muito mais. E
sem o conhecimento deles, o perigo se esconde na selva…
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Star Wars: Velha República: Enganados
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“Nossa hora chegou. Durante trezentos anos nos preparamos; ficamos mais
fortes enquanto você descansava em seu berço de poder... Agora sua
República cairá.”Um guerreiro Sith para rivalizar com o mais sinistro dos
Lordes Sombrios da Ordem, Darth Malgus derrubou o Templo Jedi em
Coruscant em um ataque brutal que chocou a galáxia. Mas se a guerra o
coroasse como o mais sombrio dos heróis Sith, a paz o transformará em
algo muito mais hediondo, algo que Malgus nunca gostaria de ser, mas não
pode parar de se tornar, assim como ele não pode impedir a Jedi
desobediente de se aproximar rapidamente. O nome dela é Aryn Leneer - e
o único Cavaleiro Jedi que Malgus matou na batalha feroz pelo Templo Jedi
era seu Mestre. Agora ela vai descobrir o que aconteceu com ele, mesmo
que isso signifique quebrar todas as regras da Ordem.
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Star Wars: Thrawn: Traição
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Essa foi a promessa que o Grão Almirante Thrawn fez ao Imperador
Palpatine em seu primeiro encontro. Desde então, Thrawn tem sido um dos
instrumentos mais eficazes do Império, perseguindo os seus inimigos até os
limites da galáxia conhecida. Mas por mais que Thrawn tenha se tornado
uma arma afiada, o Imperador sonha com algo muito mais destrutivo.
Agora, enquanto o programa TIE Defender de Thrawn é interrompido em
favor do projeto ultrassecreto conhecido apenas como Estrelinha, do Diretor
Krennic, ele percebe que o equilíbrio de poder no Império é medido por
mais do que apenas perspicácia militar ou eficiência tática. Mesmo o maior
intelecto dificilmente pode competir com o poder de aniquilar planetas
inteiros. Enquanto Thrawn trabalha para garantir o seu lugar na hierarquia
Imperial, seu ex-protegido Eli Vanto retorna com um terrível aviso sobre o
mundo natal de Thrawn. O domínio da estratégia de Thrawn deve guiá-lo
através de uma escolha impossível: dever para com a Ascendência Chiss ou
a fidelidade para com o Império que ele jurou servir. Mesmo que a escolha
certa signifique cometer traição.
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Star Wars: Mestre e Aprendiz
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Um Jedi deve ser um guerreiro destemido, um guardião da justiça e um
erudito nos caminhos da Força. Mas talvez o dever mais essencial de um
Jedi seja transmitir o que aprenderam. Mestre Yoda treinou Dookan o qual
treinou Qui-Gon Jinn; e agora Qui-Gon tem um Padawan próprio. Mas
enquanto Qui-Gon enfrentou todos os tipos de ameaças e perigos como um
Jedi, nada o assustou tanto quanto a ideia de falhar com seu aprendiz. Obi-
Wan Kenobi tem profundo respeito por seu Mestre, mas luta para entendê-
lo. Por que Qui-Gon deve tantas vezes desconsiderar as leis que obrigam os
Jedi? Por que Qui-Gon é atraído por antigas profecias Jedi em vez de
preocupações mais práticas? E por que Obi-Wan não disse que Qui-Gon
está considerando um convite para se juntar ao Conselho Jedi - sabendo que
isso significaria o fim de sua parceria? A resposta simples o assusta: Obi-
Wan falhou com seu Mestre. Quando Jedi Rael Aveross, outro ex-aluno de
Dookan, solicita sua ajuda em uma disputa política, Jinn e Kenobi viajam
para a Corte Real de Pijal para o que pode ser sua missão final juntos. O
que deveria ser uma tarefa simples rapidamente se torna obscurecido por
engano e por visões de desastre violento que tomam conta da mente de Qui-
Gon. Conforme a fé de Qui-Gon na profecia cresce, a fé de Obi-Wan nele é
testada - assim como surge uma ameaça que exigirá que o Mestre e o
Aprendiz se unam como nunca antes, ou se dividam para sempre.
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Star Wars: Legado da Força: Linhagens de Sangue
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Uma nova era de aventuras emocionantes e revelações chocantes continua a
se desenrolar, à medida que a lendária saga Star Wars avança em um novo
território surpreendente. A guerra civil se aproxima enquanto a incipiente
Aliança Galáctica enfrenta um número crescente de mundos rebeldes... e a
guerra que se aproxima está separando as famílias Skywalker e Solo. Han e
Leia retornam ao mundo natal de Han, Corellia, o coração da resistência. Os
seus filhos, Jacen e Jaina, são soldados na campanha da Aliança Galáctica
para esmagar os insurgentes. Jacen, agora um mestre completo da Força,
tem os seus próprios planos para trazer ordem à galáxia. Guiado por sua
mentora Sith, Lumiya, e com o filho de Luke, Ben, ao seu lado, Jacen
embarca no mesmo caminho que o seu avô Darth Vader fez uma vez. E
enquanto Han e Leia assistem o seu único filho homem se tornar um
estranho, um assassino secreto emaranha o casal com um nome temido do
passado de Han: Boba Fett. Na nova ordem galáctica, amigos e inimigos
não são mais o que parecem...
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Star Wars: A Sombra da Rainha
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Quando Padmé Naberrie, Rainha Amidala de Naboo, deixa sua posição, ela
é convidada pela rainha recém-eleita para se tornar a representante de
Naboo no Senado Galáctico. Padmé não tem certeza sobre assumir a nova
função, mas não pode recusar o pedido para servir seu povo. Junto com suas
servas mais leais, Padmé deve descobrir como navegar nas águas traiçoeiras
da política e forjar uma nova identidade além da sombra da rainha.
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Star Wars: Amanhecer dos Jedi - No vazio
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No planeta Tython, a antiga ordem Je'daii foi fundada. E aos pés de seus
sábios Mestres, Lanoree Brock aprendeu os mistérios e métodos da Força, e
encontrou seu chamado como um de seus discípulos mais poderosos. Mas
tão fortemente quanto a Força fluiu dentro de Lanoree e seus pais, ela
permaneceu ausente em seu irmão, que passou a desprezar e evitar os
Je'daii, e cujo treinamento em seus métodos antigos terminou em tragédia.
Agora, de sua vida solitária como um Patrulheira mantendo a ordem em
toda a galáxia, Lanoree foi convocada pelo Conselho Je'daii em uma
questão de extrema urgência. O líder de um culto fanático, obcecado em
viajar além dos limites do espaço conhecido, está empenhado em abrir um
portal cósmico usando a temida matéria escura como chave - arriscando
uma reação cataclísmica que consumirá todo o sistema estelar. Porém, mais
chocante para Lanoree do que até mesmo a perspectiva de aniquilação
galáctica total, é a decisão de seus Mestres Je'daii de incumbi-la da missão
de evitá-la. Até que uma revelação surpreendente deixa claro por que ela foi
escolhida: o louco brilhante e perigoso que ela deve rastrear e parar a
qualquer custo é o irmão cuja morte ela lamentou por muito tempo, e cuja
vida ela deve temer agora.
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Star Wars: Thrawn: ASCENDÊNCIA (Livro I – Caos Crescente)
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Além do limite da galáxia estão as Regiões Desconhecidas: caóticas,
desconhecidas e quase intransitáveis, com segredos ocultos e perigos em
igual medida. E aninhada em seu caos turbulento está a Ascendência, lar
dos enigmáticos Chiss e das Nove Famílias Regentes que as lideram. A paz
da Ascensão, um farol de calma e estabilidade, é destruída após um ousado
ataque à capital de Chiss que não deixa vestígios do inimigo. Perplexo, a
Ascendência despacha um de seus jovens oficiais militares para erradicar os
agressores invisíveis. Um recruta nascido sem título, mas adotado na
poderosa família de Mitth e que recebeu o nome de Thrawn. Com o poder
da Frota Expansionista em suas costas e a ajuda de sua camarada Almirante
Ar’alani, as respostas começam a se encaixar. Mas conforme o primeiro
comando de Thrawn investiga mais profundamente a vasta extensão do
espaço que seu povo chama de Caos, ele percebe que a missão que lhe foi
dada não é o que parece.
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Star Wars: A Alta República - Tormenta Crescente
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Os heróis da era da Alta República retornam para enfrentar uma paz
destruída e um inimigo terrível, após os eventos dramáticos de Luz dos
Jedi. Na esteira do desastre do hiperespaço e do heroísmo dos Jedi, a
República continua a crescer, reunindo mais mundos sob uma única
bandeira unificada. Sob a liderança da Chanceler Lina Soh, o espírito de
unidade se estende por toda a galáxia, com os Jedi e a estação Farol Estelar
recentemente estabelecida na vanguarda. Em comemoração, a chanceler
planeja a Feira da República, será uma vitrine das possibilidades e da paz
da República em expansão, uma paz que os Jedi esperam promover. Stellan
Gios, Bell Zettifar, Elzar Mann e outros se juntam ao evento como
embaixadores da harmonia. Mas à medida que os olhos da galáxia se
voltam para a feira, o mesmo ocorre com a fúria dos Nihil. O seu líder,
Marchion Ro, pretende destruir essa unidade. Sua Tempestade desce sobre a
pompa e a celebração, semeando o caos e exigindo vingança.
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Star Wars: Velha República – Aniquilação
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O Império Sith está em fluxo. O imperador está desaparecido, dado como
morto, e a tentativa de um ambicioso lorde Sith de tomar o trono terminou
fatalmente. Ainda assim, Darth Karrid, comandante do temível cruzador de
batalha Imperial Lança Ascendente, continua seus esforços incansáveis para
alcançar o domínio Sith total da galáxia. Mas a determinação implacável de
Karrid é mais do que compatível com a determinação de aço de Theron
Shan, cujos negócios inacabados com o Império podem mudar o curso da
guerra para sempre. Embora filho de uma mestra Jedi, Theron não exerce a
Força... mas, como a sua renomada mãe, o espírito de rebelião está em seu
sangue. Como um importante agente secreto da República, ele desferiu um
golpe crucial contra o Império ao expor e destruir um arsenal de super arma
Sith, o que o torna o agente ideal para uma missão ousada e perigosa para
acabar com o reinado de terror da Lança Ascendente. Juntamente com a
contrabandista Teff'ith, com quem ele tem uma ligação inexplicável, e o
sábio guerreiro Jedi Gnost-Dural, ex-mestre de Darth Karrid, Theron deve
combinar inteligência e armas com uma tripulação testada em batalha da
escuridão mais fria discípulos secundários. Mas o tempo é brutalmente
curto. E se eles não aproveitarem sua única chance de sucesso, certamente
terão inúmeras oportunidades de morrer.
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