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Resumo
Esquematização do Episódio
Estrutura
Est. Resumo Interpretação
interna
Conflito 120 e Amor despreocupado de Inês. (há indícios Inês estava a viver tranquilamente os anos da sua
121 trágicos como sinais de alerta - 120, vv. 3, 4 juventude e o seu amor por Pedro nos saudosos
e 121, vv. 5, 6) campos do Mondego onde confessava à natureza o
amor que pelo dono do seu coração. Na ausência do
seu amado socorre-se das lembranças: de noite em
sonhos; de dia em pensamentos. Para ele isto eram
memórias de alegria.
. 126 a Discurso de Inês perante o rei. 126- Se até os animais ferozes, que a natureza fez cruéis,
129 referência à piedade que animais selvagens e nas aves selvagens que só pensam em caçar,
já demonstraram com seres humanos 127- vimos haver piedade para com crianças pequenas
como aconteceu com a mãe de Nino e com Rómulo e
Remo, ... tu que és humano (se é humano matar uma
donzela fraca e sem força, só por amar quem a ama),
tem em consideração estas criancinhas. Decide
compaixão delas e minha pois não te impressiona a
minha inocência. E se na guerra contra os Mouros
Inês pede ao rei que tenha o mesmo
mostraste saber dar a morte, sabe, agora, dar a vida
sentimento pelos seus filhos (netos dele)
a quem não cometeu nenhum erro para a perder.
128- 1ª- apelo à capacidade do rei de
Mas mesmo assim se achas que a minha inocência
perdoar 128 (2ª) e129- alternativa à morte de
merece castigo, desterra-me para a fria Cítia ou a
Inês
Líbia ardente onde viverei em sofrimento para
sempre. Manda-me para onde haja tigres e leões
(animais selvagens) e verei se encontro entre eles a
piedade que não encontrei entre humanos; e aí
criarei estas criancinhas, a minha única consolação, a
pensar em Pedro que amo.
131 - 132 Morte de Inês comparada à de Policena Do mesmo modo que Pirro prepara o ferro para matar
a jovem Policena, que se oferece ao sacrifício, com
os olhos postos em sua mãe, de quem era a sua
única consolação... ... assim os algozes de Inês, sem
se preocuparem com a vingança de D. Pedro, se
encarniçavam contra ela, espetando as espadas no
colo de alabastro, que sustinha as obras que fizeram
Pedro apaixonar-se por ela, e banhando em sangue o
colo de alabastro já regado com lágrimas suas.
Jovem: "De teus anos colhendo doce fruito." Triste e suplicante 124, v. 5
Tu, só tu, puro Amo r(est. 119, v1) Realçar o significado de amor.
Personificação - atribuição de características
humanas, a animais, coisas ou ideias
Dar-nos uma ideia de como eram os
Nos saudosos campos do Mondego
“campos do Mondego”
Que do sepulcro os homens desenterra (est. 118 Dar-nos uma ideia mais clara da
Hipérbole – exagero de uma expressão
v. 6) realidade.
Apóstrofe - Interpelação de uma pessoa, entidade ou "Tu só, tu, puro Amor, com força crua, (est. 119,
coisa personificada, no meio de uma narração v1)
Comparação – relação de semelhança por meio de Como se fora pérfida inimiga. (est. 119, v 4) O amor é comparado a uma "pérfida
uma palavra ou expressão comparativa inimiga".
Perífrase - Uso de um número de palavras maior do As obras com que Amor matou de amores Aquele Tudo isto para nos dizer que era D.
que o necessário para exprimir determinada ideia. que despois a fez Rainha (est.132, v3-4) Pedro.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
A história e a lenda
O Infante D. Pedro (1230-1367) era casado com D. Constança, mantendo, no entanto, uma ilícita relação amorosa com D. Inês, de quem tinha três filhos.
Dada a ascendência castelhana de D. Inês, o Rei D. Afonso IV e os seus conselheiros viam, nesta relação, um potencial perigo para a independência
nacional.
Inicialmente, o rei D. Afonso IV tentou pôr fim a tal relação, expulsando D. Inês de Castro do reino. Esta, no entanto na fronteira espanhola, continuando a
manter contacto com D. Pedro. A situação agravou-se quando D. Constança morreu. D. Pedro, agora viúvo, fez regressar D. Inês à corte, contra ordem
expressa de seu pai, D. Afonso IV.
O Rei Afonso IV temendo pela sucessão do trono que seria seu neto, filho de Constança e pela influência dos nobres que temiam uma influência castelhana,
tenta resgatar o filho e conduzi-lo a um casamento que obedecesse não aos caprichos de cupido, mas às conveniências políticas de Portugal. Para isso,
vendo como única saída, o Rei manda vir Inês para que seja executada. Aproveitando a ausência de D. Pedro numa caçada, D. Inês foi morta pelos
conselheiros (Diogo Lopes Pacheco, Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves), por ordem do Monarca.
Mais tarde, quando D. Pedro I subiu ao trono, mandou matar aqueles conselheiros, vingando a morte de D. Inês, executando de modo cruel os ex-
conselheiros do seu pai, na altura refugiados em Espanha. Diz a lenda que retirou o coração, a um, pelas costas, a outro, pelo peito. O terceiro conseguiu
refugiar-se em Castela. Reza, ainda, a lenda que D. Pedro coroou D. Inês rainha depois de morta.
A reabilitação da figura de D. Inês completou-se com a transferência do seu cadáver, de Coimbra para o mosteiro de Alcobaça, numa cerimónia que se
revestiu de uma imponência nunca presenciada em Portugal.
A trágica história de D. Pedro e D. Inês inspirou poetas, dramaturgos, compositores e artistas plásticos, em Portugal e no estrangeiro. Camões foi um dos
escritores a celebrar a lenda, referida em Os Lusíadas.