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Avaliação dos Domínios

TESTE de AVALIAÇÃO de PORTUGUÊS – 10º ano Leitura_____________

Escrita______________
Aluno ............................................................................... nº ........ Turma …..
Escola Secundária
Dr. José Afonso …… / ……. / 2017 Enc. Educação .............................................. Prof. Alice Ferro

Obs:

GRUPO I - DOMÍNIO DA LEITURA

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devotamente por o estado
5 da cidade! E ficados os geolhos1, beijando a terra, braadavom a Deos que lhes acorresse, e suas prezes nom eram
compridas! Uũs choravom antre si, mal-dizendo seus dias, queixando-se por que tanto viviam, como se dissessem
com o Profeta: “Ora veesse a morte ante do tempo, e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos
males!” Assi que rogavom a morte que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe seerem cada dia
renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom 2 a seus amigos, dizendo que forom desaventuirada
10 gente, que se ante nom derom a el-Rei de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades 3, firmando-se de
todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar 4.
Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e veendo estes
males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs homees e molheres, que tanta
15 deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom 5, como há da vida aa morte? Os padres e
madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam 6 as faces e peitos sobr’eles, nom tendo com
que lhe acorrer, senom planto7 e espargimento de lagrimas; e sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que
entendiam que el-Rei de Castela deles havia de tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ũa dos
emigos que os cercados tiinham, e outra dos mantiimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em
20 cuidado de se defender da morte per duas guisas 8.
Pera que é dizer mais de taes falecimentos 9? Foi tamanho o gasto das cousas que mester haviam que soou uũ
dia pela cidade que o Meestre mandava deitar fora todolos que nom tevessem pam que comer, e que soomente
os que o tevessem ficassem em ela; mas quem poderia ouvir sem gemidos e sem choro tal ordenança de
mandado aaqueles que o nom tiinham? Porem sabendo que non era assi, foi-lhe já quanto 10 de conforto. Onde
25 sabee que esta fame e falecimento que as gentes assi padeciam, nom era por seer o cerco perlongado, ca nom
havia tanto tempo que Lixboa era cercada; mas era per aazo das muitas gentes que se a ela colherom de todo o
termo; e isso meesmo da frota do Porto quando veo, e os mantiimentos seerem muito poucos.
Ora esguardae11 como se fossees presente, ũa tal cidade assi desconfortada e sem neũa certa feúza de seu
livramento12, como veviriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de taes aflições? Ó geeraçom que
30 depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte de tantos males, nem foi quinhoeiro 13 de taes
padecimentos! Os quaes a Deos por Sua mercee prougue de cedo abreviar doutra guisa, como acerca 14 ouvirees.

Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária),
Crónica de D. João I de Fernão Lopes, Capítulo 148 (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 197-199.

1
ajoelhados; 2 queixavam;3 misérias; 4 firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar: só pensando
nos maiores males que naquelas circunstâncias lhes podiam acontecer; 5 d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom
passarom: entreouvir estas coisas e passá-las; 6 feriam; 7 pranto; 8 maneiras; 9 misérias; 10 um pouco; 11 olhai; 12 sem neũa
certa feúza de seu livramento: sem certeza da libertação; 13 participou; 14 daqui a pouco.
1.Ao longo do texto, o cronista dirige-se aos seus interlocutores. Transcreve duas marcas que
evidenciem a referência explícita do narratário. Justifica a presença dessas duas expressões. (20
pontos)

2.Refere as diferentes reações do povo face às privações que enfrentava.(30 pontos

3.Identifica as duas situações que, segundo o cronista, mais preocupavam as pessoas que estavam
cercadas.(20 pontos)
3.1. Aponta as causas desta situação desesperada.(30 pontos)
35 4.Caracteriza o Mestre, evidenciando a imagem que o cronista pretende criar ao longo do texto. (30
pontos)

5.Demonstra como, ao longo do texto, é visível a subjetividade, o ponto de vista do cronista. Dá três
exemplos.(35 pontos)

6.Releia o último parágrafo do excerto.


6.1. Explique a intenção de Fernão Lopes ao comparar duas gerações distintas.(35 pontos)

GRUPO III – Domínio da escrita (200 pontos

40 A história das batalhas tem sempre dois lados: o dos vencedores e o dos vencidos ou o dos
opressores e o dos oprimidos. As visões que resultam desse diferente posicionamento histórico são,
necessariamente, distintas.

És um dos intervenientes no acontecimento acima transcrito, tendo em conta os teus


conhecimentos, vais agora escolher uma personagem e relatar a tua experiência, assumindo
45 claramente o teu ponto de vista, isto é, o lado em que te posicionas.

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