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Índice
Os Lusíadas ..................................................................................................................................... 2
Auto da Barca do Inferno ............................................................................................ 10
Os Lusíadas
Proposição
Canto I, estâncias 1 a 3 Manual, p. 95
Estrutura interna
Proposição
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Os Lusíadas
Plano da viagem
Narração Mitológico
e plano mitológico
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Resumos
O poeta começa por referir, na estância 118, que o “caso triste” que vai relatar aconteceu
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Os Lusíadas
Vasco da Gama contou a História de Portugal ao rei de Melinde. Nas estâncias 84 a 93,
narrou o momento da partida para a sua viagem até Calecut, na Índia. Assim, o narrador
deste episódio apresenta informação sobre os preparativos desta expedição (est. 84 e 85) e
revela como os marinheiros e soldados (“a gente marítima e a de Marte”) estão seguros (“e
não refreia/Temor nenhum o juvenil despejo”) na sua decisão de seguir o Mestre (“Estão
pera seguir-me a toda a parte.”) nesta viagem que prometia ser gloriosa (“fortes naus […]
prometem/[…] De ser no Olimpo estrelas”). Na praia, juntou-se uma multidão (“gente da ci-
dade”) que observava a procissão dos nautas e dos soldados cada um com o seu colorido
traje (“Pelas praias vestidos os soldados/De várias cores vem”). Depois os navegadores
prepararam a alma ouvindo missa na Ermida de Nossa Senhora de Belém (“Aparelhámos a
alma pera a morte”) e, assim, pedindo proteção ao “sumo Poder”, as naus estavam prepara-
das para a partida (est. 86 e 87). No entanto, Vasco da Gama estava temeroso (“Cheio dentro
de dúvida e receio”). Nas estâncias 88 a 92, a multidão,
que observava os marinheiros e soldados a enca-
minharem-se para os batéis na companhia de
mil religiosos diligentes, também estava cons-
ternada (“Saudosos na vista e desconten-
tes.”). As mulheres, representadas por uma
mãe e uma esposa, expressavam o seu
receio e choravam (“cum choro piadoso”)
pelo risco de nunca mais verem os familia-
res que agora partiam (est. 90 e 91). A par
com a multidão, também a Natureza se
mostrava compadecida (est. 92).
Vasco da Gama determinou que não
deveriam fazer as habituais despedidas
(est. 93), já que seriam não só difíceis para
quem fica como também para quem
parte, intensificando a dor e podendo
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Resumos
Episódio do Adamastor
Canto V, estâncias 37 a 60 Manual, p. 123
Plano da viagem
Narração Simbólico
e plano mitológico
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Os Lusíadas
Episódio da Tempestade
Canto VI, estâncias 70 a 94 Manual, p. 131
Plano da viagem
Narração Naturalista
e plano mitológico
Antes deste episódio, Baco apercebe-se de que os Lusos estão praticamente a chegar
ao seu destino. Então, convence as divindades marinhas, com a ajuda do deus dos ventos,
Éolo, a provocar uma tempestade que os impeça de atingir a Índia.
Na estância 70, Vasco da Gama repara no aparecimento de uma “nuvem negra” e na
intensificação dos ventos. Por isso, alerta os marinheiros para o perigo. Apesar da deso-
rientação, todos se apressaram para os seus postos, tendo especial atenção ao recolher
das velas. Nas estâncias 72 a 79, é-nos descrita a violência da tempestade: uma das velas
rasga-se, uma nau fica inundada (“a nau pendente/Toma […] água pelo bordo”), os marinhei-
ros são derrubados e um mastro parte-se. Ouvem-se os gritos de pânico dos marinheiros
perante a força dos elementos. O narrador, numa gradação crescente, descreve-nos a
intensidade da tempestade que aumenta cada vez mais. Há ventos furiosos, ondas gigan-
tescas (“Agora sobre as nuvens os subiam/As ondas de Neptuno furibundo/Agora a ver
parece que deciam/As íntimas entranhas do Profundo”), relâmpagos e trovões. Perante
a incapacidade de controlar os navios e a possibilidade de naufrágio, invocam Deus na
expectativa de proteção divina. A procela atinge uma tal gravidade que também afeta os
animais que viviam junto à costa, nomeadamente as aves que, entristecidas, fogem e os
golfinhos que se escondem nas covas do mar. As consequências na natureza envolvente
também são destruidoras: os montes são derrubados, as árvores são arrancadas pela raiz e
as areias do fundo do mar vêm à tona.
Neste cenário, nas estâncias 80 a 84, Vasco da Gama dirige uma súplica a Deus (“Divina
Guarda”) utilizando vários argumentos. O primeiro destaca o poder imenso de Deus que já
salvara outros homens de grandes dificuldades (Hebreus, São Paulo e Noé). O segundo
argumento sublinha que a missão tem como objetivo difundir a fé cristã. Por último, e em
terceiro lugar, louva os que afortunadamente morreram a defender a fé e pede que Deus
não os desampare, dado que só pretendem servi-Lo (“Teu serviço só pretende”). Lamenta,
ainda, não ter morrido a lutar no Norte de África, onde a morte lhe teria trazido honra e, até,
reconhecimento. A tempestade, todavia, não se apazigua, pelo contrário, agrava-se (os
ventos “como touros indómitos” e os relâmpagos “medonhos”).
Porém, nas estâncias 85 a 91, não é Deus quem acorre em sua salvação, mas Vénus,
deusa do amor e protetora dos portugueses, que, observando a aflição dos Lusos, envia as
Ninfas marinhas em seu socorro. Ordena-lhes que se embelezem e acalmem os ventos.
(“Abrandar determina, por amores,/Dos ventos a nojosa companhia,/Mostrando-lhe as
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amadas Ninfas belas”). E, assim, a tempestade termina. Conclui-se que esta foi uma vitória
da coragem humana sobre as forças da Natureza e, também, o triunfo do Amor (represen-
tado por Vénus e pelas Ninfas) sobre o ódio e a inveja (representados por Baco).
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Resumos
Nas estâncias 92 a 94, finda a tempestade, cedo pela manhã, o piloto melindano avista
Nas estâncias 18 a 20, é apresentada a decisão de Vénus: por ordem de Júpiter, pre-
tende recompensar os portugueses por todas as dificuldades que passaram. Nas estân-
cias 21 e 22, decide preparar uma ilha paradisíaca para os portugueses descansarem e
terem momentos de diversão, como prémio pelas provações passadas. No plano delineado
pela deusa, as ninfas do mar, “aquáticas donzelas” (est. 22), escolhidas entre as mais belas e
mais devotas (“Todas as que tem título de belas,/Glória dos olhos, dor dos corações”), rece-
beriam os portugueses, recompensando-os com a sua beleza, as suas danças e o seu amor.
Nas estâncias 23 e 24, para cumprir o seu objetivo, Vénus pede o auxílio do seu filho Cupido,
que em tempos já a tinha ajudado, levando Dido a apaixonar-se por Eneias: “Que, assi como
naquela empresa antiga/A ajudou já, nestrouta a ajude e siga” (est. 23). Na estância 24, per-
cebe-se que o plano de Vénus estava a ser cumprido: “No ar lascivos beijos se vão dando”.
Nas estâncias 25 a 29, Cupido pretende “fazer hũa famosa expedição/Contra o mundo
revelde” (est. 25), com o objetivo de castigar algumas atitudes dos homens, visto que “estão,/
Amando coisas que nos foram dadas,/Não pera ser amadas, mas usadas” (est. 25). Cupido
pretende castigar quem não sabe amar “a bela forma humana” (est. 26); quem se ama
apenas a si próprio (“Vê neles que não tem amor a mais”); quem é adulador (“Vendem
adulação, que mal consente”); quem ama as riquezas e não se interessa pela justiça e pela
integridade (“Amam somente mandos e riqueza,/Simulando justiça e integridade.”); quem é
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Os Lusíadas
Plano da viagem
Narração
e plano mitológico
A ninfa Tétis avisa os portugueses de que já podem partir (“Podeis vos embarcar”,
est. 143) rumo à pátria. Alegremente, enchem o barco com provisões e levam também a lem-
brança do tempo que passaram com as ninfas. Com o mar sereno e o vento de feição, che-
gam à foz do rio Tejo.
O poeta, então, lamenta-se à Musa Calíope (personificação da poesia épica), confes-
sando-lhe que se sente cansado, não pelo canto em si, mas devido ao facto de os destina-
tários do seu poema, a “gente surda e endurecida”, habitarem numa “pátria” dominada pela
“cobiça” e pela “tristeza”.
Porém, logo na estância seguinte (est. 146), o poeta supera o desânimo, interpelando o
rei, D. Sebastião (“Por isso vós, ó Rei,”), para que veja que é “Senhor só de vassalos excelen-
tes”. Nas estâncias 154 a 156, o poeta autocaracteriza-se, primeiramente, como “humilde,
baxo e rudo”, exclamando que a sua mensagem é digna de apreço, pois a sinceridade é
própria dos humildes (“Da boca dos pequenos”), mas logo salienta a particularidade de se
conjugarem nele o “honesto estudo”, a “longa esperiencia” e o “engenho”. É um homem de
armas, “braço às armas feito”, como aqueles barões assinalados no primeiro verso d’ Os
Lusíadas, ao mesmo tempo que é um poeta eminente (“mente às Musas dada”). Com tal
“virtude”, com tais méritos, falta ao poeta ser reconhecido por D. Sebastião. A ser assim, a
Musa do poeta “já estimada e leda”, isto é, valorizada e perene, conseguirá celebrar os fei-
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Resumos
O Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, é um “Auto de Moralidade” (l. 1), pois
O Fidalgo (D. Anrique) é um elemento da Nobreza, que entra em cena vestido com um
manto, uma cadeira de espaldas e um pajem, elementos que representam a sua classe
social, e também os seus pecados, nomeadamente a sua vaidade e arrogância, a explora-
ção dos mais fracos (facilitada pelo seu estatuto social) e o autoritarismo que exerceu em
vida. É acusado pelo Diabo de ser tirano e vaidoso. O Fidalgo defende-se com o argumento
de que deixara na terra quem rezasse por ele. Também é acusado de ser um falso religioso,
porque o seu comportamento revela uma vida de prazer e de infidelidade.
O Anjo acusa igualmente o Fidalgo de ser um tirano e opressor dos mais fracos e desfa-
vorecidos. D. Anrique pensava que, por ser de uma classe social elevada, da Nobreza, teria
acesso direto à barca do Paraíso.
Depois de passar pela barca infernal e pela do Anjo, regressa à do Diabo, onde, final-
mente, embarca.
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Auto da Barca do Inferno
O Onzeneiro era um usurário, que emprestava dinheiro a onze por cento (a onzena).
O Diabo recebe-o como se ele fosse seu parente. O seu traço característico (não é a “bolsa”,
o seu elemento cénico, mas o “bolsão” – note-se o grau aumentativo) é a crença no poder
ilimitado do dinheiro, que persiste até ao fim. A morte surpreende-o em plena azáfama do
“apanhar”, o que lhe vale o dito irónico do Diabo (“Ora mui muito m’espanto/nom vos livrar
o dinheiro!”, vv. 188-189). Ou seja, afinal, o dinheiro não o livrou da morte. Apesar de o Anjo
declarar amaldiçoada a “onzena”, o Onzeneiro quer ainda regressar ao mundo terreno para
trazer umas moedas, com o objetivo de corromper o próprio Anjo. Este diz-lhe ainda que o
bolsão, apesar de agora vazio, tinha contaminado de cobiça, irremediavelmente, o seu
coração. A contragosto, lá entra na barca do Inferno, onde encontra o Fidalgo.
O Parvo (Joane) era um homem simples, pobre de espírito, que, chegado ao cais, se
aproxima da barca do Inferno e pergunta se aquela é a barca dos tolos. Assim, na sua apre-
sentação destaca-se, desde logo, a sua simplicidade. Mal o Diabo o convida a entrar na sua
barca, o Parvo começa a falar de forma eufórica e desarticulada, dizendo por que motivo
morreu. O Diabo reitera o seu convite, mas, ao saber que o destino era o Inferno, o Parvo
responde-lhe despropositadamente, insultando-o.
Depois deste momento cómico, o Parvo dirige-se à barca do Paraíso e pergunta ao Anjo
se ele o quer levar na sua barca. O Anjo pergunta-lhe quem é ele e, perante a simplicidade
da resposta do Parvo (“Samica alguém.”, v. 298), o Anjo diz-lhe que ele poderá entrar na
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barca, pois os erros que cometeu não foram causados por malícia, mas por pobreza de
espírito. Contudo, o Anjo convida-o a aguardar no cais para ver se, entretanto, chegarão
mais almas merecedoras de entrar na barca do Paraíso.
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Resumos
Com a manutenção desta personagem no cais, Gil Vicente tem como objetivo utilizá-lo
O Frade, elemento do Clero, entra em cena de mão dada com a sua amante. Faz-se
acompanhar de um broquel (escudo), uma espada e um casco (capacete), os seus símbo-
los cénicos, e apresenta-se ao Diabo como cortesão: “Deo Gratias! Sou cortesão.” (v. 372).
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Auto da Barca do Inferno
O Diabo pergunta-lhe se no convento não o censuravam pela sua relação com a Moça,
“E não vos punham lá grosa/no vosso convento santo?” (vv. 381-382), ao que o Frade responde
que os outros elementos do Clero também tinham amantes: “E eles fazem outro tanto!”
(v. 383). Assim, é acusado pelo Diabo de levar uma vida mundana, ser namoradeiro, desres-
peitar o voto de castidade, gostar de dançar, cantar e esgrimir. O Frade, que exibe orgulho-
samente a sua vida mundana, defende-se, pois acredita que o facto de pertencer ao Clero,
usar hábito (“E est’hábito no me val?”, v. 390) e rezar muitos salmos (“se há um frade de
perder,/com tanto salmo rezado?”, vv. 411-412) deveria garantir-lhe um lugar no Céu.
Entretanto, o Diabo convida o Frade a dar uma aula de esgrima: “Dê Vossa Reverência
lição/d’esgrima, que é cousa boa!” (vv. 423-424). Finalizada esta lição, o Frade dirige-se à barca
da Glória e questiona o Anjo se há lá lugar para ele e para a sua amante: “Deo gratias! Há
lugar cá pera minha reverença?” (vv. 461-462). Sendo membro do Clero e tendo, portanto, a
obrigação de dar o exemplo, os pecados do Frade assumem uma gravidade acrescida,
razão pela qual o Anjo nem sequer lhe dirige a palavra, acabando por ser o Parvo a mandá-
-lo embora: “Andar, muitieramá!” (v. 465).
O Frade resigna-se e entra na barca do Diabo com Florença.
O Anjo envia-a rapidamente para a barca do Inferno, onde é recebida com ironia pelo
Diabo.
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Resumos
Trazendo um bode às costas, símbolo da sua religião, o Judeu, ao contrário das outras
personagens, dirige-se de imediato à barca do Inferno e pede ao Diabo que o embarque no
seu batel. Esta situação explica-se pelo facto de, à época, os cristãos-novos (judeus) não
serem aceites na sociedade. Por isso, também ao contrário do que acontece com as outras
personagens, o Diabo não revela interesse em embarcá-lo – para se livrar dele, chega até a
sugerir que ele tente entrar na barca do Anjo, pois está mais vazia. Perante as recusas do
arrais do Inferno, o Judeu até oferece dinheiro para que o Diabo o deixe embarcar com o
bode, símbolo que representa o apego à sua religião. Contudo, o Diabo não cede, dizendo-
-lhe que não permitirá a entrada do bode no seu batel. O Judeu, indignado, não compreende
como é possível que não haja lugar para ele numa barca onde vai a Alcoviteira. Por isso,
pergunta ao Fidalgo, que também já está na barca, se ele o deixa entrar, dando a entender
que é o Fidalgo quem manda na embarcação, o que deixa o Diabo ainda mais furioso.
Depois disto, o Judeu insulta o arrais, recorrendo a uma linguagem grosseira.
Entretanto, dirige-se à barca do Paraíso onde é recebido por Joane que, mais uma vez,
desempenha o papel de acusador, substituindo-se ao Anjo, que nem sequer intervém.
É então acusado de roubo e de não cumprir os preceitos religiosos (profanação de sepultu-
ras, comer carne em dias de jejum, etc.). Perante estas acusações, o Judeu volta à barca do
Inferno e o Diabo diz-lhe que só o deixará ir a reboque da barca, levando o bode pela trela,
o que coloca esta personagem num plano inferior ao de todos os outros condenados.
Profissão: Profissão:
Corregedor Procurador
(Juiz) (Advogado)
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Auto da Barca do Inferno
Elemento cénico:
Corda ao pescoço (baraço)
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Resumos
Elementos cénicos:
Cruz de Cristo, espada, escudo
Ao contrário das outras personagens, os Cavaleiros são uma personagem coletiva, isto
é, um grupo de indivíduos que age por uma só vontade. Trazem, como símbolos cénicos,
a Cruz de Cristo, as espadas e os escudos, e representam os Cavaleiros das Cruzadas
mortos na luta pela expansão da fé cristã (divulgando a palavra de Deus). Quando entram
em cena, entoam uma canção para os “pecadores” (v. 836), referindo que, após a morte, serão
castigados ou recompensados, em função das suas atitudes em vida, sendo esta, no fundo,
a moralidade do Auto: “que, despois da sepultura,/neste rio está a ventura/de prazeres ou
dolores!” (vv. 837-840). Em seguida, dirigem-se, confiantes e decididos, para a barca da Glória,
sem parar na barca do Inferno e, quando interpelados pelo Diabo (“Cavaleiros, vós passais/
e nom perguntais onde is?”, vv. 843-844), estes argumentam que morreram a lutar pela fé e,
por isso, sabem que entrarão, diretamente, na barca do Anjo: “Quem morre por Jesu Cristo/
não vai em tal barca como essa!” (vv. 853-854). O Diabo fica surpreendido com a sua atitude e
acaba por não lhes fazer qualquer acusação. O Anjo, que já os esperava, recebe-os alegre-
mente, invocando que, por serem mártires da Igreja, serão recompensados com a vida
eterna: “Sois livres de todo o mal,/mártires da Madre Igreja,/que quem morre em tal peleja/
merece paz eternal.” (vv. 859-862).
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