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Química geral II

Deusmaque Carneiro Ferreiro

Ely Zago

Ricardo Alexandrino Dias

Ednéia Polato Dorneles

Natal Junio Pires

Sebastião Francelino da Cruz

Revisão técnica
Fernanda Ferraz Lima
Wilson de Sousa Benjamin
© 2017 by Universidade de Uberaba

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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
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Pró-Reitor de Educação a Distância


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Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube

Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio

Revisão técnica
Fernanda Ferraz Lima
Wilson de Sousa Benjamin

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube

Q41 Química geral II / Deusmaque Carneiro Ferreiro ... [et al.]. –


Uberaba : Universidade de Uberaba, 2017.
216 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7777-789-1

1. Química. 2. Química – Estudo e ensino. 3. Reações


químicas. I. Ferreiro, Deusmaque Carneiro. II. Universidade de
Uberaba. Programa de Educação a Distância.

CDD 540
Sobre os autores

Deusmaque Carneiro Ferreiro

Doutorado em Química (Eletroquímica Aplicada) pela Universidade Federal de


Uberlândia (UFU). Mestrado em Química (Eletroquímica Aplicada) pela Universi-
dade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Química pela Universidade
Federal de Lavras (Unilavras). Licenciatura em Química pela Universidade de
Uberaba (Uniube). Graduado em Biomedicina pela Universidade Federal do Tri-
ângulo Mineiro (UFTM). Tem experiência na área de Química com ênfase nos
seguintes temas: produção de biocombustíveis, gestão e gerenciamento de resí-
duos sólidos, biossorção e dessorção de metais tóxicos, extração e caracterização
de produtos naturais de interesse ambiental, desenvolvimento de novas platafor-
mas para imobilização de biomoléculas na superfície transdutora de biossensores.
Professor Adjunto I da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), dedi-
cação exclusiva, no departamento de Engenharia Ambiental do Instituto de Ciên-
cias Tecnológicas e Exatas (ICTE). Professor permanente e vice-coordenador do
Mestrado Acadêmico em Ciência e Tecnologia Ambiental no Programa de Pós-
-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA-UFTM).

Ednéia Polato Dorneles

Mestrado em Ciências, com ênfase em produtos naturais, pela Faculdade de


Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP). Aperfeiçoamento em “O
Fazer e o Pensar no Cotidiano da Sala de Aula”, pela Universidade de Uberaba
(Uniube). Licenciatura em Química pela Universidade Estadual de Maringá
(UEM). Tem experiência na área de Química, atuando principalmente nos se-
guintes temas: química, química orgânica, ensino de química, prática de ensino
e estágio supervisionado.

Ely Zago

Licenciado em Química pelas Faculdades Integradas São Tomaz de Aquino, pós­


‑graduado em metodologia do ensino superior pela Universidade Federal de Santa
Catarina, especializado em Química pela Universidade Católica de Minas Gerais.
IV UNIUBE

Natal Junio Pires

Doutorado em Educação pela Universidade São Francisco (USF) com período


sanduíche na Universidad Pedagogica Nacional (Bogotá/Colômbia) dentro do
programa PDSE/2014 do MEC financiado pela CAPES. Mestrado em Química,
com ênfase em Química Analítica, pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Graduado em Química (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU). Professor nível D401 do Centro Federal de Edu-
cação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG). Tem experiência na área de
Química e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: biopolítica,
governamentalidade na perspectiva foucaultiana, políticas públicas de educação,
educação científica, ensino de química, química inorgânica, biocombustíveis e
técnicas espectroanalíticas.

Ricardo Alexandrino

Especialista em Gestão de Resíduos Sólidos Hospitalares pela Universidade


Cândido Mendes / AVM Faculdade Integrada. Licenciado em Química pela Uni-
versidade Federal de Uberlândia (UFU). Chefe de laboratório de pesquisa RSC
Indústria de Óleos Vegetais (Uberlândia MG).

Sebastião Francelino da Cruz

Doutorado em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Mes-


trado em Química (área de concentração: físico-química) pela Universidade
Federal de Uberlândia (UFU). Licenciatura e Bacharelado em química pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor na Universidade de Ube-
raba (Uniube) de 2002 a 2012, atuando nos cursos de licenciatura em química,
engenharia química, engenharia de produção, biomedicina e tecnologia em
produção sucroalcooleira. De 2008 a 2012 foi diretor do curso de licenciatura
em Química da Universidade de Uberaba (Uniube). Tem experiência na área de
Química, com ênfase em polímeros e em educação, atuando principalmente nos
seguintes temas: educação, ensino a distância, reciclagem de polímeros. Pro-
fessor efetivo e Diretor Geral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec-
nologia de São Paulo-IFSP, campus Avaré-SP.
Sumário

Apresentação.................................................................................................. IX

Capítulo 1 Laboratório: o espaço do cotidiano................................................1


1.1 Laboratório: o espaço cotidiano....................................................................................3
1.2 Normas de segurança em laboratórios ........................................................................4
1.3 Toxicidade......................................................................................................................6
1.4 Vidrarias e equipamentos básicos para o ensino de Química ......................................6
1.5 Técnicas básicas de laboratório .................................................................................16
1.5.1 Aquecimento.......................................................................................................16
1.5.2 Medição de volumes ..........................................................................................18
1.5.3 Uso da bureta.....................................................................................................20
1.5.4 Técnicas de aquecimento para vidrarias............................................................20
1.6 Técnicas de transferência de líquidos e sólidos e técnicas de pesagem ...................22
1.6.1 Transferência de líquidos ...................................................................................22
1.6.2 Transferência e medida de sólidos .....................................................................23
1.7 Algumas técnicas importantes de filtração..................................................................23
1.7.1 Separação de sólidos e líquidos ........................................................................23
1.8 Materiais e equipamentos alternativos para o ensino de Química..............................25

Capítulo 2 O estudo das grandezas químicas...............................................29


2.1 Grandezas químicas....................................................................................................30
2.2 Massa atômica ou peso atômico.................................................................................33
2.3 Massa das moléculas..................................................................................................37
2.4 Fórmula mínima ou fórmula empírica .........................................................................42
2.5 Fórmulas mínimas a partir de análises .......................................................................43
2.6 Conclusão ...................................................................................................................51

Capítulo 3 Funções inorgânicas: ácidos, bases e sais..................................53


3.1 Estudo das propriedades físicas e organolépticas das funções inorgânicas:
   ácido, base e sal.........................................................................................................55
3.1.1 Aplicação das propriedades organolépticas e fisiológicas de alguns
grupos de substâncias.......................................................................................56
3.2 Estudo das funções ácido e base................................................................................58
3.2.1 Função ácida......................................................................................................59
3.3 Nomenclatura e fórmula dos ácidos............................................................................60
VI UNIUBE

3.3.1 Ácidos não oxigenados......................................................................................61


3.3.2 Ácidos oxigenados.............................................................................................61
3.3.3 Determinação teórica da força ácida .................................................................64
3.3.4 Força nos hidrácidos..........................................................................................64
3.3.5 Força nos oxiácidos............................................................................................65
3.4 Fórmulas estruturais dos ácidos..................................................................................66
3.5 Reações de ionização.................................................................................................67
3.6 Classificação dos ácidos .............................................................................................68
3.7 Função base................................................................................................................70
3.8 Nomenclatura e fórmulas das bases...........................................................................70
3.9 Classificação das bases..............................................................................................73
3.10 Conceitos modernos sobre ácido e base..................................................................74
3.10.1 Teoria protônica de Brönsted‑Lowry..................................................................75
3.10.2 Teoria eletrônica de Lewis................................................................................76
3.11 Aplicação prática de ácidos e bases mais importantes em nosso cotidiano.............78
3.12 Sais............................................................................................................................79
3.12.1 Reação de neutralização total..........................................................................80
3.12.2 Nomenclatura dos sais normais ou neutros.....................................................80
3.12.3 Reação de neutralização parcial do ácido........................................................81
3.12.4 Nomenclatura dos hidrogenossais ..................................................................82
3.12.5 Reação de neutralização parcial da base .......................................................83
3.12.6 Nomenclatura dos hidroxissais.........................................................................83
3.13 Conclusão..................................................................................................................84

Capítulo 4 Óxidos..........................................................................................85
4.1 Função óxido...............................................................................................................86
4.2 Formulação dos óxidos e nomenclatura geral.............................................................87
4.2.1 Regra geral de nomenclatura.............................................................................87
4.3 Ligação química nos óxidos........................................................................................88
4.4 Classificação dos óxidos.............................................................................................88
4.4.1 Óxidos básicos....................................................................................................89
4.4.2 Óxidos ácidos ou anidricos.................................................................................91
4.4.3 Óxidos anfóteros.................................................................................................91
4.4.4 Óxidos neutros....................................................................................................92
4.4.5 Óxidos duplos ou salinos....................................................................................93
4.5 Peróxidos.....................................................................................................................93
4.5.1 Nomenclatura dos peróxidos...............................................................................94
4.5.2 Algumas particularidades a respeito do peróxido de hidrogênio........................94
4.6 Óxidos e a poluição atmosférica.................................................................................94

Capítulo 5 Soluções químicas: conceito e aplicabilidade............................101


5.1 Introdução à solubilidade...........................................................................................102
5.2 Dissolução.................................................................................................................103
5.3 Tipos de soluções......................................................................................................105
UNIUBE VII

5.3.1 Soluções gasosas............................................................................................105


5.3.2 Soluções líquidas.............................................................................................105
5.3.3 Soluções sólidas...............................................................................................107
5.4 Curvas de solubilidade..............................................................................................107
5.4.1 Saturação das soluções...................................................................................108
5.4.2 Ponto de inflexão.............................................................................................. 112
5.5 Concentração das soluções...................................................................................... 113
5.5.1 Concentrações expressas em volume da solução........................................... 113
5.5.2 Concentrações expressas em massa da solução............................................ 118
5.6 Técnicas de preparo de soluções..............................................................................125
5.7 Diluição......................................................................................................................127
5.8 Conclusão..................................................................................................................129

Capítulo 6 As principais classes de reações químicas................................131


6.1 As principais classes de reações químicas...............................................................132
6.1.1 Considerações iniciais......................................................................................132
6.1.2 Importância da água como solvente.................................................................133
6.1.3 Reações de precipitação e reações ácido‑base...............................................138
6.1.4 Escrevendo reações iônicas em meio aquoso.................................................139
6.2 Reações de precipitação...........................................................................................140
6.2.1 A força motriz de reações de precipitação em meio aquoso ...........................141
6.2.2 Predizendo se uma reação de precipitação ocorrerá.......................................143
6.3 Reações ácido‑base..................................................................................................144
6.3.1 A força motriz da reação ácido‑base: formação de H2O a partir de H+ e OH–.....146
6.3.2 Análise mais precisa das reações ácido‑base..................................................148
6.3.3 Reações ácido‑base que formam um produto gasoso.....................................149
6.4 Reações de oxidorredução........................................................................................150
6.4.1 Processos redox na formação de compostos iônicos moleculares..................150
6.4.2 Terminologia essencial em oxidorredução.......................................................152
6.4.3 Uso do número de oxidação para monitorar o movimento de elétrons............153
6.4.4 Algumas reações de oxidorredução envolvendo elementos ...........................156
6.4.5 Combinando elementos....................................................................................157
6.4.6 Reações de síntese que não são de oxidorredução........................................159
6.4.7 Reações de decomposição..............................................................................159
6.4.8 Reações de deslocamento ou troca.................................................................161
6.5 Reações de combustão.............................................................................................163
6.6 Reações de precipitação............................................................................................165
6.7 Reações ácido-base...................................................................................................171
6.8 Reações de oxirredução............................................................................................173
6.9 Conclusão..................................................................................................................177

Capítulo 7 Estequiometria............................................................................179
7.1 Introdução à estequiometria .....................................................................................180
7.2 Passos para a resolução dos cálculos .....................................................................183
7.3 Tipos de cálculo estequiométrico .............................................................................188
7.3.1 Quando o dado e a pergunta são expressos em mol ......................................188
7.3.2 Quando o dado e a pergunta são expressos em massa .................................189
7.4 Enunciado em mol, resposta em volume .................................................................191
7.5 Reagente limitante.....................................................................................................193
7.5.1 Quando são dadas as quantidades de dois ou mais reagentes.......................193
7.5.2 Rendimento teórico .........................................................................................196
7.5.3 Rendimento percentual ...................................................................................196
7.6 Impureza ...................................................................................................................200
Apresentação

Prezado(a) aluno(a).

Você está recebendo mais um livro de seu curso de Química na modalidade a


distância, intitulado Química geral II. Neste livro, serão exploradas situações que
envolvem o uso experimental de equipamentos e vidrarias para a interpretação
de fenômenos físicos e químicos.

No primeiro capítulo, veremos, em detalhe, o que é e para que serve o laboratório


de química. Além disso, ficará sabendo quais são as normas de segurança em
laboratórios e sobre a conduta de boas práticas, a fim de evitar acidentes graves.
Aprenderá a identificar as principais vidrarias de laboratório e terá oportunidade
de refletir sobre a importância da experimentação no ensino de Química.

O segundo capítulo, intitulado “O estudo das grandezas químicas”, iremos


abordar os conceitos básicos sobre massa atômica, massa molar e as escalas de
massa atômica, tendo como base as ideias de Dalton sobre a estrutura atômica.
A partir do conhecimento já adquirido por você sobre a estrutura atômica e as
ligações químicas, discutiremos sobre as relações entre esses conceitos e as
transformações químicas. Em seguida, será feita uma abordagem histórica sobre
a relação entre a massa e o número de partículas de uma amostra de matéria.
Finalmente, introduziremos o conceito de mil como medida da quantidade da
matéria.

Em seguida, vamos estudar, no terceiro e no quarto capítulos, a transformação


que a matéria pode sofrer em função das reações químicas entre moléculas. No
capítulo 3, veremos as seguintes funções inorgânicas: ácidos, bases e sais e, no
X UNIUBE

quarto capítulo, a função óxido. O estudo das propriedades desses compostos


e suas peculiaridades nos levará a entender as transformações da matéria
que frequentemente ocorrem por meio de diferentes reações químicas. Assim,
trataremos, nestes dois capítulos, das principais classes de reações químicas
inorgânicas, que podem ser sistematicamente enquadradas em diferentes grupos,
de acordo com a sua especificidade. Será abordado ainda um conjunto de regras
que proporcionará a você a capacidade de prever a ocorrência ou não de uma
reação, com base na natureza química das espécies reagentes. Procuramos
abordar o tema sempre relacionando‑o com situações atuais e de interesse para
a Química.

Prosseguindo, nos capítulos 5 e 6, “Soluções químicas: conceito e aplicabilidade”


e “As principais classes de reações químicas”, faremos um estudo das soluções,
suas formas de concentração, bem como suas propriedades. Enfatizamos
a importância desse conhecimento na solução de problemas relacionados a
nossa vida. No capítulo 5, procuraremos compreender o que é uma solução e
entender o seu comportamento. Vamos aprender, também, a preparar soluções
e a aplicá-las em práticas industriais. No capítulo 6, as reações químicas serão
vistas de um ponto de vista microscópico, procurando compreender o que foi
visto em nível macroscópico. Estudaremos vários tipos de reações, classificados
de acordo com a quantidade de espécies dos reagentes e produtos e de sua
natureza. Veremos como usar equações iônicas para especificar a natureza das
reações em meio aquoso. Procuraremos compreender, também, a natureza da
força motriz das reações iônicas e interpretar a ocorrência ou não de uma reação
química. Finalmente, analisaremos o caráter das reações ácido-base em meio
aquoso como processo de transferência de prótons e discutiremos a presença de
elementos em tipos importantes de reações de oxidorredução, tais como síntese,
decomposição e deslocamento.

Por fim, todos os conceitos vistos serão aplicados nos cálculos estequiométricos
envolvendo reações químicas. Será possível perceber que a estequiometria é uma
ferramenta indispensável para mensurar as quantidades de reagentes e produtos
envolvidos em uma transformação química. Daí decorre sua grande aplicabilidade
UNIUBE XI

em nosso cotidiano. Teremos a oportunidade de descrever situações inerentes à


produção industrial, tais como impureza dos reagentes, excesso de reagente e
de diferenciar o rendimento teórico do real e compreender a estequiometria em
reações que se processam em mais de uma etapa, por exemplo, a produção do
ácido sulfúrico a partir da oxidação do enxofre em meio aquoso.
Como você pode ver, trata-se de conteúdo da maior importância, tanto em
situações correntes da vida cotidiana, como também para a sua formação
profissional. Você certamente se sentirá compelido a aprofundar cada vez
mais nesse assunto e procurará ir além do que aqui se expõe, em busca de
mais esclarecimentos nesse rico universo da química, em pesquisas pessoais
que desenvolverá durante o curso e também depois, no decorrer de sua vida
profissional.

Bons estudos!
Capítulo
Laboratório: o espaço
1
do cotidiano

Ednéia Polato Dorneles

Introdução
Muitos acontecimentos naturais levaram o homem a pensar em inú-
meras possibilidades de desenvolvimento de teorias. Sabemos que
muitas das teorias criadas por ele não passam de tentativas, às
vezes desesperadas, de explicar alguns fenômenos ainda inexplicá-
veis.

Mas a Química não se faz apenas de maneira calculada e sensata.

Estamos cozinhando e deparamos com tantos acontecimentos ao


nosso redor que ficamos atordoados pensando em como são expli-
cadas tantas reações.

Poderíamos apenas ficar estagnados, aguardando o dia em que


descobriríamos a realidade das coisas. Mas não. Somos seres pen-
santes, inacabados e com grande desejo e motivação para construir.

A Química não é feita apenas de teorias e laboratórios. A experimen-


tação proporciona apenas o prazer visual que não conseguimos
adquirir em tantas teorias e fundamentos.

Cabe aos educadores pensar em suas conquistas! Hoje é indiscutí-


vel a necessidade de associarmos a aprendizagem ao conhecimento
do senso comum, ao cotidiano de nosso educando.
2 UNIUBE

A partir deste capítulo, com os conhecimentos básicos das normas


de segurança e algumas técnicas, você poderá compreender as
bases da experimentação na Química para que, num futuro muito
próximo, possa associar ao ensino a importância, a realidade, a ética
e, acima de tudo, a aplicação para a vida.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• conscientizar sobre as normas de segurança em laboratórios;


• identificar as principais vidrarias de laboratório;
• refletir sobre a importância da experimentação no ensino de
Química apesar da ausência de vidrarias e equipamentos em
muitas escolas;
• formular hipóteses para o trabalho experimental fora do laboratório.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• laboratório: o espaço cotidiano;


• normas de segurança em laboratório;
• toxicidade;
• vidrarias e equipamentos básicos para o ensino de Química;
• técnicas básicas de laboratório;
• aquecimento;
• aquecimento com bico de Bunsen;
• aquecimento por banho‑maria;
• medição de volumes;
• uso da bureta;
• técnicas de aquecimento para vidrarias;
• técnicas de transferência de líquidos e sólidos e técnicas de
pesagem;
UNIUBE 3

• transferência de líquidos;
• transferência e medida de sólidos;
• técnicas de filtração;
• materiais e equipamentos alternativos para o ensino de Química.

1.1 Laboratório: o espaço cotidiano


O laboratório de química é um local apropriado para a pesquisa e o ensino de
Química. Os laboratórios de ensino normalmente são construídos com o objetivo
de agrupar um número de alunos para a execução de determinadas experiências.
Este tipo de laboratório existe em muitas escolas.

Por isso o laboratório de química é extremamente importante! Trata-se de um


local onde as teorias são colocadas em prática. Devido a experiências de com-
provação de novas teorias, as indústrias se desenvolvem cada vez mais rapi-
damente, com qualidade em seus produtos e com preço mais acessível.

IMPORTANTE!

Normalmente os laboratórios de química representam um lugar de risco, mas sabemos


que, com algumas precauções e cuidados, as experiências podem trazer muitos bene-
fícios para o homem.

Os acidentes mais frequentes são em virtude de pressa ou de descuidos do experi-


mentador. Todos os envolvidos nas atividades de laboratório devem ter a cautela de
prestar atenção nas normas de segurança e nos cuidados específicos para a reali-
zação do experimento em questão.

As principais atitudes coerentes para um bom trabalho estão escritas abaixo,


lembrando que a falta de atenção a alguns detalhes do procedimento é a prin-
cipal causa de acidentes em laboratório.
4 UNIUBE

1.2 Normas de segurança em laboratórios


Estão relacionados a seguir alguns cuidados para a segurança em laboratórios
de química:

1. É apropriado o uso de avental, de preferência de algodão, longo e de


mangas compridas.

2. Não devem ser utilizadas minissaias, bermudas ou calçados abertos.

3. Nunca cheire, manipule ou prove qualquer substância. Sabe‑se que a


contaminação pode ocorrer por inalação e/ou ingestão e/ou absorção pela
pele.

4. Não é permitido fumar, comer ou beber nos laboratórios.

5. Lave as mãos ao sair, preferencialmente com água e sabão.

6. Faça sempre o reconhecimento da localização dos acessórios de segu-


rança.

7. Antes de usar substâncias desconhecidas, procure informações sobre


como manuseá‑las e descartá‑las.

8. Leia com atenção o rótulo de um frasco de reagente antes de sua utiliza-


ção.

9. Não retorne os reagentes utilizados aos frascos.

10. Evite transitar com reagentes pelo laboratório.

11. Utilize somente equipamentos que já conheça o uso.

12. Utilize luvas apropriadas para manipular material quente.

13. Nunca pipete líquidos com a boca, a fim de evitar o contato com estes
líquidos e também com as pipetas. Para isso, utilize pitadores ou peras.

14. Cuidado com as técnicas de aquecimento. Preste atenção no que diz o


roteiro do experimento e avise os demais colegas de trabalho sobre o
vidro quente. Lembre‑se de que ele pode ter a mesma aparência que a
UNIUBE 5

do vidro frio. Não trabalhe com materiais imperfeitos, pois eles podem
ocasionar acidentes durante a execução do experimento.

15. Sempre que for verter um líquido de um frasco, utilize o lado oposto ao
rótulo, evitando que o líquido escorra sobre o rótulo, impedindo sua iden-
tificação no futuro.

IMPORTANTE!

Erros muito comuns são a distração e a falta de conhecimento sobre o que está sendo
executado!

Laboratório não é lugar de brincadeiras! Concentre-se no que estiver fazendo.

Ao realizar um experimento,

• nunca adicione água a ácidos, pois isso causa um processo altamente exo-
térmico (grande liberação de energia), podendo causar até a explosão de
vidrarias e, em consequência, acidentar o manipulador com graves queima-
duras. Portanto sempre adicione ácidos a água. Se respingar, limpe a mesa
ou bancada imediatamente, com muito cuidado;

• para verificar o odor de substâncias ou soluções, nunca as coloque diretamente


sob o nariz. Procure trazer os vapores até seu nariz com o auxílio das mãos;

• para manipular frascos ou tubos de ensaio, deve-se dirigir a boca deles na


direção em que não haja outras pessoas;

• preste muita atenção às técnicas de aquecimento;

• para a manipulação de alguns solventes, ácidos e/ou substâncias tóxicas, é


necessária a capela, que possui uma boa exaustão;

• cuidado: antes de realizar qualquer experimento, conheça todo o procedi-


mento. Somente o realize com total segurança.
6 UNIUBE

SAIBA MAIS

A capela citada anteriormente é um equipamento usado para retirar vapores do labo-


ratório, evitando ou minimizando a fuga de substâncias tóxicas pelo ar dentro do
ambiente. O sistema é formado por dutos de ar, um exaustor e, quando possível, um
sistema de filtros.

1.3 Toxicidade
Sabemos que as principais vias de contaminação são a ingestão, a inalação e
a absorção percutânea, ou seja, pela pele.

Sempre que possível devemos usar uma substância menos perigosa ou minimizar
o risco de sua utilização. Não sendo possível a substituição destas substâncias, os
experimentos devem ser realizados na capela. Praticamente não existe contami-
nação se houver uma boa higiene pessoal ao longo do trabalho.

1.4 Vidrarias e equipamentos básicos para o ensino de Química


Faremos aqui o reconhecimento de algumas vidrarias e equipamentos mais
utilizados em um laboratório de química. Podemos classificá-los em:

• Recipientes: béquer e erlenmeyer.

• Filtros: funil de haste longa e Funil de Büchner.

• Suporte: suporte universal e tripé.

• Medidor: termômetros e pipetas.

• Outros: bico de Bunsen e condensador.

Veja a seguir alguns exemplos ilustrados entre os muitos materiais de um laboratório.


UNIUBE 7

Béquer:
É de uso geral. Serve para fazer reações entre soluções,
dissolver substâncias sólidas, efetuar reações de preci-
pitação e aquecer líquidos. Pode ser aquecido sobre a
tela de amianto.

Erlenmeyer:
Utilizado em titulações, aquecimento de líquidos, para
dissolver substâncias e proceder a reações entre so-
luções. Seu diferencial em relação ao béquer é permi-
tir agitação manual, devido ao afunilamento, sem que
haja risco de perda do material agitado.

Balão volumétrico:
Possui volume definido e é utilizado para o preparo de so-
luções com precisão em laboratório.

Bureta com torneira de vidro ou teflon:

Aparelho utilizado em análises volumétricas não tão precisas, mas


é uma vidraria de grande precisão quando comparada com outras.
Apresenta tubo de parede uniforme para assegurar a tolerância
estipulada com exatidão e gravação permanente em linhas bem
delineadas a fim de facilitar a leitura de volume escoado.
8 UNIUBE

Funil de separação:
Utilizado na separação de líquidos não miscíveis e na extra-
ção líquido/líquido.

Pipeta graduada:

Utilizada para medir pequenos volumes. Mede volumes


variáveis. Não pode ser aquecida e não apresenta pre-
cisão na medida.

Pipeta volumétrica:

Usada para medir e transferir volume de líquidos. Não pode ser


aquecida, mas possui grande precisão de medida. Mede um único
volume, o que possibilita sua precisão.

Proveta ou cilindro graduado:

Serve para medir e transferir volumes variáveis de líquidos em


grandes quantidades. Pode ser encontrada nos mais variados
volumes, de 10 até 2.000 mL. Não pode ser aquecida.
UNIUBE 9

Tubo de ensaio:

Empregado para fazer reações em pequena escala,


principalmente em testes de reação em geral. Pode ser
aquecido com movimentos circulares e com cuidado
diretamente sob a chama do bico de Bünsen.

Estante para tubo de ensaio:

É usada como suporte de tubos de ensaio.

Tripé:

Sustentáculo para efetuar aquecimentos de soluções


em vidrarias diversas de laboratório. É utilizado em
conjunto com a tela de amianto.

Pinça de madeira:

Usada para prender o tubo de ensaio durante o


aquecimento.

Tela de amianto:

Suporte para as peças a ser aquecidas. A função do


amianto é distribuir uniformemente o calor recebido
pelo bico de Bünsen. Atualmente sua comercialização
está sendo proibida, por ser o amianto cancerígeno.
10 UNIUBE

Pisseta ou frasco lavrador:

Usada para lavagem de materiais ou recipientes através


de jatos de água, álcool ou outros solventes.

Balão de fundo chato:

Utilizado como recipiente para líquidos ou soluções


para fazer reações com desprendimento de gases.
Pode ser aquecido sobre o tripé com tela de amianto.

Balão de fundo redondo:

Utilizado principalmente em sistemas de refluxo e eva-


poração a vácuo, acoplado a um rotaevaporador.

Cadinho:

Peça geralmente de porcelana cuja utilidade é


aquecer ou fundir substâncias a seco e com grande
intensidade de calor (acima de 500°C), por isso
pode ser levado diretamente ao bico de Bünsen.
Pode ser feito de ferro, chumbo, platina e porcelana.

Cápsula de porcelana:

Peça de porcelana usada para evaporar líquidos


das soluções e secar substâncias. Pode ser utili-
zada em estufas desde que se respeite o limite de
500°C.
UNIUBE 11

Condensador:

Utilizado na destilação, tem como finalidade


condensar vapores gerados pelo aquecimento
de líquidos. Os mais comuns são os de Liebig,
como o da figura ao lado, mas há também o
de bolas e o serpentina.

Dessecador:

Usado para guardar substâncias em atmosfera com


baixo índice de umidade.

Funil de Büchner:

Utilizado em filtrações a vácuo. Pode


ser usado com a função de filtro em
conjunto com o Kitassato.

Kitassato:

Utilizado em conjunto com o funil de Büchner em filtra-


ções a vácuo.

Vidro de relógio:

Peça de vidro de forma côncava,


usada em análises e evaporações
em pequena escala, além de auxi-
liar na pesagem de substâncias
não voláteis e não higroscópicas.
Não pode ser aquecida direta-
mente.
12 UNIUBE

Anel ou argola:

Usado como suporte do funil na filtração.

Balança digital:

Usada para medir a massa de sólidos e líquidos não


voláteis com precisão de até quatro casas decimais.

Bico de Bünsen:

É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório.


Contemporaneamente tem sido substituído pelas mantas e
chapas de aquecimento. Deve‑se evitar seu uso quando
utilizadas substâncias inflamáveis dentro do recipiente que
se quer aquecer.

Garra de condensador:

Usada para prender o condensador ou outras


peças, como balões, Erlenmeyers, à haste do
suporte.

Pinça metálica (tenaz):

Usada para manipular objetos aqueci-


dos.
UNIUBE 13

Suporte universal:

Utilizado em operações como filtração, suporte para


condensador, bureta, sistemas de destilação etc. Serve
também para sustentar outras peças.

Almofariz com pistilo:

Usado na trituração e pulverização de sólidos em


pequena escala.

Espátulas e colheres:

Utilizadas para transferência de sólidos, são en-


contradas em aço inox, porcelana, níquel, osso e
polipropileno.

Centrífuga:

Serve para acelerar o pro-


cesso de decantação.
14 UNIUBE

Estufa:

Com controle de tempe-


ratura através de ter-
mostato, é utilizada para
secagem de material;
costuma alcançar até
300°C.

Mufla:

Produz altas temperaturas. É utilizada,


em geral, para calcinação, alcançando
até 1.200°C.

Manta de aquecimento:

Serve para aquecimento em temperatura controlada.


É utilizada, necessariamente, quando há presença de
produtos inflamáveis dentro das vidrarias a aquecer.

Garras diversas:

Fixar tubos, balões, erlenmeyers etc.


UNIUBE 15

Como sabemos se uma medida realizada é precisa ou exata?

Levando em conta as limitações na coleta de dados, podemos tirar determinadas


conclusões.

Para isso, temos que levar em conta os erros no processo Precisão


de experimentação. Existem vários fatores que podem
interferir e que podem ser detectados, na tentativa de um Resultados com
flutuações pequenas em
resultado melhor ou mais próximo da realidade. torno de um valor médio.

Exatidão

A precisão depende mais do operador e a exatidão Resultados com


discrepâncias
depende tanto do operador quanto do instrumento de pequenas em relação
medida. ao valor verdadeiro.

Quadro 1: Resultado preciso e exato


16 UNIUBE

1.5 Técnicas básicas de laboratório

IMPORTANTE!

Agora que você já fez o reconhecimento de alguns materiais de laboratório, vamos


observar algumas técnicas muito utilizadas em laboratório de química.

Apesar de muitas escolas não possuírem vários dos materiais necessários à


prática de laboratório, estas técnicas podem ser úteis, inclusive, com o uso de
materiais alternativos.

1.5.1 Aquecimento

Em um laboratório, antes de qualquer substância ser aquecida, é necessário


conhecer suas propriedades para que acidentes graves sejam evitados. Alguns
acidentes podem provocar cegueira, deformações e outras consequências em
longo prazo.

O aquecimento de substâncias ou soluções pode ser feito através de aquece-


dores elétricos (chapas ou mantas elétricas), bico de gás ou banhos (normal-
mente de água).

1.5.1.1 Aquecimento com bico de Bünsen (bico de gás)

Como ilustrado a seguir, o bico de Bünsen utilizado no laboratório é bastante


seguro, pois queima um fluxo contínuo de gás, não havendo risco de a chama
se propagar pelo tubo e causar acidentes. Normalmente é utilizado gás natural
ou alternativamente um GLP (Gás de Petróleo Liquefeito), como propano, butano
ou uma mistura de ambos.

No laboratório são realizados aquecimentos em geral com o bico de Bünsen


(Figura 1), pois sua chama pode alcançar temperaturas elevadas (aproximada-
mente 1.500°C). Sempre deve ser usado para o aquecimento de sólidos e líqui-
dos não inflamáveis e para evaporação de soluções aquosas, desde que
estejam em vidrarias convenientes (que suportem elevadas temperaturas).
UNIUBE 17

1540
1560
1540

Figura 1: Bico de Bünsen.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

O bico de Bünsen possui algumas zonas de aquecimento como mostra a Figura


1. Vejamos quais são elas.

Zona externa: de coloração violeta pálida, quase invisível, na qual os gases


sofrem combustão completa, resultando em CO2 e H2O. Esta zona é chamada
de zona oxidante. As temperaturas variam entre 1.540ºC e 1.560.

Zona intermediária: possui luminosidade característica, na qual ocorre a


combustão incompleta, por deficiência do gás oxigênio (O2). O carbono forma
o monóxido de carbono (CO), que pode se decompor pelo calor, resultando
em carbono (C), que, incandescente, causa luminosidade à chama. Esta
zona é chamada de zona redutora. As temperaturas encontram‑se abaixo
de 1.540ºC.

Zona interna: é caracterizada por uma “casca” azulada, contendo gases que
ainda não sofreram combustão – mistura carburante (temperaturas em torno
de 300ºC).

Na Figura 1, notamos que, com o regulador de ar parcialmente fechado, pode-


mos distinguir três zonas de chama. Se o registro de ar estivesse aberto, ocor-
reria entrada de quantidade suficiente de O2 (do ar) para uma combustão mais
acentuada dos gases, formando, além do CO, uma quantidade maior de CO2 e
H2O, tornando, assim, a chama quase invisível.

Exemplos de reações de combustão para o gás propano:


18 UNIUBE

Para acender o bico do gás, proceda da seguinte maneira:

Sempre verifique se a entrada de ar está fechada. Abra a válvula de gás e


acenda. Em seguida, abra lentamente a entrada de ar até que a chama tenha
o aspecto azulado. Neste caso, serão notadas duas regiões distintas: a interna
e a externa (quase invisível). Se a chama estiver amarelada é indício de pouco
gás oxigênio na reação, tornando necessária uma melhor regulagem na entrada
de ar do bico de gás.

Para apagar o bico do gás:

Execute o procedimento contrário ao que realizou para acender o bico. Tenha


sempre o cuidado de fechar completamente o registro de gás para prevenir
acidentes, como explosões por acúmulo de gás.

1.5.1.2 Aquecimento por banho‑maria

Sempre podemos utilizar o banho‑maria para o aquecimento de substâncias


inflamáveis que possuam baixo ponto de ebulição (inferior a 100°C). Os ba-
nhos‑maria atualmente são aquecidos eletricamente com controle de tempera-
turas através de termostatos.

Quando realizamos um experimento, como saber qual a vidraria adequada


para medir o volume dos líquidos?

1.5.2 Medição de volumes

Em um laboratório devem‑se utilizar béqueres, erlenmeyers ou até mesmo pro-


vetas para medidas de volumes aproximados de líquidos e, para medidas pre-
cisas, podem ser utilizadas pipetas, buretas e balões volumétricos, também
chamados de material volumétrico.

Os aparelhos volumétricos normalmente são calibrados pelo fabricante a uma


temperatura padrão de 20ºC (Figura 2).
UNIUBE 19

Figura 2: Materiais volumétricos.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

SAIBA MAIS!

Calibração é a operação realizada para determinar o valor correto do que está sendo
medido.

Alguns erros cometidos na medida de volume líquido:

• o aquecimento dos materiais provoca dilatações e contrações;

• calibração errada das vidrarias utilizadas;

• a medida do líquido deve ser feita corretamente atra- Menisco


vés da parte inferior do menisco. O operador deve
É a curvatura que alguns
olhar de maneira perpendicular à escala graduada da líquidos fazem na
vidraria, evitando o erro de paralaxe. Em casos em superfície de um
recipiente devido à
que o menisco for ao contrário (por exemplo, o mer-
diferença de forças entre
cúrio) ou quando não se enxergar o menisco em lí- o recipiente e o líquido e
quidos escuros, deve-se completar o volume até a entre as próprias
moléculas da substância.
marca determinada.
Erro de paralaxe
Observe, na Figura 3, a maneira correta de visualizar o
volume de um líquido em determinado material graduado Erro que ocorre quando
próprio para a medição de um líquido: seu olho não está na
mesma altura que o
líquido em uma medida
de volume.
20 UNIUBE

Figura 3: Visualização de volumes.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

1.5.3 Uso da bureta

• Observar se a bureta está limpa.

• Para evitar erros de leitura e contaminação, a bureta deve ser lavada com
uma pequena porção (aproximadamente 5 mL) do líquido a ser utilizado no
experimento, deixando­‑o escoar completamente.

• O líquido é colocado na bureta até acima da marcação zero da escala.

• O líquido é escoado para evitar bolhas de ar que podem interferir nos re-
sultados.

• Para a leitura correta, o menisco deve estar coincidindo com a marcação zero
da bureta.

1.5.4 Técnicas de aquecimento para vidrarias

Tubos de ensaio:

Os líquidos não inflamáveis podem ser aquecidos diretamente na chama do bico


de Bunsen, tendo o cuidado para que o tubo esteja seco, evitando que se que-
bre pelo aquecimento (Figura 4).
UNIUBE 21

Figura 4: Aquecimento de tubo de ensaio.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Em geral, o tubo deve ser segurado próximo da abertura pela pinça de madeira
e agitado brandamente, para evitar superaquecimento do líquido. Sempre deve
estar ligeiramente inclinado, conforme mostra a figura acima, aquecendo-o na
superfície do líquido e agitando-o ocasionalmente, fora da chama.

IMPORTANTE!

Nunca deixe o tubo virado na direção de outra pessoa, pois o líquido quente pode
vazar do tubo, ocasionando acidentes.

Béquer:

Para o aquecimento de líquidos em um béquer (Figura 5), ou em outras vidrarias


apropriadas, deve-se colocar o recipiente sobre um tripé e uma tela de amianto
para evitar que se quebre pelo calor direto da chama do bico.

Figura 5: Aquecimento de béquer.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.
22 UNIUBE

Agora que você já reconhece alguns materiais, observe alguns cuidados neces-
sários em operações de rotina no laboratório:

Pesagem – deve‑se fazer a escolha de uma balança com precisão adequada,


de acordo com a massa a ser pesada. Deve ser observado o ajuste do zero
e a limpeza do prato da balança. É importante verificar também se há corrente
de ar no local ou vibração da mesa ou bancada em que está apoiada a ba-
lança.

Medida do volume – para a medida de volume, deve­‑se fazer a pergunta “Qual


é a ordem de precisão das vidrarias: béquer, proveta, balão volumétrico, erlen-
meyer, pipeta volumétrica, pipeta graduada e bureta?” Esta pergunta é respon-
dida no momento em que o experimentador tem a certeza de qual será a
precisão necessária para a realização do experimento.

É importante ter o cuidado de fazer o acerto correto do menisco e, quando se


utiliza uma pipeta para uma medida de volume, ela não deve ser soprada ao
final do escoamento do líquido. São regras importantes que vão influenciar di-
retamente a precisão.

Preparo de soluções – a transferência de um sólido para o balão volumétrico


deve ser feita sempre com o auxílio de um funil de vidro. O sólido também pode
ser dissolvido em um béquer para sua posterior transferência. Toda a substância
utilizada no preparo deve ser transferida. Para isso o recipiente deve ser lavado
com várias porções de água destilada, transferidas para o balão volumétrico. A
transferência de líquidos para o balão deve ser feita com o auxílio de um bastão
de vidro, evitando­‑se, assim, que o líquido escorra para fora do balão.

1.6 Técnicas de transferência de líquidos e sólidos e técnicas de


pesagem

1.6.1 Transferência de líquidos

Na transferência de líquidos de um recipiente para outro (Figura 6), utilizamos


o bastão de vidro direcionado.
UNIUBE 23

Figura 6: Transferência de líquidos.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

1.6.2 Transferência e medida de sólidos

Com o auxílio da espátula e o frasco inclinado, colete a quantidade de substância


necessária para a realização de seu experimento. Lembre: se algum sólido entrar
em contato com suas mãos, lave‑as, imediatamente, com muita água e sabão.

As substâncias nunca devem ser colocadas diretamente sobre o prato da ba-


lança, evitando danos na precisão do aparelho.

1.7 Algumas técnicas importantes de filtração

O que é filtração?

Quando fazemos café, observamos que uma parte da mistura passa através da
parede do filtro e o pó de café fica retido. No laboratório, temos os mesmos
princípios para uma filtração.

1.7.1 Separação de sólidos e líquidos

Existem algumas técnicas para a dobradura do papel de filtro, sendo a mais


utilizada aquela em que fazemos uma filtração simples. Nela o papel é dobrado
em quatro partes, como na Figura 7.
24 UNIUBE

Figura 7: Papel para filtragem.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Temos também a filtração a vácuo, representada na Figura 8. Ela é utilizada


quando as partículas do sólido a ser filtrado são muito pequenas ou quando
existe necessidade de rapidez no processo.

Figura 8: Filtração a vácuo.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Em um laboratório devemos estar atentos à toxicidade de determinadas subs-


tâncias.

Então, observe o rótulo dos frascos das substâncias presentes no experimento


a fim de evitar acidentes.

Como tantas informações são necessárias, que sejam, então, tomadas al-
gumas precauções no laboratório a fim de evitarmos acidente por simples
desconhecimento.
UNIUBE 25

Existem muitas substâncias tóxicas. Estas podem provocar desde pequenas


irritações até sérios distúrbios, dependendo da concentração e da maneira de
contaminação, podendo causar até a morte. Alguns exemplos: dióxido de car-
bono, monóxido de carbono, cloro e benzeno.

O amianto pode causar uma doença nos pulmões que, em estágios mais avan-
çados, pode se transformar em câncer.

Algumas substâncias podem ser nocivas apenas por exposição prolongada


como é o caso do diclorometano e do tetracloreto de carbono. Outras substân-
cias são chamadas de carcinogênicas, ou seja, são aquelas que causam tumo-
res malignos no ser humano. Deve‑se evitar a inalação de vapores e o contato
da pele com estas substâncias. Para isso devem ser manipuladas exclusiva-
mente em capelas. Alguns exemplos: benzeno, amianto.

A partir do conhecimento da toxicidade das substâncias e dos cuidados no la-


boratório para a realização dos experimentos, sempre com cautela e técnica, o
laboratório deve ser visto como um local de acesso à comprovação de muitas
teorias e de novas descobertas.

Já estamos preparados! No próximo encontro, vamos colocar em prática alguns


desses cuidados e técnicas.

1.8 Materiais e equipamentos alternativos para o ensino de


Química
Embora a Química tenha presença garantida em nossa sociedade pelos frutos
tecnológicos colocados à disposição do cidadão, a prática científica, em seu dia
a dia, ainda é desconhecida.

As atividades realizadas em laboratórios no ensino médio estão sempre lotadas


de artificialismos que dificultam o aprendizado e o despertar científico dos alunos.
Por outro lado, o emprego de materiais utilizados no cotidiano dos alunos, em
aulas práticas, aumenta o interesse deles tanto no trabalho experimental quanto
no entendimento dos fenômenos envolvidos.

Entre as questões que podem ser colocadas sobre o assunto, percebemos a


importância do repensar até que ponto o cidadão comum deve compreender a
atividade científica para sua formação.
26 UNIUBE

Dessa forma, é possível propor um conjunto de atividades teórico-práticas que


preparem o cidadão para entender com maior profundidade o significado da
Química e o conhecimento científico a partir do senso comum.

Para isso o educador deve recorrer a materiais e reagentes do cotidiano como


copos em vez de béqueres, sal, vinagre, sucos etc.

Aproveite os encontros presenciais para relatar e discutir as experiências vividas


em sala de aula, ou ainda as inúmeras ideias que surgem a respeito de novas
teorias e metodologias. Se a escola em que somos docentes não possui labo-
ratório ou este não é bem equipado, podemos criar atividades práticas demons-
trativas e de baixo custo apenas observando a natureza, que é um imenso
laboratório. A cozinha também deve ser muito observada, afinal tudo envolve
reações que, na maioria das vezes, são muito simples e de fácil compreensão
e associação!

Cabe a cada educador, conforme o nível de ensino, procurar métodos e


técnicas criativas para tornar suas aulas mais dinâmicas e entusiasmadas.
Devemos lembrar que os alunos do ensino fundamental e médio buscam
informações que satisfaçam suas curiosidades do cotidiano aliadas a um
conhecimento científico. A cozinha é um ótimo lugar para se observar, afinal,
lá, tudo envolve reações que, na maioria das vezes, são muito simples e de
fácil compreensão e associação!

AGORA É A SUA VEZ

Procure visitar o site e, havendo possibilidade, faça o download do programa gratuito


ChemSketch 8.0. Este programa permite a construção de moléculas (inclusive em
3D), reações, vidrarias e outros equipamentos de laboratório de química, além da
nomenclatura, atualizada segundo a IUPAC (União Internacional de Química Pura e
Aplicada), fórmula molecular e muito mais!

CHEMSKETCH 8.0. Disponível em: <www.acdlabs.com>. Acesso em: mar. de 2006.

1.9 Conclusão
No contexto deste capítulo, apresentamos os principais materiais utilizados
em testes analíticos qualitativos e quantitativos dentro de um laboratório. Dis-
cutimos a precisão das instrumentações de medição de massa e volume. Em
UNIUBE 27

laboratórios, estamos expostos a vários riscos devido ao contato direto com


reagentes químicos de diferentes graus de periculosidades, para isso traba-
lhamos as regras básicas de segurança e conduta de boas práticas, a fim de
evitar acidentes graves.

Ao final, discutimos algumas técnicas de medição de volumes, aquecimento e


transferência de líquidos, que, apesar de simples, quando mal executadas,
podem ocasionar erros analíticos críticos nos processos de quantificação.

Referências
HARRIS, C. D. Análise química quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC‑Livros Técnicos e
Científicos. 2001.
Capítulo O estudo das
2 grandezas químicas

Sebastião Francelino da Cruz

Introdução
Neste capítulo serão abordados conceitos básicos sobre massa atômica,
massa molar (que é a massa em gramas de 1 mol de partículas de de-
terminada substância) e escalas de massa atômica, tendo como base as
ideias de Dalton sobre a estrutura atômica. Partindo do pressuposto de
que o aluno já possui algum conhecimento prévio sobre a estrutura atô-
mica e as ligações químicas, discutiremos as relações entre estes con-
ceitos e as transformações químicas, introduzindo o assunto “massa das
substâncias”. Depois será feita uma abordagem histórica sobre a relação
entre a massa e o número de partículas de uma amostra de matéria. A
partir dessa relação, introduziremos o conceito de mol como medida da
quantidade de matéria, o conceito de massa molar e sua relação com a
quantidade de matéria. Os conceitos aqui tratados são de fundamental
importância para você, futuro educador.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• conceituar número atômico, número de massa e isótopos;


• estabelecer uma escala de massas atômicas a partir do conheci-
mento da fórmula e da composição centesimal das substâncias;
• conhecer o princípio de Avogadro e aplicá-lo na determinação
das massas relativas das moléculas;
• analisar dados sobre as quantidades de reagentes e produtos
envolvidas em transformações químicas;
• avaliar a massa do átomo em relação ao átomo de um elemento
de referência;
30 UNIUBE

• relacionar massa, quantidade de matéria e número de partículas


através da unidade mol e do conjunto de massa molar em cál-
culos químicos;
• definir a unidade mol de acordo com o Sistema Internacional de
Unidades (SI).

Esquema
2.1 Grandezas químicas;
2.2 Massa atômica ou peso atômico;
2.3 Massa das moléculas;
2.4 Fórmula mínima ou fórmula empírica.
2.5 Conclusão

2.1 Grandezas químicas


Em etapas anteriores foi realizada uma abordagem histórica e científica sobre a
teoria atômica, desde Demócrito até o modelo atômico atual. Nesse contexto,
construímos os conhecimentos sobre o átomo e as principais partículas consti-
tuintes. A partir deste ponto foram abordados conceitos sobre número atômico,
elemento químico, isótopos etc. Feita a abordagem dos átomos, foi realizado um
estudo sobre a organização da tabela periódica, na qual percebemos que os
elementos estão dispostos na ordem crescente de número atômico e de acordo
com suas semelhanças. A partir da tabela periódica, passamos a discutir a forma-
ção das substâncias que nos cercam por meio do estudo das ligações químicas.

Mas como trabalhar com massas de partículas tão pequenas como a dos
átomos, das moléculas ou dos íons?

Antes de responder a essa pergunta, vamos recapitular alguns conceitos.

Número atômico (Z): indica a quantidade de prótons no núcleo de determinado


elemento químico. Portanto um elemento químico é caracterizado pela quanti-
dade de prótons em seu núcleo. Assim deduzimos que os átomos de um mesmo
elemento químico apresentam o mesmo número de prótons e podem apresen-
tar números de nêutrons diferentes.

Número de massa (A): indica a soma do número de prótons (p) e nêutrons (n)
no núcleo de um átomo. A=p+n
UNIUBE 31

Assim 11Na23 indica que:

• o número atômico é 11;

• o número de massa é 23;

• e o número de nêutrons é 12.

Isótopos: são átomos de um mesmo elemento químico, com diferentes núme-


ros de nêutrons e, portanto, diferentes números de massa. Os isótopos mais
leves que podemos encontrar na natureza são os do hidrogênio.

1 H1 (símbolo H) = prótio, possui 1 elétron e 1 próton;

1 H2 (símbolo D) = deutério, possui 1 elétron, 1 próton e 1 nêutron;

1 H3 (símbolo T) = trítio, possui 1 elétron, 1 próton e 2 nêutrons.

Os isótopos exemplificados, como os de outros elementos químicos, são en-


contrados na natureza na forma de uma mistura de composição fixa. Por
exemplo, no caso dos isótopos do hidrogênio, temos a seguinte composição:

Isótopo Abundância (%)


1 H1 99,985
1 H2 0,015
1 H3 0

Muitos isótopos radioativos naturais ou artificiais (fabricados em reatores nu-


cleares) têm grande aplicação tanto na indústria quanto na medicina. O Quadro
1 apresenta alguns isótopos conhecidos e as respectivas áreas de aplicação.

Quadro 1: Principais aplicações de isótopos radioativos

Isótopo Aplicação
Urânio‑235 (92U 235
) Utilizado na produção de energia nuclear.
Empregado no tratamento de câncer e outras
Iodo‑131 (53I131)
patologias da glândula tireoide.
Utilizado na medicina para obtenção de imagens do
Tecnécio‑99 (43Tc99)
cérebro.
32 UNIUBE

Fósforo‑32 (15P32) Utilizado na detecção de tumores na pele.


Usado para determinar a idade de achados
Carbono‑14 (6C14)
arqueológicos que o contêm.

Perceba que você já começou a construir conhecimentos sobre grandezas quí-


micas.

Sabemos que as substâncias existentes reagem entre si para formar novas


substâncias. E, pela teoria atômica de Dalton, vimos que a massa total é con-
servada nesse processo.

Para trabalharmos com as reações químicas, seja no dia a dia ou em um labo-


ratório de química, precisamos entender o conceito de massa atômica e massa
molecular.

Para os cientistas do século XIX, era impossível medir diretamente a massa de


um átomo ou de uma molécula de forma direta. A resolução para essa questão
veio com a ideia de medir uma massa relativa, ou seja, medir quantas vezes um
átomo seria mais pesado que outro. A substância escolhida foi a água.

Já se sabia que a água era composta de oxigênio e hidrogênio. Por meio de


dados experimentais, determinou‑se que, para se obter 100 g de água, eram
necessários 88,9 g de oxigênio e 11,1 g de hidrogênio, portanto, numa razão
(88,9 / 11,1) = 8, ou seja, na molécula de água teria uma massa oito vezes maior
de oxigênio que de hidrogênio. Desse modo foi atribuída ao hidrogênio a massa
relativa 1 e ao oxigênio, a massa relativa 16.

Hoje, através de aparelhos chamados espectrômetro de massa, pode‑se determinar


a massa de um átomo com grande precisão. Por exemplo, a massa do hidrogênio‑1
é igual a 1,6735 x 10–24 g e a do oxigênio‑16 é igual a 2,6560 x 10–23 g.

Massa atômica
Atualmente, podemos utilizar o carbono‑12, isótopo mais
abundante do carbono, para determinar a massa atômica
É a massa média de relativa de um elemento químico. Uma unidade de massa
um átomo em uma atômica (u), portanto, é a massa de um átomo de car-
amostra do elemento.
bono‑12 dividido por 12.

Agora sabemos que a unidade de massa atômica (u) é a massa de 1/12 do


átomo de carbono.
UNIUBE 33

As massas atômicas que encontramos na tabela periódica, na verdade, são uma


média ponderada de todos os isótopos naturais do elemento químico.

Cada isótopo possui uma massa específica que é uma aproximação da massa
exata, determinada experimentalmente. Geralmente a massa de um isótopo não
é um número inteiro, com exceção do carbono-12, que é 12 por definição. As
massas exatas de um isótopo podem ser obtidas, como já comentado anterior-
mente, através do espectrômetro de massa.

Geralmente há uma diferença entre a soma de prótons e nêutrons e a massa


exata. Esta diferença é chamada de defeito de massa. Assim, consulte a tabela
periódica e observe a massa atômica dos elementos.

SAIBA MAIS

Ampliando seu conhecimento

Você já deparou com situações de uso do espectrômetro de massa? Foi possível


observar o princípio de seu funcionamento? Pesquise esse assunto na Internet, em
livros, em revistas especializadas. Anote os detalhes e veja se você realmente com-
preendeu o princípio de funcionamento do espectrômetro de massa.

2.2 Massa atômica ou peso atômico


Note que a massa atômica também é chamada de peso atômico. Porém o mais
correto é massa atômica.

Como calcular a massa atômica através da massa dos isótopos e sua


abundância?

Vamos tomar como exemplo os isótopos do hidrogênio:

Isótopo Massa do isótopo Abundância (%)

1 H1 1,0078 99,985
  †      Š ‹
 
Œ  †   
 Ž
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‹Š ‘’“
34 UNIUBE ­    
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 2,0141 0,015
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  €”š ”
A massa atômica é dada por:


 ‡  ‹


 ‡  ‹
     
 =   
  
  
 =   

    
+  
  
 
+      
+    =
  
 
+   =


› ˆ‹ 
Resolução:
› ˆ‹    
  =   +    +   =  
  
  
  =   +    +   =  
  
  
  
A Química nos proporciona qualidade de vida a partir da descoberta de substân-
cias como:

• novos medicamentos;

• materiais mais resistentes;

• chips de computador cada vez menores;

• a água tornou-se ideal para consumo humano;

• aumento da produtividade agrícola etc.

SAIBA MAIS

Um novo produto é obtido pela interação entre outras substâncias conhecidas.


UNIUBE 35

Portanto uma reação química (fenômeno no qual uma substância é transformada


em outras através do rearranjo de seus átomos) é a interação de reagentes para
se obter um produto. Para termos uma ideia do produto formado, devemos sa-
ber quantos átomos de cada reagente foram utilizados na reação. Mas como
contar os átomos se eles são tão pequenos?

IMPORTANTE!

Imagine se em determinado supermercado em vez de o arroz ser vendido por quilo fosse
vendido em grãos. Que tumulto não seria, hein?!

Os químicos do passado, diante de tal impasse, criaram uma forma de ligar o


mundo macroscópico ao mundo microscópico. Assim, foi introduzido o conceito
de mol, uma forma de contar moléculas, íons ou átomos. A palavra mol é deri-
vada de moles, que, em latim, significa “monte”.

Para entendermos o conceito de mol, precisamos explicar como tudo começou...

O químico e físico francês Louis Joseph Gay-Lussac, que viveu entre 1778 e
1850, estudava reações químicas entre substâncias gasosas e deu uma grande
contribuição para as leis dos Gases, sendo o primeiro a formular a Segunda Lei
dos Gases: um gás se expande proporcionalmente a sua temperatura absoluta,
se for mantida constante a pressão. Hoje essa lei é conhecida como a Lei de
Charles, estudo realizado posteriormente. Gay-Lussac, estudando a reação
entre gás hidrogênio (H2) e gás cloro (Cl2), tendo como produto o cloreto de
hidrogênio (HCl), constatou o seguinte:

gás hidrogênio + gás cloro → cloreto de hidrogênio

1 volume 1 volume 2 volumes

2 volumes 2 volumes 4 volumes

3 volumes 3 volumes 6 volumes

Gay-Lussac, trabalhando com outros gases, concluiu que numa reação química
entre substâncias gasosas, quando pressão e temperatura são constantes,
reagentes e produtos guardam entre si uma proporção definida que é expressa
por números inteiros. Outro cientista, talvez o mais importante desta história,
36 UNIUBE

aproveitou os dados de Gay-Lussac. O químico italiano Amedeo Avogadro


(1776-1856) foi um dos primeiros cientistas a distinguir átomo e molécula.

Avogadro elaborou um modelo para explicar as observações de Gay-Lussac a


partir de dados experimentais. Ele supôs que duas amostras de gases diferen-
tes, nas mesmas condições de temperatura e pressão, seriam formadas pelo
mesmo número de moléculas. Portanto, se um número X de moléculas ocupa
um determinado volume V, dobrando o número de moléculas, o volume também
dobrará. Se o número de moléculas for três vezes maior, o volume aumentará
na mesma proporção e assim por diante. Assim temos que:

gás hidrogênio + gás cloro → cloreto de hidrogênio

Observações
experimentais de 1 volume 1 volume 2 volumes
Gay-Lussac

Hipótese de X moléculas X moléculas 2X moléculas


Avogadro

Para aceitar a hipótese de Avogadro, precisamos admitir que a fórmula do hi-


drogênio é H2, a do cloro, Cl2, e a do cloreto de hidrogênio, HCl.

H2 + Cl2 → 2HCl

Assim, a hipótese de Avogadro possibilitou aos químicos a determinação das


fórmulas das substâncias.

IMPORTANTE!

Mas qual a relação entre mol e Amadeo Avogadro?

A partir dos estudos de Avogadro, obteve-se a grandeza conhecida como número


de Avogadro. Sabemos
  que
 o mol
de 
qualquer
  substância possui
    sempre
 o
mesmo número de partículas (íons, átomos ou moléculas).
        
      ­€
  
     
‚ƒ„ †„  


     ‡ˆ    ‰ Š ­


   ‡‹     ‰ Œ  Ž  
              
‘      † ƒ„†„ 
­ ƒ„ †„ 

              
        
  
      
   ­€
     
           
     UNIUBE 37
      

‚ƒ„ †„ ­€
 
 

       Esse
número ficou conhecido
‚ƒ„como “número
†„ de Avogadro” e hoje é chamado


de “constante
 de Avogadro”.
   É de fundamental
‡ˆ importância
   para o entendimento
‰ Š ­
de vários conceitos químicos. Muitas das vezes podemos utilizá‑lo de forma
   ‡‹     ‰ Œ  Ž  

 
   ‡ˆ  
  ‰ Š ­
aproximada como
 6,02 x10
 23
 ‡‹ ouaté    6 x
 mesmo
   ‰ 10Œ23
.  
Ž  
‘      † ƒ„†„  
 
­   
ƒ„  
†„          
Hoje podemos confirmar
‘ a constante
   de Avogadro
  †medindo a massa dos
ƒ„†„ 
átomos
por espectrometria.
­ ƒ„ †„
 

’Š  Ž         
         
’Š  Ž         
  
­   
     
 †    
­     †    
             
­ ƒ“†„     
A massa de um átomo
  de
 ƒ„†„  carbono
 determinada
 
   por espectrometria
      é igual a
1,99265 x 10­
–23
g, portanto, emƒ“†„12 g de carbono,

  temos
 6,0221 x 1023 átomos.
 
 ƒ„†„ 
 

     = = 
− 

     = = 
− 
 ­
  ”            

  ­
 ­     •–
 
 ”
   
    
  
 ­
   
2.3 Massa das
  moléculas
 ­   
­ —           •–
  
­   
   ­  
 
­
 •– 
­
Em um laboratório
  —
ou em       
uma indústria, pensamos estar interessados   na quan-
­     ­     •– 
tidade de 
átomosou moléculas

em determinada reação, mas, na maioria das
vezes, o que realmente nos interessa é a massa das moléculas. Seria impossível

contar quantos átomos ou quantas moléculas há em 1 tonelada de matéria‑prima

   

para produção
de um medicamento.
   

Como relacionar a quantidade de átomos ou moléculas com a massa de de-


terminada substância?

Através do peso molecular ou massa molecular, podemos fazer essa relação.


O peso molecular ou massa molecular de uma substância é a soma das massas
atômicas de cada átomo em sua fórmula química.
 ­       Ž  
Devemos deixar
•–˜
claro que o termo sugerido pela IUPAC (União Internacional
de Química ­
Pura eAplicada) é a
  massa molecular (MM),
  uma vez
Ž que peso é
 
massa vezes™ a
aceleração
•–˜ da
  gravidade
(p = m­
x g). Vejamos alguns exemplos:
™š   
     Ž” 
­
š    Ž” 
   

   
38 UNIUBE

EXEMPLIFICANDO!

A glicose tem fórmula molecular C6H12O6. Significa que temos seis átomos de carbono,
doze átomos de hidrogênio e seis átomos de oxigênio. Pela tabela periódica, obtemos
as massas atômicas de cada elemento. Assim temos que:

MM(C6H12O6) = 6 x 12 + 12 x 1 + 6 x 16 = 180 u

A sacarose é um açúcar que pode ser obtido a partir da cana-de-açúcar e é utilizada


na produção do álcool. Sua formação molecular é C12H22O11.

MM(C12H22O11) = 12 x 12 + 22 x 1 + 11 x 16 = 342 u

O hidróxido de magnésio, Mg(OH)2, é o princípio ativo do leite de magnésia.

MM[Mg(OH)2] = 24 x 1 + 16 x 2 + 2 x 1 = 58 u

Geralmente, para substância iônica, não se fala em moléculas, uma vez


que os íons estão numa rede tridimensional. O correto, então, seria tratar-
mos a fórmula química do NaCl como fórmula unitária e a partir desta obter
a massa fórmula.

A massa molar pode ser definida como a massa em gramas de 1 mol de deter-
minada substância. Como vimos anteriormente, 1 mol de átomos de carbono-12
tem 6,02 x 1023 átomos de carbono. Portanto 1 mol da mesma substância sem-
pre terá o mesmo número de partículas.

IMPORTANTE!

A massa de um átomo, íon ou molécula (em u, unidade de massa atômica) é nume-


ricamente igual a massa (em gramas) de 1 mol da substâncias
UNIUBE 39

EXEMPLIFICANDO!

1 átomo de sódio, Na, tem massa igual a 23 u e 1 mol de Na, que equivale a uma
massa de 23 g.

1 íon sódio, Na+, tem massa igual a 23 u e 1 mol de íons Na+, que equivale a uma
massa de 23 g.                   

    
   
            
   
1 molécula de água, H2O, tem massa igual a 18 u e 1 mol de H2O, que equivale a
uma massa de 18 g.                   
    
            
 

1 molécula de glicose, C6H12O6, tem massa igual a 180 u e 1 mol de C6H12O6, que
   

equivale a uma massa de 180


  g.
    



 
     
  

      ­ 


 
  ­
     ­ 
Exemplos práticos
   ­

1. A aspirina, ou o ácido
€ acetilsalicílico,
‚  ƒ é um medicamento utilizado como anal-
€ ‚  ƒ
gésico, antitérmico, anti-inflamatório e na prevenção do infarto do miocárdio.
„  ‚    † 
Geralmente é comercializada

„  ‚ na forma
  de comprimidos
‚‡ de 500 mg. Sabendo-se
‚‚ˆ‰
 † 
que a fórmula molecular
‡‚ 
 ‚ (que expressa onúmero
 Š‚
‚‡ de‚†
 ‚ átomos presente
‚‚ˆ‰  em um
 
composto ‡‚
por cada
‡‚  molécula)
‚
    ‹­­
‚  Š‚  6H8O4, determine
da aspirinaéC‚
ŒŽ  ‚†a 
   ‡ massa
 molar
‚
e o número‡‚
de mols
‚ presente
 ‚ em
 ‚ cada
   comprimido
‹­­
 
 ‚
 ŒŽ  de500
 mg.
‚
 ‡ ‚
 ‘‚ 
‚  ‚ 
‚   ‚
  
 ‹­­
‚  ‚

 ‘‚  ‚  ‚  ‹­­

 
’   “€­  
 
  
    ’   “€­  

„ ” ‚ €   †  ‚‚‚‚‚ †


2. O hidróxido de‚ cálcio
„”
 é utilizado
€   indiretamente
‘‚
† para
 corrigir
  ” ‚ a€acidez
 do solo
†
 ‚‚‚‚‚
antes do plantio.
 Calcule
‚
  o número de mols de hidróxido
  
 ‘‚   de ”cálcio
‚‚ ‡ presente
‚
‚ €   em
 ‚•„
‚ 
  
1 tonelada do composto, a partir da fórmula unitária, Ca(OH)2.
 ‚‚ ‡ ‚
 ‚•„
’    –  
’    –  

‚ ‚‚‚ ‡ ‚ 


 ‚‚‚
‚ ‚  ‚‚
‡ ‚  
           
Outro aspecto importante é que, a partir da fórmula da molécula e de sua
 ‚  ‡
‚‚ ‚  massa

‚‚
  ‚ 
  ‚‚”
  ‡ ‚
     ‡ ‚ 
molecular, ‚
podemos calcular‚
a porcentagem em massa de cada elemento que
‚‚ ‚ 
 ‚‚” €ƒ
  ‡ ‚
constitui o ‚
composto. Esta forma de representar os elementos
‚ por porcentagem
€ƒ
é chamada de fórmula
   = percentual.
  Vamos
   tomar
 novamente
    
a glicose como
Š 
exemplo:    =    
  
  
 

     
Š 
   —­    
 
†‚ƒ 
   —­      †‚ƒ

  = = 


  = = 


  = = 


‚ ‚‚‚ ‡ ‚ 
 ‚  ‚‚ 
            ‡ ‚ 
40 UNIUBE‚‚ ‚  ‚‚”   ‡ ‚
‚  ‚ €ƒ

          


   = Š 
 
   —­      †‚ƒ

  = = 



  = = 

 
  = = 


 ‡ ‚‚‚ ƒ

Assim, temos que a fórmula percentual


 
para a glicose é:
 ­˜  “˜ ‹  ˜

Ž ‚ˆ‰ƒ     ‚‚   ‡‚ 


C40%H6,67%O53,33%
‚‚ ‚™   

Observação: os cálculos podem ser resolvidos por meio de uma regra de três
 

simples.

Podemos realizar o processo inverso, ou seja, obter a fórmula molecular a par-


tir da fórmula percentual e da massa molar do composto. Este processo foi
utilizado por muito tempo para descobrir a fórmula molecular de novas substân-
cias. Vejamos o exemplo abaixo:

O eugenol é um composto aromático extraído do cravo-da-índia que, por muito


tempo, foi utilizado como anestésico. As porcentagens em massa de uma amos-
tra de eugenol são 73,14% de carbono, 7,37% de hidrogênio e 19,49% de oxi-
gênio. Determine a fórmula molecular do eugenol, considerando que sua massa
molar seja igual a 164,2 g/mol.

Resolução:

• Em 100 g do composto, temos 73,14 g de carbono, 7,37g de hidrogênio e


19,49 g de oxigênio.

• Podemos calcular o número de mols de cada elemento através da massa molar.

1 mol de C _______12,011 g

x_______73,14 g

x = 73,14 g x 1 mol = 6,089 mols de carbono

12,011 g
UNIUBE 41

1 mol de H _______1,008 g

x _______7,37 g

x = 7,37 g x 1 mol = 7,31 mols de hidrogênio

1,008 g

1 mol de oxigênio _______15,999 g

x _______19,49 g

x = 19,49 g x 1 mol = 1,218 mol de oxigênio

15,999 g

Para um próximo passo, precisamos achar a razão entre o número de mols dos
componentes, baseando‑nos no composto com menor quantidade de número
de mols que, nesse caso, é o oxigênio.

mols de hidrogênio 7, 31 mol 6 mol de H 6 H


= (dividindo os 2 númerospor 1, 218) → =
mols de oxigênio 1, 218 mol 1 mol de O 1 O

mols de carbono 6, 089 mol 4, 99 mol de C 5 C


= (dividindo os 2 númerospor 1, 218) → =
mols de oxigênio 1, 218 mol 1 mol de O 1O

mols de oxigênio 1, 218 mol 1 mol de O 1 O


= (dividindo os 2 númerospor 1, 218) → =
mols de oxigênio 1, 218 mol 1 mol de O 1 O

A partir de cálculos, podemos concluir que, no composto, temos 6 mols de hi-


drogênio, 5 mols de carbono e 1 mol de oxigênio, ou seja, a fórmula mínima do
composto C5H6O, o que corresponde a uma massa molar de 82,10 g/mol. Sa-
bendo que a massa molar determinada experimentalmente é igual a 164,2 g/
mol, podemos concluir que a proporção dos átomos da fórmula molecular do
composto é o dobro, ou seja, C10H12O2.

Como podemos notar no exemplo acima, a fórmula do eugenol, C5H6O, é cha-


mada de fórmula mínima ou fórmula empírica, ou seja, a fórmula molecular que
mostra a razão mais simples entre os átomos de uma molécula.
42 UNIUBE

2.4 Fórmula mínima ou fórmula empírica


A fórmula mínima ou empírica de uma substância nos diz a proporção entre os
átomos que constituem um composto. Por exemplo, a fórmula mínima da água
é H2O, ou seja, a cada mol de água, teremos 1 mol de oxigênio e 2 mols de
hidrogênio.

Portanto, de posse da fórmula mínima e da massa molar do composto, podemos


obter facilmente a fórmula molecular. A fórmula molecular da glicose é C6H12O6,
dividindo por 6, encontramos os menores números inteiros possíveis. Assim, a
fórmula mínima é CH2O. Podemos notar que a proporção de carbono, hidrogê-
nio e oxigênio no composto é de 1:2:1.

Hidrocarbonetos são compostos formados por carbono e hidrogênio. A fórmula


mínima dos hidrocarbonetos pode ser determinada por análise de combustão.
Os hidrocarbonetos, quando sofrem combustão completa, produzem especifi-
camente gás carbônico (CO2) e água (H2O). O CO2 e H2O produzidos são reco-
lhidos em um sistema apropriado e, assim, a massa é determinada.

A partir da massa destes dois produtos, podemos determinar o número de mols


de carbono e hidrogênio no composto original e consequentemente sua fórmula
mínima. Veja o exemplo a seguir:

O octano é um dos principais constituintes da gasolina. A combustão de 5,23 g


de octano produz 16,149 g de CO2 e 7,432 g de H2O. Determine a fórmula mí-
nima para o octano a partir dos dados.

Primeiro devemos calcular a massa (em gramas) de C e H a partir do conceito


de mol.

1 mol de CO2 = 1 x 12 + 2 x 16 = 44 g
1 mol de H2O = 2 x 1 + 1 x 16 = 18 g

Partindo da massa molar do CO2, temos:

44 g de CO2 → 12 g de C
16,149 g → X g de C X = 4,4 g de carbono
1 mol de C → 12 g de C
Y mol → 4,4 g de C Y = 0,3667 mol de carbono
UNIUBE 43

Partindo da massa molar de H2O:

18 g de H2O → 2 g de H
7,432 de H2O → X g de H X = 0,8258 g de hidrogênio

Como a massa atômica do H é 1, temos 0,8258 mol de H.

Para encontrarmos a fórmula mínima, basta dividirmos esse resultado pelo


componente em menor quantidade.

mols de H 0, 8258 mol 2, 25 mols de H 2, 25 H


= Dividindo ambospor 0, 3667 → =
mols de C 0, 3667 mol 1 mol de C 1C

Portanto a razão entre o número de mols de carbono e hidrogênio é de 2,25:1.


Neste caso, devemos multiplicar por quatro a proporção para obtermos um
número inteiro. Assim obtemos a proporção entre hidrogênio e carbono de 9:4,
fornecendo uma fórmula mínima igual a C4H9. Sabendo‑se que a massa molar
do octano é igual a 114 g/mol, podemos concluir que o composto tem a fórmula
molecular C8H18.

Se um terceiro elemento estiver presente no composto além do carbono e hi-


drogênio, podemos determinar a massa desses dois e subtraí-la da massa total
para calcularmos a massa do outro elemento.

2.5 Fórmulas mínimas a partir de análises


Quando sabemos a fórmula de um composto, sabemos também o número de
átomos de cada um dos elementos que a constituem. No entanto vamos supor
que necessitamos averiguar a pureza de um composto que será usado em um
experimento de laboratório. Com a fórmula, é possível calcular a contribuição
percentual de cada elemento para a massa total do composto. Ao comparar a
composição percentual calculada com a composição percentual obtida experi-
mentalmente, conseguimos determinar a pureza da amostra.

A composição percentual é a porcentagem em massa de cada elemento em um


composto. Ela é obtida quando dividimos a massa de cada elemento existente
em 1 mol de composto pela massa molar do composto e multiplicamos o valor
obtido por 100. A composição percentual de um elemento de um composto é
obtida por:

(n x massa molar do elemento/massa molar do composto) x 100%


44 UNIUBE

Sendo que n é o número de mols do elemento presente em 1 mol do composto.


Para exemplificar, em 1 mol de peróxido de hidrogênio (H2O2), há 2 mols de
átomos de H e 2 mols de átomos de O. As massas molares aproximadas de
H2O2, H e O são, respectivamente, 34,02 g, 1,008 g e 16,00 g. Portanto a com-
posição percentual do H2O2 é calculada da seguinte maneira:

% H = 2 x 1,008 g / 34,02 g x 100% = 5,94%

% O = 2 x 16,00 g / 34,02 g x 100% = 94,06%

A soma dessas porcentagens é 5,94% + 94,06% = 100%. Podemos observar


que, se utilizássemos a fórmula empírica (HO) para os cálculos, teríamos obtido
o mesmo resultado.

Na prática profissional, os químicos com frequência necessitam saber qual é a


massa real de um elemento em dada quantidade de composto.

Fórmula Empírica

Ao conhecermos uma fórmula, conseguimos obter as porcentagens em massa


dos elementos. O processo inverso a esse também é possível, ou seja, ao co-
nhecermos a composição percentual de um composto, podemos encontrar a
fórmula empírica – ou fórmula mínima, assim chamada porque a fórmula real
do composto pode ser um múltiplo dela. Ou seja, há compostos com diferentes
fórmulas que possuem a mesma fórmula empírica, por exemplo, C2H2 e C6H6,
cuja fórmula empírica é CH.

Dada a composição percentual em massa de um composto, conseguimos de-


terminar a sua fórmula empírica (Figura 1). Por estarmos trabalhando com
porcentagens e a soma de todas as porcentagens ser igual a 100%, assumimos
que partimos de 100 g do composto.

Figura 1: Procedimento para determinar a fórmula empírica de um composto partindo da sua


composição percentual
UNIUBE 45

Determinação Experimental de Fórmulas Empíricas

A determinação da fórmula empírica de um composto a partir de sua composição


percentual nos possibilita identificar experimentalmente os compostos. Devemos
proceder da seguinte maneira: primeiro, mediante a análise química conseguimos
saber quantos gramas de cada elemento há em uma determinada quantidade
de composto, logo após, para cada elemento convertemos em número de mols
as quantidades dadas em gramas e, para finalizar, podemos determinar a fórmula
empírica do composto segundo o modelo explicativo da Figura 1.

Como fazer:

Ao realizar a preparação de 55,6 g de uma substância sólida e branca, um quí-


mico constatou que precisou combinar 8,28 g de fósforo com cloro. Determine
a fórmula mínima ou empírica desse composto, dadas as massas molares em
g/mol: P = 30,97, Cl = 35,46.

Resolução:

Diminuindo a massa total do composto, pela massa do fósforo, obtemos a massa


do cloro, que será de 47,32 g:

Massa do fósforo (P) = 8,28 g

Massa do composto = 55, 6 g

Massa do cloro = (55,6 – 8,28) g = 47,32 g

Precisamos passar esses valores para mol. Assim, é só dividir cada massa pela
respectiva massa molar de cada elemento:

P = 8,28 g ≈ 0,267 mol

30,97 g/mol

Cl = 47,2 g ≈ 1,334 mol

35,46 g/mol
46 UNIUBE

Tendo em vista que os valores não são inteiros, para descobrir a fórmula mínima
precisamos dividir todos os valores pelo menor deles, que é o 0,267:

P = 0,267_ = 1

   0,267

Cl = 1,334_ ≈ 5

   0,267

Assim, a fórmula mínima ou empírica desse composto é PCl 5.

Como fazer:

A vitamina C, cujo nome químico é ácido L-ascórbico ou simplesmente ácido


ascórbico, é um agente redutor muito importante, sendo utilizada principalmente
na indústria de alimentos como conservante. Por exemplo, a laranja contém
vitamina C. Costuma-se, então, adicionar suco de laranja a saladas de frutas
para impedir a oxidação de outras frutas, como a maçã. Um laboratório preparou
vitamina C e calculou que em uma amostra havia 40,9% de carbono, 4,58% de
hidrogênio e 54,5% de oxigênio. Considerando que essa amostra tinha exata-
mente 100 gramas, qual é a fórmula mínima da vitamina C? (massas molares
em g/mol: C = 12,01; H = 1,008 e O = 16,00).

Resolução:

Transformando a proporção percentual para a proporção de massa de cada


elemento em 100 g da amostra:

40,9 g de carbono, 4,58 g de hidrogênio e 54,5 g de oxigênio.

Dividindo pelas respectivas massas molares para saber quanto corresponde em


quantidade de matéria (mol):

C = 40,9 g = 3,41 mol


UNIUBE 47

                          12,01 g/mol

H = 4,58 g = 4,54 mol

                             1,008 g/mol

O = 54,5 g = 3,41 mol

                      16,00 g/mol

Os átomos presentes na amostra de vitamina C estão na seguinte proporção


3,41 : 4,54 : 3,41. É preciso dividir pelo menor número (3,41) para que virem
números inteiros:

C = 3,41 = 1

   3,41

H= 4,54 ≈ 1,33

   3,41

O = 3,41 = 1

   3,41

As moléculas possuem apenas os números inteiros dos átomos e um dos átomos


não está com o número inteiro. Logo devemos multiplicar cada número por um
fator correto de modo que todos os números possam ser levados a números
inteiros. Por exemplo, 1,33 é igual a 4/3 (dentro do erro experimental), portanto
podemos multiplicar os números por 3:

C=1.3=3

H = 1,33 . 3 ≈ 4

O=1.3=3
48 UNIUBE

Desse modo, encontramos a fórmula mínima da vitamina C: C H O3 4 3.

Importante: os índices inferiores da fórmula molecular de uma substância são


sempre números inteiros múltiplos inteiros dos índices da fórmula empírica
(mínima).

Fórmula Molecular a partir da fórmula empírica

A análise da composição de uma substância desconhecida possibilita estabe-


lecer quais elementos constituem a molécula (análise qualitativa) e em qual
proporção os átomos se encontram nela (análise quantitativa). Podemos fazer
uma análise quantitativa de uma substância mediante sua fórmula empírica e
molecular.

A fórmula molecular nos indica o número de átomos de cada elemento que faz
parte da composição da molécula ou espécie química da substância, assim
como a proporção entre eles. A molécula do peróxido de hidrogênio, por exem-
plo, é formada por dois átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio, logo
sua fórmula molecular é H2O2. Para que possamos determinar a fórmula mole-
cular, precisamos primeiro obter a fórmula empírica dessa mesma substância.
A fórmula empírica indica a proporção, em menores números inteiros, entre
os átomos dos elementos que formam as substâncias.

Tomemos a molécula de glicose (C6H12O6). A proporção dos átomos é de um


átomo de carbono para dois de hidrogênio, para um de oxigênio, ou seja, CH2O
(1:2:1).

Devemos notar que este tipo de fórmula não basta para identificar uma subs-
tância. Temos casos em que a fórmula mínima de uma substância corresponde
à fórmula molecular de outra e há substâncias que podem apresentar a mesma
fórmula mínima. Observe o exemplo a seguir:

Substância Fórmula molecular Fórmula empírica (mínima)


Glicose C6H12O6 CH2O
Ácido acético C2H4O2 CH2O
Ácido lático C3H6O3 CH2O
Formaldeído CH2O CH2O
UNIUBE 49

Repare que a fórmula mínima CH2O é a mesma para todas as substâncias lis-
tadas, ou seja, em todos os casos os átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio
estão presentes nas fórmulas moleculares em uma relação de 1:2:1. Repare
também que o único que apresenta a fórmula molecular igual à fórmula empírica
é o formaldeído.

Como fazer:

A nicotina é considerada uma droga psicoativa, responsável pela dependência


do fumante. Além de estimular o sistema nervoso central, a nicotina causa alte-
ração no ritmo cardíaco e na pressão sanguínea, sendo, por isso, o tabagismo
incluído no Código Internacional de Doenças (CID - 10). Na fumaça de um ci-
garro, podem existir até 6 mg de nicotina e, por meio de pesquisa, descobriu-se
que em cada miligrama desta substância há aproximadamente: 74,1% de Car-
bono; 8,6% de Hidrogênio e 17,3% de Nitrogênio. A partir dessas informações,
calcule sua fórmula molecular, sabendo que a massa molar da nicotina é 62 g.

Resolução:

Calculando a proporção.

Para este cálculo, vamos dividir a porcentagem pela massa atômica de cada
elemento.

C = 74,1 dividido por 12 = 6,175

H = 8,6 dividido por 1 = 8,6

N = 17,3 dividido por 14 = 1,24

Dividindo pelo menor dos resultados...

C = 6,175 / 1,24 = 5 mols

H = 8,6 / 1,24 = 7 mols

N = 1,24 / 1,24 = 1 mol

Fórmula mínima = C H N
5 7
50 UNIUBE

Fórmula molecular: representa quantas vezes a massa da fórmula mínima cabe


na massa da fórmula molecular.

Massa da fórmula mínima = (5 . 12) + (7 . 1) + (1 . 14) = 81 g

Massa da fórmula molecular = 162 g, ou seja, o dobro da massa da fórmula


mínima.

A massa da fórmula molecular é 2 vezes maior, logo a substância será repre-


sentada pelo dobro de átomos da fórmula mínima.

Fórmula molecular = C H N
10 14 2

Como fazer:

A amostra de uma substância orgânica usada em análises químicas contém


0,50 mol de hidrogênio, 0,50 mol de carbono e 1,0 mol de oxigênio. Sabendo
que a massa molar da substância é igual a 90 g/mol, podemos afirmar que as
fórmulas mínima e molecular são:

Resolução:

Dividindo pelo menor número de mols, teremos a proporção entre eles.

C = 0,5 / 0,5 = 1

H = 0,5 / 0,5 = 1

O = 1,0 / 0,5 = 2

A fórmula mínima do composto é C H O 1 1 2

A massa da fórmula mínima = 12 + 1 + (16 . 2) = 45

Como a massa molar é igual a 90 g/mol, precisamos de duas vezes a massa


da fórmula mínima para atingir este valor.
UNIUBE 51

Portanto, para se obter a fórmula molecular, devemos multiplicar a fórmula mí-


nima por 2.

Fórmula molecular: C H O2 2 4

2.6 Conclusão
Os estudos das grandezas químicas possibilitam a aprendizagem de conceitos
importantes e amplamente aplicados, como o conceito de mol. Partindo do pressu-
posto que já foi estudada a teoria atômica no livro de Química geral 1, desenvolve-
mos os conceitos de isótopos, números atômicos e massas atômicas, focando em
massa molecular. Dentro desse contexto, vimos a contribuição essencial de reno-
mados cientistas, como Amedeo Avogrado, Gay-Lussac, John Dalton, entre outros.

Foram apresentadas ainda fórmulas percentuais e empíricas a partir das fórmu-


las moleculares de diferentes compostos e também como o conhecimento
prévio desse conceito pode auxiliar na análise de identificação e na elucidação
de compostos de diferentes classes químicas.

Referências
BROWN T. L.; LEMAY H. E.; BURSTEN B. E. Química: a ciência central. 9. ed. São Paulo:
Pearson Prentice‑Hall, 2005.
Capítulo Funções inorgânicas:
3 ácidos, bases e sais

Deusmaque Carneiro Ferreira / Ely Zago

Introdução
As substâncias químicas podem ser agrupadas de acordo com suas
propriedades comuns, chamadas propriedades funcionais. A partir des-
sas propriedades, podemos agrupar as substâncias em grupos deno-
minados funções inorgânicas. As funções inorgânicas que estudaremos
neste capítulo serão ácidos, bases e sais. A função óxido será estudada
no Capítulo 4.

Você perceberá ao longo dos estudos como essas funções inorgânicas


estão presentes em nosso cotidiano, para exemplificar, podemos citar
o ácido clorídrico (HCl), comercializado com o nome de ácido muriático,
utilizado na indústria, nos laboratórios, na limpeza após a pintura de
edifícios (caiação) ou de superfícies metálicas (antes da soldagem).
Vale lembrar que esse ácido também está presente no estômago (suco
gástrico).

Outra substância muito usada em nosso dia a dia é o hidróxido de sódio


(NaOH), comercializado com o nome de soda cáustica, inserido no
grupo das bases, sendo utilizado principalmente na fabricação de sabão,
glicerina e na produção do biodiesel.

Os sais também apresentam uma ampla aplicação prática, destacando


o cloreto de sódio (NaCl), encontrado dissolvido na água do mar e
usado em nossa alimentação. Podemos citar, também, o carbonato
de cálcio (CaCO3), conhecido como calcário (calagem de solo), um
sal muito abundante na crosta terrestre, sendo o mármore uma varie-
dade desse mineral.

Com esses exemplos de aplicações práticas, você pode perceber a


importância das funções inorgânicas de ácidos, bases e sais na in-
54 UNIUBE

dústria, laboratório, comércio, agricultura, saúde (medicamentos)


entre outras. Sendo assim, precisamos conhecer bem as propriedades
físicas, químicas e organolépticas dessas substâncias e suas fórmulas
estruturais, nomenclaturas e classificações, uma vez que constituirão
ferramentas essenciais para a melhor compreensão dessas funções
em nossas atividades práticas diárias nos mais diversos setores.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• comparar as funções inorgânicas ácidos, bases e sais quanto à


formulação, classificação, estrutura e nomenclatura;
• utilizar exemplos do cotidiano para demonstrar fatos e conceitos
sobre ácidos, bases e sais;
• correlacionar as propriedades periódicas com as funções inor-
gânicas ácidos, bases e sais.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• estudo das propriedades físicas e organolépticas das funções


inorgânicas ácido, base e sal;
• estudo das funções ácido e base;
• função ácida;
• classificação dos ácidos, nomenclatura e aplicação;
• função base;
• classificação das bases, nomenclatura e aplicação;
• teoria moderna ácido‑base;
• aplicação dos principais ácidos e bases em nosso cotidiano;
• função sal;
• classificação dos sais, nomenclatura e aplicação no cotidiano.
UNIUBE 55

3.1 Estudo das propriedades físicas e organolépticas das


funções inorgânicas: ácido, base e sal
Antes das teorias modernas de ácido e base, os ácidos eram conceituados por
uma série de propriedades comuns, tais como:

• apresentar sabor azedo;

• tornar róseo o papel de tornassol azul;

• conduzir corrente elétrica (solução aquosa, meio eletrolítico);

• produzir efervescência ao ser adicionado a carbonatos;

• reação envolvida: ácido + carbonato → sal + gás carbônico + água.

As bases, antes dessas teorias modernas eram definidas por uma série de
propriedades comuns, como:

• possuir um sabor adstringente (“amarrar na boca”);

• tornar a pele lisa ou escorregadia (usada atualmente em cremes dermatoló-


gicos);

• tornar azul o papel de tornassol róseo;

• conduzir corrente elétrica (solução aquosa, meio eletrolítico).

Por sua vez, os sais eram caracterizados pelo sabor azedo e pela condutibili-
dade elétrica em meio aquoso.
56 UNIUBE

3.1.1 Aplicação das propriedades organolépticas e fisiológicas de alguns


grupos de substâncias

Com o sabor azedo... Com o sabor doce...

... tem-se frutas verdes ou ... tem-se, por exemplo, frutas


cítricas, produtos de origem maduras, caldo de cana,
fermentativa como o vinagre etc. verduras etc.

Com o sabor adstringente...


Com o sabor salgado...
(aquele sabor que “amarra na
boca”)
... tem-se sal de cozinha, terra
etc.
... tem-se banana verde, leite de
magnésia, caju, caqui verde etc.

IMPORTANTE!

Cuidado! Sabor não é critério para classificar substâncias, pois, por uma questão de
segurança, não podemos provar qualquer produto. Ele pode ser tóxico!

Um caso interessante é o sabor salgado da folha da man-


Cianeto (CN–) dioca brava, rica em cianeto (CN-), que, dependendo da
quantidade ingerida, pode levar à morte. Bananas e maçãs
Ânion formado por verdes “prendem” o intestino, e o leite de magnésia,
carbono e nitrogênio
(CN).
Mg(OH)2, em quantidade um pouco exagerada, pode levar
à desidratação (funciona como laxante).

IMPORTANTE!

Um grupo de substâncias, denominadas indicadores ácido-base, apresenta uma


determinada coloração em meio ácido e outra em meio básico.
UNIUBE 57

Vários produtos, além do extrato do repolho roxo, podem ser utilizados como
indicador ácido‑base, tais como flor de quaresmeira, flor de ipê, fenolfateleína,
azul de bromotimol, alaranjado de metila, papel de tornassol e tantos outros.

Nota: por meio de uma demonstração simples, você pode visualizar a mudança
de cor que ocorre nos indicadores em função do caráter ácido‑base do meio.
De forma simplificada, basta você seguir os seguintes passos:

I Providencie algumas folhas de repolho roxo, cortadas em pedaços pequenos.

II Coloque os pedaços em água fervente por cerca de dez minutos.

III Observe a cor final da solução de água com repolho roxo.

IV Umedeça um pedaço de pano branco no extrato de repolho roxo.

V Repita os procedimentos com outros produtos, como limão, coca‑cola, vinagre,


leite de magnésia, sabão, sabonete, baba de quiabo etc.

VI Anote suas observações ao final do experimento.

a) O pano com vinagre ficou...

b) O pano com limão também ficou...

c) O pano com leite de magnésia ficou verde ou levemente...

d) O pano com sabonete também ficou verde ou levemente...

Você deve ter percebido que temos dois grupos de substância entre os materiais
testados, em um, as substâncias que fizeram com que o pano adquirisse a cor
avermelhada, e, no outro, as substâncias que fizeram com que o pano adquirisse
a cor verde. O grupo que produz a cor avermelhada é chamado de ácidos e o
grupo que produz a cor verde ou amarelada é chamado de álcalis ou de bases.

Temos, portanto, uma ótima definição para ácidos e bases:


58 UNIUBE

PARADA PARA REFLEXÃO

Você sabe o significado dos termos ionização e dissociação? Veja as definições a


seguir.

IMPORTANTE!

Dissociação iônica é a separação dos íons que ocorre quando uma substância iônica
dissolve-se em água. É um processo em que se dá a separação de íons em uma fór-
mula. Estes podem recombinar-se para dar origem à substância original.

Ionização é o processo em que íons são formados quando certas substâncias mo-
leculares (covalentes) dissolvem-se em um solvente apropriado (polar com polar,
apolar com apolar).

H 2O
NaOH Na+ + OH-
H2O
Ca(OH)2 Ca2+ + 2OH-

Vejamos alguns exemplos:


H 2O
H2SO4 2H+ + SO42-
H 2O
HNO3 H+ + NO3-

3.2 Estudo das funções ácido e base


Inicialmente definiremos as funções ácido e base segundo a teoria de Arrhenius
e posteriormente iremos defini-las segundo as teorias de Bronsted-Lowry e
Lewis.
    
„‚

   †  


    ‡ UNIUBE 59

3.2.1 Função ácida


’Œ „
Segundo Arrhenius,  Ž„
os ácidos são substâncias moleculares que em meio aquoso
‰„ “      
ionizam liberando como único
  ‚ cátion o íon H +
.

Exemplo: HCl(aq) H+(aq) + Cl-(aq)

Nota: sabe-se
ˆque
 o íon H‰+ 
 interage com
a água, ligação
  coordenada,
­formando
ˆ
o íon hidrônio ou hidroxônio
  ‚ (H3O ), forma mais estável.
+

 

 ˆ      ˆ

ˆ      
  ­     ‘  
ˆ  

ˆ    
 ‰ „ 

IMPORTANTE!
 ˆ   Š‹   
  Š    ­       
Ácidos
  Š     Š   ­ 
Š‚
1o. Produto de reações entre os óxidos ácidos ou anidridos com água.
 ­   Š    ƒ   ƒ
→ H2CO3 (ácido
CO2 + H2O carbônico)
‰­  Š‹   
 Œ  ƒ Š‚
2o. Frente ao extrato de repolho roxo, os ácidos caracterizam-se pela cor avermelhada.
 ‰­ ­ 
  Š        
‰„ ‰  ƒ  
Experimentalmente, Arrhenius
€ ‚ verificou que as soluções eletrolíticas conduziam
a corrente elétrica devido à presença dos íons carregados eletricamente, e as
†
soluções não 
eletrolíticas €
não conduziam  Œ
corrente elétrica porque 
se mantinham
 Ž€    ‰ ‚ˆ  

na forma de moléculas neutras, isentas de ação em um campo elétrico.
‰    ‡
      


IMPORTANTE!

Corrente elétrica
   

É um fluxo ordenado de partículas carregadas (partículas dotadas de carga elétrica). Em


um fio de cobre, a corrente elétrica é formada por minúsculas partículas dotadas de carga
elétrica negativa, denominadas elétrons. Eles são os portadores da carga elétrica.
60 UNIUBE

Figura 1: Esquema mostrando a presença de uma solução eletrolítica


(à esquerda) e de uma solução não eletrolítica (à direita).

Interpretando melhor a Figura 1, percebemos que, na solução eletrolítica, a luz


está acesa porque há ionização do cloreto de hidrogênio, formando íons livres:
cátion hidrogênio e o ânion cloreto. Na solução não eletrolítica, a luz está
apagada, pois a sacarose é um composto molecular que não sofre ionização
ou dissociação iônica.

SAIBA MAIS

Condutibilidade elétrica

É a capacidade da solução de conduzir corrente elétrica ao ser exposta a um dife-


rencial de potencial elétrico. Esta condutividade varia em função da concentração de
íons na solução.

3.3 Nomenclatura e fórmula dos ácidos


Os ácidos podem ser divididos em dois grandes grupos:

IMPORTANTE!

Não oxigenados ou hidrácidos são os ácidos que não possuem oxigênio na


estrutura.

Oxigenados são os que possuem oxigênio na estrutura.


UNIUBE 61

3.3.1 Ácidos não oxigenados

São os ácidos que não formam óxidos.

Para dar nome a um ácido, basta escrever o nome do elemento seguido da


terminação ídrico:

NOME DO ELEMENTO + SUFIXO ídrico

Observe os exemplos a seguir:

HF ácido fluorídrico
H2Se ácido selenídrico
HBr ácido bromídrico
HCN ácido cianídrico
HI ácido iodídrico
H2 S ácido sulfídrico

3.3.2 Ácidos oxigenados

São os ácidos que, quando desidratados, formam óxidos. Portanto a nomencla-


tura de óxido ácido ou anidridos será utilizada na nomenclatura de ácidos. Para
tal, basta substituir a palavra anidrido pela palavra ácido. Exemplos:

SO3  +  H2O H2SO4
Anidrido sulfúrico ácido sulfúrico

CO2  +  H2O H2CO3
Anidrido carbônico ácido carbônico

E há outras várias maneiras de aprender a nomenclatura dos ácidos que con-


têm oxigênio. Uma das mais fáceis é memorizar a fórmula e o nome de seis
ácidos:

HNO3 ácido nítrico HClO3 ácido clórico

H2SO4 ácido sulfúrico H3PO4 ácido fosfórico

H2CO3 ácido carbônico H3BO3 ácido bórico


€
€ ‚ƒ„‚
‚ƒ„‚ †‡
†‡  ˆ­‚
 ˆ­‚ ‰
‰
‡Š      ‹Œ
‡Š      ‹Œ  Ž  Ž

‘ ‘  
 

     Š
 Š


62 UNIUBE  
 ‹ ‹

 ‡’
‡’
 “ “ ‡‡Š
 ‡‡Š
 

Os ácidos escolhidos servem de padrão para a nomenclatura. Observe que


 ”•
  ”• – – ”Š
 ”Š
todos terminam em ICO. A  partir

deles, acrescentando ou retirando oxigênio,
conseguiremos a fórmula de outros ácidos.
““ 
 
  ‡
 ‡ Œ
Œ
 € Ž
Podemos, resumidamente, para facilitar a compreensão, acompanhar o esquema:
 € Ž

“ “ š  š ›
 ›
 
ƒ„‚
ƒ„‚
 
š Œ›
š Œ› 
 ƒ„‚
 ƒ„‚

 ƒ„‚
 ƒ„‚

 

Vamos colocar em prática essa regra?


 Veja
 a
 seguir
”
 como
—
” ficam as
˜˜
— nomencla-
„‡
„‡
turas ao retirar ou adicionar oxigênio:
 
 ƒ„‚Ž
 ƒ„‚Ž

           


 
 


       ‹ ‹ 
  ‘ ‘
  “
  “ 

    

Š ‡’  ‡‡Š


Š ‡’  ‡‡Š
    ‹
  ‘  
“ 
   ‹
  ‘
 
 “
 
 ‡  ‡‡
 ‡  ‡‡
     “
 
     “ 
 ‡‡
 ‡‡
  ”•  ”Š Œ ‡      
O ácido carbônico (H2CO3) e o bórico
™Œ€ (H3BO3) não
 ”
”• foram Œ
 ”Š representados  nessa
‡  
Œ‡ apli-
   

™Œ€ ” Œ‡  
cação por não formaremoutros ácidos com
ˆ acréscimo ou retirada
ƒ„‚  de oxigênio.
 ˆ  ƒ„‚ 
‡ „‚ ˜   €    
Da família dos halogênios,

ou seja, de„‚
‡
  ‡
elementos que ˜
pertencem
 ”   Š
a uma
 
 € mesma
 
  
família da tabela periódica e possuem

€  propriedades
 ‡
  ” químicas semelhantes, 
 Š   o 
€    
bromo (Br) e o iodo (I) formam ácidos semelhantes ao cloro (Cl). Enquanto os
calcogênios, tais como o”š–›
selênio (Se)
”š–›
š›‡
e o telúrio (Te),formam  
ácidosš
semelhan- › 
 ‚š‹ ›  š›‡ 
’šœ ›‡  
š
ƒ‡  › 
tes ao enxofre (S). Já š‹›
os elementos
 ‚š‹ ›da família
’šœ do nitrogênio,
›‡ como
 o arsênio
 ƒ‡ 
(As) e o antimônio (Sb), formam
š‹›  ácidos semelhantes ao fósforo (P).
   
   
IMPORTANTE!

Alguns ácidos podem ser obtidos pela desidratação parcial de outros ácidos. Isso você
pode constatar a seguir, a partir das estruturas de alguns ácidos contendo o fósforo (P).
UNIUBE 63

SAIBA MAIS

Orto

Significa que o ácido pode gerar outro por desidratação.

Meta

Significa que foi retirada uma molécula de água do orto por desidratação.

Piro

Significa que foi retirada uma molécula de água de duas moléculas do ácido orto.

Os metais cromo (Cr) e manganês (Mn) também formam ácidos importantes,


pois vão originar várias outras substâncias, utilizadas em diversas reações quí-
micas, ou poderão originar subprodutos com papel cinético (catalisadores) im-
portantíssimos nas reações de oxidação. A seguir, observe a composição química
e a nomenclatura desses ácidos:
64 UNIUBE

3.3.3 Determinação teórica da força ácida

Para os hidrácidos:

IMPORTANTE!

A força ácida está relacionada ao comprimento do raio do átomo ligado ao hidrogênio.


Quanto maior o raio, menor será a sua eletronegatividade e mais fraca será a ligação
deste átomo com o átomo de hidrogênio, o que faz com que a ionização ocorra em
maior extensão.

Quanto mais fracamente ligado o átomo de hidrogênio estiver, mais facilmente


ele será “arrancado” pela molécula de água, para formar o hidroxônio, H3O+.

Portanto perceba que a força de um ácido está relacionada à capacidade de


ionizar e liberar íons H+ ou H3O+ no meio reacional (solução). Um ácido forte
ioniza muito apresentando elevada concentração de íons H+ ou H3O+ no meio
eletrolítico e, como consequência, terá um valor elevado para o grau de ioniza-
ção (α ≥ 50%) e um baixo valor de pH (potencial hidrogeniônico) e pKa (poten‑
cial da constante de ionização ou de acidez), uma vez que o valor de Ka é
elevado em se tratando de ácido forte. Esses parâmetros físico-químicos (pH,
pKa, Ka) usados para mensurar a força de um ácido serão estudados posterior-
mente nas unidades de estudos de físico-química.

3.3.4 Força nos hidrácidos

• Forte

Em ordem decrescente de força: HI (aq), HBr(aq), HCl(aq).

• Moderado

HF (aq).

• Fraco

Todos os demais.
    UNIUBE 65

3.3.5 Força
 nos
 oxiácidos
       
              
  
A força está 
intimamente ligada  ­
ao número  na
de oxigênio presente  estrutura
 do
       ­€   ‚ 
ácido. O oxigênio é o segundo elemento mais eletronegativo da tabela periódica,
€ ƒ  „  †          
e sua posição terminal na molécula faz com que haja um deslocamento de elétrons,
€              
no sentido do elemento
    central
‡ oxigênio. A deficiência
parao  eletrônica
 ƒ‚ (insufi-
ciência de elétrons)
 do hidrogênio facilita sua ionização.
  €„  Assim o ácido 
  será mais
 forte quanto maior
 for 
o número de átomos de oxigênio em sua estrutura.
  

          „       

 
”
” Š  Š ” Š  ” Š

 
“ “ “ “
      ­   ­ 

Vamos ver
umaregra prática:
      ˆ
‰  ­   „„ € Šƒ‹€ 
 
Tomemos 
a fórmula  „„   hipotético
de um ácido €      H
qualquer, E    
x zOy , na qual E pode
ƒ  
ser qualquer elemento, e x é o número de hidrogênios ionizáveis e y, o número
de átomos
Œƒde
oxigênio.
  ‚‹Ž‘€       
  €  €    
Fazendo a subtração y – x = f, pode‑se diferenciar os ácidos em forte, moderado
ou fraco, de acordo com o ˆ„
’ “Œ valor de f.    
 †    ˆ
• Ácido forte: quando
Š” •
f for‘—˜Š
ˆ–•Ž maior ou™šigual
•
a 2.
ˆ–•Ž™‘™˜Š›
—
ˆ–—Ž ‘
™˜
Por exemplo:
’ “ ˆ„   
HClO4: (4 – 1 =3)   H2SO4: (4 – 2 = 2)   HNO3: (3 – 1 = 2)
  ˆ
Š— •ˆ–•Ž—‘ ˜ Š™š— ˆ–—Ž™‘ ˜Š›™ˆ–™Ž ‘
˜
• Ácido moderado: quando f for igual a 1.

Por exemplo: ’ “ ˆ„   ƒ 


      ˆ
Š—œ—ˆ–—Ž—‘ž˜ Š”– Ž ‘ž˜
H3PO4: (4 – 3 = 1)   H2SO3: (3 – 2 = 1)   HNO2: (2 – 1 = 1)
           ƒ‚€
• Ácido„
fraco: quando f for igual a 0.
 ‚     ƒ   
              ƒ‚ 
Por exemplo:
      α –˜

H3BO3: (3 – 3 = 0)   HClO: (1 – 1 = 0)


α       ƒ   žž
         
   ˆ
Š— •ˆ–•Ž—‘ ˜ Š™š— ˆ–—Ž™‘ ˜Š›™ˆ–™Ž ‘
˜

66 UNIUBE ’ “ ˆ„   ƒ 


Nota: devidoà suainstabilidade,
    oˆácido carbônico (H CO ) é considerado fraco
2 3
Š
e não moderado œ
—
ˆ–—Ž—‘ž˜
como
—
Š”–
sugere a regra prática Ž ‘ž˜
(f = 1).
           ƒ‚€
Podemos expressar a força dos ácidos pelo grau de ionização, que é a relação
„  ‚     ƒ   
entre o número de moléculas
  ionizadas
   e o número
     de
 moléculas
 ƒ‚dissolvidas

em água. O grau de ionização é representado
     α –˜ pela letra grega α (alfa).

α       ƒ   žž


         

Podemos
 classificar os 
  ácidos de 
 acordo
 com o grau de
 ionização:
 ƒ‚ˆ
- Ácidos Fracos:
“ Œ  ˆ α a < 5%.
Ÿ¡¢
“ Moderados:
- Ácidos £  ˆ¡¢Ÿ 5% α a < 50%.
< Ÿ¡ž¢
“ Œ 
- Ácidos Fortes: ˆ α a > 50%.
¤¡ž¢
  

3.4 Fórmulas estruturais dos ácidos


     
     
Conhecendo a fórmula molecular dos oxiácidos, para montar a sua fórmula
  ­€‚­ƒ  ­
estrutural, basta seguir os
 seguintes passos: ­€‚­ƒ
„­ ˆœŸ†
 ­  ƒ„­­  ­­ ­­­­† ­ „­ ˆœŸ†
­
 ­  ƒ„­­  ­­ ­­­­† ‚­Ÿ­
­ 
1o Escrever os símbolos
‡ ­ ˆdo­„
elemento central, sem ser o ƒ‰­­
oxigênio ou o hidrogênio;
 ­  †‚
‚­Ÿ­ 
­ ­Ž˜
­ †‚
ŒšŒ‘
‡ ­ ˆ ­„
€ Š  Š‡ ƒ‰­­  ­ ­
­ ­Ž˜Œš Œ‘
2o Colocar os hidrogênios
‹‡  ligadosao
€ Š
­ elemento
Š­ central com um oxigênio
Š‡ ­ entre eles; Ž˜
 ­
Œš‹‘‡­­Š
­
‹‡  ­ ­‡
€ Š Š­ ­  Ž˜ Œš‹‘‡­­Š
­
3o Completar,Œ‡ligando
€os oxigênios
Š restantes
­‡ (se houver) ao elemento
 ƒ ­€ Š­ ­­Ž­ˆ ‘ central.   Šƒ
­
­ˆƒ
  Šƒ
Œ‡  ƒ ­€
 ‡ Š­ ­­Ž­ˆ ‘ ­ˆƒ
­ 
Observação: somente dois ácidos
 ‡ não seguem esta regra, o ácido fosforoso­  ­‡
e o hipofosforoso (H3PO2). Estes têm 2 e 1 hidrogênios ionizáveis, res-­ ‡
(H3PO3)’­€­†
’­€­†
pectivamente, ligados diretamente ao fósforo. Veja os exemplos:


˜‹™ †   ˜  ˜ ˜  ˜
˜‹™ †   ˜  ˜ ˜  ˜

š  ­­   ­­   ­­
š  ­­   ­­    ­­

˜ ˜
˜ ˜
˜Œš™ † š ˜ š ˜ ˜ š ˜
˜Œš™ † š ˜ š ˜ ˜ š ˜


š  ­­   ­­    ­­
š  ­­   ­­    ­­
“”•–“—† UNIUBE 67

3.5 Reações de ionização


œž­¡œŸƒ¤  œŸ‚­ƒ¤
‰„   
Reações de ionização, comoa œŸ
própria   Š€
definição de ácidos, Šƒ
são as quebras
 œŸ‚Ž˜›‘¥  €Ž˜‘‡
heterolíticas da ligação entre hidrogênio e oxigênio, com a formação de um
cátion (H+) e um ânion diferente da hidroxila (OH‑).

Observe„­
com ˆƒ­ƒ€­   estrutural:
atenção o exemplo a seguir na fórmula ­  †

­ œž­‰ ­


‰­ Ÿ‰„ ­
¡œŸ‡

 
˜‹
‹˜›

˜    ˜    ›
 
‚
  ¢  £­    Š

A substância anterior é um oxiácido, pois tem oxigênio, classificado como forte,


e sua ionização se dá com a separação do hidrogênio ligado ao oxigênio, sendo
que o par de elétrons que formava a ligação entre esses dois elementos (‑O‑H)

após a ionização permanece junto ao oxigênio.

Observe o mesmo exemplo, dessa vez com fórmula molecular:

H2SO4 ⎯→ 2H+  +  SO42‑
ácido sulfúrico cátion hidrogênio ânion sulfato

Vamos aproveitar o exemplo para verificar que, o ânion, produto da ionização,


muda o sufixo. Veja: o sulfúrico mudou para sulfato!

Só para relembrarmos, os ácidos são substâncias moleculares que, ao se dis-


solver em água (H2O), sofrem ionização liberando com íon positivo o (H+). O
ânion, isto é, o outro íon, terá carga negativa numericamente igual à quantidade
de hidrogênios liberados. Vamos ver outros exemplos, com fórmulas molecula-
res envolvendo hidrácidos e oxiácidos:
 ‚„Ž ˆƒ  
 € “       ” ­     
  ˆ

68 
UNIUBE €        †   
€€     ˆ

„•„Ž Ž•
‘   

„•ƒ– „Ž Ž•ƒ–


‘†  

„–—ƒŒ –„Ž Ž—ƒŒ–


‘ †   

„˜ƒŠ „Ž Ž˜ƒŠ


‘   

„Š™ƒŒ Š„Ž Ž™ƒŒŠ


‘  

„š„Ž Žš
‘     

Você observou o nome dos ânions formados?


  
• ídrico foi substituído por eto;

• oso foi substituído por ito;

• ico foi substituído por ato.

3.6 Classificação dos ácidos


Os ácidos são classificados de acordo com os seguintes critérios:

1. Quanto ao número de elementos químicos que constituem suas moléculas;

• Binários: formados por dois elementos químicos.

Exemplos: HCl; HBr; H2S.

• Ternários: formados por três elementos químicos.

Exemplos: HCN; H2SO4; H4P2O7.


UNIUBE 69

• Quaternários: formados por quatro elementos químicos.

Exemplos: HNCO; HSCN.

2. Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis;

• Monoácidos: apenas um hidrogênio ionizável.

Exemplos: HCl; H3PO2; HBrO2.

A reação de ionização pode ser generalizada pela representação a seguir:

HBr + H2O → H3O+ + Br‑

• Diácidos: dois hidrogênios ionizáveis (ácidos que, em processo de ioniza-


ção, liberam dois prótons hidrogênios).

Exemplos: H2SO4; H3PO3; H2MnO4.

A reação de ionização pode ser representada como:

H2SeO4 + 2H2O → 2H3O+ + SeO42‑

• Triácidos: três hidrogênios ionizáveis.

Exemplos: H3PO4; H3BO3.

A reação de ionização pode ser representada de acordo com a equação


química a seguir:

H3PO4 + 3H2O → 3H3O+ + PO43‑

• Tetrácidos: quatro hidrogênios ionizáveis.

Exemplo: H4P2O7.

A reação de ionização é representada a seguir:

H4P2O7 + 4H2O → 4H3O+ + P2O74‑


70 UNIUBE

3.7 Função base


Segundo Arrhenius, as bases são substâncias que, em solução aquosa, liberam
como íons negativos somente OH-.

Como exemplo, podemos representar a dissociação do hidróxido de sódio:

NaOH(aq) ⎯→ Na+(aq) + OH-(aq)

Assim, para Arrhenius, o sabor azedo (ácido), visto no item anterior, é causado
pela espécie química H+, que torna vermelho o indicador de extrato de repolho
roxo. Da mesma forma, o sabor adstringente (básico), que causa a coloração
verde ou amarelada do indicador de repolho roxo, é o ânion OH-.

SAIBA MAIS

Bases

1o. Produto de reações entre óxidos básicos com água.

Na2O + H2O → 2NaOH

2o. Frente ao extrato de repolho roxo caracterizam-se pela cor verde ou amarelo-aver-
melhada.

3.8 Nomenclatura e fórmulas das bases


Vamos recordar a definição anterior sobre base: trata-se de um produto da re-
ação de um óxido básico com a água. Portanto, para dar nome a uma base,
basta você substituir a palavra óxido por hidróxido.

Quando se adiciona base à água, esta, mesmo que muito pouco, dissocia-se,
liberando um único tipo de ânion: a hidroxila (OH-). Todas as bases são iônicas,
com exceção de uma: a amônia (NH3), que é molecular.

Para facilitar a nomenclatura, vamos dividi-la em dois grupos: aquele cujo metal
forma uma única base e aquele cujo metal permite a formação de mais de uma
base. Observe as reações a seguir, com a referida substituição das palavras:
UNIUBE 71

1o grupo: metais que formam uma única base.

Observe e faça a relação do nome do óxido com o nome da base.

Primeiro exemplo:

K2O + H2O → 2KOH


Óxido de potássio Hidróxido de potássio

Segundo exemplo:

Fr2O + H2O → 2FrOH


Hidróxido de frâncio

Terceiro exemplo:

CaO + H2O → Ca(OH)2


Óxido de cálcio Hidróxido de cálcio

Quarto exemplo:

ZnO + H2O → Zn(OH)2


Óxido de zinco Hidróxido de zinco

Quinto exemplo:

Al2O3 + 3H2O → 2Al(OH)3


Óxido de alumínio Hidróxido de alumínio

Portanto você percebe que a nomenclatura das bases cujo metal apresenta Nox
(número de oxidação) fixo é dada pela seguinte regra prática:

Hidróxido + de + nome do cátion

a) LiOH – hidróxido de lítio

b) Zn(OH)2 – hidróxido de zinco

2o grupo: metais que formam mais de uma base.

Neste caso, os metais apresentam mais de um Nox, como é o caso do ferro


(Fe2+; Fe3+), cobre (Cu1+; Cu2+), ouro (Au1+; Au3+), níquel (Ni2+; Ni3+) etc.
72 UNIUBE

IMPORTANTE!

Neste ponto, recomendamos que você procure saber mais sobre Nox de um
átomo em um composto. Todas as referências indicadas podem servir de auxílio.
De maneira geral, o Nox pode ser entendido como sendo a carga efetiva de um
átomo em um composto, a qual pode ser facilmente encontrada seguindo algu-
mas regras.

Os metais de maior importância, que apresentam mais de um Nox, consistem,


em sua maioria, em metais de transição.

IMPORTANTE!

Sua nomenclatura é igual à anterior, acrescentando algarismos romanos para indicar


o Nox do metal formador da base. Pode-se, também, utilizar os sufixos OSO para a
base cujo metal possui menor Nox e ICO para a base cujo metal possui maior Nox.

Observe, com atenção, os exemplos a seguir, pois teremos metais com Nox
variados, isto é, metais com Nox 1+ e 2+, metais com Nox 2+ e 3+, metais com
Nox 2+ e 4+ e, finalmente, um exemplo de metal com três Nox.

1. Metais com carga 1+ e 2+ (cobre e mercúrio):

Exemplo com o cobre:

Cu+ + OH- → CuOH


Hidróxido de cobre I Hidróxido cuproso

Cu2+ + 2OH- → Cu(OH)2


Hidróxido de cobre II Hidróxido cúprico

2. Metais com carga 1+ e 3+ (ouro):

Exemplo com o ouro:

Au+ + OH- → AuOH


Hidróxido de ouro I Hidróxido auroso

Au3+ + 3OH- → Au(OH)3


Hidróxido de ouro III Hidróxido áurico
UNIUBE 73

3. Metais com cargas 2+ e 3+ (ferro, níquel, cromo e cobalto):

Exemplo com o ferro:

Fe2+ + 2OH‑ → Fe(OH)2


Hidróxido de ferro II Hidróxido ferroso

Fe3+ + 3OH‑ → Fe(OH)3


Hidróxido de ferro III Hidróxido férrico

4. Metais com cargas 2+ e 4+ (estanho e chumbo):

Sn2+ + 2OH‑ → Sn(OH)2


Hidróxido de estanho II Hidróxido estanoso

Sn4+ + 4OH‑ → Sn(OH)4


Hidróxido de estanho IV Hidróxido estânico

5. Metais com cargas 2+, 3+ e 4+ (manganês):

Mn2+ + 2OH‑ → Mn(OH)2


Hidróxido de manganês II Hidróxido hipomanganoso

Sn3+ + 3OH‑ → Mn(OH)3


Hidróxido de manganês III Hidróxido manganoso

Sn4+ + 4OH‑ → Mn(OH)4


Hidróxido de manganês IV Hidróxido mangânico

3.9 Classificação das bases


1. Quanto ao número de hidroxilas:

• Monobases: possuem somente uma hidroxila.

Exemplo: NaOH; KOH; AuOH e LiOH.


74 UNIUBE

• Dibases: possuem duas hidroxilas.

Exemplo: Ca(OH)2; Ba(OH)2; Fe(OH)2 e Co(OH)2.

• Tribases: posuem três hidroxilas.

Exemplo: Fe(OH)3 e Al(OH)3.

2. Quanto à solubilidade em água:

• Solubilidade total: as bases dos metais alcalinos e amônia.

• Solubilidade parcial: as bases dos metais alcalinos terrosos (exceto


Mg(OH)2).

• Praticamente insolúveis: todas as outras bases, incluindo Mg(OH)2.

3. Quanto ao grau de dissociação

• Bases fortes: são as bases essencialmente iônicas, cujo grau de dissocia-


ção dos metais é total. Neste grupo incluem‑se as bases dos metais alca-
linos e alcalinos terrosos, com exceção do Mg(OH)2, que é uma base fraca.

• Bases fracas: neste grupo inclui‑se a amônia e todas as outras bases.

3.10 Conceitos modernos sobre ácido e base


Vimos, nas considerações iniciais, alguns conceitos de ácidos e bases, sobre
os quais desenvolvemos todo o estudo de ácido e base, aplicando, inclusive, a
teoria de Arrhenius.

Mas esta teoria possui três limitações:

1o Muitas reações importantes ocorrem em outros solventes. A teoria de Arrhe-


nius é restrita a soluções aquosas.

2o A água não é o único solvente capaz de ionizar ácidos e dissociar bases.

3o O caráter ácido e o caráter básico de espécies químicas que não possuem


hidrogênio e hidroxilas, respectivamente, não foram considerados.
UNIUBE 75

IMPORTANTE!

Caráter básico: substâncias com pH superior a 7.

Caráter ácido: substâncias com pH inferior a 7.

3.10.1 Teoria protônica de Brönsted-Lowry

Segundo a teoria de Brönsted-Lowry, Brönsted cientista dinamarquês e Lowry


cientista inglês, toda reação ácido-base é reversível independentemente do grau
de ionização ou dissociação iônica.
Ácido Base
Doa um próton Aceita um próton
(H+) para se transformar (H+) para se transformar em
em Cl- HCl

↑ ↑

HCl + H 2O Cl- + H3O+

↓ ↓
Base Ácido
Aceita um próton Doa um próton
(H+) para se transformar em (H+) para se transformar em
H3O+ H2O

IMPORTANTE!

Algumas espécies químicas diferem entre si pela diferença de um próton e são cha-
madas de par conjugado.
76 UNIUBE

Podemos, ainda, fazer algumas afirmações. Veja:

Um ácido forte é aquele que


possui facilidade em doar próton.
Em um par conjugado, quanto
Sua base conjugada é fraca,
mais forte for o ácido, mais fraca
tendo dificuldade em receber
será a base e vice-versa.
novamente o próton e, por isso,
não volta a formar ácido.

Uma base forte é aquela que


possui facilidade em receber
Todo ácido tem sua base
próton. Seu ácido conjugado é
conjugada e toda base tem seu
fraco, pois tem dificuldade em
ácido conjugado.
doar próton para voltar à forma
de base.

Observe a seguir:

Primeiro par conjugado Segundo par conjugado


doa H+ recebe H+

HCl Cl -
H 2O H3O+

Dessa maneira, a reação sempre tenderá à formação dos ácidos fracos (tal
como o H3O+) e bases fracas (por exemplo, o Cl-). O sentido inverso de formação
dos mais fortes também ocorre, só que em menor escala.

IMPORTANTE!

Substâncias como a água, que ora se comporta como base, ora se comporta como
ácido, são chamadas de anfóteras.

3.10.2 Teoria eletrônica de Lewis

Gilberto Newton Lewis, seu nome está associado a uma definição geral de ácido
(substância capaz de receber um par de elétrons) e de base (substância capaz
de doar um par de elétrons), dedicou-se também à preparação de uma amostra
UNIUBE 77

de água na qual os átomos de hidrogênio eram substituídos por deutério (2H):


a “água pesada” (D2O).

Em 1884, Gilberto Newton Lewis anunciou:

Ácido é toda espécie química, átomo, íon ou molécula capaz


de aceitar um par de elétrons, levando à formação de uma
ou mais ligações covalentes coordenadas (FELTRE, 1989,
p. 201).

Base é toda espécie química, íon ou molécula capaz de ofe-


recer um par de elétrons através de uma ligação covalente
coordenada (Lewis et al., apud FELTRE, 1989, p. 201).

Ligação
covalente
coordenada

H F

H N B F

H F

Base Ácido

Observe que o boro fez três ligações covalentes comuns com o flúor, ficando
com seis elétrons na última camada. Dessa forma, ele pode aceitar um par de
elétrons do nitrogênio da amônia para completar seu octeto.

IMPORTANTE!

A base oferece um par de elétrons através de ligação coordenada.

O ácido recebe um par de elétrons através de ligação coordenada.


78 UNIUBE

3.11 Aplicação prática de ácidos e bases mais importantes em


nosso cotidiano
Ácido sulfúrico (H2SO4)

Líquido incolor, muito corrosivo, oleoso, considerado muito forte, oxidante e


que absorve água (higroscópio). Em contato com a pele pode provocar quei-
maduras de terceiro grau. A dissolução em água é fortemente exotérmica.
Jamais adicione água ao ácido. Faça sempre o oposto. A economia de um país
pode ser medida pela quantidade de ácido sulfúrico produzido, pois este ácido
é empregado na indústria de fertilizantes, em película de filmes, medicamen-
tos, corantes, tintas, explosivos, baterias de automóveis, refinação de petróleo
decapante de ferro e aço.

Ácido cianídrico (HCN)

Líquido branco e transparente, com baixo ponto de ebulição (26°C). Considerado


um ácido fraco, mas extremamente venoso: na concentração de 0,3 mg por litro
de ar, torna‑se mortal. Sua primeira vítima foi seu próprio descobridor, Carl
Wihelm Scheele. Nome comercial: ácido prússico. Usado na fabricação de
plásticos, acrílicos, cianetos e corantes. É utilizado nos Estados Unidos em
câmara de gás para condenados à morte.

Ácido fosfórico (H3PO4)

Quando puro, é sólido e cristalino. Em solução aquosa a 85%, forma um líquido


oleoso. É um ácido fraco usado na indústria de fertilizantes e acidulantes e em
algumas bebidas não alcoólicas. Ânion fosfato PO‑34 está presente na formação
de material genético.

Hidróxido de amônio (NH4OH)

Líquido incolor, com forte odor, altamente tóxico, irritante aos olhos. Usado em
indústria têxtil, fabricação de borracha, fertilizante, revelação de filme fotográfico.
É usado também na indústria farmacêutica, na fabricação de tintas, explosivos,
detergentes e em alimentos.

Hidróxido de sódio (NaOH)

Sólido branco, cristalino, higroscópio e que absorve CO2 do ar. É altamente


tóxico e reage facilmente com as gorduras, provocando a saponificação. Usado
na fabricação de produtos químicos, celofane, sabão e detergente. Na indústria,
UNIUBE 79

é utilizado na extração de celulose e obtenção de papel e no refino de petróleo,


também é utilizado na medicina, na indústria têxtil e na recuperação da borracha.
Conhecido também como lixívia.

Hidróxido de magnésio (Mg(OH)2)

Base fraca, pouco solúvel em água. Usada na medicina como antiácido esto-
macal e como laxante. Sua suspensão aquosa é vendida no comércio como
“leite de magnésia”.

3.12 Sais
Os sais são compostos iônicos que apresentam pelo menos um cátion diferente
do íon H + e um ânion diferente da hidroxila OH‑. São formados por diversas rea-
ções químicas, entre as quais podemos destacar a reação de neutralização entre
um ácido e uma base, a reação entre um metal e um ácido, a reação envolvendo
um óxido básico e um óxido ácido ou, ainda, a reação entre dois sais.

Reação de neutralização

HCl(aq) + NaOH(aq)   →   NaCl(aq) + H2O(l)


ácido base sal água

Reação de deslocamento

Zn(s) + 2HCl(aq)   →   ZnCl2(aq) + H2(g)


metal ácido sal gás hidrogênio

Reação de síntese

CaO(s) + SO3(g)   →   CaSO4(s)


óxido básico óxido ácido sal

Reação de dupla troca entre sais

AgNO3(aq) + NaCl(aq) → NaNO3(aq) + AgCl(s).

É importante que você saiba que os íons que formam os sais podem ser monoa­
tómicos (como o ânion fluoreto, F‑, ou o cátion cálcio, Ca2+) ou poliatómicos
(como o ânion sulfato, SO42‑). Podem ainda ser inorgânicos (como o sulfato,
SO42‑) ou orgânicos (como o ânion acetato,CH3COO–).
80 UNIUBE

Em geral, os sais formam cristais e, quando solúveis, dissociam, liberando os


íons constituintes. Os sais são substâncias iônicas e, consequentemente, têm
um alto ponto de fusão e ebulição. Esses compostos normalmente apresentam
reduzida dureza e pouca compressibilidade. Se fundidos ou dissolvidos em
solvente polar (água), conduzem eletricidade, pois dissociam‑se nos seus íons
constituintes, passando estes a funcionar como eletrólitos. O sal mais conhecido
é o cloreto de sódio, vulgarmente conhecido como “sal comum” ou “sal de co-
zinha”, por ser bastante utilizado na alimentação humana.

A neutralização dos ácidos pelas bases pode ser total ou parcial, dando origem
a sais neutros, ácidos ou básicos. Veja a seguir as reações de neutralização
total, neutralização parcial do ácido e neutralização parcial da base.

3.12.1 Reação de neutralização total

Quando todos os íons H+ do ácido reagem com todos os íons OH‑ da base, o
sal formado é chamado de sal normal ou neutro.

3KOH(aq) + H3PO4(aq)   →   K3PO4(aq) + 3H2O(l)

K3PO4, fosfato de potássio, é um sal neutro.

Formulação dos sais normais:

Cy + A‑x → CxAy

Exemplo: Al+3 + (SO4)‑2   →   Al2(SO4)3

3.12.2 Nomenclatura dos sais normais ou neutros

O nome de um sal normal deriva do ácido e da base que lhe dão origem;
apenas a terminação do nome do ácido sofre alteração, de acordo com a
seguinte regra:

Ácido Ânion (constituinte da estrutura do sal)


ídrico eto
ico ato
oso ito
UNIUBE 81

Exemplo:

a) HF → ácido fluorídrico (ácido)

F‑ → fluoreto (ânion)

b) HNO3 → ácido nítrico (ácido)

NO3‑ → nitrato (ânion)

c) HClO → ácido hipocloroso (ácido)

ClO‑ → hipoclorito (ânion)

d) HIO → ácido hipoiodoso (ácido)

IO‑ → hipoiodito (ânion)

Em linhas gerais, o nome de um sal normal é:

Nome do ânion + de + nome do cátion

Exemplo:

a) KNO3 → nitrato de potássio.

b) Fe(ClO)2 → hipoclorito de ferro II ou hipoclorito ferroso.

c) Fe(ClO)3 → hipoclorito de ferro III ou hipoclorito férrico.

3.12.3 Reação de neutralização parcial do ácido

Ocorre quando um di, um tri ou um tetrácido reage com uma base e nem todos
os hidrogênios ionizáveis são neutralizados, originando um hidrogênio sal.

Exemplo:

NaOH + H2SO4→ NaHSO4 + H2O

Hidrogenossal: caráter neutro, pois origina‑se de um ácido forte (H2SO4) e de


uma base forte (NaOH).
82 UNIUBE

SAIBA MAIS

O caráter ácido-base de uma sal está relacionado à força do ácido e da base de


origem e não com a simples presença de H ou OH na estrutura, ou seja, um ácido
forte (HCl) ao reagir com uma base fraca (NH4OH) originará um sal de caráter ácido
(NH4Cl) e uma base forte (NaOH) ao reagir com um ácido fraco (H2CO3) formará
um sal de caráter básico (Na2CO3 ou NaHCO3). Diferentemente, a reação entre um
ácido forte(HCl) e uma base forte (KOH) originará um sal neutro (NaCl), e a reação
entre um ácido fraco e uma base fraca produzirá um sal cujo caráter ácido-base
depende dos valores das constantes de dissociação do ácido (Ka) e da base (Kb);
Ka > Kb → sal de caráter ácido. Ka < Kb → sal de caráter básico. Ka = N Kb → sal
de caráter neutro.

Reações químicas envolvidas:

1. HCl + NH4OH → NH4Cl + H2O

Cloreto de amônio → sal neutro de caráter ácido.

2. 2NaOH + H2CO3 → Na2CO3 + 2H2O (neutralização total)

Carbonato de sódio → sal neutro de caráter básico.

3. NaOH + H2CO3→ NaHCO3 + H2O (neutralização parcial do ácido)

bicarbonato de sódio → hidrogenossal de caráter básico (usado para corrigir a


acidez estomacal)

4. HCl + KOH → KCl + H2O

Cloreto de potássio → sal neutro.

3.12.4 Nomenclatura dos hidrogenossais

Os nomes dos sais ácidos são semelhantes aos dos sais normais, porém:

a) Indica-se o número de cátions pelos prefixos mono, di, tri...

KH2PO4 → fosfato (mono)potássico

K2HPO4 → fosfato dipotássico


UNIUBE 83

b) Indica-se o número de H+ pelas expressões (mono)ácido, diácido, triácido...

KH2PO4 → fosfato diácido de potássio

K2HPO4 → fosfato (mono)ácido de potássio

c) Indica-se o número de H+ pelas expressões (mono)hidrogeno, di‑hidro-


geno, tri‑hidrogeno.

NaH2PO4 → di‑hidrogeno fosfato de sódio

Na2HPO4 → (mono)hidrogeno fosfato de sódio

Nota: os sais ácidos dos diácidos recebem, frequentemente, o prefixo bi:

Ca(HSO4)2→ bissulfato de cálcio

NaHCO3 → bicarbonato de sódio (antiácido)

3.12.5 Reação de neutralização parcial da base

Ocorre quando uma di, uma tri ou uma tetrabase reage com um ácido e nem
todas as hidroxilas são neutralizadas formando um hidroxissal, cujo caráter pode
ser ácido, básico ou neutro conforme mencionado anteriormente.

Exemplo:

Ca(OH)2 + HCl → CaOHCl + H2O

Hidroxissal de caráter neutro, pois origina de um ácido forte HCl e de uma base
forte Ca(OH)2.

3.12.6 Nomenclatura dos hidroxissais

a) A nomenclatura desses sais pode ser indicada pelas expressões (mono)


básico, dibásico, tribásico:

Exemplo:

CaOHCl – cloreto (mono)básico de cálcio


84 UNIUBE

b) A nomenclatura dos sais básicos também pode ser indicada pelas expres-
sões (mono)hidroxi, di‑hidroxi, tri‑hidroxi:

Exemplo:

CaOHCl – (mono)hidroxicloreto de cálcio

3.13 Conclusão
Neste capítulo, vimos as funções inorgânicas de ácidos, bases e sais segundo
as teorias de Arrhenius (meio aquoso), Brönsted‑Lowry (teoria protônica) e Lewis
(transferência de pares de elétrons). Essas funções inorgânicas estão muito
presentes em nosso cotidiano, na produção de fertilizantes (ácido fosfórico), na
produção de sabão (soda cáustica), na calagem de solo (calcário) e em outras
aplicações. Neste contexto, também podemos observar que a definição
ácido‑base é complexa, pois depende do tipo de reação envolvida e do meio
reacional (solvente).

Na natureza, não há jazidas de ácido e base. Por outro lado, temos reservas
de óxidos ácidos (como o SiO2, o quartzo) e básicos (como o CaO, a cal vir-
gem), que em meio aquoso originam o respectivo ácido e a respectiva base,
e a reação entre um ácido e uma base origina o sal (reação de salificação ou
de neutralização). Quanto ao caráter do meio (ácido ou básico), precisamos
analisar a estrutura do composto, tipo de ligante, natureza da ligação química,
grau de dissociação (composto iônico) ou de ionização (composto covalente)
para verificar se a referida composição química retrata um eletrólito forte ou
um eletrólito fraco.

Referências
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

BROWN, Theodore L. et al. Química, a ciência central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.

FELTRE, Ricardo. Química: química geral. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1989. vol. 1.
Capítulo
Óxidos
4

Deusmaque Carneiro Ferreira / Ely Zago

Introdução
Neste capítulo abordaremos um assunto de extrema importância: a
função óxido. Esta função inorgânica abordará a interação do elemento
químico oxigênio com a grande maioria dos elementos químicos, for-
mando as mais variadas substâncias. Verificaremos, posteriormente,
que em termos práticos a função óxido pode ser considerada a pre-
cursora das funções inorgânicas de ácidos e bases, já estudadas
anteriormente. Essa versatilidade de compostos abrangendo a função
óxido se deve em parte à elevada eletroatividade do elemento químico
oxigênio (forte agente oxidante) em oxidar diversos átomos, formando
os óxidos (compostos binários do oxigênio). Classificaremos também
os óxidos em função de suas composições químicas, estruturas, rea-
tividades, aplicações, ressaltando suas principais nomenclaturas.

Você perceberá que muitas das propriedades discutidas neste capítulo


já foram apresentadas de certa forma no estudo das funções “ácido”,
“base” e “sais” ao longo do Capítulo 2 desta etapa. Isso ficará mais
nítido no momento em que formos estudar o caráter ácido-base dos
óxidos. Nesse contexto, é oportuno evidenciar a presença desta função
em assuntos de grande relevância para nosso cotidiano, como o efeito
estufa (aquecimento global), que em grande parte está relacionado com
a forte emissão de óxidos (gás carbônico, CO2), a chuva ácida (emissão
de óxidos ácidos), a corrosão das estruturas de aço (ferrugem formação
de óxidos de ferro, Fe2O3), além de outras aplicações que veremos no
decorrer do capítulo.
86 UNIUBE

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• reconhecer a formulação dos óxidos em seus arranjos molecu-


lares e iônicos;
• analisar e diferenciar óxidos moleculares de óxidos iônicos;
• reconhecer os produtos das reações dos óxidos com a água;
• caracterizar os óxidos anfóteros, duplos, neutros, peróxidos e
superóxidos, evidenciando suas principais reações e aplicações
práticas.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• definição da função óxido;


• formulação dos óxidos;
• ligações químicas nos óxidos;
• classificação dos óxidos;
• nomenclatura dos óxidos;
• aplicação dos óxidos e particularidades a respeito do peróxido
de hidrogênio;
• óxidos e a poluição atmosférica.

4.1 Função óxido


Óxido pode ser definido como um composto binário que contém oxigênio como
elemento mais eletronegativo. Essa definição abrange óxidos formados pela
interação do oxigênio com quase todos os elementos da tabela periódica. O
único elemento mais eletronegativo que o oxigênio é o flúor, por isso o OF2
(fluoreto de oxigênio) não é considerado um óxido. Os óxidos constituem um
grupo muito numeroso e são encontrados na natureza com muita frequência.
Você sabia que a substância mais abundante em nosso organismo é um óxido?
Isso mesmo, o organismo de um adulto apresenta mais da metade de sua com-
posição formada por moléculas de água (H2O é um óxido denominado monóxido
de dihidrogênio segundo as regras da Iupac). Além desse óxido de grande im-
portância para a nossa sobrevivência, podemos citar outros essenciais ao setor
metalúrgico, por exemplo, os óxidos que constituem os minérios (compostos
dos quais podemos extrair, com vantagem econômica, um dado metal). Entre
eles podemos destacar:
UNIUBE 87

• Fe2O3 – hematita (minério de ferro)

• Fe3O4 – magnetita (ímã natural)

• MnO2 – pirolusita (minério de manganês)

• SnO2 – cassiterita (minério de estanho)

• SiO2 – sílica (quartzo), importante constituinte da areia

• Al2O3 – coríndon (Al2O3, 2H2O – bauxita, minério de alumínio)

O oxigênio também reage com elementos químicos não metálicos formando


outros óxidos, como SO2, Cl2O, CO2, NO, CO. Vale ressaltar que, por ser muito
eletroativo, o oxigênio interage também com gases nobres, como o xenônio,
formando o óxido de xenônio (XeO3).

4.2 Formulação dos óxidos e nomenclatura geral


Exemplos:

Ex+ O2‑ → E2Ox

Al3+O2‑ → Al2O3

Na fórmula, E pode representar qualquer elemento químico, exceto o flúor. O


número de oxidação do oxigênio é –2 nos óxidos, exceto nos peróxidos (Nox = ‑1)
e nos superóxidos (Nox = ‑1/2). Essas duas classes de óxidos serão estudadas
a seguir.

4.2.1 Regra geral de nomenclatura

Prefixo (número de
Prefixo (número de oxigênio) óxido de + + nome do
elemento) + (mono, di,
+ (mono, di, tri, tetra) elemento
tri, tetra)
Fe3O4
Exemplo:
           triferro   tetróxido
Fe3O4 – tetróxido de triferro
88 UNIUBE

4.3 Ligação química nos óxidos


Os óxidos dos elementos fortemente eletronegativos apresentam ligações co-
valentes polares. Lembrando-se de que todos os óxidos dos não metais e dos
semimetais são moleculares.

Exemplo: O = C = O (molécula é apolar, µR = 0)

Ligação covalente polar

Por sua vez, os óxidos dos elementos fracamente eletronegativos (alcalinos e


alcalino-terrosos) apresentam ligação tipicamente iônica. Quanto maior for a
diferença de eletronegatividade entre o elemento combinado e o oxigênio, maior
será o caráter iônico da ligação química.

Exemplo: Ca2+ O2- ou CaO

PARADA OBRIGATÓRIA

Sugerimos que você faça uma revisão no material de estudo sobre tabela peri-
ódica e ligações químicas, nos capítulos 1 e 3 do livro Química geral 1.

Já os óxidos dos elementos de eletronegatividade intermediária (elementos da


região central da tabela periódica) têm ligação intermediária entre a tipicamente
covalente e a tipicamente iônica, formando os óxidos anfóteros.

Exemplo: ZnO; Al2O3; PbO; PbO2.

4.4 Classificação dos óxidos


Ao deparar com vários óxidos de um mesmo metal, lembre-se de que o caráter
ácido-base desses óxidos pode ser correlacionado a partir do número de oxida-
ção (Nox) do metal.

• Nox do metal baixo – caráter básico

• Nox do metal médio – caráter anfótero

• Nox do metal elevado – caráter ácido


UNIUBE 89

Isso pode ser identificado nos exemplos abaixo:

• MnO – Mn2+ → óxido básico (óxido de manganês II)

• MnO2 – Mn4+ → óxido anfótero (óxido de manganês IV)

• MnO3 – Mn+6 → óxido ácido (anidrido mangânico)

• Mn2O7 – Mn7+ → óxido ácido (anidrido permangânico)

4.4.1 Óxidos básicos

Os óxidos dos elementos fracamente eletronegativos como os metais alcalinos


e alcalino‑terrosos são óxidos básicos. Estes reagem com água, produzindo
base, ou reagem com ácido, produzindo sal e água. Portanto, aqui, você pode
verificar que os óxidos básicos são espécies químicas precursoras à formação
das bases em meio aquoso (reação de hidrólise).

Exemplo: Na2O + H2O → 2NaOH

óxido básico base (hidróxido de sódio)

Reação com ácido: Na2O + 2HCl → 2NaCl + H2O

Óxido básico ácido sal água

Nesses óxidos, o elemento ligado ao oxigênio é um metal com baixa energia de


ionização e baixo número de oxidação (+1, +2 e +3, exceto Pb, Zn, As, Sb e Sn,
os quais formam sempre óxidos anfóteros, conforme mencionado anteriormente).
Os óxidos de caráter mais básico são os de metais alcalinos e alcalino‑terrosos,
que reagem com água, os demais óxidos básicos são pouco solúveis em água.
Os óxidos básicos possuem estrutura iônica devido à grande diferença de ele-
tronegatividade entre o metal (baixa) e o oxigênio (alta). Por ter caráter iônico,
apresentam elevadas temperaturas de fusão e ebulição.
90 UNIUBE

4.4.1.1 Nomenclatura dos óxidos básicos

1. Quando o elemento forma apenas um óxido:

óxido + de + nome do metal

Exemplo:

a) K2O – óxido de potássio

b) CaO – óxido de cálcio (a cal virgem, oriunda da decomposição térmica do


calcário, CaCO3).

2. Quando o elemento forma mais de um óxido:

ICO – Nox maior

óxido + nome do elemento

OSO – Nox menor

Exemplo:

Cu2O – óxido cuproso (Cu1+)

CuO – óxido cúprico (Cu2+)

SAIBA MAIS

Outra nomenclatura que normalmente é aplicada a esses óxidos é:

óxido + de + nome do elemento + Nox (metal) em algarismo romano

Exemplo:

Cu2O – óxido de cobre I

CuO – óxido de cobre II


UNIUBE 91

4.4.2 Óxidos ácidos ou anidridos

A maioria dos óxidos dos elementos fortemente eletronegativos (não metais),


como regra, forma óxidos ácidos, com exceção de CO, NO e N2O, que são
óxidos neutros. Estes serão abordados posteriormente no tópico sobre óxidos
neutros.

Os óxidos ácidos reagem com água, produzindo ácido, ou reagem com base,
produzindo sal e água.

P2O5 + 3H2O 2H3PO4

óxido ácido (ácido fosfórico)

Reação com base: SO3 + 2NaOH Na2SO4 + H2O

óxido ácido base sal água

Nesses óxidos, o elemento ligado ao oxigênio é um ametal. Os ametais possuem


estrutura molecular, pois a diferença de eletronegatividade entre o oxigênio e o
outro elemento não é tão grande. Resultam da desidratação dos ácidos e, por
isso, são chamados anidridos de ácidos.

Exemplo: H2SO4 → ácido sulfúrico

– H 2O

SO3 → anidrido sulfúrico

4.4.3 Óxidos anfóteros

Nessa classe de óxidos perceberemos uma duplicidade do caráter ácido‑base,


uma vez que esses óxidos podem se comportar ora como óxido básico, ora
como óxido ácido, dependendo apenas do meio reacional. Sendo indecisos
entre o caráter básico e o ácido, os óxidos anfóteros só reagirão com outra
substância de caráter químico pronunciado, ou seja, um ácido forte ou uma base
forte.

Esses óxidos são formados por metais de transição e semi‑metais, que apre-
sentam, geralmente, número de oxidação igual a +3 ou +4, e que são capazes
de reagir tanto com ácidos quanto com bases, formando sal e água.
92 UNIUBE

Dependendo do metal ligado ao oxigênio pode haver predominância de caráter


ácido ou básico. O caráter ácido do óxido aumenta à medida que seu elemento
formador se aproxima, na tabela periódica, dos não metais. O caráter básico do
óxido aumenta à medida que o elemento formador se aproxima dos metais al-
calinos e alcalino‑terrosos. A estrutura dos óxidos anfóteros pode ser iônica ou
molecular.

Reação I: ZnO + 2HCl→ ZnCl2 + H2O

Reação II: ZnO + 2KOH → K2ZnO2 + H2O

Observe que na primeira reação o óxido de zinco (ZnO) reage com um ácido
forte (HCl), atuando como óxido básico. Já, na segunda reação, o óxido de zinco
(ZnO) reage com uma base forte (KOH), agindo como óxido ácido.

4.4.4 Óxidos neutros

Conforme já mencionado anteriormente, CO (monóxido de carbono), NO (óxido


nítrico) e N2O (óxido nitroso) formam os chamados óxidos neutros, que não
reagem nem com ácidos nem com base e nem com água, portanto são inertes
(neutros) ao caráter ácido‑base. É importante que você saiba que esses óxidos
neutros participam de outras reações químicas, o CO, por exemplo, é o agente
redutor na reação de desoxidação do minério de ferro (Fe2O3) que se processa
no alto forno siderúrgico.Veja as principais reações envolvidas na produção do
ferro gusa a partir do minério de ferro (Fe2O3).

Reação I: C(coque) + O2(g) → CO2(g)

Reação II: CO2(g) + C(coque) → 2CO(g)

Reação III: 1Fe2O3(s)+3CO(g) → 2Fe (s)+ 3CO2(g)

Reação IV: 2CO(g) + 1O2(g) → 2CO2(g) (reação exotérmica)

A energia liberada na reação IV é usada para produzir vapor de água em uma


caldeira, e a energia térmica do vapor é convertida em energia elétrica em um
gerador. Veja a importância da reação entre o monóxido de carbono (CO) e o
gás oxigênio (O2) para a matriz energética envolvida na produção do ferro-gusa,
pois, além de fornecer energia para a manutenção das reações que ocorrem no
UNIUBE 93

interior do alto forno, ainda há um excedente de CO destinado à produção de


energia elétrica que, dependendo do polo siderúrgico, é comercializado.

4.4.5 Óxidos duplos ou salinos

Nesse caso, você perceberá que os óxidos duplos apresentam uma estrutura
que pode ser compreendida como sendo a junção de duas outras estruturas do
mesmo elemento com o oxigênio (reação de adição ou síntese). Eles sofrem
decomposição (aquecimento, pirólise), originando dois óxidos.

Exemplo: FeO + FeO2 → Fe3O4



Óxido duplo

Quando se reage um óxido duplo com um ácido, o produto formado é composto


de dois sais de mesmo cátion, com Nox diferentes, e mais água. Alguns exem-
plos: Fe3O4, Pb3O4, Mn3O4.

Exemplo de reação:

Fe3O4 + 8HCl → 2FeCl3 + FeCl2 + 4H2O

PARADA PARA REFLEXÃO

Na reação acima você pode perceber claramente o que foi dito na definição de óxido
duplo, em que o Fe3O4 (óxido duplo) reage com o ácido clorídrico (HCl), produzindo
dois sais: o cloreto ferroso (oriundo da reação do FeO com o ácido) e o cloreto férrico
(oriundo da reação do Fe2O3 com o ácido).

4.5 Peróxidos
Os peróxidos são óxidos que reagem com água ou com ácidos diluídos, produ-
zindo água oxigenada,(H2O2).São substâncias que apresentam uma ligação
oxigênio-oxigênio na qual o estado de oxidação do oxigênio é –1. Geralmente
se comportam como substâncias oxidantes. Em contato com material inflamável,
podem provocar inclusive explosões.
94 UNIUBE

Normalmente, em contato com um oxidante forte, como o permanganato de potás-


sio (KMnO4), o peróxido atua como redutor, oxidando-se a oxigênio elementar.

Estrutura geral: –O–O–

Exemplo: Na-O-O-Na (Na2O2); H-O-O-H (H2O2)

Reações:

a) Na2O2 + 2H2O→ 2NaOH + H2O2

b) Na2O2 + H2SO4→ Na2SO4 + H2O2

4.5.1 Nomenclatura dos peróxidos

Peróxido + de + elemento

Exemplo:

Na2O2 – peróxido de sódio

H2O2 – peróxido de hidrogênio (quando em solução aquosa denomina-se “água oxi-


genada”). O H2O2 é líquido e molecular; os demais peróxidos são sólidos iônicos.

SAIBA MAIS

Você sabe o significado da expressão água oxigenada a 10 volumes? Isso significa


que 1L de água oxigenada, ao sofrer decomposição nas CNTP, libera 10L de oxigênio.

4.5.2 Algumas particularidades a respeito do peróxido de hidrogênio

O peróxido de hidrogênio tem uma grande importância para as reações bioca-


talíticas que se processam em sistemas biológicos, uma vez que o H2O2 é
substrato das peroxidases (grupo de enzimas que atuam em diversas etapas
aeróbias do nosso metabolismo). Além dessa via metabólica, o peróxido de
hidrogênio se decompõe em presença da catalase (enzima bioativa presente
UNIUBE 95

em tecido lesado), produzindo água e oxigênio, sendo usado na desinfecção de


materiais contaminados por bactérias anaeróbias restritas.

A respeito das propriedades físicas e organolépticas do peróxido de hidrogênio,


podemos evidenciar que ele é incolor à temperatura ambiente e apresenta sabor
amargo característico. Podemos encontrar pequenas quantidades de peróxido
de hidrogênio gasoso no ar atmosférico. O peróxido de hidrogênio é instável e,
quando perturbado, rapidamente se decompõe em oxigênio e água com libera-
ção de calor (∆H<0). Embora não seja inflamável, é um poderoso agente oxi-
dante, que pode sofrer combustão espontânea em contato com matéria orgânica
ou com alguns metais, como o cobre, a prata, o níquel e o bronze.

Superóxidos

Essa classe de óxidos reage com água ou com ácidos diluídos, produzindo
peróxido de hidrogênio (H2O2) e gás oxigênio (O2). Nestes óxidos, o número de
oxidação do oxigênio (Nox) vale –1/2.

Exemplo: K2O → superóxido de potássio.

Reações envolvendo os peróxidos:

2NaO2 + 2H2O → 2NaOH + H2O2 + O2

2NaO2 + H2SO4 → Na2SO4 + H2O2 + O2

Algumas particularidades a respeito dos superóxidos:

De forma geral, podemos representar a formulação dos superóxidos a partir da


reação de redução da molécula de oxigênio.

Reação de redução:

O2 + e– → O2–

Nos seres aeróbicos, o O2 age como molécula aceptora final de íons H+ e de


elétrons na cadeia respiratória (impedindo a acidificação do meio), sendo redu-
zido a H2O.

Reação envolvida:

2H+ + 1/2O2 + 2e– → H2O


96 UNIUBE

SAIBA MAIS

Em determinadas condições, o O2 aceita apenas um elétron, formando o superóxido.


Esta redução anômala ocorre especialmente com enzimas fumarato redutase e NADH
(nicotinamida adenina dinucleotídeo desidrogenase). Na bactéria Escherichia coli foi
demonstrada in situ a produção de superóxido de oxigênio no complexo enzimático
da sulfito redutase.

Uma outra aplicação interessante do superóxido ocorre em nosso sistema imu-


nológico, pois, devido à toxicidade, o superóxido é utilizado pelo sistema imuni-
tário na eliminação de micro-organismos invasores, como bactérias, fungos e
vírus. Os fagócitos possuem uma enzima denominada NADPH oxidase, que
produz superóxido, sendo este utilizado na degradação dos micro-organismos
fagocitados. A doença granulomatose crônica é uma imunodeficiência que resulta
da mutação no gene que codifica esta enzima, tornando o portador muito sus-
cetível a infecções.

Segundo Carvalho et al. (2005), o superóxido pode causar danos às estruturas


celulares de forma direta ou indireta, originando outras espécies reativas de
oxigênio, radicais livres que, por sua vez, causam diversas alterações nas es-
truturas celulares. Como o superóxido é uma molécula com carga elétrica ne-
gativa, é altamente polar, o que impossibilita a sua passagem por difusão simples
através das bicamadas lipídicas que formam as membranas celulares, por isso
não está normalmente associado a danos membranares. No entanto sua forma
protonada, HO2 (radical hidroperoxilo), não possui carga e atravessa membranas
mais facilmente. Como o pKa desta protonação é 4,8, cerca de apenas 1% do
superóxido se encontra na forma protonada.

Segundo Pingarrón et al. (2008), o superóxido reage com centros de ferro-en-


xofre existentes em proteínas, como a desidratase e a aconitase, destruindo-os
e provocando a liberação de ferro dentro da célula. A existência de ferro em
solução dentro das células é uma situação de reconhecida potenciação de danos
por espécies reativas de oxigênio.

Outros compostos contendo enxofre, como o aminoácido cisteína, também são


alvos da ação destrutiva do superóxido, formando sulfóxidos em soluções aquo-
sas. A capacidade do superóxido de reagir com centros de ferro-enxofre é ex-
plorada pelas células para que mudanças ocorram no estado redox intracelular.
UNIUBE 97

Determinadas proteínas têm seus centros de ferro‑enxofre destruídos de forma


propositada pelo superóxido de modo a provocar a síntese de enzimas que
desintoxicam a célula desse mesmo superóxido. Neste sentido, o superóxido
atua como molécula sinalizadora.

4.6 Óxidos e a poluição atmosférica


Durante o processo de respiração, animais e plantas eliminam o gás carbônico
(CO2) para a atmosfera e somente os seres fotossintéticos (autotróficos) captu-
ram o gás carbônico da atmosfera durante a fotossíntese. A queima dos com-
bustíveis (carvão, gasolina, querosene, óleo diesel, álcool) também libera CO2
para a atmosfera. Atualmente, há um desequilíbrio entre a emissão deste óxido
(respiração e queima dos combustíveis) e a captura feita durante a fotossíntese.
Este desequilíbrio se deve ao aumento acentuado da queima de combustíveis,
e a diminuição do processo de fotossíntese provocado pela destruição das flo-
restas (aumento da taxa de desmatamento em todo o planeta) aumentou bas-
tante os índices de gás carbônico em diversas florestas. Esse aumento
acentuado de CO2 provoca o chamado efeito estufa.

As radiações infravermelhas provenientes do Sol incidem na superfície terrestre


e parte sofre reflexão total e volta para a alta atmosfera. O CO2 da atmosfera
absorve parte dessas radiações e, com o aumento da quantidade de CO2 na
atmosfera, uma maior quantidade de radiações infravermelhas é absorvida, o
que leva a um aumento de temperatura na superfície terrestre, caracterizando
o efeito estufa. Em outras palavras, a Terra está ficando cada vez mais quente
e isso acarreta sérios transtornos climáticos, um exemplo disso são as grandes
inundações que têm ocorrido ultimamente.

Um efeito estufa intenso poderá derreter grande quantidade do gelo das regiões
polares, provocando uma inundação no planeta. Sendo assim, é fácil compre-
ender a preocupação geral dos ambientalistas e das autoridades mundiais com
este desequilíbrio no ciclo do carbono (ele vem aumentando drasticamente),
que tem transformado a Terra em uma verdadeira estufa, inclusive, futuramente
inóspita à espécie humana (elevada redução da biodiversidade). E por isso que
ouvimos frases do tipo “A natureza pede socorro”.

O gás carbônico, ao entrar em contato com água, reage formando ácido carbô-
nico. E, ao entrar em contato com a água da chuva, produz uma chuva ligeira-
mente ácida. Assim, toda chuva é ácida, e o grau de acidez varia de região para
região em virtude da emissão de óxidos ácidos (CO2, SO2, SO3, NO2) feita pelos
agentes poluidores.
98 UNIUBE

Reações envolvidas na chuva ácida:

I. CO2 + H2O → H2CO3

II. SO3 + H2O → H2SO4

III. 2NO2 + H2O → HNO2 + HNO3

IMPORTANTE!

Precisamos ser verdadeiros cidadãos no controle da emissão de óxidos poluentes!

Outro fator que merece a nossa atenção é a presença de enxofre como impu-
reza nos derivados do petróleo. Durante a combustão, a substância forma
óxidos ácidos (SO2 e SO3), que são emitidos na atmosfera e causam chuva
ácida, conforme já apresentado anteriormente. A chuva ácida é responsável
por diversos problemas entre os quais podemos destacar:

1. Prejuízos para a agricultura, pois o solo torna-se ácido, e o SO2 destrói as


folhas dos vegetais.

2. Promove acidez das águas dos rios e lagos, tornando a vida inviável nestes
ambientes.

3. Provoca a corrosão de materiais presentes em monumentos e construções como


o mármore e os materiais ferrosos.

Durante a combustão nos automóveis é necessário que entre ar no motor. Junto com o
O2, outros componentes, como o nitrogênio (N2), também entram e, em alta temperatura,
no motor, o gás nitrogênio reage com o oxigênio formando o óxido de nitrogênio (NO).

Ao ser lançado para a atmosfera, o NO transforma-se em um óxido ácido, o NO2, que,


ao reagir com água da chuva, produz ácido nítrico (HNO3) e nitroso (HNO2).

Reações envolvidas:

I. N2 + O2 → 2NO

II. 2NO + O2 → 2NO2

III. 2NO2 + H2O → HNO3 + HNO2


UNIUBE 99

O ácido nítrico (HNO3) não surge apenas devido à poluição. Nos raios que ocorrem
durante as tempestades também há formação de NO e NO2, que levam ao surgi-
mento desses ácidos na água. Por isso quantidades moderadas de HNO3 podem
existir na água da chuva, mesmo com ausência de poluição, o NO2 também contri-
bui para a formação da camada de ozônio na atmosfera. Veja a reação:

NO2 + O2 → NO + O3

A presença de ozônio na alta atmosfera é benéfica ao ser humano, pois ele é


responsável pela filtração dos raios ultravioleta provenientes do Sol. Entretanto,
quando esse gás encontra-se na baixa atmosfera pode causar irritação nos olhos
e na garganta e destruir folhas dos vegetais. Nesse caso, considera-se o O3 um
poluente.

O monóxido de carbono (CO), já tratado na Seção 4.4.4 Óxidos neutros, também


é considerado tóxico, pois apresenta uma grande afinidade com a hemoglobina
(ligação coordenada com o ferro da molécula de hemoglobina), impedindo-a de
interagir com o gás oxigênio. Sendo assim, a hemoglobina fica impossibilitada
de fazer o transporte dos gases respiratórios. Se inalado em grande quantidade,
o CO pode levar o indivíduo à morte por asfixia celular.

Quadro 1: Método industrial para obtenção de ácidos sulfúrico, nitroso e nítrico


  +  
S   O2   SO2  
Reação  de  
produção  
2SO +   O2   2SO
do  ácido  
sulfúrico   2   3  

SO3   +   H2O   H2SO


4  
 
N2   +   O2   2NO  

Reação  de   4NH +   5O2   4NO   +   6H2O  


produção  
3  
dos  ácidos  
nítrico  e  
nitroso  
2NO   +   O2   2NO2  
 
2NO2   +   H2O   HNO3   + HNO2  
+  

 
100 UNIUBE

4.7 Conclusão
Neste capítulo, vimos a grande abrangência da função óxido. Em parte, isso se
deve ao elevado poder oxidante do oxigênio, que proporciona uma reatividade com
diversos elementos na natureza formando os óxidos, que muitas vezes são classi-
ficados como minérios, como a hematita (minério de ferro, Fe2O3). Vale ressaltar
que a interação do oxigênio com o flúor forma um fluoreto e não um óxido, pois,
pela definição, um óxido é um composto binário em que o oxigênio é o elemento
mais eletronegativo, e o flúor é mais eletronegativo que o oxigênio.

Na crosta terrestre, há grandes reservas de óxidos ácidos, básicos, anfóteros


além de outros, que interagem formando as mais diversas substâncias que
apresentam uma grande importância em nosso cotidiano e em diversas ativida-
des industriais.

É bom destacar a importância dos óxidos na poluição atmosférica, na chuva


ácida, no aquecimento global, além de fazer e perceber outras correlações.

Referências
ATKINS P. e JONES L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. 3. ed. Bookman Compania Editora, 2006.

BROWN, Theodore L. et al. Metais e metalurgia. In: _____. Química, a ciência central.
9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. cap. 23, p. 856‑875.

FONSECA, M.R.M. Completamente Química: química geral. vol 1. São Paulo: FTD, 2005.

PERUZZO, F.M., CANTO, E. L. Tito e canto: uma abordagem do cotidiano. Vol 1. São Paulo:
Moderna, 2002, cap. 8.

USBERCO, S. Química geral. vol 1. São Paulo: Saraiva, 2000.


Soluções químicas:
Capítulo
conceito e
5
aplicabilidade

Ricardo Alexandrino Dias

Introdução
Temos visto ao longo do curso que a química está em nossa vida desde
a hora em que acordamos. Até mesmo quando estamos dormindo de-
pendemos dela. Embora não percebamos, o ar que respiramos, a urina
que excretamos e o sangue em nosso corpo são soluções indispensá-
veis para a manutenção da vida. Nos supermercados, por exemplo, a
qualidade de muitos produtos como azeite, vinagre e álcool está inti-
mamente ligada à qualidade de uma solução.

Nas indústrias e laboratórios utilizam-se soluções para fabricar produtos,


controlar sua qualidade e mesmo facilitar uma reação química. É por
essa razão que entraremos no fascinante mundo das soluções químicas.
Junte-se a nós nesta jornada.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• compreender o que é uma solução;


• entender o comportamento de uma solução;
• aprender a preparar soluções;
• aplicar as soluções em práticas industriais.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• introdução à solubilidade;
• dissolução;
• tipos de solução;
102 UNIUBE

• soluções gasosas;
• soluções líquidas;
• soluções sólidas;
• curvas de solubilidade;
• saturação das soluções;
• solução insaturada;
• solução saturada;
• solução saturada com corpo de fundo;
• solução supersaturada;
• ponto de inflexão;
• concentração de soluções;
• concentração comum;
• concentração molar;
• porcentagem;
• título;
• fração molar;
• molalidade;
• normalidade;
• PPM e PPB;
• técnicas de preparo de soluções;
• diluição.

5.1 Introdução à solubilidade


Ao adicionarmos duas substâncias ou mais, temos o que chamamos de mis-
tura. Se essas misturas são imiscíveis, a mistura resultante é chamada de
heterogênea, formando duas ou mais fases. Um exemplo é a mistura de água
e óleo ou de areia e água. Se a mistura é miscível (geralmente falamos de
miscibilidade para mistura de líquidos com líquidos), é chamada de homogênea,
constituída de uma única fase. Um exemplo é a mistura de água e álcool etílico
(álcool comum).

E a solução, o que é?
UNIUBE 103

IMPORTANTE!

Solução é uma mistura homogênea entre duas ou mais substâncias.

Em uma solução, o disperso (que se dissolve) é chamado de soluto, e o disper-


sante (que promove a dissolução), de solvente. Dessa forma, na mistura de
água e sal, o sal é o soluto e a água é o solvente.

5.2 Dissolução
Vimos no estudo de forças intermoleculares que a solubilidade entre as subs-
tâncias está intimamente ligada à polaridade delas. Por isso há o conhecido
ditado: “Semelhante dissolve semelhante”. Quanto maior a afinidade entre as
moléculas, maior será a solubilidade entre elas.

A água é chamada de solvente universal graças a uma propriedade muito im-


portante: dissolver substâncias polares ou iônicas para formar soluções aquosas.
Solubilidade é a facilidade que as substâncias têm de ser dissolvidas por outra
substância.

Quando a substância é solúvel em qualquer proporção, dizemos que ela pos-


sui solubilidade infinita, como é o caso dos monoálcoois de até 3 carbonos.
No entanto a grande maioria das substâncias possui solubilidade finita ou li-
mitada, como é o caso do sal de cozinha. Vimos, ainda, que sais como NaCl
em solução aquosa sofrem o que chamamos de solvatação e, quanto maior
for a força de dissolução desse sal em água, maior será a solvatação dos íons
desse sal pela água. Podemos entender solvatação como um fenômeno que
ocorre quando um composto iônico ou polar se dissolve em uma substância
polar sem formar uma nova substância. As moléculas do soluto são rodeadas
pelo solvente.

Uma substância tende a se dissolver em solventes de polaridade semelhantes


a ela. Solvente polar dissolve soluto polar, solvente apolar dissolve soluto apo-
lar. Vejamos essa interação:
 
104 UNIUBE

Ao misturarmos dois líquidos miscíveis:


 

   

   

 


 

  




 


  





 





 

 

Há total interação entre as moléculas


 da solução
­  € ­devido
à  forte interação inter-
molecular entrea água e o álcool. Como consequência, há a formação de uma
  ­    € ‚ƒ
„ † ­  ‡ ‚
única fase.

Podemos verificar na representação acima que as moléculas estão distribuídas


uniformemente, favorecendo a formação da solução.
   
   

Ao misturarmos dois líquidos imiscíveis:


   

     

­€ ‚
   ƒ
 € ƒ


  „  † „‡ˆ‰Š 

‹ Œ Ž   ƒ  ‘   


   Ž
ƒ ­  
 
UNIUBE 105

Notamos que não há formação de uma única fase e, com isso, não ocorre a
formação da solução, pois as interações entre as moléculas de água são mais
fortes do que as interações soluto‑solvente.

5.3 Tipos de soluções


Atenção: a diferença entre um gás puro e uma solução gasosa é que na solução
gasosa as moléculas não são todas iguais.

Basicamente, existem três tipos de soluções: sólidas, líquidas e gasosas. Pro-


curaremos relatar cada um desses tipos, com ênfase nas soluções líquidas,
amplamente conhecidas em nosso dia a dia.

5.3.1 Soluções gasosas

No estado gasoso, as moléculas estão distantes umas das outras, colidindo


entre si e com as paredes do recipiente. Quando esses gases são formados por
dois ou mais tipos de moléculas, chamamos de solução gasosa. Um exemplo
típico é o próprio ar (seco ou úmido, pois os valores mudam um pouco) que é
constituído por aproximadamente 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de
outros gases.

5.3.2 Soluções líquidas

As moléculas de um líquido possuem maior liberdade de movimento se compa-


radas com as do sólido. Isto faz com que ele ocupe a forma do recipiente que
o armazena. Em uma solução líquida, pelo menos um dos componentes deve
estar no estado líquido. O outro componente pode estar na forma de sólido, lí-
quido ou gasoso, formando uma mistura heterogênea.

5.3.2.1 Quando a solução é formada por gás e líquido

Não podemos falar de soluções com gases sem mencionar o estudo do químico
britânico William Henry. Ele estudou a solubilidade de gases em líquidos e aca-
106 UNIUBE

bou criando uma lei, conhecida como Lei de Henry, que afirma que, em tempe-
ratura constante, a solubilidade dos gases dissolvidos em um líquido é
proporcional à pressão parcial do gás sobre o líquido.

SAIBA MAIS

A lei de Henry aplica-se somente quando a concentração do gás (denominado soluto) e sua
respectiva pressão de vapor são baixas. Assim, o gás e sua solução são chamados de ideais.
Nesse caso, podemos considerar que o gás não interage com o solvente.

Um bom exemplo de uma solução formada por gás e líquido é a água dos rios
e mares, que contém uma grande quantidade de gás oxigênio (O2) dissolvido.
Se não fosse por isso, não seria possível os peixes sobreviverem, pois não
haveria como respirar. É comum vermos nos aquários motores bombeando
oxigênio na água, formando uma solução gás/líquido, e oxigenando a água para
que os peixes sobrevivam.

5.3.2.2 Quando a solução é formada por líquidos

São muitas as soluções de líquidos dissolvidos em outros líquidos. Não podemos


esquecer que, para que se forme uma solução líquido/líquido, as interações
entre as moléculas têm de favorecer essa homogeneidade. Dois líquidos imis-
cíveis jamais formariam uma solução. Um exemplo comum de uma solução
entre líquidos é a própria gasolina, que é uma mistura constituída basicamente
de hidrocarbonetos e álcool. Outro combustível que serve como exemplo é o
álcool etílico comercial, que na verdade é uma solução com certa quantidade
de água que varia de acordo com sua finalidade de uso.

5.3.2.3 Quando a solução é formada por sólido em líquido

São as soluções mais encontradas em laboratórios e indústrias. Há pouco fala-


mos que a água do mar possui gases (O2) dissolvidos. Mas a água do mar é
UNIUBE 107

formada principalmente por sais dissolvidos. O soro fisiológico, a salmoura


(solução de NaCl em água), usada em churrascos, e alvejantes, como o hipo-
clorito de sódio (NaClO), são soluções bastante usadas no cotidiano. Na forma-
ção de qualquer tipo de solução, seja ela sólida, líquida ou gasosa, temos de
levar em conta sua solubilidade.

5.3.3 Soluções sólidas

São soluções formadas por soluto e solvente em estado sólido. Entretanto, para
favorecer a mistura, pelo menos um dos componentes da solução deve estar
em estado líquido. As soluções sólidas são muito usadas em nossa vida, são
as chamadas ligas. As ligas podem ser encontradas na forma de moedas de
bronze, de níquel ou de ferro, ouro 18 quilates, no próprio aço e em diversas
outras ligas usadas em nossos lares, em consultórios dentários, em igrejas etc.

5.4 Curvas de solubilidade


Em temperatura constante, sabemos que substâncias diferentes serão dissol-
vidas em quantidades diferentes por uma mesma quantidade de solvente. O
NaCl, como já havíamos dito, possui solubilidade limitada e a quantidade
máxima é em torno de 35,5g em 100g de água, na temperatura de 20ºC.

Podemos imaginar quatro casos principais da solução deste sal em água:

• solução insaturada;

• solução saturada;

• solução saturada com corpo de fundo;

• solução supersaturada.
108 UNIUBE

5.4.1 Saturação das soluções

5.4.1.1 Solução insaturada

Se considerarmos primeiramente que estamos adicionando em 100g de água


a 20ºC uma massa inferior a 35,5g de NaCl, dizemos que a solução é insaturada,
pois a quantidade de soluto dissolvido é inferior à quantidade máxima que pode
ser dissolvida por esse solvente. Ou seja, a quantidade adicionada é inferior ao
coeficiente de solubilidade desse sal.

Solução insaturada: é quando a quantidade de soluto adicionado é inferior à


quantidade máxima que pode ser solubilizada na solução.

5.4.1.2 Solução saturada

Caso a adição deste sal atinja a quantidade máxima de dissolução, ou seja,


35,5g a 20ºC, então dizemos que a solução é saturada.

Solução saturada: é quando a solução contém a máxima quantidade de soluto


que pode ser solubilizada pelo solvente.

5.4.1.3 Solução saturada com corpo de fundo

Se adicionarmos uma quantidade de NaCl superior à máxima dissolvida em


água, ou seja, uma quantidade superior a 35,5g de soluto em 100g de água a
20ºC, (40g, por exemplo) diz‑se que ela é uma solução saturada com corpo de
fundo. Saturada porque dissolveu completamente 35,5g do sal e com corpo de
fundo porque precipitou o restante deste sal. Neste caso, 4,5g, que excederam
a sua solubilidade máxima.

5.4.1.4 Solução supersaturada

Se pegarmos essa solução com corpo de fundo e aquecermos sob agitação, o


sistema formado por 40g de sal em 100g de água se dissolverá totalmente. Ao
deixarmos essa solução em repouso até que a temperatura volte lentamente a
Capítulo 13 Propriedades das s

 UNIUBE 109


A solubilidade da maioria dos solutos sólidos na água aumenta à medida que a temperatura da soluçã
20ºC, o13.17
sal permanecerá dissolvido formando uma solução Solução
mostra esse efeito para várias substâncias iônicas em água. Entretanto, existem exceçõe
supersaturada.
caso de Ce2(SO4)3, cuja curvasedetornará
Mas a solução muitodecresce
solubilidade instável,
com o supersaturada
aumento da temperatura.
e sob umaEm agitação
contrastemínima, farásólidos,
aos solutos precipitar a quantidade
a solubilidade de gases em água diminui com o aumento da
de soluto emSeexcesso
13.18). um copodissolvida. O mel fria,
de água de torneira, e o éxarope são
aquecido, bolhasÉde
quando
ar sãoa solução
vistas no interior do co
contém uma quantidade
bidas carbonatadas perdem o
alguns exemplos de solução supersaturada.gás quando são aquecidas; à proporção que a temperatura da sol
de soluto superior à
lubilidade de CO2 diminui e CO2(g) escapa da solução. A diminuição da solubilidade de
quantidade máxima de
aumento da temperatura é um dos efeitos da poluição térmica de lagos
soluto e rios.na
dissolvida O efeito é particula
A temperatura é umporque
gos profundos fator decisivo
água morna naédissolução
menos densade queum
água fria. Ela, portanto, tende a ficar po
solução, mas que
soluto. na
Algumas substâncias
superfície. Tal situaçãoaumentam sua solubilidade
impede a dissolução de oxigênio nas camadasdissolvida
permanece mais profundas, dessa
com o aumento
pedindo ada temperatura,
respiração de todacomo
a vidaéaquática
o caso das subs- dedevido
dependente oxigênio. Os peixes
ao aumento de podem se su
tâncias mostradas na Figura 1 a seguir:
essas condições. temperatura.

100
CH4
90
Solubilidade (g de sal em 100 g de H2O)

O3
aN 2.0
80 N
O2

Solubilidade (mol/L)
70
7
l2 r2 O
aC )2
2C
3
O

60 C O3
K
KN

(N
Pb CO
50
KCl
40 1.0
NaCl
30
lO 3
20 KC
He
10
Ce2(SO4)3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20
Temperatura (C) Temperatur

Figura 13.17    Figura 13.18   


Figura 1: Solubilidade de vários compostos iônicos
         
em água em função da temperatura.     
Fonte: Brown, Lemay e Bursten Júnior (2005).    

De acordo com a Lei de Henry, os gases diminuem sua solubilidade com o
aumento da temperatura.
 É o caso do CO2 dissolvido nos refrigerantes,
  cer-
vejas e águas minerais gasosas e de algumas substâncias, como na Figura
2, presenteA na página seguinte.
concentração de uma solução pode ser expressa tanto qualitativa quanto quantitativamen
da e concentrada são usados para descrever uma solução qualitativamente. Diz-se que uma solu
ção relativamente pequena de soluto caracteriza-se por ser diluída; uma com uma concentra
concentrada. Usamos várias formas diferentes de expressar a concentração em termos quanti
mos quatro dessas formas nesta seção: porcentagem em massa, fração em quantidade de matér
quantidade de matéria e molalidade.
 
Uma das mais simples expressões quantitativas de concentração é a porcentagem em massa
te em uma solução, dada por:
massa do componente na solução
% em massa do componente =  100
massa total da solução

Assim, uma solução de ácido clorídrico que é 36% de HCl em massa contém 36 g de HCl
110 UNIUBE

Figura 2: Curva de solubilidade do Ca(OH)2(s), em água, em


função da temperatura.
         
Quando a 
curva de solubilidade for ascendente,
   ela indica
  que a adição do soluto
no solvente sofre uma dissolução endotérmica.
          
Dissolução endotérmica:
 quando
   a energia
 absorvida
 na dissociação é

maior que a energia liberada em sua solvatação, o meio externo se tornará
mais frio, pois perderá energia para o meio onde ocorre a dissolução.

Quando a curva de solubilidade for descendente, significa que a adição do soluto


   
no solvente sofre uma dissolução exotérmica.

Dissolução exotérmica: quando a energia absorvida na dissociação é menor


que a energia liberada em sua solvatação, favorece a liberação de energia para
o meio externo.

Em qualquer ponto da curva de solubilidade, a solução é saturada, pois é a


quantidade máxima de soluto solúvel naquela temperatura. Acima da curva,
temos uma solução supersaturada e, abaixo, temos uma solução insaturada.
Observe os gráficos da página seguinte.

  
         
       

          


      
UNIUBE 111

   


  

     


      
   ­€     
 ‚ƒ„     †­
    

‡‡

     


      
   ­€     
 ‚ƒ„     †­
              
 

‡‡

‡‡ 

              


 
Concluindo, temos:  

     

‘ ‘ 


‡‡ 

‘ ‘

‘ 

   


  
     ­    
   €        
‚ƒ „     
†     ƒ ‡ˆ 
 ‡       ‡
‘ ‘

‘ 
112 UNIUBE

5.4.2 Ponto de inflexão

É 
a zona de transição
   onde a curva muda de comportamento de maneira que

inverte completamente
 sua direção
  ­ no gráfico.
 Em soluções,
   os pontos de infle-
xão ocorrem
   em€solutos hidratados.
 Natemperatura
   de inflexão há um decrés-
  
cimo, parcial ou total,
‚ƒ do númerode
„  moléculas de hidratação do composto.
 
†     ƒ ‡ˆ 
 ‡       ‡
Os sistemas de aquecimento solar estão cada vez mais
 presentes em nossas
vidas. Eles se baseiam na absorção e retenção da energia do Sol para que,
‰     €       ­ 
mais tarde,
   ela possa ser
  revertida
­   e Š
liberada
para 
consumo. Para esse fim,
estes
Šsistemas
    fazem
 uso de um sal hidratado,
‚€  conhecido
  como sulfato de sódio
  ­  Š   ‹   
decahidratado (Na2SO4.10H2O(s)).
     ‹       Œ
  Ž†‘‰  ’“‰Ž””•Š­   
Ao
absorver calor,
  ­ este
sulfato aumenta
 Š sua
 ‡ € solubilidade
 –  até atingir uma tempe-
ratura
  em queperde
 €  parcial ou totalmente
     suas 
   moléculas
  de hidratação, tendo
‡   ‹     ƒ­  
umŠ
decréscimo considerável
  em sua solubilidade.
 ‡‡ Este ponto onde ocorre o

decréscimo é chamado
    de ponto de inflexão (Figura 3).

1D62 +2 V  1D62 DT  +2 O  DFLPDGHR &


FDORU

1D62 DT  +2 O  1D62 +2 V   FDORU DEDL[RGHR &

Solubilidade do Na2SO4 em ‘Š


água †‘‰ ƒ‚

     

Figura 3: Massa do soluto em gramas.


UNIUBE 113

5.5 Concentração das soluções


Concentração é a relação entre a quantidade
de soluto dissolvida no solvente, seja em forma de
massa ou volume.
€  ‰   Œ  
  ‹ – — 

Há duas maneiras de representar as concentrações:

• as expressas em volume da solução;


        
• as expressas em massa da solução.
     
     
5.5.1 Concentrações expressas em volume da solução
­ €      

­ € €
5.5.1.1 Concentração comum
‚    ƒ„ƒ   
É a relação entre „
 a massa do †‡€
soluto e gramas (g) e o volume
 ƒˆ  da solução
‰ ƒˆŠ  em
litros (dm3). A IUPAC recomenda g/dm3 em vez de g/L.

 
      

     

Se, por exemplo,


‹  quisermos
Œ saber a concentração
Ž de uma 
  solução de NaOH,
que possui 2g de “Œ
 ‘’ NaOH em 100mL‘’
”ƒ de solução:
  ••Š  

2g de NaOH —— 100mL solução

X —— 1000mL

X = 20g/L de NaOH ou
     
respeitando as normas da IUPAC

X = 20g/dm3
      

  

114 UNIUBE
      

5.5.1.2 Concentração molar ou  
molaridade (M)

 é o número de 
Concentração molar 
mols  contido
do soluto 
em   
1 litro  de
(1 L)
 
solução.  ­    
   
        
 
 ­    
   
­€€‚
Não devemos esquecer que o número de mols do soluto é:

   


  ­ 
­€€‚
    

   


  ­ 
    
ƒ„ 
­
SAIBA MAIS „†

Alguns exercícios  regra de três, usando apenas os conceitos estu-
podem ser resolvidos por

dados anteriormente.
ƒ„ 
­ „†

 
Veja um exemplo:
 ‰ Š ‹
Quantos gramas de sulfato 
de sódio devem ser dissolvidos
€ em ˆ100ml
Œ   deˆ
água   ŽŽ‘
para se obter uma solução 0,5’
mol L Na ?‡  ­Ž“‘ ”•
-1 +

A resolução é:   ­–‹


   
 

 
     
 

    

       

  

 € Œ  ˆ   ˆ   ŽŽ‘

 ­–‹ 
’

 ­–‹ ‡  ­Ž“‘ ”•
 
 
 ­–‹
 
 UNIUBE 115
  

 
     
 
1 mol de Na2SO4 pesa 142g: 


 
  

       
 
       
    
 
  
      
        
      

   
   
 
  

5.5.1.3 Porcentagem
  
  
      
     
É a medida deuma razão
 combase
­
 €100.
   Indica a composição
 

de um determi-
    ­ 
nado soluto em 100 partes da solução, podendo ser expresso de três maneiras:
          ‚   

    
    %(m/m)


­
 
ƒ  €
 
„  
†„ƒ     ­ 
 
  ­ 
 €
%(v/v) 
   

   ­
‚   

 
         ‚   
  ­  €        ­ 

    %(m/v)
 
       ‚   
 

ƒ   †„ƒ
 „ 
Vamos ver a seguir maiores
ƒ  detalhes desse conceito.
„ †„ƒ
ƒ
a) Porcentagens  „
massa/massa (%m/m) †„ƒ
   
‡ƒ 
 ˆ
„ˆ  †ˆ„ˆƒ
   
     

 
 
 

 
   
 

‡ƒ    
 ˆ „ˆ  †ˆ„ˆƒ

‡ƒ   
ˆ „ˆ  †ˆ„ˆƒ
b) Porcentagens volume/volume (%v/v)
‡ƒ   ˆ „ˆ  †ˆ„ˆƒ
ƒ  „ˆ 
 †„ˆƒ
 
    
   

  

      

ƒ  
 „ˆ  †„ˆƒ
 

c) Porcentagens
ƒ  
massa/volume (%m/v)
„ˆ 
 †„ˆƒ
ƒ  „ˆ  †„ˆƒ
       
    
   
  

  

     
     

     


116 UNIUBE

Em nosso dia a dia encontramos soluções cujas concentrações são expressas


em forma de porcentagem.

• O soro fisiológico vendido em farmácias, por exemplo, tem concentração de


0,9%m/v.

• O álcool etílico pode ser encontrado a 70% v/v.

Vejamos um exemplo prático:

Imaginemos uma solução de HCl com uma concentração de 37% em massa,


cuja densidade é 1,19g/mL. Determine:

a) o volume que contém 12g de HCl;

b) a molaridade.

A resolução fica assim:

a) 1o passo

Se a solução é 37% em massa, significa que:

37g de HCl → 100g de solução

Como queremos saber o volume que contém 12g de HCl, primeiramente temos
de descobrir a massa da solução que contém 12g de HCl. Então:

37g de HCl → 100g de solução

12gde HCl → Xg de solução

X = 32,43g de solução

2o passo

A densidade do HCl é 1,19g/mL, ou seja:

Para calcularmos o volume ocupado pela massa de 32,43g da solução, vemos que:

1,19g de HCl → 1mL de solução

32,43g de HCl → YmL de solução

Y = 27,25mL de solução
UNIUBE 117

Resposta da letra a: o volume correspondente a 12g de HCl é exatamente


27,25ml de solução.

b) 1o passo

1,19g HCl → 1mL de solução

Xg HCl → 1000mL de solução

X = 1190g de HCl

2o passo

A massa de 1190g está presente em 1000ml de solução. Então 1190g represen-


tam 100% da massa presente na solução. Se a nossa solução é 37%, a massa
de HCl presente nesta porcentagem é de:

1190g HCl → 100%

Yg HCl → 37%

Y = 440,3g de HCl em 1000mL de solução.

3o passo

Vimos que molaridade é o número de mols do soluto presente em 1 L de solução.


A massa molar do HCl é 36,5 g/mol. Sabendo que, em 1 L de solução, temos
440,3g de HCl, então:

1 mol de HCl → 36,5g de HCl

X mol de HCl → 440,3g de HCl

X = 12,06 mols de HCl presentes na solução.

Conclusão:

Como 440,3g de HCl estão contidos em 1 L de solução, temos 12,06 mols con-
tidos em 1 L de solução. Como desejamos saber a molaridade, então:
118 UNIUBE

Resposta b: Molaridade = 12,06 mol/L.

5.5.2 Concentrações expressas em massa da solução

5.5.2.1 Título (T)

Também é chamada de fração


  em massa, porque é a razão
 entre
  a massa
 do
soluto e
a massa total da
solução.

     


  
     
   

Título não possui unidade de medida, sendo, assim, um número adimensional.


 ­ €  ‚ƒ„

            


5.5.2.2 Porcentagem em massa (%)
       ƒ †
Também chamada de título percentual em massa, por ser uma relação entre a
quantidade de soluto em 100% de solução:
ƒ‡  
T% = 100 x T
 ˆ ‰ †
Vejamos um exemplo:
Š   ‹€ ŒŽ ‘ ’
Uma solução foi preparada
 “€”    pela adição
 de 25,56g
 € de
KCl em 400mL de água.

Determine seu título e sua porcentagem em massa.
”†  “€ €• 
Dados: densidade da água 1 g/cm3
 ˆ †

     •


 – –  ‘ ’ “€ ” 
    ‰   ‘ € “€

­  –   ‰    —


Š   ‹€ ŒŽ ‘ ’
 “€”      €  

”†  “€ €•  UNIUBE 119

Veja aresolução a seguir:


ˆ †
Inicialmente,
 como estamos
  trabalhando
 com a relação
 massa/massa, devemos
•
converter
 – –  ‘ ’ “€ ” a
os 400mL de água em massa. De acordo com densidade fornecida
no exercício,
  temos,
 então,
400g de água.
‰   ‘ € “€

Podemos resolver o mesmo exercício sem usar fórmulas, utilizando somente


regras­
de três. Temos
 – que ms
 é a massa do soluto
‰   +
massa —
do solvente, então
    € ˜
ms representa 100% da solução. Baseando-se nesse raciocínio, resolveremos
primeiramente a porcentagem em massa e depois acharemos o título.
  ™–    
    ƒ
425,56g → 100%
š       –       
25,56g €→  
X   

X = 6,0% ‘‹€
logo → T% = 6% ƒ
‹€›
Agora se quisermos saber T é só dividir por 100.

T = T%/100 ›‡‹ ƒ 

ƒ‡‹ ƒ
T = 6/100

T = 0,06    

5.5.2.3 Fração molar

A fração molar é um número adimensional e pode ser expresso de duas


maneiras:

• Fração molar do soluto.

• Fração molar do solvente.


120 UNIUBE

Fração molar do soluto (X1) é a razão entre o número de mols do(s) soluto(s) e
de mols
o número  
da solução. Veja calcular
a fórmula utilizada para 
a fração

molar do soluto:     

  ­ 

A diferença entre a fração molar do soluto e o título é que, enquanto o título


trabalha a relação entre a massa do 
soluto e  €  
da solução, a fração molar do
‚    de mols
soluto expressa a relação entre o número de mols do soluto e o número 
     
da solução.

Fração molar do solvente (X2) é a razão entre o número de mols do solvente


e o número de mols da solução. A fórmula para calcular a fração molar do
solvente é:

E atenção: a soma da fração molar do(s) soluto(s) e da fração molar do solvente


é sempre igual a 1.
ƒ „  †

‡ ‚  ˆ   


  ‰    Š  
ˆ‹
5.5.2.4 Molalidade (W)

A molalidade é a razão
‡ entre a quantidade
Œ em mols
Ž   de ‰
soluto e a massa
 do
solvente
expressa em 
  Š quilograma (kg).
 A molalidade
  é também conhecida como
concentração molal e não pode ser expressa em outra unidade.

Vamos ver um exemplo prático:


  Š ‘
O NaNO3 é um sal conhecido como salitre do chile, muito usado como adubo.
’““’ 
Para prepararmos uma soluçãoŽ de
 Ž
nitrato de sódio, ‰
podemos dissolver 1,74g
Œ”     •‰
de NaNO3 em 500g de água. Qual seria a molalidade dessa solução?
   ‰–„ ““’ ƒ—— ‘ 
   ˜
™  ““’ ­–
UNIUBE 121

Dado: 1 mol de NaNO3 = 87g

A resolução fica assim:

1, 74
n1=
87
n1= 0, 02 mol de NaNO3

m2 = massa do solvente em Kg

m2 500
= = g 0, 5Kg

n1
w=
m2 (Kg)

0, 02
W=
0, 5

W = 0, 04 molal

5.5.2.5 Normalidade

A unidade no sistema internacional (SI) de medidas para matéria é o mol. Como


consequência disso, termos como equivalente‑grama (e) e normalidade tornaram‑se
obsoletos. Entretanto sua utilização em química analítica é de grande vantagem,
devido ao fato de a solução não precisar respeitar a estequiometria da reação.

Normalidade é definida como o número equivalente (Neq) do soluto presente


em um volume em litro de solução.

Neq
N=
V (L)

Sendo:

N = normalidade
122 UNIUBE

Neq = número de equivalente do soluto

V = volume em litro de solução

Vejamos a seguir o procedimento para preparar 500ml de uma solução de H2SO4


0,1N, partindo de um ácido com 98% de pureza e densidade igual a 1,84g/cm3.

1o passo

Vamos encontrar o número de equivalente (Neq) do soluto na solução. Rear-


ranjando a fórmula, temos:

Neq = N x V(L)    Neq = 0,1 x 0,5    Neq = 0,05

2o passo

Devemos encontrar o equivalente grama (Eg) do ácido sulfúrico:

MM
Eg =
x
Sendo:

Eg = Equivalente grama

MM = Massa molar do soluto

x = Fator dependente da espécie química (ver a Tabela 1)

Tabela 1: Valor de X, para diferentes espécies químicas

Tipo X Exemplo
Elemento/substância Número de átomos H2 X=2
Ácidos Número de H ionizáveis H2SO4 X=2
Bases Número de hidroxilas Ca(OH)2 X=2
Sais Valência total de um dos íons Al2(SO4)3 X = 6
Óxidos ácidos Número de Hs no ácido derivado SO3 X=2
Óxidos básicos Número de hidroxilas na base derivada Fe2O3 X=3
Oxidantes/redutores ∆ Nox Depende da reação

Para calcularmos o equivalente grama do ácido sulfúrico, H2SO4, aplicamos a


fórmula.
UNIUBE 123

Eg = 98
2

Eg = 49

3o passo

Para encontrarmos a massa necessária de ácido que devemos tomar, basta


multiplicar o número de equivalente grama pelo equivalente grama do respectivo
ácido.

m = Neq x Eg

m = 0,05 x 49

m = 2,45g de H2SO4

4o passo

Sabendo que o ácido possui 98% (m/m) de pureza, devemos considerar a regra
abaixo:

100g de solução →   98g de H2SO4

Xg de solução →   2,45g de H2SO4

X = 2,5g de solução.

5o passo

Por se tratar de uma solução líquida, utilizamos sua densidade para referenciar
sua massa em volume.

1,84g da solução →   1 mL

2,5g da solução →   Y mL

Y = 1,36mL da solução.
124 UNIUBE

CURIOSIDADE

O cálculo de equivalentes-grama de ácidos e bases se dá por meio da divisão da


massa molar pelo número de hidrogênios ou hidroxilas ionizáveis do composto. Para
sais, divide-se a massa molar pelo produto do cátion e do ânion formador do sal.

Para reações de oxirredução, o equivalente-grama corresponde à massa molar divi-


dida pelo número de elétrons que participam da reação.

Dessa forma, a quantidade de ácido que devemos ter para preparar uma solução
de H2SO4 0,1N deve ser igual a 1,36mL da solução com 98% de H2SO4.

5.5.2.6 Partes por milhão (ppm) e partes por bilhão (ppb)

Partes por milhão (ppm) é a quantidade em massa de uma substância em


1.000.000 de unidades de massa da solução que o contém. Pode ser expressa
em massa/massa ou massa/volume, conforme o soluto e solvente usados.

Embora não esteja nas recomendações da IUPAC, PPM e PPB (partes por bi-
lhão) são bastante usadas nas indústrias de laboratório.

São muito utilizadas em situações nas quais a quantidade de soluto é muito


pequena na solução, ou seja, em soluções muito diluídas. Nestes casos, a massa
da solução é praticamente igual à massa do solvente. A própria química ambien-
tal faz uso destes termos para relatar a incidência de gases na atmosfera. Por
exemplo: quando se diz que o padrão de monóxido de carbono em ambientes
UNIUBE 125

como restaurantes é de aproximadamente 9 ppm, significa que, em 1.000.000g de


ar, há 9g de monóxido de carbono. Esta concentração pode chegar a milhares
de partes por milhão com o acúmulo de fumantes na região. Quando expressa-
mos em massa de soluto por massa de solução fazemos uso dessas fórmulas
para expressar ppm e ppb.

Para expressarmos em massa do soluto por volume de solução, faremos uso


das seguintes fórmulas:

soluto(mg) solução(µg)
ppm = ppb =
solução(L)    solução( L)

Existem também partes por trilhão (ppt), medida utilizada quando o soluto é na
ordem de nanogramas. Mas o ppt também não é recomendada pela IUPAC, por
não fazer parte do sistema internacional de medidas (SI), como o ppm e o ppb.

5.6 Técnicas de preparo de soluções


No preparo de soluções sempre usamos um balão volumétrico, independentemente
se o soluto é sólido ou líquido. Na prática, no preparo de soluções em laboratório,
pesamos ou medimos o soluto, mas não o colocamos em uma quantidade fixa de
solvente. Sempre colocamos todo o soluto e, em seguida, adicionamos o solvente
até completar todo o menisco do balão volumétrico.

Vejamos um exemplo:

Suponhamos que queremos preparar 100mL de uma solução de concentração


20g/L de NaOH. Temos que descobrir primeiro a massa necessária de NaOH
em 100mL de solução para formar a concentração que queremos.

Pela regra de três:

Se 20g de NaOH estão presentes em 1000mL de solução, em 100mL de solução


será necessário Xg de NaOH.

20g de NaOH →   1000mL de solução

Xg de NaOH →   100mL de solução

X = 2g de NaOH
126 UNIUBE

Então pesamos 2g de NaOH e colocamos no balão volumétrico.

Em seguida, adicionamos água até completar o volume de 100mL no menisco.


Note que não adicionamos 100mL de água e sim um volume necessário para
completar 100mL de solução e, depois, homogeneizamos a solução.
UNIUBE 127

5.7 Diluição
Diluição é o método de preparo de uma solução menos concentrada a partir de
uma solução mais concentrada, pela adição de solvente.

Imagine agora que queremos diluir nossa solução para uma concentração de 0,5g/L.
Vamos partir da solução preparada anteriormente na concentração de 20g/L e
guardá‑la em um balão volumétrico de 50mL.

1o passo

Descobrir a massa de NaOH que deve estar presente em 50mL de solução.

0,5g de NaOH →   1000mL de solução

Xg de NaOH →   50mL de solução

X = 0,025g de NaOH

2o passo

Descobrir qual o volume que devemos retirar da solução que possui a massa
de 0,025g de NaOH.
128 UNIUBE

Pegaremos, então, com uma pipeta graduada, uma alíquota de 1,25mL de uma
solução de 20g/L de NaOH (também chamada de solução estoque) e transferi-
remos para um balão volumétrico de 50mL.

Como no balão teremos uma massa de 0,025g de NaOH e 50mL de solução a


concentração é de 0,5g/L.

Podemos também calcular a quantidade da alíquota final da solução com a


seguinte fórmula:

C1 = concentração da solução concentrada


V1 = alíquota a ser retirada da solução concentrada
C1V1 = C2V2 onde C2 = concentração da solução diluída
V2 = volume da solução diluída que se quer produzir
UNIUBE 129

C1 x V1 = C 2 x V2
20g / L x V1 = 0, 5g / L x 50ml
0, 5g / L x 50ml
V1 =
20g / L
V1 = 1, 25ml

Ou seja, para preparar 50mL de uma solução de NaOH 0,5g/L, partindo de uma
solução estoque de 20g/L, deve ser tomada uma alíquota de 1,25mL da solução
estoque e diluí-la em um balão de 50mL.

5.8 Conclusão
Este capítulo foi dedicado ao estudo do preparo de soluções e às técnicas cor-
retas para a preparação. Não só em laboratório, mas em nosso dia a dia, esta-
mos rodeados de vários de tipos de soluções e compreendê‑las é uma
oportunidade de interagir conceitos teóricos e práticos em nossa vida.

Dentro desse contexto, foram apresentados os diferentes tipos de concentração


de soluções, como molaridade, concentração comum, título, normalidade, por-
centagem, ppm e ppb, entre outros, amplamente empregados na rotina de la-
boratórios.

Referências
BROWN, Theodire L.; LEMAY, H. Eugene; BURTEN JÚNIOR, Bruce E. Química: a ciência
central. 9a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

KOTZ, J. C.; TREICHEL, J. P. Química geral e reações químicas. 3. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 2005, 2v.
Capítulo As principais classes
6 de reações químicas

Natal Junio Pires

Introdução
Neste capítulo será feita uma abordagem das reações químicas do
ponto de vista microscópico, buscando a compreensão do que obser-
vamos em nível macroscópico. Serão apresentados vários tipos de
reações, classificadas de acordo com a quantidade de espécies dos
reagentes e produtos e de sua natureza.

Iniciamos com uma introdução acerca do processos de oxidorredução,


que são extremamente importantes para os processos industriais, assim
como para a manutenção da vida. Serão resgatados conceitos já traba-
lhados ao longo do curso, com o objetivo de mostrar como se aplica o
que aprendemos e construir um conhecimento interligado para entender
melhor o mundo que nos cerca, abordando a Química de forma contex-
tualizada.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• usar equações iônicas para especificar a natureza das reações


em meio aquoso;
• compreender a natureza da força motriz das reações iônicas;
132 UNIUBE

• interpretar a ocorrência ou não de uma reação química;


• analisar o caráter das reações ácido‑base em meio aquoso como
processo de transferência de prótons;
• discutir a presença de elementos em tipos importantes de reações
de oxidorredução: síntese, decomposição e deslocamento.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• a s classes de reações químicas e os meios que podem alterá‑las;


• reações de precipitação, ácido‑base, iônicas, oxidorredução,
síntese, decomposição, deslocamento (simples troca), dupla
troca e combustão;
• a importância da água como solvente;
• a força motriz das reações.

6.1 As principais classes de reações químicas

6.1.1 Considerações iniciais

A extraordinária variedade de substâncias que vemos na natureza é, em grande


parte, consequência da surpreendente quantidade de reações químicas que nos
rodeiam. Reações químicas bastante rápidas ocorrem quando a luz solar atra-
vessa a atmosfera ou quando relâmpagos surgem durante uma tempestade. Os
oceanos são sistemas reacionais, onde o tempo todo acontece um número
grande de reações químicas, indispensáveis à manutenção da vida no planeta.
Em qualquer célula do seu organismo estão ocorrendo, neste momento, milhões
de reações químicas importantes para o desempenho de qualquer atividade que
você venha a fazer.

Desses milhões de reações, até agora temos explorado um número muito pe-
queno, já que é praticamente impossível conhecer todas elas. Felizmente não
é necessário investigar todas, uma vez que, quando estudamos algumas, logo
observamos alguns padrões.
UNIUBE 133

Assim estudaremos agora a natureza dos três tipos de reações mais comuns
do nosso cotidiano. Devido ao fato de que nossa discussão se baseará essen-
cialmente em reações em meio aquoso, vamos relembrar o importante papel da
água como solvente. Em seguida trabalharemos com dois tipos principais de
reações: as reações de precipitação e ácido‑base, investigando por que elas
ocorrem e como usar equações iônicas para representá‑las. Finalizando, vere-
mos uma terceira classe de reações: as reações de oxidorredução, uma das
mais importantes em nosso estudo.

6.1.2 Importância da água como solvente

Grande parte das reações químicas que conhecemos atualmente ocorre


em meio aquoso. Dessa forma, torna‑se importante entender o mecanismo
pelo qual a água promove a solubilização das substâncias. A função de
um solvente em uma reação depende de sua natureza química. Assim ele
pode ser passivo e realizar apenas a separação das moléculas de deter-
minada substância, sem agir de outra maneira. A água pode desempenhar
também um papel bem mais ativo, pois interage intensamente com os
reagentes e, em algumas situações, pode chegar até a quebrar suas liga-
ções químicas.

a) Solubilidade de compostos iônicos

Quando a água dissolve um composto iônico como o cloreto de potássio


(KCl), ocorrem importantes alterações no comportamento de ambas as subs-
tâncias (água e KCl). Quando se testa a condutividade da água pura e do
KCl sólido, não há fluxo de corrente elétrica, pois em nenhum desses siste-
mas temos cargas livres para se movimentarem. Quando se dissolve o KCl
em água, ocorre um fluxo considerável de corrente elétrica, pois os íons K+
e Cl‑ no sólido se separam (dissociam) e se movem até o eletrodo de carga
oposta ao do íon. Uma substância que conduz a corrente elétrica, quando
dissolvida em água, é denominada eletrólito. Compostos iônicos que são
completamente solúveis em meio aquoso fazem com que a solução seja um
meio extremamente condutor de eletricidade e, por este motivo, são deno-
minados eletrólitos fortes.
134 UNIUBE

SAIBA MAIS

Quando o KCL se dissolve em água, cada íon é solvatado, ou seja, é rodeado por
moléculas de água.

A dissolução do KCL em água é apresentada a seguir:

A água (H2O) acima da seta indica que a dissociação ocorre em meio aquoso.
Porém aqui ela não atua como reagente. Quando qualquer composto iônico
solúvel em água se dissolve, os íons com cargas opostas são separados e ro-
deados por moléculas de água, ficando livres para se movimentar no interior da
solução.

b) A natureza polar da água

A água separa os íons em um processo que reduz muito a força de atração


eletrostática entre eles. Para entender como isso acontece, vamos analisar
detalhadamente a molécula de água.

O poder da água como solvente iônico se deve a duas características principais


de sua molécula:

• a distribuição dos elétrons nas ligações químicas;

• a forma angular.

Para entendermos isso, basta relembrarmos que o compartilhamento desigual


dos elétrons nas ligações faz surgir polos parcialmente carregados (positivos)
sobre os átomos de hidrogênio da ligação O–H. Dessa maneira, sobre o oxigê-
nio há formação de um polo parcialmente negativo. Devido à presença de dois
pares de elétrons “não ligantes” (livres) sobre o átomo de oxigênio, a molécula
de água assume a forma angular, minimizando a repulsão entre os pares não
ligantes e a nuvem eletrônica da ligação O–H. A combinação desses efeitos faz
com que a molécula de água seja polar.
UNIUBE 135
Os dipolos apontam para o
extremo negativo de cada
ligação O - H.

Repulsão Repulsão

A soma vetorial dos dois dipolos


resulta na formação de um
dipolo resultante, caracterizando
assim uma molécula polar.

c) Compostos iônicos em água

Com esta representação da molécula de água em mente, imagine um sólido


iônico sendo dissolvido em meio aquoso. Os cátions (íons positivos) ficam ro-
deados por moléculas de água que interagem eletrostaticamente com eles
através do polo negativo. Já os ânions (íons negativos) também interagirão com
as moléculas de água, através de sua região positiva.

SAIBA MAIS

Solventes sólidos para íons

A presença de cargas parciais sobre a molécula de água faz com que ela seja um
excelente solvente líquido para compostos iônicos. Alguns sólidos comportam-se
de modo similar. Um exemplo é o poli(óxido de etileno), um polímero cuja estrutura
é representada a seguir.

  δ−

 δ+

 

   

      
      
­€  ‚     
136 UNIUBE

A letra n indica vários grupos idênticos ligados covalentemente. As cargas par-


ciais negativas dos átomos de oxigênio podem rodear cátions metálicos, como
o Li+, e solvatá‑los enquanto permanecem no estado sólido. O poli(óxido de
etileno) e outros polímeros similares são componentes essenciais das baterias
de lítio usadas em laptops e outros eletroportáteis. Enquanto muitos compostos
iônicos se dissolvem em água, outros não encontram a mesma facilidade. Nes-
ses casos, a atração eletrostática entre os íons do composto é maior que aquela
estabelecida entre os íons (cátions e ânions) e as moléculas de água. Por isso
a substância permanece intacta.

Na realidade, as substâncias denominadas insolúveis se dissolvem em peque-


nas quantidades, normalmente em várias ordens de magnitude menores do que
as ditas solúveis.

Vamos comparar, por exemplo, as solubilidades de cloreto de sódio (NaCl),


um composto solúvel em água, com o cloreto de prata (AgCl), um composto
insolúvel.

Solubilidade de NaCl em água a 20oC: 365 g/L

Solubilidade de AgCl em água a 20oC: 0,009 g/L

Essa diferença pode ser entendida com um tratamento termodinâmico sobre


a formação de cada uma dessas espécies. Entretanto esse tratamento não
faz parte dos objetivos deste capítulo e será estudado posteriormente.

d) Compostos covalentes em água

A água também é capaz de dissolver um grande número de


Miscíveis
substâncias com características moleculares. O açúcar de
mesa (sacarose), o álcool comum (etanol) e um anticonge-
Substâncias que lante para radiadores de automóveis (etileno glicol) são al-
interagem com a água. guns exemplos bastante comuns. Todas essas substâncias
possuem grupos O–H, que são polares e, portanto, miscí-
Não eletrólitos
veis.
Substâncias que não
conduzem corrente Entretanto essas substâncias não possuem a propriedade
elétrica quando de se dissociarem em íons quando em meio aquoso (como
dissolvidas com a
água. acontece com aquelas que são iônicas), pois suas molé-
culas permanecem inalteradas durante o processo de
dissolução. Essas substâncias são não eletrólitos.
UNIUBE 137

Muitas outras substâncias moleculares, tais como o benzeno (C6H6) e o octano


(C8H18), não possuem partes polares em suas estruturas (hidrocarbonetos) e
não se dissolvem em água. Um grupo pequeno, porém importante, de substân-
cias moleculares, quando dissolvido em água, libera íons H+ num processo
denominado dissociação e/ou ionização. Essas substâncias são os ácidos, já
apresentados no Capítulo 2 do livro de Química geral I.

SAIBA MAIS

Ionização e dissociação

Em livros do segundo grau é comum encontrarmos uma distinção entre ionização e


dissociação, entendendo por ionização a formação de íons a partir de substâncias
moleculares e por dissociação a separação de íons em um composto iônico ou se-
paração de moléculas em um composto molecular, tal como a sacarose, em meio
aquoso.

No ensino superior, o termo dissociação é visto de forma mais ampla, empregado


indistintamente por alguns autores para fazer referência a processos que, no Ensino
médio, são denominados apenas ionização. Veja o exemplo a seguir:

H2O
HCl(g) ⎯→ H+(aq) + Cl-(aq)

No ensino superior, esse processo pode ser igualmente denominado ionização do


cloreto de hidrogênio ou dissociação do cloreto de hidrogênio.

Uma explicação para isso está relacionada com a definição da IUPAC para tais pro-
cessos. Para a IUPAC, o processo de ionização é a geração de um ou mais íons, o
que pode ocorrer pela perda de elétrons por uma entidade neutra (átomos ou molé-
culas), como a reação dada. Já o processo de dissociação é definido como a sepa-
ração da entidade molecular em duas ou mais entidades, ou, ainda, a separação das
entidades constituintes de uma substância iônica em seus íons livres. No caso do
HCl, substância molecular, o processo recebe a denominação heterólise unimolecu-
lar, cuja representação genérica é a seguinte:

A ⎯⎯⎯→ B ⎯⎯⎯→ A+ + B-

Observe a quebra da ligação covalente: o par de elétrons das ligações fica com uma
das espécies para formar o ânion, enquanto a espécie que perde é transformada em
um cátion.
138 UNIUBE

Assim, podemos entender o processo de ionização como um processo de dissociação.


O inverso não é verdadeiro, pois, em um composto iônico, os íons já estão formados,
não cabendo, portanto, a denominação ionização.

Para concluir, podemos dizer que, quando um composto iônico se dissolve em


meio aquoso, os íons dissociados são solvatados pelas moléculas de água.
Como os íons possuem liberdade para se movimentar, suas soluções são meios
condutores de eletricidade. A água tem um papel ativo no processo de dissolu-
ção de compostos iônicos, já que suas moléculas polares são atraídas pelos
íons (cátions e ânions).

Muitas substâncias covalentes podem ser dissolvidas pela água e, em algumas


situações, tais como com os ácidos, a interação é tão forte que chega até
mesmo a romper as ligações covalentes para formar íons(aq) e seus ânions.
Em meio aquoso, o íon H+ pode se ligar a uma molécula de água para formar
o íon H3O+.

6.1.3 Reações de precipitação e reações ácido-base

Das várias reações que acontecem no meio ambiente e nos organismos, a


grande maioria ocorre em soluções aquosas e muitas delas envolvem íons. Os
químicos usam três tipos de equações para representar uma reação química:

• molecular

• equação iônica completa

Equação iônica
• equação iônica simplificada
simplificada
Nos dois tipos de equações iônicas, átomos e cargas
Equação química sem devem ser balanceados, conforme você verá adiante.
a presença de íons
espectadores. Agora vamos nos concentrar em reações de precipita-
ção e reações ácido-base. Estaremos sempre preocu-
pados em justificar o porquê da ocorrência de reações
químicas.
UNIUBE 139

6.1.4 Escrevendo reações iônicas em meio aquoso

Considere a seguinte situação: quando misturamos soluções aquosas contendo


nitrato de prata (AgNO3) e cromato de sódio (Na2CrO4), forma‑se cromato de
prata (Ag2CrO4), um sólido vermelho. O esquema a seguir apresenta como po-
demos simbolizar as mudanças ocorridas quando as soluções de AgNO 3 e
Na2CrO4 são misturadas em laboratório.
Equação molecular*
2AgNO8(aq) + Na2CrO4(aq)  →  Ag2CrO4(s) + 2NaNO3(aq)
Nitrato de Cromato de Cromato de Nitrato de
Prata Sódio Prata Sódio

Equação iônica total

2Ag+(aq) + 2NO3–(aq) + 2Na+(aq) + CrO42–(aq)  →  Ag2CrO4(s) + 2Na+(aq) + 2NO3–(aq)

Equação iônica simplificada

2Ag+(aq) + CrO42–(aq)  →  Ag2CrO4(s)

*O termo “molecular” neste caso não é muito adequado, já que temos apenas compostos iônicos. Então
prefere-se a denominação “fórmula” em vez de “molécula”. Assim, empregaremos a denominação “equa-
ção molecular”, porém conscientes de que se trata de um composto iônico neste caso específico.

Na equação molecular, as espécies (reagentes e produtos) estão represen-


tadas como se fossem compostos intactos e não sofrem qualquer tipo de
dissociação.

A equação iônica total ilustra a reação de uma forma um pouco mais realista em
relação à anterior, pois todas as substâncias iônicas solúveis estão dissociadas
em seus íons. Nessa reação a única espécie que permanece inalterada é o
precipitado vermelho (Ag2CrO4).

Observe que os íons Na+(aq) e NO3(aq) não sofrem qualquer Íons espectadores
mudança durante a reação. Esses íons são denominados
de íons espectadores, pois na realidade eles não parti- Íons que aparecem em
solução em ambos os
cipam da reação. lados da equação iônica
total e não sofrem
Os íons estão presentes como parte integrante dos rea- qualquer mudança na
reação química.
gentes, pois eles são necessários para o balanceamento
das cargas.
140 UNIUBE

Não podemos adicionar íons Ag+ à solução sem adicionar um ânion, neste caso
íon NO3-. Note também que as cargas estão balanceadas: existem quatro cargas
positivas e quatro negativas do lado esquerdo da reação, resultando dessa forma
em uma equivalência entre cargas positivas e negativas.

Do lado direito podemos observar duas cargas positivas e duas negativas, re-
sultando também num balanceamento de cargas. Dessa forma, não temos
nenhuma carga líquida de ambos os lados da reação (esquerdo e direito).

Já a equação iônica simplificada é mais útil, pois elimina a representação dos


íons espectadores, apresentando apenas as espécies realmente envolvidas
na reação. A formação do sólido Ag2CrO4 é a única mudança na reação. Para
você entender, o mesmo produto poderia ser facilmente obtido misturando-se
K2CrO4(aq) e AgC2H3O2(aq). Apenas os íons espectadores mudariam, sendo K+(aq)
e C2H3O2(aq) em vez de Na+(aq) e NO3-(aq). Assim, podemos concluir que os íons
espectadores não interferem na formação de um produto durante uma reação
química. O uso de equações iônicas simplificadas facilitará muito o nosso
trabalho mais adiante.

6.2 Reações de precipitação


Reações de precipitação são muito comuns, tanto na natureza quanto na in-
dústria. Muitas formações geológicas, inclusive recifes de coral, algumas pe-
dras preciosas e minerais e a estrutura do fundo do mar, em parte, devem-se
a esse tipo de processo químico. E, como você verá, a indústria química
emprega métodos de precipitação para produzir várias substâncias de interesse
econômico.

A reação que discutimos entre o nitrato de prata e o cromato de sódio é um


exemplo de reação de precipitação. O precipitado forma-se pela mesma razão
que algumas espécies iônicas não dissolvem: a atração eletrostática entre os
íons (cátions e ânions) excede a tendência dos íons de se tornarem solvatados
e movimentarem aleatoriamente dentro da solução.

IMPORTANTE!

Quando soluções de tais íons estiverem misturadas, eles colidem e ficam juntos, e a
substância resultante “sai da solução” para formar um precipitado.
UNIUBE 141

6.2.1 A força motriz de reações de precipitação em meio aquoso

As reações químicas de íons em meio aquoso são tão comuns que poderíamos
até pensar que sempre que misturássemos duas soluções contendo íons ocor-
reria uma reação química. Porém isso não ocorre.

Então, como podemos saber se uma reação química irá ocorrer ou


não?

Em muitas situações, principalmente em processos de precipitação e reações


ácido‑base, a reação ocorre porque certos íons se atraem tão intensamente que
são removidos da solução para formar um dado produto.

Considere o seguinte exemplo: quando dissolvemos iodeto de sódio (KI) e nitrato


de potássio (KNO3) sólido em água, temos duas soluções (separadas), em que
seus íons estão dispersos de acordo com as seguintes equações químicas:

E o que acontece se misturarmos as duas soluções? Ocorrerá reação?

Para responder
   aessas perguntas,
  devemos pensar
    nas possíveis
  combinações
 
das substâncias presentes
      na solução, a fim de observarmos
    se alguns
 dos
 possí-
veis produtos
  são
insolúveis,
  ou seja,
  não sofrem
  dissociação
  em
 íons.
 Os íons
reagentes
 são:
       ­

€‚ƒ„ ‚ ƒ„ ‚ ‚
 ƒ„ ‚ € † ƒ„ ‡

ˆ‰       ƒ€ € † „    


      Š    €€ †  
€    Š    ‹      
           ‰   
 ŒŽ           
    

              


               
€‚ƒ„ ‚ ƒ„
 ‚  ‚ƒ„
‚ €          
†  ƒ„ ‡
ˆ‰ 
    €
     ƒ€  „
†   
­   
      Š    €€ †  
142 UNIUBE   €
€ ‚ Š    ‹
ƒ„ ‚ ‚
     
 ƒ„ ‚ € † ƒ„
ˆ‰
     ƒ„ ‚
  
 
  ƒ€   € ‰
 „     ‡
 
†
Além dos dois
 reagentes

ŒŽ  iniciais
   (NaI

 e
KNO 3), 
 Š
 que sabemos

  €€ ser solúveis,
    

†
 as
possíveis combinações
 
€  cátion‑ânion
 
 Š  são NaNO
 ‹ 3 e KI. Neste  caso
 não
 ocorrerá
 
  ˆ‰
  
  
    
  ƒ€
 ‰ € †„
     
nenhuma reação, pois as duas outras
 
substâncias

queŠ

seriam formadas
 
  €€
também
 ŒŽ
 
       
    †  
são solúveis. Em consequência
€   disso
 os
Š íons
  antes
‹ dissolvidos
 simplesmente
    
   
 ‰ 
 Š
permanecerão como solução.
           ‰   
 ŒŽ           

‘
‹    €
 †   

 
    
 ‹
Em seguida, estudaremos   e 
aprenderemos como determinar se um produto é
ƒ ‰
ƒ€ †„ „

  
Š   € 
ou não solúvel em água.
 ƒ€ †„


 
             
ˆ‰
‘ ‹  
 
€ ƒ€

 ‰ †Š  ƒ€
  „ „‹Š

† 
     
‹
Suponha agora ƒ€que
ƒ   o KNO3 seja substituído por nitrato de chumbo
†„ „        €
 ‰ €€ †   (Pb(NO
 
 3)2).
 ƒ€
  „ 
‘ 
’
Quando misturamos† a solução de NaI com †a ‚solução
‹ 
 ‹ƒ„€
 €    
de
 Pb(NO  
) , 

ocorre
‹ a
3 2
ˆ‰
    ƒ€ †„ „
ƒ  
 ƒ€


formação imediata de um precipitado amarelo. Além dos reagentes iniciais (NaI
 ƒ€

 
  „

†
„‹Š


„

 
 
€ 
 
 

 
 
 ƒ€ †„
 
 

‰  ƒ „
 €€ †
   
e Pb(NO3)2
) há duas outras ˆ‰ possíveis
   combinações
  ƒ€
’  ‹ƒ„€
neste
ƒ€  „ sistema,
„‹Š  que

 é a for-
    
† 
€‚ƒ„ mação
 de NaNO
‚ ƒˆ„ ‚  ‚ 3 e PbI
 ƒ„ ‚ €
 ,
2  de
 modo
  que
  o  sólido
ƒ€ deve„‚
‰
‚ ser o iodeto
€ de
†ƒ„ 
€€

‚ chumbo
  (II).

†ƒ„    ƒ„ 
‚ 
† 
ƒ „
Nesse caso, ocorre
 uma reação

  porque
’
os íons Pbƒ „2+ ‚atraem‑se
‹ƒ„€
  fortemente   e
são removidos da solução  
para 
formar PbI.  ƒ  „     
2(s)
   
€ ‚
ƒ„
‚ ƒˆ„ ‚ “

 ƒ„ ‚€
‚
€‚
ƒ„
   ƒ „
†ƒ„   
‚ €  ‚  ƒ „
 ‰­
†ƒ„
€ ƒ„ ‚ ƒˆ„ ‚  ƒ„ ‚ € †ƒ„
‚  ‚ 
€ ƒ„ ‚ € †ƒ„ ‚  ƒ „
‚

“       


   ‰­
  
Outra forma de escrever essa
“ equação
química é:
  
 ’   ‰­

{ {
€ƒ„ ‚ ƒ€ † „ ƒ„   ‚
€€ †ƒ„  
   
ƒ „   
   
 ’ 
 ’ 
{
€ƒ„ ‚ ƒ€ † „ ƒ„ €€ †ƒ„
 ‚  ƒ „
€ƒ„ ‚ ƒ€ †„ ƒ„ †ƒ„
€€ 
ƒ „
‚ 
”         
 Š       ‰  
Reações desse
  tipo
ƒ são denominadas reações
 ‹    dedupla   troca
ou metátese,
  „ pois,
quando ocorre a reação,
” ” as espécies
   trocam de
pares
 (observe
         o detalhe
  em
 Š
“ 
negrito na representação 
 

anterior).
 Š 
 •
Uma ‰
 reação 
•
 dessa  
   ‰

natureza 

  
é utilizada
 ‰  in-

  ƒ
 

‹
ˆ–
 ƒ   ƒ  
‹ 
   
„
 
dustrialmente para a produção de AgBr(s) (brometo de prata), muito empregado
ƒ „
 

 
 
   

 „ „
       
na produção de filmes“ para fotos  em preto e•
branco.
“      •  ‰ 
•‰ •
       
   
    
ˆ– ƒ „ ƒ ˆ– ƒ „ ƒ
  
 „  „   
  
ˆ€  ‚ – ƒ„

 
†ƒ„    €
    †ƒ„ ‚ˆ– ƒ „

   

 ˆ€
ˆ€ †ƒ„   ‚ – ƒ„
‚ –†ƒ„
ƒ„
€ †ƒ„€‚ˆ–
†ƒ„ ‚ˆ–

ƒ „

ƒ „

 

  
 
UNIUBE 143

6.2.2 Predizendo se uma reação de precipitação ocorrerá

Como você viu anteriormente, três passos lhe permitem prever se um precipitado
irá ou não se formar:

1. Note os íons que estão presentes nos reagentes.

2. Considere as possíveis combinações entre cátions‑ânions.

3. Decida se alguma das combinações é insolúvel.

Uma dificuldade que surge com o último passo é decidir se haverá ou não a
formação de precipitado, pois não há nenhum modo simples de fazer isso, ou
seja, determinar se uma combinação é insolúvel.

Para facilitar, você pode memorizar uma lista curta de regras de solubilidade
colocadas no Quadro 1. Estas regras não cobrem todas as possibilidades,
mas conhecendo‑as você pode deduzir o resultado de muitas reações de
precipitação.

Quadro 1: Regras de solubilidade para compostos iônicos em meio aquoso

Compostos iônicos solúveis Compostos iônicos insolúveis


1. Todos os compostos que envolvam 1. Todos os hidróxidos metálicos
os íons do grupo 1A (1), (Li+, Na+,K+ comuns são insolúveis, exceto
etc.) e o íon amônio (NH+4) são aqueles do grupo 1A (1) e os
solúveis. maiores membros do grupo 2A (2)
2. Todos os nitratos comuns (NO‑3), (começando pelo Ca2+).
acetatos (CH3COO‑) e a maioria dos 2. Todos os carbonatos (CO32‑) e
percloratos (ClO4‑) são solúveis. fosfatos (PO43‑) comuns são
3. Todos os cloretos comuns (Cl‑), insolúveis, exceto aqueles do grupo
brometos (Br‑) e iodetos (l‑) são IA (1) e aqueles de NH4+.
solúveis, exceto os do grupo Ag+, 3. Todos os sulfetos (S2‑) são
Pb2+, Cu+ e Hg22+. insolúveis, exceto aqueles do grupo
4. Todos os sulfatos comuns (SO4 ) 2‑
1A (1), 2A (2) e NH4+.
são solúveis, exceto aqueles do
grupo Ca2+, Sr2+, Ba2+ e Pb2+.
144 UNIUBE

Resumindo, as reações de precipitação envolvem a combinação de espécies


solúveis, que, ao serem colocadas juntas em meio aquoso, formam um produto
sólido. Elas acontecem porque atrações eletrostáticas entre certos pares de íons
solvatados são fortes o bastante para causar a remoção deles da solução. Tais
reações podem ser previstas identificando possíveis combinações para formar
espécies insolúveis, baseando-se no uso de um conjunto de regras de solubili-
dade, apresentadas no Quadro 1.

6.3 Reações ácido-base


As reações ácido-base podem não só ter a água como solvente, mas também
como uma espécie bem mais ativa sendo, por exemplo, um reagente ou produto.
Estas reações são eventos químicos empregados em diversos processos, tais
como a síntese bioquímica de proteínas, a produção industrial de vários fertili-
zantes e até mesmo a recuperação de lagos danificados pela chuva ácida.

Obviamente, uma reação ácido-base (também denominada reação de neutrali-


zação) ocorre quando colocamos em contato um ácido com uma base. Porém,
ao longo dos anos, as definições para esses termos foram sofrendo grandes
variações, conforme exposto no Capítulo 3 deste livro. Dentro dos objetivos do
curso, neste momento, usaremos as definições propostas pelo químico suíço
Svante Arrhenius.

SAIBA MAIS

Svante August Arrhenius nasceu em Vik, Suécia, dia 19 de fevereiro de 1859, e


faleceu em Estocolmo, em 2 de outubro de 1927. Foi um químico que investigou as
propriedades condutoras das dissoluções eletrolíticas.

Sua teoria afirma que, nas dissoluções eletrolíticas, os compostos químicos


dissolvidos se dissociam em íons, mantendo a hipótese de que o grau de dis-
sociação aumenta com o grau de diluição da solução, correta apenas para os
eletrólitos fracos.

Sua teoria se tornou um dos pilares da físico-química, no ramo da eletroquímica. Sua


concepção científica lhe valeu a obtenção do Prêmio Nobel de Química em 1903, em
reconhecimento aos extraordinários serviços prestados ao avanço da Química por
meio de sua teoria da dissociação eletrolítica.
  
         
‚  ƒ  
  
ƒ 
„   †    ‡ˆ ‰ 
           ƒ      Š 

‹  
„  
 † 
   ƒ 
 ‡ˆ ‰   
Š 
    
 Œ Ž  
‹      ƒ   

   
 
 Œ Ž   UNIUBE 145
      ‘   ’    “” •
  
  

   Um ácido 
‘ é 
uma substância
   que,
 dissolvida
’ em água,
   produz íons H+ como
“” •
  
  único cátion.
     
 
  ­
 
€
  ­
 ­ 
€ “– “”­€ ” –­€
€
 ­ 
   
— “–  “”­€ ” –­€
€ Ž  
 
 ‚
  
—  
€  Ž  
  ‚
 ƒ
€ 

 
 ƒ  ƒ  ‘  ’    ‑ “ •’
ƒ Uma base é uma substância que produz íons OH como único ânion quando
 
‘     
   ƒ  dissolvida
‚
ƒ  em água. ’    “ •’
€      

‚

 
 „€
  
 €
 „€  ˜ “ ˜”­€ ” “­€
 ƒ
 € ™˜  “  ˜”­€ ” “­€
 ƒ  †
 ƒ Ž  
  ˆ‰  ™  
 ƒ  † Ž  

‡  No  ˆ‰  Capítulo 3, você percebeu que os ácidos e bases são eletrólitos e podem
‹ Œ 
 
 
‹ Œ ser classificados
  š   † de •
acordo com a sua “força”,
›  que
é o
grau dedissociação
  em
   œ             

   meio aquoso.
  š   † • ›       
   ƒ ž
Ÿ     
  œ   
 
    
   
€  
Ž
   ƒ Dessa forma, tem‑se que os compostos iônicos completamente solúveis são
ž Ÿ         
Ž eletrólitos fortes. Por outro lado, os ácidos e bases fracos sofrem pequena
           
dissociação e a maioria
 de
suasfórmulas ou moléculas permanece intacta.
 


       
Como resultado, eles conduzem uma pequena corrente e são denominados
     
eletrólitos fracos.

Tanto os‰ácidos
  fortes
  quanto
  os 
fracos têm um¡
 ou mais átomos
  de
 hidrogê-

•
nio ionizáveis.
Já
‰    
as basesœ
  fortes  ‚
podem
     
ter íons
 
OH 

¡ 
2‑  
ou O como parte
 de
•
  œ
    œ 
sua estrutura.   ‚     

    ‹
   œ
     

           œ 
   ‹      
Os óxidos iônicos solúveis, como o K2O, atuam como bases fortes porque o íon
           œ
óxido (O¢
2‑
) reage com a água
 para formar
  o íon hidróxido (OH‑). 
›
¢
 › 
       £   
›
   “
  

  ›            œ„
 £  
 
¡•

   ¤
“ 

  



     
 
  


  
œ„ 
    
œ„ ­  € ¤
¡•      
  œ„­ “€


œ„ ­  €       œ„ ­ “€
   ­ 
  €
 
   ­­  ­ ‚ €‚
   

ƒ„ ‚     ƒ       


          

146 UNIUBE
          
Bases fracas, como a amônia, não contêm o íon OH.

‑
Porém podem
­  formá‑lo
em pequena
€

   quantidade
  quando

­­ reagem
 com
­ aágua.
‚ €‚
      
 
   ­ 
€    ­­  ­ ‚ €‚
   ­ 
 
ƒ  ƒ ­

   ‚ €‚
€ „ ‚  ­­  ­      
€    ­­  ­ ‚ €‚
ƒ„ ‚     ƒ       
† ‡    ­      ‚­ ˆ 
Observe
ƒ
ƒ a
„ ‚ ­ espécie
  deseta


 que foi empregada
 ˆ

ƒ   

ƒ † na
 reaçãoanterior.


­
   Ela indica que
‰
„ ‚       
a reação  †ocorre em
‡ˆ  ambos ­ os
‡ ‡ sentidos,

Š   ou
ˆ‹ ‡seja,
 ‡ é
uma
‚­  reação reversível.
­  ‚­
ˆ 
 Rea-
ções Œ
reversíveis são
 muito
 importantes
  Ž
­   ˆ  † ­ ‰  e
‡ serão  extensivamente
­­‚ discutidas ao
† ‡ ­
  ­      ‚­ ˆ 
longo
† ‡ de 
 nosso ­curso.
 ˆ  
‡ ‡
  Š ˆ‹   ‡ ˆ
‚­ ‡    ­  ‚­ 
­   ˆ  † ­ ‰ 
Œ   
  ˆ  ‡ ‡  Š ˆ‹   ‡ ‡   ­  ‚­  
­   ˆ  
† Ž ‡ 
­ ­­‚
‰
  ˆ
Œ  ‡
­ 
 ‡   Š ˆ‹ Ž   ‡ ‡
‡   ­  ‚­ 
 ­­‚
Œ  ‘ˆ’­
    ˆ€­†
Ž ‡  “ˆ­   +
­­‚
­ 6.3.1  A
força motriz da reação ácido‑base: formação de H2O a partir de H e OH‑
­   
­ 
 

  ‚  


 ‘ˆ’­  ˆ‹  
ˆ€­† ­
“ˆ­ 
 
Vamos empregar
 aqui
ˆ‹ as equações
€­†
­   ˆ€­† “ˆ­  
 ‘ˆ’­   iônicas
  ­simplificadas
   para
 analisar
 as reações
­ ácido‑base
 ”  e 
 ‘ˆ’­
 entender ‚por
ˆ€­†   que
 elas
ˆ
ˆ‹acontecem.
“ˆ­  
 
€­
­ 
­   
”
  †
 ‚  ˆ‹ 
 €­†  
ˆ‹   “
   ­
­       
 ˆ‹ ‚€­†
   ˆ‹     ­ 
Comecemos
 ”  com a representação
  ­ molecular

ˆ entre
 
 um ácido forte (HCl)

€­  e uma

”  ˆ‹ €­†
      ­
ˆ   €­
    
base forte
”
”   (Ba(OH)
†
”  ): 
2  ˆ
 
   “
 ”    
 €­
     “
” †  ‘     
” †     “


”
”  
   ‘  ‘  ”
• ‡­­”  
 ­
”
      
  
”€‚

  ”
  
   
 ‘   ­  ˆ “
• Devido • ao
‡­­”
fato do 
HCl e  
o Ba(OH)   
­     e a
‡­­”  2 se
 ­  dissociarem completamente
  água
•€‚€‚
‡­­”
permanecer   ­
se 
  ­
 ­  ˆ
 “  “
 sem

€‚ 
 
 dissociar,

”  a 

   ­

equação iônica
   total é:
ˆ

  ˆ “      ”      

  ”
 
 ”  
       
 
        ”

 
”
  
    
  
  † ‡”
 
          €‚
ˆ­ 
    

”
      
 
­­ ˆ  ­    ”
‡ †
Observe 
†a  ˆ­
remoção ˆ­“
dos íons   H (aq) e OH
† ˆ­
‡  

‑(aq)para
 + €‚

  formar  água

€‚ (H2O).  Eliminando
† ‡ 
­­ˆ­
­­

ˆ   
ˆ  €‚
­ 
     
­” 
    ” 
da equaçãoacima os íons espectadores (Ba2+ e Cl),  obtém‑se a equação iônica
    
­­ ˆ  ­
†  †
 
simplificada:
ˆ­“
   
 ˆ­“     ”
 ‘    
†   ˆ­“  

  


    
 ‘    
       
   
 •    – ­ˆ   
             
      ­
‘ 
  ‘   
 
 ˆ‹    €­ †   †ˆ  
•     – ­ˆ     ­ 

• 
 ­€­   ­†   
• ˆ‹

 
–  –
­ˆ
 €­ † ­ˆ
 
 †ˆ
  ­
   ­ 

Dessa
 ˆ‹

­ forma,

 
­€­ aúnica
€‚­
ˆ‹   mudança
€­


 €­
†
­† química
†
  essencial
 †ˆ

  em
 todas
  as reações
 ­  aquosas
†ˆ

entre ­­
ácidos e 
bases ˆ—
fortes é a combinação entre o íon H
 do ácido forte e o íon
+
­  
­€­
­€­ 
€‚­  
   ­† 
 

­† 

 
 ­ 
­ OH
­­ da baseforte para formara molécula
‑ ­ €‚­      ­ 
€‚­ 
ˆ—  de água. Entãopodemos concluir que
 ­
­­ ˜
­­
    † ‡   ˆ‹ 
ˆ—
ˆ—
apenas os íons espectadores mudam de uma reação para outra.
­  ˆ
˜   † ˆ‹‡ €­†
  ­’­ ˆ‹  ˆ
­  €
˜
 ˆ
˜ ˆ‹ 
  
† ‡
€­†  ˆ­ˆˆ­
 
 ­’­
† ˆ‹ 
ˆ
‡   ˆ‹ 
­  ­ƒ
ˆ
€
­  ˆ‹

ˆ €­†
 
­’­ 
ˆ­ˆˆ­
ˆ‹ €­†  ­

ˆ
­’­ €‚  
ˆ

 €
­ƒ   
 €­


 

  ­ 
ˆ­ˆˆ­ ­­
 ˆ­ˆˆ­
 ­ €‚

 

­ƒ ­ƒ
­
   ­ 
  
­­
 ­ €‚  €‚  
  ­
  ­  ­  ­­
€            
 ‚   ƒ „     †‡ˆ
‰„‚        
    Š  ‹   UNIUBE 147
 
          
Um ponto importante aqui
 é observar que, assim como nas reações de precipi-
tação, as reações ácido‑base são conduzidas pela atração eletrostática entre
íons e pela
Œsua
‚ˆ remoção  da solução na formação ŽŒ
Ž ­‚ˆ do produto.
‚ˆ Neste
 caso,
­ˆos

íons são‘
H+ 
e OH‑, e o produto é †
a água,

que consiste em sua maioria de molé-
‘
€
culas de H2O não dissociadas.
  Na realidade,
  as moléculas
   de
água sofremligeira
dissociação, como
veremos
   no último 
 capítulo. Porém
  a
formação da água
  em
uma reaçãode neutralização
   representa
 uma  remoção
‚
 enorme

 de 
íons H+ e

OH‑ da solução.
     ­      
–   
€  
Se evaporarmos  
a água 
da mistura da  anterior,
reação    um
restará   que
resíduo
 ‚   ƒ „     †‡ˆ
corresponde ao sólido iônico, cloreto de bário (BaCl2). Um composto iônico que
‰„‚        
resulta de uma reação
  entre um 
 ácido e uma base
Š  é‹
denominado sal. Assim,
   
nas reações
de neutralização
  comuns, os reagentes
 são um ácido
  e uma base,

e os produtos são sal e
 água.

Œ‚ˆ  Ž ­‚ˆ ŽŒ‚ˆ  ­ˆ


‘  †  € ‘

Note que o cátion do sal provém da base e o ânion provém do ácido.


Š ‚  ‚   ‹ 
‚    
     ‹       
      
A equação geralmostra que as‚
Š reações ácido‑base
 – podem
 ’ ser
ƒ“ 

consideradas
  
reações de dupla‑troca,
   conforme as de
  precipitação.
‹ A equação 
 ” molecular 
en-
tre o hidróxido de
alumínio está presente
  em
 ‡  muitas formulações farmacêuticas
    
para combater aacidez estomacal,
 e o HCl, o principal componente do suco
   
gástrico, mostra claramente essa situação.

      
 

•‡‚ˆ  Š ­ˆ• ˆ Š‡• ‚ˆ  •­ˆ


Š ‚  ‚  ‹    
     ‹          
 Š ‚    ’ ƒ“    
     ‹  ”  
    ‡       
 
      
 

  


      
 
148 UNIUBE

As reações ácido‑base, como veremos mais adiante, são ferramentas im-


             
portantes no campo de análises,
           
sendo muito empregadas no controle de
  
qualidade
 da  indústria
  de bebidas, alimentícia,
    farmacêutica
   etc. A técnica
     
 
 
 
   
  ­
  
empregada nessas indústrias é denominada titulação ácido‑base  
  
    ou
 volume-
  ­ 
       
      
   
     
tria
de neutralização.
 €
                  
     ­       
As
­ reações
 ácido‑base
 ocorrem
   
 frequentemente
  
   
   nos processos
 
   de
 síntese e
quebrade macromoléculas
  €
         biológicas,
­ tais ‚
como as proteínas.
     
   
              
         ­  ‚      
6.3.2 Análise
ƒ
    mais
 precisa das reações
     ácido‑base
 
„          

ƒ 
Para 

conhecermos 
   
melhor  
as reações   ácido‑base,
­
   vamos
 observar
  com de-
„  
       
             
talhes as espécies
     presentes em
   solução.
 ­  Vamos
 ver  a seguir o que acontece
 
 †  ‡ˆ‰ ƒ­ 
quando
  uma
 substância
       como o cloreto
      de hidrogênio
‡ƒ
   (HCl(g)) é dissolvida
em água.
†    ‡ˆ‰‡ƒƒ­  
 
‰          ­ 
Conforme
‰Š analisamos
 ‹ anteriormente,
­
    a
polaridade
ˆ‰‡
  ˆŒda‰
­ molécula deˆ
ƒ   

água
Œ
“separa”
as moléculas
Š  de
‹ HCl  (nos
­  íons
 ŽH
 ˆ‰‡
+
 e
Clˆ

)e
Œ
os
‰ƒíons
  H
 €se
 
+
ˆunem
Œ   com
ˆ‰a água. Na
   
 ‚
verdade, podemos dizer que o HCl
      Ž  ˆ
  ‘
 
 transfere um próton para a H2O.
  €     ˆ‰
    ‚ ˆ ‘


ˆŒ­   
ˆŒ­   

Œ
ˆ‰‡ƒˆ‰‡ƒ Œ Œˆ ‘
 ‡ƒ
ˆ ‘
 ‡ƒ ˆ‘Œ‡ƒ ˆ‘
Œ ‡ƒ Œ
‰‡ƒ ‰‡ƒ

Assim,
a
solução
 de ácido

 clorídrico
‡ˆ‰
 (HCl(aq)
ƒ
‡ƒ )
 ‡ƒ
‡ˆ‰ consiste
ƒ  na
 solvatação
     de íons
H3O e 
  Cl . ˆ ‘
+ ˆ ‘‑ Œ ‰ Œ


‰  


     ‚’  ‚ˆ ‘Œ


Quando se adiciona

    uma solução

‚ ‘ˆ
 de
 hidróxido
  ‚’
 de
sódio, o íon H
‚ˆ

 3O transfere
‘Œ +
um  
  para
próton
‡  ‚
o íon OH‑ da
ˆ‘ˆƒ ‘ˆ
 base, tendo


como  produto
 
a água (HOH).
‡  ˆ‘ˆƒ 
ˆŒ­   
ˆŒ­   

Π Π Π
“ˆ‘
 ‡ƒ Œ ‰‡ƒ” Œ “Ž ‡ƒ Œ ‘ˆ‡ƒ” ˆ ‘
 ‡ƒ Œ Ž ‡ƒ Œ ‰‡ƒ Œ ˆ‘ˆ‡ƒ
Π Π Π
“ˆ‘
 ‡ƒ Œ ‰‡ƒ” Œ “Ž ‡ƒ Œ ‘ˆ‡ƒ” ˆ ‘
 ‡ƒ Œ Ž ‡ƒ Œ ‰‡ƒ Œ ˆ‘ˆ‡ƒ
•    – 

•    – 
—           ‚ˆ‘ Œ
Sem os íons espectadores,
 ‘ˆ ­   
a transferência
˜
de um próton do H3O+ para a OH‑ é
facilmente
— representada por:      ‚ˆ‘Œ
   
 ‘ˆ ­     ˜
ˆŒ ­   

ˆ‘Œ‡ƒ ˆŒŒ
­ ‘ˆ

 
‡ƒ ˆ ‘‡ƒ Œ ˆ‘ˆ‡ƒ  ˆ ‘‡ƒ
•    – 

—           ‚ˆ‘Œ


 ‘ˆ ­     ˜
UNIUBE 149

ˆŒ ­   

ˆ‘Œ‡ƒ
Œ ‘ˆ ˆ ‘
‡ƒ ‡ƒ Œ ˆ‘ˆ‡ƒ  
 ˆ ‘‡ƒ

   
     
          
Compare essa equação   iônica
  simplificada com a que vimos anteriormente:

 
  
 


    
     
 
    
 

Veja que sãoidênticas,


   ­ com uma €   ‚
molécula   ƒ„ €
de água adicional proveniente do
  
­   €   ‚   ƒ„ €
†    €   ƒ 
H3O . Claramente,
+
  uma reação
 entre um ácido e uma base é um processo de
‡ ‚
  
  † 
 
­ € 
 € ­
  ˆ
ƒ
‑ ‚ †‰   
 ƒ„ €

   €
transferência deŠ
prótons. Assim, os
 íons Na e Cl permanecem em solução.
+

‡ 
‚     

  † ­  ˆ
  €
    € 
†‰
  €
 ƒ
  
Se evaporarmos
 ƒ„€‡
 Š a água,
‡  ‚

 obteremos o sólido iônico NaCl (sal de cozinha).
      
ˆŠ €
     
­  ˆ
‹Œ†   †‰  €
ƒ„€‡     Š     
ˆŠ

 
  €      
‹Œ†
De acordoŽcom a definição
ƒ„€‡ de  Brönsted
 e Lowry,
ˆŠ
         ‘ ’    “” o íon
 H3O•€
 +
comporta‑se
    como
‹Œ†
Ž 
um ácido,
pois é  
capaz     
de doar um íon H‚‹
ƒ€ ‘ ’
+  
. O íon OH  “”
 ‑
, por •€ 
sua
   
vez,  atua como


base, pois é  Ž ƒ€
capaz  
de
‡  
aceitar um
€ 
íon H ‚‹

+
‚‹ .  ‘
 
 ’ 
   “”
 
† 

•€    
 ‡
  € ‚‹  ‚‹
ƒ€  
†  
 ‡ € ‚‹   †


Œ– — ƒ‡    „  


6.3.3 Reações
 —
Œ– ácido‑base  — que
ƒ‡ formam

ƒ‡ um produto
 
 gasoso
„      ­
  
Œ– —
— ƒ‡
ƒ‡ 
  ˆ €          
   
„ ­ 
 
Entender  ˆ
as reações €
 

  ácido‑base  
  
— como 
ƒ‡
um processo
„   

 † de transferência de prótons   
  ­
      ˆ€  „
   †    
ajuda a entender outro tipo comum de reação aquosa: as que formam um produto
gasoso.˜˜  ™     
€ „ †š  € „ 
‡€  
 ™ €
  ƒ    €      ‡€  š  ‚   €
 ˆ™

„  

  ˜  
ƒ
‡†‰ ™
€
   ‹ €
    ‡€
 €    ‚  š
  ˆ™
 €‚
€ „ 
Por exemplo: quando o íon carbonato, presente no K CO , reage com um ácido

‡†‰   
 
ƒ ‹ 
   €
  ‚ „   ƒ„€ ‡     €   
 2   

3  €
‚ ‚
 
ˆ™  
como o HCl,
um dos
 produtos
‡†‰
›  œ    †‚ é o
„
 dióxido

  ‹ de
 carbono.
ƒ„€
 ‡
€ A força

  motriz
 
 dessa
 € re-
‚ 
ação, e› outras
 similares,
œ
  é a
  formação
 ‚
†de
„uma  espécie
ƒ„€ gasosa‡e  água, pois 
 
ambos os produtos ›  “removem” œíons reativos
  da solução.
†
   š    š   ž   Ÿ
   š    š   ž   Ÿ
   š    š   ž   Ÿ

O produto
H2CO   ‚
3(aq) é colocado

 Œ
entre colchetes  
por ser 
instável, pois se
 decom-

 
 ƒ € 
  
‚
 — 
 de Œ
     
  ƒ„ ˆ™  
põe imediatamente
 
ƒ‡†em
€ água
 
 — e 
dióxido carbono.
‚
  ƒ„
Œ ˆ™ 
    
 
 ‡†  ƒ €   —     ƒ„ ˆ™ 
ž  Ÿ
 ‡†  
    „
ž   Ÿ  
    „
ž   Ÿ  
    „

  ‡  ‡   ¡  — 


  ‡  ‡   ¡  — 
   š  
 ‡  ‡
š   
  ¡
  
— 
    „
   š    š         „
   š    š         „
       
   ‚   



  
    
  


   ‚ 
    
 ‡†  ‡†
žŸ  Ÿ
ž        
    „
 „
 

150 UNIUBE
  ‡  ‡   ¡  — 
Veja o que obtemos ao combinar
  as duas últimas
‡  ‡ reações:
  ¡  — 
   š    š    
    „
   š    š    
    „
       

   ‚   
Quando mostramos os íons
 H
O + do  HCl
  3     como
 
 as espécies reais
 
 em solução
 ‚   e

escrevemos a 
equação  
iônica   š †‡       - +    


 simplificada,
 ˆ
   ‡eliminamos

  †
os íons Cl e
 K . Observe


que cada umdos dois

 íons

H3O transfere
+
š †‡ um próton
   ao íon
 carbonato
 

  (CO
 3 ).
 2-
+     
2H são transferidos.
  ˆ ‡  †


     
  
      ž Ÿ
  
    „
     
  

  
  
 


  ž Ÿ 
    „
       
SAIBA
 MAIS  
   
Em essência, esta é uma reação ácido-base, em que o íon carbonato aceita os pró-
tons e consequentemente, pode ser considerado uma base.

6.4 Reações de oxidorredução


As reações
 ­ de oxidorredução são, talvez, as mais importantes de todos os pro-
 € 
cessos químicos. Nesse grupo podemos incluir a formação de um composto a
partir‚ de
 seus
­ elementos
 € (e
 ƒ todas
vice-versa), „   de
as reações  combustão,
  as
           †     
reações que geram eletricidade em baterias e produção de energia celular. 
‡         ˆ ƒ ƒ  ‰
   ­     ­  †    
     † 
6.4.1 Processos redox na formação de compostos iônicos moleculares
‰ Š    €  ‡      ‹   
Nas 
reaçõesde oxidorredução,
 o processo-chave é a transferência de elétrons
de uma espécie
 ­  para outra. 
€ Esse movimentoŒƒ
ocorre
tanto
 na‡ formação
  de com-
      Žƒ
postos iônicos como na formação de covalentes.     
     ‡   
‹    ƒ  
Como exemplo, vamos considerar a reação que ocorre no bulbo de um flash de
uma‘
máquina fotográfica, no
€ ƒ qual
 o
composto iônico,
 MgO
 (óxido demagnésio),
 
forma-se
‡a Œ
partir
de seus elementos:
‡†‡  ‹ 
’†Žˆ€ †  ‰ ‡       “
um próton ao íon ’†ˆ ‰ ”Ž ˆ†‰  ’†Žˆ ‰ carbonato

Ž   †       •“


’† ”
‡ Œ  ‡†‡  ‹ 
’†Žˆ€ †  ‰ ‡       “
’†ˆ ‰ ”Ž ˆ†‰  ’†Žˆ ‰
UNIUBE 151

Ž Oesquema a seguir
 † ilustra
 o que
ocorre durante
  a reação.
 •“


    
     
 
 

’† ”     
       
     
   
 
  
     
   
 
  
    
  
‡  
–    ­€
­€ —
  ‚   ‚
  ‹ 
      Ž
’† ”
Ž 
ƒ­€ ƒ­€
   
   
 „
    „

Observe no esquema que cada átomo de Mg perde dois elétrons, e cada átomo
de O ganha esses elétrons, ou seja, dois elétrons se movem de cada átomo de
Mg para cada átomo de O. Esta transferência de elétrons resulta na formação
dos íons Mg2+e O2‑.

A atração eletrostática entre íons forma o sólido.    

Durante a
formação de um

­€ composto
­€
 molecular,
 ocorre,
a 
 partir deseus ele-
  
    
 
 
 
 
mentos, um movimento de elétrons. Porém é uma espécie de deslocamento, 
  
† †
 
   
     € 
 

  
não chegando a ser uma transferência € 
de elétrons 
propriamente dita, não ha-

  
      
     €
€  
vendo, portanto, a­€
formação de
­€
íons no final
 
da reação.Considere
­€‡ ­€‡ a formação
 ­€ ­€
do cloreto de hidrogênio
  gasoso:
 
    

ˆ ‰Š‰Š ‚‡
ˆ ‰Š ‚‡  ‰Š ˆ‡
‰Š ˆ‡‰Š

††
Para compreender melhor,  o
  
veja  

movimento   Devemos
 
dos elétrons.  
   com-
  

  ­€ ‹
­€  ‹
      
   
parar a distribuição eletrônica nos reagentes e produtos, como apresentado
 
  Œ
Œ
a seguir:

+ + δ− δ−
δ δ
ˆ ˆ ˆ ˆ ‡ ˆ ‡
ˆ
      †     †     
†     †                      
                
     

δ+ δ+ δ− δ−
‡ ‡ ‡ ‡ ˆ ‡ ˆ ‡

     ˆ 

 
  ˆ
‡  
  
‡ 

  
  
  
 
  
­Ž
­Ž   
 
      €
   €
 
     
  ˆ‡ ˆ‡    €
   €  
  
 
 
‰ ‰    Š
   Š
152 UNIUBE

Observe que no H2 e no Cl2, os átomos se unem através de ligações covalentes


puras, ou seja, seus elétrons são compartilhados igualmente, enquanto no HCl
os elétrons são compartilhados de forma desigual, pois o átomo de cloro (mais
eletronegativo) atrai mais os elétrons da ligação do que o hidrogênio. Assim, no
HCl, o hidrogênio tem menor densidade eletrônica do que tinha no H2, enquanto
o cloro tem maior densidade eletrônica do que no Cl2.

Em outras palavras, na formação do HCl há um deslocamento de elétrons do


hidrogênio para o cloro, porém não chega a ser uma transferência efetiva como
aquela que ocorre entre Mg e O. Em algumas situações, o deslocamento de
elétrons é muito pequeno, porém, mesmo assim, ainda constitui um processo
de oxidorredução.

6.4.2 Terminologia essencial em oxidorredução

Os químicos usam uma terminologia importante para descrever o movimento


de elétrons que ocorre em uma reação de oxidorredução.
            
Oxidação é a perda
 de elétrons;
      

Redução é o
 ganho de
elétrons.
   
       ­ 
Assim, durante a formação
­    do
MgO,
o Mg sofre oxidação
 (perda
  de elétrons)

e o O sofre redução (ganho de elétrons). Neste processo, a perda e o ganho
de elétrons são simultâneos. Um
  não
 acontece
  sem
 o outro.
€    ‚   
Para que um processo de redução aconteça, obrigato-
Oxidação
ƒ  riamente ocorrerá 
„  oxidação.
um de „ Podemos
  †  imaginar

Aumento do
número os processos de redução e oxidação
   „   † ‚   ‡   comoreações 2[LGDomR
de oxidação
(Nox); separadas:
  ‚     ˆ  ‰   $XPHQWRGRQ~PHURGH
corresponde
à perda R[LGDomR 1R[
de elétrons. FRUUHVSRQGHDSHUGDGH
Š                 HOpWURQV
 ‹      Š          
         Œ

€    †    Œ    Ž Ž 


€     † ‚   Œ‘  Ž    


 ­     ‚   Š  


’      ƒ       
“   ­ ” ‹  
      ‚        „    
  ’    ’  ”

    
    ­   
UNIUBE 153

SAIBA MAIS

Quando usar 3+ e quando usar +3?

A simbologia da química é muito importante para o entendimento de vários proces-


sos que ocorrem em nosso cotidiano. Conforme você já percebeu em nosso estudo
de Química Orgânica, o órgão que regulamenta a nomenclatura química, assim
como a simbologia a ser adotada na linguagem, é a IUPAC (International Union of
Pure and Applied Chemistry). Muitas pessoas imaginam que a IUPAC só se preocupa
com a nomenclatura orgânica, o que é errado, pois esse órgão gerencia a nomen-
clatura e simbologia da Química orgânica, Química inorgânica, Físico-química e
Química analítica.

Uma dúvida comum é: qual representação está correta? Fe3+ ou Fe+3? Embora alguns
autores não se preocupem com essa pergunta, a IUPAC exige a utilização da primeira
representação, ou seja, Fe3+. A terminologia +3 só é adequada quando vamos expli-
citar o Nox de uma espécie por extenso.

Observe os exemplos a seguir:

Fe3+ Nox +3

Pb2+ Nox +2

Pb4+ Nox +4

Al3+ Nox +3

Observe que o O2 ganha elétrons quando o Mg oxida. Podemos dizer que o O2


oxida o Mg. Assim, o O2 é o agente oxidante, ou seja, a espécie que provoca a
oxidação. De modo análogo, o Mg cede os elétrons ganhos pelo O2 quando este
sofre redução. Podemos dizer que o Mg reduziu o O2. Desse modo, o Mg é o
agente redutor, a espécie que promove a redução.

6.4.3 Uso do número de oxidação para monitorar o movimento de elétrons

Os químicos idealizaram um sistema útil para monitorar qual átomo perde ou


ganha elétrons em uma reação química. A cada átomo em uma molécula (ou
154 UNIUBE

composto iônico) é atribuído um número de oxidação (Nox) ou estado de oxida-


ção, que é a carga que o átomo teria se os seus elétrons compartilhados fossem
transferidos completamente.

Números de oxidação são determinados empregando‑se um conjunto de regras


apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2: Regras para determinar o número de oxidação (Nox)

a) Regras gerais
1. Para um átomo ou molécula em sua forma elementar (Fe, Na, O2, Cl2 etc.):
Nox = 0.
2. Para um íon monoatômico: Nox = carga do íon.
3. A soma dos valores de Nox para os átomos em um composto neutro é igual
a zero. A soma dos valores de Nox para um íon poliatômico é igual à carga do
íon.
b) Regras para os átomos específicos ou grupos da tabela periódica
1. Para o grupo 1A (1): Nox +1 para todos os elementos.
2. Para o grupo 2A (2): Nox +2 para todos os elementos.
3. Para o hidrogênio: Nox +1 quando combinado com não metais e Nox -1 para
todos os metais e boro.
4. Para o flúor: Nox -1 em todos os compostos.
5. Para o oxigênio: Nox -2 em todos os compostos (exceto flúor) e Nox -1 nos
peróxidos.
6. Para o grupo 7A (17): Nox -1 em combinações com não metais (exceto o
oxigênio), metais e outros halogênios menores do grupo.

Existem espécies, entretanto, que apresentam número de oxidação (Nox) vari-


ável. A tabela periódica é de grande ajuda para determinarmos o maior e o
menor Nox dos grupos principais. Veja o esquema a seguir:
‚           ‚
ƒ‚­ ••   €   —      † 
     ƒ‚    †
  Š
UNIUBE 155

˜‹
ƒ   
‹
ƒ‚¥ ƒ‚ 
‹ ¡

‹  ” š › œ ž


˜š ˜› ˜œ ˜ž
˜‹ ˜  ”˜
š ˜”   ‹

 ¦ ¢  ¢ ‘ ƒ  Ž

” ƒ ¨  £ Œ £ ‘


Π

š § ‘ ¤ ¤    £  ¢

› ‰€ £  £ £€ ‡  

œ ‘  ¢ ‡ Œ€ ¢ Œ  

ž Ž ‰

Interpretando o esquema:
   
Para a maioria dos elementos dos grupos principais (grupo A), o maior valor
do número de oxidação corresponde ao respectivo número do grupo ou famí-
lia a que ele pertence (1A, 2A etc.). Por exemplo: o cloro (Cl) pertence ao grupo
7A. Sendo assim, seu maior Nox é +7, como no ácido perclórico (HClO4). O
enxofre (S) é do grupo 6A, portanto seu maior Nox será +6, encontrado no
trióxido de enxofre (SO3) e no ácido sulfúrico (H2SO4). As exceções são o flúor
(F é grupo 7A) e o oxigênio (O é grupo 6A). O maior Nox do flúor é zero e é
encontrado nos átomos da molécula de flúor (F2) e não +7, como sugere a
regra anterior. Já o oxigênio possui seu maior Nox no composto OF2, neste
caso seu Nox é +2, diferente de +6, que é o maior Nox para os membros de
seu grupo.

Para a maioria dos elementos do grupo A, tais como os


não metais e alguns metaloides (semimetais), o número
do grupo, subtraído do número 8, resulta no menor número
de oxidação (Nox sempre negativo de qualquer elemento
do grupo). O número de oxidação maior do enxofre (S)
(grupo 6A) é +6, como no SH6 ou H2SO4, e o menor é ‑2,
como no FeS ou no H2S. Este cálculo é resultado da se-
guinte operação:

 „
–    
  
—    
    

 ­  

 „     
 
   
   

 
 ­
ƒ Œ †Œ
    ƒ’Œ 
   
‰   
 ƒŠ
  
‹ ƒ   
Œ ’ƒ
†Œ ‰ ƒ­


‡
ƒ’Œ

156 UNIUBE    ‹
‰ ƒŠ  
   ’ƒ
   ‰ ƒ­

‡
        
˜  „™ Œ  — ™  
˜  „™ Œ  — ™  

Outro Š
caminho
para definir
š uma
  reação
  de oxidorredução
 ˆ    é aquele
 no qual ob-
servamos a
mudança
–
Š  š
doNox para
 as„
  espécies envolvidas.
 ˆ   Este
   é,sem
­ dúvida,
   
–   
 
  

o uso mais importante dos números de oxidação.  
„  
   
 
 ­
  ­
                ­
 ƒ      ‡ 
Se, ao participar de uma reação, um átomo aumenta seu Nox (tornando‑se mais
  
ƒ   „
   
   
 ‡  

positivo) nos produtos
 em
  relação àquele
  › que
 „   
possuía nos
  reagentes,
 
  
dizemos
que ele perdeu”
elétrons e, portanto,
 
 sofreu
   oxidação.
›   
   
­
”          
Se, ao participar de uma reação, um átomo diminui o seu Nox (torna‑se menos
­
positivo) nos produtos
ƒem relação
 àquele
  que possuía
 nos reagentes,
 ‡  dizemos
que ele ganhou  elétrons.
ƒ Portanto
  sofreu
 „
 redução.
 
    
 ‡  

 
 

›
„     
 
  
”
  š   ­ 
 ›  
  
­
”  š   ­      
6.4.4 Algumas reações de oxidorredução envolvendo elementos
­


Ÿ   “ 
œ     ž
Ÿ  “ 

œ     ž
   

œ     ž š    


œ  
œ  
   ž  
ž š
 
œ
œ 
 
   ž
ž 
  
  
œ  „
œ      ž   „
ž      
œ  „ ž   „
  
Como vimos anteriormente, uma classificação moderna para as 
reações é  
agrupá‑las como reações ácido‑base, de precipitação e oxidorredução. Um
 
método antigo de classificação das  
reações  
se baseia  deespécies
na quantidade   
           
antes e depois da reação. Nesta abordagem, três tipos principais de reações
      ­    
 podem ser encontrados:
 €‚      
­ ƒ          €„ 
Metaloides
­a)
Reações de síntese ou adição
        †
Elementos com
propriedades ‡ São
 aquelas
 emque doisƒ
 ou mais reagentes formam
 ƒ um
 
intermediárias entre único
  produto.
   ˆ €
metais e não metais.
‰Š‹ Œ

 ‡       ƒ   ƒ   ˆ


     ƒ  €

Œ  ‰Š‹
­
­  

ƒ
‡  
  
   
   
 
ƒ  

Ġ
€„ 
 
‡ 
­     ƒ ƒ  
     ˆ € †
     

‡    
  ˆ
 ƒ  € ƒ  
‡ 
  
 
 ˆ
 ƒ € ƒ  
‰Š‹ Œ €
     ˆ UNIUBE 157
‰Š‹ Œ
‰Š‹ Œ
b) Reações de decomposição ‰Š‹ Œ
 ‡       ƒ   ƒ   ˆ
 ‡       ƒ   ƒ   ˆ
     ƒ  €
São aquelas
 ‡ em
 
 que
 um único reagente
  forma
ƒ
   ƒdoisou
mais
ƒ produtos.
 €
  ˆ
   
‡     ƒ
   ƒ €
  ƒ   ˆ
     Œ  ‰Š‹
Œ ƒ
 ‰Š‹  €
Œ  ‰Š‹
‡     Œ  ‰Š‹  ƒ ƒ  
c) Reações
‡  de deslocamento
     ƒ ƒ  
  ˆ       ƒ
‡
 ˆ
 
        ƒ
 
   ƒ ƒ  
  ƒ 
São reações

 ‡
 químicas

 ˆ
  em  que



   ƒ€ se
 tem


o mesmo
 
 número de espécies
ƒ
 
ƒ ƒ
ƒ  tanto
  nos
reagentes

 quanto 

  nos
ˆ produtos,
ƒ€
  porém
 alguns
   elementos ouƒ
íons sãodesloca-
 ƒ
dos quando acontece a reação química.

 
  
ƒ€  
‰Š‹Œ  ‰ŒŠ‹
  ƒ 
   ƒ€ ‰Š‹Œ  ‰ŒŠ‹
‰Š‹Œ  ‰ŒŠ‹
‚  ‰Š‹Œ   ‰ŒŠ‹
 ƒ 
‚     ƒ 
  ƒ           
Uma característica
‚
 ƒ  interessante
   dessa
 antiga classificação
     é que, sempre
 que
   Ž ƒƒ
      
aparece
uma espécie

‚ elementar

ƒ €
  
 Ž ƒ nos 

 reagentes
  ou
 nos
 produtos,

  ƒ
 
    podemos
   dizer

  
que se trata deƒ
 €
 
 uma reação

 

  Žde­‘
 ƒoxidorredução.

 
   
 Entretanto


   muitas


 €‚  
 reações

 

  de

oxidorredução 
não
 €
 
envolvem ­‘

 Ž ƒ 
necessariamente
   
  €‚

 
substâncias

 
elementares.

 
 Um
 ’“ “       †


exemplo ’“ “ ”


éa€
  
­‘
”
reação apresentada  ”
 ”
na  

reação a
€‚
seguir: 

 †

 
 ’“
 ”  
­‘
“
 ”


     €‚
 
 
 
†
• ’“” • “ 

     †
’“” –ƒ  Š— “” –ƒ Š Š˜™ –ƒ  Š ’ –ƒ  Š“ –  Šš™ “– 
 ” Š Š
’“”•–ƒ  Š— “ • Š˜™
 ” –ƒ  –ƒ 
 ’ –ƒ  Š“ –  Šš™ “– 
’“” –ƒ  Š— “” –ƒ  Š˜™ –ƒ   ’ Š–ƒ  Š“ –  Šš™ “– 
• • Š

’“”•–ƒ ­
Š— “
­
•
” –ƒ
Š˜™ Š  
    –ƒ 
’ Š–ƒ  Š“ –  Šš™ “– 
 
                
6.4.5 Combinando
  
­ elementos
 

­            
  ›    ƒ  
­
   
 
  ›        ƒ  
­
     
  
   
  
Quando doiselementos

­
  reagem
 


entre

   si,
eles
  podem

›

 formar
   
 

 compostos
ƒ  
 
 
ƒ binários


com caráter  
iônico

ƒ
­ ou covalente,
  
 


sendo   
que,
 em
›  todos
ƒ
„ os 
casos, teremos
€“­
ƒ   uma
 
ƒ 
   
 

    

 „

  
 €“­
ƒ
    


transferência oudeslocamento
 † de elétrons de uma espécie para outra o que
 
 †
     ƒ€“­
significaƒque  
os elementos mudarão 
seu „
Nox após a reação. Observe 
os exem-
 
ƒ €’
  †

  „
 €“­
›  
•ƒ 
plos a seguir:
€’  
  †  › •ƒ 
–     –    
–
€’     
  –    
› •ƒ 
a) Metal
e não
metal
–
€’ 
 
formando

    um composto

  iônico   ›€
 ›€
–
›    
•ƒ 
  
–     –
 ›€   
Quando 
o alumínio (metal) reage com o oxigênio
  (não metal), eles formam o
  ›€
  Šœ  
óxido de alumínio,
 um composto iônico. Šœ  
  Šœ  
 –  Š  œ “ –  Šœ    “
–  Š œ “ –   “
 œ– 
 œ– 
–  Š œ “ –   “
 œ– 
 –  Š œ “ –   “
 œ– 
  
  
  
        
           

   
   
 ­ 
 ­   
158 UNIUBE
           
        
  
    ­
  ­  
b) Dois não

  
metais    composto
 
formam um 
molecular  

 

  
      
­  ­ 

      ­    ­ 
Eentre os vários
 exemplos que conhecemos,
 podemos citar a produção industrial
de amônia a partir dos gases nitrogênio e hidrogênio. „

  „

€ ‚ ƒ „ † ‚ ƒ €†
  ‚ ƒ
 „

€ ‚ ƒ „ † ‚ ƒ €†
„‚ ƒ
‡  ­ ƒ „
€ ‚   † ‚ 
ƒ  €†‚ 
ƒ
€ˆ
  ‚ ƒ  „
    †
  ‰
‚ ƒ     €†

‚ ƒ 
‡ 
  ­
     
     ˆ 
   
 
‡ 
 ˆ
­
    
Š    ‰ 
    
  
Os halogênios

‡ 
 formam
  
­ˆ vários compostos
 
   
 com

 outros
  não
ˆ
   ‰ metais, como
 na ob-
  
   

tenção 
de tricloreto
 
 de
 fósforo,
 
 ˆ Š
   um dos
 
 principais

  ‰ compostos
 
 ˆ
„ 
 usados na
  
  produção
 
de biocidas
 e

 outros organofosforados:
 
 Š       ˆ    
   Š „
  „

‹Œ‚ ƒ „ Ž ‘ ‚ 
ƒ Œ ‹‘
„  ‚ƒ
 

‹Œ‚ ƒ „ Ž ‘ ‚ ƒ Œ ‹‘
 ‚ƒ
‹Œ‚ ƒ „ Ž ‘ ‚ ƒ Œ ‹‘ ‚ƒ
 ‹
  
„   Ž ‘
 ­‰
Œ ‹‘ 
Œ‚ ƒ ‚ ƒ ‚ƒ
  ‰  ­ ’ ˆ 
Quase todos

 os
não
    metais
 reagem
    com
   oxigênio
 paraformar óxidos
  ­‰
  ’   molecu-

lares,‚como 
o monóxido
“ ‰
denitrogênio,
 
ƒ 
Š   formado ­
 altas temperaturas ocasio-
’ ˆ
sob­‰ 
           ’
  ’  
nadas por descargas elétricas (relâmpagos) na atmosfera:
 
  ‰
    
 ­
­‰
„ 
ˆ

‚ 
 “
  
ƒ
   Š
 
‰    ’
 ­    ’
ˆ  
 
    
‚ “  
ƒ 
 Š     „   ’ 
‚ “ ƒ  Š  „   
€ ‚ ƒ
 „ ‡ ‚ ƒ €‡
„ ‚ ƒ
 
 
€ ‚ ƒ „ ‚ ƒ €‡‡
 ‚ ƒ
€ ‚ ƒ „ ‡ ‚ ƒ €‡‚ ƒ
‘ˆ
€ ‚ ƒ 
„  ‡ ‚ ƒ    
€‡‚ ƒ 
c) Combinação
  entre um composto
    ˆe um
  elemento
     
‘ˆ
      
 ”  ‰       
   
Muitos 
compostos    
moleculares
‘ˆ
ˆ  ˆ
 binários

­‰   
reagem  
com
• 
 
não   
metais
 –‚
para
 formar

 

‘ˆ    

   ”
ˆ
   
‰
 
  
  
 

  


compostos
  maiores. Muitos­‰
 
ˆ
 óxidos não metálicos•secombinam
 •‡–’
 –‚
com ooxigênio


‰
para formar  
óxidos  
“superiores”  ˆ
ƒ 
‹(que    
 ”
 
possuem 
‰ 


mais átomos 
de 

O 
na molécula

ˆ

• 
  

–ˆ’Š  
   •‡–’
­‰
 ”  ‰ •   
–‚  
quandoˆ
comparados
‰
   
com
o­‰
óxido deorigem).
ƒ ‹

Por exemplo,
•‡–’
 uma etapa importante

•   –‚  
do smog urbano
•  é:
–ˆ’Š
‰
    ƒ‹    
•‡–’
•  –ˆ’Š
‰  ƒ ‹    
•  –ˆ’Š„ „Œ

„   
„Œ
„  „Œ
   
€‡
„ ‚ ƒ „ ‡ ‚ ƒ
 €‡
„Œ ‚ ƒ
   

€‡
 ‚ ƒ „ ‡ ‚ ƒ €‡
  ‚ ƒ
€‡‚ ƒ „ ‡ ‚ ƒ €‡ ‚ ƒ
€‡‚ ƒ „ ‡ ‚ ƒ €‡ ‚ ƒ
UNIUBE 159
                 
De modo semelhante, muitos haletos não metálicos reagem adicionalmente com
      
halogênios:                  
      
 

 
 


     ­   ­

 ­

€­‚
ƒ„ ­        
  ­  †‡  ­ ƒ

ˆ  ƒ„   ƒ   ‰ ‰     
6.4.6 Reações
 
de síntese 
que não são †‡
de oxidorredução
€­‚ ƒ„  
  ƒ„
      ƒŠ‰
 †‡  ƒ €  
 ƒ‹
ˆ  ƒ„   ƒ †‡  ‰
ƒŒ
‰   Ž‡
   

Muitas reações
   de
 adição
 que
ƒ„envolvem
ƒŠ‘   †‡apenas
 compostos
ƒŠ‰
    como reagentes
‰
€   
não são reações
‡ de oxidorredução.
ƒ‹
ƒ   †‡  Para
ƒŠ verificarmos
ƒŒ se o 
  processo
Ž‡  é ou não
de oxidorredução, basta
    checarmos
ƒŠ‘   o
Nox antes
   e depois
 da‰
reação. Se eles
permanecerem os mesmos,
‡ ƒ não houve oxidação e nem redução.
  ƒŠ
’†‡ “ †‡     €
 “Š
Um óxido iônico
’†‡ e um
“ óxido
†‡ molecular
 se €
   unem para formar um
composto
iônico.
“Š
   €ƒ   ƒ Œ
        †‡  
Para ilustrar
 essa
 afirmação,
 
†‡ podemos 
€ƒ
ŒŠ”Œ citar a produção
‰  de carbonato
‰ƒ
ƒ de lítio,
Ž‡Š
Œ

    
  ƒ
  †‡  ƒŠ

empregado como droga antidepressiva, a partir do óxido de lítio e dióxido †‡   de
  †‡  ŒŠ”Œ ‰   ‰ƒ
carbono. Observe que não há variação do Nox, portanto não se trata de uma Ž‡Š
   ƒ †‡  ƒŠ
reação de oxidorredução. •  

 
 •  •


”
–  
” •
– ”
 ­  ­   ­

–” ­  ” ­ –” ­


­‚ ƒ„    ƒ
—  ƒ„    ƒ ‰     ƒ„    
ƒ„
­‚ ƒŠ  
  ƒ
ƒ       Œ ‰ 
6.4.7 Reações
— 
 ƒ„ de
decomposição
   
 € ƒ
  ‰
  
    ƒ„ 
    
ƒ„
 ƒŠ     
  Š—  
 ƒ    Œ‰ €
 Œ ‰ 
As reações
 de decomposição
 ˜
 
   são
€   o inverso das de síntese
 
 ™ ou€
adição.
Š  Esse
ƒ„      Š—   
tipo de reação acontece quando o reagente absorve uma quantidade sufi-
   ƒ„   ƒ    Œ
ƒ ‰ €

 ˜
 †‡ 
ciente de energia para 
 ƒ
romper  
 ou
uma   mais™
 Š
 ligações  €
 
entre  ‰átomos.
seus   A
 ‰
 ‰ƒ„  Š   ƒ    ƒ  
energia pode ser absorvida na forma de luz,
 †‡  ƒ    
calor, eletricidade, choque me-
     ‰  
cânico etc.
‰ Da‰ mesma
 Š forma que as reações de adição, as reações de de-
composição serãoum processo
ƒ‹  š de
 oxidorredução
  Œ ‰apenas se elementos
€  ƒ
químicos estiverem
‹  envolvidos.
 ƒ ‹Š ’  ­  Œ      ƒ

  ƒ‹
   ‹   š
 
 
 
 Œ
ƒ   Š  ƒ
‰ €
‹   ƒ ‹Š ’  ­  Œ      ƒ
      ‹        ƒ   Š
”           › ”­ ‹  € 
 ˜       ”   Œ†Š
160 UNIUBE

Decomposição térmica

Se a energia absorvida for calor, a reação será uma decomposição


térmica. Um delta (D) sobre a seta da reação indica que o calor é
necessário para a reação acontecer.

O aquecimento de clorato de potássio (KClO3) é uma forma de produzir peque-


nas quantidades de O2 puro em laboratório.
   
   
  
     


  
  
 
      

      
Observe que, neste exemplo, os átomos de Cl e O sofrem redução e oxidação,
         ­   €  ­‚ƒ 
respectivamente.
         ­   €  ­‚ƒ 
­‚ƒ    „
­‚ƒ
   
    „ ­   €  ­‚ƒ 
a) Decomposição
­‚ƒ
‚ƒ eletrolítica
   „

‚ƒ  
†­    €­   
†­
Muitos compostos
‚ƒ
‡ podem
 €  
absorver

  ­  
energia €­
na forma
 de   
corrente
 elétrica
 e for-
mar os ‡
elementos € 
­ ­de origem
†­
­ em 
„ ‰um
ˆ  ­ 
processo   
denominado
  €­
­ ‚ƒ   
eletrólise.
­  ‡   A decom-
 ­
­ ­
‡ ­  
 € ˆ
  „ ‰
­ ‚ƒ
­ ­
 mais
 ­
 ‡  ­
  esse tipo
posição da
água é um

­
 
dos experimentos



clássicos
­
 ­  ­
 envolvendo
‚ƒ„
 ‚ƒ„
­
de reação. ­

 ˆ  „ ‰ ­ ‚ƒ ­  ‡  ­
  
    ­  ­  ‚ƒ„
    
 
  ­­ 
 
Š    ­­  
Š  

  
Š 
     ­­  Š 
   

Š 
   Š    
†     ˆ­ ‡    ƒ ­‹­
†  
­   ˆ­
ˆ‡   
ƒ
 ­‹­
Muitos metais
­ 
 ‡­
como
 ‡­ ˆ
 ­e 
o sódio, magnésio
 ­ 
­
cálcio,
­ 
€
são produzidos industrialmente
 ­‹­
€
†     ˆ­ ‡    ƒ
€­­„
através da eletrólise
€­­„ de seus sais de cloreto na forma fundida.
­   ‡­ ˆ  ­  ­   €
€­­„ 

   
  
  ­­  
  
†    ­­  †   
†    †     

  ­­ 
†    †     
A eletrólise será tratada detalhadamente em capítulos posteriores.
‰ ˆ    ­­  Œ­      Ž
‰ ˆ    ­­  Œ­      Ž
‰
Œ‘ ˆ
‚’ ­
  ­­­
  
Œ­      Ž
Œ‘ ‚’ ­ ­   
‰ ‚’ ­ ­   ‚ƒ“ 
‰
” ‚’
Œ‘ ­ ­
‚’ ­­
­
 

 ‚ƒ“
    
­„ 
” ­    
‰ ‚’ ­
 ­„   
­ ­   ‚ƒ“  

 ­  ­ „

” ­­  ­  ­
    ­„   „
 
UNIUBE 161

6.4.8 Reações de deslocamento ou troca

As reações de deslocamento (troca ou substituição) têm o mesmo número de reagen-


tes e produtos. Ocorrem sempre que um átomo ou íons em um composto podem ser
deslocados por outro átomo ou íon. As reações de deslocamento podem ser de des-
locamento simples (simples troca) ou duplo deslocamento (dupla troca ou metátese).

De qualquer maneira, ambos os tipos de reação envolvem o deslocamento.


Porém há uma diferença fundamental do ponto de vista químico:

• reações de deslocamento simples são reações de oxidorredução.

• reações de duplo deslocamento (ou metátese) incluem reações de precipita-


ção e ácido‑base.

           


6.4.8.1 Reações de deslocamento
 simples e a série de atividade dos íons metálicos
 

Os metais variamem
sua reatividade
 e
podem, dessa
  forma,
 ser agrupados
  
        ­    
segundo sua habilidade em deslocar H2 de várias fontes ou deslocar outra subs-
      €   ‚ ƒ  ‚ 
tância da solução.Alguns
  não metais,
   especialmente
 „   os
halogênios,
  variam
   em
sua reatividade 
e as diferenças
  podem
  estar na facilidade
     em
  deslocar outras
 
substâncias em solução.
 €  ‚ 

a) Um metal desloca H2 da


  oude
água ­  † 
um ácido
 ƒ‡ˆ ‰Š ‹
 ƒ‡ ˆ  ­     
Os metais mais reativos,
como os do grupo
Π1A (1) e
 Ca e Sr e Ba do grupo 2A

(2), deslocam H2 da água. Para metais menos reativos, como alumínio
Ž    Ž‘    e zinco,
é necessário aquecer para
acelerar o processo,
 ‘ de modo
 ‚ que eles
  deslocarão
„
o hidrogênio da água na forma de vapor.
  

’ ’“ ’

    


ƒ ‡ˆ
 ’ ”­ ‡ˆ ƒ ‡­ˆ“‡ˆ ’ “­ ‡ˆ

Entretanto outros metais menos reativos, tais como níquel e estanho, não reagem
com água mesmo sob
 aquecimento,
 mas
 reagem com ácidos, dos quais
‘  deslo-

cam H2 mais facilmente.
‚  A equação iônica
 simplificada
 ‘  do processo
  é
apresen-
tada a seguir: ‘  ­     ƒ ‘‚•
     –

 ’ ’  

—‡ˆ ’ ­’‡‘ˆ — ’‡‘ˆ ’ ­ ‡ˆ


162 UNIUBE

b) Um metal desloca outro íon metálico em solução

Comparações diretas entre a reatividade dos metais são mais claras nestas
reações. Por exemplo, o zinco metálico desloca o íon cobre (II) da solução, como
mostra a equação química a seguir:

De acordo com esse resultado, podemos dizer que o zinco (Zn(s)) é mais reativo
que o cobre (Cu(s)). Mas, ao compararmos o Cu(s) e a prata (Ag(s)), o primeiro
(cobre) é mais reativo que o último (prata).

     
   

        

Os resultados
   de váriasreações
  de deslocamento
  ­ simples
­  entre metais e água,
ácidos
  aquosos e soluções
 €  €iônicas
  demetais
‚­formam a base da série de reati-
   
vidade dos metais.
ƒ„    Oesquema
 a 
seguir 
apresenta uma lista em ordem decres-
†  
   ­      ­  ƒ  
cente
de ­força do metal como
 ‡ ­ƒagente redutor (capaz de transferir elétrons).
 ­†

ˆ
‰
”  “ 
 

Š


‹
 ­ƒ   ­   

‹­
 

Œ­
”  “ 




Ž 


”  “ 
 


‘­
’„
“ 

•   

    “       


“  ­      ƒ   ­        ­
“ 

   ­    ƒ  ­  ­ƒ  †


   „– “  ­•     “  ­ ­— ƒ ­ †

UNIUBE 163

De acordo com o esquema, os elementos da parte superior são os agentes


redutores mais fortes em comparação com aqueles imediatamente abaixo.
Usando os exemplos que discutimos, você pode ver que Al e Ni encontram‑se
acima do H2, enquanto Ag encontra‑se abaixo. O Zn está acima do Cu que, por
sua vez, se encontra acima da prata (Ag).

c) A série de reatividade dos halogênios

A reatividade dos halogênios decresce à medida que descemos no grupo 7A


(17). Como consequência, a ordem de reatividade dos halogênios pode ser
arranjada da seguinte forma:

F2 > Cl2 > Br2 > I2

O halogênio de menor número atômico é um agente oxidante mais forte que


aquele de maior número atômico. Assim, cloro (Cl2) desloca bromo (Br2) de
uma solução contendo íons brometo (Br), conforme apresentado na reação a
seguir:

Do mesmo modo, o Br2 consegue deslocar iodo (I2) de uma solução com íons
iodeto (I‑).

6.5 Reações de combustão


Você já teve contato com reações de combustão no decorrer do nosso curso.
Essas reações podem ser pensadas como combinação de uma ou mais subs-
tâncias com o oxigênio (O2), com liberação de grandes quantidades de calor e
luz, às vezes como uma chama.

A queima de um material ao ar livre é o exemplo mais comum de reação de


combustão.
164 UNIUBE

SAIBA MAIS

Reação de combustão x O2

É comum pensarmos que toda reação de combustão ocorrerá entre um combustível


e o oxigênio (O
2
). Porém
 sabemos
que

toda regra tem sua exceção e aqui não é di-
 
ferente. Analistas sabem bem disso, pois, em uma técnica denominada absorção
atômica, soluções com metais são lançadas em uma chama para quantificação des-
tes em uma amostra de interesse (fertilizantes, solo, águas contaminadas etc.). Uma
das misturas gasosas

 para
 a chama na análise por
  absorção
 atômica é a de acetileno
(C2H2) com óxido nitroso (N2O). A reação envolvida é apresentada a seguir.
      ­ €‚ƒ
C 2H2(g) + 5N
­ „2O (g) → 2CO2(g)
­ + H†‡
2O(g) +
5N2(g)†
+ energia
 
ˆ‰

‰‰‰
Como o O2 é um reagente, qualquer reação
Š  „  de combustão que envolva o oxi-
‹   ­          ‚ ­  
gênio é de oxidorredução.
‡ Veja o exemplo
 „Œ­ ‰ de uma 
Ž‘† das
etapas
  de produção
    de

ácido sulfúrico. „ † ­‘ƒ  ­ ‰­   † 
‘­ ­­ ’“”  ­ ­ 
­  •­ƒ      
­  ƒ  ­ † †‚­­†
   ‰‰–

 ­•­­‚  “‘
   ­ˆ— ˜„­™ ‰  ­‡ ‡‘
  ­ š


 



 

   
    
 

As reações de 
  combustão que usamos
 para produzirenergia
 já foram bastante
­ €‚ƒ
exploradas em capítulos passados do nosso curso.
­  „ ­  †‡   †  
ˆ‰
Outra reação
– de combustão
  essencial para todos é
­ ‘ aquela
 que ocorre dentro
  ­ ­‘  › ƒ   ­  • ›­
de nossas células – felizmente sem
’ ”     ‡ ‰‰‰ chama – quando “queimamos”
­ ­     ­   ­   a glicose
proveniente
­ š de alguns alimentos
Š que ingerimos: 
„
‹   ­          ‚ ­  
‡  „Œ­ ‰ 
Ž‘†         
ˆœ— œ  „
œ   † ­‘ƒ
œ ˆ   ­ ‰­ 
 œ— 
 

 †
­  
ž  
‘­ ­­ ’“”  ­ ­ 
­  •­ƒ      
­   ƒ   ­ † †‚­­† ‰‰–
 ­•­­‚  “‘
   ­ˆ—
‰‰‰ 
˜„­™

‰

 ­‡ ‡‘
 
 ­ š•

      ­  ­ 
­ ­   ­ ‰™   ­†
 
‡ 
‘   ­ƒ
   ­  

 
 

ƒ­­  •   ‰
­‡  †‡ ­­ ‘  ‡ 
  ­  ‘ —  ƒ
 •‰—  ‘ ­     ‘ ­ „­ † 
 „   ­    ­‚†
UNIUBE 165

SAIBA MAIS

Era espacial e combustão sem chama

As reações de combustão são geralmente usadas para obtenção de grandes quanti-


dades de energia. Nas aplicações mais comuns, o combustível é queimado e a energia
é liberada na forma de calor (forno) ou como uma combinação de trabalho e calor
(motor). Em naves espaciais, dispositivos denominados células de combustíveis geram
energia elétrica a partir da combustão de H2 sem a formação da chama. O H2 é o agente
redutor e o O2 é o agente oxidante, em um complexo processo de reação controlada
que produz apenas água, sendo esta utilizada para aliviar a sede dos astronautas. Hoje,
as células combustíveis provenientes da reação entre metanol (CH3OH) e O2 estão
sendo estudadas para serem empregadas em veículos automotores.

6.6 Reações de precipitação


Um grande número de reações utilizadas em análise qualitativa envolve a for-
mação de precipitados. Vimos que um precipitado é uma substância que se
separa de uma solução, formando uma fase sólida. O precipitado pode ser
cristalino ou coloidal e pode ser removido da solução por filtração ou centrifu-
gação.

Podemos classificar as soluções em: solução saturada, aquela que contém a


quantidade máxima de soluto que é capaz de dissolver (não existe precipitado
e limite); solução insaturada, aquela que contém menos soluto do que aquele
que é capaz de dissolver (não existe precipitado) e a solução supersaturada,
aquela que contém uma quantidade maior de soluto do que aquela que é capaz
de dissolver (existe precipitado).

Existem vários tipos de reações de precipitação. Em geral, estas reações en-


volvem mudança de coloração.

Exemplos de reações de precipitação e suas respectivas equações químicas:

1) Reação entre ácido clorídrico e nitrato de prata dando precipitado branco de


cloreto de prata.

HCl(aq) + AgNO3(aq) → AgCl(s)↓ + HNO3(aq)


166 UNIUBE

2) O precipitado de cloreto de prata escurece quando exposto à luz. Prata fina-


mente dividida é preta.

2 AgCl(s)↓ → 2 Ag(s) + Cl2(g)

3) Reação de ácido clorídrico com zinco liberando gás hidrogênio (efervescên-


cia).

Zn(s) + 2 HCl(aq) → ZnCl2(s)↓ + H2(g)

4) Reação entre sulfato de cobre e hidróxido de sódio dando precipitado azul


de hidróxido de cobre.

CuSO4(aq) + 2 NaOH(aq) → Na2SO4(aq) + Cu(OH)2(s)↓

5) Formação de precipitado verde de hidróxido de ferro II na reação de sulfato


de ferro II com hidróxido de sódio.

FeSO4(aq) + 2 NaOH(aq) → Na2SO4(aq) + Fe(OH)2(s)↓

6) Precipitado vermelho ferrugem de hidróxido de ferro III formado na reação de


sulfato de ferro III com hidróxido de sódio.

Fe2(SO4)3(aq) + 6 NaOH(aq) → 3 Na2SO4(aq) + 2 Fe(OH)3(s)↓

Para determinar se combinações de compostos iônicos levarão à formação de


precipitados, devemos recorrer à solubilidade deles em água (Tabela 1).

Solubilidade é a quantidade de uma substância que pode ser dissolvida em


determinada quantidade de solvente.

Tabela 1 - Regras de solubilidade em água de compostos iônicos comuns

Ânion do sal Cátion do sal Solubilidade em água


Nitrato (NO3 )-
Qualquer um Sal solúvel
UNIUBE 167

Nitrito (NO2-) Qualquer um Sal solúvel


Halogenetos (F , Cl , I e Br )
- - - -
(Ag , Cu ,Hg2 ,Pb )
+ + 2+ 2+
Sal insolúvel
Sulfato (SO4 ) -2
(Ag ,,Hg2 ,Pb )
+ 2+ 2+
Sal insolúvel
Sulfeto (S-2) Famílias 1A, 2A e NH4+ Sal solúvel
Acetato (H3C2O2 ) -
(Ag ,,Hg2 )
+ 2+
Sal insolúvel
Qualquer outro ânion Famílias 1A, NH4 +
Sal solúvel

Veja alguns exemplos de aplicações das regras da Tabela anterior:

PbI2 (Iodeto de chumbo II): temos halogeneto com Pb, logo ele é prati-
camente insolúvel.

Ag2SO4 (Sulfato de prata): temos um sulfato com Ag, logo ele é pratica-
mente insolúvel.

Na2Cr2O7 (Dicromato de sódio): temos um ânion qualquer com o Na, que


é da família I A, logo ele é solúvel.

(NH4)3PO4 (Fosfato de amônio): temos um ânion qualquer com o NH4,


logo ele é solúvel.

Cu2S (Sulfeto de cobre I): temos um ânion sulfeto sem cátion da I A, II A


e NH4, logo ele é praticamente insolúvel.

De forma geral, as reações de formação de precipitados são chamadas de du-


pla troca (metátese).

Vejamos como e quando ela ocorre. A reação de dupla troca envolve como re-
agentes duas substâncias compostas, que terão seus cátions trocados, dando
origem a duas substâncias compostas, diferentes das anteriores. Nesse caso,
pode-se ter as seguintes combinações:

sal1 + sal2 → sal3 + sal4

sal1 + ácido1 → sal2 + ácido2


168 UNIUBE

sal1 + base1 → sal2 + base2

Como exemplo, temos a reação do cloreto de bário (BaCl2) com ácido sulfúrico
(H2SO4), obtendo-se como produtos sulfato de bário (BaSO4) e ácido clorídrico
(HCl), segundo a equação:

BaCl2 + H2SO4 → BaSO4 + 2 HCl

As reações de ácido com base (reação de neutralização) podem ser considera-


das um caso especial de reação de dupla troca, por exemplo:

HCl + NaOH → NaCl + H2O

As equações iônicas

As equações iônicas líquidas são um aspecto importante da química, já que elas


apresentam apenas as entidades que sofreram mudanças em uma reação quí-
mica. Há três passos básicos para escrever uma equação iônica líquida: escre-
ver uma equação não iônica (reação padrão), uma equação iônica total (como
cada espécie existe na solução) e depois a equação iônica líquida.

Passo 1. Escreva a equação da reação, com todos os reagentes do lado


esquerdo da seta e os produtos do lado direito. Inclua todos os estados da
matéria!

Se um elemento não tiver seu estado fornecido, use aquele encontrado na tabela
periódica.

Se um composto reagente em uma reação de troca ou dupla troca não tiver seu
estado fornecido, você pode presumir que ele é aquoso.

Se um composto tiver sido indicado como solução, você pode escrever que ele
é aquoso, ou (aq).

Para determinar o estado da matéria de um produto não especificado, veja na


tabela a solubilidade encontrada em algumas tabelas periódicas.
UNIUBE 169

Se seus dois elementos no composto forem altamente solúveis em água, eles


serão (aq). Se eles tiverem baixa solubilidade em água, serão (s).

Se o problema mencionar um ácido, ou base, será (aq).

Para determinar quais os produtos criados, caso eles não tiverem sido especi-
ficados, você deve determinar o tipo de reação que está ocorrendo e daí seguir
os passos para predizer qual será o produto.

Garanta que a equação esteja balanceada! Todos os reagentes devem se


igualar aos produtos.

Passo 2. Determine quais espécies irão se dissociar (separar em cátions e


ânions) na solução. A seguinte lista mostra quais espécies se dissociarão.

Compostos com alta solubilidade iônica (use a tabela de solubilidade).

Os seis ácidos fortes memorizados ionizarão 100% (HCl(aq), HBr(aq), HI(aq),

H2SO4(aq), HClO4(aq), e HNO3(aq)).

Determine quais espécies não irão se dissociar na solução.

A seguinte lista mostra tais espécies.

• Sólidos (s);

• Líquidos (l);

• Gases (g);

• Substâncias moleculares;

• Compostos iônicos de baixa solubilidade;

• Ácidos fracos (que não estão na categoria de ácidos fortes).


170 UNIUBE

Escreva a equação iônica total.

Qualquer coisa que vá dissociar ou ionizar (ácidos fortes) simplesmente se


separará em dois íons distintos. O estado da matéria permanecerá (aq), você
deve escrever a carga do íon encontrada na tabela periódica e deve balancear
a equação.

Exemplo: Ba(OH)2(aq) → Ba2+(aq) + 2 OH-(aq)

Sólidos, líquidos, gases, ácidos fracos e compostos iônicos de baixa solubilidade


não mudarão de estado ou se separarão em íons. Basta deixá-los como estão.

Substâncias moleculares irão simplesmente se dispersar na solução, apenas


mudando seu estado para (aq). Três exceções que não se tornam (aq) são:
CH4(g), C3H8(g) e C8H18(l).

Um exemplo:

CH3COOH(aq) + AgNO3(aq) → AgCH3COO(s) + HNO3(aq)

Como uma equação não iônica se tornará:

CH3COOH(aq) + Ag+(aq) + NO3-(aq) → AgCH3COO(s) + H+(aq) + NO3-(aq)

Equação Iônica Líquida

Cancele as substâncias comuns aos dois lados da equação, tanto o reagente


quanto o produto. Você pode cancelar apenas se as substâncias forem 100%
idênticas em ambos os lados (cargas, subscritos etc).

Reescreva a equação sem as substâncias canceladas.

Exemplo:

2 Cr(s) + 3 NiCl2(aq) → 2 CrCl3(aq) + 3Ni(s)


UNIUBE 171

Como uma equação não iônica se tornará:

2 Cr(s) + 3 Ni2+(aq) + 6 Cl-(aq) → 2 Cr3+(aq) + 6 Cl-(aq) + 3 Ni(s)

Como uma equação iônica total se tornará:

2 Cr(s) + 3 Ni2+(aq) → 2 Cr3+(aq) + 3 Ni(s)

Importante! Para ver se sua resposta funciona, a carga total do lado do reagente
deve ser igual à carga total do lado do produto na equação iônica líquida. Inclua
todos os estados da matéria para cada substância em todas as equações. Você
perderá algumas marcas se não fizer isso.

6.7 Reações ácido-base


Várias das reações químicas que ocorrem envolvem substâncias dissolvidas
em água e, por esta razão, diz-se que ocorrem em solução aquosa. Entre estas
substâncias, estão os ácidos e as bases que são importantes em inúmeros
processos químicos, desde os processos industriais até os processos biológicos.

O ácido clorídrico (HCl), que é um importante produto químico industrial, é tam-


bém o principal constituinte do suco gástrico do estômago. No interior de cada
célula viva, existe uma intensa produção de ácidos e bases que suportam a vida
e controlam a composição de nosso sangue e fluidos celulares, além de também
afetarem o sabor, a qualidade e a digestão de nossa comida. De fato, quase
todos os produtos de consumo que nos rodeiam, tais como tecidos sintéticos,
tintas, metais e plásticos, envolvem o uso de ácidos e bases em seu processo
de fabricação. Desde os tempos antigos, os cientistas identificam os ácidos e
as bases por suas propriedades características.

Os ácidos possuem sabor azedo (por exemplo, o ácido cítrico no suco de limão)
e fazem com que determinados corantes mudem de cor (por exemplo, o papel
de tornassol fica vermelho no contato com ácidos). A palavra ácido deriva do
latim acidus, que significa azedo ou adstringente. Por outro lado, as bases têm
sabor amargo e parecem que são de escorregadias (por exemplo, o sabão).
172 UNIUBE

Na década de 1880, o químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927) ligou o


comportamento ácido à presença de íons H+ e o comportamento de base à
presença de íons OH- em solução aquosa. Arrhenius definiu então ácidos como
substâncias que em solução aquosa produzem íons H+ e bases como substân-
cias que em solução aquosa liberam íons OH-. Posteriormente, estes conceitos
passaram a ser expressos da seguinte maneira: ácidos de Arrhenius são subs-
tâncias que, quando dissolvidas em água, aumentam a concentração de íons
H+. Da mesma forma, bases de Arrhenius são substâncias que, quando dissol-
vidas em água, aumentam a concentração de íons OH-.

Exemplo 1: a dissolução do gás cloreto de hidrogênio é altamente solúvel em


água devido à sua reação química com a água.

HCl(g) + H2O(l) → H+(aq) + Cl -(aq)

Exemplo 2: a dissolução do hidróxido de sódio em água.

Entretanto estes conceitos, embora úteis, apresentam limitações porque são


restritos a soluções aquosas.

NaOH(s) + H2O(l) → Na+(aq) + OH-(aq)

REAÇÕES ÁCIDO-BASE COM FORMAÇÃO DE GÁS

Existem muitas bases além do íon OH- que reagem com o íon H+ para formar
compostos moleculares. Eentre estas estão o íon sulfeto S2- e o íon carbonato
CO32-. Esses dois ânions reagem com ácidos para formar gases que têm baixas
solubilidades em água.

O sulfeto de hidrogênio é o responsável pelo odor do ovo podre e é obtido a


partir da reação do HCl(aq) com o sulfeto de sódio Na2S:

Equação molecular:

2 HCl(aq) + Na2S(aq) → H2S(g) + 2 NaCl(aq)


UNIUBE 173

Equação iônica balanceada:

2 H+(aq) + S2-(aq) → H2S(g)

Os carbonatos e os bicarbonatos reagem com ácidos para formar gás CO2. A


reação de CO32- ou HCO3- com um ácido produz primeiro o ácido carbônico
H2CO3. Por exemplo, quando o ácido clorídrico é adicionado ao bicarbonato de
sódio (NaHCO3), ocorre a seguinte reação: o ácido carbônico é instável e quando
presente em solução em concentrações suficientes, decompõe-se para formar
CO2, que desprende da solução como um gás.

HCl(aq) + NaHCO3(aq) → NaCl(aq) + H2CO3(aq)

H2CO3(aq) → H2O(l) + CO2(g)

Equação molecular:

HCl(aq) + NaHCO3(aq) → NaCl(aq) +H2O(l) + CO2(g)

Equação iônica simplificada:

H+(aq) + HCO3-(aq) → H2O(l) + CO2(g)

Tanto o NaHCO3 quanto o Na2CO3 são usados como neutralizadores ácidos em


derramamentos de ácidos. Curiosidade: algumas vezes o bicarbonato de sódio
é usado como antiácido para aliviar distúrbios estomacais.

6.8 Reações de oxirredução


As reações de oxidação e redução, também chamadas de reações redox, são
fenômenos muito frequentes no nosso cotidiano. Como exemplo, temos: um
material sofrendo combustão (queima). A matéria orgânica como o gás metano
na presença de oxigênio, entra em combustão. Essas reações também são
chamadas de oxidação.

CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + H2O(l)


174 UNIUBE

Como definição, temos:

Oxidação é a perda de elétrons.

Redução é o ganho de elétrons.

Nas reações de oxirredução, temos a transferência de elétrons. Observando a


estrutura da matéria, as reações de oxidação e redução envolvem a transferên-
cia de elétrons entre os átomos. Contudo sabe-se que a oxidação e a redução
ocorrem juntas na mesma reação química.

Se introduzirmos um fio de zinco (Zn) em uma solução aquosa de sulfato de


cobre (CuSO4), verificaremos, após certo tempo, que ocorrerá a formação de
um depósito de cobre e que a solução, aos poucos, deixará de ser azul, que é
característica dos íons Cu2+.

Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)

Podemos notar que, devido à transferência de elétrons que ocorre neste tipo de
reação, também teremos uma mudança na carga elétrica das espécies químicas.
Essas cargas elétricas são denominadas número de oxidação (Nox).

O conhecimento do número de oxidação é de grande importância para o enten-


dimento dos processos de oxirredução.

Número de Oxidação (Nox)

No caso dos compostos iônicos, chama-se (Nox) a própria carga elétrica do íon,
ou seja, o número de elétrons que o átomo realmente perdeu ou ganhou.

No MgO (óxido de magnésio)

Mg+2: Nox = +2 e O-2: Nox = -2

Nos compostos covalentes, não há um átomo que perca e outro que ganhe
elétrons, já que os átomos estão apenas compartilhando elétrons. Entretanto,
podemos estender o conceito de número de oxidação também para os compos-
tos covalentes. Para isso, temos que considerar a carga elétrica teórica que o
UNIUBE 175

átomo adquiriria se houvesse a quebra da ligação covalente, ficando os elétrons


com o átomo mais eletronegativo.

Por exemplo: no ácido clorídrico (HCl), o cloro é mais eletronegativo que o hi-
drogênio e, em consequência, atrai o par eletrônico covalente para o seu lado.

Se, por influência externa, houver uma ruptura dessa ligação, é evidente que o
par eletrônico ficará com o cloro.

Então:

No HCl (ácido clorídrico)


H+: Nox = +1 Cl-: Nox = -1

Dado o conceito de número de oxidação (Nox), podemos ampliar o conceito de


oxidação e redução, dizendo:

- Oxidação é a perda de elétrons ou aumento do número de oxidação de um


elemento.

- Redução é o ganho de elétrons ou diminuição do número de oxidação de


um elemento.

Regras para a determinação do Nox:

1ª regra: o Nox de cada átomo em uma substância simples é sempre zero.

Neste caso, como os átomos apresentam a mesma eletronegatividade, em uma


eventual quebra da ligação, nenhum perde ou ganha elétrons.

Exemplos: O2, O3, P4, S8, Cgraf, Cdiam

2ª regra: o Nox de um íon monoatômico é sempre igual à sua própria carga.

K+ Ba+2 F- N-3

Nox: +1 +2 –1 –3
176 UNIUBE

3ª regra: existem elementos que apresentam Nox fixo em seus compostos.

Metais Alcalinos (1A) Exemplo: K2SO4


Nox = + 1
(Li, Na, K, Rb Cs e Fr) Nox = + 1

Metais Alcalinos-terrosos (2A) Exemplo: CaO


Nox = + 2
(Be, Mg, Ca, Sr, Ba e Ra) Nox = + 2

Exemplo: ZnSO4
Zn (zinco) Nox = + 2
Nox = + 2

Exemplo: AgCl
Ag (prata) Nox = + 1
Nox = + 1

Exemplo: Al2O3
Al (alumínio) Nox = + 3
Nox = + 3

4ª regra: o Nox do elemento hidrogênio (H), nas substâncias compostas, é


geralmente +1.

HBr H2SO4 C6H12O6

Nox: +1 +1 +1

Quando o hidrogênio estiver ligado ao metal, formando hidretos metálicos, seu


Nox é -1 .

NaH CaH2

Nox: –1 –1

5ª regra: o Nox do elemento oxigênio (O), na maioria dos seus compostos, é


-2.
UNIUBE 177

CO H2O H2SO4 C6H12O6

Nox: –2 –2 –2 –2

No composto fluoreto de oxigênio (OF2), como o flúor é mais eletronegativo, o


Nox do oxigênio é + 2:

OF2

Nox: +2

Nos peróxidos (O2)2–, o Nox do oxigênio é -1.

Os halogênios apresentam Nox = - 1, quando formam compostos binários (2


elementos), nos quais são mais eletronegativos.

Importante: a soma dos Nox de todos os átomos constituintes de um composto


iônico ou molecular neutro é sempre zero. Se o composto apresentar carga,
então a somatória dos Nox dos átomos constituintes será igual à carga da mo-
lécula.

6.9 Conclusão
Vimos neste capítulo que uma grande quantidade de reações químicas pode
ocorrer em meio aquoso e que, em algumas, a água atua apenas como solvente.
Porém, em outras, ela pode atuar tanto como solvente quanto reagente e até
mesmo como produto. Neste capítulo percebemos que uma reação química
apresentará tendência a acontecer quando:

• formar substâncias mais estáveis (menos reativas, menos ionizadas etc.), tal
como uma reação ácido­‑base.

• houver tendência para a formação de um produto mais volátil, tal como a


formação de CO2.

• houver formação de precipitado, tal como a formação de PbI2(s).


178 UNIUBE

Vimos ainda que uma reação de oxidorredução ocorre quando existe transfe-
rência ou deslocamento de elétrons de uma espécie para outra e que, para
verificarmos se houve tal reação ou não, precisamos determinar o Nox (número
de oxidação) dos elementos antes e depois. Todas as reações que envolvem
consumo ou produção de substâncias elementares são de oxidorredução.

Referências
BROWN, Theodire L.; LEMAY, H. Eugene; BURTEN JÚNIOR, Bruce E. Química: a ciência
central. 9a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

KOTZ, J. C., TREICHEL, J. P. Química geral e reações químicas. 3. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científico, 2005. vol. 2.
Capítulo
Estequiometria
7

Deusmaque Carneiro Ferreira / Ricardo Alexandrino Dias

Introdução
Neste capítulo, abordaremos a estequiometria, assunto fundamental e
relevante, uma vez que se insere em diversas áreas do conhecimento
da Química, como nas análises quantitativas e qualitativas, que serão
discutidas mais profundamente nos capítulos relacionadas à Química
Analítica, à Físico-química, entre outros.

Ao longo do capítulo, perceberemos que a estequiometria é uma ferra-


menta indispensável para mensurar as quantidades de reagentes e
produtos envolvidos em uma transformação química. Sendo assim, este
estudo tem uma grande aplicabilidade prática em nosso cotidiano,
destacando-se a indústria química (produção de alimentos, creme den-
tal, produtos de limpeza em geral etc.), os laboratórios (para confecção
de remédios, em exames clínicos de saúde e, também, ao testar a
qualidade dos produtos que chegam à nossa casa) ou até mesmo em
nossa casa (observação da proporção dos ingrediente de uma receita
culinária).

Descreveremos também situações inerentes à produção industrial, tais


como impureza dos reagentes, excesso de reagente, diferenciaremos
o rendimento teórico do real e analisaremos a estequiometria em rea-
ções que se processam em mais de uma etapa, por exemplo, a produ-
ção do ácido sulfúrico a partir da oxidação do enxofre em meio aquoso.

Veremos, aqui, que a estequiometria é uma das ferramentas mais utili-


zadas pelos químicos. Sem ela muitos problemas do nosso dia a dia não
poderiam ser resolvidos. Assim, neste estudo, procuraremos desenvolver
um raciocínio lógico, facilitando sua inserção no mundo científico. Um
clássico exemplo de aplicação da estequiometria refere-se à decompo-
sição da azida de sódio, NaN3(s), usada para inflar airbags de automóveis.
180 UNIUBE

Quando ela é inflada de maneia adequada, o NaN3 se decompõe rapi-


damente, formando gás nitrogênio, N2(g), que expande o air bag.

Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:

• quantificar uma reação química a partir de seus coeficientes


estequiométricos;
• utilizar as relações quantitativas em cálculo estequiométrico;
• diferenciar rendimento teórico e real;
• reconhecer o reagente limitante em um processo reacional;
• desenvolver análises quantitativas em reações não elementares.

Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:

• introdução à estequiometria;
• grandezas proporcionais;
• passos para a resolução dos cálculos;
• tipos de cálculo estequiométrico;
• rendimento e pureza;
• aplicações da estequiometria no cotidiano.

7.1 Introdução à estequiometria


Ao longo do curso, temos estudado as contribuições de inúmeros cientistas na
Química. Uma das contribuições veio de Joseph Louis Proust, que desenvolveu
uma lei chamada Lei das Proporções Fixas ou simplesmente Lei de Proust
(Quadro 1).

IMPORTANTE!

Segundo Proust, a massa das substâncias que reagem e que são produzidas em
uma reação química obedecem sempre a uma proporção constante, sendo que esta
proporção é característica de cada reação.
UNIUBE 181

Vejamos um exemplo clássico:

Quadro 1: D
 emonstra a proporção estequiométrica da reação química em determinada
grandeza.

Equação química 1 N2 + 3 H2 → 2 NH3


Grandeza: mol 1 mol 3 mols 2 mols
Grandeza: mol 10 mols 30 mols 20 mols
Grandeza: massa 28 g (1 mol) 6 g (3 mols) 34 g (2 mols)
Grandeza: massa 280 g (10 mols) 60 g (30 mols) 340 g (20 mols)
Grandeza:
volume
3.22,714 L 2.22,714 L
(CNTP;P= 1 bar; 22, 714 L (1 mol)
(3 mols) (2 mols)
T=273,15 K;
1 mol=22,714 L)

De acordo com os dados acima, fica evidente que, para qualquer tipo de gran-
deza usada, a reação de síntese da amônia sempre obedece a uma proporção
constante de 1:3:2.

Essa proporção representa os coeficientes estequiométricos da reação química


corretamente balanceada, que, na verdade, indica a proporção em número de
mols com que os participantes da reação interagem entre si.

Outra contribuição imensurável para a Química e, em especial, para a estequio-


metria foi a lei do francês Antoine Lavoisier, conhecida como Lei de Lavoisier
(BROWN, 2005, p. 67):

Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

De acordo com essa lei, em qualquer sistema, físico ou químico, nunca se cria
nem se elimina matéria, apenas é possível transformá‑la. Isso é traduzido como
Lei da Conservação da Massa.

Em toda reação química a massa dos reagentes é igual à massa dos produtos.
182 UNIUBE

Veja o exemplo (Quadro 2):

Quadro 2: Demonstra a lei da conservação da massa e a lei das proporções constantes


na reação de síntese da amônia

Equação química 1 N2 + 3 H2 → 2 NH3


Grandeza: massa 28 g (1 mol) 6 g (3 mols) 34g (2 mols)
Grandeza: massa 280 g (10 mols) 60 g (30 mols) 340 g (20 mols)

Reagentes: N2 e H2; produto: NH3

Conservação da massa → 28 g de N2 + 6 g de H2 formam 34 g de NH3.

Conservação da massa → 280 g de N2 + 60 g de H2 formam 340 g de NH3.

IMPORTANTE!

Obedecendo à Lei da Conservação da Massa devemos balancear corretamente todas


as equações químicas, ou seja, o número de átomos de cada elemento químico deve
ser igual no primeiro e segundo membros da equação.

SAIBA MAIS

Você sabe qual é o significado de estequiometria?

A palavra estequiometria é de origem grega e significa:

Stoikheion = elemento

Metron = medição
UNIUBE 183

A estequiometria é o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das


reações químicas, baseado nas leis físicas das reações (Lei de Proust e Lei de
Lavoisier) e realizado com o auxílio de uma regra de três (grandezas diretamente
proporcionais), que deve ser desenvolvida a partir dos dados fornecidos pelo
exercício a respeito dos participantes da transformação química.

7.2 Passos para a resolução dos cálculos


Para realizar os cálculos estequiométricos com facilidade, é necessário que
você, aluno, conheça algumas regras básicas:

a. Sempre escreva a equação química mencionada no exercício.

b. Ajuste os coeficientes presentes da equação (balanceamento).

c. Monte uma regra de três entre os dados da equação química (mol, massa,
volume) e os dados e perguntas do exercício.

Exemplo:

Seguindo os passos citados acima, vamos utilizar este raciocínio para produzir
amônia (NH3).

I) Equação:

Note que, ao reagirmos nitrogênio com hidrogênio para formar amônia, não
utilizamos (N) ou (H) e sim (N2) e (H2), que são as formas como essas substân-
cias são encontradas na natureza.

II) Balanceamento:

Realizando o balanceamento químico, obtemos uma melhor correlação para a


formação do produto.
184 UNIUBE

SAIBA MAIS

Lembre: ao escrever a equação química, comece pela fórmula dos reagentes e pro-
dutos. Faça o balanceamento pelo método da tentativa.

O número de átomos de cada elemento deverá ser o mesmo em ambos os lados


da equação.

Comece pelos elementos que aparecem apenas uma vez no lado dos reagentes
e no lado dos produtos. Dê preferência ao elemento que possuir maior índice.

Exemplo: 4 Fe(s) + 3 O2(g) → 2 Fe2O3(s)

III) Regra de três:

Para isso, é necessário primeiramente fazermos uso das relações quantitativas


(átomos,moléculas, massa, volume) de cada uma das substâncias que vão nos
auxiliar na resolução de nossos cálculos e interpretação do que se pede em
determinado exercício (Quadro 3).

Quadro 3: Relações quantitativas entre as substâncias envolvidas na reação química

Relações
Equação balanceada
quantitativas
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
Mols 1 mol 3 mols 2 mols
Massa 1x28,014 (g) 3x2,0158 (g) 2x17,0307 (g)
1x6,023.10 23
3x6,023.10 23
2x6,023.1023
Nº Avogrado
moléculas moléculas moléculas
Volume
1x22,714 L 3x22, 714 L 2x22,714 L
(CNTP)*

*CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão) → Pressão: 1 bar; temperatura: 273 K.


UNIUBE 185

Agora, vamos exemplificar a regra de três com alguns exemplos práticos:

1o Na produção do açúcar usa­‑se geralmente o processo de sulfitação para


clarear o caldo de cana, mediante a queima de enxofre. Quantos gramas de
SO2 podem ser obtidos pela queima de 200 g de S em excesso de O2?

Dados: S = 32; O = 16

Resolução:

Lembre se de que a primeira coisa que devemos fazer é escrever a equação


química mencionada no exercício.

S + O 2 → SO2

Neste caso, a equação química já está balanceada. Caso contrário, faça o ba-
lanceamento antes de prosseguir com as demais etapas.
Veja que os dados do exercício estão em massa (gramas), assim a primeira linha
da regra de três é uma proporção em massa obtida da própria equação balan-
ceada. Na primeira linha, obedecemos aos números de mols existentes na
equação, convertendo­‑os em gramas, isto porque o dado e a pergunta do pro-
blema foram feitos em gramas (segunda linha da regra de três).

Equacionando a regra de três temos:

1 mol de S → 1 mol SO2

32 g → 64 g (dados da equação química)

200 g → X (dado e pergunta do problema)

X = 400 g de SO2

2o Calcular o volume de gás carbônico (CO2), obtido nas condições normais de


temperatura e pressão, por calcinação de 1 ton de carbonato de cálcio (CaCO3).

Dados: (massas atômicas): C = 12; Ca = 40; O = 16

Volume molar nas CNTP = 22,714 L (P = 1 bar; T = 273 K)

Resolução:

Equação química balanceada: CaCO3 → CaO + CO2


186 UNIUBE

Veja que nesse exemplo os dados do problema não apresentam uniformidade


de unidades, pois a massa fornecida de CaCO3 é em toneladas e a questão
pede o volume de CO2 em litros. Neste caso, você deve relacionar a proporção
entre massa e volume obtida da equação às substâncias mencionadas no pro-
blema, portanto:

1 mol de CaCO3 → 1 mol de CO2 (dado da equação química)

100 g → 22,714 L (proporção entre massa e volume obtida da equação)

106 g (1 ton) → x (dado e pergunta do problema)

x = 2,2714.105 L de CO2

Você pode perceber que a aplicação da regra de três na resolução de exercícios


de estequiometria é algo bastante simples, versátil e de fundamental aplicabili-
dade em nosso cotidiano.

Agora vamos considerar uma situação em que a estequiometria é aplicada em


uma reação que se processa em mais de uma etapa (reação não elementar).
Nesse caso, é mais viável somar algebricamente as equações químicas e efetuar
o cálculo estequiométrico diretamente na equação final (equação global). Ob-
serve o exemplo a seguir:

3o. Sabendo­‑se que 1,5 t de hematita (minério de ferro), contendo 65% de Fe2O3,
é aquecida com X kg de monóxido de carbono (CO), redutor siderúrgico, pro-
duzindo Q kg de ferro e liberando na atmosfera W litros de gás carbônico (CO2),
nas CNTP. A partir desses dados, determine os valores de X, Q e W, admitindo
que o rendimento do processo reacional seja igual a 100%.

Dados: (massas atômicas) Fe = 56; O = 16; C = 12

Volume molar nas CNTP = 22,714 L (P = 1 bar; T = 273 K)

Resolução:

Esse exercício retrata a produção do ferro bruto (ferro­‑gusa) no alto forno side-
rúrgico, em que o monóxido de carbono é agente redutor poderoso e reduz o
óxido de ferro a ferro metálico por meio das seguintes equações:
UNIUBE 187

3Fe2O3 + CO → 2 Fe3O4 + CO2

2Fe3O4 + 2CO → 6FeO + 2CO2

6FeO + 6CO → 6Fe + 6CO2

3Fe2O3 + 9CO → 6Fe + 9CO2 (equação global)

1Fe2O3 + 3CO → 2Fe + 3CO2 (equação global simplificada)

IMPORTANTE!

Nesse tipo de problema é indispensável que todas as equações estejam balanceadas


individualmente e que as substâncias intermediárias (Fe3O4 e FeO) sejam canceladas.
Em certos problemas, isso nos obriga a multiplicar ou dividir uma ou outra equação
por números convenientes, que nos levam ao cancelamento desejado.

É comum o uso de reagentes impuros como foi dado neste problema o mi-
nério de ferro (hematita + impurezas), principalmente em reações industriais.
Isso ocorre porque são mais baratos ou porque já são encontrados na natu-
reza acompanhados de impurezas (ganga), como é o caso do ferro. Neste
caso precisamos encontrar o grau de pureza (p), que é o quociente entre a
massa (m0) da substância principal e a massa (mt) total da amostra (massa
do minério bruto).

p = m0/mt

O problema forneceu o grau de pureza igual a 65% (0,65) e a massa total igual
a 1,5 t (1500 kg). Assim, temos:

0,65 = m0/1500

m0 = 975 kg de Fe2O3

Esse cálculo também poderia ser efetuado por uma simples regra de três:

1500 kg 100%

X 65%

X = 975 kg de Fe2O3
188 UNIUBE

1Fe2O3 + 3CO → 2Fe + 3CO2 (equação global simplificada)

1 mol → 3 mols

160 g → 3,28 g

975 kg → X

X = 511,875 kg de CO.

1Fe2O3 → 2Fe (dado da equação química)

1 mols → 2 mols

160 g → 2,56 g

975 kg → Q

Q = 682,5 kg de Fe.

1Fe2O3 → 3CO2 (dado da equação química)

1 mol → 3 mols

160 g → 3.22, 714 L (CNTP)

975 kg → W

W = 415,24 L de CO2 (CNTP)

7.3 Tipos de cálculo estequiométrico


Os dados de um problema podem vir relatados de diversas maneiras, como já
foi evidenciado anteriormente. Em todos esses tipos de cálculos temos de nos
basear nos coeficientes das equações, que nos dão a proporção dos compo-
nentes da reação.

7.3.1 Quando o dado e a pergunta são expressos em mol

Suponhamos que queremos descobrir quantos mols de NH3(g) são produzidos


a partir de 15 mols de N2(g).
UNIUBE 189

Atenção: neste caso não é necessário usar a regra de três, pois já conhecemos
a equação balanceada!

Agora é só multiplicarmos por 15 toda a equação, de modo a manter a proporção


dos reagentes e produtos.

Porém, se no exercício nos fosse pedido para calcular a quantidade de amônia


formada em gramas, teríamos:

7.3.2 Quando o dado e a pergunta são expressos em massa

Quando queremos calcular a massa de um produto por meio da massa de um


reagente conhecido, precisamos seguir os seguintes passos:

Suponhamos que desejamos calcular a quantidade de SO3(g) formado a partir


de 10 g de S8(g).

Teremos a seguinte equação:

Existem duas maneiras de se resolver este exercício. Veja:


190 UNIUBE

I) A primeira possui mais etapas, mas nos possibilita entender passo a passo a
estequiometria da reação.

1o passo: balanceamento:

2o passo: observamos que, na formação do SO3(g), temos a seguinte relação


estequiométrica:

Dado da equação química

Ou seja:
UNIUBE 191

II) De maneira simplificada, podemos resolver em apenas 1 etapa:

7.4 Enunciado em mol, resposta em volume


Em alguns casos pretendemos descobrir a quantidade em volume de gás pro-
duzido. Para isso, vejamos o seguinte exercício:

A cal virgem (CaO) é um produto de variadas aplicações, que vão muito além
da construção civil. Sua utilização está também presente na produção de aço,
papel e celulose, destacando‑se, portanto, como um produto químico versátil e
de grande utilidade em diversos segmentos industriais, entre eles:

• indústria química;

• petroquímica;

• alcoolquímica;

• alimentícia;

• farmacêutica;

• metalúrgica;

• de fertilizantes;

• dessulfurização de gases;
192 UNIUBE

• na Engenharia Civil, em argamassas de assentamento e revestimento, em


pinturas, na fabricação de blocos construtivos e tijolos, na estabilização de
solos, nas misturas asfálticas etc.;

• no setor de saneamento básico, para tratamento de água, em substituição à


barrilha.

SAIBA MAIS

Um dos processos de obtenção do óxido de cálcio vem da decomposição do carbonato


de cálcio.

Vejamos a equação a seguir:

Considerando que partimos de 22 g de carbonato, qual o volume de CO2(g) nas


CNTP, liberado na produção da cal virgem?

Vamos novamente fazer esse exercício de duas maneiras:

I) Passo a passo:

1 mol de CaCO3(s) → 100 g

X → 22 g

X = 0,22 mols de CaCO3(s)

1 mol de CaCO3(s) → 1 mol CO2(g)

0,22 mols →Y

Y = 0,22 mols de CO2(s)

1 mol de CO2(s) → 22,714 L (CNTP)

0,22 mols →Z
UNIUBE 193

Z = 4,99 L de CO2(s)

II) De forma simplificada, temos:

produzem
1 mol de CaCO3(s) 1 mol de CO2

↓ ↓

100 g 22,714 L (CNTP)

22 g X

X = 4,997 L de CO2(g)

7.5 Reagente limitante

7.5.1 Quando são dadas as quantidades de dois ou mais reagentes

Imaginemos, como exemplo, a reação a seguir, considerando que foram mistu-


rados 147 g de H2SO4 e 100 g de NaOH:

H2SO4 + 2NaOH Na2SO4 + 2H2O

Neste ponto, seria importante ressaltar que as substâncias não reagem na pro-
porção em que misturamos, mas na proporção em que a equação química
(coeficientes estequiométricos da Lei de Proust) determina. Sendo assim, se os
147 g de H2SO4 e os 100 g de NaOH estiverem na proporção estequiométrica
estabelecida pela equação química, as duas massas reagirão integralmente.
Caso contrário, ocorrerá uma das duas hipóteses seguintes:

1o hipótese: ou os 147 g do H2SO4 estão a mais (reagente em excesso).

2a hipótese: ou os 147 g do H2SO4 estão a menos em relação à proporção


estabelecida pela equação química (reagente limitante).
194 UNIUBE

Na primeira hipótese, o H2SO4 reage com a totalidade dos 100 g de NaOH e


ainda haverá H2SO4 em excesso.

Na segunda hipótese, os 147 g de H2SO4 são insuficientes para reagir com todo
o NaOH e, então, haverá NaOH em excesso.

Em uma situação em que são dadas (misturadas) as quantidades de dois ou


mais reagentes, é fundamental efetuar os cálculos em número de mols (quan-
tidade de matéria), uma vez que os coeficientes estequiométricos da equação
química corretamente balanceada representam proporção em número de mols
e assim fica mais fácil descobrir qual ou quais reagentes estão em excesso.
Voltemos ao exercício anterior:

Misturando‑se 147 g de H2SO4 a 100 g de NaOH, podemos determinar:

a) a massa formada de sulfato de sódio (Na2SO4);

b) a massa do reagente em excesso.

Resolução:

Vamos calcular inicialmente o número de mols dos regentes da mistura:

147 g de H2SO4 → n = m/M; n = 147/98 = 11,5 mol H2SO4

100 g de NaOH → n = m/M; n = 100/40 = 2,5 mols NaOH

Vejamos agora a correlação dessas quantidades em mol com a proporção es-


tequiométrica estabelecida pela equação química:

H2SO4 + 2NaOH Na
H22SO44 ++ 2NaOH
2H2O Na2SO 4 + 2H2O
(proporções estabelecidas
pela equação química)
1 mol de H2SO4 2 mols de NaOH
1,5 mol de H2SO4
3 mols de NaOH (calculado)
(dados do exercício)

A proporção dos coeficientes dos reagentes é de 1:2 (equação química), o que


nos mostra que 1,5 mol de H2SO4 deve reagir com 3 mols de NaOH. Neste
problema, você verifica que isso é impossível, pois, como foi calculado na tabela
acima, temos apenas 2,5 mols de NaOH.
UNIUBE 195

Agora, se você iniciar os cálculos com base nos 2,5 mols de NaOH concluirá
que o H2SO4 é o reagente que está em excesso.

Veja demonstração a seguir:

2 mols de NaOH (proporções


11 mol de H2SO4
estabelecidas pela equação química)
1,25 mol de H2SO4 (calculado) 2,5 mols de NaOH (dados do exercício)

A proporção dos coeficientes dos reagentes (1:2) nos mostra que 1,25 mol de
H2SO4 deve reagir com 2,5 mols de NaOH. Agora você pode verificar que isso
é perfeitamente possível, pois foi dado 1,5 mol de H2SO4 e, como apenas 1,25
mol reage, ainda sobrará 0,25 mol de H2SO4 (1,5 – 1,25 = 0,25 mol de H2SO4
em excesso). Concluindo, podemos esquematizar a reação química da seguinte
forma:

1H2SO4 + 2NaOH → 1 Na2SO4 + 2H2O


1,25 mol 2,5 mols 1,25 mol 2,5 mols 0,25 mol de
Reagente em Reagente H2SO4 em
excesso limitante excesso.

Com esses valores podemos facilmente responder às perguntas do problema:

a) Massa do sulfato de sódio (Na2SO4) formada

1,25 mol de Na2SO4

n = m/M

1,25 = m/142 → m = 177,5 g de Na2SO4

b) Massa do reagente em excesso

0,25 mol de H2SO4 em excesso

n = m/M

0,25 = m/98 → m = 24,5 g de H2SO4 em excesso.


196 UNIUBE

Lembre‑se de que é importante notar que é o reagente limitante (reagente em


falta) que comanda toda a reação, pois, no instante em que ele acaba, sem
dúvida, a reação para. Por isso o reagente em falta é também denominado fator
limitante da reação, sendo indispensável em um processo industrial controlar
as quantidades desse reagente para otimizar o rendimento da reação química.

7.5.2 Rendimento teórico

Rendimento teórico é a quantidade máxima de produto que pode ser produzida


em uma reação química.

7.5.3 Rendimento percentual

Rendimento percentual é a razão entre o rendimento real obtido e o rendimento


teórico multiplicado por 100%.

Você, então, precisa estar atento para:

Por exemplo:

Na equação a seguir, temos:


Ag2S(g) + O2(g)  →  2Ag(s) + SO2(g)

Considerando que 15 g de sulfeto de prata reagem com 9 g de oxigênio


gasoso:

a) Quem é o reagente limitante nesta reação?

b) Qual a quantidade de prata e de dióxido de enxofre formado?

a) Cálculo para descobrir o reagente limitante:


UNIUBE 197

Queremos reagir 15 g de sulfeto de prata com 9 g de oxigênio. Vamos


pegar, aleatoriamente, qualquer uma das duas massas acima e montar
uma regra de três para descobrir qual é o reagente limitante. Vamos tra-
balhar primeiramente com a massa de oxigênio em nosso exemplo e, em
seguida, com a massa do sulfeto de prata para conferirmos nosso racio-
cínio.

I) Utilizando a massa de 9g do oxigênio gasoso:

Como só temos 15 g de sulfeto de prata, todo o O2(g) não será consumido e ficará
em excesso na reação. Se o sulfeto de prata não é suficiente, ele está, então,
limitando a reação e é, portanto, o reagente limitante.

II) Utilizando a massa de 15g de Ag2S:


198 UNIUBE

Como temos 9 g de oxigênio, ao subtrairmos 1,94 g do oxigênio necessário para


reagir com o sulfeto de prata, sobram 7,06 g de oxigênio em excesso na reação.
Sendo este, portanto, o reagente em excesso.

b) Calculando a quantidade de prata e dióxido de enxofre formado.

Considere Ag(s):

Se:

Se considerarmos que 13,06 g são o rendimento teórico, quando na verdade


obtivemos no laboratório 12,24 g, qual deverá ser o rendimento percentual?

Considere SO2(g):
UNIUBE 199

Até aqui calculamos a quantidade de prata e dióxido de enxofre formados pela


quantidade de reagente limitante. Contudo podemos achar a mesma quantidade
de produtos fazendo uso do reagente que está em excesso sem ao menos usar
os dados do reagente limitante.

Para isso, vimos no exercício anterior que somente 1,94 g de O2(g) dos 9 g adi-
cionados reage e os 7,06 g restantes estão em excesso.

Devemos então calcular a quantidade de produto formado considerando apenas


1,94 g de O2(g) gasto na reação, desprezando os outros 7,06 g, já que eles não
participam da reação química.

Vejamos como é:
200 UNIUBE

7.6 Impureza

Impurezas Uma amostra química que contém impurezas não neces-


sariamente contém substâncias tóxicas ou sujeiras. O que
São os elementos que ocorre é que, quando falamos em impurezas na amostra,
encontramos em uma
amostra e que não são estamos nos referindo a uma amostra que contém, além
importantes no dos elementos de nosso interesse, outros elementos que
momento, na reação não são importantes no momento da reação.
de nosso interesse.

IMPORTANTE!

Cuidado! Substâncias 100% puras são difíceis de existir e, se considerarmos a massa


total de uma amostra impura como 100% pura, estaremos cometendo um grave erro
na hora de montar nossa esquiometria.

Se imaginarmos, por exemplo, que queremos determinar a quantidade de car-


bonato de cálcio (CaCO3) em uma pedra de calcário, devemos considerar que,
além do carbonato de cálcio, ela possui impurezas, como argilas, sílicas, fosfatos,
sulfetos, entre outros, que fazem parte da pedra de calcário e que não participam
da estequiometria de nosso interesse. Por isso são considerados impurezas.
UNIUBE 201

Quando um exercício fornecer uma quantidade de amostra impura, para calcu-


lar a estequiometria da reação, primeiro devemos calcular a quantidade de
amostra pura contida na substância impura.

Vejamos um exemplo:

No exercício anterior, quando queríamos determinar a quantidade de prata for-


mada, fazíamos uso de O2 puro. Vejamos como ficaria nosso exercício se mu-
dássemos a pureza do O2:

a) Vamos considerar que o O2(g) utilizado tem 50% de pureza.

Tem‑se 15 g de Ag2S reagindo com 9 g de uma mistura que apresenta 50% de


O2(g).

9 g da mistura → 100%

X → 50%

X = 4,5 de O2(g) (teor de oxigênio na amostra é de 50%)

Como somente 1,94 g de O2(g) vai reagir, então 4,5 g de O2(g) são mais que su-
ficientes para a reação.

Ou seja, o O2(g) continua em excesso na reação.

Considerando que o O2(g) utilizado tem 20% de pureza:

9 g O2(g) → 100%

X → 20%

X = 1,8 g de O2(g)

Nesse caso, temos 80% de impurezas.

9 g (amostra) → 100%

m → 80%

m = 7,2 g de impurezas
202 UNIUBE

Agora temos que somente 1,8 g de O2(g) vai reagir. Vimos que na reação era
necessário 1,94 g de O2(g) para consumir todo sulfeto de prata.

Como somente 1,8 g de O2(g) participará da reação, ele agora limitará a quanti-
dade de produto formado, sendo, neste caso, o reagente limitante.

7.7 Conclusão
Vimos neste capítulo que a estequiometria é fundamentada basicamente em
duas leis: Lei de Lavoisier (Lei da Conservação da Massa) e Lei de Proust (Lei
das Proporções Constantes). O cálculo estequiométrico é aplicado em diversas
áreas do conhecimento químico, como em química analítica (análise quantita-
tiva), físico‑química (equilíbrio químico), química geral (estudo dos gases), além
de outras aplicações em laboratório e na indústria. A aplicação do cálculo este-
quiométrico é relativamente simples, pois basta realizar uma regra de três sim-
UNIUBE 203

ples (grandezas diretamente proporcionais) em que, na primeira linha da regra


de três, deve‑se colocar os dados referentes à equação química (corretamente
balanceada) e, na segunda linha, inserir os dados referentes ao problema pro-
posto (exercício). Em algumas situações é bom atentar para os casos especiais
que envolvem determinadas reações químicas, como rendimento e pureza
menores que 100%, reações consecutivas etc.

Referências
ATKINS, P. W. Physical Chemistry. 5. ed. Oxford: Oxford University Press, 1997 p. 216‑229.

ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio


ambiente. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001, p. 426‑467.

BROWN, Theodore L.; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN JÚNIOR, Bruce E. Química, a ciência
central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

WALKER, J. The colors seen in the sky offer lessons in optical scattering. Scientific
American, p. 84‑87, jan.1989.
204 UNIUBE

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