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Ely Zago
Revisão técnica
Fernanda Ferraz Lima
Wilson de Sousa Benjamin
© 2017 by Universidade de Uberaba
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Revisão técnica
Fernanda Ferraz Lima
Wilson de Sousa Benjamin
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
CDD 540
Sobre os autores
Ely Zago
Ricardo Alexandrino
Apresentação.................................................................................................. IX
Capítulo 4 Óxidos..........................................................................................85
4.1 Função óxido...............................................................................................................86
4.2 Formulação dos óxidos e nomenclatura geral.............................................................87
4.2.1 Regra geral de nomenclatura.............................................................................87
4.3 Ligação química nos óxidos........................................................................................88
4.4 Classificação dos óxidos.............................................................................................88
4.4.1 Óxidos básicos....................................................................................................89
4.4.2 Óxidos ácidos ou anidricos.................................................................................91
4.4.3 Óxidos anfóteros.................................................................................................91
4.4.4 Óxidos neutros....................................................................................................92
4.4.5 Óxidos duplos ou salinos....................................................................................93
4.5 Peróxidos.....................................................................................................................93
4.5.1 Nomenclatura dos peróxidos...............................................................................94
4.5.2 Algumas particularidades a respeito do peróxido de hidrogênio........................94
4.6 Óxidos e a poluição atmosférica.................................................................................94
Capítulo 7 Estequiometria............................................................................179
7.1 Introdução à estequiometria .....................................................................................180
7.2 Passos para a resolução dos cálculos .....................................................................183
7.3 Tipos de cálculo estequiométrico .............................................................................188
7.3.1 Quando o dado e a pergunta são expressos em mol ......................................188
7.3.2 Quando o dado e a pergunta são expressos em massa .................................189
7.4 Enunciado em mol, resposta em volume .................................................................191
7.5 Reagente limitante.....................................................................................................193
7.5.1 Quando são dadas as quantidades de dois ou mais reagentes.......................193
7.5.2 Rendimento teórico .........................................................................................196
7.5.3 Rendimento percentual ...................................................................................196
7.6 Impureza ...................................................................................................................200
Apresentação
Prezado(a) aluno(a).
Por fim, todos os conceitos vistos serão aplicados nos cálculos estequiométricos
envolvendo reações químicas. Será possível perceber que a estequiometria é uma
ferramenta indispensável para mensurar as quantidades de reagentes e produtos
envolvidos em uma transformação química. Daí decorre sua grande aplicabilidade
UNIUBE XI
Bons estudos!
Capítulo
Laboratório: o espaço
1
do cotidiano
Introdução
Muitos acontecimentos naturais levaram o homem a pensar em inú-
meras possibilidades de desenvolvimento de teorias. Sabemos que
muitas das teorias criadas por ele não passam de tentativas, às
vezes desesperadas, de explicar alguns fenômenos ainda inexplicá-
veis.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
• transferência de líquidos;
• transferência e medida de sólidos;
• técnicas de filtração;
• materiais e equipamentos alternativos para o ensino de Química.
IMPORTANTE!
13. Nunca pipete líquidos com a boca, a fim de evitar o contato com estes
líquidos e também com as pipetas. Para isso, utilize pitadores ou peras.
do vidro frio. Não trabalhe com materiais imperfeitos, pois eles podem
ocasionar acidentes durante a execução do experimento.
15. Sempre que for verter um líquido de um frasco, utilize o lado oposto ao
rótulo, evitando que o líquido escorra sobre o rótulo, impedindo sua iden-
tificação no futuro.
IMPORTANTE!
Erros muito comuns são a distração e a falta de conhecimento sobre o que está sendo
executado!
Ao realizar um experimento,
• nunca adicione água a ácidos, pois isso causa um processo altamente exo-
térmico (grande liberação de energia), podendo causar até a explosão de
vidrarias e, em consequência, acidentar o manipulador com graves queima-
duras. Portanto sempre adicione ácidos a água. Se respingar, limpe a mesa
ou bancada imediatamente, com muito cuidado;
SAIBA MAIS
1.3 Toxicidade
Sabemos que as principais vias de contaminação são a ingestão, a inalação e
a absorção percutânea, ou seja, pela pele.
Sempre que possível devemos usar uma substância menos perigosa ou minimizar
o risco de sua utilização. Não sendo possível a substituição destas substâncias, os
experimentos devem ser realizados na capela. Praticamente não existe contami-
nação se houver uma boa higiene pessoal ao longo do trabalho.
Béquer:
É de uso geral. Serve para fazer reações entre soluções,
dissolver substâncias sólidas, efetuar reações de preci-
pitação e aquecer líquidos. Pode ser aquecido sobre a
tela de amianto.
Erlenmeyer:
Utilizado em titulações, aquecimento de líquidos, para
dissolver substâncias e proceder a reações entre so-
luções. Seu diferencial em relação ao béquer é permi-
tir agitação manual, devido ao afunilamento, sem que
haja risco de perda do material agitado.
Balão volumétrico:
Possui volume definido e é utilizado para o preparo de so-
luções com precisão em laboratório.
Funil de separação:
Utilizado na separação de líquidos não miscíveis e na extra-
ção líquido/líquido.
Pipeta graduada:
Pipeta volumétrica:
Tubo de ensaio:
Tripé:
Pinça de madeira:
Tela de amianto:
Cadinho:
Cápsula de porcelana:
Condensador:
Dessecador:
Funil de Büchner:
Kitassato:
Vidro de relógio:
Anel ou argola:
Balança digital:
Bico de Bünsen:
Garra de condensador:
Suporte universal:
Espátulas e colheres:
Centrífuga:
Estufa:
Mufla:
Manta de aquecimento:
Garras diversas:
Exatidão
IMPORTANTE!
1.5.1 Aquecimento
1540
1560
1540
Zona interna: é caracterizada por uma “casca” azulada, contendo gases que
ainda não sofreram combustão – mistura carburante (temperaturas em torno
de 300ºC).
SAIBA MAIS!
Calibração é a operação realizada para determinar o valor correto do que está sendo
medido.
• Para evitar erros de leitura e contaminação, a bureta deve ser lavada com
uma pequena porção (aproximadamente 5 mL) do líquido a ser utilizado no
experimento, deixando‑o escoar completamente.
• O líquido é escoado para evitar bolhas de ar que podem interferir nos re-
sultados.
• Para a leitura correta, o menisco deve estar coincidindo com a marcação zero
da bureta.
Tubos de ensaio:
Em geral, o tubo deve ser segurado próximo da abertura pela pinça de madeira
e agitado brandamente, para evitar superaquecimento do líquido. Sempre deve
estar ligeiramente inclinado, conforme mostra a figura acima, aquecendo-o na
superfície do líquido e agitando-o ocasionalmente, fora da chama.
IMPORTANTE!
Nunca deixe o tubo virado na direção de outra pessoa, pois o líquido quente pode
vazar do tubo, ocasionando acidentes.
Béquer:
Agora que você já reconhece alguns materiais, observe alguns cuidados neces-
sários em operações de rotina no laboratório:
O que é filtração?
Quando fazemos café, observamos que uma parte da mistura passa através da
parede do filtro e o pó de café fica retido. No laboratório, temos os mesmos
princípios para uma filtração.
Como tantas informações são necessárias, que sejam, então, tomadas al-
gumas precauções no laboratório a fim de evitarmos acidente por simples
desconhecimento.
UNIUBE 25
O amianto pode causar uma doença nos pulmões que, em estágios mais avan-
çados, pode se transformar em câncer.
1.9 Conclusão
No contexto deste capítulo, apresentamos os principais materiais utilizados
em testes analíticos qualitativos e quantitativos dentro de um laboratório. Dis-
cutimos a precisão das instrumentações de medição de massa e volume. Em
UNIUBE 27
Referências
HARRIS, C. D. Análise química quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC‑Livros Técnicos e
Científicos. 2001.
Capítulo O estudo das
2 grandezas químicas
Introdução
Neste capítulo serão abordados conceitos básicos sobre massa atômica,
massa molar (que é a massa em gramas de 1 mol de partículas de de-
terminada substância) e escalas de massa atômica, tendo como base as
ideias de Dalton sobre a estrutura atômica. Partindo do pressuposto de
que o aluno já possui algum conhecimento prévio sobre a estrutura atô-
mica e as ligações químicas, discutiremos as relações entre estes con-
ceitos e as transformações químicas, introduzindo o assunto “massa das
substâncias”. Depois será feita uma abordagem histórica sobre a relação
entre a massa e o número de partículas de uma amostra de matéria. A
partir dessa relação, introduziremos o conceito de mol como medida da
quantidade de matéria, o conceito de massa molar e sua relação com a
quantidade de matéria. Os conceitos aqui tratados são de fundamental
importância para você, futuro educador.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
2.1 Grandezas químicas;
2.2 Massa atômica ou peso atômico;
2.3 Massa das moléculas;
2.4 Fórmula mínima ou fórmula empírica.
2.5 Conclusão
Mas como trabalhar com massas de partículas tão pequenas como a dos
átomos, das moléculas ou dos íons?
Número de massa (A): indica a soma do número de prótons (p) e nêutrons (n)
no núcleo de um átomo. A=p+n
UNIUBE 31
Isótopo Aplicação
Urânio‑235 (92U 235
) Utilizado na produção de energia nuclear.
Empregado no tratamento de câncer e outras
Iodo‑131 (53I131)
patologias da glândula tireoide.
Utilizado na medicina para obtenção de imagens do
Tecnécio‑99 (43Tc99)
cérebro.
32 UNIUBE
Massa atômica
Atualmente, podemos utilizar o carbono‑12, isótopo mais
abundante do carbono, para determinar a massa atômica
É a massa média de relativa de um elemento químico. Uma unidade de massa
um átomo em uma atômica (u), portanto, é a massa de um átomo de car-
amostra do elemento.
bono‑12 dividido por 12.
Cada isótopo possui uma massa específica que é uma aproximação da massa
exata, determinada experimentalmente. Geralmente a massa de um isótopo não
é um número inteiro, com exceção do carbono-12, que é 12 por definição. As
massas exatas de um isótopo podem ser obtidas, como já comentado anterior-
mente, através do espectrômetro de massa.
SAIBA MAIS
1 H1 1,0078 99,985
34 UNIUBE
H2
2,0141 0,015
1
1H 3,0161 0
3
A massa atômica é dada por:
Resolução:
= + + =
= + + =
A Química nos proporciona qualidade de vida a partir da descoberta de substân-
cias como:
• novos medicamentos;
SAIBA MAIS
IMPORTANTE!
Imagine se em determinado supermercado em vez de o arroz ser vendido por quilo fosse
vendido em grãos. Que tumulto não seria, hein?!
O químico e físico francês Louis Joseph Gay-Lussac, que viveu entre 1778 e
1850, estudava reações químicas entre substâncias gasosas e deu uma grande
contribuição para as leis dos Gases, sendo o primeiro a formular a Segunda Lei
dos Gases: um gás se expande proporcionalmente a sua temperatura absoluta,
se for mantida constante a pressão. Hoje essa lei é conhecida como a Lei de
Charles, estudo realizado posteriormente. Gay-Lussac, estudando a reação
entre gás hidrogênio (H2) e gás cloro (Cl2), tendo como produto o cloreto de
hidrogênio (HCl), constatou o seguinte:
Gay-Lussac, trabalhando com outros gases, concluiu que numa reação química
entre substâncias gasosas, quando pressão e temperatura são constantes,
reagentes e produtos guardam entre si uma proporção definida que é expressa
por números inteiros. Outro cientista, talvez o mais importante desta história,
36 UNIUBE
Observações
experimentais de 1 volume 1 volume 2 volumes
Gay-Lussac
H2 + Cl2 → 2HCl
IMPORTANTE!
38 UNIUBE
EXEMPLIFICANDO!
A glicose tem fórmula molecular C6H12O6. Significa que temos seis átomos de carbono,
doze átomos de hidrogênio e seis átomos de oxigênio. Pela tabela periódica, obtemos
as massas atômicas de cada elemento. Assim temos que:
MM(C6H12O6) = 6 x 12 + 12 x 1 + 6 x 16 = 180 u
MM(C12H22O11) = 12 x 12 + 22 x 1 + 11 x 16 = 342 u
MM[Mg(OH)2] = 24 x 1 + 16 x 2 + 2 x 1 = 58 u
A massa molar pode ser definida como a massa em gramas de 1 mol de deter-
minada substância. Como vimos anteriormente, 1 mol de átomos de carbono-12
tem 6,02 x 1023 átomos de carbono. Portanto 1 mol da mesma substância sem-
pre terá o mesmo número de partículas.
IMPORTANTE!
EXEMPLIFICANDO!
1 átomo de sódio, Na, tem massa igual a 23 u e 1 mol de Na, que equivale a uma
massa de 23 g.
1 íon sódio, Na+, tem massa igual a 23 u e 1 mol de íons Na+, que equivale a uma
massa de 23 g.
1 molécula de água, H2O, tem massa igual a 18 u e 1 mol de H2O, que equivale a
uma massa de 18 g.
1 molécula de glicose, C6H12O6, tem massa igual a 180 u e 1 mol de C6H12O6, que
1. A aspirina, ou o ácido
acetilsalicílico,
é um medicamento utilizado como anal-
gésico, antitérmico, anti-inflamatório e na prevenção do infarto do miocárdio.
Geralmente é comercializada
na forma
de comprimidos
de 500 mg. Sabendo-se
que a fórmula molecular
(que expressa onúmero
de
átomos presente
em um
composto
por cada
molécula)
6H8O4, determine
da aspirinaéC
a
massa
molar
e o número
de mols
presente
em
cada
comprimido
de500
mg.
= =
= =
Observação: os cálculos podem ser resolvidos por meio de uma regra de três
simples.
Resolução:
1 mol de C _______12,011 g
x_______73,14 g
12,011 g
UNIUBE 41
1 mol de H _______1,008 g
x _______7,37 g
1,008 g
x _______19,49 g
15,999 g
Para um próximo passo, precisamos achar a razão entre o número de mols dos
componentes, baseando‑nos no composto com menor quantidade de número
de mols que, nesse caso, é o oxigênio.
1 mol de CO2 = 1 x 12 + 2 x 16 = 44 g
1 mol de H2O = 2 x 1 + 1 x 16 = 18 g
44 g de CO2 → 12 g de C
16,149 g → X g de C X = 4,4 g de carbono
1 mol de C → 12 g de C
Y mol → 4,4 g de C Y = 0,3667 mol de carbono
UNIUBE 43
18 g de H2O → 2 g de H
7,432 de H2O → X g de H X = 0,8258 g de hidrogênio
Fórmula Empírica
Como fazer:
Resolução:
Precisamos passar esses valores para mol. Assim, é só dividir cada massa pela
respectiva massa molar de cada elemento:
30,97 g/mol
35,46 g/mol
46 UNIUBE
Tendo em vista que os valores não são inteiros, para descobrir a fórmula mínima
precisamos dividir todos os valores pelo menor deles, que é o 0,267:
P = 0,267_ = 1
0,267
Cl = 1,334_ ≈ 5
0,267
Como fazer:
Resolução:
12,01 g/mol
1,008 g/mol
C = 3,41 = 1
3,41
H= 4,54 ≈ 1,33
3,41
O = 3,41 = 1
3,41
C=1.3=3
H = 1,33 . 3 ≈ 4
O=1.3=3
48 UNIUBE
A fórmula molecular nos indica o número de átomos de cada elemento que faz
parte da composição da molécula ou espécie química da substância, assim
como a proporção entre eles. A molécula do peróxido de hidrogênio, por exem-
plo, é formada por dois átomos de hidrogênio e dois átomos de oxigênio, logo
sua fórmula molecular é H2O2. Para que possamos determinar a fórmula mole-
cular, precisamos primeiro obter a fórmula empírica dessa mesma substância.
A fórmula empírica indica a proporção, em menores números inteiros, entre
os átomos dos elementos que formam as substâncias.
Devemos notar que este tipo de fórmula não basta para identificar uma subs-
tância. Temos casos em que a fórmula mínima de uma substância corresponde
à fórmula molecular de outra e há substâncias que podem apresentar a mesma
fórmula mínima. Observe o exemplo a seguir:
Repare que a fórmula mínima CH2O é a mesma para todas as substâncias lis-
tadas, ou seja, em todos os casos os átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio
estão presentes nas fórmulas moleculares em uma relação de 1:2:1. Repare
também que o único que apresenta a fórmula molecular igual à fórmula empírica
é o formaldeído.
Como fazer:
Resolução:
Calculando a proporção.
Para este cálculo, vamos dividir a porcentagem pela massa atômica de cada
elemento.
Fórmula mínima = C H N
5 7
50 UNIUBE
Fórmula molecular = C H N
10 14 2
Como fazer:
Resolução:
C = 0,5 / 0,5 = 1
H = 0,5 / 0,5 = 1
O = 1,0 / 0,5 = 2
Fórmula molecular: C H O2 2 4
2.6 Conclusão
Os estudos das grandezas químicas possibilitam a aprendizagem de conceitos
importantes e amplamente aplicados, como o conceito de mol. Partindo do pressu-
posto que já foi estudada a teoria atômica no livro de Química geral 1, desenvolve-
mos os conceitos de isótopos, números atômicos e massas atômicas, focando em
massa molecular. Dentro desse contexto, vimos a contribuição essencial de reno-
mados cientistas, como Amedeo Avogrado, Gay-Lussac, John Dalton, entre outros.
Referências
BROWN T. L.; LEMAY H. E.; BURSTEN B. E. Química: a ciência central. 9. ed. São Paulo:
Pearson Prentice‑Hall, 2005.
Capítulo Funções inorgânicas:
3 ácidos, bases e sais
Introdução
As substâncias químicas podem ser agrupadas de acordo com suas
propriedades comuns, chamadas propriedades funcionais. A partir des-
sas propriedades, podemos agrupar as substâncias em grupos deno-
minados funções inorgânicas. As funções inorgânicas que estudaremos
neste capítulo serão ácidos, bases e sais. A função óxido será estudada
no Capítulo 4.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
As bases, antes dessas teorias modernas eram definidas por uma série de
propriedades comuns, como:
Por sua vez, os sais eram caracterizados pelo sabor azedo e pela condutibili-
dade elétrica em meio aquoso.
56 UNIUBE
IMPORTANTE!
Cuidado! Sabor não é critério para classificar substâncias, pois, por uma questão de
segurança, não podemos provar qualquer produto. Ele pode ser tóxico!
IMPORTANTE!
Vários produtos, além do extrato do repolho roxo, podem ser utilizados como
indicador ácido‑base, tais como flor de quaresmeira, flor de ipê, fenolfateleína,
azul de bromotimol, alaranjado de metila, papel de tornassol e tantos outros.
Nota: por meio de uma demonstração simples, você pode visualizar a mudança
de cor que ocorre nos indicadores em função do caráter ácido‑base do meio.
De forma simplificada, basta você seguir os seguintes passos:
Você deve ter percebido que temos dois grupos de substância entre os materiais
testados, em um, as substâncias que fizeram com que o pano adquirisse a cor
avermelhada, e, no outro, as substâncias que fizeram com que o pano adquirisse
a cor verde. O grupo que produz a cor avermelhada é chamado de ácidos e o
grupo que produz a cor verde ou amarelada é chamado de álcalis ou de bases.
IMPORTANTE!
Dissociação iônica é a separação dos íons que ocorre quando uma substância iônica
dissolve-se em água. É um processo em que se dá a separação de íons em uma fór-
mula. Estes podem recombinar-se para dar origem à substância original.
Ionização é o processo em que íons são formados quando certas substâncias mo-
leculares (covalentes) dissolvem-se em um solvente apropriado (polar com polar,
apolar com apolar).
H 2O
NaOH Na+ + OH-
H2O
Ca(OH)2 Ca2+ + 2OH-
Nota: sabe-se
que
o íon H+
interage com
a água, ligação
coordenada,
formando
o íon hidrônio ou hidroxônio
(H3O ), forma mais estável.
+
IMPORTANTE!
Ácidos
1o. Produto de reações entre os óxidos ácidos ou anidridos com água.
→ H2CO3 (ácido
CO2 + H2O carbônico)
2o. Frente ao extrato de repolho roxo, os ácidos caracterizam-se pela cor avermelhada.
Experimentalmente, Arrhenius
verificou que as soluções eletrolíticas conduziam
a corrente elétrica devido à presença dos íons carregados eletricamente, e as
soluções não
eletrolíticas
não conduziam
corrente elétrica porque
se mantinham
na forma de moléculas neutras, isentas de ação em um campo elétrico.
IMPORTANTE!
Corrente elétrica
SAIBA MAIS
Condutibilidade elétrica
IMPORTANTE!
HF ácido fluorídrico
H2Se ácido selenídrico
HBr ácido bromídrico
HCN ácido cianídrico
HI ácido iodídrico
H2 S ácido sulfídrico
SO3 + H2O H2SO4
Anidrido sulfúrico ácido sulfúrico
CO2 + H2O H2CO3
Anidrido carbônico ácido carbônico
62 UNIUBE
Alguns ácidos podem ser obtidos pela desidratação parcial de outros ácidos. Isso você
pode constatar a seguir, a partir das estruturas de alguns ácidos contendo o fósforo (P).
UNIUBE 63
SAIBA MAIS
Orto
Meta
Significa que foi retirada uma molécula de água do orto por desidratação.
Piro
Significa que foi retirada uma molécula de água de duas moléculas do ácido orto.
Para os hidrácidos:
IMPORTANTE!
• Forte
• Moderado
HF (aq).
• Fraco
Todos os demais.
UNIUBE 65
3.3.5 Força
nos
oxiácidos
A força está
intimamente ligada
ao número na
de oxigênio presente estrutura
do
ácido. O oxigênio é o segundo elemento mais eletronegativo da tabela periódica,
e sua posição terminal na molécula faz com que haja um deslocamento de elétrons,
no sentido do elemento
central
oxigênio. A deficiência
parao eletrônica
(insufi-
ciência de elétrons)
do hidrogênio facilita sua ionização.
Assim o ácido
será mais
forte quanto maior
for
o número de átomos de oxigênio em sua estrutura.
Vamos ver
umaregra prática:
Tomemos
a fórmula hipotético
de um ácido H
qualquer, E
x zOy , na qual E pode
ser qualquer elemento, e x é o número de hidrogênios ionizáveis e y, o número
de átomos
de
oxigênio.
Fazendo a subtração y – x = f, pode‑se diferenciar os ácidos em forte, moderado
ou fraco, de acordo com o
valor de f.
• Ácido forte: quando
f for
maior ouigual
a 2.
Por exemplo:
HClO4: (4 – 1 =3) H2SO4: (4 – 2 = 2) HNO3: (3 – 1 = 2)
• Ácido moderado: quando f for igual a 1.
Podemos
classificar os
ácidos de
acordo
com o grau de
ionização:
- Ácidos Fracos:
α a < 5%.
¡¢
Moderados:
- Ácidos £ ¡¢ 5% α a < 50%.
< ¡¢
- Ácidos Fortes: α a > 50%.
¤¡¢
UNIUBE 67
Observe
com estrutural:
atenção o exemplo a seguir na fórmula
¢ £
H2SO4 ⎯→ 2H+ + SO42‑
ácido sulfúrico cátion hidrogênio ânion sulfato
68
UNIUBE
Exemplo: H4P2O7.
Assim, para Arrhenius, o sabor azedo (ácido), visto no item anterior, é causado
pela espécie química H+, que torna vermelho o indicador de extrato de repolho
roxo. Da mesma forma, o sabor adstringente (básico), que causa a coloração
verde ou amarelada do indicador de repolho roxo, é o ânion OH-.
SAIBA MAIS
Bases
2o. Frente ao extrato de repolho roxo caracterizam-se pela cor verde ou amarelo-aver-
melhada.
Quando se adiciona base à água, esta, mesmo que muito pouco, dissocia-se,
liberando um único tipo de ânion: a hidroxila (OH-). Todas as bases são iônicas,
com exceção de uma: a amônia (NH3), que é molecular.
Para facilitar a nomenclatura, vamos dividi-la em dois grupos: aquele cujo metal
forma uma única base e aquele cujo metal permite a formação de mais de uma
base. Observe as reações a seguir, com a referida substituição das palavras:
UNIUBE 71
Primeiro exemplo:
Segundo exemplo:
Terceiro exemplo:
Quarto exemplo:
Quinto exemplo:
Portanto você percebe que a nomenclatura das bases cujo metal apresenta Nox
(número de oxidação) fixo é dada pela seguinte regra prática:
IMPORTANTE!
Neste ponto, recomendamos que você procure saber mais sobre Nox de um
átomo em um composto. Todas as referências indicadas podem servir de auxílio.
De maneira geral, o Nox pode ser entendido como sendo a carga efetiva de um
átomo em um composto, a qual pode ser facilmente encontrada seguindo algu-
mas regras.
IMPORTANTE!
Observe, com atenção, os exemplos a seguir, pois teremos metais com Nox
variados, isto é, metais com Nox 1+ e 2+, metais com Nox 2+ e 3+, metais com
Nox 2+ e 4+ e, finalmente, um exemplo de metal com três Nox.
IMPORTANTE!
↑ ↑
↓ ↓
Base Ácido
Aceita um próton Doa um próton
(H+) para se transformar em (H+) para se transformar em
H3O+ H2O
IMPORTANTE!
Algumas espécies químicas diferem entre si pela diferença de um próton e são cha-
madas de par conjugado.
76 UNIUBE
Observe a seguir:
HCl Cl -
H 2O H3O+
Dessa maneira, a reação sempre tenderá à formação dos ácidos fracos (tal
como o H3O+) e bases fracas (por exemplo, o Cl-). O sentido inverso de formação
dos mais fortes também ocorre, só que em menor escala.
IMPORTANTE!
Substâncias como a água, que ora se comporta como base, ora se comporta como
ácido, são chamadas de anfóteras.
Gilberto Newton Lewis, seu nome está associado a uma definição geral de ácido
(substância capaz de receber um par de elétrons) e de base (substância capaz
de doar um par de elétrons), dedicou-se também à preparação de uma amostra
UNIUBE 77
Ligação
covalente
coordenada
H F
H N B F
H F
Base Ácido
Observe que o boro fez três ligações covalentes comuns com o flúor, ficando
com seis elétrons na última camada. Dessa forma, ele pode aceitar um par de
elétrons do nitrogênio da amônia para completar seu octeto.
IMPORTANTE!
Líquido incolor, com forte odor, altamente tóxico, irritante aos olhos. Usado em
indústria têxtil, fabricação de borracha, fertilizante, revelação de filme fotográfico.
É usado também na indústria farmacêutica, na fabricação de tintas, explosivos,
detergentes e em alimentos.
Base fraca, pouco solúvel em água. Usada na medicina como antiácido esto-
macal e como laxante. Sua suspensão aquosa é vendida no comércio como
“leite de magnésia”.
3.12 Sais
Os sais são compostos iônicos que apresentam pelo menos um cátion diferente
do íon H + e um ânion diferente da hidroxila OH‑. São formados por diversas rea-
ções químicas, entre as quais podemos destacar a reação de neutralização entre
um ácido e uma base, a reação entre um metal e um ácido, a reação envolvendo
um óxido básico e um óxido ácido ou, ainda, a reação entre dois sais.
Reação de neutralização
Reação de deslocamento
Reação de síntese
É importante que você saiba que os íons que formam os sais podem ser monoa
tómicos (como o ânion fluoreto, F‑, ou o cátion cálcio, Ca2+) ou poliatómicos
(como o ânion sulfato, SO42‑). Podem ainda ser inorgânicos (como o sulfato,
SO42‑) ou orgânicos (como o ânion acetato,CH3COO–).
80 UNIUBE
A neutralização dos ácidos pelas bases pode ser total ou parcial, dando origem
a sais neutros, ácidos ou básicos. Veja a seguir as reações de neutralização
total, neutralização parcial do ácido e neutralização parcial da base.
Quando todos os íons H+ do ácido reagem com todos os íons OH‑ da base, o
sal formado é chamado de sal normal ou neutro.
Cy + A‑x → CxAy
O nome de um sal normal deriva do ácido e da base que lhe dão origem;
apenas a terminação do nome do ácido sofre alteração, de acordo com a
seguinte regra:
Exemplo:
F‑ → fluoreto (ânion)
Exemplo:
Ocorre quando um di, um tri ou um tetrácido reage com uma base e nem todos
os hidrogênios ionizáveis são neutralizados, originando um hidrogênio sal.
Exemplo:
SAIBA MAIS
Os nomes dos sais ácidos são semelhantes aos dos sais normais, porém:
Ocorre quando uma di, uma tri ou uma tetrabase reage com um ácido e nem
todas as hidroxilas são neutralizadas formando um hidroxissal, cujo caráter pode
ser ácido, básico ou neutro conforme mencionado anteriormente.
Exemplo:
Hidroxissal de caráter neutro, pois origina de um ácido forte HCl e de uma base
forte Ca(OH)2.
Exemplo:
b) A nomenclatura dos sais básicos também pode ser indicada pelas expres-
sões (mono)hidroxi, di‑hidroxi, tri‑hidroxi:
Exemplo:
3.13 Conclusão
Neste capítulo, vimos as funções inorgânicas de ácidos, bases e sais segundo
as teorias de Arrhenius (meio aquoso), Brönsted‑Lowry (teoria protônica) e Lewis
(transferência de pares de elétrons). Essas funções inorgânicas estão muito
presentes em nosso cotidiano, na produção de fertilizantes (ácido fosfórico), na
produção de sabão (soda cáustica), na calagem de solo (calcário) e em outras
aplicações. Neste contexto, também podemos observar que a definição
ácido‑base é complexa, pois depende do tipo de reação envolvida e do meio
reacional (solvente).
Na natureza, não há jazidas de ácido e base. Por outro lado, temos reservas
de óxidos ácidos (como o SiO2, o quartzo) e básicos (como o CaO, a cal vir-
gem), que em meio aquoso originam o respectivo ácido e a respectiva base,
e a reação entre um ácido e uma base origina o sal (reação de salificação ou
de neutralização). Quanto ao caráter do meio (ácido ou básico), precisamos
analisar a estrutura do composto, tipo de ligante, natureza da ligação química,
grau de dissociação (composto iônico) ou de ionização (composto covalente)
para verificar se a referida composição química retrata um eletrólito forte ou
um eletrólito fraco.
Referências
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BROWN, Theodore L. et al. Química, a ciência central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.
FELTRE, Ricardo. Química: química geral. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1989. vol. 1.
Capítulo
Óxidos
4
Introdução
Neste capítulo abordaremos um assunto de extrema importância: a
função óxido. Esta função inorgânica abordará a interação do elemento
químico oxigênio com a grande maioria dos elementos químicos, for-
mando as mais variadas substâncias. Verificaremos, posteriormente,
que em termos práticos a função óxido pode ser considerada a pre-
cursora das funções inorgânicas de ácidos e bases, já estudadas
anteriormente. Essa versatilidade de compostos abrangendo a função
óxido se deve em parte à elevada eletroatividade do elemento químico
oxigênio (forte agente oxidante) em oxidar diversos átomos, formando
os óxidos (compostos binários do oxigênio). Classificaremos também
os óxidos em função de suas composições químicas, estruturas, rea-
tividades, aplicações, ressaltando suas principais nomenclaturas.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
Al3+O2‑ → Al2O3
Prefixo (número de
Prefixo (número de oxigênio) óxido de + + nome do
elemento) + (mono, di,
+ (mono, di, tri, tetra) elemento
tri, tetra)
Fe3O4
Exemplo:
triferro tetróxido
Fe3O4 – tetróxido de triferro
88 UNIUBE
PARADA OBRIGATÓRIA
Sugerimos que você faça uma revisão no material de estudo sobre tabela peri-
ódica e ligações químicas, nos capítulos 1 e 3 do livro Química geral 1.
Exemplo:
Exemplo:
SAIBA MAIS
Exemplo:
Os óxidos ácidos reagem com água, produzindo ácido, ou reagem com base,
produzindo sal e água.
– H 2O
Esses óxidos são formados por metais de transição e semi‑metais, que apre-
sentam, geralmente, número de oxidação igual a +3 ou +4, e que são capazes
de reagir tanto com ácidos quanto com bases, formando sal e água.
92 UNIUBE
Observe que na primeira reação o óxido de zinco (ZnO) reage com um ácido
forte (HCl), atuando como óxido básico. Já, na segunda reação, o óxido de zinco
(ZnO) reage com uma base forte (KOH), agindo como óxido ácido.
Nesse caso, você perceberá que os óxidos duplos apresentam uma estrutura
que pode ser compreendida como sendo a junção de duas outras estruturas do
mesmo elemento com o oxigênio (reação de adição ou síntese). Eles sofrem
decomposição (aquecimento, pirólise), originando dois óxidos.
Exemplo de reação:
Na reação acima você pode perceber claramente o que foi dito na definição de óxido
duplo, em que o Fe3O4 (óxido duplo) reage com o ácido clorídrico (HCl), produzindo
dois sais: o cloreto ferroso (oriundo da reação do FeO com o ácido) e o cloreto férrico
(oriundo da reação do Fe2O3 com o ácido).
4.5 Peróxidos
Os peróxidos são óxidos que reagem com água ou com ácidos diluídos, produ-
zindo água oxigenada,(H2O2).São substâncias que apresentam uma ligação
oxigênio-oxigênio na qual o estado de oxidação do oxigênio é –1. Geralmente
se comportam como substâncias oxidantes. Em contato com material inflamável,
podem provocar inclusive explosões.
94 UNIUBE
Reações:
Peróxido + de + elemento
Exemplo:
SAIBA MAIS
Superóxidos
Essa classe de óxidos reage com água ou com ácidos diluídos, produzindo
peróxido de hidrogênio (H2O2) e gás oxigênio (O2). Nestes óxidos, o número de
oxidação do oxigênio (Nox) vale –1/2.
Reação de redução:
O2 + e– → O2–
Reação envolvida:
SAIBA MAIS
Um efeito estufa intenso poderá derreter grande quantidade do gelo das regiões
polares, provocando uma inundação no planeta. Sendo assim, é fácil compre-
ender a preocupação geral dos ambientalistas e das autoridades mundiais com
este desequilíbrio no ciclo do carbono (ele vem aumentando drasticamente),
que tem transformado a Terra em uma verdadeira estufa, inclusive, futuramente
inóspita à espécie humana (elevada redução da biodiversidade). E por isso que
ouvimos frases do tipo “A natureza pede socorro”.
O gás carbônico, ao entrar em contato com água, reage formando ácido carbô-
nico. E, ao entrar em contato com a água da chuva, produz uma chuva ligeira-
mente ácida. Assim, toda chuva é ácida, e o grau de acidez varia de região para
região em virtude da emissão de óxidos ácidos (CO2, SO2, SO3, NO2) feita pelos
agentes poluidores.
98 UNIUBE
IMPORTANTE!
Outro fator que merece a nossa atenção é a presença de enxofre como impu-
reza nos derivados do petróleo. Durante a combustão, a substância forma
óxidos ácidos (SO2 e SO3), que são emitidos na atmosfera e causam chuva
ácida, conforme já apresentado anteriormente. A chuva ácida é responsável
por diversos problemas entre os quais podemos destacar:
2. Promove acidez das águas dos rios e lagos, tornando a vida inviável nestes
ambientes.
Durante a combustão nos automóveis é necessário que entre ar no motor. Junto com o
O2, outros componentes, como o nitrogênio (N2), também entram e, em alta temperatura,
no motor, o gás nitrogênio reage com o oxigênio formando o óxido de nitrogênio (NO).
Reações envolvidas:
I. N2 + O2 → 2NO
O ácido nítrico (HNO3) não surge apenas devido à poluição. Nos raios que ocorrem
durante as tempestades também há formação de NO e NO2, que levam ao surgi-
mento desses ácidos na água. Por isso quantidades moderadas de HNO3 podem
existir na água da chuva, mesmo com ausência de poluição, o NO2 também contri-
bui para a formação da camada de ozônio na atmosfera. Veja a reação:
NO2 + O2 → NO + O3
100 UNIUBE
4.7 Conclusão
Neste capítulo, vimos a grande abrangência da função óxido. Em parte, isso se
deve ao elevado poder oxidante do oxigênio, que proporciona uma reatividade com
diversos elementos na natureza formando os óxidos, que muitas vezes são classi-
ficados como minérios, como a hematita (minério de ferro, Fe2O3). Vale ressaltar
que a interação do oxigênio com o flúor forma um fluoreto e não um óxido, pois,
pela definição, um óxido é um composto binário em que o oxigênio é o elemento
mais eletronegativo, e o flúor é mais eletronegativo que o oxigênio.
Referências
ATKINS P. e JONES L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. 3. ed. Bookman Compania Editora, 2006.
BROWN, Theodore L. et al. Metais e metalurgia. In: _____. Química, a ciência central.
9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. cap. 23, p. 856‑875.
FONSECA, M.R.M. Completamente Química: química geral. vol 1. São Paulo: FTD, 2005.
PERUZZO, F.M., CANTO, E. L. Tito e canto: uma abordagem do cotidiano. Vol 1. São Paulo:
Moderna, 2002, cap. 8.
Introdução
Temos visto ao longo do curso que a química está em nossa vida desde
a hora em que acordamos. Até mesmo quando estamos dormindo de-
pendemos dela. Embora não percebamos, o ar que respiramos, a urina
que excretamos e o sangue em nosso corpo são soluções indispensá-
veis para a manutenção da vida. Nos supermercados, por exemplo, a
qualidade de muitos produtos como azeite, vinagre e álcool está inti-
mamente ligada à qualidade de uma solução.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
• introdução à solubilidade;
• dissolução;
• tipos de solução;
102 UNIUBE
• soluções gasosas;
• soluções líquidas;
• soluções sólidas;
• curvas de solubilidade;
• saturação das soluções;
• solução insaturada;
• solução saturada;
• solução saturada com corpo de fundo;
• solução supersaturada;
• ponto de inflexão;
• concentração de soluções;
• concentração comum;
• concentração molar;
• porcentagem;
• título;
• fração molar;
• molalidade;
• normalidade;
• PPM e PPB;
• técnicas de preparo de soluções;
• diluição.
E a solução, o que é?
UNIUBE 103
IMPORTANTE!
5.2 Dissolução
Vimos no estudo de forças intermoleculares que a solubilidade entre as subs-
tâncias está intimamente ligada à polaridade delas. Por isso há o conhecido
ditado: “Semelhante dissolve semelhante”. Quanto maior a afinidade entre as
moléculas, maior será a solubilidade entre elas.
Notamos que não há formação de uma única fase e, com isso, não ocorre a
formação da solução, pois as interações entre as moléculas de água são mais
fortes do que as interações soluto‑solvente.
Não podemos falar de soluções com gases sem mencionar o estudo do químico
britânico William Henry. Ele estudou a solubilidade de gases em líquidos e aca-
106 UNIUBE
bou criando uma lei, conhecida como Lei de Henry, que afirma que, em tempe-
ratura constante, a solubilidade dos gases dissolvidos em um líquido é
proporcional à pressão parcial do gás sobre o líquido.
SAIBA MAIS
A lei de Henry aplica-se somente quando a concentração do gás (denominado soluto) e sua
respectiva pressão de vapor são baixas. Assim, o gás e sua solução são chamados de ideais.
Nesse caso, podemos considerar que o gás não interage com o solvente.
Um bom exemplo de uma solução formada por gás e líquido é a água dos rios
e mares, que contém uma grande quantidade de gás oxigênio (O2) dissolvido.
Se não fosse por isso, não seria possível os peixes sobreviverem, pois não
haveria como respirar. É comum vermos nos aquários motores bombeando
oxigênio na água, formando uma solução gás/líquido, e oxigenando a água para
que os peixes sobrevivam.
São soluções formadas por soluto e solvente em estado sólido. Entretanto, para
favorecer a mistura, pelo menos um dos componentes da solução deve estar
em estado líquido. As soluções sólidas são muito usadas em nossa vida, são
as chamadas ligas. As ligas podem ser encontradas na forma de moedas de
bronze, de níquel ou de ferro, ouro 18 quilates, no próprio aço e em diversas
outras ligas usadas em nossos lares, em consultórios dentários, em igrejas etc.
• solução insaturada;
• solução saturada;
• solução supersaturada.
108 UNIUBE
100
CH4
90
Solubilidade (g de sal em 100 g de H2O)
O3
aN 2.0
80 N
O2
Solubilidade (mol/L)
70
7
l2 r2 O
aC )2
2C
3
O
60 C O3
K
KN
(N
Pb CO
50
KCl
40 1.0
NaCl
30
lO 3
20 KC
He
10
Ce2(SO4)3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20
Temperatura (C) Temperatur
Assim, uma solução de ácido clorídrico que é 36% de HCl em massa contém 36 g de HCl
110 UNIUBE
112 UNIUBE
É
a zona de transição
onde a curva muda de comportamento de maneira que
inverte completamente
sua direção
no gráfico.
Em soluções,
os pontos de infle-
xão ocorrem
emsolutos hidratados.
Natemperatura
de inflexão há um decrés-
cimo, parcial ou total,
do númerode
moléculas de hidratação do composto.
Os sistemas de aquecimento solar estão cada vez mais
presentes em nossas
vidas. Eles se baseiam na absorção e retenção da energia do Sol para que,
mais tarde,
ela possa ser
revertida
e
liberada
para
consumo. Para esse fim,
estes
sistemas
fazem
uso de um sal hidratado,
conhecido
como sulfato de sódio
decahidratado (Na2SO4.10H2O(s)).
Ao
absorver calor,
este
sulfato aumenta
sua
solubilidade
até atingir uma tempe-
ratura
em queperde
parcial ou totalmente
suas
moléculas
de hidratação, tendo
um
decréscimo considerável
em sua solubilidade.
Este ponto onde ocorre o
decréscimo é chamado
de ponto de inflexão (Figura 3).
Concentração é a relação entre a quantidade
de soluto dissolvida no solvente, seja em forma de
massa ou volume.
Há duas maneiras de representar as concentrações:
5.5.1.1 Concentração comum
É a relação entre
a massa do
soluto e gramas (g) e o volume
da solução
em
litros (dm3). A IUPAC recomenda g/dm3 em vez de g/L.
X —— 1000mL
X = 20g/L de NaOH ou
respeitando as normas da IUPAC
X = 20g/dm3
114 UNIUBE
5.5.1.2 Concentração molar ou
molaridade (M)
é o número de
Concentração molar
mols contido
do soluto
em
1 litro de
(1 L)
solução.
Não devemos esquecer que o número de mols do soluto é:
UNIUBE 115
1 mol de Na2SO4 pesa 142g:
5.5.1.3 Porcentagem
É a medida deuma razão
combase
100.
Indica a composição
de um determi-
nado soluto em 100 partes da solução, podendo ser expresso de três maneiras:
%(m/m)
%(v/v)
%(m/v)
Vamos ver a seguir maiores
detalhes desse conceito.
a) Porcentagens
massa/massa (%m/m)
b) Porcentagens volume/volume (%v/v)
c) Porcentagens
massa/volume (%m/v)
b) a molaridade.
a) 1o passo
Como queremos saber o volume que contém 12g de HCl, primeiramente temos
de descobrir a massa da solução que contém 12g de HCl. Então:
X = 32,43g de solução
2o passo
Para calcularmos o volume ocupado pela massa de 32,43g da solução, vemos que:
Y = 27,25mL de solução
UNIUBE 117
b) 1o passo
X = 1190g de HCl
2o passo
Yg HCl → 37%
3o passo
Conclusão:
Como 440,3g de HCl estão contidos em 1 L de solução, temos 12,06 mols con-
tidos em 1 L de solução. Como desejamos saber a molaridade, então:
118 UNIUBE
X = 6,0%
logo → T% = 6%
Agora se quisermos saber T é só dividir por 100.
T = 6/100
Fração molar do soluto (X1) é a razão entre o número de mols do(s) soluto(s) e
de mols
o número
da solução. Veja calcular
a fórmula utilizada para
a fração
molar do soluto:
A molalidade é a razão
entre a quantidade
em mols
de
soluto e a massa
do
solvente
expressa em
quilograma (kg).
A molalidade
é também conhecida como
concentração molal e não pode ser expressa em outra unidade.
1, 74
n1=
87
n1= 0, 02 mol de NaNO3
m2 = massa do solvente em Kg
m2 500
= = g 0, 5Kg
n1
w=
m2 (Kg)
0, 02
W=
0, 5
W = 0, 04 molal
5.5.2.5 Normalidade
Neq
N=
V (L)
Sendo:
N = normalidade
122 UNIUBE
1o passo
2o passo
MM
Eg =
x
Sendo:
Eg = Equivalente grama
Tipo X Exemplo
Elemento/substância Número de átomos H2 X=2
Ácidos Número de H ionizáveis H2SO4 X=2
Bases Número de hidroxilas Ca(OH)2 X=2
Sais Valência total de um dos íons Al2(SO4)3 X = 6
Óxidos ácidos Número de Hs no ácido derivado SO3 X=2
Óxidos básicos Número de hidroxilas na base derivada Fe2O3 X=3
Oxidantes/redutores ∆ Nox Depende da reação
Eg = 98
2
Eg = 49
3o passo
m = Neq x Eg
m = 0,05 x 49
m = 2,45g de H2SO4
4o passo
Sabendo que o ácido possui 98% (m/m) de pureza, devemos considerar a regra
abaixo:
X = 2,5g de solução.
5o passo
Por se tratar de uma solução líquida, utilizamos sua densidade para referenciar
sua massa em volume.
1,84g da solução → 1 mL
2,5g da solução → Y mL
Y = 1,36mL da solução.
124 UNIUBE
CURIOSIDADE
Dessa forma, a quantidade de ácido que devemos ter para preparar uma solução
de H2SO4 0,1N deve ser igual a 1,36mL da solução com 98% de H2SO4.
Embora não esteja nas recomendações da IUPAC, PPM e PPB (partes por bi-
lhão) são bastante usadas nas indústrias de laboratório.
soluto(mg) solução(µg)
ppm = ppb =
solução(L) solução( L)
Existem também partes por trilhão (ppt), medida utilizada quando o soluto é na
ordem de nanogramas. Mas o ppt também não é recomendada pela IUPAC, por
não fazer parte do sistema internacional de medidas (SI), como o ppm e o ppb.
Vejamos um exemplo:
X = 2g de NaOH
126 UNIUBE
5.7 Diluição
Diluição é o método de preparo de uma solução menos concentrada a partir de
uma solução mais concentrada, pela adição de solvente.
Imagine agora que queremos diluir nossa solução para uma concentração de 0,5g/L.
Vamos partir da solução preparada anteriormente na concentração de 20g/L e
guardá‑la em um balão volumétrico de 50mL.
1o passo
X = 0,025g de NaOH
2o passo
Descobrir qual o volume que devemos retirar da solução que possui a massa
de 0,025g de NaOH.
128 UNIUBE
Pegaremos, então, com uma pipeta graduada, uma alíquota de 1,25mL de uma
solução de 20g/L de NaOH (também chamada de solução estoque) e transferi-
remos para um balão volumétrico de 50mL.
C1 x V1 = C 2 x V2
20g / L x V1 = 0, 5g / L x 50ml
0, 5g / L x 50ml
V1 =
20g / L
V1 = 1, 25ml
Ou seja, para preparar 50mL de uma solução de NaOH 0,5g/L, partindo de uma
solução estoque de 20g/L, deve ser tomada uma alíquota de 1,25mL da solução
estoque e diluí-la em um balão de 50mL.
5.8 Conclusão
Este capítulo foi dedicado ao estudo do preparo de soluções e às técnicas cor-
retas para a preparação. Não só em laboratório, mas em nosso dia a dia, esta-
mos rodeados de vários de tipos de soluções e compreendê‑las é uma
oportunidade de interagir conceitos teóricos e práticos em nossa vida.
Referências
BROWN, Theodire L.; LEMAY, H. Eugene; BURTEN JÚNIOR, Bruce E. Química: a ciência
central. 9a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
KOTZ, J. C.; TREICHEL, J. P. Química geral e reações químicas. 3. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 2005, 2v.
Capítulo As principais classes
6 de reações químicas
Introdução
Neste capítulo será feita uma abordagem das reações químicas do
ponto de vista microscópico, buscando a compreensão do que obser-
vamos em nível macroscópico. Serão apresentados vários tipos de
reações, classificadas de acordo com a quantidade de espécies dos
reagentes e produtos e de sua natureza.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
Desses milhões de reações, até agora temos explorado um número muito pe-
queno, já que é praticamente impossível conhecer todas elas. Felizmente não
é necessário investigar todas, uma vez que, quando estudamos algumas, logo
observamos alguns padrões.
UNIUBE 133
Assim estudaremos agora a natureza dos três tipos de reações mais comuns
do nosso cotidiano. Devido ao fato de que nossa discussão se baseará essen-
cialmente em reações em meio aquoso, vamos relembrar o importante papel da
água como solvente. Em seguida trabalharemos com dois tipos principais de
reações: as reações de precipitação e ácido‑base, investigando por que elas
ocorrem e como usar equações iônicas para representá‑las. Finalizando, vere-
mos uma terceira classe de reações: as reações de oxidorredução, uma das
mais importantes em nosso estudo.
SAIBA MAIS
Quando o KCL se dissolve em água, cada íon é solvatado, ou seja, é rodeado por
moléculas de água.
A água (H2O) acima da seta indica que a dissociação ocorre em meio aquoso.
Porém aqui ela não atua como reagente. Quando qualquer composto iônico
solúvel em água se dissolve, os íons com cargas opostas são separados e ro-
deados por moléculas de água, ficando livres para se movimentar no interior da
solução.
• a forma angular.
Repulsão Repulsão
SAIBA MAIS
A presença de cargas parciais sobre a molécula de água faz com que ela seja um
excelente solvente líquido para compostos iônicos. Alguns sólidos comportam-se
de modo similar. Um exemplo é o poli(óxido de etileno), um polímero cuja estrutura
é representada a seguir.
δ−
δ+
136 UNIUBE
SAIBA MAIS
Ionização e dissociação
H2O
HCl(g) ⎯→ H+(aq) + Cl-(aq)
Uma explicação para isso está relacionada com a definição da IUPAC para tais pro-
cessos. Para a IUPAC, o processo de ionização é a geração de um ou mais íons, o
que pode ocorrer pela perda de elétrons por uma entidade neutra (átomos ou molé-
culas), como a reação dada. Já o processo de dissociação é definido como a sepa-
ração da entidade molecular em duas ou mais entidades, ou, ainda, a separação das
entidades constituintes de uma substância iônica em seus íons livres. No caso do
HCl, substância molecular, o processo recebe a denominação heterólise unimolecu-
lar, cuja representação genérica é a seguinte:
A ⎯⎯⎯→ B ⎯⎯⎯→ A+ + B-
Observe a quebra da ligação covalente: o par de elétrons das ligações fica com uma
das espécies para formar o ânion, enquanto a espécie que perde é transformada em
um cátion.
138 UNIUBE
• molecular
Equação iônica
• equação iônica simplificada
simplificada
Nos dois tipos de equações iônicas, átomos e cargas
Equação química sem devem ser balanceados, conforme você verá adiante.
a presença de íons
espectadores. Agora vamos nos concentrar em reações de precipita-
ção e reações ácido-base. Estaremos sempre preocu-
pados em justificar o porquê da ocorrência de reações
químicas.
UNIUBE 139
2Ag+(aq) + CrO42–(aq) → Ag2CrO4(s)
*O termo “molecular” neste caso não é muito adequado, já que temos apenas compostos iônicos. Então
prefere-se a denominação “fórmula” em vez de “molécula”. Assim, empregaremos a denominação “equa-
ção molecular”, porém conscientes de que se trata de um composto iônico neste caso específico.
A equação iônica total ilustra a reação de uma forma um pouco mais realista em
relação à anterior, pois todas as substâncias iônicas solúveis estão dissociadas
em seus íons. Nessa reação a única espécie que permanece inalterada é o
precipitado vermelho (Ag2CrO4).
Observe que os íons Na+(aq) e NO3(aq) não sofrem qualquer Íons espectadores
mudança durante a reação. Esses íons são denominados
de íons espectadores, pois na realidade eles não parti- Íons que aparecem em
solução em ambos os
cipam da reação. lados da equação iônica
total e não sofrem
Os íons estão presentes como parte integrante dos rea- qualquer mudança na
reação química.
gentes, pois eles são necessários para o balanceamento
das cargas.
140 UNIUBE
Não podemos adicionar íons Ag+ à solução sem adicionar um ânion, neste caso
íon NO3-. Note também que as cargas estão balanceadas: existem quatro cargas
positivas e quatro negativas do lado esquerdo da reação, resultando dessa forma
em uma equivalência entre cargas positivas e negativas.
Do lado direito podemos observar duas cargas positivas e duas negativas, re-
sultando também num balanceamento de cargas. Dessa forma, não temos
nenhuma carga líquida de ambos os lados da reação (esquerdo e direito).
IMPORTANTE!
Quando soluções de tais íons estiverem misturadas, eles colidem e ficam juntos, e a
substância resultante “sai da solução” para formar um precipitado.
UNIUBE 141
As reações químicas de íons em meio aquoso são tão comuns que poderíamos
até pensar que sempre que misturássemos duas soluções contendo íons ocor-
reria uma reação química. Porém isso não ocorre.
Para responder
aessas perguntas,
devemos pensar
nas possíveis
combinações
das substâncias presentes
na solução, a fim de observarmos
se alguns
dos
possí-
veis produtos
são
insolúveis,
ou seja,
não sofrem
dissociação
em
íons.
Os íons
reagentes
são:
UNIUBE 143
Como você viu anteriormente, três passos lhe permitem prever se um precipitado
irá ou não se formar:
Uma dificuldade que surge com o último passo é decidir se haverá ou não a
formação de precipitado, pois não há nenhum modo simples de fazer isso, ou
seja, determinar se uma combinação é insolúvel.
Para facilitar, você pode memorizar uma lista curta de regras de solubilidade
colocadas no Quadro 1. Estas regras não cobrem todas as possibilidades,
mas conhecendo‑as você pode deduzir o resultado de muitas reações de
precipitação.
SAIBA MAIS
Tanto osácidos
fortes
quanto
os
fracos têm um¡
ou mais átomos
de
hidrogê-
nio ionizáveis.
Já
as bases
fortes
podem
ter íons
OH
‑
¡
2‑
ou O como parte
de
sua estrutura.
Os óxidos iônicos solúveis, como o K2O, atuam como bases fortes porque o íon
óxido (O¢
2‑
) reage com a água
para formar
o íon hidróxido (OH‑).
¢
£
£
¡
¤
¤
¡
146 UNIUBE
Bases fracas, como a amônia, não contêm o íon OH.
‑
Porém podem
formá‑lo
em pequena
quantidade
quando
reagem
com
aágua.
Observe
a
espécie
deseta
que foi empregada
na
reaçãoanterior.
Ela indica que
a reação ocorre em
ambos os
sentidos,
ou
seja,
é
uma
reação reversível.
Rea-
ções
reversíveis são
muito
importantes
e
serão extensivamente
discutidas ao
longo
de
nosso curso.
+
6.3.1 A
força motriz da reação ácido‑base: formação de H2O a partir de H e OH‑
Devido ao
fato do
HCl e
o Ba(OH)
e a
2 se
dissociarem completamente
água
permanecer
se
sem
dissociar,
a
equação iônica
total é:
Observe
a
remoção
dos íons H (aq) e OH
‑(aq)para
+
formar água
(H2O). Eliminando
da equaçãoacima os íons espectadores (Ba2+ e Cl), obtém‑se a equação iônica
simplificada:
Assim,
a
solução
de ácido
clorídrico
(HCl(aq)
)
consiste
na
solvatação
de íons
H3O e
Cl .
+ ‑
Sem os íons espectadores,
a transferência
de um próton do H3O+ para a OH‑ é
facilmente
representada por:
Compare essa equação iônica
simplificada com a que vimos anteriormente:
O produto
H2CO
3(aq) é colocado
entre colchetes
por ser
instável, pois se
decom-
de
põe imediatamente
em
água
e
dióxido carbono.
150 UNIUBE
¡
Veja o que obtemos ao combinar
as duas últimas
reações:
¡
Quando mostramos os íons
H
O + do HCl
3 como
as espécies reais
em solução
e
escrevemos a
equação
iônica - +
simplificada,
eliminamos
os íons Cl e
K . Observe
que cada umdos dois
íons
H3O transfere
+
um próton
ao íon
carbonato
(CO
3 ).
2-
+
2H são transferidos.
SAIBA
MAIS
Em essência, esta é uma reação ácido-base, em que o íon carbonato aceita os pró-
tons e consequentemente, pode ser considerado uma base.
UNIUBE 151
Oesquema a seguir
ilustra
o que
ocorre durante
a reação.
Observe no esquema que cada átomo de Mg perde dois elétrons, e cada átomo
de O ganha esses elétrons, ou seja, dois elétrons se movem de cada átomo de
Mg para cada átomo de O. Esta transferência de elétrons resulta na formação
dos íons Mg2+e O2‑.
Durante a
formação de um
composto
molecular,
ocorre,
a
partir deseus ele-
mentos, um movimento de elétrons. Porém é uma espécie de deslocamento,
não chegando a ser uma transferência
de elétrons
propriamente dita, não ha-
vendo, portanto, a
formação de
íons no final
da reação.Considere
a formação
do cloreto de hidrogênio
gasoso:
Para compreender melhor, o
veja
movimento Devemos
dos elétrons.
com-
parar a distribuição eletrônica nos reagentes e produtos, como apresentado
a seguir:
+ + δ− δ−
δ δ
δ+ δ+ δ− δ−
152 UNIUBE
Redução é o
ganho de
elétrons.
Assim, durante a formação
do
MgO,
o Mg sofre oxidação
(perda
de elétrons)
e o O sofre redução (ganho de elétrons). Neste processo, a perda e o ganho
de elétrons são simultâneos. Um
não
acontece
sem
o outro.
Para que um processo de redução aconteça, obrigato-
Oxidação
riamente ocorrerá
oxidação.
um de Podemos
imaginar
Aumento do
número os processos de redução e oxidação
comoreações 2[LGDomR
de oxidação
(Nox); separadas:
$XPHQWRGRQ~PHURGH
corresponde
à perda R[LGDomR 1R[
de elétrons. FRUUHVSRQGHDSHUGDGH
HOpWURQV
SAIBA MAIS
Uma dúvida comum é: qual representação está correta? Fe3+ ou Fe+3? Embora alguns
autores não se preocupem com essa pergunta, a IUPAC exige a utilização da primeira
representação, ou seja, Fe3+. A terminologia +3 só é adequada quando vamos expli-
citar o Nox de uma espécie por extenso.
Fe3+ Nox +3
Pb2+ Nox +2
Pb4+ Nox +4
Al3+ Nox +3
a) Regras gerais
1. Para um átomo ou molécula em sua forma elementar (Fe, Na, O2, Cl2 etc.):
Nox = 0.
2. Para um íon monoatômico: Nox = carga do íon.
3. A soma dos valores de Nox para os átomos em um composto neutro é igual
a zero. A soma dos valores de Nox para um íon poliatômico é igual à carga do
íon.
b) Regras para os átomos específicos ou grupos da tabela periódica
1. Para o grupo 1A (1): Nox +1 para todos os elementos.
2. Para o grupo 2A (2): Nox +2 para todos os elementos.
3. Para o hidrogênio: Nox +1 quando combinado com não metais e Nox -1 para
todos os metais e boro.
4. Para o flúor: Nox -1 em todos os compostos.
5. Para o oxigênio: Nox -2 em todos os compostos (exceto flúor) e Nox -1 nos
peróxidos.
6. Para o grupo 7A (17): Nox -1 em combinações com não metais (exceto o
oxigênio), metais e outros halogênios menores do grupo.
¥
¡
¦ ¢ ¢
Interpretando o esquema:
Para a maioria dos elementos dos grupos principais (grupo A), o maior valor
do número de oxidação corresponde ao respectivo número do grupo ou famí-
lia a que ele pertence (1A, 2A etc.). Por exemplo: o cloro (Cl) pertence ao grupo
7A. Sendo assim, seu maior Nox é +7, como no ácido perclórico (HClO4). O
enxofre (S) é do grupo 6A, portanto seu maior Nox será +6, encontrado no
trióxido de enxofre (SO3) e no ácido sulfúrico (H2SO4). As exceções são o flúor
(F é grupo 7A) e o oxigênio (O é grupo 6A). O maior Nox do flúor é zero e é
encontrado nos átomos da molécula de flúor (F2) e não +7, como sugere a
regra anterior. Já o oxigênio possui seu maior Nox no composto OF2, neste
caso seu Nox é +2, diferente de +6, que é o maior Nox para os membros de
seu grupo.
Outro
caminho
para definir
uma
reação
de oxidorredução
é aquele
no qual ob-
servamos a
mudança
doNox para
as
espécies envolvidas.
Este
é,sem
dúvida,
o uso mais importante dos números de oxidação.
Se, ao participar de uma reação, um átomo aumenta seu Nox (tornando‑se mais
positivo) nos produtos
em
relação àquele
que
possuía nos
reagentes,
dizemos
que ele perdeu
elétrons e, portanto,
sofreu
oxidação.
Se, ao participar de uma reação, um átomo diminui o seu Nox (torna‑se menos
positivo) nos produtos
em relação
àquele
que possuía
nos reagentes,
dizemos
que ele ganhou elétrons.
Portanto
sofreu
redução.
6.4.4 Algumas reações de oxidorredução envolvendo elementos
UNIUBE 157
b) Reações de decomposição
São aquelas
em
que
um único reagente
forma
doisou
mais
produtos.
c) Reações
de deslocamento
São reações
químicas
em que
se
tem
o mesmo
número de espécies
tanto
nos
reagentes
quanto
nos
produtos,
porém
alguns
elementos ou
íons sãodesloca-
dos quando acontece a reação química.
Uma característica
interessante
dessa
antiga classificação
é que, sempre
que
aparece
uma espécie
elementar
nos
reagentes
ou
nos
produtos,
podemos
dizer
que se trata de
uma reação
de
oxidorredução.
Entretanto
muitas
reações
de
oxidorredução
não
envolvem
necessariamente
substâncias
elementares.
Um
6.4.5 Combinando
elementos
Quando doiselementos
reagem
entre
si,
eles
podem
formar
compostos
binários
com caráter
iônico
ou covalente,
sendo
que,
em
todos
os
casos, teremos
uma
transferência oudeslocamento
de elétrons de uma espécie para outra o que
significaque
os elementos mudarão
seu
Nox após a reação. Observe
os exem-
plos a seguir:
a) Metal
e não
metal
formando
um composto
iônico
Quando
o alumínio (metal) reage com o oxigênio
(não metal), eles formam o
óxido de alumínio,
um composto iônico.
158 UNIUBE
b) Dois não
metais composto
formam um
molecular
Eentre os vários
exemplos que conhecemos,
podemos citar a produção industrial
de amônia a partir dos gases nitrogênio e hidrogênio.
Os halogênios
formam
vários compostos
com
outros
não
metais, como
na ob-
tenção
de tricloreto
de
fósforo,
um dos
principais
compostos
usados na
produção
de biocidas
e
outros organofosforados:
Quase todos
os
não
metais
reagem
com
oxigênio
paraformar óxidos
molecu-
lares,como
o monóxido
denitrogênio,
formado
altas temperaturas ocasio-
sob
nadas por descargas elétricas (relâmpagos) na atmosfera:
c) Combinação
entre um composto
e um
elemento
Muitos
compostos
moleculares
binários
reagem
com
não
metais
para
formar
compostos
maiores. Muitos
óxidos não metálicossecombinam
com ooxigênio
para formar
óxidos
“superiores”
(que
possuem
mais átomos
de
O
na molécula
quando
comparados
com
o
óxido deorigem).
Por exemplo,
uma etapa importante
do smog urbano
é:
UNIUBE 159
De modo semelhante, muitos haletos não metálicos reagem adicionalmente com
halogênios:
6.4.6 Reações
de síntese
que não são
de oxidorredução
Muitas reações
de
adição
que
envolvem
apenas
compostos
como reagentes
não são reações
de oxidorredução.
Para
verificarmos
se o
processo
é ou não
de oxidorredução, basta
checarmos
o
Nox antes
e depois
da
reação. Se eles
permanecerem os mesmos,
não houve oxidação e nem redução.
Um óxido iônico
e um
óxido
molecular
se
unem para formar um
composto
iônico.
Para ilustrar
essa
afirmação,
podemos
citar a produção
de carbonato
de lítio,
empregado como droga antidepressiva, a partir do óxido de lítio e dióxido de
carbono. Observe que não há variação do Nox, portanto não se trata de uma
reação de oxidorredução.
Decomposição térmica
Os metais variamem
sua reatividade
e
podem, dessa
forma,
ser agrupados
segundo sua habilidade em deslocar H2 de várias fontes ou deslocar outra subs-
tância da solução.Alguns
não metais,
especialmente
os
halogênios,
variam
em
sua reatividade
e as diferenças
podem
estar na facilidade
em
deslocar outras
substâncias em solução.
Entretanto outros metais menos reativos, tais como níquel e estanho, não reagem
com água mesmo sob
aquecimento,
mas
reagem com ácidos, dos quais
deslo-
cam H2 mais facilmente.
A equação iônica
simplificada
do processo
é
apresen-
tada a seguir:
Comparações diretas entre a reatividade dos metais são mais claras nestas
reações. Por exemplo, o zinco metálico desloca o íon cobre (II) da solução, como
mostra a equação química a seguir:
De acordo com esse resultado, podemos dizer que o zinco (Zn(s)) é mais reativo
que o cobre (Cu(s)). Mas, ao compararmos o Cu(s) e a prata (Ag(s)), o primeiro
(cobre) é mais reativo que o último (prata).
Os resultados
de váriasreações
de deslocamento
simples
entre metais e água,
ácidos
aquosos e soluções
iônicas
demetais
formam a base da série de reati-
vidade dos metais.
Oesquema
a
seguir
apresenta uma lista em ordem decres-
cente
de força do metal como
agente redutor (capaz de transferir elétrons).
Do mesmo modo, o Br2 consegue deslocar iodo (I2) de uma solução com íons
iodeto (I‑).
SAIBA MAIS
Reação de combustão x O2
Como o O2 é um reagente, qualquer reação
de combustão que envolva o oxi-
gênio é de oxidorredução.
Veja o exemplo
de uma
das
etapas
de produção
de
ácido sulfúrico.
As reações de
combustão que usamos
para produzirenergia
já foram bastante
exploradas em capítulos passados do nosso curso.
Outra reação
de combustão
essencial para todos é
aquela
que ocorre dentro
de nossas células – felizmente sem
chama – quando “queimamos”
a glicose
proveniente
de alguns alimentos
que ingerimos:
UNIUBE 165
SAIBA MAIS
PbI2 (Iodeto de chumbo II): temos halogeneto com Pb, logo ele é prati-
camente insolúvel.
Ag2SO4 (Sulfato de prata): temos um sulfato com Ag, logo ele é pratica-
mente insolúvel.
Vejamos como e quando ela ocorre. A reação de dupla troca envolve como re-
agentes duas substâncias compostas, que terão seus cátions trocados, dando
origem a duas substâncias compostas, diferentes das anteriores. Nesse caso,
pode-se ter as seguintes combinações:
Como exemplo, temos a reação do cloreto de bário (BaCl2) com ácido sulfúrico
(H2SO4), obtendo-se como produtos sulfato de bário (BaSO4) e ácido clorídrico
(HCl), segundo a equação:
As equações iônicas
Se um elemento não tiver seu estado fornecido, use aquele encontrado na tabela
periódica.
Se um composto reagente em uma reação de troca ou dupla troca não tiver seu
estado fornecido, você pode presumir que ele é aquoso.
Se um composto tiver sido indicado como solução, você pode escrever que ele
é aquoso, ou (aq).
Para determinar quais os produtos criados, caso eles não tiverem sido especi-
ficados, você deve determinar o tipo de reação que está ocorrendo e daí seguir
os passos para predizer qual será o produto.
• Sólidos (s);
• Líquidos (l);
• Gases (g);
• Substâncias moleculares;
Um exemplo:
Exemplo:
Importante! Para ver se sua resposta funciona, a carga total do lado do reagente
deve ser igual à carga total do lado do produto na equação iônica líquida. Inclua
todos os estados da matéria para cada substância em todas as equações. Você
perderá algumas marcas se não fizer isso.
Os ácidos possuem sabor azedo (por exemplo, o ácido cítrico no suco de limão)
e fazem com que determinados corantes mudem de cor (por exemplo, o papel
de tornassol fica vermelho no contato com ácidos). A palavra ácido deriva do
latim acidus, que significa azedo ou adstringente. Por outro lado, as bases têm
sabor amargo e parecem que são de escorregadias (por exemplo, o sabão).
172 UNIUBE
Existem muitas bases além do íon OH- que reagem com o íon H+ para formar
compostos moleculares. Eentre estas estão o íon sulfeto S2- e o íon carbonato
CO32-. Esses dois ânions reagem com ácidos para formar gases que têm baixas
solubilidades em água.
Equação molecular:
Equação molecular:
Podemos notar que, devido à transferência de elétrons que ocorre neste tipo de
reação, também teremos uma mudança na carga elétrica das espécies químicas.
Essas cargas elétricas são denominadas número de oxidação (Nox).
No caso dos compostos iônicos, chama-se (Nox) a própria carga elétrica do íon,
ou seja, o número de elétrons que o átomo realmente perdeu ou ganhou.
Nos compostos covalentes, não há um átomo que perca e outro que ganhe
elétrons, já que os átomos estão apenas compartilhando elétrons. Entretanto,
podemos estender o conceito de número de oxidação também para os compos-
tos covalentes. Para isso, temos que considerar a carga elétrica teórica que o
UNIUBE 175
Por exemplo: no ácido clorídrico (HCl), o cloro é mais eletronegativo que o hi-
drogênio e, em consequência, atrai o par eletrônico covalente para o seu lado.
Se, por influência externa, houver uma ruptura dessa ligação, é evidente que o
par eletrônico ficará com o cloro.
Então:
K+ Ba+2 F- N-3
Nox: +1 +2 –1 –3
176 UNIUBE
Exemplo: ZnSO4
Zn (zinco) Nox = + 2
Nox = + 2
Exemplo: AgCl
Ag (prata) Nox = + 1
Nox = + 1
Exemplo: Al2O3
Al (alumínio) Nox = + 3
Nox = + 3
Nox: +1 +1 +1
NaH CaH2
Nox: –1 –1
Nox: –2 –2 –2 –2
OF2
Nox: +2
6.9 Conclusão
Vimos neste capítulo que uma grande quantidade de reações químicas pode
ocorrer em meio aquoso e que, em algumas, a água atua apenas como solvente.
Porém, em outras, ela pode atuar tanto como solvente quanto reagente e até
mesmo como produto. Neste capítulo percebemos que uma reação química
apresentará tendência a acontecer quando:
• formar substâncias mais estáveis (menos reativas, menos ionizadas etc.), tal
como uma reação ácido‑base.
Vimos ainda que uma reação de oxidorredução ocorre quando existe transfe-
rência ou deslocamento de elétrons de uma espécie para outra e que, para
verificarmos se houve tal reação ou não, precisamos determinar o Nox (número
de oxidação) dos elementos antes e depois. Todas as reações que envolvem
consumo ou produção de substâncias elementares são de oxidorredução.
Referências
BROWN, Theodire L.; LEMAY, H. Eugene; BURTEN JÚNIOR, Bruce E. Química: a ciência
central. 9a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
KOTZ, J. C., TREICHEL, J. P. Química geral e reações químicas. 3. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científico, 2005. vol. 2.
Capítulo
Estequiometria
7
Introdução
Neste capítulo, abordaremos a estequiometria, assunto fundamental e
relevante, uma vez que se insere em diversas áreas do conhecimento
da Química, como nas análises quantitativas e qualitativas, que serão
discutidas mais profundamente nos capítulos relacionadas à Química
Analítica, à Físico-química, entre outros.
Objetivos
O presente capítulo tem como objetivos:
Esquema
Os principais itens que serão abordados neste capítulo são:
• introdução à estequiometria;
• grandezas proporcionais;
• passos para a resolução dos cálculos;
• tipos de cálculo estequiométrico;
• rendimento e pureza;
• aplicações da estequiometria no cotidiano.
IMPORTANTE!
Segundo Proust, a massa das substâncias que reagem e que são produzidas em
uma reação química obedecem sempre a uma proporção constante, sendo que esta
proporção é característica de cada reação.
UNIUBE 181
Quadro 1: D
emonstra a proporção estequiométrica da reação química em determinada
grandeza.
De acordo com os dados acima, fica evidente que, para qualquer tipo de gran-
deza usada, a reação de síntese da amônia sempre obedece a uma proporção
constante de 1:3:2.
De acordo com essa lei, em qualquer sistema, físico ou químico, nunca se cria
nem se elimina matéria, apenas é possível transformá‑la. Isso é traduzido como
Lei da Conservação da Massa.
Em toda reação química a massa dos reagentes é igual à massa dos produtos.
182 UNIUBE
IMPORTANTE!
SAIBA MAIS
Stoikheion = elemento
Metron = medição
UNIUBE 183
c. Monte uma regra de três entre os dados da equação química (mol, massa,
volume) e os dados e perguntas do exercício.
Exemplo:
Seguindo os passos citados acima, vamos utilizar este raciocínio para produzir
amônia (NH3).
I) Equação:
Note que, ao reagirmos nitrogênio com hidrogênio para formar amônia, não
utilizamos (N) ou (H) e sim (N2) e (H2), que são as formas como essas substân-
cias são encontradas na natureza.
II) Balanceamento:
SAIBA MAIS
Lembre: ao escrever a equação química, comece pela fórmula dos reagentes e pro-
dutos. Faça o balanceamento pelo método da tentativa.
Comece pelos elementos que aparecem apenas uma vez no lado dos reagentes
e no lado dos produtos. Dê preferência ao elemento que possuir maior índice.
Relações
Equação balanceada
quantitativas
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
Mols 1 mol 3 mols 2 mols
Massa 1x28,014 (g) 3x2,0158 (g) 2x17,0307 (g)
1x6,023.10 23
3x6,023.10 23
2x6,023.1023
Nº Avogrado
moléculas moléculas moléculas
Volume
1x22,714 L 3x22, 714 L 2x22,714 L
(CNTP)*
Dados: S = 32; O = 16
Resolução:
S + O 2 → SO2
Neste caso, a equação química já está balanceada. Caso contrário, faça o ba-
lanceamento antes de prosseguir com as demais etapas.
Veja que os dados do exercício estão em massa (gramas), assim a primeira linha
da regra de três é uma proporção em massa obtida da própria equação balan-
ceada. Na primeira linha, obedecemos aos números de mols existentes na
equação, convertendo‑os em gramas, isto porque o dado e a pergunta do pro-
blema foram feitos em gramas (segunda linha da regra de três).
X = 400 g de SO2
Resolução:
x = 2,2714.105 L de CO2
3o. Sabendo‑se que 1,5 t de hematita (minério de ferro), contendo 65% de Fe2O3,
é aquecida com X kg de monóxido de carbono (CO), redutor siderúrgico, pro-
duzindo Q kg de ferro e liberando na atmosfera W litros de gás carbônico (CO2),
nas CNTP. A partir desses dados, determine os valores de X, Q e W, admitindo
que o rendimento do processo reacional seja igual a 100%.
Resolução:
Esse exercício retrata a produção do ferro bruto (ferro‑gusa) no alto forno side-
rúrgico, em que o monóxido de carbono é agente redutor poderoso e reduz o
óxido de ferro a ferro metálico por meio das seguintes equações:
UNIUBE 187
IMPORTANTE!
É comum o uso de reagentes impuros como foi dado neste problema o mi-
nério de ferro (hematita + impurezas), principalmente em reações industriais.
Isso ocorre porque são mais baratos ou porque já são encontrados na natu-
reza acompanhados de impurezas (ganga), como é o caso do ferro. Neste
caso precisamos encontrar o grau de pureza (p), que é o quociente entre a
massa (m0) da substância principal e a massa (mt) total da amostra (massa
do minério bruto).
p = m0/mt
O problema forneceu o grau de pureza igual a 65% (0,65) e a massa total igual
a 1,5 t (1500 kg). Assim, temos:
0,65 = m0/1500
m0 = 975 kg de Fe2O3
Esse cálculo também poderia ser efetuado por uma simples regra de três:
1500 kg 100%
X 65%
X = 975 kg de Fe2O3
188 UNIUBE
1 mol → 3 mols
160 g → 3,28 g
975 kg → X
X = 511,875 kg de CO.
1 mols → 2 mols
160 g → 2,56 g
975 kg → Q
Q = 682,5 kg de Fe.
1 mol → 3 mols
975 kg → W
Atenção: neste caso não é necessário usar a regra de três, pois já conhecemos
a equação balanceada!
I) A primeira possui mais etapas, mas nos possibilita entender passo a passo a
estequiometria da reação.
1o passo: balanceamento:
Ou seja:
UNIUBE 191
A cal virgem (CaO) é um produto de variadas aplicações, que vão muito além
da construção civil. Sua utilização está também presente na produção de aço,
papel e celulose, destacando‑se, portanto, como um produto químico versátil e
de grande utilidade em diversos segmentos industriais, entre eles:
• indústria química;
• petroquímica;
• alcoolquímica;
• alimentícia;
• farmacêutica;
• metalúrgica;
• de fertilizantes;
• dessulfurização de gases;
192 UNIUBE
SAIBA MAIS
I) Passo a passo:
X → 22 g
0,22 mols →Y
0,22 mols →Z
UNIUBE 193
Z = 4,99 L de CO2(s)
produzem
1 mol de CaCO3(s) 1 mol de CO2
↓ ↓
22 g X
X = 4,997 L de CO2(g)
Neste ponto, seria importante ressaltar que as substâncias não reagem na pro-
porção em que misturamos, mas na proporção em que a equação química
(coeficientes estequiométricos da Lei de Proust) determina. Sendo assim, se os
147 g de H2SO4 e os 100 g de NaOH estiverem na proporção estequiométrica
estabelecida pela equação química, as duas massas reagirão integralmente.
Caso contrário, ocorrerá uma das duas hipóteses seguintes:
Na segunda hipótese, os 147 g de H2SO4 são insuficientes para reagir com todo
o NaOH e, então, haverá NaOH em excesso.
Resolução:
H2SO4 + 2NaOH Na
H22SO44 ++ 2NaOH
2H2O Na2SO 4 + 2H2O
(proporções estabelecidas
pela equação química)
1 mol de H2SO4 2 mols de NaOH
1,5 mol de H2SO4
3 mols de NaOH (calculado)
(dados do exercício)
Agora, se você iniciar os cálculos com base nos 2,5 mols de NaOH concluirá
que o H2SO4 é o reagente que está em excesso.
A proporção dos coeficientes dos reagentes (1:2) nos mostra que 1,25 mol de
H2SO4 deve reagir com 2,5 mols de NaOH. Agora você pode verificar que isso
é perfeitamente possível, pois foi dado 1,5 mol de H2SO4 e, como apenas 1,25
mol reage, ainda sobrará 0,25 mol de H2SO4 (1,5 – 1,25 = 0,25 mol de H2SO4
em excesso). Concluindo, podemos esquematizar a reação química da seguinte
forma:
n = m/M
n = m/M
Por exemplo:
Como só temos 15 g de sulfeto de prata, todo o O2(g) não será consumido e ficará
em excesso na reação. Se o sulfeto de prata não é suficiente, ele está, então,
limitando a reação e é, portanto, o reagente limitante.
Considere Ag(s):
Se:
Considere SO2(g):
UNIUBE 199
Para isso, vimos no exercício anterior que somente 1,94 g de O2(g) dos 9 g adi-
cionados reage e os 7,06 g restantes estão em excesso.
Vejamos como é:
200 UNIUBE
7.6 Impureza
IMPORTANTE!
Vejamos um exemplo:
9 g da mistura → 100%
X → 50%
Como somente 1,94 g de O2(g) vai reagir, então 4,5 g de O2(g) são mais que su-
ficientes para a reação.
9 g O2(g) → 100%
X → 20%
X = 1,8 g de O2(g)
9 g (amostra) → 100%
m → 80%
m = 7,2 g de impurezas
202 UNIUBE
Agora temos que somente 1,8 g de O2(g) vai reagir. Vimos que na reação era
necessário 1,94 g de O2(g) para consumir todo sulfeto de prata.
Como somente 1,8 g de O2(g) participará da reação, ele agora limitará a quanti-
dade de produto formado, sendo, neste caso, o reagente limitante.
7.7 Conclusão
Vimos neste capítulo que a estequiometria é fundamentada basicamente em
duas leis: Lei de Lavoisier (Lei da Conservação da Massa) e Lei de Proust (Lei
das Proporções Constantes). O cálculo estequiométrico é aplicado em diversas
áreas do conhecimento químico, como em química analítica (análise quantita-
tiva), físico‑química (equilíbrio químico), química geral (estudo dos gases), além
de outras aplicações em laboratório e na indústria. A aplicação do cálculo este-
quiométrico é relativamente simples, pois basta realizar uma regra de três sim-
UNIUBE 203
Referências
ATKINS, P. W. Physical Chemistry. 5. ed. Oxford: Oxford University Press, 1997 p. 216‑229.
BROWN, Theodore L.; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN JÚNIOR, Bruce E. Química, a ciência
central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
WALKER, J. The colors seen in the sky offer lessons in optical scattering. Scientific
American, p. 84‑87, jan.1989.
204 UNIUBE