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Pré-cálculo I

Adriana Rodrigues

Anderson Osvaldo Ribeiro

Váldina Gonçalves da Costa

Emerson Reis Dias

Leandro Martins da Silva

Valdir Barbosa da Silva Júnior

Wilton Rezende de Freitas

Revisão técnica
Antônio José D Almeida Júnior
© 2017 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito,
da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Coordenação de Graduação a Distância


Sílvia Denise dos Santos Bisinotto

Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube

Revisão textual
Stela Maria Queiroz Dias

Diagramação
Douglas Silva Ribeiro

Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio

Revisão técnica
Antônio José D Almeida Júnior

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube

P91 Pré-cálculo I / Adriana Rodrigues ... [et al.]. – Uberaba :


Universidade de Uberaba, 2017.
292 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


Inclui bibliografia.
ISBN

1. Matemática. 2. Funções (Matemática). 3. Cálculo diferencial.


4. Cálculo integral. I. Rodrigues, Adriana. II. Universidade de
Uberaba. Programa de Educação a Distância.

CDD 515
Sobre os autores
Adriana Rodrigues

Doutora pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU); mestre em


Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU); especialista
em Formaçãp de Professores em EAD pela Universidade Federal
do Paraná (UFPR); especialista em Gerenciamento de Redes de
Computadores pela Universidade de Uberaba (Uniube); graduada em
Tecnologia em Processamento de Dados pela Uniube; licenciada em
Matemática e em Ciências Físicas e Biológicas pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ituverava (FFCL); licenciada em Pedagogia
pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); professora nos
cursos de Graduação em Engenharias e integrante da equipe de
produção de materiais para cursos em Educação a Distância da Uniube.

Anderson Osvaldo Ribeiro

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia


(UFU); especialista em Docência do Ensino Superior pela Universidade
de Uberaba (Uniube); engenheiro civil pela Universidade de Uberlândia
(UFU) e licenciado em Física pela mesma Universidade; professor nos
cursos de Graduação em Engenharia e Sistemas de Informação na
Uniube.

Váldina Gonçalves da Costa

Doutora em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica


de São Paulo (PUC-SP). Mestre em Educação pela Universidade de
Uberaba (Uniube). Licenciada em Matemática pela Universidade de
Uberaba(Uniube). Professora da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM).
Emerson Reis Dias

Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube);


especialista em Metodologia do Ensino da Matemática; professor de
Matemática nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Química
e Pedagogia da Universidade de Uberaba.

Leandro Martins da Silva

Licenciado em Matemática pela Universidade de Uberaba (Uniube);


professor de Matemática da rede pública estadual de Minas Gerais.

Valdir Barbosa da Silva Júnior

Mestre em Ciências - Química ambiental pela Universidade de Franca


(UNIFRAN), especializado em Metodologia do Ensino de Física pelas
Faculdades Integradas de Jacarepaguá e licenciado em Ciências físicas
pela Universidade do Oeste Paulista. Coordenador de referência no
curso de produção sucroalcooleira no ensino a distância, docente em
ensino médio, em curso pré-vestibular e nos cursos de engenharia de
produção sucroalcooleira e licenciatura em matemática pela Universidade
de Uberaba (Uniube), onde ministra diversas disciplinas de áreas
relacionadas à matemática e à física.

Wilton Rezende de Freitas

Especialista em Finanças e Controladoria pela Faculdade de Ciências


Econômicas do Triângulo Mineiro (parceria com a FEA­‑USP/RP);
graduado em Administração pela Universidade de Uberaba (Uniube);
professor de Administração e Ciências Contábeis; preceptor dos cursos
de Administração e Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba
(Uniube).
Sumário
Apresentação................................................................................................................IX

Capítulo 1 Álgebra e conjuntos: conceitos e significados...................... 1


1.1 Conjuntos numéricos.................................................................................................5
1.1.1 Conjunto dos números naturais (N)..............................................................15
1.1.2 Conjunto dos números inteiros (Z)................................................................15
1.1.3 Conjunto dos números racionais (Q).............................................................15
1.1.4 Conjunto dos números irracionais (I)............................................................20
1.1.5 Conjunto dos números reais (R)....................................................................21
1.2 Potenciação.............................................................................................................27
1.2.1 Potência com expoente inteiro positivo.........................................................27
1.3 Frações....................................................................................................................31
1.3.1 Igualdade de frações......................................................................................31
1.3.2 Soma e subtração de frações........................................................................31
1.3.3 Produto de frações.........................................................................................32
1.3.4 Divisão de frações..........................................................................................32
1.4 Expressões numéricas............................................................................................36
1.5 Equações polinomiais..............................................................................................42
1.5.1 Equações polinomiais do 1o grau..................................................................42
1.5.2 Equações polinomiais do 2o grau..................................................................44
1.5.3 Equações incompletas...................................................................................47
1.5.4 Dispositivo prático para determinar as raízes................................................49
1.6 Produtos notáveis....................................................................................................53
1.6.1 Outros produtos notáveis...............................................................................54
1.7 Fatoração.................................................................................................................56
1.8 Simplificação de expressões algébricas.................................................................60
1.8.1 Divisão de monômios.....................................................................................60
1.8.2 Outras operações com expressões algébricas.............................................61
1.9 Radiciação e racionalização....................................................................................64
1.10 Outras equações polinomiais e divisão de polinômios.........................................69
1.10.1 Equações polinomiais com grau maior ou igual a 3....................................69
1.10.2 Divisão de polinômios..................................................................................71
1.11 Introdução aos números complexos......................................................................79
1.12 Determinando as raízes de um polinômio.............................................................81
Capítulo 2 Funções matemáticas elementares: um estudo sobre
as principais funções de uma variável................................ 85
2.1 Introdução a funções...............................................................................................89
2.2 Domínio, contradomínio e imagem da função........................................................93
2.3 Inequações do 1o grau...........................................................................................100
2.4 Estudo do domínio de uma função........................................................................104
2.5 Espaço bidimensional e pares ordenados............................................................108
2.6 Função afim ou função do 1o grau.........................................................................109
2.6.1 Construção de gráficos de funções do 1o grau ou lineares.........................112
2.6.2 E  studo do crescimento e decrescimento de uma função por meio
do coeficiente angular.................................................................................115
2.6.3 Variação do sinal da função do 1o grau.......................................................116
2.7 Função constante..................................................................................................120
2.8 Função quadrática ou função do 2o grau..............................................................122
2.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas.........................................126
2.8.2 Sinal da função quadrática..........................................................................128
2.9 Inequações do 2o grau...........................................................................................131
2.10 Função composta................................................................................................136
2.11 Outras funções polinomiais e funções racionais.................................................142
2.12 Funções definidas por diferentes sentenças.......................................................144

Capítulo 3 Outras funções elementares: modular, exponencial


e logarítmica...................................................................... 151
3.1 Módulo...................................................................................................................154
3.2 Funções, equações e inequações modulares.......................................................155
3.2.1 Função modular...........................................................................................155
3.2.2 Equações modulares...................................................................................157
3.2.3 Inequações modulares.................................................................................159
3.3 Funções, equações e inequações exponenciais..................................................161
3.3.1 Equação exponencial...................................................................................162
3.3.2 Função exponencial.....................................................................................163
3.3.3 Inequação exponencial................................................................................165
3.4 Logaritmos e funções logarítmicas........................................................................166
3.4.1 Logaritmos....................................................................................................166
3.4.2 Função logarítmica.......................................................................................169

Capítulo 4 Semelhança...................................................................... 177


4.1 Figuras semelhantes.............................................................................................179
4.2 Semelhança de polígonos.....................................................................................189
4.3 Semelhança de triângulos.....................................................................................193
4.4 Teorema de Tales...................................................................................................198
4.4.1 Um pouco de história...................................................................................198
4.4.2 Teorema de Tales.........................................................................................200
4.4.3 Aplicações do Teorema de Tales.................................................................204
4.5 Teorema da bissetriz interna e externa de um triângulo......................................208
4.6 Teorema fundamental da semelhança..................................................................213
4.7 Casos ou critérios de semelhança de triângulos..................................................216
4.8 Observação............................................................................................................224
4.9 Exercitando............................................................................................................224

Capítulo 5 Aplicações de semelhança de triângulos.......................... 231


5.1 Relações métricas no triângulo retângulo.............................................................233
5.2 Relações métricas num triângulo qualquer...........................................................262
5.2.1 Relação envolvendo o lado oposto a um ângulo agudo num
triângulo acutângulo....................................................................................263
5.2.2 Relação envolvendo o lado oposto ao ângulo obtuso.................................265
5.2.3 Natureza de um triângulo quanto aos ângulos............................................267
5.3 Teorema dos cossenos ou Lei dos cossenos e Teorema dos senos ou Lei
dos senos...............................................................................................................269
5.3.1 Teorema dos cossenos ou Lei dos cossenos..............................................270
5.3.2 Teorema dos senos ou Lei dos senos.........................................................274
Apresentação
Caro(a) aluno(a).

Crescer! Aprimorar! Experimentar! Expandir! Transformar! Para atingir


isso, você já sabe, vai precisar ter paciência, criatividade, persistência,
envolvimento e dedicação.

Assim, bem vindo(a) a esta nova caminhada! Temos o propósito aqui


de oferecer novos caminhos e olhares sobre os conteúdos básicos e
essenciais de Matemática.

Pensando nisso, elaboramos o livro de Pré-Cálculo I. Ao longo dele


procuramos mostrar, em vários momentos, que a construção do raciocínio
e conhecimento matemáticos é resultado da vivência e resolução de
situações do cotidiano, da análise dos fenômenos naturais e sociais.

Para tanto, organizamos este livro em cinco capítulos: 1 - “Álgebra


e conjuntos: conceitos e significados”; 2 – “Funções matemáticas
elementares: um estudo sobre as principais funções de uma variável;
3 - “Outras funções elementares: modular, exponencial e logarítmica”;
4 – “Semelhança” e 5 - “Aplicações de semelhança de triângulos”;

No primeiro capítulo, você terá a oportunidade de revisar vários


conceitos matemáticos envolvendo as operações numéricas, as
equações numéricas e polinomiais e os conjuntos numéricos. Eles serão
importantes para o entendimento de outros conteúdos de matemática que
você estudará ao longo de seu curso.
X UNIUBE

No segundo capítulo, faremos uma abordagem geral das funções de


uma variável. Nesse momento, você aprenderá a utilizar ferramentas
matemáticas em sua interação com o espaço dos números, das formas,
das medidas e das informações.

No terceiro capítulo, daremos continuidade ao estudo de funções por


meio das funções modulares, exponenciais e logarítmicas. Destacamos
que é importante que conheça bem as funções abordadas neste livro.

No quarto capítulo, estudaremos como resolver problemas de casos de


semelhança de triângulos em diversas situações.

Por fim, no quinto capítulo, você estudará como aplicar adequadamente


as relações métricas e trigonométricas num triângulo retângulo; as
relações métricas e trigonométricas num triângulo qualquer; assim como
os casos de semelhança de triângulos.

É preciso que desenvolva seu método de raciocinar e que acompanhe


a resolução que oferecemos. Lembramos que não temos a intenção
de esgotar todas as possíveis resoluções matemáticas dos problemas
propostos.

Acreditamos que terá valido a pena todo esforço da equipe de produção


deste material, se você desempenhar com firme propósito o seu papel na
construção do próprio conhecimento. Com certeza, isto será fundamental
para maior segurança na capacidade de aprender e utilizar a matemática
em sua vida pessoal e profissional.

Bons estudos!
Capítulo Álgebra e conjuntos:
1 conceitos e significados

Adriana Rodrigues
Anderson Osvaldo Ribeiro
Leandro Martins da Silva
Introdução
A importância da “ferramenta” matemática

Prezado aluno!

Em nossas trajetórias docentes, deparamo-nos com muitos alunos


cujas difi culdades residiam em resolver atividades que requeriam
conhecimentos de matemática básica. Assim, elaboramos esse
capítulo a partir da análise dessas difi culdades, procurando
mostrar que o conhecimento matemático está relacionado à
nossa vivência cotidiana, à observação das regularidades, das
irregularidades, dos fenômenos naturais e sociais, entre outros.

Você vai relembrar uma série de conceitos matemáticos


fundamentais para os estudos que serão desenvolvidos
posteriormente no seu curso. Esses conceitos já foram estudados
por você durante o Ensino Fundamental e Médio. No entanto,
algumas regras podem ter sido esquecidas no decorrer dos anos.

Esses conceitos de matemática básica são requisitos comuns


às mais diversas áreas do conhecimento como Engenharias,
Administração, Ciências Contábeis, Licenciaturas em Matemática,
2 UNIUBE

Ciências Biológicas ou Geografia, Cursos de Gestão, enfim, áreas


nas quais o domínio da álgebra e dos conjuntos é indispensável
para a compreensão dos demais conceitos que serão estudados
no decorrer do curso.

O estudo da matemática contribui para o desenvolvimento


do raciocínio lógico­‑dedutivo possibilitando o delineamento
de habilidades como tomar decisões rápidas, analisar riscos,
identificar problemas de ordem técnica ou ainda de aprendizagem
em matemática.

No capítulo seguinte, você estudará as funções matemáticas e


a modelagem de situações­‑problema por meio dessas funções.
Em seguida, daremos início aos tópicos de Cálculo Diferencial e
Integral.

Durante todo o curso, você vai necessitar, em maior ou menor


escala, aplicar a matemática básica estudada nessa unidade
didática. Assim, é fundamental que você entenda bem os conceitos
estudados aqui.

Mas, atenção! Não queremos dizer que só esses conceitos são


suficientes para a sua formação superior, mas podemos afirmar
certamente que a compreensão deles contribuirá na construção
de conhecimentos necessários à sua futura atuação.

Nesse momento, não nos preocupamos em descrever todas as


possíveis aplicações da matemática no seu curso. Procuraremos
somente ilustrar algumas situações que podem ser analisadas
UNIUBE 3

segundo conceitos matemáticos e que estarão presentes, direta


ou indiretamente, em sua atuação profissional.

Bons estudos!!!

Objetivos
Ao final desse capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• reconhecer as propriedades dos conjuntos, identificar
os conjuntos numéricos e realizar operações com esses
conjuntos;
• reconhecer a operação de potenciação, identificar e aplicar
suas propriedades;
• solucionar equações polinomiais;
• determinar o valor de expressões numéricas;
• efetuar divisão de polinômios;
• fatorar e simplificar expressões algébricas;
• reconhecer a operação de radiciação, identificar e aplicar
suas propriedades;
• realizar operações de racionalização;
• determinar soluções reais e complexas das equações
polinomiais.

Esquema
1.1 Conjuntos numéricos
1.1.1 Conjunto dos números naturais (N)
1.1.2 Conjunto dos números inteiros (Z)
1.1.3 Conjunto dos números racionais (Q)
4 UNIUBE

1.1.4 Conjunto dos números irracionais (I)


1.1.5 Conjunto dos números reais (R)
1.2 Potenciação
1.2.1 Potência com expoente inteiro positivo
1.3 Frações
1.3.1 Igualdade de frações
1.3.2 Soma e subtração de frações
1.3.3 Produto de frações
1.3.4 Divisão de frações
1.4 Expressões numéricas
1.5 Equações polinomiais
1.5.1 Equações polinomiais do 1o grau
1.5.2 Equações polinomiais do 2o grau
1.5.3 Equações incompletas
1.5.4 Dispositivo prático para determinar as raízes
1.6 Produtos notáveis
1.6.1 Outros produtos notáveis
1.7 Fatoração
1.8 Simplificação de expressões algébricas
1.8.1 Divisão de monômios
1.8.2 Outras operações com expressões algébricas
1.9 Radiciação e racionalização
1.10 Outras equações polinomiais e divisão de polinômios
1.10.1 Equações polinomiais com grau maior ou igual a 3
1.10.2 Divisão de polinômios
1.11 Introdução aos números complexos
1.12 Determinando as raízes de um polinômio
UNIUBE 5

1.1 Conjuntos numéricos

Quando nos referimos a um conjunto, o que vem à sua mente?

Um conjunto formado por peças de um vestuário. Um conjunto de rock,


ou música pop­‑rock. Aquela coleção de carrinhos ou bonecas que iniciou
na infância. A lista de contatos do serviço.

Você percebe que temos várias coleções ou conjuntos e objetos com os


quais lidamos diariamente?

Entenda por conjunto uma coleção qualquer: de animais, números,


objetos etc. Já os objetos que formam um conjunto são denominados
elementos.

Um conjunto é geralmente representado por uma letra maiúscula (e os


elementos por uma letra minúscula) e se apresenta de três formas:

1. Enumerando seus elementos, escrevendo­‑os entre chaves e


separando­‑os por vírgulas, como:

A = { segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo }


B = { 1, 3, 5, 7, 9 }
C = { a, e, i, o, u }

2. Por meio de uma propriedade que caracteriza os seus elementos,


como por exemplo:

A = { x | x é um dia da semana }. Lê­‑se: Conjunto A, formado por


elementos x, tal que “x” é um dia da semana.
B = { x | x é um número ímpar entre 0 e 10 }.
C = { x | x é vogal }. Lê­‑se: “C é o conjunto dos elementos x, tal que x é
vogal”
6 UNIUBE

3. Por uma figura denominada diagrama de Venn. Veja um exemplo


dessa representação na Figura 1 a seguir:
A
a  e  i

o  u

Figura 1: Representação conjunto A.

A utilização de uma ou de outra forma de representação será de acordo


com a situação proposta.

Um elemento pode pertencer ou não pertencer a um determinado


conjunto. Utilizamos o símbolo ∈ quando um elemento pertence a um
conjunto, e o símbolo ∉ quando não pertence.

Vamos tomar o conjunto B apresentado anteriormente para exemplificar


a utilização desses símbolos: B = { 1, 3, 5, 7, 9 }

1 ∈ B – lê­‑se: o elemento 1 pertence ao conjunto B.


7 ∈ B – lê­‑se: o elemento 7 pertence ao conjunto B.
8 ∉ B – lê­‑se: o elemento 8 não pertence ao conjunto B.
15 ∉ B – lê­‑se: o elemento 15 não pertence ao conjunto B.

Veja, a seguir, algumas propriedades dos conjuntos!


• Igualdade de conjuntos: Dois conjuntos são iguais quando
possuem os mesmos elementos.
Indica­‑se A = B (A é igual a B) e a negação da igualdade é indicada
por A ≠ B. (A é diferente de B).
• Conjunto vazio: é um conjunto que não possui elementos. O
conjunto vazio é representado por { } ou Ø. Para exemplificar vamos
considerar o conjunto A a seguir:
A = { x | x é um ser humano vivo com mais de 300 anos de idade }
UNIUBE 7

Podemos concluir que não existe nenhum elemento que pertença


ao conjunto A. Neste sentido A= {  }.
• Subconjuntos: Dados dois conjuntos A e B, dizemos que A é
subconjunto de B se todos os elementos do conjunto A pertencerem
ao conjunto B.
Escreve­‑se A ⊂ B e lê­‑se A está contido em B, ou B ⊃ A e lê­‑se B
contém A. A negação destas relações é feita por meio dos símbolos
⊄ (não está contido) e ⊃ (não contém).

IMPORTANTE!

Fique atento às regras!


Todo conjunto A é subconjunto dele próprio: A ⊂ A.
O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer conjunto: Ø ⊂ A.

EXEMPLIFICANDO!

Dados A = { 0, 1, 2, 3, 4, 5 } e B = { 1, 3, 5 } temos que o conjunto B está


contido no conjunto A, ou seja, B ⊂ A.

Observe com atenção a Figura 2 a seguir, onde esses conjuntos estão


representados em um diagrama de Venn, auxiliando na visualização de
que o conjunto A contém o conjunto B.

A
B
  • 0 •1
•2   • 5
  • 4 •3

Figura 2: Diagrama de Venn.

• União de conjuntos: dados os conjuntos A e B, define­‑se como


união dos conjuntos A e B o conjunto representado por A ∪ B,
formado por todos os elementos pertencentes a A ou B. Temos,
então: A ∪ B = { x / x ∈ A ou x ∈ B } (Figura 3).
8 UNIUBE

A B

A∪ B
Figura 3: União de conjuntos.

• Intersecção de conjuntos: dados os conjuntos A e B, define­‑se


como intersecção dos conjuntos A e B o conjunto representado
por A ∩ B, formado por todos os elementos pertencentes a A e B,
simultaneamente (Figura 4), ou seja:

A ∩ B = { x / x ∈ A e x ∈ B }.
A B

A∩ B
Figura 4: Intersecção de conjuntos.

• Diferença de conjuntos: dados os conjuntos A e B, define­‑se como


diferença entre A e B (nesta ordem) o conjunto representado por A –
B, formado por todos os elementos pertencentes a A, mas que não
pertencem a B (Figura 5), ou seja:

A – B = { x | x ∈ A e x ∉ B}
A B

A–B
Figura 5: Diferença de conjuntos.

Você já respondeu a algum questionário de opinião, por


exemplo, preferência por determinada marca de determinado
produto, opção de voto etc.?

Esses questionários são muito utilizados e com base nos resultados


chega­‑se a várias conclusões. Para visualizar os resultados, é comum a
UNIUBE 9

utilização dos diagramas de Venn como um recurso matemático. Observe


com atenção os exemplos a seguir:

Exemplo 1

Uma prova de Matemática foi proposta a uma turma com 95 alunos. A


prova foi elaborada com apenas duas questões e o resultado foi:
• 27 alunos acertaram as duas questões;
• 39 alunos acertaram a primeira questão;
• 48 alunos acertaram a segunda questão.

Vamos representar o resultado da turma utilizando um diagrama de Venn.


Assim, temos:
U
PQ   SQ

12   27  21

35

Como chegar aos valores apresentados?

Temos no problema exposto um conjunto universo U igual a 95 alunos, e


esse universo é subdividido em subconjuntos menores que são:
• PQ: subconjunto que representa os alunos que acertaram a primeira
questão;
• SQ: subconjunto que representa os alunos que acertaram a segunda
questão;
• PQ  SQ (intersecção entre os conjuntos PQ e SQ): subconjunto
que representa os alunos que acertaram as duas questões.
10 UNIUBE

DICAS

Lembre­‑se de que a intersecção é um subconjunto dos elementos comuns


aos conjuntos dados.

• U – PQ ∪ SQ (diferença entre o conjunto universo e a união dos


conjuntos PQ e SQ): subconjunto que representa os alunos que
erraram as duas questões.

Vamos compreender!

Então, chamamos de “PQ” o diagrama dos alunos que acertaram a


primeira questão e de “SQ” o diagrama dos alunos que acertaram a
segunda questão.

Como 27 acertaram as duas questões, esse valor representa a


intersecção entre os dois conjuntos (PQ ∩ SQ).

Tínhamos 39 alunos que acertaram a primeira questão. Então, para


chegar aos 12 alunos, subtraímos de 39 os 27, que é a nossa intersecção.

Tínhamos 48 alunos que acertaram a segunda questão. Então, para


chegar aos 21 alunos, subtraímos de 48 os 27, que é a nossa intersecção.

Como a soma de todas as partes (subconjuntos) tem que ser igual a 95,
temos que subtrair dos 95 as outras partes (subconjuntos) para chegar a
35 alunos, que são os que erraram ambas as questões. Fazemos, então:

95 – 12 – 27 – 21 = 35

Após esse detalhamento, podemos responder a alguns questionamentos,


como:

a) Quantos alunos erraram as duas questões?


UNIUBE 11

Resposta: 35 alunos.

b) Quantos alunos acertaram somente a primeira questão?


Resposta: 12 alunos.

c) Quantos alunos acertaram somente a segunda questão?


Resposta: 21 alunos.

d) Quantos alunos acertaram apenas uma questão?


Resposta: 33 alunos.

IMPORTANTE!

Para chegar ao resultado anterior, somamos o número de alunos que


acertaram a primeira questão com os alunos que acertaram a segunda
questão. Portanto, alunos que tinham acertado só uma questão. Fizemos,
então: 12 + 21 = 33

e) Quantos alunos não acertaram a primeira questão?


Resposta: 56 alunos.

Para chegar a este resultado, somamos o número de alunos que


acertaram somente a segunda questão com o número de alunos que
erraram as duas questões.

f) Quantos alunos erraram a segunda questão?


Resposta: 47 alunos.

Para chegar a este resultado somamos o número de alunos que


acertaram somente a primeira questão com o número de alunos que
erraram as duas questões.
12 UNIUBE

Exemplo 2

Numa pesquisa de opinião, um total de 800 pessoas foram entrevistadas


sobre qual jornal elas liam. As respostas foram tabuladas e obtiveram­‑se
os seguintes dados:
• 90 leem os três jornais;
• 260 leem os jornais Diário e Pasquim;
• 240 leem os jornais Diário e Planeta;
• 240 leem os jornais Pasquim e Planeta.
• 430 leem o jornal Diário;
• 490 leem o jornal Pasquim;
• 500 leem o jornal Planeta.

Agora, responda:

Quantas pessoas não leem nenhum dos jornais?

Qual o total de pessoas que leem somente um dos jornais?

Para a resolução desse exemplo, vamos representar os três conjuntos


por meio de diagramas de Venn, que se interceptam e possuem regiões
em comum, uma vez que a pesquisa indicou existirem pessoas que leem
dois ou três jornais.

Inicialmente, vamos representar a região de interseção entre os três


conjuntos, onde existem 90 leitores (Figura 6).
Pasquim Diário

90

Planeta
Figura 6: Interseção entre três conjuntos.
UNIUBE 13

DICAS

Devemos sempre começar o preenchimento pelas regiões de interseção.

Em seguida, vamos preencher as regiões desse diagrama de acordo com


as quantidades indicadas no enunciado.

O enunciado indicou que 260 leem os jornais Pasquim e Diário. No


entanto, já sabemos que 90 pessoas leem os três jornais. Assim, para
preenchermos a região do diagrama que indica os leitores, dentre esses
260, que leem somente os jornais Pasquim e Diário, devemos fazer:

260 – 90 = 170 leitores de Pasquim + Diário

Da mesma forma, fazemos:

240 – 90 = 150 leitores de Diário + Planeta


240 – 90 = 150 leitores de Pasquim + Planeta

Preenchemos, então, mais algumas regiões do diagrama (Figura 7):


Pasquim Diário

170
90
150 150

Planeta
Figura 7: Diagrama de leitores.

Precisamos agora encontrar as quantidades de leitores que leem somente


um dos jornais. Para determinarmos essas quantidades, vamos tomar
o total de leitores de cada um dos jornais, e em seguida subtrairmos os
valores que já estão indicados nos diagramas.
14 UNIUBE

Por exemplo, para determinarmos o número de pessoas que leem


somente o jornal Pasquim, fazemos:

490 – 150 – 90 – 170 = 80 pessoas

De maneira semelhante, podemos determinar quantas pessoas leem


somente o jornal Diário, ou somente o jornal Planeta:

430 – 170 – 90 – 150 = 20 pessoas leem somente o Diário


500 – 150 – 90 – 150 = 110 pessoas leem somente o Planeta

Preenchemos, então, as regiões restantes do diagrama de Venn (Figura 8):


Pasquim Diário

80 170 20
90
150 150

110
Planeta
Figura 8: Diagrama de Venn.

As regiões do diagrama representam as quantidades de pessoas que


leem um, dois ou três jornais. Vamos, agora, responder às questões
propostas no exemplo:

a) Quantas pessoas não leem nenhum dos jornais?

Somamos as quantidades indicadas em todas as regiões do diagrama


anterior, que resulta em 770 pessoas, e retiramos esse valor do total de
pessoas entrevistadas (800 pessoas). Temos, então:

800 – 770 = 30 pessoas não leem nenhum dos jornais

b) Quantas pessoas leem somente um dos jornais?

Ao nos referirmos às pessoas que leem somente um dos jornais, estamos


falando daqueles leitores que leem somente o Diário, ou somente o
UNIUBE 15

Planeta ou somente o Pasquim. Assim, temos:

80 + 20 + 110 = 210 pessoas leem somente um dos jornais.

1.1.1 Conjunto dos números naturais (N)

N = {0, 1, 2, 3, 4, 5,...}

Um subconjunto importante de N é o conjunto N* (naturais não nulos):

N* = { 1, 2, 3, 4, 5,...}

Qual a diferença dessa representação para a anterior?

Veja que o zero foi excluído do conjunto N.

1.1.2 Conjunto dos números inteiros (Z)

Z = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3,...}


O conjunto N é subconjunto de Z.

Temos, também, outros subconjuntos de Z:

Z* = Z – {0}
Z+ = conjunto dos inteiros não negativos = { 0, 1, 2, 3, 4, 5,...}
Z– = conjunto dos inteiros não positivos = {0, –1, –2, –3, –4, –5, ...}

1.1.3 Conjunto dos números racionais (Q)

Um número é denominado racional quando puder ser representado por


meio de uma fração, ou seja, quando pode ser escrito na forma a (com
b
a ∈ Z e b ∈ Z*). Assim, podemos escrever:

Q = { x | x = a , com a ∈ Z e b ∈ Z* }
b
16 UNIUBE

O conjunto dos números racionais representa a união do conjunto dos


números inteiros, com as frações positivas e negativas, que resultam
nos diversos números decimais que se encontram entre dois números
inteiros quaisquer.

PARADA OBRIGATÓRIA

Para entender que um número inteiro também é um racional lembre­‑se,


por exemplo, de que o número inteiro 5 pode ser representado como uma
fração na forma 10 ou - 40 ou outra fração qualquer cuja divisão resulte
2 -8
no número cinco, desde que o denominador não seja nulo.

É possível representarmos um número racional, na forma decimal, que


se obtém dividindo a por b. Essa divisão entre dois números inteiros pode
então resultar num decimal exato ou, ainda, em um decimal periódico
infinito.

EXEMPLIFICANDO!

• Exemplos referentes às decimais exatas ou finitas:


1 75
= 0,25 = 3,75
4 20

• Exemplos referentes às decimais periódicas ou infinitas:


7 6
= 2,333... = 0,857142857142...
3 7

Você se recorda do procedimento de transformar um número


racional da forma decimal para a forma fracionária?

Quando o decimal for exato, basta transformá­‑lo em uma fração cujo


numerador é o numeral decimal sem a vírgula e cujo denominador é o
algarismo 1 seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais
do numeral dado.
UNIUBE 17

Exemplo 3

1,729 = 1729   (3 casas decimais – acrescentam­‑se 3 zeros no


1000
denominador)

4,14 = 414   (2 casas decimais – acrescentam­‑se 2 zeros no


100
denominador)

Neste caso, não podemos nos esquecer de simplificar a fração. Assim:

414÷2 207
=
100÷2 50
Realize, agora, a seguinte divisão: 4
9
Aproveite e anote o seu resultado.

Você deve ter chegado ao resultado da dízima periódica 0,4444....

Definições importantes:
• Denominamos dízima periódica ao número decimal infinito que
apresenta um período de repetição, ou seja, um ou mais algarismos
que se repetem infinitamente.
• Ao número racional que gera a dízima periódica, denominamos
fração geratriz.

Nesse caso, o período é dado pelo algarismo 4, e 4 é a fração geratriz


9
da dízima.
Observe outros exemplos:

12,474747...: o período é dado por 47.


9,12835835835...: o período é dado por 835.

Exemplo 4

Vamos considerar que você não conhecesse a fração geratriz do número


decimal 0,444... Como poderia encontrá­‑la?
18 UNIUBE

COMPARANDO

Acompanhe, agora, nossa resolução e compare os resultados.

Para transformar a dízima periódica 0,444... em fração, podemos seguir


os passos enumerados:

1o passo

Inicialmente, igualamos a dízima periódica a uma variável x. Assim,


temos:

0,444... = x

2o passo

Observe o período. Como no nosso exemplo o período é 4, você


multiplicará ambos os membros (do passo anterior) por 10, de modo
que a vírgula se desloque para a direita até que se tenha, na parte antes
da vírgula, um período inteiro de repetição da dízima. Temos:

10x = 4,444...

3o passo

Subtraia membro a membro a equação do 1° passo da equação do 2°


passo.
10x = 4,444...
– x = 0,444...
9x = 4

Observe que essa subtração eliminou o período de repetição da dízima.

4o passo

Resolva a equação resultante e obtenha a fração geratriz.


UNIUBE 19

4
9x = 4  →  x =
9

4
Logo, 0,444... =
9

Exemplo 5

Escreva o número 3,2145454545... na forma fracionária.

COMPARANDO

Agora, veja nossa resolução e compare os resultados.

Para escrever 3,2145454545... na forma fracionária temos que analisar


o período e os números que não fazem parte dele.

x = 3,21454545...

Observe que, nesse caso, o decimal apresenta uma parte não periódica,
então devemos transformá­‑la numa parte inteira, deslocando a vírgula
duas casas para a direita.

100x = 321,454545...

IMPORTANTE!

Para deslocar a vírgula duas casas para a direita, seria necessário que se
multiplicasse por 100 o segundo membro da igualdade. Assim, para que a
igualdade se mantivesse como verdadeira, o primeiro membro também foi
multiplicado por 100.

Agora, responda: o que ficou à direita da vírgula? Você deve ter


observado que temos aí apenas os períodos. Neste momento, podemos
prosseguir como no exemplo anterior.
20 UNIUBE

10000x = 32145,4545...
–100x = 321,454545...
9900x = 318247

x = 318247 (simplificando a fração por 36)


9900

x = 884
275

PARADA PARA REFLEXÃO

Podemos representar todos os números decimais utilizando frações?

Para responder a esse questionamento, surge o conjunto dos números


irracionais. Veja­‑o, a seguir:

1.1.4 Conjunto dos números irracionais (I)

Observe os números a seguir:

2 = 1,4142135...

3 = 1,7320508...

r = 3,1415926535...

e = 2,718281...

EXPLICANDO MELHOR

r – lê­‑se pi
É um importante número irracional, que representa a razão entre as
grandezas do perímetro de uma circunferência e seu diâmetro.
UNIUBE 21

e – número de Euler (pronuncia­‑se óilar), assim chamado em homenagem


ao matemático suíço Leonhard Euler, é a base dos logaritmos naturais ou
neperianos.
Fonte: Wikipedia (2010).

Podemos identificar seus períodos?

Se você respondeu não, acertou! Observe que em nenhum deles existem


repetições regulares formando um período. Assim, não é possível
fazermos a representação deles na forma fracionária.

Esses números são denominados decimais infinitos não periódicos e


constituem o conjunto dos números irracionais.

Outros exemplos
• 0,23145213657...
• 1,36598265892...
• 458,25369248597...

1.1.5 Conjunto dos números reais (R)

Denominamos número real a todo número racional ou irracional, ou seja,


o conjunto dos números reais (R) é a união do conjunto dos números
racionais (Q) com o conjunto dos números irracionais (I), isto é: R = Q ∪ I.

Observe a relação entre os conjuntos numéricos estudados por meio do


diagrama (Figura 9) a seguir:
22 UNIUBE

Q I
Z
N

Figura 9: Conjuntos numéricos.

IMPORTANTE!

Observe que N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R e, ainda, que o conjunto dos números


fracionários (Q) não está contido no conjunto dos números irracionais (I),
uma vez que esse último é dado justamente pelos números que não podem
ser escritos na forma de uma fração.

Lembramos ainda que o conjunto dos números reais é resultado da


junção do conjunto dos números racionais com o dos números irracionais,
ou seja, R = Q ∪ I. O diagrama (Figura 10) a seguir ilustra essa relação:
R

I Q
Biunívoca

Quando dois Figura 10: Conjuntos números


conjuntos finitos racionais e irracionais.
têm o mesmo
número de
elementos, então O conjunto dos números reais mantém uma
existe uma bijeção relação de correspondência biunívoca com os
entre esses
conjuntos. Na teoria pontos da reta numerada (a cada ponto da reta
dos conjuntos,
essa propriedade é corresponde um e somente um número real e a
usada para definir cada número real corresponde um e somente um
a cardinalidade
de conjuntos: dois ponto da reta) (Figura 11).
conjuntos têm o
mesmo número de
elementos se, e
somente se, existe
uma bijeção entre
eles.
UNIUBE 23

–8
–7
–6
–5
–4
–3
–2
–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Figura 11: Reta numerada.

Entre dois números inteiros existem infinitos números reais.

Como subconjuntos importantes de R, temos:

R* = R – {0}

R+ = conjunto dos números reais não negativos

R– = conjunto dos números reais não positivos

Intervalos reais

Os intervalos reais são subconjuntos dos números reais. Assim, dados


dois números reais a e b, sendo a < b:
• Intervalo aberto é o conjunto dos números reais entre a e b (Figura 12).

Representação: { x ∈ R | a < x < b } = ] a, b [


x
a b
Figura 12: Intervalo aberto.

• Intervalo fechado é o conjunto dos números reais entre a e b,


incluindo a e b (Figura 13).

Representação: { x ∈ R | a ≤ x ≤ b } = [ a, b ]
x
a b
Figura 13: Intervalo fechado.

• Intervalo aberto à direita é o conjunto dos números reais entre a e


b, incluindo a.

Representação: { x ∈ R | a ≤ x < b } = [ a, b [ (Figura 14).


24 UNIUBE

x
a b
Figura 14: Intervalo aberto à direita.

• Intervalo aberto à esquerda é o conjunto dos números reais entre a


e b, incluindo b.

Representação: { x ∩ R | a < x ≤ b } = ] a, b ] (Figura 15).


x
a b
Figura 15: Intervalo aberto à esquerda.

Considerações importantes:
• A correta representação dos intervalos reais por meio da reta
numérica real facilita a realização das operações de união e
interseção entre dois conjuntos numéricos quaisquer que contenham
subconjuntos da reta real.
• As operações de união e interseção são importantes para a
determinação do conjunto domínio de funções reais ou ainda, na
resolução de sistemas de inequações, que serão estudados por
você futuramente.

Exemplo 6

Determine o conjunto A  B para:


A = [ −5, 8 ) ∪ ] 12, + [ e B = { x ∩ R | 3 < x ≤ 15 }

Resolução

Representaremos os dois conjuntos em retas numéricas, uma abaixo


da outra, e em seguida verificaremos qual é o intervalo de valores
que pertence aos dois conjuntos ao mesmo tempo, representando a
interseção.
UNIUBE 25

DICAS

É interessante observar o intervalo indicado no conjunto A como [–5, 8),


o que é outra notação utilizada para um intervalo aberto, onde em vez do
colchete voltado para fora se utiliza um parêntese.

Veja na Figura 16 a seguir os conjuntos:


A
–5 8 12

B
3 15
Figura 16: Conjuntos.

Os intervalos que pertencem, simultaneamente, aos dois conjuntos estão


indicados na Figura 17 a seguir:
AB
3 8 12 15
Figura 17: Intervalos dos conjuntos.

{
Assim, temos o conjunto A ∩ B = x ∈  / 3 < x < 8 ou 12 < x < 15 , ou }
de outra maneira: A ∩=
B ] 3,8 [ ∩]12,15]

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 1
1. Faça a representação gráfica (reta numérica real) dos intervalos:
a) A = ] 2, 10 [
b) B = { x ∈ R | –2 ≤ x ≤ 2 }
c) C = { x ∈ R | x > 1 }
d) D = ] –1, 5 ]
26 UNIUBE

2. Encontre a fração geratriz de cada dízima periódica:


a) 0,7777...
b) 0,232323...
c) 1,666666...
d) 2,131313...

3. Sejam os conjuntos A, B, C e D indicados, a seguir:

A = { x ∈ R | x ≤ 3 3ou x ≥ 5 }
B = { x ∈ R | –4 < x ≤ 6 }
C = ] –, –1 ] ∪ ] 5, 12 [
D = { x ∈ R | 0 ≤ x < 5 ou x ≥ 7 }
Determine:

a) A ∩ B
b) C ∩ D
c) (D ∩ B) ∪ A
d) A ∪ C

4. Uma população consome três marcas de sabão em pó: A, B e C. Feita


uma pesquisa de mercado, colheram­‑se os resultados tabelados, a seguir:
A B C
Nenhuma
Marca A B C e e e A, B e C
das três
B C A

N° de
145 220 195 27 45 32 5 130
consumidores

Com base nestes dados, responda:

a) o número de pessoas consultadas;


b) o número de pessoas que só consomem a marca A;
c) o número de pessoas que não consomem as marcas A e ou C;
d) o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas.
UNIUBE 27

DICAS

Na resolução do Exercício 4 da Atividade 1, faça inicialmente o diagrama


de Venn representando as quantidades de pessoas em cada espaço do
diagrama. Após isso, você responderá facilmente as questões.

1.2 Potenciação

1.2.1 Potência com expoente inteiro positivo

Se a é um número real e n é inteiro e positivo, a expressão an representa


o produto de n fatores, todos iguais a a, ou seja:

an = a · a · a · ... · a n vezes.
Nesta operação de potenciação, o termo “a” indica base da potência e
“n”, o expoente.

Exemplos 7

a) 35 = 3 · 3 · 3 · 3 · 3 = 243
b) c 1 m = 1 # 1 # 1 = 1
3

2 2 2 2 8
c) (–2) = (–2) · (–2) · (–2) · (–2) = 16
4

Vejamos, agora, algumas propriedades gerais da potenciação. Se m e n


são números reais, valem as seguintes propriedades:

1 - Na multiplicação de potências de mesma base, a potência resultante


é obtida conservando­‑se a base e adicionando­‑se os expoentes:

am · an = am+n

Exemplo 8: 26 · 210 = 216


2 - Na divisão de potências de mesma base, a potência resultante é
obtida conservando­‑se a base e subtraindo­‑se os expoentes:
28 UNIUBE

am
am ' an = = a m - n (a ! 0)
an

Exemplo 9: 315 ÷ 38 = 37

3 - Na potência de potência, o resultado é obtido conservando­‑se a base


e multiplicando­‑se os expoentes:

(am)n = am·n

Exemplos 10
a) (73)6 = 718
b) (x2)5 = x10

4 - A potência de um produto de dois ou mais fatores pode ser calculada


elevando­‑se cada termo do produto ao expoente indicado e mantendo­‑se
o produto entre os termos:

(a · b)n = an · bn

Exemplos 11
a) (4x3y)4 = 44 · (x3)4 ·y4 = 256x12y4
b) (2 ·3)4 = 24 · 34 = 16 · 81 = 1296

PARADA OBRIGATÓRIA

Nesse exemplo, também, seria possível realizar o produto dos termos entre
parênteses e, em seguida, elevar ao expoente indicado: (2 · 3)4 = 64 = 6 ·
6 · 6 · 6 = 1296.

5 - A potência de um quociente é o quociente das potências:


a n an
c m = n (b ! 0)
b b
UNIUBE 29

Exemplos 12

a) c 5 m = 5 2
2 2

7 7
3
^- 2x 2h3 ^- 2h3 $ ^ x 2h3 8x 6
b) e- 2x o =
2
= =-
3a ^3ah3 33 $ a3 27a 3

6 - Potências com expoente inteiro negativo

Se a é um número real não nulo (a ≠ 0) e n um número inteiro e positivo,


definimos:
1
a- n =
an

Exemplos 13

a) 5–1 = 1
5
1 1
b) ^- 4h- 2 = =
^- 4h2 16

7 - Potências com expoente fracionário

Vamos apresentar agora uma propriedade que será novamente estudada


por você nessa unidade, no tópico sobre radiciação. No entanto, o
raciocínio envolvido na resolução de radicais pode ser entendido, de
forma simplificada, como a aplicação das propriedades da potenciação
apresentadas anteriormente.

Para os números inteiros n e m, com m ≠ 0, podemos transformar uma


potência de base “a” elevada a um número fracionário, em um radical de
índice m da potência an, fazendo:
n
a m = m an

Exemplos 14
6

a)
3
3
64 = 3 2 6 = 2 = 2 2 = 4
30 UNIUBE

IMPORTANTE!

Observe na resolução desse exemplo que a propriedade 7 foi aplicada de


“forma inversa”, uma vez que transformamos o radical em uma potência de
expoente fracionário.

2 2 2 12
6
b) 729 3 = ^3 6h3 = 3 3 = 3 3 = 3 4 = 81
3 3 12

c) ^ 8 h = ^ 23 h = `2 2 j = 2 4 = 2 2 = 2 6 = 64
4 $4
4 4

Você acha que há diferença entre –32 e (–3)2?

Para responder, volte ao enunciado que diz an = a · a · a · ... · a

Isso quer dizer que devemos multiplicar a base por ela mesma conforme
a quantidade de vezes que o expoente nos indica. Porém, é de suma
importância entender que a base está subordinada ao expoente.

Voltemos à indagação feita anteriormente:

–32 : nesse caso, o expoente está aplicado somente ao três, e não para
o sinal negativo. Portanto, temos:

–(3 · 3) = –9

Já para (–3)2, a base da potência é menos três. Dessa forma, tanto o sinal
negativo quanto o três estão subordinados ao expoente. Temos, então:

(–3) · (–3) = 9
UNIUBE 31

1.3 Frações

Em muitos cálculos que nos interessam, trabalhamos com números


decimais exatos ou, ainda, as chamadas dízimas periódicas. Estes
números podem ser expressos como uma fração. Nos exemplos
apresentados anteriormente, já apareceram algumas frações e algumas
operações já realizadas com essas frações.

Agora, vamos comentar sobre alguns conceitos envolvendo frações e


destacar as operações realizadas com os números fracionários.

RELEMBRANDO

Uma fração indica a divisão (ou razão) entre dois números quaisquer a e b,
a
com b ≠ 0, e pode ser representada por , em que a é o numerador e b é
b
o denominador.

1.3.1 Igualdade de frações

Agora, para que duas frações a e c sejam iguais, tem­‑se que a = c


b d b d
ou a · d = b · c para quaisquer b ≠ 0 e d ≠ 0. Observe o exemplo a seguir:
2
= 4
3 6
2·6=3·4
12 = 12

1.3.2 Soma e subtração de frações

Ao efetuarmos uma soma ou subtração de frações que possuem


denominadores distintos, devemos reduzir as frações ao mesmo
denominador, encontrando o mínimo múltiplo comum (mmc) desses
denominadores. Em seguida, adicionamos ou subtraímos os numeradores,
32 UNIUBE

conservando o denominador comum. Veja o exemplo a seguir:


2 3 1 2 $ 14 + 3 $ 10 - 1 $ 7 24 + 30 - 7 47
+ - = = =
5 7 10 70 70 70

DICAS

Não se esqueça! Podemos simplificar o resultado, quando for possível,


obtendo uma fração equivalente.

1.3.3 Produto de frações

Se nosso objetivo for multiplicar duas frações a e c , com b ≠ 0 e d ≠ 0,


b d
procederemos da seguinte forma:

Multiplicamos entre si os numeradores e os denominadores, ou seja:


a c a$c
$ =
b d b$d
Veja os exemplos a seguir:

a) 2 # 3 = 6
5 7 35
2x x 2x1 + 1 2x 2
b) $ 3 = =
3y 7y 21y1 + 3 21y 4

1.3.4 Divisão de frações

Para dividir uma fração a por outra fração c , com b ≠ 0 e d ≠ 0,


b d
conservaremos a primeira fração e multiplicaremos pelo inverso da
segunda fração.
a
b a d a$d
= $ =
c b c b$c
d

A seguir, temos alguns exemplos:


UNIUBE 33

EXEMPLIFICANDO!

2
3 2 5 10
a) = $ =
1 3 1 3
5

b) 13 = 13 $ 5 = 65
4 1 4 4
5
3
c) 14 3 1 3 1
= $ = =
6 14 6 84 28

PARADA OBRIGATÓRIA

Apresentaremos aqui novos exemplos de potenciação com expoente inteiro


negativo, pois seu entendimento necessita da propriedade da divisão de
frações que tratamos há pouco no texto.

Desenvolva a potência e 3x2 o .


-3

4b

Aplicando a operação indicada na propriedade número 6, teríamos o


seguinte:

3x -
3
1
e o = .
4b 2 3x
3

e 2o
4b

Desenvolvendo a potência no denominador e aplicando a propriedade


da divisão de frações chegamos ao seguinte resultado:

3x1 -
3
3x -
3
1 64b 6
e 2 o =e 2 o 3 = = 1$
4b 43bx 27x 3
27x 3
e 2o 64b 6
4b

3x - 3 64b 6
c m =
4b 2 27x 3
34 UNIUBE

No entanto, podemos adotar uma regra prática quando se tem uma


fração elevada a um expoente negativo:

Invertemos de posição o numerador e o denominador da potência e


trocamos o sinal do expoente para positivo. Em seguida, desenvolvemos
a potenciação normalmente, elevando o numerador e o denominador da
fração à potência indicada. Observe:

3x -
3
4b 2
3
^4b 2h3 64b 6
e 2o =e o = =
4b 3x ^3x h3 27x 3

Veja outros exemplos:


2
-2
4y 2
16y 4

a) e x 2 o = e o = 2
4y x x
3 3

b) e 2 o = e 5x o = 125x
- 3

5x 2 8

As operações de potenciação com expoente negativo são comuns em


diversas situações como, por exemplo, nas operações de cálculo de juros
compostos. Nunca é demais relembrar as propriedades da potenciação
e os cuidados que se deve ter para não realizar cálculos equivocados
nesses casos. Observe os casos a seguir:

1o e 3 o      2o e 3 o
-1 -1

2 2

Novamente, vale ressaltar onde e para quem está o expoente.

• No primeiro caso, temos:

O menos um está somente para o três e não para a fração, então


devemos proceder da seguinte maneira:

Primeiro, devemos inverter o três para tornar o expoente positivo.


UNIUBE 35

1 1
c m
3
, como todo número elevado a um é ele mesmo, temos:
2
1
3 . Assim, temos uma divisão de fração. Para resolver, vamos copiar a
2
primeira fração vezes o inverso da segunda fração:
1
× 1 = 1
3 2 6

• No segundo caso, como o menos um está para toda a fração, basta


inverter a fração inteira.
1
2 2
e o =
3 3

Observe os resultados! Veja que são diferentes. Por isso, é muito


importante analisar com calma antes de resolver qualquer exercício. Um
sinal ou a interpretação errônea nos leva a outros resultados. Assim, é
muito importante estar com os conhecimentos bem sedimentados.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 2
1. Calcule as potências:

a) 8–1 f) 11–2
-2

b) (–5)–1 g) e- 12 o
5
-1 -3
1
c) e o h) e- 6 o
8 7
-1
7 3
-4

d) e o i) e o
4 10

e) (0,6)–1 j) (2,1)–2

2. Reduza cada item a uma potência de expoente positivo:

a) 22 ÷ 25
36 UNIUBE

-2 -4
b) e 5 o ' e 5 o
7 7
-1
c) e 7 o ' e 7 o
8 8
-1 5
d) =e 1 o G
10

3. Determine as seguintes potências:

a) (3x2b)4
-3
2
b) e o
3z
2 3
1
c) =e G
-

o
2x 2 p 5
d) [3 · (a2m)2]3

1.4 Expressões numéricas

A resolução da maioria dos problemas de matemática que nos interessam


está relacionada à determinação do valor numérico de uma expressão
ou, ainda, à resolução de uma equação determinando­‑se o valor de uma
variável que torna verdadeira a igualdade indicada.

Nesse momento, vamos relembrar algumas regras básicas de prioridade


ou de precedências de operações na resolução de expressões numéricas.
Na resolução de expressões numéricas, devemos efetuar as operações
na seguinte ordem:

1. potenciação e radiciações;
2. multiplicações ou divisões, na ordem em que elas aparecem, da
esquerda para a direita;
3. adições ou subtrações, na ordem em que aparecem, da esquerda
para a direita.
UNIUBE 37

Quando uma expressão apresenta parênteses, colchetes e chaves,


resolvemos, em primeiro lugar, as operações indicadas entre parênteses.
Em seguida, as operações entre colchetes e, por último, as que estão
indicadas entre chaves.

A seguir, você poderá acompanhar a resolução de uma expressão


numérica e a descrição dos procedimentos utilizados para determinar o
valor dessa expressão.

IMPORTANTE!

Fique atento à ordem de prioridade das operações e aos cálculos realizados.

Exemplos 15

a) Determine o valor numérico da expressão E indicada a seguir:


1
1 6 5 ^ 2
1

$ 1 $ 2 ' 8 + 4h ' 12 @ + 9 2 3 - 5 e + 36 - 2 o
3
E = 3 $ 3 - 4 $ )8 3 +
3

2 2

Antes de começar a resolver, pense nesses questionamentos:


O que podemos resolver primeiro? Qual é a ordem? O que
devemos considerar?

Observe o passo a passo da resolução comentada, para que você possa


entender os questionamentos feitos anteriormente:

$ 61^2 8 ' 8 + 4h ' 12 @ + 9 3 - 5 e + 6 - 2 o


1 3
E = 9 - 4 $ )3 8 +
2 2
• começamos multiplicando o 3 pelo 3, o que gerou um resultado igual
a 9. Porém, não subtraímos o 4 desse 9, pois o 4 está multiplicando
todos os valores dentro das chaves;
1

• o 8 3 virou raiz cúbica de 8, pois podemos transformar um número


elevado a um expoente fracionário em um radical, em que o
denominador será sempre o índice da raiz e o numerador, o
38 UNIUBE

expoente do número dentro da raiz. Da mesma forma, o 9 2 tornou­


‑se raiz quadrada de 9;
3
• no caso do 22 , resolvemos primeiro o dois elevado à terceira, que
são 8, tendo um resultado de 28;

• no parêntese da parte de fora, extraímos a raiz quadrada de 36, que


é seis, pois seis elevado ao quadrado é igual a 36;

Continuando a resolução...
3 + 12 - 4
$ 61^256 ' 8 + 4h ' 12 @ + 3 3 - 5 e
1
E = 9 - 4 $ )2 + o
2 2

• agora, extraímos a raiz cúbica de 8, que é igual a dois, uma vez que
dois elevado ao cubo é igual a 8;
• logo após, elevamos o dois à oitava potência, que é o mesmo que
multiplicar o dois por ele mesmo oito vezes, gerando um resultado
igual a duzentos e cinquenta e seis;
• no parêntese dentro das chaves, não podemos somar o oito com
o quatro, pois primeiro devemos resolver a divisão para só depois
realizar a soma;
• no parêntese de fora tiramos o M.M.C (Mínimo Múltiplo Comum),
que foi igual a dois.

Continuando a resolução...
$ 61^32 + 4h ' 12 @ + 3 3 - 5 e o
1 11
E = 9 - 4 $ )2 +
2 2

• Dividimos o duzentos cinquenta e seis por oito, obtendo um resultado


igual a 32.
• No parêntese de fora, somamos o três com o doze e subtraímos
quatro, tendo um resultado igual a onze meios (ou onze sobre dois).
Temos:

$ 61^36h ' 12 @ + 3 3 -
1 55
E = 9 - 4 $ )2 +
2 2

• Somamos o trinta e dois com o quatro, gerando 36, e multiplicamos


o menos cinco por onze meios, gerando um resultado de menos
cinquenta e cinco sobre dois.
UNIUBE 39

Obtemos, então:

$ 636 ' 12 @ + 3 3 -
1 55
E = 9 - 4 $ )2 +
2 2

• Multiplicamos o número um no interior do colchete pelo trinta e seis


e dividimos o resultado por doze, gerando um valor igual a 3.

$ 63 @ + 3 3 -
1 55
E = 9 - 4 $ )2 +
2 2

• Agora, multiplicamos a fração 1 por 3, e vamos obter no interior das


2
chaves dois valores inteiros e um fracionário.
• Podemos somar os valores inteiros e obter o seguinte:

3 55 3 55
E = 9 - 4 $ )2 + + 33 - = 9 - 4 )5 + 3 -
2 2 2 2

• Podemos, agora, realizar a soma no interior das chaves,


determinando o M.M.C entre os denominadores “dois” e “um”.
Temos, então:
10 + 3 55 13 55
E = 9 - 4 $) 3- = 9 - 4) 3 -
2 2 2 2

• Em seguida, multiplicamos o número 4 pela fração 13 , o que resulta


2
em 52 = 26.
2
E = 9 – 26 – 55
2

Finalmente...
Podemos somar os dois números inteiros, 9 e –26, obtendo um resultado
igual a –17. Em seguida, determinamos o MMC para somarmos o –17
com a fração - 55 .
2

Observe a resolução: E =- 17 - 55 = - 34 - 55
2 2
89
E =-
2
40 UNIUBE

Esse é o resultado final que não pode ser simplificado, pois os números
não possuem divisores comuns.

IMPORTANTE!

Na resolução de uma expressão numérica é muito importante atentar para


as prioridades de resolução e também não fazer as coisas às pressas ou
mesmo querer economizar espaço. Não faça nada muito direto, pois isso
aumenta a possibilidade de cometer erros.

7 + 3u
b) Determine o valor da expressão T = + 13 - ^5 - u- 1h2
5 - 6 u
para u = 1 : u +
- 1

3 3

Primeiro, devemos substituir o valor de “u” na expressão:


1
7+3$
3 1 -1 2
T= + 13 - ;5 - c m E
1 3
5-6$
1 -1 3
c m +
3 3

Em seguida, podemos realizar os produtos entre a fração 1 e os números


3
3 e 6. Também já é possível realizar as operações de potenciação em
que a fração aparece elevada a um expoente negativo. Temos, então:
7+1
T= + 13 - 65 - 3 @2
5-2
3+
3

Agora, podemos realizar a subtração no interior dos colchetes e também a


subtração entre os números 5 e 2 que há no denominador da expressão:

+ 13 - 6 2 @2 =
8 8
T= + 13 - 4
3 3+1
3+
3
UNIUBE 41

Finalmente, podemos realizar a soma no denominador da fração e, ainda,


fazer a subtração entre 13 e 4 no numerador. Temos assim:
8
T= +9 = 2+9
4
T = 11

Você, agora, vai resolver as atividades propostas a seguir, para fixar os


conceitos estudados.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 3

1. Realize as operações indicadas a seguir, atentando às prioridades das


operações:

a) 5 $ c 10x m
2 -2

3 3

b) 2- 1 + 5 - 6
4 3

c) 5 $ c 2 m + 6 $ 2
-2

3 3 1
2-
3

2. Determine o valor de y em cada uma das seguintes expressões. Considere


o valor de x dado.

a) y =- 1 + c 5 + 2 m ' c x - 12 m - 5 para x = 2
3x x 3
3 3 1 7 1
b) y = c1 + m ' c3 - m - ^1 - x h $ c2x + m + para x =
2

4x + 3 5 3 6 2

c) y = ;c - 1 m $ c 4x m - c- 4 mE ' ^ x - 1h + 3 para x = 3
2

2 9 3 2 2

d) y = c- x - 1 m - ;1 + 2 ' c- 1 + x mE + x + 1 para x = 1
2 2 2
1
e) y = x- 2 $ ; - ^- 2x h3 E - 3 para x = 1
6 4
42 UNIUBE

1.5 Equações polinomiais

Um polinômio é uma expressão do tipo f(x) = an · xn + an–1 · xn–1 + ... + a2


· x2 + a1 · x + a0, onde os termos an, an–1, ... , a0 são constantes reais e an
≠ 0. As constantes an, an–1, ... , a0 são os denominados coeficientes do
polinômio, o termo an · xn é chamado de termo principal e a0 é o termo
constante.

1.5.1 Equações polinomiais do 1o grau

Uma equação com uma incógnita x é denominada equação polinomial


do 1o grau, ou simplesmente equação do 1o grau, se puder ser reduzida
por meio de operações elementares à forma a · x + b = 0 em que “a” e
“b” são números reais e a ≠ 0. Temos que:
• x é a incógnita;
• “a” é denominado coeficiente;
• “b” é denominado termo independente.

Ao resolver uma equação de 1o grau, estamos determinando o valor


da variável que, no momento, estamos chamando de x e que satisfaça
à equação dada. Para isso, é necessário isolar a incógnita em um dos
membros que compõem a equação. Assim, o número resultante no outro
membro será a solução da equação. Veja a tabela do exemplo 16 a
seguir.

Exemplo 16

5x + 2 = 12 Equação inicial
5x = 12 – 2 O número 2, que estava somando no 1o membro,
passa subtraindo para o 2o membro.
5x = 10 Para isolar a variável, o número 5 que estava multiplicando x
passa dividindo para o 2o membro.
10 Solução
x= =2
5
UNIUBE 43

a) x - 3 + 5 = 4x + 1
2 3

Para iniciar a resolução, devemos determinar o mínimo múltiplo comum


de toda a expressão para, em seguida, resolvermos a igualdade:

3^ x - 3h + 30 24x + 2
=
6 6
3x - 9 + 30 = 24x + 2
21 - 2 = 24x - 3x
19 = 21x
19
x=
21

y y-3 5 + 2y
b) - =- 2y +
2 3 4

Na resolução deste exemplo vamos adotar um procedimento um pouco


diferente, mas que apresenta resultados equivalentes àquele descrito
anteriormente com o mmc. Vamos multiplicar toda a expressão por 12,
uma vez que os denominadores são todos divisores deste valor.

12 y 12 $ ^ y - 3h 12 $ ^5 + 2y h
- =- 2y $ 12 +
2 3 4
6y - 4y + 12 =- 24y + 15 + 6y
2y + 12 =- 18y + 15
2y + 18y = 15 - 12
20y = 3
3
y=
20

DICAS

• Se adicionarmos (ou subtrairmos) um mesmo número aos dois membros


de uma igualdade, obteremos uma nova igualdade.
• Se multiplicarmos (ou dividirmos) dois membros de uma igualdade por
um mesmo número, obteremos uma nova igualdade.
44 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 4

Determine a solução de cada uma das seguintes equações do 1o grau:

a) 3 – (3x – 6) = 2x + (4 – x)

b) 2(y – 2) + 5(2 – y) = –3(2y + 2)

c) t - 5 - 1 = t - 3t + 14
2 3 3 12

d) x + 1 + 6x + 1 = 3x + 1
5 12 3
y 5 $ ^ y - 3h y - 3 y
e) + + =
3 12 4 2

1.5.2 Equações polinomiais do 2o grau

Chama­‑se equação polinomial do 2o grau na variável x, equação do 2o


grau ou equação quadrática, a qualquer expressão algébrica que possa
ser reduzida à forma: ax2 + bx + c = 0, com a, b, c ∈ R e a ≠ 0. Os
números reais a, b, c são chamados coeficientes da equação do 2o grau,
sendo que:

“a” é sempre o coeficiente de x2;


“b” é sempre o coeficiente de x;
“c” é chamado de termo independente ou termo constante.

Para encontrar a solução de uma equação do 2o grau, utilizaremos a


b ! b 2 - 4ac
fórmula de Bhaskara, x = - onde a expressão b2 – 4ac é
2a
chamada de discriminante da equação e usualmente é representada pela
b! D
letra grega D (delta). Assim, temos que x = - e podemos estudar
2a
o discriminante D da seguinte maneira:
UNIUBE 45

Se D > 0, a equação apresenta duas soluções (duas raízes) reais e


distintas:
b D b D
x' = - +   e  x" = - -
2a 2a

Se D = 0, a equação apresenta duas soluções iguais: x' = x" = – b .


2a
Se D < 0, a equação não apresenta soluções reais.

Exemplo 17

Vamos encontrar o conjunto solução da equação x2 – 2x – 3 = 0.


Temos: D = (–2)2 – 4 × 1 × (–3) = 16

Com este resultado, qual a interpretação que você pode fazer


em relação às raízes?

Se você respondeu que a equação possui duas raízes reais e diferentes,


acertou!

-^- 2h ! 16 2!4
x= =
2#1 2
2+4 6
x' = = =3
2 2
2-4 -2
x'' = = =- 1
2 2

O conjunto solução da equação, então, é: S = { –1, 3 }

Exemplo 18

Vamos resolver a equação x · (x – 10) = –25.


Neste caso, devemos reduzir a equação anterior para a forma ax2 + bx + c = 0.

Assim:
x · (x – 10) = – 25
46 UNIUBE

x2 – 10x + 25 = 0
Os coeficientes da equação são a = 1, b = –10, c = 25

O discriminante da equação tem valor igual a:

D = (–10)2 – 4 · 1 · 25
D = 100 – 100 = 0
Como D = 0, as duas raízes são reais e iguais.

-^- 10h ! 0 10
x= = =5
2^1 h 2

O conjunto solução da equação é S = {5}.

Exemplo 19

Ao resolver a equação 2x2 – x + 5 = 0, temos:


a = 2, b = –1, c = 5
D = (–1)2 – 4 · 2 · 5
D = 1 – 40 = –39

Como o D < 0, não há raízes reais.

Assim S = Ø, ou seja, o conjunto solução é vazio.

Até aqui, você estudou os métodos de resolução das equações


polinomiais de 1o e 2o graus, que se referem aos polinômios de grau 1 e
2 (maior expoente do polinômio). Mais adiante, nesse capítulo, você vai
estudar a resolução de algumas equações polinomiais com grau maior
ou igual a 3.

Agora, vamos apresentar a você simplificações que podem ser feitas


na resolução de algumas equações do segundo grau, denominadas
equações incompletas.
UNIUBE 47

1.5.3 Equações incompletas

Uma equação do 2o grau é incompleta, quando não apresenta o termo


bx, ou o termo c, ou ambos.

Todas as equações incompletas do 2o grau podem ser resolvidas


utilizando a fórmula de Bhaskara, no entanto as equações do tipo ax2
+ c = 0, em que b = 0, podem ser resolvidas isolando­‑se a variável x na
equação.

Exemplo 20

a) 3x2 – 27 = 0
Isolando­‑se a variável x na equação, tem­‑se:

3x2 = 27
x2 = 27
3
x2 = 9
x=± 9
x = ±3

O conjunto solução da equação é: S = { –3, 3 }

b) - x + 1 = 0
2

4
Resolvendo a equação, temos:

- x 2 = – 1  ×(–1)
4
x2
=1
4
x2 = 4

x=± 4

x = ±2
48 UNIUBE

O conjunto solução é: S = { –2, 2 }

c) 3x2 + 15 = 0

3x2 = –15

x2 = - 15
3
x2 = –5

x = ± -5

Como não há solução real para o valor da raiz quadrada de um número


negativo, o conjunto solução é vazio, ou seja, S = {  }.

As equações incompletas do 2o grau da forma ax2 + bx = 0, em que c =


0, podem ser resolvidas reescrevendo­‑se a equação como um produto
de dois termos. Esse procedimento é denominado fatoração e será
trabalhado mais detalhadamente em outra seção nesta unidade didática.

Exemplo 21

a) x2 + 15x = 0

A equação pode ser reescrita na forma x · (x + 15) = 0.

Observe que ao realizarmos o produto da expressão entre parênteses


pelo termo x, aplicando a propriedade distributiva, obteremos novamente
a equação x2 + 15x = 0.

Na expressão x · (x + 15) = 0, como o resultado é igual a zero,


necessariamente um dos fatores deve ser nulo. Dessa forma:
x + 15 = 0
x=0 ou
x = –15
Conjunto solução da equação é S = { 0, –15 }.
UNIUBE 49

b) 2x2 + 10x = 0

Reescrevendo a equação, temos: 2x · (x – 5) = 0. Assim:


2x = 0 x–5=0
ou
x=0 x=5

O conjunto solução é S = { 0, 5 }

IMPORTANTE!

Sempre que uma equação do segundo grau não apresentar o termo “c”, uma
de suas raízes será nula e a outra terá valor - b .
a

1.5.4 Dispositivo prático para determinar as raízes

É possível descobrir mentalmente as raízes de uma equação do 2o grau


e, assim, reduzir o tempo gasto durante a resolução de um problema.
Veja como isso é possível.

b D b D
Você sabe que x' = - + e x" = - - são as raízes da equação
2a 2a
de 2o grau, mas observe o que acontece ao somar e ao multiplicar as
mesmas.

Ao somarmos as raízes da equação ax2 + bx + c = 0, obteremos:

- b + b 2 - 4ac - b - b 2 - 4ac 2b b
a
x' + x'' = + =- =- a
2a 2a 2a b
x' + x" = – b , ou seja, S = – b (soma = S)
a a

Ao multiplicarmos as raízes da equação ax2 + bx + c = 0 entre si,


obteremos:
50 UNIUBE

b2 - ^ D h
2
-b + D -b - D b2 - D
x' $ x'' = c m$c m= =
2a 2a 4a 2 4a 2
b - ^b - 4ach
2 2
b 2 - b 2 + 4ac 4ac c
x' $ x'' = = = =
4a 2
4a 2
4a 2 a

x' · x" = c , ou seja, P = c (produto = P)


a a

Sabemos que a forma completa da equação de 2o grau é ax2 + bx + c = 0


e que, ao dividirmos todos os coeficientes por a ≠ 0, obteremos:
a 2 b c 0
x + x+ =
a a a a
b c
x2 + x + = 0
a a
No entanto, sabemos que S = – b e que P = c ,
a a

Logo, podemos escrever:

x2 – Sx + P = 0, em que o coeficiente a sempre é igual a 1.

IMPORTANTE!

Esse procedimento prático de determinar as raízes de uma equação


quadrática (ou equação do 2o grau) somente deve ser aplicado nos casos
em que o coeficiente “a” for igual a 1. Nos demais casos, a aplicação desse
método prático, apesar de possível, torna­‑se geralmente mais complexa que
o uso da fórmula de Bhaskara.

Exemplo 22

a) Determine a solução da equação x2 + 6x + 8 = 0.

Inicialmente, responda quais são os dois números que, ao serem


multiplicados, apresentam resultado igual a 8 e, ainda, somados resultam
em –6.
UNIUBE 51

Pensando em valores inteiros, é possível montar um quadro que auxilia


na determinação das raízes da equação:

x’ –1 1 2 –2
Possíveis raízes
x” –8 8 4 –4
Produto x’ · x” 8
Soma x’ + x” –9 9 6 –6

Como o produto entre as raízes deve ser –6, então as soluções da


equação são: x’ = –2 e x’’ = –4.

Determine a solução da equação –x2 + 7x + 18 = 0.

A princípio, você pode pensar que nesse exemplo não seria possível
aplicar o método prático, uma vez que temos a = –1.

No entanto, por meio de uma operação simples, podemos reescrever


a equação sem alterar o resultado de suas raízes e fazer com que o
coeficiente “a” passe a apresentar o valor igual a 1.

Podemos multiplicar os dois membros da equação por (–1) . Dessa


forma, teremos:

–x2 + 7x + 18 = 0 × (–1)
x2 – 7x – 18 = 0

Vamos, agora, tomar dois números que, ao serem multiplicados, resultem


no valor do termo c, ou seja, –18. Obtemos, assim, pares de valores x’ e
x”, que podem ser as raízes da equação.

x’ –1 1 2 –2 3 –3
Possíveis raízes
x” 18 –18 –9 9 –6 6
Produto x’ · x” –18
Soma x’ + x” 17 –17 –7 7 –3 3
52 UNIUBE

De acordo com o procedimento prático, além de o produto entre as raízes


resultar em –18, a soma dessas raízes deve ser igual ao negativo do
termo b, ou seja, – (–7) = 7.

Observando o quadro anterior, verificamos que a soma das raízes é


igual a –7 para o par de valores x’ = –2 e x” = 9, que são as soluções da
equação.

DICAS

Existem algumas equações do segundo grau em que, apesar de o


coeficiente “a” ser igual a 1, as raízes não são facilmente determinadas
pelo procedimento prático.

Geralmente, nesses casos, as raízes são números fracionários. Uma dica


é tentar realizar o procedimento prático adotando raízes inteiras, e caso
não seja possível atender às condições do produto e da soma das raízes,
deve­‑se abandonar o método prático e determinar as raízes pela fórmula
de Bhaskara.

Agora, você vai exercitar a resolução das equações quadráticas


resolvendo a atividade, a seguir.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 5
Determine o conjunto solução das seguintes equações:

a) –x2 + 9x – 20 = 0

b) 4x2 + 12x + 9 = 0

c) 7y2 + y = 0
UNIUBE 53

y 2 5y
d) - =0
6 4
e) (x + 3)2 = 4
x $ ^4x - 1h ^2 - x h2 4x 2 + 3x + 1
f) - =
6 9 9

1.6 Produtos notáveis

Na resolução de diversos problemas de matemática, é comum o


aparecimento de expressões do tipo (x – 5)2, (4 + p)3 ou (2x + 3 )2.
Devido à grande frequência com a qual esses termos aparecem no
cálculo algébrico, eles são denominados produtos notáveis.

O desenvolvimento destas expressões pode ser realizado simplesmente


levando­‑se em conta o conceito de potenciação e aplicando a propriedade
distributiva. Observe como exemplo o desenvolvimento de (x – 5)2:

(x – 5)2 = (x – 5) · (x – 5) = x2 – 5x – 5x + 25

(x – 5)2 = x2 – 10x + 25

No entanto, como o resultado do produto notável apresenta sempre


o mesmo formato, existem algumas regras práticas que podem
ser adotadas para desenvolver esses produtos. Essas regras são
apresentadas a seguir.

1. Quadrado da soma de dois termos:

(a + b)2 = (a + b) · (a + b) = a2 + 2ab + b2

O quadrado da soma de dois termos é igual ao quadrado do primeiro


termo mais duas vezes o produto do primeiro pelo segundo termo, mais
o quadrado do segundo termo. Veja alguns exemplos desse produto.
54 UNIUBE

a) (x + 3)2 = x2 + 2 · x · 3 + 32 = x2 + 6x + 9
b) (2a + 5)2 = (2a)2 + 2 · (2a) · 5 + 52 = 4a2 + 20a + 25

2. Quadrado da diferença de dois termos:

(a – b)2 = (a – b) · (a – b) = a2 – 2ab + b2

O quadrado da diferença de dois termos é igual ao quadrado do primeiro


termo menos duas vezes o produto do primeiro pelo segundo termo,
mais o quadrado do segundo termo. A seguir, temos alguns exemplos
do desenvolvimento desse produto:

a) (x – 2)2 = x2 – 2 · x · 2 + 22 = x2 – 4x + 4

b) (3x – 2)2 = (3x)2 – 2 · (3x) · 2 + 22 = 9x2 – 12x + 4

3. Produto da soma e diferença de dois termos:

(a + b) · (a – b) = a2 – ab + ab – b2 = a2 – b2

O produto da soma pela diferença de dois termos é igual ao quadrado


do primeiro termo menos o quadrado do segundo termo. A seguir, temos
alguns exemplos desse produto.

a) (x – 2) · (x + 2) = x2 – 4

b) (3x – 2) · (3x + 2) = (3x)2 – 22 = 9x2 – 4

c) c7y - 3x m $ c7y + 3x m = 49y 2 - 9x


3 3 6

5 5 25

1.6.1 Outros produtos notáveis

(a + b)3 = (a + b) (a + b)2 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3


(a – b)3 = (a – b) (a – b)2 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
(a + b + c)2 = a2 + b2 + c2 + 2ab + 2ac + 2bc
UNIUBE 55

EXEMPLIFICANDO!

Veja alguns exemplos:

a) (4 + p)3 = 43 + 3 · 42 · p + 3 · 4 · p2 + p3

(4 + p)3 = 64 + 48p + 12p2 + p3

b) (3x – 2)3 = (3x)3 – 3 · (3x)2 · 2 + 3 · 3x · 22 – 23

(3x – 2)3 = 27x3 – 54x2 + 24x – 8

Como já citamos anteriormente, os produtos notáveis aparecem


constantemente na resolução de problemas que são de nosso interesse.
Até agora, simplesmente apresentamos como se desenvolvem esses
produtos. Quando eles aparecem em equações, como (x + 3)2 – x = –2(x
– 3) + 3, o desenvolvimento do produto notável é apenas uma parte da
resolução do exercício:

x2 + 2 · x · 3 + 32 – x = –2x + 6 + 3
x2 + 6x + 9 – x = –2x + 6 + 3
x2 + 5x + 9 = –2x + 9
x2 + 5x + 9 + 2x – 9 = 0
x2 + 7x = 0

O restante do cálculo algébrico consiste na determinação da solução


da equação, ou seja, os valores da variável x que tornam verdadeira
a igualdade. Esse tipo de expressão já foi estudado por você nesse
capítulo, no tópico sobre equações do segundo grau. Não vamos resolver
essa equação, mas, caso se interesse, retome o item que trata desse
assunto.

Agora, é o momento de você exercitar o que estudou sobre produtos


notáveis. Faça a resolução da atividade seguinte para fixar os conceitos.
56 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 6

1. Simplifique as expressões, desenvolvendo os produtos notáveis e


agrupando os termos:

a) (3x + 7)2 + (x – 3)2

b) (5x – 4)2 – (2x + 5)2

c) 2x (x – 3)2 + 4x (3x – x2)

d) x (x – 1)2 – x2 (x + 1)

2. Se x2 + 16y2 = 67 e xy = 6, calcule o valor de (x + 4y)2.

3. Desenvolva os produtos a seguir:

a) (5 – 4a)2 b) (x + 2y3)2
1 2 1 2
c) c2 - xm d) c1, 4x + ym
2 2
e) (–a + 2)2 f) (–3x – y)2
1 3
3 2 2
g) c x + 3 m h) c x - y m
2 4 5

1.7 Fatoração

O processo de fatoração consiste, de forma simples, em reescrever uma


expressão como produto de dois ou mais termos.

No cálculo algébrico, em muitas situações, torna­‑se útil reescrever uma


expressão na forma de produto para simplificar a expressão. Veja como
é fácil fazer isso.

Quando os termos de um polinômio apresentarem um fator comum,


coloque­‑o em evidência e obtenha a forma fatorada do polinômio.
UNIUBE 57

Exemplo 23

a) Para fatorar a expressão mx – nx + px, é necessário identificar o fator


comum aos termos que, neste caso, é “x”. Ao colocar a variável x em
evidência teremos: x · (m – n + p)

EXPLICANDO MELHOR

Caso você queira confirmar a validação do processo, aplique a propriedade


distributiva e observe se a expressão obtida é correspondente à expressão
inicial.

b) Observe o polinômio ax + ay + bx + by. Nesse caso, agrupe os termos


que se repetem dois a dois e coloque os fatores comuns em evidência:

a(x + y) + b(x + y)

O polinômio apresenta ainda um novo fator comum, que pode ser


colocado em evidência completando a fatoração.

(x + y) · (a + b)

c) Expressões do tipo a2 – b2 podem ser obtidas, como mostramos


anteriormente nos produtos notáveis, como o produto da soma pela
diferença de dois termos, ou seja, a2 – b2 = (a + b) (a – b).

SINTETIZANDO...

A forma fatorada de uma diferença de dois quadrados é dada pelo produto


da soma pela diferença das bases destas potências, na ordem em que
aparecem.
58 UNIUBE

Exemplo 24

a) x2 – 49 = x2 – 72 = (x + 7)(x – 7)
b) m2 – 16n2 = (m + 4n)(m – 4n)
c) x - 9z 4 = c x - 3z 2 m $ c x + 3z 2 m
2

16 4 4

De forma semelhante ao que foi dito anteriormente para expressões


do tipo a2 – b2, o quadrado da soma (a + b)2 e o quadrado da diferença
(a – b)2, que resultam respectivamente nas expressões a2 + 2ab + b2 e
a2 – 2ab + b2, podem ser considerados como as formas fatoradas dessas
expressões.

As expressões a2 + 2ab + b2 e a2 – 2ab + b2 são denominadas trinômio


quadrado perfeito. Neste tipo de expressão, dois termos a2 e b2 são
quadrados perfeitos (você pode verificar isso extraindo a raiz quadrada
de ambos: a 2 = a e b 2 = b), e o terceiro termo é dado pelo dobro do
produto entre a e b (2ab).

Assim, temos as seguintes formas fatoradas:

a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 ou (a + b)(a + b)


a2 – 2ab + b2 = (a – b)2 ou (a – b)(a – b)

Exemplo 25

a) x2 + 6x + 9

Observe que x 2 = x, 9 = 3 e ainda: 2 · x · 3 = 6x

A forma fatorada de x2 + 6x + 9 é (x + 3)2 ou (x + 3) (x + 3)

b) 4x2 – 20x + 25

Observe que 4x 2 = 2x, 25 = 5 e ainda: 2 · 2x · 5 = 20x


UNIUBE 59

A forma fatorada de 4x2 – 20x + 25 é: (2x – 5)2 ou (2x – 5)(2x – 5)

c) x2 + 10x + 16

Temos que x 2 = x e 16 = 4

No entanto, 2 · 4 · x = 8x, que é diferente de 10x.

Assim, não é possível fatorar a expressão x2 + 10x + 16 em alguma das


formas (a + b)2 ou (a – b)2.

IMPORTANTE!

Existe, ainda, outra forma de se fazer a fatoração de expressões desse tipo,


ou seja, para expressões do tipo ax2 + bx + c, desde que existam x’ e x”,
soluções da equação ax2 + bx + c = 0, a expressão poderá ser fatorada na
forma a · (x – x’)(x – x”).

Veja, nas resoluções a seguir, que os exemplos anteriores também


poderiam ser fatorados por meio desse novo método:

a) x2 + 6x + 9

Resolvendo a equação x2 + 6x + 9 = 0 obtemos x' = x" = –3.

A forma fatorada fica, então, (x + 3)(x + 3)

b) 4x2 – 20x + 25

Resolvendo a equação 4x2 – 20x + 25 = 0, obtemos x' = x" = 5 .


2

A forma fatorada ficaria, então, 4 · c x - 5 m c x - 5 m .


2 2

Se você observar a expressão fatorada obtida pelo método anterior, verá


que ela é diferente dessa obtida agora. No entanto, podemos dizer que
as duas expressões são equivalentes, uma vez que 4 · c x - 5 m c x - 5 m
2 2
60 UNIUBE

= 2 · c x - 5 m · 2 · c x - 5 m o que resultaria em c2x - 2 $ 5 m · c2x - 2 $ 5 m


2 2 2 2

que é a mesma expressão fatorada mostrada anteriormente: (2x – 5)


(2x – 5) ou (2x – 5)2.

c) x2 + 10x + 16

Uma vantagem dessa nova técnica de fatoração que estamos


apresentando agora é a possibilidade de fatorar expressões como a
desse exemplo, que não é um trinômio quadrado perfeito. Se fizermos
x2 + 10x + 16 = 0, obtemos as raízes x' = –2 e x" = –8.

Assim, podemos fatorar a expressão x2 + 10x + 16 na forma (x + 2)(x + 8).

1.8 Simplificação de expressões algébricas

A simplificação de expressões consiste em escrever o numerador e o


denominador da fração algébrica na forma fatorada para, em seguida,
realizar a simplificação, dividindo os dois termos da fração por um
denominador comum.

IMPORTANTE!

É importante lembrar que o termo a ser simplificado deve ser diferente


de zero.

1.8.1 Divisão de monômios

As operações de divisão de monômios seguem basicamente as


propriedades de potenciação, principalmente relacionadas à soma/
subtração de potências de mesma base e/ou divisão do numerador e
do denominador da fração por um mesmo número inteiro. Observe os
exemplos a seguir:
UNIUBE 61

a) 15x y
4 3

2xy 2
3
15 x 4 y 3 15 x .x y. y 2 15 x 3 y
=
Realizando a simplificação: =
2 xy 2 2 xy 2 2

3
6
b) 12 ÷   . Desenvolve­‑se a potência e se faz o produto, com a devida
x
3 3
  x x3 x3
simplificação: 12 ÷   = 12.   = 12. =
  6 216 18

c) 18x 5
3

75x

O numerador e o denominador podem ser simplificados por 3 e, ainda, é


possível fazermos a simplificação das potências de mesma base. Temos:
18x 3 3 $ 6x 3
6
= =
75x 5
3 $ 25x x
2 3
25x 2

1.8.2 Outras operações com expressões algébricas

Apresentaremos, a seguir, outras operações envolvendo soma/subtração,


produto ou divisão de expressões algébricas.

IMPORTANTE!

O processo de simplificação de expressões necessita, fundamentalmente,


das operações de determinação do MMC (mínimo múltiplo comum) e
fatoração de expressões, estudadas por você anteriormente nesse capítulo.
Sempre que julgar necessário, volte ao texto e relembre esses conceitos.

Exemplo 26
2^ x + y h
a) 2x + 2y = =2
x+y x+y
62 UNIUBE

x 2 + 2xy + y 2 ^ x + y h2 ^x + y h $ ^x + y h x+y
b) = = =
x -y
2 2
^x + y h $ ^x - y h ^x + y h $ ^x - y h x-y

2 $ ^ x 2 - 9h 2 $ ^ x - 3h $ ^ x + 3h
c) 2x - 18 =
2

= = 2 $ ^ x - 3h ou 2x - 6
x+3 x+3 x+3

^ x - 2h $ ^ x - 3h ^ x - 2h $ ^ x - 3h
d) x - 5x + 6 = x-3 3 x
2

= = ou -
8 - 4x 4 $ ^2 - x h - 4 $ ^ x - 2h -4 4

e) 3 + x + 2
x x-2

Inicialmente, determinamos o MMC entre x e (x – 2), que é x·(x – 2). Após


determinarmos o MMC, realizamos a operação de soma normalmente:
3^ x - 2h + x^ x + 2h 3x - 6 + x 2 + 2x
=
3^ x -x2^hx+ -x2^hx + 2h 3x -x6^ x+-x22 h+ 2x
x 2 +x^5xx-
-26h =
= x^ x - 2h
^ x5-
x 2x+ 2 h6
x-
=
x^ x - 2h

f) 5w2 + 52z ' w - z


2 2

v -u v-u

Fatoramos o numerador e o denominador das duas frações e, para


realizar a operação de divisão, conservamos a primeira fração e
multiplicamos pelo inverso da segunda fração:

5^w + zh ^w - zh^w + zh 5( w + z ) v −u
' =
= (v − u )(v + u ) ( w − z )( w + z )
^v - uh^v + uh v-u

Em seguida, realizamos a simplificação dos termos que são iguais:

5 $ ^w + zh v-u 5
$ =
^v - uh^v + uh ^w - zh^w + zh ^v + uh^w - uh
UNIUBE 63

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 7

1. Nas expressões algébricas a seguir, faça as operações indicadas:

a) ^4b + 3c - ah + 2 $ c2a - 3 b - c m
2

b) c 1 xy - 3x 2 + 10y 2 m - 1 c xy - 1 x 2 + y 2 m
4 4 3

c) –2 ∙ (x – y + z2) + 4(z2 + y – x) + (1 – x – y)

d) c 3 x 2 y - 2zh m + c1 + 2zh + 2 x 2 y m - ^ x 2 y + 1h
5 5

e) (4a2b)(–7ab2)

f) (xy) ÷ (4xy2)

g) 4x2y2 ÷ 10xy3

2. Faça a fatoração das expressões seguintes:

a) 3x – 9y + 12

b) 2 x2y5 + 4 x3y4 – 2 x5y3


3 3 3
c) a – b
4 4

d) – 1 + 16a2
9
e) x2 + 5x – 14

f) x2 – 5x + 6

g) 2x2 – 7x + 3

h) x2 + x + 1
4
64 UNIUBE

3. Nas expressões indicadas a seguir, faça a fatoração e, em seguida,


simplifique a expressão:

a) 3x + 9x
2

3x

16xy 2 - 24x 2 y
b)
xy

c) 3x 5- 102x
4 2

x -x

d) x - 16
2

20 - 5x

e) 5x - 15
x 2 - 6x + 9

f) x + 10x + 25
2

x+5

g) 2x - 22
^ x - 1h

h) 5x 2 - 180
2

x + 6x

1.9 Radiciação e racionalização

Vamos, agora, estudar algumas propriedades das raízes quadradas,


cúbicas ou de ordem n qualquer (raiz n­‑ésima) e os processos de
racionalização de expressões.

A resolução de exercícios que envolvam raízes está relacionada à correta


aplicação das propriedades da radiciação. Essas propriedades estão
relacionadas às operações de potenciação, que já foram estudadas no
início desse capítulo.
UNIUBE 65

RELEMBRANDO

Sugerimos que você relembre as propriedades da potenciação.

As principais propriedades da radiciação, para m e n inteiros, m > 1 e n > 1,


são as seguintes:
1 m

a = a ou generalizando
n n
n n
am = a

n
a$b = n a $n b

a a
n
=n b!0
b b

^m a h = m a n
n

m n
a = n$m a

Exemplo 27
1 1

a) 4
81 = ^81h4 = ^3 4h4 = 3

b) 4 - 8 ⇒ não existe solução real, pois não há número real que, elevado
a um expoente par, resulte em um valor negativo
6

c) 3
64 = 3 2 6 = 2 3 = 2 2 = 4
3

- 8 = 3 ^- 2h3 = ^- 2h = 2−12= =
1
d) 3 3
2 −2
4 4 6

e) 16x 4 y 6 = 2 4 $ x 4 $ y 6 = 2 2 $ x 2 $ y 2 = 4x 2 y3

f) 12b8 = 2 2 $ 3 $ b8 = 2b 4 3
66 UNIUBE

IMPORTANTE!

Os processos de racionalização permitem que raízes sejam eliminadas


do denominador de algumas expressões fracionárias. É importante você
aprender esses processos, pois serão utilizados em outros momentos, em
outros capítulos.

Exemplo 28

a) 1 ; racionalizando temos: 1 $ 2 = 2
=
2
2 2 2 2 2 2

Observe que, ao fazer a racionalização da expressão, estamos


multiplicando essa expressão por uma fração que, numericamente, é
igual a 1 pois 2 = 1 . Assim, ao multiplicarmos a fração por 1, estamos
2
encontrando outra expressão equivalente à original, uma vez que o
produto por 1 não altera o valor numérico de nenhuma expressão
matemática.

b) c ; racionalizando, temos:
x-3

c c x-3 c x-3 c x-3


= $ = =
x-3 x-3 x-3 ^ x - 3h
2 x-3

c) a ; temos:
x +b

a a ^ x - bh a x - ab a $ ^ x - bh a x - ab
= $ = = ou
x + b ^ x - bh x-b x - b2
2
x +b x -b
2 2

d) 2x , racionalizando temos:
5-3 2
UNIUBE 67

2x 2x 5+3 2 2x $ ^5 + 3 2 h
= $ = =
5-3 2 5-3 2 5+3 2 25 - 9 $ 2

+ 63x 22 2x $ ^5 + 3 2 h
2x2$x^5 + 3 2 h 2x 10x5 -
= = ou $ = =
5 - 3 27 5 - 3 2 5 +73 2 25 - 9 $ 2

2x $ ^5 + 3 2 h 10x - 6x 2
Nos exemplos dos itens ou
= “c”, “d”, na operação de racionalização, toma­‑se
7 7
a expressão que está no denominador da função e troca­‑se o sinal de
soma/subtração que existe entre os dois termos. Essa expressão com
sinal trocado é denominada conjugado do denominador.

A operação de multiplicar o denominador pelo seu conjugado possibilita


que, no denominador, sempre apareça um produto da soma pela
diferença de dois termos, na forma (a + b) (a – b), que resulta em a2 –
b2 eliminando a raiz do denominador. O exemplo do item “e”, abaixo,
apresenta mais uma racionalização desse tipo.

3
e) , racionalizando, temos:
2 y+ 5

3 3 2 y- 5 3 ^2 y - 5 h 2 3y - 15
= $ = ou
2 y+ 5 2 y+ 5 2 y- 5 4y - 5 4y - 5

a
f) ; racionalizando, temos:
3
x-b

: a a
3
^ x - bh2 a $ 3 ^ x - bh2 a $ 3 ^ x - bh2
= $ = =
3
x-b 3
x-b 3
^ x - bh2 3
^ x - bh3 x-b
68 UNIUBE

PARADA OBRIGATÓRIA

Nesse último exemplo de racionalização, diferentemente do item “a”, a


expressão foi multiplicada por uma raiz de mesmo índice, porém o termo no
interior da raiz foi elevado ao quadrado.

Essa operação permite que a expressão no interior do radical apareça


elevada a um expoente igual ao índice do radical, permitindo que a raiz seja
eliminada. Veja outro exemplo semelhante:

2 2 5
^3x + 7h3 2 $ 5 ^3x + 7h3 2 $ 5 ^3x + 7h3
g) = $ = =
5
^3x + 7h2 5
^3x + 7h2 5
^3x + 7h3 5
^3x + 7h3 3x + 7

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 8

1. Determine o valor das seguintes raízes:

a) 256 d) 3 6
c- m
4
3
4

b) 4- 2 e) - 27
3 c m
1000

c) 48x6 y 4 f) 4x 2
c m
25

2. Racionalize as expressões a seguir:

a) 3 d) x
5 x +7

b) 2 e) 3
8 3
x+2

y+1 x-b
c) f)
y-2 8 - 2b
UNIUBE 69

1.10 Outras equações polinomiais e divisão de polinômios

1.10.1 Equações polinomiais com grau maior ou igual a 3

Relembramos como se resolvem equações polinomiais de primeiro


e de segundo graus. No entanto, também são comuns polinômios de
grau superior ou igual a três. Não vamos aqui abordar todas as técnicas
de determinação das raízes de um polinômio, mas sim apresentar
exemplos de equações polinomiais que recaem em equações do
primeiro e segundo grau. Também falaremos um pouco sobre a divisão
de polinômios, bastante útil na resolução de exercícios envolvendo a
fatoração e simplificação de expressões algébricas.

Exemplo 29

a) 3x4 – 12x3 = 0

Podemos realizar a fatoração da expressão reescrevendo com um produto


de dois termos, obtendo assim: 3x3(x – 4) = 0. Como a igualdade é nula,
então algum dos termos obrigatoriamente deve ser nulo. Temos, então:

3x3 = 0

x3 = 0 x–4=0
ou S = { 0, 4 }
x= 3
0 x=4

x=0

O conjunto­‑solução da equação é S = { 0, 4 }

b) x4 – 7x3 = 18x2

Para resolver a equação, devemos reescrevê­‑la com todos os termos


no primeiro membro da igualdade, e, em seguida, fazer a fatoração da
expressão.
70 UNIUBE

x4 – 7x3 – 18x2 = 0
x2 (x2 – 7x – 18) = 0

Igualamos, então, cada um dos termos do produto a zero, fazendo x2 =


0 ou x2 – 7x – 18 = 0 . Temos, então:

x2 – 7x –18 = 0
x =0
2
ou
x' = –2 ou x" = 9

O conjunto solução da equação é S = { –2, 0, 9 }

EXPLICANDO MELHOR

A resolução desse tipo de equação do segundo grau já foi tratada


anteriormente nesse capítulo e pode ser realizada pela fórmula de Bhaskara.
Não vamos detalhar aqui, novamente, a resolução da equação, mas, caso
queira, retome o item que trata desse assunto.

c) 8x2 = x5

Movendo as variáveis para um mesmo membro e colocando fatores


comuns em evidência, temos:

0 = x5 – 8x2 → x2 · (x3 – 8) = 0

Resolvendo as duas igualdades nulas possíveis para a equação, temos:

x3 – 8 = 0

x3 = 8
x =0
2
ou
x= 3
8

x=2
UNIUBE 71

O conjunto solução da equação é S = { 0, 2 }

d) 2x6 + 8x4 = –6x5

Novamente, colocamos todos os termos em um dos membros da


igualdade, fazendo com que o segundo membro fique nulo. Colocamos
fatores comuns em evidência e obtemos:

2x6 + 6x5 + 8x4 = 0 → 2x4 ∙ (x2 + 3x + 4) = 0

Resolvemos, então, as duas igualdades que se formam:

2x4 = 0 x2 + 3x + 4 = 0

x4 = 0 D = 32 – 4 ∙ 1 ∙ 4 = 9 – 16
ou
x=± 04
D = –7

x=0 não há raízes reais

Uma das equações que surgem não apresenta solução real, devido ao
sinal negativo do discriminante D. Assim, o conjunto solução é S = { 0 }.

Vamos agora falar um pouco sobre a divisão de polinômios. Na sequência


de seus estudos, você verá que essa técnica pode ser aplicada como
um processo de fatoração de uma expressão polinomial. Também vamos
mostrar, mais adiante nesse texto, alguns procedimentos que são úteis
para determinar as raízes de um polinômio.

1.10.2 Divisão de polinômios

Considere o polinômio p(x) = 3x4 + 4x3 + 14x2 + 20x – 5 e faça a divisão


deste polinômio por g(x) = x2 + 5.

Um método bastante utilizado para fazer esta divisão é comumente


denominado “método das chaves”. A forma de realizar a divisão é
72 UNIUBE

semelhante àquela utilizada para dividir dois números. Observe com


atenção a resolução desse exemplo:

Primeiro, deve­‑se tomar o termo de maior expoente do dividendo (p(x))


e dividi­‑lo pelo termo de maior expoente do divisor (g(x)). Temos, assim:
3x 4
= 3x 2 .
x2

IMPORTANTE!

O resultado da divisão anterior foi obtido utilizando­‑se da propriedade da


divisão de potências de mesma base, em que se conserva a base e se
subtraem os expoentes.

Colocamos o resultado encontrado no quociente. Assim, temos:

3x4 + 4x3 + 14x2 + 20x – 5 x2 + 5


3x2

Multiplica­‑se, então, o divisor pelo quociente, ou seja, (x2 + 5) ∙ 3x2 = 3x4


+ 15x2 e o resultado dessa multiplicação deve ser subtraído do dividendo.
Tem­‑se:

3x4 + 4x3 + 14x2 + 20x – 5 x2 + 5


– 3x4 + 4x3 – 15x2 + 20x – 5 3x2
4x3 –    x2 + 20x – 5

Novamente, tomamos os termos de maior expoente do novo dividendo


e do divisor e realizamos uma divisão entre esses dois termos. Agora,
temos: 4x2 = 4x .
3

Esse resultado é colocado no quociente e, em seguida, se repete o


processo de multiplicá­‑lo pelo divisor 4x ∙ (x2 + 5) = 4x3 + 20x e subtrair
do dividendo:
UNIUBE 73

3x4 + 4x3 + 14x2 + 20x – 5 x2 + 5


– 3x4 + 4x3 – 15x2 + 20x – 5 3x2 + 4x
4x3 –    x2 + 20x – 5
– 4x3 –    x2 – 20x – 5
– x2 + 20x – 5

Repetimos o processo tomando os termos com maior expoente no


dividendo e no divisor. Encontramos - x2 =- 1 , acrescenta­‑se esse
2

x
resultado ao quociente e se repete o processo de multiplicar esse
resultado pelo divisor, para, em seguida, subtrair do dividendo. Temos,
então:

3x4 + 4x3 + 14x2 + 20x – 5 x2 + 5


– 3x4 + 4x3 – 15x2 + 20x – 5 3x2 + 4x – 1
4x3 –    x2 + 20x – 5
– 4x3 –    x2 – 20x – 5
– x2 + 20x – 5
+ x2 + 20x + 5
0

Verificamos, então, que a divisão de p(x) por g(x) resulta no polinômio f(x)
= 3x2 + 4x – 1, ou seja, assim como o número 40 pode ser escrito como
um produto na forma 40 = 8 ∙ 5, é possível escrever p(x) = 3x4 + 4x3 + 14x2
+ 20x – 5 como um produto de g(x) por f(x) na forma p(x) = (x2 + 5)∙(3x2 +
4x – 1).

PARADA OBRIGATÓRIA

Nesse exemplo, o resto da divisão dos polinômios é nulo. No entanto,


há casos onde o resto da divisão é um número real ou ainda um termo
dependente de x. Vamos mostrar a seguir exemplos em que o divisor é um
polinômio do tipo x ± k com k ∈ R.
74 UNIUBE

É possível demonstrar que nesses casos, devido ao divisor ser um


polinômio de grau 1, o resto da divisão é nulo ou é um número real.
Não vamos nos ater a essas demonstrações matemáticas, pois não
são objetivos de nossos estudos, mas, a seguir, apresentamos alguns
exemplos desse tipo de divisão:

a) Faça a divisão de g(x) = 3x4 – 2x2 – 40 por f(x) = x – 2

No polinômio do dividendo, há alguns coeficientes nulos, uma vez


que não aparecem os termos em que a variável tem expoentes 3 e 1.
Um procedimento que costuma ajudar você a visualizar as operações
realizadas é completar o polinômio com esses termos de coeficientes nulos:

3x4 + 0x3 –   2x2 +   0x – 40 x–2

O processo de divisão que será realizado segue os procedimentos


anteriores. Fazemos a divisão entre os termos de maior expoente
3x 4
= 3x 3 , acrescentamos ao quociente, multiplicamos pelo divisor e
x
subtraímos do dividendo.

3x4 + 0x3 –   2x2 +   0x – 40 x–2


– 3x + 6x –   2x +   0x – 40
4 3 2
3x3
6x3 –   2x2 +   0x – 40

DICAS

Observe que o fato de termos acrescentado os termos de coeficiente nulo


contribui para que não se faça confusão na subtração dos termos, sempre
realizando essa operação com os termos de mesmo expoente.
UNIUBE 75

O processo, então, continua como foi descrito no exemplo anterior.

3x4 + 0x3 –   2x2 +   0x – 40 x–2


– 3x4 + 6x3 –   2x2 +   0x – 40 3x3 + 6x2 + 10x + 20
6x3 –   2x2 +   0x – 40
– 6x3 + 12x2 +   0x – 40
10x2 +   0x – 40
– 10x2 + 20x – 40
20x – 40
– 20x + 40
0

Mais uma vez, podemos utilizar o raciocínio da divisão de dois números,


dividendo = divisor ∙ quociente + resto, para escrever:
3x4 – 2x2 – 40 = (x – 2) ∙ (3x3 + 6x2 + 10x + 20) + 0
dividendo divisor quociente resto

b) Faça a divisão de g(x) = 2x3 + 6x – 10 por f(x) = x + 5

2x3 +   0x2 +   6x –   10 x+5


– 2x – 10x +   6x –   10 2x – 10x + 56
3 2 2

– 10x2 +   6x –   10
+ 10x2 + 50x –   10
56x –   10
– 56x – 280
– 290

De forma semelhante ao que fizemos no exemplo anterior, podemos


escrever:

g(x) = 2x3 + 6x – 10 = (x + 5) ∙ (2x2 – 10x + 56) – 290

Para os casos em que o divisor é do tipo d(x) = x ± k com k ∈ R, há também


outra forma bastante ágil de se fazer a divisão, denominada método de
Briot Ruffini.
76 UNIUBE

Nesse processo, primeiro igualamos o polinômio divisor a zero e isolamos


o “x” nessa igualdade. Vamos, aqui, chamar de “A” esse resultado
encontrado para x. Em seguida, montamos uma espécie de “quadro”
onde se colocam os coeficientes do dividendo em ordem decrescente e
o termo “A” encontrado.

Coeficientes do polinômio
A

Vamos resolver novamente os dois exemplos anteriores utilizando este


método e explicando o processo:

a) Dividindo g(x) = 3x4 – 2x2 – 40 por f(x) = x – 2

Igualando o polinômio divisor a zero, temos: x – 2 = 0. Resolvendo essa


equação, obtemos x = 2, ou seja, A = 2.

Com os coeficientes 3, 0, –2, 0 e –40, respectivamente referentes aos


coeficientes dos termos x4, x3, x2, x e ao termo independente –40 e, ainda,
com o valor de “A” obtido anteriormente, montamos o quadro a seguir:

3 0 –2 0 –40
2

Depois de montar o quadro, repete­‑se o coeficiente do termo de maior


expoente embaixo dele mesmo:

3 0 –2 0 –40
2 3

Em seguida você vai realizar operações de produto e soma da seguinte


forma: multiplicamos o número 3 que foi escrito na segunda linha pelo
número “A”, e somamos o resultado obtido nesse produto ao número
UNIUBE 77

0, que é o próximo coeficiente da primeira linha. O resultado obtido


é adicionado à segunda linha, ao lado do primeiro coeficiente que foi
repetido.

3 0 –2 0 –40
2 3 6

Você compreendeu a operação realizada?

Vamos novamente explicar utilizando uma expressão. O número 6,


adicionado à segunda linha, foi obtido como resultado da operação 2 ∙
3 + 0 = 6.

Agora repetimos o procedimento descrito anteriormente para o número 6


que foi adicionado à segunda linha. Fazemos: 2 ∙ 6 + (–2) = 10.

3 0 –2 0 –40
2 3 6 10

Repetimos então o processo até preencher totalmente a segunda linha.

3 0 –2 0 –40
2 3 6 10 20 0

–40 + 20 · 2 = 0
0 + 10 · 2 = 20
–2 + 6 · 2 = 10
0+3·2=6
78 UNIUBE

Os números que aparecem na segunda linha do quadro são os


coeficientes do polinômio resultante da divisão, sendo que o último
número dessa segunda linha indica o resto da divisão.

IMPORTANTE!

É interessante ressaltarmos que a divisão de um polinômio p(x) de grau N, por


outro polinômio q(x) de grau M, resulta num polinômio de grau N – M. Dessa
forma, os números que aparecem na segunda linha do quadro indicam o
polinômio 3x3 + 6x2 + 10x + 20, de grau 3, resultado da divisão de um
polinômio de grau N = 4, por outro de grau M = 1.

b) Dividindo g(x) = 2x3 + 6x – 10 por f(x) = x + 5

Encontramos, primeiro, o valor do número “A” fazendo x + 5 = 0 e


obtendo x = –5. Temos, então, A = –5. Juntamente com os coeficientes
do dividendo, montamos o quadro:

2 0 6 –10
–5 2

Agora, é só você realizar os procedimentos descritos no exemplo anterior


e preencher a segunda linha do quadro.

2 0 6 –10
–5 2 –10 56 –290

–10 + 56 · (–5) = –290


6 + (–10) · (–5) = 20
0 + 2 · (–5) = 10

A segunda linha do quadro indica o polinômio 2x2 – 10x + 56, que é o


quociente da ­divisão e, ainda, o resto – 290.
UNIUBE 79

A divisão de polinômios será utilizada para a resolução de exercícios que


envolvam limites indeterminados. Esse assunto será estudado por você
nos próximos capítulos.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 9

1. Resolva as equações a seguir:

a) x5 – 12x3 = 0 b) x3 – 7x2 = –12x

2. Em cada um dos itens a seguir, faça a divisão do polinômio f(x) por h(x):

a) f(x) = x5 – 12x2 + 8x e h(x) = x – 2

b) f(x) = 7x3 – 13x2 + 5 e h(x) = x + 3

1.11 Introdução aos números complexos

Até agora, em nossos estudos das equações e conjuntos, utilizamos


o conjunto dos números reais nos quais se encontravam as soluções
de quase todas as equações desenvolvidas. Vamos admitir, agora, a
existência da equação x2 + 1 = 0.

Sabemos que essa equação não tem solução no campo dos números
reais, pois não existe nesse campo raiz quadrada de número negativo
(x = –1 ) . Para que essas equações apresentassem solução, houve
necessidade de ampliar o universo dos números. Criou­‑se, então, um
número cujo quadrado é igual a –1.

Vamos conhecê­‑lo!

Esse número é representado pela letra i, sendo denominado unidade


imaginária. É definido por: i 2 = –1.
80 UNIUBE

Ao grupo de números que possuem uma parte imaginária, dá­‑se o


nome de conjunto dos números complexos, simbolizado por C. Veja os
exemplos seguintes:

Resolva as equações a seguir, considerando o conjunto C:

a) 2 x2 + 18 = 0

Isolando a variável x, temos:

2x2 = –18

x2 = –9

x = ± –9 = ± 9 · –1

x = ±3i O conjunto solução é S = { 3i, –3i }

b) x2 – 2x + 5 = 0

A equação deverá ser resolvida aplicando­‑se a fórmula de Bhaskara:

-b ! D -^- 2h ! - 16
x= =
D = (–2)2 – 4 · 1 · 5 2a 2$1
2 ! 4i 2 $ ^1 ! 2i h
x= =
D = –16 2 2
x' = 1 + 2i ou x" = 1 - 2i

O conjunto solução da equação é S = { 1 + 2i, 1 – 2i }.

Fizemos apenas uma pequena introdução ao universo dos números


complexos, somente para ilustrar a existência de soluções para algumas
equações que, até agora, se apresentavam sem solução no universo dos
números reais.
UNIUBE 81

1.12 Determinando as raízes de um polinômio

Vamos voltar ao estudo dos polinômios, agora falando sobre como


determinar as raízes de um polinômio p(x), que são os valores de x = c,
tais que p(c) = 0. A divisão de polinômios será utilizada como auxiliar na
determinação das suas raízes.

Antes, é preciso mencionar que todo polinômio com raiz x = c, ao ser


dividido por uma expressão do tipo x – c, sempre resulta em resto nulo.
Essa propriedade pode ser demonstrada, mas por não ser nosso objetivo
nesse momento, apenas citamos sua existência.

As raízes de um polinômio podem ser números racionais, irracionais


ou até mesmo complexos. Vamos nos ater na determinação das raízes
racionais de um polinômio, ou seja, as raízes que têm a forma de frações
p
, cuja divisão pode resultar em valores inteiros ou decimais.
q

Uma boa estimativa das raízes de um polinômio pode ser feita a partir dos
valores do termo independente e do coeficiente principal do polinômio
(coeficiente do termo de maior expoente). O valor de uma das raízes
p
pode ser estimado por x = , em que p é um fator primo do termo
q
independente e q é um fator primo do coeficiente principal do polinômio.

Veja o exemplo das raízes do polinômio g(x) = 3x4 – 2x2 – 40:

Fazendo uma estimativa das raízes pelos fatores primos de –40 e de 3:


p fatores de - 40 ! 1 ! 2 ! 5 1 2 5
= : : ! 1, ! 2, ! 5, ! , ! , !
q fatores de 3 !1 ! 3 3 3 3

Com os valores estimados, podemos fazer uma verificação das raízes


com os valores inteiros. Tem­‑se:

g(1) = g(–1) = –39    g(2) = g(–2) = 0    g(5) = g(–5) = 1785


82 UNIUBE

Verificamos, então, que 2 e – 2 são raízes do polinômio g(x), ou seja,


esse polinômio, ao ser dividido por x – 2 ou x + 2 , resulta em resto zero.
Dessa forma podemos tomar o polinômio original e realizar essas duas
divisões em sequência, obtendo um polinômio do segundo grau, cujas
raízes poderão ser determinadas utilizando­‑se a fórmula de Bhaskara, já
vista anteriormente na resolução de equações do segundo grau.

A divisão de g(x) = 3x4 – 2x2 – 40 por x – 2 já foi apresentada em exemplos


anteriores, resultando em resto nulo e no quociente h(x) = 3x3 + 6x2 + 10x + 20.

Fazemos, então, a divisão desse polinômio h(x) por x + 2, utilizando o


método de Briot Ruffini:

3 6 10 20
–2 3 0 10 0

O resultado da divisão é o polinômio 3x2 + 10 e o resto, como já havíamos


citado anteriormente, é nulo.

Logo, podemos reescrever g(x) como g(x) = (x – 2) · (x + 2) · (3x2 + 10).


Ao tentarmos determinar as raízes da parcela 3x2 + 10,verificamos que
esse termo não tem raízes reais, uma vez que na fórmula de Bhaskara
o discriminante D resulta num valor negativo.

Assim, as soluções reais da equação 3x4 – 2x2 – 40 = 0 são S = { –2, 2 }.

Vale ressaltar novamente que um polinômio pode apresentar raízes


irracionais, que não poderiam ser determinadas por estas estimativas.
Ainda assim, este método, de determinação das raízes reais de um
polinômio, é bastante útil em muitos casos que são de nosso interesse.
UNIUBE 83

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 10

1. Determine as soluções complexas das seguintes equações:

a) – 3x2 – 12 = 0

b) x2 + 2 5 x + 9 = 0

2. Determine as raízes reais dos polinômios a seguir:

a) f(x) = x3 – 9x2 + 26x – 24

b) f(x) = 2x3 + 2x2 + 10x + 10

Resumo
Neste capítulo, abordamos vários assuntos fundamentais da álgebra
elementar e de conjuntos. Dentre eles, destacamos:
• os conjuntos numéricos, suas representações e propriedades;
• as frações e as operações de simplificação;
• as operações de potenciação, radiciação e racionalização;
• os produtos notáveis;
• as equações numéricas e algébricas;
• a divisão de polinômios.

Referências
ANTON, H. Cálculo. 8. ed. Bookman, 2006. v. 1.

HOWARD, Anton; RORRES, Chris. Álgebra linear com aplicação. Porto Alegre:
Bookman, 2001.

BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral 1. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2001.
84 UNIUBE

DEMANA, Franklin D. et al. Pré­‑cálculo. São Paulo: Addison Wesley, 2009.

MACHADO, Nilson. A matemática não é consenso. Folha de São Paulo. São Paulo,
29 jun. 2007.

SILVA, Sebastião Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores. São
Paulo: Atlas, 2002.

THOMAS, George B. J. et al. Cálculo. 10. ed. v. 1. São Paulo: Pearson Addison
Wesley, 2002.

WIKIPEDIA. Número de Euler. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%


BAmero_de_Euler>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Funções matemáticas
Capítulo
elementares: um estudo
2 sobre as principais
funções de uma variável
Adriana Rodrigues
Anderson Osvaldo Ribeiro
Emerson Reis Dias

Introdução
Dando continuidade aos seus estudos, neste momento,
iniciaremos uma abordagem sobre as funções matemáticas. Para
tanto, enfocaremos suas expressões gerais, representação por
meio de gráfi cos cartesianos e, também, algumas aplicações das
funções em problemas práticos.

Você perceberá que, constantemente, será necessário, na


resolução dos problemas propostos, que se apliquem os
conceitos sobre resolução de equações polinomiais, expressões
numéricas, fatoração, produtos notáveis e todos os demais
conceitos estudados no capítulo anterior. Assim, para a adequada
compreensão do estudo das funções, revise os métodos de
solução de equações e das expressões numéricas sempre que
necessário.

De forma geral, as funções são utilizadas para modelar situações


de fenômenos da vida real e permitir sua compreensão por meio
de conceitos matemáticos.
86 UNIUBE

Imagine as seguintes situações:

1. Um vendedor tem um salário fixo de R$ 400,00 mais uma


comissão de 2% sobre as vendas. Como será a composição de
seu ganho mensal?

Provavelmente, você deve ter visualizado que, para obtermos


o ganho mensal do vendedor, precisamos considerar que seu
cálculo será em função do valor total das vendas no mês.

Logo...

O ganho mensal depende do valor total das vendas no mês.

2. Considerando um campeonato de futebol, como podemos


explicar a composição dos pontos obtidos por um time?

Novamente, o total de pontos obtidos por um time é dado em


função do número de vitórias e empates que esse time teve
durante o campeonato.

Logo...

O total de pontos obtidos depende do número de vitórias e


empates.

Essas são pequenas ilustrações do uso cotidiano de relação entre


duas ou mais grandezas quaisquer e que podem ser descritas por
meio de uma função matemática.
UNIUBE 87

A palavra função nos dois exemplos citados nos remete


a quê?

Observe que ela nos indica uma relação entre duas grandezas
matemáticas distintas, ou seja, entre dois valores numéricos. Na

função matemática, um dos valores depende diretamente do outro,


ou em outras palavras, uma das grandezas é função da outra.

As funções estão presentes na modelagem do movimento dos


corpos, com as funções de posição, velocidade e aceleração; no
estudo dos circuitos elétricos com as funções de tensão e em
diversas outras aplicações. São encontradas também no estudo
de modelos econômicos, na análise de receita e custos marginais,
nas funções de demanda e de oferta de um determinado produto,
entre outros exemplos.

Dessa forma, torna­‑se importante estudar o comportamento das


funções para compreender e equacionar situações­‑problema,
como as apresentadas anteriormente.

Nesse capítulo, realizaremos uma abordagem geral das funções,


seus conceitos, formas gráficas, domínio, imagem e alguns
problemas de aplicação. Esses conceitos já foram estudados
anteriormente por você no Ensino Médio, mas como são
importantes para os demais capítulos que serão estudados por
você, essa reabordagem pretende lhe fornecer subsídios para
seus estudos futuros.
88 UNIUBE

Objetivos
Ao final dos estudos desse capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
• formular a expressão matemática (lei de formação) de
uma função elementar a partir de informações sobre seu
comportamento;
• identificar situações­‑problema solucionáveis por meio do
emprego de funções de uma variável;
• resolver problemas de aplicação das funções elementares
em situações práticas do cotidiano;
• construir os gráficos cartesianos das funções de uma variável;
• analisar os gráficos de algumas funções elementares e
determinar a lei de formação dessas funções a partir do seu
gráfico.

Esquema
2.1 Introdução a funções
2.2 Domínio, contradomínio e imagem da função
2.3 Inequações do 1o grau
2.4 Estudo do domínio de uma função
2.5 Espaço bidimensional e pares ordenados
2.6 Função afim ou função do 1o grau
2.6.1 Construção de gráficos de funções do 1o grau ou lineares
2.6.2 Estudo do crescimento e decrescimento de uma função
por meio do coeficiente angular
2.6.3 Variação do sinal da função do 1o grau
2.7 Função constante
2.8 Função quadrática ou função do 2o grau
2.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas
2.8.2 Sinal da função quadrática
UNIUBE 89

2.9 Inequações do 2o grau


2.10 Função composta
2.11 Outras funções polinomiais e funções racionais
2.12 Funções definidas por diferentes sentenças

2.1 Introdução a funções

Anteriormente apresentamos a você duas situações que poderiam ser


expressas por meio de funções matemáticas. Vamos, agora, retomar
esses exemplos e aproveitar para desenvolver alguns conceitos.

Recapitulando o primeiro exemplo:

O ganho mensal de um vendedor, que tem um salário fixo de R$ 400,00


mais uma comissão de 2% sobre as vendas, pode ser calculado em
função do valor total das vendas no mês.

Nesse caso as grandezas relacionadas são o ganho mensal do vendedor


e o total das vendas realizadas no mês. Essa situação poderia ser
descrita matematicamente da seguinte forma: S = 400 + 2 · x, onde
100
S representaria o ganho mensal e x o total de vendas do mês.

Observe que, na função anterior, o termo 2 · x indica a comissão de


100
2% que o vendedor ganha sobre o total das vendas do mês, enquanto
o valor 400 está relacionado ao salário fixo do vendedor. Vamos
exemplificar algumas situações para que você verifique que essa função
realmente descreve a situação mencionada no exemplo. Observe:

Para R$ 1000,00 de vendas, o salário obtido pelo vendedor seria:

S = 400 + 2 · 1000
100
S = 420 R$
90 UNIUBE

Para R$ 3.500,00 de vendas, o salário seria:

S = 400 + 2 · 3500
100
S = R$470,00

Se num determinado mês esse vendedor não conseguisse realizar


nenhuma venda, o salário que ele ganharia seria o valor fixo de R$
400,00.

Considerando os desenvolvimentos anteriores, como você


descreveria essa situação?

Se você considerou que ela pode ser descrita quando se adota o valor 0
para as vendas do mês, acertou. Assim, podemos escrevê­‑la da seguinte
forma:

S = 400 + 2 · 0
100
S = R$400,00

Seria possível, ainda, com essa função, determinar qual foi o total de
vendas de um mês, a partir de um determinado valor conhecido de
salário. Vejamos um exemplo:

Suponha que o salário do vendedor em um determinado mês tenha sido


R$ 537,00.
Qual teria sido o total de vendas realizado nesse mês pelo
vendedor?

Nessa situação, conhecemos o valor do salário, ao substituirmos na função


S = 400 + 2 · x temos a seguinte equação: 537 = 400 + 2 · x.
100 100

Para resolver essa equação, basta isolar a variável x em um dos


membros da igualdade. Passamos, então, o 400 para o primeiro membro
subtraindo e obtemos:
UNIUBE 91

537 – 400 = 2x → 137 = 2x


100 100

O número 100 que está no denominador do segundo membro pode


passar para o primeiro membro da igualdade multiplicando e o número
2, em seguida, pode passar dividindo o resultado obtido: Temos, então:

137 · 100 = 2x → 13700 = x


2
100
x = 6850 100

Assim, o total de vendas realizado pelo vendedor seria de R$ 6.850,00


em um mês onde ele tenha recebido um salário de R$ 537,00.

Observe, agora, o segundo caso descrito anteriormente como exemplo


de função:

Em um campeonato de futebol, o total de pontos obtidos por um time é


dado em função do número de vitórias e empates que esse time teve
durante a competição.

Nesse exemplo, a pontuação obtida pelo time poderia ser expressa pela
função P = 3·m + 1·n, em que P indicaria a pontuação total do time, m
o número de vitórias e n o número de empates, considerando que cada
vitória seja equivalente a três pontos e cada empate a um ponto.

PONTO-CHAVE

Vamos aproveitar esses exemplos para fazer uma diferenciação entre as


duas funções apresentadas.

No caso do salário do vendedor, S = 400 + 2 · x indica uma função de


100
uma variável, em que o ganho mensal depende unicamente do total de
vendas.
92 UNIUBE

Já na função P = 3·m + n, a pontuação obtida pelo time depende do número


de vitórias e do número de empates, ou seja, a pontuação é uma função de
duas variáveis. Matematicamente, poderíamos escrever S = f(x) (leia­‑se S é
função de x) e P = f(m,n) (leia­‑se P é função de m e n).

Utilizamos a função de duas variáveis apenas para exemplificar uma


situação cotidiana que pode ser descrita por meio de uma função, mas
nessa unidade vamos focar o estudo das funções de uma variável.

As expressões matemáticas S = 400 + 2 · x e P = 3m + n são


100
denominadas leis de formação das funções e representam a relação
que existe entre as grandezas representadas na função.

Na função salário, S é a variável dependente e x a variável independente.


É comum utilizarmos y para a variável dependente (valor da função), e
assim podemos escrever y = f(x).

Observe que no exemplo da função salário, então, escrever a função de


três formas equivalentes:

S = 400 + 2 · x ou S(x) = 400 + 2 · x ou y = 400 + 2 · x


100 100 100

Até agora, somente exemplificamos situações que poderiam ser


descritas por funções matemáticas. Vamos apresentar, a seguir, algumas
definições que se aplicam a toda e qualquer função matemática. Antes
de prosseguir com a leitura do texto, aproveite para reforçar a ideia geral
de função:

Uma função y = f(x) é, de forma simples, uma relação matemática entre


duas grandezas x e y, sendo uma delas a variável independente (x) e a
outra a variável dependente, ou valor da função (y).
UNIUBE 93

PESQUISANDO NA WEB

Visite o site <www.somatematica.com.br> e aprofunde seus conhecimentos


sobre o assunto tratado até aqui.

2.2 Domínio, contradomínio e imagem da função

As funções relacionam os elementos de dois conjuntos numéricos A e B,


de forma que todos os elementos do conjunto A se relacionem a um, e
somente um, elemento do conjunto B.

Podemos expressar esta relação na forma f : A → B (leia­‑se função de


A em B), em que a variável independente pertence ao conjunto A, e a
variável dependente pertence ao conjunto B.

Na função f : A → B, o conjunto A é denominado domínio da função, e o


conjunto B é chamado de contradomínio. Ao subconjunto dos elementos de
B que se relacionaram com conjunto A chamamos de imagem da função.

Os exemplos a seguir vão contribuir para que você entenda, de uma


melhor forma, as diferenças entre domínio, contradomínio e imagem de
uma função.

Exemplo 1

Considere os conjuntos A = { –1, 0, 1, 2, 4, 7 } e B = { 0, 1, 2, 3, 4, 5,


7, 10, 12 } e a relação matemática y = x + 3. Verifique se essa relação
representa uma função f : A → B com y = f(x).

Resolução

Para verificar se a expressão indica uma função, é preciso que os


valores de x sejam substituídos na expressão, calcular o valor de y
94 UNIUBE

correspondente a cada um dos valores de x e, ainda, observar se todos


os valores de x do conjunto A encontram valores de y no conjunto B para
formarem os pares ordenados função.

Vamos tomar os valores de x = –1 e x = 2 para exemplificar esses


cálculos. Substituindo esses valores no valor de x da expressão, temos:

y = –1 + 3 y=2+3
e
y=2 y=5

Caso você procedesse de forma semelhante com os demais valores de


x do conjunto A, encontraria os valores de y indicados a seguir:

x –1 0 1 2 4 7
y 2 3 4 5 7 10

PARADA OBRIGATÓRIA

Todos os valores de “y” existem em B? Observe com atenção se todos os


valores encontrados para y por meio da expressão y = x + 3 existem no
conjunto B. Nesse caso, os elementos 2, 3, 4, 5, 7 e 10 encontrados para y
existem no conjunto B.

Todos os elementos do conjunto A encontraram valores no conjunto B,


para se relacionarem. Assim, a relação y = x + 3 indica, para os conjuntos
A e B anteriores, uma função f : A → B em que são formados os seguintes
pares ordenados (x, y), com x ∈ A e y ∈ B:

(–1,2), (0,3), (1,4), (2,5), (4,7) e (7,10).

Há uma forma de se representar essa relação matemática por meio de


diagramas. Visualmente essa maneira de se mostrar a relação entre os
conjuntos A e B auxilia no entendimento do que são o domínio, contradomínio
e a imagem da função. Observe com atenção a Figura 1 a seguir:
UNIUBE 95

B
0

A 1
–1
2
0
3
1
4
2
5
4
7
7
10

12

Figura 1: Relação entre conjuntos.

Veja que representamos os pares ordenados que foram gerados por meio
da relação y = x + 3, para a função f : A → B com y = f(x). Nessa função,
podemos então identificar:

O conjunto domínio: Df = A

O conjunto contradomínio: CDf = B

O conjunto imagem é dado parte do conjunto B que se “ligou” ao conjunto


A por meio da relação y = x + 3. Assim temos: Imf = { 2, 3, 4, 5, 7, 10 }.

IMPORTANTE!

Tome cuidado para não se equivocar com a definição de função!


96 UNIUBE

Para que uma relação matemática entre dois conjuntos A e B represente


uma função de A em B, ou seja, f : A → B, é necessário que todos
os elementos do conjunto A encontrem imagens no conjunto B. Nesse
exemplo, existem os elementos 0, 1 e 12 que não se relacionaram ao
conjunto A.

No entanto, não há restrição para que “sobrem” elementos do conjunto


B sem se relacionarem ao conjunto A. Apenas deve­‑se ficar atento para
que não haja confusão entre o conjunto contradomínio e o conjunto
imagem. Podemos entender o contradomínio como os possíveis valores
para as imagens da função, enquanto o conjunto imagem é a “porção”
do contradomínio B que se tornou imagem do conjunto A.

PARADA PARA REFLEXÃO

Uma relação entre dois conjuntos sempre representará uma função?

Nesse próximo exemplo, você verá que nem sempre uma relação entre
dois conjuntos representa uma função. Se algum dos elementos do
conjunto A não encontrar um elemento no conjunto B para se relacionar e
formar um par ordenado, a relação entre os conjuntos não é uma função.

Exemplo 2

Vamos, novamente, considerar os conjuntos A = { –1, 0, 1, 2, 4, 7 } e


B = { 0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 12 } e mostrar que a relação y = 2x não é uma
função de A em B.

Resolução

Substituindo os valores de x ∈ A na expressão y = 2x, obtemos para y


os valores indicados na tabela abaixo:
UNIUBE 97

x –1 0 1 2 4 7
y –2 0 2 4 8 14

Observe que a relação y = 2x permitiu que se formassem os seguintes


pares ordenados (x,y), com y ∈ B: (0,0), (1,2), (2,4). Os elementos –1,
4 e 7, pertencentes ao conjunto A, não encontram imagens no conjunto
B para se relacionarem. Dessa forma, essa relação matemática não
representa uma função f : A → B.

SINTETIZANDO...

Toda função de A em B é uma relação entre esses conjuntos, mas nem toda
relação entre os conjuntos A e B é uma função f : A → B

Na resolução dos exercícios sobre funções você verá que, em muitos


casos, não há referência ao conjunto domínio da função ou preocupação
em verificar se uma expressão matemática é ou não função. Nesse tipo
de exercício, uma determinada relação já é apresentada como função,
e a resolução do problema consiste em determinar certo valor da função
ou ainda encontrar o elemento do domínio que produz certa imagem na
função. Leia com atenção os exemplos resolvidos a seguir:

Exemplo 3

a) Determine a imagem fornecida pela função f(x) = 5x – 12 x + 7 para


o elemento 9.

Para resolver o exercício, basta substituir o valor de x = 9 na função, e,


em seguida, calcular o valor da função para esse elemento do domínio.

f(9) = 5·9 – 12 9 + 7 = 45 –12·3 + 7


f(9) = 45 – 36 + 7
f(9) = 16
98 UNIUBE

Assim, a imagem fornecida para o número 9 é igual a 16.

b) Considere a função f(x) = 5x – 12. Determine o elemento do domínio


3
que tem imagem igual a 13.

Nesse caso, como foi fornecida a imagem da função, devemos substituir


o valor 13 para a função e determinar o valor de x na equação que irá
aparecer. Temos: 13 = 5x – 12.
3

Para resolver essa equação, vamos isolar o termo com a variável x,


deslocando o valor –12 para o primeiro membro da igualdade. Obtemos:

13 + 12 = 5x → 25 = 5x
3 3

Terminando a resolução da equação, basta isolar a variável x. Para isso


o número 3 passa para o primeiro membro multiplicando e o número 5
vai dividindo o valor obtido nesse produto. Temos:
25 $ 3
= x → x = 15
5

Assim, o elemento do domínio que fornece imagem igual a 13 é o número 15.

c) Encontre os valores de x que tornam nula a imagem da função


f(x) = x2 – 6x

Se a função tem imagem nula, então f(x) = 0, o que resulta na equação


x2 – 6x = 0.

DICAS

O método de solução de equações desse tipo já foi estudado por você no


capítulo anterior. Deve­‑se utilizar o método de resolução pela fórmula de
Bhaskara ou ainda, por se tratar de uma equação incompleta, ela pode ser
resolvida por meio de uma fatoração da expressão para, em seguida, igualar
cada um dos termos da fatoração a zero.
UNIUBE 99

x2 – 6x = 0
x–6=0
x·(x – 6) = 0 ou
x=6
x=0

O conjunto solução da equação é S = { 0, 6 }. Dessa forma, os valores


de x que tornam nula a imagem da função são x = 0 ou x = 6.

AGORA É A SUA VEZ

Agora, exercite esses conceitos iniciais sobre funções, realizando a Atividade 1.

Atividade 1

1. Determine qual é a imagem fornecida pela função f(x) = x2 – 1 para o


elemento do domínio igual a 3.

2. Expresse por meio de uma fórmula matemática a função f : R → R que


associa para cada número real x:

a) o seu quadrado;

b) o seu cubo somado com oito;

c) a sua metade diminuída do seu quadrado.

3. Sejam as funções f(x) = 2x – 8 e g(x) = x + 12. Determine qual é o elemento


3
do domínio destas funções que provoca nelas imagens iguais.

4. Determine o elemento do domínio da função f(x) = x – 16 cuja imagem é


igual ao seu triplo.

Após essa apresentação, em que você teve os conceitos iniciais de


funções, vamos dar um tempo no estudo desse tema e relembrarmos
um tópico importante para que você consiga determinar, de maneira
100 UNIUBE

correta, o conjunto domínio de uma função. Leia com bastante atenção


os exemplos de solução das inequações do primeiro grau, pois a
correta solução desse tipo de expressão será importante para você nos
problemas de estudo do domínio das funções, que será desenvolvido
logo após o tópico sobre inequações.

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e aprofunde seus conhecimentos sobre o assunto tratado até aqui.

2.3 Inequações do 1o grau

Chamamos de inequação toda sentença matemática aberta por uma


desigualdade. Podemos escrever uma inequação do primeiro grau das
seguintes formas:

ax + b > 0;   ax + b < 0;   ax + b ≥ 0;   ax + b ≤ 0

Em que “a” e “b” são dois números reais, e “a” difere de zero, pois, se o
termo “a” for nulo, não haverá variável na inequação.

Veja, a seguir, alguns exemplos de inequações do primeiro grau:

a) 3x + 2 > 0 b) 3x – 5 ≥ 0
2 3

Como faríamos para resolver uma inequação de primeiro grau


e achar o conjunto solução (S) de “x”?

Veja a seguir a resolução detalhada dos dois exemplos:

a) 3x + 2 > 0
UNIUBE 101

1o passo

Devemos deixar no primeiro membro o número que acompanha a


incógnita que aqui está representada pela letra “x” e passar, para o
segundo membro, o número que não acompanha “x”, que neste caso é
o número dois.

3x > –2

Observe que ao passarmos o número dois para o segundo membro,


mudamos o sinal, pois ao passarmos um número de um membro para
outro mudamos a operação (antes era soma e agora é subtração).

2o passo

Devemos tomar, no primeiro membro, o número que está multiplicando


a incógnita e passá­‑lo dividindo o número que está no segundo membro
da operação.

DICAS

Lembre­‑se de que o contrário de multiplicar é dividir. Muitos de nós


cometemos um erro clássico que é: passar o número que está multiplicando
dividindo, mas invertendo o seu sinal. Isso nunca deve acontecer.

x > – 2 ou x > – 0,666...


3

Assim, o conjunto solução da inequação é: S = ) x ! R / x 2 - 2 3


3

b) 3 x – 5 ≥ 0
2 3

Podemos resolvê­‑la de dois modos, observe:

1o modo: 3 x ≥ 5
2 3
102 UNIUBE

Tiramos o MMC (mínimo múltiplo comum) de 2 e 3, que é 6, pois, como 2


e 3 são primos podemos multiplicar os dois números para achar o MMC.
9x
≥ 10
6 6

Já que tiramos o MMC, podemos cancelar os denominadores e


operarmos somente com os numeradores.

9x ≥ 10

x ≥ 10
9

2o modo: 3 x ≥ 5
2 3

Passaremos o valor do primeiro membro dividindo o valor do segundo


membro. Como teremos uma divisão de fração, copiaremos a primeira
fração e multiplicaremos pela segunda fração invertida. Veja, a seguir:
5
3 5 2 10
x$ +x$ $ +x$
3 3 3 9
2

IMPORTANTE!

Observe que em ambas as maneiras o conjunto solução (S) é:


 10 
S=x ∈  / x ≥ 
 9

Exemplo 4

Colocaremos, a seguir, uma aplicação de uma inequação de primeiro grau.

Uma pessoa economizou R$ 900,00 para pagar prestações de dois


carnês em atraso. O primeiro carnê tem prestações fixas de R$ 65,00
UNIUBE 103

e o segundo tem prestações fixas de R$ 85,00. Qual o número máximo


de prestações que ele pode pagar do segundo carnê se for obrigado a
quitar duas prestações do primeiro carnê?

Resolução

No primeiro carnê, chamaremos o número de prestações de “x” e para


o segundo carnê, de “y”.

Já que a pessoa tem R$ 900,00, eu pergunto a você: Ela pode gastar


até que valor? Veja que nos foi solicitada a quantidade máxima de
prestações, assim a inequação ficará maior ou igual ou menor ou igual
ao valor de R$ 900,00?

REGISTRANDO

Sempre que tivermos a expressão “quantidade máxima ou no máximo”


a inequação será sempre menor ou igual. Já se houver a expressão
“quantidade mínima ou no mínimo” a inequação será sempre maior ou igual.

Então, neste caso, veja como ficará a inequação de primeiro grau:

65x + 85y ≤ 900

Você deve estar imaginando agora como iremos resolver essa inequação,
já que temos duas incógnitas ao mesmo tempo. Mesmo assim, devemos
nos ater à interpretação do problema. Observe que devem ser pagas
duas prestações do primeiro carnê, neste caso devemos resolver da
seguinte forma:

Como já sabemos o número fixo de prestações do primeiro carnê,


devemos substituir este valor no local adequado, que é na incógnita “x”.

65(2) + 85y ≤ 900


104 UNIUBE

130 + 85y ≤ 900

Como temos agora uma inequação do primeiro grau com uma única
incógnita, podemos resolver semelhantemente aos dois exemplos já
resolvidos anteriormente. Veja:

85y ≤ 900 – 130

85y ≤ 770

y ≤ 770
85
y ≤ 9,06

Como estamos tratando de uma situação que pode ser aplicada ao nosso
cotidiano e, normalmente, as prestações são pagas integralmente e não
fracionadas, devemos arredondar o número de prestações para um
número inteiro (Z), que para nós são nove prestações, porque além desse
número de prestações, atingiríamos um valor superior de R$ 900,00.

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e veja outros exemplos de inequações e suas aplicações.

2.4 Estudo do domínio de uma função

Você talvez já tenha percebido que não é a expressão matemática que


define se uma relação de A em B é função de A em B. Em um dos
exemplos anteriores, mostramos a você porque a relação y = 2x não
representa uma função f : A → B entre os conjuntos A = {–1, 0, 1, 2, 4,
7} e B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 12}.
UNIUBE 105

No entanto, bastaria que o conjunto A fosse tal que todos os seus


elementos encontrassem uma imagem no conjunto B para se
relacionarem, e essa relação matemática seria uma função.

Por exemplo, caso tivéssemos o conjunto A = {0, 1, 2} todos os elementos


desse conjunto encontrariam um elemento em B para formarem pares
ordenados, e teríamos uma função f : A → B com domínio dado pelo conjunto
A, contradomínio sendo o conjunto B e imagem dada por Im = {0, 2, 4}.

Podemos então dizer que, de modo geral, para que exista uma função
de A em B, devemos tomar um conjunto A, tal que todos seus elementos
formem pares ordenados com os elementos de B. Esse processo de
“encontrar” o conjunto A é denominado estudo do domínio de uma
função.

O foco de nossos estudos são as funções de variáveis reais. De um modo


geral, vamos estudar funções do tipo f : D → R em que, em boa parte
dos casos, o contradomínio é o conjunto dos números reais, e o conjunto
domínio D é um subconjunto dos números reais (D ⊂ R), podendo até
mesmo ser o domínio dado pelo próprio conjunto dos números reais (D = R).

Para se determinar o domínio de uma função, deve­‑se então verificar qual


é o subconjunto de valores x ∈ R que permite a todo x ∈ Df encontrar um
elemento do contradomínio para formar um par ordenado. De um modo
geral, devemos observar as seguintes restrições:
• todo denominador de uma função deve ser diferente de zero;

• funções que apresentem radicais com índice par devem ser tais
que a expressão no interior do radical seja maior ou igual a zero,
garantindo que exista raiz real.
106 UNIUBE

Exemplo 5
Determine o conjunto domínio das seguintes funções de variáveis reais:
3
a) f (x) = -5
x+2

Deve­‑se ter x + 2 ≠ 0, que faz x ≠ –2. Assim: Df = { x ∈ R | x ≠ –2 }.

b) f (x) = 5 $ 2x - 6 + 2x 2

Para que exista raiz real, é necessário que a expressão no interior da


raiz não resulte em um valor negativo. Assim: 2x – 6 ≥ 0. Para determinar
os valores de x que tornam verdadeira a desigualdade, devemos utilizar
os passos descritos anteriormente nesse capítulo, no tópico sobre
inequações:

2x ≥ 6  →  x ≥ 6
2

x≥3 Assim: Df = { x ∈ R | x ≥ 3 }.

2x
c) g^ x h = - 7 x + 10
x2 - 9

Primeiro, o denominador não pode ser nulo, o que faz x2 – 9 ≠ 0.

Para determinar os valores de x que satisfazem essa restrição, podemos


igualar a expressão a zero, fazendo x2 – 9 = 0.

Caso você não se lembre, esse tipo de expressão é uma equação do


segundo grau, e sua forma de resolução já foi apresentada anteriormente
nessa unidade, por meio da fórmula de Bhaskara ou ainda simplesmente
isolando­‑se o valor de x na expressão. Temos então:

x2 = 9  →  x = ± 9
UNIUBE 107

x = ±3

Quando igualamos o denominador a zero, encontramos os valores de


x que são solução dessa equação. Como a condição de existência do
denominador exige que ele seja diferente de zero, devemos ter, então,
x ≠ –3 e x ≠ 3.

No entanto, somente essa restrição não é suficiente para que a função


exista, uma vez que existe um radical de índice par na função, e deve­‑se
garantir que a expressão no interior do radical seja maior ou igual a zero,
o que resulta em x ≥ 0. Fazendo a interseção entre essas condições,
para que as duas restrições sejam atendidas, temos: Dg = { x ∈ R | x ≥
0 e x ≠ 3 }.

x+5
d) h^ x h = 3
3

Nesta função aparece um radical de índice ímpar. Dessa forma, no


interior do radical podem aparecer valores nulos, positivos, ou até mesmo
negativos, uma vez que números negativos admitem raízes cúbicas reais.

IMPORTANTE!

O único problema que poderia ocorrer é quanto ao denominador da


expressão no interior do radical, que não poderia ser nulo.

Porém, você pode observar que o denominador da expressão x + 5 é


3
sempre diferente de zero, para quaisquer valores de x. Assim, o domínio da
função é todo o conjunto dos números reais, ou seja: Dh = R ou Dh = { x ∈ R }
108 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Após essa leitura, exercite os conceitos sobre funções que já foram


estudados, na resolução dos exercícios da Atividade 2, a seguir:

Atividade 2
Determine o conjunto domínio das seguintes funções de variáveis reais:

5
a) f^xh = 5 + 16 - 2x b) f^xh = -6
x + 10
2

^5 - x 2h3
c) f^xh = 5 $ 4 x + 6 + 7x 2 -
3x

2.5 Espaço bidimensional e pares ordenados

Em nosso texto, já fizemos algumas referências aos pares ordenados (x,


y). Agora, você vai entender melhor o significado dele. Um par ordenado
indica a posição de um ponto em um sistema de coordenadas cartesianas.
Esse sistema é composto por dois eixos x e y perpendiculares entre si e
que se cruzam em um ponto denominado origem.

Esses eixos definem um plano, ou seja, um espaço bidimensional, com


quatro regiões distintas denominadas quadrantes. No par ordenado,
a coordenada x é denominada abscissa e a coordenada y, ordenada.
Veja a Figura 2, a seguir, em que são mostrados os quadrantes e a
localização de alguns pares ordenados.
UNIUBE 109

y
3
2o Quadrante 1o Quadrante
2
B
H A
1

E F x
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4
–1

–2 G D
3o Quadrante 4o Quadrante
C –3

Figura 2: Quadrantes.

DICAS

Saber localizar um par ordenado no plano cartesiano é importante para


compreender o comportamento de uma função a partir de observações em
seu gráfico.

Os pontos representados na figura anterior definem os seguintes pares


ordenados: A(3,1), B(–3, 2), C(–2,–3), D(1,–2), E(–4,0), F(2,0), G(0,–2)
e H(0,1).

Observe que os pares ordenados em que o segundo elemento é nulo (y


= 0) definem pontos localizados sobre o eixo x, enquanto os pares com
o primeiro elemento igual a zero (x = 0) definem pontos sobre o eixo y.

2.6 Função afim ou função do 1o grau

É a função f: R → R com y = f(x) que tem expressão geral do tipo y = m ·


x + b ou f(x) = m · x + b com m,b  R e m ≠ 0.
110 UNIUBE

Nessa função, o termo “b” é chamado de coeficiente linear da função,


enquanto o termo “m” é denominado coeficiente angular.

Você talvez esteja se perguntando se já não viu nesse texto


alguma função do primeiro grau?

Realmente em um dos primeiros exemplos sobre função, a expressão G


= 400 + 2 · x é uma função afim, onde os coeficientes são m = 2
100 100
e b = 400.

PARADA OBRIGATÓRIA

É importante que você fique atento ao fato de o coeficiente angular ser o


termo que multiplica a variável x, e não o termo que aparece primeiro na
função.

É um erro muito comum na interpretação desse tipo de função a identificação


do coeficiente angular como sendo o primeiro termo que aparece na função,
devido ao fato de que na expressão geral y = m·x + b o coeficiente m
aparece antes do coeficiente b.

Exemplo 6

Veja alguns exemplos de funções do primeiro grau e seus respectivos


coeficientes angulares e lineares:

a) f(x) = 3x + 5 m = 3  e  b = 5.

b) g(x) = 7 2 – 5x m = –5  e  b = 7 2 .

c) f(x) = x + 13 m = 1  e b = 13.


2 2
d) f(x) = –8x m = - 8  e  b = 0.

Uma importante característica da função afim é que ela apresenta


uma taxa de variação constante, ou seja, independente de a função
UNIUBE 111

apresentar um crescimento ou decrescimento, esse sempre ocorre numa


taxa constante. Se tomarmos qualquer uma das funções apresentadas
anteriormente, esse comportamento pode ser facilmente observado.

Como exemplo, tomamos a função f(x) = 3x + 5 e adotamos alguns valores


aleatórios para a variável x. Em seguida, substituímos esses valores na
função para determinar o valor da variável y.

Adotamos, então, os valores –1, 1, 2, 2,50 e 5 para a variável x, e


substituímos esses valores na função, encontrando para y os valores
indicados a seguir:

x –1 1 2 2,50 5
y 2 8 11 12,5 20

Veja que é possível identificarmos que, para dois pontos quaisquer (x1,
y1) e (x2, y2) pertencentes à função, a razão entre as variações da função
e as variações nos valores da variável x resulta sempre num mesmo
valor. Você conseguiu visualizar essa razão? Se não, faça as divisões e
comprove­‑a.

Dy
Essa razão é comumente simbolizada por , em que temos:
Dx
Dy: variação em y, ou seja, Dy = y2 – y1

Dx: variação em x, ou seja, Dx = x2 – x1

Tomando­‑se dois pontos quaisquer da função apresentada no exemplo


anterior, é fácil verificarmos que essa relação é constante. Adotando­‑se os
Dy
pontos (–1,2), (1,8) e (5,20), vamos determinar a razão para dois pontos
Dx
quaisquer e mostrar que essa razão resulta sempre num mesmo valor.

Para os pontos (–1,2), (1,8), fazemos:

Dy = y2 – y1 = 8 – 2 = 6
112 UNIUBE

Dx = x2 – x1 = 1 – (–1) = 1 + 1 = 2

Dy
Temos, então, = 6 =3
Dx 2

Para os pontos (1,8) e (5,20), obtemos:

Dy = y2 – y1 = 20 – 8 = 12
Dx = x2 – x1 = 5 – 1 = 4

Dy
Temos, então, = 12 = 3
Dx 4

Para fazer essas demonstrações, foram escolhidos dois pontos


aleatórios. Para quaisquer outros pontos que fossem escolhidos, os
valores de Dy e Dx seriam diferentes. No entanto, a razão entre eles
será sempre a mesma.

Dy
Você percebeu alguma relação entre o valor da razão e um
Dx
dos coeficientes da função do primeiro grau?

Dy
A relação resulta sempre no valor do coeficiente angular da
Dx
função afim. Assim, para toda e qualquer função do primeiro grau, com
Dy
expressão geral do tipo y = m·x + b, temos = m.
Dx

Devido à sua taxa de crescimento/decrescimento constante, o gráfico


cartesiano de uma função do primeiro grau tem seus pontos alinhados
sobre uma reta, conforme vamos exemplificar nos exemplos seguintes.

2.6.1 Construção de gráficos de funções do 1o grau ou lineares

Construiremos os gráficos de duas funções do primeiro grau (figuras 3 e


4), marcando alguns pontos no plano cartesiano e ligando esses pontos.
O quadro de valores mostrado junto à função apenas auxilia para marcar
os pontos no gráfico.
UNIUBE 113

Os valores de x foram atribuídos aleatoriamente, e os valores de y foram


calculados substituindo­‑se na função os x adotados.

Temos:

a) y = 2x + 3

x y
–2 –1
–1 1
0 3
1 5
2 7

y
7
6
5
4
3
2
1 x
–2
–1 1 2
–1

Figura 3: Gráfico de funções do primeiro grau.

DICAS

Sempre que for plotar (construir) o gráfico de uma função linear é mais
prudente seguir os dois passos apresentados a seguir.

1o passo

Substituir o “x” por zero para determinar o valor de “y”. Com isso, você
terá o par ordenado onde o gráfico cortará (interceptará) o eixo dos
valores de “y” (eixo das ordenadas). Observe:
114 UNIUBE

y = 2x +3

y = 2(0) + 3

y=3

Portanto, o par ordenado (x, y) onde o gráfico toca o eixo y é: (0; 3).

No entanto, somente esse ponto não basta para desenharmos a reta do


gráfico, uma vez que precisamos de pelo menos dois pares ordenados
(dois pontos) para definirmos uma reta. Um segundo ponto poderá ser
obtido pelo procedimento a seguir:

2o passo

Substituir o “y” por zero para determinar o valor de “x”. Com isso, você
terá o par ordenado onde o gráfico vai “cortar” (interceptar) o eixo dos
valores de “x” (eixo das abscissas).

Observe:

0 = 2x + 3

–2x = 3

Multiplicando por menos um.

–2x = 3 (–1)
2x = –3
x = – 3 ou x = –1,5
2

Portanto, o par ordenado (x, y) é: (–1,5; 0).

Observando o gráfico anterior, é possível perceber que a reta passa pelos


pontos determinados nesses dois passos.
UNIUBE 115

b) y = 6 – 3x

x y
–1 9
0 6
1 –3
2 0
3 –3

y
9
8
7
6
5
4
3
2
1 x
–2 –1 1 2 3 4
–1
–2
–3

Figura 4: Gráfico de funções do primeiro grau.

IMPORTANTE!

No plano cartesiano, o gráfico de uma função do primeiro grau afim será


sempre uma reta inclinada em relação ao eixo x.

2.6.2 Estudo do crescimento e decrescimento de uma função por


meio do coeficiente angular

O valor do coeficiente angular “m” da função representa a inclinação da


reta do gráfico ou, ainda, a taxa de variação da função.
116 UNIUBE

Em um dos exemplos apresentados anteriormente, a função y = 2x + 3,


que tem coeficiente angular m = 2, apresenta também uma taxa de
variação de +2 unidades para cada aumento de uma unidade na variável
x. Também é possível observar essa característica no gráfico da função,
bastando para isso tomar dois pontos que pertençam à função e verificar
que dentre esses dois pontos os valores de y apresentam um aumento
de duas vezes o aumento em x.

De forma semelhante, no gráfico da função y = 6 – 3x, que possui


coeficiente angular –3, é possível verificar que os valores de y apresentam
um decrescimento de –3 unidades, para cada aumento de uma unidade
nos valores da variável x.

IMPORTANTE!

Uma função é crescente para certo intervalo de valores de x, se neste


intervalo para qualquer x2 > x1 tivermos f(x ) > f(x ). A função é decrescente no
2 1
intervalo de valores de x se para x2 > x1 obtém­‑se f(x ) < f(x ).
2 1

Para as funções do primeiro grau, é possível generalizarmos esse


conceito de crescimento/decrescimento a partir da observação do valor e
do sinal do coeficiente angular (ou taxa de variação) da função. Podemos,
ainda, realizar uma associação da taxa de variação da função com a
forma de seu gráfico. Assim, para uma função do tipo y = m·x + b temos a
seguinte situação:

Para *
m 1 0, reta descendente " função decrescente
m 2 0, reta ascendente " função crescente

2.6.3 Variação do sinal da função do 1o grau

Em muitos problemas de aplicação da função afim, é necessário


identificarmos os intervalos de valores onde a função tem sinal positivo ou
UNIUBE 117

negativo. Para isso, podemos proceder de duas formas: resolvendo duas


inequações do primeiro grau; fazendo um esboço do gráfico da função.

Exemplo 7

Vamos realizar o estudo do sinal da função y = –3x + 6, cujo gráfico foi


representado anteriormente nesse texto.

1o modo

Vamos igualar a função a zero, em seguida impor a condição de que


a função seja positiva (y > 0) e, por último, a condição de a função ser
negativa (y < 0)

Para y > 0, temos:

–3x + 6 > 0
–3x > –6 · (–1)
3x < 6
x<2

IMPORTANTE!

Note que, ao multiplicar por – 1 a desigualdade, o sinal da expressão se


inverte.

Para y < 0:

–3x + 6 < 0 → 6 < 3x


6
<x
3
2<x
118 UNIUBE

–3x + 6 = 0

A função é nula quando y = 0, ou seja, quando 6 = 3x

x=2

Dessa forma, o estudo da variação da função consiste em determinar os


intervalos de valores para os quais a função tem diferentes sinais. Para
esse exemplo, temos o seguinte:

A função é nula para x = 2, tem sinal positivo para x < 2 e negativo para
x > 2. Podemos, ainda, escrever:
Z
]] y 1 0 para x 2 2
[ y = 0 para x = 2
]] y 2 0 para x 1 2
\

Fique atento para não errar!

Uma dúvida muito comum dos alunos é dizer que, para valores de x < 2,
existem números negativos.

Então, como é que a função fica positiva?

Deve­‑se atentar ao fato de que analisamos o sinal da função (sinal da


variável dependente y) e não o sinal da variável independente x. Mesmo
pela observação dos gráficos, não é difícil notar que à esquerda de x = 2
os valores da função (valores de y) são sempre positivos.

2o modo

A outra forma de se analisar o sinal da função é primeiro determinar


sua raiz. Marcar essa raiz em um eixo coordenado e, em seguida, fazer
um esboço do gráfico da função, observando os intervalos nos quais o
gráfico está acima do eixo das abscissas (sinal positivo da função) ou
abaixo (sinal negativo da função).
UNIUBE 119

Relembrando, a raiz de uma função y = f(x) é o valor de x que torna a


função igual a zero.

Encontrando a raiz:

f(x) = 0
–3x + 6 = 0
–3x = –6
x=2

Fazendo um esboço do gráfico e marcando os sinais (veja a Figura 5):

++++++ ––––––
x
2

Figura 5: Esboço de um gráfico.

A análise do sinal da função apresenta, então, o mesmo resultado que


se obtém resolvendo as inequações.

Veja agora um exemplo prático de aplicação da função afim:

Exemplo 8

Na produção de peças, uma indústria tem um custo fixo de R$ 8,00 e um


custo variável de R$ 0,50 por unidade produzida. Sendo x o número de
unidades produzidas, responda às seguintes questões:

a) Determine a lei de formação desta função de custo e diga qual é sua


taxa de variação.

O custo de se produzir uma peça é R$ 8,50; para duas peças R$ 9,00;


para três peças R$ 9,50 e assim por diante. Nota­‑se, então, que a taxa
de variação da função é de R$ 0,50. Independentemente da quantidade
120 UNIUBE

produzida, há um custo fixo de R$ 8,00. Dessa forma, a função de custo


pode ser expressa por C(x) = 0,50x + 8, em que C representa o custo e x
a quantidade de peças produzidas.

b) Calcule o custo de produção de cem peças.

Para produzir 100 peças, o custo é C(100) = 0,50·100 + 8 = 58. Dessa


forma, o custo para produzir as cem peças é de R$ 58,00.

c) A partir de quantas peças produzidas o custo torna­‑se superior a R$


38,00?

Para que o custo se torne superior a R$ 38,00, devemos ter C(x) > 38, o
que produz a inequação 0,50x + 8 > 38. Resolvendo essa inequação:

0,50x + 8 > 38
0,50x > 30
x > 60

Para uma produção superior a 60 peças, o custo torna­‑se maior que R$


38,00.

2.7 Função constante

O que lhe vem à mente quando nos referimos à palavra


constante?

Provavelmente, você deve ter pensado em algo que “não muda”,


“permanece sempre igual”. Para entendermos o comportamento de
uma função constante basta considerarmos essas ideias. Tomemos um
exemplo:
UNIUBE 121

Observe sua conta telefônica. Veja o valor da assinatura. Mensalmente


em sua conta telefônica vem discriminado um valor que é o da assinatura
mensal do serviço de telefonia. Esse valor é fixo. Nesse caso, vamos
entendê­‑lo como um custo fixo.

Os custos fixos (CF) são aqueles que não dependem da quantidade


vendida ou produzida pela empresa ou pessoa física. O aluguel é outro
tipo de custo fixo que muitos cidadãos brasileiros têm mensalmente.

Vejamos, agora, a definição de função constante:

É a função do tipo f: R → R com f(x) = K com K ∈ R.

A função constante associa a todo número x um mesmo valor y = K.

No plano cartesiano, o gráfico da função constante é uma reta paralela


ao eixo x. Dependendo do sinal da constante K, esse gráfico pode
estar localizado acima ou abaixo do eixo das abscissas. Observe esse
comportamento na Figura 6, a seguir:
y
8
7
6
f(x) = 5
5
4
3
2
1
x
–2 –1
–1
1 2 3
–2
y = –3
–3
–4
Figura 6: Gráfico da função constante.
122 UNIUBE

PARADA PARA REFLEXÃO

Qual é a taxa de variação em uma função constante?

Para responder a esse questionamento basta analisarmos os valores


para y. O que acontece com eles quando ocorre variação de x?

Observamos que a função constante apresenta sempre os mesmos


valores para y, independentemente dos valores de x, logo nesse tipo de
função a taxa de variação é nula.

2.8 Função quadrática ou função do 2o grau

Vamos, inicialmente, explorar algumas características da função


quadrática que o(a) ajudarão na compreensão do seu comportamento
ou ainda na construção do gráfico de uma função quadrática qualquer.

Vejamos a definição de função quadrática:

É a função y = f(x), f: R → R com forma geral do tipo: y = ax2 + bx + c ou


f(x) = ax2 + bx + c com a, b, c ∈ R e a ≠ 0.

Exemplo 9

a) f(x) = 5x2 – 7x + 11 Temos os coeficientes: a = 5, b = –7 e c = 11

b) f^xh = x - 8 Temos os coeficientes: a = 1 , b = 0 e c = –8


2

3 3
c) f^xh = 3 $ x 2 + 7x Temos os coeficientes: a = 3 , b = 7 e c = 0
5 5
d) f(x) = 14x + 1 – 2x2 Temos os coeficientes: a = –2, b = 14 e c = 1

Uma característica interessante para ser observada nas funções


quadráticas é o fato de essas funções não apresentarem um valor fixo
UNIUBE 123

de taxa de variação. Para cada valor diferente de x, tem­‑se uma taxa de


variação diferente. Leia com atenção o exemplo a seguir, que ilustra o
comportamento da função f(x) = x2 + 1:

Exemplo 10

Vamos supor alguns valores para a variável x e substituir esses valores


na função para determinar os valores de y = f(x):
x –1 0 1 2 3 4 5
y 2 1 2 5 10 17 26

Observe o quadro com atenção!

Nesse quadro, os valores de x a cada coluna, da esquerda para a direita,


estão variando de uma em uma unidade.

Mas, o que acontece com os valores de y?

Observe que os valores de y não estão variando em taxa constante. Da


primeira para a segunda coluna, houve uma diminuição de – 1 unidade
em y, da segunda para a terceira coluna houve um crescimento de + 1
unidade, da terceira para a quarta coluna, o crescimento da função foi
de + 3 unidades.

PARADA OBRIGATÓRIA

Qual a consequência gráfica desse comportamento?

Esse comportamento faz com que o gráfico de uma função quadrática


não seja formado por pontos localizados sobre uma reta, uma vez que
esses pontos não estarão alinhados.
124 UNIUBE

O gráfico de uma função quadrática, no plano cartesiano, é denominado


parábola do segundo grau, e sua forma geral está representada na
Figura 7 a seguir. O sinal do coeficiente “a” indica se a concavidade
desta parábola é voltada para cima ou para baixo
y

a<0 a>0
Parábola para baixo Parábola para cima x

Figura 7: Gráfico de uma função quadrática.

Essa representação apenas esquematiza, de forma geral, o gráfico de


uma parábola do segundo grau. Não aparecem nesse desenho os pontos
de interseção dessas parábolas com os eixos coordenados. Apenas estão
ilustrando a forma de uma parábola do segundo grau e sua concavidade,
de acordo com o sinal do coeficiente “a”.

Diferentemente da função do primeiro grau, que sempre apresenta uma


raiz, ou seja, um ponto no qual o gráfico da função toca o eixo x, a função
quadrática pode apresentar: duas raízes reais e distintas; duas raízes
reais e iguais; nenhuma raiz. Assim, o gráfico de uma função quadrática
pode tocar no eixo x em dois pontos distintos, em um ponto ou ainda em
nenhum ponto, caso não existam raízes reais.

Mas, como se determinam as raízes de uma função do segundo


grau? Você tem alguma ideia?

Na resolução que iremos apresentar a seguir, você vai perceber que já


viu anteriormente como se determinam essas raízes.
UNIUBE 125

DICAS

As raízes de uma função são os valores de x que tornam nula a imagem


da função. Assim, para uma função do tipo y = ax2 + bx + c, ao tentarmos
determinar as raízes, teríamos: ax2 + bx + c = 0.

A determinação dessas raízes pode ser feita, então, pela fórmula de


Bhaskara:
b! D
Se ax2 + bx + c = 0 → D = b2 – 4ac e x = -
2a

O discriminante D define o número de raízes da função e,


consequentemente, quantas vezes o gráfico desta função tocará no
eixo x. Na representação da Figura 8, a seguir, temos três possíveis
situações para o gráfico de uma função quadrática, no caso de uma
parábola voltada para cima.

∆>0 ∆ =0 ∆ <0
x
x' x" x' = x"
S S S
Figura 8: Gráfico de uma função quadrática, com três situações possíveis.

Tem­‑se:

D > 0: Duas raízes x' e x" distintas.


D = 0: Duas raízes x' e x" iguais.
D < 0: Não existem raízes reais.

Independentemente de tocar duas, uma ou nenhuma vez no eixo x, a


parábola do segundo grau apresenta um eixo de simetria paralelo ao eixo
y, simbolizado na figura pela linha tracejada S.
126 UNIUBE

A interseção desse eixo de simetria com a parábola ocorre em um


ponto denominado vértice da parábola V(xV, yV). Para qualquer função
quadrática, as coordenadas do vértice são dadas por:
b
xV = -     yV = - D =
-^b - 4ach  ou  y = f
2

2a 4a 4a V (xV)

A ordenada y do vértice indica um valor extremo da função quadrática.

Se a parábola estiver voltada para cima, esse extremo representa um


valor mínimo e a imagem da função será: Im = ' y ! R y $ - D 1 . Caso
4a
a parábola seja voltada para baixo, o vértice indica um valor máximo da
função e tem­‑se: Im = ' y ! R y # - D 1 .
4a

2.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas

Para construir gráficos de funções quadráticas, você pode seguir alguns


procedimentos que auxiliam na determinação de alguns pontos notáveis
da função do segundo grau. Em boa parte dos casos que nos interessam,
deseja­‑se fazer um esboço do gráfico da função, sem grande preciosismo
do desenho, mas sim analisando a forma geral do gráfico, as interseções
com os eixos coordenados e o ponto de máximo/mínimo da função
(vértice). Você pode então seguir esse roteiro de procedimentos:
• verificar se a concavidade da função é para cima ou para baixo;
• determinar as raízes da função, caso elas existam;
• determinar as coordenadas do vértice da função;
• determinar as interseções com os eixos coordenados.

A seguir, apresentaremos dois exemplos de construção de gráficos


de função quadrática. Observe­‑os com atenção, pois eles poderão
ajudá­‑lo(a) na resolução de diversos exercícios.
UNIUBE 127

Exemplo 11

a) Construa o gráfico da função f(x) = x2 – 6x:

Determinando­‑se as raízes da função, temos x2 – 6x = 0, que resulta nos


valores x = 0 e x = 6. Esses valores indicam a abscissa dos pontos onde
a parábola toca o eixo dos x.

Para determinar as coordenadas do vértice, temos:

-^- 6h yV = f(3) = 32 – 6 · 3
b
xV = - = =3
2a 2$1
yV = –9

A figura do gráfico é mostrada a seguir:

b) Construa o gráfico da função f(x) = –x2 + 3x – 5:

A função não tem raízes reais, uma vez que a equação –x2 + 3x – 5 = 0
não apresenta soluções reais, pois resulta num discriminante D negativo.

Para determinar as coordenadas do vértice, temos:


128 UNIUBE

2
3 3
yV = f 3 =- e o + 3 $ - 5
b 3 3
c m
2 2 2
xV = - = - =
2a 2 $ ^- 1h 2
11
yV = -
4

No gráfico da função, não foram indicadas as coordenadas do vértice, no


entanto é possível verificar que os valores encontrados estão coerentes,
uma vez que visualmente é possível verificar que as coordenadas xV =
3
= 1,5 e yV = - 11 = –2,25 estão coerentes com a figura.
2 4

A figura do gráfico é mostrada a seguir:

Nesse gráfico, como não houve interseção com o eixo x, tomamos dois
valores de x, localizados um à esquerda e outro à direita do vértice da
função, para determinar dois pontos da função por onde passa o gráfico.
Também determinamos a interseção do gráfico com o eixo y, fazendo x
= 0 na função e obtendo f(0) = –02 + 3 · 0 – 5 = –5.

2.8.2 Sinal da função quadrática

Você agora vai estudar a variação do sinal da função quadrática. O


procedimento que vamos apresentar aqui, para fazer o estudo do sinal
da função quadrática, é o mesmo que descrevemos anteriormente para
a função do primeiro grau.
UNIUBE 129

A única diferença é o formato do gráfico da função, que anteriormente era


uma reta e agora se torna uma parábola do segundo grau para a função
quadrática. Assim, a ideia central do método continua sendo a mesma.
Determinam­‑se as raízes da função, caso elas existam, faz­‑se um esboço
do gráfico da função e depois se indica na figura o sinal da função, de
acordo com os intervalos onde o gráfico está acima/abaixo do eixo x.

Nos intervalos onde o gráfico da função está localizado acima do eixo x,


o sinal é positivo, e nos intervalos onde a função está abaixo do eixo x, o
sinal é negativo. Nos pontos onde o gráfico toca o eixo x, a função é nula.

Veja o exemplo da função f(x) = x2 + 2x – 15.

As raízes da função são tais que: x2 + 2x – 15 = 0, que fazem x' = –5 e


x" = 3.

Fazendo um esboço do gráfico (Figura 9), tem­‑se:

++++++ –––––– ++++++


x
–5 3
Figura 9: Esboço do gráfico.

A variação do sinal da função, então, fica:

f(x) > 0 se x < –5 ou x > 3


f(x) = 0 se x = –5 ou x = 3
f(x) < 0 se –5 < x < 3

Aplicação

Devido à função quadrática apresentar um valor extremo (máximo ou


mínimo), são muito comuns os exercícios de aplicação desse tipo de função
que pedem uma maximização ou minimização da função. Veja o exemplo:
130 UNIUBE

Em um pavilhão de exposições, o número de pessoas P varia com o


tempo t, aproximadamente, de acordo com a seguinte função:

P(t) = t2 – 5t + 7

Os tempos são medidos em horas a partir das 10h00 e o número de


pessoas em milhares.

a) Determine o horário no qual o número de pessoas na exposição foi


mínimo e calcule este número mínimo de pessoas.

A função que determina o número de pessoas é uma função quadrática,


com parábola voltada para cima. Dessa forma, esta função apresenta um
ponto de mínimo, localizado no seu vértice. Com o valor da coordenada
tv, é possível calcular quanto tempo se passou até que houvesse o
mínimo de pessoas.

-^- 5h PV = P(2,5) = 2,52 – 5 · 2,5 + 7


b
tV = - = = 2, 5 horas e
2a 2$1
PV = 0,75 mil pessoas

O mínimo foi de 750 pessoas no pavilhão e ocorreu às 12h30min.

b) Em quais horários havia 3.000 pessoas no interior do pavilhão de


exposições?

Para que existam 3.000 pessoas no pavilhão, temos P = 3 mil pessoas.

Assim:
3 = t 2 – 5·t + 7 → t 2 – 5·t + 4 = 0

Resolvendo pela fórmula de Bhaskara, encontra­‑se t ' = 1h e t " = 4h.

Os horários, então, foram às 11h00 e às 14h00.


UNIUBE 131

2.9 Inequações do 2o grau

As inequações do segundo grau apresentam­‑se na forma de uma


expressão do tipo ax2 + bx + c, com a, b, c, ∈ R e a ≠ 0, e uma
desigualdade com algum dos sinais >, <, ≥ ou ≤, seguida do número 0.

Veja alguns exemplos:

EXEMPLIFICANDO!

a) x2 – 12x + 3 < 0

b) 2x2 – 8x ≥ 0

c) x – 12 ≤ 0
2

3
d) 3x2 > 0

Observe que o fato de o termo “a” da inequação do segundo grau ser


diferente de zero é obrigatório, uma vez que se esse coeficiente for nulo,
a inequação deixaria de ter o termo x2 e não seria mais uma inequação
do segundo grau.

As inequações do segundo grau são resolvidas facilmente, desde que


você conheça o estudo da variação do sinal. Lembramos a você que já
foi apresentado anteriormente um método de estudo do sinal de uma
expressão quadrática do tipo y = ax2 + bx + c, no tópico sobre estudo do
sinal da função quadrática.

Apresentaremos, agora, a você outra forma de se resolver esse tipo de


inequação, por meio da análise do sinal do termo “a” e, ainda, juntamente
com o número de raízes reais que a equação ax2 + bx + c apresentar.
132 UNIUBE

Vamos seguir, então, esses dois passos:

1o passo

Calcular o discriminante D(delta) da fórmula de Bhaskara.

D = b2 – 4ac

Com isso, podemos ter as seguintes situações:

D > 0: teremos duas raízes reais distintas;


D = 0: teremos duas raízes reais e iguais;
D < 0: não teremos nenhuma raiz real.

Quando o D for maior ou igual a zero, deveremos calcular as possíveis


raízes utilizando a seguinte fórmula:
b! D
x= -
2a

2o passo

Fazer o estudo do sinal.

Para delta maior que zero, temos:


m/a c/a m/a
x
x' x"

Para delta igual a zero, temos:

m/a m/a
x
x' = x"

Para delta menor do que zero, temos:

m/a
x
UNIUBE 133

Sabendo que entendemos como “m/a” o mesmo sinal que “a” tem na
inequação, e “c/a” como o sinal contrário de “a” na inequação.

IMPORTANTE!

Deixaremos aqui a resolução de alguns exemplos para a sua compreensão.


Veja­‑os, a seguir.

Exemplo 12

a) Sendo a inequação do segundo grau igual a –3x2 + 5x – 10 ≥ 0,


determine o conjunto solução:

Para fazer o estudo do sinal de uma inequação do segundo grau, primeiro


devemos calcular as possíveis raízes, utilizando a seguinte fórmula:

- b ! b 2 - 4ac
x=
2a
- 5 ! ^5h2 - 4^- 3h^- 10h
x=
-6
- 5 ! 25 - 120
x=
-6
- 5 ! - 95
x=
-6

Como um número negativo não apresenta raiz quadrada real, a


inequação não admite raízes.

Nesse caso, o estudo do sinal ficará da seguinte forma:

mesmo sinal de “a”


x

que no caso é negativo. Portanto, teremos:

––––––––––
x
134 UNIUBE

PARADA OBRIGATÓRIA

O sinal atende à desigualdade (≥ 0)?

Claro que não! Portanto, o conjunto solução será: S = { }, vazio.

b) Sendo a inequação do segundo grau igual a x2 – 64 ≥ 0, determine o


conjunto solução.

Novamente, vamos começar calculando as possíveis raízes reais da


inequação do segundo grau.

- b ! b 2 - 4ac 0 ! - 4 $ ^1 h $ ^- 64h
x= =
2a 2^1 h
! 256 ! 16
x= =
2 2
16 - 16
x' = = 8 ou x" = =- 8
2 2

A equação admitiu duas raízes reais distintas; neste caso, o estudo do


sinal será feito da seguinte forma:

m/a c/a m/a


x
x' x"

RELEMBRANDO

• O que estamos chamando de “m/a” quer dizer que naquele intervalo


teremos o mesmo sinal do termo “a” da inequação.

• O que estamos chamando de “c/a” quer dizer que naquele intervalo


teremos o sinal contrário do termo “a” da inequação.
UNIUBE 135

Portanto, teremos:

++++ –––– ++++


x
–8 8

Como a inequação nos pede que seja ≥ 0, teremos como solução real:
S = { x ∈ R | x ≤ – 8 ou x ≥ 8}

c) Sendo a inequação do segundo grau igual a x2 – 6x + 9 > 0, determine


o conjunto solução.

Novamente, vamos começar calculando as possíveis raízes reais da


inequação do segundo grau.

- b ! b 2 - 4ac -^- 6h ! ^- 6h2 - 4 $ 1 $ 9


x= =
2a 2$1
6! 0
x=
2
x' = x" = 3

Nesse caso, as duas raízes reais são iguais. Então, faremos o estudo do
sinal da seguinte forma:

m/a m/a
x
x' = x"

Portanto, teremos:

++++ ++++
x
3

O estudo do sinal da expressão x2 – 6x + 9 mostrou que ela se torna


positiva para quaisquer valores de x diferentes de 3, uma vez que x = 3
é o único valor que torna nula a expressão. Como a inequação nos pede
136 UNIUBE

que tenhamos > 0, o conjunto solução é dado por todos os números


reais, exceto o número 3, ou seja: S = R – {3}

2.10 Função composta

Para que você compreenda mais facilmente o conceito de função


composta, vamos propor uma situação­‑problema que poderia ser
descrita, matematicamente, por meio de uma função composta.

Situação­‑problema

Suponha que você deseje contratar um servente para fazer o seguinte


serviço: construir uma cerca ao redor de dez terrenos quadrados com
lado medindo x metros cada um, e, em seguida, fazer um serviço
de limpeza em todos os terrenos. Ele, então, lhe fornece o seguinte
orçamento de serviço: R$ 5,00 para cada metro de cerca construída e
R$ 1,50 para cada metro quadrado de terreno a ser limpo.

A área de um terreno pode ser determinada por x2, uma vez que cada um
dos lados do terreno mede x metros, e a área pode ser calculada por x · x
= x2 (área de um quadrado de lado x). O comprimento de cerca construída
será 4x, pois cada terreno tem quatro lados de mesma medida x.

O valor total do serviço realizado pelo servente é então uma função direta
do número de terrenos. No entanto, esse valor também é uma função
indireta da medida x do lado de cada terreno, uma vez que o valor do
serviço em cada um dos terrenos depende das dimensões do terreno.
Para cada uma das grandezas envolvidas no problema, vamos atribuir
uma variável para posteriormente montar a função. Fazemos, então:

x: medida do lado do terreno;


UNIUBE 137

f: valor do serviço para um terreno;


S: valor do serviço para os dez terrenos.

O valor do serviço em um dos terrenos pode então ser determinado pela


função f = 1,50·Área + 5·Perímetro.

DICAS

Lembre­‑se de que o perímetro de uma figura geométrica é dado pela soma


dos comprimentos dos lados dessa figura.

Assim, o serviço em um dos terrenos seria dado pela seguinte função:

f = 1,50·Área + 5·Perímetro = 1,5·x2 + 5·4x


f(x) = 1,5x2 + 20x

O valor do serviço total seria calculado, então, pelo produto do valor do


serviço em um terreno pelo número de terrenos onde o serviço seria
realizado. Teríamos:

S = g(f) = 10·f
S = 10·(1,5x2 + 20x)
S(x) = 15x2 + 200x

Vamos adotar, aqui, uma medida para o lado do quadrado, apenas para
ilustrar numericamente a composição de funções. Supondo que o lado
de cada um dos terrenos meça 10 m, poderíamos calcular o valor total
do serviço de duas formas:

1o modo

Calcularíamos o valor do serviço para um terreno:


138 UNIUBE

f(12) = 1,5·122 + 20·12 = 1,5·144 + 240


f(12) = 216 + 240
f(12) = 456

O valor do serviço total poderia ser calculado multiplicando­‑se por 10


(número de terrenos) o valor do serviço de um terreno:

S = 10·f(12) = 10·456
S = 4560

Assim, o valor total do serviço de limpeza e construção da cerca seria


de R$ 4560,00.

2o modo

O valor total do serviço poderia ser calculado diretamente na função S(x)


= 15x2 + 200x, substituindo nessa função o valor da medida do lado do
terreno. Dessa forma, teríamos:

S(12) = 15·122 + 200·12


S(12) = 15·144 + 240 = 2150 + 2400
S(12) = 4560

Observe que o valor obtido para o serviço total é o mesmo encontrado


anteriormente. Nessa segunda forma de se calcular o valor total do
serviço, foi utilizado o conceito de função composta.

A composição de funções é um processo que consiste em substituir uma


função “dentro” de outra, obtendo uma terceira função. No caso desse
exemplo, a função S é resultado da composição da função f, do preço
para um terreno, com outra função g, que calcula o valor total para os
dez terrenos.
UNIUBE 139

Podemos escrever S = 10·f(x) ou S(x) = 10·(1,5x2 + 20x). Essa função S


pode, então, ser entendida como resultado da composição entre duas
funções f e g tais que:

f(x) = 1,5x2 + 20x e g(x) = 10x fazem S(x) = g(f(x))

A essa função S(x) denominamos composta de f em g e podemos escrever


ainda S(x) = (gof)(x). Observe o esquema representado a seguir:

f g
x 1,5x2 + 20x 150x2 + 200x

S = g(f(x))

f g
10 456 4560

S = g(f(x))

Ao escrevermos (gof)(x) estamos apenas apresentando uma nova forma


de simbolizar a expressão da função g(f(x)). As duas formas devem ser
igualmente entendidas como a função composta de f em g. Pode, ainda,
aparecer uma terceira forma de simbolizar essa função composta, por
(gof)(x).

PONTO-CHAVE

Independente da forma de apresentação, o que é fundamental é que


você perceba como se realiza a composição entre duas funções. Um
procedimento simples diz que, para encontrar a composta de f em g, basta
substituir a função f no lugar onde aparece a variável na função g. De
maneira análoga para se fazer a composição de uma função g em outra
função f, determinando a função (fog)(x), basta substituir a função g na
variável da função f.
140 UNIUBE

Exemplo 13
Considerando as funções f^xh = x - 2 , g(x) = 9x2 + 12x e a composta
3
p(x) = g(f(x)) responda às seguintes questões:

a) Determine a expressão da função p(x).

Para encontrarmos a expressão da composta, substituímos a expressão


da função f na variável x da função g. Assim:
2
x 2 x 2
p^xh = 9 $ e - o + 12 $ e - o
3 3
x - 4x + 4
2
p^xh = 9 $ + 4 $ ^ x - 2 h = x 2 - 4 x + 4 + 4x - 8
9
p^xh = x 2 - 4

b) O valor numérico de p(5).

Conhecendo a expressão da função p(x) = 3x2 – 8x + 4, basta fazer


p(5) = 52 – 4 obtendo p(5) = 21.

Ainda há outra forma de se obter a solução. Uma vez que p(5) = g(f(5)),
é possível calcular, primeiro, o valor de f(5), para, em seguida, substituir
esse valor na função g. Fazemos, então:
5-2 3
f^5h = = =1
3 3

Substituindo o valor encontrado para f(5) na função g, obteríamos:

p(5) = g(f(5)) = g(1)


p(5) = 9·(1)2 + 12·1 = 9 + 12
p(5) = 21

Depois dessa visão geral, podemos, então, definir a função composta:

Para duas funções f: A → B e g: B → C, denomina­‑se função composta


de f em g à função gof: A → C definida por gof(x) = g(f(x)) com x ∈ A.
UNIUBE 141

Em nossos estudos futuros, principalmente nos tópicos de derivação


de funções, é importante que você consiga identificar, ao observar a
expressão matemática de uma função qualquer, que ela pode ser resultado
da composição de outras duas funções. Veja os exemplos a seguir:

a) h^xh = 10 $ x 2 - 10 + 5

pode ser entendida como h(x) = f(g(x)) em que f(x) = 10· x + 5 e


g(x) = x2 – 10.

b) r(x) = 2·cos(3x + 9r)

x + 3r
é uma composta r(x) = (gof)(x) para g^xh = e f(x) = 2·cos x.
2

Vale ressaltar que esses exemplos somente ilustram a formação de uma


função que pode ser encarada como uma composição de outras duas.
De um modo geral, poderiam existir outras funções f e g, que por meio
de uma composição entre elas também resultariam nas funções h(x) e r(x).

Você não precisa ficar tão preocupado em identificar todas essas


possibilidades, e sim entender que, para se formar uma função composta,
estamos substituindo, na variável de uma das funções, a expressão
matemática da outra.

AGORA É A SUA VEZ

Após essa leitura, exercite os conceitos estudados realizando a Atividade 4.

Atividade 4

1. Sejam as funções f(x) = 4x – 1 e g(x) = 5 – 3x. Responda:

a) Determine o valor de x para que se tenha (fog)(x) = –1.

b) Determine o valor de g(f(5))


142 UNIUBE

2. Sejam as funções f(x) = 2x2 – 7 e g(x) = 5 – 3x. Determine a expressão das


seguintes compostas:

a) fog(x) b) gof(x) c) f(f(x)) d) g(g(x))

2.11 Outras funções polinomiais e funções racionais

As funções do primeiro e segundo graus estudadas anteriormente são


dois tipos de funções polinomiais. Relembrando a você, os polinômios
são expressões que têm a seguinte forma geral:

p(x) = an · xn + an–1 · xn–1 + an–2 · xn–2 + ... + a2 · x2 + a1 · x + a0

em que:

an, an–1, an–2 ... a2, a1, a0 são números reais denominados coeficientes do
polinômio.

“n” é um número inteiro positivo ou nulo e indica o grau do polinômio.

Dessa forma, as funções do tipo f(x) = 5x2 + 12x, y = – 3x + 7 e


f(x) = –4x3 – 15x2 + x – 3 representam, respectivamente, polinômios
de grau dois, um e três. Podemos então generalizar que toda função
polinomial do tipo f(x) = an · xn + an–1 · xn–1 + ... + a2 · x2 + a1 · x + a0 é uma
função polinomial de grau “n”, com an ≠ 0.

A função racional é aquela que se apresenta na forma de quociente entre


dois polinômios. Veja os exemplos a seguir:

a) f^xh = x - 3x + 1
2

2x + 5
15x 2
b) f^xh = x -
4

x +1
3
UNIUBE 143

Nessa unidade, enfocaremos o estudo de alguns conceitos que


se aplicam às funções polinomiais e racionais e apresentaremos o
comportamento de algumas funções polinomiais mais elementares.

O domínio das funções polinomiais é o conjunto dos números reais,


enquanto para as funções racionais o domínio é tal que o denominador
não se anule.

Exemplo 14

a) f(x) = 3x4 + 12x3 + 5x2 tem domínio Df = R.

b) f^xh = 2x 3 + 4x
4
tem domínio tal que Df = R – {–1}, uma vez que
x +1
devemos ter x3 + 1 ≠ 0.

c) g^xh = 2x2 + 5 tem domínio Dg = R, pois a condição x2 + 9 ≠ 0 é satisfeita


x +9
para qualquer valor real de x.

Vamos apresentar alguns exemplos de funções polinomiais do tipo


f(x) = an · xn com an  ∈  R, an ≠ 0 como, por exemplo: f(x) = 2·x3, f(x) = x4, f(x)
= 3·x5 e f(x) = –3·x6.

Esse tipo de função, quando apresenta expoente par, comporta­‑se de


modo semelhante à função f(x) = x2, no entanto, apresentando uma taxa
de crescimento ou decrescimento numericamente maior, devido ao maior
grau da potência. A seguir, indicamos os gráficos de alguns exemplos
dessas funções (figuras 10 e 11):
144 UNIUBE

y f(x) = 3x4

f(x) = 2x4

f(x) = x4

Figura 10: Gráfico de funções polinomiais.

Já as funções f(x) = an · xn com expoente ímpar apresentam comportamento


semelhante ao da função f(x) = x3. A seguir apresentamos o gráfico (Figura
11) dessa função e de outras.
y f(x) = 2x3

f(x) = x3

f(x) = 4x3

Figura 11: Gráfico de funções polinomiais.

2.12 Funções definidas por diferentes sentenças

É comum nos depararmos com funções que apresentam diferentes


UNIUBE 145

expressões matemáticas, para uma determinada restrição do domínio,


principalmente nos estudos do domínio e continuidade de funções.

Geralmente são formadas por funções polinomiais, racionais ou


exponenciais.

Veja alguns exemplos dessas funções:

Exemplo 15
2x + 5 , se x # 0
a) f^xh = )
x 2 + 6x , se x 2 0

A função apresentada anteriormente comporta­‑se como função do


primeiro grau para valores de x menores ou iguais a zero e como função
quadrática para valores de x maiores que zero.
Z- x - 3 , se x # - 3
]
b) f^xh = [ x 2 - 9 , se - 3 1 x # 4
]
\ 2x - 5 , se x 2 4

IMPORTANTE!

Vale ressaltar que, para esse tipo de função, caso se necessite determinar o
valor numérico da função em um ponto, deve­‑se tomar cuidado para verificar
qual é a sentença que se deve utilizar.

Por exemplo, se desejássemos calcular o valor de f(0), deveríamos utilizar a


expressão f(x) = x2 – 9, pois x = 0 está compreendido no intervalo –3 < x ≤ 4,
e, dessa forma, fazer f(0) = 02 – 9 = –9.

Como deveríamos proceder se quiséssemos determinar as


raízes dessa função?
146 UNIUBE

Seria necessário igualar cada uma das suas sentenças a zero e verificar
se as soluções encontradas estão dentro do intervalo em que essa
sentença está definida. Se f(0) = 0 podemos ter:

Para a primeira sentença, tem­‑se: –x – 3 = 0. Resolvendo essa equação


obtemos x = –3. O valor encontrado para a raiz existe no intervalo
x ≤ –3, para o qual a sentença está definida na função. Assim, temos que
x = –3 é uma raiz da função.

Na segunda sentença, temos: x2 – 9 = 0. Resolvendo essa equação do


segundo grau, obtemos como soluções x = –3 ou x = 3. Observando a
expressão da função, verifica­‑se que essa sentença está definida no
intervalo –3 < x ≤ 4. Assim, para essa sentença, apenas x = 3 é raiz da
função, pois a segunda solução da equação está “fora” do intervalo em
que a sentença está definida.

Finalmente, igualando a terceira sentença a zero, teríamos: 2x – 5 = 0.


Resolvendo essa equação, obtemos x = 5 . No entanto, é importante
2
lembrar que essa terceira sentença está definida para o intervalo de
valores de x > 4. Assim, o valor encontrado como solução da equação
não é raiz da função.

Veja, a seguir, na Figura 12, o gráfico da função do exemplo b. O gráfico


de uma função definida por diferentes sentenças nada mais é do que
uma junção dos gráficos de cada uma das sentenças, no intervalo em
que essa sentença estiver definida.
UNIUBE 147

Figura 12: Gráfico de função definida por diferentes sentenças.

AGORA É A SUA VEZ

Agora, chegou a hora de você exercitar os conceitos estudados sobre funções


racionais e funções com diferentes sentenças, realizando a Atividade 5.

Atividade 5

1. Para função racional f^ x h = x - 7x - 18 , determine qual é o elemento do


2

2x + 5
domínio que tem imagem nula.

2. Construa o gráfico da função f(x) = x4 e verifique as interseções dela com


a função f(x) = x2.

2x - 1 para x # 0
3. Seja a função f^xh = * x 2 para 0 1 x # 3 .
5 para x 2 3

Calcule o valor da seguinte expressão: E = f(–2) + f(0) + f( 5)


+ f(3) + f(2006)

4. Seja a função cujo gráfico está indicado a seguir. Determine a lei de


formação dessa função.
148 UNIUBE

Z 1
] , se x # 2
]] x - 3
5. Considere a função g^ x h = [ x 2 + 6x + 10 , se 2 1 x 1 5 .
]
]] 1 x - 4 , se x 2 5
\3

Determine:

a) g(5) c) g(6) e) g(0) + g(4)

b) g(2) d) as raízes dessa função.

Resumo
Neste capítulo, iniciamos o estudo de funções. Para tanto, enfocamos:
• definições importantes sobre funções, como lei de formação,
domínio, imagem e contradomínio;
• representações de funções com a utilização de diagramas e o
plano cartesiano. Para compreendermos o plano cartesiano, vimos
a representação de pontos e, depois, como fazer a representação
de uma função;
UNIUBE 149

• as funções de primeiro e segundo graus, constante, composta,


outras polinomiais e funções racionais e funções formadas por várias
sentenças;
• as inequações de primeiro e segundo graus.

Referências
ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicação. Porto Alegre: Bookman,
2001.

BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral 1. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2001.

DEMANA, Franklin D. et al. Pré­‑cálculo. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009.

MACHADO, Nilson. A matemática não é consenso. Folha de São Paulo. São


Paulo, 29 jun. 2007.

SILVA, Sebastião Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores. São
Paulo: Atlas, 2002.

THOMAS, George B. J. et al. Cálculo. 10. ed. v. 1. São Paulo: Pearson Addison
Wesley, 2002.

WIKIPEDIA. Número de Euler. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%


BAmero_de_Euler>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Capítulo Outras funções
3 elementares: modular,
exponencial e logarítmica

Valdir Barbosa da Silva Júnior


Wilton Rezende de Freitas

Introdução
Prezado aluno, seja bem-vindo a mais um momento de estudos
matemáticos. No dia a dia de qualquer ser humano, a matemática
se faz presente, auxiliando diversos profi ssionais em suas mais
variadas áreas de atuação. A matemática nos mostra de forma
interessante, e até mesmo prazerosa, como trabalhar a aritmética
que está presente a todo instante em nosso cotidiano, seja nas
informações gráfi cas, no cálculo de alturas não acessíveis, na
matemática dos códigos de correção de erros, no uso dos
supercomputadores, entre outros. A época atual é de forte apelo
tecnológico, em que as transmissões são feitas em alta velocidade
e a troca de informações ocorre em tempo real.

Às vezes, nos perguntamos: Para que estudar matemática?


Por que preciso conhecer logaritmos? Quando é que vou aplicar,
na minha profi ssão, esses conceitos que, agora, parecem tão
distantes?

Para termos uma ideia da importância dos logaritmos, por exemplo,


sua invenção na primeira metade do século 17 representou para a
astronomia e para a navegação algo próximo do que representa
152 UNIUBE

hoje o computador para essas áreas. De modo geral, as ciências


físicas (química, física, oceanografia, astronomia) necessitam da
matemática para o desenvolvimento de suas teorias. Em ecologia,
a matemática tem sido usada quando se estudam as leis da
dinâmica populacional. A estatística fornece teorias e métodos
para a análise de muitos tipos de dados. A estatística também
é essencial em medicina, para a análise de dados das causas
de doenças e da utilidade de novas drogas. A viagem de avião
não teria sido possível sem a matemática dos fluxos de ar e do
controle de sistemas. Desde a Antiguidade e até hoje, o homem
sempre teve a necessidade de avaliar distâncias inacessíveis.
Na verdade, são raras as distâncias que podem ser medidas
diretamente, com uma trena, por exemplo. Praticamente tudo o
que desejamos saber sobre distâncias no mundo em que vivemos
é calculado com o auxílio da trigonometria. Estas aplicações têm
sido desenvolvidas frequentemente a partir de estudos, cada dia
mais aprofundados, que buscam descobrir novas utilidades da
matemática para o desenvolvimento social.

Neste capítulo, continuaremos nossos estudos sobre as funções


elementares. Em especial, nosso objeto de estudo serão as
funções modulares, exponenciais e logarítmicas. Tão importante
quanto você conhecer estas funções, é você praticá­‑las por meio
de exercícios e, no decorrer de seus estudos, você deverá buscar
entender como estas importantes funções matemáticas são úteis
na sua profissão.

Desejamos que o estudo deste capítulo contribua para fazer de


você um estudante apaixonado pela matemática. Que descubra,
dia a dia, o quão importante é esta ciência na vida do engenheiro,
UNIUBE 153

do administrador, do profissional da saúde, enfim, na vida de


qualquer ser humano, independente da profissão escolhida, que
trabalha e visa promover, com seu esforço, uma sociedade melhor.

Bons estudos!!!

Objetivos
Ao término deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• definir módulo;
• reconhecer que o módulo de um número real é sempre
positivo;
• definir e identificar funções, equações, inequações
modulares, exponenciais e logarítmicas;
• analisar o gráfico bem como o domínio das funções
modulares, ex­ponenciais e logarítmicas;
• aplicar logaritmos em operações aritméticas complexas,
tais como potenciação e radiciação, transformando­‑as em
operações mais simples;
• resolver problemas que envolvam funções modulares,
exponenciais e logarítmicas.

Esquema
3.1 Módulo
3.2 Funções, equações e inequações modulares
3.2.1 Função modular
3.2.2 Equações modulares
3.2.3 Inequações modulares
154 UNIUBE

3.3 Funções, equações e inequações exponenciais


3.3.1 Equação exponencial
3.3.2 Função exponencial
3.3.3 Inequação exponencial
3.4 Logaritmos e funções logarítmicas
3.4.1 Logaritmos
3.4.2 Função logarítmica

3.1 Módulo

Você, agora, estudará módulo e sua aplicação matemática. Para tanto,


precisamos formalizar a definição de módulo!

Seja x um número real tal que x ∈ R, dizemos que o módulo de x por |x|
é tal que:

x , se x $ 0
x =)
- x , se x 1 0

Podemos dizer então que:


• o módulo de um número real é sempre maior ou igual a zero;
• o módulo de um número real não negativo é igual ao próprio número;
• o módulo de um número real negativo é igual ao oposto desse
número.

Observe e analise alguns exemplos:

|–3| = 3

| 3| = 3

|– 8 | = 8
UNIUBE 155

TROCANDO IDEIAS!

Conhecer módulo e sua aplicação matemática é passo essencial para que


você possa, adiante, estudar as funções, equações e inequações modulares.
Portanto, se você tem dúvidas sobre o que leu até aqui, procure saná­‑las.

3.2 Funções, equações e inequações modulares

Neste momento, estudaremos as funções, equações e inequações


modulares. Vamos a elas!

3.2.1 Função modular

Definida da mesma forma que o módulo, podemos dizer que, na função


modular, a cada x ∈ R, associa­‑se o elemento |x| ∈ R, ou seja, é a
função f: R → R tal que f(x) = |x|.

Você, certamente, deve estar se perguntando: como é o gráfico


da função modular?

Pois bem, o gráfico da função modular é a reunião de duas semirretas de


origem 0, que são as bissetrizes do 1o e 2o quadrante. Observe a Figura
1 a seguir:

Figura 1: Gráfico de uma função modular.


156 UNIUBE

O conjunto imagem da função modular é R+ (Im = R-), isto é, a função


modular assume somente valores reais não negativos.

Vamos discutir um novo exemplo. Podemos observar que a função f(x)


pode ser reescrita como:
x-2-1 , se x $ 2 x - 3 , se x $ 2
f^ x h = ) & f^ x h = )
-^ x - 2h - 1 , se x 1 2 - x + 1 , se x 1 2

Vamos, agora, aprender como montar o gráfico de uma função modular?

Esboce o gráfico da função f(x) = |x – 2| – 1.


• O primeiro passo é obedecer à condição de existência.
• O segundo passo é, na função, atribuir, no mínimo, dois valores para x.

x≥2 x<2
x y=x–3 x y=–x+1
2 –1 1 0
3 0 0 1

Observe e analise, atentamente, o exemplo a seguir (figuras 2 e 3):

Figura 2: Esboço do gráfico de uma função modular (a).


UNIUBE 157

Portanto, o gráfico da função f(x) = | x – 2 | – 1 é:

Figura 3: Esboço do gráfico de uma função modular (b).

O domínio e a imagem desta função são:

D(f) = R  Im(f) = { y ∈ R | y ≥ –1 }

3.2.2 Equações modulares

São equações em que a incógnita aparece dentro de módulos. Sua


resolução ocorre de forma simples, todavia, antes, você deverá lembrar­
‑se da definição de módulo.

Propriedade:  │x│ = y → x = y  ou  x = –y

Observe, a seguir, alguns exemplos:

│x│ = 1 → x = +1 ou x = –1

│x│ = 9 → x = + 9 ou x = –9

│x│= 3 → x = + 3 ou x = – 3
7 7 7
158 UNIUBE

Pois bem, agora você irá observar e analisar alguns exemplos que
explicam como encontrar o conjunto solução de uma equação modular.

Exemplo 1
2x - 1 = 3 &x=2
│2x – 1│ = 3 ⇒ *
2x - 1 =- 3 & x =- 1

S = { 2, –1 }

Exemplo 2

│6x – 1│= –8

Não existe valor real para x, uma vez que não existe módulo com valor
negativo. Portanto:

S=Ø

Exemplo 3

│2x – 3│= x + 5

A condição de existência para esta equação é: x + 5 ≥ 0, portanto x ≥ –5.


Z
] 2x - 3 = x + 5 &x=8
]] ou 2
S = ) 8, - 3
⇒[ 3
] 2
] 2x - 3 =-^ x + 5h & x =- 3
\
Exemplo 4

│x│2 + 2│x│ – 15 = 0

Fazendo │x│= y, com y ≥ 0, temos:


UNIUBE 159
Z 2
] y + 2y - 15 = 0
]]
D = 64 & y' = 3 e y'' =- 5 ^este valor não convém, pois y $ 0h
[ S = "- 3, 3 ,
] como x = y e y = 3, temos:
]]
x = 3 + x = 3 ou x =- 3
\

3.2.3 Inequações modulares

Você leu e estudou, até aqui, o conceito de módulo, assim como as


funções e as equações modulares. Agora, vamos explorar o universo
das inequações.

Dizemos que uma inequação é modular quando a incógnita se apresenta


em módulo. Veja, a seguir, alguns exemplos:

|x| ≤ 3
|5x – 2| > 7
|2x2 – 1| > –3

Há diferença entre uma equação e uma inequação?

A resposta é a ausência do sinal de igualdade, ou, melhor dizendo, a


presença dos sinais de < ou >.

EXEMPLIFICANDO!

Para compreender melhor as inequações modulares, observe os exemplos


a seguir:

a) |x – 1| < 5 ⇒ – 5 < x – 1 < 5 ⇒ – 4 < x < 6


S = { x ∈ R | – 4 < x < 6}
160 UNIUBE

Z
] 3x - 4 1 - 8 & x 1 - 4
b) 3x - 4 2 8 & [ 3
] 3x - 4 2 8 & x 2 4
\
4
S = )x ! R x 1 - ou x 2 4 3
3

c) 2
x 2 + 4x + 4 < 3 ⇒ ^ x + 2h2 < 3

= |x + 2| < 3 ⇒ – 3 < x + 2 < 3 ⇒ – 5 < x < 1

S = { x ∈ R | –5 < x < 1 }

AGORA É A SUA VEZ

Antes de prosseguir com o estudo das demais funções que serão abordadas
neste capítulo, ou seja, as funções exponenciais e logarítmicas, sugiro que
você resolva, atentamente, os exercícios a seguir indicados como forma de
fixar os conceitos que, até agora, você estudou. Vamos lá? Bom trabalho!

Atividade 1

1. Determine o valor de x, considerando que |2x – 3| = 1


4
2. Escreva a soma e o produto das raízes da equação |x|2 – 2 · |x| – 8 = 0.

3. Determine o número de raízes reais da equação |2x – 1| = |1 – x|.

4. Resolva a equação: |x2 – 4x – 1| = 4

5. Resolva a inequação: |x2 – x| ≥ 2

6. Considerando em R a função: f(x) = |4x – 7| – 3, determine os valores de


x, tal que:

a) f(x) = f(x – 2)

b) f(x) < f(2)

c) f(x) ≥ f(x + 1)
UNIUBE 161

3.3 Funções, equações e inequações exponenciais

Caro aluno, neste capítulo, dedicaremo­‑nos a estudar algumas funções


especiais. Começamos pelas funções modulares. Agora, você estudará
outro tipo de função, as exponenciais.

Para que você possa estudar funções, equações e inequações


exponenciais com êxito, é necessário que domine as regras de
potenciação e radiciação já vistas anteriormente. Vamos recordar
algumas delas?

1ª propriedade
1
a- n = , a!o
an

2ª propriedade
n
a = b ⇒ a = bn (para radicais de índice par, devemos ter b ≥ 0 e a ≥ 0)

3ª propriedade

Sendo p ∈ N, n ∈ N*, temos:


p

a ∈ R*+ ⇒ a = n a p
n

4ª propriedade
Z p
] 0 n = 0 , para p 2 0
] n
a=0⇒[ p
]] 0 n p
não é definido para # 0
n
\
5ª propriedade
Z
]] a p nem sempre é real se n for par
a ∈ R*– ⇒ [ pn
]] n n p
a = a se n for ímpar
\
162 UNIUBE

IMPORTANTE!

Não se esqueça: todas as propriedades da potenciação com expoente inteiro


são válidas também para a potenciação com expoente racional.

3.3.1 Equação exponencial

Uma equação é dita exponencial quando a incógnita está no expoente.


Vamos ver alguns exemplos:

2x = 64
3x–2 = 81
x
1
e o = 27
3

25x+1 = 5 x

Para resolver equações exponenciais, usamos a definição de que a


função exponencial é injetora, ou seja, para a > 0 e a ≠ 0, temos:

ax1 = ax2 ⇔ x1 = x2

Mas o que é uma função Injetora? Vamos relembrar?

Uma função f: A → B é injetora se quaisquer dos elementos distintos de


A sempre possuem imagens distintas em B como, por exemplo:
• A função f: x → f(x) definida por f(x) = 3x + 2 é injetora, pois sempre
que tomamos dois valores diferentes para x, obtemos dois valores
diferentes para f(x).
• A função f: x → f(x) definida por f(x) = x2 + 5 não é injetora, pois para
x = 1, temos f(1) = 6 e para x = –1 temos f(–1) = 6.
UNIUBE 163

Veja a seguir alguns exemplos de equações exponenciais.

a) 5x = 53 → x = 3 → S = {3}

b) 4x = 2 → 22x = 21 → 2x = 1 → x = 1 → S = ) 1 3
2 2

c) 27x = 81 → 33x = 34 → 3x = 4 → x = 4 → S = ' 34 1


3

3.3.2 Função exponencial

Dado um número real a, tal que 1 ≠ a >0, chamamos de função exponencial


qualquer função de R em R*+, definida por f(x) = ax, cuja base é a.

Exemplo 5

f(x) = 2x; f(x) = ( 2 )x; f(x) = (0,36)x

Você certamente deve estar curioso para conhecer o gráfico de uma


função exponencial. Pois bem!

O gráfico de uma função exponencial crescente (a > 1) é constituído por


uma hipérbole que nos faz lembrar a decolagem de um avião. Veja­‑o na
Figura 4 a seguir.

Se a >1:

Figura 4: Gráfico de uma função exponencial crescente.


164 UNIUBE

O gráfico de uma função exponencial decrescente (0 < a < 1) é constituído


por uma hipérbole que nos faz lembrar o pouso de um avião. Veja­‑o na
Figura 5 a seguir:

Se 0 < a < 1:

Figura 5: Gráfico de uma função exponencial decrescente.

Observando os gráficos, podemos concluir que:

D (F) = R; Im (F) = R*+.

O gráfico é uma figura chamada curva exponencial, que passa por (0,1).

Para a > 1, a função é crescente (x1 > x2) ⇒ ax1 > ax2.

Para 0 < a < 1, a função é decrescente (x1 > x2) ⇒ ax1 > ax2.

Quando definida de R em R*+, a função F(x) = ax é:

→ Injetora, x1 ≠ x2 ⇒ ax1 ≠ ax2 ou ax1 = ax2 ⇒ x1 = x2

→ Sobrejetora CD(F) = Im(F) = R*+


UNIUBE 165

PARADA OBRIGATÓRIA

Observe que, sendo uma injetora e uma sobrejetora, a função exponencial é


bijetora, portanto admite inversa, que será a função logarítmica, que você
irá estudar ainda neste capítulo.

3.3.3 Inequação exponencial

Pois bem, você já estudou as equações e as funções exponenciais.


Agora, você irá estudar as inequações exponenciais.

Uma inequação é dita exponencial quando a incógnita está no expoente.


Veja, a seguir, alguns exemplos:

2x > 32 → 2x > 24 → x > 4 → S = { x > 4 }


x
1
e o ≤ 81 → 3–x ≤ 34 → –x ≤ 4 → x ≥ –4 → S = { x ≥ –4 }
3

DICAS

Para resolvermos uma inequação exponencial, devemos escrevê­‑la em


potência de mesma base.

Sendo a função exponencial f(x) = ax, crescente para a >1 e decrescente


para 0 < a < 1, temos:

a x 1 a x & x1 1 x2 ^a 2 1h
1 2

*
a x 1 a x & x1 2 x2 ^0 1 a 1 1h
1 2

Das funções que esta unidade didática propõe tratar, resta apenas a
função logarítmica para você estudar. Até aqui, abordamos a função
modular e a função exponencial.
166 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Após a leitura, resolva os exercícios indicados adiante. Eles tratam de


equações e inequações exponenciais. Bom trabalho!

Atividade 2

1. Resolva as seguintes inequações:


x
1
a) 2x > 64 b) e o ≤ 27 c) ( 2 )x ≥ 4 2
3

2. Resolva as equações:
2+1 1
a) 3x = 243 b) 2–x²–2x+8 =
8

TROCANDO IDEIAS!

Concluímos, portanto, o estudo das funções, equações e inequações


exponenciais. Se ainda restam dúvidas sobre estes assuntos, sugiro que
você faça uma revisão do conteúdo visto.

3.4 Logaritmos e funções logarítmicas

3.4.1 Logaritmos

Prezado aluno, para que você estude com êxito as funções logarítmicas,
vamos, rapidamente, definir o que são logaritmos e suas principais
propriedades.

Sendo a e b números reais e positivos com a ≠ 1, chamamos de logaritmo


de b na base a o expoente real x, ao qual se eleva a para obter b. Isto
é, logba = x ⇒ ax = b com a > 0, b > 0 e b ≠ 1.
UNIUBE 167

Observe, a seguir, alguns exemplos:

log82 = x ⇒ 2x = 8 ⇒ 2x = 23 ⇒ x = 3
x
1
log 1 = x & e o = 9 & 3- x = 3 2 & - x = 2 & x =- 2
9

3 3

São consequências da definição de logaritmo:

a) log1a = 0, pois a0 = 1
b) logaa = 1, pois a1 = a
c) logaam = m, pois am = am
b
d) aloga = b, pois logba = x ⇒ ax = b

Quando aplicamos a definição de logaritmo, solucionamos grande parte


de nossos problemas, mas podemos ainda tentar facilitar os cálculos
utilizando algumas propriedades a fim de simplificar as expressões. A
seguir, você irá estudar quatro propriedades.

1ª propriedade: Logaritmo do produto

Em qualquer base, o logaritmo do produto de dois números reais e


positivos é igual à soma dos logaritmos de cada um desses números:

loga(b·c) = logab + logac

Para compreender melhor esta propriedade, observe o exemplo a seguir:

log2(64·128) = log264 + log2128 = log226 + log227


= 6·log22 + 7·log22 = 6 + 7 = 13

Há um segundo caminho, até mais fácil, para a resolução do problema


anterior. Observe:

log264 = x ⇒ 2x = 26 ⇒ x = 6
168 UNIUBE

log2128 = y ⇒ 2y = 27 ⇒ y = 7
x + y = 6 + 7 = 13

2ª propriedade: Logaritmo de um quociente

Em qualquer base, o logaritmo do quociente de dois números reais é


igual à diferença entre o logaritmo do dividendo e o logaritmo do divisor.
b
c m
c
log a = log ab - logca

Veja o exemplo a seguir:

EXEMPLIFICANDO!

1
c m
8
log 2 = log12 - log 82 = 0 - 3 =- 3

IMPORTANTE!

O logaritmo sempre muda de sinal quando o logaritmando tem sua base


invertida, ou seja, quando o numerador do logaritmando passa a ser
denominador e vice­‑versa. Exemplos:
1
5
log 3 =- log 53

3 4
4 3
log 2 =- log 2

Portanto, diz­‑se que o cologaritmo de c na base a é cologca = – logca

3ª propriedade: Logaritmo de uma potência

Numa determinada base, o logaritmo de uma potência é igual ao produto


do expoente pelo logaritmo de base da potência.
UNIUBE 169
n
logab = n·logab

Observe a aplicação desta propriedade nos exemplos citados a seguir:


5
log232 = log22 = 5·log22 = 5·1 = 5
3
3·log22 = log22 = log28 = 3
-1
3
2 23
1
1 1
c m
log 1 = log 1 = $ log 12
2 2 3 2

1 1
c m 1 1
= $ ^- 1h $ log 12 =- $ 1 =-
3 2
3 3

4ª propriedade: Mudança de base

Para escrevermos o logba, usando logaritmos na base c, realizamos a


mudança de base:
logca
log ab = (para c > 0, b > 0, a >0, b ≠ 1 e c ≠ 1)
logcb

Observe e analise estes exemplos:

log 52
log 53 =
log 32

log 8
log78 =
log7

As propriedades que você acabou de estudar visam facilitar a solução


de operações que envolvem logaritmo. Portanto, sempre que necessário
for, recorra a elas!

3.4.2 Função logarítmica

Uma vez revisado o conceito de logaritmo e suas principais propriedades,


você está apto a estudar a função logarítmica.
170 UNIUBE

Dado um número real a com (0 < a ≠ 1), chama­‑se função logarítmica de


base a a função que associa a cada elemento x positivo o seu logaritmo
nessa base:

f(x) = logax, definida de R*– em R(1 ≠ a > 0)

São, portanto, exemplos de funções logarítmicas:

y = log2x;   y = logx10;   y = logex

A função exponencial, que é definida de R em R*+, é bijetora e portanto


admite função inversa, que é a função logarítmica. Portanto:

f(x) = ax, definida de R em R*+


f –1(x) = logax, definida de R*+ em R

Você, certamente, está se perguntando: mas o que é função


inversa?

Dada uma função bijetora f : A → B, denomina­‑se função inversa de f à


função g: B → A, tal que se f(a) = b, então g(b) = a. Assim temos a função
inversa de f por f –1.

Exemplo 6

Sejam A = {1,2,3,4,5}, e a função f : A → B definida por f(x) = 2x e g:

B → A definida por g(x) = x . Observe você, na Figura 6 a seguir, as


2
situações das setas indicativas das duas funções.
UNIUBE 171

f(x) = 2x g(x) = x/2


1 2 1 2
2 4 2 4
3 6 3 6
4 8 4 8
5 10 5 10
A B A B
Figura 6: Exemplo de função inversa.

Então, como obter uma função inversa? Vejamos: Seja a função


f : x → f (x), para f (x) = x + 2. Colocando y no lugar de f(x), teremos y = x +
2. Trocando x por y e y por x, teremos x = y + 2. Se y for isolado, teremos
y = x – 2. Assim, g(x) = x – 2 é a função inversa de f(x) = x + 2.

Pronto, agora com o conceito de função inversa fica mais fácil de


entendermos as funções logarítmicas.

De um modo geral, o gráfico da função y = logax tem as características


ilustradas nas figuras 7 e 8 apresentadas a seguir:

Para a > 1, ou seja, função logarítmica crescente:

Figura 7: Gráfico de uma função logarítmica crescente.


172 UNIUBE

Para 0 < a < 1, ou seja, função logarítmica decrescente:

Figura 8: gráfico de uma função logarítmica decrescente.

Analisando os gráficos anteriores, o que podemos concluir?

• O gráfico da função logarítmica sempre corta o eixo das abscissas


no ponto (1,0).
• O gráfico da função logarítmica nunca toca o eixo das ordenadas.
• O conjunto imagem da função logarítmica é f(R*+) = R.
• A função logarítmica é sobrejetora, injetora e bijetora e, por
consequência, admite inversa, que é a função exponencial.

Veja, no exemplo a seguir, como determinar o domínio de uma função


logarítmica.

Exemplo 7

Determine o domínio da função definida por f(x) = log(x – 1) (3 – x):


UNIUBE 173

Resolução

Segundo diz a condição de existência para uma função logarítmica,


devemos ter 3 – x > 0, x – 1 > 0 e x – 1 ≠ 1. Portanto:

3 – x > 0 ⇒ x < 3 (I)


x – 1 > 0 ⇒ x > 1 (II)
x – 1 ≠ 1 ⇒ x ≠ 2 (III)

Fazendo a interseção dos conjuntos (I), (II) e (III), resulta 1 < x < 2, ou 2
< x < 3. Então, D = {x ∈ R | 1 < x < 2 ou 2 < x < 3}.

AGORA É A SUA VEZ

Resolva os exercícios a seguir. São exercícios de fixação que tratam de


logaritmos. Bom trabalho!

Atividade 3

Calcule x = logab nos seguintes casos:

a) b = 625 e a = 5

b) b = 81 e a = 1
3
c) b = 0,0001 e a = 100

Atividade 4

Calcule os logaritmos a seguir:

a) O logaritmo de 256 na base 2 2

b) O logaritmo de 9 na base 2
16 3
Atividade 5
2
1. Resolva a equação: log5(x +3) = log5(x+3)

2. Se logE = 1+ loga + 2·logb – logc, determine E.


174 UNIUBE

Uma vez concluídos os exercícios, se ainda lhe restarem dúvidas sobre


logaritmos e funções logarítmicas, sugiro que procure seu professor tutor
para saná­‑las ou discuta­‑as com seus colegas.

Tão importante quanto você dominar os conceitos e exemplos que leu


e exercitou no decorrer deste capítulo, é você não parar por aqui, ou
seja, ler mais, muito mais! Por isso, se interessar, você pode recorrer
às Referências ao final de cada capítulo para aprofundar seus estudos,
buscando, sempre, relacionar o tema que você lê com o seu dia a dia
profissional.

Resumo
Neste capítulo, prosseguimos com os estudos sobre as funções
elementares. Para tanto, enfocamos as funções modular, exponencial e
logarítmica. Dentre alguns dos conceitos apresentados, vimos que:
• o módulo de um número real é sempre maior ou igual a zero; o
módulo de um número real não negativo é igual ao próprio número; o
módulo de um número real negativo é igual ao oposto desse número;
• nas equações e inequações modulares a incógnita se apresenta
em módulo;
• o conjunto imagem da imagem da função modular contém, apenas,
os números reais não negativos;
• nas funções, equações e inequações exponenciais, a incógnita se
apresenta no expoente, como por exemplo:
x
a) 3x = 81 b) f(x) = 6x c) e 1 o ≤ 27
3

• a função logarítmica é a função que relaciona cada elemento x


positivo ao seu logaritmo, na base considerada;
• como a função logarítmica é a inversa da função exponencial
podemos construir seu gráfico utilizando o eixo de simetria em
relação à bissetriz do 1º e 3º quadrantes.
UNIUBE 175

Referências
ANTON, H. Cálculo. 8. ed. v. 1. Bookman, 2006.

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicação. Porto Alegre: Bookman,
2001.

BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral 1. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2001.

DEMANA, Franklin D. et al. Pré­‑cálculo. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009.

MACHADO, Nilson. A matemática não é consenso. Folha de São Paulo. São Paulo,
29 jun. 2007.

SILVA, Sebastião Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores. São
Paulo: Atlas, 2002.

THOMAS, George B. J. et al. Cálculo. 10. ed. v. 1. São Paulo: Pearson – Addison
Wesley, 2002.

WIKIPEDIA. Número de Euler. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%


BAmero_de_Euler>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Capítulo Semelhança
4

Váldina Gonçalves da Costa

Introdução
Prezado(a) aluno(a).

Você já estudou congruência e suas aplicações, certo?

Neste capítulo, você estudará quando duas ou mais fi guras são


semelhantes.

Antes de prosseguir na leitura do texto, procure responder à


pergunta:

Será que duas ou mais fi guras que são parecidas, são também
semelhantes?

Anote o que você traz consigo a respeito desse conceito; ao fi nal


do estudo deste capítulo, volte ao que acaba de escrever e, se for
o caso, reescreva, novamente, sua refl exão.

Aqui, você estudará as fi guras semelhantes, semelhança de


polígonos, semelhança de triângulos, teorema de Tales, teorema
da bissetriz interna e externa de um triângulo, teorema fundamental
da semelhança e casos ou critérios de semelhança de triângulos.
178 UNIUBE

Você será convidado a pensar, refletir, resolver, desenhar, medir,


dentre outras ações que o auxiliarão na compreensão dos
conceitos propostos ao longo do capítulo.

Não esquecendo que o curso é de formação de professores,


novamente encontrará uma abordagem intuitiva, metodológica e
axiomática ao longo do capítulo, com ênfase na construção dos
conceitos, o que justifica a unidade temática na qual a Geometria
está inserida: Conceitos Matemáticos Fundamentais.

Objetivos
Espero que, no final deste capítulo, você seja capaz de:

• resolver problemas e aplicar o Teorema de Tales de Mileto em


diferentes situações;
• identificar os casos de semelhança em diferentes situações;
• resolver problemas e aplicar os casos de semelhança de
triângulos em diversas situações;
• fazer demonstrações matemáticas, utilizando os casos de
semelhança de triângulos;
• utilizar, corretamente, a linguagem matemática referente ao
conteúdo estudado.

Esquema
4.1 Figuras semelhantes
4.2 Semelhança de polígonos
4.3 Semelhança de triângulos
4.4 Teorema de Tales
4.5 Teorema da bissetriz interna e externa de um triângulo
4.6 Teorema fundamental da semelhança
4.7 Casos ou critérios de semelhança de triângulos
4.8 Observação
4.9 Exercitando
UNIUBE 179

4.1 Figuras semelhantes

Esse é o primeiro assunto que abre o estudo de semelhança!

Você saberia responder: O que são figuras semelhantes?

Ok! Agora proponho que vivencie o processo de realização de uma


atividade. Confirme o que respondeu anteriormente ou descubra o
conceito que envolve essa questão.

Vivencie o processo! Veja o que proponho.

A seguir, há várias figuras que podem ou não ser semelhantes a outras.


Observe-as, com atenção, e escreva os pares de figuras que você
considera que sejam semelhantes (Figura 1).

2 1
2
2
2
3
1 4 4
2 6
3
1
1,5

6 4 6 2 2

4
4
4
6

2
Figura 1: Figuras diversas.
180 UNIUBE

Ok? Respondeu?

Para resolver a situação, você deve ter pensado em figuras que se


assemelham, de mesma aparência, figuras parecidas, dentre outras,
que são ideias do nosso dia a dia.

Antes de dar a resposta, pense um pouco mais e, para isso, tente


responder:

O que são figuras semelhantes em matemática?

Ok? Respondeu?

Para confirmar a sua resposta, prossiga na leitura.

Observe as figuras 2 e 3 a seguir:

Figura 2:Desenho X 1. Figura 3: Desenho X’ 1.

Será que elas são semelhantes ou apenas parecidas?

Para discutir o assunto “semelhança” e responder aos questionamentos


feitos, será necessário verificar o conceito de proporcionalidade.
UNIUBE 181

Você saberia responder:


Quando se tem uma situação de proporcionalidade?

Acompanhe as situações - problemas a seguir:

Situação-problema 1

Se você lê, em uma hora, 30 páginas de um livro e ele tem 120 páginas,
quanto tempo você gastará para ler o restante do livro, mantendo para
cada hora, 30 páginas?

Observe que será preciso comparar a quantidade de páginas com o


tempo.

Há várias maneiras de se comparar duas grandezas. Veja:

A > B ou A < B, ou ainda, A = B.

Todavia essas comparações, às vezes, dizem pouco. Por isso, utiliza-se,


no dia a dia, a razão entre duas grandezas, ou seja, o quociente entre
essas grandezas. Observe nessa situação-problema proposta:

1 hora – 30 páginas que pode ser escrito 30


1
60
2 horas – 60 páginas 
2

3 horas – 90 páginas  90
3
120
4 horas – 120 páginas 
4

Então, você irá gastar 4h para ler o livro.


182 UNIUBE

Esses quocientes são chamados de razão.


Razão

Do latim ratio, que


significa ‘divisão’. Noção Observe que, no exemplo dado, todos os
relacionada com a
comparação de duas quocientes são iguais (30).
quantidades por meio da
divisão. Segundo Caraça
(1989, p. 33), a razão é Razões iguais recebem o nome de proporção.
“(...) sinônimo de cociente
desses dois números.”
Observação: É correto
grafar cociente ou É possível escrever da seguinte forma:
quociente.

30 páginas 120 páginas


=
1 hora 4 horas
(isso é uma proporção, e lê-se: 30 está para 1, assim como 120 está
para 4).

A razão constante, 30, neste caso, é chamada de constante de


proporcionalidade.

As grandezas, número de páginas e tempo, são diretamente


proporcionais. Esta é uma ideia de proporcionalidade direta.

30 60 90 120
= = = = 30
1 2 3 4

Multiplique o numerador de uma fração pelo denominador da outra fração


e complete os espaços, a seguir:

a) 30.2 = ___ e 60.1 = ____; b) 90.4 = ___ e 3.120 = ____


c) 30.3 = ____ e 1.90 = ____ d) 60.4 = ___ e 2.120 = ____

É possível fazer várias multiplicações, mas apenas algumas foram feitas.

O que você pode observar quanto aos produtos? Os produtos, em


um mesmo item, têm o mesmo valor?
UNIUBE 183

Observou? Acompanhe o conceito atentamente.

Numa proporção, quando multiplicamos o numerador de uma fração pelo


denominador de outra fração, o produto será sempre o mesmo. Essa é
a propriedade fundamental das proporções.

a c
= ⇒ a.d =b.c
b d
Chamando a de 1º termo, b de 2º termo, c de 3º termo e d de 4º termo,
tem-se que o produto do 1º termo pelo 4º termo é igual ao produto do 2º
termo pelo 3º termo.

Não será feita a demonstração, pois não é o objetivo nesse momento.

Situação-problema 2
A distância de Peirópolis a Uberlândia é de 120 km. Se uma pessoa for
de Peirópolis a Uberlândia, variando a velocidade, ela gastará tempos
diferentes. Observe o Tabela 1:

Tabela 1: Velocidade e tempo do automóvel


Velocidade (km/h) 60 100 120
Tempo (horas) 2 1,2 1

Faça o produto do valor da velocidade pelo valor correspondente do


tempo.

O que você pode perceber?

Este é um exemplo de proporcionalidade indireta, pois à medida que


se aumenta a velocidade, o tempo diminui; ou seja, gasta-se menos
tempo, mantendo-se uma razão constante.
184 UNIUBE

Então, o que vem a ser proporcionalidade?

Trajano, citado por Lima (1999, p. 93), define-a da seguinte maneira:


[...] duas grandezas são proporcionais quando elas se
correspondem de tal modo que, multiplicando-se uma
quantidade de uma delas por um número, a quantidade
correspondente da outra fica multiplicada ou dividida pelo
mesmo número. No primeiro caso, a proporcionalidade
se chama direta e, no segundo, inversa; as grandezas
se dizem diretamente proporcionais ou inversamente
proporcionais.

Escrevendo em outra linguagem

Duas grandezas são proporcionais quando existe uma correspondência


x  y , que associa a cada valor x de uma delas um valor y bem definido
da outra, de tal modo que sejam cumpridas as seguintes condições:

a) quanto menor for x, menor será y. Na linguagem matemática:

se x  y e x '  y ' → x < x ' ⇒ y < y '

(Lê-se: se x se corresponde com y e x’ se corresponde com y’, então


x é menor que x’ implica que y é menor que y’).

b) se dobrar, triplicar etc. o valor de x, então o valor correspondente de y


será dobrado, triplicado etc. Na linguagem matemática:

se x  y → nx  ny ∀ n ∈  *

Nessas condições, a correspondência x  y chama-se proporcionalidade


direta. Como apresentado na situação-problema 1.
UNIUBE 185

Para proporcionalidade indireta, situação-problema 2, tem-se:

Duas grandezas são inversamente proporcionais quando existe uma


correspondência x  y que associa a cada valor x de uma delas um
valor y bem definido da outra, de tal modo que sejam cumpridas as
seguintes condições:

c) quanto maior for x, menor será y. Na linguagem matemática:

se x  y e x '  y ' → x < x ' ⇒ y > y '

(Lê-se: se x se corresponde com y e x’ se corresponde com y’ então


x é menor que x’ implica que y é maior que y’).

d) se dobrar, triplicar etc. o valor de x, então o valor correspondente de


y será dividido por dois, por três etc. respectivamente. Na linguagem
matemática:

se x  y → nx  y n ∀ n ∈  *

Nessas condições, a correspondência x  y chama-se proporcionalidade


indireta.

SAIBA MAIS

Existem algumas propriedades das proporções que serão utilizadas ao


longo das atividades propostas, neste capítulo e você pode encontrar as
demonstrações das mesmas no site: <http://www.somatematica.com.br/
fundam/propor6.php>
186 UNIUBE

São elas:

1ª propriedade:

Numa proporção, a soma dos dois primeiros termos está para o 2º (ou
1º) termo, assim como a soma dos dois últimos está para o 4º (ou 3º).
Seja a proporção a = c , aplicando a propriedade:
b d

a +b c+ d a +b c+ d
= ou =
a c b d

60 90 60 + 2 90 + 3
Por exemplo, se = , aplicando a propriedade: = se
2 3 60 90

resolver, verá que as razões são iguais:

2ª propriedade:
De forma análoga, demonstra-se o caso para a diferença.

3ª propriedade:
Numa proporção, a soma dos numeradores está para a soma dos
denominadores, assim como cada numerador está para o seu
denominador.

Seja a proporção a = c , aplicando a propriedade:


b d

a+c c a+c a
= ou =
b+d d b+d b

60 90 60 + 90 90
Por exemplo, se = , aplicando a propriedade: = se
2 3 2+3 3

resolver, verá que as razões são iguais:


UNIUBE 187

4ª propriedade:
De forma análoga, demonstra-se o caso para a diferença.

5ª propriedade:
Numa proporção, o produto dos numeradores está para o
produto dos denominadores, assim como o quadrado de
cada numerador está para quadrado do seu denominador.

a c
Seja a proporção = , aplicando a propriedade:
b d

a.c a 2 a.c c 2
= 2 ou =
b.d b b.d d 2

60 90 60.90 902
Numericamente, se = , aplicando a propriedade: = 2 se
2 3 2.3 3

5400 8100 900 900


resolver, verá que as razões são iguais = ⇒ = .
6 9 1 1

Essa propriedade pode ser estendida para qualquer número de razões.


Por exemplo:

a c e
seja a proporção = = , aplicando a propriedade:
b d f

a.c.e a 3 a.c.e c 3 a.c.e e3


= 3 ou = 3 ou = 3
b.d . f b b.d . f d b.d . f f

Proporção Múltipla
Denominamos proporção múltipla a uma série de razões iguais. Dessa
a c e
forma b = d = f é uma proporção múltipla, assim como na situação-
30 60 90 120
problema 1, quando escreve-se: = = = .
1 2 3 4
188 UNIUBE

De acordo com a 3ª e a 4ª propriedades, tem-se:

a+c+e a a+c+e a a+c+e a


= ou = ou =
b+d + f b b+d + f b b+d + f b
a+c−e a a+c−e c a+c−e e
= ou = ou =
b+d − f b b+d − f d b+d − f f
a−c+e a a−c+e c a−c+e e
= ou = ou =
b−d + f b b−d + f d b−d + f f
a−c−e a a−c−e c a−c−e e
= ou = ou =
b−d − f b b−d − f d b−d − f f

Com o conceito de proporcionalidade e algumas propriedades, é possível


voltar às figuras 2 e 3 para responder se elas são ou não semelhantes:

Figura 4: Desenho Figura 5: Desenho X’1.

Matematicamente dizendo, pode-se afirmar que os dois desenhos X1


e X’1 são semelhantes, quando eles guardam entre si uma proporção.
Isto é, existe uma correspondência biunívoca entre os pontos de X e os
pontos

de X’, tal que A ' B ' = k , em que A e B são os pontos de X e A’ e B’ são


AB
os pontos de X’ e k é um número real denominado razão de semelhança.
UNIUBE 189

Observe as figuras 6 e 7 do filósofo Tales de Mileto:

Figura 6: Tales de Mileto 1.

Figura 7: Tales de Mileto 2.


Fonte: School of Mathematics and Statistic.History of Mathematics.(2004).

Existe uma correspondência biunívoca entre os pontos da Figura 6 e


os pontos da Figura 7, de tal modo que se dividir A’B’/AB e C’D’/CD a
razão é a mesma, ou seja, um número k, assim, as figuras 6 e 7 são
semelhantes.

Símbolo de semelhança: ~

Antes de responder à situação-problema inicial, você irá verificar quando


dois ou mais polígonos são semelhantes. Acompanhe atentamente.

4.2 Semelhança de polígonos

A partir das vivências realizadas nas atividades anteriores ou de sua


experiência enquanto aluno na Educação Básica, você saberia responder
à seguinte questão?

Será que ser parecido é condição para ser semelhante?


190 UNIUBE

Muito bem! Prossiga na leitura das situações a seguir.

Situação 1
Observe os polígonos a seguir nas figuras 8 e 9:

Figura 8: Pentágono ABCDE. Figura 9: Pentágono A’B’C’D’E’.

Estes polígonos são semelhantes?


Você deve ter observado que eles possuem ângulos com a mesma
medida.
^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
A ≡ A ', B ≡ B ', C ≡ C ', D ≡ D ' e E ≡ E '

Essa condição, ângulos correspondentes congruentes, basta para que


os polígonos sejam semelhantes?

Vamos verificar se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são


proporcionais!

AB BC CD DE AE
Vejamos: = = ≠ ≠
A ' B ' B 'C ' C ' D ' D ' E ' A ' E '

Você deve ter percebido que a razão entre os segmentos AE e A’E’ é


diferente das demais, assim como a razão entre os segmentos DE e D’E’,
portanto, esses polígonos não são semelhantes. São parecidos, mas não
são semelhantes. Dessa forma, nem tudo que é parecido é semelhante.
UNIUBE 191

SINTETIZANDO...

Então, para que dois polígonos sejam semelhantes, é necessário que os


seus ângulos sejam ordenadamente congruentes
Homólogos
e que os lados homólogos sejam proporcionais.
Homo significa mesmo,
logos significa lugar.
Então, dois lados de um
polígono são homólogos
quando cada um deles Voltando à situação-problema inicial, tem-se:
está em um dos polígonos
e ambos são opostos a
ângulos congruentes. Na Figura 1, nas páginas iniciais, temos,
São lados que estão na
frente dos ângulos de as figuras 3 e 8; 7 e 9 são semelhantes,
mesma medida. Também
chamamos os lados pois são polígonos e os seus ângulos são
homólogos de lados
correspondentes. ordenadamente congruentes e os lados
homólogos proporcionais.

As figuras 1 e 6 não são semelhantes, pois o olho da baleia da Figura 1


(baleia menor) é igual ao olho da baleia da Figura 6 (baleia maior). Assim,
não há proporcionalidade em suas dimensões.

As Figuras 2 e 10 não são semelhantes, pois uma das dimensões da


figura 2 é igual à da Figura 10, enquanto as outras são o dobro. Assim,
não há proporcionalidade em suas dimensões.

Quanto às figuras 4 e 5, não há nenhuma figura semelhante às mesmas.

Acertou? Se não conseguiu, refaça a atividade e, em seguida, leia a


situação 2.

Situação 2
Observe os triângulos das figuras 10 e 11:
192 UNIUBE

Eles são semelhantes?

Muito bem! Para verificar se os triângulos ABC e A’B’C’ são semelhantes,


responda às atividades que proponho a seguir.

1. Meça os ângulos do triângulo ABC, e, em seguida, faça o mesmo para


os ângulos do triângulo A’B’C’. O que você pode observar?
2. Meça os lados do triângulo ABC, e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’. O que você pode observar?
3. Verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais. O que você pode observar?
4. O que você pode concluir?

Procure responder antes de verificar se acertou!

Você deve ter encontrado que os ângulos correspondentes dos triângulos


^ ^ ^ ^ ^ ^
são congruentes, ou seja, A ≡ A ', B ≡ B ', C ≡ C ' . Também deve ter
encontrado que os lados correspondentes não são congruentes, mas são
proporcionais, =AB BC CD , pois a razão entre eles é a mesma.
=
A ' B ' B 'C ' C ' D '

Assim, ∆ABC ~ ∆A ' B ' C '


UNIUBE 193

SINTETIZANDO...

Assim, diremos que dois triângulos são semelhantes se for possível


estabelecer uma correspondência biunívoca entre seus vértices de modo
que ângulos correspondentes sejam iguais e lados correspondentes sejam
proporcionais.

4.3 Semelhança de triângulos

Já vimos a condição para que duas ou mais figuras sejam semelhantes,


e, também, para que dois ou mais polígonos sejam semelhantes.

Os triângulos são polígonos, então por que será que chamamos


este item de semelhança de triângulos?

Será que existem casos de semelhança para os triângulos como os que


você estudou para a congruência?

Para saber se dois triângulos são semelhantes, será preciso medir todos
os ângulos, todos os lados e estabelecer a proporção entre esses lados?

Vamos verificar? Para isso, pegue o compasso, a régua e o transferidor.

Atividade de construção de triângulos

Nesta atividade, você irá construir triângulos a partir de alguns elementos


que serão dados de modo que não sejam congruentes.

1 - Dado um ângulo:
• construa um triângulo ABC com um ângulo  = 40°;
• construa um triângulo A’B’C’ com um ângulo Â’ = 40°;
194 UNIUBE

• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo


para o triângulo A’B’C’;
• meça os lados do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem um ângulo congruente,


eles _______ (são ou não são) necessariamente semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos não são necessariamente


semelhantes.

2- Dados dois ângulos:


^ ^
• construa um triângulo ABC, dados os ângulos A =
40° e B =
60°. ;
^ ^
• construa um triângulo A’B’C’, dados os ângulos A ' =° 60 .;
40 e B ' =°
• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo
para o triângulo A’B’C’;
• meça os lados do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem dois ângulos orde-


nadamente congruentes, eles _______ (são ou não são) necessaria-
mente semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos são necessariamente


semelhantes.
UNIUBE 195

3- Dados um lado e um ângulo adjacente a esse lado:

• construa um triângulo ABC com um lado AB = 4 cm e um ângulo


DF ≡ A ' C ' ;

• construa um triângulo A’B’C’ com um lado A’B’ = 4 cm e um ângulo


DF ≡ A ' C ' ;

• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo


para o triângulo A’B’C’;
• meça os lados do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem um lado e um ângulo


adjacente a esse lado, respectivamente congruentes, eles _______
(são ou não são) necessariamente semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos não são necessariamente


semelhantes.

4- Dados dois lados e um ângulo compreendido entre esses dois lados:

• construa um triângulo
^
ABC com as seguintes medidas AB = 4 cm,
BC = 6 cm e A= 60° ;
• construa um triângulo A’B’C’ com as seguintes medidas A’B’ = 8 cm,
^
• B’C’ = 12 cm e A=' 60° ;
• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo
para o triângulo A’B’C’;
• meça os lados do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.
196 UNIUBE

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem dois lados respec-


tivamente proporcionais e um ângulo compreendido entre esses dois
lados congruentes, eles _______ (são ou não são) necessariamente
semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos são necessariamente


semelhantes.

5- Dados dois lados:

• construa um triângulo ABC com as seguintes medidas AB = 4 cm,


BC = 6 cm;
• construa um triângulo A’B’C’ com as seguintes medidas A’B’ = 8 cm,
B’C’ = 12 cm;
• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo
para o triângulo A’B’C’;
• meça os lados do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo para
o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem dois lados respec-


tivamente proporcionais, eles _______ (são ou não são) necessaria-
mente semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos não são necessariamente


semelhantes.

6- Dados três lados:

• construa um triângulo ABC com as seguintes medidas AB = 4 cm,


BC = 5 cm e AC = 6 cm;
• construa um triângulo A’B’C’ com as seguintes medidas AB = 8 cm,
UNIUBE 197

• BC = 10 cm e AC = 12 cm;
• meça os ângulos do triângulo ABC e, em seguida, faça o mesmo
para o triângulo A’B’C’;
• verifique se os lados opostos aos ângulos de mesma medida são
proporcionais.

Conclusão: Se dois ou mais triângulos possuem três lados respectivamente


proporcionais, eles _______ (são ou não são) necessariamente
semelhantes.

Você deve ter concluído que os triângulos são necessariamente


semelhantes.

Você verificou que são sempre semelhantes os triângulos construídos


nos itens 2, 4 e 6, que são os casos de semelhança AA, LAL e LLL,
respectivamente.

SINTETIZANDO...

Assim, dados dois triângulos ABC e A’B’C’, eles serão semelhantes se for
possível estabelecer uma correspondência biunívoca entre seus vértices de
modo que ângulos correspondentes sejam iguais e lados correspondentes
sejam proporcionais.

Ou seja, se A → A ', B → B ' e C → C ' é a correspondência que


estabelece a semelhança, então valem simultaneamente as seguintes
igualdades:

^ ^ ^ ^ ^ ^ AB BC AC
A ≡ A ', B ≡ B ', C ≡ C ' e = =
A ' B ' B 'C ' A 'C '
198 UNIUBE

Antes de provar os casos de semelhança de triângulos, você irá estudar


o Teorema de Tales e ler um pouco de sua história.

4.4 Teorema de Tales

4.4.1 Um pouco de história

Tales de Mileto foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia e


o primeiro dos sete sábios, discípulo dos egípcios e caldeus. Recebeu
o título de “primeiro matemático’’ verdadeiro, e tentou organizar a
Geometria de forma dedutiva. Era de descendência fenícia. Nasceu em
Mileto, uma antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta
de 625 a.C. e faleceu, aproximadamente, em 547 a.C.

Tales é uma figura imprecisa historicamente.

O que sabemos é baseado em antigas referências gregas à história


da Matemática que atribuem a ele um bom número de descobertas
matemáticas. Pouco se sabe sobre sua vida e obra. Supõe-se que
começou como mercador, tornando-se rico o suficiente para dedicar
a parte final de sua vida ao estudo e à realização de algumas viagens.

Faz parte do mito que o cerca, o fato de ter previsto o eclipse solar de
585 a.C., embora muitos historiadores da ciência duvidem que os meios
existentes na época permitissem tal proeza. Atribui-se a Tales, o cálculo da
altura das pirâmides, bem como o cálculo da distância até navios no mar, por
triangulação. Os fatos geométricos cuja descoberta é atribuída a Tales são:

• a demonstração de que os ângulos da base de dois triângulos


isósceles são iguais;
• a demonstração do seguinte teorema: se dois triângulos têm dois
ângulos e um lado respectivamente iguais, então são iguais;
UNIUBE 199

• a demonstração de que todo diâmetro divide um círculo em duas


partes iguais;
• a demonstração de que, ao se unir qualquer ponto de uma
circunferência aos extremos de um diâmetro AB, obtém-se um
triângulo retângulo em C. Provavelmente, para demonstrar este
teorema, Tales usou também o fato de que a soma dos ângulos de
um triângulo é igual a dois retos.

Tales chamou a atenção de seus conterrâneos para o fato de que, se


duas retas se cortam, então os ângulos opostos pelo vértice são iguais.

Sobre o cálculo da altura das pirâmides, conta-se que numa determinada


ocasião Tales foi desafiado a determinar a altura da pirâmide de Quéops,
sem escalá-la. Ele procedeu da seguinte maneira:

• foi até à extremidade da sombra projetada da grande pirâmide e ali


cravou o seu bastão no solo, bem na vertical, como na Figura 12 a
seguir:

Figura 12: Pirâmide de Quéops 1.

Assim, ele obteve a seguinte representação matemática na Figura 13:

Figura 13: Pirâmide de Quéops 2.


200 UNIUBE

Ele observou que os triângulos ABC e CDE conservavam a “mesma


forma”, embora os “tamanhos” fossem diferentes.

Assim, foi possível obter as medidas dos lados AC (do triângulo ABC), CD
e CE (do triângulo CDE), aplicar as propriedades que tinha desenvolvido
sobre semelhança de figuras e calcular o lado AB,
Transversal do
feixe de retas do triângulo ABC, ou seja, a altura da pirâmide,
paralelas
sem escalá-la.
É uma reta do
plano do feixe que
concorre com todas 4.4.2 Teorema de Tales
as retas do feixe.
(DOLCE; POMPEO,
2005, p. 184).
Existe um teorema que recebe o nome de Teorema
Feixe de retas de Tales em homenagem a Tales e, antes de
paralelas
prová-lo, será necessário enunciar um outro
É um conjunto de
retas coplanares, teorema fundamental para a compreensão dessa
paralelas entre si.
(DOLCE; POMPEO, demonstração.
2005, p. 184).

Segmentos Teorema
correspondentes
de duas
transversais
Se duas retas são transversais de um feixe de retas
São segmentos cujas
extremidades são os paralelas distintas e um segmento de uma delas é
respectivos pontos
correspondentes.
dividido em p partes congruentes entre si e pelos
(DOLCE; POMPEO, pontos de divisão são conduzidas retas do feixe, então
2005, p. 184).
o segmento correspondente da outra transversal:
Pontos
correspondentes
de duas
transversais 1º) também é dividido em p partes;
São pontos destas
transversais que 2º) e essas partes também são congruentes
estão numa mesma
reta do feixe. entre si. (DOLCE; POMPEO, 2005, p. 184).
(DOLCE; POMPEO,
2005, p. 184).
UNIUBE 201

Hipótese Tese

• A ' B ' dividido em p


• Feixe de retas paralelas distintas
partes congruentes.

• r e s são transversais • A ' B ' ⊂ A' B '

• AB dividido em p partes congruentes



• AB ⊂ AB

Desenho

Figura 14: Feixe de retas paralelas 1.

SAIBA MAIS

Teorema de Tales

Se duas retas são transversais de um feixe de retas paralelas, então a


razão entre dois segmentos quaisquer de uma delas é igual à razão entre
os respectivos segmentos correspondentes da outra. (DOLCE; POMPEO,
2005, p. 185).
202 UNIUBE

Hipótese Tese

• r e s são transversais


AB ⊂ r e CD ⊂ r AB A ' B '
=
A' B ' ⊂ s e C ' D ' ⊂ s CD C ' D '

AB e CD são correspondentes a
A ' B ' e C ' D ', respectivamente

Desenho

Figura 15: Feixe de retas paralelas 2.

Há dois casos: para os segmentos comensuráveis e para os segmentos


incomensuráveis.

AB e CD são comensuráveis se for possível encontrar um terceiro


segmento de reta, mesmo que muito pequeno, que caiba exatamente
um número inteiro de vezes em cada um deles.
UNIUBE 203

1º Caso: AB e CD são comensuráveis

Se BC e AC são comensuráveis, então existe um segmento x que é


submúltiplo de AB e de A ' B ' . Assim, AB fica dividido em Partes iguais
a x, ou seja AB = px. O mesmo acontece com CD , que fica dividido em
q partes iguais a x, ou seja CD = qx.

Dividindo os segmentos, tem-se:

AB p
= (1)
CD q

Agora, trace retas do feixe pelos pontos de divisão de A ' B ' e de C ' D '
(conforme Figura 16 a seguir).
Desenho

Figura 16: Feixe de retas paralelas 3.

Aplicando o teorema anterior, tem-se:

A' B' fica dividido em p partes iguais a x’, ou seja A' B' = px’. O mesmo
acontece com C ' D' , que fica dividido em q partes iguais a x’, ou seja
C ' D' = qx’.
204 UNIUBE

Dividindo os segmentos, temos:

A' B ' p
= (2)
C 'D' q
AB A ' B '
Comparando (1) e (2), temos que =
CD C ' D '

2º Caso: AB e CD são incomensuráveis. Essa demonstração deverá ser


feita no volume de números, no assunto de incomensurabilidade.

4.4.3 Aplicações do Teorema de Tales

Neste momento, você irá encontrar alguns exemplos do cotidiano, pois,


ao longo do volume, você verá aplicações desse teorema na Geometria.

Situação-problema 1
Carlos deseja completar o mapa do loteamento, colocando as medidas
de frente dos lotes 1 e 3, respectivamente, para a rua Maranhão e para a
rua Pará. Os lotes têm dois lados paralelos. Ache as medidas que estão
faltando para Carlos completar o seu loteamento (Figura 17).

Figura 17: Mapa do loteamento – lotes 1, 2 e 3, das ruas Maranhão e Pará.


UNIUBE 205

Se há lados paralelos, como mostra a figura, tem-se um feixe de retas


paralelas cortado por duas transversais, então pode-se aplicar o teorema
de Tales da seguinte forma:

24 18
ou = , dentre outras formas.
y 30

Utilizando e aplicando a propriedade fundamental das


proporções:

18.y = 24.30  y = 40 m

Para achar o valor de x, é possível estabelecer a seguinte proporção:

18 30
=  30.x = 18.12  x = 7,2 m
x 12
As medidas dos lotes 1 e 3 são, respectivamente, 7,2 m e 40 m.

Situação-problema 2

Dois postes, de alturas diferentes, são perpendiculares ao solo e estão


a uma distância de 4m um do outro. Um fio bem esticado de 6 m liga
os topos desses dois postes, como nos mostra a Figura 18, a seguir.
Prolongando-se esse fio até prendê-lo ao solo, utilizamos mais 5 m de
fio. Calcule a distância entre o ponto onde o fio foi preso ao solo e o poste
mais próximo a ele.

Figura 18: Postes e fio esticado.


206 UNIUBE

Fez? Não avance sem tentar resolver a situação. Se estiver com dúvida,
retome, veja o exemplo anterior, mas procure fazer.

Você deve ter notado que é possível aplicar o teorema de Tales, pois
é como se os postes fossem as retas paralelas e o fio e o chão, as
transversais.

Assim, .

Aplicando a propriedade fundamental das proporções:

≅ significa 6.x = 4.5  x = 20/6  x = 10/3, ou seja,


aproximadamente. x ≅ 3,33 m

A distância, entre o ponto onde o fio foi preso ao solo e o poste mais
próximo a ele, é de, aproximadamente, 3,33 m.

Acertou? Espero que sim! Se não, retome e estude novamente o teorema


de Tales.

Situação-problema 3
A planta a seguir, mostra as medidas de três lotes. Calcule os valores de
x, y e z, em metros, sabendo que as laterais dos terrenos são paralelas
e que x + y + z = 90 m, conforme Figura 19:

Figura 19: Planta de três lotes.


UNIUBE 207

Estabelecendo as proporções, tem-se:

x y z
= = é uma proporção múltipla
10 12 18

Utilizando as propriedades da proporção múltipla, têm-se:

x+ y+z x
= , como x + y + z = 90 m, substituindo:
10 + 12 + 18 10
90 x
= . Aplicando a propriedade fundamental das proporções:
40 10

40.x = 90.10  40x = 900  x = 22,5 m

Utilizando as propriedades da proporção múltipla para achar o valor y:

x+ y+z y
= , como x + y + z = 90 m, substituindo:
10 + 12 + 18 12
90 y . Aplicando a propriedade fundamental das proporções:
=
40 12

40.y = 90.12  40y = 1080  x = 27 m

Utilizando as propriedades da proporção múltipla para achar o valor z:

x+ y+z z
= , como x + y + z = 90 m, substituindo:
10 + 12 + 18 18
90 z
= . Aplicando a propriedade fundamental das proporções, temos:
40 18

40.z = 90.18  40z = 1620  z = 40,5 m

Os valores de x, y e z são, respectivamente, 22,5 m, 27 m e 40,5 m.


208 UNIUBE

4.5 Teorema da bissetriz interna e externa de um triângulo

A seguir, em cada teorema apresentado, você deverá completar as


justificativas solicitadas, para provar o teorema da bissetriz interna e da
bissetriz externa de um triângulo.

A - Teorema da bissetriz interna (figuras 20 a 22)

“Uma bissetriz interna de um triângulo divide o lado oposto em segmentos


(aditivos) proporcionais aos lados adjacentes.” (DOLCE; POMPEO, 2005,
p. 190).

Hipótese Tese

• ∆ABC
∆ABC
• AD é bissetriz interna do x y
• relativa ao lado BC
=
c b
• a, b e c são lados do ∆ABC
• x+y=a

Desenho

Figura 20: Triângulo ABC 1.


UNIUBE 209

Conduzir por C uma reta paralela à bissetriz , conforme Figura


  
21,determinando um ponto E na reta AB (CE / / AD ) , ou seja,
 
AB ∩ CE = {E} . (Tabela 2)

Figura 21: Triângulo ABC 2.

Tabela 2: Demonstração do Teorema da bissetriz interna de um triângulo

Afirmação Justificativa
^ ^
1. B A D ≡ D AC
^ ^
2. AEC ≡ B AD
^ ^
3. D A C ≡ A C E

^ ^
4. A E C ≡ AC E

5. ∆ACE é isósceles de
base CE

6. AE ≡ AC
210 UNIUBE

 
Considere BC e BE , na
Figura 22, como transversais
de um feixe de retas
paralelas,

identificado por AD / /CE ,
e aplique o teorema de Tales.
Assim:

x c x y
= ou = Figura 22: Triângulo ABC 3.
y b c b

Conseguiu justificar? Não prossiga sem fazer as justificativas. Em


seguida, confira se suas respostas coincidem com o expresso a seguir.
Lembre-se, de que não é preciso que elas sejam idênticas, mas devem
indicar a mesma ideia.

No item 1, , por hipótese, pois AD é bissetriz.

No item 2, , pois se esses ângulos são


correspondentes.

No item 3, , pois se , esses ângulos são alternos


internos.

No item 4, , pelo item 1 e pela propriedade transitiva.


^ ^
No item 5, ∆ACE é isósceles de base CE , pois A E C ≡ AC E .

No item 6, AE ≡ AC , pois ∆ACE é isósceles de base CE .

Assim, a bissetriz interna de um triângulo divide o lado oposto em


segmentos (aditivos) proporcionais aos lados adjacentes.

B- Teorema da bissetriz externa


UNIUBE 211

“Se a bissetriz de um ângulo externo de um triângulo intercepta a reta que


contém o lado oposto, então ela divide este lado oposto externamente
em segmentos (subtrativos) proporcionais aos lados adjacentes.”
(DOLCE;POMPEO, 2005, p. 191).Veja nas figuras 23, 24, 25 e Tabela 3.
Hipótese Tese


• é bissetriz externa do
x y
relativa ao lado =
• a, b e c são lados do ∆ABC c b
• x – y = a

Desenho

Figura 23: Triângulo ABC 4.

Conduzir por C uma reta paralela à bissetriz , determinando um ponto


    
E na reta AB (CE / / AD ) , ou seja, AB ∩ CE = {E} .
212 UNIUBE

Figura 24: Triângulo ABC

Tabela 3: Demonstração do Teorema da bissetriz externa de um triângulo

Afirmação Justificativa

^ ^
1. D AC ≡ D A F
^ ^^ ^
D AC 2.
≡ DDAAC
F ≡D
AEAC
F
^ ^
3. D AC ≡ A E C
^ ^
4. A E C ≡ AC E
^ ^
D AC 5.≡ A E C é isósceles de base

6. AE ≡ AC
 
Considere BC e BE como transversais
de um feixe de retas paralelas, identificado
 
por AD / /CE , e aplique o teorema
de Tales. Teremos:

= ou x y
=
c b
Figura 25: Triângulo ABC 6.

Conseguiu justificar? Não prossiga sem fazer as justificativas. Em


seguida, confira se suas respostas coincidem com o expresso a seguir.
UNIUBE 213

Lembre-se, não é preciso que elas sejam idênticas, mas devem indicar
a mesma ideia.

No item 1, , por hipótese, pois é bissetriz.

^ ^
No item 2, D A F ≡ A E C , pois se , esses ângulos são
correspondentes.

^ ^
No item 3, D A C ≡ A E C , pois se , esses ângulos são alternos
internos.

^ ^
No item 4, A E C ≡ A C E , pelo item 1 e pela propriedade transitiva.

^ ^
No item 5, ∆ACE é isósceles de base , pois A E C ≡ A C E .

No item 6, AE ≡ AC , pois ∆ACE é isósceles de base .

Então, se a bissetriz de um ângulo externo de um triângulo intercepta a


reta que contém o lado oposto, ela dividirá este lado oposto externamente
em segmentos (subtrativos) proporcionais aos lados adjacentes.

Em seguida, você estudará o teorema fundamental da semelhança.


Acompanhe atentamente e faça as justificativas.

4.6 Teorema fundamental da semelhança

Teorema: “Se uma reta é paralela a um dos lados de um triângulo e


intercepta os outros dois em pontos distintos, então o triângulo que ela
determina é semelhante ao primeiro.” (DOLCE; POMPEO, 2005, p. 200).

Hipótese Tese



214 UNIUBE

Desenho

Figura 26: Triângulo ABC 7.

Você já verificou que, para um polígono ser semelhante a outro, é preciso


estabelecer uma correspondência biunívoca entre seus vértices de modo
que ângulos correspondentes sejam iguais e lados correspondentes
sejam proporcionais.

É preciso satisfazer às duas condições.

AGORA É A SUA VEZ

Para provar essas condições, faça as justificativas das afirmações a seguir,


como mostram as tabelas 4 e 5 a seguir:
1ª) Ângulos congruentes

Tabela 4: Ângulos congruentes

Afirmação Justificativa
^ ^ ^ ^
1. D≡B e E ≡C
^ ^
2. A≡ A
UNIUBE 215

2ª) Lados proporcionais Desenho


Conduzir
 por E uma
reta EF paralela a

AB , com F em AB .
Assim tem-se:

Figura 27: Triângulo ABC 8.

Tabela 5: Lados proporcionais

Afi rmação Justifi cativa

AB AC
=
1. DE DF

2. BDEF é paralelogramo

3.

AE DE
=
4. AC BC

AD DE
=
5. AB BC

6.

Fez as justifi cativas? Não prossiga sem fazê-las!


216 UNIUBE

Em seguida, confira se suas respostas coincidem com o


expresso a seguir. Lembre-se: não é preciso que elas sejam
idênticas, mas devem indicar a mesma ideia.

1ª) Ângulos congruentes


 
No item 1, , se as retas DE / / BC (por hipótese), então
esses ângulos são correspondentes.

No item 2, , ângulos comuns aos dois triângulos.

2ª) Lados proporcionais

AD AE
No item 1, = , pelo teorema de Tales.
AB AC
   
No item 2, BDEF é paralelogramo, pois DE // BC e EF // AB .

No item 3, DE ≡ BF , pela definição de paralelogramo.

AE DE
No item 4, = , pelo teorema de Tales.
AC BC

AD DE
No item 5, = , pela propriedade transitiva (itens 1 e 4).
AB BC

AD AE DE
No item 6, = = , comparando os itens 1, 4 e 5.
AB AC BC

Assim, se uma reta é paralela a um dos lados de um triângulo e intercepta


os outros dois em pontos distintos, então o triângulo que ela determina é
semelhante ao primeiro.

4.7 Casos ou critérios de semelhança de triângulos


Para provar os casos de semelhança de triângulos, farei o primeiro e,
posteriormente, você fará os demais, completando as justificativas.
UNIUBE 217

A- Caso AA (Ângulo – Ângulo)

Teorema:
^ ^
Dados
^ ^
dois triângulos ABC e A’B’C’, figuras 28 e 29, se
A ≡ A' e B ≡ B' , então os triângulos são semelhantes.

Hipótese Tese

• ∆ABC e ∆A ' B ' C ' ∆ABC ~ ∆A ' B ' C '



^ ^ ^ ^
• A ≡ A ' e B ≡ B '

Desenho

Figura 28: Triângulo ABC 9. Figura 29: Triângulo A’B’C’ 2.

Você já verificou que, para um triângulo ser semelhante a outro, é


necessário estabelecer uma correspondência biunívoca entre seus
vértices de modo que ângulos correspondentes sejam congruentes e
lados correspondentes sejam proporcionais. Ou seja, é preciso satisfazer
as duas condições. Então, provando a primeira condição:

1ª condição: Ângulos congruentes


Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180° e
^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
A ≡ A ', B ≡ B ' , isso acarreta a congruência entre C e C ' ou C ≡ C ' .
Agora, resta provar que os lados são proporcionais.
218 UNIUBE

2ª condição: Lados proporcionais


Para isso, suponha que os triângulos ABC e A’B’C’ (figuras 30 e 31) não
sejam congruentes e que .

Marque um ponto D em AB , de modo que BD ≡ A ' B ' .Pelo ponto D,


trace uma reta paralela a .

Desenho

Figura 30: Triângulo ABC 10. Figura 31: Triângulo A’B’C’ 3.

Esta reta corta num ponto E, formando um triângulo DBE que é congruente
ao triângulo A’B’C’, pois

1. por hipótese
2. por construção
3. porque se , pois são correspondentes LAL

Se (por hipótese) e , propriedade


transitiva
4. , pelo teorema de Tales.

B 'C ' B ' A '


5. = , porque BE ≡ B ' C ' e BD ≡ B ' A ' , garantido pela
BC BA
congruência dos triângulos A’B’C’ e DBE.
UNIUBE 219

B ' A ' A 'C '


6. De maneira análoga se faz para =
BA AC
B 'C ' B ' A ' A 'C '
7. = = , pela propriedade transitiva entre os itens 5 e 6.
BC BA AC

8. ∴ ∆ABC ~ ∆A ' B ' C ' , pois os triângulos possuem os ângulos


correspondentes congruentes e lados correspondentes proporcionais.

Conclusão: Assim, se dois ou mais triângulos possuírem apenas dois


ângulos congruentes, eles já serão semelhantes, não é preciso provar
que os seus lados são proporcionais.

B- Caso LAL (Lado – Ângulo – Lado)


^ ^
Teorema: Se, em dois triângulos ABC e A’B’C’, tem-se A ≡ A ' e

AB AC
= , então os dois triângulos são semelhantes.
A ' B ' A 'C '

Hipótese Tese

• ∆  ABC e ∆A ' B ' C '


AB AC ∆ABC ~ ∆A ' B ' C '
•   =
A ' B ' A 'C '
^ ^
• A
  '≡ A

Construa um triângulo DEF que tenha DE ≡ A ' B ' ,

Desenho

Figura 32: Triângulo ABC 11. Figura 33: Triângulo A’B’C’ 4. Figura 34: Triângulo DEF.
220 UNIUBE

Tabela 6: Demonstração do caso LAL para triângulos

Afirmação Justificativa

1. ∆ABC ~ ∆DEF

AB AC
2. =
DE DF
3. DF ≡ A ' C '
^ ^
4. D ≡ A'

5. ∆A ' B ' C ' ≡ ∆DEF

6. ∆ABC ~ ∆A ' B ' C '

Conseguiu justificar? Não prossiga sem fazer as justificativas.

Em seguida, confira se suas respostas coincidem com o


expresso a seguir. Lembre-se: não é preciso que elas sejam
idênticas, mas devem indicar a mesma ideia.

No item 1, ∆ABC ~ ∆DEF , pelo teorema anterior ou pelo caso AA.

No item 2, AB = AC , pois são lados proporcionais em triângulos


DE DF
semelhantes.

No item 3, , comparando AB = AC (hipótese), DE ≡ A ' B '


A ' B ' A 'C '
(construção) e o item 2.

^ ^ ^ ^ ^ ^
No item 4, D ≡ A ' , pela propriedade transitiva, pois se A' ≡ A e A≡D
⇒ A' ≡ D .
^ ^

No item 5, ∆A ' B ' C ' ≡ ∆DEF , pelo caso de congruência LAL, pois
^ ^
DE ≡ A ' B ' , D ≡ A e DF ≡ A ' C ' .

No item 6, ∆ABC ~ ∆A ' B ' C ' , substituindo o item 4 no item 1.


UNIUBE 221

Conclusão: Assim, se dois ou mais triângulos possuírem dois lados


respectivamente proporcionais e um ângulo compreendido entre esses
dois lados congruentes, eles já serão semelhantes. Não é preciso provar
que os outros lados são proporcionais, nem que os outros ângulos são
congruentes.

C- Caso LLL (Lado – Lado – Lado)


Teorema: Se, em dois triângulos ABC e A’B’C’ tem-se

AB BC AC , então os dois triângulos são semelhantes.


= =
A ' B ' B 'C ' A 'C '
Hipótese Tese

• ∆ABC e ∆A ' B ' C '


AB BC AC ∆ABC ~ ∆A ' B ' C '
• = =
A'B ' B 'C ' A 'C '

Construa um triângulo DEF que tenha .

Figura 35: Triângulo ABC 12. Figura 36: Triângulo A’B’C’ 5. Figura 37: Triângulo DEF2.
222 UNIUBE

Tabela 7: Demonstração do caso LLL para triângulos

Afirmação Justificativa

AB AC
=
1. DE DF

2. ∆ABC ~ ∆DEF

3. AC
= =
AB BC
DF DE EF

4.

5. ∆A' B' C ' ≡ ∆DEF

6. ∆ABC ~ ∆A' B' C '

Fez as justificativas? Não prossiga sem fazê-las!

Em seguida, confira se suas respostas coincidem com o expresso


a seguir. Lembre-se: não é preciso que elas sejam idênticas, mas
devem indicar a mesma ideia.

No item 1, , substituindo na hipótese


UNIUBE 223

No item 2, , pelo caso LAL, pois (Construção) e

(item 1).

No item 3, , pois são lados proporcionais em triângulo

semelhantes ( )

No item 4, , comparando o item 3 com a hipótese e a

construção pelo teorema de Tales.

No item 5, AD = DE , pela propriedade transitiva (itens 1 e 4).


AB BC

No item 6, AD
= =
AE DE , comparando os itens 1, 4 e 5.
AB AC BC

Conclusão: Assim, se dois ou mais triângulos possuírem três lados


respectivamente proporcionais, eles já serão semelhantes. Não é preciso
provar que ângulos são congruentes.

SINTETIZANDO...

Os casos de semelhança de triângulos são: AA, LAL e LLL.

Nos casos de congruência de triângulos, vistos no volume


anterior, você verificou que os triângulos possuem os lados com
a mesma medida e os ângulos também com a mesma medida.
O que acontecerá se estabelecermos a razão entre os seus
lados homólogos?
Procure responder antes de prosseguir!

Certamente, você deve ter percebido que a razão de semelhança será


sempre igual a 1. Portanto, os triângulos que são congruentes também
serão semelhantes.
224 UNIUBE

4.8 Observação

1. Todos os casos de congruência também são casos de semelhança,


pois os ângulos já são iguais e a razão entre os lados será sempre
igual a um.

2. Se a razão de semelhança de dois triângulos é K, então:


a razão entre lados homólogos é k;
a razão entre os perímetros é k;
a razão entre as alturas homólogas é k;
a razão entre as medianas homólogas é k;
a razão entre as bissetrizes internas homólogas é k;
a razão entre os raios dos círculos inscritos é k;
a razão entre os raios dos círculos circunscritos é k.

Assim, a razão entre dois elementos lineares homólogos é k; e os ângulos


homólogos são congruentes.

4.9 Exercitando

A seguir, você encontrará algumas situações problemas resolvidas.


Acompanhe atentamente a resolução.

Situação-problema 1
Deseja-se calcular a largura de um lago e, para isso, usou-se o esquema
representado pela figura a seguir, em que AB / / CD . Nessas condições,
qual é a largura desse lago?

A largura do lago é a medida do segmento CD, como na Figura 38:


UNIUBE 225

Figura 38: Lago.

Observe os triângulos ∆ABP e ∆CDP . Provando que os triângulos são


semelhantes, é possível estabelecer a proporção entre os seus lados e
achar a medida de CD.

Desenhando os triângulos, separadamente:

Figura 39: Triângulo CDP. Figura 40: Triângulo ABP.

^ ^
1. P ≡ P , ângulo comum aos dois triângulos.

2. , são ângulos correspondentes e, portanto, congruentes, pois


AB / / CD .
226 UNIUBE

3. ∆ABP ~ ∆CDP , pelo caso de semelhança AA.

4. AP
= =
AB BP , pois são lados proporcionais em triângulos
CP CD DP
semelhantes.

80 100
Substituindo os valores, tem-se: =
200 CD

Aplicando a propriedade fundamental das proporções:

80.CD = 200.100  80.CD = 20 000  CD = 250 m

A largura desse lago é de 250 m.

Situação-problema 2
Num dia ensolarado, a sombra projetada, num chão plano, por uma
pessoa, na posição vertical, de 1,50 m de altura é de 2,50 m. Num
mesmo instante, a sombra projetada por uma árvore é de 30 m. Qual a
altura da árvore?

Fazendo um desenho e nomeando os vértices dos triângulos formados:

a) pela árvore, pelo chão e pelos raios solares;


b) pela pessoa, pelo chão e pelos raios solares;

será denominada de x a medida da altura da árvore;

BC e EF são raios solares;

os ângulos A e D são retos, pois a pessoa está na posição vertical e a


árvore também (Figura 41).
UNIUBE 227

res
sola
rai
os res
sola
os
rai

Figura 41: Sombra projetada pela pessoa e pela árvore.

Provando que os triângulos são semelhantes, é possível estabelecer


a proporção entre os seus lados e achar a medida da altura da árvore.

1. , pois são ângulos retos.

^ ^
2. C ≡ F , são ângulos correspondentes e, portanto congruentes, pois os
raios solares são paralelos.

3. ∆ABC ~ ∆DEF , pelo caso de semelhança AA.

AC AB BC
4. = = , pois são lados proporcionais em triângulos
DF DE EF

semelhantes.

30 x
Substituindo os valores, tem-se: 2,50 = 1,50

Aplicando a propriedade fundamental das proporções, temos:

2,50.x = 30.1,50  2,5x = 45  x = 18 m

A altura da árvore é de 18 m.
228 UNIUBE

Resumo

Com esse capítulo, você verificou que nem tudo que é parecido é
semelhante e que, dessa forma, existem algumas condições para que
duas ou mais figuras sejam semelhantes.

Para discutir o assunto, precisou dos conceitos de proporcionalidade


e verificou que razões iguais recebem o nome de proporção. A partir
do conceito, discutiu-se o de proporcionalidade direta e indireta. Assim,
duas grandezas são diretamente proporcionais quando existe uma
correspondência x  y , que associa a cada valor x de uma delas um
valor y bem definido da outra, de tal modo que sejam cumpridas as
seguintes condições: a) quanto maior for x, maior será y; b) se dobrar,
triplicar etc. o valor de x, então o valor correspondente de y será
dobrado, triplicado etc. Por outro lado, duas grandezas são inversamente
proporcionais quando existe uma correspondência x  y , que associa
a cada valor x de uma delas um valor y bem definido da outra, de tal
modo que sejam cumpridas as seguintes condições: a) quanto maior
for x, menor será y; b) se dobrar, triplicar etc. o valor de x, então o valor
correspondente de y será dividido por dois, por três etc. respectivamente.

Várias propriedades das proporções, também, foram apresentadas,


tais como: o produto do numerador de uma fração pelo denominador
de outra fração, será sempre o mesmo; a soma dos dois primeiros
termos está para o 2º (ou 1º) termo, assim como a soma dos dois
últimos está para o 4º (ou 3º); a soma dos numeradores está para a
soma dos denominadores, assim como cada numerador está para o
seu denominador; o produto dos numeradores está para o produto dos
denominadores, assim como o quadrado de cada numerador está para
quadrado do seu denominador.
UNIUBE 229

Com o conceito de proporcionalidade, você verificou que dois ou mais


polígonos são semelhantes se seus ângulos são ordenadamente
congruentes e os lados homólogos são proporcionais.

A partir daí, estudou a semelhança de triângulos e pode comprovar,


construindo e também demonstrando os casos de semelhança de
triângulos. Ou seja, para identificar a semelhança não é preciso verificar
se todos os ângulos dos triângulos são iguais e nem se todos os lados
são proporcionais, são necessários alguns elementos. Dessa forma, os
casos de semelhança de triângulos são: AA (dois ângulos congruentes),
LAL (dois lados proporcionais e um ângulo compreendido entre eles
congruente) e LLL (três lados proporcionais).

Você também estudou que se duas retas são transversais de


um feixe de retas paralelas, então a razão entre dois segmen-
tos quaisquer de uma delas é igual à razão entre os respecti-
vos segmentos correspondentes da outra – Teorema de Tales.

Também verificou que existem teoremas para a bissetriz interna e para a


externa de um triângulo. Em relação à bissetriz interna de um triângulo,
ela divide o lado oposto em segmentos (aditivos) proporcionais aos lados
adjacentes. Em relação à bissetriz de um ângulo externo de um triângulo,
se ela intercepta a reta que contém o lado oposto, então ela divide este
lado oposto externamente em segmentos (subtrativos) proporcionais aos
lados adjacentes.

Além disso, é possível utilizar o teorema fundamental da semelhança


para resolver algumas atividades. O enunciado dele diz: se uma reta é
paralela a um dos lados de um triângulo e intercepta os outros dois em
pontos distintos, então o triângulo que ela determina é semelhante ao
primeiro.
230 UNIUBE

Por fim, você pode concluir que todos os casos de congruência também
são casos de semelhança, pois os ângulos já são iguais, e a razão entre
os lados será sempre igual a um, e que a razão entre dois elementos
lineares homólogos é k; e os ângulos homólogos são congruentes.

Espero que esses Conceitos matemáticos fundamentais sobre


semelhança tenham ampliado o seu olhar de futuro educador, e que
você continue pesquisando, estudando e buscando formas diferenciadas
de ensinar e aprender Geometria.

Referências

BARBOSA, João Lucas. Geometria euclidiana plana. Rio de Janeiro:


Sociedade Brasileira de Matemática, 1995.

DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau. Fundamentos de matemática elementar:


geometria plana. 8. ed. São Paulo: Atual, 2005.

LIMA, Elon Lages, et al. A matemática no ensino médio. Rio de Janeiro:


SBM, 1999. v.1.

RESENDE, E. Q. F.; QUEIROZ, M. L. B. Geometria euclidiana e construções


geométricas. Campinas: Editora da UNICAMP, 2000.

RIBEIRO JR., W. A. O filósofo Tales de Mileto (-625/-545). Portal Graecia Antiqua,


São Carlos. Disponível em: <http://www.greciantiga.org/img/index.asp?num=0025>.
Acesso em: 27 mar. 2006.

TINOCO, Lucia A. A. Razões e proporções. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,


1996.
Capítulo Aplicações de semelhança
5 de triângulos

Váldina Gonçalves da Costa

Introdução
Ampliando o estudo de semelhança, você verá neste capítulo
algumas aplicações do assunto. A intenção é a de trazer as
principais aplicações, para que você, futuro educador, possa
aprimorar os seus conhecimentos e até utilizá-las na sala de aula
com seus futuros alunos.

Para esse estudo, é de fundamental importância que você tenha


domínio dos casos de semelhança. Conseguiu aprender? Ainda
tem dúvidas? Se tiver, retome o capítulo anterior.

Os casos de semelhança estudados foram: AA, LAL e LLL.


Também é importante lembrar que a congruência é um caso
especial de semelhança de razão igual a um.

Nesse capítulo, a abordagem é axiomática. A aplicação de


semelhança será feita no cotidiano e dentro da própria matemática
com algumas demonstrações de teorema e de dedução de
fórmulas. Como de costume, para facilitar o aprendizado será
construído, junto com você, as afi rmações para que você faça as
justifi cativas.
232 UNIUBE

No início de cada item, você encontra uma situação-problema


para que possa perceber a aplicação dos temas tratados e,
em seguida, a abordagem axiomática. O primeiro tema a ser
abordado são as relações métricas no triângulo retângulo e,
juntamente com ela, o teorema de Pitágoras e suas aplicações.
Em seguida, você encontrará as relações métricas num triângulo
qualquer e, por fim, os teoremas dos cossenos e dos senos.

Objetivos

Espero que, no final deste capítulo, você seja capaz de:

• aplicar adequadamente, as relações métricas e trigonométricas


num triângulo retângulo; as relações métricas e trigonométricas
num triângulo qualquer; assim como os casos de semelhança
de triângulos, às situações propostas;

• utilizar, adequadamente, o teorema de Pitágoras;

• utilizar, corretamente, a linguagem matemática referente ao


conteúdo estudado.

Esquema

5.1 Relações métricas no triângulo retângulo


5.2 Relações métricas num triângulo qualquer
5.3 Teorema dos cossenos ou Lei dos cossenos e Teorema dos
senos ou Lei dos senos
UNIUBE 233

5.1 Relações métricas no triângulo retângulo

Você irá estudar as relações métricas no triângulo retângulo. Será


proposta uma situação-problema e, em seguida, atividades para provar
as relações métricas. Você também encontrará algumas atividades de
ensino sobre o teorema de Pitágoras e sobre as razões trigonométricas.
Prepare-se e acompanhe atentamente.

Situação-problema
Você já observou alguma estrutura de telhado? Já chegou a pensar sobre
qual figura a maioria dos telhados se assemelha?
Se você pensou em triângulos, com certeza acertou. A maioria dos
telhados são desenhados e calculados a partir de triângulos.

Observe, a seguir, o esboço de um projeto de estrutura de madeira de


um telhado (Figura 1).

Figura 1: Estrutura de um telhado.

Considerando as medidas indicadas, deve-se calcular os valores das


vigas a, b, c, x, y e z. Veja que todos os triângulos presentes na figura
são retângulos.

Observe que, se provar a semelhança entre os triângulos, é possível


estabelecer algumas relações.
234 UNIUBE

PARADA PARA REFLEXÃO

Será que há um processo mais fácil?

Você deve se lembrar que na Educação Básica estudou algumas relações


métricas no triângulo retângulo. Lembra-se?! Não é um assunto complexo,
mas exige atenção e boa observação para identificar os elementos presentes
nas figuras ou no texto. Prossiga na leitura!

Para resolver esta situação-problema proposta, é preciso verificar se


existe alguma relação entre os elementos do triângulo retângulo. Esses
elementos são: catetos, hipotenusa, projeções dos catetos na hipotenusa
e altura relativa à hipotenusa. A seguir, encontrará a caracterização e
nomeação de cada elemento.

Observe o triângulo ABC, a seguir, na Figura 2.

Figura 2: Triângulo ABC 1.

Caracterizando os elementos do triângulo retângulo ABC, retângulo em Â:

a) a hipotenusa é o lado e sua medida é a.


b) os catetos são os lados e suas medidas são,
respectivamente, c e b.
c) a altura relativa à hipotenusa ( ) é e sua medida é h.
UNIUBE 235

d) a projeção do cateto AC sobre a hipotenusa é o segmento e


sua medida é n.
e) a projeção do cateto sobre a hipotenusa é o segmento e
sua medida é m.

Enfi m, as relações! Para isso, você irá justifi car as afi rmações feitas,
provando a semelhança dos triângulos e estabelecendo a proporção
entre os seus lados.

AGORA E A SUA VEZ

A- Prove que

Figura 3: Triângulo ABC 2 Figura 4: Triângulo DBA 1

Tabela 1: Provando que

Afi rmação Justifi cativa

1.

2.

3.

4.
236 UNIUBE

Conseguiu fazer as justificativas? Para isso, você precisou lembrar os


casos de semelhança de triângulos, não é? Se não conseguiu, retome
o estudo desse assunto.

Acompanhe, a seguir, as justificativas que você deve ter feito.


Mas, lembre-se: é importante que você faça a atividade antes
de conferir sua resposta! Ela não precisa ser igual à que
proponho, mas pode indicar a mesma ideia.

No item 1, , pois são ângulos retos.

No item 2, , pois é ângulo comum aos dois triângulos.

No item 3, , pois pelo caso de semelhança AA.

No item 4, , pois são lados proporcionais em triângulos

semelhantes.

No item 4, aplique a propriedade fundamental das proporções para:

A.1) a primeira e a segunda razões .

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado a.h = b.c, ou seja, o produto da medida da


hipotenusa pela medida da altura relativa a ela é igual ao produto das
medidas dos catetos.

A.2) para a primeira e a terceira razões .

Fez? Procure responder antes de prosseguir.


UNIUBE 237

Você deve ter encontrado c² = a.m, ou seja, o quadrado da medida


do cateto é igual ao produto da medida da hipotenusa pela medida da
projeção desse cateto sobre ela.

A.3) para a segunda e a terceira razões .

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado c.h = b.m, ou seja, o produto da medida de


um cateto pela medida da altura relativa à hipotenusa é igual ao produto
da medida do outro cateto pela medida da projeção do primeiro sobre a
hipotenusa.

Então, com a semelhança estabelecida entre os triângulos ABC e DBA,


você verifi cou três relações importantes. Será que existem mais? Para
responder, você irá provar a semelhança entre os triângulos ABC e DAC
(fi guras 5 e 6).

PARADA PARA REFLEXÃO

B- Prove que

Figura 5: Triângulo ABC 3. Figura 6: Triângulo DAC 1.


238 UNIUBE

Tabela 2: Provando que

Afirmação Justificativa

1.
^ ^
2. C ≡ C
3.

4.

Conseguiu fazer as justifi cativas?


Para verifi car se você acertou, acompanhe, a seguir, as
respostas. Mas, lembre-se: é importante que você faça a
atividade antes de conferir sua resposta! Ela não precisa ser
igual à que proponho, mas pode indicar a mesma ideia.

No item 1, , pois são ângulos retos.


^ ^
No item 2, C ≡ C , pois é ângulo comum aos dois triângulos.

No item 3, ,pelo caso de semelhança AA.

a c b
No item 4, = = , pois são lados proporcionais em triângulos
b h n

semelhantes.
UNIUBE 239

No item 4, aplique a propriedade fundamental das proporções para:

B.1) a primeira e a segunda razões

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado a.h = b.c. Veja, essa relação é semelhante
à que você encontrou anteriormente, ou seja, o produto da medida
de um cateto pela medida da altura relativa à hipotenusa é igual
ao produto da medida do outro cateto pela medida da projeção do
primeiro sobre a hipotenusa. Veja que é a mesma relação que você
encontrou no item anterior.

B.2) para a primeira e a terceira razões .

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado b² = a.n, ou seja, o quadrado da medida


do cateto é igual ao produto da medida da hipotenusa pela medida
da projeção desse cateto sobre ela. Veja que o enunciado é o
mesmo que você encontrou anteriormente, só que é para o outro
lado do triângulo.

B.3) para a segunda e a terceira razões .

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado b.h = c.n, ou seja, o produto da medida


de um cateto pela medida da altura relativa à hipotenusa é igual
ao produto da medida do outro cateto pela medida da projeção do
primeiro sobre a hipotenusa. Essa relação também é igual à que
você encontrou anteriormente, só que para lados diferentes.
240 UNIUBE

Então, com a semelhança estabelecida entre os triângulos ABC


e DAC, você verifi cou, pelos enunciados, que as relações são as
mesmas. Será que existem mais? Para responder, você irá provar
a semelhança entre os triângulos DBA e DAC. Prossiga na leitura.

AGORA É A SUA VEZ

C- Prove que

C
Figura 7: Triângulo DBA 2. Figura 8: Triângulo DAC 2.

Tabela 3:Provando que

Afirmação Justificativa

1. ∆DBA ~ ∆ABC

2. ∆ABC ~ ∆DAC

3. ∆DBA ~ ∆DAC
c h m
4. = =
b n h

Conseguiu fazer as justifi cativas?


Para verifi car se você acertou, acompanhe, a seguir, as
respostas. Mas, lembre-se: é importante que você faça a
atividade antes de conferir a resposta! Sua resposta não precisa
ser igual à que proponho, mas pode indicar a mesma idea.
UNIUBE 241

No item 1, ∆DBA ~ ∆ABC , provado no item 3, letra A.

No item 2, ∆ABC ~ ∆DAC , provado no item 3, letra B.

No item 3, , pela propriedade transitiva.

No item 4, , pois são lados proporcionais em triângulos

semelhantes.

No item 4, aplique a propriedade fundamental das proporções para:

c h
C.1) a primeira e a segunda razões  =  .
b n

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado b.h = c.n. Veja, essa relação é a mesma
que você encontrou no item B.3.

c m
C.2) para a primeira e a terceira razões  =  .
b h 

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado c.h = b.m. Essa é a mesma relação que
você encontrou no item A.3.

h m
C.3) para a segunda e a terceira razões  =  .
n h 

Fez? Procure responder antes de prosseguir.

Você deve ter encontrado h² = m.n, ou seja, o quadrado da medida


da altura relativa à hipotenusa é igual ao produto das medidas das
projeções dos catetos sobre a hipotenusa.
242 UNIUBE

SINTETIZANDO...

Então, com a semelhança estabelecida entre os triângulos DBA e DAC,


você verificou uma nova relação. Para facilitar, veja uma síntese no tabela,
a seguir.

Tabela 4: Relações métricas no triângulo retângulo

Relação métrica Leitura da relação métrica


O produto da medida da hipotenusa pela medida da
a.h = b.c altura relativa a ela é igual ao produto das medidas dos
catetos.
O quadrado da medida do cateto é igual ao produto da
c 2 = a.m e medida da hipotenusa pela medida da projeção desse
b 2 = a.n
cateto sobre ela.
O produto da medida de um cateto pela medida da altura
c.h = b.m e relativa à hipotenusa é igual ao produto da medida do
b.h = c.n outro cateto pela medida da projeção do primeiro sobre
a hipotenusa.

O quadrado da medida da altura relativa à


2
h = m.n hipotenusa é igual ao produto das medidas das
projeções dos catetos sobre a hipotenusa.

D - Teorema de Pitágoras

A partir dessas relações, é possível demonstrar o teorema de Pitágoras.


Existem muitas demonstrações para esse teorema. Inicialmente, vamos
fazer uma demonstração para esse teorema e resolver a situação-
problema proposta no início deste tópico e, posteriormente, serão
propostas algumas atividades de ensino, explorando um pouco mais
esse teorema.
UNIUBE 243

Mas, quem foi Pitágoras?


Filósofo grego que nasceu em Samos, pelos anos de 571 a.C.
e 570 a.C. e morreu, provavelmente, em 497 a.C. ou 496 a.C.
A palavra Matemática (Mathematike, em grego) surgiu com
Pitágoras, que foi o primeiro a concebê-la como um sistema
de pensamento, sustentado em provas dedutivas. Existem, no
entanto, indícios de que o chamado Teorema de Pitágoras: em
todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é
igual ao quadrado da hipotenusa já era conhecido
dos babilônios, em 1600 a.C., de forma empírica. Pitágoras foi
o fundador de uma escola de pensamento grega chamada, em
sua homenagem, de pitagórica. Ele acreditava que todas as
coisas eram números e o processo de libertação da alma seria
resultante de um esforço basicamente intelectual.

Provando o Teorema de Pitágoras

Para provar o teorema de Pitágoras, você fará as justifi cativas para as


afi rmações a seguir. Acompanhe!

AGORA É A SUA VEZ

D.1. Teorema de Pitágoras: o quadrado da medida da hipotenusa é


igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos.

Hipótese Tese Desenho


∆ABC é retângulo 2 2
a= b + c 2

Se o triângulo é retângulo, valem as relações


métricas provadas anteriormente. B

Figura 9: Triângulo ABC 4.


244 UNIUBE

Tabela 5: Provando o Teorema de Pitágoras

Afirmação Justificativa

2
1. b = a.n
2
2. c = a.m
2 2
3. b + c = a.(m + n)
2 2
4. b + c =a2

Figura 10: Triângulo ABC 5.

Conseguiu compreender? Espero que sim!

Para verificar, acompanhe a expressão, a seguir.

No item 1, b 2 = a.n , pois é relação métrica para o triângulo retângulo,


provada anteriormente.

No item 2, c 2 = a.m , pois é relação métrica para o triângulo retângulo,


provada anteriormente.

No item 3, b 2 + c 2= a.(m + n) , pela soma das equações dos itens 1 e 2


e pela fatoração de a no segundo membro da equação.

No item 4, b 2 + c 2 =,
a 2 pois m + n =.
a
UNIUBE 245

Assim, em todo triângulo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa


é igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos.

Procure fazer a recíproca do Teorema.

D.2. Recíproca do Teorema de Pitágoras: se, num triângulo, o


quadrado da medida de um lado é igual à soma dos quadrados
das medidas dos outros dois, então o triângulo é retângulo.

Hipótese Tese Desenho

∆ABC em que
2
∆ABC é retângulo
a= b2 + c2

Figura 11: Triângulo ABC 6.

Construa um triângulo A’B’C’, retângulo em A’ e cujos catetos A' B' e A' C '
sejam respectivamente congruentes à AB e AC . Assim, tem-se a tabela 6:

Tabela 6: Provando a recíproca do Teorema de Pitágoras

Afirmação Justificativa

1. a’² = b’² + c’²

2. a’² = b² + c²

3. a’ = a
Figura 12: Triângulo A’B’C’.

4. ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C '

5. ∴∆ABC é retângulo em A
246 UNIUBE

Conseguiu justificar?

Confira se você acertou, prosseguindo na leitura.

No item 1, a’² = b’² + c’², pois o ∆A ' B ' C ' é retângulo em A’.
No item 2, a’² = b² + c², pois AB ≡ A ' B ' e AC ≡ A ' C ' .
No item 3, a’ = a, pelo item 2 e pela hipótese.
No item 4, ∆ABC ≡ ∆A ' B ' C ' , pelo caso de congruência LLL.
No item 5, ∴∆ABC é retângulo em A, pois o ∆A ' B ' C ' é retângulo e
congruente a .

Assim, se num triângulo, o quadrado da medida de um lado é igual à


soma dos quadrados das medidas dos outros dois, então o triângulo é
retângulo.

Ufa! Agora você já tem elementos para resolver a situação-problema


proposta no início do capítulo, lembra? Volte à Figura 1. Acompanhe!
Representando o telhado e nomeando o triângulo, temos a Figura 13:

Figura 13: Triângulo ABC 7.

1) Para o , retângulo em Â, têm-se as medidas das duas projeções


(4 m e 8 m) e falta achar a medida da altura (y). Dessa forma, pode-se
utilizar a seguinte relação:
UNIUBE 247

O quadrado da medida da altura relativa à hipotenusa é igual ao produto


das medidas das projeções dos catetos sobre a hipotenusa.

Escrevendo a fórmula: AF² = CF.FB

Substituindo os valores das medidas desses segmentos: y² = 4.8 

y² = 32 
= y 32 =
→ y 22.22.2 =
→y 4 2 m

2) No , retângulo em F , têm-se a medida da hipotenusa (c) e as

medidas dos catetos ( y = 4 2 m e 8 m). Assim, pode-se aplicar o
teorema de Pitágoras:

A soma dos quadrados das medidas dos catetos é igual ao quadrado da


medida da hipotenusa.

Escrevendo a fórmula: AB² = AF² + FB²

Substituindo os valores das medidas desses segmentos: c² = y² + 8²



c² = + 64  c² = 32 + 64  c² = 96 

c= 96 → c= 2².2².2.3 → c = 4 6 m

3) Ainda no ∆AFB , pode-se achar a medida da altura (x) já que


se têm as medidas dos catetos ( y = 4 2 m e 8 m) e a medida
( )
da hipotenusa c = 4 6 m , aplicando a seguinte relação:

O produto da medida da hipotenusa pela altura relativa a ela é igual ao


produto das medidas dos catetos.
248 UNIUBE

Escrevendo a fórmula: AB.FE = AF.FB

Substituindo os valores das medidas desses segmentos, temos:

8 2
c.x = y.8  4 6.=
x 4 2.8 → 6.=
x 2.8 → =
x →
6
8 2 8 ; racionalizando o denominador, tem-se:
=x →
= x
2. 3 3

8. 3 8 3
=x →
= x m
3. 3 3


4) No ∆ACF , retângulo em F , tem-se a medida da hipotenusa (b)
e as medidas dos catetos ( y = 4 2 m e 4 m ). Assim, pode-se
aplicar o teorema de Pitágoras:

A soma dos quadrados das medidas dos catetos é igual ao quadrado


da medida da hipotenusa.

Escrevendo a fórmula: AC² = AF² + FC²

Substituindo os valores das medidas desses segmentos, temos:

b² = y² + 4²  b ² = (4 2)² + 16 → b ² = 32 + 16 → b = 48 →

=b 2².2².3=
→b 4 3 m
UNIUBE 249

5) Ainda nesse ∆ACF , pode-se achar a medida da altura (z) já que


se têm as medidas dos catetos  y = 4 2 m e 4 m  e a
 

( )
medida da hipotenusa b = 4 3 m , aplicando a seguinte relação:

O produto da medida da hipotenusa pela altura relativa a ela é igual ao


produto das medidas dos catetos.

Escrevendo a fórmula: AC.DF = AF.FC

Substituindo os valores das medidas desses segmentos, tem-se:

4 2;
4 3.z= y .4 → 4 3.z= 4 2.4 → 3.z= 4 2 → z=
3

4 2. 3 4 6
racionalizando o denominador, tem-se:
= z =
→z m
3. 3 3

A medida de BC é igual a a. Como BC = CF + FB, substituindo os valores


das medidas desses segmentos, tem-se a = 4 + 8  a = 12 m.

Assim, as medidas das vigas são:

8 3 4 6
=a 12
= m; b 4 =
3 m; c 4 =
6 m; x =m; y 4 2 =
m e z m
3 3

ou, com aproximação,

=a 12
= m; b 6,9
= m; c 9,8
= m; x 4,6
= m; y 5,7 =
m e z 3,3 m
250 UNIUBE

Após o estudo do teorema de Pitágoras, você irá fazer algumas


aplicações desse teorema e encontrar outras fórmulas. Prossiga na
leitura.

D.3. Algumas aplicações do Teorema de Pitágoras

PARADA OBRIGATÓRIA

Na atividade a seguir, você irá aplicar o Teorema de Pitágoras a algumas


situações, obtendo relações importantes.

Procure resolver antes de prosseguir na leitura.

D.3.1. Diagonal do quadrado

Dado o quadrado de lado  , calcule sua diagonal d.

Aplique o teorema de Pitágoras no ∆ABC.

Conseguiu fazer?

Se não, aplique o teorema de Pitágoras no triângulo ABC.

Figura 14: Quadrado ABCD 1.


UNIUBE 251

Veja a resposta:

Aplicando o teorema de Pitágoras no ∆ABC de hipotenusa AC, tem-se:

Assim, para calcular a medida diagonal do quadrado, você pode


utilizar a fórmula d =  2 (a medida da diagonal do quadrado é
igual ao produto da medida do lado do quadrado pela raiz quadrada
de dois).

D.3.2. Altura do triângulo equilátero

Dado um triângulo equilátero de lado a, calcule sua altura h.

Lembre-se de que no triângulo equilátero a altura é mediatriz do lado


oposto.

Aplique o teorema de Pitágoras no ∆AMC.

Resolveu? Se não, acompanhe a resposta a seguir, a partir da Figura 15:

Figura 15: Triângulo ABC 8.


252 UNIUBE

Aplicando o teorema de Pitágoras no de hipotenusa AC, tem-se:

2
a² 4a ² a ²
a² = h² +  a   a² = h² + a ²  a² - =h²  − = h² 
  4 4 4 4
2

3a ² a 3
h
= h
→=
4 2

No lugar de a, você pode encontrar  , ou seja, h =  3


.
2

Acertou? Espero que sim!

D.3.3. Seno, cosseno e tangente de 30°, 45° e 60°

Para fazer essa aplicação, é preciso saber as razões trigonométricas no


triângulo retângulo. Nesse momento, a abordagem é intuitiva e serão
determinados apenas o seno, o cosseno e a tangente de um ângulo, pois
no volume de trigonometria, você irá estudar essas razões.

I- Razões trigonométricas no triângulo retângulo

1) Seno de um ângulo no triângulo retângulo

a) Construa, com régua e transferidor, dois triângulos retângulos ABC e


DEF, com as medidas dos lados diferentes, cujos ângulos meçam:

^ ^ ^ ^ ^ ^
A =90°, B =60° e C =30° e D =90°, E =60° e F =30°

b) Meça com a régua as medidas dos lados e anote a seguir.

=m( AB) ______


= m( AC ) ______
= m( BC ) ______

=m( DE ) ______
= m( DF ) ______
= m( EF ) ______
UNIUBE 253

c) Estabeleça a razão entre a medida do lado AB , que é o cateto oposto


^
do ângulo C , e a medida do lado BC , que é a hipotenusa.

m( AB ) m( AB )
= _________ ⇒ = _________
m(BC ) m(BC )

d) Estabeleça a razão entre a medida do lado DE , que é o cateto oposto


^
ao ângulo F , e a medida do lado EF , que é a hipotenusa.

m( DE ) m( DE )
= _________ ⇒ = _________
m( EF ) m( EF )

e) Compare o resultado que você obteve na divisão entre as medidas,


nos itens c e d, e escreva o que você observou.

f) Mesmo que tenham ocorrido pequenas diferenças, o resultado deveria


ser o mesmo, porque os triângulos que você desenhou são semelhantes.
A razão entre a medida do cateto oposto a um ângulo agudo e a medida
da hipotenusa é chamada de seno deste ângulo.

Então, SENO de um ângulo agudo de um triângulo retângulo é a razão


entre a medida do cateto oposto a esse ângulo e a medida da hipotenusa
do triângulo.

Assim, nas figuras que você desenhou, têm-se:


254 UNIUBE

^ ^
Como C= 30° e F= 30° então, sen30° =0,5 .

2) Cosseno de um ângulo no triângulo retângulo

Usando os triângulos retângulos ABC e DEF do item anterior, responda


aos itens a seguir:
a) Estabeleça a razão entre
^
a medida do lado , que é o cateto
adjacente ao ângulo C , e a medida do lado que é a hipotenusa.

m( AC ) m( AC )
= _________ ⇒ = _________
m( BC ) m( BC )

b) Estabeleça a razão entre


^
a medida do lado , que é o cateto
adjacente do ângulo F , e a medida do lado que é a hipotenusa.

m( DF ) m( DF )
= _________ ⇒ = _________
m( EF ) m( EF )

c) Compare o resultado que você obteve na divisão entre as medidas,


nos itens a e b, e escreva o que você observou.

d) Mesmo que tenham ocorrido pequenas diferenças, o resultado


deveria ser o mesmo, porque os triângulos que você desenhou são
semelhantes. A razão entre a medida do cateto adjacente a um ângulo
agudo e a medida da hipotenusa é chamada de cosseno deste ângulo.

Então, COSSENO de um ângulo agudo de um triângulo retângulo é a razão


entre a medida do cateto adjacente a esse ângulo e a medida da hipotenusa
do triângulo.

Assim, nas figuras que você desenhou, tem-se:


^ cateto adjacente ^ m( AC ) ^ AC ^
cos C = ⇒ cos C = ou cos C = ⇒ cos C =_________
hipotenusa m( BC ) BC

^ cateto adjacente ^ m( DF ) ^ DF ^
cos F = ⇒ cos F = ou cos F = ⇒ cos F =_________
hipotenusa m( EF ) EF
UNIUBE 255

^ ^ O símbolo ≅ indica
Como C= 30° e F= 30° então, cos30° ≅ 0,86 aproximadamente

3) Tangente de um ângulo no triângulo retângulo

Usando os triângulos retângulos ABC e DEF dos itens anteriores,


responda aos itens, a seguir:
a) Estabeleça a razão entre a medida do lado AB , que é o cateto
^
oposto ao ângulo B , e a medida do lado AC , que é o cateto
^
adjacente ao ângulo C .

m( AB) m( AB)
= _________ ⇒ = _________
m( AC ) m( AC )

b) Estabeleça a razão entre a medida do lado , que é o cateto


^
oposto do ângulo F , e a medida do lado DF , que é cateto
^
adjacente ao ângulo F .

m( DE ) m( DE )
= _________ ⇒ = _________
m( DF ) m( DF )

c) Compare o resultado que você obteve na divisão entre as medidas,


nos itens a e b, e escreva o que você observou.

d) Mesmo que tenham ocorrido pequenas diferenças, o resultado


deveria ser o mesmo, porque os triângulos que você desenhou são
semelhantes. A razão entre a medida do cateto oposto a um ângulo
agudo e a medida do cateto adjacente a ele é chamada de tangente
deste ângulo.
256 UNIUBE

Então, TANGENTE de um ângulo agudo de um triângulo retângulo é a


razão entre a medida do cateto oposto e a medida do cateto adjacente a
esse ângulo.

Assim, nas figuras que você desenhou, tem-se:

^ cateto oposto ^ m( AB) ^ AB ^


tg C = ⇒ tg C = ou tg C = ⇒ tg C = _________
cateto adjacente m( AC ) AC

^ cateto oposto ^ m( DE ) ^ DE ^
tg F = ⇒ tg F = ou tg = ⇒ tg F = _________
cateto adjacente m( DF ) DF

^ ^
Como C= 30° e F= 30° ,então, tg 30° ≅ 0,57 .

SINTETIZANDO...

Tabela 7: Razões trigonométricas no triângulo retângulo


Razões trigonométricas no triângulo retângulo

1. seno de
um ângulo medida do cateto oposto ao ângulo
senα =
α medida da hipotenusa

2. cosseno
de um ân- medida do cateto adjacente ao ângulo
cos α =
gulo α medida da hipotenusa

3. tangente
de um ân- medida do cateto oposto ao ângulo
tgα =
gulo α medida do cateto adjacente ao ângulo
UNIUBE 257

D.3.4. Voltando ao seno, cosseno e tangente de 30°, 45° e 60°

AGORA É A SUA VEZ

a) Seno, cosseno e tangente de 45°


Dado um quadrado de lado , encontre o seno, o cosseno e a tangente de
45°, na Figura 16 abaixo.

Lembre-se de que, no quadrado, a diagonal é bissetriz do ângulo interno.


Dessa forma, tem-se um ângulo de 45°.

Figura 16: Quadrado ABCD 2.

Como você achou a medida da diagonal de um quadrado de lado


anteriormente, agora é só aplicar a definição de seno, cosseno
e tangente para o triângulo retângulo e obter os valores dessas
razões para o ângulo de 45°. Observe a Figura 17 a seguir.

Figura 17: Triângulo ABC 9.

Conseguiu fazer? Espero que sim, pois é só aplicar a definição das


razões trigonométricas.
258 UNIUBE

Acompanhe a resposta e confira se você acertou:

 1
Seno: sen 45
= ° → sen 45
= ° ; racionalizando, tem-se:
 2 2

1 2
=
sen 45° . →
2 2

2
sen 45° =
2

 1
Cosseno: cos 45
= ° → cos 45
= °
 2 2

1 2 2
racionalizando, tem-se: cos
= 45° . → cos 45° =
2 2 2

Tangente: tg 45°= → tg 45°= 1

Assim, o seno, o cosseno e a tangente do ângulo de 45° são,


respectivamente, 2 , 2 e 1.
2 2
b) Seno, cosseno e tangente de 60° e 30°
Dado um triângulo equilátero de lado  , como o da Figura 18:

Figura 18: Triângulo ABC 10.


UNIUBE 259

Lembre-se de que, no triângulo equilátero, os ângulos internos medem


60° e que a altura é mediatriz do lado oposto (veja na Figura 19).

Ângulo de 60°
Como você já viu anteriormente, a altura do triângulo equilátero de

lado  é h =  3 ; agora é só aplicar a definição de seno, cosseno


2

e tangente para obter os valores dessas razões para o ângulo de 60°.



Figura 19: Triângulo ABC 11.

Ângulo de 30°
Para obter o seno, o cosseno e a tangente de 30°, lembre-se de que a
altura é bissetriz do ângulo interno do triângulo. (veja na Figura 20).

Figura 20: Triângulo ABC 12.


260 UNIUBE

Conseguiu resolver? Veja que é só aplicar as razões trigonométricas no


triângulo retângulo ABH.

Confira se você acertou prosseguindo na leitura.

Para o ângulo de 60°:

 3
2 → sen=  3 1 3
60°
sen= 60° . → sen=
60°
 2  2


 1 1
cos 60°= 2 → cos 60°= . → cos 60°=
 2  2

 3
2 → tg =  3 2
60°
tg = 60° . → tg =
60° 3
 2 
2

Assim, o seno, o cosseno e a tangente do ângulo de 60° são,

3 1
respectivamente, , e 3.
2 2

Para o ângulo de 30°:


 1 1
sen30°= 2 → sen30°= . → sen30°=
 2  2
UNIUBE 261

 3
2 → cos30  3 1 3
cos30
= ° = ° . → cos30
= °
 2  2


2 → tg =  2 1
30°
tg = 30° . . → tg =
30°
 3 2  3 3
2

1 3 3
Racionalizando:=
tg 30° . tg 30°
→= .
3 3 3

Assim, o seno, o cosseno e a tangente do ângulo de 30° são,

respectivamente, 1 , 3
e
3
.
2 2 3

PARADA PARA REFLEXÃO

Até o momento, você aprendeu a calcular as medidas dos lados de um


triângulo retângulo, utilizando as relações métricas específicas para esse
tipo de triângulo. Mas, não existem, apenas, triângulos retângulos! Então,
como proceder para calcular a medida dos lados de um triângulo acutângulo
ou obtusângulo a partir de alguns elementos dados? Onde essas relações
são aplicadas?

Para responder, prossiga na leitura.


262 UNIUBE

5.2 Relações métricas num triângulo qualquer

Entende-se por triângulo qualquer um triângulo que seja acutângulo ou


obtusângulo.

Para estudar as relações métricas no triângulo qualquer, será proposta


uma situação-problema e, em seguida, atividades para prová-las. Você
também encontrará um estudo sobre a natureza do triângulo. Prossiga
atentamente na leitura.

Veja a situação-problema a seguir:

Situação-problema

Um navio se encontra num ponto A, distante 10 milhas de um farol F.


No mesmo instante, um outro navio se encontra num ponto B, distante
15 milhas do farol F e 5 7 milhas do navio que se encontra no ponto
A. Também, nesse mesmo instante, uma pessoa que se encontra num
ponto C, em um bote, situada a uma distância d do farol F, observa o
navio que se encontra no ponto A sob um ângulo de 90°. Qual a distância
^
do bote ao farol, sabendo que o ângulo A F B= 60° ? Veja o esquema
representado pela (Figura 21).

Figura 21: Triângulo ABF 1.


UNIUBE 263

Para resolver esta situação-problema, você precisará das relações


métricas entre os elementos do triângulo qualquer. Dessa forma,
inicialmente você irá determinar essas relações, assim como a natureza
do triângulo para, posteriormente, resolver a situação-problema proposta.
Portanto, atenção!

5.2.1 Relação envolvendo o lado oposto a um ângulo agudo num


triângulo acutângulo

Observe o triângulo ABC, a seguir (Figura 22):

Figura 22: Triângulo ABC 13.

Inicialmente será feita a caracterização dos elementos do triângulo:

a) os lados do triângulo são AB , BC e AC e suas medidas,


respectivamente, c, a e b;
b) a altura relativa ao lado AB é CH e sua medida é h;
c) a projeção AC sobre AB é AH e sua medida é m;
d) a projeção BC sobre AB é HB e sua medida é n.
264 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Para descobrir a relação que envolve a medida do lado oposto a um ângulo


agudo num triângulo acutângulo, você irá deduzir a fórmula para o ângulo e
para os outros dois ângulos a prova segue a mesma estrutura. Acompanhe.

1. No triângulo retângulo ACH ( é reto), então pelo teorema


de Pitágoras, tem-se que b² = _____________ ⇒ h² =
_________________.

2. No triângulo retângulo BCH ( é reto), então pelo teorema de


Pitágoras, tem-se: ____ = ___________

3. Substituindo o item 1, no item 2, tem-se que: a² =


______________________

4. m + n = _________ ⇒ n =_________________

5. Substituindo o item 4, no item 3, desenvolvendo e simplifi cando,


tem-se que: a² = ___________________

Conseguiu resolver? Espero que sim! Compare suas respostas com o


expresso a seguir.

1. b² = h² + m²  h² = b² - m²
2. a² = h² + n²
3. a² = b² - m² + n²
4. m+n=c ⇒ n=c-m
5. a² = b² – m² + (c – m)²  a² = b² – m² + c² -2cm + m² 
a² = b² + c² - 2cm
UNIUBE 265

Enunciando o teorema:
[...] num triângulo acutângulo qualquer, o quadrado do
lado oposto a um ângulo agudo é igual à soma dos
quadrados dos outros dois lados, menos duas vezes
o produto de um desses lados pela projeção do outro
sobre ele (DOLCE & POMPEO, 2005, p. 250).

5.2.2 Relação envolvendo o lado oposto ao ângulo obtuso

Observe o triângulo ABC, Figura 23, a seguir:

Figura 23: Triângulo ABC 14.

Inicialmente será feita a caracterização dos elementos do triângulo:

a) os lados do triângulo lados AB , BC e AC e suas medidas,


respectivamente, c, a e b.

b) a altura relativa ao lado AB é CH e sua medida é h.

c) a projeção AC sobre AB é AH e sua medida é m.

d) a projeção BC sobre AB é HB e sua medida é n.

AGORA É A SUA VEZ

Para descobrir a relação que envolve a medida do lado oposto ao ângulo


obtuso num triângulo obtusângulo, acompanhe os enunciados a seguir e
tente respondê-los.
266 UNIUBE

^
1. No triângulo retângulo ACH ( H é reto), então pelo teorema
de Pitágoras, tem-se que: b² = _____________ ⇒ h² =
_________________.

2. No triângulo retângulo BCH ( é reto), então, pelo teorema de


Pitágoras, tem-se que: ____ = ___________

3. Substituindo o item 1 no item 2, tem-se que: a² =


______________________

4. m + c = _________

5. Substituindo o item 4 no item 3, desenvolvendo e simplificando,


tem-se que: a² = ___________________

Conseguiu resolver? Espero que sim! Compare suas respostas com o


expresso a seguir.

1. b² = h² + m²  h² = b² - m²
2. a² = h² + n²
3. a² = b² - m² + n²
4. m+c=n
5. a² = b² - m² + (m + c)²  a² = b² - m² + m² + 2mc + c²  a² = b² + c² + 2mc

Enunciando o teorema:

[...] num triângulo obtusângulo qualquer, o quadrado


do lado oposto ao ângulo obtuso é igual à soma dos
quadrados dos outros dois lados, mais duas vezes o
produto de um desses lados pela projeção do outro
sobre ele (ou sobre a reta que o contém). (DOLCE &
POMPEO, 2005, p. 250).
UNIUBE 267

5.2.3 Natureza de um triângulo quanto aos ângulos

Dadas as medidas dos lados de um triângulo a, b e c e chamando o


maior lado de a, como é possível saber se ele é acutângulo, retângulo
ou obtusângulo?

Não serão feitas as demonstrações, pois elas são decorrentes dos dois
teoremas anteriores.

Então, tem-se que:

a ² < b ² + c ² ⇒ triângulo acutângulo


a ² = b ² + c ² ⇒ triângulo retângulo
a ² > b ² + c ² ⇒ triângulo obtusângulo

Voltando à situação-problema

Figura 24: Triângulo ABF 2.

Inicialmente, vamos verificar a natureza do triângulo. As medidas dos


lados são 10, 15 e 5 7 . Elevando ao quadrado cada uma delas, tem-se:
268 UNIUBE

10² = 100
15² = 225

(5 7) 2 = 25.7  (5 7) 2 =175

Como o maior lado é 15, pode-se escrever que:

2
15² < 10² + (5 7)  225 < 100 + 175, portanto o triângulo é acutângulo.

Aplicando a relação do lado oposto a um ângulo agudo num triângulo


acutângulo, ou seja, num triângulo acutângulo qualquer, o quadrado
do lado oposto a um ângulo agudo é igual à soma dos quadrados dos
outros dois lados, menos duas vezes o produto de um desses lados pela
projeção do outro sobre ele. Tem-se:

(5 7) 2 = 10² + 15² - 2.15.d


175 = 100 + 225 – 30d
175 = 325 – 30d
175 - 325 = - 30d
- 150 = - 30d
d=5

Então, a distância do bote ao farol é de 5 milhas.

Você verificou algumas razões trigonométricas que são definidas no


triângulo retângulo: o seno, o cosseno e a tangente. Elas o auxiliaram a
calcular algumas medidas para os lados desse triângulo, certo?

Mas, como proceder para calcular a medida de um lado de um triângulo


acutângulo ou obtusângulo utilizando razões trigonométricas?

Você irá estudar dois teoremas: o dos cossenos e dos senos, também
conhecidos como lei dos cossenos e lei dos senos. Acompanhe.
UNIUBE 269

5.3 Teorema dos cossenos ou Lei dos cossenos e Teorema


dos senos ou Lei dos senos

O Teorema dos cossenos e dos senos é muito utilizado na própria


Matemática, na Física, principalmente, na Mecânica, dentre outros. Veja
a situação-problema, a seguir.

Situação-problema
Um navio se encontra num ponto A, distante 32 milhas de um farol F.
No mesmo instante, um outro navio se encontra num ponto B, distante
40 milhas do farol F. O ângulo formado pelas distâncias entre os navios
^
e o farol é de 60°, ou seja, A F B= 60° . Nessas condições, qual a
distância (x) entre os navios, ou seja, a distância entre os pontos A e B?

Fazendo o desenho, temos a Figura 25:

Figura 25: Triângulo ABF 3.

Observe que foram dados dois lados e um ângulo. Pede-se o terceiro


lado. Para resolver esta situação, será utilizado o Teorema dos cossenos,
ou também conhecido como Lei dos cossenos.
270 UNIUBE

5.3.1 Teorema dos cossenos ou Lei dos cossenos

AGORA É A SUA VEZ

Será enunciado o Teorema dos cossenos e, em seguida, você irá prová-lo para
os triângulos acutângulo e obtusângulo, com o primeiro visto na Figura 26:

Figura 26: Triângulo ABC 15.

A – Triângulo acutângulo

1. No triângulo acutângulo ABC (Figura 26), vale a relação envolvendo


o lado oposto a um ângulo agudo num triângulo acutângulo, logo:
b² =____________________________
^
2. No triângulo retângulo ABH ( H é reto), tem-se:
^^
=cos B ____________
= ⇒ m _________

3. Substituindo o item 2 no item 1, tem-se:


b² = ________________________________________

Conseguiu resolver? Espero que sim!


UNIUBE 271

Compare suas respostas com o expresso, a seguir.

1. b² = c² + a² - 2am
^
m ^
2. cos B = ⇒ m = c.cos B
c ^
3. b² = c² + a² - 2ac. cosB

^
A demonstração foi feita para o ângulo B e, para os outros dois ângulos,
a prova segue a mesma estrutura.

Enunciando o teorema para o triângulo acutângulo, tem-se:

Num triângulo acutângulo qualquer, o quadrado de um lado é igual à soma


dos quadrados dos outros dois lados menos duas vezes o produto desses
dois lados pelo cosseno do ângulo por eles formado (Figura 26).

^ ^
Para o ângulo B , concluímos que b² = a² + c² - 2.a.c.cos B
^
Escrevendo a relação para os ângulos A e , têm-se:
^ ^
• para o ângulo A , temos: a² = b² + c² - 2bc. cos A
^ ^
C
• para o ângulo , temos: c² = b² + a² - 2ba. cos C

B – Triângulo obtusângulo

Figura 27: Triângulo ABC 16.


272 UNIUBE

1. No triângulo obtusângulo ABC (Figura 27), vale a relação


métrica envolvendo o lado oposto ao ângulo obtuso, logo b²
=____________________________
^
2. No triângulo retângulo ABH ( H é reto), tem-se:

^ ^
3. Sabendo que cos(180° − B ) = − cos B , por exemplo, o cos100° =
^ ^
- cos80°, pode-se substituir cos(180° − B) por − cos B . Assim, m =
_______________

4. Substituindo o item 2 no item 1, tem-se: b² = __________________

Conseguiu resolver? Esperamos que sim!

Compare suas respostas com o expresso a seguir.

1. b² = c² + a² + 2ma

^
m ^
2. cos(180° − =
B) m c.cos(180° − B )
⇒ =
c
^

3. m = −c.cos B

^ ^
4. b² = c² + a² + 2.( −c.cos B ) .a  b² = c² + a² - 2.ac.cos B

^
A demonstração foi feita para o ângulo B e, para os outros dois ângulos,
a prova segue a mesma estrutura.

Enunciando o teorema para o triângulo obtusângulo, tem-se:


UNIUBE 273

Num triângulo obtusângulo qualquer, o quadrado de um lado é igual à soma


dos quadrados dos outros dois lados menos duas vezes o produto desses
dois lados pelo cosseno do ângulo por eles formado.

 , concluímos que b² = a² + c² - 2.a.c. cos B


Para o ângulo B 

 eC
Escrevendo a relação para os ângulos Α  , tem-se:

• para o ângulo  , temos: a² = b² + c² - 2bc. cos Α


 , temos: c² = b² + a² - 2ba. cos C


• para o ângulo C 

Conclusão:

Você deve ter percebido que o teorema é o mesmo tanto para o triângulo
acutângulo quanto para o triângulo obtusângulo. Assim, para qualquer
triângulo, pode-se enunciar o teorema/lei dos cossenos da seguinte
forma:

Teorema ou Lei dos cossenos:

“[...] em qualquer triângulo, o quadrado de um lado é igual à soma


dos quadrados dos outros dois lados menos duas vezes o produto
desses dois lados pelo cosseno do ângulo por eles formado”. (DOLCE;
POMPEO, 2005, p. 251).

Voltando à situação-problema, temos o seguinte:

Nesta situação-problema, tem-se dois lados e um ângulo, e pede-se para


calcular o terceiro lado (Figura 28).
274 UNIUBE

Aplicando o teorema, tem-se:

Figura 28: Triângulo ABF 4.

x² = 40² + 32² - 2.40.32.cos60°


x² = 1 600 + 1 024 – 2 560.1/2
x² = 2 624 – 1 280
x² = 1 344
x = 26.3.7
x = 2³ 3.7
x = 8 21

A distância entre os navios é de 8 21 milhas.

5.3.2 Teorema dos senos ou Lei dos senos

Com o teorema dos senos, pode-se achar a medida dos lados de um


triângulo dados apenas dois ângulos e um lado. Para isso, segue uma
situação-problema e, em seguida, você irá prová-lo para os triângulos
acutângulo e obtusângulo.

Situação-problema
Duas árvores se localizam em margens opostas de um lago. O ângulo
formado pelas linhas de visão de um observador que as vê é de 120° e
o ângulo formado por uma dessas linhas e a linha que une as árvores é
de 30°. Sabendo que a terceira linha mede 100m, qual é a distância (d)
UNIUBE 275

entre as árvores?

Veja a Figura 29:

Figura 29: Triângulo representando as árvores e o observador.

Observe que foram dados dois ângulos e um lado. Pede-se a medida de


um outro lado. Para resolver esse tipo de situação, você pode utilizar o
Teorema dos senos, também conhecido como Lei dos senos.

AGORA É A SUA VEZ

Provando a Lei dos senos, temos o seguinte.


Traçando as alturas h1, h2 e h3, formamos vários triângulos retângulos
(Figura 30).

Figura 30: Triângulo ABC 17.


276 UNIUBE

^
1. No triângulo ABH1 ( H 1 é reto) , então
^
sen
= B _______ =
⇒ h1 ____________

^
2. No triângulo ACH1 ( H 1 é reto) , então
^
sen
= C _______ =
⇒ h1 ____________

3. Comparando os itens 1 e 2, tem-se que:

^ c
c.sen B ____________ ⇒=
= ^
__________
sen C

^
4. No triângulo BCH2 ( H 2 é reto) , então

^
sen
= B _______ ⇒
= h2 ____________

^
5. No triângulo ACH2 ( H 2 é reto) , então

^
sen
= A _______ ⇒
= h2 ____________

6. Comparando os itens 4 e 5, tem-se que:

^ a
a.sen B ____________ ⇒=
= ^
__________
sen A

7. Aplicando a propriedade transitiva nos itens 3 e 6:

a b c
= ^
= ^ ^
sen A sen B sen C
UNIUBE 277

Teorema ou Lei dos senos

Os lados de um triângulo são proporcionais aos senos dos ângulos opostos.

Resumo

Neste capítulo, você teve a oportunidade de exercitar habilidades


essenciais ao futuro educador, tais como as de formalizar, argumentar,
justificar, demonstrar. Dessa forma, você aplicou os casos de semelhança
para deduzir as relações métricas no triângulo retângulo, concluindo que:

• o produto da medida da hipotenusa pela medida da altura relativa a


ela é igual ao produto das medidas dos catetos;
• o quadrado da medida do cateto é igual ao produto da medida da
hipotenusa pela medida da projeção desse cateto sobre ela;
• o produto da medida de um cateto pela medida da altura relativa à
hipotenusa é igual ao produto da medida do outro cateto pela medida
da projeção do primeiro sobre a hipotenusa;
• o quadrado da medida da altura relativa à hipotenusa é igual ao
produto das medidas das projeções dos catetos sobre a hipotenusa.

A partir dessas relações, verificou-se também o teorema de Pitágoras,


cujo enunciado é: num triângulo retângulo, o quadrado da medida da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos.

Aplicando o teorema de Pitágoras para calcular a medida da diagonal


do quadrado, chegou-se à seguinte conclusão: d =  2 (a medida da
diagonal do quadrado é igual ao produto da medida do lado do quadrado
pela raiz quadrada de dois). Depois, deduziu-se a fórmula para encontrar

 3
a altura do triângulo equilátero: h = .
2
278 UNIUBE

Em continuidade, conceituaram-se as razões trigonométricas: seno,


cosseno e tangente no triângulo retângulo, ou seja:

• seno de um ângulo é a razão entre a medida de lado oposto a esse


ângulo e a medida da hipotenusa do triângulo;
• cosseno de um ângulo é a razão entre a medida de lado adjacente
a esse ângulo e a medida da hipotenusa do triângulo;
• tangente de um ângulo é a razão entre a medida de lado oposto a
esse ângulo e a medida do lado adjacente a esse ângulo.

Com o auxílio dessas razões trigonométricas, foi possível calcular o valor


de seno, cosseno e tangente de um ângulo de 45° a partir do quadrado,
assim como deduzir o seno, cosseno e tangente para os ângulos de 30°
e 60°, a partir do triângulo equilátero. Concluiu-se que o seno, o cosseno
2 2
e a tangente do ângulo de 45° são, respectivamente, , e 1; o
2 2
seno, o cosseno e a tangente do ângulo de 60° são, respectivamente,
3 1
, e 3; e o seno, o cosseno e a tangente do ângulo de 30° são,
2 2
respectivamente, 1 , 3 e 3 .
2 2 3

Em relação às relações métricas no triângulo qualquer, concluiu-se que:

• num triângulo acutângulo qualquer, o quadrado do lado oposto a um


ângulo agudo é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados,
menos duas vezes o produto de um desses lados pela projeção do
outro sobre ele;
• num triângulo obtusângulo qualquer, o quadrado do lado oposto ao
ângulo obtuso é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados,
mais duas vezes o produto de um desses lados pela projeção do
outro sobre ele (ou sobre a reta que o contém).
UNIUBE 279

Você estudou que para descobrir se um triângulo é retângulo, acutângulo


ou obtusângulo é só verificar as relações:

a ² < b ² + c ² ⇒ triângulo acutângulo


a ² = b ² + c ² ⇒ triângulo retângulo
a ² > b ² + c ² ⇒ triângulo obtusângulo

Por fim, provou-se o teorema dos cossenos e dos senos, que possuem
os seguintes enunciados:

• teorema dos cossenos: em qualquer triângulo, o quadrado de um


lado é igual à soma dos quadrados dos outros dois lados menos
duas vezes o produto desses dois lados pelo cosseno do ângulo
por eles formado;
• teorema dos senos: os lados de um triângulo são proporcionais aos
senos dos ângulos opostos.

Espero que esses Conceitos matemáticos fundamentais sobre as


aplicações de semelhança tenham contribuído para aprimorar o seu
conhecimento em relação a esse assunto e, também, para ampliar o
seu olhar de futuro educador. Sugiro que você continue pesquisando,
estudando e buscando formas diferenciadas de ensinar e aprender
Geometria.

Referências

BARBOSA, João Lucas. Geometria euclidiana plana. Rio de Janeiro: Sociedade


Brasileira de Matemática, 2005.

DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau. Fundamentos de matemática elementar:


geometria plana. 8. ed. São Paulo: Atual, 2005.

RESENDE, E. Q. F.; QUEIROZ, M. L. B. Geometria euclidiana e construções


geométricas. Campinas: Editora da UNICAMP, 2000.
Anotações
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Anotações
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