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Matemática instrumental

Júlio César de Jesus Onofre

Valdir Barbosa da Silva Júnior

Wilton Rezende de Freitas

Adriana Rodrigues

Anderson Osvaldo Ribeiro

Emerson Reis Dias

Revisão Técnica

Isaías de Jesus
© 2018 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito,
da Universidade de Uberaba.

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Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Coordenação de Graduação a Distância


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Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube

Revisão textual
Stela Maria Queiroz Dias

Diagramação
Douglas Silva Ribeiro

Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube

M416 Matemática instrumental / Júlio César de Jesus Onofre ... [et al.]. –
Uberaba : Universidade de Uberaba, 2018.
196 p. : il.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7777-603-0

1. Funções (Matemática). 2. Álgebra linear. I. Onofre, Júlio


César de Jesus. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação
a Distância. III. Título.

CDD 511.326
Sobre os autores
Júlio César de Jesus Onofre

Mestre em Matemática pela Universidade Federal de São Carlos –


UFSCar. Bacharel e licenciado em Matemática pela Universidade Federal
de Viçosa. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais – Cefet/MG.

Valdir Barbosa da Silva Júnior

Licenciado em Ciências Físicas pela Universidade do Oeste Paulista e


pós-graduado em Metodologia do Ensino de Física pelas Faculdades
Integradas de Jacarepaguá. Coordenador de referência no curso de
Produção Sucroalcooleira no ensino a distância; docente em Ensino
Médio, em curso pré-vestibular e nos cursos de Engenharia de Produção
Sucroalcooleira e Licenciatura em Matemática pela Universidade
de Uberaba (Uniube), onde ministra diversas disciplinas de áreas
relacionadas à Matemática e à Física.

Wilton Rezende de Freitas

Especialista em Finanças e Controladoria pela Faculdade de Ciências


Econômicas do Triângulo Mineiro (parceria com a FEA-USP/RP).
Graduado em Administração pela Universidade de Uberaba (Uniube).
Professor de Administração e Ciências Contábeis. Preceptor dos cursos
de Administração e Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba.

Adriana Rodrigues

Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia


- UFU. Especialista em Educação a Distânica pela Universidade Federal
do Paraná - UFPR. Especialista em Gerenciamento de Redes de
Computadores pela Universidade de Uberaba (Uniube). Graduada em
Tecnologia em Processamento de Dados. Licenciada em Matemática e
Ciências Físicas e Biológicas. Professora nos cursos de graduação em
Engenharias e integrante da equipe de produção de materiais didáticos
para cursos em Educação a Distância da Uniube.

Anderson Osvaldo Ribeiro

Especialista em Docência do Ensino Superior pela Universidade de


Uberaba - Uniube. Engenheiro civil pela Universidade de Uberlândia
– UFU – e Licenciado em Física pela mesma Universidade. Professor
nos cursos de Graduação em Engenharia e Sistemas de Informação na
Uniube.

Emerson Reis Dias

Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube).


Especialista em Metodologia e Ensino da Matemática. Professor de
Matemática nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Química
e Pedagogia da Universidade de Uberaba.
Sumário
Apresentação.............................................................................................................. VII

Capítulo 1 Funções matemáticas elementares: um estudo sobre as


principais funções de uma variável...................................... 1
1.1 Introdução a funções.................................................................................................4
1.2 Domínio, contradomínio e imagem da função..........................................................8
1.3 Inequações do 1º grau.............................................................................................15
1.4 Estudo do domínio de uma função..........................................................................19
1.5 Espaço bidimensional e pares ordenados..............................................................22
1.6 Função afim ou função do 1º grau..........................................................................23
1.6.1 Construção de gráficos de funções do 1º grau ou lineares...........................26
1.6.2 Estudo do crescimento e descrescimento de uma função por meio do
coeficiente angular........................................................................................29
1.6.3 Variação do sinal da função do 1º grau.........................................................30
1.7 Função constante....................................................................................................33
1.8 Função quadrática ou função do 2º grau................................................................35
1.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas ..........................................39
1.8.2 Sinal da função quadrática ...........................................................................41
1.9 Inequações do 2º grau.............................................................................................44
1.10 Função composta..................................................................................................50
1.11 Outras funções polinomiais e funções racionais...................................................56
1.12 Funções definidas por diferentes sentenças.........................................................58

Capítulo 2 Outras funções elementares: modular, exponencial e


logarítmica........................................................................... 63
2.1 Módulo.....................................................................................................................66
2.2 Funções, equações e inequações modulares.........................................................66
2.2.1 Função modular.............................................................................................67
2.2.2 Equações modulares.....................................................................................69
2.2.3 Inequações modulares...................................................................................71
2.3 Funções, equações e inequações exponenciais....................................................72
2.3.1 Equação exponencial.....................................................................................73
2.3.2 Função exponencial.......................................................................................74
2.3.3 Inequação exponencial..................................................................................76
2.4 Logaritmos e funções logarítmicas .........................................................................78
2.4.1 Logaritmos......................................................................................................78
2.4.2 Função logarítmica.........................................................................................81

Capítulo 3 Estudo das matrizes............................................................ 87


3.1 Matrizes: definições e exemplos.............................................................................88
3.2 Relações e operações básicas................................................................................97
3.2.1 Igualdade de matrizes....................................................................................97
3.2.2 Adição e subtração de matrizes.....................................................................98
3.2.3 Produto de um número real (escalar) por uma matriz.................................101
3.2.4 Produto de duas matrizes............................................................................104
3.3 Matrizes inversas...................................................................................................110

Capítulo 4 Estudo dos determinantes.................................................119


4.1 Determinantes: definições e exemplos.................................................................120
4.2 Propriedades de um determinante........................................................................134

Capítulo 5 Sistemas de equações lineares: definições, métodos de


resolubilidade e aplicações............................................... 147
5.1 Equações lineares.................................................................................................148
5.2 Sistemas de equações lineares.............................................................................150
5.3 Regra de Cramer...................................................................................................156
5.4 Sistemas equivalentes...........................................................................................160
5.5 Operações elementares........................................................................................162
5.6 Sistemas escalonados...........................................................................................164
5.7 Aplicações relacionadas aos sistemas lineares....................................................170
5.8 Sistemas lineares homogêneos............................................................................178
Apresentação
Prezado(a) aluno(a).

A todo momento, nas várias situações cotidianas, a vida nos cobra um


conhecimento mínimo de matemática. A maioria das profissões exige
também habilidades matemáticas. Desde as situações mais simples,
como as compras em um supermercado, até as mais complexas, como o
estudo mais difícil, a todo momento somos obrigados a ler e a interpretar
dados numéricos. Daí a sua necessidade de trabalhar conteúdos que se
aplicam a diversas situações rotineiras e profissionais, com o objetivo
de ajudá-lo(a) a compreender conceitos matemáticos que serão úteis
não só no exercício da sua profissão, mas também no desempenho das
diversas atividades cotidianas. Foi com isto em mente que os autores
escreveram este livro de Matemática instrumental, que consta de
apenas 5 capítulos, os dois primeiros dedicados às funções elementares
e os outros três, à álgebra linear.

No primeiro capítulo, como indicado no próprio título, você estudará


as funções elementares, as quais servem de modelo para a descrição
de fenômenos e situações reais. Sem pretender um estudo exaustivo
do assunto, iremos ver aqui algumas das funções elementares, tais
como: as polinomiais de primeiro e segundo graus e as funções racionais.
Entretanto, buscaremos desenvolver ideias muito úteis e que, certamente,
irão ampliar seus horizontes, aprendendo a utilizar conceitos matemáticos
em sua interação com as funções elementares.

No Capítulo 2, dando continuidade ao estudo das funções elementares,


veremos as funções modular, exponencial e logarítmica, de modo
a permitir que você possa a aliar a prática ao conhecimento teórico,
através de uma série de exercícios e, assim, possa obter a compreensão
de quão útil é o estudo dessas funções para o exercício futuro de sua
profissão. Em matemática, a teoria de matrizes, determinantes e sistemas
lineares é a base e parte fundamental da álgebra linear e muito útil para
todos os campos da matemática aplicada, em particular, quando se trata
de modelar e resolver numericamente problemas de diversas áreas,
nas engenharias, na física, na biologia, na química, na economia, na
geografia, entre outras, nas quais é muito comum a modelagem de
situações por meio da álgebra linear. Por isso no Capítulo 3 enfatizaremos
o estudo das matrizes; no Capítulo 4, o estudo dos determinantes e
por fim, no capítulo 5, estudaremos os sistemas de equações lineares:
definições, métodos de resolubilidade e aplicações, sem esquecer, no
entanto, que se trata de um estudo introdutório, ou seja, que não visa
o aprofundamento dos conceitos e nem também da sua aplicação nas
diversas áreas, o que demandaria abordagens mais específicas e um
rigor técnico bem maior. O intuito aqui é bem mais modesto, apenas
introduzir os principais conceitos básicos que, posteriormente os
relacionados direta ou indiretamente à álgebra linear.

Esperamos que o conteúdo aqui desenvolvido seja de grande proveito


para você e reiteramos a alegria de tê-lo(a) como interlocutor nessa
caminhada com vistas à construção de conhecimentos indispensáveis à
sua futura atuação profissional.

Bons estudos!
Capítulo
Funções matemáticas
elementares: um estudo
1
sobre as principais
funções de uma variável
Adriana Rodrigues
Anderson Osvaldo Ribeiro
Emerson Reis Dias

Introdução
Dando continuidade aos seus estudos, neste momento,
iniciaremos uma abordagem das funções matemáticas. Para tanto,
enfocaremos suas expressões gerais, representação por meio de
gráficos cartesianos e, também, algumas aplicações das funções
em problemas práticos.

Você perceberá que, constantemente, será necessário, na


resolução dos problemas propostos, a aplicação dos conceitos
sobre resolução de equações polinomiais, expressões numéricas,
fatoração, produtos notáveis e todos os demais conceitos já
estudados. Assim, para a adequada compreensão do estudo
das funções, revise os métodos de solução de equações e de
expressões numéricas sempre que necessário.

De forma geral, as funções são utilizadas para modelar situações


de fenômenos da vida real e permitir sua compreensão por meio
de conceitos matemáticos.

Imagine as seguintes situações:

1. Um vendedor tem um salário fixo de R$ 400,00 mais uma


comissão de 2% sobre as vendas. Como será a composição
de seu ganho mensal?
2 UNIUBE

Provavelmente, você deve ter visualizado que, para obtermos


o ganho mensal do vendedor, precisamos considerar que seu
cálculo será em função do valor total das vendas no mês.

Logo...

O ganho mensal depende do valor total das vendas no mês.

2. Considerando um campeonato de futebol, como podemos


explicar a composição dos pontos obtidos por um time?

Novamente, o total de pontos obtidos por um time é dado em


função do número de vitórias e empates que esse time teve
durante o campeonato.

Logo...

O total de pontos obtidos depende do número de vitórias e


empates.

Essas são pequenas ilustrações do uso cotidiano de relação entre


duas ou mais grandezas quaisquer e que podem ser descritas por
meio de uma função matemática.

A palavra função nos dois exemplos citados nos remete


a quê?

Observe que ela nos indica uma relação entre duas grandezas
matemáticas distintas, ou seja, entre dois valores numéricos. Na
função matemática, uma das grandezas é função da outra.

As funções estão presentes na modelagem dos movimentos dos


corpos, com as funções de posição, velocidade e aceleração; no
estudo dos circuitos elétricos com as funções de tensão e em
diversas outras aplicações. São encontradas também no estudo
de modelos econômicos, na análise de receita e custos marginais,
UNIUBE 3

nas funções de demanda e de oferta de um determinado produto,


entre outros exemplos.

Dessa forma, torna-se importante estudar o comportamento das


funções para compreender e equacionar situações-problema,
como apresentadas anteriormente.

Nesse capítulo, realizaremos uma abordagem geral das funções,


seus conceitos, formas gráficas, domínio, imagem e alguns
problemas de aplicação. Esses conceitos já foram estudados
anteriormente por você no Ensino Médio, mas como são
importantes para os demais capítulos que estudaremos, essa
abordagem pretende lhe fornecer subsídios para seus estudos
futuros.

Objetivos
Ao final dos estudos desse capítulo, esperamos que você seja
capaz de:

• formular a expressão matemática (lei de formação) de


uma função elementar a partir de informações sobre seu
comportamento;
• identificar situações-problema solucionáveis por meio do
emprego de funções de uma variável;
• resolver problemas de aplicação das funções elementares
em situações práticas do cotidiano;
• construir os gráficos cartesianos das funções de uma
variável;
• analisar os gráficos de algumas funções elementares e
determinar a lei de formação dessas funções a partir do seu
gráfico.
4 UNIUBE

Esquema
1.1 Introdução a funções
1.2 Domínio, contradomínio e imagem da função
1.3 Inequações do 1º grau
1.4 Estudo do domínio de uma função
1.5 Espaço bidimensional e pares ordenados
1.6 Função afim ou função do 1º grau
1.6.1 Construção de gráficos de funções do 1º grau ou lineares
1.6.2 Estudo do crescimento e decrescimento de uma função
por meio de coeficiente angular
1.6.3 Variação do sinal da função do 1º grau
1.7 Função constante
1.8 Função quadrática ou função do 2º grau
1.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas
1.8.2 Sinal da função quadrática
1.9 Inequações do 2º grau
1.10 Função composta
1.11 Outras funções polinomiais e funções racionais
1.12 Funções definidas por diferentes sentenças

1.1 Introdução a funções

Veja duas situações que podem ser expressas por meio de funções
matemáticas. Vamos, agora, observar esses exemplos e aproveitar para
desenvolver alguns conceitos.

Primeiro exemplo:

O ganho mensal de um vendedor, que tem um salário fixo de R$ 400,00


mais uma comissão de 2% sobre as vendas, pode ser calculado em
função do valor total das vendas no mês.
UNIUBE 5

Nesse caso, as grandezas relacionadas são o ganho mensal do vendedor


e o total das vendas realizadas no mês. Essa situação poderia ser
2
descrita matematicamente da seguinte forma: S = 400 + . x, onde S
representaria o ganho mensal e o x o total de vendas do mês. 100

Observe que, na função anterior, o termo . x, indica a comissão de 2%


100
que o vendedor ganha sobre o total das vendas do mês, enquanto o valor
400 está relacionado ao salário fixo do vendedor. Vamos exemplificar
algumas situações para que você verifique que essa função realmente
descreve a situação mencionada no exemplo. Observe:

Para R$ 1000,00 de vendas, o salário obtido pelo vendedor seria:


2
S = 400 + .1000
100
S = 420 R$

Para R$ 3.500,00 de vendas, o salário seria:


2
S = 400 + . 3500
100
S = 470 R$

Se, num determinado mês, esse vendedor não conseguisse realizar


nenhuma venda, o salário que ele ganharia seria o valor fixo de R$
400,00.

Considerando os desenvolvimentos anteriores, como você


descreveria essa situação?

Se você considerou que ela pode ser descrita quando se adota o valor
0 para as vendas do mês, podemos escrevê-la da seguinte forma:
2
S = 400 + . 0
100
S = 400 R$
6 UNIUBE

Seria possível, ainda, com essa função, determinar qual foi o total de
vendas em um mês, a partir de um determinado valor conhecido de
salário. Vejamos um exemplo:

Suponha que o salário do vendedor, em um determinado mês, tenha


sido R$ 537,00.

Qual teria sido o total de vendas realizado nesse mês pelo


vendedor?

Nessa situação, conhecemos o valor do salário, ao substituirmos na


2 2
função S = 400 + . x, temos a seguinte equação: 537 = 400 + . x.
100 100

Para resolver essa equação, basta isolar a varável x em um dos membros


da igualdade. Passamos, então, o 400 para o primeiro membro subtraindo
e obtemos:

537 – 400 = 2 x → 137 =


2x
100 100
O número 100 que está no denominador do segundo membro pode
passar para o primeiro membro da igualdade multiplicando e o número
2, em seguida, pode passar dividindo o resultado obtido: Temos, então:
13700
137 ⋅100 =2 x → =x
2
x = 6850

Assim, o total de vendas realizado pelo vendedor seria de R$ 6.850,00


em um mês em que ele tenha recebido um salário de R$ 537,00.

Observe, agora, o segundo caso descrito anteriormente como exemplo


de função:

Em um campeonato de futebol, o total de pontos obtidos por um time é


dado em função do número de vitórias e empates que esse time teve
durante a competição.
UNIUBE 7

Nesse exemplo, a pontuação obtida pelo time poderia ser expressa pela
função P = 3 ⋅ m + 1 ⋅ n , em que P indicaria a pontuação total do time, m
o número de vitórias e n o número de empates, considerando que cada
vitória seja equivalente a três pontos e cada empate a um ponto.

PONTO-CHAVE

Vamos aproveitar esses exemplos para fazer uma diferenciação entre as


duas funções apresentadas.

2
No caso do salário do vendedor, S = 400 + . x indica uma função de
100
uma variável, em que o ganho mensal depende unicamente do total de vendas.

Já na função P = 3 ⋅ m + n , a pontuação obtida pelo time depende do número


de vitórias e do número de empates, ou seja, a pontuação é uma função de
duas variáveis. Matematicamente, poderíamos escrever S = f ( x ) (leia-se S
é função de x) e P = f ( m ,n ) (leia-se P é função de m e n).

Utilizamos a função de duas variáveis apenas para exemplificar uma


situação cotidiana que pode ser descrita por meio de uma função, mas
nessa unidade vamos focar o estudo das funções de uma variável.

2
As expressões matemáticas S = 400 + . x e P = 3m +n são
100
denominadas leis de formação das funções e representam a relação
que existe entre as grandezas representadas na função.

Na função salário, S é a variável dependente e x a variável independente.


É comum utilizarmos y para a variável dependente (valor da função), e
assim podemos escrever y = f ( x ) .

Observe que, no exemplo da função salário, podemos então, escrever a


função de três formas equivalentes:
2 2 2
S = 400 + ⋅ x ou S( x ) = 400 + ⋅ x ou y = 400 + ⋅x
100 100 100
8 UNIUBE

Até agora, somente exemplificamos situações que poderiam ser


descritas por funções matemáticas. Vamos apresentar, a seguir, algumas
definições que se aplicam a toda e qualquer função matemática. Antes
de prosseguir com a leitura do texto, aproveite para reforçar a ideia geral
de função:

Uma função y = f ( x ) é, de forma simples, uma relação matemática entre


duas grandezas x e y, sendo uma delas a variável independente (x) e a
outra, a variável dependente, ou valor da função (y).

PESQUISANDO NA WEB

Visite o site <www.somatematica.com.br> e aprofunde seus conhecimentos


sobre o assunto tratado até aqui.

1.2 Domínio, contradomínio e imagem da função

As funções relacionam os elementos de dois conjuntos numéricos A e B,


de forma que todos os elementos do conjunto A se relacionem a um, e
somente um, elemento do conjunto B.

Podemos expressar esta relação na forma f : A → B (leia-se função de


A em B), em que a variável independente pertence ao conjunto A, e a
variável dependente pertence ao conjunto B.

Na função f : A → B , o conjunto A é denominado domínio da função, e o


conjunto B é chamado de contradomínio. Ao subconjunto dos elementos de
B que se relacionaram com conjunto A, chamamos de imagem da função.

Os exemplos a seguir vão contribuir para que você entenda, de uma


melhor forma, as diferenças entre domínio, contradomínio e imagem de
uma função.

Exemplo 1

Considere os conjuntos A = {-1,0,1,2,4,7} e B = {0,1,2,3,4,5,7,10,12} e a


relação matemática y = x + 3. Verifique se essa relação representa uma
função f : A → B , com y = f ( x ) .
UNIUBE 9

Resolução

Para verificar se a expressão indica uma função, é preciso: que os


valores de x sejam substituídos na expressão, calcular o valor de y
correspondente a cada um dos valores de x e, ainda, observar se todos
os valores de x do conjunto A encontram valores de y no conjunto B para
formarem os pares ordenados da função.

Vamos tomar os valores de x = -1 e x = 2 para exemplificar esses


cálculos. Substituindo esses valores no valor de x da expressão, temos:

y = -1 + 3 y=2+3
e
y=2 y=5

Caso você procedesse de forma semelhante com os demais valores de


x do conjunto A, encontraria os valores de y indicados a seguir:

x -1 0 1 2 4 7
y 2 3 4 5 7 10

PARADA OBRIGATÓRIA

Todos os valores de “y” existem em B? Observe com atenção se todos os


valores encontrados para y por meio da expressão y = x +3 existem no
conjunto B. Nesse caso, os elementos 2, 3, 4, 5, 7 e 10 encontrados para y
existem no conjunto B.

Todos os elementos do conjunto A encontraram valores no conjunto


B, para se relacionarem. Assim, a relação y = x + 3 indica, para os
conjuntos A e B anteriores, uma função f : A → B em que são formados
os seguintes pares ordenados (x,y), com x ∈ A e y ∈ B :

(-1, 2), (0,3), (1, 4), (2, 5), (4,7) e (7,10).

Há uma forma de se representar essa relação matemática por meio de


diagramas. Visualmente essa maneira de se mostrar a relação entre os
10 UNIUBE

conjuntos A e B auxilia no entendimento do que são o domínio, contradomínio


e a imagem da função. Observe com atenção a Figura 1 a seguir:

Figura 1: Relação entre conjuntos.

Veja que representamos os pares ordenados que foram gerados por


meio da relação y = x + 3, para a função f : A → B com y = f ( x ) . Nessa
função, podemos então identificar:

O conjunto domínio: D f = A

O conjunto contradomínio: CD f = B

O conjunto imagem é dado por parte do conjunto B que se “ligou” ao


conjunto A por meio da relação y = x + 3. Assim, temos: Im f = {2,3, 4,5, 7,10}

IMPORTANTE!

Tome cuidado para não se equivocar com a definição de função!

Para que uma relação matemática entre dois conjuntos A e B represente


uma função de A em B, ou seja, f : A → B , é necessário que todos
os elementos do conjunto A encontrem imagens no conjunto B. Nesse
UNIUBE 11

exemplo, existem os elementos 0, 1 e 12 que não se relacionam ao


conjunto A.

No entanto, não há restrição para que “sobrem” elementos do conjunto


B sem se relacionarem ao conjunto A. Apenas deve-se ficar atento para
que não haja confusão entre o conjunto contradomínio e o conjunto
imagem. Podemos entender o contradomínio como os possíveis valores
para as imagens da função, enquanto o conjunto imagem é a “porção”
do contradomínio B que se tornou imagem do conjunto A.

PARADA PARA REFLEXÃO

Uma relação entre dois conjuntos sempre representará uma função?

Nesse próximo exemplo, você verá que nem sempre uma relação entre
dois conjuntos representa uma função. Se algum dos elementos do
conjunto A não encontrar um elemento no conjunto B para se relacionar e
formar um par ordenado, a relação entre os conjuntos não é uma função.

Exemplo 2

Vamos, novamente, considerar os conjuntos A = {−1, 0,1, 2, 4, 7} e


B = {0,1, 2,3, 4,5, 7,10,12} e mostrar que a relação y = 2x não é uma
função de A em B.

Resolução

Substituindo os valores de x ∈ A na expressão y = 2x, obtemos para y


os valores indicados na tabela abaixo:

x -1 0 1 2 4 7
y -2 0 2 4 8 14

Observe que a relação y = 2x permitiu que se formassem os seguintes


pares ordenados (x, y), com y ∈ B : (0,0), (1,2), (2,4). Os elementos -1,
4 e 7, pertencentes ao conjunto A, não encontram imagens no conjunto
B para se relacionarem. Dessa forma, essa relação matemática não
representa uma função f : A → B .
12 UNIUBE

SINTETIZANDO...

Toda função de A em B é uma relação entre esses conjuntos, mas nem toda
relação entre os conjuntos A e B é uma função f : A → B

Na resolução dos exercícios sobre funções, você verá que, em muitos


casos, não há referência ao conjunto domínio da função ou preocupação
em verificar se uma expressão matemática é ou não função. Nesse tipo
de exercício, uma determinada relação já é apresentada como função,
e a resolução do problema consiste em determinar certo valor da função
ou ainda encontrar o elemento do domínio que produz certa imagem na
função. Leia com atenção os exemplos resolvidos a seguir:

Exemplo 3

a) Determine a imagem fornecida pela função f ( x ) =


5 x − 12 x + 7 para
o elemento 9.

Para resolver o exercício, basta substituir o valor de x = 9 na função, e,


em seguida, calcular o valor da função para esse elemento do domínio.

f(9) = 5 ⋅ 9 − 12 9 + 7 = 45 − 12 ⋅ 3 + 7

f(9) = 45 − 36 + 7

f(9) = 16

Assim, a imagem fornecida para o número 9 é igual a 16.


5x
b) Considere a função f (x)
= − 12 . Determine o elemento domínio
que tem imagem igual a 13. 3

Nesse caso, como foi fornecida a imagem da função, devemos substituir


o valor 13 para a função e determinar o valor de x na equação que irá
5x
aparecer. Temos: 13
= − 12. Para resolver essa equação, vamos isolar o
3
termo com a variável x, deslocando o valor –12 para o primeiro membro da
igualdade. Obtemos:
UNIUBE 13

5x 5x
13 + 12 = → 25 =
3 3
Terminando a resolução da equação, basta isolar a variável x. Para isso,
o número 3 passa para o primeiro membro multiplicando e o número 5
vai dividindo o valor obtido nesse produto. Temos:
25 ⋅ 3
= x → x = 15
5
Assim, o elemento do domínio que fornece imagem igual a 13 é o número 15.

2
c) Encontre os valores de x que tornam nula a imagem da função f (x)= x − 6x
Se a função tem imagem nula, então f (x ) = 0 , o que resulta na equação
0 .
x 2 − 6x =

DICAS

Deve-se utilizar o método de resolução pela fórmula de Bhaskara ou ainda,


por se tratar de uma equação incompleta, ela pode ser resolvida por meio
de uma fatoração da expressão, para, em seguida, igualar cada um dos
temos da fatoração a zero.

x 2 − 6x =
0
x −6 =0
x ⋅ (x − 6) =
0 ou
x =6
x=0

O conjunto solução da equação é S = {0,6} . Dessa forma, os valores de


x que tornam nula a imagem da função são x = 0 ou x = 6.
14 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Agora, exercite esses conceitos iniciais sobre funções, realizando a Atividade 1.

Atividade 1

2
1. Determine qual é a imagem fornecida pela função f (x=
) x − 1 para o
elemento do domínio igual a 3.

2. Expresse, por meio de uma fórmula matemática, a função f :  →  que


associa para cada número real x:

a) o seu quadrado;

b) o seu cubo somado com oito;

c) a sua metade diminuída do seu quadrado;

3. Sejam as funções f (x)= 2x − 8 e g ( x=) x + 12 . Determine qual é o


3
elemento do domínio destas funções que provoca nelas imagens iguais.

4. Determine o elemento do domínio da função f (x)= x − 16 cuja imagem


é igual ao seu triplo.

Após essa apresentação, em que você teve os conceitos iniciais de


funções, vamos dar um tempo no estudo desse tema e relembrarmos
um tópico importante para que você consiga determinar, de maneira
correta, o conjunto domínio de uma função. Leia com bastante atenção
os exemplos de solução das inequações do primeiro grau, pois a
correta solução desse tipo de expressão será importante para você nos
problemas de estudo do domínio das funções, que será desenvolvido
logo após o tópico sobre inequações.
UNIUBE 15

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e aprofunde seus conhecimentos sobre o assunto tratado até aqui.

1.3 Inequações do 1º grau

Chamamos de inequações a toda sentença matemática aberta por uma


desigualdade. Podemos escrever uma inequação do primeiro grau das
seguintes formas:

ax + b > 0 ; ax + b < 0 ; ax + b ≥ 0 ; ax + b ≤ 0 ,

em que “a” e “b” são dois números reais, e “a” difere de zero, pois, se o
termo “a” for nulo, não haverá variável na inequação.

Veja, a seguir, alguns exemplos de inequações do primeiro grau:


3x 5
a) 3x + 2 > 0 b) − ≥0
2 3
Como faríamos para resolver uma inequação de primeiro grau
e achar o conjunto solução (S) de “x”?

Veja a seguir a resolução detalhada dos dois exemplos:

a) 3x + 2> 0

1º Passo

Devemos deixar no primeiro membro o número que acompanha a incógnita


que aqui está representada pela letra “x” e passar, para o segundo membro,
o número que não acompanha “x”, que neste caso é o número dois.
3x > −2
2º Passo

Devemos tomar, no primeiro membro, o número que está multiplicando


a incógnita e passá-lo dividindo o número que está no segundo membro
da operação.
16 UNIUBE

DICAS

Lembre-se de que o contrário de multiplicar é dividir. Muitos de nós


cometemos um erro clássico que é: passar o número que está multiplicando
dividindo, mas invertendo o seu sinal. Isso nunca deve acontecer.

2
x>− ou x > −0, 666...
3
 −2 
x ∈  / x > 
Assim, o conjunto solução da inequação é: S =
 3
3 5
b) x − ≥ 0
2 3

Podemos resolvê-la de dois modos, observe:


3 5
1º modo: x≥
2 3
Tiramos o MMC (mínimo múltiplo comum) de 2 e 3, que é 6, pois, como 2
e 3 são primos podemos multiplicar os dois números para achar o MMC.

9x 10

6 6

Já que tiramos o MMC, podemos cancelar os denominadores e operamos


somente com os numeradores.

9x ≥ 10

10
x≥
9

3 5
2º modo: x≥
2 3
Passaremos o valor do primeiro membro dividindo o valor do segundo
membro. Como teremos uma divisão de fração, copiaremos a primeira
fração e multiplicaremos pela segunda fração invertida. Veja, a seguir:
UNIUBE 17

5
5 2 10
x≥ 3 ⇔x≥ ⋅ ⇔x≥
3 3 3 9
2

IMPORTANTE!

Observe que, em ambas as maneiras, o conjunto solução (S) é:

 10 
S=x ∈  / x ≥ 
 9

Exemplo 4

Colocaremos, a seguir, uma aplicação de uma inequação de primeiro


grau.

Uma pessoa economizou R$900,00 para pagar prestações de dois


carnês em atraso. O primeiro carnê tem prestações fixas de R$ 65,00
e o segundo tem prestações fixas de R$ 85,00. Qual o número máximo
de prestações que ela pode pagar do segundo carnê se for obrigada a
quitar duas prestações do primeiro carnê?

Resolução

No primeiro carnê, chamaremos o número de prestações de “x” e para


o segundo carnê, de “y”.

Já que a pessoa tem R$900,00, eu pergunto a você: Ela pode gastar


até que valor? Veja que nos foi solicitada a quantidade máxima de
prestações, assim a inequação ficará maior ou igual ou menor ou igual
ao valor de R$900,00, concorda?

REGISTRANDO

Sempre que tivermos a expressão “quantidade máxima ou no máximo”


a inequação será sempre menor ou igual. Já se houver a expressão
“quantidade mínima ou no mínimo” a inequação será sempre maior ou igual.
18 UNIUBE

Então, neste caso, veja como ficará a inequação de primeiro grau:

65x + 85y ≤ 900

Você deve estar imaginando agora como iremos resolver essa inequação,
já que temos duas incógnitas na mesma inequação. Mesmo assim,
devemos nos ater à interpretação do problema. Observe que devem ser
pagas duas prestações do primeiro carnê, neste caso devemos resolver
da seguinte forma:

como já sabemos o número fixo de prestações do primeiro carnê,


devemos substituir este valor no local adequado, que é na incógnita “x”:

65(2) + 85y ≤ 900


130 + 85y ≤ 900

como temos agora uma inequação do primeiro grau com uma única
incógnita, podemos proceder semelhantemente aos dois exemplos já
resolvidos anteriormente. Veja:

85y ≤ 900 − 130


85y ≤ 770
770
y≤
85
y ≤ 9,06

Como estamos tratando de uma situação que pode ser aplicada ao


nosso cotidiano e, normalmente, as prestações são pagas integralmente
e não fracionadas, devemos arredondar o número de prestações para
um número inteiro () , que para nós são nove prestações, porque
além desse número de prestações, atingiríamos um valor superior de
R$900,00.

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e veja outros exemplos de inequações e suas aplicações.
UNIUBE 19

1.4 Estudo do domínio de uma função

Você talvez já tenha percebido que não é uma expressão matemática


que define se uma relação de A em B é função de A em B. Em um dos
exemplos anteriores, mostramos a você porque a relação y = 2x não
representa uma função f : A → B ente os conjuntos A = {-1, 0, 1, 2, 4, 7}
e B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 12}.

No entanto, bastaria que o conjunto A fosse tal que todos os seus


elementos encontrassem uma imagem no conjunto B para se
relacionarem, e essa relação matemática seria uma função.

Por exemplo, caso tivéssemos o conjunto A = {0, 1, 2} todos os elementos


desse conjunto encontrariam um elemento em B para formarem pares
ordenados, e teríamos uma função f : A → B com domínio dado pelo
conjunto A, contradomínio sendo o conjunto B e imagem sendo dada
por Im = {0, 2, 4}.

Podemos então dizer que, de modo geral, para que exista uma função
de A em B, devemos tomar um conjunto A, tal que todos seus elementos
formem pares ordenados com os elementos de B. Esse processo de
“encontrar” o conjunto A é denominado estudo do domínio de uma função.

O foco de nossos estudos são as funções de variáveis reais. De um modo


geral, vamos estudar funções do tipo f : D →  em que, em boa parte dos
casos, o contradomínio é o conjunto dos números reais, e o conjunto domínio
D é um subconjunto dos números reais (D ⊂ ) , podendo até mesmo ser o
domínio dado pelo próprio conjunto dos números reais (D = ) .

Para se determinar o domínio de uma função, deve-se então verificar qual


é o subconjunto de valores (x ∈ ) que permite a todos x ∈ Df encontrar
um elemento do contradomínio para formar um par ordenado. De um
modo geral, devemos observar as seguintes restrições:

• todo denominador de uma função deve ser diferente de zero;


• funções que apresentem radicais com índice par devem ser tais
que a expressão no interior do radical seja maior ou igual a zero,
garantindo que exista raiz real.
20 UNIUBE

Exemplo 5

Determine o conjunto domínio das seguintes funções de variáveis reais:


3
a) =
f(x) −5
x +2

Deve-se ter x + 2 ≠ 0 , que faz x ≠ −2 . Assim: Df= {x ∈  x ≠ −2} .

b) f(x) = 5 ⋅ 2x − 6 + 2x 2

Para que exista raiz real, é necessário que a expressão no interior da


raiz não resulte em um valor negativo. Assim: 2x − 6 ≥ 0 . Para determinar
os valores de x que tornam verdadeira a desigualdade, devemos utilizar
os passos descritos anteriormente nesse capítulo, no tópico sobre
inequações:

6
2x ≥ 6 → x ≥
2

x≥3 .
Assim: Df ={x ∈  x ≥ 3}

2x
c) g(x)= − 7 x + 10
x −9
2

Primeiro, o denominador não pode ser nulo, o que faz x 2 − 9 ≠ 0 .

Para determinar os valores de x que satisfaçam essa restrição, podemos


igualar a expressão a zero, fazendo x 2 − 9 =0.

x 2 =→
9 x=
± 9
x= ±3
UNIUBE 21

Quando igualamos o denominador a zero, encontramos os valores de


x que são solução dessa equação. Como a condição de existência do
denominador exige que ele seja diferente de zero, devemos ter, então,
x ≠ −3 e x ≠ 3 .

No entanto, somente essa restrição não é suficiente para que a


função exista, uma vez que existe um radical de índice par na função,
e deve-se garantir que a expressão no interior do radical seja maior
ou igual a zero, o que resulta em x ≥ 0 . Fazendo a interseção entre
essas condições, para que as duas restrições sejam atendidas, temos:
Dg= {x ∈  / x ≥ 0 e x ≠ ± 3} .

x+5
d) h(x) = 3
3
Nesta função, aparece um radical de índice ímpar. Dessa forma, no
interior do radical podem aparecer valores nulos, positivos, ou até mesmo
negativos, uma vez que números negativos admitem raízes cúbicas reais.

IMPORTANTE!

O único problema que poderia ocorrer é quanto ao denominador da


expressão no interior do radical, que não poderia ser nulo.

x+5
Porém, você pode observar que o denominador da expressão é
3
sempre diferente de zero, para quaisquer valores de x. Assim, o domínio da
função é todo o conjunto dos números reais, ou seja: Dh=  ou Dh= {x ∈ }
22 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Após essa leitura, exercite os conceitos sobre funções que já foram


estudados, na resolução dos exercícios da Atividade 2, a seguir:

Atividade 2

Determine o conjunto domínio das seguintes funções de variáveis reais:


5
a) f(x) =
5 + 16 − 2x =
b) f(x) −6
x + 10
2

(5 − x 2 )3
c) f(x) = 5 ⋅ 4 x + 6 + 7x 2 −
3x

1.5 Espaço bidimensional e pares ordenados

Em nosso texto, já fizemos algumas referências aos pares ordenados (x,


y). Agora, você vai entender melhor o significado deles. Um par ordenado
indica a posição de um ponto em um sistema de coordenadas cartesianas.
Esse sistema é composto por dois eixos x e y perpendiculares entre si e
que se cruzam em um ponto denominado origem.

Esses eixos definem um plano, ou seja, um espaço bidimensional, com


quatro regiões distintas denominadas quadrantes. No par ordenado,
a coordenada x é denominada abscissa e a coordenada y, ordenada.
Veja a Figura 2, a seguir, em que estão mostrados os quadrantes e a
localização de alguns pares ordenados.

Figura 2: Quadrantes.
UNIUBE 23

DICAS

Saber localizar um par ordenado no plano cartesiano é importante para


compreender o comportamento de uma função a partir de observações em
seu gráfico.

Os pontos representados na figura anterior definem os seguintes pares


ordenados:

A(3, 1), B(-3, 2), C(-2, -3), D(1, -2), E(-4, 0), F(2, 0), G(0, -2) e H(0, 1).

Observe que os pares ordenados em que o segundo elemento é nulo (y


= 0) definem pontos localizados sobre o eixo x, enquanto os pares com
o primeiro elemento igual a zero (x = 0) definem pontos sobre o eixo y.

1.6 Função afim ou função do 1º grau

É a função f :  →  com y = f(x) que tem expressão geral do tipo


y = m ⋅ x + b ou f(x) = m ⋅ x + b com m, b∈ e m ≠ 0 .

Nessa função, o termo “b” é chamado de coeficiente linear da função,


enquanto o temo “m” é denominado coeficiente angular.

Você talvez esteja se perguntando se já não viu nesse texto


alguma função do primeiro grau?

Realmente em um dos primeiro exemplos sobre função, a expressão


2 2
G = 400 + ⋅ x é uma função afim, em que os coeficientes são m =
100 100
e b = 400.
24 UNIUBE

PARADA OBRIGATÓRIA

É importante que você fique atento ao fato de o coeficiente angular ser o


termo que multiplica a variável x, e não o termo que aparece primeiro na
função.

É um erro muito comum, na interpretação desse tipo de função, a


identificação do coeficiente angular como sendo o primeiro termo que
aparece na função, devido ao fato de que na expressão geral y = m ⋅ x + b
o coeficiente m aparece antes do coeficiente b.

Exemplo 6
Veja alguns exemplos de funções do primeiro grau e seus respectivos
coeficientes angulares e lineares:

a) f(x)= 3x + 5 = e b 5.
m 3=

b) g=
(x ) 7 2 − 5x m= 7 2 .
−5 e b =

x 1
c) f(x)= + 13 =m = e b 13 .
2 2

d) f(x) = −8x m=
−8 e b =
0
.

Uma importante característica da função afim é que ela apresenta


uma taxa de variação constante, ou seja, independente de a função
apresentar um crescimento ou decrescimento, esse sempre ocorre numa
taxa constante. Se tomarmos qualquer uma das funções apresentadas
anteriormente, esse comportamento pode ser facilmente observado.

Como exemplo, tomamos a função f(x)= 3x + 5 adotamos alguns valores


aleatórios para a variável x. Em seguida, substituímos esses valores na
função para determinar o valor da variável y.

Adotamos, então, os valores -1, 1, 2, 2,50 e 5 para a variável x,


substituímos esses valores na função, encontrando para y os valores
indicados a seguir:
UNIUBE 25

x -1 1 2 2,50 5
y 2 8 11 12,5 20

Veja que é possível identificarmos que, para dois pontos quaisquer


( x1 , y1 ) e (x2 ,y2 ) pertencentes à função, a razão entre as variações
da função e as variações nos valores da variável X resulta sempre num
mesmo valor. Você conseguiu visualizar essa razão? Se não, faça as
divisões e comprove-a.
∆y
Essa razão é comumente simbolizada por , em que temos:
∆x
∆y : variação em y, ou seja, ∆y = y2 − y1

∆x : variação em x, ou seja, ∆x = x 2 −x1

Tomando-se dois pontos quaisquer da função apresentada no exemplo


anterior, é fácil verificamos que essa relação é constante. Adotando-se
os pontos (-1, 2), (1, 8) e (5, 20), vamos determinar a razão ∆y para dois
∆x
pontos quaisquer e mostrar que essa razão resulta sempre num mesmo
valor.

Para os pontos (-1, 2), (1, 8), fazemos:

∆y = y2 − y1 = 8 − 2 = 6

∆x = x 2 − x1 = 1 − (−1) = 1 + 1 = 2
∆y 6
Temos, então, = = 3
∆x 2
Para os pontos (1, 8) e (5, 20), obtemos:

∆y = y2 − y1 = 20 − 8 = 12

∆x = x 2 − x1 = 5 − 1 = 4
26 UNIUBE

∆y 12
Temos, então, = = 3
∆x 4
Para fazer essas demonstrações, foram escolhidos dois pontos
aleatórios. Para quaisquer outros pontos que fossem escolhidos, os
valores de ∆y e ∆x seriam diferentes. No entanto, a razão entre eles
será sempre a mesma.
∆y
Você percebeu alguma relação entre o valor da razão e
um dos coeficientes da função do primeiro grau? ∆x

∆y
A relação resulta sempre no valor do coeficiente angular da função
∆x
afim. Assim, para toda e qualquer função do primeiro grau, com
∆y
expressão geral do tipo y = m ⋅ x + b , temos = m.
∆x
Devido à sua taxa de crescimento/decrescimento constante, o gráfico
cartesiano de uma função do primeiro grau tem seus pontos alinhados
sobre uma reta, conforme vamos exemplificar nos exemplos seguintes.

1.6.1 Construção de gráficos de funções do 1º grau ou lineares

Construiremos os gráficos de duas funções do primeiro grau (figuras 3 e


4), marcando alguns pontos no plano cartesiano e ligando esses pontos.
O quadro de valores mostrado junto à função apenas auxilia para marcar
os pontos no gráfico.

Os valores de x foram atribuídos aleatoriamente, e os valores de y foram


calculados substituindo-se na função os x adotados.
Temos:

a) y = 2x + 3

x y
-2 -1
-1 1
0 3
1 5
2 7
UNIUBE 27

Figura 3: Gráfico de funções do primeiro grau.

DICAS

Sempre que for plotar (construir) o gráfico de uma função linear, é mais
prudente seguir os dois passos apresentados a seguir.

1º passo

Substituir o “x” por zero para determinar o valor de “y”. Com isso, você
terá o par ordenado onde o gráfico cortará (interceptará) o eixo dos
valores de “y” (eixo das ordenadas). Observe:

Y= 2X + 3

Y = 2(0) + 3

Y=3

Portanto, o par ordenado (x, y) em que o gráfico toca o eixo y é: (0; 3).

No entanto, somente esse ponto não basta para desenharmos a reta do


gráfico, uma vez que precisamos de, pelo menos, dois pares ordenados
28 UNIUBE

(dois pontos) para definirmos uma reta. Um segundo ponto poderá ser
obtido pelo procedimento a seguir:

2º passo

Substituir o “y” por zero para determinar o valor de “x”. Com isso, você
terá o par ordenado onde o gráfico vai “cortar” (interceptar) o eixo dos
valores de “x” (eixo das abscissas).

Observe:

0 = 2x + 3

-2x = 3

Multiplicando por menos um.

-2x = 3 (-1)

2x = -3
3
x= − ou x = – 1,5
2

Portanto, o par ordenado (x, y) é: (-1,5; 0).

Observando o gráfico anterior, é possível perceber que a reta passa pelos


pontos determinados nesses dois passos.

b) y = 6 – 3x

x y
-1 9
0 6
1 3
2 0
3 -3
UNIUBE 29

Figura 4: Gráfico de função do primeiro grau.

IMPORTANTE!

No plano cartesiano, o gráfico de uma função do primeiro grau afim será


sempre uma reta inclinada em relação ao eixo x.

1.6.2 Estudo do crescimento e descrescimento de uma função por


meio do coeficiente angular

O valor do coeficiente angular “m” da função representa a inclinação da


reta do gráfico ou, ainda a taxa de variação da função.

Em um dos exemplos apresentados anteriormente, a função y = 2x +


3, que tem coeficiente angular m = 2, apresenta também uma taxa de
variação de +2 unidades para cada aumento de uma unidade na variável
x. Também é possível observar essa característica no gráfico da função,
bastando, para isso, tomar dois pontos que pertençam à função e verificar
que, dentre esses dois pontos, os valores de y apresentam um aumento
de duas vezes o aumento em x.

De forma semelhante, no gráfico da função y = 6 – 3x, que possui


coeficiente angular -3, é possível verificar que os valores de y apresentam um
30 UNIUBE

decrescimento de -3 unidades, para cada aumento de uma unidade nos


valores da variável x.

IMPORTANTE!

Uma função é crescente para certo intervalo de valores de x, se neste

intervalo para qualquer x 2 > x1 tivemos f (x 2 ) > f (x1 ) . A função é decrescente


no intervalo de valores de x se para x 2 > x1 obtém-se f (x 2 ) < f (x1 ) .

Para as funções do primeiro grau, é possível generalizarmos esse


conceito de crescimento/decrescimento a partir da observação do valor e
do sinal do coeficiente angular (ou taxa de variação) da função. Podemos,
ainda, realizar uma associação da taxa de variação da função com a
forma de seu gráfico. Assim, para uma função do tipo y = m ⋅ x + b ,
temos a seguinte situação:

m < 0, reta descendente → função decrescente


Para
m > 0, reta ascendente → função crescente

1.6.3 Variação do sinal da função do 1º grau

Em muitos problemas de aplicação da função afim, é necessário


identificarmos os intervalos de valores em que a função tem sinal positivo
ou negativo. Para isso, podemos proceder de duas formas: resolvendo
duas inequações do primeiro grau; fazendo um esboço do gráfico da
função.

Exemplo 7

Vamos realizar o estudo do sinal da função y = -3x + 6, cujo gráfico foi


representado anteriormente nesse texto.

1º modo

Vamos igualar a função a zero, em seguida impor a condição de que


a função seja positiva (y > 0) e, por último, a condição de a função ser
negativa (y <0).
UNIUBE 31

Para y > 0, temos:


−3x + 6 > 0
−3x > −6 ⋅ (−1)
3x < 6
x<2

IMPORTANTE!

Note que, ao multiplicar por -1 a desigualdade, o sinal da expressão se


inverte.

Para y < 0:

−3x + 6 < 0 → 6 < 3x


6
<x
3
2<x
−3x + 6 =0
A função é nula quando y = 0, ou seja, quando 6 = 3x
x =2

Dessa forma, o estudo da variação da função consiste em determinar os


intervalos de valores para os quais a função tem diferentes sinais. Para
esse exemplo, temos o seguinte:

A função é nula para x = 2, tem sinal positivo para x < 2 e negativo para
x > 2. Podemos, ainda, escrever:

 y < 0 para x > 2


=
 y 0= para x 2

 y > 0 para x < 2

Fique atento para não errar!

Um engano muito comum do estudante é dizer que, para valores de x <


2, existem números negativos.
32 UNIUBE

Então, como é que a função fica positiva?

Deve-se atentar ao fato de que analisamos o sinal da função (sinal da


variável dependente y) e não o sinal da variável independente x. Mesmo
pela observação dos gráficos, não é difícil notar que à esquerda de x = 2
os valores da função (valores de y) são sempre positivos.

2º modo

A outra forma de se analisar o sinal da função é primeiro determinar


sua raiz. Marcar essa raiz em um eixo coordenado e, em seguida, fazer
um esboço do gráfico da função, observando os intervalos nos quais o
gráfico está acima do eixo das abscissas (sinal positivo da função) ou
abaixo (sinal negativo da função).

Relembrando, a raiz de uma função y = f(x) é o valor de x que torna a


função igual a zero.

Encontrando a raiz:
f(x) = 0
−3x + 6 =0
−3x =−6
x =2

Fazendo um esboço do gráfico e marcando os sinais (Veja a Figura 5):

Figura 5: Esboço de um gráfico.

A análise do sinal da função apresenta, então, o mesmo resultado que


se obtém resolvendo as inequações.
UNIUBE 33

Veja agora um exemplo prático de aplicação da função afim:

Exemplo 8

Na produção de peças, uma indústria tem um custo fixo de R$8,00 e um


custo variável de R$0,50 por unidade produzida. Sendo x o número de
unidades produzidas, responda às seguintes questões:

a) Determine a lei de formação desta função de custo e diga qual é sua


taxa de variação.

O custo de se produzir uma peça é R$8,50; para duas peças R$9,00;


para três peças R$9,50 e assim por diante. Nota-se, então, que a taxa
de variação da função é de R$0,50. Independentemente da quantidade
produzida, há um custo fixo de R$8,00. Dessa forma, a função de custo
pode ser expressa por=C(x) 0,50x + 8 , em que C representa o custo e x
a quantidade de peças produzidas.

b) Calcule o custo de produção de cem peças.

Para produzir 100 peças, o custo é C(100)= 0,50 ⋅ 100 + =


8 58 . Dessa
forma, o custo para produzir as cem peças é de R$58,00.

c) A partir de quantas peças produzidas o custo torna-se superior a


R$38,00?

Para que o custo se torne superior a R$ 38,00, devemos ter C(x) > 38 ,
o que produz a inequação 0,50x + 8 >38. Resolvendo essa inequação:

0,50x + 8 >38
0,50x > 30
x > 60

Para uma produção superior a 60 peças, o custo torna-se maior que


R$38,00.

1.7 Função constante

O que lhe vem à mente quando nos referimos à palavra constante?


34 UNIUBE

Provavelmente, você deve ter pensado em algo que “não muda”,


"permanece sempre igual”, Para entendermos o comportamento
de uma função constante, basta considerarmos essas ideias. Tomemos
um exemplo:

Observe sua conta telefônica. Veja o valor da assinatura. Mensalmente,


em sua conta telefônica, vem discriminado um valor que é o da assinatura
mensal do serviço de telefonia. Esse valor é fixo. Nesse caso, vamos
entendê-lo como um custo fixo.

Os custos fixos (CF) são aqueles que não dependem da quantidade


vendida ou produzida pela empresa ou pessoa física. O aluguel
é outro tipo de custo fixo que muitos cidadãos brasileiros têm
mensalmente.

Vejamos, agora, a definição de função constante:

É a função do tipo f :  →  com f(x) = K com K∈  .


A função constante associa a todo número x um mesmo valor y = K.

No plano cartesiano, o gráfico da função constante é uma reta paralela


ao eixo x. Dependendo do sinal da constante K, esse gráfico pode
estar localizado acima ou abaixo do eixo das abscissas. Observe esse
comportamento na Figura 6, a seguir:

y = −3

Figura 6: Gráfico da função constante.


UNIUBE 35

PARADA PARA REFLEXÃO

Qual a taxa de variação em uma função constante?

Para responder a esse questionamento, basta analisarmos os valores para


y. 0 que acontece com eles quando ocorre variação de x?

Observamos que a função constante apresenta sempre os mesmos valores


para y, independentemente dos valores de x, logo, nesse tipo de função,
a taxa de variação é nula.

1.8 Função quadrática ou função do 2º grau

Vamos, inicialmente, explorar algumas características da função


quadrática que o(a) ajudarão na compreensão do seu comportamento
ou ainda na construção do gráfco de uma função quadrática qualquer.

Vejamos a definição de função quadrática:

y f(x) ,f :  →  com forma geral do tipo: y = ax + bx + c ou


2
=
É a função

f(x) = ax + bx + c com, a, b, c ∈  e a ≠ 0.

Exemplo 9

a) f(x) = 5x 2 − 7x + 11 temos coeficientes: a = 5, b = -7 e c = 11


x2 1
=
b) f(x) − 8 temos coeficientes: a = , b = 0 e c = −8
3 3
7x 7
c) f(x) = 3 ⋅ x2 + =
temos coeficientes: a 3, b
= =ec 0
5 5

d) f(x)= 14x + 1 − 2x 2 temos os coeficientes: a = -2, b =14 e c = 1


36 UNIUBE

Uma característica interessante para ser observada nas funções


quadráticas é o fato de essas funções não apresentarem um valor
fixo de taxa de variação. Para cada valor diferente de x, tem-se
uma taxa de variação diferente. Leia com atenção o exemplo a
seguir, que ilustra o comportamento da função f(x)= x 2 + 1 :

Exemplo 10

Vamos supor alguns valores para a variável x e substituir esses valores


na função para determinar os valores de y = f(x) :

X -1 0 1 2 3 4 5

y 2 1 2 5 10 17 26

Observe o quadro com atenção!

Nesse quadro, os valores de x a cada coluna, da esquerda para a


direita, estão variando de uma em uma unidade.

Mas o que acontece com os valores de y?

Observe que os valores de y não estão variando em taxa constante.


Da primeira para a segunda coluna, houve uma diminuição de - 1
unidade em y; da segunda para a terceira coluna houve um
crescimento de +1 unidade; a da terceira para a quarta coluna, o
crescimento da função foi de + 3 unidades.

PARADA OBRIGATÓRIA

Qual a consequência gráfica desse comportamento?

Esse comportamento faz com que o gráfico de uma função quadrática


não seja formado por pontos localizados sobre uma reta, uma vez que
esses pontos não estarão alinhados.
UNIUBE 37

O gráfico de uma função quadrática, no plano cartesiano, é denominado


parábola do segundo grau, e sua forma geral está representada na
Figura 7 a seguir. O sinal do coeficiente “a” indica se a concavidade
desta parábola é voltada para cima ou para baixo.

Figura 7: Gráfico de uma função quadrática.

Essa representação apenas esquematiza, de forma geral, o gráfico de


uma parábola do segundo grau. Não aparecem nesse desenho os pontos
de interseção dessas parábolas com os eixos coordenados. Apenas estão
ilustrando a forma de uma parábola do segundo grau e sua concavidade,
de acordo com o sinal do coeficiente “a”.

Diferentemente da função do primeiro grau, que sempre apresenta uma


raiz, ou seja, um ponto no qual o gráfico da função toca o eixo x, a função
quadrática pode apresentar duas raízes reais e distintas; duas raízes
reais e iguais; nenhuma raiz. Assim, o gráfico de uma função quadrática
pode tocar no eixo x em dois pontos distintos, em um ponto ou ainda em
nenhum ponto, caso não existam raízes reais.

Mas, como se determinam as raízes de uma função do segundo


grau? Você tem alguma ideia?
38 UNIUBE

DICAS

As raízes de uma função são os valores de x que tornam nula a imagem


da função. Assim, para uma função do tipo y = ax 2 + bx + c , ao tentarmos
determinar as raízes, teríamos: ax 2 + bx + c =0.

A determinação dessas raízes pode ser feita, então, pela fórmula de


Bhaskara:

−b ± ∆
Se ax 2 + bx + c = 0 → ∆ = b2 − 4ac e x =
2a

O discriminante ∆ define o número de raízes da função e,


consequentemente, quantas vezes o gráfico desta função tocará no
eixo x. Na representação da Figura 8, a seguir, temos três possíveis
situações para o gráfico de uma função quadrática, no caso de uma
parábola voltada para cima.

Figura 8: Gráfico de uma função quadrática, com três situações possíveis.

Tem-se:

∆ > 0 : Duas raízes x’ e x’’ distintas.

∆ =0 : Duas raízes x’ e x’’ são iguais.

∆ < 0 : Não existem raízes reais.


UNIUBE 39

Independentemente de tocar duas, uma ou nenhuma vez no eixo x, a


parábola do segundo grau apresenta um eixo de simetria paralelo ao eixo
y, simbolizado na Figura 8 pela linha tracejada S.

A interseção desse eixo de simetria com a parábola ocorre em um


ponto denominado vértice da parábola V(x V , y V ) . Para qualquer função
quadrática, as coordenadas do vértice são dadas por:

−b −∆ −(b 2 − 4ac)
xV = y=
V = ou y=
V f (x V )
2a 4a 4a

A ordenada y do vértice indica um valor extremo da função quadrática.


Se a parábola estiver voltada para cima, esse extremo representa um

 −∆ 
valor mínimo e a imagem da função será: Im = y ∈  | y ≥  . Caso
 4a 
a parábola seja voltada para baixo, o vértice indica um valor máximo da

 −∆ 
função e tem-se: Im = y ∈  y ≤ 
 4a 

1.8.1 Construção de gráficos de funções quadráticas

Para construir gráficos de funções quadráticas, você pode seguir


alguns procedimentos que auxiliam na determinação de alguns pontos
notáveis da função do segundo grau. Em boa parte dos casos que nos
interessam, deseja-se fazer um esboço do gráfico, da função, sem
grande preciosismo do desenho, mas sim analisando a forma geral, do
gráfico, as interseções com os eixos coordenados e o ponto de máximo/
mínimo da função (vértice}. Você pode então seguir esse roteiro, de
procedimentos:

• verificar se a concavidade da função é para cima ou para baixo;


• determinar as raízes da função, caso elas existam;
• determinar as coordenadas do vértice da função;
• determinar as interseções com os eixos coordenados.
40 UNIUBE

A seguir, apresentaremos dois exemplos de construção de gráficos


de função quadrática. Observe-os com atenção, pois eles poderão
ajudá-lo(a) na resolução de diversos exercícios.

Exemplo 11

a) Construa um gráfico da função : f(x)= x 2 − 6x

Determinando-se as raízes da função, temos x − 6x =


2
0 , que resulta nos
valores x = 0 e x = 6. Esses valores indicam a abscissa dos pontos onde
a parábola toca o eixo dos x.

Para determinar as coordenadas do vértice, temos:


− b −(−6) y V = f(3) = 32 − 6 ⋅ 3
x=
V = = 3
2a 2 ⋅1 y V = −9
A figura do gráfico é mostrada a seguir:

b) Construa o gráfico da função f ( x ) =− x 2 + 3x − 5 :

A função não tem raízes reais, uma vez que a equação − x 2 + 3 x − 5 =0


não apresenta soluções reais, pois resulta num discriminante ∆ negativo.
Para determinar as coordenadas do vértice, temos:

2
−b −3 3 3 3
xv = = = yv =
f 3  =
−   + 3. − 5
2a 2.(−1) 2  
2 2 2
−11
yv =
4
UNIUBE 41

No gráfico da função, não foram indicadas as coordenadas do vértice, no


entanto é possível verificar que os valores encontrados estão coerentes,
uma vez que, visualmente, é possível verificar que as coordenadas
3 −11
xv = = 1,5 e yv = = −2, 25 estão coerentes com a figura.
2 4
A figura do gráfico é mostrada a seguir:

Nesse gráfico, como não houve interseção com o eixo x, tomamos dois
valores de x, localizados um à esquerda e outro à direita do vértice da
função, para determinar dois pontos da função por onde passa o gráfico.
Também determinamos a interseção do gráfico com o eixo y, fazendo x
= 0 na função e obtendo f(0) =−0 + 3 ⋅ 0 − 5 =−5
2

1.8.2 Sinal da função quadrática

Você agora vai estudar a variação do sinal da função quadrática. O


procedimento que vamos apresentar aqui, para fazer o estudo do sinal
da função quadrática, é o mesmo que descrevemos anteriormente para
a função do primeiro grau.

A única diferença é o formato do gráfico da função, que anteriormente era


uma reta e agora se torna uma parábola do segundo grau para a função
quadrática. Assim, a ideia central do método continua sendo a mesma.
Determinam-se as raízes da função, caso elas existam, faz-se um esboço
42 UNIUBE

do gráfico da função e depois se indica na figura o sinal da função, de


acordo com os intervalos onde o gráfico está acima/abaixo do eixo x.

Nos intervalos onde o gráfico da função está localizado acima do eixo x,


o sinal é positivo, e nos intervalos onde a função está abaixo do eixo x, o
sinal é negativo. Nos pontos onde o gráfico toca o eixo x, a função é nula.

Veja o exemplo da função f(x) = x2 + 2x -15

As raízes da função são tais que: x2 + 2x - 15 = 0, que fazem x’ = - 5 e x” = 3.

Fazendo um esboço do gráfico (Figura 9), tem-se:

Figura 9: Esboço do gráfico.

A variação do sinal da função, então fica:

f (x) > 0 se x < −5 ou x > 3

f(x) =
0 se x =
−5 ou x =
3

f (x) < 0 se − 5 < x < 3

Devido à função quadrática apresentar um valor extremo (máximo ou


mínimo), são muito comuns os exercícios de aplicação desse tipo de
função que pedem uma maximização ou minimização da função. Veja
o exemplo:

Em um pavilhão de exposições, o número de pessoas P varia com o


tempo t, aproximadamente, de acordo com a seguinte função:

P(t) = t2 − 5t + 7
UNIUBE 43

Os tempos são medidos em horas a partir das 10h00 e o número de


pessoas em milhares.

a) Determine o horário no qual o número de pessoas na exposição foi


mínimo e calcule este número mínimo de pessoas.

A função que determina o número de pessoas é uma função quadrática,


com parábola voltada para cima. Dessa forma, esta função apresenta um
ponto de mínimo, localizado no seu vértice. Com o valor da coordenada
t V , é possível calcular quanto tempo se passou até que houvesse o
mínimo de pessoas.
PV= P(2,5)= 2,52 − 5 ⋅ 2,5 + 7
− b −(−5)
tV
= = = 2,5 horas e
2a 2 ⋅1
PV = 0,75 mil pessoas

O mínimo foi de 750 pessoas no pavilhão e ocorreu às 12h30min.

b) Em quais horários havia 3.000 pessoas no interior do pavilhão de


exposições?

Para que existam 3.000 pessoas no pavilhão, temos P = 3 mil pessoas.


Assim:

3 = t2 − 5⋅ t + 7 → t2 − 5⋅ t + 4 = 0

Resolvendo pela fórmula de Bhaskara, encontra-se t’ = 1h e t” = 4h.

Os horários, então, foram às 11h00 e às 14h00.


44 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Exercite seus conceitos, fazendo a Atividade 3.

Atividade 3

1. Dada a função quadrática f(x) = 3x 2 − 4x + 1 , determine:

a) f(1) b) x de modo que f(x) = 1

2. Determine o intervalo de valores para os quais a função f(x) =−3x + 15


tenha imagens positivas.

3. Uma bola é lançada ao ar. Suponha que sua altura h, em metros, é medida
a partir do solo, t segundos após o lançamento, seja h = − t2 + 4t + 6 .
Determine:

a) o instante em que a bola atinge a sua altura máxima;

b) a altura máxima atingida pela bola;

c) quantos segundos depois do lançamento ela toca o solo?

4) Determine o vértice V, o conjunto imagem e faça o esboço do gráfico da


função f(x) = x − 2x − 3
2

5) Para que valores reais de x a função f(x) = x + 7x + 10 é positiva?


2

1.9 Inequações do 2º grau

As inequações do segundo grau apresentam-se na forma de uma


expressão do tipo ax 2 + bx + c , com a, b, c, ∈  e a ≠ 0 , e uma
desigualdade com algum dos sinais >, <, ≥ ou ≤ , seguida do número 0.

Veja alguns exemplos:


UNIUBE 45

EXEMPLIFICANDO!

a) x 2 − 12x + 3 < 0

b) 2x 2 − 8x ≥ 0

c) x2
− 12 ≤ 0
3

d) 3x 2 > 0

Observe que o fato de o termo "a" da inequação do segundo grau ser


diferente de zero é obrigatório, uma vez que se esse coeficiente for nulo,
a inequação deixaria de ter o termo x2 e não seria mais uma inequação
do segundo grau.

As inequações do segundo grau são resolvidas facilmente, desde que


você conheça o estudo da variação do sinal. Lembramos a você que já
lhe foi apresentado anteriormente um método de estudo do sinal de uma
expressão quadrática do tipo y = ax + bx + c , no tópico sobre estudo do
2

sinal da função quadrática.

Apresentaremos, agora, a você outra forma de se resolver esse tipo de


inequação, por meio da análise do sinal do termo “a” e, ainda, juntamente
com o número de raízes reais que a equação ax2 + bx + c apresentar.

Vamos seguir, então, esses dois passos:

1º passo
Calcular o discriminante ∆ (delta) da fórmula de Bhaskara.

∆= b2 − 4ac

Com isso, podemos ter as seguintes situações:

∆ > 0: teremos duas raízes reais distintas;


∆ =0: teremos duas raízes reais e iguais;
∆ < 0: não teremos nenhuma raiz real.
46 UNIUBE

Quando o ∆ for maior ou igual a zero, deveremos calcular as possíveis


raízes utilizando a seguinte fórmula:

−b ± ∆
x=
2a

2º passo

Fazer o estudo do sinal.

Para delta maior que zero, temos:

Para delta igual a zero, temos:

m/a m/a

Para delta menor do que zero, temos:

Sabendo que entendemos como “m/a” o mesmo sinal que “a” tem na
inequação, e “c/a” como o sinal contrário de “a” na inequação.

IMPORTANTE!

Deixaremos aqui a resolução de alguns exemplos para a sua compreensão.


Veja-os, a seguir.
UNIUBE 47

Exemplo 12

a) Sendo a inequação do segundo grau igual a − 3x + 5x − 10 ≥ 0 ,


2

determine o conjunto solução:

para fazer o estudo do sinal de uma inequação do segundo grau, primeiro


devemos calcular as possíveis raízes, utilizando a seguinte fórmula:

−b ± b2 − 4ac
x=
2a
−5 ± (5)2 − 4(−3)(−10)
x=
−6
−5 ± 25 − 120
x=
−6
−5 ± −95
x=
−6
Como um número negativo não apresenta raiz quadrada real, a
inequação não admite raízes.

Nesse caso, o estudo do sinal ficará da seguinte forma:

que, no caso, é negativo. Portanto, teremos:

PARADA OBRIGATÓRIA

O sinal atende à desigualdade (≥ 0) ?

Claro que não! Portanto, o conjunto solução será: S = { }, vazio.

b) Sendo a inequação do segundo grau igual a x 2 − 64 ≥ 0 , determine o


conjunto-solução.
48 UNIUBE

Novamente, vamos começar calculando as possíveis raízes reais da


inequação do segundo grau.

−b ± b2 − 4ac 0 ± −4 ⋅ (1) ⋅ (−64)


=x =
2a 2(1)
± 256 ±16
=x =
2 2
16 −16
x' = = 8 ou x''= = −8
2 2

A equação admitiu duas raízes reais distintas; neste caso, o estudo do


sinal será feito da seguinte forma:

RELEMBRANDO

• O que estamos chamando de “m/a” quer dizer que, naquele intervalo,


teremos o mesmo sinal do termo “a” da inequação.
• O que estamos chamando de “c/a” quer dizer que, naquele intervalo,
teremos o sinal contrário ao termo “a” da inequação.

Portanto, teremos:

Como a inequação nos pede que seja ≥ 0 , teremos como solução real:

S= {x ∈  l x ≤ −8 ou x ≥ 8}
c) Sendo a inequação do segundo grau igual a x − 6x + 9 > 0 , determine
2

o conjunto-solução.
UNIUBE 49

Novamente, vamos começar calculando as possíveis raízes reais da


inequação do segundo grau.

−b ± b2 − 4ac −(−6) ± (−6)2 − 4 ⋅ 1 ⋅ 9


=x =
2a 2 ⋅1
6± 0
x=
2
= x''
x' = 3

Nesse caso, as duas raízes reais são iguais. Então, faremos o estudo do
sinal da seguinte forma:

Portanto, teremos:

O estudo do sinal da expressão x − 6x + 9 mostrou que ela se torna


2

positiva para quaisquer valores de x diferentes de 3, uma vez que x = 3


é o único valor que torna nula a expressão. Como a inequação nos pede
que tenhamos > 0, o conjunto solução é dado por todos os números
reais, exceto o número 3, ou seja: S=  − {3}
50 UNIUBE

1.10 Função composta

Para que você compreenda mais facilmente o conceito de função


composta, vamos propor uma situação-problema que poderia ser
descrita, matematicamente, por meio de uma função composta.

Situação-problema

Suponha que você deseje contratar um servente para fazer o seguinte


serviço; construir uma cerca ao redor de dez terrenos quadrados com
lados medindo x metros cada um, e, em seguida, fazer um serviço
de limpeza em todos os terrenos, Ele, então, fornece-lhe o seguinte
orçamento de serviço: R$ 5,00 para cada metro de cerca construída e
R$ 1,50 para cada metro quadrado de terreno a ser limpo.

A área de um terreno pode ser determinada por x2, uma vez que cada
um dos lados do terreno mede x metros, e a área pode ser calculada
por x ⋅ x =x 2 (área de um quadrado de lado x). O comprimento de cerca
construída será 4x, pois cada terreno tem quatro lados de mesma medida x.

O valor total do serviço realizado pelo servente é então uma função direta
do número de terrenos. No entanto, esse valor também é uma função
indireta da medida x do lado de cada terreno, uma vez que o valor do
serviço em cada um dos terrenos depende das dimensões do terreno.

Para cada uma das grandezas envolvidas no problema, vamos atribuir


uma variável para posteriormente montar a função. Fazemos, então:

x: medida do lado do terreno;

f: valor do serviço para um terreno;

S: valor do serviço para os dez terrenos.


UNIUBE 51

O valor do serviço em um dos terrenos pode então ser determinado pela


função f = 1,50 ⋅ Área + 5 ⋅ Perímetro.

DICAS

Lembre-se de que o perímetro de uma figura geométrica é dado pela soma


dos comprimentos dos lados dessa figura.

Assim, o serviço em um dos terrenos seria dado pela seguinte função:

f = 1,50 ⋅ Área + 5 ⋅ Perímetro = 1,5 ⋅ x + 5 ⋅ 4x


2

=
f(x) 1,5x 2 + 20x

O valor do serviço total seria calculado, então, pelo produto do valor do


serviço em um terreno pelo número de terrenos onde o serviço seria
realizado. Teríamos:
=
S g(f)= 10 ⋅ f

S =⋅
10 (1,5x 2 + 20x)

=
S(x) 15x 2 + 200x

Vamos adotar, aqui, uma medida para o lado do quadrado, apenas para
ilustrar numericamente a composição de funções. Supondo que o lado
de cada um dos terrenos meça 10 m, poderíamos calcular o valor total
do serviço de duas formas:

1º modo

Calcularíamos o valor do serviço para um terreno:

f (10) = 1,5 ⋅102 + 20 ⋅10


f (10)
= 150 + 200
f (10) = 350
52 UNIUBE

O valor do serviço total poderia ser calculado multiplicando-se por 10


(número de terrenos) o valor do serviço de um terreno:

S= 10 ⋅ f (10)
=S 10.350
= 3500

Assim, o valor total do serviço de limpeza e construção da cerca seria


de R$ 3.500,00

2º modo

O valor total do serviço poderia ser calculado diretamente na função ,


S(x ) 15x 2 + 200x substituindo nessa função o valor da medida do lado
=
do terreno. Dessa forma, teríamos:

S(10) =15 ⋅12 2


S(10)
+= 122 + 200 ⋅10
15 ⋅10
200
S(10)+=
S(10) =15 ⋅100 15 ⋅100 + 2000
2000
S=
(10) 1500S= 1500 + 2000
+(10)2000
S(10) = 3500S(10) = 3500

Observe que o valor obtido para o serviço total é o mesmo encontrado


anteriormente. Nessa segunda forma de se calcular o valor total do
serviço, foi utilizado o conceito de função composta.

A composição de funções é um processo que consiste em substituir uma


função “dentro” de outra, obtendo uma terceira função. No caso desse
exemplo, a função S é resultado da composição da função f, do preço
para um terreno, com outra função g, que calcula o valor total para os
dez terrenos.

Podemos escrever S =⋅ 10 f(x) ou S(x) =⋅


10 (1,5x 2 + 20x). ssa função S pode,
então, ser entendida como resultado da composição entre duas funções
f e g, tais que:

f(x) =
1,5x + 20x e g(x) =
10x fazem S(x) = g(f(x ) )
UNIUBE 53

A essa função S(x) denominamos composta de f em g e podemos

escrever ainda S(x) = (gof)(x). Observe o esquema representado a seguir:

350 3500

Ao escrevermos (gof)(x), estamos apenas apresentando uma nova forma


de simbolizar a expressão da função g(f(x ) ) . As duas formas devem ser
igualmente entendidas como a função composta de f em g. Pode, ainda,
aparecer uma terceira forma de simbolizar essa função composta, por
(gof)(x) .

PONTO-CHAVE

Independente da forma de apresentação, o que é fundamental é que


você perceba como se realiza a composição entre duas funções. Um
procedimento simples diz que, para encontrar a composta de f em g, basta
substituir a função f no lugar onde aparece a variável na função g. De
maneira análoga para se fazer a composição de uma função g em outra
função f, terminando a função (fog)(x) , basta substituir a função g na variável
da função f.

Exemplo 13

x x− −2 2
Considerando as funções f=
(x)f=
(x) , g,=g=
(x)(x) 9x
9x + +12x
2 2
12x e a composta
33
p(x) = g(f(x ) ) responda às seguintes questões:
54 UNIUBE

a) Determine a expressão da função p(x) .

Para encontrarmos a expressão da composta, substituímos a expressão


da função f na variável x da função g. Assim:

2
 x −2   x −2 
p(x) =9 ⋅   + 12 ⋅  
 3   3 

x 2 − 4x + 4
p(x) = 9 ⋅ + 4 ⋅ (x − 2) = x 2 − 4x + 4 + 4x − 8
9
p(x)= x 2 − 4

b) O valor numérico de p(5)


2
Conhecendo a expressão da função p(x) = 3x − 8x + 4, basta fazer p (5)= 5 − 4
2

obtendo p (5) = 21 .

Ainda há outra forma de se obter a solução. Uma vez que p (5) = g(f (5) ) ,
é possível calcular, primeiro, o valor de f (5) , para, em seguida, substituir
esse valor na função g. Fazemos, então:

5−2 3
f(5)= = = 1
3 3

Substituindo o valor encontrado para f(5) na função g, obteríamos:

= =
p(5) g(f(5) ) g(1)

p(5) = 9 ⋅ (1)2 + 12 ⋅ 1 = 9 + 12

p(5) = 21

Depois dessa visão geral, podemos, então, definir a função composta:

Para duas funções f : A → B e g : B → C , denomina-se função composta


de f em g à função gof: A → C definida por gof(x) = g(f(x ) ) com x ∈ A .
UNIUBE 55

Em nossos estudos futuros, principalmente nos tópicos de derivação


de funções, é importante que você consiga identificar, ao observar a
expressão matemática de uma função qualquer, que ela pode ser
resultado da composição de outras duas funções. Veja os exemplos a
seguir:

a) h(x) = 10 ⋅ x 2 − 10 + 5

pode ser entendida como h(x) = f(g(x)) em que f(x) =10 ⋅ x + 5 e


g(x)= x 2 − 10 .

Vale ressaltar que esses exemplos somente ilustram a formação de uma


função que pode ser encarada como uma composição de outras duas.
De um modo geral, poderiam existir outras funções f e g, que por meio
de uma composição entre elas também resultariam nas funções h(x) e r(x)

Você não precisa ficar tão preocupado em identificar todas essas


possibilidades e sim entender que, para se formar uma função composta,
estamos substituindo, na variável de uma das funções, a expressão
matemática da outra.

AGORA É A SUA VEZ

Após essa leitura, exercite os conceitos estudados realizando a Atividade 4.

Atividade 4

1. Sejam as funções f(x) =


4x − 1 e g(x) =
5 − 3x . Responda:

a) Determine o valor de x para que se tenha (fog)(x) = -1.

b) Determine o valor de g(f(5))


2
2. Sejam as funções f (x ) =−
2x 7 e g x =
5 − 3x . Determine a expressão
das seguintes compostas:
a) fog(x) b) gof(x) c) f(f(x) ) d) g(g(x) )
56 UNIUBE

1.11 Outras funções polinomiais e funções racionais

As funções do primeiro e segundo graus estudadas anteriormente são


dois tipos de funções polinomiais. Relembrando a você, os polinômios
são expressões que têm a seguinte forma geral:

p(x) =an ⋅ xn + an−1 ⋅ xn−1 + an−2 ⋅ xn−2 + ... + a2 ⋅ x 2 + a1 ⋅ x + a0


em que:

an ,an−1 ,an−2 ...a2 ,a1 ,a0 são números reais denominados coeficientes do
polinômio.

“n” é um número inteiro positivo ou nulo e indica o grau do polinômio.


2 2
Dessa forma, as funções do tipo f (xf (x) = ) =5x5x ++12x;
12x;y y= =
−−3x3x++7 7 e
f(x) =−4x − 15x + x − 3 representam, respectivamente, polinômios
3 2

de grau dois, um e três. Podemos então generalizar que toda função


n−1
polinomial do tipo f(x) = an ⋅ x + an−1 ⋅ x + ... + a2 ⋅ x + a1 ⋅ x + a0 é uma
n 2

função polinomial de grau “n”, com an ≠ 0

A função racional é aquela que se apresenta na forma de quociente entre


dois polinômios. Veja os exemplos a seguir.

a) f = x − 3x + 1
2

(x)
2x + 5

x 4 − 15x 2
b) f (x ) =
x3 + 1

Nesse item, enfocaremos o estudo de alguns conceitos que se aplicam


às funções polinomiais e racionais e apresentaremos o comportamento
de algumas funções polinomiais mais elementares.

O domínio das funções polinominais é o conjunto dos números reais,


enquanto para as funções racionais o domínio é tal que o denominador
não se anule.

Exemplo 14

a) f(x) =3x 4 + 12x 3 + 5x 2 tem domínio Df =  .


UNIUBE 57

2x 4 + 4x
b) f(x) = tem domínio tal que Df =  − {−1} , uma vez que
x3 + 1
devemos ter x 3 + 1 ≠ 0 .

2x + 5
tem domínio Dg =  , pois a condição x + 9 ≠ 0 é satisfeita
2
c) g(x) =
x +9
2

para qualquer valor real de x. O domínio das funções polinomiais é


o conjunto dos números reais, enquanto para as funções racionais o
domínio é tal que o denominador não se anule.

Vamos apresentar alguns exemplos de funções polinomiais do tipo


f(x)= an ⋅ xn com an ∈  , an ≠ 0 como, por exemplo:

f(x) = 2 ⋅ x 3 , f(x) = x 4 , f(x) = 3 ⋅ x 5 e f(x) = −3 ⋅ x 6

Esse tipo de função, quando apresenta expoente par, comporta-se de


modo semelhante à função f(x) = x , no entanto, apresentando uma taxa
2

de crescimento ou decrescimento numericamente maior, devido ao maior


grau da potência. A seguir, indicamos os gráficos de alguns exemplos
dessas funções (figuras 10 e 11):

Figura 10: Gráfico de funções polinomiais.

Já as funções f(x)= an ⋅ x com expoente ímpar apresentam comportamento


n

semelhante ao da função f(x) = x . A seguir apresentamos o gráfico


3

(Figura 11) dessa função e das outras.


58 UNIUBE

Figura 11: Gráfico de funções polinomiais.

1.12 Funções definidas por diferentes sentenças

É comum nos depararmos com funções que apresentam diferentes


expressões matemáticas, para uma determinada restrição do domínio,
principalmente nos estudos do domínio e continuidade de funções.

Geralmente são formadas por funções polinomiais, racionais ou


exponenciais.

Veja alguns exemplos dessas funções:

Exemplo 15

2x + 5,se x ≤ 0
a) f(x) = 
x + 6x ,se x > 0
2

A função apresentada anteriormente comporta-se como função do


primeiro grau para valores de x menores ou iguais a zero e como função
quadrática para valores de x maiores que zero.

 − x − 3 , se x ≤ – 3
 2
b) f (x =
)  x − 9 , se − 3 < x ≤ 4
2x − 5 , se x > 4

UNIUBE 59

IMPORTANTE!

Vale ressaltar que, para esse tipo de função, caso se necessite determinar o
valor numérico da função em um ponto, deve-se tomar cuidado para verificar
qual é a sentença que se deve utilizar.

Por exemplo, se desejássemos calcular o valor de f(0) deveríamos

utilizar expressão f(x)= x 2 − 9 , pois x = 0 está compreendido no intervalo


−3 < x ≤ 4 e, dessa forma fazer f =02 − 9 =−9 .
(0)

Como deveríamos proceder se quiséssemos determinar as


raízes dessa função?

Seria necessário igualar cada uma das suas sentenças a zero e verificar
se as soluções encontradas estão dentro do intervalo onde essa sentença
está definida. Se f(0) 0 podemos ter:

para a primeira sentença, tem-se: −x − 3 =0 . Resolvendo essa equação,


obtemos x = -3, O valor encontrado para a raiz existe no intervalo x ≤ −3
para o qual a sentença está definida na função. Assim, temos que x = -3
é uma raiz da função;

na segunda sentença, temos: x − 9 =


2
0 . Resolvendo essa equação do
segundo grau, obtemos como soluções x = −3 ou x = 3 . Observando
a expressão da função, verifica-se que essa sentença está definida no
intervalo −3 < x ≤ 4 . Assim, para essa sentença, apenas x = 3 é raiz da
função, pois a segunda solução da equação está “fora” do intervalo em
que a sentença está definida;

finalmente, igualando a terceira sentença a zero, teríamos: 2x - 5 = 0;


5
resolvendo essa equação, obtemos x = . No entanto, é importante
2
lembrar que essa terceira sentença está definida para o intervalo de
valores de x > 4. Assim, o valor encontrado como solução da equação
não é raiz da função.
60 UNIUBE

Veja, a seguir, na Figura 12, o gráfico da função do exemplo b. O gráfico


de uma função definida por diferentes sentenças nada mais é do que
uma junção dos gráficos de cada uma das sentenças, no intervalo onde
essa sentença estiver definida.

Figura 12: Gráfico de função definida por diferentes sentenças.

AGORA É A SUA VEZ

Agora chegou a hora de você exercitar os conceitos estudados sobre funções


racionais e funções com diferentes sentenças, realizando a Atividade 5.

Atividade 5

x 2 − 7x − 18
1. Para função racional f(x) = , determine qual é o elemento
do dominio que tem imagem nula.
2x + 5

2. Construa o gráfico da função f(x) = x 4 e verifique as interseções dela com


a função f(x) = x 2
2x − 1 para x ≤ 0

3. Seja=
a função f(x) x 2 para 0 < x ≤ 3
5 para x > 3

UNIUBE 61

4. Calcule o valor da seguinte expressão: E = f( −2) + f(0) + f( 5)


+ f(3) + f(2006)

5. Seja a função cujo gráfico está indicado a seguir. Determine a lei de


formação dessa função.

 1
x − 3 , se x ≤ 2

6. Considere a função g(x)= x 2 + 6x + 10 , se 2 < x < 5
1
 x−4 , se x > 5
 3
Determine:

a) g(5) b) g(2) c) g(6) d) as raízes dessa função e) g(0) + g(4)

Resumo

Neste capítulo, iniciamos o estudo de funções. Para tanto, enfocamos:

• definições importantes sobre funções, como lei de formação,


domínio, imagem e contradomínio;
62 UNIUBE

• representações de funções com a utilização de diagramas e o


plano cartesiano. Para compreendermos o plano cartesiano, vimos
a representação de pontos e, depois, como fazer a representação
de uma função;
• as funções de primeiro e segundo graus, constante, composta,
outras polinomiais e funções racionais e funções formadas por
várias sentenças;
• as inequações de primeiro e segundo graus.

Referências

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicação. Porto Alegre: Bookman,
2001.

BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral 1. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2001.

DEMANA, Franklin D. et al. Pré-cálculo. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009.

MACHADO, Nilson. A matemática não é consenso. Folha de São Paulo. São Paulo,
29 jun. 2007.

SILVA, Sebastião Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores.


São Paulo: Atlas, 2002.

THOMAS, George B. J. et al, Cálculo. 10. ed. V. 1. São Paulo: Pearson Addison
Wesley, 2002.

WIKIPEDIA. Número de Euler. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%


BAmero_de_Euler>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Capítulo
Outras funções
elementares: modular,
2
exponencial e logarítmica

Valdir Barbosa da Silva Júnior


Wilton Rezende de Freitas

Introdução
Prezado aluno, seja bem-vindo a mais um momento de estudos
matemáticos. No dia a dia de qualquer ser humano, a matemática
se faz presente, auxiliando diversos profissionais em suas mais
variadas áreas de atuação. A matemática nos mostra de forma
interessante, e até mesmo prazerosa, como trabalhar a aritmética
que está presente a todo instante em nosso cotidiano, seja nas
informações gráficas, no cálculo de alturas não acessíveis, na
matemática dos códigos de correção de erros, no uso dos
supercomputadores, entre outros. A época atual é de forte apelo
tecnológico, em que as transmissões são feitas em alta velocidade
e a troca de informações ocorre em tempo real.

Às vezes, nos perguntamos: Para que estudar matemática?


Por que preciso conhecer logaritmos? Quando é que vou aplicar,
na minha profissão, esses conceitos que, agora, parecem tão
distantes?

Para termos uma ideia da importância dos logaritmos, por exemplo,


sua invenção na primeira metade do século 17 representou, para a
astronomia e para a navegação, algo próximo do que representa
hoje o computador para essas áreas. De modo geral, as ciências
físicas (química, física, oceanografia, astronomia) necessitam da
matemática para o desenvolvimento de suas teorias. Em ecologia,
64 UNIUBE

a matemática tem sido usada quando se estudam as leis da


dinâmica populacional. A estatística fornece teorias e métodos
para a análise de muitos tipos de dados. A estatística também
é essencial em medicina, para a análise de dados das causas
de doenças e da utilidade de novas drogas. A viagem de avião
não teria sido possível sem a matemática dos fluxos de ar e do
controle de sistemas. Desde a Antiguidade e até hoje, o homem
sempre teve a necessidade de avaliar distâncias inacessíveis.
Na verdade, são raras as distâncias que podem ser medidas
diretamente, com uma trena, por exemplo. Praticamente tudo o
que desejamos saber sobre distâncias no mundo em que vivemos
é calculado com o auxílio da trigonometria. Estas aplicações têm
sido desenvolvidas frequentemente a partir de estudos, cada dia
mais aprofundados, que buscam descobrir novas utilidades da
matemática para o desenvolvimento social.

Neste capítulo, continuamos nossos estudos sobre as funções


elementares. Em especial, nosso objeto de estudo serão as
funções modulares, exponenciais e logarítmicas. Tão importante
quanto você conhecer estas funções, é você praticá-las por meio
de exercícios e, no decorrer de seus estudos, você deverá buscar
entender como estas importantes funções matemáticas são úteis
na sua profissão.

Desejamos que o estudo deste capítulo contribua para fazer de


você um estudante apaixonado pela matemática. Que descubra,
dia a dia, o quão importante é esta ciência na vida do engenheiro,
do administrador, do profissional da saúde, enfim, na vida de
qualquer ser humano, independente da profissão escolhida, que
trabalha e visa promover, com seu esforço, uma sociedade melhor.

Bons estudos!!!
UNIUBE 65

Objetivos
Ao término deste capítulo, você deverá ser capaz de:

• definir módulo;
• reconhecer que o módulo de um número real é sempre
positivo;
• definir e identificar funções, equações, inequações
modulares, exponenciais e logarítmicas;
• analisar o gráfico bem como o domínio das funções
modulares, exponenciais e logarítmicas;
• aplicar logaritmos em operações aritméticas complicadas,
tais como potenciação e radiciação, transformando-as em
operações mais simples;
• resolver problemas que envolvem funções modulares,
exponenciais e logarítmicas.

Esquema
2.1 Módulo
2.2 Funções, equações e inequações modulares
2.2.1 Função modular
2.2.2 Equações modulares
2.2.3 Inequações modulares
2.3 Funções, equações e inequações exponenciais
2.3.1 Equação exponencial
2.3.2 Função exponencial
2.3.3 Inequação exponencial
2.4 Logaritmos e funções logarítmicas
2.4.1 Logaritmos
2.4.2 Função logarítmica
66 UNIUBE

2.1 Módulo

Você, agora, estudará módulo e sua aplicação matemática. Para tanto,


precisamos formalizar a definição de módulo!

Seja x um número real tal que x ∈  ; dizemos que o módulo de x por


|x| é tal que:

 x , se x ≥ 0
x =
− x , se x < 0

Podemos dizer então que:

• o módulo de um número real é sempre maior ou igual a zero;


• o módulo de um número real não negativo é igual ao próprio
número;
• o módulo de um número real negativo é igual ao oposto desse
número.

Observe e analise alguns exemplos:


−3 =3
3 = 3

− 8 =8

TROCANDO IDEIAS!

Conhecer módulo e sua aplicação matemática é passo essencial para que


você possa, adiante, estudar as funções, equações e inequações modulares.
Portanto, se você tem dúvidas sobre o que leu até aqui, procure saná-las.

2.2 Funções, equações e inequações modulares

Neste momento, estudaremos as funções, equações e inequações


modulares. Vamos a elas!
UNIUBE 67

2.2.1 Função modular

Definida da mesma forma que o módulo, podemos dizer que, na função


modular, a cada x ∈  , associa-se o elemento x ∈  , ou seja é a função
f :  →  tal que f ( x) = x .

Você, certamente, deve estar se perguntando: como é o gráfico


da função modular?

Pois bem, o gráfico da função modular é a reunião de duas semirretas de


origem 0, que são as bissetrizes do 1º e 2º quadrante. Observe a Figura
1 a seguir:

Figura1: Gráfico de uma função modular.

O conjunto imagem da função modular é  + (lm = ) , isto é, a função


modular assume somente valores reais não-negativos.

Vamos discutir um novo exemplo. Podemos observar que a função f ( x )


pode ser reescrita como:

 x − 2 − 1 , se x ≥ 2  x − 3 , se x ≥ 2
=f ( x)  = ⇒ f ( x) 
−( x − 2) − 1 , se x < 2 − x + 1 , se x < 2
68 UNIUBE

Vamos, agora, aprender como montar o gráfico de uma função modular?

Esboce o gráfico da f ( x ) = x − 2 − 1 .

• O primeiro passo é obedecer à condição de existência.


• O segundo passo é, na função, atribuir, no mínimo, dois valores
para x.

Observe e analise, atentamente, o exemplo a seguir (figuras 2 e 3):

Figura 2: Esboço do gráfico de uma função modular(a).

Portanto, o gráfico da função f ( x) = x − 2 − 1 é:


UNIUBE 69

Figura 3: Esboço do gráfico de uma função modular (b).

O domínio e a imagem desta função são:

D  Im
D(( ff )=)=  lm
lm(( ff )=)= {{yy∈
∈|| yy ≥≥ −−1}
1}

2.2.2 Equações modulares

São equações em que a incógnita aparece dentro de módulos. Sua


resolução ocorre de forma simples, todavia, antes, você deverá lembrar-
se da definição de módulo.

Propriedade: x =y → x =y ou x =− y

Observe, a seguir, alguns exemplos:

x =→
1 x =+1 ou x =−1
x =9 → x =+9 ou x =−9
3 3 3
x = → x =+ ou x =−
7 7 7
Pois bem, agora você irá observar e analisar alguns exemplos que
explicam como encontrar o conjunto solução de uma equação modular.
70 UNIUBE

Exemplo 1

2 x − 1= 3 ⇒ x= 2
2x −1 = 3 ⇒ 
2 x − 1 =−3 ⇒ x =−1
S {2, −1}
=

Exemplo 2

6 x − 1 =−8

Não existe valor real para x, uma vez que não existe módulo com valor
negativo. Portanto:

S=∅

Exemplo 3

2x − 3 = x + 5

A condição de existência para esta equação é: x + 5 ≥ 0 , portanto x ≥ −5 .


2 x − 3 = x + 5 ⇒x=8

  2
⇒ ou S=
= 8, − 
  3
 2
2 x − 3 =−( x + 5) ⇒ x =−
 3

Exemplo 4
2
x + 2 x − 15 =
0

Fazendo x = y , com y ≥ 0 , temos:

 y 2 + 2 y − 15 =0

∆ = 64 ⇒ y ' = 3 e y '' = −5 (este valor não convém, pois y ≥ 0)

como x = y e y = 3, temos: S = {−3,3}
x = 3⇔ x = 3 ou x = −3

UNIUBE 71

2.2.3 Inequações modulares

Você leu e estudou, até aqui, o conceito de módulo, assim como as


funções e as equações modulares. Agora, vamos explorar o universo
das inequações.

Dizemos que uma inequação é modular quando a incógnita se apresenta


em módulo. Veja, a seguir, alguns exemplos:

x ≤3
5x − 2 > 7
2 x 2 − 1 > −3

PARADA PARA REFLEXÃO

Há diferença entre uma equação e uma inequação?

A resposta é a ausência do sinal de igualdade, ou, melhor dizendo, a


presença dos sinais de < ou > nas inequações.

EXEMPLIFICANDO!

Para compreender melhor as inequações modulares, observe os exemplos


a seguir:
x − 1 < 5 ⇒ −5 < x − 1 < 5 ⇒ −4 < x < 6
a)
S = {x ∈  | −4 < x < 6}

 4
3 x − 4 < −8 ⇒ x < −
b) 3 x − 4 > 8 ⇒ 
 3
 3 x − 4 > 8 ⇒ x > 4
 4 
S=  x ∈  x < − ou x > 4 
 3 
c) 2
x2 + 4 x + 4 < 3 ⇒ ( x + 2)2 < 3

= x + 2 < 3 ⇒ −3 < x + 2 < 3 ⇒ −5 < x < 1

S = { x ∈  | −5 < x < 1}
72 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Antes de prosseguir com o estudo das demais funções que serão abordadas
neste capítulo, ou seja, as funções exponenciais e logarítmicas, sugiro que
resolva, atentamente, os exercícios a seguir indicados como a forma de fixar
os conceitos que, até agora, você estudou. Vamos lá? Bom trabalho!

Atividade 1

1
Determine o valor de x, considerando que 2 x − 3 = .
4
2
Escreva a soma e o produto das raízes reais da equação x − 2. x − 8 =0.

Determine o número de raízes da equação 2 x − 1 = 1 − x .

Resolva a equação: x 2 − 4 x − 1 =4.

Resolva a inequação: x 2 − x ≥ 2 .

Considerando em  a função: f ( x) = 4 x − 7 − 3 , determine os valores


de x, tal que:

a) f (=
x) f ( x − 2)

b) f ( x) < f (2)

c) f ( x) ≥ f ( x + 1)

2.3 Funções, equações e inequações exponenciais

Caro aluno, neste capítulo, estudaremos algumas funções especiais.


Começamos pelas funções modulares. Agora, você estudará outro tipo
de função, as exponenciais.

Para que você possa estudar funções, equações exponenciais com êxito,
é necessário que domine as regras de potenciação e radicação já vistas
anteriormente. Vamos recordar algumas delas?
UNIUBE 73

1ª propriedade
1
a−n
= , a≠0
an'
2ª propriedade

n
a = b ⇒ a = b n (para radicais de índice par, devemos ter b ≥ 0 e a ≥ 0 )

3ª propriedade

Sendo p ∈ , n ∈ * , temos:
p
n
*
a∈R ⇒ a =
+ ap n

4ª propriedade
 np p
= 0 0, para > 0
n
a= 0 ⇒  p
0 n p
não é definido para ≤ 0
 n

5ª propriedade
 p
a nem sempre é real se n for par
a ∈ R−* ⇒  n
 np n p
a = a se n for ímpar

IMPORTANTE!

Não se esqueça: todas as propriedades da potenciação com expoente inteiro


são válidas também para a potenciação com expoente racional.

2.3.1 Equação exponencial

Uma equação é dita exponencial quando a incógnita está no expoente.


Vamos ver alguns exemplos:
74 UNIUBE

2 x = 64
3x − 2 = 81
x
1
  = 27
3
25 x +1 = 5 x
Para resolver equações exponenciais, usamos a definição de que a
função exponencial é injetora, ou seja, para a > 0 e a ≠ 0 , temos:

a x1 = a x2 ⇔ x1 = x2

Mas o que é uma função Injetora? Vamos relembrar?

Uma função f : A → B é injetora se quaisquer dos elementos distintos


de A sempre possuem imagens distintas em B como, por exemplo:

• A função f : x → f ( x) definida por f ( x=


) 3 x + 2 é injetora, pois
sempre que tomamos dois valores diferentes para x, obtemos dois
valores diferentes para f ( x ) .
• A função f : x → f ( x ) definida por f ( x=
) x 2 + 5 não é injetora,
pois para x = 1 , temos f (1) = 6 e para x = −1 temos f ( −1) =6.

Veja a seguir alguns exemplos de equações exponenciais.

a) 5 x = 53 → x = 3 → S = {3}

x 2x 1 1 1 
b) 4 =2 → 2 =2 → 2 x =1 → x = → S = 
2 2

x 3x 4 4 4
c) 27 = 81 → 3 = 3 → 3 x = 4 → x = →S = 
3 3

2.3.2 Função exponencial

Dado um número real a, tal que 1 ≠ a > 0 , chamamos de função


exponencial qualquer função de  em *+ , definida por f ( x ) = a x , cuja
base é a.
UNIUBE 75

Exemplo 5

( 2 )=
x
f ( x ) 2= ; f ( x) ( 0,36 )
x x
= ; f ( x)

Você certamente deve estar curioso para conhecer o gráfico de uma


função exponencial. Pois bem!

O gráfico de uma função exponencial crescente ( a > 1) é constituído por


uma hipérbole que nos faz lembrar a decolagem de um avião. Veja-o na
Figura 4 a seguir.

Se a > 1

Figura 4: Gráfico de uma função exponencial crescente.

O gráfico de uma função exponencial decrescente (0 < a < 1) é constituído


por uma hipérbole que nos faz lembrar o pouso de um avião. Veja-o na
Figura 5 a seguir:

Se 0 < a < 1

Figura 5: Gráfico de uma função exponencial


decrescente.
76 UNIUBE

Observando os gráficos, podemos concluir que:

DD( (FF) ) =
=
= ;= Im( (FF) ) *+*+ .
;Im

O gráfico é uma figura chamada curva exponencial, que passa por (0,1).

Para a > 1, a função é crescente ( x1 > x2 ) ⇒ a x1 > a x2 .

Para 0 < a < 1, função é decrescente ( x1 > x2 ) ⇒ a x1 > a x2

Quando definida de  em *+ , a função F ( x ) = a x é:

≠ x2 ⇒ axxx111 ≠≠ axx2x22⇒
x1Injetora, ouaaaxx11x1≠≠≠aaaxx22x2ou
⇒ ⇒aaxxx111 =
ou ≠≠ axa2xx22 ⇒
⇒ xx11 =
xx22
=

CD
Sobrejetora CD
==( F( F) ) lm=
Im( F( F) ) *+ *+
lm
=

PARADA OBRIGATÓRIA

Observe que, sendo uma injetora e uma sobrejetora, a função exponencial


é bijetora, portanto admite inversa que será a função logarítmica, que você
irá estudar ainda neste capítulo.

2.3.3 Inequação exponencial

Pois bem, você já estudou as equações e as funções exponenciais.


Agora, você irá estudar as inequações exponenciais.

Uma inequação é dita exponencial quando a incógnita está no expoente.

Veja, a seguir, alguns exemplos:

2 x > 32 → 2 x > 25 → x > 5 → S = { x > 5}


x
1 −x 4
  ≤ 81 → 3 ≤ 3 → − x ≤ 4 → x ≥ −4 → S= { x ≥ −4}
3
UNIUBE 77

DICAS

Para resolvermos uma inequação exponencial, devemos escrevê-la em


potência de mesma base.

Sendo a função exponencial f ( x ) = a x , crescente para a > 1 e


decrescente para 0 < a < 1, temos:

a x1 < a x2 ⇒ x1 < x2 ( a > 1)


 x1
a < a 2 ⇒ x1 > x2 ( 0 < a < 1)
x

Das funções que esta unidade didática propõe tratar, resta apenas a
função logarítmica para você estudar. Até aqui, abordamos a função
modular e a função exponencial.

AGORA É A SUA VEZ

Após a leitura, resolva os exercícios indicados adiante. Eles tratam de


equações e inequações exponenciais. Bom trabalho!

Atividade 2

1. Resolva as seguintes inequações


x
b)  1  ≤ 27 ( 2)
x x
a) 2 > 64 c) ≥4 2
 
3
1. Resolva as equações

2+1 2 1
a) 3x = 243 b) 2− x − 2 x +8
=
8

DICAS

Concluímos, portanto, o estudo das funções, equações e inequações


exponenciais. Se ainda restam dúvidas sobre estes assuntos, sugiro que
você faça uma revisão do conteúdo visto.
78 UNIUBE

2.4 Logaritmos e funções logarítmicas

2.4.1 Logaritmos

Prezado aluno, para que você estude com êxito as funções logarítmicas,
vamos, rapidamente, definir o que são logaritmos e suas principais
propriedades.

Sendo a e b números reais e positivos com a ≠ 1 , chamamos de


logaritmo de b na base a o expoente real x, ao qual se eleva a para
obter b. Isto é, log ba =x ⇒ a x =b com a > 0, b > 0 e b ≠ 1 .

Observe, a seguir, alguns exemplos:

log82 =x ⇒ 2 x =8 ⇒ 2 x =23 ⇒ x =3
x
1
log = x ⇒   = 9 ⇒ 3− x = 32 ⇒ − x = 2 ⇒ x = −2
9
1
3 3

São consequências da definição de logaritmo:

a) log1a 0,=
= pois a 0 1

b) log aa 1,=
= pois a1 a
m
c) log aa
= , pois a m a m
m=
b
d) a loga =b, pois log ba =x ⇒ a x =b

Quando aplicamos a definição de logaritmo, solucionamos grande parte


de nossos problemas, mas podemos ainda tentar facilitar os cálculos
utilizando algumas propriedades a fim de simplificar as expressões. A
seguir, você irá estudar quatro propriedades.

1ª propriedade: Logaritmo do produto

Em qualquer base, o logaritmo do produto de dois números reais e


positivos é igual à soma dos logaritmos de cada um desses números:
UNIUBE 79

log (a=)
b .c
log ba + log ca
Para compreender melhor esta propriedade, observe o exemplo a seguir:

log (264⋅128) =log 64


6 7
128
2 + log 2 =log 22 + log 22
= 6 ⋅ log 22 + 7 ⋅ log 22 = 6 + 7 = 13

Há um segundo caminho, até mais fácil, para a resolução do problema


anterior. Observe:
x
log 64 6
2 = x⇒ 2 =2 ⇒ x =6
y
log128 7
2 = y⇒ 2 =2 ⇒ y =7

x + y = 6 + 7 = 13
2ª propriedade: Logaritmo de um quociente

Em qualquer base, o logaritmo do quociente de dois números reais é


igual à diferença entre o logaritmo do dividendo e o logaritmo do divisor.
b
 
log= log ba − log ca
c
a

Veja o exemplo a seguir:

EXEMPLIFICANDO!

1
 
log 8
2 =log12 − log82 =0 − 3 =−3

IMPORTANTE!

O logaritmo sempre muda de sinal quando o logaritmando tem sua base


invertida, ou seja, quando o numerador do logaritmando passa a ser
denominador e vice-versa. Exemplos:
1
log 35 = − log 35
3 4
log 24 = − log 23
Portanto, diz-se que o cologaritmo de c na base a é colog ca = − log ca
80 UNIUBE

3ª propriedade: Logaritmo de uma potência

Numa determinada base, o logaritmo de uma potência é igual ao produto


do expoente pelo logaritmo de base da potência.

n
log ba = n ⋅ log ba

Observe a aplicação desta propriedade nos exemplos citados a seguir:


5
log 32 2 2
2 = log 2 = 5 ⋅ log 2 = 5 ⋅1 = 5

3
3 ⋅ log 22 = log 22 = log82 = 3
−1
1
1
1
3
2  
23
log 1 = log = ⋅ log 12 
1
2 3 22
1
1   1 1
= ⋅ ( −1) ⋅ log 12  =− ⋅1 =−
3 2 3 3

4ª propriedade: Mudança de base

Para escrevermos o log ba , usando logaritmos na base c, realizamos a


mudança de base:
log ca
log ba
= (para c > 0, b > 0, a > 0, b ≠ 1 e c ≠ 1)
log bc
Observe e analise estes exemplos:
log 52
log 53 =
log 32

log8
log87 =
log 7

As propriedades que você acabou de estudar visam facilitar a solução


de operações que envolvem logaritmo. Portanto, sempre que necessário
for, recorra a elas!
UNIUBE 81

2.4.2 Função logarítmica

Uma vez revisado o conceito de logaritmo e suas principais propriedades,


você está apto a estudar a função logarítmica.

Dado um número real a com ( 0 < a ≠ 1) , chama-se função logarítmica de


base a a função que associa a cada elemento x positivo o seu logaritmo
nessa base:

f ( x ) = log ax ' definida de *− em  (1 ≠ a > 0 )

São, portanto, exemplos de funções logarítmicas:

x x
=y log
= 2 ; y log
=10 ; y log ex

A função exponencial, que é definida de  em *+ , é bijetora e portanto


admite função inversa, que é a função logarítmica. Portanto:

f ( x ) = a x , definida de  em *+
f −1 ( x ) = log ax , definida de *+ em 

Você, certamente, está se perguntando: mais o que é função


inversa?

Dada uma função bijetora f : A → B , denomina-se função inversa de f à


função g : B → A , tal que se f ( a ) = b , então g ( b ) = a . Assim temos a
função inversa de f por f −1 .

Exemplo 6

Sejam A={1,2,3,4,5}, e a função f : A → B definida por f ( x ) = 2 x e


x
g : B → A definida por g ( x ) = . Observe você, na Figura 6 a seguir,
2
as situações das setas indicativas das duas funções.
82 UNIUBE

Figura 6: Exemplo de função inversa.

Então, como obter uma função inversa?

Vejamos: Seja a função f : x → f ( x ) , para f ( x )= x + 2 . Colocando y


no lugar de f ( x ) , teremos y= x + 2 . Trocando x por y e y por x, teremos
x= y + 2 . Se y for isolado, termos y= x − 2 . Assim, g ( x )= x − 2 é a
função inversa de f ( x )= x + 2 .

Pronto; agora, com o conceito de função inversa fica mais fácil de


entendermos as funções logarítmicas.

De um modo geral, o gráfico da função log tem as características


ilustradas nas figuras 7 e 8 apresentadas a seguir:

Para a > 1, ou seja, função logarítmica crescente:

Figura 7: Gráfico de uma função logarítmica crescente.


UNIUBE 83

Para 0 < a < 1, ou seja, função logarítmica decrescente:

Figura 8: Gráfico de uma função logarítmica decrescente.

Analisando os gráficos anteriores, o que podemos concluir?

• O gráfico da função logarítmica sempre corta o eixo das abscissas


no ponto (1,0).
• O gráfico da função logarítmica nunca toca o eixo das ordenadas.
• O conjunto imagem da função logarítmica é f (*+ ) =  .
• A função logarítmica é sobrejetora, injetora e bijetora e, por
consequência, admite inversa, que é a função exponencial.

Veja, no exemplo a seguir, como determinar o domínio de uma função


logarítmica.

Exemplo 7

Determine o domínio da função definida por


= f ( x ) log ( x −1) ( 3 − x ) :

Resolução

Segundo diz a condição de existência para uma função logarítmica,


devemos ter 3 − x > 0, x − 1 > 0 e x − 1 ≠ 1 . Portanto:
84 UNIUBE

3 − x > 0 ⇒ x < 3( I)
x − 1 > 0 ⇒ x > 1( II )
x − 1 ≠ 1 ⇒ x ≠ 2(III)

Fazendo a interseção dos conjuntos (I), (II) e (III), resulta


1 < x < 2, ou 2 < x < 3 . Então, D = { x ∈ R |1 < x < 2 ou 2 < x < 3} .

AGORA É A SUA VEZ

Resolva os exercícios a seguir; são exercícios de fixação que tratam de


logaritmos. Bom trabalho!

Atividade 3

Calcule x = log ba nos seguintes casos:

a) b 625
= = ea 5
1
b) b 81
= = ea
3
=c) b 0,=
0001 e a 100

Atividade 4

Calcule os logaritmos a seguir:

a) O logaritmo de 256 na base 2 2

9 2
b) O logaritmo de na base
16 3
Atividade 5

( x +3) = log ( x +3)


2

1. Resolva a equação: log 5 5

2. Se log E = 1 + log a + 2 ⋅ log b − log c , determine E.


UNIUBE 85

Uma vez concluídos os exercícios, se ainda lhe restarem dúvidas sobre


logaritmos e funções logarítmicas, sugiro que procure seu professor-tutor
para saná-las ou discuta-as com seus colegas.

Tão importante quanto você dominar os conceitos e exemplos que leu e


exercitou no decorrer deste capítulo, é você não parar por aqui, ou seja,
ler mais, muito mais! Por isso, não deixe de estudar, buscando, sempre,
relacionar o tema que você lê com o seu dia a dia profissional.

Resumo

Neste capítulo, prosseguimos com os estudos sobre as funções


elementares. Para tanto, enfocamos as funções modular, exponencial e
logarítmica. Dentre alguns dos conceitos apresentados, vimos que:

• O módulo de um número real é sempre maior ou igual a zero; o


módulo de um número real não negativo é igual ao próprio número;
o módulo de um número real negativo é igual ao oposto desse
número.
• Nas equações e inequações modulares, a incógnita se apresenta
em módulo.
• O conjunto imagem da função modular contém, apenas, os
números reais não-negativos.
• Nas funções, equações e inequações exponenciais, a incógnita se
apresenta no expoente, como por exemplo:
x
b) f ( x ) = 6 1
x
a) 3x = 81 c)   ≤ 27
3

• A função logarítmica é a função que relaciona cada elemento x


positivo ao seu logaritmo, na base considerada.
• Como a função logarítmica é a inversa da função exponencial,
podemos construir seu gráfico utilizando o eixo de simetria em
relação à bissetriz do 1° e 3° quadrantes.
86 UNIUBE

Referências

ANTON, H. Cálculo. 8. ed. V. 1. Bookman, 2006.

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicação. Porto Alegre: Bookman,
2001.

BOULOS, Paulo. Cálculo diferencial e integral 1. São Paulo: Pearson Makron


Books, 2001.

DEMANA, Franklin D. et al. Pré-cálculo. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009.

MACHADO, Nilson. A matemática não é consenso. Folha de São Paulo. São


Paulo, 29 jun. 2007.

SILVA, Sebastião Medeiros da. Matemática básica para cursos superiores.


São Paulo: Atlas, 2002.

THOMAS, George B.J. et al. Cálculo. 10. ed. V. 1. São Paulo: Pearson Addison
Wesley, 2002.

WIKIPEDIA. Número de Euler. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C


3%BAmero_deEuler>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Capítulo Estudo das matrizes
3

Júlio Cesar de Jesus Onofre

Introdução
Abordaremos, neste capítulo, o estudo das matrizes – conteúdo
essencial no estudo das ciências exatas -, utilizando-nos
de definições, exemplos e atividades. Alguns resultados e/
ou conceitos serão evidenciados por meio de exemplos e de
atividades, e outros, por meio de definições. Esses métodos são
justificados pela proposta deste livro e, consequentemente, deste
capítulo, que é o de trazer uma abordagem clara, direta, aplicável
e objetiva, desta ferramenta denominada matriz.

Objetivos
Ao final deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• definir uma matriz qualquer;
• determinar a respectiva ordem de uma matriz;
• estabelecer a igualdade entre duas matrizes;
• estabelecer as operações de adição, subtração e multiplicação
de matrizes;
• analisar e efetuar cálculos algébricos sobre uma, duas ou
mais matrizes e analisar quando tais cálculos são possíveis
de serem efetuados;
• determinar a matriz inversa de uma matriz dada e
estabelecer a condição de existência da mesma.
88 UNIUBE

Esquema
3.1 Matrizes: definições e exemplos
3.2 Relações e operações básicas
3.3 Matrizes inversas

3.1 Matrizes: definições e exemplos

Abordaremos alguns tópicos relacionados ao objeto matriz. Antes,


gostaríamos de compartilhar com você algo interessante a respeito das
matrizes e dos determinantes, tão intrigante como a famosa questão:
“Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? ”

E é exatamente esta a questão: O que veio primeiro, as matrizes ou os


determinantes?

Provavelmente, se você já tiver estudado ou ouvido falar destes assuntos,


responderá: as matrizes, visto que o determinante é atualmente definido
por meio destas. Mas isso não é bem verdade. Segundo Domingues
(IEZZI; HAZZAN, 1995), em um de seus textos titulado “Cayley e
a Teoria das Matrizes”, no final do Capítulo V do livro Fundamentos
de matemática elementar – sequências, matrizes, determinantes e
sistemas – Volume 4, o conceito de determinante já era usado para
resolução de sistemas de equações lineares, antes mesmo do surgimento
das matrizes. Isso é, sem dúvida, algo não muito difícil de imaginar, já
que matematicamente o conceito de determinante pode ser visto como
uma função envolvendo números, mas hoje sabemos que todo estudo
envolvendo tais objetos são abordados com o auxílio de matrizes.

Interessante isso, não é mesmo? Mas vamos aos nossos estudos.


Vejamos com atenção a seguinte situação-problema:

Situação-problema 1

Suponha que um empresário possua três empresas que fabricam


três tipos de produto, a saber, o Produto A, o Produto B e o Produto
UNIUBE 89

C. A pedido deste empresário, foi feito um levantamento referente à


produção semanal de suas empresas em relação à quantidade de cada
um dos produtos. Para uma análise mais clara e objetiva, tal coleta de
dados foi disposta em linhas e colunas, ficando assim o relatório:

Produto A Produto B Produto C


Fábrica 1 1500 750 1000
Fábrica 2 0 1500 1000
Fábrica 3 700 700 700

Cada valor refere-se às unidades fabricadas por semana. A disposição


destes dados, desta forma, propicia a análise rápida de vários fatos, não
é mesmo? Sendo assim, faça a atividade proposta a seguir.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 1

Suponha que você fosse o empresário citado anteriormente. Com base


nos dados fornecidos na tabela, por sua equipe de trabalho, responda às
perguntas:

1.1 Qual das empresas produz mais unidades de produtos por semana?

1.2 Por semana, são produzidas quantas unidades do produto C?

1.3 Supondo que você deva reduzir custos e queira fechar uma das
empresas de forma que sua produção diminuísse o mínimo possível,
qual destas você fecharia?

1.4 Ainda sobre a redução de custos, se, em vez de fechar uma de suas
fábricas, você optasse por parar de fabricar um de seus produtos,
afetando o mínimo possível de sua produção, qual dos produtos você
escolheria?
90 UNIUBE

Bom, ao executar a atividade anterior com base na tabela apresentada,


você deve ter percebido que, ao organizar tais informações por este meio
(tabela), as respostas para tais questionamentos foram de certa forma
mais fáceis de serem alcançadas, não é mesmo?

O que isso tem a ver com nossa abordagem de matrizes?

Afirmamos que tal relação está diretamente ligada ao estudo de matrizes,


pois quando dispomos informações numéricas em linhas e colunas, na
realidade, estamos construindo matrizes. Sendo assim, veja a seguinte
definição:

IMPORTANTE!

Definição: Uma matriz A, m × n (lê-se m por n ) é uma tabela de m ⋅ n


números (reais ou imaginários)dispostos em m filas horizontais, que
chamaremos de linhas e n filas verticais que chamaremos de colunas.

Tal definição apresentada acima se refere a números, sendo estes reais


ou imaginários, mas também podemos construir matrizes formadas por
funções, e outros objetos matemáticos, mas nossa abordagem aqui será
apenas de matrizes, cujos elementos são números reais e, em alguns
casos, funções polinomiais. Vejamos alguns exemplos:

1 2 
-2 1   X X2 1 
=A =5 3  B   C=  
 4 -6  5 7  -2 5 -X 

Na definição dada, foi explicitado que uma matriz que possui m linhas
e n colunas é chamada de matriz m por n . Tais números referem-se
à ordem da matriz; assim, quando dizemos que uma matriz é de ordem
m × n , estamos dizendo que a mesma possui m linhas e n colunas. Por
exemplo, no caso das matrizes A, B e C , dadas anteriormente temos:
UNIUBE 91

1 2 
A = 5 3  possui 3 linhas e 2 colunas -> ordem igual 3x2
 4 -6 

-2 1 
B=  possui 2 linhas e 2 colunas -> ordem igual a 2x2
5 7 

 X X2 1 
C=   possui 2 linhas e 3 colunas -> ordem igual 2x3
-2 5 -X 

Podemos representar uma matriz que possui m linhas e n colunas


também da seguinte forma:

A = ( a ij ) na qual a ij é o elemento que está na linha i e na coluna j da


m×n
matriz, com i ∈ {1, 2,..., m} e j ∈ {1, 2, , n} .

EXEMPLIFICANDO!

Suponha que quiséssemos determinar a matriz A = aij ( ) 2 x3


, em que termo

aij = i + j , ou seja, o termo que está na linha i e na coluna j é igual à

soma dos valores da linha e da coluna que está na linha e da coluna que

este ocupa; nestas condições a matriz A = aij ( ) 2 x3


fica totalmente definida,
veja:

• ordem da matriz procurada é 2x3; com isso, sabemos que ela possui
2 linhas e 3 colunas;
• em relação aos termos desta matriz, i representa o número da linha
e j o números da coluna, assim i poderá assumir os valores 1 ou 2
e j os valores 1, 2 ou 3.
Usando a expressão geral dada dos termos aij , teremos:
92 UNIUBE

i = 1 e j = 1 → a11 = 1 + 1 = 2
i =1 e j = 2 → a12 =1 + 2 =3 Logo, a matiz A procurada será:
i =1 e j = 3 → a13 =1 + 3 = 4
i = 2 e j = 1 → a21 = 2 + 1 = 3 2 3 4
A= 
i = 2 e j = 2 → a22 = 2 + 2 = 4 3 4 5
i = 2 e j = 3 → a23 = 2 + 3 = 5

IMPORTANTE!

Algumas matrizes possuem características especiais que as diferenciam


das demais; por este fato, iremos chamá-las aqui de matrizes especiais.

Vejamos algumas delas:

• Matriz linha

É toda matriz do tipo 1× n , isto é, é uma matriz que tem uma única linha.

Exemplo: ( −1 2 0 −3)

• Matriz coluna

É toda matriz do tipo m ×1 , isto é, é uma matriz que tem uma única
coluna.

1 
 
Exemplo:  2 
3
 
• Matriz nula

É a matriz que tem todos os elementos iguais a zero.


UNIUBE 93

0 0
 
Exemplo:  0 0 
0 0
 

• Matriz quadrada

É toda matriz que tem o mesmo número de linhas e de colunas.

 -1 2 -8 
 
Exemplo:  5 7 9 
0 1 0 
 
• Matriz diagonal

É toda matriz quadrada em que os elementos que não pertencem à


diagonal principal são iguais a zero.

 -1 0 0 
 
Exemplo:  0 1 0 
0 0 0
 
Entenda aqui diagonal principal como sendo os termos aij tais que i = j .

• Matriz identidade (ou unidade)

É toda matriz diagonal em que os elementos da diagonal principal são


iguais a 1.
1 0 0 0
 
0 1 0 0
Exemplo: 
0 0 1 0
 
0 0 0 1

• Matriz triangular

É toda matriz quadrada em que os termos acima da diagonal principal são


todos nulos (triangular inferior) ou em que os termos abaixo da diagonal
94 UNIUBE

principal são todos nulos (triangular superior). Ou seja, dada uma matriz
quadrada A = ( aij ) esta é chamada de:
n× n

• triangular inferior, se aij para i < j .


• triangular superior, se aij para i > j .

Exemplos:

 -1 0 0 
 
 -2 2 0  é triangular inferior já que a=
12 a=
13 a=
23 0;
3 7 0 
 

 -1 5 9 
 
 0 2 2  é triangular superior já que a=
21 a=
31 a=
32 0.
 0 0 -1
 

PARADA PARA REFLEXÃO

Considerando a definição de matrizes triangulares dada, você seria capaz


de responder se existe alguma matriz que seja simultaneamente triangular
superior e triangular inferior? E a cardinalidade (número de elementos) desta
classe de matrizes é finita ou infinita?

Vamos pontuar aqui, por meio de um exemplo, algumas definições


que estão relacionadas com a classe de matrizes quadradas, que é o
conceito de diagonal principal e de diagonal secundária. Vejamos:

 -2 6 7 
 
Dada a matriz quadrada de ordem 3, A = 1  -22 16  7, como dito
 
A 5= 19 12  1 
 5 9 1

anteriormente, temos que sua diagonal principal é composta dos termos
aij , em que i = j , sendo assim, sua diagonal principal será formada pelos

termos: a11 =
−2, a22 = 1.
−2 e a33 =
UNIUBE 95

Sua diagonal secundária será formada pelos termos aij , em que


i+ j i + j3= 3 + 1 +1
, ou seja, i + j =4 . Assim, sua diagonal
ordem da matriz A
secundária será formada pelos termos: a13 = 7, a22 =
−2 e a31 =5 .
Observe, por exemplo, que o termo a32 = 9 não será um elemento da
diagonal secundária, pois a soma dos índices de posição deste elemento
é igual a cinco, veja: 3 + 2 = 5 ≠ 4 .

Assim temos a seguinte representação:

 -2 6 7  Diagonal Secundária
 
A = 1 -2 1 
 5 9 1
  Diagonal Principal

Agora, vamos praticar um pouco os conceitos abordados até o momento.


Resolva as atividades a seguir.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 2

Para cada uma das matrizes dadas a seguir, utilizando as leis de formação,
determine seus elementos e classifique-as:

11sesei =i =j; j;
A A= =( a(ija)ij )3 x 3taltalque queaija=ij 
3x3
00sesei ≠i ≠j. j.
1 1sesei +i +j = j= 4;4;
A A= =( b(ijb)ij4 )x 4 x 4taltalquequeaija=ij 00sesei +i +j ≠j ≠4.4.


Atividade 3

Determine a matriz aij= 3i + 2 j tal que aij= 3i + 2 j .


96 UNIUBE

Atividade 4

Encontre uma lei de formação que represente os elementos da matriz

1 1 1 1 
 
A =  2 4 8 16  .
 3 9 27 81 
 

Após esta abordagem inicial sobre o nosso principal objeto de estudo


– as matrizes -, vejamos outra situação em que podemos aplicar tais
objetos.

Pensemos juntos na seguinte situação-problema:

Situação-problema 2

Suponha que duas lojas comercializam três produtos diferentes, cujos


preços são fornecidos pelas matrizes-linha a seguir:

Produto A Produto B Produto C


Loja 1 ( 600 500 300 )

Produto A Produto B Produto C


Loja 2 ( 500 500 400 )

Se uma pessoa, não muito ligada às questões de melhor preço (isto é,


menor preço), resolver comprar duas unidades de cada um dos produtos,
sendo uma unidade adquirida na Loja 1 e a segunda unidade adquirida
na Loja 2, esta pessoa pagaria 1100 reais pelas duas unidades do
produto A, 1000 reais pelas duas unidades do produto B e 700 reais pelas
duas unidades do produto C. Usando as próprias matrizes, obteríamos o
mesmo resultado da seguinte forma:

(600 500 300) + (500 500 400) =


(600 + 500 500 + 500 300 + 400) =
= (1100 1000 700)
UNIUBE 97

E, assim, esta pessoa pagaria no total 2800 reais. Por outro lado, se
essa pessoa analisasse, primeiramente, a melhor forma de adquirir tais
produtos, poderia ter economizado até 200 reais, não é mesmo?

Mas este exemplo foi introduzido aqui para você pudesse observar
que podemos estabelecer operações algébricas entre as matrizes e
consequentemente entre seus termos. Tratemos agora destas operações.

3.2 Relações e operações básicas

3.2.1 Igualdade de matrizes

Vamos analisar as matrizes a seguir:


 1 −2   1 −2   1 −2 
=A =  B =  C  
 3 −4   3 −4   3 10 

Observe-as e escreva o que você percebe em relação às matrizes A e B.

Agora, faça o mesmo em relação às matrizes A e C.

Certamente você respondeu que as matrizes A e B são iguais, pois


possuem todos os elementos nas respectivas posições iguais e o número
de linhas e de colunas também iguais e que as matrizes A e C são
diferentes, mesmo sendo matrizes de mesma ordem e possuindo três
elementos respectivamente iguais. Não é mesmo?

SINTETIZANDO...

Temos que duas matrizes A e B são iguais, se elas tiverem a mesma


ordem e todos os seus elementos considerando as respectivas posições
também iguais, um a um. Consequentemente, A e B serão diferentes,
se suas ordens forem diferentes ou se algum de seus elementos
for diferente, considerando a posição dos mesmos. Por exemplo, as
matrizes A e C, apesar de possuírem ordens iguais e os elementos
a11 =
c11 , a12 =
c12 , a21 =
c21 , têm a22 = 10, ou seja, a22 ≠ c22.
−4 e c 22 =
98 UNIUBE

3.2.2 Adição e subtração de matrizes

Sabemos que, na matemática, como na grande maioria das ciências, quase


tudo converge para o mais natural das coisas. Tanto a adição e a subtração,
quanto a multiplicação, são operações dadas por definições, então, o mais
natural ao somar e subtrair duas matrizes é somar e subtrair seus elementos
termo a termo, não é mesmo? Já a multiplicação não será bem assim.
Vejamos como são definidas a adição e a subtração de matrizes.

IMPORTANTE!

Definição: dadas as matrizes A = aij ( ) m×n


( )
e B = bij
m×n
, chamamos de

( ) , onde c= a
matriz soma de A por B (A + B) a matriz C = cij
m×n ij ij + bij e a

matriz diferença de A por B (A – B) a matriz D = ( d ) , onde d=


ij m×n ij aij − bij .

Em resumo, temos A + B = (a ij + bij )


m×n
e A− B= (a ij − bij )
m×n
.

Por exemplo, considere as matrizes


 1 2 3
 -1 2 -3   0 12 7   
=A = , B  =  e C  -2 1 4  Logo:
 1 3 -4  5 3 4  0 5 -1
 
 -1 2 -3   0 12 7   -1 + 0 2 + 12 3 + 7   -1 14 4 
A+ B 
= + =   =   
 1 3 -4   5 3 4   1 + 5 3 + 3 -4 + 4   6 6 0 
e
 -1 2 -3   0 12 7   -1 − 0 2 − 12 3 − 7   -1 10 -10 
A− B 
= + =   =   
 1 3 -4   5 3 4   1 − 5 3 − 3 -4 − 4   -4 0 8 

A + C =∃ e A − C =∃ (não existem), já que as ordens das matrizes são


diferentes.

As operações de adição e subtração não estão definidas para matrizes


de ordens diferentes, ou seja, as operações A+C e A-C não podem ser
realizadas.
UNIUBE 99

Algo interessante que também podemos observar neste exemplo ou


diretamente pela definição apresentada é que a operação de adição de
matrizes é comutativa, ou seja, A + B = B + A.

PARADA PARA REFLEXÃO

E a subtração? Subtração é comutativa? Pense sobre isso!

AGORA É A SUA VEZ

Faça agora algumas atividades:

Atividade 5
Um fabricante de determinado produto produz três modelos A, B e C.
Cada um dos modelos é produzido parcialmente em duas fábricas, uma
localizada na cidade de Uberaba ( E1 ) e a finalização de Uberlândia ( E2 ) .
O custo de lançamento no mercado de Belo Horizonte é composto pelo
custo de produção e o custo de transporte de cada produto, de acordo com
as matrizes abaixo:
Custo de Custo de
Produção Transporte

100 10  Modelo A
E1 =  200 15  Modelo B
300 20  Modelo C
Custo de Custo de
Produção Transporte

 50 20  Modelo A
E2 = 100 30  Modelo B
150 40  Modelo C

Com base nestes dados, responda às perguntas abaixo:


a) Para colocar, no mercado de Belo Horizonte, o Modelo A, o fabricante terá
um custo de quantos reais por produto?

b) Para colocar, no mercado de Belo Horizonte, os três modelos, o fabricante


terá um custo de quantos reais por produto?
100 UNIUBE

c) Como poderíamos, utilizando matrizes, esboçar os custos totais de


produção e transporte de cada um dos modelos?

Atividade 6

Determine os valores de x e y, sabendo que a matriz A = aij( ) 3×2


é uma
matriz que satisfaz às seguintes condições:

aij = i + 5 j

 2x 11 
 
A=
 x + 2y 2x + 3y 
 8 x 2 + 4 

Atividade 7

 -3 1  3 2  5 -5 
      1 0 
=
Dadas as matrizes A = 1 2, B =0 0, C  4=-2  e D  ,
 5 1 2 1 6 0   0 1 
     
efetue, quando possível, as operações a seguir:

a) A + B c) A + C

b) B + A d) D + A

Atividade 8

Determine a matriz X dada na equação:

 -1 3   5 -2   -5 0 
 + =X − 
 2 7   -5 1   2 4
Sugestão: Como todas as matrizes envolvidas são de ordem 2, temos,
necessariamente, que a matriz X será de ordem 2, logo utilize a matriz X
a b
como sendo X =   e determine os possíveis valores de a,b,c e d.
c d 
UNIUBE 101

Atividade 9

Observe a resolução da equação do 1º grau, a seguir:

-1 + 2 = x – 5 -> 1 = x – 5 -> 1 + 5 = x -> 6 = x -> x = 6

Lance mão dos mesmos passos ou regras utilizadas na resolução da


equação do 1º grau acima e resolva a atividade anterior, isolando a matriz
incógnita X e perceba como a determinação por meio deste processo fica
mais fácil.

Dando continuidade ao estudo das operações algébricas relacionadas às


matrizes, veremos o produto de um número real por uma matriz.

3.2.3 Produto de um número real (escalar) por uma matriz

IMPORTANTE!

Definição: dada a matriz A = aij( ) m×n


e um escalar r, a multiplicação deste
escalar pela matriz A será a matriz rA = raij( ) m×n
, isto é, multiplicamos cada
termo desta matriz pelo número r.

Por exemplo, vejamos uma situação-problema, na qual poderíamos


aplicar tal operação:

Situação-problema 3

Suponha que a temperatura ambiente de três alimentos A, B e C são


respectivamente 10°C, 20°C e 40°C. Neste caso, poderíamos representar
tais temperaturas por meio da seguinte matriz linha:

Alimento A Alimento B Alimento C


Temperatura (°C) ( 10 20 40 )
102 UNIUBE

Suponha que esses alimentos sejam conservados em uma câmara fria


e que, a cada minuto, a tal câmara age nos alimentos que se encontram
em seu interior diminuindo-lhes um décimo da temperatura. Poderíamos
encontrar a taxa de diminuição da temperatura por minuto de cada um
dos alimentos da seguinte forma:

No primeiro minuto (t = 1) temos uma redução de temperatura de:

Alimento A Alimento B Alimento C

1
.( 10 20 40 )
10
Alimento A Alimento B Alimento C
( 1 2 4 )

No segundo minuto (t = 2) temos redução de temperatura de:

Alimento A Alimento B Alimento C

2
.( 10 20 40 )
10
Alimento A Alimento B Alimento C
( 2 4 8 )

E de uma forma geral, em t minutos temos uma redução de temperatura de:

Alimento A Alimento B Alimento C

 t t t 
 .10 .20 .40 
 10 10 10 
Alimento A Alimento B Alimento C
( t 2t 4t )

Assim, poderíamos obter a temperatura de cada um dos alimentos, no


instante t qualquer. Por exemplo, após 1 minuto os alimentos teriam a
seguinte temperatura: (10 20 40)-(1 2 4)=(9 18 36), ou seja, o alimento
A teria a temperatura de 9°C, o alimento B, 18°C, e o alimento C, 36°.
UNIUBE 103

 0 10 4 
Vejamos outro exemplo: Considere a matriz A =  . Determine,
 8 -12 6 
1
nestas condições, a matriz B = . A .
2
Procedendo de forma análoga ao exemplo anterior, tal matriz é obtida
1
efetuando de forma direta e natural, o produto do escalar a cada um
2
dos termos da matriz A, vejamos:

1 1 1 
1 1  0 10 4   2 .0 2 .10 .4 
2 = 0 5 2
B
= =A . =     
2 2  8 -12 6   1 .8 1 .(-12) 1 .6   4 -6 3 
 
2 2 2 

AGORA É A SUA VEZ

Faça agora algumas atividades

Atividade 10

 -2 3  1 0   0 -12 
=
Considerando as matrizes A =  , B =  eC   ,
determine:  4 -5   2 1  8 4 

a) 2A c) 3A − ( B + C )

b) 1 ( B + C ) 1 1
d) A− C
3 2 4

Atividade 11
 -1 
 
Determine a matriz X tal que 2X + 3A = -5X, sabendo que a matriz A =  2 .
 8
 
104 UNIUBE

Agora, vamos verificar como é efetuada a multiplicação de duas matrizes,


bem como as condições necessárias para efetuarmos tal operação.
Antes, veremos como é efetuado o produto de uma matriz linha por
uma matriz coluna, regra esta base para efetuar o produto entre duas
matrizes. Vejamos!

3.2.4 Produto de duas matrizes


 2
 
Dada a matriz linha A = (-2 1 4) e a matriz coluna B =  5  , o produto
 -7 
 
da matriz A pela matriz B é efetuado da seguinte forma:
 2
 
A.B= ( -2 1 4 ) .  5 = ( -2.2 + 1.5 + 4. ( -7 ) )= ( -4 + 5 − 28 )= ( -27 )
 -7 
 
Logo, A.B = (-27), matriz quadrada de ordem igual a 1.

Você deve estar se perguntando...

Mas o que foi feito no exemplo anterior?

Foi feito o seguinte: pegamos a soma dos produtos efetuados


multiplicando o 1º termo de A com o 1º termo de B, o 2º termo de A com
o 2º termo B e o 3º termo A com o 3º termo de B. Veja o mesmo processo,
mas considerando a notação simbólica bij para os termos de A e bij para
os termos de B. Veja:

 b11 
 
A.B = ( a11 a12 a13 ) .  b21  = ( a11. b11 + a12 . b21 + a13 . b31 ) = ( c11 )
b 
 31 
Não qual, c11 é o termo da matriz C=A.B.

Mas, agora, uma pergunta...

E se tivéssemos o número de elementos da linha de A (número


de colunas de A) ou o número de elementos da coluna de B
(número de linhas de B) diferentes, seria possível efetuar este
produto termo a termo?
UNIUBE 105

Vejamos:

Suponha que A tivesse 4 elementos, por exemplo, A = (-2 1 4 3) e B


 2
 
permanecesse com 3 elementos, isto é B =  5  . Nesse caso, teríamos:
 -7 
 
 2
 
A.A = = ( −(2-2 11 443 3)) .  5 = ( -2.2 + 1.5 + 4. ( -7 ) + 3.? ) e não seria possível
B.B
 -7 
 
determinar tal produto, não é mesmo? O mesmo fato ocorreria se o
número de elementos da coluna de B fosse diferente do número de
elementos da linha de A.

Mas o que isso significa?

Voltando ao parágrafo anterior, procuramos destacar o que significa o


número de elementos da linha de A e o número de elementos da coluna
de B. Escreva aqui o que estes representam, para cada uma destas
matrizes:

• Número de elementos da linha de A é igual a _______________________.


• Número de elementos da linha de B é igual a _______________________.

EXPLICANDO MELHOR

Sendo assim, somente é possível multiplicar uma matriz linha A por uma
matriz coluna B, se o número de colunas de A for igual ao número de
linhas da matriz B.

E está é exatamente a condição necessária e suficiente para que se possa


efetuar este tipo de multiplicação.

Agora, ainda considerando o exemplo anterior, se, em vez da matriz


coluna B, de ordem 3 X 1, tivéssemos uma matriz B de ordem 3 X 2,
ou seja, se tivéssemos uma matriz de 3 linhas e 2 colunas, poderíamos
aplicar o processo acima duas vezes, veja:
106 UNIUBE

 2 3
 
=
Considerando A.B (=
-2 1 4 ) .  5 5  , teríamos:
 -7 6 
 
 2 3
 
=A.B (=
-2 1 4 ) .  5 5 
 -7 6 
 

 -2.2 + 1.5 + 4 ( -7 ) -2.3 + 1.5 + 4.6 


=     ( -27 23)
 Matriz A pela 1ª coluna de B Matriz A pela 2ª coluna de B 

Observe que a ordem dessa matriz produto foi 1 X 2; isso ocorreu


porque; ao multiplicar a linha 1 da matriz A pela coluna B determinamos
o elemento c11 da matriz AB e , ao multiplicar a linha 1 da matriz A pela
coluna 2 da matriz B, determinamos o elemento c12 da matriz AB.

Depois dessa abordagem, vamos juntos calcular o produto da matriz


2 1
 2 0 1  
A=  pela matriz B =  0 3  .
 -1 -3 4  5 1 
 
1ª Passo:

Verificação da condição necessária para existência do produto AB e


determinação da ordem da matriz AB:

• Número de colunas de A = __________________________________.


• Número de linhas de A = __________________________________.
• Número de colunas de B = __________________________________.
• Número de linhas de B = __________________________________.

Conclusão: já que o número de colunas de A é igual ao número de


linhas de B, é possível determinar a matriz produto AB e a ordem desta
matriz é 2 X 2.
UNIUBE 107

2ª Passo:

Determinação dos elementos da matriz AB.

c11 : Soma dos produtos dos números da 1ª linha de A com os números da 1ª


coluna de B, logo c11 = _________________________________________.

c12 : Soma dos produtos dos números da 1ª linha de A com os números da 2ª


coluna de B, logo c12 = _________________________________________.

c21 : Soma dos produtos dos números da 2ª linha de A com os números da 1ª


coluna de B, logo c21 = _________________________________________.

c22 : Soma dos produtos dos números da 2ª linha de A com os números da 2ª


coluna de B, logo c22 = _________________________________________.

Como todas as linhas de A foram multiplicadas por todas as colunas de


B, o processo chega ao fim.

3º Passo:

Determinação da matriz AB
c c   -1 1 
Como A.B =  11 12  , temos A.B =  .
 c21 c22  18 -6 

Este é o processo que utilizamos para calcular o produto de duas


matrizes, independentemente de qual sejam as ordens envolvidas, desde
que tais ordens satisfaçam à condição de que o número de colunas
da primeira matriz a ser multiplicada seja igual ao número de linhas da
segunda matriz a ser multiplicada.

Resumindo, temos o seguinte esquema:

Am×n B pxq = ( AB )mxq


n= p
108 UNIUBE

Antes de partimos para as atividades, vejamos uma situação-problema


referente à multiplicação entre matrizes.

Situação-problema 4

Os inseticidas são aplicados às plantas a fim de eliminar os insetos


prejudiciais. Sabe-se que uma parte destes pesticidas é absorvida pelas
plantas e esta quantidade é absorvida pelos animais herbívoros que se
alimentam destas plantas que receberam os inseticidas. Suponha que
temos três tipos de produtos e quatro de plantas. Representemos por
aij a quantidade (em miligramas) de inseticida i que foi absorvida pela j
e os dados são representados pela seguinte matriz: (Adaptado do livro:
Introdução à álgebra linear com aplicações – 8.ed. – Bernard Kolman
e David R. Hill).

Planta 1 Planta 2 Planta 3 Planta 4

2 3 4 3 Inseticida 1

A = 3 2 2 5 Inseticida 2

 4 1 6 4  Inseticida 3

b
Suponha agora que exista três classes de animais herbívoros, e que ij
representa o número de plantas do tipo i que uma animal do tipo j come
por mês, tal informação é apresentada pela tabela seguinte:

Herbívoro 1 Herbívoro 2 Herbívoro 3

 20 12 8  Planta 1
 28 15 15  Planta 2
A=
30 12 10  Planta 3
 
 40 16 20  Planta 4

Nestas condições, o elemento cij = ai1.b1 j + ai 2 .b2 j + ai 3 .b3 j + ai 4 .b4 j ,


fornece-nos a quantidade de inseticida i, ou seja, elemento cij da
matriz A = ( c ij ) nos fornece exatamente os valores absorvidos
3×3
de cada um dos inseticidas por cada um dos animais. Por exemplo,
a quantidade de inseticida 3, absorvida pelo herbívoro 1, foi:
c31 = a31.b11 + a32 .b21 + a33 .b31 + a34 .b41 = 4 ⋅ 20 + 1 ⋅ 28 + 6 ⋅ 30 + 4 ⋅ 40 = 448mg
UNIUBE 109

De modo geral, teríamos a seguinte matriz:

 20 12 8 
 2 4 4 3 
28 15 15 
= A ⋅ B 3 2 2 5  ⋅  =
30 12 10 
 4 1 6 4   
 40 16 20 
 2 ⋅ 20 + 43 ⋅ 28 + 4 ⋅ 30 + 3 ⋅ 40 2 ⋅12 + 43 ⋅15 + 4 ⋅12 + 3 ⋅16 2 ⋅ 8 + 43 ⋅15 + 4 ⋅10 + 3 ⋅ 20 

= 3 ⋅ 20 + 2 ⋅ 28 + 2 ⋅ 30 + 5 ⋅ 40 3 ⋅12 + 2 ⋅15 + 2 ⋅12 + 5 ⋅16 3 ⋅ 8 + 2 ⋅15 + 2 ⋅10 + 5 ⋅ 20  =
 4 ⋅ 20 + 1 ⋅ 28 + 6 ⋅ 30 + 4 ⋅ 40 4 ⋅12 + 1 ⋅15 + 6 ⋅12 + 4 ⋅16 4 ⋅ 8 + 1 ⋅15 + 6 ⋅10 + 4 ⋅ 20 
364 165 176
392 180 161 
= 376 170 174 
 448 199 187 

AGORA É A SUA VEZ

Agora é sua hora de praticar um pouco as multiplicações envolvendo


matrizes. Assim, faça as seguintes atividades.

Atividade 12

Calcule o produto AB, quando este existir, considerando as matrizes A e B


dadas a seguir:

 3 -1 
 2 -1 -1  
=a) A =  B 1 2 
 1 2 3  1 1 
 

1 -1 
b) A =   3 -1 1 -2 
=  2 2 B  
3 4  1 0 2 0 
 

Atividade 13

Considere as matrizes A = aij ( ) 4×3


definida por aij = i − j , B = bij ( ) 3×4

definida por bij = i e C = cij ( ) 4×4


, onde C = AB. Nestas condições, determine:

a) c11 b) c23
110 UNIUBE

Atividade 14

Determine os valores de x, y e z, para que tenhamos:

1 3  1 2   x + 3 0   y y − z 
 ⋅ =   + 
 0 1  0 3   x − y 0   6 3 

Ainda sobre multiplicações entre matrizes, gostaríamos de fazer aqui


uma observação.

Você deve perceber que o produto entre matrizes nem sempre é


comutativo, isto é, nem sempre, dadas duas matrizes A e B, os produtos
AB e BA serão iguais. Para você perceber isto, basta escolher, por
exemplo, uma matriz A de ordem 2X3 e uma matriz B de ordem 3x1,
que nos darão uma matriz produto AB de ordem 2x1, cuja matriz-produto
BA nem estará definida, ou seja, AB ≠ BA .

Veremos agora uma classe muito importante e especial de matrizes: as


matrizes inversas.

3.3 Matrizes inversas

1
Dos estudos do conjunto dos números reais, sabemos que o número é
2
1
o inverso de 2, fato este justificado, pois, ⋅ 2 =
1, em que 1 é o elemento
2
neutro da multiplicação, ou seja, 1 é o número cuja multiplicação por
qualquer número real dará este mesmo número real, e vice-versa. Sendo
assim, como ficaria esta ideia aplicada à Teoria das matrizes?

Primeiramente, precisamos encontrar o elemento neutro da multiplicação


entre matrizes. Façamos isso da seguinte forma:
1 2  a b
Considere a matriz A =   , determine a matriz B =   , tal que
3 4 c d 
AB = A e BA = A, ou seja, a matriz elemento neutro da multiplicação.
UNIUBE 111

Façamos os cálculos:

 1 2   a b   1 2   a + 2c b + 2d   1 2 
AB =
A→ ⋅ = → = 
 3 4   c d   3 4   3a + 4c 3b + 4d   3 4 
Assim, pela igualdade de matrizes, temos que:

 a + 2c =1
b + 2d = 2


3a + 4c = 3
3b + 4d = 4

Deste sistema de quatro equações e quatro variáveis, obtemos os


seguintes sistemas:
a + 2c =1 b + 2d =2
 e 
3a + 4c = 3 3b + 4d =4

Resolvendo estes sistemas, encontramos a = 1, b = 0, c = 0 e d = 1, ou


1 0 
seja, B =   . Se efetuarmos o produto desta matriz B pela matriz
 0 1
1 0 
A, também verificaremos que BA = A, ou seja, a matriz B =   éo
 0 1
elemento neutro da multiplicação de matrizes que procurávamos. Como
este tipo de matriz já apareceu no início deste capítulo, sabemos que,
neste caso dado, esta matriz B encontrada recebe o nome de matriz
identidade, ou unidade de ordem 2.

Isto será verdade, independente da ordem da matriz quadrada, ou seja,


as matrizes identidades (ou unidades) são elementos neutros da
multiplicação de matrizes, considerando respectivamente a ordem das
mesmas, ou seja:

• para as matrizes quadradas de ordem 1, l1 = (1) é o elemento


neutro para esta classe de matrizes;
1 0
• para as matrizes quadradas de ordem 2, l2 =   é o elemento
neutro para esta classe de matrizes;  0 1 
112 UNIUBE

1 0 0 
 
• Para as matrizes quadradas de ordem 3, l3 =  0 1 0  é o
elemento neutro para esta classe de matrizes;  0 0 1
 

• e de uma forma geral, para as matrizes quadradas de ordem


1 0  0
 
0 1  
n, ln =  é o elemento neutro para esta classe de
   0
 
0 0 0 1
matrizes, ou seja, o elemento neutro da multiplicação será a matriz
quadrada de ordem n, cujos elementos da diagonal principal são
iguais a 1 e os restantes todos nulos (iguais a 0).

Como ficaria a questão do elemento inverso de uma matriz?

Neste caso, o elemento inverso da matriz A, chamado de matriz inversa


de A, será a matriz denotada por A−1 tal que A ⋅ A−1 =
l e A−1 = l , na qual
qual I representa a matriz identidade de mesma ordem que A.

Por se tratar de uma abordagem introdutória, esta se baseará apenas


numa determinação da matriz inversa, utilizando cálculos algébricos
relacionados à propriedade que esta matriz possuir e que foi colocado
anteriormente. Não utilizaremos, neste capítulo, métodos mais
específicos para determinação da matriz inversa, como é o caso do
método de Gauss-Jordan ou a determinação por uma fórmula matricial.

SAIBA MAIS

Karl Friedrich Gauss nasceu em Braunschweig (Alemanha), no ano de


1777. Faleceu em Göttingen (Alemanha), no ano de 1855. Foi matemático,
astrônomo e físico.

Uma de suas famosas façanhas refere-se à seguinte história: o diretor de sua


escola, Butner, pediu que os alunos somassem os números inteiros de um a
cem. Mal havia enunciado o problema e o jovem Gauss o solucionou, dando
UNIUBE 113

como resposta 5050. Sabemos hoje que tal raciocínio está diretamente
ligado à fórmula da soma de uma progressão aritmética.

Camille Marie Ennemond Jordan nasceu em Lyon (França) no ano 1838.


Faleceu em Paris (França) no ano de 1922. Foi matemático. É conhecido
pelos seus trabalhos em teoria dos grupos e análise.

Fonte: Disponível em: http://scienceworld.wolfram.com/biography/Gauss.html. Acesso em:


4 jun. 2010.

Pensando puramente na propriedade que a matriz inversa possui, que


são as identidades A ⋅ A = l e A−1 ⋅ A =,
1 vejamos como podemos
determinar uma matriz inversa. Vamos lá.
1 2   2 -1 
Exemplo: Sejam A =   e B=  duas matrizes. Se B é a matriz
1 4   x y
inversa de A, calcule o valor de x + y.

Temos então que B = A−1 . Observe então que este exercício aborda
matriz inversa e também igualdade de matriz.

Precisamos primeiramente determinar a matriz inversa de A. Sendo


a b
assim, considere A−1 =   , A⋅ A =
−1
l2 e A−1 ⋅ A =
l2 . Escolhendo
 c d 
uma das equações, por exemplo, a primeira, temos:

1 1 2   a b  1 0  1⋅ a + 2 ⋅ c 1⋅ b + 2 ⋅ d  1 0 
A ⋅ A−= l2 →  ⋅ =  → =  →
1 4   c d   0 1 1 ⋅ a + 4 ⋅ c 1 ⋅ b + 4 ⋅ d   0 1

 a + 2c =
1

 a + 2c b + 2d  1 0  a += 4c 0 a +=
2c 1 b +=
2d 0
→ = → → e 
 a + 4c b + 4d   0 1 b + 2d =0 a +=4c 0 b +=
4d 1
b + 4d =
1
114 UNIUBE

1 1
Resolvendo os sistemas, determinamos que a =
2, b =
−1, c =
− e d =.
2 2
Agora, teríamos que verificar se a matriz assim obtida satisfaz também
à equação A ⋅ A−1 =
l2 . Ao efetuar o produto, termos:

 2 1
1 2   a b  1 2     1 0  =l
 ⋅  =  ⋅  1 1  =  2
1 4   c d  1 4  −  0 1
 2 2

O que nos leva a concluir que a matriz inversa de A será a matriz

 2 1
A =  1 1  . Como temos pelo enunciado do exercício que B = A−1 ,
−1
− 
 2 2
 2 1
 2 -1    1
segue a igualdade de matrizes   =  1 1  , logo x = − e
 x y − 2
 2 2
1 1 1
y= . Portanto x + y =− + =0.
2 2 2

AGORA É A SUA VEZ

Agora é hora de praticar! Portanto, utilizando as definições e ideias


abordadas nos exemplos anteriores, resolva as atividades propostas a
seguir.

Atividade 15

Para cada uma das matrizes quadradas abaixo, efetue o produto destas
pelas suas respectivas matrizes identidade, comprovando a propriedade de
elemento neutro destas:

1 -2 
A= 
 4 -5
UNIUBE 115

1 2 3
 
B =  7 6 10 
 
 1 2 4 0 

Atividade 16

Calcule, quando existir, a matriz inversa de cada uma das matrizes dadas
abaixo:

 1 2
A= 
 -1 3 

 -3 1 
B= 
 2 -1

 1 1
C = 
 1 1

Importante: No conjunto das matrizes, como no conjunto dos números


reais, nem sempre uma matriz quadrada possuirá uma matriz inversa. Você
−1
observará isso, ao procurar a matriz C , nesta atividade.

Atividade 17

3 4
Sabendo que a inversa da matriz A=  é a matriz
 2 3
3 x+ y
B=  , faça o que se pede:
 2x − y 3 

a) Determine a matriz de A−1 ;

b) Calcule o valor de x y .
116 UNIUBE

Resumo

Vimos neste capítulo que:

• Quando afirmado que uma matriz tem m linhas e n colunas,


implicitamente dizemos que a matriz possui uma ordem m X n.

Exemplo:

1 2 
Possui 3 linhas e 2 colunas -> ordem igual 3 x 2
A = 5 3 
 4 -6 

• Quando afirmado que duas matrizes são iguais as mesmas são de


mesma ordem e seus elementos identicamente os mesmos.

1 -2  1 -2 
Exemplo: Dada as matrizes A =   e B =  3 -4  , temos que A = B.
 3 -4   
• As operações de adição, de subtração e de multiplicação são
efetuadas conforme os exemplos abaixo:
Exemplos:

• Adição e subtração

 -1 2 -3   0 12 7   -1 + 0 2 + 12 -3 + 7   -1 14 4 
A+ B 
= + =   =   
 1 3 -4   5 3 4   1 + 5 3 + 3 -4 + 4   6 6 0 

 -1 2 -3   0 12 7   -1 − 0 2 − 12 -3 − 7   -1 -10 -10 
A− B 
= + =   = 
 1 3 -4   5 3 4   1 − 5 3 − 3 -4 − 4   -4 0 -8 

• Multiplicação
 20 12 8 
 2 3 4 3 
   28 15 15 
=A ⋅ B 3 2 2 5  ⋅ =
30 12 10 
 4 1 6 4   
 40 16 20 

 2 ⋅ 20 + 3 ⋅ 28 + 4 ⋅ 30 + 3 ⋅ 40 2 ⋅12 + 3 ⋅15 + 4 ⋅12 + 3 ⋅16 2 ⋅ 8 + 3 ⋅15 + 4 ⋅10 + 3 ⋅ 20 


= 3 ⋅ 20 + 2 ⋅ 28 + 2 ⋅ 30 + 5 ⋅ 40 3 ⋅12 + 2 ⋅15 + 2 ⋅12 + 5 ⋅16 3 ⋅ 8 + 2 ⋅15 + 2 ⋅10 + 5 ⋅ 20  =
 20 12 8 
 2 3 4 3 
   28 15 15 
=A ⋅ B 3 2 2 5  ⋅ =
30 12 10 
 4 1 6 4   40 16 20  UNIUBE 117
 

 2 ⋅ 20 + 3 ⋅ 28 + 4 ⋅ 30 + 3 ⋅ 40 2 ⋅12 + 3 ⋅15 + 4 ⋅12 + 3 ⋅16 2 ⋅ 8 + 3 ⋅15 + 4 ⋅10 + 3 ⋅ 20 


= 3 ⋅ 20 + 2 ⋅ 28 + 2 ⋅ 30 + 5 ⋅ 40 3 ⋅12 + 2 ⋅15 + 2 ⋅12 + 5 ⋅16 3 ⋅ 8 + 2 ⋅15 + 2 ⋅10 + 5 ⋅ 20  =
 4 ⋅ 20 + 1 ⋅ 28 + 6 ⋅ 30 + 4 ⋅ 40 4 ⋅12 + 1 ⋅15 + 6 ⋅12 + 4 ⋅16 4 ⋅ 8 + 1 ⋅15 + 6 ⋅10 + 4 ⋅ 20 

364 165 161 


= 376 170 174 
 448 199 187 

Esta operação, possível de ser efetuada apenas quando o número de


colunas da 1ª matriz (no nosso caso, também igual a 4) for igual ao
número de linhas da 2ª matriz (no caso, também igual a 4). Além disso,
a matriz resultante terá como número de linhas o número de linhas
da 1ª matriz e o número de colunas da 2ª matriz, conforme o seguinte
esquema:

Amxn B pxq = ( AB )mxq


n=P

A matriz inversa de uma matriz A é definida como sendo a única matriz


(denotada por A−1 ) que possui as seguintes propriedades multiplicativas:
A−1 ⋅ A =I e A ⋅ A−1 =
I
 2 -1 
1 2  −1  
Exemplos: Se A =   então A =  1 1  .
 1 4  −
 2 2
 2 -1 
1 2    1 0  =
De fato, A. A−1 =
 ⋅ 1 1  =   l.
1 4  −  0 1
 2 2
 2 -1 
−1
E, A ⋅ A =⋅ 1  1 2  =1 0 
l.
− 1 ⋅   =
 1 4   0 1
 2 2


=

118 UNIUBE

Referências

IEZZI, Gelson; HAZZAN, Samuel. Sistemas lineares. In: ____. Fundamentos


de matemática elementar: sequências, matrizes, determinantes, sistemas.
6. e d. São Paulo: Atual, 1995. Cap. 6, v. 4.

____; DOLCE, Osvaldo; DEGENSZAJV, David; PÉRIGO, Roberto. Sistemas


lineares. In: ____. Matemática: volume único. São Paulo: Atual, 2002. Cap. 21.

KOLMAN, Bernard; HILL, David R. Equações lineares e sistemas. In: ____.


Introdução à álgebra linear com aplicações. 8. Ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2006. Cap. 1.

POOLE, David. Sistemas de equações lineares. In: ____. Álgebra linear.


São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. Cap. 2.
Capítulo Estudo dos determinates
4

Júlio Cesar de Jesus Onofre

Introdução
Neste capítulo, trataremos o assunto determinantes. Como dito
no capítulo anterior, eles já eram conhecidos antes mesmos das
matrizes, mas optamos pela cronologia que acreditamos ser a mais
didática, simples e correta. Prosseguiremos nosso embasamento
seguindo a disposição de trilhar por esta interessante área
da matemática por meios mais simples, utilizando, para isto,
exemplos, atividades, métodos e definições, não necessariamente
nesta ordem.

Objetivos
Ao final deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• calcular o determinante de matrizes de ordem menores ou
iguais a três;
• analisar intuitivamente a utilização do Teorema de Laplace,
no caso de matrizes quadradas de ordem 3;
• compreender o Teorema de Laplace;
• aplicar o Teorema de Laplace como ferramenta para cálculo
do determinante de matrizes de ordens maiores que 3;
• utilizar o Teorema de Laplace para compreender
propriedades relacionadas aos determinantes;
120 UNIUBE

• compreender questões de existência ou não de matrizes


inversas, relacionando-as ao seu determinante.

Esquema
4.1 Determinantes: definições e exemplos
4.2 Propriedades de um determinante

4.1 Determinantes: definições e exemplos

Certamente você já sabe que os determinantes foram usados antes


mesmo das matrizes, e também que uma de suas utilizações é na
resolução de sistemas de equações lineares, correto?

O que seria o determinante?

O determinante é definido na matemática como uma função que associa


matrizes quadradas a números. Essa forma de associação utiliza
conceitos matemáticos que um estudante de ensino médio ou até mesmo
um estudante que está começando seus estudos na graduação ainda
não possui.

Mais precisamente, tais conceitos estão relacionados a uma área


específica da matemática denominada Teoria dos Números. Sendo
assim, abordaremos este assunto de forma direta e objetiva, isto é,
por meio de regras de obtenção, sem nos preocupar, a priori, com a
abrangência de sua definição.

Para facilitar sua aprendizagem, apresentamos alguns métodos e


exemplos de como aplicar os determinantes nas matrizes.
UNIUBE 121

IMPORTANTE!

• O cálculo do determinante só poderá ser efetuado quando a matriz


envolvida for quadrada, isto é, quando o número de linhas da matriz
for igual ao número de colunas. Esta observação é justificada pelo
fato de que o domínio de uma função determinante necessariamente
deve ser um subconjunto do conjunto das matrizes quadradas.
• A notação normalmente utilizada ao calcularmos ou citarmos o
determinante de uma matriz A, tanto aqui em nosso estudo, como na
maioria das bibliografias que aparecem tais conteúdos é: A ou |A|.

Vejamos então como calcular o determinante de uma matriz.


Começaremos por uma matriz quadrada de ordem 1, chegando até as
matrizes de ordem quaisquer:

• Cálculo do determinante de uma matriz de ordem 1

Método ou regra: Considere a matriz A = [ a11 ]1×1 assim temos det


A A
= = a11= a11 .

Exemplo: seja A = [ −3]1x1 , temos que det A =A =−3 =−3 .

IMPORTANTE!

Embora em uma das notações de determinante utilizemos o módulo dos


elementos da matriz A, não podemos confundi-lo com o valor absoluto,
pois caso contrário este exemplo não faria sentido, já que o módulo de um
número é sempre positivo. Portanto, muita atenção com tais interpretações.
122 UNIUBE

• Cálculo do determinante de uma matriz de ordem 2

a a 
Método ou regra: Considere a matriz A =  11 12  Assim, temos
 a21 a22  2×2
que o determinante de A é o número det A = a11 ⋅ a22 − a12 ⋅ a21 obtido da
diferença do produto dos termos da diagonal principal pelos termos da
diagonal secundária.
 -2 5 
Exemplo: Seja A =   , temos que:
 1 10  2×2

• Cálculo do determinante de uma matriz de ordem 3


 a11 a12 a13 
Método ou regra: Considere a matriz A =  a21 a22 a23 
 
 a31 a32 a33  3×3

Assim, temos que o determinante de A é o número

det A = a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32

que pode ser obtido através do seguinte método denominado Regra de


Sarrus:

SAIBA MAIS

Pierre Fréderic Sarrus nasceu em Saint-Affrique (França) no ano de 1798


e faleceu no ano de 1861. Foi responsável pela famosa regra prática para
obtenção de determinantes de ordem 3, a qual recebe seu nome.
UNIUBE 123

Vejamos como é aplicada este método:

Considere a matriz quadrada de ordem 3, na forma geral,

 a11 a12 a13 


A =  a21 a22 a23 
 a31 a32 a33  3×3

1º Passo

Escrevem-se os termos da matriz A:

a11 a12 a13


a21 a22 a23
a31 a32 a33

2º Passo

Escrevem-se ao lado direito (ou abaixo) dos termos, as duas primeiras


colunas (ou as duas primeiras linhas) da matriz A:

a11 a12 a13 a11 a12


a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32

3º Passo

Começando da diagonal principal, efetua-se o produto dos três termos e


adiciona-se o produto das outras duas filas paralelas à diagonal principal,
que também são formadas por três termos atribuindo o sinal de (+)
nestes, ou seja, conservando os valores dos três produtos obtidos:

x x x
a11 a12 a13 a11 a12
a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32
+ + +
124 UNIUBE

Desse modo, temos: + a11 ⋅ a22 ⋅ a33 , + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 , + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 ⋅

4º Passo

De forma análoga ao 3º passo, considera-se o produto dos termos da


diagonal secundária e das duas filas paralelas a esta, também formada de
três termos, atribuindo o sinal de (-) nestes produtos, ou seja, “mudando
o sinal” dos mesmos:
x x x
a11 a12 a13 a11 a12
a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32
- - -
Consequentemente, temos nesta etapa:
−a−13a13
⋅ a⋅22a22
⋅ a⋅31a,31−,a−11a11
⋅ a⋅23a23
⋅ a⋅32a,32−, +
− a+12a12
⋅ a⋅21a21
⋅ a⋅33a33
⋅ ⋅
ou
− ( a13 ⋅ a22 ⋅ a31 + a11 ⋅ a23 ⋅ a32 + a12 ⋅ a21 ⋅ a33 )

5º Passo

O determinante da matriz será a adição de todos os termos obtidos nos


passos 3 e 4, isto é:
x x x x x x
a11 a12 a13 a11 a12
a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32

- - - + + +

det A = a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32⋅

 1 0 5
 
Exemplo: seja A =  -2 -1 7  , temos que:
 3 2 1
 3×3
UNIUBE 125

1 0 5 1 0
-2 -1 7 2 1
3 2 1 3 2
- (-15) - (14) 0 -1 0 -20

Assim,

1 0 5
det A = A = -2 -1 7 = 15 − 14 + 0 − 1 − 0 − 20 = 15 − 14 − 1 − 20 = −20.
3 2 1

Antes de prosseguirmos com o exemplo de como deveremos calcular


o determinante de matrizes de ordem superior a 3, e com o intuito
de fortalecer um pouco mais seus conhecimentos no cálculo de
determinantes de matrizes de ordem menores ou iguais a 3, sugerimos
as seguintes atividades.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 1

Resolva os determinantes a seguir:

2 3 -1 4 3 -1 0
1
a) 3 b) 0 2 7 c) 1 2 3
4 -3 1 -3 2 4 5 6

Atividade 2

Resolva a equação:

4 x 5 -3
0 1 1 =1
3x 1 0
126 UNIUBE

Antes de exemplificarmos como procedemos no cálculo do determinante


de matrizes de ordem superior a 3, vejamos algo muito interessante que
envolve os determinantes, considerando ainda uma matriz de ordem 3.
Vejamos:

Pela definição dada anteriormente, sabemos que:


det A = a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33

e que o termo aij representa o elemento que está na i-ésima linha e


 a11 a12 a13 
 
na j-ésima coluna da matriz A =  a21 a22 a23  . Se colocarmos, por
a a a 
⋅t33A+ = a13a11
⋅ a⋅23a22
⋅ a⋅3133 −+a12 13 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 12 ⋅ a22 23 ⋅ a31 − a11 13 ⋅ a23 22 ⋅ a32 31 − a12
 2131⋅ a3233 −=32a12 ⋅ a3321⋅ a33 =
11 ⋅ a23

− a11 exemplo, − a12 ⋅ aos termos da 1ª linha − a13 ⋅ desta matriz


= a13 ⋅ a22em ⋅ a31evidência, na expressão
a11 ⋅ a23 22 ⋅ a32
33 + 12 ⋅ a23 ⋅ a32 31 + 23 ⋅ a33
21 31 +− a12 13 ⋅ a21 ⋅ a32 33 + 21 ⋅ a32
a22 31 − =
do det A, obteríamos a seguinte expressão:
a1123 (⋅ a22
32 ) − a( a2323⋅ a⋅ a3231) +
⋅ a+33a12 − a12
det
21 (⋅ a3323A)⋅=a+31aa1113−⋅(aaa212221⋅⋅a⋅33a3332+)a+−13a⋅1322a23(⋅ a⋅2131a31)⋅ a=
−32a−12a⋅22a23⋅ a⋅31a31) =
− a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33 =
23 (⋅ a22
a11 32 ) − a( −
⋅ a+33a12 231⋅)a⋅32a)21+⋅aA
(det a12=
33=(a−−a11111a⋅)23⋅a⋅a(22⋅ 22a⋅2131⋅a33)⋅33a++33−aa13−11(⋅aa⋅23a232123⋅ ⋅aa⋅31a3132)32−++a12a132212⋅(⋅a⋅aa232131=
23⋅) a
⋅ a31 a13
3231−− 21⋅) a
a2212⋅⋅a⋅aa2231= ⋅ a3133−+a11
a13⋅ a⋅ 23
a21⋅ a⋅ 32
a32−−a12
a13⋅ a⋅ a2122⋅ a⋅ 33
a31==
a22 a23a21 a23 = a= aa11⋅23a(22
a21⋅aa2122 a ⋅ a33⋅a−a2123a23⋅ a⋅22
3322− a11
a +)a+12a⋅12a23( a⋅23a31⋅ a−31a−12a⋅21a21⋅ a⋅33a33) ++aa1313(⋅aa2121⋅⋅aa3232 −−aa2213 ⋅⋅aa3122)⋅ =
a31 =
12 ⋅ ( −1) ⋅ + a12 ⋅ ( −
+1a)13⋅ ⋅
11 3232
a11 + ⋅a13 ⋅ ⋅
a32 a33a31 a33= a= a (aa3122
11 31 aa11⋅33aa(32a3322−⋅aa2333 a⋅−a31a3223)a+
⋅32aa3212)(+aa2312⋅ a( − ) ⋅a(21a21⋅ a⋅33a33) +−aa1323( ⋅aa2131⋅)a+32 a−13a(22a21⋅ a⋅31a32) =
311− − a22 ⋅ a31=)
= a11 ( a22 ⋅ aa3322− a23
23 ⋅ a32 ) + a12 ( −a
121) ⋅ ( aa2123 ⋅ a33 − aa2321⋅ a31a)22+ a13 ( a21 ⋅ a32 − a22 ⋅ a31=)
= a11 + a12 ⋅ ( −1) ⋅ + a13 ⋅ ⋅
a22 aa2332 a33 a21 aa2331 a33 a21 aa2231 a32
= a11 + a12 ⋅ ( −1) ⋅ + a13 ⋅ ⋅
a32 a33 a31 a33 a31 a32

Observe, nesta construção, que:


a22 a23
• os elementos do determinante são obtidos dos elementos
a32 a33
da matriz A, eliminando a 1ª linha e a 1ª coluna. Veja:

 a11 a12 a13 


 
A =  a21 a22 a23  , eliminando-se a 1ª linha e a 1ª coluna, temos:
a a a 
 31 32 33 

 a11 a12 a13 


 
A =  a21 a22 a23 
a a a 
 31 32 33 
a21 a23
• os elementos do determinante são obtidos dos elementos
da matriz a31 a33
UNIUBE 127

A, eliminando a 1ª linha e a 2ª coluna. Veja:

 a11 a12 a13 


 
A =  a21 a22 a23  , eliminando a 1ª linha e 2ª coluna, temos:
a a a 
 31 32 33 

 a11 a12 a13 


 
A =  a21 a22 a23 
a a a 
 31 32 33   a11 a12 a13 
 
A =  a21 a22
23 a23 
• os elementos do determinante  é obtido dos elementos
 a31 a32
33 a33 
da matriz A, eliminando a 1ª linha e a 3ª coluna. Veja:

 a11 a12 a13 


 
A =  a21 a22 a23  , eliminando a 1ª linha e a 3ª coluna, temos:
a a32 a33 
 31
 a11 a12 a13 
 
A =  a21 a22 a23 
a a32 a33 
 31

Façamos juntos o cálculo de um determinante usando a construção


anterior:
1 2 3 
 
Considere a matriz A =  4 5 6  , utilizando a regra de Sarrus, vista
no capítulo anterior: 7 8 9
 

det A = a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33
temos que : det A = 1 ⋅ 5 ⋅ 9 + 3 ⋅ 4 ⋅ 8 + 2 ⋅ 6 ⋅ 7 − 3 ⋅ 5 ⋅ 7 − 1 ⋅ 6 ⋅ 8 − 2 ⋅ 4 ⋅ 9 = 0 .

Agora, se colocássemos os elementos da 1ª linha em evidência, teríamos:


det A = 1 ⋅ 5 ⋅ 9 − 1 ⋅ 6 ⋅ 8 + 2 ⋅ 6 ⋅ 7 − 2 ⋅ 4 ⋅ 9 + 3 ⋅ 4 ⋅ 8 − 3 ⋅ 5 ⋅ 7 =
= 1⋅ ( 5 ⋅ 9 − 6 ⋅ 8) + 2 ⋅ ( 6 ⋅ 7 − 4 ⋅ 9 ) + 3 ⋅ ( 4 ⋅ 8 − 5 ⋅ 7 ) =
= 1 ⋅ ( 5 ⋅ 9 − 6 ⋅ 8 ) + 2 ⋅ ( −1) ⋅ ( 4 ⋅ 9 − 6 ⋅ 7 ) + 3 ⋅ ( 4 ⋅ 8 − 5 ⋅ 7 ) =
5 6 4 6 4 5
=1 ⋅ + 2 ⋅ ( −1) ⋅ +3 =−3 + 12 − 9 =0
8 9


7

9 

7 8

-3 -6 -3
128 UNIUBE

O que nos daria o mesmo resultado, não é mesmo? Mas poderíamos


questionar: o que está implícito nesta construção? Será que, se em
vez de escolhermos os elementos da 1ª linha, tivéssemos escolhido os
elementos da 2ª ou da 3ª linha, ou até mesmo da coluna, o resultado seria
o mesmo? São perguntas coerentes neste momento, não é mesmo?

O fato que envolve as respostas para essas questões é exatamente


o Teorema de Laplace. Antes de enunciarmos tal teorema, é preciso
definir alguns objetos que aparecem de forma natural na construção
anterior, por exemplo.

SAIBA MAIS

Pierre Simon, Marquês de Laplace nasceu em Beaumont-en-Auge (França)


no ano de 1799. Faleceu em Paris (França) no ano de 1827. Foi matemático,
astrônomo e físico. Um dos seus maiores feitos baseia-se na organização
da astronomia matemática, sumarizando e ampliando o trabalho de seus
predecessores nos cincos volumes do seu Mécanique céleste (Mecânica
celeste). Tal obra-prima traduziu o estudo geométrico da mecânica clássica
usada por Isaac Newton para um estudo baseado em cálculo, conhecido
como mecânica física.

Fonte: Disponível em:<http://scienceworld.wolfram.com/biography/Laplace.html>.


Acesso em: 4 jun, 2010.

Você deve ter percebido, no exemplo anterior, que apareceram três


determinantes de ordem 2, obtidos da matriz inicial A, eliminando, neste
caso propriamente dito, a linha 1, e as colunas 1,2 e 3 respectivamente.
Cada um desses determinantes é chamado de menor complementar do
elemento aij , que denotaremos aqui por Dij , isto é, Dij é o determinante
da matriz resultante de A eliminando a linha i e a coluna j.

1 2 3 
 
Assim, tal definição aplicada à matriz A =  4 5 6  do exemplo anterior
nos daria: 7 8 9
 
UNIUBE 129

a11 = 1 = o menor completar de a11 = 1 será o determinante


5 6
D11 = .
8 9

a12 = 2 = o menor completar de a12 = 2 será o determinante


4 6
D12 =
7 9

a13 = 3 = o menor complementar de a13 = 3 será o determinante


4 5
D13 =
7 8

De forma análoga, poderíamos determinar o menor complementar


para os outros seis termos da matriz A, embora, no caso do cálculo do
determinante, necessitamos apenas dos menores complementares dos
termos de uma das filas A, ou seja, dos menores complementares dos
termos de uma das suas linhas ou de suas colunas.

Ainda observando o exemplo anterior, perceba que aparece de forma


natural o sinal de menos (-), juntamente com o menor complementar
do elemento a12 . Na realidade, o que ocorre em cada um dos menores
complementares encontrados é o aparecimento natural do termo ( −1)
i+ j

juntamente com estes, ou seja, para cada aij , aparece ( −1) Dij , e este
i+ j

termo que denotaremos aqui por Aij (no caso da matriz A) é chamado
de cofator ou complementar algébrico do termo aij , ou seja, para o
exemplo anterior, temos:
5 6
Para a11 = 1 => O cofator de a11 = 1 será ( −1)
1+1
D11 =
D11 = .
8 9

4 6
Para a12 = 2 => O cofator de a12 = 2 será ( −1)
1+ 2
D12 =
D12 =
− .
7 9

4 5
Para a13 = 3 => O cofator de a13 = 3 será ( −1)
1+ 3
D13 =
D13 = .
7 8
130 UNIUBE

Em resumo, dada uma matriz quadrada A = ( aij )n×n , temos as seguintes


definições:

• Menor complementar de aij é o determinante da matriz que


obtemos eliminando a i-ésima linha e a j­-ésima coluna de A.
Notação: Dij .
• Complemento algébrico ou cofator do elemento aij será igual
ao número ( −1)
i+ j
Dij , em que Dij é o menor completar de aij .
Notação: Aij .

De posse de tais definições e construções, poderíamos ter escrito, no


 a11 a12 a13 
 
caso do determinante da matriz A =  a21 a22 a23  , seu determinante a
a a a 
 31 32 33 
partir da 1ª linha como sendo: det A = a11 A11 + a12 A12 + a13 A13. Ao fazermos
a construção inicial de colocar os termos da 1ª linha em evidência,
poderíamos ter colocado os termos da 2ª ou da 3ª linha em evidência,
como poderíamos ter usado inclusive os elementos de algumas de suas
três colunas. Tal fato nos sugere o seguinte teorema, conhecido como
Teorema de Laplace ou Desenvolvimento do determinante segundo
os elementos de uma linha ou coluna:

IMPORTANTE!

Teorema de Laplace – O determinante de uma matriz M de ordem n ≥ 2 é


a soma dos produtos dos elementos de uma fila qualquer (linha ou coluna)
pelos seus respectivos cofatores.

Nossa intenção não é nos aprofundar nas demonstrações que permeiam


as construções e resultados aqui apresentados, mas aplicá-los, bem
como manipulá-los de forma correta e prática. Pensando por este
ângulo, será omitida aqui a demonstração deste teorema no caso geral,
lembrando que para n = 3 , tal demonstração foi abordada anteriormente.
Um exercício bem simples e interessante é pensar no caso n = 2 .
UNIUBE 131

Vejamos, na prática, como aplicamos o Teorema de Laplace!

• Cálculo do determinante de uma matriz de ordem 4

Calculemos juntos o determinante da matriz abaixo, segundo os


elementos de sua terceira coluna.
1 2 0 2
 
2 1 2 −2 
A=
0 3 6 0
 
 −1 0 0 4

Façamos tal construção em etapas.

1ª Etapa

Identificar os elementos da 3ª coluna:

=a13 0;=
a23 2;=
a33 6;=
a43 0

Nesta etapa, escolhemos os termos da 3ª coluna, pois, no enunciado


do problema, foi pedido para desenvolvermos tal determinante por esta
coluna, mas na prática, caso o problema não exija uma fila (coluna
ou linha) específica, a melhor escolha compreende aquela em que se
concentram o maior número de zeros, já que estes serão posteriormente
multiplicados pelos seus respectivos cofatores.

2ª Etapa

Determinação dos cofatores de cada elemento escolhido na etapa 1.

2 1 -2
Para a13 = 0 => O cafator de a13 = 0 , será ( −1)
1+ 3
D13 =
D13 =0 3 0.
-1 0 4

1 2 2
a = 2 a = 2 , será ( −1) D23 =
2+3
Para 23 => O cafator de 23 − D23 =
− 0 3 0.
−1 0 4
132 UNIUBE

1 2 2
Para a33 = 6 => O cafator de a33 = 6 será ( −1)
3+ 3
D33 =
D33 =2 1 -2 .
-1 0 4

1 2 2
Para a43 = 0 => O cafator de a43 = 0 será ( −1)
2+3
D23 =
− D23 =
− 0 3 0.
−1 0 4

Como precisamos calcular os três determinantes acima, é conveniente


usar o método mais simples para tais cálculos. Como tais matrizes são
de ordem 3, sugiro a regra de Sarrus. Omitiremos aqui tais cálculos. Caso
não se lembre, reveja como procedemos anteriormente no cálculo dos
mesmos, utilizando a regra citada.

3ª Etapa
Cálculo dos cofatores determinantes na etapa 2.
2 1 -2
( −1) D13 =
1+ 3
O cofator de a13 = 0 será A13 = 0 3 0= 18 .
-1 0 4

1 12 22 2 1 2 2
(=
−(1−) 1) D23D23( −=01)03 D
2 + 32 + 3 2+3
O cofator de a23 = 2 será A23A23
= = 3023 0=D18
==
−= −2318 . 0 3 0
-1 -10 04 4 -1 0 4
1 2 2
( −1) D33 =
3+ 3
O cofator de a33 = 6 será A33 = 2 1 -2 =
−6 .
-1 0 4

1 12 22 2 1 2 2
43 (=
−1( −
) 1) D D=
( −=
21)21 D
4+3 4+3 2+3
O cofator de a43 = 0 será A43A= 43 43 1-223-2
=
==−D
18
= −18 . 0 3 0
23

0 03 30 0 -1 0 4
4ª Etapa

Cálculo do determinante pelo Teorema de Laplace.


det A = a13 A13 + a23 A23 + a33 A33 + a43 A43 =
=0 ⋅ 18 + 2 ⋅ ( −18 ) + 6 ⋅ ( −6 ) + 0 ⋅ ( −18 ) =−36 − 36 =−72
UNIUBE 133

AGORA É A SUA VEZ

Agora, pratique um pouco. Faça as atividades propostas a seguir:

Atividade 3
2 -1 2 0
 
0 2 1 2
Considerando a matriz A =  , faça o que se pede:
3 1 4 0
 
2 -1 1 1
a) Calcule os cofatores dos termos da 4ª coluna da matriz A;

b) Utilizando os resultados obtidos na letra (a), juntamente como o Teorema


de Laplace, calcule o det A.

Atividade 4

Calcule o determinante das matrizes a seguir:

 4 -2 2 1 1 1 3 1 
   
-1 3 0 2 2 1 2 3
a) A =  b) A = 
 0 2 1 0 3 2 2 2
   
 -3 1 -1 2 1 3 3 1

Atividade 5

a 1 1 1
0 a 1 1
Calcule os valores de a para que = 1.
0 0 a -1
1 1 a 0

Retornando ao estudo dos determinantes, podemos, por meio do


Teorema de Laplace, verificar algumas propriedades envolvendo os
determinantes. Pontuaremos algumas. Para facilitar a compreensão,
veremos primeiramente um exemplo e, após o exemplo, o enunciado
da propriedade.
134 UNIUBE

4.2 Propriedades de um determinante

Veja com muita atenção o exemplo proposto a seguir:


Exemplo:
Relação do determinante de uma matriz e do determinante de sua
transposta
 1 2 0 2
 
 2 1 2 -2 
Considere a matriz A = , dada anteriormente. Obtivemos,
 0 3 6 0
 
 -1 0 0 4 
dos cálculos anteriores, que det A = −72 .

Considere,
 1 2 agora,
0 −1 a matriz transposta de A, isto é, a matriz
 
t  12 12 03 −21 
A =
 02 12 63 −02 
t 
A =  . Desenvolvendo seu determinante pela 4ª coluna,
 02 −22 60 04 
 
 2 −2 0 4 
temos:

2 1 3 1 2 0 1 2 0
det A =−1 ⋅ ( −1) ⋅ 0 2 6 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 0 2 6 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 1 3 +
t 1+ 4 2+ 4 3+ 4

2 -2 0 2 -2 0 2 -2 0
1 2 0
+ 4 ⋅ ( −1) ⋅ 2 1 3 =1 ⋅ 24 + 4 ⋅ ( −24 ) =−72
4+ 4

0 2 6

Comparando os dois resultados, vemos que os determinantes são iguais.


E, assim, tal construção sugere a seguinte propriedade:

Propriedade 1

Dada uma matriz quadrada A temos que det A=det At .

Dando sequência às propriedades, vejamos uma outra situação


envolvendo matrizes especiais juntamente com seus determinantes.
UNIUBE 135

Exemplo:

Determinante de uma matriz que possui uma linha e/ou coluna nula.
1 2 0 2 
 
 2 1 2 -2 
Considere a matriz A = . Temos, claramente, que sua 4ª
0 3 6 0
 
0 0 0 0
linha é nula. Podemos desenvolver seu determinante, considerando esta
linha.

2 0 2 1 0 2 1 2 2
det A = 0 ⋅ ( −1) ⋅ 1 2 -2 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 2 -2 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 1 -2 +
4 +1 4+ 2 4+3

3 6 0 0 6 0 0 3 0
1 2 0
+ 0 ⋅ ( −1)
4+ 4
⋅ 2 1 2 = 0+0+0+0 = 0
0 3 6

Tal fato nos sugere na seguinte propriedade:

Propriedade 2

Considere uma matriz quadrada A, que possua uma linha nula, ou uma
coluna nula. Nestas condições, det A=0.

Vejamos mais um exemplo envolvendo propriedades relacionadas aos


determinantes.

Exemplo:

Multiplicação de uma linha ou coluna por uma constante K.


Neste caso, gostaríamos de saber como o processo algébrico de
multiplicar uma linha ou uma coluna por uma constante reflete sobre
1 2 0 2
 
2 1 2 -2 
seu determinante. Assim, considere a matriz A = 
 0 3 6 0
 
 -1 0 0 4  ..
136 UNIUBE

Se multiplicarmos a sua 4ª linha pela constante k=10, qual será o


determinante desta matriz resultante?

Sabemos, de cálculos anteriores, que det A = -72.

Considere agora a matriz Ã, sendo a matriz A, cuja 4ª linha foi multiplicada


 1 2 0 2   1 2 0 2 
   
2 1 2 2 
por
= 10, ou seja, 
à =  2 1 2 -2 
,
 0 3 6 0   0 3 6 0
   
 10 ⋅ ( −1) 10 ⋅ 0 10 ⋅ 0 10 ⋅ 4   -10 0 0 40 

desenvolvendo seu determinante, pela 4ª linha, por exemplo, temos:

2 0 2 1 0 2 1 2 2
det à = ( −10 ) ⋅ ( −1) ⋅ 1 2 -2 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 2 -2 + 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 1 -2 +
4 +1 4+ 2 4+3

3 6 0 0 6 0 0 3 0
1 2 0
+ 40 ⋅ ( −1) ⋅ 2 1 2 =10 ⋅ 24 + 0 + 0 + 40 ⋅ ( −24 ) =−720
4+ 4

0 3 6

Que é exatamente o valor do det A multiplicado pela constante k = 10,


ou seja, det à = 10.det A. Assim, tal construção nos sugere a seguinte
propriedade:

Propriedade 3

Dadas as matrizes quadradas A e Ã, tais que, Ã é a matriz A, com


uma, e somente uma, de suas linhas ou de suas colunas previamente
multiplicada por uma constante k. Assim, temos que det à = k.det A.

Veremos, agora, uma propriedade que relaciona o determinante de uma


matriz com a matriz determinada efetuando uma troca de linhas ou de
colunas. Mais especificamente neste caso, a pergunta será: o que ocorre
com o determinante de uma matriz ao permutar (trocar) duas linhas ou
duas colunas entre si? Ou, ainda, e se, em vez de efetuarmos uma troca,
efetuarmos um número par de inversões? E se este número for ímpar?
UNIUBE 137

Seguindo nossa estratégia de abordagem, procuraremos responder a


tais perguntas utilizando exemplos. Assim, vamos lá.

Exemplo:

Permutação de linhas ou de colunas

1 2 0 2
 
2 1 2 -2 
Considere, ainda aqui, a matriz à =  ¨. Construímos, a partir
 0 3 6 0
 
 -1 0 0 4

1 0 2 2
 
destas, a seguinte matriz 
A = 2 2 1 −2 
, obtida de A, trocando entre
0 6 3 0
 
 −1 0 0 4
si sua 2ª coluna pela 3ª coluna.

Sabemos de cálculos anteriores que det A = -72, calculemos agora o det Ã.

Como a linha que contém o maior número de zeros é a 4ª,


desenvolveremos tal determinante por esta linha. Assim, teremos:

+ a A += (44−A143
−1)44)⋅ A
det à = a41 Ã
A +aa4142AA ⋅=A(41−+1)0⋅⋅AA4142++00⋅ ⋅AA4243++04⋅ ⋅AA4344+=4 ⋅ A44 =
det à = det
a41 A4141= + a42 A414242++aa424343AA424343+=a(43 41 + 0 ⋅ A42 + 0 ⋅ A43 + 4 ⋅ A44 =
0 2 2 1 0 2
0 2 4+120 2 2 4×41 0 4×42 1 0 2
= ((−1))⋅ (=(−(1−))1) ⋅2( −11) -2 2+ 41⋅ (-2
= −1 ⋅ −14+1 2 1 -2 + 4 ⋅ ( −1+)4×44 ⋅ (2−1)2 12 = 12⋅ ( 1−24
−1) 2 2 1 = 1 ⋅ ( −24=)1)+⋅ (4−⋅24
+ 4 ⋅ ( 24
( 24) +))=4=72
( 24 ) = 72
4 +1
⋅72
6 3 0 0 6 3
6 3 06 3 0 0 6 30 6 3

Interessante, não é mesmo?

Verifique, trocando duas filas entre si (no caso anterior, colunas), ocorre
uma inversão de sinal no determinante, ou seja, det à = - det A.

Mas, e se as trocas fosses duas?


138 UNIUBE

Poderíamos analisar isto da seguinte forma, veja:

 1 2 0 2 1 2 0 2  1 0 2 2 1 0 2 2
     
2 1 2 -2 
 2 1 2 -2  Troca 2 2 1 -2   2 2 1 -2 
pela
da 2ª Troca
Coluna da
pela 2ª
3ª Coluna
coluna 3ª coluna
0 3 6 0  
 0 3 6 0    0 6 3 0  0 6 3 0
     
-1 0 0 4   -1 0 0 4 
  -1 0 0 4   -1 0 0 4 
    
A A Ã Ã

 1 2 0 2   11 20 20 2   1 0 2 2 0 1 2 2
   2 2 1 −2   
 2 1 2 -2A = Troca
2 1 2 -2   2 2 1 -2   2 2 1 -2 
da 2ª Coluna
Trocapela 3ª Coluna
da 1ª coluna pela 2ª coluna
 0 3 6 0  
00 63 36 00  
 0 6 3 0  6 0 3 0
     
-1 0 0 4   -1
 −1 0 00 44   -1 0 0 4   0 -1 0 4 
    
A Ã Ã B

E, assim, na sequência de operações, temos:

det à = -det A e det B = -det à → det B = -(-det A)=det A.

Ou seja, duas trocas de colunas (ou linhas) não alterarão o valor do


determinante da matriz. Assim, usando, por exemplo, o Método de
Indução Matemática, pode-se concluir a seguinte propriedade:

Propriedade 4

Dadas as matrizes quadradas A e Ã, tais que, Ã é a matriz A obtida por


meio de trocas duas a duas, de suas linhas ou de suas colunas. Nestas
condições, temos que:

Número de trocas par => Não altera o determinante da matriz.

Número de trocas ímpar => Altera o sinal do determinante de uma matriz .

Outra propriedade que vamos abordar aqui é a relação do determinante


de uma matriz que possui duas linhas ou duas colunas iguais. Para isto,
resolva a seguinte atividade.
UNIUBE 139

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 6

Para cada passo a seguir, faça o que se pede:

Passo 1 – Escolha uma matriz quadrada A qualquer de ordem 3, que possua


duas linhas iguais ou duas colunas iguais.

Passo 2 – Construa a matriz à partindo da matriz A do passo 1, trocando de


posição as duas linhas iguais ou as duas colunas iguais.

Passo 3 – Usando a propriedade 4, dada anteriormente, já que houve uma


inversão de linhas ou de colunas, você pode concluir que detà = ________.

Passo 4 – Mas, por outro lado, A e à são iguais, sendo assim o


detà = _______.

Passo 5 – Usando o resultado obtido no passo 3, juntamente com o resultado


obtido no passo 4, temos que 2. Det A = _______.

Passo 6 – Portanto, o det A, nestas condições, será igual a _______.

Paso 7 – Enuncie, com suas palavras, a Propriedade 5.

Agora, é hora de aplicar um pouco toda esta teoria abordada aqui. Este
é um bom caminho para uma boa aprendizagem.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 7

Calcule os determinantes a seguir, utilizando as propriedades vistas


anteriormente:

2x 4 4 4 3y2 2
a) x 4 1 b) 2 y y 3 y
3x 6 2 4 y2 2
140 UNIUBE

1 14 15 0 15 8 7
2 1 2 1 2 13 16 0 16 9 6
3 12 17 0 17 10 5
c) -2 2 3 -1 d)
4 3 5 2 4 11 18 0 18 11 4
6 7 6 3 5 10 19 0 19 12 3
6 9 20 0 20 13 2
7 8 21 0 21 14 1
Atividade 8

Sabendo que a matriz A é de ordem 3 e que det A = 5, calcule o valor de x,


para que det(2A) = x-3

Atividade 9

12 -1 -6 0   6 -1 1 2
   
 -2 5 2 3   -2 3 1 4
=
Dadas as matrizes A = eB ,
 4 7 0 8  0 1 1 -8 
   
 0 6 0 21 1 5 1 7
calcule det A + det B – det At – det Bt.

Atividade 10
0 1 2 3
0 1 2 0
Resolva a equação = 54
0 1 0 0
x2 1 0 0
.

Com relação às propriedades envolvendo os determinantes, é importante


ressaltar que existem outras, bem como outros métodos para o cálculo
dos mesmos, como é o caso do Teorema de Jacobi e da Regra de
Chió. Mas não serão tratadas aqui estas abordagens, pois o nosso intuito
principal é o das construções necessárias para aplicações em unidades
de conteúdos futuros, e tais abordagens, vistas até o presente momento,
são suficientes para isto. Mas, antes de passarmos para o nosso próximo
tema, vejamos a última propriedade dos determinantes:
UNIUBE 141

SAIBA MAIS

Carl Gustav Jakob Jacobi nasceu em Potsdam (Alemanha) no ano de


1804 e faleceu em Berlim (Alemanha) no ano de 1851. Foi um brilhante
matemático, seus trabalhos abrangem várias áreas, tais como a aplicação
das funções elípticas relacionadas à Teoria dos Números, e também atuou
em aplicações na área de equações diferenciais. Contribuiu também nos
estudos dos determinantes.

Fonte: Disponível em: <http://scienceworld.wolfram.com/bigraphy/JAcobi.htm>.


Acesso em: 4 jun. 2010.

Propriedade 6

Dadas as matrizes quadradas A e B, de mesma ordem, temos que


det (A . B)= det A . det B. Em outras palavras, o determinante da matriz
produto será igual ao produto dos respectivos determinantes.

Observação: Esta propriedade também é conhecida como Teorema de


Binet.

SAIBA MAIS

Jacques Philippe Marie Binet nasceu em Rennes (França) no ano de


1786 e faleceu em Paris (França) no ano de 1856. Dentre algumas de
suas contribuições como matemático, atuou na área da teoria de Matrizes,
principalmente na fundamentação desta. Também contribuiu na área de
Teoria dos Números em que formulou os famosos Números de Fibonacci.
142 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Comprovemos a validade da mesma, resolvendo a seguinte atividade:

Atividade 11
 -2 -3 5   2 1 -2 
   
=
Considere as matrizes A = 4 -1 1  e B 1 2 1  . Faça o que se
 5 -2 3   7 3 5
   
pede em cada passo:

Passo 1 - Obtenha a matriz produto A.B;

Passo 2 – Calcule det(A.B);

Passo 3 – Calcule detA;

Passo 4 – Calcule detB;

Passo 5 – Calcule detA . detB e compare com o determinante obtido no


Passo 2.

Provavelmente você observou que os valores dos determinantes det(A.B) e


de detA . detB são iguais, comprovando, assim, a validade da propriedade
para este caso específico. Sendo assim, utilizando as propriedades vistas,
faça as atividades seguintes:

Atividade 12

Sabendo que detA = 5 e que det(AB) = -125, calcule o detB.

Atividade 13

Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Sabendo que detA . detAt = 121
calcule o detA.
UNIUBE 143

RELEMBRANDO

Lembre-se, matrizes singulares são matrizes quadradas não inversíveis.

Anteriormente, foi abordada a relação entre matrizes singulares e seus


determinantes, não é mesmo? Mais especificamente, você verificou
que matrizes cujos determinantes eram iguais a 0 (zero), não eram
inversíveis, ou seja, eram singulares.

Com base na propriedade 6, observamos isso claramente. Veja:


Seja A uma matriz quadrada de ordem n e A-1 sua inversa. Nestas
condições, temos A.A-1=I , em que I é a matriz identidade (ou unidade)
de ordem n.

Desta forma, teremos det(A.A-1)=detI -> detA . det(A-1) = det I. Por meio de
alguns cálculos relativamente simples (se preciso for, utilize em particular
a matriz identidade de ordem 3, por exemplo), verifica-se que detI =1. E
1
voltando na última equação obtida, temos: det ( A−1 ) = . Ou seja, se
det A
1
existir a matriz inversa de A, seu determinante será igual a . Como
det A
sabemos, não podemos ter uma divisão por 0 (zero), necessariamente
o det A ≠ 0 , este fato justifica a existência ou não da matriz inversa. Em
resumo, temos:
det A = 0 => A é uma matriz singular, ou seja, não possui inversa;
det A ≠ 0 => A é uma matriz não singular, ou seja, possui inversa.

AGORA É A SUA VEZ

Utilizando a construção anterior, resolva a seguinte atividade:

Atividade 14

Determine se as matrizes, a seguir, são inversíveis:


144 UNIUBE

1 2 3  2 2 -4 
a) A =  0 1 2  b) B = 1 5 2 
   
 2 −3 1   3 7 -2 
   

1 0 1 0 
  1 6 
3 5 -1 4
c) C =  d) D =  
 -2 4 2 2  2 4
 
 0 0 2 0

Resumo

Abordamos aqui os conceitos fundamentais da teoria sobre os


determinantes. Dentre tais conceitos, vimos que:

• Dada uma matriz quadrada A de ordem n, se:


n= ( a11 )1×1 → det A =A =
1, A = a11 ;

( 4 )1×1 → det A =−4 =−4


Exemplo: A =−
 a11 a12  a11 a12
n =2, A =  → det A = =a11a22 − a12 a21 ;.
 a21 a22 2 2 a21 a22

Exemplo:
 2 -1  2 -1
A =  → det A = =2 ⋅ ( −5 ) − ( −1) ⋅17 =−10 + 17 =7
17 -5  2×2 17 -5
 a11 a12 a13  a11 a12 a13
 
n =3, A = a21 a22 a23  → det A =a21 a22 a23 =
a a a  a31 a32 a33
 31 32 33  2×2
= a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 − a13 ⋅ a22 ⋅ a31 − a12 ⋅ a21 ⋅ a33 − a11 ⋅ a23 ⋅ a32 ;

Onde tal fórmula ser obtida por meio da Regra de Sarrus.


UNIUBE 145

Exemplo:

1 0 5
det A = A = -2 -1 7 = 15 − 14 + 0 − 1 − 0 − 20 = 15 − 14 − 1 − 20 = −20,
3 2 1

obtido pela Regra de Sarrus, de acordo com o esquema:

1 0 5 1 0
-2 -1 7 -2 -1
3 2 1 3 2

-(-15) -(14) 0 -1 0 -20

Se n>3, o método que utilizamos é o Teorema de Laplace, que nos diz:

“O determinante de uma matriz M de ordem n ≥ 2 (e, consequentemente,


válido para n>3) é a soma dos produtos dos elementos de uma fila
qualquer (linha ou coluna) pelo seus respectivos cofatores.”

Exemplo:
1 2 0 2
 
2 1 2 -2 
Considere a matriz A =  , assim temos que:
 0 3 6 0
 
 -1 0 0 4

escolhendo a 3ª coluna, para o desenvolvimento e aplicação do Teorema,


obtemos:
1 2 0 2
2 1 2 -2
det A = = 0 ⋅ A13 + 2 ⋅ A23 + 6 ⋅ A33 + 0 ⋅ A43 =
0 3 6 0
-1 0 0 4
=0 ⋅18 + 2 ⋅ ( −18 ) + 6 ⋅ ( −6 ) + 0 ⋅ ( −18 ) =−36 − 36 =−72

Já que:
146 UNIUBE

2 1 −2
( −1) D13 =
1+ 3
• o cofator de a13 = 0 , será A13 = 0 3 0 =18
−1 0 4

1 2 2
( −1) D23 =
2+3
• o cofator de a23 = 1 , será A23 = − 0 3 0 =−18
−1 0 4

1 2 2
( −1) D33 =
3+ 3
• o cofator de a33 = 6 , será A33 = 2 1 -2 =
−6.
-1 0 4

1 12 2 2 2 1 2 2
( −(1−)1) ADD=
(=
−21)2 1 1D
4 + 34 + 32+3
• o cofator de a43 = 0 , será A43A43=
= = -223-2=
2343 43 −18.
=
=0−18.3 0 =
−18
0 0 3 3 0 0 −1 0 4

Também foi analisado, por meio da propriedade det(A.B)=detA . detB.,


que uma matriz quadrada de A é inversível se, e somente se, det A ≠ 0 ,
já que, se o detA = 0, com A.A-1=I, teríamos :
det(A.A-1)=detI -> det A. det A-1 = detI -> 0. det A-1=1 => 0=1, que nos dá
claramente um absurdo matemático, uma contradição! Portanto, se existir
A-1, então det A ≠ 0 .

Referências
IEZZI, Gelson; HAZZAN, Samuel. Sistemas lineares. In:_____. Fundamentos de
matemática elementar: sequências, matrizes, determinantes, sistemas. 6. Ed. São
Paulo: Atual, 1995.

KOLMAN, Bernard; HILL, David R. Equações lineares e sistemas. In: _____.


Introdução à álgebra linear com aplicações. 8. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

POOLE, David. Sistemas de equações lineares. In: _____. Álgebra linear. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
Capítulo
Sistemas de equações
lineares: definições,
5
métodos de resolubilidade
e aplicações
Júlio Cesar de Jesus Onofre

Introdução
Neste capítulo, continuaremos nossa abordagem relacionada à
álgebra matricial e, consequentemente, aos conceitos-base da
álgebra linear. Em particular, trataremos dos sistemas de equações
lineares e de alguns métodos de sua resolubilidade. Dentre os
métodos, serão abordados os de escalonamento e a regra de
Cramer. Métodos estes muito aplicados nos estudos referentes ao
tema e tratados aqui por meio de objetos de seu conhecimento, tais
como as matrizes e suas operações, bem como os determinantes.

Objetivos
Ao final deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• Verificar quando uma determinada equação é linear ou não.


• Determinar quando um conjunto de números é uma solução
de sistema de equações lineares.
• Relacionar a abordagem de sistemas de equações lineares
com conceitos vistos nas unidades anteriores, como é o
caso de matrizes e de determinantes.
• Aplicar os métodos de escalonamento e a regra de Cramer
para determinar soluções de sistemas lineares.
• Conceituar e determinar soluções referentes aos sistemas
de equações lineares homogêneos.
148 UNIUBE

• Analisar e resolver situações-problema diversas envolvendo


sistemas de equações lineares.

Esquema
5.1 Equações Lineares
5.2 Sistemas de Equações Lineares
5.3 Regra de Cramer
5.4 Sistemas Equivalentes
5.5 Operações Elementares
5.6 Sistemas Escalonados
5.7 Aplicações Relacionadas a Sistemas Lineares
5.8 Sistemas Lineares Homogêneos

5.1 Equações lineares

Primeiramente, você sabe o que é uma equação linear?

Pois bem, de um modo geral, temos a seguinte definição:

IMPORTANTE!

Equação linear é toda equação da forma a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 + ... + an xx = b


em que a1 , a2 , a3 ,..., an são números reais, que recebem o nome de
coeficientes das incógnitas x1 , x2 , x3 ,..., xn , e b é um número real chamado
de termo independente.

Veja, a seguir, alguns exemplos de equações lineares:

Exemplo 1: 3 x + 5 z − 4 y =
10

Exemplo 2: −5t + 6 g − 5h =−5 − 2 z


UNIUBE 149

Você deve perceber que o Exemplo 1 trata-se de uma equação linear, pois
os coeficientes 3,5, e -4 são números reais e referem-se respectivamente
às incógnitas x,z e y, cujo termo independente é o número real 10. Já o
Exemplo 2, antes de identificarmos seus coeficientes, suas incógnitas e
seu termo independente, necessitará de uma transformação algébrica.

Veja:

−5t + 6 g − 5h =−5 − 2 z → −5t + 6 g − 5h + 2 z =−5

E, assim, seus coeficientes serão -5, 6, -5 e 2, com respectivos incógnitas


t,g,h e z, termo independete -5.

Observe, agora, algumas equações que não são lineares.

Exemplo 1: sx − 3 z + 3 x =
5

Exemplo 2: j 2 − 5r = 6t − 6

Exemplo 3: h − 3d =
−4 f + 8

Nesses casos, o Exemplo 1 não será uma equação linear, pois o


coeficiente da incógnita x (ou incógnita s) é igual a s (ou x), ou seja, não
é necessariamente um número real. Já o Exemplo 2 não é uma equação
linear, pois a incógnita j está elevada à potência 2 e, pela definição dada
anteriormente, todas as potências das incógnitas devem ser iguais a 1
1
e, no Exemplo 3, podemos pensar na potência da incógnita h sendo , ou
2
seja ( h =h
1
2
) e pelo motivo do Exemplo 2, esta também é não linear.
PARADA PARA REFLEXÃO

Será que você conseguiria exemplificar uma equação linear e uma não-linear
neste momento? Certamente sim, não é mesmo? Procure então estabelecer
algumas equações lineares e não lineares diferenciando-as e justificando a
linearidade e a não-linearidade de cada uma delas.
150 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 1

Determine duas soluções para a equação linear x + 2 y + 3 z =


1

Agora, vejamos o que é um sistema de equações lineares (ou


simplesmente sistema linear), objeto principal de estudo desta unidade.

5.2 Sistemas de equações lineares

Sistemas de equações lineares, ou simplesmente sistemas lineares,


são um conjunto de equações lineares, ou seja, é a reunião de duas ou
mais equações lineares. Logo, sua representação geral pode ser dada
da seguinte forma:
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1
a x + a x + a x + ... + a x = b2
 21 1 22 2 23 3 2n n

    
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + ... + amn xn =bm

Neste caso, temos um sistema de equações lineares de m equações


e n incógnitas, já que, para cada um dos m termos independentes,
b1 , b2 ,..., bm , temos uma equação e para cada equação temos
incógnitas x1 , x2 ,, xn .

A solução de um sistema linear é a n-dupla ordenada de números reais


( r1 , r2 , r3 ..., rn ) , que é, simultaneamente, solução de todas as equações
do sistema.

Podemos relacionar um sistema de equações lineares por meio de uma


equação matricial da seguinte forma:
UNIUBE 151

 a11 a12 ... a1n   x1  b1 


a 
a22 ... a 2 n    b 
 21  x2   2 
Considere as matrizes A =  a31 a32 ... a 3n , X =  x3  e matriz B = b3 
     
... ... ... ...  ...  ... 
a 
am 2 ... a mn  x  b 
 m1  n   m 
Nessas condições, resolver o sistema de equações lineares apresentado
se reduziria à resolução da equação matricial AX = B , fato este que
poderá ser verificado ao efetuar a multiplicação da matriz A pela matriz
X e igualando o resultado à matriz B .

De fato, observe;

 a11 a12 ... a1n   x1   a11x1 + a12 x 2 + ... + a1n xn 


 a22 ... a 2 n   x2   a x + a x + ... + a x 
 a21  21 1 22 2 2n n 

A =  a31 a32 ... a 3n  ⋅  x3  =  a31x1 + a32 x 2 + ... + a 3n xn 


     
... ... ... ...  ...   ... 
a am 2 ... a mn   xn   a x + a x + ... + a x 
 m1  m1 1 m 2 2 mn n 

E usando a igualdade de matrizes, obtemos equivalentemente o sistema


inicial:
 a11x1 + a12 x 2 + ... + a1n xn  b1 
 a x + a x + ... + a x   
 21 1 22 2 2n n  b2 
Como A ⋅ X = B , temos que =
A  a31x1 + a32 x 2 + ... + a 3n xn=  b3  .
   
 ...  ... 
 a x + a x + ... + a x  b 
 m1 1 m 2 2 mn n   m 
E usando a igualdade de matrizes, obtemos equivalentemente o sistema
inicial:

a11x1 + a12 x 2 + a13 x 3 + ... + a1n xn = b1


a x + a x + a x + ... + a x = b2
 21 1 22 2 23 3 2n n

     
am1x1 + am 2 x 2 + am 3 x 3 + ... + a mn xn = bm

Vejamos alguns exemplos de sistemas lineares e de soluções de


sistemas lineares.
152 UNIUBE

Exemplo 1:
x + y = 7
Considere o sistema de equação linear  . Pode-se perceber
2 x + 5 y =32
que o par ordenado (1,6) é a solução para o sistema, já que:
1+ 6 = 7
2 ⋅1 + 5 ⋅ 6 = 2 + 30 = 32

Poderíamos pensar nessa situação por outro aspecto, que é o seguinte:


se procuramos os valores que satisfaçam simultaneamente às equações
de reta x += 5 y 32 , que queríamos seria a determinação do
y 7 e 2 x +=
ponto de interseção de ambas retas, e assim poderíamos utilizar qualquer
meio algébrico para determinar tal ponto.

Observe graficamente este fato:

Exemplo 2:
x + y + z = 3

Considere o sistema de equações lineares 2 x + 3 y − 5 z =
0
2 x + 2 y + 2 z =
40

UNIUBE 153

A terna ordenada (1,1,1) não é solução do sistema, já que os valores


de =x 1,= z 1 não satisfazem a todas as três equações. De fato,
y 1,=
vejamos:

1 + 1 + 1 =3
2 ⋅1 + 3 ⋅1 − 5 ⋅1 =0
2 ⋅1 + 2 ⋅1 + 2 ⋅1 = 6 ≠ 40

Logo, o ponto dado não será uma solução para o sistema. Mas será
que o mesmo possui solução? Pensando a priori, geometricamente, no
problema, podemos chegar a uma conclusão sobre este fato:

Vejamos:

Temos dois planos paralelos não-coincidentes, o que nos leva a


concluir que o sistema é impossível, isto é, mais do que concluir que
o ponto (1,1,1) não é solução do sistema, poderíamos concluir, pela
representação gráfica anterior, que o mesmo não possui solução. Fato
este que poderia ser justificado também algebricamente, verificando
apenas a inexistência de (x,y,z) que se comprove simultaneamente nas
equações x + y = 2 z 40 .
+ z 3 e 2 x + 2 y +=

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 2

Considere o sistema de equações lineares:


2 x + 3 y − z =0

x − 2 y + z = 5
− x + y + z =−2

154 UNIUBE

Nessas condições, faça o que se pede:

a) verifique se a terna ordenada (2,-1,1) é uma solução do sistema;


b) verifique se a terna ordenada (0,0,0) é uma solução do sistema.

Dentre os vários tipos de sistemas de equações lineares, podemos


destacar os sistemas cujos números de equações são iguais ao número
de incógnitas e cuja matriz A , formada pelos seus coeficientes, tenha
determinante diferente de zero. Chamaremos aqui este tipo de sistema
de sistema normal. Assim, temos a seguinte definição:

Sistema normal –­É todo sistema que:

• tem o mesmo número de equações ( m ) e de incógnitas ( n ) ;


• tem o determinante da matriz dos coeficientes associado ao
sistema linear diferente de zero.

Isto é, se m = n e det A ≠ 0 .

Veja, a seguir, por meio de um exemplo, como determinar se um sistema


linear é normal:

x + y = 0

2 x + 3 y − z =2
3 x − z = 4

Para determinar se um sistema é normal, devemos confirmar duas
verdades que são:

1ª) m = n

m =3, n =3 ⇒ m =n , confirmamos a primeira verdade.

1 1 0 
2ª) det A ≠ 0 . Como A =  2 3 -1 , temos:
3 0 -1
UNIUBE 155

1 1 0 
 
det A =  2 3 -1 = −4 que é diferente de 0. Portanto, o sistema é normal.
3 0 -1

Veja, a seguir, um exemplo de um sistema que não é normal:

x + y =3

y + z =5
t + w =
5

PARADA PARA REFLEXÃO

Será que você já sabe por que esse sistema não é normal?

Provavelmente, você percebeu que o número de equações é 3, isto é,


m = 3 e que o número de incógnitas é igual a 5, ou seja, n = 5 , sendo
assim, m ≠ n . Logo, o sistema não é normal.

Falaremos agora da regra de Cramer, que é um dispositivo para o


cálculo de um sistema normal.

SAIBA MAIS

Gabriel Cramer (1704-1752)

Matemático suíço. Foi professor de Matemática e de Filosofia da


Universidade de Genebra. Dedicou especial atenção à teoria das curvas.
Ocupou-se, também, da origem, da forma dos planetas e dos seus
movimentos. É famosa a regra que permite a resolução dos sistemas de
equações lineares que tem o seu nome, a regra de Cramer.

Fonte: Disponível em: <http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/Biographies/


Cramer.html> . Acesso em: 4 jun. 2010.
156 UNIUBE

5.3 Regra de Cramer

Basicamente, essa regra se resume em determinar os valores-solução do


sistema normal, utilizado a seguinte fórmula, envolvendo determinantes:
Dxi
=xi i ∈ {1, 2,3,..., n}
D
Onde n é o número de equações e, consequentemente, de incógnitas
do sistema; D = det A é o determinante da matriz incompleta associada
ao sistema, e Dx1 é o determinante obtido pela substituição na matriz
incompleta, da coluna i pela coluna formada pelos termos independentes.
Entenda matriz incompleta do sistema como a matriz quadrada formada
pelos respectivos coeficientes das incógnitas.

A regra de Cramer é um instrumento importante e simples para a


resolução de sistemas normais. Veja, a seguir, resolução de dois
exemplos.

Exemplo 1 – Resolva o sistema de equações lineares:


2 x + y = 7

2 x − 3 y =3

2 1  x 7
Neste caso, temos
= A  =  , X =  e B  .
 2 -3   y 3
Devemos primeiramente analisar se o sistema é normal. Já que m= n= 2 ,
basta calcular o determinante da matriz A :
2 1
det A = = −8 . Como det A ≠ 0 , temos que o sistema é normal.
2 −3

Agora, aplique a regra Cramer:


2 1
substituindo, na matriz dos coeficientes A =  , a coluna C1 (coluna
2 -3
1) pela coluna formada pelos termos independentes ( B ) , encontramos:
UNIUBE 157

7 1
Dx =
3 -3
Dx = + ( 7 ⋅ −3) − (1 ⋅ 3) ⇒ −21 − 3 = −24

Substituindo, agora, C2 (coluna 2) pela coluna dos termos independentes


( B ) , encontramos:
2 7
Dy =
2 3
Dy =+ ( 2 ⋅ 3) − ( 7 ⋅ 2 ) ⇒ 6 − 14 =−8

Assim:
Dx −24
=x = x= 3
D −8
e

Dy −8
=y = y= 1
D −8
Logo, ( x, y ) = (3,1) é a solução do sistema dado.

Podemos tirar a prova real dos valores encontrados substituindo-os no


sistema. Veja a seguir:
2 x + y = 7

2 x − 3 y =3

6 + 1 =7

6 − 3 =3

2 ( 3) + 1 =7

2 ( 3) − 3 (1) =
3

7 = 7 As duas sentenças matemáticas são válidas.


 Portanto, os valores encontrados formam uma
3 = 3 solução para o sistema.
158 UNIUBE

Exemplo 2 – resolva o sistema de equações lineares abaixo:

x − y + z = 3

2 x + y − z = 0
3 x − y + 2 z = 6

 1 −1 1   x  3
     
Neste caso, temos A
=  2 1 −1 , X=  y  e B= 0 .
 3 −1 2  z 6
     

Como no exemplo anterior, antes de aplicarmos a regra de Cramer,


precisamos verificar se se trata de um sistema normal. Como neste
exemplo m= n= 3 , basta verificarmos se det A ≠ 0 . Assim, temos:

1 -1 1
det A =D = 2 1 -1 =1 ⋅1 ⋅ 2 + ( −1) ⋅ ( −1) ⋅ 3 + 2 ⋅ ( −1) ⋅1 − 1 ⋅1 ⋅ 3 − ( −1) ⋅ ( −1) ⋅
3 -1 2
1 − ( −1) ⋅ 2 ⋅ 2 = 3 ≠ 0

Logo, o sistema é normal.

Agora apliquemos a regra de Cramer:

• para determinar Dx , devemos substituir a primeira coluna pelos


termos independentes:

Dx = + ( ( 0 ⋅1 ⋅ −1) + ( −1 ⋅ −1 ⋅ 6 ) + (1 ⋅ 3 ⋅ −1) ) − ( ( −1 ⋅ 3 ⋅ 2 ) + ( 0 ⋅ −1 ⋅ −1) + (1 ⋅1 ⋅ 6 ) )

3 −1 1
Dx = 0 1 –1 = 3 ⋅1 ⋅ 2 + 0 ⋅ ( −1) ⋅1 + ( −1) ⋅ ( −1) ⋅ 6 − 6 ⋅1 ⋅1 − 0 ⋅ ( −1) ⋅ 2 − ( −1) ⋅ ( −1) ⋅ 3 = 3
6 −1 2

• Para determinar Dy , devemos substituir a segunda coluna pelos


termos independentes.
1 3 1
Dy =2 0 -1 =1 ⋅ 0 ⋅ 2 + 2 ⋅ 6 ⋅1 + 3 ⋅ ( −1) ⋅ 3 − 1 ⋅ 0 ⋅ 3 − 1 ⋅ ( −1) ⋅ 6 − 2 ⋅ 3 ⋅ 2 =−3
3 6 2
UNIUBE 159

Para determinar Dz , devemos substituir a terceira coluna pelos termos


independentes:

11 −−11 33
(11⋅⋅00⋅⋅−1−1)1−−66⋅⋅22⋅⋅((−−11))== 33
Dzz == 22 11 00 == 11⋅⋅11⋅⋅66++22⋅⋅((−−11))⋅⋅33++33⋅⋅((−−11))⋅⋅00−−33⋅⋅11⋅⋅33−−
D
33 −−11 66

Assim, teremos:
Dx 3 D −3 D 3
x= ⇒x= =1 y= y ⇒ y= = −1 z = z ⇒ z = = 1
D 3 D 3 D 3
Logo, ( x, y, z=
) (1, −1,1) é a solução desse sistema.

Tirando a prova real, temos:

x − y + z = 3

2 x + y − z = 0
3 x − y + 2 z = 6

1 − (−1) + 1 =3

2 (1) + ( −1) − 1 =0

3 (1) − ( −1) + 2 (1) =6

1 + 1 + 1 =3

2 − 1 − 1 =0
3 + 1 + 2 =6

3 = 3
 As três sentenças matemáticas são válidas.
0 = 0
6 = 6 Portanto, os valores encontrados são a solução.

Vejamos agora outros conceitos e propriedades envolvendo os sistemas


de equações lineares.
160 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 3

Resolva o sistema de equações lineares abaixo utilizando a regra de Cramer:

x + 2 y − z = 0

3 x − 4 y + 5 z =10
x + y + z = 1

5.4 Sistemas equivalentes

Dando sequência ao nosso estudo de sistema de equações lineares,


gostaríamos de convidá-lo a investigar os sistemas I e II:

 x+ y+z = 6

( I ) 2 x − y + 3z =9
 x − y + 2z = 5

− x − y + 5 z =12

( II )  2 x + 2 y + z =9
 x − 2y + z = 5

Ao encontrar suas soluções, utilizando, por exemplo, a regra de


Cramer apresentada anteriormente, temos os valores=x 1;= y 2;=z 3
como solução do sistema I. E, como solução do sistema II, os valores
x 1;=
= y 2;= z 3.

IMPORTANTE!

Isso mesmo! Ambos os sistemas têm o mesmo conjunto-solução. Portanto,


esta classe especial de sistemas, ou seja, que possui esta propriedade,
é chamada de sistema equivalentes. Sendo assim, os sistemas I e II são
equivalentes.
UNIUBE 161

Observe como isso nos mostra uma grande ferramenta na resolução


de sistemas lineares, pois, dado um sistema linear qualquer, se
conseguíssemos um sistema equivalente a esse, mais simples de ser
resolvido, facilitaria muito os nossos cálculos.

Você deve estar curioso para saber como podemos gerar


sistemas equivalentes de um sistema de equações lineares
qualquer, não é mesmo?

Essa pergunta será respondida após definirmos alguns objetos que nos
ajudarão na construção destes tipos de sistemas. Espere um pouco!

Vimos anteriormente que, dado um sistema de equações lineares


qualquer, podemos relacioná-lo a uma matriz formada pelos coeficientes
de suas incógnitas e seus termos independentes. Por exemplo,
considere o sistema de equações lineares I, o qual exemplificamos
anteriormente.

 x+ y+z = 6

( I ) 2 x − y + 3z =9
 x − y + 2z = 5

A matriz que será relacionada a esse sistema, da forma exposta acima,


será:

1 1 1 | 6 
 2 -1 3 | 9 
 
1 -1 2 | 5 

Essa matriz recebe o nome de matriz ampliada do sistema.

Você deve ter percebido que acrescentamos na matriz um segmento


vertical pontilhado. Tal segmento serve para nos orientar sobre
quais serão os coeficientes de incógnitas e quais serão os termos
independentes, visto que, em algumas classes especiais de sistemas,
poderemos desprezar seus termos independentemente nessa relação
com suas matrizes ampliadas. Abordaremos tais sistemas mais adiante.
162 UNIUBE

5.5 Operações elementares

Agora, definiremos as operações elementares aplicadas sobre uma matriz


ou sobre um sistema de equações lineares. Essas operações são as
ferramentas que necessitaremos na geração de sistemas equivalentes,
pois elas, quando aplicadas nas linhas (ou colunas) do sistema ou sobre
sua matriz ampliada, não alteram suas soluções. Estas operações são:

1ª) troca de linhas (ou de colunas);

2ª) multiplicação de uma linha (ou coluna), por uma constante diferente
de zero;

3ª) ubstituição de uma linha (ou coluna) por ela mesma previamente
multiplicada por uma constante diferente de zero e somada a uma outra
linha (ou coluna) previamente multiplicada por uma constante diferente
de zero.

Vejamos alguns exemplos de aplicações de operações elementares,


analisando o sistema e sua matriz ampliada. Usaremos ainda o sistema
anterior:

x + y + z = 6 1 1 1 |6 
  2 -1 3 |9 
2 x − y + 3z =9  
x − y + 2z = 5 1 -1 2 |5

Trocando a 1ª linha pela
 x + 3ª
y +linha:
2z = 5 1 -1 2 5
  21-1-13 29 5
2 x −
+ y + 32z = 95  

 x2+xy−+yz+=  
 36z = 9 1 2 1-11369 
x + y + z =
 6 1 1 1 6 

Multiplicando a 2ª linha por -1:

x – y + 2z = 5  1 -1 2 5 
  
−2 x + y − 3 z =−9 -2 1 -3 -9 
x + y + z =
 6  1 1 1 6 
UNIUBE 163

Substituindo a 2ª linha por ela mesma somada à 1ª linha multiplicada


por 2.

x − y + 2z = 5 1 -1 2 5 
 0
0 x − y + z =1  -1 1 1 
x + y + z = 6 1 1 1 6 

Sendo assim, todos os quatro sistemas obtidos são equivalentes, isto
é, possuem como solução= x 1;=y 2;=z 3 . Você poderá confirmar isso
verificando que os valores=x 1;=y 2 e= z 3 , solução do sistema inicial,
satisfazem identicamente todas as equações obtidas nos sistemas acima.

PARADA PARA REFLEXÃO

Como poderemos encontrar um sistema equivalente mais facilmente?

Analise os quatro sistemas do exemplo anterior.

Qual é o mais fácil de ser solucionado?

Certamente você conclui que seria o último, não é mesmo? Isso porque
eliminamos, de certa forma, uma das incógnitas na segunda equação do
sistema. E a ideia que será abordada agora é essa mesmo: dado um sistema
de equações lineares, procurar, por meio de operações elementares, fazer
aparecer o maior número de zeros em sua matriz amplificada, mas, para
fazer isto, teremos, basicamente, duas linhas de raciocínio.

A primeira seria procurar zerar os termos da diagonal principal (entenda-se


como termos da diagonal principal os elementos da matriz que ocupam a
posição i=j, ou seja, linha do termo igual à coluna do termo), e a segunda
linha de cálculo seria, além de zerar os termos abaixo da diagonal principal,
por meio de operações elementares, zerar também os termos acima,
transformando os termos da diagonal principal todos iguais a 1.

Tais processos recebem o nome de Redução à Forma Escada e Método de


Gauss-Jordan, respectivamente. Sendo assim, estudaremos tais métodos,
aplicados a alguns exemplos.
164 UNIUBE

5.6 Sistemas escalonados

Um sistema de equações lineares é ou está escalonado quando


aplicamos um dos métodos citados anteriormente.

Vejamos alguns exemplos:

Exemplo 1:

Aplicação da redução à forma de escada

Considere ainda o sistema de equações lineares inicial:

x + y + z = 6 1 1 1 | 6 
  2 -1 3 | 9 
2 x − y + 3z =9  
x − y + 2z = 5 1 -1 2 | 5

Trabalharemos apenas sobre sua matriz ampliada:

1 1 1 | 6  1 1 1 6 
 2 -1 3 | 9  0 -3 1 -3 
  Linha 2 = Linha 2-2.Linha 1  
1 -1 2 | 5 1 -1 2 5

1 1 1 |16 1 | 6  1 1 1 |16 1 | 6 
0 -310 | -3
3 1 | 3  0 -310 | -3
-31 | -3
     
1 -1 12 |-15 2 | 5 Linha 3 = Linha 1 - Linha 3 0 2 -1
0 |21 -1 | 1 

1 1 1 | 6  1 1 1 | 6 
  0 -3 1 | -3 
0 -3 1 | -3  
Linha 3 = 2. Linha 2+3. Linha 3
0 2 -1 | 1  0 0 -1 | -3

Relacionamento a última matriz obtida ao sistema cuja matriz ampliada
é esta, temos o sistema equivalente ao inicial:
x + y + z =6

 − 3 y + 3z =−3
 − z =−3

UNIUBE 165

Assim, resolvendo a terceira equação e substituindo os valores


encontrados nas demais, temos que = z 3,=y 2 e= x 1 , que era
exatamente a solução esperada por se tratar de sistemas equivalentes.
Vejamos agora o segundo método.

Exemplo 2:

Aplicação do método de Gauss-Jordan

Consideraremos ainda o mesmo sistema:

x + y + z = 6 1 1 1 | 6 
  2 -1 3 | 9 
2 x − y + 3z =9  
x − y + 2z = 5 1 -1 2 | 5

Como este método é uma continuação de interações sobre as matrizes
que estão sendo geradas, para aplicá-lo, teremos que passar por todos
os passos anteriores. Sendo assim, vejamos como ele é aplicado:
166 UNIUBE

Linha 1 = 3 ⋅ Linha 1 + Linha 2

Linha 1 = Linha 1 + 4 ⋅ Linha 3

Linha 2 = Linha 2 + Linha 3

1
Linha 1 = Linha 1
3

1
Linha 2 = Linha 2
3

Linha 3 = -1 ⋅ Linha 3

Relacionando esta última matriz a um sistema, temos o seguinte sistema


equivalente:

x = 1

y = 2
z = 3

UNIUBE 167

Tal método é muito interessante e muito aplicado em resoluções de


sistemas, pois ele nos mostra diretamente qual é a solução do mesmo.

Falando ainda sobre esses métodos, vejamos outros exemplos de


sistemas de equações lineares que podemos solucionar por meio deles.

Você já aprendeu que, dado um sistema de equações lineares, esse


pode ou não ter solução. Como ficaria este estudo, utilizando os métodos
acima? Vejamos:
Considere o sistema de equações lineares abaixo:
x + y + z = 1

−2 x + 3 y + 4 z =
0

Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos:

Linha 2 = 2 ⋅ Linha 1 + Linha 2

Linha 1 = 5 ⋅ Linha 1 + Linha 2

1
Linha 1 = ⋅ Linha 1
5

1
Linha 2 = ⋅ Linha 2
5

Relacionamento a última matriz ao seu sistema, temos:


 z 3
 x − 5 =5

y + 6 z = 2
 5 5
168 UNIUBE

z 3 6 2
Assim, o sistema terá como soluções: x =+ , y = − z+ ez = z.
5 x 5 5
Como o valor de z poderá ser qualquer número real, tal sistema admite
infinitas soluções.

Sistemas que possuem esta propriedade são chamados de sistemas


possíveis e indeterminados, ou seja, se o sistema possuir infinitas
soluções, este é denominado quanto à sua classificação como sendo
possível e indeterminado.

No caso de o sistema possuir apenas uma única solução, ele é


classificado como sendo possível e determinado.

Vejamos ainda outro tipo que pode ocorrer numa resolução de um


sistema de equações lineares:
x + y − z = 1

−2 x − 2 y + 2 z =0
3 x − y + 5 z = 7

Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos:

Linha 2 = 2 ⋅ Linha 1 + Linha 2

Linha 3 = 3 ⋅ Linha 1 - Linha 3

1
Linha 3 = ⋅ Linha 3
4

Linha 3 = Linha 2
UNIUBE 169

Relacionando a última matriz a seu sistema, temos que:

x + y − z = 1

0 x + y − 2 z =−1
0 x + 0 y + 0 z =
2

Observando a terceira equação obtida, concluímos que não existirá
nenhum valor de x, y e z , que será solução da mesma, já que
0x + 0 y + 0z = 2 implica 0 = 2 , o que sabemos não ser verdade. Sendo
assim, tal sistema não admite nenhuma solução.

Tais sistemas são classificados como sistemas impossíveis.

Resumidamente, temos que: quanto às soluções do sistema, o mesmo


pode ser:

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 4

Resolva o sistema de equações lineares abaixo, utilizando um dos métodos


de escalonamento:

 x + 2 y − 3z =9

2 x + y + z = 0
3 x − y + 4 z =−5

170 UNIUBE

Esperamos que você tenha entendido os métodos e exemplos abordados.


Passaremos agora às aplicações. Caso tenha ficado alguma dúvida,
retome as páginas anteriores e refaça os exemplos. Se for preciso, utilize
qualquer bibliografia que agregue em seu corpo tais conceitos; pode ser
até mesmo algum livro do Ensino Médio.

Veja agora, como exemplo, onde podemos encontrar os sistemas de


equações lineares, e usar os métodos que estudamos anteriormente para
obter solução para uma determinada situação-problema.

5.7 Aplicações relacionadas aos sistemas lineares

Na maioria das bibliografias sobre este assunto, existem várias situações-


problema em que podemos utilizar, como ferramenta para solução, os
sistemas lineares. Vejamos algumas destas aplicações:

No campo da Matemática aplicada, um dos principais desafios é a


passagem da coleta de dados para a descrição matemática dos mesmos
por meio de funções, com a maior precisão possível, para posterior
generalização. Por exemplo, suponhamos que quiséssemos determinar
um polinômio de 2° grau que passe pelos pontos, (1,3), (2,4) e (3,7). Este
processo é chamado de interpolação polinomial. Neste caso, vejamos
como é feita tal busca:

Nosso polinômio procurado é de forma y = ax 2 + bx + c . Assim temos:

x =1 → y =3 ; logo, temos que: 3 = a ⋅12 + b ⋅1 + c → a + b + c = 3 ;

x = 2 → y = 4 ; logo, temos que: 4 = a ⋅ 22 + b ⋅ 2 + c → 4a + 2b + c = 4 ;

x = 3 → y = 7 ; logo, temos que: 7 = a ⋅ 32 + b ⋅ 3 + c → 9a + 3b + c = 7 .

Como tal função polinomial estará determinada, quando encontramos os


coeficientes a, b e c , temos que resolver o seguinte sistema:

a + b + c =3

4a + 2b + c =4
9a + 3b + c =7

UNIUBE 171

Utilizando por exemplo a regra de Cramer, temos que:

1 1 1 
 
A=
 4 2 1 → A = −2 ; Como det A ≠ 0 e o número de
det A =
 9 3 1
 
incógnitas do sistema ( n = 3) é igual ao número de equações do sistema
( m = 3) , portanto o sistema é normal, e assim podemos usar este método
de resolução. Continuando o processo, temos:

3 1 1
D −2
Da =4 2 1 =−2 → a = a = =1
A −2
7 3 1

1 3 1
D 4
Db =4 4 1 =4 → b = b = =−2
A −2
9 7 1

1 1 3
D −8
Dc =4 2 4 =−8 → c = c = =4
A −2
9 3 7

Logo, o polinômio procurado é: y = x 2 − 2 x + 4. Interessante, não é mesmo?

É importante observar que o melhor sistema obtido por este processo


será aquele que é possível e determinado, isto é, possui uma única
solução. A ideia para obtermos tal sistema é a seguinte:

• quando temos três pontos – interpolação por um polinômio de grau 2;


• quando temos quatros pontos – interpolação por um polinômio de
grau 3;
• quando temos cinco pontos – interpolação por um polinômio de grau 4;
• e, de um modo geral, se tivermos n pontos – interpolação por um
polinômio de grau n − 1 , e neste caso geral, é possível mostrar que o
sistema relacionado com a interpolação possuirá uma única solução,
isto é, há um único polinômio interpolado.
172 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 5

Utilizando o método de interpolação polinomial, determine um polinômio de


grau 2, que passe pelos pontos (1,6), (-2,3) e (2,11).

Atividade 6

Um biólogo colocou três espécies de bactérias (denotadas por I, II e III) em


um tubo de ensaio, onde serão alimentadas por três fontes diferentes de
alimentos (A, B e C). A cada dia serão colocadas 2500 unidades de alimento
A, 4500 unidades de alimento B e 2000 unidades de alimento C. O consumo
diário de alimento pelas bactérias (em unidades por dia), está mostrado
na tabela abaixo. Nestas condições, determine quantas bactérias de cada
espécie podem coexistir no tubo de ensaio e consumir em todo o alimento.

Bactéria Bactéria Bactéria


Espécie I Espécie II Espécie III
Alimento A 1 2 1
Alimento B 2 1 3
Alimento C 1 1 1

Atividade 7

Suponha que o Sr. Joaquim tenha juntado em seu cofre algumas moedas
de 5 centavos, de 10 centavos e de 25 centavos. No total, há 400 moedas
e a quantidade de moedas de 10 centavos é o dobro do total de moedas
de 5 centavos. Além disso, sabe-se que o valor total de moedas é de 50,00
reais. Nestas condições responda, qual é o número de moedas de cada tipo?

Vejamos agora outra aplicação.

Uma das várias aplicações cabíveis ao tópico de sistemas lineares, e,


portanto aqui, é o de estudo de circuitos elétricos simples. Denominamos
UNIUBE 173

Circuitos Elétricos Simples (CES), os circuitos planos que possuem em


sua estrutura apenas fontes (baterias) e resistores. Veja um exemplo
típico de um Circuito Simples:

Aqui, o E representa a força elétrica, R a resistência (ou resistor) e i


representa a corrente elétrica.

Considerando as Leis Kirchhoff bem como a Lei de Ohm, podemos


analisar o Circuito Elétrico por meio de sistemas.

Recordemos brevemente tais leis:

Lei de Ohm:

A força elétrica ( E ) necessário para fazer com que a corrente ( I ) passe


pelo resistor ( R ) é igual ao produto de I por R , ou seja, E = RI .

Lei de Kirchhoff:

A diferença de potencial total medida em qualquer ciclo é nula.

Em qualquer nó, a corrente total que chega neste é igual à corrente total
que sai do nó.

Entenda aqui ciclo como sendo qualquer caminho fechado de um Circuito


Elétrico Simples e nó como sendo a junção de três ou mais caminhos
do circuito.

Por exemplo, considere o Circuito Elétrico Simples abaixo:


174 UNIUBE

Temos neste circuito três ciclos e dois nós, a saber:

Ciclos:
(1) a → b → c → f →a ( 2) c → d → e → f →c
( 3) a → b → c → d → e → f → a;
Nós:

( f ) : junção dos caminhos f → a, f → c e f → e ;

( c ) : junção dos caminhos c → b, c → f e c → d.

De posse destes conceitos, considerando o circuito anterior, podemos


analisar uma situação-problema aplicada em CES. Vejamos:

Considere o Circuito Elétrico Simples dado anteriormente:


UNIUBE 175

Supondo E1 =40V , E2 =
40V , E3 =
80V , R1 =Ω
10 , R2 =
5Ω, R3 =Ω
20 , R4 =
5Ω e R5 =
5Ω
determinaremos juntos os valores das correntes i1 , i2 e i3 .

Utilizando a Lei de Ohm juntamente com a 1ª Lei de Kirchhoff apresentada


anteriormente, temos as seguintes equações lineares:
• Ciclo a → b → c → f → a

E1 − i1 R1 − E2 + i2 R3 − i1 R2 = 0 → 40 − 10i1 − 40 + 20i2 − 5i1 = 0 → −15i1 + 20i2 = 0

Simplificando um pouco mais, temos: −15i1 + 20i2 =0 → 3i1 − 4i2 =0 .

• Ciclo c → d → e → f → c

−i2 R3 + E2 − i3 R4 + E3 − i3 R5 = 0 → −20i2 + 40 − 5i3 + 80 − 5i3 = 0 → −20i2 + 120 − 10i3 = 0

Simplificando um pouco mais, temos:

2i2 − 12 + i3 = 0 → 2i2 + i3 = 12

• Ciclo a → b → c → d → e → f → a

E1 − i1 R1 − i3 R4 + E3 − i3 R5 − i1 R2 =0 → 40 − 10i1 − 5i3 + 80 − 5i3 − 5i1 =0 → 15i1 + 10i3 =120

Simplificando um pouco mais, temos:


15i1 + 10i3 = 120 → 3i1 + 2i3 = 24

Observe que esta última equação é uma combinação linear das duas
primeiras equações. Verifique isto!

Portanto, não é necessário incluí-la em nossa resolução do sistema, ou


seja, podemos desconsiderá-la.

Agora, aplicando a 2ª lei de Kirchhoff temos que:

Nó c : i1 + i2 =
i3
176 UNIUBE

Nó f : i3= i1 + i2 (Que é uma equação equivalente à obtida no nó c).

Assim, em resumo, temos o seguinte sistema de equações lineares:

3i1 − 4i2 =
0 Trocando a 3ª linha com a 1ª linha i1 + i2 − i3 =0
 
=2i2 + i3 12 → 2i2 + i3 12
=
=i + i − i 0 = 3i − 4i 0
1 2 3  1 2

Utilizando o escalonamento, temos que:

Linha 3 = 3 ⋅ Linha 1 - Linha 3

Linha 2 = Linha 3 - 3 ⋅ Linha 2

Linha 3 = 7 ⋅ Linha 2 - Linha 3

1
Linha 3 =- Linha 3
39

Assim, o sistema associado à matriz escalonada e consequentemente


1i + i2 − i3 =0
equivalente ao sistema inicial é: 
 48 36 84
i2 − 6i3 =−36 → i1 =13 , i2 =13 e i3 =13

Ou seja, i1  3, 69 A, i2  2, 77 A e i3  6, 46 A.
UNIUBE 177

Como o sistema envolvido nessa situação-problema é normal (Verifique!),


poderíamos ter usado outro método para resolver este problema, como a
regra de Cramer, por exemplo, sendo assim, confirme o resultado obtido,
usando tal método.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 8

Determine as correntes para cada um dos circuitos elétricos abaixo:

a)

b)

Atividade 9

Determine o valor das correntes apresentadas no circuito abaixo:


178 UNIUBE

c)

Vejamos agora outra classe de sistemas de equações lineares. A saber,


os sistemas lineares homogêneos.

5.8 Sistemas lineares homogêneos

Um sistema de equações é chamado de homogêneo, se todos seus


termos independentes forem nulos, isto é, iguais a zero.

Por exemplo, os sistemas abaixo são homogêneos:

 x=
+ y−z 0  x=+ y+z 0
  x + y + z = 0
−2 x − 2 y +=
2 z 0 2 x − y +=
3z 0 
3 x − y=  x − y= −2 x + 3 y + 4 z =
0
 + 5z 0  + 2z 0

O estudo desse tipo de sistema é interessante, pois se trata de sistemas


que sempre serão resolúveis, isto é, dado um sistema linear homogêneo,
existe no mínimo uma solução para o mesmo, a saber, a solução nula.

No caso dos três sistemas acima, claramente você pode observar que
estes têm como solução comum os valores= x 0,= y 0= ez 0.

Mas, agora que sabemos o que é um sistema de equações lineares


homogêneo e conhecemos também uma de suas principais
particularidades (sempre é resolúvel), como poderemos encontrar suas
UNIUBE 179

soluções? Para esta classe de sistemas, também analisamos suas


soluções pelo método de redução à forma escada ou pelo método de
Gauss-Jordan.

Vejamos alguns exemplos das possíveis situações que poderão ocorrer


com relação a essa classe de sistemas:

Exemplo 1:

Analisaremos as soluções do sistema linear homogêneo abaixo:

x + y − z = 0

−2 x − 2 y + 2 z =0
3 x − y + 5 z = 0

Como os termos independentes, após aplicarmos qualquer operação
elementar nas linhas da matriz ampliada deste sistema, não se alterarão,
sempre serão igual a zero, não é necessário apresentar, na matriz
ampliada deste, a coluna dos termos independentes. Sendo assim,
encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos:

Linha 2 =2 ⋅ Linha 1 + Linha 2

Linha 3 = 3 ⋅ Linha 1 - Linha 3

1
Linha 3 = Linha 3
4

Linha 2 = Linha 3
180 UNIUBE

Relacionando a última matriz a seu sistema equivalente, temos que:

x − y − z = 0

0 x + y − 2 z = 0
0 x + 0 y + 0 z = 0

Implicando que y = 2 z e, substituindo este resultado na primeira
equação, temos que x − 2 z − z = 0 , o que nos dá x = 3 z . Sendo assim,
o sistema possui infinitas soluções a saber,
= x 3= z , y 2 z= e z z.

Exemplo 2:

Analisemos as soluções do sistema linear homogêneo abaixo:

x + y + z = 0

2 x − y + 3z =0
x − y + 2z = 0

Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos:

Linha 2 = 2 ⋅ Linha 1 - Linha 2

Linha 3 = Linha 1 - Linha 3

Linha 3 = 2 ⋅ Linha 2 - 3 ⋅ Linha 3

Relacionando a última matriz a seu sistema, temos que:

x + y + z = 0

0 x + 3 y − z =0
0 x + 0 y + z =0

UNIUBE 181

Implicando que z = 0 e substituindo este resultado na segunda equação,


temos que 3 y − 0 = 0 , o que nos dá y = 0 , e fazendo a substituição de
z = 0 e y = 0 na primeira equação, temos x + 0 + 0 = 0 , o que implica
x = 0 . Sendo assim, o sistema possui uma única solução a saber, x = 0 ,
y = 0 e z = 0.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 10

Para cada um dos sistemas lineares homogêneos dados abaixo, determine


todas as soluções dos mesmos:

3 x − 2 y + z =0  x+ y+z = 0
3 x + y = 0  
a)  b)  x + 5 y − z =0 c) 2 x + 3 y − 5 z = 0
−2 x + 5 y =0
2 x − y =  −x − y − z =
 0  0

Outro campo de aplicação de sistemas de equações lineares, mais


precisamente, aplicações de sistemas lineares homogêneos, é no
balanceamento de equações químicas.

Mas o que seria uma equação química balanceada?

Sabemos que, num processo químico, as moléculas dos reagentes se


combinam formando novas moléculas denominadas produto. Nestas
condições, quando a equação algébrica que relaciona o número de
reagentes e produtos na reação fornece o mesmo número de átomos à
esquerda e à direita da equação, dizemos que a mesma está balanceada.
O exemplo mais simples e standard que normalmente é utilizado para
exemplificar, isto é o da água. Sabemos que uma molécula de água é
composta por 2 molécula hidrogênio e 1 de oxigênio. Considerando os
gases hidrogênio ( H 2 ) e oxigênio ( O2 ) , temos as seguintes equações
balanceadas, todas produzindo moléculas de água ( H 2O ) :

2 H 2 + O2 → 2 H 2O
4 H 2 + 2O2 → 4 H 2O
6 H 2 + 3O2 → 6 H 2O
182 UNIUBE

Mas como poderíamos obter tais valores por meio de sistemas?

Poderíamos pensar da seguinte forma: seja x a quantidade de moléculas


de hidrogênio ( H 2 ) , y a quantidade de moléculas de oxigênio (O2 ) e z
a quantidade de moléculas de água ( H 2O ) . Nestas condições, teremos:

xH 2 + yO2 → zH 2O

Ou seja, 2 xH + 2 yO = 2 zH + zO . Logo, teríamos o seguinte sistema de

2 x − 2 z =0
 z
equações lineares:  → x= z e y= . Como x, y, z ∈  , os
 2
2 y − z =0

menores valores que balanceiam a equação química acima são: z = 2 ,


y = 1 e x = 2 ,que correspondem à 1ª equação apresentada.

Interessante, não é mesmo?

Vejamos outro exemplo: façamos juntos o balanceamento da seguinte


equação química: FeS 2 + O2 → Fe2O3 + SO2. Considerando a incógnita x
como o número de moléculas de FeS 2 , y como o número de moléculas
de oxigênio (O2 ) , z o de Fe2O3 e w o número de moléculas de SO2 ,
temos a seguinte equação química relacionando o número de moléculas
de cada componente da relação:

xFeS 2 + yO2 → zFe2O3 + wSO2

Assim, de forma análoga ao caso anterior, podemos interpretá-la do


seguinte modo:

xFeS 2 + yO2 → zFe2O3 + wSO2


x ( Fe + 2 S ) + y 2O= z ( 2 Fe + 3O ) + w ( S + 2O )
xFe + 2 xS + 2 yO= 2 zFe + 3 zO + wS + 2 wO
xFe + 2 xS + 2 yO = 2 zFe + ( 3 z + 2 w ) O + wS
UNIUBE 183

E assim, considerando que a equação esteja balanceada, temos:

x = 2z → x − 2z = 0
2x = w → 2x − w = 0
2 y =3 z + 2 w → 2 y − 3 z − 2 w =0
x − 2z = 0

O que nos leva à resolução do sistema linear homogêneo 2 x − w = 0
2 y − 3z − 2w =
0

Resolvendo-o por escalonamento, por exemplo, obtemos o seguinte
 w 11w w  
conjunto solução S  ,
= , , w  ; w ∈  . De fato, veja o processo
 2 8 4  
de escalonamento:

Linha 2 = 2 ⋅ Linha 1 - Linha 2

1
Linha 2 = - Linha 2
4

1
Linha 3 = Linha 3
2

Linha 2 = Linha 3
184 UNIUBE


x − 2z = 0

 3
Considerando o sistema  y − z − w = 0 , obtemos:
 2
 1
 z − 4 w =0

  1 w
x − 2z = 0 x = 2z → x = 2 ⋅ 4 w = 2
 
 3  3 1 11
 y − z − w =0 →  y − ⋅ w − w =0 → y = w
 2  2 4 8
 1  1
 z − 4 w =0 z = 4 w

 w 11w w  
Obtendo, assim, o conjunto
= solução S  , , , w  ; w ∈ 
esperado.  2 8 4  

Como procuramos, na prática, a equação balanceada mais simples,


ou seja, os menores valores naturais de x, y, z e w que balanceiam a
equação dada, temos:

4 FeS 2 + 11O2 → 2 Fe2O3 + 8SO2

Observe que, para chegarmos a esta equação balanceada, escolhemos


w = 8.

Faça agora as próximas atividades envolvendo balanceamento de


relações químicas.

AGORA É A SUA VEZ

Atividade 11

Faça o balanceamento das equações químicas abaixo:

a) N 2O → NO2 + O2 b) CO2 + H 2O → C6 H12O6 + O2

c) ( NH 4 )2 CO3 → NH 3 + H 2O + CO2 d) C4 H10 + O2 → CO2 + H 2O


UNIUBE 185

Para aprimorar um pouco mais seus conhecimentos sobre os assuntos


tratados neste capítulo, você pode procurar buscar outras fontes e/ou
formas de aprendizagem, como o estudo com outros colegas, fóruns
virtuais de discussões matemáticas, outras bibliografias; afinal de
contas, o ato de aprender deve estar sempre presente na vida de nós,
estudantes. Lembramos que, para entendermos um conceito matemático
ou uma parte desta belíssima ciência, é preciso estudá-la e depois
exercitá-la muito.

Resumo

Neste capítulo foram abordados os sistemas de equações lineares.


Dentre alguns dos conceitos apresentados, vimos que:
Equação linear é uma expressão do tipo a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 + ... + an xn =b,
onde a1 , a2 , a3 ,...an são números reais que recebem o nome de
coeficientes das incógnitas x1 , x2 , x3 ,...xn , e b é um número real chamado
de termo independente. E a solução da equação linear é toda n-dupla
de números do tipo ( x1 , x2 , x3 ,...xn ) que satisfaçam identicamente a
equação.

Exemplo: 2 x + 3 y − 5 z =
0 , que possui como solução a terna ordenada
(1,1,1).

Sistema de equações lineares é um conjunto de equações lineares. E,


por solução deste, todo elemento que satisfaça identicamente todas as
equações ao mesmo tempo.

x − y + z = 3

Exemplo: 2 x + y − z = 0 , é um sistema de equações lineares composto
3 x − y + 2 z = 6

por três equações lineares. Sua única solução é a terna ordenada (1,-1,1).

Ainda sobre (as) solução(ões) de sistemas propriamente ditos, os


sistemas são classificados como:
186 UNIUBE

• Possível e determinado: quando possui uma única solução.


• Possível e indeterminado: quando possui infinitas soluções.
• Impossível: quando não admite solução.

Veja exemplos no corpo deste capítulo.

Também vimos os seguintes métodos de resolubilidade de sistemas


de equações lineares, como o processo de escalonamento, também
conhecido como método de Gauss e/ou Gauss-Jordan, e a regra de
Cramer.

Veja exemplos destes métodos no corpo do capítulo.

Além disso, foram abordadas, neste capítulo, algumas importantíssimas


aplicações deste tema, como são os casos da interpolação polinomial,
dos balanceamentos químicos e da análise de circuitos elétricos simples,
dentre outras situações-problema.

Veja exemplos destas aplicações no corpo do capítulo.

Referências

IEZZI, Gelson; HAZZAN, Samuel. Sistemas lineares. In:___ Fundamentos de


matemática elementar: sequências, matrizes, determinantes, sistemas. 6. Ed. São
Paulo: Atual, 1995. Cap. 6, v. 4.

KOLMAN, Bernard; HILL, David R. Equações lineares e sistemas. In:___. Introdução


à álgebra linear com aplicações. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. Cap. 1.

POOLE, David, Sistemas de equações lineares. ln:___. Álgebra linear. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2004. Cap. 2.
Anotações
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