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Tecnologia da construção civil

Teoria das estruturas II

Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Núbia dos Santos Saad Ferreira

Maria Regina Ayres de Lima


© 2014 by Universidade de Uberaba

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Produção de Material Didático:


• Comissão Central de Produção
• Subcomissão de Produção

Editoração:
Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte

Capa:
Toninho Cartoon

Edição:
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

ISBN 978-85-7777-503-3
Sobre as autoras
Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Uberlândia


(UFU). Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). Professora das disciplinas de Materiais de Construção
Civil e Tecnologia da Construção Civil da Universidade de Uberaba
(Uniube-Uberlândia). Consultora em sistemas de Gestão da Qualidade
segundo as normas ISO 9000 e SiAC.

Núbia dos Santos Saad Ferreira

Mestre em Engenharia de Estruturas, pela Universidade de São Paulo


(EESC/USP). Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal
de Uberlândia (FECIV/UFU). Professora da Faculdade de Engenharia
Civil (FECIV/UFU) e professora nos cursos de Engenharias na Uniube/
Uberlândia.

Maria Regina Ayres de Lima

Pós-graduada em Engenharia de Estruturas, pela Universidade de São


Paulo (EESC/USP). Graduada em Engenharia Civil pela Faculdade de
Engenharia de Barretos – Barretos-SP. Professora da Faculdade de
Engenharia Civil (FECIV/UFU) e nos cursos de Engenharias na Uniube/
Uberlândia. Atua na área de projeto estrutural.
Sumário
Apresentação........................................................................................IX
Parte I Tecnologia da construção civil..................................................... 1

Capítulo 1 Técnicas construtivas: processos iniciais............................. 3


1.1 Organização de canteiro de obras............................................................................5
1.1.1 Conceitos gerais..............................................................................................5
1.1.2 Layout do canteiro de obras............................................................................6
1.1.3 A definição do layout do canteiro ..................................................................24
1.1.4 Normas regulamentadoras............................................................................26
1.2 Locação de obras....................................................................................................29
1.2.1 Conceitos gerais............................................................................................29
1.2.2 Locação de estacas.......................................................................................30
1.3 Execução de fundações diretas..............................................................................34
1.3.1 Sapata corrida................................................................................................35
1.3.2 Radier.............................................................................................................37
1.4 Execução de fôrmas de madeira.............................................................................39
1.4.1 Fôrmas para pilar...........................................................................................40
1.4.2 Fôrmas para paredes.....................................................................................42
1.4.3 Fôrmas para vigas.........................................................................................43
1.4.4 Fôrmas para lajes..........................................................................................45
1.5 Armação para concreto............................................................................................50
1.5.1 Corte e dobra.................................................................................................50
1.5.2 Montagem......................................................................................................52
1.6 Concretagem com concreto usinado.......................................................................53
1.6.1 Preparação e cuidados para o recebimento do concreto.............................53
1.6.2 Pedido e programação do concreto...............................................................53
1.6.3 Transporte do concreto na obra.....................................................................54
1.6.4 Lançamento do concreto...............................................................................55
1.6.5 Adensamento do concreto por meio de vibradores de imersão....................56
1.6.6 Cura do concreto............................................................................................57
1.6.7 Verificação......................................................................................................57

Capítulo 2 Técnicas construtivas: alvenaria......................................... 65


2.1 Alvenaria de vedação de blocos cerâmicos............................................................67
2.1.1 Introdução......................................................................................................67
2.1.2 Blocos e tijolos cerâmicos..............................................................................68
2.1.3 Argamassa de assentamento........................................................................69
2.1.4 Equipamentos de execução...........................................................................71
2.1.5 Etapas de execução.......................................................................................71
2.1.6 Alvenaria racionalizada..................................................................................81
2.2 Revestimentos argamassados................................................................................83
2.2.1 Introdução......................................................................................................83
2.2.2 Tipos de revestimentos..................................................................................84
2.2.3 Revestimentos verticais.................................................................................84
2.2.4 Funções e características dos revestimentos verticais.................................87
2.2.5 Etapas de execução.......................................................................................90
2.2.6 Revestimentos horizontais.............................................................................93
2.2.7 Funções e características dos revestimentos horizontais.............................94
2.2.8 Etapas de execução.......................................................................................94
2.3 Revestimentos com pasta de gesso.......................................................................96
2.4 Revestimento cerâmico de piso..............................................................................98
2.5 Pintura....................................................................................................................105
2.5.1 Revestimento argamassado de parede interno .........................................105
2.5.2 Revestimento argamassado de parede externo.........................................106
2.5.3 Esquadrias de metal ferroso........................................................................107
2.5.4 Esquadrias e demais bases de madeira.....................................................107
2.5.5 Revestimentos de gesso corrido e placas de gesso...................................108
2.5.6 Tubulações...................................................................................................109
2.6 Instalações hidráulicas e de esgoto......................................................................110
2.7 Instalações de gás.................................................................................................114

Capítulo 3 Orçamento, planejamento e controle de obras................ 123


3.1 Orçamento.............................................................................................................125
3.1.1 Custo unitário básico ...................................................................................125
3.1.2 Custo por etapa de obra .............................................................................128
3.1.3 Orçamento detalhado .................................................................................130
3.2 Planejamento e controle de obras.........................................................................178
3.2.1 Importância do planejamento e controle .....................................................180
3.2.2 Deficiências do planejamento e controle.....................................................181
3.2.3 Bases para o planejamento e controle........................................................183
3.2.4 Indicadores do planejamento e controle......................................................185
3.2.5 Etapas para elaboração do planejamento ..................................................186

Parte II Teoria das estruturas II........................................................... 207

Capítulo 4 Estruturas hiperestáticas: Método dos deslocamentos.... 209


4.1 Grau de deslocabilidade de estruturas..................................................................211
4.1.1 Deslocabilidade interna (di)..........................................................................212
4.1.2 Deslocabilidade externa (de)........................................................................213
4.2 Descrição do método dos deslocamentos............................................................215
4.3 Procedimentos para a aplicação do método dos deslocamentos........................216
4.4 Problemas de aplicação resolvidos.......................................................................243

Capítulo 5 Estruturas hiperestáticas: Processo de Cross e análise


computacional................................................................... 269
5.1 Descrição do Processo de Cross..........................................................................271
5.1.1 Coeficiente de rigidez (K).............................................................................272
5.1.2 Coeficiente de distribuição (d).....................................................................274
5.1.3 Coeficiente de propagação ou transmissão (t)............................................275
5.2 Procedimentos para a aplicação do Processo de Cross......................................276
5.3 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE I.....................................................279
5.4 Análise computacional de estruturas.....................................................................310
5.5 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE II....................................................313
Apresentação
Caro(a) aluno(a).

Você está recebendo o livro didático de Tecnologias da Construção


Civil e Teorias das Estruturas II, da Uniube – Universidade de Uberaba,
ofertado na modalidade a distância.

O livro contém cinco capítulos e está organizado em duas partes,


intituladas parte I: Tecnologia e materiais da construção civil e parte II:
Tecnologia e sistemas estruturais.

No primeiro capítulo, Técnicas Construtivas – processos iniciais, são


abordados os processos para implantação e execução de uma obra.
Além disso, verificaremos os principais tipos de estruturas utilizados
(fundações, pilares, vigas, lajes, etc.). Com base neste assunto, ainda
iremos trabalhar com as normas regulamentadoras que tratam da
segurança e medicina do trabalho.

No segundo capítulo, Técnicas Construtivas – alvenaria, daremos


continuidade ao processo construtivo de uma obra. Aprenderemos os
processos de execução e os tipos de estruturas. Conheceremos os
processos para execução da alvenaria de vedação (blocos cerâmicos),
a execução de revestimentos e pinturas, além dos principais tipos de
instalações prediais (água, esgoto, gás).

No terceiro capítulo, Orçamento, Planejamento e Controle de Obras,


você, educando(a), será capaz de levantar, por meio de orçamentos e
estimativas de custos, a viabilidade técnico-econômica de uma obra,
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de forma detalhada com as etapas mínimas para obtenção de custos


de materiais, mão de obra, equipamentos, encargos sociais, impostos,
outras despesas e lucro.

No quarto capítulo, Estruturas Hiperestáticas: Método dos


deslocamentos, será apresentado o Método dos Deslocamentos
utilizado para cálculo de estruturas isostáticas ou hiperestáticas, sendo
especialmente útil no estudo dessas últimas, através de análise matricial
de estruturas.

No último capítulo, Estruturas Hiperestáticas: Processo de Cross


e Análise computacional, serão apresentados os procedimentos
para a aplicação do Processo de Cross e serão abordadas aplicações
computacionais para o cálculo de estruturas reticuladas, utilizando o
programa FTOOL.

Os conteúdos abordados, neste livro, são fundamentais para sua


atuação profissional. Assim, recomendamos que estude com afinco e
determinação.
Parte I

Tecnologia da construção civil


Capítulo
Técnicas construtivas:
processos iniciais
1

Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Introdução
Neste primeiro capítulo que aborda a Tecnologia de Construção
Civil, você terá oportunidade de conhecer os processos iniciais
para execução de uma obra.

Após a escolha do local de implantação da obra e a conclusão dos


projetos, segue-se para a organização do canteiro de obras, na
qual, deve-se também realizar um projeto para definição dos locais
necessários para as instalações provisórias e suas respectivas
áreas, juntamente com a avaliação do local para suprimento das
concessionárias locais de água, esgoto e energia elétrica.

O capítulo define e descreve também os processos de locação


da obra; execução de fundações diretas; execução de fôrmas de
madeira, montagem de armadura e concretagem com concreto
usinado. Os processos executivos abordados foram escolhidos por
serem mais comuns nas obras convencionais e, por esse motivo,
foram apresentados de maneira sintetizada, entretanto com a
apresentação de todas as etapas necessárias para a execução.

A finalidade deste trabalho é orientá-lo(a) na execução de obras de


construção civil. Com esse intuito, o capítulo apresenta diversas
ilustrações como forma de lhe aproximar do canteiro de obras e
elucidar a sequência construtiva de cada processo.
4 UNIUBE

Este capítulo apresenta pela ordem prevista de realização os


diversos assuntos, indicando as respectivas normas brasileiras e
regulamentadoras necessárias.

Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• definir os espaços necessários para implantação de instalações


provisórias destinadas ao canteiro de obras;
• elaborar layout de implantação do canteiro de obras;
• reconhecer os equipamentos utilizados na produção da obra;
• coordenar a execução de fundações diretas com sapatas
corridas e radiers;
• coordenar a execução de fôrmas de madeira para vigas,
pilares e lajes em concreto armado;
• reconhecer as lajes treliçadas, maciças e nervuradas;
• coordenar a execução de montagem de armadura para
estruturas de concreto armado;
• coordenar o pedido, recebimento e utilização do concreto
usinado aplicado em estruturas de concreto armado.

Esquema
1.1 Organização de canteiro de obras
1.2 Locação de obras
1.3 Execução de fundações diretas
1.4 Execução de fôrmas de madeira
1.5 Armação para concreto
1.6 Concretagem com concreto usinado
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1.1 Organização de canteiro de obras

1.1.1 Conceitos gerais

1.1.1.1 Canteiro de obras

O canteiro de obras é o local onde todos os recursos de produção


apresentam-se disponíveis de forma organizada, a fim de proporcionar
apoio na realização dos trabalhos de produção, e ainda, viabilizar todas
as ações que buscam a racionalização.

O canteiro mostra-se conforme a NBR 12284 (1991), os Códigos de


Obras Municipais e as Normas Regulamentadoras do Ministério do
Trabalho e Emprego.

O canteiro de obras compreende as áreas em torno da edificação, dentro


dos limites do terreno, as áreas dentro da própria edificação, os locais
de apoio e locais de realização dos serviços ligados à execução da obra.

Para uma melhor compreensão deste trabalho, enxergaremos o canteiro


de obras como o local no qual se dispõem todos os recursos de produção
(mão de obra, materiais e equipamentos), organizados e distribuídos de
forma a apoiar e a realizar os trabalhos de construção, observando os
requisitos de gestão, racionalização, produtividade e segurança/conforto
dos operários.

1.1.1.2 O espaço físico

No espaço físico disponível para instalação do canteiro é necessária


a disposição adequada dos recursos, sejam eles recursos humanos,
materiais ou de equipamentos, de forma a proporcionar um apoio
satisfatório à produção no canteiro de obras. Podemos dizer que esta
adequação está diretamente relacionada com o tamanho da obra, tipo
de obra e processos que serão executados na mesma.
6 UNIUBE

Dentre as classificações mais comuns para os arranjos físicos estão:


arranjo físico por produto ou linear, arranjo físico por processo ou funcional
e arranjo físico posicional ou fixo. Neste último, os recursos que serão
processados não fluem pelas operações. Ao contrário, ficam estáticos e o
fluxo se dá por meio do movimento de pessoal, máquinas, equipamentos
e instalações em relação ao produto processado. Este tipo de arranjo é
empregado quando a escala (tamanho) do produto não permite que ele
seja deslocado e quando ele abriga diversos processamentos, tal como
ocorre na indústria da construção. (MAIA e SOUZA, 2003)

É importante ressaltar que, apesar de a construção de edificações,


propriamente dita, poder ser inserida na classe dos arranjos físicos
posicionais, dentro de um canteiro de obras, há vários arranjos físicos
específicos por produto, como por exemplo, nas centrais de aço, fôrmas,
pré-moldados e de produção de argamassas.

1.1.1.3 Indústria da construção

Segundo Abiko et. al. (2005), a construção civil é dividida em duas as


partes principais. A primeira é o segmento das edificações, composto
por obras habitacionais, comerciais, industriais, sociais (escolas,
hospitais etc.) e destinadas a atividades culturais, esportivas e de lazer
(quadras, piscinas etc.). O outro segmento é o de construções pesadas
que engloba as vias de transporte e obras de saneamento, irrigação/
drenagem, geração e transmissão de energia, sistemas de comunicação
e de infraestrutura.

1.1.2 Layout do canteiro de obras

O canteiro de obras, por ser o espaço para concretizar todo o trabalho


de concepção de uma obra, acaba recebendo influências de todas as
atividades que dizem respeito a um empreendimento. Sendo assim,
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a concepção do canteiro de obras acaba se dando por um processo


interativo, em que cada modificação quanto à construção da obra acaba
gerando uma melhor solução para o layout do mesmo. (SOUZA e
FRANCO, 1997)

A Figura 1 apresenta um fluxograma de atividades para o planejamento


do canteiro no decorrer das fases do empreendimento e seus respectivos
detalhamentos.

Figura 1: Fluxograma de atividades que compõem o planejamento do canteiro de obras.


Fonte: Souza & Franco (1997, p.1).

Cada definição a ser tomada ao longo do planejamento, deverá ser


adaptada à realidade de cada empresa/empreendimento e continuamente
discutida e melhorada, tendo como base cada uma das etapas mostradas.
8 UNIUBE

1.1.2.1 Prazos

O prazo de execução da obra é o primeiro item a ser considerado


na definição do canteiro de obras. Deve-se observar a data início de
execução, considerando-se períodos de intempéries e mobilidade das
instalações provisórias do canteiro.

1.1.2.2 Projetos

O bom planejamento do canteiro depende das informações do projeto do


empreendimento. A falta de projetos detalhados antes do planejamento
do canteiro de obras gera canteiros mal planejados e custos extras de
mudanças durante a execução da obra.

Os projetos detalhados definem: delimitações do terreno; níveis do


terreno; condições das construções vizinhas se houver; vias de acesso
ao local para verificação das suas condições e condições de tráfego
se houver; existência ou não de rede de água e esgoto sanitário; rede
elétrica da concessionária local.

1.1.2.3 Plano de ataque

O “plano de ataque” de um empreendimento é o plano de execução da


obra definido a partir do planejamento, constando prazos e sequência
de execução. Com base na definição desse plano, define-se o layout do
canteiro e as mudanças que ocorrerão durante o processo de construção.

1.1.2.4 Cronograma físico

Com o projeto e plano de ataque definidos, faz-se o cronograma físico


com os prazos para execução de cada atividade e a dependência das
tarefas.
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A partir deste cronograma, planejam-se os recursos necessários ao longo


do tempo, podendo ser recursos de pessoal, materiais e equipamentos
envolvendo: o transporte interno e externo; armazenamento de materiais;
localização de equipamentos e centrais de produção e outros.

1.1.2.5 Tecnologias

A existência de diferentes tipos de equipamentos disponíveis no mercado


requer a definição da melhor tecnologia a ser utilizada na execução da
obra dependendo do tipo de serviço a ser executado em cada fase da
construção.

1.1.2.6 As fases do canteiro

Faz parte da execução da obra, a mudança do canteiro ao longo do


processo, seja para facilitar o processo de execução ou para liberação de
áreas que serão ocupadas. Assim, é imprescindível o estudo detalhado
antes do início da obra antevendo as fases, fazendo com que o canteiro
acompanhe a fase de execução da obra.

A demanda em cada fase é determinada pelo cronograma de mão de


obra, cronograma de materiais e previsão de equipamentos, em que se
detectam os picos de produção e a relação de insumos necessários para
gerar os espaços adequados. As normas NR-18 e NBR 12284 podem
servir de referência para fixação das áreas no canteiro em cada fase.
Abaixo apresentamos a Tabela 1 que auxilia na definição das áreas de
armazenamento:

Tabela 1: Exemplo de definição de espaço para armazenamento do cimento

Quantidade Características Área (m2)


Material
no pico do estoque necessária

Cimento 200 sacos Pilhas 10 sacos 8,4 m2


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1.1.2.7 Elementos do canteiro

Relacionam-se a seguir os principais elementos do canteiro de obras.


Entende-se por elementos do canteiro todas as partes que o contêm.

a) Elementos ligados à produção:

• Central de argamassa e concreto.


• Central de corte, dobra e montagem de armação (Figura 2).

Figura 2: Central de corte, dobra e montagem de armação.

• Central de produção de pré-moldados (Figura 3).

Figura 3: Central de produção de painéis e de vergas pré-moldadas.


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• Central de corte e montagem de fôrmas.


• Montagem de kits de instalações (Figura 4).

Figura 4: Kits de esgoto prontos para serem utilizados.

b) Elementos de apoio à produção:

• Baias para estoque de areia e brita (Figura 5), pó de pedra e outros

Figura 5: Baias com estoque de areia

• Local coberto com estrado de madeira para cimento, cal e outros


materiais ensacados (observar o empilhamento máximo de 10
sacos).
• Estoque de blocos de concreto, cerâmico e telhas.
• Barras de aço livre de contato com o solo separados em bitolas.
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• Cavaletes para tubulação hidráulica (Figura 6), elétrica e outros.

Figura 6: Cavalete para armazenamento de tubulação hidráulica por diâmetro.

• Masseiras para estoque de argamassa industrializada a granel.


• Estantes para estoque de conexões (Figura 7).
• Local coberto para estoque de esquadrias (Figura 7).

Figura 7: Almoxarifado com prateleiras para separação de materiais.


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• Local para coleta de resíduos (Figura 8).

Figura 8: Modelo de coleta de resíduos sólidos (baias e latões identificados).

• Estoque de materiais de pintura.


• Local seguro para estoque de metais.
• Estoque de louças.
• Estoque de madeira para fôrmas e estruturas.
• Almoxarifado para empreiteiros.
• Almoxarifado para ferramentas.
• Argamassadeira (Figura 9).
• Betoneira e outros equipamentos (Figura 9 e Figura 10).
• Pontos de água, esgoto e eletricidade.

Figura 9: Betoneira, argamassadeira e compactador tipo “sapo”.


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Figura 10: Betoneira autocarregável.

c) Área de Vivência:

• Refeitório (Figura 11).

Figura 11: Refeitório de chapas compensadas e tela mosquiteiro.

• Cozinha (se houver).


• Vestiário.
• Instalações sanitárias.
• Área de lazer.
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• Sala de treinamento.
• Lavanderia.
• Alojamento (se houver).

d) Apoio Técnico / Administrativo:

• Sala engenharia.
• Sala de reuniões (se necessário).
• Recepção / guarita (se necessário).
• Controle de ponto.
• Outros

e) Sistema de Transporte Vertical:

• Elevador de carga (guincho) ou (prancha).


• Elevador de passageiro (gaiola).
• Grua.
• Sarilho.
• Torres.
• Guindastes sobre rodas ou esteiras.
• Bombas de argamassa e concreto.

f) Sistema de Transporte Horizontal:

• Padiola.
• Gerica.
• Balde.
• Carrinho de mão.
• Porta-palet.
• Dumper.
• Bob-cat.
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g) Outros Elementos:

• Ligação de água, energia elétrica e esgoto (Figura 12).

Figura 12: Gerador de energia em local sem rede elétrica.

• Portão de entrada de materiais.


• Portão de entrada de pessoal.
• Stand de vendas.
• Tapume, cerca e proteções.
• Área de circulação.
• Sinalização.
• Segurança do trabalho.
• Equipamento de proteção.
• Enfermaria (ambulatório).
• Depósitos.
• Gerador.
• Estacionamento.
• Andaime de marcação e fachada.
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1.1.2.8 Plano de controle de localização e manutenção de equipamentos

Os equipamentos são indispensáveis para o correto andamento do


processo de produção; assim, o controle de entrada dos equipamentos
na entrada e durante o período de permanência na obra deve acontecer
por meio de um plano que envolva o correto recebimento, a localização
adequada e ainda a forma e periodicidade de manutenção, garantindo o
perfeito funcionamento durante cada fase de produção.

Além disso, a localização dos equipamentos no canteiro deve ser de


forma a não atrapalhar o fluxo de materiais e pessoal, pois sua função é
tornar o processo produtivo. A Figura 13 mostra uma central de produção
de argamassa e concreto com acessos facilitados para a chegada de
carrinhos e padiolas.

Figura 13: Central de produção de argamassa e concreto.


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1.1.2.9 Critérios para o arranjo físico dos elementos do canteiro

Após definição dos elementos necessários para a execução das


atividades de produção e apoio à obra, torna-se necessária a avaliação
de cada local de instalação do canteiro para que se tenham as melhores
escolhas e melhor arranjo dentro da área e condições existentes.

Apresenta-se, a seguir, um quadro-resumo (Quadro 1) do detalhamento


de uma lista com os critérios a serem considerados nas propostas de
arranjo físico do canteiro de obras.

Quadro 1: Quadro-resumo do detalhamento de critérios determinantes dos arranjos físicos do


canteiro de obras.
Critério Definição Fatores
Facilidade de entrada
e saída de pessoas,
materiais (e seus
a) Existência de entrada
respectivos meios
exclusiva para mão de obra.
de transportes) e
b) Quantidade e qualidade dos acessos
equipamentos no
para materiais incluindo dimensões.
canteiro de obras,
Acessibilidade c) Regiões servidas pelos acessos.
entre a via pública
d) Facilidade de acessos aos
e o seu local de
equipamentos de transporte vertical.
descarregamento,
f) Local para parada de caminhões
estoque, posição de
nas proximidades do canteiro.
trabalho / aplicação
ou até o equipamento
de transporte vertical.
a) Distâncias horizontais reduzidas
entre o ponto de recebimento e o
Indica a facilidade ponto final de utilização dos materiais.
Facilidade para com que os materiais b) Minimização do número de etapas
a movimentação são levados de do fluxograma de processos.
de materiais um ponto a outro, c) Características das vias
dentro do canteiro. de transportes internos.
d) Adoção de sistemas de transportes
adequados para cada tipo de obra.
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Critério Definição Fatores


a) Existência de transporte vertical
Facilidade para Indica a a facilidade de mecanizado para o pessoal.
a movimentação deslocamento da mão b) Somatório das distâncias
de pessoal de obra, de um ponto a horizontais percorridas pela
(deslocamento outro do canteiro, para mão de obra sem finalidade de
sem a finalidade finalidades diversas transportar materiais (distâncias a
de transporte (não de transportes partir dos postos de trabalho até
de materiais). de materiais). sanitários, vestiários, almoxarifado,
refeitório, lazer e outros).
Confiabilidade denota
segurança ou certeza
no cumprimento de uma
a) Existência de critérios para o
tarefa ou incumbência.
recebimento de equipamentos.
A confiabilidade de
b) Existência de plano de
Confiabilidade um elemento/sistema
manutenção preventiva.
dos pode ser entendida
c) Existência de cronograma
equipamentos como a conjungação
de equipamentos que defina
da probabilidade de
a quantidade demandada
falha do mesmo com o
por fase da obra.
impacto provocado sobre
a produção no caso da
ocorrência da falha.
A qualidade do
armazenamento pode
ser entendida como um
a) Dimensionamento
conjunto de propriedades,
adequado para cada tipo e
atributos e/ou condições
quantidade de material.
desejáveis do local
b) Distância de outros fluxos.
Aspectos de estoque para que
c) Acesso e saída facilitados.
adicionais quanto seja considerado
d) Os estoques devem ter
à qualidade do adequado à manutenção
características de proteção
armazenamento das características
adequadas com relação à ação
físicas e químicas e
das intempéries (sol, chuva,
do desempenho de
etc.) para cada tipo de material.
determinado material ou
Acesso e saída facilitados.
insumo. Além disso, os
estoques devem evitar
a perda de materiais.
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Critério Definição Fatores

a) Existência da guarita.
b) Número reduzido de
acessos ao canteiro.
c) Posição reservada dos acessos
em relação ao estoque de
Conjunto de medidas
materiais de maior valor agregado.
Segurança que visam evitar furtos
d) Distâncias elevadas
patrimonial de materiais dentro do
entre os acessos.
canteiro de obras.
e) Distância elevada e visibilidade
deficiente dos acessos em relação
à guarita ou ao almoxarifado.
f) Posição deficiente dos
estoques em relação à guarita.

a) Necessidades minorada do uso


Preservação da saúde e
da mão de obra para o transporte
do estado físico natural
de materias dentro do canteiro.
dos trabalhadores pela
b) Características adequadas
proteção dos mesmos
dos percursos realizados pela
quanto aos riscos de
mão de obra pra diversos fins.
um acidente. A proteção
Segurança da Para tanto, deve-se evitar a
contra os acidentes
mão de obra existência de trajetos sujeitos a
dá-se através da redução
quedas de materiais: próximos
da probabilidade da
a desníveis; próximos a áreas
ocorrência de “incidentes”
de produção; muito extensos; e
e da mitigação e/ou
que demandem elevado esforço
eliminação das suas
fisíco para a movimentação
consequências.
(subir escadas, por exemplo).
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Critério Definição Fatores


a) Posicionamento dos elementos
que possam causar boa impressão
aos transeuntes e visitantes.
Estética e marketing b) Adoção de equipamentos
são encarados que possam impressionar os
como o conjunto visitantes ou transeuntes (por
de características, exemplo, a adoção de grua).
propriedades, atributos c) Controle da visibilidade da
Estética e
ou condições visuais obra de fora para dentro quanto
marketing
que denotem e reforcem às partes do canteiro que não
uma imagem (comercial) se quer mostrar ao público
positiva da empresa externo (por exemplo, a produção
construtura da obra, para artesanal de argamassa).
d) Facilidade de limpeza
o público em geral.
e retirada do entulho.
e) Posicionamento privilegiado
do stand de vendas.
a) Posicionamento dos
elementos em locais que
permitam a sua permanência
durante o maior tempo possível
sem sofrerem alterações.
b) Possibilidades de realizar
modificações no canteiro, quando
necessárias, o mais rápido possível
e com o mínimo de interferências
Aptidão ou capacidade (por exemplo, compondo um local
que o canteiro tem de de estoques que possam servir
Flexibilidade adaptar-se às mudanças para diferentes fases da obra).
nas características e/ou c) Área reservada a um elemento,
volumes de trabalho. maior que a estritamente
necessária, gerando capacidade
de abrigar demandas excepcionais.
d) Modularidade das instalações,
facilitando evetuais acréscimos
ou reduções de áreas
destinadas aos elementos.
e) Composição do local que
abriga o elemento, permitindo
fácil montagem/remontagem.
22 UNIUBE

Critério Definição Fatores


Conjunto de fatores que promove
a saúde ocupacional e a higiene
Salubridade, no ambiente de trabalho, contribui
conforto e para o conforto e bem-estar do a) Respeito às normas
motivação do operário e, além disso, induz (pelo menos).
operário positivamente a conduta e a
postura do trabalhador com
relação ao trabalho que executa.
a) Local para coleta
seletiva de resíduos sólidos
destinados à reciclagem.
b) Local para
posicionamento de
Correta destinação de caçamba para coleta de
Meio-ambiente resíduos sólidos e liquídos outros resíduos sólidos
gerados pela obra que não serão reciclados.
c) Local de destinação
de resíduos líquidos
oriundos de águas de
lavação das betoneiras e
ferramentas de trabalho.
a) O posicionamento da
área administrativa que
Facilidade de gestão / privilegie a gerência e o
Interação
acompanhamento “visual” controle visual da produção
administração/
das atividades de produção é desejado, pois, dessa
produção forma, o engenheiro pode
dentro do canteiro de obras.
identificar mas facilmente
problemas na produção.
Valor despedido na compra
de material, ferramentas e
equipamentos e no pagamento
de mão de obra para a
Custo construção do canteiro de obras.
Estão incluídos, também, os
custos dos equipamentos que
farão parte do canteiro, tais como
guinchos, grua, balancins, etc.
Fonte: Adaptado de Maia e Souza (2003, p.8-11).
UNIUBE 23

EXEMPLIFICANDO!

Acessibilidade

Note que a Figura 14 apresenta depósito intermediário de telhas cerâmicas


de frente à unidade habitacional onde o material será utilizado.

Figura 14: Acessibilidade – Depósito de telhas cerâmicas.

Estética e interação administração/produção

A Figura 15 mostra a identificação visual de quadras e lotes de um


empreendimento de repetições horizontais. A identificação melhora a
estética da obra, facilita o transporte de pessoas e materiais e, ainda,
permite um melhor acompanhamento do controle da produção por parte da
administração.

Figura 15: Identificação visual de quadras e lotes.


24 UNIUBE

1.1.3 A definição do layout do canteiro

Para a definição do layout do canteiro, apenas critérios técnicos não são


suficientes. O planejamento também deve ser realizado tendo como base
a criatividade dos planejadores. O objetivo é um espaço que reúna todas
as características técnicas necessárias para o melhor fluxo produtivo da
obra; todos os aspectos relacionados à saúde, bem-estar e segurança
dos operários, e ainda, aspectos que busquem a garantia de um menor
impacto ambiental dos resíduos líquidos e sólidos gerados pela obra.

A Figura 16 apresenta o layout de um empreendimento composto de


17 casas térreas. O local de implantação do canteiro de obras ficou
deslocado das construções em virtude da falta de espaço livre mais
próximo, e ainda, pela grande declividade do terreno nas demais áreas.

Figura 16: Layout de um canteiro de obras.

Durante essa definição, muitas opções são percebidas, cabe então um


conselho entre equipe de planejamento e execução da obra para optar
pela melhor solução. Os elementos essenciais nessa definição estão
relacionados a seguir:
UNIUBE 25

1.1.3.1 Fluxograma dos processos

O fluxo de produção abrange, além do caminho a ser percorrido para o


transporte dos materiais, a quantidade de materiais demandada em cada
fase do processo. Assim, a localização de elementos essenciais à melhor
fluidez do processo deve ser cuidadosamente analisada.

1.1.3.2 Proximidade desejável entre os elementos do canteiro

Deve-se observar a interação entre os elementos do processo durante


cada fase da obra, sejam eles relacionados à produção ou ao apoio à
produção.

1.1.3.3 Roteiro para posicionamento dos elementos do canteiro

Como não há apenas uma regra para determinação do posicionamento


dos elementos no canteiro, sugere-se um roteiro simplificado que serve
de referência de como proceder à disposição (SOUZA e FRANCO, 1997):

• posicionamento do “stand” de vendas;


• escolha do local do(s) acesso(s);
• posicionamento da guarita;
• escolha do posicionamento do(s) equipamento(s) de transporte
vertical;
• localização da área de alojamento/sanitários;
• localização dos almoxarifados;
• localização, em ordem decrescente de importância, dos principais
processamentos intermediários (central de argamassa, corte, dobra
e pré-montagem de armadura) associados a seus respectivos
estoques;
• localização do escritório.
26 UNIUBE

1.1.3.4 Lista de experiências passadas vividas pela empresa /


planejadores

Constantemente estamos aprendendo com as experiências que vivemos,


e não é diferente quando falamos da definição do layout de um canteiro
de obras. Portanto, recomenda-se que os planejadores tenham listados
itens que contribuam para a definição de um layout em uma nova obra,
seja para evitar a recorrência ou para antever situações que venham a
prejudicar o bom andamento do processo.

1.1.3.5 Seleção da melhor alternativa

Bom, falar de melhor alternativa seria quase uma pretensão de nossa


parte, contudo, os estudos apresentados visam minimizar os erros na
definição de um canteiro de obras personalizado para cada tipo de obra.
A melhor opção deve ser baseada nesses critérios somada à experiência
e ao bom senso dos planejadores, conciliando o que há de melhor em
cada item a ser definido.

1.1.4 Normas regulamentadoras

Dentre as normas que todas as empresas e trabalhadores de todos os


ramos devem cumprir obrigatoriamente, destacam-se aquelas Normas
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho (NR), inscritas no capítulo
5 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que tratam da segurança
e medicina do trabalho.

As principais Normas Regulamentadoras (NRs) que afetam principal e


diretamente os canteiros de obras da construção civil são as de número
5,6,7,9 e 18.
UNIUBE 27

1.1.4.1 NR-5

A NR-5 trata da CIPA: conforme a NR-5 (Portaria n° 8 de 23/02/1999),


toda construtora tem que constituir e manter em funcionamento uma
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). A eleição da
Comissão é convocada pelo empregador e este deve promover para
seus integrantes, curso sobre prevenção de acidentes do trabalho, com
carga horária mínima de 20 horas.

1.1.4.2 NR-6

A NR-6 conceitua os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como


todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade
física do trabalhador e determina que a construtora deve oferecer,
gratuitamente, equipamentos de proteção contra acidentes para todos
os trabalhadores da obra.

À empresa não basta entregar o EPI ao empregado. É necessário instruí-


lo sobre o uso do mesmo e sobre as medidas de proteção individual e
coletiva. O trabalhador deve usar corretamente o EPI, zelando por sua
conservação, sua guarda e devolução.

1.1.4.3 NR-7

Com o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto de seus


trabalhadores, a NR-7 obriga todo empregador a implementar e custear,
sem ônus para o empregado, todos os procedimentos relacionados ao
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

O PCMSO tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce


dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza
subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças
profissionais ou danos irreversíveis à saúde do trabalhador. No caso da
construtora ter mais de 10 empregados, o PCMSO deve ser coordenado
por um médico do trabalho, funcionário ou não da empresa.
28 UNIUBE

1.1.4.4 NR-9

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) regulamentado


na NR-9, determina a obrigatoriedade do construtor em preservar as
condições de segurança e higiene do ambiente de trabalho, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais,
bem como a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

O PPRA realizado nos canteiros deve estar articulado com os demais


programas da empresa, especialmente o PCMSO.

1.1.4.5 NR-18

A NR-18 estabelece medidas de proteção durante as obras de


construção, demolição, reparos, pintura, limpeza e manutenção dos
edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos e ou tipo de
construção. Esta norma, que é específica das atividades de construção
civil, trata das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na indústria da
Construção Civil e impõe o Programa de Condições e Meio Ambiente de
Trabalho (PCMAT).

As obras com 20 ou mais empregados devem elaborar e cumprir o


programa, responsabilidade única do empregador ou do condomínio.
O programa deve contemplar as exigências da NR-9 e sua elaboração
e desenvolvimento devem ser feitos por profissional habilitado na área
de segurança de trabalho. Esta norma determina, também, a obrigatória
comunicação prévia sobre o início da obra à Delegacia Regional do
Trabalho.

INDICAÇÃO DE LEITURA

Norma Regulamentadora 18
Leia a seção 4 da NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção, que estabelece as diretrizes para as áreas de
vivência do canteiro de obras. Disponível em:
<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_18.asp>.
UNIUBE 29

1.2 Locação de obras

1.2.1 Conceitos gerais

A locação da obra é a técnica que permite a realização da transferência


da planta baixa do projeto arquitetônico para o lote onde será edificada
a construção.

Para a execução da locação da obra, deve-se utilizar equipamentos


adequados e técnicas que garantam o perfeito controle das dimensões
da edificação (ver capítulos de Topografia).

A locação é o ponto de partida da obra e definirá todo o controle


geométrico da edificação.

Os elementos utilizados na execução da locação são:

• aparelhos topográficos;
• níveis – mangueira, bolha e laser (Figuras 17 e 18);

Figura 17: Nível de mangueira.

Figura 18: Nível de bolha.


30 UNIUBE

• régua;
• prumo e trena;
• cavaletes;
• gabarito.

1.2.2 Locação de estacas

Caso haja a necessidade de estaqueamento, a posição das estacas


é definida inicialmente antes dos demais elementos da estrutura da
construção. Para a locação das estacas, necessita-se de um projeto de
locação conforme apresentado parcialmente na Figura 19.

Figura 19: Parte de um projeto de locação de estacas

Inicialmente, deve-se escolher uma origem para os eixos ortogonais,


posteriormente deve-se marcar as distâncias entre os eixos acumuladas
a partir da referida origem. A locação pode ser realizada com o auxílio
de equipamento topográfico (abordado no tópico de Mensuração),
e utilizando-se ou não cavaletes e gabaritos para a marcação das
distâncias anotadas no projeto.
UNIUBE 31

A utilização de gabaritos como auxílio na locação, mostrada na Figura 20,


é indicada para obras de maior porte com muitos elementos para locação.
A edificação com cavalete contínuo deve contornar todo o perímetro. Os
cavaletes são gabaritos em seções menores e são indicados para obras
de menor porte, pois se utiliza de uma quantidade menor de material
para execução.

Figura 20: Gabarito para locação de obra.

Com a utilização dos gabaritos procede-se com os seguintes passos:

1. Conferir a área: Antes de iniciar a locação da edificação, faz-se a


conferência das dimensões da área e posicionamento das divisas em
relação ao projeto.
2. Referência de Nível (RN): Realiza-se a locação da obra partindo-se
de um ponto locado pela topografia que denomina-se referência de
nível. Este ponto pode ser uma marcação deixada pelo topógrafo;
o alinhamento da rua; os limites da área onde será implantada a
edificação; um poste de iluminação; um muro vizinho ou outro.
3. Executar o gabarito com pontaletes e sarrafos: O gabarito deverá
ficar a aproximadamente 50 cm do terreno, à aproximadamente
1,5 m da edificação a ser construída e ser rigorosamente nivelado
utilizando-se nível de bolha e mangueira de nível e esquadrejado
utilizando-se o processo do triângulo retângulo (Figura 21). O gabarito
deverá ser pintado de tinta esmalte branca para facilitar a realização
das anotações indicando os elementos estruturais.
32 UNIUBE

Figura 21: Processo do triângulo retângulo.


Fonte: Borges (2009), p.45.

4. Testemunho de concreto: Inicialmente deve-se marcar no gabarito os


eixos X e Y e abaixo destes eixos cravar no chão um testemunho em
concreto que garanta checagens futuras dos eixos;
5. Realizar a marcação no gabarito a partir das medidas do projeto: As
anotações devem ser realizadas de forma legível para a conferência
de todos os pontos. As marcações devem ser feitas nos quatro lados
do gabarito com tinta azul ou vermelha e sobre estas devem ser
cravados pregos para a fixação e estiramento da linha que cruzará
no interior do gabarito conforme mostrado na Figura 22;

Figura 22: Gabarito executado e linhas posicionadas.


Fonte: Azeredo (1997), p.25.
UNIUBE 33

7. Lançar os pontos na área: Com o auxílio de um prumo de centro


e piquete (Figura 23), marcar na área as posições das fundações,
das paredes e pilares e vigas da estrutura, tomando-se por base a
projeção do cruzamento dos fios perpendicularmente esticados nos
pregos do gabarito e conforme o projeto de locação, fundações e
formas fornecidas no projeto estrutural;

Figura 23: Posicionamento do prumo de centro e piquete


Fonte: Borges (2009), p.45.

Recomenda-se:
1. Realizar conferência do gabarito. Deve-se realizar a conferência
do esquadro (±0,5mm/m), alinhamento e nível do gabarito antes da
marcação dos pontos.
2. Preservar gabarito. Impedir que pessoas permaneçam sentadas,
coloquem pesos ou cruzem o gabarito pisando sobre sua
superfície: executar proteções ou prever passagens para pessoas e
equipamentos.
3. Elaborar tabela de marcação. Elaborar uma tabela de marcação com
as coordenadas dos elementos estruturais em relação à origem dos
eixos X e Y para facilitar o lançamento dos pontos no gabarito de
acordo com esta tabela.
4. Evitar acúmulo de erros: Solicitar projeto de locação com medidas
acumuladas;
34 UNIUBE

5. Selecionar instrumentos de medida. Escolher instrumentos que


tenham a menor possibilidade de variação de medições como trenas
de aço e trenas plásticas com fibra de vidro.
6. Realizar a marcação dos elementos estruturais. A locação deverá ser
realizada preferencialmente pelo eixo das peças (estacas, blocos,
vigas baldrames e paredes). Para elementos de concreto com seção
triangular, retangular ou poligonal, deve-se descer um prumo em
duas laterais para definição das faces. Cravar um piquete nos pontos
definidos pelo prumo e locar as fôrmas.
7. Realizar a conferência da locação. A locação deverá ser realizada
por um mestre de obras com experiência ou o próprio engenheiro da
obra e deverá ser conferida por um engenheiro que não participou
do processo inicial, a fim de evitar os erros antes do lançamento dos
elementos estruturais na área.

SINTETIZANDO...

O que marcar quando se faz a locação?

• Eixos ortogonais de referência X e Y.


• Posição central das estacas.
• Eixos de vigas baldrames.
• Centro geométrico e faces dos blocos.
• Eixos de paredes/pilares.

1.3 Execução de fundações diretas

De acordo com Azeredo (1997), as fundações são elementos estruturais


destinados a transmitir ao terreno as cardas da estrutura. As fundações
são divididas em dois grandes grupos:

(a) fundações diretas, superficiais ou rasas;


(b) fundações indiretas ou profundas.
UNIUBE 35

O detalhamento de execução de fôrma, armação e concretagem serão


abordados em itens específicos.

Abordaremos, agora, os dois tipos de fundações diretas: sapata corrida


e radier. Vejamos, a seguir.

1.3.1 Sapata corrida

A sapata corrida é uma fundação direta executada a uma profundidade


relativamente pequena de até 1 metro.

A seguir, apresenta-se um processo executivo de sapata corrida projetada


com pedras de mão, concreto e blocos canaleta:
1o) realizar a escavação (se necessário) na largura da sapata corrida
alargando as laterais para o posicionamento das fôrmas;
2 ) realizar o apiliamento (compactação manual) do fundo da vala;
o

3o) executar a fôrma conforme projeto e procedimento específico (capítulo 4);


4o) prever a passagem de todas as tubulações;
5o) lançar as pedras de mão, conforme mostrado na Figura 24, para
concreto ciclópico (30% de pedras de mão e 70% de concreto);

Figura 24: Pedras de mão na base da sapata.


36 UNIUBE

6o) realizar a concretagem, conforme mostrado na Figura 25;

Figura 25: Sapata corrida.

7o) executar a fiada de bloco canaleta sobre a viga de concreto ciclópico,


conforme Figura 26;
8o) posicionar a armação na canaleta conforme projeto e procedimento
específico (capítulo 5);
9o) fazer o preenchimento do bloco com concreto, conforme projeto e
procedimento específico (capítulo 6);
10o) proceder à cura úmida conforme procedimento específico (capítulo 6);

Figura 26: Fiada de bloco canaleta.


UNIUBE 37

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

Sapata corrida

Existem outras formas de execução de sapata corrida conforme definido em


projeto, como por exemplo:

a) sapatas corridas executadas com tijolos maciços em degraus conforme


mostra a Figura 27;

Figura 27: Sapata corrida com tijolos maciços


em degraus.
Fonte: Azeredo (1997).

b) sapatas corridas armadas, apresentada na Figura 28.

Figura 28: Sapata corrida armada.


Fonte: Azeredo (1997).

1.3.2 Radier

O radier é um tipo de fundação direta e assemelha-se a uma laje


executada no piso. Para a execução do radier, assim como das demais
fundações diretas, necessita-se de um estudo prévio do terreno para
análise da viabilidade de implantação.
38 UNIUBE

A seguir, estão os passos para execução do radier:

1o) piquetear o platô conforme definição de projeto;


2o) fazer compactação com compactadores tipo "sapo", preparando a
plataforma com o máximo de planicidade;
3 ) posicionar a fôrma metálica ou de madeira nas laterais do radier, na
o

espessura definida em projeto;


4 ) lançar todas as tubulações de hidráulica e elétrica;
o

5o) colocar a lona para evitar perda de pasta do concreto para o solo;
6o) lançar as armações conforme definição em projeto estrutural (capítulo
5o), conforme Figura 29;
7o) concretar com especial atenção para o nivelamento, conforme
procedimento de concretagem com concreto usinado ou rodado na
obra (capítulo 6);
8o) proceder à cura úmida conforme procedimento específico.

Figura 29: Radier executado até o lançamento das armações (6º passo).

A Figura 30 apresenta radiers prontos para início da próxima etapa de


serviços da obra; radiers, sendo curados com aspersão de água (8º passo
do processo executivo) e radiers, sendo concretados após execução dos
6 primeiros passos (Figura 29).
UNIUBE 39

Figura 30: Radiers executados e em concretagem.

1.4 Execução de fôrmas de madeira

As estruturas de concreto armado requerem a execução de fôrmas, que


em suas dimensões internas correspondam exatamente às peças da
estrutura projetada. Segundo Azeredo (1997), as fôrmas para concreto
devem satisfazer aos seguintes requisitos:

a) Rigor – as fôrmas deverão ser executadas rigorosamente de acordo


com as dimensões indicadas em projeto e com resistência necessária
para suportar os esforços referentes ao peso próprio e pressão do
concreto fresco com suas armaduras e cargas acidentais;
b) Estanqueidade – as fôrmas deverão ser estanques para que não haja
perda de cimento arrastado pela água;
c) Facilidade de retirada – as fôrmas deverão ser construídas de maneira
que permita a sua retirada sem choques;
d) Maior utilização – as fôrmas deverão ser projetadas e executadas de
maneira que permita o maior número de utilizações em uma mesma obra;
e) Madeira utilizada – as fôrmas deverão ser executadas com madeira
aparelhada e compensados permitindo um melhor acabamento da
superfície.
40 UNIUBE

Muitas são as variáveis que devem ser analisadas e estudadas para a


escolha do sistema mais adequado, como por exemplo, as características
do projeto, o tipo de concreto, o planejamento, o tipo de escoramento, a
produtividade na montagem, dentre outros (SLACK et. al., 1997).

As fôrmas devem ser fabricadas em uma central estabelecida no canteiro


de obras. Para execução é necessário que o profissional tenha em mãos
os projetos para execução constando dimensões das peças.

1.4.1 Fôrmas para pilar

A base para o dimensionamento de qualquer fôrma para pilar deve ser


a carga, neste caso, o empuxo do concreto, que depende da altura do
pilar e da velocidade da concretagem.

Figura 31: Detalhes de fôrmas de madeira para pilar.


UNIUBE 41

Os passos para a execução de forma para pilar, apresentada na Figura 31, são:

1o) locar e fixar os gastalhos e pontaletes-guia (Figura 33);


2o) passar desmoldante na face interna das fôrmas;
3o) posicionar as duas faces menores e o fundo fixando-as e travando-as
nas duas direções com mãos-francesas;
4 ) nivelar as faces e marcar o nível de concretagem;
o

5o) posicionar a armadura conferindo os espaçadores;


6o) fechar a fôrma para a concretagem;

Figura 32: Fôrma de madeira nos pilares com chapas compensadas,


sarrafos e “gravatas”.

Figura 33: Gastalho e pontaletes-guia.


42 UNIUBE

SAIBA MAIS

Gastalho

O gastalho é um quadro de madeira ou metálico com o desenho do


perímetro do pilar mais a espessura do painel da fôrma, que serve para o
posicionamento do pilar e travamento do seu pé.

1.4.2 Fôrmas para paredes

São usadas chapas de compensado, estruturadas com sarrafos,


geralmente, na vertical, conforme demonstrado na Figura 36. O conjunto
deve ficar preso com peças mais resistentes na horizontal, travando a
fôrma através de furos.

O processo executivo é o mesmo descrito para os pilares, entretanto,


deve-se atentar para o travamento da fôrma por meio de tensores,
conforme apresentado na Figura 34. Após a retirada das fôrmas, a
estrutura apresenta os furos deixados pelos amarris passantes, conforme
mostra a Figura 35.

Figura 34: Aplicação de tensão na fôrma por meio de aço utilizado como
amarril.
UNIUBE 43

Figura 35: Furos deixados na parede de concreto.

Figura 36: Fôrma de madeira para parede de concreto.

1.4.3 Fôrmas para vigas

Existem inúmeras opções de executar a fôrma da viga em madeira


(Figura 37). Para tanto, devem-se considerar os critérios:

• número de reaproveitamentos necessários;


• facilidade de executar a fôrma;
44 UNIUBE

• custo;
• qualidade de acabamento.

Figura 37: Detalhes de fôrmas de madeira para vigas.

As fôrmas para vigas, em geral, são executadas da seguinte forma:

• lançar os fundos de viga a partir da cabeça dos pilares;


• utilizar garfos aprumados e alinhados para apoio do fundo de viga
no restante do vão;
• nivelar o fundo da viga utilizando uma linha de nylon unindo os
pilares;
• posicionar os painéis laterais.
UNIUBE 45

SAIBA MAIS

Garfo

O garfo é um conjunto formado por pontaletes e sarrafos de madeira, cuja


função é o travamento e escoramento de vigas conforme mostrado na
Figura 38.

Figura 38: Posicionamento dos painéis das vigas apoiadas nos garfos.

1.4.4 Fôrmas para lajes

Existem vários tipos de lajes, dentre os quais estão:

• laje maciça;
• laje nervurada;
• laje treliçada.
46 UNIUBE

O sistema mais utilizado na formação dos painéis de laje é composto de


chapas compensadas e madeira serrada, e variações de cimbramentos
dependendo do tipo de laje.

1.4.4.1 Laje maciça

A laje maciça, como o próprio nome indica, possui concreto armado


em todas as suas partes e é executada em forma de um painel na
horizontal. O concreto é lançado sobre um assoalho de madeira, após o
posicionamento da armação com espaçadores e as caixas de instalações
elétricas e hidráulicas, conforme o projeto.

A Figura 39 apresenta uma vista de baixo da fôrma de uma laje maciça.


O detalhe mostra os cimbramentos metálicos, as longarinas de madeira
serrada e assoalho de chapa compensada plastificada. A Figura 40
apresenta uma vista de cima da mesma laje preparada para receber o
concreto, com armaduras, espaçadores e instalações elétricas.

Figura 39: Detalhe da forma de madeira para laje maciça com escoramento
metálico.
UNIUBE 47

Figura 40: Fôrma de madeira para laje maciça vista de cima.

1.4.4.2 Laje nervurada

A laje nervurada é constituída de uma fina camada de concreto e


pequenas vigas formadas pela utilização de um elemento que pode ser
ou não incorporado à laje. Na Figura 41 a laje nervurada é composta
de fôrmas plásticas em formato de cumbuca e retirada após a cura do
concreto.

Figura 41: Laje nervurada com formas plásticas e cimbramento metálico.


48 UNIUBE

1.4.4.3 Laje pré-moldada (treliçada)

A laje treliçada é composta de vigotas com base de concreto e treliça


metálica incorporada. As vigotas são apoiadas nas extremidades do
vão e entre elas são colocadas lajotas cerâmicas. Em seguida, e após
posicionamento da armadura, é executada uma fina camada de concreto
para enrijecer o sistema. A Figura 42 apresenta laje com vigotas treliçadas
e lajotas cerâmicas apoiadas sobre cimbramentos de madeira.

Figura 42: Laje treliçada com lajotas cerâmicas e cimbramento


de madeira.

A Figura 43 apresenta uma vista de cima da laje treliçada preparada


para concretagem com o posicionamento de vigotas, lajotas, caixas e
tubulação elétrica.
UNIUBE 49

Figura 43: Laje treliçada com lajotas cerâmicas (vista de cima).

A seguir, apresentam-se os passos para execução de uma laje:

1o) lançar as longarinas apoiando-as em escoras metálicas ou de


madeira;
2o) lançar o assoalho da laje sobre as longarinas;
3o) demarcar as posições das paredes no assoalho com tinta ou giz
e, em seguida, demarcar os pontos hidráulicos, elétricos e demais
conforme projetos;
4o) para facilitar a desforma, deve-se pregar uma alça de corda na
primeira chapa do assoalho a ser desformada;
5o) transferir os eixos principais da obra para o andar em que está sendo
montada a fôrma, de maneira a permitir a realização de conferências;
6o) pregar o assoalho nos sarrafos laterais das fôrmas de vigas e
longarinas;
7o) nivelar o pano de laje com nível laser ou com linha de nylon colocada
na face superior da fôrma;
8o) depois que a fôrma da laje estiver pronta, fixar os gabaritos de
passagens hidráulicas, elétricas e demais antes da concretagem.
50 UNIUBE

IMPORTANTE!

Cimbramentos metálicos

O mesmo que escoras metálicas. O uso de cimbramentos metálicos facilita


o posterior nivelamento da laje. O ajuste do nivelamento é feito ajustando as
alturas das escoras de apoio das fôrmas por meio de cunhas.

SAIBA MAIS

Desforma

O tempo mínimo de desforma de peças concretadas deve ser especificado


no projeto e dependerá do concreto e do processo e tempo de cura. Segundo
Souza et al. (1996), para concretos com cura úmida, tem-se:

Painéis laterais de vigas: desforma após 40 horas, seguida de reescoramento.

Assoalho de laje: desforma após 65 horas, seguida de reescoramento.

1.5 Armação para concreto

1.5.1 Corte e dobra

O início das atividades de corte e dobra do aço se dá com a montagem


da estrutura de bancada de armador. A bancada de armador possui uma
serra com disco abrasivo, também chamado de policorte, chave de dobra
e pinos de apoio fixos na bancada.

Os fios e barras de aço são cortados conforme dimensões de projeto de


armação (Figura 44). Com o objetivo de racionalizar o corte das barras,
durante o planejamento, deve-se estabelecer um plano de corte para a
minimização de sobras de pontas de aço.
UNIUBE 51

As dimensões das dobras são definidas em projeto e são executadas


conforme a Figura 45, utilizando-se a bancada e pinos afixados na
mesma para essa finalidade.

Após o corte e a dobra, as peças são organizadas em kits para,


posteriormente, serem montadas.

Figura 44: Corte de barras de aço.


Fonte: Souza et al. (1996).

Figura 45: Dobra de barras de aço.


Fonte: Souza et al. (1996).
52 UNIUBE

CURIOSIDADE

Aço pronto

Atualmente existem empresas que fornecem aço cortado e dobrado para


serem montados na obra, e ainda, peças montadas apenas para encaixe
nas respectivas formas. O aço é cobrado por quilo no valor de bitola média
fornecida para o empreendimento. Para uma quantidade muito grande de
barras finas utilizadas, o valor cobrado por quilo é maior.

1.5.2 Montagem

Após o corte e a dobra, a armadura de cada peça é montada utilizando-


se de aço recozido torcido para união das barras. As peças montadas
são armazenadas sobre sarrafos de madeira (Figura 46) e identificadas
para posicionamento nas respectivas fôrmas.

Figura 46: Aço montado aguardando utilização.

Algumas peças não podem ser totalmente montadas antes da colocação


nas fôrmas, assim, as peças cortadas e dobradas são transportadas ao
local de aplicação e montadas na própria fôrma.

Após o serviço de montagem, as fôrmas devem ser limpas com o auxílio de


um imã para retirada das pontas de arame recozido que ficaram no fundo.
UNIUBE 53

1.6 Concretagem com concreto usinado

Para a utilização de concreto usinado na obra, alguns cuidados especiais


são necessários:

1.6.1 Preparação e cuidados para o recebimento do concreto

• preparar a entrada da obra, colocando cavaletes, para evitar o


estacionamento de outros veículos;
• o trajeto a ser percorrido pelo caminhão betoneira até o ponto de
descarga do concreto deve estar limpo e o terreno firme;
• limpar e molhar as fôrmas antes do lançamento do concreto;
• dimensionar a equipe de trabalho atentando-se para o volume e o
tempo de concretagem;
• preparar as áreas de acesso à concretagem, desobstruindo e
demarcando os caminhos conforme a sequência de concretagem.

1.6.2 Pedido e programação do concreto

Para programar o concreto, é necessário ter em mãos os seguintes


dados:

• local da obra;
• volume do concreto;
• resistência do concreto (fck) conforme projeto estrutural;
• tipo do agregado;
• slump adequado ao tipo de peça a ser concretada;
• volume por caminhão a ser entregue;
• intervalo entre caminhões;
• fazer a programação com antecedência de, pelo menos, 72 horas.
54 UNIUBE

1.6.3 Transporte do concreto na obra

Convencional: o concreto é transportado até as fôrmas por meio de


carrinhos de mão, gericas, caçambas, calhas, gruas ou através da calha
do caminhão betoneira, conforme apresentado na Figura 48.

IMPORTANTE!

CUIDADO NO TRANSPORTE

Segundo a NBR 14931:2004, o sistema de transporte deve, sempre que


possível, permitir o lançamento direto do concreto nas fôrmas, evitando o uso
de depósitos intermediários. Quando estes forem necessários no manuseio
do concreto, devem ser tomadas precauções para evitar segregação, ou
seja, a separação dos componentes da mistura.

Bombeável: o transporte de concreto é feito por tubulação desde o


caminhão até a peça a ser concretada por meio do caminhão-bomba,
conforme mostra a Figura 47 e, ainda, por meio da calha do caminhão-
betoneira, conforme mostra a Figura 48 (assim como no concreto
convencional).

Figura 47: Concretagem com concreto tipo bombeável por meio de


caminhão-bomba.
UNIUBE 55

Figura 48: Concretagem com concreto tipo


bombeável por meio da calha do caminhão-
betoneira.

1.6.4 Lançamento do concreto

• programar o menor percurso para o concreto;


• ao lançar o concreto, não deixar formar acúmulo de material em um
ponto isolado da fôrma;
• preencher as fôrmas em camadas inferiores a 50 cm de altura, para
se obter um adensamento adequado;
• sarrafear as lajes com régua de alumínio, tomando o nível das
mestras como referência;
• durante a concretagem deve ser acompanhado o deslocamento das
armações, tubulações e desnivelamentos de elementos;
• retirar as mestras logo após o sarrafeamento, para evitar que fiquem
perdidos na massa de concreto.

IMPORTANTE!

Concretagem de lajes em balanço

Para as lajes em balanço é importante o acompanhamento de engenheiro ou


mestre com atenção especial para o posicionamento da armadura negativa.
56 UNIUBE

1.6.5 Adensamento do concreto por meio de vibradores de imersão

• aplicar sempre o vibrador na direção vertical, conforme apresenta


a Figura 49;
• o vibrador deve permanecer no concreto por cerca de 15 segundos;
• várias incisões próximas por menos tempo produz melhor resultado
que uma incisão por tempo maior (as incisões deverão ser feitas
lentamente para evitar bolhas);
• evitar o contato da agulha do vibrador com a fôrma;
• não vibrar o concreto pela armadura;
• não desligar o vibrador enquanto este estiver submerso;
• não puxar o vibrador pelo mangote ou cabo elétrico;
• dar atenção ao isolamento dos cabos e motores;
• atentar para ligação dos vibradores em tomadas específicas;
• antes de ligar o mangote, verificar o sentido de rotulação do mesmo;
• limpar todos os equipamentos após o término da concretagem.

Figura 49: Adensamento de concreto com vibrador de imersão.


Fonte: Souza et al. (1996).
UNIUBE 57

1.6.6 Cura do concreto

• a cura do concreto é iniciada logo que a superfície do concreto


apresentar condições de ser molhado;
• o concreto deve ser molhado por um período mínimo de 4 dias;
• evitar o trânsito de pessoas e transporte de materiais sobre as peças
concretadas nas primeiras 12 horas.

1.6.7 Verificação

1.6.7.1 Tempo de pega

Verificar a hora de saída do caminhão, conforme registrado na Nota


Fiscal, da usina e a hora de utilização (aplicação) do concreto.

O tempo estimado até o término da concretagem não pode ser superior


a 2h30, exceto pelo uso de aditivos retardadores de pega.

1.6.7.2 Consistência

Para verificação da consistência exigida para o concreto que será


utilizado, deve-se realizar o teste de abatimento de tronco de cone
descrito na NBR NM 67 (1998).

RELEMBRANDO

Ensaio de abatimento de tronco de cone (NBR NM 67:1998)

Sobre a placa metálica previamente molhada e nivelada, colocar o cone


e firmá-lo com os pés. Preencher o cone em 3 camadas e, ao final de
cada uma, aplicar 25 golpes com o soquete de forma uniformemente pela
camada. Retirar o excesso de concreto e alisar a superfície com uma régua
metálica. Retirar o cone cuidadosamente invertê-lo e medir com a régua
metálica o desnível entre a fôrma e o ponto médio do tronco de concreto.
58 UNIUBE

1.6.7.3 Resistência

Verificar através do ensaio de compressão (NBR 5739:2007), a


resistência do concreto utilizado na obra. Este ensaio deve ser realizado
por laboratório especializado. Os corpos de prova podem ser moldados
pelo pessoal da usina de concreto ou pessoal da obra, conforme a NBR
5738 (2003).

IMPORTANTE!

Moldagem de corpos-de-prova (NBR 5738:2003)

A moldagem dos corpos de prova deve ser da seguinte forma:

• em quatro camadas, preencher o molde de 15 cm de diâmetro,


sendo que, ao final de cada camada, deve-se aplicar 30 golpes
uniformemente. Moldar dois corpos de prova para cada data de ruptura;
• colher amostra após descarregar 1/3 da carga do caminhão. Retirar
mais ou menos 30 litros de amostra p/ moldagem;

a NBR 12655:1996 preconiza que a amostragem deve ser retirada, no


mínimo, a cada 50m³ ou para cada andar ou a cada 3 dias de concretagem,
entretanto, sugere-se que a amostragem não ultrapasse 3 caminhões e,
para maior rigor, que seja realizada a cada caminhão de concreto entregue
na obra, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2: Valores para formação de lotes de concreto


Solicitação principal dos elementos da estrutura
Limites superiores Compressão ou Flexão
compressão e flexão simples
Volume de concreto 50 m3 100 m3
Número de andares 1 1
Tempo de concretagem 3 dias de concretagem 1)
1)
Este período deve estar compreendido no prazo total máximo de sete dias, que inclui eventuais
interrupções para tratamento de juntas.

Fonte: NBR 12655 (2006).


UNIUBE 59

Resumo

Este capítulo apresentou subsídios para execução de instalações


provisórias destinadas ao apoio na execução de obras, o que compreende
a elaboração de projeto e implantação de canteiro com áreas de vivência,
área administrativa, de armazenamento e de apoio à produção.

Após a implantação do canteiro, foram apresentados os seguintes


processos que abrangem a execução de uma obra:

• Locação de obra
Consiste no transporte da planta arquitetônica do projeto constante no
papel para o terreno onde será executada.

• Fundações superficiais
As fundações superficiais podem ser executadas diretamente sobre o
terreno ou após a execução de uma fundação profunda. As fundações
profundas serão estudadas em capítulo específico de Fundações.

Foram apresentadas, também, fundações do tipo Radier e Sapata Corrida


que são executadas diretamente sobre o terreno devidamente preparado.

• Fôrmas de madeira
Como as fôrmas de madeira ainda são o método mais utilizado na
execução de fôrmas para concreto, optamos por sua abordagem.
Pudemos entender o processo de execução de pilares, vigas e lajes de
uma estrutura de concreto armado.

• Armação para concreto


A armação executada para estruturas de concreto pode ser executada na
obra ou adquirida de empresa que fornece as peças cortadas e dobradas
conforme projeto. Com a abordagem apresentada, pode-se utilizar ambos
os métodos para execução de um projeto.
60 UNIUBE

• Concretagem com concreto usinado


Finalmente, a concretagem das peças executadas na obra pode
acontecer com concreto rodado na obra ou concreto usinado. A
abordagem mais segura e que traz um melhor resultado na qualidade
do serviço executado é o concreto usinado, pela segurança do traço
utilizado e pelo controle na aplicação.

Devem-se seguir todos os passos para a utilização do concreto usinado,


não se esquecendo das verificações de tempo de pega, consistência e
resistência, essenciais para a garantia do projeto e vida útil da estrutura.

Após a execução das etapas de (a) Instalações Provisórias; (b) Locação;


(c) Fundações e (d) Estrutura, apresentadas neste capítulo, parte-se
para a execução dos fechamentos em alvenarias que será abordada em
capítulos posteriores.

Atividades

Você foi contratado para ser o engenheiro responsável da obra de


construção de uma indústria. Diante disso, e como parte do planejamento,
é preciso dimensionar as instalações provisórias que atendam às
necessidades da obra conforme suas características. Assim, a partir dos
dados de entrada, responda ao que se pede nas atividades de 1 a 5.

Dados de entrada:

a) A alimentação será adquirida de empresa que fornece refeição individual


e pronta e, por isso, será realizada no mesmo horário por todos os
funcionários.
b) Os funcionários serão alojados no canteiro.
c) Para a execução de rejuntamento dos revestimentos cerâmicos serão
contratadas cinco mulheres.
UNIUBE 61

d) Haverá produção de pré-moldados para vergas.


e) Haverá produção de concreto e argamassa na obra em larga escala,
pois não existe usina para fornecimento em local compatível.
f) As fôrmas e armação serão confeccionadas na obra.
g) Quantidade de funcionários no mês de pico: 50 homens.
h) Os funcionários serão alojados no canteiro.

Atividade 1

Listar os LOCAIS necessários para as áreas de vivência e instalações


provisórias.

Atividade 2

Apresentar as QUANTIDADES necessárias para cada instalação da área


de vivência.

Atividade 3

Elaborar croqui com as áreas de vivência mínimas, conforme locais


listados.

Atividade 4

Listar os LOCAIS mínimos necessários para armazenamentos na obra.

Atividade 5

Listar os LOCAIS mínimos necessários para produção na obra.


62 UNIUBE

Referências

ABIKO, A. K.; MARQUES, F. S.; CARDOSO, F. F.; TIGRE, P. B. (Org.). Setor de


construção civil: segmento de edificações. Brasília, SENAI/DN, 2005. 159 p.:
il. (Série Estudos Setoriais; 5)

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto –


Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 5739: Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos.


Rio de Janeiro, 2007.

_______. NBR 12284: Áreas de vivência em canteiros de obras. Rio de Janeiro, 1991. 11p.

_______. NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento


– Procedimento. Rio de Janeiro, 2006.

_______. NBR 14931: Execução de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de


Janeiro, 2004.

_______. NBR NM 67: Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do


tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.

AZEREDO, H. A. de. O edifício até sua cobertura. São Paulo: Editora Edgard
Blücher, 1997.

BORGES, Alberto de Campos. Prática das pequenas construções. Vol.I. Edição


revista e ampliada de José Simão Neto e Walter Costa Filho. 9. ed. São Paulo:
Blücher, 2009. 385 p.

MAIA, A. C.; SOUZA, U. E. L. Método para conceber o arranjo físico dos elementos
do canteiro de obras de edifícios: fase criativa. São Paulo: Boletim Técnico – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2003. 31p.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 5 Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/
nr_05a.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2010.

_______. NR 6 Equipamentos de Proteção Individual. Disponível em: <http://www.mte.


gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_06_.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2010.
UNIUBE 63

_______. NR 7 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf>.
Acesso em: 04 ago. 2010.

_______. NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Disponível em: <http://


www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_09_at.pdf>. Acesso em:
04 ago. 2010.

_______. NR 18 Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção.


Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_18.
asp>. Acesso em: 04 ago. 2010.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.& JOHNSTON, R.


Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997.

SOUZA, U. E. L.; FRANCO, L. S. Definição do layout do canteiro de obras. São


Paulo: Boletim Técnico – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1997. 16p.

SOUZA, R.; MEKBEKIAN, G. Qualidade na aquisição de materiais e execução


de obras. São Paulo: Pini, 1996.
Capítulo
Técnicas construtivas:
alvenaria
2

Vanessa Rosa Pereira Fidelis

Introdução
Neste segundo capítulo teórico, que aborda a Tecnologia de
Construção Civil, você terá a oportunidade de conhecer os
processos para execução de uma obra a partir da alvenaria de
vedação.

Após a organização do canteiro de obras, instalações provisórias,


implantação da obra e execução até de fundações e estruturas,
executa-se o fechamento em painéis de vedação.

Descrevemos nesse capítulo, além do processo de execução


de alvenaria de vedação de blocos cerâmicos, os processos
de execução de revestimentos argamassados em paredes e
pisos, a execução de revestimento em gesso liso desempenado,
a execução de revestimentos cerâmicos destinados a pisos e
paredes e, finalmente, a execução de revestimento em pintura
interna e externa à construção.

Ademais, apresentam-se as verificações necessárias para as


instalações prediais de gás, esgoto, água fria e quente.

A finalidade deste capítulo é orientar você, aluno de Engenharia


Civil, na execução de obras de construção civil. Com esse intuito, o
66 UNIUBE

capítulo apresenta diversas ilustrações como forma de aproximar


o aluno do canteiro de obras e elucidar a sequência construtiva
de cada processo.

Este capítulo apresenta os diversos assuntos, indicando as


respectivas normas brasileiras que os regulamentam.

Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• reconhecer os equipamentos utilizados na produção da obra;


• coordenar a execução de alvenaria de vedação;
• coordenar a execução de revestimentos argamassados para
paredes e pisos;
• coordenar a execução de revestimento em gesso liso
desempenado;
• coordenar a execução de revestimentos cerâmicos de piso
e parede;
• coordenar a execução de pintura interna e externa;
• contratar e acompanhar a execução de testes de instalações
hidráulicas; instalações de esgoto e de gás.

Esquema
2.1 Alvenaria de vedação de blocos cerâmicos
2.2 Revestimentos argamassados
2.3 Revestimentos com pasta de gesso
2.4 Revestimento cerâmico de piso
2.5 Pintura
2.6 Instalações hidráulicas e de esgoto
2.7 Instalações de gás
UNIUBE 67

2.1 Alvenaria de vedação de blocos cerâmicos

2.1.1 Introdução

Segundo Azeredo (1997), alvenaria é a obra formada de pedras naturais,


tijolos ou blocos ligados ou não por argamassas e devem possuir
resistência, durabilidade e impermeabilidade adequadas à função.

As alvenarias podem ser estruturais e de vedação e, para Azeredo (1997)


deverá satisfazer às seguintes condições:

• ser isolante térmico;


• ser isolante acústico;
• resistir a impactos;
• não ser combustível;
• ser resistente.

As alvenarias se constituem de materiais diferentes de acordo com as


especificações definidas em projeto, com base na disponibilidade do
material e mão de obra, finalidade e prazo de execução desejado. A
seguir apresentam-se alguns tipos de materiais utilizados em alvenarias:

• tijolos de barro comum;


• blocos cerâmicos de vedação e estruturais;
• blocos de concreto de vedação e estruturais;
• blocos de concreto celulares;
• pedras naturais;
• blocos sílico-calcários;
• tijolos de vidro;
• tijolos de solo-cimentos.
68 UNIUBE

2.1.2 Blocos e tijolos cerâmicos

A NBR 15270-1 (2005) define os termos, dimensões, aspectos físicos,


químicos e mecânicos exigíveis para o recebimento de blocos cerâmicos.
Segundo a NBR, consideram-se dois tipos de blocos: com furos na
horizontal e com furos na vertical, conforme Figuras 1a e 1b.

Figura 1a: Blocos cerâmicos – Furos na horizontal. Figura 1b: Blocos cerâmicos – Furos na vertical.

As dimensões de fabricação (largura – L, altura – H e comprimento – C)


devem ser correspondentes a múltiplos e submúltiplos do módulo
dimensional M = 10 cm menos 1 cm, conforme dimensões padronizadas
indicadas na Tabela 1.

Tabela 1: Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos de vedação


Comprimento (C)
LxHxC Largura (L) Altura (H)
Bloco ½ Bloco
(1) M x (1) Mx (2)M 19 9
9
(1) M x (1) M x (5/2) M 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (2) M 19 9
(1) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (3) M 9 29 14
(1) M x (2) M x (2) M 19 9
(1) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19
(1) M x (2) M x (3) M 29 :4
(1) M x (2) M x (4) M 39 19
(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M 11,5 2 11,5
(5/4) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(5/4) Mx (2) M x (2) M 11,5 19 9
(5/4)Mx (2) M x (5/2) M 19 24 11,5
(5/4) M x (2) M x (3) M 29 14
UNIUBE 69

(5/4)M x (2) M x (4) M 39 19


(3/2) M x (2) M x (2) M 19 9
(3/2) M x (2) M x (5/2) M 14 19 24 11,5
(3/2) M x (2) M x (3) M 29 14
(3/2) M x (2) M x (4) M 39 19
(2) M x (2) M x (2) M 19 9
(2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19 19
(2) M x (2) M x (3) M 29 14
(2) M x (2) M x (4) M 39 19
(572)M x (5/2)M x (5/2) M 24 11,5
(5/2) M x (5/2) M x (3) M 24 24 29 14
(5/2) M x (5/2)M x (4) M 39 19
Fonte: Thomaz et. al. (2009).

2.1.3 Argamassa de assentamento

Para o assentamento de blocos cerâmicos, recomendam-se as argamassas


mistas, compostas por cimento, cal hidratada e areia. As argamassas têm
a função de:

a) unir solidamente os elementos de alvenaria;


b) distribuir uniformemente as cargas;
c) vedar as juntas impedindo a infiltração de água.

Atualmente, existem quatro formas de apresentação da argamassa de


assentamento:

1) argamassa industrializada ensacada, comercializada em lojas de


materiais de construção e afins;
2) argamassa usinada intermediária, ou seja, composta de cal e areia;
3) argamassa usinada com retardador de pega, composta de cimento,
cal e areia;
4) argamassa produzida em obra.
70 UNIUBE

Todos os tipos devem atender aos requisitos estabelecidos na NBR 13281


(2005).

Dos componentes da mistura, tem-se:

(a) CIMENTO – responsável pela resistência e estanqueidade. Segundo


Thomaz et. al. (2009), sempre que possível, na preparação da
argamassa, deve-se evitar a utilização de cimentos de alto forno
(CP III) ou pozolânico (CP IV), pois, devido à importante presença
de escória de alto forno e de material pozolânico, respectivamente,
a argamassa poderá ter elevada retração, caso não haja adequada
hidratação do aglomerante. Esses tipos de cimento, entretanto,
podem ser utilizados em situações em que se tenta prevenir reações
de compostos do cimento com sulfatos presentes na cerâmica;
(b) CAL – a cal é responsável pela retenção de água e, por isso, possui
um menor módulo de deformação, permitindo movimentações sem
danos. As cales precisam atender às exigências da NBR 7175 (2003);
(c) AREIA – um fator importante na areia é a sua granulometria. No
caso de argamassas para assentamento, recomenda-se a utilização
de areia média. Para Thomaz et. al. (2009), não se recomenda
o emprego de areias com porcentagens elevadas de material
silto-argiloso (conhecidas no Brasil com diversos nomes: “saibro”,
“caulim”, “arenoso”, “areia de estrada”, “areia de barranco” etc.),
sendo que a areia deve atender às especificações da norma NBR
7211 (2009).

De acordo com a NBR 13281 (2005), os ensaios recomendados para as


argamassas de assentamento são:

• resistência à compressão;
• densidade de massa aparente nos estados fresco e endurecido;
• resistência à tração na flexão;
• coeficiente de capilaridade;
• retenção de água;
• resistência de aderência à tração.
UNIUBE 71

2.1.4 Equipamentos de execução

Para a execução de uma alvenaria de vedação com qualidade, utilizam-


se, pelo menos, os seguintes equipamentos:

• esquadro;
• régua de alumínio de 2 metros;
• escantilhão telescópico (Figura 2) para os cantos de alvenaria com
alvenaria;
• masseira.

Figura 2: Escantilhão telescópico.

2.1.5 Etapas de execução

Segundo a NBR 8545 (1984), a execução das alvenarias deve obedecer


ao projeto executivo nas suas posições e espessuras. Podem ser utilizados
tijolos ou blocos cerâmicos que devem atender, respectivamente, às
especificações da NBR 7170 (1983) e NBR 15270-1 (2005).
72 UNIUBE

Para a NBR 8545 (1984), as paredes devem ser moduladas de modo a


utilizar-se o maior número possível de componentes cerâmicos inteiros.
E o assentamento dos componentes cerâmicos deve ser executado
com juntas de amarração, ou seja, com juntas descontínuas, conforme
apresentado na Figura 3. A Figura 4 mostra blocos/tijolos assentados com
juntas a prumo, ou juntas contínuas.

Figura 3: Juntas de amarração de blocos/tijolos.

Figura 4: Juntas a prumo de blocos/tijolos.

2.1.5.1 Alinhamento

Fixa-se uma linha com pregos na argamassa das juntas que serve
como guia para a colocação dos tijolos da primeira fiada, que devem
ficar perfeitamente alinhados, conforme apresentado na Figura 5. Os
cantos são levantados primeiro para servirem de referência de prumo e
horizontalidade, utilizando-se o escantilhão telescópico.
UNIUBE 73

Figura 5: Procedimento de alinhamento das fiadas.

2.1.5.2 Assentamento

1º Coloca-se a argamassa.

2º Assenta-se o tijolo ou bloco.

3º Retira-se o excesso de argamassa.

2.1.5.3 Métodos de assentamento

Método Tradicional: em que o pedreiro espalha a argamassa com a


colher e depois pressiona o tijolo ou bloco, conferindo o alinhamento e
o prumo.

Cordão: em que o pedreiro forma dois cordões de argamassa (Figura 6 e


Figura 7), melhorando o desempenho da parede em relação à penetração
de água de chuva, ideal para paredes em alvenaria aparente ou blocos
estruturais.
74 UNIUBE

Figura 6: Método de assentamento utilizando cordões de argamassa


nas juntas verticais.

Figura 7: Método de assentamento utilizando cordões de argamassa


nas juntas horizontais.

2.1.5.4 Amarração

Os elementos de alvenaria devem ser assentados com as juntas


desencontradas, para garantir uma maior resistência e estabilidade dos
painéis, de acordo com a Figura 8.
UNIUBE 75

(1ª fiada) (2ª fiada)


Figura 8: Amarração em canto de parede de ½ vez.

2.1.5.5 Ligações

Ligação parede-pilar pode acontecer de duas formas: (a) com tela


galvanizada conforme apresentado na Figura 9; (b) com o engastamento
de barras de aço (também chamado de ferro-cabelo) (Figura 10).
Segundo a NBR 8545 (1984), as barras devem ser distanciadas cerca de
60 cm e possuir comprimento da ordem de 60 cm, conforme demonstra
a Figura 10.

Chapisco
Ligação com tela
6 0 cm

Parede
40

Figura 9: Ligação de parede-pilar com tela galvanizada.


76 UNIUBE

A NBR 8545 (1984) recomenda chapiscar a face da estrutura (lajes, vigas


e pilares) que ficam em contato com a alvenaria.

Figura 10: Ligação de parede-pilar com barras de aço (ferro-cabelo).

A ligação parede-parede (Figura 11) é executada com tela galvanizada


e a junta é preenchida com selante flexível.

Figura 11: Ligação de parede-parede com tela e junta flexível.


UNIUBE 77

2.1.5.6 Vãos em alvenaria

Vãos de portas e janelas devem seguir especificações de projeto mais


as folgas necessárias para o chumbamento dos portais e requadros com
argamassa de cimento e areia.

Sobre o vão das portas e janelas e sob os vãos das janelas devem
ser construídas vergas e contravergas, respectivamente. Sobre o vão,
a função é evitar as cargas provenientes das esquadrias e sob o vão
a finalidade é distribuir as cargas concentradas uniformemente pela
alvenaria superior.

A Figura 12 apresenta o esquema de esforços na alvenaria que deverão


ser suportados pelas vergas e contravergas, acima e abaixo do vão,
respectivamente.

Figura 12: Esforço e patologia em vãos de alvenaria.

Segundo a NBR 8545 (1984), vergas e contravergas devem exceder a


largura do vão de, pelo menos, 20 cm e devem ter altura mínima de 10 cm.
78 UNIUBE

Recomenda-se a execução de vergas e contravergas com dimensões


que ultrapassem a largura do vão em L/5 e com, no mínimo, 20 cm para
cada lado do vão.

IMPORTANTE!

Vergas e contravergas

Contraverga: componente estrutural localizado sob os vãos de janelas e


alvenaria.
Verga: componente estrutural localizado sobre os vãos de janelas, portas
e alvenaria

No exemplo, a seguir (Figura 13), a verga é executada aproveitando-se


as dimensões do bloco com o mínimo de 20 cm para cada lado do vão.

Figura 13: Posicionamento e dimensões de vergas e contravergas.

Segundo a NBR 8545 (1984), quando os vãos forem relativamente


próximos e na mesma altura, recomenda-se uma única verga sobre eles.
E, ainda, quando o vão for maior do que 2,40 m, a verga ou contraverga
deve ser calculada como viga.
UNIUBE 79

2.1.5.7 Encunhamento

O encunhamento pode ser executado com espuma expansora (Figura


14), cimento expansor (Figura 15) e, ainda, com tijolos cerâmicos.

Espuma expansiva
de Poliuretano

Figura 14: Encunhamento com espuma expansiva.

Argamassa com
cimento expansor

Figura 15: Encunhamento com cimento expansor.

2.1.5.8 Verificações do assentamento

• Juntas de argamassa entre os tijolos ou blocos completamente


cheios.
• As juntas da argamassa de assentamento devem ser de 0,7 a 1,5
cm (Figura 16).
• Painéis de paredes perfeitamente alinhados, pois, ao contrário, será
necessária uma grande espessura de revestimento.
80 UNIUBE

Figura 16: Juntas preenchidas somente na horizontal.

• Sobre as aberturas das portas e janelas deverão ser colocadas


vergas.
• Fiadas em nível para se evitar o aumento de espessura de
argamassa de assentamento.
• Desencontro de juntas para uma perfeita amarração.

RELEMBRANDO

Juntas

Juntas de amarração: sistema de assentamento dos componentes da


alvenaria no qual as juntas verticais são descontínuas.
Juntas a prumo: sistema de assentamento dos componentes da alvenaria
no qual as juntas verticais são contínuas.

A Figura 17 apresenta uma alvenaria com juntas desencontradas ou


juntas de amarração, perfeitamente alinhadas e executadas, conforme
o método tradicional.
UNIUBE 81

Figura 17: Elevação de alvenaria de vedação de blocos cerâmicos de


15x20x25.

2.1.6 Alvenaria racionalizada

2.1.6.1 Conceito

Pode-se definir a alvenaria racionalizada como sendo o emprego de um


método construtivo com elevado grau de racionalização baseado em:

• projetos executivos para a produção – a Figura 18 apresenta um


exemplo de projeto de produção de alvenaria de blocos cerâmicos
de vedação, no mesmo padrão dos projetos de alvenaria de blocos
estruturais;
• procedimentos executivos;
• metodologia de gestão e controle de processos.
82 UNIUBE

Figura 18: 1ª fiada de alvenaria de blocos cerâmicos de vedação 9x19x24 cm.

2.1.6.2 Etapas de definição

A definição pela tecnologia acontece na fase de projetos.

• Definição da tecnologia a ser empregada no projeto (tipo de vedação,


tipo de revestimentos, tipo de cobertura, sistemas de instalações e
outros).
• Após a elaboração dos projetos, realiza-se a compatibilização dos
mesmos.
• Elaboração de procedimentos para execução.
UNIUBE 83

2.1.6.3 Etapas de execução

A etapa de execução inicia-se com o recebimento dos materiais a serem


utilizados na execução do processo.

• Recebimento.
• Estocagem.
• Transporte até o local de utilização.
• Utilização no processo executivo.

Posteriormente, o material é empregado no processo de execução da


alvenaria de vedação.

• Treinamento de mão de obra.


• Implantação do procedimento de execução.
• Acompanhamento de execução.
• Verificação e recebimento dos serviços.

2.2 Revestimentos argamassados

2.2.1 Introdução

Os revestimentos argamassados verticais e horizontais de teto servem


de proteção das alvenarias e lajes contra as intempéries, além de possuir
efeito arquitetônico.

Os revestimentos argamassados horizontais de piso servem para


regularização de base para receber outros revestimentos, ou ainda, para
dar um acabamento rústico a um piso sem mais proteções.

A composição usual do revestimento argamassado de parede e teto é


cimento, cal hidratada e areia com granulometria variável, e para os pisos
é utilizada a composição de cimento e areia.
84 UNIUBE

Os revestimentos argamassados de parede e teto mais utilizados


atualmente são compostos de duas camadas: chapisco e reboco em
camada única. O revestimento vertical de piso é executado sobre uma
camada de contrapiso ou laje em uma única camada.

2.2.2 Tipos de revestimentos

Como vimos, os revestimentos argamassados de parede mais utilizados


são executados em duas camadas, entretanto, existe uma variação na
utilização desses revestimentos.

De acordo com Sabbatini (1998), os revestimentos de argamassa podem


ser classificados com base nos seguintes critérios:

a) quanto ao número de camadas que o constituem:

• uma única camada;


• múltiplas camadas.

b) quanto às condições de exposição:

• revestimentos de paredes internas;


• revestimentos de paredes externas.

c) quanto ao plano de aplicação:

• vertical (paredes);
• horizontal (tetos).

2.2.3 Revestimentos verticais

Os revestimentos verticais são executados sobre as alvenarias de


vedação, pilares e vigas da estrutura e alvenarias estruturais na parte
interna e externa das edificações.
UNIUBE 85

A Figura 19 apresenta um revestimento de parede executado em três


camadas.

Figura 19: Revestimento vertical argamassado em três camadas.

Antigamente, preparava-se a base com chapisco, a seguir executava-se


a camada de revestimento argamassado em emboço composto por
uma areia de granulometria maior e finalmente, dava-se o acabamento
com uma argamassa composta de areia de granulometria mais fina,
conferindo-se um acabamento final mais aveludado.

O processo mais utilizado atualmente é aquele executado em duas


camadas. Prepara-se uma base com o chapisco e, a seguir, executa-
se a camada de revestimento argamassado em emboço composto por
cimento, cal e areia em camada única.

A Figura 20 apresenta um revestimento de parede executado em duas


camadas.
86 UNIUBE

Figura 20: Revestimento vertical argamassado em duas camadas.

Ao término da execução da camada única, tem-se o acabamento


final que pode ser executado com diversos materiais, como por
exemplo: revestimentos em pedra, revestimentos em madeira, pintura
e revestimentos cerâmicos, dentre outros. A Figura 21 apresenta o
revestimento de uma alvenaria com placas cerâmicas.

Figura 21: Revestimento vertical argamassado com proteção de placas cerâmicas.


UNIUBE 87

2.2.4 Funções e características dos revestimentos verticais

2.2.4.1 Chapisco

O chapisco é a preparação da base para receber o revestimento. Esse


tipo de revestimento confere aderência da camada de revestimento ao
substrato, melhorando tais características principalmente nas bases lisas
e tetos.

Segundo a NBR 7200 (1998), a aplicação do chapisco segue os seguintes


passos:

a) a argamassa de chapisco deve ser aplicada com uma consistência


fluida, assegurando maior facilidade de penetração da pasta de
cimento na base a ser revestida e melhorando a aderência na
interface revestimento-base;
b) o chapisco deve ser aplicado por lançamento, com o cuidado de não
cobrir completamente a base;
c) Aditivos que melhorem a aderência podem ser adicionados ao
chapisco, desde que compatíveis com os aglomerantes empregados
na confecção da argamassa de revestimento e com os materiais da
base. Para seu emprego, devem ser seguidas as recomendações
técnicas do produto, comprovadas através de ensaios de laboratório
credenciado pelo INMETRO;
d) em regiões de clima muito seco e quente, o chapisco deve ser
protegido da ação direta do sol e do vento através de processos que
mantenham a umidade da superfície, no mínimo, por 12 h, após a
aplicação.

2.2.4.2 Emboço

O emboço possui a função de regularização da alvenaria, seja para


receber outra camada de revestimento argamassado, o reboco, ou outro
revestimento responsável pelo acabamento do conjunto.
88 UNIUBE

Como vimos, o emboço é executado com uma argamassa que possui


agregados miúdos de granulometria maior e, por isso, é mais áspero e
rústico, para facilitar a aderência da camada de acabamento. A espessura
média do emboço é de 20 mm.

2.2.4.3 Reboco

O reboco possui a função de dar acabamento ao conjunto por meio de


um revestimento argamassado; assim, a argamassa para execução de
reboco possui grãos mais finos para melhor acabamento.

Após a execução do emboço, aplica-se a camada de reboco que tem


uma espessura de, aproximadamente, 5 mm.

2.2.4.4 Massa única ou Emboço paulista

O revestimento em massa única, também chamado de emboço paulista,


exerce a função do conjunto emboço + reboco. Desta forma, possui
composição que confere aderência ao substrato por meio da ligação
do chapisco e fornece tanto uma aderência à superfície que receberá
mais uma camada de revestimento, quanto a que receberá apenas a
camada de pintura, ou seja, tanto regulariza a superfície quanto confere
acabamento à mesma.

A execução em camada única melhora a produtividade da obra sem


perdas para a qualidade do serviço executado, devendo-se atentar
para a correta dosagem da argamassa, proporcionando características
desejáveis para o processo.

O revestimento em camada única é executado com espessura média


de 20 mm.
UNIUBE 89

Segundo a NBR 7200 (1998), a aplicação da argamassa de revestimento


deve seguir os passos:

a) deve-se atender às espessuras constantes no projeto do revestimento


e exigências estabelecidas na NBR 13749 (1996);
b) o plano de revestimento será determinado através de pontos de
referência dispostos de forma tal que a distância entre eles seja
compatível com o tamanho da régua a ser utilizada no sarrafeamento.
Nestes pontos, devem ser fixadas taliscas de peças planas de
material cerâmico, com argamassa idêntica à que será empregada
no revestimento;
c) uma vez definido o plano de revestimento, faz-se o preenchimento
de faixas, entre as taliscas, empregando-se argamassa, que será
regularizada pela passagem da régua, constituindo as guias ou
mestras;
d) após o enrijecimento das guias ou mestras que permita o apoio da
régua para a operação de sarrafeamento, aplica-se a argamassa,
lançando-a sobre a superfície a ser revestida, com auxílio da colher
de pedreiro ou através de processo mecânico, até preencher a área
desejada;
e) nesta mesma operação, devem ser retiradas as taliscas e preenchidos
os vazios;
f) estando a área totalmente preenchida e tendo a argamassa adquirido
consistência adequada, faz-se a retirada do excesso de argamassa e
a regularização da superfície pela passagem da régua. Em seguida,
preenchem-se as depressões mediante novos lançamentos de
argamassa nos pontos necessários, repetindo-se a operação de
sarrafeamento até conseguir uma superfície plana e homogênea;
g) para revestimento de camada única, executa-se o acabamento da
superfície conforme especificado no projeto.
90 UNIUBE

Os tipos de acabamentos conferidos aos revestimentos verticais


argamassados são (NBR 7200:1998):

a) sarrafeado – manter o acabamento resultante do procedimento


descrito na letra (f) do item anterior;
b) desempenado – executar o alisamento da superfície sarrafeada
através da passagem da desempenadeira;
c) camurçado – executar o alisamento da superfície desempenada com
a passagem de esponja ou desempenadeira apropriada;
d) raspado – executar o acabamento da superfície sarrafeada por meio
de passagem de ferramenta denteada;
e) lavado – executar o acabamento da superfície sarrafeada em
argamassa preparada com agregado apropriado, através da lavagem
com jato de água;
f) chapiscado – executar o acabamento sobre a base de revestimento
ou sobre o emboço por meio do lançamento de uma argamassa
fluida, através de peneira de malha quadrada com abertura
aproximada de 4,8 mm ou equipamento apropriado;
g) imitação travertino – executar o acabamento da superfície
recém-desempenada lançando com broxa a mesma argamassa de
acabamento com consistência mais fluida. Aguardar o momento ideal
para alisar a superfície com colher de pedreiro ou desempenadeira
de aço, conservando parte dos sulcos ou cavidades provenientes
do lançamento da argamassa fluida, a fim de conferir o aspecto do
mármore travertino.

2.2.5 Etapas de execução

Segundo a NBR 7200 (1998), de execução de revestimento de paredes


e tetos de argamassas inorgânicas – procedimento, as etapas para a
execução do revestimento são:
UNIUBE 91

Verificações preliminares:

1o) Vistoriar as condições da base, para determinar as correções


necessárias à execução do revestimento.
2 ) Observar as condições para execução dos serviços de revestimento,
o

incluindo:

a) emprego de ferramentas especiais;


b) período em que ocorrerá o serviço;
c) avaliação das condições ergonômicas dos locais de trabalho,
verificando-se a necessidade de andaimes ou outros equipamentos
auxiliares que permitam aos operários um acesso estável com
segurança aos planos a serem revestidos;
d) adequação do canteiro de obra à instalação dos equipamentos
e execução dos serviços.

Para garantir a qualidade das argamassas preparadas em obra, o


canteiro deve possuir central de produção de argamassa, devidamente
instalada com a seguinte infraestrutura mínima:

a) misturador mecânico;
b) compartimentos separados e identificados para estoque dos
diferentes materiais;
c) ponto de água canalizada próximo ao misturador mecânico
com medidor de água acoplado;
d) peneiras;
e) dispositivos para medição de agregados, adições e água.

4o) As tubulações de água e esgoto devem estar adequadamente


embutidas e testadas quanto à estanqueidade.
5o) Os eletrodutos, caixas de passagem ou derivação de instalações
elétricas ou telefônicas devem estar adequadamente embutidos.
6o) Os vãos para portas e janelas devem estar previamente definidos,
estando os contramarcos, se especificados, devidamente fixados.
92 UNIUBE

Cronograma de execução

Quando se fizer uso de argamassas preparadas em obra, as bases de


revestimento devem ter as seguintes idades mínimas apresentadas no
Quadro 1:

Quadro 1: Cronograma de execução de revestimentos


28 dias 3 dias 21 dias
Camada única Acabamento
Estruturas de concreto e alvenarias (argamassa decorativo
Chapisco
estruturais armadas mista, cimento (pintura,
e cal) revestimentos)
14 dias 3 dias 21 dias

Alvenarias não-armadas estruturais Camada única Acabamento


e sem função estrutural de blocos (argamassa decorativo
Chapisco
cerâmicos, de concreto (curados 28 mista, cimento (pintura,
dias), concreto celular e cal) revestimentos)

Fonte: NBR 7200 (1998)

Observação:

1) Para revestimentos de argamassas industrializadas ou dosadas


em central, estes prazos podem ser alterados, se houver instrução
específica do fornecedor, com comprovação através de ensaios de
laboratório credenciados pelo INMETRO.
2) Quando a argamassa de emboço for aplicada em mais de uma
demão, deve-se respeitar o prazo de 24 h entre aplicações.

Acompanhamento da execução dos serviços de revestimento

Verificar:
a) condições de nível, prumo e planeza da base;
b) tratamento da base para correção de nível, prumo e planeza;
c) limpeza da base;
UNIUBE 93

d) traço e preparo das argamassas;


e) espessura do revestimento ou de camadas do revestimento;
f) correções ou reparos eventualmente realizados ao longo do
serviço.

Limpeza e proteção de outros serviços

Deve-se tomar todos os cuidados para que o serviço de revestimento não


danifique outros serviços executados, bem como os demais componentes
da edificação.

Recipiente de transporte e outros instrumentos empregados na aplicação


do revestimento devem ser mantidos limpos, principalmente a caixa de
argamassa, que deve ser limpa imediatamente após o emprego de cada
batelada da mistura.

Qualquer respingo de argamassa deve ser completamente removido e


todo o serviço, inclusive o revestimento, deve ser deixado limpo.

2.2.6 Revestimentos horizontais

Os revestimentos horizontais são executados sobre lastro de concreto,


lajes (Figura 22), lajes descobertas (sobre camada de impermeabilização)
e tetos.

Figura 22: Revestimento argamassado sobre laje coberta.


94 UNIUBE

2.2.7 Funções e características dos revestimentos horizontais

Os revestimentos horizontais possuem as seguintes funções:

• regularizar e nivelar a base;


• dar declividade em áreas molhadas;
• fornecer desníveis entre ambientes;
• complementar as funções da vedação, fornecendo estanqueidade
e isolamento termo-acústico;
• permitir embutimento de instalações, quando aplicável;
• permitir a fixação de revestimentos.

2.2.8 Etapas de execução

Projeto/planejamento

• Definição das espessuras.


• Especificação dos materiais.
• Produção racional da argamassa.
• Adequada técnica de execução.
• Organização da produção.
• Diminuição do consumo de cimento x controle de produção.

Condições para início dos serviços

• Alvenarias concluídas (ou sua marcação).


• Instalações elétricas e hidráulicas do piso concluídas e testadas.
• Impermeabilização executada e testada (quando for executada
antes).

Preparo da base

• Realizar a limpeza da laje, retirando os entulhos, removendo restos


de argamassa ou outros materiais aderidos à base; removendo os
detritos de pó, partículas soltas, graxa, cola, tinta e outros.
UNIUBE 95

Marcação do nível do contrapiso

• Transferência dos níveis do projeto arquitetônico para cada cômodo,


a partir de um RN (aparelho de nível, nível de mangueira).
• Realizar o nivelamento a partir dos cantos das paredes ou batentes
das portas (tolerância ±2 mm).
• Taliscamento: colocar as mestras no piso a uma distância máxima
correspondente à régua de alumínio utilizada (2 m) menos 20 cm;
umedecimento da base e polvilhamento de cimento (para a massa
da talisca aderir à base) – argamassa idêntica à do contrapiso (2
dias de antecedência para ter resistência ao sarrafeamento); áreas
molháveis: caimento mínimo 1% → 2% em direção ao ralo ou saída
de água.
• Umedecer a laje com água (água em abundância).
• Remoção do excesso de água.
• Polvilhamento do cimento sobre a base para a ponte de ligação: 0,5
kg/m2.
• Espalhamento e mistura do cimento com água (vassoura).

Etapas de execução

• Espalhamento da argamassa de contrapiso entre as taliscas com


enxada em nível superior ao das taliscas.
• Compactação com soquete de madeira (soquete padronizado: 30
x 30 cm, 8kg).
• Sarrafeamento: passar régua metálica para cortar excesso de
argamassa da camada de contrapiso, respeitando o nivelamento
das mestras (logo após a compactação).
• Retirada das taliscas.
• Preenchimento com argamassa: lançamento da farofa, espalhando
com enxada.
• Recolher o excesso de argamassa.
• Polvilhar o cimento sobre a superfície sarrafeada, previamente ao
desempeno com madeira.
96 UNIUBE

• Dar o acabamento da superfície com desempenadeira.


• Colocar panos e jogar água para cura durante 03 dias.
• Esperar 48 horas para tráfego.
• Acabamento final: polvilhamento de cimento (0,5 kg/m2) com
peneira; desempeno; para aplicação de argamassa (revestimentos
cerâmicos, revestimentos de pedra etc.): desempeno rústico
(desempenadeira de madeira), para aplicação de cola: desempeno
alisado (desempenadeira de madeira seguida de desempenadeira
de aço).

2.3 Revestimentos com pasta de gesso

A condição em que mais se utiliza a pasta de gesso como revestimento


é sobre blocos de concreto de vedação ou estruturais e lajes maciças.

A NBR 13867 (1997) descreve procedimento sobre o revestimento interno


de paredes e tetos com pasta de gesso, conforme segue:
Áreas secas:
O revestimento em gesso deve ser aplicado em
superfícies onde não haja percolação de águas. Nas
regiões onde possa ocasionalmente ocorrer baixa
percolação de água, recomenda-se a preparação da
superfície com material impermeabilizante.
Gesso:
O gesso a ser empregado deve estar especificado
como gesso lento, dentro do prazo de validade e
armazenado, conforme a NBR 13207 (1994).
Água de empastamento:
As águas utilizadas na preparação da pasta não devem
estar contaminadas com impurezas que atuem a curto
e a longo prazo. Recomenda-se o uso de água potável.
Preparo da base:
a) A superfície-base deve ser regular para se garantir a
aplicação de uma camada uniforme do revestimento em
pasta de gesso. Em caso de necessidade, a superfície-
base deve ser regularizada com argamassa.
UNIUBE 97

b) A superfície a ser revestida deve estar limpa, livre


de pó, graxa, óleos ou outros materiais que diminuam
a aderência. As eflorescências visíveis devem ser
eliminadas ou neutralizadas.
c) A superfície-base de revestimento deve estar
suficientemente umedecida antes da aplicação do
revestimento.
d) Quando a superfície a revestir for pouco absorvente,
deve-se fazer aplicação de argamassa de chapisco ou
emulsões adesivas.

Preparo da pasta
a) A pasta de gesso para revestimento deve ser
preparada em quantidade suficiente para ser aplicada
antes do início da pega. A pasta que se encontrar no
estado de endurecimento não se tornará novamente
trabalhável com adição de água.
b) Na preparação da pasta de gesso, recomenda-
se utilizar a relação água/gesso recomendada pelo
fabricante.
c) No procedimento de preparação, deve-se colocar
o gesso sobre toda a água e aguardar a completa
absorção para formação da pasta, sem que haja
qualquer intervenção manual ou mecânica.
d) Para retirar a pasta do recipiente, deve-se utilizar
ferramenta tipo colher de pedreiro ou similar. Durante
todo o processo não se deve entrar em contato manual
com a pasta, a fim de evitar a aceleração da pega.

Aplicação da pasta
a) A camada de revestimento com pasta de gesso
deve ter espessura o mais uniforme possível e ser
cuidadosamente espalhada.
b) Devem ser utilizadas guias-mestras como testemunhas,
para auxiliar o nivelamento e o prumo da camada de
revestimento.
c) O revestimento em pasta de gesso pode ser aplicado
em várias camadas até atingir o nivelamento perfeito.
d) Em superfícies caiadas ou pintadas, recomenda-
se um tratamento adequado, de forma a garantir
uma boa aderência ao revestimento em gesso. Este
tratamento pode ser realizado através de escarificação,
jateamento, lixamento ou, ainda, com a utilização de
emulsões adesivas.
98 UNIUBE

Acabamento
As superfícies revestidas com gesso, após completa
secagem, podem receber um acabamento final,
como pintura, papéis colantes ou outros, conforme
demonstrado na Figura 23.

Figura 23: Revestimento em gesso corrido sobre blocos de concreto.

2.4 Revestimento cerâmico de piso

Para a execução dos revestimentos em placas cerâmicas, três materiais


são essenciais: (a) a placa cerâmica; (b) a argamassa colante; (c) a
argamassa para rejunte.

A NBR 13753 (1996) refere-se ao procedimento de revestimento de piso


interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa
colante. Segundo a Norma, a execução do piso com revestimento
cerâmico deve ser iniciada após a conclusão dos seguintes serviços:
UNIUBE 99

a) revestimento argamassado das paredes;


b) revestimento dos tetos;
c) lixamento de caixilhos;
d) execução da impermeabilização;
e) instalação de tubulações embutidas nos pisos;
f) ensaio das tubulações existentes quanto à estanqueidade.

Para o correto assentamento de revestimentos cerâmicos, deve-se


atentar para a cura da base ou contrapiso. Não havendo processos que
acelerem a cura, o assentamento deve ser, no mínimo, com 28 dias após
a concretagem da base ou 14 dias após execução do contrapiso.

As etapas de execução definidas pela NBR 13753 (1996) são:

a) Preparo da base – a base deve ser preparada e apresentar o caimento


especificado para o piso, conforme projeto. As superfícies muito lisas
devem ser apicoadas. A área não poderá apresentar eflorescências ou
bolor.
b) Preparo das placas cerâmicas – as placas devem ser conforme a
definição em projeto e assentadas a seco sobre argamassa estendidas
à base. As placas que sofrerão recorte devem ser cortadas com o
emprego de ferramenta de ponta de vidia ou diamante.
c) Preparo da argamassa colante – a argamassa colante deverá
ser preparada, utilizando-se a quantidade de água indicada na
embalagem. A argamassa deverá ser empregada, no máximo, em
2h30min após o preparo.
d) Assentamento das placas cerâmicas – para a aplicação da argamassa
colante, as desempenadeiras de aço dentadas (Figura 24) deverão
possuir características conforme dimensões da placa cerâmica a ser
assentada (Tabela 2).
100 UNIUBE

Tabela 2: Dimensões da placa cerâmica x desempenadeira dentada


Dimensão dos dentes da
Área da superfície da placa cerâmica (cm2)
desempenadeira (mm)
menor do que 400 6x6x6
menor ou igual a 400 e menor do que 900 8x8x8
maior do que 900 8x8x8
Semicirculares
raio = 10 mm
espaçamento = 3 mm
Fonte: NBR 13753 (1996)

Figura 24: Detalhe de desempenadeira dentada.

e) Aplicação da argamassa colante – argamassa colante deverá


ser estendida em faixas de, aproximadamente, 60 cm de largura.
Deve-se observar as condições climáticas no momento da aplicação.

Em função da área da superfície das placas cerâmicas, o processo de


espalhamento da argamassa pode variar conforme Tabela 3. Para peças
cerâmicas com área igual ou menor do que 900 cm2, a aplicação da
UNIUBE 101

argamassa pode ser feita pelo método convencional, somente na parede.


Para áreas maiores do que 900 cm2, a argamassa deve ser aplicada
tanto na parede quanto na própria peça (método da dupla colagem). Os
cordões formados nessas duas superfícies devem se cruzar em ângulo
de 90º.

Tabela 3: Dimensões da placa cerâmica e procedimento de colagem

Área da superfície das Formato dos dentes da


Procedimento
placas cerâmicas (cm²) desempenadeira (mm)
menor do que 400 Quadrados 6 x 6 x 6 Convencional
entre 400 e 900 Quadrados 8 x 8 x 8 Convencional
maior ou igual a 900 Quadrados 8 x 8 x 8 Dupla colagem

f) Colocação das placas cerâmicas – as placas devem ser colocadas


sobre os cordões de pasta fresca e pressionadas com martelo de
borracha para que sejam desfeitos os cordões e para o posicionamento
adequado da placa. Deve-se retirar em torno de 1% das placas durante
o assentamento para verificar se o fundo está totalmente preenchido com
argamassa (Figura 25).

Figura 25: Teste de arranchamento.


Fonte: CCB (2010).
102 UNIUBE

Recomenda-se que o controle de alinhamento das juntas seja feito


sistematicamente com o auxílio de linha esticada longitudinalmente e
transversalmente. As Figuras 26 e 27 apresentam linhas posicionadas
nos pregos (destaque), garantindo o alinhamento do revestimento.

Figura 26: Alinhamento com o auxílio de linha esticada nas duas direções.

Figura 27: Detalhe do alinhamento com o auxílio de linha esticada nas duas
direções.
UNIUBE 103

IMPORTANTE!

Segundo recomendações da NBR 13753 (1996),

• é vedado andar sobre o revestimento logo após assentado, a


resistência admissível de aderência da argamassa colante ocorre,
aproximadamente, com 14 dias de idade;
• até três dias não se deve permitir o trânsito sobre o piso. A partir
desse prazo, se necessário, deve-se usar pranchas de madeira.

g) Rejuntamento das placas cerâmicas (Figura 28) – o rejuntamento


deve ser iniciado, no mínimo, três dias após o assentamento,
utilizando-se de pranchas largas de madeira para andar sobre o piso.
Empregar mistura de cimento e agregado miúdo fino. Essa mistura
deve ser preparada em canteiro ou, de preferência, industrializada e
preparada conforme indicações do fabricante.

Figura 28: Rejuntamento de placas cerâmicas.


Fonte: NBR 13753 (1996).

Algumas orientações....

a) As juntas entre as placas cerâmicas devem estar isentas de sujeiras,


resíduos e poeiras que impeçam a penetração e aderência do
rejuntamento.
104 UNIUBE

b) Umedecer as juntas entre as placas com a utilização de broxa.


c) Fazer a aplicação do rejuntamento previamente preparado com o
auxílio de desempenadeira emborrachada ou rodo de borracha em
movimentos de vaivém diagonalmente.
d) Deixar a argamassa secar por um período de 15 a 30 minutos.
e) Realizar a limpeza do revestimento cerâmico com esponja macia.
f) Finalizar a limpeza com pano limpo ou estopa.
g) Para placas cerâmicas bisotadas, realizar o frisamento das juntas com
o emprego de haste de madeira ou plástica com ponta arredondada e
lisa e dimensões proporcionais à largura da junta.

IMPORTANTE!

CUIDADOS COM O PISO CERÂMICO

• O excesso de material ressecado e resultante do frisamento deve ser


removido com o emprego de vassoura de cerdas macias.
• Considera-se boa prática a molhagem periódica com água do
piso externo ou interno nos três primeiros dias subsequentes ao
rejuntamento.
• Caso seja necessário o tráfego de pessoas antes de 7 dias, deve-se
proteger o revestimento com sacos de estopa impregnados de gesso.

h) Limpeza do revestimento cerâmico – o revestimento deve ser


submetido à limpeza final depois de, no mínimo, duas semanas do
rejuntamento. O piso deve ser escovado com água e detergente
neutro e enxaguado abundantemente. Não deve-se utilizar solução
de ácidos.
i) Tolerâncias de execução – a cota do piso acabado não deve ser
superior a 5mm em relação à cota especificada em projeto. O nível
não deve ser maior que L/1000 ou 5mm. O caimento não deve ser
superior ao especificado, sendo a tolerância admitida de + 10% (ver
item 4.4 da NBR 13753:1996).
UNIUBE 105

2.5 Pintura

As pinturas são executadas de acordo com recomendações do fabricante


do produto. O fabricante indica a diluição e rendimento do material a cada
demão. A quantidade de demãos depende do acabamento desejado,
das condições da base e do material utilizado. Mesmo com as definições
advindas dos fabricantes das tintas e vernizes, alguns procedimentos
são indispensáveis na execução dos revestimentos de pintura. A seguir,
apresentaremos exemplos de esquemas de produção das películas de
pintura para as respectivas superfícies novas.

2.5.1 Revestimento argamassado de parede interno

A Figura 29 apresenta o esquema para a pintura da superfície nova em


revestimento argamassado, interna e externamente.

Figura 29: Esquema de pintura de revestimento argamassado.

Os passos para a pintura interna são:

1o) Revestimento novo e curado – a superfície deve ser nova e


apresentar o tempo decorrido de cura de 21 dias (NBR 13753: 1996).
106 UNIUBE

2o) Correção de imperfeições – a superfície deve ser lixada (lixa d’água


100 ou 120).
3 ) Remoção da poeira.
o

4o) Aplicação de líquido selador – a superfície deve receber duas demãos


de líquido selador acrílico com diluição de 5% a 15% com água; ou
5o) Aplicação de massa corrida – se houver indicação, deve-se aplicar
duas demãos de massa corrida sobre o revestimento argamassado,
ou sobre o selador acrílico.
6o) Aplicação de tinta látex acrílica – após o selador ou após a massa
corrida, deve-se aplicar 2 demãos de tinta com diluição de 10% a
30% de água.

2.5.2 Revestimento argamassado de parede externo

A seguir, os passos para a pintura sobre revestimento argamassado


externo:

1o) Revestimento novo e curado – a superfície deve ser nova e


apresentar o tempo decorrido de cura de 21 dias (NBR 13753:1996).
2o) Correção de imperfeições – a superfície deve ser lixada (lixa d’água
100 ou 120).
3o) Remoção da poeira.
4o) Aplicação de líquido selador – a superfície deve receber duas demãos
de líquido selador acrílico com diluição de 5% a 15% com água.
5o) Aplicação de massa acrílica – se houver indicação, deve-se aplicar
duas demãos de massa acrílica sobre o revestimento argamassado,
ou sobre o selador acrílico.
6o) Aplicação de tinta látex acrílica – após o selador ou após a massa
acrílica, deve-se aplicar 2 demãos de tinta com diluição de 10% a
30% de água.
UNIUBE 107

2.5.3 Esquadrias de metal ferroso

Esquadria nova (Figura 30).

Figura 30: Esquema de pintura sobre metal ferroso.

1o) Preparo da superfície – a superfície deve ser preparada com palha


de aço nº1 e lixa para ferro.
2o) Aplicação de fundo antióxido – a superfície deve receber fundo
antióxido com diluição de 10% em demão única e uniforme.
3o) Aplicação do esmalte sintético – após o fundo, deve-se aplicar 2
demãos de esmalte sintético (diluição de 10% com solvente).

2.5.4 Esquadrias e demais bases de madeira

1o) Madeira nova.


2o) Preparo da superfície – a superfície deve ser preparada com lixa
d’água até obter acabamento uniforme isento de farpas e partes
soltas, depois deve-se remover o pó resultante do lixamento
utilizando um pano umedecido com thinner.
108 UNIUBE

Para pintura:

1o) Aplicação de fundo nivelador branco fosco – a superfície deve receber


fundo nivelador branco fosco em 2 demãos com diluição de 10%.
2o) Aplicação do esmalte sintético – após o fundo, deve-se aplicar 2
demãos de esmalte sintético (diluição de 10% com solvente).

Para acabamento envernizado:

1o) Aplicação de seladora para madeira – a superfície deve receber


seladora para madeira em duas camadas capazes de selar a
superfície, sendo a última com diluição menor.
2o) Lixamento – após aplicação da seladora, a superfície deve ser lixada
com lixa grana 320.
3 ) Aplicação do verniz – após a seladora, deve-se aplicar, pelo menos,
o

3 demãos de verniz sintético (diluição de 10% com solvente).

2.5.5 Revestimentos de gesso corrido e placas de gesso

Figura 31: Esquema de pintura sobre gesso.


UNIUBE 109

a) Revestimento novo e curado (Figura 31).


b) Correção de imperfeições – a superfície deve ser corrigida com a
aplicação de massa corrida.
c) Preparo da superfície – a superfície deve ser lixada (lixa 100 ou 120)
para acerto da massa com a superfície em gesso corrido ou em
placas.
d) Aplicação de fundo preparador – a superfície deve receber uma
demão fundo preparador, a fim de evitar-se o “amarelamento” da
superfície com o tempo.
e) Aplicação de tinta látex acrílica – após o fundo preparador, deve-se
aplicar 2 demãos de tinta com diluição de 10% a 30% de água.

2.5.6 Tubulações

As tubulações deverão ser pintadas com esmalte sintético aplicado


diretamente sobre as mesmas até o cobrimento uniforme e em cores no
padrão estabelecido na NBR 6493 (1994), a saber:

a) alaranjado-segurança – produtos químicos não gasosos;


b) amarelo-segurança – gases não liquefeitos;
c) azul-segurança – ar comprimido;
d) branco – vapor;
e) cinza-claro – vácuo;
f) cinza-escuro – eletroduto;
g) cor-de-alumínio – gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de
baixa viscosidade (por exemplo: óleo diesel, gasolina, querosene,
óleo lubrificante, solventes);
h) marrom-canalização – materiais fragmentados (minérios), petróleo bruto;
i) preto – inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (por exemplo:
óleo combustível, asfalto, alcatrão, piche);
110 UNIUBE

j) verde-emblema – água, exceto a destinada a combater incêndio;


k) vermelho-segurança – água e outras substâncias destinadas a combater
incêndio.

2.6 Instalações hidráulicas e de esgoto

Segundo a NBR 5626 (1998), sistema predial de água fria é um sistema


composto por tubos, reservatórios, peças de utilização, equipamentos
e outros componentes, destinado a conduzir água fria da fonte de
abastecimento aos pontos de utilização.

Para a NBR 8160 (1999), o sistema de esgoto sanitário tem por funções
básicas coletar e conduzir os despejos provenientes do uso adequado
dos aparelhos sanitários a um destino apropriado.

A execução das instalações prediais de água e esgoto se dará por


pessoal qualificado atendendo às normas específicas de cada instalação
e projeto, observando as seguintes orientações:

a) jamais utilizar tubos de PVC com conexões galvanizadas;


b) tubos de PVC não devem ser utilizados para tubulações de ar
comprimido;
c) para curvaturas em tubos de PVC usar sempre conexões e nunca fogo;
d) para tubos de PVC esgoto usar juntas com anel de borracha nas
tubulações verticais (colunas de ventilação e tubos de queda);
e) na união de tubos roscáveis, utilizar sempre luva com rosca;
f) jamais utilizar cobre com galvanizado para evitar corrosão;
g) proteger louças e metais com papelão até a limpeza.
UNIUBE 111

Os passos para a execução das instalações prediais são:

1o) Acompanhamento da execução:

a) cortes e passagens – deve-se verificar se todas as passagens de


tubulações e cortes nas alvenarias foram realizados na posição
correta, com diâmetro maior que a tubulação a ser instalada,
aprumados e esquadrejados;
b) prumadas – as prumadas devem ser instaladas observando-se os
encaixes das conexões e fixação das tubulações;
c) tubulações aéreas – as tubulações deverão ser conforme
especificações e fixadas com suportes ou braçadeiras, sendo para
as tubulações horizontais uma distância mínima de 10xDN e para as
tubulações verticais 2m;
d) demais tubulações – para as demais tubulações, deve-se atentar para
as especificações, correto posicionamento, encaixes, nivelamento e
prumo. Deve-se posicionar tubulações livres nos cortes e passagens
e encaixadas por conexões;
e) tubulações enterradas – as tubulações enterradas devem ser
posicionadas livres nos cortes e passagens e inclinações conforme
projeto e encaixadas por conexões. Sempre que necessário, deve-se
realizar proteção antioxidante e mecânica sobre as tubulações e
antes do aterramento;
f) caixas de passagem – as caixas poderão ser executadas em
alvenaria ou concreto moldado no local. As interligações devem ser
realizadas e os acabamentos devem permitir o correto caimento do
fundo e nivelamento em relação à tubulação;
g) válvulas e registros – todas as bases de válvulas e registros devem
ser colocadas aprumadas juntamente com a tubulação para posterior
instalação dos acabamentos;
112 UNIUBE

h) caixas sifonadas e ralos – deve-se realizar todas as interligações de


caixas e ralos;
i) louças e metais – todas as louças e metais devem ser instalados e
estar funcionando. As peças deverão ser protegidas contra o uso e
danos até a limpeza final para entrega da obra.

2o) Execução do teste:

Após a conclusão dos trabalhos e, antes de ser revestida, a instalação


deverá ser testada pelo executor, a fim de evitar possíveis pontos de
vazamentos ou falhas nas juntas.

Teste de pressurização e estanqueidade de instalações de água (NBR


5626:1998)

a) Limpar toda a tubulação com descargas de água sucessivas.


b) Colocar o plug em todos os pontos.
c) Instalar a bomba no ponto de utilização e injetar água sob pressão,
lentamente; no caso de utilização do compressor, encher lentamente
a tubulação para a eliminação completa do ar; ligar a mangueira do
compressor a um ponto da tubulação e injetar ar. A pressão máxima
a ser alcançada deverá ter um valor correspondente a 1,5 vez à
máxima pressão estática da instalação. A pressão não pode ser
inferior a 0,1 MPa (10 m.c.a.). Deixar a pressão por 6 horas.
d) Verificar se ocorreu perda de pressão na tubulação por meio de
manômetro.
e) Em caso positivo, localizar os vazamentos, se necessário, utilizando
água sob pressão.
f) Refazer as juntas e proceder a novo teste.
UNIUBE 113

Teste com água de instalações de esgoto (NBR 8160:1999)

Teste com água:

a) vedar as extremidades abertas das tubulações com bujões ou


tampões. Vedar os ralos com tampão de madeira e borracha,
ajustando de forma a garantir que não ocorra vazamento;
b) encher a tubulação com água, por qualquer ponto. Abrir as
extremidades para retirar o ar e fechar novamente. Continuar o
enchimento observando-se que a carga hidrostática não ultrapassa
60 KPa;
c) manter a pressão por 15 minutos. A altura da coluna de água não
deve variar. Os trechos que apresentarem vazamentos devem ser
refeitos e realizado novo teste.

Teste com ar:

a) vedar todas as extremidades das tubulações, ralos e caixas sifonadas,


com exceção daquela pela qual o ar está sendo introduzido;
b) introduzir o ar no sistema até que atinja uma pressão uniforme de 3,5
m.c.a. (35kPa), a qual deve ser mantida pelo período de 15 minutos
sem a introdução de ar adicional. Os trechos que apresentarem
vazamentos devem ser refeitos e realizado o teste novamente.

Teste com fumaça:

a) após a instalação dos aparelhos sanitários, encher todos os fechos


hídricos dos sifões e caixas sifonadas, deixando abertas apenas
as extremidades das colunas de ventilação e a extremidade para
introdução da fumaça;
b) introduzir a fumaça no sistema. Quando a fumaça começar a sair
pelas colunas de ventilação, tampone-as sucessivamente;
114 UNIUBE

c) manter uma pressão de 0,025 m.c.a. (0,25kPa) durante 15 minutos.


Nenhum ponto deve apresentar escapamento de fumaça. Caso
ocorra escapamento de fumaça, deve-se verificar a ausência indevida
do sifão ou caixa sifonada.

2.7 Instalações de gás

A execução se dará por pessoal qualificado atendendo às normas


específicas de cada instalação, observando as seguintes orientações:

1) Para execução das redes primária e secundária, são admitidos(as):

a) tubos de condução de aço, com ou sem costura, preto ou galvanizado,


no mínimo classe média ou normal;
b) tubos de condução de cobre rígido, sem costura com espessura
mínima de 0,80 mm para baixa pressão e classes A ou I para média
pressão, próprios para serem unidos por acoplamentos ou solda de
ponto de fusão acima de 449ºC;
c) conexões de ferro fundido maleável, preto ou galvanizado, conexões
de aço forjado e conexões de cobre ou bronze para acoplamento
dos tubos de cobre. Estes acoplamentos podem ser executados
através de roscas cônicas, soldagem, brasagem ou flangeados. Para
complementar a vedação dos acoplamentos roscados, deverá ser
aplicado vedante com características compatíveis para uso com GLP;
d) mangueiras flexíveis de PVC ou mangueiras de material sintético que
seja compatível com uso de GLP, atendendo às prescrições da NBR
15526 (2007) e utilizadas somente nas interligações de acessórios
e aparelhos de utilização de gás.

IMPORTANTE!

Quando utilizados tubos pretos na montagem, devem receber tratamento


superficial anticorrosivo.
UNIUBE 115

2) Requisitos gerais:

a) toda instalação interna deve ter um registro de corte situado na rede


de distribuição, que deve ser identificado e instalado, em local de fácil
acesso;
b) toda tubulação da rede de distribuição não poderá passar no interior
dos seguintes locais: dutos de lixo, ar condicionado, águas pluviais,
reservatórios de água, poço de elevadores, e outros (ver NBR 15526:
2007);
c) as válvulas devem ser de material compatível com GLP e que atenda
às condições de projeto, devendo ter em seu corpo identificado as
suas características:

i) as válvulas de bloqueio devem ficar o mais próximo possível


das aberturas dos recipientes e pontos de abastecimento;
ii) todas as aberturas de recipientes estacionários devem
possuir válvula automática de excesso de fluxo ou válvula
de bloqueio com comando à distância;
iii) as válvulas de segurança devem ter comunicação direta com
a fase vapor do GLP contido no recipiente e ser instalado de
modo a evitar a sua violação de regulagem;

d) todo recipiente estacionário deve possuir um medidor de nível de


líquido apropriado para uso com GLP.
e) devem ser colocados avisos de advertência com letras não menores
que 50 mm e quantidade que possam ser vistos em qualquer direção
de acesso à central GLP;
f) a capacidade e quantidade de extintores, visando a proteção da
central, deverá ser conforme a tabela 3 (colocação de extintores) da
NBR 13523 (2008);
g) toda a tubulação de gás aparente deverá ser identificada, pintando-a
na cor amarela.
116 UNIUBE

3) Ensaio de estanqueidade:

a) devem ser realizados dois ensaios: o primeiro ensaio na rede


aparente e em todo o seu percurso, o segundo na liberação para
abastecimento com GLP. Os ensaios da tubulação de rede de
distribuição deverão ser feitos com ar comprimido ou gás inerte,
sob pressão de, no mínimo, 4 vezes a pressão de trabalho máxima
admitida, para a rede primária, que é de 150 KPa (1,5 Kgf/cm2), e
para a rede secundária, que é de 5 KPa (0,05 Kgf/cm2);
b) as redes devem ficar submetidas à pressão de ensaio de estanqueidade
por um tempo não inferior a 60 minutos sem apresentar vazamento.
Para esse ensaio, deverá ser usado manômetro com fundo de escala de
até 1,5 vez a pressão do ensaio com sensibilidade de 20 KPa e diâmetro
de 100 mm;
c) iniciada a admissão de gás na tubulação, deve-se drenar e retirar
todo o ar ou gás inerte contido no mesmo, abrindo-se os registros dos
aparelhos de utilização. Durante esse procedimento, os ambientes
devem ser mantidos totalmente arejados, não sendo permitida a
permanência de qualquer fonte de ignição, exceto para detecção da
chegada de gás inflamável;
d) deverá ser verificada a inexistência de vazamento(s) de gás, sendo
proibido o emprego de chamas para essa finalidade. Caso haja
vazamentos, deverão ser reparados imediatamente.

4) Condições gerais:

a) são indispensáveis os dispositivos de segurança contra pressão


acidental e rompimento do diafragma dos reguladores de pressão
que deverão ser equipados com válvula de bloqueio automática para
fechamento rápido;
b) o GLP não pode ser canalizado em fase líquida no interior das
edificações.
UNIUBE 117

5) Identificações de tubulações: ver item 4.1.1 da NBR 13523 (2008).

6) As instalações da central de gás devem permitir o reabastecimento


sem que prejudique a interrupção de gás destinado aos aparelhos de
utilização.

7) Dispositivos de segurança:

a) os dispositivos de segurança dos recipientes devem situar-se nas


edificações em atmosfera ventilada e distar, no mínimo, 1,5 m
(horizontalmente) e, dentro da central de gás, não devem existir a
menos de 1,5 m dos recipientes e dispositivos de regulagem, caixas
de passagem, ralos, valetas de captação de água pluviais, aberturas
de dutos de esgoto ou compartimentos subterrâneos;
b) os recipientes podem ser instalados ao longo do limite da propriedade,
desde que sejam construídas uma parede e cobertura resistente ao
fogo, no mínimo, 2 h e altura mínima de 1,80m;

IMPORTANTE!

No caso dos recipientes estacionários, somente é permitida a construção


de, no máximo, 2 paredes

c) os recipientes devem distar-se, no mínimo, 3 m de qualquer fonte


de ignição de material de fácil combustão (inclusive, estacionamento
de veículos), 6 m de materiais inflamáveis, 15 m de depósitos de
hidrogênio.

IMPORTANTE!

As distâncias citadas anteriormente podem ser reduzidas pela metade, caso


seja construída parede com tempo de resistência ao fogo mínimo de 2 horas
de maneira que se interponha entre o(s) recipiente(s) e o ponto considerado.
118 UNIUBE

d) deve ser prevista uma cobertura de material incombustível de gás;


e) os recipientes devem ser localizados no exterior da(s) edificação(ões)
em ambientes ventilados, que permitem acesso fácil. O afastamento
da central de gás deve obedecer à Tabela 1 da NBR 13523 (2008);
f) os recipientes devem ser assentados em base firme, nivelada e de
material incombustível, permanecer na posição vertical, com a válvula
para cima e não podem ser empilhadas. Sua base deve ter nível
superior ao do piso circundante, não sendo permitida a instalação
em rebaixos e recessos. Exceções – verificar item 5.1.11.1 da NBR
13523 (2008).

Resumo

Neste capítulo, enfatizamos os processos para execução de uma obra a


partir da alvenaria de vedação, assim como os processos de execução
de revestimentos argamassados em paredes e pisos, a execução de
revestimento em gesso liso desempenado, a execução de revestimentos
cerâmicos destinados a pisos e paredes e, finalmente, a execução
de revestimento em pintura interna e externa à construção. Neste
sentido, vimos a importância dos equipamentos utilizados na obra; da
coordenação e execução de alvenaria de vedação.

Outros aspectos relacionados às obras que você teve a oportunidade de


estudar foram os revestimentos: argamassados para paredes e pisos,
revestimento em gesso liso desempenado, cerâmicos de piso e de
parede.

Nas pinturas, estudamos as diferenciações entre as aplicadas internamente


e externamente. Em relação às instalações hidráulicas e de esgoto
verificamos a necessidade de acompanhamento das Normas NBR 5626
(1998) e NBR 8160 (1999).
UNIUBE 119

Atividades

Foram estudadas duas formas de executar a ligação da estrutura (pilar)


com a alvenaria com elementos diferentes. Com base nesta informação,
e considerando-se uma alvenaria de pé-direito 2,80m, blocos cerâmicos
de 9 x 19 x 24cm e juntas de 1cm, ligada a um pilar de concreto, responda
ao que se pede nas Atividades 1 a 5:

Atividade 1

Cite dois elementos que poderiam ser utilizados para a ligação.

Atividade 2

Faça um esquema dos elementos e suas dimensões.

Atividade 3

Indique em quais fiadas os elementos deverão ser utilizados.

Atividade 4

O revestimento argamassado sobre alvenaria de blocos cerâmicos será


aplicado em uma única camada sem proteção de outro revestimento e,
posteriormente, será protegido por uma película de pintura. Faça um
esquema posicionando e nomeando cada uma das camadas da base
ao acabamento final.

Atividade 5

Como Engenheiro Responsável pela execução de um empreendimento,


você precisa transmitir ao mestre os procedimentos de execução de
serviços padronizados pela empresa. Assim, pede-se: descrever em 6
passos a execução de pisos cerâmicos de forma acessível.
120 UNIUBE

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Instalação predial


de água fria. Rio de Janeiro, 1998.

_______. NBR 6493: Emprego de cores para identificação de tubulações. Rio de


Janeiro, 1994.

_______. NBR 7170: Tijolo maciço cerâmico para alvenaria. Rio de Janeiro, 1983.

_______. NBR 7175: Cal hidratada para argamassas - Requisitos. Rio de Janeiro, 2003.

_______. NBR 7200: Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas


inorgânicas - Procedimento. Rio de Janeiro, 1998.

_______. NBR 7211: Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2009.

_______. NBR 8160: Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução.


Rio de Janeiro, 1999.

_______. NBR 8545: Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos
cerâmicos – Procedimento. Rio de Janeiro, 1984.

_______. NBR 13207: Gesso para construção civil – Especificação. Rio de


Janeiro, 1994.

_______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes


e tetos – Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

_______. NBR 13523: Central de gás liquefeito de petróleo – GLP. Rio de Janeiro, 2008.

_______. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas –


Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

_______. NBR 13753: Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas
e com utilização de argamassa colante - Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.

_______. NBR 13867: Revestimento interno de paredes e tetos com pasta de gesso –
Materiais, preparo, aplicação e acabamento. Rio de Janeiro, 1997.
UNIUBE 121

_______. NBR 15270-1: Componentes cerâmicos – Parte 1: Blocos cerâmicos para


alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

AZEREDO, H. A. de. O edifício até sua cobertura. São Paulo: Editora Edgard
Beicher, 1997.

_______. NBR 15526: Instalações internas de gás liquefeito de petróleo (GLP) – Projeto
de execução. Rio de Janeiro, 2007.

CENTRO CERÂMICO DO BRASIL. Manual de Assentamento de Revestimentos


Cerâmicos – Pisos Internos. Disponível em: <http://www.ccb.org.br/assentamento/
manual_pisint.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2010.

SABBATINI, F. H. Tecnologia de execução de revestimentos em argamassa.


SIMPATCON 13º Simpósio de Aplicação de Tecnologia do Concreto. São Paulo, 1998.

THOMAZ E. et. al. Código de práticas nº 1: alvenaria de vedação em blocos cerâmicos.


IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 2009.
(Publicação IPT; 3011).
Capítulo
Orçamento, planejamento
e controle de obras
3

Maria Regina Ayres de Lima

Introdução
O presente capítulo apresenta um panorama atual do processo
de Orçamento, Planejamento e Controle de Obras, em que
você terá a oportunidade de conhecer os processos que darão
subsídios para a obtenção de resultados eficazes nas atividades
de engenharia.

Após o correto gerenciamento e compatibilização de todos os


projetos e elaboração de projetos detalhados, têm-se em mãos
as ferramentas necessárias para a obtenção de um orçamento
próximo da realidade da obra.

Neste capítulo, descrevemos os fundamentos para a orçamentação


por meio de estimativas de custos de forma detalhada com as
etapas mínimas para obtenção de custos de materiais, mão
de obra, equipamentos, encargos sociais, impostos, outras
despesas e lucro. Fazemos ainda uma abordagem atual sobre
os custos diretos e indiretos mostrando-se os itens que compõem
o BDI – Benefício e Despesas Indiretas. Fechando a etapa de
orçamentação, tem-se a elaboração da Planilha Orçamentária.

Ademais, apresentamos as ferramentas mínimas necessárias para


o planejamento e controle de obras a partir do orçamento gerado.
124 UNIUBE

A finalidade deste capítulo é orientar o aluno de engenharia


civil na elaboração de orçamento e planejamento para obras
de construção civil, e capacitá-lo a utilizar os produtos como
ferramenta de controle durante a execução. Com esse intuito,
este capítulo apresenta diversas referências às normas aplicáveis,
abordagens atuais, ilustrações e exemplos, como forma de
aproximar o aluno das ferramentas propostas.

Objetivos
Ao final deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• realizar o levantamento de quantitativos de serviços de um


projeto;
• realizar a elaboração de composições unitárias de serviços;
• realizar a composição do BDI – Benefício e Despesas Indiretas;
• elaborar planilha orçamentária para execução de uma obra;
• entender a importância do Planejamento e Controle de obras;
• conhecer as bases para o Planejamento;
• definir métodos de Gestão e Controle de Processos;
• definir as causas das deficiências no Planejamento e Controle
de obras;
• conhecer o Ciclo de Planejamento e Controle;
• reconhecer os elementos do processo de Planejamento de
obras;
• reconhecer as ferramentas utilizadas no processo de Controle
de obras.

Esquema
3.1 Orçamento
3.2 Planejamento e controle de obras
UNIUBE 125

3.1 Orçamento

Segundo Mattos (2006), o orçamento é produto do processo de


orçamentação obtido não por um exercício de futurologia, mas resultado
de um árduo trabalho com critérios técnicos bem estabelecidos, utilização
de informações confiáveis e bom julgamento do orçamentista para gerar
resultados precisos, ainda que fora da exatidão.

Pode-se dizer que o orçamento é uma estimativa, mas os critérios escolhidos


para elaborá-lo levam à aproximação ou não do resultado mais preciso.

Algumas formas de determinação do orçamento são conhecidas e utilizadas


nas empresas e por profissionais da área e, nesse capítulo, vamos tratar de
três formas básicas:

• estimativa de custos pelo CUB;


• estimativa de custos por etapa de obra;
• orçamento detalhado.

3.1.1 Custo Unitário Básico

O Custo Unitário Básico da construção civil por metro quadrado (CUB/


m2) é um índice regionalizado publicado periodicamente nos sites dos
Sindicatos da Indústria da Construção (Sinduscons) dos estados e/ou
regiões do Brasil determinados a partir da ABNT NBR 12721 de 2006.

O CUB/m² foi criado em dezembro de 1964, através da Lei Federal 4.591,


inicialmente para servir como parâmetro na determinação dos custos
dos imóveis. Ao longo do tempo, o CUB/m² passou a ser o indicador de
custos do setor (SINDUSCON-MG, 2007).
126 UNIUBE

Atualmente, o CUB/m² possibilita uma primeira referência de custos


dos mais diversos tipos e padrões de empreendimentos e permite
o acompanhamento da evolução desses custos ao longo do tempo
(SINDUSCON-MG, 2007).

Entretanto, o CUB/m² já passou por algumas transformações desde a


ABNT NB-140 de 1965, que foi a primeira Norma da ABNT a estabelecer
os procedimentos técnicos para o cálculo do CUB/m², até a atual ABNT
NBR 12721 de 2006. As construções ganharam novas características e
a legislação urbana evoluiu (SINDUSCON-MG, 2007).

A NBR 12721 de 2006 apresenta os critérios para coleta de preços e


cálculo de Custos Unitários Básicos (CUB) de construção para uso dos
Sindicatos da Indústria da Construção Civil.

A Tabela 1 apresenta parcialmente as nomenclaturas e critérios estabelecidos


na norma.

Tabela 1: Características principais do Projeto Padrão


Residência Unifamiliar
Residência Residência
Residência Padrão Alto
Padrão Baixo Padrão Normal
(R1-A)
(R1-B) (R1-N)

Residência composta de Residência composta de Residência composta de


dois dormitórios, sala, três dormitórios, sendo quatro dormitórios, sendo
banheiro, cozinha e área um suíte com banheiro, um suíte com banheiro e
pra tanque. banheiro social, sala, closet, outro com banheiro,
circulação, cozinha, área banheiro social, sala de
de serviço com banheiro estar, sala de jantar e sala
e varanda (abrigo para íntima, circulação, cozinha
automóvel) e área de serviço completa
e varanda (abrigo para
automóvel)
Área Real: 58,64 m2 Área Real: 106,44 m2 Área Real: 224,82 m2
Residência Popular (RP1Q)
Residência composta de dois dormitórios, sala banheiro e cozinha.
Área Real: 39,56 m2
Fonte: NBR 12721 (ABNT, 2006).
UNIUBE 127

A partir dos critérios da Tabela 1, o Sinduscon apresenta mensalmente o


CUB/m2. A Figura 1 mostra os resultados de maio de 2011.

Figura 1: Custo Unitário Básico (CUB) da Construção Civil – maio/2011.


Fonte: SINDUSCON João Pessoa/PB (2011).

Assim, podemos determinar, por meio do CUB/m2, o custo atual de uma


construção.

EXEMPLIFICANDO!

Para um projeto-padrão de uma residência unifamiliar de 3 dormitórios e


padrão normal, com 250 m2, o custo atualizado para o mês de maio de 2011
seria de:
250 x 1.125,26 = R$ 281.315,00
128 UNIUBE

3.1.2 Custo por etapa de obra

A PINI possui uma metodologia de cálculo do custo do metro quadrado


construído, denominado Custo Unitário PINI de Edificações que também
serve como referência para estimativa de custos de uma obra.

SAIBA MAIS

Fundada em 1948, a PINI é uma das mais tradicionais empresas no setor


de engenharia, arquitetura e construção. Atuando na área de soluções
tecnológicas compostas por software, banco de dados especializados e
soluções de e-business para o mercado de arquitetura e engenharia, com
a PINI Web e em outras áreas operacionais com a Editora PINI, PINI Serviços
de Engenharia e PINI Eventos. (Informações disponíveis em: www.pini.com.br)

Todas as obras possuem etapas bem definidas de execução. Quando


possuímos um terreno limpo, ou seja, sem necessitar de demolições
para posterior execução da obra, temos as etapas mínimas de execução
global que são:

• serviços preliminares;
• movimento de terra;
• fundações especiais;
• infraestrutura;
• superestrutura;
• vedação;
• esquadrias;
• cobertura;
• instalações hidráulicas;
• instalações elétricas;
• impermeabilização e isolação térmica;
• revestimentos (pisos, paredes e forros);
UNIUBE 129

• vidros;
• pintura;
• serviços complementares;
• elevadores.

Assim, a partir das definições de metragem quadrada e tipologia do


empreendimento, pode-se determinar o custo por metro quadrado (m2)
a partir do Custo Unitário PINI de Edificações, conforme apresentado na
Tabela 2 e, posteriormente enquadrá-lo na tabela de Etapas Construtivas
(Tabela 3) publicada pelo Guia da Construção (PINI), definindo-se os
custos por etapa de obra.

Tabela 2: Custos Unitários PINI de Edificações (R$/m2) – Mês de referência: outubro/11 – Belo
Horizonte-MG
USO DA EDIFICAÇÃO MINAS GERAIS – R$/m2
HABITACIONAL Custo total Material Mão de obra
Residência padrão fino 1282,21 836,56 445,65
Sobrado padrão médio 943,35 567,59 375,76
Residência térrea padrão popular 747,09 468,78 278,3
Sobrado padrão popular 840,41 508,84 331,57
Prédio com elevador fino 1013,24 652,23 361,01
Prédio com elevador padrão médio alto 1020,86 738,61 282,25
Prédio com elevador médio 938,04 615,75 322,29
Prédio sem elevador médio 989,04 560,26 428,78
Prédio sem elevador popular 716,48 399,24 317,24
COMERCIAL      
Prédio com elevador fino 1096,4 743,21 353,19
Prédio sem elevador médio 1091,15 676,98 414,17
Clínica veterinária 1073,41 746,53 326,88
INDUSTRIAL      
Galpão de uso geral médio 920,56 680,02 240,54
Fonte: Guia da Construção (2011, p.61).
130 UNIUBE

Para a mesma residência unifamiliar de 250 m2, teríamos:

250 x R$ 943,35 = R$ 235.837,50

Sendo o valor encontrado distribuído nas etapas construtivas de acordo


com percentual de obra a ser executado para o padrão Residencial Médio
(Tabela 3).

Tabela 3: Estimativas de gastos por etapa de obra (%) – Mês de referência: outubro/2011
RESIDENCIAL
ETAPAS CONSTRUTIVAS
FINO MÉDIO POPULAR
Serviços preliminares 2,4 a 3,4 2,4 a 3,4 0,6 a 1,2
Movimento de terra 0 a 1,0 0 a 1,0 0 a 1,0
Fundações especiais      
Infraestrutura 7,0 a 7,6 3,8 a 4,4 2,4 a 4,4
Superestrutura 15,5 a 18,2 12,2 a 16,8 10,4 a 13,2
Vedação 4,4 a 7,3 7,0 a 11,0 7,5 a 13,3
Esquadrias 2,8 a 5,6 7,1 a 13,2 8,2 a 13,7
Cobertura 0 a 0,4 4,4 a 9,5 9,7 a 19,3
Instalações Hidráulicas 11,2 a 13,1 11,2 a 13,1 11,1 a 12,0
Instalações Elétricas 3,8 a 4,8 3,8 a 4,8 3,8 a 4,8
Impermeabilização e isolação térmica 10,6 a 13,8 0,4 a 0,8 0,4 a 0,8
Revestimentos (pisos, paredes e forros) 20,4 a 27,6 23,9 a 29,7 21,3 a 29,4
Vidros 1,6 a 3,0 0,3 a 0,7 0,6 a 1,2
Pintura 3,7 a 5,3 5,9 a 7,6 3,7 a 4,6
Serviços Complementares 2,2 a 3,4 0,5 a 0,7 0,5 a 1,0

Fonte: Guia da Construção (2011, p.61).

3.1.3 Orçamento detalhado

O orçamento detalhado é o desafio a ser implementado pelos engenheiros


nas empresas. Em muitas destas, quando o orçamento detalhado é gerado,
fica restrito à “pasta” que compõe os documentos do engenheiro responsável
pela execução do empreendimento. Ocorre que, muitas vezes, o orçamento
é confiado a profissionais mal preparados por não existir uma preocupação
da empresa com o que antecede à execução da obra.
UNIUBE 131

Em tempos em que a escassez de mão de obra é evidente e a oferta de


materiais e processos alternativos aumentam, o orçamento detalhado
torna-se essencial e não menos importante que a produção na obra. A
integração entre a equipe que realiza o orçamento e a que produz a obra
é imprescindível para o sucesso da implantação do projeto.

Para gerar um orçamento detalhado, as etapas acontecem conforme


descrito no fluxograma apresentado na Figura 2.

Levantamento de
quantidades

Composição de
custos unitários de
serviços

Composição de Composição de Composição de


custos de mão de custos de custos de
obra materiais equipamentos

Elaboração de
planilha
orçamentária

Elaboração de
curva ABC

Composição do
BDI

Elaboração de
preço de venda e
planilha final

Figura 2: Sequência de atividades para elaboração de orçamento detalhado.


132 UNIUBE

Para a elaboração de um orçamento detalhado, é necessário ter em


mãos um conjunto de documentos que viabilizem a execução do mesmo:

• desenhos arquitetônicos detalhados;


• desenhos complementares detalhados;
• especificações técnicas;
• caderno de encargos;
• memorial descritivo;
• lista de materiais.

3.1.3.1 Levantamento das quantidades

Para o levantamento de quantidades, os serviços correspondentes


precisam ser identificados nos documentos apresentados.

É necessária muita atenção e um perfil detalhista do orçamentista. O


processo exige leitura dos projetos (desenhos), cálculo de distâncias,
áreas e volumes, conversão de unidades e consulta a informações
específicas dos fabricantes.

O processo de levantamento de quantidades deve compor um dossiê


para consultas futuras e os desenhos utilizados devem ser identificados
e arquivados juntamente para identificação dos itens considerados na
planilha.

DICAS

Separar um jogo de cópias de desenhos para ser utilizado no levantamento


de quantitativos e identificar o selo do projeto com “orçamento” e data do
levantamento realizado.

• Esquadrias
Iniciar o levantamento de quantidades pelas esquadrias (portas e janelas)
do projeto, seguindo-se o preenchimento da Tabela 4.
UNIUBE 133

Tabela 4: Planilha de levantamento de quantitativos de esquadrias


Área
Esquadria Tipo Cod Largura(m) Altura(m) Qt Área Total Pintura Vidros
(m2)
      (m2)  (m2)  (m2) 

Fantasia
CF Verniz Esmalte
(m2)

 Esquadria – colocar o nome da esquadria constante no projeto. Ex.:


J1, P3, PV4 ou outro.
 Tipo – colocar o tipo de esquadria constante no projeto. Ex.: Abrir;
correr; bascular, veneziana, vidro ou outro.
 Cod – adotar um código para a esquadria conforme material
empregado na confecção da mesma. Ex.: AL: alumínio; MAD:
madeira ou outro.
 Largura – colocar a largura da esquadria constante no projeto. Ex.
1,50 (em metros).
 Altura – colocar a altura da esquadria constante no projeto. Ex. 1,00
(em metros).
 Área – multiplicar a largura pela altura da esquadria. Ex. 1,50 x 1,00
= 1,50m2.
 QT – colocar a quantidade dessa esquadria constante no projeto. Ex.
3 (em unidades).
 Área Total – multiplicar a quantidade de esquadrias da referida
tipologia (QT) pela área unitária da mesma. Ex. 3 x 1,50 = 4,50 m2
 Pintura – colocar a área de pintura conforme tipo a ser executado.
Ex. Verniz, esmalte ou outro.

As esquadrias possuem duas faces e tipologias diferentes. As esquadrias


do tipo veneziana, por exemplo, requerem uma maior quantidade de
tinta para a pintura pelas inúmeras reentrâncias apresentadas em suas
folhas, além do requadro da esquadria. Já as esquadrias apenas com
requadros e vidros em suas folhas consomem um pouco menos de tinta
para a pintura.
134 UNIUBE

Assim, com diferentes critérios para o consumo de material e custo de


mão de obra adotam-se coeficientes (CF) para cada tipo de esquadria
(Quadro 1), que serão utilizados para cálculo da área de pintura.

IMPORTANTE!

Quadro 1: Coeficiente de pintura de esquadrias (CF)


Tipo de esquadraria Multiplicador
Com requadro ou portal e vidro (abrir, correr, bascular, maxim-ar
2,0
e outras)
Com requadro ou portal e folha lisa (enrolar, abrir e outras) 2,5
Com veneziana e vidro (abrir, correr e outras) 3,5

A partir da determinação do coeficiente, multiplica-se o mesmo pela área


total encontrada para determinado tipo de esquadria. Ex.:4,50m2 x CF

 Vidros – considerar a área total de esquadrias que possuem vidro e


arredondar o valor para números inteiros. Ex.:

• Paredes e painéis

Em seguida, realizar o levantamento de quantidades das paredes e


painéis do projeto. Primeiramente a alvenaria e seguindo-se as demais
vedações, como: divisórias e outros.

Para a quantificação de painéis, deve-se considerar a área quadrada


assim:

comprimento (c)x altura (h) ou perímetro (p)x pé-direito (h)

IMPORTANTE!

Pé-direito
É a distância entre o piso acabado e teto acabado de uma edificação, ou
seja, a altura interna líquida.
UNIUBE 135

A quantificação das paredes acontece na sequência da Tabela 5


conforme demonstrado a seguir.

Tabela 5: Planilha de levantamento de quantitativos de paredes e painéis


Cod Comp Pé-direiro Área Vãos Área Total Qt Total Geral
Peça 
  (m)  (m2)  (m2)  (m2)   (m2) 

 Peça – colocar o nome na peça de parede que está sendo levantada,


identificando-a no projeto com códigos e cores. Na Figura 3, apresenta-se
uma forma de identificação das alvenarias para levantamento. As alvenarias
identificadas como “H” e cor “rosa” são as horizontais e as identificadas como
“V” e destacadas de “verde” são as verticais.

2,4m
H1

1,25m

1,05m
V2

H2 0,15m
J1
2,80m

1,20X1,20
ESCRITÓRIO
P1
0,80X2,10
1,25m
V1

V3

H3
0,15m

3,15m
0,15m 0,15m

Figura 3: Planta baixa de escritório sem escala anotada com anotações de orçamento.
136 UNIUBE

Utilizando-se a planilha para o levantamento de quantitativos de paredes


e painéis teríamos o seguinte (Tabela 6):

Tabela 6: Planilha de levantamento de quantitativos de paredes e painéis (cont.)


Cod Comp (m) Pé-direiro Área Vãos Área Total Qt Total Geral
Peça 
  (m)  (m2)  (m2)  (m2)   (m2) 
H1 2,40
H2 1,20
H3 3,45
V1 2,50
V2 1,10
V3 1,25

 Cod – adotar um código para a parede ou painel conforme o material


de composição da mesma. Ex.: B09 – Alvenaria de blocos cerâmicos
de 9x19x24 assentados de ½ vez; BC11 – Alvenaria de blocos de
concreto estrutural de 11x19x39 e outros.
 Comprimento – colocar o comprimento da parede constante no
projeto ou medido em escala.
 Pé-direito – colocar a altura livre da parede constante no projeto ou
medida em escala.
 Área – multiplicar comprimento pela altura livre da parede ou painel.
 Vãos – calcular a área dos vãos livres, multiplicando a largura pela altura
dos mesmos se houver e acrescentar as áreas de vãos de esquadrias
já calculados na 1ª etapa de levantamentos.

IMPORTANTE!

Vão de alvenaria a descontar

Obs.: A análise é feita vão por vão, e não pela soma dos vãos, assim, se
forem duas janelas, desconta-se o que exceder a 2m2 em cada uma das
aberturas (MATTOS, 2006).
UNIUBE 137

 Área Total – subtrair os vãos da área total mesma.

 QT – colocar a quantidade de alvenarias com a mesma área total.

 Total Geral – multiplicar a quantidade pela área total.

IMPORTANTE!

Quantitativos de alvenaria estrutural

Para a quantificação de alvenaria estrutural em blocos cerâmicos ou de


concreto, deve-se realizar o levantamento da seguinte forma:

a) conta-se os blocos pelo tipo apresentado nos desenhos das


elevações;
b) multiplica-se a altura pela largura frontal mais 1 cm de junta de
assentamento do bloco (em metros quadrados – m2);
b) multiplica-se também pela quantidade de blocos de cada tipologia;

somam-se as áreas encontradas para composição da metragem quadrada


da alvenaria.

Veja o exemplo dado a seguir (Figura 4, Tabela 7):

Figura 4: Elevação de alvenaria de projeto.


138 UNIUBE

Tabela 7: Levantamento de quantidades


Descrição do tipo de bloco Quantidade (UN)
Bloco inteiro 14 x 19 x 39 151
Meio Bloco 14 x 19 x 19 4
Canaleta 14 x 19 x 39 21
Bloco especial 14 x 19 x 44 7

Para a composição do projeto apresentado, teríamos:

Área de alvenaria
(0,20 x 0,40 x 151) + (0,20 x 0,20 x 4) + (0,20 x 0,40 x 21) + (0,20 x 0,45 x 7) = 14,55m2

• Revestimentos internos
Após realizar o levantamento de paredes e painéis, passa-se para
a quantificação dos revestimentos internos (Tabela 8 a 21). Nesse
momento, o memorial descritivo e especificações de projeto tornam-se
imprescindíveis para o bom andamento das atividades.

Tabela 8: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno

Descrição
Piso Teto Pé-direito Perímetro Peitoril
do
(m ))
2
(m )
2
(m) (m) (m)
Ambiente

Vãos a
Pé-direito x Revestimento
Soleira (m) Rodapé (m) descontar Pintura (m2)
Perímetro (m2) (m2)
(m2)
UNIUBE 139

Para o detalhamento de cada um dos campos da planilha de


levantamento de revestimentos internos, adotaremos um quadro de
acabamentos retirado do memorial descritivo (Quadro 2).

Quadro 2: Informações de revestimento, acabamentos e pintura


REVESTIMENTOS, ACABAMENTOS E PINTURA
AMBIENTE PISO PAREDE TETO
Chapisco, reboco (massa
Reboco sob
Cerâmica PEI IV paulista), selador acrílico
Sala pintura látex
30x30 da marca X sobre reboco e pintura
PVA marca Y.
látex PVA marca Y.
Chapisco, reboco (massa
Reboco sob
Cerâmica PEI IV paulista), selador acrílico
Dormitórios pintura látex
30x30 da marca X sobre reboco e pintura
PVA marca Y.
látex PVA marca Y.
Chapisco, reboco (massa
paulista), cerâmica PEI III
20x30 da marca X até 1,80m Reboco sob
Cerâmica PEI IV
Banho no box e até 1,50m na parede pintura látex
30x30 da marca X
hidráulica, restante com PVA marca Y.
selador acrílico sobre reboco
e pintura látex PVA marca Y.
ÁREA PRIVATIVA

Chapisco, reboco (massa


paulista), cerâmica PEI III 20x30
Reboco sob
Cerâmica PEI IV da marca X até 1,50m na parede
Cozinha pintura látex
30x30 da marca X da bancada da pia, restante com
PVA marca Y.
selador acrílico sobre reboco
e pintura látex PVA marca Y.
Chapisco, reboco (massa
Telhado em telha
paulista), cerâmica PEI III 20x30
cerâmica com
até 1,50m em parte da parede
Área de Piso em concreto madeiramento
do tanque, que corresponde
serviço desempenado. aparente
à área molhada. Restante
envernizado ou
com selador acrílico sobre
estrutura metálica.
reboco e pintura látex PVA Y.
No perímetro
Beiral em telha
da casa, será
Chapisco, reboco (massa cerâmica com
executada uma
Área paulista), selador acrílico madeiramento
calçada com
externa sobre reboco e pintura aparente
largura de 60
látex Acrílica marca Y. envernizado ou
cm em concreto
estrutura metálica.
desempenado.
140 UNIUBE

1) Descrição do Ambiente – Esse campo está reservado para relacionar


todos os ambientes constantes no projeto, conforme mostrado no projeto
da Figura 5.

Figura 5: Planta baixa (parcial) da unidade habitacional.

Tabela 9: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)


Descrição do Pé-direito Perímetro Peitoril
Piso (m2) Teto (m2) Vãos (m)
Ambiente (m) (m) ( (m)
SALA DE
ESTAR

COZINHA

2) Piso – Nesse campo, deverá ser anotada a metragem quadrada do


piso do ambiente descrito, e ainda, no campo ao lado deve-se colocar
o código referente ao tipo de acabamento que consta no projeto e/ou
memorial descritivo. No exemplo mostrado anteriormente, teríamos
o seguinte:
UNIUBE 141

Tabela 10: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição do Pé-direito Perímetro Vãos


Piso (m2) Teto (m2) Peitoril (m)
Ambiente (m) (m) (m)

SALA DE
10,49 C30
ESTAR

COZINHA 7,085 C30

Sala de Estar – 2,725 x 3,85 = 10,49m2 C30 – Revestimento em placas


cerâmicas PEI IV 30x30.
Cozinha – 2,725 x 2,60 = 7,085m2

3) Teto – Nesse campo, deverá ser anotada a metragem quadrada do


teto do ambiente descrito, e ainda, no campo ao lado deve-se colocar
o código referente ao tipo de acabamento que consta no projeto e/
ou memorial descritivo. Assim como para o piso, no projeto mostrado
anteriormente e com base no memorial descritivo do Quadro 1 teríamos
o seguinte:

Tabela 11: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição do Pé-direito Perímetro Peitoril Vãos


Piso (m2) Teto (m2)
Ambiente (m) (m) (m) (m)
SALA DE
10,49 C30 10,49 RL
ESTAR
COZINHA 7,085 C30 7,085 RL

Sala de Estar – 2,725 x 3,85 = 10,49m2 Cozinha – 2,725 x 2,60 = 7,085m2


RL – Revestimento argamassado (reboco) sob pintura látex.

Nesse exemplo, a área do teto é idêntica a área do piso, o que acontece


na maioria das vezes, mas não é uma regra.
142 UNIUBE

4) Pé-direito – A altura livre do piso ao teto acabados pode ser identificada


no corte da planta baixa apresentado no desenho do projeto arquitetônico,
como mostrado no corte do desenho da Figura 6:

CORTE BB
Figura 6: Corte BB da planta baixa da Figura 5.

Tabela 12: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição do Pé-direito Perímetro Peitoril Vãos


Piso (m2) Teto (m2)
Ambiente (m) (m) (m) (m)

SALA DE
10,49 C30 10,49 RL 2,80
ESTAR
COZINHA 7,085 C30 7,085 RL 2,80

Para o exemplo, o pé-direito apresentado no corte BB seria 2,80m.


UNIUBE 143

5) Perímetro – O perímetro é conseguido percorrendo-se todas as


laterais do ambiente. Esse item é essencial para a determinação das
áreas de revestimento que serão obtidas mais à frente. Para o projeto
apresentado na Figura 5, encontramos:

Sala de Estar – 2,725 x 2 + 3,85 x 2 = 13,15 m


Cozinha – 2,725 x 2 + 2,60 x 2 = 10,65 m

Tabela 13: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição Pé-direito Perímetro Vãos


Piso (m2) Teto (m2) Peitoril (m)
do Ambiente (m) (m) (m)

SALA DE
10,49 C30 10,49 RL 2,80 13,15
ESTAR
COZINHA 7,085 C30 7,085 RL 2,80 10,65

6) Peitoril – O item “peitoril” é definido pela soma da largura das


janelas do ambiente e em que, além do requadro da esquadria, será
assentada uma “pedra” para, além de efeitos estéticos, evitar-se
infiltrações decorrentes das chuvas. A seguir apresenta-se o Quadro
3 de esquadrias do projeto anterior:

Quadro 3: Quadro de esquadrias do projeto arquitetônico


JANELAS
TIPO QUANTIDADE MEDIDAS PEITORIL MATERIAL LOCAL

J1 01 150X100 110 FERRO-VIDRO/CORRER SALA

J2 01 100X100 110 FERRO-VIDRO/CORRER COZINHA

J3 03 150X100 110 VENEZIANA/VIDRO DORMITÓRIOS

J4 01 60X60 180 BASCULANTE BANHO

PORTAS
TIPO QUANTIDADE MEDIDAS PEITORIL MATERIAL LOCAL
VENEZIANA E VIDRO
P1 02 080X210 110 SALA/COZINHA
PIVOTANTE
P2 03 080X210 110 MADEIRA/PIVOTANTE DORMITÓRIOS

P3 01 070X210 110 MADEIRA/PIVOTANTE BANHO


144 UNIUBE

Na sala de estar, a esquadria que possui peitoril é a J1 e na cozinha a


J2. Segundo o memorial descritivo, no item RODAPÉS, SOLEIRAS E
PEITORIS consta que “as casas serão entregues com rodapés h = 5
cm do mesmo padrão do piso e soleiras e peitoris em ardósia ou granito
cinza polido”. Para o desenho da Figura 3 juntamente com o quadro de
esquadrias do projeto, têm-se:

Tabela 14: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição do Pé-direito Perímetro Vãos


Piso (m2) Teto (m2) Peitoril (m)
Ambiente (m) (m) (m)

SALA DE
10,49 C30 10,49 RL 2,80 13,15 1,50 GR
ESTAR

COZINHA 7,085 C30 7,085 RL 2,80 10,65 1,00 GR

GR – Material em granito cinza polido.

Nesse campo, deverá ser anotado o comprimento das esquadrias do


ambiente descrito, e ainda, no campo ao lado deve-se colocar o código
referente ao tipo de material do peitoril que consta no projeto e/ou
memorial descritivo.

7) Vãos – Os vãos em metros são conseguidos somando-se as aberturas


ao longo do perímetro que encontram-se no “pé” das alvenarias ao longo
do ambiente. Esse item é essencial para a determinação dos rodapés no
item seguinte. Para o projeto apresentado na Figura 3, temos:

Na sala de estar existem 3 vãos:

a) vão da porta P1 – deverá ser descontada a metragem da largura da


P1 que está indicada no quadro de esquadrias, igual a 0,80 m.
UNIUBE 145

b) vão da passagem para o hall – deverá ser medido no escalímetro, pois


não tem indicações de dimensões no projeto. A medida do vão é de
1,00 m.

IMPORTANTE!

Escala de projeto
O desenho do projeto apresentado na Figura 5 está fora de escala, portanto,
não será possível conferir a dimensão colocando-se o escalímetro no
referido desenho.

Vão da passagem para a cozinha. É possível encontrar-se o vão de


passagem para a cozinha apenas pelo cálculo das dimensões constantes
em projeto, subtraindo-se o total da lateral da sala pelas dimensões da
mureta “passa-prato” assim:

Vão de passagem para a cozinha

2,75 – (0,50 + 0,11 + 1,15) = 0,965 m

Finalmente, somam-se os vãos do ambiente preenchendo o campo (7)


da planilha de levantamento de revestimentos internos.

Total = 0,80 + 1,00 + 0,965 = 2,765 m

Na cozinha, existem 2 vãos:

a) vão da passagem para a sala de estar. Este vão já está calculado no


ambiente sala de estar, cujo valor é de 0,965 m;

b) vão da porta P1 – deverá ser descontada a metragem da largura da


P1 que está indicada no quadro de esquadrias, igual a 0,80 m.
146 UNIUBE

Assim, somam-se os vãos do ambiente preenchendo o campo (7) da


planilha (Tabela 15) de levantamento de revestimentos internos.

Total = 0,80 + 0,965 = 1,765 m

Tabela 15: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Descrição Pé-direito Perímetro


Piso (m2) Teto (m2) Peitoril (m) Vãos (m)
do Ambiente (m) (m)

SALA DE
10,49 C30 10,49 RL 2,80 13,15 1,50 GR 2,765
ESTAR

COZINHA 7,085 C30 7,085 RL 2,80 10,65 1,00 GR 1,765

8) Soleira – O item “soleira” é definido pela soma da largura das portas


onde exige-se a colocação das mesmas, seja no projeto ou memorial
descritivo. No vão da porta é assentada uma “pedra” para, além de
efeitos estéticos determinar mudanças de pisos de um ambiente para
outro, diferenças de níveis entre eles ou ambientes internos que dão
acesso a ambientes externos. Salvo por indicações de detalhes de
projeto, a soleira possui a largura da alvenaria de suas extremidades.

Na sala de estar, existe uma soleira que será assentada na entrada da


porta P1. Portanto com comprimento na largura da porta, igual a 0,80 m.
De igual modo, na cozinha, onde a porta de acesso externo também é
uma P1. Entre os ambientes serão mantidos mesmos pisos e níveis, e,
como não há indicações de detalhes no projeto ou memorial, não será
assentada soleira nesse local.

Assim como para o peitoril, há um campo para a indicação do tipo de


material da soleira. E como foi indicado no mesmo item do memorial
descritivo, será GR – Granito Polido.
UNIUBE 147

Tabela 16: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)


Pé-direito
Descrição Vãos a
Rodapé x Revestimento
do Soleira (m) descontar Pintura (m2)
(m) Perímetro (m2)
Ambiente (m )
2

(m2)
SALA DE
0,80 GR
ESTAR

COZINHA 0,80 GR

9) Rodapé – Para o rodapé, deve-se subtrair do perímetro (5) os vãos


em metros (7), assim:

Rodapé da sala de estar = 13,15 – 2,765 = 10,385 m

DICAS

Rodapé x revestimento cerâmico de parede

Quando houver revestimento cerâmico a partir do piso e na parede do


ambiente em que se calcular o rodapé, o mesmo não deve ser considerado,
salvo por detalhes específicos constantes no memorial descritivo ou projeto.

Como consta no memorial descritivo (Quadro 2), o revestimento da


cozinha será de “chapisco, reboco (massa paulista), cerâmica PEI III
20x30 da marca X até 1,50m na parede da bancada da pia, restante com
selador acrílico sobre reboco e pintura látex PVA marca Y”. Para o cálculo
do rodapé, deve-se subtrair a parede da pia (2,725m) juntamente com os
vãos das outras 3 laterais da cozinha, conforme a seguir:

Rodapé da cozinha = 10,65 – 2,725 – 1,765 = 6,16 m


148 UNIUBE

Tabela 17: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)


Pé-direito
Descrição Vãos a
x Revestimento
do Soleira (m) Rodapé (m) descontar Pintura (m2)
Perímetro (m2)
Ambiente (m2)
(m2)

SALA DE
0,80 GR 10,385 C30
ESTAR

COZINHA 0,80 GR 6,16 C30

Assim como para o revestimento do piso, há um campo para a indicação


do tipo de material do rodapé. E como foi indicado no mesmo item do
memorial descritivo, será de placas cerâmicas PEI IV 30x30, com o
código C30.

10) Pé-direito x perímetro – Como esta coluna serve para transição e


definição posterior das áreas de revestimentos, nesse momento
apenas realiza-se a operação de multiplicação das duas colunas
citadas:

Tabela 18: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Pé-direito x Vãos a
Descrição Revestimento Pintura
Soleira (m) Rodapé (m) Perímetro descontar
do Ambiente (m )
2
(m2)
(m2) (m2)

SALA DE
0,80 GR 10,385 C30 36,82
ESTAR

COZINHA 0,80 GR 6,16 C30 29,82

Sala de estar = 2,80 x 13,15 = 36,82 m2


Cozinha = 2,80 x 10,65 = 29,82 m2
UNIUBE 149

11) Vãos a descontar – Agora, precisamos descontar os vãos em metros


quadrados de cada parede. Para isso, adota-se o mesmo critério que
as alvenarias:

DICAS

Vão a descontar

Obs.: A análise é feita vão por vão, e não pela soma dos vãos, assim, se
forem duas janelas, desconta-se o que exceder a 2m2 em cada uma das
aberturas (MATTOS, 2006).

Agora, analisa-se cada um dos vãos e faz-se o somatório para o ambiente


conforme critério de “vão a descontar” citado anteriormente.

Na Sala de estar existem 3 vãos:

a) vão da porta P1 – deverá analisada a metragem quadrada da P1, igual


a 1,68 m2; como o valor não excede a 2 m2, o referido vão não será
descontado;

b) vão da passagem para o hall – de igual modo deverá ser analisada a


metragem quadrada do vão de passagem para o hall igual a 2,10 m2.
Como o vão excede em 0,10 m2, o mesmo deverá ser somado aos
vãos que serão descontados da sala de estar

c) vão da passagem para a cozinha. Finalmente, o vão da passagem


da cozinha é de 2,03, portanto 0,03 m2 deverá ser somado ao total.
Assim, tem-se:

Total das vãos (sala de estar) = 0,10 + 0,03 = 0,13 m2


150 UNIUBE

Na cozinha, existem 2 vãos:

a) vão da passagem para a sala de estar. Este vão já está calculado no


ambiente sala de estar, cujo valor é de 2,03 m2 e, portanto, excede
em 0,03 m2.

b) vão da porta P1 – igual a 1,68 m2, e como o valor não excede a 2 m2,
o referido vão não será descontado. Tem-se:

Total dos vãos (Cozinha) = 0,03 m2

Tabela 19: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)

Pé-direito
Vãos a
Descrição do x Revestimento Pintura
Soleira (m) Rodapé (m) descontar
Ambiente Perímetro (m )
2
(m2)
(m2)
(m2)

SALA DE
0,80 GR 8,885 C30 36,82 0,13
ESTAR
COZINHA 0,80 GR 6,16 C30 29,82 0,03

12) Revestimento – Conforme descrito no memorial descritivo (Quadro


2), para a Sala de Estar e Cozinha os revestimentos são:

• Sala de Estar: Chapisco, reboco (massa paulista), selador acrílico


sobre reboco e pintura látex PVA marca Y.
• Cozinha: Chapisco, reboco (massa paulista), cerâmica PEI III 20x30
da marca X até 1,50m na parede da bancada da pia, restante com
selador acrílico sobre reboco e pintura látex PVA marca Y.

Assim para os respectivos ambientes tem-se como área de revestimento


a diferença entre o “Pé-direito x Perímetro” e os “Vãos a descontar”,
conforme descrito a seguir:
UNIUBE 151

Sala de Estar = 36,82 – 0,13 = 36,69 m2


Cozinha = 29,82 – 0,03 = 29,79 m2

No campo ao lado, deve-se colocar o código referente ao tipo de


acabamento que consta no projeto e/ou memorial descritivo.

Tabela 20: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)


Pé-direito
Descrição Vãos a
x Revestimento
do Soleira (m) Rodapé (m) descontar Pintura (m2)
Perímetro (m2)
Ambiente (m2)
(m2)

SALA DE
0,80 GR 8,885 C30 36,82 0,13 36,69 Re
ESTAR

COZINHA 0,80 GR 6,16 C30 29,82 0,03 29,79 Re

Re – Revestimento argamassado (reboco)

13) Pintura – Seguindo-se o mesmo item do memorial em que constam


os revestimentos, encontram-se os tipos de pintura e acabamentos.
Assim calcula-se a área:

Tabela 21: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento interno (cont.)


Pé-direito
Descrição Vãos a
x Revestimento
do Soleira (m) Rodapé (m) descontar Pintura (m2)
Perímetro (m2)
Ambiente (m2)
(m2)

SALA DE
0,80 GR 8,885 C30 36,82 0,13 36,69 Re 47,18 L
ESTAR

COZINHA 0,80 GR 6,16 C30 29,82 0,03 29,79 Re 32,79 L

4,09 C20
152 UNIUBE

Para a sala de estar, a área de revestimento argamassado é totalmente


coincidente com a área de pintura. Somando-se à área de teto a ser
revestida com película de pintura, tem-se:

Sala de Estar = 36,69 m2 + 10,49 m2 = 47,18 m2

Para o cálculo do acabamento da cozinha, precisamos considerar que


existem dois tipos de revestimentos; assim calculam-se os dois tipos,
utilizando-se uma linha adicional da planilha para a anotação. A área de
revestimento argamassado que será pintada é a de reboco subtraindo-se
o revestimento cerâmico em placas 20x30, somando-se a área de teto.

Cozinha placas cerâmicas = 2,725 x 1,50 = 4,09 m2


Cozinha tinta látex = 29,79 – 4,09 = 25,70 m2 + 7,09 = 32,79 m2

L – Tinta látex PVA.

C20 – Revestimento em placas cerâmicas PEI III 20x30.

• Revestimentos externos

Após realizar o levantamento de revestimentos internos, passa-se


para a quantificação dos revestimentos externos (Tabela 22). O critério
para descontar os vãos é o mesmo adotado para paredes e painéis e
revestimentos internos.

Tabela 22: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento externo

Comp Altura Área Vãos Área total


Fachada QT Cod Faixas Cod
(m) (m) (m )
2
(m )
2
(m2)
UNIUBE 153

Fachada – Esse campo está reservado para relacionar todas as fachadas


do projeto, conforme exemplo descrito a seguir na Tabela 23:

Tabela 23: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento externo (cont.)


Área
Comp Altura Área Vãos
Fachada QT total Cod Faixas Cod
(m) (m) (m2) (m2)
(m2)

Fachada
Frontal

Fachada 1

2) Comprimento – Nesse campo deverá ser anotado o comprimento da


fachada e a seguir, no campo
3) Altura, anota-se a altura da fachada.
4) Área – A área é obtida multiplicando-se o comprimento pela altura da
fachada.
5) Vãos – Os vãos seguem o critério da alvenaria e revestimento interno,
descontando-se apenas o que ultrapassar os 2 m2 por vão.
6) QT – Se houver mais de uma fachada idêntica deve-se utilizar esse
campo para colocar o multiplicador.
7) Área Total – A área total é obtida pela equação: Área Total = (Área –
Vãos) x QT.
8) Cod – Esse campo é reservado para codificação dos acabamentos
de fachada. Ex.: Textura Acrílica (TXA); Grafiatto (GTO); Pastilha de
Vidro 2x2 (PV22).
9) Faixas – Nesse campo, deve-se colocar diferenças de acabamento
em uma mesma fachada. Para isso, pode-se usar mais de uma linha
conforme, se utiliza o campo (10) em substituição ao campo (8) no
exemplo a seguir (Tabela 24):
154 UNIUBE

Tabela 24: Planilha para levantamento de quantitativos de revestimento externo (cont.)

Comp Altura Área Vãos Área total


Fachada) QT Cod Faixas Cod
(m) (m) (m2) (m2) (m2)

Fachada
61,90 - 52,00 TXA
Frontal
- 9,60 PV22

Fachada 1

• Coberturas

A quantificação do serviço de cobertura desdobra-se em estrutura de


madeira, telhas e demais complementos se houver; como por exemplo:
calhas, rufos, cumeeiras e capa lateral. Para o levantamento da área de
cobertura, deve-se considerar a inclinação informada no projeto e utilizar-se
um fator de cálculo como multiplicador da área projetada. Veja Tabela
25 a seguir:

Tabela 25: Fator para cálculo de área de telhado


Inclinação % Graus Fator
0 0 1,000
5 2,86 1,001
10 5,71 1,005
15 8,53 1,011
20 11,31 1,020
25 14,04 1,031
30 16,70 1,044
35 19,29 1,059
40 21,80 1,077
45 24,23 1,097
50 26,57 1,118
55 28,81 1,141
60 30,96 1,166
65 33,02 1,193
70 34,99 1,221
75 36,87 1,250
80 38,66 1,281
85 40,36 1,312
90 41,99 1,345
5 43,53 1,379
100 45,00 1,414
Fonte: Mattos (2006).
UNIUBE 155

IMPORTANTE!

Veja o exemplo:

Para o projeto de cobertura a seguir (Figura 7), pede-se calcular a área real
de cobertura.

Figura 7: Projeção da cobertura (sem escala).

Área de projeção = 10,19 x 7,00 = 71,33 m2


Área real = 71,33 m2 x 1,044 = 74,47 m2

Quantidade de telhas
Para o cálculo da quantidade de telhas, deve-se observar o tipo e fabricante;
assim, multiplica-se a área real pelo consumo de telha por metro quadrado
constante na especificação do respectivo fabricante. De igual modo para as
cumeeiras e capas laterais.

Quantidade de madeira
Para o cálculo da quantidade de madeira para o projeto, deve-se dimensionar
as peças de acordo com o tipo de telha e inclinação da cobertura. De posse
dos desenhos, pode-se proceder com o cálculo da quantidade de metros
cúbicos por metro quadrado de área real ou relacionar cada peça com as
respectivas dimensões.
156 UNIUBE

• Fundações / Estruturas

As fundações e estruturas de concreto armado são calculadas a partir dos


projetos específicos, calculando-se as áreas de formas nas superfícies
das peças, a quantidade de metros cúbicos de concreto e o peso da
armação.

Normalmente, os projetos apresentam resumos de forma, armação e


concreto, entretanto, sugere-se realizar conferência, ainda que parcial
para elaboração do orçamento.

DICAS

Formas

As formas são calculadas a partir da área da superfície da peça estrutural:

1) Vigas baldrames, blocos, cortinas, radiers (Figura 8), sapatas: laterais


da peça.

Figura 8: Forma de radier nas laterais.


UNIUBE 157

2) Pilares: quatro laterais (Figura 9).

Figura 9: Formas de pilares nas quatro laterais.

Formas

3) Lajes: Assoalho e laterais (Figura 10).

Figura 10: Fundo de forma de laje maciça.


158 UNIUBE

Quantidade de armação

Para o cálculo da quantidade de armação em massa, deve-se considerar


a bitola das peças, utilizando-se a massa nominal constante na tabela
de características de fios e barras da NBR 7480 (Tabela 26), e adaptada
pelos fabricantes de aço.

Tabela 26: Características de fios e barras

Barra (mm) Massa Nominal (kg/m)


5,0 0,154
6,3 0,245
8,0 0,395
10,0 0,617
12,5 0,963

Fonte: Adaptado de NBR 7480 (2008).

EXEMPLIFICANDO!

Veja o exemplo dado a seguir:


1230 x 0,395 kg/m = 485,85 kg
Para 1230 metros de aço de 8 mm tem-se aproximadamente 486 kg de aço.

Quantidade de concreto

Finalmente, para o cálculo da quantidade de concreto da estrutura


deve-se medir quantos metros cúbicos são necessários para cada peça.

EXEMPLIFICANDO!

Um pilar cilíndrico de diâmetro de 40 cm e pé-direito de 3 m tem-se:

Para o exemplo, a quantidade de concreto é de 0,75 m3 para a execução


do pilar.
UNIUBE 159

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

Outras estruturas

Para a quantificação de outros tipos de estruturas, como metálicas ou


pré-moldadas de concreto, sugere-se consultar os quantitativos com os
fabricantes. Estruturas metálicas após o cálculo são orçadas por peso e
estruturas pré-moldadas de concreto são orçadas por metro quadrado de
construção.

• Instalações

As instalações são calculadas a partir do detalhamento de projetos e lista


de materiais fornecidos pelos projetistas e conferidos pelo orçamentista.
Os tipos de instalações mais comumente encontrados nos projetos são:

• instalações elétricas;
• instalações hidráulicas e sanitárias;
• instalações de prevenção e combate a incêndio;
• instalações de ar condicionado/climatização.

• Proteções

PESQUISANDO

Impermeabilizações

Impermeabilizações são calculadas pela área a ser impermeabilizada e tipo de


técnica a ser utilizada. Para saber mais sobre projetos de impermeabilização,
tipos e técnicas consulte:

NBR 9574:2008; NBR 9575:2010; NBR 9685:2005; NBR 11905:1995


160 UNIUBE

3.1.3.2 Composição de custos unitários

A composição de custos é o agrupamento de insumos necessários para


a execução de um serviço. Ainda consta a quantidade de cada insumo
dentro da composição e seus respectivos custos unitários e totais.

A composição é nomeada como de custos unitários, pois relaciona custos


de uma unidade de produção. Exemplo:

• 1 m2 de alvenaria de blocos cerâmicos de ½ vez de 9 x 19 x 24 cm;


• 1 m3 de concreto de 25 MPa, slum 8 +/– 2 lançado;
• 1 m2 de pintura com tinta látex PVA;
• 1 m de meio-fio assentado.

A composição unitária é basicamente composta conforme Tabela 27 a


seguir.

Tabela 27: Planilha modelo para composição unitária


Descrição do serviço (1) Unidade (2)

Preço Custo Custo Custo


Insumos (3) UN (4) Consumos (5)
Unitário (6) Material (7) MO (8) Total (9)

Custo total

Preço total R$
UNIUBE 161

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

TCPO

As composições unitárias podem ser elaboradas a partir de dados reais


de consumo e produtividade encontrados nas obras, ou ainda, pode-se
elaborar o orçamento a partir da Tabela de Composição de Preços para
Orçamento da editora PINI. A TCPO contém composições de custos unitários
montadas a partir de pesquisas de consumos e produtividades em diversas
localidades do Brasil e prontas para serem utilizadas nos orçamentos.
Deve-se ter atenção para as adequações necessária para cada empresa.

Neste capítulo mostraremos como elaborar uma composição unitária a


partir do serviço que se deseja incluir no orçamento.

EXEMPLIFICANDO!

Veja o exemplo dado a seguir...

1) Descrição do serviço – Alvenaria de blocos cerâmicos ½ vez, 9x19x24 cm.


2) Unidade – metros quadrados.

Tabela 28: Planilha de composição unitária de alvenaria de blocos cerâmicos ½ vez, 9 x 19 x 24 cm


Unidade
Descrição do serviço (1) Alvenaria de blocos cerâmicos ½ vez, 9x19x24 cm
(2) m2

Preço Custo Custo


Custo
Insumos (3) UN (4) Consumos (5) MO
Total (9)
Unitário (6) Material (7) (8)

Custo total

Preço total R$
162 UNIUBE

3) Insumos – para definição dos insumos a serem utilizados na


composição da alvenaria, deve-se saber qual o método construtivo
a ser adotado dentre as opções de produção, como por exemplo:

Tipo de argamassa utilizada no assentamento de blocos:

• argamassa ensacada e pronta;


• argamassa estabilizada pronta e entregue em masseiras;
• argamassa intermediária e adição de cimento na obra;
• argamassa totalmente rodada em obra com cimento, cal e areia.

Tipo de mão de obra empregada:

• empreitada;
• horária.

Para o exemplo, adotamos a argamassa intermediária com adição


de cimento em obra e mão de obra por hora. Cada insumo deve ter a
unidade de medida relacionada no campo (4)

Tabela 29: Planilha de composição unitária de alvenaria de blocos cerâmicos ½ vez, 9x19x24 cm
Unidade (2)
Descrição do serviço (1) Alvenaria de blocos cerâmicos ½ vez, 9x19x24 cm
m2
Preço Custo
UN Consumos Custo Custo
Insumos (3) Unitário Material
(4) (5) MO (8) Total (9)
(6) (7)
Bloco cerâmico 9 x 19 x 24 cm un

Cimento Portland CPII E 32 kg

Argamassa Intermediária m3

Pedreiro h

Servente h

Custo total

Preço total R$
UNIUBE 163

5) Consumos – os consumos são definidos pela quantidade que se gasta


para a produção de uma unidade do serviço, ou seja, quanto se gasta
de blocos cerâmicos para a produção de 1 m2 de alvenaria de ½ vez.
Ainda, somam-se as perdas existentes no processo.

RELEMBRANDO

Alvenaria de ½ vez

É a alvenaria constituída de blocos cerâmicos assentados de modo que a


largura do bloco corresponda à espessura da parede (Figura 11)

Figura 11: Alvenaria assentada de ½ vez com blocos cerâmicos


de 15 cm.

IMPORTANTE!

Definição dos consumos

Para a definição dos consumos, considera-se a perda referente ao processo.


As perdas são definidas por valores quantificados pela empresa a partir de
levantamentos em obras ou em estudos já consolidados e disponíveis no
mercado, como a TCPO da editora PINI.
164 UNIUBE

6) Preço Unitário – valor que será pago pelo material na localidade onde
o material será adquirido, considerando-se valores de frete, impostos
e outros.

7) Custo do Material – para obtenção do custo do material, multiplica-se


o consumo pelo preço unitário.

8) Custo de Mão de Obra – os consumos são definidos pela quantidade


que se gasta para a produção de uma unidade do serviço, ou seja,
quanto se gasta de blocos cerâmicos para a produção de 1 m2
de alvenaria de ½ vez. Ainda, somam-se as perdas existentes no
processo.

9) Custo Total – os consumos são definidos pela quantidade que se gasta


para a produção de uma unidade do serviço, ou seja, quanto se gasta
de blocos cerâmicos para a produção de 1 m2 de alvenaria de ½ vez.
Ainda, soma-se as perdas existentes no processo.

CURIOSIDADE

Composições de Custos Unitários

Pode-se obter as composições prontas nos softwares para orçamento


disponíveis no mercado ou, ainda, na TCPO.

3.1.3.3 Custos de materiais

Primeiramente deve-se relacionar todos os insumos de materiais


constantes nas composições unitárias e, posteriormente realizar a
tomada de preços de acordo com as especificações solicitadas.

Os custos de materiais são definidos pelo valor pago pelo material posto
em obra, ou seja, ao valor pago pelo material deve-se acrescer frete,
seguros, ICMS e descarga quando houver. No momento da elaboração
UNIUBE 165

do orçamento deve-se realizar a tomada de preços no local possível


de aquisição para minimizar a possibilidade de erros. Após a tomada,
deve-se arquivar informações constantes em e-mails, faxes ou anotações
de local, nome do vendedor e data de cotação, para futuras atualizações
se necessário.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

FOB, CIF, ICMS

CIF – Cost Insurance Freight ou Custo, Seguro e Frete. O fornecedor


se responsabiliza pelo seguro e pelo frete até ao local de destino, indicado
pelo comprador.

FOB – Free on Boad ou Posto a Bordo. Diferentemente do CIF, o


responsável por pagar todos os custos referentes ao frete e seguro é o
comprador.

ICMS – sigla que identifica o Imposto sobre Operações relativas à Circulação


de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação. É um imposto que cada um dos Estados
e o Distrito Federal podem instituir, como determina a Constituição Federal
de 1988.

O insumo apresentado a seguir, na Figura 12, apresenta as especificações


corretas e completas para a aquisição.

Especificações
Descrição Básica Detalhadas - Tipo,
Quantidade Modelo, Marca
Unidade do Insumo NBR Aplicável

500.000 kg - Cimento Portland CP II E 32 NBR 11578

Figura 12: Modelo de especificações de aquisição.


166 UNIUBE

IMPORTANTE!

Unidades dos insumos

É importante observar que nem sempre a unidade utilizada para composição


do orçamento é a unidade utilizada para a aquisição do insumo. No exemplo
da Figura 12 apresentado o cimento está em quilos, mas será adquirido em
embalagens de 50 kg, assim, deve-se fazer a conversão quando realizada a tomada
de preços. Ao encontrar um valor de R$ 18,00/saco de 50kg, utiliza-se R$ 0,36/kg
e assim sucessivamente, finalizando a tomada de preços e possibilitando a
melhor escolha de fornecimento.

RELEMBRANDO

Valores dos insumos

Durante a tomada de preços, deve-se observar que os valores apresentados


devem conter os impostos relativos, fretes e descargas na obra.

3.1.3.4 Custos de mão de obra

Os custos de mão de obra são definidos pelo salário pago ao profissional


acrescido dos encargos tributários praticados pela empresa. Na composição
de custos unitários, tal valor deve ser dividido pela quantidade de horas
trabalhadas no mês e, posteriormente multiplicado pelo tempo gasto para
a execução de uma unidade do serviço.

CUSTO DE MÃO DE OBRA = Salário + Leis


Sociais + encargos diretos do trabalhador*
*(alimentação, transporte, EPI, uniformes)

Para a obtenção das Leis Sociais, deve-se realizar a composição de custos


com encargos básicos, complementares, incidências e reincidências.
UNIUBE 167

EXEMPLIFICANDO!

Veja o exemplo dado a seguir...

A seguir apresenta-se uma planilha de composição de encargos sociais


(Tabela 30) utilizado pelo Sinduscon de João Pessoa-PB.

Tabela 30: Planilha de encargos sociais


Encargos Sociais Básicos
  DESCRIÇÃO HORISTA MENSAL
A1 Previdência Social 20,00 20,00
A2 Fundo de Garantia por Tempo de Serviços 8,00 8,00
A3 Salário-Educação 2,50 2,50
A4 SESI 1,50 1,50
A5 SENAI 1,00 1,00
A6 SEBRAE 0,60 0,60
A7 INCRA 0,20 0,20
A8 INSS 3,00 3,00
A9 SECONCI    
A Total 36,80 36,80

Encargos Sociais que recebem incidências de A


B1 Repouso semanal e feriados 22,90  
B2 Auxílio-enfermidade 0,79  
B3 Licença-paternidade 0,34  
B4 13º Salário 10,57 8,22
Dias de chuva/ faltas justificadas na obra/ outras dificuldades/
B5 acidentes de trabalho/ greves/ falta ou atraso na entrega de 4,57  
materiais ou serviços
B Total 39,17 8,22

Encargos Sociais que não recebem as incidências globais de A


C1 Depósito por despedida injusta 50% sobre [A2+(A2xB)] 5,57 4,33
C2 Férias (indenizadas) 14,06 10,93
C3 Aviso-prévio (indenização) 13,12 10,20
C Total 32,75 25,46

Taxas incidências e reincidências


D1 Reincidência de A sobre B 14,61 3,02
D2 Reincidências de A2 sobre C3 1,05 0,82
D Total 15,66 3,84
168 UNIUBE

Subtotal (A+B+C+D)
    127,96 77,25

Taxas complementares
E1 Vale Transporte 8,73 8,73
E2 Refeição Mínima 6,50 6,50
E3 Cesta Básica 8,23 8,23
E4 EPI – Equipamento de Proteção 2,59 2,59
E5 FM – Ferramentas Manuais 1,28 1,28
E6 Uniforme de Trabalho 1,44 1,44
E7 Exames médicos obrigatórios (EM) 1,03 1,03
E Total 29,80 29,80

TOTAL GERAL (A+B+C+D+E)


    157,76 107,05

QUADRO RESUMO DOS ENCARGOS SOCIAIS


A Total dos Encargos Sociais Básicos 36,80 36,80

B Total de Encargos Sociais que recebem incidências de A 39,17 8,22


Total dos Encargos Sociais que não recebem as incidências
C 32,75 25,46
globais de A
D Total das Taxas incidências e reincidências 19,24 6,77
E Total das taxas complementares 29,80 29,80
  Percentagem Total de Encargos Sociais (A+B+C+D+E) 157,76 107,05
Fonte: SINDUSCON João Pessoa/PB (2011).

Pelos cálculos apresentados, na contratação de um pedreiro da construção


civil em João Pessoa para trabalhar como mensalista teríamos pelo menos
o seguinte custo para a empresa:

Salário Base do Pedreiro em João Pessoa = R$ 790,00.

Encargos sociais acrescidos ao salário = 157,76%.

Custo para a construtora: R$ 790 x 2,5776 = R$ 2.036,30

Como o funcionário trabalha 220 horas mensais, o custo por hora


trabalhada no regime mensalista é de: R$ 2.036,30 ÷ 220 = R$ 9,26
UNIUBE 169

DICAS

Composição de Encargos Sociais

Os valores que incidem sobre o salário devem ser fornecidos pela


contabilidade e considerado o regime de contrato – horista, diarista ou
mensalista.

Outra forma de estabelecer o cálculo do valor da mão de obra é pelo regime


de empreitada.

As empreitadas são serviços contratados por unidade (m3, m2, kg ou outro)


e, pagos ao pessoal, desconhecendo-se o valor de custo para o empreiteiro
que fornece o serviço.

Para ambos, obtém-se um valor unitário para a execução do serviço que


posteriormente será acrescido à planilha orçamentária.

3.1.3.5 Custos de equipamentos

Os custos de equipamentos são definidos pelo valor da hora de utilização


do mesmo. Deve-se acrescer a este o valor da depreciação, sendo este
último fornecido em planilha específica calculada pela contabilidade da
empresa em relação ao seu patrimônio.

DICAS

Equipamentos

Para o cálculo de serviços que necessitem da utilização de equipamentos,


pode-se inserir o insumo equipamento na composição unitária do mesmo
ou constituir um item “EQUIPAMENTOS” nos primeiros itens da Planilha
Orçamentária e estabelecer valores, calculados a partir da demanda mensal
durante todo período de execução da obra.
170 UNIUBE

3.1.3.6 Planilha orçamentária

A planilha orçamentária é a planilha que contém TODOS os serviços


necessários para a execução da obra. Dos serviços preliminares
à limpeza final normalmente em ordem cronológica de execução,
exemplificada na Tabela 31.

Tabela 31: Modelo de Planilha Orçamentária


PLANILHA ORÇAMENTÁRIA
Empreendimento: Residencial Rota do Sol
Local: Cidade Quente
Endereço: Av. dos Coqueiros, 777 Data Base: Dezembro/2011
Preço Unitário Subtotal Total
Item Descrição dos serviços UN QT
Material MO (R$) (R$)

1 SERVIÇOS PRELIMINARES
2 INFRAESTRUTURA
3 SUPERESTRUTURA

Forma com chapa compensada


3.1 m2 68,32 21,80 14,00 35,80 2.445,86
plastificada e = 11mm

4 PAREDES E PAINÉIS
5 ESQUADRIAS
5.1 Esquadrias de madeira
5.2 Esquadrias metálicas
6 VIDROS
7 COBERTURA E PROTEÇÕES
8 FORRO
9 REVESTIMENTOS
9.1 Revestimentos internos
9.2 Revestimentos externos
10 PAVIMENTAÇÃO
11 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
12 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
13 PINTURA
SERVIÇOS
14
COMPLEMENTARES
CUSTO DIRETO TOTAL R$ 70.236,10
BDI 31%
PREÇO TOTAL R$ 92.009,29
UNIUBE 171

Somente após a finalização das composições unitárias é que se pode


estabelecer a planilha orçamentária. A planilha é definida pela descrição
do serviço, unidade de produção, quantidade a ser produzida, custos
de materiais, custos de mão de obra e custos de equipamentos, sendo
este último normalmente incluído no item “Serviços Preliminares” como
“Equipamentos e Ferramentas”.

O Custo Direto Total é o somatório do total de todos os serviços e o Preço


Total apresenta o Custo acrescido do BDI.

3.1.3.7 Curva ABC

Existem vários tipos de curva ABC que podem ser extraídas de um


orçamento. A curva ABC mais utilizada é a de insumos, que apresenta a
relação de insumos em ordem decrescente de custos totais.

Para a obtenção da curva ABC, é necessária a finalização de todas as


composições unitárias e estabelecimento da planilha orçamentária, a partir
da qual são relacionados TODOS os insumos da obra com suas respectivas
quantidades, preços unitários e custos totais. Posteriormente os valores são
ordenados em ordem decrescente de custos totais por insumo e faz-se o
percentual de cada item em relação ao valor total da obra.

Os percentuais são acumulados até o total e a classificação dos mesmos


em A, B e C acontece pelo seguinte critério: A – insumos que têm valores
acumulados em torno de 50%; B – insumos com valores acumulados de
50 a 80%; C – demais insumos. A seguir (Tabela 32) apresenta-se um
modelo de Curva ABC de insumos, seguido do gráfico (Figura 13).
172 UNIUBE

Tabela 32: Modelo de Planilha de Curva ABC de Insumos


Custo Custo %
Insumo Un Qt total % Classif
unitário total acum.
Placa Cerâmica
m2 89,00 18,00 1.602,00 19,12% 19,12%
30 x 30cm PEI 4
A
Argamassa pronta m3 7,30 210,00 1.533,21 18,30% 37,42%

Pedreiro h 168,00 7,90 1.327,20 15,84% 53,26%


Bloco Cerâmico
un 2.800,00 0,45 1.260,00 15,04% 68,30%
9 x 19 x 24 B
Servente h 250,00 4,50 1.125,00 13,43% 81,73%

Areia média m3 6,80 49,00 333,20 3,98% 85,71%


Pintor h 38,00 7,90 300,20 3,58% 89,29%
Tinta acrílica
l 36,00 7,40 266,40 3,18% 92,47%
branco gelo
Cimento Portland C
kg 643,20 0,36 231,55 2,76% 95,23%
CP II E 32
Cal Hidratada
kg 440,00 0,42 184,80 2,21% 97,44%
CH I
Massa corrida a
kg 19,00 4,00 76,00 0,91% 98,35%
base de PVA

Figura 13: Gráfico da Curva ABC do Modelo.


UNIUBE 173

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

Curva ABC

O nome “Curva” vem do traçado gráfico que apresenta o percentual


acumulado de custo do item no valor acumulado da obra, conforme mostra
a Figura 13; entretanto, para melhor análise e controle da obra comumente
utiliza-se o formato de Tabela, conforme demonstrado na Tabela 32.

O nome “ABC” vem da classificação dos itens em A, B e C de acordo com o


que já foi apresentado anteriormente. Tal classificação é utilizada para indicar
qual a relevância de cada item em todo o orçamento.

Entende-se que atuando nos itens de classe A e B é possível conseguir


redução de custos relevantes para a obra. Já os de classe C tomariam muito
tempo do Engenheiro e pouco resultado no final da obra, por somarem em
torno de 20% do custo da obra e apresentarem uma quantidade significativa
de itens.

Há um princípio, denominado de Princípio de Pareto (também conhecido


como o Princípio 80/20) sugerido por Joseph M. Juran que assim o
denominou em honra ao economista italiano Vilfredo Pareto. Tal Princípio
afirma que 80% das consequências de muitos fenômenos advêm de
20% das causas. A Curva ABC utilizada nos orçamentos, indica que, em
aproximadamente 20% dos itens de um orçamento (insumos ou serviços),
estão 80% do custo da obra.

3.1.3.8 Benefício e Despesas Indiretas – BDI

O BDI do termo original em inglês significa Budget Difference Income


que foi traduzido para Benefício ou Bonificação e Despesas Indiretas.
Diz respeito à soma das despesas indiretas de um empreendimento e o
benefício ou lucro que pretende-se obter e convertido em um percentual
aplicado sobre os serviços da planilha orçamentária.
174 UNIUBE

O BDI pode ser o mesmo para todos os itens da planilha orçamentária,


mas também pode ser diferenciado de acordo com o tipo do serviço à
escolha do profissional que elabora o orçamento.

Para entendermos como o BDI é calculado, é preciso compreender a


diferença entre o custo do orçamento e a Despesa Indireta:

Custo Direto – são gastos necessários para a execução da obra e


compreende materiais, mão de obra, equipamentos, instalações de
apoio no canteiro e pessoal diretamente relacionado à produção do
empreendimento.

Despesa Indireta – são gastos que não estão diretamente ligados


à produção da obra mas que são igualmente necessários, como a
administração central, tributos e comercialização.

Preço de Venda – é o Custo acrescido da Despesa Indireta e Lucro


pretendido pela empresa.

Segundo Tisaka (2006), o BDI é a soma do lucro, despesas de


comercialização e despesas indiretas, ou seja, as despesas que não
fazem parte dos custos considerados como objeto principal da construção
que farão parte definitiva da obra.

A seguir apresenta-se a fórmula proposta por Tisaka (2004) e adotada


nesse capítulo para o cálculo do percentual que será aplicado aos Custos
Diretos da obra.

  (1 + a ).(1 + r ).(1 + f )  
=BDI    − 1 x100
  1 − (t + c + l )  
UNIUBE 175

Sendo:

a = taxa do rateiro da administração central e gastos específicos da obra


r = taxa de risco orçamentário do empreendimento
f = taxa do custo financeiro
t = taxa de todos os tributos
c = taxa de despesas de comercialização e outros
l = taxa do lucro líquido

Para o cálculo do BDI, é preciso ter as informações que fazem parte da


composição da fórmula anterior. Segundo apresentado por Tisaka (2004),
tem-se:

Custo direto

Planilha Orçamentária compreende:

• Custos de produção (materiais, mão de obra e equipamentos);


• Encargos de mão de obra;
• Administração local da obra;
• Instalações provisórias no canteiro de obras;
• Mobilização/Desmobilização.

BDI

Administração Central:
Despesas Específicas:
Geradas na sede central que são específicas de uma determinada obra:

• Gerente do contrato (parcial ou integral);


• Outras despesas (viagens, refeições etc.);
• Consultorias especializadas.
176 UNIUBE

Despesas Rateadas (Rateio):

• É a cota de despesas, proporcional ao seu porte.

Taxa de Risco do Empreendimento, é aplicada quando:

• Empreitada integral ou global;


• Projeto pouco detalhado;
• Especificações mal feitas;
• Prazo duvidoso;
• Incertezas no pagamento.

Taxa de Custo Financeiro, é aplicado quando:

• Prazo de pagamento acima de 7 dias da medição


• Custo do capital de giro
• Financiamento da obra ou serviços
• Desconto de faturas em bancos
• Taxa de juros do mercado

Tributos Federais e Municipais (Lucro Presumido) | % (Quadro 4).

Quadro 4: Tributos Federais e Municipais (Lucro Presumido) %


MATERIAL MAT+MO
PIS – Programa de Integração Social 0,65 0,65
Cofins – Financiamento da Seguridade Social 3,00 3,00
IRPJ – Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas 1,20 4,80
CSLL – Contribuição Social do Lucro Líquido 1,08 2,88
ISS – Imposto Sobre Serviços 2,00* 2,00*
Movimentações Financeiras
* O ISS varia de acordo com o Município onde o empreendimento será implantado.
** Para a empresa optante pelo Lucro Real ou Supersimples, os percentuais não se aplicam.
UNIUBE 177

Taxa de Comercialização:

• Compra de editais;
• Preparação de propostas;
• Viagens, certidões;
• Seguros;
• ART’s;
• Propagandas, anúncios etc.

Valor estimado em até 5%.

Taxa de Lucro pretendido:

• Remuneração bruta pretendida pela empresa;


• Custo de oportunidade do capital aplicado;
• Manutenção da capacidade administrativa gerencial e tecnológica
da empresa;
• Investir na qualidade e formação profissional;
• Capacidade de reinvestir no próprio negócio;
• Reserva de contingência.

3.1.3.9 Tipos de contrato e preço de venda

Os principais tipos de contratos utilizados pelas empresas de construção


civil são:

• Empreitada por preço unitário – são calculados os valores unitários


de cada serviço e aplicado o BDI. Os quantitativos são medidos
posteriormente e calculado o valor total de recebimento a cada
medição. Utiliza-se esta modalidade quando o projeto não está bem
detalhado.
178 UNIUBE

• Empreitada global – o orçamento é fechado considerando-se


projetos bem detalhados, compatibilizados e sem dúvidas em
relação aos memoriais. Ao Custo Direto total da planilha aplica-se o
BDI estabelecendo-se o preço de venda.
• Contrato por administração – o custo direto é calculado e a empresa
estabelece percentual para administrar a obra. O cliente realiza
todos os desembolsos necessários para a execução da obra.

Para o cálculo do preço de venda a partir de Custos Diretos levantados


e BDI estabelecido, utiliza-se a seguinte expressão:
 BDI 
PV CD x 1 +
=
 100 
Sendo:
PV = Preço de Venda;
BDI = Benefício e Despesas Indiretas;
CD = Custo Direto.

3.2 Planejamento e controle de obras

Inicialmente é importante entendermos que toda a fase de orçamento


será utilizada para realizar o planejamento e controle da obra.

RELEMBRANDO

Elaboração de Orçamento Detalhado

As etapas do orçamento apresentadas na seção 3 do Orçamento são:

(1) Levantamento de quantidades dos projetos;


(2) Elaboração das composições de custos unitários de serviços;
(3) Elaboração de planilha orçamentária;
(4) Elaboração da curva ABC;
(5) Composição do BDI;
(6) Composição do preço de venda.
UNIUBE 179

Os elementos estabelecidos a partir da elaboração do orçamento servem


para controle do custo da obra, desenvolvimento do planejamento e
controle ao longo do tempo.

O Planejamento de uma obra deve ser realizado como instrumento


para garantia de cumprimento de prazos, custos e qualidade do projeto.
Entretanto, entende-se que o planejamento deve ser associado ao
controle, ou seja, não há motivos para a realização de um planejamento
se o mesmo não for controlado ao longo da execução do projeto.

Para falar de planejamento, necessariamente precisa-se conhecer a


metodologia que deve ser aplicada a todos os processos. Tal metodologia,
conhecida como Ciclo PDCA, é o conjunto de ações ordenadas e interligadas
entre si dispostas graficamente em um círculo onde cada quadrante
corresponde a uma fase do processo. Tal técnica visa o controle do
processo, podendo ser usado de forma contínua para o gerenciamento
das atividades de uma organização.

A NBR ISO 9001 de 2008 apresenta sucintamente a definição para o


Ciclo PDCA conforme apresentado na Figura 14.

Figura 14: Ciclo PDCA.


Fonte: NBR ISO 9001 (2008).
180 UNIUBE

P = Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários


para gerar resultados de acordo com os requisitos do cliente e com as
políticas da organização;

D = Do (fazer): implementar os processos;

C = Check (checar): monitorar e medir os processos e produtos em


relação às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar
os resultados;

A = Act (agir): executar ações para promover continuamente a melhoria


do desempenho do processo

CURIOSIDADE

Ciclo PDCA

O Ciclo PDCA foi idealizado por Walter Shewart na década de 30 e divulgado


por Deming na década de 50 logo após a 2ª guerra mundial na reconstrução
do Japão.

3.2.1 Importância do planejamento e controle

O aumento da competitividade e o surgimento de novas tecnologias


associadas ao aumento da exigência por parte dos clientes são fatores
que elevam a importância do planejamento e do controle das obras.

Planejar é esquematizar o que se espera do desenvolvimento do projeto


para antever as ações, sempre na busca por melhores resultados de
prazo, custos e qualidade final do produto.
UNIUBE 181

O planejamento e o controle devem ser realizados a fim de garantir a


perpetuidade da empresa, dando condições aos gerentes para que deem
respostas rápidas e certeiras, através do monitoramento da evolução do
empreendimento e do eventual redirecionamento estratégico.

Antigamente pensava-se no preço de venda de um imóvel como sendo


o custo total somado ao lucro que desejado. Assim, a definição do
valor de venda pertencia ao empresário que após conhecer o custo do
empreendimento adicionava o lucro pretendido.

𝑷𝒗=𝑪+𝑳

Entretanto, em uma visão atual, o resultado do projeto está atrelado à


eficiência da atuação da empresa no desenvolvimento do mesmo, ou
seja, quanto menor o custo maior é o lucro obtido, pois a definição do
preço de venda é atribuição do mercado.

𝑳=𝑷𝒗−𝑪

Portanto, torna-se necessário realizar um planejamento para todo


projeto a ser desenvolvido e dispensar tempo para o acompanhamento
e controle.

3.2.2 Deficiências do planejamento e controle

Segundo Mattos (2010) as empresas possuem deficiência em planejamento


e controle em função de alguns aspectos que destacamos a seguir.

3.2.2.1 Planejamento e controle como atividade de um único setor:

• planilhas e cronogramas não passam pela área de equipe de


produção;
• não é visto como processo gerencial e sim como trabalho isolado;
182 UNIUBE

• o planejamento é realizado, mas não há atualização;


• faltam reuniões eficazes de acompanhamento e envolvimento com
toda a equipe;
• não há a apropriação de dados no campo o que permitiria aos
gerentes a detectar desvio de focos e tomada de ações.

3.2.2.2 Descrédito por falta de certeza dos parâmetros

• a empresa não domina o processo por não realizar o acompanhamento


e controle do mesmo, faltando-lhe parâmetros para gerar planejamentos
mais precisos, e, por isso finda no descrédito.

3.2.2.3 Planejamento excessivamente informal

• o planejamento são ordens transmitidas pelo engenheiro ao seu


mestre de obras
• dificulta a comunicação entre setores da empresa
• leva à perda do conceito sistêmico de planejamento, com a visão
de longo prazo sendo obstruída pelo imediatismo das atividades de
curto prazo.

3.2.2.4 Mito do “tocador de obras”

• “Tocador de Obras” – engenheiro com postura de tomar decisões


rápidas, apenas com base na experiência e intuição sem o devido
planejamento, tornando um círculo vicioso, já que passa a existir a
necessidade de um profissional com o perfil de “Tocador”;
• para alcançar um processo de planejamento e controle o estágio de
consolidação necessita de trabalho em equipe.
Deste modo, torna-se necessário atuar com base nas deficiências
apresentadas a fim de possibilitar que a empresa realize o planejamento
e controle adequado de suas obras.
UNIUBE 183

3.2.3 Bases para o planejamento e controle

São consideradas bases para o planejamento e controle de obras: os


projetos compatibilizados; os memoriais; os orçamentos detalhados de
custos diretos e indiretos da obra (Figura 15), conforme detalhado nos
subitens seguintes.

Orçamento de custos
diretos e indiretos

Projetos
Memoriais descritivos
compatibilizados

Planejamento
da obra

Figura 15: Bases para o planejamento de obras.

3.2.3.1 Projetos

Os projetos são os desenhos compatibilizados para cada especificidade


da obra que contemplam todas as informações necessárias para a
correta execução da mesma. Como principais projetos têm-se:

• projeto arquitetônico;
• projeto de instalações hidráulicas;
• projeto de instalações elétricas e telefônicas;
• projeto estrutural;
• projeto de fundações;
• projeto de prevenção e combate a incêndio e outros.
184 UNIUBE

IMPORTANTE!

Compatibilização de projetos

Os projetos não podem ser utilizados de forma isolada. Para a minimização


das interferências em obra, é necessário realizar a compatibilização dos
diferentes projetos a ser desenvolvidos e memoriais descritivos.

A compatibilização deve acontecer na fase de desenvolvimento de projeto, e


na finalização dos projetos para execução da obra os mesmos não deverão
apresentar dúvidas para o executor.

DICAS

Como realizar a compatibilização

• Definir os Dados de Entrada dos projetos com o cliente.


• Elaborar e acompanhar um cronograma de entregas e desenvolvimento
dos projetos.
• Realizar reuniões para socializar informações necessárias para o
desenvolvimento dos mesmos e para definições entre os envolvidos.
• Realizar a sobreposição de diferentes projetos no CAD.
• Verificar os projetos após o término para conferência das Entradas e
definições durante o desenvolvimento.

3.2.3.2 Memoriais

Os memoriais contemplam de forma descritiva todos os tipos de


acabamentos e método construtivo utilizado para a execução e, portanto,
também deve ser compatibilizado com os projetos específicos.
UNIUBE 185

IMPORTANTE!

MEMORIAL x PROJETO

Se houver divergência entre o Memorial Descritivo e o Projeto, normalmente


prevalece a especificação constante no MEMORIAL.

3.2.3.3 Orçamentos de custos diretos e indiretos

O orçamento de custos tratado na primeira seção deste capítulo contém


a descrição de cada etapa da obra e seus respectivos custos diretos e
indiretos que compõem a planilha orçamentária e que serão utilizados
para o estabelecimento da sequência física de execução da obra

3.2.4 Indicadores do planejamento e controle

O planejamento não tem causa se não houver o controle. Para atestar


se realmente o planejamento está sendo eficiente é preciso estabelecer
indicadores que permitam tal monitoramento.

Os principais indicadores de gestão do planejamento são:

• PRAZO – cumprimento das etapas de trabalho no tempo estipulado;


• CUSTO – cumprimento dos custos orçados durante a execução da
obra;
• LUCRO – resultado obtido a partir da eficiência da empresa;
• QUALIDADE – a análise dos aspectos relacionados à qualidade do
empreendimento são essenciais para o mesmo;
• SATISFAÇÃO DO CLIENTE – durante e após a execução da obra,
o objetivo da empresa é medir a satisfação do cliente para melhoria
dos futuros empreendimentos.
186 UNIUBE

3.2.5 Etapas para elaboração do planejamento

Para a elaboração do Planejamento Básico de uma obra necessita-se da


planilha orçamentária do empreendimento a ser executado. Em seguida,
apresentamos os passos no fluxograma da Figura 16 e detalhados nos
subitens seguintes.

As atividades são
identificadas pelos itens da
Planilha Orçamentária
Atividades

Determinação da duração
Duração das atividades

Identificação da precedência
entre as atividades
Precedência

Estabelecimento do
diagrama de redes e,
Rede/Caminho Identificação do caminho
Crítico mais longo da rede ou
Caminho Crítico

Elaboração do Cronograma
Cronogramas Físico-Financeiro, Curva S,
Cronograma de Desembolso

Histogramas Elaboração de Histogramas


de recursos

Figura 16: Etapas de elaboração de um projeto básico.


UNIUBE 187

3.2.5.1 Atividades

Nesse momento identificam-se as atividades (Tabela 33) do projeto


utilizando como referência os itens da planilha orçamentária apresentada
no exemplo da seção anterior.

Tabela 33: Modelo de planilha de atividades

Item Atividade Duração Predecessoras


1 SERVIÇOS PRELIMINARES
2 INFRAESTRUTURA
3 SUPERESTRUTURA
4 PAREDES E PAINÉIS
5 ESQUADRIAS
5.1 Esquadrias de madeira
5.2 Esquadrias metálicas
6 VIDROS
7 COBERTURA E PROTEÇÕES
8 FORRO
9 REVESTIMENTOS
9.1 Revestimentos internos
9.2 Revestimentos externos
10 PAVIMENTAÇÃO
11 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
12 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
13 PINTURA
14 SERVIÇOS COMPLEMENTARES

3.2.5.2 Duração

A duração de cada atividade é a quantidade de tempo em horas,


dias, semanas ou meses que a atividade precisa para ser executada,
lembrando-se sempre da produtividade e quantidade de serviço para a
determinação desse tempo. A duração de cada atividade a ser executada
está apresentada na coluna “Duração” da Tabela 34.
188 UNIUBE

Tabela 34: Modelo de planilha de atividades com a duração


Duração
Item Atividade Predecessoras
(meses)
1 SERVIÇOS PRELIMINARES 1
2 INFRAESTRUTURA 1
3 SUPERESTRUTURA 2
4 PAREDES E PAINÉIS 2
5 ESQUADRIAS
5.1 Esquadrias de madeira 0,5
5.2 Esquadrias metálicas 0,5
6 VIDROS 0,25
7 COBERTURA E PROTEÇÕES 0,5
8 FORRO 0,5
9 REVESTIMENTOS
9.1 Revestimentos internos 2
9.2 Revestimentos externos 2
10 PAVIMENTAÇÃO 2
11 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS 3
12 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 3
13 PINTURA 1
14 SERVIÇOS COMPLEMENTARES 0,25

3.2.5.3 Precedência

A precedência nem sempre está associada diretamente à sequência


das atividades, ou seja, pode ser que uma atividade tenha relação
com mais de uma que acontece anteriormente, ou ainda, pode ser que
uma atividade inicie antes que outra termine. Existem quatro tipos de
dependências, nas quais pode ser acrescido ou descontado tempo,
conforme apresentamos nas figuras a seguir:
UNIUBE 189

TI (término-início) (Figura 17) – a atividade seguinte inicia-se após o


término da anterior;

T T
A A

4 dias
B B
I I
Figura 17: Dependência TI e Dependência TI+4 dias.

II (início-início) (Figura 18) – a atividade seguinte inicia-se apenas


quando a anterior tiver iniciado;

I I
A A
4 dias

B B
I I
Figura 18: Dependência II e Dependência II+4 dias.

IT (início-término) (Figura 19) – a atividade seguinte termina se a


anterior tiver iniciado;

I I
A A
4 dias

B B
T T
Figura 19: Dependência IT e Dependência IT+4 dias.
190 UNIUBE

TT (término-término) (Figura 20) – a atividade seguinte finaliza-se


apenas quando a anterior tiver finalizado.

T T
A A
4 dias

B B
T T
Figura 20: Dependência TT e Dependência TT+4 dias.

IMPORTANTE!

Término-Início

Na utilização da dependência término-início pode-se omitir a representação


TI, ou seja, subentende-se que a referência à atividade sem as letras TI
indica que a atividade iniciará após o término da anterior.

Exemplo:
Código | Atividade | Predecessoras
1 | Infraestrutura | –
2 | Superestrutura | 1TI ou 1

CURIOSIDADE

Start-Start (SS) | Finish-Finish (FF)


Finish-Start (FS) | Start-Finish (SF)
Devido à utilização de softwares estrangeiros, utiliza-se também para
Término a letra “F” de finish e para Início a letra “S” de start.
UNIUBE 191

A Tabela 35 apresenta as predecessoras em relação às atividades da


planilha e suas respectivas formas de dependência.

Tabela 35: Modelo de planilha de atividades com as predecessoras


Duração
Item Atividade Predecessoras
(meses)
1 SERVIÇOS PRELIMINARES 1 –
2 INFRAESTRUTURA 1 1
3 SUPERESTRUTURA 2 2
4 PAREDES E PAINÉIS 2 3
5 ESQUADRIAS
5.1 Esquadrias de madeira 0,5 4
5.2 Esquadrias metálicas 0,5 4
6 VIDROS 0,25 5.2
7 COBERTURA E PROTEÇÕES 0,5 4
8 FORRO 0,5 3;7
9 REVESTIMENTOS
9.1 Revestimentos internos 2 5.1;5.2
9.2 Revestimentos externos 2 9.1 II
10 PAVIMENTAÇÃO 2 9.1
11 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS 3 4 II+0,5
12 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 3 4 II+0,5
13 PINTURA 1 9.1;9.2+0,5
14 SERVIÇOS COMPLEMENTARES 0,25 13

3.2.5.4 Diagrama de rede

É a representação gráfica que considera a dependência entre as atividades.


Nessa etapa utilizam-se as atividades relacionadas anteriormente a partir da
inter-relação estabelecida no projeto e construindo um caminho que irá do
início ao término da obra.

O diagrama de rede pode ser construído utilizando-se o método das


flechas ou o método dos blocos, sendo que para ambos o resultado
produzido é o mesmo. Nesse capítulo será adotado o método dos blocos
que será detalhado na sequência.
192 UNIUBE

IMPORTANTE!

Método das Flechas


Na utilização da dependência término-início pode-se omitir a representação
TI, ou Arrow Diagramming Method – ADM

Método dos blocos


Precedence Diagramming Method – PDM

A diferença entre estes está no método para se desenhar o diagrama. Para


saber mais sobre o método das Flechas, consulte Mattos (2010) p.112.

• Método dos blocos

No método dos blocos utilizam-se os nós para representação das


atividades, conforme apresentado no diagrama da Figura 21. O diagrama
foi elaborado a partir da planilha da Tabela 35, e contêm os números das
atividades inseridos em blocos, as setas representando a sequência das
mesmas considerando-se suas predecessoras e acima a duração da
atividade e a duração total até o momento (Figura 22).

(0,5) 7

8
(0,5) 6,5 (2) 8,5

7 9.2 (1) 10 (0,25) 10,25


+0,5 mês
(1) 1 (1) 2 (2) 4 (2) 6 (0,5) 6,5 (2) 8,5 13 14
1 2 3 4 5.1 9.1 (2) 10,5
(0,5) 6,5 (0,25) 6,75 10
5.2 6
(3) 7,5
+0,5 mês
11
(3) 7,5
+0,5 mês
12

Figura 21: Diagrama de Blocos (Conforme planilha da Tabela 35).


UNIUBE 193

Duração da Duração total até


atividade a atividade C

Identificação
(1,5) 2 da atividade

C
Figura 22: Representação dos nós no diagrama de rede.

3.2.5.5 Caminho crítico

O caminho crítico é o caminho mais longo até o término da obra. As


atividades que constam no caminho crítico não possuem folgas, ou
seja, qualquer atraso implicará em atraso no prazo final de entrega do
empreendimento. A Figura 23 apresenta o diagrama de rede pelo método
dos blocos com o caminho crítico destacado.

(0,5) 7

8
(0,5) 6,5 (2) 8,5

7 9.2 (1) 10 (0,25) 10,25


+0,5 mês
(1) 1 (1) 2 (2) 4 (2) 6 (0,5) 6,5 (2) 8,5 13 14
1 2 3 4 5.1 9.1 (2) 10,5
(0,5) 6,5 (0,25) 6,75 10
5.2 6
(3) 7,5
+0,5 mês
11
(3) 7,5
+0,5 mês
12

Figura 23: Representação do caminho crítico do diagrama da Figura 21.

O caminho crítico é utilizado para acompanhamento dos prazos de


cronograma estabelecidos em contrato. Mas existem atividades que não
constam no caminho crítico e, portanto, possuem uma margem para
serem executadas.
194 UNIUBE

IMPORTANTE!

Folgas

A margem que as atividades que estão fora do Caminho Crítico possuem


são também chamadas de FOLGAS.

Para saber mais sobre o assunto e para elaboração de diagramas mais


detalhados, consultar Mattos (2010, p.184).

3.2.5.6 Cronogramas

• Cronograma de Gantt

O método gráfico de Gantt é a representação das atividades com


suas durações em forma de barras ao longo do tempo a intervalos
pré-estabelecidos. Entretanto, para que este formato se tornasse ainda
mais utilizado e eficiente no controle das obras, passou-se a utilizar a
ferramenta incluindo-se as dependências entre as atividades e o caminho
mais longo a ser seguido para a finalização da obra. Tais informações
advêm do diagrama de rede e método do caminho crítico estudados
anteriormente.

CURIOSIDADE

Gantt

O cronograma de barras é também chamado de cronograma ou gráfico de


Gantt. Tal atribuição deve-se ao engenheiro Henry Gantt que introduziu a
ferramenta de planejamento e controle no acompanhamento de fluxos de
produção no início do século XX.
UNIUBE 195

Para um cronograma de Gantt com execução entre 02/09/11 e 02/12/12,


após a definição das atividades (tarefas) e da duração de cada uma delas,
apresenta-se um exemplo na Figura 24, desenvolvido no MS-Project, um
software de gestão de projetos (ou gerência de projetos) produzido pela
Microsoft.
Iden set 2011 out 2011 nov 2011 dez 2011
tifica Nome da tarefa Início Término Duração
ção 4/9 11/9 18/9 25/9 2/10 9/10 16/10 23/10 30/10 6/11 13/11 20/11 27/11 4/12 11/12 18/12 25/12

1 Fundações 02/09/2011 15/09/2011 2sem

2 Superestrutura 16/09/2011 29/09/2011 2sem

3 Alvenarias 30/09/2011 14/10/2011 2sem 1d

4 Cobertura 17/10/2011 24/10/2011 1sem 1d

5 Instalações 30/09/2011 23/12/2011 12sem 1d

6 Esquadrias 25/10/2011 04/11/2011 1sem 4d

7 Revestimentos 11/11/2011 08/12/2011 4sem

8 Pintura 09/12/2011 02/01/2012 3sem 2d

Figura 24: Exemplo de cronograma de barras ou cronograma de Gantt elaborado no MS-Project.

• Cronograma de físico-financeiro

O cronograma físico-financeiro é formado após o diagrama de rede, o


mesmo é obtido ao elaborar-se o cronograma de barras com os recursos
do orçamento.

O cronograma físico-financeiro é a representação das atividades ao longo


do tempo com suas durações e o custo atrelado, oriundo do orçamento.
A Figura 25 apresenta um exemplo de um cronograma físico-financeiro.

IMPORTANTE!

Cronograma físico-financeiro

Físico – estabelecido a partir do diagrama de redes


Financeiro – estabelecido a partir do orçamento
196 UNIUBE

Figura 25: Modelo de Cronograma Físico-Financeiro.

• Cronograma de desembolso

O cronograma de desembolso é estabelecido com o planejamento de


compras e contratações que envolvem o planejamento do empreendimento.
O cronograma, que também é no formato de barras, apresenta no período o
UNIUBE 197

que a empresa terá que desembolsar antecipadamente ou posteriormente


à aquisição de insumos para a execução do empreendimento.

IMPORTANTE!

Cronograma de desembolso

Desembolso – estabelecido a partir da projeção de pagamentos que serão


efetuados, ou seja, o que a empresa irá desembolsar independente do
andamento da obra.

• Curva de Gauss e Curva “S”

A Curva de Gauss tem o formato de um “sino” e apresenta os valores


ao longo do tempo de execução do projeto, entretanto, a curva “S”
demonstra a evolução de um projeto, em relação ao valor acumulado
referente às atividades executadas.

A curva “S” possui esse nome, pois lembra o formato da letra “S” (Figura
26). A curva comumente é elaborada para os custos de um projeto em
que se obtêm os momentos em que as alterações poderão ocorrer sem
que haja prejuízos no projeto.

Figura 26: Curva “S” padrão.


Fonte: PMI-PMBOK (2011).
198 UNIUBE

O primeiro período é o mais propício para a realização de alterações


no projeto, pois ainda não existiram muitos gastos com o mesmo. O
segundo período, considerado de CRESCIMENTO RÁPIDO, inspira
cuidados, pois a alteração poderá implicar em gastos elevados com o
projeto. No terceiro período, não devem ser admitidas alterações pois
necessariamente os dados financeiros para o projeto serão majorados.

CURIOSIDADE

Curva de Gauss ou gaussiana ou curva sino

A Curva de Gauss acumulada é uma Curva “S”.

A seguir apresenta-se a curva “S” a partir do Cronograma anteriormente


apresentado (Figura 27).

700.000,00

600.000,00

500.000,00

400.000,00

300.000,00

200.000,00

100.000,00

0,00
JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

Figura 27: Curva “S” obtida a partir do Cronograma Físico-Financeiro (Figura 106).

Analisando-se a curva da Figura 27, pode-se concluir que TODAS as


alterações realizadas antes do mês de agosto não acarretarão grande
impacto no custo final do projeto. Ainda conclui-se que o período de
UNIUBE 199

agosto a setembro, compreende o período de CRESCIMENTO RÁPIDO


do desenvolvimento da execução do projeto, assim, alterações nesse
período devem ser evitadas e minuciosamente analisadas para que não
haja surpresas com o custo final do projeto.

3.2.5.7 Histograma de Recursos

O Histograma gerado no planejamento é uma ferramenta importante


para o desenvolvimento do projeto. Com os cronogramas instituídos, é
possível gerar os histogramas de recursos, que são representados em
gráficos de barras no intervalo estabelecido no cronograma físico do
empreendimento.

São dois os tipos mais comumente utilizados para o controle do projeto:

a) Histograma de permanência de mão de obra – por essa ferramenta,


é possível visualizar a quantidade e tipo de mão de obra que deverá
ser contratada ou demitida no intervalo estabelecido no cronograma
físico (dia, semana, mês ou outro);
b) Histograma de compras de insumos – por essa ferramenta, é possível
visualizar a quantidade e tipo de material que deverá ser utilizado no
intervalo estabelecido no cronograma físico (dia, semana, mês ou
outro), assim, pode-se estabelecer os prazos de compras para que
não prejudiquem os prazos de execução na obra;
c) Histograma de locação de equipamentos – por essa ferramenta é
possível visualizar a quantidade e tipo de equipamento que deverá
ser utilizado no intervalo estabelecido no cronograma físico (dia,
semana, mês ou outro); assim, podem-se estabelecer os prazos
contratuais de locação dos equipamentos ou, cálculo da depreciação
dos equipamentos próprios.

A partir de todas as composições unitárias do orçamento, do quantitativo


total dos serviços apresentados na planilha orçamentária referente ao
insumo e cronograma físico estabelecido, elabora-se o histograma de
200 UNIUBE

recurso (material, mão de obra ou equipamento). Para o exemplo, o


histograma refere-se ao insumo de mão de obra de pedreiro, conforme
apresentado na Figura 28.

Figura 28: Exemplo de histograma de recurso (mão de obra/pedreiro).

Significa que no mês de julho são necessários 20 pedreiros para a execução


dos serviços apresentados no cronograma e assim sucessivamente. Ainda,
a partir do histograma é possível identificar programação e custos mensais
de contratações e demissões (mão de obra), programação de aquisições
(materiais e equipamentos) e programação de locações (equipamentos).

3.2.5.8 Linha de Base

Finalmente, como já dissemos anteriormente, não existe planejamento sem


controle, assim a partir do momento que o Orçamento e Planejamento de um
empreendimento são aprovados, os mesmos deverão ser disponibilizados
para os envolvidos no processo, para acompanhamento das metas
estabelecidas. Para que esse processo ocorra de forma satisfatória, uma
linha de base ou baseline é estabelecida, “congelando” o que foi planejado
inicialmente e a equipe passa a acompanhar o planejamento.
UNIUBE 201

A partir do planejamento, faz-se um acompanhamento do tipo Previsto


X Realizado, para tomadas de decisões durante o desenvolvimento
do projeto e replanejamento das ações e recursos previamente
estabelecidos. O acompanhamento comparado com o inicial é utilizado
também para realimentar as ações da empresa em outros projetos.

Resumo
O presente capítulo trata da elaboração de orçamento para obras de
construção civil a partir da utilização de planilhas de apoio à quantificação
de projetos, elaboração de composições unitárias, planilha orçamentária
e obtenção de curva ABC.

Fornece subsídios para o desenvolvimento de um planejamento básico,


que gere um cronograma físico e financeiro, curva “S” e histogramas
de recursos para o acompanhamento e controle das obras. Finalmente,
proporciona ao Engenheiro Civil a possibilidade de desenvolver o
orçamento e planejamento de obras antes mesmo de sua execução.

Atividades

Atividade 1

Para o Planejamento e Controle de Obras, utiliza-se uma técnica que


visa o controle do processo, podendo ser usada de forma contínua para
o gerenciamento das atividades de uma organização. Esta técnica é
composta de um conjunto de ações ordenadas e interligadas entre si,
dispostas graficamente em um círculo onde cada quadrante corresponde
a uma fase do processo.

Descreva esta técnica em forma de gráfico, explicando cada fase do


processo de controle.
202 UNIUBE

Atividade 2

Considerando-se 1.230 m2 de uma alvenaria de blocos cerâmicos de


9x19x29 cm assentados de uma vez e juntas horizontais e verticais de
1 cm, pede-se:

a) A quantidade de blocos cerâmicos necessária para a execução do


serviço, considerando-se uma perda de 8% no material.
b) O volume de argamassa necessário para o assentamento dos blocos
para uma perda de 6%.

Atividade 3

a) Calcule e escreva qual é o volume de argamassa de revestimento,


necessário para execução de reboco interno com 1,5 cm de espessura
e reboco externo com 2,0 cm de espessura em uma alvenaria de 380
m2, considerando-se perda de 6%.
b) Calcule e escreva quantos blocos cerâmicos de 9x19x24 cm são
necessários para a execução de 200 m2 de alvenaria de uma vez
(20cm) com juntas horizontais e verticais de 1 cm considerando-se
perda de 12%.

Atividade 4

A partir da curva “S” apresentada a seguir e considerando-se o período


de crescimento rápido na construção de um empreendimento, explique:

• Qual é o melhor momento para realizar uma alteração no projeto


de forma que minimize ao máximo a possibilidade de custos extras
para o projeto?
UNIUBE 203

Fonte: PMI-PMBOK (2011).

Atividade 5

A Curva ABC é um recurso para identificar os itens mais importantes


dentro de uma quantidade geralmente grande de itens de um orçamento,
sejam eles insumos ou serviços. Com a Curva ABC, você vai trabalhar
com “foco” nos itens mais relevantes de seu orçamento com o objetivo
de obter os melhores resultados.

Como responsável pelo planejamento de um determinado projeto,


estabeleça a curva ABC para os insumos a seguir, e, com base em suas
análises informe quais os materiais que o comprador deverá se empenhar
mais na negociação para obtenção de um resultado satisfatório ao
empreendimento.
204 UNIUBE

Referências

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR. 7480:2008. Aço


destinado para estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro, 2008.

_____. NBR 9574: Execução de impermeabilização. Rio de Janeiro, 2008


UNIUBE 205

_____. NBR 9575: Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010.

_____. NBR 9685: Emulsão asfáltica para impermeabilização. Rio de Janeiro, 2005

_____. NBR 11905: Sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante


e polímeros - Especificação. Rio de Janeiro, 1995

_____. NBR 12721: Avaliação de custos unitários de construção para incorporação


imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento.Rio de
Janeiro, 2006.

GUIA DA construção: Custos, suprimentos e soluções técnicas. São Paulo, edição


125, dez. 2011.

MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: PINI, 2010.

MATTOS, A. D. Como preparar orçamentos de obras. São Paulo: PINI, 2006.

PMI-PMBOK. Curva S: O que é e que significa. Disponível em:


<http://www.pmi-pmbok.com.br/curva-s-o-que-e-e-que-significa/>. Acesso em:
16 dez. 2011.

SINDICATO da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (SINDUSCON-MG).


Custo Unitário Básico (CUB/m²): principais aspectos. Belo Horizonte:
SINDUSCON-MG, 2007. 112p.

SINDICATO da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON-JP).


Encargos Sociais. João Pessoa. Disponível em: <http://www.sindusconjp.com.br/
indicadores/indicadores.jsp?idCategoriaIndicador=10>. Acesso em: 16 dez. 2011.

TCPO. Tabelas de Composição de Preços Para Orçamentos. 13. ed. São Paulo:
PINI, 2008.

TISAKA, M. Orçamento na construção civil: consultoria, projeto e execução.


São Paulo: PINI, 2006.

TISAKA, M. Reformar o BDI. Revista Construção Mercado, São Paulo: PINI,


n. 40, 2004.
Parte II

Teoria das estruturas II


Capítulo
Estruturas hiperestáticas:
Método dos Deslocamentos
4

Núbia dos Santos Saad Ferreira

Introdução
Caro(a) aluno(a).

Neste capítulo, são apresentados os caminhos e processos a


serem cumpridos em seu estudo a distância, a fim de que sejam
alcançados os objetivos que lhe são traçados.

É essencial que você realize seu estudo seguindo as recomendações


propostas, de forma sequenciada, para obter êxito em seu
aprendizado.

Você se valerá de problemas de aplicação resolvidos, que se


prestam, sobretudo, a facilitar a consolidação do seu estudo, com
a possibilidade de visualização prática dos conceitos aprendidos.

Este capítulo consiste em uma importante etapa do seu processo


de formação como Engenheiro Civil, no tocante ao cálculo e à
análise de estruturas hiperestáticas.

Você terá a visão, ao longo do curso deste componente curricular,


de aplicabilidades práticas dos fundamentos teóricos que serão
estudados e adquirirá competências para identificar, calcular
e analisar parâmetros referentes a estruturas hiperestáticas,
utilizando o Método dos Deslocamentos.
210 UNIUBE

O Método dos Deslocamentos pode ser aplicado para cálculo


de estruturas isostáticas ou hiperestáticas, sendo especialmente
útil no estudo dessas últimas, por intermédio da análise matricial
de estruturas.

Antes de se proceder à descrição do Método dos deslocamentos,


veja o que se entende por Grau de Deslocabilidade, pois esse
Método se baseia nas possibilidades de deslocamento da estrutura
que se esteja analisando.

Cabe, aqui, informar que todas as figuras constantes neste


capítulo foram elaboradas por sua autora, e que os textos foram
confeccionados com base nas obras: Süssekind (1996) e Soriano
& Lima (2006), e na experiência adquirida ao longo do exercício
de sua docência, no magistério superior, em Engenharia de
Estruturas.

Bons estudos!

Objetivos
Caro(a) aluno(a), ao final dos estudos propostos, espera-se que
você seja capaz de:

• calcular estruturas hiperestáticas utilizando o Método dos


Deslocamentos;
• compreender a análise matricial de estruturas necessárias à
aplicação do Método dos Deslocamentos;
• traçar diagramas de esforços de estruturas hiperestáticas;
• interpretar resultados obtidos das análises estruturais,
adquirindo habilidades necessárias para o dimensionamento
de estruturas de Engenharia Civil nas disciplinas específicas
subsequentes.
UNIUBE 211

Esquema
4.1 Grau de deslocabilidade de estruturas
4.1.1 Deslocabilidade interna (di)
4.1.2 Deslocabilidade externa (de)
4.2 Descrição do Método dos Deslocamentos
4.3 Procedimentos para a aplicação do Método dos Deslocamentos
4.4 Problemas de aplicação resolvidos

4.1 Grau de deslocabilidade de estruturas

Define-se como Grau de Deslocabilidade (d), ao número que quantifica


as possibilidades de deslocamentos dos nós da estrutura, admitindo suas
partes deformáveis, sob determinado carregamento.

Uma estrutura reticulada plana (constituída por barras contidas no plano,


como pórticos, vigas, treliças etc.) apresenta três deslocabilidades em
cada nó, pois cada nó apresenta possibilidade de movimento referente
a duas translações (no plano da estrutura) e uma rotação (em torno de
um eixo perpendicular ao plano da estrutura).

Visando simplificar os cálculos, consideram-se as barras inextensíveis


nas direções axial e transversal, ou seja, não se deformam por força
normal ou cortante. Esta simplificação baseia-se na constatação de que
os deslocamentos dos nós da estrutura são basicamente produzidos pela
rotação das barras, sendo praticamente desprezíveis, em proporção,
às parcelas devidas aos esforços normais e cortantes. Com isso,
consideram-se apenas as deformações devidas ao momento fletor no
cálculo das deslocabilidades da estrutura.
212 UNIUBE

Seja, por exemplo, a Figura 1, na qual se tem um pórtico solicitado por um


dado carregamento e que, por ocasião deste, se deforma. Perceba que
os nós internos do pórtico apresentam os três tipos de deslocamentos
mencionados.

Figura 1: Visualização de um pórtico carregado e deformado.

Visando facilitar o estudo do Grau de Deslocabilidade, costuma-se


separá-lo em Deslocabilidade interna e externa, como será detalhado,
a seguir.

4.1.1 Deslocabilidade interna (di)

A deslocabilidade interna é a possibilidade de rotação (ou giro) dos nós.


A partir da definição, tem-se que cada nó possui uma deslocabilidade
interna, exceto os nós intermediários que sejam articulados (também
denominados rotulados) e os nós de apoio que não possuem
extremidades de barras contínuas entre si.

Para resumir, você deve entender o seguinte: a deslocabilidade interna


existe quando se tem, em um nó, pelo menos duas extremidades de
barras contínuas entre si, como exemplificado na Figura 2. Isso vale tanto
para nós internos como de apoio.
UNIUBE 213

Figura 2: Exemplos de cálculos de deslocabilidades internas.

Observe que, para cada nó, tem-se uma ou nenhuma deslocabilidade


interna, e isso implica em dizer também que, independente da quantidade
de extremidades de barras contínuas que chegam a um nó, a sua
deslocabilidade interna será no máximo: di = 1.

4.1.2 Deslocabilidade externa (de)

A deslocabilidade externa, ao contrário da deslocabilidade interna, é a


possibilidade de translação dos nós, considerando-se toda a estrutura
com os nós rotulados.

Observação:

Ao serem rotulados todos os nós da estrutura, havendo barras em


balanço, estas são desprezadas, para o cálculo da deslocabilidade
externa.
214 UNIUBE

Seu valor, com isso, é obtido rotulando-se todos os nós, intermediários


e de apoio, desprezando-se as barras em balanço, e calculando-se:

de = 2n − b − Ve

Em que:

• de: grau de deslocabilidade externa;


• n: quantidade de nós (obs.: são todos os nós rotulados, exceto os
relativos a extremidades de barras em balanço);
• b: quantidade de barras (obs.: são todas as barras da estrutura,
exceto as de balanço);
• Ve: número de vínculos externos (obs.: rotule todos os apoios
externos antes de contar os vínculos correspondentes a eles).

Nas Figuras 3 (a) e (b), são apresentados exemplos de cálculos de


deslocabilidades externas.

Figura 3: Exemplos de cálculos de deslocabilidades externas.

De acordo com a Deslocabilidade externa (de), as estruturas são


classificadas em:
UNIUBE 215

• de = 0 : estrutura indeslocável externamente;


• de > 0 : estrutura deslocável externamente;

• de < 0 : estrutura superindeslocável externamente.

O Grau de Deslocabilidade (também determinado Grau de indeterminação


cinemática), portanto, é a soma das deslocabilidades interna e externa,
computados para uma determinada estrutura.

Caro(a) aluno(a), agora que você já aprendeu como computar os


deslocamentos possíveis de uma estrutura plana reticulada, tanto em
termos de rotações nodais (deslocabilidades internas) como com relação às
translações (deslocabilidades externas), em seguida, ser-lhe-á apresentado
o Método dos Deslocamentos para o cálculo de estruturas reticuladas
planas hiperestáticas.

PARADA OBRIGATÓRIA

Antes de partir para o aprendizado dos tópicos seguintes, é essencial que


você tenha entendido bem os conceitos até aqui estudados.

Faça as suas anotações! Verifique se você entendeu bem como calcular as


deslocabilidades, para que possa avançar. Questione-se!

4.2 Descrição do Método dos Deslocamentos

O Método dos Deslocamentos baseia-se no Princípio da superposição


dos efeitos, tomando como referência as deslocabilidades internas e
externas da estrutura que se esteja analisando.

A resolução de uma estrutura utilizando o Método dos Deslocamentos


é feita com a transformação da estrutura real deslocável (simbolizada
por: [ r ]) em uma estrutura indeslocável (simbolizada por: [ 0 ]),
bloqueando-se os movimentos possíveis dos nós da mesma, com a
introdução de vínculos.
216 UNIUBE

Em seguida, são montadas as equações para a solução, considerando-se


a soma de várias estruturas com deslocamentos impostos (simbolizadas
por: [ 1 ], [ 2 ], [ 3 ], ...), tendo-se, como incógnitas, os ângulos de
rotação e os deslocamentos lineares sofridos pelos nós deslocáveis.
Simbolicamente, tem-se:

[r]=[0]+[1]+[2]+[3]

Ou seja, a estrutura real deslocável é obtida pela soma desta mesma


estrutura, porém, totalmente indeslocável, com cada uma das
deslocabilidades consideradas separadamente, o que é possível pelo
Princípio da superposição de efeitos. Isso ficará claro nas aplicações
resolvidas apresentadas adiante!

O Processo dos deslocamentos permite que sejam determinados,


inicialmente, os deslocamentos nodais (rotações e/ou translações), para
que depois sejam calculados os esforços atuantes nas barras.

4.3 Procedimentos para a aplicação do Método dos


Deslocamentos

Têm-se os seguintes passos a serem seguidos, para a aplicação do


Método em estudo:

[ 1o Passo ]: Cálculo do Grau de Deslocabilidade

Obtém-se o Grau de indeterminação cinemática, ou seja, o Grau de


deslocabilidade da estrutura, que é a soma das deslocabilidades interna
e externa.

[ 2o Passo ]: Transformação da estrutura real [ r ] em uma estrutura


indeslocável [ 0 ]
UNIUBE 217

Isso é feito bloqueando-se os nós que possuem deslocabilidades, com


introdução de vínculos que impedem os movimentos possíveis desses
nós – veja figuras 4 e 5.

Figura 4: Exemplo de estrutura com uma deslocabilidade (di = 1 e de = 0).

Figura 5: Exemplo de estrutura com duas deslocabilidades (di = 1 e de = 1).

[3o Passo]: Geração das estruturas [ 1 ], [ 2 ], [ 3 ],..., com deslocamentos


impostos nos nós que foram bloqueados

Ao se bloquearem todos os nós deslocáveis da estrutura real,


transformando-a na estrutura indeslocável simbolizada por [ 0 ],
desconsiderou-se, por completo, qualquer possibilidade de deslocamento
nodal.

Isso é feito porque, a esta estrutura [ 0 ] serão somadas outras tantas


estruturas [ 1 ], [ 2 ], [ 3 ], ..., quantas forem as possibilidades de
deslocamentos reais.
218 UNIUBE

Ou seja, será considerada uma estrutura para cada deslocabilidade


existente, e o carregamento de cada estrutura desta será um deslocamento
unitário na direção do giro ou translação correspondente à deslocabilidade
que foi obtida para tal estrutura.

Com isso, montam-se as seguintes estruturas, geradas a partir da


estrutura real que teve seus deslocamentos bloqueados:

Estrutura [ 1 ]: cujo carregamento é um deslocamento unitário


(giro ou translação) na direção do primeiro deslocamento possível
da estrutura;
Estrutura [ 2 ]: cujo carregamento é um deslocamento unitário
(giro ou translação) na direção do segundo deslocamento possível
da estrutura;
Estrutura [ 3 ]: cujo carregamento é um deslocamento unitário
(giro ou translação) na direção do terceiro deslocamento possível
da estrutura;

e, assim por diante, em função de todos os deslocamentos nodais


possíveis, ou seja, do Grau de Deslocabilidade da estrutura.

Observações importantes:

O deslocamento unitário imposto pelo calculista deve estar na direção


desse deslocamento, mas pode ser considerado em qualquer sentido.

Por exemplo: sendo o deslocamento um giro unitário, o mesmo poderá


ser horário ou anti-horário. Ou, por outro lado, sendo o deslocamento
uma translação horizontal unitária, esta poderá ser para a direita ou para
a esquerda. Ou seja, adota-se qualquer sentido.

Posteriormente, será comentado o que ocorrerá caso você opte por um ou


outro sentido. Todavia, não haverá nenhuma alteração nos resultados finais!
UNIUBE 219

IMPORTANTE!

Portanto, será adiantada, aqui, a 1a APLICAÇÃO, cuja resolução será


apresentada aos poucos, para exemplificar cada passo deste item.

EXEMPLIFICANDO!

Ser-lhe-á apresentado um exemplo numérico que será totalmente desenvolvido,


concomitantemente à explicação que se seguirá a partir daqui. Inclusive,
virão outros passos. Com esta aplicação prática paralela, você terá
possibilidade de entender melhor os conteúdos teóricos.

1a APLICAÇÃO

Pede-se traçar o diagrama de momento fletor para a viga apresentada na


Figura 6 (desenho sem escala), utilizando-se o Processo dos Deslocamentos.

Considere EI constante, ou seja, igual para todas as barras da estrutura.

Figura 6: Representação esquemática da estrutura referente à 1ª Aplicação.

RESOLUÇÃO:

Para que você possa assimilar bem o que está sendo ensinado, com
relação aos passos necessários ao cálculo de estruturas hiperestáticas
via Método dos deslocamentos, a resolução desta 1ª Aplicação será feita,
organizada segundo cada passo descrito.
220 UNIUBE

É essencial que você releia cada passo e acompanhe os cálculos.

[1o Passo]: Cálculo do Grau de Deslocabilidade

• Deslocabilidade interna: di = 2 (referentes aos nós B e C, pelo


conceito estudado)

• Deslocabilidade externa: de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – 5 = 0

Portanto, o Grau de Deslocabilidade é igual a dois.

Isso significa que a estrutura possui duas deslocabilidades e, sendo


essas do tipo internas, referem-se a giros dos nós. Perceba que elas se
referem aos dois nós internos da viga em estudo.

[2o Passo]: Transformação da estrutura real [ r ] em uma estrutura


indeslocável [ 0 ]

Após você identificar os nós que possuem deslocabilidades e o tipo delas,


procede-se ao bloqueio deles, ou seja, à restrição de tais possibilidades
de deslocamentos.

Sendo as deslocabilidades relativas a giros, representa-se tal bloqueio


por um quadrado, conforme desenhado a seguir.

Com os nós bloqueados, a estrutura real (Figura 6.1) deslocável [ r ] se


torna indeslocável [ 0 ] (Figura 6.2).

Estrutura real [ r ]:

Figura 6.1: Representação esquemática da estrutura real.


UNIUBE 221

Estrutura [ 0 ]:

Figura 6.2: Representação esquemática da estrutura [0].

[3o Passo]: Geração das Estruturas [ 1 ] e [ 2 ] com deslocamentos impostos


nos nós que foram bloqueados (Figuras 6.3 e 6.4, respectivamente)

Estrutura [ 1 ]:

Figura 6.3: Representação esquemática da estrutura [1].

Estrutura [ 2 ]:

Figura 6.4: Representação esquemática da estrutura [2].

Perceba que, para as estruturas com deslocamentos impostos, têm-se


os parâmetros Δ1 e Δ2 colocados em evidência, pois é sabido que os
deslocamentos nodais correspondem a um valor real, que poderá ser
positivo ou negativo. Positivo, se concordar com o sentido arbitrado, e
se negativo, em caso contrário.

Caro aluno, entenda que a Estrutura [ 1 ] é montada para se considerar


o deslocamento nodal que ocorre na estrutura real, relativo ao nó B.
Por isso, obviamente, ele não é unitário, mas, sim, um valor real Δ1
222 UNIUBE

que será obtido ao longo da aplicação do Método dos Deslocamentos.


Tal parâmetro fica em evidência, para que se considere o giro unitário,
facilitando os cálculos que virão adiante. O raciocínio é semelhante para
a Estrutura [ 2 ].

[4o Passo]: Montagem das Equações de Compatibilidade para a


Resolução Matricial

Como você aprendeu, por superposição de efeitos, tem-se que a estrutura


inicial real e deslocável dada por [ r ] equivale à soma das estruturas
criadas, ou seja, escreve-se a seguinte equação, para o exemplo de
aplicação em análise:

[r] = [0] + [1] + [2]

É necessário relembrar que, quando se trata de superposição de efeitos,


esta expressão significa que, para se obter valores de deslocamentos
(giros ou translações) ou esforços (momentos, normais, cortantes)
bem como de reações de apoio de qualquer posição da estrutura real,
pode-se fazer a soma desses parâmetros correspondentes a cada uma
das demais estruturas.

Sendo assim, quanto aos deslocamentos, escreve-se, para qualquer


posição da estrutura:

[ r ] = [ 0 ] + Δ1 . [ 1 ] + Δ2 . [ 2 ]

E, com relação a esforços, como por exemplo, momento fletor, atuante


em uma determinada seção transversal, também se pode equacionar,
de forma genérica:

M[ r ] = M[ 0 ] + Δ1 . M[ 1 ] + Δ2 . M[ 2 ]
UNIUBE 223

Perceba que são colocados em evidência os valores dos deslocamentos


nodais, pois serão sempre considerados deslocamentos impostos
unitários.

Você constata que, tendo-se os valores das incógnitas Δ1 e Δ2, o calculista


consegue obter, por superposição de efeitos, o comportamento da
estrutura real, ou seja, é possível calcular qualquer tipo de deslocamento
e solicitação, para qualquer posição do elemento estrutural que se esteja
analisando.

Portanto, o próximo passo é montar um sistema com duas equações,


para o cálculo dessas duas incógnitas (Δ1 e Δ2). Para isso, é necessário
se conhecer um determinado esforço em cada estrutura.

Esse esforço é o momento de equilíbrio ( kij ) gerado em cada nó que


foi bloqueado em cada uma das estruturas consideradas: [ r ], [ 0 ],
[ 1 ] e [ 2 ]. Veja da Figura 6.5 até a Figura 6.8, logo a seguir.

O índice i se refere à posição do nó deslocável e o índice j ao número da


estrutura montada: 0, 1, 2, ...

Este momento na estrutura real é nulo, pois existe a continuidade dos


momentos nas extremidades das barras que chegam a um nó – em
concordância com o que você aprendeu até aqui de cálculo estrutural.
Lembre-se do diagrama de momento fletor, por exemplo: existe a
continuidade do esforço de um lado e do outro, em um apoio.

Porém, ao se bloquear um nó, cria-se uma situação irreal, em que, de um


lado, aparecerá um valor de momento, e do outro lado do apoio, outro
momento, ou seja, para as estruturas criadas, existirá momento nodal
que surgirá para equilibrar cada nó bloqueado, que se denomina ( kij ).
224 UNIUBE

Em seguida, são representados estes momentos, para a estrutura em


consideração. Lembre-se de que o giro representado para o momento
de equilíbrio ( kij ) poderá ter qualquer sentido!

Estrutura Real [ r ]:

Figura 6.5: Representação esquemática da estrutura real [r] com os momentos de equilíbrio.

Estrutura [ 0 ]:

Figura 6.6: Representação esquemática da estrutura [0] com os momentos de equilíbrio.

Estrutura [ 1 ]:

Figura 6.7: Representação esquemática da estrutura [1] com os momentos de equilíbrio.

Estrutura [ 2 ]:

Figura 6.8: Representação esquemática da estrutura [2] com os momentos de


equilíbrio.
UNIUBE 225

Com isso, são escritas as Equações de Compatibilidade, em forma de


sistema de equações lineares:

 k1r = 0= k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12  k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12 = 0


 ⇒ 
 k2 r = 0= k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22  k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22 =0

E que também pode ser apresentado na forma matricial:

 k11 k12   D1   k10 


k ⋅  = − 
 21 k22   D 2   k20 

 k11 k12 
Destaca-se que a matriz  k  é denominada Matriz de Rigidez da
 21 k22 
estrutura que se esteja calculando.

PARADA OBRIGATÓRIA

É fundamental que você compreenda bem o que lhe fora apresentado neste
Passo, para que prossiga.

Reflita o que significam as estruturas utilizadas para a Superposição de


Efeitos, bem como o que se denomina Equação de Compatibilidade.

Antes que vá ao 5º Passo, releia o que você estudou neste, capítulo, e


acompanhe, atentamente, o que é escrito em seguida, para consolidar seu
entendimento até aqui. Faça suas próprias anotações.

Deixe claro o que se estudou neste item, verificando o entendimento dos


seguintes itens explicativos (caso tenha dúvida em algum, reestude o que
se caminhou até aqui):

• a estrutura real [ r ] é exatamente a estrutura que está sendo


calculada;
• para a estrutura real [ r ] foram obtidos os nós deslocáveis e estes
nós foram bloqueados, gerando a estrutura [ 0 ];
226 UNIUBE

• sendo duas a quantidade de deslocabilidades, serão geradas


duas outras estruturas [ 1 ] e [ 2 ], com os nós bloqueados e com
deslocamento (giro) imposto em cada uma, para cada nó deslocável.
• O que se pretende com a geração das estruturas [ 0 ], [ 1 ] e [ 2 ]
é fragmentar a estrutura real em tantas quantas forem necessárias
(dependendo do número de nós deslocáveis) para se fazer a
superposição dos efeitos de todas elas:
[ r ] = [ 0 ] + Δ1 . [ 1 ] + Δ2 . [ 2 ]

• Refletindo sobre a superposição de efeitos: veja o trecho AB da viga


real [ r ] na Figura 6.5 Com este carregamento, tal trecho sofrerá
deformação, e a extremidade de barra que chega ao nó B sofrerá
giro. Ao longo de AB real, o carregamento estará considerado na
estrutura [ 0 ], pois as demais têm carregamento zero. Por outro
lado, a extremidade direita da barra AB tem giro real apresentado
pelo problema [ 1 ].
• O raciocínio anterior é válido para o trecho CD.
• Continuando a reflexão sobre a superposição de efeitos: veja o
trecho BC da viga real [ r ]. (Figura 6.5) Com este carregamento,
tal trecho sofrerá deformação, e inclusive a extremidade de barra
que chega ao nó B sofrerá giro, bem como a extremidade direita
que chega ao nó C. Ao longo de BC real, o carregamento estará
considerado na estrutura [ 0 ] Figura 6.6, pois as demais têm
carregamento zero. Por outro lado, a extremidade esquerda da barra
BC tem giro real apresentado pelo problema [ 1 ] e a extremidade
direita, pelo problema [ 2 ].
• Ou seja, enxerga-se que, pela superposição de esforços, a estrutura
real é exatamente a soma das demais, com o cuidado de se
evidenciar os valores reais de cada deslocamento nodal – poder-
se-ia deixar o deslocamento real no nó, mas você verá adiante que
sendo unitária essa grandeza, os cálculos serão facilitados, pois
serão extraídos de tabelas padronizadas. Aguarde.
• Reiterando-se o que já foi dito, quando se desejar obter um valor
de deslocamento ou de esforço, para qualquer posição da viga real,
bastará aplicar a expressão de superposição de efeitos:

[ r ] = [ 0 ] + Δ1 . [ 1 ] + Δ2 . [ 2 ]
UNIUBE 227

Ou seja, tendo-se os valores de Δ1 e Δ2, cujos cálculos serão explicados


a seguir, e tendo-se resolvida cada uma das estruturas originadas da
estrutura real, faz-se a soma indicada.

• Agora, volte sua atenção para os nós que possuem deslocabilidade,


na aplicação em questão: B e C. O fundamento do Método dos
deslocamentos se sustenta na obtenção dos deslocamentos reais
(Δ1 e Δ2) para que, como visto, seja calculada toda a estrutura, por
superposição de efeitos.
• O princípio do método em estudo é de se obterem duas equações
conhecidas envolvendo as duas incógnitas (Δ1 e Δ2) e se resolver
o sistema montado (observação: caso a deslocabilidade fosse três,
por exemplo, o sistema seria de três equações e três incógnitas, e
assim por diante).
• Olhando para as três estruturas geradas (figuras 6.6 a 6.8), com seus
nós bloqueados, percebe-se que, para a viga em apreço, tem-se:

• Trecho AB: apoiado-engastado, com os seguintes carregamentos:


carga no problema [ 0 ], giro à direita no problema [ 1 ] e sem sem
giro no problema [ 2 ].
• Trecho BC: engastado-engastado, com os seguintes
carregamentos: carga no problema [ 0 ], giro à esquerda no
problema [ 1 ] e giro à direita em [ 2 ].
• Trecho CD: engastado-apoiado, com os seguintes carregamentos:
carga no problema [ 0 ], sem giro no problema [ 1 ] e giro à
esquerda no problema [ 2 ].

• Você está amadurecendo seu aprendizado no Método dos


Deslocamentos e, neste momento, visualizará a grande vantagem
da superposição de efeitos considerada!
• Perceba que cada uma das estruturas geradas é constituída por
três barras com simples condições de extremidade: apoio ou
engaste, que podem ser analisadas separadamente, o que facilita,
em muito, os cálculos. Isso, porque seus nós foram completamente
228 UNIUBE

bloqueados, gerando engastes intermediários na viga. Veja que a


estrutura real não pode ser visualizada como constituída por três
barras separadamente. Portanto, o procedimento de bloqueio
e a superposição de efeitos representam a base do Método dos
deslocamentos.
• Entendida a facilidade nos cálculos das vigas geradas, agora resta
compreender o que significam os momentos de equilíbrio ( kij ) que
surgem nos nós bloqueados.
• Compare, por exemplo, o apoio B das quatro estruturas [ r ], [ 0 ], [ 1 ] e [ 2 ]
nas figuras 6.5 a 6.8, Obviamente, a diferença está apenas na estrutura
real [ r ], pelo seguinte: quando se calcula uma viga, sabe-se que
existe a continuidade de momento fletor na seção transversal de
uma viga contínua sobre um apoio (se não houver algum momento
fletor concentrado no nó de apoio, conforme você aprendeu nos
capítulos anteriores). Isso significa que o momento que representa
a diferença entre os momentos de um lado e do outro daquela
continuidade de viga que se apoia no nó B é zero. Veja se está
claro isso, com o exemplo a seguir de uma outra viga qualquer,
com carregamento dado (Figura 6.9) e diagrama de momento fletor
traçado (Figura 6.10) a seguir:

Figura 6.9: Exemplo de uma viga com trecho contínuo e balanço.

Figura 6.10: Diagrama de momento fletor para a viga tomada como exemplo.
UNIUBE 229

Veja que no nó de apoio B se tem (Figura 6.11):

Figura 6.11: Verificando momentos atuantes no nó de apoio B.

Ou seja, o nó está em equilíbrio, não havendo necessidade de momento


externo para que o equilibre. Isso é óbvio, pois a barra é contínua, e não
existe nenhum mecanismo externo que esteja forçando um bloqueio que
engaste as extremidades das barras que chegam ao apoio B.

Isso é o que ocorre na estrutura real [ r ], ou seja, os momentos de


equilíbrio externos k10 e k20 são nulos. (figuras 6.5 e 6.6)

• Já, para as demais estruturas, foram criados bloqueios que


enrijecem completamente aquela continuidade, ou seja, criam
extremidades de barras que não são apenas contínuas entre si
(como uma tábua apoiada em um tijolo, por exemplo), mas criam
extremidades de barras que são totalmente impedidas de girar, ou
seja, perfeitamente engastadas no apoio que as recebe. Imagine
que, no exemplo da tábua, fosse criado um elemento externo de
fixação tal que impedisse a tábua de girar. Com isso, haveria um
momento fletor externo bloqueando o giro, com a criação de um
engaste perfeito naquele apoio. Tal momento de equilíbrio nodal é o
kij do Método dos deslocamentos.

Trazendo o raciocínio ao exemplo que se estuda, em cada nó bloqueado


das estruturas criadas, existirá um momento de equilíbrio que permita
a existência daquele bloqueio, daquele engaste perfeito em cada
extremidade de barra.
230 UNIUBE

Fazendo-se uma representação como exemplo, tem-se (os sentidos


considerados para os momentos visam facilitar o entendimento do equilíbrio
realizado pelo momento k, conforme apresentado na Figura 6.12):

Figura 6.12: Visualização genérica de um nó com momento de equilíbrio k.

• Agora, verifique se você compreendeu bem os índices i e j,


representados para os momentos kij de cada estrutura representada
para a 1ª Aplicação que se está resolvendo. Volte aos desenhos e
consolide tal entendimento, lembrando que: i, para o exemplo, é 1
ou 2, em função do nó bloqueado, e j é r, 0, 1 ou 2, em função da
estrutura considerada. Vencido isso, avance!
• Finalmente, escrevendo-se, por superposição de efeitos, as
equações de compatibilidade para os momentos nodais de equilíbrio
de cada nó bloqueado, tem-se:

[ r ] = [ 0 ] + Δ1 . [ 1 ] + Δ2 . [ 2 ]

 k1=
r k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12

 k2=
r k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22

Sabendo-se que kij é nulo na estrutura real, ou seja, k10 = 0 e k20 = 0,


escrevem-se:
UNIUBE 231

 k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12 = 0


 (sistema com duas equações e duas incógnitas)
 k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22 =0

o que, na forma matricial, fica assim:

 k11 k12   D1   k10 


k ⋅  = − 
 21 k22   D 2   k20 

• Constata-se, com o exposto, que para o cálculo dos deslocamentos


reais (Δ1 e Δ2), que constituem no objetivo primeiro do Método
dos Deslocamentos, como explicado, resta realizar o cálculo dos
momentos de equilíbrio nodal ( kij ) referentes às estruturas criadas,
e resolver o sistema de equações montado. Portanto, prossiga, para
a finalização do aprendizado e aplicação deste método de cálculo.

[ 5o Passo ]: Obtenção dos momentos nodais kij

Para se fazer o cálculo dos momentos nodais ( kij ) é necessário obterem-


se os momentos atuantes nas extremidades das barras que chegam a
cada nó, para cada estrutura criada: [ 0 ], [ 1 ] e [ 2 ].

Sempre que se utiliza o Método dos deslocamentos, têm-se as seguintes


condições de extremidades para as barras (Figuras 6.13 a 6.15):

Figura 6.13: Representação de


uma barra engastada-engastada.

Figura 6.14: Representação de


uma barra engastada-apoiada.

Figura 6.15: Representação de


uma barra apoiada-engastada.
232 UNIUBE

Para que se calculem os momentos que atuam nas extremidades


engastadas das barras (já que é sabido que o momento fletor em
extremidade apoiada é nulo), utilizam-se valores tabelados de Momentos
de Engastamento Perfeito (MEP), em função das cargas atuantes na
estrutura, ou de deslocamentos impostos em suas extremidades (de giro
ou translação). Tais momentos estão contidos na Tabela A do Anexo I,
ao final desse capítulo.

Tais momentos são apresentados em praticamente toda obra literária que


se refira ao cálculo de estruturas hiperestáticas e, a título de informação,
seus valores podem ser obtidos por um outro processo de cálculo de
estruturas hiperestáticas, denominado Processo dos Esforços. Portanto,
para a obtenção dos valores de momentos de engastamento perfeito,
atuantes em cada extremidade de barra engastada, basta que se analise
qual situação ela se enquadra, e se atente para os sinais a serem
utilizados.

Antes de calculá-los, é necessário deixar clara a convenção de sinais


utilizada no cálculo de estruturas hiperestáticas, que é denominada
Convenção de Grinter, na qual os momentos são positivos quando
atuam nos seguintes sentidos de giro (vide Figura 6.16):

• horário nos nós


• anti-horário nas barras
MAB MBA
nó A nó B
barra AB

A B

Figura 6.16: Sentidos positivos para o momento fletor, segundo a Convenção de Grinter.

Os valores de momentos fletores constantes no Anexo I referido acima


seguem tal convenção, e todo o estudo realizado, tanto neste capítulo,
como no capítulo em que Processo de Cross será tratado, também para
o cálculo de estruturas hiperestáticas, será utilizada essa convenção.
UNIUBE 233

Aqui, diferentemente do estudado em capítulos anteriores, a convenção


de sinais é definida para que se tenha um único sentido positivo para o
momento fletor transferido ao nó bloqueado, diferente de se pensar se
traciona embaixo ou em cima, por exemplo, pois o valor de ( kij ) será um
só para cada nó e não dois, como no caso de barras, em que se tem um
para cada extremidade.

Perceba que, ao se transferir um momento que atua em extremidade de


barra, para o nó, basta considerá-lo com o mesmo sinal, pois quando se
passa da barra para o nó, o momento muda de sentido e é exatamente
o que ocorre aqui. Quando se tem na barra um anti-horário positivo, o
mesmo será transmitido para o nó como horário, mas continuará sendo
positivo.

Ou seja, a Convenção de Grinter se presta a facilitar as considerações de


sinais dos momentos fletores, para o cálculo de estruturas hiperestáticas.

Após tais definições, prossegue-se, com os cálculos dos MEPs (Momentos


de Engastamento Perfeito) para cada estrutura criada.

Lembre-se de que os valores dos MEPs são obtidos a partir da Tabela A,


do Anexo I, constante no final desse capítulo.

Porém, antes de prosseguir, é importante que você compreenda bem a


razão dos sinais dos MEPs constantes na tabela supracitada. A seguir,
consideram-se alguns exemplos, para lhe auxiliar nesse entendimento e
interpretação, para o correto emprego dos sinais dos MEPs tabelados,
sobretudo, quando se tiver uma situação de ação aplicada um pouco
diferente da tabelada.

Assuma, por exemplo, a situação de barra engastada-engastada, com o


carregamento uniformemente distribuído, como esboçado na Figura 6.17.
234 UNIUBE

Figura 6.17: Consideração de barra biengastada


com carga uniformemente distribuída.

Neste caso, têm-se os seguintes valores de momentos atuantes nas duas


extremidades dessa barra (extrato da Tabela A do Anexo I):

q.l 2 q.l 2
=MB = e MB
12 12

Interprete os sinais! Uma barra biengastada solicitada por algum


carregamento sofre deformação por flexão cujo esboço está representado
na Figura 6.18 pela linha tracejada e cujo sentido do momento fletor
correspondente a essa deformação também está desenhado, para cada
extremidade da barra.

A B
MA MB

Figura 6.18: Orientação do giro e do momento fletor


para a barra da Figura 6.17.

Veja que os momentos são: anti-horário na extremidade A, e portanto


positivo, e horário na extremidade B, e, com isso, negativo, segundo a
Convenção de Grinter, de forma coerente com os valores tabelados.

O mesmo raciocínio pode ser feito para as demais cargas.

Além disso, quando a carga concentrada estiver em sentido contrário ao


tabelado, os sinais dos MEPs ficam trocados.

Entendido bem isso, parta, agora, para a compreensão dos sinais nos
casos em que se têm giro ou recalque unitários.

Veja, por exemplo, o caso de barra biengastada, com giro unitário aplicado
no apoio da esquerda. Neste caso, os momentos valem, de acordo com a
tabela em questão:
UNIUBE 235

4 EI 2 EI
MA = − M B= −
l l

Verifique os giros dos momentos fletores referentes a tal ação, conforme


desenhado na Figura 6.19 e constate que, de fato, esses são negativos,
pois ambos possuem sentido horário.

A B
MA MB
1

Figura 6.19: Orientação do giro e do momento fletor para a


barra biengastada com giro unitário.

Vencida esta etapa, você estará apto a prosseguir na resolução do


Exercício de aplicação, lembrando que, caso se tenha alguma situação
diferente, com giro noutra posição, basta fazer o desenho e visualizar o
giro de flexão, para empregar o sinal corretamente .

Estrutura [ 0 ]:

Figura 6.20: Esquema da Estrutura [0].

Figura 6.21: Equacionamento dos momentos de equilíbrio nos nós bloqueados da Estrutura [0].
236 UNIUBE

Figura 6.22: Equacionamento dos MEPs para o trecho AB da Estrutura [0].

Figura 6.23: Equacionamento dos MEPs para o trecho BC da Estrutura [0].

Figura 6.24: Equacionamento dos MEPs para o trecho CD da Estrutura [0]

Finalmente, calculam-se:
 k10 =M BA + M BC =−12 + 5, 625 =−6,375 kN .m

 k20 =M CB + M CD =−1,875 − 0, 625 =−2,5 kN .m

Estrutura [ 1 ]:

Figura 6.25: Esquema da Estrutura [1].


UNIUBE 237

Figura 6.26: Equacionamento dos MEPs para o trecho AB da Estrutura [2].

Figura 6.27: Equacionamento dos MEPs para o trecho BC da Estrutura [2].

Figura 6.28: Equacionamento dos MEPs para o trecho CD da Estrutura [2].

Com isso, calculam-se:


 k12 = M BA + M BC =
0 + 0,5 EI = 0,5 EI

 k22 =M CB + M CD =EI + 0, 75 EI = 1, 75 EI

[ 6o Passo ]: Cálculo das Incógnitas Δ1 e Δ2

Finalmente, aqui são calculadas as incógnitas de deslocamento Δ1 e Δ2


que representam exatamente os giros que ocorrem nos nós que possuem
deslocabilidade: nós B e C.

Lembre-se de que tais deslocamentos são relativos a giros, pois suas


deslocabilidades são internas.
238 UNIUBE

Escrevem-se as equações na forma matricial:

 k11 k12   D1   k10   1, 75 EI 0,5 EI   D1   − 6,375


  ⋅  = −  ⇒  ⋅  = − 
k

 21 k22    D 2   k20   0,5 EI 1,75 EI   D 2   − 2,5 

ou na forma de sistema linear:

 k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12 = 0  − 6,375 + D1 ⋅1, 75 EI + D 2 ⋅ 0,5 EI = 0


 ⇒ 
 k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22 =0  − 2,5 + D1 ⋅ 0,5 EI + D 2 ⋅1, 75 EI =0

Cuja resolução fornece:

3,52 0, 42
D1 = e D2 =
EI EI

Analisando-se os resultados, constata-se que ambos os valores de


deslocamentos são positivos, ou seja, possuem sentido de giro igual ao
que foi arbitrado no início da resolução.

Verifique que os giros impostos foram anti-horários, ou seja, os nós da


estrutura real terão giros de:

 3,52
 nó B : giro de EI no sentido anti − horário


 0, 42
 nó C : giro de no sentido anti − horário
 EI

Estes valores estão relacionados com as propriedades da viga de


geometria e elasticidade, pois dependem de E (módulo de elasticidade do
material da viga) e I (momento de inércia da seção transversal da viga).

Considerando-se, por exemplo, uma viga com:

*E = 24500 MPa = 2450 kN/cm2 = 24500000 kN/m2


*I = 13020 cm4 (por exemplo, uma seção de 10 cm x 25 cm) = 1,30 x 10-4 m4
UNIUBE 239

Obtém-se:

EI = 3,19 x 107 kN.cm2 = 3185 kN.m2

Portanto, calculam-se os giros:

 3,52 −3
 nó B : giro de 3185 1,1x10 rad
= no sentido anti − horário


 0, 42
 nó C : giro de
= 1,3 x10−4 rad no sentido anti − horário
 3185

Antes de traçar os diagramas, analise a consistência das unidades, o que


é sempre importante ao calculista.

1, 75 EI 0,5 EI  D1  −6,375


Por exemplo, desta montagem matricial:  ⋅  = − 
 0,5 EI 1, 75 EI  D 2  −2,5 
tem-se:

 EI   D1 
{ kN .m}
 m  ⋅  D  =
 2

Viu-se que EI tem unidade de força multiplicada por área, ou seja: kN.m2
(de acordo com as unidades constantes nesta aplicação). Portanto:

 kN .m 2   D1 
 m ⋅ D  = { kN .m}
   2

O que resulta em:

 D1 
[ kN .m] ⋅  ={ kN .m}
 D2 

Que mostra a coerência das unidades no cálculo desenvolvido.

Com isso, finaliza-se a aplicação do Método dos Deslocamentos, pois,


para qualquer valor de esforço ou de deslocamento que se deseja obter
para a estrutura real, basta fazer:
240 UNIUBE

[=
r] [ 0] + D1 ⋅ [ 1 ] + D 2 ⋅ [ 2]

3,52 0, 42
[r] = [ 0] + ⋅[ 1 ] + ⋅ [ 2]
EI EI

Como, nesta aplicação, pede-se o diagrama de momentos fletores,


obtêm-se os valores de tais esforços, fazendo-se:

3,52 0, 42
M [ r ]= M[ 0] + ⋅M [ 1] + ⋅ M [ 2]
EI EI

Como aprendido anteriormente, para que sejam traçados os diagramas


de momentos fletores, primeiramente, são determinados os seus valores
nos extremos de cada barra e, depois, feitos os traçados ao longo de
cada trecho, em função da natureza das cargas atuantes.

Sendo assim, para cada trecho da viga em estudo: AB, BC e CD, serão
calculados os valores dos momentos fletores reais M [ r ], aplicando-se
a expressão anterior.

Nessa expressão, os momentos referentes aos problemas [ 0 ], [ 1 ] e


[ 2 ] são aqueles calculados quando do desenvolvimento do Passo 5.
Acompanhe, com bastante atenção, consultando todos os valores nos
cálculos realizados:
 3,52 0, 42
 M AB [ r=
] M AB [ 0 ] +
EI
⋅ M AB [ 1 ] +
EI
⋅ M AB [ 2]

 M [ r ]= 3,52 0, 42
0 + ⋅0 + ⋅ 0= 0
 AB EI EI

 3,52 0, 42
 M BA [ r=
] M BA [ 0 ] +
EI
⋅ M BA [ 1 ] +
EI
⋅ M BA [ 2]

 M [ r ] =− 3,52 0, 42
( 12) + ⋅ (0, 75 EI ) + ⋅ (0) = − 9,36 kN ⋅ m
 BA
EI EI
 3,52 0, 42
 M BC [ =
r] M BC [ 0 ] +
EI
⋅ M BC [ 1 ] +
EI
⋅ M BC [ 2]

M [r] = 3,52 0, 42
5, 625 + ⋅ EI + ⋅ 0,5 EI = + 9,36 kN ⋅ m
 BC EI EI
UNIUBE 241

 3,52 0, 42
 M CB [ r=
] M CB [ 0 ] +
EI
⋅ M CB [ 1 ] +
EI
⋅ M CB [ 2]

 M [ r ] =− 1,875 + 3,52 ⋅ 0,5 EI + 0, 42 ⋅ EI = + 0,31 kN ⋅ m
 CB EI EI

 3,52 0, 42
 M CD [ =
r] M CD [ 0 ] +
EI
⋅ M CD [ 1 ] +
EI
⋅ M CD [ 2]

 M [ r ] =− 0, 625 + 3,52 ⋅ 0 + 0, 42 ⋅ 0, 75 EI = − 0,31 kN ⋅ m
 CD EI EI

 3,52 0, 42
 M DC [ =
r] M DC [ 0 ] +
EI
⋅ M DC [ 1 ] +
EI
⋅ M DC [ 2]

 M [ r ]= 3,52 0, 42
0 + ⋅0 + ⋅ 0= 0
 DC EI EI

Têm-se, agora, os momentos fletores reais que atuam nas extremidades


das barras e, a partir deles, é possível realizar o traçado de seu diagrama,
conforme descrito a seguir.

Nas extremidades das barras, escrevem-se os valores desses momentos


e, por equilíbrio de forças, encontram-se os valores das reações de apoio
de toda a estrutura.

Tendo-se as reações de apoio, faz-se o traçado do diagrama, encontrando-se


os momentos fletores nas seções transversais internas aos trechos AB,
BC e CD, que forem necessárias para tal traçado. Lembre-se de que isso
é necessário quando se tem uma força ou um momento concentrado, ou
mudança de natureza de carregamento, ao longo do trecho.

Acompanhe os cálculos, representando o fechamento da resolução do


primeiro exemplo de aplicação deste conteúdo.

Introduzindo-se os momentos atuantes nas extremidades das barras


(lembrando que o sinal positivo indica que o momento é anti-horário e
o negativo, horário) têm-se a Figura 6.29 e os cálculos subsequentes.
242 UNIUBE

Figura 6.29: Representação completa da viga, para obtenção das reações de apoio.

Cálculo das reações de apoio:

∑ M ,C pela direita =0 ⇒ 4VD =0,31 + 5 ⇒ VD =1,33 kN

∑M,B pela direita =0 ⇒ 4VC + 8 ⋅1,33 + 9,36 =10 ⋅1 + 5 ⇒ VC =−1, 25 kN

O sinal negativo obtido indica que o sentido correto de Vc é para baixo.

∑ Fv = 0 ⇒ 9, 66 + VB − 1, 25 + 1,33 = 6 ⋅ 4 + 10 ⇒ VB = 24, 26 kN

∑ Fv = 0 ⇒ 9, 66 + VB − 1, 25 + 1,33 = 6 ⋅ 4 + 10 ⇒ VB = 24, 26 kN

Cálculo dos momentos para as seções E e F (carga e momento


concentrado):

M=
E 9, 66 ⋅ 5 + 24, 26 ⋅1 − 4 ⋅ 6 ⋅ 3 ⇒ M=
E 0,56 kN ⋅ m

(ocorre tração embaixo, pois, nestas contas, assumiu-se esta situação


como positiva)

Já, no nó F, tendo-se uma descontinuidade, existirão dois momentos, um


à esquerda e outro à direita desta seção, conferindo o salto de momento
ocorrido na mesma, de valor 5 kN.m.

À direita de F tem-se o momento fletor:


M F = 1,33 ⋅ 2 ⇒ M F = 2, 66 kN ⋅ m (portanto, ocorre tração embaixo)
UNIUBE 243

À esquerda de F, tem-se o momento fletor:


M F =1,33 ⋅ 2 − 5 ⇒ M F =−2,34 kN ⋅ m (portanto, ocorre tração em cima)

Sabendo-se que a deflexão do diagrama de carga uniformemente


distribuída é calculado por: ql2/8, calcula-se essa medida para o trecho
AB: 6.42/8 = 12 kN.m.

Agora, sim, finalmente, traça-se o Diagrama de Momento Fletor (Figura


6.30, desenho sem escala) para a viga em questão.

Figura 6.30: Diagrama de momento fletor da viga analisada.

4.4 Problemas de aplicação resolvidos

1ª APLICAÇÃO

Pede-se traçar o diagrama de momento fletor para a viga apresentada


na Figura 7, utilizando-se o Processo dos deslocamentos.

Considere EI constante, ou seja, igual para todas as barras da estrutura.


10 kN
6 kN/m
5 kN.m

A D
B C

4,0 m 1,0 3,0 m 2,0 m 2,0 m

Figura 7: Esquema da estrutura referente à 1ª aplicação.


244 UNIUBE

RESOLUÇÃO:

A resolução completa desta aplicação está apresentada no item 3, deste


capítulo, como você acompanhou, ao longo do estudo do conteúdo
apresentado naquele item. Seu enunciado está aqui, para que resguarde
a organização da estrutura do capítulo em apreço.

2ª APLICAÇÃO

Pede-se traçar o diagrama de esforço cortante para a viga referente à


1ª Aplicação.

RESOLUÇÃO:

Como se sabe, para se traçar o diagrama do esforço cortante, toma-se


cada trecho da viga, com seus momentos fletores atuantes em suas
extremidades e os carregamentos existentes ao longo de seus
comprimentos. Acompanhe a seguir.

Tem-se, da 1ª Aplicação, os seguintes dados, com momentos fletores


em kN.m (Figura 8):

Figura 8: Esquema da estrutura para traçado do diagrama de esforço cortante.

Obtenção dos cortantes nas extremidades dos trechos (lembre -se


da convenção de sinais na qual o “giro” horário do cortante lhe confere
sinal).
UNIUBE 245

Trecho AB (Figura 8.1):

6 kN/m
9,66

9,36
A B
4,0 m
(+)
B DEC
6.4/2 = 12 6.4/2 = 12 A [kN]

9,36/4 = 2,34
(-)
9,36/4 = 2,34

VA = 9,66 kN (+) VB = 14,34 kN (-)

14,34

Figura 8.1: Traçado do diagrama de esforço cortante para o trecho AB.

Trecho BC (Figura 8.2):

10 kN

9,36 B E C
0,31
1,0 9,92
3,0 m

10.3/4 = 7,5 10.1/4 = 2,5 (+)

9,36/4 = 2,34 9,36/4 = 2,34 C DEC


(-)
B [kN]
0,08
0,31/4 = 0,08 0,31/4 = 0,08

VB = 9,92 kN (+) VC = 0,08 kN (-)


246 UNIUBE

Trecho CD (Figura 8.3):

Figura 8.3: Traçado do diagrama de esforço cortante para o trecho CD.

3ª APLICAÇÃO

Para o pórtico plano esboçado na Figura 9, obtenha os valores dos


momentos fletores que atuam nas extremidades de suas barras,
utilizando o Método dos deslocamentos. Considere EI constante.

Figura 9: Esquema da estrutura referente à 3ª aplicação.


UNIUBE 247

RESOLUÇÃO:

Quando se têm balanços, desconsideram-se os mesmos, para a


aplicação do Método dos Deslocamentos, conforme visto. Portanto, os
trechos AB e DE serão desprezados, levando-se para as extremidades
contínuas, os momentos e as forças decorrentes de sua eliminação
(Figura 9.1). Acompanhe a seguir.

Figura 9.1: Eliminação dos balanços com aplicação dos respectivos


momentos fletores.

[ 1o Passo ]: Cálculo do Grau de Deslocabilidade

Deslocabilidade Interna: di = 2 (referentes aos nós C e D, pelo conceito


estudado)
Deslocabilidade Externa: de = 2n – b – Ve = 2.4 – 3 – 5 = 0

[ 2o Passo ]: Transformação da estrutura real [ r ] em uma estrutura


indeslocável [ 0 ] (Figura 9.2)

Figura 9.2: Esquema da estrutura [0].


248 UNIUBE

[ 3o Passo ]: Geração das Estruturas [ 1 ] e [ 2 ] com deslocamentos


impostos nos nós que foram bloqueados (Figuras 9.3 e 9.4)

k11 k21

1
B C
1 D
Δ1 . [1]

Figura 9.3: Esquema da estrutura [1].

k12 k22

D
B C 1
Δ2 . 1
[2]

Figura 9.4: Esquema da estrutura [2].

[ 4o Passo ]: Montagem das Equações de Compatibilidade para a


Resolução Matricial

Como visto, as Equações de Compatibilidade, em forma de sistema


são assim escritas:
 k1r = 0= k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12  k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12 = 0
 ⇒ 
 k2 r = 0= k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22  k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22 =0

E, na forma matricial, ficam:


 k11 k12   D1   k10 
k ⋅  = − 
D
 21 k22   2   k20 
UNIUBE 249

[ 5o Passo ]: Cálculo dos momentos nodais kij

Estrutura [ 0 ]:
k20

k10
10 kN 10 kN/m
5 kN/m 20 kN
20 kN.m
10 kN.m [0]
B C D E

4m
F
8 kN/m

Figura 9.5: Esquema da estrutura [0] para equacionamento dos momentos de equilíbrio.

Figura 9.6: Equacionamento dos momentos de equilíbrio nos nós bloqueados.

Figura 9.7: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho BC.


250 UNIUBE

Figura 9.8: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho CD.

Figura 9.9: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho DF.

Portanto, têm-se:

 k10 =
M CB + M CD =−10,56 + 20,83 = +10, 27 kN .m

 k20 =
M DC + M DF + 20 =
−20,83 − 4, 27 + 20 = −5,10 kN .m

IMPORTANTE!

Perceba que o momento devido ao balanço da barra AB, sendo aplicado


em um nó no qual se tem uma extremidade de barra, corresponde a um
carregamento para esta barra. Já o momento decorrente do balanço DE,
sendo aplicado em um nó bloqueado, no qual se tem duas extremidades
de barras, por não se saber qual parcela do mesmo vai para uma ou para
a outra barra, tal momento entra no equilíbrio nodal, ou seja, soma-se ao
momento kij naquele nó, para a Estrutura [ 0 ].
UNIUBE 251

Estrutura [ 1 ]:
k11 k21

1
B C
1 D
Δ1 . [1]

Figura 9.10: Esquema da estrutura [1] para equacionamento dos momentos de equilíbrio.

Figura 9.11: Equacionamento dos momentos de equilíbrio nos nós bloqueados.

Figura 9.12: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho BC.

Figura 9.13: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho CD.


252 UNIUBE

Figura 9.14: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho DF.

Portanto, têm-se:
 k11 =M CB + M CD =0,5 EI + 0,8 EI =+1,30 EI

 k21 =M DC + M DF =0, 4 EI + 0 =+0, 4 EI

Estrutura [ 2 ]:

k12 k22

D
B C 1
Δ2 . 1
[2]

Figura 9.15: Esquema da estrutura [2] para equacionamento dos momentos de equilíbrio.

Figura 9.16: Equacionamento dos momentos de equilíbrio nos nós bloqueados.


UNIUBE 253

Figura 9.17: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho BC.

Figura 9.18: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho CD.

Figura 9.19: Equacionamento dos MEPs referentes ao trecho DF.

Portanto, têm-se:
 k12 =
M CB + M CD =
0 + 0, 4 EI =
+0, 4 EI

 k22 =
M DC + M DF =
0,8 EI + EI =+1,8 EI

[ 6o Passo ]: Cálculo das Incógnitas Δ1 e Δ2

Escrevem-se as equações na forma matricial:


 k11 k12   D1   k10   1,3EI 0, 4 EI   D1   10, 27 
k ⋅  = −  ⇒  ⋅  = − 
 21 k22   D 2   k20   0,4 EI 1,8 EI   D 2   − 5,10 

ou na forma de sistema linear:

 k11 k12   D1   k10   10, 27 + D1 ⋅1,3EI + D 2 ⋅ 0, 4 EI =0


k  ⋅  = −  ⇒ 
 21 k22   D 2   k20   − 5,10 − +D1 ⋅ 0, 4 EI + D 2 ⋅1,8 EI = 0
254 UNIUBE

Cuja resolução fornece:


9, 42 4,93
D1 =− e D2 =
EI EI

Finalmente, calculando-se os momentos fletores atuantes nas extremidades


das barras, obtêm-se:

9, 42 4,93
M [ r ]= M[ 0] − ⋅M [ 1] + ⋅ M [ 2]
EI EI

 9, 42 4,93
 M BC [ r=
] M BC [ 0 ] −
EI
⋅ M BC [ 1 ] +
EI
⋅ M BC [ 2]

 M [ r ] = + 10 − 9, 42 ⋅ 0 + 4,93 ⋅ 0 =+ 10 kN ⋅ m
 BC EI EI

 9, 42 4,93
 M CB [ r=
] M CB [ 0 ] −
EI
⋅ M CB [ 1 ] +
EI
⋅ M CB [ 2]

 M [ r ] = − 10,56 − 9, 42 ⋅ 0,5 EI + 4,93 ⋅ 0 =− 15, 27 kN ⋅ m
 CB EI EI

 9, 42 4,93
 M CD [ =
r] M CD [ 0 ] −
EI
⋅ M CD [ 1 ] +
EI
⋅ M CD [ 2]

M [r] = 9, 42 4,93
+ 20,83 − ⋅ 0,8 EI + ⋅ 0, 4 EI = + 15, 27 kN ⋅ m
 CD
EI EI

 9, 42 4,93
 M DC [ =
r] M DC [ 0 ] −
EI
⋅ M DC [ 1 ] +
EI
⋅ M DC [ 2]

M [r] = 9, 42 4,93
− 20,83 − ⋅ 0, 4 EI + ⋅ 0,8 EI = − 20, 66 kN ⋅ m
 DC EI EI

 9, 42 4,93
 M DF [ =
r] M DF [ 0 ] −
EI
⋅ M DF [ 1 ] +
EI
⋅ M DF [ 2]

 M [ r ] =− 4, 27 − 9, 42 ⋅ 0 + 4,93 ⋅ EI = + 0, 66 kN ⋅ m
 DF EI EI

 9, 42 4,93
 M FD [ r=
] M FD [ 0 ] −
EI
⋅ M FD [ 1 ] +
EI
⋅ M FD [ 2]

 M [ r ] =+ 6, 4 − 9, 42 ⋅ 0 + 4,93 ⋅ 0,5 EI = + 8,87 kN ⋅ m
 FD EI EI
UNIUBE 255

Para finalizar a resolução desta aplicação, são representados, na Figura


9.20, os momentos fletores atuantes em todas as extremidades das
barras em kN.m:
10 kN/m
5 kN/m

C
A 20,66 D 20 E
10 10
15,27 15,27
B
0,66

8,87

8 kN/m
F
Figura 9.20: Mostra da viga completa com os momentos fletores atuantes nas
extremidades das barras.

4ª APLICAÇÃO

Para o pórtico relativo à 3ª Aplicação, pede-se o traçado dos diagramas


de momentos fletores e de esforços cortantes.

RESOLUÇÃO:

Tendo-se os momentos fletores atuantes nas extremidades das barras


calculados pelo Método dos Deslocamentos, encontram-se as reações
de apoio e, de forma semelhante aos procedimentos comentados na 2ª
Aplicação e no final da 1ª Aplicação (Figura 10), traçam-se os diagramas
dos esforços requeridos (desenhos feitos sem escala).
10 kN/m
5 kN/m

C
A 20,66 D 20 E
10 10
15,27 15,27
B
0,66

VB = 22,46 kN VC = 31,46 kN
8,87

HF = 8,30 kN 8 kN/m
F

VF = 46,08 kN

Figura 10: Representação do pórtico para traçado do diagrama do momento


fletor e esforço cortante.
256 UNIUBE

Diagrama de Momentos Fletores (em kN.m ):


20,66
20

15,27
10 5
31,25
2,5 0,16
10
DMF
A B C D 0,66 E
[kN.m]

F
8,87

Figura 10.1: Diagrama de momento fletor referente ao pórtico em análise.

Diagrama de Esforços Cortantes (em kN):


23,92

20

12,46
(+) (+)
(+) C D E
DEC
A (-) B (-) 7,70
(-) (+) [kN]
7,54
10
26,08

(-)
F
8,30
Figura 10.2: Diagrama de esforço cortante referente ao pórtico em análise.

5ª APLICAÇÃO

Pede-se obter os valores dos momentos fletores que atuam nas


extremidades das barras que constituem a viga da Figura 11, referente
à 1ª Aplicação, porém, com o valor do produto EI diferente, para cada
trama.

Comente, ao longo da resolução, sobre as diferenças ocorridas entre


esta situação e aquela em que EI é constante ao longo de toda a viga.
UNIUBE 257

10 kN
6 kN/m
5 kN.m

A D
2EI B EI C 1,5EI

4,0 m 1,0 3,0 m 2,0 m 2,0 m

Figura 11: Esquema da estrutura referente à 5ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

Analisando a resolução da 1ª Aplicação, vê-se que, até que se calculem


os MEPs referentes aos problemas [ 1 ] e [ 2 ], o cálculo não sofre
nenhuma alteração. Inclusive, os MEPs relativos à estrutura [ 0 ] ficam
mantidos:
 k10 =M BA + M BC =−12 + 5, 625 =−6,375 kN .m

 k20 =M CB + M CD =−1,875 − 0, 625 =−2,5 kN .m

Estrutura [ 1 ]:
k11 k21

A 1 D
Δ1 . [1]
2EI 1 B EI C 1,5EI

Figura 11.1: Esquema da estrutura [1] com os momentos de equilíbrio.

Figura 11.2: Obtenção dos MEPs para o trecho AB.


258 UNIUBE

Figura 11.3: Obtenção dos MEPs para o trecho BC.

Figura 11.4: Obtenção dos MEPs para o trecho CD.

Após isso, calculam-se:


 k11 = M BA + M BC = 1,5 EI + EI = 2,5 EI

 k21
= M CB + M CD= 0,5 EI + =
0 0,5 EI

Estrutura [ 2 ]:
k12 k22

A 1 D
Δ2 . [2]
2EI B EI C 1,5EI
1

Figura 11.5: Esquema da estrutura [2] com os momentos de equilíbrio.

Figura 11.6: Obtenção dos MEPs para o trecho AB.


UNIUBE 259

Figura 11.7: Obtenção dos MEPs para o trecho BC.

Figura 11.8: Obtenção dos MEPs para o trecho CD.

Com isso, calculam-se:


 k12 = M BA + M BC =
0 + 0,5 EI = 0,5 EI

 k22 =M CB + M CD =EI + 1,125 EI = 2,125 EI

Com isso, para esta viga monta-se:

 k11 k12   D1   k10   2,5 EI 0,5 EI   D1   − 6,375


k ⋅  = −  ⇒  ⋅  = − 
 21 k22   D 2   k20   0,5 EI 2,125 EI   D 2   − 2,5 

ou na forma:

 k10 + D1 ⋅ k11 + D 2 ⋅ k12 = 0  − 6,375 + D1 ⋅ 2,5 EI + D 2 ⋅ 0,5 EI =0


 ⇒ 
 k20 + D1 ⋅ k21 + D 2 ⋅ k22 =0  − 2,5 + D1 ⋅ 0,5 EI + D 2 ⋅ 2,125 EI =0

Cuja resolução fornece:

2, 43 0, 60
D1 = e D2 =
EI EI

Constata-se que houve uma redução do giro no primeiro nó bloqueado,


o que faz sentido, tendo em vista que, sendo este giro anti-horário
(conforme visto na resolução da 1ª Aplicação), e tendo-se o produto EI
da barra AB maior que a BC, ocorre nesta situação atual, uma maior
resistência ao mesmo, fazendo-o reduzir.
260 UNIUBE

O contrário ocorre para o segundo nó bloqueado, pois a barra BC tem


menor valor de EI do que a barra CD, ou seja, com relação à situação
inicial, em que ambas tinham mesmo EI, nesta nova condição, existe uma
menor resistência ao giro anti-horário ocorrido.

Em seguida, calculam-se os momentos atuantes nas extremidades das


barras.

 2, 43 0, 60
 M AB [ r=
] M AB [ 0 ] +
EI
⋅ M AB [ 1 ] +
EI
⋅ M AB [ 2]

 M [ r ] = 0 + 2, 43 ⋅ 0 + 0, 60 ⋅ 0 =0
 AB EI EI

 2, 43 0, 60
 M BA [ r=
] M BA [ 0 ] +
EI
⋅ M BA [ 1 ] +
EI
⋅ M BA [ 2]

M [r] = 2, 43 0, 60
(−12) + ⋅ (1,5 EI ) + ⋅ (0) = − 8,36 kN ⋅ m
 BA
EI EI

 2, 43 0, 60
 M BC [ r=
] M BC [ 0 ] +
EI
⋅ M BC [ 1 ] +
EI
⋅ M BC [ 2]

M [r] = 2, 43 0, 60
5, 625 + ⋅ EI + ⋅ 0,5 EI = + 8,36 kN ⋅ m
 BC
EI EI

 2, 43 0, 60
 M CB [ r=
] M CB [ 0 ] +
EI
⋅ M CB [ 1 ] +
EI
⋅ M CB [ 2]

M [r] = 2, 43 0, 60
− 1,875 + ⋅ 0,5 EI + ⋅ EI = − 0, 06 kN ⋅ m
 CB
EI EI

 2, 43 0, 60
 M CD [ r=
] M CD [ 0 ] +
EI
⋅ M CD [ 1 ] +
EI
⋅ M CD [ 2]

M [r] = 2, 43 0, 60
− 0, 625 + ⋅0 + ⋅1,125 EI = + 0, 06 kN ⋅ m
 CD
EI EI

 2, 43 0, 60
 M DC [ =
r] M DC [ 0 ] +
EI
⋅ M DC [ 1 ] +
EI
⋅ M DC [ 2]

 M [ r ] = 0 + 2, 43 ⋅ 0 + 0, 60 ⋅ 0 =0
 DC EI EI
UNIUBE 261

Finalmente, os momentos fletores finais atuantes nas extremidades das


barras da viga são mostrados na Figura 11.9.
10 kN
6 kN/m
5 kN.m

B E C D
A F

8,36 8,36 0,06 0,06


Figura 11.9: Momentos fletores atuantes nas extremidades das barras.

Resumo

Após realizar o seu estudo com dedicação, procurando entender o


conceito básico do método dos deslocamentos e fazendo todas as
atividades, você, aluno(a), terá as condições de calcular uma viga ou
um pórtico hiperestático, estruturas essas que sempre aparecem na vida
de um engenheiro civil.

O conhecimento do comportamento de uma estrutura é o princípio básico


da concepção de qualquer edificação, seja ela constituída por elementos
estruturais em concreto armado, concreto protendido, madeira ou aço.

Após aprender a calcular esforços e deslocamentos em estruturas, você


adquirirá competências, em componentes curriculares subsequentes,
para o dimensionamento dos elementos estruturais, de acordo com a
norma específica para cada material que se esteja utilizando.

É importante que você saiba que, mesmo com todo o avanço tecnológico,
atual, que possibilita o cálculo e dimensionamento de estruturas através
de pacotes computacionais, é essencial que o engenheiro tenha o
conhecimento teórico para analisar os resultados obtidos, com segurança
e espírito crítico.
Tabela A: Momentos de engastamento perfeito (MEP), pela Convenção de Grinter, para barras sujeitas a ações diversas.
262

Convenção
de GRINTER:
UNIUBE

A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

q l2
q MA = +
12
ql 2 ql 2
MA = + MB = −
Anexo

8 8
l q.l 2
M B= −
12

qc
c/2 c/2 +
MA = 12ab 2 + c 2 ( l − 3b ) 
12 l 2 
q qbc qac
MA =+ 2 
 4a ( b + l ) − c 2  MB =−  4b ( a + l ) − c 2 
8l 8l 2 
qc
a b −
M B= 12a 2b + c 2 ( l − 3a ) 
12 l 2 
ANEXO I – Momentos de Engastamento Perfeito (MEP)
Convenção
de GRINTER:
A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

ql 2
q MA = +
20 ql 2 7 ql 2
MA = + M B= −
ql 2 15 120
l MB = −
30

Pl
P MA = +
8 3 3
MA = + Pl M B= − Pl
Pl 16 16
l/2 l/2 MB = −
8

Pab 2
P MA = 2
l Pab Pab
M A=
+ 2 ( l + b) M A=
− 2 ( l + a)
UNIUBE

2l 2l
a b Pa 2b
M B= − 2
263

l
264

Convenção
de GRINTER:
UNIUBE

A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

b 3b 
MA =
−M 2− 
M l l 
M  3b 2  M  3a 2 
MA =
+  2 − 1 M B=
+  2 − 1
a 3a  2  l  2  l 
a b M B=
−M 2− 
l l 

A B A B
A B
1
1 1
giro unitário

aplicado
4 EI 2 EI 3EI 3EI
MA = − M B= − MA = − MB = +
l l l l
Convenção
de GRINTER:
A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

A B B
A B 1
1
1
recalque unitário

aplicado

3EI 3EI
6 EI MA = + MB = −
MA = MB = + 2 l2 l2
l
UNIUBE
265
266 UNIUBE

Atividades

Atividade 1

Dada a viga esquematizada na Figura 1, pede-se obter os momentos


atuantes nas extremidades de suas barras, utilizando-se o Processo
dos Deslocamentos e realizar o traçado do diagrama deste esforço.
Considere EI constante em todo este elemento estrutural.

15 kN
12 kN/m

A C
B

3,0 4,0 m 8,0 m

Figura 1: Esquema da estrutura referente à 1ª atividade.

Atividade 2

Para o pórtico esquematizado na Figura 2, a ser resolvido pelo Processo


dos deslocamentos, pede-se calcular os Momentos de Engastamento
Perfeito (MEPs) que ocorrem nas extremidades das barras, para cada
estrutura pertinente à resolução ([ 0 ], [ 1 ], [ 2 ], ...) e os valores dos
momentos nodais kij.
8 kN 4 kN
3 kN/m

A
B C D E
4m

F
2 kN/m

3,0 5,5 m 4,0 2,5 2,0

Figura 2: Esquema da estrutura referente à 2ª atividade.


UNIUBE 267

Atividade 3

Quais são os tipos de deslocabilidades possíveis de ocorrerem em


estruturas reticuladas planas? Explique a diferença entre elas, e mostre
como calculá-las, através de um exemplo.

Atividade 4

Explique em que consiste o Método dos Deslocamentos e descreva todos


os passos necessários para a aplicação deste método.

Atividade 5

Refaça o desenvolvimento da 1ª Aplicação, de forma mais direta, ou


seja, apresentando apenas a resolução, sem os textos que explicam,
detalhadamente, os passos seguidos para a aplicação do Método dos
Deslocamentos.

Referências

SORIANO, H.L.; LIMA, S.S. Análise de estruturas: Método das forças e Método dos
deslocamentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2006. 308p.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de análise estrutural: Método das deformações e


Processo de Cross. 9. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1996. 293p. v. 3.
Capítulo
Estruturas hiperestáticas:
Processo de Cross e
5
análise computacional

Núbia dos Santos Saad Ferreira

Introdução
Caro(a) aluno(a).

Neste capítulo, serão apresentados os procedimentos para a


aplicação do Processo de Cross e serão abordadas as aplicações
computacionais para o cálculo de estruturas reticuladas.

Cabe informar que todas as figuras constantes neste capítulo,


correspondentes a desenhos, foram elaboradas pela autora, e
que os textos foram confeccionados com base em sua experiência
como pesquisadora em Engenharia de Estruturas, desde 1995.
Além disso, consultaram-se: Süssekind (1996), para aspectos
teóricos e FTOOL (2012), para as aplicações computacionais.
Tais referências são citadas ao longo do capítulo.

Este capítulo consiste em uma importante etapa do processo de


formação do aluno que se gradua em Engenharia Civil, no tocante
ao cálculo e análise de estruturas hiperestáticas.

Você terá visão, ao longo do curso, deste componente curricular,


de aplicabilidades práticas dos fundamentos teóricos que serão
estudados e adquirirá competências para identificar, calcular
e analisar parâmetros referentes a estruturas hiperestáticas,
utilizando o Processo de Cross.
270 UNIUBE

Dessa forma, são apresentados os caminhos e processos a serem


cumpridos em seu estudo a distância, a fim de que sejam alcançados
os objetivos que lhe são traçados.

É essencial que você realize seu estudo seguindo as recomendações


propostas, de forma sequenciada, para obter êxito em seu aprendizado.

Você se valerá de problemas de aplicação resolvidos, que se


prestam, sobretudo, a facilitar a consolidação do seu estudo, com
a possibilidade de visualização prática dos conceitos aprendidos.

Finalmente, você estará preparado para realizar as Atividades


de Avaliação a Distância, que lhe serão propostas e, caso seu
desempenho não tenha sido satisfatório, você poderá realizar
as Atividades de Reestudo, que visam a recuperação do seu
aprendizado.

IMPORTANTE!

Realize seus estudos diariamente e perceba que o seu aprendizado


ocorrerá gradualmente e com qualidade!

Organize uma agenda para o desenvolvimento de seus estudos e


para o cumprimento dos prazos estipulados.

Todo o seu esforço valerá muito a pena.

Bons estudos!

Objetivos
Caro(a) aluno(a), ao final dos estudos propostos, espera-se que
você seja capaz de:
UNIUBE 271

• calcular estruturas hiperestáticas utilizando o Processo de


Cross;
• traçar diagramas de esforços de estruturas hiperestáticas;

• utilizar os diversos softwares existentes no mercado de forma


consciente, enfocando os princípios básicos para introdução
dos dados e interpretação dos resultados;

• interpretar resultados obtidos das análises estruturais,


adquirindo habilidades necessárias para o dimensionamento
de estruturas de Engenharia Civil nas disciplinas específicas
subsequentes.

Esquema
5.1 Descrição do Processo de Cross
5.2 Procedimentos para a aplicação do Processo de Cross
5.3 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE I
5.4 Análise computacional de estruturas
5.5 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE II

5.1 Descrição do Processo de Cross

O Processo de Cross (também denominado Processo de


Distribuição de Momentos) se trata de um processo de resolução de
estruturas hiperestáticas planas e reticuladas, de forma iterativa, baseada
na liberação sucessiva dos nós inicialmente bloqueados, que são
sucessivamente equilibrados, até que a estrutura atinja sua posição final
real, com a obtenção dos reais momentos atuantes nas extremidades
das barras dessa estrutura.

Tal processo é aplicado às estruturas que possuem deslocabilidades


internas, pois esse processo se baseia nos bloqueios nodais, com
relação a giro.
272 UNIUBE

O Processo de Cross foi apresentado pelo professor norte-americano


Hardy Cross, em 1932, e é uma das mais notáveis contribuições à
análise estrutural nas últimas décadas, pois permite a resolução rápida
de estruturas que apresentam deslocabilidades apenas internamente
(em relação a giro), sem a necessidade de se resolverem sistemas de
equações, mas sim de se empregar um processo iterativo e convergente
(SÜSSEKIND, 1996).

Os nós que possuem deslocabilidades internas são bloqueados, para


a aplicação do Processo de Cross (como será visto adiante) e, nesta
situação, as barras ficarão com suas extremidades semelhantes à
aplicação do Método dos Deslocamentos: engastada-engastada (ou
biengastada); apoiada-engastada e engastada-apoiada.

Além disso, os momentos tabelados, segundo a Convenção de Grinter,


estudados anteriormente, são também empregados na aplicação do
Processo de Cross.

Para o entendimento do Processo de Cross, faz-se necessária a


compreensão dos seguintes coeficientes, que relacionam rotações com
momentos, e são relacionados aos nós bloqueados e às extremidades
das barras que neles chegam: coeficiente de rigidez (K) coeficiente
de distribuição (d) e coeficiente de propagação ou transmissão (t).
Seguem, adiante, suas explicações.

5.1.1 Coeficiente de rigidez (K)

O coeficiente de rigidez K de uma barra, em um nó, é o valor do


momento fletor que, se aplicado neste nó, provoca-lhe uma rotação
unitária.

No Processo de Cross, será necessária a obtenção dos coeficientes


de rigidez das extremidades das barras que convergem para cada nó
bloqueado da estrutura.
UNIUBE 273

Sendo os nós bloqueados, engastes perfeitos, as possibilidades de


condições de extremidade de barras que surgirão com a aplicação do
Processo de Cross são as apresentadas na Figura 1.

Figura 1: Condições de extremidades de barras possíveis pelo Processo de


Cross.

Portanto, sendo a extremidade que chega ao nó bloqueado, sempre


engastada (obviamente, pois ali se tem o impedimento de giro), o
coeficiente de rigidez poderá ser de dois tipos, conforme expressos na
Figura 2.

Figura 2: Tipos de coeficientes de rigidez ( K ) utilizados no Processo de Cross.

Ou seja, quando se emprega o Processo de Cross, têm-se duas


possibilidades para coeficientes de rigidez das barras (de comprimento
L, módulo de elasticidade E e momento de inércia da seção transversal
I), que são determinados para a extremidade contínua delas, pois é esta
a que estará vinculada ao nó bloqueado (como será visto adiante):

• Barra engastada-engastada: K = 4E
L

3E
I
• Barra engastada-apoiada: K = L
274 UNIUBE

Sendo este coeficiente um momento fletor, faz-se a conferência de suas


unidades. Considerando-se, por exemplo, as unidades: kN e cm, tem-se:

Resultado que mostra a coerência das unidades, constatando a unidade


de momento para K.

5.1.2 Coeficiente de distribuição (d)

Seja um nó genérico para o qual converte uma quantidade n de barras,


e que sofre uma rotação θ causada por um momento M, conforme
esquematizado na Figura 3.

Figura 3: Representação esquemática do efeito do giro


de um nó bloqueado de θ.

Cada extremidade de barra que chega ao nó também girará de θ e


absorverá uma parcela do momento M. A porcentagem que define esta
parcela de M que vai ser absorvida por cada barra (genericamente, i),
é denominada coeficiente de distribuição (di), a ser obtido para cada
extremidade de barra que chega ao nó.
UNIUBE 275

Esse coeficiente é calculado dividindo-se o coeficiente de rigidez de


cada barra ( Ki ) pelo somatório dos coeficientes de rigidez de todas as
extremidades de barra que chegam ao nó bloqueado ( ∑Ki ), ou seja:
Ki
di =
∑ Ki

Com isso, a parcela de momento absorvido por cada extremidade de


barra ( i ) é:
Ki
M i = d i⋅ M = ⋅M
∑ Ki

Vê-se que o coeficiente de distribuição é adimensional, ou seja, é um


número puro, sem unidades e, sendo um número percentual, ou seja,
uma parcela de uma quantidade (M), sempre estará compreendido entre
0 e 1.

Faz-se aqui uma observação que ficará mais clara quando da resolução
das aplicações: em um nó bloqueado, a soma dos coeficientes de
distribuição de cada barra que chega a ele é um, pois cada extremidade
de barra absorve uma parcela do momento M, e todas elas somadas,
são exatamente o momento M. Portanto, o somatório do fator que define
tais parcelas é unitário.

Conclui-se, com o exposto, que um momento (M) que seja aplicado em


um nó indeslocável de uma estrutura se distribui entre as diversas barras
que chegam a ele, proporcionalmente à rigidez (K) de cada uma dessas
barras, neste nó.

5.1.3 Coeficiente de propagação ou transmissão (t)

Seja um momento aplicado em uma extremidade de barra. Denomina-se t,


à porcentagem deste momento que é propagada para a outra extremidade
de barra, como ilustra a Figura 4.
276 UNIUBE

Figura 4: Coeficientes de propagação utilizados no Processo de Cross.

Têm-se duas possibilidades para a transmissão de momento que são,


de acordo com o exposto na Figura 4:

a) momento transmitido para uma extremidade de barra contínua. Neste


caso, o coeficiente de transmissão ou propagação vale: tAB = 0,5, ou
seja, o momento transmitido é obtido por: MB = tAB.M = 0,5.M;
b) momento transmitido para uma extremidade de barra apoiada. Neste
caso, o coeficiente de transmissão ou propagação vale: tAB = 0, ou
seja, o momento transmitido é obtido por: MB = tAB.M = zero, o que
é óbvio, pois as articulações (também denominadas rótulas) não
absorvem momento.

O coeficiente de transmissão, sendo uma taxa, é adimensional. Resumindo:

• para extremidade engastada: t = 0,5;

• para extremidade apoiada: t = 0.

5.2 Procedimentos para a aplicação do Processo de Cross

Têm-se os seguintes passos a serem seguidos, para a aplicação do


método em estudo:

[1o Passo]: Bloqueio dos nós que possuem deslocabilidade interna

Necessita-se, primeiramente, constatar quais nós são deslocáveis


internamente, ou seja, possuem possibilidade de giro. Constatando-se tais nós,
procede-se ao bloqueio dos mesmos (representado, convencionalmente,
por um pequeno quadrado).
UNIUBE 277

Havendo balanços, esses são desconsiderados, durante a aplicação


do processo, ficando suas ações (forças e momentos) concentradas na
extremidade engastada de cada balanço eliminado.

[2o Passo]: Cálculo dos coeficientes de rigidez e distribuição relativos a


cada nó bloqueado

Aqui serão calculados os valores de di para cada extremidade de barra


convergente aos nós bloqueados. Para isso, se obtêm:

a) Coeficientes de Rigidez das Barras:


4E
K= ou K = 3E
I
L L

b) Coeficientes de Distribuição:
Ki
di =
∑ Ki

[3o Passo]: Determinação dos MEPs

Para a estrutura bloqueada, cujas barras terão as condições: biengastada,


engastada-apoiada ou apoiada-engastada, calculam-se os momentos de
engastamento perfeito (MEPs) atuantes em suas extremidades, com o
carregamento existente na estrutura.

Os MEPs, segundo a Convenção de Grinter, estão apresentados na


Tabela A, do Anexo I, deste capítulo.

Observações:

• havendo momento concentrado em extremidade de barra não


bloqueada, tal momento será convertido em MEPs atuantes nas
extremidades de tal barra, pois esse momento é uma ação que atua
na viga;
278 UNIUBE

• porém, caso haja momento concentrado em nó bloqueado, o mesmo


fará parte do cálculo de ΔM referente à primeira iteração daquele
nó, como será visto adiante;
• momentos concentrados podem ser oriundos de balanços eliminados
ou de cargas originalmente atuantes na estrutura. Estando atuando
no meio de uma barra, obviamente, não há dúvida: será convertido
em MEPs.

[4o Passo]: Desbloqueio e equilíbrio iterativo dos nós bloqueados até


que ΔM = 0

Primeiramente, com os MEPs obtidos para cada extremidade de barra


que chega a um nó bloqueado, determina-se em qual dos nós bloqueados
se tem o maior valor em módulo de ΔM (basta somar todos os MEPs
que chegam àquele nó bloqueado).

Portanto, o processo iterativo começará naquele nó de maior ΔM.


Esse valor de momento é redistribuído às extremidades de barras que
convergem para tal nó, multiplicando-se o valor de ΔM pelo coeficiente de
distribuição de cada barra que chega ao nó. O momento redistribuído tem
seu sinal trocado, para que, após ser feito o equilíbrio nodal, o somatório
de momentos neste nó se torne nulo, ou seja, para que, de fato, o nó
seja equilibrado.

Aquele momento obtido pela multiplicação de ΔM pelo coeficiente de


distribuição de uma extremidade de barra que chega ao nó bloqueado
( d ) é transmitido para a outra extremidade desta barra, caso essa outra
extremidade seja um engaste. Ou seja, pelo coeficiente de transmissão
( t ), ou propagação, o momento caminha para a outra extremidade da
barra com metade do seu valor e mesmo sinal, pois o coeficiente de
transmissão, neste caso, vale 0,5. Caso a outra extremidade seja um
apoio, logicamente, nenhuma parcela de momento é transmitida para a
mesma, já que esta não absorve momento fletor.
UNIUBE 279

Em seguida, parte-se para o próximo nó bloqueado com o maior valor em


módulo de ΔM e o procedimento é repetido, até que se tenham todos os
nós bloqueados com ΔM = 0.

Ao final, são somados os momentos originados de todos os equilíbrios,


relativos a cada extremidade de barra. Com isso, ter-se-ão os valores dos
momentos fletores reais atuantes em tais extremidades, podendo-se, a
partir disso, realizar o traçado de tais esforços e obterem-se as reações
de apoio, os esforços cortantes, enfim, efetuar o cálculo completo de uma
estrutura hiperestática reticulada plana.

Perceba que, antes de se aplicar o Processo de Cross, cada nó possui


um momento de desequilíbrio de valor ΔM, pois os nós foram bloqueados
e foram gerados engastes perfeitos, que não existem na estrutura real.
Após todo o processo iterativo, tal momento se torna nulo.

Ou seja, inicialmente, impõe-se ΔM com a imposição dos bloqueios.


Na medida em que os bloqueios vão sendo liberados, ou seja, que
os movimentos vão sendo permitidos, e os momentos impostos ΔM
redistribuídos, a estrutura vai tendendo ao equilíbrio, chegando a um
ponto em que não existam mais momentos impostos, de desequilíbrio,
ou seja, os nós podem ser liberados sem causar momentos que se
redistribuam à estrutura, que volta a ficar em estado real, sem nós
bloqueados.

A seguir, são apresentados problemas resolvidos que lhe permitirão o


entendimento de tais explicações.

5.3 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE I

(1ª APLICAÇÃO)

Pede-se traçar o diagrama de momento fletor para o pórtico apresentado


na Figura 5 (desenho sem escala), utilizando-se o Processo de Cross.
Considere EI constante, ou seja, igual para todas as barras da estrutura.
280 UNIUBE

Figura 5: Representação esquemática do pórtico referente à 1ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

[1o Passo]: Bloqueio dos nós que possuem deslocabilidade interna

Figura 5.1: Identificação do nó a ser bloqueado.

[2o Passo]: Cálculo dos coeficientes de rigidez e distribuição relativos a


cada nó bloqueado (Tabela 5.1)

Nesta aplicação, tem-se apenas um nó bloqueado, o nó B.


Tabela 5.1: Coeficientes de rigidez e distribuição referentes ao nó B
UNIUBE 281

[3o Passo]: Determinação dos MEPs (vide Tabela A – Anexo I)

BARRA AB :

BARRA BC :

BARRA BD :

[4o Passo]: Desbloqueio e equilíbrio iterativo dos nós bloqueados até:


ΔM = 0

Nesta aplicação, tem-se apenas um nó bloqueado (B). Portanto, o


mesmo será desbloqueado e será feita a redistribuição do ΔM inicial,
que resultará em ΔM = 0, não se necessitando realizar iterações, pois
não se têm outros nós bloqueados.

Acompanhe atentamente os procedimentos, que serão paulatinamente


explicados, na medida da resolução desta atividade, que é a primeira a
ser utilizada para o entendimento do Processo de Cross. Nas próximas,
vão-se resumindo as explicações, pois você vai consolidando seu
entendimento de como proceder.
282 UNIUBE

Faz-se o desenho da estrutura com os coeficientes de distribuição


escritos para cada extremidade de barra que chega ao nó bloqueado B,
conforme ilustra a Figura 5.2.

Figura 5.2: Locação dos coeficientes de distribuição nas extremidades de barras


que chegam ao nó bloqueado.

Em seguida, escrevem-se os valores dos MEPs obtidos para cada


extremidade de barra, como apresentado na Figura 5.3.

Figura 5.3: Inserção dos MEPs a cada extremidade de barra que chega ao nó
bloqueado.

De acordo com os procedimentos de aplicação do Processo de Cross,


obtém-se o valor de ΔM para os nós bloqueados, e se inicia o processo
iterativo pelo nó que possui maior valor em módulo para este parâmetro.
Como, nesta estrutura, tem-se apenas um nó bloqueado, não há que se
tomar o maior! Encontra-se ΔM e já se faz o equilíbrio no nó B.
UNIUBE 283

O valor de ΔM é:

DM = – 37,50 + 0 + 66,30 = + 28,80 kN.m

Multiplica-se ΔM por cada coeficiente de distribuição, com o sinal trocado


para este momento, e faz-se sua redistribuição nas extremidades das
barras, e se escrevem esses valores abaixo dos MEPs, conforme ilustra
a Figura 5.4.

DM = – 37,50 + 0 + 66,30 = + 28,80 kN.m


DMBA = dBA . DM = 0,260 . (– 28,80) = – 7,49kN.m
DMBC = dBC . DM = 0,260 . (– 28,80) = – 7,49 kN.m
DMBD = dBD . DM = 0,480 . (– 28,80) = – 13,82 kN.m

Figura 5.4: Redistribuição do momento obtido, para cada extremidade de barra.

Observação:

• Quando se faz a redistribuição de ΔM em algum nó, dever-se-ia


representá-lo sem o bloqueio, mas, por facilidade, sobretudo nas
demais resoluções, tal procedimento não é feito, e assim também
você encontra na literatura, ou seja, com os nós bloqueados assim
representados, pelos quadrados, durante toda a aplicação do
processo.
• Mas entenda que, quando se faz o equilíbrio nodal, a ideia é liberar
o nó que se tornará equilibrado, como na estrutura inicial e real.
284 UNIUBE

Ao ser efetuado um equilíbrio nodal, verifica-se se existirá transmissão


de momento fletor para alguma extremidade de barra contínua (lembre-
se de que será metade do momento, pois o coeficiente de transmissão
vale t = 0,5).

No exemplo em questão, apenas a barra BD tem outra extremidade


contínua, ou seja, o único momento que será transmitido para uma
extremidade engastada é o momento que foi distribuído na extremidade
B desta barra, ou seja, o momento de valor – 13,82 kN.m.

Tal momento se propaga para a outra extremidade D dessa barra, com


valor igual à metade deste, ou seja: – 6,91 kN.m.

Observação:

Para indicar que um momento foi transmitido, será utilizada uma seta,
que se presta a facilitar a visualização de tal procedimento, conforme
mostrado na Figura 5.5.

Figura 5.5: Transmissão dos momentos distribuídos para a outra extremidade


contínua.

Finalizado o balanceamento nodal e as transmissões de momentos para


as extremidades engastadas de barras, indica-se isso com um traço
abaixo de cada momento redistribuído no nó em questão. (Figura 5.6).
Verifica-se que, com isso, o somatório de momentos (ΔM) neste nó é
zero, o que é óbvio, pois o mesmo foi equilibrado:
UNIUBE 285

DM = – 37,50 – 7,49 + 0 – 13,82 + 66,30 – 7,49 = zero

Figura 5.6: Encerramento do equilíbrio nodal.

Como foi dito nos procedimentos de aplicação do Método de Cross, as


iterações são encerradas quando se tem ΔM igual a zero em todos os
nós bloqueados. Como, nesta aplicação, só se tem um nó bloqueado,
não há outra iteração a ser feita. Portanto, para esta estrutura, o Processo
de Cross está encerrado.

Finalizadas as iterações, somam-se os momentos em cada extremidade


de barra, como ilustrado em seguida.

Por convenção, passam-se traços duplos no final da listagem de valores


numéricos gerados, em cada extremidade de barra, indicando que o
processo foi encerrado, Figura 5.7.

Figura 5.7: Encerramento da aplicação do Processo de Cross.


286 UNIUBE

Tendo-se os momentos reais nas extremidades das barras, estes


são representados, segundo a Convenção de Grinter, para a qual, os
momentos fletores atuantes nas extremidades são positivos se o sentido
deles for anti-horário. (Figura 5.8).

Figura 5.8: Representação dos momentos fletores atuantes nas extremidades das barras.

Para que seja, finalmente, traçado o diagrama de momentos fletores, é


necessário que se calculem as reações de apoio, pois se tem uma carga
concentrada no meio do trecho BC. Para os demais trechos, basta que
se obtenha o valor da deflexão no diagrama de momento, onde há carga
uniformemente distribuída (como você sabe, seu valor é ql2/8).

Para que se obtenha o valor do momento na posição da carga


concentrada, basta que se calcule a reação de apoio vertical referente
ao apoio C (VC). Para isso, faz-se: somatório de momentos fletores à
direita do nó B igual a zero:

∑M B direita =0 ⇒ 5VC + 58,81 =12.5.2,5 ⇒ VC =30, 24 kN

Finalmente, é realizado o traçado do momento fletor (desenho sem


escala), Figura 5.9.
UNIUBE 287

Figura 5.9: Diagrama de momento fletor para a estrutura em análise.

(2ª APLICAÇÃO)

Para a estrutura da 1ª Aplicação, pede-se fazer o traçado do diagrama


de esforços cortantes.

RESOLUÇÃO:

Para o traçado do diagrama de esforços cortantes, é necessário, como


visto em capítulos anteriores deste mesmo componente curricular, isolar-
se cada barra da estrutura, com seu carregamento e com os momentos
fletores atuantes em cada extremidade da mesma.

Havendo uma carga concentrada em uma barra, é conveniente que


a barra seja dividida em trechos, procedendo-se da mesma maneira
(isso ocorrerá na barra BC desta aplicação). Mas, também é possível
considerar a barra completa – você acompanhará resoluções assim, ao
longo deste estudo.

A partir disso, faz-se o equilíbrio de cada barra, obtendo-se os valores


dos cortantes que atuam em suas extremidades. Lembre-se de que, por
convenção, o cortante é positivo quando sua orientação provoca giro no
sentido horário.
288 UNIUBE

Nas Figuras 6 a 6.3 são mostradas as expressões para o cálculo


dos esforços cortantes atuantes nas extremidades de cada trecho da
estrutura, bem como o traçado do diagrama deste esforço. Tais desenhos
estão sem escala.

Figura 6: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho BD.

Figura 6.1: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho AB.

Figura 6.2: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho BM.


UNIUBE 289

Figura 6.3: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho MC.

Finalmente, faz-se o traçado do esforço cortante da estrutura completa


(Figura 6.4 – desenho sem escala).

Figura 6.4: Traçado do diagrama de esforço cortante para a estrutura completa.

(3ª APLICAÇÃO)

Para a estrutura da 1ª Aplicação, pede-se fazer o traçado do diagrama


de esforços normais.

RESOLUÇÃO:

Para o traçado do diagrama de esforços normais, é necessária a


determinação das reações de apoio de toda a estrutura. Para isso,
toma-se a estrutura com os seus carregamentos e com os momentos
290 UNIUBE

aplicados nas extremidades das barras (pois assim, a estrutura


hiperestática se torna isostática, podendo ser aplicadas as equações
de equilíbrio de forças e momentos). Em seguida, empregam-se as
conhecidas equações de equilíbrio para estruturas planas:



∑F = 0
x

 ∑F = 0
y

 ∑M = 0z

Para a aplicação em questão, tem-se, portanto (com a reação vertical no


apoio que já foi determinada anteriormente), o cálculo das reações de
apoio (vide esquema na Figura 7):

∑M B esquerda =0 ⇒ 5VA + 44,99 =12.5.2,5 ⇒ VA =21 kN


∑F = 0 y ⇒ VA + VD + VC = 30 + 12 + 10 ⇒ VD = 98, 76 kN
∑M B abaixo =0 ⇒ 3H D + 13,82 + 6,91 =98, 76.2 ⇒ H D =58,93 kN
∑ F =0 x ⇒ HC =HD ⇒ HC =58,93 kN

Figura 7: Esquema da estrutura com os momentos nas extremidades das barras e as


reações de apoio.

Finalmente, faz-se o traçado do esforço normal da estrutura completa


(Figura 7.1 – desenho sem escala). Acompanhe os comentários e
cálculos apresentados após o diagrama, para o seu melhor entendimento.
UNIUBE 291

Figura 7.1: Diagrama de esforço normal traçado para a estrutura em apreço.

Veja que na barra AB não existe nenhuma força normal atuante e


nenhuma reação de apoio com esta natureza. Portanto, neste trecho,
tem-se N = 0.

Já na barra BC, olhando pela direita, vê-se que existe uma reação de
apoio horizontal, de compressão, de valor 58,93 kN. Portanto, o esforço
normal nesta barra valerá: N = - 58,93 kN.

Para a última barra BD, tem-se um apoio com duas reações, que deverão
ser decompostas na direção paralela a esta barra, para que se obtenha o
valor da força normal atuante na mesma, como apresentado na Figura 7.2.

Figura 7.2: Detalhe do nó de apoio


D, para obtenção do esforço normal
atuante na direção da barra.

Tem-se o cálculo do esforço normal N, obtido pela soma das componentes


das duas reações de apoio representadas anteriormente:
N= −98, 76. ( 3 / 3, 61) − 58,93. ( 2 / 3, 61) ⇒ N =
VD .senα + H D .cos α ⇒ N = −114, 72 kN
292 UNIUBE

(4ª APLICAÇÃO)

Para a viga apresentada na Figura 8, pede-se traçar o diagrama de


momentos fletores, utilizando-se o Processo de Cross. Considere EI
constante.

Figura 8: Esquema da estrutura referente à 4ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

[1o Passo]: Bloqueio dos nós que possuem deslocabilidade interna

Figura 8.1: Identificação dos nós a serem bloqueados.

[2o Passo]: Cálculo dos Coeficientes de Rigidez e Distribuição relativos


a cada nó bloqueado

Tabela 8.1: Coeficientes referentes ao nó B

Coeficientes de Rigidez: Coeficientes de Distribuição:


UNIUBE 293

Tabela 8.2: Coeficientes referentes ao nó C


Coeficientes de Rigidez: Coeficientes de Distribuição:

K BA 0, 75 EI
Portanto: d BA
= = = 0, 480
3EI 3EI ∑ K 1,55EI
K= = = 0, 75 EI
BA
L 4 ∑ K = 1,55EI K BC 0,8 EI
4 EI 4 EI d BC
= = = 0,520
K=BC = = 0,8 EI
L 5
∑ K 1,55EI
Obs : ∑=
d 1 ⇒ ok !

[3o Passo]: Determinação dos MEPs (vide Tabela A – Anexo I)

BARRA AB :

qL2 5.42
M AB = 0 M BA =
− =
− −10 kN .m
=
8 8

BARRA BC :

Pab 2 20.2.32 Pa 2b 20.22.3


M BC
= = = 14, 40 kN .m M CB =
− 2 = − −9, 60 kN .m
=
l2 52 l 52

BARRA CD :

qL2 10.52 M DC = 0
M=
CD = = 31, 25 kN .m
8 8

[4o Passo]: Desbloqueio e equilíbrio iterativo dos nós bloqueados até


que ΔM = 0

Faz-se o desenho da estrutura com os coeficientes de distribuição escritos


para cada extremidade de barra que chegam aos nós bloqueados, e se
escrevem os MEPs nas extremidades das barras, conforme ilustra a
Figura 8.2.
294 UNIUBE

Figura 8.2: Montagem da viga com os coeficientes e com os MEPs.

IMPORTANTE!

Obviamente, você vai resolvendo o exercício em uma mesma estrutura.


A divisão aqui, em vários desenhos, tem cunho notadamente didático,
para mostrar cada procedimento de modo a facilitar o seu entendimento.
Entretanto, entenda que assim que se escrevem os coeficientes de
distribuição na estrutura, toda ela pode ser resolvida, no mesmo esquema
estrutural, até se obterem os momentos finais atuantes nas extremidades
das barras, ou seja, até o final da aplicação do Processo de Cross. Ou seja,
faz-se apenas um único desenho. Prossiga!

De acordo com os procedimentos de aplicação do Processo de Cross,


obtém-se o valor de ΔM para os nós bloqueados, e inicia-se o processo
iterativo pelo nó que possui maior valor em módulo para este parâmetro,
como realizado a seguir.

NÓ B : DM = – 10 + 14,40 = + 4,40kNm

NÓ C : DM = – 9,60 + 31,25 = + 21,65kNm

Sendo o ΔM relativo ao nó C o que possui maior valor em módulo, inicia-


se o processo iterativo neste nó.

Observação:
Caro aluno, como já comentado, o desenvolvimento detalhado,
enriquecido de figuras e explicações, presta-se ao seu melhor
entendimento. Ou seja, assim como o desenho da estrutura é um só,
UNIUBE 295

para a aplicação de todo o Processo de Cross, também se utiliza


uma única tabela, para a anotação dos ΔM e dos seus respectivos
nós, relativos a cada iteração (Tabela 8.3). Aqui ela será alimentada
aos poucos, porém, faça uma única tabela que será preenchida,
para cada iteração.

Tabela 8.3: Processo iterativo número 1

Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)

1ª C 21,65

Multiplica-se ΔM por cada coeficiente de distribuição, com o sinal trocado


para este momento, faz-se sua redistribuição nas extremidades das
barras, e se escrevem esses valores abaixo dos MEPs, conforme ilustra
a Figura 8.3.

DMCB = dCB . DM = 0,570 . (– 21,65) = – 12,34 k.N.m


DMCD = dCB . DM = 0,430 . (– 21,65) = – 9,31 k.N.m

Figura 8.3: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 1.

Nessa figura, também está mostrada a propagação do momento (-12,34


kN.m) que foi redistribuído à extremidade direita da barra BC. Sendo
a outra extremidade (B) desta barra um engaste, sabe-se que metade
desse momento (-6,17 kN.m) é transmitido para tal extremidade.

Nota-se que o mesmo não acontece com a barra CD, pois sua outra
extremidade é um apoio, que não absorve momento, ou seja, o
coeficiente de propagação é zero.
296 UNIUBE

Constate que o nó C ficou equilibrado, ou seja, o seu ΔM se tornou nulo:

DM = – 9,60 – 12,34 + 31,25 – 9,31 = zero

Como se têm apenas dois nós bloqueados a serem balanceados,


iterativamente, até que ambos fiquem com ΔM = 0, procede-se com a
iteração de um e do outro, alternadamente, não necessitando verificar
qual nó tem maior valor de ΔM.

Agora, imagine que se tivessem três nós, por exemplo. Neste caso, seria
necessário definir o próximo nó a ser equilibrado, calculando-se o valor
de ΔM de ambos e se escolhendo o de maior valor em módulo – como
explicado, anteriormente. Prossiga!

O próximo passo é fazer o equilíbrio do nó B, com os procedimentos:


encontrar ΔM, redistribuir tal momento e realizar as transferências às
extremidades engastadas, caso haja. Acompanhe! Veja Tabela 8.4 e
Figura 8.4.

Tabela 8.4: Processo iterativo número 2

Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)


1ª C 21,65
2ª B -1,77

Figura 8.4: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 2.


UNIUBE 297

Constate que o nó B ficou equilibrado, ou seja, seu ΔM se tornou nulo:

DM = – 10 + 0,85 + 14,40 – 6,17 + 0,92 = zero

Em seguida, faz-se o equilíbrio do nó C, com os procedimentos: encontrar


ΔM, redistribuir tal momento e realizar as transferências às extremidades
engastadas, Tabela 8.5 e Figura 8.5.

Tabela 8.5: Processo iterativo número 3

Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)


1ª C 21,65
2ª B -1,77
3ª C 0,46

Figura 8.5: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 3.

Constate que o nó C ficou equilibrado, ou seja, seu ΔM se tornou nulo:

DM = 0,46 – 0,26 – 0,20 = zero

Prossegue-se, com outra iteração, no nó B, como apresentado a seguir,


Tabela 8.6 e Figura 8.6.
298 UNIUBE

Tabela 8.6: Processo iterativo número 4

Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)

1ª C 21,65
2ª B -1,77
3ª C 0,46
4ª B -0,13

Figura 8.6: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 4.

Constate que o nó B ficou equilibrado, ou seja, seu ΔM se tornou nulo:

DM = 0,06 + 0,07 – 0,13 = zero

Prossegue-se, com outra iteração, no nó C, como apresentado a seguir,


Tabela 8.7 e Figura 8.7.
UNIUBE 299

Tabela 8.7: Processo iterativo número 5

Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)

1ª C 21,65

2ª B -1,77

3ª C 0,46

4ª B -0,13

5ª C 0,03

Figura 8.7: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 5.

Constate que o nó C ficou equilibrado, ou seja, seu ΔM se tornou nulo:

DM = 0,03 – 0,02 – 0,01 = zero

Prossegue-se, com outra iteração, no nó B, como apresentado a seguir,


Tabela 8.8 e Figura 8.8.
300 UNIUBE

Tabela 8.8: Processo iterativo número 6


Iteração Nó Equilibrado ΔM (kN.m)
1ª C 21,65
2ª B -1,77
3ª C 0,46
4ª B -0,13
5ª C 0,03
6ª B -0,02

Figura 8.8: Distribuição e propagação dos momentos do processo iterativo número 6.

Constate que o nó B ficou equilibrado, ou seja, seu ΔM se tornou nulo:

DM = – 0,02 + 0,01 + 0,01 = zero

Veja que o nó C também fica com ΔM = 0, após se efetuar a 6ª iteração,


ou seja, não há mais momento a ser redistribuído em nenhum nó
bloqueado, o que indica que o procedimento iterativo do Processo de
Cross se encerrou.

Após finalizar o procedimento, somam-se os momentos referentes a cada


extremidade de barra, constituindo estes, os momentos fletores reais
atuantes nessas. Lembrar da convenção de se passar um traço duplo,
indicando o encerramento do processo, (Figura 8.9).
UNIUBE 301

Figura 8.9: Encerramento da aplicação do Processo de Cross.

Com isso, é traçado o diagrama de momentos fletores para a viga em


questão, bastando realizar o cálculo das reações de apoio necessárias à
determinação do momento na seção em que há a carga concentrada de
20 kN. Acompanhe, atentamente, os cálculos apresentados em seguida,
que finalizam a resolução desta aplicação. Vide Figura 8.10.

Figura 8.10: Encerramento da aplicação do Processo de Cross.

∑M B esquerda =0 ⇒ 4VA + 9, 08 =5.4.2 ⇒ VA =7, 73 kN


∑M C esquerda = 0 ⇒ 9VA + 5VB + 21, 73 = 5.4.7 + 20.3 ⇒ VB = 21, 74 kN

Com isso, calcula-se o momento na seção de carga concentrada e


traça-se o DMF.

M = 7, 73.6 + 21, 74.2 − 5.4.4 = 9,86 kN .m

Esse momento traciona embaixo, pois foi utilizado o sinal positivo para
esta situação, no cálculo do mesmo.
302 UNIUBE

Finalmente, faz-se o traçado do momento fletor (desenho sem escala),


Figura 8.11.

Figura 8.11: Diagrama de momento fletor.

(5ª APLICAÇÃO)

Para a viga referente à 4ª Aplicação, pede-se traçar o diagrama de


esforços cortantes.

RESOLUÇÃO:

Para o traçado do diagrama de esforços cortantes, são isoladas as barras


e feitos os equilíbrios das mesmas, a partir de seus carregamentos e dos
momentos fletores atuantes em cada extremidade delas. (Figuras 9 a 9.2).

Barra AB:

Figura 9: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho AB.


UNIUBE 303

Barra BC: (lembre-se que, neste caso, poder-se-ia, também, dividir a


barra em duas)

Figura 9.1: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho BC.

Barra CD:

Figura 9.2: Obtenção dos esforços cortantes para o trecho CD.

(6ª APLICAÇÃO)

Para o pórtico esquematizado, na Figura 10, pede-se obter os momentos


fletores atuantes nas extremidades das barras, empregando-se o
Processo de Cross.

Tem-se EI constante em toda a estrutura.


304 UNIUBE

Figura 10: Esquema da estrutura referente à 6ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

Essa aplicação contemplará os dois tipos de momentos aplicados em


nós, mediante eliminação de balanços: momentos em nós bloqueados,
que não se tornarão MEPs, mas entrarão no balanceamento nodal,
e momentos em nós não bloqueados, que se tornarão MEPs para as
extremidades da barra na qual estão aplicados.

Você terá, com isso, a oportunidade de acompanhar a execução de uma


atividade que apresenta tais situações, possibilitando-o ver, na prática, o
que foi explicado na teoria. Siga em frente!

[1o Passo]: Bloqueio dos nós que possuem deslocabilidade interna

Lembre-se de que, havendo balanço, esses são desconsiderados,


para a aplicação do processo, ficando suas ações (forças e momentos)
concentradas na extremidade engastada de cada balanço eliminado,
Figura 10.1.

Os balanços AB, EF e CD são, então, desprezados, e são aplicados nos


nós B, E e C, as forças e momentos oriundos do carregamento original
de cada balanço retirado.
UNIUBE 305

Perceba, também, que nesta aplicação existe apenas um nó a ser


bloqueado, pois apenas um nó possui deslocabilidade interna.

Figura 10.1: Identificação do nó a ser bloqueado e eliminação dos balanços.

[2o Passo]: Cálculo dos coeficientes de rigidez e distribuição relativos a


cada nó bloqueado (Tabela 10.1).

Nesta aplicação, tem-se apenas um nó bloqueado, o nó C.

Tabela 10.1: Coeficientes de ridigez e distribuição referentes ao nó C


Coeficientes de Rigidez: Coeficientes de Distribuição:

3EI 3EI K CB 0, 400 EI


K= = = 0, 400 EI dCB
= = = 0,341
CB
L 7,5 ∑ K 1,174 EI
Portanto:
4 EI 4 EI K CG 0, 417 EI
K= = = 0, 417 EI dCG
= = = 0,355
CG
L 9, 60 ∑ K = 1,174 EI ∑ K 1,174 EI
3EI 3EI K CE 0,357 EI
K=
CE = = 0,357 EI dCE
= = = 0,304
L 8, 40
∑ K 1,174 EI

Obs :. ∑=
d 1 ⇒ ok !
306 UNIUBE

[3o Passo]: Determinação dos MEPs (vide Tabela A – Anexo I)

BARRA BC:

M BC = +16,50 kN .m

qac M  3a 2 
M CB =−  4b ( ) 
a + l − c 2
 −  − 1 =
8l 2  2  l2 
3.1, 25.2,5 16,5  3.02 
− 2

 4.6, 25 (1, 25 + 7,5 ) − (2,5) 2

 −  2
3,82 kN .m
− 1 =
8.7,5 2  7,5 

BARRA CE:

qL2 M  3b 2  2.6, 752 6, 25  3.02 


M CE = +  2 − 1 = +  2
− 1 = 8, 27 kN .m
8 2  l  8 2  8, 40 

M EC = −6, 25 kN .m

BARRA GC:

Pab 2 b 3b  5,5.2,5.52 6, 40  3.6, 40 


M GC = − M  2 − = −10. 2− = 6,11 kN .m
l2 l l  7,52 9, 60  9, 60 

Pa 2b a 3a  5,5.2,52.5 3, 20  3.3, 20 
M CG =
− 2 −M 2−  = − −10. 2− −6,39 kN .m
=
l l l  7,52 9, 60  9, 60 

[4o Passo]: Desbloqueio e equilíbrio iterativo dos nós bloqueados até


que ΔM = 0

Nesta aplicação tem-se apenas um nó bloqueado (C). Portanto, o


mesmo será desbloqueado e será feita a redistribuição do ΔM inicial,
que resultará em ΔM = 0, não se necessitando realizar iterações, pois
não se têm outros nós a serem equilibrados.
UNIUBE 307

Faz-se o desenho da estrutura com os coeficientes de distribuição


escritos para cada extremidade de barra que chega ao nó C, conforme
ilustra a Figura 10.2. Além disso, escrevem-se os valores dos MEPs
obtidos para cada extremidade de barra.

Figura 10.2: Indicação na estrutura dos coeficientes de distribuição e dos


MEPs.

Perceba que os momentos aplicados nos nós B e E, provenientes


dos balanços, transformaram-se em MEPs, para as extremidades. E o
momento oriundo do balanço CD, sendo aplicado em um nó bloqueado,
será considerado somente agora, na primeira iteração, ou seja, no
primeiro balanceamento de momentos.

Como visto, pelo fato de esta estrutura ter apenas um nó, esse momento
entrará em sua primeira e única iteração. Havendo outras, tal momento
também entraria apenas no primeiro equilíbrio (na primeira iteração)
daquele nó bloqueado. Adiante, exemplificar-se-á tal situação.

Prosseguindo, encontra-se ΔM (veja que o momento concentrado


no nó bloqueado, de 15,75 kN, sendo horário, é positivo, pela
Convenção de Grinter):

DM = 3,82 – 6,39 + 8,27 + 15,75 = + 21,45 kN.m


308 UNIUBE

Em seguida, multiplica-se ΔM por cada coeficiente de distribuição


(com o sinal trocado para este momento), faz-se sua redistribuição nas
extremidades das barras, e se escrevem esses valores abaixo dos MEPs,
conforme ilustra a Figura 10.3.

Figura 10.3: Distribuição e propagação dos momentos.

Verifica-se que, após o balanceamento, o somatório de momentos (ΔM)


neste nó C é zero, o que é óbvio, pois este foi equilibrado:

DM = 3,82 – 7,31 – 6,39 – 7,61 + 8,27 – 6,52 + 15,75 = zero

Como só se tem um nó bloqueado, não há outra iteração a ser feita.


Portanto, para esta estrutura, a aplicação do Processo de Cross está
encerrada, Figura 10.4. Em seguida, somam-se os momentos em cada
extremidade de barra, como realizado a seguir.
UNIUBE 309

Figura 10.4: Encerramento da aplicação do Processo de Cross.

Tendo-se os momentos reais nas extremidades das barras, finaliza-se


a resolução dessa atividade, representando tais momentos (em kN.m),
segundo a Convenção de Grinter, ou seja, quando positivos, com giro no
sentido anti-horário, se quando negativos, horário, Figura 10.5.

Figura 10.5: Representação dos momentos atuantes em todas as extremidades


das barras.

Observações:

• quando da resolução de um exercício, talvez você obtenha


resultados que difiram na segunda casa decimal, mas isso é
aceitável, tendo em vista os arredondamentos que são feitos ao
longo do desenvolvimento dos cálculos;
310 UNIUBE

• essa situação também pode ocorrer ao se realizar o somatório


de momentos do nó equilibrado, para verificar se, de fato, ΔM se
tornou nulo.

5.4 Análise computacional de estruturas

Nos capítulos anteriores, você aprendeu sobre os procedimentos de


resolução de estruturas, através de métodos e convenções teóricos, e
cálculos convencionais realizados pelo próprio engenheiro.

Na vida do engenheiro, sempre existe algum cálculo a ser feito


manualmente, seja no tocante a uma estrutura isostática, ou hiperestática,
e é necessário que ele tenha conhecimento de tais ferramentas para o
seu dia a dia profissional.

Por outro lado, sabe-se que, atualmente, uma grande quantidade de


softwares está disponível tanto no mercado, como em instituições de
ensino (direcionadas, sobretudo, aos seus alunos), imprescindíveis à
vida do engenheiro calculista. Porém, para que este possa se valer de
tais recursos computacionais, é necessária a prévia consolidação dos
conceitos teóricos, para que o mesmo possa avaliar a coerência de
resultados obtidos e saber criticar, quando se deparar com equívocos
possíveis como, por exemplo, em dados de entrada, para a concepção
de um sistema estrutural.

Na maioria dos casos, os pacotes computacionais são empregados


para o cálculo de estruturas geradas e avaliadas tridimensionalmente.
A análise tridimensional torna os projetos mais econômicos, pois retrata
os sistemas estruturais mais próximos da realidade. Tais situações são
impraticáveis, se feitas manualmente.

Você, que irá trabalhar com pacotes computacionais (como estagiário


ou depois de formado), necessita ter o embasamento teórico bem
consolidado para que possa se valer dos programas, de forma consciente
e correta. Não pense que é algo que qualquer um possa fazer, pois você
UNIUBE 311

ouvirá alguém lhe dizer que determinado programa computacional “faz


tudo”! Porém, com certeza, o mesmo requererá de você a correta geração
da estrutura, com sua geometria, dados elásticos e de carregamento,
bem como sua competência e capacidade crítica, na análise dos
resultados obtidos.

DICAS

Aqui vai uma dica importante a você, ao iniciar o uso de um programa


computacional. Execute (“rode”) uma estrutura que você tenha calculado
manualmente, para entender sobre a forma de se modelar a estrutura
(obviamente as ferramentas para tanto são peculiares de cada software)
e saber como interpretar os resultados obtidos, em termos de sinais,
convenções e maneiras de serem visualizados (também inerentes ao
programa utilizado).

Tal procedimento lhe permitirá domínio do software e segurança na


concepção do seu projeto estrutural, capacitando-o para o cálculo de
estruturas de concreto, aço ou madeira. Saiba que o cálculo é um só. O
que diferirá é o dimensionamento, ou seja, as definições prescritas nos
textos normativos para o material estrutural que se esteja considerando,
e que determinarão as seções transversais, os vãos, as ligações, enfim,
a transposição dos eixos lineares de barras em peças tridimensionais
tubulares, prismáticas etc.

Cada pacote computacional tem suas particularidades no tocante à


concepção e ao cálculo de uma estrutura. E, neste último quesito, é
importante que você saiba que existem, além dos métodos por você
aprendidos, outras formas de se efetuar um cálculo estrutural, como, por
exemplo, utilizando-se o método dos elementos finitos, ou das diferenças
finitas etc., ou seja, isso também é variável de um programa para outro.
Além disso, os métodos vão além dos normalmente previstos nos projetos
pedagógicos dos cursos de graduação em Engenharia Civil, pois poderão
312 UNIUBE

fazer parte de conteúdos de pós-graduação. Não importa o meio, mas


sim, a correta forma de se gerar a estrutura e analisar seus resultados,
pois estes são os mesmos, independentes do processo utilizado - de
forma manual ou automatizada.

Normalmente, os programas utilizados para cálculos estruturais são


comercializados. Todavia, em se tratando de ensino a distância, a autora
foi em busca e alguma possibilidade que pudesse lhes facilitar o estudo
de aplicações computacionais no cálculo de estruturas, de maneira
gratuita e fácil de ser adquirida, de qualquer lugar em que você esteja.

No presente estudo, será utilizado o software educacional Ftool -


Two-Dimensional Frame Analysis Tool (FTOOL, 2012) - destinado ao
cálculo de estruturas planas reticuladas. Este software está disponível
na internet. Além do programa computacional, também estão
disponibilizados o seu manual e as informações referentes às alterações
realizadas a cada reedição, por ocasião das implementações realizadas
pelo seu autor.

O software Ftool é de autoria do Prof. Luiz Fernando Martha, do


Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ (Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro), sendo sua última versão (3.00), disponível
no site: http://www.tecgraf.puc-rio.br/ftool (FTOOL, 2012).

O Prof. Luiz Fernando Martha diz no manual supracitado que:


Do seu objetivo básico decorre a necessidade do
Ftool ser uma ferramenta simples, unindo, em uma
única interface, recursos para uma eficiente criação e
manipulação do modelo (pré-processamento) aliados
a uma análise da estrutura rápida e transparente
e a uma visualização de resultados rápida e efetiva
(pós-processamento). (FTOOL, 2012)

É recomendado que você baixe o programa (e seu manual) e o instale,


para que possa melhor acompanhar o que é proposto em seguida.
UNIUBE 313

No item seguinte, deste capítulo, serão resolvidas, via Ftool (FTOOL,


2012) as mesmas estruturas que foram aqui resolvidas, manualmente,
como atividades de aplicação computacional.

Durante a aplicação do software, para o cálculo de tais estruturas, será


apresentado o passo-a-passo detalhado de cada etapa, para facilitar o
seu entendimento. Prossiga!

5.5 Problemas de aplicação resolvidos – PARTE II

(7ª APLICAÇÃO)

Pede-se resolver a viga do 1º Problema de Aplicação, utilizando-se o


software Ftool (FTOOL, 2012):

Pede-se traçar o diagrama de momento fletor para o pórtico apresentado


na Figura 11 (desenho sem escala), utilizando-se o Processo de Cross.
Considere EI constante, ou seja, igual para todas as barras da estrutura.

Figura 11: Representação esquemática da estrutura referente à 7ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

Para que se realize tal resolução via software Ftool (FTOOL, 2012), são
apresentados os passos, detalhadamente, sendo recomendável que você
acompanhe, executando o programa e realizando cada procedimento,
concomitantemente ao seu estudo, para o seu melhor entendimento e
consolidação do seu aprendizado. Prossiga, atentamente!
314 UNIUBE

Antes de você iniciar qualquer aplicação, é necessário selecionar as


unidades e suas precisões, clicando no Menu “Options” e depois em
“Units & Number Formating”, como mostrado na Figura 11.1.

Figura 11.1: Menu para a definição das unidades e de suas precisões.


Fonte: FTOOL (2012).

Ao abrir a nova janela, clique no ícone , para definir as unidades


segundo o Sistema Internacional de Unidades (m, N etc.), ficando
coerente com o exemplo considerado. Além disso, esse software utiliza
o kN como unidade de forças. A precisão das unidades fica a seu critério.
Depois, clique em .

O software em questão solicita que seja definida a precisão referente


a desenhos (tolerância geométrica) e, para isso, será necessário ativar
a opção para a entrada de dados via teclado, clicando no ícone do
“teclado” no lado esquerdo da tela.

Defina, em seu desenho, um ponto para ser a origem do sistema


referência (XY) como, por exemplo, o nó A da estrutura. A partir disso, é
feita a geração das barras com suas respectivas tolerâncias geométricas,
como descrito a seguir.

Clique no ícone de inserção de barra localizado no lado esquerdo da


tela e, com isso, aparecerá uma janela para a entrada das coordenadas
(X e Y) dos dois nós de extremidade da barra a ser gerada (Figura 11.2).
UNIUBE 315

Figura 11.2 Janela referente à geração das barras e suas tolerâncias


geométricas.
Fonte: FTOOL (2012).

Pode-se fazer a inserção de duas maneiras: no modo Absolute, em que


as coordenadas dos dois nós são fornecidas em relação a um sistema de
referência, ou no modo Incremental, cuja coordenada do segundo nó é
fornecida em relação à do primeiro, por incrementos a serem acrescidos
aos valores das coordenadas do primeiro nó.

Portanto, para gerar a barra AB, escolha a opção Absolute e insira as


coordenadas dos seus nós de extremidade: X A = 0 , YA = 0 , e YC = 0
XC = 10. Escolha um valor para a tolerância geométrica, que aqui será
adotada de 1 mm.

Clique em e, depois, insira as coordenadas da barra BD: XB = 5 ,


YB = 0 , X D = 7 e YD = − 3 . Clique em e, depois, clique em
para fechar a janela.

Em seguida, será necessário inserir um nó na posição em que será


colocada a carga concentrada de 30 kN.
316 UNIUBE

Clique no ícone de inserção de nó , localizado no lado esquerdo


da tela, e aparecerá uma janela para a entrada das coordenadas deste
nó (Figura 11.3). Então, insira os valores: X = 7 e Y = 0 , e clique em
. Finalmente, clique em para fechar a janela.

Figura 11.3: Janela referente à criação do nó que


possui carga concentrada.
Fonte: FTOOL (2012).

Você percebeu que, para se calcular a estrutura manualmente, não


foi necessário se definirem as propriedades elástico-geométricas dos
materiais (como E e I). Isso porque, ao longo dos cálculos manuais, você
constatou que o produto EI é cancelado.

Porém, para que se execute o software em apreço, é necessário


acrescentar algumas propriedades, mesmo estas não interferindo nos
resultados desejados, de esforços solicitantes. Portanto, serão adotados
alguns valores para tais parâmetros, como apresentados a seguir.
Acompanhe!

Clique no ícone dos parâmetros dos materiais , no canto superior


esquerdo, e observe que na lateral direita da janela do programa surgirá
um submenu responsável pela criação e atribuição das propriedades aos
elementos da estrutura – vide Figura 11.4.

Figura 11.4: Ícones referentes à inserção das


propriedades do material das barras.
Fonte: FTOOL (2012).
UNIUBE 317

Os ícones apresentados na Figura 11.4 são os seguintes (numerados de


cima para baixo e da esquerda para a direita):

1 – acrescentar um novo material na lista;


2 – importar uma lista de materiais;
3 – renomear um material da lista;
4 – remover um material da lista;
5 – condensar a lista;
6 – selecionar barra(s) com o material especificado;
7 – aplicar seleção a todas as barras;
8 – aplicar seleção à(s) barra(s) selecionada(s).

Clique no ícone 1 para acrescentar os parâmetros do material estrutural


de que são confeccionadas as barras da estrutura a ser calculada.

Como exemplo, será considerada em Material type, a opção Concrete


Isotropic e será dado o nome Concreto. Clique em para
finalizar, como é mostrado na Figura 11.5.

Figura 11.5: Exemplo de inserção


de material estrutural.
Fonte: FTOOL (2012).

Caso seja necessário inserir dados de um material estrutural qualquer,


que não esteja na listagem do programa, basta optar por: Generic
Isotropic, em Material type e, depois, inserir os valores dos parâmetros.

Nesta atividade de aplicação computacional, como todas as barras são


do mesmo material, aplica-se o mesmo em todas as barras, clicando-se
no ícone 7 da Figura 11.4.
318 UNIUBE

Para a definição de uma seção transversal, clique no ícone das


propriedades da seção , e veja que o submenu que surge na lateral
direita apresenta os mesmos ícones da Figura 11.4, porém, para as
propriedades geométricas da seção.

Clique no ícone 1 para a criação de uma nova seção. Nesta aplicação,


as propriedades geométricas da barra também não influenciam, portanto
pode-se escolher qualquer tipo de seção e quaisquer dimensões. Após
criar uma nova seção, clique no ícone 7, da Figura 11.4, para aplicar tais
definições a todas os barras.

Para inserir os apoios, clique no ícone das condições de apoio ,e


lhe aparecerá o submenu na lateral direita, como apresentado da Figura
11.6. Os três ícones são, respectivamente:

1 – resetar as configurações do(s) nó(s) selecionado(s);


2 – selecionar o(s) nó(s) com as especificações a seguir;
3 – aplicar as configurações a seguir no(s) nó(s) selecionado(s).

Figura 11.6: Campos para dados de entrada


referentes às condições de apoio da estrutura.
Fonte: FTOOL (2012).
UNIUBE 319

O apoio A do pórtico em estudo tem restrição apenas no eixo Y, referente


à translação. Portanto, em Displac. Y, você deverá marcar a caixa Fix.
Em Displac. X e em Rotation. Z, você marcará as caixas Free. Em
seguida, selecione o ponto A com um clique do mouse e, em seguida,
clique no terceiro ícone, para aplicar tais condições.

O apoio C tem restrições de translação nos eixos X e Y. Portanto, em


Displac. X e Displac. Y, você deverá marcar a caixa Fix e, em Rotation.
Z, você selecionará a caixa Free. Em seguida, selecione o ponto C com
um clique do mouse e, em seguida, clique no terceiro ícone, para aplicar
tais condições.

O apoio D está engastado. Portanto, marque em X, Y e Z as caixas


Fix. Em seguida, selecione o ponto D com um clique do mouse e, em
seguida, clique no terceiro ícone, para aplicar tais condições.

Para os cálculos desenvolvidos, tanto em estruturas isostáticas como


hiperestáticas, consideram-se as barras axialmente indeformáveis
(ou inextensíveis). Por isso, você clicará no ícone de restrições de
deformação de barra , cujo submenu gerado na lateral direita está
apresentado da Figura 11.7. Os dois ícones significam, respectivamente,
o seguinte:

1 – selecionar o(s) nó(s) com as especificações a seguir;


2 – aplicar as configurações, a seguir, no(s) nó(s) selecionado(s).

E as opções são: sem restrição, sem deformação axial e barra rígida.

Figura 11.7: Caixa de entrada relativa à


condição de deformabilidade das barrras.
Fonte: FTOOL (2012).
320 UNIUBE

Marque a segunda opção; selecione todas as barras, utilizando Shift +


botão esquerdo do mouse e, finalmente, clique no segundo ícone para
aplicar tal condição a todas elas.

Restam, agora, as inserções das ações atuantes na estrutura em estudo.

Há vários tipos de carregamentos possíveis de serem aplicados com o


software em questão. Na Figura 11.8, observam-se cinco ícones, que
representam, respectivamente:

1 – carregamentos nodais (forças e momentos concentrados);


2 – momentos binários;
3 – carregamentos uniformes;
4 – carregamentos lineares;
5 – carregamentos térmicos.

Figura 11.8: Ícones que representam as possibilidades


de cargas atuantes na estrutura.
Fonte: FTOOL (2012).

Para inserir a força concentrada de 30 kN, clique no ícone correspondente a


esse tipo de carga, como mostrado na Figura 11.8 e, com isso, será aberto
o submenu na lateral direita da tela, como apresentado na Figura 11.9.

Figura 11.9: Janela com campos relativos à inserção


de carga concentrada.
Fonte: FTOOL (2012).
UNIUBE 321

Os ícones da Figura 11.9 têm as mesmas funcionalidades dos ícones da


Figura 11.4, com a diferença destes serem aplicados em nós, e com o
fato do ícone 7 não estar disponível na Figura 11.9.

Clique no ícone 1 para a criação de um novo carregamento, escolha um


nome para ele e clique em . Na caixa Fy coloque o valor -30,
pois a força possui sentido contrário à orientação positiva. Selecione, com
auxílio do mouse, o nó em que será aplicada a carga e clique no último
ícone para aplicá-la.

Agora, para inserir a carga uniformemente distribuída de 12 kN/m,


clique no ícone correspondente a esse tipo, e lhe aparecerá o submenu,
posicionado na lateral direita da tela, como é mostrado na Figura 11.10.

Figura 11.10: Janela com campos


relativos à inserção de carga
uniformemente distribuída.
Fonte: FTOOL (2012).

Os ícones da Figura 11.10 têm as mesmas funcionalidades dos ícones


da Figura 11.4, com exceção do ícone 7, que não está disponível na
primeira.

Clique no ícone 1 para a criação de um novo carregamento, escolha


um nome, em clique em . No campo Qy, digite o valor -12,
pois o carregamento está orientado para baixo. Selecione, com auxílio
do mouse, as barras em que será aplicado o carregamento e clique no
último ícone para aplicá-lo.
322 UNIUBE

Finalmente, para que se proceda ao pós-processamento, com a


execução dos cálculos dos esforços e a apresentação dos traçados de
seus diagramas, clique em cada um dos ícones , sendo estes
relacionados, respectivamente, a: esforços normais, esforços cortantes
e momentos fletores.

Caso seja necessário efetuar-se alguma correção, clique no ícone de


seleção .

A seguir, são apresentados os diagramas obtidos para o pórtico em


estudo, como fechamento desta aplicação computacional, Figs. 11.11
a 11.14.

Você constarará que os resultados, obviamente, são iguais aos obtidos


manualmente, com alguma pequena diferença nas casas decimais.

Figura 11.11: Representação esquemática da estrutura – gerada pelo software Ftool.


Fonte: FTOOL (2012).

Figura 11.12: Diagrama de momentos fletores [kN.m] – gerado pelo software


Ftool.
Fonte: FTOOL (2012).
UNIUBE 323

Figura 11.13: Diagrama de esforços cortantes [kN] – gerado pelo software Ftool.
Fonte: FTOOL (2012).

Figura 11.14: Diagrama de esforços normais [kN] – gerado pelo software Ftool.
Fonte: FTOOL (2012).

(8ª APLICAÇÃO)

Pede-se resolver o pórtico do 4º Problema de Aplicação, utilizando-se o


software Ftool (FTOOL, 2012):

Para a viga apresentada na Figura 12, pede-se traçar o diagrama de


momentos fletores, utilizando-se o Processo de Cross.

Considere EI constante.
324 UNIUBE

Figura 12: Representação esquemática da viga referente à 8ª aplicação.

RESOLUÇÃO:

Execute o programa Ftool e clique no ícone , para iniciar um novo


projeto.

As unidades utilizadas são as mesmas da aplicação anterior.

Deixe o ícone de teclado ativado e clique no ícone referente à


inserção de barra .

Escolha a opção Absolute e insira as coordenadas da barra AD: XA = 0,


YA = 0, XD = 14 e YD = 0 clique em . Clique em
para fechar a janela.

No lado esquerdo da tela, clique no ícone de inserção de nó . Com isso,


aparecerá uma janela para a entrada das coordenadas do nó B: X B = 4 ,
YB = 0 . Clique em , depois, gere o nó C, da mesma maneira:
X C = 9 , YC = 0 , clique em e, por fim, insira as coordenadas
do local onde será colocada a força concentrada: X = 6 , Y = 0 ; clique em
. Clique em para fechar a janela.

Os procedimentos relacionados aos parâmetros do material estrutural e


da geometria das peças são os mesmos da aplicação anterior. Portanto,
repita-os aqui.
UNIUBE 325

Para inserir os apoios, clique no ícone das condições de apoio .O


apoio A tem restrição de translação nas direções X e Y. Portanto, em
Displac. X e Displac. Y, marque a caixa Fix. Em Displac. Z, deixe a
caixa Free selecionada. Selecione o nó A com um clique do mouse e
clique no terceiro ícone para aplicar tais condições.

Os nós B, C e D têm restrição apenas no eixo Y. Portanto, em Displac.


Y marque a caixa Fix. Em Displac. X e Displac. Z, deixe as caixas Free
selecionadas.

Selecione os nós B, C e D com Shift + clique do mouse e clique no


terceiro ícone para aplicar tais condições.

Repita o procedimento da aplicação anterior, com relação às restrições


de deformabilidade das barras.

Para inserir a força concentrada de 20 kN e as cargas uniformemente


distribuídas de 5 kN/m e de 10 kN/m, basta que repita procedimento
detalhadamente explicado quando do desenvolvimento da aplicação
anterior.

Finalmente, para que se proceda ao pós-processamento, com a


execução dos cálculos dos esforços e a apresentação dos traçados de
seus diagramas, clique em cada um dos ícones , sendo estes
relacionados, respectivamente, a: esforços normais, esforços cortantes
e momentos fletores.

Neste exemplo de aplicação, a viga não possui cargas axiais, o que


implica que não se terá esforço normal solicitando suas barras.
326 UNIUBE

Caso seja necessário efetuar-se alguma correção, clique no ícone de


seleção .

Em seguida, são apresentados os diagramas obtidos para a viga em


questão, como fechamento desta aplicação computacional, Figuras 12.1
a 12.3.

Você constatará que os resultados, obviamente, são iguais aos obtidos


manualmente, com alguma pequena diferença nas casas decimais.

Figura 12.1: Representação esquemática da estrutura – gerada pelo software Ftool.


Fonte: FTOOL (2012).

Figura 12.2: Diagrama de momentos fletores [kN.m] – gerado pelo software Ftool.
Fonte: FTOOL (2012).

Figura 12.3: Diagrama de esforços cortantes [kN] – gerado pelo software Ftool.
Fonte: FTOOL (2012).
UNIUBE 327

Resumo

Após realizar o seu estudo com dedicação, procurando entender o


conceito básico do Processo de Cross e fazendo todas as atividades,
você, aluno(a), terá as condições de calcular uma viga ou um pórtico
hiperestático, estruturas essas que sempre aparecem na vida de um
engenheiro civil.

É importante que você saiba que, mesmo com todo o avanço tecnológico,
atual, que possibilita o cálculo e dimensionamento de estruturas através
de pacotes computacionais, é essencial que o engenheiro tenha o
conhecimento teórico para analisar os resultados obtidos, com segurança
e espírito crítico.
Tabela A: Momentos de engastamento perfeito (MEP), pela Convenção de Grinter, para barras sujeitas a ações diversas.
328

Convenção
de GRINTER:
UNIUBE

A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

q q l2
MA = +
12 ql 2 ql 2
Anexo

MA = + MB = −
q.l 2 8 8
l M B= −
12

c/2 c/2 qc
+
MA = 12ab 2 + c 2 ( l − 3b ) 
q 12 l 2  qbc qac
MA =+ 2 
 4a ( b + l ) − c 2  MB =−  4b ( a + l ) − c 2 
qc 8l 8l 2 

M B= 12a 2b + c 2 ( l − 3a ) 
a b 12 l 2 
ANEXO I – Momentos de Engastamento Perfeito (MEP)
Convenção
de GRINTER:
A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

q ql 2
MA = +
20 ql 2 7 ql 2
MA = + M B= −
ql 2 15 120
MB = −
l 30

P Pl
MA = +
8 3 3
MA = + Pl M B= − Pl
Pl 16 16
l/2 l/2 MB = −
8

P
Pab 2
MA =
l2 Pab Pab
M A=
+ 2 ( l + b) M A=
− 2 ( l + a)
Pa 2b 2l 2l
a b
UNIUBE

M B= − 2
l
329
330

Convenção
de GRINTER:
UNIUBE

A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

b 3b 
M MA =
−M 2− 
l l  M  3b 2  M  3a 2 
MA =
+  2 − 1 M B=
+  2 − 1
a b
a 3a  2  l  2  l 
M B=
−M 2− 
l l 

A B A B
A B
1
1 1
giro unitário

aplicado
4E
I 2E
I 3E
I 3E
I
MA = − MB= − MA = − MB = +
l l l l
Convenção
de GRINTER:
A B A B A B
momentos nas barras:
(+) anti-horário
e (–) horário

A B A B B

1 1
1
recalque unitário

aplicado
6E
I 3E
I 3E
I
MA = MB = + MA = + MB = −
l2 l2 l2
UNIUBE
331
332 UNIUBE

Atividades

Atividade 1

Descreva o Processo de Cross e os procedimentos utilizados para a


sua aplicação. É necessário que você seja objetivo e escreva com suas
próprias palavras. Explique quais coeficientes são utilizados quando da
utilização deste processo.

Atividade 2

Refaça a 1ª Atividade de Aplicação resolvida, sem os comentários constantes


no texto deste capítulo, ou seja, apresente apenas a resolução.

Atividade 3

Refaça a 4ª Atividade de Aplicação resolvida, sem os comentários


constantes no texto deste capítulo, ou seja, apresente apenas a
resolução.

Atividade 4

Dada a viga a seguir (desenho sem escala), pede-se obter os momentos


atuantes nas extremidades de suas barras, utilizando-se o Processo de
Cross. Considere E constante em todo o elemento estrutural. As inércias
estão indicadas em cada barra.
UNIUBE 333

Atividade 5

Para o pórtico esquematizado (desenho sem escala), pede-se obter os


momentos atuantes nas extremidades de suas barras, utilizando-se o
Processo de Cross.

Considere EI constante em todo este elemento estrutural.

Referências
FTOOL (2012). Two-dimensional Frame Analysis Tool. Versão 3.00. Disponível
em: <http://www.tecgraf.puc-rio.br/ftool>. Acesso em: 2 de abr. de 2013.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de Análise Estrutural – Método das Deformações


e Processo de Cross. 9. ed. V.3, Porto Alegre: Editora Globo, 1996. 293p.

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