Você está na página 1de 236

Introdução à engenharia,

inovação tecnológica e
gestão de manutenção

Clidenor Ferreira de Araújo Filho

Jacqueline Oliveira Lima Zago

Luciana De Martino Nogueira

Jairo Jeferson Marques

Leonardo Lima da Fonseca


© 2013 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor:
Marcelo Palmério

Pró-Reitora de Ensino Superior:


Inara Barbosa Pena Elias

Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância:


Fernando César Marra e Silva

Assessoria Técnica:
Ymiracy N. Sousa Polak

Produção de Material Didático:


• Comissão Central de Produção
• Subcomissão de Produção

Editoração:
Supervisão de Editoração
Equipe de Diagramação e Arte

Capa:
Toninho Cartoon

Edição:
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

I8 Introdução à engenharia, inovação tecnológica e gestão de manutenção


/ Clidenor Oliveira Lima Zago... [et al.]. – Uberaba:
Universidade de Uberaba, c2013
236 p. : il.

ISBN 978-85-7777-462-3

1. Engenharia. 2. Inovações tecnológicas. 3. Manutenção. I.


Araújo Filho, Clidenor Ferreira de. II. Zago, Jacqueline Oliveira
Lima. III. Nogueira, Luciana De Martino. IV. Marques, Jairo
Jeferson. V. Fonseca, Leonardo Lima da.VI. Universidade de
Uberaba. VII. Título.
CDD 620
Sobre os autores
Clidenor Ferreira de Araújo Filho

Mestre em Engenharia Elétrica e Bacharel em Engenharia Elétrica pela


Universidade Federal de Uberlândia­(UFU).

Jacqueline Oliveira Lima Zago

Especialista em Educação Escolar pela Faculdade Politécnica de


Uberlândia (FPU). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal
de Uberlândia (UFU). Pedagoga da Divisão de Apoio Técnico Pedagógico
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Luciana De Martino Nogueira

Especialista em Gerenciamento de Redes de Computadores e Graduada


em Tecnologia em Processamento de Dados pela Universidade de
Uberaba (Uniube). Docente nos Cursos de Sistemas de Informação,
Administração e Engenharia de Produção. Administradora de Redes
desta instituição.

Jairo Jeferson Marques

Graduado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Automação Industrial,


pela Universidade de Uberaba (Uniube) e Técnico em Eletrônica pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Instrutor de
Formação Profissional nesta instituição.

Leonardo Lima da Fonseca

Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade de Uberaba


(Uniube). Tecnólogo em Automação Industrial pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI-MG). É professor da Universidade de
Uberaba (Uniube) nos cursos de graduação em Engenharia de Produção
e Engenharia Ambiental, e atua como consultor técnico pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), desde 1998, e pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), desde 2007.
Sumário
Apresentação.............................................................................................................. VII

Capítulo 1 Contextualização histórica, processo de formação e


atuação do engenheiro......................................................... 1
1.1 A evolução histórica da Engenharia......................................................................... 3
1.2 Atribuições do engenheiro........................................................................................ 5
1.3 Perfil do profissional da engenharia......................................................................... 7
1.4 Formação acadêmica............................................................................................... 9
1.5 Campos de atuação................................................................................................ 13

Capítulo 2 Ensino por pesquisa e por projeto...................................... 21


2.1 Pesquisa e engenharia........................................................................................... 23
2.2 Procedimentos da pesquisa científica e tecnológica............................................. 25
2.3 A importância da pesquisa científica e tecnológica................................................ 26
2.4 Projetos e engenharia............................................................................................. 27
2.5 Fases de um projeto............................................................................................... 28
2.5.1 Identificação de uma necessidade............................................................... 29
2.5.2 Definição do problema.................................................................................. 30
2.5.3 Coleta de informações.................................................................................. 30
2.5.4 Concepção.................................................................................................... 30
2.5.5 Avaliação....................................................................................................... 31
2.5.6 Especificação da solução final.......................................................................31
2.5.7 Comunicação.................................................................................................32

Capítulo 3 A criatividade e a inovação tecnológica.............................. 37


3.1 A criatividade e a inovação tecnológica...................................................................39
3.2 O engenheiro de produção......................................................................................40
3.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica............................................................44
3.4 Os processos criativos no contexto das organizações...........................................47
3.4.1 A importância da criatividade e da inovação tecnológica para o
desenvolvimento de novos processos e produtos.........................................47
3.4.2 Como sabemos que uma pessoa é criativa?................................................54
3.5 O cérebro e a criatividade........................................................................................56
3.6 O processo criativo..................................................................................................65
3.6.1 O conhecimento no processo criativo............................................................68
3.6.2 Os inibidores do conhecimento......................................................................70
3.7 2009 – Ano Europeu da Criatividade e Inovação....................................................72
3.8 Panorama Nacional de Inovação............................................................................75
3.8.1 Lei da inovação – principais avanços............................................................78
3.8.2 A lei do bem....................................................................................................79
3.8.3 Meios de incentivo e apoio à inovação tecnológica......................................81

Capítulo 4 O processo de inovação tecnológica: conceitos, fases e


formas de acesso................................................................ 95
4.1 Processo de inovação tecnológica..........................................................................97
4.1.1 Inovação conforme o objeto em foco.............................................................99
4.1.2 Inovação conforme o grau...........................................................................100
4.1.3 Lado negativo da inovação tecnológica.......................................................101
4.2 Importância da inovação........................................................................................102
4.3 Propriedade Intelectual..........................................................................................105
4.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual.................................................108
4.5 Patentes.................................................................................................................112
4.5.1 Patente de invenções...................................................................................113
4.5.2 Patente de modelos e objetos.....................................................................113
4.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial − INPI..............................................114
4.7 Mudanças tecnológicas.........................................................................................115
4.8 Concepção da ideia...............................................................................................117
4.9 O desenvolvimento da ideia..................................................................................118
4.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de acesso à tecnologia........120
4.11 Sociedade do conhecimento...............................................................................123
4.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq.................................124
4.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação universidade-empresa.....125
4.13.1 Motivações...............................................................................................127
4.13.2 Barreiras...................................................................................................128

Capítulo 5 Sistemas mecânicos e eletromecânicos – sistemas de


transmissão....................................................................... 145
5.1 Sistemas mecânicos..............................................................................................147
5.2 Sistemas de transmissão.......................................................................................147
5.3 O movimento circular.............................................................................................148
5.4 Relação de transmissão........................................................................................151
5.5 Transmissão por correias......................................................................................155
5.6 Transmissão por engrenagens..............................................................................160
5.7 Transmissão por correntes....................................................................................167
5.8 Esteira transportadora...........................................................................................172
5.9 Roscas de transmissão.........................................................................................175
Capítulo 6 Sistemas eletromecânicos: funcionalidades
e aplicações...................................................................... 181
6.1 Dispositivos eletromecânicos................................................................................182
6.1.1 Sensores industriais.....................................................................................183
6.2 Sensores de posicionamento................................................................................184
6.2.1 Encoder........................................................................................................184
6.2.2 Régua linear.................................................................................................186
6.2.3 LVDT.............................................................................................................187
6.2.4 Sensor potenciométrico...............................................................................188
6.2.5 Sensores de temperatura............................................................................189
6.2.6 Sensores de pressão...................................................................................195
6.2.7 Sensor de proximidade................................................................................197
6.2.8 Sensores de presença.................................................................................201
6.3 Micros fim-de-curso...............................................................................................205
6.4 Eletroválvulas ou válvulas solenoides...................................................................206
6.4.1 Válvula solenoide de abertura simples........................................................206
6.4.2 Válvula solenoide de abertura proporcional................................................207
6.5 Contatores..............................................................................................................207
6.6 Motores..................................................................................................................209
6.6.1 Motores síncronos........................................................................................210
6.6.2 Motores assíncronos....................................................................................211
6.6.3 Motor de passo............................................................................................216
6.6.4 Servomotor...................................................................................................218
Apresentação
Prezado(a) aluno(a).

Neste livro, você encontrará o aporte necessário para que seus estudos
o(a) ajudem, efetivamente, na formação profissional, proporcionando-lhe
a construção de conhecimentos por meio de uma abordagem teórica,
acompanhada de atividades práticas.

Ressaltamos que sua formação profissional não se resume ao conheci-


mento de dados técnicos e de determinadas teorias, mas ultrapassa
a lógica metodológica do modelo acadêmico. Dessa forma, para que
sua formação tenha bases sólidas, vamos abordar aspectos essenciais,
propiciando uma reflexão pessoal a respeito da construção do conheci-
mento para além da grade curricular, ou seja, um conhecimento que leva
em consideração a sua realidade, que exemplifica, agrega e edifica.

Com o objetivo de facilitar seus estudos, o livro está organizado em seis


capítulos. No primeiro capítulo – “Contextualização histórica: processo
de formação e atuação do engenheiro” – você terá a oportunidade de
estudar e refletir sobre a evolução histórica da Engenharia, verá quais
as atribuições do engenheiro, construirá o perfil desse profissional,
entenderá os passos da formação acadêmica, bem como os campos de
sua atuação profissional.

No segundo capítulo – “Ensino por pesquisa e por projeto” – você


compreenderá como se estabelece a relação entre pesquisa e
engenharia, quais os procedimentos da pesquisa científica e tecnológica
e sua importância para o campo da engenharia, os principais projetos de
engenharia e as fases de sua construção.
X UNIUBE

No terceiro capítulo – “A criatividade e a inovação tecnológica” – você


entenderá a importância da criatividade e da inovação tecnológica, para a
formação do profissional de engenharia. Terá a oportunidade de conhecer
os processos criativos em organizações, o cérebro e a criatividade, os
passos do processo criativo, o ano europeu de criatividade e inovação e
alguns aspectos gerais desse mesmo aspecto.

No quarto capítulo – “O processo de inovação tecnológica: conceitos,


fases e formas de acesso” – serão abordados os seguintes aspectos:
os processos de inovação tecnológica, a importância da inovação,
a propriedade intelectual, a Constituição Federal e a propriedade
intelectual, as patentes, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual
(INPI), as mudanças tecnológicas, a concepção e o desenvolvimento
da idéia, estratégias de inovação tecnológica e as formas de acesso
à tecnologia, a sociedade e o conhecimento, o incentivo à pesquisa
e à inovação tecnológica: o CNPq, a relação da universidade com as
empresas e o que há de novidade em inovação.

Os Capítulos 5 e 6 referem-se ao estudo de conteúdos da gestão da


manutenção e operações de processos produtivos cujos conhecimentos
são importantes para a atuação profissional do engenheiro.

No quinto capítulo – “Sistemas mecânicos e eletromecânicos: sistemas


de transmissão” – você terá uma noção dos sistemas mecânicos
e dos sistemas de transmissão. Aprenderá também a importância
do movimento circular, da relação de transmissão, de como se dá a
transmissão por correias, a transmissão por correntes, como funcionam
a esteira transportadora e as roscas de transmissão.

No sexto capítulo – “Sistemas eletromecânicos: funcionalidade e aplica-


ções” – você entenderá os dispositivos eletromecânicos, os sensores de
posicionamento, os micros fim-de-curso, as eletroválvulas ou válvulas
solenoides, contadores e motores.
UNIUBE XI

Assim, a estruturação deste livro poderá levá-lo(a) à geração de um


impulso ao conhecimento, promovendo uma busca por se aprofundar
em todos os pontos aqui apresentados, ou ainda, se especializar em
algum de maneira particular. Mas, acima de tudo, que este estudo
permita a você vivenciar a engenharia, por meio de uma contextualização
histórica e atual, que passa pelo processo de formação, associado
ao estabelecimento do perfil profissional, esclarecendo as funções
do engenheiro e os campos de atuação, bem como questões da
regulamentação profissional, técnica e prática.

Desejamos a você, bons estudos! Que este material sirva para o seu
crescimento humano e profissional, ressaltando sempre a importância de
se manter um ritmo de estudo que se estabeleça numa constante busca
pelo conhecimento.
Capítulo
Contextualização histórica,
processo de formação e
1
atuação do engenheiro

Clidenor Ferreira de Araújo Filho

Introdução
O panorama da Engenharia no Brasil, apresentado por estudos
recentes realizados pela Confederação Nacional das Indústrias
(CNI), revela que, no atual ritmo de desenvolvimento econômico, o
Brasil levará por volta de 100 anos para que sua renda per capita se
aproxime do dobro do valor atual. Tal valor constitui, hoje, a renda
per capita de países muito menores territorialmente, como Portugal.

Ainda segundo os estudos realizados pela CNI, ocorreu, nos


últimos anos, um decréscimo dos investimentos em setores
relacionados à tecnologia, os quais, notadamente, são as molas
propulsoras da atual economia global.

É uma realidade que precisa ser revertida, que merece reflexão


e medidas urgentes, porque tecnologia é, cada vez mais, o
ingrediente determinante da competitividade internacional das
empresas e da prosperidade das nações.

Inovar tornou-se questão de sobrevivência para as empresas e fator


crucial para o desenvolvimento nacional. Para competir em mercados
nos quais os produtos e processos têm ciclos cada vez mais curtos,
é imprescindível incrementar continuamente a própria capacidade
de gerar, difundir e utilizar inovações tecnológicas (IEL, 2006).
2 UNIUBE

Fica claro, então, a urgência do país em desenvolver os setores


ligados à inovação tecnológica, tipicamente ocupados por
profissionais ligados à engenharia, uma vez que o crescimento
econômico depende de tais setores, passando pela ampliação e
modernização da infraestrutura do parque industrial do país.

A reforma e a construção de novos portos, aeroportos, armazéns,


ferrovias, rodovias, bem como a ampliação do parque energético
instalado, composto basicamente por hidrelétricas e termoelétricas,
contando com a utilização de novas formas de geração de
energia são fatores preponderantes da retomada do crescimento
econômico. Inclui-se, ainda, o grande déficit nacional em habitação,
saneamento básico, saúde e inclusão digital, ou seja, todas as
áreas que dependem, direta ou indiretamente, das engenharias.

Percebemos, diante disso, um panorama favorável, como há muito


não se via, à formação de profissionais ligados a essa categoria.
O estudo deste capítulo permitirá a você vivenciar a Engenharia,
por meio de uma contextualização histórica e atual, que passa por
um processo de formação associado ao estabelecimento do perfil
profissional, esclarecendo as funções do engenheiro e os campos
de atuação das diferentes modalidades de engenharia, bem como
questões da regulamentação profissional.

Objetivos
Nesse sentido, ao finalizar os estudos propostos, esperamos que
você seja capaz de:
• explicar o contexto histórico que deu origem à Engenharia;
• mostrar o estágio de desenvolvimento da Engenharia no
Brasil;
UNIUBE 3

• analisar o processo de formação de engenheiros;


• explicar os fatores que motivaram a transformação desse
processo;
• traçar um perfil do profissional da Engenharia dos dias atuais;
• relacionar os diversos campos de atuação na modalidade de
Engenharia escolhida.

Esquema
1.1 A evolução histórica da Engenharia
1.2 Atribuições do engenheiro
1.3 Perfil do profissional da Engenharia
1.4 Formação acadêmica
1.5 Campos de atuação

1.1 A evolução histórica da Engenharia

Você imagina como o ser humano vivia, na pré-história?


Como ele buscava sua forma de sustento? Qual era a sua
relação com a natureza? Você vê alguma relação disso com a
Engenharia?

Desde o princípio da sua evolução, o ser humano necessitou lidar com


a natureza, em sua expressão mais primitiva, uma vez que ela, desta
forma, representou durante milênios sua única fonte de sustento e de
proteção. Na pré-história, a fabricação de ferramentas, o domínio do
fogo, a agricultura e, com ela, a domesticação de animais, a descoberta
do uso dos metais, as primeiras civilizações e suas grandes obras, como
as pirâmides, a construção de algumas máquinas rudimentares movidas
a tração animal ou a vapor, são considerados importantes sinais da
evolução da humanidade. A partir deles, o ser humano passou a utilizar
4 UNIUBE

a manipulação da natureza para auxiliar nas tarefas diárias produzindo


e conquistando riquezas.

Os indivíduos que, de alguma forma, deram início a esse processo e que,


ao longo dos anos, aperfeiçoaram o modo como as pessoas transformam
a natureza, constituem a categoria de profissionais atualmente
conhecidos como engenheiros.

Voltando no tempo e analisando as atividades da humanidade, desde


a Idade Média, percebemos claramente a presença da engenharia nas
realizações de pessoas que se utilizavam da prática cotidiana, associada
a um imenso senso criativo, para construir objetos que permitissem
aproveitar os recursos da natureza.

A partir do momento em que tais indivíduos começaram a compreender


os fenômenos naturais e a utilizar esse conhecimento para o
desenvolvimento da ciência e da técnica para a solução dos mais
variados problemas, surge a engenharia moderna.

Nos séculos XVI e XVII, o aperfeiçoamento de técnicas embasadas


em conhecimentos científicos, tais como a estrutura da matéria, alguns
fenômenos eletromagnéticos, a composição química dos materiais,
as leis da mecânica e o modelamento matemático revolucionaram
o pensamento e permitiram o surgimento das primeiras escolas de
engenharia, as quais objetivavam ensinar como aplicar a matemática na
solução dos problemas dessa área específica.

IMPORTANTE!

Atente-se para a importância das primeiras escolas de engenharia. Perceba


a relação das diferentes ciências, em favor do homem, na solução de
problemas diários.
UNIUBE 5

• No Brasil, o advento da engenharia seguiu o ciclo de desenvolvimento


do país, com a criação do primeiro curso na antiga Real Academia
de Artilharia, Fortificações e Desenho, ainda em 1792.
• Na década de 30 do século passado, a categoria passou pela
primeira regulamentação e já contava com 47 cursos, número que
cresceu vertiginosamente nas décadas seguintes, sobretudo durante
os anos desenvolvimentistas do governo de Juscelino Kubitschek.
• Na década de 60, veio a segunda regulamentação, a qual estabelecia
uma série de modalidades, tais como: engenheiro aeronáutico,
agrimensor, agrônomo, cartógrafo, civil, eletricista, eletrônico,
de comunicação, florestal, geólogo, mecânico, metalurgista, de
minas, naval, de petróleo, químico, industrial, sanitarista, têxtil e de
operação.
• Atualmente, o país conta com mais de 1200 escolas de engenharia.
Essas escolas formam profissionais engenheiros de mais de 50
modalidades diferentes, regulamentados a partir de julho de 2007
por um moderno conjunto de resoluções, que privilegiam o caráter
inovador e plural que caracterizam o engenheiro (IEL, 2006).

O campo da engenharia tem-se alargado muito. Cada vez mais, as


pesquisas têm contribuído para essa ampliação. E você, estudante de
engenharia, assume um papel importante no desenvolvimento dessas
pesquisas.

1.2 Atribuições do engenheiro

Cada pessoa, em diferentes situações, desempenha diversas funções.


Por exemplo: o lavrador prepara, cuidadosamente, o solo para receber
a semente. O mecânico debruça sobre o automóvel para detectar as
falhas em seu funcionamento. O professor planeja suas aulas, entre
outros. Percebemos, diante disso, que as atribuições profissionais se
diferenciam, e com o engenheiro não é diferente. Esse profissional tem
funções inerentes ao cargo que ocupa.
6 UNIUBE

As alterações do panorama econômico e social em que hoje


atuam os profissionais de engenharia ocorrem desde a criação
das primeiras escolas, e são ocasionadas pela adoção de novas
ferramentas tecnológicas associadas à informática, à biotecnologia, às
telecomunicações, à automação de processos, à gestão de projetos,
entre outras. Tais alterações criam novas oportunidades de trabalho na
medida em que o uso de tais ferramentas exige um elevado nível de
especialização.

Nesse contexto, a capacidade do engenheiro de converter as descobertas


científicas e tecnológicas em aplicações no menor intervalo de tempo
possível e obedecendo critérios cada vez mais rigorosos de qualidade e
normalização vão ao encontro das necessidades do mercado.

A principal função do engenheiro atual é ser capaz de se inter-relacionar


com outros profissionais, uma vez que não só os aspectos técnicos
e suas implicações devem ser considerados. As consequências do
desenvolvimento para a sociedade, no que diz respeito à segurança
ambiental, à qualidade dos produtos e aos serviços fornecidos pelas
empresas estão cada vez mais no centro das atenções de todos os
setores, desde a concepção do produto ou serviço, passando pela
aquisição, instalação, operação e manutenção dos equipamentos
necessários à sua fabricação, bem como a sua comercialização, sendo
fornecidos ao usuário-cliente todas as garantias e o nível de suporte por
eles solicitados.

Na Engenharia, podemos destacar algumas áreas com sua respectiva


atuação (principal) em cada setor correspondente. Dentre elas, podemos
destacar:

• Engenharia Civil – construção civil;


• Engenharia Elétrica – geração de energia elétrica ou linhas de
transmissão;
UNIUBE 7

• Engenharia Ambiental – gestão de meio ambiente;


• Engenharia da Computação – telecomunicações ou mecatrônica;
• Engenharia de Produção – produção manufatureira.

Percebemos que as exigências correspondem à área de atuação de cada


profissional. Logo, no atual cenário de desenvolvimento tecnológico, o
engenheiro desempenha funções relacionadas à pesquisa científica,
seja ela básica ou aplicada à construção, à produção, à manutenção,
à consultoria, à área de vendas, à área de administração e ao ensino
tecnológico em nível médio, superior ou por meio da capacitação de
outros profissionais, ministrando treinamentos.

1.3 Perfil do profissional da engenharia

O profissional de engenharia tem na sua incontestável formação técnica,


baseada no raciocínio lógico e analítico, seu principal ponto forte, o qual
é conseguido através de um processo de estudo contínuo (BAZZO,
2003, p.198). Contudo, hoje, a qualidade de um profissional não está
relacionada apenas a aspectos técnicos, mas a uma série de habilidades
que vão do trabalho em equipe à capacidade de comunicação em mais
de uma língua.

IMPORTANTE!

O profissional, hoje, não necessita dominar somente as habilidades técnicas,


mas diferentes habilidades, a fim de atender à diversidade da demanda.
Isso significa ter uma visão ampla da realidade, a fim de buscar soluções
adequadas aos diferentes problemas.

No campo dos conhecimentos técnicos, o engenheiro deve ser capaz


de conceber, construir e operar diferentes dispositivos, com níveis
8 UNIUBE

de complexidade também distintos, o que exige dele conhecimentos


contextualizados dos fundamentos matemáticos, físicos, químicos e
computacionais, associados à capacidade de identificar, interpretar e
aplicar tais fundamentos na solução de problemas.

Para tanto, este profissional lança mão de


Prototipação
recursos como a modelagem e a prototipação
Concepção, sendo, portanto, capaz de realizar ensaios que
montagem e
verificação do comprovem a eficácia de uma solução proposta,
funcionamento de
ou ainda, que indique se o caminho seguido está
protótipos (exemplar
original ou modelo).
produzindo os resultados esperados. Profissional
conectado com o mercado, o engenheiro moderno
emprega ainda diversos conceitos relacionados à gestão de projetos,
sendo o responsável pela gerência de todos os aspectos técnicos,
administrativos e também da gerência de pessoal.

Fica claro, então, que outra importante característica desse profissional


é estar em constante atualização, através de treinamentos sobre
novas tecnologias, cursos de aperfeiçoamento e especializações.
Considerando-se sua relevante contribuição para o desenvolvimento da
sociedade, uma vez que a engenharia lida diretamente com o ambiente,
a qualidade de vida, a moradia e a locomoção das pessoas.

O engenheiro, ao propor soluções que contribuam com as atividades do


dia a dia, deve estar pautado na responsabilidade e na ética (BAZZO,
2003, p. 203). Vale ressaltar que a responsabilidade e a ética devem,
fundamentalmente, nortear o trabalho do engenheiro em suas atividades
diárias.
UNIUBE 9

SINTETIZANDO...

O profissional de engenharia deve ser um indivíduo crítico e ético,


empreendedor, de iniciativa, com visão sistêmica, de mercado e negócios,
capaz de gerenciar projetos, de se relacionar em equipes, respeitar
diferenças, sejam elas de ideias, culturais ou raciais, com profundo senso
de responsabilidade social, civil, ambiental e com saúde e segurança no
trabalho.

Ele deve ter compromisso com a qualidade e respeito às normas técnicas,


capaz de ler, interpretar e aplicar informações também técnicas, com
capacidade de expressão e comunicação oral e escrita, criatividade, ciente
do seu raciocínio lógico e analítico para conceber, desenvolver, aprimorar,
planejar, elaborar e aplicar tecnologias, favorável ao constante exercício
de aprendizagem, e usuário de diversas ferramentas computacionais e
tecnológicas.

1.4 Formação acadêmica

Considerando o perfil de um profissional de engenharia, como


devem ser os cursos de formação? O que a organização
curricular deve contemplar?

Os cursos de Engenharia são elaborados com o intuito de permitir, ao


egresso engenheiro, a construção de um conjunto de conhecimentos que
o habilitem a dominar uma determinada área de atuação, em consonância
com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em
Engenharia, as quais definem os princípios, fundamentos, condições e
procedimentos da formação de engenheiros, estabelecidos pela Câmara
de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação.
10 UNIUBE

Todo o curso de Engenharia, independente de sua


modalidade, deve possuir em sua organização
curricular um núcleo de conteúdos básicos, um núcleo
de conteúdos profissionalizantes e um núcleo de
conteúdos específicos que caracterizem a modalidade.
(MEC, 2002, p.11).

O que é o núcleo de conteúdos básicos?

O núcleo de conteúdos básicos, geralmente, compõe a parte inicial


do curso de Engenharia, uma vez que aborda conhecimentos que
estão mais diretamente ligados aos conceitos iniciais que propiciam o
desenvolvimento lógico, analítico e matemático.

EXPLICANDO MELHOR

Alguns exemplos da abrangência desses conhecimentos:

• Metodologia do Trabalho Científico;


• Comunicação e Expressão;
• Matemática;
• Física;
• Química;
• Mecânica;
• Ciência dos Materiais;
• Informática;
• Expressão Gráfica;
• Eletricidade;
• Fenômenos de Transporte;
• Humanidades;
• Ciências Sociais e Cidadania.
UNIUBE 11

Já os núcleos de conteúdos profissionalizantes e de conteúdos


específicos abrangem os conhecimentos que são trabalhados em função
das modalidades e campos de atuação definidos pelo Sistema CONFEA/
CREA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia/
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), que regula
e fiscaliza a atuação profissional dos engenheiros. Os conhecimentos
específicos representam um aprofundamento dos aspectos tratados no
núcleo de conteúdos profissionalizantes, os quais contemplam:
• Algoritmos e Estruturas de Dados;
• Bioquímica;
• Ciência dos Materiais;
• Circuitos Elétricos;
• Circuitos Lógicos;
• Compiladores;
• Construção Civil;
• Controle de Sistemas Dinâmicos;
• Conversão de Energia;
• Eletromagnetismo;
• Eletrônica Analógica e Digital;
• Engenharia do Produto;
• Ergonomia e Segurança do Trabalho;
• Estratégia e Organização;
• Físico-química;
• Geoprocessamento;
• Geotecnia;
• Gerência de Produção;
• Gestão Ambiental;
• Gestão Econômica;
• Gestão de Tecnologia;
• Hidráulica, Hidrologia Aplicada e Saneamento Básico;
12 UNIUBE

• Instrumentação;
• Máquinas de Fluxo;
• Matemática Discreta;
• Materiais de Construção Civil;
• Materiais de Construção Mecânica;
• Materiais Elétricos;
• Mecânica Aplicada;
• Métodos Numéricos;
• Microbiologia;
• Mineralogia e Tratamento de Minérios;
• Modelagem, Análise e Simulação de Sistemas;
• Operações Unitárias;
• Organização de computadores;
• Paradigmas de Programação;
• Pesquisa Operacional;
• Processos de Fabricação;
• Processos Químicos e Bioquímicos;
• Qualidade;
• Química Analítica;
• Química Orgânica;
• Reatores Químicos e Bioquímicos;
• Sistemas Estruturais e Teoria das Estruturas;
• Sistemas de Informação;
• Sistemas Mecânicos;
• Sistemas Operacionais;
• Sistemas Térmicos;
• Tecnologia Mecânica;
• Telecomunicações;
• Termodinâmica Aplicada;
• Topografia e Geodésia;
• Transporte e Logística.
UNIUBE 13

Vale ressaltar que todos esses conteúdos devem ser, hoje, trabalhados de
forma a estimular que o futuro profissional entenda que é necessário ter certa
autonomia em relação à busca do conhecimento. O antigo paradigma em
que o professor era o detentor do conhecimento e único elo entre o aluno
e sua formação não existe mais. Agora o aluno é o agente deste processo,
cabendo ao professor criar condições para que ele possa encontrar o seu
próprio caminho. O professor é o mediador da aprendizagem.

No novo paradigma, o aluno deverá utilizar meios complementares e


suplementares para obter as informações que o levem a melhorar o seu
nível de entendimento (vídeo, CD-ROM, multimídia, internet etc). Deverá,
ainda, ser capaz de estudar, pesquisar, projetar e produzir, integrando
todas essas fases do processo (IEL, 2006). Notadamente, em face à
vertiginosa velocidade com que os aspectos tecnológicos evoluem,
reforça-se a já destacada necessidade do profissional de engenharia
buscar, constantemente, o seu aperfeiçoamento.

1.5 Campos de atuação

Você sabia que os campos de atuação dos profissionais de


engenharia são amplos e diversificados e que os profissionais
dessa área se preocupam em atender às tendências de
mercado?

A atuação dos profissionais de engenharia, nos dias de hoje, tem sido


pautada pela migração constante entre as diferentes áreas. Essa atuação
segue uma tendência de mercado em que se buscam os melhores
postos de trabalho, estejam eles na indústria, em instituições públicas
ou privadas, em escritórios de consultoria, de projetos ou em instituições
financeiras.
14 UNIUBE

Esses postos são disputados por aqueles que compreendem que a


formação continuada e a autonomia, no que diz respeito à busca por
uma maior abrangência das áreas de atuação, é fundamental.

Diante desse cenário, o CONFEA, após uma ampla discussão com os


diversos setores da sociedade, elaborou uma legislação moderna que
visa permitir ao engenheiro explorar o caráter plural da sua formação.
Essa nova sistemática deu origem à Resolução 1010 do CONFEA
(CONFEA, 2005), a qual faz a discriminação dos grupos profissionais
com as suas respectivas modalidades e especialidades.

EXPLICANDO MELHOR

Alguns exemplos de profissionais e suas modalidades.


Grupo da Engenharia:
I – Modalidade Civil: Engenheiros Civis (generalistas) e Especialidades de
Engenheiros de Fortificação e Construção, Engenheiros Sanitaristas,
Engenheiros Ambientais, bem como os Engenheiros Industriais, de
Produção, e os Tecnólogos e os Técnicos, todos desta modalidade.

II – Modalidade Geomensura – Especialidades: Engenheiros Cartógrafos,


Engenheiros de Geodésia e Topografia, Engenheiros Agrimensores,
Agrimensores, e os Tecnólogos e os Técnicos, todos desta modalidade.

III – Modalidade Eletricista: Engenheiros Eletricistas (generalistas) e


Especialidades de Engenheiros Eletrotécnicos, Engenheiros Eletrônicos,
Engenheiros de Comunicação, Engenheiros de Telecomunicação,
Engenheiros de Computação, bem como os Engenheiros Industriais,
de Produção, e os Técnicos e Tecnólogos, todos desta modalidade.

IV – Modalidade Mecânica: Engenheiros Mecânicos (generalistas) e


Especialidades de Engenheiros de Armamento, Engenheiros de
UNIUBE 15

Automóveis, Engenheiros Aeronáuticos, Engenheiros Navais, bem como


os Engenheiros Industriais, de Produção, e Técnicos e Tecnólogos,
todos desta modalidade.

V – Modalidade Química: Engenheiros de Químicos (generalistas) e


Especialidades de Engenheiros Metalurgistas, Engenheiros de Minas,
Engenheiros Químicos, Engenheiros de Plásticos, Engenheiros Têxteis,
Engenheiros de Materiais, bem como os Engenheiros Industriais, de
Produção, e Técnicos e Tecnólogos, todos desta modalidade.

No que diz respeito à sistematização dos campos profissionais de


atuação, foram observados setores e subsetores de cada especialidade,
a fim de criar um panorama da atuação profissional no âmbito da
engenharia. Logo, segundo Vieira (2004, p.26), para cada modalidade
no grupo engenharia foi estabelecido um conjunto de setores, dos quais
merecem destaque:

• Modalidade Civil: Construção Civil, Estruturas, Materiais, Geotecnia,


Transportes, Hidrotecnia, Saneamento, Meio Ambiente, Engenharia
Legal, Engenharia de Segurança;
• Modalidade Geomensura: Topografia, Geodésia, Cartografia,
Agrimensura, Meio Ambiente, Engenharia Legal, Engenharia de
Segurança;
• Modalidade Eletricista: Eletrotécnica, Eletrônica, Materiais,
Comunicações, Computação, Automação e Controle, Engenharia
Legal, Engenharia da Segurança;
• Modalidade Mecânica: Sistemas Mecânicos, Sistemas Térmicos,
Processos Mecânicos, Automação e Controle, Materiais, Aeronáutica
e Espaço, Naval e Oceânico, Engenharia Legal, Engenharia de
Segurança;
• Modalidade Química: Materiais, Plásticos, Metalurgia, Minas,
Indústria Química, Meio Ambiente, Têxtil, Alimentos, Engenharia
Legal, Engenharia de Segurança.
16 UNIUBE

Para cada setor, foram especificadas, ainda, atividades como:


• supervisão;
• coordenação;
• orientação técnica;
• planejamento;
• projeto;
• especificação;
• estudos de viabilidade técnico-econômica.

Independente do campo de atuação e da atividade dentro da engenharia,


os profissionais desta categoria estão inseridos de forma única no
processo de desenvolvimento por que passam o país e o mundo, uma
vez que é notória a percepção de que o investimento em tecnologia é
premissa para o crescimento econômico e consequente desenvolvimento
de diversos setores da sociedade.

Resumo

A história da Engenharia assemelha-se à própria história da humanidade,


iniciada há milhões de anos atrás. Os homens da pré-história não
contavam com ferramentas próprias para desenvolver seus trabalhos
domésticos e no âmbito social. Esta dificuldade forçou o homem a
desenvolver métodos para fabricação de ferramentas como as pedras
lascadas para se tornarem objetos cortantes e, ainda, o domínio do
fogo; e, no decorrer dos tempos, o aperfeiçoamento de técnicas que
melhoraram o modo de sobrevivência do homem.

Neste capítulo, vimos as alterações do panorama econômico e


social em que hoje atuam os profissionais de engenharia. Desde a
criação das primeiras escolas, ocasionadas pela adoção de novas
ferramentas tecnológicas associadas à informática, à biotecnologia, às
UNIUBE 17

telecomunicações, à automação de processos, à gestão de projetos,


entre outras, há a criação de novas oportunidades de trabalho, na
medida em que o uso de tais ferramentas exige um elevado nível de
especialização.

Sendo assim, os cursos de Engenharia são elaborados com o intuito


de permitir ao egresso engenheiro a construção de um conjunto de
conhecimentos que o habilitem a dominar uma determinada área de
atuação, independente do campo de atuação e da atividade dentro da
Engenharia.

Atividades

A realização das atividades é essencial ao processo de construção da


identidade do profissional de engenharia, objetivo principal deste capítulo
de estudos. Para tanto, faz-se necessária uma leitura pormenorizada do
mesmo. Lembre-se: para um melhor entendimento, leia quantas vezes
se fizerem necessárias.

Atividade 1

A sociedade vem passando por uma série de alterações, que implicam


diretamente na forma como as pessoas moram, trabalham e se
relacionam. Neste contexto, cabe a reflexão de que profissões como as
engenharias passam por uma série de mudanças, diagnosticadas pela
criação de novos cursos, novas habilitações e modalidades, além de
uma infinidade de especializações. Amparado pelas leituras realizadas,
indique possíveis motivações das mudanças na engenharia.

Atividade 2

É incontestável que a história da engenharia está associada à evolução da


humanidade. Diante deste fato, liste marcos históricos que representaram
a evolução do senso criativo-tecnológico do ser humano.
18 UNIUBE

Atividade 3

Leia a seguinte afirmação:


Os engenheiros e tecnólogos são personagens-chave
no processo de transformar conhecimento em inovação
e atores imprescindíveis na implementação dessas
inovações nos sistemas produtivos. As empresas que
mais crescem no mundo hoje têm na engenharia e na
inovação seus pilares de sustentação (IEL, 2006, p. 19).

Após a leitura do trecho anterior, redija um pequeno texto (mínimo de 9


linhas) a respeito da capacidade do engenheiro de promover o processo
de desenvolvimento econômico do país.

Atividade 4

Baseando-se na leitura do capítulo, indique cinco habilidades que você


considera imprescindíveis para o perfil do engenheiro moderno.

Atividade 5

Após a leitura das seções Formação acadêmica e Campos de atuação,


relacione cinco conteúdos profissionalizantes que estejam ligados à sua
modalidade de engenharia.

Referências

BAZZO, Walter Antonio, PEREIRA, Luiz Teixeira do Vale. Introdução à


Engenharia. 6. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2003. 274p.

IEL – Instituto Euvaldo Lodi. Núcleo Central e Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial – Departamento Nacional. Inova Engenharia: Propostas para a
Modernização da Educação em Engenharia no Brasil. Brasília, 2006. 105p.
Disponível em: <http://www.iel.org.br/portal/main>. Acesso em: 30 maio 2011.

SILVEIRA, Marcos Azevedo da. A Formação do Engenheiro Inovador –


Uma Visão Internacional. Rio de Janeiro: Puc-Rio, 2005. 136p. Disponível
em: <http://www.abenge.org.br>. Acesso em: 30 maio 2011.
UNIUBE 19

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução


no 1.010, de 22 de agosto de 2005. Lex: Regulamentação da atribuição de
títulos profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de
atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/Crea, Brasília, 2005,
6p. Disponível em: <http://www.confea.org.br>. Acesso em: 30 maio 2011.

MEC – Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação –


Câmara de Educação Superior. Resolução no 11, 11 de março de 2002.
Lex: Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Engenharia, Brasília, 2002, 4p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf>. Acesso em: 30 maio 2011.

VIEIRA, Ruy Carlos de Camargos. Estudos sobre a nova sistemática


para definição de atribuições/atividades profissionais. Brasília:
CONFEA – Comissão de Exercício Profissional, 2004. 39p. Disponível
em: <http://www.confea.org.br>. Acesso em: 30 maio 2011.
Capítulo Ensino por pesquisa
2 e por projeto

Clidenor Ferreira de Araújo Filho

Introdução
Considerando a demanda no campo profissional da engenharia
em relação às novas exigências do mercado frente à constante
evolução tecnológica, trabalharemos, neste capítulo, o conceito de
ensino por pesquisa e por projeto, a fim de auxiliar a construção e a
aprendizagem dos conteúdos necessários à prática da engenharia.

O ensino da engenharia, até então, era pautado em conteúdos


fragmentados, muitas vezes longe da realidade, com resultados
nem sempre satisfatórios. Diante disso, os estudiosos passaram
a buscar novas abordagens didático-pedagógicas com o objetivo
de alterar essa visão tradicionalista do ensino.

Nesse sentido, o ensino passou a ter uma abordagem interdis-


ciplinar nas diferentes ciências, a fim de auxiliar o aluno em seu
contexto socioeconômico e cultural.

Nessa perspectiva, este capítulo visa trabalhar a aprendizagem


dentro de uma visão holística. De acordo com essa visão, há
de se incentivar a criatividade, a pesquisa, o planejamento, o
desenvolvimento e a execução de um projeto: o saber aprender,
o saber fazer, o saber ser e, ainda, promover um ensino e
22 UNIUBE

uma aprendizagem sistêmicas, dando sentido aos conteúdos


estudados, possibilitando uma aprendizagem significativa.

Para Masetto (2003), existem várias metodologias que se


aplicam à melhoria da qualidade da aprendizagem e à integração
de conteúdos ensinados nas universidades ou outras escolas.
Dentre elas, duas se destacam, cada uma com sua contribuição
específica – o ensino por meio de pesquisa e o ensino por projeto.

O ensino por pesquisa é uma metodologia que permite o


desenvolvimento de várias aprendizagens, tais como a iniciativa na
busca de informações e sua consequente seleção, organização,
análise e correlação dos dados e informações; a elaboração
de inferências, o levantamento de hipóteses e as respectivas
checagens, comprovação, reformulação e conclusão. Essa
metodologia habilita o aluno, ainda, a elaborar relatórios científicos
e comunicar os resultados obtidos, por escrito ou oralmente, com
clareza e ordem.

Outra metodologia é o ensino por projeto, que leva o aluno a


relacionar a teoria com a prática, a promover a integração dos
componentes curriculares e a caminhar rumo a uma atitude
interdisciplinar, algo tão necessário à realidade profissional. Assim,
o ensino por projeto tem como objetivo contribuir para um ensino-
-aprendizagem consistente e motivador.

Objetivos
Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

• identificar o contexto de uma pesquisa científica e tecnológica;


• diferenciar ciência e tecnologia;
UNIUBE 23

• identificar os diferentes procedimentos de uma pesquisa


científica e tecnológica;
• entender o que é um projeto de engenharia;
• relacionar as diferentes fases de elaboração e execução de
um projeto de engenharia.

Esquema
2.1 Pesquisa e engenharia
2.2 Procedimentos da pesquisa científica e tecnológica
2.3 A importância da pesquisa científica e tecnológica
2.4 Projetos e engenharia
2.5 Fases de um projeto

2.1 Pesquisa e engenharia

Antes de fazermos a correlação entre pesquisa e engenharia, temos


que deixar claro a que pesquisa nos referimos. Observando a prática
cotidiana do engenheiro, somos levados a crer que ele é apenas um hábil
elaborador e executor de projetos. Mas, na verdade, sua prática está
intimamente ligada ao estudo e à implementação de novas técnicas, que
são características das pesquisas científicas e tecnológicas.

Com isso, vemo-nos diante de dois conceitos fundamentais e distintos – a


ciência e a tecnologia – sendo necessário defini-los para entender melhor
a pesquisa científica e a tecnológica.

E você, o que entende por ciência?


24 UNIUBE

Tecnicamente, a ciência busca a descoberta de explicações que


desvendem os mais diversos fenômenos naturais. Ela pode ser dividida
em duas partes não excludentes, mas complementares: a ciência
aplicada, cuja característica principal é a sua utilização na produção
de objetivos práticos; e a ciência básica, que aborda os aspectos mais
gerais ou fundamentais da realidade, sem a preocupação com as suas
aplicações práticas a curto prazo.

E a tecnologia?

A tecnologia, por sua vez, procura utilizar-se da ciência, para a obtenção


de conhecimentos específicos que podem ser empregados na produção
de equipamentos a serem utilizados na prática. É possível observar,
portanto, que a tecnologia é, de certa forma, o resultado da ciência
aplicada.

Percebemos que a ciência e a tecnologia andam juntas e que o


desenvolvimento tecnológico não seria possível sem essa interação,
uma vez que sua principal característica é a produção de novos bens e
serviços.

Fica claro, então, que o profissional da engenharia deve desenvolver


suas atividades com o auxílio da pesquisa científica e da tecnológica.
Elas podem, então, ser entendidas como tudo aquilo que está associado
à descoberta de novos conhecimentos e à criação de novas realidades,
sejam esses conhecimentos produzidos por meio de trabalhos práticos
ou por meio de trabalhos teóricos.
UNIUBE 25

2.2 Procedimentos da pesquisa científica e tecnológica

Para o início de um processo de pesquisa, é necessário a escolha do


tema para delimitação do conteúdo e a busca de bibliografia específica
para a fundamentação teórica. Tais procedimentos são delineados em
função do trabalho a ser realizado. Há necessidade da realização de uma
profunda pesquisa bibliográfica, a fim de que seja possível a catalogação
de diferentes informações associadas ao tema da pesquisa. Atualmente,
muitos são os meios existentes para a busca de informações (livros,
revistas, jornais, seminários, workshops, internet), e todos devem ser
intensamente explorados.

Após reunião do maior número de informações a respeito do assunto


da pesquisa, é preciso realizar uma primeira análise por meio da
observação dos pontos que merecem destaque no material levantado
e que estão relacionados à delimitação do assunto e à solução
do problema que deu origem à pesquisa. Nessa fase, devem ser
levantadas todas as hipóteses para a solução do problema proposto,
uma vez que é necessário fixar as metas para a sua realização.

Feito isso, devemos comprovar ou, pelo menos, elucidar as hipóteses


propostas para a solução do problema. Para tanto, um método experimental
deve ser empregado, uma vez que o resultado de uma pesquisa científica
e tecnológica invariavelmente deverá produzir um protótipo, ou dados que
levem a ele. Vale ressaltar que, levantada a necessidade de validação
dos dados ou hipóteses, a escolha dos equipamentos e os métodos a
serem utilizados durante a fase de experimentação devem seguir critérios
previamente definidos e que validem o processo.

Comprovadas ou descartadas as hipóteses e validados ou não os dados,


devemos sintetizar aquilo que foi observado durante todo o processo,
desde a busca de informações até a obtenção de possíveis resultados de
26 UNIUBE

experimentos práticos. Essa fase é muito importante para a elaboração do


relatório final da pesquisa.

Devemos elaborar, posteriormente, um relatório que contemple todos os


passos do processo de pesquisa. Nele devem constar as informações
selecionadas, o problema proposto, as possíveis hipóteses de solução do
referido problema, os resultados dos experimentos práticos, quando for o
caso, e a análise final de todo o processo contemplando a validação ou
não dos dados e hipóteses levantados.

IMPORTANTE!

A linguagem na redação do relatório deve ser: técnica, formal, pautada na


objetividade, na clareza, na concisão, a fim de registrar o que foi pesquisado
e/ou observado. A elaboração desse documento deve ser feita de maneira
a permitir a compreensão do seu conteúdo por todo leitor e em qualquer
época.

2.3 A importância da pesquisa científica e tecnológica

Notadamente, o engenheiro é um dos principais agentes do


desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, econômico do
país. Um ponto importante para esse desenvolvimento é a obtenção ou
apropriação de novas tecnologias desenvolvidas, geralmente, por meio
da integração indústria-centros de pesquisa-escolas.

Vale ressaltar que a pesquisa integrada com a indústria deve atender


essencialmente as necessidades das empresas locais, pois tudo indica
que as grandes oportunidades econômicas para o país baseiam-se no
desenvolvimento regionalizado, na exploração dos potenciais regionais
diferenciados (IEL, 2006).
UNIUBE 27

Essa ação contribui não só para reduzir as desigualdades internas,


como para a inserção do Brasil no mercado internacional com produtos
diferenciados e não como mero fornecedor de
Commodities commodities.
Qualquer bem em
estado bruto, de
origem agropecuária A pesquisa integrada com o setor produtivo
ou de extração
mineral ou vegetal,
do entorno das escolas e centros de pesquisa
produzido em larga contribui tanto para o avanço tecnológico das
escala mundial e
com características empresas, como para a melhoria da qualidade
físicas homogêneas,
seja qual for sua da graduação, sendo referência sobre as
origem, destinado
ao comércio externo necessidades reais do mercado.
(Houaiss e Villar,
2009, p. 501).
Nesse contexto, a formação de redes cooperativas
de pesquisa, focadas em projetos de desenvolvimento tecnológico, as
quais agregam competências de diferentes grupos de pesquisa – de
várias instituições e de empresas, têm contribuído enormemente com
a promoção da integração indústria-escola. Assim, essa integração
possibilita a redução de custos, a formação de recursos humanos e a
aceleração de resultados.

2.4 Projetos e engenharia

O engenheiro é, por excelência, um solucionador de problemas. Grande


parte de suas atividades estão ligadas à sua capacidade de organizar
ideias e informações, interpretar dados e propor soluções para os
mais diversos problemas de engenharia. Para tanto, esse profissional
utiliza-se, muitas vezes, do projeto, que é a aplicação mais fiel dos seus
conhecimentos técnicos e práticos.

Um projeto é caracterizado por uma sequência clara e lógica de fases,


com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido,
sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros preestabelecidos de
tempo, custo, recursos e de qualidade.
28 UNIUBE

Um projeto é o resultado de um elaborado planejamento, que


demanda não apenas conhecimentos técnicos, mas também certa
dose de criatividade e, muitas vezes, inovação. Por se tratar de um
empreendimento notadamente inovador, o projeto tende a ser confundido
com o seu produto final, ou seja, com o resultado de todo um processo.

A fim de separar o projeto do seu produto, dividimos os projetos em dois


tipos (BAZZO, 2003, p. 73 - 74):
a) Projeto por evolução – projeto que surge da
adaptação, melhoramento ou variação de um produto
ou serviço já existente. Exemplo: alteram-se apenas
características do produto para uma nova utilização ou
melhor adaptação.
b) Projeto por inovação – projeto que surge da
utilização de conhecimentos ainda não completamente
experimentados, como por exemplo: o resultado de
pesquisas científicas e tecnológicas.

Independentemente do tipo de projeto a ser elaborado e, consequen-


temente, executado, faz-se necessária a definição das fases que o
compõem, uma vez que é resultado de um processo que envolve agentes
e instrumentos.

2.5 Fases de um projeto

Para a solução de qualquer problema é necessária uma série de


informações, que permitirá, inicialmente, a exposição do problema e,
posteriormente, a proposição de soluções. As informações iniciais,
geralmente, são de domínio coletivo e possibilitam que sejam geradas
as informações técnicas a partir delas.

Um projeto se inicia com a reunião de todas as informações relativas ao


assunto e o levantamento daquilo que será necessário em termos de
UNIUBE 29

recursos técnicos e do custo envolvido. Especificamente, segundo Bazzo


(2003), um projeto pode ser dividido nas seguintes fases:
• identificação de uma necessidade;
• definição do problema;
• coleta de informações;
• concepção;
• avaliação;
• especificação da solução;
• comunicação.

A seguir, veremos a descrição de cada uma dessas fases.

2.5.1 Identificação de uma necessidade

Para que um projeto seja bem elaborado, é necessário que, inicialmente,


se entenda qual a necessidade que o gerou. Muitas necessidades
podem ser identificadas. Por exemplo, a insatisfação do cliente com um
determinado produto, com mudanças de comportamento do consumidor,
com sua própria insatisfação em relação a um determinado bem ou
serviço. Sugestões ou constatações de setores da empresa responsáveis
por gerenciar o mercado e as novas tecnologias também fazem parte
desta importante fase de elaboração e execução de um projeto.

Essa fase começa quando a empresa sente a necessidade de aperfeiçoar


ou atualizar seus métodos de trabalho, ou, ainda, sua linha de produtos
e serviços em função de novas ideias, ou em função da atuação da
concorrência. Vale ressaltar que identificar uma necessidade demanda
tempo e, sobretudo, criatividade do profissional envolvido com essa fase
do projeto.
30 UNIUBE

2.5.2 Definição do problema

Uma vez identificada a necessidade da elaboração de um projeto,


devemos definir o problema da referida necessidade. Por exemplo, se
a necessidade é o escoamento da água das chuvas através da rede
pluvial, o problema poderá ser a construção de galerias maiores, ou
mesmo a recuperação das existentes. Fica claro que, neste ponto,
começamos a delimitar o objeto que será fruto do projeto. Para tanto, a
equipe encarregada da elaboração do projeto deve analisar a ideia de
uma forma mais estruturada, com um estudo de viabilidade. O trabalho
nessa fase pode incluir um estudo de mercado, receitas e despesas,
impostos, subsídios etc.

2.5.3 Coleta de informações

Essa fase tem por objetivo o levantamento das informações que


definirão as características do produto final e que, eventualmente,
irão compor as especificações do produto. Dentre as características
importantes, estão a relação custo/benefício, o volume de produção,
bem como os interesses dos clientes (proprietários, usuários). É nessa
fase que são realizadas as entrevistas com os clientes e potenciais
usuários, visitas aos pontos de utilização e comercialização do produto
e as revisões bibliográficas relacionadas ao tema.

2.5.4 Concepção

Fase de detalhamento da coleta de informações, primordial à elaboração


e à execução de um projeto. Nela, são desenvolvidos os procedimentos,
cálculos, instruções, desenhos e tudo o que é necessário para a execução
do projeto, inclusive a formulação de modelos analíticos ou empíricos.

Espera-se que nessa fase o cliente participe ativamente do processo,


uma vez que suas expectativas podem determinar o sucesso ou não
UNIUBE 31

do empreendimento. Vale ressaltar que não existem concepções


preelaboradas, e que o projeto é fruto das experiências da equipe que
o concebe.

2.5.5 Avaliação

Nessa fase, os modelos são testados à exaustão, utilizando-se, na


maioria dos casos, de softwares computacionais, bem como os protótipos
são submetidos às condições que mais se aproximem à futura realidade
de uso. Todas as etapas são avaliadas, mesmo aquelas consideradas já
vencidas, e os possíveis erros são catalogados, a fim de que possam ser
corrigidos ou subsidiem trabalhos futuros. Sinteticamente, a avaliação é
a fase que materializa o que foi planejado anteriormente.

2.5.6 Especificação da solução final

Segundo Bazzo (2003, p. 217), é nessa fase que é preparado o memorial


descritivo do projeto, que corresponde a um documento que contempla
os seguintes aspectos:
• objetivos, funções e localizações das partes
que compõem o projeto;
• características básicas da solução final
(propriedades requeridas para os materiais
especificados);
• indicação dos valores previstos para os
parâmetros e variáveis envolvidas;
• detalhes construtivos e operacionais;
• desenhos detalhados de componentes, subsis-
temas e sistemas;
• lista de materiais, orçamento e cronograma de
execução.
32 UNIUBE

2.5.7 Comunicação

Finalizado o projeto, ele deve ser comunicado ao cliente e mesmo


à equipe que colaborou com a sua elaboração. Sendo uma etapa
fundamental do processo, a comunicação deve ser realizada com
a entrega do memorial descritivo e sua explicação. Nessa fase, o
profissional de engenharia deve defender com desenvoltura suas
escolhas técnicas e até mesmo pessoais.

IMPORTANTE!

Não existem projetos prontos para serem utilizados na solução de qualquer


problema. A criatividade e os conhecimentos farão a diferença.

Aceito pelo cliente, o projeto passa à fase de execução e implantação,


que pode ou não ser acompanhada pela equipe que o elaborou. Durante
essa fase, a equipe de implantação deve ser fiel ao planejamento
elaborado para a execução do projeto. Por fim, devemos estar atentos
aos benefícios e aos malefícios que um projeto pode gerar. Muitas vezes,
os projetos falham ou não atingem os resultados esperados em função
de obstáculos naturais, uma vez que tais obstáculos estão fora do âmbito
do trabalho da gerência do projeto. Entre eles, destacamos:
• mudanças na estrutura organizacional da empresa;
• mudanças na tecnologia;
• evolução nos preços e prazos.

Outras vezes, porém, as causas dos insucessos são decorrentes de


falhas gerenciais, que poderiam ser evitadas, tais como:
• metas e objetivos mal-estabelecidos;
• muitas atividades e pouco tempo para realizá-las;
• estimativas financeiras incompletas;
UNIUBE 33

• projeto baseado em dados inadequados ou insuficientes, deixando


em segundo plano os dados históricos de projetos similares e, até
mesmo, análises estatísticas efetuadas;
• tempo não destinado para as estimativas e o planejamento;
• desconhecimento das necessidades de pessoal, de equipamentos
e de materiais;
• envolvimento de pessoas sem conhecimento teórico e prático
necessários à execução.

A competência do gerente contribui para o sucesso do projeto,


evidenciando, dessa forma, a importância de uma boa administração,
para que se alcancem resultados que atendam às expectativas da
pesquisa.

Resumo

Neste capítulo, discorremos sobre a relação entre pesquisa e engenharia,


com o objetivo de identificar o contexto da pesquisa científica e
tecnológica. Além disso, mostramos os procedimentos pertinentes a esse
tipo de pesquisa, bem como sua importância. Discorremos, também,
sobre o que é um projeto de engenharia e suas fases de elaboração e
execução.

Pelo capítulo, foi possível entender que o ensino por pesquisa é uma
metodologia que permite o desenvolvimento de várias aprendizagens,
tais como a iniciativa na busca de informações e sua consequente
seleção, organização, análise e correlação dos dados e informações; a
elaboração de inferências, o levantamento de hipóteses e as respectivas
checagens, comprovação, reformulação e conclusão.

Percebemos, ainda, que o ensino por projeto, leva o aluno a relacionar


a teoria com a prática, a promover a integração dos componentes
curriculares e a caminhar rumo a uma atitude interdisciplinar que é tão
necessária à realidade profissional.
34 UNIUBE

Atividades

A realização das atividades é essencial ao processo de construção da


aprendizagem por pesquisa e por projetos. Para tanto, é aconselhável a
releitura pormenorizada do capítulo.

Atividade 1

Após a leitura deste capítulo, percebemos que ciência e tecnologia


são dois conceitos importantes e que estão intimamente relacionados.
Elabore um texto de, no máximo, 20 linhas, abordando esses conceitos
e sua importância.

Atividade 2

Neste capítulo, vimos um importante recurso para a aproximação entre


o setor produtivo e as escolas de engenharia. Sendo assim, faça uma
pesquisa sobre como estão sendo implementadas atualmente as redes
cooperativas de pesquisa.

Atividade 3

A pesquisa científica e tecnológica é essencial para o desenvolvimento


tecnológico do país. Logo, o engenheiro deve estar preparado para
trabalhar com esse tipo de pesquisa. Em função disso, determine
quais os procedimentos para a realização de uma pesquisa científica e
tecnológica.

Atividade 4

Leia a citação a seguir:


Na educação formal universitária, aprende-se o método
científico através da progressão lógica de eventos que
conduzem à solução de problemas científicos. A solução
de problemas de engenharia, embora semelhante,
apresenta diferenças em relação aos problemas
científicos (BAZZO, 2003, p. 75-76).
UNIUBE 35

Esse trecho trata da ação científica e da ação tecnológica. Após a leitura


do referido texto, defina esses dois conceitos de ação.

Atividade 5

Após a leitura da seção “Fases de um projeto”, sintetize o objetivo de


cada uma delas.

Referências

BAZZO, Walter Antonio; PEREIRA, Luiz Teixeira do Vale. Introdução à


Engenharia. 6. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2003. 274p.

BRASÍLIA (Distrito Federal). Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Central e Serviço


Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional. Inova
Engenharia – Propostas para a Modernização da Educação em Engenharia
no Brasil. Brasília, 2006. 105p. Disponível em <http://www.iel.org.br/portal/
main.jsp?lumPageId=4028FBE51C243B77011C245F9B0B0951&lumItemId=
FF8080811D6D367D011DE4A80267429C>. Acesso em: 30 de maio 2011.

HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua


portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 1ª Edição, 2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. São Paulo,


Nova Fronteira, 2ª Edição, 1986.

IEL – Instituto Euvaldo Lodi. Núcleo Central e Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial – Departamento Nacional. Inova Engenharia: Propostas para a
Modernização da Educação em Engenharia no Brasil. Brasília, 2006. 105p.
Disponível em: <http://www.iel.org.br/portal/main>. Acesso em: 30 maio 2011.

OLIVEIRA, Guilherme Bueno de. MS Project & Gestão de Projetos. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2005. 189p.

MASETTO, Marcos Tarciso. Competência Pedagógica do Professor Universitário.


São Paulo: Summus Editorial, 2003. 194p.
Capítulo A criatividade e a
3 inovação tecnológica

Luciana De Martino Nogueira


Jacqueline Oliveira Lima Zago

Introdução
No contexto das organizações, o capital humano tem um aspecto
significativo para o êxito operacional, pois liderar pessoas passa
a ser o ponto crítico para empresas que atuam em mercados
competitivos.

Neste sentido, os profissionais que têm o desafio de pensar,


implementar, operar e promover melhorias nos sistemas produtivos
tornam-se peças fundamentais para as empresas que procuram
produzir com o mais alto padrão de qualidade, num mundo em
constante transformação.

Assim, a criatividade, aliada à ciência e à tecnologia, é um


comportamento que pode e deve ser desenvolvido no ser humano,
entendido como mola propulsora na resolução dos problemas
organizacionais.

Para alcançar os objetivos propostos, primeiramente faremos uma


abordagem conceitual de cada um dos temas apresentados. Essa
abordagem precisará de uma constante parada para reflexão,
análise e síntese de suas experiências. O conhecimento será
construído a partir das suas observações e reflexões.
38 UNIUBE

Objetivos
Ao final destes estudos, esperamos que você seja capaz de:

• apresentar o campo da criatividade e da inovação


tecnológica;
• diferenciar os conceitos: ciência, tecnologia e inovação
tecnológica;
• explicar os processos criativos no contexto das organizações;
• identificar a importância da criatividade e da inovação
tecnológica para o desenvolvimento de novos processos e
produtos;
• enumerar os principais conceitos e teorias que compõem
essa área;
• apontar a aplicabilidade desses conceitos por meio dos
exemplos e atividades apresentados;
• demonstrar como a criatividade pode contribuir para o
desenvolvimento pessoal e profissional;
• relacionar o processo de produção com a mediação do
conhecimento nas empresas;
• analisar o panorama nacional de inovação tecnológica, bem
como as políticas públicas de incentivo.

Esquema

3.1 A criatividade e a inovação tecnológica


3.2 O engenheiro de produção
3.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica
3.4 Os processos criativos no contexto das organizações
3.5 O cérebro e a criatividade
3.6 O processo criativo
3.7 2009 - Ano Europeu da Criatividade e Inovação
3.8 Panorama nacional de inovação
UNIUBE 39

3.1 A criatividade e a inovação tecnológica

Você já reparou como alguns termos têm sido utilizados no contexto das
organizações?

Algumas palavras invadiram o espaço organizacional passando a fazer


parte do vocabulário e do cotidiano das pessoas. Mais do que simples
palavras, elas transmitem valores que podem provocar profundas
transformações no modo de ser e agir das pessoas: liderança,
pró-atividade, inovação, criatividade, são só algumas dentre tantas outras
palavras. Com isso, podemos dizer que o mundo está em constante
transformação e que ocorre em todos os setores.

A tecnologia, o cenário político e econômico, as concorrências e as


tendências do mercado são exemplos de forças que atuam promovendo
essas mudanças. Hoje em dia, as organizações enfrentam um ambiente
dinâmico e precisam acompanhar e entender esse novo cenário que se
apresenta.

PARADA PARA REFLEXÃO

Observe à sua volta. Veja o quanto nosso cotidiano vem sendo modificado.
A que você atribui essas mudanças?

Imagino que você tenha atribuído essas mudanças à capacidade do


homem de criar novas formas para melhorar a sua vida, ou seja, não
seria exagero afirmar que a mobilização das pessoas é fundamental para
promover mudança, seja de que tipo for. Ou seja, qualquer invenção, ou
inovação tecnológica, tem como aspecto principal o trabalho humano,
criando e recriando estratégias.
40 UNIUBE

3.2 O engenheiro de produção

Vamos, a partir de agora, identificar o campo de ação do engenheiro de


produção, situar o seu surgimento, a legislação pertinente, conhecer a
história da Engenharia de Produção no Brasil e suas práticas.

Você sabe o que é “engenhar”?

Se buscarmos na etimologia da palavra, veremos que, em latim, ingeniu


significa faculdade inventiva, talento. É a arte de aplicar princípios
científicos e matemáticos, experiência e senso comum de forma a
beneficiar o Homem. Os engenheiros são, antes de tudo, solucionadores
de problemas. Devem procurar as melhores, as mais rápidas e menos
dispendiosas formas de utilizar insumos e trabalho para atender às
necessidades humanas. Desde a construção das pirâmides, o processo
de irrigação egípcio, a aterrissagem do homem na lua, o progresso tem
referência no trabalho de um engenheiro.

A engenharia de produção nasceu nos EUA por volta do final do século XIX
e início do século XX com o engenheiro Frederic Taylor e sua “Scientific
Management”, ou administração científica, que ele escreveu no início
do século passado juntamente com Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt,
H. Emerson, entre outros. Apesar de controverso, a indústria americana
viu-se invadida pelas ideias tayloristas. Introduziu procedimentos
interessantes sobre a quantificação do tempo e dos movimentos no
processo industrial e, mesmo hoje, é considerada uma revolução.

No Brasil, a engenharia, enquanto profissão, é bastante jovem e só foi


regulamentada em 1933 com as profissões de Engenheiro Agrônomo e
Engenheiro Civil, ano em que também foi criado o Sistema CONFEA/
CREA, através do Decreto Federal n.º 23.569. A criação de cursos nessa
área foi impulsionada nos anos 50 pela chegada das multinacionais.
Tanto o departamento de planejamento e controle da produção, como
UNIUBE 41

o de controle de qualidade, era de responsabilidade do “Industrial


Engineers”, o nosso engenheiro de produção. De 1959, data de criação
do primeiro curso de engenharia de produção, até os dias atuais, temos
mais de 130 cursos nessa área, no Brasil.

Desde então, o engenheiro de produção tornou-se peça fundamental


para as empresas que procuram produzir com o mais alto padrão
de qualidade, de forma cada vez mais “enxuta” e, nesse cenário de
produção flexível, automatizado e em constante transformação, o perfil
do engenheiro deve priorizar a criatividade. Sendo assim, o foco desse
engenheiro, como o próprio nome diz, é produção.

Em complementação, a Associação Brasileira de Engenharia de


Produção (ABEPRO) aponta que o engenheiro de produção deve ter uma
formação científica e profissional que o capacite a identificar, formular
e solucionar problemas ligados às atividades de projeto; operação e
gerenciamento do trabalho e de sistemas de produção de bens e/ou
serviços, considerando também os aspectos humanos, econômicos,
sociais e ambientais, com visão ética e humana, em atendimento às
demandas da sociedade.

O Engenheiro de Produção, segundo a ABEPRO, deve ter competên-


cia para:
• dimensionar e integrar recursos físicos, huma-
nos e financeiros a fim de produzir, com efici-
ência e ao menor custo, considerando a possi-
bilidade de melhorias contínuas;
• utilizar ferramental matemático e estatístico
para modelar sistemas de produção e auxiliar
na tomada de decisões;
• projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas,
produtos e processos, levando em considera-
ção os limites e as características das comuni-
dades envolvidas;
42 UNIUBE

• prever e analisar demandas, selecionar co-


nhecimento científico e tecnológico, projetando
produtos ou melhorando suas características e
funcionalidade;
• incorporar conceitos e técnicas de qualidade
em todo o sistema produtivo, tanto nos seus
aspectos tecnológicos quanto organizacionais,
aprimorando produtos e processos e produ-
zindo normas e procedimentos de controle e
auditoria;
• prever a evolução dos cenários produtivos, per-
cebendo a interação entre as organizações e
os seus impactos sobre a competitividade;
• acompanhar os avanços tecnológicos, organi-
zando-os e colocando-os a serviço da deman-
da das empresas e da sociedade;
• compreender a inter-relação dos sistemas de
produção com o meio ambiente, tanto no que
se refere à utilização de recursos escassos
quanto à disposição final de resíduos e rejeitos,
atentando para a exigência de sustentabilidade;
• utilizar indicadores de desempenho, sistemas
de custeio, bem como avaliar a viabilidade eco-
nômica e financeira de projetos;
• gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas
empresas utilizando tecnologias adequadas
(ABEPRO, 2006, p. 3).

Logo, compete ao engenheiro de produção não só implementar e operar


os sistemas produtivos, como também efetuar, principalmente, as
melhorias que esses sistemas requerem. O profissional de engenharia de
produção deve saber lidar diretamente com as evoluções tecnológicas,
com as exigências dos consumidores e do mercado globalizado,
utilizando sua capacidade criativa para vencer os desafios que surgem
no dia a dia. Entre outras, deve apresentar habilidades, tais como:
UNIUBE 43

• iniciativa empreendedora;
• iniciativa para autoaprendizado e educação continuada;
• comunicação oral e escrita;
• leitura, interpretação e expressão por meios gráficos;
• visão crítica de ordens de grandeza;
• domínio de técnicas computacionais;
• conhecimento, em nível técnico, de língua estrangeira;
• conhecimento da legislação pertinente;
• capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares;
• capacidade de identificar, modelar e resolver problemas;
• compreensão dos problemas administrativos, socioeconômicos e
do meio ambiente;
• “pensar globalmente, agir localmente”.

EXPLICANDO MELHOR

A abrangente visão do engenheiro de produção lhe permite:


• efetuar diagnósticos e propor soluções;
• planejar e desenvolver estratégias;
• desenvolver produtos ou processos;
• coordenar equipes; entre outros.

Todas essas competências e habilidades são o que tornam esse


profissional um dos mais procurados no mercado de trabalho, segundo
o próprio CONFEA/CREA. É, sem dúvida, a sua capacidade em integrar
as questões técnicas com as gerenciais que habilita o engenheiro de
produção a atuar nos diferentes setores da produção industrial. Isso se
dá porque grande parte dos problemas enfrentados no cotidiano das
empresas envolve questões gerenciais, exigindo domínio das áreas
técnica e administrativa, e também perfil integrador do engenheiro de
produção.

No exercício da profissão, o engenheiro de produção deve preocupar-se


com inúmeros aspectos, como:
44 UNIUBE

• com a gestão e a otimização dos processos produtivos e o


consequente ganho em produtividade;
• com o mercado de consumo, com a logística empresarial;
• com o avanço tecnológico, com a qualidade dos produtos e serviços;
• com o impacto ambiental e social de se produzir;
• com a competitividade internacional, e, principalmente;
• ter foco no cliente e no negócio.

Nesse sentido, percebemos claramente como a criatividade é importante


na formação do Engenheiro de Produção.

3.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica

Vejamos o que Sardenberg nos diz:


Sem ciência e tecnologia, como pode um país aspirar
uma posição de relevo no futuro? Trata-se de uma das
mais importantes questões a ser colocada não apenas
aos governantes, ao sistema político e aos meios de
comunicação, mas ao povo brasileiro (Sardenberg,
2000, p.2).

Sardenberg (2000), nessa citação, coloca a ciência e a tecnologia como


aspectos relevantes para o desenvolvimento de uma nação e de seu
povo, e que, por isso, deve ser objeto de estudo, reflexão e vontade
política de todos.

Para Erdmann (2000), produzir significa transformar, num contexto


em que o estado inicial daquilo que será transformado se constitui nos
insumos que, associados aos demais recursos, geram o resultado e/ou
produto. Assim, como a produção é a geração de processos e produtos,
essa pode variar desde objetos até a recreação ou informação, isto é,
desde bens até serviços. Produção envolve, assim, ciência e tecnologia.

Você já percebeu a relação entre a ciência, a tecnologia e a


inovação tecnológica?
UNIUBE 45

Podemos nos referir à ciência no seu sentido mais amplo buscando


na origem da palavra o seu significado, ou seja, “conhecimento”,
qualquer que seja ele: empírico ou senso-comum, teológico, filosófico ou
científico. O conhecimento científico é a forma restrita de nos referirmos
à ciência, pois a esse tipo de conhecimento é necessário um método
que o comprove, ou seja, o método científico. Por isso, a ciência está
intimamente relacionada à comprovação de fenômenos e teorias. Ela é
racional e está direcionada à descoberta da verdade.

Já a tecnologia está associada a novos processos de fabricação, a


novos produtos, a novos métodos e aos impactos que todos esses
podem produzir em uma sociedade. É uma palavra que vem do grego e
significa estudo ou ciência do ofício. Envolve, portanto, o conhecimento
técnico e o conhecimento científico, as ferramentas, os processos e
materiais utilizados a partir de tal conhecimento. A tecnologia é, assim,
a união entre a ciência e a engenharia. Na Figura 1 está representado,
esquematicamente, a relação entre indústria, ciência e tecnologia.

Observe a relação entre indústria, tecnologia e ciência, na Figura 1:

Figura 1: A relação da indústria, ciência e tecnologia.


46 UNIUBE

Os modelos criados por meio da ciência serão colocados em prática


por intermédio das novas tecnologias. Assim, o processo de inovação
tecnológica compreende todo um ciclo de desenvolvimento que engloba
desde estudos científicos até as suas aplicações técnicas. Tem como um
dos objetivos facilitar o cotidiano, a vida do homem, a vida em sociedade.

Tecnologia pode ser definida como um acervo de


conhecimentos de uma sociedade (como a ciência);
entretanto, relaciona esse acervo de conhecimentos
com as artes industriais. A tecnologia fundamenta-
se nos métodos e nos conhecimentos científicos,
compreendendo o domínio dos materiais e dos
processos, úteis para a solução de problemas técnicos
e para a fabricação de produtos (REIS, 2008, p. 33).

Se, por um lado, a tecnologia pode trazer inúmeros benefícios sociais,


por outro lado, grandes invenções podem ser utilizadas para diferenciar
o status social, excluir pessoas, dizimar grupos étnicos, por exemplo, os
trens a vapor que levaram os judeus para os campos de concentração
na Segunda Guerra Mundial. O uso dos aviões nas guerras atirando
bombas, a própria invenção da bomba atômica e sua consequente
produção para fins destrutivos.

Segundo Reis (2008), não se pode separar o conceito de tecnologia dos


conceitos de ciência e indústria, pois, são domínios cognitivos próximos
da ação de “saber-fazer”, em que a tecnologia envolve um conjunto de
conhecimentos que “adquire especificidade ao assumir formas concretas
na sua aplicação” (REIS, 2008, p.36). Assim, é
muitas vezes associada à engenharia e por
Inovação
constituir um fator produtivo, ou tecnociência,
Deriva do latim
encontra na indústria o seu combustível. innovatione e
significa ato ou
efeito de inovar,
Inovação é a palavra do momento. Por isso, ou seja, introduzir
novidades, produzir
depende de esforços teóricos e práticos e algo novo, encontrar
novo processo,
se refere a um processo, produto ou serviço renovar.
UNIUBE 47

totalmente novo e inesperado. É também um estado mental das pessoas


criativas, uma nova forma de observar o mundo que nos cerca e as novas
necessidades emergentes.

A inovação está associada a uma maneira de produzir valor econômico


para a sociedade. Inovamos por meio da geração de algo de valor,
mediante o reconhecimento de oportunidade e da sua conversão em
bens ou serviços viáveis e economicamente rentáveis. Assim, a inovação
caminha lado a lado com o empreendedorismo, pois se alimentam da
capacidade de ruptura e colocação de novos produtos, processos,
matérias-primas ou mercados. Os empreendedores convertem a inovação
em ideias de mercado por meio da descoberta de oportunidades, pois,
a inovação tecnológica é motivada tanto pelo mercado, quanto pela
existência de conhecimento novo, de uma descoberta ou invenção.
Neste capítulo, a criatividade é que unirá ciência e tecnologia através
da inovação.


3.4 Os processos criativos no contexto das organizações

3.4.1 A importância da criatividade e da inovação tecnológica para


o desenvolvimento de novos processos e produtos

Antes de continuarmos nossos estudos, responda, nos retângulos, às


seguintes perguntas indicadas na Figura 2.

Figura 2: Pensando criativamente.


48 UNIUBE

SAIBA MAIS

Você sabia que a criatividade e a inovação sempre se relacionaram ao longo


da história da humanidade?

Podemos definir criatividade como sendo a qualidade ou a característica


de quem é criativo, e inovação como a ação ou efeito de inovar, ou
derivar, aquilo que é novo, novidade. Temos como abordar o tema sob
diferentes pontos de vista, conforme exemplificado pela Figura 3.

Figura 3: Criatividade de diferentes pontos de vista.

Assim, criatividade é apenas a habilidade e inovação é a ação


e/ou objetos derivados do processo criativo.
UNIUBE 49

Durante a pré-história, os seres humanos transformavam recursos


naturais em ferramentas simples. Desde que o homem criou o primeiro
objeto que se tem conhecimento, ele utilizou sua capacidade criativa
para solucionar um problema. Assim, conseguiu agir transformando, por
exemplo, a pedra lascada em uma ferramenta útil para sua sobrevivência.
Esse ciclo se repete desde os primórdios.

Permanecem, no mercado, os processos e produtos essenciais à


sobrevivência de uma sociedade, embora a transformação, a readequação
à realidade e a melhoria dos processos e produtos sejam também
fundamentais para a sobrevivência das empresas.

Já que, para produzir o novo, precisamos, antes de qualquer coisa, partir


de um problema a ser solucionado, é preciso que exercitemos nossa
capacidade de percepção e de criação. Para tanto, podemos utilizar
técnicas que visem estimular nosso pensamento criativo.

Muitos autores defendem que, de certa forma, fomos vedados de nossa


capacidade criativa ainda na infância. Isso se deve à nossa própria cultura
educacional que protege sempre os acertos, a objetividade e a eficácia e
desconsideram o erro como parte integrante do processo de construção
do conhecimento, da inovação e da criatividade. Em nossa educação,
recebemos pouca informação ou estimulação sobre nossa ousadia.
Cientificamente, isso quer dizer que fomos treinados desde cedo a utilizar
com maior frequência o lado esquerdo de nosso cérebro, ou seja, o lado
do raciocínio lógico, o pensamento convergente. Logo, podemos concluir
que, de certa forma, o lado direito de nosso cérebro, responsável pela
imaginação, intuição e criatividade, pelo pensamento divergente, aberto,
ficou estagnado durante boa parte do tempo de nosso aprendizado.

Em síntese, criatividade é mudança!


50 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Faça uma lista das muitas utilidades que você encontraria para um tijolo.
Isso mesmo! Um tijolo. Pense em, no mínimo, 10 utilidades. Registre suas
anotações.

Depois de fazer a sua lista, converse com seus colegas. Compare e veja
como podemos ser criativos. Pense em outros objetos, uma torradeira, um
grampeador e veja quantas perguntas você poderá fazer e quantas ideias
poderão surgir. Pense na utilidade, na essencialidade, no que poderia ser
melhorado.

Faça isso com outras coisas no seu dia a dia. É um ótimo exercício para
exercitar o seu potencial e pensamento criador!

PONTO-CHAVE

A mente intuitiva
A mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente
racional seu servo fiel. Criamos uma sociedade
que honra o servo e esquece a dádiva.

Einstein

Já reparou como temos o hábito de explicar ao invés de criar? Refazemos


todo o processo mentalmente de todas as coisas. Por exemplo, explicamos
o funcionamento de um avião. Mas, como compreender o processo criativo
que levou Santos Dumont a criá-lo? Será que ele já amanheceu com a
ideia pronta? Sabemos que não. A criação é um processo que pode até
resultar em um produto, mas não é uma coisa pronta. Podemos não saber
exatamente de onde veio uma ideia, mas sabemos que ela está lá, existe
uma operação para criá-la. Se déssemos mais valor à nossa mente intuitiva
que cria, recria e aprecia as maravilhas, certamente teríamos mais Santos
Dumonts, Einstens, Da Vincis.
UNIUBE 51

Em um momento em que se fala muito em cultivar a saúde e o bem-estar,


assim como o corpo precisa de exercícios físicos para manter o seu bom
funcionamento, o cérebro também precisa de estímulos. Colocá-lo em
atividade é um ótimo recurso para deixá-lo cada vez mais “esperto”.

Como futuro engenheiro, e já conhecendo as competências que serão


esperadas de você, cultivar a criatividade será de grande importância.

Mas, como desbloquear a criatividade?

Nascemos com a capacidade de sermos criativos, certo? Um constante


jogo criativo abre muitas possibilidades e a mente racional ajuda a
torná-las realidade.

EXPLICANDO MELHOR

Tenha o hábito de perguntar: “e se...”


Exemplos:
E se, no meio do dia, minha camisa descosturasse embaixo do braço?
E se de repente chegasse um ônibus cheio de novos clientes?
E se aparecesse um pedido exorbitante na minha fábrica por novos
produtos?
E se eu ganhasse uma comissão extra 10 vezes maior que o meu salário?
E se...

Não pense que você estará perdendo tempo. Você estará estimulando
sua mente intuitiva e criativa e a racionalidade dos seus pensamentos.
O que você prefere: ficar pensando em como é ruim ficar parado num
congestionamento ou pensar em como você faria para viabilizar o trânsito
de São Paulo?
52 UNIUBE

DICAS

Importância das coisas


Outra dica interessante é pensar no que é mais importante nas coisas. Por
exemplo, um aparelho celular. O que é mais importante? O que poderia ser
removido sem perder a sua função? O que poderia ser agregado atribuindo
valor?
E em um sapato? E em um biscoito?
Use sua criatividade!

3.4.1.1 Criar um problema para depois resolvê-lo

Pense em causar um problema ou deixá-lo pior a fim de resolvê-lo.


Tivemos um apagão de 3 horas. E se o apagão durasse três dias?

Lembre-se: “O que move o mundo não são as respostas, são as


perguntas...” (F/NAZCA, 2009).

Pense agora, qual foi a pergunta feita por quem inventou o primeiro
restaurante self-service?

Qual terá sido o problema que motivou o surgimento dessa ideia?

Resposta: E se os clientes pudessem servir as suas próprias refeições?

A vida social atual necessita de maior otimização do uso do tempo. Isso


pode ter parecido ridículo na ocasião. Será que na época os garçons
viram isso com bons olhos e não como ameaça à sua profissão?

Situações como essa, muitas vezes sem sentido, é que levam a soluções
criativas e muitas vezes bastante rentáveis. O que pode parecer “normal”,
hoje, com certeza, já passou pelo ridículo um dia.
UNIUBE 53

As ideias aparentemente malucas nada mais são do que uma cadeia de


associações mentais que levam a uma ideia mais útil.

PARADA PARA REFLEXÃO

Pense numa empresa. O que mais chateia as pessoas num grupo? Digamos
que seja cara feia e falta de educação dos colegas. Pense, então, em como
resolver este problema. Que tal imaginar que as pessoas que ofenderem
os outros serão “enviadas” para o “treinamento da sensibilidade”. Que
treinamento seria esse? Que tipo de formação teria essas pessoas?

Você verá que, pensando sobre isso, você estará “treinando” a observa-
ção à sua volta, aplicando os seus conhecimentos e, com isso, relacio-
nando-se melhor com as pessoas.
Criatividade, como já foi dito, não se refere à criação de produtos, mas
eventos, ideias, situações, posturas.

As pessoas criativas podem passar de uma perspectiva para outra com


mais facilidade. Mudar o foco, o olhar sobre uma mesma coisa. Isso pode
ser nato, mas também é uma habilidade que pode ser aprendida.

AGORA É A SUA VEZ

Veja nas principais manchetes de hoje. Escolha um problema que foi


relatado e escreva aqui:

Agora pense em várias perspectivas, para este mesmo problema. Segundo


cada uma dessas perspectivas, tente produzir uma ideia para minimizá-
-lo. Cada vez que você fizer este exercício, verá que você ficará melhor.
Experimente!

Registre para depois conversar com os seus colegas.


54 UNIUBE

3.4.2 Como sabemos que uma pessoa é criativa?

Para saber se uma pessoa é realmente criativa, podemos passá-la por três
“peneiras” (Figura 4):

Figura 4: Critérios para saber se uma pessoa é criativa.

E, então, você é criativo?

Lembra do exercício com os tijolos? Quem pensou em 60 diferentes


utilidades para o tijolo é mais criativo do que quem pensou em 10?
Bom, alguém poderia colocar que não, pois 60 ideias medíocres nada
significam perante 10 ideias interessantes. Mas, a experiência e a história
nos mostram que quanto mais ideias temos, mais próximos de boas
ideias estaremos. A originalidade também é importante, mas o que
dizer da qualidade das ideias? Como medir se uma ideia é de fato de
qualidade?

Em geral, ter um monte de ideias aumenta as probabilidades de ter


algumas boas ideias. As pesquisas mostram isso, assim como a experi-
ência pessoal.

Uma ferramenta para isso é o próprio mercado no caso da criação de


novos produtos. Por que algumas coisas são lançadas e logo esquecidas
e outras estão em constante aprimoramento? No mercado de carros, por
exemplo, é fácil detectar as más ideias.
UNIUBE 55

PARADA PARA REFLEXÃO

Lembre-se dos muitos produtos que já foram criados e que saíram do


mercado ou ficaram obsoletos. Faça uma lista e reflita sobre as razões que
levaram estes produtos a não serem mais aceitos.

Qual foi o grande erro da empresa que o lançou no mercado?

Deixar de considerar, entender e estudar quais são os desejos do


consumidor, pode ter sido um dos erros dessa e outras empresas, não
é mesmo?

DICAS

Você gosta de assistir a filmes? Se sim, veja nossa sugestão.

Filme: Tudo acontece em Elizabethtown

Sinopse: Após provocar um prejuízo de US$ 972 milhões para a Mercury, a


maior empresa de esportes dos Estados Unidos, ao elaborar um tênis que
foi um fiasco, Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido pelo magnata Phil
DeVoss (Alec Baldwin). Ellen Kishmore (Jessica Biel), sua namorada, acaba
com Drew. Ele decide cometer suicídio e estava para executá-lo, quando o
celular toca. Drew atende e sabe através da sua irmã, Heather (Judy Greer),
que o pai deles, Mitchell (Tom Devitt), morrera de infarto em Elizabethtown,
sua cidade natal [...].

Para saber mais sobre o filme, acesse:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-53579/

Embora não seja o foco principal do filme, a criação do tênis e o seu


insucesso podem exemplificar muito essa relação da criatividade e a reação
do mercado.
56 UNIUBE

3.4.2.1 Como gerar mais ideias

Para melhorar as suas idéias, o melhor é trabalhar os problemas para os


quais você pode, realmente, fazer alguma coisa e, então, exercer a sua
criatividade com eles. Encontrar uma nova maneira de fazer o mesmo
trabalho, por exemplo, ou, na sua vida pessoal, encontrar uma nova
maneira para que as crianças realizem as tarefas de casa, ou guardem
os brinquedos que espalharam, pode ser algumas dicas interessantes.
Colocar suas ideias em ação diz a sua mente que elas são importantes
para a vida real, e assim sua mente inconscientemente começa a
trabalhar em novas ideias e soluções. Esta prática irá aumentar o seu
quociente de criatividade.

Percebemos que a criatividade é muito mais do que uma característica


do ser humano ou uma capacidade latente, mas uma visão, um modo de
vida, uma maneira de assumir um papel na coletividade, na sociedade,
algo permanentemente construído e que não combina com acomodação
e inércia.

A criatividade é um comportamento e pode ser desenvolvido. Não é


obtido de alguém, mas quanto mais um ser humano libera o seu potencial
criativo, mais desenvolve maturidade para criar conscientemente, e
conquistar sua autonomia.

3.5 O cérebro e a criatividade

Referir-se ao nosso cérebro é bastante complexo e extenso. É um órgão


que requer 25% daquilo que o coração bombeia, sendo um conjunto de
milhões de células, que, segundo pesquisadores, pode ser visualizado,
tocado e manipulado. Substâncias químicas, enzimas e hormônios fazem
parte de sua composição. O que o faz funcionar são os neurônios que
consomem oxigênio e troca substâncias através de suas membranas.
UNIUBE 57

Nosso cérebro se divide em dois hemisférios, o direito e o esquerdo.


O seu estudo ainda causa muitas controvérsias, seja no campo da
medicina, da psicologia ou da educação. A neurolinguística, ciência que
estuda a elaboração cerebral da linguagem, afirma que o temperamento
de cada pessoa, tem relação direta com a forma que utiliza cada lado
do cérebro. Sugere até mesmo uma “reprogramação neurolinguística”
capaz de fazer com que o indivíduo se torne mais produtivo, de modo
a desenvolver suas habilidades de liderança e melhorar a comunicação
e os relacionamentos. Segundo esses estudos, as pessoas que utilizam
mais o lado esquerdo, tendem a usar de forma adequada a lógica, a
matemática, pois é o lado mais intuitivo. Ao contrário, as pessoas que
utilizam o lado direito possuem habilidades de análise, são comunicativas,
criativas e serenas.

De qualquer forma, para que funcionemos corretamente, faz-se necessá-


rio que utilizemos os dois hemisférios, pois o comando da memória se
faz presente nessa interação.

Tanto o raciocínio como a inteligência são determinados pelos hemisférios


cerebrais. No entanto, embora sejam simetricamente proporcionais, cada
um deles, o esquerdo e o direito apresentam funções distintas, sendo,
geralmente, um deles dominante. Se fizéssemos um mapa do cérebro
na tentativa de localizar regiões específicas, perceberíamos o local onde
estão nossas emoções. Pesquisas diversas seguem essa categoria de
análise, embora boa parte do funcionamento cerebral continue a ser um
mistério.

Muitos estudiosos atribuem o pensamento criativo ao hemisfério direito


do cérebro. No entanto, esse estudo pode contribuir para entender
alguns comportamentos. Mas, antes de pensar em usar “um ou outro”,
o importante é usar os dois lados e não dar um valor em separado. Para
um raciocínio criativo, para a resolução criativa de problemas, verificamos
que ocorre uma oscilação interativa síncrona ou simultânea de ambos os
hemisférios e não apenas do direito.
58 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Teste 1: Qual lado do cérebro orienta você?

Responda sinceramente às questões a seguir e descubra se você é mais


dirigido pelo hemisfério direito ou pelo hemisfério esquerdo do cérebro, ou
se você utiliza o “cérebro inteiro”, ou seja, ambos os hemisférios, ao lidar
com fatos, ideias e questões.

O teste, a seguir, foi extraído do livro Você é criativo? de autoria de Eugene


Raudsepp (RAUDSEPP, 1981), faça-o:

Assinale suas respostas:

1 - Nos auditórios, plateias de cinema, salas de conferência etc., você


prefere se sentar:
a) do lado direito?
b) do lado esquerdo?
c) no meio?

2 - Ao responder a uma pergunta que exija raciocínio você:


a) costuma olhar para a esquerda?
b) costuma olhar para a direita?
c) costuma olhar diretamente para a pessoa que fez a pergunta?

3 - Você é:
a) mais extrovertido?
b) mais introvertido?

4 - Você é:
a) uma pessoa “do dia”?
b) uma pessoa “da noite”?
c) igualmente “do dia” e “da noite”?
UNIUBE 59

5 - Identifique quatro características, da lista a seguir, que você julgue


possuir em alto nível, e mais quatro que representem dificuldades.
Todas elas se relacionam com o trabalho.

Assinale as que você possui com G e as que você não possui com D:
a) Divisão do tempo........
b) Organização de projetos........
c) Planejamento estratégico........
d) Resolução criativa de problemas........
e) Persuasão de outras pessoas........
f) Tomada de iniciativa........
g) Supervisão de outras pessoas........
h) Conceituação de noções........
i) Controle........
j) Impulso/motivação........
k) Autodisciplina........
l) Desenvolvimento de programas........
m) Obediência a prazos........
n) Preparo de orçamentos........
o) Integração........
p) Motivação de outras pessoas........
q) Consultas........
r) Cortesia........
s) Percepção........
t) Consideração........
u) Previsão........
v) Confiabilidade........
w) Discernimento........
x) Pragmatismo........
y) Energia........
z) Intuição........

6 - Assinale na lista a seguir as cinco palavras que melhor descrevem você:


a) Analítico........
b) Lógico........
60 UNIUBE

c) Musical........
d) Artístico........
e) Matemático........
f) Verbal........
g) Inovador........
h) Intuitivo........
i) Controlado........
j) Detalhista........
k) Emocional........
l) Com visão global........
m) Dominador........
n) Intelectual........
o) Com capacidade de síntese........
p) Com orientação espacial........
q) Com orientação linear........
r) Leitor inveterado........
s) Com capacidade dedutiva........
t) Com capacidade de usar analogias........

Assinale na lista de frases a seguir as quatro que mais digam respeito


a você:
a) Tenho grande capacidade de liderança........
b) Prefiro trabalhar por conta própria........
c) Gosto de sair e do convívio social........
d) Amo as artes........
e) Sou uma pessoa conscienciosa e responsável........
f) Considero-me uma pessoa muito sensível........
g) Gosto de participar de atividades de grupo e equipe........
h) Não sou uma pessoa muito organizada........
i) Tenho uma boa capacidade de relacionamento........
j) Tenho uma autocrítica muito forte........
k) Respeito as convenções e os valores sociais........
l) Algumas vezes duvido, da minha capacidade intelectual........
Questão Alternativas

1 a=1 b=10 c=5

2 a=10 b=1 c=5

3 a=2 b=8

4 a=2 b=8 c=5

a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m)
G=2 G=7 G=2 G=8 G=2 G=7 G=2 G=7 G=2 G=7 G=2 G=7 G=1
D=7 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=2 D=8
5
n) o) p) q) r) s) t) u) v) w) x) y) z)
G=2 G=7 G=2 G=7 G=1 G=8 G=2 G=7 G=2 G=8 G=2 G=7 G=8
D=7 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=3 D=7 D=3 D=8 D=3 D=2

a=3 b=2 c=9 d=9 e=3 f=4 g=8 h=8 i=2 j=3 k=7 l=8 m=3
6
n=3 o=8 p=8 q=2 r=5 s=8 t=8
Calcule o valor de suas respostas de acordo com a tabela a seguir:

7 a=3 b=8 c=2 d=8 e=2 f=7 g=3 h=7 i=3 j=3 k=3 l=7
UNIUBE
61
62 UNIUBE

Seu resultado

de 41 a 84 de 85 a 128 de 129 a 172


Orientação Esquerda Orientação Dupla Orientação Direita

O teste, a seguir, é sobre os comandos do cérebro, tente fazê-lo.

Teste 2: Identificando os comandos do cérebro

Analise os comportamentos a seguir e escreva, no Quadro 1, qual parte


do cérebro você acredita que está dominando cada situação-problema:

Quadro 1: Identificando os comandos do cérebro


Lado do Cérebro
Situação-Problema
Mais Usado
1 Júlia é a gerente de marketing de uma grande empresa
de cosméticos. Destaca-se pela criatividade das
campanhas que coordena e pela sensibilidade que lidera
sua equipe de trabalho. No entanto, se precisar seguir
instruções ou procurar um endereço, Júlia se atrapalha
e prefere ser guiada.

2 João Carlos é um advogado criminalista muito


competente. É capaz de ler vários processos, localizando
fatos e detalhes. Além disso, acredita-se que o seu
sucesso seja da facilidade que tem em expressar-se
oralmente.

3 Renato tem uma memória invejável para as imagens,


mas não consegue lembrar-se do que fez há uma
semana. Começa a fazer algo e se esquece do tempo,
seja no trabalho como no lazer, por isso vive perdendo os
prazos e deixando as pessoas esperando. Mas é a sua
capacidade de ver as relações entre uma coisa e outra,
e a maneira como as partes unem-se para formar um
todo, que o tornam o profissional da arte tão maravilhoso
e respeitado que é.
UNIUBE 63

Você deve ter verificado que Júlia e Renato utilizam mais o lado direito do
cérebro, e que João Carlos o lado esquerdo. Cada hemisfério do cérebro
é dominante para alguns comportamentos, como exemplifica a Figura
5, é especializado para algumas tarefas específicas, mas, mais do que
identificarmos o lado predominante do nosso cérebro, é perceber que
devemos trabalhar com os dois lados, melhorando nossas habilidades
no nosso dia a dia. Através de exercícios e técnicas variadas pode-se
estimular o lado direito do cérebro e buscar a integração entre os dois
hemisférios, equilibrando o uso de nossas potencialidades.

Figura 5: Principais diferenças dos hemisférios.

Na tentativa de reativar nossa criatividade individual utilizando o lado


direito do cérebro, podemos seguir algumas sugestões/atividades, como
a que já abordamos no capítulo. Acompanhe-as a seguir no Quadro 2.
64 UNIUBE

Quadro 2: Estimulando a criatividade

Armazenar as ideias e,
Criar metas. sempre que possível, Fazer anotações.
colocá-las em prática.

Procurar ser
Ser um bom observador.
otimista, positivo.

Desenvolver uma forte


Descobrir novas fontes
curiosidade e aprender
de ideias, como novas
a fazer perguntas Saber escutar e estar
amizades, novos livros,
como: quem, quando, aberto a mudanças.
jornais, revistas,
onde, o quê, por
cultura em geral.
que, qual e como.

Você sabe a diferença entre pensamento lateral e pensamento


vertical?

O pensamento vertical: é o pensamento lógico e o racional, aquele que


nos prende a um estado de não solução dos problemas encontrados.

O pensamento lateral: é aquele que busca alternativas para os nossos


obstáculos por meio de nossa capacidade criativa.

Podemos dizer que pensar de forma criativa é pensar de forma lateral.

Você sabe utilizar o seu potencial criativo?

CURIOSIDADE

A seguir, selecionamos algumas citações de grandes inventores e


pensadores que nos dão a dimensão do potencial que podemos explorar por
intermédio de nossa criatividade. Por meio delas, percebemos que o homem
tem sempre a necessidade de sentir-se em desenvolvimento, criando e
vivenciando novos desafios, para atingir o sucesso.
UNIUBE 65

Não sou realmente um homem de ciência, não sou um


observador, não sou um pensador. Nada sou senão um
conquistador, por temperamento – um aventureiro – com
a curiosidade, a rudeza e a tenacidade que compõem
essa espécie de ser (FREUD).
Criatividade é permitir a si mesmo cometer erros. Arte é
saber quais erros manter (SCOTT ADAMS).
Inquietação e descontentamento são as primeiras
necessidades do progresso (THOMAS EDISON).
Criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr
riscos , quebrar regras, cometer erros e se divertir (MARY
LOU COOK).

3.6 O processo criativo

A Figura 6, a seguir, nos evidencia as fases do processo criativo.

Figura 6: Fases do Processo Criativo.


Fonte: Adaptado de Patrick (1955).

Viu como o processo criativo é individual e, portanto, inerente a cada ser?


Aliar a capacidade criadora individual aos processos inovadores que uma
empresa precisa desenvolver é um dos grandes desafios e diferenciais
competitivos de hoje.

Para que as empresas desenvolvam sua capacidade de inovação,


é preciso que seus funcionários desenvolvam de forma coletiva a
criatividade. Como fazer isso? Uma boa forma é o uso de técnicas que
estimulem o pensamento criador.
66 UNIUBE

Uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas para a obtenção de


ideias se chama brainstorming.

Você sabe o que isso significa?

É uma técnica criativa de resolução de problemas, inventada em 1938,


pelo publicitário Alex F. Osborn, quando na presidência de uma grande
agência norte-americana.

O brainstorming é uma ferramenta associada à criatividade, e é por


isso, preponderantemente, usada na fase de Planejamento (na busca
de soluções). O nome da técnica deriva das palavras em inglês brain
e storming que, traduzindo literalmente para o português, pode ser
entendido como tempestade cerebral, mas melhor compreendido como
tempestade de ideias. Geralmente, aplica-se a técnica para que um grupo
de pessoas crie o maior número de ideias possíveis acerca de um tema
previamente selecionado.

Que tipo de problema requer um brainstorming?

Quer imaginar um novo produto, rejuvenescer um antigo, simplificar um


processo de produção, inventar meios de aumentar lucro ou, apenas
melhorar a embalagem, a distribuição, as vendas ou as relações
humanas entre os funcionários ou com os acionistas?

Caso você tenha algum problema desse tipo, uma sessão de brainstorming
muitas vezes lhe proporcionará as desejadas respostas.

O que é uma sessão de brainstorming?


UNIUBE 67

À primeira vista, parece uma reunião comum. Há um grupo de pessoas


e um encarregado de presidi-lo, e aí termina toda semelhança.

As regras de brainstormings são quase exatamente opostas às de uma


reunião comum e, assim, também acontece com a atmosfera que a cerca.

• Numa reunião, todos começam com a esperança de que você seja


calmo e lógico – o que não acontece em brainstormings.
• Numa reunião, você procura ser judicioso e comedido – o que não
se dá nas tempestades cerebrais.
• Numa reunião, você está atento(a) a dificuldades e possibilidades
de cometer um erro, o que não ocorre em brainstormings.
• Numa reunião, o papel do presidente é ser imparcial e controlador.
No brainstorming, é ser inspirador e estimulador.

O objetivo principal é produzir o maior número de ideias possíveis sobre


um problema. É fundamental separar completamente as funções opostas
de imaginação e julgamento. As ideias nascem primeiro numa atmosfera
não crítica de excitação e entusiasmo. O controle de qualidade e o
julgamento são aplicados depois, em condições de pacífico e analítico
desprendimento.

O brainstorming pode ser aplicado em diversas oportunidades, visando


a melhoria contínua da empresa, principalmente na tomada de decisão
para o planejamento em equipe, criação de um produto ou mesmo
avaliação de um processo. É interessante na definição dos objetivos,
diagnóstico e plano de ação de uma empresa, utilizar-se também do
processo de decision mapping – mapeamento de decisões. Veja a seguir
um exemplo:
68 UNIUBE

EXPLICANDO MELHOR

Responda às questões a seguir. Suas respostas podem basear-se na sua


vida profissional ou pessoal:

a) Objetivo: Qual a sua Necessidade ou Desejo? Defina um objetivo


desejado.
b) Diagnóstico: Existem obstáculos? Verifique quais os obstáculos impedem
de atingir os objetivos;
c) Ação: O que te impede de atingir o seu objetivo? Defina os passos para
eliminar os obstáculos, e a quem compete implementá-la e quando.

Viu como é fácil? A aplicação dessa técnica demonstra a capacidade


inovadora dos líderes nas empresas que buscam nas suas equipes a
participação, a integração, a coordenação.

Produção e conhecimento nas empresas: A melhor forma de ter uma


grande ideia é ter um monte de ideias (LINUS PAULING).

3.6.1 O conhecimento no processo criativo

Autores que se especializaram nos estudos das ciências sociais aplicada


dizem que estamos vivenciando a era do conhecimento. Inovar por meio
do conhecimento é uma forte vantagem competitiva entre as empresas.
Existe uma grande distância entre a produção da ciência e a sua
aplicação na inovação tecnológica. Um verdadeiro cânion que significa
perdas econômicas substanciais.

Mas, como se dá a mediação de conhecimento nas empresas?


UNIUBE 69

Primeiramente, é importante saber que existem dois tipos distintos de


conhecimentos: o implícito ou tácito e o explícito ou codificável.

O conhecimento implícito ou tácito: é aquele que não pode ser


transferido por meio de documentos escritos. Dizemos que esse
conhecimento é não codificável, ou seja, está apenas no cérebro
humano. Como exemplo, podemos citar talentos individuais como o dom
de Mozart para a música.

O conhecimento explícito ou codificável: é aquele que pode ser


armazenado fora do cérebro humano; ele é transferível de uma pessoa a
outra e pode ser compartilhado na forma de dados brutos e está presente
em livros, mídias, computadores dentre outros.

O conhecimento implícito depende de um investimento individual,


enquanto que o explícito é um conhecimento público que pode ser
utilizado e recorrido sempre que necessário.

As empresas têm um grande desafio em termos de conhecimento,


pois é preciso saber quem detém aqueles tidos como diferenciais para
o seu sucesso, bem como saber onde o conhecimento explícito está
armazenado e como recuperá-lo quando necessário.

É fundamental que exista uma interação harmoniosa entre as pessoas


dentro da empresa, para que esse conhecimento seja repassado de
forma responsável e organizada, garantindo assim, o sucesso dos
processos e das inovações que possam surgir.
70 UNIUBE

IMPORTANTE!

O sucesso para a criação do conhecimento dentro da empresa se dá na


união dos dois tipos de conhecimentos.

Existem algumas condições que promovem a criação desse conhecimento


dentro de uma empresa, como por exemplo:
• intenção de todos, principalmente dos líderes;
• autonomia para a realização de tarefas; e
• atitudes abertas, principalmente com relação ao ambiente externo.

A seguir, veremos as fases do processo de criação do conhecimento,


seguido Reis (2008) (Figura 7).

Figura 7: Fases do Processo de criação do conhecimento.


Fonte: Adaptado de REIS (2008).

3.6.2 Os inibidores do conhecimento

Davenport e Prusak (1998, p. 117) chamam a atenção


Erodir
para fatores culturais que inibem a transferência
Sofrer
processo do conhecimento. Esses atritos “retardam ou
de erosão,
desintegração.
impedem a transferência e tendem a erodir parte do
conhecimento à medida que ele tenta se movimentar
pela organização”. Os atritos mais comuns e formas de superá-los, são
apresentados no Quadro 3.
UNIUBE 71

Quadro 3: Atritos mais comuns e possíveis soluções

Atrito Soluções Possíveis

Construir relacionamentos e confiança


Falta de confiança mútua
mútua por meio de reuniões face a face

Estabelecer um consenso por intermédio


Diferentes culturas, vocabulários
de educação, discussão, publicações,
e quadros de referências
trabalho em equipe e rodízio de funções

Falta de tempo e de locais Criar tempo e locais para transferências


de encontro, ideia estreita do conhecimento: feiras, salas de
de trabalho produtivo bate-papo, relatos de experiências

Status e recompensa vão para os Avaliar o desempenho e oferecer


possuidores do conhecimento incentivos baseados no compartilhamento

Educar funcionários para a


Falta de capacidade de flexibilidade, propiciar tempo
absorção pelos recipientes para o aprendizado, basear as
contratações na abertura de ideias

Crença de que o conhecimento é Estimular a aproximação não hierárquica


prerrogativa de determinados grupos, do conhecimento, a qualidade das ideias
síndrome do “não inventado aqui” e mais importante que o cargo da fonte

Aceitar e recompensar erros


Intolerância com erros ou
criativos e elaboração; não há perda
necessidade de ajuda
de status por não saber tudo

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998).

Sobre o registro do conhecimento na empresa, não poderíamos deixar


de citar Probst, Raub e Romhardt (2002), que, assim, se referem a essa
fase tão importante da Gestão do Conhecimento:
A memória pode ser descrita como um sistema de
conhecimento e habilidades que preserva e armazena
percepções e experiências além do momento em
que ocorrem, para que possam ser recuperadas
posteriormente. A memória organizacional é o ponto
de referência para novas experiências: sem memória,
nenhum aprendizado é possível. (PROBST, RAUB e
ROMHARDT, 2002, p. 176).
72 UNIUBE

Assim, concluímos que, sem memória e sem promoção da transferência


do conhecimento, uma empresa não poderá inovar.

3.7 2009 – Ano Europeu da Criatividade e Inovação

Quando falamos do processo de inovação e do crescimento sustentável é


preciso compreender que esses dependem da competitividade dos seus
produtos e processos. Essa premissa tornou-se senso comum no cenário
nacional e internacional quando o assunto é desenvolvimento. Não só
de produtos e processos vive esse desenvolvimento, mas o conteúdo
tecnológico deve estar em constante atualização, o que a curto, médio e
longo prazos assegurará o atendimento à demanda dos consumidores
e usuários.

A União Européia escolhe a cada ano um tema para sensibilizar e chamar


atenção dos governos nacionais e da população para as questões que
julga relevante. A primeira vez que foi escolhido um tema foi em 1983.
Em 2009 foi escolhido como tema a Criatividade e Inovação.

Para a equipe organizadora, criatividade é a faculdade de encontrar


soluções diferentes e originais para novas situações e inovação a
concretização de novas ideias. Ou seja, a criatividade é a base da
inovação.

Este programa foi organizado em torno de oito verbos que representam


as áreas de aplicação da criatividade e da inovação (Figura 8).
UNIUBE 73

Figura 8: Verbos criativos.

Ainda, segundo o material organizado pelo Centro de Informação


Europeia Jacques Delors para o Ano Europeu da Criatividade e Inovação
(2009), encontramos as seguintes aplicações para cada um dos verbos
(ou ações) apresentados:

• comunicar: desenvolver de forma criativa o uso da língua


portuguesa e da literatura para reforçar a relação entre povos e
culturas;
• aprender: reforçar o uso da criatividade no processo educativo e
iniciativas que reforcem esse uso ao longo da vida;
• inventar: reconhecer o papel da ciência e tecnologia e da cultura
científica e tecnológica na evolução da sociedade e do conhecimento
humano;
• criar: facilitar o desenvolvimento de ideias com potencial econômico;
• realizar: propor iniciativas criativas e empreendedoras na iniciativa
privada como fator crucial para o desenvolvimento econômico e
criação de riqueza;
• cooperar: estimular uma organização social que visem combater
a pobreza e exclusão e que promovam a cooperação comunitária;
• viver: aplicar a criatividade em contexto urbano melhorando as
condições de vida dos cidadãos e estimulando a competitividade
empresarial;
74 UNIUBE

• imaginar: desenvolver diversas formas de expressão artística, como


música, teatro, cinema, artes circenses e plásticas.

De acordo com a perspectiva do Programa, a questão da Criatividade


e Inovação Tecnológica representa a oportunidade de aliar crescimento
econômico de maneira a valorizar a cultura. Os pilares serão o trabalho e
o emprego, o cuidado com o meio ambiente e uma maior coesão social,
integrando os diversos setores econômicos e sociais.

Foram 260 projetos apoiados pelo programa, mas que envolveram


diversas iniciativas de âmbito público e privado. Desse projeto nasceu um
manual de Melhores Práticas de Programas de Criatividade e Inovação
da União Européia, uma exposição de 20 exemplos, 35 projetos e 10
peritos independentes de um total de mais de 100 inscritos.

PESQUISANDO NA WEB

Caso queira saber mais, os relatórios, dados e materiais estão disponíveis


no site oficial do Ano Europeu, disponível em <http://www.create2009.
europa.eu>.

Sugerimos que o acesse!

Por que trabalhar com um tema como esse?

Porque é objetivo da UE, até 2010, ter uma economia baseada no


conhecimento, mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir
um crescimento econômico sustentável, com mais e melhores empregos,
e com maior coesão social e respeito pelo meio ambiente. Reflete uma
preocupação da UE e dos Estados-Membros, num mundo marcado
UNIUBE 75

por mudanças contínuas e por uma economia globalizada, tornando


importante estimular o potencial criativo e de inovação dos cidadãos
(Figura 9).

Figura 9: Investindo no Capital Humano.

Fomentar o potencial criativo e de inovação dos cidadãos é fundamental


para melhorar os conhecimentos e para adquirir novas competências
que visem promover o crescimento e o emprego, o que trará melhor
coesão social, sensibilidade cultural e civismo. Com o desenvolvimento
da economia europeia tem-se o social, o que permite que os cidadãos
se integrem na sociedade contemporânea.

PARADA PARA REFLEXÃO

Diante dessa preocupação da União Europeia com as questões da


criatividade e da inovação, qual deverá ser a postura das políticas públicas
brasileiras?

3.8 Panorama Nacional de Inovação

Como está o Panorama Nacional de Inovação?

Conforme aponta Tironi (2005, p. 50), "a motivação do mercado para


a inovação geralmente ocorre em um contexto setorial", o que para o
autor significa que dentro de um mesmo setor industrial, alguns setores
76 UNIUBE

apresentam uma taxa de inovação superior a outras. É o caso das


empresas brasileiras de equipamentos de informática, material eletrônico
e de aparelhos e equipamentos de telecomunicações, equipamentos e
instrumentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos,
equipamentos de automação industrial, cronômetros e relógios estão
no topo da lista. Já entre as empresas estrangeiras presentes no Brasil
aquelas que mais inovam são as de fabricação de móveis, máquinas
de escritório e equipamentos de informática, fabricação e montagem
de veículos automotores, reboques e carrocerias, fabricação de outros
equipamentos de transporte e fabricação de produtos de minerais não
metálicos.

Pensar em inovação enquanto processo ou produto é um fenômeno difícil


de ser mensurado e, talvez por isso, não seja possível quantificar.

Apesar dessa observação, o autor aponta que "a inovação é um processo


difícil de ser mensurado" (Tironi, 2005, p. 51), e que requer diferentes
metodologias de investigação. Ainda assim, conclui que "o principal
desafio da política de inovação tecnológica brasileira seria conseguir
aumentar a frequência da inovação radical, entendida como de maior
intensidade tecnológica", e não apenas a inovação incremental, ou
melhoramento de um processo.

O Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT passou a se chamar, no


dia 03 de agosto de 2011, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Conforme apresentado em seu histórico no sítio oficial, desde a sua
criação ainda na década de 80 é o órgão responsável por uma função
estratégica no âmbito da Ciência, desenvolvendo estudos e pesquisas
que se traduzem em geração de novos conhecimentos e tecnologias.
Está legalmente amparado pelas disposições do Capítulo IV, da
Constituição Federal de 1988, onde trata da Política Nacional de Ciência
e Tecnologia. Os eixos estratégicos de sua ação são o apoio à Política
UNIUBE 77

Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, na forma de programas


e de leis de incentivo à pesquisa e desenvolvimento nas empresas e ao
fortalecimento da infraestrutura de instituições científicas e tecnológicas,
bem como daquelas voltadas à prestação de serviços nesse setor.

Segundo consta no site do MCT:


O surgimento do novo ministério, além de expressar
a importância política desse segmento, atendeu a um
antigo anseio da comunidade científica e tecnológica
nacional. Sua área de competência abriga o patrimônio
científico e tecnológico e seu desenvolvimento; a políti-
ca de cooperação e intercâmbio concernente a esse
patrimônio; a definição da Política Nacional de Ciência
e Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a
política nacional de pesquisa, desenvolvimento,
produção e aplicação de novos materiais e serviços de
alta tecnologia (BRASIL, 2006).

Verificamos que, na realidade, esse Ministério foi criado para


estabelecer políticas referentes à ciência e à tecnologia, acompanhando
detalhadamente, nesse sentido, as ações necessárias a esse
crescimento. Podemos, ainda, por meio do MCT, acessar o seguinte.

A divulgação de indicadores, na realidade, contribui para o acesso


a informações técnico-científicas na referida área, sobretudo em
comunicações internacionais. Segundo esses indicadores, os principais
obstáculos para inovação apontados pelos empresários, são os
elevados custos, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes
de financiamento.

A parceria da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica –


PROTEC, com o Ministério de Ciência e Tecnologia e SENAI – Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial, organizaram, em 2006, o manual
“Mecanismos de Apoio à Inovação Tecnológica” na tentativa de promover
o desenvolvimento de inovações e tecnologias nas empresas brasileiras.
Esse manual funciona como um facilitador do esforço das indústrias para
78 UNIUBE

elevar a sua competitividade nos mercados internos e externos pela


diferenciação de seus produtos e processos de fabricação, agregando-os
tanto às inovações que estejam desenvolvendo quanto às que venham
a ser realizadas. Resume e explica detalhadamente as novas leis que
regulam os procedimentos de subvenção econômica e de incentivos
fiscais para as empresas, propiciando uma redução do risco e dos custos
das inovações tecnológicas. Identifica, ainda, os programas de apoio ao
desenvolvimento tecnológico das agências federais e estaduais, como,
por exemplo, o programa Inovação, divulgado pelo BNDES, em 2006.

São iniciativas como estas que demonstram que o Governo Federal


brasileiro, preocupado em transformar conhecimento científico em
riquezas, tem apresentado diversos mecanismos para alavancar o
desenvolvimento tecnológico. Podemos citar também os Fundos de
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico que têm por principais
objetivos promover integração entre universidades, centros de pesquisa
e o setor produtivo, gerar inovações que contribuam para a solução de
problemas nacionais e estimular o elo entre ciência e desenvolvimento
tecnológico. Dentre outras, estão as seguintes entidades: o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, a Agência
Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, o Serviço Brasileiro de
Apoio à Pequena e Média Empresa – SEBRAE.

3.8.1 Lei da inovação – principais avanços

Criada em 2 de dezembro de 2004, a lei 10.973, estabelece medidas de


incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia
tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos
artigos 218 e 219 da Constituição Federal de 1988.
UNIUBE 79

O artigo 19, da Lei da Inovação, diz que a União, a Instituição


Científica e Tecnológica – ICT, e as agências de fomento promoverão
e incentivarão o desenvolvimento de produtos e processos inovadores
em empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado
sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa. Isso
ocorrerá mediante a concessão de recursos financeiros, humanos,
materiais ou de infraestrutura, a serem ajustados em convênios ou
contratos específicos, destinados a apoiar atividades de pesquisa e
desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial e
tecnológica nacional.

O artigo 22 traz o estímulo ao inventor independente que comprove


depósito de pedido de patente. Para ele, é facultado solicitar a adoção
de sua criação por ICT, que decidirá livremente quanto à conveniência
e oportunidade da solicitação, visando à elaboração de projeto voltado
à sua avaliação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização e
industrialização pelo setor produtivo.

3.8.2 A lei do bem

A lei 11.196, de 21 de dezembro de 2005, mais conhecida como lei


do bem, constitui-se como um dos mecanismos para incentivar o
desenvolvimento tecnológico do país. O capítulo III, dessa lei, trata dos
incentivos à inovação tecnológica para as empresas.

Essa lei pretende encorajar a participação das instituições científicas e


tecnológicas no processo de inovação, compartilhando sua infraestrutura
laboratorial com microempresas e empresas de pequeno porte.
Cede, ainda, funcionários do setor público para colaborar com essas
instituições, recebendo bolsa de estímulo à inovação e participando dos
ganhos econômicos advindos das criações resultantes. Trata do estímulo
ao inventor independente e às empresas, as quais podem beneficiar-se
80 UNIUBE

de mecanismos financeiros (subvenção econômica, financiamento ou


participação societária) ao investirem no desenvolvimento de produtos e
processos. Os artigos dessa lei representam avanços importantes para
a consolidação de um sistema de apoio à inovação.

Esses incentivos foram regulamentados pelo Decreto Nº 5.798, de 7 de


junho de 2006, Art. 2º. Para efeitos deste Decreto, considera-se:
inovação tecnológica: a concepção de novo produto
ou processo de fabricação, bem como a agregação de
novas funcionalidades ou características ao produto ou
processo que implique melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior
competitividade no mercado (BRASIL, 2006).

Esse artigo regulamenta os incentivos fiscais às atividades de pesquisa


tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, de que tratam
os artigos 17 a 26, da Lei do bem (2005).

O Art. 3º traz que a pessoa jurídica poderá usufruir de incentivos fiscais,


tais como:
• dedução, para efeito de apuração do lucro líquido,
de valor correspondente à soma dos dispêndios
realizados no período de apuração com pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tec-
nológica, classificáveis como despesas operacio-
nais pela legislação do Imposto sobre a Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ) ou o como pagamento na
forma prevista no § 1 deste artigo;
• redução de cinquenta por cento do Imposto so-
bre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre
equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumen-
tos, bem como os acessórios sobressalentes e
ferramentas que acompanhem esses bens, des-
tinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecno-
lógico;
UNIUBE 81

• depreciação acelerada, calculada pela aplicação


da taxa de depreciação usualmente admitida,
multiplicada por dois, sem prejuízo da deprecia-
ção normal das máquinas, equipamentos, apare-
lhos e instrumentos novos, destinados à utilização
nas atividades de pesquisa tecnológica e desen-
volvimento de inovação tecnológica, para efeito
de apuração do IRPJ;
• amortização acelerada, mediante dedução como
custo ou despesa operacional, no período de apu-
ração em que forem efetuados, dos dispêndios
relativos à aquisição de bens intangíveis, vincu-
lados exclusivamente às atividades de pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tec-
nológica, classificáveis no ativo diferido do bene-
ficiário, para efeito de apuração do IRPJ;
• crédito do imposto sobre a renda retido na fonte,
incidente sobre os valores pagos, remetidos ou
creditados a beneficiários residentes ou domicilia-
dos no exterior, a título de royalties, de assistência
técnica ou científica e de serviços especializados,
previstos em contratos de transferência de tec-
nologia averbados ou registrados nos termos da
Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, redução a
zero da alíquota do imposto sobre a renda retido
na fonte nas remessas efetuadas para o exterior
destinadas ao registro e manutenção de marcas,
patentes e cultivares. (BRASIL, 2006).

3.8.3 Meios de incentivo e apoio à inovação tecnológica

A Agência Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) é uma empresa


pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que visa o auxílio
a pesquisa e inovação.São quatro opções estratégicas como prioridades:

a) semicondutores;
b) software;
82 UNIUBE

c) fármacos e medicamentos;
d) bens de capital.

E três tecnologias portadoras de futuro:

a) biotecnologia;
b) nanotecnologia;
c) biomassa.

A FINEP financia, com essa visão de prioridades, projetos institucionais


de pesquisa e desenvolvimento, seja de Instituições Científicas e
Tecnológicas (ICTs) ou de empresas, de entidades públicas ou privadas.

PESQUISANDO NA WEB

Sugerimos que confira no site informações interessantes a respeito da


FINEP. Disponível em: <http://www.finep.gov.br>.

Nesse site, estão os formulários para solicitar apoio; pode ser realizada
também uma consulta prévia em formulário eletrônico autoexplicativo,
no qual constarão informações sobre a empresa interessada consistindo
de dados básicos, informações sobre a atividade econômica, dados
econômicos, pessoa para contato e sobre o projeto, constituindo
objetivos, inserção no mercado, etapas ou atividades do projeto, além
de estimativa de gastos previstos e financiamento pretendido, bem como
proposição de garantias.

Uma vez analisado o projeto e aprovado pela FINEP, a empresa será


informada da aprovação e receberá o contrato de financiamento para
assinar, e cumpridas todas as exigências receberá a liberação do
financiamento.
UNIUBE 83

3.8.3.1 PROINOVAÇÃO − Programa de Incentivo à Inovação nas


Empresas Brasileiras

O Proinovação é um programa do FINEP que visa estimular a realização


de atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I)
nas empresas brasileiras. Trata-se, do programa que fundamenta o
financiamento reembolsável padrão para situações em que são atendidos
requisitos, tais como:

• aumento da competitividade;
• inovação com relevância regional;
• aumento das atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
• projetos que resultem em adensamento tecnológico, parcerias entre
universidades e empresas;
• contratação de doutores, ou desenvolvimento de produtos da área
de semicondutores/microeletrônica;
• software, bens de capital e fármacos/medicamentos, ou como áreas
portadoras de futuro, tais como: biotecnologia, nanotecnologia,
biomassa.

3.8.3.2 BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social

É o mais poderoso instrumento do Estado brasileiro para execução


de políticas industriais. Foi criado em 1952, para promover o
desenvolvimento econômico do país, financiando indústria, infraestrutura
e outros investimentos. O BNDES é, hoje, uma empresa pública vinculada
ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele
atua por meio de linhas, programas e fundos. Os produtos oferecidos
pelo Banco são: financiamento a empreendimentos – FINEM; FINAME;
Inovação P, D & I; Inovação Produção.
84 UNIUBE

Todas as linhas de atuação do BNDES podem propiciar, ensejar ou


criar condições favoráveis à inovação tecnológica. Dos seis programas
industriais do BNDES, três são voltados precisamente para opções
estratégicas da PITCE: o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
da Cadeia Produtiva Farmacêutica (PROFARMA), o Programa de
Modernização do Parque Industrial Nacional (MODERMAQ) e o
Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e
Serviços Correlatos (PROSOFT).

3.8.3.3 Estados Federativos

Além dos mecanismos do Governo Federal de fomento à inovação


tecnológica, os governos estaduais também desenvolvem incentivos à
inovação. O Estado de São Paulo, por exemplo, instituiu ainda em 1962,
a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
A partir de 1989, diversos estados incluíram em suas novas constituições
estaduais artigos estipulando percentuais mínimos da arrecadação a
serem destinados ao esforço estadual em ciência e tecnologia. Em vários
Estados, temos fundações de amparo à pesquisa (FAP’s), que passaram
a funcionar como repositório dos recursos oriundos desse dispositivo.
Uma das principais iniciativas envolvendo os sistemas estaduais na
inovação tecnológica é o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas
– PAPPE; trata-se de um mecanismo de uso dos recursos dos fundos
setoriais pela FINEP em parceria com as FAP’s.

O principal desafio da política de inovação tecnológica brasileira é


conseguir aumentar a frequência da sua inovação, por exemplo, por
meio do lançamento de novos produtos e ou implementação de novos
processos. Aumentar o investimento das empresas em tecnologia
seria um bom cenário. E isso poderia ser suscitado se culturalmente a
criatividade fosse um valor nas pessoas, e não tratada como irreverência
pessoal.
UNIUBE 85

Antes de finalizarmos os estudos aqui propostos, gostaríamos de


ressaltar que: o engenheiro de produção, entre outras atividades, deverá
saber identificar, formular e solucionar problemas. Para que isso seja
feito com sucesso, precisará acompanhar as evoluções tecnológicas e
conhecer os anseios do mercado, a fim de utilizar sua capacidade criativa
para superar os desafios que lhe serão constantemente propostos. A
tecnologia, conforme defendido nesse capítulo é, de forma geral, a
união entre a ciência e a engenharia. Assim, o processo de inovação
tecnológica engloba desde estudos científicos, pesquisa, planejamento,
até sua aplicação técnica, resultando num processo, produto ou serviço
totalmente novo. Sem dúvida, os processos, produtos ou serviços
essenciais à vida da sociedade são os que permanecem no mercado,
são editados, copiados, redimensionados, transformados etc.

Esse engenheiro precisará, antes de qualquer coisa, ser um líder. Líder


de si mesmo, envolvido com as pessoas e, portanto, com os processos.
Precisará ser dinâmico, para que possa efetivar o processo decisório das
organizações. O engenheiro voltado para si mesmo não terá espaço. O
seu espaço será o espaço do grupo, da sociedade, do mundo.

Observe a Figura 10:

Figura 10: O que é necessário para realizar as mudanças.


86 UNIUBE

Na Figura 10, temos o modo como as mudanças deverão ser feitas. Está
claro que é preciso evoluir nos conceitos preconcebidos em função dos
avanços tecnológicos que exigem, cada vez mais, pessoas habilitadas
para significativas mudanças. Pessoas que respondam criativamente
diante dos diferentes cenários e das diferentes equipes de trabalho,
propondo novas soluções para velhos problemas, quebrando paradigmas,
modelos constituídos, são muito necessárias.

Está no capital humano o elemento que significará êxito operacional na


medida em que a tecnologia torna-se comum às diferentes organizações,
porque liderar pessoas passa a ser o ponto crítico para empresas que
permanecem em mercados competitivos.

Após toda essa leitura, a pergunta é:

você está preparado?

Resumo
Com o estudo deste capítulo, vimos pontos importantes que devem ser
foco de atuação e conhecimento do profissional que lida com produção
e seus processos, como:

• o engenheiro de produção tornou-se peça fundamental para


as empresas que procuram produzir com o mais alto padrão de
qualidade;
• entre as competências esperadas desse profissional está
evidenciado o seu potencial criativo para vencer os desafios que
surgem no dia a dia;
• a ciência, a tecnologia e a inovação tecnológica se relacionam;
• a ciência produz modelos, a tecnologia está associada a novos
processos de fabricação, a novos produtos, a novos métodos e aos
impactos que todos esses podem produzir em uma sociedade;
UNIUBE 87

• que inovação é a arte de introduzir novidades, produzir algo novo;


• a criatividade é que unirá ciência e tecnologia através da inovação;
• a criatividade é um comportamento que pode e deve ser
desenvolvido;
• liberar o nosso potencial criativo torna-se fundamental para perceber
o mundo em constante transformação e atuar sobre ele;
• entender o cérebro e seus hemisférios nos faz perceber o quanto
criativo nós somos;
• uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas para a obtenção
de ideias se chama brainstorming – tempestade de ideias – e tem
como premissa produzir o maior número de ideias possíveis sobre
um problema;
• as empresas têm um grande desafio em termos de desenvolvimento
do conhecimento dos seus colaboradores;
• 2009 foi o Ano Europeu da Criatividade e da Inovação, que teve
como objetivo desenvolver uma economia baseada no conhecimento
na União Europeia;
• o Ministério de Ciência e Tecnologia é o que descreve o panorama
nacional para inovação tecnológica, o órgão responsável pela
formulação e implementação da Política Nacional de Ciência e
Tecnologia;
• a Pesquisa de Inovação Tecnológica – PINTEC divulga indicadores
importantes de como está o processo de inovação tecnológica no
Brasil, bem como a utilização dos incentivos governamentais;
• a Lei da inovação, nº 10.973, estabelece medidas de incentivo à
inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e
ao desenvolvimento industrial do País;
• um dos mecanismos para incentivar o desenvolvimento tecnológico
do país foi a criação da chamada Lei do Bem – nº 11.196, que
pretende encorajar a participação das instituições científicas
e tecnológicas no processo de inovação compartilhando sua
infraestrutura laboratorial com microempresas e empresas de
pequeno porte;
88 UNIUBE

• a Agência Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e o Banco


Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BDNES são
alguns dos principais órgãos de incentivo à inovação tecnológica;
• está no capital humano o elemento que significará êxito operacional
porque liderar pessoas passa a ser o ponto crítico para empresas
que atuam em mercados competitivos.

Atividades
Atividade 1

Relacione os conceitos de ciência (C) e inovação tecnológica (I) com os


temas propostos a seguir.

São os diferentes tipos de conhecimento: o discurso do


a)
senso comum, o discurso filosófico, o discurso religioso
ou o discurso estético, o que significa que os diferentes
( )
tipos de conhecimento se distinguem uns dos outros por
características que são específicas e próprias de cada um
deles.
b) Elaboração e aperfeiçoamento dos métodos para assegurar
o funcionamento dos mecanismos da produção, do consumo
( )
e do lazer, assim como das atividades da pesquisa artística
e científica.
c) Impõe-se não tanto pelo que ela é, mas, sobretudo, pelo que
faz e permite fazer, isto é, ela é socialmente reconhecida ( )
pelas suas consequências.
d) Conhecimento racional, certo ou provável, obtido
metodicamente, sistematizado, verificável, relativos a objetos ( )
de uma mesma natureza.
e) Aspira à formulação de leis causais (explicativas) – à luz das
regularidades observadas – com vista a prever os fenômenos,
( )
já que nas mesmas condições, as mesmas causas produzem os
mesmos efeitos.
f) Compreende desde as ferramentas mais simples até os
microprocessadores e, no plano econômico, visa tornar cada ( )
vez mais rentáveis os investimentos.
UNIUBE 89

Atividade 2

Analise cada uma das competências esperadas do engenheiro de


produção presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais, citadas no
início deste capítulo. Qual dessas competências se relaciona mais com
os conceitos de criatividade trabalhados aqui?

Atividade 3

Considerando os aspectos criativos individuais que as empresas podem


explorar de seus funcionários, explique a importância desse processo
para a produção de novas tecnologias nas empresas.

Atividade 4

Após ler o capítulo, reflita e explique sobre a situação atual do Brasil em


relação à inovação. Para tanto, considere também os comentários da
última PINTEC de 2005.

Atividade 5

A empresa RoseBlue Cosmetic incentiva seus funcionários a compor-


tamentos criativos e dinamizadores. Em todos os seus lançamentos, os
primeiros consultados são os próprios colaboradores que estão sempre
envolvidos nas pesquisas de opinião. Aliás, essa empresa paga por boas
ideias que são implementadas nos processos, ou mesmo novos produtos.
A comissão de PDPP – Planejamento e Desenvolvimento de Produtos
e Processos é um órgão consultivo e dele fazem parte por tempo de
gestão, colaboradores indicados pelos seus pares. Essas pessoas, que
recebem um incentivo financeiro durante o tempo que estão no grupo
se reúnem a cada ciclo para analisar e avaliar as sugestões e repassar
ao executivo que solicita a sua implementação. O ciclo é de 3 meses e
o mandato dos membros de 1 ano.
90 UNIUBE

Faça de conta que você é um dos membros dessa comissão, e está


em uma das reuniões para avaliar as ideias do ciclo. Analise cada
uma das propostas a seguir e selecione aquelas que você sugeriria a
implementação imediata, aquelas para um prazo médio e aquelas que
não seriam sugeridas para implementação de jeito nenhum.

Será
Situação-problema Ideia implementada?
Quando?

a) Flávia é do suporte em Flávia sugeriu criar um espaço


informática. Até então, todas no ATADesk (uma ferramen-
as dúvidas, pedidos de suporte ta que visa criar um canal de
e sugestões que Flávia recebia comunicação entre colabora-
eram mantidos em sua caixa de dores, clientes e parceiros da
correio pessoal. Essa solução empresa) que pudesse ser
possuía uma série de descon- acessado por todos os colabo-
forto: as mesmas dúvidas eram radores. Ali seria reunida uma
respondidas inúmeras vezes. base de conhecimento sobre
Não era possível controlar as dúvidas, sugestões e estágio
efetivamente os defeitos do atual da resolução de dúvidas
software que haviam sido melhorando o atendimen-
sanados ou que ainda estavam to de suporte e seu trabalho
pendentes na própria empresa. junto aos colegas do setor.
Outros programadores que Antes de abrir uma solicita-
trabalhavam com Flávia não ção, o colaborador acessava o
tinham acesso aos chamados banco de dúvidas e só depois
que ela mantinha em sua caixa abria o pedido de solicitação
de correio. de suporte. Questões simples
como configuração de e-mails
e impressora, teriam o passo
a passo. Os seus colegas
passariam a ter acesso de
forma unificada às informações
de atendimento aos clientes. O
diretor da empresa também
passaria a ter um panorama
mais preciso de como anda o
serviço prestado.
UNIUBE 91

b) Marina observou que a fim Tirar o cafezinho da empresa.


de se distrair um pouco, os A sala do café seria externa
colaboradores levantavam aos escritórios. Com a distân-
de tempos em tempos para cia, os colaboradores sairiam
tomar um cafezinho. Resulta- menos. Economizaria e evitaria
do: excesso de copinhos de o acúmulo de lixo.
café no lixo. As pessoas vão
tomando cafezinho e jogando
os copinhos no lixinho ao
lado. Cada pessoa é capaz de
jogar 10 copinhos por dia. São
30 pessoas no setor, o que
dá uma média de 200 a 300
copinhos/dia. Duas vezes por
dia o lixo é recolhido. O que é
insuficiente.

c) Duarte observou que entre Duarte sugeriu que todos os


uma sala e outra da empresa, degraus dentro da empresa
sempre havia um degrau. Ele fossem retirados. Evitaria
não entendia porque aquele acidentes e facilitaria o acesso.
degrau estava ali. Não foi nem
uma ou duas vezes que viu
pessoas tropeçarem naqueles
degraus.

d) José Luis observou que José Luis sugeriu que duas


os colaboradores usavam vezes por dia o boy recolhesse
muito a copiadora e a impres- essas folhas e encaminhasse
sora para a execução de para a gráfica criar bloquinhos
suas atividades. Resultado: de anotações. Essa gráfica
excesso de papéis inutiliza- faria esse trabalho em parceria
dos na máquina copiadora e/ ficando com metade do papel
ou na impressora. As pessoas recolhido na empresa.
imprimem contratos, cartas,
memorandos, projetos o dia
todo. Muitas vezes, não sai
do jeito que a pessoa quer e o
papel é descartado ou jogado
no lixo. Em um dia observan-
do, foi detectado que, no
mínimo, 500 folhas de papel
sulfite são descartadas.
92 UNIUBE

Referências

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Informe:


Boletim informativo ABEPRO. Ano 1, Número 3, de dezembro de
2006. Disponível em <http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/
Boletim_Abepro_n%C2%B03.pdf>. Acesso em: 25 jul 2011.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Presidência


da República. Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 25 ago 2010.

BRASIL. Lei Nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à


inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
3 dez. 2004. Nº 232, Seção 1, p. 02. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm>. Acesso em: 25 ago. 2010.

_______. Pesquisa de inovação tecnológica - PINTEC. Brasília, DF:


Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2004. Disponível
em: <http://www.pintec.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2008.

_______. Lei Nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. Cap. 3. Dispõe sobre


incentivos fiscais para a inovação tecnológica, entre outros, e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 dez. 2004.
Nº 223, Seção 1, p. 03. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/lei/L11196compilado.htm>. Acesso em: 25 ago. 2010.

_______. Decreto 5798, de 7 de junho de 2006. Regulamenta os incentivos


fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
tecnológica, de que tratam os arts. 17 a 26 da Lei no 11.196, de 21 de
novembro de 2005. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 8 jun. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2006/Decreto/D5798.htm>. Acesso em: 25 jul. 2011.

CORTELLA, Mario Sérgio. Não nascemos prontos. Petrópolis, RJ: Editora


Vozes, 2006.

DAVENPORT, T. e PRUSAK, L. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro:


Campus, 1998.
UNIUBE 93

ERDMANN, R. H. Administração da produção: planejamento, programação e controle.


1. ed. Florianópolis: Papa Livro, 2000.

EUROPEAN YEAR OF CREATIVITY AND INNOVATION 2009. Europa:


Imagine. Create. Innovate. Disponível em: <http://www.create2009.
europa.eu/index_en.html>. Acesso em: 25 ago. 2010.

F/NAZCA. Perguntas. Filme TV Futura. 2009. Disponível em: <http://www.fnazca.


com.br/>. Acesso em: 25 Ago. 2010.

PATRICK, Catherine. What is Creative Thinking? New York: Philosophical


Library, 1955.

PROBST, G.; RAUB, S.; ROMHARDT, K. Gestão do conhecimento: os


elementos construtivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002.

RAUDSEPP, Eugene. Você é criativo? Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 1981.

REIS, Dálcio Roberto dos. Produção e transferência de conhecimento. In:


______Gestão da inovação tecnológica. São Paulo: Manole, 2008.

SANTANA, Larissa. O Brasil que inova. Revista Exame, São Paulo, 07


fev. 2008. Disponível em: <http://www.portaldeconhecimentos.org.br/
index.php/por/content/view/full/10258>. Acesso em: 25 ago. 2010.

SARDENBERG, Ronaldo Mota. A ciência e a utopia brasileira. Folha de São


Paulo, São Paulo, 30 abr. 2000. Coluna Tendências e Debates, p.2.

TIRONI, Luís Fernando. Política de Inovação Tecnológica: escolhas e


propostas baseadas na Pintec. Revista São Paulo em Perspectiva, v.
19, n. 1, p. 46-53, jan./mar. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/spp/v19n1/v19n1a04.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2011.
Capítulo O processo de inovação
4 tecnológica: conceitos,
fases e formas de acesso

Luciana De Martino Nogueira


Jacqueline Oliveira Lima Zago

Introdução
No capítulo anterior, vimos que os profissionais que lidam com
a organização da produção e seus fluxos tornaram-se peças
fundamentais para as empresas que procuram produzir com o
mais alto padrão de qualidade. Analisamos as competências
esperadas para esse profissional e o papel da criatividade como
unificadora da ciência e tecnologia.

As atividades nos mostraram que é possível desenvolver a


criatividade, condicionando nosso cérebro a uma postura diferente
frente aos problemas do cotidiano. Nesse sentido, unimos a
criatividade ao conceito de inovação.

Neste novo capítulo, continuaremos a tratar do tema inovação


aprofundando no panorama nacional de incentivo à inovação
tecnológica, visitando o aspecto legal da propriedade intelectual e
as estratégias para tornar real a criação e o desenvolvimento de
ideias.

Objetivos
• Nesse sentido, esperamos que após a leitura deste capítulo,
você seja capaz de:
• conceituar e distinguir invenção e inovação;
96 UNIUBE

• compreender que a inovação tecnológica é essencial para


o desenvolvimento de novos processos e produtos e deve
ser estimulada;
• definir propriedade intelectual e entender como ela afeta os
negócios de uma empresa;
• compreender o processo de inovação, desde a concepção
da ideia, passando pelo seu desenvolvimento até o seu
lançamento no mercado;
• situar o surgimento da sociedade do conhecimento e para
onde ela caminha;
• relacionar geração de conhecimento e geração de novos
produtos e processos;
• tomar conhecimento da aplicabilidade dos conceitos por meio
dos exemplos apresentados.

Esquema
4.1 Processo de inovação tecnológica
4.2 Importância da inovação
4.3 Propriedade Intelectual
4.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual
4.5 Patentes
4.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI
4.7 Mudanças tecnológicas
4.8 Concepção da ideia
4.9 O desenvolvimento da ideia
4.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de acesso
à tecnologia
4.11 Sociedade do conhecimento
4.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq
4.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação univer-
sidade-empresa
UNIUBE 97

4.1 Processo de inovação tecnológica

Já falamos em inovação tecnológica em outros momentos. No


entanto, retomaremos esse conceito para abordarmos outros
aspectos do processo.

Vejamos!

RELEMBRANDO

Você se lembra da diferença entre invenção e inovação?

Inovação é um termo empregado no universo corporativo para descrever,


de forma genérica, as necessidades de melhoria nos processos, produtos,
serviços, formas de gestão e posicionamento estratégico, garantindo,
consequentemente, menores custos, melhor qualidade, maior flexibilidade,
maior agilidade, menores prazos de entrega, entre outros aspectos. Contudo,
os termos invenção e inovação são diferentes e não devem ser confundidos.

Uma invenção pode ser uma nova ideia, uma nova máquina, uma nova
forma de gestão. Ela é simplesmente algo novo, concebido por uma
pessoa ou grupo de pessoas por meio de um processo criativo. Já, a
inovação é uma novidade que foi aplicada na prática com sucesso, ou
seja, uma novidade que gerou resultados e já se encontra inserida no
mercado. Assim, uma inovação é, então, uma invenção que deu certo do
ponto de vista de uma organização e que pode até mesmo ser aplicada
a uma invenção.
98 UNIUBE

Segundo Schumpeter (1996, p. 4), inovação


Joseph Alois
Schumpeter pode ser:
aquilo a que chamamos de progresso econômi-
Nasceu na região
da República co, significa essencialmente aplicar recursos
Checa, em 1883, produtivos a usos até então na prática não
e faleceu nos experimentados, desviando-os de usos que
EUA, em 1950. nunca tinham sido destinados. Isso se chama
Foi um dos mais inovação.
importantes
economistas
do século XX e
precursor da Teoria Em síntese, Schumpeter (1996) aborda inovação
do Desenvolvimento
Econômico (1912), como um conjunto de cinco pontos importantes,
fundamental para a
ciência econômica a saber:
contemporânea.
Pouco antes de sua • a fabricação de um novo bem;
morte, foi presidente
da recém-criada • a introdução, no mercado, de um novo método
International de produção;
Economic
Association. Suas • a abertura de um novo mercado;
ideias permanecem
contemporâneas, • a conquista de uma nova fonte de matéria-
sendo reeditadas
em todo o mundo, prima;
contribuindo para
o desenvolvimento • a realização de uma nova organização econô-
da ciência política e mica ou estrutura organizacional.
econômica.

Segundo esta ideia, o surgimento de uma


inovação pode ser representado conforme a Figura 1, pela união entre
novidade, aplicação prática e os resultados.

Figura 1: Pontos fundamentais da inovação.


UNIUBE 99

E, geralmente, podem ser classificados segundo o esquema da Figura 2.

Figura 2: Grau da Inovação.

4.1.1 Inovação conforme o objeto em foco

É um conceito adaptado da classificação, elaborada pela Organização


para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OECD –
Organization for Economic Cooperation and Development e disponível
para consulta no site <http://www.oecd.org> e pode ser inovação de
produto ou serviço: o objeto da inovação tem sua origem em um novo
produto ou serviço ou na melhoria em um produto ou serviço já existente:

• inovação de processo: o objeto da inovação é oriundo da


concepção de um novo processo para a produção de produtos ou
para a prestação de serviços novos ou já existentes ou, ainda, da
melhoria em um processo para essas mesmas finalidades;
• inovação em gestão: o objetivo da inovação são novas formas ou
melhorias na maneira de gerenciar negócios já existentes;
• inovação de negócios: o objetivo da inovação é um novo negócio
ainda inexplorado, um novo mercado para um produto (existente ou
não), ou um novo posicionamento de produto ou serviço já existente,
em mercado que também já exista.

Em geral, as inovações de negócios estão usualmente vinculadas a


processos de geração de ideias e ao desenvolvimento dessas ideias.
As inovações de negócios são geralmente as mais difíceis de serem
100 UNIUBE

obtidas. Assim, segundo Shumpeter (1996), citado por Baptista (1999,


p. 2) “Inovação é a introdução de um novo produto no mercado que teria
de ser significativamente diferente dos já existentes. Implica uma nova
técnica de produção e a abertura de um novo mercado”.

4.1.2 Inovação conforme o grau

Essa inovação é assim descrita por Freeman e Perez (1988, p. 3861):

• incremental: é a melhoria em um produto, serviço, processo,


negócio ou uma forma de gestão já existente para aprimorar ou
expandir sua aplicabilidade. Exemplo: escova de dentes, baterias
de celular, atualização do Windows;
• radical: é o surgimento de um novo produto, serviço, processo,
negócio ou de uma nova forma de gestão significativamente diferente
dos já existentes e que possibilite a criação de novos negócios ou
novos mercados. Exemplo: invenção da imprensa, da pólvora, da
bússola, advento da internet;
• mudança no sistema tecnológico: são grandes mudanças
tecnológicas que afetam diversos setores da economia de uma
sociedade. Combinam várias inovações radicais e incrementais.
Exemplo: lançamento do Linux, GPS, celular, internet;
• mudança no paradigma tecnológico: são mudanças tecnológicas
que transformam toda a atividade econômica de uma sociedade,
com impacto na organização do trabalho, nos custos e processos de
produção. Exemplo: máquina a vapor, energias alternativas.

AGORA É A SUA VEZ

Vamos ver se você entendeu o que falamos até aqui?


Observe os produtos a seguir e tente classificá-los segundo o seu grau de
inovação, marcando a coluna correspondente:
UNIUBE 101

Produto ou Serviço Inovação Incremental Inovação Radical


Sabão em pastilhas
CCAA Franchising
Sem Parar (Pedágio)
Código de Barras
Pilhas Duracell
Air Bag
ISO 9001
Post-it

4.1.3 Lado negativo da inovação tecnológica

Voltando em Schumpeter (1996), veremos que a inovação tem o seu


reverso, ou seja, ao mesmo tempo em que constrói, destrói. O que isso
significa exatamente?

Esse autor coloca a noção de “destruição criativa”, ou seja, a tecnologia


destrói, ou pelo menos diminui o valor de velhas técnicas e/ou produtos.
O novo produto ocupa o espaço, o que implica em destruição e criação.
Promove empresas criativas e inovadoras e fecha aquelas que não
se adaptaram ao mercado. Elimina postos de trabalho, mas também
cria novas oportunidades de ação. Esse é ponto dialético da inovação,
segundo a teoria Schumpeter.

SINTETIZANDO...

Você poderia se lembrar de produtos ou processos que destruíram outros


ao serem criados?
Pense na máquina de escrever.
Lembrou-se de mais algum?
102 UNIUBE

Vimos até aqui, conceitos e características da inovação. Você saberia


explicar o que seria a “denovação”? Esse termo foi usado, pela primeira
vez, pelo geógrafo sueco Torsten Hagerstrand (1988) como sendo o lado
destrutivo do processo de inovação. Na mesma linha de pensamento
de Schumpeter, nos vários ensaios produzidos, contextualizando com a
Revolução Industrial, temos os operadores de teares manuais que não
conseguiam competir com a nova tecnologia.

Temos, ainda, o caso da imprensa de Gutenberg que acabou com o


trabalho dos copistas e os “papeleiros” que vendiam livros manuscritos,
além dos contadores de histórias profissionais. É claro que,
consequentemente, surgiram novas ocupações, pois o novo modo de
organizar o volume de informações colocadas à disposição do público
dependia de uma diversidade profissional que era maior, do ponto de
vista social e intelectual, do que a de seus predecessores. Mas, ainda
assim, verifica-se o processo “denovação”.

Tais políticas devem:

• colocar a importância da inovação como fonte de vantagem


competitiva;
• assegurar o comprometimento de todos os colaboradores da
organização, e não somente aqueles envolvidos em pesquisa e
desenvolvimento.

4.2 Importância da inovação

Como vimos, a inovação é uma atividade que todas as empresas


desenvolvem em maior ou menor extensão. Implica em investimentos
aos quais estão associadas determinadas expectativas em relação
aos benefícios daí resultantes. Desse balanço de custos e benefícios
resultará a opção de qualquer empresa em inovar.
UNIUBE 103

IMPORTANTE!

Inovação

A inovação é um componente que deve estar presente dentro de uma


organização. Ela desempenha um papel estratégico para a competitividade
da organização. Contudo, para ser instaurada como valor na empresa é
necessário que a alta gerência defina políticas claras de inovação e as
coloque em prática efetivamente.

Assim, o processo de inovação tem determinados riscos inerentes,


apresentados no Quadro 1.

Quadro 1: Riscos do processo de inovação

Os riscos de Inovar Os riscos de NÃO inovar

o produto pode não satisfazer às


tornar os produtos/
necessidades do cliente e, assim,
serviços obsoletos e
não ser aceito pelo mercado;
desajustados do mercado;
a inovação pode implicar em
diminuir a rentabilidade,
investimentos elevados que podem
com a redução do valor
não ter rendimento satisfatório;
dos produtos/ serviços;
a concorrência pode aproveitar a
perda da imagem da
inovação, imitando e/ou aperfeiçoando;
empresa e dos produtos;
não existir meios financeiros, técnicos,
perda de competitividade,
entre outros, para efetivar a ideia;
posição e mercado;
a empresa se tornar dependente
perda de novas oportunidades
do novo produto;
de negócio;
concentrar-se excessivamente no novo
falência.
produto em detrimento da qualidade e da
comercialização dos produtos já existentes.

As empresas devem assegurar sua sobrevivência através da inovação


contínua de seus processos e produtos, pois é essa a estratégia para
104 UNIUBE

competitividade a médio e longo prazos, mesmo representando um


risco permanente. Esse risco é real, principalmente numa economia
de mercado oscilante como a nossa e em constante transformação
tecnológica.

A inovação nem sempre gera custos, mas pode, sim, representar


contenção de gastos, gargalos que diminuem a competitividade. Sendo
num novo produto, serviço ou mesmo processo interno, basicamente, as
empresas precisam inovar (Figura 3), para:

Figura 3: Por que as organizações precisam inovar.

Temos muitas outras razões, e você, com certeza, poderá listar mais
algumas!
UNIUBE 105

SAIBA MAIS

O Ministério de Ciência e Tecnologia

Uma das atividades propostas pelo Ministério é a Semana Nacional de


Ciência e Tecnologia. É um evento que acontece simultaneamente em todo
o território nacional e tem o objetivo de mobilizar a população em torno de
temas e atividades de ciência e tecnologia, valorizando a criatividade, a
atitude científica e a inovação. Mostra a C&T no cotidiano e sua importância
para o desenvolvimento do país. É uma forma de conhecer e discutir
resultados, relevância e impactos das pesquisas na área que estão sendo
desenvolvidas em todo o país, bem como as aplicações.

A seguir, serão abordados os aspectos jurídicos que asseguram o direito


de propriedade que é dado àquele ou àqueles que produziram alguma
inovação.

4.3 Propriedade Intelectual

Você sabia que estamos vivenciando uma era de muitas


transformações tecnológicas que atingem os mais variados
segmentos científicos e de negócios?

Essas transformações possibilitam interação cultural entre os povos.


Assim, a inovação tecnológica de um país tem sido fator fundamental
para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do mesmo. Esse
intercâmbio de conhecimentos faz com que as empresas, principalmente
as de base tecnológica, necessitem investir cada vez mais em pesquisa
e desenvolvimento.
106 UNIUBE

Dentro desse cenário, a Propriedade Intelectual


Propriedade
Intelectual surge com o aspecto de grande importância
Foi em 1873, em para o mundo moderno, pois envolve aspectos
Viena, que surgiu econômicos, jurídicos e sociais, e também serve
pela primeira vez
a discussão sobre como base de pesquisa tecnológica.
a Propriedade
Intelectual, a partir
de um manifesto
de expositores que De acordo com a Organização Mundial de
se recusaram a
participar de um Propriedade Intelectual (OMPI), a expressão
Salão Internacional Propriedade Intelectual abrange os direitos
de Invenções
com receio de relativos às invenções em todos os campos da
terem suas
ideias exploradas atividade humana; às descobertas científicas;
(Drahos,1998). No
Brasil, a lei que aos desenhos e modelos industriais; às marcas
rege a Propriedade
Intelectual é a 9279 industriais, de comércio e de serviço; aos
de 1996. nomes e denominações comerciais; à proteção
Cultivares contra concorrência desleal; às obras literárias;
Refere-se a tipo de artísticas e científicas; às interpretações dos
cultivo, por exemplo
flores, grãos. Na artistas intérpretes; às execuções dos artistas,
Botânica é qualquer
variedade vegetal aos fonogramas e às emissoras de radiodifusão,
cultivada, seja qual bem como os demais direitos relativos à atividade
for sua natureza
genética. intelectual no campo industrial, científico, literário
e artístico e os softwares. Já, a expressão
Propriedade Industrial refere-se à proteção de
patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e proteção
de cultivares.

A Propriedade Intelectual costuma ser dividida em duas grandes áreas:


• o Direito Autoral;
• o Direito Industrial.

Vale ressaltar que embora tenham similaridades, o Direito Autoral e o


Direito Industrial possuem naturezas jurídicas diferentes.
UNIUBE 107

a) O Direito Autoral

Também conhecido por propriedade literária, científica e artística. Ele


protege as criações tidas como mais artísticas do que funcionais, ou
seja, trata das obras de arte, como a pintura e a escultura, das obras
musicais, das obras literárias, como os romances e a poesia, e daquelas
acadêmico-científicas, como as teses, as dissertações, os artigos, os
livros técnicos e também os projetos de Arquitetura.

IMPORTANTE!

É o Direito Autoral que defende toda e qualquer criação do intelecto humano


que possua qualidades distintas daquelas simplesmente técnicas ou
mecânico-funcionais.

Sob o aspecto jurídico, o Direito Autoral aborda uma parte moral e outra
patrimonial.

O Direito Autoral Moral já aparece a partir da elaboração da obra, ou


seja, surge da relação entre criação e criador, em que esse último tem a
obra como uma projeção de sua personalidade. É um direito intransferível
e absoluto do autor e não tem validade temporal determinada, ou seja,
não possui prazo de vigência.

O Direito Autoral Patrimonial resulta da divulgação da obra, ou seja,


da apresentação da obra para o público, tanto pelo próprio criador como
por outra pessoa autorizada. Assim, protege os interesses monetários da
obra e, de maneira distinta do que ocorre com a primeira área, pode ser
negociada, por transferência, cessão, licença etc.
108 UNIUBE

IMPORTANTE!

O Direito Patrimonial do autor perdura por toda a sua vida e por mais setenta
anos, contados do primeiro dia do ano subsequente ao do falecimento, sendo
obedecidas, para fins sucessórios, as regras comuns de nosso Código Civil.

b) O Direito Industrial

Também conhecido por Propriedade Industrial, apresenta princípios


reguladores das proteções às criações intelectuais no campo técnico,
com o objetivo principal de proteger e incentivar a disseminação
tecnológica e a garantia de exploração exclusiva por parte de seus
criadores. Abrangem as criações intelectuais resultantes da atuação
profissional dos engenheiros, designers e, também, dependendo do caso,
dos arquitetos.

A Propriedade Industrial engloba a concessão de patentes (invenções e


modelos de utilidade) e registros (desenhos industriais).

4.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual

Ao tratar da Propriedade Intelectual, o art. 5º, da Constituição Federal,


confere tutela específica nos seguintes termos (BRASIL, 1988):

Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (BRASIL, 1988,
Art 5º, Inciso XXVII);

São assegurados, nos termos da lei: a proteção


às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas; o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e
às respectivas representações sindicais e associativas
(BRASIL, 1988, Art. 5º, Inciso XXVIII, item a e b);
UNIUBE 109

A lei assegurará aos autores de inventos industriais


privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País
(BRASIL, 1988, Art 5º, Inciso XXIX).

A nossa Carta Magna assegura a inviolabilidade do direito à propriedade,


mas determina também que a propriedade atenderá a sua função social.
Sendo assim, admite a desapropriação de um bem por necessidade ou
utilidade pública ou por interesse social.

É considerado violação desse direito, segundo o Contrafação

Código Penal Brasileiro, contrafação, reprodução Falsificação de


produtos, valores,
sem autorização do autor, imitação literária, assinaturas etc.
Obra que imita
usurpação da personalidade do autor, suplantação ou reproduz
fraudulentamente
da personalidade do autor, utilização abusiva, outra. Imitação
plágio, pirataria. fraudulenta.

Você sabe o que é patente?

Patente é um documento formal concedido pelo Estado e que confere a


propriedade exclusiva e temporária a uma pessoa física ou jurídica sobre
o que tenha sido inventado ou aperfeiçoado por ela. Já, o registro é uma
modalidade simplificada se comparado à patente, possuindo, entretanto,
os mesmos aspectos de temporalidade e exclusividade conferidos ao
seu titular.

Ao contrário do Direito Autoral, que tem sua proteção garantida com


apenas a elaboração da obra, independentemente da oficialização, a
Propriedade Industrial tem, na patente, e no registro a condição essencial
para sua existência e validade, ou seja, uma criação só passa a ser
protegida pelo direito industrial se for patenteada ou registrada.
110 UNIUBE

Para que a invenção seja patenteada, ela deve ser algo novo, que tenha
aplicação industrial, como produto ou como processo de fabricação. Seus
requisitos essenciais são apresentados na Figura 4.

Figura 4: Requisitos para a Inovação.

A novidade é a certeza de que a criação jamais foi feita, em qualquer


lugar ou a qualquer tempo. A industriabilidade é a capacidade de ser
produzido (ou reproduzido) industrialmente, com a finalidade de consumo.
A atividade inventiva é a criatividade, ou seja, a criação não deve ser
consequência de alguma técnica já acessível ao público, em qualquer
ramo de atividade e em qualquer parte do mundo.

Assim, caso uma criação tenha esses três requisitos e faça uso,
principalmente, de técnicas totalmente diferentes, que acabe com
métodos e conceitos tradicionais, com certeza ela será passível de
proteção patentária, sendo enquadrada como uma invenção.

O modelo de utilidade é resultado de uma modificação na forma ou


disposição de um objeto já existente, melhorando o caráter funcional no
uso ou no processo de fabricação de algum produto, sendo assim um
aperfeiçoamento na utilidade, embora requeira também a novidade, a
UNIUBE 111

industriabilidade e a atividade inventiva. Entretanto, essa modificação


deve gerar um avanço de caráter funcional, uma vez que as modificações
meramente estéticas já têm guarida com o registro de desenho industrial.

IMPORTANTE!

O desenho industrial é definido legalmente como uma forma plástica de


um objeto ou um conjunto de linhas e cores, que pode ser aplicado em um
produto e o torne perceptivelmente novo e original na sua configuração
externa, servindo também de tipo de fabricação.

A proteção de um desenho industrial se dá por meio de registro e a


finalidade dele visa mais o caráter estético. Essa é a principal distinção
entre o modelo de utilidade e o desenho industrial. No modelo de
utilidade, a intervenção é dada na função, vislumbrando uma melhoria
no uso ou no processo de fabricação; já no desenho industrial, a proteção
é obtida apenas na composição estético-formal de um produto.

Na prática, toda alteração estética nos produtos seja por meio de novos
grafismos, texturas, entre outros, são registráveis e suscetíveis à proteção
pela Propriedade Industrial por meio do registro do desenho industrial,
tendo como exceção algumas poucas limitações impostas por lei, como,
por exemplo, a forma vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada
principalmente por considerações técnicas ou funcionais.

Percebe-se, dessa maneira, que o caráter estético é o item principal a


ser verificado em um produto passível de registro de desenho industrial,
isto é, por menor que seja a alteração formal, ela deverá se sobressair
da configuração essencialmente técnica ou funcional.

Sabe-se que é por esse motivo que peças ou componentes mecânicos,


isoladamente, dificilmente são passíveis de proteção por registro de
desenho industrial.
112 UNIUBE

IMPORTANTE!

Quanto ao prazo de vigência, o direito de Propriedade Industrial é mais


limitado se comparado com aquele do Direito Autoral. As invenções (PI)
têm a proteção por vinte anos, contados a partir do seu pedido, ou depósito.
Os Modelos de Utilidades (UM) têm por quinze anos, contados da data do
depósito. Já, o desenho Industrial tem proteção por dez anos, contados do
pedido, prorrogáveis por três períodos iguais e sucessivos de cinco anos.

Não poderá ser registrado e protegido o que for contrário à moral e


aos bons costumes, que ofenda a honra ou imagens de pessoas; que
atente contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia
e sentimentos dignos de respeito e veneração. Em relação ao aspecto
técnico, não será protegido o Desenho Industrial que apresente forma
necessária, comum ou vulgar do objeto.

4.5 Patentes

Especificamente sobre patentes, destacamos:

Uma patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção


ou modelo de utilidade. Esse título é outorgado pelo Estado aos autores
ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a
criação. Essas pessoas são chamadas de titulares da patente. Para
receber o título de propriedade, todo o conteúdo técnico da matéria
protegida pela patente deve ser detalhadamente fornecido.

O objetivo é disseminar o conhecimento pela descrição detalhada da


invenção, promovendo o desenvolvimento tecnológico.

Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir


terceiros, sem sua prévia autorização, da fabricação, comercialização,
importação, uso e venda da obra protegida.
UNIUBE 113

Confira alguns exemplos de objetos que podem ser patenteados:


• dispositivos mecânicos, elétricos e eletrônicos;
• ferramentas e máquinas;
• produtos químicos, alimentícios e farmacêuticos em geral;
• processos e métodos de fabricação.

4.5.1 Patente de invenções

As invenções podem ser patenteadas, desde que atendam aos requisitos


especificados a seguir:
• novidade: o invento não pode ter sido tornado público em lugar
algum do mundo, exceto quando a divulgação é feita pelo próprio
inventor, em casos previstos em lei;
• atividade inventiva: o invento não pode ser decorrência óbvia
daquilo que já se conhece, deve trazer vantagens técnicas e
comerciais;
• aplicação industrial: o invento deve ser facilmente fabricado em
escala industrial ou usado em qualquer ramo da indústria.

4.5.2 Patente de modelos e objetos

Você sabe quando um objeto pode ser patenteado?

É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, gerado


a partir de atividade inventiva, com aplicação industrial, que apresente
nova forma ou disposição e que resulte em melhoria funcional no seu
uso ou em sua fabricação.

Não são patenteáveis

Não se consideram invenção e nem modelo de utilidade: descobertas,


teorias científicas e métodos matemáticos, além de concepções
puramente abstratas, esquemas, planos, princípios ou métodos
comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, sorteio e de
fiscalização.
114 UNIUBE

Veja, na Figura 5, os 6 passos para registrar a patente de um produto.

Figura 5: Passos para registro de patente.

PESQUISANDO NA WEB

Sugerimos que confira os sites:


<http://www.patentesonline.com.br/> e também <http://www.inpi.gov.br>.

4.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial − INPI

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é uma autarquia federal


vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Criado em 1970, o instituto tem suas atribuições regulamentadas pela Lei
de Propriedade Industrial, Lei nº 9279, de 14/05/1996, cabendo à ele:
• executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade
industrial;
• pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação
e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre
propriedade industrial;
• conceder marcas e patentes;
UNIUBE 115

• averbar contratos de transferência de tecnologia;


• registrar programas de computador, desenho industrial e indicações
geográficas, bem como contratos de franquia empresarial.

O INPI publica a Revista de Propriedade Industrial em versão eletrônica.


Nela são publicados todos os atos relativos ao órgão, tais como os
pedidos de patente, as patentes deferidas e as marcas concedidas, os
registros de desenhos industriais e os registros de indicações geográficas.

Na sequência, apresentaremos alguns modelos de mudanças


tecnológicas que podem servir de base para que o processo de inovação
atinja os melhores resultados, bem como mostraremos de que maneira
a empresa pode ter acesso à tecnologia.

4.7 Mudanças tecnológicas

RELEMBRANDO

Você se lembra?
Em 2007, a questão da Propriedade Intelectual ganhou destaque na mídia.
Em defesa da saúde pública, o governo brasileiro negociou com grandes
laboratórios farmacêuticos medicamentos para tratamento de portadores de
HIV, a fim de viabilizar o custeio dos medicamentos. Isso gerou a quebra de
um medicamento em especial que representou uma economia de US$ 30
milhões ao ano. A OMS prevê a quebra de patentes em caso de epidemia
ou necessidade da população. O Brasil já registrou mais de 400 mil casos
de AIDS, desde 1980, e acumulou 183 mil óbitos. Com essa justificativa, o
Brasil não sofreu nenhum tipo de sanção.

Entenda melhor visitando o site: <http://www.hebron.com.br>.


116 UNIUBE

Sabe-se que, de maneira geral, o processo de inovação não ocorre de


modo linear. Vários estudos sobre o tema e seu resultado econômico
têm chamado a atenção para os denominados modelos interativos
de inovação, isto é, a inovação não se inicia com uma simples ideia
que dá origem a uma aplicação prática resultando em um produto
comercial e, sim, passa por um processo retroativo, em que a inovação
é interpretada por vários atores, tais como: empresas, universidades,
institutos tecnológicos e o governo – atores esses que, muitas vezes,
atuam simultaneamente.

Entretanto, quando focamos o estudo da inovação sob a perspectiva de


uma empresa, ela é vista como um método gerencial e que, por esse
motivo, necessita ser sistematizado. Tal sistematização ocorre de acordo
com o tipo de inovação que é desenvolvida.

Assim, é necessário que se definam as atividades inovadoras, enfatizan-


do as atribuições de cada ator no processo (Figura 6).

Figura 6: Atribuições na atividade inovadora.

Além disso, independentemente de qual tipo de processo de inovação


será utilizado, ele pode seguir dois planos diferentes e complementares:
a concepção das ideias e o seu desenvolvimento.
UNIUBE 117

4.8 Concepção da ideia

O objetivo desse plano é criar oportunidades de inovação que possam


ser aplicadas no mercado com sucesso, sendo que, quanto mais ideias
forem reveladas, melhor será o resultado. Segundo Drucker (1991, p. 45):
a inovação sistemática consiste na busca deliberada e
organizada de mudanças e na análise sistemática das
oportunidades que tais mudanças podem oferecer para
a inovação econômica ou social.

Ou seja, é uma busca que deve ser feita diariamente e por todos os
setores da empresa. Ele afirma que a inovação é um processo que pode
ser aprendido e gerenciado e que, portanto, pode ser visto como uma
disciplina a ser estudada. O modelo de Drucker (1991) está representado
a seguir.

Leia-o, com atenção!


118 UNIUBE

Assim, podemos concluir que:

Na inovação, como em qualquer outro esforço, existe


talento, existe engenho e existe conhecimento. Mas
quando tudo está preparado o que a inovação exige é
um trabalho árduo e focado nos objetivos. Se o trabalho
não for efetuado de forma diligente, persistente e
empenhada, talento, engenho e conhecimento não
têm qualquer utilidade. (DRUCKER, 1991, p. 59).

4.9 O desenvolvimento da ideia

Neste plano, a ideia é desenvolvida desde o seu refinamento até o seu


lançamento no mercado. Assim, a ideia é estudada minuciosamente
para se verificar se seria viável perante o mercado, bem como quais as
possíveis receitas que a inovação traria para a empresa. Esse modelo
apresenta etapas que devem ser gradativamente seguidas para que se
avalie a sua capacidade técnica de execução, em um primeiro momento,
e a econômica/financeira em um segundo momento.

Confira no diagrama da Figura 7.


UNIUBE 119

Concepção e Avaliação Projeto Viabilidade Implementação


refinamento preliminar

Figura 7: Etapas de avaliação da capacidade técnica de execução.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Observe atentamente as etapas apontadas no diagrama proposto por


Leite (2005). Em seguida, atente-se para as suas especificidades:

• concepção e refinamento: é o detalhamento da ideia, utilizando-se


de várias fontes de informação, tais como laudos técnicos, opiniões
de especialistas, pesquisas bibliográficas sobre a tecnologia a ser
empregada, entre outros;

• avaliação: a ideia é submetida a um exame técnico detalhado


para verificar sua viabilidade e capacidade de ser executada tanto
na teoria como na prática. Tal exame é realizado com a ajuda das
diversas áreas da organização – tendo como principais as áreas de
marketing e produção, bem como de outros parceiros de negócios
– fornecedores e representantes, por exemplo;

• operacionalização: antes de a ideia ser efetivamente posta em


prática, torna-se necessário que ela seja testada para medir sua
viabilidade técnica e, por meio de testes de mercado, seja medida
sua viabilidade econômica e comercial;

• implementação: a ideia é, por fim, implantada dentro da


organização, ou seja, novas linhas de produção são montadas ou
120 UNIUBE

são alteradas as já existentes, colaboradores são treinados e o


produto, processo ou serviço incorpora os ajustes propostos;
• lançamento: a ideia é lançada no mercado na forma de produto,
serviço ou processo.

4.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de


acesso à tecnologia

Durante a leitura, vimos a importância de a empresa investir em


tecnologia. Dentre as motivações para isso, podemos citar a estratégia,
a sobrevivência e a competitividade (Figura 8).

Figura 8: Motivações para Inovar.

O fator sobrevivência deve ser levado em consideração pois, na


empresa, quando seus produtos e/ou serviços se tornam obsoletos a
falência é inevitável. A mudança torna-se, assim, crucial para assegurar
a permanência, ou não, dessa empresa no mercado.

A inovação como fator de competitividade refere-se àquelas empresas


em que a inovação é permanente, a fim de garantir a sua manutenção
no mercado.
UNIUBE 121

A esse respeito, temos uma frase, que é atribuída a Bill Gattes, que diz:
“As únicas grandes companhias que conseguirão ter êxito são aquelas
que consideram os seus produtos obsoletos antes que os outros o façam”.
Se essa frase foi realmente proferida por ele, não podemos afirmar, mas
dentro do nosso contexto, é um ponto importante a se pensar.

As empresas, cuja inovação é um fator de estratégia, são conduzidas de


forma mais estruturada e organizada. Essas empresas estão dispostas
em investir em P&D durante o prazo que for necessário. Englobam
aqui tanto o fator de competitividade como também de sobrevivência.
Pode ser uma estratégia reativa (imitadora), defensiva, subcontratação
(dependente) ou ofensiva, mas em qualquer caso a inovação é um
elemento-chave.

A capacidade tecnológica de uma empresa pode ser definida pelo seu


grau de domínio e experiência no processo de inovação tecnológica.
Assim, podemos dizer que empresas no 1º nível de capacidade
tecnológica são aquelas que têm capacidade de identificar, selecionar e
comprar tecnologia materializada. As empresas no 2º nível de capacidade
tecnológica são aquelas que conseguem comprar e modificar a tecnologia
adquirida. Já as empresas de 3º nível tecnológico são aquelas que
conseguem produzir novos produtos e/ou serviços no mercado utilizando
sua própria tecnologia.

A aquisição de tecnologia material é limitada. A construção de


capacidades inovadoras requer um esforço humano, ou seja, imaterial,
que vai desde o conhecimento científico de quem pretende inovar, até a
interação da empresa inovadora com seus fornecedores.

A estratégia tecnológica que uma empresa adota é muito relevante para o


sucesso de seu negócio. Freeman (1982, p. 265-285) apresenta em seu
livro Economics of industrial innovation (Economia da inovação industrial)
essas estratégias de forma detalhada:
122 UNIUBE

• ofensiva: as empresas que se utilizam desta estratégia procuram


uma posição de liderança técnica perante o mercado e por esse
motivo investem em um departamento específico de P&D, contratam
técnicos e cientistas especializados e dão valor ao sistema de
patentes;
• defensiva: a principal estratégia de busca tecnológica dessas
empresas seria aproveitar-se de eventuais erros de empresas
pioneiras. De certa forma, investem em P&D, mas a maior análise
está em cima da empresa concorrente;
• imitadora: com relação às inovações propostas, as empresas que
se utilizam desta estratégia não disputam posição de liderança
perante o mercado e custeiam suas inovações por meio de simples
cópias a preços mais baixos;
• dependente: praticamente não possuem estratégia de inovação
tecnológica. Geralmente, são empresas que mantêm suas rotinas e
são conservadoras.

As empresas podem conseguir acesso à tecnologia por meio de:

• compra de tecnologia: incluem equipamentos industriais e serviços;


• importação de tecnologia: neste caso, existe uma capacidade
de prover serviços tecnológicos e recursos humanos aptos para
desenvolver os pacotes tecnológicos comprados de fornecedores
estrangeiros;
• P&D – Pesquisa e Desenvolvimento;
• vigilância tecnológica: realizada através da observação direta da
concorrência; formação de pessoal próprio: investimento em P&D;
• licenciamento: concessão de uma licença para explorar determi-
nada tecnologia;
• pesquisa por encomenda: contrato com terceiros para realização
da inovação;
• contratação de especialistas: geralmente trabalham para a
empresa em questão apenas no período do desenvolvimento do
novo processo ou produto.
UNIUBE 123

Além das formas de acesso comentadas, a empresa também pode optar


por buscar a tecnologia nas universidades, conforme comentaremos a
seguir.

4.11 Sociedade do conhecimento

Tivemos com a Segunda Guerra Mundial um momento marcado pela


destruição. A sociedade buscou diferentes formas de sobreviver ao
caos instalado, principalmente na Europa e América do Norte. Conforme
acompanhamos na história da produção industrial, até esse momento,
vivíamos a era da Sociedade de Serviços. O homem social produzia.

O desenvolvimento tecnológico em constante transformação nos trouxe


a Sociedade da Informação, principalmente a partir dos anos 70, quando
as formas de divulgação da informação alcançaram a base tecnológica
necessária para a sua globalização. Antes disso, porém, Drucker (1995)
já apontava em seus ensaios, o que ele chamava de trabalhador do
conhecimento.

Nesse contexto, o conhecimento apresenta-se tão vital e importante que


se torna uma vantagem competitiva nos meios de produção.

Afirma Drucker:
na Sociedade do Conhecimento, cada vez mais
conhecimentos, especialmente avançados, serão
adquiridos muito depois da idade escolar e, cada vez
mais, através de processos educacionais não centrados
na escola tradicional. (Drucker, 1995, p.156).

O recurso humano básico não é mais o capital, ou os recursos naturais,


ou ainda a mão de obra, mas, sim, o conhecimento que se forma em
espiral. As organizações não geram conhecimento, as pessoas que se
encontram nelas, sim, desde que encontrem condições propícias para
a sua criação.
124 UNIUBE

4.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq

O Governo Federal já percebeu que para uma maior participação do


Brasil no cenário de Inovação Tecnológica mundial, precisará de uma
política que em parceria com a educação, desperte os jovens para a
pesquisa. Nesse sentido, dentre as iniciativas do governo, encontramos
o CNPq.

O CNPq é uma Fundação Pública do Poder Executivo de fomento à


pesquisa vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia que existe há
50 anos no Brasil. Sua atribuição é financiar a:
formação, capacitação e aprimoramento de recursos
humanos, no País e no exterior, quanto ao fomento
à pesquisa científica, tecnológica e de inovação,
mediante o aporte de recursos orçamentário-
financeiros para despesas de capital e de custeio
de projetos, utilizando-se de recursos próprios,
alocados ao seu orçamento, ou em parceria com
outras instituições nacionais, de abrangência federal,
estadual e regional, e internacionais, por meio de
transferências recebidas e/ou repassadas, mediante
convênios e parcerias estabelecidas para essas
finalidades. (CNPq, 2007, p.6).

No último relatório de gestão, mostra que atuando conjuntamente com


o MCT, o CNPq conseguiu superar a marca de quatro mil projetos de
pesquisa e expandiu em mais de 50% o volume de recursos. Algo em
torno de 155,5 milhões. Foram mais de 57 mil bolsas, um milhão de
currículos cadastrados na plataforma Lattes e mais de 4 mil instituições
cadastradas (CNPq, 2007).

SAIBA MAIS

A Plataforma Lattes é uma base de dados de currículos e de instituições


da área de ciência e tecnologia em um único Sistema de Informações. O
Currículo Lattes registra a vida pregressa e atual dos pesquisadores sendo
UNIUBE 125

elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos


apresentados à Agência.

Acesse a plataforma, disponível em <lattes.cnpq.br>, conheça os maiores


pesquisadores de todos os tempos e cadastre o seu currículo também.

Analisando a atuação do CNPq nos últimos anos, percebe-se uma


busca por crescente racionalização e sistematização, no que concerne
à organização das atividades e projetos inerentes aos mesmos e,
principalmente, à contínua ampliação das suas realizações.

Em 2009, foi aberto um novo edital do RHAE (Recursos Humanos em


Áreas Estratégicas) com rodadas de seleção de propostas em três
oportunidades, ao longo de 2010. O objetivo é selecionar propostas que
visem apoiar as atividades de pesquisa tecnológica e inovação por meio
da inserção de mestres ou doutores, em empresas, prioritariamente em
empresas de pequeno e médio porte, atendendo aos objetivos do Plano
de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação e as prioridades da Política
de Desenvolvimento Produtivo – PDP.

PESQUISANDO NA WEB

Caso queira saber mais e ficar por dentro do que acontece nesta área,
sugerimos acessar o sítio do CNPq regularmente no endereço: <http://www.
cnpq.br/web/guest/rhae>.

4.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação


universidade-empresa

Na América Latina, o ponto inicial de cooperação entre universidade-


empresa foi a publicação de um artigo em 1968, em uma revista
126 UNIUBE

argentina, chamado “La ciencia y la Tecnología en el desarrollo futuro


de América Latina”, de autoria de Jorge Sábato e Natálio Botana. Esse
artigo foi escrito há 30 anos e é visto por estudiosos como um ponto de
referência na área.

Sábato e Botana (1968 citado por REIS 2004, p.104) defendem que
os países latino-americanos devem realizar ações sérias, sustentáveis
e permanentes no campo da pesquisa científica e tecnológica para a
superação do subdesenvolvimento. Entretanto, tal posicionamento das
universidades tem causado polêmica.

Não estariam elas desviando-se de seus objetivos primordiais,


que são o ensino e a pesquisa?

Discute-se muito sobre a segunda revolução acadêmica, por qual passa a


universidade. Tivemos uma primeira revolução no final do século XIX com
o advento da pesquisa na Universidade de Berlim. A segunda caracteriza-
-se basicamente na relação da escola com o setor produtivo.

Assim, essa segunda revolução seria a participação dos pesquisadores


da universidade na elaboração de novos processos e produtos em
parceria com o próprio mercado. A universidade começa a prestar
serviços e consultorias que podem constituir a porta de entrada para
relações de maior relevância.

Para que a parceria universidade-empresa tenha sucesso, Reis (2004,


p.146-149) além de apontar atitudes motivadoras que podem ser
adotadas, apresenta as principais barreiras que também devem ser
enfrentadas por cada uma das entidades, conforme mostraremos a
seguir.
UNIUBE 127

4.13.1 Motivações

Para as empresas:
• aquisição de novos conhecimentos;
• estar a par de novas descobertas, ter acesso à inovação;
• obter opiniões independentes e diferentes;
• identificação dos melhores alunos para contratação;
• melhoria da imagem e do prestígio da empresa aos olhos dos
clientes;
• obtenção de apoio técnico para a solução de problemas;
• os custos de pesquisa são reduzidos;
• acesso aos recursos humanos da universidade;
• acesso aos laboratórios e equipamentos.

Com o aumento da competição acirrada entre as empresas, aquelas que


buscam parcerias com as universidades, melhoraram seu desempenho
tecnológico e, consequentemente, seu prestígio perante a sociedade.
Estas empresas, atuando dessa maneira, passam a ser vistas não só
como visionárias do lucro, mas também como empresas socialmente
responsáveis, o que pode inclusive aumentar seu sucesso.

Os benefícios para a universidade são:


• a realização da função social da universidade ao transferir
conhecimentos que promovam a melhoria da qualidade de vida da
população;
• divulgação de uma boa imagem da universidade;
• aplicação de conhecimentos teóricos à realidade;
• obtenção de conhecimentos da realidade empresarial úteis ao
ensino e à pesquisa;
• abrir o mercado de trabalho para o aluno;
• obtenção de casos reais para aplicação nas aulas;
• permitir aos alunos contatos com as empresas;
128 UNIUBE

• obtenção de recursos financeiros adicionais;


• obtenção de equipamentos, matérias-primas, serviços etc., forneci-
dos pela empresa;
• obtenção de benefícios para a carreira acadêmica do professor;
• o professor/pesquisador adquire prestígios aos olhos da comunidade
empresarial;
• o professor/pesquisador adquire prestígios aos olhos da comunidade
acadêmica;
• possibilidades de emprego fora da universidade;
• a universidade também ganha realizando parceria com as empresas,
pois melhora sua qualidade de ensino, uma vez que grandes
inovações tecnológicas demandam grandes investimentos e, muitas
vezes, as universidades não conseguiriam alavancar os recursos
necessários para isso sozinhas.

Conheça, a seguir, alguns dificultadores, tanto para as empresas quanto


para as universidades.

4.13.2 Barreiras

Para a empresa:
• reduzida aplicação prática dos trabalhos acadêmicos;
• falta de órgão de gestão do processo e a complexidade dos
contratos;
• necessidade de confidencialidade;
• inexistência de canais adequados para a interação;
• falta de uma estratégia da universidade para as relações com a
empresa;
• falta de uma estratégia da empresa para as relações com a
universidade.

Para a universidade:
• falta de uma estratégia da universidade para as relações com a
empresa;
UNIUBE 129

• falta de uma estratégia da empresa para as relações com a


universidade;
• burocracia da universidade;
• inexistência de canais adequados para a interação;
• reduzida aplicação prática dos trabalhos acadêmicos;
• existência de preconceitos, de uma parte à outra.

Embora a parceria entre empresa e universidade apresente bons motivos


para ser implementada, existem barreiras comuns que podem inviabilizar
o projeto, bem como uma que tange o objetivo do negócio na maior parte
dos casos: a empresa visa o lucro, enquanto que a universidade visa o
conhecimento. Assim, mesmo que o objetivo final seja trazer melhorias
de processos, produtos ou serviços para ambas, tal iniciativa deve estar
calcada em um contrato jurídico com cláusulas bem definidas, para
que na hipótese de descumprimento, qualquer das partes possa ser
responsabilizada e punida, se necessário.

EXPLICANDO MELHOR

Universidade-Empresa: Caso Eletrobrás, sucesso garantido.

A Eletrobrás é uma empresa que foi criada em 1962 para construir usinas
geradoras, linhas de transmissão e subestações destinadas ao suprimento
de energia elétrica no Brasil. Controla 60% da energia elétrica consumida
aqui, através de suas empresas. Na década de 90, presenciamos uma
total falta de investimentos na área por conta do Programa Nacional de
Desestatização, o que causou uma série de prejuízos no setor.

No entanto, em 2003 a Eletrobrás criou o Programa de Desenvolvimento


Tecnológico e Industrial – PDTI – para coordenar ações de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) das empresas do Sistema Eletrobrás, aproximando
130 UNIUBE

a empresa de universidades, centros de pesquisa e indústria, e estimulando


a fabricação local dos bens requeridos para manutenção e expansão do
setor elétrico brasileiro.

Em 2006, foi criada a Universidade Corporativa do Sistema Eletrobrás –


UNISE, o que permitiu que o conhecimento criado nos diversos centros de
pesquisa pudesse ser interligado, armazenado, mensurado, disponibilizado
e transmitido em qualquer parte do Sistema Eletrobrás. Essa estratégia
é fundamental para que a empresa possa se recuperar dos anos de falta
de investimento em capacitação técnica de seu pessoal e em projetos de
pesquisa e desenvolvimento.

De 2001 até 2005, a Eletrobrás já soma 141 projetos de P&D sob sua
responsabilidade, num total de R$ 314 milhões. Somando as suas cinco
subsidiárias, o número de programas chega a 728, com um investimento de
R$ 772,5 milhões. Acredita-se que estão sendo criadas as condições para
que ela possa ir em direção à reconstrução dos investimentos tecnológicos
e o desenvolvimento de competências críticas da organização e de seus
membros. Esse caminho permitirá preencher novamente as condições
capacitadoras para responder aos desafios do setor energético.

Principais Projetos da Eletrobrás:

• implantação do Instituto de Energia Elétrica da Universidade Federal


do Maranhão;
• implantação do Laboratório de Isolamentos Elétricos da Universidade
Federal de Campina Grande;
• elaboração do Atlas Solarimétrico e a disseminação da tecnologia solar
no Estado de Alagoas;
• promoção da Qualidade e Eficiência Energética de Transformadores
de Distribuição;
• elaboração do Atlas Eólico e disseminação da tecnologia eólica no
Estado de Alagoas;
UNIUBE 131

• revitalização do Cepel – Avaliação da Gestão de Tecnologia e Inovação


– GTI do Setor Elétrico Brasileiro;
• geração Elétrica a partir de Biocombustíveis;
• constituição, implantação, operacionalização de um Centro de Estudos,
Investigação e Inovação em Qualidade e Compatibilidade Elétrica –
C-QCE na Universidade Federal de Itajubá;

Outro caso prático: Parque Industrial da Roche

Em 2000, na empresa de medicamentos Roche, de Jacarepaguá, foi


realizada uma aplicação da espiral do conhecimento, uma metodologia que
tinha como objetivos sanar gaps na área de vendas da empresa, promover
a sustentabilidade para os próximos anos e verificar como o conhecimento
era compartilhado e fixado entre os colaboradores. Naquele momento,
havia uma lacuna muito grande de conhecimento do staff da Divisão
Industrial quanto aos procedimentos e tarefas atribuídos aos profissionais
representantes dos produtos.

Esses representantes enfrentavam, por um lado, as demandas dos médicos


prescritores, desejosos de saber detalhes sobre a produção e controle de
qualidade dos produtos Roche. Por outro lado, os colaboradores do Parque
Industrial lidavam com visitantes técnicos de várias origens. O programa
foi implantado na recepção dos visitantes, em que um representante
acompanha todo o processo. Por outro lado, os colaboradores da fábrica
eram recepcionados por um Representante Comercial. Um tipo de visita,
mas com mudança de foco. A empresa assumiu assim que o conhecimento
não é apenas mais um recurso ao lado dos fatores tradicionais de produção,
mas é o recurso mais importante. Descobriu com esse trabalho, que
a chave para a prosperidade futura está em educação e treinamento. A
aprendizagem mais importante que os colaboradores Roche aprenderam
com a implantação dessa Universidade Empresa é que aprender é um
espiral e deve ser construído em rede.
132 UNIUBE

Além da interação empresa-universidade, existem vários atores que


interagem entre si para formar um Sistema Nacional de Inovação (SNI)
forte. Dentre eles, destacam-se o governo, as entidades científicas e
tecnológicas e outras instituições e programas.

O papel do governo é o de fornecer uma boa infraestrutura, com leis


que impulsionem a inovação, bem como definir políticas estáveis e
criar entidades. No Brasil, destacam-se a FINEP e o CNPq. Além disso,
algumas ONG’s vêm desenvolvendo um papel expressivo nesse setor,
tais como a ANPE e a PROTECI.

PESQUISANDO NA WEB

Informações importantes podem ser acessadas através dos sites:

Anpei – <http://www.anpei.org.br>.
Infotec – <http://www.infotec.org.br>.
Abipti – <http:/www.abipti.org.br>.
Protec – <http://www.protec.org.br>.
IPDMaq – <http://www.ipdmaq.org.br>.
IPDElectr – <www.ipdelectron.abinee.org.br>.
Mobilizar para Inovar – <www.mbc.org.br>.
Movimento Brasil Competitivo – <http://www.mbc.org.br>.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

Observe, a seguir, a descrição de um importante prêmio em relação à


Ciência e Tecnologia.

Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia – 2009


O Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, da Unesco, teve o objetivo de
fomentar a cooperação técnico-científica entre os países participantes do
UNIUBE 133

bloco Mercosul (efetivos e associados) por intermédio do reconhecimento


do trabalho de estudantes secundários, estudantes universitários, jovens
pesquisadores e equipes de pesquisa que representem contribuição
direta ao desenvolvimento científico e tecnológico da região. Na edição de
2009, o tema escolhido foi Agroindústria. Foram recebidos 194 trabalhos
provenientes de todos os países membros efetivos do bloco Mercosul.

Categoria iniciação científica: Obtenção e caracterização de um material


aglomerado, utilizando bagaço de cana (30% da matéria-prima). Projeto
desenvolvido por dois alunos paraguaios do Ensino Médio.

Categoria estudante universitário: Otimização de protocolos de cultivo


em larga escala e obtenção de compostos bioativos de Hypericum
polyanthemum (Erva de São João), nativo do sul do Brasil.Trabalho que
pretende nortear cultivos em larga escala de plantas medicinais como
matéria-prima para pesquisa e indústria farmacêutica nacional. Aluna do
curso de Farmácia da UFRGS.

Categoria Jovem Pesquisador: Concentração de Extrato de Própolis


por nanofiltração. Doutorado da Unicamp. O trabalho mostrou que a
concentração do produto passou de 23,67 mg/g para 96,76 mg/g com essa
técnica.

Categoria Integração: Utilização integral de resíduos de queijo de


preparação e preservação de probióticos. Um trabalho integrado da
Argentina, Chile e Colômbia que propõe estratégias não convencionais para
otimizar a preservação de microorganismo probióticos cultivados em soro
de queijo para o desenvolvimento de um produto que poderá ser usado no
controle de doenças do trato intestinal.

Para saber mais, acesse: <www.unesco.org>.


134 UNIUBE

Prêmio Finep de inovação – 2009

Categoria Instituição de Ciência e Tecnologia – Fundação Certi (SC) –


Campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – é um instituto
de tecnologia privado sem fins lucrativos. As tecnologias geradas pela CERTI
estão associadas aos projetos de P&D realizados com empresas de diversos
setores, entidades de governo e parceiros. Tem parcerias com instituições
brasileiras e estrangeiras, como o Instituto Fraunhofer IZM, da Alemanha.
Junto a ele, desenvolve projetos na área de Ecodesign de produtos
eletrônicos e tecnologias de conservação de energia, recíso e reciclabilidade.

Categoria Tecnologia Social – Embrapa Clima Temperado (RS) – Com


o projeto “Quintais Orgânicos de Frutas”, criado para compor o Programa
Fome Zero, em 2003, o projeto já implantou mais de 910 pomares na Região
Sul, totalizando 63 mil árvores frutíferas orgânicas. A Embrapa fornece as
mudas, os insumos para o solo e a vegetação quebra-vento, além de fazer
um acompanhamento quadrimestral das plantações. O objetivo é combater
a desnutrição nas populações mais humildes e resgatar a tradição de se
manter um pomar no quintal de casa.

Categoria Pequena Empresa – Angelus Indústria de Produtos Odontológicos


(PR) – Atua na fabricação de materiais inovadores na Odontologia.
Desenvolveu uma linha de pinos em fibras de vidro e carbono, mais resistentes
e flexíveis do que os disponíveis até então. Com este produto, tornou-se líder
de vendas na América Latina. Mantém ainda o Programa Angelus de Apoio à
Pesquisa, cujo objetivo é apoiar pesquisadores de universidades públicas e
privadas que desenvolvam teses ou monografias ligadas à inovação do setor.

Categoria Média Empresa – Opto Eletrônica (SP) – Desenvolve, fabrica e


comercializa equipamentos que combinam alta tecnologia óptica e eletrônica.
Nesta empresa, o tempo gasto em mestrados e doutorados conta como hora
trabalhada.
UNIUBE 135

Categoria Grande Empresa – Natura Cosméticos (SP) – É líder no


mercado brasileiro de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal. Não
faz testes em animais, extrai a matéria-prima de forma sustentável e vem
recebendo financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis da FINEP,
desde 2001. Entre 2008 e 2010, a empresa deve receber R$ 2,9 milhões
em recursos. Somente em 2008, a Natura investiu 103 milhões em pesquisa
e desenvolvimento.

Categoria Inventor Inovador – Roberto Zagonel (SC) – O catarinense


Roberto Zagonel inventou um chuveiro elétrico que esquenta a água na
medida certa. Há 14 anos no mercado, a Máster Ducha Zagonel conta com
um controle gradual de potência com cinco opções de temperatura, em vez
das duas que nos são conhecidas - inverno e verão. É líder de vendas na
região Sul e registra um crescimento de 5% a 10% ao ano.

Para saber mais, acesse <premio.finep.org.br>.

Assim, finalizamos nossa conversa questionando se você está preparado


para o cenário tecnológico em franca expansão. Consideramos que é
necessário um instrumental que favoreça a inserção neste contexto, e foi
isso que propusemos com mais este estudo. No entanto, por mais que
o mapa esteja aberto, o fator mais importante é vontade, ou seja, querer
participar de todo o processo.

Esperamos que, em breve, sua empresa seja um dos exemplos que


foram aqui citados.

Não pare por aqui, busque novas referências, pesquise os assuntos


apresentados. Você deve construir seu conhecimento!
136 UNIUBE

Resumo

Neste capítulo, destacamos que:

• os termos invenção e inovação são distintos;


• a invenção é simplesmente algo novo, enquanto que a inovação é a
novidade que foi colocada em prática com sucesso, ou seja, gerou
resultados, e já está disponível no mercado;
• a atividade deve possuir três pontos fundamentais para ser
considerada uma inovação: novidade, aplicação prática e o
resultado, sendo geralmente classificada de duas formas: conforme
o objeto em foco e conforme o grau em que a inovação ocorre;
• a inovação tecnológica tem sido fator fundamental para o
desenvolvimento socioeconômico e cultural de um país, fazendo com
que as empresas necessitem investir cada vez mais em pesquisa e
desenvolvimento;
• a expressão propriedade intelectual abrange os direitos às invenções
em todos os campos da atividade humana, como exemplo,
descobertas científicas, obras literárias e musicais etc., enquanto
que a expressão propriedade industrial se refere à proteção de
patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e
proteção de cultivares;
• propriedade industrial é uma das grandes áreas da propriedade
intelectual; uma vez que o processo de inovação não ocorre
de maneira linear, ele pode seguir dois planos distintos e
complementares para obter sucesso: a concepção das ideias e o
desenvolvimento das mesmas;
• geralmente, a estratégia tecnológica adotada por uma empresa está
classificada em ofensiva, defensiva, imitadora ou dependente;
• a empresa pode buscar o seu aprimoramento tecnológico efetuando
parcerias com universidades, pois os serviços prestados por elas
culminam no desenvolvimento econômico do país;
• existem várias alternativas e políticas de fomento à Pesquisa e
Desenvolvimento tecnológico em andamento e, neste capítulo,
vimos algumas propostas.
UNIUBE 137

Atividades

Preparamos para você algumas atividades com o objetivo de recordar o


conteúdo que você estudou neste capítulo.

Atividade 1

Vimos, neste capítulo, que a inovação pode ser motivada por muitos
fatores internos e externos à empresa. Um dos fatores é a necessidade
de mercado provocada por mudanças de hábitos da população. Observe
as seguintes situações:
• alimentos enriquecidos com vitaminas, cálcio, ômega 3;
• refeições pré-preparadas;
• materiais de limpeza amigos do ambiente.

Essas situações apresentadas deram impulso às indústrias que passaram


a produzir seus produtos de acordo com esses princípios. Liste alguns
produtos que vieram para suprir essa necessidade e justifique por que
cada um desses itens se transformaram em motores e motivações para
a inovação.

Atividade 2

No nosso estudo, percebemos que para que uma inovação obtenha


sucesso na empresa, deve-se buscar soluções para os seus
problemas. Todos os níveis de sua estrutura organizacional devem
estar envolvidos. A empresa deve ainda recorrer a fornecedores,
consultores, especialistas etc., e procurar não “importar” soluções
prontas. Os objetivos e as expectativas da organização devem ser
claros e partilhados por todos, principalmente com os clientes em
primeiro plano. Vimos, também, que uma empresa deve desenvolver
a capacidade de autoaprendizagem, absorver e transformar novas
informações em conhecimentos integrados da própria organização.
138 UNIUBE

Observe o caso:

A empresa X comprou novos equipamentos que, segundo o vendedor,


otimizaria o processo de produção. No entanto, depois de 6 meses,
foi feita uma avaliação e percebeu-se que o novo maquinário estava
subestimado e, por isso, ao invés de otimizar o processo, atravancava.
Os novos equipamentos ficavam mais parados do que em funcionamento
e os funcionários optavam por voltar a usar o antigo.

Você não conhece a empresa mas, baseado nos nossos estudos, tente
imaginar o que pode ter acontecido e descreva.

Atividade 3

Um dos assuntos abordados neste capítulo refere-se aos tipos de


inovação. Aprendemos que a inovação pode ser classificada conforme o
objeto em foco e conforme o grau. A inovação conforme o grau, segundo
Freeman e Perez (1988, p. 3861), pode ser incremental ou radical, ou
ainda que se refira ao sistema ou paradigma tecnológico.

Leia as afirmações a seguir e classifique-as de acordo com a Inovação


Radical ou de Ruptura ou Inovação Incremental.

Coloque A para Inovação Radical ou de Ruptura e B para Inovação


Incremental:

TIPO DE INOVAÇÃO

A - Inovação Radical ou de Ruptura B - Inovação Incremental

Características A ou B
1. Caracteriza-se por uma busca de aperfeiçoamento constante e
gradual.
UNIUBE 139

2. Melhora o desempenho dos seus produtos nas formas que


realmente fazem a diferença junto dos seus clientes.

3. Caracteriza-se pela incessante busca, por parte da organização que


a leva a cabo, de ruptura e quebra de paradigmas.

4. Suas práticas de gestão estão baseadas nos seguintes princípios:


"ouvir" os clientes; investir agressivamente em tecnologias que
ofereçam àqueles clientes real satisfação das suas necessidades;
focalizar os mercados maiores ao invés dos menores.

5. Os princípios que regem esse tipo de inovação são: as empresas


dependem de clientes e investidores para obter recursos; pequenos
mercados não resolvem as necessidades de crescimento de
grandes empresas; mercados que não existem não podem ser
analisados; fornecimento de tecnologia pode não se igualar à
procura do mercado.

6. As organizações com maior potencial de levar a cabo esse tipo de


inovação são aquelas cujos clientes necessitam das tecnologias
para fazer fluir os recursos, empresas/ organizações pequenas o
bastante para se entusiasmarem com ganhos modestos, empresas/
organizações que ao planejarem as inovações consideram a
possibilidade de fracasso.

7. Permite às empresas que a praticam, relativamente aos seus pares,


praticar margens mais elevadas.

8. A base de conhecimentos da empresas é favorecida.

Atividade 4

Explique os termos apresentados no texto “denovação” ou “inovação


destrutiva” segundo as ideias de Schumpeter e Hagerstrand.

Atividade 5

Realizando um tour pela internet, conhecemos muitas invenções malucas


e que, mesmo sem sentido, são comercializadas. Observe as imagens
a seguir:
140 UNIUBE

Protetor de orelhas para cães. Fornece um dispositivo para proteger as


orelhas enquanto ele está comendo.

Fonte: Adaptado de Essa (2011).

Chutador de bumbum

Fonte: Adaptado de Essa (2011).


UNIUBE 141

Umedecedor para selos

Fonte: Adaptado de Essa (2011).

Guarda-chuva de cabeça

Fonte: Adaptado de Essa (2011).


142 UNIUBE

Observação importante! Essas invenções foram patenteadas!

Escolha uma das invenções anteriores e descreva os pontos positivos e


os negativos para lançar este produto no mercado.

Referências
BAPTISTA, Paulo. A Inovação nos Produtos, Processos e Organizações.
Portugal: Princípia, 1999. Disponível em: <http://www.spi.pt/documents/
books/inovint/ippo/cap_apresentacao.htm>. Acesso em: 10 ago. 2010.

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.


Relatório de Gestão Institucional 2007. Disponível em: <http://www.cnpq.
br/cnpq/docs/relatorio_gestao_2007.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2010.

BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística IBGE. Pesquisa de Inovação Tecnológica PINTEC
2005. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
industria/pintec/2005/pintec2005.pdf> Acesso em: 11 ago. 2010.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF, Senado,1998.

DRAHOS, Peter. The Universality of Intellectual Property Rights 1998.


Origins and development. Artigo apresentado no Painel para discussão sobre
Propriedade Intelectual e Direitos Humanos da OMPI. Genebra, 9 nov. 1998.

DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira, 1991.

______. Administrando em tempo de grandes mudanças. São Paulo:


Pioneira, 1995.

ESSA você não sabia. As 8 invenções mais ridículas da história. Disponível em:
<emuleki.blogspot.com.br/2011/01/as-8-invenções-mais-ridículas-da.html>.
Acesso em 18 jun 2013.

FREEMAN, C.; PEREZ, C. Structural crises of adjustment, business cycles and


investment behaviour. In: DOSI, G. et al. (org.). Technical change and economic
theory. London: Frances Pinter, 1988.
UNIUBE 143

FREEMAN, C. The economics of industrial innovation. Londres: Publisher, 1982.


GRECO, Maurício. O fim da era de Thomas Edison. Revista Info Exame –
03/2009. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/
conteudo_426578.shtml>. Acesso em: 11 ago. 2010.

HAGERSTRAND, T. Some unexplored problems in the modeling of culture transfer


and transformation, in P.J. Hugill & D.B. Dickson (eds.). The transfer and
transformation of ideas and material culture (College Station, Texas, 1988),
p. 217-232.

Humor na Ciência. Disponível e: <http://www.humornaciencia.com.br/invencoes/


index.htm>. Acesso em: 25 jul. 2011.

KANT, Emmanuel. Reflexões sobre a educação. São Paulo: Abril, 1980.

LEITE, L. F. Inovação: o combustível do futuro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

OLIVEIRA, C. A. S. O Tratamento Internacional da Propriedade Intelectual: Um


panorama das Divergências e Complementaridades entre OMPI e OMC. Revista
dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasília, n. 8, p. 175-207, 2009.

REIS, D. R. Cooperação Universidade – Empresa como Instrumento para a Inovação


Tecnológica In: ___. Gestão da Inovação Tecnológica. Barueri, SP: Manole, 2004.

SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 3. ed. São Paulo,


Editora Best Seller, 1999.

SCHUMPETER, Joseph A. Ensaios - Empresários, inovação, ciclos de negócio e


evolução do capitalismo. Oeiras: Celta, 1996.

STAUT JÚNIOR, Sérgio Said. Direitos Autorais: entre as relações sociais e as


relações jurídicas. Curitiba: Moinho do Verbo, 2006.
Capítulo Sistemas mecânicos
5 e eletromecânicos –
sistemas de transmissão

Leonardo Lima da Fonseca

Introdução
Na engenharia de produção são necessários estudos e
compreensão de processos produtivos e suas características
em diversos aspectos. Considerando que este estudo contemple
o sistema homem-máquina, ergonomicamente falando, a
melhor adaptação do homem a este sistema pode contribuir
para um maior rendimento operacional. Considerando apenas
a máquina, o engenheiro precisa compreender peculiaridades
do funcionamento, do rendimento e da manutenção para poder
utilizar estes conhecimentos para determinar parâmetros de
funcionamento ideal, adequando a máquina para o processo,
otimizando seus recursos com foco na produtividade.

Nesse sentido, detalharemos parte dos conceitos, elementos e


aplicações de transmissão de energia em máquinas. Veremos que
uma das formas de transmitir energia é mecanicamente, utilizando
uma cadeia cinemática formada por elementos mecânicos. Outra
maneira é, por meio da corrente elétrica, obter transmissões
eletromecânicas.

Para tal, faremos citações referenciando conceitos da física e


detalhando elementos mecânicos compondo sistemas, sendo
146 UNIUBE

contextualizados para melhor entendimento, sendo detalhados,


da mesma forma, os sistemas eletromecânicos.

Outro tipo de transmissão de energia que será visto


posteriormente, porém não neste componente curricular, é a
utilização de fluidos para efetuar transmissões óleo-dinâmicas
ou pneumáticas.

Objetivos
Ao final dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que
você esteja apto a:
• identificar os sistemas mecânicos e eletromecânicos e sua
importância para a análise e entendimento de processos
de produção;
• identificar elementos que compõem sistemas de transmis-
são e perceber a interação entre eles;
• perceber por meio dos conceitos e aplicações apresentados
a importância destas operações de transmissão em
processos produtivos;
• calcular ganhos e otimizações de processos produtivos.

Esquema
5.1 Sistemas mecânicos
5.2 Sistemas de transmissão
5.3 O movimento circular
5.4 Relação de transmissão
5.5 Transmissão por correias
5.6 Transmissão por engrenagens
5.7 Transmissão por correntes
5.8 Esteira transportadora
5.9 Roscas de transmissão
UNIUBE 147

5.1 Sistemas mecânicos

Para um melhor entendimento dos objetivos deste componente curricular,


devemos nos referenciar a Mabie (1967), analisando os mecanismos do
estudo cinemático de sistemas. Podemos definir sistema somo sendo o
conjunto de elementos correlacionados e mecanismo é a “combinação
de corpos rígidos compostos e conectados de tal forma que se movem
entre si com movimento relativo definido” (MABIE, 1967, p. 6).

Os movimentos e as forças serão passíveis de análises pelo engenheiro


no projeto de uma máquina ou análise de um processo. Os sistemas
mecânicos, por exemplo, podem ser simples com dois componentes
como engrenagens, que transmitem potência e movimento, bem como
um complexo com vários elementos de transmissão, conforme vemos
na Figura 1.

Figura 1: Exemplo de sistema mecânico.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

5.2 Sistemas de transmissão

Para estudarmos os sistemas de transmissão, devemos rever algumas


definições da cinemática, referentes a movimento circular. Isto se faz
necessário para melhor analisar o método pelo qual o movimento e a
potência são transmitidos de um elemento para o outro.
148 UNIUBE

De acordo com Mabie (1967), a transmissão pode ser feita de 3 formas:

• por contato direto entre os membros, como na utilização de


engrenagens;
• por meio de uma conexão ou biela;
• por uma conexão flexível, utilizando polias e correia.

5.3 O movimento circular

A definição inicial que temos que entender é a de velocidade angular,


que representa o deslocamento em um determinado intervalo de tempo
descrito em uma trajetória circular. Conforme sabemos, a variação
angular seguindo uma trajetória circular pode variar de 0º ao infinito.

Por exemplo, uma roda quando completa um ciclo, possui uma variação
angular de 360º. Como a velocidade angular é dada em rad/s, devemos
considerar a variação de 0 a 2π rad. Se esse procedimento é realizado
em 1 segundo, temos os dados para determinar a velocidade angular, e
podemos defini-la como:

∆φ
ω=
∆t
Sendo:
ω = velocidade angular em rad/s;
∆ = variação angular em radianos (rad);
∆t = variação de tempo em segundos (s).

Porém, precisamos entender e relacionar esta informação a aplicações


práticas, contextualizando-a com o objetivo de analisar processos e
otimizá-los, projetar uma máquina ou qualquer outra atividade pertinente.

Para tal, vamos relembrar as definições de período e frequência.


UNIUBE 149

O período (T) é o tempo necessário em segundos para que a variação


angular (ω) seja de 360º, ou seja, o tempo de duração de um ciclo

T= . Portanto, podemos concluir que o período é inversamente
ω
proporcional à velocidade angular, ou seja, se pudermos aumentar a
velocidade angular de um elemento, faremos com que seu período (T)
diminua.

A frequência é calculada como o inverso do período (T), sendo definida


em Hertz (Hz) e representa o número de ciclos completados em um
segundo. Se um elemento circular de um processo completa 50 ciclos em
1 segundo, desta forma ele completa cada ciclo em 0,02s ou 20ms (logo
T=20ms) e sua frequência é de 50 Hz. Podendo ser representado como:

1
f =
T

Sendo:
f = frequência em Hertz (Hz);
T = período em segundos (s).

Completando esta revisão inicial, relembraremos as definições de


rotação (n) e de velocidade periférica. A rotação permite analisarmos
quantos ciclos são completados em 1 minuto. Se tivermos o período ou
a frequência definidos, podemos calcular a rotação. Geralmente, para
especificarmos determinados equipamentos, precisamos considerar a
rotação de elementos que influenciam diretamente a vazão ou velocidade
do processo, para assim, aumentar a sua produtividade e/ou eficiência.
Portanto, podemos definir a rotação como:
ou

Sendo:
= rotação (rpm);
= frequência (Hz);
= velocidade angular (rad/s).
150 UNIUBE

A velocidade periférica ou tangencial é relacionada com a rotação e o


raio do círculo que define a trajetória, sendo:

Sendo:
= velocidade periférica (m/s);
= rotação (rpm);
= raio (m).

Por meio da velocidade periférica de um elemento, podemos


definir a velocidade de um processo que está com ele relacionada.
Contextualizando, se o engenheiro, analisando um processo, verificar
que a velocidade de uma esteira está relacionada à rotação de um
elemento circular, podemos agora compreender quais variáveis fazem
parte desta composição, e aumentar ou diminuir a vazão do processo,
significa alterar estas variáveis.

Durante todo o curso de engenharia de produção, vocês estudarão


processos, sistemas ou máquinas que podem e devem ser analisados
quando observamos movimentos circulares. A um componente em que
se observa uma velocidade periférica aplicada, podemos associar outros
componentes ou sistemas para a transmissão de energia. Nesse caso,
podemos relacionar as transmissões mecânicas, óleo ou pneumático-
dinâmicas e eletromecânicas definidas, respectivamente, mediante
a associação de elementos mecânicos, fluido ou corrente elétrica.
Este componente curricular objetiva o estudo e análise dos sistemas
mecânicos e eletromecânicos, sendo que o estudo de elementos
pneumáticos e hidráulicos serão abordados em outro momento,
contextualizado em aplicações.

Vamos exemplificar:

Consideraremos, para análise de um projeto de processo, que temos um


sistema mecânico motor que possui, dentre suas especificações, uma
UNIUBE 151

rotação de 2000 rpm. Por meio da rotação, podemos definir a velocidade


angular, o período e a frequência aplicadas.

𝜔=𝜋∙𝑛/30=2000𝜋/30

Estes dados estão diretamente relacionados com rendimentos pontuais e,


somados a outros, definirá o rendimento global. Vamos às especificidades
de cada sistema de transmissão.

5.4 Relação de transmissão

Existem várias relações de transmissão que traduzem as características


dos elementos envolvidos no sistema, para que possamos, por meio da
análise do processo, determinar as necessidades como os elementos,
rendimentos, aplicações, velocidade motora, velocidade movida, sentido
de rotação, conjuntos dentre outros aspectos.

Analisaremos a relação de rotação nos sistemas de transmissão!

Considerando dois elementos circulares, o elemento que transmite a


energia é chamado motor e o outro de movido. Se os elementos possuem
o mesmo diâmetro, a rotação de ambos, pela transmissão, será igual.
Quando o diâmetro é diferente, temos as características de ampliação
ou redução. Se o elemento motor tiver um diâmetro menor, então, para
cada ciclo deste, o elemento movido não completará um ciclo completo,
e, portanto, há redução de rotação na transmissão. Por exemplo, se o
diâmetro do elemento motor é a metade do diâmetro do movido, para
152 UNIUBE

cada duas rotações do primeiro haverá uma rotação do segundo. A


velocidade e a rotação dos elementos circulares, por meio da relação
entre eles, definirão se a transmissão tem características de conservação,
ampliação ou redução da velocidade.

Vamos considerar, nas Figuras 2, 3 e 4 a seguir, dois elementos circulares


considerando, o motor sempre representado à esquerda nos desenhos
e o movido, o da direita.

Figura 2: Transmissão de velocidade.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Figura 3: Transmissão com ampliação de velocidade.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Figura 4: Transmissão com redução de velocidade.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
UNIUBE 153

Para os exemplos citados, baseando-nos na relação entre os diâmetros


dos elementos motor e movido, pode-se definir a seguinte relação:
n1 D 2
=
n 2 D1
Quando o elemento motor não possui um contato direto com o movido,
como nas configurações observadas nas figuras 2, 3 e 4, a forma de
disposição do elemento transmissor, que é responsável pela transmissão
de energia, determina o sentido de rotação. Agora, observe as Figuras
5 e 6:

Figura 5: Transmissão com o mesmo sentido.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Figura 6: Transmissão com a inversão de sentido de rotação.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Na Figura 5, a configuração do elemento transmissor permite aplicar o


mesmo sentido de rotação ao movido. Já, na figura 6, a configuração
entrelaçada do elemento transmissor permite a inversão do sentido do
elemento motor aplicado ao movido.
154 UNIUBE

Já, quando consideramos transmissões mecânicas em que há contato


direto entre os elementos motor e movido, envolvendo engrenagens, por
exemplo, sempre haverá uma inversão do sentido conforme observamos
na Figura 7.

Figura 7: Transmissão com engrenagens.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Nestes casos, também devemos considerar a velocidade por meio do


diâmetro, porém, aqui, especificamente, relacionamos o número de
dentes do elemento motor e o do movido para definir se há redução,
ampliação ou manutenção da velocidade, usando a seguinte relação:

n1 Z1
=
n2 Z 2

Sendo:
n = número de rotações;
Z = número de dentes da engrenagem.

A seguir, estudaremos as relações de alguns sistemas de transmissão,


detalhando alguns aspectos e considerando os já mostrados. Para a
análise de sistemas complexos com mais de uma relação de transmissão,
consideraremos as partes, observando individualmente os elementos
motor e movido de cada parte do processo.
UNIUBE 155

5.5 Transmissão por correias

Quando o elemento motor estiver em um ponto distante do movido, é


comum adotar a transmissão por correias. Neste caso, adotando polias
como elementos motor e movido, e um elemento de ligação responsável
pela transmissão, denominado correia, conforme podemos observar no
exemplo da Figura 8.

Figura 8: Sistema de transmissão por correias.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

A correia é uma tira flexível sem fim, e pode apresentar as formas


trapezoidais, planas ou sincronizadas.

IMPORTANTE!

A aderência para garantir uma boa eficiência à transmissão é dada pela


superfície de contato, podendo ser lisa, corrugada transversalmente ou
estriadas longitudinalmente.

As polias são peças cilíndricas movimentadas pela rotação de um eixo,


quando se trata da motora, e pela transmissão de potência quando é
movida. É chamada de face da polia ou coroa, na qual a correia fica em
contato e tem a forma da correia para facilitar a transmissão. Na Figura
156 UNIUBE

9, a seguir, foram relacionados diversos tipos de polias e as correias


correspondentes, conforme já dito, possuem a mesma forma para melhor
se adaptar e proporcionar o rendimento adequado para a transmissão:

Figura 9: Tipos de polias.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
UNIUBE 157

Para definir o comprimento da correia, devemos ter os dados dos diâmetros


das polias e da distância entre os centros de seus eixos (Figura 10).

Figura 10: Elementos de análise na transmissão por correias.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Para determinar o comprimento da correia, quando temos polias de


mesmo diâmetro, usa-se a equação:

L = π ⋅ d + 2⋅C

Sendo:
L = comprimento da correia, em metros (m);
d = diâmetro, em metros (m);
C =distância entre os centros das polias.

Para sistemas de transmissão com polias de diâmetros diferentes, temos:

L = π ⋅ ( R + r ) + 2 ⋅ C 2 + ( R − r )2
158 UNIUBE

Sendo:
R = raio da polia maior;
r = raio da polia menor.

Além do comprimento da correia, estes dados podem auxiliar na análise


de processos e definir vários aspectos, como rendimento, velocidade e
tipo de correia, entre outros.

Exemplo

Em um sistema de transmissão por correias, temos 2 polias de diâmetros


D1=15cm e D2=60cm, a distância entre eixos é de 1m e a rotação da
polia motora n1=1500rpm. Determine:

a) se a relação de transmissão é redutora ou ampliadora;


b) o comprimento da correia para este sistema de transmissão;
c) a rotação da polia movida.

Resolução

a) A configuração da polia motora com diâmetro menor identifica um


sistema de redução de velocidade.

b) Dados:

D1 = 20cm  r = 10cm
D2 = 60cm  R = 30cm
C = 1m = 100cm
n1 = 1500rpm

Como as polias apresentam diâmetros diferentes, vamos definir o


comprimento da correia por:
UNIUBE 159

L = π ⋅ ( R + r ) + 2 ⋅ C 2 + ( R − r )2

=L 3,141593 ⋅ (30 + 10) + 2 ⋅ 1002 + (30 − 10) 2

=L 125, 6637 + 2 ⋅ 10400

=L 125, 6637 + 203,9608

=L 329, 6245cm → L ≅ 3,3m


n1 D1
c) A relação de transmissão é dada por = , e devemos calcular n2:
n2 D 2
n1 D1 n1 ⋅ D 2 1500 ⋅ 60
=  n2 =  n2 =  n 2 = 4500rpm
n2 D 2 D1 20

Para o cálculo de correias cruzadas, as equações que definem o


comprimento são:

L = π ⋅ d + 2 ⋅ c 2 + d 2 - para polias de diâmetros iguais.

L = π ⋅ ( R + r ) + 2 ⋅ C 2 + ( R + r ) 2 - para polias de diâmetros diferentes.

PESQUISANDO NA WEB

Existem vários tipos de correias, com diversas aplicações, formas e


constituição. Para conhecer seus perfis e dimensões, acesse os links a
seguir:

<www.correiasmercurio.com.br>
<www.copabo.com.br>
<www.gatesbrasil.com.br>
160 UNIUBE

5.6 Transmissão por engrenagens

De acordo com Melconian (2007), as engrenagens têm por finalidade


transmitir movimento sem deslizamento e potência, multiplicando os
esforços e gerando trabalho. As engrenagens são elementos de transmis-
são com dentes padronizados, podendo apresentar formatos cilíndrico,
cônico e reto, chamadas de engrenagens cilíndrica, cônicas e cremalhei-
ra, respectivamente.

As engrenagens têm a função de transmissão de movimento e força


entre dois eixos, e são utilizadas em diversas aplicações, desde
sistema de relógios até industriais. Como há contato entre duas
engrenagens, sempre podemos associar as relações de transmissões
vistas, considerando o número de dentes ou mesmo o diâmetro destas.
Podemos ter transmissões complexas com mais de duas engrenagens.
Veja Figura 11 a seguir.

Figura 11: Redução de velocidade e aumento de torque utilizando engrenagens.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
UNIUBE 161

Na Figura 11, podemos observar um redutor de velocidade contendo


seis engrenagens em quatro eixos, sendo que duas dessas engrenagens
são cônicas. Considerando o eixo de entrada como sendo o eixo motor,
e aplicando movimento de rotação ao mesmo, teremos transmissão de
movimento com redução de velocidade e aumento de torque.

Na Figura 12, podemos relacionar as partes de uma engrenagem.

Figura 12: Partes de uma engrenagem.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Dentre as partes da engrenagem, o corpo pode ser de diversas formas,


podendo ser:
• em forma de disco, com furo central;
• em forma de disco, com cubo e furo central;
• corpo com 4 furos, cubo e furo central;
• corpo com braços, cubo e furo central.

Os dentes têm fundamental importância, pois são os elementos que, ao


se engrenarem, produzem o movimento de rotação do elemento motor
162 UNIUBE

para o movido. As rodas se engrenam quando os dentes de uma se


encaixam no vão dos dentes da outra engrenagem e vice-versa. As
engrenagens, portanto, trabalham em conjunto, podendo ter tamanhos
diferentes. Se isso acontecer, a nomenclatura utilizada é coroa e
pinhão, Figura 13, sendo atribuídos à maior e à menor engrenagem,
respectivamente.

Figura 13: Nomenclatura para engrenagens


de tamanhos diferentes.
Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Os materiais mais utilizados para a fabricação de engrenagens são:


aço-liga fundido; ferro fundido; cromo-níquel; bronze fosforoso; alumínio;
nailon.

As engrenagens cilíndricas possuem a forma de um cilindro e podem ter


dois tipos de dentes: retos ou helicoidal. Os dentes retos apresentam-
-se perpendiculares ao corpo, e, no helicoidal, há uma inclinação dos
dentes, conforme podemos observar nas Figuras 14 e 15 a seguir.
UNIUBE 163

Figura 14: Engrenagens cilíndricas de dentes retos.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Figura 15: Engrenagem cilíndrica de dentes


helicoidais.
Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Nas engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais, os dentes são


paralelos entre si e oblíquos, em relação ao eixo e ao corpo da
engrenagem. Quando a engrenagem apresenta dentes retos, estes são
paralelos entre si, e, ao eixo, e perpendicular ao corpo. Em ambos os
casos, a operação pode objetivar a transmissão de rotação entre eixos
paralelos, Figura 16.
164 UNIUBE

Figura 16: Transmissão de movimento entre


eixos paralelos.
Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

As engrenagens cilíndricas, com dentes helicoidais, também podem


transmitir rotação entre eixos reversos, ou seja, não paralelos, Figura 17.

Figura 17: Transmissão de movimento


entre eixos não paralelos.
Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

As engrenagens cilíndricas têm suas características determinados por


norma e que são utilizadas como referência para especificação de acordo
com os seguintes critérios:
UNIUBE 165

• características geométricas;
• dimensionamento;
• dureza Brinell;
• normas;
• resistência à flexão no pé do dente;
• carga tangencial;
• carga radial;
• tensão de flexão no pé do dente;
• fator de forma q;
• tabela de fatores de serviço – AGMA (ϕ);
• tensão admissível - σ;
• ângulo de tensão - α;
• engrenamento com perfil cicloidal;
• curvatura evolvente;
• dimensionamento de engrenagens.

As engrenagens cônicas, Figuras 18 e 19, apresentam forma de tronco


de cone, podendo também ter dentes retos ou helicoidais, e transmitem
rotação entre eixos concorrentes.

Figura 18: Engrenagem cônica de dentes retos.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
166 UNIUBE

Figura 19: Transmissão de rotação utilizando engrenagens cônicas.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

A configuração de transmissão por engrenagens utilizando uma coroa


cilíndrica com dentes helicoidais e uma rosca sem fim é muito utilizada
para necessidades de redução de velocidade na transmissão de rotação,
Figura 20.

Figura 20: Coroa helicoidal com pinhão rosca sem fim.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
UNIUBE 167

A cremalheira, Figura 21, é uma barra dentada que engrenada a uma


roda dentada, tem o objetivo de transformar rotação em movimento
retilíneo.

Figura 21: Transmissão de movimento com uma cremalheira.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

5.7 Transmissão por correntes

As correntes são elementos de transmissão, geralmente metálicos,


formados por uma série de elos ou anéis. Podemos relacionar vários
tipos de correntes e diversas aplicações, sendo um exemplo muito usual
e comum a transmissão observada quando se anda de bicicleta.

Para aplicações de transmissões de um único eixo motor para vários outros


movidos, utiliza-se o método de correntes. Melconian (2007, p. 273) cita
como de fundamental importância a permanência a um mesmo plano de
todas as rodas dentadas, Figura 22.
168 UNIUBE

Figura 22: Transmissão de movimento por meio de correntes de rolo.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Uma corrente é formada por elos externos e internos que se repetem


alternadamente.

• Elo interno: composto por duas placas internas, duas buchas e dois
rolos, sendo as buchas montadas com ajuste prensado nas placas,
enquanto os rolos giram livremente sobre as buchas.
• Elo externo: composto por dois pinos montados com ajuste e
prensados em duas placas externas e posteriormente rebitados.

Quando se seleciona correntes para um sistema, é necessário o cálculo


de um dos seguintes pontos:

• o passo da corrente;
• tipo de corrente;
• comprimento da corrente;
• número de dentes do pinhão e da roda;
• entre eixo;
• lubrificação recomendada.
UNIUBE 169

Nas Figuras 23 e 24, a seguir, podemos identificar vários pontos, como:

• o diâmetro do rolo (d);


• o passo da corrente (p), que é a distância entre eixos de pinos
adjacentes;
• largura entre placas (A);
• distância entre centro de rolos (B) para correntes duplas e triplas;
• distância entre eixos (C);
• ângulo de inclinação, que indica quando os elos entram em contato
com o pinhão (γ2);
• diâmetros primitivos do pinhão (D1).

Figura 23: Correntes de Rolo – Dimensões.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
170 UNIUBE

Figura 24: Elementos geométricos da transmissão por correntes.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

A relação de transmissão é dada pela proporcionalidade ou relação das


duas polias, podendo ser relacionados também os raios R destas, o
número de dentes (N) e as velocidades angulares (ω).

ω1 R1 N1
=i = =
ω 2 R2 N 2

Existem diferenciações de acordo com aplicações para este método,


o que faz haver tipos distintos de correntes, sendo: correntes de rolos,
correntes de elevação, correntes de buchas, corrente de dentes e
correntes com elos fundidos.

As correntes de rolos podem referenciar as diversas normas e, dentre


elas, a ANSI e DIN. Podem-se encontrar notações e especificações
diversas, porém, mais comumente, três especificações, sendo a simples,
dupla e tripla. Na Figura 25 estão representados vários tipos de correntes.
UNIUBE 171

Figura 25: Tipos de correntes.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

As principais características das correntes de rolos são:

• velocidade periférica está limitada a 17 m/s e a velocidade angular a


6000 rpm. A potência máxima transmissível é de, aproximadamente,
3700 KW;
• só podem ser utilizadas entre eixos paralelos;
• exigem lubrificação;
• custo intermediário entre correias e engrenagens;
• apresenta um ruído maior do que as correias;
• manutenção fácil;
• rendimento elevado entre 97 a 98%;
• montagem fácil;
• vida útil alta, sendo maior que 1500 horas sem a mudança de
elementos.
172 UNIUBE

Os fabricantes de correntes disponibilizam catálogos para seleção e


cálculo de parâmetros. Podemos definir o comprimento, potência ou
número de dentes, dentre outros elementos.

Vejamos com detalhes!

Para definir o comprimento da corrente (L), precisamos do passo (p), da


distância entre eixos (C), e do número de dentes dos elementos motor e
movido (N1 e N2), de acordo com a fórmula:

L 2C N1 + N 2 ( N 2 − N1) 2
=+ +
p p 2 4π 2C( )
p

Normas aplicáveis para corrente de rolo:

• Internacional: ISO 606.


• Americana: ANSI 329,1.
• Brasileira: NBR 6390.

5.8 Esteira transportadora

A esteira transportadora, ou correia transportadora, é um dos sistemas


mais utilizados na indústria e utiliza os elementos já relacionados neste
capítulo, como polias e correias. A aplicação define o tipo de elementos
componentes desta máquina, podendo assumir diversas configurações
e dimensões. Comumente são citadas duas formas de esteiras
transportadoras, sendo as planas e as abauladas.

As esteiras com correias planas são utilizadas no transporte de sacas,


pacotes ou produtos a granel. São estruturadas com rolos com eixos e
mancais, sobre os quais se apoia uma correia sem fim.
UNIUBE 173

Nas esteiras abauladas, as correias se movem sobre roletes, formando


um ângulo em forma côncava. É utilizada para transportar materiais
sólidos. A velocidade segue uma indicação de acordo com material e
são especificadas por fabricantes de acordo com aplicações diversas.

O Quadro 1 apresenta as velocidades máximas recomendadas em


metros/segundos de materiais a granel sendo transportados.

Quadro 1: Velocidades máximas recomendadas em m/seg-materiais a granel

Carvão, terra, Minérios e


Cereais e outros
minérios pedras duros,
Largura da materiais de
desagregados, pontiagudos
correia (mm) escoamento fácil.
pedra britada fina, pesados e muito
Não abrasivos.
poço, abrasiva. abrasivos.

400 2,5 1,6 1,6

500-800 3,0 - 3,6 2,5 – 3,0 1,8 – 3,0

800 – 1000 3,6 – 4,1 3,0 – 3,6 3,0 – 3,3

1200 – 1600 4,1 – 5,0 3,6 – 4,1 3,8 – 3,8

As esteiras transportadoras são vistas em diversas atividades industriais,


ou outros serviços. As correias transportadoras são compostas por
elementos de máquinas, tais como eixos, mancais, polias e acoplamentos
que garantem sua funcionalidade. A Figura 26, a seguir, representa
uma configuração de um sistema de transporte com uma correia
transportadora.
174 UNIUBE

Figura 26: Componentes de uma esteira.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

A alimentação da esteira é feita por um dispositivo de carregamento e


um motor utiliza o sistema de transmissão para transportar o produto
até o descarregamento. A polia de acionamento, também chamada de
tambor, transmite o torque do motor por meio da esteira, orientando o
sentido e velocidade. A polia acionada identifica o ponto de retorno, e
é um elemento passivo do sistema de transmissão. Os roletes podem
possuir vários papéis na estrutura de um transporte de esteiras, como
mostra a sistematização a seguir, no Quadro 2.

Quadro 2: Tipos de roletes

Roletes de carga
Os roletes de cargas são conjuntos de rolos, onde se apoia a correia transportadora
quando esta se encontra carregada. A carga do material é suportada e transportada
pelo conjunto rolete e esteira transferindo massas de um ponto a outro.

Roletes de retorno
São elementos onde não há carga direta atuando, operando apenas como trecho
de retorno do elemento de deslocamento de massas, como, por exemplo, correias
e esteiras.

Roletes autoalinhadores
Responsáveis pelo alinhamento do sistema de transmissão de massa, apresentam
na sua estrutura um conjunto de rolos com mecanismos giratórios acionados pela
correia transportadora. O alinhamento é realizado nos trechos de carga e de retorno.
UNIUBE 175

Rolete de retorno com anéis


Rolete sem aplicação de cargas utilizado no retorno, com rolos estruturados com
anéis de borracha com a funcionalidade de limpeza, atuando no desprendimento do
material aderido ao elemento transportador.
Rolete espiral
Rolete de retorno com a funcionalidade de promoção de limpeza de material do
elemento transportador pelo movimento espiral dado pela forma do rolete.

Rolete em catenária
Conjunto de rolos suspensos e articulados entre si promovendo, se necessário, o
deslocamento longitudinal e transversal em relação ao transportador. Este tipo de
rolete se adapta ao formato da correia.

Rolete de impacto
Conjunto de rolos presentes no início da estrutura de deslocamento de massa, ou
seja, no ponro de carga. A função do rolete de impacto é de atenuar o impacto do
processo de carga do material sobre o elemento transportador.

5.9 Roscas de transmissão

As roscas de transmissão são utilizadas em diversas aplicações e


transformam movimento circular em longitudinal, podendo ser paralelo
ou perpendicular ao eixo da rosca.

O macaco mecânico, utilizado para levantar o carro para realização


de alguma manutenção, transmite o movimento circular da rosca em
um movimento longitudinal identificando suspensão ou rebaixamento,
dependendo do sentido de rotação da rosca. Este exemplo, ilustrado
pela Figura 27, mostra o deslocamento de uma rosca de transmissão do
sistema porca-fuso.
176 UNIUBE

Figura 27: Rosca de transmissão em macaco mecânico (porca-fuso).


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Outra aplicação comum é vista no deslocamento da mandíbula móvel


de morsas utilizadas na manutenção industrial, mostrado na Figura 28.

Figura 28: Rosca de transmissão em morsa de bancada.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

As roscas de transmissão apresentam diversas diferenças em relação a


perfil, tipo de rosca interna e externa. Os perfis são quadrado, trapezoidal
UNIUBE 177

e misto. O perfil quadrado, Figura 29, é utilizado na construção de roscas


múltiplas, e usualmente aplicado quando há necessidade de transmissão
com maior impacto ou grande esforço, como em balancim e prensas,
respectivamente.

Figura 29: Eixo com rosca de perfil quadrado.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).

Já, o perfil trapezoidal, Figura 30, é observado em máquinas-ferramenta


como torno e fresadoras, os quais transmitem movimento a alguns
componentes da máquina, nos sentidos longitudinal ou axial.

Figura 30: Eixo com rosca de perfil trapezoidal.


Desenho: Edson Machado Barbosa (2011).
178 UNIUBE

As roscas com perfil misto são utilizadas em aplicações de que visam a


transferência de força com o mínimo de atrito. Um exemplo é a utilização
na construção de conjunto fuso-porca com esferas circulantes. Observado
em máquinas CNC (comando numérico computadorizado), os fusos
de esferas apresentam alta eficiência de transmissão, transformando
movimento circular em linear ou vice-versa.

Resumo

Neste capítulo, enfocamos os elementos de máquinas dentro do


contexto dos sistemas mecânicos e eletromecânicos. Para tanto, você
estudou os sistemas mecânicos, os movimentos circulares, assim
como, as esteiras de transportes. Destacamos os tipos de roletes que
são transportados pelas esteiras sendo: roletes de carga, roletes de
retorno, roletes autoalinhadores, roletes limpadores, rolete de anéis,
rolete espiral, rolete espiral, rolete em catenária e rolete de impacto.

Atividades

Atividade 1

Calcule para um motor que possui uma rotação de 3000 rpm, os valores
da velocidade angular, do período e da frequência.

Atividade 2

Em um projeto de fábrica, temos definido que uma esteira deve ter uma
velocidade de 2m/s. Sabendo da relação entre a velocidade periférica
da polia motora e a velocidade da esteira, sem considerar perdas,
defina qual a velocidade angular necessária para se obter a velocidade
requerida para o processo sendo o diâmetro das polias igual a 30 cm.
UNIUBE 179

Atividade 3

Escreva a relação entre as rotações de duas polias considerando os


diâmetros:

a) Polia motora: D1 = 20cm Polia movida: D2 = 10cm


b) Polia motora: D1 = 10cm Polia movida: D2 = 20cm
c) Polia motora: D1 = 15cm Polia movida: D2 = 15cm
d) Polia motora: D1 = 60cm Polia movida: D2 = 10cm

Atividade 4

Com os dados da atividade 3, indique o tipo de relação de transmissão


como redutora, ampliadora ou mantendo a mesma velocidade.

Atividade 5

Escreva a finalidade de utilização dos equipamentos e elementos


mecânicos listados, a seguir:

a) esteiras transportadoras;
b) bombas centrífugas;
c) redutores de velocidade.

Referências

MABIE, H. H. OCVIRK, F. W. Mecanismos e dinâmica das máquinas. 1. ed.


Rio de Janeiro: Editora Livro Técnico, 1967.

MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. 8. ed. São Paulo: Érica, 2007.


Capítulo Sistemas eletromecânicos:
6 funcionalidades
e aplicações

Jairo Jeferson Marques

Introdução
Neste capítulo, abordaremos alguns produtos relacionados aos
Sistemas Eletromecânicos, enfocando suas funcionalidades e
aplicações. Iremos conhecer componentes, equipamentos,
instrumentos e máquinas propriamente ditas. Esses equipamentos
são fundamentais em uma linha de produção atuando diretamente
na qualidade do produto e no tempo de montagem, gerando
economia.

Para proporcionar-lhe melhor compreensão, iremos nos valer de


alguns exemplos práticos (cases).

Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, você deverá ser capaz de:
• identificar dispositivos e equipamentos eletromecânicos;
• compreender a necessidade e a utilidade de cada compo-
nente;
• corrigir erros de má utilização e auxiliar equipes, quando
necessário;
• gerir com qualidade uma equipe de montagem por meio
dos conhecimentos de como proceder no momento das
instalações.
182 UNIUBE

Esquema
6.1 Dispositivos eletromecânicos
6.2 Sensores de posicionamento
6.3 Micros fim-de-curso
6.4 Eletroválvulas ou válvulas solenoides
6.5 Contatores
6.6 Motores

6.1 Dispositivos eletromecânicos

Sabe-se bem que a eletricidade e a mecânica acompanham o homem há


milhares de anos, nesse sentido, fazemos referência ao descobrimento
da roda e à descoberta da eletricidade por Tales de Mileto, entre os
séculos VI e VII a.c. Posteriormente, a união destas duas propriedades
físicas em diversos equipamentos veio revolucionar a indústria mundial
e, também, proporcionar conforto e qualidade de vida.

Os equipamentos e dispositivos pertencentes ao grupo dos sistemas


eletromecânicos utilizam a propriedade de converter energia (capacidade
dos corpos para produzir um trabalho ou desenvolver uma força) ou de
utilizar uma parte dela. Entretanto, neste material, não iremos aprofundar
em cálculos de conversão de energia e perdas por conversão, por termos
outros objetivos.

A produção em série, em que as indústrias se baseiam hoje, vem do


modelo criado por Henry Ford em sua fábrica nos Estados Unidos,
no início do século XX. Com a ajuda de máquinas e equipamentos
eletromecânicos, utilizados nas linhas de produção, foi sendo cada vez
mais fácil produzir com qualidade em tempos mais enxutos.
UNIUBE 183

Esses equipamentos viriam a se tornar mãos, braços e olhos dos


operários nas indústrias, tendo como funções movimentar, medir,
automatizar e servir como apoio nas diversas formas de produção, seja
em processos contínuos ou manufatura.

SAIBA MAIS

Você sabia que o CLP (Controlador Lógico Programável) foi criado para
melhorar ainda mais uma linha de produção, possibilitando que o setor de
engenharia alterasse a qualquer momento o modelo do produto fabricado?
Por ser um equipamento programável e de custo relativamente baixo em
relação aos grandes painéis elétricos que utilizavam lógica a relé, este
equipamento se tornou não só o cérebro de uma planta industrial, mas
também seu coração.

6.1.1 Sensores industriais

Os sensores industriais são equipamentos que servem para detectar


uma determinada informação do ambiente em que atua. Informações que
auxiliam a produção, determinando quais comandos e, principalmente,
quando devem ser executados.

Essas informações podem ser um determinado tipo de energia como


a cinemática (movimento), pressão, pode ser pela propriedade física
do material, como férreo, magnético, refletivo ou não. Podem ingressar
desde os modelos mais simples atuando em um sistema liga-desliga de
saída digital ou até mesmo com configuração para reconhecer cores,
sons e até mesmo imagens ou em indústrias de processo contínuo onde
as informações quase na totalidade são analógicas, necessitando de um
equipamento que as converta.

Os sensores que estudaremos englobam, na maior parte, boa parte dos


processos industriais, é claro que não serão específicos por área ou
setor, mas podem ser encontrados na maioria das unidades fabris.
184 UNIUBE

Os sensores podem ser capacitivos, indutivos, magnéticos, ópticos, que


medem aceleração, nível, pressão, vazão, temperatura, velocidade,
deslocamento, entre outros. Suas saídas podem ser digitais ou analógicas.

IMPORTANTE!

Você sabia que há uma diferença entre as saídas dos sensores


classificadas como analógica ou digital? As saídas analógicas são valores
compreendidos em uma faixa (range), normalmente de 4 a 20 mA ou 0 a
10 V. Estes valores são proporcionais aos valores (informações) medidos
pelo sensor. Os sensores digitais utilizam o sistema binário de informação,
nível lógico de tensão 0 ou 1, ou seja, ou está ligado ou não.

6.2 Sensores de posicionamento

6.2.1 Encoder

O encoder é um tipo de sensor constituído de um disco de material


transparente com linhas codificadoras, e tendo, por exemplo, como
elemento sensor, um emissor que envia luz por meio do disco a um
receptor, detectando, assim, o deslocamento angular de um determinado
equipamento. É usado em eixos de máquinas ou em motores quando se
quer obter, com certa precisão, a posição atual ou quantas voltas exatas
foram dadas.

O encoder, por gerar uma saída digital, pode ser ligado diretamente a um
CLP ou a uma placa eletrônica dedicada a fazer a conversão de pulsos
elétricos codificados em deslocamento linear ou números de voltas.
UNIUBE 185

• Encoder incremental

O encoder incremental é um modelo mais simples; como já vimos, sua


configuração interna apresenta um disco codificado com milhares de
linhas e alguns pontos de referenciamento (Figura 1).

Figura 1: Disco perfurado de um encoder.

Sua construção simples consegue muito bem apresentar o deslocamento


ou quantas voltas foram dadas, mas este encoder inicia sua contagem a
partir do ponto zero, sendo necessário que o sistema faça um “zeramento”
da posição, pois este tipo de sensor não consegue saber onde parou,
caso seja desconectado da alimentação elétrica.

• Encoder absoluto
O encoder absoluto já é um pouco mais complexo que o incremental
por usar um disco com código Gray na maioria dos modelos. Este
tipo de encoder não tem a necessidade de atualizar sua posição caso
falte tensão, ou seja, desacoplado do eixo, por ele trabalhar com um
código no disco, em qualquer posição que ele retorne conseguirá ler o
deslocamento. O grau de precisão deste tipo de encoder é maior, e, por
isso, mais caro.
186 UNIUBE

6.2.2 Régua linear

As réguas lineares são outro tipo de sensor de posicionamento muito


usado nas indústrias. Tem por propriedade medir o deslocamento
linear de máquinas e equipamentos como injetoras de termoplásticos,
extrusoras e outros equipamentos com movimento limitado. Os
deslocamentos geralmente variam entre 100 mm e 3000 mm, tendo
vários modelos de diferentes faixas que compreendem essa faixa de
extensão.

Há vários modelos, sendo cada qual com sua particularidade. Existem


os resistivos, com uma fina camada de carbono (grafite) fixada em uma
placa. É dotado de uma haste que fica presa, geralmente, na parte móvel
do equipamento (sensor) e que, ao deslocar, movimenta uma espécie
de pincel metálico que faz contato elétrico com o carbono, variando a
resistência elétrica linearmente ao deslocamento.

Há os modelos com uma régua de vidro graduada (Figura 2) onde através


de um emissor e um receptor de luz, mede-se o deslocamento devido aos
feixes de luz seccionados por essa graduação. Esse sistema é sensível
a sujeiras, pois uma interferência na recepção da luz pode causar uma
má leitura do dispositivo.

Figura 2: Régua graduada.


UNIUBE 187

Esses modelos são muito empregados em fresas industriais e centros de


usinagem, medindo o deslocamento nas três dimensões dos eixos X, Y e
Z. Em equipamentos dotados com pistões hidráulicos, também pode-se
empregar este tipo de sensor até mesmo para fazer controle em malha
fechada, utilizando válvulas com bobinas solenoides proporcionais.

SAIBA MAIS

A régua linear, ao contrário do encoder, não desloca sua graduação, mas,


sim, o dispositivo que contém o emissor e receptor de luz, sendo diferente
do encoder apenas na construção. Enquanto o encoder trabalha com
deslocamento em graus ou radianos por segundos, a régua linear trabalha
em milímetros, centímetros ou metros por segundos.

6.2.3 LVDT

O transformador linear diferencial variável (traduzido da sigla LVDT,


em inglês) é um sensor que mede deslocamento linear através de
um sistema eletromecânico que contém os mesmos princípios de um
transformador, por isso o nome.

Sua construção é simples, sendo, basicamente,
Material
três bobinas e um núcleo que deve ser feito de ferromagnético
material ferromagnético. O núcleo, por ser São materiais que
são atraídos pelo
um concentrador do fluxo magnético, receberá campo magnético
do primário e enviará este fluxo ao secundário, ou que conduzem
o fluxo magnético
proporcionalmente ao seu deslocamento linear; em seu material. O
principal exemplo é
entre outras palavras, a tensão do secundário o ferro e a maioria
das ligas que
está ligada proporcionalmente ao deslocamento contém este metal.
do núcleo.
188 UNIUBE

Geralmente feito de forma cilíndrica, no LVDT, seu núcleo percorre


toda a extensão que compreende o primário e o secundário. O valor
da tensão na saída dependerá de uma fórmula que conhecemos do
transformador, em que é influenciada pela tensão de entrada e a relação
de transformação.

A tensão na saída do LVDT também dependerá da posição do núcleo


no interior do sensor. Caso o núcleo esteja em 50% da posição inicial,
o valor encontrado na fórmula anterior deverá ser multiplicado em 0,5.

IMPORTANTE!

Onde posso usar o LVDT

O LVDT é usado principalmente em aplicações em que o deslocamento é


pequeno, como para fazer o controle de válvulas solenoides proporcional,
em que é necessário obter um “feedback” para comparar se o deslocamento
adquirido corresponde com o valor de pressão ou vazão desejado.

6.2.4 Sensor potenciométrico

Potenciômetro
O sensor potenciométrico (Figura 3) consiste na
aplicação de um potenciômetro de precisão para
Denominado
resistor variável, medir o deslocamento angular, no caso de um
geralmente de
forma circular motor. Em algumas aplicações lineares, usa-se,
onde um cursor
deslizante percorre no eixo do potenciômetro, uma engrenagem
a resistência
variando a
e esta é encaixada em uma cremalheira que
referência ôhmica movimentará com a máquina. O potenciômetro é
com a entrada ou
saída. um componente muito usado na eletrônica.
UNIUBE 189

Figura 3: Sensor potenciométrico.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

O potenciômetro, internamente, produz uma divisão da tensão, sendo


esta proporcional ao seu deslocamento. Devido à sua construção
simples, é muito empregado nas indústrias, mas sua capacidade de
suportar choque mecânico é baixa, necessitando de proteção adicional.

Encontram-se modelos de poucas voltas e os modelos multivoltas (mais


usados pela precisão) para as aplicações industriais.

6.2.5 Sensores de temperatura

São equipamentos sensíveis à variação da temperatura, provocando,


também, uma variação de grandezas elétricas, como tensão, resistência
e corrente elétrica. Há modelos para todas as aplicações conhecidas. Um
dos padrões de comunicação destes sensores é o de 4 a 20 mA, em que
a saída de corrente é proporcional à temperatura de entrada.

PARADA OBRIGATÓRIA

Exemplo:
Se um PT100 (sensor de temperatura) está medindo uma temperatura
de 70 ºC em um determinado tanque dentro de uma faixa (range) de 20
a 120 ºC, seu transmissor enviará à sala de controle um valor de corrente
de 12 mA. Mas por quê?
190 UNIUBE

O valor de 70ºC está exatamente no meio dos valores compreendidos entre


20 e 120 ºC, ou seja, 50%. Sendo 50% do valor compreendido entre 4 e 20
mA é 12mA.

O cálculo é feito da seguinte maneira:

6.2.5.1 Termorresistência

As termorresistências são sensores que variam o valor ôhmico devido à


variação da temperatura. Estes sensores são ligados em transmissores
que enviam os valores a um instrumento que controla as variáveis de
processo, chamamos de controlador de temperatura.

• PT100
O PT100 (Figura 4) é uma termorresistência (diga-se de passagem, o
mais confiável) feita de platina e o seu valor ôhmico varia de acordo com
a temperatura. Partindo de uma curva característica, onde seu valor é
de 100 ohms a 0ºC, podendo atuar em uma faixa de trabalho de -200 a
650ºC, conforme a norma ASTM E1137. Sua montagem é feita em bainha
de inox com óxido de magnésio, o que lhe dá uma boa condução térmica,
capacidade de suportar choques mecânicos e suportar corrosão.
UNIUBE 191

Figura 4: PT-100.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Das formas de ligações conhecidas, a ligação a


Ponte de
três fios é a mais usada em aplicações industriais. wheatstone
Internamente nos instrumentos que fazem a Circuito criado para
leitura da temperatura ou nos laboratórios de encontrar o valor
de uma resistência
calibração, onde o termorresistor é conectado a desconhecida
através de um
uma ponte de wheatstone (Figura 5), que calcula arranjo de quatro
resistências, um
o valor ôhmico do termorresistor. galvanômetro e uma
fonte.

Figura 5: Ponte de wheatstone.


192 UNIUBE

Há outros termorresistores feitos de platina e níquel, como é o caso dos


Ni-100, Pt-500 e Ni-1000.

6.2.5.2 Termopares

Por meio da teoria de Seebeck, em 1821, que diz


Seebeck
que a junção de fios de dois metais diferentes,
ao receber uma temperatura superior à outra Médico e físico
alemão que
junção dos mesmos metais ligados em um circuito dedicou-se a
estudar os efeitos
fechado, geraria uma corrente elétrica devido ao da temperatura na
eletricidade.
campo elétrico formado pelo aquecimento.

Esta propriedade faz com que se possa medir a temperatura de um local


em específico usando como referência outra temperatura (junta fria). A
junta fria pode ser simulada por controladores através de dispositivos
eletrônicos que configurem um valor para medição.

Em 1990, houve uma unificação nas medidas de temperatura através


da adoção da Escala Internacional de Temperaturas (ITS-90, da sigla,
em inglês).

Há vários tipos de termopares sendo comercializados, e cada um deles


tem uma particularidade quanto à sua construção, faixa de trabalho
e local onde pode ser utilizado, o que acaba influenciando no tipo de
termopar no momento da escolha.

Escolher um termopar não é simplesmente olhar em uma lista, gostar do


nome e pegar, a escolha depende, em primeiro lugar, das condições do
ambiente em que o termopar será instalado; em segundo lugar, a faixa
de temperatura que será necessário medir com este elemento sensor e,
por último, a distância do controle.
UNIUBE 193

Vejamos agora alguns modelos de termopares:

• termopar tipo T: feito de junção de cobre e uma liga chamada


constantan (cobre+níquel), este termopar pode ser aplicado em
basicamente todas as atmosferas, tanto as oxidantes, redutoras e
inertes. Sua utilização se faz melhor em temperaturas baixas e pode
ser submetido ao vácuo. Sua faixa de aplicação vai de -200 a 350ºC;
• termopar tipo S: feito de junção de platina com uma liga de 10% de
ródio/platina não é recomendado para aplicações no vácuo e/ou
atmosferas redutoras e em ambientes de temperatura baixa. Sua
faixa de aplicação vai de 0 a 1600ºC;
• termopar tipo J: feito de junção de ferro e uma liga de constantan,
este termopar juntamente com o termopar tipo K, são uns dos
termopares mais usados nas indústrias. Suporta, basicamente, todas
as atmosferas, não sendo recomendada a aplicação em atmosfera
sulfurosa e em temperatura baixa. Sua faixa de aplicação vai de -40
a 750ºC;
• termopar tipo K: feito de uma composição de duas junções
níquel+cromo e níquel+alumínio, este termopar é recomendado para
atmosferas oxidantes, sendo sua aplicação em outras atmosferas
não recomendada. Sua faixa de aplicação vai de -200 a 900ºC;
• termopar tipo N: feito de uma composição de duas junções
níquel+cromo+silício e níquel+silício, este termopar resiste muito
bem à oxidação, e sua faixa de aplicação vai de -200 a 1200ºC,
sendo um dos mais versáteis termopares estudados até agora.

Algumas particularidades dos termopares ainda não foram exploradas,


como os invólucros, tipos de junções e cabeamento. Vamos estudá-las?

Os termopares são construídos conforme a necessidade das linhas de


produção. Existem aqueles que apresentam uma resposta mais rápida,
utilizados em processos em que as variações são constantes e de
pequena periodicidade, estes são os termopares de junção aterrada e
de junção exposta.
194 UNIUBE

A diferença entre os dois é que o de junta exposta tem uma resposta


ainda mais rápida que o de junta aterrada, mas tem uma vida útil bastante
pequena por sofrer todas as variações de um ambiente agressivo. O
aterrado consiste na junção soldada na bainha, o que traz uma proteção
maior em relação ao ambiente. Há, também, os termopares de junta
isolada, que está dentro da bainha, mas sem contato com a mesma,
tem a mesma vida útil da aterrada, mas o tempo de resposta é menor e
é menos susceptível a interferências eletromagnéticas.

Além das formas e dos tipos bastão e baioneta, os termopares


necessitam de cabeamento especial para transmitir os valores a longas
distâncias. Os cabos de extensão (Quadro 1) são utilizados por terem a
mesma composição que o termopar correspondente; isso faz com que
não se perca a referência da junta.

Quadro 1: Cabos de compensação e extensão


Ligas Fio (+) Fio (–) Norma Din 43710
J Fe Cu – Ni Vm(+); Az (–)
K Ni-Cr Ni – Al Vm(+); Vd (–)
R Pt – 13%Rh Pt Vm(+); Br (–)
S Pt – 10%Rh Pt Vm(+); Br (–)
T Pt – 30%Rh Pt – 6%Rh Vm(+); Pr (–)

Toda liga ou materiais usados nos termopares formam um par bimetálico


de polaridade oposta, uma liga ou metal sempre será mais positivo que
o outro, caso contrário não haveria diferença de potencial.

6.2.5.3 Pirômetros infravermelhos

Os pirômetros infravermelhos fazem parte da classe dos pirômetros de


radiação, onde, por um princípio de captar o sinal da energia no espectro
infravermelho, conseguem medir a temperatura através da radiação.
UNIUBE 195

Cobrindo uma faixa que vai desde 0ºC até 4000ºC, aproximadamente.
Esses pirômetros estão tendo uma importante função na preservação e
auxílio da manutenção em máquinas e equipamentos, no monitoramento
da temperatura em processos fabris, e até mesmo sendo usados em
laboratórios de qualidade para testes e calibração no intuito de melhorar
cada vez mais a produção.

Devido a uma grande quantidade de fabricantes, os pirômetros


infravermelhos estão mais baratos e acessíveis; na maioria dos modelos,
foi incorporado um LED laser que, no momento em que se quer medir o
objeto ou ponto da máquina, este laser mostra o centro exato da região
em que se está medindo, esta região é uma área de círculo que depende
da distância do medidor ao objeto medido.

6.2.6 Sensores de pressão

São equipamentos que, além de medir a grandeza, ainda convertem


a pressão em sinais analógicos, ou seja, os valores de saída variam
conforme a grandeza de entrada.

Há vários modelos destinados a uma grande faixa de pressão e aplicação


física. Existem sensores que são empregados em silos, balanças
industriais, em bombas hidráulicas entre outros.

A fórmula para medição de pressão é:

6.2.6.1 Tubo de Bourdon

Dentre os mais comuns, está o tubo de Bourdon que, em forma de uma


letra C (Figura 6), mede a pressão do fluido através do deslocamento
196 UNIUBE

de seu tubo. Este sensor, como os outros, pode ser aferido, pois seu
movimento constante e pressões acima do range podem fazê-lo perder
seu referencial.

Figura 6: Tubo de Bourdon tipo “C” (construção básica).


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Seu tubo de seção transversal elíptica recebe a pressão do fluído e se


deforma na tentativa de equalizar a pressão aplicada à parede do tubo.
Essa deformação é calculada e está dentro do regime de elasticidade
do material que retornará ao seu estado natural. Neste movimento, o
tubo de Bourdon desloca um dispositivo (pode-se usar um LVDT) que
converta este movimento, em tensão elétrica. Em casos em que o fluido
seja agressivo ao material do tubo de Bourdon, utiliza-se dentro do tubo
um líquido não compressível.

6.2.6.2 Célula de carga

A célula de carga consiste, assim como o tubo de Bourdon, em receber


uma pressão e deformar-se devido a um regime elástico, mas neste
sensor quem varia linearmente com a pressão é uma resistência interna
de um tipo de extensômetro mais conhecido como (strain-gage).

Comumente usado para medir o peso de caminhões nas balanças


em indústrias, tais como fertilizantes, alimentícias, entre outros, são
UNIUBE 197

equipamentos de alta confiabilidade gerando alta precisão na medição


e fácil instalação, podendo ser monitorado a distância.

Dentre os tipos de células de carga (Figura 7), estão os modelos de


Flexão que medem entre 0,5 e 200, quilos aproximadamente; o modelo
de Cisalhamento, que mede entre 200 e 50 toneladas, e o de compressão
que mede acima de 50 toneladas.

Figura 7: Célula de carga tipo SV.

Por este modelo ser resistivo, ele fica susceptível aos efeitos da
temperatura, sendo necessária a compensação pela ponte de wheatstone
com valores inversos aos dos extensômetros.

Faz saber que as células de carga podem ser encontradas em vários


tipos e modelos nas mais diversas aplicações. Quase todas as balanças
comerciais ou industriais necessitam de uma célula de carga para
monitorarem a massa e, quando aferidas com a gravidade que é relativa
à altitude, passam a mostrar o peso final.

6.2.7 Sensor de proximidade

Os sensores que atuam por proximidade têm a característica de “medir”


a presença de um determinado objeto ou um ponto a ser medido depois
de um deslocamento. Estes sensores têm um papel fundamental na
evolução das indústrias por parte da aplicação da automação industrial,
198 UNIUBE

tendo como algumas vantagens as inúmeras aplicações, tempo de


resposta muito baixo e vida útil longa, e desvantagens como distâncias
de detecção baixas e proteção ao choque mecânico também baixo.

6.2.7.1 Sensor capacitivo

Este tipo de sensor é muito empregado em linhas de montagem em


que se necessita detectar, principalmente, materiais não metálicos.
Esses sensores geralmente têm uma forma cilíndrica, e, na sua face,
um elemento capacitivo gera um campo eletrostático. A detecção se faz
com a presença de objetos ou matérias que interferem neste campo
eletrostático ativando um circuito oscilador.

Os sensores capacitivos (Figura 8) podem detectar desde água e óleo


como também materiais plásticos, papel, rochas, vidros e materiais de
face reflexiva entre alguns metais.

Figura 8: Sensor capacitivo.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Vantagens:
• fácil instalação;
• baixo custo (em relação aos indutivos e ópticos);
• fácil manuseio e regulagem;
• grande aplicabilidade.
UNIUBE 199

Desvantagens:
• em ambientes com sólidos ou líquidos em suspensão, este sensor
pode acionar a saída, caso sua face esteja impregnada com poeira
ou líquido;
• distância de detecção muito baixa, chegando a, no máximo, 20mm
com precisão em alguns modelos estudados.

6.2.7.2 Sensor indutivo

Os sensores indutivos (Figura 9), apesar de alguns fabricantes já haverem


fabricado sensores que detectam também materiais plásticos (polímeros),
os sensores indutivos foram construídos para detectar metais.

Figura 11: Sensor indutivo.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Sua face sensora recebe um sinal eletromagnético de alta frequência


provindo de um circuito interno e, ao aproximarmos um elemento metálico
da face do sensor, este campo eletromagnético sofre variação, que é
detectada pelo circuito interno e comuta os transistores.

Por esta característica de detectar metais, os sensores indutivos são


amplamente utilizados nas plantas industriais em inúmeras aplicações,
desde detectar que um produto de corpo metálico chegou a um
200 UNIUBE

determinado ponto da esteira ou parte de uma máquina, até em empresas


recicladoras de resíduos onde se separam metais de não metais.

Essa característica do sensor indutivo de detectar metais, lhe proporciona


uma instalação e manutenção um pouco mais rigorosa, pois caso a
face fique fixada em estrutura metálica, ou caso o corpo do sensor seja
metálico (geralmente é), e venha a sofrer desgaste na face, poderá haver
um acionamento indevido.

Vantagens:

• são produtos blindados, podendo ser imersos em líquidos, desde


que não corrosivos e atentos à temperatura de trabalho;
• não sofrem interferências de líquidos e sólidos em suspensão, desde
que não sejam metálicos;
• faixa de alcance bem diversificada e elevada em relação ao
capacitivo. Alguns sensores chegando a 100 mm.

Desvantagens:

• montagem e manutenção mais criteriosa;


• custo mais elevado, mas boa relação custo/benefício.

6.2.7.3 Sensores Magnéticos

Há dois tipos de sensores magnéticos, os simples de ampola, tipo


Reed Switch (Figura 10) e os eletrônicos. Os sensores magnéticos,
tipo Reed Switch, são acionados por materiais magnéticos, geralmente
ímãs permanentes que, ao passar pelo sensor, imanta seus terminais,
produzindo polos inversos que se atraem fechando o contato, podendo
acionar diretamente a carga, caso o sensor suporte a corrente produzida,
ou acionar um circuito de chaveamento a relé ou a transistor.
UNIUBE 201

Figura 10: Sensor magnético.

Como o campo magnético atravessa muitos materiais, o sensor não tem


a necessidade de ter um contato direto com o ímã que irá acioná-lo,
como é o caso de pistões pneumáticos com ímã presente no êmbolo.
Sendo o corpo do pistão de alumínio, um metal não ferroso, detecta-se
a posição deste. Muito usado para indicar início e fim do curso do pistão
para controle de máquinas operatrizes.

Este tipo de sensor pode ser aplicado a distância, utilizando um meio


condutor (por ex.: ferro), que levará o campo magnético até o sensor.

Vantagens:
• baixo custo;
• pequena dimensão;
• manutenabilidade baixa e fácil instalação.

Desvantagens:
• são susceptíveis a interferências eletromagnéticas.

6.2.8 Sensores de presença

Os sensores de presença, como os sensores de proximidade, podem


e devem ser usados para detectar objetos em uma linha de produção.
202 UNIUBE

Sua propriedade óptica lhes permite uma vantagem, a distância, a qual


é fundamental em muitos processos fabris.

São largamente usados nas áreas de segurança por detectarem com


precisão objetos a vários metros de distância. Usados também em
processos em que o objeto a ser medido é muito pequeno e um feixe de
laser direcionado pode resolver este problema.

6.2.8.1 Sensores ópticos

Estes sensores também são largamente utilizados nas linhas de


produção industrial, principalmente em indústria de manufatura. Há
destes sensores para detectar, praticamente, todo tipo de material, desde
líquidos até metais, não sendo aconselhado material transparente, ou que
a superfície seja irregular e refletiva, por provocar desvio da luz incidente.

Estes sensores utilizam a propriedade de emitir onda de luz em um objeto


e recebê-lo de volta.

Vantagens:
• alguns modelos com supressão de fundo detectam materiais em
diferentes distâncias (ex: duas folhas A4 sobrepostas, o sensor pode
ser regulado para acionar com a] primeira e ignorar a segunda).

Desvantagens:
• podem ser susceptíveis a poeira nas lentes emissora e receptora;
• alto custo;
• grande manutenabilidade (limpeza e regulagem constantes);
• difícil instalação, uma vez que precisa estar alinhado com o espelho
refletor.

Retrorreflexão

Este modelo usa um espelho refletor (Figura 11) que retorna a luz para
o sensor, quando este não está transpassado por um objeto. Neste tipo
UNIUBE 203

de sensor o que influencia é o ângulo de entrada da luz que retorna


do espelho refletor; como o objeto em movimento não emitirá a luz no
mesmo ângulo, ele não detecta a luz.

Figura 13: Sensor óptico.

Os sensores mais modernos já utilizam espelhos com criptografia


óptica que faz com que o cliente que o compre não possa utilizar outro
espelho refletor. Você acha que isso foi criado para “amarrar” o cliente
ao fabricante? Na verdade, não. Foi desenvolvido para diminuir casos
de acidentes trabalhistas, em que pessoas “enganavam” o sensor
com espelhos quaisquer e, assim, era possível burlar a segurança da
máquina.

Transmissão

Muito usados em indústrias de manufatura, por serem quase específicos


a pequenos processos, os sensores ópticos de transmissão têm o seu
emissor separado do receptor. Caso haja um objeto na frente da onda
de luz emitida, o receptor não receberá esta luz, e assim, detecta um
204 UNIUBE

objeto. Estes tipos de sensores não diferem o que estão medindo como
os indutivos; por isso, é necessário tomar certas precauções quanto a
sua instalação.

Se estes sensores estiverem interligados a alguma função de segurança


da máquina, deverão ser cobertos de maneira a evitar ao máximo o
contato com objetos desprendidos de máquinas e até mesmo das
pessoas envolvidas nos processos de fabricação.

Dentre estes modelos, há os que são fabricados para indústrias de papel


e celulose no formato de forquilha, onde o papel passa entre o emissor e
o receptor; caso o papel acabe, o sensor envia o sinal de não presença
de objeto.

Cortina de luz

As cortinas de luz (Figura 12) são como janelas sempre abertas onde
a acessibilidade parece ser possível. Feitas de um conjunto de LEDs
emissores de luz infravermelha de um lado e receptores em uma barreira
do outro lado, sentem a presença de qualquer objeto, peça ou mesmo o
corpo humano quando seus feixes de luz são interrompidos.

Figura 12: Barreira de luz.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.
UNIUBE 205

A classificação dessas barreiras se deve pela distância dos feixes


emitidos, que pode variar desde 14mm até 90mm, o que resulta em
uma proteção que não deixa passar nem um dedo e até uma outra que
passam praticamente os membros superiores.

Sua distância entre o emissor e o receptor também varia de fabricante


para fabricante, em alguns modelos chegando a 20 m de distância. Muito
bem empregados em sistemas de segurança de prensas, calandras,
guilhotinas entre outras aplicações que se faça necessário este tipo de
segurança.

6.3 Micros fim-de-curso

O microswitch, ou micro interruptor, ou micro fim-de-curso (Figura 13),


não é considerado um sensor, pois não foi construído para detectar algo
em específico, mas, sim, quando for acionado por um objeto ou até
mesmo por uma pessoa, comutar os seus contatos, tornando-os abertos
ou fechados.

Figura 13: Micro interruptor.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.
206 UNIUBE

Há modelos simples de apenas um contato NA ou NF e há modelos


que possuem até quatro contatos distintos, podendo apresentar várias
configurações. Esses equipamentos possuem contatos secos acionados
por um dispositivo que os movimentam.

O que diferencia os modelos dos micros fim-de-curso são exatamente os


dispositivos atuadores deles. Há tanto os modelos simples de alavanca
e alavanca com roldana, como outros, tipo pistão, rolete, haste e argola.

6.4 Eletroválvulas ou válvulas solenoides

6.4.1 Válvula solenoide de abertura simples

As válvulas solenoides (Figura 14) são equipamentos eletromecânicos


que proporcionam a passagem ou não de líquidos e gases por meio
de sua câmara, após o acionamento de uma bobina. Os solenoides,
como são comumente chamados, são construídos para abrir ou fechar
a câmara quando sua bobina é alimentada.

Figura 14: Válvula solenoide 2 vias.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.
UNIUBE 207

Seu funcionamento se baseia em uma bobina feita de fio que, ao ser


percorrida por uma corrente elétrica, cria um campo magnético que
percorre seu interior em um sentido ordenado sul-norte. Pelo lado de
fora da bobina, o campo magnético tende a se dispersar, formando uma
estrutura quase circular ao redor da bobina, mas, em seu interior, todas
elas se unem formando um fluxo magnético forte.

O êmbolo da válvula está sujeito a esta força que o impulsiona para cima
movimentando o sistema de abertura e fechamento da câmara. Este
êmbolo ficará suspenso tanto quanto durar o tempo em que a bobina
ficar energizada. O retorno se dá através de uma mola que empurra o
êmbolo para baixo.

6.4.2 Válvula solenoide de abertura proporcional

Os solenoides podem ser empregados em diversos tipos de válvulas,


tanto pneumáticas quanto hidráulicas. Outras empregabilidades são
as bobinas solenoides com variação proporcional, muito utilizadas em
bombas hidráulicas e sistemas hidráulicos que necessitam de controle de
vazão e pressão. Elas variam o campo magnético devido a uma variação
da corrente ou tensão aplicada nas bobinas.

6.5 Contatores

Os contatores (Figura 15) são os equipamentos mais empregados dentro


de uma indústria, estão até mesmo na frente dos motores. São fabricados
com a finalidade de chavear tensão elétrica sob carga.
208 UNIUBE

Figura 15: Contatores.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

PARADA PARA REFLEXÃO

Mas, o que isso significa? Chaveamento significa a comutação dos contatos


elétricos deixando passar ou não a tensão. Sendo, neste caso, sob carga,
significa que quando o contator chavear a tensão elétrica, ele estará
submetido a uma carga que poderá gerar arco elétrico.

A intensidade do arco elétrico gerado pode danificar muitos equipamentos


ou até mesmo queimar as pessoas envolvidas no processo industrial. Com
o contator contendo este arco, em sua câmara de extinção, a segurança é
maior.

Devido a sua construção, os contatores conseguem absorver este arco


elétrico gerado na comutação dos contatos e dissipá-lo sem danos
materiais. Um arco elétrico pode chegar a 6000ºC, o que derreteria muitos
materiais. Sua câmara de extinção de arco elétrico possibilita este tipo de
chaveamento.
UNIUBE 209

Os contatores são construídos para as diversas cargas que se queira


acoplar a eles. Há os contatores gerais, que servem basicamente para
tudo, como aquecedores, e os específicos, feitos para circuitos de
iluminação e partidas de motores.

Podem, caso necessário, ser acoplados com contatos auxiliares para uma
maior versatilidade de suas operações. Os contatos auxiliares servem
como uma extensão dos pontos de operação do contator, auxiliando no
intertravamento de comandos elétricos, como também no chaveamento
de pequenas cargas.

6.6 Motores

Os motores elétricos são, de longe, os componentes mais conhecidos de


uma planta industrial. Conhecer suas variedades, aplicações e particu-
laridades não são tarefas muito fáceis, por isso nós iremos estudá-las.

Os motores são classificados como máquinas, por produzirem trabalho


através de sua própria configuração, sem a necessidade de mais
componentes externos. São chamados de máquina elétrica rotativa por
converterem energia elétrica em energia mecânica, aplicada ao seu eixo.

Quase todas as partes que se movimentam em uma máquina, de alguma


forma, dependem de um motor, seja para tracionar uma esteira, seja
para girar uma bomba hidráulica, que dará vazão e pressão de óleo nos
pistões hidráulicos, seja para uso em polias ou caixas de engrenagem.

Estudaremos as particularidades sem aprofundarmos nos cálculos


matemáticos referentes aos motores. Entenderemos como reconhecê-
-los, como aplicá-los e como cuidar deles.
210 UNIUBE

6.6.1 Motores síncronos

Uma máquina síncrona, ou motor síncrono, tem o seu eixo (rotor) girando
na mesma velocidade do campo girante. Sua construção lhe proporciona
uma velocidade, que se mantém constante, e que também é proporcional
à frequência da rede imposta a ele.

Seu estator é alimentado por tensão CA, enquanto seu rotor é alimentado
por tensão CC; com isso, obtém-se um motor que não varia sua
velocidade com a variação da carga aplicada até o limite de torque.

A rotação síncrona é dada por:

Sendo:
ns = rotação síncrona (rpm);
f = frequência (Hz);
2p = número de polos.

EXEMPLIFICANDO!

Qual será a velocidade síncrona de um motor síncrono que tenha dois polos
a uma frequência de 60Hz?

E qual seria a velocidade de um motor síncrono que tem quatro polos em


uma frequência de 100Hz?

Os motores têm 2, 4, 6 ou 8 polos, somente não tendo números ímpares.


UNIUBE 211

6.6.2 Motores assíncronos

Uma máquina assíncrona, ou motor assíncrono, tem o seu eixo (rotor)


girando a uma velocidade menor que a do campo girante. Isso se deve ao
escorregamento que é característico desse tipo de motor: quanto maior
for essa constante, menor será a velocidade em rpm do motor, conforme
fórmula apresentada a seguir.

A rotação assíncrona é dada por:

Sendo:

rotação síncrona [rpm];


frequência [Hz];
número de polos;
escorregamento [%].

EXEMPLIFICANDO!

Vamos fazer alguns exemplos?

Qual será a velocidade síncrona de um motor assíncrono que tenha dois


polos a uma frequência de 60Hz e um escorregamento de 2,22%?

E qual seria a velocidade de um motor síncrono que tem quatro polos em


uma frequência de 100Hz?
212 UNIUBE

6.6.2.1 Motor de indução trifásico

O motor de indução trifásico é muito utilizado em indústrias de vários


setores. São robustos, baratos em relação aos motores síncronos e são
confiáveis.

Para se entender exatamente como funciona o motor, teríamos que


fazer toda uma explicação prévia em eletromagnetismo. Então, vamos
ao principal.

Quando passa corrente elétrica em uma bobina, esta gera um campo


eletromagnético igual ao eletroímã, que percorre todas as ranhuras do
motor. Um motor trifásico se comporta como três motores monofásicos
em um mesmo encapsulamento, mas com suas bobinas em defasagem
de 120º umas das outras.

Como no sistema elétrico trifásico, as fases também estão em


defasagem de 120º umas das outras (Figura 16), e são criados três
campos eletromagnéticos iguais em módulos e diferentes em sentido.
Estes campos magnéticos são representados pela letra H podendo ser
denominados de H1, H2 e H3.
UNIUBE 213

Figura 16: Perfil de um enrolamento trifásico.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Ao se aplicar tensão trifásica nos enrolamentos do motor (Figura 17), os


três campos magnéticos distintos aparecerão. Seus valores dependerão
do valor da tensão aplicada às bobinas, ou seja, quanto mais próximo
estiver da tensão de pico, maior será o campo magnético.

Figura 17: Soma gráfica dos campos para seis


instantes sucessivos.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Se observarmos, no instante 1, temos a tensão U1 em seu valor máximo


(tensão de pico) e o campo magnético H1 correspondente a esta tensão
também em seu valor máximo. Os outros dois campos magnéticos têm
seus valores negativos por estarem com suas fases correspondentes
também negativas.
214 UNIUBE

Os dois campos H2 e H3 têm o mesmo módulo, mas suas projeções em


H1 se anulam sobrando apenas como vetor resultante o sentido de H1.
É este vetor que indica o sentido do campo magnético. Se repetirmos
este mesmo raciocínio para os outros cinco instantes, teremos os vetores
resultantes, tendo em sequência uma movimentação angular que fará
com que o motor gire nesta mesma sequência.

Os motores de indução trifásicos são divididos em duas categorias:

• motor de rotor bobinado: usado em locais onde se necessita de


grande torque;
• motor de rotor tipo gaiola de esquilo: uso geral. Seu rotor é feito de
barras laterais ao longo dos anéis curto-circuitando-os.

Se analisarmos os campos magnéticos e seus vetores


anteriormente, podemos concluir que o motor trifásico necessita
das três fases para funcionar. Mas, caso uma das fases
faltasse, o motor pararia? Na verdade, não, ele consumiria da
rede mais corrente para suprir a tensão que falta.

A seguir, na Figura 18, apresentamos um modelo de motor de indução


trifásico.

Figura 18: Motor elétrico de indução trifásico.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.
UNIUBE 215

6.6.2.2 Motores monofásicos

Os motores monofásicos são, dentro da categoria de máquinas


assíncronas, considerados os mais simples devido a sua construção.
Dividido em uma bobina de partida e uma principal, estes motores são,
na sua maioria, pequenos e de baixo torque, usados na maioria das
aplicações onde se necessita de velocidade e rotação.

Alguns exemplos de motores monofásicos são os motores de esmeril


usados nas oficinas para afiação de ferramenta, pequenas máquinas
industriais, ventiladores e exaustores.

Sua construção, quando se diz simples, não quer dizer fácil, pois os
motores monofásicos, diferentes dos trifásicos, necessitam de uma
“ajudinha” para iniciarem a girar. O modelo mais conhecido é o de partida
a capacitor por sua particularidade de criar um defasamento angular de
90º entre as correntes da bobina de partida e da bobina principal.

É esse defasamento que permite que o motor inicie sua rotação. Devido
à sua construção simples, a bobina principal cria um campo magnético
que transpassa o rotor no centro, não deslocando para nenhum lado.
Com a bobina de partida defasada em 90º elétricos, consegue-se “puxar”
o rotor para o lado devido a um campo magnético criado quase que
lateralmente, fazendo-o girar.

Uma vez o motor deslocado e girando, a bobina de partida não é mais


necessária, pois a própria inércia, ou melhor, a força centrífuga da rotação
com o campo magnético da bobina principal mantêm o motor girando.
Alguns motores vêm com mecanismos para desligar a bobina de partida,
como é o caso da chave centrífuga, que abre o contato após o motor
alcançar uma determinada velocidade.
216 UNIUBE

Motores monofásicos, Figura 19, podem ser ligados em tensões


monofásicas. No Brasil, temos duas configurações de tensão elétrica
monofásica. Temos 110V (fase+neutro) ou 220v (fase+neutro) ou
(fase+fase). O motor deve ser construído para uma destas duas tensões.
Tampa
traseira Capacitor

Centrífugo Carcaça

Rotor

Chaveta
Rolamento
Traseiro
Ventilador
Platinado

Rolamento
Dianteiro

Estator
bobinado

Eixo

Tampa
Dianteira

Figura 19: Vista explodida de um motor monofásico.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Este motor pode ser ligado para girar em sentido horário ou anti-horário,
dependendo apenas da configuração da ligação elétrica feita em seus
terminais.

6.6.3 Motor de passo

O motor de passo (Figura 20) é um motor de corrente contínua que tem


uma construção diferente; internamente, é projetado com engrenagens
que posicionam o rotor, dando uma precisão de posicionamento.
UNIUBE 217

Figura 20: Motores de passo.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

O motor funciona quando suas bobinas são energizadas em uma


sequência de pulsos elétricos que dá a direção, e a velocidade fica
dependente da frequência em que estes pulsos são aplicados. O
posicionamento se dá no momento em que a bobina do motor é
desenergizada e, por ele conter um ímã que desloca para os lados as
engrenagens internas encaixando-as, ele para com precisão.

A classificação deste tipo de motor é pelo grau de precisão, tensão e


potência, por exemplo, 1,8º – 24 vcc – 50 w.

Muito usado em montagens de robôs, tendo como exemplo a engenharia


mecatrônica, que necessita de precisão nos movimentos e equipamentos
industriais, que também precisam de precisão tanto em números de
voltas quanto em deslocamento angular. Este motor pode parar em um
determinado valor angular após ter iniciado o giro, basta que o controle
execute as alimentações das bobinas nas sequências corretas até o
momento de parada.

Muito usado em indústria de manufatura por ser versátil, confiável e


preciso. Imagine só uma indústria de alimentos ou farmacêutica que
não consegue controlar exatamente quantos produtos irão numa caixa
ou a quantidade de produtos para uma fórmula? Ele tem a propriedade
218 UNIUBE

de manter torque no seu eixo mesmo parado, ou seja, um robô pode


suportar o peso do braço mais o peso do objeto sem que haja movimento
no braço do robô.

Seu circuito acionador puramente eletrônico depende de um registrador


e um deslocador direita/esquerda para dar sentido ao giro e acionar
corretamente as bobinas nas sequências corretas.

6.6.4 Servomotor

Os servomotores, Figura 21, assim como o motor de passo, são da


família dos motores de corrente contínua. São acoplados em caixas
de engrenagens (redutores) para se obter torque, menor velocidade e
comando de sentido e direção.

Figura 21: Servomotores.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Nas indústrias, os servomotores são muito usados no controle de abertura


e fechamento de válvulas pneumáticas (chamadas de servoválvulas),
como em uma caldeira, para controlar a vazão do gás e do ar para
combustão.
UNIUBE 219

Alguns modelos de servomotores dependem do servoconversor


para controle da velocidade e torque empregados pelo servomo-
tor. O servoconversor controla o campo magnético no rotor e estator
do servomotor, o que não é conseguido com precisão em motores de
indução.

Modelos assíncronos também necessitam de um encoder que envie ao


controle o deslocamento angular que o eixo do motor sofreu, e, assim,
podendo obter com precisão a posição e velocidade.

Resumo

Neste capítulo, você teve a oportunidade de conhecer um pouco da origem


e evolução dos dispositivos eletromecânicos, assim como, algumas
aplicações. Em seguida, enfocamos os sensores de posicionamento,
por exemplo, o encoder, o LVDT, o sensor potenciométrico; os micros
fim-de-curso; as eletroválvulas ou válvulas solenoides; os contatores e os
motores. Dentre os motores, diferenciamos e especificamos os síncronos
e os assíncronos.

Atividades

Atividade 1

Responda que tipo de sensor é fabricado para detectar metais, e em qual


categoria ele se encontra?

Atividade 2

Escreva os tipos de encoder que você conhece.


220 UNIUBE

Atividade 3

Vimos que a régua linear serve para medir o deslocamento linear de uma
máquina. Descreva de que maneira o encoder mede o deslocamento.

Atividade 4

Calcule a corrente enviada por um transmissor analógico de 4 a 20 mA


ligado a um PT-100 que está medindo uma temperatura de 245ºC em um
tanque que varia sua temperatura em uma faixa de 30 a 400ºC.

Atividade 5

Calcule a velocidade síncrona de um motor de indução trifásico


assíncrono com seis polos, em uma frequência de 50 Hz e uma taxa de
escorregamento de 2%.

Referências

BEGA, Egídio Alberto et al (Org). Instrumentação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro -


Interciência: IBP, 2006.

FURSTENAU, Eugênio. Novo dicionário de termos técnicos inglês-português. 24.


ed. São Paulo: Globo, 2005.

ROSÁRIO, João Maurício. Princípios da mecatrônica. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

THOMAZINI, Daniel. Sensores industriais fundamentos e aplicações - Pedro


Urbano Braga de Albuquerque. 3. ed. São Paulo: Érica, 2007.
UNIUBE 221

Anotações
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
222 UNIUBE
UNIUBE 223

Anotações
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________

Você também pode gostar