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Empreendedorismo e

desenvolvimento de novos
negócios, parte II

Jacqueline Oliveira Lima Zago

Luciana De Martino Nogueira


© 2013 by Universidade de Uberaba

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Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

I8 Introdução à engenharia, inovação tecnológica e gestão de manutenção


/ Clidenor Oliveira Lima Zago... [et al.]. – Uberaba:
Universidade de Uberaba, c2013
236 p. : il.

ISBN 978-85-7777-462-3

1. Engenharia. 2. Inovações tecnológicas. 3. Manutenção. I.


Araújo Filho, Clidenor Ferreira de. II. Zago, Jacqueline Oliveira
Lima. III. Nogueira, Luciana De Martino. IV. Marques, Jairo
Jeferson. V. Fonseca, Leonardo Lima da.VI. Universidade de
Uberaba. VII. Título.
CDD 620
Sobre os autores
Jacqueline Oliveira Lima Zago

Especialista em Educação Escolar pela Faculdade Politécnica de


Uberlândia (FPU). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal
de Uberlândia (UFU). Pedagoga da Divisão de Apoio Técnico Pedagógico
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Luciana De Martino Nogueira

Especialista em Gerenciamento de Redes de Computadores e Graduada


em Tecnologia em Processamento de Dados pela Universidade de
Uberaba (Uniube). Docente nos Cursos de Sistemas de Informação,
Administração e Engenharia de Produção. Administradora de Redes
desta instituição.
Sumário
Apresentação.............................................................................................................. VII

Capítulo 1 A criatividade e a inovação tecnológica................................ 1


1.1 A criatividade e a inovação tecnológica.....................................................................3
1.2 O engenheiro de produção........................................................................................4
1.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica..............................................................8
1.4 Os processos criativos no contexto das organizações...........................................11
1.4.1 A importância da criatividade e da inovação tecnológica para o
desenvolvimento de novos processos e produtos.........................................11
1.4.2 Como sabemos que uma pessoa é criativa?................................................18
1.5 O cérebro e a criatividade........................................................................................20
1.6 O processo criativo..................................................................................................29
1.6.1 O conhecimento no processo criativo............................................................32
1.6.2 Os inibidores do conhecimento......................................................................34
1.7 2009 – Ano Europeu da Criatividade e Inovação....................................................36
1.8 Panorama Nacional de Inovação............................................................................39
1.8.1 Lei da inovação – principais avanços............................................................42
1.8.2 A lei do bem....................................................................................................43
1.8.3 Meios de incentivo e apoio à inovação tecnológica......................................45

Capítulo 2 O processo de inovação tecnológica: conceitos, fases e


formas de acesso................................................................ 59
2.1 Processo de inovação tecnológica..........................................................................61
2.1.1 Inovação conforme o objeto em foco.............................................................63
2.1.2 Inovação conforme o grau.............................................................................64
2.1.3 Lado negativo da inovação tecnológica.........................................................65
2.2 Importância da inovação..........................................................................................66
2.3 Propriedade Intelectual............................................................................................69
2.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual...................................................72
2.5 Patentes...................................................................................................................76
2.5.1 Patente de invenções.....................................................................................77
2.5.2 Patente de modelos e objetos.......................................................................77
2.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial − INPI................................................78
2.7 Mudanças tecnológicas...........................................................................................79
2.8 Concepção da ideia.................................................................................................81
2.9 O desenvolvimento da ideia....................................................................................82
2.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de acesso à tecnologia..........84
2.11 Sociedade do conhecimento.................................................................................87
2.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq...................................88
2.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação universidade-empresa.......89
2.13.1 Motivações.................................................................................................91
2.13.2 Barreiras.....................................................................................................92
Apresentação
Prezado(a) aluno(a).

Você está recebendo mais um livro da série composta especialmente


para seu curso a distância. Ele se compõe de dois capítulos, “A
criatividade e a inovação tecnológica” e “O processo de inovação
tecnológica: conceitos, fases e formas de acesso”. Para alcançar os
objetivos propostos, primeiramente faremos uma abordagem conceitual
de cada um dos temas apresentados. Essa abordagem precisará de uma
constante parada para reflexão, análise e síntese de suas experiências. O
conhecimento será construído a partir das suas observações e reflexões.

No primeiro capítulo – “A criatividade e a inovação tecnológica” – você


entenderá a importância da criatividade e da inovação tecnológica, para a
formação do profissional de engenharia. Terá a oportunidade de conhecer
os processos criativos em organizações, o cérebro e a criatividade, os
passos do processo criativo, o ano europeu de criatividade e inovação e
alguns aspectos gerais desse mesmo aspecto.

No segundo capítulo – “O processo de inovação tecnológica: conceitos,


fases e formas de acesso” – serão abordados os seguintes aspectos:
os processos de inovação tecnológica, a importância da inovação, a
propriedade intelectual, a Constituição Federal e a propriedade intelectual, as
patentes, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), as mudanças
tecnológicas, a concepção e o desenvolvimento da idéia, estratégias de
inovação tecnológica e as formas de acesso à tecnologia, a sociedade e o
conhecimento, o incentivo à pesquisa e à inovação tecnológica: o CNPq,
a relação da universidade com as empresas e o que há de novidade em
inovação.
VIII UNIUBE

Desejamos a você bons estudos! Que este material sirva para o seu
crescimento humano e profissional, ressaltando sempre a importância de
se manter um ritmo de estudo que se estabeleça numa constante busca
pelo conhecimento.
Capítulo A criatividade e a
1 inovação tecnológica

Luciana De Martino Nogueira


Jacqueline Oliveira Lima Zago

Introdução
No contexto das organizações, o capital humano tem um aspecto
significativo para o êxito operacional, pois liderar pessoas passa
a ser o ponto crítico para empresas que atuam em mercados
competitivos.

Neste sentido, os profissionais que têm o desafio de pensar,


implementar, operar e promover melhorias nos sistemas produtivos
tornam-se peças fundamentais para as empresas que procuram
produzir com o mais alto padrão de qualidade, num mundo em
constante transformação.

Assim, a criatividade, aliada à ciência e à tecnologia, é um


comportamento que pode e deve ser desenvolvido no ser humano,
entendido como mola propulsora na resolução dos problemas
organizacionais.

Para alcançar os objetivos propostos, primeiramente faremos uma


abordagem conceitual de cada um dos temas apresentados. Essa
abordagem precisará de uma constante parada para reflexão,
análise e síntese de suas experiências. O conhecimento será
construído a partir das suas observações e reflexões.
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Objetivos
Ao final destes estudos, esperamos que você seja capaz de:

• apresentar o campo da criatividade e da inovação


tecnológica;
• diferenciar os conceitos: ciência, tecnologia e inovação
tecnológica;
• explicar os processos criativos no contexto das organizações;
• identificar a importância da criatividade e da inovação
tecnológica para o desenvolvimento de novos processos e
produtos;
• enumerar os principais conceitos e teorias que compõem
essa área;
• apontar a aplicabilidade desses conceitos por meio dos
exemplos e atividades apresentados;
• demonstrar como a criatividade pode contribuir para o
desenvolvimento pessoal e profissional;
• relacionar o processo de produção com a mediação do
conhecimento nas empresas;
• analisar o panorama nacional de inovação tecnológica, bem
como as políticas públicas de incentivo.

Esquema

1.1 A criatividade e a inovação tecnológica


1.2 O engenheiro de produção
1.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica
1.4 Os processos criativos no contexto das organizações
1.5 O cérebro e a criatividade
1.6 O processo criativo
1.7 2009 - Ano Europeu da Criatividade e Inovação
1.8 Panorama nacional de inovação
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1.1 A criatividade e a inovação tecnológica

Você já reparou como alguns termos têm sido utilizados no contexto das
organizações?

Algumas palavras invadiram o espaço organizacional passando a fazer


parte do vocabulário e do cotidiano das pessoas. Mais do que simples
palavras, elas transmitem valores que podem provocar profundas
transformações no modo de ser e agir das pessoas: liderança,
pró-atividade, inovação, criatividade, são só algumas dentre tantas outras
palavras. Com isso, podemos dizer que o mundo está em constante
transformação e que ocorre em todos os setores.

A tecnologia, o cenário político e econômico, as concorrências e as


tendências do mercado são exemplos de forças que atuam promovendo
essas mudanças. Hoje em dia, as organizações enfrentam um ambiente
dinâmico e precisam acompanhar e entender esse novo cenário que se
apresenta.

PARADA PARA REFLEXÃO

Observe à sua volta. Veja o quanto nosso cotidiano vem sendo modificado.
A que você atribui essas mudanças?

Imagino que você tenha atribuído essas mudanças à capacidade do


homem de criar novas formas para melhorar a sua vida, ou seja, não
seria exagero afirmar que a mobilização das pessoas é fundamental para
promover mudança, seja de que tipo for. Ou seja, qualquer invenção, ou
inovação tecnológica, tem como aspecto principal o trabalho humano,
criando e recriando estratégias.
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1.2 O engenheiro de produção

Vamos, a partir de agora, identificar o campo de ação do engenheiro de


produção, situar o seu surgimento, a legislação pertinente, conhecer a
história da Engenharia de Produção no Brasil e suas práticas.

Você sabe o que é “engenhar”?

Se buscarmos na etimologia da palavra, veremos que, em latim, ingeniu


significa faculdade inventiva, talento. É a arte de aplicar princípios
científicos e matemáticos, experiência e senso comum de forma a
beneficiar o Homem. Os engenheiros são, antes de tudo, solucionadores
de problemas. Devem procurar as melhores, as mais rápidas e menos
dispendiosas formas de utilizar insumos e trabalho para atender às
necessidades humanas. Desde a construção das pirâmides, o processo
de irrigação egípcio, a aterrissagem do homem na lua, o progresso tem
referência no trabalho de um engenheiro.

A engenharia de produção nasceu nos EUA por volta do final do século XIX
e início do século XX com o engenheiro Frederic Taylor e sua “Scientific
Management”, ou administração científica, que ele escreveu no início
do século passado juntamente com Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt,
H. Emerson, entre outros. Apesar de controverso, a indústria americana
viu-se invadida pelas ideias tayloristas. Introduziu procedimentos
interessantes sobre a quantificação do tempo e dos movimentos no
processo industrial e, mesmo hoje, é considerada uma revolução.

No Brasil, a engenharia, enquanto profissão, é bastante jovem e só foi


regulamentada em 1933 com as profissões de Engenheiro Agrônomo e
Engenheiro Civil, ano em que também foi criado o Sistema CONFEA/
CREA, através do Decreto Federal n.º 23.569. A criação de cursos nessa
área foi impulsionada nos anos 50 pela chegada das multinacionais. Tanto
o departamento de planejamento e controle da produção, como o de
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controle de qualidade, era de responsabilidade do “Industrial Engineers”,


o nosso engenheiro de produção. De 1959, data de criação do primeiro
curso de engenharia de produção, até os dias atuais, temos mais de 130
cursos nessa área, no Brasil.

Desde então, o engenheiro de produção tornou-se peça fundamental


para as empresas que procuram produzir com o mais alto padrão
de qualidade, de forma cada vez mais “enxuta” e, nesse cenário de
produção flexível, automatizado e em constante transformação, o perfil
do engenheiro deve priorizar a criatividade. Sendo assim, o foco desse
engenheiro, como o próprio nome diz, é produção.

Em complementação, a Associação Brasileira de Engenharia de


Produção (ABEPRO) aponta que o engenheiro de produção deve ter uma
formação científica e profissional que o capacite a identificar, formular
e solucionar problemas ligados às atividades de projeto; operação e
gerenciamento do trabalho e de sistemas de produção de bens e/ou
serviços, considerando também os aspectos humanos, econômicos,
sociais e ambientais, com visão ética e humana, em atendimento às
demandas da sociedade.

O Engenheiro de Produção, segundo a ABEPRO, deve ter competên-


cia para:
• dimensionar e integrar recursos físicos, huma-
nos e financeiros a fim de produzir, com efici-
ência e ao menor custo, considerando a possi-
bilidade de melhorias contínuas;
• utilizar ferramental matemático e estatístico
para modelar sistemas de produção e auxiliar
na tomada de decisões;
• projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas,
produtos e processos, levando em considera-
ção os limites e as características das comuni-
dades envolvidas;
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• prever e analisar demandas, selecionar co-


nhecimento científico e tecnológico, projetando
produtos ou melhorando suas características e
funcionalidade;
• incorporar conceitos e técnicas de qualidade
em todo o sistema produtivo, tanto nos seus
aspectos tecnológicos quanto organizacionais,
aprimorando produtos e processos e produ-
zindo normas e procedimentos de controle e
auditoria;
• prever a evolução dos cenários produtivos, per-
cebendo a interação entre as organizações e
os seus impactos sobre a competitividade;
• acompanhar os avanços tecnológicos, organi-
zando-os e colocando-os a serviço da deman-
da das empresas e da sociedade;
• compreender a inter-relação dos sistemas de
produção com o meio ambiente, tanto no que
se refere à utilização de recursos escassos
quanto à disposição final de resíduos e rejeitos,
atentando para a exigência de sustentabilidade;
• utilizar indicadores de desempenho, sistemas
de custeio, bem como avaliar a viabilidade eco-
nômica e financeira de projetos;
• gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas
empresas utilizando tecnologias adequadas
(ABEPRO, 2006, p. 3).

Logo, compete ao engenheiro de produção não só implementar e operar


os sistemas produtivos, como também efetuar, principalmente, as
melhorias que esses sistemas requerem. O profissional de engenharia de
produção deve saber lidar diretamente com as evoluções tecnológicas,
com as exigências dos consumidores e do mercado globalizado,
utilizando sua capacidade criativa para vencer os desafios que surgem
no dia a dia. Entre outras, deve apresentar habilidades, tais como:
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• iniciativa empreendedora;
• iniciativa para autoaprendizado e educação continuada;
• comunicação oral e escrita;
• leitura, interpretação e expressão por meios gráficos;
• visão crítica de ordens de grandeza;
• domínio de técnicas computacionais;
• conhecimento, em nível técnico, de língua estrangeira;
• conhecimento da legislação pertinente;
• capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares;
• capacidade de identificar, modelar e resolver problemas;
• compreensão dos problemas administrativos, socioeconômicos e
do meio ambiente;
• “pensar globalmente, agir localmente”.

EXPLICANDO MELHOR

A abrangente visão do engenheiro de produção lhe permite:


• efetuar diagnósticos e propor soluções;
• planejar e desenvolver estratégias;
• desenvolver produtos ou processos;
• coordenar equipes; entre outros.

Todas essas competências e habilidades são o que tornam esse


profissional um dos mais procurados no mercado de trabalho, segundo
o próprio CONFEA/CREA. É, sem dúvida, a sua capacidade em integrar
as questões técnicas com as gerenciais que habilita o engenheiro de
produção a atuar nos diferentes setores da produção industrial. Isso se
dá porque grande parte dos problemas enfrentados no cotidiano das
empresas envolve questões gerenciais, exigindo domínio das áreas
técnica e administrativa, e também perfil integrador do engenheiro de
produção.

No exercício da profissão, o engenheiro de produção deve preocupar-se


com inúmeros aspectos, como:
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• com a gestão e a otimização dos processos produtivos e o


consequente ganho em produtividade;
• com o mercado de consumo, com a logística empresarial;
• com o avanço tecnológico, com a qualidade dos produtos e serviços;
• com o impacto ambiental e social de se produzir;
• com a competitividade internacional, e, principalmente;
• ter foco no cliente e no negócio.

Nesse sentido, percebemos claramente como a criatividade é importante


na formação do Engenheiro de Produção.

1.3 Ciência, tecnologia e inovação tecnológica

Vejamos o que Sardenberg nos diz:


Sem ciência e tecnologia, como pode um país aspirar
uma posição de relevo no futuro? Trata-se de uma das
mais importantes questões a ser colocada não apenas
aos governantes, ao sistema político e aos meios de
comunicação, mas ao povo brasileiro (Sardenberg,
2000, p.2).

Sardenberg (2000), nessa citação, coloca a ciência e a tecnologia como


aspectos relevantes para o desenvolvimento de uma nação e de seu
povo, e que, por isso, deve ser objeto de estudo, reflexão e vontade
política de todos.

Para Erdmann (2000), produzir significa transformar, num contexto


em que o estado inicial daquilo que será transformado se constitui nos
insumos que, associados aos demais recursos, geram o resultado e/ou
produto. Assim, como a produção é a geração de processos e produtos,
essa pode variar desde objetos até a recreação ou informação, isto é,
desde bens até serviços. Produção envolve, assim, ciência e tecnologia.

Você já percebeu a relação entre a ciência, a tecnologia e a


inovação tecnológica?
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Podemos nos referir à ciência no seu sentido mais amplo buscando


na origem da palavra o seu significado, ou seja, “conhecimento”,
qualquer que seja ele: empírico ou senso-comum, teológico, filosófico ou
científico. O conhecimento científico é a forma restrita de nos referirmos
à ciência, pois a esse tipo de conhecimento é necessário um método
que o comprove, ou seja, o método científico. Por isso, a ciência está
intimamente relacionada à comprovação de fenômenos e teorias. Ela é
racional e está direcionada à descoberta da verdade.

Já a tecnologia está associada a novos processos de fabricação, a


novos produtos, a novos métodos e aos impactos que todos esses
podem produzir em uma sociedade. É uma palavra que vem do grego e
significa estudo ou ciência do ofício. Envolve, portanto, o conhecimento
técnico e o conhecimento científico, as ferramentas, os processos e
materiais utilizados a partir de tal conhecimento. A tecnologia é, assim,
a união entre a ciência e a engenharia. Na Figura 1 está representado,
esquematicamente, a relação entre indústria, ciência e tecnologia.

Observe a relação entre indústria, tecnologia e ciência, na Figura 1:

Figura 1: A relação da indústria, ciência e tecnologia.


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Os modelos criados por meio da ciência serão colocados em prática


por intermédio das novas tecnologias. Assim, o processo de inovação
tecnológica compreende todo um ciclo de desenvolvimento que engloba
desde estudos científicos até as suas aplicações técnicas. Tem como um
dos objetivos facilitar o cotidiano, a vida do homem, a vida em sociedade.

Tecnologia pode ser definida como um acervo de


conhecimentos de uma sociedade (como a ciência);
entretanto, relaciona esse acervo de conhecimentos
com as artes industriais. A tecnologia fundamenta-
se nos métodos e nos conhecimentos científicos,
compreendendo o domínio dos materiais e dos
processos, úteis para a solução de problemas técnicos
e para a fabricação de produtos (REIS, 2008, p. 33).

Se, por um lado, a tecnologia pode trazer inúmeros benefícios sociais,


por outro lado, grandes invenções podem ser utilizadas para diferenciar
o status social, excluir pessoas, dizimar grupos étnicos, por exemplo, os
trens a vapor que levaram os judeus para os campos de concentração
na Segunda Guerra Mundial. O uso dos aviões nas guerras atirando
bombas, a própria invenção da bomba atômica e sua consequente
produção para fins destrutivos.

Segundo Reis (2008), não se pode separar o conceito de tecnologia dos


conceitos de ciência e indústria, pois, são domínios cognitivos próximos
da ação de “saber-fazer”, em que a tecnologia envolve um conjunto de
conhecimentos que “adquire especificidade ao assumir formas concretas
na sua aplicação” (REIS, 2008, p.36). Assim, é
muitas vezes associada à engenharia e por
Inovação
constituir um fator produtivo, ou tecnociência,
Deriva do latim
encontra na indústria o seu combustível. innovatione e
significa ato ou
efeito de inovar,
Inovação é a palavra do momento. Por isso, ou seja, introduzir
novidades, produzir
depende de esforços teóricos e práticos e algo novo, encontrar
novo processo,
se refere a um processo, produto ou serviço renovar.
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totalmente novo e inesperado. É também um estado mental das pessoas


criativas, uma nova forma de observar o mundo que nos cerca e as novas
necessidades emergentes.

A inovação está associada a uma maneira de produzir valor econômico


para a sociedade. Inovamos por meio da geração de algo de valor,
mediante o reconhecimento de oportunidade e da sua conversão em
bens ou serviços viáveis e economicamente rentáveis. Assim, a inovação
caminha lado a lado com o empreendedorismo, pois se alimentam da
capacidade de ruptura e colocação de novos produtos, processos,
matérias-primas ou mercados. Os empreendedores convertem a inovação
em ideias de mercado por meio da descoberta de oportunidades, pois,
a inovação tecnológica é motivada tanto pelo mercado, quanto pela
existência de conhecimento novo, de uma descoberta ou invenção.
Neste capítulo, a criatividade é que unirá ciência e tecnologia através
da inovação.

1.4 Os processos criativos no contexto das organizações

1.4.1 A importância da criatividade e da inovação tecnológica para


o desenvolvimento de novos processos e produtos

Antes de continuarmos nossos estudos, responda, nos retângulos, às


seguintes perguntas indicadas na Figura 2.

Figura 2: Pensando criativamente.


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SAIBA MAIS

Você sabia que a criatividade e a inovação sempre se relacionaram ao longo


da história da humanidade?

Podemos definir criatividade como sendo a qualidade ou a característica


de quem é criativo, e inovação como a ação ou efeito de inovar, ou
derivar, aquilo que é novo, novidade. Temos como abordar o tema sob
diferentes pontos de vista, conforme exemplificado pela Figura 3.

Figura 3: Criatividade de diferentes pontos de vista.

Assim, criatividade é apenas a habilidade e inovação é a ação


e/ou objetos derivados do processo criativo.
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Durante a pré-história, os seres humanos transformavam recursos


naturais em ferramentas simples. Desde que o homem criou o primeiro
objeto que se tem conhecimento, ele utilizou sua capacidade criativa
para solucionar um problema. Assim, conseguiu agir transformando, por
exemplo, a pedra lascada em uma ferramenta útil para sua sobrevivência.
Esse ciclo se repete desde os primórdios.

Permanecem, no mercado, os processos e produtos essenciais à


sobrevivência de uma sociedade, embora a transformação, a readequação
à realidade e a melhoria dos processos e produtos sejam também
fundamentais para a sobrevivência das empresas.

Já que, para produzir o novo, precisamos, antes de qualquer coisa, partir


de um problema a ser solucionado, é preciso que exercitemos nossa
capacidade de percepção e de criação. Para tanto, podemos utilizar
técnicas que visem estimular nosso pensamento criativo.

Muitos autores defendem que, de certa forma, fomos vedados de nossa


capacidade criativa ainda na infância. Isso se deve à nossa própria cultura
educacional que protege sempre os acertos, a objetividade e a eficácia e
desconsideram o erro como parte integrante do processo de construção
do conhecimento, da inovação e da criatividade. Em nossa educação,
recebemos pouca informação ou estimulação sobre nossa ousadia.
Cientificamente, isso quer dizer que fomos treinados desde cedo a utilizar
com maior frequência o lado esquerdo de nosso cérebro, ou seja, o lado
do raciocínio lógico, o pensamento convergente. Logo, podemos concluir
que, de certa forma, o lado direito de nosso cérebro, responsável pela
imaginação, intuição e criatividade, pelo pensamento divergente, aberto,
ficou estagnado durante boa parte do tempo de nosso aprendizado.

Em síntese, criatividade é mudança!


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AGORA É A SUA VEZ

Faça uma lista das muitas utilidades que você encontraria para um tijolo.
Isso mesmo! Um tijolo. Pense em, no mínimo, 10 utilidades. Registre suas
anotações.

Depois de fazer a sua lista, converse com seus colegas. Compare e veja
como podemos ser criativos. Pense em outros objetos, uma torradeira, um
grampeador e veja quantas perguntas você poderá fazer e quantas ideias
poderão surgir. Pense na utilidade, na essencialidade, no que poderia ser
melhorado.

Faça isso com outras coisas no seu dia a dia. É um ótimo exercício para
exercitar o seu potencial e pensamento criador!

PONTO-CHAVE

A mente intuitiva
A mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente
racional seu servo fiel. Criamos uma sociedade
que honra o servo e esquece a dádiva.

Einstein

Já reparou como temos o hábito de explicar ao invés de criar? Refazemos


todo o processo mentalmente de todas as coisas. Por exemplo, explicamos
o funcionamento de um avião. Mas, como compreender o processo criativo
que levou Santos Dumont a criá-lo? Será que ele já amanheceu com a
ideia pronta? Sabemos que não. A criação é um processo que pode até
resultar em um produto, mas não é uma coisa pronta. Podemos não saber
exatamente de onde veio uma ideia, mas sabemos que ela está lá, existe
uma operação para criá-la. Se déssemos mais valor à nossa mente intuitiva
que cria, recria e aprecia as maravilhas, certamente teríamos mais Santos
Dumonts, Einstens, Da Vincis.
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Em um momento em que se fala muito em cultivar a saúde e o bem-estar,


assim como o corpo precisa de exercícios físicos para manter o seu bom
funcionamento, o cérebro também precisa de estímulos. Colocá-lo em
atividade é um ótimo recurso para deixá-lo cada vez mais “esperto”.

Como futuro engenheiro, e já conhecendo as competências que serão


esperadas de você, cultivar a criatividade será de grande importância.

Mas, como desbloquear a criatividade?

Nascemos com a capacidade de sermos criativos, certo? Um constante


jogo criativo abre muitas possibilidades e a mente racional ajuda a
torná-las realidade.

EXPLICANDO MELHOR

Tenha o hábito de perguntar: “e se...”


Exemplos:
E se, no meio do dia, minha camisa descosturasse embaixo do braço?
E se de repente chegasse um ônibus cheio de novos clientes?
E se aparecesse um pedido exorbitante na minha fábrica por novos
produtos?
E se eu ganhasse uma comissão extra 10 vezes maior que o meu salário?
E se...

Não pense que você estará perdendo tempo. Você estará estimulando
sua mente intuitiva e criativa e a racionalidade dos seus pensamentos.
O que você prefere: ficar pensando em como é ruim ficar parado num
congestionamento ou pensar em como você faria para viabilizar o trânsito
de São Paulo?
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DICAS

Importância das coisas


Outra dica interessante é pensar no que é mais importante nas coisas. Por
exemplo, um aparelho celular. O que é mais importante? O que poderia ser
removido sem perder a sua função? O que poderia ser agregado atribuindo
valor?
E em um sapato? E em um biscoito?
Use sua criatividade!

1.4.1.1 Criar um problema para depois resolvê-lo

Pense em causar um problema ou deixá-lo pior a fim de resolvê-lo.


Tivemos um apagão de 3 horas. E se o apagão durasse três dias?

Lembre-se: “O que move o mundo não são as respostas, são as


perguntas...” (F/NAZCA, 2009).

Pense agora, qual foi a pergunta feita por quem inventou o primeiro
restaurante self-service?

Qual terá sido o problema que motivou o surgimento dessa ideia?

Resposta: E se os clientes pudessem servir as suas próprias refeições?

A vida social atual necessita de maior otimização do uso do tempo. Isso


pode ter parecido ridículo na ocasião. Será que na época os garçons
viram isso com bons olhos e não como ameaça à sua profissão?

Situações como essa, muitas vezes sem sentido, é que levam a soluções
criativas e muitas vezes bastante rentáveis. O que pode parecer “normal”,
hoje, com certeza, já passou pelo ridículo um dia.
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As ideias aparentemente malucas nada mais são do que uma cadeia de


associações mentais que levam a uma ideia mais útil.

PARADA PARA REFLEXÃO

Pense numa empresa. O que mais chateia as pessoas num grupo? Digamos
que seja cara feia e falta de educação dos colegas. Pense, então, em como
resolver este problema. Que tal imaginar que as pessoas que ofenderem
os outros serão “enviadas” para o “treinamento da sensibilidade”. Que
treinamento seria esse? Que tipo de formação teria essas pessoas?

Você verá que, pensando sobre isso, você estará “treinando” a observa-
ção à sua volta, aplicando os seus conhecimentos e, com isso, relacio-
nando-se melhor com as pessoas.
Criatividade, como já foi dito, não se refere à criação de produtos, mas
eventos, ideias, situações, posturas.

As pessoas criativas podem passar de uma perspectiva para outra com


mais facilidade. Mudar o foco, o olhar sobre uma mesma coisa. Isso pode
ser nato, mas também é uma habilidade que pode ser aprendida.

AGORA É A SUA VEZ

Veja nas principais manchetes de hoje. Escolha um problema que foi


relatado e escreva aqui:

Agora pense em várias perspectivas, para este mesmo problema. Segundo


cada uma dessas perspectivas, tente produzir uma ideia para minimizá-
-lo. Cada vez que você fizer este exercício, verá que você ficará melhor.
Experimente!

Registre para depois conversar com os seus colegas.


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1.4.2 Como sabemos que uma pessoa é criativa?

Para saber se uma pessoa é realmente criativa, podemos passá-la por três
“peneiras” (Figura 4):

Figura 4: Critérios para saber se uma pessoa é criativa.

E, então, você é criativo?

Lembra do exercício com os tijolos? Quem pensou em 60 diferentes


utilidades para o tijolo é mais criativo do que quem pensou em 10?
Bom, alguém poderia colocar que não, pois 60 ideias medíocres nada
significam perante 10 ideias interessantes. Mas, a experiência e a história
nos mostram que quanto mais ideias temos, mais próximos de boas
ideias estaremos. A originalidade também é importante, mas o que
dizer da qualidade das ideias? Como medir se uma ideia é de fato de
qualidade?

Em geral, ter um monte de ideias aumenta as probabilidades de ter


algumas boas ideias. As pesquisas mostram isso, assim como a experi-
ência pessoal.

Uma ferramenta para isso é o próprio mercado no caso da criação de


novos produtos. Por que algumas coisas são lançadas e logo esquecidas
e outras estão em constante aprimoramento? No mercado de carros, por
exemplo, é fácil detectar as más ideias.
UNIUBE 19

PARADA PARA REFLEXÃO

Lembre-se dos muitos produtos que já foram criados e que saíram do


mercado ou ficaram obsoletos. Faça uma lista e reflita sobre as razões que
levaram estes produtos a não serem mais aceitos.

Qual foi o grande erro da empresa que o lançou no mercado?

Deixar de considerar, entender e estudar quais são os desejos do


consumidor, pode ter sido um dos erros dessa e outras empresas, não
é mesmo?

DICAS

Você gosta de assistir a filmes? Se sim, veja nossa sugestão.

Filme: Tudo acontece em Elizabethtown

Sinopse: Após provocar um prejuízo de US$ 972 milhões para a Mercury, a


maior empresa de esportes dos Estados Unidos, ao elaborar um tênis que
foi um fiasco, Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido pelo magnata Phil
DeVoss (Alec Baldwin). Ellen Kishmore (Jessica Biel), sua namorada, acaba
com Drew. Ele decide cometer suicídio e estava para executá-lo, quando o
celular toca. Drew atende e sabe através da sua irmã, Heather (Judy Greer),
que o pai deles, Mitchell (Tom Devitt), morrera de infarto em Elizabethtown,
sua cidade natal [...].

Para saber mais sobre o filme, acesse:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-53579/

Embora não seja o foco principal do filme, a criação do tênis e o seu


insucesso podem exemplificar muito essa relação da criatividade e a reação
do mercado.
20 UNIUBE

1.4.2.1 Como gerar mais ideias

Para melhorar as suas idéias, o melhor é trabalhar os problemas para os


quais você pode, realmente, fazer alguma coisa e, então, exercer a sua
criatividade com eles. Encontrar uma nova maneira de fazer o mesmo
trabalho, por exemplo, ou, na sua vida pessoal, encontrar uma nova
maneira para que as crianças realizem as tarefas de casa, ou guardem
os brinquedos que espalharam, pode ser algumas dicas interessantes.
Colocar suas ideias em ação diz a sua mente que elas são importantes
para a vida real, e assim sua mente inconscientemente começa a
trabalhar em novas ideias e soluções. Esta prática irá aumentar o seu
quociente de criatividade.

Percebemos que a criatividade é muito mais do que uma característica


do ser humano ou uma capacidade latente, mas uma visão, um modo de
vida, uma maneira de assumir um papel na coletividade, na sociedade,
algo permanentemente construído e que não combina com acomodação
e inércia.

A criatividade é um comportamento e pode ser desenvolvido. Não é


obtido de alguém, mas quanto mais um ser humano libera o seu potencial
criativo, mais desenvolve maturidade para criar conscientemente, e
conquistar sua autonomia.

1.5 O cérebro e a criatividade

Referir-se ao nosso cérebro é bastante complexo e extenso. É um órgão


que requer 25% daquilo que o coração bombeia, sendo um conjunto de
milhões de células, que, segundo pesquisadores, pode ser visualizado,
tocado e manipulado. Substâncias químicas, enzimas e hormônios fazem
parte de sua composição. O que o faz funcionar são os neurônios que
consomem oxigênio e troca substâncias através de suas membranas.
UNIUBE 21

Nosso cérebro se divide em dois hemisférios, o direito e o esquerdo.


O seu estudo ainda causa muitas controvérsias, seja no campo da
medicina, da psicologia ou da educação. A neurolinguística, ciência que
estuda a elaboração cerebral da linguagem, afirma que o temperamento
de cada pessoa, tem relação direta com a forma que utiliza cada lado
do cérebro. Sugere até mesmo uma “reprogramação neurolinguística”
capaz de fazer com que o indivíduo se torne mais produtivo, de modo
a desenvolver suas habilidades de liderança e melhorar a comunicação
e os relacionamentos. Segundo esses estudos, as pessoas que utilizam
mais o lado esquerdo, tendem a usar de forma adequada a lógica, a
matemática, pois é o lado mais intuitivo. Ao contrário, as pessoas que
utilizam o lado direito possuem habilidades de análise, são comunicativas,
criativas e serenas.

De qualquer forma, para que funcionemos corretamente, faz-se necessá-


rio que utilizemos os dois hemisférios, pois o comando da memória se
faz presente nessa interação.

Tanto o raciocínio como a inteligência são determinados pelos hemisférios


cerebrais. No entanto, embora sejam simetricamente proporcionais, cada
um deles, o esquerdo e o direito apresentam funções distintas, sendo,
geralmente, um deles dominante. Se fizéssemos um mapa do cérebro
na tentativa de localizar regiões específicas, perceberíamos o local onde
estão nossas emoções. Pesquisas diversas seguem essa categoria de
análise, embora boa parte do funcionamento cerebral continue a ser um
mistério.

Muitos estudiosos atribuem o pensamento criativo ao hemisfério direito


do cérebro. No entanto, esse estudo pode contribuir para entender
alguns comportamentos. Mas, antes de pensar em usar “um ou outro”,
o importante é usar os dois lados e não dar um valor em separado. Para
um raciocínio criativo, para a resolução criativa de problemas, verificamos
que ocorre uma oscilação interativa síncrona ou simultânea de ambos os
hemisférios e não apenas do direito.
22 UNIUBE

AGORA É A SUA VEZ

Teste 1: Qual lado do cérebro orienta você?

Responda sinceramente às questões a seguir e descubra se você é mais


dirigido pelo hemisfério direito ou pelo hemisfério esquerdo do cérebro, ou
se você utiliza o “cérebro inteiro”, ou seja, ambos os hemisférios, ao lidar
com fatos, ideias e questões.

O teste, a seguir, foi extraído do livro Você é criativo? de autoria de Eugene


Raudsepp (RAUDSEPP, 1981), faça-o:

Assinale suas respostas:

1 - Nos auditórios, plateias de cinema, salas de conferência etc., você


prefere se sentar:
a) do lado direito?
b) do lado esquerdo?
c) no meio?

2 - Ao responder a uma pergunta que exija raciocínio você:


a) costuma olhar para a esquerda?
b) costuma olhar para a direita?
c) costuma olhar diretamente para a pessoa que fez a pergunta?

3 - Você é:
a) mais extrovertido?
b) mais introvertido?

4 - Você é:
a) uma pessoa “do dia”?
b) uma pessoa “da noite”?
c) igualmente “do dia” e “da noite”?
UNIUBE 23

5 - Identifique quatro características, da lista a seguir, que você julgue


possuir em alto nível, e mais quatro que representem dificuldades.
Todas elas se relacionam com o trabalho.

Assinale as que você possui com G e as que você não possui com D:
a) Divisão do tempo........
b) Organização de projetos........
c) Planejamento estratégico........
d) Resolução criativa de problemas........
e) Persuasão de outras pessoas........
f) Tomada de iniciativa........
g) Supervisão de outras pessoas........
h) Conceituação de noções........
i) Controle........
j) Impulso/motivação........
k) Autodisciplina........
l) Desenvolvimento de programas........
m) Obediência a prazos........
n) Preparo de orçamentos........
o) Integração........
p) Motivação de outras pessoas........
q) Consultas........
r) Cortesia........
s) Percepção........
t) Consideração........
u) Previsão........
v) Confiabilidade........
w) Discernimento........
x) Pragmatismo........
y) Energia........
z) Intuição........

6 - Assinale na lista a seguir as cinco palavras que melhor descrevem você:


a) Analítico........
b) Lógico........
24 UNIUBE

c) Musical........
d) Artístico........
e) Matemático........
f) Verbal........
g) Inovador........
h) Intuitivo........
i) Controlado........
j) Detalhista........
k) Emocional........
l) Com visão global........
m) Dominador........
n) Intelectual........
o) Com capacidade de síntese........
p) Com orientação espacial........
q) Com orientação linear........
r) Leitor inveterado........
s) Com capacidade dedutiva........
t) Com capacidade de usar analogias........

Assinale na lista de frases a seguir as quatro que mais digam respeito


a você:
a) Tenho grande capacidade de liderança........
b) Prefiro trabalhar por conta própria........
c) Gosto de sair e do convívio social........
d) Amo as artes........
e) Sou uma pessoa conscienciosa e responsável........
f) Considero-me uma pessoa muito sensível........
g) Gosto de participar de atividades de grupo e equipe........
h) Não sou uma pessoa muito organizada........
i) Tenho uma boa capacidade de relacionamento........
j) Tenho uma autocrítica muito forte........
k) Respeito as convenções e os valores sociais........
l) Algumas vezes duvido, da minha capacidade intelectual........
Questão Alternativas

1 a=1 b=10 c=5

2 a=10 b=1 c=5

3 a=2 b=8

4 a=2 b=8 c=5

a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m)
G=2 G=7 G=2 G=8 G=2 G=7 G=2 G=7 G=2 G=7 G=2 G=7 G=1
D=7 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=2 D=8
5
n) o) p) q) r) s) t) u) v) w) x) y) z)
G=2 G=7 G=2 G=7 G=1 G=8 G=2 G=7 G=2 G=8 G=2 G=7 G=8
D=7 D=2 D=7 D=2 D=8 D=2 D=7 D=3 D=7 D=3 D=8 D=3 D=2

a=3 b=2 c=9 d=9 e=3 f=4 g=8 h=8 i=2 j=3 k=7 l=8 m=3
6
n=3 o=8 p=8 q=2 r=5 s=8 t=8
Calcule o valor de suas respostas de acordo com a tabela a seguir:

7 a=3 b=8 c=2 d=8 e=2 f=7 g=3 h=7 i=3 j=3 k=3 l=7
UNIUBE
25
26 UNIUBE

Seu resultado

de 41 a 84 de 85 a 128 de 129 a 172


Orientação Esquerda Orientação Dupla Orientação Direita

O teste, a seguir, é sobre os comandos do cérebro, tente fazê-lo.

Teste 2: Identificando os comandos do cérebro

Analise os comportamentos a seguir e escreva, no Quadro 1, qual parte


do cérebro você acredita que está dominando cada situação-problema:

Quadro 1: Identificando os comandos do cérebro


Lado do Cérebro
Situação-Problema
Mais Usado
1 Júlia é a gerente de marketing de uma grande empresa
de cosméticos. Destaca-se pela criatividade das
campanhas que coordena e pela sensibilidade que lidera
sua equipe de trabalho. No entanto, se precisar seguir
instruções ou procurar um endereço, Júlia se atrapalha
e prefere ser guiada.

2 João Carlos é um advogado criminalista muito


competente. É capaz de ler vários processos, localizando
fatos e detalhes. Além disso, acredita-se que o seu
sucesso seja da facilidade que tem em expressar-se
oralmente.

3 Renato tem uma memória invejável para as imagens,


mas não consegue lembrar-se do que fez há uma
semana. Começa a fazer algo e se esquece do tempo,
seja no trabalho como no lazer, por isso vive perdendo os
prazos e deixando as pessoas esperando. Mas é a sua
capacidade de ver as relações entre uma coisa e outra,
e a maneira como as partes unem-se para formar um
todo, que o tornam o profissional da arte tão maravilhoso
e respeitado que é.
UNIUBE 27

Você deve ter verificado que Júlia e Renato utilizam mais o lado direito do
cérebro, e que João Carlos o lado esquerdo. Cada hemisfério do cérebro
é dominante para alguns comportamentos, como exemplifica a Figura
5, é especializado para algumas tarefas específicas, mas, mais do que
identificarmos o lado predominante do nosso cérebro, é perceber que
devemos trabalhar com os dois lados, melhorando nossas habilidades
no nosso dia a dia. Através de exercícios e técnicas variadas pode-se
estimular o lado direito do cérebro e buscar a integração entre os dois
hemisférios, equilibrando o uso de nossas potencialidades.

Figura 5: Principais diferenças dos hemisférios.

Na tentativa de reativar nossa criatividade individual utilizando o lado


direito do cérebro, podemos seguir algumas sugestões/atividades, como
a que já abordamos no capítulo. Acompanhe-as a seguir no Quadro 2.
28 UNIUBE

Quadro 2: Estimulando a criatividade

Armazenar as ideias e,
Criar metas. sempre que possível, Fazer anotações.
colocá-las em prática.

Procurar ser
Ser um bom observador.
otimista, positivo.

Desenvolver uma forte


Descobrir novas fontes
curiosidade e aprender
de ideias, como novas
a fazer perguntas Saber escutar e estar
amizades, novos livros,
como: quem, quando, aberto a mudanças.
jornais, revistas,
onde, o quê, por
cultura em geral.
que, qual e como.

Você sabe a diferença entre pensamento lateral e pensamento


vertical?

O pensamento vertical: é o pensamento lógico e o racional, aquele que


nos prende a um estado de não solução dos problemas encontrados.

O pensamento lateral: é aquele que busca alternativas para os nossos


obstáculos por meio de nossa capacidade criativa.

Podemos dizer que pensar de forma criativa é pensar de forma lateral.

Você sabe utilizar o seu potencial criativo?

CURIOSIDADE

A seguir, selecionamos algumas citações de grandes inventores e


pensadores que nos dão a dimensão do potencial que podemos explorar por
intermédio de nossa criatividade. Por meio delas, percebemos que o homem
tem sempre a necessidade de sentir-se em desenvolvimento, criando e
vivenciando novos desafios, para atingir o sucesso.
UNIUBE 29

Não sou realmente um homem de ciência, não sou um


observador, não sou um pensador. Nada sou senão um
conquistador, por temperamento – um aventureiro – com
a curiosidade, a rudeza e a tenacidade que compõem
essa espécie de ser (FREUD).
Criatividade é permitir a si mesmo cometer erros. Arte é
saber quais erros manter (SCOTT ADAMS).
Inquietação e descontentamento são as primeiras
necessidades do progresso (THOMAS EDISON).
Criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr
riscos , quebrar regras, cometer erros e se divertir (MARY
LOU COOK).

1.6 O processo criativo

A Figura 6, a seguir, nos evidencia as fases do processo criativo.

Figura 6: Fases do Processo Criativo.


Fonte: Adaptado de Patrick (1955).

Viu como o processo criativo é individual e, portanto, inerente a cada ser?


Aliar a capacidade criadora individual aos processos inovadores que uma
empresa precisa desenvolver é um dos grandes desafios e diferenciais
competitivos de hoje.

Para que as empresas desenvolvam sua capacidade de inovação,


é preciso que seus funcionários desenvolvam de forma coletiva a
criatividade. Como fazer isso? Uma boa forma é o uso de técnicas que
estimulem o pensamento criador.
30 UNIUBE

Uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas para a obtenção de


ideias se chama brainstorming.

Você sabe o que isso significa?

É uma técnica criativa de resolução de problemas, inventada em 1938,


pelo publicitário Alex F. Osborn, quando na presidência de uma grande
agência norte-americana.

O brainstorming é uma ferramenta associada à criatividade, e é por


isso, preponderantemente, usada na fase de Planejamento (na busca
de soluções). O nome da técnica deriva das palavras em inglês brain
e storming que, traduzindo literalmente para o português, pode ser
entendido como tempestade cerebral, mas melhor compreendido como
tempestade de ideias. Geralmente, aplica-se a técnica para que um grupo
de pessoas crie o maior número de ideias possíveis acerca de um tema
previamente selecionado.

Que tipo de problema requer um brainstorming?

Quer imaginar um novo produto, rejuvenescer um antigo, simplificar um


processo de produção, inventar meios de aumentar lucro ou, apenas
melhorar a embalagem, a distribuição, as vendas ou as relações
humanas entre os funcionários ou com os acionistas?

Caso você tenha algum problema desse tipo, uma sessão de brainstorming
muitas vezes lhe proporcionará as desejadas respostas.

O que é uma sessão de brainstorming?


UNIUBE 31

À primeira vista, parece uma reunião comum. Há um grupo de pessoas


e um encarregado de presidi-lo, e aí termina toda semelhança.

As regras de brainstormings são quase exatamente opostas às de uma


reunião comum e, assim, também acontece com a atmosfera que a cerca.

• Numa reunião, todos começam com a esperança de que você seja


calmo e lógico – o que não acontece em brainstormings.
• Numa reunião, você procura ser judicioso e comedido – o que não
se dá nas tempestades cerebrais.
• Numa reunião, você está atento(a) a dificuldades e possibilidades
de cometer um erro, o que não ocorre em brainstormings.
• Numa reunião, o papel do presidente é ser imparcial e controlador.
No brainstorming, é ser inspirador e estimulador.

O objetivo principal é produzir o maior número de ideias possíveis sobre


um problema. É fundamental separar completamente as funções opostas
de imaginação e julgamento. As ideias nascem primeiro numa atmosfera
não crítica de excitação e entusiasmo. O controle de qualidade e o
julgamento são aplicados depois, em condições de pacífico e analítico
desprendimento.

O brainstorming pode ser aplicado em diversas oportunidades, visando


a melhoria contínua da empresa, principalmente na tomada de decisão
para o planejamento em equipe, criação de um produto ou mesmo
avaliação de um processo. É interessante na definição dos objetivos,
diagnóstico e plano de ação de uma empresa, utilizar-se também do
processo de decision mapping – mapeamento de decisões. Veja a seguir
um exemplo:
32 UNIUBE

EXPLICANDO MELHOR

Responda às questões a seguir. Suas respostas podem basear-se na sua


vida profissional ou pessoal:

a) Objetivo: Qual a sua Necessidade ou Desejo? Defina um objetivo


desejado.
b) Diagnóstico: Existem obstáculos? Verifique quais os obstáculos impedem
de atingir os objetivos;
c) Ação: O que te impede de atingir o seu objetivo? Defina os passos para
eliminar os obstáculos, e a quem compete implementá-la e quando.

Viu como é fácil? A aplicação dessa técnica demonstra a capacidade


inovadora dos líderes nas empresas que buscam nas suas equipes a
participação, a integração, a coordenação.

Produção e conhecimento nas empresas: A melhor forma de ter uma


grande ideia é ter um monte de ideias (LINUS PAULING).

1.6.1 O conhecimento no processo criativo

Autores que se especializaram nos estudos das ciências sociais aplicada


dizem que estamos vivenciando a era do conhecimento. Inovar por meio
do conhecimento é uma forte vantagem competitiva entre as empresas.
Existe uma grande distância entre a produção da ciência e a sua
aplicação na inovação tecnológica. Um verdadeiro cânion que significa
perdas econômicas substanciais.

Mas, como se dá a mediação de conhecimento nas empresas?


UNIUBE 33

Primeiramente, é importante saber que existem dois tipos distintos de


conhecimentos: o implícito ou tácito e o explícito ou codificável.

O conhecimento implícito ou tácito: é aquele que não pode ser


transferido por meio de documentos escritos. Dizemos que esse
conhecimento é não codificável, ou seja, está apenas no cérebro
humano. Como exemplo, podemos citar talentos individuais como o dom
de Mozart para a música.

O conhecimento explícito ou codificável: é aquele que pode ser


armazenado fora do cérebro humano; ele é transferível de uma pessoa a
outra e pode ser compartilhado na forma de dados brutos e está presente
em livros, mídias, computadores dentre outros.

O conhecimento implícito depende de um investimento individual,


enquanto que o explícito é um conhecimento público que pode ser
utilizado e recorrido sempre que necessário.

As empresas têm um grande desafio em termos de conhecimento,


pois é preciso saber quem detém aqueles tidos como diferenciais para
o seu sucesso, bem como saber onde o conhecimento explícito está
armazenado e como recuperá-lo quando necessário.

É fundamental que exista uma interação harmoniosa entre as pessoas


dentro da empresa, para que esse conhecimento seja repassado de
forma responsável e organizada, garantindo assim, o sucesso dos
processos e das inovações que possam surgir.
34 UNIUBE

IMPORTANTE!

O sucesso para a criação do conhecimento dentro da empresa se dá na


união dos dois tipos de conhecimentos.

Existem algumas condições que promovem a criação desse conhecimento


dentro de uma empresa, como por exemplo:
• intenção de todos, principalmente dos líderes;
• autonomia para a realização de tarefas; e
• atitudes abertas, principalmente com relação ao ambiente externo.

A seguir, veremos as fases do processo de criação do conhecimento,


seguido Reis (2008) (Figura 7).

Figura 7: Fases do Processo de criação do conhecimento.


Fonte: Adaptado de REIS (2008).

1.6.2 Os inibidores do conhecimento

Davenport e Prusak (1998, p. 117) chamam a atenção


Erodir
para fatores culturais que inibem a transferência
Sofrer
processo do conhecimento. Esses atritos “retardam ou
de erosão,
desintegração.
impedem a transferência e tendem a erodir parte do
conhecimento à medida que ele tenta se movimentar
pela organização”. Os atritos mais comuns e formas de superá-los, são
apresentados no Quadro 3.
UNIUBE 35

Quadro 3: Atritos mais comuns e possíveis soluções

Atrito Soluções Possíveis

Construir relacionamentos e confiança


Falta de confiança mútua
mútua por meio de reuniões face a face

Estabelecer um consenso por intermédio


Diferentes culturas, vocabulários
de educação, discussão, publicações,
e quadros de referências
trabalho em equipe e rodízio de funções

Falta de tempo e de locais Criar tempo e locais para transferências


de encontro, ideia estreita do conhecimento: feiras, salas de
de trabalho produtivo bate-papo, relatos de experiências

Status e recompensa vão para os Avaliar o desempenho e oferecer


possuidores do conhecimento incentivos baseados no compartilhamento

Educar funcionários para a


Falta de capacidade de flexibilidade, propiciar tempo
absorção pelos recipientes para o aprendizado, basear as
contratações na abertura de ideias

Crença de que o conhecimento é Estimular a aproximação não hierárquica


prerrogativa de determinados grupos, do conhecimento, a qualidade das ideias
síndrome do “não inventado aqui” e mais importante que o cargo da fonte

Aceitar e recompensar erros


Intolerância com erros ou
criativos e elaboração; não há perda
necessidade de ajuda
de status por não saber tudo

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998).

Sobre o registro do conhecimento na empresa, não poderíamos deixar


de citar Probst, Raub e Romhardt (2002), que, assim, se referem a essa
fase tão importante da Gestão do Conhecimento:
A memória pode ser descrita como um sistema de
conhecimento e habilidades que preserva e armazena
percepções e experiências além do momento em
que ocorrem, para que possam ser recuperadas
posteriormente. A memória organizacional é o ponto
de referência para novas experiências: sem memória,
nenhum aprendizado é possível. (PROBST, RAUB e
ROMHARDT, 2002, p. 176).
36 UNIUBE

Assim, concluímos que, sem memória e sem promoção da transferência


do conhecimento, uma empresa não poderá inovar.

1.7 2009 – Ano Europeu da Criatividade e Inovação

Quando falamos do processo de inovação e do crescimento sustentável é


preciso compreender que esses dependem da competitividade dos seus
produtos e processos. Essa premissa tornou-se senso comum no cenário
nacional e internacional quando o assunto é desenvolvimento. Não só
de produtos e processos vive esse desenvolvimento, mas o conteúdo
tecnológico deve estar em constante atualização, o que a curto, médio e
longo prazos assegurará o atendimento à demanda dos consumidores
e usuários.

A União Européia escolhe a cada ano um tema para sensibilizar e chamar


atenção dos governos nacionais e da população para as questões que
julga relevante. A primeira vez que foi escolhido um tema foi em 1983.
Em 2009 foi escolhido como tema a Criatividade e Inovação.

Para a equipe organizadora, criatividade é a faculdade de encontrar


soluções diferentes e originais para novas situações e inovação a
concretização de novas ideias. Ou seja, a criatividade é a base da
inovação.

Este programa foi organizado em torno de oito verbos que representam


as áreas de aplicação da criatividade e da inovação (Figura 8).
UNIUBE 37

Figura 8: Verbos criativos.

Ainda, segundo o material organizado pelo Centro de Informação


Europeia Jacques Delors para o Ano Europeu da Criatividade e Inovação
(2009), encontramos as seguintes aplicações para cada um dos verbos
(ou ações) apresentados:

• comunicar: desenvolver de forma criativa o uso da língua


portuguesa e da literatura para reforçar a relação entre povos e
culturas;
• aprender: reforçar o uso da criatividade no processo educativo e
iniciativas que reforcem esse uso ao longo da vida;
• inventar: reconhecer o papel da ciência e tecnologia e da cultura
científica e tecnológica na evolução da sociedade e do conhecimento
humano;
• criar: facilitar o desenvolvimento de ideias com potencial econômico;
• realizar: propor iniciativas criativas e empreendedoras na iniciativa
privada como fator crucial para o desenvolvimento econômico e
criação de riqueza;
• cooperar: estimular uma organização social que visem combater
a pobreza e exclusão e que promovam a cooperação comunitária;
• viver: aplicar a criatividade em contexto urbano melhorando as
condições de vida dos cidadãos e estimulando a competitividade
empresarial;
38 UNIUBE

• imaginar: desenvolver diversas formas de expressão artística, como


música, teatro, cinema, artes circenses e plásticas.

De acordo com a perspectiva do Programa, a questão da Criatividade


e Inovação Tecnológica representa a oportunidade de aliar crescimento
econômico de maneira a valorizar a cultura. Os pilares serão o trabalho e
o emprego, o cuidado com o meio ambiente e uma maior coesão social,
integrando os diversos setores econômicos e sociais.

Foram 260 projetos apoiados pelo programa, mas que envolveram


diversas iniciativas de âmbito público e privado. Desse projeto nasceu um
manual de Melhores Práticas de Programas de Criatividade e Inovação
da União Européia, uma exposição de 20 exemplos, 35 projetos e 10
peritos independentes de um total de mais de 100 inscritos.

PESQUISANDO NA WEB

Caso queira saber mais, os relatórios, dados e materiais estão disponíveis


no site oficial do Ano Europeu, disponível em <http://www.create2009.
europa.eu>.

Sugerimos que o acesse!

Por que trabalhar com um tema como esse?

Porque é objetivo da UE, até 2010, ter uma economia baseada no


conhecimento, mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir
um crescimento econômico sustentável, com mais e melhores empregos,
e com maior coesão social e respeito pelo meio ambiente. Reflete uma
preocupação da UE e dos Estados-Membros, num mundo marcado
UNIUBE 39

por mudanças contínuas e por uma economia globalizada, tornando


importante estimular o potencial criativo e de inovação dos cidadãos
(Figura 9).

Figura 9: Investindo no Capital Humano.

Fomentar o potencial criativo e de inovação dos cidadãos é fundamental


para melhorar os conhecimentos e para adquirir novas competências
que visem promover o crescimento e o emprego, o que trará melhor
coesão social, sensibilidade cultural e civismo. Com o desenvolvimento
da economia europeia tem-se o social, o que permite que os cidadãos
se integrem na sociedade contemporânea.

PARADA PARA REFLEXÃO

Diante dessa preocupação da União Europeia com as questões da


criatividade e da inovação, qual deverá ser a postura das políticas públicas
brasileiras?

1.8 Panorama Nacional de Inovação

Como está o Panorama Nacional de Inovação?

Conforme aponta Tironi (2005, p. 50), "a motivação do mercado para


a inovação geralmente ocorre em um contexto setorial", o que para o
autor significa que dentro de um mesmo setor industrial, alguns setores
40 UNIUBE

apresentam uma taxa de inovação superior a outras. É o caso das


empresas brasileiras de equipamentos de informática, material eletrônico
e de aparelhos e equipamentos de telecomunicações, equipamentos e
instrumentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos,
equipamentos de automação industrial, cronômetros e relógios estão
no topo da lista. Já entre as empresas estrangeiras presentes no Brasil
aquelas que mais inovam são as de fabricação de móveis, máquinas
de escritório e equipamentos de informática, fabricação e montagem
de veículos automotores, reboques e carrocerias, fabricação de outros
equipamentos de transporte e fabricação de produtos de minerais não
metálicos.

Pensar em inovação enquanto processo ou produto é um fenômeno difícil


de ser mensurado e, talvez por isso, não seja possível quantificar.

Apesar dessa observação, o autor aponta que "a inovação é um processo


difícil de ser mensurado" (Tironi, 2005, p. 51), e que requer diferentes
metodologias de investigação. Ainda assim, conclui que "o principal
desafio da política de inovação tecnológica brasileira seria conseguir
aumentar a frequência da inovação radical, entendida como de maior
intensidade tecnológica", e não apenas a inovação incremental, ou
melhoramento de um processo.

O Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT passou a se chamar, no


dia 03 de agosto de 2011, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Conforme apresentado em seu histórico no sítio oficial, desde a sua
criação ainda na década de 80 é o órgão responsável por uma função
estratégica no âmbito da Ciência, desenvolvendo estudos e pesquisas
que se traduzem em geração de novos conhecimentos e tecnologias.
Está legalmente amparado pelas disposições do Capítulo IV, da
Constituição Federal de 1988, onde trata da Política Nacional de Ciência
e Tecnologia. Os eixos estratégicos de sua ação são o apoio à Política
UNIUBE 41

Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, na forma de programas


e de leis de incentivo à pesquisa e desenvolvimento nas empresas e ao
fortalecimento da infraestrutura de instituições científicas e tecnológicas,
bem como daquelas voltadas à prestação de serviços nesse setor.

Segundo consta no site do MCT:


O surgimento do novo ministério, além de expressar
a importância política desse segmento, atendeu a um
antigo anseio da comunidade científica e tecnológica
nacional. Sua área de competência abriga o patrimônio
científico e tecnológico e seu desenvolvimento; a políti-
ca de cooperação e intercâmbio concernente a esse
patrimônio; a definição da Política Nacional de Ciência
e Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a
política nacional de pesquisa, desenvolvimento,
produção e aplicação de novos materiais e serviços de
alta tecnologia (BRASIL, 2006).

Verificamos que, na realidade, esse Ministério foi criado para


estabelecer políticas referentes à ciência e à tecnologia, acompanhando
detalhadamente, nesse sentido, as ações necessárias a esse
crescimento. Podemos, ainda, por meio do MCT, acessar o seguinte.

A divulgação de indicadores, na realidade, contribui para o acesso


a informações técnico-científicas na referida área, sobretudo em
comunicações internacionais. Segundo esses indicadores, os principais
obstáculos para inovação apontados pelos empresários, são os
elevados custos, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes
de financiamento.

A parceria da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica –


PROTEC, com o Ministério de Ciência e Tecnologia e SENAI – Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial, organizaram, em 2006, o manual
“Mecanismos de Apoio à Inovação Tecnológica” na tentativa de promover
o desenvolvimento de inovações e tecnologias nas empresas brasileiras.
Esse manual funciona como um facilitador do esforço das indústrias para
42 UNIUBE

elevar a sua competitividade nos mercados internos e externos pela


diferenciação de seus produtos e processos de fabricação, agregando-os
tanto às inovações que estejam desenvolvendo quanto às que venham
a ser realizadas. Resume e explica detalhadamente as novas leis que
regulam os procedimentos de subvenção econômica e de incentivos
fiscais para as empresas, propiciando uma redução do risco e dos custos
das inovações tecnológicas. Identifica, ainda, os programas de apoio ao
desenvolvimento tecnológico das agências federais e estaduais, como,
por exemplo, o programa Inovação, divulgado pelo BNDES, em 2006.

São iniciativas como estas que demonstram que o Governo Federal


brasileiro, preocupado em transformar conhecimento científico em
riquezas, tem apresentado diversos mecanismos para alavancar o
desenvolvimento tecnológico. Podemos citar também os Fundos de
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico que têm por principais
objetivos promover integração entre universidades, centros de pesquisa
e o setor produtivo, gerar inovações que contribuam para a solução de
problemas nacionais e estimular o elo entre ciência e desenvolvimento
tecnológico. Dentre outras, estão as seguintes entidades: o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, a Agência
Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, o Serviço Brasileiro de
Apoio à Pequena e Média Empresa – SEBRAE.

1.8.1 Lei da inovação – principais avanços

Criada em 2 de dezembro de 2004, a lei 10.973, estabelece medidas de


incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia
tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos
artigos 218 e 219 da Constituição Federal de 1988.
UNIUBE 43

O artigo 19, da Lei da Inovação, diz que a União, a Instituição


Científica e Tecnológica – ICT, e as agências de fomento promoverão
e incentivarão o desenvolvimento de produtos e processos inovadores
em empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado
sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa. Isso
ocorrerá mediante a concessão de recursos financeiros, humanos,
materiais ou de infraestrutura, a serem ajustados em convênios ou
contratos específicos, destinados a apoiar atividades de pesquisa e
desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial e
tecnológica nacional.

O artigo 22 traz o estímulo ao inventor independente que comprove


depósito de pedido de patente. Para ele, é facultado solicitar a adoção
de sua criação por ICT, que decidirá livremente quanto à conveniência
e oportunidade da solicitação, visando à elaboração de projeto voltado
à sua avaliação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização e
industrialização pelo setor produtivo.

1.8.2 A lei do bem

A lei 11.196, de 21 de dezembro de 2005, mais conhecida como lei


do bem, constitui-se como um dos mecanismos para incentivar o
desenvolvimento tecnológico do país. O capítulo III, dessa lei, trata dos
incentivos à inovação tecnológica para as empresas.

Essa lei pretende encorajar a participação das instituições científicas e


tecnológicas no processo de inovação, compartilhando sua infraestrutura
laboratorial com microempresas e empresas de pequeno porte.
Cede, ainda, funcionários do setor público para colaborar com essas
instituições, recebendo bolsa de estímulo à inovação e participando dos
ganhos econômicos advindos das criações resultantes. Trata do estímulo
ao inventor independente e às empresas, as quais podem beneficiar-se
44 UNIUBE

de mecanismos financeiros (subvenção econômica, financiamento ou


participação societária) ao investirem no desenvolvimento de produtos e
processos. Os artigos dessa lei representam avanços importantes para
a consolidação de um sistema de apoio à inovação.

Esses incentivos foram regulamentados pelo Decreto Nº 5.798, de 7 de


junho de 2006, Art. 2º. Para efeitos deste Decreto, considera-se:
inovação tecnológica: a concepção de novo produto
ou processo de fabricação, bem como a agregação de
novas funcionalidades ou características ao produto ou
processo que implique melhorias incrementais e efetivo
ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior
competitividade no mercado (BRASIL, 2006).

Esse artigo regulamenta os incentivos fiscais às atividades de pesquisa


tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, de que tratam
os artigos 17 a 26, da Lei do bem (2005).

O Art. 3º traz que a pessoa jurídica poderá usufruir de incentivos fiscais,


tais como:
• dedução, para efeito de apuração do lucro líquido,
de valor correspondente à soma dos dispêndios
realizados no período de apuração com pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tec-
nológica, classificáveis como despesas operacio-
nais pela legislação do Imposto sobre a Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ) ou o como pagamento na
forma prevista no § 1 deste artigo;
• redução de cinquenta por cento do Imposto so-
bre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre
equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumen-
tos, bem como os acessórios sobressalentes e
ferramentas que acompanhem esses bens, des-
tinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecno-
lógico;
UNIUBE 45

• depreciação acelerada, calculada pela aplicação


da taxa de depreciação usualmente admitida,
multiplicada por dois, sem prejuízo da deprecia-
ção normal das máquinas, equipamentos, apare-
lhos e instrumentos novos, destinados à utilização
nas atividades de pesquisa tecnológica e desen-
volvimento de inovação tecnológica, para efeito
de apuração do IRPJ;
• amortização acelerada, mediante dedução como
custo ou despesa operacional, no período de apu-
ração em que forem efetuados, dos dispêndios
relativos à aquisição de bens intangíveis, vincu-
lados exclusivamente às atividades de pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tec-
nológica, classificáveis no ativo diferido do bene-
ficiário, para efeito de apuração do IRPJ;
• crédito do imposto sobre a renda retido na fonte,
incidente sobre os valores pagos, remetidos ou
creditados a beneficiários residentes ou domicilia-
dos no exterior, a título de royalties, de assistência
técnica ou científica e de serviços especializados,
previstos em contratos de transferência de tec-
nologia averbados ou registrados nos termos da
Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, redução a
zero da alíquota do imposto sobre a renda retido
na fonte nas remessas efetuadas para o exterior
destinadas ao registro e manutenção de marcas,
patentes e cultivares. (BRASIL, 2006).

1.8.3 Meios de incentivo e apoio à inovação tecnológica

A Agência Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) é uma empresa


pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que visa o auxílio
a pesquisa e inovação.São quatro opções estratégicas como prioridades:

a) semicondutores;
b) software;
46 UNIUBE

c) fármacos e medicamentos;
d) bens de capital.

E três tecnologias portadoras de futuro:

a) biotecnologia;
b) nanotecnologia;
c) biomassa.

A FINEP financia, com essa visão de prioridades, projetos institucionais


de pesquisa e desenvolvimento, seja de Instituições Científicas e
Tecnológicas (ICTs) ou de empresas, de entidades públicas ou privadas.

PESQUISANDO NA WEB

Sugerimos que confira no site informações interessantes a respeito da


FINEP. Disponível em: <http://www.finep.gov.br>.

Nesse site, estão os formulários para solicitar apoio; pode ser realizada
também uma consulta prévia em formulário eletrônico autoexplicativo,
no qual constarão informações sobre a empresa interessada consistindo
de dados básicos, informações sobre a atividade econômica, dados
econômicos, pessoa para contato e sobre o projeto, constituindo
objetivos, inserção no mercado, etapas ou atividades do projeto, além
de estimativa de gastos previstos e financiamento pretendido, bem como
proposição de garantias.

Uma vez analisado o projeto e aprovado pela FINEP, a empresa será


informada da aprovação e receberá o contrato de financiamento para
assinar, e cumpridas todas as exigências receberá a liberação do
financiamento.
UNIUBE 47

1.8.3.1 PROINOVAÇÃO − Programa de Incentivo à Inovação nas


Empresas Brasileiras

O Proinovação é um programa do FINEP que visa estimular a realização


de atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I)
nas empresas brasileiras. Trata-se, do programa que fundamenta o
financiamento reembolsável padrão para situações em que são atendidos
requisitos, tais como:

• aumento da competitividade;
• inovação com relevância regional;
• aumento das atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
• projetos que resultem em adensamento tecnológico, parcerias entre
universidades e empresas;
• contratação de doutores, ou desenvolvimento de produtos da área
de semicondutores/microeletrônica;
• software, bens de capital e fármacos/medicamentos, ou como áreas
portadoras de futuro, tais como: biotecnologia, nanotecnologia,
biomassa.

1.8.3.2 BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social

É o mais poderoso instrumento do Estado brasileiro para execução


de políticas industriais. Foi criado em 1952, para promover o
desenvolvimento econômico do país, financiando indústria, infraestrutura
e outros investimentos. O BNDES é, hoje, uma empresa pública vinculada
ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele
atua por meio de linhas, programas e fundos. Os produtos oferecidos
pelo Banco são: financiamento a empreendimentos – FINEM; FINAME;
Inovação P, D & I; Inovação Produção.
48 UNIUBE

Todas as linhas de atuação do BNDES podem propiciar, ensejar ou


criar condições favoráveis à inovação tecnológica. Dos seis programas
industriais do BNDES, três são voltados precisamente para opções
estratégicas da PITCE: o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
da Cadeia Produtiva Farmacêutica (PROFARMA), o Programa de
Modernização do Parque Industrial Nacional (MODERMAQ) e o
Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e
Serviços Correlatos (PROSOFT).

1.8.3.3 Estados Federativos

Além dos mecanismos do Governo Federal de fomento à inovação


tecnológica, os governos estaduais também desenvolvem incentivos à
inovação. O Estado de São Paulo, por exemplo, instituiu ainda em 1962,
a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
A partir de 1989, diversos estados incluíram em suas novas constituições
estaduais artigos estipulando percentuais mínimos da arrecadação a
serem destinados ao esforço estadual em ciência e tecnologia. Em vários
Estados, temos fundações de amparo à pesquisa (FAP’s), que passaram
a funcionar como repositório dos recursos oriundos desse dispositivo.
Uma das principais iniciativas envolvendo os sistemas estaduais na
inovação tecnológica é o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas
– PAPPE; trata-se de um mecanismo de uso dos recursos dos fundos
setoriais pela FINEP em parceria com as FAP’s.

O principal desafio da política de inovação tecnológica brasileira é


conseguir aumentar a frequência da sua inovação, por exemplo, por
meio do lançamento de novos produtos e ou implementação de novos
processos. Aumentar o investimento das empresas em tecnologia
seria um bom cenário. E isso poderia ser suscitado se culturalmente a
criatividade fosse um valor nas pessoas, e não tratada como irreverência
pessoal.
UNIUBE 49

Antes de finalizarmos os estudos aqui propostos, gostaríamos de


ressaltar que: o engenheiro de produção, entre outras atividades, deverá
saber identificar, formular e solucionar problemas. Para que isso seja
feito com sucesso, precisará acompanhar as evoluções tecnológicas e
conhecer os anseios do mercado, a fim de utilizar sua capacidade criativa
para superar os desafios que lhe serão constantemente propostos. A
tecnologia, conforme defendido nesse capítulo é, de forma geral, a
união entre a ciência e a engenharia. Assim, o processo de inovação
tecnológica engloba desde estudos científicos, pesquisa, planejamento,
até sua aplicação técnica, resultando num processo, produto ou serviço
totalmente novo. Sem dúvida, os processos, produtos ou serviços
essenciais à vida da sociedade são os que permanecem no mercado,
são editados, copiados, redimensionados, transformados etc.

Esse engenheiro precisará, antes de qualquer coisa, ser um líder. Líder


de si mesmo, envolvido com as pessoas e, portanto, com os processos.
Precisará ser dinâmico, para que possa efetivar o processo decisório das
organizações. O engenheiro voltado para si mesmo não terá espaço. O
seu espaço será o espaço do grupo, da sociedade, do mundo.

Observe a Figura 10:

Figura 10: O que é necessário para realizar as mudanças.


50 UNIUBE

Na Figura 10, temos o modo como as mudanças deverão ser feitas. Está
claro que é preciso evoluir nos conceitos preconcebidos em função dos
avanços tecnológicos que exigem, cada vez mais, pessoas habilitadas
para significativas mudanças. Pessoas que respondam criativamente
diante dos diferentes cenários e das diferentes equipes de trabalho,
propondo novas soluções para velhos problemas, quebrando paradigmas,
modelos constituídos, são muito necessárias.

Está no capital humano o elemento que significará êxito operacional na


medida em que a tecnologia torna-se comum às diferentes organizações,
porque liderar pessoas passa a ser o ponto crítico para empresas que
permanecem em mercados competitivos.

Após toda essa leitura, a pergunta é:

você está preparado?

Resumo
Com o estudo deste capítulo, vimos pontos importantes que devem ser
foco de atuação e conhecimento do profissional que lida com produção
e seus processos, como:

• o engenheiro de produção tornou-se peça fundamental para


as empresas que procuram produzir com o mais alto padrão de
qualidade;
• entre as competências esperadas desse profissional está
evidenciado o seu potencial criativo para vencer os desafios que
surgem no dia a dia;
• a ciência, a tecnologia e a inovação tecnológica se relacionam;
• a ciência produz modelos, a tecnologia está associada a novos
processos de fabricação, a novos produtos, a novos métodos e aos
impactos que todos esses podem produzir em uma sociedade;
UNIUBE 51

• que inovação é a arte de introduzir novidades, produzir algo novo;


• a criatividade é que unirá ciência e tecnologia através da inovação;
• a criatividade é um comportamento que pode e deve ser
desenvolvido;
• liberar o nosso potencial criativo torna-se fundamental para perceber
o mundo em constante transformação e atuar sobre ele;
• entender o cérebro e seus hemisférios nos faz perceber o quanto
criativo nós somos;
• uma das técnicas mais utilizadas pelas empresas para a obtenção
de ideias se chama brainstorming – tempestade de ideias – e tem
como premissa produzir o maior número de ideias possíveis sobre
um problema;
• as empresas têm um grande desafio em termos de desenvolvimento
do conhecimento dos seus colaboradores;
• 2009 foi o Ano Europeu da Criatividade e da Inovação, que teve
como objetivo desenvolver uma economia baseada no conhecimento
na União Europeia;
• o Ministério de Ciência e Tecnologia é o que descreve o panorama
nacional para inovação tecnológica, o órgão responsável pela
formulação e implementação da Política Nacional de Ciência e
Tecnologia;
• a Pesquisa de Inovação Tecnológica – PINTEC divulga indicadores
importantes de como está o processo de inovação tecnológica no
Brasil, bem como a utilização dos incentivos governamentais;
• a Lei da inovação, nº 10.973, estabelece medidas de incentivo à
inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e
ao desenvolvimento industrial do País;
• um dos mecanismos para incentivar o desenvolvimento tecnológico
do país foi a criação da chamada Lei do Bem – nº 11.196, que
pretende encorajar a participação das instituições científicas
e tecnológicas no processo de inovação compartilhando sua
infraestrutura laboratorial com microempresas e empresas de
pequeno porte;
52 UNIUBE

• a Agência Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e o Banco


Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BDNES são
alguns dos principais órgãos de incentivo à inovação tecnológica;
• está no capital humano o elemento que significará êxito operacional
porque liderar pessoas passa a ser o ponto crítico para empresas
que atuam em mercados competitivos.

Atividades
Atividade 1

Relacione os conceitos de ciência (C) e inovação tecnológica (I) com os


temas propostos a seguir.

São os diferentes tipos de conhecimento: o discurso do


a)
senso comum, o discurso filosófico, o discurso religioso
ou o discurso estético, o que significa que os diferentes
( )
tipos de conhecimento se distinguem uns dos outros por
características que são específicas e próprias de cada um
deles.
b) Elaboração e aperfeiçoamento dos métodos para assegurar
o funcionamento dos mecanismos da produção, do consumo
( )
e do lazer, assim como das atividades da pesquisa artística
e científica.
c) Impõe-se não tanto pelo que ela é, mas, sobretudo, pelo que
faz e permite fazer, isto é, ela é socialmente reconhecida ( )
pelas suas consequências.
d) Conhecimento racional, certo ou provável, obtido
metodicamente, sistematizado, verificável, relativos a objetos ( )
de uma mesma natureza.
e) Aspira à formulação de leis causais (explicativas) – à luz das
regularidades observadas – com vista a prever os fenômenos,
( )
já que nas mesmas condições, as mesmas causas produzem os
mesmos efeitos.
f) Compreende desde as ferramentas mais simples até os
microprocessadores e, no plano econômico, visa tornar cada ( )
vez mais rentáveis os investimentos.
UNIUBE 53

Atividade 2

Analise cada uma das competências esperadas do engenheiro de


produção presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais, citadas no
início deste capítulo. Qual dessas competências se relaciona mais com
os conceitos de criatividade trabalhados aqui?

Atividade 3

Considerando os aspectos criativos individuais que as empresas podem


explorar de seus funcionários, explique a importância desse processo
para a produção de novas tecnologias nas empresas.

Atividade 4

Após ler o capítulo, reflita e explique sobre a situação atual do Brasil em


relação à inovação. Para tanto, considere também os comentários da
última PINTEC de 2005.

Atividade 5

A empresa RoseBlue Cosmetic incentiva seus funcionários a compor-


tamentos criativos e dinamizadores. Em todos os seus lançamentos, os
primeiros consultados são os próprios colaboradores que estão sempre
envolvidos nas pesquisas de opinião. Aliás, essa empresa paga por boas
ideias que são implementadas nos processos, ou mesmo novos produtos.
A comissão de PDPP – Planejamento e Desenvolvimento de Produtos
e Processos é um órgão consultivo e dele fazem parte por tempo de
gestão, colaboradores indicados pelos seus pares. Essas pessoas, que
recebem um incentivo financeiro durante o tempo que estão no grupo
se reúnem a cada ciclo para analisar e avaliar as sugestões e repassar
ao executivo que solicita a sua implementação. O ciclo é de 3 meses e
o mandato dos membros de 1 ano.
54 UNIUBE

Faça de conta que você é um dos membros dessa comissão, e está


em uma das reuniões para avaliar as ideias do ciclo. Analise cada
uma das propostas a seguir e selecione aquelas que você sugeriria a
implementação imediata, aquelas para um prazo médio e aquelas que
não seriam sugeridas para implementação de jeito nenhum.

Será
Situação-problema Ideia implementada?
Quando?

a) Flávia é do suporte em Flávia sugeriu criar um espaço


informática. Até então, todas no ATADesk (uma ferramen-
as dúvidas, pedidos de suporte ta que visa criar um canal de
e sugestões que Flávia recebia comunicação entre colabora-
eram mantidos em sua caixa de dores, clientes e parceiros da
correio pessoal. Essa solução empresa) que pudesse ser
possuía uma série de descon- acessado por todos os colabo-
forto: as mesmas dúvidas eram radores. Ali seria reunida uma
respondidas inúmeras vezes. base de conhecimento sobre
Não era possível controlar as dúvidas, sugestões e estágio
efetivamente os defeitos do atual da resolução de dúvidas
software que haviam sido melhorando o atendimen-
sanados ou que ainda estavam to de suporte e seu trabalho
pendentes na própria empresa. junto aos colegas do setor.
Outros programadores que Antes de abrir uma solicita-
trabalhavam com Flávia não ção, o colaborador acessava o
tinham acesso aos chamados banco de dúvidas e só depois
que ela mantinha em sua caixa abria o pedido de solicitação
de correio. de suporte. Questões simples
como configuração de e-mails
e impressora, teriam o passo
a passo. Os seus colegas
passariam a ter acesso de
forma unificada às informações
de atendimento aos clientes. O
diretor da empresa também
passaria a ter um panorama
mais preciso de como anda o
serviço prestado.
UNIUBE 55

b) Marina observou que a fim Tirar o cafezinho da empresa.


de se distrair um pouco, os A sala do café seria externa
colaboradores levantavam aos escritórios. Com a distân-
de tempos em tempos para cia, os colaboradores sairiam
tomar um cafezinho. Resulta- menos. Economizaria e evitaria
do: excesso de copinhos de o acúmulo de lixo.
café no lixo. As pessoas vão
tomando cafezinho e jogando
os copinhos no lixinho ao
lado. Cada pessoa é capaz de
jogar 10 copinhos por dia. São
30 pessoas no setor, o que
dá uma média de 200 a 300
copinhos/dia. Duas vezes por
dia o lixo é recolhido. O que é
insuficiente.

c) Duarte observou que entre Duarte sugeriu que todos os


uma sala e outra da empresa, degraus dentro da empresa
sempre havia um degrau. Ele fossem retirados. Evitaria
não entendia porque aquele acidentes e facilitaria o acesso.
degrau estava ali. Não foi nem
uma ou duas vezes que viu
pessoas tropeçarem naqueles
degraus.

d) José Luis observou que José Luis sugeriu que duas


os colaboradores usavam vezes por dia o boy recolhesse
muito a copiadora e a impres- essas folhas e encaminhasse
sora para a execução de para a gráfica criar bloquinhos
suas atividades. Resultado: de anotações. Essa gráfica
excesso de papéis inutiliza- faria esse trabalho em parceria
dos na máquina copiadora e/ ficando com metade do papel
ou na impressora. As pessoas recolhido na empresa.
imprimem contratos, cartas,
memorandos, projetos o dia
todo. Muitas vezes, não sai
do jeito que a pessoa quer e o
papel é descartado ou jogado
no lixo. Em um dia observan-
do, foi detectado que, no
mínimo, 500 folhas de papel
sulfite são descartadas.
56 UNIUBE

Referências

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Informe:


Boletim informativo ABEPRO. Ano 1, Número 3, de dezembro de
2006. Disponível em <http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/
Boletim_Abepro_n%C2%B03.pdf>. Acesso em: 25 jul 2011.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Presidência


da República. Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 25 ago 2010.

BRASIL. Lei Nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à


inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
3 dez. 2004. Nº 232, Seção 1, p. 02. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm>. Acesso em: 25 ago. 2010.

_______. Pesquisa de inovação tecnológica - PINTEC. Brasília, DF:


Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2004. Disponível
em: <http://www.pintec.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2008.

_______. Lei Nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. Cap. 3. Dispõe sobre


incentivos fiscais para a inovação tecnológica, entre outros, e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 dez. 2004.
Nº 223, Seção 1, p. 03. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/lei/L11196compilado.htm>. Acesso em: 25 ago. 2010.

_______. Decreto 5798, de 7 de junho de 2006. Regulamenta os incentivos


fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
tecnológica, de que tratam os arts. 17 a 26 da Lei no 11.196, de 21 de
novembro de 2005. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 8 jun. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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br/pdf/spp/v19n1/v19n1a04.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2011.
Capítulo O processo de inovação
2 tecnológica: conceitos,
fases e formas de acesso

Luciana De Martino Nogueira


Jacqueline Oliveira Lima Zago

Introdução
No capítulo anterior, vimos que os profissionais que lidam com
a organização da produção e seus fluxos tornaram-se peças
fundamentais para as empresas que procuram produzir com o
mais alto padrão de qualidade. Analisamos as competências
esperadas para esse profissional e o papel da criatividade como
unificadora da ciência e tecnologia.

As atividades nos mostraram que é possível desenvolver a


criatividade, condicionando nosso cérebro a uma postura diferente
frente aos problemas do cotidiano. Nesse sentido, unimos a
criatividade ao conceito de inovação.

Neste novo capítulo, continuaremos a tratar do tema inovação


aprofundando no panorama nacional de incentivo à inovação
tecnológica, visitando o aspecto legal da propriedade intelectual e
as estratégias para tornar real a criação e o desenvolvimento de
ideias.

Objetivos
• Nesse sentido, esperamos que após a leitura deste capítulo,
você seja capaz de:
• conceituar e distinguir invenção e inovação;
60 UNIUBE

• compreender que a inovação tecnológica é essencial para


o desenvolvimento de novos processos e produtos e deve
ser estimulada;
• definir propriedade intelectual e entender como ela afeta os
negócios de uma empresa;
• compreender o processo de inovação, desde a concepção
da ideia, passando pelo seu desenvolvimento até o seu
lançamento no mercado;
• situar o surgimento da sociedade do conhecimento e para
onde ela caminha;
• relacionar geração de conhecimento e geração de novos
produtos e processos;
• tomar conhecimento da aplicabilidade dos conceitos por meio
dos exemplos apresentados.

Esquema
2.1 Processo de inovação tecnológica
2.2 Importância da inovação
2.3 Propriedade Intelectual
2.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual
2.5 Patentes
2.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI
2.7 Mudanças tecnológicas
2.8 Concepção da ideia
2.9 O desenvolvimento da ideia
2.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de acesso
à tecnologia
2.11 Sociedade do conhecimento
2.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq
2.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação univer-
sidade-empresa
UNIUBE 61

2.1 Processo de inovação tecnológica

Já falamos em inovação tecnológica em outros momentos. No


entanto, retomaremos esse conceito para abordarmos outros
aspectos do processo.

Vejamos!

RELEMBRANDO

Você se lembra da diferença entre invenção e inovação?

Inovação é um termo empregado no universo corporativo para descrever,


de forma genérica, as necessidades de melhoria nos processos, produtos,
serviços, formas de gestão e posicionamento estratégico, garantindo,
consequentemente, menores custos, melhor qualidade, maior flexibilidade,
maior agilidade, menores prazos de entrega, entre outros aspectos. Contudo,
os termos invenção e inovação são diferentes e não devem ser confundidos.

Uma invenção pode ser uma nova ideia, uma nova máquina, uma nova
forma de gestão. Ela é simplesmente algo novo, concebido por uma
pessoa ou grupo de pessoas por meio de um processo criativo. Já, a
inovação é uma novidade que foi aplicada na prática com sucesso, ou
seja, uma novidade que gerou resultados e já se encontra inserida no
mercado. Assim, uma inovação é, então, uma invenção que deu certo do
ponto de vista de uma organização e que pode até mesmo ser aplicada
a uma invenção.
62 UNIUBE

Segundo Schumpeter (1996, p. 4), inovação


Joseph Alois
Schumpeter pode ser:
aquilo a que chamamos de progresso econômi-
Nasceu na região
da República co, significa essencialmente aplicar recursos
Checa, em 1883, produtivos a usos até então na prática não
e faleceu nos experimentados, desviando-os de usos que
EUA, em 1950. nunca tinham sido destinados. Isso se chama
Foi um dos mais inovação.
importantes
economistas
do século XX e
precursor da Teoria Em síntese, Schumpeter (1996) aborda inovação
do Desenvolvimento
Econômico (1912), como um conjunto de cinco pontos importantes,
fundamental para a
ciência econômica a saber:
contemporânea.
Pouco antes de sua • a fabricação de um novo bem;
morte, foi presidente
da recém-criada • a introdução, no mercado, de um novo método
International de produção;
Economic
Association. Suas • a abertura de um novo mercado;
ideias permanecem
contemporâneas, • a conquista de uma nova fonte de matéria-
sendo reeditadas
em todo o mundo, prima;
contribuindo para
o desenvolvimento • a realização de uma nova organização econô-
da ciência política e mica ou estrutura organizacional.
econômica.

Segundo esta ideia, o surgimento de uma


inovação pode ser representado conforme a Figura 1, pela união entre
novidade, aplicação prática e os resultados.

Figura 1: Pontos fundamentais da inovação.


UNIUBE 63

E, geralmente, podem ser classificados segundo o esquema da Figura 2.

Figura 2: Grau da Inovação.

2.1.1 Inovação conforme o objeto em foco

É um conceito adaptado da classificação, elaborada pela Organização


para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OECD –
Organization for Economic Cooperation and Development e disponível
para consulta no site <http://www.oecd.org> e pode ser inovação de
produto ou serviço: o objeto da inovação tem sua origem em um novo
produto ou serviço ou na melhoria em um produto ou serviço já existente:

• inovação de processo: o objeto da inovação é oriundo da


concepção de um novo processo para a produção de produtos ou
para a prestação de serviços novos ou já existentes ou, ainda, da
melhoria em um processo para essas mesmas finalidades;
• inovação em gestão: o objetivo da inovação são novas formas ou
melhorias na maneira de gerenciar negócios já existentes;
• inovação de negócios: o objetivo da inovação é um novo negócio
ainda inexplorado, um novo mercado para um produto (existente ou
não), ou um novo posicionamento de produto ou serviço já existente,
em mercado que também já exista.

Em geral, as inovações de negócios estão usualmente vinculadas a


processos de geração de ideias e ao desenvolvimento dessas ideias.
As inovações de negócios são geralmente as mais difíceis de serem
64 UNIUBE

obtidas. Assim, segundo Shumpeter (1996), citado por Baptista (1999,


p. 2) “Inovação é a introdução de um novo produto no mercado que teria
de ser significativamente diferente dos já existentes. Implica uma nova
técnica de produção e a abertura de um novo mercado”.

2.1.2 Inovação conforme o grau

Essa inovação é assim descrita por Freeman e Perez (1988, p. 3861):

• incremental: é a melhoria em um produto, serviço, processo,


negócio ou uma forma de gestão já existente para aprimorar ou
expandir sua aplicabilidade. Exemplo: escova de dentes, baterias
de celular, atualização do Windows;
• radical: é o surgimento de um novo produto, serviço, processo,
negócio ou de uma nova forma de gestão significativamente diferente
dos já existentes e que possibilite a criação de novos negócios ou
novos mercados. Exemplo: invenção da imprensa, da pólvora, da
bússola, advento da internet;
• mudança no sistema tecnológico: são grandes mudanças
tecnológicas que afetam diversos setores da economia de uma
sociedade. Combinam várias inovações radicais e incrementais.
Exemplo: lançamento do Linux, GPS, celular, internet;
• mudança no paradigma tecnológico: são mudanças tecnológicas
que transformam toda a atividade econômica de uma sociedade,
com impacto na organização do trabalho, nos custos e processos de
produção. Exemplo: máquina a vapor, energias alternativas.

AGORA É A SUA VEZ

Vamos ver se você entendeu o que falamos até aqui?


Observe os produtos a seguir e tente classificá-los segundo o seu grau de
inovação, marcando a coluna correspondente:
UNIUBE 65

Produto ou Serviço Inovação Incremental Inovação Radical


Sabão em pastilhas
CCAA Franchising
Sem Parar (Pedágio)
Código de Barras
Pilhas Duracell
Air Bag
ISO 9001
Post-it

2.1.3 Lado negativo da inovação tecnológica

Voltando em Schumpeter (1996), veremos que a inovação tem o seu


reverso, ou seja, ao mesmo tempo em que constrói, destrói. O que isso
significa exatamente?

Esse autor coloca a noção de “destruição criativa”, ou seja, a tecnologia


destrói, ou pelo menos diminui o valor de velhas técnicas e/ou produtos.
O novo produto ocupa o espaço, o que implica em destruição e criação.
Promove empresas criativas e inovadoras e fecha aquelas que não
se adaptaram ao mercado. Elimina postos de trabalho, mas também
cria novas oportunidades de ação. Esse é ponto dialético da inovação,
segundo a teoria Schumpeter.

SINTETIZANDO...

Você poderia se lembrar de produtos ou processos que destruíram outros


ao serem criados?
Pense na máquina de escrever.
Lembrou-se de mais algum?
66 UNIUBE

Vimos até aqui, conceitos e características da inovação. Você saberia


explicar o que seria a “denovação”? Esse termo foi usado, pela primeira
vez, pelo geógrafo sueco Torsten Hagerstrand (1988) como sendo o lado
destrutivo do processo de inovação. Na mesma linha de pensamento
de Schumpeter, nos vários ensaios produzidos, contextualizando com a
Revolução Industrial, temos os operadores de teares manuais que não
conseguiam competir com a nova tecnologia.

Temos, ainda, o caso da imprensa de Gutenberg que acabou com o


trabalho dos copistas e os “papeleiros” que vendiam livros manuscritos,
além dos contadores de histórias profissionais. É claro que,
consequentemente, surgiram novas ocupações, pois o novo modo de
organizar o volume de informações colocadas à disposição do público
dependia de uma diversidade profissional que era maior, do ponto de
vista social e intelectual, do que a de seus predecessores. Mas, ainda
assim, verifica-se o processo “denovação”.

Tais políticas devem:

• colocar a importância da inovação como fonte de vantagem


competitiva;
• assegurar o comprometimento de todos os colaboradores da
organização, e não somente aqueles envolvidos em pesquisa e
desenvolvimento.

2.2 Importância da inovação

Como vimos, a inovação é uma atividade que todas as empresas


desenvolvem em maior ou menor extensão. Implica em investimentos
aos quais estão associadas determinadas expectativas em relação
aos benefícios daí resultantes. Desse balanço de custos e benefícios
resultará a opção de qualquer empresa em inovar.
UNIUBE 67

IMPORTANTE!

Inovação

A inovação é um componente que deve estar presente dentro de uma


organização. Ela desempenha um papel estratégico para a competitividade
da organização. Contudo, para ser instaurada como valor na empresa é
necessário que a alta gerência defina políticas claras de inovação e as
coloque em prática efetivamente.

Assim, o processo de inovação tem determinados riscos inerentes,


apresentados no Quadro 1.

Quadro 1: Riscos do processo de inovação

Os riscos de Inovar Os riscos de NÃO inovar

o produto pode não satisfazer às


tornar os produtos/
necessidades do cliente e, assim,
serviços obsoletos e
não ser aceito pelo mercado;
desajustados do mercado;
a inovação pode implicar em
diminuir a rentabilidade,
investimentos elevados que podem
com a redução do valor
não ter rendimento satisfatório;
dos produtos/ serviços;
a concorrência pode aproveitar a
perda da imagem da
inovação, imitando e/ou aperfeiçoando;
empresa e dos produtos;
não existir meios financeiros, técnicos,
perda de competitividade,
entre outros, para efetivar a ideia;
posição e mercado;
a empresa se tornar dependente
perda de novas oportunidades
do novo produto;
de negócio;
concentrar-se excessivamente no novo
falência.
produto em detrimento da qualidade e da
comercialização dos produtos já existentes.

As empresas devem assegurar sua sobrevivência através da inovação


contínua de seus processos e produtos, pois é essa a estratégia para
68 UNIUBE

competitividade a médio e longo prazos, mesmo representando um


risco permanente. Esse risco é real, principalmente numa economia
de mercado oscilante como a nossa e em constante transformação
tecnológica.

A inovação nem sempre gera custos, mas pode, sim, representar


contenção de gastos, gargalos que diminuem a competitividade. Sendo
num novo produto, serviço ou mesmo processo interno, basicamente, as
empresas precisam inovar (Figura 3), para:

Figura 3: Por que as organizações precisam inovar.

Temos muitas outras razões, e você, com certeza, poderá listar mais
algumas!
UNIUBE 69

SAIBA MAIS

O Ministério de Ciência e Tecnologia

Uma das atividades propostas pelo Ministério é a Semana Nacional de


Ciência e Tecnologia. É um evento que acontece simultaneamente em todo
o território nacional e tem o objetivo de mobilizar a população em torno de
temas e atividades de ciência e tecnologia, valorizando a criatividade, a
atitude científica e a inovação. Mostra a C&T no cotidiano e sua importância
para o desenvolvimento do país. É uma forma de conhecer e discutir
resultados, relevância e impactos das pesquisas na área que estão sendo
desenvolvidas em todo o país, bem como as aplicações.

A seguir, serão abordados os aspectos jurídicos que asseguram o direito


de propriedade que é dado àquele ou àqueles que produziram alguma
inovação.

2.3 Propriedade Intelectual

Você sabia que estamos vivenciando uma era de muitas


transformações tecnológicas que atingem os mais variados
segmentos científicos e de negócios?

Essas transformações possibilitam interação cultural entre os povos.


Assim, a inovação tecnológica de um país tem sido fator fundamental
para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do mesmo. Esse
intercâmbio de conhecimentos faz com que as empresas, principalmente
as de base tecnológica, necessitem investir cada vez mais em pesquisa
e desenvolvimento.
70 UNIUBE

Dentro desse cenário, a Propriedade Intelectual


Propriedade
Intelectual surge com o aspecto de grande importância
Foi em 1873, em para o mundo moderno, pois envolve aspectos
Viena, que surgiu econômicos, jurídicos e sociais, e também serve
pela primeira vez
a discussão sobre como base de pesquisa tecnológica.
a Propriedade
Intelectual, a partir
de um manifesto
de expositores que De acordo com a Organização Mundial de
se recusaram a
participar de um Propriedade Intelectual (OMPI), a expressão
Salão Internacional Propriedade Intelectual abrange os direitos
de Invenções
com receio de relativos às invenções em todos os campos da
terem suas
ideias exploradas atividade humana; às descobertas científicas;
(Drahos,1998). No
Brasil, a lei que aos desenhos e modelos industriais; às marcas
rege a Propriedade
Intelectual é a 9279 industriais, de comércio e de serviço; aos
de 1996. nomes e denominações comerciais; à proteção
Cultivares contra concorrência desleal; às obras literárias;
Refere-se a tipo de artísticas e científicas; às interpretações dos
cultivo, por exemplo
flores, grãos. Na artistas intérpretes; às execuções dos artistas,
Botânica é qualquer
variedade vegetal aos fonogramas e às emissoras de radiodifusão,
cultivada, seja qual bem como os demais direitos relativos à atividade
for sua natureza
genética. intelectual no campo industrial, científico, literário
e artístico e os softwares. Já, a expressão
Propriedade Industrial refere-se à proteção de
patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e proteção
de cultivares.

A Propriedade Intelectual costuma ser dividida em duas grandes áreas:


• o Direito Autoral;
• o Direito Industrial.

Vale ressaltar que embora tenham similaridades, o Direito Autoral e o


Direito Industrial possuem naturezas jurídicas diferentes.
UNIUBE 71

a) O Direito Autoral

Também conhecido por propriedade literária, científica e artística. Ele


protege as criações tidas como mais artísticas do que funcionais, ou
seja, trata das obras de arte, como a pintura e a escultura, das obras
musicais, das obras literárias, como os romances e a poesia, e daquelas
acadêmico-científicas, como as teses, as dissertações, os artigos, os
livros técnicos e também os projetos de Arquitetura.

IMPORTANTE!

É o Direito Autoral que defende toda e qualquer criação do intelecto humano


que possua qualidades distintas daquelas simplesmente técnicas ou
mecânico-funcionais.

Sob o aspecto jurídico, o Direito Autoral aborda uma parte moral e outra
patrimonial.

O Direito Autoral Moral já aparece a partir da elaboração da obra, ou


seja, surge da relação entre criação e criador, em que esse último tem a
obra como uma projeção de sua personalidade. É um direito intransferível
e absoluto do autor e não tem validade temporal determinada, ou seja,
não possui prazo de vigência.

O Direito Autoral Patrimonial resulta da divulgação da obra, ou seja,


da apresentação da obra para o público, tanto pelo próprio criador como
por outra pessoa autorizada. Assim, protege os interesses monetários da
obra e, de maneira distinta do que ocorre com a primeira área, pode ser
negociada, por transferência, cessão, licença etc.
72 UNIUBE

IMPORTANTE!

O Direito Patrimonial do autor perdura por toda a sua vida e por mais setenta
anos, contados do primeiro dia do ano subsequente ao do falecimento, sendo
obedecidas, para fins sucessórios, as regras comuns de nosso Código Civil.

b) O Direito Industrial

Também conhecido por Propriedade Industrial, apresenta princípios


reguladores das proteções às criações intelectuais no campo técnico,
com o objetivo principal de proteger e incentivar a disseminação
tecnológica e a garantia de exploração exclusiva por parte de seus
criadores. Abrangem as criações intelectuais resultantes da atuação
profissional dos engenheiros, designers e, também, dependendo do caso,
dos arquitetos.

A Propriedade Industrial engloba a concessão de patentes (invenções e


modelos de utilidade) e registros (desenhos industriais).

2.4 Constituição Federal e a Propriedade Intelectual

Ao tratar da Propriedade Intelectual, o art. 5º, da Constituição Federal,


confere tutela específica nos seguintes termos (BRASIL, 1988):

Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (BRASIL, 1988,
Art 5º, Inciso XXVII);

São assegurados, nos termos da lei: a proteção


às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas; o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e
às respectivas representações sindicais e associativas
(BRASIL, 1988, Art. 5º, Inciso XXVIII, item a e b);
UNIUBE 73

A lei assegurará aos autores de inventos industriais


privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País
(BRASIL, 1988, Art 5º, Inciso XXIX).

A nossa Carta Magna assegura a inviolabilidade do direito à propriedade,


mas determina também que a propriedade atenderá a sua função social.
Sendo assim, admite a desapropriação de um bem por necessidade ou
utilidade pública ou por interesse social.

É considerado violação desse direito, segundo o Contrafação

Código Penal Brasileiro, contrafação, reprodução Falsificação de


produtos, valores,
sem autorização do autor, imitação literária, assinaturas etc.
Obra que imita
usurpação da personalidade do autor, suplantação ou reproduz
fraudulentamente
da personalidade do autor, utilização abusiva, outra. Imitação
plágio, pirataria. fraudulenta.

Você sabe o que é patente?

Patente é um documento formal concedido pelo Estado e que confere a


propriedade exclusiva e temporária a uma pessoa física ou jurídica sobre
o que tenha sido inventado ou aperfeiçoado por ela. Já, o registro é uma
modalidade simplificada se comparado à patente, possuindo, entretanto,
os mesmos aspectos de temporalidade e exclusividade conferidos ao
seu titular.

Ao contrário do Direito Autoral, que tem sua proteção garantida com


apenas a elaboração da obra, independentemente da oficialização, a
Propriedade Industrial tem, na patente, e no registro a condição essencial
para sua existência e validade, ou seja, uma criação só passa a ser
protegida pelo direito industrial se for patenteada ou registrada.
74 UNIUBE

Para que a invenção seja patenteada, ela deve ser algo novo, que tenha
aplicação industrial, como produto ou como processo de fabricação. Seus
requisitos essenciais são apresentados na Figura 4.

Figura 4: Requisitos para a Inovação.

A novidade é a certeza de que a criação jamais foi feita, em qualquer


lugar ou a qualquer tempo. A industriabilidade é a capacidade de ser
produzido (ou reproduzido) industrialmente, com a finalidade de consumo.
A atividade inventiva é a criatividade, ou seja, a criação não deve ser
consequência de alguma técnica já acessível ao público, em qualquer
ramo de atividade e em qualquer parte do mundo.

Assim, caso uma criação tenha esses três requisitos e faça uso,
principalmente, de técnicas totalmente diferentes, que acabe com
métodos e conceitos tradicionais, com certeza ela será passível de
proteção patentária, sendo enquadrada como uma invenção.

O modelo de utilidade é resultado de uma modificação na forma ou


disposição de um objeto já existente, melhorando o caráter funcional no
uso ou no processo de fabricação de algum produto, sendo assim um
aperfeiçoamento na utilidade, embora requeira também a novidade, a
UNIUBE 75

industriabilidade e a atividade inventiva. Entretanto, essa modificação


deve gerar um avanço de caráter funcional, uma vez que as modificações
meramente estéticas já têm guarida com o registro de desenho industrial.

IMPORTANTE!

O desenho industrial é definido legalmente como uma forma plástica de


um objeto ou um conjunto de linhas e cores, que pode ser aplicado em um
produto e o torne perceptivelmente novo e original na sua configuração
externa, servindo também de tipo de fabricação.

A proteção de um desenho industrial se dá por meio de registro e a


finalidade dele visa mais o caráter estético. Essa é a principal distinção
entre o modelo de utilidade e o desenho industrial. No modelo de
utilidade, a intervenção é dada na função, vislumbrando uma melhoria
no uso ou no processo de fabricação; já no desenho industrial, a proteção
é obtida apenas na composição estético-formal de um produto.

Na prática, toda alteração estética nos produtos seja por meio de novos
grafismos, texturas, entre outros, são registráveis e suscetíveis à proteção
pela Propriedade Industrial por meio do registro do desenho industrial,
tendo como exceção algumas poucas limitações impostas por lei, como,
por exemplo, a forma vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada
principalmente por considerações técnicas ou funcionais.

Percebe-se, dessa maneira, que o caráter estético é o item principal a


ser verificado em um produto passível de registro de desenho industrial,
isto é, por menor que seja a alteração formal, ela deverá se sobressair
da configuração essencialmente técnica ou funcional.

Sabe-se que é por esse motivo que peças ou componentes mecânicos,


isoladamente, dificilmente são passíveis de proteção por registro de
desenho industrial.
76 UNIUBE

IMPORTANTE!

Quanto ao prazo de vigência, o direito de Propriedade Industrial é mais


limitado se comparado com aquele do Direito Autoral. As invenções (PI)
têm a proteção por vinte anos, contados a partir do seu pedido, ou depósito.
Os Modelos de Utilidades (UM) têm por quinze anos, contados da data do
depósito. Já, o desenho Industrial tem proteção por dez anos, contados do
pedido, prorrogáveis por três períodos iguais e sucessivos de cinco anos.

Não poderá ser registrado e protegido o que for contrário à moral e


aos bons costumes, que ofenda a honra ou imagens de pessoas; que
atente contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia
e sentimentos dignos de respeito e veneração. Em relação ao aspecto
técnico, não será protegido o Desenho Industrial que apresente forma
necessária, comum ou vulgar do objeto.

2.5 Patentes

Especificamente sobre patentes, destacamos:

Uma patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção


ou modelo de utilidade. Esse título é outorgado pelo Estado aos autores
ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a
criação. Essas pessoas são chamadas de titulares da patente. Para
receber o título de propriedade, todo o conteúdo técnico da matéria
protegida pela patente deve ser detalhadamente fornecido.

O objetivo é disseminar o conhecimento pela descrição detalhada da


invenção, promovendo o desenvolvimento tecnológico.

Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir


terceiros, sem sua prévia autorização, da fabricação, comercialização,
importação, uso e venda da obra protegida.
UNIUBE 77

Confira alguns exemplos de objetos que podem ser patenteados:


• dispositivos mecânicos, elétricos e eletrônicos;
• ferramentas e máquinas;
• produtos químicos, alimentícios e farmacêuticos em geral;
• processos e métodos de fabricação.

2.5.1 Patente de invenções

As invenções podem ser patenteadas, desde que atendam aos requisitos


especificados a seguir:
• novidade: o invento não pode ter sido tornado público em lugar
algum do mundo, exceto quando a divulgação é feita pelo próprio
inventor, em casos previstos em lei;
• atividade inventiva: o invento não pode ser decorrência óbvia
daquilo que já se conhece, deve trazer vantagens técnicas e
comerciais;
• aplicação industrial: o invento deve ser facilmente fabricado em
escala industrial ou usado em qualquer ramo da indústria.

2.5.2 Patente de modelos e objetos

Você sabe quando um objeto pode ser patenteado?

É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, gerado


a partir de atividade inventiva, com aplicação industrial, que apresente
nova forma ou disposição e que resulte em melhoria funcional no seu
uso ou em sua fabricação.

Não são patenteáveis

Não se consideram invenção e nem modelo de utilidade: descobertas,


teorias científicas e métodos matemáticos, além de concepções
puramente abstratas, esquemas, planos, princípios ou métodos
comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, sorteio e de
fiscalização.
78 UNIUBE

Veja, na Figura 5, os 6 passos para registrar a patente de um produto.

Figura 5: Passos para registro de patente.

PESQUISANDO NA WEB

Sugerimos que confira os sites:


<http://www.patentesonline.com.br/> e também <http://www.inpi.gov.br>.

2.6 Instituto Nacional da Propriedade Industrial − INPI

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é uma autarquia federal


vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Criado em 1970, o instituto tem suas atribuições regulamentadas pela Lei
de Propriedade Industrial, Lei nº 9279, de 14/05/1996, cabendo à ele:
• executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade
industrial;
• pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação
e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre
propriedade industrial;
• conceder marcas e patentes;
UNIUBE 79

• averbar contratos de transferência de tecnologia;


• registrar programas de computador, desenho industrial e indicações
geográficas, bem como contratos de franquia empresarial.

O INPI publica a Revista de Propriedade Industrial em versão eletrônica.


Nela são publicados todos os atos relativos ao órgão, tais como os
pedidos de patente, as patentes deferidas e as marcas concedidas, os
registros de desenhos industriais e os registros de indicações geográficas.

Na sequência, apresentaremos alguns modelos de mudanças


tecnológicas que podem servir de base para que o processo de inovação
atinja os melhores resultados, bem como mostraremos de que maneira
a empresa pode ter acesso à tecnologia.

2.7 Mudanças tecnológicas

RELEMBRANDO

Você se lembra?
Em 2007, a questão da Propriedade Intelectual ganhou destaque na mídia.
Em defesa da saúde pública, o governo brasileiro negociou com grandes
laboratórios farmacêuticos medicamentos para tratamento de portadores de
HIV, a fim de viabilizar o custeio dos medicamentos. Isso gerou a quebra de
um medicamento em especial que representou uma economia de US$ 30
milhões ao ano. A OMS prevê a quebra de patentes em caso de epidemia
ou necessidade da população. O Brasil já registrou mais de 400 mil casos
de AIDS, desde 1980, e acumulou 183 mil óbitos. Com essa justificativa, o
Brasil não sofreu nenhum tipo de sanção.

Entenda melhor visitando o site: <http://www.hebron.com.br>.


80 UNIUBE

Sabe-se que, de maneira geral, o processo de inovação não ocorre de


modo linear. Vários estudos sobre o tema e seu resultado econômico
têm chamado a atenção para os denominados modelos interativos
de inovação, isto é, a inovação não se inicia com uma simples ideia
que dá origem a uma aplicação prática resultando em um produto
comercial e, sim, passa por um processo retroativo, em que a inovação
é interpretada por vários atores, tais como: empresas, universidades,
institutos tecnológicos e o governo – atores esses que, muitas vezes,
atuam simultaneamente.

Entretanto, quando focamos o estudo da inovação sob a perspectiva de


uma empresa, ela é vista como um método gerencial e que, por esse
motivo, necessita ser sistematizado. Tal sistematização ocorre de acordo
com o tipo de inovação que é desenvolvida.

Assim, é necessário que se definam as atividades inovadoras, enfatizan-


do as atribuições de cada ator no processo (Figura 6).

Figura 6: Atribuições na atividade inovadora.

Além disso, independentemente de qual tipo de processo de inovação


será utilizado, ele pode seguir dois planos diferentes e complementares:
a concepção das ideias e o seu desenvolvimento.
UNIUBE 81

2.8 Concepção da ideia

O objetivo desse plano é criar oportunidades de inovação que possam


ser aplicadas no mercado com sucesso, sendo que, quanto mais ideias
forem reveladas, melhor será o resultado. Segundo Drucker (1991, p. 45):
a inovação sistemática consiste na busca deliberada e
organizada de mudanças e na análise sistemática das
oportunidades que tais mudanças podem oferecer para
a inovação econômica ou social.

Ou seja, é uma busca que deve ser feita diariamente e por todos os
setores da empresa. Ele afirma que a inovação é um processo que pode
ser aprendido e gerenciado e que, portanto, pode ser visto como uma
disciplina a ser estudada. O modelo de Drucker (1991) está representado
a seguir.

Leia-o, com atenção!


82 UNIUBE

Assim, podemos concluir que:

Na inovação, como em qualquer outro esforço, existe


talento, existe engenho e existe conhecimento. Mas
quando tudo está preparado o que a inovação exige é
um trabalho árduo e focado nos objetivos. Se o trabalho
não for efetuado de forma diligente, persistente e
empenhada, talento, engenho e conhecimento não
têm qualquer utilidade. (DRUCKER, 1991, p. 59).

2.9 O desenvolvimento da ideia

Neste plano, a ideia é desenvolvida desde o seu refinamento até o seu


lançamento no mercado. Assim, a ideia é estudada minuciosamente
para se verificar se seria viável perante o mercado, bem como quais as
possíveis receitas que a inovação traria para a empresa. Esse modelo
apresenta etapas que devem ser gradativamente seguidas para que se
avalie a sua capacidade técnica de execução, em um primeiro momento,
e a econômica/financeira em um segundo momento.

Confira no diagrama da Figura 7.


UNIUBE 83

Concepção e Avaliação Projeto Viabilidade Implementação


refinamento preliminar

Figura 7: Etapas de avaliação da capacidade técnica de execução.


Fonte: Acervo EAD-Uniube.

Observe atentamente as etapas apontadas no diagrama proposto por


Leite (2005). Em seguida, atente-se para as suas especificidades:

• concepção e refinamento: é o detalhamento da ideia, utilizando-se


de várias fontes de informação, tais como laudos técnicos, opiniões
de especialistas, pesquisas bibliográficas sobre a tecnologia a ser
empregada, entre outros;

• avaliação: a ideia é submetida a um exame técnico detalhado


para verificar sua viabilidade e capacidade de ser executada tanto
na teoria como na prática. Tal exame é realizado com a ajuda das
diversas áreas da organização – tendo como principais as áreas de
marketing e produção, bem como de outros parceiros de negócios
– fornecedores e representantes, por exemplo;

• operacionalização: antes de a ideia ser efetivamente posta em


prática, torna-se necessário que ela seja testada para medir sua
viabilidade técnica e, por meio de testes de mercado, seja medida
sua viabilidade econômica e comercial;

• implementação: a ideia é, por fim, implantada dentro da


organização, ou seja, novas linhas de produção são montadas ou
84 UNIUBE

são alteradas as já existentes, colaboradores são treinados e o


produto, processo ou serviço incorpora os ajustes propostos;
• lançamento: a ideia é lançada no mercado na forma de produto,
serviço ou processo.

2.10 Estratégias de inovação tecnológica e as formas de


acesso à tecnologia

Durante a leitura, vimos a importância de a empresa investir em


tecnologia. Dentre as motivações para isso, podemos citar a estratégia,
a sobrevivência e a competitividade (Figura 8).

Figura 8: Motivações para Inovar.

O fator sobrevivência deve ser levado em consideração pois, na


empresa, quando seus produtos e/ou serviços se tornam obsoletos a
falência é inevitável. A mudança torna-se, assim, crucial para assegurar
a permanência, ou não, dessa empresa no mercado.

A inovação como fator de competitividade refere-se àquelas empresas


em que a inovação é permanente, a fim de garantir a sua manutenção
no mercado.
UNIUBE 85

A esse respeito, temos uma frase, que é atribuída a Bill Gattes, que diz:
“As únicas grandes companhias que conseguirão ter êxito são aquelas
que consideram os seus produtos obsoletos antes que os outros o façam”.
Se essa frase foi realmente proferida por ele, não podemos afirmar, mas
dentro do nosso contexto, é um ponto importante a se pensar.

As empresas, cuja inovação é um fator de estratégia, são conduzidas de


forma mais estruturada e organizada. Essas empresas estão dispostas
em investir em P&D durante o prazo que for necessário. Englobam
aqui tanto o fator de competitividade como também de sobrevivência.
Pode ser uma estratégia reativa (imitadora), defensiva, subcontratação
(dependente) ou ofensiva, mas em qualquer caso a inovação é um
elemento-chave.

A capacidade tecnológica de uma empresa pode ser definida pelo seu


grau de domínio e experiência no processo de inovação tecnológica.
Assim, podemos dizer que empresas no 1º nível de capacidade
tecnológica são aquelas que têm capacidade de identificar, selecionar e
comprar tecnologia materializada. As empresas no 2º nível de capacidade
tecnológica são aquelas que conseguem comprar e modificar a tecnologia
adquirida. Já as empresas de 3º nível tecnológico são aquelas que
conseguem produzir novos produtos e/ou serviços no mercado utilizando
sua própria tecnologia.

A aquisição de tecnologia material é limitada. A construção de


capacidades inovadoras requer um esforço humano, ou seja, imaterial,
que vai desde o conhecimento científico de quem pretende inovar, até a
interação da empresa inovadora com seus fornecedores.

A estratégia tecnológica que uma empresa adota é muito relevante para o


sucesso de seu negócio. Freeman (1982, p. 265-285) apresenta em seu
livro Economics of industrial innovation (Economia da inovação industrial)
essas estratégias de forma detalhada:
86 UNIUBE

• ofensiva: as empresas que se utilizam desta estratégia procuram


uma posição de liderança técnica perante o mercado e por esse
motivo investem em um departamento específico de P&D, contratam
técnicos e cientistas especializados e dão valor ao sistema de
patentes;
• defensiva: a principal estratégia de busca tecnológica dessas
empresas seria aproveitar-se de eventuais erros de empresas
pioneiras. De certa forma, investem em P&D, mas a maior análise
está em cima da empresa concorrente;
• imitadora: com relação às inovações propostas, as empresas que
se utilizam desta estratégia não disputam posição de liderança
perante o mercado e custeiam suas inovações por meio de simples
cópias a preços mais baixos;
• dependente: praticamente não possuem estratégia de inovação
tecnológica. Geralmente, são empresas que mantêm suas rotinas e
são conservadoras.

As empresas podem conseguir acesso à tecnologia por meio de:

• compra de tecnologia: incluem equipamentos industriais e serviços;


• importação de tecnologia: neste caso, existe uma capacidade
de prover serviços tecnológicos e recursos humanos aptos para
desenvolver os pacotes tecnológicos comprados de fornecedores
estrangeiros;
• P&D – Pesquisa e Desenvolvimento;
• vigilância tecnológica: realizada através da observação direta da
concorrência; formação de pessoal próprio: investimento em P&D;
• licenciamento: concessão de uma licença para explorar determi-
nada tecnologia;
• pesquisa por encomenda: contrato com terceiros para realização
da inovação;
• contratação de especialistas: geralmente trabalham para a
empresa em questão apenas no período do desenvolvimento do
novo processo ou produto.
UNIUBE 87

Além das formas de acesso comentadas, a empresa também pode optar


por buscar a tecnologia nas universidades, conforme comentaremos a
seguir.

2.11 Sociedade do conhecimento

Tivemos com a Segunda Guerra Mundial um momento marcado pela


destruição. A sociedade buscou diferentes formas de sobreviver ao
caos instalado, principalmente na Europa e América do Norte. Conforme
acompanhamos na história da produção industrial, até esse momento,
vivíamos a era da Sociedade de Serviços. O homem social produzia.

O desenvolvimento tecnológico em constante transformação nos trouxe


a Sociedade da Informação, principalmente a partir dos anos 70, quando
as formas de divulgação da informação alcançaram a base tecnológica
necessária para a sua globalização. Antes disso, porém, Drucker (1995)
já apontava em seus ensaios, o que ele chamava de trabalhador do
conhecimento.

Nesse contexto, o conhecimento apresenta-se tão vital e importante que


se torna uma vantagem competitiva nos meios de produção.

Afirma Drucker:
na Sociedade do Conhecimento, cada vez mais
conhecimentos, especialmente avançados, serão
adquiridos muito depois da idade escolar e, cada vez
mais, através de processos educacionais não centrados
na escola tradicional. (Drucker, 1995, p.156).

O recurso humano básico não é mais o capital, ou os recursos naturais,


ou ainda a mão de obra, mas, sim, o conhecimento que se forma em
espiral. As organizações não geram conhecimento, as pessoas que se
encontram nelas, sim, desde que encontrem condições propícias para
a sua criação.
88 UNIUBE

2.12 Incentivo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica – o CNPq

O Governo Federal já percebeu que para uma maior participação do


Brasil no cenário de Inovação Tecnológica mundial, precisará de uma
política que em parceria com a educação, desperte os jovens para a
pesquisa. Nesse sentido, dentre as iniciativas do governo, encontramos
o CNPq.

O CNPq é uma Fundação Pública do Poder Executivo de fomento à


pesquisa vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia que existe há
50 anos no Brasil. Sua atribuição é financiar a:
formação, capacitação e aprimoramento de recursos
humanos, no País e no exterior, quanto ao fomento
à pesquisa científica, tecnológica e de inovação,
mediante o aporte de recursos orçamentário-
financeiros para despesas de capital e de custeio
de projetos, utilizando-se de recursos próprios,
alocados ao seu orçamento, ou em parceria com
outras instituições nacionais, de abrangência federal,
estadual e regional, e internacionais, por meio de
transferências recebidas e/ou repassadas, mediante
convênios e parcerias estabelecidas para essas
finalidades. (CNPq, 2007, p.6).

No último relatório de gestão, mostra que atuando conjuntamente com


o MCT, o CNPq conseguiu superar a marca de quatro mil projetos de
pesquisa e expandiu em mais de 50% o volume de recursos. Algo em
torno de 155,5 milhões. Foram mais de 57 mil bolsas, um milhão de
currículos cadastrados na plataforma Lattes e mais de 4 mil instituições
cadastradas (CNPq, 2007).

SAIBA MAIS

A Plataforma Lattes é uma base de dados de currículos e de instituições


da área de ciência e tecnologia em um único Sistema de Informações. O
Currículo Lattes registra a vida pregressa e atual dos pesquisadores sendo
UNIUBE 89

elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos


apresentados à Agência.

Acesse a plataforma, disponível em <lattes.cnpq.br>, conheça os maiores


pesquisadores de todos os tempos e cadastre o seu currículo também.

Analisando a atuação do CNPq nos últimos anos, percebe-se uma


busca por crescente racionalização e sistematização, no que concerne
à organização das atividades e projetos inerentes aos mesmos e,
principalmente, à contínua ampliação das suas realizações.

Em 2009, foi aberto um novo edital do RHAE (Recursos Humanos em


Áreas Estratégicas) com rodadas de seleção de propostas em três
oportunidades, ao longo de 2010. O objetivo é selecionar propostas que
visem apoiar as atividades de pesquisa tecnológica e inovação por meio
da inserção de mestres ou doutores, em empresas, prioritariamente em
empresas de pequeno e médio porte, atendendo aos objetivos do Plano
de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação e as prioridades da Política
de Desenvolvimento Produtivo – PDP.

PESQUISANDO NA WEB

Caso queira saber mais e ficar por dentro do que acontece nesta área,
sugerimos acessar o sítio do CNPq regularmente no endereço: <http://www.
cnpq.br/web/guest/rhae>.

2.13 Em busca da inovação tecnológica – a cooperação


universidade-empresa

Na América Latina, o ponto inicial de cooperação entre universidade-


empresa foi a publicação de um artigo em 1968, em uma revista
90 UNIUBE

argentina, chamado “La ciencia y la Tecnología en el desarrollo futuro


de América Latina”, de autoria de Jorge Sábato e Natálio Botana. Esse
artigo foi escrito há 30 anos e é visto por estudiosos como um ponto de
referência na área.

Sábato e Botana (1968 citado por REIS 2004, p.104) defendem que
os países latino-americanos devem realizar ações sérias, sustentáveis
e permanentes no campo da pesquisa científica e tecnológica para a
superação do subdesenvolvimento. Entretanto, tal posicionamento das
universidades tem causado polêmica.

Não estariam elas desviando-se de seus objetivos primordiais,


que são o ensino e a pesquisa?

Discute-se muito sobre a segunda revolução acadêmica, por qual passa a


universidade. Tivemos uma primeira revolução no final do século XIX com
o advento da pesquisa na Universidade de Berlim. A segunda caracteriza-
-se basicamente na relação da escola com o setor produtivo.

Assim, essa segunda revolução seria a participação dos pesquisadores


da universidade na elaboração de novos processos e produtos em
parceria com o próprio mercado. A universidade começa a prestar
serviços e consultorias que podem constituir a porta de entrada para
relações de maior relevância.

Para que a parceria universidade-empresa tenha sucesso, Reis (2004,


p.146-149) além de apontar atitudes motivadoras que podem ser
adotadas, apresenta as principais barreiras que também devem ser
enfrentadas por cada uma das entidades, conforme mostraremos a
seguir.
UNIUBE 91

2.13.1 Motivações

Para as empresas:
• aquisição de novos conhecimentos;
• estar a par de novas descobertas, ter acesso à inovação;
• obter opiniões independentes e diferentes;
• identificação dos melhores alunos para contratação;
• melhoria da imagem e do prestígio da empresa aos olhos dos
clientes;
• obtenção de apoio técnico para a solução de problemas;
• os custos de pesquisa são reduzidos;
• acesso aos recursos humanos da universidade;
• acesso aos laboratórios e equipamentos.

Com o aumento da competição acirrada entre as empresas, aquelas que


buscam parcerias com as universidades, melhoraram seu desempenho
tecnológico e, consequentemente, seu prestígio perante a sociedade.
Estas empresas, atuando dessa maneira, passam a ser vistas não só
como visionárias do lucro, mas também como empresas socialmente
responsáveis, o que pode inclusive aumentar seu sucesso.

Os benefícios para a universidade são:


• a realização da função social da universidade ao transferir
conhecimentos que promovam a melhoria da qualidade de vida da
população;
• divulgação de uma boa imagem da universidade;
• aplicação de conhecimentos teóricos à realidade;
• obtenção de conhecimentos da realidade empresarial úteis ao
ensino e à pesquisa;
• abrir o mercado de trabalho para o aluno;
• obtenção de casos reais para aplicação nas aulas;
• permitir aos alunos contatos com as empresas;
92 UNIUBE

• obtenção de recursos financeiros adicionais;


• obtenção de equipamentos, matérias-primas, serviços etc., forneci-
dos pela empresa;
• obtenção de benefícios para a carreira acadêmica do professor;
• o professor/pesquisador adquire prestígios aos olhos da comunidade
empresarial;
• o professor/pesquisador adquire prestígios aos olhos da comunidade
acadêmica;
• possibilidades de emprego fora da universidade;
• a universidade também ganha realizando parceria com as empresas,
pois melhora sua qualidade de ensino, uma vez que grandes
inovações tecnológicas demandam grandes investimentos e, muitas
vezes, as universidades não conseguiriam alavancar os recursos
necessários para isso sozinhas.

Conheça, a seguir, alguns dificultadores, tanto para as empresas quanto


para as universidades.

2.13.2 Barreiras

Para a empresa:
• reduzida aplicação prática dos trabalhos acadêmicos;
• falta de órgão de gestão do processo e a complexidade dos
contratos;
• necessidade de confidencialidade;
• inexistência de canais adequados para a interação;
• falta de uma estratégia da universidade para as relações com a
empresa;
• falta de uma estratégia da empresa para as relações com a
universidade.

Para a universidade:
• falta de uma estratégia da universidade para as relações com a
empresa;
UNIUBE 93

• falta de uma estratégia da empresa para as relações com a


universidade;
• burocracia da universidade;
• inexistência de canais adequados para a interação;
• reduzida aplicação prática dos trabalhos acadêmicos;
• existência de preconceitos, de uma parte à outra.

Embora a parceria entre empresa e universidade apresente bons motivos


para ser implementada, existem barreiras comuns que podem inviabilizar
o projeto, bem como uma que tange o objetivo do negócio na maior parte
dos casos: a empresa visa o lucro, enquanto que a universidade visa o
conhecimento. Assim, mesmo que o objetivo final seja trazer melhorias
de processos, produtos ou serviços para ambas, tal iniciativa deve estar
calcada em um contrato jurídico com cláusulas bem definidas, para
que na hipótese de descumprimento, qualquer das partes possa ser
responsabilizada e punida, se necessário.

EXPLICANDO MELHOR

Universidade-Empresa: Caso Eletrobrás, sucesso garantido.

A Eletrobrás é uma empresa que foi criada em 1962 para construir usinas
geradoras, linhas de transmissão e subestações destinadas ao suprimento
de energia elétrica no Brasil. Controla 60% da energia elétrica consumida
aqui, através de suas empresas. Na década de 90, presenciamos uma
total falta de investimentos na área por conta do Programa Nacional de
Desestatização, o que causou uma série de prejuízos no setor.

No entanto, em 2003 a Eletrobrás criou o Programa de Desenvolvimento


Tecnológico e Industrial – PDTI – para coordenar ações de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) das empresas do Sistema Eletrobrás, aproximando
94 UNIUBE

a empresa de universidades, centros de pesquisa e indústria, e estimulando


a fabricação local dos bens requeridos para manutenção e expansão do
setor elétrico brasileiro.

Em 2006, foi criada a Universidade Corporativa do Sistema Eletrobrás –


UNISE, o que permitiu que o conhecimento criado nos diversos centros de
pesquisa pudesse ser interligado, armazenado, mensurado, disponibilizado
e transmitido em qualquer parte do Sistema Eletrobrás. Essa estratégia
é fundamental para que a empresa possa se recuperar dos anos de falta
de investimento em capacitação técnica de seu pessoal e em projetos de
pesquisa e desenvolvimento.

De 2001 até 2005, a Eletrobrás já soma 141 projetos de P&D sob sua
responsabilidade, num total de R$ 314 milhões. Somando as suas cinco
subsidiárias, o número de programas chega a 728, com um investimento de
R$ 772,5 milhões. Acredita-se que estão sendo criadas as condições para
que ela possa ir em direção à reconstrução dos investimentos tecnológicos
e o desenvolvimento de competências críticas da organização e de seus
membros. Esse caminho permitirá preencher novamente as condições
capacitadoras para responder aos desafios do setor energético.

Principais Projetos da Eletrobrás:

• implantação do Instituto de Energia Elétrica da Universidade Federal


do Maranhão;
• implantação do Laboratório de Isolamentos Elétricos da Universidade
Federal de Campina Grande;
• elaboração do Atlas Solarimétrico e a disseminação da tecnologia solar
no Estado de Alagoas;
• promoção da Qualidade e Eficiência Energética de Transformadores
de Distribuição;
• elaboração do Atlas Eólico e disseminação da tecnologia eólica no
Estado de Alagoas;
UNIUBE 95

• revitalização do Cepel – Avaliação da Gestão de Tecnologia e Inovação


– GTI do Setor Elétrico Brasileiro;
• geração Elétrica a partir de Biocombustíveis;
• constituição, implantação, operacionalização de um Centro de Estudos,
Investigação e Inovação em Qualidade e Compatibilidade Elétrica –
C-QCE na Universidade Federal de Itajubá;

Outro caso prático: Parque Industrial da Roche

Em 2000, na empresa de medicamentos Roche, de Jacarepaguá, foi


realizada uma aplicação da espiral do conhecimento, uma metodologia que
tinha como objetivos sanar gaps na área de vendas da empresa, promover
a sustentabilidade para os próximos anos e verificar como o conhecimento
era compartilhado e fixado entre os colaboradores. Naquele momento,
havia uma lacuna muito grande de conhecimento do staff da Divisão
Industrial quanto aos procedimentos e tarefas atribuídos aos profissionais
representantes dos produtos.

Esses representantes enfrentavam, por um lado, as demandas dos médicos


prescritores, desejosos de saber detalhes sobre a produção e controle de
qualidade dos produtos Roche. Por outro lado, os colaboradores do Parque
Industrial lidavam com visitantes técnicos de várias origens. O programa
foi implantado na recepção dos visitantes, em que um representante
acompanha todo o processo. Por outro lado, os colaboradores da fábrica
eram recepcionados por um Representante Comercial. Um tipo de visita,
mas com mudança de foco. A empresa assumiu assim que o conhecimento
não é apenas mais um recurso ao lado dos fatores tradicionais de produção,
mas é o recurso mais importante. Descobriu com esse trabalho, que
a chave para a prosperidade futura está em educação e treinamento. A
aprendizagem mais importante que os colaboradores Roche aprenderam
com a implantação dessa Universidade Empresa é que aprender é um
espiral e deve ser construído em rede.
96 UNIUBE

Além da interação empresa-universidade, existem vários atores que


interagem entre si para formar um Sistema Nacional de Inovação (SNI)
forte. Dentre eles, destacam-se o governo, as entidades científicas e
tecnológicas e outras instituições e programas.

O papel do governo é o de fornecer uma boa infraestrutura, com leis


que impulsionem a inovação, bem como definir políticas estáveis e
criar entidades. No Brasil, destacam-se a FINEP e o CNPq. Além disso,
algumas ONG’s vêm desenvolvendo um papel expressivo nesse setor,
tais como a ANPE e a PROTECI.

PESQUISANDO NA WEB

Informações importantes podem ser acessadas através dos sites:

Anpei – <http://www.anpei.org.br>.
Infotec – <http://www.infotec.org.br>.
Abipti – <http:/www.abipti.org.br>.
Protec – <http://www.protec.org.br>.
IPDMaq – <http://www.ipdmaq.org.br>.
IPDElectr – <www.ipdelectron.abinee.org.br>.
Mobilizar para Inovar – <www.mbc.org.br>.
Movimento Brasil Competitivo – <http://www.mbc.org.br>.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

Observe, a seguir, a descrição de um importante prêmio em relação à


Ciência e Tecnologia.

Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia – 2009


O Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, da Unesco, teve o objetivo de
fomentar a cooperação técnico-científica entre os países participantes do
UNIUBE 97

bloco Mercosul (efetivos e associados) por intermédio do reconhecimento


do trabalho de estudantes secundários, estudantes universitários, jovens
pesquisadores e equipes de pesquisa que representem contribuição
direta ao desenvolvimento científico e tecnológico da região. Na edição de
2009, o tema escolhido foi Agroindústria. Foram recebidos 194 trabalhos
provenientes de todos os países membros efetivos do bloco Mercosul.

Categoria iniciação científica: Obtenção e caracterização de um material


aglomerado, utilizando bagaço de cana (30% da matéria-prima). Projeto
desenvolvido por dois alunos paraguaios do Ensino Médio.

Categoria estudante universitário: Otimização de protocolos de cultivo


em larga escala e obtenção de compostos bioativos de Hypericum
polyanthemum (Erva de São João), nativo do sul do Brasil.Trabalho que
pretende nortear cultivos em larga escala de plantas medicinais como
matéria-prima para pesquisa e indústria farmacêutica nacional. Aluna do
curso de Farmácia da UFRGS.

Categoria Jovem Pesquisador: Concentração de Extrato de Própolis


por nanofiltração. Doutorado da Unicamp. O trabalho mostrou que a
concentração do produto passou de 23,67 mg/g para 96,76 mg/g com essa
técnica.

Categoria Integração: Utilização integral de resíduos de queijo de


preparação e preservação de probióticos. Um trabalho integrado da
Argentina, Chile e Colômbia que propõe estratégias não convencionais para
otimizar a preservação de microorganismo probióticos cultivados em soro
de queijo para o desenvolvimento de um produto que poderá ser usado no
controle de doenças do trato intestinal.

Para saber mais, acesse: <www.unesco.org>.


98 UNIUBE

Prêmio Finep de inovação – 2009

Categoria Instituição de Ciência e Tecnologia – Fundação Certi (SC) –


Campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – é um instituto
de tecnologia privado sem fins lucrativos. As tecnologias geradas pela CERTI
estão associadas aos projetos de P&D realizados com empresas de diversos
setores, entidades de governo e parceiros. Tem parcerias com instituições
brasileiras e estrangeiras, como o Instituto Fraunhofer IZM, da Alemanha.
Junto a ele, desenvolve projetos na área de Ecodesign de produtos
eletrônicos e tecnologias de conservação de energia, recíso e reciclabilidade.

Categoria Tecnologia Social – Embrapa Clima Temperado (RS) – Com


o projeto “Quintais Orgânicos de Frutas”, criado para compor o Programa
Fome Zero, em 2003, o projeto já implantou mais de 910 pomares na Região
Sul, totalizando 63 mil árvores frutíferas orgânicas. A Embrapa fornece as
mudas, os insumos para o solo e a vegetação quebra-vento, além de fazer
um acompanhamento quadrimestral das plantações. O objetivo é combater
a desnutrição nas populações mais humildes e resgatar a tradição de se
manter um pomar no quintal de casa.

Categoria Pequena Empresa – Angelus Indústria de Produtos Odontológicos


(PR) – Atua na fabricação de materiais inovadores na Odontologia.
Desenvolveu uma linha de pinos em fibras de vidro e carbono, mais resistentes
e flexíveis do que os disponíveis até então. Com este produto, tornou-se líder
de vendas na América Latina. Mantém ainda o Programa Angelus de Apoio à
Pesquisa, cujo objetivo é apoiar pesquisadores de universidades públicas e
privadas que desenvolvam teses ou monografias ligadas à inovação do setor.

Categoria Média Empresa – Opto Eletrônica (SP) – Desenvolve, fabrica e


comercializa equipamentos que combinam alta tecnologia óptica e eletrônica.
Nesta empresa, o tempo gasto em mestrados e doutorados conta como hora
trabalhada.
UNIUBE 99

Categoria Grande Empresa – Natura Cosméticos (SP) – É líder no


mercado brasileiro de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal. Não
faz testes em animais, extrai a matéria-prima de forma sustentável e vem
recebendo financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis da FINEP,
desde 2001. Entre 2008 e 2010, a empresa deve receber R$ 2,9 milhões
em recursos. Somente em 2008, a Natura investiu 103 milhões em pesquisa
e desenvolvimento.

Categoria Inventor Inovador – Roberto Zagonel (SC) – O catarinense


Roberto Zagonel inventou um chuveiro elétrico que esquenta a água na
medida certa. Há 14 anos no mercado, a Máster Ducha Zagonel conta com
um controle gradual de potência com cinco opções de temperatura, em vez
das duas que nos são conhecidas - inverno e verão. É líder de vendas na
região Sul e registra um crescimento de 5% a 10% ao ano.

Para saber mais, acesse <premio.finep.org.br>.

Assim, finalizamos nossa conversa questionando se você está preparado


para o cenário tecnológico em franca expansão. Consideramos que é
necessário um instrumental que favoreça a inserção neste contexto, e foi
isso que propusemos com mais este estudo. No entanto, por mais que
o mapa esteja aberto, o fator mais importante é vontade, ou seja, querer
participar de todo o processo.

Esperamos que, em breve, sua empresa seja um dos exemplos que


foram aqui citados.

Não pare por aqui, busque novas referências, pesquise os assuntos


apresentados. Você deve construir seu conhecimento!
100 UNIUBE

Resumo

Neste capítulo, destacamos que:

• os termos invenção e inovação são distintos;


• a invenção é simplesmente algo novo, enquanto que a inovação é a
novidade que foi colocada em prática com sucesso, ou seja, gerou
resultados, e já está disponível no mercado;
• a atividade deve possuir três pontos fundamentais para ser
considerada uma inovação: novidade, aplicação prática e o
resultado, sendo geralmente classificada de duas formas: conforme
o objeto em foco e conforme o grau em que a inovação ocorre;
• a inovação tecnológica tem sido fator fundamental para o
desenvolvimento socioeconômico e cultural de um país, fazendo com
que as empresas necessitem investir cada vez mais em pesquisa e
desenvolvimento;
• a expressão propriedade intelectual abrange os direitos às invenções
em todos os campos da atividade humana, como exemplo,
descobertas científicas, obras literárias e musicais etc., enquanto
que a expressão propriedade industrial se refere à proteção de
patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e
proteção de cultivares;
• propriedade industrial é uma das grandes áreas da propriedade
intelectual; uma vez que o processo de inovação não ocorre
de maneira linear, ele pode seguir dois planos distintos e
complementares para obter sucesso: a concepção das ideias e o
desenvolvimento das mesmas;
• geralmente, a estratégia tecnológica adotada por uma empresa está
classificada em ofensiva, defensiva, imitadora ou dependente;
• a empresa pode buscar o seu aprimoramento tecnológico efetuando
parcerias com universidades, pois os serviços prestados por elas
culminam no desenvolvimento econômico do país;
• existem várias alternativas e políticas de fomento à Pesquisa e
Desenvolvimento tecnológico em andamento e, neste capítulo,
vimos algumas propostas.
UNIUBE 101

Atividades

Preparamos para você algumas atividades com o objetivo de recordar o


conteúdo que você estudou neste capítulo.

Atividade 1

Vimos, neste capítulo, que a inovação pode ser motivada por muitos
fatores internos e externos à empresa. Um dos fatores é a necessidade
de mercado provocada por mudanças de hábitos da população. Observe
as seguintes situações:

• alimentos enriquecidos com vitaminas, cálcio, ômega 3;


• refeições pré-preparadas;
• materiais de limpeza amigos do ambiente.

Essas situações apresentadas deram impulso às indústrias que passaram


a produzir seus produtos de acordo com esses princípios. Liste alguns
produtos que vieram para suprir essa necessidade e justifique por que
cada um desses itens se transformaram em motores e motivações para
a inovação.

Atividade 2

No nosso estudo, percebemos que para que uma inovação obtenha


sucesso na empresa, deve-se buscar soluções para os seus
problemas. Todos os níveis de sua estrutura organizacional devem
estar envolvidos. A empresa deve ainda recorrer a fornecedores,
consultores, especialistas etc., e procurar não “importar” soluções
prontas. Os objetivos e as expectativas da organização devem ser
claros e partilhados por todos, principalmente com os clientes em
102 UNIUBE

primeiro plano. Vimos, também, que uma empresa deve desenvolver


a capacidade de autoaprendizagem, absorver e transformar novas
informações em conhecimentos integrados da própria organização.
Observe o caso:

A empresa X comprou novos equipamentos que, segundo o vendedor,


otimizaria o processo de produção. No entanto, depois de 6 meses,
foi feita uma avaliação e percebeu-se que o novo maquinário estava
subestimado e, por isso, ao invés de otimizar o processo, atravancava.
Os novos equipamentos ficavam mais parados do que em funcionamento
e os funcionários optavam por voltar a usar o antigo.

Você não conhece a empresa mas, baseado nos nossos estudos, tente
imaginar o que pode ter acontecido e descreva.

Atividade 3

Um dos assuntos abordados neste capítulo refere-se aos tipos de


inovação. Aprendemos que a inovação pode ser classificada conforme o
objeto em foco e conforme o grau. A inovação conforme o grau, segundo
Freeman e Perez (1988, p. 3861), pode ser incremental ou radical, ou
ainda que se refira ao sistema ou paradigma tecnológico.

Leia as afirmações a seguir e classifique-as de acordo com a Inovação


Radical ou de Ruptura ou Inovação Incremental.

Coloque A para Inovação Radical ou de Ruptura e B para Inovação


Incremental:
UNIUBE 103

TIPO DE INOVAÇÃO

A - Inovação Radical ou de Ruptura B - Inovação Incremental

Características A ou B

1. Caracteriza-se por uma busca de aperfeiçoamento constante e


gradual.

2. Melhora o desempenho dos seus produtos nas formas que


realmente fazem a diferença junto dos seus clientes.

3. Caracteriza-se pela incessante busca, por parte da organização que


a leva a cabo, de ruptura e quebra de paradigmas.

4. Suas práticas de gestão estão baseadas nos seguintes princípios:


"ouvir" os clientes; investir agressivamente em tecnologias que
ofereçam àqueles clientes real satisfação das suas necessidades;
focalizar os mercados maiores ao invés dos menores.

5. Os princípios que regem esse tipo de inovação são: as empresas


dependem de clientes e investidores para obter recursos; pequenos
mercados não resolvem as necessidades de crescimento de
grandes empresas; mercados que não existem não podem ser
analisados; fornecimento de tecnologia pode não se igualar à
procura do mercado.

6. As organizações com maior potencial de levar a cabo esse tipo de


inovação são aquelas cujos clientes necessitam das tecnologias
para fazer fluir os recursos, empresas/ organizações pequenas o
bastante para se entusiasmarem com ganhos modestos, empresas/
organizações que ao planejarem as inovações consideram a
possibilidade de fracasso.

7. Permite às empresas que a praticam, relativamente aos seus pares,


praticar margens mais elevadas.

8. A base de conhecimentos da empresas é favorecida.

Atividade 4

Explique os termos apresentados no texto “denovação” ou “inovação


destrutiva” segundo as ideias de Schumpeter e Hagerstrand.
104 UNIUBE

Atividade 5

Realizando um tour pela internet, conhecemos muitas invenções malucas


e que, mesmo sem sentido, são comercializadas. Observe as imagens
a seguir:
Protetor de orelhas para cães. Fornece um dispositivo para proteger as
orelhas enquanto ele está comendo.

Fonte: Adaptado de Essa (2011).

Chutador de bumbum

Fonte: Adaptado de Essa (2011).


UNIUBE 105

Umedecedor para selos

Fonte: Adaptado de Essa (2011).

Guarda-chuva de cabeça

Fonte: Adaptado de Essa (2011).

Observação importante! Essas invenções foram patenteadas!

Escolha uma das invenções anteriores e descreva os pontos positivos e


os negativos para lançar este produto no mercado.
106 UNIUBE

Referências
BAPTISTA, Paulo. A Inovação nos Produtos, Processos e Organizações.
Portugal: Princípia, 1999. Disponível em: <http://www.spi.pt/documents/
books/inovint/ippo/cap_apresentacao.htm>. Acesso em: 10 ago. 2010.

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.


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