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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE/RJ)

TÉCNICO DA CARREIRA DE TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO


PROVA DISCURSIVA – QUESTÃO 1
APLICAÇÃO: 08/05/2022

PADRÃO DE RESPOSTA
É sabido que a pressão sobre o orçamento aumenta, e muito, ao final das gestões políticas. Afinal, os chefes do Poder
Executivo das diferentes instâncias e parlamentares querem reeleger-se ou, ao menos, garantir que seus aliados lhes sucedam em
seus postos de poder. E em um país como o Brasil, de enormes mazelas sociais, agradar a grande massa da população significa
oferecer-lhe empregos, bens de primeiríssima necessidade e obras públicas.
De outro lado, o déficit entre receitas e despesas e a dívida pública dele consequente vêm sendo cada vez mais recusados
pelo pensamento econômico hoje hegemônico, de maneira que os números do superávit primário e da dívida pública têm sido
tão importantes quanto os da inflação, do desemprego e do crescimento da economia.
Nesse cenário, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/2000) impõe limites a gastos em ano
eleitoral, sobretudo no tocante às despesas de pessoal e a gastos sem cobertura financeira, sob o forte argumento do
enquadramento penal (art. 359-C e G do Código Penal).
Resta, assim, patente a importância de os dirigentes atentarem, com redobrado rigor, para as despesas vedadas em fim
de mandato, conforme exposto a seguir, em ordem temporal de exigência.

1) Corte das transferências voluntárias


Quando o gasto de pessoal ou a dívida de longo prazo (consolidada) ultrapassam seus próprios limites, a Lei de
Responsabilidade Fiscal faculta período de recondução: de dois quadrimestres para o gasto laboral; de três quadrimestres para a
dívida consolidada (arts. 23 e 31). Esse prazo de retomada do limite, contudo, não se faculta no último ano de mandato; aqui, as
sanções são imediatas, a partir do primeiro quadrimestre do ano de eleição (LRF, art. 23, § 4.º, e art. 31, § 3.º).

2) Empréstimos e financiamentos
No último ano de mandato do presidente da República, de governador ou de prefeito, não se pode contratar operação
de crédito por antecipação da receita (ARO), conforme estabelece o art. 38, IV, “b”, da LRF. De curto prazo, tais empréstimos
visam cobrir insuficiências de caixa, ou seja, falta de dinheiro para despesas a pagar, do que se conclui, no mais das vezes, má
planificação financeira pelo ente federativo.

3) Despesas dos dois últimos quadrimestres do mandato (a partir de maio) e vedação a novos programas de distribuição gratuita
de materiais e serviços (todo o ano eleitoral)
O artigo 42 da LRF veda que o titular de cargo eletivo, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contraia
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro do seu mandato. Segundo o teor dessa norma, é necessário
que o titular de cada poder estatal quite despesas feitas entre maio e dezembro do último ano de mandato ou, no mínimo,
disponibilize recurso para que assim o faça o próximo gestor, de modo que haja dinheiro para restos a pagar contraídos naqueles
oito derradeiros meses de gestão.

4) Aumento da despesa de pessoal nos últimos 180 dias (a partir de 5 de julho do último ano do mandato)
O parágrafo único do art. 21 da LRF determina que, nos derradeiros 180 dias do mandato, de 5 de julho a 31 de
dezembro, os chefes de poder não podem editar atos que aumentem a despesa com pessoal, que alcança salários, aposentadorias,
pensões, obrigações patronais, horas-extras e indenizações trabalhistas.
QUESITOS AVALIADOS

Quesito 2.1
0 – Não abordou o aspecto.
1 – Mencionou o aspecto, mas não o desenvolveu.
2 – Desenvolveu o aspecto de forma insuficiente ou desconectada do texto como um todo.
3 – Desenvolveu adequadamente o aspecto.

Quesito 2.2
0 – Não abordou nenhuma limitação ao gasto público em ano eleitoral imposta pela LRF.
1 – Citou limitações impostas pela LRF aos gastos públicos em ano eleitoral, mas não as explicou ou o fez incorretamente.
2 – Citou e explicou corretamente somente uma limitação imposta pela LRF aos gastos públicos em ano eleitoral.
3 – Citou e explicou corretamente somente duas limitações impostas pela LRF aos gastos públicos em ano eleitoral.
4 – Citou e explicou corretamente três limitações impostas pela LRF aos gastos públicos em ano eleitoral.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE/RJ)
TÉCNICO DA CARREIRA DE TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO
PROVA DISCURSIVA – QUESTÃO 2
APLICAÇÃO: 08/05/2022

PADRÃO DE RESPOSTA
Conforme disposto na Constituição Federal de 1988, o Poder Legislativo é o titular do controle externo da administração
pública brasileira. Para realizar essa tarefa, ele conta com o auxílio dos tribunais de contas.
Na esfera federal, a responsabilidade de auxiliar o Congresso Nacional é do Tribunal de Contas da União. De forma
geral, os tribunais de contas dos estados são os órgãos que prestam auxílio às assembleias legislativas e às câmaras municipais
no controle dos gastos dos estados e dos municípios, respectivamente.
Existem, no entanto, três estados da Federação que dispõem de tribunais de contas dos municípios: Goiás, Bahia e Pará.
Nesses três estados, o tribunal de contas do estado presta auxílio à assembleia legislativa para realizar o controle das despesas
estaduais, enquanto os tribunais de contas dos municípios prestam auxílio a todas as câmaras municipais no controle das despesas
dos municípios localizados naqueles estados.
Por fim, existem dois municípios que possuem tribunais de contas próprios: Rio de Janeiro e São Paulo. Em razão disso,
o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro presta auxílio à Assembleia Legislativa fluminense e a todas as câmaras
municipais do estado do Rio de Janeiro, à exceção da Câmara Municipal da capital carioca, que é auxiliada pelo Tribunal de
Contas do Município do Rio de Janeiro. A mesma situação ocorre em São Paulo.

QUESITOS AVALIADOS

Quesito 2.1
0 – Não mencionou que o Poder Legislativo é o titular do controle externo.
1 – Mencionou que o Poder Legislativo é o titular do controle externo.

Quesito 2.2
0 – Não mencionou que o Tribunal de Contas da União presta auxílio ao Congresso Nacional.
1 – Mencionou que o Tribunal de Contas da União presta auxílio ao Congresso Nacional.

Quesito 2.3
0 – Não mencionou que os tribunais de contas dos estados auxiliam as assembleias legislativas e as câmaras municipais.
1 – Citou apenas que os tribunais de contas dos estados auxiliam as assembleias legislativas, sem mencionar as câmaras
municipais.
2 – Esclareceu que os tribunais de contas dos estados auxiliam as assembleias legislativas e as câmaras municipais.

Quesito 2.4
0 – Não fez qualquer menção aos tribunais de contas dos municípios.
1 – Abordou corretamente apenas um dos seguintes aspectos: i) que o tribunal de contas dos municípios presta auxílio a todas as
câmaras municipais do estado onde se localiza; e ii) que somente alguns estados da Federação possuem esse tipo de tribunal.
2 – Abordou os dois dos aspectos supracitados, mas acrescentou informação incorreta a respeito do assunto.
3 – Abordou corretamente os dois aspectos supracitados, sem cometer nenhum equívoco.

Quesito 2.5
0 – Não fez qualquer menção aos tribunais de contas municipais.
1 – Abordou corretamente apenas um dos seguintes aspectos: i) que os tribunais de contas municipais prestam auxílio a apenas
uma única câmara municipal; ii) que somente alguns municípios possuem esse tipo de tribunal; e iii) que o tribunal de contas
do estado não presta auxílio ao município com tribunal de contas municipal.
2 – Abordou corretamente apenas dois dos aspectos supracitados.
3 – Abordou corretamente todos os aspectos supracitados.

Observação: para fins de pontuação nos quesitos 2.4 e 2.5, não será exigida a menção aos nomes dos estados e municípios que
possuem tribunais de contas dos municípios e tribunais de contas municipais, respectivamente.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE/RJ)
TÉCNICO DA CARREIRA DE TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO
PROVA DISCURSIVA – QUESTÃO 3
APLICAÇÃO: 08/05/2022

PADRÃO DE RESPOSTA
O balanço orçamentário será elaborado utilizando-se as seguintes classes e grupos do Plano de Contas Aplicado ao Setor
Público (PCASP): Classe 5 (Orçamento Aprovado), Grupo 2 (Previsão da Receita e Fixação da Despesa); e Classe 6 (Execução
do Orçamento), Grupo 2 (Realização da Receita e Execução da Despesa).

Devem constar no quadro principal balanço orçamentário as receitas e despesas previstas em cotejo com as realizadas.
Essas informações (receitas e despesas) serão apresentadas conforme a classificação por natureza. No caso da despesa, a
classificação funcional também será utilizada complementarmente à classificação por natureza. As receitas deverão ser
informadas pelos valores líquidos das respectivas deduções, tais como restituições, descontos, retificações, deduções para o
FUNDEB e repartições de receita tributária entre os entes da Federação, quando registradas como dedução.

QUESITOS AVALIADOS

Quesito 2.1
0 – Não apresentou as classes nem os grupos do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário.
1 – Apresentou apenas uma classe ou apenas um grupo do PCASP que deve ser utilizado na elaboração do balanço orçamentário.
2 – Apresentou apenas uma classe e um grupo do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário; ou
apresentou apenas as classes ou apenas os grupos do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário.
3 – Apresentou as classes e apenas um grupo do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário; ou
apresentou os grupos e apenas uma classe do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário.
4 – Apresentou as classes e os grupos do PCASP que devem ser utilizados na elaboração do balanço orçamentário.

Quesito 2.2
0 – Não apresentou as informações que devem constar do quadro principal do balanço orçamentário.
1 – Apresentou apenas uma das informações que devem constar do quadro principal do balanço orçamentário.
2 – Apresentou as informações que devem constar do quadro principal do balanço orçamentário, mas não explicou como elas
devem ser apresentadas.
3 – Apresentou as informações que devem constar do quadro principal do balanço orçamentário, e explicou corretamente apenas
como uma delas deve ser apresentada.
4 – Apresentou as informações que devem constar do quadro principal do balanço orçamentário e explicou corretamente como
elas devem ser apresentadas.

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