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28/02/2020 Ênfase - Portal
DIREITO FINANCEIRO
ORÇAMENTO
1. Introdução
Quanto à análise do controle de constitucionalidade das leis orçamentárias, iremos explanar sua
natureza jurídica. Existem três correntes doutrinárias, prevalecendo a terceira a ser vista a seguir.
Primeiramente, para León Duguit (LEITE, 2017, p. 77), o orçamento público é um ato administrativo,
quanto às despesas, ao passo que, em relação às receitas, trata-se de uma lei em sentido formal. Essa
posição clássica é fundamentada pela antiga necessidade – não mais existente – de elaboração de
uma lei orçamentária para autorizar a cobrança de tributos, dado que a lei que previa a instituição não
era considerada suficiente para tanto, por causa do princípio da anualidade tributária, assunto ainda
muito cobrado nas provas de concursos públicos.
A segunda corrente doutrinária, encampada por Gaston Jèze, compreende o orçamento como um ato
administrativo, não podendo ser compreendido como uma lei, embora tenha o aspecto formal e a
aparência de uma, mas sim, um ato-condição para a realização de despesas e para a exigência dos
tributos. Segundo Aliomar Baleeiro (2004, p. 440),
A terceira corrente, de Hoennel (LEITE, 2017, p. 77), compreende que o orçamento será sempre
considerado como uma lei, já que emana de um órgão que possui a competência de legislar, o Poder
Legislativo. Ricardo Lobo Torres (LEITE, 2017, p. 77), doutrinador brasileiro, encampa tal entendimento
e aperfeiçoa ao compreender que é uma lei meramente formal, não criando direitos subjetivos, pois
apenas prevê receitas públicas e autoriza os gastos, não sendo abstrata e genérica. Dessa maneira,
ela é autorizativa, e não impositiva, dado que não cria gastos. Aliomar Baleeiro também segue tal
posição.
Por causa dessa terceira corrente doutrinária, o orçamento é autorizativo, não podendo ser
considerado como impositivo, já que não cria gastos.
Não há, no Brasil, a obrigação da realização dos gastos previstos na lei formal do orçamento público.
Em virtude disso, o Poder Executivo não está obrigado a cumprir o que consta no orçamento, já que
ele apenas traça e indica no que o Poder Executivo brasileiro deve gastar. Embora haja no orçamento
as despesas que devem ser realizadas, compreende-se que essa imposição decorre de normas pré-
orçamentárias, como a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), pois é anterior ao orçamento. Por
exemplo, o art. 212 da CF/1988, o qual preceitua os gastos com educação anuais, assim como o art.
198, § 2º, também da CF/1988, que traz expressamente os gastos com saúde. Logo, são normas pré-
orçamentárias e impositivas, ao passo que as normas orçamentárias são autorizativas.
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma
do regimento comum. (...)
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um
inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo
Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de
saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015.)
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§ 18 Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento
da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes previstos nos
§§ 11 e 12 deste artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da limitação incidente sobre
o conjunto das demais despesas discricionárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100,
de 2019.)
O Supremo Tribunal Federal (STF), no seu Informativo nº 657, entende que, para que o orçamento não
seja cumprido, é indispensável um mínimo de fundamentação que corrobore para o abandono da
proposta orçamentária votada. Isso significa que se impõe a vinculação mínima das normas
orçamentárias, salvo perante uma motivação administrativa razoável que justifique o descumprimento
do orçamento.
lei de efeitos concretos que não dispõem de direitos subjetivos –, o STF entendia que não eram
Por ocasião do julgamento da ADI nº 2.925/DF, o STF passou a entender ser possível o controle
concentrado de constitucionalidade do orçamento público, mas foi com o julgamento das ADIs nº 4.048
e nº 4.049 que o STF compreendeu que qualquer lei, seja genérica ou específica, abstrata ou
concreta, pode ser objeto desse controle. Com isso, as leis orçamentárias, sob a ótica da
jurisprudência dominante, são passíveis de controle concentrado de constitucionalidade.
(...) III. Limites constitucionais à atividade legislativa excepcional do Poder Executivo na edição de
medidas provisórias para abertura de crédito extraordinário. Interpretação do art. 167, § 3º c/c o art. 62,
§ 1º, inciso I, alínea “d”, da Constituição. Além dos requisitos de relevância e urgência (art. 62), a
Constituição exige que a abertura do crédito extraordinário seja feita apenas para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes. Ao contrário do que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência
(art. 62), que se submetem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do Presidente da
República, os requisitos de imprevisibilidade e urgência (art. 167, § 3º) recebem densificação normativa
da Constituição. 3. Tenho como acertadas as conclusões alcançadas pelas autoridades acima
especificadas. De fato, após o deferimento do pedido de liminar na sessão plenária de 14.5.2008, não
houve tempo hábil para que o Supremo Tribunal Federal pudesse apreciar o mérito da causa antes do
exaurimento da eficácia jurídico-normativa do diploma normativo impugnado, tendo em vista que,
conforme o disposto no art. 167, § 2º, da Constituição Federal, os créditos ora examinados somente
poderiam ter sido utilizados até o final do exercício financeiro do ano de 2008 (STF – ADI nº 4.048/DF,
rel. Min. Ellen Gracie, e julgado em 14.02.2011, DJe 035 21.02.2011; publicado 22.02.2011).
crédito extraordinário (STF, plenário, ADI nº 5.449 MC-Referendo/RR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado
em 10.03.2016).
1. Leis orçamentárias que materializem atos de aplicação primária da Constituição Federal podem ser
submetidas a controle de constitucionalidade em processos objetivos. Precedentes.
2 A i tibilid d t t d di iti i d dõ d l i d
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