Objetivo
EMENTA
Identificação das Necessidades e Metas dos Clientes. Contextualização do PMI (PMBOK)
em projetos de TI. Projeto Lógico da Rede. Projeto Físico da Rede. Apresentação da
proposta de Projeto LAN. Documentação da Rede. Apresentação de Projeto LAN.
Apresentação da Proposta de Projeto WAN. Apresentação de Projeto WAN.
OBJETIVOS
Geral:
Analisar a metodologia para a elaboração de um projeto de redes, apresentando os
caminhos a serem seguidos no percurso. Conhecer e compreender as boas práticas em
gerenciamento de projetos, à luz do PMI (PMBOK), que podem ser utilizadas no
planejamento, desenvolvimento e acompanhamento de um projeto de redes
Específicos:
Ao final desta disciplina, espera-se que você seja capaz de:
Conteúdo
Aula 1 – Visão Geral de um Projeto de Redes e
Identificação das Necessidades do Cliente
1.1 Introdução
1.1.1 Funcionalidade
1.1.2 Escalabilidade
1.1.3 Adaptabilidade
1.1.4 Capacidade de Gerenciamento
1.1.5 Eficácia de Custos
Aula 2 – Análise de Requisitos do Negócio e Requisitos
Técnicos – Parte 1
2.1 Introdução
2.2 Análise do Negócio
2.1.1 Entender o Negócio e os Objetivos do Cliente
2.1.2 Metas Estratégicas do Cliente
2.1.3 Aplicativos e Sistemas Existentes
2.1.4 Políticas e Normas da Empresa
2.1.5 Pessoal Envolvido
2.1.6 Orçamento Disponível
2.1.7 Cronograma de Trabalho
2.1.8 Elaborar um Checklist dessa Etapa
Aula 3 – Análise de Requisitos do Negócio e Requisitos
Técnicos – Parte 2
3.1 Análise dos Requisitos Técnicos
3.1.1 Escalabilidade da Rede
3.1.2 Disponibilidade
3.1.3 Desempenho da Rede
3.1.4 Ferramentas de Gerência de Redes
3.1.5 Ferramentas Comerciais de Gerência de Redes
3.1.6 Vazão da Rede
3.1.7 Vazão na Camada de Aplicação
3.1.8 Precisão
3.1.9 Retardo e Variação do Retardo
3.1.10 Tempo de Resposta
3.1.11 Requisitos de Segurança
3.1.12 Adaptabilidade da Rede
3.1.13 Capacidade de Gerenciamento
3.1.14 Eficácia de Custos
Aula 4 – Análise da Rede Existente
4.1 Análise da Rede Existente
4.1.1 Servidores, Computadores e Elementos de Rede
4.1.2 Padrões de Endereçamento de Rede e Nomenclatura
4.1.3 Mapa de Rede
4.1.4 Fiação e Mídia
4.1.5 Desempenho da Rede Existente
4.1.6 Análise da Utilização Rede
Aula 5 – Análise do Tráfego da Rede
5.1 Análise do Tráfego Atual da Rede
Aula 6 – Projeto Lógico da Rede
6.1 Topologia Lógica da Rede
6.2 Projetando a Segurança no Mapa da Rede
6.3 Mapa Arquitetônico da Rede
6.4 Projeto e Modelo de Nomenclatura de Rede
6.5 Definição de Protocolos e Tecnologias do Projeto
6.6 Definição de Protocolos e Tecnologias do Projeto
6.7 Protocolos de Segurança e Gerência da Rede
Aula 7 – Projeto Físico da Rede – Exemplos Práticos de
Projetos de Cabeamento e Infraestrutura
7.1 Projeto Físico da Rede – Estudos de Caso
Aula 8 – Implementar, Testar, Monitorar e Gerenciar a
Rede
8.1 Implantação da Rede
8.1.1 Aquisição
8.1.2 Implementação e Configuração
8.1.3 Testes da Rede
8.1.4 Operação Assistida e Otimização da Rede
8.1.5 Gerência e Monitoramento da Rede
8.1.6 Documentação da Rede
Aula 9 – Exemplos Práticos e Reais de Projetos de Rede –
Parte 1
9.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso
9.2 Estudo de Caso 1 – Empresa de Pequeno Porte
Aula 10 – Exemplos Práticos e Reais de Projetos de Rede –
Parte 2
10.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso
10.2 Estudo de caso 2 – Empresa de médio porte
10.3 Estudo de Caso 3 – Empresa de Grande Porte
Gato: - Para quem não sabe aonde quer ir, então qualquer caminho serve!
1.1 Introdução
Independentemente do tamanho do projeto de rede que você pretende desenvolver,
existem alguns requisitos básicos que devem ser observados com cuidado, antes
mesmo de se iniciar o trabalho de levantamento das necessidades do cliente, pois você
precisa saber o que vai perguntar ao cliente para saber o que ele deseja. É algo que
todos deveriam fazer antes de ter uma reunião com uma equipe de trabalho. Se você
não planeja a reunião e não tem uma pauta com o que pretende discutir ou perguntar
para a sua equipe, provavelmente sua reunião será um fiasco, pois a tendência é que
um fique olhando para a cara do outro sem saber o que dizer. Concorda comigo?
Não existe um modelo único ou método correto para o projeto de redes, o trabalho a
ser desenvolvido vai depender das necessidades do cliente e do contexto que se
apresenta para o projetista. Os requisitos básicos presentes em qualquer projeto de
rede são:
funcionalidade;
escalabilidade;
adaptabilidade;
capacidade de gerenciamento;
eficácia de custos.
1.1.1 Funcionalidade
O projeto é feito para uma organização que tem um objetivo. Para desenvolver um
projeto de sucesso, é preciso saber qual é o negócio da empresa; ou seja, o projeto
novo, reformulação ou ampliação da rede tem um propósito principal, que está
diretamente ligado ao negócio da organização. Se existe a necessidade desse projeto, é
porque ele está ligado a algum planejamento estratégico de lucratividade, aumento da
participação da empresa no mercado, aumento na produção ou qualquer outra meta
definida pela direção da empresa. Mesmo que a empresa não tenha fins lucrativos, vai
existir uma meta do planejamento organizacional que culmina na necessidade de
criação ou ampliação da rede.
Outro aspecto importante é saber como pode ser medido o sucesso do projeto de rede,
ou seja, saber de que forma podemos medir se a necessidade do cliente foi atingida.
Pode-se questionar, por exemplo, se:
Ao desenvolver seu projeto de rede, você deve identificar todas as formas possíveis de
medir o sucesso do seu projeto na visão do cliente. Isso significa que o cliente ajudará a
definir as medidas de sucesso de acordo com o contato que é feito para identificar o
propósito do projeto.
1.1.2 Escalabilidade
Com certeza haverá mudanças na empresa durante o desenvolvimento do seu projeto.
A mudança é um fato que ocorre muito e de forma acelerada nos tempos atuais. Os
efeitos da economia globalizada mudaram permanentemente o comportamento das
empresas nos últimos anos. Se você ficar afastado de uma empresa durante seis
meses, ficará muito assustado com as mudanças após o seu retorno.
O seu projeto deve prever o crescimento da rede, pois é quase certo que isso ocorra.
Além disso, se você não previr o crescimento da rede, poderá ter sérios problemas com
seu cliente, pois ele pode questionar se projeto foi falho. Caso ele precise fazer uma
expansão e tenha de refazer parte do projeto feito, necessitando substituir
equipamentos, haverá um clima de desconforto e sua credibilidade pode ficar
comprometida no mercado. Sua reputação de projetista de rede depende da satisfação
dos seus clientes.
Seu projeto deve prever o crescimento da rede, bem como a compra ou fusão de novas
empresas. Se o crescimento da rede não for planejado, a tendência é ter muitos
problemas de infraestrutura que podem resultar na troca de equipamentos ou
cabeamento desnecessária, simplesmente por não ter sido planejado corretamente o
crescimento da rede.
1.1.3 Adaptabilidade
Além de prever o crescimento da rede, é preciso prever a inclusão de novas ou futuras
tecnologias. Seu projeto não pode limitar ou impedir a adoção de novas tecnologias.
Como já se disse, a mudança é um fato comum nos dias de hoje. A evolução da rede é
uma tendência natural, que não pode ser excluída do seu projeto.
Uma empresa de pequeno ou médio porte que utilize apenas sistemas administrativos e
um acesso à Internet como forma de navegação na rede e de recebimento de e-mails
pode, por exemplo, decidir adotar a tecnologia de Voz sobre IP (VoIP) para interligar o
PABX da matriz com o das filiais; assim, busca-se a economia de custos em ligações
telefônicas. Além disso, ela pode querer estabelecer vídeoconferências entre
funcionários da matriz com as filiais espalhadas nas capitais do Brasil.
1.1.4 Capacidade de Gerenciamento
Vamos imaginar que o seu projeto esteja ótimo. Tudo está bem estruturado e
organizado e há previsão de crescimento e adaptação às novas tecnologias; entretanto,
você não pensou ou não planejou formas de monitorar ou gerenciar a rede. Não existe
projeto perfeito ou o método correto a ser seguido. Cada projeto é único, pois será feito
para uma empresa que tem características próprias. O método será definido de acordo
com as necessidades e características da empresa.
1.1.5 Eficácia de Custos
Um aspecto importante de projeto de rede é saber responder à pergunta: como medir o
sucesso do projeto? Isso é fundamental e já foi dito. Além disso, é preciso verificar se o
custo do projeto é inferior ao lucro que se espera com a implantação da nova rede. Se o
custo do projeto for maior que o retorno que a empresa pretende ou planeja ter com a
nova rede, não faz sentido fazer o projeto. Concorda comigo?
Imagine a seguinte situação: uma empresa vai abrir uma nova filial no interior do país
em um lugar bem inóspito, longe de tudo, e não sabe ao certo se a nova filial alcançará
os resultados pretendidos. Se o custo do projeto de rede dessa nova filial for elevado, é
prudente adotar algum projeto ou medida provisória de acesso aos sistemas da matriz,
até que as metas de lucratividade da filial sejam alcançadas. Dessa forma, evitam-se
transtornos, perda de tempo e dinheiro. Infelizmente, isso ainda acontece muito,
justamente por falta de um projeto de rede.
Como já se disse, o projeto é feito para o cliente. Então, ele é que deve dizer o que
pretende com a nova rede. Se uma mudança importante vai ser feita por conta de
custos, o cliente deve ser comunicado. Dependendo da necessidade ou interesse do
cliente, os custos do projeto podem ser revistos. Um projeto eficaz nos custos deve
evitar que o projeto fique mais caro que o retorno que ele dará e, também, deve
minimizar ao máximo os custos de manutenção, monitoramento, gerência e
crescimento da rede.
A pesquisa apresenta também uma lista dos dez itens que mais causam o aumento do
TCO:
Além disso, a pesquisa apresenta alguns itens ou uma sequência de passos que podem
contribuir para a redução do TCO em projetos de rede:
Analisar requisitos é, antes de qualquer coisa, conhecer o negócio do cliente, bem como
identificar suas necessidades e metas estratégicas. Em seguida, você deve analisar os
sistemas que ele usa ou pretende utilizar. Conhecendo melhor os objetivos e metas do
cliente, é possível vislumbrar tecnologias ou serviços dos quais ele possa precisar em
breve. Cada etapa da metodologia apresentada se divide em várias subetapas, para
facilitar o entendimento e futura elaboração do projeto. A análise dos requisitos se
divide em quatro itens, descritos a seguir:
1. Análise do negócio:
entendimento do negócio e dos objetivos do cliente;
metas estratégicas do cliente;
aplicativos e sistemas existentes;
políticas e normas da empresa;
pessoal envolvido;
orçamento disponível;
cronograma de trabalho;
elaboração de um checklist dessa etapa.
2. Análise dos requisitos técnicos:
escalabilidade da rede;
crescimento do número de usuários da rede;
facilidades de acesso;
disponibilidade:
tempo e custo de inatividade da rede;
desempenho da rede:
vazão da rede;
eficácia da rede;
retardo e tempo de resposta;
requisitos de segurança;
adaptabilidade da rede;
capacidade de gerenciamento;
eficácia de custos.
3. Análise da rede existente:
servidores, computadores e elementos de rede;
padrões de endereçamento de rede e nomenclatura;
mapa de rede;
fiação e mídia;
desempenho da rede existente;
análise da utilização rede.
4. Análise do tráfego atual da rede.
Etapa 2 – Projeto lógico da rede
Nessa etapa, você irá: desenvolver a topologia da rede LAN ou WAN; especificar ou
adotar um modelo de endereçamento e nomenclatura de rede; selecionar e definir os
protocolos que serão utilizados; definir estratégias de segurança e gerência da rede. A
seguir, você vai ter uma visão geral do funcionamento de cada item dessa etapa, que se
subdivide em quatro:
1. Topologia da rede:
Recomenda-se que você utilize o modelo hierárquico de três camadas para desenvolver
a topologia da rede. Essas camadas não possuem nenhuma relação com as camadas do
modelo OSI. São camadas funcionais, que dividem a topologia da rede em até três
partes distintas, com características próprias. A Figura 1.2 apresenta uma visão geral
do modelo hierárquico de projeto lógico em três camadas.
Figura 1.2 – Modelo hierárquico de projeto lógico em três camadas
Cada camada do modelo hierárquico tem a sua funcionalidade bem definida. O uso
desse modelo facilita muito o trabalho do projetista, pois essa divisão permite uma
visão macro das principais partes do projeto e uma visão específica de cada parte, com
suas características e finalidades bem definidas. Esse modelo se divide da seguinte
forma:
Dependendo do tamanho do projeto da rede você pode adotar um modelo com três,
duas ou até uma camada apenas. Cada caso ou projeto terá suas particularidades. O
importante é ter em mente que você precisa ter um caminho, pois, “para quem não
sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”. Qualquer caminho, nesse contexto,
significa ficar perdido ou sem rumo, e isso não é bom para um projetista renomado
como você. Lembra do texto inicial?
Você pode estar se perguntando: quais são as vantagens ou justificativas para adotar o
modelo hierárquico, seja com três, duas ou uma única camada? Antes de responder a
essa pergunta, responda a outra: lembra-se dos requisitos básicos presentes em
qualquer projeto de rede? E da sequência de passos que podem contribuir para a
redução do TCO? Pois então, a adoção do modelo hierárquico ajuda a por em prática os
requisitos básicos que devem estar presentes em qualquer projeto e também contribui
para a redução do TCO do projeto.
Depois de definir o modelo hierárquico que pretende adotar, você terá de definir qual a
topologia de rede mais adequada ao seu projeto. A Figura 1.3 apresenta um exemplo
de projeto lógico com uma camada. Esse modelo também é conhecido como distribuído,
pois cada site remoto se conecta diretamente ao outro por meio do pseudonúcleo. O
núcleo pode ser a Internet, uma rede de pacotes contratada de uma operadora ou uma
rede dedicada. Nesse caso não existe um servidor principal centralizado.
Figura
1.3 – Exemplo de projeto lógico com uma camada
Nessa etapa, você deve definir um modelo e padronização dos endereços de rede,
normalmente endereços IPs e nomes hierárquicos, conforme a hierarquia do Domain
Name System (DNS). É bom revisar conceitos sobre endereçamento de rede e DNS. Vai
ajudar muito no entendimento e aplicação desses conceitos para a definição de um
padrão de endereçamento e nomes do seu projeto.
3. Definir os protocolos:
Nessa etapa, você vai definir os protocolos da camada de enlace e rede do modelo OSI
que serão adotados no seu projeto. É bem provável que, ao definir os protocolos da
camada de enlace e rede, você automaticamente defina os demais protocolos da
camada de transporte e aplicação; entretanto, você não deve se preocupar com eles
nesse momento. O foco é na camada de enlace e redes.
Não perca de vista que as definições dessa etapa vão depender das metas e objetivos
do negócio do cliente. Para ajudá-lo nessa tarefa de definição dos protocolos, existem
alguns itens ou requisitos que podem contribuir ou guiar sua tomada de decisão.
Procure responder às seguintes perguntas com base nos requisitos técnicos da etapa de
análise dos requisitos:
Esses são alguns parâmetros genéricos que irão auxiliar a definição dos protocolos de
enlace e redes, conforme o funcionamento e característica de cada um, que podem ser
encontrados na literatura da área.
Infelizmente, muitos projetistas não consideram ou dão pouca importância para esses
itens em projetos de rede. A imprensa divulga casos e situações de grandes empresas
que sofrem prejuízos financeiros devido à falta ou falha na política de segurança da
rede.
Uma dica importante é ficar atento aos integradores de soluções de redes. Alguns
fornecedores de soluções de cabeamento, dispositivos de rede e servidores tendem a
fazer parcerias com exclusividade. Com isso, pode existir uma empresa que tenha uma
proposta muito boa para o cabeamento e infraestrutura de rede; entretanto, a solução
de servidores e tecnologias de acesso remota da rede WAN talvez não seja boa.
A sugestão é ter propostas com preços e soluções separadas para cada parte
importante da rede. As propostas devem seguir exatamente o que consta no seu
projeto. Com isso, você tende a conseguir melhores preços e uma solução global isenta
de itens que não são os mais indicados. O ideal é ter fornecedores com grande domínio
e boas referências sobre a parte que vão executar.
Nessa etapa, você vai colocar a rede em atividade. Você fará os testes para verificar se
os requisitos da Etapa 1 estão sendo cumpridos. Além disso, irá monitorar e gerenciar a
rede.
Pode ser necessário fazer algum ajuste no projeto físico ou, conforme o ciclo de vida da
rede, é comum que ocorram mudanças ou expansão, o que irá demandar mudanças ou
inclusão de novos equipamentos. Existe um ciclo constante entre as Etapas 3 e 4.
Você se lembra da resposta que o gato deu para Alice na fábula apresentada no início
da aula? Enquanto gerente e projetista de uma rede, você deve ter em mente a todo o
momento qual caminho vai seguir, pois, para quem não sabe aonde quer ir, qualquer
caminho serve. Se você seguir a metodologia proposta das quatro etapas para a
elaboração de um projeto de rede à luz dos ensinamentos do PMBOK, consultando e
trocando idéias com colegas mais experientes será muito difícil seu projeto fracassar.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para
ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um
monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego
abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e
as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque
as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é
cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar
de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua
simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e
as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É
preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não
aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele
diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de
descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a
dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais
constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí,
quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu
comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se
ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia
que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É
preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo
encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que
Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz
mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a
idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos
mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a
melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Você é do tipo que fala mais do que ouve? Para se tornar um bom projetista de redes, é
importante inverter isso, pois a elaboração de um projeto de redes requer sabedoria.
Não custa nada lembrar que o projeto é feito em razão da necessidade do cliente. Em
linhas gerais, quem diz o que precisa é o cliente. Você pode e deve sugerir coisas, pois
detém o conhecimento técnico; entretanto, quem entende melhor do negócio é o
próprio cliente.
Você é do tipo que fala mais do que ouve? Um projeto de redes é feito em razão da
necessidade do projetista ou do cliente? Quem sabe das necessidades do cliente: ele ou
você? Quem detém o conhecimento técnico em redes? Quem entende melhor o negócio
do cliente: você ou ele? Você pode sugerir idéias ao cliente? Qual é a diferença entre
sugerir e impor idéias? Nesta aula, buscaremos respostas para estas importantes
questões que envolvem os projetos de redes.
2.1 Introdução
Antes de iniciar a definição das etapas do método proposto para o desenvolvimento de
um projeto de redes, é importante definir e combinar algumas convenções relevantes
para o entendimento do texto e tornar a linguagem mais clara e de fácil compreensão.
Ao apresentar os conceitos aqui, vamos partir do pressuposto de que você é o projetista
da rede, ou seja, você é o profissional que vai desenvolver as etapas do projeto que
será apresentado nas próximas aulas. Portanto, prezado “Senhor projetista de redes”,
seja bem-vindo ao processo de criação de um projeto de redes LAN e WAN de pequeno,
médio e grande porte. Bom trabalho!
Para Refletir
O cliente pode não entender nada de rede ou de projeto de rede; entretanto, ele
conhece o negócio dele muito melhor do que você. Ninguém melhor que o próprio
cliente para dizer o que ele precisa. Reflita um pouco sobre o trabalho que você vai
iniciar. Você está prestes a ter o primeiro contato com o cliente que já te contratou.
Leia as frases a seguir para ajudar no seu processo de concentração e meditação antes
de ter a primeira reunião com o seu cliente.
“É bem melhor pensar sem falar do que falar sem pensar” (Jô Soares).
“O único homem que está isento de erros é aquele que não arrisca acertar” (Albert
Einstein).
Para um projeto de redes não é diferente. Antes do primeiro contato com o cliente, é de
bom tom saber mais sobre o negócio e o mercado em que a empresa está inserida.
No primeiro contato, ou nas primeiras semanas de trabalho, você deve entender melhor
como a empresa funciona, qual é o organograma, missão, planejamento estratégico etc.
Um detalhe importante é, de início, saber quem tomas as decisões. Você deve anotar
todas as sugestões e informações sobre as necessidades da empresa; entretanto, no
momento de definir etapas ou objetivos, você deve sempre receber o aval de quem
manda ou toma a decisão.
Caso o cliente permita, e as pessoas com que você mantém contato também o façam,
procure gravar as conversas, pois, no início, há uma grande tempestade de idéias e
informações. É importante registrar as reuniões e, de preferência, ter uma ata para
cada reunião importante de definição de requisitos e metas.
Para facilitar seu trabalho nessa etapa, procure responder junto com o cliente às
seguintes perguntas:
Você deve definir as metas para a nova rede de acordo com as características da
empresa.
Você já fez o curso de “escutatória” sugerido por Rubem Alves no texto de abertura
desta aula? Se ainda não conseguiu pô-lo em prática, é importante ter em mente que,
nesse momento, você deve observar e ouvir muito mais do que falar. A concentração e
o registro das informações são fundamentais nessa etapa. Não ceda aos atropelos ou
ansiedade de algumas pessoas. Antes de dar qualquer parecer sobre o projeto, é
preciso conversar primeiro com as pessoas que tomam as decisões na clientela.
No ambiente de escritório existe a “política das hostilidades”, bem como grupos com
interesse específico e verdadeiras “religiões tecnológicas”. Existem grupos que amam o
software livre e, simplesmente, odeiam o software proprietário, independentemente do
interesse ou do que seja melhor para a empresa. O contrário também é verdadeiro:
alguns preferem o software proprietário, e ficam o tempo todo buscando falhas ou
justificativas para não ter o software livre. Afinal de contas, quem vai definir o que é o
melhor para a empresa? Será o grupo com interesse específico em alguma tecnologia
em sistema operacional? Será você ou o cliente? É importante analisar todos os dados
e informações disponíveis, perceber o que é melhor para a empresa e discutir a solução
com as pessoas que tomam as decisões. Esse é o caminho mais prudente.
As políticas e normas da empresa são fundamentais para o projeto. Você pode até ser
um projetista brilhante e muito bom tecnicamente. Entretanto, pode falhar se não der
uma atenção especial para a política da empresa e a religião técnica.
2.1.5 Pessoal Envolvido
A forma de trabalho do projetista pode variar muito em relação às exigências do cliente
e condições e equipe de trabalho existentes. Você pode ser um consultor independente,
que trabalha como integrador de soluções. Nesse caso, você terá que montar uma
equipe de trabalho ou selecionar parceiros para o projeto, pois, dependendo do
tamanho e tempo de conclusão, não será possível realizá-lo sozinho.
Se você tem uma empresa de consultoria e já tem uma equipe, será preciso escalonar o
trabalho e função de cada um no projeto, pois pode ser que você tenha outro trabalho
em andamento. Além disso, é possível que o cliente queira aproveitar a mão de obra
dos profissionais da própria empresa.
2.1.6 Orçamento Disponível
Um projeto bom não precisa ser mais oneroso para o cliente. Otimizar os recursos e
propor soluções que aproveitem o legado existente no cliente pode ser um bom
caminho. Fazer um projeto de rede completo ajuda justamente na definição mais
precisa dos custos e, também, evita transtornos. Pode ser que o cliente contrate o
serviço de elaboração do projeto e, entretanto, não contrate o serviço de implantação
da rede logo após o projeto, pois o custo do projeto pode ser muito maior do que ele
imaginava e seja preciso fazer ajustes ou aguardar o momento mais adequado para
implantá-lo. Seu objetivo principal deve ser sempre o de propor o que é melhor para o
cliente, mesmo que isso cause a diminuição dos trabalhos que serão feitos.
Até aqui, você viu que a análise do negócio é o pilar do seu projeto. Toda razão de
existir do projeto é a necessidade e viabilidade da rede do cliente. Você precisa
entender o negócio do cliente para que a proposta seja adequada. Em seguida, você
deve conhecer em detalhes o funcionamento e comportamento da rede do seu cliente. É
pouco provável que seja feito um projeto totalmente novo. Normalmente o cliente já
tem uma rede em funcionamento. Como a solução deve ser feita para aproveitar e
melhorar o que já existe, permitindo a expansão e inclusão de novas tecnologias no
futuro, você deve caracterizar vários aspectos da rede existente.
3.1.1 Escalabilidade da Rede
É a capacidade que a rede tem de crescer. É o nível de crescimento que será projetado
para a rede do seu cliente. Em uma economia globalizada, o crescimento,
principalmente nas grandes empresas, pode ocorrer muito rápido e de forma
desordenada, se não existir um bom projeto. Dependendo da empresa, esse pode ser
um dos itens mais importantes de todo o projeto, pois um planejamento ruim de
escalabilidade pode custar muito para a empresa no futuro.
Muitos livros da área de redes ensinaram que normalmente vale a regra de que 80% do
tráfego da rede ocorre localmente e 20% para a rede WAN. Entretanto, isso está
mudando nos últimos anos, pois a tendência cada vez maior é a de haver usuários
espalhados geograficamente. Além disso, é crescente o número de empresas que estão
terceirizando parte do seu setor de tecnologia da informação para ter parte dos
servidores e sistemas externos à rede da empresa. O acesso e disponibilidade do link
com a Internet passam a ser algo estratégico para essas empresas.
3.1.2 Disponibilidade
A disponibilidade da rede está ligada ao tempo em que a rede está disponível para o
uso. Algo comum hoje em dia é ter a rede funcionando o tempo todo. Normalmente, a
disponibilidade é de 24 horas por dias e sete dias por semana. Um exemplo de
disponibilidade seria um fator de 98,21% de disponibilidade semanal. Isso significa que
a rede deve estar disponível 165 horas no total, em uma semana com 168 horas.
Assim, existe uma margem de aproximadamente 3 horas de indisponibilidade semanal.
3.1.3 Desempenho da Rede
Ao analisar os requisitos de desempenho da rede, você deve identificar claramente a
vazão, a eficácia, o retardo e o tempo de resposta da rede. Não é objetivo dessa etapa
estudar profundamente medidas de desempenho ou modelos matemáticos que possam
auxiliar o desempenho das redes. O foco principal é analisar se as medidas de
desempenho da rede existente atendem aos requisitos para a rede que será projetada.
Em links ou redes Wan, as medidas de precisão são feitas por meio da variável BER (Bit
error rate). Quando existe um contrato de fornecimento de rede WAN de uma
operadora essa taxa é definida em contrato.
3.1.11 Requisitos de Segurança
Nos tempos atuais o projeto de segurança é sem dúvida um dos itens mais importante
de um projeto de redes, pois o uso da Internet como meio de comunicação para ligar a
matriz às filiais já uma realidade para a maioria das empresas.
permitir o acesso externo aos servidores públicos sem que os dados dos
aplicativos internos sejam comprometidos;
autenticar usuários externos no acesso à determinados aplicativos utilizando ou
não VPN;
detectar e isolar intrusos antes que algum dano seja causado à rede;
garantir a integridade e confidencialidade dos dados dentro e fora da rede da
empresa.
3.1.12 Adaptabilidade da Rede
O seu projeto de rede deve prever o crescimento e incremento de novas tecnologias a
rede do seu cliente. É quase certo que isso ocorra em pouco tempo. Algumas metas de
crescimento podem ser definidas facilmente, pois o cliente pode ter um planejamento
estratégico que já prevê a necessidade de novas tecnologias ou expansão da rede,
entretanto, a previsão ou capacidade de entrada de novas tecnologias na rede deve
existir independente da definição prévia do cliente.
3.1.13 Capacidade de Gerenciamento
A capacidade, previsão e infraestrutura necessária para gerência da rede é um item que
não pode faltar, pois os problemas vão acontecer. Não existe rede perfeita ou que
nunca apresenta algum tipo de problema. Os sistemas e modelos de gerenciamento de
redes existem justamente para identificar, monitorar e contornar problemas na rede.
O que normalmente aumenta o custo de um projeto de rede são as tarifas mensais dos
links WAN ou contrato de serviço que a operadora oferece ao cliente. Além disso, existe
o custo de manutenção e administração da rede. Para tentar reduzir os custos:
No estudo da etapa de análise dos requisitos técnicos, você viu que é necessária a
análise da capacidade de crescimento, desempenho, requisitos de segurança e
capacidade de gerenciamento, entre outros itens.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
O que você faz quando encontra um obstáculo em algum projeto ou atividade que está
executando? Você enfrenta logo o problema? Você fica lamentando ou vai logo para a
“briga”? No trabalho de projetista, você vai perceber que determinados problemas
surgem como uma pedra bem grande e pesada no seu caminho. No entanto, ninguém
vai tirá-la do seu caminho. Cabe a você essa tarefa.
“O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo” (Antoine
de Saint-Exupéry).
4.1.3 Mapa de Rede
O mapa ou diagrama da rede é muito importante, pois ajuda na visão global de toda a
rede e, também, na visão segmentada conforme o modelo hierárquico, permitindo ver
mais detalhes das camadas de núcleo, distribuição e acessos da rede. Além disso, é
bom ter um mapa de cada localidade ou departamento com mais detalhes, pois isso
contribui muito para a resolução de problemas, configuração da rede e inclusão de
novas tecnologias. Sempre que necessário você pode ter uma visão global com
possibilidades de navegar no mapa da rede, fazendo um “zoom” ou visão detalhada de
cada parte ou segmento da rede.
Caso não exista nenhum mapa ou o mapa da rede existente for muito inconsistente,
você pode criar um mapa por meio de ferramentas ou softwares específicos ou utilizar
softwares que fazem uma varredura na rede e geram um mapa automaticamente.
Depois, você pode fazer ajustes no mapa gerado. Com isso, não terá o trabalho de
elaborar tudo “do zero”; entretanto, é preciso adquirir esses softwares específicos.
Com o AutoMap, você consegue gerar automaticamente um mapa da rede para o Visio,
fazendo uma varredura completa na rede, por meio de protocolos como o SNMP, SIP,
NetBIOS, ICMP e rDNS, além de outros proprietários como o WMI, CDP ou EDP. Entre
as diversas possibilidades dessa ferramenta podemos citar:
identificar classes de IP permitidas e proibidas;
limitar a velocidade de varredura no intervalo de 64Kbs a 640Kbs para evitar o
congestionamento na rede;
indicar a faixa de IPs que serão descobertas;
permitir a varredura através dos firewalls;
salvar o mapa da rede em páginas web;
identificar links como Spanning Tree, subredes e VLANS;
identificar equipamentos gerenciáveis e não gerenciáveis nas plataformas
Windows e Linux;
identificar automaticamente SIP Phones, servidores e gateways;
Na prática, a ferramenta Codima Toolbox é um software de monitoramento e gerência
de rede, pois, com a aquisição de outros complementos, você pode adicionar muitas
funcionalidades.
A ferramenta livre Dia oferece recursos similares ao Visio. Para baixá-la, acesse este
endereço. Apesar de ter muitos recursos e ser um software livre, essa ferramenta tem
recursos e facilidade inferiores ao Visio.
Como forma adicional de identificação da rede atual e que também deve ser feita para o
projeto da nova rede, recomenda-se a elaboração de plantas baixas, incluindo
perspectivas tridimensionais de prédios da topologia física da rede. Você pode conseguir
uma planta arquitetônica do prédio ou de todas as localidades do cliente para elaborar
uma planta que apresente a localização física dos servidores e equipamentos da rede.
4.1.4 Fiação e Mídia
Relacione todo o cabeamento utilizado e as tecnologias sem fio. Indique se é fibra, o
tipo da fibra, se é coaxial, par trançado, infravermelho, laser ou rádio, entre outros.
A planta arquitetônica ajuda muito, pois você pode incluir uma legenda que especifique
o tipo de cabo. Além disso, você pode criar tabelas para identificar em cada prédio ou
localidade os seguintes itens:
Ao levantar e documentar a situação atual da rede, você deve aproveitar para identificar
situações da rede atual que podem comprometer o projeto da nova rede ou que
deverão ser tratadas no projeto de tal forma que o problema ou situação seja
solucionado na nova rede. Você deve verificar se:
A rede pode ter problemas de desempenho por vários motivos. Entretanto, existem
alguns itens que são mais recorrentes ou estratégicos que os demais, e podem
comprometer o funcionamento da rede (TANENBAUM, 2003). Entre eles, podem-se
citar:
sobrecarga repentina de roteadores da rede;
desequilíbrio de recursos da rede;
ajustes de tempos na retransmissão de informações (timeouts);
aplicações multimídia são sensíveis ao tempo e a largura de banda;
processamento rápido das unidades de transporte.
Para melhorar ou identificar problemas de desempenho é fundamental fazer medições.
De acordo com Mogul (1993) o loop básico de medição deve contemplar:
medir os parâmetros relevantes e o desempenho da rede;
tentar entender o que está acontecendo;
alterar um parâmetro.
O ideal é ter uma medição por segmento de rede ou por localidade, pois podem existir
problemas localizados. É Importante ter um percentual de utilização geral da rede à luz
da utilização de todos os segmentos da rede.
IP
NetBIOS
IPX
AppleTalk
Outro
Cada tópico em um projeto de rede pode aprofundar mais no assunto ou levantar dados
mais superficiais. O nível de detalhamento e quantidade de itens referentes à análise da
rede vai depender das exigências do cliente ou das características do projeto. Além dos
itens apresentados você pode identificar:
No mundo competitivo com excesso de informações e conhecimento que temos que ter
para atender muitas demandas, tão importante quanto ter o conhecimento é saber que
pode te ajudar em áreas específicas. Um bom profissional na atualidade não é o que
sabe tudo, pois isso é difícil. O mérito é ter uma visão global, ser especialista em
algumas áreas e ter uma boa equipe ou rede de relacionamento de profissionais que
podem ajudá-lo sempre que necessário. Isso inclui saber utilizar as ferramentas de
trabalho adequadas para determinadas situações. Entre as ferramentas disponíveis no
mercado você deve escolher a que apresenta uma melhor relação custo benefício e que
atende às necessidades do seu projeto. Consulte a relação de ferramentas disponíveis
na Aula 3.
Na próxima aula, você verá como se dá a análise do tráfego da rede. Até lá!
Antes de identificar as origens e os destinos do fluxo dos dados, você deve identificar e
caracterizar as comunidades ou grupos de usuários que utilizam a rede. Agrupar
usuários com características de acesso similares ajuda e facilita a análise do tráfego,
simplificando a análise entre a origem e o destino, pois basta identificar o tráfego de um
usuário da mesma comunidade e do mesmo segmento de rede para definir determinado
comportamento. Não há necessidade de repetir a varredura e identificação de outros
usuários com o mesmo comportamento. Você até pode fazer isso só como forma de
checar se os dados são coerentes. Utilize a Tabela 5.1 para identificar a comunidade de
usuários existentes.
A medição do fluxo de tráfego de rede entre origens e destinos é feita em Mbytes por
segundo. A medição entre as entidades envolvidas na comunicação é feita por meio de
analisadores de protocolos ou sistemas de gerência de redes. Ao medir o fluxo do
tráfego é fundamental identificar o caminho ou percurso que os pacotes percorrem
durante a comunicação. Para identificar o caminho (rota), você pode ativar a opção de
gravação de rota disponível nas ferramentas de gerência de rede. A Tabela 5.3 auxilia a
caracterização do fluxo de tráfego de rede.
Origem 1
Origem 2
Agora, você deve classificar o fluxo do tráfego dos aplicativos. Entre as categorias
existentes, a lista a seguir apresenta os tipos de fluxo mais conhecidos:
Para caracterizar o tráfego dos aplicativos, indicando o tipo de fluxo de dados entre eles
é sugerida a utilização da Tabela 5.4.
Um item em especial da Tabela 5.4 deve ser verificado com atenção, pois, caso existam
aplicativos com requisitos de QoS, é preciso identificá-los para que o projeto de rede
possa fornecer os recursos necessários para o seu correto funcionamento. A qualidade
de serviço (Quality of Service – QoS) é o termo que define os requisitos e demandas e
garantias de recursos a uma conexão de rede para atender às necessidades de
determinadas aplicações. Através da definição de parâmetros específicos, você
determina como a rede deve se comportar para que uma determinada aplicação
funcione de forma aceitável. Por exemplo: uma webconferência precisa de requisitos
mínimos para que ocorra de forma aceitável.
Quando existe um prestador de serviço para os links WAN é comum existir um contrato
de acordo de nível de serviço, também conhecido por Service Level Agreement (SLA). O
SLA é um contrato entre o usuário e o provedor de serviços que especifica requisitos e
um comportamento pré-definido dos links WAN. O próprio provedor pode gerar gráficos
de controle do comportamento dos links fornecidos ou o próprio cliente pode monitorar
ou gerenciar o tráfego e o fluxo dos dados que passam pelos links WAN para verificar se
o contrato SLA está sendo cumprido.
Nesta aula você viu que, para analisar o tráfego atual de uma rede, você deve
caracterizar o desempenho da rede, relacionando o percentual de utilização dos
seguimentos e o comportamento do tráfego da rede. Aprendeu a identificar, ainda, o
fluxo do tráfego entre os computadores, comunidades de usuários e locais de
armazenamento dos dados.
Antes de definir a topologia lógica macro da rede e iniciar um pequeno esboço de como
ficará o diagrama ou mapa da rede você deve verificar se existe a necessidade de
redundância. Caso o cliente tenha requisitos mais exigentes de disponibilidade e
segurança pode ser necessário modificar ou incluir redundância de links nas camadas de
núcleo, distribuição e acesso. Com isso, é possível eliminar pontos críticos de falha que
podem desativar aplicativos críticos. Discuta isso com o seu cliente. É importante que
ele tenha uma noção do impacto que essa medida pode ocasionar no custo final do
projeto. Uma reunião com o cliente sobre esse assunto pode evitar muitos transtornos
ou trabalho desnecessário.
É bem provável que você não saiba usar o AutoCAD ou não tenha conhecimentos
suficientes para fazer ou modificar uma planta arquitetônica de um cliente.
Normalmente as empresa que trabalham com cabeamento estruturado possuem
profissional com domínio no AutoCAD. Quando existe um profissional que já tem
experiência em plantas arquitetônicas de projeto de redes é bem mais fácil, pois é bem
diferente fazer uma planta para decorar um construir uma casa ou sala do que fazer
uma planta para um projeto de rede. Existem especificidades nesse trabalho que só a
experiência ou conhecimento específico na área de redes é que permitem um trabalho
mais rápido e de qualidade.
De acordo com a RFC 1918, foram definidas três classes de endereços reservados que
podem e devem ser utilizadas nas redes internas das empresas. As faixas das classes
reservadas são:
1. De 10.0.0.0 a 10.255.255.255;
2. De 172.16.0.0 a 172.31.255.255
3. De 192.168.0.0 a 192.168.255.255.
6.5 Projeto e Modelo de Nomenclatura de Rede
A atribuição de nome dos computadores, servidores e elementos de rede é, sem dúvida,
um dos aspectos que influencia diretamente no dia a dia do usuário, pois o nome dos
computadores é algo que está ligado diretamente ao trabalho diário do usuário. A falta
de um modelo de nomenclatura de rede é algo delicado, pois muitas empresas ficam
constantemente fazendo manutenções na rede para adequar uma nomenclatura por
falta de projeto. Isso gera um transtorno muito grande para os administradores da
rede. Além disso, um bom projeto de nomenclatura ajuda muito o trabalho e o controle
do setor de patrimônio das empresas. Quando a nomenclatura é organizada e
estruturada o analista de patrimônio consegue identificar e contabilizar mais facilmente
os componentes da rede.
O planejamento da gerência de rede para o seu cliente pode evitar muitos transtornos
ou identificar problemas de desempenho que podem ser causados devido ao tráfego de
informações de gerência na rede. Por exemplo, a quantidade de tráfego causada
pelo polling (sondagem) de gerência pode ser significativa, impactando
consideravelmente no desempenho da rede.
A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen
diz: "Nós somos a soma das nossas decisões". Essa frase acomodou-se na minha massa
cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a
gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e
de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de
ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a
arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num
excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir
entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando
amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento
fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e
responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...
Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a
vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.
Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para
arcar com as conseqüências destas ações.
Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de
chance de darem errado. A escolha é sua...!
Você já fez suas escolhas? Vai ser advogado ou projetista de redes? Ao escolhermos um
caminho, estamos abrindo mão de muitas coisas e, também, assumindo compromissos.
Na vida nada acontece por acaso. Tudo é uma questão de escolhas; ao elaborar um
projeto de rede você terá de fazer muitas delas. A chance ou a probabilidade de a
escolha ser a melhor para o cliente vai depender do tempo investido na elaboração do
projeto. Você deseja propor um bom projeto físico para o seu cliente? Já investiu o
tempo necessário nas etapas anteriores para que a etapa de projeto físico seja bem
sucedida?
Uma dica importante é ficar atento aos integradores de soluções de redes. Alguns
fornecedores de soluções de cabeamento, dispositivos de rede e servidores tendem a
fazer parcerias com exclusividade para um determinado fornecedor. Com isso, pode
existir uma empresa que tenha uma proposta muito boa para o cabeamento e
infraestrutura de rede; entretanto, a solução de servidores e tecnologias de acesso
remoto da rede WAN, talvez não seja boa, pois tem vício (solução imposta devido ao
contrato de exclusividade) na proposta.
A sugestão é ter propostas com preços e soluções separadas para cada parte
importante da rede. É interessante que exista uma proposta só para cabeamento
estruturado, outra só para servidores e estações de trabalho e outra só para os
elementos de rede, incluindo switches e roteadores, entre outros. As propostas devem
seguir exatamente o que consta no seu projeto. Com isso, o seu cliente tende a
conseguir melhores preços e uma solução global isenta de itens que não sejam os mais
indicados para as suas necessidades. O ideal é ter fornecedores com grande domínio e
boas referências na área específica em que trabalham.
ESTUDOS DE CASO
Antes de prosseguir em seus estudos sobre Projeto de Redes e Segurança, leia com
atenção os exemplos relacionados acima. Eles irão enriquecer imensamente seu
repertório acadêmico, relacionando a teoria estudada à prática da etapa de elaboração
do projeto físico da rede. Bom proveito!
Na vida nada acontece por acaso. Você será o que planeja ser. Se você planeja ser
apenas um técnico em informática é bem possível que seja isso no futuro, pois não é
garantido que seja; entretanto, a tendência é que chegue muito perto disso.
Muito me incomoda quando as pessoas reclamam da vida. Dizem que está tudo muito
difícil. Tem gente que parece não ter mais a própria feição, pois a cara amarrada já faz
parte da própria fisionomia da pessoa. Se vir essa pessoa com a cara feliz vai até
estranhar.
Você é do tipo que reclama que a vida é difícil? Fala mal do governo e dos políticos?
Reclama da falta de dinheiro? Você acha que a situação é ruim? Agora eu te pergunto:
baseado em que você reclama de tudo isso? Comparado com o quê? Você acha que a
vida é difícil só para você? Você acha que não existem milhões de pessoas no mundo
com uma situação mais difícil que a sua?
Se conselho fosse bom a gente vendia muito caro, pois normalmente não funciona. A
“ficha” da pessoa só cai quando ela consegue perceber por si mesma. Você lembra de
coisas que aconteceram na sua infância, adolescência, período de escola ou faculdade
que foram uma lição de vida, entretanto, a “ficha” caiu muitos anos depois?
Antes de reclamar da vida tente fazer algo para mudar seu rumo. Faça seu projeto de
vida. Saiba que a vida não é fácil. Conseguir algo demanda força de vontade e
dedicação. Se batalhar pelo que deseja é bem provável que consiga mais do que
planejou. Dessa forma, vai perceber que na vida nada acontece por acaso.
Implantar um projeto de rede é concretizar o que foi planejado. Nesse momento, você
vai verificar o que pode ser aprimorado. Se o planejamento foi bem feito, vai perceber
que realmente nada acontece por acaso. O sucesso da implantação do seu projeto não
será obra do acaso, e sim uma colheita de frutos de trabalhos anteriores.
8.1 Implantação da Rede
Uma vez elaborado o projeto da rede, você pode passar para a etapa de implantação da
rede. Essa etapa é responsável por concretizar todo o planejamento realizado até então,
ou seja, realizar todas as atividades necessárias para a criação da nova rede. Numa
visão mais detalhada, nós podemos segregar a etapa de implantação nos seguintes
conjuntos de atividades:
1. aquisição de equipamentos, materiais e serviços necessários ao projeto da rede;
2. implementação e configuração da rede;
3. testes da rede;
4. operação assistida e otimização da rede;
5. gerência e monitoramento da rede;
6. documentação da rede.
8.1.1 Aquisição
Essa atividade é necessária para a obtenção de produtos (bens e serviços) externos às
organizações, determinando o quê e quando contratar, documentando os requisitos do
produto e identificando os fabricantes potenciais.
Pontos a ressaltar:
8.1.2 Implementação e Configuração
A execução da implementação da Rede deverá contemplar as seguintes atividades:
Vale ressaltar que é fundamental que o projeto forneça todos os detalhes para que a
implementação seja um conjunto de atividade procedimentais; ou seja, basta seguir os
roteiros e documentos gerados na etapa de projeto que a implementação ocorrerá com
sucesso. Uma vez criada a rede, nós podemos passar para a fase de testes do novo
ambiente.
8.1.3 Testes da Rede
Consiste na execução de procedimentos e avaliação dos resultados quanto a sua
aderência aos padrões aceitáveis para operação da rede. Uma boa prática é definir e
formalizar quais testes serão realizados, bem como os critérios de aceitação, ainda na
fase de projeto da rede.
Caso haja pendências que impeçam a aceitação da rede, o projetista deve avaliar os
resultados e implementar os ajustes necessários para que os critérios de aceitação
sejam atingidos. Após a retirada das pendências, uma revisão do relatório dos testes
deverá ser emitida, registrando a referida mudança do ambiente.
Esse apoio técnico tem como objetivo promover a migração dos serviços do cliente por
meio de redes existentes para as novas redes e implantadas, bem como acompanhar se
os novos serviços de rede implantados estão atendendo às necessidades dos clientes,
de acordo com os requisitos levantados na etapa inicial do projeto da rede.
Outra atividade que deve ser realizada na operação assistida é a otimização ou ajuste
de configurações na rede para melhor se adequar às necessidades do cliente,
possibilitando um uso eficiente da nova infraestrutura de rede implantada. Apesar de
todos os levantamentos de dados, simulações e testes, somente quando a rede entrar
em operação é que o projetista terá certeza do comportamento dos aplicativos e, por
conseguinte, da rede. Por meios de monitoramento e gerência da rede (tópico a seguir),
o projetista poderá “tirar uma foto” do comportamento da rede e atuar com ajuste para
buscar um melhor desempenho da nova estrutura. Como possíveis ajustes necessários,
podemos citar:
ajustes nos parâmetros de QoS, como largura de banda por classe, tamanho de
buffer, segregação dos tipos de tráfego por classe etc.
agregação de links para uplinks;
criação de novas VLANs;
adequação de regras de roteamento;
uso de muticasting;
monitoramento e acompanhamento detalhado de pontos específicos da rede.
Como já se disse, para que um profissional possa atuar de forma eficaz e eficiente no
acompanhamento da operação da rede, é fundamental que ele tenha dados concretos e
atualizados sobre a rede. Para que isso seja possível, deve-se implementar algum
processo de monitoramento e gerência do ambiente de rede, sendo esse o assunto do
próximo tópico.
A prática da gerência de redes tem como objetivo tornar a operação ou manutenção das
redes mais fácil e eficiente evitando, assim, que o bom funcionamento da rede dependa
exclusivamente da competência do gerente da rede.
Você pode questionar: por que a gerência de redes é tão importante? Por que não
conectamos os equipamentos de redes e simplesmente os deixamos funcionar? Existem
muitas razões convincentes que fazem da gerência de redes algo tão importante. Com a
contínua automação e investimento em infraestrutura de redes, torna-se fundamental o
uso efetivo de gerência da rede, pois os custos iniciais de computadores, switches,
roteadores, servidores etc., são apenas uma pequena fração do custo total da
implementação e operação das redes. A manutenção e operação das redes numa
organização envolve pessoas altamente qualificadas, recursos e investimentos. Para que
esse trabalho seja possível e eficiente, devem-se buscar tecnologias que tornem essa
tarefa menos complexa (STALLINGS, 1999).
Figura
8.1 – Arquitetura genérica de gerência de redes
Dispositivos gerenciáveis
Um equipamento qualquer da rede, chamado de dispositivo de rede, poderia
disponibilizar informações úteis à gerência de rede. Por exemplo, um switch poderia
armazenar a quantidade de pacotes processados por ele em um dado intervalo de
tempo. Quando o dispositivo tem essa capacidade de computar, armazenar e
disponibilizar informações relevantes à gerencia de rede, ele passa a ser chamado de
dispositivo gerenciável.
Processo gerente (estação de gerência)
O processo gerente tem como função fazer as requisições aos processos agentes
localizados nos dispositivos de rede. Geralmente esse processo é realizado por um
software numa determinada máquina (estação). A esta máquina dá-se o nome de
“estação de gerência”.
Um único processo gerente pode controlar vários processos agentes que, por sua vez,
podem controlar, cada, diversos objetos gerenciáveis em um ou mais dispositivos
gerenciáveis.
Processo agente
São as funções utilizadas por agentes e gerentes para promover a troca de informações
de gerência. São típicas em qualquer padrão ou sistema de gerência. As funções mais
básicas são:
O modo como o SNMP opera é aquele em que a estação de gerenciamento envia uma
mensagem a um agente solicitando informações a ele ou forçando-o a atualizar seu
estado de alguma forma (Figura 8.2). Em geral, os agentes simplesmente respondem
com as informações solicitadas ou confirma que atualizou seu estado da forma
solicitada.
Figura 8.2 –
Operação do SNMP
HP OpenView (Hewlet Pecket);
AccView (Accton);
LANalyzer (Novell);
Spectrum (Cabletron System);
EcoSCOPE (Compuware);
Transcend (3Com);
DecView (Digital);
TNG e Sniffer Pro (Computer Associated);
Tivolli – Enterprise Manager (IBM);
RRDTool e CACTI
Multi Router Traffic Grapher (MRTG);
Nagios
CiscoView (Cisco).
Uma vez que sabemos que a pintura abarca tudo o que a natureza produz e tudo o que
as operações humanas criam, ou, em outras palavras, tudo o que é visível, parece-me
pobre o mestre que só sabe fazer um tipo de figura.
Não vês o número e as diferenças dos gestos de um homem? Não vês como são
diversos os animais e também as árvores, ervas, flores e vários os lugares, montanhas,
planícies, fontes, rios, cidades, edifícios públicos e privados, máquinas úteis aos
homens, diferentes as roupas, os ornamentos, as artes? Todas essas coisas devem ser
perfeitas e bem executadas por aquele que merecerá ser chamado bom mestre.
Você é do tipo que segue uma rotina de vida ou gosta de variar? Você aceita uma
informação ou método sem questionar? A natureza, a ciência e o mundo são tão
repletos de surpresas, diversidades e mudanças! Não variar as idéias ou buscar outras
formas é como ir contra a própria natureza.
Mesmo que você tenha um modelo de projeto, é bem provável que a natureza do
negócio e as características do projeto que você vai desenvolver sejam diferentes do
modelo que você tem. Sempre haverá algo diferente a ser feito. Concorda?
Outro ponto importante a destacar é que os estudos de caso apresentados têm como
premissas os conhecimentos de tecnologias e funcionalidade de equipamentos de redes
e de TI adquiridos em aulas anteriores do curso. Contudo, sempre serão apresentadas
referências bibliográficas, principalmente sites de fabricantes, para que você possa
consultar o assunto ou relembrar conceitos básicos.
Como se pode observar na descrição deste estudo de caso, o primeiro contato sempre
traz informações de alto nível sobre a necessidade do cliente. Geralmente, assim como
aconteceu na Network, o primeiro contato é feito entre o cliente e um representante
comercial da empresa prestadora de serviço, sendo natural que as primeiras
informações sejam bastante abertas e incompletas. Isso ratifica a importância da etapa
de levantamento e análise dos requisitos do cliente.
Uma característica comum nos projetos de rede para empresas de pequeno porte é a
demanda integrada da parte de redes (telecomunicações) com a parte de infraestrutura
de TI. Como a demanda é pequena, ou seja, poucos usuários e poucos recursos de TI, é
normal que o projetista da solução contemple tanto a parte de rede quanto a parte de
infraestrutura de TI (servidores, desktops, impressoras etc.). Como o objetivo do
estudo de caso é a praticidade, será aberta uma exceção neste estudo de caso e
dada a solução completa, pois o cliente deve ser sempre bem atendido!
Uma dica importante para o projetista que ainda não tem experiência na área de
infraestrutura de TI é estabelecer parcerias com outras empresas que são especialistas
nessa área. Há muitas empresas de informática que só trabalham com projeto de
cabeamento estruturado ou venda de servidores e estações de trabalho para a demanda
de infraestrutura de empresas.
Conforme a aula de Análise dos Requisitos (Etapa 1), será apresentado um questionário
(checklist) de levantamento e refinamento das informações da demanda do cliente.
Esse tipo de levantamento é feito por meio de visitas e entrevistas com usuários e
solicitantes do projeto. Os itens desse questionário evoluem de uma lista vinda de
referência bibliográfica para uma versão amadurecida e revisada a cada projeto
executado pela empresa ou projetista de rede.
Junto com o questionário, apresentam-se as respostas do cliente do estudo de caso.
Vale ressaltar que as respostas são objetivas porque o projetista sempre deve interagir
e refinar as questões para que o cliente expresse exatamente o que deseja. Como se
disse anteriormente, as repostas são apresentadas já na sua forma sucinta, como
segue:
5. Previsão de crescimento?
9. Layout do escritório?
R: Os usuários podem ficar sem rede. Temos formas alternativas para entregar os
trabalhos para os clientes. Deve haver backup do servidor de arquivos.
Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos), as seguintes informações foram geradas e validadas em conjunto:
Serviço de correio
E-mail
Web
Sim Pouco crítico Baixo 90%
Outras informações sobre a caracterização dos usuários e seus perfis podem ser
observadas na tabela a seguir:
Ainda sobre o projeto lógico da rede, conforme se comentou anteriormente, será usada
somente uma rede IP, dado o tamanho do escritório. Para isso, foi usada a faixa de
endereços privados (ou não válidos na Internet) da rede 192.168.1.0 e máscara classe
C padrão. A Tabela 9.3 apresenta a definição do tipo de endereçamento, faixa de
endereços, máscara e padrão de nomes para cada tipo de equipamento na rede do
escritório da Empresa X.
IP00-IP99 e PT00-
Impressoras e Plotter Estático 192.168.1.11-192.168.1.30 255.255.255.0
PT99
SW00-SW99 e RT00-
Ativos de rede Estático 192.168.1.1-192.168.1.10 255.255.255.0
99
TI
Custo
Descrição Código Qtdd
Unit. Total
Servidor HP com 2 Intel Xeon 2.8 GHz, 4 GB RAM, 6 Discos SCSI R$
Proliant DL 380 1 R$ 15.000,00
146 GB, Controladora RAID, Formato 2U 15.000,00
R$
Unidade de Backup HP Ultrium 960 e cartuchos, LTO 400/800 GB Q1539B 1 R$ 2.800,00
2.800,00
Desktops (técnicos), Intel® Core™2 Duo, 2 GB de RAM, HD 160 Positivo Corp R$
10 R$ 2.300,00
GB N6080 23.000,00
R$
Impressora laser P&B HP InkJet 4250N 1 R$ 1.200,00
1.200,00
HP Designjet R$
Plotter 1 R$ 7.500,00
4000 7.500,00
R$
Subtotal
57.800,00
Rede
Custo
Descrição Código Qtdd
Unit. Total
R$
Roteador Cisco com IOS de Firewall CISCO1841 1 R$ 4.500,00
4.500,00
R$
Módulo Serial para Roteador Cisco WIC-2T 1 R$ 1.500,00
1.500,00
WS-C2960- R$
Switch Cisco 24 10/100 + 2 10/100/100 1 R$ 3.000,00
24TC-S 3.000,00
R$
Subtotal
9.000,00
Custo
Descrição Código Qtdd
Unit. Total
R$
Rack fechado 44 U, 19" Rack Miracel 1 R$ 3.500,00
3.500,00
R$
Subtotal
14.200,00
Serviços
Custo
Descrição Código Qtdd
Unit. Total
R$
Serviço de Projeto e Instalação - Empresa Network Network 1 R$ 8.000,00
8.000,00
R$
Instalação do Circuito Internet de 1 Mbps Embratel 1 R$ 1.500,00
1.500,00
R$
Subtotal
9.500,00
R$
Total Investimento
90.500,00
Custeio
Custo Mensal
Custo
Descrição Qtdd
Unit. Total
R$
Aluguel do Circuito Internet de 1 Mbps Embratel 1 R$ 1.650,00
1.650,00
R$ R$
Suporte Mensal (Franquia de 4 horas) Network 1
250,00 250,00
R$
Subtotal
1.900,00
R$
Total Custeio
1.900,00
Assim que o projetista tiver a solução especificada e precificada, ele deve obter a
aprovação do cliente para iniciar os processos de compra e contratações. É uma boa
prática solicitar, no mínimo, três propostas de fornecedores diferentes para a mesma
relação de produtos apresentada na Tabela 9.4, de investimento e custeio. Procure
minimizar o número de empresas contratadas, a fim de diminuir os problemas de
prazos de entrega, garantias, instalação e pós-venda dos produtos.
Para Saber Mais
A seguir, apresenta-se uma lista de sites de fabricantes utilizados para a solução deste
projeto. Nesses sites é possível obter informação mais detalhadas sobre as
especificações dos equipamentos e materiais:
CISCO
HP
APC
DELL
POSITIVO
POLICOM (rack)
FURUKAKAWA
EMBRATEL
Etapa 4 – Implantação
A Etapa de implantação é caracterizada pela execução do projeto propriamente dito.
Toda a análise e desenho da solução entram numa fase de materialização do
planejamento realizado. A seguir, são apresentadas as atividades executadas para a
implantação da rede e infraestrutura de TI na Empresa X:
1. Compra dos equipamentos e contratação dos serviços (cabeamento e link de
acesso à Internet).
2. Instalação do cabeamento estruturado no escritório.
3. Acompanhamento da certificação do cabeamento estruturado.
4. Recebimento e verificação dos equipamentos.
5. Instalação de toda a infraestrutura de TI e equipamentos de rede.
6. Configuração dos equipamentos e ativação do link Internet.
7. Teste de carga no link Internet. Podem-se usar scripts
para donwload e upload de arquivos grandes usando sites de FTP públicos na
Internet.
8. Realização de simulações para os equipamentos de proteção como, por
exemplo, nobreak.
9. Realização de operação assistida por cinco dias após inauguração do escritório.
10. Documentação de todo o projeto, inclusive com as configurações finais dos
equipamentos.
11. Documentação dos possíveis erros ou problemas como lições aprendidas.
12. Recebimento do ACEITE do cliente para o produto entregue pelo projeto.
Nos próximos estudos de casos, será adotada uma descrição mais direta e objetiva do
desenvolvimento do projeto, uma vez que no primeiro estudo já se apresentaram
algumas sugestões e dicas que podem ser utilizadas pelo projetista em todos os tipos e
portes de projetos, não fazendo sentido descrevê-las novamente.
Nesta aula, você estudou um exemplo prático (estudo de caso) de projeto de redes de
uma empresa de pequeno porte. Abordaram-se todos os itens e metodologia de projeto
de redes apresentados nas aulas anteriores. O exemplo baseou-se em casos reais,
incluindo orçamentos, especificação de produtos e topologia. Além disso, foi comentado,
a fim de facilitar a compreensão e a prática do seu trabalho futuro de renomado
projetista de redes.
A próxima aula dará continuidade à apresentação de outros dois estudos de caso, dessa
vez, relacionados a empresas de médio e grande porte. Até lá!
Comunidade de Largura
Local Quantidade Aplicações usadas
usuário de Banda
Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos), as seguintes informações foram geradas e validadas em conjunto:
Nome da Tipo da
Novo Nível de Custo de
aplicação ou aplicação ou Disponibilidade Comentários
(S ou N) Importância inatividade
serviço serviço
Controle
Cliente/Server Não Crítico regular Baixo 97% 1 dia parado por mês
Financeiro
Serviço de correio
E-mail Não Pouco crítico Baixo 97% 1 dia parado por mês
Web
Internet Acesso à Internet Sim Pouco crítico Médio 97% 1 dia parado por mês
Servidor de Diretório
Não Pouco crítico Baixo 97% 1 dia parado por mês
Arquivos MSWindows
Neste projeto, a indisponibilidade acordada com o cliente foi de 6 horas por mês, para
os sistemas mais críticos. Isso exige links de qualidade, pois as filiais dependem da
WAN para acessar os sistemas.
Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN serial
para a filial internacional. O roteador deve possuir sistema operacional com
funcionalidades de segurança (firewall/VPN) e roteamento estático (que é básico).
A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas.
Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN serial
para a filial regional. O roteador deve possuir sistema operacional com
funcionalidades de roteamento estático (que é básico). A capacidade de
processamento deve ser compatível com as interfaces demandadas.
Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN
FastEthernet para a filial local. A interface WAN será conectada à interface
FastEthernet do rádio que implementa o link com a matriz. O roteador deve
possuir sistema operacional com funcionalidades de roteamento estático (que é
básico). A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas.
Um roteador com uma interface LAN FastEthernet, duas interfaces seriais e uma
interface WAN FastEthernet para a matriz. A interface WAN FastEthernet será
conectada à interface FastEthernet do firewall. O roteador deve possuir sistema
operacional com funcionalidades de roteamento estático (que é básico). A
capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces demandadas.
Um firewall com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN
FastEthernet para a matriz. Suporte a VPN IPSec e com funcionalidade de
proteção. A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas e o número de usuários da Empresa Y.
Os detalhes e as informações técnicas apresentadas no dimensionamento poderão ser
encontrados nos sites dos fabricantes dos equipamentos que serão apresentados na
próxima seção (Etapa 3 – Projeto físico).
No caso do enlace de rádio, foi adquirido um kit (rádio e sistema irradiante) para servir
de reserva e uso em caso de problemas. Isso se fez necessário para garantir a
disponibilidade exigida pelo cliente.
Assim que o projetista receber o ACEITE do cliente, pode considerar o projeto como
entregue.
Projetar uma rede local (LAN) para datacenter com alta escalabilidade
(crescimento), alto desempenho e alta disponibilidade.
Uso de servidores em racks (blades) e cada servidor deve ter redundância no
acesso à rede local do datacenter. As blades possuem switch interno (Cisco 3020).
Os servidores devem ficar agrupados e em VLANs distintas.
A solução deve prover balanceamento de carga, pois vários servidores atendem
a um determinado serviço.
Todas as aplicações/sistemas são WEB e em três camadas: camada WEB, de
aplicação e de banco de dados.
A empresa atende simultaneamente, em média, 2.000 usuários por segundo.
Independente da aplicação WEB, cada usuário gera um tráfego de 15 kbps.
O acesso à Internet é com redundância.
Uso da rede 172.22.0.0/16 para endereçamento.
Os equipamentos devem ser de alta qualidade/disponibilidade, pois o negócio da
empresa depende da infraestrutura de rede.
Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos) foi feita uma caracterização do perfil das aplicações (Tabela 10.5):
Todas
Extremamente 10 minutos por
aplicações WEB Não Alto 99,999%
Crítico semana
WEB
ASA5520:
Switch 6509:
o switch deve ser modular que com uma alta quantidade de portas disponibiliza
os mais altos níveis de segurança, virtualização, gerenciamento, comunicações
IP, wireless, flexibilidade, escalabilidade que permitem trafegar voz, dados e vídeo;
quantidade de Slots: 9;
Gbics e Mini-Gbics: 386;
portas 10/100/1000: 385;
portas 10/100: 768;
portas 100base-FX: 384;
backplane da processadora: 720Gbps;
suporte a módulos de balanceamento de conteúdo;
suporte a módulos com taxa de 10Gigabit Ethernet.
A estratégia é ter dois links de 34 Mbps (2000x 15 Kbps) para acesso à Internet. Nesse
link deve ser implementado roteamento dinâmico (OSPF) para implementar a alta
disponibilidade de acesso à Internet.
Endereçament Máscara
Equipamento Faixa de Endereço Padrão de Nomes
o
de rede
172.22.7.0-
Servidores e VLANS SRVYYYXX
Estático 172.22.255.255 255.255.255.0
Vale ressaltar que, na nomenclatura da tabela anterior, XXX se usa para numeração e
YYY para sigla do serviço WEB. Agora, pode-se partir para a etapa de especificação dos
equipamentos, materiais e serviços necessários à instalação da rede.
CISCO
OI
Etapa 4 – Implantação
Como se viu anteriormente, na Etapa de Implantação temos a execução do projeto
propriamente dito. A seguir, apresentam-se as atividades executadas para a
implantação da rede e infraestrutura de TI na Empresa Z:
Assim que o projetista receber o ACEITE do cliente ele pode considerar o projeto como
entregue. É sempre bom o projetista pegar algum documento formal do cliente
descrevendo o trabalho realizado e seus resultados. Isso pode servir como um bom
cartão de apresentação para novos desafios!
Até aqui, esperamos que você tenha tirado bom proveito do contudo apresentado
durante as aulas. Bons projetos e sucesso!
Referências
Básica
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Design – CID Exam 640-025. Makron. 2003.
OPPENHEIMER, Priscilla. Projeto de Redes Top-Down - Um Enfoque De Análise De
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Complementar
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COMER, Douglas E. / Stevens, David L., Interligação em Redes com TCP/IP. Vol.2.
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mais que hoje, 2007. Disponível em:
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Informação – Guia Prático para Elaboração e Implementação. Ciência Moderna,
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sistemas para o projeto de redes empresariais. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
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ZWICKY, E., COOPER, S., CHAPMAN, B. Building Internet Firewalls. 2nd Edition.
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