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Projetos de Redes de Segurança

Objetivo
EMENTA
Identificação das Necessidades e Metas dos Clientes. Contextualização do PMI (PMBOK)
em projetos de TI. Projeto Lógico da Rede. Projeto Físico da Rede. Apresentação da
proposta de Projeto LAN. Documentação da Rede. Apresentação de Projeto LAN.
Apresentação da Proposta de Projeto WAN. Apresentação de Projeto WAN.

OBJETIVOS

Geral:
Analisar a metodologia para a elaboração de um projeto de redes, apresentando os
caminhos a serem seguidos no percurso. Conhecer e compreender as boas práticas em
gerenciamento de projetos, à luz do PMI (PMBOK), que podem ser utilizadas no
planejamento, desenvolvimento e acompanhamento de um projeto de redes

Específicos:
Ao final desta disciplina, espera-se que você seja capaz de:

 identificar as necessidades do cliente para elaborar um projeto de rede LAN ou


WAN;
 identificar e caracterizar as cinco mentas de um projeto eficaz – funcionalidade,
escalabilidade, adaptabilidade, gerenciabilidade e eficácia em termos de custo;
 estabelecer metas junto com o cliente em projetos de rede LAN e WAN;
 definir requisitos-chave para a elaboração de um projeto de rede LAN e WAN;
 identificar e caracterizar o acordo-chave que deve ser feito na maioria dos
projetos de redes (definir a relação custo versus disponibilidade do projeto);
 caracterizar as etapas e a metodologia de desenvolvimento de um projeto de
redes, conforme as especificidades do cliente;
 propor uma metodologia de trabalho;
 identificar e caracterizar as etapas para uma boa metodologia de projetos de
redes;
 relacionar uma metodologia de projeto de redes com os fundamentos de projeto
de TI do PMI;
 contextualização do PMI (PMBOK) em projetos de Tecnologia da Informação;
 caracterizar metodologias de projeto de redes conforme o projeto que será
executado;
 apresentar alguns modelos para a escolha do mais adequado às necessidades do
cliente;
 caracterizar o modelo hierárquico de três camadas para especificar um projeto
de redes;
 caracterizar cada camada do modelo hierárquico – núcleo, distribuição e acesso;
 desenvolver o projeto lógico da rede;
 desenvolver o projeto físico da rede;
 documentar a rede (projetos lógico e físico) LAN e WAN.

Conteúdo
Aula 1 – Visão Geral de um Projeto de Redes e
Identificação das Necessidades do Cliente
 1.1 Introdução
 1.1.1 Funcionalidade
 1.1.2 Escalabilidade
 1.1.3 Adaptabilidade
 1.1.4 Capacidade de Gerenciamento
 1.1.5 Eficácia de Custos
Aula 2 – Análise de Requisitos do Negócio e Requisitos
Técnicos – Parte 1
 2.1 Introdução
 2.2 Análise do Negócio
 2.1.1 Entender o Negócio e os Objetivos do Cliente
 2.1.2 Metas Estratégicas do Cliente
 2.1.3 Aplicativos e Sistemas Existentes
 2.1.4 Políticas e Normas da Empresa
 2.1.5 Pessoal Envolvido
 2.1.6 Orçamento Disponível
 2.1.7 Cronograma de Trabalho
 2.1.8 Elaborar um Checklist dessa Etapa
Aula 3 – Análise de Requisitos do Negócio e Requisitos
Técnicos – Parte 2
 3.1 Análise dos Requisitos Técnicos
 3.1.1 Escalabilidade da Rede
 3.1.2 Disponibilidade
 3.1.3 Desempenho da Rede
 3.1.4 Ferramentas de Gerência de Redes
 3.1.5 Ferramentas Comerciais de Gerência de Redes
 3.1.6 Vazão da Rede
 3.1.7 Vazão na Camada de Aplicação
 3.1.8 Precisão
 3.1.9 Retardo e Variação do Retardo
 3.1.10 Tempo de Resposta
 3.1.11 Requisitos de Segurança
 3.1.12 Adaptabilidade da Rede
 3.1.13 Capacidade de Gerenciamento
 3.1.14 Eficácia de Custos
Aula 4 – Análise da Rede Existente
 4.1 Análise da Rede Existente
 4.1.1 Servidores, Computadores e Elementos de Rede
 4.1.2 Padrões de Endereçamento de Rede e Nomenclatura
 4.1.3 Mapa de Rede
 4.1.4 Fiação e Mídia
 4.1.5 Desempenho da Rede Existente
 4.1.6 Análise da Utilização Rede
Aula 5 – Análise do Tráfego da Rede
 5.1 Análise do Tráfego Atual da Rede
Aula 6 – Projeto Lógico da Rede
 6.1 Topologia Lógica da Rede
 6.2 Projetando a Segurança no Mapa da Rede
 6.3 Mapa Arquitetônico da Rede
 6.4 Projeto e Modelo de Nomenclatura de Rede
 6.5 Definição de Protocolos e Tecnologias do Projeto
 6.6 Definição de Protocolos e Tecnologias do Projeto
 6.7 Protocolos de Segurança e Gerência da Rede
Aula 7 – Projeto Físico da Rede – Exemplos Práticos de
Projetos de Cabeamento e Infraestrutura
 7.1 Projeto Físico da Rede – Estudos de Caso
Aula 8 – Implementar, Testar, Monitorar e Gerenciar a
Rede
 8.1 Implantação da Rede
 8.1.1 Aquisição
 8.1.2 Implementação e Configuração
 8.1.3 Testes da Rede
 8.1.4 Operação Assistida e Otimização da Rede
 8.1.5 Gerência e Monitoramento da Rede
 8.1.6 Documentação da Rede
Aula 9 – Exemplos Práticos e Reais de Projetos de Rede –
Parte 1
 9.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso
 9.2 Estudo de Caso 1 – Empresa de Pequeno Porte
Aula 10 – Exemplos Práticos e Reais de Projetos de Rede –
Parte 2
 10.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso
 10.2 Estudo de caso 2 – Empresa de médio porte
 10.3 Estudo de Caso 3 – Empresa de Grande Porte

Aula 01 – Visão Geral de um Projeto de


Redes e Identificação das Necessidades do
Cliente
Na fábula “Alice no país das maravilhas”, escrita por Lewis Carroll, há um trecho muito
interessante, e também muito citado, de um diálogo de Alice com o gato. Veja:

Alice: - Gato, qual o caminho correto?

Gato: - Depende Alice, para onde você quer ir?

Alice: - Não sei, estou perdida.

Gato: - Para quem não sabe aonde quer ir, então qualquer caminho serve!

Quando pensamos em um projeto de rede de computadores, a primeira coisa que deve


vir à mente do projetista é “Para onde queremos ir com esse projeto?” Quem define
isso? Será o projetista? Não, quem define isso é o cliente. Tudo deve ser feito pensando
no quê exatamente quer o cliente. O projeto pode ser moderno, arrojado e maravilhoso,
entretanto, se não atende às necessidades do cliente, de nada vai adiantar. Seria como
comprar uma Ferrari para andar na roça em estrada de chão.

Em um projeto de redes é preciso, em primeiro lugar, identificar as necessidades do


cliente, estabelecer metas conforme a melhor relação custo versus benefícios para o
cliente e depois trilhar um caminho, ou seja, seguir uma metodologia de acordo com as
especificidades do projeto.

1.1 Introdução
Independentemente do tamanho do projeto de rede que você pretende desenvolver,
existem alguns requisitos básicos que devem ser observados com cuidado, antes
mesmo de se iniciar o trabalho de levantamento das necessidades do cliente, pois você
precisa saber o que vai perguntar ao cliente para saber o que ele deseja. É algo que
todos deveriam fazer antes de ter uma reunião com uma equipe de trabalho. Se você
não planeja a reunião e não tem uma pauta com o que pretende discutir ou perguntar
para a sua equipe, provavelmente sua reunião será um fiasco, pois a tendência é que
um fique olhando para a cara do outro sem saber o que dizer. Concorda comigo?
Não existe um modelo único ou método correto para o projeto de redes, o trabalho a
ser desenvolvido vai depender das necessidades do cliente e do contexto que se
apresenta para o projetista. Os requisitos básicos presentes em qualquer projeto de
rede são:

 funcionalidade;
 escalabilidade;
 adaptabilidade;
 capacidade de gerenciamento;
 eficácia de custos.

A seguir, você verá todos esses requisitos, em detalhes.

1.1.1 Funcionalidade
O projeto é feito para uma organização que tem um objetivo. Para desenvolver um
projeto de sucesso, é preciso saber qual é o negócio da empresa; ou seja, o projeto
novo, reformulação ou ampliação da rede tem um propósito principal, que está
diretamente ligado ao negócio da organização. Se existe a necessidade desse projeto, é
porque ele está ligado a algum planejamento estratégico de lucratividade, aumento da
participação da empresa no mercado, aumento na produção ou qualquer outra meta
definida pela direção da empresa. Mesmo que a empresa não tenha fins lucrativos, vai
existir uma meta do planejamento organizacional que culmina na necessidade de
criação ou ampliação da rede.

Outro aspecto importante é saber como pode ser medido o sucesso do projeto de rede,
ou seja, saber de que forma podemos medir se a necessidade do cliente foi atingida.
Pode-se questionar, por exemplo, se:

 A velocidade de acesso ao sistema XYZ da filial ABC, pelas estações de trabalho


do pessoal de vendas, permite o acesso imediato das telas de tal forma que o
cliente possa ser atendido em um tempo aproximado de 50 segundos?
 O sistema de backup feito nos servidores da matriz é feito em no máximo 3
horas, sem afetar a eficácia da rede no momento em que é feito?
 O acesso ao sistema XYZ, feito na filial FGH, que utiliza um link de comunicação
com a Internet, permite o processamento dos relatórios gerenciais em menos de 2
minutos no pior dos casos, em que a situação seja a de maior tráfego na rede?

Ao desenvolver seu projeto de rede, você deve identificar todas as formas possíveis de
medir o sucesso do seu projeto na visão do cliente. Isso significa que o cliente ajudará a
definir as medidas de sucesso de acordo com o contato que é feito para identificar o
propósito do projeto.

1.1.2 Escalabilidade
Com certeza haverá mudanças na empresa durante o desenvolvimento do seu projeto.
A mudança é um fato que ocorre muito e de forma acelerada nos tempos atuais. Os
efeitos da economia globalizada mudaram permanentemente o comportamento das
empresas nos últimos anos. Se você ficar afastado de uma empresa durante seis
meses, ficará muito assustado com as mudanças após o seu retorno.

O seu projeto deve prever o crescimento da rede, pois é quase certo que isso ocorra.
Além disso, se você não previr o crescimento da rede, poderá ter sérios problemas com
seu cliente, pois ele pode questionar se projeto foi falho. Caso ele precise fazer uma
expansão e tenha de refazer parte do projeto feito, necessitando substituir
equipamentos, haverá um clima de desconforto e sua credibilidade pode ficar
comprometida no mercado. Sua reputação de projetista de rede depende da satisfação
dos seus clientes.

Seu projeto deve prever o crescimento da rede, bem como a compra ou fusão de novas
empresas. Se o crescimento da rede não for planejado, a tendência é ter muitos
problemas de infraestrutura que podem resultar na troca de equipamentos ou
cabeamento desnecessária, simplesmente por não ter sido planejado corretamente o
crescimento da rede.

O planejamento da rede, ao se pensar no crescimento, pode gerar alguns custos


adicionais ao projeto; entretanto, eles serão mínimos, em comparação ao valor global
do projeto e aos transtornos futuros. O cliente pode até não contratá-lo; entretanto,
você não correrá o risco de ficar com o “filme queimado” no futuro. Assim, é preferível
não ganhar a concorrência a vender um projeto no qual, depois, o cliente tem de fazer
muitos ajustes e “gambiarras”, pois sua imagem ficará negativa no mercado.

1.1.3 Adaptabilidade
Além de prever o crescimento da rede, é preciso prever a inclusão de novas ou futuras
tecnologias. Seu projeto não pode limitar ou impedir a adoção de novas tecnologias.
Como já se disse, a mudança é um fato comum nos dias de hoje. A evolução da rede é
uma tendência natural, que não pode ser excluída do seu projeto.

Uma empresa de pequeno ou médio porte que utilize apenas sistemas administrativos e
um acesso à Internet como forma de navegação na rede e de recebimento de e-mails
pode, por exemplo, decidir adotar a tecnologia de Voz sobre IP (VoIP) para interligar o
PABX da matriz com o das filiais; assim, busca-se a economia de custos em ligações
telefônicas. Além disso, ela pode querer estabelecer vídeoconferências entre
funcionários da matriz com as filiais espalhadas nas capitais do Brasil.

Essas mudanças implicariam a inclusão de novas tecnologias. Se o projeto não previr ou


dificultar a inclusão de novas tecnologias, o custo e o trabalho de adoção de novas
tecnologias serão bem maiores. Essa previsão influenciará profundamente o
crescimento, expansão e migração da rede do seu cliente.

1.1.4 Capacidade de Gerenciamento
Vamos imaginar que o seu projeto esteja ótimo. Tudo está bem estruturado e
organizado e há previsão de crescimento e adaptação às novas tecnologias; entretanto,
você não pensou ou não planejou formas de monitorar ou gerenciar a rede. Não existe
projeto perfeito ou o método correto a ser seguido. Cada projeto é único, pois será feito
para uma empresa que tem características próprias.  O método será definido de acordo
com as necessidades e características da empresa.

Seu projeto deve prever ou facilitar formas de monitorar e gerenciar proativamente. O


projeto deve prever formas de assegurar a estabilidade de operação e disponibilidade
dos recursos em situações excepcionais. Um bom projeto deve permitir que qualquer
profissional especializado na área de redes possa implantar, dar manutenção ou
gerenciar o projeto que você fez.

1.1.5 Eficácia de Custos
Um aspecto importante de projeto de rede é saber responder à pergunta: como medir o
sucesso do projeto? Isso é fundamental e já foi dito. Além disso, é preciso verificar se o
custo do projeto é inferior ao lucro que se espera com a implantação da nova rede. Se o
custo do projeto for maior que o retorno que a empresa pretende ou planeja ter com a
nova rede, não faz sentido fazer o projeto. Concorda comigo?

Imagine a seguinte situação: uma empresa vai abrir uma nova filial no interior do país
em um lugar bem inóspito, longe de tudo, e não sabe ao certo se a nova filial alcançará
os resultados pretendidos. Se o custo do projeto de rede dessa nova filial for elevado, é
prudente adotar algum projeto ou medida provisória de acesso aos sistemas da matriz,
até que as metas de lucratividade da filial sejam alcançadas. Dessa forma, evitam-se
transtornos, perda de tempo e dinheiro. Infelizmente, isso ainda acontece muito,
justamente por falta de um projeto de rede.

As restrições orçamentárias estabelecidas pelo cliente são fundamentais para nortear o


projeto da rede. Você deve adequar ou adaptar o projeto conforme os custos tenham
excedido o que foi fixado pelo cliente e, dependendo da situação, é prudente discutir
algumas medidas com o cliente e apresentar as opções para que ele analise o que é
melhor para a empresa.

Como já se disse, o projeto é feito para o cliente. Então, ele é que deve dizer o que
pretende com a nova rede. Se uma mudança importante vai ser feita por conta de
custos, o cliente deve ser comunicado. Dependendo da necessidade ou interesse do
cliente, os custos do projeto podem ser revistos. Um projeto eficaz nos custos deve
evitar que o projeto fique mais caro que o retorno que ele dará e, também, deve
minimizar ao máximo os custos de manutenção, monitoramento, gerência e
crescimento da rede.

Para Saber Mais


Uma pesquisa do Gartner Group indica que o investimento inicial em equipamentos
representa apenas 20% do custo do total de propriedade (Total Cost of Ownership –
TCO) do ciclo de vida de uma rede, sendo 80% referentes aos custos operacionais
(CISCO, 2009). Além disso, existem custos adicionais consideráveis, causados por falta
de investimento ou planejamento na rede. A pesquisa propõe soluções baseadas nas
tecnologias Cisco, entretanto, não deixa de ser útil para outros casos. Você pode
adaptar ou aproveitar o que é mais conveniente ao projeto que irá desenvolver.
Para saber mais sobre o assunto, veja aqui a pesquisa, na íntegra.

A pesquisa apresenta também uma lista dos dez itens que mais causam o aumento do
TCO:

1. grande diversidade de hardware ou equipamentos (muitos fabricantes na mesma


rede);
2. complexidade de configuração e suporte da rede;
3. segurança e exigências legais;
4. critérios de eficácia conflitantes;
5. custo elevado de incremento de novos serviços ou tecnologias;
6. elevados custos de despesas recorrentes, como comprar o mesmo dispositivo
várias vezes por falta de um nobreak;
7. poucas possibilidades de automação, com serviços ou tecnologias que oferecem
poucas possibilidades de automação ou controle;
8. múltiplos contratos de manutenção de serviços (vários prestadores de serviço
em discordância de responsabilidade sobre determinados problemas na rede);
9. pouca sinergia entre os aplicativos da rede – os serviços ou tecnologias não
conversam entre si;
10. ineficácia da empresa na gestão dos ativos, gerando um custo elevado
de upgrade – a burocracia ou ineficácia do setor de compras faz com que a
empresa tenha um custo maior na aquisição de equipamentos ou serviços.

Além disso, a pesquisa apresenta alguns itens ou uma sequência de passos que podem
contribuir para a redução do TCO em projetos de rede:

1. Otimização: defina as necessidades e maximize o uso da rede.


2. Padronização: minimize a complexidade e maximize a utilização e tempo de
vida dos componentes de rede. Use protocolos-padrão da Internet.
3. Integração: minimize o número de dispositivos de rede e maximize a utilização
dos dispositivos em cada rede. Use equipamentos que permitam a integração de
dados, voz e imagem no mesmo dispositivo.
4. Automação: minimize os serviços desnecessários e maximize os serviços
produtivos. Reduza o trabalho de manutenção e monitoramento dos dispositivos
5. Utilização: adicione novos serviços à infraestrutura já existente e maximize a
disponibilidade da rede.

Não existe uma metodologia única ou melhor para o desenvolvimento de projetos de


rede. Existem algumas propostas disponíveis na literatura. Cada projeto é único, pois
será desenvolvido para uma empresa com necessidades e características próprias. Por
mais que uma empresa seja muito parecida com a outra, o projeto nunca será o
mesmo.
A Figura 1.1 apresenta o fluxograma de uma metodologia proposta para o
desenvolvimento de um projeto de redes. As três etapas iniciais são únicas e
sequenciais. Elas funcionarão como a fundação de um prédio. Após o desenvolvimento e
consolidação, devemos evitar ao máximo qualquer modificação. As etapas seguintes
funcionam como um ciclo recorrente que não retorna mais para as três etapas
fundamentais anteriores. Esse ciclo ocorre, pois estamos considerando um projeto de
rede que considera todo o ciclo de vida da rede. Em seguida, vamos apresentar uma
visão geral de cada etapa. Nas próximas aulas, você verá em mais profundidade cada
etapa apresentada no fluxograma.

Figura 1.1 – Visão geral de uma metodologia


de desenvolvimento de projeto de redes

Etapa 1 – Análise dos requisitos

Analisar requisitos é, antes de qualquer coisa, conhecer o negócio do cliente, bem como
identificar suas necessidades e metas estratégicas. Em seguida, você deve analisar os
sistemas que ele usa ou pretende utilizar.  Conhecendo melhor os objetivos e metas do
cliente, é possível vislumbrar tecnologias ou serviços dos quais ele possa precisar em
breve. Cada etapa da metodologia apresentada se divide em várias subetapas, para
facilitar o entendimento e futura elaboração do projeto. A análise dos requisitos se
divide em quatro itens, descritos a seguir:

1. Análise do negócio:
 entendimento do negócio e dos objetivos do cliente;
 metas estratégicas do cliente;
 aplicativos e sistemas existentes;
 políticas e normas da empresa;
 pessoal envolvido;
 orçamento disponível;
 cronograma de trabalho;
 elaboração de um checklist dessa etapa.
2. Análise dos requisitos técnicos:
 escalabilidade da rede;
 crescimento do número de usuários da rede;
 facilidades de acesso;
 disponibilidade:
 tempo e custo de inatividade da rede;
 desempenho da rede:
 vazão da rede;
 eficácia da rede;
 retardo e tempo de resposta;
 requisitos de segurança;
 adaptabilidade da rede;
 capacidade de gerenciamento;
 eficácia de custos.
3. Análise da rede existente:
 servidores, computadores e elementos de rede;
 padrões de endereçamento de rede e nomenclatura;
 mapa de rede;
 fiação e mídia;
 desempenho da rede existente;
 análise da utilização rede.
4. Análise do tráfego atual da rede.
Etapa 2 – Projeto lógico da rede

Nessa etapa, você irá: desenvolver a topologia da rede LAN ou WAN; especificar ou
adotar um modelo de endereçamento e nomenclatura de rede; selecionar e definir os
protocolos que serão utilizados; definir estratégias de segurança e gerência da rede. A
seguir, você vai ter uma visão geral do funcionamento de cada item dessa etapa, que se
subdivide em quatro:

1. Topologia da rede:

Recomenda-se que você utilize o modelo hierárquico de três camadas para desenvolver
a topologia da rede. Essas camadas não possuem nenhuma relação com as camadas do
modelo OSI. São camadas funcionais, que dividem a topologia da rede em até três
partes distintas, com características próprias. A Figura 1.2 apresenta uma visão geral
do modelo hierárquico de projeto lógico em três camadas.
Figura 1.2 – Modelo hierárquico de projeto lógico em três camadas

Cada camada do modelo hierárquico tem a sua funcionalidade bem definida. O uso
desse modelo facilita muito o trabalho do projetista, pois essa divisão permite uma
visão macro das principais partes do projeto e uma visão específica de cada parte, com
suas características e finalidades bem definidas. Esse modelo se divide da seguinte
forma:

 Camada de núcleo: é formada por roteadores e switches de alta tecnologia,


cuja finalidade é interligar os enlaces remotos das filiais ou unidades de uma
organização que estejam geograficamente distantes. Essa camada funciona como
um tipo de backbone de rede WAN corporativa. Raramente existe um computador
interligado diretamente nessa camada. É comum em muitos projetos de rede que a
camada de núcleo seja contratada de um provedor de serviços de
telecomunicação, pois é mais prático e normalmente mais econômico contratar um
provedor de serviços para oferecer os serviços de rede WAN. Por exemplo: Frame
Relay, ATM, MPLS, dentre outros.
 Camada de distribuição: é formada por switches de alta tecnologia, cuja
finalidade é interligar as redes ou subredes de uma unidade da organização. Na
prática, essa camada é o backbone da rede LAN de cada unidade. Dependendo do
tamanho da rede e do projeto, haverá uma camada de distribuição em cada
unidade. Normalmente, é nessa camada que se colocam os servidores de rede de
cada unidade. Por exemplo: servidor de e-mail, proxy, firewall e web, que
normalmente fica em uma DMZ (zona desmilitarizada), entre outros.
 Camada de acesso: é formada por switches, tipicamente Ethernet, que
fornecem o acesso direto à rede e aos computadores dos usuários e, dependendo
do projeto, servidores departamentais.

Dependendo do tamanho do projeto da rede você pode adotar um modelo com três,
duas ou até uma camada apenas. Cada caso ou projeto terá suas particularidades. O
importante é ter em mente que você precisa ter um caminho, pois, “para quem não
sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”. Qualquer caminho, nesse contexto,
significa ficar perdido ou sem rumo, e isso não é bom para um projetista renomado
como você. Lembra do texto inicial?

Você pode estar se perguntando: quais são as vantagens ou justificativas para adotar o
modelo hierárquico, seja com três, duas ou uma única camada? Antes de responder a
essa pergunta, responda a outra: lembra-se dos requisitos básicos presentes em
qualquer projeto de rede?  E da sequência de passos que podem contribuir para a
redução do TCO? Pois então, a adoção do modelo hierárquico ajuda a por em prática os
requisitos básicos que devem estar presentes em qualquer projeto e também contribui
para a redução do TCO do projeto.

Depois de definir o modelo hierárquico que pretende adotar, você terá de definir qual a
topologia de rede mais adequada ao seu projeto. A Figura 1.3 apresenta um exemplo
de projeto lógico com uma camada. Esse modelo também é conhecido como distribuído,
pois cada site remoto se conecta diretamente ao outro por meio do pseudonúcleo. O
núcleo pode ser a Internet, uma rede de pacotes contratada de uma operadora ou uma
rede dedicada. Nesse caso não existe um servidor principal centralizado.

Figura
1.3 – Exemplo de projeto lógico com uma camada

A Figura 1.4 apresenta outro modelo de camada; entretando, um dos sites é a matriz.


Figura 1.4 – Outro exemplo de modelo de uma
camada

Figura 1.5 – Modelo hierárquico de duas camadas

2. Definir um padrão de endereçamento e nomenclatura de rede:

Nessa etapa, você deve definir um modelo e padronização dos endereços de rede,
normalmente endereços IPs e nomes hierárquicos, conforme a hierarquia do Domain
Name System (DNS). É bom revisar conceitos sobre endereçamento de rede e DNS. Vai
ajudar muito no entendimento e aplicação desses conceitos para a definição de um
padrão de endereçamento e nomes do seu projeto.
3. Definir os protocolos:

Nessa etapa, você vai definir os protocolos da camada de enlace e rede do modelo OSI
que serão adotados no seu projeto. É bem provável que, ao definir os protocolos da
camada de enlace e rede, você automaticamente defina os demais protocolos da
camada de transporte e aplicação; entretanto, você não deve se preocupar com eles
nesse momento. O foco é na camada de enlace e redes.

Não perca de vista que as definições dessa etapa vão depender das metas e objetivos
do negócio do cliente. Para ajudá-lo nessa tarefa de definição dos protocolos, existem
alguns itens ou requisitos que podem contribuir ou guiar sua tomada de decisão.
Procure responder às seguintes perguntas com base nos requisitos técnicos da etapa de
análise dos requisitos:

 Qual é característica de tráfego pretendida da rede?


 Qual é a largura de banda da rede, memória e utilização de CPU dos
computadores, necessária para atender às necessidades do cliente?
 Qual é a demanda, rapidez de mudança ou evolução prevista da rede?
 Qual é capacidade de atualização das rotas prevista da rede?

Esses são alguns parâmetros genéricos que irão auxiliar a definição dos protocolos de
enlace e redes, conforme o funcionamento e característica de cada um, que podem ser
encontrados na literatura da área.

4. Definir as estratégias de segurança e gerência da rede:

Se não fosse necessária a preocupação com segurança e gerenciamento seria mais


simples elaborar um projeto de rede, pois esses itens impõem algumas restrições de
aumento da necessidade de vazão da rede para obter os requisitos pretendidos. É
fundamental que essa definição seja feita na fase de projeto lógico, pois pode ser
preciso aumentar a capacidade da rede, e isso não deve ser feito após a definição do
projeto físico. O correto é que o próprio projeto lógico já contemple as necessidades de
segurança e gerenciamento da rede. Por exemplo, pode ser preciso ter um caminho
separado para o fluxo de dados de gerência ou o projeto lógico pode especificar que
nem todo tráfego da rede precisa passar por dispositivos de criptografia e
descriptografia. Essas medidas impactam a eficácia e segurança da rede, e devem ser
feitas na etapa de projeto lógico.

Infelizmente, muitos projetistas não consideram ou dão pouca importância para esses
itens em projetos de rede. A imprensa divulga casos e situações de grandes empresas
que sofrem prejuízos financeiros devido à falta ou falha na política de segurança da
rede.

Para definir as estratégias de segurança dessa, etapa será preciso:

1. desenvolver um projeto de segurança da rede;


2. definir os mecanismos de segurança da rede;
3. selecionar as soluções de segurança.

Para definir as estratégias de gerência da rede dessa etapa será preciso:

1. identificar os processos de gerenciamento do modelo FCAPS da rede;


2. definir as arquiteturas de gerenciamento da rede;
3. selecionar ferramentas e protocolos de gerenciamento da rede;
4. fazer estimativa do tráfego que será gerado pelas ferramentas e protocolos
especificados.
Etapa 3 – Projeto físico da rede
Nessa etapa, você vai especificar o hardware (equipamentos) que devem ser adquiridos
para a elaboração do projeto. Não existe uma solução para o projeto físico. Na prática,
é feita uma integração de tecnologias e dispositivos que irão atender melhor o projeto
da rede.

Uma dica importante é ficar atento aos integradores de soluções de redes. Alguns
fornecedores de soluções de cabeamento, dispositivos de rede e servidores tendem a
fazer parcerias com exclusividade. Com isso, pode existir uma empresa que tenha uma
proposta muito boa para o cabeamento e infraestrutura de rede; entretanto, a solução
de servidores e tecnologias de acesso remota da rede WAN talvez não seja boa.

A sugestão é ter propostas com preços e soluções separadas para cada parte
importante da rede. As propostas devem seguir exatamente o que consta no seu
projeto. Com isso, você tende a conseguir melhores preços e uma solução global isenta
de itens que não são os mais indicados. O ideal é ter fornecedores com grande domínio
e boas referências sobre a parte que vão executar.

Etapa 4 – Implementar, testar, monitorar e gerenciar a rede

Nessa etapa, você vai colocar a rede em atividade. Você fará os testes para verificar se
os requisitos da Etapa 1 estão sendo cumpridos. Além disso, irá monitorar e gerenciar a
rede.

Pode ser necessário fazer algum ajuste no projeto físico ou, conforme o ciclo de vida da
rede, é comum que ocorram mudanças ou expansão, o que irá demandar mudanças ou
inclusão de novos equipamentos. Existe um ciclo constante entre as Etapas 3 e 4.

Para Saber Mais


Para enriquecer seus conhecimentos sobre a metodologia de gerência de projetos, é
fundamental que você conheça os princípios do guia PMI (PMBOK). Antes de concluir
esta aula, estude aqui os conceitos e boas práticas do PMI (PMBOK) em projetos de
rede.

Você se lembra da resposta que o gato deu para Alice na fábula apresentada no início
da aula? Enquanto gerente e projetista de uma rede, você deve ter em mente a todo o
momento qual caminho vai seguir, pois, para quem não sabe aonde quer ir, qualquer
caminho serve. Se você seguir a metodologia proposta das quatro etapas para a
elaboração de um projeto de rede à luz dos ensinamentos do PMBOK, consultando e
trocando idéias com colegas mais experientes será muito difícil seu projeto fracassar.

Independentemente do tamanho ou complexidade de um projeto de rede é preciso


observar os requisitos básicos de funcionalidade, escalabilidade, adaptabilidade,
capacidade de gerenciamento e eficácia de custos. A elaboração de um projeto de rede
requer diversas competências e habilidades na área de rede. Um modelo de projeto
proposto com quatro etapas, à luz dos ensinamentos do PMBOK, é o método e o
instrumento necessário para a elaboração de um projeto de rede. Com isso, o cliente
pode expandir ou incluir novas tecnologias no futuro sem ter custos adicionais
desnecessários. O método de elaboração de um projeto de redes é composto pelas
etapas de análise de requisitos, projeto lógico, projeto físico e implementação, testes,
monitoramento e gerenciamento da rede.

Nas próximas aulas você estudará, de maneira mais aprofundada, a metodologia


proposta para o desenvolvimento de um projeto de redes, analisando em detalhes cada
uma das etapas apresentadas aqui.

Bom estudo e até a próxima!

Aula 02 – Análise de Requisitos do Negócio e


Requisitos Técnicos – Parte 1
Para iniciar esta aula, comece refletindo sobre o texto “Escutatório”, de Rubem Alves:

ESCUTATÓRIO (Texto adaptado)

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.


Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer
um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para
ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um
monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego
abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e
as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque
as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é
cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar
de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua
simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e
as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É
preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não
aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele
diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de
descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a
dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais
constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí,
quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu
comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se
ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia
que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É
preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo
encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que
Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz
mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a
idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos
mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a
melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Você é do tipo que fala mais do que ouve? Para se tornar um bom projetista de redes, é
importante inverter isso, pois a elaboração de um projeto de redes requer sabedoria.
Não custa nada lembrar que o projeto é feito em razão da necessidade do cliente. Em
linhas gerais, quem diz o que precisa é o cliente. Você pode e deve sugerir coisas, pois
detém o conhecimento técnico; entretanto, quem entende melhor do negócio é o
próprio cliente.

Você é do tipo que fala mais do que ouve? Um projeto de redes é feito em razão da
necessidade do projetista ou do cliente? Quem sabe das necessidades do cliente: ele ou
você? Quem detém o conhecimento técnico em redes? Quem entende melhor o negócio
do cliente: você ou ele? Você pode sugerir idéias ao cliente? Qual é a diferença entre
sugerir e impor idéias? Nesta aula, buscaremos respostas para estas importantes
questões que envolvem os projetos de redes.

2.1 Introdução
Antes de iniciar a definição das etapas do método proposto para o desenvolvimento de
um projeto de redes, é importante definir e combinar algumas convenções relevantes
para o entendimento do texto e tornar a linguagem mais clara e de fácil compreensão.
Ao apresentar os conceitos aqui, vamos partir do pressuposto de que você é o projetista
da rede, ou seja, você é o profissional que vai desenvolver as etapas do projeto que
será apresentado nas próximas aulas. Portanto, prezado “Senhor projetista de redes”,
seja bem-vindo ao processo de criação de um projeto de redes LAN e WAN de pequeno,
médio e grande porte. Bom trabalho!

Quando se fala em algum trabalho ou projeto para resolver um problema técnico, é


comum pensar logo nos detalhes operacionais e técnicos necessários para a resolução
do problema. Temos a tendência de ir direto ao detalhe técnico. Quando se trata do
início de um projeto de redes de computadores, existem etapas importantes e
fundamentais que antecedem o trabalho técnico propriamente dito.
Nesta aula, será apresentada a primeira etapa da metodologia de projeto de redes,
estudada na Aula 1. A “Etapa 1 – Analisar os requisitos”, que é a etapa inicial do
processo, e engloba:

1. Análise do negócio: busca entender melhor o negócio do cliente para que o


projeto atenda às necessidades da empresa.
2. Análise dos requisitos técnicos: busca definir os requisitos de eficácia e
desempenho que a rede deve ter para o bom funcionamento dos sistemas que já
existem ou que serão adquiridos.
3. Análise da rede existente: busca conhecer melhor o funcionamento e
topologia da rede.
4. Análise do tráfego atual da rede: busca caracterizar o fluxo, carga, qualidade
de serviço e o comportamento do tráfego da rede.
2.2 Análise do Negócio
Toda a razão de existir do projeto de rede que você vai desenvolver é o cliente. Sem
ele, ou sem o desejo e necessidade do negócio da empresa, nada existiria. Isso parece
ser óbvio, entretanto, é comum achar que o projeto existe em função do que você acha
ou deseja desenvolver. É lógico que o cliente não tem conhecimento técnico de redes,
pois se tivesse é bem provável que você não seria contratado.

Para Refletir
O cliente pode não entender nada de rede ou de projeto de rede; entretanto, ele
conhece o negócio dele muito melhor do que você. Ninguém melhor que o próprio
cliente para dizer o que ele precisa. Reflita um pouco sobre o trabalho que você vai
iniciar. Você está prestes a ter o primeiro contato com o cliente que já te contratou.
Leia as frases a seguir para ajudar no seu processo de concentração e meditação antes
de ter a primeira reunião com o seu cliente.

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância” (Sócrates).

“É bem melhor pensar sem falar do que falar sem pensar” (Jô Soares).

“O único homem que está isento de erros é aquele que não arrisca acertar” (Albert
Einstein).

2.1.1 Entender o Negócio e os Objetivos do Cliente


O que você faria antes de ir a uma entrevista de emprego de uma grande indústria de
celulose? Você deve se preparar para essa entrevista? Claro que sim! Entretanto, como
você pretende fazer essa preparação? Uma dica importante é procurar saber mais
detalhes sobre a empresa, pois você só será contratado se for útil para ela. Também
pode parecer óbvio, entretanto, muitos candidatos a vagas de emprego não conhecem a
empresa e não sabem ao certo o que ela faz. Isso é uma falha grave no planejamento
de uma entrevista de emprego, que pode fazer você perder a vaga para um candidato
que demonstra já conhecer o negócio da empresa. Você pode saber detalhes da
empresa acessando seu website, por exemplo. Empresas de grande porte possuem um
site bem completo, com muitas informações sobre os negócios. Além disso, é
importante visitar os sites dos concorrentes e procurar saber como está o mercado ou a
competitividade no ramo da empresa em que você pretende ingressar como
colaborador.

Para um projeto de redes não é diferente. Antes do primeiro contato com o cliente, é de
bom tom saber mais sobre o negócio e o mercado em que a empresa está inserida.

No primeiro contato, ou nas primeiras semanas de trabalho, você deve entender melhor
como a empresa funciona, qual é o organograma, missão, planejamento estratégico etc.
Um detalhe importante é, de início, saber quem tomas as decisões. Você deve anotar
todas as sugestões e informações sobre as necessidades da empresa; entretanto, no
momento de definir etapas ou objetivos, você deve sempre receber o aval de quem
manda ou toma a decisão.

Caso o cliente permita, e as pessoas com que você mantém contato também o façam,
procure gravar as conversas, pois, no início, há uma grande tempestade de idéias e
informações. É importante registrar as reuniões e, de preferência, ter uma ata para
cada reunião importante de definição de requisitos e metas.

Para facilitar seu trabalho nessa etapa, procure responder junto com o cliente às
seguintes perguntas:

 Qual é a missão, objetivos, histórico, experiência e inovações da empresa?


 Por que a empresa está contratando esse projeto?
 Qual será a finalidade da nova rede?
 De que forma a nova rede ajudará a alcançar os objetivos estratégicos?
 Como pode ser medido o sucesso da nova rede? A medida de sucesso é o que o
cliente entende por sucesso nesse projeto.
 O que acontecerá se a rede não funcionar da forma que o cliente deseja?
 Qual é o limite de custo do projeto da nova rede? A nova rede não pode custar
mais que o retorno financeiro que ela dará para a empresa.
 Quais são os riscos ou ameaças que a falha ou não funcionamento da nova rede
apresentam para os negócios da empresa?
2.1.2 Metas Estratégicas do Cliente
Cada empresa tem as suas especificidades; entretanto, existem algumas metas típicas
de qualquer empresa que devem ser observadas no desenvolvimento do projeto. Um
projeto de uma nova rede normalmente é feito para:

 aumentar o lucro da empresa;


 melhorar a comunicação interna e externa (clientes) da empresa;
 melhorar os processos e aumentar a produtividade;
 estabelecer parcerias com outras empresas;
 aumentar a participação no mercado;
 desenvolver um novo modelo de negócio apoiado pela nova rede;
 reduzir custos com telecomunicações;
 melhorar a eficácia e a tomada de decisão nas filiais;
 melhorar a segurança e a confiabilidade dos aplicativos de missão crítica;
 oferecer novos serviços ou suporte ao cliente.

Você deve definir as metas para a nova rede de acordo com as características da
empresa.

2.1.3 Aplicativos e Sistemas Existentes


Após o melhor entendimento do negócio do cliente e percepção da importância da nova
rede para as metas estratégicas, é preciso identificar o que efetivamente vai rodar na
nova rede: os sistemas de gestão e aplicativos ligados ao negócio da empresa.  Não é
comum elaborar um projeto de uma rede a partir do zero, ou seja, um projeto para
uma empresa que não tem nada. Isso seria uma situação hipotética fantástica, pois
seria muito mais fácil resolver problemas como adaptação, escalabilidade e
funcionabilidade nas redes, provavelmente decorrentes do fato de que grande parte
delas não tenha sido feita a partir de um projeto detalhado, como o que caberá a você
projetar.

Nesse momento, devem-se identificar os sistemas e aplicativos que existem na


empresa. A Tabela 2.1 apresenta uma sugestão de itens que devem ser identificados
em cada sistema ou aplicativo.

Tabela 2.1 – Tabela de levantamento dos sistemas e aplicativos da empresa 

Nome Tipo Novo     Nível de Comentários Custo de Tempo médio entre


(sim ou não) Importância inatividade falhas aceitável
(MTBF)

             

             

Os itens da tabela devem ser preenchidos da seguinte forma:

 Nome: indique o nome fornecido pelo próprio cliente para o sistema ou


aplicativo. Deve ser preferencialmente o nome que o cliente usa normalmente.
Evite códigos ou nomes muito resumidos que não identificam do que se trata.
Exemplos: compras, vendas, exchange, mysql etc.
 Tipo: indique o tipo do aplicativo ou sistema. É o tipo que normalmente se usa.
Exemplos: correio eletrônico, servidor de arquivos, sistema de gestão integrada,
videoconferência, navegador de Internet, comércio eletrônico, comunicação de voz
etc.
 Novo: indique se é uma aplicação nova na empresa em relação ao que existe
atualmente, ou seja, se é um aplicativo que será adquirido em função do projeto
da nova rede.
 Nível de importância: indique o nível de importância de cada aplicativo ou
sistema. Sugerimos cinco níveis de importância, com as seguintes definições:
1. Extremamente crítico: influencia muito os resultados.
2. Muito crítico: influencia os resultados.
3. Crítico regular: influencia pouco os resultados.
4. Pouco crítico: não influencia quase nada os resultados.
5. Não é critico: não influencia os resultados.
 Comentários: insira informações relevantes para o projeto que será feito.
 Custo de inatividade: é o custo que a empresa tem por cada hora que o
sistema está inativo.
 Tempo médio entre falhas aceitável (Mean Time Between Failures
– MTBF): É o tempo (medido em horas) médio de reparação entre falhas. Uma
meta típica para sistemas de missão crítica seria de 4.000 horas. Ou seja, a rede
deve falhar no máximo uma vez a cada 166,67 dias. Isso equivale a 99,98% de
disponibilidade da rede.
MTTR (Mean time to repair) que significa tempo médio para reparação é o tempo médio
em horas que se gasta para reparar uma falha.

Para medir a disponibilidade da rede usa-se a seguinte equação:

Disponibilidade = MTBF / (MTBF + MTTR)

2.1.4 Políticas e Normas da Empresa


Normalmente, as pessoas não gostam de fazer trabalho em grupo com pessoas
desconhecidas. Temos a tendência de querer sempre trabalhar em um grupo de amigos
ou pessoas conhecidas. Interagir com pessoas estranhas é algo que tende a gerar
conflito. Lembra do trabalho em grupo que você teve de fazer na faculdade ou no
colégio com pessoas de que você não gostava? O seu trabalho de projetista vai pôr em
prática a sua capacidade de administrar conflitos e interesses. O sucesso do seu projeto
depende disso. Existe um ditado que diz que “não se deve discutir religião e política
com os amigos”; entretanto, é bem provável que você tenha que tratar desses assuntos
com o cliente.

Você já fez o curso de “escutatória” sugerido por Rubem Alves no texto de abertura
desta aula? Se ainda não conseguiu pô-lo em prática, é importante ter em mente que,
nesse momento, você deve observar e ouvir muito mais do que falar. A concentração e
o registro das informações são fundamentais nessa etapa. Não ceda aos atropelos ou
ansiedade de algumas pessoas. Antes de dar qualquer parecer sobre o projeto, é
preciso conversar primeiro com as pessoas que tomam as decisões na clientela.

No ambiente de escritório existe a “política das hostilidades”, bem como grupos com
interesse específico e verdadeiras “religiões tecnológicas”. Existem grupos que amam o
software livre e, simplesmente, odeiam o software proprietário, independentemente do
interesse ou do que seja melhor para a empresa. O contrário também é verdadeiro:
alguns preferem o software proprietário, e ficam o tempo todo buscando falhas ou
justificativas para não ter o software livre. Afinal de contas, quem vai definir o que é o
melhor para a empresa? Será o grupo com interesse específico em alguma tecnologia
em sistema operacional? Será você ou o cliente?  É importante analisar todos os dados
e informações disponíveis, perceber o que é melhor para a empresa e discutir a solução
com as pessoas que tomam as decisões. Esse é o caminho mais prudente.

As políticas e normas da empresa são fundamentais para o projeto. Você pode até ser
um projetista brilhante e muito bom tecnicamente. Entretanto, pode falhar se não der
uma atenção especial para a política da empresa e a religião técnica.

2.1.5 Pessoal Envolvido
A forma de trabalho do projetista pode variar muito em relação às exigências do cliente
e condições e equipe de trabalho existentes. Você pode ser um consultor independente,
que trabalha como integrador de soluções. Nesse caso, você terá que montar uma
equipe de trabalho ou selecionar parceiros para o projeto, pois, dependendo do
tamanho e tempo de conclusão, não será possível realizá-lo sozinho.

Se você tem uma empresa de consultoria e já tem uma equipe, será preciso escalonar o
trabalho e função de cada um no projeto, pois pode ser que você tenha outro trabalho
em andamento. Além disso, é possível que o cliente queira aproveitar a mão de obra
dos profissionais da própria empresa.

Ao elaborar o cronograma do seu projeto, é importante distribuir as tarefas para e


equipe que vai trabalhar com você. Faça uma relação dos profissionais e dos itens ou
etapas em que eles poderão ajudar. Assim, no momento de dividir as tarefas no
planejamento, ficará mais fácil.

2.1.6 Orçamento Disponível
Um projeto bom não precisa ser mais oneroso para o cliente. Otimizar os recursos e
propor soluções que aproveitem o legado existente no cliente pode ser um bom
caminho. Fazer um projeto de rede completo ajuda justamente na definição mais
precisa dos custos e, também, evita transtornos. Pode ser que o cliente contrate o
serviço de elaboração do projeto e, entretanto, não contrate o serviço de implantação
da rede logo após o projeto, pois o custo do projeto pode ser muito maior do que ele
imaginava e seja preciso fazer ajustes ou aguardar o momento mais adequado para
implantá-lo. Seu objetivo principal deve ser sempre o de propor o que é melhor para o
cliente, mesmo que isso cause a diminuição dos trabalhos que serão feitos.

Seu projeto deve atender às necessidades do cliente e, na medida do possível, não


comprometer os requisitos técnicos e do negócio, reduzindo custos. Assim, é necessário
que você procure identificar logo de início quais são as pessoas que tomam as decisões.
Dê uma atenção especial à análise e definição do retorno do investimento ou, em
Inglês, Return of investment (ROI). Esse trabalho deve ser feito em cooperação com o
cliente. É importante que o cliente tenha a definição do ROI. Isso vai ajudar muito na
aprovação e implantação da nova rede.
2.1.7 Cronograma de Trabalho
Quanto mais detalhado for o cronograma, mais fácil será a gestão do projeto e,
também, mais fácil será contornar os imprevistos. Normalmente, o cliente quer saber
logo qual é a data final de entrega da rede. Cumprir prazos é algo muito importante na
vida de um projetista.  Dependendo do tamanho do projeto, o cronograma é
fundamental, pois não há espaço para o improviso. Afinal, você é um profissional de
renome no mercado, não é mesmo?

2.1.8 Elaborar um Checklist dessa Etapa


É muito importante que você faça um checklist dos itens que devem compor a etapa de
análise do negócio. Cada projeto tem características próprias; entretanto, a lista de
itens a seguir pode ajudar muito. São itens comuns em qualquer projeto de rede. Veja
os itens a seguir e acrescente o que achar necessário:
1. entender o negócio, conhecer o mercado e os concorrentes do cliente;
2. entender a estrutura organizacional;
3. identificar as metas e estratégias globais e as relacionadas com a nova rede;
4. identificar as operações de missão crítica;
5. identificar ou definir critérios para medir o sucesso e o fracasso da nova rede;
6. identificar os aplicativos e sistemas utilizados;
7. conhecer o orçamento e quem tomas as decisões sobre o projeto;
8. definir um cronograma de trabalho com datas definidas para entrega das
principais etapas;
9. selecionar uma boa equipe técnica e capacitar profissionais quando necessário;
10.  conhecer as políticas e normas de trabalho do cliente que podem afetar o
desenvolvimento do projeto.

Até aqui, você viu que a análise do negócio é o pilar do seu projeto. Toda razão de
existir do projeto é a necessidade e viabilidade da rede do cliente. Você precisa
entender o negócio do cliente para que a proposta seja adequada. Em seguida, você
deve conhecer em detalhes o funcionamento e comportamento da rede do seu cliente. É
pouco provável que seja feito um projeto totalmente novo. Normalmente o cliente já
tem uma rede em funcionamento. Como a solução deve ser feita para aproveitar e
melhorar o que já existe, permitindo a expansão e inclusão de novas tecnologias no
futuro, você deve caracterizar vários aspectos da rede existente.

Na próxima aula, você continuará o estudo da análise de requisitos do negócio e


requisitos técnicos, com foco nos requisitos técnicos e suas especificidades, no contexto
da implementação dos projetos de redes. Até lá!
Aula 03 – Análise de Requisitos do Negócio e
Requisitos Técnicos – Parte 2
Nesta aula, você continuará o estudo da análise de requisitos do negócio e requisitos
técnicos, com foco nos requisitos técnicos e suas especificidades. Bom proveito!

3.1 Análise dos Requisitos Técnicos


Após a conclusão da etapa de análise do negócio, você terá mais segurança e facilidade
para definir os requisitos técnicos da rede do seu cliente. É importante e fundamental
que você procure, sempre, estabelecer uma linguagem menos técnica e mais
padronizada possível no diálogo com o cliente, pois ele entende bem do negócio, assim
como você de redes. Lembra disso? Nessa etapa, vamos sugerir itens que devem ser
verificados para que as metas e restrições técnicas do seu cliente sejam bem
especificadas.

3.1.1 Escalabilidade da Rede
É a capacidade que a rede tem de crescer. É o nível de crescimento que será projetado
para a rede do seu cliente. Em uma economia globalizada, o crescimento,
principalmente nas grandes empresas, pode ocorrer muito rápido e de forma
desordenada, se não existir um bom projeto. Dependendo da empresa, esse pode ser
um dos itens mais importantes de todo o projeto, pois um planejamento ruim de
escalabilidade pode custar muito para a empresa no futuro.

A medida da escalabilidade da rede está diretamente ligada com o planejamento


estratégico de crescimento da empresa. Procure identificar com o seu cliente qual é a
previsão de crescimento para os próximos cinco anos. As perguntas abaixo podem
ajudar nessa definição:

 Qual a previsão de crescimento da matriz para os próximos cinco anos?


 Qual é a demanda da rede para atender esse crescimento previsto? Ou seja,
onde haverá computadores nos locais que vão se expandir, nesse período?
 Qual é a previsão para o crescimento das redes das filiais ou criação de novas
filiais nos próximos cinco anos?
 Qual é a previsão de aquisição de novos servidores nos próximos cinco anos?

Muitos livros da área de redes ensinaram que normalmente vale a regra de que 80% do
tráfego da rede ocorre localmente e 20% para a rede WAN. Entretanto, isso está
mudando nos últimos anos, pois a tendência cada vez maior é a de haver usuários
espalhados geograficamente. Além disso, é crescente o número de empresas que estão
terceirizando parte do seu setor de tecnologia da informação para ter parte dos
servidores e sistemas externos à rede da empresa. O acesso e disponibilidade do link
com a Internet passam a ser algo estratégico para essas empresas.

3.1.2 Disponibilidade
A disponibilidade da rede está ligada ao tempo em que a rede está disponível para o
uso. Algo comum hoje em dia é ter a rede funcionando o tempo todo. Normalmente, a
disponibilidade é de 24 horas por dias e sete dias por semana. Um exemplo de
disponibilidade seria um fator de 98,21% de disponibilidade semanal. Isso significa que
a rede deve estar disponível 165 horas no total, em uma semana com 168 horas.
Assim, existe uma margem de aproximadamente 3 horas de indisponibilidade semanal.

Dependendo do tamanho da rede e das características do negócio do cliente, o projeto


da rede deve prever uma série de redundâncias e dispositivos para evitar que a rede
fique fora do ar. Outro aspecto importante é a capacidade que a rede terá para se
recuperar de um desastre. Muitas empresas já possuem um plano de recuperação na
ocorrência de incêndios, inundações, furacões e terremotos. Um plano de recuperação
requer o acionamento de dispositivos de backup ou reserva para que a rede continue
funcionando.

Defina o requisito de disponibilidade da rede com o seu cliente, pois, dependendo do


índice, o projeto pode necessitar de muitos ajustes. Por exemplo: um tempo de
disponibilidade semanal de 99,70% significa que a rede pode ficar inativa por 30
minutos por semana. Pode ser que o cliente não aceite isso. Portanto, converse com o
seu cliente e procure responder às perguntas: por quanto tempo a rede pode ficar
parada por semana? Qual o custo dessa inatividade para a empresa?

3.1.3 Desempenho da Rede
Ao analisar os requisitos de desempenho da rede, você deve identificar claramente a
vazão, a eficácia, o retardo e o tempo de resposta da rede. Não é objetivo dessa etapa
estudar profundamente medidas de desempenho ou modelos matemáticos que possam
auxiliar o desempenho das  redes. O foco principal é analisar se as medidas de
desempenho da rede existente atendem aos requisitos para a rede que será projetada.

Se você perguntar para o cliente qual é o desempenho esperado da rede, é bem


provável que ele responda: a rede deve ser rápida, não pode ficar parada e não devem
existir reclamações dos usuários. A seguir, segue uma relação de itens que podem
ajudá-lo na definição dos requisitos de desempenho da rede do seu cliente:

 Capacidade (largura de banda): refere-se à capacidade de transporte de


dados medida em bits por segundo (bps).
 Utilização: percentual total disponível para o uso da rede.
 Utilização ótima: percentual da média de uso total da rede antes de ser
considerada saturada.
 Vazão: quantidade de dados isentos de erros entre dois nós da rede.
Normalmente medida em segundos.
 Carga oferecida: a soma de todos os dados que todos os nós de rede estão
prontos para enviar em um determinado momento.
 Precisão: a proporção de tráfego útil transmitido sem erro em relação ao
tráfego total.
 Eficiência: uma medida do esforço necessário para produzir certa quantidade
de vazão de dados.
 Retardo (latência): intervalo de tempo entre o exato momento entre o início
da transmissão de um dado de um nó da rede até a entrega do dado no outro nó
da rede.
 Variação do retardo: a variação da quantidade de tempo médio de retardo.
 Tempo de resposta: intervalo de tempo entre a solicitação de algum serviço
de rede e uma resposta ao pedido.

Existem diversas ferramentas de análise de rede que podem auxiliar o monitoramento


da rede, descobrindo e identificando os itens de análise de desempenho que você
precisa medir.  A seguir, apresentamos uma lista de ferramentas que podem auxiliar o
seu trabalho.

3.1.4 Ferramentas de Gerência de Redes


 MIB Browser – Ferramenta de análise de dados de gerência de rede por meio
do SNMP.
 MRTG – Gera gráficos de informações via SNMP, obtidas de dispositivos de rede.
 RRDTool – Ferramentas de coleta de dados de log e geração de gráficos.
 CACTI – Gera gráficos a partir dos obtidos com a ferramenta RRDTool.
 Munin – Estatísticas de tráfego em formato WEB.
 Cricket – Sistema de monitoramento de tendências em sequências de dados.
Muito usado para melhorar o entendimento do tráfego de rede.
 fprobe – Obtém dados do tráfego e os exporta em formato netflow (Cisco).
 flow-tools – Ferramentas para tratamento de dados netflow etherape.
 Etherape – Traça gráficos da atividade de rede em formato WEB.
 Agilent NX2
 Big Brother
 Brix Networks service assurance solutions
 HP OpenView
 Nagios
 NetIQ
 NetPredictor
 netViz
 Online Erlang Traffic Calculators
 OPNET
 NetMRI Network Analysis Appliance
 Whatsup Gold
 OpenNMS
 Wireshark – Analisador de protocolos. Gera gráficos e informações em modo
texto.
3.1.5 Ferramentas Comerciais de Gerência de Redes
 Microsoft Office Visio
 HP OpenView
 BMC Patrol
 Castle Rock SNMPc
 CiscoWorks
 SunNet Manager - Solstice Enterprise Manager Suite
 Agilent NETeXPERT
3.1.6 Vazão da Rede
A vazão é a quantidade de dados transmitidos sem erro por uma unidade de tempo. Ela
pode ser medida em uma conexão ou sessão específica ou na vazão total da rede. O
ideal é que a vazão seja igual à capacidade da rede; entretanto, isso nem sempre
acontece.

A capacidade da rede depende das tecnologias da camada física. Teoricamente, a vazão


da rede deve aumentar conforme o aumento da carga da rede; entretanto, o método de
acesso (camada de enlace) influencia a carga da rede e a taxa de erros.

3.1.7 Vazão na Camada de Aplicação


A vazão da camada de aplicação ou goodput como é conhecida no inglês, é a medida
dos dados transmitidos sem erro desde a camada de aplicação da origem até a camada
de aplicação da aplicação destino, incluindo todo ooverhead de encapsulamento ou de
retransmissão da comunicação.
Essa medida é importante, pois é mais fácil de ser comparada com os requisitos de
vazão das aplicações e sistemas do cliente.  Alguns fatores são determinantes em
relação à taxa de goodput dos aplicativos. Entre os diversos itens, podem-se citar:
 taxas de erro de um ponto a outro;
 funções e parâmetros dos protocolos;
 taxas de PPS entre os dispositivos de redes (roteadores e switches, por
exemplo);
 pacotes perdidos entre os dispositivos;
 fatores específicos das estações de trabalho e servidores:
 desempenho geral do computador (CPU principalmente);
 desempenho geral de acessos ao disco;
 desempenho geral da memória;
 desempenho geral do sistema operacional.
3.1.8 Precisão
A quantidade de dados enviados de uma origem deve ser a quantidade de dados
recebidos no destino, entretanto, existem causas típicas de erros que incluem: picos e
surtos de energia, blackouts, ruídos, cabeamento, conexões físicas ruins e dispositivos
defeituosos.

Para Saber Mais


Acesse o link da APC Brasil para conhecer um pouco melhor sobre os problemas
ocasionados pelo mau funcionamento da rede elétrica.

Em links ou redes Wan, as medidas de precisão são feitas por meio da variável BER (Bit
error rate). Quando existe um contrato de fornecimento de rede WAN de uma
operadora essa taxa é definida em contrato.

3.1.9 Retardo e Variação do Retardo


As aplicações multimídia exigem uma variação mínima no retardo dos pacotes. O ideal é
que o retardo seja constante e previsível, pois a variação do retardo (jitter)
compromete aplicações de voz e vídeo conferência. A quantidade de dados enviados de
uma origem deve ser a quantidade de dados recebidos no destino.
Uma das formas de evitar o retardo é prever mecanismos de buffer na entrada e na
saída dos dados. Dessa forma, é possível compensar o jitter caso ele não seja muito
grande.
3.1.10 Tempo de Resposta
Essa é a medida de tempo que mais preocupa os usuários. Eles podem não entender
nada dos outros itens de medida de tempo, entretanto, o tempo que o sistema demora
para apresentar os dados é o que mais interessa. Quando o tempo de resposta e maior
que 100 ms ou 1/10 segundos os usuários começam a ficar decepcionados com o
desempenho da rede.

3.1.11 Requisitos de Segurança
Nos tempos atuais o projeto de segurança é sem dúvida um dos itens mais importante
de um projeto de redes, pois o uso da Internet como meio de comunicação para ligar a
matriz às filiais já uma realidade para a maioria das empresas.

Os requisitos de segurança devem aumentar os custos do projeto, entretanto, isso


costuma ser uma necessidade e preocupação do cliente. Nessa etapa você deve
identificar os requisitos definidos pelo cliente. Entre diversos itens de segurança,
podem-se citar algumas metas:

 permitir o acesso externo aos servidores públicos sem que os dados dos
aplicativos internos sejam comprometidos;
 autenticar usuários externos no acesso à determinados aplicativos utilizando ou
não VPN;
 detectar e isolar intrusos antes que algum dano seja causado à rede;
 garantir a integridade e confidencialidade dos dados dentro e fora da rede da
empresa.
3.1.12 Adaptabilidade da Rede
O seu projeto de rede deve prever o crescimento e incremento de novas tecnologias a
rede do seu cliente. É quase certo que isso ocorra em pouco tempo. Algumas metas de
crescimento podem ser definidas facilmente, pois o cliente pode ter um planejamento
estratégico que já prevê a necessidade de novas tecnologias ou expansão da rede,
entretanto, a previsão ou capacidade de entrada de novas tecnologias na rede deve
existir independente da definição prévia do cliente.

Uma tendência natural em muitas redes é a necessidade de adaptação aos requisitos de


qualidade de serviço (QoS) necessários a inclusão de aplicações multimídia. A
integração dados, voz e vídeo é uma tendência.

3.1.13 Capacidade de Gerenciamento
A capacidade, previsão e infraestrutura necessária para gerência da rede é um item que
não pode faltar, pois os problemas vão acontecer. Não existe rede perfeita ou que
nunca apresenta algum tipo de problema. Os sistemas e modelos de gerenciamento de
redes existem justamente para identificar, monitorar e contornar problemas na rede.

Os requisitos de gerência da rede estão relacionados com os métodos, procedimentos e


ferramentas que permitirão o provisionamento, operação, administração e manutenção
dos recursos de Tecnologia da Informação (TI).

Conforme a ISO, “o Gerenciamento de Redes provê mecanismos para a monitoração,


controle e coordenação de recursos em um ambiente OSI e define padrões de protocolo
OSI para troca de informações entre estes recursos” (ISO 10040).

Uma forma de organização muito comum em gerência de redes é a utilização do modelo


de gerenciamento Fault, Configuration, Accounting, Performance e Security (FCAPS) 
que divide as atividades em cinco áreas que em português significa: falha, configuração,
contabilização, desempenho e segurança. Esse modelo é largamente utilizado nas
empresas. Para saber mais detalhes sobre gerenciamento de redes, incluindo o modelo
FCAPS indico uma releitura no material da disciplina de gerência de redes.
3.1.14 Eficácia de Custos
Conforme já foi dito não adianta o seu projeto ser muito bom se não existir viabilidade
de custos do projeto. Nesse momento vamos discutir os requisitos técnicos que podem
auxiliar a tornar o projeto viável financeiramente.

O que normalmente aumenta o custo de um projeto de rede são as tarifas mensais dos
links WAN ou contrato de serviço que a operadora oferece ao cliente. Além disso, existe
o custo de manutenção e administração da rede. Para tentar reduzir os custos:

 utilize um protocolo de roteamento que minimize o tráfego e otimize as rotas;


 integre dados, voz e imagem com compactação e compressão nos links
dedicados para reduzir custos de telecomunicação da empresa;
 proponha equipamentos fáceis de configurar e operar;
 desenvolva um projeto de fácil compreensão e boa documentação;
 proponha equipamentos e tecnologias que minimizem a necessidade de suporte
especializado ao usuário. Quanto maior for a capacidade de uso e suporte
autônomo do usuário, menores serão os custos de manutenção.
A lista de itens abaixo é um checklist de perguntas que podem auxiliá-lo na conferência
dos itens que você não pode esquecer (o ideal é verificar as metas para os próximos
cinco anos):
 Documentei todas as metas de crescimento da rede, incluindo, novas filiais,
mais usuários e servidores?
 Documentei todas as metas de migração ou mudança de servidores?
 Documentei as metas de expansão da rede WAN, incluindo novos acessos e
interligação com fornecedores ou clientes?
 Documentei todas as metas desempenho da rede?
 Documentei todas as metas de utilização média e máxima dos segmentos de
rede?
 Documentei todas as metas de vazão, precisão e tempo de resposta e taxas de
erros da rede?
 Identifiquei os aplicativos e sistemas, incluindo importância, custo de inatividade
e tempo médio entre falhas aceitável?
 Identifiquei e discuti os riscos e requisitos de segurança com o cliente?
 Identifiquei os requisitos do modelo FCAPS?
 Defini juntamente com o cliente uma lista de metas e um cronograma de
trabalho?
 Atualizei o diagrama da rede do cliente?

No estudo da etapa de análise dos requisitos técnicos, você viu que é necessária a
análise da capacidade de crescimento, desempenho, requisitos de segurança e
capacidade de gerenciamento, entre outros itens.

Na próxima aula, você estudará a etapa de análise da rede existente, em que o


projetista busca conhecer melhor o funcionamento e topologia da rede. Bom estudo e
até lá!

Aula 04 – Análise da Rede Existente


Para começar esta aula, nada melhor do que abrir com o poema “No meio do caminho”,
de Carlos Drummond de Andrade:

No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

O que você faz quando encontra um obstáculo em algum projeto ou atividade que está
executando? Você enfrenta logo o problema? Você fica lamentando ou vai logo para a
“briga”?  No trabalho de projetista, você vai perceber que determinados problemas
surgem como uma pedra bem grande e pesada no seu caminho. No entanto, ninguém
vai tirá-la do seu caminho. Cabe a você essa tarefa.

“O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo” (Antoine
de Saint-Exupéry).

4.1 Análise da Rede Existente


Para que seu trabalho tenha bases sólidas e não haja surpresas, é fundamental
conhecer e ter em mãos todo o mapeamento e funcionamento da rede atual do cliente.
Nessa etapa, você deve documentar toda a topologia e infraestrutura da rede existente.

É fundamental conhecer a rede existente em detalhes. O mais provável é que já exista


uma rede em funcionamento. O sucesso da nova rede depende do quanto se conhece a
rede existente, pois é preciso que haja total harmonia e interoperabilidade entre ela e a
nova rede que será incorporada. A caracterização da rede existente engloba os
seguintes itens:

 identificar todos os servidores, computadores e elementos de rede;


 identificar métodos e padrões de endereçamento de rede e nomenclatura;
 criar ou atualizar o mapa da rede, incluindo principais equipamentos, links,
elementos de rede e telecomunicação;
 identificar a fiação, mídia e dispositivos de telecomunicação existentes;
 caracterizar o desempenho da rede existente.
4.1.1 Servidores, Computadores e Elementos de Rede
Você deve relacionar os servidores e principais tipos de estações de trabalho e
dispositivos de rede, tais como roteadores e switches, bem como detalhar todos os links
de dados e características dos segmentos de rede.

Como sugestão, é indicada a elaboração de uma tabela que relacione todos os


servidores e elementos de rede, detalhando a configuração, marca, capacidade, nome
do dispositivo, local em que está instalado etc.
4.1.2 Padrões de Endereçamento de Rede e Nomenclatura
Identifique as classes de endereço de rede utilizadas, endereços recebidos pelas
operadoras de serviço. Você deve identificar todos os endereços utilizados nos
segmentos de rede local, de blackbone e nos links de rede WAN. Ou Seja, identifique e
relacione todos os padrões e classes de endereçamento e nomenclatura utilizada na
rede existente.

Existem muitas estratégias de endereçamento e nomenclatura que podem ser


utilizadas; entretanto, independentemente da estratégia a ser utilizada, é fundamental
desenvolver um padrão de fácil identificação e configuração. Liste detalhadamente
todos os endereços e nomes utilizados e, caso existam, os padrões de endereçamento e
nomenclatura. Muitos nem sabem o que é um projeto de endereçamento e de
nomenclatura.

4.1.3 Mapa de Rede
O mapa ou diagrama da rede é muito importante, pois ajuda na visão global de toda a
rede e, também, na visão segmentada conforme o modelo hierárquico, permitindo ver
mais detalhes das camadas de núcleo, distribuição e acessos da rede. Além disso, é
bom ter um mapa de cada localidade ou departamento com mais detalhes, pois isso
contribui muito para a resolução de problemas, configuração da rede e inclusão de
novas tecnologias. Sempre que necessário você pode ter uma visão global com
possibilidades de navegar no mapa da rede, fazendo um “zoom” ou visão detalhada de
cada parte ou segmento da rede.

Caso não exista nenhum mapa ou o mapa da rede existente for muito inconsistente,
você pode criar um mapa por meio de ferramentas ou softwares específicos ou utilizar
softwares que fazem uma varredura na rede e geram um mapa automaticamente.
Depois, você pode fazer ajustes no mapa gerado. Com isso, não terá o trabalho de
elaborar tudo “do zero”; entretanto, é preciso adquirir esses softwares específicos.

Um software muito utilizado e também conhecido é o Microsoft Office Visio. Muitos


profissionais da área de informática utilizam esse software para elaborar diagramas
(mapas) de redes de computadores. Na Aula 1 foram apresentados vários exemplos de
topologia de redes com o uso do Visio. Além disso, o Visio pode ser utilizado para
elaborar plantas baixas, diagramas de processos, organogramas e fluxogramas, entre
outros. 

Para Saber Mais


Para obter mais informações sobre o Visio, clique aqui. Para ampliar as funcionalidades
do Visio, você pode ainda adquirir a ferramenta Codima toolbox autoMap, também
conhecida como Codima Discovery Engine™.

Com o AutoMap, você consegue gerar automaticamente um mapa da rede para o Visio,
fazendo uma varredura completa na rede, por meio de protocolos como o SNMP, SIP,
NetBIOS, ICMP e rDNS, além de outros proprietários como o WMI, CDP ou EDP. Entre
as diversas possibilidades dessa ferramenta podemos citar:
 identificar classes de IP permitidas e proibidas;
 limitar a velocidade de varredura no intervalo de 64Kbs a 640Kbs para evitar o
congestionamento na rede;
 indicar a faixa de IPs que serão descobertas;
 permitir a varredura através dos firewalls;
 salvar o mapa da rede em páginas web;
 identificar links como Spanning Tree, subredes e VLANS;
 identificar equipamentos gerenciáveis e não gerenciáveis nas plataformas
Windows e Linux;
 identificar automaticamente SIP Phones, servidores e gateways;
Na prática, a ferramenta Codima Toolbox é um software de monitoramento e gerência
de rede, pois, com a aquisição de outros complementos, você pode adicionar muitas
funcionalidades.
A ferramenta livre Dia oferece recursos similares ao Visio. Para baixá-la, acesse este
endereço. Apesar de ter muitos recursos e ser um software livre, essa ferramenta tem
recursos e facilidade inferiores ao Visio.

O mapa ou diagrama da rede deve ter:

 a representação gráfica da topologia lógica e arquitetura de toda a rede;


 informações geográficas que permitam identificar países, estados, cidades
ou campus;
 informações sobre os links ou conexões LAN, MAN e WAN, identificando as
localidades;
 informações sobre as localidades de cada sala, prédio ou local que existam
equipamentos de rede;
 indicação das tecnologias utilizadas, como MPLS, Frame Relay, ATM, ISDN,
Ethernet, FastEthernet ou GigaEthernet e FDDI, entre outras, indicando também as
velocidades utilizadas;
 indicação e localização dos servidores, firewalls e dispositivos de rede e
provedores de serviços WAN, incluindo nomes e endereços;
 indicação e localização das Virtual Private Networks (VPNs), com destaque,
preferencialmente, em cores diferentes dos links ou conexões WAN para diferenciá-
las das demais conexões.

Como forma adicional de identificação da rede atual e que também deve ser feita para o
projeto da nova rede, recomenda-se a elaboração de plantas baixas, incluindo
perspectivas tridimensionais de prédios da topologia física da rede. Você pode conseguir
uma planta arquitetônica do prédio ou de todas as localidades do cliente para elaborar
uma planta que apresente a localização física dos servidores e equipamentos da rede.

4.1.4 Fiação e Mídia
Relacione todo o cabeamento utilizado e as tecnologias sem fio. Indique se é fibra, o
tipo da fibra, se é coaxial, par trançado, infravermelho, laser ou rádio, entre outros.
A planta arquitetônica ajuda muito, pois você pode incluir uma legenda que especifique
o tipo de cabo. Além disso, você pode criar tabelas para identificar em cada prédio ou
localidade os seguintes itens:

 armários de telecomunicação (racks), incluindo localização e todos os


dispositivos que estão dentro de cada rack;
 relacionar os cabos por tipo de fiação, indicando se é vertical (liga um andar ao
outro), horizontal (liga os pontos de rede ao rack) ou de área de trabalho (liga os
computadores de trabalho);
 topologia da rede, indicando se é estrela, anel, malha, árvore etc.

Ao levantar e documentar a situação atual da rede, você deve aproveitar para identificar
situações da rede atual que podem comprometer o projeto da nova rede ou que
deverão ser tratadas no projeto de tal forma que o problema ou situação seja
solucionado na nova rede.  Você deve verificar se:

 A ventilação e temperatura do local onde ficam os servidores e dispositivos de


rede são adequadas?
 Existe sistema de proteção de energia elétrica? Qual? Há nobreak para
servidores e elementos de redes?
 A tubulação existente é adequada e apresenta possibilidades de expansão?
 Existem equipamentos ou dispositivos que possam interferir na instalação de
uma rede sem fio? Existem motores, aquários ou qualquer dispositivo que interfira
em sinais de redes sem fio? Onde estão localizados esses dispositivos?
 Os locais onde ficam os racks e equipamentos de rede são adequados? Existe
um sistema de segurança que impeça o acesso de pessoas não autorizadas?

O trabalho de análise da rede existente é como um diagnóstico de um paciente que


tenha uma doença ainda não identificada. É preciso analisar todas as possibilidades e
fazer todo um mapeamento dos sintomas e história de vida do paciente. Imagine que
você seja o médico e que a rede atual do cliente seja o seu paciente. Você deve analisar
tudo com muito carinho e com rigor nos detalhes, para que o diagnóstico “projeto da
rede” seja feito com segurança.

4.1.5 Desempenho da Rede Existente


O desempenho de redes é uma área em crescimento de elevada importância nos dias
de hoje. De acordo com pesquisa realizada pelo IDC e EMC, em 2006, o volume de
dados na internet era da ordem de 161 bilhões de Giga bytes (Gb) e, em 2010, esse
número deve ir para 988 bilhões de Gb. Isso equivale a 1,4 trilhões de CDs e 12,3
bilhões de HDs de 80 Gb. Esse número é três milhões de vezes maior do que a
informação contida em todos os livros já escritos (ESTADÃO, 2007).

A inclusão de aplicações multimídia está mudando profundamente o comportamento das


redes. Os requisitos de qualidade de serviço são cada vez mais comuns nas redes das
empresas. Existem aspectos básicos e fundamentais no desempenho das redes que
englobam problemas de desempenho, medição do desempenho da rede e o projeto da
rede, para permitir um melhor desempenho. A caracterização detalhada do tráfego da
rede será vista no item a seguir.

A rede pode ter problemas de desempenho por vários motivos. Entretanto, existem
alguns itens que são mais recorrentes ou estratégicos que os demais, e podem
comprometer o funcionamento da rede (TANENBAUM, 2003). Entre eles, podem-se
citar:
 sobrecarga repentina de roteadores da rede;
 desequilíbrio de recursos da rede;
 ajustes de tempos na retransmissão de informações (timeouts);
 aplicações multimídia são sensíveis ao tempo e a largura de banda;
 processamento rápido das unidades de transporte.
Para melhorar ou identificar problemas de desempenho é fundamental fazer medições.
De acordo com Mogul (1993) o loop básico de medição deve contemplar:
 medir os parâmetros relevantes e o desempenho da rede;
 tentar entender o que está acontecendo;
 alterar um parâmetro.

É importante seguir algumas dicas para fugir de armadilhas no momento de fazer as


medições. É importante verificar se:

 o tamanho da amostra é grande o bastante;


 as amostras são representativas;
 nenhum evento inesperado está ocorrendo durante os testes;
 não existe nenhum cachê ativo no momento da medição, pois isso poderá
arruinar as medições.

A análise e o monitoramento do desempenho da rede são fundamentais para entender e


evitar problemas de eficácia da rede, entretanto, nada substitui um bom projeto de
rede. Afinal de contas, o objetivo da análise da rede atual e do tráfego existente, nessa
fase do projeto, é justamente permitir a elaboração de um projeto de rede que não
deixe a rede vulnerável e com problemas de desempenho no futuro. Pode até ocorrer
algum problema de desempenho no futuro, entretanto, não deve ser ocasionado por
falta de projeto, pois é justamente isso que você vai fazer. Você ainda não está
“craque” no assunto, mas isso é apenas uma questão de tempo!

Existe muito material disponível na literatura sobre análise de desempenho de redes,


entretanto, não custa nada trocar idéias com profissionais que já possuem experiência
prática, pois algumas situações específicas podem não ser identificadas no início dos
trabalhos. Com o passar do tempo você vai adquirir experiência no assunto, entretanto,
no início da carreira de projetista de redes, é bom interagir com outros profissionais
para evitar erros ou situações que já são conhecidas. A análise da rede atual ajuda na
previsão de crescimento da rede, evitando problemas de desempenho no futuro. As
dicas a seguir poderão ajudar nessa tarefa:
 a velocidade da CPU ou eficácia geral dos computadores da rede é mais
importante que a velocidade da rede propriamente dita, pois de nada adianta uma
rede rápida se os computadores são lentos;
 você deve tentar ao máximo reduzir o número de pacotes que trafegam na rede,
pois isso ajuda a reduzir o overhead dos softwares e protocolos;
 configure o Sistema Operacional para otimizar o processamento dos dados;
 prevenir o congestionamento é melhor do que remediá-lo;
 é possível configurar a rede ou, mais especificamente, a camada de transporte
para ficar mais eficaz, pois, com isso, a rede ficará mais rápida;
 é possível diminuir a burocracia (overhead) do protocolo TCP, o que deixará a
comunicação mais rápida.

Outro aspecto importante na análise do desempenho da rede existente é verificar a


disponibilidade da rede. Você deve identificar e caracterizar o MTBF (tempo médio entre
falhas aceitável) e o MTTR (tempo médio de reparação das falhas) da rede como um
todo e de todos os segmentos de rede, incluindo os links WAN. Pode ser que a empresa
já tenha esses dados; entretanto, é bem provável que não exista nada sobre isso.
Dessa forma, você deve agir como um perito forense e caracterizar esses dados da rede
atual. Como sugestão, utilize a Tabela 4.1 para caracterizar a disponibilidade da rede:

Tabela 4.1 – Caracterização da disponibilidade da rede 

Segmento MTBF MTTR Data, hora e duração da Causa da última


última inatividade inatividade

         

         

4.1.6 Análise da Utilização Rede


Medir a utilização da rede é fundamental para saber se a rede atual já está
sobrecarregada ou se está dentro da normalidade. Essa informação vai influenciar muito
as decisões que você vai tomar a partir desse momento. As medidas de utilização da
rede são feitas normalmente em percentual. Por exemplo, ao dizer que a utilização da
rede da filial Fortaleza-CE que utiliza a tecnologia FastEthernet  é de 65%, estamos
dizendo que, dos 100Mbps de carga máxima teórica disponível da rede, 65% em média,
ao longo de um determinado período de medição, está em uso.

O ideal é ter uma medição por segmento de rede ou por localidade, pois podem existir
problemas localizados. É Importante ter um percentual de utilização geral da rede à luz
da utilização de todos os segmentos da rede.

Existem diferentes ferramentas disponíveis no mercado com diferentes modelos de


medida e formas gráficas da apresentar a utilização da rede. Independentemente da
ferramenta adotada, é fundamental escolher uma que atenda aos requisitos que você
deseja, pois não adianta nada a ferramenta ter muitos gráficos se ela não faz a medição
ou apresenta os relatórios que você precisa. Na Aula 3 foi apresentada uma lista de
ferramentas de monitoramento e gerência de redes. Escolha uma ferramenta que seja
mais adequada às características do seu cliente e às necessidades do projeto.
Na medição de utilização da rede, você deve analisar também a utilização por protocolo,
pois alguns protocolos podem apresentar um comportamento irregular ou excesso de
tráfego desnecessário. Por exemplo, um determinado protocolo pode apresentar um
excesso de broadcasts ou de pacotes desnecessário em um segmento de rede
FastEthernet. Dessa forma, deve ser feita a análise da “utilização relativa” dos
protocolos em relação ao segmento de rede. Por exemplo, a utilização da rede da filial
de Natal que utiliza a tecnologia Ethernet (10 Mpbs) é de 60%. A utilização relativa do
protocolo IP nessa filial é de 40% desse tráfego. Ou seja, dos 60% em uso, 40% do
total em uso é feito pelo protocolo IP.

A “utilização absoluta” especifica a quantidade de largura de banda usada pelo protocolo


em relação a capacidade total do segmento ou localidade. Por exemplo, A utilização do
protocolo NetBIOS do segmento de rede, referente ao prédio da diretoria da matriz que
utiliza tecnologia GigaEthernet é de 8% em relação aos 1.000 Mbps de carga máxima
teórica desse segmento. Nesse caso, o percentual de utilização é feito em relação à
carga total da rede. Para o levantamento da utilização de largura de banda por
protocolo é sugerida a utilização da tabela Tabela 4.2. Essa análise deve ser feita por
segmento e, ao final, você deve elaborar uma tabela da utilização global da rede.

Tabela 4.2 – Utilização global da rede 

Protocolo   Utilização relativa Utilização absoluta Taxa de


difusão/multicast

IP      

NetBIOS      

IPX      

AppleTalk      

Outro      

Cada tópico em um projeto de rede pode aprofundar mais no assunto ou levantar dados
mais superficiais. O nível de detalhamento e quantidade de itens referentes à análise da
rede vai depender das exigências do cliente ou das características do projeto. Além dos
itens apresentados você pode identificar:

 Taxa de erros de bits.


 Taxa de erros de pacotes (células ou frames, vai depender do tipo da rede).
 Caracterização de erros em redes ATM.
 Análise da eficiência da rede. Ou seja, medir a utilização da rede de um
determinado protocolo conforme um intervalo de tamanho de estruturas (tamanho
do pacote ou do frame utilizado por esse protocolo). Isso vai indicar que, em
determinados tamanhos de pacotes, a rede é mais eficiente.
 Análise de retardo e tempo de resposta. A forma mais comum de fazer essa
medição é analisar o Round Trip Time (RTT) do protocolo TCP. Essa medição é
fundamental para a avaliação de aplicações que não podem tolerar muito o jitter.
O jitter é a variação do atraso. Quando o atraso é mais ou menos previsível você
pode fazer uma melhor estimativa do funcionamento de determinadas aplicações
multimídia, entretanto, quando o jitter é muito grande fica complicado o
funcionamento dessas aplicações.
 Utilização e status dos roteadores da rede. Conhecer o comportamento e
percentual de utilização deles é vital, pois as informações passam por eles a todo o
momento. Além disso, com a tendência cada vez maior de usuários remotos os
roteadores são cada vez mais estratégicos para o negócio do seu cliente. O sistema
operacional do roteador oferece muitos detalhes sobre a utilização e tráfego. O
destaque é a analise da CPU, dos buffers, pacotes perdidos e demais falhas. Você
pode obter todas essas informações com o uso de softwares de gerência de rede.

No mundo competitivo com excesso de informações e conhecimento que temos que ter
para atender muitas demandas, tão importante quanto ter o conhecimento é saber que
pode te ajudar em áreas específicas. Um bom profissional na atualidade não é o que
sabe tudo, pois isso é difícil. O mérito é ter uma visão global, ser especialista em
algumas áreas e ter uma boa equipe ou rede de relacionamento de profissionais que
podem ajudá-lo sempre que necessário. Isso inclui saber utilizar as ferramentas de
trabalho adequadas para determinadas situações. Entre as ferramentas disponíveis no
mercado você deve escolher a que apresenta uma melhor relação custo benefício e que
atende às necessidades do seu projeto. Consulte a relação de ferramentas disponíveis
na Aula 3.

Com o uso de ferramentas de monitoramento e gerência de redes você poderá obter


estatísticas de:

 erros de redundância Cíclica ou Cyclic Redundancy Check (CRC);


 colisões na rede;
 tamanho das estruturas de acordo com a tecnologia de rede;
 taxa de broadcast.
Ao final dessa etapa, é importante fazer um checklist das tarefas que precisam ser
feitas. A lista abaixo vai ajudá-lo a não se esquecer dos itens referentes à análise da
rede existente:
 A topologia e infraestrutura física da rede estão caracterizadas?
 Os padrões e faixas de endereçamento e nomenclatura utilizados estão
identificados?
 O cabeamento e dispositivos de rede foram documentados?
 Quais problemas de cabeamento ou disposição dos equipamentos foram
identificados? Alguma norma está sendo descumprida?
 A utilização atual da rede foi caracterizada?
 A disponibilidade da rede atual atende às necessidades do cliente?
 A segurança da rede atende os critérios e normas estabelecidos pelo cliente?
 Os erros ou algum comportamento anormal em algum segmento de rede do
cliente foram identificados?
 O tempo de resposta entre clientes e hosts é aceitável?
Na análise da rede existente, você viu que deve fazer um diagnóstico para verificar a
saúde da rede do seu cliente. Você deve caracterizar os servidores, computadores e
elementos de rede. Você deve ainda identificar métodos e padrões de endereçamento e
nomenclatura. Deve ser feito um mapa da rede, incluindo principais equipamentos,
links, elementos de rede e telecomunicação. Analise a fiação, mídia e dispositivos de
telecomunicação, identificando problemas que devem ser contemplados no seu projeto.

Na próxima aula, você verá como se dá a análise do tráfego da rede. Até lá!

Aula 05 – Análise do Tráfego da Rede


Tendo aprendido, na Aula 4, a conhecer a rede atual do seu cliente, você irá agora
entender o modo como ela se comporta, identificando e analisando o tráfego da rede
existente. Boa aula!

5.1 Análise do Tráfego Atual da Rede


Agora que você já conhece melhor a rede atual do seu cliente, é preciso caracterizar o
comportamento da mesma, bem como identificar o volume e o fluxo do tráfego dos
protocolos entre os computadores e elementos de rede. Essa é a etapa final da análise
de requisitos do projeto de rede do cliente. Isso irá auxiliar a caracterização do fluxo de
tráfego, envolvendo a identificação das origens e dos destinos e da direção e simetria
dos dados que trafegam entre a origem e o destino.

Antes de identificar as origens e os destinos do fluxo dos dados, você deve identificar e
caracterizar as comunidades ou grupos de usuários que utilizam a rede. Agrupar
usuários com características de acesso similares ajuda e facilita a análise do tráfego,
simplificando a análise entre a origem e o destino, pois basta identificar o tráfego de um
usuário da mesma comunidade e do mesmo segmento de rede para definir determinado
comportamento. Não há necessidade de repetir a varredura e identificação de outros
usuários com o mesmo comportamento. Você até pode fazer isso só como forma de
checar se os dados são coerentes. Utilize a Tabela 5.1 para identificar a comunidade de
usuários existentes.

Tabela 5.1 – Identificação da comunidade de usuários 

Nome da comunidade Número de usuários Localização Aplicativos utilizados

       

       

Depois de identificar as comunidades, você deve identificar os locais de armazenamento


de dados. Esses locais são os servidores de arquivos, Banco de dados, mainframe etc.
Utilize a Tabela 5.2 para identificar os locais de armazenamento.
Tabela 5.2 – Identificação dos locais de armazenamento 

Local de armazenamento Localização Aplicativos Comunidades que utilizam

       
       

A caracterização dos fluxos de tráfego entre origem e destino na Internet está se


tornando um aspecto de grande interesse por parte das comunidades e órgãos
envolvidos com o desenvolvimento da Internet. A RFC 2063 (Traffic Flow Measurement:
Architecture) descreve uma arquitetura de medição e geração de relatórios de fluxo do
tráfego de rede e discute como a arquitetura se relaciona com uma arquitetura global
de fluxo de tráfego para redes locais e para a Internet. Ao medir o fluxo de tráfego
atual da rede, você será capaz de:
 caracterizar o comportamento da rede;
 planejar a expansão da rede;
 quantificar o desempenho e comportamento da rede;
 verificar a qualidade do serviço de rede (QoS);
 relacionar usuários, aplicativos, fluxo de dados e banda necessária.

A medição do fluxo de tráfego de rede entre origens e destinos é feita em Mbytes por
segundo. A medição entre as entidades envolvidas na comunicação é feita por meio de
analisadores de protocolos ou sistemas de gerência de redes. Ao medir o fluxo do
tráfego é fundamental identificar o caminho ou percurso que os pacotes percorrem
durante a comunicação. Para identificar o caminho (rota), você pode ativar a opção de
gravação de rota disponível nas ferramentas de gerência de rede. A Tabela 5.3 auxilia a
caracterização do fluxo de tráfego de rede.

Tabela 5.3 – Caracterização do fluxo de tráfego da rede 

  Destino 1 Destino 2 Destino n

  Mbps rota Mbps rota Mbps rota

Origem 1            

Origem 2            

Agora, você deve classificar o fluxo do tráfego dos aplicativos. Entre as categorias
existentes, a lista a seguir apresenta os tipos de fluxo mais conhecidos:

 Fluxo de tráfego terminal/host: apresenta comportamento assimétrico. O


terminal envia alguns caracteres e o host envia muitos caracteres. Um bom
exemplo é o comportamento de uma sessão de Telnet.
 Fluxo de tráfego cliente/servidor: É o fluxo mais comum e utilizado na
atualidade. Caracteriza-se por um tráfego bidirecional e assimétrico. Em geral, os
pedidos dos clientes utilizam 64 bytes ou menos e a resposta do servidor pode
variar de 64 a 1500 bytes, dependendo do tamanho máximo dos frames ou
pacotes configurados. O exemplo clássico e provavelmente o que mais ocorre na
internet é a sessão do protocolo http que ocorre entre um cliente (browser) e o
servidor web.
 Fluxo de tráfego não-hierárquico: é o fluxo bidirecional e simétrico. As
entidades envolvidas na comunicação transmitem aproximadamente as mesmas
quantidades de dados. Cada dispositivo é considerado igualmente importante.
Exemplo: a realização de uma videoconferência. Em geral, os envolvidos na
comunicação devem ter os mesmos requisitos de QoS.
 Fluxo de tráfego servidor/servidor: caracteriza-se por transmissões entre
servidores e aplicativos de gerenciamento. Exemplos: sincronização entre
servidores de serviço de diretório quando existe um principal e um debackup.
 Fluxo de tráfego distribuído: ocorre quando existem vários nós de
computação trabalhando juntos para concluir um serviço. Exemplo: o
funcionamento de um algoritmo genético de processamento paralelo rodando em
um cluster.

Para caracterizar o tráfego dos aplicativos, indicando o tipo de fluxo de dados entre eles
é sugerida a utilização da Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Caracterização do tráfego dos aplicativos 

Nome do Tipo de flu-xo Proto- Comunidades que Locais de Largu-ra QoS


aplica- colos utilizam armazena-mento de banda
tivo utiliza-dos

             

Um item em especial da Tabela 5.4 deve ser verificado com atenção, pois, caso existam
aplicativos com requisitos de QoS, é preciso identificá-los para que o projeto de rede
possa fornecer os recursos necessários para o seu correto funcionamento. A qualidade
de serviço (Quality of Service – QoS) é o termo que define os requisitos e demandas e
garantias de recursos a uma conexão de rede para atender às necessidades de
determinadas aplicações. Através da definição de parâmetros específicos, você
determina como a rede deve se comportar para que uma determinada aplicação
funcione de forma aceitável. Por exemplo: uma webconferência precisa de requisitos
mínimos para que ocorra de forma aceitável.
Quando existe um prestador de serviço para os links WAN é comum existir um contrato
de acordo de nível de serviço, também conhecido por Service Level Agreement (SLA). O
SLA é um contrato entre o usuário e o provedor de serviços que especifica requisitos e
um comportamento pré-definido dos links WAN. O próprio provedor pode gerar gráficos
de controle do comportamento dos links fornecidos ou o próprio cliente pode monitorar
ou gerenciar o tráfego e o fluxo dos dados que passam pelos links WAN para verificar se
o contrato SLA está sendo cumprido.

Nesse contrato, o provedor se compromete com determinados parâmetros que foram


acordados previamente, conforme as características da rede. Por exemplo: é
especificada a velocidade do link, a banda mínima garantida, a taxa máxima de erros
aceitável, a rajada máxima permitida, entre outros parâmetros.

Para ajudar na conferência dos itens necessários à caracterização do tráfego da rede,


você deve verificar se:

 Os fluxos das origens, destinos, comunidades e locais de armazenamento foram


identificados?
 Os fluxos do tráfego foram categorizados?
 Foram calculados os requisitos de largura de banda e QoS para cada aplicativo
da rede?

Com a conclusão da análise de requisitos, você passa a conhecer melhor o negócio e as


necessidades do seu cliente. Nesse momento, você sabe o que ele deseja, quais são as
necessidades, como funciona a rede e como está o fluxo de tráfego. Portanto, você já
tem todas as informações que precisa para iniciar a etapa de projeto lógico. Então,
mãos à obra e bom trabalho!

Nesta aula você viu que, para analisar o tráfego atual de uma rede, você deve
caracterizar o desempenho da rede, relacionando o percentual de utilização dos
seguimentos e o comportamento do tráfego da rede. Aprendeu a identificar, ainda, o
fluxo do tráfego entre os computadores, comunidades de usuários e locais de
armazenamento dos dados.

Aula 06 – Projeto Lógico da Rede


Antes de iniciar o estudo desta aula, lei o seguinte Texto de Leonardo Da Vinci - Sobre a
importância da observação:
A ave é um engenho que trabalha de acordo com leis matemáticas, e o homem tem
capacidade para reproduzi-lo com todos os seus movimentos, porém, não com o
mesmo grau de força, tornando-o deficiente apenas no seu poder de manter o
equilíbrio. Por isso, podemos dizer que tal engenho construído pelo homem é completo,
excetuando-se a vida própria da ave: essa vida precisa ser suprida pela do homem.
A vida que está nos membros da ave, certamente, há de corresponder melhor às suas
necessidades do que aquela do homem que não está neles, e isso sente-se, sobretudo,
nos movimentos imperceptíveis que lhe garantem o equilíbrio. Porém, através da visão,
podemos perceber a variedade de movimentos desses animais e por essa experiência é
possível declarar que os movimentos mais rudimentares são passíveis de serem
compreendidos pelo entendimento humano, de modo que ele, homem, será capaz de
tomar providências para que não se destrua esse engenho do qual se tornou o princípio
vivo.

(The note-books of Leonardo Da Vinci, p. 511)

Você é do tipo que percebe a riqueza de detalhes em fatos ou coisas aparentemente


simples e corriqueiras da vida? Você se encanta ao ver um beija flor degustando o
néctar de uma flor como se estivesse imóvel? Você é observador ou desligado? Você
lembra as características do projetista que foram apresentadas na Aula 1? A etapa de
definição do projeto lógico requer um “olho clínico” do projetista para perceber
situações ou necessidades que devem ser contempladas no projeto para atender os
requisitos já levantados e preparar a nova rede para os desafios futuros. Procure
observar as informações da Etapa2 – Projeto lógico da rede, assim como Leonardo
percebeu os movimentos da ave. Bom projeto lógico!

A etapa de projeto lógico proposta engloba o desenvolvimento da topologia lógica e


física da rede, o projeto de endereçamento de rede, o padrão de nomenclatura que será
adotado, os protocolos de segurança e as estratégias de segurança e gerência que
devem ser contempladas no projeto para que a rede não tenha problemas no futuro
devido à falta de projeto.

6.1 Topologia Lógica da Rede


A primeira tarefa a ser feita é definir qual o modelo hierárquico de projeto de rede que
será adotado. O projeto vai ter três, duas ou uma camada? Na prática que defini isso
não é você e sim a necessidade do cliente e circunstâncias do projeto.  Ao definir o
modelo hierárquico a ser utilizado você consegue planejar melhor a rede do seu cliente,
pois o modelo permite a separação em até características distintas da rede. Com isso
você consegue dividir um grande problema em até três problemas melhoras. Isso vai
ser determinante para o trabalho que ser feito a partir desse momento.

Antes de definir a topologia lógica macro da rede e iniciar um pequeno esboço de como
ficará o diagrama ou mapa da rede você deve verificar se existe a necessidade de
redundância. Caso o cliente tenha requisitos mais exigentes de disponibilidade e
segurança pode ser necessário modificar ou incluir redundância de links nas camadas de
núcleo, distribuição e acesso. Com isso, é possível eliminar pontos críticos de falha que
podem desativar aplicativos críticos.  Discuta isso com o seu cliente. É importante que
ele tenha uma noção do impacto que essa medida pode ocasionar no custo final do
projeto. Uma reunião com o cliente sobre esse assunto pode evitar muitos transtornos
ou trabalho desnecessário.

Uma forma interessante de atender aos requisitos mais exigentes de disponibilidade e


segurança é propor caminhos redundantes com o balanceamento de carga. Dessa
forma, você pode dimensionar melhor a topologia do cliente e ainda ter redundância nos
links.

Caso o projeto tenha no mínimo duas camadas do modelo hierárquico (acesso e


distribuição) é recomendado projetar que os servidores de DHCP, DNS e WINS e seus
respectivos servidores de backup ou secundários, fiquem na camada de distribuição.
Caso haja redundância ou balanceamento de carga os computadores da camada de
acesso terão mais de uma caminho para encontrar esses servidores críticos para o
funcionamento da rede.

6.2 Projetando a Segurança no Mapa da Rede


Após a definição do modelo hierárquico, dos links de redundância e balanceamento de
carga é necessário incluir proteção física e lógica da rede. Detalhes da topologia física
da rede, incluindo a segurança devem ser contemplados no projeto arquitetônico,
entretanto, a primeira etapa é incluir os firewalls e detectores de intrusos no mapa da
rede, definido uma topologia que normalmente é composta por no mínimo três áreas:
Rede segura (blue net), rede insegura (red net) e zona desmilitarizada (Green net) ou
zona de livre comércio.   Dependendo das necessidades do cliente poderão existir
vários firewalls e vários computadores de detecção de intrusos, incluindo
servidores honey pot ou pote de mel (simulando um servidor de dados e/ou aplicação
para confundir o invasor) a Figura 6.1 apresenta um exemplo de topologia que contém
a definição de três segmentos no firewall. Dependendo da necessidade do cliente você
pode incluir mais interfaces de rede no firewall e aumentar o número de segmentos.

Figura 6.1 – Topologia


com separação de DMZ, rede segura e insegura

6.3 Mapa Arquitetônico da Rede


Após a conclusão do mapa da rede você deve desenvolver a planta arquitetônica da
rede que definirá a disposição física dos equipamentos. Ao desenvolver a planta
arquitetônica detalhada do projeto da rede você poderá perceber a necessidade de
efetuar algumas modificações no projeto lógico ou etapas anteriores a essa, pois a
planta do cliente pode apresentar algum problema específico que requeira modificações
de maior porte. Por exemplo, você pode ter especificado que em determinado local teria
um switch para interligar um segmento de rede ao outro, entretanto, não é possível
instalar o switch no local programado. Pode ser que você tenha que planejar uma rede
sem fio para solucionar o problema. Isso muda o projeto da rede.

É bem provável que você não saiba usar o AutoCAD ou não tenha conhecimentos
suficientes para fazer ou modificar uma planta arquitetônica de um cliente.
Normalmente as empresa que trabalham com cabeamento estruturado possuem
profissional com domínio no AutoCAD. Quando existe um profissional que já tem
experiência em plantas arquitetônicas de projeto de redes é bem mais fácil, pois é bem
diferente fazer uma planta para decorar um construir uma casa ou sala do que fazer
uma planta para um projeto de rede. Existem especificidades nesse trabalho que só a
experiência ou conhecimento específico na área de redes é que permitem um trabalho
mais rápido e de qualidade.

O mais provável é que você subcontrate um profissional ou empresa especializada para


fazer o projeto de cabeamento estruturado. Ao fornecer o projeto do cabeamento
estruturado é comum incluir a relação do material elétrico, conectores, cabos,
canaletas, armários de telecomunicação (racks), etc, entretanto, para seguir o modelo
de projeto de rede proposto você deve solicitar que o projeto arquitetônico, incluindo os
dutos que serão utilizados para a passagem dos cabos verticais, horizontais e de acesso
e detalhes dos racks sejam entregues separados da lista do material que deve ser
adquirido, pois a etapa de especificar o hardware será feita mais adiante.

Ao definir o mapa arquitetônico da rede você vai:

 definir com precisão a quantidade e a localização dos pontos de rede;


 definir com precisão a localização dos racks e os detalhes internos, incluindo a
quantidade de swiches, conectores e demais elementos de rede;
 definir como será a tubulação que irá suportar o cabeamento da sua rede. Com
isso, você acaba definindo também os pontos críticos do projeto;
 definir a forma de integração dos dados, voz, imagem e sistema de segurança
física Circuito fechado de TV – CFTV) e alarme – caso a projeto contemple essa
integração haverá uma mudança em todo o projeto da rede;
 definir de forma genérica a lista de equipamentos que deve ser adquirida, sem
especificar marca e valor – essa definição deve ser feita na fase de projeto físico;
 definir o projeto elétrico e de telefonia que será integrado ao cabeamento
estruturado.
6.4 Projeto de Endereçamento de Rede
O projeto de endereçamento da rede deve sem bem dimensionado e de fácil
compreensão pelos profissionais que vão manter a rede após o término do projeto. O
endereçamento é uma parte crítica e estratégica, pois ter que mudar o endereçamento
da rede por falta projeto é uma tarefa delicada para redes com exigências rígidas de
disponibilidade.

Existem algumas regras simples de atribuição de endereços que poderão ajudar na


tarefa de alocação de classes de endereços para os seguimentos e camadas da rede
conforme o modelo hierárquico. Ao elaborar o projeto de endereçamento você deve:

 Projetar um modelo estruturado e hierárquico, facilitando o escalonamento e


disponibilidade antes de fazer qualquer atribuição de endereço;
 Reservar espaço para o crescimento da rede em todas as camadas do modelo
hierárquico;
 Atribuir blocos de endereço conforme a localização física dos computadores para
evitar problemas de mudança de usuários;
 Utilizar números significativos ao atribuir os endereços;
 Utilizar atribuição dinâmica de endereços sempre que possível;
 Utilizar somente classes de endereços reservados para a rede local.  Sugiro a
utilização da classe reservada 10.0.0.0/8 para os endereços da rede local. Evite
utilizar endereços válidos na internet na sua rede interna.

De acordo com a RFC 1918, foram definidas três classes de endereços reservados que
podem e devem ser utilizadas nas redes internas das empresas. As faixas das classes
reservadas são:
1. De 10.0.0.0 a 10.255.255.255;
2. De 172.16.0.0 a 172.31.255.255
3. De 192.168.0.0 a 192.168.255.255.
6.5 Projeto e Modelo de Nomenclatura de Rede
A atribuição de nome dos computadores, servidores e elementos de rede é, sem dúvida,
um dos aspectos que influencia diretamente no dia a dia do usuário, pois o nome dos
computadores é algo que está ligado diretamente ao trabalho diário do usuário. A falta
de um modelo de nomenclatura de rede é algo delicado, pois muitas empresas ficam
constantemente fazendo manutenções na rede para adequar uma nomenclatura por
falta de projeto. Isso gera um transtorno muito grande para os administradores da
rede. Além disso, um bom projeto de nomenclatura ajuda muito o trabalho e o controle
do setor de patrimônio das empresas. Quando a nomenclatura é organizada e
estruturada o analista de patrimônio consegue identificar e contabilizar mais facilmente
os componentes da rede.

Ao definir um modelo de nomenclatura da rede você deve levar em consideração:

 Que tipos de entidades ou dispositivos da rede precisam ser nomeados?


 Qual é a estrutura do nome? Ou seja, parte do nome vai identificar o local, sala,
prédio, setor ou tipo (computador, roteador ou servidor) de dispositivo?
 De que forma os nomes serão atribuídos e gerenciados?
 Será utilizado um sistema de atribuição dinâmico ou estático?
 Quais os tipos de tecnologias de atribuição de nomes serão necessários (DNS,
WINS, NetBios, etc)? Como será a redundância dos servidores de atribuição de
nomes?
 Como o sistema de nomenclatura afetará a segurança e o tráfego da rede?
6.6 Definição de Protocolos e Tecnologias do Projeto
As decisões tomadas na etapa de definição de protocolos vão influenciar totalmente o
desempenho e segurança do projeto de rede. De acordo com as características do
projeto de rede você deve definir:

 As tecnologias da camada de enlace da rede LAN. O mais provável é que utilize


a tecnologia ethernet ou variação dela;
 Se for utilizar Virtual LANs (VLANs) e como será feito o uso das VLANs na rede;
 Os protocolos de rede WAN. O mais provável é utilizar um prestador de serviço.
Com isso, basta escolher o serviço que será contratado e especificar tudo no
contrato de serviço;
 Os protocolos de roteamento.
6.7 Protocolos de Segurança e Gerência da Rede
Na especificação dos protocolos de segurança e gerência o foco é definir o que vai
compor o projeto inicial da rede e não decisões de processos e políticas de segurança
com base na NBR ISO 27001.
Nessa etapa você define:

 se haverá firewall e quantos existirão;


 Se haverá Proxy na rede;
 o sistema de criptografia de dados utilizado;
 o uso de VPNs e quais protocolos serão utilizados;
 se haverá um sistema de gerenciamento centralizado ou distribuído.

A Figura 6.2 apresenta um exemplo de topologias de uma camada, incluindo firewall,


Proxy e demais equipamentos e elementos característicos de uma topologia de pequeno
e médio porte.

Figura 6.2 – Topologia sem filial com


acesso via satélite e rede sem fio

O planejamento da gerência de rede para o seu cliente pode evitar muitos transtornos
ou identificar problemas de desempenho que podem ser causados devido ao tráfego de
informações de gerência na rede. Por exemplo, a quantidade de tráfego causada
pelo polling (sondagem) de gerência pode ser significativa, impactando
consideravelmente no desempenho da rede.

Verifique as necessidades reais de monitoramento e gerência da rede do seu cliente.


Monitoramento ou gravação de dados em excesso podem comprometer o desempenho
da rede e também requerer equipamentos e softwares ou ferramentas de gerência de
redes com custos elevados para o seu cliente.  O ideal é planejar ao máximo um
sistema de gerência pró-ativa.
O foco do planejamento da gerência de rede do seu projeto é incluir itens que sejam
fundamentais para que o projeto não tenha problemas devido à falta de planejamento
de itens de gerência no projeto. Tudo que diz respeito aos processos de administração e
gerência de redes não será tratado, pois o foco não é esse. Esse assunto você já
estudou anteriormente.

Seu planejamento de gerência da rede no projeto deve contemplar:

 Protocolos de gerência de redes que serão utilizados. Provavelmente você irá


adotar o protocolo padrão SNMP.
 Que dispositivos serão gerenciados. No projeto físico da rede você deve
especificar dispositivos (switches, roteadores etc.) que sejam gerenciáveis. Ou
seja, equipamentos que possuem agente SNMP. Fique atento a isso, pois o custo é
maior que um dispositivo idêntico, entretanto, não gerenciável.
 Qual será o impacto do tráfego de gerenciamento na rede. Se os links remotos
forem gerenciados, qual será o impacto disso na velocidade do link.
 O gerenciamento da rede será centralizado ou distribuído. Quando o
gerenciamento é centralizado existe uma tendência de tráfego maior na rede dos
agentes para um ponto central onde ficam localizadas as estações de gerência da
rede. No gerenciamento distribuído as estações de gerência ficam distribuídas na
rede.
 Selecionar a ferramenta ou software de gerência de rede que será utilizado.

Nesta aula, você estudou aspectos importantes e estratégicos da elaboração do projeto


lógico da rede. Foram apresentados os subitens dessa etapa, incluindo a topologia
arquitetônica que define a localização exata dos pontos de rede e localização de dutos,
racks e demais componentes de uma planta baixa arquitetônica de projeto de rede.
Foram apresentados itens e aspectos importantes de endereçamento de rede, padrão
de nomenclatura, protocolos de segurança e as estratégias de segurança e gerência de
rede necessárias em qualquer projeto de rede. A apresentação de exemplos práticos
será feita nas próximas aulas. Os exemplos serão inseridos em um projeto de rede
completo, permitindo uma visão real da etapa de projeto lógico da rede.

Aula 07 – Projeto Físico da Rede – Exemplos


Práticos de Projetos de Cabeamento e
Infraestrutura
Para abrir esta aula, nada melhor que começar com a crônica “Escolhas de uma vida”,
de Pedro Bial (adaptação):

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen
diz: "Nós somos a soma das nossas decisões". Essa frase acomodou-se na minha massa
cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a
gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e
de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de
ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a
arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num
excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir
entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando
amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento
fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e
responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a
vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.
Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para
arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de
chance de darem errado. A escolha é sua...!

Você já fez suas escolhas? Vai ser advogado ou projetista de redes? Ao escolhermos um
caminho, estamos abrindo mão de muitas coisas e, também, assumindo compromissos.
Na vida nada acontece por acaso. Tudo é uma questão de escolhas; ao elaborar um
projeto de rede você terá de fazer muitas delas. A chance ou a probabilidade de a
escolha ser a melhor para o cliente vai depender do tempo investido na elaboração do
projeto. Você deseja propor um bom projeto físico para o seu cliente? Já investiu o
tempo necessário nas etapas anteriores para que a etapa de projeto físico seja bem
sucedida?

7.1 Projeto Físico da Rede – Estudos de Caso


Na etapa de projeto físico da rede você deve especificar o hardware (equipamentos)
que deve ser adquirido para a elaboração do projeto. Não existe uma única solução para
o projeto físico. Na prática, é feita uma integração de tecnologias e dispositivos que irão
atender melhor ao projeto da rede.

Uma dica importante é ficar atento aos integradores de soluções de redes. Alguns
fornecedores de soluções de cabeamento, dispositivos de rede e servidores tendem a
fazer parcerias com exclusividade para um determinado fornecedor. Com isso, pode
existir uma empresa que tenha uma proposta muito boa para o cabeamento e
infraestrutura de rede; entretanto, a solução de servidores e tecnologias de acesso
remoto da rede WAN, talvez não seja boa, pois tem vício (solução imposta devido ao
contrato de exclusividade) na proposta.

A sugestão é ter propostas com preços e soluções separadas para cada parte
importante da rede. É interessante que exista uma proposta só para cabeamento
estruturado, outra só para servidores e estações de trabalho e outra só para os
elementos de rede, incluindo switches e roteadores, entre outros. As propostas devem
seguir exatamente o que consta no seu projeto. Com isso, o seu cliente tende a
conseguir melhores preços e uma solução global isenta de itens que não sejam os mais
indicados para as suas necessidades. O ideal é ter fornecedores com grande domínio e
boas referências na área específica em que trabalham.

A etapa de projeto físico de rede integrante do método e etapas para a elaboração do


projeto de rede será apresentada por meio de exemplos práticos (estudos de caso).

A seguir, serão apresentados quatro projetos de cabeamento estruturado que englobam


o projeto lógico arquitetônico com a localização exata dos computadores, cabeamento e
elementos de rede, bem como o projeto físico somente do cabeamento estruturado,
incluindo a relação dos equipamentos a serem adquiridos.

ESTUDOS DE CASO

Os quatro estudos de caso desta aula se referem aos seguintes projetos:

1. A Renomada projetos de redes (sua empresa de consultoria)


apresenta proposta referente à instalação de cabeamento estruturado Cat6 e Cat5e
(dados, voz e elétrica) para a empresa Pedra Azul documentos e ofícios S.A.
2. Memorial descritivo desenvolvido pela Renomada projetos de redes,
incluindo projeto de instalação de cabeamento estruturado (dados e voz), relatório
fotográfico e solução proposta.
3. A Renomada projetos de redes apresenta proposta à empresa pública XYZ de
prestação de serviço de sistema de cabeamento estruturado categoria 5e.
4. Proposta referente à instalação de cabeamento estruturado (dados/voz)  para a
nova sede da TEIXEIRA & GIRO VEÍCULOS IMPORTADOS – Pedra Azul – ES.

Antes de prosseguir em seus estudos sobre Projeto de Redes e Segurança, leia com
atenção os exemplos relacionados acima. Eles irão enriquecer imensamente seu
repertório acadêmico, relacionando a teoria estudada à prática da etapa de elaboração
do projeto físico da rede. Bom proveito!

Na Aula 8 – Implementar, Testar, Monitorar e Gerenciar a Rede, você verá que, se a


etapa de planejamento foi bem feita, consequentemente, o sucesso da implantação do
seu projeto não será obra do acaso, e sim uma colheita de frutos de trabalhos
anteriores. Vai verificar, então, que implantar um projeto de rede é concretizar o que foi
planejado.

Bom estudo e até lá!

Aula 08 – Implementar, Testar, Monitorar e


Gerenciar a Rede
Antes de começar o estudo do conteúdo desta aula, leia o texto “Nada é por acaso”, de
Sérgio Teixeira:

Na vida nada acontece por acaso. Você será o que planeja ser. Se você planeja ser
apenas um técnico em informática é bem possível que seja isso no futuro, pois não é
garantido que seja; entretanto, a tendência é que chegue muito perto disso.

Muito me incomoda quando as pessoas reclamam da vida. Dizem que está tudo muito
difícil. Tem gente que parece não ter mais a própria feição, pois a cara amarrada já faz
parte da própria fisionomia da pessoa. Se vir essa pessoa com a cara feliz vai até
estranhar.

Quando reclamamos simplesmente por reclamar ou sem base nenhuma na reclamação


é como gritar dentro do oceano sem ninguém por perto. A única coisa que vai acontecer
é borbulhas no mar. Borbulhas que ao chegar à superfície virarão vento. Portanto,
reclamar por reclamar é como o vento que passa e nada acontece depois.

Você é do tipo que reclama que a vida é difícil? Fala mal do governo e dos políticos?
Reclama da falta de dinheiro? Você acha que a situação é ruim? Agora eu te pergunto:
baseado em que você reclama de tudo isso? Comparado com o quê? Você acha que a
vida é difícil só para você? Você acha que não existem milhões de pessoas no mundo
com uma situação mais difícil que a sua?

Se conselho fosse bom a gente vendia muito caro, pois normalmente não funciona. A
“ficha” da pessoa só cai quando ela consegue perceber por si mesma. Você lembra de
coisas que aconteceram na sua infância, adolescência, período de escola ou faculdade
que foram uma lição de vida, entretanto, a “ficha” caiu muitos anos depois?

Antes de reclamar da vida tente fazer algo para mudar seu rumo. Faça seu projeto de
vida. Saiba que a vida não é fácil. Conseguir algo demanda força de vontade e
dedicação. Se batalhar pelo que deseja é bem provável que consiga mais do que
planejou. Dessa forma, vai perceber que na vida nada acontece por acaso.

Implantar um projeto de rede é concretizar o que foi planejado. Nesse momento, você
vai verificar o que pode ser aprimorado. Se o planejamento foi bem feito, vai perceber
que realmente nada acontece por acaso. O sucesso da implantação do seu projeto não
será obra do acaso, e sim uma colheita de frutos de trabalhos anteriores.

8.1 Implantação da Rede
Uma vez elaborado o projeto da rede, você pode passar para a etapa de implantação da
rede. Essa etapa é responsável por concretizar todo o planejamento realizado até então,
ou seja, realizar todas as atividades necessárias para a criação da nova rede. Numa
visão mais detalhada, nós podemos segregar a etapa de implantação nos seguintes
conjuntos de atividades:
1. aquisição de equipamentos, materiais e serviços necessários ao projeto da rede;
2. implementação e configuração da rede;
3. testes da rede;
4. operação assistida e otimização da rede;
5. gerência e monitoramento da rede;
6. documentação da rede.
8.1.1 Aquisição
Essa atividade é necessária para a obtenção de produtos (bens e serviços) externos às
organizações, determinando o quê e quando contratar, documentando os requisitos do
produto e identificando os fabricantes potenciais.

Pontos a ressaltar:

 planejar o que será comprado, especificando as características de cada um dos


produtos (equipamentos, materiais, circuitos, serviços...);
 definir o responsável pelas compras;
 definir estimativas de valores para os produtos;
 definir potenciais fornecedores;
 definir processo de contratação (licitação, pregão eletrônico, compra direta...).
Na maioria das vezes o projetista terá que seguir as regras da empresa solicitante
do projeto;
 definir os critérios de seleção (melhor proposta comercial, melhor proposta
técnica, um misto das duas...);

Geralmente o projetista deve elaborar um documento com as especificações de


equipamentos, materiais, circuitos e serviços a serem comprados, com estimativa de
valores, e passar para a aprovação do cliente. Uma vez aprovado, é aberto processo de
compras seguindo as regras da empresa solicitante (muito comum) e o projetista é
responsável por um parecer técnico validado ou não as propostas técnicas apresentadas
(no mínimo três propostas). As propostas aprovadas seguem então para uma avaliação
comercial, sendo que a de menor valor ganha o processo (modelo melhor preço).

É importante que o projetista busque desde o início o suporte de especialistas da área


de contratação, compras e legislação. Esse envolvimento pode ser exigido pela política
de uma organização ou empresa.

8.1.2 Implementação e Configuração
A execução da implementação da Rede deverá contemplar as seguintes atividades:

 Recebimento: desembalar e conferir os equipamentos e materiais adquiridos.


 Montagem mecânica: colocar e fixar os equipamentos/materiais/acessórios
que compõem a rede nos respectivos locais, nas condições previstas pelo projeto.
 Interligação: executar todas as conexões elétricas entre os
equipamentos/materiais/acessórios que compõem a rede, juntamente com os
sistemas associados (outros equipamentos de rede, quadro de distribuição de
energia, aterramento etc.), conforme o projeto.
 Identificação dos equipamentos e cabos: atividade que executa
identificação de todos os equipamentos instalados e todos os cabos utilizados
conforme padrão do projeto.
 Energização: ativação da energia elétrica nos equipamentos e acessórios que
compõem a rede.
 Testes locais: executar todas as atividades necessárias à colocação de cada
equipamento/material/acessório que compõe a rede dentro das características
técnicas especificadas, conforme projeto.
 Configuração e alinhamento: executar todas as tarefas necessárias para que
a rede fique, conforme o projeto, dentro das características técnicas especificadas.

Vale ressaltar que é fundamental que o projeto forneça todos os detalhes para que a
implementação seja um conjunto de atividade procedimentais; ou seja, basta seguir os
roteiros e documentos gerados na etapa de projeto que a implementação ocorrerá com
sucesso. Uma vez criada a rede, nós podemos passar para a fase de testes do novo
ambiente.

8.1.3 Testes da Rede
Consiste na execução de procedimentos e avaliação dos resultados quanto a sua
aderência aos padrões aceitáveis para operação da rede. Uma boa prática é definir e
formalizar quais testes serão realizados, bem como os critérios de aceitação, ainda na
fase de projeto da rede.

A seleção dos procedimentos de testes corretos e das ferramentas apropriadas depende


das suas metas para o projeto de testes que, em geral, inclui o seguinte:

 verificar que o projeto atende as metas fundamentais do negócio;


 verificar se um provedor de serviços oferece o serviço conforme regras
estabelecidas em contrato;
 identificar quaisquer gargalos ou problemas de conectividade;
 testar as redundâncias implementadas;
 testar todas as funcionalidades implementadas (QoS, balanceamento de carga,
VPN, multicast etc.);
 executar testes de carga (teste de estresse) para avaliar o comportamento da
rede.

Em geral, os testes podem ser planejados nos seguintes passos:

1. Objetivos dos testes e critérios de aceitação: os objetivos dos testes devem


ser específicos e concretos, bem como incluir informações sobre como descobrir se
o teste obteve sucesso ou falhou. Os critérios para declarar se um teste obteve
sucesso ou falhou devem ser claros e resultar do acordo entre o testador e o
cliente. Ex.: O retardo da rede entre os pontos A e B deve ser inferior a 4
milissegundos.
2. Tipos de testes que serão realizados: em geral, os testes de rede devem
incluir análises de desempenho, estresse e falhas. A análise de desempenho deve
examinar o nível de serviço que o sistema oferece em termos de vazão, retardo,
variação do retardo, tempo de resposta e eficiência. A análise de tensão deve
examinar qualquer degradação de serviço devido ao aumento de carga na rede. A
análise de falhas deve calcular a disponibilidade e a precisão da rede e analisar as
causas de quaisquer períodos de inatividade da rede. Ex.: Em geral, os testes
típicos são: tempo de resposta de aplicativos, teste de vazão e testes de
disponibilidade.
3. Ferramentas, equipamentos e recursos de rede envolvidos nos testes:
um plano de deste deve incluir um esboço da topologia de rede e uma lista de
dispositivos que serão necessários nos testes como, por exemplo,hubs, switches,
roteadores, estações de trabalho, servidores etc. Além de equipamentos de rede,
um plano de testes deve incluir ferramentas e aplicativos que possam aumentar a
agilidade e eficiência dos testes. As ferramentas típicas incluem software de
gerenciamento e monitoramento de redes, geradores de tráfego, simuladores
(robôs) de usuários etc.
4. Scripts de testes: para cada teste que você for realizar, escreva um script de
teste que liste os passos detalhados a serem executados para satisfazer o objetivo
do teste. O script deve identificar que ferramenta será usada em cada etapa, o
modo como a ferramenta será usada e as informações e medidas que devem ser
registradas durante a realização do teste.
5. Documentação e planejamento cronológico dos testes: para projetos com
testes mais complexos, o plano de teste deve documentar a linha de tempo do
projeto, inclusive a data de início e término, além de prazos importantes. A linha
de tempo deve listar as principais tarefas e a pessoa que foi encarregada de cada
tarefa.

Caso haja pendências que impeçam a aceitação da rede, o projetista deve avaliar os
resultados e implementar os ajustes necessários para que os critérios de aceitação
sejam atingidos. Após a retirada das pendências, uma revisão do relatório dos testes
deverá ser emitida, registrando a referida mudança do ambiente.

Ao término dos testes e aceitação do cliente, o projetista emitirá o relatório de


aceitação, que atestará a liberação da rede para uso pelo usuário.

8.1.4 Operação Assistida e Otimização da Rede


A operação assistida da rede é a fase na qual o usuário inicia o uso da rede com a
assistência da equipe que implantou o projeto da rede. Tem seu período de duração
determinado na etapa de projeto (acordo entre cliente e projetista) e visa também
verificar o cumprimento dos requisitos de projeto; ou seja, se a solução implementada
propiciou o atendimento das necessidades do cliente.

Esse apoio técnico tem como objetivo promover a migração dos serviços do cliente por
meio de redes existentes para as novas redes e implantadas, bem como acompanhar se
os novos serviços de rede implantados estão atendendo às necessidades dos clientes,
de acordo com os requisitos levantados na etapa inicial do projeto da rede.

Durante o período de assistência poderá ser mantida a presença de pessoal


especializado à disposição do cliente para o acompanhamento, verificação do
desempenho operacional e eliminação imediata de eventuais falhas dos equipamentos.

Outra atividade que deve ser realizada na operação assistida é a otimização ou ajuste
de configurações na rede para melhor se adequar às necessidades do cliente,
possibilitando um uso eficiente da nova infraestrutura de rede implantada. Apesar de
todos os levantamentos de dados, simulações e testes, somente quando a rede entrar
em operação é que o projetista terá certeza do comportamento dos aplicativos e, por
conseguinte, da rede. Por meios de monitoramento e gerência da rede (tópico a seguir),
o projetista poderá “tirar uma foto” do comportamento da rede e atuar com ajuste para
buscar um melhor desempenho da nova estrutura. Como possíveis ajustes necessários,
podemos citar:

 ajustes nos parâmetros de QoS, como largura de banda por classe, tamanho de
buffer, segregação dos tipos de tráfego por classe etc.
 agregação de links para uplinks;
 criação de novas VLANs;
 adequação de regras de roteamento;
 uso de muticasting;
 monitoramento e acompanhamento detalhado de pontos específicos da rede.

Como já se disse, para que um profissional possa atuar de forma eficaz e eficiente no
acompanhamento da operação da rede, é fundamental que ele tenha dados concretos e
atualizados sobre a rede. Para que isso seja possível, deve-se implementar algum
processo de monitoramento e gerência do ambiente de rede, sendo esse o assunto  do
próximo tópico.

8.1.5 Gerência e Monitoramento da Rede


A gerência de redes é a habilidade de monitorar, controlar e planejar os recursos e
componentes de uma rede de comunicação de dados. Essas redes economizam dinheiro
e tempo. Como contrapartida, faz-se necessário investir tempo e dinheiro para mantê-
las. É claro que essa tarefa não é fácil de se realizar sozinho e manualmente.
Na gerência de redes, busca-se utilizar as facilidades oferecidas pelos computadores e
até mesmo as próprias redes. Logo, existe uma variedade de ferramentas de gerência
de redes disponíveis no mercado, cada uma implementando um padrão de gerência,
mas todas objetivam fornecer informações para que a vida do gerente de rede torne-se
menos árdua.

A prática da gerência de redes tem como objetivo tornar a operação ou manutenção das
redes mais fácil e eficiente evitando, assim, que o bom funcionamento da rede dependa
exclusivamente da competência do gerente da rede.

Você pode questionar: por que a gerência de redes é tão importante? Por que não
conectamos os equipamentos de redes e simplesmente os deixamos funcionar? Existem
muitas razões convincentes que fazem da gerência de redes algo tão importante. Com a
contínua automação e investimento em infraestrutura de redes, torna-se fundamental o
uso efetivo de gerência da rede, pois os custos iniciais de computadores, switches,
roteadores, servidores etc., são apenas uma pequena fração do custo total da
implementação e operação das redes. A manutenção e operação das redes numa
organização envolve pessoas altamente qualificadas, recursos e investimentos. Para que
esse trabalho seja possível e eficiente, devem-se buscar tecnologias que tornem essa
tarefa menos complexa (STALLINGS, 1999).

Para um melhor entendimento da gerência de redes, seguem os principais objetivos


funcionais:

 Assegurar o funcionamento: minimamente, as redes devem estar em


condições operacionais, ou seja, funcionando. Esse fato em si não garante a
qualidade do serviço ou minimiza a dificuldade que se tem no uso da rede. Mesmo
que a rede esteja funcionando é possível que ela pare de funcionar a qualquer
momento. A habilidade de monitorar, detectar ou prevenir tais cenários é crucial
para o gerente ou administrador da rede. A gerência de redes surge como um forte
aliado para tornar o trabalho de manutenção das condições normais de
funcionamento mais fácil e eficaz.
 Assegurar bom desempenho: simplesmente manter as redes em condições
operacionais não é suficiente. Uma rede deve também operar em um nível
aceitável de qualidade de serviço. A gerência de redes entra aqui com a finalidade
de manter um nível mínimo de desempenho ou Qualidade de Serviço (QoS). Se
existe um problema de desempenho, é preciso identificar onde está o problema e,
em seguida, solucioná-lo o mais rápido possível, evitando que a qualidade dos
serviços oferecida fique fora dos padrões aceitáveis.
 Reduzir os custos de manutenção: comprar os equipamentos de rede e
instalá-los não representa a fatia maior dos custos se comparados, em longo
prazo, com os custos de se manter e gerenciar uma rede. No que diz respeito à
manutenção, a gerência de redes pode ser dividida em duas categorias: gerência
reativa e gerência pró-ativa. Em termos de custos de manutenção, a gerência
reativa é muito mais onerosa, pois quando ocorre a falha é preciso solucionar
rapidamente o problema. Com isso, o custo fica maior, pois não há tempo hábil
para conseguir melhores preços. Na gerência pró-ativa busca-se detectar possíveis
problemas antes mesmo que eles ocorram.
O comitê OSI idealizou uma arquitetura genérica de gerência de redes (Figura 8.1)
composta por seis entidades principais: dispositivo gerenciável; processo gerente;
processo agente; base de informações de gerência (Management Information Base –
MIB); primitivas de gerência e protocolo de gerência (FEIT, 1995).

Figura
8.1 – Arquitetura genérica de gerência de redes

Dispositivos gerenciáveis
Um equipamento qualquer da rede, chamado de dispositivo de rede, poderia
disponibilizar informações úteis à gerência de rede. Por exemplo, um switch poderia
armazenar a quantidade de pacotes processados por ele em um dado intervalo de
tempo. Quando o dispositivo tem essa capacidade de computar, armazenar e
disponibilizar informações relevantes à gerencia de rede, ele passa a ser chamado de
dispositivo gerenciável.
Processo gerente (estação de gerência)

O processo gerente tem como função fazer as requisições aos processos agentes
localizados nos dispositivos de rede. Geralmente esse processo é realizado por um
software numa determinada máquina (estação). A esta máquina dá-se o nome de
“estação de gerência”.

Um único processo gerente pode controlar vários processos agentes que, por sua vez,
podem controlar, cada, diversos objetos gerenciáveis em um ou mais dispositivos
gerenciáveis.

Processo agente

As informações de gerência em um determinado dispositivo gerenciável são chamadas


de objetos gerenciáveis. Os objetos gerenciáveis são estruturas de dados responsáveis
por acumular dados relevantes para a gerência de redes. Um mesmo dispositivo
gerenciável pode conter diversos objetos gerenciáveis, cada qual guardando uma
determinada informação ou grupo de informações.
Base de informações de gerência
A Management Information Base (MIB) é um conjunto de dados, organizados segundo
um formato, relativo a todos os possíveis objetos gerenciáveis de uma determinada
rede. Esse conjunto de dados é armazenado por agentes e gerentes para permitir a
troca de informações entre eles, sem a possibilidade de erro de interpretação ou falta
de padrão nos dados trocados. Todos os objetos gerenciáveis devem ser baseados nos
modelos apresentados na MIB.
A maioria dos objetos (variáveis) da MIB são contadores (crescentes ou decrescentes)
que a cada consulta informam seu valor atual à estação de gerenciamento, cabendo a
esta, se for o caso, fazer os cálculos da variação dos valores dos objetos monitorados
no intervalo de consulta ou polling (ex.: taxa de bytes naquele intervalo). Vale lembrar
que esses contadores são reinicializados quando atingem seus valores máximos.
As primitivas de gerência

São as funções utilizadas por agentes e gerentes para promover a troca de informações
de gerência. São típicas em qualquer padrão ou sistema de gerência. As funções mais
básicas são:

 GET: requisita uma informação de gerência ao agente


 SET: requisita ao agente a alteração do valor de um objeto gerenciável.
 RESPONSE: responde a uma requisição de informação feita pelo gerente
 REPORT_EVENT: reporta a ocorrência de um evento pré-determinado.
Protocolo de gerência
Responsável por encapsular as primitivas de gerência e seus respectivos parâmetros,
transformando-os em Protocol Data Units (PDUs) padronizados, garantindo a perfeita
comunicação entre agente e gerente na rede.
O Simple Network Management Protocol (SNMP) é um protocolo da camada de
aplicação da arquitetura TCP/IP (Internet) designado para facilitar a troca de
informações de gerenciamento entre dispositivos de rede (STALLINGS, 1999). O SNMP
é o protocolo de gerência recomendado para o gerenciamento de redes TCP/IP. Sua
operação é baseada no uso dos serviços do protocolo de transporte User Datagram
Protocol (UDP) para enviar suas mensagens na rede. O SNMP não é padronizado por
uma organização tal como a ISO, mas suas especificações são estudadas e aprovadas
pelo grupo de pesquisa da Internet, a Força Tarefa de Engenharia da Internet (Internet
Engineering Task Force – IETF), e podem ser encontradas em Request For
Comments (RFC).

Atualmente, o SNMP é o protocolo mais popular para o gerenciamento de redes. Essa


popularização se deve ao fato de que o SNMP é um protocolo relativamente simples,
porém suficientemente poderoso para resolver os difíceis problemas apresentados
quando se tenta gerenciar redes heterogêneas.

O modo como o SNMP opera é aquele em que a estação de gerenciamento envia uma
mensagem a um agente solicitando informações a ele ou forçando-o a atualizar seu
estado de alguma forma (Figura 8.2). Em geral, os agentes simplesmente respondem
com as informações solicitadas ou confirma que atualizou seu estado da forma
solicitada.
Figura 8.2 –
Operação do SNMP

O agente SNMP, ou simplesmente agente, consiste em um processo


(software ou firmware) que responde às requisições SNMP feitas por um gerente SNMP.
As informações disponíveis no agente são descritas pela MIB do mesmo. Agentes têm
sido desenvolvidos para serem suportados por diversos dispositivos de rede,
como: Personal Computers (PCs), workstations, repetidores, roteadores e switches,
entre outros que requerem gerenciamento.

A gerência de rede usando o SNMP é a mais comum e usada no mercado. Contudo,


existem outras arquiteturas de gerência de redes que podem ser alvo de um estudo
mais específico, sendo elas:

 gerência baseada em agentes (não SNMP);


 sniffers;
 Remote MONitoring (RMON);
 Telecommunications Management Network (TMN).

A seguir são apresentados exemplos de sistemas e ferramentas de gerência de redes:

 HP OpenView (Hewlet Pecket);
 AccView (Accton);
 LANalyzer (Novell);
 Spectrum (Cabletron System);
 EcoSCOPE (Compuware);
 Transcend (3Com);
 DecView (Digital);
 TNG e Sniffer Pro (Computer Associated);
 Tivolli – Enterprise Manager (IBM);
 RRDTool e CACTI
 Multi Router Traffic Grapher (MRTG);
 Nagios
 CiscoView (Cisco).

Para Saber Mais


Busque aqui informações sobre gerência de redes, inclusive sistemas e softwares de
gerência de redes.
8.1.6 Documentação da Rede
Após o término da operação assistida, o projetista deve atualizar ou documentar todo o
ambiente implantado. Essa documentação servirá para a equipe que dará manutenção
ao ambiente e para o projetista das futuras expansões da rede. Entre os documentos
necessários, podemos destacar os principais e imprescindíveis:

 layout da sala de redes;


 plantas e identificação de cabeamentos;
 detalhamento de montagem mecânica dos equipamentos;
 bay-face dos equipamentos;
 topologia da rede;
 mapa de endereçamento da rede;
 diagrama da topologia do subsistema;
 descritivo das características gerais dos equipamentos;
 configuração dos equipamentos.

Na implantação da rede você deve executar todos os passos descritos no projeto da


rede. Essa é a etapa de concretização de todo o planejamento. Os testes e
acompanhamentos assistidos são fundamentais para detectar e corrigir possíveis
desvios contidos no projeto.

Um serviço muito útil para o administrador do ambiente é a gerência de rede. Esse


recurso torna-se cada vez mais imprescindível para ambientes de rede de médio a
grande porte. Não podemos nos esquecer de entregar toda a documentação atualizada
do ambiente projetado e implantado. Afinal, imagine a dificuldade caso você tenha que
implantar uma melhoria num ambiente de rede sem nenhuma documentação!

Aula 09 – Exemplos Práticos e Reais de


Projetos de Rede – Parte 1
Leia e reflita sobre o seguinte trecho do Traité de la peinture, de Leonardo Da Vinci
(p.52-54):

Uma vez que sabemos que a pintura abarca tudo o que a natureza produz e tudo o que
as operações humanas criam, ou, em outras palavras, tudo o que é visível, parece-me
pobre o mestre que só sabe fazer um tipo de figura.
Não vês o número e as diferenças dos gestos de um homem? Não vês como são
diversos os animais e também as árvores, ervas, flores e vários os lugares, montanhas,
planícies, fontes, rios, cidades, edifícios públicos e privados, máquinas úteis aos
homens, diferentes as roupas, os ornamentos, as artes? Todas essas coisas devem ser
perfeitas e bem executadas por aquele que merecerá ser chamado bom mestre.

Você é do tipo que segue uma rotina de vida ou gosta de variar? Você aceita uma
informação ou método sem questionar? A natureza, a ciência e o mundo são tão
repletos de surpresas, diversidades e mudanças! Não variar as idéias ou buscar outras
formas é como ir contra a própria natureza.
Mesmo que você tenha um modelo de projeto, é bem provável que a natureza do
negócio e as características do projeto que você vai desenvolver sejam diferentes do
modelo que você tem. Sempre haverá algo diferente a ser feito. Concorda?

9.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso


Com o objetivo de consolidar os conceitos e métodos apresentados nas aulas anteriores,
você terá a oportunidade de exercitar exemplos práticos (estudos de caso) de projetos
de redes. Haverá um projeto de pequeno porte, outro de médio porte e, por fim, um de
grande porte. Esses exemplos foram extraídos de demandas de empresas reais.

Para garantir a privacidade e a segurança das informações dessas empresas foi


removido ou modificado qualquer item ou informação do projeto que pudesse permitir a
identificação das mesmas. Foram utilizados nomes fictícios para manter o sigilo.
Portanto, os estudos de casos são reais, mas sofreram pequenas modificações para
descaracterizar a empresa do exemplo utilizado. Essa medida não altera o propósito de
exercitar na prática uma situação real de projeto de rede. Aproveite para esboçar um
projeto para o seu primeiro cliente. Afinal, você já é quase um especialista no assunto.
Bom projeto de rede!

Antes de iniciar os trabalhos, é importante ressaltar que as soluções propostas


apresentam equipamentos, estimativas de preços e tecnologias disponíveis no mercado
à época dos projetos. Além disso, os equipamentos e fabricantes utilizados não devem
ser entendidos como únicos ou permanentes, pois o mercado de tecnologia é muito
dinâmico: em um determinado momento pode existir um fabricante que é referencia em
determinado produto ou tecnologia, mas isso muda com o tempo. Ou seja, um líder de
vendas hoje pode não existir amanhã! O bom projetista deve se manter atualizado e
sempre avaliar os cenários. Isso é um requisito básico e indispensável de um projetista
de redes ou, melhor dizendo, de qualquer projetista!

Outro ponto importante a destacar é que os estudos de caso apresentados têm como
premissas os conhecimentos de tecnologias e funcionalidade de equipamentos de redes
e de TI adquiridos em aulas anteriores do curso. Contudo, sempre serão apresentadas
referências bibliográficas, principalmente sites de fabricantes, para que você possa
consultar o assunto ou relembrar conceitos básicos.

O estudo de caso mostrado nesta aula será analisado e apresentado seguindo a


estruturação abaixo:

 Descrição da demanda do cliente.


 Etapa 1 – Análise de requisitos.
 Etapa 2 – Projeto lógico.
 Etapa 3 – Projeto físico.
 Etapa 4 – Implantação.
9.2 Estudo de Caso 1 – Empresa de Pequeno Porte
Demanda do cliente
Um dos sócios da Empresa X solicitou uma visita do representante da Empresa de
Projetos de Redes Network (Sua empresa de consultoria em projeto de redes) para
desenvolver um projeto de rede para o escritório da Empresa X. O sócio relatou que o
escritório será novo, pois ele acabara de abrir a empresa. A área de negócio da empresa
X é a manipulação de imagens geoprocessadas, ou seja, trabalho com imagens e mapas
referenciados geograficamente. A empresa terá um total de 12 funcionários, além dos
dois sócios da Empresa X. Atualmente a empresa não tem nenhuma infraestrutura de
Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), porém, o local do escritório já está
definido.  O sócio relatou ainda que pretende inaugurar o escritório em 3 meses, pois os
contratos de serviços da Empresa X estão em fase final de estabelecimento. Além disso,
o sócio relatou que já trabalha nessa área há cinco anos. Ele já foi sócio de outra
empresa do mesmo ramo de atividade da empresa X.

Como conclusão, o sócio da Empresa X solicita os serviços da Network para desenvolver


o projeto e coordenar a implantação de toda a infraestrutura necessária à operação da
Empresa X.

Etapa 1 – Análise de requisitos

Como se pode observar na descrição deste estudo de caso, o primeiro contato sempre
traz informações de alto nível sobre a necessidade do cliente. Geralmente, assim como
aconteceu na Network, o primeiro contato é feito entre o cliente e um representante
comercial da empresa prestadora de serviço, sendo natural que as primeiras
informações sejam bastante abertas e incompletas. Isso ratifica a importância da etapa
de levantamento e análise dos requisitos do cliente.

Uma característica comum nos projetos de rede para empresas de pequeno porte é a
demanda integrada da parte de redes (telecomunicações) com a parte de infraestrutura
de TI. Como a demanda é pequena, ou seja, poucos usuários e poucos recursos de TI, é
normal que o projetista da solução contemple tanto a parte de rede quanto a parte de
infraestrutura de TI (servidores, desktops, impressoras etc.). Como o objetivo do
estudo de caso é a praticidade, será aberta uma exceção neste estudo de caso e
dada a solução completa, pois o cliente deve ser sempre bem atendido!

Uma dica importante para o projetista que ainda não tem experiência na área de
infraestrutura de TI é estabelecer parcerias com outras empresas que são especialistas
nessa área. Há muitas empresas de informática que só trabalham com projeto de
cabeamento estruturado ou venda de servidores e estações de trabalho para a demanda
de infraestrutura de empresas.

Conforme a aula de Análise dos Requisitos (Etapa 1), será apresentado um questionário
(checklist) de levantamento e refinamento das informações da demanda do cliente.
Esse tipo de levantamento é feito por meio de visitas e entrevistas com usuários e
solicitantes do projeto. Os itens desse questionário evoluem de uma lista vinda de
referência bibliográfica para uma versão amadurecida e revisada a cada projeto
executado pela empresa ou projetista de rede.
Junto com o questionário, apresentam-se as respostas do cliente do estudo de caso.
Vale ressaltar que as respostas são objetivas porque o projetista sempre deve interagir
e refinar as questões para que o cliente expresse exatamente o que deseja. Como se
disse anteriormente, as repostas são apresentadas já na sua forma sucinta, como
segue:

1. Quais são as aplicações/software utilizados ou demandados pela


Empresa X?
R: Software de geoprocessamento, planilha para controle financeiro, e-mail,
Internet, servidor de arquivos, home banking, sites de clientes para postagem de
trabalhos (imagens georefenciadas). O cliente informou ainda que correio e site da
Empresa X serão hospedados num prestador de serviços na Internet, assim como
era na empresa anterior que eles trabalhavam.
2. Quais usuários terão acesso a quais aplicações/software?
R: Software de geoprocessamento (10 técnicos), planilha para controle financeiro
(2 funcionárias administrativas), e-mail (todos), Internet (todos), servidor de
arquivos (todos), home banking (2 funcionárias administrativas e os 2 sócios) ,
sites de clientes para postagem de imagens georefenciadas (os 10 técnicos).
3. Plataforma e arquitetura das aplicações e software?

R: A plataforma deve ser MS Windows, inclusive o servidor onde ficam os arquivos


e software de geoprocessamento (requisito do software).

4. Alguma exigência crítica para latência de rede ou tempo de resposta das


aplicações?

R: Nenhuma exigência especial.

5. Previsão de crescimento?

R: Talvez acrescentem-se mais 2 técnicos nos próximos 5 anos.

6. Necessidade de impressoras? Desktops e notebooks?

R: 1 plotter e 1 laser preto e branco. 10 desktops robustos (alto processamento), 2


desktops para secretárias e 2 notebooks para os gerentes.

7. Tamanho dos arquivos de imagens e freqüência de envio para os


clientes?

R: Em média 30 MB. Todos os dias os arquivos são postados nos clientes em


horários aleatórios.

8. Existe área exclusiva para acomodar os equipamentos de rede e TI? Ar


condicionado?
R: Não existe. Contudo, todo o escritório tem ar condicionado.

9. Layout do escritório?

R: Uma sala para os 10 técnicos, uma sala para as 2 auxiliares administrativas,


uma sala para os 2 sócios e uma sala de reunião que deve ter ponto de rede.

10. Os usuários podem ficar sem rede? Internet? Backup?

R: Os usuários podem ficar sem rede. Temos formas alternativas para entregar os
trabalhos para os clientes. Deve haver backup do servidor de arquivos.

11. Informações adicionais:

R: Telefonia não faz parte do escopo do projeto. A Empresa Network deve


gerenciar os processos de compras. Deve haver suporte após entrada em
operação. Além disso, o cliente solicita uma solução de qualidade e robusta, mas
há limitação de verba para o projeto. O orçamento da solução técnica do projeto
deve ser aprovado pelo cliente.

Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos), as seguintes informações foram geradas e validadas em conjunto:

Tabela 9.1- Aplicações e requisitos

Nome da aplicação ou Tipo da aplicação ou Novo     (S Nível de Custo de


Disponibilidade Comentários
serviço serviço ou N) Importância inatividade

Extremamente 1 dia parado por


Geoprocessamento Cliente/Server Sim Alto 95%
Crítico mês

2 dias parados por


Controle Financeiro Arquivos Excel Sim Crítico regular Baixo 90%
mês

Serviço de correio
E-mail
Web
Sim Pouco crítico Baixo 90%  

Internet Acesso à Internet Sim Muito crítico Alto 95%  


Diretório Extremamente
Servidor de Arquivos
MSWindows
Sim
Crítico
Alto 95%  

Home Banking Site web Sim Crítico regular Baixo 90%  

Um comentário pertinente é sobre a disponibilidade exigida. A partir do momento que o


projetista apresenta para o cliente a proporcionalidade da disponibilidade com o grau de
investimento em recursos e tecnologias, torna-se possível chegarmos a um consenso
sobre um nível de disponibilidade compatível com a necessidade do cliente e os valores
a serem investidos. Neste projeto, o cliente entendeu e aceitou um indisponibilidade de
1 dia útil (8 horas)  por mês (8 horas x 22 dias úteis) para os sistemas mais críticos.
Isso minimiza investimentos e não impacta tanto o cliente, uma vez que há métodos
alternativos de produção quando o sistema ou a rede estão indisponíveis.

Para minimizar a probabilidade de indisponibilidade da rede e infraestrutura, foi


acordado que o projeto utilizaria equipamentos de melhor qualidade, ou seja, com MTBF
alto e de fabricantes com boa reputação no mercado.

Outras informações sobre a caracterização dos usuários e seus perfis podem ser
observadas na tabela a seguir:

Tabela 9.2 - Comunidades de usuários


Comunidade de Área no Largura
Quantidade Aplicações usadas
usuário Servidor de Banda
Geoprocessamento, Internet, e-mail e servidor de
Técnicos 10 50 GB 75 Kbps
arquivos

Controle Financeiro, Internet, e-mail e servidor de


Auxiliar Adm. 2 1 GB 30 Kbps
arquivos

Sócios 2 Home Banking, , Internet, e-mail e servidor de arquivos 10 GB 30 Kbps

Como se viu nas aulas anteriores, é fundamental classificar, quantificar e caracterizar os


usuários para fundamentar os requisitos do projeto da rede. Na Tabela 9.2 temos duas
colunas cujas informações não foram explicitadas nochecklist. Em projetos, as
estimativas podem ser baseadas em medições de ambiente existentes (empresa
anterior dos sócios), experiência do projetista ou calculada a partir de informações
teóricas em referências bibliográficas. No projeto em questão, foi possível solicitar as
medições do tráfego de rede da empresa anterior dos sócios (a empresa fazia uso do
MRTG para monitoramento da rede). O mesmo foi para a área de disco, onde a
quantidade foi definida com base no perfil da empresa anterior. Uma forma de calcular
seria o número de arquivos que cada usuário pode gerar por ano multiplicado pelo
número de anos que os arquivos devem ficar acessíveis no diretório. Sugere-se ainda
adicionar uma folga como, por exemplo, de 20%.
Etapa 2 – Projeto lógico
Com base nas informações levantadas na Etapa 1 – Análise de requisitos, o projetista
pode definir a solução de redes e infraestrutura de TI que atenda às necessidades do
cliente. Os tópicos a seguir mostrarão o dimensionamento da solução e suas
justificativas:
 Rede local plana, ou seja, sem divisão em camadas e composta por
um switch de 24 portas de acesso FastEthernet (10/100 Mbps) e duas portas de
GigabitEthernet (10/100/1000 Mbps), todas para cabo UTP interface RJ-45. O
switch deverá suportar VLANs e gerenciamento SNMP (visando uso futuro). Como
a demanda inicial é de 18 portas de acesso (14 portas de usuários, impressora,
plotter, ponto no escritório e o roteador), um switch de 24 portas atende com
margem para crescimento.
 As estações (desktops e notebooks), impressoras e plotter deverão ser
conectadas às interfaces de acesso do switch (10/100 Mbps), enquanto que o
servidor deverá ser conectado à interface GigabitEthernet. A conexão do roteador
com o switch também será em uma porta 10/100 Mbps (porta 24).
 Dado o tamanho da empresa e quantidade de usuários, não é necessário
segregar a rede em VLANS e subredes, ou seja, a LAN será uma única rede IP com
1 VLAN.
 Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN serial. O
roteador deve possuir sistema operacional com funcionalidades de segurança
(Firewall) e Roteamento estático (que é básico). Capacidade de processamento
compatível com as interfaces demandadas.
 Link para Internet simétrico (upload=download), pois os técnicos fazem
muitos uploads de arquivos “pesados” (imagens grandes). A velocidade do link foi
calculada com base na demanda de tráfego dos usuários, ou seja, deve ser de 870
Kbps (10x75 Kbps + 4x30Kbps). Como margem de segurança de crescimento da
demanda da rede e para atender a padronização das operadoras que prestam
serviço de acesso à Internet, a velocidade do link de acesso à Internet será a ser
contratada será de 1 Mbps (CIR 512 Kbps). Além disso, será solicitado à operadora
de serviço que o link tenha uma disponibilidade superior a 95%. A interface do link
deve ser com conector V.35 (padrão de mercado). A Figura 9.1 ilustra a topologia
da rede para o escritório:

Figura 9.1 – Topologia da solução

 Servidor com sistema operacional MS Windows com funcionalidade de:


controlador de domínio, servidor arquivos, DNS, DHCP, Patches, Anti-vírus e
Aplicação de geoprocessamento. Requisito de muita área para armazenamento
conforme demanda dos usuários: 10x100GB + 2x1GB + 2x10GB + 20 GB para SO,
totalizando 1042 GB de área de armazenamento. Implementação de proteção de
armazenamento (RAID 5). O servidor também deverá ser próprio para montagem
em rack de 19”.
 Unidade de backup.
 Nobreak de 2,2 KVA. Em geral os servidores com as especificações acima
consome em torno de 800 VA e os demais ativos (switch e roteador) ficam em
torno dos 100VA. Com isso, o nobreak operará com meia carga e uma autonomia
de aproximadamente 30 minutos (bateria interna). O nobreak também deve ser
próprio para montagem em rack de 19”.
 Cabeamento estruturado cat. 5e com dois pontos por posto de trabalho (um1
para dados e outro para voz visando uso futuro). Contando os 14 usuários, a
impressora, a plotter e o ponto na sala de reunião, temos um total de 17 postos de
trabalho para o cabeamento estruturado. Uso de patch painel no rack de
telecomunicações e patch cords para habilitação dos pontos de rede.
 Uso de um rack de telecomunicações de 44 U, padrão 19”, para acomodação dos
equipamentos de TI e telecomunicações. O rack deve ser fechado uma vez que não
temos sala especifica para acomodar os equipamentos.
 Demais equipamentos de TI: um plotter, uma impressora a laser P&B, 10 PCs
para trabalhos com processamento de imagens, dois PCs para trabalhos
administrativos e dois notebooks.
 Serviço de suporte ao ambiente de TI e redes com franquia de horas de
atendimento (quatro horas por mês), sendo cobrado valor adicional a mensalidade
caso haja consumo superior a franquia estabelecida (consolidação trimestral para
as horas solicitadas).
 Serviço de projeto e instalação da empresa Network (sua empresa). 
Os detalhes e as informações técnicas apresentadas no dimensionamento poderão ser
encontrados nos sites dos fabricantes dos equipamentos que serão apresentados na
próxima seção (Etapa 3 – Projeto físico).

Ainda sobre o projeto lógico da rede, conforme se comentou anteriormente, será usada
somente uma rede IP, dado o tamanho do escritório. Para isso, foi usada a faixa de
endereços privados (ou não válidos na Internet) da rede 192.168.1.0 e máscara classe
C padrão. A Tabela 9.3 apresenta a definição do tipo de endereçamento, faixa de
endereços, máscara e padrão de nomes para cada tipo de equipamento na rede do
escritório da Empresa X.

Tabela 9.3 – Endereçamento


Máscara de
Equipamento Endereçamento Faixa de Endereço Padrão de Nomes
rede
Desktops e 192.168.1.51- DT00-DT99 e NB00-
Dinâmico 255.255.255.0
Notebooks 192.168.1.100 NB99

Servidores Estático 192.168.1.31-192.168.1.50 255.255.255.0 SV00-SV99

IP00-IP99 e PT00-
Impressoras e Plotter Estático 192.168.1.11-192.168.1.30 255.255.255.0
PT99

SW00-SW99 e RT00-
Ativos de rede Estático 192.168.1.1-192.168.1.10 255.255.255.0
99

Agora podemos partir para a etapa de especificação dos equipamentos, materiais e


serviços necessários à instalação da rede e infraestrutura de TI no escritório.
Etapa 3 – Projeto físico

Conforme requisitos do cliente, a solução apresentada buscou especificar equipamentos,


materiais e serviços dos fabricantes e fornecedores mais conhecidos e usados no
mercado. Essa opção visa atender outro requisito do cliente, a disponibilidade da rede e
serviços. Usando equipamentos de bons fabricantes, de alto nível de qualidade, é
possível garantir um maior tempo entre falhas (MTBF) e, em caso de problemas, é
maior a facilidade e agilidade para o suporte especializado e o fornecimento de
componentes (maior disponibilidade de fornecedores no mercado). Informações sobre
os equipamentos podem ser obtidas nos sites dos próprios fabricantes.

A Tabela 9.4 apresenta as especificações dos equipamentos e os respectivos códigos


dos fabricantes. A estimativa de preço serve como referência para o cliente saber o total
do investimento e o custeio (gastos pós-instalação). O projetista pode obter esses
valores via consultas aos fornecedores ou, em alguns casos, nos sites dos fabricantes
ou distribuidores. Ter a estimativa de preços também ajuda durante o processo de
compra, pois serve de referência para análise das propostas comerciais.

Tabela 9.4 – Investimento e custeio


Investimento

 
TI

 Custo 
Descrição Código Qtdd
 Unit.   Total 

Servidor HP com 2 Intel Xeon 2.8 GHz, 4 GB RAM, 6 Discos SCSI  R$             
Proliant DL 380 1  R$   15.000,00
146 GB, Controladora RAID, Formato 2U 15.000,00

 R$               
Unidade de Backup HP Ultrium 960 e cartuchos, LTO 400/800 GB Q1539B 1  R$     2.800,00
2.800,00

Desktops (técnicos), Intel® Core™2 Duo, 2 GB de RAM, HD 160 Positivo Corp  R$             
10  R$     2.300,00
GB  N6080  23.000,00

Desktops (administrativo), Intel® Celeron, 1 GB de RAM, HD 80 Positivo Corp  R$               


2  R$     1.750,00
GB  L4040  3.500,00

Notebooks (sócios),Intel® Core™2 Duo, 2 GB de RAM, HD 160  R$               


Dell Vostro 1320 2  R$     2.400,00
GB, 13,3" 4.800,00

 R$               
Impressora laser P&B HP InkJet 4250N 1  R$     1.200,00
1.200,00

HP Designjet  R$               
Plotter 1  R$     7.500,00
4000 7.500,00

 R$             
   Subtotal 
57.800,00

Rede

 Custo 
Descrição Código Qtdd
 Unit.   Total 

 R$               
Roteador Cisco com IOS de Firewall CISCO1841 1  R$     4.500,00
4.500,00

 R$               
Módulo Serial para Roteador Cisco WIC-2T 1  R$     1.500,00
1.500,00

WS-C2960-  R$               
Switch  Cisco 24 10/100 + 2 10/100/100 1  R$     3.000,00
24TC-S 3.000,00
 R$               
       Subtotal 
9.000,00

Infra-estrutura e cabeamento estruturado

 Custo 
Descrição Código Qtdd
 Unit.   Total 

 R$               
Rack fechado 44 U, 19" Rack Miracel 1  R$     3.500,00
3.500,00

APC 2200  R$               


No-Break de 2,2 KVA 1  R$     2.200,00
RMI2U 2.200,00

Materiais  R$          R$               


Infraestrutura de cabeamento Cat 5e, 2 pontos por posto de trabalho 17
Furukawa 500,00 8.500,00

 R$             
       Subtotal 
14.200,00

Serviços

 Custo 
Descrição Código Qtdd
 Unit.   Total 

 R$               
Serviço de Projeto e Instalação -  Empresa Network  Network 1  R$     8.000,00
8.000,00

 R$               
Instalação do Circuito Internet de 1 Mbps Embratel 1  R$     1.500,00
1.500,00

 R$               
       Subtotal 
9.500,00

 
 R$             
     Total Investimento 
90.500,00

 
Custeio

 
Custo Mensal 

   Custo 
Descrição Qtdd
   Unit.   Total 

 R$               
Aluguel do Circuito Internet de 1 Mbps Embratel 1  R$     1.650,00
1.650,00

 R$          R$                  
Suporte Mensal (Franquia de 4 horas) Network 1
250,00 250,00

 R$               
       Subtotal 
1.900,00

 
 R$               
     Total Custeio 
1.900,00

Assim que o projetista tiver a solução especificada e precificada, ele deve obter a
aprovação do cliente para iniciar os processos de compra e contratações. É uma boa
prática solicitar, no mínimo, três propostas de fornecedores diferentes para a mesma
relação de produtos apresentada na Tabela 9.4, de investimento e custeio. Procure
minimizar o número de empresas contratadas, a fim de diminuir os problemas de
prazos de entrega, garantias, instalação e pós-venda dos produtos.
Para Saber Mais
A seguir, apresenta-se uma lista de sites de fabricantes utilizados para a solução deste
projeto. Nesses sites é possível obter informação mais detalhadas sobre as
especificações dos equipamentos e materiais:

 CISCO
 HP
 APC
 DELL
 POSITIVO
 POLICOM (rack)
 FURUKAKAWA
 EMBRATEL
Etapa 4 – Implantação
A Etapa de implantação é caracterizada pela execução do projeto propriamente dito.
Toda a análise e desenho da solução entram numa fase de materialização do
planejamento realizado. A seguir, são apresentadas as atividades executadas para a
implantação da rede e infraestrutura de TI na Empresa X:
1. Compra dos equipamentos e contratação dos serviços (cabeamento e link de
acesso à Internet).
2. Instalação do cabeamento estruturado no escritório.
3. Acompanhamento da certificação do cabeamento estruturado.
4. Recebimento e verificação dos equipamentos.
5. Instalação de toda a infraestrutura de TI e equipamentos de rede.
6. Configuração dos equipamentos e ativação do link Internet.
7. Teste de carga no link Internet. Podem-se usar scripts
para donwload e upload de arquivos grandes usando sites de FTP públicos na
Internet.
8. Realização de simulações para os equipamentos de proteção como, por
exemplo, nobreak.
9. Realização de operação assistida por cinco dias após inauguração do escritório.
10. Documentação de todo o projeto, inclusive com as configurações finais dos
equipamentos.
11.  Documentação dos possíveis erros ou problemas como lições aprendidas.
12. Recebimento do ACEITE do cliente para o produto entregue pelo projeto.

Nos próximos estudos de casos, será adotada uma descrição mais direta e objetiva do
desenvolvimento do projeto, uma vez que no primeiro estudo já se apresentaram
algumas sugestões e dicas que podem ser utilizadas pelo projetista em todos os tipos e
portes de projetos, não fazendo sentido descrevê-las novamente.

Nesta aula, você estudou um exemplo prático (estudo de caso) de projeto de redes de
uma empresa de pequeno porte. Abordaram-se todos os itens e metodologia de projeto
de redes apresentados nas aulas anteriores. O exemplo baseou-se em casos reais,
incluindo orçamentos, especificação de produtos e topologia. Além disso, foi comentado,
a fim de facilitar a compreensão e a prática do seu trabalho futuro de renomado
projetista de redes.

A próxima aula dará continuidade à apresentação de outros dois estudos de caso, dessa
vez, relacionados a empresas de médio e grande porte. Até lá!

Aula 10 – Exemplos Práticos e Reais de


Projetos de Rede – Parte 2
Esta aula dá continuidade à apresentação de outros dois estudos de caso, relacionados
a empresas de médio e grande porte. Serão abordados todos os itens e metodologia de
projeto de redes apresentados nas aulas anteriores, com base em casos reais. Boa aula!

10.1 Projetos de Rede na Prática – Estudos de Caso


Para começar, é importante lembrar que os estudos de caso mostrados aqui, assim
como na aula anterior, são analisados e apresentados de acordo com a seguinte
estruturação:

 Descrição da demanda do cliente.


 Etapa 1 – Análise de requisitos.
 Etapa 2 – Projeto lógico.
 Etapa 3 – Projeto físico.
 Etapa 4 – Implantação.
10.2 Estudo de caso 2 – Empresa de médio porte
Demanda

Uma empresa de revenda de veículos de passeio importados, denominada de Empresa


Y, solicitou à empresa Network (sua empresa) o desenvolvimento de um projeto de
redes para interligação das três filiais à Matriz. O escopo do trabalho era somente a
parte de redes WAN, sendo que a estrutura de LAN já estava em operação. Vale
ressaltar que e Empresa Y tinha uma filial na própria cidade da Matriz, a segunda era
em outro estado e a terceira era em outro país.

A Empresa Y solicitou os serviços da Empresa Network para desenvolver o projeto e


coordenar a implantação de toda a rede WAN para a interligação de suas filiais com
segurança e qualidade.

Etapa 1 – Análise de requisitos


Usando o checklist/questionário nas diversas reuniões e visitas (aula de Análise dos
Requisitos – Etapa 1) para levantamento de requisitos, as seguintes informações foram
obtidas:
 Usuários das filiais com o mesmo perfil (comunidade de usuários), sendo que
somente a matriz possui colaboradores com o perfil de auxiliar administrativo. A
tabela a seguir apresenta os quantitativos de usuários, local, perfis, aplicações
usadas e tráfego demandado por perfil de usuário. A caracterização do tráfego foi
feita por medição usando ferramentas de coletas de dados SNMP, por exemplo,
MRTG.

Tabela 10.1 – Usuários e requisitos 

Comunidade de Largura
Local Quantidade Aplicações usadas
usuário de Banda

Sistema de Vendas , Internet, e-mail e servidor


Vendedores Matriz 15 60 Kbps
de arquivos

Controle Financeiro, Internet, e-mail e servidor


Auxiliar Adm. Matriz 8 40 Kbps
de arquivos

Sistema de Vendas , Internet, e-mail e servidor


Vendedores Filial Local 12 60 Kbps
de arquivos

Sistema de Vendas , Internet, e-mail e servidor


Vendedores Filial Regional 6 60 Kbps
de arquivos

Filial Sistema de Vendas , Internet, e-mail e servidor


Vendedores 6 60 Kbps
Internacional de arquivos

 Verificou-se, nas medições, que o tráfego do sistema de vendas contribui com


10 Kbps e o acesso à Internet com 20 kbps no tráfego total dos usuários com perfil
de vendedores.
 Os servidores de arquivos e sistemas (vendas e financeiro) ficam na Matriz.
 Existe disponibilidade de infraestrutura para instalação dos novos equipamentos
em todos os sites (sala, rack, ar-condicionado, nobreak).
 Atualmente, a empresa acessa a Internet por meio de ADSL (Velox da Oi), e há
interesse em mudar para um serviço de maior qualidade. Instalar
um firewall também é um requisito do projeto.
 Os roteadores usados na empresa são integrados com o modem ADSL, não
sendo possível seu reaproveitamento para links com outras interfaces, sem falar
nas funcionalidades suportadas e robustez.
 O serviço de e-mail é web (prestador de serviços na Internet) e deve continuar.
 A distância entre a matriz e a filial local é de 14 km com visada direta, ou seja,
sem obstrução na linha de visão entre as duas edificações.
 A empresa Y faz uso de switches da Cisco, família Catalyst 2950, com
disponibilidade de interfaces para conexão com o roteador.
 Disponibilidade da faixa de endereço 192.168.20.0/24 para WAN.
 Telefonia não faz parte do escopo do projeto.
 O projeto deve visar uma solução robusta, com equipamentos de qualidade.

Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos), as seguintes informações foram geradas e validadas em conjunto:

Tabela 10.2 – Sistemas e requisitos 

Nome da Tipo da
Novo     Nível de Custo de
aplicação ou aplicação ou Disponibilidade Comentários
(S ou N) Importância inatividade
serviço serviço

Sistema de Extremamente 6 horas parado por


Cliente/Server Não Alto 99%
Venda Crítico mês

Controle
Cliente/Server Não Crítico regular Baixo 97% 1 dia parado por mês
Financeiro

Serviço de correio
E-mail Não Pouco crítico Baixo 97% 1 dia parado por mês
Web

Internet Acesso à Internet Sim Pouco crítico Médio 97% 1 dia parado por mês

Link entre Filial e Extremamente 6 horas parado por


Rede WAN Sim Alto 99%
Matriz Crítico mês

Servidor de Diretório
Não Pouco crítico Baixo 97% 1 dia parado por mês
Arquivos MSWindows

Neste projeto, a indisponibilidade acordada com o cliente foi de 6 horas por mês, para
os sistemas mais críticos. Isso exige links de qualidade, pois as filiais dependem da
WAN para acessar os sistemas.

Para minimizar a probabilidade de indisponibilidade da rede, foi acordado que o projeto


utilizaria equipamentos de melhor qualidade, ou seja, com MTBF alto e de fabricantes
com boa reputação no mercado.

Etapa 2 – Projeto lógico


Com base nas informações levantadas na Etapa 1 – Análise de requisitos, o projetista
pode dimensionar a solução de redes WAN. Os tópicos a seguir mostrarão o
dimensionamento da solução e suas justificativas:
 Enlace de rádio digital ponto a ponto, usando frequência aberta de 5,8 GHz
(menor difusão que 2,4 GH por questão de menor tempo de mercado), com taxa
superior a 720 Kbps (12 x 60 Kbps). Praticamente todos os fabricantes de rede e
os especializados em Wireless possuem soluções de rádio ponto a ponto operando
em frequências abertas, ou seja, que não necessitam de licença de operação da
agência de regulação de telecomunicações no Brasil, a ANATEL. A distância de 14
Km com visada direta é factível para praticamente todos os fabricantes. Mas é
necessário realizar um site-survey (levantamento e medições em campo). A taxa
básica de operação (pior caso) é em 1 Mbps, que atende a demanda do tráfego
desta filial. Aquisição de um rádio reserva para atender a disponibilidade exigida
pelo cliente. Um link de rádio geralmente se paga em dois anos quando comparado
com o aluguel de um circuito de operadora.
 Circuito ponto a ponto de operadora de telecomunicações, dedicado, simétrico,
transparente a protocolo para conexão direta entre os roteadores da empresa Y,
com taxa de 512 Kbps (6 x 60 kbps)  e CIR de 256kbps. Uso do protocolo PPP para
a comunicação no circuito ponto a ponto. Além desses requisitos, a operadora deve
prover um circuito com disponibilidade superior a 99%, interface serial e conector
V.35 (padrão de mercado).
 Devido aos altos custos de circuitos internacionais, a interligação com a filial
internacional será via VPN IPSec entre o firewall da Matriz e o roteador (IOS com
funcionalidade de firewall e VPN) da filial internacional. Para isso teremos no filial
internacional um link para Internet, simétrico, com taxa de 512 Kbps (6 x 60
kbps)  e CIR de 256kbps. Além desses requisitos, a operadora deve prover um
circuito com disponibilidade superior a 99% e para interface serial com conector
V.35 (padrão de mercado). Na matriz será necessário um link para a Internet,
simétrico, com taxa de 1256 kbps, para concentração do acesso à Internet de
todos os usuários no Brasil e o tráfego da VPN da filial internacional (servidor
vendas e arquivos) (15*20Kbps + 8*20Kbps + 12*20Kbps + 6*20Kbps + 6 x 40
kbps) e CIR de 512kbps. Além desses requisitos, a operadora deve prover um
circuito com disponibilidade superior a 99% e para interface UTP (existente no
mercado).  Na prática, dadas as vantagens comerciais, esse link de acesso à
Internet vai para 2 Mbps. A Figura 10.1 ilustra a topologia da rede da solução
proposta:
 Figura 10.1 – Topologia da solução

 Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN serial
para a filial internacional. O roteador deve possuir sistema operacional com
funcionalidades de segurança (firewall/VPN) e roteamento estático (que é básico).
A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas.
 Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN serial
para a filial regional. O roteador deve possuir sistema operacional com
funcionalidades de roteamento estático (que é básico). A capacidade de
processamento deve ser compatível com as interfaces demandadas.
 Um roteador com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN
FastEthernet para a filial local. A interface WAN será conectada à interface
FastEthernet do rádio que implementa o link com a matriz. O roteador deve
possuir sistema operacional com funcionalidades de roteamento estático (que é
básico). A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas.
 Um roteador com uma interface LAN FastEthernet, duas interfaces seriais e uma
interface WAN FastEthernet para a matriz. A interface WAN FastEthernet será
conectada à interface FastEthernet do firewall. O roteador deve possuir sistema
operacional com funcionalidades de roteamento estático (que é básico). A
capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces demandadas.
 Um firewall com uma interface LAN FastEthernet e uma interface WAN
FastEthernet para a matriz. Suporte a VPN IPSec e com funcionalidade de
proteção. A capacidade de processamento deve ser compatível com as interfaces
demandadas e o número de usuários da Empresa Y.
Os detalhes e as informações técnicas apresentadas no dimensionamento poderão ser
encontrados nos sites dos fabricantes dos equipamentos que serão apresentados na
próxima seção (Etapa 3 – Projeto físico).

Conforme etapa de levantamento de requisitos, a empresa disponibilizou a faixa de


endereços da rede 192.169.20.0/24 para o endereçamento WAN. Essa rede pode ser
subdividida em subredes com dois endereços (máscara 255.255.255.252) a ser usado
em cada ponta dos links ponto-a-ponto (rádio e link operadora de 512 kbps). Além
disso, como temos poucos links de WAN e não há caminhos alternativos, faremos uso
de roteamento estático na configuração. No caso dos link para Internet vale lembrar
que o endereçamento é fornecido pela Operadora (endereço válido ou públicos). Em
caso de dúvidas, consulte os materiais de TCP/IP para sanar possíveis dúvidas na
formação do endereçamento para os links WAN. A Tabela 10.3 apresenta a definição
dos endereços, máscaras e os nomes dos equipamentos:

Tabela 10.3 – Endereçamento 

Ponta A Endereço IP Ponta B Endereço IP Máscara da rede

RT001 - Matriz 192.168.20.5 RT002 - Filial Local 192.168.20.6 255.255.255.252

RT001 - Matriz 192.168.20.9 RT003 - Filial Regional 192.168.20.10 255.255.255.252

RT001 - Matriz 192.168.20.13 FW001 - Matriz 192.168.20.14 255.255.255.252

FW001 - Matriz Operadora RT004 - Filial Internacional Operadora Operadora

Agora já se pode partir para a etapa de especificação dos equipamentos, materiais e


serviços necessários à instalação da rede.

Etapa 3 – Projeto físico

Conforme os requisitos do cliente, a solução apresentada buscou especificar


equipamentos, materiais e serviços dos fabricantes e fornecedores mais conhecidos e
usados no mercado. Essa opção visa atender outro requisito do cliente: a
disponibilidade da rede. Usando equipamentos de qualidade é possível garantir um
maior tempo entre falhas (MTBF) e, em caso de problemas, é maior a facilidade e
agilidade para o suporte especializado e o fornecimento de componentes (maior
disponibilidade de fornecedores no mercado). Informações sobre os equipamentos
podem ser obtidas nos sites dos próprios fabricantes. A Tabela 10.4 apresenta as
especificações dos equipamentos, os respectivos códigos dos fabricantes, as
quantidades e o preço.

Tabela 10.4 – Investimento e custeio

No caso do enlace de rádio, foi adquirido um kit (rádio e sistema irradiante) para servir
de reserva e uso em caso de problemas. Isso se fez necessário para garantir a
disponibilidade exigida pelo cliente.

Para Saber Mais


Como já se disse, é importante ter mais de uma proposta de preços para os mesmos
itens do projeto. Além disso, verifique os sites dos fornecedores para obter mais
informações. Os sites a seguir apresentam mais detalhes sobre as especificações dos
itens do projeto:
 CISCO
 MOTOROLA
 CHECKPOINT
 OI
 TELMEX
Etapa 4 – Implantação

A Etapa de Implantação é caracterizada pela execução do projeto propriamente dito.


Toda a análise e desenho da solução entram numa fase de materialização do
planejamento realizado. A seguir, apresentam-se as atividades executadas para a
implantação da rede e infraestrutura de TI na Empresa Y:

1. Compra dos equipamentos e contratação dos serviços (link de acesso à


Internet).
2. Recebimento e verificação dos equipamentos.
3. Site-survey do enlace de rádio.
4. Instalação dos equipamentos de rede.
5. Instalação do enlace de rádio.
6. Configuração dos equipamentos e ativação dos links para Internet.
7. Instalação do circuito ponto a ponto.
8. Teste de carga nos links. Podem-se usar scripts para donwload e upload de
arquivos grandes usando sites de FTP públicos na Internet e servidores internos na
matriz.
9. Realização da operação assistida por cinco dias.
10.  Documentação de todo o projeto, inclusive com as configurações finais dos
equipamentos.
11. Documentação dos possíveis erros ou problemas como lições aprendidas.
12. Recebimento do ACEITE do cliente para o produto entregue pelo projeto.

Assim que o projetista receber o ACEITE do cliente, pode considerar o projeto como
entregue.

10.3 Estudo de Caso 3 – Empresa de Grande Porte


Demanda
Uma empresa de comércio eletrônico, denominada Empresa Z, solicitou à empresa
Network o desenvolvimento de projeto de redes para um novo datacenter. O escopo do
trabalho engloba o projeto da rede local para proporcionar um aumento na qualidade da
infraestrutura de comunicação, propiciando assim um melhora na qualidade dos
serviços oferecidos aos seus clientes na Internet. A empresa possui atualmente mais de
200 servidores, com várias aplicações relacionadas aos serviços de comércio eletrônico.
A Empresa Z solicitou os serviços da Network para desenvolver o projeto e coordenar a
implantação de toda a rede local do datacenter. 99887766 wep 64bits
Etapa 1 – Análise de requisitos
Usando o checklist/questionário nas diversas reuniões e visitas (aula de Análise dos
Requisitos – Etapa 1) para levantamento de requisitos, as seguintes informações foram
obtidas:

 Projetar uma rede local (LAN) para datacenter com alta escalabilidade
(crescimento), alto desempenho e alta disponibilidade.
 Uso de servidores em racks (blades) e cada servidor deve ter redundância no
acesso à rede local do datacenter. As blades possuem switch interno (Cisco 3020).
 Os servidores devem ficar agrupados e em VLANs distintas.
 A solução deve prover balanceamento de carga, pois vários servidores atendem
a um determinado serviço.
 Todas as aplicações/sistemas são WEB e em três camadas: camada WEB, de
aplicação e de banco de dados.
 A empresa atende simultaneamente, em média, 2.000 usuários por segundo.
 Independente da aplicação WEB, cada usuário gera um tráfego de 15 kbps.
 O acesso à Internet é com redundância.
 Uso da rede 172.22.0.0/16 para endereçamento.
 Os equipamentos devem ser de alta qualidade/disponibilidade, pois o negócio da
empresa depende da infraestrutura de rede.

Com base nas informações anteriores e alinhamentos feitos com o cliente (revisões dos
requisitos) foi feita uma caracterização do perfil das aplicações (Tabela 10.5):

Tabela 10.5 – Sistemas e requisitos 

Nome da Tipo da Novo


Nível de Custo de Disponibilidad
aplicação ou aplicação ou (S ou Comentários
importância Inatividade e
serviço serviço N)

Todas
Extremamente 10 minutos por
aplicações WEB Não Alto 99,999%
Crítico semana
WEB

Para conseguir a disponibilidade exigida, todo o ambiente teria de ser redundante e,


além disso, o projeto utilizaria equipamentos de melhor qualidade, ou seja, com MTBF
alto e de fabricantes com boa reputação no mercado.

Etapa 2 – Projeto lógico


Com base nas informações levantadas na Etapa 1 – Análise de requisitos, o projetista
pode dimensionar a solução para a demanda do cliente. A Figura 10.2 apresenta a
solução para projeto:
Figura 10.2 – Topologia da solução

Os componentes/equipamentos da solução e suas principais características são:

Roteador Cisco 3845:

 equipamento com a capacidade de agregar roteamento e portas de switching no


mesmo dispositivo;
 suporta processamento de chamadas telefônicas;
 suporta configuração de Gateway de voz e integração dos dispositivos de
comunicação; IP (portas podem conter power over ethernet - PoE, por exemplo);
 equipamento com flexibilidade e escalabilidade para convergência da rede;
 maior modularidade e performance;
 suporte opcional para Power Inline integrada (Power-over-Ethernet [PoE]);
 desempenho Wire-speed para serviços de segurança em velocidades de até E3.

ASA5520:

 aplicativo multifuncional de segurança de rede que proporciona profundidade e


amplitude de segurança para proteção da rede;
 dispositivo para diversos usos assim proporcionando padronização de plataforma
e gerenciamento;
 pode ser disposto como um dispositivo convergente de prevenção contra
ameaças por influenciar seu controle de acesso, inspeção de aplicativo e
tecnologias de mitigação de worms, vírus e outros malwares;
 também pode ser usado como um dispositivo dedicado de terminação VPN,
utilizando suas capacidades VPN altamente calculáveis site to site, IPSec, e acesso
remoto SSL. Como alternativa, ele serve igualmente bem intrarrede para controle
de acesso interdepartamentos e para prevenir contra worms, vírus e outros
códigos mal-intencionados que os usuários internos possam inadvertidamente
introduzir na rede.

Switch 6509:

 o switch deve ser modular que com uma alta quantidade de portas disponibiliza
os mais altos níveis de segurança, virtualização, gerenciamento, comunicações
IP, wireless, flexibilidade, escalabilidade que permitem trafegar voz, dados e vídeo;
 quantidade de Slots: 9;
 Gbics e Mini-Gbics: 386;
 portas 10/100/1000: 385;
 portas 10/100: 768;
 portas 100base-FX: 384;
 backplane da processadora: 720Gbps;
 suporte a módulos de balanceamento de conteúdo;
 suporte a módulos com taxa de 10Gigabit Ethernet.

Switch Cisco 4948-10GE-S:

 switch com 48 portas 10/100/1000 e um ou dois uplinks de 10GE em fibra com


uma performance de alta capacidade;
 backplane: 136Gbps.

Switch Cisco 2960:

 switch com 48 portas 10/100/1000 e quatro uplinks de 1GE (4 T/SFP).


Mais detalhes e as informações técnicas apresentadas no dimensionamento poderão ser
encontrados nos sites dos fabricantes dos equipamentos que serão apresentados na
próxima seção (Etapa 3 – Projeto físico).

A estratégia é ter dois links de 34 Mbps (2000x 15 Kbps) para acesso à Internet. Nesse
link deve ser implementado roteamento dinâmico (OSPF) para implementar a alta
disponibilidade de acesso à Internet.

Conforme etapa de levantamento de requisitos, a empresa disponibilizou a faixa de


endereços da rede 172.22.0.0/16 para a LAN. Essa rede poderá subdividida em sub-
redes com 256 endereços (máscara 255.255.255.0) a ser usado para as subredes
do datacenter (VLANs). A tabela a seguir apresenta a definição dos endereços,
máscaras e os nomes dos equipamentos:
Tabela 10.6 – Endereçamento

Endereçament Máscara
Equipamento Faixa de Endereço Padrão de Nomes
o
de rede

Switches Estático 172.22.1.0-172.22.1.255 255.255.255.0 SWXXX

Roteadores 172.22.3.0-172.22.3.255 RTXXX


Estático 255.255.255.0

Firewall 172.22.5.0-172.22.5.255 FWXXX


Estático 255.255.255.0

172.22.7.0-
Servidores e VLANS SRVYYYXX
Estático 172.22.255.255 255.255.255.0

 Vale ressaltar que, na nomenclatura da tabela anterior, XXX se usa para numeração e
YYY para sigla do serviço WEB. Agora, pode-se partir para a etapa de especificação dos
equipamentos, materiais e serviços necessários à instalação da rede.

Etapa 3 – Projeto físico

Conforme requisitos do cliente, a solução apresentada buscou especificar equipamentos,


materiais e serviços dos fabricantes e fornecedores mais conhecidos e usados no
mercado. Essa opção visa atender a outro requisito do cliente: a disponibilidade da
rede. A Tabela 10.7 apresenta as especificações dos equipamentos, os respectivos
códigos dos fabricantes, quantidades e preço:
Tabela 10.7 – Investimento e custeio

Para Saber Mais


Segue abaixo a lista dos sites dos fabricantes utilizados para a solução deste projeto.
Nesses sites, é possível obter informação detalhadas sobre as especificações dos
equipamentos e materiais:

 CISCO
 OI
Etapa 4 – Implantação
Como se viu anteriormente, na Etapa de Implantação temos a execução do projeto
propriamente dito. A seguir, apresentam-se as atividades executadas para a
implantação da rede e infraestrutura de TI na Empresa Z:

1. Compra dos equipamentos e contratação dos serviços (link de acesso à


Internet).
2. Recebimento e verificação dos equipamentos.
3. Instalação dos equipamentos de rede.
4. Configuração dos equipamentos (rede e segurança) e ativação dos links para
Internet.
5. Testes das redundâncias.
6. Teste de carga nos links. Se possível, é interessante usar os simuladores de
usuário, testando assim toda infraestrutura. Geralmente as empresas da área de
desenvolvimento possuem ferramentas de simulação de acesso.
7. Implementação da gerência de redes.
8. Realização da operação assistida por cinco dias;
9. Documentação de todo o projeto, inclusive com as configurações finais dos
equipamentos.
10. Documentação dos possíveis erros ou problemas como lições aprendidas.
11. Recebimento do ACEITE do cliente para o produto entregue pelo projeto.

A Empresa Z conta com um ambiente de gerência de redes utilizando as ferramentas


CiscoWorks da Cisco e Tivoli da IBM. A seguir são mostrados os parâmetros usados para
o monitoramento do ambiente de redes e servidores da Empresa Z. Cabe ressaltar que
essa especificação e configuração devem fazer parte de um projeto específico de
gerência de redes.
Tabela 10.8 – Métricas e medidas de gerência de rede

Assim que o projetista receber o ACEITE do cliente ele pode considerar o projeto como
entregue. É sempre bom o projetista pegar algum documento formal do cliente
descrevendo o trabalho realizado e seus resultados. Isso pode servir como um bom
cartão de apresentação para novos desafios!

Os exemplos de projetos de rede dados nesta aula se basearam em casos reais,


incluindo orçamentos, especificação de produtos e topologia. Além disso, foram
comentados, a fim de facilitar a compreensão e a prática do seu trabalho futuro de
renomado projetista de redes.

Até aqui, esperamos que você tenha tirado bom proveito do contudo apresentado
durante as aulas. Bons projetos e sucesso!

Referências
Básica
BIRKNER, Matthew H. Projeto de Interconexão de Redes – Cisco Internetwork
Design – CID Exam 640-025. Makron. 2003.
OPPENHEIMER, Priscilla. Projeto de Redes Top-Down - Um Enfoque De Análise De
Sistemas Para o Projeto De Redes Empresariais. Campus. 1999.

Complementar
COMER, Douglas E. Interligação Em Redes com TCP/IP. Vol.1. Campus. 2005/
COMER, Douglas E. / Stevens, David L., Interligação em Redes com TCP/IP. Vol.2.
Campus. 2005.
ESTADÃO. Tecnologia – Internet, Web terá 988 exabytes em 2010, seis vezes
mais que hoje, 2007. Disponível em:
< http://www.estadao.com.br/tecnologia/not_tec32656,0.htm>.
FEIT, Sidnie.  SNMP: a guide to network management.   New York: MacGraw-Hill,
1995.
FERREIRA, Fernando N. F., ARAUJO, Márcio, T.  Política de Segurança da
Informação – Guia Prático para Elaboração e Implementação. Ciência Moderna,
2006.
KUROSE, J. F.; ROSS, K. W. Redes de computadores e a Internet. 3ª ed. Pearson
Brasil, 2005.
OPPENHEIMER, P. Projeto de redes top-down: um enfoque de análise de
sistemas para o projeto de redes empresariais. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SANTOS, Alfredo Luiz dos S. Gerenciamento de Identidades. Brasport. 2007.
RFC 2196. Site Security Handbook, http://www.faqs.org/rfcs/rfc2196.html, 1997.
STALLINGS, William. Network Security Essentials: Applications and
Standards. Prentice Hall, 2000.
STALLINGS, William.  SNMPv1, SNMPv2, SNMPv3 e RMON 1 e 2.  3rd ed.
Massachusetts: Addison Wesley, 1999.
TANENBAUM, A. C. Redes de computadores. 4ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
ZWICKY, E., COOPER, S., CHAPMAN, B. Building Internet Firewalls. 2nd Edition.
O'Reilly, 2000.

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