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© 2011 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos de publicação e reprodução, em parte ou no todo, reservados para a Universidade
de Uberaba.
Reitor
Marcelo Palmério
Assessoria Técnica:
Ymiracy N. Sousa Polak
Capa:
Toninho Cartoon
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
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Sobre os Autores
3
Sumário
Apresentação
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3.3 Sistemas e volumes de controle....................................................................................................82
3.4 Hipótese do contínuo....................................................................................................................83
3.5 Propriedades e estados físicos de um sistema............................................................................83
3.6 Propriedades importantes.............................................................................................................84
3.7 Energia..........................................................................................................................................85
3.8 Equação de estado dos gases......................................................................................................87
3.9 Transferência de calor...................................................................................................................88
3.10 Transferência de calor por condução............................................................................................88
3.11 Transferência de calor por convecção..........................................................................................90
3.12 Transferência de calor por radiação..............................................................................................91
3.13 Coeficiente de transferência de calor............................................................................................92
3.14 Transferência de massa................................................................................................................94
3.15 Difusão...........................................................................................................................................95
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Apresentação
Prezado(a) aluno(a).
No segundo capítulo, faremos uma abordagem geral sobre como é feito o transporte de
fluidos em sistemas e em conjuntos elevatórios, sobre o projeto de equipamentos, como
bombas, tubulações, dentre outros.
Por fim, no terceiro capítulo, você terá a oportunidade de revisar vários conceitos relativos à
transferência de calor e massa. Para tanto, é necessário o conhecimento das principais
propriedades termodinâmicas da matéria, tais como, calor latente, coeficiente de
condutividade, coeficiente de convecção, coeficiente global de transferência de calor,
coeficiente de difusividade, entre outras. Para que se possa efetuar a determinação de
algumas dessas propriedades, é necessário que se conheça as respectivas equações que
as definem. A análise do comportamento de um sistema que possui troca de energia é
denominada transferência de energia ou calor, já a análise do comportamento de um
sistema que possui troca de massa é denominada transferência de massa.
Ao longo deste livro, são propostas atividades para que você possa realizar a fixação da
aprendizagem a partir dos conceitos abordados. Procure se esforçar na resolução dos
exercícios antes de lançar mão do Referencial de Respostas.
Mantenha-se atento(a) aos conceitos, exemplos e demais informações que compõem esse
texto, e procure se empenhar cada vez mais nos estudos.
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1 Estática e dinâmica dos fluidos
Introdução
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo lhe será apresentado as principais ferramentas e equações para que seja
possível o trabalho com transporte de fluidos. Para tal fenômeno, serão também
apresentadas as principais propriedades dos fluidos, tais como, massa específica, peso
específico, viscosidade, pressão, entre outros, que direta ou indiretamente influenciaram o
escoamento deste fluido. Será também abordado o estudo de alguns métodos e
instrumentos de medição dessas variáveis.
A unidade didática irá abordar também a influência das forças hidrostáticas aplicadas em
superfícies planas e curvas submersas.
Desde a época antes de Cristo já havia aplicações de mecânica dos fluidos como, por
exemplo, os canais de irrigação entre os rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia. Arquimedes
(285-213 a.C.) estudou a flutuação de corpos submersos enunciando alguns princípios da
hidrostática, mas só a partir do século XVI é que começaram a ser realizados os primeiros
estudos, baseados em experimentos, para um melhor entendimento do comportamento do
fluido. Mais tarde, modelos matemáticos começaram a validar algumas teorias
desenvolvidas.
8
formando o sistema MK*S. Nesse sistema a unidade de massa é representada pelo símbolo
utm (unidade técnica de massa).
Nas próximas páginas desse capítulo, são apresentados alguns conceitos e fundamentos
básicos para o melhor entendimento da teoria referente à mecânica dos fluidos, fazendo
inicialmente uma abordagem sobre as principais propriedades dos fluidos, tais como: massa
específica, peso específico, densidade relativa, pressão, módulo de elasticidade volumétrica,
viscosidade dinâmica, viscosidade cinemática, tensão superficial, pressão de vapor e a
equação de estado dos gases. Em seguida continuamos o estudo com a estática dos fluidos
analisando pressões dentro da massa fluida e os esforços gerados por ela quando em contato
com uma superfície plana. Finalmente estudamos o equilíbrio de corpos submersos e
flutuantes nessa massa fluida. Lembre-se que é importante a compreensão dos conceitos
trabalhados para a resolução dos problemas que os envolvam. Na prática esses conceitos
serão fundamentais para a solução de problemas reais.
Já na cinemática dos fluidos que estuda os seus movimentos sem se preocupar com a
causa dos mesmos. Dois métodos podem ser usados para analisar esse escoamento, o
método de Lagrange e o método de Euler. O primeiro estuda o comportamento das
partículas fluidas ao longo de suas trajetórias (definidas a partir de um instante inicial) e
analisa grandezas G de interesse associadas a essas partículas. O segundo consiste em
fixar pontos no espaço e analisar o valor das grandezas G, associadas às partículas que
passam por eles. Na maioria das aplicações praticas de sistemas que envolvem
escoamentos de fluidos, o interesse não é o estudo do comportamento individual de
partículas e sim o conjunto delas, sendo assim, o método de Euler é o mais aplicado e será
utilizado nessa unidade didática.
Para um melhor entendimento dos dois métodos vamos imaginar uma máquina hidráulica,
por exemplo, uma bomba hidráulica. Quando o interesse é apenas em conhecer as vazões
e as pressões na entrada e saída da bomba, o método aplicado seria o de Euler e a bomba
hidráulica seria analisada como se fosse uma “caixa preta”, pois não é nosso interesse em
saber o comportamento das partículas no seu interior. Quando o objetivo é tentar definir a
forma do rotor dessa máquina, na tentativa de melhorar sua eficiência, seria interessante
conhecer a trajetória de certas partículas dentro dessa bomba, logo deveríamos partir para
uma análise lagrangeana. Normalmente esse papel é desempenhado pelos fabricantes de
máquinas hidráulicas.
Nas próximas páginas desse material são apresentados alguns conceitos e fundamentos
básicos para o melhor entendimento da teoria referente ao comportamento dos fluidos,
fazendo inicialmente uma abordagem sobre os principais tipos de escoamento: laminar,
turbulento, permanente, uniforme etc. Em seguida vamos estudar as principais equações
fundamentais envolvidas no escoamento dos fluidos: equação da continuidade, da
quantidade de movimento e da energia. Finalmente vamos entender o com comportamento
desses fluidos em sistemas hidráulicos a condutos forçados e a condutos livres. Lembre-se
que é importante a compreensão dos conceitos trabalhados para a resolução dos problemas
que os envolvam. Na prática esses conceitos serão fundamentais para a solução de
problemas reais.
Bons estudos!
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Objetivos
Ao final dos estudos propostos neste capítulo é esperado que você se torne capaz de:
descrever as principais propriedades dos fluidos;
explicar os principais fundamentos da estática dos fluidos.
reconhecer o comportamento dos fluidos em sistemas hidráulicos.
Esquema
1.1 Algumas propriedades dos fluidos
1.2 Viscosidade
1.3 Coeficientes de viscosidade cinemática e dinâmica
1.4 Equação de estado dos gases
1.5 Estática dos fluidos
1.6 Princípios de medida de pressão
1.7 Equilíbrio relativo
1.8 Forças hidrostáticas aplicadas em superfícies planas submersas
1.9 Conceitos de pressão e empuxo
1.10 Lei de Stevin: pressão devida a uma coluna líquida
1.11 Empuxo exercido por um líquido sobre uma superfície plana imersa
1.12 Determinação do centro de pressão
1.14 Forças hidrostáticas aplicadas em superfícies curvas submersas
1.15 Momento de inércia (I0) de retângulo e círculo
1.16 Cinemática dps fluidos
1.17 Tipos e regimes de escoamento
1.18 Linhas de corrente e trajetórias
1.19 Escoamento unidimensional, biodimensional e tridimensional
1.20 Escoamento a conduto livre e a conduto forçado
1.21 Regime permanente e não permanente (variável)
1.22 Escoamento uniforme e não uniforme (variado)
1.23 Escoamento laminar e turbulento
1.24 Escoamento subcrítico (fluvial) e supercrítico (torrencial)
1.25 Equações básicas para análise de escoamentos
1.26 Equação da continuidade
1.27 Equação de Bernoulli
1.28 Fórmula empírica de Hazen-Williams
1.29 Orifícios, bocais e vertedores
As propriedades são características de uma substância que têm valor constante para um
dado estado. São sempre necessárias para se definir o fluido em estudo numa determinada
modelagem.
10
1.1.1 Massa específica (ρ)
m
(1)
Em que:
m é a massa do fluido;
é o volume do fluido.
kg utm
SI: 3
e MK*S :
m m3
W mg
g (2)
Em que:
W é a força peso;
g é a aceleração da gravidade, (cujo valor é de 9,8 m/s2).
N kgf
SI: 3
e MK*S:
m m3
(3)
a a
Massa específica:
Peso específico:
11
Para exemplificar o que já foi abordado e facilitar o entendimento, imagine um fluido de
massa 900 num volume de 1,2.
Vamos calcular as três propriedades definidas anteriormente pelos dois sistemas (SI e
MK*S). Devemos começar com o Sistema Internacional. A massa já está nesse sistema, isto
é, em quilos. Observe também que o metro cúbico, é a unidade de volume adotada nos dois
sistemas.
Sistema Internacional:
m 900 kg
750 3
1,2 m
N
g 750 * 9,8 7350
m3
Finalmente, vamos determinar a densidade relativa pela equação (3), utilizando os valores
da massa específica ou peso específico obtidos anteriormente:
750 7350
0,75 ou 0,75
a 1000 a 9800
0, 75
Massa específica:
utm
0,75 76,5 3
a 102 m
Peso específico:
kgf
0,75 750 3
a 1000 m
Pressão (p)
12
F
p h (4)
A
A equação (4) é obtida analisando um elemento de fluido que pode estar sujeito a forças de
campo e de superfície. As forças de campo seriam aquelas referentes à força gravitacional,
elétrica, magnética etc. Na maioria dos problemas das engenharias e áreas afins, a única
força de campo considerada é a força gravitacional.
As forças de superfície seriam as forças de pressão e as forças de atrito. Como o fluido está
em repouso, consideram-se apenas as forças de pressão, como ilustrado na Figura 1, na
qual são apresentadas apenas as forças na direção x, sendo análoga para os outros eixos y
e z.
Na Figura 1, aparecem apenas às forças na direção x (sendo análoga para os outros eixos y
e z). Fazendo a somatória das forças em todas as direções, incluindo as forças de campo e
de superfície e considerando o fluido em repouso, chega-se à equação:
p g k 0 (5)
p
0 (6)
x
p
0 (7)
y
p dp
g g (8)
z dz
Observe que a pressão não varia nas direções e, variando, apenas na direção e, integrando
a equação (8) entre dois pontos quaisquer, chega-se à equação (4), já apresentada.
13
Saiba mais
Por exemplo, para a situação da Figura 2, a seguir, o valor da pressão no ponto (1) em um
recipiente aberto para a atmosfera é obtido pela fórmula:
p1 h p2 (9)
p1 h (10)
Se o objetivo for calcular a pressão absoluta no ponto (1), deve-se conhecer o valor da
pressão atmosférica do local que atua no ponto (2). Novamente a equação (9) pode ser
escrita na forma:
p1AB h patm
AB
(11)
Em AB, o índice serve apenas para indicar que a pressão está no referencial absoluto. O
valor da pressão absoluta nunca poderá ser negativo. O valor da pressão efetiva pode ser
negativo, o que significa que ele está abaixo do valor da pressão atmosférica do local.
Lembre-se de que, quando a pressão atmosférica é o referencial, o seu valor é nulo e,
consequentemente, valores negativos de pressão efetiva estão abaixo do mesmo. A
pressão atmosférica absoluta ao nível do mar corresponde a 760 mmHg. Esse valor foi
encontrado por Torricelli em uma experiência que envolveu um recipiente que estava cheio
de mercúrio ( Hg 13600kgf / m ) e um tubo cilíndrico de pequeno diâmetro, também
3
14
Figura 3: Experiência de Torricelli.
Fonte: Acervo do Autor.
À medida que se afasta do nível do mar, atingindo certa altitude, a pressão atmosférica
diminui. A pressão atmosférica, ao nível do mar, pode ser representada por várias unidades,
como mostra a sequência, a seguir:
kgf kgf
1atm 760mmHg 10,33mH 2 O 1,033 2
10330 2 101,3kPa 1,013bar 14,7 psi
cm m
Novamente, vamos realizar outro exemplo para firmar esses conceitos que são de suma
importância ao longo do curso.
Por que Torricelli optou por fazer a experiência de medição da pressão atmosférica ao nível
do mar, ilustrada na Figura 3, utilizando mercúrio e não água?
A resposta está simplesmente no valor do peso específico dos dois líquidos. O peso
específico do mercúrio vale 13600 kgf/m3, enquanto que o da água 1000 kgf/m3. Como a
experiência foi ao nível do mar, os dois líquidos estão sujeitos à mesma pressão, assim:
pa phg
a ha hg hhg
ha 10,336m
Note que a altura de 760 mm mercúrio foi convertida em metros e que seria impossível
Torricelli arrumar um tubo cilíndrico de quase 11 metros de comprimento para fazer a
referida leitura.
dp dp
Ev (12)
d d
Pela análise dimensional: [ Ev ] ML1T 2
15
Figura 4: Compressibilidade do fluido.
Fonte: Acervo do Autor.
IMPORTANTE
Note que, quando se aplicou uma força adicional (dF) no pistão, o fluido sofreu uma
compressão, reduzindo seu volume e mantendo a sua massa constante (não houve retirada
de fluido do recipiente).
1.2 Viscosidade
16
moléculas dessa película e as moléculas do fluido ao seu redor oferecem resistência ao
movimento do corpo.
Newton realizou o experimento das duas placas planas e verificou que ao aplicar a força F
na placa superior (móvel), esta era inicialmente acelerada até adquirir uma velocidade
constante, o que permitiu concluir que o fluido aplicava a placa uma força contrária ao
movimento e de mesma intensidade. Após a realização de vários experimentos, chegou a
equação (13):
(13)
sendo:
dv
dy
= tensão de cisalhamento;
dv = gradiente de velocidade.
dy
Fluidos que não seguem a Lei de Newton da viscosidade são chamados não newtonianos e
são tratados em livros sobre reologia. A Figura 5 compara exemplos com um fluido
newtoniano. Um fluido dilatante aumenta a resistência ao escoamento com o aumento da
tensão aplicada. Alternativamente um fluido pseudoplástico diminui a resistência ao
escoamento com o aumento da tensão. Já o plástico de Bingham requer um valor finito de
tensão antes de começar a escoar. Um exemplo de um fluido com limite de escoamento é a
pasta de dentes, que não escoará do tubo até que uma tensão finita seja aplicada,
espremendo o tubo.
Outros exemplos de fluidos não newtonianos são as tintas, graxas, plásticos, chocolates,
iogurtes, petróleo, lamas de perfuração, mel, ovos, leite, entre outros.
Em casos reais, como em mancais de máquinas, motores, a distância entre as placas é bem
pequena, da ordem de décimos de milímetros ou até menos. Neste caso, admite-se um
perfil linear de velocidades, tornando mais fácil sua análise. Sendo assim, o gradiente de
velocidades passa a ser constante.
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Figura 6: Escoamento com perfil linear entre duas placas planas.
Fonte: Acervo do Autor.
dv v
constante
dy y
Essa viscosidade está relacionada diretamente com a tensão de cisalhamento, que pode
surgir entre essas lâminas. Para certos fluidos, denominados newtonianos, existe uma
18
proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento ( ), paralela à direção do escoamento,
com a razão da variação de velocidade (dv) na direção normal (dy) a esse escoamento,
definido pela equação (14):
dv
(14)
dy
(15)
Pela análise dimensional: [ ] = M2LT-1.
Vamos fazer um exercício para facilitar o entendimento das tensões de cisalhamento. Este
será de muita importância no estudo da cinemática e da dinâmica que virão nos capítulos
seguintes.
EXEMPLIFICANDO!
Considere duas placas, como as ilustradas na Figura 8. Cada uma delas possui uma área
de 1,5 m2 e distanciada em 2 mm . Aplica-se uma força que faz com que a placa superior
movimente a uma velocidade constante de 0,8m/s, e com perfil de velocidade linear.
Sabendo que existe um fluido entre essas duas placas e sua viscosidade dinâmica µ é de
0,01 Ns/m2, calcule a intensidade dessa força.
dv
Para resolver esse exemplo, devemos aplicar a equação (11):
dy
Para determinar a variação da velocidade e da espessura da equação anterior, devemos
fazer as seguintes considerações:
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Consequentemente, a velocidade das partículas na placa fixa é nula, e na placa móvel, a
velocidade é de 0,8 m/s. Assim, a velocidade variou de zero a 0,8 m/s, resultando:
dv v 0,8 0 0,8m / s
Variação da espessura (dy): colocando o eixo y com a origem na placa fixa, temos:
F
Sabendo-se, ainda, que , e substituindo na equação (11), temos:
A
dv F dv v 0,8
F A F 1,5 * 0,01 F 6N
dy A dy y 0,002
Corresponde a uma força por unidade de comprimento que se desenvolve na interface entre
um líquido e um gás ou entre líquidos imiscíveis. A superfície do líquido parece atuar como
uma membrana elástica esticada. A tensão superficial depende da natureza dos fluidos em
contato, da pressão e da temperatura.
Num recipiente fechado, quando o número de moléculas que passam do estado líquido para
o estado de vapor é igual ao número de moléculas que fazem o processo inverso, a pressão
correspondente a esse equilíbrio dinâmico é denominada pressão de vapor.
p
rT (16)
em que,
20
m
n (17)
M
R
r (18)
M
em que:
n é o número de moléculas de um gás (mol);
p nRT (19)
Quando há ausência de movimento relativo num fluido, implica também numa ausência de
tensão de cisalhamento. Nesse caso, a massa de fluido será considerada estática quando
estiver em equilíbrio relativo (todas as partículas têm a mesma velocidade), ou em repouso,
ficando sujeita apenas a tensões normais.
1.6.1 Piezômetro
Utilizado para medir pequenas pressões, só medindo pressão relativa positiva e só servindo
para sistemas que possuem líquidos, e não gases, como ilustrado na Figura 9:
Figura 9: Piezômetro.
Fonte: Acervo do Autor.
p B h p A (20)
21
1.6.2 Manômetro em U
Pode ser utilizado para medir altas pressões, tanto positivas quanto negativas, e serve para
sistemas que possuem líquidos ou gases. Esse dispositivo normalmente possui um líquido
manométrico, sendo o mercúrio um dos mais utilizados. Na Figura 10, está apresentado o
manômetro em U:
p B 1h1 2 h2 p A (21)
Outras variações dos manômetros anteriores podem ser estudadas, como o caso do
manômetro ilustrado na Figura 11:
p B Lsen p A (22)
22
Observe que apenas substituiu a variável h por uma relação trigonométrica:
h
sen (23)
L
São dispositivos que apresentam propriedades elétricas em que o sinal obtido pelos
transdutores é enviado para um microcomputador que faz a leitura da pressão
correspondente.
EXEMPLIFICANDO!
Considere a tubulação da Figura 14. Ela está transportando água na qual foi acoplado um
manômetro (piezômetro). A altura de água dentro dele foi de 2,5 metros. Calcule a pressão
23
em kgf/m2. Calcule também a nova altura de óleo (δ=0,8) dentro do piezômetro mantendo
constante a pressão obtida na primeira condição.
p B h p A
kgf Kgf
a 1000 3
, temos: pB h pA 0 1000 * 2 pA pA 2000 2
m m
A segunda condição seria manter essa pressão encontrada e trocasse apenas a água pelo
óleo. Sendo assim:
kgf
0,8 800 3
a 1000 m
Observe que, pelo fato do óleo ser mais leve, ele precisa ganhar mais altura para uma
mesma leitura de pressão.
Quando uma massa fluida está em equilíbrio relativo, significa que ela se movimenta, mas
não há deformação (taxa de variação da velocidade em relação à direção do escoamento).
É como se ela movimentasse como um corpo rígido. Se não há deformação,
consequentemente, não surgem tensões de cisalhamento. O equilíbrio relativo pode ser
dividido em translação e rotação.
24
p g k a (24)
Na Figura 15, consta uma massa fluida, que é acelerada nas direções x e z.
Nesse caso, a aceleração é linear, e o vetor aceleração pode ser escrito na forma:
a ax i az k (25)
p
a x (26)
x
p
g a z (27)
z
A análise da variação de pressão da massa fluida pode ser escrita pela equação:
p p p
dp dx dy dz (28)
x y z
dp a x dx g a z dz (29)
p a x x g a z z c1 (30)
25
ax
z x c2 (31)
g az
Observe que a equação (31) corresponde a uma equação da reta que traduz exatamente o
perfil da lâmina d’água que foi apresentada na Figura 15. Os valores de c1 e c2 são
constantes que devem ser determinadas, dependendo da análise do problema em estudo.
a w2 x i (32)
A pressão num ponto qualquer da massa fluida é obtida pela equação (34):
w 2 r 2
p gz c3 (34)
2
w2 r 2
z c4 (35)
2g
26
A equação (35) corresponde a uma equação do segundo grau, conforme foi ilustrado na
Figura 16. Novamente, os valores c3 e c4 são constantes a serem determinadas.
Quando uma massa fluida em repouso está em contato com uma superfície, ela transmite
esforços para a mesma. Por exemplo, esforços transmitidos por fluidos dentro de
reservatórios, tanques, comportas de barragem etc. É importante determinarmos a
magnitude dessa força resultante e o seu ponto de aplicação. Essas superfícies podem ser
planas ou curvas e podem estar ou não inclinadas. Nesse capítulo, vamos nos ater à análise
de forças aplicadas a superfícies planas, como ilustrado na Figura 17 (FOX; McDONALD,
2001 apud DRUMOND, 2001), a seguir.
Vários profissionais das engenharias ou de outras áreas das exatas podem se deparar
com uma situação dessas.
A relação entre a força e a unidade de área sobre a qual ela atua é denominada pressão.
27
Figura 18: Corpo submerso.
Fonte: Acervo do Autor.
Considere, uma porção de volume V limitada pela superfície A submersa em uma certa
massa líquida. Se dA representar um elemento de área e dF a força que nela atua, a
pressão será:
dF
p (36)
dA
Com a porção está submersa, será considerado que o efeito da pressão atuará em toda a
área, este efeito produzirá uma força resultante que se chama empuxo, chamada também
de pressão total. Essa força é dada por:
E A p.dA (37)
E p. A (38)
28
Figura 19: Prisma em repouso.
Fonte: Acervo do Autor.
Analisando a Figura 19, para que o prisma esteja em repouso, o somatório de todas as
forças que atuam nele no sentido vertical será igual a zero, com equação (39).
Fy 0 (39)
Dessa forma:
p1 A hA p2 A 0 (40)
Obtendo:
p2 p1 .h (41)
Assim a Lei de Stevin explica que a diferença de pressão entre dois pontos da massa de um
líquido será igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso específico do líquido.
p1 = pa + .h (42)
A pressão atmosférica varia com a altitude, por exemplo: 10,33 m de coluna d´água ao nível
do mar será 13,6 maior se comparado ao mercúrio, 0,76 m.
Geralmente nos problemas referentes às pressões nos líquidos, será necessário conhecer
apenas a diferença de pressões. Portanto, a pressão atmosférica será anulada nesta
circunstância.
Figura 22:Tubo em U.
Fonte: Acervo do Autor.
30
em A, pa
em B, pa + ´.h
em C, pa + ´.h
em D, pa + ´.h - .z
IMPORTANTE
1.11 Empuxo exercido por um líquido sobre uma superfície plana imersa
Para estimar o empuxo quando exercido sobre uma superfície plana imersa tem-se:
F h A (44)
sendo:
31
Figura 23: Representação de uma placa plana submersa.
Fonte: Acervo do Autor.
A resultante das pressões está aplicada no centro de pressão e não no centro de gravidade
da superfície como mostra a Figura 24.
Utilizando o método dos momentos equação (45) pode-se determinar a posição do centro de
pressão.
I0
yP y (45)
A y
2
yp y (46)
3
h1 h2
F = volume do diagrama das pressões = A
2
Vamos fazer um exemplo sobre esse assunto discutido anteriormente. Um problema típico
que qualquer profissional da área das exatas poderia se deparar seria o cálculo da força
resultante que uma massa fluida (por exemplo, um lago) causa num determinado talude de
uma barragem. Considere a barragem de largura e de altura de água, como ilustrado na
Figura 26. Calcule a magnitude da força resultante e seu ponto de aplicação.
O cálculo do módulo da força resultante é feito pela equação (44). Vamos realizar o cálculo
deixando o peso específico indicado, sendo válido para qualquer líquido. Por trigonometria,
vamos determinar as outras dimensões da barragem:
9
sen500 a 11,75m e ainda 11,752 92 b2 b 7,55m
a
33
Força resultante: F h A , em que:
9
h hCG 4,5m e A 11,75 * 5 58,75m 2
2
Assim:
La 3 5 * 11,753
I __ I __ I __ 675,931m 4
xx 12 xx 12 xx
I __ 675,931
y CE y CG xx
y CE 5,87 y CE 7,83m
y CG A 5,87 * 58,75
As equações utilizadas no exemplo anterior são válidas para qualquer tipo de superfície
plana, sujeita à ação de força de massas fluidas. Porém, quando se trata de uma superfície
plana retangular, como foi o caso anterior, existe uma maneira mais prática e rápida para se
obter os mesmos resultados. Basta representar o prisma de pressões que atua na face da
barragem, conforme a Figura 28:
34
A força resultante é o próprio volume do prisma de pressão, assim:
11,75 * 9
FR * 5 FR 264,38
2
2 2
y CE * 11,75 y CE 7,83m ou ainda hCE * 9 hCE 6,00m
3 3
Vimos, no item anterior, que, quando uma superfície está em contato com uma massa fluida,
ela fica submetida a forças resultantes de compressão. O mesmo ocorre com um corpo
quando é imerso nessa massa fluida. A sua superfície externa também fica exposta a
esforços de pressão. Vamos analisar um corpo que está totalmente submerso numa massa
fluida (Figura 29).
E F d (48)
Em que:
35
d o volume deslocado pelo corpo.
Como o corpo está totalmente imerso, tem-se que c = d e podem ocorrer três situações
distintas:
IMPORTANTE
Uma aplicação prática nos problemas de engenharia é a análise de corpos que flutuam
como o caso de navios, pontes flutuantes de emergência e outras estruturas flutuantes.
Quando um corpo flutua, ele está em equilíbrio e, para isso, uma parte de seu corpo ainda
permanece submersa para compensar a diferença do seu peso específico com o peso
específico do fluido. Essa diferença é compensada pelos volumes das equações (47) e (48),
isto é, pois (Figura 30):
Sabe-se que quando um corpo flutua num fluido em repouso, ele está sob a ação de duas
forças com direções verticais;
Se o corpo está parado, as duas forças se anulam e elas estão numa mesma linha de ação,
não gerando momento. Contudo, se, por algum motivo, por algum esforço externo que faça
deslocar o corpo de modo que o centro de empuxo e o centro de gravidade não se situem
mais na mesma linha vertical, cria-se um momento que faz com que ele busque uma nova
situação de equilíbrio estável.
36
1.14 Forças hidrostáticas aplicadas em superfícies curvas submersas
Quando analisado o empuxo sobre superfícies curvas, teremos que decompor a força em
componentes horizontais e verticais.
F .h. A (49)
Sendo: ‘A’ a área do plano que passa pelos pontos ab (normal à folha).
1 3
Retângulo bd bd
12
d4 d2
Círculo
64 4
INDICAÇÃO DE LEITURA
Atenção: neste momento, você deve realizar a leitura do seguinte capítulo anexado neste
material: Capítulo 2 - Estática dos fluidos do livro “Mecânica dos fluidos” de Franco
Brunetti. Trata-se de um importante conteúdo que complementa os tópicos que foram
abordados até esta parte do presente capítulo.
37
1.16 Cinemática dos fluidos
Como já foi discutido no tema “Estática dos fluidos”, o estudo do comportamento do fluido
em repouso, ou em movimento, é feito por meio da mecânica dos fluidos. A cinemática dos
fluidos estuda os seus movimentos sem se preocupar com a causa dos mesmos. Dois
métodos podem ser usados para analisar esse escoamento, o método de Lagrange e o
método de Euler:
EXEMPLIFICANDO!
Para um melhor entendimento dos dois métodos, vamos imaginar uma máquina
hidráulica, por exemplo, uma bomba hidráulica. Quando o interesse é apenas em
conhecer as vazões e as pressões na entrada e saída da bomba, o método aplicado seria
o de Euler e a bomba hidráulica seria analisada como se fosse uma “caixa preta”, pois
não é nosso interesse em saber o comportamento das partículas no seu interior. Quando
o objetivo é tentar definir a forma do rotor dessa máquina, na tentativa de melhorar sua
eficiência, seria interessante conhecer a trajetória de certas partículas dentro dessa
bomba, logo deveríamos partir para uma análise lagrangeana. Normalmente, esse papel
é desempenhado pelos fabricantes de máquinas hidráulicas.
Nas próximas páginas, são apresentados alguns conceitos e fundamentos básicos para o
melhor entendimento da teoria referente ao comportamento dos fluidos, fazendo,
inicialmente, uma abordagem sobre os principais tipos de escoamento: laminar, turbulento,
permanente, uniforme etc. Em seguida, vamos estudar as principais equações fundamentais
envolvidas no escoamento dos fluidos: equação da continuidade, da quantidade de
movimento e da energia. Finalmente, vamos entender o comportamento desses fluidos em
sistemas hidráulicos a condutos forçados e a condutos livres. Lembre-se de que é
importante a compreensão dos conceitos trabalhados para a resolução dos problemas que
os envolvem. Na prática, esses conceitos serão fundamentais para a solução de problemas
reais.
A seguir, são apresentadas várias classificações que envolvem o escoamento dos fluidos e
que são de suma importância para o entendimento das teorias envolvidas neste capítulo.
38
1.18 Linhas de corrente e trajetórias
A trajetória é a linha imaginária traçada por cada partícula ao longo de seu deslocamento. A
linha de corrente seria uma linha imaginária que tangencia os vetores de campo de
velocidades de diversas partículas, uma após as outras.
Todo escoamento é tridimensional, porém, em várias situações, ele pode ser considerado
bidimensional e unidimensional. Um escoamento unidimensional seria o transporte de um
líquido dentro de um tubo quando a sua velocidade é considerada média na seção
transversal do mesmo. Um escoamento bidimensional poderia ser o transporte da água em
um rio quando se considera que há variação de velocidade ao longo da profundidade da
seção transversal desse rio, não considerando a variação de velocidade no sentido das suas
margens, pois seria um escoamento tridimensional.
EXEMPLIFICANDO!
Quando as partículas de certo fluido percorrem trajetórias bem definidas sem invadirem o
espaço das partículas vizinhas, isto é, como se deslocassem, em lâminas, o escoamento é
dito laminar. Se o escoamento dessas partículas se faz de forma caótica, ele é considerado
turbulento.
Existem outros tipos de classificação dos escoamentos, mas eles fogem do escopo desse
capítulo, como por exemplo, escoamentos externos, rotacionais etc.
t c
d V d A0 (50)
sc
V d A 0
sc
(51)
40
Se o fluido é incompressível, deve-se lembrar que a massa específica é constante, logo a
equação (51) pode ser escrita na forma:
V d A 0
sc
(52)
O vetor velocidade, representado anteriormente, pode ser assumido como sendo médio na
seção transversal. O conceito de velocidade média seria: a velocidade é constante uniforme.
Na seção que multiplicada pela área da seção transversal produz a mesma vazão em
volume que o perfil real de velocidade, como mostra a equação (53):
Vm A V d A (53)
A
dV
P g (54)
dt
A qual representa a Lei Fundamental da Dinâmica, ou Segunda Lei de Newton:
ma F i (55)
dV V
( V.) V (56)
dt t
41
Esse desenvolvido evidencia a presença de um termo de aceleração local ∂V/∂t e um outro
de aceleração convectiva ( V.)V . Este desenvolvimento permite-nos reescrever a Equação
de Euler na forma:
V
( V.) V P g (57)
t
Nesta figura é possível observar a representação dos vetores unitários tangente T e normal
N, também está evidenciado as linhas de corrente, o versor k e o campo gravítico g. O
comprimento infinitesimal de arco de linha de corrente está denotado por ds. Supondo que a
linha de corrente seja parametrizada em termos das coordenadas do referencial definido
pelos versores T e N em cada ponto.
Assim o vetor velocidade V em cada ponto da linha de corrente pode ser apresentado por:
(58)
V VT T VN N
42
V VT (59)
dV V (VT)
V (60)
dt t s
já que a velocidade V tem uma componente normal nula na linha de corrente. Notemos que
esta última expressão ainda pode ser escrita como:
dV V (VT)
V
dt t s
V V T
V T V 2 (61)
t s s
V V
V T
t s
T
O termo: V 2 representa a aceleração normal à linha de corrente. Assim, a componente do
s
gradiente de pressão P na direção tangencial à linha de corrente será reduzida a:
P
(P )T (62)
s
dz
( g )T g sin g (63)
ds
V 2 P dz
g 0 (64)
s 2 S ds
V2
P gz 0 (65)
s 2
43
Como foi referido anteriormente, a Equação de Bernoulli é válida numa linha de corrente de
um qualquer escoamento estacionário, invíscido, de massa específica constante e sujeito a
um campo de forças gravitacionais.
P1 V12 P2 V22
z1 z2
g 2g g 2g
Z Energia potencial por unidade de peso
V2
Energia Cinética
2g
P2
Energia de pressão
g
Para exemplificar o que foi abordado, e facilitar o entendimento, considere o tubo da figura
33 na qual a velocidade da água na seção de diâmetro maior é de 0,9 m/s. Calcule a
velocidade da água na seção de diâmetro menor e a vazão no tubo. Adote as hipóteses:
regime permanente;
fluido incompressível; e
Resolução:
44
Como temos duas seções de controle, a equação (48) pode ser desmembrada em duas
integrais na seguinte forma:
sc
V d A 0 V1dA1 V2dA2 0 V1A1 V2 A2 0 V1A1 V2 A2 Q
0,52 0,32
0,9 V2 V2 2,5m / s
4 4
A vazão é constante em qualquer ponto no tubo, logo pode ser calculada na seção 1 ou na
seção 2:
0,52 0,32
Q V1A1 0,9 0,177m 3 / s ou Q V2 A2 2,5 0,177m 3 / s
4 4
Qc Wt
t
t
t c
ed eV d A
sc
(67)
Em que:
Em que:
E é a energia mecânica total do sistema;
U a energia interna.
Substituindo a equação (64) na equação (63), e integrando a equação entre dois pontos
num escoamento, chega-se a:
45
1 Qc p1 V12 p2 V22
u Z1 Z2 (69)
g m g 2g g 2g
regime permanente;
fluido incompressível e;
H H1 H2 H1 H2 H (70)
Observe que a energia não se perde, apenas se transforma em outra forma de energia, por
exemplo, energia térmica, que não pode ser mais reaproveitada para o escoamento do
fluido em análise.
A equação da energia (70) foi obtida da primeira lei da termodinâmica, sendo equações
independentes, mas escritas da mesma forma. Alguns autores consideram a equação da
energia como sendo a Equação de Bernoulli generalizada.
Resolução:
Nas duas situações, temos que aplicar a equação da energia mecânica total e a sua
dissipação será desprezada, isto é, no primeiro caso, despreza-se o efeito do atrito da bola
com a rampa e a resistência do ar. No segundo caso, despreza-se o efeito do atrito do
líquido com as paredes do reservatório e a turbulência gerada na saída do orifício. Devem-
se igualar as energias mecânicas entre os dois pontos definidos (1) e (2).
H1 H2 H H1 H2 0 H1 H2
Para o caso da bola que é abandonada do repouso e atinge certa velocidade quando chega
ao final da rampa é um exemplo típico de exercício de física do segundo grau, tem-se: A
46
energia mecânica se desmembra em energia potencial e cinética uma vez que se define um
plano horizontal de referência (PHR):
mV12 mV 2
mgZ1 mgZ2 2
2g 2g
Como a bola parte do repouso e o PHR passa sobre o ponto (2) temos, respectivamente, v1
= 0 e Z2 = 0, assim;
m 02 mV 2 mV 2
mgZ1 mg 0 2 mgZ1 2 V2 2gZ1
2g 2g 2g
Para o caso do reservatório esvaziando para a atmosfera:
p1 V2 p V2
Z1 1 2 Z2 2
g 2g g 2g
02 V2
Z1 0 2 V2 2gZ2
2g 2g
L V2
HD f (71)
D 2g
Onde L é o comprimento do tubo (m), D o diâmetro interno do tubo (m) e f o fator de atrito. O
fator de atrito depende das asperezas da parede do tubo e do tipo de regime do escoamento
(laminar ou turbulento) e pode ser obtido por equações ou pelo ábaco de Moody. Neste
capítulo utiliza-se a equação de Swamee definida pela fórmula:
0,125
6 16
5,74 2500
8
64
f 9,5 ln
0,9 (72)
Re y 3,7D Re y Re y
Em que:
ε é a rugosidade da tubulação;
VD VD (73)
Re y
47
O número de Reynolds é um adimensional e possui a seguinte faixa de valores para
escoamento em tubulação:
turbulento liso;
turbulento na transição;
turbulento rugoso.
Outra equação bastante utilizada para o cálculo da perda de carga distribuída em tubulação,
principalmente na prática da engenharia, é a fórmula empírica de Hazen-Williams:
1,85
L Q
HD 10,65 4,87 (74)
D c
Em que:
IMPORTANTE
Essa fórmula é recomendada para tubulação com diâmetro acima de quatro polegadas (ou
100 mm), água com temperatura a 20º C, e escoamento turbulento de transição. A origem
dessa fórmula é experimental com tratamento estatístico dos dados.
V2
H L K (75)
2g
Em que:
48
A perda de carga localizada também pode ser calculada pelo comprimento equivalente (E).
Por uma tabela de comprimentos equivalentes, faz-se a conversão fictícia de uma peça em
um tubo equivalente. Por exemplo, uma curva de 90º de P.V.C. com 50 mm de diâmetro
corresponde a 1,2 m, isto é, ela causa a mesma perda de carga que um tubo de 1,2 m de
comprimento. Logo, pode-se transformar todas as peças em tubo e o comprimento
equivalente final é somado ao comprimento real da tubulação, calculando a perda de carga
total pelas equações (67) ou (70). Por exemplo, a perda de carga total pode ser obtida pela
equação:
(L LE ) V 2
H f (76)
D 2g
Para exemplificar, considere uma tubulação de PVC, com 300 m de comprimento e 200 mm
de diâmetro, transporta água de um reservatório para o outro por uma vazão de 50 L/s. No
conduto há algumas conexões e aparelhos que são mostrados na figura 36, onde se tem os
seguintes valores de k:
Resolução:
49
0,22
Q VA 0,05 V V 1,59m / s
4
Nesse caso temos que somar todos valores de k das peças envolvidas, resultando num total
de:
V2 1,592
H L K 2,7 0,35m
2g 2 * 9,8
Aplicando a equação entre os pontos (1) e (2) e colocando o PHR no nível de água do
reservatório inferior temos (Figura 37):
p1 V2 p V2
Z1 1 2 Z2 2 H 0 50 0 0 Z2 0 3,64 Z2 46,36m
g 2g g 2g
Observe que a perda de carga total é o próprio desnível de água dos reservatórios.
Em algumas situações a perda de carga localizada pode ser desprezada se o seu valor for
muito menor que o valor correspondente da perda de carga distribuída.
50
1.29.1 Orifícios
Uma fórmula para o cálculo da vazão que passa pelo orifício com descarga livre seria:
Q Cd A 2 gH (77)
Em que:
Cd é o coeficiente de descarga e pode assumir o valor prático de 0,61.
1.29.2 Bocais
Quando se pretende dirigir o jato que sai pelo orifício, adiciona-se um tubo de certo
comprimento. Esse dispositivo é denominado bocal. A vazão que sai pelo bocal pode ser
calculada pela mesma equação (77) e seu coeficiente de descarga vai depender do tipo e
da geometria do tubo.
1.29.3 Vertedores
São dispositivos utilizados para medir vazão em condutos livres. Existem diversos tipos de
vertedores (retangular, triangular etc.) e várias equações envolvidas. A seguir são
apresentados alguns deles:
3
Q 1,838LH 2 (78)
Em que:
L é a largura da soleira; e
H é altura do nível da água em relação à soleira do vertedor e deve ser medida a uma
distância suficiente a montante desse vertedor para que o nível de água não esteja sofrendo
a influência do mesmo.
3
Q 1,838(L 0,1H )H 2 (79)
51
5
Q 1,4H 2 (81)
Resumo
Para que se possa efetuar o estudo dos fluidos é necessário, inicialmente, conhecer suas
principais propriedades, tais como: massa específica, peso específico, densidade relativa,
pressão, módulo de elasticidade volumétrica, viscosidade dinâmica, viscosidade cinemática,
tensão superficial, pressão de vapor e a equação de estado dos gases, entre outros, que
irão influenciar o comportamento deste quando submetido a qualquer “trabalho”.
Atividades
Atividade 1
kgf
Um fluido pesa 900 3
num volume de 1,3 m 3 . Determine o valor da massa específica,
m
peso específico e densidade relativa no Sistema Internacional e MK*S.
Atividade 2
Converta 650mmHg cujo peso específico vale 13600Kgf / m 3 em metros de álcool, cuja
densidade relativa vale 0,8 . Outra forma de expressar a mesma pergunta seria: a que
profundidade deve-se mergulhar um determinado objeto para que ele fique sujeito à mesma
pressão quando mergulhado em 650mm de mercúrio?
Atividade 3
Considere três placas, como ilustrada na figura 38 a seguir. Cada uma delas possui uma
área de 1,5m 2 . A placa do meio é distanciada 0,5mm da placa inferior e 1,5mm da placa
superior. Aplica-se uma força que faz com que a placa do meio movimente a uma
velocidade constante de 0,8m / s e com perfil de velocidade linear. Sabendo que existe um
fluido entre essas duas placas e sua densidade dinâmica é de 0,01Ns / m 2 , calcule a
intensidade dessa força.
52
Figura 38: Tensão de cisalhamento sobre a placa.
Fonte: Acervo do Autor.
Atividade 4
Calcule a pressão absoluta e efetiva no centro do tubo (ponto A) transportando água,
quando acoplada a um manômetro em U. Considere que o líquido manométrico é o mercúrio
kgf
com peso específico Hg 13600 e que a experiência está sendo realizada ao nível do
m3
mar.
Atividade 5
Calcule o modulo da força resultante e seu ponto de aplicação que a água exerce na
estrutura ilustrada na figura 40. A estrutura possui 5m de largura e 9m de altura de água.
N
Adote a 9800 .
m3
53
Referências
AZEVEDO NETTO, J. M. Manual de Hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher. 1998. 669p.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. 410p.
FOX, R. W. ; McDONALD, A. T. Introdução à mecânica dos fluidos. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2001. 504p.
MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F; OKIISHI, T. H. Fundamentos da mecânica dos fluidos. São Paulo:
Edgard Blucher, 2004. 571p.
STREETER, V. L.; WYLIE, E. B. Mecânica dos fluidos. 7. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1982. 585p.
VIANNA, M. R. Mecânica dos fluidos para engenheiros. 4. ed. Belo Horizonte: Imprimatur, 2001.
581p.
54
55
2 Sistemas elevatórios
Introdução
Caro(a) aluno(a),
Então abordamos aplicação do método de Euler na análise de bombas. Por sua vez, a
bomba foi analisada como se fosse uma “caixa preta”, pois não era de nosso interesse
saber o comportamento das partículas de fluido no seu interior e, sim de conhecer as
vazões e as pressões na entrada e saída da bomba. Agora, nesta unidade didática,
apresentaremos alguns conceitos e fundamento básicos para o melhor entendimento da
teoria referente ao comportamento dos fluidos em sistemas elevatórios.
Neste sentido, faremos uma abordagem sobre tipos de bombas, custos de canalização,
curvas do sistema e da bomba, tipos de associação de bombas, e, finalmente, a análise do
fenômeno da cavitação. Propomos algumas atividades ao longo desta unidade didática que
devem ser resolvidas. Lembre-se de que é importante a compreensão dos conceitos
trabalhados para a resolução dos problemas que os envolvem. Na prática, esses conceitos
serão importantes para a solução de problemas reais.
Objetivos
Ao final dos estudos propostos neste capítulo, é esperado que você seja capaz de:
56
Esquema
As bombas podem ser classificadas quanto a sua trajetória (bombas radiais, axiais e
diagonais); quanto à posição do eixo (bomba de eixo vertical e bomba de eixo horizontal) e
quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água (bomba de sucção positiva
e de sucção negativa (afogada).
57
Figura 2: (a) Bomba de sucção positiva (b) bomba de sucção negativa (afogada).
Fonte: Acervo do Autor.
A altura manométrica é definida pela equação (1), onde ela é a soma da altura geométrica
da instalação mais as perdas de carga ao longo da trajetória do fluxo. A altura geométrica é
a soma das alturas de sucção e recalque.
Hm = HG + hf (1)
Sendo:
HG = HR + HS
58
Figura 3: Representação das alturas de sucção e recalque em uma instalação.
Fonte: Acervo do Autor.
A perda de carga é a energia perdida pelo fluido no seu deslocamento, podendo ser perdas
localizadas e perdas no trecho reto, ou seja, devido ao atrito com os componentes do
sistema.
perdas de carga no trecho reto: são aquelas relativas às perdas ao longo de uma
tubulação, sendo função do comprimento, material e diâmetro;
As perdas de energia devido aos componentes como curvas, registros, válvulas, luvas,
reduções e prolongamentos são denominadas como perda localizada e elas podem ser
determinadas pelo método dos comprimentos equivalentes, que por dados tabelados são
convertidas de perda nos acidentes em perda de carga equivalente a um determinado
comprimento de tubulação. Como se as perdas de uma curva, por exemplo, fossem
expressas em metros de tubo com mesmo diâmetro.
Matematicamente, define-se perda de carga como sendo:
hf1-2 = J × Le (2)
Sendo:
hf1-2 = perda de carga entre os pontos 1 e 2 de uma instalação (m);
J = perda de carga unitária (m/m);
Le = comprimento equivalente da tubulação (Tabela 1).
59
Tabela 1: Perdas de carga localizada em comprimento equivalente
Para calcular a perda de carga unitária, pode-se utilizar o Método de Hazen-Williams, que se
destaca pela facilidade de uso, que é feito através da seguinte expressão:
(3)
Sendo:
Q= vazão (m3/s);
O sistema elevatório é composto por uma tubulação de sucção, que liga o reservatório
inferior à bomba, um conjunto elevatório, que é constituído por uma ou mais bombas
acopladas a motores, e uma tubulação de recalque, que liga a bomba ao reservatório
superior. Em todo esse sistema ainda existem acessórios como registros, válvula de
retenção, válvula de pé com crivo, reduções, entre outros.
Para recordar esses conceitos, vamos analisar o seguinte exemplo: baseado na Figura 1,
apresentada anteriormente, represente as linhas de energia e piezométrica e as perdas de
carga totais que ocorrem na sucção e recalque.
Solução:
61
Figura 4: Sistema elevatório.
Fonte: Acervo do Autor.
O sistema anterior trata-se de uma bomba não afogada, pois a cota do eixo da bomba está
acima do nível de água do reservatório inferior. Quando a cota do eixo da bomba está
abaixo do mesmo, considera-se a bomba como sendo afogada. A altura Hg é a altura
geométrica que corresponde ao desnível entre os níveis de água dos reservatórios.
Realize a atividade, a seguir, tendo como base o exemplo anterior:
Para o dimensionamento de uma bomba hidráulica, ela deve ser capaz de vencer a altura
geométrica mais as perdas de carga totais na sucção e recalque, como mostra a equação
(4) a seguir:
H B Hg H S H R (4)
Uma vez definida a altura total de elevação de uma bomba hidráulica, sua potência, em
Watts, pode ser determinada pela equação (5):
QH B
Pot (5)
62
bombeado será a água e seu peso específico no Sistema Internacional corresponde a
9800 N / m 3 .
Para facilitar a compreensão do que foi descrito, calcule a potência de uma bomba, em
cavalo-vapor, cuja altura total de elevação corresponde a 40m, a vazão bombeada é de
150m 3 / h e o seu rendimento é de 70%.
Solução:
f . .L.v 2 (6)
P
2D
f – fator de atrito, que se relaciona com o número de Reynolds (Re) e a rugosidade relativa
(ε/D), sendo estes tabelados no diagrama Moody;
D – diâmetro (m).
v.D (7)
Re
Sendo:
D – diâmetro (m);
63
- viscosidade cinemática (m2/s).
64
Figura 6: Gráfico de pré-seleção de bombas.
Fonte: Street e Wylie (1982).
Utilizando a fórmula universal de perda de carga para tubos e a fórmula de perda de carga
localizada para acessórios, tem-se:
L V2 V2 fL K 2
H f K Q (8)
D 2g 2g 2 gDA
2
2 gA 2
Substituindo a equação (8) na equação (4), tanto para a sucção quanto para o recalque,
encontra-se a equação:
H B Hg CQ 2 (9)
Note que a equação acima trata-se de uma equação do segundo grau e C é uma constante
que depende da instalação.
65
2.6 Curva característica da bomba
Nas curvas estão expressas as seguintes variáveis: altura manométrica (Hm), rendimento
( requerido em função da vazão. Essas curvas de rendimento e altura manométrica
podem estar localizadas no mesmo sistema carteziano ou em um único sistema carteziano,
dependendo do fabricante. Essas três variáveis caracterizam as condições de
funcionamento de uma bomba. Essas curvas são construídas pelos fabricantes das bombas
e são disponibilizadas em forma de catálogos, como pode ser observado na Figura 7.
Curva da Bomba
80
70
60
50
H (m)
40
30
169
20
162
154
10 148
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Q (m3/h)
66
Figura 8: Curvas características de bombas centrífugas.
Fonte: Acervo do Autor.
Curva da Bomba
90
80
70
Ponto de operação
60
50
H (m)
40
30
169
20
10 154 162
148
0
0 5 10 15 20 25 30 35
3
Q (m /h)
67
Curva da Bomba
80
70
60
50
H (m)
40
30
169
20
162
154
10 148
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Q (m3/h)
Para facilitar a compreensão do que foi descrito, vamos fazer o seguinte exemplo:
Plote a curva do sistema H 10 0,3Q no gráfico fornecido pelo fabricante da Figura 10.
Para resolver esse exemplo, basta adotar valores para a vazão e encontrar,
consequentemente, valores para a carga. A Figura 10 representa a curva do sistema e seu
ponto de operação da bomba hidráulica. O diâmetro do rotor escolhido foi de 169 mm, a
vazão bombeada de 13 m3/h e, a altura de elevação, 60 m.
De acordo com a orientação das partículas de fluido dentro da bomba, ela pode ser
classificada:
68
Figura 11: Bomba centrífuga.
Fonte: Acervo do Autor.
Bombas de escoamento axial: utilizadas para vencer grandes vazões e baixas alturas. O
líquido entra e sai axialmente, como mostra a Figura 12:
Para um melhor entendimento sobre o que já foi descrito sugiro que você leia mais sobre o
assunto no texto a seguir.
69
2.7.1 Curva do sistema
A curva do sistema relaciona a altura manométrica com a vazão necessária. É uma curva
traçada no gráfico Hm x Q e é através da relação desta curava com a curva característica da
bomba que será determinado o ponto de trabalho da bomba.
Para plotar essa curva, utiliza-se a definição de altura manométrica como uma função da
vazão, Hm=f(Q). Analogamente, hf pode ser definida pela equação:
hf = k Q1,852 (10)
Sendo:
(11)
Hm = HG + K ×Q1,852 (12)
O NPSH (altura de sucção acima da pressão de vapor) é definida como a diferença entre a
pressão absoluta no escoamento, na sucção da bomba, e a pressão de vapor do líquido. O
NPSHrequerido (altura de sucção acima da pressão de vapor requerida), com a sua
temperatura e com a condição da bomba (por exemplo, as características geométricas
críticas da bomba são afetadas pelo desgaste), pode ser estimado experimentalmente
controlando-se a pressão na entrada. Os resultados são plotados na curva de desempenho.
70
Tabela 3: Pressão atmosférica (mca) em função da altitude
0 10,33
300 9,96
600 9,59
900 9,22
1200 8,88
1500 8,54
1800 8,20
2100 7,89
2400 7,58
2700 7,31
3000 7,03
Para não haver cavitação o NPSHdispomível na entrada da bomba deve ser maior do que o
NPSHrequerido.
Para a verificação de cavitação o NPSHrequerido deve ser obtido diretamente das curvas
característica correspondente do modelo de bomba escolhido e comparado com o
NPSHdisponível calculado pela equação seguinte. Observe que a condição NPSHdisponível >
NPSHrequerido deve ser verdadeira para que não haja problemas de cavitação.
Sendo:
Hatm – pressão atmosférica em metros de coluna d’água (mca) (m) (Tabela 3);
HS – altura de sucção; é negativa quando a bomba está afogada, e positiva quando estiver
acima do nível d'água (m);
71
Tabela 4: Pressão de vapor da água, em mca, para diferentes temperaturas
3
Temperatura C° Peso especifico y (kN/m ) Pressão de Vapor (m)
15 9,798 0,17
20 9,789 0,25
25 9,777 0,33
30 9,764 0,44
40 9,730 0,76
50 9,689 1,26
60 9,642 2,03
70 9,589 3,20
80 9,530 4,96
90 9,466 7,18
100 9,399 10,33
No estudo de máquinas hidráulicas, podem-se analisar dois pontos homólogos pela relação
de semelhança, através das equações:
2 2
H 1 n1 D1
(14)
H 2 n2 D2
3
Q1 n1 D1
(15)
Q2 n2 D2
3 5
Pot1 n1 D1
(16)
Pot 2 n2 D2
Vamos fazer o seguinte exemplo. Considere uma bomba cujo diâmetro do rotor é de 162
mm e recalca uma vazão de 20 m3/h a uma altura de elevação de 30 m. Calcule o ponto de
funcionamento geometricamente semelhante se o diâmetro do rotor for de 169 mm,
mantendo-se constante a rotação da bomba.
Solução:
2
H 1 D1
2
30 162
H 2 32,65m
H 2 D2 H 2 169
72
3
Q1 D1
3
20 162
Q2 22,71m / h
3
Q2 D2 Q2 169
Muitas vezes, faz-se a associação de bombas em série ou em paralelo para poder atingir
uma determinada vazão e altura de elevação definida no projeto. Normalmente utilizam-se
bombas iguais, pois facilitam a manutenção e a curva final obtida é mais estável.
40
Curva da bomba
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25
3
Q (m /h)
73
Duas Bombas Iguais em Paralelo
45
40
35
Curva da associação
30
25
H (m)
20 Curva da bomba
15
10
5
0
0 10 20 30 40 50
3
Q (m /h)
Para projetos de sistemas elevatórios, duas questões devem ser consideradas, qual seria o
diâmetro da tubulação de recalque e qual a potência do conjunto motor-bomba. Sabe-se que
a altura de elevação da bomba está diretamente ligada à perda de carga na tubulação, que
por sua vez, depende do diâmetro adotado. Diâmetros maiores acarretam custos maiores
com relação à tubulação, porém, reduz a perda de carga na instalação, acarretando valores
de potência menores para as bombas. No caso inverso, o conjunto elevatório ficará mais
caro, por exigir potências maiores, porém, custos menores para a linha adutora serão
encontrados. Observe que a escolha do diâmetro não é uma situação simples e que requer
várias análises de custos para se definir um diâmetro mais econômico.
Uma fórmula que dá uma ideia inicial de quais diâmetros deveriam ser analisados, é a
fórmula de Bresse, como mostra a equação (17):
DK Q (17)
onde K é uma constante que depende de vários fatores, custo de mão de obra, material,
manutenção etc., e seu valor varia entre 0,7 a 1,3.
Essa fórmula é válida para uma bomba trabalhando 24 horas ininterruptas e dá bons
resultados para adutoras de até 6 polegadas de diâmetros. Se a bomba for trabalhar apenas
algumas horas por dia, a equação (17) resulta em:
D K4 X Q (18)
74
onde X é o número de horas de funcionamento da bomba dividido por 24 horas.
Vamos fazer um exemplo para elucidar o que foi descrito: determine o diâmetro de uma
adutora que transporta uma vazão de 100l/s e adote K = 1,2.
Solução:
2.12 Cavitação
Um líquido, a determinada temperatura, quando atinge uma zona de baixa pressão, ao nível
correspondente a sua pressão de vapor, irá formar bolhas de vapor no escoamento. Essas
bolhas, quando atingirem novamente uma zona de alta pressão, entrarão em colapso, por
um processo de implosão, podendo danificar paredes da tubulação, rotores de bomba etc.
Esse processo é conhecido como o fenômeno da cavitação.
Para evitar que ocorra a cavitação no trecho de sucção da bomba, deve-se calcular o
parâmetro NPSH (Net Positive Suction Head) do sistema em estudo em comparar com o
valor fornecido pelo fabricante. A equação que define esse parâmetro é apresentada pela
equação (19):
Pa Pv
NPSH d Z H S (19)
Para que não haja cavitação, NPSH d NPSH r e, para fins práticos, uma folga de
0,5 m deve ser considerada. A pressão atmosférica do local pode ser estimada pela
equação (11), válida para valores de até 2000 metros de altitude.
Pa 760 0,081A
13,6 (20)
1000
75
Resumo
No estudo dos fluidos submetidos ao escoamento, é necessário compreender que para o
mesmo escoar é necessário aplicação de uma energia tal que o fluido saia do repouso,
podendo ser esta a energia da força gravitacional; no entanto, com a força gravitacional o
fluido se limitará a um escoamento vertical descendente. Como na maioria dos
transportes de fluidos essa não é a única direção de escoamento, será necessária a
aplicação de energia adicional para que o mesmo possa escoar. Essa quantidade de
energia deve ser fornecida ao fluido, por meio de um sistema elevatório, para que ele
possa ser transportado de um ponto ao outro. Desta forma, será abordado o método de
Euler na análise de bombas. Para tanto, foram apresentados alguns conceitos e
fundamentos básicos para o melhor entendimento da teoria referente ao comportamento dos
fluidos em sistemas elevatórios, analisando os tipos de bombas, custos de canalização,
curvas do sistema e da bomba, tipos de associação de bombas, e, finalmente, a análise do
fenômeno da cavitação.
Atividades
Atividade 1
Represente as linhas de energia e piezométrica e as perdas de carga totais que ocorrem na
sucção e recalque do sistema elevatório da Figura 16. Note que a bomba está afogada.
Atividade 2
Calcule a potência da uma bomba, em cavalo-vapor, no sistema hidráulico a seguir,
sabendo que a vazão bombeada é de 100m 3 / h e seu rendimento de 75%.
76
Figura 17: Sistema elevatório.
Fonte: Acervo do Autor.
Atividade 3
Encontre o ponto de operação da bomba hidráulica, uma vez que o diâmetro do rotor
escolhido é de 162 mm. A curva do sistema corresponde a H 10 0,3Q . Se houver um
fechamento parcial do registro e a curva do sistema alterar para H 10 0,5Q , qual será
seu novo ponto de operação?
Curva da Bomba
80
70
60
50
H (m)
40
30
169
20
162
154
10 148
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Q (m3/h)
77
Atividade 4
Uma bomba cujo diâmetro do rotor é de 154 mm e recalca uma vazão de 10 m 3/h a uma
altura de elevação de 42 m. Calcule o ponto de funcionamento geometricamente
semelhante se o diâmetro do rotor for de 169 mm, mantendo-se constante a rotação da
bomba.
Atividade 5
Determine o diâmetro de uma adutora que transporta uma vazão de 120 l/s e adote K = 1,3.
Referências
AZEVEDO NETTO, J.M. Manual de Hidráulica. 8 ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998. 669 p.
BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, 410p.
FOX, R. W. e McDONALD, A. T. Introdução à mecânica dos fluidos. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC,
2001. 504p.
PORTO, R. M. Hidráulica básica. 2ª ed. São Carlos: EESC-USP, 1999.
VIANNA, M. R., Mecânica dos fluidos para engenheiros. 4 ed. Belo Horizonte: Imprimatur, 2001.
581p.
STREETER, V. L. e WYLIE, E. B. Mecânica dos fluidos. 7. ed. São Paulo: McGraw-Hill. 1982. 585p.
78
79
3 Transferência de calor e massa
Introdução
Prezado(a) aluno(a).
Neste capítulo, serão discutidos dois fenômenos que resultam na transferência de energia e
da transferência de massa através da fronteira de um dado sistema. Seus princípios e leis
se aplicam a todos os campos das engenharias e demais áreas das exatas.
O calor é outra forma de energia importante nos vários processos que o utilizam. Ele é a
energia que se transfere através dos contornos de um sistema que interage com o meio, em
virtude da diferença de temperatura. Assim quando a diferença de temperatura for nula, não
existirá transferência de calor ou quando não há transmissão de calor, temos um processo
adiabático e ocorre quando temos um sistema isolado.
Para facilitar o entendimento do assunto proposto neste capítulo, algumas definições serão
apresentadas, que servirão para a apresentação de uma terminologia característica do
assunto. Em alguns casos, as definições dadas podem não estar de acordo com as
definições adotadas em outras áreas do conhecimento.
80
Objetivos
Ao final dos estudos propostos neste capítulo é esperado que você se torne capaz de:
Esquema
3.1 Sistemas termodinâmicos e equação de estado dos gases
3.2 Trabalho
3.3 Sistemas e volumes de controle
3.4 Hipótese do contínuo
3.5 Propriedades e estados físicos de um sistema
3.6 Propriedades importantes
3.7 Energia
3.8 Equação de estado dos gases
3.9 Transferência de calor
3.10 Transferência de calor por condução
3.11 Transferência de calor por convecção
3.12 Transferência de calor por radiação
3.13 Coeficiente de transferência de calor
3.14 Transferência de massa
3.15 Difusão
Nas próximas páginas deste roteiro, são apresentados alguns conceitos e fundamentos
básicos para o melhor entendimento da teoria referente ao armazenamento, à conversão e à
transferência de energia de um sistema, fazendo, inicialmente, uma abordagem sobre a
diferença entre sistemas e volumes de controle. Em seguida, continuamos o estudo sobre
algumas propriedades e estado do sistema, e apresentamos alguns conceitos, como a
81
hipótese do contínuo, massa específica, peso específico, densidade relativa, volume
específico, pressão, temperatura, energia e a equação de estado dos gases.
3.2 Trabalho
O trabalho é função da trajetória, logo, o incremento de trabalho pode ser designado por
(diferencial inexato), uma vez que representa uma diferencial exata, a qual é válida somente
no caso de funções pontuais, isto é, independentes da trajetória. O trabalho não está
associado a um estado e, sim, a um processo, o trabalho pode ser representado pelas
equações:
x2 x2
1 1
W Fdx Kxdx K ( x22 x12 ) *20000*(0, 062 02 ) 36 J
x1 x1
2 2
(2)
82
massa em seu interior pode variar, mantendo a forma e a posição constantes, como, por
exemplo, o interior de uma bomba ilustrada na Figura 2, a seguir.
Observe que ocorre fluxo de um determinado fluido que entra ou sai pelo volume de controle
definido pela linha pontilhada, havendo variação de massa no seu interior.
Uma propriedade é uma característica de uma substância que tem um valor constante para
um dado estado e pode ser dividida em dois grupos: intensivas e extensivas. A propriedade
intensiva é aquela que não depende da massa de um sistema que seria, por exemplo, a
pressão, viscosidade, temperatura, tensão superficial, velocidade etc. A propriedade
extensiva depende da massa do sistema e o volume, a massa, a quantidade de movimento,
o peso, a energia etc., são exemplos de propriedades extensivas.
83
constante, no processo isobárico, a pressão se mantém constante, e no processo isométrico
ou isocórico, é o volume que se mantém constante.
Volume específico ( )
1
(3)
m3 m3
SI: e MK*S:
Kg utm
patm A mg
F y m a F y 0 pA mg patm A 0 p
A (4)
Temperatura
Temperatura é uma medida de agitação molecular. Se dois corpos com temperaturas
diferentes (um mais quente e outro mais frio) são colocados em contato, isolados de suas
vizinhanças, eles sofrerão mudanças até que suas propriedades parem de alterar atingindo
o equilíbrio térmico.
84
9
TF TC 32 (5)
5
TK TC 273,15 (6)
TR TF 459, 67 (7)
Em que:
TR = temperatura dada em graus de Rankine (°R)
TK = temperatura dada em Kelvins, e são, respectivamente, as temperaturas Fahrenheit e
Celsius na escala absoluta.
EXEMPLIFICANDO!
3.7 Energia
Num sistema, pode haver diferentes formas de energia, tais como: energia cinética,
potencial, interna, elétrica, elástica etc. Neste capítulo, daremos um enfoque maior nas três
primeiras formas de energia.
Energia cinética:
1
EC mV 2 (8)
2
Energia potencial:
EP mgz (9)
Energia interna:
U
A energia interna está relacionada ao movimento das moléculas e à interação entre elas.
Num sistema isolado, a energia permanece constante, isto é, ela não pode ser criada nem
destruída, apenas convertida em outra forma de energia, como mostra as equações:
85
Q12 W12 E2 E1 (10)
ou ainda:
EC EP U constante (13)
Calcule a velocidade com que a bola chega ao final de uma rampa, como está
representado na Figura 3, a seguir. Ela está partindo do repouso; despreze a
resistência do ar e o atrito entre a bola e rampa.
Solução:
Para o caso da bola que é abandonada do repouso e atinge certa velocidade quando
chega ao final da rampa, é um exemplo típico de exercício de física do segundo grau;
tem-se:
como a bola parte do repouso e o PHR passa sobre o ponto (2) temos,
respectivamente, V1 = 0 e Z2 = 0 , dessa forma:
1
0 mgz1 mV22 0 , assim, a velocidade da bola no final da rampa vale:
2
V2 2 gz1
86
3.8 Equação de estado dos gases
p
rT (14)
Em que:
r = constante das partículas de gás (constante do gás)
T = temperatura em kelvin
p = pressão absoluta.
m
n (15)
M
R
r (16)
M
Em que:
pV nRT (17)
Dados:
N .m kg
R 8,31451 e M 0, 02897 .
mol.K mol
Normalmente é possível observar que a energia (térmica) transita devido a uma diferença de
temperatura, da fonte quente par a fonte fria, sendo assim, sempre existirá transferência de
calor quando houver diferença de temperatura.
Por exemplo, quando dois corpos com diferentes temperaturas são colocados em contato
direto (Figura 4, a seguir), ocorre uma transferência de calor do corpo com maior
temperatura para o corpo com temperatura mais baixa, até que haja o equilíbrio térmico, ou
seja, até que as temperaturas dos corpos se igualem – neste caso trata-se da transferência
de calor por condução.
T1 T2 T T
Se T1 > T2 T1 > T > T2
Existem três mecanismos de transferência de calor distintos: por condução, por convecção e
por radiação.
Nesse tipo de transferência, o fluido ou sólido trocam calor pelo contato direto. Na Figura 5,
tem-se uma representação esquemática da transferência de calor por condução que passa
através de uma parede sólida submetida a uma diferença de temperatura entre suas faces.
88
dT
qx kA (18)
dx
Fluxo de calor
qx dT
q "x k (19)
A dx
Em que:
dT
dx = gradiente de temperatura na direção x, em C/m ou K/m, F/ft;
L T2
dT
q x kA q x dx kAdT
dx 0 T1
qx ( L 0) kA(T2 T1 ) T2<T1
kA T qx T
qx (T1 T2 ) ou q "x
L L A L
kA k
T V
qx (20) I
L R
kA
89
3.11 Transferência de calor por convecção
Ocorrerá dessa forma o movimento do fluido, de uma região de menor temperatura para a
região do fluido mais quente, onde se misturarão e transferirão uma parte de sua energia a
outras partículas. O fluxo é de fluido e energia, ocorrendo desta forma a transferência de
massa e energia.
Em que:
90
T
q hAT (22)
1
hA
Resistência térmica: 1/h.A
Condutância: h.A
A transferência de calor por radiação não será abordada neste capítulo por não apresentar
grande relevância para os processos industriais aplicados ao setor sucroalcooleiro.
A 1ª Lei da Termodinâmica explica que a energia de um dado sistema será igual a energia
transferida na forma de calor e trabalho, que pode ser representada pela Equação 23.
ΔU = U2 – U1 = Q + W (23)
A 2ª Lei da Termodinâmica, explica que além da transferência de calor da fonte quente para
a fonte fria e a conversão em trabalho existem também as perdas para as vizinhanças, ou
seja, não existe máquina térmica com eficiência 100%.
91
3.13 Coeficiente de transferência de calor
Exemplos:
Parede plana
Parede cilíndrica
Considere-se a transferência de calor entre os fluidos num trocador de calor tipo “casca e
tubos” de um trocador multitubular, como está ilustrado na Figura 9, a seguir. É possível
obter o calor trocado entre os fluidos através das superfícies dos tubos, considerando as
resistências térmicas equivalentes:
92
Figura 9: representação de trocador cilíndrico.
Fonte: Adaptado de, INCROPERA (2003).
É razoável considerar como nula a resistência térmica à convecção na parede dos tubos de
um trocador, os tubos metálicos, geralmente possuem a parede fina (ri re).
Assim, as áreas superficiais dos tubos (interna e externa) podem ser consideradas iguais,
ou seja, Ai Ae. Assim, temos a equação 25.
Ae . T total
q (25)
1 1
hi he
Em que:
T total = diferença de temperatura entre os fluidos
hi , he = coeficientes de película dos fluidos interno e externo
Ai , Ae = áreas superficiais internas e externas dos tubos
Rcond = resistência térmica à condução nos tubos
1 1 1
Uc h1 he (27)
q U C . Ae . T total (28)
Em que:
93
m = Vazão mássica do fluido;
cp
= Capacidade calorífica do fluido.
SAIBA MAIS
Da mesma forma que estabelecemos uma convenção de sinal para o trabalho, devemos
considerar que o calor é positivo quando transferido para o sistema e negativo quando
transferido para fora do mesmo.
O calor (Q), em certas ocasiões, pode ser representado nas seguintes formas:
Calor transmitido por unidade de massa (q), em J/kg.
Q
q (30)
m
fluxo de calor ( q”), em W/m2 , é definido como a taxa de transferência de calor ( Q ), em J/s
ou W, por área ( A), em m2 :
Q
q '' (31)
A
Taxa de transmissão de calor ( Q ), por unidade de comprimento, em W/m:
Q
q' (32)
L
Porém, quase sempre, um deles prevalece sobre o outro. Existem vários exemplos de
transferência de massa: movimento do ar na atmosfera, soldagem de metais, tratamento de
resíduos etc. Esse fenômeno ocorre em todas as áreas das engenharias e demais áreas
das ciências exatas. Atualmente, vários pesquisadores estão estudando o fenômeno da
transferência de massa aplicado à questão do meio ambiente.
94
Nos últimos anos, vem aumentando bastante a preocupação com as questões ambientais e
uma delas seria a qualidade da água em diversos campos: despejos de efluentes
domésticos e industriais, recreação, sistemas de distribuição de água etc. Isso tem
acarretado o surgimento de vários modelos matemáticos que tentam simular a qualidade da
água para esses diversos usos.
Dispersão: é o nome dado ao efeito resultante da ação conjunta da difusão (molecular e/ou
turbulenta) e da advecção diferenciada. É comum haver alguma confusão entre os conceitos
de difusão e dispersão, embora sejam conceitos distintos. Matematicamente, o conceito de
dispersão torna-se necessário quando se considera um fenômeno tridimensional de forma
simplificada em uma ou duas dimensões. O conceito de dispersão resulta como uma forma
de se considerar os efeitos das direções ao longo das quais foram adotadas simplificações
na formulação matemática simplificada resultante.
3.15 Difusão
95
A dispersão do componente é baseada na equação da conservação da massa aplicada num
volume de controle infinitesimal, realizando uma análise euleriana (Figura 10).
dm
CU n dS C n dS
dt S S (33)
Em que:
m = massa do componente
U =velocidade advectiva
=o coeficiente de difusão
dS = o elemento de superfície.
dm C
CdV dV
dt t V t
V (34)
CU n dS (CU ) dV
S V (35)
C n dS CdV
2
S V (36)
C
C
(CU ) 2C
t (38)
C
( U )C U C 2C
t (39)
Assumindo a hipótese de fluido contínuo e incompressível ( U 0) encontra-se a
equação advecção-difusão:
C
U C 2C
t (40)
__
C C c ' (41)
__
U U u' (42)
Em que:
__
C = a concentração média ao longo de tempo
__
U = velocidade advectiva média ao longo do tempo u’ e sua variação instantânea.
C __ __
__ __
__ __
(U C u ' c ') (V C v ' c ') (W C w ' c ') m 2C (43)
t x y z
Em que:
C C C C __ __ __ __ __ __
U V W m2C (u ' c ') (v ' c ') ( w ' c ') (45)
t x y z x y z
De acordo com Taylor, 1921 apud ISLAM, (1992), alguns termos da equação acima são
correspondentes ao coeficiente de difusão turbulento T como mostrado, a seguir:
__ __
C
u ' c ' Tx (46)
x
__ __
C
v ' c ' Ty (47)
y
__ __
C
w ' c ' Tz (48)
z
C C C C C C C
U V W m2C ( Tx ) ( Ty ) ( Tz ) (49)
t x y z x x y y z z
A equação pode ser escrita na forma:
C C C C 2C 2C 2C 2C 2C 2C
U V W m ( 2 2 2 ) T ( 2 2 2 ) (50)
t x y z x y z x y z
m T (51)
C C C C 2C 2C 2C
U V W ( 2 2 2 ) (52)
t x y z x y z
Observe que a equação acima é tridimensional e sua solução costuma ser complexa. Em
muitos casos, ela pode ser simplificada e aplicada de forma unidimensional.
SAIBA MAIS
Atualmente, existe uma grande preocupação da forma com que uma contaminação
pode se propagar em um curso de água (conduto livre) ou até mesmo em um sistema
de distribuição de água (conduto forçado). Por exemplo, a análise da dispersão de um
componente num sistema de abastecimento de água é unidimensional e, portanto, a
equação (52) pode ser escrita na forma:
98
C C 2C
u 2 (53)
t x x
Alguns pesquisadores afirmam que quando um fluido que recebe um componente possui
velocidade própria, este componente é transportado não só por difusão, mas também pelo
próprio meio que o contém. É comum admitir que o componente seja transportado com
velocidade igual à do fluido, quando ele é considerado conservativo e passivo. O constituinte
é um elemento que descreve, de alguma forma, o estado da qualidade do meio em que ele
se encontra. Outros nomes são, por vezes, utilizados como sinônimos tais como: poluente,
substância e traçador. Eles podem ser classificados como conservativo, não conservativo,
ativo e passivo.
Conservativo é o constituinte cuja distribuição espacial e temporal não é afetada por reações
com outros constituintes ou com o meio fluido envolvente. Tal distribuição só é afetada por
processos físicos de transporte (ex.: o sal);
C C 2C
u Ds 2 (54)
t x x
Em que:
Ds é o coeficiente de dispersão.
A equação (54) é uma equação diferencial parcial parabólica linear e sua solução numérica
pode gerar uma difusão artificial; por essa razão, a advecção e a difusão são resolvidas
separadamente:
C C
u 0 (advecção) (55)
t x
C 2C
Ds 2 0 (difusão) (56)
t x
SAIBA MAIS
99
A equação fundamental da difusão molecular (na forma unidimensional) é representada pela
equação (57) e (58):
wA
J A DAB (57)
x
0,000146 T 2,5
DAB
p T 441 (58)
Em que:
A
wA (59)
O coeficiente de difusão que aparece na equação (58) pode ser representado por tabelas
que apresentam alguns valores de difusividade para gases, líquidos e sólidos ou pode ser
calculado por algumas equações 60 e 61.
3
2
T 1 1
DAB 0, 0069 2
(gases) (60)
1
~ 3
1
~ 3 MA MB
p A B
4.107 T
DAB (líquidos) (61)
~ 13
A B
Em que:
= volume atômico ou molecular (m3/kmol)
µ = viscosidade dinâmica da mistura (kg/m.s)
φ = constante que depende do líquido.
100
Resumo
Para que se possa efetuar o estudo em sistemas onde ocorre transferência de massa e
energia, inicialmente, é necessário conhecer as principais propriedades termodinâmicas da
matéria, tais como, calor latente, coeficiente de condutividade, coeficiente de convecção,
coeficiente global de transferência de calor, coeficiente de difusividade, pressão de vapor e
a equação de estado dos gases, entre outros, que irão influenciar o comportamento de
transferência de calor e energia quando submetido a qualquer “trabalho”. Para que se possa
efetuar a determinação de algumas dessas propriedades é necessário que se conheça as
respectivas equações que as definem. A análise do comportamento de um sistema que
possui troca de energia é denominada transferência de energia ou calor, já a análise do
comportamento de um sistema que possui troca de massa é denominada transferência de
massa.
Atividade
Atividade 1
Atividade 2
Um equipamento com uma área de superfície de 50 mm2 gera um calor a uma taxa de 3 W.
Ele é resfriado por convecção com ar a 50ºC. Se a temperatura da superfície do
componente não pode exceder 110ºC, calcule o coeficiente mínimo de convecção de calor
para esse equipamento.
Atividade 3
Em um trocador de calor multitubular (TC-1.2 com FT = 0,95), água (cp = 4,188 KJ/Kg.K)
com coeficiente de convecção 73,8 W/m2.K passa pelo casco em passe único, enquanto
que óleo (cp = 1,897 KJ/Kg.K) com coeficiente de película 114 W/m2.K dá dois passes
101
pelos tubos. A água flui a 23 Kg/min e é aquecida de 13ºC para 35ºC por óleo que entra a
94ºC e deixa o trocador à 60ºC. Considerando fator fuligem de 0,001 para a água e de 0,003
para o óleo, pede-se:
a) Calcule a vazão mássica de óleo
b) Calcule a área de troca de calor necessária para o trocador
Atividade 4
Calcule o fluxo de massa do vapor de água sabendo que seu gradiente de fração mássica
vale 0,265 num espaço de 0,4m, a densidade do vapor de água e do ar valem, 0,02561
kg/m3 e 0,1113 kg/m3 respectivamente, e o coeficiente de difusão do vapor de água no ar
corresponde a 2,343 m2/s.
Atividade 5
Referências
FRAAS, A. P. Heat Exchange Design. 2. ed. Nova York: Ed. John Wiley & Sons, 1989.
102
ISLAM, M. R. Numerical solution of advection for applications in environmental hydraulics. M.
S. Thesis, Washington State University, Department of Civil and Environmental Engineering, Pullman,
May, 1992. 65 p.
LIGHTFOOT, NEIL R.; BIRD, R. Byron; STEWART, Warren E. Fenômenos de Transporte. 2. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2004.
SISSOM E. L.; PITTS D. R. Fenômenos de transporte. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2001. 765p.
103
104