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Nas últimas duas décadas, a economia de Moçambique tem crescido a taxas relativamente
elevadas, a uma média anual superior a 7%, quase duas vezes mais depressa do que a média para
a África Subsaariana, e continuou a crescer rapidamente mesmo com a crise económica
internacional prolongada que tem afectado as economias mais desenvolvidas na última década.
Além disso, tornou-se numa das três economias africanas que mais investimento directo
estrangeiro (IDE) e empréstimos comerciais do sistema financeiro internacional recebe.
Paradoxalmente, a base produtiva afunilou e centrou-se em torno de um núcleo extractivo e
actividades associadas, o que reduziu o leque de oportunidades de negócios e emprego decente e
dificulta o desenvolvimento de ligações e articulações dentro da economia. A dívida pública
aumentou meteoricamente na última década, com impactos significativos na escassez e
encarecimento do capital para a diversificação do investimento e da base produtiva, e na
promoção de um sector financeiro com tendências especulativas. O endividamento público,
combinado com as tendências extractivas da economia, enfraqueceu, ou impediu o
desenvolvimento da capacidade do Estado de prover serviços públicos baratos, acessíveis e de
qualidade para a promoção das capacidades produtivas alargadas e diversificadas, orientadas
para a reprodução de uma economia multifacetada, que consiga alimentar-se e alimentar os
cidadãos, substituir importações efectivamente e diversificar a base de exportação.
In the past two decades, Mozambique's economy has grown at relatively high rates, at an annual
average of over 7%, almost twice as fast as the average for Sub-Saharan Africa, and has
continued to grow rapidly despite the international economic crisis. That has affected the most
developed economies in the past decade. In addition, it has become one of the three African
economies that receives the most foreign direct investment (FDI) and commercial loans from the
international financial system. Paradoxically, the production base has narrowed and centered
around an extractive core and associated activities, which has reduced the range of business
opportunities and decent employment and makes it difficult to develop connections and
articulations within the economy. Public debt has increased meteorologically in the last decade,
with significant impacts on the scarcity and increase in capital for the diversification of
investment and the productive base, and in the promotion of a financial sector with speculative
tendencies. Public indebtedness, combined with extractive economic trends, has weakened, or
prevented, the development of the State's capacity to provide cheap, accessible and quality public
services for the promotion of broad and diversified productive capacities, oriented towards the
reproduction of a multifaceted economy, which manages to feed and feed citizens, effectively
substitutes imports and diversifies the export base.
Objectivo ......................................................................................................................................... 6
Hipóteses ......................................................................................................................................... 6
Metodologia .................................................................................................................................... 7
Conclusão...................................................................................................................................... 11
Bibliografia ................................................................................................................................... 12
Introdução
No presente trabalho irei fazer uma breve analise sobre o aumento do Défice no estado
moçambicano e as suas implicações no financiamento ao sector privado. Num momento em que
o orçamento do estado tem um Défice equivalente a 10.8% do produto interno bruto.
Objectivo
Objectivo geral
- Fazer a analise do défice de Moçambique.
Objectivos específicos
- Ilustrar as implicações deste défice para o financiamento ao sector privado;
- Trazer uma analise dos factores que influenciam o défice gigantescos de Moçambique;.
Problema de pesquisa
Para o caso de Moçambique, desde os períodos mais remotos, verificam-se défices nas contas do
estado em simultâneo com défices na conta corrente, sendo que ao longo do tempo os dois
défices tendem a evoluir da mesma forma.
Hipóteses
1: Verifica-se a Hipótese dos Défices Gémeos em Moçambique, ou seja, o défice publico causa o
défice da conta corrente;
2: Não se verifica a Hipótese dos Défices Gémeos em Moçambique, sendo que o facto dos dois
défices evoluírem da mesma forma deve-se simplesmente ao facto de serem variáveis
macroeconómicas.
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Limitações do trabalho
Segundo o físico Richard Feynman, «A ciência é tudo o que aprendemos sobre o modo de não
nos iludirmos» (Deutsch, 2013: 42). A actividade económica é uma das áreas da vida humana
mais propensas a ilusões. «O que se vê e o que não se vê», não coincidem em parte, devido à
compreensão parcial do funcionamento da economia, mas também porque os actos, os hábitos, as
instituições e as leis geram muitos efeitos, intencionais ou não intencionais, visíveis ou não
visíveis. À medida que aprofundamos a pesquisa sobre a relação entre o o Defice do estado e
suas implicações no financiamento aos sectores privados, apercebi de certas falácias económicas,
muito comuns nas análises.
Assim, dei conta da necessidade de nos mantermos abertos e atentos a eventuais limitações
analíticas e metodológicas das abordagens, dos métodos e técnicas que usamos. Nesta
perspectiva, vale a pena reconhecer pelo menos três limitações analíticas e metodológicas neste
trabalho.
Metodologia
Para a realização deste analise, recorri a fontes como, artigos científicos e a internet.
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Défice e seu financiamento
Um défice orçamental (necessidade de financiamento) implica a obtenção de financiamento. O
sector público financia os seus défices orçamentais por duas vias:emissão de títulos de dívida
pública (obrigações do tesouro) que são adquiridos por particulares e empresas; e emissão de
moeda (obtenção de crédito junto do banco central, ou venda de títulos de dívida pública ao
banco central).
Numa economia aberta, com taxas de câmbio flexíveis, a pressão no sentido da subida da taxa de
juro transmite-se à taxa de câmbio. A moeda nacional aprecia-se, o que faz com que aumentem
as importações e diminuam as exportações. O défice orçamental originado pela diminuição da
receita fiscal é acompanhado, assim, por um défice da balança corrente externa (“défices
gémeos”).
Na medida em que faz aumentar a taxa de juro, uma política orçamental expansionista afecta
negativamente o investimento (“crowding-out”) e, portanto, o crescimento económico no longo
prazo.
Um aumento do défice orçamental causado pela diminuição dos impostos sobre o rendimento faz
aumentar a oferta de trabalho (aumenta o salário líquido) e a propensão para a poupança
(aumenta o rendimento líquido proporcionado pela poupança). Estes efeitos secundários devem
ser tidos em conta.
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O governo deve também ter em conta que o aumento das receitas fiscais que resulta de um
aumento da taxa de imposto vai sendo cada vez menor, à medida que a taxa de imposto aumenta
De acordo com a teoria económica, um aumento do défice público financiado com recurso a
dívida interna pode afectar o financiamento a economia e desestimular o crescimento do sector
privado. Este fenómeno é conhecido como efeito de deslocamento dos gastos públicos que
ocorre quando o aumento do défice público financiado através da dívida interna resulta na subida
da taxa de juros e redução do crédito ao sector privado.
No caso de Moçambique, entre 2016 e 2018 o défice orçamental cresceu em 15% de 69.6 Biliões
de Meticais em 2016 para cerca de 80 Biliões de Meticais conforme o OE de 2018. Ao longo do
mesmo período (2016-2018), a taxa de juros activa para empréstimos de médio prazo
(maturidade até 2 anos) aumentou em 7.31% de 19.41% em Janeiro de 2016 para 26.72% em
Abril de 2018.
A principal implicação desta situação reside no facto de que se o governo continua absorvendo
de forma progressiva a parcela de crédito que deveria ser concedida ao sector privado, o
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investimento das empresas tenderá a reduzir o que irá influir adversamente sobre o crescimento
da economia a médio e longo prazo.
Portanto, é importante que o governo tenha em atenção este cenário na estruturação das fontes de
financiamento do OE, dado que se cresce o obstáculo de financiamento ao sector privado, as
empresas não crescem e se as empresas não crescem não poderão pagar impostos, o que terá
implicações negativas na prossecução do objectivo de consolidação fiscal bem como de
sustentabilidade da economia.
Neste âmbito, recomenda-se que o Banco de Moçambique fortaleça as suas linhas de intervenção
através de uma política monetária mais expansiva ou adopção de medidas directas de
racionamento de crédito ao sector privado. A redução das taxas directoras não é suficiente uma
vez que a pesar desta redução não se reflectir imediatamente e na dimensão correspondente nas
taxas de juros de crédito a economia, as empresas não dispõem de colaterais de risco equiparável
aos títulos públicos para competir com o governo na obtenção de financiamento junto a banca
comercial.
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Conclusão
O Coronavírus está indubitavelmente a impactar negativamente na economia moçambicana,
atendendo e considerando que o nosso país não é uma ilha, ele é parte integrante do comércio
internacional o que torna difícil a mobilidade de mercadorias e pessoas dum país para o outro
fazendo com que o comércio internacional não flua a níveis desejados. Por um lado, com as
restrições que se registam na arena internacional, o nosso país já começou a ter limitações para
exportar a sua produção, especialmente para países como a China e a Índia que são os maiores
compradores dos recursos minerais produzidos no nosso país com maior destaque para o carvão
mineral produzido na bacia carbonífera de Moatize, província de Tete, o que tem contribuído de
sobremaneira para a queda do preço deste minério no mercado mundial. Além do carvão, o nosso
país enfrenta grandes barreiras para exportar produtos agrícolas como o açúcar, tabaco, nozes,
castanha de caju, legumes bem como bens pesqueiros para países da Europa nomeadamente o
Reino Unido, França, Itália, entre outros.
Estes factores estão a concorrer para o agravamento do défice na conta corrente da balança de
pagamentos de Moçambique impactando negativamente na entrada de divisas em moeda externa
com particular destaque para o dólar norte-americano (a principal moeda usada para o comércio
internacional), tendo em consideração que o comércio internacional é a força motriz para o
desenvolvimento de qualquer economia. Nenhum país é auto-suficiente na produção de topos
tipos de bens e serviços e, por mais que existisse, sem exportar essa mesma produção não pode
haver crescimento económico.
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Bibliografia
https://cta.org.mz/reflexao-sobre-o-aumento-do-defice-do-estado-e-suas-implicacoes-no-
financiamento-ao-sector-privado-em-mocambique
DIAS, Nelson (2008) Orçamento Participativo - Animação Cidadã para a Participação Política,
Disponível em http://www.op-portugal.org/downloads/Livro_OP_AF_web.pdf. (Acesso a 3 de
Janeiro de 2012)
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