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COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL DO ALENTEJO
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

RECOLHA E SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO


SOBRE AS INICIATIVAS LOCAIS DE EMPREGO NA
REGIÃO DO ALENTEJO

Vítor Rosa

Dezembro, 2007
2
FICHA TÉCNICA:

Edição:
CCDR Alentejo

Responsável Técnico:
Vítor Rosa

Évora
Dezembro de 2007

3
RECOLHA E SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE
AS INICIATIVAS LOCAIS DE EMPREGO NA REGIÃO DO
ALENTEJO

4
ÍNDICE

INTRODUÇÃO....................................................................................................6

1 - ILE: BREVE APRESENTAÇÃO .............................................................................8

2 - SÍNTESE DE ESTUDOS SOBRE AS ILE .................................................................. 14

3 - OS RESULTADOS DOS PARECERES DA CCDR ALENTEJO EM 2005 E 2006 ........................ 18

4 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 29

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 34

6 - ANEXOS .................................................................................................... 36

5
INTRODUÇÃO

1. O presente relatório faz um balanço das Iniciativas Locais de Emprego [ILE] na


região do Alentejo, nomeadamente das candidaturas que foram remetidas pelos
Centros de Emprego entre 2005 e 2006 para análise e parecer técnico da
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo [CCDR
Alentejo], ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do art.º 24.º da Portaria n.º 196-
A/2001, de 10 de Março1.

2. Por excelência, as ILE são as unidades produtivas proveniente das pessoas que,
por essa via, pretendem resolver os seus problemas de emprego. No entanto, e
apesar de configurar-se como uma via inovadora de criação de empregos, as ILE
não pretendem substitui-se às vias tradicionais nem atingir o mesmo impacto.

3. Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística [INE] indicavam uma


taxa de desemprego para a região do Alentejo de 9,3% em 20062. Sensível a este
fenómeno, a CCDR Alentejo tem respondido atempadamente às solicitações que
vão sendo apresentadas tendentes a facilitar a efectivação das oportunidades de
negócio que os promotores se propuseram levar a cabo no âmbito do programa
ILE.

4. Este relatório está estruturado em três pontos. No primeiro reflectimos sobre o


que são as ILE, os objectivos, o enquadramento legal, etc. No segundo ponto,
incidimos a nossa análise sobre alguns dos estudos realizados sobre esta matéria,

1
Com a implementação do Programa SIMPLEX – Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa, em
Fevereiro/Março de 2007 fomos informados, informalmente, de que deixaria de ser necessário o parecer da
CCDR Alentejo sobre as ILE.
2
Portugal tinha 458.600 desempregados no último trimestre de 2006, número que corresponde a uma taxa de
desemprego de 8,2%, mais 0,2 pontos do que no mesmo período de 2005 e 0,8% acima do trimestre anterior. Os
dados do INE são superiores aos do Instituto do Emprego, que nos três meses finais do ano passado registou um
número de desempregados sempre acima dos 450 mil: 453.028 em Outubro, 457.728 em Novembro e 452.651 em
Dezembro. De acordo com os dados do Eurostat, publicados dia 2/10/2007, a taxa de desemprego em Portugal
voltou a aumentar no mês de Agosto de 2007 (8,3%). Pela primeira vez em 20 anos, a taxa de desemprego em
Portugal foi mais elevada do que em Espanha. Apenas a Eslováquia, Polónia, França e Grécia (esta última com o
resultado a referir-se apenas ao mês de Junho) registam valores mais elevados do que Portugal. A recessão
económica e os níveis estruturalmente baixos de produtividade continuam a ser apontadas como as principais
causas do desemprego. Em termos sociológicos, a violência estrutural desemprego, ou o sub-emprego, é uma
chaga social ou, para citarmos Serge Milano (1982), uma «grande rota para a pobreza», que afecta
profundamente as pessoas. A economia portuguesa também se destaca pela negativa nos indicadores de
escolaridade: há 40% de jovens a sair da escola sem acabar o percurso académico. Esta situação coloca-nos na
cauda da Europa.

6
dando uma perspectiva geral das conclusões dos autores. Num terceiro ponto,
focamos a análise nas candidaturas que deram entrada na Comissão de
Coordenação Regional (a dimensão e natureza da análise apresentam várias
limitações, decorrentes quer das lacunas de informação fornecida – exemplo não
se sabe a idade dos promotores, as habilitações escolares, etc., quer ainda da
manifesta incoerência dos valores disponíveis). Finalmente, terminamos o
trabalho com as conclusões e as recomendações.

7
1
ILE: Breve apresentação
________________________________________

8
O que são as ILE?

As ILE são uma medida do Instituto de Emprego e Formação Profissional [IEFP], cujo
objectivo é o apoio a iniciativas de pequena dimensão que contemplem a criação
líquida de postos de trabalho3, contribuindo para a dinamização das economias
locais. Estas iniciativas podem incidir sobre qualquer área ou sector de actividade
económica, desde que tenham como destinatários os jovens à procura de primeiro
emprego, desempregados e trabalhadores em risco de desemprego. Os apoios
concedidos podem ser de nível técnico (formação e acompanhamento do projecto) e
financeiro.

Quem pode candidatar-se?

▪ Desempregados
▪ Jovens à procura de 1.º emprego
▪ Trabalhadores empregados, mas em risco de desemprego

Quais as condições de acesso?

Os apoios são concedidos aos projectos que:

▪ Originem a criação líquida de postos de trabalho.


▪ Os postos de trabalho a criar sejam obrigatoriamente preenchidos por
trabalhadores desempregados, ou jovens à procura de 1.º emprego, com
contratos de trabalho sem termo e a tempo inteiro.
▪ À data de candidatura, não tenham sido iniciados há mais de 60 dias úteis,
ou não se encontrem integralmente concluídos.
▪ Pelo menos metade dos respectivos promotores sejam desempregados, ou
jovens à procura do 1.º emprego.
▪ A entidade a constituir não tenha dimensão superior a 20 trabalhadores.
▪ O investimento total não exceda 150.000,00 Euros.
▪ Tenham viabilidade económica e financeira.

3
De acordo com o Manual de Procedimentos do Programa de Estímulo à Oferta de Emprego, pág. 7, considera-se
a criação líquida de postos de trabalho «(...) o aumento efectivo do número de trabalhadores vinculados à
entidade empregadora, mediante a celebração de contrato de trabalho sem termo, em resultado de um novo
projecto de investimento, de reestruturação ou de redimensionamento da actividade da empresa».

9
▪ Tenham asseguradas as fontes de financiamento, incluindo no mínimo 5%
em capitais próprios, podendo, no entanto, solicitar a dispensa total ou
parcial dessa condição, caso não disponham de meios, mediante
requerimento a apresentar ao IEFP.
▪ Disponham no mínimo do capital social, no caso de se tratar de sociedade
por quotas.
▪ A actividade se enquadre nas áreas de actividades elegíveis no programa
(vd. Art.º 14.º, da Portaria n.º 196-A/2001, de 10 de Março).

Que apoios podem ser concedidos?

Apoios técnicos:

▪ Selecção e recrutamento de trabalhadores desempregados.


▪ Formação na área empresarial para dirigentes.
▪ Consultoria especializada, nas áreas financeira, comercial, de recursos
humanos, «marketing», publicidade e de gestão da produção. No caso do
apoio técnico ser prestado por entidades exteriores ao IEFP, pode ser
concedido um subsídio, não reembolsável, até ao limite de 5% do
investimento elegível.

Apoios à criação de postos de trabalho:

Subsídio não reembolsável, igual a 18 vezes a remuneração mínima mensal mais


elevada garantida por lei, por cada posto de trabalho criado e preenchido, com as
seguintes majorações, cumuláveis entre si:

▪ 20% por cada posto de trabalho preenchido por:

- Desempregados de longa duração (trabalhadores inscritos nos Centros


de Emprego há mais de 12 meses)

- Desempregados, com idade igual ou superior a 45 anos

- Jovens à procura do 1.º emprego (trabalhadores inscritos nos Centros


de Emprego, com idade compreendida entre os 16 e os 30 anos e que
nunca tenham prestado a sua actividade no quadro de uma relação de

10
trabalho subordinado, cuja duração conjunta, seguida ou interpolada,
ultrapasse os 6 meses)

- Beneficiários do rendimento social de inserção (pessoas que se


encontrem em situação de particular desfavorecimento face ao
mercado de emprego)

▪ 25% por cada posto de trabalho preenchido por pessoa com deficiência:

- Prémios de Igualdade de Oportunidades (entre sexos e para pessoas


com deficiência), igual a 10% do valor total do apoio concedido
(excluídas as majorações), sempre que os projectos de emprego
originem a criação de, no mínimo, 5 postos de trabalho e os mesmos
não sejam preenchidos, em mais de 60%, por pessoas do mesmo sexo,
ou quando, pelo menos 40% deles sejam preenchidos por pessoas com
deficiência.

Apoios ao investimento:

- Subsídio não reembolsável, até ao limite de 40% do investimento total


admissível 150.000,00 Euros, o que equivale a 60.000,00 Euros, não
podendo exceder 12.500,00 Euros por cada posto de trabalho criado e
preenchido por desempregados ou jovens à procura de 1.º emprego.

Apoios especiais a outras ILE:

▪ Podem ainda ser apoiados os projectos de ILE em que, pelo menos,


metade dos promotores não sejam desempregados ou jovens à procura do
1º emprego, ou que não constem das áreas de actividade elegíveis no
programa, quando sejam considerados excepcionalmente relevantes para
a prossecução do objectivos da política de emprego e demonstrem
particular dificuldade em aceder a formas de financiamento alternativas.
▪ Todas as outras condições de acesso devem verificar-se. A estes projectos
podem ser atribuídos apoios à criação de postos de trabalho, nos termos
acima expostos, e apoios ao investimentos, nos seguintes termos: por
deliberação da Comissão Executiva do IEFP, a requerimento do(s)
promotor(es), pode ser atribuído um apoio financeiro sob a forma de

11
empréstimo sem juros (por 5 anos, com 2 anos de carência), até ao limite
de 40% do investimento total admissível 150.000,00 Euros - o que equivale
a 60.000,00 Euros - não podendo exceder 12.500,00 Euros por cada posto
de trabalho criado e preenchido por desempregados ou jovens à procura
de 1º emprego. Há lugar a um abatimento de 5% por cada ano de redução
do prazo de pagamento, sobre o montante de capital em dívida, sem que
se exceda, em caso algum, o limite máximo de 10%.

O somatório dos apoios a conceder não pode exceder as necessidades de


investimento do projecto, considerando-se nesse cálculo a aplicação dos
capitais próprios. Estes apoios não são cumuláveis com os previstos para
as outras modalidades do programa.

Como candidatar às ILE?

As candidaturas à concessão dos apoios previstos devem ser apresentadas, através de


um formulário próprio, nos Centros de Emprego do IEFP da área de residência do
promotor ou de implementação do projecto.

Qual a legislação aplicável?

▪ Portaria n.º 196-A/2001, de 10 de Março, publicada no Diário da


República, I Série-B, n.º 59, 2.º Suplemento.
Regulamenta as modalidades específicas de intervenção do Programa de
Estímulo à Oferta de Emprego, na sua componente de criação de emprego
- PEOE. (Com esta Portaria congregam-se medidas que se encontravam
dispersas por diversos instrumentos normativos: Decretos-Leis n.os 34/96 e
189/96, respectivamente de 18 de Abril e de 8 de Outubro, e Portarias n.os
476/94, 414/96 e 247/95, respectivamente de 1 de Julho, de 24 de Agosto
e de 29 de Março).

▪ Portaria n.º 255/2002, de 12 de Março, publicada no Diário da República, I


Série-B, n.º 60.
Esta Portaria é um aditamento à anterior. Procedeu-se: i) à inclusão de
uma nova secção (IV) do capítulo II, sob o nome “Apoios à conversão da
contratação a termos em contratação sem termo” (a actual secção IV, sob

12
a epígrafe “Outros apoios”, passou para secção V), ii) à conversão e
correcção dos valores expressos em escudos para Euros.

[Nota: No âmbito das recomendações feitas pela Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento Económico (OCDE) e pela então Comunidade Económica Europeia (CEE),
relativamente à adopção de medidas de estímulo das iniciativas locais enquanto via
complementar de emprego, o Ministério do Trabalho e Segurança Social cria o programa
ILE, em 1986, através do despacho Normativo n.º 46/86, de 4 de Junho (Diário da
República, n.º 127, I Série), ficando a sua gestão a cargo do IEFP. Dez anos depois deste
primeiro diploma legal regulamentador do programa ILE, surge o Decreto-Lei n.º 189/96,
de 8 de Outubro (Diário da República, n.º 233, I Série-A). Duas grandes novidades podem
ser apontadas neste diploma: a primeira era a obrigatoriedade dos promotores
frequentarem uma acção de formação na área da gestão de negócios, promovida pelo
IEFP, procurando, assim, aumentar a eficácia do sucesso empresarial das iniciativas
apoiadas; a segunda, era a reposição da autonomia na gestão e no financiamento do
programa, na medida em que havia sido integrado no Regime de Incentivos às Micro-
Empresas (RIME) em 1995, através da Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º
57/95, deixando de fora as iniciativas de pequena dimensão promovidas por
desempregados e de jovens à procura do primeiro emprego.]

13
2
Síntese de estudos sobre as ILE
________________________________________

14
Estudos existentes sobre as ILE

Ao longo dos anos foram levados a cabo diversos estudos, efectuados por diferentes
autores, sobre as ILE, sendo mais ou menos adequados consoante o perfil de
utilização. Sem sermos exaustivos, enumeramos aqueles que nos parecem ter um
elevado interesse, que são os mais adequados para a elaboração do nosso relatório, e
poderão ser úteis para quem contacta, pela primeira vez, com esta temática.

I
Autor(es): MARTINS, Moisés Adão Lemos
Título: ILE: fenómeno social de raiz económica e de incidências culturais
In: Seminário de Sociologia do Trabalho, Lisboa, Janeiro e Fevereiro de 1987,
“A Política Social face às Questões do Emprego - Que Alternativas?”
Publicação Lisboa, ISCTE, 1988
N.º de páginas: pp. 164-178
Resumo: O autor centra a sua análise na perspectiva do fenómeno social das ILE,
baseando-se nos seguintes pontos: Condições e caracterização do contexto
em que surgem; Factores que condicionam o seu desenvolvimento;
Virtualidades da economia social no seu fomento.

II
Autor(es): MARTINS, Moisés Adão Lemos
Título: Iniciativas Locais de Emprego em Portugal – Enquadramento no Terceiro
Sector
Publicação Lisboa, IEFP/Núcleo de Informação e Relações Públicas, Estudos, n.º 4,
1989
N.º de páginas: 159
Resumo: Com este estudo procura-se caracterizar, em termos quantitativos, o
sector da economia social em Portugal, nas componentes cooperativa,
mutualista e associativa.

15
III
Autor(es): HENRIQUES, José Manuel; LOPES, Raúl Gonçalves; BAPTISTA, A. J. Mendes
Título: O Programa ILE em Portugal: avaliação e perspectivas
Publicação: Lisboa, Ed. Escher, Col. Estudos Locais n.º 5, 1991
N.º de páginas: 137
Resumo: Neste estudo os autores sublinham que o programa ILE revelou-se eficaz e
eficiente, contribuiu para a criação de empregos estáveis com níveis de
qualificação e remuneração próximos da generalidade dos empregos
criados no País, promoveu a mobilização de um expressivo potencial de
iniciativa empresarial latente na sociedade portuguesa sem condições de
acesso a capital fora do programa. Com este trabalho, ficamos a saber que
o programa ILE ao longo dos anos de 1987, 1988, 1989 e primeiros meses de
1990 promoveu cerca de 1300 ILE, e criou mais de 5000 postos de trabalho.

IV
Autor(es): ROSA, Vítor
Título: Iniciativas Locais de Emprego no Alentejo – estudo de impacte em 1997/98
Publicação: Évora, CCDR Alentejo (não publicado), 1999
N.º de páginas: 62
Resumo: Este estudo visou proporcionar um conhecimento mais detalhado sobre as
características do pequeno investimento na região do Alentejo, permitindo
retirar algumas conclusões quanto aos sectores e domínios de actividade
económica que apresentavam uma maior atractividade para os pequenos
investidores. A análise incidiu nas ILE submetidas a parecer técnico à CCDR
Alentejo durante os anos de 1997 e 1998.

V
Autor(es): RITA, José Joaquim Palma
Título: As Iniciativas Locais de Emprego no Alentejo (1994-2002)
Publicação: Évora, DRA-IEFP (não publicado), 2002
N.º de páginas: 38
Resumo: O autor procurou analisar a informação disponível sobre os processos
aprovados desde o ano de 1994 (início do II Quadro Comunitário de Apoio)
até ao 2.º semestre do ano de 2002. Com este estudo ficamos a saber
várias coisas. Por exemplo, que existem várias bases de dados sobre o
programa ILE, mas que as mesmas não são coincidentes umas com as outras
relativamente aos campos de informação que incluem, pois cada uma delas
foi construída para responder às necessidades de várias unidades orgânicas.

16
foi construída para responder às necessidades de várias unidades orgânicas.
Assim, fica por apurar convenientemente informações como a idade dos
promotores, de quem ocupou os postos de trabalho criados, a situação face
ao emprego, os motivos do insucesso de algumas iniciativas ou as
dificuldades encontradas. Por exemplo, que a informação dispersa pelas
várias bases de dados não é actualizada simultaneamente em todas elas,
sendo frequente a impossibilidade de determinar qual a mais fiável,
designadamente quanto aos valores de financiamento (empréstimos e
subsídios), n.º de postos de trabalho, a situação do promotor, a verdadeira
actividade exercida, ao tipo de entidade (forma jurídica), etc. Por
exemplo, que não tem havido a preocupação de harmonizar um sistema de
informação único e com actualização “on-line”. Por exemplo, que o único
estudo nacional existente sobre o programa data de 1991. Por exemplo,
que a DRA-IEFP deixou de fazer relatórios a nível regional ainda antes de
1994. Bem pior, que a gestão do programa foi feita em função das metas
calculadas com base em execuções anteriores e dos objectivos financeiros
e não numa perspectiva estratégica das necessidades do sistema de
emprego regional.

De uma forma global, a leitura destes estudos permite concluir que:

- Não obstante a modéstia do impacto no que concerne à criação de postos de


trabalho, as ILE possibilitam construir alternativas de emprego para quem o
sistema formal de emprego exclui.
- É preciso haver um esforço por parte dos serviços locais e regionais do IEFP, e
das organizações que são chamadas a pronunciar-se sobre a viabilização
económica-financeira e social dos projectos, no acompanhamento adequado
às iniciativas apoiadas.
- Compete ao IEFP adoptar ou propor as soluções organizativas adequadas para
uniformizar as bases de dados existentes para uma melhor execução e gestão
do programa, procurando determinar com rigor informações que, hoje em dia,
são muito difíceis, senão mesmo impossíveis, de apurar.
- Os factores de sucesso das ILE prendem-se com as características pessoais e a
experiência profissional dos promotores, a sua inserção sócio-comunitária e as
estratégias empresariais prosseguidas.

17
3
Os resultados dos pareceres da CCDR
Alentejo em 2005/2006
________________________________________

18
Resultados das candidaturas submetidas a parecer técnico à CCDR Alentejo

Os valores apurados indicam que deram entrada na CCDR Alentejo em 2005 e 2006
461 candidaturas para parecer técnico, repartindo-se praticamente de forma
homogénea pelos dois anos que constituem o período em estudo — 2005 e 20064.

Quadro 1
Número de ILE, por ano

ANO N.º %

2005 230 49,9


2006 231 50,1
TOTAL 461 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

Tal como o gráfico seguinte ilustra, as candidaturas que foram dando entrada na
CCDR Alentejo variaram de forma bastante irregular ao longo dos meses. Em 2005, o
maior número de entradas de ILE verificou-se no mês de Maio, para depois ter
decrescido acentuadamente. Em 2006, o pico de entradas de ILE foi no mês de Julho.

Gráfico 1
Candidaturas de ILE que deram entrada na CCDR Alentejo, por meses

35

30

25

20

15

10

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2005 2006

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

4
O Plano Nacional de Emprego (2005-2008), Relatório de Acompanhamento 2006, do Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social/Gabinete de Estratégia e Planeamento, Junho de 2007, refere que, em 2005, a nível
nacional, 3.889 pessoas beneficiaram desta medida de política activa de emprego (1.749 – H; 2.140 – M).

19
Uma análise da sua distribuição mostra que foram os Centros de Emprego de Évora
(18,4%), de Sines e de Portalegre (15%, respectivamente) e de Moura (8,5%) os que
mais chamaram a CCDR Alentejo a pronunciar-se sobre a pertinência dos projectos
submetidos para apoio técnico e financeiro. Comparativamente a outros Centros de
Emprego de maior dimensão (Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo, por exemplo), o de
Ourique, revela uma destacável vitalidade no contributo para o programa.

Quadro 2
Número de ILE, por Centro de Emprego e ano

CENTROS DE N.º
2005 2006 TOTAL %
EMPREGO
Sines 42 27 69 15,0
Évora 40 45 85 18,4
Portalegre 40 28 68 14,8
Ourique 18 19 37 8,0
Estremoz 17 21 38 8,2
Beja 17 17 34 7,4
Moura 16 23 39 8,5
Alcácer do Sal 13 4 17 3,7
Ponte de Sôr 12 22 34 7,4
Elvas 9 15 24 5,2
Montemor-o-Novo 6 10 16 3,5
TOTAL 230 231 461 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

Ao nível da localização do investimento, importa mencionar que se estende por toda


a região do Alentejo. Em 2006, foi o Alentejo Litoral que teve menos expressividade
na apresentação de propostas de candidatura.

20
Gráfico 2
Número de ILE, por sub-região e ano

80

70

60

50

40

30

20

10

0
Alentejo Central Alto Alentejo Alentejo Litoral Baixo Alentejo

2005 2006

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

A análise referente ao tipo de actividade económica das ILE revela que repartem-se
por quase todos os domínios. Convirá, todavia, ter presente que alguns sectores têm
um peso insignificante (ex: primário, educativo). Com expressividade surge o
comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e de
bens de uso pessoal e doméstico e o alojamento e restauração (ver Quadros 3 e 4).

21
Quadro 3
Número de ILE, por actividades económicas (hierarquizadas pelo n.º de iniciativas)

ACTIVIDADE ECONÓMICA (AGREGADAS) N.º %

Comércio a retalho (excepto de veículos automóveis, motociclos e


159 34,5
combustíveis para veículos, reparação de bens pessoais e domésticos)
Alojamento e Restauração (restaurantes e similares) 121 26,2
Outras actividades de serviços prestados as empresas 52 11,3
Outras actividades de serviços 45 9,8
Construção 30 6,5
Indústrias alimentares e das bebidas 10 2,2
Actividades recreativas, culturais e desportivas 9 2,0
Actividades informáticas e conexas 7 1,5
Saúde e acção social 5 1,1
Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário;
4 0,9
fabricação de obras de cestaria e de espartaria
Fabricação de produtos metálicos, excepto maquinas e equipamentos 4 0,9
Fabricação de têxteis 1 0,2
Edição, impressão e reprodução de suportes de informação gravados 2 0,4
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos 2 0,4
Comercio por grosso e agentes do comercio, excepto de veículos automóveis
2 0,4
e de motociclos
Fabricação de mobiliário, outras industrias transformadoras, n.e. 2 0,4
Indústria do vestuário; preparação, tingimento e fabricação de artigos de
1 0,2
peles com pêlo
Comercio, manutenção e reparação de veículos automóveis, motociclos,
1 0,2
comercio a retalho de combustíveis para veículos
Transportes terrestres, transportes por oleodutos ou gasodutos 1 0,2
Actividades anexas e auxiliares dos transportes, agencias de viagens e de
1 0,2
turismo e de outras actividades de apoio turístico
Educação 1 0,2
Agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços relacionados 1 0,2
TOTAL 461 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

22
Quadro 4
Número de ILE por actividades económicas (agregadas), hierarquização pelo n.º de iniciativas

ACTIVIDADE ECONÓMICA (AGREGADAS) N.º %

Comercio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis,


162 35,1
motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico
Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas 59 12,8
Alojamento e Restauração (restaurantes e similares) 55 26,2
Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais 54 11,7
Construção 30 6,5
Indústrias transformadoras 26 5,6
Transportes, armazenagem e comunicações 2 0,4
Saúde e acção social 5 1,1
Educação 1 0,2
Agricultura, produção animal, caça e silvicultura 1 0,2
TOTAL 461 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

23
Quadro 5
Actividades económicas, por sexo do promotor

SEXO
ACTIVIDADE ECONÓMICA (AGREGADAS) Masc. Fem. TOTAL %

Comércio a retalho (excepto de veículos automóveis, motociclos e


73 84 157 34,7
combustíveis para veículos, reparação de bens pessoais e domésticos)
Alojamento e Restauração (restaurantes e similares) 64 54 118 26,1
Outras actividades de serviços prestados as empresas 36 13 49 10,8
Outras actividades de serviços 15 30 45 10,0
Construção 27 2 29 6,4
Indústrias alimentares e das bebidas 6 4 10 2,2
Actividades recreativas, culturais e desportivas 8 1 9 2,0
Actividades informáticas e conexas 5 2 7 1,5
Saúde e acção social 1 4 5 1,1
Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário;
4 0 4 0,9
fabricação de obras de cestaria e de espartaria
Fabricação de produtos metálicos, excepto maquinas e equipamentos 4 0 4 0,9
Fabricação de têxteis 0 1 1 0,2
Edição, impressão e reprodução de suportes de informação gravados 1 1 2 0,4
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos 2 0 2 0,4
Comercio por grosso e agentes do comercio, excepto de veículos
1 1 2 0,4
automóveis e de motociclos
Fabricação de mobiliário, outras industrias transformadoras, n.e. 0 2 2 0,4
Indústria do vestuário; preparação, tingimento e fabricação de
0 1 1 0,2
artigos de peles com pêlo
Comercio, manutenção e reparação de veículos automóveis,
1 0 1 0,2
motociclos, comercio a retalho de combustíveis para veículos
Transportes terrestres, transportes por oleodutos ou gasodutos 1 0 1 0,2
Actividades anexas e auxiliares dos transportes, agencias de viagens e
0 1 1 0,2
de turismo e de outras actividades de apoio turístico
Educação 0 1 1 0,2
Agricultura, produção animal, caça e actividades dos serviços
1 0 1 0,2
relacionados
TOTAL 250 252 452 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006


Number of Missing Observations: 9

Em resultado dos valores obtidos, as ILE geraram, à partida, 748 novos postos de
trabalho no Alentejo.

Quanto à situação face ao emprego, verifica-se que 45,3% (n= 339) dos promotores
encontravam-se numa situação de desemprego involuntário ou à procura de primeiro
emprego (20,2%, 151). Elevado é também o número de desempregados de longa

24
duração (18,2%, 136). Outro dado interessante, embora a diferença seja pequena,
são as mulheres que procuram criar mais postos de trabalho com os seus projectos.

Quadro 6
Situação face ao emprego, por sexo

N.º DE POSTOS DE
SITUAÇÃO FACE AO EMPREGO TRABALHO TOTAL %
Masc. Fem.
Desemprego involuntário 187 152 339 45,3
Desempregados de Longa Duração (DLD) 42 94 136 18,2
Desemprego >= de 45 anos 31 34 65 8,7
1.º Emprego 69 82 151 20,2
Benef. Rendimento Social de Inserção 2 1 3 0,4
Pessoa deficiente 4 2 6 0,8
Outros 21 27 48 6,4
TOTAL 356 392 748 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

De acordo com a generalidade da investigação realizada neste domínio (Rosa, 1999;


Rita, 2002), verifica-se, tipicamente, que as iniciativas são de reduzida dimensão
relativamente ao número de postos de trabalho criados. Variam entre o mínimo de 1
e o máximo de 9 postos de trabalho. Em relação à média, ela situa-se nos 2 postos de
trabalho, sendo a moda de 1 posto de trabalho. No conjunto, 80% das iniciativas não
deram origem à criação de mais do que 3 postos de trabalho.

Quadro 7
Número de postos de trabalho criados em 2005 e 2006

N.º DE POSTOS DE
N.º DE POSTOS DE TRABALHO %
TRABALHO CRIADOS
1 282 37,7
2 242 32,4
3 87 11,6
4 64 8,6
5 45 6,0
6 12 1,6
7 7 0,9
8 - -
9 9 1,2
TOTAL 748 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

25
Relativamente ao tipo de projecto, verifica-se que 89% dos promotores pretendiam
criar uma empresa, enquanto que apenas 10% apresentou uma ILE no sentido de
viabilizar ou reforçar a empresa existente.

Quadro 8
Tipo de projecto, por ano

ANO
TIPO DE PROJECTO 2005 2006 TOTAL %

Empresa Nova 211 193 404 89,4


Empresa Existente 17 31 48 10,6
TOTAL 228 224 452 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006


Number of Missing Observations: 9

Em termos de distribuição do tipo de projecto por sexo, constata-se que são os


indivíduos do sexo masculino que assumem a liderança tanto para criar uma nova
empresa, como para viabilizar a existente.

Quadro 9
Tipo de projecto, por sexo

SEXO
TIPO DE PROJECTO Masc. Fem. TOTAL %

Empresa Nova 224 19 243 54,9


Empresa Existente 172 28 200 45,1
TOTAL 396 47 443 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006


Number of Missing Observations: 18

26
Gráfico 3
Tipo de projecto, por NUT III

140

120

100

80

60

40

20

0
Alto Alentejo Baixo Alentejo Alentejo Central Alentejo Litoral

Empresa Nova Empresa Existente

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

Entre as formas jurídicas adoptadas pelas ILE, existe um predomínio das “empresas
em nome individual” (68,1%). De notar que das 461 ILE 29 candidaturas não
apresentam qualquer informação sobre a forma jurídica adoptada.

Quadro 10
Forma jurídica adoptadas pelas ILE

FORMA JURÍDICA N.º %

Empresário em nome individual 314 68,1


Sociedade por quotas 62 13,4
Sociedade unipessoal por quotas 56 12,1
Sem informação 29 6,3
TOTAL 461 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

No total (2005 e 2006), as propostas rondam os 19 milhões de Euros, mais


concretamente 18.940.614,39 Euros.

27
Quadro 11
Montante do investimento (Euros), por sub-região em 2005 e 2006

MONTANTE DO INVESTIMENTO
TIPO DE APOIO TOTAL
2005 % 2006 % (2005-2006) %

Capitais (Próprios + Alheios) 3.838.815,59 38,9 3.341.091,95 36,8 7.179.907,54 37,9

Incentivos do IEFP (a+b+c+d+e): 6.032.079,25 61,1 5.728.627,60 63,2 11.760.706,85 62,1

a) Apoio ao investimento 2.856.614,74 28,9 2.737.040,25 30,2 5.593.654,99 29,5

b) Empréstimos sem juros 67.508,21 0,7 126.731,57 1,4 194.239,78 1,0

c) Subsídios a fundo perdido 1.740.835,91 17,6 1.625.780,29 17,9 3.366.616,20 17,8

d) Apoio a projecto de emprego beneficiário de SD 530.686,40 5,4 732.145,05 8,1 1.262.831,45 6,7

e) Outros 836.433,99 8,5 506.930,44 5,6 1.343.364,43 7,1

TOTAL 9.870.894,84 100,0 9.069.719,55 100,0 18.940.614,39 100,0

Fonte: Candidaturas submetidas a parecer à CCDR Alentejo em 2005 e 2006

A média do investimento é de 41.085,93 Euros. Os valores financeiros das ILE variam


entre 2.469,00 Euros e 149.976,00 Euros.

28
4
Conclusões e recomendações
________________________________________

29
Conclusões do estudo e recomendações

A nível global:

▪ Em Portugal, o programa ILE foi criado oficialmente em 1986 através do


despacho normativo n.º 46/86, de 4 de Junho, do Ministério do Trabalho e
Segurança Social, e surge na sequência de recomendações de iniciativa da OCDE
e da então CEE relativamente à adopção de medidas de estímulo às iniciativas
locais enquanto via complementar para a criação de emprego.

▪ A realidade das ILE é frágil, nomeadamente no que se refere a experiência


empresarial e a capitais próprios, bem como no seu contributo (modesto), em
termos quantitativos, para a solução do desemprego.

▪ As ILE visam atingir a viabilidade económica e social. Acontece, porém, que os


meios de que dispõem são, por vezes, de tal modo precários e modestos e o
contexto social em que se inserem tão pouco propício ao seu desenvolvimento,
que os objectivos só parcialmente são conseguidos. No entanto, é preciso dizer
que em regiões desfavorecidas e periféricas do território nacional, ou então em
zonas com problemas económicos, as iniciativas locais de emprego podem
constituir a principal fonte de novos empregos.

▪ As ILE podem desempenhar um papel importante na fixação de certos grupos da


população activa em zonas rurais e interiores (desempregados de longa
duração, mulheres, jovens e deficientes).

▪ Ao criar empregos que correspondem aos recursos e às necessidades locais, as


ILE reforçam a confiança e o espírito de iniciativa local, recriando o tecido
social e económico necessário a um processo de desenvolvimento endógeno e
auto-sustentado.

▪ Em Economia ensinam o conceito de bens escassos e a indispensabilidade de se


fazer a sua óptima utilização. Assim, recursos escassos desperdiçados em
projectos, por mais simpáticos que sejam, acabam por faltar para outros. A

30
vida é feita de escolhas. Por isso, temos que ser eficientes e eficazes na gestão
deste programa.

Entre as conclusões de natureza mais específica, enunciam-se as seguintes:

▪ Um dos obstáculos que se opôs aos nossos intentos de uma análise mais
aprofundada das ILE que chegaram às nossas mãos durante 2005 e 2006,
resultou do desconhecimento de algumas variáveis sociológicas que poderiam
ser importantes para o cruzamento estatístico de dados: idade dos promotores,
habilitações literárias, motivos justificadores do insucesso de algumas
iniciativas.

▪ Genericamente, no Alentejo:

o O problema do desemprego de adultos, principalmente mulheres,


atinge valores elevados;
o Nas áreas rurais escasseiam as oportunidades de emprego para os
jovens, principalmente para os que atingiram níveis de instrução mais
elevados;
o Existe um problema de fixação de mão-de-obra;
o A dimensão do mercado de trabalho não é atractiva de investimentos
de origem exógena;
o O tipo de povoamento, pulverizando o mercado em aglomerados de
pequena dimensão e isolados, apenas permite limiares de
sobrevivência de iniciativas endógenas orientadas para o mercado
local;
o Nas zonas mais rurais o acesso à agricultura, nomeadamente por parte
dos jovens, encontra-se limitado pela posse da terra;
o É difícil identificar novas oportunidades de investimento e de
multiplicar pequenos projectos que possam dinamizar os aglomerados
rurais.

Deste modo, todas as iniciativas de criação de empregos viáveis deveriam beneficiar


de acolhimento prioritário. As ILE poderão ser um instrumento de apoio à
mobilização das capacidades de iniciativa e de recursos locais com vista à criação de

31
actividades tão diversas como as ligadas à introdução de novas culturas agrícolas, à
transformação de produtos agrícolas e pecuários, à cinegética, ou apicultura, ao
turismo rural, aos serviços de manutenção e reparação, etc. ou à valorização das
diversas formas de artesanato.

Com o Simplex – Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa (que engloba


um conjunto de iniciativas que visa a desmaterialização dos actos burocráticos do
Estado, facilitando a vida às empresas e aos cidadãos) deixou de ser necessário o
parecer técnico da CCDR Alentejo sobre as ILE. Assim sendo, o exercício de avaliação
para a CCDR Alentejo deixa de ser possível no futuro. Se esta circunstância não é,
aparentemente, grave, preocupantes são as conclusões do estudo de Rita (2002), no
seu sentido mais abrangente, e que aqui voltamos a sublinhar:

– existem várias bases de dados sobre o programa ILE, mas as mesmas não
são coincidentes umas com as outras relativamente aos campos de
informação que incluem, pois cada uma delas foi construída para
responder às necessidades de várias unidades orgânicas;
– fica por apurar convenientemente informações como a idade dos
promotores, de quem ocupou os postos de trabalho criados, a situação
face ao emprego, os motivos do insucesso de algumas iniciativas ou as
dificuldades encontradas; que a informação dispersa pelas várias bases de
dados não é actualizada simultaneamente em todas elas, sendo frequente
a impossibilidade de determinar qual a mais fiável, designadamente
quanto aos valores de financiamento (empréstimos e subsídios), n.º de
postos de trabalho, a situação do promotor, a verdadeira actividade
exercida, ao tipo de entidade (forma jurídica), etc.;
– não tem havido a preocupação de harmonizar um sistema de informação
único e com actualização “on-line”;
– o único estudo nacional existente sobre o programa data de 1991;
– a DRA-IEFP deixou de fazer relatórios a nível regional ainda antes de
1994;
– a gestão do programa foi feita em função das metas calculadas com base
em execuções anteriores e dos objectivos financeiros e não numa
perspectiva estratégica das necessidades do sistema de emprego regional.

32
Terminamos, referindo que considera-se essencial identificar e disseminar exemplos
de boas práticas e aprender com as experiências de outros projectos, especialmente,
sobre a forma de elaborar, executar, acompanhar e avaliar estratégias. Por outro
lado, deve-se ter presente que influenciar políticas e práticas requer que os grupos
alvo previstos, no que se refere à informação, estejam envolvidos na concepção das
actividades de disseminação. Talvez valha a pena lembrar o óbvio, mas tantas vezes
esquecido: métodos participativos, bem estruturados e que envolvam uma gama
alargada de actores parecem ser particularmente eficazes para o intercâmbio de
informação e para a aprendizagem assente em boas práticas. Por outro lado, parece-
nos importante a necessidade de premiar e apoiar o sucesso empresarial. As políticas
de valorização das pessoas devem contribuir para a construção de um tecido
empresarial, competitivo à escala global.

33
5
Referências bibliográficas
________________________________________

34
Referências bibliográficas

MARTINS, Moisés Adão Lemos (1988), As ILE’s como fenómeno social de raiz
económica e de incidências culturais, Seminário de Sociologia do Trabalho,
Lisboa, Janeiro e Fevereiro de 1987, “A Política Social face às Questões do
Emprego: Que Alternativas?”, Lisboa, ISCTE, pp. 164-178.

MARTINS, Moisés Adão Lemos (1989), Iniciativas Locais de Emprego em Portugal –


Enquadramento no Terceiro Sector, Lisboa, IEFP/Núcleo de Informação e
Relações Públicas, Estudos, n.º 4.

MILANO, Serge (1982), La pauvreté en France, Paris, Éd. du Sycomore.

HENRIQUES, José Manuel; LOPES, R. G.; BAPTISTA, A. J. Mendes (1991), O Programa


ILE em Portugal, Lisboa, Ed. Escher, Col. Estudos Locais, n.º 5.

ROSA, Vítor (1999), Iniciativas Locais de Emprego no Alentejo – estudo de impacte


em 1997/98, Évora, CCDR Alentejo (não publicado).

RITA, José Joaquim Palma (2002), As Iniciativas Locais de Emprego no Alentejo


(1994-2002), Évora, DRA-IEFP (não publicado).

Legislação:

Despacho Normativo n.º 46/86, 4 de Junho, publicado no Diário da República, n.º


127, I Série.

Decreto-Lei n.º 189/96, de 8 de Outubro, publicado no Diário da República, n.º 233, I


Série-A.

Portaria n.º 196-A/2001, de 10 de Março, publicada no Diário da República, n.º 59, I


Série-B, 2.º Suplemento.

Portaria n.º 255/2002, de 12 de Março, publicada no Diário da República, n.º 60, I


Série-B.

35
6
Anexos
________________________________________

36
Anexo 1
Processo administrativo para elaboração do estudo: Informação interna; Ofício a
solicitar a colaboração formal da DR-IEFP.

Anexo 2
Despacho Normativo n.º 46/86, de 4 de Junho, publicado no Diário da República,
n.º 127, I Série.

Decreto-Lei n.º 189/96, de 8 de Outubro, publicado no Diário da República, n.º


233, I Série-A.

Portaria n.º 196-A/2001, de 10 de Março, publicada no Diário da República, n.º


59, I Série-B, 2.º Suplemento.

Portaria n.º 255/2002, de 12 de Março, publicada no Diário da República, n.º 60, I


Série-B.

Anexo 3
Manual de Procedimentos do Programa de Estímulo à Oferta de Emprego,
de acordo com a Portaria n.º 196-A, de 10 de Março, com a redacção que
lhe foi dada pela Portaria n.º 255/2002, de 12 de Março.

37

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