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da gestão educacional
Recursos de gestão para o
educador
Raimundo Márcio Mota de Castro
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Editoração
Produção de Materiais Didáticos
Capa
Toninho Cartoon
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
CDD 371.2
Sobre os autores
Raimundo Márcio Mota de Castro
A segunda parte deste livro que trata sobre “Recursos de Gestão para o
Educador” inicia no quarto capítulo intitulado “Avaliação qualiquantitativa
nas organizações educacionais”. Nesse capítulo a autora discute
sobre os indicadores educacionais, a importância dos mesmos para a
educação, o que são esses indicadores e o que se deve buscar para a
obtenção de uma educação de qualidade. Esse estudo nos permitirá
refletir sobre questões como: quantidade de alunos, qualidade do
ensino e permanência do aluno na escola. A autora também aborda as
avaliações sistêmicas, o que significam e qual é o objetivo delas.
Aspectos qualiquantitativos
da gestão educacional
Capítulo
Pensar a escola e
sua condução: da
1
administração à
gestão escolar
Raimundo Márcio Mota de Castro
Introdução
O segundo milênio da denominada era cristã apresenta em seu
bojo histórico inúmeras mudanças. Em mil anos, vivenciamos
a transição do modus vivendi que a ciência histórica dividiu em
três períodos: a idade medieval, a idade moderna e a idade
contemporânea. Nos últimos anos do século XX, alguns teóricos
defendiam, inclusive, o aparecimento de um novo período: a idade
digital. Discussões à parte, embora haja acordos e desacordos
entre os teóricos da ciência histórica, não é possível ignorar as
complexas e rápidas mudanças que se deram, particularmente,
na segunda metade do século passado.
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
Esquema
1.1 Recorte histórico da constituição da administração geral e na
educação brasileira
1.2 A passagem do conceito de administração ao conceito de
gestão no campo teórico e suas implicações práticas
1.3 A gestão escolar e participação: construindo definições
1.4 A escola enquanto locus do exercício da gestão
6 UNIUBE
Mas, adiante, Kurt Lewin estabelece uma ligação entre a teoria social
e a ação social por meio das ciências do comportamento, contribuindo
relativamente para os estudos da administração.
SAIBA MAIS
PESQUISANDO NA WEB
Teorias
Ênfase Características Principais enfoques
administrativas
Estilos de administração
Corrente baseada na
Teoria das decisões
Teoria do psicologia organizacional
Integração dos
Nas pessoas Comportamento redimensiona e atualiza
objetivos
Organizacional (1957) os conceitos da Teoria
organizacionais
das Relações Humanas.
e individuais
Corrente baseada na
Mudança organizacional
Teoria do psicologia organizacional,
Desenvolvimento redimensiona e atualiza
Planejada abordagem
Organizacional (1962) os conceitos da Teoria das
de sistema aberto
Relações Humanas.
Corrente baseada na
Análise intraorganizacional
sociologia organizacional,
Teoria Estruturalista e análise ambiental
No ambiente procura consolidar e
(1947) abordagem de
expandir os horizontes
sistema aberto
da administração.
10 UNIUBE
Corroborando com essa ideia, Ghiraldelli Junior (2008, p. 25) afirma que:
“A experiência pedagógica dos jesuítas sintetizou‑se em um conjunto de
normas e estratégias chamado de Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos).
O objetivo dessa Ordem era o de “formação integral do homem cristão
de acordo com a fé e a cultura daquele tempo”.
As aulas régias eram aulas avulsas sem que houvesse uma formalização
curricular e integração com os conteúdos de Latim, Grego, Filosofia e
Retórica. Essas aulas eram independentes, com professor único e sem
ligação umas com as outras.
Para atender à elite que chegara junto com a Família Real, D. João VI
criou cursos instrucionais, instituições culturais e educacionais e ampliou
o número de vagas nos cursos que já existiam. A partir de 1808, foram
criados os cursos de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, a Academia
Real da Marinha (1808), a Academia Real Militar (1810), cursos para
a formação de técnicos em economia, desenho técnico, química,
agricultura e indústria. Foi criada, também, a Imprensa Régia (1808),
14 UNIUBE
PESQUISANDO NA WEB
PESQUISANDO NA WEB
IMPORTANTE!
Essas definições estão, aos poucos, sendo construídas, uma vez que,
trazidas para o debate, podem ser transformadas constantemente e,
também, serem reelaboradas como forma de entendimento da realidade
presente. Sendo assim, procuramos com a ajuda de alguns autores uma
definição, ou várias, para construirmos a nossa, do que venha ser gestão.
IMPORTANTE!
Um dado que não pode ser esquecido é que, ao estabelecer relações, seja
de qualquer tipo, o ser humano estabelece muitas relações de poder. Essas
relações também são perceptíveis no cotidiano da escola. Por exemplo,
quando evidenciamos a forte marca política da ação dos dirigentes escolares
e as tramas e redes de poder que se estabelecem, podemos compreender
a gestão escolar como um processo político de disputa de poder que é
disputado explicitamente ou não. Nessa disputa, as pessoas que agem na e
sobre a escola pautam‑se, predominantemente, pelos seus próprios olhares
UNIUBE 29
COMPARANDO
Por outro lado, Lück (2008, p. 35‑48) também aponta outras formas
de participação, das quais também nos apropriamos em nosso texto,
ainda que em linhas gerais, para procurar entender criticamente o
que nos propomos aqui: identificar as definições e potencialidades da
participação.
1. Participação como presença: é participante quem pertence a um
grupo ou organização, independente de sua atuação nele... Nesse
caso, para ter participação basta ao indivíduo estar afiliado, associado
ou estar num ambiente para que tal ação seja entendida como
participação. O estar presente fisicamente é garantia de participação,
e tal participação pode ocorrer por obrigatoriedade, por eventualidade
ou por necessidade e não por intenção e vontade própria. Devido à
atuação passiva e de inércia adotada, as pessoas fazem parte, mas
não são participantes ativos, pois não atuam conscientemente para
construir a realidade de que fazem parte.
2. Participação como expressão verbal e discussão de ideias: é
interpretar o envolvimento de pessoas na discussão de ideias, como
um indicador de sua participação em relação à questão em causa.
A pessoa é incentivada a falar e pode expressar todas as suas
opiniões e ideias – uso da liberdade de expressão – é considerada
como espaço democrático. No entanto, as decisões iniciais não são
modificadas a partir das ideias iniciais. Esse tipo de participação
pode ser verificado em reuniões em que muitos falam – e isso é
considerado positivo, no entanto, ela é apenas verbalização, pois as
decisões já estão tomadas. Expor as ideias não é garantia de tomada
de decisão no processo educativo. Essa participação só pode ser
efetiva se o discurso verbal considerar o diálogo.
3. Participação como representação: a representação é considerada
como uma forma significativa de participação, quando alguém
é delegado a representar nossas expectativas, nossos valores,
nossas ideias. Esse princípio é definido no artigo 14, inciso II, da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96. É a
garantia de participação na escola feita pelos representantes dos
conselhos de pais e mestres, professores, grêmios estudantis, entre
outras organizações. Essa situação pode ser problemática quando se
UNIUBE 33
entende que o simples fato de eleger alguém pelo voto seja garantia
de participação, pois a participação necessita do comprometimento
de todos, o que gera grande problema e tem possibilitado inúmeras
pesquisas, sobre os desafios da participação, uma vez que,
dissociada de uma prática de participação plena, restringe‑se a
simples substituição de pessoas no poder.
4. Participação como tomada de decisão: participar implica
compartilhar poder, vale dizer, implica compartilhar responsabilidades
por decisões tomadas em conjunto como uma coletividade e o
enfrentamento dos desafios de promoção de avanços, no sentido da
melhoria contínua e transformações necessárias.
Identifica-se que a prática participativa na tomada
de decisões em vários estabelecimentos de ensino
tem gerado uma situação de falsa democracia, pela
qual tudo se decide em reuniões com o corpo docente
até sem considerar a relevância da questão para a
realização do projeto pedagógico da escola (LÜCK,
2008, p. 45).
1.5 Conclusão
Uma vez que a escola não pode ser entendida, unicamente, como
célula produtiva de um sistema de capital, ainda que dele não se possa
UNIUBE 39
Por fim, entender a gestão como uma construção é perceber que ela
nada mais é do que o resultado de um longo processo de transformação
histórica, que traz as marcas das contradições sociais e dos interesses
políticos em jogo na sociedade. Desse modo, ao caminho inverso de se
partir de um conceito de
administração abstrato e geral, deve‑se entendê‑la como expressão
abstrata de relações que são “historicamente determinada pelas relações
econômicas, políticas e sociais, que se verificam sob o modo de produção
capitalista [...]” (PARO, 1999, p. 18).
Resumo
A ação educacional sempre ocupou lugar de destaque nas práticas
humanas, desde o homem caçador/coletor ao homem contemporâneo
da era digital. Isso porque, ao contrário das outras espécies, o homem
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Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Referências
ANDREOTTI, Azilde Lina. A administração escolar na era Vargas e no nacional
desenvolvimentismo (1930‑1964). In: Revista HISTEDBR. Campinas:
Editora da Unicamp, ago. 2006, p. 102‑123. Disponível em: <http://www.
histedbr.fae.unicamp.br/art7_22e.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2009.
Introdução
Conforme mencionamos no capítulo anterior, a administração é
uma prática humana. Vimos que sua consolidação aconteceu
lentamente no âmbito das diversas instituições. E que, na escola,
sua exigência configura‑se como gestão atrelada ao adjetivo
“democrática”, permitindo que se possa construir uma escola em
que a participação seja efetivamente realizada a fim de possibilitar
educação de qualidade capaz de produzir um cidadão crítico e
autônomo, fazedor de história.
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• compreender os mecanismos estruturais da educação
brasileira como produtores normativos para gestão escolar;
• entender o processo de gestão e organização escolar,
observando a estrutura organizacional da escola e seus
diversos organismos;
• analisar a importância do Projeto Político‑pedagógico como
mecanismo de garantia da democratização e efetivação da
gestão democrática;
• inferir sobre o papel dos profissionais da educação e dos
movimentos associativos na organização do sistema de
ensino e na organização escolar.
Esquema
2.1 A organização do ensino no Brasil: os sistemas educacionais
e os níveis e modalidades de ensino
2.2 A gestão e a organização escolar: conhecendo a estrutura
básica das escolas
2.3 As funções do sistema de organização e gestão escolar:o pla
nejamento-o Projeto Político-pedagógico e seus desdobramen
tos (plano de ensino e plano de aula); organização, direção ou
coordenação e avaliação
2.4 O papel do professor na gestão democrática
O sistema federal
O sistema federal de ensino, sob a responsabilidade do Governo Federal
(União), refere‑se às instituições, aos órgãos, às leis e normas que regem
o sistema de educação também no âmbito dos estados e municípios, nos
seus respectivos sistemas de ensino. Compreende as instituições de
ensino mantidas pela União; as instituições de educação superior, criadas
e mantidas pela iniciativa privada; e os órgãos federais de educação.
Desse modo, cabe ao sistema federal supervisionar e inspecionar as
diversas instituições privadas de educação superior.
O sistema estadual
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 239),
[...] os sistemas estaduais de ensino e do Distrito
Federal compreendem as instituições de ensino
mantidas, respectivamente, pelo poder público estadual
e pelo Distrito Federal; as instituições de educação
superior mantidas pelo poder público estadual; as
instituições de Ensino Fundamental e médio criadas e
mantidas pela iniciativa privada; os órgãos de educação
estaduais e do Distrito federal. No Distrito Federal, as
instituições de educação infantil, criadas e mantidas
pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino.
O sistema municipal
A Constituição Federal de 1988 reconheceu, pela primeira vez, o
município como uma instância administrativa, possibilitando-lhe, no
campo educacional, a organização de seus sistemas de ensino em
colaboração com a União e os Estados, sem, no entanto, poderem
legislar sobre ele. A Constituição Federal prescreveu que os municípios
deverão atuar, sobretudo no Ensino Fundamental, tanto na zona urbana,
quanto na zona rural e na pré‑escola, priorizando o atendimento às
crianças de 0 a 5 anos, nas creches e pré‑escolas.
Níveis de ensino
Depois de termos percebido o funcionamento da educação brasileira
na esfera dos sistemas que a compõe, vamos observar os níveis e
modalidades educacionais.
Modalidades de ensino
A LDB 9.394/96 apresenta três modalidades de ensino que permeiam
os níveis citados acima, a saber: Educação de Jovens e Adultos,
Educação Profissional e Educação Especial. Podemos ainda falar de
outras modalidades que, apesar de não configurarem o texto legal como
tal, são assim consideradas por sua articulação intrínseca aos níveis de
ensino, que são: educação a distância e educação indígena. Esta última
é justificada pela existência de comunidades indígenas em algumas
regiões do país.
UNIUBE 57
PESQUISANDO NA WEB
Podemos então inferir com Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 293) que
[...] a organização e a gestão constituem o conjunto
das condições e dos meios utilizados para assegurar o
bom funcionamento da instituição escolar, de modo que
alcance os objetivos educacionais esperados.
Após visualizarmos o gráfico que nos possibilita ter uma ideia de toda
organização da escola, vamos então falar um pouco sobre cada uma das
instâncias apontadas como parte da organização escolar:
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Direção
O diretor deve assumir o papel de coordenador das atividades gerais
da escola e, nesse sentido, um conjunto de responsabilidades a serem
partilhadas com os diferentes segmentos da comunidade escolar. Se, há
alguns anos, o diretor centralizava em suas mãos a tomada de decisões e
pouco partilhava com a comunidade local e escolar, hoje, a democratização
das relações escolares e a rediscussão das formas de escolha dos
diretores começam a interferir nessa lógica tradicional de gestão. Isso
quer dizer que a organização e a gestão da escola passam a ser assunto
dos diferentes segmentos que compõem a comunidade local e escolar.
Setor técnico-administrativo
O setor técnico‑administrativo responde pelos meios de trabalho
que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da escola.
É responsável pelos serviços auxiliares de zeladoria, vigilância
e atendimento ao público e pelo setor de multimeios: biblioteca,
laboratórios, videoteca etc.
IMPORTANTE!
O setor pedagógico
O setor pedagógico envolve as atividades de coordenação pedagógica
e de orientação educacional. O coordenador pedagógico tem como
atribuição prestar assistência aos professores e ao relacionamento com
os pais e a comunidade.
IMPORTANTE!
Corpo docente
O corpo docente é o conjunto dos professores em exercício na escola,
cuja função básica consiste em contribuir com o processo de ensino e
aprendizagem. Os professores de todas as disciplinas formam, junto
com a direção e os especialistas, a equipe escolar. Os professores têm
66 UNIUBE
O grêmio estudantil
O grêmio estudantil, instituição auxiliar, é uma entidade representativa
dos alunos, criada por lei, que lhes confere autonomia para se
organizarem em torno de seus interesses, com finalidades educacionais,
culturais, cívicas e sociais, ou seja, é uma das formas de organização e
participação estudantil nos espaços de gestão da escola.
Planejamento
Perceber o significado da escola e suas complexas relações no sistema
educacional, bem como com a sociedade, tornou‑se uma exigência
imprescindível para garantir um planejamento que possa ser de fato
participativo.
O planejamento escolar
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2. EMENTA
Trata‑se de uma apresentação sintética dos objetivos e conteúdo a serem elaborados na
disciplina. Por meio dela, se pode ter noção imediata do conhecimento a ser produzido na matéria.
3. OBJETIVOS
Objetivo geral:
Utilizando verbos no infinitivo, deve apresentar o propósito daquilo que se vai estudar e o que
se pretende alcançar com o mesmo a longo prazo. Devem ser consideradas as habilidades,
competências e atitudes descritas no perfil do aluno a ser formado, constante no Projeto
Político‑pedagógico. São estruturados por verbos que dão ideia ampla tais como: compreender,
atualizar, saber, valorizar etc.
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Objetivos específicos:
Aqui, utilizando verbos no infinitivo, detalham‑se as ações que serão propostas para o alcance do
objetivo geral. Neste sentido, devem ser propostas ações de curto prazo, relativas às unidades
de conhecimento. Geralmente, cada objetivo específico torna‑se o objetivo geral de cada unidade
de estudo, assim, para quantas unidades de estudo existirem, haverá o mesmo número de
objetivos específicos.
4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
O conhecimento escolar encontra‑se dividido em diversas áreas, temos: História,
Geografia, Português, Ciências, Matemática etc., sendo que cada uma delas engloba
inúmeros conhecimentos. Deste modo, quando falamos em conteúdo programático nos
referimos às partes do conhecimento que serão abordadas num determinado momento
do estudo.
Assim, ao elaborar tal conteúdo, o professor deverá contemplar que os mesmos devem
ser sempre contextualizados e estarem articulados com conhecimentos anteriores e
como base para conhecimentos posteriores. Até porque se acredita que a aprendizagem
só acontece quando ocorre uma relação significativa com a vida do aluno.
5. METODOLOGIA
Aqui serão descritos os meios e as técnicas de ensino a serem utilizados pelo professor
para a facilitação da aprendizagem. Lista‑se o tipo de aula, descrevendo se será
teórica ou prática; se será expositiva e que tipo de recurso empregado (PowerPoint,
quadro negro etc.). Enfim, as inúmeras atividades que podem ser realizadas em sala
para o alcance dos objetivos de estudo.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Básicas:
Trata‑se das fontes bibliográficas que serão efetivamente empregadas em sala de aula.
É a partir delas que o professor desenvolverá os conteúdos e até mesmo atividades a
serem realizadas em suas aulas. Geralmente, tais fontes são os livros didáticos.
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Complementares:
São livros, artigos de periódicos entre outros materiais que têm o objetivo de
complementar a bibliografia básica.
9. PARECER
Discente proponente:
Assinatura
__________________________________
Assinaturas de aprovação:
Diretor Coordenador
________________________ ___________________________
Objetivos
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
Metodologia
Recursos
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Avaliação
Bibliografia
Organização
Tendo por base Libâneo (2008), chegamos à segunda função ou
elemento da organização e gestão da escola, que o autor denomina de
organização propriamente dita (p. 205).
Organizar significa dispor de forma ordenada, dar uma
estrutura, planejar uma ação e prover as condições
necessárias para realizá‑la. Assim, a organização
escolar refere‑se aos princípios e procedimentos
relacionados à ação de planejar o trabalho da escola,
racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros,
intelectuais etc.) e coordenar e avaliar o trabalho das
pessoas, tendo em vista a consecução de objetivos
(LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 316).
Essas implicações que parecem ser meramente físicas, mas que afetam
diretamente toda a vida organizativa do ambiente escolar, são uma das
muitas funções decisivas da gestão. Uma vez que a gestão é “a atividade
pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir os objetivos
da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e
técnico-administrativo” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 318).
Direção ou coordenação
Podemos nos perguntar se numa gestão democrática há necessidade
de um diretor ou coordenador? Se em nossa mente temos a consciência
de uma gestão participativa e de fato democrática, a resposta é sim, pois
essa função tem a natureza política, isto é, o que o diretor da escola
desenvolve é um conjunto de ações políticas: a administração escolar
configura‑se, antes de mais, em ato político, na medida em que requer
sempre uma tomada de posição (DOURADO, 2000, p. 82).
84 UNIUBE
Mas é preciso ficar claro que não se trata de qualquer política, estamos
falando de uma política pedagógica, ou seja, das ações no campo da
política que não podem ser desvinculadas da face fundamental do
trabalho escolar: a formação do homem. Desse modo podemos então
dizer que a função do diretor é a de coordenar o trabalho geral da escola,
lidando com os conflitos decorrentes especialmente das relações de
poder, mas encaminhando e/ou solucionando os problemas desse
cotidiano objetivando sempre o melhor para o desenvolvimento da função
pedagógica da escola. Ou ainda, nas palavras de Saviani (1996, p. 207):
“O diretor apresenta‑se [...] como responsável máximo no âmbito da
unidade escolar e seu papel poderia ser definido genericamente nos
seguintes termos: garantir o bom funcionamento da escola”.
Avaliação
Tenho quase certeza de que em algum momento nos sentimos
amedrontados no momento de uma avaliação. Podemos perguntar então:
para que serve a avaliação? Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 350)
a destacam como “função primordial do sistema de organização e de
gestão”. Libâneo (2008, p. 237), ao analisar a avaliação dos sistemas
escolares, afirma que “avaliação é um termo geral que diz respeito a um
conjunto de ações voltadas para o estudo sistemático de um fenômeno,
uma situação, um processo, um evento, uma pessoa, visando a emitir
um juízo valorativo [...]”.
2.5 Conclusão
Resumo
A educação como ação humana constitui‑se de uma relação complexa.
Neste sentido precisa ser repensada constantemente. A escola como
local dessa relação social torna‑se ponto de convergência de toda ação,
organização e poder que a educação produz. No entanto, essas relações
não se dão apenas na escola, mas abrangem um aspecto macro: as
políticas educacionais.
Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Justificativa:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Justificativa:
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Justificativa:
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Justificativa:
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Justificativa:
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Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Referências
BAFFI, Maria Adelia Teixeira. O planejamento em educação: revisando
conceitos para mudar concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de
Paiva. Pedagogia em foco, Petrópolis, 2002. Disponível em: <http://
www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm> Acesso: 5 maio 2011.
Introdução
Muitas são as mudanças ocorridas nas últimas décadas e que
refletem decisivamente em relação à educação: científicas,
tecnológicas e culturais. A reestruturação produtiva em pleno vapor
impõe novas palavras de ordem, paradigmas e sustentam uma
nova forma de agir e pensar em relação a um mundo cada vez
mais globalizado, unificado e ao mesmo tempo fragmentado.
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• abordar as situações e os problemas da organização
escolar nos seus diferentes aspectos internos e externos,
estabelecendo relações entre decisões sistêmicas e
decisões tomadas na escola, na perspectiva de uma gestão
democrática e participativa;
• desenvolver conhecimentos e habilidades em relação à
organização e à gestão escolar, tendo em vista melhorias no
processo ensino‑aprendizagem;
• identificar o conjunto de ações, recursos, meios e
procedimentos da gestão administrativa escolar, para o
alcance dos objetivos de ensino.
Esquema
3.1 Compreendendo mudanças, situando o trabalho de gestão da
escola
3.2 Do improviso a uma ação reflexiva: primeiros passos
3.3 Ações facilitadoras para a superação na formação de uma
nova cultura organizacional
3.4 As funções de um gestor na perspectiva de uma gestão
democrático-participativa
3.5 Arquitetura do perfil do gestor escolar
COMPARANDO
É certo que quem não planeja improvisa. Age na incerteza e, como diz
um ditado, popular “apaga incêndios”. A improvisação torna o trabalho
fragmentado e as ações não são acompanhadas de reflexões, do
conhecimento e análise da realidade da escola. E, se não tiver um
cuidado nesse processo, em vez de descentralização, estaremos tratando
e validando o que podemos chamar de desconcentração, conforme
aponta Lück ( 2000, p. 19):
É em decorrência de tal situação que, em muitos
casos, pratica-se muito mais a desconcentração, do
que propriamente a descentralização, isto é, realiza‑se
a delegação regulamentada da autoridade, tutelada
ainda pelo poder central, mediante o estabelecimento
de diretrizes e normas centrais, controle na prestação
de contas e a subordinação administrativa das unidades
escolares aos poderes centrais, em vez de delegação
de poderes de autogestão e autodeterminação na
gestão dos processos necessários para a realização
das políticas educacionais.
EXEMPLIFICANDO!
Escola “X”
A Escola “X” aplica ao final do ano a toda sua comunidade uma avaliação
institucional. Esta é interpretada junto com as avaliações sistêmicas da
aprendizagem dos alunos. Com todas essas informações são levantadas
as fragilidades e potencialidades dessa escola em relação ao seu objetivo
maior que é garantir a efetividade das aprendizagens dos seus alunos.
UNIUBE 103
Ao final do ano, uma nova avaliação institucional foi aplicada, e o que era
fragilidade tornou‑se potencialidade, o que foi refletido no resultado da
avaliação sistêmica nas questões em que a leitura e a interpretação foram
requisitos.
Escola “Y”
A Escola “Y” não realiza uma avaliação institucional regularmente. São tantas
atividades acontecendo ao mesmo tempo, e muitas vezes sem relação uma
com a outra, que, num mesmo espaço, um professor não faz ideia do que
acontece na turma ao lado da sua. Muitas vezes, o professor chega à sala sem
haver nem giz para o quadro negro. O gestor dessa escola, mesmo trabalhando
os três turnos, não consegue resolver todos os problemas. Talvez por conta
disso, a escola foi classificada com um dos piores resultados na Prova Brasil.
Se você constatou que todos os itens acima são meios para que a escola
atinja o seu objetivo, que é de garantir a aprendizagem dos alunos, você
percebeu a distinção dos meios e dos fins do processo e do resultado
do trabalho escolar.
IMPORTANTE!
Por que será que os professores têm essa concepção? O que acontece na
prática?
PESQUISANDO NA WEB
PESQUISANDO NA WEB
Desde que não exista uma lacuna entre o trabalho desenvolvido pela
escola e o que de fato está sendo cobrado na prova escrita, essa
avaliação pode ser importante para o processo ensino‑aprendizagem.
Enquanto existir a discrepância entre o dito e o feito, continuaremos a
utilizar o resultado dessa avaliação para fins classificatórios.
Cada escola tem como acessar a sua média no site do Inep e, em posse
dessas informações, a comunidade da escola coordenada pelo gestor
poderá analisar o seguinte.
110 UNIUBE
• Até que ponto o que está sendo avaliado nessa prova é o que está
sendo trabalhado na sala de aula pelos professores?
• Como está nossa escola em relação ao sistema de ensino brasileiro
de maneira geral na proficiência em Língua Portuguesa?
• O que será necessário fazer para melhorar nosso desempenho?
IMPORTANTE!
Imaginem um aluno que, ao pegar um jornal, vê a sua escola como uma das
últimas colocadas no ranking de avaliação. Pois é, isso acontece! É fato que
a imprensa adora divulgar as melhores e piores escolas, faculdades, cursos.
Por isso, é necessário que a escola tenha o seu projeto que seja
pedagógico e seja também político. Esse projeto só poderá ser construído
por meio de ações coletivas, de proposição de metas e objetivos que
sejam compartilhados, que busquem a superação de dificuldades de
forma solidária, superando “o isolamento, o individualismo, a resistência
a mudanças, o conformismo, a indiferença, o imobilismo” (LIBÂNEO,
2006, p. 388).
Desse modo, segundo Perez, (2000, p. 97) apud Libâneo (2004, p. 389)
“Os alunos aprendem democracia vivendo e construindo sua comunidade
democrática de aprendizagem e de vida”.
EXEMPLIFICANDO!
Para que todas essas ações passem a fazer parte de uma nova maneira
de organizar a escola, é preciso que o gestor acredite nessa forma de
gestão e exerça a sua função na plenitude da natureza do seu cargo!
120 UNIUBE
EXEMPLIFICANDO!
Não foi por acaso que o diretor passou a ser o gestor ou similar. Não é
uma simples troca de nome, mas o reconhecimento do espaço‑escola,
caracterizada por uma cultura organizacional própria e dialética, em que
dialoga‑se consensualmente ou em eterno conflito de relações marcadas
por resistências, contradições e utopias.
Percebe‑se que, se isso não estiver claro, o acordo será mais um documento
burocrático que não significará uma mudança substancial nos reais problemas
da educação. E mais, será que o problema é proficiência no Proeb?
e decisão que a escola deve tomar para si, como validadora de suas
ações, e credibilidade da sociedade. Neste momento, reconhecemos na
autoavaliação institucional e de resultados, o instrumento norteador das
ações e definidor de metas.
Talvez seja por este fato que consideramos que as funções pedagógicas,
no momento, merecem uma atenção maior por parte do gestor, pois
é preciso que a mudança da nomenclatura de diretor para gestor seja
acompanhada de uma mudança de mentalidade, de cultura.
ensino. Por isso, mais uma vez insistimos em dizer que o gestor tem de
assumir a sua função pedagógica e se comprometer com a construção
de uma escola pública de qualidade.
EXEMPLIFICANDO!
IMPORTANTE!
Conduzir esse processo pode não ser uma tarefa fácil, mas é
urgentemente necessária.
Nesse sentido, vamos encontrar gestores que acham que essa é tarefa
específica do coordenador/supervisor pedagógico. No entanto, é função
do gestor acompanhar os problemas de aprendizagem e buscar soluções
conjuntas para a superação desses problemas. Deve ir às salas de aula,
mostrar interesse pela aprendizagem dos alunos e ter contato com os
professores para saber sobre as suas dificuldades e, inclusive, procurar
saber os resultados positivos que eles têm conseguido com os seus alunos.
E por que não aproveitar a vinda desses pais para falar também do
processo e não só do resultado? Se for apenas para ver as notas ou
conceitos do boletim, este poderia, apenas, ser enviado para a casa do
aluno. O pai ou a mãe vai à escola porque quer saber como é o seu filho
na sala de aula, o que o professor tem ensinado, enfim, quer participar
da vida escolar.
Será que os pais são chamados à escola para tomar decisões ou referendar
decisões que já foram tomadas?
Um gestor escolar toma decisões a todo instante. Mesmo tendo por base
a participação da coletividade, algumas situações do dia a dia, carecem
de definições imediatas.
Não pode ter o direito de agir sem refletir, mas o gestor deve dizer à sua
equipe o que deve ser feito ou não em determinadas situações, não agir
apenas passivamente diante das demandas do sistema de ensino, ou
mesmo em função de influências pessoais.
EXEMPLIFICANDO!
Situação-problema:
São 11h15 e o professor de Matemática da turma do 9o ano B ainda não chegou
para dar a última aula do turno. Ele não tem um professor substituto e ninguém
da coordenação pode ficar com a turma. O gestor tem uma importante decisão
a tomar: o que fazer? Do ponto de vista dos alunos, liberar a turma seria ideal.
Do ponto de vista dos pais isso seria inviável, pois os alunos ficariam soltos pela
rua. O próprio sistema rejeita essa solução. Pensou em distribuir os alunos em
outras turmas. Pensou também em entregar material esportivo e deixar os
alunos soltos na quadra. Talvez mandá‑los à biblioteca.
UNIUBE 137
EXEMPLIFICANDO!
Situação-problema:
A escola todo ano participa de um concurso de poesia na sua cidade. Neste
ano, a escola ganhou o concurso, e foi premiada com um computador, assim
como o aluno da turma do 8o ano. A gestora da escola achou estranho
que o ganhador era um aluno que não tinha facilidade para produzir textos
escritos e chamou a professora para parabenizá‑la pelo trabalho feito com
o aluno. Chamou também o aluno, para contar‑lhe que seria homenageado
no próximo evento da escola. Nisso, o aluno começa a chorar e conta que o
texto não foi produzido por ele, mas por uma prima de outra escola.
Isso não significa ser passivo, ou ser passado para trás. Mas significa ser
humano. Entender que um lado tem sempre outros lados. Um mesmo
problema pode ser visto por diferentes pontos de vista.
Educamos mais pelo que somos, pelos nossos princípios que norteiam a
nossa conduta, do que pelo o que falamos. Temos por obrigação vivenciar
coerentemente nossos valores. Se nos indignamos com a opressão, não
podemos oprimir. Se tivermos aversão pela corrupção, temos de analisar
140 UNIUBE
IMPORTANTE!
Devemos lembrar que temos toda uma legislação pertinente a este assunto. A
falta de zelo é chamada de improbidade administrativa. É o gestor que deverá
responder até mesmo criminalmente em atos que caracterizem a falta de
zelo. No momento em que assume a responsabilidade por um órgão público,
torna‑se um agente do Estado para os cuidados com a propriedade pública.
Não queremos aqui reforçar que o gestor será o único responsável. Mas
através do seu discurso e do seu exemplo, todos aprenderão a cuidar e
a zelar a sua sala de aula, os móveis, os equipamentos, os materiais, ou
seja, tudo que está na escola.
3.6 Conclusão
Resumo
Ao longo do capítulo, procuramos mostrar como a gestão da escola se
relaciona interna e externamente, e os aspectos qualiquantitativos do
trabalho. Para isso, revisitamos a legislação educacional, bem como as
ferramentas de controle que a escola está submetida enquanto parte de
um sistema educacional.
Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Você se tornou gestor de uma escola pública. Hoje é o seu primeiro dia
de trabalho. Marcou então uma reunião com todos os profissionais da
escola e representantes dos alunos e da comunidade. Preparou uma
apresentação de suas metas enquanto gestor. Escreva aqui quais seriam
essas metas.
Atividade 4
Atividade 5
Escreva algumas habilidades que o gestor deve ter para que seja
garantida a efetiva participação das comunidades interna e externa nas
decisões da escola.
Referências
ANTUNES, Camila; TODESCHINI, Marcos. Educar é medir, ter metas
e cobrar. Veja. São Paulo: Editora Abril, edição 2014, jun. 2007.
UNIUBE 145
ARANHA, Ana. O professor passou cola. Época. 19 nov. 2009. Disponível em:
<http:// revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI105833‑15228,00‑
+PROFESSOR+PASSOU+COLA.html>. Acesso em: 8 ago. 2011.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 6. ed. São Paulo: Olho d’Água, 2001.
VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho; BRITO, Regina Helena Pires de.
Conceitos de educação em Paulo Freire. Petrópolis: Vozes, 2006.
VEIGA, Ilma P. A. Projeto Político Pedagógico da escola: uma construção coletiva. In:
(Org.). Projeto Político Pedagógico: uma construção possível. 3. ed. Campinas:
Papirus, 1997.
Introdução
Ao longo de seu curso, você já deve ter estudado muito a respeito
da avaliação. Em geral, as pessoas não gostam muito de avaliar,
pois remete a experiências não muito positivas.
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• Compreender a importância de se realizar avaliação nas
organizações educacionais.
• Desconstruir conceitos negativos de avaliação e construir um
conceito positivo de avaliação.
• Identificar modalidades de avaliação em educação.
• Analisar alguns indicadores de qualidade da educação,
estabelecendo uma relação entre quantidade e qualidade.
• Aplicar indicadores de qualidade da Educação Infantil na
autoavaliação de creches e pré‑escolas.
• Conhecer a legislação vigente e as políticas públicas, que
• norteiam os processos avaliativos dentro das organizações
• educacionais.
• Conhecer as políticas de avaliação do Ensino Fundamental e
• Médio.
Esquema
4.1 O que é avaliar
4.2 A legislação vigente e as políticas públicas de avaliação
educacional
4.3 Parâmetros e Indicadores Nacionais de Qualidade para a
Educação Infantil
UNIUBE 151
Pode ser que você não se sinta mal, que se sinta até confortável com a
avaliação. Mas, na maioria das vezes, quando fazemos essas mesmas
perguntas em sala de aula ou em palestras, as pessoas descrevem um
sentimento ruim, se sentem desconfortáveis, muitas chegam a desenhar
verdadeiros monstros para representar a avaliação.
Deixe suas ideias registradas. Prossiga com a leitura e, depois, volte a este
ponto do texto para reler o que você escreveu.
Então, continuemos!
Será preciso sempre aplicar a avaliação informal para que a tensão não se
estabeleça?
Será possível avaliar formalmente sem tensão?
EXPLICANDO MELHOR
E é por esse motivo que estamos realizando este estudo. Para que você,
futuro(a) educador(a), quando estiver em organizações educacionais,
colabore com a criação de um programa de avaliação que mude essa
concepção negativa.
UNIUBE 155
SAIBA MAIS
Introdução
O Brasil alcançou importantes avanços na cobertura
educacional nos últimos anos, atingindo, para as
crianças de 7 a 14 anos, taxas comparáveis às dos
países mais desenvolvi
dos do mundo. Em 2003, a frequência escolar
nesta faixa etária alcançou 97,2%. A taxa líquida de
matrícula no Ensino Fundamental teve registro de
94%, sendo alta também para diferentes regiões do
país (Norte – 93%; Nordeste – 92%; Sudeste – 95%;
Sul – 96%; Centro‑Oeste – 94%), faixas de renda
(20% mais pobres – 91%; 20% mais ricos – 96%),
raças (brancos – 95%; negros e pardos – 93%),
gênero (homens – 93%; mulheres – 94%), zonas de
domicílio (urbana – 94%; rural – 92%).
Os indicadores de matrícula mostram uma
irrefutável redução das desigualdades de acesso
ao Ensino Fundamental em nosso país. Há,
contudo, grandes desafios a serem enfrentados
na Educação Básica no país. É preciso ampliar o
acesso à Educação Infantil (atribuição prioritária dos
municípios) e Ensino Médio (atribuição prioritária
dos estados). A taxa líquida de matrícula nesses
níveis de ensino são respectivamente 34% e 43%.
É necessário também trabalharmos para a urgente
melhoria da qualidade do ensino ofertado em
nossas escolas. Os indicadores de aprendizagem
do Saeb para o Ensino Fundamental em Língua
Portuguesa e Matemática apontam índices críticos,
com resultados piores no Nordeste brasileiro.
Desse modo, embora as desigualdades tenham
sido reduzidas, em relação ao acesso ao Ensino
Fundamental, dados dos sistemas de ensino
mostram que ainda persistem desigualdades
quanto aos resultados educacionais alcançados
por diferentes segmentos da população,
comprometendo assim a universalização do Ensino
Fundamental, uma vez que nem todos concluem
este nível de ensino.
A garantia do direito à educação não se resume à
provisão de matrícula. Devem‑se assegurar meios
capazes de proporcionar aos alunos condições
de permanência, aprendizagem e conclusão,
conduzindo assim ao aumento do nível de
escolarização da população.
160 UNIUBE
SAIBA MAIS
Indicadores de qualidade
Para ilustrar a importância desses indicadores na
elaboração de políticas públicas, alguns serão
analisados, bem como será destacada parte das
boas e más notícias veiculadas. Entre as notícias
recentes e boas, está a melhoria das taxas de
escolarização no Brasil nos últimos anos. Se, por
exemplo, em 1990, o número médio de anos de
escolaridade da população brasileira era de quase
quatro anos, em 2001 passou para seis, sendo que
a taxa de escolarização líquida da população entre 7
e 14 anos se aproxima atualmente de 98% [...].
Para os responsáveis pelo Ensino Fundamental,
esses indicadores são importantes porque ajudam
a traçar um diagnóstico da situação educacional
do município em relação ao acesso e à repetência
escolar. São indicadores particularmente úteis aos
dirigentes de educação para identificar eventuais
problemas de fluxo escolar e para subsidiar a
definição de metas no PME, além de permitir
comparar as taxas de repetência do município com
as taxas do Brasil.
Para o Brasil como um todo, os dados sobre acesso
e repetência escolar no Ensino Fundamental
evidenciam que a expansão da Educação
Básica não foi acompanhada de medidas que
lhe assegurassem as condições necessárias
e fundamentais para garantir e melhorar a
aprendizagem dos alunos. Como já foi dito, o tema
da qualidade da educação brasileira envolve,
entre outros fatores, o desempenho dos alunos.
Esta dimensão da qualidade pode ser abordada
com base nos resultados do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (Saeb) sobre o
desempenho em Língua Portuguesa. Os resultados
do Saeb mostram que a média de proficiência em
leitura, entre 2001 e 2003, dos alunos da 4ª série
do Ensino Fundamental aumentou 4,3 pontos em
comparação com os ciclos anteriores de avaliação
(BRASIL, 2006, p. 137‑138).
162 UNIUBE
Significa que a União (instância federal) precisa dos dados das avaliações
dos sistemas de ensino dos Estados e dos Municípios para, a partir daí,
definir as prioridades de investimento em Educação.
PESQUISANDO NA WEB
Caso você queira saber mais sobre como as avaliações aplicadas nas
escolas podem colaborar com as Políticas Públicas Nacionais de Educação
em nosso país, acesse o site:
164 UNIUBE
<www.mec.gov.br>
O site do MEC deve ser sempre visitado pelos profissionais da educação.
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
4.3.2 O Saeb
SAIBA MAIS
Saeb
Prova Brasil
A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) são avaliações para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep/MEC). Têm o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo
sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários
socioeconômicos.
Nos testes aplicados na 4ª e 8ª séries (quinto e nono anos) do Ensino
Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, os estudantes respondem a
itens (questões) de língua portuguesa, com foco em leitura, e matemática,
com foco na resolução de problemas. No questionário socioeconômico, os
estudantes fornecem informações sobre fatores de contexto que podem
estar associados ao desempenho.
Professores e diretores das turmas e escolas avaliadas também respondem
a questionários que coletam dados demográficos, perfil profissional e de
condições de trabalho.
A partir das informações do Saeb e da Prova Brasil, o MEC e as secretarias
estaduais e municipais de Educação podem definir ações voltadas ao
aprimoramento da qualidade da educação no país e a redução das
desigualdades existentes, promovendo, por exemplo, a correção de
distorções e debilidades identificadas e direcionando seus recursos técnicos
e financeiros para áreas identificadas como prioritárias.
As médias de desempenho nessas avaliações também subsidiam o cálculo
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ao lado das taxas
de aprovação nessas esferas.
Além disso, os dados também estão disponíveis a toda a sociedade que, a
partir dos resultados, pode acompanhar as políticas implementadas pelas
diferentes esferas de governo. No caso da Prova Brasil, ainda pode ser
observado o desempenho específico das escolas públicas urbanas do país.
Provinha Brasil
A Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica aplicada aos alunos
matriculados no segundo ano do Ensino Fundamental. A intenção é
oferecer aos professores e gestores escolares um instrumento que permita
acompanhar, avaliar e melhorar a qualidade da alfabetização e do letramento
inicial oferecidos às crianças. A partir das informações obtidas pela avaliação,
os professores têm condições de verificar as habilidades e deficiências dos
estudantes e interferir positivamente no processo de alfabetização, para que
todas as crianças saibam ler e escrever até os oito anos de idade, uma das
metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
UNIUBE 171
4.4 Conclusão
Resumo
• Indicadores são sinais que revelam aspectos de determinada
realidade e que podem qualificar algo. Quando os indicadores se
alteram significa que algo mudou na educação.
• O acesso à Educação Fundamental é importante, mas é preciso
levar em conta, também, o fluxo e a aprendizagem escolar.
• A quantidade não determina a qualidade em educação, mas
possibilita que se alcance uma qualidade maior, pois não podemos
falar em qualidade quando a oferta é para poucos.
• Além do acesso, é preciso possibilitar que a criança permaneça na
UNIUBE 173
Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional 9.394/96. Brasília, DF, 1996.
Introdução
Neste capítulo, você irá conhecer e aprofundar seus
conhecimentos sobre como trabalhar com as dinâmicas de grupos
nas instituições escolares e nas organizações.
Me assombro.
Entre os meus
Encontro os seus.
Pois é...
A vida é dura...
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• conceituar dinâmica de grupo;
• identificar os atributos da dinâmica de grupo;
• relacionar os principais aspectos que deram origem ao estudo
• da dinâmica de grupo;
• identificar o uso de técnicas de dinâmica de grupo no contexto
das instituições escolares e das organizações;
• organizar‑se para aplicar uma técnica de dinâmica de grupo.
Esquema
5.1 O que é dinâmica de grupo?
5.2 Histórico
5.3 A importância da dinâmica de grupo
5.4 Para que serve a dinâmica de grupo
5.5 O grupo e o indivíduo
5.6 Definição de grupo
5.7 Seleção e grupamento
5.8 Atributos de um facilitador
5.9 Técnicas usadas na dinâmica de grupo
5.10 Tipos de dinâmica de grupo
5.11 A dinâmica de grupo nas instituições de ensino
5.12 A dinâmica de grupo nas organizações
5.13 Planejando uma dinâmica de grupo
180 UNIUBE
5.2 Histórico
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
O termo dinâmica de grupo foi estudado por inúmeros teóricos, tais como
Lewin, Moreno, Cartwright e Zander, Weil. Procure saber por outras fontes qual
a linha de pesquisa de cada um deles.
IMPORTANTE!
Para Joseph Luft, a dinâmica de grupo não pode e não deve fazer mais do
que permitir ao indivíduo a aprendizagem da autonomia e da liberdade em
relação ao outro, sem deixar de respeitar os valores e as singularidades
próprias de cada um (LUFT, 1968, p. 11).
O grupo funciona para o indivíduo como o útero para o feto: quando ele
nasce, já encontra a sociedade existente, sendo forçado a socializar‑se. A
socialização marca de tal modo o indivíduo que a interação passa a ser a
própria natureza humana. O grupo assim serve como elemento mediador
entre o indivíduo e a sociedade, podendo ser usado como instrumento de
miniaturização das situações sociais para efeito de estudos sociológicos.
IMPORTANTE!
• coesão
• coerção
• pressão social
• atração
• rejeição
• resistência à mudança
• interdependência
• equilíbrio
TROCANDO IDEIAS!
A afirmativa “A união faz a força” tem sentido com o tema que estamos
abordando?
TROCANDO IDEIAS!
PONTO-CHAVE
Jogos
Jogo é o exercício no qual os participantes se envolvem em uma disputa
com uma pessoa ou com um grupo de pessoas. Sujeitando‑se a um
determinado conjunto de regras. Os jogos, normalmente, incluem algum
tipo de recompensa.
UNIUBE 189
Simulações
Simulação é uma imitação de uma circunstância real ou imaginária. São
usadas geralmente para treinar os futuros operadores nos casos em que
é perigoso treinar nos locais ou nos equipamentos reais.
Quebra-cabeças
Os quebra-cabeças são atividades que mantêm as mentes dos
participantes ocupadas.
Dramatizações
As dramatizações são utilizadas em treinamento para descobrir como
os participantes reagem a certas situações antes e depois das sessões
de treinamento.
Estudos de caso
Os estudos de caso são extraídos do meio em que trabalham os
participantes. O caso é estudado com profundidade por um grupo para
ilustrar as consequências que traria à vida real (KROEHNERT, 2001).
Integração
Esse exercício é utilizado para melhorar o relacionamento dos indivíduos
e das equipes de trabalho já formadas ou que irão trabalhar juntas. A
integração é específica para aprofundar o relacionamento interpessoal.
Propõe o debate profundo. É importante promover uma discussão
190 UNIUBE
Feedback Comunicação
A comunicação é planejada para permitir que
Palavra originária do
inglês que significa
retorno, resposta.
os participantes descubram como melhorar as
habilidades comunicativas. O feedback é uma
chave importante da habilidade de se comunicar, portanto deve ser
utilizado em qualquer exercício de comunicação.
Capacitação
É planejada para permitir que os participantes percebam que
suas atitudes e seu jeito de assimilar o aprendizado precisam de
aprimoramento. Normalmente os exercícios de capacitação têm caráter
experimental. Pede‑se para fazer algo e demonstrar resultados. São
exercícios mais demorados.
Percepção
Esse exercício normalmente é considerado divertido. É planejado para
verificar como os participantes percebem situações ou objetos diferentes.
O resultado final é que o participante observa a necessidade de utilizar
novas formas de pensamento, adquire um novo olhar para as coisas.
Avaliação
Esse exercício é para que os participantes avaliem a si mesmos ou ao
programa de treinamento. Qualquer avaliação deve ser considerada
construtiva. As coisas podem ser melhoradas ou corrigidas.
Autogerenciamento
UNIUBE 191
Autogerenciamento
Tal técnica é a mesma usada na administração do tempo. O objetivo é
aprimorar as habilidades organizacionais dos membros do grupo.
IMPORTANTE!
SAIBA MAIS
Logística
É a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e
informações para a execução de todas as atividades de uma empresa.
5.14 Conclusão
Resumo
Ao trabalhar com as dinâmicas de grupo nas instituições de ensino
e organizações, tem‑se como objetivo humanizar o ambiente. Essas
oficinas são momentos importantes para os relacionamentos sociais,
pois nelas há trocas de experiências, ponto fundamental para fortalecer
os vínculos entre as pessoas.
Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Leia o pensamento:
Não pode haver compromisso no trabalho sem um crescimento no plano
da consciência; não haverá formação humana do trabalhador se, pelo
trabalho, o homem não contribuir para humanizar; ao mesmo tempo, as
estruturas sociais, econômicas e políticas (GUTIERREZ).
198 UNIUBE
Atividade 4
Atividade 5
Referências
ANDREOLA, Balduíno. Dinâmica de grupo: jogo da vida
e didática do futuro. Petrópolis: Vozes, 2003.
Introdução
A evolução social e as mudanças nos processos de gestão educacional
requerem que as instituições públicas de ensino procurem se autogerir,
sendo detentoras de poderes e responsabilidades que, anteriormente,
eram centralizados no governo central. A gestão de recursos, por ser o
suporte para o crescimento e desenvolvimento organizacional, tem
exigido cada vez mais a participação ativa da comunidade escolar,
visando à sua utilização eficaz, a partir das necessidades da mesma,
que detém o controle das decisões relativas às suas aplicações.
Dessa forma, este estudo propõe discutir como devem ser geridos os
recursos financeiros e materiais das escolas públicas brasileiras, a
partir das mudanças que vêm ocorrendo com a adoção de políticas
distintas de financiamento e previsão orçamentária.
Objetivos
Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• identificar o conceito de descentralização como ferramenta da
gestão escolar, ao possibilitar a delegação de autoridade e
o poder de decisão do governo central aos espaços onde se dá
a educação;
• relacionar a implantação da Gestão Autônoma das Escolas
– GAE, hoje uma tendência mundial, com a democratização
do espaço escolar, percebendo seu nível de complexidade
UNIUBE 203
Esquema
6.1 Os desafios para uma gestão autônoma
6.2 Resultados em países onde a descentralização é concebida
como ferramenta da gestão escolar
6.3 Mas o que significa a autonomia da escola?
6.4 A gestão democrática no contexto brasileiro
6.5 A gestão democrática e seus desafios
6.6 Medidas de financiamento da educação no Brasil
Desconcentração: dá certo poder aos agentes locais (já que ela vai além
de uma simples reorganização) para planejar e implementar programas
e projetos ou para adaptar diretrizes governamentais às condições locais
dentro dos limites das orientações fixadas pelo ministério ou da direção
regional. O ministério mantém junto a si o controle das operações.
Quadro 1: Quadro político e pedagógico da reforma: o papel dos diversos atores e organismos
aí implicados.
Tipos de
Países Transferência Características da Gestão dos Recursos
e Atribuições
O que tem ocorrido, na maioria das vezes, não é a gestão autônoma, mas
sim uma transferência de competências mais administrativa que política,
tendo em vista que as decisões relativas à escola são tomadas dentro de
limites governamentais, devendo as mesmas prestarem contas do uso
de seus recursos junto à autoridade central.
PESQUISANDO NA WEB
SAIBA MAIS
Segundo a autora,
Nos municípios e estados que já acumularam
experiência em relação à prática da democratização, a
gestão democrática vem exercendo influência positiva
sobre:
• a estrutura e o funcionamento dos sistemas:
“colaboração” entre os sistemas e comunicação
direta da Secretaria da Educação com as escolas;
• o órgão de gestão da Educação: plano estratégico
de participação, canais de participação (ampliação
do acesso à informação) e, por isso, transparência
administrativa;
• a qualidade do ensino: formação para a cidadania
(cria possibilidades de participar da gestão pública);
• a definição e acompanhamento da política
educacional: o aumento da capacidade de
fiscalização da sociedade civil sobre a execução
da política educacional, se não tem extinguido, pelo
menos tem diminuído os lobbies corporativistas
(CISEKI; ROMÃO, 1998, p. 44).
222 UNIUBE
4 – O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para
realizar e transformar. Em vez de se lastimar e culpar Deus e o mundo
pelos problemas da escola, transmitindo uma atitude de dependência e
desamparo, o diretor‑líder incentiva a equipe a descobrir o que é possível
fazer para dar um passo adiante. Auxilia os profissionais a melhor
compreender a realidade educacional em que atuam, a tomar decisões
sobre prioridades baseando‑se nessa compreensão, e a empreender, em
conjunto, ações para colocá‑las em prática. Ao resolver, passo a passo,
problemas específicos, a comunidade escolar adquire consciência de seu
poder de mudar a realidade, com os recursos disponíveis.
Outro aspecto que não se pode deixar de levar em conta são os grandes
contrastes regionais:
Assim, se tomarmos o ano de 1994, enquanto no
Sudeste, região que no mesmo ano detinha 56,57%
do PIB brasileiro, a taxa de atendimento de crianças
de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental era de 96,1%,
no Nordeste (responsável por 13,97% do PIB) este
percentual era de 87,3%. Neste mesmo ano, o tempo
médio de estudo da população nordestina era de 4,2
anos, enquanto no Sudeste este número era de 6,3
anos. Nas regiões mais pobres do país, a capacidade
de investimento do setor público na Educação é muito
menor que a de regiões mais ricas, como o Sudeste e o
Sul (SEMEGHINI, 2001, p. 3).
EXPLICANDO MELHOR
Fundef
Criada pela Emenda Constitucional n. 14 e regulamentado pela Lei n.
9.424/96 e pelo Decreto 2.264/97, essa legislação prevê a distribuição de
recursos e responsabilidades entre os estados e seus municípios, de tal
forma que:
Pelo prazo de dez anos, os estados e municípios devem aplicar, no
mínimo, 15% de todas as suas receitas exclusivamente na manutenção e
desenvolvimento do Ensino Fundamental.
No âmbito de cada estado, cria‑se um fundo contábil (Fundef), por meio
da vinculação direta de 15% dos quatro principais impostos estaduais e
municipais. Como referido acima, na data em que se efetua um crédito
de qualquer desses impostos, o montante constituído com esses 15% é
imediatamente redistribuído para contas específicas do Estado e de cada
município, de acordo com o respectivo número de matriculas registrado pelo
Censo Escolar do ano anterior.
No mínimo 60% desses recursos devem ser utilizados exclusivamente no
pagamento da remuneração dos profissionais do magistério em efetivo
exercício.
Deve ser fixado, a cada ano, um valor mínimo nacional por aluno. O governo
federal complementa esses recursos sempre que, no âmbito de cada estado,
seu valor anual por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
A partir do final de 1996, ficou claramente estabelecido na LDBEN 9.394/96
o que se pode e não se pode fazer com os recursos vinculados ao Ensino
Fundamental (DOURADO, 2006).
EXPLICANDO MELHOR
Sabemos que esse não é o caso dos estados brasileiros, que sofrem
com enormes disparidades em termos de recursos e condições dignas de
vida para a população. Davies explica que, mesmo após a implantação
do Fundeb – que incluiu a Educação Infantil e Ensino Médio na
distribuição dos recursos – ainda ocorre essa situação de desigualdade
na distribuição dos fundos para a educação:
Embora os fundos tragam quase nenhuma (FUNDEF)
ou pouca (FUNDEB) receita nova para o conjunto
nacional das redes estaduais e municipais da educação
básica, muitos governos terão ganhos expressivos,
porém muitos outros terão perdas significativas,
porque esta é a lógica desses fundos, baseada na
redistribuição de acordo com o número de matrículas.
Os ganhos são significativos (1) para os governos
que contribuam para os fundos proporcionalmente
menos do que os outros e cujas matrículas sejam
proporcionalmente maiores do que as dos demais
governos no âmbito estadual e/ou (2) para os governos
que recebem a complementação. Analogamente, as
perdas acontecerão (como aconteceu no FUNDEF)
na situação inversa à descrita em e/ou se não houver
complementação, a qual só seria feita quando o valor
per capita em âmbito estadual não alcançasse um valor
mínimo nacional por nível e modalidade de ensino para
garantir um padrão de qualidade, a ser definido na lei de
regulamentação.
Cabe ressaltar que, embora a lógica do FUNDEF e
do FUNDEB seja aparentemente democrática ao
promover um nivelamento de recursos por matrícula
dentro de cada estado e, portanto, uma diminuição
da desigualdade entre a rede estadual e as redes
municipais de cada estado, no caso do FUNDEF
ela provocou perdas significativas em mais de 2.000
municípios pobres e é provável que o mesmo ocorra no
FUNDEB, pois a lógica é a mesma (DAVIES, 2006, p.8).
UNIUBE 237
EXPLICANDO MELHOR
Fundeb
Trata‑se de um Fundo que contabiliza a arrecadação de recursos oriundos
de receitas de impostos para aplicação na Educação Básica (educação
infantil, Ensino Fundamental, Médio, educação de jovens e adultos e
educação especial) incluindo os alunos das Escolas Especiais das APAEs,
Pestalozzis e Coirmãs.
Composição do Fundeb: é composto pela arrecadação de impostos dos
Municípios, Estados e do Distrito Federal. É complementado pelo Governo
Federal quando a soma da arrecadação dos referidos impostos no estado
não alcança o valor mínimo definido nacionalmente para cobrir as despesas
relativas ao total de matrículas dos níveis e modalidades de Ensino previstos
no Fundeb.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb foi criado pela Emenda
Constitucional n. 53/2006 e regulamentado pela Lei n. 11.494/2007 e
pelo Decreto n. 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério –
Fundef, que vigorou de 1998 a 2006.
É um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo
por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado
por parcela financeira de recursos federais e por recursos provenientes
dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios,
vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição
Federal. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído
para aplicação exclusiva na educação básica.
Com vigência estabelecida para o período 2007‑2020, sua implantação
começou em 1º de janeiro de 2007, sendo plenamente concluída no
seu terceiro ano de existência, ou seja, 2009, quando o total de alunos
matriculados na rede pública é considerado na distribuição dos recursos e
o percentual de contribuição dos estados, Distrito Federal e municípios para
a formação do fundo atinge o patamar de 20%.
Além dos recursos originários dos entes estaduais e municipais,
verbas federais também integram a composição do Fundeb, a título de
complementação financeira, com o objetivo de assegurar o valor mínimo
nacional por aluno/ano (R$ 1.722,05 em 2011) a cada estado, ou ao Distrito
Federal, em que este limite mínimo não for alcançado com recursos dos
próprios governos. O aporte de recursos do governo federal ao Fundeb,
de R$ 2 bilhões em 2007, aumentou para R$ 3,2 bilhões em 2008,
aproximadamente R$ 5,1 bilhões para 2009 e, a partir de 2010, será de
10% da contribuição total de estados e municípios.
Fonte: Brasil (2012).
238 UNIUBE
EXPLICANDO MELHOR
Lei Kandir
Promulgada em fins de 1996, a Lei Kandir é a Lei Complementar 87/96 que
desonerou da incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) as exportações de produtos primários e semielaborados,
o que inclui os insumos utilizados na fabricação de mercadorias exportadas.
Até então, só estavam livres do ICMS as exportações de produtos
industrializados. Ao mesmo tempo em que promoveu a desoneração, a Lei
Kandir mandou que a União ressarcisse os Estados, parcialmente, pelas
perdas de arrecadação. A versão original estabelecia os montantes anuais
de ressarcimento. Mas com a sua modificação, em dezembro de 2002, isso
ficou em aberto e passou a ser negociado, todos os anos, entre os Estados
e a União.
Fonte: Santos (2008, p. 2).
Nessa perspectiva,
[...] a educação tem relação forte com a construção
da autonomia das pessoas e sociedades. Por meio de
processos educacionais bem formulados e praticados,
é possível contribuir para que a população se qualifique
cada vez mais para a democracia, especialmente à
medida que souber pensar em sentido crítico e
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mas estamos atentos ao Sul e ao Sudeste que estão com a taxa estável”,
complementa. Segundo os dados da PNAD, o Sul manteve a taxa de
5% e o Sudeste aumentou seu índice de 5,3% (2007) para 5,4% (2008).
O aumento de dois pontos percentuais na taxa de
escolarização dos adolescentes com idade entre 15 e
17 anos é vista com muito bons olhos por Haddad. “Em
2008, 84,1% dos jovens dessa faixa etária estavam
na escola, contra os 82,1% de 2007. Em números
absolutos, a população de adolescentes matriculados
em 2008 é de 8,65 milhões, contra 8,35 milhões em
2007. Na faixa dos 15 aos 17 o esforço para ampliar
matrícula é maior. Não se trata apenas de um problema
de oferta, é necessário tornar a escola mais atraente”,
diz o ministro, que defende que essa etapa se torne
obrigatória. “Hoje, apenas o ensino fundamental é
universalizado. Existe uma intensa mobilização para
repensar o currículo, dar apoio estudantil e oferecer
o ensino regular associado ao profissionalizante”, diz
Haddad. “Esses dois pontos percentuais cresceram
entre setembro de 2007 e setembro de 2008, quando
a economia estava gerando empregos no país”
(YAMAMOTO, 2009).
Segundo a docente:
Praticamente não há professores qualificados para
dar aulas para adultos, uma vez que as faculdades
raramente têm disciplinas obrigatórias voltadas para
esse tipo de educação. Não é uma preocupação das
faculdades, essas matérias ficam marginalizadas. Não
basta ter só uma disciplina, é preciso haver um percurso
formativo, uma transversalização do tema (UOL HOST,
2009).
EXPLICANDO MELHOR
Banco Mundial
Agência do Sistema das Nações Unidas, fundada a 1 de julho de 1944 por uma
conferência de representantes de 44 governos em Bretton Woods, New Hampshire,
EUA. É composto por 184 países membros e a sua sede é em Washington DC, EUA.
A sua missão inicial era financiar a reconstrução dos países devastados durante a
Segunda Guerra Mundial. Atualmente, sua missão principal é a luta contra a pobreza,
através de financiamento e empréstimos aos países em desenvolvimento.
Seu funcionamento é garantido por quotizações definidas e reguladas pelos países
membros.
Fonte: Disponível em: <www.bancomundial.org.br/>. Acesso em: 20 nov. 2011.
6.7 Conclusão
Resumo
As mudanças nos processos de gestão educacional, frutos da evolução
social mais recente, requerem que as instituições públicas de ensino
sejam detentoras de poderes e responsabilidades para se autogerirem,
que anteriormente eram de responsabilidade do governo central.
Atividades
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Referências
ABU‑DUHOU, Ibtisam. Uma gestão mais autônoma das escolas. Brasília:
Unesco, IIEP, 2002. 172 p. Título original: Une gestion plus autonome des écoles.
Unesco. Marco estratégico da UNESCO no Brasil. Brasília: Unesco, 2006. 60 p.