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Escolar e Orientação
Educacional
Autora: Profa. Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes
Colaboradores: Prof. Nonato Assis de Miranda
Profa. Silmara Maria Machado
Professora conteudista: Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes
Natural de Niterói–RJ, é graduada em Letras, pela Universidade Santa Úrsula – RJ, e Pedagogia, pela Universidade
Católica de Santos - SP, Psicopedagoga, pela Faculdade Claretiana–SP, e especialista em Educação Infantil e Processo
de Ensino e Aprendizagem do Ensino Fundamental – séries iniciais pela Faculdade São Luís-SP, e Educação a Distância
pela Faculdade Senac–RJ, aperfeiçoamento em Gestão de Processos Avaliativos de Sistemas Educacionais – PUC/SP,
Mestra em Educação, subárea Formação do Educador: dimensão político-pedagógica pela Universidade Católica de
Santos-SP e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento, subárea Multidisciplinar em Saúde-Educação-Psicologia,
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Supervisora de Ensino da Prefeitura Municipal de Santos, Coordenadora
Local e Docente do Curso de Pedagogia - Universidade Paulista (campus Santos). Experiência na área de Educação,
atuando principalmente nos seguintes temas: Educação, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio,
Educação Profissional, Educação a Distância, Processo Ensino-aprendizagem, Orientação Educacional, Administração
Escolar, Supervisão Escolar, Psicopedagogia e Pedagogia.
188 p. il.
CDU 37.014
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Geraldo Teixeira Jr
Amanda Casale
Sumário
Orientação em Supervisão Escolar e Orientação
Educacional
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO E LUGAR DE ENSINO‑APRENDIZAGEM...............9
1.1 Conhecendo a unidade escolar....................................................................................................... 10
1.2 A pesquisa como instrumento de conhecimento da escola................................................ 15
2 UNIDADES ESCOLARES COMO ORGANIZAÇÕES APRENDENTES: ASPECTOS
CULTURAIS E ORGANIZACIONAIS................................................................................................................. 17
3 SISTEMAS DE ENSINO E ESCOLAS PARTICULARES............................................................................. 21
3.1 Sistema Federal de Ensino................................................................................................................. 23
3.2 Sistema Estadual de Ensino.............................................................................................................. 23
3.2.1 Diretoria Regional de Ensino no Sistema Estadual de Ensino............................................... 24
3.3 Sistema Municipal de Ensino........................................................................................................... 25
4 A ESCOLA E SUA FUNÇÃO SOCIAL............................................................................................................ 27
Unidade II
5 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NA ESCOLA E A AÇÃO DO PEDAGOGO................................... 32
5.1 Planejamento: tipos e níveis e suas relações............................................................................. 41
6 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E/OU PROPOSTA PEDAGÓGICA E PLANO DE
DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA.................................................................................................................... 44
6.1 Projeto Político-Pedagógico/Proposta Pedagógica................................................................. 45
6.2 Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola)................................................................ 50
Unidade III
7 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E SUPERVISÃO ESCOLAR NA CONTEMPORANEIDADE........... 57
7.1 Orientação educacional: a prática cotidiana............................................................................. 57
7.2 A orientação educacional em relação à Direção da escola.................................................. 61
7.3 A orientação educacional em relação aos funcionários da escola e corpo docente.............. 62
7.4 Orientação educacional: relacionamento família-escola / escola-comunidade......... 64
7.5 Orientação educacional e o trabalho com os alunos............................................................. 70
7.6 Orientação educacional: relação escola-saúde......................................................................... 76
7.7 Orientação Educacional e relações interpessoais.................................................................... 78
7.8 Orientação para o trabalho e qualidade de vida...................................................................... 85
7.9 Orientação educacional e o lazer................................................................................................... 86
7.10 Orientação para a escolha profissional e a vida do trabalho............................................ 94
8 AÇÃO SUPERVISORA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: A PRÁTICA............................................. 107
8.1 Professor-coordenador e suas atividades no processo educacional..............................125
8.2 Ação Supervisora e Orientação Educacional na contemporaneidade...........................143
8.2.1 Supervisão escolar e orientação educacional: os espaços de atuação coletiva......... 146
8.2.2 Evasão repetência e fracasso na escola: inclusão e o papel do pedagogo................... 150
8.2.3 Organizando o serviço........................................................................................................................ 159
8.2.4 Orientação Educacional e Supervisão Escolar: Técnicas....................................................... 163
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
3. identificar e analisar a realidade escolar, a comunidade na qual está inserida e seus problemas,
bem como articular com a ação supervisora;
6. elaborar planejamento educacional no âmbito escolar e não escolar em seus diversos níveis e
relações;
E, para finalizar, você será convidado a refletir acerca das questões pertinentes à Supervisão Escolar
e Orientação Educacional na contemporaneidade.
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Unidade I
INTRODUÇÃO
Olá aluno(a),
Nosso estudo terá início na Unidade I com a temática “A escola como organização de trabalho e
lugar de ensino e aprendizagem”, na qual serão tratados os assuntos pertinentes ao conhecimento da
unidade escolar e o papel do pedagogo na cultura organizacional de seu local de trabalho. Continuando
na Unidade II, encontramos as questões sobre “Planejamento Educacional na escola em processo de
gestão democrática participativa” na perspectiva desenvolvida pelo orientador educacional e pelo
supervisor escolar.
Deixo para sua reflexão sobre a atividade a ser exercida pelo pedagogo em função de orientação
educacional e supervisão escolar, o pensamento de Paulo Freire (1996, p. 77):
Vamos lá?
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Unidade I
1 A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO E LUGAR DE
ENSINO‑APRENDIZAGEM
“Há um ver-por-ver,
sem ato intencional do olhar,
e há um ver como resultado obtido a partir de um olhar ativo...”
Alfredo Bosi
O mundo contemporâneo tem passado por transformações das mais diversas, sejam
econômicas, políticas, sociais e culturais, em virtude dos avanços tecnológicos, reestruturação
do sistema de produção e desenvolvimento, da compreensão do papel do Estado, em suma da
globalização. A escola, instituição social, tem sido inquirida de qual seria seu papel frente a essas
transformações.
Portanto, refletir sobre organizações escolares sugere olhar o percurso das ideias acerca das
unidades de educação ao longo das últimas décadas. Alguns autores as viram centradas nos
alunos, segundo uma abordagem individual, ou seja, como máquinas de aprendizagem; outros, de
acordo com uma perspectiva institucional, como organismos preocupados com a racionalização
e a eficácia do ensino; hoje em dia, as unidades escolares são vistas como lugares de interação
social, dotadas de cultura e caracterizadas por valores, crenças e ideologias.
De acordo com Libâneo (2004, p. 30), existem minimamente duas formas de ver a gestão centrada
na escola:
9
Unidade I
colocar a escola como centro das políticas significa liberar boa parte das
responsabilidades do Estado, dentro da lógica do mercado, deixando às
comunidades e às escolas a iniciativa de planejar, organizar e avaliar os
serviços educacionais.
Assim, Lima (2002b, p. 33) afirma, ao conceituar a escola, que esta é simultaneamente “locus de
reprodução e locus de produção de políticas, orientações e regras [...] porque, finalmente, as organizações
são sempre as pessoas em interação social, e porque os atores escolares dispõem sempre de margens de
autonomia relativa”.
Certo é que a unidade escolar, organização social, inserida em um contexto, adquire características
que a refletem em seu cotidiano. Sua prática realiza-se em condições historicamente delineadas de
modo que o atendimento das necessidades e interesses diversos ocorra.
A escola, organização social, é o lugar em que se concretiza o objetivo do sistema escolar, ou seja, o
atendimento dos alunos nas relações de ensino e aprendizagem.
Segundo Militão Silva (2001, p. 43), há três modos de encarar a escola que poderão produzir formas
diferenciadas para a abordagem das questões concretas e que, consequentemente, levarão a soluções
também diferentes. São eles:
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
• centrado na sala de aula: quando o ponto central da realidade escolar encontra-se na sala de
aula, local em que se dá a chave para mudanças, a relação professor-aluno;
• pautado nas formas de organização da sociedade: nesta abordagem, as mudanças na escola
somente ocorrerão quando já estiverem concretizadas na sociedade como um todo. As ações de
professores e alunos são reflexos do contexto social em que a escola está inserida;
• nível intermediário: não se detém apenas à sala de aula nem apenas ao contexto social. Para que
se entenda o funcionamento da escola, é necessária a compreensão da unidade escolar como uma
organização social.
Decerto uma unidade de educação pode ser vista de variadas formas, mas “seria na escola que as
crianças aprenderiam, de modo sistemático, a se submeter a uma autoridade impessoal?” (ENGUITA,
2004, p. 29).
Lembrete
A escola deve ser vista como espaço de interação entre sujeitos
que ensinam e sujeitos que aprendem, isto é, espaço no qual sujeitos
estabelecem relações com o saber.
Assim, olhar a unidade educacional como organização é vê-la contextualizada em suas várias
dimensões, pois, na esteira do pensamento de Nóvoa (1992, p. 20),
Desse modo, “as organizações escolares, ainda que estejam integradas num contexto cultural mais amplo,
produzem uma cultura interna que lhes é própria e que exprime os valores (ou os ideais sociais) e as crenças
de que os membros da organização partilham” (BRUNET, 1988 apud NÓVOA, 1992, p. 29). A partir do exposto,
vê-se que há uma cultura interna na organização escolar composta pelos significados individuais dos atores e
que são partilhados, assim como há um conjunto de variáveis exógenas que interferem na definição identitária
da organização, o qual podemos chamar de cultura externa da organização.
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Unidade I
De tal sorte que é possível caracterizar o funcionamento de uma organização escolar como fruto de
um compromisso entre a estrutura formal e as interações entre grupos com interesses distintos, bem
como identificar sua abrangência sob três grandes áreas:
Para tanto, tem sido a cada dia mais importante a compreensão da escola como lugar de construção
e reconstrução da cultura, não somente do modo científico, mas a cultura em seu modo social, a cultura
dos alunos, dos atores constitutivos da organização, a cultura da escola. De acordo com Pérez Gómez
(apud LIBÂNEO, 2004, p. 32),
Assim, não conhecemos a escola apenas pelo que se vê, é preciso captar os significados, valores,
atitudes, modos de agir e de resolução de problemas que definem uma cultura própria de cada unidade
escolar.
Sondagem
Diagnóstico
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Olhar a unidade educacional como organização é vê-la contextualizada em suas várias dimensões.
É necessário atentar-se sobre a natureza do trabalho em educação, “na escola, as relações de produção
e transmissão de conhecimento se dão entre sujeitos que interagem e se transformam através desta
interação” (ALVES e GARCIA, 2006, p. 161). Também cabe atenção ao âmbito da categoria de trabalho
não material, esclarecido por Saviani (apud Alves e Garcia, 2006), “ao relacioná-la à produção de ideias,
conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes, ou seja, à produção do saber, que não se separa do
produtor” (ALVES e GARCIA, 2006, p. 159), o que é distinto da natureza de produção de uma mercadoria,
ou seja, um trabalho material.
Nesse prisma, minimamente duas perspectivas são observáveis para o trabalho do pedagogo atuando
como orientador educacional, supervisor escolar, coordenador pedagógico, gestor ou docente. Por um
lado, no qual os princípios pautam-se no mercado, nos ideais capitalistas, e por outro, os princípios
podem corroborar para garantia do processo de tomada de decisões coletivas, encarando o direito à
educação para todos.
O estudo da Pedagogia nos remete ao estudo da escola. Tanto uma como a outra demandam,
além do exame da história, a reflexão sobre os aspectos filosóficos, sociais, políticos e pedagógicos
da educação.
Quando se pensa na função da educação escolar, não podemos deixar de responder a certas
perguntas como:
Tais perguntas estão diretamente relacionadas às dimensões filosófica, social e política do trabalho
do pedagogo.
Por exemplo, quando se pensa na concepção de mundo e na visão de homem que se tem, a dimensão
filosófica da educação está sendo evidenciada e o pedagogo, na função de orientador educacional, ao
responder essas questões, juntamente com os demais membros da escola, deve relacioná-las ao tipo
de conhecimento e aos valores que se quer construir com os alunos, à formação integral do indivíduo,
às tendências educacionais e práticas cotidianas de sala de aula. Esses conceitos devem, sempre que
possível, ser revistos com o coletivo de educadores da escola para que não se percam de vista as
finalidades do trabalho educativo.
13
Unidade I
Verifica-se, dessa forma, que ao refletir sobre a dimensão política de sua atuação, o profissional
da Educação deve promover situações e atividades (grêmios, representações de alunos, trabalhos em
grupo) que permitam aos alunos tomar decisões e vivenciarem as consequências de seus atos.
Com relação à dimensão social da escola, o pedagogo atuante nas diversas áreas tem o papel
fundamental de conhecer, interpretar e divulgar aos demais elementos da escola a realidade
socioeconômica e psicológica do aluno, bem como da comunidade na qual está inserido, identificando
suas necessidades a fim de superar as dificuldades encontradas.
A dimensão pedagógica da escola traduz-se pelas questões relativas ao currículo, como a seleção
dos objetivos, conteúdos, metodologia e formas de avaliação. O profissional da Educação auxiliará no
planejamento desses aspectos ao lembrar, sempre que possível, aos educadores, do universo social,
cultural, afetivo e cognitivo do aluno.
De acordo com Placco (1998, p. 115) cabe ao pedagogo, atuando como orientador, formar o cidadão
responsável e transformador:
O pedagogo busca meios emancipatórios para atingir seus objetivos, assumindo um compromisso
com o momento social e histórico e contribuindo para a formação de homens mais críticos, conscientes
e participativos na sociedade.
Essa tarefa não é nada simples, pois muitas vezes os educadores entram em conflito, porque os
aspectos idealizados de uma escola desejada não condizem com a realidade concreta. A escola está
inserida na sociedade, vivenciando os problemas oriundos dessa, como a violência, a pobreza, o
desemprego, a fome, a falta de moradia, os problemas de saúde, as drogas, entre outros, que têm reflexos
explícitos no interior dessa instituição. Além disso, os profissionais da escola, não raramente, sentem-se
frustrados por terem dificuldade em operacionalizar os objetivos e metas educacionais, ora por falta de
conhecimento, ora por falta de recursos.
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Para Grinspun (2006), a escola é um espaço de conhecimento, crenças, mitos, razões e emoções. O
grande segredo é descobrir o que é verdadeiro para escola, como instituição e para seus protagonistas,
como cidadãos. Para tanto, é importante conhecer a realidade da sala de aula, o que possibilitará ao
pedagogo caminhar junto com seus protagonistas.
Dimensão
política
Escola
Dimensão
pedagógica
Desse modo, ressalta-se, todavia, que a gestão da organização, bem como a organização da gestão,
têm como fatores determinantes: a criação, recriação e manutenção de um ambiente de aprendizagem
que leve à inovação. Essa mudança requer dos atores envolvidos na organização uma mobilização
constante visando ao combate à inércia, ou seja, “um conjunto de alterações deliberadas e planificadas
que poderão afetar significativamente os padrões e as relações de trabalho estabelecidos, bem como os
autoconceitos dos indivíduos e dos grupos” (GLATTER, 1992, p.145).
De sorte que a autora apoia sua visão nas chamadas pedagogias ativas, razão pela qual defende que
os programas de formação e aperfeiçoamento docente incluam entre seus objetivos o desenvolvimento
das habilidades básicas de investigação.
Parafraseando ainda André (1999), cabe ao pedagogo o papel de planejar e orientar o processo
de ensino ao professor e de aprendizagem para o aluno, e junto com ambos, avaliar os resultados
alcançados, tanto no decorrer da ação quanto na fase final do processo.
Como o professor tem relevante papel no processo de ensino e aprendizagem, supervisor escolar e
orientador educacional têm um papel importante no planejamento, no acompanhamento e avaliação
das atividades realizadas na escola, cabendo-lhe, mais especificamente, de acordo com a referida autora,
as seguintes tarefas:
Daí, considerar como André (1999, p. 354) que a finalidade do processo de ensino-aprendizagem “é a
formação de sujeitos autônomos, capazes de compreender a realidade que os cerca e de agirem sobre ela”.
Para tanto, propõe a utilização da metodologia como elemento formador, de modo a desenvolver
habilidades como:
• observar;
• formular questões;
• formular hipóteses;
• selecionar dados;
• selecionar instrumentais;
• elucidar questões e hipóteses;
• expressar suas descobertas;
• expressar suas novas dúvidas.
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
À luz dessa perspectiva, exige-se um envolvimento ativo de todos os atores, de modo que seja
possível haver o compartilhar de experiências e, caso necessário, reelaborá-las, por meio de estudo e
reflexão. Além disso, André (ibidem) destaca o papel fundamental das interações sociais no processo
de formação do profissional da educação investigador, por meio do diálogo e da partilha de saberes e
experiências. A interação é necessária “tanto na definição dos temas e problemas de interesse comum
quanto na busca conjunta de alternativas para seu equacionamento” (ibidem, p. 355).
Desse modo, para buscar melhores resultados, o pedagogo deverá analisar os dados pertinentes ao
desempenho de professores e alunos nos dois primeiros bimestres e, ao lado da Direção, propor ações
efetivas para melhorar esse desempenho. Será necessário discutir esses resultados, tanto em grupo,
como individualmente, com os professores. Essa conversa e troca de informações com os docentes
envolvidos mostram-se imprescindíveis, a fim de que se conheçam, em profundidade, as características
desses profissionais da escola.
Saiba mais
Para saber mais sobre pesquisa como instrumento de conhecimento da
escola, leia:
ANDRÉ, M. E. D. A. Autores ou atores? O papel do sujeito na pesquisa. In:
LINHARES et. all. Os lugares dos sujeitos na pesquisa educacional. Campo
Grande: UFMS, 1999.
De acordo com Nóvoa (1995), as organizações escolares, mesmo integradas em um contexto cultural
mais amplo, produzem uma cultura interna que lhes é própria e que é válida na expressão dos valores e
crenças de que o grupo partilha.
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Unidade I
18
ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Para tanto, a unidade escolar como organização aprendente, discute, reflete, avalia e planeja de
modo que as respostas às necessidades correspondam aos almejos e aspirações da comunidade de
aprendizagem. A cultura organizacional como ponto de ligação com as áreas de atuação dos atores
da organização aprendente, logo a ação pedagógica constitui-se fator de grande importância para a
tomada de decisão, seja no âmbito da escola ou no âmbito do sistema.
Ação pedagógica
Processo pedagógico
Gestão Currículo
Cultura
organizacional
Desenvolvimento Avaliação
profissional
Ação pedagógica
Figura 3
Certo é que, para o desenvolvimento escolar como processo contínuo e espiralado, dentro do qual
as mudanças individuais ocorram em benefício do coletivo, é necessário que a cultura organizacional
seja elo entre os atores. É preciso que a unidade escolar torne-se uma organização aprendente, na qual
o ambiente seja de aprendizagem coletiva, como disposto na espiral do desenvolvimento escolar de
Thurler (2007, p. 180).
Esclarecimento
Análise das
das abordagens
práticas
didáticas
Definição de Identificação
um projeto das necessidades
comum de formação
Desenvolvimento
escolar
Exploração Avaliação e
cooperativa regulação
internas
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Unidade I
Sob esse enfoque, a cultura organizacional está associada à ideia de que as organizações indicam
interações sociais entre as pessoas e que podem ser influenciadas em seu modo de agir conforme os
fatores sociais, culturais e econômicos que as permeiam. As organizações escolares são constituintes
de uma cultura sob a égide de determinado modelo de sociedade, o que denota que, atualmente, as
tendências organizacionais apontam para uma gestão educacional que se caracteriza fundamentalmente
por reconhecer a necessidade da participação dos atores que fazem parte, direta ou indiretamente, da
organização escolar. Para isso, é preciso conhecer bem os objetivos e o funcionamento de uma unidade
escolar, suas condições sociais, organizacionais, administrativas e pedagógico-didáticas.
Bases conceituais e
pressupostos invisíveis
• Valores
• Crenças
• Ideologias
Manifestações Manifestações visuais e Manifestações
verbais e conceituais simbólicas comportamentais
• Fins e objetivos • Arquitetura e • Rituais
equipamentos
• Currículo • Cerimônias
• Artefatos e logotipos
• Linguagem • Ensino e Aprendizagem
• Lemas e divisas
• Metáforas • Normas e regulamentos
• Uniformes
• Histórias • Procedimentos
• Imagem exterior operacionais
• Heróis
• Etc. • Etc.
• Estruturas
• Etc.
Saiba mais
Portanto, de acordo com essa mesma legislação educacional em vigência, é competência dos
municípios atuarem prioritariamente na Educação Infantil e Ensino Fundamental, enquanto cabe aos
estados assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, prioritariamente, o Ensino Médio. No tocante ao
Distrito Federal, a lei define que este ente deverá desenvolver as competências referentes aos estados e
municípios, ou seja, oferecer toda a educação básica. Quanto ao papel da União, a LDBEN 9.394/1996
diz que a esta cabe a organização do sistema de educação superior e o apoio técnico e financeiro aos
demais entes federados.
De acordo com Toschi (2003), sistema de ensino tende a ser considerado como o conjunto de escolas
das redes, ou seja, o sistema de ensino compreende uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação.
Se tomarmos o significado da palavra, sistema supõe um conjunto de elementos ou unidades
relacionadas, que são coordenadas entre si e constituem um todo. Afirma a mesma autora que embora
21
Unidade I
o sistema escolar se estruture em um conjunto de organizações de ensino, as escolas não perdem sua
especificidade de estabelecimentos pautados em regulamentos e leis que regulam sua organização e o
funcionamento como unidade escolar.
Ainda segundo Toschi (ibidem, p. 235), entende-se sistema de ensino “como o conjunto de instituições
de ensino que, sem constituírem uma unidade ou primarem por seu caráter coletivo, são interligadas
por normas, por leis educacionais, e não por uma intencionalidade”, no sentido administrativo, ao qual
a legislação educacional se refere.
• as instituições de ensino;
• o órgão de administração (ministério ou departamento da educação, ou órgão equivalente);
• o conselho de educação.
No instrumento da legislação educacional, qual seja, LDBEN 9.394/1996, em seu art. 8º, estabelece-se
que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem organizar, em regime de colaboração,
seus respectivos sistemas de ensino, cabendo à União a coordenação da Política Nacional de Educação,
articulando os diferentes níveis e sistemas.
Na esteira dos estudos de Dias (2004, p.96), há a estrutura de sustentação do sistema de ensino que:
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
b) entidades mantenedoras:
Organização
Organização normativa
administrativo‑executiva
(conselhos)
(secretarias, diretorias...)
Unidades escolares
De acordo com o artigo 16 da LDBEN 9.394, o sistema federal de ensino diz respeito às instituições,
aos órgãos, às leis e às normas que são de responsabilidade da União, do governo federal e são realizadas
nos estados e municípios. Assim, além da responsabilidade pela manutenção das instituições federais,
por meio do Ministério da Educação, supervisiona e inspeciona as diversas instituições de ensino superior
particulares. A normatização deste sistema é realizada pelo órgão colegiado, Conselho Nacional de
Educação (CNE).
Conforme disposto na Constituição Federal de 1988, em seu art. 24, cabe à União, aos estados
e ao Distrito Federal legislar sobre educação, cultura, ensino e desporto. Assim, no artigo 17 da
23
Unidade I
referida lei educacional vigente, fazem parte do sistema estadual de ensino as instituições de
ensino estaduais. Entretanto, além da manutenção de suas escolas, cabe a este sistema a função
de disciplinar e controlar a educação particular, fundamental e média, ensino supletivo e cursos
livres que acontecem fora do âmbito escolar, por meio da Secretaria Estadual de Educação e do
Conselho Estadual de Educação (CEE), que exerce função normativa, deliberativa, consultiva e
fiscalizadora da rede oficial e particular.
No estado de São Paulo, as Diretorias Regionais de Ensino têm entre suas atribuições:
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Saiba mais
No que tange às escolas particulares, em seu art. 20, a referida lei estabelece que as instituições
privadas de ensino enquadrar-se-ão nas seguintes categorias:
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Unidade I
Certo é que a escola de hoje não pode se limitar a passar informação sobre as matérias, a transmitir
o conhecimento do livro didático. Na escola, por meio dos conhecimentos e pelo desenvolvimento das
competências cognitivas, torna-se possível analisar e criticar a informação.
De acordo com Mendes (2007, p. 49), a gestão educacional deve trazer em seu bojo ideias dinâmicas
e integralizadoras das dimensões sociais e políticas, não sendo possível, de certa forma, admitir
princípios orientadores pautados numa administração de cunho legalista, burocrático e centralizador.
Uma construção gradativa vem sendo proposta de acordo com preceitos de administração/gestão com
perspectivas formativas, socializadoras, comunicativas e participativas, estando em consonância com uma
visão democrática de sociedade. No que diz respeito à gestão educacional, as questões administrativas
e pedagógicas entrelaçam-se em um ato coordenado e coletivo e, tomando de empréstimo as palavras
de Lima (2002a, p.42):
Por isso, torna-se necessário que a unidade escolar, seja ela pública ou privada, proporcione a
capacidade de articular a recepção e a interpretação da informação, com a de produção de informações,
considerando-se desse modo, o aluno como sujeito de seu próprio conhecimento.
Segundo Libâneo (2004, p. 53), para que a escola exercite seu papel na construção da democracia
social e política, são propostos cinco objetivos:
Os sistemas de ensino e as escolas devem prestar mais atenção à qualidade cognitiva das
aprendizagens, colocada como foco primordial do projeto pedagógico e de gestão escolar.
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Assim, a escola necessária para nosso tempo tem funções que não são providas por nenhuma outra
instância, ou a de prover formação geral básica – capacidade de ler, escrever, formação científica,
estética, ética, desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas. Uma escola de qualidade é
aquela que inclui, uma escola não excludente, ou seja, contra a exclusão econômica, política, cultural,
pedagógica. Há que se atentar para a educação para a igualdade, educação ambiental e intercultural,
acolhedora da diversidade, isto é, reconhecedora dos outros como sujeitos de sua individualidade,
portadores de identidade cultural própria. Trata-se de uma transformação das formas de pensar, de
sentir, de comportar-se em relação aos outros com respeito.
A partir deste ponto, vamos refletir sobre a escola e sua função social... ações pedagógicas
desenvolvidas na escola hoje, bem como acerca do papel que a escola vem cumprindo na atualidade.
Vejamos.
A organização educacional, escola, é uma instituição social que tem objetivo claro de propiciar o
desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem
dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, e valores) de maneira
contextualizada, a fim de tornar seus alunos cidadãos participativos na sociedade em que vivem.
Portanto, o grande desafio que os profissionais da educação têm é fazer do ambiente escolar um
meio favorecedor da aprendizagem, uma aprendizagem significativa, rumo ao encontro do saber. Como
explicita Libâneo (2005, p. 117):
De acordo com Penin e Vieira (2002, p. 26), faz-se necessário que a escola repense sua organização,
sua gestão, seus processos formadores,
Portanto, ter claro a função social da escola é imprescindível para a realização de uma prática
pedagógica competente e socialmente comprometida. Como explicita Mendes (2007, p. 43), com a
magnitude das questões e transformações dos processos de informação e comunicação que vêm
ocorrendo, as exigências da sociedade, a necessidade de um novo olhar para as relações sociais, os
processos de administração e gestão em unidades escolares apresentam-se cada vez mais complexos;
27
Unidade I
Desse modo, a partir do pressuposto da relação existente entre organização e ambiente, a organização
escolar é considerada um sistema aberto, não exclutório, que se relaciona com seu meio, captando
informações para orientar seus objetivos, e, de acordo com essa perspectiva, a escola pode ser vista
como instituição social, pois é constituída da convivência e da realização de trabalho, uma construção
social que “leva a pôr ênfase na ação dos indivíduos, nos seus interesses, nas suas estratégias, nos seus
sistemas de ação concreta” (BARROSO, 1996, p. 10).
A escola, assim, para cumprir sua função social, precisa considerar as práticas existentes em nossa
sociedade, considerando, também, as relações diretas e indiretas dessas práticas com a realidade
específica da comunidade local a que presta seus serviços.
É fundamental o estabelecimento pelo poder público de uma política educacional clara, com
objetivos definidos e que garanta o atendimento escolar de qualidade a toda a população, bem como,
serem abertos canais de participação das escolas e da população na definição ou reorientação dessa
política.
A função social da escola já, desde a década de 30 dos anos 1900, era defendida por educadores
como Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo entre outros, e pode ser verificada nos
trechos extraídos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Novo, como bem aponta Penin (2001,
p. 27):
Resumo
Exercícios
Questão 1 (Enade 2005). Ser professor significa desenvolver atividades pedagógicas e projetos
político-pedagógicos, questionar a própria prática e refletir sobre o fazer profissional. Na proposta de
formação do professor-pesquisador entende-se que o docente deve:
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a atividade de pesquisa não pode ser vivenciada em disciplinas teóricas, pois é necessária
a reflexão sobre a prática, ou seja, sobre as atividades de campo.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: os pressupostos teóricos de uma pesquisa norteiam a sua prática e só devem ser
modificados se a realidade dos dados assim necessitar, e não regularmente.
C) Alternativa correta.
Justificativa: existe uma relação dialética entre teoria e prática, e as ações do educador-pesquisador
são sempre o resultado da articulação entre teoria e prática.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alteração do fazer pedagógico não está condicionada somente à prática, mas
também em função do avanço do conhecimento, dos novos conceitos e das teorias aprendidos
na pesquisa.
Questão 2 (Enade 2005). Durante todo o curso de Pedagogia, Júlia teve a oportunidade de conhecer
as diferentes tendências, concepções ou teorias educacionais que dão suporte à organização do trabalho
da escola e à prática educativa. Com isso, percebeu a necessidade de se contrapor à fragmentação, à
rotina, ao autoritarismo e à centralização do poder. Um dos caminhos a serem trilhados é a construção
do projeto político-pedagógico como um instrumento de luta em busca da qualidade e da almejada
cidadania.
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ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
Qual é a ação fundamental para que uma escola tenha o projeto político-pedagógico pretendido?
B) Diagnóstico permanente da realidade escolar com registro dos dados e das discussões.
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