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Diagnóstico fisioterapêutico 4
em terapia intensiva

Fleury Ferreira Neto


Marcus de Lemos Fonseca
Thiago Araújo de Melo

INTRODUÇÃO
A atuação do fisioterapeuta no campo da terapia intensiva con‑
figura uma necessidade primária para a saúde do paciente interna‑
do neste setor. Como integrante da equipe multiprofissional, o fisio‑
terapeuta deve estar preparado para contribuir, com seu domínio de
conhecimento, para a manutenção da vida deste doente e, como vo‑
cação, atuar na preservação, na prevenção e na promoção da inde‑
pendência funcional e da autonomia do paciente.
Nessa perspectiva, o profissional deve estar atento aos conceitos
atuais de saúde e compreender bem o seu papel dentro da equipe.
Dessa forma, ele será capaz de somar esforços com outros profissio‑
nais envolvidos nos cuidados para que o paciente possa experimen‑
tar a melhor atenção possível durante essa fase.
No que tange aos conceitos de saúde, desde o final do século
passado, os profissionais direta e indiretamente ligados a esse cam‑
po do saber vêm alertando sobre a importância de uma noção mais
ampla sobre o estado de saúde, alertando para outros fatores, além
dos biológicos, para o estabelecimento de uma condição preserva‑
da de saúde.

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Embora este “novo” pensar tivesse sido muito influenciado por


questões das doenças crônico­‑degenerativas, que levam à necessi‑
dade de adaptações contínuas ao estado de saúde, pode também
ser extrapolado para situações de risco iminente de morte, que,
mesmo transitórias, podem repercutir decisivamente na capacida‑
de do indivíduo em exercer independência e autonomia, a despei‑
to do ambiente.
Como um dos resultados deste novo modelo de saúde, o chama‑
do modelo biopsicossocial, em 2001, a Organização Mundial da Saú‑
de (OMS) lançou a Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF), com o intuito, dentre vários outros, de
poder classificar melhor o estado de saúde dos indivíduos com rela‑
ção à capacidade funcional e à sociedade.
A CIF propõe a caracterização da condição de saúde levando em
consideração basicamente dois domínios que concorrem de forma
integradas. O primeiro refere­‑se ao aspecto estrutural e funcional do
indivíduo. Nesse domínio, encontram­‑se as características anatômi‑
cas e de funções físicas e mentais. Dessa forma, qualquer anormali‑
dade nesse domínio configura­‑se uma deficiência, o que não neces‑
sariamente vem a ser uma limitação nos outros domínios: a
atividade/participação social.
No domínio atividade, estão descritas as capacidades do indiví‑
duo no cotidiano individual, ou seja, a possibilidade de cumprir as
chamadas atividades de vida diária (AVD) de forma independente e
com desempenho satisfatório. Nessa condição, destacam­‑se tarefas
como transferências e mudanças de postura, locomoção, banho, hi‑
giene, vestuário etc.
Já no campo da participação, compreende­‑se a capacidade do in‑
divíduo em exercer o seu papel na sociedade, bem como desfrutar
da coletividade e das possibilidades que o meio social proporciona.
Outros fatores, também de fundamental importância na condi‑
ção de saúde do indivíduo, são os ambientais e as questões pessoais,

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podendo configurar, no caso dos fatores ambientais, como facilita‑


dores ou barreiras da capacidade funcional, e nos aspectos pessoais,
anseios, objetivos, metas e padrões sociais.
A partir dessa perspectiva proporcionada pela CIF, o fisioterapeu‑
ta pôde encontrar um modelo no qual basear o processo de tomada de
decisão terapêutica, que não o modelo biológico, historicamente uti‑
lizado. O esquema de funcionalidade proposto na CIF permite que o
fisioterapeuta analise e compreenda os fenômenos relacionados dire‑
tamente com a prática e os objetivos como profissional.
Dentro desse processo de tomada de decisão terapêutica, a Asso‑
ciação Americana de Fisioterapia (APTA) destaca os termos exame,
avaliação, diagnóstico, objetivos, plano terapêutico e prognóstico como
etapas de um processo estruturado para atuação profissional.
O tópico diagnóstico fisioterapêutico ganha destaque, na me‑
dida em que, além de configurar a identidade e a autonomia profis‑
sional, permite que todas as medidas terapêuticas sejam embasadas
em uma condição detectável e alinhada com os objetivos funcionais
da intervenção.
Na terapia intensiva, o fisioterapeuta também deve estar preo‑
cupado com as questões que envolvem capacidade funcional e de‑
sempenho, e não apenas com os aspectos isolados das funções fí‑
sicas ou fisiológicas, especialmente aqueles referentes ao sistema
cardiorrespiratório.
O profissional pode e deve examinar os aspectos mais específi‑
cos ligados ao domínio estrutural e à função corporal que a CIF pro‑
põe, e buscar nesta análise possíveis causas para a limitação funcio‑
nal ou a restrição de participação do paciente.
Essa primeira etapa envolve o exame realizado pelo fisioterapeu‑
ta, isto é, uma busca direcionada para deficiências que estejam liga‑
das à incapacidade do paciente. O aspecto quantitativo desta inves‑
tigação é fundamental; neste momento, o profissional vai fazer a
avaliação do que encontrou no exame.

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A partir dos dados dessa avaliação e embasado nos conhecimen‑


tos de parâmetros de normalidade para as funções investigadas, o fi‑
sioterapeuta deve refletir sobre as reais causas das limitações funcio‑
nais. Nesse momento, ele está elaborando o seu diagnóstico, sempre
propondo hipóteses e testando diagnósticos diferenciais.
Uma vez determinada(s) a(s) causa(s) cinético­‑funcional(is) da
situação atual do paciente, e somente a partir de então, é que o fisio‑
terapeuta pode estabelecer os objetivos em curto, médio e longo pra‑
zos, bem como a estratégia terapêutica mais adequada para atingi­
‑los e em um tempo esperado (prognóstico).
No campo da terapia intensiva, algumas questões de ordem es‑
trutural ou funcional comumente estão relacionadas à condição de
limitação funcional ou desvantagem que os pacientes experimentam
enquanto estão sob os cuidados da equipe multiprofissional.
Neste capítulo, serão destacados dois aspectos: os sistemas car‑
diorrespiratório e neuromusculoesquelético.

AVALIAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS DO


SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO
As funções cardiorrespiratórias são definidas como as capacida‑
des dos sistemas cardiovascular e respiratório de suprir as necessi‑
dades metabólicas de tecidos e órgãos, evitando o desequilíbrio en‑
tre oferta e consumo de oxigênio, bem como transferir o oxigênio do
ambiente para a circulação pulmonar e o gás carbônico (CO2) pro‑
duzido nos tecidos da circulação pulmonar para o ambiente.1,2

Avaliação das alterações do sistema cardiovascular na UTI


Segundo o modelo da CIF, as funções cardíacas são: frequência
cardíaca (FC), ritmo cardíaco, força contrátil dos músculos cardía‑
cos e fornecimento de sangue ao coração. Tais funções estão relacio‑
nadas com a variabilidade da FC, dos diferentes ritmos cardíacos, a

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quantidade de sangue bombeada das câmaras, a exemplo do débito


cardíaco reduzido, assim como o fornecimento de sangue ao mio‑
cárdio a cada batimento.
A principal alteração do sistema cardiovascular está relacionada
com incompatibilidades entre consumo e oferta de oxigênio aos te‑
cidos. Tais alterações podem estar relacionadas com as funções cro‑
notrópicas e/ou inotrópicas inadequadas, assim como anomalias de
fluxo sanguíneo para os tecidos. Na unidade de terapia intensiva
(UTI), as causas de alterações das funções do sistema cardiovascu‑
lar são as mais variadas, como valvopatias, cardiomiopatias, altera‑
ções rítmicas, quadros de choque cardiogênico, descondicionamen‑
to cardiorrespiratório oriundo dos efeitos da restrição prolongada
no leito e eventos que promovem a redução de fluxo sanguíneo ar‑
terial ou venoso periférico.1,2
Para definição dos principais marcadores cardiovasculares à bei‑
ra do leito na UTI, é necessária uma avaliação minuciosa do histó‑
rico clínico e das possíveis repercussões funcionais, a presença de
barreiras como uso de medicamentos e a análise das principais va‑
riáveis fisiológicas, como FC, pressão arterial e saturação periférica
de oxigênio. Tais marcadores direcionam o fisioterapeuta quanto à
reserva cardiovascular em repouso e em algumas situações menos
frequentes em razão da criticidade durante a atividade.
Segundo o modelo da CIF, a FC está relacionada com o número
de vezes que o coração se contrai por minuto e inclui como deficiên‑
cias as taquicardias ou bradicardias; do mesmo modo, a pressão ar‑
terial está relacionada à pressão exercida nas paredes dos vasos, in‑
cluindo como deficiências as variações com elevação ou queda de
pressões sistólicas e/ou diastólicas.
Seguindo a proposta da revisão sistemática de Adler et al., va‑
lores de pressão sistólica maiores do que 180 mmHg, de pressão ar‑
terial média menores do que 65 ou maiores do que 110 mmHg, fre‑
quências cardíacas superiores a 130 ou inferiores a 40 bpm e valores

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maiores do que 70% da FC predita para a idade são considerados


marcadores de deficiências de função cardiovascular.
Tais marcadores também foram mencionados no estudo de Stiller
et al.,3 em que a função cardiovascular foi considerada uma variável
que deve ser avaliada para ajuste de intensidade da mobilização no pa‑
ciente criticamente enfermo, tendo em vista a influência da atividade
no consumo de O2 e a correlação evidente com o trabalho muscular.
Outras ferramentas que avaliam dispneia e percepção de esfor‑
ço, como índice de percepção do esforço (IPE) ou a escala de Borg,
além do equivalente metabólico (MET), servem para nortear defi‑
ciências nos sistemas cardiorrespiratórios durante a realização de ati‑
vidades, o que possibilita uma avaliação no domínio da atividade no
âmbito da UTI.4
Ainda no domínio de estruturas e funções, os resultados de exa‑
mes de sangue, como saturação venosa central, lactato, consumo má‑
ximo de oxigênio e concentração de hemoglobina, também podem
nortear deficiências do sistema cardiorrespiratório.5

Avaliação das alterações do sistema respiratório na UTI


Seguindo o modelo da CIF, as possíveis deficiências nas estrutu‑
ras e funções do aparelho respiratório são na estrutura anatômica
(deficiências de parênquima pulmonar, vias aéreas, caixa torácica,
espaço pleural ou músculos respiratórios); funções da respiração (fre‑
quência respiratória [FR]), ritmo respiratório, profundidade da res‑
piração e trocas gasosas) e funções dos músculos respiratórios torá‑
cicos, diafragma e acessórios.
Em se tratando do domínio da CIF, estrutura e função, a princi‑
pal alteração no sistema respiratório está relacionada a deficiências
nas trocas gasosas. Esta pode apresentar etiologia variada, como al‑
terações da impedância (complacência, elastância ou resistência de
via aérea), déficits de difusão em nível alveolar e alterações de força
muscular respiratória.

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Em relação aos aspectos quantitativos dessa investigação diag‑


nóstica, é fundamental realizar a avaliação física e exames à beira do
leito. Portanto, para identificar as possíveis deficiências e limitações
de atividades geradas por alterações do aparelho respiratório, deve
ser realizada avaliação criteriosa com:

■■ Anamnese com registro da queixa principal (atentar que, mui‑


tas vezes, a queixa principal já norteia em qual domínio da CIF
se encontra a alteração).
■■ Coleta do histórico clínico; exame físico (inspeção, palpação, per‑
cussão e ausculta pulmonar): sugere deficiência de estruturas e
funções do aparelho respiratório.
■■ Aferição da FR, saturação periférica de oxigênio (SPO2 ≥ 96%):
sugere alterações de trocas gasosas.
■■ Avaliação pneumofuncional baseada na ventilometria ou espi‑
rometria:
–– Capacidade vital forçada (CVF) e/ou capacidade vital lenta
(CVL): sugere deficiências nas propriedades mecânicas do
sistema respiratório.
–– Volume expirado forçado no 1º segundo (VEF1): sugere de‑
ficiência na capacidade de expulsar o ar e consequente limi‑
tação de fluxo aéreo exalatório, aumento de resistência e obs‑
trução de vias aéreas.
–– Ventilação voluntária máxima (VVM): sugere deficiência de
resistência ventilatória.
–– Pico de fluxo expiratório (PFE): sugere deficiência de fluxo
expiratório e possíveis alterações de mecânica da tosse, au‑
mento de resistência e obstrução de vias aéreas.
–– Manovacuometria – pressão inspiratória máxima (Pimáx) e
pressão expiratória máxima (Pemáx): sugere deficiência de for‑
ça muscular inspiratória e expiratória.

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■■ Avaliação pneumofuncional em pacientes sob ventilação mecâ‑


nica: deficiências evidenciadas pela avaliação da mecânica pul‑
monar com alterações da complacência pulmonar estática e di‑
nâmica, assim como da resistência das vias aéreas. Além das
avaliações dos componentes volumétricos e pressóricos, analisa‑
dos pelo comportamento dos gráficos e alças de volume, fluxo e
pressão, os quais também sugerem deficiências de mecânica pul‑
monar, além de hiperinsuflação dinâmica.

Vale salientar que, para todos os marcadores de função do siste‑


ma respiratório, deve­‑se considerar os valores de normalidade para
cada indivíduo, baseados em medidas antropométricas e caracterís‑
ticas populacionais. Portanto, é importante seguir as fórmulas pre‑
ditoras sugeridas pelas entidades científicas que representam e pes‑
quisam sobre o tema em questão. Seguem fórmulas e valores de
referências sugeridos pela American Thoracic Society (ATS) e Socie‑
dade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Valores de referência para pressões respiratórias máximas (os


valores do pico de fluxo estão expostos na Tabela 1)
Homens:
Pimáx = ­‑1,14 x idade + 149,33
Pemáx = ­‑1,26 x idade + 183,31
Mulheres:
Pimáx = ­‑0,46 x idade + 74,25
Pemáx = ­‑0,68 x idade + 119,35

Valores de referência para capacidade vital forçada


Homens (entre 25 e 78 anos)
CVF = estatura x 0,059 – idade x 0,0229 – 4,569
Limite mínimo = previsto – 0,864
Mulheres (entre 20 e 76 anos)

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CVF = estatura x 0,0433 – idade x 0,0164 – 2,967


Limite mínimo = previsto – 0,556

■■ 45 a 50 mL/kg: diminuição da ventilação profunda.


■■ 30 a 45 mL/kg: diminuição da tosse reflexa, da tosse voluntária,
e retenção de secreções.
■■ 30 a 25 mL/kg: diminuição da ventilação semiprofunda e do me‑
canismo de suspiro da eficiência muscular.

Valores de referências para VVM


Homens
VVM = 1,34 x altura em cm – 1,26 x idade – 21,4 (L/min)
Mulheres
VVM = subtrair 16% do resultado da fórmula para homens

Avaliação das deficiências do sistema


osteoneuromioarticular

A avaliação das deficiências que acometem o sistema osteoneu‑


romioarticular é essencial para determinação diagnóstica, prognós‑
tica e terapêutica de pacientes internados em unidades críticas. O
processo envolve a avaliação dos componentes estruturais e funcio‑
nais, o impacto em determinadas atividades e na participação social.
No que tange à deterioração física, muitos são os prejuízos dire‑
tamente associados com a hospitalização, dentre os quais destacam­
‑se a redução do trofismo, da força e da resistência muscular, do dé‑
ficit da coordenação motora, da lentificação da marcha, da
incompetência ortostática, da incoordenação psicomotora e das al‑
terações do equilíbrio corporal.6,7
Adicionalmente, o comprometimento das estruturas e funções
orgânicas responsáveis pelo movimento humano gera impacto dire‑
to na funcionalidade global dos portadores, limitando a execução de

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TABELA 1 Valores de referência para pico de fluxo expiratório – peak flow


Estatura ­‑ mulheres
Idade 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 1,95 2
15 426 438 449 461 473 485 497 509 521 533 544 556 568
20 415 427 439 451 463 475 487 499 510 522 534 546 558
25 405 417 429 441 453 465 477 488 500 512 524 536 548
30 395 407 419 431 443 454 466 478 490 502 514 526 538
35 385 397 409 420 432 444 456 468 480 492 504 516 527
40 375 387 398 410 422 434 446 458 470 482 493 505 517
45 364 376 388 400 412 424 436 448 459 471 483 495 507
50 354 366 378 390 402 414 426 437 449 461 473 485 497
55 344 356 368 380 392 403 412 427 439 451 463 475 487
60 334 356 368 380 392 403 415 427 439 451 463 475 487
65 324 336 347 359 371 383 395 407 419 431 442 454 466
70 313 325 337 349 361 373 385 397 08 420 432 444 456
75 303 315 327 339 351 363 375 386 398 410 422 434 446
80 293 305 317 329 341 352 364 376 388 400 412 424 436
Estatura – homens
Idade 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 1,95 2
15 455 476 496 516 536 556 576 596 616 636 656 676 696
20 452 472 492 512 532 553 573 593 613 633 653 673 693
25 449 469 489 509 529 549 569 589 609 629 650 670 690
30 446 466 486 506 526 546 566 586 606 626 646 666 686
35 442 462 482 502 523 543 563 583 603 623 643 663 683
40 439 459 479 499 519 539 559 579 600 620 640 660 680
45 436 456 476 496 516 536 556 576 596 616 636 656 677
50 432 452 473 493 513 533 553 573 593 613 633 653 673
55 429 449 469 489 509 529 549 570 590 610 630 650 670
60 426 446 466 486 506 526 546 566 586 606 626 647 667
65 422 443 463 483 503 523 543 563 583 603 623 643 663
70 419 439 459 479 499 520 540 560 580 600 620 640 660
75 416 436 456 476 496 516 536 556 576 596 617 637 657
80 413 433 453 473 493 513 533 553 573 593 613 633 653
Fonte: Leiner et al., 1963.8

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atividades básicas de vida diária, a exemplo da locomoção e das trans‑


ferências de posição. Tal degeneração da funcionalidade tem sido
descrita na literatura científica como declínio funcional.
Os fatores de risco para o desenvolvimento do declínio funcional
em pacientes hospitalizados são comuns a toda a população interna‑
da, mesmo que em proporções diferentes. Dentre tais fatores, destacam­
‑se: fatores sociodemográficos, fatores clínicos (diagnóstico, comor‑
bidades, gravidade da condição clínica, uso de drogas e estado
nutricional), fatores relacionados à capacidade físico­‑funcional e seus
determinantes (comprometimento cognitivo, delirium e comprome‑
timento dos elementos neuromioarticulares) e fatores ambientais.9
Sendo o fisioterapeuta o profissional que detém a expertise para
avaliar, diagnosticar e tratar as deficiências do sistema osteoneuro‑
mioarticular, bem como as disfunções provindas do movimento hu‑
mano, seu papel torna-se essencial no contexto da hospitalização, so‑
bretudo no gerenciamento da condição funcional durante o processo
de internação, estabelecendo estratégias de prevenção e recuperação
o mais precocemente possível. Atenção também deve ser dispensada
com referência ao futuro desempenho comunitário, devendo-se in‑
serir, no planejamento de cuidado fisioterapêutico na UTI, objetivos
e metas funcionais relativas ao momentos de pós­‑alta hospitalar.
Atendendo a perspectiva da CIF, a seguir são apresentados alguns
dos domínios a serem contemplados no processo avaliativo, no intuito
de favorecer a estruturação do diagnóstico fisioterapêutico (Tabela 2).

AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA E DA FUNÇÃO


OSTEONEUROMIOARTICULAR
A avaliação da função muscular esquelética compreende um dos
componentes mais importantes para a determinação diagnóstica na
UTI, frente a alta prevalência de doentes que desenvolvem fraqueza
e perda de resistência deste componente.

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TABELA 2 Domínios da CIF a serem contemplados no processo avaliativo


Estrutura/função Atividades Participação
(corporal e mental)
Força/resistência/potência Transferências de postura Participação na atividade
muscular (rolar no leito, deitado­ laborativa
Amplitude de movimento ‑sentado, sentado­ Participação em atividades
articular (ADM) ‑ortostase) religiosas
Tônus e trofismo muscular Marcha
Sensibilidade Sentar e levantar
Reflexos tendinosos Subida e descida de
profundos degraus
Cognição Autocuidado (banho,
Equilíbrio estático e higiene pessoal, troca do
dinâmico vestuário, alimentação
Coordenação motora etc.)

O teste de força muscular manual proposto pelo Medical Resear‑


ch Council (MRC) é amplamente utilizado no cenário clínico para
avaliação do desempenho muscular com aceitável confiabilidade in‑
terexaminador na população de sobreviventes de doença crítica,10
apesar do componente de subjetividade. Conta com um escore de 0
a 5 pontos para quantificação do desempenho muscular durante a
contração, sendo o grau 0 a ausência de contração de determinado
músculo quando solicitado ativamente, e 5 uma contração muscular
capaz de vencer uma grande resistência manual ao longo da ampli‑
tude de movimento.
O MRC sugere a avaliação bilateral de 3 pares de grupos muscu‑
lares envolvendo os membros superior (abdutores do ombro, flexo‑
res do cotovelo e extensores do punho) e inferior (flexores do qua‑
dril, extensores do joelho e dorsiflexores do tornozelo), utilizando o
mesmo sistema de pontuação de 0 a 5, perfazendo o total de 60 pon‑
tos nesta avaliação. Os pacientes são considerados portadores de fra‑

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queza muscular do doente crítico caso apresentem pontuação total


menor que 48 pontos.
Recentemente, tem sido proposta uma forma alternativa para
avaliação da força muscular periférica por meio da força de preen‑
são manual (FPM), com utilização dos dinamômetros hidráulicos de
preensão manual. A avaliação da FPM está diretamente relacionada
com o estado nutricional e a habilidade do paciente para retornar às
atividades funcionais,11 assim como tem sido considerada um im‑
portante indicador geral de força e potência muscular periférica,12
além de estar atrelada a desfechos substanciais como mortalidade em
idosos hospitalizados.13 O estabelecimento da fraqueza muscular
pode ser confirmado quando os valores da FPM forem inferiores a
20 kgf em mulheres e 30 kgf em homens.14
Embora com uso ainda bastante incipiente, a ultrassografia diag‑
nóstica tem sido crescentemente advogada como recurso padrão­
‑ouro para a avaliação da morfologia muscular à beira do leito na
UTI. Gruther et al.15 descreveram que a ultrassonografia é uma fer‑
ramenta de medição válida e prática para documentar a massa mus‑
cular como parte da rotina diária em UTI. A perda de massa avalia‑
da por esse recurso parece estar relacionada com maior tempo de
permanência na unidade, com redução de força e funcionalidade.

AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES


Um detalhe importante é o fato de que a avaliação das deficiên‑
cias do sistema osteomioarticular, desenvolvida pelo fisioterapeuta,
deve abranger não apenas a detecção dos sinais de imobilidade, dis‑
túrbios do equilíbrio, força, resistência muscular, mas também alte‑
rações na execução das atividades como marcha e transferências de
postura,9 assim como o respectivo desempenho. Nesse âmbito, a uti‑
lização de testes físicos e as escalas específicas podem ser considera‑
das ferramentas fundamentais para o fisioterapeuta intensivista.

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Atualmente, grande atenção tem sido dada à avaliação da mobi‑


lidade física, a qual é considerada uma atividade na perspectiva da
CIF. De acordo com Callen et al.,16 a mobilidade física é conceitua‑
da como a capacidade do paciente de transferir­‑se de posturas até
atingir a postura em pé e posterior deambulação, também devendo
ser avaliada e acompanhada em todo o processo de hospitalização.
Escalas como FSS (Functional Status Score), medida de independên‑
cia funcional (MIF), ICMS (ICU mobility scale), MMS (Manchester
Mobility Score), Perme Intensive Care Mobility Score, CPAx (Chelsea
Critical Care Physical Assessment Tool) e PFIT (Physical Function ICU
Test) estão sendo atualmente utilizadas para avaliação de atividades
como transferências de postura e marcha.
A determinação do desempenho nas atividades pelo uso de tes‑
tes, a exemplo o teste de caminhada de 10 metros – que mede a ve‑
locidade usual e incentivada da marcha –, tem sido considerado um
importante preditor de desfechos como sobrevivência, hospitaliza‑
ção ou institucionalização, demência e quedas em idosos comunitá‑
rios.17 Recentemente, um grupo de pesquisadores18 observou que a
velocidade de marcha demonstrou­‑se um bom preditor de eventos
adversos após uma cirurgia cardíaca, sendo também particularmen‑
te útil para determinação do risco operatório. Assim sendo, é cres‑
cente o número de estudos que têm avaliado a viabilidade, a valida‑
de clínica e a segurança da aplicação desse teste na UTI.
Outro exemplo é o teste de sentar­‑levantar de 5 repetições ou ve‑
zes, forma mais aplicada na prática clínica, que reproduz o ato de
sentar e levantar por 5 repetições tão rapidamente quanto possível,
tendo o tempo devidamente cronometrado, como mencionado por
Silva et al.19 É particularmente útil para avaliação da força muscular
dos membros inferiores e do equilíbrio corpóreo,20 e recentemente o
desempenho já tem sido associado a importantes desfechos, como
capacidade para o exercício de portadores de doença pulmonar obs‑
trutiva crônica21 e risco de quedas em idosos.22

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Tanto a mensuração da velocidade da marcha quanto o uso do


teste de sentar­‑levantar de 5 repetições e o teste de avaliação de equi‑
líbrio corporal já têm sido testados em pacientes na UTI por meio
do Short Phsyical Performance Battery (SPPB), com o intuito de ava‑
liar a recuperação funcional de indivíduos com doença crítica. En‑
tretanto, ainda são necessários estudos que avaliem as propriedades
clinimétricas desse instrumento.
Os dados relativos ao desempenho em testes físicos validados e,
portanto, executados na UTI podem contribuir sobremaneira para a
estruturação do diagnóstico fisioterapêutico, uma vez que estão quan‑
titativamente (p. ex., velocidade para andar em casa, tempo para sen‑
tar e levantar de uma cadeira etc.) e qualitativamente relacionados
com as demandas oferecidas em cenário comunitário, permitindo ao
fisioterapeuta o estabelecimento de metas de reabilitação na UTI que
prevejam a atuação em domicílio e na comunidade.

AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO
A utilização de instrumentos de avaliação da qualidade de vida
contempla o impacto das alterações de função física e corpóreas pro‑
vocadas pela hospitalização no que tange à restrição da participação
social. Um bom exemplo é o questionário genérico de qualidade de
vida Short Form Health Survey (SF­‑36), que pode ser aplicado em ce‑
nário comunitário no intuito de avaliar o impacto da hospitalização
sobre a participação e as restrições em nível social.

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