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Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU.
Possui experiência no Ensino Infantil, no Ensino Médio e no Ensino Superior.
Trabalha no campo da educação há 27 anos.
É coautora do livro A escola e o aluno: relações entre o sujeito-aluno e o sujeito-professor (Editora Avercamp, 2007).
Atualmente, cursa doutorado em Psicologia da Educação na Unicamp.
É professora de Pedagogia no curso EaD da UNIP.
CDU 37.01
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Vitor Del Mastro
Geraldo Teixeira Jr.
Sumário
Pedagogia Interdisciplinar
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 O pedagogo interdisciplinar................................................................................................................9
1.1 Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade................................ 10
1.2 Projetos e interdisciplinaridade....................................................................................................... 17
1.3 Modelo de projeto................................................................................................................................. 20
2 Da noção de qualificação à noção de competência......................................................... 26
2.1 Competência à docência.................................................................................................................... 27
2.2 A afetividade na relação professor/aluno................................................................................... 31
2.3 Reflexão e ação: um processo a favor da prática docente.................................................. 34
3 Trabalho em grupo: uma necessidade a ser conquistada........................................... 36
3.1 Habilidades Sociais............................................................................................................................... 38
3.1.1 Habilidades sociais de comunicação................................................................................................ 38
3.1.2 Habilidades sociais de civilidade........................................................................................................ 39
3.1.3 Habilidades sociais de defesa dos direitos e da cidadania...................................................... 39
3.1.4 Habilidades sociais empáticas............................................................................................................ 39
3.1.5 Habilidades sociais de trabalho.......................................................................................................... 40
3.1.6 Habilidades sociais educativas........................................................................................................... 40
3.1.7 Habilidades sociais de expressão de sentimento positivo....................................................... 40
4 O uso de vivências em programas de treinamento de habilidades sociais...........41
4.1 A estrutura das vivências................................................................................................................... 42
4.2 O facilitador de grupo: questões técnicas e éticas.................................................................. 42
4.3 Breve histórico: dinâmicas de grupo favorecendo o aprendizado.................................... 42
4.3.1 Psicodrama................................................................................................................................................. 45
4.3.2 Cronologia da vida de Jacob Levi Moreno..................................................................................... 46
4.4 Objetivos das dinâmicas..................................................................................................................... 48
4.5 Trabalhando textos com a moral.................................................................................................... 55
Unidade II
5 Literatura Infantil.................................................................................................................................... 57
5.1 Literatura Infantojuvenil e escola................................................................................................... 60
5.1.1 A construção da infância e a Literatura Infantil......................................................................... 60
5.2 A importância da Literatura Infantojuvenil para o pedagogo............................................ 62
5.2.1 A Literatura Infantojuvenil na sala de aula................................................................................... 62
5.3 Literatura Infantojuvenil — arte literária ou recurso pedagógico?................................... 63
6 Estágios psicológicos da criança e a literatura................................................................ 65
6.1 Primeira infância: movimento e emotividade (dos 15/18 meses aos 3 anos).............. 65
6.2 Segunda infância: fantasia e imaginação (dos 3 aos 6 anos)............................................. 65
6.3 Terceira infância: pensamento racional e socialização (dos 7 aos 11 anos).................. 66
6.4 Pré-adolescência: pensamento reflexivo e idealismo (dos 11 aos 16 anos)................. 67
6.5 Adolescência: ânsia de viver — aventura — busca e revolta (a partir dos 17/18 anos)......67
7 Como avaliar o texto literário — critérios de análise................................................... 67
7.1 Literatura Infantil — aspectos a serem desenvolvidos........................................................... 67
7.2 Como avaliar o texto literário?........................................................................................................ 68
7.3 Como avaliar a imagem da obra literária infantojuvenil?.................................................... 69
8 A ilustração e o pequeno leitor — aspectos importantes............................................. 70
8.1 Paginação e diagramação...................................................................................................................71
8.2 Como e por que desenvolver a criação de um livro infantojuvenil?................................71
8.3 Como envolver o aluno no processo criador?........................................................................... 72
8.4 O teatro na escola — uma atividade completa......................................................................... 74
8.5 O folclore e sua importância na escola........................................................................................ 78
8.6 Poesia e parlendas na escola............................................................................................................ 80
8.7 A literatura na educação especial.................................................................................................. 83
8.8 Histórias em quadrinhos.................................................................................................................... 86
8.8.1 Como trabalhar com as histórias em quadrinhos?.................................................................... 91
APRESENTAÇÃO
Ser interdisciplinar é admitir uma postura de trabalho em equipe que ultrapassa as paredes da
disciplinaridade e da fragmentação científica. Ela provoca trocas de informações e saberes.
A literatura se coloca como essencial no processo de humanização, pois nos equilibramos com os
sonhos, e a sociedade irá utilizá-la como uma das ferramentas para a conquista desse equilíbrio. Com
acesso à leitura, o indivíduo entra em contato com diferentes culturas, hábitos, crenças e mundos,
formando sua personalidade e trazendo à luz a mentalidade de uma determinada sociedade.
É um desafio para o educador desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes que motivem e que
deem real significado ao conteúdo a ser desenvolvido em sala de aula.
Introdução
Este livro-texto tem como objetivo articular ensino e pesquisa na produção do conhecimento e na
prática pedagógica, conscientizando-os da necessidade de compromisso com uma ética profissional e
com a organização da vida em sociedade.
Há várias formas de se conceber a educação, que, por sua própria natureza, é uma realidade
inacabada, pois os conceitos são passíveis de reinterpretações e mudanças, uma vez que estes sofrem
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influências sócio-histórico-culturais. A educação faz parte de uma determinada sociedade, está inserida
num determinado momento histórico e é influenciada por suas diferentes culturas.
É necessário considerar que, exatamente por sua complexidade, a educação sempre deve estar aberta
a novas contribuições, pois não existe uma teoria ou um modo de fazer educação empiricamente
validado como único no meio educacional.
Trabalhamos com alguns assuntos que subsidiarão o fazer pedagógico de cada um, e também
fornecemos informações a respeito do trajeto que será percorrido para obter a licenciatura.
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Pedagogia Interdisciplinar
Unidade I
1 O pedagogo interdisciplinar
Iniciamos esta obra fazendo alguns questionamentos como: o que é ser pedagogo? E qual é o
significado da palavra pedagogia?
O pedagogo é o profissional formado em Pedagogia. A palavra pedagogia teve sua origem na Grécia
Antiga: paidós (criança) e agogé (condução), conduzir a criança. Portanto, o pedagogo é aquele que
conduz a criança, ou seja, faz que o aluno alcance o conhecimento.
Nos tempos hodiernos, o termo pedagogo é utilizado para se referir aos estudiosos da educação e
do processo de ensino-aprendizagem, entendendo que um pedagogo é o profissional capacitado para
discutir o caminho que a aprendizagem percorre em todas as fases e espaços, já que se sabe que ela não
se limita à escola, pois o ser humano aprende em todo e qualquer espaço. A aprendizagem acontece
em casa, na comunidade, na rua, na igreja, na internet, no convívio diário com as pessoas nas empresas,
nos parques etc. Portanto, o pedagogo pode ter sua formação em: lato sensu — os profissionais que
transitam na educação e lecionam nas mais variadas instituições educativas; e o strictu sensu — o
profissional que trabalha na área da pesquisa, documentação, tem uma formação específica.
Se o conhecimento está em todos os espaços e não pertence mais unicamente à escola, a prática
pedagógica deve ser repensada e modificada, adaptando-se à situação atual.
Pensar que a pedagogia apenas forma professores é pensar de forma muito simples. Ela deve
preparar o profissional da educação para a pesquisa, para a reflexão e para a transformação. Pensar
sistematicamente na educação e em seu processo requer uma reflexão sobre a prática educativa dos
professores como parte do processo social. Essa prática exige um olhar amplo, que percorra as várias
áreas do conhecimento — filosófica, científica e técnica, a fim de investigar o fenômeno educativo
em pormenores. Ao desenvolver essa habilidade, o professor não só conseguirá discutir com mais
fundamentação as questões da educação, como estará preparado para agir interdisciplinarmente,
utilizando sua percepção e seus conhecimentos diversos para solucionar e discutir problemas.
O pedagogo pode atuar como professor na Educação Infantil; nas séries iniciais do Ensino
Fundamental — do primeiro ao quinto ano; na Educação de Jovens e Adultos; na orientação pedagógica;
na coordenação educacional; na área administrativa da escola — como diretor.
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Unidade I
O docente também pode trabalhar em outras esferas que não sejam educacionais: pedagogia
empresarial, hospitalar, clínica; pode analisar softwares educativos em empresas; analisar livros didáticos
em editoras etc. Há diversos setores que se abrem para o professor trabalhar com a diversidade cultural,
étnica, social e econômica. Para tal, é preciso que o mestre seja capaz de trabalhar em equipe, de
lidar com conflitos, buscar soluções para problemas presentes e desenvolver projetos que mobilizem as
pessoas.
A Pedagogia, por abranger disciplinas como Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia, entre
outras, tem, por excelência, a interdisciplinaridade.
A História levou séculos para conferir o status de cientificidade à atividade dos pedagogos, apesar da
problemática pedagógica estar presente em todas as etapas históricas desde a Antiguidade.
Quanto ao seu objeto de estudo, o pedagogo não possui um conteúdo próprio, mas sim um domínio
próprio (a educação), e um enfoque próprio (o educacional), é isso que lhe assegura seu caráter científico.
Como todo cientista da área sócio-humana, o profissional se apoia na reflexão e na prática para conhecer
o seu objeto de estudo e, assim, produzir algo novo na sistemática pedagógica. O docente é investido de
uma função reflexiva, investigativa, e, portanto, científica do processo educativo.
Lembrete
A articulação de diferentes saberes é um dos fatores que exigem do pedagogo uma precisa constante
atualização e um aprimoramento de sua formação, uma vez que, para dinamizar a aprendizagem, este
profissional deve buscar novas descobertas e aprofundar-se em diferentes abordagens no universo do
ensino-aprendizagem nas dimensões do ser, do conhecer e do saber fazer.
A interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX, pois havia a necessidade de uma resposta
frente à fragmentação causada pela concepção positivista — as ciências foram subdivididas, ou seja,
surgiram várias disciplinas. Após longas décadas convivendo com um reducionismo científico, a ideia
10
Pedagogia Interdisciplinar
A mudança histórica não recai apenas na educação, e sim em todos os setores da sociedade: política,
economia, tecnologia, social e educacional. A educação é um dos setores a ser mudado quanto à visão
complexa da sociedade, que, como tal, requer um olhar que entenda e atenda a essa complexidade. Veja
o esquema a seguir:
Política
Tecnologia Escola
Sociedade
Cultura Economia
Figura 1
Ter um pensamento mais abrangente possibilita ao aluno, ao professor e/ou pesquisador ter a noção
de que um fato, um problema ou uma situação não se encerra em uma única dimensão, pois esses
englobam vários campos de conhecimento e vários olhares. Quando se consegue desenvolver esse senso
crítico, os envolvidos na pesquisa e no estudo conseguem superar a visão fragmentada e organizar
seu conhecimento de forma ampla e significativa. Dessa forma, o sujeito é inserido no meio social,
participando e interagindo na sociedade por meio do diálogo, tornando-se, assim, ativo nas decisões.
Quando a troca é possível, o sujeito se desenvolve e supera o olhar fragmentado para obter uma
visão ampla do objeto estudado. Podemos inferir, portanto, que a interdisciplinaridade pretende garantir
a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras entre as disciplinas. Ela busca o envolvimento
das ações, um compromisso diante dos conhecimentos, ou seja, atitudes e condutas interdisciplinares; e
o fundamental é: saber utilizar o conhecimento obtido em diferentes situações e problemas.
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Unidade I
Por outro lado, para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido pelos professores, eles
devem se apropriar de uma metodologia contrária à fragmentação tão criticada atualmente, têm de
integrar os conhecimentos, superando a dicotomia entre teoria e prática, as especificações de cada
conteúdo, trabalhando-os conjuntamente e de forma reflexiva.
Quando nos referimos à fragmentação, estamos trazendo à tona as críticas existentes em relação
à especificidade de cada disciplina, ao fato de cada uma delas trabalhar com sua própria visão, e não
pelo todo, não considerando a complexidade de cada uma. O conteúdo, dentro dessa abordagem
fragmentada, é transmitido como se fosse único e isolado.
Observa-se que a ação pedagógica da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola
participativa. Para que isso ocorra, é fundamental o papel do professor no avanço construtivo do
aluno. É ele que pode perceber necessidades do estudante e o que a educação pode lhe proporcionar.
A interdisciplinaridade do docente pode envolver e instigar o discente a mudanças e à busca do saber.
Portanto, quando se integra mais de um conhecimento ou componentes curriculares na construção de
um conhecimento, pode-se dizer que há uma interdisciplinaridade.
Um exemplo de ação interdisciplinar pode ser visto no filme Ser e ter, que nos mostra um desafio
de um professor em lecionar em uma escola rural da França. Na sala de aula, há 13 crianças, entre 4
e 11 anos, e o docente utiliza diversas atividades e tem uma postura afetuosa, dirigindo-se a cada um
separadamente, sem elevar o tom de voz. O professor procurava propiciar momentos para que seus
alunos desenvolvessem a autonomia, propunha trabalhos que estimulassem a tomada de decisão. Este
filme nos apresenta uma forma de agir e conduzir uma situação interdisciplinarmente.
12
Pedagogia Interdisciplinar
Saiba mais
O filme citado apresenta um professor que trabalha numa sala multisseriada, com crianças entre 4 e
11 anos. O professor, Lopez, ministra as aulas conforme a faixa etária, dividindo a turma em três grupos.
Ele desempenha seu trabalho brilhantemente.
Exemplo de aplicação
Com base no filme mencionado no Saiba Mais, faça um levantamento sobre as atitudes
interdisciplinares que são apresentadas. Registre e reflita sobre as vivências escolares, suas
implicações na formação do educando e as competências necessárias do professor para realizar
essa tarefa.
Dando continuidade ao nosso assunto, o prefixo inter significa entre, portanto, a interdisciplinaridade
seria a união de algo conciso e que foi compartimentado ou dividido. Veja o exemplo a seguir:
Figura 2 – Conhecimento
A interdisciplinaridade pode e deve ser trabalhada pelo professor de uma determinada disciplina, a
barreira que a fragmentação do conhecimento formou deve ser superada. Ao estudar o meio ambiente,
como exemplo, o docente pode discutir História, Geografia, Português, Matemática e outras áreas de
conhecimento que ajudam na compreensão do tema meio ambiente.
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Unidade I
bimestre, aproximadamente. Esses projetos podem trabalhar temas de interesse comum dos estudantes
e/ou professores, propiciando uma relação entre várias disciplinas.
A interdisciplinaridade, além de ser uma atitude na forma de ser e pensar um assunto, é também
uma postura diante da profissão e da vida. Ela ocorre quando o professor consegue articular o assunto
trabalhado em sua matéria com as diferentes áreas dos conhecimentos, trazendo o saber específico de
outra disciplina para complementar e aprimorar o entendimento do que se está falando ou discutindo.
A formação de um professor interdisciplinar extrapola a sua especialização, uma vez que, para que
ele possa agir dessa forma, exige-se um domínio amplo sobre o assunto a ser levado para sala de
aula. Além disso, ela exige uma postura diferenciada do profissional da educação, a fim de superar a
dicotomia entre teoria e a prática.
Para Fazenda (1993), a palavra interdisciplinaridade é muito longa e, para muitos, também é difícil
de decifrar. A interdisciplinaridade está, de certa forma, envolvida pela mágica do novo, do objeto a
ser conhecido e desmistificado, pela sensibilidade e pela percepção. Para a autora, esta palavra, por
ser comprida, traz um mistério e uma ideia sedutora a ser decifrada e utilizada nas escolas e em
universidades que se esforçam em aplicá-la no seu cotidiano, porém poucos realmente conseguem
fazer isso de forma consciente, pois formar alguém interdisciplinarmente é desenvolver nessa pessoa a
capacidade de fazer a interconexão entre as diferentes disciplinas, é utilizar tudo que já aprendeu para
fazer as relações necessárias para a compreensão de algo novo. Ela faz que os talentos ou o talento que
existe nas pessoas sejam visíveis.
Saiba mais
Cita-se, como exemplo, um médico que olha o seu paciente nas suas diferentes dimensões e busca
entender a doença que o acomete não apenas pelo olhar médico, mas também nas dimensões que o
cerca — social, psicológica, emocional e histórica. Não é um trabalho que envolve outros especialistas,
a interdisciplinaridade ou a multidisciplinaridade é um trabalho que vai além do que a especialização
permite, é ver e estudar o todo. Deste modo, temos:
Interdisciplinaridade
• Sociologia
• Lógica
• Psicologia
• Linguística
• Mitologia
Matemática Filosofia
Inteligência Neurociências
artificial
• Informática
• Física
• Robótica
• Pisicofísica
Figura 3
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Unidade I
Citamos como exemplo de multidisciplinaridade uma cirurgia para separar dois bebês siameses, que
pode contar com a participação de várias equipes médicas.
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Após ver os dois filmes destacados no Saiba Mais, levante características inter, trans e multidisciplinares.
Faça uma relação com a realidade da sala de aula da sua comunidade. Como poderia aplicar o que
observou nos filmes? Como exercer uma ação transformadora numa determinada comunidade?
Podemos dizer que ter um olhar multidisciplinar para as disciplinas significa observar as várias
realidades, em que os estudantes podem articular os saberes, fugindo, assim, da forma fragmentada em
que esses saberes se apresentam.
A ciência e a educação tentam, sempre que possível, recuperar o conhecimento no seu todo,
utilizando a transdisciplinaridade, ou seja, ultrapassando a barreira da disciplinaridade e visualizando o
objeto de estudo dentro de um cenário sociocultural. Nessa visão holística, a interdisciplinaridade não é
1
Disponível em: <http://www.rizoma-freireano.org/index.php/transdisciplinaridade-e-educacao--maria-candida-
moraes>. Acesso em: 31 maio 2012.
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Pedagogia Interdisciplinar
o suficiente, pois as realidades são múltiplas e se conectam, assim, para dialogar sem separar a parte do
todo, busca-se a parceria com a transdisciplinaridade.
Hoje se fala muito das especializações, mas, amanhã, essa visão holística do complexo será solicitada,
e as pessoas não estarão preparadas para atender a essa demanda. O que podemos notar é que existem
várias perspectivas e objetivos para uma melhoria na educação.
Em sua opinião, o que se espera da educação no século XXI? Que tipo de conhecimento se espera
desenvolver nos alunos? E qual a postura do profissional da educação?
Espera-se que a educação desenvolva o olhar global do aluno sobre os assuntos que o cercam. Ao
discutir um determinado tema, entende-se que o olhar do professor deve ser abrangente, possibilitando
o discernimento dos problemas como um todo. Que o profissional da educação leve seus alunos à
pesquisa, à crítica e à reflexão das questões a ele apresentadas, desenvolvendo a autonomia nos
estudantes.
Exemplo de aplicação
Pense em uma orquestra sinfônica. Esta, na organização e execução das apresentações, pode-se
considerar uma ação disciplinar, interdisciplinar, multidisciplinar ou transdisciplinar?
Para utilizar projetos em sala de aula, é preciso entender que a educação vai além do aluno, que ela
envolve o professor, a escola, os espaços de interação e a comunidade que a rodeia; o ensino transforma
o espaço escolar em um verdadeiro ambiente de aprendizagem, desenvolve a autonomia do estudante
e permite que ele crie estratégias para a construção de seu conhecimento.
Para ter sucesso com essa prática, deve-se interagir e transitar nas diferentes áreas do conhecimento,
resolver situações-problema a partir dos seus conhecimentos prévios e mobilizar-se na construção de
conhecimentos científicos. O projeto mobiliza e motiva o aluno na busca desse conhecimento mais
organizado e estruturado, e cabe ao professor fazer que ele busque teorias e que estabeleça as relações
necessárias entre elas.
O aluno precisa aprender a lidar com as incertezas, com as possibilidades diversas, com as soluções
provisórias, com a ambiguidade, com o sim e com o não juntos. Para Fazenda (1994), um projeto como
prática interdisciplinar corresponde a articular a teoria e a prática, é dialogar com conceitos diferentes.
Para a autora, esse processo é a ação do ir e vir na busca de um conhecimento. Esse exercício da dúvida,
da pergunta e da incerteza leva o aluno ao verdadeiro conhecimento, pois haverá uma articulação
horizontal e vertical entre as disciplinas, desfragmentando o saber.
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Unidade I
Quando trabalhamos com projetos, objetivamos envolver várias disciplinas, estudando o tema
escolhido dentro da especificidade de cada uma delas. O uso de projetos nas escolas nos conduz a um
aprendizado mais aprofundado e significativo, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo do aluno.
O educando não é visto como um simples receptor, e a informação é tratada de forma construtiva e
proveitosa. Com isso, o estudante desenvolve a capacidade de selecionar, organizar, priorizar, analisar,
sintetizar etc.
Fernando Hernandez (1998) diz que, ao trabalhar um projeto, devemos: pensar de forma
globalizada, possibilitando aos alunos a relação entre informações e procedimentos; levar o professor
à reflexão e à interpretação da prática de maneira cotidiana, empregando significado à relação de
ensino‑aprendizagem; dar um novo significado às práticas na sala de aula e possibilitar a discussão de
temas diversos, conforme o interesse dos alunos e o desafio estabelecido pelo professor.
Podemos, portanto, ensinar por meio de projetos todos os assuntos que tragam uma dúvida inicial,
e, a partir do pressuposto levantado, pesquisar e buscar evidências sobre a questão, sem perder de vista
a importância dos trabalhos individuais e em grupo, as aulas expositivas, os seminários, os debates etc.
Depois da escolha do tema, devemos partir para as hipóteses. Depois, é preciso haver a definição do
material de apoio para a pesquisa, que será utilizada para a busca de respostas — de confirmação ou
não — das hipóteses levantadas. Certamente, as ações a serem desenvolvidas serão determinadas pelo
tipo de pesquisa.
[...] tanto educadores quanto alunos envoltos numa pesquisa não serão mais
os mesmos. Os resultados devem implicar em mais qualidade de vida, devem
ser indicativos de maior cidadania, de maior participação nas decisões da
vida cotidiana e da vida social. Devem, enfim, alimentar o sonho possível
e a utopia necessária para uma nova lógica de vida. (FREIRE, 1996, p. 156).
Essa transformação mútua professor/aluno será concretizada quando o projeto tiver claro sua
justificativa, a situação problema encontrada, a hipótese levantada, os objetivos traçados, a metodologia
que será utilizada etc. Diante disso, algumas etapas precisam ser seguidas e obedecidas. São elas:
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Pedagogia Interdisciplinar
• delimitação da área: para que seja fácil a escolha da bibliografia a ser lida, deve-se saber a qual
área o trabalho se refere;
• justificativa: é ter a noção do que está acontecendo, ou seja, saber o que precisa ser pesquisado.
Os argumentos devem ser convincentes e claros;
• delimitação do tema: um tema amplo inviabiliza a realização do trabalho. Deve-se selecionar um
aspecto a ser abordado de acordo com as características de cada série e idade;
• problema: um questionamento surge de uma curiosidade, de uma pergunta a ser respondida
durante o trabalho;
• hipóteses: são as possíveis respostas à pergunta feita;
• objetivos: aonde se pretende chegar com esse trabalho? Qual a finalidade de sua realização? Nos
objetivos, encontraremos o objetivo geral e mais amplo, que se insere nas competências a serem
desenvolvidas no aluno e o objetivo específico: saber as habilidades que devem ser desenvolvidas;
• revisão bibliográfica: são os livros lidos e que servirão como embasamento teórico para o seu trabalho;
• procedimentos metodológicos: são instrumentos utilizados na pesquisa;
• recursos financeiros: quanto vai custar e quem vai pagar ou patrocinar o projeto;
• divulgação: como vai ser divulgada a pesquisa;
• avaliação: toda atividade deve ser avaliada no processo da pesquisa e após o seu término. A
avaliação deve compreender os conceitos procedimentais e atitudinais.
Observação
Saiba mais
19
Unidade I
Pensar em projeto é pensar em desenvolver, na criança ou no aluno, um olhar amplo sobre o assunto
que está pesquisando.
Pensemos em um trem, que passa em várias cidades, e, conforme as pessoas vão entrando, ele vai
incorporando as informações e formando uma identidade com tudo o que foi acrescido. Aos poucos, as
pessoas vão deixando seus hábitos, linguagens, jeitos, e o trem, ao ser visto e analisado por outra pessoa,
terá um pouco de cada um que por lá passou e interagiu.
Pense em um projeto que, conforme se desenvolve, seus participantes vão interagindo com as
diversas áreas de conhecimento, diferentes maneiras de desenvolvê-lo e diferentes olhares sobre o
mesmo objeto. No fim, este trabalho terá desenvolvido o conhecimento sobre o tema de maneira ampla,
dinâmica, pois os alunos terão a noção das múltiplas facetas e visões existentes. Tal aprendizado não
se limita ao tema pesquisado ou desenvolvido, ele possibilita a inter-relação desse saber com as outras
áreas e situações.
1) Justificativa
O rio Tietê é um dos rios mais importantes economicamente para o estado de São Paulo e para o
país. Ficou mais conhecido pelos seus problemas ambientais crescentes na história, especialmente no
trecho em que banha a cidade de São Paulo, esquecendo-se da sua importância na história do país.
No século XXVIII, ele serviu de rota para os bandeirantes, que ampliaram o território brasileiro. Esse rio
divide o estado ao meio, cruzando-o de leste a oeste. É considerado o símbolo de São Paulo.
2) Objetivo
O foco é compreender a história e a problemática do rio Tietê, que cruza a região metropolitana de
São Paulo e percorre 1.136 quilômetros ao longo de todo o interior do estado.
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Pedagogia Interdisciplinar
Pesquisas teóricas realizadas pelos alunos sobre o processo histórico de ocupação da Grande São
Paulo, sobre a urbanização, a industrialização e a progressiva degradação ambiental do rio. Análise de
mapas antigos e atuais. Visita à nascente do rio Tietê, em Salesópolis.
Indicações de observações a serem feitas no trajeto para a nascente por meio de fotos, desenhos e
outros registros. Nesse caderno, poderá haver o mapa da área percorrida.
5) Trabalho de campo
Este trabalho compreende: observações, fotos e uma entrevista com o monitor que organiza a
visita à nascente. É preciso que haja o entendimento da degradação do rio por poluição industrial e
esgotos domésticos no trecho da Grande São Paulo, que teve origem principalmente no processo de
industrialização e de expansão urbana desordenada ocorrido nas décadas de 1940 a 1970.
7) Avaliação
Na avaliação, será discutido todo o caminho percorrido pelo grupo e se os objetivos foram alcançados.
Os alunos, ao se depararem com a importância do rio, localizando-o geograficamente e entendendo sua
história, ampliarão seu olhar sobre o Tietê, encarando a situação atual de forma diferente e buscando
possíveis discussões e soluções.
Trazer para discussão temas e/ou situações-problema é a melhor forma de aguçar a curiosidade
do aluno. Piaget definia a inteligência como a capacidade de estabelecer relações. Quando um projeto
interdisciplinar consegue ligar conceitos, encoraja os estudantes a encontrar respostas a partir de suas
próprias perguntas e inquietações.
Observação
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Unidade I
A UNESCO compôs uma comissão internacional de educação, presidida por Jacques Delors (2001),
que, após profunda reflexão sobre a visão de pessoa e de mundo, elaborou um relatório, propondo
uma educação para o século XXI baseada nos seguintes pilares: 1) aprender a ser; 2) aprender a
conviver; 3) aprender a conhecer; 4) aprender a fazer.
C F C S
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c v
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Figura 5
Aprender a conhecer
O aprender a conhecer significa ensinar o aluno a buscar respostas para suas dúvidas e curiosidades
em múltiplas fontes, proporcionando-lhe autonomia para construir o próprio saber. É uma aprendizagem
que não visa a um repertório de conhecimento, mas sim a dominar as ferramentas que possibilitam o
saber.
É importante que o professor medeie a relação do aluno com o mundo, conhecendo o meio que o
circunda, afinal, este está inserido nesse espaço.
O conhecimento não é estático, ele muda e evolui. É impossível conhecer tudo, o conhecimento,
hoje, significa, primeiramente, saber procurar, selecionar e utilizar as fontes e pesquisas. É necessário
desenvolver nos discentes a capacidade de buscar novos saberes, de ampliar sua visão, de entender as
diferentes culturas existentes e de compreender o ambiente sob seus diversos aspectos. Para que isso
aconteça, é necessário que a criança tenha acesso aos diferentes tipos de metodologias científicas.
No Ensino Médio e no Superior, a instituição escolar deve oferecer condições para que os estudantes
adquiram ferramentas necessárias para entender a sociedade e o mundo.
Atualmente, a internet é um meio muito eficaz para se buscar conhecimento e informações, mas
o professor deve alertar os alunos para pesquisarem em sites fidedignos. Sendo assim, o aprender a
conhecer exige um pensamento reflexivo, e pensar reflexivamente é criar atitudes de questionamentos,
22
Pedagogia Interdisciplinar
é construir o conhecimento cientificamente, isto é, com bases sólidas. O aprender, então, envolve o
pensar dialético, ou seja, aquele que transforma as ideias em atitudes.
Aprender a fazer
Quando percebemos que estamos no caminho certo, já experimentamos a sensação da ação realizada.
Para explicar melhor, pense em um adolescente que deseja ser um médico e que ainda está cursando o
segundo grau. A cada ano escolar, o aluno estará realizando e se aproximando de seu projeto.
Diversos estudiosos já relataram a importância de seguirmos um passo de cada vez rumo aos nossos
objetivos, e nossa própria experiência nos remete a isso. Cada passo consciente é uma fonte de realização
para nossa vida.
O aprender a conhecer e o aprender a fazer não se separam, pois, ao conhecer, a ação se transforma.
Ao saber buscar o conhecimento e a utilizar suas ferramentas para tal, passa-se a fazer, a agir.
Como devemos ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e prepará-lo para o trabalho?
O que se deve fazer para que a escola se adapte a algo que ainda não se sabe?
De acordo com Delors (2001), aprender a fazer não deve apenas se pautar no ato de fabricar algo,
deve transcender a prática, significa o poder de pensar além, do transformar, do utilizar o material para
outros fins, não apenas para o objetivo atual. Num mundo em que as informações são transitórias, o
aprender a fazer acontece na interação, na experiência, no desejo e na significação das coisas.
Aprender a conviver
Aprender a conviver é uma competência social. A família e a escola devem auxiliar o aluno a se
descobrir, para que ele possa se colocar no lugar do outro nas diversas situações do cotidiano, aprendendo
a lidar com a diversidade de problemas que existem. O ser humano é social e só sobrevive na relação
interpessoal.
Essa aprendizagem é o grande desafio do professor dos tempos contemporâneos: educar o aluno a
conviver com o outro e com a suas limitações implica conduzi-lo ao autoconhecimento.
23
Unidade I
A história humana é feita de conflitos, e, devido às rápidas mudanças que acontecem, há certa
intensificação no elemento autodestrutivo no decorrer do século XX. A educação pode trabalhar para
evitar os conflitos e desenvolver a consciência moral do educando. Deve transmitir ao estudante o
respeito e a solidariedade, para que ele possa reconhecer o outro como alguém com direito de participar
socialmente do grupo.
Se a escola tem, como uma de suas funções, transmitir às novas gerações os valores, as crenças e os
conhecimentos, ela tem o dever de prover novas possibilidades de realizações e transformações. Ela é
um espaço de formação e de transformação. Levar o aluno a resolver os problemas de forma pacífica é
buscar subsídio para essa tarefa. É preciso conhecer as fases do desenvolvimento da consciência moral
da criança e da formação da identidade, dando suporte para o professor trabalhar a internalização
de normas e regras de convívio social. Essas ações devem sempre se apoiar na realidade social que se
apresenta, e é necessário entender que o homem age pautado em condições históricas, sociais, culturais
e psicológicas. E a formação ética se entrelaça com a realidade social, psicológica, gênero e etnia, que
possuem características específicas.
Se, por um lado, a educação deve ajudar os indivíduos a tomar consciência de que todo ser humano
faz parte do universo, por outro, deve esclarecer que isso não nos torna uma classe homogênea, porque
cada ser possui modos diferentes de encarar a realidade, de ver o mundo, de acordo com o perfil de sua
personalidade. Deve-se descobrir o outro e a si mesmo em um constante vir a ser, dando à criança e ao
adolescente uma visão ajustada do mundo; a educação, seja ofertada pela família, pela comunidade ou
pela escola, deve ajudá-los a descobrir a si mesmos, para conseguir, a partir de si, descobrir o outro e
colocar-se em seu lugar, entendendo e compreendendo suas razões.
Desenvolver essa atitude de empatia na escola é uma função difícil, pois requer do mestre uma
postura de diálogo e de observador de seus discentes. Será que os professores estão preparados para
essa função? Ensinar, por exemplo, aos jovens a respeitar a perspectiva de outros grupos étnicos ou
religiosos pode evitar incompreensões geradoras de ódio e violência. Assim, de acordo com Delors
(2001, p. 98),o ensino das histórias das religiões ou dos costumes pode ser uma referência útil para
futuros comportamentos, pois desenvolve uma visão ampla sobre os acontecimentos do mundo.
A escola não deve, ao discutir o currículo e planejar o ensino a ser desenvolvido durante o ano,
ignorar métodos que levem o estudante a reconhecer o outro. Os professores que não incentivam a
curiosidade e o espírito crítico dos seus alunos, de maneira indireta, colaboram para a manutenção do
preconceito, da violência e da alienação, deixando de lado a alteridade e a resiliência.
24
Pedagogia Interdisciplinar
Uma forma descontraída de trabalhar com os alunos é utilizar projetos com temas discutidos em salas
e aprovados por eles. Trabalhar em equipe ajuda a reduzir as diferenças e até os conflitos interindividuais.
Delors (2001, p. 98) completa seu raciocínio afirmando que uma nova forma de identificação nasce
desses projetos, que fazem que se ultrapassem as rotinas individuais, valorizam aquilo que é comum, e
não as diferenças.
Aprender a ser
A identidade é o que singulariza uma pessoa, é o que a torna única no mundo, diferente de todas
as outras. O Templo de Apolo, em Delphos, na Grécia Antiga, menciona: “conhece-te a ti mesmo”. Este
conhecimento é a base de todos os demais. Conhecer a si mesmo implica saber quem você é, suas
qualidades, os pontos que precisam ser melhorados, seus sonhos, suas frustrações e o significado que
você dá a tudo isso.
Quando raciocinamos e mudamos nossas opiniões, muitas vezes alteramos nossas estruturas mentais
para um nível melhor, deixando de lado as nossas opiniões formadas.
Estudiosos da atualidade mostram que a educação deve contribuir para o desenvolvimento global da
pessoa, deve favorecer o crescimento do espírito, do corpo, da inteligência, da sensibilidade, do sentido
estético e da responsabilidade pessoal.
É preciso desenvolver a autonomia no ser humano, torná-lo capaz de resolver uma situação, decidir
sobre um problema e criticar uma ideia ou um posicionamento. Enfim, é muito importante ser capaz de
formar seu próprio juízo de valor e atuar de forma consciente na sociedade.
A educação assume um papel primordial na formação e inserção do ser humano na sociedade, ela
nos leva à liberdade de pensamento, todos podem desenvolver seus talentos e permanecer, na medida
em que for possível, donos do seu próprio destino.
25
Unidade I
Para superar os desafios da atual sociedade, é necessário ter um espírito de iniciativa, de criatividade
e de inovação. Assim, essa comissão internacional adere plenamente ao postulado do relatório Aprender
a ser.
Este desenvolvimento começa no nascimento e percorre toda a vida do ser humano, num processo
dialético de conhecimento de si e do outro. Portanto, a educação é uma viagem ao interior do ser,
cada ponto corresponde à maturação que acontece na personalidade continuamente. A experiência
bem‑sucedida resulta no processo individual e na construção social interativa.
Saiba mais
As empresas não buscam pessoas que dominam a parte técnica e informativa sobre as suas funções,
procuram indivíduos que saibam administrar problemas, superar possíveis obstáculos e relacionar
conceitos. A importância está na competência pessoal. As tarefas são voltadas para a produção mental
— teorias, estudos, organização e administração de situações —, o que desmistifica a concepção de que
uma pessoa preparada para o mercado de trabalho é aquela que detém o conhecimento técnico do
fazer, ignorando as diferentes inteligências que o ser humano possui. Com isso, o emprego está ligado à
ideia de multicompetências individuais aplicadas a situações específicas, as quais exigirão do indivíduo
a predisposição para aprender e para fazer. A escola passa a ter uma função diferente daquela esperada
no século passado, ela tem que desenvolver competências e habilidades nos estudantes.
26
Pedagogia Interdisciplinar
Nós é que temos que diferenciar competência de habilidade. Competência significa ter o
conhecimento e saber aplicá-lo adequadamente. Dominar o conhecimento de uma determinada
disciplina não significa que o aluno conseguirá sair-se bem na prova, pois, para que isso aconteça, é
necessário fazer a transferência do saber para aquela situação, e, hoje, sabe-se que isso não acontece
rapidamente ou mesmo após o conhecimento ser adquirido. O fazer a prova requer o desenvolvimento
da prática reflexiva em situações que possibilitem o uso dos saberes; devemos saber transformá-los,
adaptá-los, e, ainda, criar estratégias para resolver uma situação que se apresenta pela primeira vez.
Percebe-se que as crianças, de modo geral, não conseguem mobilizar seus conhecimentos para
resolver os problemas que se apresentam no cotidiano. A competência se manifesta nas ações, e não no
pensar. Para tal, é necessário oferecer recursos para que as crianças se mobilizem nessa ação.
Para que possamos exercer nossas habilidades como educadores, devemos ter em mente a
necessidade de um ensino de qualidade em termos de técnica, conscientização política; para um
ensino competente, a ética tem um papel fundamental.
Quando Perrenoud estabelece que é preciso conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação,
mostra a importância de saber administrar a heterogeneidade do grupo, fornecendo apoio integral,
principalmente para se trabalhar com os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem, abrindo
espaço para a cooperação e para as formas simples de ensino mútuo.
Participar da administração da escola envolve muito mais o docente do que o aluno. O professor
ou o grupo de professores podem e devem elaborar projetos de melhoria da instituição ou ajudar no
cumprimento dos projetos já existentes na instituição. Para tanto, a participação de pais e alunos é
muito produtiva, pois se sentem importantes e responsáveis pelo processo escolar.
O autor e outros inúmeros estudiosos da educação dizem que utilizar novas tecnologias é imprescindível
na atualidade, uma vez que as ferramentas de multimídias no ensino facilitam a assimilação; são formas
sedutoras de realizar o ensino porque envolvem mais de um sentido ao mesmo tempo, facilitando, desta
forma, a aprendizagem.
28
Pedagogia Interdisciplinar
Por fim, temos a questão de administrar a própria formação contínua, estabelecendo um balanço
íntimo de nossas competências, das lacunas existentes e da importância de estar constantemente se
atualizando. Portanto, com essas competências, podemos buscar um ensino de qualidade, que tenha
comprometimento e consciência da nossa função social — transformadora.
Diversos autores conceituam as competências de maneira congruente. Terezinha Rios (2010) faz que
pensemos na competência de diversas maneiras quando nos diz que, ao ministrarmos nossas aulas, a
fala, a escrita e os desenhos de nossos educandos devem relacionar-se com a sociedade na qual estamos
inseridos. Ela indica a importância do trabalho em equipe, de ter iniciativa, da organização pessoal do
educador e do educando na organização do ambiente de trabalho, bem como a importância do uso
das novas tecnologias, uma vez que, atualmente, elas estão a nossa disposição nos diversos campos da
educação.
A autora também ressalta que em toda ação docente encontra-se a dimensão técnica, política,
estética, ética e moral. Rios (2010) explica como devemos compreender cada dimensão citada: técnica
— como um conjunto de meios ou maneiras de se fazer algo de forma poética e criadora; estética
— como uma percepção sensível e consciente da realidade, acrescida à nossa intelectualidade;
ética ou moral — como uma função integradora, em que a ética atua criticamente sobre a moral,
como um conjunto de valores e princípios que orientam a maneira de ser do indivíduo e dos grupos
em direção ao bem comum; e, por fim, a política — esta deverá assegurar a todos o bem comum
na participação coletiva da sociedade, em que todos devem se conscientizar sobre seus direitos e
deveres.
Para que as falhas e sucessos possam ser superados no exercício da profissão, a educação deve ser
alicerçada na interdisciplinaridade de conteúdos, de práticas e de atitudes. Isso ocorre por meio de uma
avaliação consciente e crítica da atuação, isto é, deve-se refletir sobre o trabalho realizado em sala
de aula; é preciso identificar os pontos frágeis da prática cotidiana para solucioná-los. Para tanto, o
professor deve colocar-se e apresentar-se como pesquisador, investigador e um leitor da realidade, a fim
de gerar a própria produção de conhecimento.
Resende (1998) acredita que, para o sujeito tornar-se reflexivo, é necessário construir e desconstruir
os fatos, as teorias, os problemas e os entendimentos para não sermos meros reprodutores de uma
educação vista como homogênea. Ao contrário, devemos abandonar as receitas prontas e intervir nessa
realidade, percebendo a diversidade existente em todo meio educacional. A autora ainda destaca que
a natureza do processo reflexivo apoia-se em construções coletivas e solidárias, em que os processos
reflexivos devem ser vistos como indissociáveis da realidade concreta e histórica, a fim de solidificar as
transformações sociais.
A partir desses pressupostos, podemos inferir que uma postura reflexiva envolve diversas dimensões
do conhecimento; a postura dos atores nesta nova produção de saberes ultrapassa as regras, fazendo
que todos os alunos se apropriem do saber sistematizado. Nesta busca, devemos ter em mente a
heterogeneidade do alunado, devemos considerar o ritmo, as habilidades psicológicas e biológicas no
âmbito escolar.
29
Unidade I
Há outros fatores que contribuem para o insucesso escolar, como a superlotação das classes e a falta
de se colocar em prática projetos que visem ajudar os alunos com mais dificuldades: projetos de reforço,
de recuperação nas férias, classes de aceleração etc. Muitas vezes, percebemos a intencionalidade nas
execuções desses projetos, mas a superlotação das salas sempre inviabiliza sua execução. Por outro lado,
nas redes públicas, nem sempre temos disponível o material necessário para que o projeto possa ser
elaborado na íntegra. Quando solicitamos aos pais um determinado material, muitas vezes não somos
atendidas, porque eles mal conseguem dispor de recursos para as necessidades básicas, delegando à
escola esse tipo de função.
A charge a seguir satiriza essa situação, e deve nos levar a pensar em meios que possam fazer valer
uma política de real comprometimento com a educação, para que possamos realizar um ensino de
melhor qualidade.
Figura 6
Entre os fatores que podem contribuir para a aquisição do conhecimento estão a questão da
afetividade em sala de aula e o uso de dinâmicas que possam favorecer o bom relacionamento
interpessoal.
30
Pedagogia Interdisciplinar
Vários teóricos da educação abordam a questão da afetividade na relação professor/ aluno como um
fator facilitador da aprendizagem.
A afetividade pode ser definida como um sentimento de afeição por alguém, como uma simpatia
e amizade pelo outro. Para Wallon (1959), a afetividade é o ponto de desenvolvimento do indivíduo, e,
juntamente com os aspectos cognitivos (quando integrados), constituem um par inseparável e permitem
à criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados.
Wallon nasceu em Paris, em 13 de junho de 1879, e dedicou sua vida à compreensão do outro. Além
de acadêmico, foi um homem político. Vivenciou as duas Guerras Mundiais, sendo que, na primeira, era
um dos médicos que cuidava dos feridos do exército francês, e isso o fez discutir o antagonismo das
emoções e do automatismo.
A primeira etapa dos trabalhos de Wallon diz respeito às questões relativas à afetividade; a segunda,
aos estudos da inteligência. Ele formulou uma teoria da afetividade baseada na emoção e no caráter,
e, ainda que o nascimento da afetividade seja anterior ao da inteligência, ambas progridem em etapas
evolutivas. Para Wallon, a afetividade é um componente importante para o desenvolvimento da
personalidade da criança e depende de dois fatores: o orgânico e o social. Ao nascer, as condições
biológicas encontradas nas crianças não terão total responsabilidade pelo desenvolvimento da criança,
neste processo também estão presentes o fator social, psicológico e a escolha do indivíduo.
Wallon foi um educador incansável, autor de inúmeras obras dedicadas aos problemas da educação.
Para ele, a afetividade é um domínio funcional, sendo a primeira etapa que a criança percorre.
O autor destaca que a afetividade é anterior à inteligência. As emoções sentidas pelo bebê, portanto,
são enviadas para o universo social por gestos, espasmos, descargas musculares e reflexos, que,
posteriormente, irão formar a personalidade.
A vida afetiva nas relações interpessoais envolve as transformações da ação que surgem no
começo da socialização, não importando apenas para a inteligência e para o pensamento, mas afetam
totalmente a vida afetiva. Envolvem primeiramente os sentimentos interindividuais, que são as afeições,
31
Unidade I
as simpatias e as antipatias, depois surge a socialização das ações, que são os sentimentos morais
intuitivos, provenientes de nossas interações com outras pessoas. Por fim, ocorre a regularização das
ações, momento em que surgem os interesses e os valores.
Segundo o autor:
Vygotsky (1991) defende que cada cultura produz um modo diferente de funcionamento psicológico
e diz que a afetividade evolui e norteia toda a ação humana. Para este pesquisador russo, a evolução
mental se dá por etapas, isto é, fases qualitativas de um nível de conhecimento para outro. Desenvolveu
a Zona do Desenvolvimento Proximal, Real e Potencial. O primeiro refere-se ao momento da assimilação
do conhecimento, em que a ajuda do outro social se faz necessária; o segundo, ao momento em que
realizamos algo com o conhecimento que consolidamos, aquele que já está alicerçado em nossas
estruturas superiores; o último, é a habilidade de realização da ação de cada pessoa, isto é, aquilo que
somos capazes de executar com nossos conhecimentos adquiridos.
Na atualidade, não se pode separar a afetividade da habilidade emocional. A vida afetiva nas relações
interpessoais envolve as transformações de nossas ações. Primeiramente, há o desenvolvimento dos
sentimentos interindividuais (afeições, simpatia e antipatias); depois, ocorrem as socializações das
ações. Então, surgem os sentimentos morais intuitivos, provenientes de nossas experiências vitais e,
32
Pedagogia Interdisciplinar
logo depois, são acrescidas aos nossos interesses e valores, formando, assim, um “todo” equilibrado e
harmônico. As relações interpessoais entre professores e alunos constitui uma importante ferramenta
no processo de ensino-aprendizagem, pois o uso da afetividade possibilita a disciplina na sala de aula,
além de contribuir para uma educação que visa à autonomia e liberdade, cabendo ao professor ser o
mediador do processo evolutivo do educando.
Não podemos esquecer que o afeto pode significar a permanência do aluno em sala de aula, e, assim,
a transmissão do conhecimento pode ocorrer normalmente.
Para a formação do pedagogo, além dos seus específicos conhecimentos técnicos, ele necessita
desenvolver a visão sistêmica de todos os aspectos da sociedade e do mundo em que vive, bem como
desenvolver as habilidades humanas, como exemplo a capacidade de relacionamento interpessoal no
meio acadêmico e no seu futuro ambiente profissional.
Essas reflexões são necessárias para que os futuros profissionais percebam e fiquem atentos às suas
ações na prática profissional, pois estas transcendem o conhecimento técnico-científico, e, quando
desprovidas das relações interpessoais, podem levar a resultados indesejados e inesperados. Além disso,
para o pedagogo atuar de forma plena, deve estar ciente de que seu sucesso dependerá de suas ações e
decisões, vinculadas às relações interpessoais estabelecidas de várias formas.
As transformações das ações provenientes do início da socialização não têm importância apenas
para a inteligência e para o pensamento, mas repercutem, também, profundamente na vida afetiva. A
afetividade permeia, em primeiro lugar, o desenvolvimento dos sentimentos interindividuais, nos quais
estão inclusos as simpatias e as antipatias, para depois haver a socialização das ações e a aparição de
sentimentos morais intuitivos, provenientes das relações entre adultos e crianças. Para tanto, o professor
deve refletir sobre sua ação e sobre sua prática docente; é necessário considerar o ser humano em todas
as suas dimensões, elevando a afetividade como componente essencial na construção de indivíduos
críticos, participativos e autônomos, o que requer comprometimento por parte dos docentes; estes
devem se conscientizar de que em seu trabalho são mais do que executores de uma rotina burocrática,
pois são agentes para o encaminhamento das gerações futuras.
Portanto, buscamos algumas respostas para essa reflexão tão disseminada em todos os aspectos da
docência.
O filme Um mestre em minha vida nos mostra a importância da relação entre as pessoas na busca
de aprendizado e crescimento. Relata a história de um adolescente que vive na África do Sul dos anos
33
Unidade I
1950 e cresceu na companhia afetuosa de Sam e Willie, dois garçons negros que o ensinam a superar
algumas de suas frustrações.
Para que o processo de ação e reflexão aconteça de forma positiva, é preciso que busquemos soluções
para os diversos problemas com que nos deparamos nas escolas. Nesse sentido, atualmente, os cursos de
formação de pedagogos proporcionam articulação entre teoria e prática, a fim de alcançar uma forma
melhor de construir o conhecimento no curso de Pedagogia, mudando o conceito de que as disciplinas
práticas devem vir apenas no final do curso e cumprir apenas uma função burocrática.
Entender os espaços escolares é essencial para atingirmos com mais eficiência nossos objetivos,
e compreender a sala de aula é uma das condições básicas nesse processo. O cotidiano do ambiente
escolar é o ponto de partida para pensarmos a prática docente.
Podemos pensar a sala de aula como um lugar privilegiado, onde acontece o processo de
ensino‑aprendizagem, ocorre o confronto de ideias entre professores e alunos, entre alunos e alunos. É
um lugar privilegiado de encontro de pessoas, enfim, um palco onde a diversidade das relações acontece.
Tendo como objetivo passar do plano subjetivo para o plano prático, a fim de observar as possíveis
mudanças e integrações com os aspectos interpessoais no processo educativo, podemos utilizar as
técnicas de meditação, exercícios de empatia, de trocas energéticas, de automotivação, de respiração, de
massagem reflexológica, de visualização criativa etc., a fim de favorecer um ambiente de aprendizagem
mais afetivo, haja vista a necessidade atual de mudanças de paradigmas nesta sociedade, tão banalizada
pelo poder da matéria.
Figura 7
Observação
34
Pedagogia Interdisciplinar
Outra técnica milenar utilizada para relaxamento de crianças entre 0 e 7 anos é a massagem
indiana shantala. Este nome foi atribuído por um médico obstetra francês, que, ao ver uma mãe
massageando seu filho numa calçada, colocou seu nome nessa massagem. É uma técnica que
transmite segurança, carinho e autoconfiança, eliminando alguns incômodos como cólica, insônia,
alongamento, bem como melhora a coordenação motora da criança. É aconselhável que o professor
proporcione momentos de relaxamento, com atividades que a criança possa repor suas energias
e acomodar as informações recebidas até o momento. Algumas atividades, como: cantarolar,
conversar em voz baixa, embalar, acalentar e massagear ajudam a criança a relaxar e entrar em
contato consigo.
A educação contemporânea exige uma visão diferente de escola. Requer profissionais criativos,
ousados e abertos para uma prática diferente, que garanta a especificidade dos conteúdos, ou seja,
integrando-os em algo que tenha significado para a vida do aluno. É preciso trazer maneiras diferentes
de ensinar e abrir canais de aprendizagem. A escola deve prezar pelo conhecer, pelo saber integrado
ao mundo, e a visão fragmentada sobre um dado conhecimento traz a ideia de uma cabeça cheia de
informação, porém sem qualquer conteúdo a ser relacionado para a vida. O docente deve fazer que o
ambiente de aprendizagem seja harmonioso, prazeroso.
O professor traz em seu currículo escolar uma concepção de educação dura, impositiva, fragmentada
e deformada, que, para ser mudada, precisa de uma apliação da visão de mundo. Conhecer, requer um
exercício de vir a ser, de busca e de persistência. Se o professor quiser mudar essa situação curricular, tem
que pensar de forma interdisciplinar e transdisciplinar, vendo o todo como algo interligado, percebendo
que uma parte está inserida na outra; deve notar que as ligações e o diálogo que um conhecimento
estabelece com o outro possibilita entender e explicar os fatos passados e presentes, projetando, assim,
o futuro.
Sabemos que os aspectos cognitivos não podem ser menosprezados, mas devemos integrá-los
aos aspectos emocionais, dinâmicos, temos que valorizar as relações interpessoais e desfragmentar a
percepção que têm de si próprios.
35
Unidade I
Por outro lado, para a aplicação de tais técnicas, é preciso levar em conta que todo esse processo
de humanização demanda um grau muito grande de afetividade. É impossível harmonizar o corpo e o
espírito com o cosmo sem colocar amor nessa tarefa.
Além dos aspectos pessoais (conhecimentos, sentimentos, crenças), o uso competente das habilidades
sociais depende também da situação (contexto onde ocorre a interação) e da cultura (valores e normas
do grupo). Um dos aspectos analisados para que o indivíduo seja considerado competente socialmente,
é o fato de ele atingir o objetivo a que se propôs.
O simples fato de uma pessoa chegar à determinada meta não indica que ela é socialmente
competente. Uma pessoa pode atingir seus propósitos por meio de agressão ou de ameaça, e isso
prejudica a qualidade da relação; portanto, não podemos considerá-la competente nos aspectos
sociais de interação. Por outro lado, sacrificar os próprios objetivos, priorizar as necessidades dos
outros ou comportar-se sempre de forma passiva também afeta a relação, tornando-a insatisfatória
para o indivíduo.
Assim, o trabalho em grupos favorece as interações sociais, e é sobre este tema que estudaremos a
seguir.
Teoricamente, se um dos participantes obtém maiores ganhos e sofre menos perdas do que outros,
podemos dizer que há um desequilíbrio. Este é verificado quando todos atingem o máximo de ganhos e
o mínimo de reveses: um dos fatores que proporcionará a manutenção da relação.
36
Pedagogia Interdisciplinar
inclusão, segue para o controle, e, finalmente, procura satisfazer sua necessidade de afeição”
(FRITZEN, 2002, p. 11).
Durante a fase de inclusão, o novo membro do grupo tem a necessidade de sentir-se aceito,
valorizado, e, ainda, de verificar se está no grupo certo. Após essa fase, surge a necessidade de influência
e de definir suas próprias responsabilidades, seu papel e lugar no grupo. Por fim, o novo membro tem
a pretensão de satisfazer suas necessidades emocionais e de amizade; para isso, quer aproximar-se o
máximo possível das outras pessoas do grupo, satisfazendo sua necessidade de afeição.
Na escola, o trabalho em grupo desempenha um papel importante, porque faz que os alunos possam
interagir de diversas maneiras.
Sendo assim, o professor poderá ter em mente que o trabalho em grupo não é apenas um recurso
didático, e sim uma forma cooperativa de trabalho e que desenvolve as interações sociais.
37
Unidade I
Lembrete
As habilidades sociais de comunicação podem ser classificadas como verbais e não verbais. A
comunicação verbal é mais consciente e racional, dependendo, entre outros fatores, do domínio da
língua e das normas sociais de seu uso. Como exemplo desse tipo de comunicação, temos a habilidade
de formular perguntas, de elogiar, de manter uma conversação e de escutar o outro.
A escuta requer uma habilidade que vai além do não falar é entender na totalidade o que o outro
quer dizer, compreender o significado daquilo que ele está falando. Escutar o que está nas entrelinhas,
ver e interpretar os gestos, o olhar e o corpo. É uma habilidade muito difícil de ser desenvolvida.
Será que estamos preparados para falar de forma compreensível e escutar o outro?
Em seguida, temos a comunicação não verbal; esta complementa, ilustra, substitui, e, algumas vezes,
contradiz a comunicação verbal. Posturas, gestos e expressões faciais adquirem diferentes significados
em decorrência do contexto verbal e também da situação em que ocorrem. Por exemplo, quando nos
esquecemos de alguma coisa, batemos na testa, e, quando pretendemos manifestar nossa indignação
diante de alguns problemas, encolhemos o ombro.
Muitas vezes, demonstramos mais os nossos sentimentos de apreço ou desapreço por meio de nossa
gestualidade do que com as próprias palavras. Podemos perceber se as pessoas estão mentindo ou
sendo sinceras por um simples desvio do olhar, pela sua inquietude e muitos outros sinais corporais que
denunciam seu comportamento num determinado momento.
Observação
Há pessoas que verbalizam uma coisa, e o corpo e seus gestos comunicam outra.
O nosso corpo fala o tempo todo, nos gestos, no olhar, na voz e na postura corporal.
Exemplo de aplicação
Com base no que estudamos sobre comunicação verbal, observe as pessoas em diferentes ambientes
e identifique outras formas de comunicação não verbais. Repare no corpo por inteiro dos indivíduos.
38
Pedagogia Interdisciplinar
Fique diante do espelho e tente pronunciar algo, ao mesmo tempo em que possa, por meio de sua
expressão corporal, demonstrar o inverso.
As culturas estabelecem o que são bons e maus hábitos. Os que não seguem essas regras são, na grande
maioria, marginalizados pelas pessoas e/ou grupos. As habilidades de apresentar-se, cumprimentar,
despedir-se e agradecer são próprias de cada cultura. Se forem utilizadas em exagero, criando um clima
muito formal, podem ser identificadas pela falta de flexibilidade e de autenticidade, enquanto sua
ausência pode ser encarada como falta de educação.
A habilidade que possuímos para a defesa dos próprios direitos e também dos direitos dos outros
pode ser traduzida em direitos interpessoais. São exemplos desses direitos: o reconhecimento como
pessoa diante da lei, a liberdade de pensamento, de consciência e de religião, de expressão e de opinião,
liberdade para mudar de opinião, ser tratado com respeito e dignidade, pedir informações, ser ouvido
e levado a sério, defender aquele que teve o próprio direito violado, respeitar e defender a vida e a
natureza.
39
Unidade I
Em geral, quando alguém que recebe uma expressão de empatia sente-se apoiado, confortado e
consolado em sua necessidade de compreensão e afeto, uma vez que esta habilidade envolve sentimentos
de ternura e de amizade. Não podemos correr o risco de enfatizar por demais o cognitivo, pois, ao
não se ater ao emocional, podemos formar estudantes intelectualizados, porém desequilibrados. Sendo
assim, um ambiente com relações amistosas e de simpatia entre os participantes propicia as relações de
empatia e uma melhor compreensão da maneira de ser do outro.
Até pouco tempo, o mercado de trabalho valorizava quase que exclusivamente as competências
técnicas e não dava importância às competências sociais nos relacionamentos profissionais e às
atividades de lazer. Hoje, com o surgimento de novos modelos de organização, as habilidades sociais
profissionais são cada vez mais requisitadas. Um profissional que consegue conciliar o trabalho com o
social, com o lazer e com a família é considerado um profissional completo, não alienado.
As habilidades sociais profissionais são aquelas que permitem e que facilitam o cumprimento de
metas, a preservação do bem-estar da equipe e o respeito aos direitos de cada um. Exemplo disso é:
coordenar grupos, falar em público, resolver problemas, tomar decisões e mediar conflitos.
Em certas situações (por exemplo, na escola), essas habilidades podem representar a principal
preocupação; em outras (por exemplo, na família), podem ter uma função apenas complementar.
As habilidades sociais de expressão de sentimento positivo são, sem dúvida, as habilidades que mais
dependem dos componentes da comunicação não verbal. Elas estão relacionadas a valores e atitudes
das pessoas e são as que mais requerem coerência entre sentimento, pensamento e ação.
• fazer e manter amizades: essa habilidade tem sido considerada uma das mais importantes na vida
social. Pessoas sem amigos encontram mais dificuldades para enfrentar as “surpresas” da vida,
sejam elas relacionadas ao estudo, ao trabalho ou às relações amorosas.
40
Pedagogia Interdisciplinar
Os programas em grupo se caracterizam por um ambiente de apoio mútuo entre seus integrantes,
e é nesse contexto que se coloca a importância do uso das vivências como um fator educativo no
desenvolvimento das habilidades sociais.
A vivência pode ser entendida como uma atividade estruturada de modo parecido com situações
do cotidiano, ela mobiliza sentimentos, pensamentos e ações com o objetivo de suprir ou constituir
habilidades sociais em programas de treinamento em grupo. Portanto, as vivências devem propiciar
momentos significativos que articulem aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais, oferecendo
aos participantes oportunidades de observação, de avaliação e de reformulação, quando for o caso, dos
comportamentos sociais adequados a uma situação.
Para alcançar resultados positivos, as vivências devem ser escolhidas levando-se em consideração:
as dificuldades específicas dos participantes e os objetivos do grupo; a adequação da complexidade
da vivência às necessidades do grupo; a garantia do envolvimento de todos os participantes, mesmo
quando o foco da vivência se focar apenas em um indivíduo; a distribuição das oportunidades de
participação nas vivências; o incentivo à cooperação e o cuidado de não atribuir como certo ou errado
aos relatos dos sentimentos ou comportamentos apresentados pelo grupo. Para estar realmente em
grupo, precisamos aprender a conviver.
41
Unidade I
Os objetivos de cada vivência são caracterizados como: específicos e complementares. Estes indicam
as principais habilidades pretendidas com a aplicação da vivência; aqueles constituem aspectos que irão
se adicionar e fortalecer a outras habilidades importantes para o indivíduo ou para o grupo.
A definição dos objetivos é importante para a escolha e organização das vivências, conforme as
necessidades do grupo. As vivências são propostas a partir da intenção de desenvolver habilidades,
desde as básicas até as mais complexas. Para isso, serão treinadas as “habilidades de processo”, pois são
importantes para que o grupo se conheça e crie um clima educativo.
A utilização de um método de vivências pode ser realizada com um ou dois facilitadores, especialmente
se ambos possuírem habilidades de condução de grupo. Em termos técnicos, o facilitador deve dispor de
habilidades para mediar interações educativas, tais como: observação, empatia e coordenação de grupo.
Com relação à ética, é fundamental o facilitador pautar-se pelos princípios de solidariedade, aceitação
e respeito.
Para trabalharmos com vivências em grupo na sala de aula, é preciso ter conhecimento da faixa
etária com a qual se busca trabalhar, definir claramente os objetivos pretendidos, fazer o levantamento
dos recursos materiais e humanos necessários, e, por fim, proporcionar mudanças para alcançar os
objetivos.
Agora, vamos fundamentar, exemplificar e sugerir técnicas de trabalhos nessa área, a fim de
incentivar os discentes a participar ativamente do seu processo de aprendizagem. As Ciências Sociais
estudaram diversos meios que pudessem favorecer esse trabalho, buscando recursos que fugissem do
ensino do ensino formal e acadêmico, e, assim, as dinâmicas aparecem como um dos meios eficazes
nesta busca.
Desde o início, entre os povos primitivos, o teatro (trabalho em grupo) era usado em ritual sagrado,
dedicado aos deuses: deus do vinho, deus da fertilidade, das fontes da vida e do sexo. Com o passar do
tempo, ele vai adquirindo formas mais sofisticadas, mas sempre usando a encenação.
Aristóteles foi uma das primeiras pessoas a salientar os efeitos da expressão dramática sobre as
paixões humanas. Quando se refere à “tragédia”, ressalta que, esta, por meio do temor e da piedade,
purifica as paixões existentes nos seres humanos.
42
Pedagogia Interdisciplinar
O palco possui uma magia própria, por despertar a atenção das pessoas presentes. Veja alguns
exemplos de palco:
• palco italiano: os espectadores ficam apenas de frente para o espetáculo, eles ficam distantes do palco;
• palco de semiarena: aproxima mais os espectadores do ator, pois sua estrutura é muito próxima da plateia;
• palco de arena: situa-se no meio da plateia circular. O público fica ao seu redor. Os teatros de
arena são grandes, e os atores ficam bem perto do público;
• palco elizabetano: Tem a característica de um palco misto. É um espaço fechado, retangular, com
uma grande ampliação de proscênio (em formato retangular ou circular). Há três distribuições:
retangular, circular ou mista.
O palco sempre foi um lugar de se contar histórias das mais diversas maneiras. As pessoas sempre
adoraram contar e ouvir histórias, não se importando se aquilo que é apresentado é real ou imaginário.
No final deste capítulo, vamos sugerir alguns contos, que servirão de sugestão para se trabalhar as
emoções e a questão da ética em nossas relações interpessoais.
Para se estudar a dinâmica do trabalho em grupo, algumas etapas devem ser seguidas para que
haja uma aprendizagem favorável. Entre elas, podemos destacar a necessidade de adequar o ensino
à característica peculiar de cada aluno, elaborando um ensino diferenciado e que atenda ao perfil do
estudante. Ressalta-se que, para um ensino integral, a teoria deve estar aliada à prática, incentivando a
habilidade criadora do indivíduo por meio da observação, da experimentação e da reflexão.
Rousseau destacou, ainda, a necessidade de socialização do ensino por meio da formação de grupo,
e este deve fortalecer a individualidade de cada um. Podemos inferir que a dinâmica de grupos surgiu
como consequência da evolução natural das diversas correntes pedagógicas, a qual, ao longo do tempo,
foi buscando soluções que atendessem às necessidades do ensino, sem perder de vista seu caráter
socializante e ativo.
O teatro surge junto com o homem; à medida que ele se desenvolvia, a necessidade de inventar, criar
interpretar e dançar vinha à tona. É o teatro na sua forma mais primitiva.
Figura 8
43
Unidade I
Por meio das danças em grupos, havia a representação de questões do cotidiano, era uma espécie
de celebração, uma tentativa de demonstrar as coisas boas ou más que ocorriam. Depois, nos rituais
sagrados, dançavam, cantavam e faziam oferendas a fim de acalmar a mãe natureza. Os ritos começaram
a evoluir, e então surgem as danças com gestos. Os homens faziam mímicas, e as mulheres cantavam.
Com o surgimento da civilização egípcia, os pequenos ritos se tornaram grandes rituais formalizados
e baseados em mitos (histórias que narram o que é sagrado do mundo).
Na Grécia, surge o Ditirambo, uma procissão informal, que, mais tarde, organizou-se para homenagear
o deus Dionísio. Havia um coro formado por coreutas e pelo corifeu, havia canto, dança, e histórias e
mitos relacionados a deuses eram contadas. A grande inovação aconteceu quando se criou o diálogo
entre os coreutas e o corifeu. Surgem a ação na história e os primeiros textos teatrais. A priori, essas
comemorações, cultos etc. eram feitos nas ruas, mas depois foi necessário criar um local apropriado — o
teatro. Na Grécia Antiga, essas manifestações aconteciam para homenagear o deus do vinho, Dionísio,
que, na mitologia romana, era chamado de Baco. A cada nova safra de uva, era realizada uma festa em
agradecimento ao deus, por meio de procissões.
Com o tempo, essas procissões — ditirambos — foram ficando mais elaboradas, e surgem os
“diretores de coro”, os organizadores de procissões. Nessas celebrações, os participantes cantavam,
dançavam e apresentavam diversas cenas das peripécias de Dionísio, e, em procissão urbana, reuniam-se
aproximadamente 20 mil pessoas, enquanto em procissões de localidades rurais (procissões campestres),
as festas eram menores.
Téspis foi o primeiro diretor de coro convidado pelo tirano Psistrato para dirigir a procissão de
Atenas. Ele desenvolveu o uso de máscaras para representar, pois, como o número de participantes era
grande, era impossível escutá-los, mas o público conseguia visualizar os sentimentos expressados pelas
máscaras.
O “coro” era composto pelos narradores da história, a qual era relatada pelas músicas e pelas danças.
O coro fazia a intermediação entre o ator e a plateia e trazia à tona os pensamentos, sentimentos e a
conclusão da peça. Às vezes, havia o corifeu, que era um representante do coro que se comunicava com
a plateia.
Com a súbita participação de Téspis em um “tablado” para responder ao coro fingindo ser Dionísio,
surgem os diálogos, e Téspis tornou-se o primeiro ator grego.
Observação
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Pedagogia Interdisciplinar
4.3.1 Psicodrama
O psicodrama nada mais é que uma dramatização, um termo usado por Jacob Levy Moreno (1984) para
especificar formas de produção dramática, com atores e espectadores, pois as sessões eram elaboradas
pelo grupo participante. Suas origens encontram-se no teatro, na psicologia e na sociologia, onde há a
dramatização de situações-problema, em que as pessoas desempenham papéis para a investigação pessoal.
De acordo com Gonçalves (1988), Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, nasceu em 1892. Este
viveu em Viena e, em 1917, formou-se em Medicina. Desenvolveu um método diferente do de Freud,
exatamente por colocar seus pacientes juntos uns dos outros.
Moreno contava que, aproximadamente aos cinco anos, organizou uma brincadeira com algumas
crianças no porão da sua casa, empilhando cadeiras sobre uma mesa até o teto para brincar de ser
Deus, e seus amigos eram os anjos que pediam para que ele voasse, e, no fim, ele quebrou o braço. Essa
experiência tornou-se parte de sua criação. Ele dirigia, era ator e autor. Nos jardins de Viena (1919),
dedicou-se à improvisação de grupos de crianças, em que contava histórias de fada.
O autor usou o que chamou de psicodrama terapêutico, que consiste numa terapia profunda de
grupo, tendo a dramatização como centro do processo, permitindo que o indivíduo exteriorize o seu
problema representando-o. Neste processo, o indivíduo participa da representação de um problema real
de uma pessoa presente no grupo, mas pode ser que ele mesmo o represente.
O psicodrama libera inibições, traumatismos passados etc., onde tudo pode ser vivido e não existem
cobranças dos papéis rígidos que são exigidos pela sociedade. Baseia-se na catarsis, onde são trazidas
cenas do passado ou cenas que jamais poderiam existir.
No psicodrama pedagógico, Moreno buscou, por meio dos jogos, teatro e dinâmicas, trabalhar
questões pedagógicas para rever ou reforçar um conhecimento.
Saiba mais
Para saber mais sobre Jacob Levy Moreno e sobre o psicodrama, leia:
MORENO, J. L. Psicodrama. 13. ed. São Paulo: Papirus, 2011.
45
Unidade I
Para Gonçalves (1988), Moreno teve uma vida intensa. Ele relata que é muito interessante termos
contato com alguns acontecimentos.
-Neste período, Moreno ia aos jardins de Viena, onde fazia jogos de improviso
com as crianças.
46
Pedagogia Interdisciplinar
1927- Aprovação no exame de Medicina nos EUA para revalidar seu diploma.
1941- Moreno conhece Zerka Toeman, que foi ao seu consultório para
tratar de sua irmã. Mais tarde, Zerka começou a trabalhar em Beacon como
egoauxiliar.
47
Unidade I
1958- Zerka teve que amputar o braço direito inteiro, em devido a um tumor
maligno no ombro.
A dinâmica de grupo é uma disciplina dentro da Psicologia Social que busca leis e técnicas que
aumentem a aprendizagem dos grupos, bem como entender o comportamento dos indivíduos
trabalhando em grupos, e, ao mesmo tempo, estuda o comportamento individual de cada pessoa
(quando inseridas neste grupo).
Está comprovado que o uso da dinâmica de grupos facilitou o trabalho do ‘’novo professor’’ para a
sociedade atual. Com o auxílio das técnicas grupais, o docente pôde desenvolver no educando outras
habilidades de caráter formativo, aprimorando suas potencialidades.
As dinâmicas são ferramentas que servem para elaborar o processo de formação e organização, bem
como possibilitam a criação e recriação do conhecimento; é por intermédio delas que se desenvolve
a sensibilidade, o conhecimento de si próprio, a expressão da criatividade, o resgate das virtudes, a
melhora da autoestima.
Essas ferramentas ajudam o indivíduo a se assumir como sujeito na vida, aceitando as responsabilidades
pessoais no processo evolutivo. Portanto, a pessoa torna-se mais autônoma, e, despertado o seu poder
pessoal, há um fortalecimento do seu eu; trabalham conceitos de cooperação, solidariedade, amor,
amizade, autoestima etc., e, assim, os alunos ficam menos agitados, menos agressivos e prestam mais
atenção às aulas.
Assim como os jogos afetivos e o contato corpo a corpo, as dinâmicas favorecem o bom relacionamento
entre as turmas. Por meio de expressões gestuais e corporais, os discentes conhecem suas próprias
emoções e os sentimentos “do outro”.
48
Pedagogia Interdisciplinar
O ser humano nem sempre estabelece um clima social favorável, são comuns os problemas de
relacionamento. Basta haver mais de uma pessoa para que os conflitos iniciem. A fim de sanar esses
incidentes, escolas, empresas e grupos de jovens e adultos buscam cursos de relações humanas que
utilizem as dinâmicas de grupo. Estas têm por objetivo conscientizar os indivíduos, tornando-os mais
observadores, buscando criar um clima de relações humanas autênticas, superando as barreiras que
impedem o verdadeiro relacionamento.
Outro objetivo das dinâmicas é fazer que os indivíduos se conheçam de verdade, despertando valores
pessoais que modificam as atitudes, favorecendo as relações interpessoais.
Algumas dinâmicas podem ser realizadas em pequenos grupos, enquanto outras exigem
a participação de um número maior de pessoas. Devem levar entre 20 a 50 minutos no máximo.
Elas também pretendem despertar o espírito de solidariedade, a confiança mútua, a fim de criar
um ambiente de sinceridade, solidariedade e amizade. Algumas técnicas ainda buscam estimular a
interiorização pessoal, objetivando conscientizar o indivíduo de suas limitações, hábitos e inclinações
negativas.
As dinâmicas não pretendem acabar com os problemas interpessoais, mas sim alertar os indivíduos
para sua existência, prepará-los para que consigam resolvê-los da melhor maneira.
Observação
Sendo assim, o trabalho com dinâmicas atende às atuais necessidades da educação. De acordo com
explicações do site Casa da Juventude2, temos que os elementos de uma dinâmica envolvem:
Materiais-recursos: estes ajudarão na execução e na aplicação da dinâmica (TV, vídeo, som, papel,
tinta, mapas, retroprojetor, cartazes etc.).
2
Baseado em: <http://www.casadajuventude.org.br/>. Acesso em: 5 jun. 2012.
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Unidade I
Tempo determinado: deve haver um tempo aproximado, com início, meio e fim.
Deve haver um desenvolvimento que permita se chegar ao final de maneira gradual e clara.
Número de participantes: ajudará a ter uma previsão do material e do tempo para o desenvolvimento
da dinâmica.
Perguntas e conclusões: estas devem permitir o resgate da experiência avaliando: o que foi visto;
os sentimentos; e o que foi aprendido. É o momento da síntese final, permite atitudes avaliativas e de
encaminhamentos.
Técnica quebra-gelo
Técnica de apresentação
Essa técnica exige um diálogo espontâneo e verdadeiro das pessoas, partilham-se sonhos, seus
trabalhos, seus gostos, onde vivem etc.; são as primeiras informações a respeito da pessoa.
É aconselhável que sejam utilizadas as dinâmicas rápidas. Tal técnica fará que as pessoas se
identifiquem umas com as outras ou mostrará os diferentes caminhos percorridos por cada uma delas.
Técnica de integração
Essa técnica ocorre por meio de dinâmicas que favorecem as relações interpessoais e trabalham com
a comunicação, pois o diálogo afasta a indiferença.
Os exercícios induzem as pessoas a pensar suas atitudes e o seu ser em relação aos outros. Desenvolve
a questão da empatia, tão divulgada atualmente.
50
Pedagogia Interdisciplinar
Figura 9
Muitas empresas incentivam seus funcionários a participar de atividades deste tipo no intervalo ou
no almoço, oferendo espaço e fazendo que alguns trabalhadores sejam os condutores dessas dinâmicas.
Inúmeras pesquisas mostram que tais atividades acabam resultando em melhor rendimento nas
produções.
Técnica de capacitação
Essa técnica pretende ampliar a capacidade de observação e esclarecer as atitudes dos participantes.
Quando é proposto o tema/conteúdo principal da atividade, devem ser utilizadas dinâmicas que facilitem
a reflexão e o aprofundamento; estas, geralmente são mais demoradas.
Liturgias
Saiba mais
Observação
A seguir, serão apresentadas algumas dinâmicas do livro apresentado no Saiba Mais. Elas foram
testadas e tiveram bastante sucesso:
– Qual a opinião de nosso grupo em relação à visão do outro grupo sobre o nosso?
Devem-se reunir os dois grupos numa assembleia. Um representante de cada grupo irá
ler e expor em público o que estiver marcado na cartolina. Os participantes novamente se
dividem em dois grupos para planejar uma resposta às observações feitas pelo adversário.
Mais uma vez, forma-se uma assembleia para expor as respostas dos grupos, bem como
suas opiniões acerca dos exercícios.
Observação
A explosão do animador
Objetivo: criar impacto nos participantes do exercício grupal por meio de uma
dramatização exagerada, a fim de sentir melhor as reações individuais.
Tempo: 10 minutos.
Observação
Dramatização
Tamanho: 20 a 30 pessoas.
Um trabalho de equipe
53
Unidade I
Sobre a avenida complicada, encontram-se quinze cinco numeradas: 801, 803, 805,
807, 809 (da esquerda para a direita). Cada casa caracteriza-se pela cor diferente, pelo
proprietário, que é de nacionalidade diferente, pelo veículo, que é de marca diferente,
pela bebida diferente e pelo animal doméstico diferente. As imagens das casinhas a seguir
apresentam como estão distribuídas as casas na vivência da avenida complicada. Vocês
poderão colocar linhas onde distribuirão os carros, as bebidas, os animais de cada um, e
assim por diante.
Figura 10
Observação
Saiba mais
Como vimos, as pessoas gostam de ouvir histórias. Dentro das dinâmicas de grupo, podemos usar os
contos como um espaço para reflexão.
Há muitos textos que podem ser trabalhados com crianças e com os adultos em sala de aula.
É comum ouvirmos que as narrativas devem ser trabalhadas apenas com crianças, mas adultos
também gostam de ouvir histórias, e, muitas vezes, demonstram o quanto este ou aquele conto
sensibilizou seu coração. A vigilância da censura sufoca a criança que há dentro de cada adulto.
Agora, vamos apresentar dois textos que podem ajudar o desenvolvimento da criatividade, a
autoestima e a compreensão ética de nossos relacionamentos.
Primeiramente, citamos O carpinteiro. Esta história mostra que às vezes não envidamos muito esforço
nos assuntos mais importantes. Nesta narrativa, apresenta-se um velho carpinteiro, que construiu sua
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Unidade I
última casa com displicência; ele não sabia que seu patrão estava fazendo uma surpresa, doaria a casa
ao homem para que pudesse abrigar sua família.
Outra história que vale a pena ser trabalhada é As pedras grandes e o vaso; esta narrativa também
nos remete à atenção que devemos ter com as nossas prioridades. Relata a história de um professor de
filosofia, que, para demonstrar a importância de seguirmos certos conceitos, apanha um vaso, várias
pedras de tamanhos diferentes, areia e solicita a seus alunos que coloque todo material dentro do vaso.
O objetivo é deixar claro que se esse material não for colocado ordenadamente, não caberá no
recipiente. Então, vimos a necessidade de priorizarmos o mais importante em nossas vidas.
Saiba mais
Para saber mais sobre essas e outras histórias, acesse o site: <www.
vidanet.org.br/mensagens/o-carpinteiro-e-a-casa>.
Resumo
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