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Observação e Projeto
Autores: Prof. Wanderlei Sérgio da Silva
Profa. Raquel Maia Bokums
Professores conteudistas: Wanderlei Sérgio da Silva / Raquel Maia Bokums
Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
Mestre em Ciências (Geografia Humana) e graduado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Durante
quinze anos, trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) com pesquisas relacionadas
às geociências e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, totalizando cerca
de cem projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. Em 2001, ingressou na Universidade Paulista
(UNIP), onde lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo relacionadas à geografia, ao meio ambiente e ao
planejamento, bem como as disciplinas didático‑pedagógicas no curso presencial de Psicologia (licenciatura).
Membro da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor responsável pelas disciplinas relacionadas à Prática
de Ensino, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da Educação.
Mestre em Ciências (Educação Física) pela Universidade de São Paulo (EEFE/USP). Especialista em Formação em
Educação a Distância pela Universidade Paulista (Unip Interativa) e em Educação Física Escolar pelas Faculdades
Metropolitanas Unidas (UniFMU). Licenciada e bacharela em Educação Física pelo Centro Universitário Nove de
Julho (Uninove). De 2007 a 2009, foi integrante do Laboratório de Comportamento Motor (Lacom) da EEFE/USP, com
pesquisas realizadas na área. Entre os anos de 2008 e 2010, foi bolsista da Capes e integrante do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Capacidades e Habilidades Motoras (Gepcham) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH/
USP), ocasião em que teve trabalhos e artigos publicados.
Desde 2011, é membro da Coordenadoria de Estágios em Educação e uma das professoras responsáveis pelas
disciplinas Prática de Ensino: Observação e Projeto e Prática de Ensino: Integração Escola X Comunidade. Por conta
disso, desenvolve trabalhos e artigos nos seguintes temas: Educação, Prática de Ensino, Educação a Distância, Diferenças
Individuais e Metodologia da Pesquisa.
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Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William
Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol.
il.
681.3
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Juliana Maria Mendes
Cristina Z. Fraracio
Marcilia Brito
Sumário
Prática de Ensino: Observação e Projeto
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA..........................................................................................................9
2 OBSERVAÇÃO........................................................................................................................................................9
2.1 Aspectos conceituais..............................................................................................................................9
2.2 Vantagens................................................................................................................................................. 10
2.3 Limitações................................................................................................................................................ 11
2.4 Tipos de observação............................................................................................................................. 11
2.4.1 Observação assistemática......................................................................................................................11
2.4.2 Observação sistemática..........................................................................................................................11
2.4.3 Observação não participante...............................................................................................................11
2.4.4 Observação participante....................................................................................................................... 12
2.4.5 Observação em equipe.......................................................................................................................... 12
2.4.6 Observação na vida real........................................................................................................................ 12
2.4.7 Observação em laboratório.................................................................................................................. 12
3 OBSERVAÇÃO CIENTÍFICA............................................................................................................................. 12
3.1 Aprofundamento conceitual............................................................................................................ 12
4 OBSERVAÇÃO DOS AMBIENTES EDUCATIVOS...................................................................................... 17
5 PROJETO............................................................................................................................................................... 19
5.1 Aspectos conceituais........................................................................................................................... 19
5.2 Projetos no contexto escolar............................................................................................................ 20
5.3 Tipos de projetos.................................................................................................................................... 22
5.4 Pedagogia de projetos......................................................................................................................... 24
6 O PAPEL DO PROFESSOR NA PRÁTICA EDUCATIVA COM PROJETOS........................................... 29
7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE PLANEJAMENTO DE PROJETOS.......................................... 33
8 SUGESTÕES DE LEITURA................................................................................................................................ 35
APRESENTAÇÃO
É com muita satisfação que iniciamos mais um semestre da disciplina Prática de Ensino. De modo
geral, a Prática de Ensino: Observação e Projeto tem por objetivo conduzi‑lo a uma aproximação ainda
maior com relação à educação que o rodeia, dirigindo o seu olhar para observar mais de perto as escolas
e outros ambientes educativos (teatros, parques, ginásios de esporte, museus, bibliotecas públicas etc.)
existentes no seu cotidiano em que ocorre a educação em diferentes formas e níveis.
Por isso, todo o conteúdo teórico desenvolvido neste livro‑texto, bem como as atividades de avaliação
solicitadas no decorrer da disciplina, caminham nesse sentido, a fim de ajudá‑lo na compreensão dos
conceitos observação e projeto.
Primeiro, você será levado a refletir sobre os aspectos conceituais e científicos do processo de
observação para que, dessa forma, possa ter uma vivência prática de direcionar o seu olhar, por meio da
técnica da observação, para os diferentes ambientes educativos existentes ao seu redor (não escolares
e escolares). Além disso, num segundo momento, será desafiado a elaborar um projeto de trabalho
integrando os vários aspectos educativos existentes em um ambiente não escolar que poderiam ser
trabalhados para uma aprendizagem mais significativa dos alunos de uma escola nas diversas disciplinas.
• elaborar um relato de observação dos diferentes ambientes educativos presentes ao seu redor,
tanto não escolares quanto escolares, utilizando a técnica da observação;
• com base nos ambientes educativos levantados anteriormente no relato, elaborar um projeto de
trabalho de integração entre um ambiente não escolar e uma escola, com o intuito de propiciar a
ação pedagógica.
Dessa forma, você terá a oportunidade de colocar em prática os conceitos teóricos estudados
na disciplina, colaborando para que o processo de construção da sua identidade profissional seja
desenvolvido pela vivência e pela identificação dos diferentes ambientes educativos (escolares ou não),
pela técnica da observação, pela possibilidade de selecionar e organizar dados de maneira crítica e
reflexiva, e pela elaboração de um projeto de trabalho.
INTRODUÇÃO
Para alcançar os objetivos da disciplina, ao longo desta unidade, você entrará em contato com os
conceitos de observação e projeto. Primeiro, entenderá um pouco mais sobre as vantagens e limitações
da técnica da observação, os tipos de observação e o que se espera de uma observação científica. Em
seguida, serão apresentados os aspectos conceituais sobre um projeto de trabalho, sua importância, o
papel do professor nessa modalidade e os principais elementos para a elaboração de um projeto.
7
Além dos aspectos teóricos, ao longo da disciplina, você receberá diretrizes para a realização das
atividades obrigatórias de avaliação propostas neste semestre.
Que desafio!
Para isso, você não estará sozinho(a)! Além de todo o suporte técnico e pedagógico da UNIP,
oferecendo orientações nos materiais didáticos que fazem parte da disciplina, você terá a oportunidade
de realizar as atividades propostas em grupo, a fim de enriquecer a discussão sobre a observação, o
projeto e a qualidade dos trabalhos.
Espera-se que, ao final desta disciplina, você produza bons frutos em sua prática, bons resultados em
sua jornada como futuro docente e boas reflexões sobre observação e projeto.
Bons estudos!
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA
Inicialmente, é importante relembrar o contexto em que se insere essa atividade na dimensão prática
do curso.
A prática de ensino será desenvolvida em seis semestres, com atividades distribuídas por cada um
deles. Naturalmente, deve haver uma articulação entre elas, perpassando por todo o curso.
Quadro 1
Prática de Ensino
1º sem. 2º sem. 3º sem. 4º sem. 5º sem. 6º sem.
Introdução à Observação e Integração Vivência no Trajetória
Reflexões
Docência Projeto Escola x Comunidade Ambiente Educativo da Práxis
De modo geral, a Prática de Ensino: Observação e Projeto, ora em desenvolvimento, tem como objetivo
levá‑lo a observar diferentes ambientes educativos (não escolares e escolares) existentes em locais que
fazem parte do seu cotidiano e fazer uma relação pedagógica entre um dos ambientes não escolares (teatro,
museu, biblioteca, parque, ginásio etc.) e uma escola. Isso é feito de maneira que identifique, por meio de
um projeto de trabalho, os aspectos existentes em um ambiente não escolar que poderiam contribuir para
uma aprendizagem mais significativa dos alunos nas diversas disciplinas (Português, Matemática, Língua
Estrangeira, Ciências, Geografia, Educação Física etc.) que existam em uma eventual escola.
Essa disciplina utiliza, para isso, conceitos consagrados nas ciências sobre os termos observação
e projeto, orientando a prática de modo que o leve a discernir e a aplicar seus significados nas
atividades propostas.
Lembrete
2 OBSERVAÇÃO
As atividades de Prática de Ensino: Observação e Projeto apoiam‑se nos conceitos destes dois termos,
observação e projeto, de modo que sejam resguardados os seus rigores científicos. Particularmente no
que diz respeito ao termo observação, o entendimento conceitual baseado no conhecimento popular é
permeado de significados polêmicos e confusos.
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Para fins de utilização em atividades acadêmicas, é necessário adotar conceitos com base científica
sólida, com origem comprovada, para que não pairem dúvidas sobre as atividades a realizar. Desse modo,
a seguir são apresentadas definições esclarecedoras sobre o termo.
Observação, em seu sentido amplo, é uma técnica de coleta de dados que diz respeito ao método
científico. Utiliza os sentidos para conseguir informações dos aspectos da realidade. Exerce papel
importante no contexto da descoberta. Obriga o investigador a um contato direto com a realidade
estudada (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar, entender fatos ou fenômenos que
se deseja estudar. É um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo,
principalmente do tipo exploratória. Exerce um papel muito importante no contexto da descoberta,
pois é por meio dela que se inicia todo o estudo dos problemas.
Observação
“A observação deve ser atenta, exata e completa, precisa, sucessiva e metódica” (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007, p. 32). Por isso, o investigador precisa apresentar algumas características para uma boa
observação, tais como paciência e coragem para resistir às ânsias de conclusões rápidas, além de
imparcialidade na observação dos fenômenos estudados (BARROS; LEHFELD, 2007).
2.2 Vantagens
10
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
2.3 Limitações
• a ocorrência espontânea não poder ser prevista, o que impede, muitas vezes, o observador de
presenciar o fato;
• o fato de que vários aspectos da vida cotidiana ou particular podem não ser acessíveis ao pesquisador.
Diversos autores, como Silva e Menezes (2001), Marconi e Lakatos (2006), Cervo, Bervian e
Silva (2007) e Barros e Lehfeld (2007), apontam para as diferentes configurações da observação, de
acordo com a finalidade e a forma pela qual é executada. Entre elas, destacamos algumas para os
fins desta atividade.
O pesquisador toma contato com a comunidade, o grupo ou a realidade estudada, mas sem
integrar‑se a ela. Presencia o fato, mas não participa dele. Não se deixa envolver pelas situações,
cumprindo principalmente o papel de espectador. Entretanto, essa observação deve ser consciente,
11
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Realizada no ambiente real, registrando‑se os dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente,
sem preparação. A melhor ocasião para o registro dos dados é o local e o horário em que o evento
ocorre, para evitar equívocos ou esquecimentos.
3 OBSERVAÇÃO CIENTÍFICA
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Assim, é importante delimitar, num ambiente múltiplo, aquilo que deve ser efetivamente visto e
não se perder na multiplicidade. Observar fatos ou objetos que compõem a paisagem, como no caso
dessa atividade, é especialmente instigante, pois paisagem é um termo estudado e conceituado
por cientistas das mais diversas formações: arquitetos, geógrafos, artistas plásticos, dentre outros.
Há, no entanto, um fato que é constante em todos os conceitos conhecidos de paisagem: parte‑se
sempre de um observador. O observador é, portanto, essencial para refletir sobre a realidade a
ser estudada.
• inicialmente, é essencial que haja intenção do observador de conhecer o que pretende observar,
ou seja, o interesse;
• num segundo momento, é necessário que o observador tenha consciência de que a sua mentalidade
e a sua subjetividade podem influir na observação;
A percepção do objeto observado é tão fundamental quanto polêmica no que se refere à sua adoção
para fins de observação científica. Afinal, psicologicamente, cada pessoa percebe diferentemente, e essa
percepção se aprimora com o passar do tempo, ou seja, a observação cresce em qualidade com a adoção
de diferentes momentos de percepção.
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Figura 1
Para fins desta atividade de observação, admite‑se que, apesar de a percepção ser única, ela é
necessariamente emoldurada pela inteligência humana, que oferece diferentes formas cognitivas para
os inúmeros conteúdos perceptivos (SILVA, 2006). Como os mecanismos perceptivos e cognitivos são
próprios da espécie humana, a imagem mental que as pessoas constroem do ambiente onde vivem
segue determinados padrões. Pode‑se, assim, falar de uma imagem pública, que é a síntese das imagens
individuais, e é com essa imagem pública que a ciência pode e deve lidar.
Lembrete
Uma pessoa leiga, que não tenha a intenção de observar um determinado elemento na paisagem,
muitas vezes não o perceberá, não interpretará o fato e não o descreverá; portanto, no final do processo,
a observação não terá ocorrido: o que ocorreu foi apenas o olhar. Mesmo esse olhar é subjetivo, o que
pode ser analogamente verificado na leitura do texto do professor Rubem Alves, a seguir.
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Os dois olhos
Temos dois olhos. Com um nós vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem.
Com o outro nós vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem. Assim escreveu o
místico Ângelus Silésius.
Falaria como cientista. Mas os olhos da sua amada o transformaram em poeta. Cientista,
ele fala o que vê com o primeiro olho. Apaixonado, ele fala o que vê com o segundo olho.
Cada olho vê certo no mundo a que pertence.
Vamos agora para outro jogo de palavras, a poesia “...e, no fundo dessa fria luz marinha,
nadam meus olhos, dois baços peixes, à procura de mim mesma”. Aí o mesmo homem
contesta o que o poema diz: “Mas isso não pode ser verdade. Se a Cecília Meireles estivesse
no fundo do mar, ela teria se afogado. E os olhos não são peixes...”.
Pobre homem. Não sabe que a poesia não é a linguagem para dizer as coisas que existem.
É jogo para fazer beleza. A ciência também é um jogo de palavras. É o jogo da verdade, falar
o mundo como ele é.
Acontece que nós, seres humanos, sofremos de uma “anomalia”: não conseguimos viver
no mundo da verdade, no mundo como ele é. O mundo como ele é, é muito pequeno
para o nosso amor. Temos nostalgia de beleza, de alegria e – quem sabe? – de eternidade.
Desejamos que as alegrias não tenham fim!
Mas beleza e alegria, onde se encontram essas “coisas”? Elas não estão soltas no mundo,
ao lado das coisas do mundo tal como ele é. Elas não são, existem não existindo, como
sonhos, e só podem ser vistas com o “segundo olho”. Quem as vê são os artistas. E se alguém,
no uso do primeiro olho, objeta que elas não existem, os artistas retrucam: “Não importa.
As coisas que não existem são mais bonitas” (Manoel de Barros). Pois os sonhos, no final das
contas, são a substância de que somos feitos.
15
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Como disse Miguel de Unamuno: “Recuerda, pues, o sueña tú, alma mía la fantasía es
tu sustancia eterna lo que no fue; con tus fulguraciones hazte fuerte, que eso es vivir, y lo
demás es muerte”.
Jesus se movia em meio às coisas que não existiam e as transformava em parábolas, que
são histórias que nunca aconteceram. E, não obstante a sua não existência, as parábolas
têm o poder de nos fazer ver o que nunca havíamos visto antes. O que não é, o que nunca
existiu, o que é sonho e poesia tem poder para mudar o mundo. “O que seria de nós sem o
socorro das coisas que não existem?”, perguntava Paul Valèry.
Dois olhos, dois mundos, cada um vendo bem no seu próprio mundo...
Não haveria conflitos se o primeiro olho visse bem as coisas do seu lugar e o segundo
olho visse bem as coisas do seu lugar. Conhecimento e poesia, assim, de mãos dadas,
poderiam ajudar a transformar o mundo.
Observação
Não terá sentido nenhum dizer, portanto, que diante de um fenômeno o cientista e seu filho (criança)
observam o mesmo cenário. Segundo Vargas (1985), a observação é a do cientista. Seu filho vê algo,
mas, como não compreende o que se passa, não realiza uma observação.
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
A descrição do fato observado é, também, essencial, pois o resultado palpável de qualquer observação
é o que está escrito ou anotado, e nada mais (VARGAS, 1985). Em outras palavras, observações devem
ser descritas, isto é, escritas numa linguagem em que se adotam definições precisas de cada termo
empregado, de forma que seu significado seja, tanto quanto possível, o mesmo para todos os seus
leitores. Salienta‑se que as descrições, além de escritas, podem ser realizadas por meio de desenhos ou
fotografias, as quais podem dominar sobre os textos, embora não devam ser apresentadas sem eles.
A descrição do que foi observado deve refletir a realidade que se revela ao observador. Assim, o
essencial na observação científica não reside apenas no ato de observar, mas, também, na expressão do
que foi observado.
Lembrete
Para fins desta disciplina, os diferentes ambientes educativos observados podem ser divididos em
escolares e não escolares.
Os ambientes escolares são as escolas oficiais (públicas e/ou particulares), cujos cursos são
reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), órgão que administra a Educação Nacional
(SOUZA; TAVARES, 2009).
Nessas escolas, o tipo de educação que acontece é o formal, e o documento que rege a educação
escolar em nosso país é a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB):
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Algumas características da educação formal presente nos ambientes escolares são: transmissão
do conhecimento sistematizado, presença de conteúdos preestabelecidos, pessoas capacitadas e
especializadas, organização curricular, disciplina e atividades sistematizadas e normatizadas por leis,
ensino escolar institucionalizado, cronologicamente, gradual e hierarquicamente estruturado etc.
(GOHN, 2006; SOUZA; TAVARES, 2009; VERCELLI, 2011).
Portanto, pode‑se afirmar que os ambientes educativos escolares estão relacionados com as
Instituições Escolares da Educação Básica e do Ensino Superior, definidas na Lei nº 9.394/96 de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Já os ambientes educativos não escolares são espaços educativos que não se enquadram no sistema
formal de ensino. A educação que acontece nesses locais é a não formal ou informal.
Para Jacobucci (2008), existem duas categorias para os ambientes não escolares: locais que são
instituições e locais que não são instituições. No primeiro, instituições, enquadram‑se ambientes
regulamentados que dispõem de certo planejamento, estrutura física e equipe técnica responsável.
Alguns exemplos desses espaços não formais institucionalizados são: museus, centros de ciências,
parques ecológicos, parques zoobotânicos, jardins botânicos, planetários, institutos de pesquisa, aquários,
bibliotecas, zoológicos, dentre outros.
Saiba mais
Os artigos a seguir podem propiciar um maior entendimento sobre os
ambientes educativos não escolares (espaços não formais).
JACOBUCCI, D. F. C. Contribuições dos espaços não formais de educação para
a formação da cultura científica. Em extensão, Uberlândia, v. 7, p. 55-66, 2008.
QUEIROZ, R. M. et al. A caracterização dos espaços não formais de
educação científica para o ensino de Ciências. Revista Amazônica de Ensino
de Ciências, Manaus, v. 4, n. 7, p. 12‑23, 2011.
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Ressalta-se que as atividades solicitadas nesta disciplina são obrigatórias e servirão para sua
avaliação na disciplina. Qualquer atividade diferente do que está sendo proposto na disciplina poderá
levá-lo à reprovação.
5 PROJETO
Projeto é um termo muito utilizado em nossos dias e em diferentes âmbitos, mas que pode ser
facilmente confundido devido a seus diferentes conceitos e suas diferentes formas de execução.
Comumente, pode vir acompanhado de diversos significados e aplicado em variados contextos, tais
como: projeto de vida, projeto de lei, projeto arquitetônico de um prédio, projeto político-pedagógico
de uma escola, projeto de pesquisa, projeto de sociedade, projeto social etc.
O Novo Aurélio Século XXI (FERREIRA, 1999, p. 1647) traz uma visão sobre o termo, com as
seguintes definições:
Trata-se de um termo que deriva do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa
“lançar para diante” (VEIGA, 2000). Em português, caracteriza-se como um dos possíveis resultados de
um processo de planejamento, que leva à concretização de ideias. Reflete um trabalho de elaboração
mental, apresentado de modo escrito. É um processo de planejamento que visa atingir os fins com maior
rapidez e satisfação.
Lembrete
Na área empresarial, por exemplo, projeto é definido como “um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMI, 2008). Também pode ser definido como
uma “sequência de atividades programadas, com compromisso de fornecer um resultado que produz
mudança” (MAXIMIANO, 2010, p. 4).
19
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Para os fins desta disciplina, focaremos no estudo do termo “projeto” no âmbito educacional.
Para isso, como futuro docente, você precisa ter em mente a definição de alguns tipos de projetos
existentes nesta área e entendê-los claramente, a fim de classificá-los de acordo com as suas principais
características e finalidades.
É dentro deste contexto que o professor deve ser um “planejador pedagógico”, a fim de alcançar êxito
em sua jornada. Deve planejar a sua prática pedagógica de forma competente e coerente, compartilhando
com seus alunos suas experiências do passado, suas vivências do presente e suas expectativas do futuro
de forma significativa. Deve organizar-se para práticas que possam, efetivamente, contribuir para a
formação integral do seu aluno.
20
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Existem diversas maneiras de organizar a prática pedagógica. Algumas delas são: atividades
permanentes, planos de aula, sequências didáticas, atividades ocasionais ou de rotina e também por
meio de desenvolvimento de projetos.
Cada vez mais, escolas e professores têm incentivado o uso de projetos em suas rotinas, por inúmeras
razões. Dentre elas, a mudança em nossa sociedade e no perfil do aluno, o avanço da tecnologia e a
necessidade de mudanças e inovações mais eficientes, possibilitando que a educação se adapte a um
mundo em transformação.
Por isso, incluir no planejamento das aulas, projetos educacionais com diferentes áreas dos currículos
escolares tem sido uma ótima opção. É um meio para atingir o fim pretendido e os objetivos gerais da
escola. Trata-se de “uma tentativa de criar novas práticas de ensino que reflitam o ambiente no qual as
crianças hoje vivem e aprendem” (BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION, 2008, p. 17).
Lembrete
Ao desenvolver projetos como uma prática pedagógica deve-se ter em mente duas coisas:
• Que o planejamento de um projeto é diferente e mais complexo do que o de uma aula tradicional
ou de qualquer outra atividade de rotina executada dentro da escola.
• Que o desenvolvimento de projetos com os alunos consiste em um dos pilares para a construção
de um processo de ensino e aprendizagem significativo. Já que o projeto é um modelo que não fica
restrito à transmissão dos conteúdos, como se o aluno fosse um recipiente vazio precisando ser
preenchido de alguma forma. Pelo contrário, desenvolve habilidades no aluno, com o objetivo de
torná-lo apto para viver numa sociedade cada vez mais exigente. Algumas dessas habilidades são:
colaboração, comunicação, persistência, pensamento crítico e flexível, cooperação, criatividade,
responsabilidade, capacidade de questionar e aplicar conhecimento prévio a uma nova situação,
capacidade de resolução de conflitos etc.
Lembrete
Para Monteiro, Oliveira e Rondon (2013, p. 42), “o projeto pode ser o alicerce do conhecimento, onde
os aprendizes atravessam etapas formando o esqueleto do objeto desejado [...] conquistando assim o
resultado final, neste caso: a aprendizagem”.
e social de um determinado fenômeno, buscando a transformação do mundo. Para que essa formação
integral aconteça, os objetivos precisam estar claros e as intenções quanto ao projeto bem definidas.
Mas que tipo de projeto? Em qual contexto? Para qual finalidade? Por onde começar? Quem envolver?
De início, é importante ressaltar que a elaboração de projetos no âmbito da educação pode apresentar
diferentes finalidades, tais como: reforma do sistema educacional em seus diferentes níveis, reforma
curricular, capacitação de professores e gestores, desenvolvimento do ensino, integração da escola com
a comunidade, implantação de metodologias de ensino por meio de projetos, entre outras (MOURA;
BARBOSA, 2012). De acordo com o objetivo traçado para o projeto, ele poderá receber uma classificação,
conforme você estudará a seguir.
Observação
Conforme Moura e Barbosa (2012), de acordo com a finalidade principal do projeto, este pode
assumir uma classificação geral. Os autores ainda afirmam que essa classificação, em 5 categorias, não
são excludentes, ou seja, podem existir situações em que os diferentes tipos de projetos acontecem de
forma articulada ou integrada, e isso dependerá das atividades predominantes do projeto e de sua razão.
22
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Com essa classificação, torna-se mais fácil enquadrar os diferentes projetos existentes numa
escola, por exemplo: um projeto de integração entre a escola e a comunidade pode ser considerado
como um projeto de intervenção, pois as necessidades da escola e da comunidade podem ser
atendidas por meio de propostas de integração; o projeto político-pedagógico da escola pode
ser considerado como um projeto de desenvolvimento, pois se constitui como uma referência
norteadora de toda a ação educativa a ser desenvolvida na escola, com um conjunto de diretrizes
e ações estabelecidas para o processo de ensino e aprendizagem a curto, médio e longo prazo.
Serve como um parâmetro e uma direção do caminho a ser percorrido pela escola em termos
políticos e pedagógicos.
23
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
A Metodologia de Projetos pode ser implementada na prática docente periodicamente, tanto numa
escola tradicional ou inovadora, como mais um dos métodos ou estratégias de ensino. Já a Pedagogia
de Projetos envolve uma filosofia norteadora que define a pedagogia da escola, ou seja, o conjunto de
seus objetivos e propostas oferecidas aos alunos (BURNIER, 2001).
Saiba mais
Outro termo utilizado para essa mesma abordagem é a aprendizagem
baseada em projetos (ABP). Para aprofundar seus conhecimentos sobre o
tema, leia:
Por isso, falar em Pedagogia de Projetos, num cenário de apatia e descrença na educação, envolve
um grande desafio e uma mudança na lógica educativa, rompendo com muitas tradições.
Com certeza, em sua caminhada como docente, você ouvirá muito desses termos ou, até mesmo,
será desafiado a elaborar projetos dessa natureza dentro do seu contexto escolar.
Dessa forma, a seguir, você terá uma compreensão maior sobre essa abordagem, com um detalhamento
sobre os projetos de trabalho (ou aprendizagem), sua finalidade e objetivos.
De acordo com Barbosa e Horn (2008, p. 53), a pedagogia de projetos “é uma possibilidade
interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros fatores, contempla a visão
multifacetada dos conhecimentos e informações”. Propõe uma aprendizagem significativa diante dos
métodos tradicionais utilizados, pois “é uma concepção filosófica que deve estar contemplada na
Proposta Político Pedagógica da escola” (FREITAS et al., 2003, p. 20).
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PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
De acordo com Menezes e Cruz (2007), o projeto pode ser entendido como uma forma de aprender
a pensar criticamente, o que leva o aluno a dar significado à informação, analisá-la, planejar ações
e resolver problemas. Os conteúdos são estudados por meio de questões problematizadoras, inter-
relacionando diferentes informações, a partir de um determinado eixo temático.
As primeiras experiências com projeto do ponto de vista pedagógico foram realizadas por John Dewey
(1859-1952), filósofo e pedagogo norte-americano, na escola primária experimental da Universidade
de Chicago, em 1896. Dewey desejava traçar uma nova Teoria da Experiência, por meio da qual pudesse
definir melhor o papel dos impulsos da ação ou da função dos interesses dos alunos. Juntamente com
outros educadores participou de uma transformação na educação, pelo movimento denominado Escola
Nova, em que defendia um processo mais ativo, cooperativo, participativo, reflexivo, democrático, com
descobertas e vivências por parte do aluno. Nessa nova concepção, a escola deveria estar conectada
com a sociedade.
Para ele, a educação não era apenas um momento específico de preparo para a vida, mas um
processo de vida e, por isso, a escola deveria representar a vida como ela é para o aluno (DEWEY, 1967).
Além disso, para Dewey, os projetos dessa natureza, realizados por alunos, precisavam necessariamente
de um professor orientador, a fim de garantir um processo de aprendizagem e conhecimento (MOURA;
BARBOSA, 2012).
Assim, as ideias de Dewey embasaram o surgimento do Método de Projetos, o qual foi aperfeiçoado
pelo trabalho de um dos seus discípulos, William Kilpatrick, em 1918, com o objetivo de relacionar as
atividades da escola com a vida fora dela, como método educativo. Logo, o uso de projetos pela escola
aparece como uma importante estratégia pedagógica, a fim de romper com o ensino tradicional e
permitir uma nova realidade por meio da pesquisa, da resolução de problemas e da proximidade do
contexto social.
No Brasil, em 1932, especialmente após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova,
vários educadores passaram a divulgar o pensamento de Dewey (FREITAS et al., 2003). Em meados
dos anos 1990, o mesmo discurso advindo do ideário escolanovista ressurge pelas várias vertentes do
chamado construtivismo, em que o foco passa a ser o aprender a aprender, tornando o aluno apto para
as novas demandas do mundo do trabalho (DUARTE, 2003).
Por isso, nesse contexto, era necessária uma escola com uma aprendizagem ativa em vez de
passiva; cooperativa em vez de individualista; construtiva em vez de mecânica; e democrática em vez
de autoritária.
Com esse pano de fundo, o MEC elabora os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), com o objetivo
de solidificar o construtivismo e a prática de projetos. Com esse documento, os professores saberiam
qual a concepção educacional pretendida para melhor organizar o seu trabalho (RAMOS, 2013).
25
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Essa proposta de ensino já era indicada na LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96), quando estabelece como princípio e finalidade da educação o vínculo com o trabalho e com
as práticas sociais.
Esse amparo legal da LDB e dos Parâmetros serviu para fundamentar e garantir a prática dos projetos
no ambiente escolar. Entretanto, até hoje, pode-se verificar uma inconsistência e falta de orientação dos
Parâmetros, nas diferentes áreas e ciclos do ensino fundamental, do uso do termo “projeto” enquanto
prática pedagógica.
Apesar disso, de forma geral, os PCNs destacam os projetos como uma das principais ferramentas
didáticas do professor na atual sociedade, e “é uma forma de trabalho em equipe que favorece a
articulação entre os diferentes conteúdos” (BRASIL, 1998, p. 116), podendo trabalhar com as várias áreas
de conhecimento e com os temas transversais.
Além disso, praticamente todos os volumes, principalmente nos ciclos 3 e 4 do ensino fundamental,
apontam que nos projetos “abre-se espaço para uma participação mais ampla dos estudantes, pois
várias etapas do processo são decididas em conjunto e seu produto é algo com função social real: um
jornal, um livro, um mural...” (BRASIL, 1998, p. 115).
Por isso, ao longo dos PCNs, pode-se verificar a nova concepção de escola, de aluno, de professor e
de conteúdo por meio desse modelo educacional. A escola passa a ser um local conectado à realidade
do aluno. O aluno passa a construir seu conhecimento de forma ativa e significativa. O professor passa
de detentor do saber para organizador e orientador do aluno. Por fim, o conteúdo passa a ser flexível e
com temáticas da realidade dos alunos (RAMOS, 2013).
Com o passar dos anos, essa concepção sobre o trabalho com projetos foi ganhando sustentação
e impulso por meio de publicações e estudos referentes ao seu potencial para a melhoria no processo
educativo, isto é, uma comprovação por meio de experiências escolares de uma aprendizagem mais
significativa e real em relação à aprendizagem tradicional e fora da realidade.
26
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Até hoje, pode-se verificar a valorização dessa proposta de ensino pela quantidade de publicações
nessa temática, em diversos níveis e países, corroborando para o progresso e desenvolvimento de
inúmeros projetos no âmbito escolar.
Saiba mais
Esses estudos, de forma geral, evidenciaram uma aprendizagem mais significativa dos alunos
nos diversos conteúdos, justamente pela vivência prática e envolvente que a pedagogia de projetos
oferece. Além disso, os estudos apontaram que a participação dos educandos aconteceu de forma
dinâmica e interativa, permitindo a construção de relações e conexões com o cotidiano, na perspectiva
da integração dos saberes.
Por isso, a utilização de projetos de trabalho amplia as práticas escolares, no que se refere a evitar
a fragmentação dos conteúdos, trazendo o aluno para um processo mais dinâmico da sua própria
aprendizagem, indo além dos limites do currículo escolar. A finalidade dessa metodologia é a aquisição
do conhecimento como pesquisa, permitindo ao aluno o poder de decisão, de escolha, de crítica, de
participar e de criar (PIRES, FERREIRA; FERRERA, 2010).
Lembrete
“A finalidade dos projetos é favorecer o ensino para a compreensão”
(FÊO, 2004, p. 63) e “compreender é ser capaz de ir além da informação
dada” (HERNANDEZ, 1998, p. 86).
27
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Por isso, segundo Nogueira (2008, p. 54) pode-se pensar nos projetos como uma estratégia para a
globalização, ou seja, uma forma de levar o aluno “a enxergar relações além das disciplinas de tal forma
a interpretar o mundo, a realidade e a sociedade na qual estão inseridos”.
• Contribuir para a construção do conhecimento pelas experiências vividas pelos alunos; promove
maior interação e envolvimento dos alunos.
• Colaborar para a formação dos alunos em seres participativos, reflexivos, criativos e autônomos.
• Permitir o trabalho em grupo e, como consequência, compartilhar e a trocar saberes entre os educandos.
• Valorizar o conhecimento prévio do aluno e permitir a construção de múltiplas relações
pedagógicas (SILVA; TAVARES, 2010).
Saiba mais
28
O trabalho com projetos pode contribuir para que o aluno desenvolva capacidades relacionadas com
a realização de tarefas de pesquisa, assim como:
• A comunicação interpessoal que permite constatar as próprias opiniões e os pontos de vista do outro.
Para isso, o professor deve apresentar habilidades e competências ao adotar a Pedagogia de Projetos.
Na primeira, você, como docente de uma instituição escolar, é convidado por outros professores a
participar de um projeto envolvendo um determinado tema transversal; ou, numa segunda situação,
durante a sua prática pedagógica, você observa que seus alunos apresentam certa dificuldade de
aprendizagem num determinado conteúdo e, por isso, planeja um projeto de trabalho em conjunto
com outras áreas de conhecimento, com o objetivo de promover uma educação fora das quatro
paredes da sala de aula, induzindo-os à crítica da realidade circundante e abrindo espaço para a
democratização do saber.
Esses exemplos evidenciam apenas algumas das possibilidades, dentre tantas, em que o
professor tem a oportunidade de planejar, organizar e elaborar projetos, com o objetivo de levar
o aluno a compreender plenamente os conteúdos curriculares, e a ter vivências significativas nos
diferentes ambientes educativos existentes fora do ambiente escolar. Afinal, quando o aluno está
envolvido em seu próprio processo de aprendizagem, consegue fixar mais as teorias e fórmulas
estudadas em sala de aula. Dessa forma, poderá articular a construção do conhecimento nas
diferentes esferas da educação formal, não formal e/ou informal.
Saiba mais
29
Segundo Vasconcellos (2002, p. 75),
Ainda para o autor, o grande desafio para o professor é agir como “facilitador das relações” e
“problematizador das situações”. Entretanto, para que isso aconteça, ele precisa ter um domínio do
conteúdo a ser ministrado. O papel do educador, enquanto mediador do processo ensino-aprendizagem,
vai muito além de transmitir conteúdos, constituindo-se como o de “provocar no outro a abertura para
a aprendizagem e de colocar meios que possibilitem e direcionem a aprendizagem” (VASCONCELLOS,
2002, p. 76).
Burnier (2001, p. 58) aponta que o professor deve ser um “observador vigilante e constante das
aquisições dos alunos”. Além disso, segundo Prado (2003), o professor precisa considerar três aspectos
para o trabalho com projetos: as possibilidades de desenvolvimento de seus alunos; as dinâmicas sociais
do contexto em que atua e as possibilidades de sua mediação pedagógica.
Observação
Segundo Ramos (2013, p. 53), “o papel docente nos projetos é o de, a partir da eleição compartilhada
com os alunos do tema central, atuar como o responsável pelo seu planejamento geral segundo os
conteúdos e os objetivos do ciclo referente”. A autora ainda coloca como uma responsabilidade do
professor organizar o que e como desenvolver os conteúdos, a profundidade e os tipos de abordagens
mais coerentes com a realidade do aluno e da escola.
a fim de saber intervir neste processo e possibilitar que os conceitos utilizados no desenvolvimento do
projeto sejam assimilados e compreendidos pelo aluno (PRADO, 2003).
Outro aspecto que se espera do professor, nessa dinâmica de projetos, é saber selecionar e
relacionar os conteúdos da sua área com as demais, superando a fragmentação das disciplinas
e reunindo possibilidades de produção de conhecimento nas diversas áreas de forma multi, inter
ou transdisciplinar. Quando isso acontece, é possível a construção de redes de conhecimento,
conforme a figura a seguir.
Figura 2
Kleiman e Moraes (1999, p. 47) apresentam essas duas figuras interessantes na conceituação de
projetos interdisciplinares, que são: construção e rede. Conforme citam as autoras, o desenvolvimento
de projetos dessa natureza, “permite a construção conjunta de novas significações nos vários domínios
do saber, tornando os papeis do professor e do aluno mais flexíveis”.
Saiba mais
O livro a seguir pode propiciar um entendimento maior sobre os
diferentes conceitos de multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade:
ARAÚJO, U. F. Temas transversais: pedagogia de projetos e mudanças na
educação. São Paulo: Summus Editorial, 2014.
Essa capacidade de integrar as disciplinas e de criar conexões entre os saberes contribui para
um currículo mais dinâmico e estratégico, interdisciplinar e transdisciplinar, proporcionando
ação e reflexão constantes por parte do professor. Dessa maneira, ao propor uma articulação na
prática dos conteúdos ensinados na escola com os saberes sociais, o professor permite ao aluno
uma vivência significativa nas diferentes áreas, em seu próprio contexto, evitando, assim, um
aprendizado abstrato ou isolado.
31
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Por isso, para que uma aprendizagem significativa possa acontecer durante o desenvolvimento de
um projeto, o professor deve investir em ações práticas que possam realmente favorecer a construção
de um relacionamento aluno-professor-conteúdo-sociedade. Uma dessas ações é o uso dos ambientes
não escolares presentes no cotidiano do aluno, o que pode implicar em visitas monitoradas a museus,
teatros, cinemas, fábricas, ginásios, estabelecimentos comercias etc.
Nesse sentido, segundo os PCNs, o professor pode orientar e propiciar a busca pela informação em
espaços fora da escola, permitindo aos alunos a realização de pesquisas, conversas e debates.
Lembrete
Para isso, buscando cumprir o seu papel no desenvolvimento de um projeto, o professor precisa
apresentar muitas habilidades e competências didáticas de forma a favorecer a construção do
conhecimento pelo aluno. Algumas delas são: bom planejamento e organização, saber identificar o
público-alvo do projeto, ser capaz de definir os objetivos a serem alcançados, saber elaborar estratégias
e ações específicas, ter uma visão ampla para observar fenômenos ao seu redor, buscar uma relação
com as demais áreas por meio de um diálogo coerente, saber trabalhar em conjunto, apresentar
um conhecimento sólido dos diversos conteúdos, saber estabelecer os recursos necessários para a
implementação do projeto e ter condições de efetuar avaliações.
32
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento sobre as competências de um
professor, leia:
PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar: convite à viagem.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
Conclui-se, portanto, que o papel do professor na prática com projetos, perante toda a comunidade
escolar, é fundamental no processo de transformação do aluno em um ser autônomo, reflexivo e capaz
de mediar toda a forma de conhecimento. Dessa maneira, o professor vai além da pura transmissão do
conteúdo isolado de sua área específica e proporciona experiências educacionais autênticas e de grande
valor aos alunos, refletindo a vida real e a cultura do grupo.
Ao elaborar um projeto de cunho pedagógico, existem muitas ações a serem organizadas. Não é tão
simples quanto seguir uma receita de bolo, mas vamos caminhar juntos para entender alguns aspectos
importantes para um planejamento inicial.
Além disso, a estrutura de um projeto pode variar de acordo com a solicitação de cada instituição.
Lembrete
Uma boa apresentação é fundamental, pois delineia o seu perfil e o
caminho que irá seguir em seu trabalho, possibilitando uma boa impressão
a respeito de você.
Logo, saber elaborar um projeto coerente não é fácil, e exige muita cabeça e ação. O projeto tem
por finalidade guiar os passos a serem seguidos e demonstrar o que se pretende realizar futuramente. O
compromisso na formulação de projetos envolve justamente saber por que fazer e aonde se pretende
33
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
chegar. É preciso ter bem definida a intenção de atingir tanto os propósitos didáticos (o que os alunos
devem aprender) quanto os sociais (produto final que será apreciado por alguém).
Nogueira (2009) esquematiza um ciclo para o processo de aprendizagem com projetos, ajudando
alunos e professores em seus planejamentos, o qual envolve as seguintes fases: planejamento
(descrição); execução (hipóteses e descobertas); análise e depuração (reflexão e novas hipóteses);
apresentação (constatação das aquisições); e avaliação (reconhecimento final das falhas e dos acertos).
Já Burnier (2001) apresenta pelo menos quatro etapas na elaboração de um projeto: a problematização,
o desenvolvimento do projeto, a sistematização ou síntese e a avaliação.
De forma geral, independente das nomenclaturas e fases, você pode perceber que existem
aspectos indispensáveis num projeto que precisam ser considerados no momento do planejamento
pelo professor. O processo de planejar envolve responder algumas perguntas básicas, tais como: o
que fazer? Por quê? Para quê? Como? Quando? Onde? Dentre outras. São as respostas a perguntas
como essas que constituem os ingredientes básicos de um projeto. É importante ressaltar que os
ingredientes e a forma pela qual são ordenados variam conforme as características e as exigências
para cada tipo de projeto.
Ainda com relação aos projetos de trabalho, diferentemente das outras práticas pedagógicas, requer
a apresentação de um produto final, que se refere ao seu fechamento com a apresentação pública
dos resultados do processo de aprendizado vivenciado pelos alunos. Pode ser uma mostra cultural na
escola aberta à comunidade; a produção de um livro; um CD-ROM com a coletânea das atividades ou
dos melhores momentos no projeto; artigos no mural ou jornal da escola; um álbum ou slides com
fotografias; a construção de um portfólio, apresentação de teatros ou shows; enfim, a criatividade deve
ser estimulada para a escolha de como será o encerramento do projeto.
Essa maneira de encerrar o projeto com algo concreto é muito interessante no processo de avaliação,
pois o professor e todos os envolvidos conseguem contemplar o que foi desenvolvido e o que os alunos
aprenderam ao longo desse processo. Ao definir os critérios de avaliação, o professor deve pensar em
processos mais dinâmicos, não se restringindo a um único momento com notas para distinguir os
melhores da turma. Pelo contrário, deve perpassar todo o processo, com critérios e valores voltados para
a convivência social e para o desenvolvimento pleno do ser humano, ou seja, uma avaliação participativa.
A duração de um projeto também deve ser planejada, pois pode variar de curto, médio, a longo
prazo por diferentes motivos. Alguns deles são: uma demanda de outras atividades exigidas pela direção
em virtude do calendário escolar, a dimensão do projeto com as estratégias adotadas, o contexto
socioeconômico e cultural dos envolvidos, a quantidade de recursos utilizados. Nesse ponto, o importante
é que o projeto tenha começo, meio e fim. Podem ocorrer algumas mudanças ao longo do caminho, mas
o professor e todos os envolvidos devem ter em mente o seu propósito.
Esses são apenas alguns pontos a serem observados pelo professor em sua atuação com diferentes
projetos no contexto escolar. Não se esqueça que muito valioso também é inserir no processo a
preocupação com o caráter formativo do sujeito, buscando responder à seguinte pergunta: “o que meu
aluno precisa ser para continuar vivendo de forma digna e honesta nessa sociedade, de tal forma a
contribuir para o seu progresso?”.
Tendo adquirido o conhecimento sobre o entendimento conceitual do termo projeto, você deverá
elaborar um projeto de aproveitamento pedagógico. Ressalta-se que as atividades solicitadas nesta
disciplina são obrigatórias e servirão para sua avaliação na disciplina. Qualquer atividade diferente do
que está sendo proposto na disciplina poderá levá-lo à reprovação.
8 SUGESTÕES DE LEITURA
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Resumo
36
PRÁTICA DE ENSINO: OBSERVAÇÃO E PROJETO
37
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
REFERÊNCIAS
Textuais
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