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língua materna
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Editoração
Márcia Regina Pires
Revisão textual
Érika Fabiana Mendes Salvador
Diagramação
Douglas Silva Ribeiro
Ilustrações
Rodrigo de Melo Rodovalho
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
CDD 410
Sobre os autores
Adriana Vaz Efisio Emanuel
É com imenso prazer que apresentamos este livro! Esperamos que seja
uma leitura que o leve a uma formação docente pensando em um ensino
de língua materna plural, isto é, que busque sempre um ensino de língua
sem pedras no caminho, que vai além do ensinar gramática.
Assim, este livro tem como principal objetivo motivar você, leitor, a
aprofundar-se numa formação mais solidificada para enfrentar os
desafios da sala de aula de língua materna, com reflexões e teorias que
nos fazem identificar enquanto professores formadores.
Introdução
Atualmente, o ensino e a aprendizagem de língua materna partem
da concepção da linguagem como processo de interação, ou seja,
a língua como forma de interação social entre o indivíduo e o
contexto comunicativo em que ele está inserido.
Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
Esquema
1.1 Breve panorama histórico da Linguística aplicada (LA).
1.1.1 As duas viradas da Linguística aplicada.
1.2 Linguística teórica x Linguística aplicada.
1.3 A fase atual da Linguística aplicada.
1.4 Pesquisas baseadas nos pressupostos da Linguística aplicada.
1.5 Considerações finais
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Como a língua inglesa era dominante sobre todas outras, ela era o foco
desse tipo de ensino e de aprendizagem, mas que poderia ser aplicável
a qualquer outro idioma.
EXEMPLIFICANDO!
Ou:
EXEMPLIFICANDO!
PONTO-CHAVE
É, então, a partir dos anos 80, que a LA conquistou seu espaço e passou
a ser vista como um campo de conhecimento, delineando os limites de
seu objeto de estudo e como esse objeto deve ser metodologicamente
investigado. O objeto de estudo da LA é, assim, os problemas de uso da
língua(gem) socialmente, culturalmente e historicamente situados.
8 UNIUBE
Figura 1: Globalização.
Fonte: Depositphotos-Acervo EAD-Uniube.
EXEMPLIFICANDO!
• TRANS-disciplinar
• IN-disciplinar
Área mestiça
Para Moita Lopes, a LA é indisciplinar porque
Área que recebe
influência de reconhece a necessidade da sua não constituição
diversos povos e
raças, constituindo enquanto disciplina, mas como área “mestiça”
uma característica
comum dessas e “nômade”, que vai além dos paradigmas
ascendências.
delineados para um pensamento teórico-
Área nômade linguístico, de certa corrente consagrada.
Área independente,
que vive
constantemente em Essa LA indisciplinar busca, então, resolver os
mudanças a partir
das influências problemas linguísticos de um sujeito, em práticas
recebidas pela
cultura dos povos.
discursivas diversas, por meio da aplicação dos
próprios conhecimentos linguísticos dos sujeitos.
EXEMPLIFICANDO!
Isso significa dizer que a linguagem é inerente ao ser humano, por isso
deve ser interpretada e analisada a partir das situações de comunicação
e, assim, buscar resolver os problemas de uso.
UNIUBE 17
Por meio disso, era possível observar quais os papéis que os atores
sociais desempenhavam naquilo que podemos chamar de situações
discursivas.
EXEMPLIFICANDO!
Vejamos a seguir.
Nesse sentido, vale salientar que há, nas diversas áreas de pesquisa,
uma preocupação com o trabalho de natureza formal em detrimento
daquilo que seja aplicável, questionável e passível de reflexão. Teorizar
e descrever, sem perceber os problemas no uso social da linguagem, é
UNIUBE 21
REGISTRANDO
PONTO-CHAVE
testá-las, questioná-las e
Função
fundamentá-las baseados lexicogramatical
nos fatos que a língua nos
oferece e que podem ser De acordo
confirmados pelos dados com Halliday;
de um corpus empírico, a Matthiessen
(2014), “função
fim de compreender, por lexicogramatical
exemplo, a(s) função(ões) é o propósito da
lexicogramatical(is) de cada linguagem do
elemento dentro da oração. qual define que
(FREITAS, 2017, p. 17). a oração é uma
unidade gramatical
organizada
por camadas
Podemos afirmar, então, que a Linguística semânticas, ou
seja, através
aplicada é autônoma, isto é, parte da noção, de significados
ideacionais,
como já apresentado aqui, de tentar solucionar interpessoais
os problemas dos usuários da língua por meio do e textuais”
(HALLIDAY;
conhecimento prático, de forma transcendente e MATTHIESEEN,
2014 apud
independente, baseando-se nos próprios fatos da FREITAS, 2017, p.
17).
língua para estruturar a teoria e a aprendizagem
Corpus
gramatical, por exemplo.
Material
linguístico para
Conforme Rajagopalan (2003), é necessário, ser pesquisado,
analisado. Por
também, pensar em uma Linguística aplicada exemplo: um
grupo de redações
que se associa à formação crítico-reflexiva dos de alunos, uma
entrevista com
professores, pois um educador crítico estimula moradores de um
essa ação em seus alunos, com postura firme e bairro distante do
centro da cidade
com questionamentos constantes. etc.
Nessa perspectiva, Vian Jr. (2006, p. 31) expõe que “uma das principais
preocupações dos professores, não só de línguas estrangeiras, mas
principalmente de língua materna, é capacitar o aluno a ler, escrever e
também a falar. Para isso, é preciso uma concepção clara de texto, tanto
oral como escrito”.
SINTETIZANDO...
Sabemos que esse tipo de reflexão não acontece por diversos motivos
em muitas instituições de ensino, o que desencadeia um ensino pautado
em ideias tradicionais, descontextualizado e acrítico. De acordo com
Staub (1992, p. 18),
Parece que estamos em guerra. Os gramáticos não
concordam entre si. Os linguistas brigam com os
gramáticos tradicionais. Professores da mesma
instituição não se entendem, vão aos jornais e expõem
ao público os pontos discordantes a respeito do ensino
da língua portuguesa. Jornais e revistas publicam
artigos que dão aos leitores a impressão de que
o ensino do português se tornou caótico. As brigas e
mal-entendidos, nas suas manifestações uniformes,
desorientam os professores que, nesta altura dos
acontecimentos, se perguntam: o que fazer? O que
ensinar?
Figura 2: Político.
Fonte: Getty Images-Acervo EAD-Uniube.
UNIUBE 33
a) Análise morfológica:
b) Análise sintática:
Ainda, é possível perceber que, na fala dele, o ser humano pode falhar,
errar afastando-se da carga semântica, ou seja, de sentido negativo
que carrega a palavra “ilegalidade” (atos ilícitos, clandestinos, ações
voluntárias imprudentes, planejadas e que causam danos morais).
Isso quer dizer que, pelas escolhas lexicais proferidas por esse político,
é possível compreender quando escritores/falantes, produtores de
textos, adotam posturas para demonstrar a aprovação/desaprovação,
abominação, críticas etc., que podem ser identificadas a partir do
lexicogramático, mas não restritamente nele, posicionando seus leitores
acerca daquilo que está sendo dito.
Quem falou?
Por que falou?
Onde falou?
Em defesa de quem?
Em que sociedade?
Em que momento socio-histórico?
Por que agora disse que é erro, e não legalidade?
PONTO-CHAVE
Referências
ALMEIDA, Ludmila Nogueira. A transdisciplinaridade da Linguística aplicada na
formação de professores de línguas – convergências para uma educação
transpessoal?. Revista Desempenho, v. 22, p. n.p., 2014.
______. An introduction to functional grammar. 4th edition. London and New York,
Routledge, 2014.
MENEZES, V.; SILVA, M. M.; GOMES, I.F. Sessenta anos de Linguística aplicada:
de onde viemos e para onde vamos. In: PEREIRA, R.C.; ROCA, P. Linguística
aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009.
STAUB, A. Perguntas e afirmações que devem ser analisadas. In: KIRST, M.;
CLEMENTE, I. et al. Linguística aplicada ao ensino de português. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1992.
UNIUBE 39
Introdução
Neste capítulo, abordaremos questões importantes na formação
dos licenciandos de quaisquer áreas: identidades, diferenças,
professor como mediador e como agente de letramento. Esses
são papéis não só exclusivos do professor de Língua portuguesa,
mas de todos que se dedicam à profissão docente.
Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
• explicar o conceito de identidade e diferença pelo viés da
Linguística aplicada;
• mostrar a importância do trabalho com a identidade e com a
diferença na sala de aula;
• analisar os processos identitários na formação do professor
de Língua portuguesa enquanto mediador e como agente de
letramento;
• lidar com as diferenças na sala de aula de Língua portuguesa.
Esquema
2.1 Introdução aos conceitos de identidade e de diferença pelo
viés da Linguística aplicada
2.2 A discussão sobre a diferença na sala de aula
2.3 Processos identitários na formação do professor de Língua
portuguesa
2.4 O professor como mediador
2.5 O professor como agente de letramento
2.6 Considerações finais
RELEMBRANDO
Por meio desse pensamento, podemos dizer que o sujeito deveria ser
entendido além da dimensão biológica, pois, quando ele se identifica
e se vê parte de uma sociedade, esse sujeito consegue, por meio da
linguagem, apontar seu lugar no mundo e mostrar que não se tem uma
identidade fixa, essencial ou permanente; ao contrário, ela está em
constante modificação, afetada pela multiplicidade de discursos, em um
processo de identificação.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
PESQUISANDO NA WEB
Você esteve a par das discussões acerca do livro “Por uma Vida melhor”?
https://veja.abril.com.br/educacao/as-licoes-do-livro-que-desensina/
https://alab.org.br/blog/polemica-em-relacao-a-erros-gramaticais-em-livro-
didatico-de-lingua-portuguesa-revela-incompreensao-da-imprensa-e-
populacao-sobre-a-atuacao-do-estudioso-da-linguagem/
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
https://webartigos.com/artigos/reflexoes-acerca-das-contribuicoes-de-
labov/16260#ixzz5OSwGObUd
PONTO-CHAVE
Silva (2000) diz que a identidade é marcada pela diferença. Esse primeiro
conceito é pensado como um ato dependente do conceito de diferença,
pois só se pode afirmar “ser alguém” caso exista outro alguém que se
contrapõe ao primeiro (Figura 2).
Por fim, como aponta Coracini (2003), a visão de identidade, como algo
que se constrói a partir de certas características que tornamos comuns
em relação ao outro por meio do discurso, reforça a noção de homem
como ser que tem capacidades e sentimentos estáveis na sua própria
identidade, ou seja, sujeitos autônomos.
Para Saussure, os signos que constituem uma língua não têm qualquer
valor absoluto, não constroem sentido isoladamente, mas em oposição.
Se considerarmos somente o aspecto material do signo (o sinal gráfico
“cadeira” por exemplo, ou o seu equivalente fonético), não há nada nele
que o remeta ao objeto conhecido como cadeira.
EXPLICANDO MELHOR
De que forma?
EXEMPLIFICANDO!
Sempre, ao final das aulas, solicite, na última aula da semana, que, durante
o período sem aula, eles leiam algo que desperte interesse para que a leitura
seja contada a toda a classe.
Essa simples ação pode incitar o prazer pela leitura e, além disso, rompe
com um possível jogo de poder em que o professor esteja no papel principal
de transmissor de conhecimentos. Esse profissional, então, assume o papel
de mediador, objetivando a troca recíproca de informações e conhecimento,
podendo até ser o ponto inicial de um momento em que se trabalha variação
linguística, normas gramaticais e redação; tudo vai depender do contexto,
do assunto.
EXPLICANDO MELHOR
Para tal situação, Possenti; Ilari (1992, p. 13) indicam que a preocupação
deveria ser, “em primeiro lugar, em saber se ocorre sistematicamente
[essa construção] em pelo menos alguma região do país ou algum grupo
social; se for o caso, sua preocupação, então, será a de explicar por
qual conjunção de fatores morfológicos, sintáticos e semânticos essa
construção ocorre e ao lado de “a gente pesquisou” e “nós pesquisamos”.
UNIUBE 63
SAIBA MAIS
IMPORTANTE!
RELEMBRANDO
O ensino que visa à prática social apresenta atividades cujo objetivo está
na própria realização da tarefa de alcançar o sucesso do aprendizado e
não no cumprimento obrigatório de uma imposição.
PESQUISANDO NA WEB
<http://www.scielo.br/pdf/ld/v12n2/a07v12n2.pdf>
UNIUBE 67
EXEMPLIFICANDO!
EXEMPLIFICANDO!
Referências
AÇÃO Educativa. Disponível em: http://acaoeducativa.org.br. Acesso em 20
dez. 2018.
AGÊNCIA Estado. Livro adotado pelo MEC defende falar errado. Disponível:
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/05/livro-adotado-pelo-mec-defende-falar-errado.
html. Acesso em: 12 dez. 2018.
Introdução
No trabalho que desenvolveremos neste capítulo, nosso foco
principal é a leitura.
Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
Esquema
3.1 O conceito de alfabetização e letramento
3.2 A leitura de textos com múltiplas linguagens
3.3 A leitura executada em muitos atos
3.3.1 Ler espontaneamente
3.3.2 Ler na escola
3.3.3 Ler para conscientizar
3.3.4 Ler o universo on-line
3.3.5 Ler na televisão
3.3.6 Ler com recursos ilustrativos
78 UNIUBE
PESQUISANDO NA WEB
Se você tiver curiosidade e quiser conhecer esse poema na íntegra, acesse o site:
http://tudosobreleitura.blogspot.com/2011/02/poema-aula-de-leitura.html
UNIUBE 79
Desde que nascemos, captamos, por meio dos sentidos, o mundo que nos
rodeia e, com ele, estabelecemos interações importantes, como: os sons,
cheiros, sabores, texturas, imagens de tudo que faz parte do universo
à nossa volta. Começamos, assim, o processo de leitura. Assim, a
visão contemporânea de leitura abrange múltiplas
linguagens, de modo que o ato de ler, em toda a sua
complexidade, cada vez mais assume uma importância
singular. Antes mesmo de ser “alfabetizada”, a criança
já é capaz de “fazer leituras” do que acontece ao seu
redor, de interpretar o olhar dos adultos e entender se
um gesto é acolhedor ou não. (BENITES; RODRIGUES,
2008, p. 9).
Paulo Freire refletiu sobre isso ao longo de sua obra, afirmando que,
antes de ler palavras, lemos o mundo, pois segundo ele,
[...] se antes os textos geralmente oferecidos como
leitura aos alunos escondiam muito mais do que
desvelavam a realidade, agora, pelo contrário, a
alfabetização como ato de conhecimento, como ato
criador e como ato político é um esforço de leitura do
mundo e da palavra. (FREIRE, 1999, p. 30).
80 UNIUBE
Veja o caso dos usuários do banco eletrônico que precisam saber seu
código secreto para acessar sua conta. Caso a tenham esquecido, será
negado a eles o acesso ou, se o cartão cair em mãos inescrupulosas,
sua senha continuará em segredo. A senha é o código para decifrar o
UNIUBE 81
caminho, assim como nas múltiplas linguagens que circulam nos meios
sociais. Descobrir a senha, no caso o código linguístico, é descortinar
um mundo de possibilidades de comunicação e de interpretação.
PESQUISANDO NA WEB
Há uma linda imagem intitulada Written Words, de Rob Gonsalves, que nos
remete às possibilidades que as escritas nos oferecem.
Caso tenha oportunidade e interesse, vale a pena visitar o site:
<http://www.sapergalleries.com/Gonsalves_WrittenWorld.jpg>
Imagine a situação.
RELEMBRANDO
Enfim: o uso social ocorre sempre que usamos a língua para interagir em
sociedade, seja em nossa casa ou fora dela!!!
UNIUBE 85
PONTO-CHAVE
EXEMPLIFICANDO!
Figura 7: Trava-língua.
PESQUISANDO NA WEB
http://letras.terra.com.br/chico-buarque/85948/
Divirta-se!
Todos que leem o fazem para atender a uma necessidade pessoal: saber
quais são as notícias do dia, que novidade a revista traz, qual é a receita
do prato, como montar um equipamento, quais as regras de um jogo,
obter novos conhecimentos, aprender os encantos de um poema ou
as emoções de um livro de aventuras, ler instruções em um manual,
observações quanto às orientações contidas na bula de um medicamento.
EXEMPLIFICANDO!
Como pode observar, esse gênero textual possui uma mensagem simples
e breve. Normalmente é escrito em pequenos papéis e enviados para
pessoas com quem o interlocutor tem um grau de afetividade, familiaridade
ou intimidade. Sendo assim, o bilhete utiliza uma linguagem coloquial. Tem
como função comunicativa informar algo.
EXEMPLIFICANDO!
Uma história, por exemplo, que pode ser contada no Ensino Fundamental,
é A minhoca sem nome (MACHADO, 1998), que fala sobre uma minhoca
sem identidade – não tinha nome.
PESQUISANDO NA WEB
http://tudosobreleitura.blogspot.com/2010/06/projeto-meu-broto-de-leitura-
no.html
cada vez mais livros com ilustrações primorosas e caprichadas que, além
da leitura escrita, apresentam muitos outros detalhes da história.
PESQUISANDO NA WEB
<http://www.atica.com.br/catalogo/?i=8508032765>.
Não é fácil explicar o sentido de tudo o que vemos, por isso cada sujeito
deixa sua marca nas leituras que faz impregnado pela relação que
mantém com suas origens. Aprendemos a base dos signos e símbolos
antes mesmo de aprender a ler. Para um bebê, a mamadeira é o símbolo
do alimento para as crianças na escola, o professor é o símbolo do
conhecimento, só depois dessa experiência aprendemos a escrita por
meio do alfabeto.
UNIUBE 105
Figura 11: Seurat – Uma tarde de domingo na ilha de Grande Jatte (1884-
1886).
Fonte: Georges_Seurat_034.jpg.
Para que este tipo de texto seja produzido, são utilizadas estratégias
de convencimento por “sedução”, inteligentes, criativas e repletas de
recursos, para que se possa atingir e garantir a intenção de vender.
EXEMPLIFICANDO!
A escolha do livro ideal deve se pautar nos significados que ele apresenta
à criança, contendo tanto elementos que ela já reconhece quanto alguns
elementos novos, a partir dos quais ela possa alargar seus horizontes e
enriquecer sua experiência de vida. A criança apresenta fases diferentes
de compreensão, é necessário verificar se ela foi estimulada a dar
importância para a leitura.
PESQUISANDO NA WEB
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u323483.shtml>.
<http://www.atica.com.br/resenhas/?r=191>
Outro gênero textual que pode ser utilizado são as fábulas, textos quase
sempre curtos e bem-humorados, transmitem, em linguagem simples,
mensagens relacionadas ao comportamento do cotidiano e trazem
uma “moral da história” com conselhos sobre lealdade, generosidade
e virtudes do trabalho. Embora os personagens da maioria das fábulas
sejam animais, esses apresentam comportamentos humanos, satirizando
os defeitos dos homens e revelando verdades universais sobre a
natureza humana.
RELEMBRANDO
Gêneros textuais
São a língua viva, em suas manifestações, e constitutivos da linguagem,
seus usos e suas funções são provindos das diferentes realizações/
situações comunicativas. É imprescindível conhecer, dominar e utilizar-se
dos diversos gêneros textuais em seus mais variados usos e funções nas
mais diversificadas situações de embate comunicativo. Dominar um gênero
não é somente tornar-se capaz de gerenciar uma forma de escrita/fala, mas
manipular uma forma de realização linguística de objetivos específicos em
situações particulares em dados contextos.
RELEMBRANDO
Nosso dia a dia é repleto de contatos com inúmeros textos orais, escritos e
não verbais, entre os quais podemos relacionar os cumprimentos às pessoas
com que encontramos; os outdoors espalhados pela cidade; as placas de
sinalização do trânsito; as músicas que ouvimos; as conversas com a família,
os amigos e colegas de trabalho; a TV e tantos outros que já estão inseridos
em nossas memórias.
Leia para os seus alunos! Leia com os seus alunos! Todos os dias!
PARADA OBRIGATÓRIA
1. de acordo com Soares (2001, p. 87) “é possível ler, quando ainda não
se sabe ler convencionalmente” e o professor atento acompanha, avalia
e diagnostica cada situação;
2. no período de alfabetização e diante da necessidade de saber o que está
escrito, as crianças levantam hipóteses a partir de seus conhecimentos
prévios, como letras e sílabas do início ou final das palavras, ou ainda,
sílabas intermediárias;
3. o planejamento deve contemplar leituras que contenham situações
semelhantes às práticas sociais vivenciadas pelos alunos;
4. disponibilizar os mais variados textos para que a crianças interajam
livremente, sobre os mais diversos assuntos;
5. os textos devem estar contextualizados, uma vez que o aluno remete
ao conhecimento já adquirido nas práticas sociais em que está inserido;
6. alternar o nível de dificuldade nos suportes oferecidos, levando as
crianças à compreensão sobre a escrita convencional e os desafios de
aprender o que ainda não sabem;
7. todos os textos devem ler lidos em sua globalidade e não com palavras
isoladas, exigindo que as crianças trabalhem com diferentes hipóteses
sobre o texto e a sua estruturação;
8. a organização da turma em pequenos grupos permite a cooperação e
socialização das estratégias utilizadas para a leitura;
122 UNIUBE
SAIBA MAIS
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-cecilia-meireles/
leilao-de-jardim.php>
Conhecimento
De acordo com Kleiman( 2004, p. 13).
prévio A compreensão de um texto é um processo que se
Conjunto de
caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o
esquemas de leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento
conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a
que um indivíduo interação de diversos níveis de conhecimento, como
possui, em um o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento
dado momento,
a partir dos quais
de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do
novas experiências texto. E porque o leitor utiliza justamente os diversos
cognitivas se níveis de conhecimento que interagem entre si, a
desenvolvem, leitura é considerada um processo interativo. Pode-se
ampliando esses dizer com segurança que sem o engajamento do
próprios esquemas.
conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.
Adivinhas
EXEMPLIFICANDO!
1. O que é que passa a vida na janela e, mesmo dentro de casa, está fora
dela?
Resposta: O botão.
2. O que é que tem escama, mas não é peixe, tem coroa, mas não é rei?
Resposta: Abacaxi.
De acordo com Solé (1998, p. 133), o professor pode abordar o texto com
os alunos de diferentes maneiras:
Leitura dirigida: o professor solicita, à medida que o
aluno vai lendo, pequenos resumos para uma melhor
compreensão de determinados pontos. Pode, ainda,
induzir o aluno a avaliar suas previsões anteriores
e tornar a prever a partir do ponto da leitura em que
se encontra e também levá-los a fazer perguntas
pertinentes ao tema em questão.
Leitura partilhada: é outra forma de condução à leitura
eficaz. Aqui, professor e alunos leem o texto em
trechos e, conforme a leitura vai acontecendo, vão se
fazendo pausas para resumir o que se leu, solicitar
esclarecimentos, fazer novas previsões, baseando-se
na interpretação que está sendo construída sobre o
que já se leu e sobre a bagagem de conhecimentos e
experiências do leitor.
Leitura silenciosa: ao longo da vida, este é o tipo de
leitura que mais utilizamos. É na leitura individual, leitor
e texto interagindo, que o aluno vai demonstrar se as
estratégias trabalhadas pelo professor surtiram o efeito
desejado, o de tornar o aluno um leitor autônomo,
capaz de tomadas de decisão que o conduzirão a
uma compreensão/interpretação eficaz. Articulando
as estratégias, quando necessário, ele vai construindo
o sentido do texto, transformando a leitura em algo
significativo.
Ler como direito e prazer deve ser uma importante conquista para
qualquer cidadão. A escola é o locus privilegiado para que cada aluno
desenvolva essa habilidade.
Referências
ATICA. Disponível em: <http://www.atica.com.br/catalogo/?i=8508066392>.
Acesso em: 13 abr. 2010.
FERNANDES, F. et al. Dicionário Brasileiro Globo. 52. ed. São Paulo: Editora
Globo, 1999.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. 33. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
______. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GEORGES SEURAT 034.JPG. Altura: 4001 pixels. Largura: 5910 pixels. 5,08 MB.
Formato JPEG. Disponível em: < https://br.wikimedia.org/wiki/Arquivo:Georges_
Seurat_034.jpg>. Acesso em: 12 abr. 2010.
KLEIMAN, A. Texto & leitor - Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2004.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2003.
LIMA, G. L. de. Literatura infantil: espaço mediador entre o real e o imaginário. In:
XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino
Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2008.
Introdução
Nas palavras de Antunes (2007), não basta somente saber
gramática para falar, ler e escrever com sucesso, mas, sim,
mobilizar os conhecimentos de mundo prévio para elaborar textos,
de diferentes gêneros, dependendo da situação sociocomunicativa
em que o falante está inserido.
Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
Esquema
4.1 O trabalho com a escrita e a reescrita na aula de Língua
portuguesa
4.1.1 O momento da escrita: proposta de atividade no Ensino
Fundamental
4.1.2 O momento da escrita: proposta de atividade no Ensino
Médio
4.1.3 O processo de reescrita: momento de aprendizagem
4.2 Gêneros textuais e o ensino de Língua portuguesa
4.3 O ensino de gramática pelo viés da Linguística aplicada
Partindo dessa ideia e de acordo com Antunes (2007), fica evidente que
a gramática é insuficiente, porque a interação verbal necessita ainda:
142 UNIUBE
Mas, segundo Serafim (2010, p. 1), o professor deve tomar cuidado, pois
muitas vezes “quando a escrita finalmente tem permissão para entrar
na escola, seu ensino reduz-se à prática de exercícios mecânicos e
repetitivos”, causando desinteresse e desmotivação.
EXPLICANDO MELHOR
Cada vez mais os alunos estão elaborando textos por meio da aprendizagem
de técnicas de escrita ensinadas com a metodologia de reprodução, assim
como acontecia no início dos estudos da LA. Os argumentos e palavras
utilizados na produção textual são fixos e podem ser utilizados em textos de
qualquer temática, demonstrando pouco domínio, principalmente, de autoria
e expressividade.
144 UNIUBE
EXEMPLIFICANDO!
Porque,
quando a criança inicia o aprendizado escolar, já tem
internalizada a gramática por sua experiência com a
língua oral. O plano em que isso acontece é, no entanto,
não consciente, pois a criança utiliza adequadamente
os conhecimentos linguísticos adquiridos ao longo do
aprendizado da língua materna, porém não consegue
operar voluntariamente com eles. (SERAFIM, 2010, p. 2).
UNIUBE 147
EXEMPLIFICANDO!
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
PESQUISANDO NA WEB
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/buscarAulas.html
EXEMPLIFICANDO!
Atualmente, as redes sociais tomam conta das nossas vidas e, dessa forma,
todos os dias ouvimos várias histórias que envolvem estas redes (Facebook,
Instagram, WhatsApp etc.).
TEXTO I
TEXTO II
“O impacto que as redes sociais têm em nossas vidas trouxe muitas
mudanças positivas, porém é preciso ficar atento para os malefícios
que o seu uso indevido pode trazer e que, por enquanto, são pouco
compreendidos. Psiquiatras e médicos já discutem o vício nas redes e a sua
influência no desenvolvimento de depressão em pessoas com predisposição
para a doença.” (PRATA, 2017, p.1).
Por quê?
Para quê?
Para quem?
Quem é meu interlocutor?
Consegui estabelecer uma coerência no meu texto?
Meu texto está adequado ao contexto que ele irá circular?
processo que envolve trabalho. Entretanto, não basta solicitar aos alunos
que reescrevam; é necessário auxiliá-los nessa tarefa.”
Vale lembrar que esse processo não está ligado unicamente ao professor
e ao aluno produtor, mas por momentos coletivos desses sujeitos mais os
outros alunos, pois eles também auxiliam na avaliação e no apontamento
das melhorias necessárias.
PONTO-CHAVE
Vejamos:
a) Análise morfológica:
Não – Advérbio
Se – pronome reflexivo
Importe – verbo
Filho – substantivo
É – verbo
Mês – substantivo
De – preposição
Julho – substantivo
É – verbo
Festa – substantivo
Junina – adjetivo
UNIUBE 167
b) Análise sintática:
A mãe, para proferir tais dizeres e com cara de espanto, deixa implícito
que é inadequado ir com roupas remendadas à escola, mas que, naquela
ocasião, seu filho passaria despercebido por ser mês de festa junina,
maquiando a situação em que eles se encontram.
Isso significa que o ensino de gramática deve sim, fazer parte das aulas
de Língua portuguesa, mas não como o único objeto de estudo. Esse
estudo pode privilegiar as descrições e utilizações, como mencionado,
em situações cotidianas para que o aluno consiga materializar aquilo que
foi aprendido com a vida real.
Analisemos outro texto, agora verbo-visual (Figura 7), que trata de mais
um aspecto da gramática, sendo uma possibilidade de trabalho de forma
reflexiva.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
i) preço da entrada é X.
ii) O preço de uma entrada é X.
iii) O preço de entrada é X.
Referências
ANTUNES, I. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no
caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
PRATA, Pedro. Uso excessivo das redes sociais pode ser indicativo de
depressão. Disponível em: <https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,
uso-excessivo-das-redes-sociais-pode-ser-indicativo-de-depressao,70001777894>
Acesso em: 03 jun. 2018.
______. Ensino de língua materna - Gramática e texto: alguma diferença? Letras &
Letras, Uberlândia, v. 14, n. 1, p. 171-179, 1998. ISSN/ISBN: 01023527.
WINK, Caroline Osório; GASPARINI, Nathália Luísa Giraud. Será que meu texto
está perfeito? Uma atividade de leitura, reescrita e (auto)avaliação na aula de Língua
Portuguesa. Revista Bem Legal, Porto Alegre , v. 3, nº 2, 2013.
Anotações
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Anotações
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