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ISBN: 978-85-69879-48-0
CDD – 371.912
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Comissão Organizadora
Comissão de Apoio
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Ludmila Veiga Faria Franco – UFF/Campos dos Goytacazes
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Agradecimentos
Sabemos que sem o apoio de algumas pessoas, setores, projetos e associações o Probis II
UFF, assim como estes Anais, não seriam possíveis. Logo, faz-se necessário um rápido, mas
indispensável, agradecimento a todos os realizadores, apoiadores, monitores e participantes
do evento.
Atenciosamente,
À equipe EESB
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Apresentação
Este Anais têm como objetivo divulgar os trabalhos, discussões e experiências envolvidas da
área de Libras e surdez do II Encontro de Professores Bilíngues de Surdos — Probis II UFF.
Esta publicação trará o compilado das produções oriundas das apresentações de pôsteres e
artigos das palestras ocorridas no evento.
Esperamos que esta leitura possa ser proveitosa e gerar boas reflexões.
Boa leitura.
Atenciosamente,
À equipe EESB
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Sumário
Sinopse.....................................................................................................................................09
Programação.............................................................................................................................12
PROJETO DE EXTENSÃO O ENSINO DE SURDOS SOB A PERSPECTIVA BILÍNGUE:
O USO DE ESPAÇOS EDUCACIONAIS NÃO-FORMAIS........................................11
Lista de Artigos das Palestras...................................................................................................19
- ―POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA
EDUCANDOS SURDOS‖.......................................................................................................20
- ―PRÁTICAS DE ENSINO NA PERSPECTIVA BILÍNGUE PARA SURDOS NAS
SÉRIES INICIAIS‖..................................................................................................................36
- ―A EDUCAÇÃO BILÍNGUE NO CONTEXTO EDUCACIONAL: RELATO DE
EXPERIÊNCIA‖......................................................................................................................46
Resumos...................................................................................................................................64
1) Material Bilíngue..........................................................................................................64
- ―REFLETINDO E COMPREENDENDO O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA
PARA SUJEITOS SURDOS‖............................................................................................65
- ―A CRÔNICA E O PROCESSO DE REESCRITA: USANDO QUADROS
ORGANIZADORES PARA ELABORAÇÃO DO TEXTO DO ALUNO SURDO‖.......67
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- ―RECURSOS E MATERIAL DIDÁTICO PARA ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA PARA SURDOS: INTERPRETANDO UMA CHARGE‖....................69
2) Relato de Experiência...................................................................................................71
- ―RELATO DE EXPERIÊNCIA: DA INVISIBILIDADE DO ALUNO SURDO
―INCLUIDO‖ AO PROTAGONISTA DA AÇÃO‖..........................................................72
- ―ESPAÇO BILINGUE NA ESCOLA REGULAR – RIO BONITO/RJ‖.......................74
- ―FERRAMENTA ―MAPAS‖: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA NOVA
FERRAMENTA PELO GRUPO SPREAD THE SIGN SUDESTE‖.....................................75
- ―MINICURSO BRINCANDO E DESVENDANDO A LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS- LIBRAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA‖...............................................................77
- ―A ATIVIDADE ―LIBRAS VAI À ESCOLA‖ E O PAPEL DO LÚDICO NO ENSINO
DE LIBRAS COMO L2 PARA OUVINTES‖........................................................................79
- ―O LÚDICO COMO RECURSO DIDÁTICO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA
PERSPECTIVA BILÍNGUE‖..................................................................................................81
- ―MONITORIA EM LIBRAS, SIGNIFICADOS E DESAFIOS.....................................83
- ―A INTERDISCIPLINARIDADE E AUTONOMIA DA PRODUÇÃO
BILÍNGUE...............................................................................................................................85
- ―CAFÉ CULTURA: LIBRAS EM FOCO: RELATO DE UMA ALUNA
OUVINTE................................................................................................................................87
3) Relato de Pesquisa........................................................................................................89
- ―DICIONÁRIO BILÍNGUE DE LIBRAS/LÍNGUA PORTUGUESA:
TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO
EDUCACIONAL‖.......................................................................................................90
- ―A RELEVÂNCIA NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA
OS SURDOS E SUA COLABORAÇÃO PARA INCLUSÃO DESTES NO
MERCADO DE TRABALHO‖...................................................................................92
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Sinopse
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II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
Resumo
A educação de surdos vem ganhando uma maior visibilidade com o passar do tempo por
meio de conquistas, como por exemplo, a oficialização da Língua Brasileira de Sinais,
presença de intérpretes em sala de aula, fazendo com que o desenvolvimento de práticas
pedagógicas sejam adequadas para o uso com esses alunos, sempre valorizando a Libras
como sua língua materna (L1) e a Língua Portuguesa como sua segunda língua (L2), além do
uso do aspecto visuo-espacial, em sala de aula ou não. Entendendo essa importância para o
ensino de surdos, o Projeto de Extensão ―O Ensino de Surdos sob a Perspectiva Bilíngue‖
realiza oficinas lúdicas com visitas a espaços não formais retratando sobre os conhecimentos
do dia a dia dos alunos surdos e unindo o aspecto visuo-espacial à realidade desses
conteúdos.
Introdução
O presente trabalho aborda o uso de espaços educacionais formais e não formais com
os alunos do projeto de extensão ―O Ensino de Surdos sob a Perspectiva Bilíngue‖, do
Instituto de Letras, da Universidade Federal Fluminense, com o intuito de mostrar a
importância do uso do aspecto visuo-espacial para o ensino de crianças, jovens e adultos
surdos, além de proporcionar uma experiência mais real de assuntos cotidianos desses alunos.
A idéia do presente trabalho surge quando abordamos determinados conteúdos para
esses alunos e viu-se que, ali em sala de aula, estava sendo transmitido de forma abstrata, de
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que esses alunos nunca tinham tido contato ou visto, por exemplo, um peixe de verdade. Com
isso, foram organizadas saídas de campo com os alunos a fim de apresentá-los seres vivos
marinhos, no Aquario Marinho do Rio de Janeiro, experimentos de Física e Química, na Casa
da Descoberta, no Instituto de Física da UFF e seres microscópicos, no Laboratório de
Ciências da Faculdade de Educação da UFF.
Desenvolvimento
Sabe-se que todo cidadão brasileiro tem direito à educação, tendo ou não algum tipo
de Necessidade Educacional Especial, a partir da Lei nº 9394/1996, estabelecendo as
Diretrizes Nacionais da Educação (BRASIL, 1996). Vale também ressaltar o uso de
metodologias diferenciadas para o ensino de todos os alunos e, se tratando de alunos surdos, é
necessário que haja um enfoque maior em metodologias que possam ajudá-lo a aprimorar sua
língua materna, a Libras (L1) e sua segunda Língua, o Português na sua modalidade escrita
(L2). Alguns educadores defenderam e pesquisaram sobre a língua de sinais, enquanto que
alguns ainda usavam a língua oral-auditiva do seu país, segundo Goldfeld (1997). No Brasil,
sabe-se que as políticas linguísticas fazem com que uma língua exclua a outra, ou seja, o uso
de uma língua leva ao não uso da outra. Com isso, não há incentivo e estímulo para o uso da
língua com a multiplicidade linguística brasileira e a qualidade devida dentro de sala de aula.
Então, o que é visto no cenário escolar brasileiro é o uso do Português como língua
majoritária, já que é a que representa o país.
O primeiro relato de educação de surdos no Brasil foi em 1855, segundo GOLDFELD
(1997), quando o professor Ernest Huet foi trazido pelo imperador D. Pedro II para que
ensinasse a duas crianças surdas. Dois anos depois, em 1857, foi fundado o Instituto Nacional
de Surdos-Mudos, hoje conhecido como o Instituto Nacional de Educação de Surdos, o INES.
Com o passar dos anos, os surdos lidaram com situações referentes ao uso de sua
língua, como por exemplo, o Congresso Internacional de Educadores Surdos, em Milão, que
aconteceu em 1880, onde foi votada a metodologia a ser utilizada na educação de surdos. O
oralismo foi a metodologia escolhida e a língua de sinais passa a ser proibida. Porém,
SACKS (2010) diz que não houve presença de educadores surdos nesse Congresso, eles
foram excluídos.
12
Em 1911, no Brasil, o INES (...) estabeleceu o Oralismo puro em todas as suas
disciplinas. Mesmo assim, a língua de sinais sobreviveu em sala de aula até 1957
(...). Mesmo com todas as proibições, a língua de sinais sempre foi utilizada pelos
alunos nos pátios e corredores da escola.‖(GOLDFELD, 1997, p.32).
O oralismo foi usado até 1970, com a chegada da Comunicação Total, que é um
método que combinava sinais, leitura labial, a fala, e treino auditivo, sendo usados
simultaneamente. Esse termo é usado porque defende que se use qualquer recurso lingüístico
para que a comunicação de surdos seja facilitada. A própria oralização era considerada, já que
não era excluído qualquer recurso, além da leitura, escrita e aparelhos auditivos.
Em 1980 o bilinguismo surge como uma proposta e é aceita e está em vigor até hoje,
ou seja, usa-se Libras como L1 e Português na modalidade escrita como L2. Sendo assim, o
surdo é considerado bilíngue, podendo usar as duas línguas.
No Brasil há alguns documentos importantes em vigor que possibilitam a inclusão do aluno
surdo no ambiente escolar, como por exemplo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de
1996, que define a existência da ―Educação Especial‖ e afirma que, se preciso, a escola
regular deverá oferecer serviços de apoio especializado para atender ao público de educação
especial, também a Lei 10.436/02 que torna a Libras língua oficial do Brasil, um meio legal
de comunicação e expressão e os outros meios associados a ela e, a partir dessa lei, o Decreto
nº 5.626/2005 (BRASIL, 2005) que torna obrigatória a disciplina de Libras nos cursos de
Licenciatura e Pedagogia.
Sabe-se também que o processo educativo pode ocorrer e ser desenvolvido em outros
lugares além da escola, como por exemplo, na própria casa com experiências do dia a dia. De
acordo com Pina (2014), esses processos educativos podem ser divididos em três grupos:
educação formal, educação informal e educação não-formal. A formal é tida como a
―institucionalizada‖, a que conhecemos nas escolas e faculdades, hierarquicamente
estruturada e cronologicamente graduais; a educação não-formal é vista nos lugares em que
há uma tentativa educacional sistemática e organizada, porém fora do ambiente escolar; e a
informal é a tida como a que qualquer pessoa possa adquirir, seja na rua, em casa, no
trabalho, convívio com amigos, lazer, etc. Alguns educadores, de diferentes áreas de atuação
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usam o termo ―espaços não formais‖ para se referirem aos espaços possíveis de se
desenvolver qualquer atividade educativa, de forma diferente da escola.
Metodologia
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As visitas feitas foram em dias de atendimento no projeto, contando com a presença
dos voluntários bilíngues para realização das atividades e registros fotográficos.
A visita à Casa da Descoberta foi apresentado aos alunos experimentos de física e
química sendo realizados pelos guias do espaço, experimentos que estão presentes em livros
didáticos, mas, para os alunos surdos, é apresentado de forma abstrata, a partir de desenhos e
esquemas.
Fonte: Fotos cedidas pelo Projeto EESB - Alunos participando de experimentos de Física na Casa da
Descoberta.
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Fonte: Fotos cedidas pelo Projeto EESB - Alunas e voluntária presentes no Laboratório de Ciências da FEUFF.
Considerações Finais
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O Projeto teve a iniciativa de realizar essas visitas a fim de mostrar que alguns
conteúdos vistos nos atendimentos, por mais que apresentados de forma lúdica, existem na
realidade e foi possível destacar a importância dessa demonstração real para os alunos, que os
experimentos de física são possíveis de ver fora dos livros didáticos, importância de se lavar
as mãos depois de um passeio na rua, que os seres vivos são variados e existem variadas
maneiras de viver, etc.
Além disso, é válido destacar também a importância geral do projeto para os
voluntários, já que devem semanalmente preparar as atividades para serem aplicadas, fazendo
com que estimule no processo criativo, além de se preocuparem em criarem materiais
adaptados para os alunos e também terem o contato direto com os surdos.
O Ensino de Surdos sob a Perspectiva Bilíngue é capaz de proporcionar experiências
maravilhosas em questão de trabalhar em sala de aula, elaborar determinadas atividades e
também em como poder atender a todos os alunos, seja em uma sala de aula ou em um
trabalho de campo.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1996.
BRASIL. Lei nº. 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília.
2002.
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PINA, O. C. Contribuições dos espaços não formais para o ensino e aprendizagem de
ciências de crianças com Síndrome de Down. 2014. 92p. Universidade Federal de Goiás.
Goiânia. 2014.
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução: Laura Teixeira
Mota. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010. 216 p.
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Lista de Artigos das Palestras
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II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
O INÍCIO
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Em 1982, quando cursava o Mestrado em Linguística na UFPE, participei da criação
do Grupo de Estudos sobre Linguagem Educação e Surdez – GELES, constituído por
linguistas, psicólogas, pedagogas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, assistentes
sociais, surdos que ensinavam Libras e informantes surdos, alunas da pós-graduação da
UNICAMP e UFPE.
Em seu começo, as áreas da Linguística e da Educação de Deficientes Auditivos não
reconheciam a Libras como língua e, nem tampouco, os surdos como membros de uma
minoria linguística que vivem em comunidades linguísticas surdas nos estados brasileiros.
Esse grupo teve como foco de pesquisas as línguas de sinais, educação bilingue de
surdos: ensino da Libras como Primeira Língua - L1 e Língua Portuguesa como Segunda
Língua - L2; aquisição da linguagem , Ensino de Libras como L2 para ouvintes, entre outras.
Em 1988, o GELES se associou à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Letras e Linguística – ANPOLL, com a denominação GT Linguagem e Surdez(GTLS).
Minha dissertação de Mestrado, O Signo Gestual Visual e sua estrutura frasal na
LSCB, defendida em 1988 na UFPE, foi a primeira dissertação na área de Linguística, a
analisar a Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros – LSCB, como nós
denominávamos a Libras, através de dados coletados, filmados na Associação dos Surdos de
Pernambuco. No capítulo final de minha dissertação refleti sobre a necessidade de uma
política nacional para a implementação de uma proposta de Educação Bilíngue para os
Surdos do Brasil e pontuei a trajetória a ser realizada que implicaria, formação de professores
bilíngues, elaboração de materiais didáticos específicos entre outras questões que,
infelizmente, até a presente data ainda estamos lutando para que realmente possamos vir a ter
escolas bilíngues para surdos (FELIPE, 1988).
Em 1991, comecei o curso de Doutorado na UFRJ, cuja minha tese, a primeira sobre a
Libras na área de Linguística: A Relação sintático-semântica dos verbos na Língua de Sinais
Brasileira – Libras(Felipe, 1998), apresentei uma tipologia para verbos na Libras a partir de
dados coletados e transcritos, utilizando um sistema de transcrição em glosa ampliado, criado
por mim quando da elaboração de minha dissertação para a análise de dados filmados e para
esses novos dados coletados na FENEIS-RJ. Os surdos, meus informantes, também me
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ajudaram na transcrição dos dados e filmagens de situações, histórias e piadas para os
livros,que também estava elaborando, para ensino de Libras para ouvintes: Curso Básico de
Libras, que denominei Libras em Contexto – Livros/Fitas do Estudante e do Professor,
material didático-pedagógico que terminei no Recife, ao reassumir minhas atividades na
UPE.
Esse material didático foi fruto de pesquisas desde 1992, no Rio de Janeiro, a partir de
discussões sobre leituras e vídeos estrangeiros: Baker & Cokely (1980), Lentz, Mikos &
Smith (1988), Prillwitz & Vollhaber (1990), quando comecei a pensar refletir com instrutores
de Libras (Nelson Pimenta, Sérgio Marmora e Myrna Salermo), sobre uma metodologia para
o ensino dessa língua como L2, a partir de minha experiência como professora de Língua
Inglesa desde a década de setenta e como aluna do Curso de Libras na Associação de Surdos
de Pernambuco - ASPE. Durante essa minha trajetória, pude constatar que em várias
associações de surdos ou outras instituições em que os Surdos ensinavam sua língua, a
metodologia era sempre ensino de sinais por grupo semântico, baseado em glossários já
existentes ( OETES,
Em 1993, nosso GT Linguagem e Surdez, sob minha coordenação nesse período,
organizou o II Congresso Internacional de Bilinguismo para Surdos, que se tornou um marco
para a consolidação das discussões nacionais e da América-Latina com relação à legitimidade
e questões linguísticas sobre línguas de sinais, Educação Bilíngue, Cultura e identidade das
comunidades surdas brasileiras e seus direitos linguísticos por escolas bilingues e aquisição
se sua língua de sinais, como Primeira Língua – L1 e Português como Segunda Língua – L2.
Como programação prévia desse congresso, oferecemos dois cursos de metodologia para o
ensino de línguas de sinaisna UFRJ: Curso sobre metodologia para ensino da American Sign
Language, ministrados por Ken Mikos e Cherry Smith, professores surdo e ouvinte do Vista
Collegue e outro sobre Libras, ministrado por mim e Sérgio Marmora, que tiveram a
participação de vários surdos de muitos estados brasileiros.
Posteriormente, esse meu trabalho de pesquisa na FENEIS foi financiado pela
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, através do Fundo Nacional para
o Desenvolvimento Educacional (MEC-SEESP-FNDE), quando pude pagar todos os surdos
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que participaram das duas pesquisas que desenvolvia (dados para minha tese e proposta de
curso de Libras) e pude fazer a publicação da primeira edição do material didático para
ensino de Libras. Os livros e fitas Libras em Contexto. A segunda edição revisada, foi
publicada pela ADUPE, editora da Universidade de Pernambuco, de onde sou, atualmente,
Professora Titular aposentada:
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A partir do contato da Profa. Marlene Gotti, Diretora da área da Surdez da Secretaria
de Educação especial - SEESP-MEC, que acompanhava nossos trabalhos na FENEIS e
participava dos eventos acadêmicos que debatiam sobre Educação bilíngue entre outros
temos relacionados à questãos dos Surdos, foi realizado um seminário, nos dias 08 e 09 de
março de 200,em Brasília (Foto acima) para planejarmos ações estratégicas a partir das
sugestões de representantes surdos, profissionais e pesquisadores da área da Educação de
Surdos que decidiram pela publicação do material didático Libras em Contexto e realização
de cursos de capacitação para Instrutores de Libras aprenderem a utilizar esse material para
ensino da Libras para professores das redes públicas estaduais do Brasil.
A proposta inicial do MEC-SEESP foi a criação de Centro de Capacitação de
Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS que foi
analisada nesse Seminário sobre Língua de Sinais.
Após análise detalhada de tudo o que foi apresentado e discutido nesse seminário, a
FENEIS apresentou uma contraproposta, quando acrescentamos ações para serem executados
através do Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos.
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O Objetivo Geral foi Promover a capacitação de recursos humanos para a Educação dos
Surdos – mediante conhecimentos teóricos e práticos visando: a) Preparar surdos para se
tornarem agentes multiplicadores para capacitar novos Instrutores de Libras; b) Capacitar
novos instrutores surdos para o ensino da Língua de Sinais em todos os estados; c) Qualificar
professores em Língua de Sinais para o atendimento a alunos surdos incluídos em sala de
aula no sistema regular de ensino ou em escolas e classes especiais; d) Qualificar professores
e outros profissionais da educação para a interpretação da Língua de Sinais; Capacitar
professores para o ensino de Libras como L2.
A População alvo foram os Instrutores surdos, professores e outros profissionais da
Educação de todos em os estados do Brasil.
As Metas foram: 1ª Meta – Realizar cursos de Língua de Sinais e Capacitação para
Surdos: de novembro/2001 a julho/ 2003 (a curto prazo); 2ª Meta – Criar Centros de
Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS (a
médio prazo); 3ª Meta - Modernizar as salas de recursos para Surdos (a médio prazo); 4ª
Meta - Realizar o Curso Básico de Libras para professores das redes públicas através dos
Instrutores capacitados.
Para a execução da primeira meta, 73 surdos de todo o Brasil foram selecionados pelos
diretores e representantes das FENEIS nacional e regional e organizamos 2 turmas que
fizeram um curso em duas semanas, sendo que apenas os aprovados receberam certificado
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como Instrutor-Agente Multiplicador de Libras ou Instrutor de Libras.4 Os Agentes
Multiplicadores, quando de seus retornos para seus estados, foram contratados pela FENES-
SEESP para ministrarem um novo Curso para Instrutores de Libras em seus estados e os que
foram aprovados como Instrutores foram contratados para realizarem o Curso de Libras para
professores nas redes estaduais de seus estados.
Teria, também, por objetivo dar suporte técnico à produção ou adaptação de materiais
didáticos, principalmente, de livros e vídeos didáticos em língua de sinais com legendas,
ídeos comuns acrescidos de ―janelas‖ para o intérprete ou de legendas, bem como outros
materiais didáticos, tais como jogos e brinquedos pedagógicos. Esses materiais iriam servir
como recursos didáticos, principalmente, para as escolas públicas do ensino fundamental.
Segundo projeto, os CASs deveriam ter estreita interface com as Secretarias de Educação,
com o INES-RJ, com a FENEIS e com as Instituições de Ensino Superior, no sentido de
garantir a participação de seus professores como formadores de professores nos cursos de
atualização, aperfeiçoamento ou capacitação em serviço para professores e instrutores surdos
da rede pública, inclusive no sentido de que suas atividades teriam validade no plano de
carreira dos profissionais da educação.
Assim, os CASs deveriam responsabilizarem-se pela promoção de atividades e cursos de
Libras; tradução da Libras para a língua portuguesa escrita; interpretação de Libras; ensino da
4 O relatório desse Curso foi enviado para o MEC-SEESP e também está arquivado na FENEIS-RJ.
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língua portuguesa, em sua modalidade escrita; alfabetização, produção de textos e avaliação
de textos; ensino da língua portuguesa, em sua modalidade oral, em interface com a
fonoaudiologia, preferencialmente para professores que atuam com surdos/DA na educação
infantil; orientação aos professores para utilização dos recursos didáticos; estágio
supervisionado aos alunos dos cursos de formação de professor de nível médio e superior;
promover seminários, workshops, encontros sobre temas relacionadas à educação de Surdos.
Do período de 2002 a 2008, foram criados CASs em todos os 27 (vinte se sete) Estados
Brasileiros, que seriam a princípio, uma proposta de solução para enfrentar as inúmeras
dificuldades nessa área e de execução dos objetivos e as diretrizes estabelecidas para a
educação dos surdos, compreendidos em sua dimensão não só educativa, mas também
sociocultural, cujo objetivo era criar condições adequadas para o desenvolvimento pleno das
potencialidades dos educandos surdos assegurando o princípio da equidade de oportunidades.
Os CASs deveriam:
- promover, institucionalmente, a adequada capacitação de profissionais da educação
para atendimento de educandos surdos;
- demonstrar claramente o compromisso efetivo do Governo como responsável pela
política de atendimento aos surdos no Brasil;
- consolidar o processo de unificação do movimento associativista no País, pela efetiva
participação nas principais organizações nacionais por meio da FENEIS, numa ação
conjunta com o Governo, na formulação e execução de uma política de atendimento
especializado aos educandos surdos;
- dar suporte técnico à organização, à implantação e ao funcionamento dos serviços de
produção de vídeos didáticos em Libras.
Para a execução dos cursos de capacitação de Instrutores de Libras e Curso de Libras
para ouvintes, através dos Agentes Multiplicadores e dos Instrutores aprovados em Brasília, o
MEC-SEESP-FNDE distribuiuvárias edições dos Libras/Fitas do material didático Libras em
Contexto, que foi ampliado posteriormente e as fitas substituídas por DVDs e enviados, pela
SEESP, para todas as Secretarias de Educação dos estados brasileiros, quando da nossa
execução, pela FENEIS, em parceria com a SEESP e CORDE, de cursos para Instrutores de
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Libras que trabalhariam com esses materiais didáticos para ensino de Libras para professores
ouvintes que receberam essa material didático enquanto cursistas.
Esse material, de distribuição gratuita, se tornou referência nacional para ensino de
Libras para ouvintes e vêm sendo utilizados pelas instituições de Ensino Superior para as
aulas de Libras e para a disciplina de Metodologia para ensino de Libras como L2 nos Cursos
de Letras Libras, que foram criados posteriormente, como continuidade das ações do MEC
com relação às políticas linguísticas para a Educação Bilíngue para Surdos. 5
As demais edições modificadas e ampliadas forameditadas pela FENEIS para seus
cursos na FENEIES e por outras instituições de Ensino ou ONGs para ensino de Libras para
ouvintes.6
Através de convênio com a FENEIS, foram realizados novos cursos para Instrutores de
Libras e o Curso Básico para Ouvintes. Os participantes eram 15 professores ouvintes e 15
surdos de cidades do interior e 15 surdos e professores ouvintes das capitais onde
aconteceram os cursos em hotéis. Os Instrutores de Libras que fizeram o curso anterior com
os/as Agentes Multiplicadores puderam também participar desse curso para aprofundamento
e relato de suas experiências.
Durante esse período, tive a oportunidade de ir em todos os estados, juntamente com a
Agente |Multiplicadora Elaine Bulhões para ministrar esses cursos e conhecer pessoalmente,
a realidade da Educação de Surdos. Os dois cursosaconteceram em hotéis das capitais
brasileiras, durante duas semanas. O curso para Ouvintes – Primeiro Módulo, foi oferecido no
período da manhã e da tarde e o curso para Instrutores, no período da manhã tarde e noite.
Pela manhã, na primeira semana, os cursistas Surdos faziam estágio, vendo as aulas
5Os relatórios de execução desse programa em cada estado foram enviados para o MEC-SEESP e
também estão arquivados na FENEIS-RJ.
6Os relatórios de execução desse programa em cada estado foram enviados para o MEC-SEESP e
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ministradas para os professores ouvintes; à tarde, eu trabalhava com a metodologia Libras em
Contexto, apresentado o material didático e, à noite, eu e aprofessora de Libras promovíamos
seminários para refletirmos com os cursistas surdos sobre as aulas assistidas pela manhã e
apresentação do material das aulas do Livro do Professor, utilizadas pela professora.Na
segunda semana, os cursistas teriam que apresentar uma aula osrteada, na sequência das aulas
por unidade, quando seria avaliado se o/a cursista conseguiu compreender a proposta
metodológica, preparando sua aula a partir do que estava sendo proposto no Livro/DVD do
Professor.
Atualmente, muitos desses surdos que fizeram esses cursos, já fizeram também o
Curso de Letras Libras ou outro curso superior, alguns já fizeram Mestrado e Doutorado e a
maioria está ministrando a Disciplina Libras no Ensino Superior.
Nesse período dos cursos de capacitação pelas cidades brasileiras, o MEC-SEESP
também fez um convênio com a UnB e APADA-DF que realizaram em todos os estados o
Curso de Língua Portuguesa como L2 e o Curso de Tradução e Interpretação para Professor-
Intérprete de Libras. Algumas vezes, coincidiu das duas equipes estarem juntas no mesmo
hotel e essa experiência foi muito gratificante e um acréscimo para tods os participantes.
Antes desses cursos a FENEIS-INES realizaram um Curso paraProfessor-Intérprete de
Libras que aconteceu no Rio de Janeiro antes da execução desses programas nos estados.
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Esse fechamento de Escolas Especiais está ocasionando evasãouma vez escolar,
porque, embora o valor absoluto apresente aumento, de matrículas, a partir de uma análise
detalhada e comparativa com censos escolares e censos do IBGE com relação ao aumento da
população, é possível constatara diminuição de educandos que tem direito a processos
educacionais específicos e, consequentemente, a exclusão desses educandos em desvantagem
no atendimento educacional no Brasil:
MATRÍCULAS EDUCAÇÃO ESPECIAL 2007 - 2010
Estabelecimentos de ensino – Censo Escolar:
Em 2008: 199.761 escolas, sendo 6.702 escolas especiais para 319.924 matrículas =>
variação anual de -16,6 %;
Em 2009: 197.468 escolas, sendo 5.590 escolas especiais para 252.687 matrículas =>
variação anual de -21% ;
Foram fechadas 1.112 escolas especiais
Em 2010:Omissão de dados, segundo Relatório de Avaliação do Plano Plurianual 2008 -
201, 1:
Total de alunos “incluídos” em salas comuns: 532.620
Em 2010: 6.442.925 (3,375 %) surdos no Brasil:
2.584.257 (40,11) na faixa etária de 0 a 24 anos
702.603 matrículas de alunos em desvantagem no atendimento educacional
3.677 matrículas de surdos (3.37%)Total de surdos (0 a 24 anos) fora do sistema
educacional: 2.560.580
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IMPLEMENTAÇÃO DE SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS PARA
AEE
Censo 2009:
- 639.718 alunos na Educação Especial;
- 252.687 matriculados em 5.590 estabelecimentos ―exclusivamente‖
especializados ou em classes especiais que correspondiam a 39,5% da matrícula
total;
- 387.031 alunos em classes comuns do ensino regular e da educação de jovens
e adultos;
- Implementação de salas de recursos multifuncionais para AEE:
1.722 =>equivaleria a 225 alunos por sala, caso elas estivessem distribuídas
proporcionalmente em todos os municípios brasileiros.
Censo Escolar 2010:
- Apenas 532.620 alunos foram matriculados na rede regular de ensino, ou seja,
houve evasão escolar.
- Implementação de novas salas de recursos multifuncionais para AEE: 750
apenas + 1722 (2009) = 2.472
- Consequência: não há salas de recursos multifuncionais para AEE para a
maioria dos estudantes que foram transferidos para a rede regular de ensino
O EQUÍVOCO DA POLÍTICA EDUCACIONAL PARA SURDOS
Proposta pedagógica para o atendimento complementar – AEE;
Equívocos metodológicos, desconhecimento sobre ensino de língua (L1, L2, língua
de instrução);
Na maioria das escolas ―inclusivas‖ não há Intérpretes e quando tem eles não podem
interferir nas aulas dos professores e quase sempre não conhecem previamente o que
será ministrado;
Criação de sinais na sala de AEE que geralmente é dividada para atendimento de
outros educando com outras necessidades educacionais específicas no mesmo
horário;
31
Ensino de Português como L1e não L2, juntamente com os educandos ouvintes;
Desrespeito à cultura e identidades das comunidades surdas brasileiras.
Segundo dados do Censo da Educação Básico de 2018, a situação atual nãomelhorou,
uma vez que mais escolas especiais foram fechadas e também é possível constatar que mais
da metade dos alunos que deveriam ter atendimento educacional específico/diferenciado
estão em escolar regulares sem esse atendimento:
CONCLUSÃO
A partir desses dados, é preciso rever essa política nacional para educação de Surdos.
A aquisição da Libras como primeira língua para todas as crianças surdas seria um
fator de identificação cultural e linguística que propiciaria um desenvolvimento cognitivo
7http://www.ines.gov.br/publicacoes; http://www.ines.gov.br/seer/
32
natural e que favoreceria o processo de aprendizagem da língua portuguesacomo segunda
língua.
Os dados são incontestáveis e, por isso, é preciso urgentemente reverter essa pseudo-
inclusão dos educandos surdos e propiciá-los uma Educação bilíngue (FELIPE, 2012).
O processo educacional de pessoas surdasdeve ser visto sob a perspectiva do direito de
igualdade de oportunidades, expresso na Constituição Federal nos artigos 205, 208 e na LDB
artigos 4ª, 58, 59 e 60.
Tal direito lhes vem sendo negado, ua vez que a maioria das escolas estaduais e
municipais onde os surdos estão matriculados, eles estão na rede regular de ensino que não
estão preparadas para oferecer uma educação de qualidade para os Surdos porque o que se
tem verificado tem sido a simples ―inclusão‖ desses alunos nas salas de e para ouvintes e as
salas para AEE, quando funcionam, não estão dando conta de fazer um trabalho que supra
essa deficiência da inclusão inadequada para os educandos surdos.
Por isso, é preciso nos conscientizarmos de que a melhor proposta de educação para
surdos e para todos é aquela que esteja adequada às necessidades educacionais específicas
dos educandos para lhes propiciar uma visão crítica e transformadora da sociedade.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
34
______________. Capacitação de Instrutores de Libras. In: V Seminário Nacional do INES:
Surdez - Desafios para o próximo milênio, 2000, Rio de Janeiro. Anais do Seminário Surdez -
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1-143; v. 2: 144-298; v. 3: Transcrição dos dados das Fitas: 1, 2, 3, 4, 5, 6 (Banco de dados).
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de Janeiro: INES, v. 7, 1997: 41-46
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--------------------- (1989a) Bilinguismo e Surdez in Trabalhos de Linguística Aplicada.
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Portal do MEC. Plano Nacional de Educação do período de 2000 a 2018.
Revista FENEIS. 2001. INFORMES DO SEDUC / GPLIBRAS. PROJETO ―LIBRAS, O
IDIOMA QUE SE VÊ" TRABALHO INTEGRADO FENEIS & MEC-SEESP
Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos. 2002. (Programa de rádio ou TV/Mesa
redonda).
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=78&Itemid=221 -
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/conade/legislacao_sub.asp
http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/principal.asp
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Leis/L9678.htm
Censo Escolar - Resumo Técnico - Censo da Educação Básica 2018. Diretoria de estatíticas
Educacionais - DEEP - INEP - MEC Brasília-DF 2019
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnic
o_censo_educacao_basica_2018.pdf
35
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
Resumo:
INTRODUÇÃO
36
do público a que se destina, e considerando que as duas línguas envolvidas nesse processo
devem ser tratadas de forma equânime, ou seja, nenhuma deve se sobrepor a outra.
Nestas últimas décadas, têm se buscado deslocar a surdez e os surdos de uma visão
normativa e patológica para uma perspectiva sócio linguística e cultural. Nesta
visão a surdez é vista como uma característica natural, traços de qualidade de ser
humano [...] a partir de seus aspectos sociais, linguísticos e culturais, implicando
diferenças culturais e identidade (SLOMSKY, 2010, p. 39).
37
Processo de aquisição da L1 e construção de conceitos
Ainda que exista uma tentativa por parte de profissionais que atuam na educação de
alunos surdos em não comparar o ensino próprio para surdos em relação aos ouvintes, é
necessário destacar que os educandos ouvintes já ingressam na escola com uma língua
estruturada, diferente dos educandos surdos que, por serem em sua maioria filhos de pais
ouvintes, não chegam ao ambiente escolar com sua L1 constituída. Tal constatação coloca o
ensino para surdos em breve desvantagem, pois por vezes é necessário oferecer inicialmente
uma comunicação básica para os alunos que não tiveram a oportunidade de adquirirem sua
L1 de forma natural. Desta forma, o ensino de perspectiva bilíngue tem ainda mais
responsabilidades.
Na educação bilíngue, é necessário prever espaços para aquisição da Libras uma vez
que a maioria das crianças surdas não tem acesso a essa língua no ambiente
familiar. No espaço escolar, as atividades para aquisição da Libras envolvem
interação, conversação, contação de histórias, entre outros.(BRASIL, 2014, p.10)
Ainda que se tenha a compreensão de que a língua deve ser vivenciada, experimentada
e compartilhada, a falta de acesso a mesma nos primeiros anos da vida do educando traz
danos cognitivos que por vezes a escola tem dificuldades em sanar. Logo, os professores que
atuam com este público precisam elaborar materiais que estejam de acordo com a realidade e
as experiências dos discentes. Para (VYGOTSKY, 1998), a utilização da linguagem é
resultado das relações da criança com o meio e durante esse processo, o educando precisa ser
interativo, estar em constante troca para a internalização e aprendizagem de novos conceitos e
suas funções sociais, como complementam (FORTES; RIBEIRO2018):
38
Vale também ressaltar, que é na convivência com o outro que cada indivíduo se percebe
como sujeito constituído de valores, direitos e deveres, sejam as pessoas com características
semelhantes ou diferentes. O espaço social de convívio é que vai possibilitar que tais valores,
principalmente os culturais, passem a fazer parte do posicionamento de uma pessoa. Essa
concepção é corroborada por (HALL, 1997), que sinaliza:
Tendo como pressuposto que o conhecimento é pouco a pouco construído, que não
se finda e está em constante evolução, a escola tem o desafio de provocar
constantemente novas aprendizagens, explorando as potencialidades, para que os
aprendizes alcancem a autonomia e participem como sujeitos ativos desse processo.
(FORTES, 2018, p.96)
Processo de aprendizagem da L2
39
Está posto que para a aprendizagem da Língua Portuguesa como L2 ocorra, o aluno
precisa ter uma base de experiências em sua L1. No ensino do Português na modalidade
escrita, é importante desenvolver junto aos alunos atividades que explorem os conhecimentos
que os alunos trazem como bagagem. Seria um equívoco dizer que um aluno, por ainda não
ter sua L1 internalizada, não tenha nenhuma bagagem de aprendizagens e vivências. Logo, o
educador deve ter atenção ao tentar compreender a comunicação que os alunos que estão em
fase inicial de aquisição linguística na L1, querem dizer.
(KLEIMAN, 2004), ainda destaca que o conhecimento prévio é formado pelo
conhecimento de língua, de texto e de mundo. Já (FREIRE, 1985), defini como conhecimento
de mundo ―ler o mundo‖, atribuir significado aos objetos, as coisas, aos sinais, ainda que o
aluno não domine os códigos linguísticos, o mesmo consegue compreende as funções,
realizando assim associações.
O professor que atua no ensino de perspectiva bilíngue, precisa ter o cuidado em
proporcionar atividades em que os alunos possam interagir e compartilhar conhecimentos já
adquiridos. Nesta perspectiva, algumas estratégias podem potencializar as práticas
pedagógicas.
É importante destacar que o trabalho desenvolvido na escola precisa refletir a
diversidade presente na sociedade, sendo a mesma um espaço de acesso a tudo que permeia
os bens culturais no qual todos têm direito, considerando o interesse dos alunos e
preconizando assim, o desenvolvimento integral de todos os envolvidos no processo
educacional.
Tendo a compreensão de que o ensino para alunos surdos é baseado nas experiências
visuais e linguísticas, a organização do ambiente educativo apresenta grande relevância no
processo educacional. Na sala de aula, mesas e cadeiras devem estar organizadas de forma
que os alunos possam manter contato visual (em círculo, semicírculo etc) e também para que
percebam que o professor não é o único detentor do saber, que a aprendizagem é
40
compartilhada. Para (FREIRE, 1987) o diálogo faz parte de uma educação humanizadora,
quando através da palavra se tem uma educação que leva a reflexão, a consciência crítica
sobre a realidade vivenciada. Os murais da sala de aula precisam estar sempre atualizados
com os conteúdos estudados nas disciplinas, e com atividades desenvolvidas pelos alunos,
com a importância de serem visualmente atrativos, com utilização de imagens, sinais em
Libras, palavras que definam conceitos etc.
10Roteiros visuais – São roteiros com imagens elaborados com objetivo de apresentar previamente
o que será visto posteriormente.
41
No desenvolvimento de materiais didáticos impressos, o professor precisa estar atento a
organização e disposição de cada elemento trabalhado de acordo com o seu objetivo,
preconizando um material rico em imagens.
Um recurso importante e que não deve apenas se ater ao resultado final, é a avaliação.
Uma pergunta que os professores devem se fazer, é: O que quero avaliar? O que devo
considerar passível de ser avaliado no processo de ensino-aprendizagem? A resposta seria
todo o processo educacional, que envolve principalmente as hipóteses construídas pelos
alunos. Ao consideramos todo o caminho percorrido pelos discentes na avaliação da
aprendizagem, temos a possibilidade de reformular as atividades desenvolvidas com os
educandos, reorganizando e reelaborando práticas pedagógicas já exercidas, possibilitando
assim, elevar a qualidade das estratégias ofertadas.
Considerações finais
O fato dos professores de alunos surdos atuarem com um público tão diverso, que
geralmente apresenta distorção série/idade, coloca ainda mais responsabilidade e necessidade
em produzir materiais que atendam às características não só linguísticas, mas também sociais
destes alunos. O contato por vezes tardio com a Língua de Sinais (Libras) e a falta de
experiências significativas em sua L1 representam um desafio para os professores, pois
apenas a simples exposição a sua primeira língua, não garante a aprendizagem. Destacando
ainda que, as experiências limitadas em sua L1, serão provavelmente refletidas na aquisição
da L2.
42
O desafio principal na educação de alunos com surdez, é fazer com que os educandos
compreendam o que estão lendo. Para tal, na elaboração de estratégias presentes nos
materiais, se faz necessário refletir sobre a importância da antecipação do que será
desenvolvido didaticamente, primeiramente com experiências na primeira língua dos alunos
surdos, pois é preciso compreender o processo de leitura e escrita em sua segunda língua
como algo que não pode ser decodificado palavra por palavra, focado em um ensino baseado
em vocabulários por temas, e sim, a leitura partindo de um contexto que foi previamente
exposto: seja através de imagens, jogos, contação de histórias, aula passeio, roda de conversa
e/ou experiências pessoais relatadas pelos próprios alunos.
Mostrar aos educandos a importância da compreensão do que está sendo apresentado
no ambiente para o exercício de sua cidadania, uma vez que todos estão inseridos em uma
cultura majoritária, sociedade está que utiliza a língua oral e as palavras escritas em
Português predominam.
Neste processo, corroborando com (VYGOTSKY, 1987) os educadores de alunos
surdos exercem um papel singular no desenvolvimento educacional destes indivíduos, uma
vez que os alunos necessitam da mediação para consolidar as informações que trazem dos
mais diversos ambientes de forma coerente, tendo a preocupação em formar sujeitos capazes
de opinar, decidir e agir de forma autônoma, atuando na sociedade como agentes de
transformação de sua própria realidade e compreendendo que o acesso ao ensino de qualidade
multiplica as chances de inserção social e profissional futuramente.
43
Referências Bibliográficas
FORTES, C.B.C. História infantil e unidade didática como recursos pedagógicos autênticos e
bilíngues para o letramento de aprendizes surdos. Dissertação de mestrado – Curso de
mestrado profissional em diversidade e inclusão, Instituto de Biologia, Universidade Federal
Fluminense. Niterói, 2018.
FORTES, C.B.C. RIBEIRO, H.M. Uma História, diversas possibilidades: O trabalho com
gênero da literatura infantil sob uma perspectiva de ensino bilíngue para surdos no 10 ano do
ensino fundamental. Arqueiro Vol. 38 (jul-dez, 2018), Semestral - ISSN-1518-2495.
FORTES, C.B.C; MENEZES, P. C.M. Práticas de ensino bilíngue para surdos nas séries
iniciais. Revista Fórum | Rio de Janeiro | n. 38 | Jul-Dez 2018
FREIRE, P. A importância do ato de ler. In_ Col. Polêmicas do Nosso tempo, Editora Cortez,
São Paulo, 1985.
44
SANTOS, E. R. O Ensino de língua portuguesa para surdos: uma análise de materiais
didáticos. Anais do SIELP. Vol 2, N 1. Uberlândia: EDUFU, 2012.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
45
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
Terje Basilier
INTRODUÇÃO
46
Sabemos que o aluno surdo entra em contato com o mundo em Libras principalmente
através de recursos e materiais pedagógicos visuais. Por isso entendemos que o contexto
educacional da sala de aula de uma classe bilíngue precisa proporcionar e potencializar
experiências concretas e imagéticas de forma a oportunizar aos alunos surdos o contato com a
sua primeira língua, a Libras, de forma eficaz. Enfatizamos que todo trabalho é mediado por
profissionais bilíngues, uma surda e uma ouvinte em cada nas salas de aula, onde a língua de
instrução utilizada é sempre a Libras.
Trazemos como fundamentação teórica e didático para nossa prática a autora Ronice
Müller Quadros (2006), que trata sobre educação bilíngue em suas publicações; bem como a
autora Tatiana Bolívar Lebedeff (2017) que fala sobre a importância do letramento visual em
suas recentes pesquisas; Referenciais curriculares do Ensino Fundamental I; MEPES –
Método de Ensino de Português Escrito para Surdos. O grupo é composto por professores
bilíngues, ouvintes e surdos, professores de LIBRAS, intérpretes (6º ano a 9º ano da manhã)
incluindo na sala de aula com os alunos surdos e alunos ouvintes e professores de apoio da
Rede Municipal de Niterói); Atividades adaptadas pelo grupo de professores regentes;
Consulta de vocabulário com profissionais surdos; vídeos disponibilizados no youtube e no
site do INES. Pretendemos dar continuidade a essa metodologia visto que temos alcançado
bons resultados proporcionar o contato com a Libras, bem como potencializar o processo de
aquisição dos alunos surdos, e também explorar e ampliar a aprendizagem de ambas as
línguas (L1 e L2) através de informações escritas e imagens. Favorecer uma proposta para a
aprendizagem as duas línguas, da Libras e do português escrito para alunos surdos, através
das análises de gêneros textuais, de modo que as mesmas possam contribuir para o
desenvolvimento de cidadãos capazes de fazerem inúmeras e diferenciadas interpretações de
mundo.
Fundamentos Teóricos
No Brasil, nas últimas duas décadas, testemunhamos uma mudança ideológica que
reconhece e incentiva o multilinguismo brasileiro e que legitimou a educação bilíngue em
diferentes contextos: para surdos, para indígenas e para comunidades de fronteiras. Além
47
disso, assistimos ao grande crescimento no número de escolas bilíngues de prestígio
português-inglês, uma das formas de educação bilíngue em expansão no Brasil e que ainda
não possui uma legislação em âmbito nacional que a regulamentarize.
Infelizmente, apesar do crescimento significativo das escolas de educação bilíngue,
não há nenhuma lei nacional atualmente que embase esse tipo de educação. Essa falta de
regulamentação por parte do MEC faz com que a própria definição do que seja uma escola
bilíngue se tornasse um tema bastante controverso e repleto de mal-entendidos. A expressão
―educação bilíngue‖ é utilizada de maneira abrangente para caracterizar diferentes formas de
ensino nas quais os alunos recebem instrução, ou parte dela, em uma língua diferente da que
utilizam em casa. Os modelos e tipos de educação bilíngue são variados e diferem quanto aos
objetivos, às características dos alunos participantes, à distribuição do tempo de instrução nas
línguas envolvidas, às abordagens e práticas pedagógicas, entre outros aspectos do uso das
línguas e do contexto em questão.
De forma geral, a educação bilíngue está relacionada à instrução que ocorre na escola
em pelo menos duas línguas. As escolas bilíngues têm como foco oferecer aos alunos altos
níveis de proficiência nas duas línguas utilizadas na escola, por meio de uma abordagem
baseada na aprendizagem de conteúdo. Em escolas bilíngue português-inglês, por exemplo,
ao invés de somente aulas de inglês, nas quais a finalidade única é o aprendizado da língua-
alvo, são ministradas também aulas em inglês, que possuem uma finalidade dupla: o ensino
da língua e o ensino do conteúdo.
Muito embora a Libras, através do Decreto nº 5. 626/05 esteja regulamentada pela lei
10.436/02. O Artigo 3º institui que a Libras deve ser inserida como:
disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para
o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de
Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema
federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.
48
normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído
línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue.
Convém ressaltar aqui que, de acordo com o Referencial Nacional para Educação
Infantil, as estratégias e orientações para a educação de crianças com Necessidades
Educacionais Especiais têm por objetivo propiciar a realização do trabalho do professor com
alunos surdos. Este referencial serve para direcionar o trabalho educacional em creches e pré-
escolas, por meio de esforço conjunto dos órgãos políticos competentes da educação, saúde e
bem-estar social (BRASIL, 2000, p. 48).
A fim de atingir os objetivos propostos pelas leis, proporcionando com isso uma
maior orientação aos professores interessados e para utilização de recursos didáticos, foram
cuidadosamente elaborados os parâmetros curriculares nacionais da educação especial, dentre
os inúmeros materiais disponíveis, como dicionário bilíngue que são oferecidos pelo governo,
e a utilização do intérprete em sala de aula a partir da notificação da presença de alunos
deficientes na escola, CD ROM de Libras, softwares educativos específicos em deficiência
auditiva, livros apostilas da língua brasileira de sinais - LIBRAS. Assim sendo, demos início
à aplicação do método denominado MEPES que descreveremos a seguir.
Alfabeto Datilológico;
Ensino de sinais contextualizados com o ambiente escolar;
Explorar os sinais nas disciplinas e em contextos diversificados (Jogos e projetos);
49
Ensinar Libras de forma interdisciplinar e em todas as matérias escolares;
Estórias surdas (Cinderela surda, Patinho surdo e outros);
Uso de materiais didáticos: DVDs em Libras e YouTube;
Aula prática de sinais com conteúdo da aula de Libras.
Cabe aqui enfatizarmos que, diferente da criança ouvinte, a criança surda, (a maioria que
chega à escola é filha de pais ouvintes ao nascer), não tem contato com uma língua que possa
significar algo para ela. Se não ouve, aquilo que é dito oralmente não chega a ela e, portanto,
não há a possibilidade de que ela conheça os significados e sentidos que estão sendo
veiculados a sua volta. Para a criança surda, a língua de sinais é a língua que vai garantir a
compreensão do mundo e das coisas que estão ao seu redor. Por esse motivo, a língua de
sinais é considerada a primeira língua (L1) dos surdos. Ela permite a interação e a construção
de sentidos. É claro que o contato com falantes fluentes nesta língua favorecerá sua
participação na interlocução e desenvolvimento da linguagem. Infelizmente esse contato
acontece tardiamente e essas crianças ficam prejudicadas em relação à compreensão das
experiências vivenciadas e na leitura que irão fazer do mundo.
Dessa forma, a língua portuguesa, por necessitar de estratégias formais de ensino é
considerada a segunda língua (L2) para o surdo.
No que diz respeito ao aprendiz-surdo, a situação em que se encontra possui
características especiais: o português é para eles uma segunda língua, pois a
língua de sinais é a sua primeira língua, só que o processo não é o de
aquisição natural por meio da construção de diálogos espontâneos, mas o de
aprendizagem formal na escola. O modo de ensino/aprendizagem da língua
portuguesa será, então, o português por escrito, ou seja, a compreensão e a
produção escritas, considerando-se os efeitos das modalidades e o acesso a
elas pelos surdos. (BRASIL, 2004, p. 115)
50
surdo e sua socialização, os desafios existem e a escola deve se adequar às necessidades dos
alunos que são inclusos não apenas como é prevista em lei, mas acolher esse aluno na prática
no cotidiano escolar e atender as necessidades em todas as deficiências, para assim não ficar
alheio ao que está sendo desenvolvido em sala de aula. Deve a coordenação trazer recursos e
professores preparados com currículos e especializações, para que esses desafios sejam
superados. É um processo longo e demanda tempo e disponibilidade por parte do professor,
agindo assim a escola finalmente será uma escola inclusiva.
Incluir não é tratar igual, pois as pessoas são diferentes. Alunos diferentes
terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos
objetivos. Incluir é abandonar estereótipos. (WERNECK, 1997, p.51).
Vale ressaltar aqui também que esse método quando aplicado exige a presença de
profissionais de apoio na escola. Em determinado período do dia, as crianças permaneciam
incluídas nas salas de aulas sendo acompanhada por um intérprete de Libras/Língua
Portuguesa. Deste modo, as crianças podem ter acesso às propostas e aos conteúdos
desenvolvidos pelos professores de acordo com as diretrizes curriculares para cada série. No
período contrário, eram desenvolvidas oficinas de Libras, ministradas pelos instrutores surdos
em parceria com auxiliares de pesquisa. Estas oficinas tinham como objetivo propiciar um
espaço para o desenvolvimento de linguagem das crianças, considerando-se que a maioria
chegou à escola sem ter tido contato com esta língua, e alguns poucos possuíam experiências
restritas com esta. Além disso, todos os conteúdos desenvolvidos devem ser analisados e
desenvolvidos respeitando a particularidade de cada aluno.
Além das atividades que são desenvolvidas para as crianças surdas, todos os
profissionais da escola devem participar de cursos reuniões e atividades de aprendizagem de
Libras, pois somente assim pode-se efetivar a inclusão do aluno no ambiente escolar e
futuramente a inclusão do aluno na sociedade. Essa real inclusão se dará, no momento que o
professor pedir para o aluno buscar algo na biblioteca, na secretaria ou em outro lugar e o
funcionário que atendê-lo conseguir compreender sua linguagem.
No MEPES, as atividades que são desenvolvidas para as crianças surdas, necessitam
que todos os profissionais da escola participem de cursos reuniões e atividades de
51
aprendizagem de Libras, pois somente assim pode-se efetivar a inclusão do aluno no
ambiente escolar e futuramente a inclusão do aluno na sociedade.
Metodologia
Relato de experiência como Professora de Libras do ano 2016 a 2018 da sala de aula
do programa de educação bilingue das turmas somente com os alunos surdos primeiro ano ao
quinto ano (1º ao 5º) do primeiro ciclo e segundo ciclo; professores de Libras surdos;
professores regentes bilingues; professores de apoio bilingues e Intérpretes em turmas de
manhã com alunos surdos incluídos (6º ano ao 9º ano) de uma Escola Municipal de Niterói.
Todos os materiais utilizados e expostos na sala de aula foram sendo apresentados de
forma gradativa e ligados às atividades práticas realizadas de acordo com o planejamento
proposto para a turma, de modo a traçar um caminho gradativo de construção e aquisição de
novos conhecimentos.
O aluno surdo interessado pelas atividades propostas; estímulo ao aprendizado da
Libras; em aprender se transforma num leitor capaz; pode-se dizer que a capacidade de ler
está intimamente ligada a motivação. Nesse contexto, cabe aos educadores proporcionarem
diferentes gêneros textuais que atendam as necessidades do aprendiz; respeitando o seu
desenvolvimento por esse caminho; de forma a referenciar; a pesquisa encontra-se
metodologicamente distribuída em duas etapas; em que os alunos refletem sobre os mesmos,
criando poesias, dramatizando, desenhando, escrevendo, etc.; Formação de novas amizades;
Experiência positiva de inclusão; Preparação para o turno da manhã.
A avaliação do trabalho é feita diariamente através da aplicação de atividades
práticas, da observação, da interação dos alunos com os materiais expostos e disponíveis para
manuseio. Assim percebemos a satisfação, a interação e o desenvolvimento dos alunos ao
longo do primeiro semestre.
O presente projeto possibilita a superação de desafios à aprendizagem em que alunos
surdos têm ficado as duas línguas (libras e português pela escrita) de barreiras linguísticas no
Ensino. Observam-se os professores preparados para devidos atendimentos aos alunos surdos
no processo de alfabetização e letramento, justificando assim a importância do presente
52
trabalho, na busca de principalmente a Libras como ponto para as metodologias que o ensino
de língua portuguesa para surdos. Os alunos surdos conseguem obter a aquisição em Libras,
mas, apresentam as dificuldades linguísticas na aprendizagem e uso da modalidade escrita da
Língua Portuguesa.
Considerações Finais
Está comprovado pelas leituras em obras de referência que efetuamos para construir
esse artigo, que a educação da língua de sinais possibilita a aprendizagem e não a dificuldade
do aluno surdo. No Brasil a educação hoje defendida para os alunos surdos é a educação
bilíngue, em que a LIBRAS aparece como primeira língua e o português como a segunda.
Para o atendimento ao aluno surdo é proposto por um currículo diferenciado, que possa
atender às necessidades específicas desse grupo de alunos sem perder a sintonia com a
proposta das Diretrizes Curriculares da Educação Geral. E nisso o método MEPES aplicado
em nossa escola tem sido de grande valia.
No caso dos alunos surdos, com ele se reforça o reconhecimento da LIBRAS, como
língua de sinais oficial brasileira e o advento do interlocutor em sala, permitiu a nosso grupo
de profissionais envolvidos na sua aplicação de inclui-los com sucesso em sala de aula e em
condições de aprendizagem semelhantes às das pessoas ouvintes.
Mas para que a inclusão de fato aconteça, é necessária também que haja uma total
movimentação social movida por um único objetivo, a mudança. E o método que aplicamos o
MEPE tem se revelado promissor.
Podemos chegar à conclusão de que ele provocou mudanças positivas a respeito da
inclusão de surdos na nossa escola, mas existem ainda grandes desafios a serem enfrentados.
Um deles é criar uma proposta educacional bilíngue oficial no nosso país seja aplicado o
MEPES ou outros similares que comprove atingir toda a população por conta da dificuldade
na preparação e qualificação dos profissionais envolvidos, e maiores ainda é a dificuldade de
preparar as pessoas que não estão ligadas à educação para essa nova proposta prevista em lei.
53
A Língua Portuguesa é um instrumento linguístico que não se apresenta como
recurso que vem facilitar o intercâmbio com o mundo, mas um obstáculo que precisa transpor
com grande dificuldade. Por outro lado, a LIBRAS não é código universal
que possibilita tradução, mas sim, a interpretação, quando se procuram estabelecer uma
correspondência entre as duas línguas.
Embora a educação bilíngue tenha sido tecida por meio de um discurso que busca uma
aproximação com os princípios de educação para surdos constitutivos do Decreto (aceitação
da Libras nos espaços escolares e do ensino do português como segunda língua), na medida
em que se reproduz, na proposição das práticas inclusivas, o passado que excluiu as pessoas
surdas dos processos educacionais/sociais.
Finalizando, nesta perspectiva, através do MEPES, comprovamos também que as
escolas devem ser reestruturadas para que os professores tenham condições de se capacitarem
para atender todos os alunos de modo igualitário. Neste sentido, os professores devem estar
abertos a compreender as diferenças educacionais dos alunos surdos e ouvintes, para que
possam auxiliá-los através do desenvolvimento de estratégias pedagógicas que atendam essas
diferenças.
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54
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2017.
QUADROS, Ronice Müller de. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre:
Artmed, 1997.
55
QUADROS, Ronice Müller, CRUZ, Carina Rebello. Língua de Sinais: instrumentos de
avaliação. Porto Alegre: 2011.
QUADROS, Ronice Müller de. SCHMIEDT, Magali L.P. Ideias para ensinar português para
alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
WERNECK, C. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro:
WVA, 1997.
56
Lista dos Resumos Premiados
- ―PROJETO SENTINDO A LIBRAS‖.
57
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
Calili Cardozo dos Santos Paravidini; Bianca Ribeiro Lima; Lívia Siqueira Silva; Renata Crespo da
Conceição12
12
IFF Campus Campos Centro; calili_mvet@yahoo.com.br; biancaribeirolima3@gmail.com;
livias.contato@gmail.com; renatacrespo.d@gmail.com
13
IFF Campus Campos Centro; cristiaine.ribeiro@iff.edu.br
58
Palavras-chave: Libras; material concreto; ensino da Libras; parâmetros;
Referências Bibliográficas
BRITO, L. F. Uma abordagem fonológica dos sinais da LSB. Espaço Informativo técnico-científico
do INES, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 20-43, 1990.
59
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
angelabaalbaki@hotmail.com
60
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: Para proporcionar devidamente a educação bilíngue para pessoas surdas nos cursos de
licenciatura, deve-se, entre outras ações, promover uma massificação da formação em Libras entre
estudantes e docentes desses cursos. Para tanto, é preciso investir na sensibilização quanto à inclusão.
No curso de Licenciatura em Educação do Campo – Ciências da Natureza (Licena), oferecido pela
Universidade Federal de Viçosa, há uma estudante surda, que, por aspectos pragmáticos diversos,
ainda vivencia situações de segregação dentro do curso. Registra-se, aqui, uma experiência ocorrida
durante a condução de uma aula da disciplina semestral ―Educação Inclusiva e Libras‖ desse curso.
Com apoio em Quadros e Perlin (2007) e Strobel (2008), e com vistas a ocasionar sensibilização para
o tema, o conteúdo ―História da Educação de Surdos‖, previsto no plano de ensino da disciplina, foi
abordado de tal maneira a impressionar os licenciandos e as licenciandas com a sombria e inspiradora
história da educação inclusiva de pessoas surdas. Após a contextualização histórica, a aula foi
finalizada com apresentação do filme ―Milagre de Anne Sullivan‖, de 2000, e, na sequência, com o
vídeo de um discurso proferido por Helen Keller. Os resultados de sensibilização entre os estudantes e
as estudantes foi imediato; ao longo da aula houve várias manifestações de críticas ao sistema
educacional, que ainda não inclui devidamente as pessoas surdas, além de refletida conscientização
quanto à incorreta atribuição das defasagens educacionais de pessoas surdas a uma suposta
incapacidade de aprender. Nesse sentido, estudantes da Licena firmaram compromisso com a
continuidade do estudo da Libras, inclusive para se comunicarem com sua colega surda. Assim, por
meio de uma abordagem metodológica que reverenciou a história da educação de pessoas surdas,
logramos êxito em impactar e sensibilizar futuros professores e futuras professoras de educação básica
quanto ao necessário interesse pelas pessoas surdas, a começar pela interação cotidiana com sua
colega surda, e pelo aprendizado da Libras.
Palavras-chave: Licenciaturas, História de Educação de Surdos, Sensibilização.
Referências Bibliográficas
QUADROS, Ronice M.; PERLIN, Gladis. (Orgs.). Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2007.
61
STROBEL, Karin L. Surdos: Vestígios Culturais não Registrados na História. 2008. 176 f. Tese.
(Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação. UFSC, Florianópolis.
62
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: Alunos surdos vêm ingressando no ensino superior devido às políticas inclusivas
adotadas pelas universidades em conformidade com a Lei Brasileira de Inclusão. Todavia, as
especificidades das diversas áreas implicam em uma linguagem própria. O Projeto Surdos surgiu
visando incluir o aluno surdo na área científica. Para isso, foi necessário sobrepujar a ausência de
sinais específicos na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), percebida ao longo de cursos
experimentais na área de Biociências ministrados na UFRJ para surdos do ensino médio. Em 2007,
Julia Barral criou uma metodologia para o desenvolvimento e produção de um glossário em Libras na
área de Biociências, cujo conteúdo é dividido em fascículos com temas específicos, baseados nos
cursos. Existem quatro deles com 426 sinais, sendo 352 desenvolvidos pelo grupo. Agora, frente às
epidemias existentes no país, surgiu a necessidade de abordar o tema Microbiologia. A primeira etapa
do novo fascículo consiste em buscar sinais relacionados ao tema em dicionários/glossários
conhecidos. De uma lista prévia com 75 termos básicos, foram encontrados 40 sinais. A segunda
etapa envolve aulas práticas laboratoriais e discussões com um grupo de surdos do ensino médio e da
graduação, contando com uma doutora bióloga surda e uma graduanda de microbiologia ouvinte
fluente em Libras, durante as quais é estimulada a produção de sinais, cujos conceitos já foram
assimilados. A seguir, realizam-se cursos experimentais, seguindo a metodologia De Meis, para
verificar se os sinais existentes e os gerados serão suficientes para a compreensão do tema. Alguns
sinais surgem espontaneamente durante os cursos. O grupo discute, avalia, e os novos sinais são
gravados. Foram desenvolvidos 22 novos sinais. Cada sinal desenvolvido terá um verbete em Libras e
em português. Além disso, os sinais serão avaliados gramatical e morfologicamente antes de serem
divulgados em sites e mídias sociais para que os surdos tenham fácil e livre acesso aos conteúdos
científicos.
Palavras-chave: ensino, glossário, Libras, microbiologia.
18
Programa de Pós-graduação em Ciências e Biotecnologia, UFF Niterói/RJ
19
Projeto Surdos- UFRJ, Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, UFRJ/Rio de Janeiro,
Brasil.
63
MATERIAL BILÍNGUE
64
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
65
Referências bibliográficas
BARBOSA, Eva dos Reis Araújo. Materiais didáticos impressos e digitais de ensino de português
como segunda língua para alunos surdos. Revista de Ciências Humanas, v. 1, n. 1, 2018.
FAVORITO, W.; FREIRE, AMF. Relações de poder e saber na sala de aula: contextos de interação
com alunos surdos. Transculturalidade, linguagem e educação, v. 1, p. 7-252, 2007.
KARNOPP, Lodenir Becker. Literatura surda. ETD: Educação Temática Digital, v. 7, n. 2, p. 98-
109, 2006.
TEIXEIRA, Vanessa Gomes; BAALBAKI, Angela Corrêa Ferreira. Novos caminhos: pensando
materiais didáticos de língua portuguesa como segunda língua para alunos surdos.Em Extensão, v.
13, n. 2, p. 25-36, 2014.
THOMA, Adriana da Silva. Educação Bilíngue nas Políticas Educacionais e Linguísticas para
Surdos: discursos e estratégias de governamento. Educação & Realidade, v. 41, n. 3, p. 755-775,
2016.
66
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
23
Geórgia Barbosa Bernardino. Graduanda em Letras – UERJ; bernardinog@outlook.com.br
24
Profª Dra Angela Corrêa Ferreira Baalbaki. UERJ; angelabaalbaki@hotmail.com
67
Referências bibliográficas
GAIGNOUX, A. A. Gêneros textuais e ensino: uma reflexão sobre a leitura na escola. Cadernos do
CNLF, Vol. XIX, nº 09 – Leitura e Interpretação de Textos. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2015, p. 75-91.
PAGNONCELLI, C.. Ensino de língua portuguesa sob a perspectiva dos gêneros textuais. In: IV
Encontro da Rede Sul Letras, 2016, Palhoça - SC. Artigos Completos e Resumos Expandidos.
Tubarão - SC: Fábio José Rauen (UNISUL), 2016. v. 4. p. 219-232.
68
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO:Este trabalho pretende relatar parte das atividades desenvolvidas no projeto de extensão
―Recursos e Materiais didáticos para o ensino de Português para alunos surdos‖, desenvolvido na
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela professora Angela Corrêa Ferreira
Baalbaki. A proposta inicial do projeto é proporcionar aos alunos surdos do 9º ano contato com textos
argumentativos, especificamente do gênero Charge, como também com temas variados e
contemporâneos. Vale lembrar que tal proposta fará parte do primeiro capítulo do volume 4. O
material elaborado pretende levantar algumas questões para a identificação das características do
gênero, como: quem costuma ter contato como este tipo de gênero? Onde normalmente é veiculado?
Por fim, também se espera apresentar articulação entre a linguagem verbal escrita e os elementos
visuais, bem como a utilização de cores. A contextualização acerca da temática das charges a serem
escolhidas visa atender a exploração das circunstâncias que acarretam tal situação, levando o aluno
surdo a uma reflexão crítica. Os materiais elaborados devem contar com recursos visuais seguindo
uma pedagogia visual no ensino de Português escrito como Segunda Língua, sempre que possível,
valorizando autores surdos, especificamente, os chargistas do Brasil e do mundo. Almejamos alguns
pontos a serem alcançados: contextualização visual do texto; exploração do conhecimento prévio e de
elementos intertextuais; identificação de elementos textuais e paratextuais significativos; reelaboração
escrita com vistas à sistematização. Gradativa e isoladamente, buscamos para o aluno surdo
autonomia para reconhecer alguns aspectos da língua portuguesa escrita, tais como: estruturação
frasal, aspectos ortográficos e gramaticais, elementos coesivos (preposição, conjunções), assim como
o desenvolvimento das competências leitora e escritora. Para tanto, utilizam-se como norteadores os
estudos de Silva e Favorito (2008) sobre ensino bilíngue para surdos e Reis (2016) sobre a construção
25
Tathiana Targine Nogueira, UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). E-mail:
targine@gmail.com
26
Angela Corrêa Ferreira BaalbakiUERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). E-mail:
angelabaalbaki@gmail.com
69
discursiva do sujeito surdo em charges. Como resultados esperados, pretende-se produzir um material
que sirva como proposta didática inovadora para o ensino bilíngue para surdos.
70
RELATO DE EXPERIÊNCIA
71
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: O modelo de educação Inclusiva implementada em muitas escolas do país, tem como
objetivo uma educação que pretende representar o fim dos iguais x diferentes e normais x deficientes.
Esse modelo educacional busca desenvolver uma sociedade igualitária, onde as pessoas reconheçam e
valorizem as diferenças, sem preconceito e possam conviver em harmonia, corroborando essa ideia, em
2015 no Brasil foi promulgada a Lei Brasileira de Inclusão nº13.146, destinando um capítulo especial
ao Direito à educação. Mas a educação inclusiva, ainda é muito questionada quando o assunto é
Educação de Surdos, uma vez que estes encontram inúmeras barreiras que os impedem de vivenciarem
uma real inclusão. Desta forma, a ação: ―Libras vai à escola‖ é fruto do projeto de Pesquisa
desenvolvido na Universidade Federal Fluminense(UFF), intitulado ―Educação de Surdos e ensino da
Língua Brasileira de Sinais- Libras para ouvintes" que tem por objetivos, a observação de alunos surdos
incluídos nos espaços educacionais, identificar suas relações sociais nesses espaços com profissionais e
alunado, analisar o conhecimento dos alunos ouvintes acerca das especificidades cultura e identidade
surda, reconhecer suas maiores dificuldades nesse processo e promover uma ação lúdica junto a turma
desse aluno tornando-o protagonista nesse processo. A metodologia utilizada foi o trabalho de campo
com observação da turma e do aluno surdo, aplicação de questionário prévio para conhecimento de
conceitos referentes a Libras, pessoa Surda e outros, além de pesquisa bibliográfica aos autores
QUADROS (2005) e GESSER (2009). Os resultados obtidos através dessa ação mostram inúmeros
desencontros a uma perspectiva de educaçãoinclusiva vivenciada pelo aluno surdo, uma vez que esse é
invisível no processo de ensino aprendizagem em sala de aula, os alunos ouvintes de sua classe
desconhecem suas especificidades como Pessoa Surda, cultura, língua e identidade. Em virtude desses
fatos, é de relevante e extrema urgência a promoção e divulgação daLibras nos espaços educacionais
inclusivos, para que ocorra a desmistificação de conceitos e de fato uma real inclusão do aluno surdo
no âmbito escolar.
Palavras-chave: Inclusão, Surdo, Libras, Ensino Fundamental.
27
Brenda Nogueira dos Santos.Universidade Federal Fluminense- UFF. brendanogueira@id.uff.br
28
Sara Henriques de Castro.Universidade Federal Fluminense- UFF. sarahenriques08@gmail.com
29
Ludmila Veiga Faria Franco. Universidade Federal Fluminense- UFF. ludmilaveiga@id.uff.br
72
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com
deficiência.<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm> acesso em 10
de maio de 2019.
GESSER, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda. Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
73
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
30
Fernanda Marinho Fernandes Crozoé. Secretaria Municipal de Educação – Rio Bonito/RJ.
fernandacrozoe@gmail.com
31
Tarcísio Torres Soares. Secretaria Municipal de Educação – Rio Bonito/RJ.
riobonitolibras@gmail.com
74
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: O Spread The Sign é uma plataforma online que reúne sinais de 52 diferentes países em
suas respectivas línguas de sinais, administrado pela European Sign Language Center. Na região
Sudeste do Brasil, é coordenado pela professora Tathianna Dawes, com sede na Universidade Federal
Fluminense (UFF). A plataforma é um projeto de desenvolvimento contínuo e, em sua última
atualização, recebeu uma nova função em sua ferramenta de pesquisa. Essa função, denominada
mapa, em parceria com o Google Maps, apresenta de forma direta e visual uma compilação dos sinais
de continentes, países, estados e cidades, indicados sobre uma base cartográfica.Dentre os sinais
contidos na função mapa, a equipe Sudeste foi responsável pela pesquisa, coleta e gravação dos sinais
de continentes, países e municípios do Rio de Janeiro. A pesquisa e coleta dos sinais foi feita com
base em fontes de sinais já validados e aceitos pela comunidade surda. É importante ressaltar que o
Spread The Sign não possui com objetivo a criação novos sinais, trabalhando apenas com a pesquisa e
coleta dos mesmos. Nossa equipe contempla estudantes e profissionais de diversas áreas, pesquisando
sinais de diferentes áreas do conhecimento. Os sinais encontrados são listados e recebem um conceito
explicativo, baseado em informações retiradas da Plataforma do IBGE. Em seguida, no estúdio, os
sinais são gravados por atores surdos, editados por alunos de cinema e avaliados por pesquisadores da
Língua Brasileira de Sinais e estudantes da área.Até 2019, já foram coletados ao todo 92 sinais de
municípios do Rio de Janeiro e 100 sinais de países. Foram pesquisados e gravados os sinais dos
países em Libras e também na língua de sinais do respectivo país, somando ao todo 59 sinais em
Libras e 41 sinais dos países em sua própria língua de sinais. O Mapa continua recebendo atualizações
e novos sinais.
32
Universidade Federal Fluminense - UFF
33
Universidade Federal Fluminense - UFF
34
Universidade Federal Fluminense - UFF
75
Referências bibliográficas:
76
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
77
Referências bibliográficas:
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira deSinais (Libras) e
dá outras providências. Brasília, 2002BRASIL. Ministério daEducação e do Desporto. Secretaria de
Educação Especial. Educação especial:Deficiência Auditiva. Brasília, 1997.
GESSER, Audrei. Libras? que língua é essa? crenças e preconceitos em torno dalíngua de sinais e da
realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.SCHEMBERG, Simone;
GUARINELLO, Ana Cristina and MASSI, Giselle.Oponto de vista de pais e professores a respeito
das interações linguísticas de criançassurdas. Rev. bras. educ. espec.[online]. 2012, vol.18, n.1, pp.17-
32. ISSN 1413-6538. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382012000100003.
78
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: Com o advento da Lei de Libras n.10.436/02 e seu respectivo Decreto Lei n. 5.626/05, a
Língua Brasileira de Sinais - Libras, tornou-se reconhecida como instrumento de comunicação,
desmistificando assim o conceito errôneo de linguagem, mímica ou simples gestos soltos. Porém,
ainda é notório que sua divulgação e promoção na sociedade está aquém das línguas orais,
demonstrando desta forma a necessidade de implementação desta língua no currículo escolar das
séries iniciais do ensino fundamental. Quanto antes as crianças tiverem contato com uma segunda
Língua, L2, no caso em questão a Libras, mais rápido viveremos em uma sociedade bilíngue. Sendo
assim, o presente trabalho pretende discutir a importância do ensino da Libras enquanto L2 para
crianças ouvintes e analisar o papel e a relevância da ludicidade na aquisição de uma nova língua e no
desenvolvimento infantil. A metodologia empregada foi a Pesquisa-Ação, por meio da qual nos
permitiu intervir sobre o problema de forma interativa com os seus participantes e refletir de maneira
crítica as nossas ações. Essas reflexões surgiram a partir das experiências, vivenciadas na atividade
―Libras vai à escola‖, realizada na turma de 5º ano do ensino fundamental de uma escola do município
de Campos dos Goytacazes, que tem presente no seu corpo discente alunos surdos. Essa compõe o
projeto ―Educação de surdos e ensino da Língua Brasileira de Sinais-Libras para ouvintes‖, integrante
do programa de Desenvolvimento Acadêmico da Universidade Federal Fluminense (UFF). Através
desse trabalho percebemos a importância do protagonismo surdo através das atividades lúdicas
propostas com a turma, vimos a necessidade de tornarmos alunos surdos atores do seu processo de
formação e identidade escolar. Além disso, observamos que o contato com a língua de sinais e o
conhecimento mais claro da realidade e cultura surda propiciou aos alunos ouvintes uma nova forma
de olhar e se relacionar com os colegas surdos. A ludicidade foi de grande valor, pois, através de
jogos, poesia e música, conceitos errôneos e mitos foram esclarecidos e um melhor conhecimento a
respeito da Libras e da surdez foi construído com as crianças de forma leve e interessante.
Procuramos com nossas experiências e reflexões contribuir com os debates na área do ensino
de Libras para ouvintes enquanto 2ª língua.
79
Palavras-chave: Educação Bilíngue, Libras como L2, Ludicidade.
80
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
41 UERJ - Julianafelicidade10@gmail.com
42 UERJ - aline.benvinda@hotmail.com
43 UFF- tathianna.libras.uff@gmail.com
81
surdos. Dessa forma, permitiu que o uso de materiais lúdicos contribuiu o ensino prazeroso e eficaz na
construção de conhecimento das educandas.
Referencias bibliográficas:
82
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
Letícia NogueiraBarreto44
Ludmila Veiga Faria Franco45
83
Referência Bibliográfica:
84
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
85
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Bilinguismo, Pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de
sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
VIANNA, M. et al. Design Thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2014.
CUREDALE, Robert. Design Thinking: process and methods manual. Design Community College
Inc., 2013.
TAVEIRA, Cristiane Correia. Por uma Didática da Invenção Surda: prática pedagógica nas
escolas-piloto de educação bilíngue no município do Rio de Janeiro. 365 fls. (Tese de doutorado –
Educação). PUC Rio, Rio de Janeiro, 2014.
86
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: Face ao processo de educação Inclusiva caracterizada por leis, a docência universitária
mostra-se como uma temática bastante importante, comaprovação da Lei nº 10.436 de 2002 e sua
regulamentação através doDecreto Lei nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, a Língua Brasileira
deSinais, apresenta-se como uma das línguas oficiais do país, sendo portanto,inserida como disciplina
curricular obrigatória em alguns cursosdiscriminados no decreto. Nesse contexto, o trabalho apresenta
um relatode experiência da aluna bolsistas do programa de desenvolvimentoAcadêmico, abordando
aspectos da interatividade entre ouvintes e acomunidade surda, como também a promoção da Língua
Brasileira deSinais- Libras no espaço acadêmico.A Educação Inclusiva no Brasil tem sido um desafio
, diante da falta deprofissional para tal inclusão. Vemos que para aprendizagem os recursos ainda
estão inadequados a comunidade surda, não apenas na escola mais na sociedade em geral,recursos que
o auxiliem no seu processo de comunicação com o outro, sejaele ouvinte ou não , até mesmo pela
falta de conhecimento de alguns pelalíngua de sinais.A comunidade surda vem sofrendo muito,
principalmente com a falta doreconhecimento familiar dificultando assim a sua comunicação dentro
do seu lar e estendendo a sociedade.Mediante essa falta de preparo hoje na educação Inclusiva, como
fruto doProjeto de Pesquisa: ―Educação de Surdos e ensino de Libras para ouvintes,criou-se a ação
Café e cultura: Libras em foco, cujo objetivo é divulgar a Libras, a surdez a comunidade surda nos
espaços acadêmicos; despertar ointeresse dos discentes e da comunidade local para a temática;
proporcionarencontro da comunidade surda e ouvinte no espaço acadêmico. Ametodologia utilizada é
através de pesquisa bibliográfica e exploratória. Osresultados obtidos até o momento são duas
atividades programadas erealizadas; o Cine Debate Libras, com o filme ―O milagre de
AnneSullivan‖, onde desenvolveu-se uma roda de conversa com opiniões econhecimentos sobre a
língua de sinais e a inclusão da pessoa surda nasociedade. E palestra com aluno surdo estudante de
Licenciatura em Teatroda Instituição Federal Fluminense-IFF, em que contará com a presença
desurdos e ouvintes no mesmo espaço para interação e trocas. Sem dúvidaspromover e divulgar a
Libras nos espaços acadêmicos proporcionará adesmistificação de conceitos e inclusão da
comunidade surda naUniversidade.
87
Referências bibliográficas:
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a LínguaBrasileira de Sinais (Libras) e
dá outras providências. Brasília, 2002BRASIL.Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Especial.Educação especial: Deficiência Auditiva. Brasília, 1997.
GESSER, Audrei. Libras? que língua é essa? crenças e preconceitos emtorno da língua de sinais e da
realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial,2009.
SCHEMBERG, Simone; GUARINELLO, Ana Cristina and MASSI, Giselle.Oponto de vista de pais
e professores a respeito das interações linguísticas decrianças surdas. Rev. bras. educ. espec.[online].
2012, vol.18, n.1, pp.17-32. ISSN 1413-6538. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382012000100003.
88
RELATO DE PESQUISA
89
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
RESUMO: O século XXI é marcado pela legitimação das especificidades culturais elinguísticas que
envolvem as pessoas Surdas e sua língua, a Língua Brasileira de Sinais(Libras). Isso se deve ao fato
da mobilização desse grupo minoritário em prol dareivindicação de seus direitos, do desenvolvimento
de pesquisas acadêmicas e do aportelegal, que promove uma série de impactos no sistema
educacional. A partir destaspolíticas linguísticas voltadas para a educação de Surdos, abriu-se espaço
para a Librasem ambientes acadêmicos, com a criação de cursos de Letras/Libras e o aumento
deSurdos frequentando a educação formal, ressaltamos aqui, em especial, no ensinosuperior
(GEDIEL, 2010). A Universidade Federal de Viçosa (UFV), por ter estudantes Surdos matriculados
no ensino superior, é um ambiente favorável para a pesquisa e paraa implementação de iniciativas e
de experiências didáticas e metodológicas envolvendoa Libras. Nesse contexto, a presente pesquisa
verificou as potencialidades e desafios queo uso das Tecnologias de Comunicação e Informação
(TICs) tem gerado no âmbito doensino e aprendizagem, a partir do Dicionário Online Bilíngue
Libras/Português quevem sendo elaborado pelo projeto Inovar Mais. Para isto, utilizamos a
experimentaçãofase-teste analisando a Interação Humano Computador (IHC)
(BARANAUSKAS,2003), combinada à etnografia e à observação participante. Assim, esta
pesquisainvestigou a viabilidade da utilização deste Dicionário na UFV junto aos estudantesSurdos da
instituição. Os testes contribuíram significativamente para o planejamento doaprimoramento do
protótipo e possibilitarão a efetivação do uso desta tecnologia emsala de aula, possivelmente
ultrapassando as fronteiras da UFV.
Referência Bibliográfica
90
ROCHA, H.V. da; BARANAUSKAS, M.C.C. Design e Avaliação de InterfacesHumano-
Computador. São Paulo:Unicamp,2003 [Capítulo 1: O que éinteração/interface humano-
computador‖, p.1-45 e Capítulo 3: ―Paradigmas dacomunicação humano-computador e design de
interfaces‖, p.101-157]
91
II ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES BILÍNGUES PARA SURDOS
92
garantias para uma educação Bilíngue e profissionalizante na prática, de certo, essas ações
facilitarão a acessibilidade para o mercado de trabalho pelo Surdo.
BIBLIOGRAFIA:
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) e dá outras providências. Brasília, 2002BRASIL. Ministério da Educação e do
Desporto. Secretaria de Educação Especial. Educação especial: Deficiência Auditiva.
Brasília, 1997.
93