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— Neoconcretismo : : ;
| o Vértice e ruptura do projeto construtivo brasileiro
Capa
Hélio Oiticica
Relevo espacial
(ver página 72)
1959 &DP3/2005
Compra
1050016655
ERO000360563
CEH/B
EN
Tinta industrial sobre madeira
86 x 29 em
Col. Ricard Akagawa
Direitos reservados à
E O Manifesto Neoconcreto
17 As “políticas” construtivas
De Stijl
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dessas é é
1 “2 O construtivismo soviético
1
31 Duchamp
q 55 Ruptura neoconcreta
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à 96 Notas biográficas
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106
bd
a Sara Angela
R. B.
Nota à segunda edição
Se há quinze anos, numa sucinta nota à primeira edição, o autor deste estudo já
advertia sobre a impossibilidade de revisá-lo, sob pena de acabar transformando-o
em outro texto, o que dizer agora, passados 25 anos de sua redação? Tudo o que
menor (a mente. Esta a verdade neoconcreta: ter sido o vértice da consciência construtiva
brasileira — produtor das formulações talvez mais sofisticadas nesse sentido — e
quites mes tati dd
mese da curdo maderes
oc simultaneamente o agente de sua crise, abrindo caminho para sua superação no
processo de produção de arte local,
Voltemos ao manifesto, ao programa inicial, para examinar a espécie de
intervenção que o neoconcretismo pretendia realizar no corpo da tradição cons-
trutiva. No defasado ambiente cultural brasileiro, as baterias neoconcretas esta-
- ZOO
vam então voltadas para o concretismo: promovia-se afinal a cisão, após uma luta
tt Exposição de
interna nem sempre surda ao longo de alguns anos. Essa luta, como se sabe,
Arte Neoconcreta
Rio de Janeiro 1960 tomou contornos geográficos explícitos — Rio de Janeiro x São Paulo. Mas, evi-
dentemente, não se passou nesse terreno. As explicações de Mário Pedrosa, giran-
do Jornaldo Brasil
do em torno do teoricismo paulista e do espontaneismo carioca, centradas até
26-27/11/1960
EO Manifesto Neoconcreto é claro: trata-se de uma tomada de posição crítica Capa do Suplemento sobre aspectos paisagísticos, são apenas uma manobra circunstancial, se não táti-
Projeto Hélio Oirnicica
Dominical
do Jornal do
ante o desvio mecanicista da arte concreta. Mas trata-se também de defender uma Rio de Janeiro ca, para evitar uma questão decisiva cujos contornos não estavam ainda claros.
Brasil 21-22/03/ 1959
arte não-figurativa, de linguagem geométrica, contra tendências irracionalistas de Diagramação de
qualquer espécie. Dadá e surrealismo são nominalmente citados como movimen- Reynaldo Jardim
tos retrógrados. Mondrian, Pevsner e Malevitch são os pontos
de referência bási- Col. Ferreira Gullar
cos: O texto delimita, assim, o que seria de início a área de operação nesconcre-
ta:as ideologias construtivas, com suas leituras evolucionistas da história da arte, Páginas 10 e 11
suas propostas de integração social e suas teorias produtivas. O neoconcretismo Manifesto Neoconcreto
1959
permanece interessado na espécie de positividade que está no centro da tradição
construtiva — a arte como instrumento de construção da sociedade.
do Jornal do Brasil
É nos limites dessa positividade que, em princípio, programa sua atuação. 21-22/03/1959
E é portanto nesse quadro que se pode analisar a sua intervenção — a validade e Diagramação de
Reynaldo Jardim
o interesse de suas proposições, a eficácia e, afinal, o indice de negatividade que
Col. Reynaldo Jardim
conseguiu impor em seu contato com a tradição construtiva. Sim, porque não
hã dúvida quanto
à origem construtivado movimento. A questão é estudar o
É
modo como ele se deu e como seguiu evoluindo,A especificidade neoconcreta
H
está, nesse plano,
em seu caráter contraditório. Circunscrito
em linhas geraisàs
Ns
ideologias construtivas,o discurso neoconcreto
E
é ao mesmo tempo, e de uma
maneira mais ou menos explicita, uma denúncia da crise dessas ideologias.
A
Preso às suas delimitações mais amplas, ele polemiza (pela própria
prática dos
artistas, inclusive) com seus postulados e opera de modo a rompê-los parcial-
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AMILCAR
DE CASTRO
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a T] Exposição do grupo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1955, Seria talvez um exagero afirmar que esses eabuhos estavam profundamen-
E
Tratava-se não apenas de transformar procedimentos, métodos e teorias de produ- nia social. Falavam para O novo mundo, para o novo homem
ção, mas tambem de repensar uma atividade cuja inserção social já não se fazia | Não é dificil imaginá-los, enfim, como representantes estéticos
%
mais “naturalmente” Era necessário reavaliar suas significações mais amplas. O vai
da utopia capitalista, conselho cultural de um sólido e liberal
desenvolvimento do modo de produção capitalista colocara em crise à posição tra- governo socialdemocrata
dicional da arte, ao mesmo tempo em que criara condições para 0 seu estabeleci-
Implicados nas malhas da ideologia do desenvolvi-
mento como atividade autônoma, com suas próprias instituições: rompido o esta-
mento tecnológico, na crença de uma progressiva ractonali-
tuto social da arte, rúmpia-se a própria arte como então se apresentava
zação das relações sociais, tendo como horizonte uma hipo-
A resposta da economia capitalista a essa mova situação foi à Organização
do téuica sociedade onde arte e vida estabeleceriam entre si vin-
mercado como o conhecemos hoje Um sistema com caracteristicas
particulares é culos concretos e descomprometidos com posições de classe,
destinado não apenas a absorver produtos de arte, mas
à solicitá-los, a orientá-los,
De Stijl, suprematismo, Cercle et Carré, Bauhaus e, mais tarde,
a dirigi-los. Um sistema com velocidade suficiente para acompanhar o processo
de produção e que funciona mais ou menos como
um pouco, a arte concreta estavam empenhados numa trans-
um aparelho ideológico: sua
formação do trabalho de arte que pudesse conciliar os interes-
função social é registrar e acumular os sentidos dos trabalhos para,
em seguida,
ses desse quadro De um modo geral, desloca-se à posição “ro-
—
mántica” do artista, pensado agora não mais como ser inspirado, restrito ao im-
ra semelhante, elas tiveram práticas até certo ponto diversas e permitem esclare-
bito mútic
da “criação”,
o e sim como produtor social especialOizado.
artista pas- cimentos teóricos fundamentais. Pode-se reuni-las, com um minimo de reducio-
sa à ser um produtor estético (ainda estético), com autoridade delegada pela
nismo indispensável a qualquer trabalho teórico, sob o mesmo título, mas não
coletividade
esquecer suas especificidades mais significativas. Parao nosso interesse atual im-
Momento, como dissemos, positivista, A vontade de construção (o vouloir
portam em especial as diferenças políticas e as diferenças produtivas entre elas.
comstr
de Torres-Garcia)
uire deveria erradicar os fantasmas que ainda envolviam
E estas podem ser detectadas, em linhas básicas, numa análise comparativa
entre
aarte Era à razão, no campo agora da formalização artíst em seuica,
conhecido o construtivismo soviético e os movimentos ocidentais Tentemos extrair essas
esforço para eliminar os residuos do pensamento pré-científico. As tendências
diferenças.
construtivas se colocavam resolutamente ao lado da civilização tecnológica na
luta pelo domínio da natureza e pela raciona doslização
processos sociais. O que
havia de especificamente transformador, para a produção de artes, era basicamen-
te sua afirmação do caráter racional, não metafísico, da arte e à investigação que
abriu nessa direção
Pouco importa que as “idéias” de muitos arústas construtivos (como as de
Mondrian, de teor teosófico) estivessem no registro do delírio religioso, ou que
produções como o Monumento à Ill Internacional. de Tatlin, fossem inviáveis
concretamente, o que contou foi a disposição positiva com que enfrentaram a
produção da arte e o seu esforço para formular métodos e sistemas que sobrevi-
vessem ao próprio produto como autênticos conceitos estabelecidos ao longo de As “políticas” construtivas
um trabalho de conhecimento. Esses conceitos unham como objetivo principal Theo van Doesburge A afirmação de que essas diferenças eram resultado da radical diversidade social
assegurar a sequência da investigação em arte em bases inteligentes e socializa- Cornelis vam Eesteren
entre os dois contextos é óbvia. Mas não é apenas óbvia: é, do ponto de vista do
das. Ainda hoje permanecem até certo ponto pertinentes na luta contra a idéia da Projeto para a Casa
Rosenberg 1923 método, obrigatória. A análise de qualquer tendência construtiva tem de situar-
arte como produto arcaizante, região social retrógrada, mais ou menos análoga à se no centro da montagem política cultural, isso porque, mais do que qualquer
da religião, onde são investidos sobretudo desejos de um tipo sublimado, culpa- outra tendência, esta se caracterizou por suas relações diretas com a politica cul-
dos e culpabilizantes, desempenhando uma função regressiva é reacionária tural dos Estados, com a disponibilidade
do sistema em admiti-la como agente de
As tendências construtivas em conjunto representavam acima de transformação estética do ambiente. A variação nas posições estatais em face da
tudo uma
ação no sentido de repropor um lugar social para
a arte Mas um lugar de fato 20 arte é determinante no seio dos projetos construtivos, no modo como vão evo-
sol, do lado das realizações práticas, e não mais à sombra,
pero do sonho e do luir como proposta: se adotam uma perspectva claramente reformista e utalitá-
inconsciente, num terreno mítico. Para isso, transformaram a estética ria, se tendem a um utopismo especulativo ou se politizam a arte e buscam trans-
num ramo
do saber prático, com aplicação cotidiana, isto é, tentaram ao formá-la numa arma ideológica.
máximo conquis-
tar essa posição em seu contato com os estad e as instituições
os Para os artistas construtivos ocidentais
= de Mondrian e Van Doesburg até
É necessário entretanto distunguir as várias Posições em jogo
no interior Max Bill e os concretistas =, o trabalho de arte só podia ser pensado como inser-
das chamadas tendências construtivas Presas, como acreditamos, à uma estrutu-
ção social sob duas formas: de um modo especulativo e sublimante (é o caso dos
"
delírios vagamente platônicos de Mondrian) e/ou visando uma integraçãoquase
mo quase espiritualista de seus postulados para um
necessariamente acrítica no processo de produção vigente (Bauhaus em parte, icms fonts, nilimo o ppedo À à
Escola de Ulm). Quer dizer: ou bem se aceitava operar nas bases alienadas pres-
Apesar do inegável avanço que representou enquanto cri-
critas pelo estatuto da arte, imposto mais ou menos com a Revolução Francesa —
tica à metafísica decadente do expressionismo,
é claro que o
e nesse caso o projeto construtivo ficava comprometido —, ou se tomava lugar nã
grupo De Sújl não escapou, também ele, da metafísica. Manti-
indústria, os artistas corréndo o risco de agirem diretamente em função do siste-
nha-se no âmbito do mesmo humanismo expressionista; a po-
ma, transformados
até em seus agentes modernizadores.
sição de seu desejo é que era diferente: em vez de uma arte con-
É claro que essa visão esquemática não capta todas as nuanças das posições
soladora, subjetivista, presa ao terreno da terapia particular, ele
em jogo. Mas oferece base para a abertura de um processo de investigação críti-
projetava uma ordem miticamente objetiva, calcada em delírios
ca sobre as tendências construtivas, principalmente em torno de suas conquistas
simétricos, que representava sobretudo uma intervenção pater-
sociais. Não há dúvida quanto à pertinência das críticas recentes a seus postula- nal sobre a sociedade, a imposição de uma razão autoritária. E aí chegamos ao
Piet Mondrian
dos, classificando-os como invencivelmente reformistas. De uma maneira ou de Broadway B Wioogi
aparentemente misterioso ponto de contato entre o idealismo espirtual e o
outra, 05 projetos construtivos ocidentais estão identificados com uma posição 1942-43
funcionalismo, com sua conhecida mecanização das relações sociais e sua con-
política específica: a socialdemocracia. É necessário, entretanto, estudar mais a cepção positivista da sociedade. Não deixa de ser revelador que todos os postula-
fundo as manobras e os mecanismos pelos quais isso se deu. O presente ensaio dos do grupo De Stijl fossem adequados a uma sociedade paternalista e autoritá-
pretende, entre outras coisas, introduzir essa questão em nosso ambiente cultu-
Plet Mondrian ria; a negação da subjetividade — tomada apenas e tão-somente como terreno do
Tal e contribuir para um estudo mais concludente sobre as margens políticas e Composição
n.º 3 197) confuso e do informal —, a ênfase na ordem horizontal/vertical
(o rompimento
ideológicas de intervenção
construtiva no Brasil
de Van Doesburg com Mondrian ocorreu em função da opção do primeiro por
introduzir em seus trabalhos a diagonal...), a busca de um idioma universal, a
grande Forma que estaria além das especificidades
locais etc.
De Stijl Não se trata de negar a contribuição de um artista como Mondrian para o
a
processo de rompimento dos esquemas formais dominantes e, consequentemen-
Analisemos os termos do programa do grupo reunido
te, do estatuto vigente da arte na sociedade, mas de situar a área de funcionamen-
em torno da revista De Stij], fundada em 1917, na Ho-
to transformada de seu dispositivo e a margem em que se manteve preso às estru-
landa. Este nos parece, hoje. uma jóia do pensamento turas estabelecidas. O fato de só conseguir formular suas teorias de produção em
idealista. Criar um idioma plástico universal, baseado
bases metafisicas, no interior do círculo mágico da arte e fora da História, obri-
na estruturação vertical/horiz e do ontal,
qual estaria ga a uma leitura que detecte suas ambigiidades no registro correto. À meu ver,
banida a maior dose possível de subjetividade, era
o precisamente, no seu recalque do político e na sua dependência do plano tradi-
seu “platônico” desejo. Os artistas da De Stijl
se mo- cional da estética — a arte não era pensada como prática de conhecimento inse-
viam em torno de algo como à Harmonia
do Universo rida num quadro político e ideológico, mas como busca, como aventura espiri-
€ acreditavam caminhar no sentido da formulação de imanências universais.
descoberta de tual, no máximo como
suas leis. O curioso É que a arquiterura desse pessoal
(Yan Doesburg, Rietveld, Van Eesteren) saía do
idealis-
res
gumas décadas, o que significava precisamente a participação
A Bauhaus
na primeira dos artistas na produção: o final de suas preocupações com as
o momento sem dúvida mais
representativo da questão construtiva
funções da forma enquanto prática estética e organizadora, e
metade do século
em 1919, duranteà Repú-
fos à Bauhaus. Desde sua fundação
1933, com a ascensão do o ingresso numa área de competição e de apelo ao consumo,
hlica de Weimar, na Alemanha, até seu fechamento em
ao a forma representando uma pressão autoritária e classista,
nazismo, à Bauhaus foi a sintese das ideologias construtivas na arte pós-cubista,
transformada em dispositivo de distribuição de status O so-
mesmo tempo em que tencionava estabelecer-se como um posto avançado da
nho do design, o seu projeto de “espiritualização” do cotidia-
dessas ideologias na sociedade. Era um projeto amplo que incluia à
penetração
no,
o seu desejo de criar uma transcendência para o ambien-
criação de métodos didáticos de transmissão da arte e possuia, implicita, uma pro-
. te moderno, revelaram-se afinal como o resultado de um ra-
posta prática de integração social da arte. Tratava-se, em linhas gerais, de fundar
EE POPA EE ciocínio grosseiramente positivista e pequeno-burguês. Fo-
uma estética da civilização contemporânea que viria à informar todas as suas ati-
” ram assimilados pelo sistema enquanto agentes mecânicos da
idades O objetivo era a utilização racional, humana e esteticamente progressista
repartição do espaço social em níveis de consumo, em mun-
dos amplos recursos industriais
modernos. A arte deixaria, afinal, o seu tradício-
dos tangenciais que manipulam o desejo das classes segundo o impérativo da as-
nal terreno especulativo, ingressando na tarefa de organizar o meio ambiente.
cando pon paia censão. E servem a uma estratégia do capitalismo contemporâneo de canalizar as
Sinônimo de racionalismo no campo das artes (apesar de abrigar artistas exposição da Bauhaus E
singularidades, mesmo as perversas, para O interior dos dispositivos de consu-
como Klee e Kandinsky), a Bauhaus tornou-se também uma espécie de posição em Weimar 1923
mo, produzindo o simulacro da libertação sexual, por exemplo.
“natural”, moderna e progressista, quando se pensa na relação arte e sociedade.
A partir do design é possivel fazer uma análise das ideologias construti-
Como atesta a Escola de Ulm, com os anos 50, os principios básicos que nortea- Alfabeto “universal”, vas e de sua profunda cumplicidade
com a própria sociedade dentro
da qual pre-
ram à ação da Bauhaus permaneceram como o horizonte da prática e dos inte- Baúhaus 1926 tendia operar transformações. O processo critico da Bauhaus está em pleno cur-
so e se concentra, muitas vezes. na própria essência de sua política cultural. Ve-
jamos o que diz Comunicación em seu volume sobre a Bauhaus:
sas de integração
emo
do trabalho de arte na
| abedefghi László Maboly - Nagy “Identificando a marginalidade real do artista com a argumentação ideológr-
Jxlmriopqr
produção industrial. as premissas funcio: agudo tivos ca do romantismo oficial,a Bauhaus pensava construir uma alternativa racio-
Bauhaushauten,
de
Baleias que prescreviam à paracipação do Gropius, da coleção malista adequada às exigências de “humanização” da tecnologia industrial Uma
STUVUXUZ
artista na prática de construção do novo Bauhausbúcher 1930 arte racionalizada era a garantia do compromisso social e o único meio de
ambiente, anda eram o móvel princip salvar “o lamentável abismo entre 4 realidade e o
al
das propostas construtivas em sua idealismo” (Gropius). As contradições
dessa coloca-
tentati- e, img ço Rino
sa de estabelecer uma função positi
va pa
EEca=- e ção começam com o uso instrumentalizado, meta-
Fa 4 AMe DO espaco social
“
como a arte deveria se inserir socialmente e em que direção,
e o modo como seria produzida, em oposição aos seus tra-
ee setabra
near da humanidade em uma civilização científica e tecnológica. rios soviéticos lutavam para transformar a arte num instrumento social cuja prá-
(páginas do livro
ma
Ao contrário, o construtivismo soviético evoluia num ambiente que força- Ampresso em 1922) tica estaria ao alcance de todos = do desejo de todos — desobstruida por insti-
va à uma atitude política ante o trabalho de arte. Tratava-se
de colocá-la em algu-
sa
”
Limites do projeto construtivo ponto de vista em que se coloca o observador
Assim, Kurt Schwitters, dadaista,
tinha evidentes ligações com o projeto construtivo; Jean Arp foi dadaista e expôs
Reconstituído rapidamente o trajeto construtivo inicial, em cuja segiência o con- sempre ao lado dos surrealistas e dos construtivistas.A distância entre os movi-
cretismo e o neoconcretismo tomam lugar, é possível discursar sobre Os seus mentos deve ser estabelecida a partir de considerações mais amplas, da ordem de
limites enquanto teoria de produção e enquanto proposta de ação cultural. O uma política cultural.
limite das tendências construtivas, emergindo como afirmação da racionalidade As tendências construtivas, é claro, tinham de início uma posição de lei-
e da crença no progresso, o lugar a partir do qual perdem a inteligência da situa- tura da história da arte bastante pertinente. Posição ligada entre outras coisas ao
ção, foi representado historicamente pelo dadaísmoe pelo surrealismo (em que movimento continuo do saber ocidental no sentido da cientifização de seus pos-
pesem as significativas divergências entre eles). Dadaismo e surrealismo são “o Jean Arp
túlados — da progressiva consciência, digamos, epistemológica da necessidade
Ligrimas
de Enak
outro” das tendências construtivas. Pode-se analisar esse par — construtivismo
(Formas terrestres) de formalizar com rigor os dados de cada área do conhecimento. O seu desejo
(no sentido amplo), de um lado, dadaismo e surrealismo, de outro — como res- 1917 era sobretudo regular, objetivar, esclarecer e, afinal, aplicar. Mas, apesar de for-
postas culturais articuladas de modo diverso tendo em vista uma mesma situa- marem o chamado “movimento moderno”, apesar de seu projeto moderniza-
ção; a falência dos valores (estéticos, filosóficos, morais) do século XIX e o con- dor, apesar da valorização do experimental na manipulação das linguagens e do
fronto com a realidade não-ortodo xa, que explodia
a realidade os limites do seu ataque aos esquemas dominantes, permaneciam claramente presas à racio-
raciocínio vigente, do século Xx. Jean Arp
Formas expressivas 1932 nalidade e ao humanismo liberal típicos do século XIX. A prova disso é que
Seria simples demais, seria belo demais reduzir mais uma vez um antago-
IS
mesmo suas manifestações mais tardias — já na
núsmo cultural à um par que afinal se autocomplementaria: as tendências cons- década de 50 — não conseguiram assimilar em
trutivas representando a tradicional corrente apolinea, e o dadaísmo e o surrea- | seus dispositivos duas teorias fundamentais do
lismo, à corrente dionisiaca. A posição de estudo mais produtiva parece ser, no século XX e que se caracterizaram justamente
caso, analisá-las enquanto tentativas relativamente incapazes
de compreender é por romper com os limites do século XIX:
as te-
agir sobre uma situação que escapava visivelmente em muitos pontos a seus pro-
orias de Marx e Freud.
gramas É preciso pensar as margens desses movimentos — o branco que se inter- De um modo geral, o projeto construti-
pôs entre eles e a realidade sobre a qual operavam = assim como assinalar as suas
vo se imaginava
a continuação do sonho
do sé-
positividades e as possibilidades que inauguraram. Não é possível analisar exten-
culo XIX, transportado para o domínio da cul-
samente aqui as diferenças entre eles; vejamos apenas as suas direções.
tura e da arte. Não havia propriamente um
A racionalidade funcionalista dos construtivos percebia as propostas
rompimento em relação ao mundo do sujeito
q
dadaistas e surrealistas como o prolongamento do conteúdo metafísico
dos cartesiano, ao mundo da “objetividade” ideo-
expressionistas e de seus esquemas formais retrógrados. Detectava, com e
muita lógica e da razão: as transformações construti-
propriedade, os vínculos que ligavam essa vanguarda às concepções
expressionis- vas eram locais, ocorriam no interior das lin-
tas, às fronteiras conceituais e ideológicas dessas concepções. Daí rejeitá-las
guagens, não alcançavam o estatuto social des-
enquanto formulações culturais e situá-las como focos de reação à uma mentali- sas linguagens enquanto práticas. O seu desejo
dade artística progressiva. É óbvio que isso não se passava no plano das obras de
social ou bem era da ordem do utópico, se não
artistas isolados — é sempre possivel lé-las de maneira diversa, dependendo
do do delirante, ou aspirava a uma integração fun-
v
ctonal no inodo de produção dominante. A ins- em relação à sociedade— como trabalhadores especializados, tinham um contato
crição construtiva
não era, a rigor, crítica. distante com a política, que permanecia um ideal, muitas vezes um ideal socia-
Isso explica em parte à sua incapacidade
es- lista, diga-se. Para esses ingênuos racionalistas, cultura era principalmente um
trutural de compreender
aspectos do surrealismo fator de progresso da civilização, e não um espaço social onde ocorriam transfor-
e, especialmente,
do dadaismo (e de Duchamp em mações ideológicas. O desejo revolucionário que estava em jogo no dadaismo e
particular)
no registro correto. Foram esses aspec- no surrealismo, que levava à concepção de manobras criticas que procuravam
tos, fora de dúvida, que serviram de suporte à (também ingenuamente, é claro) atingir o conjunto do campo social, só esteve
emergências criticas surgidas
mais ou menos com presente (e sob formas bem concretas) no construtivismo soviético, As tendên-
os anos 60, uma parte delas recebendo inclusive o cias construtivas ocidentais limitaram-se praticamentea fazer reivindicações. E
rótulo
de neodadaísmo. Estão relacionados sobre- nos moldes vigentes.
tudo com um desejo de explodir a arte enquanto De um modo geral, os agentes construtivos exorcizavam o “outro” dadais-
prática social sublimadora
— e conformista — e de mo e o “outro” surrealismo com uma palavra mágica: romantismo. Reduziam as
se colocarem numa posição de combate contra a própria ordem social. Na ori- Kurt Schwitters complexas expectativas, positividades e fracassos deles emergentes a simples resi-
gem do desejo dadaísta e surrealista estava a recusa à pensar à arte e a literatura Merz (com as lótras duos românticos, a sobrevivências anacrônicas causadas por alguma falha essen-
“elikan” repetidas) cial em perceber o espirito moderno, a evolução da sociedade e da industrializa-
— a cultura mesmo — fora do contexto social e político e até de estabelecer uma
1925
reflexão autônoma para cada disciplina. Eram até certo ponto irredutíveis ao seu ção. O próprio Manifesto Neoconcreto, em pleno ano de 1959, classifica o “par
corpo de idéias e às suas próprias produções,na medida em que aspiravam a um maldito” de retrógrado e reacionário. E, sem dúvida, as coisas não são tio sim-
movimento de transgressão e violência que os ultrapassava. ples e fáceis de resolver.
Havia algo no dadaismo, por exemplo, que fazia parte da necessidade de Não há dúvida de que, no campo da produção visual, o surrealismo sem-
escapar ao cerco da racionalidade ocidental. Seria, por assim dizer, o heterogêneo, pre se caracterizou pela manutenção de esquemas formais gastos e ligados à
o selvagem, o gratuito e irracional que tinham paradoxalmente uma função ideo- ordem perspectivista A grande positividade do movimento construtivo foi
lógica evidente: significar uma posição crítica global perante o sistema. O que o empreender a liquidação dessa ordem e com isso permitir o surgimento de lei-
dadaísmo colocava em xeque não era apenas a linguagem da arte, ou à função da turas contemporâneas aos sistemas de significação específicos da sociedade mo-
arte, mas sobretudo o estatuto da arte, 0s modos de relação vigentes entre derna. Enquanto o retórico surrealismo privilegiava a metáfora como recurso de
o tra-
balho de arte e-a vida social, As utopias surrealista e dadaista (nesse ponto representação, os construtivos lutavam justamente pará romper o espaço metafó-
é sem-
pre possível aproximá-las) difere radicalmente da utopia construtiva: esta rico em que estava encerrada a pintura e para estabelecer uma teoria da produ-
última
respeita, em linhas gerais, a lógica capitalista, o seu móvel é a racionalização ção visual, desligada já da representação. Enquanto o surrealismo mantinha-se
e a
humanização das relações sociais vigentes; a primeira está ligada confusamente vinculado a uma concepção mítica do trabalho de arte, os construtivos represen-
à
um projeto revolucionário, no mínimo à uma luta contra as estruturas tavam um esforço para torná-lo uma produção metódica, compreendida e trans-
de poder.
Às tendências construtivas, à exceção do construtivismo soviético, mitida como linguagem especifica.
eram o
próprio-resultado de seu trabalho. Buscavam a delimitação Masé impossível ig a operação lista no conj do campo cul-
de um campo opera-
cional e o reconhecimento social para a autonomia desse tural. as questões levantadas pelos dispositivos críticos de Breton e Bataille tornam
campo. Nos limites em
que se propunham era impossível a seus agentes se posicionarem criticamente muitas vezes infantis e reformistas as teorizações de Seuphor ou, mais tarde, de
28
Max Bill. Um 'pintor tão aparentemente acadêmico como Magritte é hoje uma
abertura tão importante de ser estudada como a de Mondrian, por exemplo. O que
à linguagem dadá e a linguagem surrealista falavam só podia ser calado pelas ten-
dências construtivas: significavam o-escândalo, a morte da razão, o pessimismo DE E SEE aa E
ideológico, a descrença no progresso linear que tentavam construir. Para além,
muito para além dos seus inócuos frutos underground, e obviamente de sua ex-
ploração pelos mass media (seja o de Salvador Dali, seja o da indústria cultural
norte-americana), o surrealismo colocou questões decisivas, para a prática da arte
inclusive: a questão
do desejo na produção, a relação
arte e política, a solidarieda-
de da instituição arte com a ordem burguesa, o inconsciente freudiano etc.
Por meio do surrealismo, às tendências construtivas recalcaram o pensa-
mento de Freud. Ficaram à margem do radical deslocamento do sujeito cartesia-
no trazido pela psicanilise, presosà antiga concepção racionalista do século XIX.
Marcel Duchamp Marcel Duchamp, evidentemente, não poderia ser um artista construtivo (embo-
Se de certo modo os surrealistas leram mal Freud — “romantizaram” Freud—,
os Standard Stoppages ra não fosse surrealista, apesar das ligações com Breton). Estava colocado desde
construtivos não chegaram a ele. E seguiram atrelados a uma idéia mecinica
(às 1913-14
um ponto de vista crítico diante da arte, entendida já como instituição social que
vezes delirantemente mecânica), objetivista, do processo de produção
em arte: o
possuia leis próprias e cumpria determinada função. Pensava o museu como algo
sujeito-artista que se pode reconhecer implicitamente em seus
projetos é o
mais do que um repositório de obras, a própria moldura da presença social da
mesmo sujeito da ciência do século XIX, dominado pela ideologia
do saber obje- arte.À ruptura de Duchamp está em sua própria posição perante a arte — no ato
tivo e inconsciente das implicações decorrentes de sua própria
posição na produ- mesmo de pensá-la enquanto sistema integrado ao campo ideológico da socieda-
ção desse saber. Pode-se dizer que as tendências construtivas
substituíram a con- de, Não só jamais se questionou sobre uma participação da arte na realização do
cepção romântica e mítica do artistá inspirado — o idealismo
clássico — por outra, novo ambiente — cerne do projeto construtivo = como descartou-se do mito da
empirista: a idéia do artista como produtor especializado,
sem outras transcen- pesquisa formal: por compreender as regras de funcionamento da instituição-
dências ou implicações.
arte, Duchamp não investigava formas para o objeto de arte, pesquisava direta-
Essa concepção “positivista” da prática artística
impedia a compreensão mente formas de fazer arte. Formas de transformar suas idéias em produtos artis-
rigorosa do seu significado nas sociedades capitalistas do século ot. Falhava de int.
ticos que tivessem um diálogo eficaz com a instituição.
io em não perceber posição da arte no conjunto do campo cultural e stias impli-
O sujeito-artista Marcel Duchamp não é sem dúvida mais uma vitima da
cações ideológicas. Não chegava a imaginá-la como algo além de um exercício ideologia do saber racional do século XIX: sabe que está implicado num modo de
estético,
ou de Ara visual. Isto é, não conseguia enxergá-la como aquilo
conhecimento que não se desenvolve alheia e platonicamente ãos seus vínculos
Aue era: um dispositivo, uma instituição, um circuito mais ou menos fechado sociais; sabe que ser artista é tomar parte em um jogo com regras estabelecidas e
com história formalizada (a famosa história da arte) e um mercado específico. ,
que a arte é resultado de investimentos sociais concentrados sobre certa ativida-
de, que não pode ser definida por operações técnicas, mas que pode ser indivi-
dualizada, sem confundir-se com as ciências físicas ou, digamos, com a culiná-
ria. Daí a possibilidade de compará-lo com Marcel Mauss como faz Marc le Bot:
- queo impedia de comp der politic o sentido de sua prática.
O obje-
miiseu, deriva
“Sua iniciativa, quando inventa o readymade e o introduz no to de arte se tornava, para o seu produtor, o lugar onde se projetavam confusa e
à sua
de alguma maneira da sociologia ou da emologia experimentais. Porque
imaginariamente as questões levantadas pela sua própria prática e que só podiam
démarche, naquela data, parecia dar razão ao que Marcel Mauss dizia em subs-
emergir daquela maneira - como projeções inconscientes, como indagações me-
tância no mesmo momento: que era objeto de arte aquele que o grupo social
tafisicas etc.
reconhecia como tal no seu sistema de valores.” (L'Arc, “Marcel Duchamp”)
As tendências construtivas pareciam não se dar conta do caráter instítucio-
À posição do sujeito-artista Marcel Duchamp e possivelmente a posição nal, sistêmico, da arte na sociedade contemporânea. Ao combaterem o antigo
diante do diapositivo-arte que se pode extrair do dadaismo representam um estatuto social da arte — sua “irrealidade” — e postularem uma participação ativa
passo adiante com relação às colocações construtivistas, Um passo adiante em
na vida e no ambiente, pareciam se esquecer do mercado, por exemplo. Previam
direção ao entendimento materialista da prática da arte na sociedade contempo- uma dissolução da arte nos vários setores da produção industrial que não chegou
rânea, seus limites e sua possivel eficácia ideológica. Entre outras coisas, o dadais- sequer a se esboçar na realidade Sem dúvida, sua produção informou decisiva-
mo inaugurou uma velocidade experimental, uma mobilidade com vistas à cria-
mente a arquitetura e o design, mas é necessário atentar para o nivel em que is-
ção de novos esquemas, que acabou por se tornar para O artista contemporâneo so ocorreu. O projeto global de “organizar a vida” não resultou em programa
uma necessidade imediata: é sua obrigação andar mais depressa do queo merca-
prático de nenhum governo, nem sensibilizou as indústrias de um modo geral
do, aprofundando o seu trabalho, de modo a adiantar-se ao inevitável processo
(a não ser, é claro, a própria indústria do design). É tornou-se, portanto, um
de absorção e transformação ideológica de seu produto,
ideal, um horizonte mais ou menos distante na sequência do trabalho dos artis-
a ii
Duchamp, por sua vez, introduziu radicalmente uma inteligência estraté-
tas. Com isso, sua prática permaneceu defasada e presa ao mesmo registro social
gica no centro do próprio processo de produção de arte, antes confinado à uma
por onde passava a prática dos expressionistas, por exemplo. O objeto de seu tra-
posição idealista, a uma relação indevassável entre o produtor e o produto. Essa
balho seguiu funcionando do mesmo modo e estabelecendo com o seu produtor
relação obedecia à lógica seguinte. O contato com o conjunto de fatores
externos o mesmo relacionamento fantasmático: paradigma de algo irrealizado, futuro, es-
que permitiam a produção era vivido fantasmaticamente, por
meio das proprie- pecular, murmúrio prenhe de significações mal formuladas, imaginárias, regres-
dades do objeto. A arte como instituição social, como história, Marcel Duchamp
se impunha auto-
Why nor Sneeze Rrase sivas até.
ritariamente ao seu servidor e mascarava as verdadeiras relações
que mantinha Sélavy 1921 É claro que nem Duchamp nem os dadaistas escaparam dessa situação. Mas
com ele. O sujeito-artista ficava colocado nu-
ma posição em que tudo o que podia fazer tampouco acreditavam que poderiam, nem basearam sua atuação nessa crença.
que não se aprese que está se revelando muito mais produtiva desde a década de 60. Permitindo, se
comonta
tal. Mesmo
vaas
rupturas que por acaso levasse à efeito nos não a positividade transformadora prescrita pelos construtivos, uma negativida-
esquemas de representação permaneciam de crítica, uma inserção do trabalho de arte no campo dos conflitos ideológicos
simples contindouid e sua instrumentalização nesse sentido. O interesse das posições de Duchamp, do
ponto ade
de vistasda
estrutura da institui O artistação. dadaismo e até do surrealismo está provado pelo próprio desenvolvimento da
vivia, en-
fim, o seu papel social por meio de um sis- produção
de arte da segunda metade
do século: determinaram transformações
tema de mediação opaco — a instituição-arte nas linguagens e nos objetivos até mesmo de tendências construtivas. Como
acorreu com o próprio neocôncretismo é o que tentaremos demonstrar.
mn
33
intelectuais, como membros da classe média, sofreram nesse sentido. Qualquer
projeto de vanguardaé sempre um esforço para compreender
e evoluir com uma
situação. Por que então uma vanguarda construtiva? Esta é a questão básica para
a construção da história daquele periodo.
Hã, inicialmente, uma resposta limitada ao próprio desenvolvimento da
arte enquanto linguagem e enquanto produtora de esquemas formais relaciona-
dos ao processo de leitura e percepção da realidade. Pode-se dizer que O interes-
se dos artistas brasileiros pelas formulações construtivas significava de certo
modo um primeiro contato, mais articulado e inteligente, com as transformações
operadas pela arte moderna nos esquemas dominantes. Até certo ponto, não havia
uma arte moderna no Brasil: não se tinha compreendido ainda de todo as opera-
ções levadas a efeito pelo cubismo e a partir dele. Tarsila, Di Cavalcanti, Cícero
Vanguardas construtivas no Brasil
Dias, Guignard, Portinari são a rigor pintores pré-cubistas, mesmo que alguns
Teorizar sobre os efeitos do concretismo e do neoconcretismo no Brasil, nos anos Vladimir Tatlim deles tenham incorporado inteligentemente elementos cubistas às suas produ-
50 e 60, é uma tarefa parcial e insuficiente A questão decisi
no caso,
va,é apro- Contra-redevocio cs ções. Estavam aquém da radical transformação proposta pelo cubismo, permane-
fundar um estudo histórico acerca da penetração e influência das ideologias 1915 ciam presos, independ e da e do i
qualidade de seus trabalhos,
construtivas no país, desde a década de 30, com a formação da moderna arqui- aos antigos esquemas de representação. E uma leitura não anedórica da história
tetura brasileira, até a explosão neoconcr da arte moderna é algo que deve se dar ao nível dos conceitos e das rupturas pro-
eta
nos anos 60. Um estudo dessa ordem
é que viria informar substancialmente as análises das emergências
particulares duzidas Sá dqrdã de representação, e não ao nível de uma sequência crono-
ocorridas no quadro em questão. E viria determinar, com rigor, lógica ou das transformações aparentes
os seus efeitos
«sobre o ambiente cultural brasileiro e a encontrar os vínculos. A arte moderna começa com a ruptura do espaço organizadoa partir da
socioeconômicos
que motivaram essa penetração. perspectiva é segue como uma constame interrogação sobre a natureza da rela-
No ponto em que estamos — quase no ponto zero, uma ção quadro/realidade. Cézanne levado adiante pelos cubistas é um questiona-
vez que não houve
um trabalho teórico nessa direção — é possivel apenas analisar os conceitos bási- mento dessa relaçãoe funda uma nova posição do artista ante o quadro. Os vin-
£os em jogo no par concretismo/neoconcretismo, culos estabelecidos entre o trio artista/arte/real ficam desfeitos, passa a ser neces-
buscar situá-los num quadro
de referência mais amplo e iniciar um questionamento sário repensá-los. Ao romper o esquema representacional vigente, a arte moder-
crítico do seu percurso na
história da produção de arte do.Brasil E, é claro, na desloca o eixo de observação tradicionalmente fixado para o sujeito-artista,
assinalar as significações (e dis-
cuti-las) da ruptura neoconcreta com alguns este gira agora não mais em torno de uma simples relação arte-realidade, me-
postulados do concretismo.
agora como
A formação mais ou menos simultânea, diante as convenções, mas em torno da relação artista-arte, tomada
no campo das chamadas artes ao da ciên-
visuais, de uma vanguarda de linguagem modo de conhecimento especifico. Processo mais ou menos análogo
geométrica no Rio de Janeiro e em São
Paulo, no início dos anos 50, obedecia cia em sua superação do empirismo.
à razões sem dúvida mais significativas
que simplesmente o entusiasmo
do Nem tudo o que se chama arte moderna, é claro, cabe
nessa denominação.
por recentes exposições de
rompimento do ca-
Enquanto Tatlin, por exemplo, compreendia corretamente o
Max Bill, Calder,
Mondrian. O que contou foram
as pressões estruturais que os
nossos artistas «
35
ráter metafórico por parte do trabalho de
arte do século XX e construia seus contra-re- Europa desde logo dois jovens artistas que de lá não
levos = sem espaço interior, metafórico, fun- mais voltaram: Mary Vieira e Almir Mavignier. E fez gras-
cionavam como elementos do próprio am- sar entre os que aqui estavam uma tendência geométri-
ca inequivoca e Os conceitos construtivos implícitos
biente onde se inseriam —, pintores tão enal-
nessa tendência Enquanto
à Europa e os Estados Unidos
tecidos como Rouault e Chagall nada mais
começavam a mergulhar no informalismo, na América
faziam do que retornar a uma concepção re-
Latina,o Brasile a Argentina em particular retomavama
presentacional,
a uma idéia da arte como ex-
tradição construtiva e transformavam-na no seu projeto
pressão de conteúdos subjetivos que agiam de modo manifestamente conserva- Kasirmir Malevitch
de vanguarda.
dor. O que não impediu, por certo, que fossem chamados de modernos. Arkhirektonik 1926-27
Essa tradição construtiva tinha como represen-
No Brasil, pensamos, a arte moderna, em seus conceitos fundamentais, só
tante internacional máximo à arte concreta de Max
veio de fatoa ser compreendida é praticada a partir da “vanguarda construtiva”,
Bill, a última das formulações construtivas importantes
Tarsila, Di Cavalcanti, Guignard, Portinari, entre outros, realizaram a passagem e a arte concreta
da primeira metade do século. Sobre o passado dessa tradição,
tiveram uma atuação mais ou menos semelhante à dos grupos que precederam
(1936) pretendia operar duas transformações /continuações básicas: a incorpo-
na Rússia o surgimento do suprematismo e do construtivismo, como relata
ração radical de processos matemáticos à produção artistica — levando às últimas
Camilla Gray Foi na década de 50 que o meio de arte brasileira começou a lidar
consegiências as idéias de um Vantongerloo, por exemplo — e o estabelecimen-
com às conceitos da arte moderna € as implicações deles advindas, seja critica ou
to, com suportes mais firmes. do projeto construtivo de integração da arte na
produtivamente. E é a partir do contato com esses conceitos que vão se produzir
sociedade industrial, resultando na abertura da Escola de Ulm (Escola Superior
Os discursos concretos e neoconcretos, com a intenção explícita de levá-los
da Forma) em 1951.A arte concreta se pretendia uma espécie de consciência da
adiante
idade adulta das tendências construtivas - uma sequência do movimento
De inicio, a formulação básica do concretismo plástico brasileiro é à espe-
moderno, fortemente abalado depois da Segunda Guerra Mundial — e represen-
aificidade da arte enquanto processo de informação, sua irredutibilidade aos con- tava a saida tipica para essas tendências nas sociedades capitalistas contemporá-
teúdos ideológicos e a objetividade de seu modo de produção. Waldemar
Cor- neas. Do ponto de vista teórico, as formulações de Bill são pouco mais do que
deiro, lider, até certo ponto, dos pintores concretos de São Paulo, dizia: um arremate e uma síntese do que já se vinha pensando nessa direção: retoman-
“A parcialidade dos românticos, que pretendem fazer da arte do 6 termo concreto, criado por Yan Doesburg, ele pretendeu consolidar à auto-
um mistério e
nomia dos processos de produção em arte com relação ao mundo natural e
um milagre, desacr a potencial
edi idade social
ta da criação formal O intelec- Doesburg. O
tualismo dos ideólogos, de outro lado, atribui à arte tarefas acentuar O seu caráter construtivo e sistemático. De início, com Van
que esta não pode em busca de
termo significava apenas uma redefinição do conceito de abstração,
cumprir, por serem contráràias sua natureza”
ele (citado por Gullar
uma maior adequaçãoà verdade do trabalho de arte. Dizia
Tratava-se de levar à frente o trabalho de Malevitc em seu artigo “Arte concreta”):
h e Mondrian e, mais para
perto, de Max Bill e dos concretistas suíços.
O Prêmio da Bienal de São Paulo de ue o periodo das pesquisas
já passamos
1951 conced
“Pintura concretae não abstrata, porq
à peça
idode Bill Unidade tripartída foi sintoma do entusia
smo local obrigados a
pelos postulados racionalistas da arte concret e experiências especulativas. Em busca da pureza eram os artistas
a Esse entusiasmo levou para a
plásticos... Pintura
abstrair as formas naturais que escondem os elementos não ideológico), que demanda trabalho especializado e exige programa centra-
real que uma linha,
concreta e não abstrata, porque nada mais concreto, mais lizado por parte do próprio Estado. Há sempre e necessariamente um aspecto
uma cor. uma superficie.” institucional envolvido nas práticas ditas culturais O campo de operação dos
significados produzidos por essas práticas é a coletividade = a sociedade como
Com o tempo, entretanto, o termo concreto passou mais e maisà indicar
totalidade =, e não as classes sociais com sua dinâmica de choque Há uma deter-
uma direção construtiva no interior das tendências não figurativas e a opor-se
minada idéia do social — idéia weberiana, quem sabe — implícita na arte concre-
formalmente ao informalismo. Enquanto o último recuperava muitas vezes uma
ta, ela se pretende fonte de informação social pura, atingindo a coletividade
ideologia romântica — subjetivista e intuicionista —, a arte concreta tornava-se na
mais ou menos indistimamente. Não se postula, por exemplo, um campo ideo-
década de 40 e no início da de 50 sinônimo de um trabalho racionalista, objeti-
lógico em que essas informações entrassem em contato com outras diversas,
vista, privilegiador de procedimentos matemáticos e de uma integração positiva
derivadas de interesses outros. A luta cultural é uma luta linear, vol-
na sociedade. Ela cerrava fileira em torno da participação do artista — transforma-
tada apenas contra o passado da própria cultura e que se passa
do numa espécie de designer superior, pesquisador de formas a serem aproveita- exclusivamente no terreno das idéias puras e dos esquemas for-
das pela indústria — nos vários setores da vida urbana da complexa sociedade mais puros. O recalque é óbvio: em tudo isso onde está a luta ideo-
industrial.À Escola Superior da Forma, em Ulm,é em muitos sentidos o prosse- lógica, esta que se pode observar e acompanhar diariamente nos
Max Bill
guimento da Bauhaus, adaptado às circunstâncias históricas dos anos 50. meios de comunicação de massa, nos chamados costumes, na se-
Unidade triparticis
De certa maneira, ela podeser olhada como a cristalização
de uma das prin- 1948-495 xualidade, na produção de arte também?
cipais correntes que dominavam a Bauhaus: o racionalismo Optar pela arte concreta no início dos anos 50 significava
formalista. Não há vestígios de negatividade na prática da
Max Bill optar por uma estratégia cultural universalista e evolucionista. Paremos um pou-
Escola de Ulm — representa um esforço para informar com Construção derivada co na produção visual do movimento € tentemos analisar Os efeitos que produ-
“valores estéticos” e, implicitamente, com valores oriundos de uma corta circular
zia como trabalho de arte. É necessário começar se perguntando por sua teoria de
de uma ideologia funcionalista a produção de formas na 1E42-44
produção. Sem dúvida, o concretismo brasileiro tinha consciência de sua posição
sociedade.
O seu desejoé racionalizar essa produção de for- Escola de Ulm na linha de desenvolvimento da história de arte — ele se pretendia declaradamen-
mas, submeté-la a um controle técnico de sua estética e de Exerioo de
te um novo lance da sequência de uma busca das verdadeiras bases nas quais se
sua operacionalidade. E nesse controle estético e funcional metodologia visual
calcava à pesquisa artística. Era, assim, uma proposta informada teoricamente. E
está o seu a priori, o não-pensado,a sua ideologia, enfim. mais: como o concretismo suiço era mais ou menos “cientificista”, não só a sua
O velho projeto reformista de racionalizar
as relações de idéia da percepção visual e do campo óptico já estava informada pela teoria da
produção no interior do sistema capitalista está na Gestalt e suas leis como a concepção implicita em seu processo de produção se
base do
seu raciocínio.
aproximava metaforicamente dos procedimentos colocados em prática pela ciên-
A concepção de política cultural implícita em Ulm
cia e pela tecnologia
e no concretismo
suíço de um modo geral estaria basea-
Não se estava mais, com referência à arte, no campo da criação, mas no
da numa racionalidade programática. Algo que poderia âmbito da invenção: o jogo consistia em manipular inventivamente as formas,
ser definido mais ou menos assim: cultura
é uma ativida- produzir uma ordem maximal de informações visuais, estabelecer processos
de especifica, com desenvolvimento autônomo (leia-se semióticos que forçassem o espectador a romper os esquemas convencionais de
E
percepção e exercitar-se na nova ardem proposta. Há uma valorização dos efei-
tos da pesquisa e invenção
de formas, há uma fé “na potencialidade
social da cria-
cão formal”. Ante
o esquema tradicional,
à arte concreta coloca-se de modo aná-
mg ao
logo ao da poesia concreta diante do “velho alicerce formal e silogistico-discur-
sivo” da poética convencional e discursiva. Em ambos os casos, a questão é rom-
per um esquema formal dominante e todo o sistema de significações a ele neces-
sanamente solidário.
É uma operação de reestruturação das linguagens de maneira a torná-las
aptas a capuar, “sem desgaste ou regressão”, a dinâmica das significações corren-
tes num mundo onde as organizações formais convencionais restaram caducas é
inoperantes. Trata-se de atuar sobre à própria sintaxe das linguagens, sintaxes es-
elerosadas e esclerosantes, e promover uma ruptura no modo dominante de suas
articulações significantes. No caso da poesia e da literatura, O raciocínio linear e A partir dessa recém-conquistada autonomia, os concretôs projetavam um
convencional de sequência lógico-discursiva (“a organização sintático-perspec- “evação vertical com método de produção artística que reunisse manipulação inventiva das formas e
tivista”, segundo Augusto de Campos) representado, por exemplo, pela unidade vimento horizontal
equacionamento rigoroso dos dados (à moda da ciência). Não estavam, fora de
verso. No caso das artes visuais, o espaço renascentista, com a perspectiva, o es-
secalte sinmético: sabre dúvida, longe de pensar a questão da arte com base na organização cibernética,
quema “figura e fundo”, o sentido necessariamente metafórico do quadro como sermerado de madeira influenciados por Robert Wisner com seu Engineering of human behavior. Quer
espaço de representação do real, presença apenas simbólica a indicar o plano
da Luis Sacilono
) x 60 cm
dizer; a arte seria uma espécie de engenharia de processos de comunicação visual
“duseu de Arte
realidade, do qual estava até certo ponto alijado. Em última instância,a
função da Concreção 5521 1955
Contemporânea Uma análise mesmo rápida da produção visual concreta revela de imediato seus
arte nessa ordem epistémica era ilustrar o real, reexibi-lo. O rompimento Esmalte sobre madeira
desse Universidade de São Paulo pólos de interesse e, portanto, até certo ponto, sua verdade. Essa produção se
30 x 90 cm
esquema de representação significa, é claro, o reconhecimento caracterizou pela sistemática exploração da forma seriada, do tempo como movi-
ou à demanda da Col. Adolpho Leirmer
especificidade do trabalho plástico. mento mecânico, e se definiu por suas intenções estritamente óptico-sensoriais.
+“
informacionais cujo interesse fundamental estava justa- mas sim uma arte formalizada, construida segundo um modelo objetivo, repro-
Daí a re-
mente na sua organização enquanto mensagem. duzível por um processo técnico que prescindisse da participação de seu criador.
cusa do grupo concreto paulista (nesse aspecto,
como A arte concreta surge, como vimos, como proposta de radicalização do
veremos, sempre houve uma diferença com relação ao método construtivo no interior das linguagens geométricas, sequência de um
grupo carioca) de utilizar expressivamente a cor. Esta não esforço para retirá-la do terreno do puro intuicionismo. Embora não seja corre-
deveria se constituir num valor autônomo — provavel- to imaginar uma relação mecânica entre arte concreta e matemática, é indiscuti-
mente porque se tornaria então um valor metafísico, um vel O interesse constante da primeira pela segunda, não apenas como modelo de
valor em si, não relacional,e sim funcionar como ele- equacionamento das questões, mas também como “ideologia” de fundo do tra-
mento divisor de espaço, parte da dinâmica informacio-
Antonio Maluf balho dos artistas. O mesmo sopro característico do neoplasticismo e do grupo
nal do trabalho Cartaz da 1 Brenal de Cercle et Carré, o mesmo movimento de aproximação à modernidade, via
A cor concreta é apoio e inflexão ao sentido glo- de São Paulo 1951
ciência e tecnologia, estão presentes no concretismo brasileiro; o problema era
Fundação Bienal
bal do trabalho-mensagem que será de ordem sobretudo adotar um ponto de vista moderno, positivo, participante diante do “progresso”
de São Paulo
rítmica. À autonomia da cor não pode ser tolerada pela Col Arquivo Histórico da “civilização” contemporânea. O artista tornava-se O inventor de protótipos,
ortodoxia concretista por algumas boas razões; a pesqui- Wanda Svevo
um técnico que manipulasse com competência os dados da informação visual.
sa da cor seria ela mesma uma sobrevivência subjetivista num projeto de pro- Ivan Serpa A vontade de excluir qualquer transcendência do âmbito do trabalho de arte
nlexantire Wiollner
dução de mensagens objetivas que não pode assimilar sutilezas inefáveis, e até Faixas ritrinadas 17%s
define à arte concreta brasileira. O trabalho é resultado da estrita manipulação de
Tinta industrial sobr Cartaz da m Bienal
pouco econômicas, do ponto de vista da reprodução industrial (o próprio Va- qe São Paulo 1955 seus elementos = elementos discretos, organizados em função de um programa
euCaLex
sarély teria de ser considerado, de um ponto de vista concreto rigoroso, um artis- l22x 81,5 em Fundação Bienal combinatório. Mesmo as tentativas concretas de introduzir uma participação sen-
ta decorativo e inconsegiente); e, além do mais, isolaria no conjunto do traba- Col. Adolpho Leirner «te São Paulo
Col Arquivo Histórico sorial do espectador, que rompesse com o monopólio do olho na fruição de arte,
lho um foco conteudístico que convidaria o espectador a um mergulho intros-
Wanda Svevo era sobretudo um expediente informacional, não tinha o caráter existencial das
PoE
pectivo, a uma investigação de tipo psicologista.
experiências análogas do neocon-
Quantoà utilização da forma seriada e a própria inclusão da dimensão do
cretismo: permaneciam no âmbi-
tempo enquanto movimento mecânico, devem ser tomados como algo além de
to dos processos de comunicação,
simples elementos de repertório. São procedimentos que informavam
diretamen- nos limites das operações semióti-
te o sistema dos artistas e chegavam mesmo, segundo a acusação
unânime dos cas, não postulavam uma partici-
neoconcretos, a substituir um processo de investigação mais
profundo, funcio- pação fenomenológica, não apela-
nando como uma espécie de regra composicional. De início,
é preciso explicar a vam para uma sensibilidade que
razão da eleição desses procedimerhos pelo programa concretista.
É simples, pro- viesse a colocar em xeque a racio-
vavelmente. As formas seriadas, repetidas de modo a
configurar uma organização
visual abstrata, são tomadas pela evidente necessidade nalidade estética.
de trabalhar com elemen-
tos discretos, material manipulável pela formalização O trabalho concreto per-
matemática ao nivel em que
pretendiam operar os concretos. Não se tratava mais manecia mensagem — mensagem
de fazer uma arte formada
(o trabalho em torno da forma como objeto estética: ele se realizava no inte-
de pesquisa da intuição artistica),
rior da estética como estava cons-
4
saber gestáltico, não uma prática que o supere. Nesse sentido, torna-se uma práti-
tituída historicamente no Ocidente, e o seu de-
ca acadêmica = guiada por regras, obcecada principalmente por uma performan-
sejo não era forçar esses limites. Tanto que que
ce ou por uma simples demonstração de postulados. O relacionamento dos artis-
ra politicamente à inserção social da arte e limi-
tas concretos com a teoria da Gestalt é de ordem didática, quase uma aprendiza-
ta-se, como observamos, a uma tentativa (co-
mum à tradição construtiva) de estender a práti- Mauricio Nogueira Lima gem livresca.
ca artística àos diversos setores da produção in-
Objeto ritmico nº | 1953 O prosseguimento das experiências e do tipo de investigação levada a cabo
Guaçhe sobre
dustrial, Contra o artista maldito do surrealismo pela arte concreta deu, como se sabe, na chamada op art, o desvio mais à direita
aglomerado de madeira
e do dadaismo,
contra o artista ativista político, operado pela tradição construtiva no Ocidente. Uma análise mais detalhada com-
38x 39x7cm
o concretismo propõe o artista informador vi- Museu de Arte prova o fato e assinala, até certo ponto, a direção necessariamente decorativa €
Contemporâneas pueril que a sequência da produção concreta efetivamente tomaria, caso conti-
sual, o designer superior, submisso de certo
Umiversidade de São Paulo
modo às leis estruturais
que regem
a prática es- nuasse em ação (a arte concreta brasileira acabou se dissolvendo em movimentos
térica na sociedade burguesa. Os resultados efe- inconsistentes, como o pop-creto, ou em experiências, como as de Waldemar Cor-
Mary Vieira
tivos da produção concreta — seus quadros, es- deiro, com computadores).
Sotivelume disco plástico
culturas e objetos — estavam destinados a produzir efeitos nos estritos limites da Almir Mavignier Rea Vejamos agora a utilização que o escultor Franz Weissmann fazia dessas
criação formal, e o choque possível de sua inserção somente poderia ocorrer Sem titulo 1965 manto anodizado mesmas teorias. Não há dúvida de que trabalha a partir de uma apreensão do
neste plano: à luta pela boa forma, pela democratização da forma, pela raciona- Serigrafia x 3,6 x 34 cm espaço intimamente relacionada com a Gestalt. Mas de que espécie é esse relacio-
60 x 60 cm vu de Are
lização do ambiente. É claro que isso representa de certa maneira uma inserção
mporânca
namento? Talvez se possa chamá-lo libidinal, no minimo, vivencial. O certo é que
Col. Adolpho Leirres
política, na medida em que todo ato social é também político. Mas de que espé- sersadade de São Paulo o seu trabalho está longe de ilustrar um saber a priori e tira sua força de atuali-
cie de política” Esta é a questão.
É fácil perceber na produção concreta brasileira uma ânsia de
superar o
atraso tecnológico e o irracionalismo decorrente do subdesenvolvimento.
Daí à
na reação ao realismo regionalista, pregado sobretudo
pela esquerda oficial do
ne que se apresentava como a soma de resíduos ideológicos
camponeses é ar-
caismos os mais diversos
do ponto de vista formal (recordar, por
exemplo, o
misto de tradição camponesa e culto ao renascimento
que caracterizou o muralis-
mo mexicano). À vanguarda construtiva brasileira
foi à principal alternativa até os
anos 60 à presen quase dominante dessa
tendência regionalista que, significati-
vamente, conquistou até mesmo adeptos
na classe média menos sensivel à
políti-
ca de esquerda.
45
Essa vontade de estetizar a ordem racional é a base timbém do concretismo
suiço, que compreensivelmente consegue realizá-la muito melhor do que o brasi-
leiro, Não, é claro, nos termos sociais que imaginava, mas em suas obras mesmo.
E a explicação para isso é simples.A espécie de lirismo racionalista, de totalidade
concreta, mas singular, que caracteriza o trabalho dg Max Bill, por exemplo, resul-
ta de uma convivência cotidiana, quase natural, com a formalização matemática e
com a tradição construtiva. No caso dos artistas nacionais, a adesão às tendências
construtivas era um projeto até certo ponto messiânico, que envolvia uma sequên-
cia de esforços no sentido da superação do subdesenvolvimento.À esse respeito,
Mário Pedrosa chega a falar numa tentativa de superar a própria tendência caótica
inerente ao clima tropical com o recurso de um racionalismo rigoroso, estabiliza-
dor e sobretudo planificador,
Nada estranho, portanto, que a produção concreta tenha sido marcada por
um esquematismo reducionista. Era de certo modo inevitável num projeto de van-
zação, que produz no sujeito-espectador, da experiência de abordar o espaço. Ele Franz Weissmann. guarda construtiva no Brasil dos anos 50, pelo menos num primeiro momento de
Franz Weissmanna
é um feixe de possibilidades nesse sentido. A leitura do trabalho de Weissmann Ponte 1958 Cubo c 1953 afirmação dentro do nosso ambiente cultural. Na visão de um pintor neoconcre-
Ferro pintado Ferro pintado
- chamado por Clarival do Prado Valladares de uma “teorização sobre o espaço” — ta, Aluísio Carvão, o concretismo representou a fase ortodoxa de penetração cons-
47x70x4 cm 10x 12,5% LO cm
se passa em níveis diversos e exige a participação do sujeito não apenas enquan- Col. Adolpho Leirner trutiva no pais, ultrapassada a seguir pelo experimentalismo aberto do neoconere-
Galeria AM,
to detentor de um saber, mas enquanto desejo engajado num processo de conhe- Belo Hortonte tismo. Não se pode esquecer que o senso comum do ambiente cultural brasileiro
cimento, Não é que não se possa conceituá-lo; é que isso nos obriga à um tipo permanecia dominado por resíduos das ideolo-
de formalização especifica, irredutível ao pensamento científico e ao senso glas “românticas” — diante do trabalho concre-
comum. O sistema de Weissmann acolhia as singularidades, não as tolerava ape- to, a sua reação epidérmica era a de tachá-lo de
nas como resíduos. Pensar a presença das singularidades no âmbito da produção racionalista, frio e sem inspiração
de arte apenas como transcendência idealista é típico das tendências construtivas A leitura da produção visual do concretis-
(assim como é típico do realismo socialista tomar a especificidade do trabalho de mo brasileiro é, até certo ponto, pobre e pouco
arte por uma manobra da ideologia burguesa). Ainda assim o projeto de arte con- informativa. Não apenas porque o movimento
creta brasileira procurava evitar o perigo de uma aridez racionalista = e o perigo não revelou nenhum artista particularmente in-
de uma arte, digamos, solipsista, que se esgotasse em si mesma — por meio de teressante (Volpi, é óbvio, não era concretista,
uma valorização estética do sensível e do existencial. Era o que Waldemar ou não era apenas concretista), mas por causa
Cordeiro chamava de tornar a “geometria sensível", uma vontade de impregnar das próprias características de seu sistema. Às ex-
vivencialmente e estetizar a razão e à ordem. Algo talvez não muito distante do periências de Maurício Nogueira Lima, Luis Sa-
desejo neoplasticista de atingir uma harmonia universal mediante à compreensão cilloto e Waldemar Cordeiro, entre outros, estão
de suas leis. limitadas por um esquematismo dogmático. O
46 +
do âmbito de arte. A verdade é que, em seu cálculo produtivo, as “singularida-
des” entravam apenas como resíduos: isto era provavelmente o que Gullar queria
“fora” do pro-
dizer quando acusava o grupo concreto paulista de estar demasiado
cesso de produção do trabalho. A relação era “objetivista”; tratava-se sobretudo
de organizar os dados e objetivá-los num produto.
O sujeito-artista do concretismo era moldado segundo moldes operacio-
nais. E buscava com seu trabalho uma eficácia a um nível também operacional
dentro do ambiente social. Mas o dilema concreto — e, de certo modo, o de todo
vigente da
o projeto construtivo — é que o seu esforço para romper o estatuto
arte, calcado na inutilidade do trabalho de arte e no aspecto sublimatório de seus
efeitos, ocorria no interior do próprio circulo prescrito por esse estatuto. no
dominio da estética e no terreno da racionalidade do próprio sistema de produ-
ção dominante. O propalado dogmatismo concreto foi dessa maneira uma faca
de dois gumes: ao mesmo tempo em que sé projetava o trabalho de arte para fora
dos limites míticos em que estava preso, colocava-o longe de uma utilização eri-
tica e negativa e inibia o desejo do artista de intervir no discurso social,
Mas é fácil perceber igualmente que, com sua afirmação dos valores da
modernidade, e com sua progressista recusa de assumir uma mítica nacionalista,
+
infantilismo
neipar. Há um ,
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a
”
populistas, que culminaram com o CPC (Centro Popular de Cultura) e Niger
ção ampla, concretismo e neoconcretismo formam sem dúvida um par, são indis-
sociáveis como respostas de certos setores à questão do desenvolvimento social é
aris-
cultural do país. E não bastará nunca recalcá-los sob o rótulo de “vanguardas
tocráticas”, nem obviamente acusá-las de alienadas politicamente.
Como resposta cultural, a vanguarda construtiva brasileira não abrigou +
sa
Ruptura neoconcreta
“É a alma que vê e não o cérebro; é através do mundo percebido e suas estru- Lygia Clark : E ta em arte e mesmo uma preocupação com os procedimentos “abertos” da ciên-
turas próprias que se pode explicar o valor espacial atribuído, em cada caso Planos em superilc), i Aluído Carvão cia contemporânea (vejam-se as especulações em torno das geometrias não-
particular, à um ponto do campo visual. Os eixos de coordenadas do campo ng ata o bege 1959 euclidianas e, mais precisamente, a atração que a cinta de Moebius exercia sobre
fenomenal, as direções que à cada instante recebem à valor de 'vertical' e de Elio É “à tc Lygia Clark e Lygia Pape, por exemplo). A visão neoconcreta do campo de per-
"horizontal!,'direção frontal!
ou direção lateral,
os conjuntos que sé revestem 20x 70 em Col tiili Antodio. cepção, com o tipo de fruição que prescrevia para o trabalho de arte, considera-
do índice “imóvel! e em relação aos quais o resto do campo aparece “em mo- Col Adolpho Leirner de Almeida Braga va até certo ponto irrisórios os dados puros da Gestalt. Voltava de certo modo a
vimento”, os stimuli coloridos. que são vistos como “neutros” e determinam à um vetor imponderável — a expressão, algo que
distribuição das cores aparentes no resto do campo, os limites de nossa per- não podia ser determinado pela estrita mani-
ra
cepção espacial e cromática não resultam, na qualidade de efeitos, de um cru- pulação de informações visuais.
1958
Com Merleau-Ponty, para Gullar o prin-
zamento reciproco de ações mecânicas, não são uma
cipal teórico de suas manobras anticoncretas,
função de certas vartáveis fisicas. A teoria gestáltica fez
vinha não apenas a fenomenologia, mas até um
crer que uma explicação causal e mesmo fisica (ainda)
certo existencialismo. Enquanto a episteme con-
era possível contanto que se reconhecesse na fisica, além
ereta incluía o homem sobretudo como agen-
das ações mecânicas, os processos de estruturação. Mas
te social e econômico, apesar da propalada
as leis fisicas não fornecem uma explicação das estrutu-
autonomia da cultura, O neoconcretismo re-
ras, elas representam uma explicação nas estruturas.
Elas
punha a colocação do homem como ser no
exprimem as estruturas menos integradas, aquelas em
mundo e pretendia pensar a arte nesse contex-
to: tratava-se de pensá-lo enquanto totalidade. Era
6 retorno das intenções expressivas ao centro do
trabalho da arte. Resgatava-se a noção tradicional
de subjetividade
contra o privilégio da objetivida-
de concreta.
Hoje parece claro que, diante do reducionis-
mo tecnicista, O grupo neoconcreto encontrou ape-
nas à saída do “humanismo”, em duas vertentes
amplas:
na ala que aspirava a representar
O vértice
da tradição construtiva
no Brasil (Willys
de Castro,
Franz Weissmann, Hércules Barsotti, Aluísio Carvão
€ até certo ponto Amilcar de Castro), esse humanis-
mo tomava à forma de uma sensibilização
do tra-
balho de arte e significava um esforço para conser- wilhys de Castro da as suas produções tinham efeitos diversos, colocaram questões diversas, abri-
var sua especificidade (e até sua “aura”) e para for- Prutura 1957 ram caminhos diversos.
necer uma informação qualitativa à produção in- “eus sabre tela
Não resta dúvida quanto à estreita ligação entre a penetração construtiva
êxtiem
distrial; na ala que, conscientemente ou não, opé- eo projeto desenvol wi des a
ileiro. Nesse sentido, concretismo e neocon-
Usl Adolpho Leimer
rava de modo a romper os postulados construtivis- cretismo eram parte de uma mesma estratégia cultural. Mas, evidentemente, não
tas (Oiticica, Clark, Lygia Pape), ocorria sobretudo uma dramatização do traba- Lygia Clark formavam um bloco, e o fato de se oporem formalmente não deixa de ser escla-
Planos
em superficic
lho, uma atuação
no sentido
de transformar suas funções, sua razão
de ser,
e que recedor quanto às possíveis direções para onde apontavam.
modulada nº | 1957
colocava em xeque o estatuto da arte vigente. Ambas tinham em comum, é claro, O concretismo, por plo, p dia intervir d no centro da
Tinta industrial sobre
uma posição critica diante do empirismo concretista (que se manifestava por madeira produção industrial e se preocupava explicitamente em levar adiante o “sonho
um teoricismo até, mas que nem por isso deixava de ter uma idéia mecânica da 87 x 60 em
suiço” de transformar o ambiente social contemporâneo.
Col. Adolpho Leirner
produção de arte) e temiam especialmente a perda da especificidade (e da Estava aberto e ávido pelas transformações culturais que os
“aura”) do trabalho. mass media podiam promover. Como já dissemos, ele inte-
Se, através da sensibilização e da dramatização, os neoconcretos procura- grava-se ao esforço da superação do subdesenvolvimento
vam escapar ao reducionismo concreto, lutando contra a esterilização das lin- e atacava frontalmente os arcaísmos do poder humanista
guagens geométricas, esses conceitos são insuficientes para explicar a razão da
tradicional no ambiente cultural brasileiro, Mobilizava-se
dissidência neoconcreta dentro do ambiente brasileiro. De alguma maneira, é
Franz Weissmann totalmente no sentido de estabelecer uma dinâmica pro-
lícito supor, havia uma diferença no modo como os dois movimentos sé inscre- Sem titulo e. 1954 gressista no campo cultural do país. A idéia de cultura do
viam nesse ambiente e projetavam seus lances no real. É preciso estudar em que Ferro pintado
concretismo era simetricamente oposta à mentalidade aca-
medida a “política” desses dois movimentos presos até certo ponto à um mesmo aprox. 36x 50 x 50 em
Galeria AM, dêmica vigente e sua concepção do campo cultural como
quadro de referências inicial - a tradição construtiva = diferiam e em que medi-
Belo Horizonte lugar das verdades espirituais imutáveis.
sa
da arte, permaneciam necessariamente no terreno especulativo, no terreno da
arte enquanto prática experimental autôdoma. A inserção neoconcreta se dava
num espaço menos abrangente e mais tradicional do que a concreta, levando-se
do artista na produção social
em conta estritamente a participação
Na verdade, essa diferença neoconcreta, embora circunstancial, era signifi-
cativa. Indicava, no mínimo, que para um grupo de vanguarda construtiva situa-
do no Rio de Janeiro, predominantemente, não havia possibilidades de exercer os
seus postulados construtivos numa área social mais ampla. Dado o nível de exi-
gência estética do movimento, ele passava simplesmente ao largo de qualquer
projeto nesse sentido. Colocado, porém, nesses termos, o processo está mais ou
Franz Weissmann do neo-
menos invertido: o que houve em verdade é que o próprio surgimento
Trrra 1958 concretismo, nos moldes em que se deu, resultou dessa situação. Ocorreu, então,
“erro pantado
esse paradoxo tão brasileiro e tão próprio do subdesenvolvimento: uma vanguar-
5x 45x 25em
Luis Marques Ferreira
da construtiva que não sé guiava diretamente por nenhum plano de transforma-
Carvalho Filho ção social e.que operava de um modo quase marginal.
Mas, notemos. Os concreustas citavam Marx e Engels, mas estavam sem dú- Franz Weisemann
vida longe da máxima proposta por Walter Benjamin. politizar a arte. À sua ver- Sem útulo c 1958
Ferro pintado
dadeira teoria de produção, as delimitações conceituais de seus esquemas de lei- aprox 80x 80x BU cr
tura do real, podiam ser encontradas no racionalismo positivista — no pragmatis- Galeria AM,
mo progressista de Wiener, com sua concepção cibernética das relações sociais, no Belo Horizonte
Wrsxsatos Início
fi
sivel extrair uma posição explicita diante da história da arte, da filosofia e, mais Col Rodrigo de Castro tradição construtiva, momento de crise dessa tradição no Brasil, o neoconcretis-
|| vagamente, diante da ciência, nunca diante da sociedade como lugar de um com-
ser analisado no registro
bate político. Mas o apolitismo neoconcreto precisa
correto: a rigor ele apenas segue o apolitismo comum às tendências construti-
vas. O que tornou a sua inscrição cultural tão marcadamente aristocrática foi a
sua posição obrigatoriamente lateral num circuito muito atrasado.
Por um lado, ele se beneficiava da ausência de pressões por parte do mer-
cado, permitindo uma concentração da elaboração de trabalhos e o descaso pela
produção de obras. Faço a distinção: por obras entenda-se a série de objetos fisi-
cos que resultam a rigor de um mesmo trabalho, de um mesmo dispositivo que
| pode ser reproduzido indefinidamente. O neoconcretismo, como dissemos. tinha
O uma dinâmica de laboratório, e isso só era possível pela ausência de confronto
li com um mercado.
| Talvez seja legitimo especular que, por outro lado, o apolitismo e até o
| idealismo neoconcretos, em sua ação como movimento, estão parcialmente rela-
cionados com a falta de um contato sistemático com o mercado. Na medida em
que operava fora do alcance do mercado, não sofria sua ação, digamos, alienado-
ra — não era solicitadoà reproduçã ânica dos trabalhos, não era p
11 do para adaptar suas descobertas aos esquemas formais vigentes. Mas não há
dúvida de que o relacionament o (representante
com o mercado do “real” para
resa quaena sim
as 63
—
arte e a aproximação progres-
já retomou elementos da ideologia romântica de
siva de alguns artistas do movimento para com o dadaism o é prova disso — o culto
à marginalidade é um componente dessa ideologia e é, por definição, estranho ao
projeto construtivo.
e de
O lance neoconcreto é resultado de uma crise local: a impossibilidad
os agentes culturais brasileiros continuarem pensando no interior do quadro de
referência construtivo exclusivamente. Com o final dos anos 50 e início dos 60,
O neoconcretsmo está no centro dessa crise e representa um conjunto de opera-
ções que tentam ora renovar, ora ultrapassar esse quadro de referência À partir
dessas considerações podem-se sacar duas hipóteses de trabalho que orientem
um discurso em torno das questões neoconcretas:
1. Como segiência da penewação construtiva no país, o neoconcretismo
foi uma tentativa de renovação da linguagem geométrica, contra O caráter racio-
nalista e mecanicista que a dominava então. Mais especialmente, uma tentativa de Amilcar de Casrrs
Sem titulo inoo dec 60
revitalizar, no sentido quase estrito do termo, as propostas construtivas, dando essados um arsenal de operações 68”
Ferro colocou à disposição dos inter
e sil
arte no Bra
Amilcar de Castro o à ei
ênfase aos aspectos experimentais da prática artística. É uma singularidade neo- 46x54x
29x 1 em instituição. Deu a partida em direçã
Sem titulo final déc. 50 ticas perante a arte entendida como os
concreta a de, como movimento construtivo, privilegiar o momento de concep- Col Delete Antóioo construtiv
desligada já dos pressupostos
Ferro
produção contemporânea local
ção do trabalho em detrimento
de sua inserção social 4354 x 81 x 0,6 em
ado.
quais era inicialmente O result
Museu de Arte Moderna uso une
2 Apesar de seu manifesto apolitis- rutiva brasileira (permita-se E
do Rio de Janeiro Vértice e ruptura da tradição const
mo (e sua tendência liberal e às vezes anar- ismo em suas duas verten tes básicas tinha
ncret
Doação Conselho expressão tão discutível), o neoco
co-utópica latente), o meoconcretismo foi o do ambien-
Nacional do sES
um projeto comum: reorgan izar Os postulados construtivos dentr
uma importante manobra da produção de a vanguarda construtiva. Uma expo-
te cultural brasileiro. O projeto era renovar
arte brasileira no sentido de conquistar uma como o ponto mais avança
do da pe
e “livre”
sição neoconcreta aparecia, então,
autonomia mais ampla em face dos modelos , é claro, uma conquista local
com ii â
quisa de arte no país. Representava
culturais dominantes. Como vértice de um Páginas
66 67 não submetido à injunções políticas ime-
especificidade do trabalho da arte: algo
ao processo desenvolvimentista do
movimento, que começara cerca de dez anos Sem cítulo final déc 50
mente
Ferro diatas, nem a um plano ligado direta
antes, cle adquirira a consciência necessária sua prática e se
prescreviam, assim, o terreno de
Rã x 58x bx O, em pais. Os agentes neoconcretos
use
tos de modo autônomo: à arte não
para tentar estabelecer uma dinâmica espe- Museu de Arte Moderna
dispunham a analisar os seus elemen
cifica de produção. O neoconcretismo fixou do Bão de Jansiro
como ativida de cultural globali zan-
— e isso pode ser verificado pela própria prá-
«er instrumentalizada, e sim compreendida
ambiente
da relação do homem com o seu
Sem oítudo fimal déc 50 te, que envolvesse o conjunto
tica dos artistas contemporâneos, no Rio de tradicionalmente em jogo
Ferro O desejo neoconcreto ia talvez além do desejo
Janeiro, pelo menos = alguns conceitos deci- 1n25x 150x 150 x 0,7 em diante dos postu-
seu recuo humanista é idealista
nas tendências construtivas. O
sivos acerca da significação do processo da Cool. Lubgt Mamprin
as
|
lados teóricos mais rigorosos
dos concretos pode ser analisado como uma recu- momento = no momento em que o trabalho de arte tornou-se apenas mais um
sa do empirismo e uma insatisfação com o modelo de trabalho HrpqpnReRo maq meio de informação na rede de processos informacionais que caracterizam O
postulados. À consciência perceptiva concreta era por demais reducionista para O “ambiente” contemporâneo. No limite, a eficácia social da arte estaria nas opera-
desejo neoconcreto de uma arte com intenções fenomenológicas mais amplas. O ções semióticas que colocasse em ação, especialmente por meio dos mass media,
causaliumo gestáltico soava mecânico, quase pavloviano, para quem pensava em de modo a produzir efeitos renovadores e constituir algo próximo a uma nova
trabalhar com as complexas articulações dos comportamentos superiores. Para estética coletiva. Exatamente conforme a tradição construtiva dentro da qual toma
quem especulava em torno de uma filosofia da forma lugar, o concretismo era presa de uma crença ingênua no progresso, que o levava
A diferença de perspectiva entre o concretismo € O neoconcretismo resul. a pensar os mass media como instru de uma p ção cultural perti
ta do choque entre uma concepção empirista do trabalho de arte e suas signifi- te às “necessidades espirituais” do homem moderno. À custa, evidentemente,
de
cações sociais e humanas
e outra ligada ao idealismo especulativo.
Ou entre um ignorar o seu caráter de dispositivo ideológico dos Estados capitalistas.
tipo de positivismo e uma variante do idealismo clássico. É óbvio que essa dife- . Na base da atividade concretista,
de sua prática
e de sua teoria,
está a idéia
rença não se manifestava por essa forma filosófica, mas por intermédio de uma do jogo cultural como ser autônomo — e isso só poderia inibir a sequência de um
polêmica artistica que d F er cl essa diferença geral. pensamento materialista em arte. Interessados numa inserção diferente do traba-
Tomemos, por exemplo, uma polêmica que sempre estava no centro das diver- lho de arte na sociedade, os concretistas
nem por isso conseguiram
escapar de
gências a questão do trabalho de arte como produção ou como meio de expres- todo à oposição tipicamente pequeno-burguesa em face do campo cultural.
são O estudo das manobras
em torno dessa questão
é elucidativo. Hélio Oiticica Desligada dos processos de transformação ideológicos, a atividade cultural só
Não há dúvidade que ao concretismo
cabe o mérito histórico (a ele
e não vermelho cortando pode ser canonizada: resultará sempre da sequência de lances geniais que, por sua
branco 1958
às tendências ditas marxistas) de compreender a necessidade de atacar o centro vez, serão contribuições ao patrimônio cultural da humanidade. Veja-se a pro-
too sobre tela
do reduto idealista em matéria de arte: o chamado processo criador. Sobre a valo- “x 60em gressão concreta: a literatura moderna é a história de lances semióticos a partir
rização mítica desse processo, sua capacidade enquanto trabalho intelectual, sua dd Adolpho Lewmer de Mallarmé. passando por Joyce e Pound e culminando com a poesia concreta;
irredutibilidade 205 dados racionais, estã montada a ideologia vigente de arte, E as chamadas artes plásticas obedecem 40 mesmo
€ evidente até a necessidade de sua ção para à sobrevivência do esquema, só que os nomes são os de Mondrian e
mercado de arte: a “criação” e só a “criação” pode justificar a especulação comer- Max Bill.
cial empreendida pelo mercado e garantir sua função de distribuidor de stárus e É fácil portanto perceber que a “produção”
assegurar a validade de um jogo financeiro capaz de oferecer lances mirabolan- envolvida na teoria da arte concreta, com toda sua
tes. O concretsmo parece ter compreendido que o deslocamento da função social lucidez histórica, só o é numa certa medida: por
da arte, a tentava de transformá-la num instrumento social mais eficaz,
passava um lado, é demasiado mecanicista em seu projeto
obrigatoriamente pela concepção expressivista da arte Contra à arte como meio
de inserção social, confundindo-se
com uma mani-
de expressão,
ele a propunha como produção especifica, informada por conheci- pulação inventiva de tipo publicitário e aspirando a
mentos objetivos e manipulada de modo inventivo (não inspirado, é lógico), uma funcionalidade suspeita no conjunto
da socie-
O concrensmo entretanto não radicalizou a proposta Em vez de seguir com dade; por outro, revela um idealismo corrente ao
uma teorização materialista da arte, tomando-a como um processo de conheci-
respeitar na história da arte uma autonomia mítica,
mento específico, mas envolvido no campo ideológico, parou num determinado um todo construido
a golpes de genialidade.
ada a partir de trans-
da poesia é tecnicista, pens
A leitura concreta da arte e ões des-
ns. excluindo-se as relaç
no imerior das linguage
formações sintagmáticas semp re dentro
ocor rem
as institucionalizadas (elas
sas linguagens enquanto form s-
não são obviamente expre
arte, a literatura, à música,
de práticas reconhecidas: a
onde oper am Esse vecnic ismo, na medida em
l
sões “naturais”) com ocampo socia
r uma espécie de
sua inserção, acaba por se torna
que ignora O local material de
xo: ao mesmo tempo em que tentava
idealismo. Resulta dai um aparente parado
do no
transcendência ontológica — substituin
estirpar do trabalho de arte qualquer
A direta
do ser”, por
a interpretativa, ligada à “temática Hélio Oiticica
dizer de Max Bense a antiga estétic
al “informação” —, Relevo espacial
uma estética “abstrata é exata” que trata da estruturação materi de 1760
to humanista da arte e da cultura. No
à concretismo se mantinha preso ao estatu Óleo sobre made
torno dessas manifestações
próprio cerco que a metafísica traçara em
4x MAS x 140
O neoconcretismo voltav a-se contra à produ ção por razões outras: o que Projeto Hélto +
Rão de Jameir:
lando-se a arte de suas conotações
temia erã o reducionismo, o perigo de, esvaz
prática especifica e irredu-
humanistas tradicionais, esvaziá-la também enquanto
comum . O neoco ncret ismo surge da necessidade Hélio Oiticica
tível ao pensamento do senso
s de remobi lizar as lingu agens geomé trica s no sentido de um Metacsquetiv
de alguns artista Guache sobe +
sujeito Contra o que supunham
envolvimento mais efetivo e “completo” com o 45 x 64 cm
da às rígidas explorações das formas Projeto Helio (tt
ser a esterilização da arte concreta — limita
iência retínia- Rio de James
seriais é do tempo mecânico, limitada em última instância à exper
na —, estavam empenhados em transformar
o trabalho em um feixe de relacionamentos
complexos com o observadora caminho de
ser transformado em um participante. Dai,
naturalmente, O seu esforço para romper as
categorias tradicionais das belas-artes
Para esses artistas, é possivel adivinhar,
o termo produção soava extremamente em-
pobrecedor: de certo modo porque calava os
murmúrios metafisicos de que ainda estava
repleta a arte, mas também por conotar uma
espécie de operação racionalista que parecia
excluir um envolvimento libidinal do sujeito-
= est e
à esquerda artista. Falar em produção, no quadro em que se movia o concreúsmo pelo me-
Hélio Oiticica nos, parecia-lhes uma tentativa de enquadrar os lances da realização do trabalho
Relevo espacial 1959
numa estreita racionalidade programática. Conservar o termo expressão, remanes-
Óleo sobre madeira
150 x63 x 50 cm cente da estética tradicional, significava manter intacta a diferença do processo da
Projeto Hélio Oiticica arte. Era salvaguardar a especificidade desse processo, o fato de manipular formas-
Rio de Janeiro
expressivas, transcendentes às suas propriedades fisicas, e não apenas formas-
mecânicas.
E=
sean Es
Gullar,
no artigo “Da arte concreta
à arte neocon-
creta”, “Os neoconcretos reafirmam as possibilida-
des criadoras do artista, independente
da ciência e
das ideologias”. Se pensarmos um pouco
a respei-
to dos anos 50 no Brasil, veremos que praticamen-
te não havia outro caminho: todo o nosso debate
universitário se dava entre as várias linhas do posi-
tivismo e a filosofia especulativa clássica, incluindo
aí os existencialismos. A alternativa para essa polê-
mica, o marxismo, tinha uma situação peculiar:
estava duplamente cercada, por fora pelas ideolo-
gias pequeno-burguesas, por dentro pelos agentes
partidários que tomavam o processo cultural como
um lance a mais da estratégia do partido, simplifi-
cando ou recalcando questões que não se encaixas-
sem de imediato nessa estratégia.
A posição dita marxista, firmada no ambi-
ente cultural brasileiro, não oferecia o menor atra-
tivo para uma vanguarda de tipo aristocrática co-
mo o neocancretismo, O seu leque de questões era
o id
reduzido é suas bases, estreitas: à função da are
era ilustrar à sequência da luta política e ideológi-
ca, colorir
os chamados valores artísticos do povo
Willys
de Castro brasileiro (valores, é claro, determinados pela consciência pequeno-burguesa das
Soma entre planos | 1959
elites dirigentes da organização). E ao neoconcretismo, como vimos, não interes-
Oleo sobre madeira
4x 20 cm
sava uma atitude cultural politizada: o seu desejo voltava-se para uma posição
Col. Ricard Akagawa avançada dentro do processo de conhecimento, a sua “revolução” prendia-se aos
limites da arte e do “homem”.
à esquerda A vigência do conceito de expressão é indice da impregnação do idealis-
Objeto ativo c 1960 mo clássico na ideologia do movimento neoconcreto. Mas, ao longo da polêmi-
Óleo sobre vela
ca com o concretismo, teve uma positividade — significou a manutenção de um
sobre madeira
68,9x1,Ix6%cm espaço experimental aberto contra o reducionismo racionalista. À partir desse
Col Adolpho Lemer conceito é que o neoconcretismo pôde se estabelecer nos limites das tendências
25
construtivas, na medida em que obteve uma distância critica em face do progra- Importa agora localizar e estudar os problemas que se colocou o neocon-
ma dessas tendências que chegaram até o concretismo brasileiro via Escola de
cretismo e, mais diretamente, os problemas que orientaram a sua prática no cam-
osda tradicional catego-
da manutenção
Ulm. Examinemos rapidamente os efeit po de visualidade Um dos mais relevantes
= a questão produção x expressão
= foi
ria de expressão na prática dos artistas neoconcretos. abordado acima. Não era entretanto o único. O projeto neoconcreto trabalhava
A meu ver ela incide decisivamente sobre o modo de relacionamento des- explicitamente outros conceitos básicos. Vejamos.
e dliuca q
= ds
ricanos independentes como Soto e Sérgio Camargo foram os últimos momentos
constitutivos da expressão, implica uma descida à fonte mesma da experiência,
significativos de teor construtivo — atuavam já nos limites dessa tradição.
dondea obra de arte brotará impregnada daquele sentido não-tético, emotivo,
O tempo toma no neoconcretismo um sentido construtivo muito pouco
existencial” (“Da arte concreta à arte neoconcreta”)
ortodoxo.
À idéia concreta do tempo como movimento mecânico ele opôs o
tempo como duração e como virtualidade. Falando sobre as diferenças entre à Hércules Barsotti
] |
poesia concreta e à poesia neoconcreta, Gullar diz: Preto/branco/preto 1960
Óleo sabre tela
“Para
os poetas paulistas , expressa deve ser um tempo
o tempo que o poema 50x 100 em
Col. Ricard Abagavo
relacional, mecânico. Desse modo, a página torna-se um espaço gráfico, obje- Poa gi
tivo, dentro do qual as vibrações visuais têm um papel preponderante: o poema à direma
é um objeto, um corpo especial que se nutre apenas das recorrências automá- Branco/reto (0
ma
ticas a que suas formas obrigam a vista. Entenda-se bem: quando os poetas con- a o a
x cm
creto-racionalistas falam de espaço-tempo eles não se referem à esse espaço- Col Adolpho 1 cette
tempo orgânico, não-objetivo, que se dá na percepção fenomenológica: refe-
oia
rem-se ao conceito objetivo, da ciência, onde essa sintese se faz a posteriori.
Tanto assim que os poemas concretos paulistas contêm o tempo como funcio-
namento, como relação exterior das partes: trata-se de um tempo imitado dos
movimentos mecânicos” (“Da arte concreta à arte neoconcreta”)
as
Theon Spanudis dizia que o poema neoconcreto “é o próprio tempo da
vivência poética que se substancializa em espaço vivo” (citado por Gullar no arti- |
8º acima mencionado). Estamos, como é fácil perceber, de voltaà polêmica entre
|
o racionalismo positivista e o idealismo fenomenológico, em torno dos quais se ,
construiam as posições concretas e neoconcretas. Convém lembrar, porém, que
VE no âmbito de um movimento comprometido com a leitura construtiva da arte
| pós-cubista, chegar a introduzir Bergson — com sua doutrina intuicionista e sua ]
idéia de tempo como duração— é quase um escândalo. E, no entanto, era de algu-
ma maneira pertinente ao projeto neoconcreto: servia e estava associadoà pro-
À posta de “ativar” o relacionamento do sujeito com o trabalho e permitir múlti-
plas possibilidades da leitura, “abertas” no tempo. As gravuras de Lygia Pape e as
f| 2.
esculturas de Amilcar de Castro, por exemplo, trabalhavam o tempo como virtua-
espaço da obra (Lygia Clark, seus “bichos” e sua teorização sobre a Linha orgâni-
lidade — tratava-se de algo assim como deixar em suspenso o “tempo” de produ-
ca). O artista neoconcreto não abordava propriamente o espaço, ele o experimen-
ção de modo a permitir a intervenção do espectador quase no sentido de com-
tava. Dispunha-se a vivenciá-lo, atuar contra o relacionamento tradicional entre o
pletar os trabalhos, recriá-los, lê-los a cada vez de maneira diversa, viver os íns-
sujeito observador e o trabalho Tinha uma concepção não-instrumental do espa-
tantes de sua produção. Foi o início, sem dúvida, de um processo que levaria
ço, desejava imantá-lo, torná-lo campo de projeções e envolvimento num regis-
alguns artistas neoconcretos a radicalizar a participação do outro, em direção ao
tro quase erótico. O desejo neoconcreto se opunha 20 modo de relação vigente
que Oiticica chamou de “vivências”.
com a arte e ao processo de leitura estabelecido: contra à passividade, o conven-
Como ataque à “eternidade” implícita na obra tradicional, o dispositivo de
clonalismo, o platonismo da fruição “normal”, buscava tensioná-la, explodi-la
tempo acionado pelo neoconcretismo era basicamente diverso daquele acionado
Lygia Pape em seus limites tradicionais. Talvez não seja absurdo adivinhar no neoconcretis-
pelo concretismo. Não procurava estabelecer uma dinâmica real entre os movi- Tecelares 1957
mo um nieteschianismo (afinal o Gullar de Luta corporal e as tradições familia-
mentos do próprio trabalho € as manobras perceptivas de leitura. Situava-se por Xilogravura
res anarquistas de Oiticica estavam perto de Nietzsche) que seria por certo exó-
assim dizer num plano mais abstrato e mais mediato (num certo sentido a arte 22x 22,5cm
Col da artista tico no imerior do racionalismo construtivo.
concreta é um empirismo da forma). Tencionava, isto sim, mobilizar um proces-
so descontinuo de leitura que desse margem a uma atitude essencialmente envol-
vida por parte do observador. Prescrevia de certo modo uma leitura dramática,
existencial, daí o seu desejo de sensibilizar a geometria, polemizá-la até Aqui,
mais uma vez, tem-se a prova de que 6 neoconcretismo não pensava o trabalho
como processo informacional, mas como proposição de “vivências”. O tempo
concreto é operacional, tem uma dimensão objetiva O tempo neoconcreto é fe-
O espaço neoconcreto Talvez seja mais correto deriomini-lo campo, dado o seu
caráter ativo, irradiado. Com relação ao espaço, os agentes neoconcretos eram
enfáticos, criticaram com veemência à manutenção do esquema figura-fundo —
base do espaço representacional pré-cubista = e lançavam-se à tarefã de mobili-
zação total do espaço, tomado agora como elemento não-metafórico. Há várias
abordagens do espaço em ação no neoconcretismo, mas giram basicamente em
tomo de uma concepção fenomenológica e da consequente recusa unânime à
uma apreensão rigidamente gestaltista: as especulações com as geometrias não- ni
[o] as
bremos mais uma vez O icismo
e o consequente reducionismo concreto poesia pela nostalgia do lirismo sentimental, em
e inventiva, atividade de
que o levava a pensar a arte como manipulação técnica arte pela metafísica da cor e das formas puras.
um sujeito central de saber lidando com processos informacionais. É possível, Não se pode afirmar que o concretismo conside-
então, situar o debate. rasse o trabalho de arte uma simples aplicação de
Ao neoconcretismo não interessava, é claro, retornar ao subjetivismo tradi- métodos, ou uma rigida formalização de dados
cional, à ideologia romanticóide que dominava o senso comum da arte, inclusive perceptivos mais ou menos científicos. Há, como
por aceitar explicitamente os postulados básicos da vanguarda construtiva. Nem vimos, a questão da inventividade na manipula-
ao concretismo, logicamente, interessava excluir o individuo, pois, em última ins- ção, há mesmo uma vontade de “sensibilizar” a
tância, o projeto construtivo respeitava os limites do conceito de individualidade geometria. Mas o seu programa privilegiava a in-
como está inscrito nas sociedades capitalistas contemporâneas. Havia um respeito serção objetiva do trabalho de arte contra o en-
ao indivíduo
que pode ser atestado pelas preocupações
didáticas do concretismo, Décio Vieira volvimento subjetivo. A arte como processo de informação social de primeiro
pela sua crença na formação
de designers
que viessem a intervir
com eficácia na Sem título vem data grau, digamos, mas não como meio de investigação. Abolia-se o caráter especu-
Têmpera
a ovo sobre tela
complexa rede informacional em que se transformara a civilização. As diferenças lativo, idealista, de produçãoe operava-se, simultaneamente, uma redução auto-
125,3x 125,3 em
em torno da objetividade no interior do debate concretismo/neoconcretismo são Museu de Arte ritária no centro da questão-arte. Nessa etapa as singularidades foram rejeitadas
mais sutis, ocorrem como variações na posição de leitura construtiva do real, são Contemporânea de Niterói como elementos não formalizáveis.
sintomas de uma divergência com relação a uma estratégia cultural. O empirismo concretista só conseguiu objetivar a prática da arte por meio
A objetividade concreta era uma resposta ao psicologismo em arte, à um de uma manobra autoritária. Não foi capaz de acionar uma demonstração de
modo de penetração nos processos de comunicação social, núcleo da desejada Ferreira Gu êxito do artista, nem de teorizar sobre os efeitos objetivos dessa prática sem colo-
atuação do novo designer Tratava-se, como sempre, de tornar a arte um fator
Lembra 1 car em risco a sua própria especificidade. E, afinal, não levou adiante a reflexão
Madeira panis os
socialmente objetivo, algo que auxiliasse a transformação do “ambiente”. Para es- sobre a objetividade do trabalho de arte na medida em que não chegou nunca a
3x 40,52 50 cu
se esforço de positividade, a subjetividade era residual — ela se manifestava em Col do artista
conceber com clareza o campo ideológico onde esse trabalho está necessariamen-
te inserido. Com isso, o seu aparente radicalismo se tornou uma espécie de sec-
tarismo, ou, como se dizia na época, um dogmatismo. Permaneceu nas malhas.
do mito da arte, deslocando apenas a sua função: ela deixou de estar voltada pará
o escatológico, para o fantasmático, para o espiritual, enfim, e passou à condição
de agente especial de informação, promotora e objetivadora de processos infor-
macionais, mas com todas as regalias da isenção ideológica, A condição de exis-
tência do sujeito - à sua verdade enquanto efeito do sistema — não foi sequer
interrogada, e a subjetividade foi contestada desde um ponto de vista grosseira-
- o da performance social da arte. Uma posição típica do racio-
mente positívista
nalismo do século XIX.
O neoconcretismo também não compreendia a subjetividade como efeito do
a. prendia-se de certa maneira aos valores ontológicos do su-
Ao contrário,
sistem
as
do
jeito, tradicionalmente enfatizados pela arte, Mais humanista, menos tecnicista
arte como totalidade mítica, cipação fenomenológica à qual aspirava esta-
que o concretismo, insistia em pensar o trabalho de
engendrado por um sujeito de alguma forma privilegiado, o artista. A seu tempo, va sem dúvida muito longe dela. Do mesmo
modo que Merleau-Ponty pretendia extrair
o neoconcretismo nasceu do esforço de um grupo construtivo no sentido de reas-
consequências filosóficas da teoria da Gestalt
sumir as singularid ades
então recalcadas e com isso prod uma uzir
arte vivencial,
| aberta à uma participação ativa do observador. Ele foi uma reação ao autoritarismo
que iriam contra as próprias idéias de seus
|
autores, O neoconcretismo parecia querer di-
e ao reducionismo concretistas e uma afirmação de valor em si da arte.
| A pesquisa em arte, como o compreendiam
aqueles artistas, inclui, obri-
recionar os postulados construtivos mum sen-
tdo até certo ponto insuspeitado
pelos seus
gatoriamente, as singularidades.A tarefa era justamente formalizá-las. Daí resul-
responsáveis iniciais.
tou em grande medida a diferença neoconcreta e seu avanço em relação à arte
As preocupações
quase éticas e a ten-
concreta. Na verdade, o problema central desta última era a intencionalidade
tativa de repor o problema do ser no centro
linear, o rigido objetivismo para o qual apelava: quase sempre apresentava-se da atividade artística afastaram o neoconcre-
como produto a ser lido e equacionado pela racionalidade programática mais tismo do positivismo característico das ten-
do ca
evidente. Sua arma contra o conteudismo metafísico era uma estéti jogo dências construtivas e da concepção mecanicista do psiquismo humano que lhes
Aluisio Carvão
(não, é claro , nietszchiano), uma combinatória mais ou menos com-
no sentido Retro certripeto- é inerente. Mas a subjetividade resgatada pelo neoconcretismo não deve ser con-
Aluisão Car:
plexa, cujas articulações se davam no plano exclusivamente óptico. Quer dizer: cemtrifuga! 1958
Cubacor
Óleo sobre tela
fundida com a velha noção psicologista tradicional — da qual permanecia apenas
a mobilização do sujeito observador se restringia ao centro consciente (diga- Óleo sobre :
em parte legatária. Ela significou sobretudo uma posição polêmica em meio a um
toa 70 em
16,5% 16,5
mos, facilitando um pouco as coisas, ao ego) de seu psiquismo. No nível do Col Ferreira Gullar debate e serviu para enfatizar os aspectos conceituais — isto é, para além dos
Col Luís Ant
desejo, para usar um jargão caro aos concretistas, a mensagem apresentava uma Almeida Bro dados ético-perceptivos — do trabalho de arte.
baixa taxa informacional.
O esforço neoconcreto ia no sentidode uma O rompimento das categorias tradicionais das belas-artes. Em parte, é óbvio,
mobilização mais ampl a não só a pró-
e explosiva: esse rompimento começa com a própria arte moderna. Falamos aqui mais preci-
pria produção (para eles, o ato da expressão) envol- samente do desejo neoconcreto de redefinir a operação-arte e seu relacionamen-
via muito mais dramaticam ente
O sujeito, como a to com o espectador. Esse desejo, parece, ia além do projeto construtivo
do pla-
fruição era prescrita em termos também emocio- nejamento ambiental, com sua necessária interpenetração das categorias
de pin-
nais. Digamos que a proposta era ativar uma circu- tura e escultura e integração arquitetural. Com poucas exceções, como os contra-
lação intensa do desejo do observador (o participan- relevos de Tauin, as produções construtivas não foram nem buscaram ser apare-
te); para tanto havia uma luta de rompimento das lhos transformadores em si mesmos do tipo de relacionamento artístico. O meio
convenções obra-espectador. Como tendência cons- por excelência dessa transformação era a integração funcional do trabalho de arte
trutiva (brasileira, é verdade, e em vias de rompi- na arquitetura.À obra, ela mesma, não era muito solicitada nesse sentido, tanto
mento, també m mas construtiva),
é verdade, o neo- que permanecia no âmbito, até certo ponto tradicional, da pesquisa de forma
concretismo
foi exceção ao escapar da definição do Duchamp e os dadaistas foram muito mais radicais nessa direção, agiram muito
sujeito como clara racionalidade, A espécie de parti- mais no sentido de transgredir as normas da arte.
Uma das principais características
do neoconcretismo foi a sua posição cri-
tica sistemática ante os suportes, mecanismos
« ideologias da are como se lhe
apresentavam. Nesse ponto está o seu antiformalismo: a análise da produção neo-
concreta revela sua unidade sobretudo pela presença de uma inteligência crítica
diante dos modos vigentes de organização formal. É aí que se pode falar numa
imaginação neoconcreta, quem sabe em oposição à inventividade concreta. Há
uma vontade negativa e, digamos, um sopro utópico nos “bichos” de Lygia Clark,
nos relevos de Oiticica e em seus “não-objetos”, nos “objetos ativos” de Willys
de Castro, no Livro da criação e no Ballet neoconcreto de Lygia Pape, nas escul-
turas de Amilcar de Castro cre.
Essa vontade negativa, inscrita principalmente no trabalho de rompimen-
to dos esquemas formais dominantes e no modo de relacionamento vigente da
obra com o espectador, marcou o neoconcretismo e o colocou numa posição até
certo ponto paradoxal: a de um movimento construtivo mais ou menos “maldi-
to”, À relativa “maldição” neoconcreta derivava em parte da atitude intempestiva
de seus agentes diante da linear e racional tradição construtiva. E, mesmo levan-
do-se em conta que o concretismo nacional era provavelmente muito mais agres-
sivo do que o seu similar suiço, nãoo era a tal ponto. Não podia, por exemplo,
tolerar
o descompromi to com
o racionalismo programático atrela-
do às tendências construtivas ortodoxas. Nem o seu desejo de romper a clareza
preestabelecida das suas construções, a lógica de suas harmonias composicionais,
a sábia manipulação dos suportes. Há no neoconcretismo uma violência, uma
margem de aceitação do aleatório, um experimentalismo, uma abertura ao exces-
so, enfim, que não cabiam nos cânones construtivos. Algo ali explodia os limites
da racionalidade e da inventividade da tradição construtiva.
Esse “algo” se manifestava no processo empreendido pelo neoconcretismo
de rompimento
das categorias da arte. Deixando-se
de ladoa própria fusão da
palavra e da imagem (que escapa aos limites de investigação deste ensaio), é pos-
sível verificar esses rompimentos no interior da produção visual.
Lygia Clark No âmbito
da escultura, por exemplo. As preocupações
de Clark com a su-
Casulo 1959
pressão da base — suporte que isola a peça do espaço circundante, privilegiando-a
Ferro
W x30x5em
e assim “platonizando”
suas relações com o espectador
— são provas de uma aten-
Col José Resende ção crítica às formas vigentes. Com os “bichos” e relevos, buscava uma inserção
diferente do trabalho de arte no real, uma positividade sem dúvida estranha às for- Lygia Clark
Bicho
mulações construtivas tradicionais À proposta fenomenológica desses “bichos”
Aluminio
representa um convite a uma participação outra do trabalho de arte no espaço O 60 em
humano — o modo como buscam se inserir no real é indicativo da espécie de rela- Col João Leão
Samamini Netto
ção complexa, hhidinal, que pretendiam travar com o observador, transformado já
num elemento ativo, desligado já da passividade da contemplação.
Do mesmo modo, os relevos de Hélio Oiticica trabalham um espaço inte-
rior, virtual, questionam os limites de nossa percepção habitual, torcem os nos-
sos modelos de vivência estéuca. São trabalhos construídos, é certo, Mas insistem
em formalizar nos limites do formalizável e derivam de uma lógica por assim
dizer não-cartesiana Uma análise detida dessa produção possivelmente revelaria
não apenas a sua ligação com os postulados da ciência moderna = especialmente
com as geometrias não-cuclidianas — mas também com uma idéia implícita do
social e da inserção da arte nesse social. Uma “politica”, se é que podemos utili-
zar essa força de expressão. O que queremos deixar claro é que a vontade neo-
concreta de romper as convenções da arte tem afinal uma base ideológica, é indi-
ce de uma postura critica dentro do campo cultural. Se o concretismo, acompa-
nhando a tradição construtiva, se caracterizava por suas posições reformistas, de
upo socildemocrata, o neoconcretsmo apolítico estava mais perto das utopias e
de uma recusa anárquica do real estabelecido. Não se trata, é claro, de saber quem
estava mais à esquerda ou à direita, mas de detectar às tendências ideológicas
cujos substratos faziam parte de nosso ambiente cultural
Mesmo um trabalho tão comprometicom doa tradição construtiva como
A intensidade dos “objetos ativos”,
o de Willys de Castro é elucidativo nesse sentido. Os seus “objetos ativos” são
o fato de não apenas existirem,
mas insis-
construções. mãs construções “perversas”. A tematizaçãoda superficie como des-
tirem, está na espécie
de desejo do qual
continuidade, tornando impossivel abordá-la enquanto totalidade, é de início um
estão investidos.A sua “perversidade” es-
lance conforme a mais pura estética construtiva: busca de uma organização sin-
tá na recusa em contentar-se
com o dado
tática que permutisse uma informação visual rica em possibilidades de leitura. O
relacional e por assim dizer objetivo: não
interesse central desse trabalho é a mobilização de um espaço não representacio-
lhes basta estruturar os elementos numa
nal, mas em seu modo de inserção no espaço real há uma certa taxa de negativi-
formalização irredutível a uma olhada di-
dade, algo que ultrapassa os contornos
de funcionalidade. Para os neoconcretos,
reta, totalizadora; eles investem sobre es-
esse “algo” sobre o qual insistiam era a própria expressão, manifestação da subje-
sa estrutura uma intensidade, põem em
tividade, elemento não determinável quantitativamente. Esse “algo” fazia a dife- Lygia Clark jogo uma circulação de desejo
que não
e compreen- Abrigo poético 1905
rença neoconcreta. Mas não é necessário retornarà expressividad
para
Folha-de-flandres Hélio Oiticica estava prevista pelo sistema concreto, por exemplo. De um modo geral, esta é uma
der essa diferença com relação ao racionalismo lúdico das produções concretas. À BIS bólide vidro 4 - Terra especificidade neoconcreta: nos limites da racionalidade construtiva não lhe bas-
Col Andréa e Jose
noção de intensidade pode ser aplicada à produção neoconcreta para detectar sua 1964
Olympio Pereira tava “sensibilizar” a linguagem geométrica (proposta de Cordeiro); queria revita-
Vidro, terra e tela de nylom
irredutibilidade às simples manobras combinatórias da arte concreta. lizá-la, tensiond-la enquanto suporte de uma relação que não se limitava a ser um
Hx
0 19 em
Projeto Hélio Otticica processo informacional, mas que colocava em questão e envolvia o sujeito.
Rio de Janeiro
O neoconcretismo só podia pensar essa dimensão não formalizável pelo
racionalismo no registro do sublime, isto é, no âmbito tradicional da estética
idealista. Agora, entretanto, é necessário teorizá-la enquanto posição do desejo
neoconcreto em relação à arte e à cultura; é necessário avançar nessa direção para
compreender e avaliar Os seus efeitos em nosso ambiente. Esses efeitos tiveram,
como dissemos, o poder de abrir um espaço para a produção contemporinea, à
custa sobretudo de superação do projeto construtivo. O duplo lance decisivo do
neoconcretismo foi questionar as categorias e os esquemas de arte vigentes —
inclusive, em alguma medida, aqueles mantidos pela própria tradição construti-
va-e firmar-se como posição política em arte distante das ideologias populistas
e nacionalistas, e distante até certo ponto do projeto construtivo do qual o con-
cretismo era O principal veiculo,
” ss
td
mecanismos de proteção, fabricando história € temporâneo. O neoconcretismo estava inicialmente preso a esse esquema, fora de
imprimindo conceitos em todas as suas manifes- dúvida. Mas, objetivamente, pôs em ação e manipulou elementos que extravasa-
tações, as que têm origem colonial não são for- 4 Hélio Oiticica
vam e denunciavam suas limitações, seu formalismo e seu esteticismo. Mais do
tes o suficiente para estabelecer uma dinâmica Parangolé P4 capa | 1964 que os postulados da estética construtiva, O neoconcretismo rompeu o próprio
ed
Rão de Janeiro
Ea
ral brasileira ocorre, segundo as precisas palavras
d
de Oiticica, como diarréia.
,
—
Dentro desse quadro estão necessariamen-
te os efeitos do neoconcretismo. Mas, não resta
dúvida, com uma ação residual intensa, decisiva
mesmo para um setor da produção contemporá-
nea. É possivel até situá-lo como um corte, ponto de ruptura da arte moderna no Hélio Oiticica
pais. Depois dele, ou melhor, com ele estavam lançadas as bases de uma produ- Bi+ bólide calvs
Óleo sobre mais
ção que Mário Pedrosa chamou de arte pós-moderna, para distinguir da arte
«de mytom e plastis
moderna pós-impressionista e pós-cubista. Tanto pelas questões que levantou 30x 28221 cm
como pelo seu próprio modo de inserção na instituição-arte, e pela maneira (cada caixa)
Projeto Hélio Cris
como evoluiu enquanto estratégia de grupo, o neoconcretismo marcou um tipo
Rio de Jameiros
de indagação nova e diferente no campo cultural brasileiro do final dos anos 50.
A questão daqui para frente é saber se se pode atribuir a esses adjetivos um valor
substancial, ou apenas circunstancial Isto é: se o estudo do neoconcretismo
representa um dado importante para o esclarecimento do projeto construtivo
brasileiro enquanto proposta autônoma e alternativa, ou se não é senão um apên-
dice ou os momentos confusos de sua dissolução
É caro que, numa certa medida, o neoconcretismo deve ser sempre
estu-
dado como o par do concretismo na ação das ideologias construtivas no Brasil.
Mas é preciso não esquecê-lo como o ponto de rompimento dessas
ideologias,
nem reduzi-lo a seu aspecto de continuidade, recalcando
o que talvez seja o seu
As de asileiro seguir o
sonho construtivo, à utopia reformista, à “estetização” do meio industrial
con-
19
q
qa
teca do Estado de São Pauloé MAM-RJ, 1977), da XvIl Castro no Brasil data de 1978 (Gabinete de Arte Raquel
Notas biográficas Bienal Internacional de São Paulo (1983), e da Bienal Bra- Arnaud, SF), onde expõe desenhos. Uma nova série de
sil Século XxX (Fundação
Bienal, sP, 1994).
Em 1996, reali- esculturas, esboçada desde o início da década de 70, toma
za-se mostra retrospectiva de sua obra em Curitiba
e no plena forma nos anos 80 e 90: em blocos
de ferro ou
E
MAM-R]. Aluisio Carvão trabalha no Rio de Janeiro. madeira bastante espessa se fazem cortes e se deslocam os
Barsotti, Hércules (São Paulo, SP, Sylvio Nery da Fonseca, em São Paulo, apresenta exposi-
elementos cortados, estabelecendo-se assim jogo direto
1914). Forma-se em química in- ção de seus desenhos da década de 50. Hércules Barsotti
Castro, Amilcar de (Parai- com
a luz. Em 1989, 0 Paço Imperial, no Rio de Janeiro,
dustrial em 1937, abandonandoà trabalha em São Paulo.
sópolis, MG, 1920). Forma- realiza uma retrospectiva de sua obra, regularmente apre-
profis
dois anos
sãodepois. Suas sentada em mostras individuais. Aposentado desde 1990
se em direito
em 1945. Em
E
primeiras pinturas datdoam
co- Carvão, Aluísio (Belém, Pa, pela Faculdade de Belas-Artes,
Amilcar de Castro passaa
1944, começa
a frequentar à
meço da década de 40, mas é a
1918). Em 1949, muda-se Escola de Arquitetura
e Belas se dedicar exclusivamente
às atividades artísticas, sempre
partir de 1953 que surgem suas
para o Rio de Janeiro, Suas Artes, onde estuda desenho em Belo Horizonte.
obras iniciais de caráter construti- primeiras obras abstratas e pintura
com Guignard e,
vo: desenhos geralmente em pre-
datam de fins de 1951 Em depois, escultura com Franz Weissmann. A conferência de Castro, Willys de (Uberlândia, MG,
to-e-b em que,
rancom co
econo- 1952, intcia curso livre de Max Bill sobre a Unidade tripartida,à que assiste no Rio, 1926 = São Paulo,
S?, 1988) Vivendo
mia é rigor de elementos formais, se obtêm pintura com lvan Serpa, passando « integrar o Grupo em São Paulo desde 1941, forma-se em
superfícies em 1951, é decisiva para seu trabalho em escultura.
estritamente bidimensionais. Sem se filiar ao grupo con- Frente Na década de 50, além de exp. em várias Bienais quimica industrial em 1948, ano de
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1952 e faz sua primei-
cretista de São Paulo, Barsott segue uma dinâmica de São Paulo, participa da 1 Exposição
pró- que datam suas primeiras
pinturas. É a
e
cional de Ante ra escultura construtiva, exposta na [l Bienal de São Paulo
pria, evitando os tecnic
da ism
arte concret
os a. Em 1954, Abstrata (Petrópolis, 1953)
e da 1 Expo... (1953) Nessa época, realiza vários trabalhos de diagra- partir de 1953 que começa a produzir
Nacional de
funda, com Willys de Castro, um estúdio
de projetos grá- Arte Concreta (MAM-SP, 1956,
é MEC-RJ, 0“ partir de mação em revistas
A partir de 1955, o volume
em sua obras com características concretas
ficos que, mais tarde, por volta de 1967, produzirá tam-
1958, sua obra passa a centrar-se na fi 2% da cor, escultura passa a ser resultado de dobras em placas de que, por volta de 1958, se aproximarão
bém padronagens para tecidos Em 1959,
conquista à superando as distinções entre forma e tv “ preo- metal. Após figurar na ! Exposição Nacional de Arte Con- da visão não-positivista do grupo do
Grande Medalha de Ouro no Salão Paulista de Arte Mo- Rio. Paralelamente,
desde 1954, traha-
cupações vão culminar no Cubocor (1960; nho de creta (MAM-SP, 1956,€ MEC-RJ, 1957), adere ao grupo ca-
derna e, nesse ano, participa
da Bienal de São Paulo, na lha com programação visual, quase
Cimento coberto
com pigmento vermelho. (+. atismo rioca e assina o Manifesto Neoconcreto publicado no
Ri
qual tomará pare em 1961 e 1965. Ainda em 1959,
rea- dos concretistas, que o criticavam por usar cores não pri- Jornal do Brasil, na mesma época em que se concluí o sempre ao lado de Hércules Barsotti,
liza sua primeira exposição individual, na Galeria de Arte desenvolvendo ousados projetos gráfi-
márias em suas pinturas, causa seu afastamento e o leva à projeto gráfico de sua autoria. Participa das exposições
dlas Folhas, em São Paulo. Integra às
exposições neocon- neoconcretas (de 1959 à 1961) e da mostra Konkrete cos até os últimos anos de vida. Dedica-
cata
aderir ao movimento carioca Assina o Manifesto Neocon-
eretas no Rio de Janeiro e em São Paulo (1960 e 1961) se também, sobretudo nas décadas de
e ereto € participa das exposições do grupo no Rio de ja- Kunst, organizada por Max Bill em Zurique (1960). Nes-
a mostra Konkreie Kunst, organizada por Max
Bill em neiro « em Salvador Integra também a mostra Konkrete se periodo, apresenta-se nas Blenais de São Paulo de 50 e 60, à confecção de cenários e figurinos para teatro,
Zurique (1960). A partir de 1964, Barsoui passa
sed
à traba- Kunst, em Zurique (1960). Nesse ano, ganha o Prêmio de 1959, 1961 e 1965 Dai
até quase o fim da década
de 70, bem como à poesia e música concretas (é um dos funda-
lhar com corque,esem sequências ritmadas, determinam dores do movimento musical Ars Nova) e a estampas para
Viagem ao Estrangeiro do Salão Nacional de Arté Moder- a escultura de Amilcar de Castro terá como principio
as
inúmeros formatos (losangulares, circulares é outros) tecidos. Artista bastante envolvido na reflexão e discussão
, ma e parte para a Alemanhaa fim de estudar na Escola Su- operações de corte e dobra sobre uma chapa de ferro pla-
favorecendo a inserção de suas pinturas
no espaço real na, segundo sua própria definição de escultura, “o nascer acerca da arte, escreve, entre outros textos, sobre Volpi,
E
perior da Forma, em Ulm, onde permanece até 1963 Em
Assim Prossegue coerentemente até hoje, Barsotti e sua própria obra. Em 1959, assina o Manifesto
apresentando micados da década de 60, explorandoo caráter instável da da terceira dimensão”. Depois de permanecer
três anos
com regularidade sua abra em exposições
individuais e cor, surgea série dos Farfalhantes, nos Estados Unidos, regressa ao Brasil em 197 |, fixando- Neoconcreto e participa das exposições do grupo (de
siso
coletivas. Entre outras mostras, fig com pequenas placas de
noura
Projeto Cons- se definitivamente em Belo Horizonte, quando retoma 19594 1961).
A obra plástica de Willys, precisa e rigoro-
trutivo Brasilei metal que, ordenadas com rigor construtivo, mudam de
na ro
Arte (Pinacoteca do Estado de São seus trabalhos de corte e dobra, interrompidos pelas difi- sa, é muito pouco extensa e produzida de forma descon-
Pauloe MAM-RJ, 1977), na exposição cor conformeo vento e a incidência da luz. Em 1967, fi-
Rio Vertente Cons-
gura na mostra Nova Objetividade Brasileira, apresentada culdades de produzi-los naquele país. Volta-se novamente tinua. Faz em vida apenas quatro exposições individuais
trutiva (itinerante em várias capitais brasilei
ras, 1985) e no MAM-Rj Nas décadas de 80 e 90, Carvão volta-se para para o desenho, que não mais abandonará. Passa à lecio- (Galeria de Arte das Folhas, São Paulo, 1959, Galeria Are-
na mostra Arte Construtiva no Brasi] Coleçã
= med
o Adolpho à pintura em abstrações líricas. Entre outras mostras, par- nar em vários cursos de arte, entre eles o da Faculdade de mar, Campinas, 1960; Peuite Galerie, Rio e São Paulo, 1962,
Leirner (MAM-sP, 1998). Em 199
o Escritó
8,rio de Arte
ticipa do Projeto Construtivo Brasileiro na Arte (Pinaco- Belas-Artes da UFMG. À primeira individual de Amilcar de e Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo, 1983). É na
ca as Superfícies moduladas e os Contra-relevos, numa
Willys de Castro passa a inte-
virada da década de 50 que linguagem rigorosamente anti-representativa. À série Bj- exposições mais recentes, destacam-se salas especiais na tes Após a morte precoce, em 1973, sua obra aparece em
como a IV ea Vi Bienal de São
grar importantes exposições chos, exposta pela primeira vez em 1960 é constituida
de Bienal Internacional
de São Paulo (1994 e 1998), retros- várias mostras de arte concreta, como Projeto Constrútivo
rete Kunst, em Zu-
ado (1957 e 1961). à mostra Konk pectivas no Rio de Janeiro (Paço Imperial e MAM) e em Brasileiro
na Arte (Pinacoteca
do Estado de São Palo e
Paris (1961). Em seus Ob- chapas metálicas articuladas por dobradiças, já insere na
vique (1960), € à 1 Bienal de São Paulo (MAM), ambas em 1999,e outra em Barcelona MAM-RI, 1977) é Arte Construtiva no Brasil: Coleção
aproximadamen- obra da artista à participação do espectador, que será o
jetos ativos, produzidosde 1959 1962 núcleo de seu projeto artístico. O aspecto mais orgânico (na Fundação Tápies), em 1997 Adolpho Leirner (MAM-SP, 1998). Em 1986, realiza-se no
exploram as laterais
te, pinturas sobre relevos de madeira MAC-USP exposição retrospectiva
de sua obra.
nsão depe nde dos deslocamen- de sua criação a afasta do concretismo, levando-a a se jun-
desses objetos, cuja apree
DA
Cordeiro, Waldemar (Roma,
o dos anos 70, tar ão grupo que dará origem ao neoconcretismo, em
tos do espectador. Em seguida, até o inici Itália, 1925
— São Paulo, SP,
produz pouco, mas parti cipa de most ras coletivas, mui 1959, assina o Manifesto Neoconcreto e participa de suas
1973) Estudou
na Academia
e construtiva bra- exposições.
Os Trepantes, série realizada desde o início da
tas delas retrospectivas da arte concreta de Belas-Artes
de Roma. Em
Arte Concreta década de 60, prosseguem a conquista do espaço a partir
sileira (Brazilian Art Today, Londres, 1965; 1946, fixa-se no Brasil, em
no Brasil, tala espec ial na Bien al de São Paulo, 1973; do plano.
Em 1961, recebe o prêmio de melhor escultor
Sãó Paulo.
Atua também nas
do Esta-
Projeto Construtivo Brasileiro na Arte, Pinacoteca
nacional na Vi Bienal de São Paulo e, em 1963, tem sala
áreas de urbanismo, paisagis- Gullar, Ferreira [José Ribamar Ferreira] (São Luis, MA,
meada,
emiz os da especial na VI Bienal, Na década de 1960, expõe várias
do de São Paulo é MAM-RJ, 1977). Real mo, jornalismo e crítica de arte. Em meados da década de 1930) Poeta e crítico de arte. Ainda em São Luis dirige
nos anos 80, se
década de 1970, alguns Pluriobjetos que, vezes fora do Brasil, destacando-se
a Il Exposição Piloto
40, trava Conhecimento com Sacilotio, Charoux é Geraldo revista de cultura e publica seu primeiro livro de poesia
ivo .
Estes resultam do
renovarão em outro periodo produt de Arte Cinética, em Londres (1964), e a grande indivi-
de Barros. A partir de 1948, sua obra começa a se tornar (1949). No Rio de Janeiro desde 1951, lança
o segundo
s: o desloca-
mesmo tipo de operação dos Objetos ativo dual na galeria Signals (1965), também na capital ingle-
abstrata, integrando a mostra Do Figurativismo ao Abs- livro, A luta corporal (1954), com o qual se aproxima do
ento que reor dena o todo. sa. Nessa época, a artista entra em contato com O crítico
mento de uma porção ou elem tracionismo, que inaugura
o MAM-SP em [949 No mes- concretismo. Entre 1955e 1957, participa
do movimen-
objetos, em metal, é apresen- inglês Guy Bret, que escreverá textos impe tantes sobre to de arte concreta, rompendo. depois com o grupo, para
Uma primeira série de Pluri mo ano, assume 3 coluna de crítica de artes plisticas no
Arte Raquel Arnaud. Novas
tada em 1983 no Gabinete de seu trabalho. À partir dos Bichos, a obra d- Lygia Clark
jornal Folha da Manhã Junta-se aos artistas
que em 1952 teorizar e liderar o neoconcretismio. Responsável pelo
ituirão seus últi-
séries, em metal ou em madeira, const desenvolve-se
no sentido de eliminar a cor. : niação por setor de artes plásticas do “Suplemento Dominical” do
formarão o Grupo Ruptura e expõe com eles no MAM-SP,
mostra parte do espectador, levando-oa uma par scão direta
logo após sua morte, na ligando-se também ao grupo concretista argentino. Or- Jornal
do Brasil, publica ali, em 1959, o Manifesto
Neo-
mos trabalhos, exibidos Arte Raquel
Aventuras da Ordem, também no Gabinete de e suprimindo
pouco a pouco o próprio !-« Nas Pro- ganiza a | Exposição Nacional de Arte Concreta (MAM-SP, concreto e, na sequência,
uma série de artigos sobre os
ente em diversas mos-
Arnaud (1988). Além de estar pres posições sensoriais, o espectador passa elemento 1956,
€ MAM-RJ, 1957), tornando-se
lider € teórico do principais movimentos
da arte moderna, na tentativa de,
ivas, a obra de Willy s de Castr o aínda é apresen-
vas colet provocador de experiências sensibilizado. vendo no grupo paulista. Em 1957, escreve um artigo em que pro- em suas próprias palavras, “situar o neoconcretismo
co-
Escul-
tada em exposições individuais póstumas: Ciclo de
tura (Funarte, Rio de Janeiro, 1988), e Willys de Castro:
horizonte os ideais da contracultura de tra :ruação do cura estabelecer as diferenças entre o concretismo paulis- mo herdeiro consequente das experiências artísticas mais
mundo Em 1968,
a Bienal de Veneza aprese -. vetrospec- ta e o carioca, criticando posições de Ferreira Gullar. Em radicais”.
Em 1985, esses artigos serão reunidos no livro
s 1 (Esc
1954-196 deri o Neryoda
Sylvini
Arte tó
Obdera tiva de sua obra Nesse mesmo ano, Lygia Ciark instala- 1960, ano em que expõe em Zurique, na mostra de arte Etapas da arte contemporânea,
É nas décadas de 50 e 60
Fons 1994),
Paulo,a,
São ec se em Paris, onde permanecerá até 1976. Lecina num concreta organizada por Max Bill, obtém a Grande Meda- que escreve seus mais importantes textos sobre arte, nota-
núcleo experimental
da Sorbonne, realizando exercícios lha de Ouro no Salão Paulista de Arve Moderna Na déca- damente sobre os artistas ligados 20 movimento de que é
Clark, Lygia (Belo Horizonte,
de sensibilização com grupos de jovens Desenvolve ali da de 60, abandona os esquemas geométricos rigidos para o principal lider Entre eles, destacam-se “Lygia Clark,
MG, 1920 = Rio de Janeiro, RJ, suas idéias a respeito da arte integrada à vida, promoven- praticar um abstracionismo
em que a cor é o principal uma experiência radical” (1958) e “Teoria do não-obje-
1988). Inicia estudos de arte do vivências sensoriais. Os interesses da artista voltam-se elemento. Em 1964, surgem os Poperetos que aproximam to" (1959) Em 1961, dirige a Fundação Culturalde Bra-
com Roberto Burle Marx no
cada vez mais para as possibilidades terapêuticas da arte. seu trabalho do novo realismo francês. Participa das mos- silia e integra em séguida o CPC da UNE, do qual é presi-
Rio de Janeiro,
em 1947. Em Ela cria seu próprio método, orientado pelo contato cor- tras Opinião65 (MAM-RI). Proposta 65 (FAAP, São Paulo) deme até o golpe militar de 1964 OQ contato
com a cul-
1952, seu trabalho firma-se
poral do paciente com os Objetos relacionais, Ao retornar e Nova Objetividade (MAM-A, 1967). Em 1968, incorpo- tura popular e o engajamento
político (flia-se
ao Partido
na abstração peométrica, já
numa tentativa de incorporar ao Brasil em 1977, dá prosseguimento a essas atividades ra o uso de novas tecnologias, como computadores€ Comunista) provocam mudanças em seus conceitos esté-
Sa =
Gs de are concreta de 1954 a sições de sua obra no Brasil e no exterior, fato que a situa demar Cordeiro passa a lecionar na Unicamp, onde dirige estéticas em ensaios como Cultura posta em questão
nad
|
pela renovação
do cartaz em pital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, | pela 1959a 1961),
bem como da mos- 50. Suas pinturas
e desenhos de caráter construtivo figu-
|
São Paulo, trabalha
com ar- dra. Nise da Silveira. Em 1947, ao conhecer “edro- tra Konkrete Kunst, em Zurique. ram nas exposições do grupo em 1955 e 1956, Ainda
tes gráficas ao lado de Alexandre Wollner e Antonio Maluf. sa, passa a se interessar pela abstração mura. Na passagem para 05 anos 60, abandonando o suporte nesse periodo participa das Bienais de São Paulo de 1955,
|
Pintor, artista gráfico e arquiteto, aproxima-se da pintura Mavignier está entre os primeiros pintores « as SUF- bidimensional, Hélio Odticica cria as séries dos Bilaterais 1957 e 1959 e de exposições de arte concreta (1956 e
concreta movido por seu interesse pelos problemas da gidos no Brasil. Muda-se depois para São P- = toma é Relevos espaciais (1959), com peças tridimensionais 1957) Realiza então série de xilogravuras, chamadas Te-
arquitetura Em 1953,
a convite de Waldemar Cordeiro, contato com o grupo concreto paulista Em 1. além de coloridas suspensas. Em seguida, como proposta de uma celares,
em que explora as possibilidades
da técnica, o
passa a integrar o Grupo Ruptura, aderindo ao vocabuli- participar da | Bienal de São Paulo, faz sua pri rs expo- relação interativa entre o observador
é as cores e já intei- negativo/positivo
é à geometria nio-euclidiana, obra que
rio concretista e realizando pinturas com estruturas séria- sição individual, no MAM-SP. No mesmo ano, viajá para à rameme imbuidos do espirito da produção de “vivên- lhe vale, em 1956, o segundo Prêmio Leirner de Arte
das e efeitos ópticos. Em 1954, recusa o convite para par- Europa e, por intermédio de Mário Pedrosa, conhece Max cias”, surgem os Núcleos, os Penetráveis
e os Búlides, Contemporinea Em 1958, apresenta seu Ballet neocon-
ticipar da Bienal de Veneza, por não terem sido incluidos explorados corporalmente
pelo espectador. Com os Pa- ereto, sendo a primeira entre os concretistas a tratar das
Bill em Zurique. Datam dessa época seus primeiros traba-
os outros membros do grupo. Em 1955, ano em que rangolés
(a partir de 1964)— capas, tendas e estandartes questões
do corpo. Em 1959, assina o Manifesto Neocon-
lhos concretisias.
Fixa-se na Alemanha em 1953, para estu-
figura na Bienal de São Paulo, obtém o segundo Prêmio para vestir ou exibir =, o trabalho do artista rompe defi- creto e participa das exposições do grupo; em 1960, inte-
dar na Escola de Ulm, e passa a desenvolver atividades com
Governo do Estado no Salio Paulista de Arte Moderna nitivamente a distância entre à obrae o espectador, come- gra a mostra Konkrete Kunst, em Zurique. Pioneira no uso
desenho industrial e comunicação visual. Seu trabalho
ça à estender-se a outras áreas, associando-se à dança e à do livro como obra de artes plásticas, realiza o Livro da
Nos anos seguintes, integra as exposições do grupo con- artístico, caracterizado por “pontos” de cor ou em relevo,
música, São apresentados pela primeira vez na mostra criação (1960), o Livro da arquitetura (1960) e o Livro do
cretista, incluindo-se, em 1960, a mostra retrospectiva
de segue princípios ápticos científicos, sob influência direta
arte concreta, no Rio de Janeiro, e a mostra Konkrete Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janei- tempo (1961), nos quais o vocabulário de formas e cores
de Max Bill e Josef Albers Em 1957, participa da Bienal de
Kunst, em Zurique. Nos anos 60, repensa o problema do ro. Em 1967, idealiza e organizaa mostra Nova Obje- constitui uma experiência lúdica e poética com a partici-
Sião Paulo (estará presente também nas edições de 1961e
concretismo e acaba por abandonar o movimento Inte- tividade Brasileira (MAM-Rj). Em 1969, com catilogo pação ativa do “leitor” Entre 1963 e 1967, desenvolve
1969). Em 1960, integra a mostra organizada por Max Bill atividades com cinema, fazendo cartazes, roteiro, monta-
gra-se então à emergente Nova Figuração Brasileira, apresentado por Guy Brett, realiza importante retrospec-
com em Zurique e, no ano seguinte, organiza exposição de Op-
101
1953 0
a defendere estimulara arte abstrata, integra em balhos. O contato com as obras abstratas de Calder e Diálogo
Por volta de 1957, passa à se dedicar exchuiva-
como Oro — exibido no evento Apocalipopótese e orga- júri da 1 Exposição Nacional de Arte Abstrata, em Petró-
Kandinsky. em 1946, é decisivo para a definição de sua mente à produção literária, lançando vários livros de poe-
nizado por Oiticica no Aterro do Flamengo — e Divisor,
polis, e participa, como membro da comissão artistica, da trajetória. Precursor com Waldemar Cordeiro da arte con- sia e escrevendo
sobre arte Nesse período,
entra em con-
um pánio de 30 metros com perfurações para o encaixe da
organização da Il Bie nal
de São Paulo. Em 1955, escreve a creia em São Paulo, pássa a usar em seus trabalhos supor- tato com o grupo de artistas que formarão O grupo neo-
cabeça de dezenas de espectadores, apresentado numa
aparen- apresentação para à segunda exposição do Grupo Frente, tes e tintas industriais. Em 1951, participa da | Bienal de concreto, sendo um dos teóricos do movimento e signa-
favela Em Lygia Pape, a não-fixidez numa forma
temente coerente é o desdobramento em várias lingua- no MAM-RJ, fazendo ainda conferência por ocasião da 1 São Paulo, bem como de suas edições seguintes até 1957 tário do seu manifesto Em 1959, publica estudo sobre à
Exposição Nacional de Arte Concreta. Em a co-
1957, cria (figurará também em 1961 e 1965). Está presente na Bie- obra de José Antônio da Silva, sendo um dos primeiros a
gens, que se estabelecem mas fronteiras entre arte € não-
luna de artes visuais do Jornal do Brasil, que manterá por nal de Veneza
de 1952, ano em que assina o Manifesto reconhecer as qualidades do artista primitivista Entre
arte, são as características mais marcantes. Em 1975, faz
vários anos. Em 1960, escreve o artigo “Significação de 1963e 1965, colabora
na revista Habitat. Poucos anos an-
sua primeira exposição individual, na Maison de France, Ruptura e integra à exposição do grupo em São Paulo.
— numa linguagem próxima ao Lygia Clark” e, em 1961, “Os projetos de Hélio Oiticica” Participa das exposições concretas em São Paulo e Rio de tes de morrer, Theon Spanudis dos do MAC-USP parte de
no Rio. Muitos trabalhos
Entre 1961 é 1962, fixa-se em São Paulo para dirigir o Janeiro (1956 e 1957), da retrospectiva
de arte concreta sua coleção de arte; em 1986, após sua morte, O restan-
que hoje chamamos instalação — são criados a partir de
Museu de Arte Moderna. Em 1964, publ ica de
a coletânea no Rio e São Paulo e da mostra Konkrete Kunst em Zu- te passa à pertencer
ao museu. Incluem-se
nela principal-
então: Theia (1978), Ovos do vento (1979), Luar do ser-
tão (1995), entre outros. Sua obra figura na mostra Pro- ensaios Dimensões da artee, em 1966, obr de as
cunho rique (1960). Sob o titulo Concreções agrupam-se pintu- mente obras de tendência construtiva e geométrica, entre
jeto Construtivo Brasileiro
na Arte (Pinacoteca do Estado político e sociológico. Durante a ditadura militar, exila-se ras, relevos
e esculturas com estruturas ritmadase voca- as quais um grande conjunto de pinturas de Volpi
de São Paulo
e MAM-RJ, 1977) e ma XXIV Bienal Interna- no Chile entre 1970 e 1977, e depois na França De re- bulário geométrico. Os relevos
de aluminio pintado
e as
cional de São Paulo (1998) Em 1988, expõe
sua obra do gresso ao Brasil, considerando a arte em crise e sem saida esculturas de latão e alumínio anodizado partem do plano Vieira, Mary (São Paulo, SP, 1927).
periodo neoconcreto na galeria Thomas Cohn, no Rio de e julgando esgotadas as experiências modernas, pronôe para o espaço, em operações de corte e dobra. Atuante em Residindo
em Belo Horizonte des-
Janeiro,
e, em 1996, além de várias mostras individuais, uma exposição de arte indigena no Museu de Arc do movimentos políticos, Luis Sacilotto mantém-se na semi- de 1944, faz aprendizado de pintu-
faz retrospectiva no Centro Culvaral São Paulo. Lygia Pape derna do Rio de Janeiro, que não se realiza em vi). do clandestinidade
durante o periodo da ditadura militar e se ra e desenho com Guignard e de
leciona no curso de mestrado da Universidade Federal do incêndio que destrói o museu. Passa a sc dedica om afasta da atividade artística, retornando à pintura na déca- escultura
com Weissmann e Amil-
Rio de Janeiro. à arte dos alienados, organizando
no Rio de Jane. + da de 70. Experimenta então novas linguagens, como a car de Castro, na Escola
do Parque
sições de pacientes psiquiátricos e colaboran E] serigrafia Sua obra, sempre flel aos preceitos concretístas, até 1947. Nesse ano, recebe
o pri-
Pedrosa, Mário (Timbaúba, PE, 1900 = Rio de Janeiro, Rj, Museu de Imagens do Inconsciente. Em 1979. - + continua a explorar com rigor geométrico as possibilida- meiro prêmio
de escultura no Sa-
1981). Crítico, historiador
da arie e professor, forma-se o livro Arte/forma e personalidade, que reúne x- des ópticas. Participa das mostras Projeto Construtivo Bra- lãio Municipal de Belas-Artes de Belo Horizonte e, no ano
em direito no Rio de Janeiro em 1923 Durante
a década tos seus. Ainda nesse ano, Mário Pedrosa atua m sileiro na Arte (Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAM- seguinte, faz à primeira de uma série de experiências com
de 20, suas atividades dirigem-se para a militância politi- dos teóricos
da fundação
do Partido dos Trabalh=s = 30 Ej, 1977), América Latina: Geometria Sensivel (MAM-RJ, escultura eletromecânica, sendo pioneira nesse gênero.
ca filia-se ao Partido Comunista em 1926, do qual se des- qual foi um dos primeiros a se filiar Depois de sia recto, 1978) e de outras importantes retrospectivas que focali- Em 1949, produz o seu primeiro Polivolume, que já pro-
liga em 1928 e, posteriormente, liga-se à IV Internaçio- organiza-se a exposição Contemporancidade: Homena- zam a arte construtiva
no Brasil, Em 1995,
o Escritório de põea participação
do espectador pelo manuseio
das par-
nal,
É em 1933 que estréia como crítico de arte, proferin- gem a Mário Pedrosa, no MAM-RJ, em 1982 Arte Sylvio Nery da Fonseca, em São Paulo, organiza re- tes móveis. Os objetos de Mary Vieira, em razão de seu
do uma conferência sobre a gravadora alemã Kseihe trospectiva
de sua obra. Luis Sacilotto trabalha em Santo caráter e forma dinâmicos, ultrapassam os limites da tri-
Kollwitz. Só a partir de 1940 passa à se dedicar de forma André. dimensionalidade, transformando-se em experiência lú-
mais sistemática
às reflexões estéticas, Em 1946, iniciaa dica espaço-temporal Em 1951, viaja para a Suiça, onde
seção de artes plásticas do Correio da Manhã, escrevendo Spanudis, Theon (Esmirna, Turquia, 1915 = São Paulo,
sP, faz curso de aperfeiçoamento
em Zurique e conhece Max
sobre arte também no Estado de 5, Paulo
e na Tribuna da 1986), Poeta e crítico de arte, vive em Atenas entre 1922 Bull, ali permanecerá em definitivo. A partir desse ano, rea-
Imprensa. No ano seguinte, conhece o trabalho da dra e 1933, Transfere-se em seguida para Viena, onde estuda liza várias exposições naquele paíse, em 1953, é premia-
Nise da Silveira com os pacientes de terapia ocupacional medicina, especializando-se
em psicanálise. Chega ao Bra- da na Il Bienal de São Paulo. Integra,
com o grupo concre-
da Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Em 1949,
Sacilotto, Luis (Santo André, se, 1924). De 1938 a 1943, sil em 1950, convidado a lecionar sua especialidade em tista suiço Allianz, do qual Max Bill faz parte, várias expo-
na Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, defende a São Paulo. Um dos primeiros a colecionar a obra de Volpi,
estuda pintura no Instituto Profissional Masculino de São sições
na Europa. Em 1959, está presente
na V Bienal de
tese Da natureza afetiva da forma na obra de arte, em que
Paulo Trabalha profissionalmente como desenhista técnico adquire em 1951 a primeira de uma grande coleção de Escultura ao Ar Livre de Antuérpia, na Bélgica, apresen-
aborda o problema da arte do ponto de vista da psicolo- e pro de quadrias de alum para p Auci, pinturas desse artista. Inicia-se na critica de arte em 1956, -tando-se também na ill Exposição Nacional Suiça de Es-
gia da forma (Gestahi) Primeiro crítico de arte brasileiro com um artigo sobre a obra de Volpi publicado na revista
industrial, material que mais tarde utilizará em seus tra- cultura ao Ar Livre, em Berna (1962). Em 1966, recebe
principais esquemas formais com que trabalhará até o flm
04 Salon Réalités
o prêmio internacional Marinetti, no participa das exposições do grupo e da mostra Konkrete
de Paris. davida Em 1972, com curadoria de Aracy Amaral, realiza
Nouvelles do Museu de Arie Moderna da Cidade Kunst,
em Zurique (1960) De regresso
ao Rio de Janeiro,
Em seus Intervo- retrospectiva no MAM-RJ e, em 1974, retrospectiva do ganha sala especial na VI Bienal de São Paulo. Sua obra,
Em 1970, expõe na Bienal de Veneza
Grupo Santa Helena no Museu Lasar Segall, em São Paulo.
lumes, o público é estimulado a se movimentar em torno que na Europa assumira características expressionistas —
estão Dessa época em diante, à obra de Alfredo Volpi é apresen-
da obra. Várias esculturas monumentais da artista mostras
constando, entre outros, de relevos feitos com chapas de
, Mary táda em sucessivas exposições individuais, em
expostas em locais públicos, no Brasil e no exterior metal amassadas —, retoma em 1969 a linguagem constru-
,
na Suiça sobre arte brasileira
e em publicações.
Vieira trabalha em Basiléia tiva e começa à fazer uso da cor Em 1971, o artista parti-
cipa da xi Bienal de Escultura ao Ar Livre de Antuérpia, na
Volpi, Alfredo (Lucca, ália, Bélgica, e, em 1972, da Bienal
de Veneza. Desde 1975,
1896 - São Paulo, SP, 1988) dedica-seà execução de esculturas para espaços públicos.
Chega
ao Brasil em 1898, a- Integra
as mostras Projeto Construtivo Brasileiro na Arte
companhando os pais que (Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAM-RJ, 1977),
imigrampara São Paulo. Em Tradição e Ruptura (Fundação Bienal, São Paulo, 1984) e
1911, inicia atividade
profis- = Bienal Brasil Século XX (Fundação Bienal, São Paulo,
E %
sional como pintor-decora- 1994). Em 1993, recebe o Prêmio Nacional de Arte do
dor Começa
a pintar em 1914. Até 1930, sua pintura
tem Weissmann, Franz (Knittelfeld, Áustria, 1915) Chega ao Ministério
da Cultura Em 1999, sua obra ganha exposi-
caráter impressionista Em meados da década de 30, Brasil, ào Rio de Janeiro,
em 1924, estudando a partir de ção retrospectiva no Rio de Janeiro (Paço Imperal/MAM)
conhece Francisco Rebolo e frequenta o ateliê do edificio 1939 ma Escola Nacional de Belas-Artes, curso que não e em São Paulo (MAM). Franz Weissmann trabalha no Rio
Santa Helena. O contato com Emesto de Fiori vai influen- concluirá. Em 1945, desiludido com o ensine scatémi- de Janeiro.
ciá-lo de maneira decisiva
Na década de 40, seu trabalho co de arte, muda-se para Belo Horizonte e 51 com Célia Euvaldo
aproxima-se das tendências modernistas, acabando por Guignard, a Escola do Parque, onde leciona EE
abolir a hierarquia entre figura e fundo. Em 1944, realiza Desde meados da década de 40, trabalha cor: + “A
sua primeira exposição individual, cujo catálogo é apre- principio figurativa, ela aos poucos simplifica = es
sentado por Mário Schenberg Em 1950, faz sua única via- do para uma ordem geométrica
e abstrata É»: si de
gem à Europa, onde se encanta com os afrescos de Giotto São Paulo (1951) que, entrando em contato c» ae
em Pádua. Em 1951, participa da 1 Bienal de São Paulo, o pensamento de Max Bill, encontra o esti uva
ocasião em que Theon Spanudis conhece sua obra e adqui- para explorar mais diretamente o espaço em tras
re as primeiras telas do artista. Nesse ano, pinta os murais Por volta de 1953, faz esculturas com barras de!p iss de
da capela do Cristo Operário, em São Paulo. Em 1952, in- aço inox é alumínio — uma espécie de “desenho no espa-
tegra a Bienal de Veneza (também estará presente em 1954 ço”. Utiliza também elementos geométricos articulados
e 1964). Em 1953, encontra reconhecimento
e recebe o em módulos, estabelecendo
ritmos de cheios e vazios Em
prêmio de pintura na Bienal de São Paulo (dividido com 1955, integra
o Grupo Frente e participa de suas exposi-
Di Cavalcanti). Ao expor obras que sintetizam as cores € as ções em São Paulo e no Rio de Janeiro (1955 e 1956). Em
formas com que vinha trabalhando, aproxima-se assim do 1956, retorna
ao Rio € Integra
as mostras de arte concre-
eoncretismo. Participa como “artista convidado” da | Expo- ta (MAM-SP, 1956, e MEC-RJ, 1957); no ano seguinte, já
sição Nacional de Arte Concreta (MAM-5P, 1956,
€ MEC-RJ, tendo figurado
nas edições de 1953e 1955, recebe o prê-
1957), sem no entanto aderir ao movimento Em 1958, mio de melhor escultor na IV Bienal
de São Paulo Em
recebe
o Prêmio Guggenheim e, no ano seguinte, expõe 1958, com a obtenção do prêmio Viagem ao Estrangeiro
na Fundação Guggenheim, em Nova York, Em 1960, faz no Vil Salão Nacional de Arte Moderna, viaja para a Eu-
individual na Galeria de Arte São Luis, com apresentação
ropa e para o Oriente, permanecendo fora do Brasil até
de Willys de Castro. Na década de 60, Volpi elabora os 1965 Antes de partir, assina o Manifesto Neoconcreto e
nos
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Tradução
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E
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Benjamin, Walter 60 Freud, Sigmund 27, 30 BO, 89, 90, 93, 94, 95, 01, 102 Tarsila (do Amaral) 35, 36
Bense, Max 67, 70, 82 Tailin Vladimir 15. 16,22, 34, 35,87
Bergson, Henri 78 Gan, Alexei 22 Fancenl, José 12
Torres-Garcia, Joaquin 13, 14, 16
Bal, Max 10, 17,30, 34, 36, 37, 38, 39, “7. Garcia, (Joaquin) Torres ver Torres-Garcia, Joaquim Pape. Lygia 11-12, 57,57, 58. 78, 80, BI, 82, 83,
60, 69, 77,96. 97,99, 100, 103, 104 Gray. Camilla 36 89, 1DI-102
Valladares, Clarival do Prado +6
Bot, Marcle 31 Gropius, Walter 21 Pedrosa, Mário 9, 12, 47,52, 94, 100, 102
Vamongerloo, Georges 37
Breton, André 29 Guignard, Alberto da Veiga 35, 36, 103, 104 Peirce, Clharkes 55
Vasareky, Victor 42
Gullar, (José Ribamar) Ferreira 11-12, 37,49,57,05 Pevsner, Nikolaus &
Vieira, Décio 85, 101
Calder, Alexander 34, 103 78, 61, 84, 99-100 Pound, Essa 63,69
Vieira, Mary 37, 45, 103-104
Camargo, Sérgio 77 Volpi, Alfredo 47,48, 49,97, 103, 104
Campos, Augusta de 40 Jardim, Reynaldo 8, 10-11, 82
Rietveld, Gerrit 18
Rodehenko, Alexander 22, 23
Carvão, Aluiso 12,47, 57, 58, 76, 80, Joyce, James 69
86, 87, 96-97, 01
Rouault, Georges JH Wiersemann, Franz 11-02, 45,46, 46 47, 58, 59,
60, 61, 76,97, 103, IO4-105
Castro, Amilcar de 11,58, 63, 64, 65, 66, Kandinsky Wassily 20, 21,103
Sacilotto, Luis +0,47, 51, 52,99, 102-103 Wiener, Norbert 55. 60
67,76, BO, 89, 97, 103 Klee, Paul 20
Schumers, Kurt 27, 28 Wisner, Robert 41
Castro, Willys de 58, 59, 74, 75,76,
Segall, Lasar 12 Wiollner, Alexandre 43, 100
BO, 89, 92, 96, 97-98, 104 Langer, Suzanne 55, 73
Cavalcana,
Di. ver Di Cavalcanti Lima, Mauricio Nogueira 45, 47, 100
Cézanne, Paul 13, 35 LissitzkyEl 2M-25
Chagall, Marc 36
Clark, Lygia fontispício, 11-12, 54, 56, 57, Sá, Magrine, René 30
76.80.81, 88,89, 90-91, 92, 98-99, 102 Maldonado, Tomis 60
Cordeiro, Waldemar 36, 45, 46, 47, 50, Malevitch, Kasimir 8, 10, 36, 36, 37
51,93,99, 100, 104
Mallarmé, Stéphane 69
Maluf, Antonio 43, 100
Dacosta, Milton 53
Marx, Karl 27,60
Dali, Salvador 30
Mauss, Marcel 31,32
Eh Cavalcana, Emihano 12, 35, 36
Mavignier, Almir 37, 44, 100
Dias, Cicero 35
Merleau-Ponty. Maurice 55-57, 73, 87
»
Créditos fotográficos:
Agradecimentos da primeira edição:
pela Todas as fotografias são de autoria de Mauro Chinen,
O autor gostaria de agradecer a Marcos Marcondes
exceto as seguintes imagens creditadas a:
gentil concessão do copyright; a Luís Buarque de
Hollanda e Paulo Hiper pela iniciativa e apoio para ViviaZ1 (pp. 2, 57 inferior, 84, 85, 86, 87, 90,91);
b.
a realização deste estudo; a Kátia Almeida Braga pela Arquivo do Projeto Hélio Oiticica (pp. 9, 70, 71, 72, 73,
secretaria competente e amável; aos artistas do 93, 94, 95); Arquivo do Museu de Arte Ep
movimento que residiam então no país pela da Universidade de São Paulo (pp. 27, 38, 41, 45):
colaboração e esclarecimentos através de entrevistas mulo Fialdini/Arquivo da Biblioteca do Museu di
e depoimentos, nomeadamente: Lygia Pape, Franz oderna de São Paulo (pp. 40, 42, 44, 48, 52); Rômulo
Weissmann, Aluísio Carvão e, em particular, Hércules Fialdini (pp. 42, 44, 53, 69): Pedro Franciosi (pp. 63,
Barsotti e Willys de Castro pela paciência e dedicação 64, 65, 66, 67); Vicente de Mello (pp. 1, 54, 56
com que sempre me atenderam em São Paulo. superior); Adriana Moura (pp. 47, 59 inferior, 60, 61 );
Reynaldo Jardim (pp. 10 e 1 ); Arquivoda artista
Cosac & Naify Edições agradece às seguintes (pp. 57 superior, 81, 82, 83); João Musa (pp. 49) .
pessoas e instituições:
Adriana Moura, Agnaldo Farias, Amilcar de Castro,
Andréa e José Olympio Pereira, Angela Martins, Anna
da
Mariani, Banco BBM, Bruno Mariani, César Oiticica,
io
|
Dora Silveira, Ferreira Gullar, Fundação Bienal São
E ES
q
Paulo, Gabriel Pérez-Barreiro, Galeria AM, Guilherme
pie
Bueno, Hércules Barsotti, Ítalo Campofiorito, João
Sattamini, José Resende; José Teixeira Coelho Netto,
Livia Eliezer, Luiz Camillo Osório, Luiz Antônio
de Almeida Braga, Lygia Pape, Márcia Muller, Maria
Cecilia Breda, Mariana Moreau, Marta e Rubens
Schahin, Mauro Chinen, Museu de Arte Moderna
Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro
de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São (Fundação Biblioteca Nacional, RJ, Brasil)
Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brito, Ronaldo “
Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Neuza B5Sc Neoconcretismo: Ronaldo Brito
Marimatsu, Paula Pape, Paulo Kuczynski, Paulo São Paulo, Cosac & Naify, 1999
Monteiro, Pedro Franciosi, Projeto Hélio Oitícica, Edição português
P: 112 ilustrações: 107
Raquel Arnaud, Reynaldo Jardim, Ricard Akagawa,
(Série espaços da arte brasileira)
Ricardo Tilkian, Rômulo Fialdini, Rosa
Artigas, Silvia ISBN 85-86374-43.1 +
Castelo Branco, Silvio Nery, Vicente de Mello,
4. História da arte brasileira. 2. Neoconcretismo
Em especial aos artistas do movime
nto neoconcreto L Título. II Série,
e ao sr. Adolpho Leirner. CDD - 709.8]
paNA
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