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Despertar da Consciência

REFUGIADOS. FRONTEIRAS.
Duas palavras com que, somos, diariamente, confront ados nos órgãos de comunicação social,
sem que, muitas das vezes, nos apercebamos do seu verdadeiro significado e valor.

REFUGIADOS. FRONTEIRAS: uma realidade dura, mas que existe …


É sobre o caminho que os refugiados percorrem e, os motivos que os levaram a tal, que
escrevo esta singela reflexão.
Como deve ser angustiante e sufocante largar o que se conseguiu construir numa vida, largar
tudo aquilo que se conseguiu com suor, trabalho e, acima de tudo, com sacrifício!
Tudo isto se pode perder num enésimo minuto das nossas vidas …
M as, qual ou quais, os motivos que levam os indivíduos abandonarem os seus lares, a sua
família, o seu país, tão repentinamente?
As situações políticas são as mais frequentes: Guerras Civis, Perseguições Políticas … e outros
problemas subjacentes a estes.
Ao chegarem à fronteira vêem um novo país e, uma nova esperança desponta, ressurge no
interior de cada um.
A fronteira é como um novo horizonte que se pretende alcançar ou, como que símbolos de
algo próprio que não se queiram perder, pois ela, representa a continuidade, um novo futuro,
que de certeza será árduo e difícil de alcançar.
Entram, então, no desconhecido, num aparente submundo, onde olham à volta e não
conhecem ninguém: diferentes culturas, diferentes etnias, ideologias e raças; como tudo é
diferente e estanho; estão num ponto de “ rutura” das suas vidas, mas que, a todo o custo
tentam ultrapassar e modificar.
M as, o acolhimento nem sempre é o melhor: são repelidos, marginalizados ou, então,
explorados até à escravatura selvagem.
Como será difícil, então, viver?!
Tudo isto é dramático e lastimável mas terá que ser solucionado a curto prazo, pois muitas
vidas estão pendentes do país “ acolhedor” .
Assim, as questões colocam-se:
Qual será a melhor solução para estas pessoas?
O que fazer com elas? Página | 2
A verdade é que assistimos perplexos a uma massificação de refugiados em direção a outros
países, que estes pensam lhe darão melhores garantias e condições de vida, mas, estas muitas
vezes saem goradas, retraindo-os para uma esperança frustrada, visto, muita das vezes, os
países de “ acolhimento” não estarem preparados estruturalmente, logisticamente, quer a
nível humanitário, quer ao nível dos recursos, para “ suportar” tanto fluxo de entrada de
pessoas em tão pouco tempo.
Assiste-se, porém, que a maior parte dos refugiados procuram os centros urbanos
industrializados para se concentrarem e desesperadamente se fixarem.
Esta afluência em massa provoca nas cidades uma repartição desmensurada e desnivelada,
fazendo com que, estas, surrealísticamente se “ partam ao meio” , sendo uma metade “ caos” e
a outra “ eternidade” ; “ caos” para todos os refugiados que desesperadamente tentaram ficar
mas que mais tarde são repatriados para os seus países de origem; “ eternidade” para todos
aqueles que, pontualmente conseguiram se fixar, quer através de meios legais ou ilegais.
Para os que ficam devemos ter uma consciência unificada e ajudar estas pessoas, pois elas
precisam do nosso apoio total; pois, quem sabe, se no Futuro não seremos nós os ditos
Refugiados?
E, nessa situação, se não valermos aos outros quem nos há de valer a nós?
Teremos credibilidade própria de exigir alguma coisa, se fomos no Passado indiferentes para
com essas pessoas?

Passaram-se 24 anos e, afinal, o que é que mudou?


De quanto tempo mais precisamos para despertar a nossa Consciência Coletiva?

Luís Filipe Ribães M onteiro [M estre em Gestão]


Portugal, Amarante, 11 de julho de 1992 [Texto publicado no Jornal de Amarante]
Texto Revisto em 03 de junho de 2016 [Texto Revisto para o LinkedIn]

Imagem Adaptada de Giorgos M outafis / Reuters (Consulta em 03 jun.2016)

© Ficam Reservados Todos os Direitos dos Autores 2016


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Despertar da Consciência II

REFUGIADOS. FRONTEIRAS.

Volvidos que estão 24 anos do primeiro texto que escrevemos sobre esta temática, hoje,
voltamos a este tema, porque, além, de ser um assunto de crescente pertinência humanitária,
social, política e de extrema mediatização nos órgãos de comunicação social, será necessário
como Homens e, numa consciência coletiva, tentarmos compreender toda esta situação
dramática que afeta milhões de pessoas e, de uma vez por todas tentarmos em conjunto,
desmontar certos mitos e ofuscadas perceções que giram à volta dos refugiados/ fronteiras e,
desta forma, desconstruirmos certas sombras que, ainda, pairam no lusco-fusco da cabeça de
muitos e que, fazem dos alguns uns tantos poucos que tentam, ainda, lutar contra estas marés
de homens e mulheres em pleno sofrimento.

M as será que, ainda, somos capazes de reconhecer este chorar?


A Europa e o M undo assistem uma das maiores crises humanitárias e migratórias depois da II
Guerra M undial e a nossa capacidade coletiva de nos podermos unir em torno desta questão
será, tão importante, quão reconhecermos no Outro o Nós que nele habita. Sabermos para
onde queremos ir enquanto civilização humana mostra-se, atualmente, um dos maiores
desafios que temos em mãos e, onde o sonho e a esperança não podem ser substit uídos pela
cobardia e o medo de nada fazermos.

O ano de 2015 na Europa apresentou-se-nos com o sendo um ano de contrastes, onde,


enquanto, (v.g. ) tecíamos largos regozijos pela descoberta científica de um novo antibiótico (a
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t eixobact ina ) e que servirá para salvar milhões de vidas no futuro, ao mesmo tempo, o velho
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continente é confrontado com um fluxo de refugiados sem precedentes (mais de 60 milhões)
e, onde, a própria Europa (ou parte dela), se recusou aceitar essas pessoas e, a fechar,
inclusive, as suas fronteiras deixando morrer aos seus pés muitos desses seres humanos e/ ou
deixando-os numa situação de graves condições de vida.
Quem é que pôde ficar indiferente ao corpo daquela criança Síria de 3 anos que morreu
afogada no M ar da Turquia do nosso opróbrio coletivo?!

REFUGIADOS. FRONTEIRAS. Página | 4


Bom, o melhor é fazermos uma viagem quântica ao ano de 1951 ou, mais propriamente, à
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Convenção de Genebra (Art. 1º , pto 2) , para vermos que, aquilo que é dito na teoria colide,
fortemente, com aquilo que na prática se vê e sente e vive. Diz aludida Convenção que, “ um
refugiado é uma pessoa que temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade
e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que,
se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em
consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar
a ele.” Acontece que, no caso dos países Europeus (países signatários da Convenção e, por
isso, contratantes) algumas das medidas tomadas para tentar parar este fluxo migratório foi,
entre outros, fechar as fronteiras com muros de arame farpado num processo intimidatório e
discriminatório daqueles Seres Humanos em transição e à procura de uma vida melhor. (cfr .
(v.g. ) “ Art. 3 – Não Discriminação” da aludida Convenção de Genebra)

Ora, acontece que, embora haja um relativo consenso sobre a necessidade de resolver estas
graves tragédias humanitárias, esse consenso ao que parece, acaba por começar e terminar,
quase, no mesmo ponto de partida, pois se, assim não fosse, entre o ano de 1992 (o nosso
ponto de partida) e o atual (2016 – o nosso pont o de chegada) o “ estado das coisas” ,
certamente, estariam bem melhor posicionadas em termos coletivos do que aquilo que estão
ou seja, os líderes dos países Europeus apresentam grandes divergências em como devem
responder a estas crises no terreno, bem como, parece existir uma grande divisão em termos
de opinião pública sobre o que, realmente, na prática se deve ou não fazer.

É nesta paralaxe humana de (in)decisões que o Homem Coletivo se move no que tange a estes
dramas migratórios e das consequentes tensões geradas e, é, aqui, que o nosso Eu se esbate
no Eu do Outro e que, afinal de contas, pertencemos todos a um mesmo Nós e que, é neste
confronto de contrastes, entre, uma história passada (- já escrita) e, uma presente (- a
(re)escrever) que o nosso futuro coletivo Europeu e, quiçá, M undial se decide neste global
“ jogo de xadrez” .

Destarte o exposto e, como o futuro dos refugiados ad port as está em causa e o nosso,
também, será bom que, no despertar da nossa consciência coletiva, esta igualdade
fundamental não seja esquecida.

Deixo o reparo de complemento. Fiquem bem. Obrigado!

Luís Filipe Ribães M onteiro [M estre em Gestão]


Portugal, Amarante, 21 junho de 2016
Biblionetgrafia Seletiva Consultada:

1
http:/ / w w w .medicalnew stoday.com/ articles/ 287745.php (Consulta em 11 Jun.2015)
2
http:/ / w w w .unhcr.org/ 576408cd7 (Consulta em 21 jun.2016)
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Legislação Portuguesa
Constituição da República Portuguesa (Artigos 15º a 33º ; 41º e 46º )
Legislação Internacional
3
Convenção de Genebra de 28 de julho de 1951, relativa ao Estatuto de Refugiados, aprovada
para adesão pelo Decreto-Lei nº 43.201, de 1 de outubro de 1969 (Diário do Governo, I Série
n. 229 de 1 de outubro de 1960)
[Em linha] http:/ / w ww .fd.uc.pt/ CI/ CEE/ pm/ Tratados/ Lisboa/ conv-genebra-1951.htm
(Consulta em 21 jun.2016)

Imagem Adaptada de http:/ / flordacor.blogspot.pt/ (Consulta em 21 jun.2016)

© Ficam Reservados Todos os Direitos dos Autores 2016

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