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Unidade 11

Estado e Atividade Económica

O Estado

É uma forma de organização do poder político, é uma coletividade politicamente organizada


estabelecida num território delimitado e é uma instituição dotada de mais capacidades de
fazer cumprir a Lei e que permite a realização do bem-estar social através da prestação de
serviços.

Elementos do Estado

o O povo (conjunto de pessoas ligadas por laços de nacionalidade)


o O território(solo e subsolo, espaço aéreo e águas territoriais)
o Soberania- poder politico inerente ao Estado e que se manifesta através das
competências que são atribuídas aos seus diferentes órgãos.

Para satisfazer as necessidades coletivas, o estado desenvolve um conjunto de atividades que


se designam por funções:

o Legislativa- elaboração de leis que regulam a vida da comunidade


o Executiva-cumprir e fazer cumprir leis
o Judicial- para a resolução de conflitos´

Esferas de intervenção do Estado

o Política

Através desta o Estado garante a paz social e a integridade do território. Esta função é exercida
por instituições como por exemplo: a política, o exército e pelos órgãos de soberania.

o Social

Através desta o Estado promove a melhoria das condições de vida da população e tenta
diminuir as desigualdades sociais. Por exemplo quando cria sistemas públicos de saúde e
educação, concede subsídios etc

o Económica

Tem por objetivo estabilizar a economia garantindo o seu bom funcionamento, definir regras
jurídicas para regular a vida económica e promover o crescimento e desenvolvimento. Por
exemplo concedendo subsídios a determinadas regiões para atrair a indústria etc

Por isso dizemos que o estado exerce uma:

o Funçao dinamizadora quando promove as condições necessárias ao investimento e


desenvolvimento como por exemplo: benefícios fiscais e subsídios á produção
o Função reguladora quando por exemplo fixa salários e pratica políticas de
redistribuição de rendimentos
o Função planificadora e fiscalizadora para exercer a função económica o Estado pode
recorrer ao planeamento articulando as suas diferentes políticas ou recorrer á
produção direta de determinados bens ou serviços.

Objetivos da intervenção económica e social de Estado

o A eficiência- o Estado deve corrigir as falhas de mercado como por exemplo:


 A concorrência imperfeita
 As Externalidades
 Bens públicos
o A equidade- por isso deverá efetuar uma redistribuição dos rendimentos que permita
diminuir as desigualdades económicas e sociais
o A estabilidade- protegendo os trabalhadores de sem pregados, aplicando medidas de
combate á inflação para estabilizar os preços e a moeda, incentivando a produção de
alguns bens.

Instrumentos de intervenção do Estado

Planeamento

O plano é um conjunto de meios utilizados para atingir determinados objetivos. Através do


planeamento o Estado fixa um conjunto de objetivos económico-sociais que pretende alcançar
fazendo-o a longo, médio e a curto prazo.O planeamento é imperativo (obrigatório) para o
setor público, sendo indicativo - de mera orientação - para o setor privado.

Há dois tipos de planeamento:

o O macro-económico que é realizado para a economia no seu todo.


o O micro-económico que é realizado para um setor da economia em concreto.

O objetivo de um plano é conjugar as iniciativas públicas e privadas de forma a conseguir a


máxima satisfação das necessidades ao mínimo custo.

Orçamento do Estado

É um documento elaborado anualmente pelo Governo onde se preveem as receitas e as


despesas a efetuar pelo Estado.

É elaborado pelo Governo e apresentado até 15 de outubro à Assembleia da República para


ser analisado, discutido e aprovado, sendo aplicado no ano seguinte.

O O.E. é muito importante porque permite saber a repartição e o modo de financiamento das
despesas.
Funções do O.E.

- Adaptação das receitas às despesas - as despesas previstas não deve ser superiores às
receitas que vão ser recebidas;

- Limitação das despesas - não pode ser realizadas despesas não previstas;

- Exposição do plano financeiro do Estado - tornar conhecidas as despesas a realizar e as


receitas a receber.

- Instrumento de intervenção do Estado na esfera económica e social - através das receitas


cobradas e das despesas que efetua o Estado influencia o comportamento dos agentes
económicos e toda a atividade económica.

Componentes - despesas públicas e receitas públicas

Despesas públicas

São gastos em dinheiro realizados por entidades públicas para fornecer à coletividade bens e
serviços necessários à satisfação das necessidades

Podem ser:

o - Produtivas - Exemplo: gastos com o polícia


o - Improdutivas - Que aumentam a capacidade produtiva e criam utilidade. Exemplos:
investimento na saúde, hospitais, estradas.

De acordo com o critério funcional (área sobre que incidem) temos despesas com:

o Funções gerais de soberania- com os serviços da Administração pública,Defesa


Nacional etc.
o Funções sociais- as efetuadas com a educação, saúdem, habitação, serviços coletivos
etc.
o Funções económicas- as efetuadas com a agricultura, indústria, transportes, comércio,
turismo, comunicações.

De acordo com o critério económico (utilizado no Orçamento de Estado) as despes


são:

- Despesas correntes - São as que correspondem aos encargos permanentes do Estado no


desempenho das suas funções. Ex: pagamento de pensões, de vencimentos aos funcionários
públicos, compra de bens não duradouros etc.

Despesas de capital - correspondem aos encargos assumidos pelo estado num determinado
ano, mas cujos efeitos se prevê que se possam prolongar em anos seguintes. Ex: construção de
infraestruturas, reembolso de empréstimos, compra de capital fixo (duradouro).

Receitas públicas- São os recursos obtidos pelo Estado durante o período financeiro para fazer
face às despesas.
Tipos de receitas públicas:

1- Receitas tributárias ou coativas- são as que resultam do pagamento ao Estado de quantias


resultantes de impostos, taxas e multas.

Imposto - É uma prestação pecuniária paga de forma coerciva (obrigatória), pelas famílias e
empresas ao Estado, de forma unilateral e sem contrapartida imediata.

Podem ser:

- Diretos - Incidem diretamente sobre o rendimento ou o património dos agentes económicos -


ex: IRS - imposto sobre o rendimento das pessoas singulares; IRC- imposto sobre o rendimento
das pessoas coletivas; contribuições para a segurança social. Atuam na repartição dos
rendimentos nivelando-os, e influenciam a capacidade de consumo e de poupança ou
investimento,

- Indiretos - incidem sobre os bens e serviços transacionados, sobre as despesas - ex: Imposto
sobre o valor acrescentado (IVA); imposto sobre os automóveis (IA) o Imposto sobre os
combustíveis (IC); imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP); Imposto sobre o tabaco (IT);
imposto do selo (IS) etc. Estimulam ou retraem o consumo, a produção e oferta dos bens e
serviços.

Os impostos diretos podem ser progressivos quando a taxa de incidência aumenta à medida
que o rendimento aumenta. Exemplo IRS.

O imposto regressivo é aquele que cuja taxa diminui à medida que aumenta o rendimento.

Imposto proporcional - quando a taxa é sempre igual.

Taxa - são pagamentos efetuados pelas famílias e pelas empresas em troca da utilização de um
serviço.

Receitas creditícias - São aquelas que resultam de empréstimos contraídos pelo Estado junto
de instituições financeiras nacionais ou estrangeiras, ou junto das famílias.Ao contrair os
empréstimos o Estado está a endividar-se constituindo a dívida pública.

3- Receitas patrimoniais -São as que resultam dos rendimentos gerados pelo património de
que o Estado é proprietário (aluguer ou venda), dos lucros das empresas públicas e das
receitas das privatizações.

De acordo com o critério económico (utilizado no Orçamento de Estado) as receitas são:

Correntes- quando derivam de rendimentos criados no período de vigência do orçamento e


que se prevê que se voltem a repetir noutros anos. Ex. impostos, taxas, multas.

Capital - são as receitas que podem não se repetir nos anos seguintes. ex: receitas das
privatizações, venda de património do estado, empréstimos.

Saldo orçamental:
Saldo do O.E. = Receitas Públicas –

Equilibro Orçamental = Receitas correntes = Despesas correntes

Défice Orçamental = Despesas correntes › Receitas correntes

Superavit Orçamental = Despesas correntes < Receitas correntes. O saldo orçamental é um


indicador utilizado para a análise da situação económica de um país.Se o saldo é positivo o
Estado contribui para a poupança nacional e para a redução da despesa global da economia.
Se o saldo é negativo o Estado está a contribuir para o aumento da despesa global da
economia.

Dívida Pública

Quando o orçamento apresenta um défice o Estado recorre regra geral a empréstimos dentro
e fora do país, constituindo a dívida pública.

Se os financiadores dos empréstimos do Estado forem residentes diz-se que a dívida pública é
interna, se forem não residentes fala-se em dívida pública externa. À dívida pública é então o
montante acumulado dos empréstimos contraídos pelo Estado, normalmente para cobrir o
défice orçamental. Sempre que aumenta o défice orçamental também aumenta a dívida
pública que representa um encargo que se reflete nos orçamentos seguintes.

Políticas

 Política monetária

Objectivos:
o Garantir a estabilidade dos preços;
o Assegurar o crescimento económico e o emprego;
o Actuar sobre o crescimento da massa monetária em circulação (liquidez).

Instrumentos:
o Enquadramento do crédito: Limitando ou expandindo o volume de crédito a conceder
quer ao consumo quer à produção ou utilizar a taxa de juro;
o Operações de mercado aberto: Compra ou venda de títulos da dívida pública,
diminuindo ou aumentando a quantidade de moeda em circulação;
o Reservas obrigatórias: Reduzir a reserva monetária aumentando a massa
o monetária em circulação.

 Política orçamental

Objectivos:
o Satisfação das necessidades coletivas: Assegurar a satisfação de necessidades que,
pela sua natureza, não podem ser oferecidas pela iniciativa privada;
o Redistribuição do rendimento: Corrigir as desigualdades provocadas pela repartição do
rendimento efectuada pelo mercado através de uma redistribuição;
o Estabilização e dinamização da economia: Estabilizar a atividade económica e
promover o crescimento económico.
Instrumentos:
o Manipulação das receitas: Através dos impostos directos (que actuam directamente na
repartição dos rendimentos gerando o seu nivelamento) e dos impostos indirectos
(que recaem sobre os B&S transacionados estimulando ou
o retraindo o seu consumo, produção e oferta);
o Manipulação das despesas: Traduz-se, normalmente, num impacto positivo, através do
aumento dos salários públicos ou contratação de mais, aumento das despesas em
bens de consumo e capital ou aumento das transferências para as famílias.

 Política de rendimentos

Objectivo:
• Garantir a estabilidade dos preços e salários: Promovendo o crescimento do emprego e
criando-se um clima de estabilidade, propício ao aumento do investimento e do emprego.

Instrumentos:
• Congelamento dos salários e dos preços: Tem a desvantagem de produzir um clima de
desincentivo ao investimento, repercutindo-se negativamente na criação de emprego

 Política de redistribuição dos rendimentos

Objectivo:

• Promoção da equidade social: Atuando na repartição dos rendimentos de forma a diminuir


as desigualdades verificadas e assegurando um nível de bem-estar
adequado às famílias de menores rendimentos.

Instrumentos:
o Carga fiscal: Aplicando impostos progressivos cuja recolha será utilizada na
disponibilização de serviços às famílias mais carenciadas;
o Fixação do salário mínimo: Assegurando uma remuneração mínima do fator trabalho,
protegendo os trabalhadores menos qualificados ou desempregados;
o Fixação de preços: Controlando os preços dos bens de grande consumo com o
objectivo de proteger as camadas de rendimentos menos elevados;

 Política Fiscal

Objectivos:

o Obter verbas: Satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades


públicas;
o Redistribuição dos rendimentos: Correcção da desigual repartição dos rendimentos
primários (através de impostos progressivos);
o Controlar diferentes variáveis económicas: Regulação económica capaz de influenciar
o consumo e de incentivar a poupança;
o Influenciar a organização empresarial: Orientação da forma de organização das
empresas.
Instrumento:
o Impostos.
Objectivos da tributação (cobrança) dos impostos:
o Apenas obter receitas - Impostos fiscais;
o Obter receitas e atingir outras finalidades - Impostos extrafiscais

O Principio da igualdade tributária (sistema progressivo) concretiza-se na:


o Generalidade: Todos os cidadãos estão sujeitos ao pagamento de impostos, não
havendo qualquer distinção de classe;
o Uniformidade: A repartição dos impostos pelos cidadãos deve obedecer a um critério
idêntico para todos;
o As pessoas com diferentes rendimentos devem pagar diferentes impostos.

Sistemas de tributação:

o Proporcional: A taxa a aplicar à matéria colectável é sempre a mesma, de modo que o


imposto varia na proporção da matéria colectável;
o Progressivo: A taxa (e não o imposto) aumenta à medida que aumenta a matéria
colectável;
o Regressivo: A taxa diminui à medida que aumenta a matéria colectável;
o Degressivo: O imposto tem uma determinada percentagem considerada
"normal" para determinados valores de matéria colectável (igual ou superior a X) e
percentagens menores para matéria colectáveis inferiores).

NOTA: O único sistema de tributação que realiza a igualdade vertical é o progressivo.

Matéria colectável: Valor sobre o qual incide o imposto (diferente do Rendimento pessoal).

 Política de preços

Política de preços: Controlar o preço de venda de alguns bens da economia.

Objectivos:
o Combate à inflação;
o Maior justiça social, através do controlo de bens considerados essenciais.

Instrumentos:
o Atribuição de subsídios aos produtos;
o Congelamento dos preços;
o Fixação de preços máximos;

Problema principal: Restringe a actuação das empresas, tornando-as menos flexíveis às


medidas do mercado.

Relação com a política de rendimentos e com a política de redistribuição dos rendimentos:

 A política de preços está relacionada com a política de rendimentos pois os preços dos
bens prendem-se com o poder de compra dos consumidores, ou seja, o aumento dos
preços influencia negativamente a repartição dos rendimentos.
Deste modo, fala-se em política de redistribuição dos rendimentos.
 Política de combate ao desemprego

Política de combate ao desemprego: Porque o desemprego é o principal factor de exclusão


social, é considerado um dos problemas mais graves da atualidade.

Problemas do desemprego:
o Encargo para a sociedade: Sendo o desemprego indemnizado, pesa sobre a população
activa e empresas, uma vez que são elas que pagam os impostos e as contribuições
sociais donde sai esse dinheiro;
o Provoca a subida dos preços: Uma vez que os desempregados, não contribuindo
param a produção e continuando a consumir, tornam os bens escassos e aumentam o
seu valor de troca;
o Mercado negro de trabalho: Na medida em que os desempregados. Apesar de
subsidiados, baixam os seus rendimentos e as empresas, pouco escrupulosas e na
ânsia de reduzirem os seus encargos sociais, aliciam se a trabalhar em situação ilegal.

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