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A Intervenção do Estado

na Economia

Bruno Carvalho - 5468


Rui Sousa - 5310

Instituto Superior de Entre Douro e Vouga


18 de maio de 2020
Introdução

Neste trabalho iremos abordar o tema da intervenção do


Estado na atividade económica. Mas antes de falarmos sobre este tema,
temos de perceber o que é o Estado e os vários agentes económicos
intervenientes na atividade económica.
Atualmente, o Estado, além das suas funções, tem uma participação ativa
em outras esferas como a política, social e a económica, para garantir o
bem-estar de toda a sua população, mas nem sempre foi assim, e iremos
tentar perceber isso com este trabalho.
Iremos abordar também o índice de liberdade económica que
avalia o gau de intervenção do Estado em cada país. Também iremos
falar sobre as funções económicas e sociais do Estado e os instrumentos
que tem ao seu dispor para as executar.
Por fim iremos abordar os tipos de receitas e despesas que o
Estado pode ter e o resultado que pode surgir delas.
Atividade Económica
A atividade económica caracteriza-se como o conjunto de operações que
visam a produção de bens e serviços suscetíveis de satisfazer as
necessidades humanas.
Divide-se em 4 atividades:

- Produção
Os bens percorrem um longo caminho desde o seu fabrico até ao
momento em que são consumidos Numa primeira fase, passam pela
produção, que é a atividade onde são gerados através de processos de
transformação, como é o caso das matérias-primas, que depois de
transformadas, dão origem a produtos acabados, prontos para serem
comercializados

- Distribuição
A etapa seguinte é a distribuição que engloba duas atividades: o
transporte e o comércio. Os bens por um lado têm de ser transportados
desde o produtor até ao utilizador, que poderá ser o consumidor final ou
um outro agente que os possa usar como intermédios no processo de
fabrico de outros bens
O comércio permite que os bens sejam colocados à disposição dos
consumidores de forma prática e conveniente O comércio permite que os
bens sejam colocados à disposição dos consumidores de forma prática e
conveniente.

- Repartição de rendimentos
A comercialização dos bens gera rendimentos que são distribuídos por
todos os agentes participantes na atividade económica e revela o
contributo de cada um no processo produtivo.
Cada interveniente obtém os rendimentos de acordo com a sua
participação na atividade económica: - Os trabalhadores são
remunerados através dos salários - Os empresários recebem lucros - Os
proprietários de imóveis cobram rendas - Os detentores de capital
auferem juros.

- Utilização de rendimentos
Os rendimentos distribuídos pelos agentes que participaram na atividade
económica podem ter 2 destinos:
- O consumo
O consumo consiste na utilização imediata de um rendimento na
aquisição de bens e serviços de modo a permitir a satisfação das
necessidades catuais
- A poupança;
A poupança é a utilização do rendimento diferida no tempo, isto é, quando
os agentes renunciam à possibilidade de o utilizar no momento presente
para poderem consumir no futuro
Noções e Funções do Estado

Um dos vários agentes económicos que intervém na


atividade económica é o Estado tendo como principal função satisfazer as
necessidades coletivas, garantindo assim a vida em sociedade. O
conceito de Estado engloba três elementos essenciais, o povo que é o
conjunto de pessoas unidas pelo vínculo da nacionalidade, o território que
se resume no espaço geográfico cujo poder pertence ao Estado (solo,
subsolo, espaços aéreos e terrestres) e os órgãos de soberania que é o
poder supremo que o Estado exerce sobre o povo e o território
(Presidente da República, Assembleia da República, Governo,
Tribunais,…).
Para satisfazer e cumprir o seu principal objetivo que é
satisfazer as necessidades do seu povo, o Estado exerce um conjunto de
funções que visam a elaborar e executar as leis e resolver conflitos que
delas provém. A função legislativa permite ao Estado elaborar as leis para
regularem a vida da comunidade, a função executiva permite que o
Estado trate da execução das leis e as coloque em prática e a função
judicial que permite ao Estado intervir para a resolução de conflitos.
Atualmente, o Estado, para além do cumprimento das suas
funções, intervém em outras esferas de forma a garantir o bem-estar de
todos os cidadãos, tais como a esfera política a social e a económica. Na
esfera política, o Estado criou diversos mecanismos para o controlo da
execução das leis, na esfera social, o Estado fornece serviços essenciais
e subsídios e na esfera económica, o Estado trabalho como um regulador
da atividade económica, com vista à sua estabilização e ao seu bom
funcionamento.
Evolução do papel do Estado

O Estado Liberal surge no século XVIII em resultado das revoluções


liberais ocorridas em França e Inglaterra. O Estado Liberal defende que o
Estado não deve interferir na esfera económica, defende a propriedade
privada dos meios de produção, a livre iniciativa e livre concorrência e a
liberdade das trocas entre nações. O liberalismo defendia ideais como a
propriedade privada, a redução do poder político, a igualdade perante a
lei e o funcionamento livre do mercado e que o Estado apendas deveria
garantir a segurança externa, defender a ordem social e a liberdade
individual, criar condições para o bom funcionamento dos mercados e
participar apenas quando a iniciativa privada não garantisse o necessário
para satisfazer as necessidades coletivas.
Este tipo de Estado começou a entrar em crise como da 1ª
Guerra Mundial e também com a crise económica de 1929, obrigando o
Estado a intervir diretamente na economia para satisfazer as
necessidades da guerra. Devido à destruição de infraestruturas sociais e
económicas, o desemprego, a inflação e a escassez de bens e serviços
essenciais, o Estado teve de começar a intervir para ajudar na
reconstrução, entrando numa nova fase, caracterizada pela sua
intervenção.
O Estado Intervencionista, foi a resposta à crise e à guerra e
este alargou a sua intervenção em determinadas áreas sociais. O Estado
passou a assumir várias responsabilidades, tais como, estabilizar a
economia, combatendo o desemprego e a inflação, redistribuir os
rendimentos, em forma de subsídios para os mais carenciados e fornecer
bens primários a toda a população, como a saúde e a educação.
Índice de Liberdade Económica

O Índice de Liberdade Económica foi criado em 1955 através


de uma parceria entre o The Wall Street Journal e a Heritage Foundation,
e o seu objetivo é classificar a liberdade económica de uma lista de 186
países. Este índice tem como base doze categorias que são gastos do
governo, carga tributária, saúde fiscal, liberdade de comércio exterior,
liberdade de investimento, liberdade financeira, direitos de propriedade,
integridade de governo, eficiência judicial, liberdade comercial, liberdade
de trabalho e liberdade monetária. Na imagem abaixo, podemos ver a
classificação, numa escala de 0 a 100, dos 186 países avaliados.
Funções Económicas e Sociais do Estado

A intervenção que o Estado tem na economia, tem como


objetivo garantir eficiência, equidade e estabilidade.
É um dever do Estado incentivar a utilização de recursos de forma
eficiente e racional, de forma a garantir um desenvolvimento sustentável,
com um grau de satisfação elevado e a baixos custos (eficiência). Porém,
nem sempre é fácil devido à existência de mercados de concorrência
imperfeita que ao haver apenas uma empresa que forneça um bem ou um
serviço, impede a formação de um preço de equilibrio, anulando assim a
concorrência, à existência de externalidades, em que um agente
económico tem ação negativa sobre o bem-estar do resto da população
que não participa nessa ação e a existência, também, de bens públicos,
pois estes não têm rivalidade pois toda a população tem acesso a estes
bens.
O Estado também deve evitar situações de desigualdades económicas e
sociais, fazendo uma redistribuição de rendimentos, garantindo assim a
todos os seus cidadãos o acesso a bens e serviços essenciais (equidade)
e também evitar situações de forte instabilidade causadas por aumento
do desemprego, dos preços e encerramentos de empresas causadas por
quebras na produção, implementando medidas de combate a estes
fatores (estabilidade).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Índice_de_Liberdade_Econômica
Instrumentos de Intervenção Económica e
Social do Estado

Para garantir a eficiência, a equidade e a estabilidade, o


Estado utiliza instrumentos para que possa alcançar os seus objetivos
como o planeamento económico e políticas económicas e sociais. No
planeamento económico, o Estado forma um conjunto de objetivos
económico-sociais que pretende alcançar em determinados períodos de
tempo de forma a maximizar a satisfação das necessidades individuais e
coletivas.
Os planos têm um caráter imperativo quando se aplicam ao setor público,
ou seja, obrigatórios e um caráter indicativo quando se aplicam ao setor
privado, ou seja, servem apenas como mera orientação para os mesmos.
As políticas económicas e sociais são instrumentos utilizados pelo Estado
para atingir resultados desejados nos domínios dociais e económicos.
Estas políticas têm como objetivo regular a atividade económica, garantir
uma melhor afetação dos recursos disponíveis e intervir na distribuição
dos rendimentos de forma a reduzir as desigualdades e garantir justiça e
equidade. Para haver a implementação de uma política económica é
necessário fixar os resultados que se pretendem atingir, definir os
objetivos que se pretendem melhorar, escolher os instrumentos mais
adequados para alcançar esses objetivos e avaliar os resultados após a
concretização dessa política. As políticas podem ser conjuturais se forem
de curto prazo e destinam-se a corrigir desiquilibrios que vão aparecendo
na economia, ou podem ser estruturais se forem de médio a longo prazo
e pretendem alterar as condições de funcionamento da economia.
Alguns exemplos de tipos de políticas são:
Política Fiscal – traduz-se na criação ou alteração de impostos sobre o
rendimento, património ou consumo.
Política Monetária – visa a controlar a quantidade de moeda em circulação
e dessa forma a inflação e a atividade económica.
Política Orçamental - consiste na utilização do orçamento de estado para
atingir determinados objetivos, mediante a definição de receitas e
despesas públicas.
Política de combate ao desemprego - Tem como prioridade baixar a taxa
de desemprego através de um conjunto de medidas no âmbito do
mercado de trabalho, do lado da oferta e da procura de trabalho.
Política de Redistribuição dos Rendimentos – pretende atenuar as
desigualdades sociais, atuando na repartição dos rendimentos ou na sua
repartição.

O Orçamento de Estado é o documento elaborado pelo


Governo, apresentado, discutido e aprovado na Assembleia da
República, onde são previstas as despesas e as receitas públicas para
um determinado período de tempo, normalmente de um ano. As suas
principais funções são a adaptação das receitas às despesas, a limitação
das despesas e a exposição do plano financeiro do Estado.
Despesas e Receitas Públicas

As despesas públicas são os gastos do Estado com a


prestação de serviços que satisfazem as necessidades coletivas. As
despesas são inscritas no Orçamento de Estado atendendo a vários
critérios de classificação como o funcional, sendo desagregadas pelas
diferentes áreas de intervenção do Estado, o orgânico, sendo
desagregadas por departamentos ou ministérios e o económico, sendo
desagregadas em despesas correntes e de capital. As despesas
correntes são despesas permanentes do Estado para o desempenho das
suas funções, que se efetuam ao longo de um determinado ano e
terminam nesse ano, ao contrário das despesas de capital que se
realizam ao longo de um ano, mas os seus efeitos perduram nos anos
seguintes.
As receitas públicas são os recursos arrecadados pelo
Estado que permitem suportar as despesas públicas. Estas podem ter
várias origens, sendo coativas quando provém dos impostos, taxas e
outras contribuições dos cidadãos, patrimoniais quando se referem a
rendimentos provenientes de património detido pelo Estado ou então
creditícias quando é necessário recorrer a financiamento para cobrir as
despesas públicas. Tal como as despesas, as receitas podem ser
correntes, mas neste caso, os rendimentos criados durante o período de
vigência, voltam se a repetir nos anos seguintes e as receitas de capital
são receitas que não se repetem nos anos seguintes.
Assim o saldo orçamental, é a diferença entre as receitas
públicas e as despesas públicas, podendo classificar o saldo orçamental
em corrente quando a diferença se faz entre as receitas e as despesas
correntes, em saldo orçamental de capital quando a diferença se faz entre
as receitas e as despesas de capital, em saldo orçamental total se a
diferença for feita entre as receitas totais e as despesas totais e em saldo
orçamental primário que consiste no saldo orçamental total, após a
dedução dos juros da dívida pública.
Com isto podemos ter três situações do saldo orçamental
diferentes. Quando o valor das despesas é igual ao valor das receitas,
estamos num equilíbrio orçamental, quando o valor das despesas é
superior ao valor das receitas, estamos com défice orçamental e quando
o valor das despesas é inferior ao valor das receitas, estamos perante um
superavit orçamental.
Quando o montante da despesa pública ultrapassa o
montante das receitas, existe a necessidade de pedir um financiamento e
nesse caso o Estado tem de recorrer ao empréstimo. O valor total dos
empréstimos que o Estado tem de contrair para cobrir o défice orçamental
constitui a Dívida Pública.
Conclusão

Com este trabalho, podemos concluir que o papel económico


do Estado cresceu de forma significativa durantes os anos,
desempenhando um maior numero de funções que influenciam
diretamente na economia.
Através dos instrumentos disponíveis, o Estado pode dirigir a
economia para um lugar melhor, estabilizando os preços, combatendo o
desemprego e distribuindo os recursos disponíveis pela população.
Todavia o Estado, para executar as suas funções, necessita
de receber e pagar, por isso existem as receitas e as despesas públicas
que vão ditar em que ponto o orçamento do Estado está.

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