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DE ECONOMIA
Rosangela Aparecida
da Silva
Carga tributária e
gastos públicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai entender quais são as funções do governo e os
objetivos que ele teoricamente deseja alcançar para atender ao bem-
-estar da sociedade. Você também vai estudar as políticas fiscais e as
políticas tributárias e vai verificar de que maneira estas, juntamente com
os gastos públicos, afetam o funcionamento da economia de uma região
e de seus indicadores.
Para saber mais sobre a teoria da escolha pública (TEP) e a teoria da escolha social (TES)
no Brasil e suas nuances, leia o livro Economia do setor público no Brasil, de Biderman e
Arvate (2004), que trata de vários fatores a serem considerados na escolha de políticas
públicas do país.
Falhas de mercado
As falhas de mercado existem porque a grande maioria dos mercados são
organizados de forma imperfeita, e há assimetria de informações. Se todos
os mercados funcionassem como Adam Smith previa em seu livro célebre A
riqueza das nações (1776), o governo não precisaria interferir, pois o mercado,
por si só, por meio do equilíbrio da oferta e demanda de bens e serviços,
se autoajustaria — trata-se da chamada mão invisível. Ocorre que não há
concorrência perfeita em todos os mercados, como previa o pensador, e nem
todos os agentes de mercado (consumidores, produtores e governo) possuem
informações iguais para tomarem decisões ditas racionais, já que a informação
é assimétrica, segundo Samuelson e Nordhaus (2012).
No que se refere aos mercados, o setor público tende a interferir em setores
onde a concorrência é imperfeita — como nos monopólios e oligopólios onde
há formação de cartéis —, atuando com políticas institucionais de regulação e
fiscalização — com agências específicas por setor ou órgão regulador central,
como o Conselho Administrativo de Direito Econômico — e talvez até no
provimento de bens públicos. Ele faz isso porque, nesses mercados, há uma
tendência de os consumidores serem prejudicados em relação aos preços e,
talvez, à qualidade dos bens e serviços e ao tipo de distribuição, devido à
falta de concorrência.
Os chamados bens públicos são oferecidos pelo governo quando o setor
privado não tem interesse econômico em oferecê-los, porque não dão retorno
em termos de lucro ou porque não há regras institucionais adequadas que
garantam a manutenção de retornos financeiros nesses mercados.
Os chamados bens públicos de uso comum da sociedade, em seu sentido puro, são
aqueles a que todos têm acesso e não são rivais, ou seja, não excluem ninguém do
seu uso. Exemplos de bens tangíveis são ruas, praças, mares, rios, entre outros. São
exemplos de bens intangíveis: justiça, segurança pública e defesa nacional, segundo
Giambiagi e Além (2011).
Também podem ser oferecidos bens dentro da esfera pública quando estes
envolvem o uso dos recursos naturais não recuperáveis do país, bens que são
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considerados essenciais para a sociedade e que têm que ser utilizados de forma
a garantir a sustentabilidade dos mesmos no longo prazo (é o caso do petróleo,
dos minérios, da água, entre outros).
Porém, é importante salientar que o oferecimento de bens públicos deve
ser amplamente debatido entre todas as esferas da sociedade, para evitar que
a sua operacionalização, em vez de gerar eficiência econômica, gere mais
custos futuros para a Nação. Nesse caso, ao tentar corrigir uma falha de
mercado, pode estar sendo criada uma falha de governo, e, assim, também
podem ser geradas diferenças de renda e de acesso a bens e serviços por parte
da população, conforme Biderman e Arvate (2004).
Funções do governo
De acordo com o que vimos até o momento, pode-se inferir que o governo tem,
no geral, funções específicas. Mas quais são essas funções, explicitamente?
São elas, de acordo com Giambiagi e Além (2011):
Nesse sentido, como o governo pode realizar essas funções? Existem vários
instrumentos de políticas macroeconômicas, mas um dos principais e que pode
atingir no curto e longo prazo esses objetivos é a adoção de políticas fiscais.
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Política tributária
Para atender à população no que se refere às suas funções, o governo precisa
cobrar impostos, tarifas e multas, que são suas principais fontes de receitas,
para, assim, obter recursos que teoricamente servirão para financiar suas ações.
Para saber mais sobre a política tributária no Brasil e suas peculiaridades, leia a parte
da teoria da tributação do livro de Giambiagi e Além (2011), Finanças Públicas: teoria e
prática no Brasil, pp. 17 a 31.
https://goo.gl/SYRDX5
https://goo.gl/SRREUB
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Política de gastos
As políticas de gastos se referem às despesas e aos custos que o setor público
tem para manter a máquina pública em funcionamento. São exemplos de gastos
públicos os gastos com previdência social, funcionalismo público, subsídios
governamentais, prédios públicos, empresas estatais, administração pública,
juros da dívida pública, infraestrutura, justiça, educação, saúde e segurança,
entre outros, conforme explicam Samuelson e Nordhaus (2012).
https://goo.gl/rwCaZd
John Maynard Keynes, em 1936, com o seu livro Teoria geral do emprego, dos juros e
da moeda, conseguiu dar a largada para o que muitos chamam na economia de era
keynesiana, conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Keynes defendia o aumento dos
gastos públicos para estimular a demanda agregada (consumo da população) e, assim,
estimular a produção nacional e o emprego.
Após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, as teorias de Keynes foram
largamente utilizadas pelos países de modo a tentar sanar suas crises internas. Na
atualidade, os novos keynesianos ajustaram essa teoria de forma a controlar a inflação
(aumento do nível geral de preços), para que esta não afetasse negativamente a
economia no longo prazo devido ao maior gasto público.
Veja mais em:
https://goo.gl/94sTVT
BIDERMAN, C.; ARVATE, P. (Org.). Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.
GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2011.
SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA. Portal do Cidadão. Receitas públicas. [2018].
Disponível em: <http://portaldocidadao.tce.sc.gov.br/homesic.php?id=420460&idme
nu=municipio&menu=govern.>. Acesso em: 1 out. 2018.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
Leituras recomendadas
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 10. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
MANKIW, N. G. Introdução à economia: edição compacta. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2005.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002.
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