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Arbitragem
Autor: Prof. Ricardo Sussumu Takatori
Colaboradoras: Profa. Divane Alves da Silva
Profa. Elisabeth Alexandre Garcia
Profa. Angélica Carlini
Professor conteudista: Ricardo Sussumu Takatori
Ricardo Sussumu Takatori é mestre em Controladoria e Contabilidade pela FECAP–SP, economista pela PUC‑SP
e técnico de Contabilidade pelo Instituto Monitor‑SP. Atuou profissionalmente em empresas privadas do setor de
fabricação de canetas, telecomunicações e informática, construção civil (como especialista na elaboração de projetos
econômicos e financeiros) e na área de controladoria (orçamento e custos), ocupando cargos gerenciais. Gerenciou e
assessorou empresas do Governo do Estado, de pesquisa e controle ambiental, em obras e junto à prefeitura.
Atua como perito judicial na justiça civil e do trabalho e como assistente técnico junto aos escritórios de advocacias.
Ministra aulas de contabilidade, economia e administração financeira, com grau de especialização em disciplinas
específicas, tais como: contabilidade pública, perícia contábil, contabilidade aplicada à construção civil, saúde, esporte,
seguros, hotelaria e turismo, métodos quantitativos e matemática financeira e outras disciplinas, nos cursos de
graduação e pós‑graduação, em instituições como Fecap, Mackenzie, Uninove, UNIP, Unifai, Unifei e outras instituições
de renome.
CDU 347.918
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Milena Cassucci
Lucas Ricardi
Sumário
Perícia, Avaliação e Arbitragem
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITO DE PERÍCIA.................................................................................................................................... 11
1.1 Objeto da perícia contábil.................................................................................................................. 13
1.2 Campo de aplicação da perícia contábil...................................................................................... 14
2 FLUXOGRAMA DE UM PROCESSO JUDICIAL......................................................................................... 17
3 PERÍCIAS JUDICIAIS......................................................................................................................................... 21
3.1 Tipos de perícias judiciais................................................................................................................... 21
3.1.1 Perícia judicial........................................................................................................................................... 21
3.1.2 Perícia extrajudicial................................................................................................................................. 23
3.2 Perícia contábil no código civil e no código do processo civil........................................... 26
3.3 Características da perícia judicial................................................................................................... 38
3.4 Objeto da perícia judicial................................................................................................................... 39
3.5 Usuários da perícia contábil............................................................................................................. 41
3.6 Procedimentos básicos da perícia contábil................................................................................. 42
4 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA PERÍCIA JUDICIAL......................................................................... 44
4.1 Perito judicial.......................................................................................................................................... 44
4.2 Responsabilidades civil e criminal.................................................................................................. 53
4.3 Assistente técnico................................................................................................................................. 54
4.3.1 Responsabilidades................................................................................................................................... 54
4.3.2 Pareceres...................................................................................................................................................... 54
Unidade II
5 TRABALHO PERICIAL....................................................................................................................................... 59
5.1 Planejamento do trabalho pericial................................................................................................. 60
5.2 Os papéis de trabalho.......................................................................................................................... 63
5.3 Diligências................................................................................................................................................ 65
5.4 Quesitos..................................................................................................................................................... 68
5.5 Laudo pericial.......................................................................................................................................... 70
5.6 Prazos......................................................................................................................................................... 77
5.7 Honorários................................................................................................................................................ 79
5.8 Desenvolvimento do trabalho.......................................................................................................... 84
5.9 As técnicas utilizadas na elaboração do laudo pericial......................................................... 85
6 FASES DO PROCESSO JUDICIAL.................................................................................................................. 87
6.1 Fase de instrução................................................................................................................................... 87
6.2 Perícia na fase de execução.............................................................................................................. 88
6.3 A impugnação das partes.................................................................................................................. 91
6.4 Esclarecimento às partes.................................................................................................................... 91
7 AVALIAÇÃO......................................................................................................................................................... 91
7.1 Modelos de avaliação de empresas................................................................................................ 94
7.2 Modelos patrimoniais de avaliação............................................................................................... 95
7.3 Modelo de avaliação patrimonial contábil................................................................................. 95
7.4 Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado...................................................................... 96
7.5 Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros..................... 96
7.6 Avaliação por fluxo de caixa descontado.................................................................................... 97
8 ARBITRAGEM..................................................................................................................................................... 98
8.1 Árbitros....................................................................................................................................................101
8.2 Requisitos para ser árbitro..............................................................................................................102
8.3 Impedimento e suspeição................................................................................................................104
8.3.1 Impedimento...........................................................................................................................................104
8.3.2 Suspeição..................................................................................................................................................107
8.4 Procedimentos arbitrais....................................................................................................................110
8.4.1 Ordinário.................................................................................................................................................... 110
8.4.2 Sumário.......................................................................................................................................................111
8.4.3 Ad hoc........................................................................................................................................................112
8.5 Sentença arbitral.................................................................................................................................113
APRESENTAÇÃO
A disciplina Perícia, Avaliação e Arbitragem é uma parte muito específica da contabilidade, pois
somente os profissionais dessa área podem praticá‑la.
Cabe ao profissional de contabilidade fazer parte dos processos judiciais, auxiliando os juízes e
advogados na elucidação das dúvidas pertinentes aos aspectos contábeis.
Em muitas situações não há a necessidade da perícia elaborada no campo judicial, pois as partes
envolvidas podem solicitar a interveniência de profissional contábil, com habilidade para esclarecer a
disputa, através da arbitragem, uma forma simplificada da perícia contábil.
Outra forma de elaborar uma perícia contábil ocorre através do arbitramento, cuja técnica é
baseada na utilização de poucos dados, com os quais o perito contábil deve ter a habilidade de definir
parâmetros para a elaboração do laudo pericial, elucidando as dúvidas da disputa judicial de forma
objetiva e clara.
INTRODUÇÃO
Na década de 90, a Polícia Federal do Brasil desencadeou uma série de operações, prendendo muitos
empresários sob a alegação de falcatruas, fraudes e sonegação fiscal.
Essas operações foram iniciadas com a anuência da Justiça, que permitiu aos policiais: escutas
telefônicas, análises de documentos e outros fatos relevantes relacionados à investigação, devidamente
analisados pelos técnicos da Polícia Federal.
7
Em que momento a PF decide tornar pública uma investigação secreta?
As operações só vêm à tona quando a PF reúne indícios e provas suficientes para iniciar
inquéritos e ações na Justiça. Por isso, muitas vezes, a instituição se vê obrigada a permitir
que o esquema criminoso continue a funcionar em sigilo, até que os agentes tenham
provas substanciais. Só então começa a parte visível da operação, com sirenes e prisões.
Esse método permite que, além de pequenos operadores criminosos, sejam capturados os
indivíduos graduados do esquema [...]
8
O fato mais importante nessas operações é que a investigação teve o objetivo de coletar indícios e
provas para a fundamentação do crime, principalmente dos envolvidos.
Nem sempre. Muitas vezes, elas visam apenas obter provas que podem cooperar com as
investigações. Isso impede, por exemplo, que os suspeitos se adiantem aos longos inquéritos
e destruam provas. De qualquer forma, tanto as prisões quanto a apreensão de provas
dependem de autorização da Justiça. Ao ser deflagrada, a operação Têmis não realizou
prisões, mas coletou centenas de documentos e discos rígidos de computadores de suspeitos;
já a Hurricane prendeu 25 pessoas, além de recolher duas toneladas de documentos, 19
armas, mais de 500 joias, 51 carros de luxo e milhões em dinheiro vivo
Figura 1
Essas investigações foram realizadas em documentos, sendo a maioria de caráter contábil, onde
é registrada a composição da movimentação patrimonial, muitas vezes relacionada às transações
comerciais, que são caracterizadas pelo aumento do patrimônio de forma ilícita e irregular.
Quando um profissional é nomeado pelo juiz para desempenhar o papel de perito judicial, deve
elaborar um planejamento e determinar o objetivo a ser esclarecido, utilizando as técnicas científicas e
as habilidades técnicas exigidas pela Justiça.
confiáveis e de aceitação incontestável. Para a execução dos trabalhos periciais (laudo pericial contábil
ou parecer pericial contábil), o perito‑contador e o perito‑assistente utilizam duas grandes ferramentas:
a experiência profissional e o conhecimento de normas jurídicas, profissionais e de legislação atinentes
à matéria periciada.
10
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Unidade I
1 CONCEITO DE PERÍCIA
A perícia, pela óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer
trabalho de natureza específica, cujo rigor na execução seja profundo.
Dessa maneira, pode haver perícia em qualquer área científica ou até
em determinadas situações empíricas, por outro lado, a natureza do
processo é que a classificará, podendo ser de origem judicial, extrajudicial,
administrativa ou operacional. Quanto à natureza dos fatos que a ensejam,
pode ser classificada como criminal, contábil, médica, trabalhista etc.
Segundo Alberto (2009, p. 19): “[...] perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou
demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos”.
No caso do profissional especialista, para exercer a atividade de perícia deve ter formação universitária
em determinada área de especialização ou, caso haja comarcas com falta de profissionais habilitados,
poderá ser nomeado como perito um profissional de notório conhecimento, mesmo sem essa formação.
Quanto à habilitação legal, há o caso dos contadores, que deverão estar inscritos no Conselho
Regional de Contabilidade.
Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>.
A perícia tem de ser específica, ou seja, ter um objeto próprio e limitado, que deverá ser analisado de
forma profunda, dentro do campo de atuação da perícia.
O perito não deverá deixar de verificar qualquer fato ou documento, que servirá de suporte para a
conclusão do laudo pericial. Não poderá, de forma alguma, proceder à análise por amostragem. Ele tem
de demonstrar conhecimento específico da ciência relacionada ao objeto da perícia.
Esse conhecimento pode advir de sua formação universitária ou, no caso do chamado conhecimento
notório, ser fruto da experiência profissional ou de vida da pessoa. Por conta desse aspecto é que a
perícia poderá ser efetuada por profissional que não tenha formação universitária específica, mas que
detenha notórios conhecimentos dos fatos relacionados à perícia.
O objetivo da perícia é fornecer elementos para a tomada de decisões e, para isso, o perito irá
utilizar os meios técnicos e científicos para constatar coisas e demonstrar se as alegações das partes são
verdadeiras, por meio de relatórios, cálculos e análises minuciosas, claras e objetivas.
Observação
12
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Saiba mais
<http://www.manualdepericias.com.br/Servicos_peritos_contadores.
asp>.
Segundo Sá (1997, p. 13), a perícia contábil é uma tecnologia, porque é a aplicação dos conhecimentos
científicos da contabilidade.
Assim, a perícia contábil terá como objeto principal as questões que envolvem o patrimônio de
pessoas físicas ou jurídicas, visando sempre uma delimitação, pois o perito deverá focalizar seu trabalho
estritamente no objeto em discussão, para o qual foi contratado ou nomeado e, em hipótese alguma,
poderá ir além dele.
13
Unidade I
Assim, Ornelas (2000, p. 35) considera que, independentemente dos procedimentos a serem adotados,
são características essenciais da perícia contábil:
a) limitação da matéria;
Ornelas (2000, p. 36) complementa: “[...] em se tratando de perícia judicial contábil, os limites da
matéria submetida à apreciação pericial são delineados pelo próprio objeto sub judice ou pelo magistrado
dos pontos controvertidos quando do despacho saneador, ou em audiência”.
A perícia contábil tem como objeto a determinação do juiz ou as dúvidas colocadas pelas partes.
O perito contador deve se ater às questões formuladas no objeto, não estendendo ou extrapolando o
solicitado; caso ocorra este excesso, o laudo pericial será nulo e o perito contador pode ser processado
civil e criminalmente.
A perícia contábil, como especialização da Ciência Contábil, é aplicada em todos os casos em que
há a necessidade de uma avaliação precisa de fatos que envolvam o patrimônio de pessoas físicas ou
jurídicas.
Sá (1997, p. 93) explica que são muitos os casos de ações judiciais para os quais se requer a perícia
contábil. Como força de prova, alicerçada em outros elementos como a escrita contábil, os documentos
(tudo aliado a um acervo científico e tecnológico), a perícia é algo especial e específico. São considerados
grandes campos de ação do perito os seguintes: alimentos (ação ordinária); apuração de haveres;
avaliação de patrimônio incorporado; busca e apreensão, entre outras.
Como neste trabalho o enfoque principal são as ações trabalhistas, segue a descrição da forma que
a perícia é aplicada nessas ações.
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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Todo trabalho desenvolvido pelo perito contador ocorre nas disputas em que os objetos são os dados
e informações contábeis.
Naturalmente, este conhecimento também é bom para o auditor, mas se exige com mais
propriedade do perito, por ser este, junto com o juiz, o provedor do equilíbrio da Justiça.
O status do perito também é elevado para categoria de cientista, por força do CPC,
artigo 145, que trata do perito como sendo um cientista para assistir o juízo em matérias
de ciência e tecnologia.
A auditoria, ramo da mesma árvore, contabilidade, tem como seu destaque as revisões
de procedimentos relativos às atividades de interesse da CVM, pois a Lei 6.385‑76, artigos
26 e 27 tratam do assunto, enfatizando o registro do profissional na CVM que está
normalizando as condições que considera ideais para conceder o registro. Naturalmente, é
15
Unidade I
importante frisarmos que este registro da CVM só é obrigatório quando a empresa auditada
está entre aquelas relacionadas na lei, ficando fora as auditorias de empresas que não
estejam negociando ações na bolsa e que não estejam operando com valores mobiliários,
por exemplo, uma montadora de veículos automotores, de capital fechado.
São duas atividades ótimas, recomendamos estágios nas duas áreas antes de decidir
a carreira, acreditamos que seguir as duas simultaneamente é muito difícil, mas não
impossível, pois ambas requerem estudos continuados e pesquisas cientificas, as duas
bradam por constante e eterna reciclagem.
16
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Procedimento ordinário
Contestação à reconvenção
(art. 316) - 15 dias Incompetência Impedimento e suspeição
17
Unidade I
Réplica
Especificação de
provas
Julgamento conforme o
estado do processo
Audiência preliminar
(art. 331)
Perícias e diligências
Embargos de declaração
5 dias (art. 536)
Apelação (art. 513)
15 dias
Contra-razões
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PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Emenda
Embargos de
Embargos de declaração declaração (prazo Apelação (prazo de 15 ou 30
(prazo de 5 dias) de 5 dias) dias)
Os procedimentos judiciais demonstrados anteriormente por meio dos fluxogramas foram elaborados
pelo poder judiciário, com base no Código do Processo Civil.
Segundo o artigo 276 do CPC, é cabível a prova pericial no procedimento sumário. Porém, na própria
peça inaugural deverá o autor requerer a prova, formulando quesitos e indicando o seu assistente
técnico.
Cabe afirmar que é possível o juiz determinar a perícia de ofício (artigo 130 do CPC), não ocorrendo
nesse caso a preclusão consumativa, que impede o autor e o réu de requerer perícia, apresentar quesitos
e indicar assistente técnico, se não o fizeram na inicial e na contestação. A prova pericial deve ser de
menor complexidade, mas se a causa exigir maiores dilações probatórias, o juiz converterá o processo
para o procedimento o ordinário (artigo 277, § 5º, do CPC).
Quando necessário esclarecer matéria específica ou requerida pelas partes, o juiz aplica o artigo 421
do Código do Processo Civil (BRASIL, 2002):
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega
do laudo (Lei nº 8.455, 1992).
II ‑ apresentar quesitos.
3 PERÍCIAS JUDICIAIS
Segundo Sá (1997, p. 19), é possível classificar as perícias em três grandes grupos gerais:
• perícia judicial: a verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a concordata que
ela pediu;
Para Alberto (2000, p. 53), os ambientes de atuação que lhe definirão as características podem ser,
do ponto de vista mais geral, o ambiente judicial, o ambiente semijudicial, o ambiente extrajudicial e o
ambiente arbitral.
Representa a perícia realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário, por
determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos e se desenvolve ou se processa
segundo regras legais específicas.
A perícia judicial é especifica e define‑se pelo texto da lei; estabelece o artigo 420 do Código de
Processo Civil, na parte relativa ao processo de conhecimento: “a prova pericial consiste em exame,
vistoria e avaliação” (BRASIL, 1973).
21
Unidade I
• perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam perpetuar fatos que
podem desaparecer com o tempo.
As perícias judiciais têm origem numa ação judicial que tramita em juízo.
A perícia judicial, como o próprio nome está dizendo, tem fundamento numa ação postulada em
juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida, pelas
partes em litígio. Na perícia judicial, os exames são, na maioria das vezes, específicos e recaem sobre
fatos que já se encontram em discussão no âmbito do processo.
Nos processos judiciais civis, além da rotina técnica de procedimentos, existe um cerimonial
inerente ao desenvolvimento regular do processo, sendo ele: indicação do perito judicial pelo juiz,
indicação de assistentes técnicos pelas partes, formulação de quesitos, por meio dos quais as partes
e o próprio juiz manifestam as dúvidas que desejam ver esclarecidas pela perícia, o compromisso dos
peritos e os prazos.
Em qualquer dos casos, o juiz, ao determinar a perícia, nomeia o perito do juízo e as partes indicam
seus assistentes técnicos (opcionalmente). Às vezes, uma das partes, ou ambas, deixa de indicar
assistentes, declarando que se “louva” no perito do juízo.
Ao ser nomeado, o perito deve comparecer ao cartório e consultar os autos do processo para avaliar
seus honorários, o que deverá ser feito levando em consideração alguns detalhes, tais como: vulto
do trabalho a ser feito, grau de dificuldade, local da diligência e despesas previstas. Calculado o total,
deverá se dirigir ao juiz, por meio de petição onde exporá, com detalhes, os honorários pretendidos,
requerendo, também, o seu depósito para iniciar os trabalhos.
O perito deverá acompanhar o andamento do processo e, tão logo tenha seus honorários depositados,
retirará os autos do cartório por meio de carga, no livro apropriado, em poder de funcionário indicado
para isso.
De posse dos autos, o perito deverá imediatamente fazer um levantamento de tudo que vai necessitar
para seu trabalho (livros, documentos etc.) e dirigir‑se à sede da empresa ou ao local da perícia, onde
entrará em contato com o interessado e com ele deixará por escrito a relação do que deseja, marcando
dia e hora de retorno. A relação por escrito deverá ser feita em duas vias. O perito trará uma delas,
devidamente assinada por quem a recebeu. No dia e hora marcada, retornará para fazer a perícia.
22
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
• nas varas cíveis: prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações,
avaliações de fundos de comércio, renovatórios de locações e outras;
Lembrete
Saiba mais
<http://www.inpecon.com.br/index.php/caminhos‑da‑pericia‑judicial/>.
É aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes. Seu objetivo poderá ser:
23
Unidade I
Representa a perícia realizada fora do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos
particulares, privados. A perícia extrajudicial subdivide‑se em:
• demonstrativa: tem como finalidade demonstrar a veracidade ou não do fato ou caso previamente
especificado na consulta;
• discriminativa: tem como finalidade colocar nos justos termos os interesses de cada um dos
envolvidos na matéria potencialmente duvidosa;
Os primeiros exames, os genéricos, envolvem todos os setores de uma entidade econômica, para
certificar a realidade de suas contas, ou mesmo a eficiência da administração do patrimônio dessa
entidade (ou pessoa). Nesses casos, a perícia procede à verdadeira medição da dinâmica patrimonial e
seus resultados no período de uma administração, ou seja, busca‑se, além da regularidade das contas, o
conhecimento do emprego de todo o potencial que o patrimônio dispunha naquele período.
Nos exames específicos, a finalidade precípua é a análise de fenômenos isolados ocorridos durante
a evolução dinâmica desse patrimônio, cujos resultados servirão para sanar as lesões resultantes de
qualquer natureza, ou mesmo para tomada de decisões que, dependendo de seus resultados, poderão
até mudar a feição de sua administração.
• perícia para avaliação de bens e direitos para integralização do capital social das sociedades
anônimas;
Saiba mais
<http://www.inesul.edu.br/revista/arquivos/arq‑idvol_5_1247865610.
pdf>.
Figura 5
25
Unidade I
Saiba mais
<http://www.facape.br/socrates/Trabalhos/A_Importancia_da_Pericia_
Contabil.htm>.
O código do processo civil rege os procedimentos que devem ser obedecidos em todos os processos
enquadrados no código civil.
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far‑se‑á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua
dissolução.
Contagem de prazo:
26
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço
e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar‑se‑á depositando‑o em juízo, com a
citação de todos os interessados.
Art. 161. A ação, nos casos dos artigos 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou
terceiros adquirentes que hajam procedido de má‑fé.
Art. 163. Presumem‑se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de
dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais,
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da
preferência ajustada.
Da prova:
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado
mediante:
I – confissão;
II – documento;
III – testemunha;
IV – presunção;
V – perícia.
Documento público:
§ 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
III – nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e
demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do
casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
VII – assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu
substituto legal, encerrando o ato.
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça
judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo
extraídas por ele, ou sob a sua vigilância e por ele subscritas, assim como os traslados de
autos, quando por outro escrivão consertados.
Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião
ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com
a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua
veracidade do ônus de prová‑las.
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem
esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais
de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito
de terceiros, antes de registrado no registro público.
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante
conferência com o original assinado.
29
Unidade I
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como
prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original.
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos
casos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que
pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem
confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que
a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais e pode ser
ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente
e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem
como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os
casos previstos na legislação especial.
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular e pode reter o pagamento,
enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará
o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
30
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este,
poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título
desaparecido.
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece,
até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem‑se pagos.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em
sessenta dias, a falta do pagamento.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários
de advogado.
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Da mora:
Art. 394. Considera‑se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê‑lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e
honorários de advogado.
31
Unidade I
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá
enjeitá‑la e exigir a satisfação das perdas e danos.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagos com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo
juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo e não havendo
pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem
taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo
a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que
se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez
que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo
entre as partes.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor
da sua quota, considerados pelo montante efetivamente realizado, liquidar‑se‑á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data
da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
32
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
III – proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência,
sempre que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do
ativo e do passivo;
VI – convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e
balanço do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre,
ou sempre que necessário;
VIII – finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas
finais;
Parágrafo único. Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo voto
da maioria dos sócios, não pode o liquidante gravar de ônus reais os móveis e imóveis,
33
Unidade I
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.
Art. 1.107. Os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes de ultimada a liquidação,
mas depois de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por antecipação da partilha,
na medida em que se apurem os haveres sociais.
Parágrafo único. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicação da ata,
devidamente averbada, para promover a ação que couber.
Art. 1.110. Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos
sócios, individualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por eles recebida
em partilha e a propor contra o liquidante ação de perdas e danos.
Art. 1.111. No caso de liquidação judicial, será observado o disposto na lei processual.
Parágrafo único. As atas das assembleias serão, em cópia autêntica, apensadas ao processo judicial.
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos
prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má‑fé,
os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados
nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados
por escrito.
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente
obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento
pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos
interessados.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.
Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas,
antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a
sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios.
Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no artigo 1.174, a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade.
35
Unidade I
§ 1o Admite‑se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período
de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da
sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados,
para registro individualizado e conservados os documentos que permitam a sua perfeita
verificação.
Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre:
I – a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo,
em forma de balancetes diários;
III – o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na
respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias
serão considerados pelo seu valor de aquisição;
36
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda,
anualmente, à sua amortização:
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação
real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis
especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço
patrimonial, em caso de sociedades coligadas.
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou
a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas
em lei.
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração
quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade,
administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
37
Unidade I
Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão
apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter‑se‑á como verdadeiro o alegado pela parte
contrária para se provar pelos livros.
Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental
em contrário.
Fonte: <http://www.peritoscontabeis.com.br/normas/art_cpc_pericia.htm>.
Segundo Sá (1997, p. 64), a perícia judicial possui um ciclo normal, dividido em três fases: preliminar,
operacional e final.
Fase preliminar:
Fase operacional:
2. curso do trabalho;
38
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
3. elaboração do laudo.
Fase final:
1. assinatura do laudo;
Sá (1997, p. 65) ainda complementa: “[...] o ciclo da perícia judicial compõe‑se da fase inicial, operacional
e final e estas de eventos distintos que formam todo o conjunto de ocorrências que caracterizam tais tarefas”.
A perícia judicial difere das demais modalidades de perícia, sendo realizada em ações judiciais,
podendo ocorrer na fase inicial do processo (instrução), ou na fase final (execução). Essa perícia poderá
ser solicitada pelas partes ao juiz que, analisando o pedido, poderá deferi‑la ou não. Ela poderá ainda
ser determinada pelo juiz, quando verificar que a matéria a ser analisada depende de parecer de um
técnico especialista.
Sendo aceita ou determinada a perícia, nos termos do artigo 421 do código de processo civil, o juiz
dará prazo às partes para que apresentem seus quesitos e indiquem seus assistentes técnicos. Esse prazo,
segundo o CPC, é de 5 (cinco) dias.
Vencido o prazo para as partes apresentarem seus quesitos e indicarem seus assistentes técnicos, se
inicia, efetivamente, a perícia, que deverá ser entregue sempre dentro do prazo estabelecido pelo juiz,
podendo ser prorrogado por mais uma vez, desde que seja pedido antes do vencimento da primeira
determinação do juiz.
O objeto da perícia normalmente está relacionado com disputas judiciais, em que o juiz ou uma das
partes necessita de esclarecimentos específicos e especializados de um profissional altamente habilitado.
Fonte: <www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t13.htm>.
39
Unidade I
Saiba mais
<http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vVn01/t005.pdf>.
Figura 6
• ações alimentares;
• ações de inventário;
• dissolução de sociedades;
• desapropriações;
• reclamatórias trabalhistas;
• fundo de comércio;
• avaliação do intangível;
• execuções fisco‑tributárias;
• recuperações judiciais;
• indenizatórias contratuais;
40
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
• impugnações de créditos;
• inquérito policial.
Como a perícia se inscreve num dos gêneros de prova pericial, a contábil é apenas um deles, sendo
específica para os fatos relacionados ao objeto da contabilidade – o patrimônio. O profissional legalmente
habilitado para verificar e quantificar suas modificações é o contador, devidamente registrado em
Conselho Regional de Contabilidade.
O objeto da perícia é o limitador, seja ela contábil ou de qualquer outra espécie. Nas contábeis, o
perito deve ter muito claro o objeto a ser periciado, pois, de maneira alguma poderá exceder esse limite,
sob pena, principalmente nas perícias judiciais, de ter seu trabalho desconsiderado e até ser destituído
pelo juiz que o nomeou e ainda responder civil e criminalmente.
O campo de aplicação da perícia contábil é bastante amplo. O poder judiciário é grande usuário
dessa perícia, nas várias ações em que há a necessidade de conhecimentos técnicos da contabilidade.
As pessoas físicas e jurídicas utilizam‑se desses conhecimentos. As primeiras, em ações que visam a
preservar seus patrimônios pessoais; as segundas, para aquisição de outras empresas.
Os usuários da perícia contábil são as pessoas físicas e jurídicas, o poder judiciário e os operadores
do direito.
A aplicação da perícia diferencia‑se da contabilidade em geral por ser específica e ter um objeto
próprio, podendo ser aplicada para os usuários da contabilidade quando houver imperfeições,
inadequações e irregularidades.
As pessoas físicas podem se utilizar da perícia contábil quando houver a necessidade de verificação,
em livros ou documentos contábeis, de fatos que possam prejudicar seu patrimônio.
Existem casos de sócios que podem se sentir prejudicados na distribuição de lucros e pedem, por
meio de um perito contábil, a verificação dos resultados da empresa.
As pessoas jurídicas podem se utilizar dos serviços dos peritos contábeis, que atuarão como assistentes
técnicos nos processos dos quais elas são parte, com o objetivo de acompanhar o perito judicial nas
diligências e na elaboração do laudo pericial, bem como na emissão de parecer técnico que possa lhe
dar subsídios para impugnação do laudo do perito do juízo.
41
Unidade I
O poder judiciário utiliza‑se dos serviços do perito judicial, como auxiliar do juiz, podendo haver a
nomeação desse profissional na fase inicial do processo, com o objetivo de se obterem provas para o
julgamento deste ou na fase de execução, com o propósito de apurar os valores devidos.
É na esfera judicial que se verifica a utilização mais constante dos serviços do perito contábil, pois,
em vários processos, a matéria contábil deixa o juiz sem bases para seu julgamento, uma vez que se
refere a elementos da técnica contábil, da qual ele não detém conhecimento técnico.
Há a figura do árbitro, que também é usuário dos serviços de peritos judiciais, pois ele também
precisa, muitas vezes, de elementos confiáveis para poder tomar suas decisões. Além disso, tratando‑se
de matéria contábil, ele poderá solicitar um laudo pericial ou um parecer a um profissional da
contabilidade.
Os operadores do direito também se utilizam da perícia contábil muitas vezes, para auxiliar no
momento de proporem uma determinada ação em juízo, com o objetivo de saberem antecipadamente
se o resultado que buscam valerá a pena. Dessa forma, antes de proporem a ação, irão solicitar ao perito
contábil um parecer que demonstre, de forma clara, o objeto que irão buscar em juízo.
• nomeação;
• aceitação ou escusa;
• elaboração do laudo;
• honorário;
• conclusão;
• esclarecimentos adicionais.
De acordo com o Código do Processo Civil (BRASIL, 2002), temos os seguintes procedimentos
relativos à perícia:
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega
do laudo (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).
42
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
II ‑ apresentar quesitos.
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são
de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição (Redação
dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).
Art. 423. O perito pode escusar‑se (art. 146), ou ser recusado por impedimento
ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a
impugnação, o juiz nomeará novo perito (Redação dada pela Lei nº 8.455,
de 24.8.1992).
Art. 424. O perito pode ser substituído quando (Redação dada pela Lei nº
8.455, de 24.8.1992):
II ‑ sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi
assinado (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e
na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes (Redação dada pela
Lei nº 8.455, de 24.8.1992).
A nomeação de perito judicial por parte do juízo ocorre diante da necessidade do juiz de esclarecer
dúvidas existentes no processo judicial. O profissional nomeado deve ter domínio da matéria a ser
elucidada e ser de confiança do juiz.
As partes podem nomear auxiliares para acompanhar o perito do juízo, os quais são denominados
assistentes técnicos e representam as partes envolvidas.
O perito do juízo é autônomo nas suas decisões, dando satisfação somente ao juiz que o nomeou.
Definidas e interligadas as bases conceituais, objeto e objetivo da perícia, é possível perceber que
algumas das suas características devem compor o perfil do profissional que atua ou pretende atuar
nesse ramo de conhecimento; é exigível e desejável que se conscientize da necessidade de discernir,
analisar, julgar e agregar sua personalidade, em grau de que lhe empreste autoridade moral natural para
o acatamento de seu trabalho, independentemente de atender aos aspectos formais e relativos a ele.
Resumindo, é preciso ser ético em contraposição a ter ética, o que é substancialmente diferente, pois
ter é tão somente atender às regras formalmente expressas porque a elas está subjugado, enquanto ser
é entender as regras, formalizadas ou não, como uma atitude natural, intrínseca ao próprio ser, que só
quem é conscientizado pode ter.
Saiba mais
<http://www.facape.br/socrates/Trabalhos/A_responsabilidade_social_e_
etica_do_Perito.htm>.
O prof. Dárcio Guimarães de Andrade, juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, ensina:
44
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Dentro desta perspectiva ética, não basta que o profissional FAÇA BEM, ele
precisa também FAZER O BEM, utilizando de atos de boa‑fé que orientem
suas decisões e relações com as pessoas, buscando, dessa forma, o bem
comum. Aliás, o bem comum deve ser nossa permanente meta.
Não basta ao perito a responsabilidade moral e intelectual. De acordo com o Código do Processo
Civil (CPC), o perito possui também responsabilidade civil e criminal, delegado ao pagamento de
indenização de prejuízos que causar por dolo ou culpa, nos moldes do artigo 147 do CPC (BRASIL,
2002), o qual dispõe “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá
pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras
perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer“. A responsabilidade, nesse caso, refere‑se
às informações inverídicas e a prejuízos causados à parte, podendo ficar inabilitado de trabalhar em
outras perícias por dois anos.
Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011
Isto posto, requer a sua a juntada desta aos autos para tornar ciente as partes interessadas
e para os devidos fins de direito.
45
Unidade I
É o que requer,
Pede deferimento.
No tocante à responsabilidade criminal, dispõem os artigos 342 e 347 do Código Penal e, segundo
eles, os atos praticados pelo auxiliar da Justiça, entendidos como dolo ou culpa, podem ainda ser
passíveis de pena de reclusão e multa, no caso desse profissional proferir afirmação falsa, de se calar à
verdade ou induzir o juiz ao erro.
Pode‑se dizer ainda que, ao perito, não é permitido agir sem eficácia; portanto, a ele compete
atuar com eficiência, agregando a perfeita dosagem de equidistância e de emprego de seus
conhecimentos sobre o objeto, que propicie atingir de forma bem sucedida a finalidade objetiva
para a qual a perícia foi determinada. Para que isso ocorra, o perito deve seguir indicativos que
servem como diferenciais e que contornam o perfil pessoal e profissional desejado e exigido dos
agentes periciais, impondo o seu aclaramento, por critérios mais objetivos, mediante o exame
circunscrito dos requisitos que devem lhe individualizar o perfil profissional, seus direitos, deveres
e responsabilidades.
Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de
capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão:
• a legal;
• a profissional;
• a ética;
• a moral.
A capacidade legal é a que lhe confere o título de bacharel em Ciências Contábeis (e equiparados) e
o registro no Conselho Regional de Contabilidade.
46
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
• experiência em perícias;
• perspicácia;
• perseverança;
• sagacidade;
Figura 7
Sá (1997, p. 21) complementa: “o perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e
intelectualmente e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade”.
2.1.3 – O perito contábil, nomeado em juízo ou indicado pela parte, assim como os
escolhidos pelas partes para perícia extrajudicial, deve cumprir e fazer cumprir a presente
norma, honrando os encargos que lhes foram confiados.
2.1.4 – O perito contábil deve recusar os serviços sempre que reconhecer não estar
adequadamente capacitado a desenvolvê‑los, contemplada a utilização de especialistas de
outras áreas, quando parte do objeto da perícia assim o requerer.
2.2 – Independência
2.2.1 – O perito contábil deve evitar e denunciar qualquer interferência que possa
constrangê‑lo em seu trabalho, não admitindo, em nenhuma hipótese, subordinar sua
apreciação a qualquer fato, pessoa ou situação que possa comprometer sua independência.
2.3 – Impedimento
2.3.1 – Está impedido de executar a perícia contábil, devendo declarar‑se suspeito para
assumir a função, o contador que:
• tenha mantido, nos últimos cinco anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus
procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador
assalariado;
• tenha mantido ou mantenha, com quaisquer das partes ou seus procuradores, relação
de negócio constituída de participação direta ou indireta como acionista ou sócio;
Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/p2.htm>.
Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo Nº: 0009.900.0021/2011
Jose Roberto Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe vem, respeitosamente, informar a Vossa Excelência, que apesar de
muito honrado com a designação, encontra‑se impedido de atuar no referido processo
face existir parentesco com uma das partes. Portanto, impossibilitado de exercer o
encargo.
Dessa forma, apresenta sinceras escusas e fica à disposição deste juízo para maiores
esclarecimentos, assim como a para atuar em outros processos, quando for solicitado.
Isto posto, requer a sua dispensa do encargo e a juntada desta aos autos para tornar
ciente as partes interessadas e para os devidos fins de direito.
É o que requer,
Pede deferimento.
2.4 – Recusa
49
Unidade I
• quando indicado pela parte, comunicar‑lhe a escusa, por escrito e no prazo legal,
sem prejuízo de posterior petição ao juízo neste sentido;
Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/p2.htm>.
Exmo. Sr. (Dr.) Juiz de Direito da 4ª Vara Cível de Carapicuíba do Estado de Rio
Grande do Sul
Autor: Albertino Roseval dos Santos
Réu: Moto Locadora e Oficina Ltda – ME
Ação: Trabalhista
Processo nº: 1.110.000
José Roberto Alvarez Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos
autos do processo em epígrafe vem, respeitosamente, informar a Vossa Excelência, que
apesar de muito honrado com a designação, por motivos alheios à sua vontade, encontra‑se
impossibilitado de exercer o encargo por motivos de força maior.
Dessa forma, apresenta sinceras escusas e fica à disposição deste juízo para maiores
esclarecimentos, assim como a para atuar em outros processos, quando for solicitado.
Isto posto, requer a sua dispensa do encargo e a juntada desta aos autos para tornar
ciente as partes interessadas e para os devidos fins de direito.
50
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
É o que requer,
Pede deferimento.
Verifica‑se que o perfil do profissional que deve atuar em perícia envolve aspectos técnicos, morais
e éticos, conhecimentos jurídicos e boa expressão, necessariamente, através da escrita.
Figura 8
O perito especialista deve ter formação superior, ou seja, bacharelado na área em que pretende se
habilitar para a realização de perícias.
Apenas o bacharel em Ciências Contábeis está habilitado para exercer a perícia contábil, como
determinam as normas brasileiras de contabilidade, que trazem a seguinte redação: “13.1.2 A perícia
contábil, tanto a judicial, como a extrajudicial e a arbitral, é de competência exclusiva de Contador
registrado em Conselho Regional de Contabilidade”. (Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.
br/nbc/t13.htm>). Tal afirmação está fundamentada no capítulo IV, artigo 25 alínea C e artigo 26 do
Decreto‑lei 9.295/46 (BRASIL, 1946), com a seguinte redação:
Lembrete
Segundo Neto; Mercandale (2000, p. 15), na órbita cível, o perito está sujeito à arguição de
impedimento ou suspeição, consoante preconiza o inciso III, do artigo 138 do Código de Processo Civil.
I ‑ ao órgão do Ministério Público, quando não for parte e, sendo parte, nos
casos previstos nos I a IV do art. 135;
II ‑ ao serventuário de justiça;
IV ‑ ao intérprete.
Neto; Mercandale (2000, p. 15) complementa: “sob o ângulo dos prejuízos que a perícia maliciosa
carrear à parte, entendemos que são cabíveis as ações de indenização, inclusive por danos morais”.
A responsabilidade criminal remete ao artigo 342 do Código Penal, que trata da falsa perícia, com a
seguinte redação:
O perito deve estar atento ao objeto da perícia, pois não pode ir além do que deve ser apurado.
Observação
O perito indicado pelas partes (denominado assistente técnico) deverá acompanhar o perito nomeado
pelo juiz nas diligências que forem efetuadas.
Sua indicação é permitida legalmente, como traz o artigo 421, parágrafo 1º do Código de Processo
Civil (BRASIL, 1973).
Art. 421. O Juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega
do laudo.
apresentar quesitos.
4.3.1 Responsabilidades
A responsabilidade do assistente técnico é com as partes que o indicaram, não podendo deixar de
obedecer às Normas Brasileiras de Contabilidade e às Normas de Profissionais de Perito, aos procedimentos
éticos e aos limites da perícia, por seu objeto.
4.3.2 Pareceres
Os pareceres são apresentados em separado, nos termos do Parágrafo único do artigo 433 do Código
de Processo Civil (BRASIL, 1973), no prazo de dez dias após a apresentação do laudo:
54
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Art. 433 – parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de
dez dias após a apresentação do laudo, independente de intimação.
Com o advento da Lei 10.358, de 27 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001)., o parágrafo único do
artigo 433 do CPC passou a ter a seguinte redação:
Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias,
após intimadas as partes da apresentação do laudo.
A partir dessas considerações, verifica‑se que os prazos para entrega dos pareceres dos assistentes
técnicos são diferenciados.
Portanto, o perito contábil assistente é aquele que acompanha o perito do juízo, quando indicado
pelas partes, podendo oferecer seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias depois de intimadas as
partes da apresentação do laudo.
Saiba mais
<http://gilbertomelo.com.br/artigos/167‑o‑papel‑do‑
perito‑assistente‑tecnico>.
Resumo
55
Unidade I
Exercícios
supermercado, para com isso calcular os lucros que o estabelecimento deixou de ter durante o período
que ficou sem funcionar em decorrência do incêndio. Chegou à conclusão que o supermercado havia
tido prejuízos de R$ 750.000,00 a título de lucros cessantes, ou seja, lucro que não teve exatamente
porque estava sem funcionar. Os advogados da madeireira impugnaram o laudo e o juiz concordou,
determinando que fosse realizado outro. O principal argumento para impugnação foi que:
C) O laudo pericial havia analisado apenas o faturamento do supermercado e não havia analisado
os valores das despesas.
D) O laudo pericial foi realizado por quem não tinha conhecimento para isso.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há no enunciado da questão nenhum elemento que permita concluir que o perito
designado pelo juiz era amigo do proprietário do supermercado.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o laudo pericial deveria ser realizado a partir da análise dos documentos disponíveis
sobre a entrada e a saída de mercadorias, bem como com a análise dos valores das despesas do
estabelecimento, para que se pudessem identificar os valores de lucro, mas não há no enunciado da
questão nenhum elemento que permita concluir que o laudo foi impugnado em razão de cálculos
equivocados.
C) Alternativa correta.
Justificativa: o perito não deverá deixar de verificar qualquer fato ou documento que possa servir de
suporte para a conclusão do laudo pericial. Não poderá, em nenhuma hipótese, proceder à análise por
amostragem. Por conhecimento resultante de sua formação universitária ou por conhecimento notório,
fruto de sua experiência profissional, ele terá que utilizar os meios técnicos e científicos para constatar
e demonstrar satisfatoriamente os fatos e as circunstâncias relevantes, de modo a subsidiar as decisões
que serão tomadas. Neste caso, o perito não analisou as despesas, só o faturamento da empresa, e por
isso o valor identificado como lucro está excessivo e não é correto.
57
Unidade I
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o perito foi indicado pelo juiz da comarca onde ocorreram os fatos e, evidentemente, o
magistrado só indicou aquele prestador de serviços porque ele é possuidor de notório conhecimento na
área. A indicação judicial é presunção de que aquele profissional seja competente para realizar a tarefa
determinada.
E ) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há no texto elementos que permitam concluir que tenha havido demora para a conclusão
do laudo e, além disso, caso o tempo utilizado tivesse sido excessivo, os advogados da madeireira e até os do
supermercado poderiam ter solicitado ao juiz da causa a designação de outro perito.
A) Está incorreta porque o fato de haver mentido em um laudo não é crime, mas apenas passível de
sanção administrativa por parte do Conselho de Contabilistas.
B) Está excessiva porque o contador que frauda um laudo deve ser punido civil e administrativamente,
mas não comete nenhum crime.
C) Está imprópria porque não se admite ação penal em casos de atuação profissional.
D) Está adequada porque existe previsão legal no Código Penal para o perito que falta com a verdade
no processo judicial.