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Solimar Garcia, São Paulo, mestre em Comunicação pela Universidade Paulista (UNIP). MBA em Comunicação e
Marketing pela ESPM. Pós‑graduada em Didática do ensino superior, especialista em ensino a distância. Jornalista e
publicitária pela Fundação Cásper Líbero. Professora universitária da UNIP (Instituto de Ciências Sociais e Comunicação)
e Unip Interativa (ensino a distância), empresária da área de Comunicação e Marketing.
Mais de 25 anos de experiência em comunicação, no jornalismo impresso, passando por vários veículos, entre eles
o jornal O Estado de S. Paulo, e diversas revistas especializadas. Desenvolvimento de atividades na área de comunicação
empresarial, em projetos de comunicação, informativos, jornais, revistas etc. Na função de jornalista, experiência como
assessora de imprensa, repórter, editora‑chefe, editora‑assistente, jornalista responsável e revisora. Por mais de 20
anos, atuou em diversos veículos de comunicação impressa, em vários segmentos diferentes. Empresária da área de
comunicação com atividades jornalísticas, publicações e assessoria de imprensa, de marketing e projetos culturais e
sociais, além de desenvolvimento e revisão de materiais para cursos de extensão.
Experiência de quase dez anos como docente universitária na Universidade Paulista – UNIP, entre outras, nos
cursos de Gestão Empresarial, com as disciplinas de Comunicação Empresarial e várias da área de Marketing (Marketing
Estratégico, Marketing de Eventos, Marketing Esportivo e Cultural, Mercadologia, Composto de Comunicação, Plano
de Negócios). Professora do ensino a distância na UNIP Interativa (Comunicação Empresarial e Plano de Negócios), e
orientadora de trabalhos multidisciplinares nos cursos de Gestão, presencial e a distância. Orientadora e avaliadora
de monografias da pós‑graduação do ensino a distância na UNIP Interativa. Desenvolvimento de materiais didáticos
(livros‑texto, apresentações, questionários etc.) para o ensino a distância. Dissertação de mestrado: Representações da
Sustentabilidade na Propaganda: Uma Visão do Consumidor (Universidade Paulista – UNIP, 2010). Autora do capítulo:
“Sociedade de consumo: representações da sustentabilidade na propaganda”, do livro Representações em Trânsito:
Personagens e Lugares na Cultura Midiática, organizado por Heller e Longhi (São Paulo: ed. Porto de Ideias, 2009).
CDU 658.2
U507.91 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Amanda Casale
Cristina Z. Fraracio
Sumário
Plano de Negócios
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 IDEIAS E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS................................................................................................9
1.1 Ideia certa no momento errado...................................................................................................... 11
1.2 Oportunidade para atender a uma necessidade...................................................................... 11
1.3 A experiência no ramo de atividade.............................................................................................. 11
1.4 Fontes de novas ideias........................................................................................................................ 12
2 AVALIANDO OPORTUNIDADES.................................................................................................................... 16
2.1 Demanda de mercado......................................................................................................................... 17
2.2 Tamanho de mercado.......................................................................................................................... 17
2.2.1 Estrutura de mercado............................................................................................................................ 18
2.3 Análise da margem............................................................................................................................... 19
2.4 Desenvolvendo um banco de oportunidades............................................................................ 19
3 EMPREENDEDORISMO................................................................................................................................... 24
3.1 História do empreendedorismo....................................................................................................... 25
3.2 Empreendedorismo no Brasil............................................................................................................ 25
3.3 As incubadoras no Brasil.................................................................................................................... 27
3.4 Definindo empreendedorismo......................................................................................................... 30
3.5 A experiência brasileira....................................................................................................................... 30
3.6 O que é empreender?........................................................................................................................... 32
3.7 Características dos empreendedores............................................................................................. 34
3.8 Empreendedor corporativo............................................................................................................... 38
3.8.1 Tipos de empreendedores corporativos.......................................................................................... 40
3.8.2 Papéis dos empreendedores corporativos..................................................................................... 41
4 FINANCIAMENTO DE EMPRESAS................................................................................................................ 49
4.1 Formas de financiamento.................................................................................................................. 49
4.2 Linhas de crédito para pequenas e médias empresas............................................................ 54
Unidade II
5 IMPOSTOS............................................................................................................................................................ 62
5.1 Impostos federais.................................................................................................................................. 66
5.1.1 Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros (II).................................................... 66
5.1.2 Imposto sobre a Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE).................. 66
5.1.3 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR).......................................... 66
5.1.4 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)............................................................................. 67
5.1.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários (IOF)............................................................................................................................ 67
5.1.6 Imposto Territorial Rural (ITR)............................................................................................................ 68
5.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)............................................................................................ 68
5.2 Impostos estaduais............................................................................................................................... 68
5.2.1 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)............. 69
5.2.2 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)................................................ 69
5.2.3 Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou
Direito (ITCMD)................................................................................................................................. 69
5.3 Impostos municipais............................................................................................................................ 70
5.3.1 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)......................................... 70
5.3.2 Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais
a Eles Relativos (ITBI)......................................................................................................................................... 70
5.3.3 Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS ou ISSQN).......................................... 71
5.4 Taxas........................................................................................................................................................... 71
5.5 Contribuições.......................................................................................................................................... 73
5.5.1 Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).................................................................................. 73
5.5.2 PIS/Pasep..................................................................................................................................................... 73
5.6 Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro............................................................ 74
5.6.1 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)...................... 74
5.6.2 PIS/Pasep..................................................................................................................................................... 74
5.6.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)...................................................................... 74
5.6.4 Contribuições para o Sistema S......................................................................................................... 74
5.7 Outras contribuições............................................................................................................................ 76
5.8 Contribuições de melhoria................................................................................................................ 79
5.9 Royalties.................................................................................................................................................... 79
6 TIPOS DE EMPRESA......................................................................................................................................... 89
6.1 Como abrir uma nova empresa....................................................................................................... 90
7 O PROCESSO EMPREENDEDOR.................................................................................................................. 92
7.1 Por que as empresas quebram?....................................................................................................... 93
7.2 Fatores críticos de sucesso................................................................................................................ 95
7.3 Plano de negócios e longevidade das empresas....................................................................... 96
8 COMO FAZER UM PLANO DE NEGÓCIOS................................................................................................ 98
8.1 Sumário executivo..............................................................................................................................103
8.2 Resumo da empresa...........................................................................................................................105
8.3 Produtos e serviços.............................................................................................................................106
8.4 Análise do mercado............................................................................................................................107
8.5 Estratégia................................................................................................................................................108
8.6 Planejamento de marketing............................................................................................................112
8.6.1 Principais formas de comunicação para divulgar o produto..............................................113
8.6.2 Objetivos e metas de marketing......................................................................................................116
8.7 Organização e gerência....................................................................................................................117
8.8 Planejamento financeiro..................................................................................................................118
8.9 Planejamento e desenvolvimento do projeto..........................................................................119
8.10 Cronograma e gestão de contingências..................................................................................120
8.11 Anexos....................................................................................................................................................120
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
A disciplina Plano de Negócios tem como principal objetivo elaborar um plano de negócio,
considerando as ameaças e oportunidades de mercado, levando em conta as habilidades e competências
do empreendedor; detectando oportunidades de negócios locais e/ou regionais, para tornar o aluno
apto a empreender seu próprio negócio.
Para atingir esses objetivos, serão estudados, em duas unidades, os seguintes tópicos:
• oportunidades e negócios;
• perfil empreendedor;
• linhas de financiamento;
• plano de negócios;
INTRODUÇÃO
Segundo Dornelas (2007), importante autor da área de empreendedorismo, a história tem mostrado
que uma pequena parte desses mesmos aventureiros, também chamados de empreendedores, são os
7
Unidade I
grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico e o crescimento do país. Porém, a grande maioria
encontra uma nova decepção quando opta pelo negócio próprio e acaba conhecendo uma realidade
cruel, a qual mostra quão vil é o mercado com aqueles que não estão preparados.
As universidades preparam os alunos para os empregos formais. Raras são as que ensinam os alunos
a quererem ser patrões e chefes de si mesmos. O mundo do trabalho mudou. Ou melhor, vem mudando
há alguns anos, desde que os empregos formais, com carteira assinada, foram tornando‑se raros, a
globalização juntou todos os países do mundo numa só comunidade, e o mercado foi ficando cada vez
mais exigente.
Desde os primeiros estudos sobre empreendedorismo e novos negócios, muitos estudiosos vêm
alertando os governos sobre a necessidade de incentivar e ensinar as pessoas a serem empreendedoras
e donas do próprio negócio.
Investir nesse potencial das pessoas é uma questão de desenvolvimento para os países. Ser
empreendedor não é apenas para aqueles que abrem uma empresa e ganham muito dinheiro, fazendo
logo parte dos programas de televisão como empresários de sucesso. Ser empreendedor é também para
os pequenos, ou pequeníssimos negócios, em que uma mãe ou pai de família começa a distribuir suas
produções de sorvete, ou de blusas de lã feitas à mão etc., para a comunidade local.
As boas ideias sempre têm lugar no mercado desde que sejam pensadas para ser implementadas.
Sobre como empreender e abrir um negócio, vamos tratar a partir de agora, neste livro‑texto. Você verá
que qualquer pessoa pode abrir um negócio e ter sucesso ao empreendê‑lo, basta estar preparado e
planejar muito.
8
PLANO DE NEGÓCIOS
Unidade I
Nesta unidade, vamos falar das diferenças entre ideias e oportunidades, bem como em transformar
oportunidades em negócios. Trataremos também de conhecer a história do empreendedorismo, no
mundo e no Brasil, e as incubadoras de empresas. Conheceremos o empreendedor corporativo e a
necessidade da existência dele nas empresas atuais. Depois, trataremos das formas de financiamento
para novos negócios. Segundo os especialistas, o dinheiro para os novos empreendedores existe, o que
não existe são bons planejamentos e planos de negócios.
Para estudar plano de negócios, vamos começar por entender o que é uma oportunidade de negócio.
Boas ideias, às vezes, podem ser apenas boas ideias e não chegar a ser bons negócios, pois uma ideia,
para virar um bom negócio, precisa passar por análises iniciais feitas pelo empreendedor. A todo o
momento, temos ideias, pensamos em situações, novos empreendimentos, e pode ser que nenhum deles
chegue a ser um negócio.
Quantas vezes não pensamos em algo inusitado e dizemos: “Puxa, isso seria um excelente produto
a ser vendido”. Tenho uma pessoa na família que sempre teve boas ideias, interessantes, diferentes, uma
delas era de fazer massas de panquecas em saquinhos para serem fritas e recheadas pelo comprador.
Uma boa ideia que nunca deixou de ser apenas isso, uma boa ideia. Por quê? Porque nunca saiu do plano
das ideias, nunca foi para a ação, para o “fazer acontecer”.
Primeiro, quando temos ideias, logo pensamos também: “Ah! Isso já existe, não vai dar certo!”
Segundo Dornelas (2008), talvez um dos maiores mitos sobre novas ideias de negócios é o de que elas
devem ser únicas. Ao contrário do que muita gente pensa, uma ideia não significa uma oportunidade de
negócio. Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de
uma necessidade de mercado, ou seja, quando existem clientes potenciais.
Outras vezes, o empreendedor nem quer contar a ideia que teve, pensando que alguém vai roubá‑la.
Para o autor, esse é um erro imperdoável dos empreendedores de primeira viagem: “ideias revolucionárias
são raras, produtos únicos não existem e concorrentes com certeza sempre existirão” (DORNELAS,
2008, p. 37). Empreendedores que acham sua ideia ser única acabam acreditando que têm algo muito
diferenciado e acabam não falando com ninguém a respeito, pois, nesse momento, estão movidos pela
paixão e não pela razão.
É importante que a ideia seja testada junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes
e amigos próximos, antes que a paixão pela ideia tire sua capacidade de analisar o negócio. Por isso,
lembre‑se: uma ideia sozinha não serve para nada. A todo o momento temos novas ideias, e ainda
bem. É inerente ao ser humano a criatividade, e estamos sempre buscando soluções para problemas do
9
Unidade I
cotidiano. Para que elas virem um negócio, há que se pensar em como desenvolvê‑las, implementá‑las
e construir um negócio de sucesso com elas.
Para Dolabela (2008, p. 51), “a mesma ideia pode significar um negócio promissor para uma pessoa
enquanto para outra talvez permaneça como simples ideia”. Veja que apenas guardar segredo não é o
suficiente para transformar uma ideia em negócio. Alguns resolvem desenvolver, vão em frente, arranjam
parceiros, amigos interessados. Outros simplesmente ficam com a ideia na gaveta e nunca a tiram da
cabeça e nem do papel (quando conseguem pôr no papel).
Observação
Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro
de uma necessidade de mercado, ou seja, quando existem clientes potenciais. Identificar o
mercado‑alvo é de fundamental importância para implementar seus projetos empresariais. Veja
que ter uma ideia isolada não serve para nada. Numa análise rápida, o empreendedor deverá ser
capaz de dizer se ela vai funcionar ou não. Ou seja, terá que saber se existem compradores para
seu produto ou serviço e se eles estão dispostos a gastar dinheiro com isso, bem como saber onde
eles estão e o que querem.
Uma excelente ideia em momento errado é a típica ideia que não irá para frente. Por exemplo,
uma ideia de novo produto num momento em que seria impossível para a empresa investir
qualquer capital em novas oportunidades. É preciso considerar o timing da ideia (momento em
que aparece). Para entender como o timing funciona, vejamos os negócios da área de informática.
Trata‑se de um setor em que os produtos se transformam muito rapidamente. Se a empresa
não for veloz no desenvolvimento de novos produtos, desde a ideia até sua implementação,
provavelmente perderá a oportunidade de explorar um novo mercado, um nicho de clientes etc.
O empresário perderá o timing. Outros mercados não fluem de forma tão rápida assim. No caso
de novos locais para turismo, a preparação do local e da infraestrutura será necessária, mas o
sucesso virá, certamente, com o boca a boca, com as pessoas que o conhecerem e que divulgarem
aos conhecidos e amigos. Nesse caso, o bom atendimento aos turistas é mais importante do que
a velocidade de implantação do negócio. Ambos os negócios possuem timing diferentes.
Lembrete
Novas ideias vão surgindo sempre, mas é preciso estar atento ao ambiente em que se vive para
aproveitá‑las. Por exemplo, como eu poderia fazer determinado produto gastando menos matéria‑prima?
Ou como poderia distribuí‑lo de forma mais eficiente e com custo menor? São pensamentos que
surgem ao observar a realidade, sempre pensando em atender a uma necessidade. Para detectar essas
oportunidades, é importante estar atento ao ambiente externo, verificando o que poderia melhorar a
vida das pessoas, reduzir custos, agilizar processos. Olhar para o ambiente externo com o espírito crítico
e capacidade de análise é a melhor maneira de estimular a criatividade para gerar oportunidades de
negócios.
Outro fato corriqueiro no ambiente empresarial é o empreendedor ter uma ideia brilhante,
mas num ramo sobre o qual ele pouco ou nada conhece. Nesse ponto, é preciso pensar sobre
a experiência profissional do empreendedor, que deve procurar criar negócios em áreas sobre
as quais conhece, em ramos de atividade que já tenha atuado profissionalmente, ou buscar
sócios que conheçam o negócio.
Infelizmente, as chances de sucesso são mínimas quando o empreendedor arrisca tudo em negócios
cuja dinâmica do mercado e a forma operacional de tocar a empresa ele desconhece.
11
Unidade I
Lembrete
Uma das mais conhecidas formas de estimular a criatividade é o método brainstorming (tradução
literal: tempestade cerebral), que estimula a geração de novas ideias em grupo. Para Dornelas (2008),
o brainstorming precisa de regras para acontecer adequadamente, ou serão apenas várias pessoas
reunidas, divertindo‑se, sem compromisso com a geração de ideias. Portanto, é preciso que se sigam
algumas regras:
1. ninguém pode criticar outras pessoas do grupo e todos são livres para exposição de ideias, mesmo
que pareçam absurdas;
2. em cada rodada, todos os participantes devem dar uma ideia a respeito do tópico em discussão e
quanto mais rodadas melhor;
3. podem‑se dar ideias baseadas nas ideias anteriores de outras pessoas. Essas combinações são
bem‑vindas e podem gerar bons resultados;
4. a atividade deve seguir sem que haja uma pessoa dominante, apenas deve ser garantido que
todos participem;
5. após a seleção natural das ideias, elas deverão passar pelo crivo do empreendedor, que fará
uma análise mais detalhada numa segunda etapa, não nesse momento. Nesse caso, o feeling do
empreendedor é muito importante.
12
PLANO DE NEGÓCIOS
Observação
O que é feeling?
Gerar ideias, portanto, é quase obrigatório para quem tem negócios e procura estar com produtos
sempre à frente do mercado e da concorrência. Se Bill Gates tivesse dado ouvidos a um empresário
que disse a ele que esse negócio de computadores pessoais era uma bobagem, que ninguém nunca iria
querer ter um em casa, certamente não seria o empresário de sucesso que se tornou quando pensou em
fazer computadores compactos para as pessoas terem em seus lares.
Manter a cabeça aberta e “antenada” ao que ocorre no ambiente é uma das formas de gerar ideias
interessantes, e que podem transformar‑se em bons negócios. Outras propostas apresentadas por
Dornelas (2008):
• Novos nichos de mercado podem ser detectados em conversas com todo tipo de pessoas, de
diferentes níveis sociais e idade variada. Vale ouvir desde os adolescentes aos mais velhos e
experientes, sobre os mais variados temas. Quem havia pensado que os idosos teriam a importância
que têm adquirido no mercado, com produtos específicos feitos para eles, como viagens, produtos
para cuidados pessoais e conforto da saúde?
• Atenção especial deve ser dedicada à maneira como vivem as pessoas. Elas estão comendo
os mesmos alimentos? Vestindo as mesmas roupas? Conhecer as tendências para os diversos
13
Unidade I
• A partir de empregos anteriores também pode‑se ter boas ideias para novos negócios. Muitos
novos negócios são iniciados enquanto algum empreendedor ainda era empregado de outros, e
começa prestando serviços ou fornecendo algum componente para o antigo patrão.
Enfim, o empreendedor deve ser observador e estar sempre atento a tudo e a todos, sem se preocupar
em ter uma nova ideia, nem se ela seria uma boa oportunidade. Isso fica para uma segunda etapa, após
a seleção natural das ideias, baseada no feeling do empreendedor e no quanto ele se identificou com
cada uma. Nessa segunda fase, alguns critérios mais racionais de negócio devem ser utilizados, como
você verá a seguir.
Observação
Ideias nas empresas podem ser de dois tipos, segundo Dolabela (2000):
Ter novas ideias para incrementar os negócios é uma exigência para quem está no mercado. É
o que diria o fabricante de máquinas de escrever ou de fax, produtos que ficaram obsoletos com o
avanço tecnológico da informática e das telecomunicações. O fracasso da empresa acontece se o
empreendedor:
• praticamente não se comunicar com as pessoas da empresa e fora dela, como sócios, colaboradores
e clientes;
Buscar novas ideias então é uma necessidade constante e de sobrevivência empresarial. Além
disso, vários são os fatores que levam uma empresa a essa busca, dentre os quais se destacam os
seguintes:
• Necessidade de crescimento: a empresa quer ser maior, reconhecida, conhecida pelo público.
• Existência de gaps (espaços, lacunas não preenchidas) no mercado: a empresa detecta uma
oportunidade de atender um público que não está sendo atendido, ou fabricar um produto
inovador etc.
• Necessidade de conquistar novos clientes por meio de novos produtos: a empresa quer conquistar
novas fatias de clientes com produtos diferentes do atual portfólio.
— revisão de processos e formas de se fazer as coisas na empresa, seja na estrutura formal e/ou
informal;
— incentivo ao aprendizado.
• Ter as pessoas certas no lugar certo significa que é preciso haver pelo menos dois tipos de
empreendedores na empresa:
Sem esses dois elementos, fica difícil levar as ideias a novas oportunidades, pois o criativo ficará
no campo das ideias, e o executivo fica na dependência do criativo para implementar o que precisa ser
criado.
2 AVALIANDO OPORTUNIDADES
Como vimos, as ideias surgem a todo o momento e nem todas se transformarão em bons negócios.
É preciso uma primeira e rápida avaliação, uma breve análise para descobrir se se trata de uma boa
oportunidade de negócio ou se deve ficar apenas no campo das boas ideias mesmo. Uma grande ideia
pode revolucionar o ambiente de negócios. É preciso então avaliar se uma ideia tem suporte para ser um
bom negócio. Para entender isso e avaliar uma ideia, pergunte a si próprio, a seus colegas de trabalho
e a seus superiores, o seguinte:
• Quais empresas atendem a esses clientes atualmente? Quem são seus concorrentes?
Veja que é preciso fazer pesquisas iniciais para responder a essas perguntas. No caso de
algumas delas, não é possível saber nem arriscar uma resposta ao acaso, pois da resposta
depende “o transformar uma ideia em negócio”. Se não souber que tamanho tem esse mercado,
será que vale a pena correr o risco? Caso essas perguntas básicas iniciais sejam respondidas
com dados concretos, trata‑se de uma oportunidade de negócio, e não apenas de uma ideia.
Assim, deve‑se analisá‑la melhor. Existem muitas formas para se avaliar a oportunidade de
negócio. A proposta de Dornelas (2008) é avaliar as oportunidades para novos negócios a
partir da análise de 3Ms.
16
PLANO DE NEGÓCIOS
Observação
• demanda de mercado;
• análise da margem.
Para avaliar uma oportunidade e saber se ela tem chances de virar um bom negócio é preciso saber
se o mercado procura por esse produto ou serviço. Nesse ponto, é importante encontrar informações
precisas sobre os seguintes itens:
• Qual é o público‑alvo? Que tipo de pessoa comprará esse produto? Como são essas pessoas? O
que pensam? Como compram? Como agem?
• Os clientes estão acessíveis (canais)? Por quais canais de distribuição é possível encontrar esses
clientes?
• O potencial de crescimento é alto (maior que 10%, 15%, 20% anual)? Como cresce esse mercado?
Tem potencial alto de crescimento ou trata‑se de um mercado estagnado que não cresce nada ou
muito pouco?
• O custo de captação do cliente é recuperável no curto prazo (maior que 1 ano)? Os investimentos
exigidos para essa implantação serão recuperados rapidamente?
Para se identificar o tamanho do mercado ao qual será inserido seu negócio, há que se atentar aos
seguintes itens:
17
Unidade I
• O mercado está crescendo, é emergente? É fragmentado? Que números temos sobre esse
mercado? Cresce o número de pessoas desse público‑alvo? Estão em ascendência ou declinante?
Por exemplo: o país está envelhecendo e a população idosa está crescendo, um mercado em
crescimento, portanto.
• Existem barreiras que dificultem a entrada no novo negócio? Existem excessivos custos para sair
do negócio? Você tem estratégias para transpor essas barreiras? Abrir um negócio em que barreiras
muito grandes são impostas é uma dificuldade, pois geralmente os investimentos podem superar
a possibilidade de ganho num primeiro momento.
• Em que estágio do ciclo de vida está o produto (risco depende também do ciclo de vida e
maturidade do produto)? É um produto maduro? Em crescimento? Declínio? Conforme o ponto
do ciclo de vida, os investimentos devem ser diferentes quanto ao lançamento.
• E o setor, como está estruturado? Como se configura esse segmento de mercado? Muitos players?
Como se movimentam? Quem é o líder de mercado?
• Sobre o poder dos fornecedores, qual o poder de negociação deles? São produtos diferenciados
que se concentram em poucos fornecedores?
• Pensando no poder dos compradores, qual o seu poder de negociação? Eles são concentrados?
Poucos compradores compram muitos produtos? Ou pulverizados, muitos compradores para
poucos produtos?
• E o poder dos substitutos? Há produtos substitutos? (Hoje todos os produtos são considerados
concorrentes, pois, para optar por determinado produto, o consumidor deixou de comprar outro,
então, a concorrência não se faz apenas com artigos similares. No final das contas, concorre‑se
pelos reais do consumidor).
18
PLANO DE NEGÓCIOS
• Como a indústria está segmentada? Quais são as tendências? Que eventos influenciam os cenários
etc.? Como entender esse mercado? Que tendências estão previstas para o futuro? Em dois anos,
como estará esse mercado? E em cinco anos? O que pode influenciar esses cenários?
Para se efetuar uma análise propícia da margem, é importante focar nas seguintes propostas:
• Determine as forças do negócio. Deve‑se pensar quais as competências essenciais para o sucesso
do negócio. O que é imprescindível para dar certo?
• Identifique as possibilidades de lucros (margem bruta > 20%, 30%, 40%?). Quais porcentagens de
lucro tornariam o negócio interessante para você? De quanto realmente poderia ser essa margem?
• Analise os custos (necessidades de capital), breakeven (ponto de equilíbrio), retornos etc. Toda a
parte financeira deve ser pensada nesse momento.
Fazer essas análises iniciais é muito importante para transformar uma ideia em oportunidade. Senão,
ela não deixará de ser mais uma boa ideia desperdiçada. É preciso transformar as ideias em oportunidades
de bons negócios, analisando o mercado em que ela poderia existir.
Se a empresa optou por ser criativa, estimular as ideias e inovar, é preciso que tais ideias não sejam
desperdiçadas. É interessante criar, para isso, um banco de oportunidades que foram analisadas, e
estejam prontas para serem implementadas. As principais sugestões para se organizar esses dados são
(DORNELAS, 2008):
• promover reuniões periódicas, workshops, eventos etc., com equipes complementares visando à
geração de ideias;
• criar um fundo de capital de risco interno da organização promovendo recursos para testar ideias
e analisar a viabilidade de sua implantação (a ideia pode ser uma oportunidade?);
• promover eventos internos para avaliação das oportunidades (competições de planos de negócios,
concurso de elevator speech e premiação das melhores ideias).
Exemplos de empresas que utilizam banco de oportunidades: Procter & Gamble, Intel, 3M, entre
outras.
Lembrete
• tem mercado;
• há como promovê‑la;
• há como distribuí‑la;
Nem sempre boas ideias que se transformaram em oportunidades viram sucesso de negócio.
Exemplo: no Japão, foi desenvolvida uma lata de refrigerante que tem um espiral interno com gás,
e quando a lata é aberta o líquido gela automaticamente. Ao contrário do que muitos pensam, esse
produto não é campeão de vendas. Isso acontece porque o custo do produto ainda é muito alto
(SALIM, 2003).
Talvez você já tenha visto o termo elevator pitch, ou elevator speech, em textos
ou websites em inglês sobre empreendedorismo, mas sabe o que significa? Elevator,
obviamente significa elevador, e pitch quer dizer abordagem de vendas. Dessa forma,
obtemos “abordagem de vendas no elevador”.
O elevador representa o tempo que você tem para fazer a abordagem (um minuto,
a média que você fica dentro do elevador). Portanto, trata‑se da abordagem de vendas
que você consegue fazer de seu negócio em 1 minuto. Normalmente, isso não se aplica a
20
PLANO DE NEGÓCIOS
produtos e serviços para um cliente, e sim à venda de uma ideia ou negócio para outro
interessado (por exemplo, um investidor).
Qual é a importância disso? Acontece que, muitas vezes, um minuto é tudo que você
tem para ganhar o interesse de uma pessoa. Você pode ser apresentado a um investidor,
mas não conseguirá agendar uma reunião com ele a menos que naquele instante desperte
seu interesse.
• Cuidado com o tempo: se seu texto é muito longo, ou você “sai do roteiro” para entrar
em detalhes, poderá ser interrompido e sua ideia não ficará completa. O texto deve ser
simples e objetivo.
• Treine, treine, treine: escreva sua abordagem, decore‑a, e faça o discurso para
amigos, familiares e outras pessoas de confiança. Eles lhe ajudarão a identificar erros no
raciocínio e você se acostumará com o texto.
• Crie frases chamativas, com cuidado: dizer “nosso serviço vai mudar a forma das
pessoas se comunicarem” pode ser interessante caso sua ideia realmente seja inovadora,
mas dizer “vamos tirar as operadoras de telecomunicações do mercado” mostra falta de
seriedade.
21
Unidade I
Michael Michalko (autor do livro Thinkertoys, ainda sem tradução no Brasil), diz que
existem 16 maneiras de estimular a criatividade numa empresa – veja qual delas pode ser
aplicada à sua realidade (seja criativo!):
3. Promova uma loteria de ideias: dê um cartão numerado para cada pessoa que tiver
uma ideia criativa. No final do mês, compartilhe todas as ideias com sua equipe. Faça um
sorteio e dê um prêmio para quem tiver o cartão premiado.
22
PLANO DE NEGÓCIOS
5. Inspire por meio de ícones: peça às pessoas para colocarem em suas mesas objetos
que representem sua própria interpretação pessoal do que é a criatividade no trabalho.
Por exemplo, uma bola de cristal para representar o planejamento do futuro, pilhas ou
baterias novas para simbolizar energia criadora etc.
8. Organize a semana das ideias estúpidas: faça com que ter ideias seja divertido.
Organize uma ‘semana das ideias estúpidas’ e promova um concurso. Coloque as ideias
em algum lugar visível e depois faça uma votação e premie a ideia mais estúpida
apresentada. Todos vão se divertir e, no processo, você vai descobrir que algumas ideias
não eram tão estúpidas assim.
10. Crie o clube dos campeões: pegue um corredor da sua empresa e transforme uma
de suas paredes no ‘clube dos campeões’. Coloque fotos das pessoas cujas ideias tenham
sido implantadas, junto com um parágrafo descrevendo a ideia e os benefícios que ela
trouxe para a empresa.
12. Proponha cotas de ideias: garanta a criatividade dando a cada funcionário uma cota
semanal (por exemplo, uma ideia por semana). Thomas Edison usava esse sistema. Sua
cota pessoal era uma invenção pequena a cada 10 dias e uma grande invenção a cada 6
meses.
23
Unidade I
13. Exija ingressos criativos: faça com que seja necessário trazer uma nova ideia para
poder participar de qualquer reunião. A ideia deveria focalizar algum aspecto de seu
trabalho diário, e como isso pode ser melhorado.
14. Mude de ‘Sim, mas...’ para ‘Sim, e...’: alguém oferece uma ideia durante alguma
reunião, e as pessoas já começam a dizer ‘sim, mas...’. Para mudar essa mentalidade,
quando alguém disser ‘sim, mas...’, peça à pessoa que troque essa frase por ‘sim, e...’,
continuando de onde a pessoa que deu a sugestão havia parado.
15. Peça sempre três soluções: funcionários não deveriam perder tempo pensando sobre
como uma coisa não vai funcionar ou não pode ser feita. Ao invés disso, deveriam
pensar sobre como fazer alguma coisa funcionar, e então agir. Exemplo: peça aos seus
funcionários uma lista de três objetivos ou tarefas que eles acham que não podem ser
feitos. Depois, peça que criem três soluções para cada um desses problemas. Depois, não
seja preguiçoso: faça você mesmo a sua lista ‘impossível’ – e resolva‑a!
16. Procure por ajuda externa: Jonas Salk, o doutor que desenvolveu a vacina que erradicou
a poliomielite, regularmente convidava homens e mulheres das mais diversas formações para
participarem de suas sessões em grupo. Ele sentia que isso o ajudava a desenvolver ideias que
normalmente não surgiriam se o grupo fosse muito homogêneo e parecido. Estratégia: convide
pessoas de outros setores da sua empresa para as sessões de brainstorming, e pergunte‑lhes
como elas resolveriam o seu problema (isso também pode ser feito com clientes).
Lembre‑se: toda ideia, de certa forma, é uma contribuição. Agradeça a todos que
participarem com sugestões, mesmo que essas não sejam implementadas. Afinal, essas
pessoas poderiam muito bem ter ficado quietas no seu canto. Ao dar uma ideia ou sugestão,
as pessoas estão de certa maneira se expondo, o que nem sempre é agradável. Ao agradecer a
todos que participarem, você estará estimulando um ambiente mais criativo e descontraído,
ao mesmo tempo em que sinaliza a todos que está aberto para contribuições e novas ideias.
Por isso, premie as melhores ideias, e agradeça as outras. É a melhor maneira de garantir um
fluxo constante de energia criativa na sua equipe.
Raúl Candeloro é editor da revista VendaMais, autor dos livros Venda Mais e Negócio
Fechado e responsável pelo site VendaMais.
No mundo das novas ideias e oportunidades, bem como de sua implantação, devemos lembrar que
elas não vão adiante se não existir quem acredite nelas. Pessoas que acreditam em suas ideias e vão em
frente, mesmo em cenários adversos ou quando todos acreditam que seja impossível dar certo, são as
que fazem a diferença. São os empreendedores. Por isso, outro conceito importante a ser compreendido
é o de empreendedorismo. Dolabela (2000) propõe um panorama do empreendedorismo no mundo e no
Brasil, a partir do qual nos baseamos para relatar a história a seguir.
24
PLANO DE NEGÓCIOS
Tudo começou com foco nas pequenas empresas e não em empreendedorismo. Em 1947, a Harvard
Business School criou um curso sobre gerenciamento de pequenas empresas. Em 1953, Peter Drucker
montou um curso de empreendedorismo e inovação na New York University. Esses foram os passos
pioneiros, mas ainda demoraria até que o assunto entrasse na pauta das universidades e do mundo
em geral. Em 1948, na Suíça, a Universidade de St. Gallen promoveu a primeira conferência sobre a
pequena empresa e seus problemas. Em 1956, surge o International Council for Small Business (ICSB),
a maior associação voltada para a pesquisa de empreendedorismo, na University of Colorado, sobre
desenvolvimento de pequenos negócios.
O primeiro congresso internacional foi realizado em 1973, em Toronto, Canadá. Em 1978, foi
instituído o primeiro prêmio para empreendedores de classe mundial, patrocinado pelo Babson College,
Boston, o Academy Distinnguished Entrepreneur. Ele deu origem a outros como Entrepreneur of the
Year Award, da Ernst & Young, que também tem uma versão brasileira atualmente.
O autor destaca que as publicações científicas da área de empreendedorismo também são recentes:
o Journal of Small Business Management, órgão oficial do ICSB, que teve seu início em 1963.
Em 1981, já como tradicional pesquisador do assunto, o Babson College, por meio dos
pesquisadores Karl Vésper e Jack Hornaday, criou um dos mais importantes congressos acadêmicos
em empreendedorismo. À época, havia a preocupação de não haver trabalhos suficientes sobre o
tema para justificar um congresso, mas isso não se concretizou e consolidou o local como centro de
excelência na área. Outra contribuição foi a criação do Price‑Babson Fellows, que levou para o campus
empreendedores experientes que gostariam de lecionar na área. Segundo Timmons (1994, apud
DOLABELA, 2000) há uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução
Industrial foi para o século XX.
O que se observa é que o empreendedorismo vai além de uma solução para o problema do
desemprego. Apesar dos riscos que apresenta e em épocas de pleno emprego, os jovens buscam
realizar seus sonhos por meio do negócio próprio. Segundo Dolabela (2000), eles perceberam que o
desenvolvimento das habilidades empreendedoras os coloca em melhores condições para engrenar
em um mundo em constante mudança e oferece vantagens também àqueles que preferem disputar
a corrida do emprego.
No Brasil, tiveram início os estudos sobre o empreendedorismo bem mais tarde, e os resultados
já indicam a “revolução silenciosa” por aqui também. O primeiro curso de que se tem notícia na área
25
Unidade I
surgiu em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, por iniciativa do
professor Ronald Degen, e era chamado de Novos Negócios. Era uma disciplina do curso de especialização
e, em 1984, foi estendida para a graduação, com o nome de Criação de Novos Negócios – Formação
de Empreendedores. Em 2004, foi criado na FGV‑SP o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios
(CENN), com importante atuação na área acadêmica. Em 1984, o professor Newton Braga Rosa, do
Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instalou a
disciplina Ensino de Criação de Empresas, no curso de Ciência da Computação.
A Universidade de São Paulo (USP) começou a ensinar empreendedorismo em 1984, quando o professor
Silvio Aparecido dos Santos introduziu a disciplina Criação de Empresas no curso de Administração,
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). Na pós‑graduação de Administração,
em 1985, também na FEA, foi oferecida a disciplina Criação de Empresas e Empreendimentos de Base
Tecnológica.
Em 1992, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou a Escola de Novos Empreendedores
(ENE), que tem projetos conjuntos com outras universidades e organismos internacionais. No mesmo
ano, a Universidade Federal de Pernambuco criou o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife (Cesar), por meio do Departamento de Informática e com o objetivo de aplicar o conhecimento
acadêmico à indústria. Essa experiência foi importante para a concepção do projeto Softex‑Gênesis,
que, na Universidade Federal de Alagoas, em 1993, concebeu um curso de Administração de Empresas
com Ênfase em Empreendedorismo. Em 1994, a mesma universidade instaurou o mestrado direcionado
ao empreendedorismo também. Em 1995, foi a vez da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em
Minas Gerais, implantar o Centro Empresarial de Formação Empreendedora de Itajubá (Cefei).
No início dos anos 1990, o Sebrae‑MG apoiou a criação do Grupo de Estudos da Pequena Empresa
(Gepe) no Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Minas Gerais. O Gepe
destacou‑se pelos workshops, apresentados entre 1992 e 1994 por professores canadenses liderados
por Louis Jacques Filion, que se tornaram núcleos de propagação do empreendedorismo. “A teoria
desenvolvida por Filion, baseada em pesquisas feitas com 51 empreendedores em vários países, constitui
o fundamento da metodologia de ensino utilizada hoje no Brasil” (DOLABELA, 2000, p. 40).
Em 1996, o programa Softex implanta dois projetos, o Gênesis de incubação universitária, e o Softstart,
na área de ensino de empreendedorismo. A partir de 1998, a metodologia implantada alcançou o país
inteiro, num esforço do Sebrae Nacional.
26
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
Segundo o Sebrae, uma incubadora de empresas serve para estimular a criação e o desenvolvimento
de micro e pequenas empresas, sejam elas industriais, de prestação de serviços, de base tecnológica
ou de manufaturas leves. Ela apresenta condições para oferecer suporte técnico, gerencial e formação
complementar ao empreendedor, para facilitar e tornar mais rápido o processo de inovação tecnológica
nessas empresas. Geralmente, dispõe até mesmo de espaço físico para a instalação temporária dessas
empresas, oferecendo cursos de capacitação gerencial, assessorias, consultorias, orientação na
elaboração de projetos a instituições de fomento, serviços administrativos, acesso a informações etc.
As empresas que passam pelo processo de incubação têm a taxa de mortalidade reduzida de 70%
para 20%, detectada entre empresas nascidas fora da incubadora. Segundo o Sebrae, o processo de
incubação é um dos mais eficazes mecanismos de formação de empresas sólidas e ganha força por
meio de programas de apoio e estímulo. Elas são uma forma de estimular a criação e o desenvolvimento
de pequenas empresas. O índice de mortalidade entre as empresas de tecnologia incubadas é de
aproximadamente 20%, já nas pequenas empresas em geral, esse índice sobe para 50% nos primeiros
dois anos de atividade. O objetivo das incubadoras é dar suporte estratégico aos pequenos negócios
em seus primeiros anos de vida. Cada incubadora possui suas próprias características, como processo
seletivo para candidatos, taxa de manutenção, serviços e consultorias oferecidas.
27
Unidade I
28
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
A pesquisa GEM 2009 faz o retrato do empreendedorismo brasileiro e identifica os seus pontos fortes
e fracos, no Brasil e em outros países. Um dos destaques da pesquisa GEM 2009 foi o crescimento do
empreendedorismo no País. O número de negócios com até três meses de atividade cresceu 97% em
relação a 2008, quando 2,93% da população adulta tocavam empreendimentos. Em 2009, esse número
saltou para 5,78%. Ao longo dos dez anos de pesquisa GEM, o Brasil apresentou média de 13% de sua
população economicamente ativa empreendendo, taxa que subiu para 15% em 2009.
A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos negócios está nas mãos dos jovens: 52,5% dos
empreendedores têm entre 18 e 34 anos.
Entre outros fatores, a edição de 1999 analisa os impactos do auge da crise mundial em 2009. Uma
das consequências é a queda no índice de empreendedores por oportunidade (os que têm vocação ou
enxergam nichos de mercado). Na pesquisa anterior, para cada dois empreendedores por oportunidade,
havia um por necessidade. Hoje, a razão é de 1,6 para 1.
De acordo com o estudo, os pequenos negócios são responsáveis pela maior parte dos empregos
gerados no Brasil: dos 24,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, 13,1 milhões estão em
MPEs. Desses, 64,9%, estão no interior1.
1
Vale conhecer o resumo da pesquisa GEM 2009, disponível em: <http://www.gembrasil.org.br>. Acesso em: 10
out. 2010.
29
Unidade I
Saiba mais
Podemos definir empreendedorismo como o conjunto de atitudes criativas e inovadoras que priorizam
valores, como geração e distribuição de riquezas, autossustentação e o desenvolvimento econômico e
social (DORNELAS, 2008).
Ambas as definições levam em conta a questão social, diferentemente do que pode dar a impressão,
pois quem trabalha em negócio próprio pode parecer alguém que almeja apenas seu desenvolvimento
próprio. Vejamos o contexto do boom empreendedor no mundo.
Em 1990, os EUA explodiram em novos negócios, após desfrutarem de oito anos de crescimento
econômico, o período mais longo de crescimento contínuo no século XX. Houve nessa época também o
boom da internet, em que pequenos negócios e pequenos empreendedores geraram a famosa bolha da
internet. Negócios que simplesmente não tinham existência na vida real, mas apenas no mundo virtual,
eram mais valiosos do que grandes empresas reais. Isso proporcionou ganhos vultosos nas bolsas de
Nova York e Nasdaq e gerou uma quantidade enorme de novos jovens milionários.
Nessa mesma época, começa uma série de reformas patrocinadas pelo governo que culminariam
na melhoria do País, com ajustes na economia e o controle da inflação. Assim, o Brasil ganha
estabilidade, planejamento e respeito, e a economia volta a crescer. Só no ano 2000 surge um
30
PLANO DE NEGÓCIOS
Dolabela propõe o empreendedor como alguém que define por si mesmo o que vai fazer e em que
contexto será feito. Ao delimitar o que vai fazer, ele leva em conta seus sonhos, desejos, preferências,
o estilo de vida que quer ter. Dessa forma, consegue dedicar‑se intensamente, já que seu trabalho se
confunde com o prazer.
Peter Drucker (1987) explica que são empreendedores aqueles que criam algo novo, algo diferente;
eles mudam ou transformam valores. O espírito empreendedor é uma característica distinta, seja de um
indivíduo ou de uma instituição. Não é um traço de personalidade, mas sim um comportamento, e suas
bases são o conceito e a teoria, e não a intuição.
Observação
Filion (apud DOLABELA, 2000) diz que empreendedor é uma pessoa que
imagina, desenvolve e realiza visões.
• surgem projetos como Softex (Genesis), Empretec (Sebrae), Brasil Empreendedor, Projeto Reune
(CNI/IEL);
• aumentam entidades de apoio (Sebrae, Endeavor, Instituto Empreendedor do Ano da Ernst &
Young etc.);
• crescem as franquias.
31
Unidade I
Observação
Segundo as diversas definições, e a partir do que foi explicado até aqui sobre novos negócios e
empreendedorismo, percebe‑se que, para entendermos o que é um empreendedor, não basta defini‑lo
como alguém que abre ou compra um negócio próprio. É preciso identificar novas oportunidades,
melhorando e/ou modificando conceitos/produtos e concepções. Nota‑se também que, nos diversos
conceitos de empreendedorismo, destacam‑se a inovação, a busca de oportunidades, a mudança e a
iniciativa. São, portanto, esses conceitos que nortearão o desenvolvimento do trabalho empreendedor.
Lembrete
Mas o que têm de diferente as pessoas que empreendem? Essas pessoas possuem características
especiais que fazem com que elas sejam persistentes, otimistas e animadas com suas ideias, na visão de
Dornelas (2008). Em qualquer definição de empreendedorismo, encontram‑se, pelo menos, os seguintes
aspectos referentes ao empreendedor:
• uso dos recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive;
Por essas razões, quando se pensa em um empreendedor, não se deve aliá‑lo apenas ao novo
negócio, ou ao criativo, ou ao sonhador. Empreendedores não pensam só em si e extrapolam o ganho
para toda a sociedade. Eles pensam em fazer a diferença para o mundo e para o mundo em que vivem.
32
PLANO DE NEGÓCIOS
Pesquisa brasileira
Segundo uma pesquisa de José Dornelas e Caio Cezar, um estudo qualitativo com 399
entrevistas de empreendedores de sucesso, trabalho apresentado em 2006 no XVI Seminário
Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadora de Empresas, sobre empreendedores no
Brasil, identificar o perfil do brasileiro de sucesso não é algo simples.
Hoje, o Brasil é considerado o sétimo país mais empreendedor do mundo, com 20 milhões
de pessoas que têm o seu próprio negócio ou planejam tê‑lo em breve, segundo dados
do GEM (Monitor Global de Empreendedorismo, na sigla em inglês). No entanto, segundo
dados do Sebrae, 59% das pequenas e médias empresas quebram nos dois primeiros anos.
Mais do que isso, no Brasil, ainda se empreende por necessidade, e não pela identificação
da oportunidade.
Características pessoais
Quadro 2
• são visionários;
• são dedicados;
34
PLANO DE NEGÓCIOS
• são organizados;
• possuem conhecimento;
Se esses empreendedores têm tantas características específicas e especiais, seria muito fácil
para as pessoas achá‑los “iluminados”, “diferenciados”, ou com algo de muito esquisito para
fazer um negócio dar certo. Na verdade, Dornelas (2007) explica que a maioria do que se pensa
sobre empreendedores são mitos, pensamentos arraigados que não fazem o menor sentido.
Segundo ele, as pessoas acreditam que o empreendedor é uma pessoa diferenciada, que nasce
para o sucesso, que assume altos riscos e é muito solitário. Ele explica a realidade de cada um
desses mitos:
— Realidade: embora empreendedores nasçam com certa inteligência, vontade de criar e energia,
sua formação depende da acumulação de habilidades relevantes, experiência, contatos.
— Realidade: pode. Sobreviver e florescer “é que são elas”. Empreendedores que entendem a
diferença entre uma ideia e uma oportunidade e “pensam grande” têm mais chances de serem
bem‑sucedidos.
35
Unidade I
— Realidade: essas qualidades podem ajudar, mas idade não é barreira. O que é crítico é possuir
o conhecimento relevante, experiência e contatos que facilitam reconhecer e agarrar uma
oportunidade.
• Mito 9: qualquer empreendedor com uma boa ideia pode atrair investimentos de risco.
— Realidade: nos Estados Unidos, apenas entre 1 e 3 de cada 100 empreendedores com boas
ideias conseguem atrair capitalistas de risco.
— Realidade: sem dúvida, mas não há evidências de que o empreendedor sofra mais estresse
do que outros profissionais com muita responsabilidade. A maioria dos empreendedores, ao
contrário, acha seu trabalho muito satisfatório.
Empresários em todo o mundo querem ser como Steve Jobs, empresas querem ser
a próxima Apple, mas quem teria a coragem de fazer o que Jobs fez? O cofundador da
Apple, ex‑dono da Pixar e criador dos gadgets mais falados dos últimos 10 anos não era um
semideus como alguns podem pregar, mas foi sem dúvida uma das pessoas mais visionárias
e corajosas que apareceu no mundo dos negócios nas últimas décadas. E o que mais é
preciso para mudar a história, além de paixão?
Há 13 anos, a Apple estava à beira da falência. Foi aí que Steve Jobs reinventou uma nova
forma de ouvir música. Depois reinventou o celular e encantou o mundo com a magia do iPad
poucos anos depois. Empresários admiram Steve Jobs, mas não agem como ele. Aqui estão as
principais atitudes — ousadas — que o tornaram o executivo mais admirado da atualidade.
1. Parceria com o concorrente: pouca gente sabe, mas se não fosse pela Microsoft, talvez
(ênfase no “talvez”) a Apple não estivesse aqui. Em 1997, após muitos anos no vermelho,
Steve Jobs precisava juntar dinheiro rápido e foi esperto o bastante para procurar Bill
Gates. A Microsoft investiu $150 milhões na Apple e foi parceira da marca na Macworld
Expo 97. Jobs justificou, dizendo: “Isso é pela saúde da Apple, para que ela possa dar
grandes contribuições à indústria e voltar a prosperar”. O que, de fato, aconteceu.
2. Colocar “sexo” nos produtos: Jobs era um vendedor nato. No início, Wozniak cuidava da
engenharia enquanto Jobs tratava de vender e conseguir parcerias. Não sei o que ele quis
dizer com “sexo” quando, em 1998, Jobs convocou uma reunião e disse: “Sabe o que essa
empresa tem de errado? Os produtos são uma droga! Não há sexo neles.” O que sabemos
é que hoje o design dos produtos Apple tem um sex appeal, desculpem o trocadilho!
3. Criar soluções possíveis para problemas impossíveis: a Apple é uma indústria, certo?
Errado. É também comércio. Tudo começou quando Steve Jobs achou que as lojas de
varejo não davam a atenção que os produtos Apple mereciam. Então, ele fez o que na
época ninguém fazia: criou lojas próprias. Pode parecer fácil, mas atuar com algo que
você não domina, como o varejo, é sempre um grande desafio.
4. Dizer aos consumidores o que eles querem em vez de perguntar: Jobs era
famoso por dizer que os consumidores não sabem o que querem até ele dizer o que
eles devem querer. Sua teoria pôs abaixo um dos maiores mitos do marketing: o de
que os consumidores conhecem seus desejos. A Apple não usa grupos de foco, em
37
Unidade I
vez disso diz o que as pessoas querem antes de quererem. [...] quando o iPad foi
anunciado, as pessoas acharam o produto bobo, e não foi que ele se tornou sonho
de consumo?
5. Produtos que funcionam melhor juntos: a Apple é famosa por favorecer seus próprios
produtos: iPod com iTunes, iTunes com iMacs, interação entre iPhones e iPads e iTunes
store etc. A justificativa por trás disso na opinião de Steve Jobs era: “A Apple está sempre
mostrando que a soma das partes é maior que o todo”.
8. Não incrementar demais: apenas recentemente os iPods passaram e ter rádio FM,
e o primeiro iPhone tinha uma câmera péssima. Essa é uma das maiores lições da
Apple: você não precisa lançar o produto perfeito, apenas crie algo incrível e antes
de todo mundo. “Nós somos absolutamente consumidos pela ideia de criar uma
solução que seja muito simples”, disse o designer Jonathan Ive, vice‑presidente de
design da Apple.
9. Vende sonhos, não produtos: foi‑se o tempo em que o Mac OS X era o mais seguro,
o mais rápido e o mais estável, mas ficou a imagem de um super produto, uma grande
reputação e o melhor design para se ter na sala de casa. As pessoas não compram iMac,
iPhones e iPads pelo que eles são, mas pelo que eles representam, ter um Mac é um
estilo de vida!
10. Acreditar em si próprio: Steve Jobs disse, no seu famoso discurso em Stanford: “Tenha
a coragem para seguir o seu coração e sua intuição. Ele, de alguma forma, já sabe o que
você quer se tornar”.
38
PLANO DE NEGÓCIOS
O empreendedorismo tem sido preocupação antiga no mundo. Já no século XVII, Richard Cantillon,
escritor e economista considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo,
foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos), do capitalista (aquele
que fornecia o capital). Somente no século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo, por conta da
Revolução Industrial.
Quadro 3
39
Unidade I
Lembrete
— acredita que o trabalho deveria ser guiado por metas pessoais, e não pelos outros.
• Tipo 2: o grande vendedor (atinge o sucesso por meio de sua rede de relacionamentos, capacidade
de vender e ser persuasivo e das habilidades pessoais):
— acredita que o ato de vender é crucial para que a empresa implemente suas estratégias;
• Tipo 3: o gerente (possui boas habilidades gerenciais combinadas com uma agressiva orientação
ao crescimento profissional):
40
PLANO DE NEGÓCIOS
— é competitivo;
— deseja o poder;
— desejo de inovação;
— acredita que o desenvolvimento de novos produtos é parte crucial para a estratégia da empresa;
• Iniciador: é aquele que dá início ao processo empreendedor, que identifica a oportunidade, algum
problema interno que deve ser resolvido, uma inovação que pode ser obtida etc. Muitos podem
ser os iniciadores de projetos, mas geralmente os champions (defensores da ideia) ou gerentes é
que acabam fazendo isto acontecer.
• Crítico: é o advogado do diabo, está sempre analisando questões críticas, identificando pontos
fracos, apresentado alternativas para implementação e argumentos para a não implementação de
certas ideias, tudo com base em sua experiência e conhecimento do mercado e da empresa.
41
Unidade I
O autor explica que os papéis principais e mais importantes são o do gerente (champion) e do
apoiador (sponsor), pois eles definirão a continuidade ou não do projeto, um tendo a iniciativa de
levá‑lo adiante e o outro abrindo caminho para que isso ocorra. Ele sugere que a empresa atente para
as características desses indivíduos:
• como é seu trânsito dentro da organização, se é bem relacionado e visto de forma respeitosa pelos
outros;
• se ele/ela é uma pessoa que tem sido desafiada e mesmo assim levou projetos inovadores adiante;
• se ele/ela já atingiu status suficiente na organização e não vê o projeto como uma forma de se
autopromover;
• se ele/ela é uma pessoa conhecedora do sistema corporativo e de como as decisões são tomadas
e implementadas na organização;
• se ele/ela é uma pessoa comprometida com os projetos nos quais se envolve e procura focar suas
ações buscando resultados.
• faça o trabalho que for necessário para que seu projeto dê certo, independente de sua função/
cargo na empresa;
• siga sua intuição a respeito das pessoas; construa um time composto pelos melhores;
• prepare‑se antes de divulgar sua ideia; publicidade prematura não é imune ao sistema corporativo;
• seja verdadeiro com suas metas, mas realista sobre as formas de atingi‑las;
42
PLANO DE NEGÓCIOS
Empreendedorismo em 7 passos
Existe uma importante ação que somente o próprio empreendedor pode e deve fazer
pelo seu empreendimento: planejar, planejar e planejar. No entanto, é notória a falta de
cultura de planejamento do brasileiro, que por outro lado é sempre admirado pela sua
criatividade e persistência.
Os fatos devem ser encarados de maneira objetiva. Não basta apenas sonhar, deve‑se
transformar o sonho em ações concretas, reais, mensuráveis. Para isso, existe uma simples,
apesar de tediosa para muitos, técnica de se transformar sonhos em realidade: o planejamento.
Muito do sucesso das micro e pequenas empresas em estágio de maturidade é creditado ao
empreendedor que planejou corretamente o seu negócio e realizou uma análise de viabilidade
criteriosa do empreendimento antes de colocá‑lo em prática. Quando se considera o conceito
de planejamento, têm‑se pelo menos três fatores críticos que podem ser destacados:
7. Tino empresarial: o que muita gente acredita ser um “sexto sentido”, intuição, faro
empresarial, típicos de gente bem‑sucedida nos negócios é, na verdade, na maioria
das vezes, a soma de todas as qualidades descritas até aqui. Se o empreendedor reúne
a maior parte dessas características, terá grandes chances de êxito. Quem quer se
estabelecer por conta própria no mercado brasileiro e, principalmente, alçar voos mais
altos na conquista do mercado externo deve saber que clientes, fornecedores e mesmo
os concorrentes só respeitam os que se mostram à altura do desafio.
44
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
O autor libera vários artigos para leitura em seu site pessoal, disponível
em: <www.empreende.com.br>.
O momento que as grandes empresas estão vivendo não é fácil. Há uma necessidade
crescente de promover uma cultura interna de inovação como fonte de competitividade,
evidenciando que as cabeças pensantes dos departamentos de P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) não estão dando conta da demanda por novidades e melhorias nos
produtos e serviços oferecidos ao mercado.
Ainda que seja um conceito recente, a sua proliferação já massificou e, em alguns casos,
já chegou até a vulgarizar o termo. Empresas se dizem empreendedoras ao simplesmente
colocar em prática algum programa interno de ideias de funcionários, a famosa “caixa
de sugestões”, só que o intraempreendedorismo é muito mais do que isso. Requer uma
radical mudança cultural interna que permita o surgimento de novos modelos de negócio e
agilidade para a implantação dos projetos.
Para medir quem já está fazendo isso, a revista Exame lançou, em parceria com o Instituto
Brasileiro de Intraempreendedorismo (IBIE), o ranking das organizações empreendedoras. Não é
novidade que as pequenas empresas já façam isso, justamente pela cultura rápida e ágil.
Por conta disso, um dos critérios de seleção do IBIE é aceitar as inscrições de empresas
com mais de 100 funcionários apenas. Nas pequenas empresas, os poucos funcionários
já agem de forma polivalente, já tem contato direto com a diretoria e são menos
supervisionados e regidos por burocracia do que nas empresas de grande porte. Os desafios
das grandes empresas são muito maiores nesse sentido. Como os gerentes saberão a quem
deverão ouvir e quem deverão ignorar? Como minimizar os riscos apresentados por uma
ideia aparentemente muito boa? Como recompensar os intraempreendedores? Como
identificá‑los? Como romper as delimitações do cargo ou dos departamentos? Como pesar
com bom senso a relação entre sonho e viabilidade?
Uma vez, um amigo que trabalha numa empresa de software contou‑me sua aventura
na criação de um novo produto da empresa, um sistema de Help Desk. Depois de tentar
apresentar a ideia à sua diretoria por três vezes, ele resolveu agir por conta própria. Durante
dez meses, ele trabalhou sozinho, na clandestinidade, durante muitas noites e finais de
semana, desenvolvendo o software, até que um dia, o seu gerente quis saber o que tanto
ele fazia à noite para não cobrar horas extras. Com 80% do sistema concluído, ele teve a
46
PLANO DE NEGÓCIOS
Este é um típico perfil de talento que não se mantém por muito tempo nesse tipo de
organização. Com um pouco mais de coragem e capital, ele parte para a carreira independente,
engrossando a fila dos empreendedores por oportunidade. Se fosse só isso, tudo bem,
mas o cenário é pior: o intraempreendedor possui algumas características que não só são
ignoradas pelas empresas, como são indesejadas. O intraempreendedor questiona as regras,
enfrenta a autoridade formal, é avesso às ordens e incomoda os demais. Muitos deles não
saem por livre e espontânea vontade: são sumariamente demitidos por falta de aderência
aos “valores corporativos” e acabam engrossando outra fila, a do empreendedorismo por
necessidade, justamente aquele em que o Brasil se destaca, segundo levantamento do GEM
(Global Entrepreneurship Monitor) de 2001.
Exemplo de aplicação
Questionamentos e reflexões
Algumas empresas adotam o intraempreendedorismo, que nada mais é do que o funcionário passar
a se sentir dono da empresa e ter liberdade para criar novos projetos e orientá‑los. O ambiente de
trabalho permite isso e novas ideias são cobradas do funcionário.
1. Será que todas as empresas estão prontas ou dispostas a dar essa liberdade ao funcionário?
2. Como agir, nos casos em que a empresa, além de tudo, ainda se aproveita da ideia do funcionário?
1. As empresas que tratam os funcionários dessa forma ainda são uma minoria, e isso também é
razão para trocas de empregos constantes. Essas empresas não conseguem reter seus talentos.
2. Conversas francas sobre o assunto ajudam. Em muitos casos, a demissão é a única solução.
Empreendedorismo não é apenas uma atitude empresarial. Todos podemos ser empreendedores sem
nunca ao menos sequer pensar em ter um negócio próprio. São atitudes que fazem a diferença no dia
a dia das pessoas e favorecem uma convivência mais harmoniosa e criativa.
47
Unidade I
• Comece seu dia com planejamento: faça uma agenda com o que você acredita
ser mais importante e mais urgente no seu dia e exclua a atividade sempre que
a concluir. O planejamento de ações ajuda a realizar as atividades com mais
agilidade.
• Delegue atividades: obviamente, você não conseguirá fazer tudo o que precisa sozinho e
é por este motivo que existem pessoas capazes de ajudar e que farão seu trabalho andar
mais rápido. Aprenda a dividir tarefas.
• Crie contatos: se você não sabe tudo (nem tem condições de saber), pelo menos precisa
conhecer quem sabe. Monte um banco de dados com pessoas que possam ajudar em
situações específicas como eventos, reuniões, materiais gráficos etc.
• Tenha atenção com seu trabalho: desenvolva sua habilidade de concentração e evite
erros simples nas atividades mais rotineiras.
• Seja proativo: antecipe‑se às situações e prepare o ambiente. Faça o que tem de ser feito
antes que te peçam.
• Aja com diplomacia: não entre em uma discussão em troca de nada, pois a pessoa com
quem você conflitar pode apresentar uma oportunidade de negócio em outra ocasião.
• Inove nos detalhes: faça de uma tarefa costumeira uma grande apresentação. Exercite
sua criatividade e surpreenda!
• Use a ousadia: faça aquilo que a maioria das pessoas não faria, seja por vergonha, medo,
preguiça ou outra razão qualquer. Não deixe escapar uma oportunidade.
• E, por fim, como diria o lendário Steve Jobs: “Stay hungry, stay foolish”, que em inglês
significa “tenha fome, seja tolo”, nunca esteja satisfeito. Busque constantemente
informações, conhecimento, novas maneiras de fazer uma mesma coisa. A fome de
conhecimento e o reconhecimento da própria ignorância são algumas das peças‑chave
do desenvolvimento pessoal e profissional de cada um.
48
PLANO DE NEGÓCIOS
4 FINANCIAMENTO DE EMPRESAS
Assim que o futuro empresário teve uma ideia, transformou‑a em oportunidade, avaliou suas
competências e habilidades para ser um empreendedor, é preciso que ele estude formas de conseguir
dinheiro para empreender seu novo negócio.
A obtenção de capital no Brasil nunca foi uma tarefa fácil, principalmente, em se tratando de pequenas
empresas, empresários inexperientes, e sem nenhuma garantia. Os bancos e seus financiamentos normais,
com juros altíssimos, porque não dizer, exorbitantes (o Brasil detém o título de ter a taxa de juros mais
alta do mundo) eram das poucas alternativas.
Recentes no mercado brasileiro e já comuns nos Estados Unidos, começam a surgir, a partir
dos anos 1990 no País, as empresas de capital de risco, as Venture Capital. Elas são responsáveis
pela sustentação de uma boa parte das microempresas americanas. Ao contrário dos bancos, essas
empresas não emprestam dinheiro, mas sim injetam recursos na empresa e ficam com parte do
controle acionário.
Vamos conhecer as principais formas de conseguir capital para empreender novos negócios.
Primeiro de tudo, é preciso entender qual a finalidade do dinheiro, qual o prazo de retorno e o
que se tem para consegui‑lo. Segundo Márcio Iavelberg, consultor especializado em finanças para
pequenas e médias empresas, a dica é tentar entender o que soluciona o problema de forma mais
rápida e barata.
Confira a lista, elaborada com a ajuda dos especialistas, das opções mais procuradas e quando usá‑las
(ZUINI, 2010):
1. Cheque especial: ele é o vilão de muitas contas físicas e jurídicas. É uma opção para situações
emergenciais e quando o empresário sabe que poderá pagar a dívida em um prazo de poucos dias.
Ele pode ser vantajoso nessas circunstâncias. Juros mais altos, mas por poucos dias compensa. Até
porque um empréstimo cobra outras coisas, como IOF e taxa de contrato.
49
Unidade I
2. Conta garantida: é parecida com o cheque especial, mas pode ter juros um pouco mais baixos.
É uma linha de crédito rotativo, que pode ser usada para qualquer finalidade. O empresário usa o
valor e paga juros sobre o limite que pediu.
3. Leasing: esta é uma opção de médio a longo prazo, indicada para adquirir máquinas, veículos e
outros equipamentos. Depois de pagar as prestações, a pessoa pode optar por comprar o bem ao
final do contrato.
5. Antecipação de recebível: essa é uma forma aconselhada principalmente para quem trabalha
com comércio. Você pode vender um produto no cartão e pedir a antecipação do pagamento para
a operadora. Se você precisa de um dinheiro urgente, ao invés de receber daqui a 30 dias, pede e
recebe antes.
Dívida ou equidade
Para todos os objetivos, o empreendedor tem duas opções básicas de financiamento: dívida ou
equidade, comprometendo parte de seu negócio ou entregando parte do negócio a outro. Nesse caso,
ou o empreendedor pega dinheiro emprestado e fica devendo, contraindo uma dívida, ou compromete
parte de seu negócio, entregando‑o a outras pessoas, vendendo ações, por exemplo. A equidade parte
do princípio de que se recebe dinheiro em troca de parte do negócio, o princípio da justiça. Colocar o
negócio como garantia do empréstimo também é forma de financiamento que contempla equidade. É
comum existir as duas opções de financiamento em um único negócio.
A maioria dos novos negócios requer dívidas de longo prazo ou permanente equidade de capital para
suportar expansões e antecipar um rápido crescimento. A vantagem do empréstimo é que o processo
é relativamente simples, não demora muito tempo e não dilui o controle da empresa. A desvantagem
é que isso é uma estratégia de alto risco, uma vez que não temos certeza do crescimento da empresa.
A empresa, não crescendo o esperado, não proporcionará o pagamento da dívida, o que envolverá os
proprietários, uma vez que eles geralmente são consignatários do processo (DORNELAS, 2008).
• Pessoal:
— economia;
50
PLANO DE NEGÓCIOS
— cartão de crédito;
— venda de propriedade;
• Família e amigos:
— investimentos pessoais;
— empréstimo ou equidade;
— conhecimento.
Angels
Nos EUA, os investidores são carinhosamente chamados de angels (anjos). Junto com
família e amigos, eles provêm a maioria dos financiamentos de startup para novas empresas.
Eles podem investir em dívidas, equidade ou combinação. São pessoas interessadas em investir
seu dinheiro para o sucesso de novos negócios e o desenvolvimento de pessoas. Quem são eles
(DORNELAS, 2008):
• 90% homens;
• idade de 40 a 60 anos;
• educação: Superior/Pós;
51
Unidade I
Lembrete
Observação
Venture capital
Essas empresas têm alta capacidade de gerenciar os investimentos por meio de equipes qualificadas,
por isso investem, geralmente, em grandes negócios que podem chegar a faturar $20 milhões em
quatro ou cinco anos, com alto potencial de mercado, grande necessidade de capital, e também com
altos riscos.
52
PLANO DE NEGÓCIOS
O autor explica que, no Brasil, existem poucas empresas de capital de risco por causa dos obstáculos
às regras de saída da sociedade; as pequenas e médias empresas dificilmente se constituem como S/A,
uma pequena quantidade de empresas de alto potencial e cultura do sistema é pouco voltada a esse
tipo de investimento.
Bancos de investimento
Esses bancos de investimentos funcionam como agentes intermediários entre o dinheiro e as fontes
de financiamento. Eles têm capacidade de criar estruturas de investimentos exclusivas, identificam
parceiros estratégicos e possuem larga experiência no ramo.
Bancos mercantis
Os bancos comerciais têm as mesmas características dos bancos de investimentos, mas também
investem seu próprio dinheiro no negócio.
A busca de alianças comerciais e de parceiros estratégicos para dar continuidade ao negócio também
é uma opção, já que empresas maiores que necessitam do tipo de produto oferecido podem ser parceiras,
ou clientes exclusivas do seu negócio.
Bancos
Financiam capital de giro, linhas de crédito, contas a receber, instalações e propriedades em troca de
garantias pessoais.
São mais rápidas do que os bancos para liberar o financiamento e exigem taxas mais altas de retorno.
São baseadas em propriedades e financiam contas a receber, estoques etc.
Empresas de leasing
Geralmente ligadas aos bancos, fazem uma espécie de empréstimo ou aluguel do bem em troca de
dinheiro, que ao final pode ser devolvido ou liquidado.
53
Unidade I
Essa é a possibilidade de abrir capital, ou seja, abrir mão de ser dono sozinho de seu negócio. Assim,
é oferecida uma parte da propriedade da empresa para o público por meio da venda de debit, ou mais
comumente equity securities (ações).
A principal vantagem desse sistema é a capitalização da empresa com a chegada de novos investimentos.
Ela também fica melhor preparada para novas aquisições, os donos do negócio são diversificados, há uma
compensação dos funcionários, e o prestígio pessoal e corporativo do negócio aumenta sendo uma empresa de
capital aberto. A desvantagem é a pressão de crescimento a curto prazo, uma vez que mais donos pressionam
mais. Também será necessário abrir as informações tidas até então como sigilosas, ao público em geral. Uma
empresa de capital aberto perde o controle acionário e os donos perdem benefícios pessoais.
O governo incentiva o trabalho dos empreendedores e patrocina projetos em que acredita, entrando
com o montante financeiro necessário para a empreitada. É preciso pesquisar para conhecer as formas de
financiamento existentes. Todos os bancos têm suas linhas de crédito aos empreendedores. Colocaremos
aqui apenas algumas opções que vêm diretamente do governo federal por meio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Caixa Econômica Federal,
além das formas de apoio do Sebrae, agência de apoio ao micro e pequeno empresário, existente em todos os
estados. Os governos estaduais e até algumas prefeituras também liberam dinheiro para os empreendedores.
54
PLANO DE NEGÓCIOS
BNDES
Valores
mínimos Taxa de juros/ Nível de
Nome Objetivo Forma de apoio Prazo Garantias
e custo participação
máximos
Financiar a TJLP +
remuneração
aquisição de BNDES +
máquinas e Definidas
taxa de
equipamentos Financiamento Até 60 com o
Finame intermediação Até 100%.
nacionais indireto. meses. agente
financeira +
novos com financeiro.
remuneração
capital de giro instituição
associado. financeira.
Financiar a
aquisição de TJLP +
peças, partes e remuneração
componentes BNDES + Definidas
de fabricação taxa de
Finame Financiamento Até 18 com o
nacional para intermediação Até 90%.
Componentes indireto. meses. agente
incorporação financeira + financeiro.
em máquinas e remuneração
equipamentos instituição
em fase de financeira.
produção.
Financiar TJLP +
projetos de remuneração
implantação, Até R$ 10 BNDES +
expansão ou milhões Definido Definidas
BNDES Taxa de
modernização Financiamento por com o com o
Automático intermediação Até 100%.
indireto. empresa agente agente
de atividades financeira +
a cada 12 financeiro. financeiro.
produtivas, remuneração
meses.
com capital de instituição
giro associado. financeira.
Oferecer
crédito para
a aquisição
de bens de Financiamento Até R$
produção e automático por 1milhão Ver taxa do De 3 a 48
Cartão BNDES alguns insumos meio de crédito por mês. meses.
credenciados rotativo, cartão.
por meio pré‑aprovado.
do Portal de
Operações do
Cartão BNDES.
Financiar a
aquisição, TJLP +
no mercado remuneração Definidas
interno, de Financiamento
Prosoft softwares exclusivamente BNDES + Até 42 Até 100%. com o
Comercialização e serviços indireto. remuneração meses. agente
instituição financeiro.
correlatos financeira.
desenvolvidos
no Brasil.
55
Unidade I
FINEP
Valores Taxa de juros/
Nome Objetivo Forma de apoio mínimos e Prazo Garantia Parcerias
custo
máximos
Financiar micro
e pequenas
empresas
inovadoras, Correção pelo
com Mínimo – IPCA – Índice
faturamento Empréstimo sem R$ 100 mil 100 Fundo de
Juro Zero de Preços ao
anual de juros. Máximo – R$ meses. aval.
Consumidor
até R$ 10,5 900 mil. Amplo.
milhões, com
uma redução
drástica de
burocracia.
Aplicação de
recursos em
empresas, para Aplicação de
compartilhar recursos públicos
Subvenção com elas os não reembolsáveis
Econômica custos e riscos por meio de
inerentes a editais.
atividades de
inovação.
Consultorias e
Gerar novas Fase 1: R$ 2 mil
serviços objetivos MCT, MDIC,
empresas (MCT/Finep) +
e dirigidos que 6 meses. Camex, IPT
exportadoras R$ 900 (micro
visam à adequação e Sebrae.
ou ampliar a e peq. empresa)
Progex tecnológica
capacidade das Fase 2: R$ 10 mil
dos produtos
que já atuam (MCT/Finep) +
a exigências
no mercado R$ 2,5 mil (micro
de mercados
internacional. e peq. empresa).
específicos.
Sebrae
Nome Forma de apoio
Ministrados de forma presencial, por técnicos e consultores do Sebrae, ou à
Cursos e palestras distância, via internet, rádio ou televisão.
Orientação individualizada com relação à abertura de empresas ou à melhoria
Informação e consultoria do negócio a partir de um diagnóstico empresarial.
Livros, manuais, cartilhas e guias que acompanham o empreendedor nas várias
Publicações fases de sua vida empresarial.
Feiras e exposições que promovam a aproximação de empresas (compradoras,
Promoção de eventos vendedoras e concorrentes), a geração de negócios, a troca de experiências e
novas vivências para as micro e pequenas empresas.
Incentivo e estímulo aos pequenos negócios e forma de valorizar pessoas e
Premiações divulgar as boas práticas.
56
PLANO DE NEGÓCIOS
A Caixa Econômica Federal também tem linhas especiais para as micro e pequenas empresas, divididas
em capital de giro, antecipação de receitas e financiamentos diversos.
As pequenas empresas dispõem ainda de financiamentos diversos para várias finalidades de uso,
em condições de pagamento facilitadas com prazo amplo, e taxas competitivas. Eles estão divididos
em BNDES Automático, Proger Investimento, Proger Turismo‑Investimento, Fungetur, Profarma, imóvel
na planta e/ou em construção (recursos do FGTS), financiamento de veículos, empreendedor individual,
cartão BNDES Caixa, crédito Producard PJ e Finame – Financiamento de Máquinas e Equipamentos.
Exemplo de aplicação
Você é um empreendedor em potencial? Analise o seu desempenho (responda sim ou não para cada
questão).
2. Você se considera uma pessoa com boa habilidade de comunicação oral e poder de persuasão?
4. Você arriscaria tudo e recomeçaria do zero, abrindo mão de um emprego estável, com boa
remuneração e benefícios?
7. Você tem algum tipo de agenda em que planeja suas ações e confere posteriormente os resultados
com o que foi planejado?
57
Unidade I
8. Você tem alguma experiência anterior (ou gosta de) em marketing ou finanças?
9. Você conhece pessoas próximas que têm talentos complementares aos seus e já pensou em
convidá‑las para compor uma sociedade?
10. Você está disposto a abrir mão de fins de semana, rotina de trabalho e bens pessoais, para
começar um novo negócio?
A maioria de respostas “sim” o coloca como potencial sucesso em empreendimentos por conta
própria. Mãos à obra!
Resumo
A partir dos estudos sobre os empreendedores que conseguem fazer com que as
novas empresas deem certo, foi possível mapear as características específicas dessas
pessoas e assim tentar multiplicar novos negócios, servindo‑se das oportunidades
no mercado, por meio do aproveitamento nato dessas características.
58
PLANO DE NEGÓCIOS
Os especialistas dizem que o dinheiro existe, o que não existe são bons
planos. Se o que não existem são bons planos de negócios, vamos aprender
a fazê‑los na próxima unidade.
Exercícios
Questão 1. “Talvez um dos maiores mitos a respeito de novas ideias de negócios é que elas
devam ser únicas. O fato de uma ideia ser ou não única não importa. O que importa é como
o empreendedor utiliza a sua ideia, inédita ou não, de forma a transformá-la em um produto
ou serviço que faça sua empresa crescer. As oportunidades é que geralmente são únicas, pois o
empreendedor pode ficar vários anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver
um novo produto, ganhar um novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie de seus
concorrentes” (DORNELAS, 2008, p. 37).
O trecho anterior nos leva a pensar em algumas ações que são recomendadas pelos principais
especialistas em empreendedorismo e em plano de negócios. Qual das afirmações a seguir não corrobora
o texto apresentado nesta questão?
D) Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de
uma necessidade de mercado.
A) Alternativa correta.
59
Unidade I
B) Alternativa correta.
Justificativa: uma mesma ideia pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. É importante
compartilhá-la com clientes, fornecedores, parceiros para obter pontos de vistas que ajudem na análise
da viabilidade, bem como para a realização de ajustes necessários.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: “ideias revolucionárias são raras, produtos únicos não existem e concorrentes com
certeza sempre existirão” (DORNELAS, 2008, p. 37). O mais importante é como a ideia será implementada
e o acompanhamento da dinâmica do mercado é que poderá mostrar como ideias já existentes poderão
ser aprimoradas.
D) Alternativa correta.
Justificativa: esta é uma das máximas do marketing e corrobora a ideia de timing. A implementação
de uma ideia deve corresponder aos anseios do mercado. Muitos dos produtos que vemos hoje sendo
comercializados já existem há tempos nas empresas e só estavam à espera de um momento propício:
melhoria da tecnologia, maturidade do consumidor, existência de produtos complementares, legislação
ou regulamentação etc. É o caso típico de excelente ideia em momento errado.
E) Alternativa correta.
Porém, percebe-se que organizações de segmentos e portes diversos apresentam forte resistência
à ação de empreender. Isso se dá porque, basicamente, para empreender é necessário questionar sua
filosofia, colocando em cheque seus processos que até então parecem os mais adequados e eliminando
quaisquer possibilidades de risco.
Esses dois parágrafos, contraditórios entre si, fazem-nos pensar em formas de prosseguir na gestão
empresarial levando em consideração, entre outras coisas, que:
60
PLANO DE NEGÓCIOS
• pessoas são peças-chave – elas devem ter o perfil do empreendedor, ou seja, devem ter a
capacidade de sonhar.
B) O empreendedor deve delegar tarefas para, dessa forma, agilizar todo o trabalho.
C) Contatos (network) colaboram com a possibilidade de trazer conhecimento para o projeto por
meio de pessoas capacitadas para as tarefas que deverão ser executadas.
61
Plano de Negócios
Unidade I - Questão 2
A) Alternativa correta.
Justificativa: planejar ações ajuda a realizar as atividades com mais agilidade:
Correto: O planejar é pensar com antecedência nas ações necessárias, incluindo o
delineamento dos planos de contingência. Saber o que fazer e como fazer colabora
com o andamento das tarefas e com o cumprimento dos prazos, mesmo em
momentos de adversidade, quando os planos de contingencia deverão ser colocados
em prática, mesmo que requeiram adaptações.
B) Alternativa correta.
Justificativa: o empreendedor deve delegar tarefas para, desta forma, agilizar todo
o trabalho: Correto: Ninguém domina todas as práticas nem tem condições de
executar tudo sozinhos. O empreendedor eficiente conhece suas habilidades e
enxerga a necessidade de dividir as tarefas para que tudo aconteça no tempo
planejado para que os resultados sejam alcançados conforme previstos.
C) Alternativa correta.
Justificativa: contatos (network) colaboram com a possibilidade de trazer
conhecimento para o projeto por meio de pessoas capacitadas para as tarefas que
deverão ser executadas. Correto: Não basta entender que é necessário delegar se
não houver com quem dividir. Além disso, participações externas, terceirizações
podem ser bem vindas, somando experiência ao projeto.
D) Alternativa correta.
Justificativa: problemas podem ser ou trazer oportunidades. Correto: Em boa parte
das vezes, problemas podem ser o caminho de oportunidades para a criação de
novos negócios ou até de crescimento dos já existentes, tirando-os da estagnação. O
empreendedor eficiente sabe que o ambiente de negócios é dinâmico e está atento a
isto.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: ousadia é um recurso que pode colocar tudo a perder. Errado:
Ousadia baseada em planejamento é o ingrediente necessário para o aproveitamento
das oportunidades. Todo negócio traz si alguma dose de risco, que se calculado, não
deverá colocar os investimentos feitos a perder.
Unidade II
Unidade II
Empreendedores são pessoas que ajudam no desenvolvimento do país. É importante que em todos
os setores existam pessoas dispostas a contribuir com novas ideias e novos negócios, para que o
crescimento seja facilitado e novas ideias deixem de ser apenas novas ideias guardadas na gaveta. Esses
empreendedores são imprescindíveis para colocá‑las em prática, inclusive nos órgãos governamentais.
Para isso, nada melhor do que estruturar um plano de negócios capaz de vender uma ideia
interessante, ajudando no processo de busca de financiamento e liberação de crédito e que auxiliará o
empreendedor em sua caminhada rumo ao sucesso. Não é da cultura do brasileiro o hábito de planejar,
e essa atitude dificulta o ato de colocar o planejamento em prática por meio do plano de negócios.
Começaremos com os impostos que devem ser pagos pelos pequenos empresários e sobre os tipos de empresas
existentes. Nesta unidade, falaremos do processo empreendedor e dos fatores críticos de sucesso. Vamos tratar
então de aprender a planejar um novo negócio a partir da criação de um plano de negócios. Eles podem ser feitos
para novas empresas, para empresas já em andamento, para atender a uma nova oportunidade etc.
5 IMPOSTOS
Para entendermos a legislação tributária brasileira, comecemos pela leitura de uma reportagem de 6
de fevereiro de 2011, que reproduzimos, na íntegra, a seguir.
Advogado reúne todas as leis de impostos do País em livro que deve entrar para o Guinness.
De tão ousada e inusitada, a ideia chegou a ser tachada como uma “verdadeira insanidade”
pelos colegas, mas o advogado mineiro Vinícios Leôncio ignorou os descrentes e iniciou há
quase duas décadas um projeto para reunir em livro as legislações tributárias do País.
Porém, ao agrupar numa publicação toda a legislação nacional, Leôncio acabou por
credenciar sua obra ao ingresso no Guinness World of Records como a mais volumosa e com
o maior número de páginas do mundo.
Previsto para ser concluído em junho deste ano [2011], o livro conta atualmente com
cerca de 27 mil páginas impressas – cada uma delas com 2,2 metros de altura por 1,4 metro
62
PLANO DE NEGÓCIOS
de largura. Depois de pronta, a obra pesará 6,2 toneladas para um total de 43.216 páginas,
que, se enfileiradas, alcançariam uma distância de 95 quilômetros.
“A legislação brasileira é muito extensa, mas ela nunca teve visibilidade concreta. Essa
foi a ideia, mostrar para a sociedade o tamanho dessa legislação, de um país que edita (em
média) 35 normas tributárias por dia útil”, destaca Leôncio, um estudioso do assunto.
“A questão era justificar o peso que tem a burocracia tributária na economia das
empresas e procurar saber por que o Brasil é o único país do mundo no qual as empresas
consomem 2,6 mil horas anuais para liquidar seus impostos, só de burocracia.”
O espírito crítico do advogado em relação ao assunto fica evidente no título que ele
escolheu para a obra: Pátria Amada. “Tem de amar muito essa pátria para tolerar isso”,
ironiza. “Até nós, advogados tributaristas, temos dificuldade de acompanhar esse volume
enorme de legislação.”
Cruzada
Leôncio iniciou seu projeto em 1992. Desde então, o advogado mineiro empreendeu uma
verdadeira cruzada para viabilizar tecnicamente a empreitada e desembolsou cerca de R$ 1
milhão (aproximadamente 35% desse total foi gasto com impostos, segundo o advogado).
A primeira dificuldade foi encontrar uma gráfica que aceitasse a encomenda. Todas que
foram procuradas recusaram. “O Brasil não tem nenhuma impressora com esse padrão.”
Com o auxílio de um gráfico amigo, que topou o desafio, a solução encontrada foi adaptar
uma impressora de outdoors. Para isso, no entanto, Leôncio precisou enviar emissários à China,
que adquiriram equipamentos e importaram tecnologia para a manutenção da impressora. Ele
praticamente montou uma gráfica em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.
Leôncio, contudo, considera que a maior dificuldade enfrentada foi mesmo a de agrupar as
27 diferentes legislações dos Estados e do Distrito Federal e os mais de 5 mil códigos tributários
dos municípios brasileiros. “Em vários municípios, o código ainda está escrito à mão.”
Parte do levantamento precisou ser feito in loco. “No auge dessa pesquisa cheguei a
ter 45 pessoas trabalhando para mim. Nem todos os municípios têm sites e a legislação
disponibilizada eletronicamente. Aí é com correspondência... Mas, mesmo assim, muitas
prefeituras não se dispõem a colaborar, fornecer a legislação, embora seja pública.”
63
Unidade II
“Susto”
Para mostrar a dimensão de seu projeto, Leôncio afixou algumas páginas na parede da
biblioteca de seu confortável e amplo escritório, na região centro‑sul de Belo Horizonte. O
advogado garante que sua aspiração nunca foi o Guinness Book, mas sim chamar a atenção
para a necessidade de uma reforma tributária.
“Não me passava pela cabeça essa coisa de recorde, mas com o passar dos anos eu fui
percebendo que o livro será o maior do mundo”, diz, salientando que o atual título pertence
a um livro sueco de 2,7 toneladas.
Leôncio assegura também que não espera nenhum retorno financeiro com o projeto.
Enquanto apresenta à reportagem gráficos comparativos – que mostram que o tempo
anual gasto para o pagamento de impostos no Brasil é muito superior ao de outros
países (sejam os dez mais ricos, os dez mais pobres ou mesmo os 15 mais burocráticos
do mundo) –, ele observa que espera mesmo é que sua obra leve o próprio Estado a fazer
uma reflexão.
“Acho que a sociedade vai levar um susto com isso. A própria classe política, o Fisco, eles
não têm noção, em todas as esferas estatais, do tamanho da legislação tributária brasileira.”
Observação
Vamos abordar agora a legislação tributária brasileira, os tributos, impostos, contribuições e taxas.
Não vamos nos ater aos percentuais incidentes, porque a legislação brasileira, assim como as alíquotas,
pode ser alterada de um dia para o outro.
Então, vamos entender primeiro a diferença de conceitos entre tributos, impostos, contribuições e
taxas, bem como a definição de carga tributária:
• Carga tributária: entendemos a carga tributária como a relação percentual obtida pela divisão do
total geral da arrecadação de tributos do país em todas as suas esferas (federal, estadual e municipal),
em um ano, pelo valor do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a riqueza gerada durante o mesmo
período de mensuração do valor dos tributos arrecadados. Sua fórmula de cálculo é:
64
PLANO DE NEGÓCIOS
• Tributos: são todos os impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios que constituem
a receita da União, dos Estados e dos Municípios. Exemplos de tributos: Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ), a taxa de iluminação ou a taxa do lixo cobrada por uma prefeitura e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Quando são os contribuintes que devem arcar
com o pagamento dos tributos, estes são chamados de diretos, como acontece no caso do
Imposto de Renda; já quando a cobrança incide sobre o preço de mercadorias e serviços, os
tributos são denominados indiretos. Excluídas do conceito de tributo estão todas as obrigações
que resultem de aplicação de pena ou sanção (por exemplo, multa de trânsito); os tributos sempre
são obrigações que resultam de um fato regular ocorrido.
• Impostos: são um tipo de tributo cujos recursos obtidos pelo recolhimento não têm destinação
específica. Geralmente são empregados no financiamento de serviços públicos, como educação,
saúde e segurança. Os impostos podem incidir sobre:
— o patrimônio: como o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores (IPVA);
— o consumo: como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que é cobrado dos
produtores, e o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), que é pago
pelo consumidor.
• Taxas: valores cobrados do contribuinte por um serviço prestado pelo poder público, por exemplo,
a taxa do lixo urbano ou a taxa para a confecção do passaporte.
• Contribuições: podem ser classificadas em dois tipos: de melhoria ou especiais. O primeiro tipo
abrange as contribuições cobradas em uma situação geradora de benefício para o contribuinte,
por exemplo, uma obra pública que valorizou seu imóvel. O segundo tipo engloba contribuições
cobradas com destinação específica a determinado grupo, como o Programa de Integração Social
(PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), direcionados a um
fundo dos trabalhadores do setor privado e do público.
São aqueles que somente a União tem competência para instituir, conforme o artigo 153 da
Constituição Federal.
O Imposto de Importação (II) é uma tarifa alfandegária brasileira. O fato gerador do II ocorre quando
da entrada de produtos estrangeiros no território nacional, exceto se um produto estrangeiro ingressar
no país com a finalidade de retornar para o exterior dentro de um prazo determinado, caso em que o
lançamento do tributo fica suspenso até ser dispensado, desde que cumpridas as condições estipuladas
para o retorno do produto ao exterior dentro do prazo, ou até que sejam descumpridas as condições,
ocasião em que o imposto deve ser lançado com a alíquota que estava em vigor na data do registro da
Declaração de Importação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
O Imposto de Exportação (ou IE) é um imposto brasileiro cujo fato gerador é a saída de produtos
nacionais (ou nacionalizados) para o exterior. A alíquota utilizada dependerá da lei que o instituir e do
produto exportado. Dessa alíquota dependerá a base de cálculo a ser adotada.
Mais conhecido como Imposto de Renda ou IR, este é um imposto brasileiro, com similares na maior
parte do mundo. O Imposto de Renda é cobrado por homologação, ou seja, o contribuinte preenche
66
PLANO DE NEGÓCIOS
uma declaração anual de quanto deve do imposto, e esses valores deverão ser homologados pelas
autoridades tributárias.
O fato gerador do IR, conforme o Código Tributário Nacional (CTN), é a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica de renda, isto é, o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais. O contribuinte do
imposto pode ser a pessoa física (IRPF), a pessoa jurídica (IRPJ) ou um grupo particular de contribuintes,
chamados de equiparados a pessoas jurídicas, ou seja, para outros direitos, principalmente os
privados, esses contribuintes seriam definidos como pessoas físicas, mas, para o direito tributário,
eles são tributados como pessoas jurídicas. Como exemplo, temos as firmas individuais, atualmente
chamadas pelo Código Civil brasileiro de empresários individuais.
As disposições do IPI estão descritas no Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, que regulamenta
sua cobrança, fiscalização, arrecadação e administração. O fato gerador do IPI ocorre em um dos
seguintes momentos:
Incidente sobre operações de crédito, de câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores
mobiliários. O fato gerador do IOF ocorre nas seguintes situações:
• operações de crédito (entrega parcial ou total do valor que constitui o débito, ou quando colocado
à disposição do interessado. Aqui se inclui o IOF cobrado no ato do saque de recursos colocados
em aplicação financeira, quando resgatados em menos de 30 dias).
Os contribuintes do imposto são as partes envolvidas na operação, e desta depende a base de cálculo,
conforme descrito a seguir:
• nas operações relativas a títulos e valores mobiliários, é o preço ou o valor nominal ou o valor de
cotação na Bolsa de Valores.
O fato gerador do ITR é o domínio útil ou a posse do imóvel, localizado fora do perímetro urbano do município.
Os contribuintes podem ser o proprietário do imóvel (pessoa física ou pessoa jurídica), o titular do
seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. A alíquota utilizada varia conforme a área da
propriedade e seu grau de utilização.
A base de cálculo é o valor da terra nua, isto é, sem benfeitoria nem beneficiamento, nem mesmo plantações.
O IGF está previsto na Constituição Federal de 1988, artigo 153, inciso VII. O aludido imposto é de
competência da União, porém, até o presente momento, não existe Lei Complementar que o regulamente,
sendo o único, dentre os previstos na Carta Magna, que permanece nessa condição. Uma das grandes
discussões que surgem a respeito do IGF é qualificar a expressão grandes fortunas, tarefa árdua que
será enfrentada nos projetos de Lei Complementar que tramitam no Congresso nacional.
São aqueles que somente os governos dos Estados e do Distrito Federal têm competência para
instituir, conforme o artigo 155 da Constituição de 1988.
A Constituição atribuiu competência tributária à União para que fosse criada a Lei Geral sobre o
ICMS, concretizado mediante a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 (Lei Kandir). A partir
dessa Lei Geral, cada Estado determina o tributo por alíquota, regulamentada via Decreto, chamado
Regulamento do ICMS ou RICMS, que constitui uma consolidação de todas as leis sobre o ICMS
vigentes no Estado, aprovada por Decreto do Governador.
O principal fato gerador do ICMS é a circulação de mercadorias, mesmo que esta se tenha iniciado
no exterior. Esse imposto também incide sobre prestações onerosas de serviços de comunicação,
de transporte intermunicipal e interestadual, e desembaraço aduaneiro de mercadoria ou bem
importados do exterior.
O IPVA é um imposto brasileiro que incide sobre a propriedade de veículos automotores. Seu fato
gerador é a propriedade do veículo automotor, e seus contribuintes são os proprietários de tais veículos.
Observação
A alíquota de referência é determinada por cada governo estadual, conforme os critérios de cada
um. Já a base de cálculo é o valor venal do veículo, estabelecido pelo Estado que cobra o imposto. A
função do IPVA é exclusivamente fiscal.
5.2.3 Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou Direito (ITCMD)
Incide quando da transmissão não onerosa de bens ou direitos, tal como ocorre na herança (causa
mortis) ou na doação (inter vivos).
Esse imposto possui função fiscal e extrafiscal: tem a finalidade de arrecadar recursos
financeiros para os Estados e o Distrito Federal, mas também de ordenar a economia e as relações
69
Unidade II
sociais. O lançamento do crédito tributário é feito por declaração. Ocorre o fato gerador nas
seguintes situações:
• transmissão de bem ou direito havido por sucessão legítima ou testamentária, inclusive a sucessão
provisória;
• aquisição de bem ou direito em excesso pelo herdeiro ou cônjuge meeiro, na partilha, em sucessão
causa mortis ou em dissolução de sociedade conjugal.
São aqueles que somente os municípios têm competência para aplicar, conforme define o artigo 156
da Constituição de 1988.
Imposto brasileiro cuja incidência se dá sobre a propriedade urbana, ou seja, cujo fato gerador é a
propriedade, o domínio útil ou a posse de propriedade imóvel localizada em zona urbana ou extensão
urbana. A base de cálculo é o valor venal do imóvel sobre o qual o imposto incide. Os contribuintes do
imposto são as pessoas físicas ou jurídicas que mantêm a posse do imóvel, por justo título. A função
do IPTU é tipicamente fiscal, embora este também possua função social. Sua finalidade principal é
a obtenção de recursos financeiros para os municípios, embora também possa ser utilizado como
instrumento urbanístico de controle do preço da terra, e costuma ter papel de destaque entre as fontes
arrecadatórias municipais.
5.3.2 Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais a Eles
Relativos (ITBI)
• transmissão inter vivos, a qualquer título, de propriedade ou domínio útil de bens imóveis;
• transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia;
A alíquota utilizada é fixada em Lei Ordinária do município competente. A base de cálculo é o valor
venal dos bens ou direitos transmitidos à época da operação. A função do ITBI é predominantemente
fiscal, e seu objetivo é angariar recursos financeiros para os municípios.
O ISS ou ISSQN, com exceção dos impostos compreendidos em circulação de mercadorias (ICMS),
conforme o artigo 155, inciso II da Constituição de 1988, é um imposto brasileiro municipal, ou seja,
somente os municípios têm competência para instituí‑lo (artigo 156, inciso III da Constituição Federal).
A única exceção é o Distrito Federal, que tem as mesmas atribuições dos Estados e dos Municípios.
Esse imposto tem como fato gerador a prestação, por empresa ou profissional autônomo, de serviços
descritos na Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
5.4 Taxas
As taxas podem ser aplicadas tanto pelo governo federal como pelos estaduais, municipais e
autarquias. São tantas essas taxas que sequer teríamos espaço para detalhar todas elas, mas podemos
citar as mais conhecidas:
• Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação (Lei nº 10.870, de
19 de maio de 2004) – Federal;
• Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) – Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 – Municipal;
71
Unidade II
• Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos (Lei nº 10.357, de 27 de dezembro de 2001, artigo 16);
• Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária (Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, art. 23);
• Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro (TFPC) – Lei nº 10.834, de 29
de dezembro de 2003;
• Taxa de Marinha – Laudêmio: trata‑se de um tributo federal obrigatório, cobrado nas transações
imobiliárias de compra e venda com escritura definitiva, que envolvam imóveis localizados em
terrenos de Marinha ou em área dita “aforada”;
• Taxa de Pesquisa Mineral ou Taxa Anual por Hectare (TAH) – Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) – artigo 20, inciso II, Decreto‑Lei n° 227, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de
Mineração), Portaria Ministerial nº 503, de 28 de dezembro de 1999;
• Taxa de Serviços Administrativos (TSA) – Zona Franca de Manaus (Lei nº 9.960, de 28 de janeiro de
2000);
• Taxas de Saúde Suplementar (ANS) – Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, art. 18;
• Taxa Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM): instituída pelo artigo
1º do Decreto‑Lei nº 2.404, de 23 de dezembro de 1987, destina‑se a atender aos encargos da
72
PLANO DE NEGÓCIOS
5.5 Contribuições
5.5.2 PIS/Pasep
O PIS e o Pasep, mais conhecidos pela sigla PIS/Pasep, são contribuições sociais de natureza
tributária, a serem pagas pelas pessoas jurídicas, cuja arrecadação é destinada ao pagamento de
seguro‑desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades para os funcionários
públicos e privados.
O PIS é destinado aos funcionários de empresas privadas regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), sendo administrado pela Caixa Econômica Federal. Já o Pasep é destinado aos servidores
públicos sob o Regime Jurídico Estatutário Federal, sendo administrado pelo Banco do Brasil. A base
de cálculo é o faturamento do mês, assim entendida a receita bruta total, como definida pelo artigo
3º e seus parágrafos 1º, 3º e 4º, da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, deduzidos os valores
correspondentes às exclusões e isenções.
73
Unidade II
A Cofins é uma contribuição federal brasileira, de natureza tributária, incidente sobre a receita bruta
das empresas em geral, destinada a financiar a seguridade social, a qual abrange a previdência social,
a saúde e a assistência social. Foi instituída pela Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991,
sendo regulamentada pela Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998.
Os contribuintes da Cofins são as pessoas jurídicas de direito privado em geral e as pessoas a elas
equiparadas pela legislação do Imposto de Renda. As microempresas e as empresas de pequeno porte
optantes pelo regime do Simples Nacional (Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006)
também pagam o tributo por dentro do Simples Nacional.
5.6.2 PIS/Pasep
A CSLL é um tributo federal que incide sobre o lucro líquido do período‑base, antes da provisão para
o Imposto de Renda. É devida pelas pessoas jurídicas e pelos entes equiparados pela legislação do IR,
destinando‑se ao financiamento da Seguridade Social, disciplinado pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro
de 1988. Sua alíquota é variável, e a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da
provisão para o Imposto de Renda. A CSLL devida pelas pessoas jurídicas tem várias formas de cálculo,
dependendo da opção de tributação da empresa:
• simples;
• lucro real;
• lucro presumido;
• lucro arbitrado;
• lucro da atividade econômica, como as receitas das atividades comerciais, industriais, imobiliárias
e hospitalares, e as receitas de serviços em geral, exceto serviços hospitalares.
pagamento e são destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional ligadas
aos sindicatos.
• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) – Lei nº 8.029, de 12 de abril de
1990. O Sebrae é um serviço social autônomo, parte integrante do Sistema S que objetiva auxiliar
o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, estimulando o empreendedorismo no País.
• Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e Serviço Social do Transporte (Sest) – Lei
nº 8.706, de 14 de setembro de 1993. Voltados para a valorização de transportadores autônomos
e trabalhadores do setor de transporte.
• Serviço Social do Comércio (Sesc) – Lei nº 9.853, de 13 de setembro de 1946. Instituição brasileira
privada, sem fins lucrativos, mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo,
com atuação em âmbito nacional.
75
Unidade II
• Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional – Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea),
Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Conselho Regional dos Representantes
Comerciais (Core), Conselho Regional de Química (CRQ) etc.
• Contribuição à Direção de Portos e Costas (DPC) – Lei nº 5.461, de 1968, que, em seu artigo 3º, menciona:
Observação
• Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados). Caso um empregado venha a estar filiado a
uma determinada entidade sindical laboral, que o represente na convenção coletiva de trabalho, a
contribuição (confederativa ou assistencial) aprovada em assembleia‑geral da respectiva entidade
é obrigatória para ele. No entanto, a chamada Contribuição Sindical dos empregados é devida
e obrigatória apenas uma vez ao ano por trabalhadores de todas as categorias econômicas ou
profissionais, ou das profissões liberais, mesmo os não associados a um sindicato (artigo 149 da
Constituição Federal de 1988 e artigos 578 e 579 da CLT).
77
Unidade II
• Repartição do imposto sindical, devida por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria
econômica ou profissional. O fato de não se filiar a sindicato não isenta as empresas de recolherem
contribuições de natureza tributária e decorrentes de lei, como é o caso da contribuição sindical.
• Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) – Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de 2001.
Maciel (2011) também afirma que a Constituição Federal estabelece a destinação para os recursos
arrecadados pela cide‑combustíveis como transferências para os Estados e o Distrito Federal, os quais devem
repassar parte desses recursos aos seus municípios, que os aplicarão no financiamento de programas de
infraestrutura de transportes; a outra parte que permanece sob a competência da União e deve ser destinada a:
• pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados
e derivados de petróleo (regulamentado pela Lei nº 10.453/01);
Trata‑se de uma espécie tributária autônoma, conforme define a Constituição Federal. Podem ser
criadas por todas as entidades da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
5.9 Royalties
Royalty é uma palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário
de uma patente de produto, processo de produção, marca, dentre outros, ou pelo autor de uma obra,
para permitir seu uso ou sua comercialização.
No caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que exploram a matéria‑prima,
de acordo com a quantidade. O valor arrecadado fica com o poder público. Segundo a atual legislação
brasileira, Estados e Municípios produtores – além da União – têm direito à maioria absoluta dos royalties
do petróleo.
Os royalties também incidem sobre a utilização do potencial hidráulico do Rio Paraná para a produção
de energia elétrica na Usina Itaipu Binacional, empresa controlada pelos governos brasileiro e paraguaio,
que já atingiu a marca de mais de US$ 10 bilhões pagos sob a forma de royalties (MAGNABOSCO, 2014).
Há também a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) – parágrafo 1º, artigo 20
da CF; artigo 8º da Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989; Decreto nº 1, de 11 de janeiro de 1991
(entendimento do STF como não sendo de natureza tributária), conhecida no jargão do setor como os
royalties da mineração. Os cofres públicos registraram entrada de R$ 2,376 bilhões em 2013, de acordo
com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) (GUIMARÃES, 2014).
Depois dessa explanação, você deve estar se perguntando: como foi que surgiu a obra Pátria
Amada – “Tem de amar muito essa pátria para tolerar isso” –, com mais de 6 toneladas, se até aqui não
passamos de uma dezena de páginas? Surgiu porque o autor não apenas menciona a existência de tais
contribuições, taxas, tributos e afins, como fizemos, mas também inclui todos os decretos e leis que os
instituíram e os seus regulamentos. De qualquer forma, é preocupante.
79
Unidade II
Ainda de acordo com esses autores, outras 30.322 são de âmbito federal; 96.664, estadual; e 193.357,
municipal.
Essa complexidade tributária é que permite a existência da chamada economia informal, que, no
Brasil equivale a uma Argentina, ou a R$ 578,4 bilhões por ano, o correspondente a 18,4% do PIB.
Também conhecida como economia subterrânea, a informalidade compreende toda a produção de
bens e serviços não informada aos governos. A perda de arrecadação anual chega a R$ 200 bilhões.
Segundo o Plano Nacional de Combate à Informalidade dos Trabalhadores Empregados, o Brasil possui
atualmente 17,1 milhões de pessoas vivendo no trabalho informal.
Vide a tabela a seguir, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) como
anda a carga tributária brasileira nos últimos anos e seus respectivos governos:
Carga tributária
Ano Governo
sobre o PIB
1986 22,39% Sarney
1987 20,28% Sarney
1988 20,01% Sarney
1989 22,16% Sarney
1990 29,91% Collor
1991 24,61% Collor
1992 25,38% Collor
1993 25,09% Itamar
1994 28,61% Itamar
1995 28,92% FHC
1996 25,19% FHC
1997 25,47% FHC
1998 27,38% FHC
1999 28,63% FHC
2000 30,03% FHC
2001 30,81% FHC
2002 32,64% FHC
80
PLANO DE NEGÓCIOS
Somos os campeões da tributação dentre os Brics (Rússia, 23%; China, 20%, Índia, 13%; e África do
Sul, agora integrada ao grupo, com 18%). Se contarmos com o Brasil, a média da tributação no bloco
ficará em 22,08%. Se subtrairmos o Brasil do ranking, a média cairá para 18,50%.
Comparando o Brasil com outros países, elencados em um ranking com os países de maior carga
tributária do mundo, temos a seguinte tabela:
81
Unidade II
Diante da carga tributária vigente no Brasil, mediante a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro
de 2006, foi criado o Simples Nacional. Conforme a Secretaria da Fazenda (BRASIL, s.d.b), trata‑se de
um regime tributário elaborado especificamente para as microempresas e as empresas de pequeno
porte, vigorando desde 1º de julho de 2007.
Segundo o artigo 12 dessa Lei Complementar, o Simples Nacional é um “Regime Especial Unificado
de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte” (BRASIL, 2006b). Contando com a participação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, é administrado por um Comitê Gestor formado oito integrantes, dos quais quatro são da
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois são oriundos dos Estados e do Distrito Federal e dois
representam os Municípios.
Ainda de acordo com a Secretaria da Fazenda (BRASIL, s.d.b), os requisitos para aderir ao Simples
Nacional são os seguintes:
• ser facultativo;
• abranger os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para
a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP);
82
PLANO DE NEGÓCIOS
• permitir que o recolhimento dos tributos seja feito mediante documento único de arrecadação
(DAS);
• colocar à disposição das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (ME/EPP) um sistema
eletrônico para a realização do cálculo do valor mensal devido, bem como para a geração do
Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) e, desde janeiro de 2012, para a constituição
do crédito tributário;
• conceder prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que
houver sido auferida a receita bruta;
• possibilitar aos Estados adotarem sublimites para EPP, conforme a participação no PIB; os
estabelecimentos localizados nesses Estados cuja receita bruta total extrapolar o respectivo
sublimite deverão recolher o ICMS e o ISS diretamente ao Estado ou ao Município.
Conforme a Secretaria da Fazenda (BRASIL, s.d.b), desde janeiro de 2012 considera‑se microempresa,
para efeito da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, “a sociedade empresária, a
sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário que aufiram, em
cada ano‑calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais)”.
A base legal para essas definições está no artigo 3º, incisos I e II da Lei Complementar nº 123, de 14
de dezembro de 2006, e na Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014.
4
Tais impostos e contribuições podem ser recolhidos mediante documento único de arrecadação.
83
Unidade II
6) Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que tratam o art.
22 da Lei nº 8.212, de 1991, e o art. 25 da Lei nº 8.870, de 1994.
[...]
A pessoa jurídica que optar por se inscrever no Simples terá os seguintes benefícios:
1) tributação com alíquotas mais favorecidas e progressivas, de acordo com a receita bruta
auferida;
3) cálculo simplificado do valor a ser recolhido, apurado com base na aplicação de alíquotas
unificadas e progressivas, fixadas em lei, incidentes sobre uma única base, a receita bruta
mensal;
84
PLANO DE NEGÓCIOS
[...]
8) para opções pelo Simples exercidas até 31/03/1997, parcelamento dos débitos existentes,
de responsabilidade da ME ou da EPP e de seu titular ou sócio, para com a Fazenda
Nacional e [a] Seguridade Social, contraídos anteriormente ao ingresso no Simples,
relativos a fatos geradores ocorridos até 31/10/1996, em até 72 prestações mensais.
Observação
Segundo o site da Receita Federal (BRASIL, s.d.b), em novembro de 2014, eram 4.565.747 empresas
optantes pelo Simples devidamente cadastradas no sistema, que arrecadaram aos cofres nacionais
aproximadamente R$ 48,2 bilhões em impostos.
Lembrete
Saiba mais
85
Unidade II
Segundo o jornal Valor Econômico (FOLHAPRESS, 2013), quando o assunto é evasão de tributos, o
Brasil é “medalha de prata” no ranking mundial, só perdendo para a Rússia. Em terceiro lugar, está a
Itália, segundo levantamento feito pelo grupo internacional Tax Justice Network, com base em dados
de 2011, do Banco Mundial.
O cálculo é simples: a partir do PIB e das alíquotas tributárias estabelecidas, estima‑se quanto deveria
ser arrecadado. A partir disso, é possível saber o tamanho da evasão fiscal em cada país. No Brasil, o valor
encontrado corresponde a 13,4% do PIB.
No ano de 2012, por exemplo, a Receita Federal anunciou um plano de cobrança de R$ 86 bilhões
em tributos vencidos. Metade do total se referia a 317 grandes empresas, com dívida média de 135
milhões de reais, o que contraria a imagem de que a evasão brasileira se refira somente ao camelô ou
ao contrabandista que busca mercadoria no Paraguai. Os 86 bilhões de reais são pouco menos do que o
orçamento anual do Ministério da Saúde e mais de quatro vezes o gasto com o Bolsa Família.
Como a carga tributária brasileira – calculada em cerca de 36,42% – é uma das mais altas do mundo,
muitos empresários permanecem na informalidade para não pagar os impostos. Segundo Amaral et al. (2009):
Por si só, esses dados são alarmantes. As empresas brasileiras devem compreender a importância do
pagamento de impostos e evitar esse tipo de comportamento, que só denigre ainda mais a imagem do
empresário, que é tachado como aquele que quer apenas lucrar.
Segundo o mesmo estudo, há indícios de sonegação “em 65% das empresas de pequeno porte, 49% das
empresas de médio porte e 27% das grandes empresas. Em valores, a sonegação é maior no setor industrial,
seguido das empresas do comércio e das prestadoras de serviços” (AMARAL et al., 2009). Os autores acreditam
que os novos sistemas de controle fiscal permitirão ao Brasil alcançar, em cinco anos, o menor índice de
sonegação empresarial da América Latina e, em 10 anos, atingir índice comparável ao de países desenvolvidos.
Os analistas apontam a alta carga tributária como fator fundamental para a sonegação de impostos
e para a informalidade das empresas brasileiras.
86
PLANO DE NEGÓCIOS
Observação
No caso brasileiro, desde 2003, a punibilidade dos crimes contra a ordem tributária passou a ser
extinta caso o acusado, a qualquer momento, pague o seu débito.
Embora a lei preveja até cinco anos de reclusão para tais crimes, o réu pode escapar. A pendência
pode, ainda, ser parcelada no âmbito do Refis, programa para facilitar o pagamento de dívidas tributárias
criado em 2000 e reeditado várias vezes – e aberto agora à adesão.
Veja a porcentagem de impostos embutida em alguns produtos. Eles também fazem parte do preço
dos serviços.
87
Unidade II
Chocolate 38,60%
Peixes 34,48%
Sorvete picolé 37,98%
Vinho 54,73%
Cachaça 81,87%
Cachorro‑quente 15,28%
Caipirinha 76,66%
Carne de frango para 26,80%
churrasco
Queijos 16,59%
Refrigerante (lata) 46,47%
Refrigerante (garrafa) 44,55%
Cerveja (lata/garrafa) 55,60%
Chope 62,20%
Carne bovina para churrasco 23,99%
Restaurante 32,31%
O valor total de impostos arrecadados no Brasil, em 2014, isto é, quanto o brasileiro pagou de
tributos de 01/01/2014 até 31/12/2014, foi de R$ 1.851.576.441.965,40. Em 2014, conforme apurou o
IBPT (RIESEMBERG, 2014), o cidadão teve de trabalhar 151 dias (ou cinco meses e um dia) somente para
honrar seus compromissos tributários. Segundo Riesemberg (2014), 40,98% da renda do cidadão são
destinados exclusivamente aos tributos.
De acordo com Klafke et al. (2014, p. 20), num estudo elaborado pelo centro econômico europeu
Econstor (2013), em que foram analisados cem países entre 2005 e 2009, foi constatado que o Brasil
está entre os vinte países menos atrativos do mundo, em razão do seu cenário tributário. O Econstor
desenvolveu um índice de atratividade do cenário tributário de cada país. Esse índice tem 16 componentes
do sistema de taxas, como o sistema de impostos determinado pelo estatuto e a taxação de dividendos
e ganhos de capital, dentre outros. Dentre os componentes analisados, o estudo mostra que países mais
atrativos não cobram imposto de renda das empresas. Regionalmente, o destaque é dos países no Caribe
(com média 0,6621) e os europeus (0,5127), enquanto o Brasil obteve a nota de 0,3203, ficando na 83ª
posição. Na Tabela 4 estão os dez países com o cenário tributário mais atrativo, no que se refere aos
impostos, segundo o estudo da Econstor.
88
PLANO DE NEGÓCIOS
A tributação e o sistema tributário brasileiro são desanimadores, mas não se deixe influenciar pelo
que foi dito anteriormente. São informações para alertá‑lo dos problemas fiscais existentes, para que seu
plano de negócios não naufrague por falta de informações. Afinal, conforme o IBPT (s.d.), as empresas
ativas no Brasil totalizaram, em 2014, 17.325.681, das quais 9.253.006 são compostas por empresários
individuais e 433.064 são Sociedades Simples Limitadas.
6 TIPOS DE EMPRESA
Agora que você compreendeu o que precisa para ser um empreendedor, veja as formas de empresas
que existem (DORNELAS, 2008):
• Comércio: são as empresas que vendem mercadorias diretamente ao consumidor, sendo também
chamadas de varejistas. O fornecedor vende diretamente ao consumidor final em quantidades
geralmente pequenas, para seu próprio consumo, ou seja, a empresa de varejo procura atender
a um consumidor que compra para uso próprio. Esse consumidor não repassa a terceiros, como
forma de negócio, qualquer parcela da quantidade comprada. Exemplos desse tipo de negócios
são as papelarias, lanchonetes, lojas de roupas etc. Existem ainda, dentro do comércio, as empresas
atacadistas, que costumam vender quantidades variadas para pequenos varejistas, ou seja, outros
comerciantes do mesmo ramo.
89
Unidade II
• Empresa industrial: geralmente fabrica seus produtos utilizando insumos ou produtos elaborados
por outros fabricantes para a montagem de seus próprios. São empresas que transformam
matérias‑primas em produtos acabados, com auxílio de máquinas ou manualmente. Abrange
desde o artesanato até a moderna produção de instrumentos eletrônicos.
• Agropecuária: é o negócio cuja atividade principal está ligada à produção de vegetais com o
cultivo do solo (legumes, hortaliças, sementes, frutos, cereais etc.) e/ou a criação e tratamento de
animais (bovinos, suínos etc.).
• Empresa mista: agrega mais de uma das características dos outros tipos de empresa.
Você já deve ter ouvido falar que abrir uma empresa no Brasil não é tarefa das mais fáceis. Por
isso, seria muito bom se você pudesse ter a assistência de profissionais especializados no assunto
para não perder tempo e dinheiro. Consultar um contador é um bom caminho para a abertura de
empresas.
A grande dificuldade, segundo os especialistas, é que a carga tributária e uma legislação fiscal
confusa não ajudam muito quem não conhece o assunto. Essa função exige paciência, informação e
um bom planejamento. O próprio contador pode fazer simulações para ver qual a melhor forma para o
enquadramento de sua empresa.
Contrato social5
Para discriminar corretamente o que cada um dos sócios faz e qual a responsabilidade de
cada um, o contrato social é o instrumento mais adequado, e permite também que sua empresa
seja registrada. Ele também registra as responsabilidades da sociedade perante terceiros, como
credores, fornecedores, bancos etc., regendo a empresa desde o seu início. Esse contrato pode
ser feito pelo contador, mas, dependendo de seu ramo de atuação, um advogado pode fazer‑se
essencial para redigir claramente as cláusulas. Esse tipo de profissional pode ajudar na definição
da natureza jurídica e do ramo de atividade que melhor enquadre sua empresa ao tipo de negócio
que pretende estabelecer.
5
Baseado em: Dagoberto Hajjar, diretor da Advanced Marketing. Disponível em: <http://www.computerworld.com.br/
AdPortalV3‑/adCmsDocument>. Acesso em: 10 out. 2010.
90
PLANO DE NEGÓCIOS
Registro da empresa
Essa é a parte burocrática em si, e os procedimentos variam conforme a região e o tipo de negócio
que está sendo aberto. Em alguns estados, é possível que exista alguma entidade responsável pelo
registro, cadastro e legalização junto aos órgãos federais, estaduais e municipais. Em todo caso, é bom
consultar o contador para fazer essa parte do trabalho.
Nesse momento, é bom verificar se o nome que você pretende utilizar não está registrado
junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Se for um nome que pode ser
utilizado, providencie o registro, cuja legalização demora em média dois anos. Essa providência
é importante. Imagine que, depois de sua empresa já estar conhecida no mercado, outra pessoa
registre o nome antes de você e você seja então impedido de utilizar o nome pelo qual batalhou
tanto. Trata‑se, portanto, de um investimento necessário e que deve ser contemplado em seu
planejamento. Contrate uma empresa de assessoria de marcas e patentes para auxiliá‑lo nessa
tarefa.
Para tornar o sonho realidade, você levará cerca de dois a três meses. Mas cuidado, se houver
reformas programadas, elas sempre atrasam e prejudicam seu cronograma. Invista tempo na realização
de cotações para não perder dinheiro.
Observação
Quanto custará
Para a abertura de uma empresa, desde o seu registro até o início efetivo de sua operação, os
valores serão compatíveis com o porte, a localização, as necessidades de infraestrutura, o número de
pessoas envolvidas no processo (contadores, advogados etc.), o tempo entre o início e o funcionamento
efetivo etc.
91
Unidade II
Quadro 7
Dificuldade Dica
Falta de habilidade gerencial e conhecimentos de gestão, Componha sua equipe com pessoas que tenham grande
marketing e vendas. experiência e conhecimentos.
Contemple em seu planejamento a capacitação de todas
Conhecimento por parte de todos os sócios é restrito as pessoas pertencentes às áreas‑chave da empresa,
a apenas uma área, dificultando a gestão e a visão das ou contrate profissionais que complementem os
necessidades do empreendimento. conhecimentos de sua equipe.
Faça o planejamento por escrito, contemplando os
Falta de foco por parte do empreendedor. A cada objetivos, metas e estratégias da empresa, e acompanhe
oportunidade identificada, há modificação da estratégia, o seu desenvolvimento e cumprimento. O ideal é que a
em geral sem qualquer planejamento ou estudo de empresa faça o seu planejamento estratégico e que esse
viabilidade. documento seja o mapa norteador da empresa.
Mais uma vez, reforçamos o planejamento estratégico,
Descontrole do fluxo de caixa e/ou subestimação dos em que serão contempladas, de maneira realista, as
gastos fixos no início do negócio. necessidades de investimentos e recursos para que a
empresa possa desenvolver suas atividades.
Crie um banco de dados no qual todas as informações
relativas aos clientes possam ser armazenadas e consultas
Falta de informações sobre os clientes, dificultando a e atualizações possam ser realizadas. Faça com que
estruturação das vendas, que poderá ficar sem rumo ou o procedimento de atualização dos dados seja uma
trabalhando sobre projeções irrealistas. obrigação por parte de todos aqueles que se relacionam
com o seu público.
7 O PROCESSO EMPREENDEDOR
Se são necessárias tantas competências para desenvolver um negócio, podemos perceber que
é preciso aprender bastante antes de se aventurar num novo empreendimento. As quatro fases do
processo empreendedor proposto por Dornelas (2008) consistem em:
• gerenciar o negócio.
No País inteiro, a capacidade de sobreviver das empresas aumentou nos últimos cinco anos. No estado
de São Paulo, por exemplo, o monitoramento dos índices de sobrevivência e mortalidade das empresas,
conduzido pelo Sebrae‑SP desde 1998, revelou uma capacidade maior das micro e pequenas empresas de até
cinco anos de vida driblarem as dificuldades e se manterem abertas. O estudo foi divulgado em maio de 2010
e apresentou, entre outros dados, a diminuição da taxa de mortalidade desses negócios de 71% para 58%.
A taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas no primeiro ano de vida também caiu de
35% para 27%. A taxa de mortalidade de empresas com um ano no mercado permaneceu estável com
relação ao levantamento anterior, realizado em 2005 (SEBRAE, 2008, P. 21).
93
Unidade II
Para o Sebrae, as taxas continuam altas, apesar da redução (348 mil ocupações desaparecem por
ano com o fechamento de 84 mil empresas). Em entrevista coletiva, o superintendente do Sebrae‑SP,
Ricardo Tortorella, destacou o custo social do fechamento dessas empresas para o país e apontou duas
causas principais para a alta taxa de mortalidade que ainda afeta os pequenos negócios no Brasil. “Para
prosperar como empreendedor, é preciso uma grande dose de planejamento. É preciso planejar muito
bem o negócio antes de abrir as portas, quais serão as estratégias de atuação, o que muitas vezes não é
feito”, afirmou (TORTORELLA apud SIXFP ..., s.d.).
Outro fator decisivo para a sobrevivência das pequenas empresas é a capacidade de gestão. “O
empreendedor deve estar pronto para os desafios da gestão, pronto para inovar, acessar novas
tecnologias, novos mercados e investir em novos produtos e clientes”, recomenda Tortorella (apud SIXFP
..., s.d.). Prova disso é outro dado que chama a atenção na pesquisa: as empresas que são clientes do
Sebrae‑SP têm um desempenho melhor. Apenas 18% das empresas que se utilizaram dos serviços e
produtos do Sebrae‑SP fecharam no primeiro ano de existência (o número geral do mercado é 27%).
Os empreendimentos com cinco anos de existência que contaram com o auxílio do Sebrae‑SP
também apresentaram maior competitividade, com a sobrevivência de 63% das empresas contra 42%
do mercado. Por isso, a capacitação é tão importante para o pequeno empreendedor. Planejar, estudar e
inovar continuam sendo os alicerces de uma empresa de sucesso.
O fracasso também pode estar ligado à falta de dinheiro no mercado, à escassez de recursos
próprios, à entrada de novos concorrentes e a mudanças das políticas do governo. Mas uma das
causas mais frequentes do fracasso está ligada diretamente aos próprios empreendedores, isto é, à
falta de habilidade administrativa, financeira, tecnológica e mercadológica. Entre as outras possíveis
causas de falência das empresas brasileiras, está a falta de capacitação técnica. Os empreendedores
por necessidade, que ficam sem emprego e arriscam suas indenizações num novo negócio sem
estarem preparados para isso, não tendo aptidão e nem conhecimentos específicos, colocam em risco
os negócios. Eles não praticam a lição número um do marketing que é estudar e analisar o mercado.
A maioria das empresas também não obedece aos aspectos legais, o que pode ocasionar multas e seu
fechamento compulsório.
Uma necessidade de sobrevivência para qualquer empresa hoje é a capacidade de se relacionar com
seus clientes e fornecedores. Sem essa relação de longo prazo, provavelmente, a quantidade de clientes
e de negócios não será suficiente para manter um empreendimento funcionando futuramente.
94
PLANO DE NEGÓCIOS
Segundo os especialistas, esses fatores dificultam manter‑se ativo no mercado, pela falta
única e exclusiva de preparo. Os empreendedores de oportunidades, ao contrário, sabem disso
e sempre se preparam primeiro, estudam o mercado, conhecem os fatores de risco, fazem as
análises necessárias e abrem empresas de forma mais consciente do que o empreendedor por
necessidade.
Saiba mais
De acordo com Herrera (2007), fatores críticos de sucesso são os pressupostos cruciais,
essenciais para que se atinjam os objetivos traçados e se alcance o sucesso do empreendimento.
Compreender os fatores críticos de sucesso é importante, pois sem eles o empresário pode
desviar‑se do rumo. Esses fatores‑chave são definidos após as análises globais da empresa para a
elaboração das estratégias, quando são analisados o macroambiente, a atratividade do mercado,
as forças estruturais internas (como o capital humano, processos, tecnologias etc.), enfim, os
cenários construídos.
A partir das análises, o empresário pode discriminar quais são os fatores determinantes para que
seu negócio seja um sucesso e quais são determinantes para o fracasso, ou seja: quais são os pontos
de atenção que não podem faltar ou ficar ruim de maneira alguma? Por exemplo, um restaurante hoje
vende mais do que comida. Vende um lugar agradável para as pessoas passarem momentos agradáveis,
em união, divertindo‑se. Vende o descanso e a satisfação. Por isso, o fator‑chave de sucesso para
esse tipo de negócio, sem dúvida alguma, é o atendimento, pois ninguém quer ser mal atendido num
momento desses.
Os fatores‑chave possuem como aplicações principais a ajuda dos gerentes na identificação das
informações que eles necessitam e a organização do processo de planejamento estratégico de longo
prazo e anual.
Para Grunert e Ellegard (1992 apud HERRERA, 2007), fatores críticos de sucesso são as habilidades
e recursos que explicam os valores percebidos pelos clientes. Essas habilidades e recursos transcendem
dos pré‑requisitos para se estar no mercado, são fatores que diferenciam organizações de um mesmo
mercado. De acordo com Shultz (1994 apud HERRERA, 2007), para o consumidor, a percepção é a
verdade. A percepção pode não estar correta, mas é o que ele conhece, e o que ele conhece é tudo o que
ele precisa conhecer.
95
Unidade II
O empreendedor costuma planejar suas estratégias e ações, o que pode ser feito por meio de um
plano de negócios. Trata‑se de uma ferramenta cuja principal função é dotar o empreendedor de
informações que possam viabilizar o planejamento e o desenvolvimento inicial de seu negócio, além de
servir também como instrumento para captação de recursos financeiros, principalmente quando se trata
de negócios voltados à tecnologia.
Segundo o U.S. Small Business Administration (SBA, 1998 apud DORNELAS, 2001), uma das principais
razões de falência das micro e pequenas empresas americanas é a falta de planejamento do negócio,
exatamente como ocorre no Brasil. Quando se considera o conceito de planejamento, têm‑se pelo menos
três fatores críticos que podem ser destacados (DORNELAS, 2001):
• toda empresa necessita de um planejamento do seu negócio para poder gerenciá‑lo e apresentar
sua ideia a investidores, bancos, clientes etc.;
Dos anos 1990 em diante, ficou famoso o Business Plan, material seguidamente utilizado nos EUA,
conforme publicação do professor Sahlman, da Harvard Business School em 1997, em que destaca a
grande atratividade exercida pelo plano de negócios sobre os empreendedores norte‑americanos.
Fruto também da administração por planejamento estratégico, o plano de negócios deve ser
construído pelos empreendedores, em qualquer situação, que queiram converter seu sonho em realidade,
mas devem seguir um caminho lógico, calculado e racional que um bom administrador deve fazer. Nos
últimos tempos, muitos livros e revistas especializadas têm se dedicado ao tema, propondo fórmulas
sobre como redigir planos de negócios que irão proporcionar o sucesso das organizações.
Dolabela (2008, p. 75) afirma que “a utilização do plano de negócios é algo ainda incipiente no Brasil.
Poucos empreendedores e empresas trabalham com essa metodologia. Na Europa e principalmente no
Canadá e nos Estados Unidos, é uma ferramenta usual, utilizada por empreendedores novos e antigos”.
Segundo os especialistas, deve‑se ter muito cuidado ao redigir um plano de negócios, para evitar um
conteúdo tomado pelo entusiasmo ou pela fantasia. Segundo Dornelas (2008), um planejamento errado
é pior que a falta de um. Nele, deve haver muitos dados, números e informações, além de contar com o
feeling do administrador.
96
PLANO DE NEGÓCIOS
Cada empresa define qual o momento de fazer um plano de negócios. É certo que um empreendedor,
por causa de todas as pesquisas existentes que apontam como fator principal de insucesso a falta de
planejamento, deve sempre fazer seu plano de negócios antes de começar a colocar suas ideias em prática.
Fazê‑lo com pressa, apenas para obter recursos financeiros, geralmente não permite fazê‑lo de
forma adequada e correta e nem proporciona a reflexão necessária sobre o tema e sobre o negócio.
Para se convencer um investidor, o plano de negócios deve primeiro ser incorporado ao pensamento
das pessoas que compõem o empreendimento para, a partir daí, ganhar a importância que merece e
conquistar os objetivos propostos. O plano de negócios explora uma grande oportunidade e essa não
deve ser desperdiçada por descuidos nem por falta de empenho dos seus autores.
Aproveitar as oportunidades e não dispensar boas ideias é a razão do plano de negócios. Daí a
importância de se difundir a cultura do planejamento entre a classe empresarial no Brasil, não apenas
exibindo um roteiro para a confecção de um plano de negócios, mas vendendo a sua ideia e disseminando
o seu conceito básico aos empresários das micros, pequenas e médias empresas (MPMEs) brasileiras.
Um plano de negócios não é feito apenas para dar início a uma empresa. É preciso apresentá‑lo a empresários
investidores, para conseguir um sócio e outras possibilidades. Para Dolabela (2008, p. 76), os clientes são:
• o próprio empreendedor;
• sócios e empregados;
• sócios em potencial;
• franqueados.
97
Unidade II
Para facilitar o seu entendimento, há uma formatação clássica que se tornou padrão, composta por
seções em que cada uma possui um propósito específico. Em geral, as empresas fazem adaptações aos
modelos para que sejam adequadas aos seus casos particulares.
Pode‑se afirmar que um plano de negócios é representado por uma série de questões
ordenadas, que devem ser respondidas pelo empreendedor com o objetivo de prepará‑lo para
montar o negócio.
• Qual o prazo de execução das ações? Quais serão as metas e qual o prazo para atingi‑las (o
cronograma de ações e metas)?
Além disso, um plano visa: entender e estabelecer diretrizes para o empreendimento; gerenciar
mais eficazmente e tomar decisões mais confiáveis; monitorar o dia a dia da empresa e retificar
processos com ações pontuais; obter recursos financeiros junto a bancos, governo e investidores;
identificar oportunidades para convertê‑las em um diferencial competitivo; além de estabelecer
comunicações internas (funcionários) e externas (fornecedores, consumidores, bancos, investidores
etc.) mais eficazes.
Ser dono de seu próprio horário, não receber ordens e administrar quanto será seu
próprio salário. Este é o sonho de muitos brasileiros que, empolgados, abrem seus próprios
negócios em diversos ramos de atividade. Embora as taxas de mortalidade de micro e
pequenas empresas tenham registrado desaceleração nos últimos anos, o índice de abertura
continua alto no Brasil.
Mesmo que qualquer investimento apresente riscos, é preciso prevenir‑se contra eles.
O candidato a empresário deve estar ciente de que, para abrir uma empresa, é preciso uma
série de conhecimentos fundamentais antes do processo para sua legalização.
O levantamento também pode indicar quais impostos a pagar, suas alíquotas, e quanto
é preciso guardar de recursos financeiros para fazer frente aos compromissos nos primeiros
meses. Para não fechar as portas, é necessário fazer o planejamento financeiro e da estrutura
da nova empresa.
Atratividade
O plano de negócio é um documento em que você organizará todas as ideias que tem
em mente em relação ao seu projeto. Analisará os fatores externos que poderão impactar
em seu sucesso, seja em termos de oportunidades, seja em termos de riscos. Alinhará as
suas competências, direcionando seus esforços naquelas atividades ou conhecimentos que
domina muito bem e que eventualmente serão o seu grande diferencial. E estabelecerá os
recursos necessários para iniciar e manter o seu projeto.
Para uma nova empresa, o plano de negócios servirá para verificar se a oportunidade
identificada possui todas as características para transformar‑se em um negócio ou se é
apenas uma ideia, sem maiores consequências. Essa análise economizará muito tempo,
esforço e especialmente dará um panorama realista da situação, evitando expectativas
irreais, frustrações e especialmente prejuízos.
Para uma empresa já estabelecida, o plano de negócios servirá para a análise de novos
projetos. Proporcionará a visão do conjunto, de todas as etapas necessárias, com prazos
e responsáveis para que as ações aconteçam de maneira organizada e eficiente. Durante
o planejamento, você irá analisar o panorama geral do mercado, suas tendências, a
concorrência que irá enfrentar, e ainda simulará vários cenários, desde os mais pessimistas,
realistas, até os mais otimistas.
Não existe uma estrutura rígida em termos de sequência, pois cada projeto tem suas
próprias características. Normalmente, o plano de negócios apresenta:
100
PLANO DE NEGÓCIOS
1. Capa: porta de entrada de seu plano, contendo data, endereço e nomes dos responsáveis
pelo plano.
2. Sumário: é o índice de seu plano e onde você deverá colocar título, subtítulo e respectivas
páginas dos tópicos do plano de negócios.
3. Sumário executivo: é uma síntese de todo o plano e tem como objetivo dar uma ideia ao
leitor sobre o assunto em questão. É a parte mais importante do plano de negócios e deve
responder às seguintes questões: o que ou qual? Onde? Por quê? Quanto? Como? Quando?
8. Plano financeiro: é uma das partes mais importantes de seu plano. Procure caprichar
nessa área, o sucesso de seu projeto dependerá de quanto tempo você levou preparando
esse planejamento. Você deverá acrescentar investimentos necessários, despesas com
vendas e pessoal, gastos com marketing, deverá efetuar uma análise da rentabilidade do
negócio etc.
11. Anexos: não deixe de acrescentar ao final do seu plano os documentos que utilizou
para fundamentá‑lo. O objetivo é complementar e ilustrar o seu material. Acrescente
gráficos, diagramas, imagens, características técnicas dos produtos etc.
Fazer um plano de negócios apenas não é certeza de sucesso. Segundo Timmons (1994, apud
DOLABELA, 2008, p. 87), “os sete segredos do sucesso” são os seguintes:
4. se você ensina uma pessoa a trabalhar para outras, você a alimenta por um ano; mas, se você a
estimula a ser empreendedora, você a alimenta e a muitas outras durante toda a vida;
A partir desse ponto, trataremos de detalhar os vários itens que compõem um plano de negócios.
Existem muitos modelos disponíveis, e aqui serão mesclados alguns modelos estudados, como o do
Sebrae, a Incubadora da Universidade Federal de Goiás, entre outros, além do que sugere Dornelas
(2008), Dolabela (2008) e Salim (2003).
102
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
Apesar de ser o primeiro elemento do plano de negócios, o sumário executivo deve ser a última parte
a ser escrita, pois devem constar todos os elementos que fazem parte dele em um texto muito bem
escrito. Geralmente, essa é a primeira (e às vezes a única) parte a ser lida por um executivo investidor. Se
não estiver bem feita, ele nem continua a leitura. Portanto, em duas ou três páginas, procure sintetizar
as ideias principais de seu plano.
Pense que não se trata de um resumo de seu projeto, nem de partes copiadas sobre cada
um dos itens. O sumário executivo deve apresentar a ideia do seu projeto, de sua empresa, do
que você pretende, do que você quer com ele, de onde pensa em chegar e informações assim.
Também fala rapidamente dos aspectos financeiros e principalmente quando o investidor terá
seu dinheiro de volta. A linguagem deve ser clara, objetiva, concisa. Não fique fazendo elogios
ao projeto e nem utilize adjetivos do tipo “esta é a maior e melhor empresa de cosméticos do
mundo”.
Veja que um sumário executivo não é para entender melhor o que deve ser escrito nele:
• não é um prefácio;
O formato de um sumário executivo irá variar de acordo com os assuntos mais importantes do
negócio em questão, mas as seguintes seções deverão fazer parte de qualquer sumário bem escrito, na
visão de Salim (2003) são:
• caracterização da empresa ou da unidade de negócio que será criada para aproveitar a oportunidade
vislumbrada;
103
Unidade II
• qual a visão do empreendedor da área de negócios de sua empresa e como deve posicioná‑la no
mercado;
• quais os produtos/serviços que serão fabricados, vendidos, prestados, fornecidos pela empresa;
• qual o mercado para os produtos da empresa e como será feita a abordagem nesse mercado;
• como os produtos da empresa serão mantidos atualizados, e como a empresa vai se manter com
a tecnologia atual;
• quanto será necessário mensalmente para manter a empresa em funcionamento sem faturar
(burning‑rate);
• qual o fluxo de caixa previsto para a empresa: como evoluirão suas receitas e despesas;
• em que ponto a empresa passa a ter receitas capazes de cobrir suas despesas;
• O mercado: quem são os seus consumidores? Qual o tamanho do mercado para os seus
produtos? Quem são os concorrentes? Por que você é melhor que eles? Quais são as suas
projeções de market share? Por que você acredita nelas?
• Não tente negar o fato de que você tem concorrentes: isso seria ingenuidade. Em vez
disso, mostre como você pretende aumentar o market share por meio de suas vantagens
competitivas. Esclareça cuidadosamente quais são elas.
• O financiamento requerido: quanto foi investido até a presente data? Quanto ainda
deverá ser investido? Quais são as projeções de receita para os próximos três anos?
Qual será a aplicação dos fundos? Qual será o retorno para os investidores? Qual é a
estratégia de abandono do negócio (caso algo dê errado ou fuja ao controle)?
Muitas pessoas acham que um bom texto deve ser publicado como foi concebido, ou
seja, sem muita revisão. Isso não é verdade e a melhor receita para escrever qualquer coisa,
especialmente sumários executivos para business plans, é esta: primeiro escreva, depois
reescreva, reescreva, reescreva, reescreva. Depois disso, dê um tempo a si mesmo e reescreva
tudo de novo.
Dando sequência ao desenvolvimento do plano de negócios, vamos ver o que escrever nos próximos
itens. Essas indicações foram feitas a partir das sugestões de Salim (2003).
No resumo da empresa, deve‑se apresentar, em linhas gerais, a própria empresa e também fazer
entender o que é a oportunidade a ser aproveitada e qual o produto ou serviço será comercializado.
105
Unidade II
• a forma legal de existência (se é Ltda., S/A, empresa individual, cooperativa etc.) e os dados e
informações sobre os proprietários (com seus currículos resumidos e o que eles trouxeram de bom
para a empresa, além da participação financeira de cada um);
• localização e instalações.
Neste ponto, vamos falar sobre as características principais dos produtos e serviços da empresa,
detalhando todas as informações pertinentes. É interessante apresentar o ciclo de vida dos produtos e
serviços oferecidos:
• definição dos mecanismos que serão utilizados, para estar atento às novas demandas do mercado,
aproveitando oportunidades de modificar e melhorar o produto, adicionando novas características
e funcionalidades.
• Quais são os custos de fornecimento para disponibilizar os produtos e serviços ao usuário final?
Não são os preços cobrados aos clientes.
• Quais as tecnologias usadas nos produtos e serviços e como essas tecnologias podem ser encontradas?
106
PLANO DE NEGÓCIOS
• Quais os futuros produtos e serviços que poderão ser produzidos pela sua empresa?
Identificação do mercado
Neste ponto, é preciso entender quem são os clientes da empresa, onde eles estão, quais são
seus desejos e necessidades, quanto querem pagar pelo produto, quem decide a compra e todas as
informações possíveis sobre os consumidores.
Segundo os estudiosos do assunto, você só pode atender bem ao seu cliente conhecendo‑o bem. Se
forem bem atendidos, eles se tornam fiéis e retornam, possibilitando assim uma relação de fidelidade,
que é mais lucrativa para a empresa.
Tamanho do mercado
Por meio de pesquisas mercadológicas, devem‑se obter informações numéricas sobre o mercado em
que se pretende atuar. Por exemplo, na cidade de São Paulo, existem cerca de 13 milhões de habitantes.
Se a empresa pretende trabalhar com a classe A dessa população, devem‑se buscar informações junto
ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a quantidade de pessoas que integram essa
classe A na referida cidade.
Segmentação do mercado
É impossível para uma empresa atender bem a todos os clientes. E então, cada vez mais se deve
segmentar o mercado, escolhendo aqueles grupos em que realmente se poderá ter um diferencial
competitivo.
Após escolher esse público‑alvo, deve‑se então caracterizar esse mercado por área geográfica, tipos
de clientes, e determinar o tamanho do segmento.
• variáveis demográficas: dizem respeito à idade, à renda, ao sexo, ao grau de escolaridade etc.;
• variáveis psicográficas: referem‑se aos indivíduos e a seus diversos aspectos, como estilo de vida,
atitudes, personalidade, padrões de comportamento.
107
Unidade II
É muito importante que o empreendedor faça pesquisas demográficas para identificar o potencial
do mercado. O IBGE oferece amplas informações a respeito, sobre cidades, seus moradores, e suas
características.
Posicionamento
Segundo Al Ries (apud DOLABELA, 2008), posicionamento significa estabelecer uma oferta única
capaz de ocupar um espaço da mente do consumidor. É preciso então responder às questões: o que é,
para quem é e com qual diferencial.
Posicionamento não é slogan. O slogan é resultado de um posicionamento. Que posição sua empresa
ou produto tem no mercado? Qual é a posição que você quer ter? Como você quer ser conhecido? Quem
você deve enfrentar? Você tem verba suficiente?
• análise da indústria e dos mercados que poderiam ser atendidos: nichos de mercado;
• novos mercados;
• análise SWOT: pontos fortes e fracos da organização (análise do ambiente interno) e ameaças e
oportunidades oferecidas pelo meio externo;
8.5 Estratégia
Defina uma estratégia competitiva com base nas variáveis: liderança no custo, diferenciação e nicho
de mercado.
108
PLANO DE NEGÓCIOS
Essas estratégias podem ser baseadas no controle efetivo dos custos (economia de escala), um
diferencial (diferenciação) no que se refere à qualidade dos produtos/serviços, atendimento, tecnologia,
marketing etc., ou ainda um segmento diferenciado, um nicho de mercado. Para se diferenciar no
mercado, é preciso ter uma imagem clara (posicionamento) na cabeça do consumidor.
Planejamento estratégico
Quando pensar em estratégia, o empreendedor deve saber como conseguirá dinheiro para crescer no
mercado, por exemplo, além de como implementar sua entrada. O que deve fazer nesse sentido? Lançará
novos produtos para atender a novos segmentos? Usará os mesmos produtos para outros públicos? Ou
combinará tudo isso para crescer? As estratégias traçam esse caminho e aqui ele tem a oportunidade
de mostrar sua visão do negócio.
Visão e missão
A visão é a ideia, o norte do empresário, do empreendedor para a empresa. É a visão de futuro, aonde
ele quer chegar, o que pretende ser para a sociedade. A partir da visão e missão da empresa, é que são
definidos os passos para que se consiga chegar lá. Assim, elabora‑se uma estratégia corporativa.
Visão da empresa
A declaração de visão não estabelece ou expressa fins quantitativos, mas provê motivação, uma direção
geral, uma imagem e uma filosofia que guia a empresa. Além de apontar um caminho para o futuro, faz
com que você queira chegar lá. Deve representar as maiores esperanças e sonhos da sua empresa (COMO
..., 2005 – 2006).
Declaração de visão
Podem‑se seguir os passos a seguir com o intuito de criar a declaração de visão de uma
empresa:
109
Unidade II
• quando a equipe estiver satisfeita com seu trabalho, acrescente detalhes finais e envie à
alta gerência.
Para que a declaração de visão cumpra seu papel, é fundamental que seja adotada e
promovida pela alta gerência da empresa. Dessa forma, o processo de declaração de visão
é feito de maneira que todos os níveis da empresa possam colaborar, o que garante uma
maior credibilidade à sua declaração.
“Seremos uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida
pelos nossos públicos de interesse.”
Visão da Natura
“A Natura será uma das líderes mundiais do seu mercado, diferenciando‑se pela qualidade
das relações que estabelece, por suas crenças e valores expressos de forma radical por meio
de produtos, serviços e comportamento empresarial que promovam a melhor relação da
pessoa consigo mesma, com a natureza e com todos que a cercam.”
Missão da empresa
Por meio de sua missão, a empresa mostra para as pessoas a sua razão de ser, o que faz e qual o seu
propósito. A declaração da missão é curta, um pequeno parágrafo. Para que a declaração de missão da
empresa seja efetiva, ela deve (SALIM, 2003):
110
PLANO DE NEGÓCIOS
• destacar as atividades de sua empresa, incluindo os mercados que ela serve, as áreas geográficas
em que atua e os produtos e serviços que oferece;
• enfatizar as atividades que sua empresa desempenha e que a diferencia de todas as outras
empresas do mercado;
• incluir as principais conquistas que você prevê para os próximos anos e transmitir o que você quer
dizer de forma clara, concisa e interessante.
Antes de partir para a difícil, mas importante, tarefa de declaração da missão de sua empresa,
procure responder às seguintes perguntas propostas pelo autor:
• A que necessidades de mercado sua empresa atende? Qual é o mercado em que sua empresa
compete?
• Qual é o diferencial tecnológico dos produtos e serviços da sua empresa em relação à concorrência?
• Que valor ou benefícios adicionais seus clientes obtêm quando escolhem sua empresa em lugar
da concorrência?
• Qual é a imagem que sua empresa tem ou pretende ter perante seus clientes e a comunidade em
geral?
Agora, conheça a declaração de missão de algumas empresas de acordo com o artigo Como Escrever
um Business Plan, do site O Gerente (2005 – 2006):
Natura
“Atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados
nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes e
contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua.”
111
Unidade II
Bradesco
“Obter, por meio de equipes preparadas, soluções financeiras para atender às necessidades de nossos
clientes, dentro de elevados padrões éticos, garantindo geração de valor para os acionistas.”
“Nossa missão é oferecer a todos os clientes um meio de locomoção a pequenas distâncias para
pessoas e cargas, com um grau de confiança superior aos produtos oferecidos por empresas semelhantes
no mundo inteiro.”
Lembrete
• Quais os fatores que serão os diferenciais dos produtos da empresa em relação aos da concorrência
– “uniqueness” (singularidade)?
112
PLANO DE NEGÓCIOS
• Quais as alianças estratégicas que podem ser feitas? Qual o plano de marketing a ser adotado?
Quando se fala em estratégias de marketing, é necessário apresentar as formas como a empresa vai
comercializar os seus produtos, como ela será apresentada ao mercado e como serão divulgados.
• Propaganda
— Qualquer forma de apresentação paga e impessoal para a promoção de ideias, bens ou serviços
por um patrocinador identificado, que tenha como objetivos principais: divulgar, promover, criar/
expandir mercado, manutenção de imagem favorável, aumentar a frequência de vendas, construir
a imagem corporativa, promover novos hábitos de consumo, aumentar lembrança da marca etc.
— Fazer a empresa ou produto ficarem simpáticos aos formadores de opinião, de forma a serem
chamados a dar opiniões sobre assuntos pertinentes à sua área de atuação sem pagar. Dessa
113
Unidade II
— As pessoas prestam mais atenção nesse tipo de aparição do que na propaganda convencional.
Estamos vivendo uma época de excesso de informação, e a comunicação e a propaganda,
como até agora têm sido pensadas, estão sofrendo várias alterações.
— Na verdade, quando uma empresa constrói relacionamentos com a mídia em geral e com os
jornalistas específicos de sua área de atuação, consegue projetar‑se mais facilmente de forma
destacada em quase todos os veículos.
— Claro que não se trata apenas de relacionamento. É preciso ter um fato, um acontecimento
para virar notícia e ficar em evidência na mídia. Por exemplo, a empresa “x” que patrocina
a abertura de uma exposição de um artista importante tem muito mais chance de aparecer
espontaneamente na mídia do que se não patrocinar. Um jogador de futebol patrocinado
por tal empresa sempre será lembrado por seu investidor. E essas informações são
mais simpáticas aos consumidores do que simplesmente a informação oriunda de uma
propaganda comum.
• Venda pessoal
— A desvantagem da equipe de vendas é ser uma ferramenta de comunicação muito cara e que
deve ser utilizada apenas para os casos em que for imprescindível.
• Promoção de vendas
— Estimula vendas rápidas ou maior volume de produtos ou serviços. São incentivos de curto
prazo com o fim de motivar a compra de um produto ou serviço, a partir da oferta de
condições especiais ou vantagens como: sorteios, brindes, descontos, venda conjunta,
amostras e outras ações.
— Os consumidores em geral respondem muito bem a esse tipo de ação, pois as promoções
sempre dão a impressão de fornecer um benefício a mais para ele. Seja um desconto, um
brinde, um produto a mais, um pouco de produto a mais. Promoções de vendas servem para
aumentar vendas e escoar produtos rapidamente.
114
PLANO DE NEGÓCIOS
— A promoção não deve ser utilizada para consertar erros de administração, como uma empresa
que tenha fabricado produtos além da capacidade de absorção do mercado e depois faz
promoção para vender os produtos rapidamente. Não é essa a sua função.
— Exposição dentro e fora do PDV. O produto certo, no lugar certo, em quantidades certas e a
preço certo.
— Nos grandes varejos, nas épocas festivas e nas melhores datas do comércio, sentimos que
estamos numa promoção descomunal, como é o caso da Páscoa (em que os ambientes ficam
cheios de ovos de chocolate), do Dia das Mães (em que todos os apelos se voltam para o
sentimentalismo da data), do Natal etc.
— As técnicas utilizadas, cujo conjunto se chama “exibitécnica”, inclui criação de uma atmosfera
favorável, com música ou sons adequados, bem como iluminação e cheiro que remetam
ao produto que está sendo exposto. Por exemplo, uma linha de produtos para o bem‑estar
feminino, que remeta à qualidade de vida e tranqüilidade, bem como à vida no campo, pode
incluir cheiro e barulhos de natureza, como passarinhos, água escorrendo, chuva e uma
iluminação que possa lembrar um céu bem azul.
— Por essas razões é que hoje o varejo fala em experiência de compra e não mais em aproximar
o cliente do ponto de venda. Mais do que isso, pensa em trazer uma nova experiência aos
consumidores nesse clima sugestivo.
115
Unidade II
— Exemplo: embalagem, encartes, folhetos, displays, painéis, filmes, woblers, catálogos, logotipia etc.
• Marketing direto
— Ação de venda, atração ou relacionamento, estimulado por meio de anúncio, folheto, cartas,
telefone, televisão e internet, obtendo a resposta direta do cliente, sem que haja intervenção
física de vendedores, varejistas, representantes. Interatividade.
— Exemplo: catálogos, cupons, folhetos, malas, telemarketing, vendas por TV, malas via fax,
internet, e‑mail, correio de voz, filmes.
— Existem ainda muitas formas para divulgar o produto, como as relações públicas (ações que
promovem o relacionamento com os vários públicos que interagem com a empresa). Ela cuida da
imagem da empresa e utiliza o lobby, a assessoria de imprensa, a central de atendimento, palestras,
seminários, congressos, feiras, relatórios anuais, folhetos, publicações em geral, newsletter e eventos.
‑ Lobby: refere‑se a um grupo de pessoas ou organização que tem como atividade profissional
buscar influenciar, aberta ou veladamente, decisões do poder público, especialmente do poder
legislativo, em favor de determinados interesses privados. É por meio do lobby que as empresas
se relacionam com os governos.
• Estratégias de vendas
— Descreve‑se aqui qual o público‑alvo ao qual o produto/serviço será dirigido e como será
apresentado para venda. Aqui, o empreendedor deve explicitar o argumento central de venda
que irá adotar, ou seja, o que será enfatizado em seu produto/serviço como ponto forte para
que ele seja atrativo a seu público‑alvo. Por exemplo, pode‑se enfatizar o fator preço, qualidade,
marca, garantia/assistência técnica, benefícios potenciais ao cliente etc. (SALIM, 2003).
Os objetivos e metas de marketing precisam ser quantitativos, ter números para serem factíveis. Não
se podem utilizar ideias que não levem a números, pois não se conseguirá orientar o pessoal da empresa
no rumo de atingi‑las (SALIM, 2003).
116
PLANO DE NEGÓCIOS
Exemplos:
Exemplos:
Estrutura organizacional
A equipe de profissionais envolvidos deve ter as competências necessárias para implementar o que
foi planejado. Por isso, é preciso criar uma estrutura ideal em termos de eficiência, de maneira que
seja o menos custosa possível, e, em termos de eficácia, para que atinja os resultados desejados pelos
investidores.
Equipe gerencial
É preciso determinar o organograma de forma clara e bem estruturada, que mantenha as pessoas
motivadas e alinhadas aos objetivos da organização, além, é claro, de comprometidas com os resultados.
Os processos precisam ser mapeados e estarem funcionando eficientemente, a partir de uma logística
de produção e distribuição adequadas, com fornecedores de qualidade, transportados e estocados
corretamente etc.
Formas de remuneração
Estabelecer critérios claros de avaliação para a equipe, além de formas de motivação que não sejam
apenas remuneratórias.
Segundo Salim (2003), deve‑se fazer uma pequena análise do cenário econômico e político que
interesse para seu ramo de negócio a partir de pressupostos coerentes, como:
• Como a economia do país ou do mundo ou da cidade vai contribuir ou prejudicar seu negócio?
Esse valor interessa numa análise de um negócio porque, para um investidor, um negócio nada
mais é que uma aplicação em que terá que imobilizar dinheiro e em que, no futuro, terá retiradas que
remunerarão esse capital imobilizado.
Fluxos de caixa
São os cenários de conquista do mercado e as receitas decorrentes. Despesas mensais básicas para
manter a empresa em funcionamento – burningrate (ou custos afundados) – são os dispêndios de uma
empresa com custos fixos que independem do volume de vendas, tais como aluguel das instalações, salários
e encargos do pessoal administrativo, despesas com energia elétrica, água e esgoto, telefone, entre outros.
Fluxos de caixa representam a evolução das entradas e saídas de recursos financeiros da empresa ao
longo do tempo, de forma a visualizar, a cada momento, a disponibilidade líquida do caixa e verificar se
os desembolsos futuros poderão ser efetuados nas datas previstas.
Representa o nível de vendas no qual a receita iguala a soma dos custos fixos mais os custos variáveis,
ou seja, nível no qual o lucro é zero.
Payback e ROI
O payback indica o tempo necessário para que a empresa produza resultados que permitam aos
investidores recuperar todo seu investimento, e o ROI – Return On Investment (taxa de retorno do
investimento), é a taxa de remuneração sobre o valor investido. Ambos os indicadores são argumentos
para convencer os investidores.
Indicadores
Estágio atual
O empreendedor deve apontar as principais dificuldades que poderão ser enfrentadas pela empresa
durante o desenvolvimento do projeto e descrever as estratégias que serão utilizadas para reduzir ou
eliminar o impacto dessas dificuldades.
8.11 Anexos
São os resultados de pesquisas e documentos importantes que comprovem determinadas afirmações
do plano de negócios, como o currículo dos principais sócios/gerentes e referências profissionais, se
houver; ilustrações dos produtos, se houver; estudos de mercado, se houver; publicações da área etc.
Quando terminar de escrever o plano de negócios, observe se ele responde às seguintes perguntas:
120
PLANO DE NEGÓCIOS
Plano financeiro
• Qual a renda total estimada para seu negócio no primeiro ano?
• Quanto lhe custará para abrir o negócio e mantê‑lo durante dezoito meses de operação?
• Qual será o fluxo de caixa mensal durante o primeiro ano?
• De que volume de vendas você vai precisar para obter lucros durante os primeiros três anos?
• Qual será o valor do capital em equipamentos?
• Quais serão as suas necessidades financeiras totais?
• Como você pretende assegurar o pagamento dos seus custos fixos?
• Quais serão as suas fontes financeiras potenciais?
• Como utilizará o dinheiro do empréstimo ou dos investidores?
• Como o empréstimo será assegurado?
Você deve ter percebido, no decorrer deste livro‑texto, que abrir um negócio não é tarefa das mais
simples. É preciso conhecimento, paciência e determinação para ir em frente e cumprir com todas as
exigências para ter uma empresa própria. O desenvolvimento do país depende de ações pequenas, de
empresas pequenas, de pequenas ideias que fazem mover a economia e todas as engrenagens de vendas
e consumo. As grandes empresas também fazem seus planos de negócios, seja por área, por produto,
por lançamento.
Exemplo de aplicação
Após esses novos conhecimentos, a sugestão é colocar em prática e fazer um plano de negócios de
verdade. Pense em uma empresa, ou uma ideia que possa ser aproveitada em um novo negócio. Vamos
criar um plano para esse lançamento. Pode ser um produto ou empresa que já exista também. O que
importa é aplicar os conhecimentos de forma prática.
Tabela 5
Pessoa física:
CPF:
Razão social:
CNPJ:
Data de fundação:
Endereço:
Telefone:
121
Unidade II
Caracterização do empreendimento
• ( ) implantação;
• ( ) expansão/modernização;
• ( ) relocalização.
• As ameaças também são uma constante e surgem de todas as esferas: desde o desinteresse
do mercado consumidor por seu produto à entrada de novos concorrentes com importantes
diferenciais competitivos, passando pela carência de insumos e matérias‑primas. Por isso, sua
atenção às mudanças, chamadas sinais de mercado, deve ser total e contínua, de modo que lhe
permita interagir com previsibilidade e consistência.
Localização e instalação
Faça uma análise dos diversos pontos potenciais existentes para tomar uma decisão sobre o local
onde sua empresa será instalada. A seguir, é apresentado um modelo com vários fatores para que se
possa fazer uma classificação pelo grau de importância. A escala é de um a cinco em ordem crescente,
com cinco (5) sendo o valor mais favorável para sua empresa.
Por meio do preenchimento da tabela, você poderá ter um melhor direcionamento quanto às
vantagens e desvantagens do local a ser escolhido.
122
PLANO DE NEGÓCIOS
Tabela 6
Fatores 1 2 3 4 5
Área comercial movimentada
Área para vitrines
Bom acesso rodoviário
Concorrente mais próximo
Entrada de serviço para entregas
Estado do imóvel
Facilidade de entrada e saída
Facilidade de estacionamento
Fluxo de tráfego
Histórico do local
Localização da rua
Melhorias exigidas na locação
Passagem de pedestres
Preço do aluguel
Serviços urbanos
Taxa de ocupação do local
Tempo de contrato do aluguel
Transporte público
Zoneamento adequado
A tabela anterior poderá ser aplicada para diversos locais e após a sua definição.
• A escolha do local e do espaço físico onde você pretende instalar seu negócio é uma decisão
muito importante para o sucesso do empreendimento. O local deve oferecer a infraestrutura
necessária ao seu negócio e ter acesso facilitado aos clientes e fornecedores, propiciando o seu
crescimento.
123
Unidade II
Consumidor
• Mercado potencial significa identificar seu público principal – para quem você pretende
produzir, vender, prestar serviços etc. (região, sexo, costumes, estilo de vida, renda). Essa análise
pode ser estendida para o tipo de empresa (porte, ramo de atuação, nível de faturamento,
comércio, indústria) que pode ser atendido pelo produto/serviço. Devem‑se priorizar os
mercados identificados.
Fornecedor
Identifique seus fornecedores considerando sua localização, preço, forma e prazos de pagamento,
disponibilidade de fornecimento, lote mínimo de compra etc.
Todos os fatores anteriores mencionados devem ser levantados para que a empresa possa avaliar a
melhor opção para suas necessidades.
6 5 4 3 2 1
124
PLANO DE NEGÓCIOS
Tabela 7
Atendimento
Capacidade de entrega
Condições de pagamento
Facilidade de acesso
Localização
Pontualidade de entrega
Preço
Qualidade do produto
Relacionamento
• Deve ser observado que a disponibilidade de matéria‑prima durante os diversos períodos do ano
pode sofrer alterações. Logo, é fundamental que a empresa analise a possibilidade de insumos
substitutos, para que não comprometa a sua cadeia de produção.
Concorrente
Identifique quais são seus concorrentes e seus pontos fortes e fracos, canais de distribuição, custos
e preços de venda praticados, políticas de crédito e formas de divulgação:
• O conhecimento sobre a concorrência é importante para que a empresa esteja atenta a todos os
acontecimentos que estão em torno de seu mercado. Pode também auxiliá‑lo na definição de
estratégias de atuação junto aos concorrentes.
6 5 4 3 2 1
125
Unidade II
Tabela 8
Atendimento pós‑venda
Canais de distribuição
Divulgação
Garantias oferecidas
Localização
Política de crédito
Preços
Reputação
Pessoal
Dimensione sua equipe de trabalho, relacionando número de empregados, cargos, salários e encargos
sociais esperados:
• Nessa etapa, deve ser feito um resumo das responsabilidades e qualificações de cada pessoa.
Inicialmente, você deve fazer um organograma de sua empresa, definindo claramente as funções
e linhas hierárquicas:
Tabela 9
Total
Isso com certeza o ajudará a definir o perfil das pessoas que irá contratar. Defina o número
de pessoas, quais serão seus cargos, funções e responsabilidades, e principalmente a qualificação
exigida para realizar o trabalho a contento. Com essas informações, você terá condições de
procurar no mercado o profissional adequado às necessidades de sua empresa aliado aos recursos
disponíveis.
126
PLANO DE NEGÓCIOS
Produtos e serviços
• Para evitar ociosidade ou até mesmo desperdício de recursos, é importante que a empresa faça
um dimensionamento de suas instalações, focando o volume de atendimento, o número de
funcionários, entre outras variáveis que poderão fazer parte dessa análise.
Estratégia competitiva
Defina uma estratégia competitiva com base nas variáveis liderança no custo, diferenciação e
nicho de mercado:
• Definir uma estratégia é fundamental para traçar um direcionamento do seu negócio. Essa
estratégia pode ser alcançada por meio de um controle efetivo dos custos ou até mesmo
buscando um diferencial no que se refere à qualidade dos produtos/serviços, atendimento,
tecnologia, marketing etc., ou ainda escolhendo um nicho de mercado que não está sendo
atendido.
Quais as estratégias de comunicação que serão utilizadas por você na divulgação de seu negócio e/
ou produtos/serviços?
• Devem ser analisados os meios de comunicação (rádio, TV, mala direta, internet, carro de som,
“rádio poste”, faixas, jornal, telemarketing) que sua empresa irá utilizar, sua frequência e custo.
• A forma com que você vai levar o produto/serviço ao mercado irá influir no alcance do seu cliente
potencial, na sua capacidade de atingir novos mercados e no seu dimensionamento. A empresa
pode adotar uma série de canais para isso, como: vendedores internos e externos, representantes,
franquias, internet etc.
127
Unidade II
• Uma marca bem trabalhada pode contribuir de forma efetiva para o sucesso de seu
negócio. Ela está associada à qualidade de seu produto/serviço, à credibilidade da empresa
junto aos clientes, enfim, consolida uma imagem no mercado. Você deve estar atento à
sua facilidade de pronúncia e de memorização, para fácil lembrança e associação com o
produto/serviço.
• A ação visa buscar uma afinidade com o seu cliente potencial. Pretende direcionar todo esforço
de marketing no sentido de associar seu negócio às diversas características que são atribuídas ao
mercado.
Investimentos
Tabela 10
Investimentos R$
Obras civis
Terraplanagem
Construção
Projeto
Instalações
Custo de compra/aluguel
Melhorias/reformas
Outros
Equipamentos
Móveis, estantes, prateleiras, gôndolas
Máquinas e equipamentos
Veículos
Informática
Outros
Total
128
PLANO DE NEGÓCIOS
Passo 1:
Investimento fixo
—
Passo 2:
Tabela 11
Custos fixos R$
Retirada dos sócios
Encargos sociais sobre a retirada
Salários
Encargos sociais sobre salários
Seguros
Despesas bancárias
Juros
Honorários contábeis
Material de expediente
Aluguel
Despesas de viagem
Água
Luz
Telefone
Manutenção e conservação
Propaganda
Depreciação
Ônibus, táxi, correios
Financiamentos existentes
Outros
Total
129
Unidade II
Passo 3:
Tabela 12
Impostos (%)
ICMS
ISS
COFINS
PIS
Contribuição Social Sobre o Lucro
Imposto de Renda
Simples
Comissões
Total
Passo 4:
Tabela 13
Discriminação R$
Faturamento
Custo da mercadoria vendida
Custo do serviço prestado
Impostos + comissões: (% total de impostos x faturamento) ÷ 100
Passo 5:
Tabela 14
Discriminação R$
Faturamento
(–) Custo da mercadoria vendida
(–) Custo do serviço prestado
(–) Impostos + comissões
(=) Margem de contribuição
130
PLANO DE NEGÓCIOS
Tabela 15
Discriminação %
Índice da margem de contribuição:
(margem de contribuição ÷ faturamento) x 100
Passo 6:
Tabela 16
Discriminação R$
Ponto de equilíbrio
(custos fixos ÷ índice da margem de contribuição) x 100
Passo 7:
Tabela 17
Discriminação R$
Faturamento estimado
Custos fixos
Lucro:
([faturamento estimado x índice da margem de contribuição] ÷ 100) – custos fixos
Passo 8:
Passo 9:
— Exemplos:
131
Unidade II
Tabela 18
Passo 10:
Passo 11:
Passo 12:
Conclusão
O planejamento também deve ser flexível a novas realidades, adaptável a novos paradigmas, sob
pena de se tornar um instrumento ultrapassado e não efetivo.
132
PLANO DE NEGÓCIOS
Empreender é sempre um risco, mas empreender sem planejamento é um risco que pode ser evitado.
O plano de negócios, apesar de não ser a garantia de sucesso, irá ajudá‑lo, entre outras coisas, na
tomada de decisões, assim como a não se desviar de seus objetivos iniciais.
Índice:
1. Resumo executivo
2. O Produto/serviço
2.1 Características
2.2 Diferencial tecnológico
2.3 Pesquisa e desenvolvimento
3. O mercado
3.1 Clientes
3.2 Concorrentes
3.3 Fornecedores
3.4 Participação no mercado
4. Capacidade empresarial
4.1 Empresa
4.1.1 Definição da empresa
4.1.2 Missão
4.1.3 Estrutura organizacional
4.1.4 Parceiros
4.2 Empreendedores
4.2.1 Perfil individual dos sócios (formação/qualificações)
5. Estratégia de negócio
5.1 Ameaças e oportunidades
5.2 Pontos fortes e fracos
5.3 Objetivos
5.4 Estratégias
6. Plano de marketing
6.1 Estratégias de vendas
6.2 Diferencial competitivo do produto
6.3 Distribuição
6.4 Política de preços
6.5 Projeção de vendas
6.6 Serviços pós‑venda e garantia
7. Planejamento e desenvolvimento do projeto
7.1 Estágio atual
7.2 Cronograma
7.3 Gestão das contingências
8. Plano financeiro
8.1 Investimento Inicial
133
Unidade II
8.2 Receitas
8.3 Custos e despesas
8.4 Fluxo de caixa
8.5 Demonstrativo de resultados/lucratividade prevista
8.6 Ponto de equilíbrio
8.7 Balanço patrimonial
9. Anexos
Resumo
134
PLANO DE NEGÓCIOS
Exercícios
I – Recursos obtidos junto a amigos ou pessoas da família: trata‑se de uma das formas mais
comuns de obtenção de recursos (empréstimos), quando o fator preponderante é a confiança
do investidor no empreendedor. Neste caso, o retorno financeiro para o investidor fica em
segundo plano. O risco deste tipo de recurso é incorrer em prejuízo no relacionamento.
II – Recursos obtidos junto aos Angels, que são pessoas físicas – capitalistas de risco, que buscam
alternativas mais rentáveis para aplicar suas economias. Os Angels são os que colocam o chamado seed
money (capital inicial) do negócio e, para isso, analisam muito bem o plano de negócios, avaliando o seu
potencial e envolvendo‑se na gestão do negócio, quando aplicam seu conhecimento em negócios.
III – Fornecedores, parceiros e clientes podem ser opções de fontes de recursos financeiros
que podem ser usados para manter seu capital de giro e o fluxo de caixa positivo, por meio,
por exemplo, do parcelamento de matéria‑prima ou prazo de carência para o seu pagamento.
IV – Negócios em expansão podem obter recursos em bancos de investimento que operam com
capital de risco (venture capital). Esses bancos buscam negócios com alto potencial de desenvolvimento
para obterem rentabilidade acima da média de mercado.
135
Unidade II
I) Afirmativa correta.
Justificativa: afirmativa parcialmente errada. Os Angels não se envolvem na gestão. No máximo dão
conselhos devido a sua experiência.
Justificativa: por isso o nome capital de risco. Os retornos esperados são altos, mas os riscos
também são. O tempo de retorno é estimado em média em 5 anos. Esses bancos constroem carteiras de
investimentos para gerir a operação.
Questão 2. Por mais de 100 anos, a Eastman Kodak Company foi um dos símbolos do capitalismo
americano de alcance global e sinônimo de praticamente todo tipo de produto ou tecnologia ligados
à fotografia. [...] Recentemente, a brutal transformação pela qual a Kodak vem passando nos últimos
quatro anos tornou‑se explícita também na paisagem do complexo industrial, batizado de Kodak
Park. Um após o outro, cerca de 100 prédios do complexo foram demolidos – alguns deles de forma
espetacular. O objetivo da operação de desmanche, que atingiu seu ápice no segundo semestre do ano
passado, foi abrir espaço para novas instalações ou simplesmente desocupar terrenos postos à venda
pela empresa. A demolição de parte do Kodak Park, que chegou a ser o maior complexo industrial
do hemisfério ocidental, foi a etapa final de um gigantesco processo de reestruturação da empresa,
uma intervenção que consumiu mais de 6,4 bilhões de dólares e ceifou os empregos de cerca de 60
000 pessoas em todo o mundo. [...] Durante um século, a companhia foi referência absoluta na área,
dominando, durante a década de 1980, cerca de 85% do mercado americano, o mais importante do
mundo. O planeta inteiro fotografava com Kodak. Até que em um belo dia essa hegemonia foi quebrada
136
PLANO DE NEGÓCIOS
com o aparecimento de uma nova tecnologia, a das câmeras digitais. Em poucos anos, elas invadiram
o mercado, deixando a Kodak numa situação frágil. Ironicamente, a empresa americana foi a primeira
a desenvolver a tecnologia de fotografia digital, cerca de duas décadas antes de suas rivais. Mas para
preservar seu modelo de negócios, baseado no rolo de filme, seus executivos preferiram a estratégia
da negação do óbvio. Percebido o erro, a Kodak deu duas rápidas guinadas para tentar se adaptar aos
novos tempos. A primeira rendeu‑lhe, em apenas dois anos, a liderança do mercado de câmeras digitais
nos Estados Unidos e a terceira posição do setor em todo o mundo. Isso, porém, não foi suficiente. A
segunda ruptura está em [...] um ambiciosíssimo plano de reestruturação [que] foi traçado e dividido
em três partes. A primeira tarefa foi readequar o negócio de fotografia tradicional (o de filmes) ao novo
formato da empresa, com o objetivo de obter o máximo de rentabilidade com o mínimo de custo. Os
filmes ainda são vendidos – nas projeções da Kodak, eles podem sobreviver ainda uma década ‑, mas
11 fábricas foram fechadas, inclusive no Brasil; pessoas foram demitidas; e uma parte do complexo de
Rochester veio abaixo. A segunda foi montar as bases do negócio de impressão digital, escolhido como
o ramo de negócios principal para a companhia. A última tarefa de Perez foi recuperar o combalido
balanço da companhia, cortando custos e vendendo divisões de negócios que não faziam mais parte da
nova estratégia, como a de produtos para saúde.
O texto anterior é parte da matéria publicada na revista Exame de 26/11/2008 e fala sobre um grande
plano de reestruturação para recuperação da empresa, que se desdobra em outros vários planos que
contêm ações de ordem estratégica, tática e operacional. Entre as diversas tarefas necessárias, qual a ação
estratégica que dá corpo ao plano de recuperação e que será o objetivo principal do plano de negócios?
137
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
REFERÊNCIAS
Textuais
AJZENTAL, A.; RENATO, A. A construção do plano de negócio. São Paulo: Saraiva, 2008.
AMARAL et al. Estudo sobre sonegação fiscal das empresas brasileiras. Curitiba: IBPT,
2009. Disponível em: <https://www.ibpt.org.br/img/uploads/novelty/estudo/49/
EstudoVeQuedaNaSonegacaoFiscalDasEmpresasBrasileiras.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988a. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 7 jan. 2015.
138
___. Decreto nº 1, de 11 de janeiro de 1991. Regulamenta o pagamento da compensação financeira
instituída pela Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e dá outras providências. Brasília, 1991a. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990‑1994/D0001.htm>. Acesso em: 8 jan. 2015.
___. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras
providências. Brasília, 1999b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.
htm>. Acesso em: 7 jan. 2015.
___. Decreto‑Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1943.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/del5452.htm>. Acesso em: 8 jan. 2015.
___. Decreto‑Lei nº 8.621, de 10 de janeiro de 1946. Dispõe sobre a criação do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial e dá outras providências. Brasília, 1946a. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/1937‑1946/Del8621.htm>. Acesso em: 8 jan. 2015.
___. Decreto‑Lei nº 2.288, de 23 de julho de 1986. Cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento, institui
empréstimo compulsório para absorção temporária de excesso de poder aquisitivo, e dá outras
providências. Brasília, 1986. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/Del2288.
htm>. Acesso em: 6 jan. 2015.
___. Decreto‑Lei nº 2.404, de 23 de dezembro de 1987. Dispõe sobre o Adicional ao Frete para a
Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e o Fundo da Marinha Mercante, e dá outras providências.
Brasília, 1987. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/Del2404.htm>. Acesso
em: 7 jan. 2015.
___. Emenda Constitucional nº 39, de 19 de dezembro de 2002. Acrescenta o art. 149‑A à Constituição
Federal (instituindo contribuição para custeio do serviço de iluminação pública nos Municípios e no
Distrito Federal). Brasília, 2002a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
Emendas/Emc/emc39.htm>. Acesso em: 8 jan. 2015.
___. Lei nº 9.853, de 13 de setembro de 1946. Atribui à Confederação Nacional do Comércio o encargo
de criar e organizar o Serviço Social do Comércio e dá outras providências. Brasília, 1946b. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/1937‑1946/Del9853.htm>. Acesso em: 8 jan.
2015.
___. Lei nº 2.613, de 23 de setembro de 1955. Autoriza a União a criar uma Fundação denominada
Serviço Social Rural. Brasília, 1955. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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___. Lei nº 5.070, de 7 de julho de 1966. Cria o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações e dá
outras providências. Brasília, 1966a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5070.
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150
151
152
1.1Informações:
1.2www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
Plano de Negócios
Unidade II - Questão 2
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: transformação de passivos em ativos, como a venda de terrenos
desocupados pela empresa. – Aqui também se observa uma ação operacional que
irá apoiar o plano estratégico e dar consistência ao plano de negócios, porém não
consiste no ponto fundamental da restruturação. Transformar passivos em ativos,
neste caso a venda de terrenos desocupados traz recursos financeiros para
empresa, reduz custos e otimiza a sua administração.
C) Alternativa correta.
Justificativa: adaptação da linha de produtos da empresa de acordo com as
mudanças do ambiente externo. Correto: O negócio da Kodak é o de registrar
imagens e não a fabricação de rolos de filmes fotográficos. Entender a missão da
empresa permitiu aos executivos o correto redirecionamento da organização para
a sua recuperação. Este é o ponto fundamental para a recuperação da Kodak,
estabelecido com base nas mudanças do ambiente externos – advento da
tecnologia digital e sua aceitação pelo público consumidor.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: redução de custos por meio do fechamento de fábricas e demissão
de funcionários. - Aqui também se observa uma ação operacional a restruturação,
reduzindo custos e que permitirá a instalação de novas unidades com a
infraestrutura adequada ao novo produto.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: recuperação do balanço da companhia com a venda de algumas
unidades de negócio. – A recuperação do balanço da companhia não tem foco
financeiro exclusivamente. Para se manter em operação ela precisa rever seus
produtos (alternativa C) o que pode incluir a decisão de se desfazer de negócios
que estejam fora do foco ou que não sejam rentáveis.