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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividade
agroindustrial

UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt

Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão


Mauri Luiz Heerdt
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Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos
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Gerente de Prospecção Mercadológica
Eliza Bianchini Dallanhol
Jardel Mendes Vieira

Atividade
agroindustrial

Livro didático

Designer instrucional
Cristina Klipp de Oliveira

UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Didático

Professor conteudista Diagramador(a)


Jardel Mendes Vieira Marina Broering Righetto

Designer instrucional Revisão


Cristina Klipp de Oliveira Contextuar

Projeto gráfico e capa ISBN


Equipe UnisulVirtual 978-85-7817-951-9

e-ISBN
978-85-7817-950-2

V71
Vieira, Jardel Mendes
Atividade agroindustrial : livro didático / Jardel Mendes Vieira ; design
instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
127 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-951-9
e-ISBN 978-85-7817-950-2

1. Agroindústria. I. Oliveira, Cristina Klipp de. II. Título.

CDD (21. ed.) 338.1

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Introdução | 7

Capítulo 1
Atividade agrícola | 9

Capítulo 2
Empresa Agroindustrial  | 33

Capítulo 3
Contabilidade Agroindustrial  | 59

Capítulo 4
Demonstrativos contábeis e relatórios gerenciais na
Atividade Agroindustrial | 101

Considerações Finais | 119

Referências | 121

Sobre o Professor Conteudista | 127


Introdução

No Brasil, o agronegócio possui um papel importantíssimo na economia. Desde


o início das civilizações, o homem já dependia do plantio e cultivo da terra para
sobreviver, retirando da natureza tudo o que ela espontaneamente lhe oferecia,
sendo que as propriedades rurais produziam várias culturas e criações diferentes
para sua autoexistência.

O gestor de uma empresa rural tem a função de planejar, controlar, decidir e


avaliar os resultados, além de conhecer os fatores externos, acompanhando
e analisando o comportamento do mercado, uma vez que seus produtos são
commodities (que não têm marca) e seus preços dependem exclusivamente
da lei da oferta e da procura. Sobre os fatores internos, tem que haver um
controle direto por parte do gestor, conhecendo bem para ter o maior proveito,
acompanhando e analisando a sua capacidade de produção e prestação de
serviços.

A contabilidade, por sua vez, se insere como uma ferramenta de controle que
visa a acompanhar as variações do patrimônio das empresas rurais subsidiando
os gestores nas tomadas de decisões. A Contabilidade Rural também fornece
informações sobre condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir
custos ou despesas, necessidades de buscar recursos; tendo como característica
e finalidade principal o planejamento.
Capítulo 1

Atividade agrícola
A agropecuária é o conjunto das atividades ligadas à agricultura e à pecuária.
Apresenta grande importância para a humanidade e para a economia, visto que
sua produção é destinada ao consumo humano e à venda dos produtos obtidos.

Seção 1
Administração Rural
Nos últimos tempos surgiu a necessidade de se abordar a agricultura como parte
de um sistema maior. No contexto atual, é necessário que os atores envolvidos
no setor agroindustrial tenham uma visão holística do negócio, que vislumbrem o
todo, suas partes relevantes e inter-relacionamentos. Assim, não é mais possível
planejar setorialmente, sem levar em conta os desdobramentos ao longo da
cadeia de produção. Otimizações isoladas não garantem a sua otimização global.
Assim, o administrador rural deve conhecer e atuar considerando esta realidade.

Agricultura
A agricultura é a lavoura ou o cultivo da terra e inclui todos os trabalhos
relacionados com o tratamento do solo e a plantação de vegetais. As atividades
agrícolas destinam-se à produção de alimentos e à obtenção de verduras
(legumes), frutas, hortaliças e cereais (SANTOS; SANTANA, 2012).

Já Mendes (2015, p. 3) enfatiza que a “agricultura é um termo que remete para


a arte de cultivar os campos, representando também o trabalho e as técnicas
usadas para a obtenção dos produtos agrícolas”.

VIEIRA, Jardel Mendes. Atividade agroindustrial. Palhoça: UnisulVirtual, 2016, p. 9-32.

9
Capítulo 1

A agricultura implica a transformação do meio ambiente para satisfazer as


necessidades do homem. É esta capacidade que distingue o ser humano dos
restantes seres vivos.

O surgimento da agricultura foi um passo essencial no desenvolvimento da


humanidade. Os historiadores afirmam que, no período Neolítico, o homem
passou da caça, da pesca e das colheitas para as atividades agrícolas e
pecuárias. O trigo e a cevada terão sido as primeiras plantas a serem cultivadas.

Acredita-se que as pessoas começaram a desenvolver a agricultura a partir do


momento em que certas alterações climáticas tornaram a temperatura mais
amena e na sequência da escassez da caça e dos alimentos cultivados em
determinadas regiões.

Com a agricultura, os alimentos disponíveis passaram a aumentar, bem como


a quantidade da população em nível global. Por outro lado, as sociedades
tornaram-se sedentárias e passaram a considerar a propriedade privada sobre
bens imóveis.

Atualmente, os trabalhadores agrícolas recorrem à tecnologia e à engenharia


genética para melhorar a produtividade do solo e dos cultivos. Da mesma forma,
a ciência tem contribuído para que as sementes sejam mais resistentes às pragas
e se possam adaptar a diferentes climas e solos.

Agricultura familiar
Agricultura familiar é vista como o cultivo da terra por parte de uma família, onde os
agricultores são gestores e trabalhadores das suas próprias terras (LOPES, 2010).

No entanto, agricultura familiar pode não representar uma pequena produção,


pequeno agricultor ou agricultura de subsistência. Muitos desses termos
implicam que o agricultor vive em uma situação precária, o que pode não
corresponder à verdade.

Agricultura familiar se diferencia de agricultura de subsistência porque nesta


última a totalidade dos produtos são usados para a sobrevivência do agricultor
e de sua família. Ao contrário da agricultura comercial, na agricultura de
subsistência os produtos não são vendidos.

Agricultura orgânica
Também conhecida como agricultura biológica, a agricultura orgânica remete
para a produção sem a utilização de agrotóxicos, com o objetivo de obter
produtos mais saudáveis, naturais e com maior durabilidade. Em muitos casos, a
agricultura está intimamente relacionada com a agricultura sustentável (PORTO
NETO, 2014).

10
Atividade agroindustrial

Agricultura sustentável é aquela que respeita o meio ambiente, é justa do


ponto de vista social e consegue ser economicamente viável. A agricultura
para ser considerada sustentável deve garantir, às gerações futuras, a
capacidade de suprir as necessidades de produção e qualidade de vida no
planeta (ETCHEPARE, 2015).

Os princípios e as características fundamentais da agricultura sustentável (ações


importantes) estão elencados a seguir (ETCHEPARE, 2015).

•• Diminuição de adubos químicos, através da técnica da fixação


biológica de nitrogênio.
•• Uso de técnicas em que não ocorram a poluição do ar, do solo e da
água.
•• Prática da agricultura orgânica, pois esta não utiliza pesticidas e
adubos químicos.
•• Criação e uso de sistemas de captação de águas das chuvas para
ser utilizada na irrigação.
•• Não desmatar florestas e matas para a ampliação de áreas agrícolas.
•• Uso racional ou, quando possível, eliminação dos pesticidas.
Pesticidas ilegais não devem ser usados em hipótese alguma,
pois, além de contaminar o solo, podem prejudicar a saúde de
consumidores e funcionários que manipulam estes produtos. Há
casos de morte em função do uso de pesticidas ilegais.
•• Uso da agroenergia, que são fontes de energia geradas no campo
como, por exemplo, biocombustíveis (biodiesel, biogás, etanol e
outros derivados de restos da produção e biomasssa). A preferência
deve ser sempre pelo uso de fontes de energia limpa e renovável,
evitando ao máximo o uso de combustíveis fósseis (gasolina e
diesel).
•• Adoção do Sistema de Plantio Direto, que preserva a capacidade
produtiva do solo. Este sistema se baseia em: não arar o solo antes
do plantio, cobrir o solo com folhagens secas e fazer a rotação de
cultura.
•• Adoção da Gestão Ambiental e Territorial em que são feitos estudos
para que cada prática agrícola seja executada em áreas e climas
onde a cultura vai alcançar maior rendimento com menor desgaste
do solo. É levado em conta também, neste sistema, a proximidade
da área produtiva com o mercado consumidor, visando a diminuir os
custos com transporte e a poluição do ar gerada.

11
Capítulo 1

•• Respeito às leis trabalhistas dos trabalhadores do campo,


investimento em capacitação profissional e pagamento de salários
justos.
•• Nunca utilizar mão de obra infantil ou trabalho escravo. Cabe ao
governo fiscalizar e punir aqueles que praticam este tipo de crime.
•• Valorização da agricultura familiar que gera trabalho e renda às
famílias rurais, possibilitando suas permanências no campo.

Os sistemas agropecuários
De acordo com o predomínio de um dos três fatores — terra, trabalho e capital
—, o desenvolvimento da atividade agropecuária classifica-se em três sistemas
principais (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

a) Sistema extensivo (predomínio do fator terra)

Observa-se nas regiões subdesenvolvidas do globo, onde a produção está


diretamente relacionada com a extensão da área utilizada, pois não conta
com investimentos de capital e tecnologia. Economicamente, apresenta baixa
produtividade (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

A agricultura extensiva é praticada de diversas formas, destacando-se a


agricultura itinerante ou roça tropical: o agricultor ocupa uma área verde adotando
procedimentos primitivos, como o desmatamento e a queimada; isso provoca
esgotamento precoce do solo, o que leva o agricultor a mudar-se para nova área,
onde repetirá o processo (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

Quanto à pecuária extensiva, caracteriza-se pela criação de rebanhos numerosos,


que vivem soltos, normalmente sem tratos especiais — o que requer pouca mão
de obra.

Dispersos em grandes áreas com pastagens naturais (em geral em solos


pobres ou esgotados), os animais procuram o próprio alimento. Seu constante
deslocamento pelo terreno afeta a qualidade da carne (tornando-a rija e cheia de
músculos), a qual também costuma ser prejudicada pela falta de cuidados com a
higiene e a saúde (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

b) Sistema intensivo de mão de obra (predomínio do fator trabalho)

Observa-se em regiões subdesenvolvidas onde a grande densidade demográfica


favorece a ampla utilização de mão de obra na agricultura.

É comum no Sudeste Asiático e no Extremo Oriente, onde recebe o nome de


agricultura de jardinagem.

12
Atividade agroindustrial

c) Sistema intensivo (predomínio do fator capital)

Observado nos países desenvolvidos e em algumas regiões de países


subdesenvolvidos, tem o objetivo econômico de atender às necessidades do
mercado consumidor interno e externo, fornecendo alimentos e matérias-primas
industriais (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

Na produção agrícola, corresponde à agricultura moderna ou comercial,


desenvolvida com larga aplicação de capital e recursos técnicos, pouca mão
de obra (normalmente assalariada), em propriedades de qualquer tamanho —
pequeno, médio ou grande. São comuns a mecanização, o uso de fertilizantes, o
combate à erosão e às pragas, a seleção de sementes etc.

A pecuária intensiva geralmente abrange pequenos rebanhos, criados em


pequenas áreas e submetidos a muitos cuidados com higiene e saúde, que
requerem maior quantidade de mão de obra. Embora o custo da criação seja
elevado, é compensado pelo lucro obtido com a alta produtividade: o objetivo é
criar o melhor animal no menor tempo e pelo menor custo. Para isso, investe-se
também na aplicação de métodos zootécnicos.

A Agricultura e a Biotecnologia
Segundo Santos (2009, p. 13),

[...] a ciência, que há tempos contribui com a pecuária para a


obtenção de animais de melhor qualidade, mais recentemente
vem ampliando as pesquisas da biotecnologia ou engenharia
genética voltadas para o setor agrícola, com o desenvolvimento
em diversos países de produtos conhecidos como transgênicos.

Ainda para autor (2009, p. 13), “trata-se de vegetais geneticamente modificados


(por exemplo, com a inserção no seu DNA de genes de outras espécies), de
modo a se tornarem mais resistentes à ação dos agrotóxicos utilizados no seu
cultivo e aos insetos”.

Já foram desenvolvidas sementes transgênicas para diversos produtos agrícolas,


como soja (cujo cultivo é o que mais tem utilizado esse tipo de recurso), arroz,
tomate, laranja, milho e batata. Entretanto, apesar dos argumentos favoráveis
à biotecnologia agrícola — maior produtividade, alimentos mais nutritivos e
saudáveis —, há reações negativas da parte de consumidores e ambientalistas.
Primeiro porque não foi comprovado que os transgênicos não afetam a saúde
humana; segundo porque, sendo resistentes à ação dos agrotóxicos, eles
induzem a um aumento do uso de herbicidas, inseticidas e fungicidas que podem
contaminar facilmente os solos e as águas (SANTOS, 2009).

13
Capítulo 1

A Agricultura no Brasil
Embora atualmente a maior parte da produção econômica brasileira esteja
concentrada na atividade industrial, a agricultura, que sempre foi muito
importante no país, ainda ocupa um lugar de destaque (COLÉGIO ACADEMIA,
2015):

•• emprega mais de 20% da mão de obra ativa, gerando empregos nas


áreas de transporte, armazenagem e transformação de produtos,
comércio etc.;
•• fornece alimentos à população e matérias-primas para os mais
diversos setores industriais, como o alimentício, o energético, o
têxtil, entre outros;
•• produz cerca de 25% da renda das exportações nacionais.

A Pecuária no Brasil
Apesar de alguns rebanhos brasileiros estarem entre os maiores do mundo, a
pecuária é pouco significativa para a economia do país.

Dada a carência alimentar (sobretudo proteica) da população, essa atividade


deveria ser alvo de grandes investimentos; contudo, prevalece a criação
extensiva, realizada de forma tradicional, sem o uso de técnicas. Vários
problemas atingem a maior parte dos rebanhos (COLÉGIO ACADEMIA, 2015):

•• baixa qualidade;
•• baixa fertilidade (devida à alimentação e ao manejo deficientes);
•• grande incidência de doenças;
•• alta mortalidade, principalmente de animais jovens;
•• crescimento retardado das crias por perdas de peso nas estiagens e
por alimentação incompleta;
•• perdas de peso ou morte nas viagens entre as áreas de produção,
engorda e abate;
•• baixa rentabilidade, que impede a introdução de métodos
zootécnicos;
•• dificuldades de mercado no Brasil e dificuldades de exportação.

Os principais Rebanhos Brasileiros


O Brasil é o segundo produtor de gado bovino do mundo, perdendo apenas para
a Índia, que tem 210 milhões de cabeças. Destaca-se também pelo rebanho
suíno, do qual é o terceiro produtor mundial, sendo precedido pela China e os
Estados Unidos. (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

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Atividade agroindustrial

Exploração dos Solos Brasileiros


A concepção de que o Brasil é um paraíso agrícola, no qual “em se plantando,
tudo dá”, não está de acordo com o quadro natural do país: os solos férteis são
relativamente raros e muito vulneráveis à ação do clima quando desmatados
(COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

Nas áreas de clima equatorial, a grande quantidade de chuvas provoca a


lixiviação (lavagem) dos solos e deles retira a fina camada fértil, deixando
expostas as camadas pobres em nutrientes. Nas áreas de clima tropical, a
alternância de uma estação seca prolongada com uma estação chuvosa favorece
a latinização dos solos (grande concentração de hidróxido de ferro e alumínio na
superfície), que dificulta o seu aproveitamento (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).

Ocorre que, por muito tempo, ignorou-se que a utilização dos solos nessas áreas
exige cuidados especiais, pesados investimentos e planificação adequada. Assim,
historicamente, desenvolveu-se no Brasil uma agricultura extensiva, com pouca
utilização de adubos e fertilizantes, sem combate acional às pragas e à erosão.
Resultado: baixo rendimento por hectare, com vastos espaços, antes férteis,
abandonados ou transformados em áreas de pastagens.

Propriedade Rural
A Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e a Lei n. 8.629, de
25/2/1993, definem “imóvel rural” como sendo o prédio rústico, de área contínua
qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à
exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada.

Desse conceito extrai-se que, estando localizado em área urbana ou rural e


constituído por uma ou mais áreas identificadas por meio de suas respectivas
matrículas imobiliárias — inclusive nos casos de posse com ou sem título —, o
imóvel rural a que se refere o direito agrário caracteriza-se, essencialmente, pela
formação de uma unidade de exploração econômica, quer seja representada
por uma única propriedade imobiliária, quer seja pelo grupamento dessas
propriedades (§ 3º, do art. 46, da Lei n. 4.504, de 30/11/1964).

Considera-se como um único imóvel, uma ou mais áreas contínuas, registradas


ou não, pertencentes ao mesmo proprietário ou posseiro, de forma individual
ou em comum (condomínio ou composse), mesmo na ocorrência das hipóteses
abaixo:

I - estar situado total ou parcialmente em um ou mais municípios;

II - estar situado total ou parcialmente em zona rural ou urbana;

15
Capítulo 1

III - ter interrupções físicas tais como: cursos d’água e estradas, desde que seja
mantida a unidade econômica, ativa ou potencial.

O Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) é documento emitido


pelo Incra que constitui prova do cadastro do imóvel rural e é indispensável
para desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda o
imóvel rural e para homologação de partilha amigável ou judicial (sucessão
causa mortis) de acordo com os parágrafos 1º e 2º, do artigo 22, da Lei n.
4.947, de 6 de abril de 1966, modificado pelo artigo 1º da Lei n. 10.267, de
28 de agosto de 2001.

Os dados constantes do CCIR são exclusivamente cadastrais, não legitimando


direito de domínio ou posse, conforme preceitua o parágrafo único, do artigo 3º,
da Lei n. 5.868, de 12 de dezembro de 1972. O CCIR é essencial também para a
concessão de crédito agrícola, exigido por bancos e agentes financeiros.

Produtor Rural
No mundo e no Brasil, a grande maioria das empresas, independente do setor da
economia a que pertencem, são empresas familiares. Esse fator leva as empresas
ao sucesso na primeira geração, mas posteriormente, nas gerações seguintes, a
sérias dificuldades de continuidade, devido, principalmente, aos atritos familiares
(MORO, 2011).

Até pouco tempo atrás, vários produtores rurais brasileiros não tratavam seus
negócios como empresas, embora as mesmas assim fossem, mas atualmente
está mudando rapidamente o conceito antigo (MORO, 2011).

Com o crescimento da importância do Agronegócio Brasileiro, as relações


comerciais e os controles fiscais, trabalhistas, fundiários e ambientais
aumentaram a necessidade de uma maior organização administrativa do negócio
(MORO, 2011).

Paralelamente ao citado anteriormente, os filhos passaram a ter mais interesse


nos negócios dos pais, pelos bons resultados econômicos que os mesmos vêm
apresentando e que certamente continuarão tendo.

Atualmente tanto os filhos que trabalham com os pais nas propriedades, como
os que estão fora delas, querem participar, opinar e acompanhar o negócio da
família, e isto obriga que a relação, Amor X Dinheiro, seja regrada e administrada
de uma forma que não ocorra atritos familiares e nem perda de competitividade
da empresa.

16
Atividade agroindustrial

Com a complexidade existente, começaram os produtores rurais a transformarem


seus negócios em empresas rurais constituídas juridicamente, o que realmente
facilita em muito o estabelecimento das relações, comerciais e familiares, visando
à harmonia familiar e ao crescimento econômico e sustentável das empresas.

Produtor rural é a pessoa física (pessoa natural) ou pessoa jurídica (união


de indivíduos através de trato reconhecido por lei, com personalidade
jurídica distinta de seus membros) que explora a terra visando à produção
vegetal, à criação de animais (produção animal) e também à industrialização
desses produtos primários pela produção agroindustrial (MARION, 2005).

As pessoas físicas individualmente poderão também constituir uma pessoa


jurídica distinta. No entanto, no Brasil, prevalece a exploração na forma de
pessoa física, por ter tratamento fiscal mais simplificado na legislação do Imposto
de Renda (MARION, 2005).

As pessoas físicas enquadradas como pequenos e médios produtores rurais não


precisam, para fins de Imposto de Renda, fazerem escrituração regular em livros
contábeis, podendo apenas utilizarem uma escrituração simplificada através do
livro caixa.

Somente as pessoas físicas consideradas como grandes produtores rurais serão


equiparados à pessoa jurídica para fins fiscais e ficam obrigadas à escrituração
integral fiscal e contábil.

Produtor Rural Pessoa Física versus Previdência Social


A contribuição do produtor rural pessoa física, contribuinte individual ou segurado
especial, é de 2,3% sobre o valor da comercialização da produção rural, sendo
2,1% ao INSS e 0,2% ao SENAR (SENAR, 2012).

•• Segurado Especial: é o produtor que trabalha em regime de


economia familiar, em área de até 4 módulos fiscais e sem
empregados permanentes. Pode ter empregados temporários nos
termos da Lei n. 11.718/2008. Para requerer qualquer benefício,
deverá comprovar o exercício da atividade rural através da Nota
Fiscal do Produtor Rural (SENAR, 2012).
•• Contribuinte Individual: é o produtor que possui área superior a 4
módulos fiscais, mesmo sem empregados ou com empregados
independentemente do tamanho da área. Para requerer quaisquer
benefícios previdenciário, deverá comprovar o recolhimento de sua
própria contribuição previdenciária (GPS – Carnê do INSS) (SENAR,
2012).

17
Capítulo 1

Quando o produtor comercializa sua produção com outro produtor rural pessoa
física, diretamente no varejo, com destinatário incerto ou não comprovar
formalmente o destino da produção, o recolhimento é efetuado pelo próprio
produtor rural pessoa física (Contribuinte Individual e Segurado Especial),
cadastrado junto ao INSS no Cadastro Específico do INSS (CEI). O recolhimento
é feito através da Guia da Previdência Social (GPS) (SENAR, 2012).

Quando o produtor comercializa sua produção com empresa adquirente,


consignatária ou cooperativa, o recolhimento é efetuado pela empresa adquirente,
consignatária ou cooperativa, que sub-rogasse nas obrigações do produtor rural
pessoa física, efetuando a retenção e o recolhimento mediante GPS (SENAR,
2012).

Notas:

1. O produtor rural enquadrado como contribuinte individual é um


segurado obrigatório da Previdência Social, devendo recolher sua
própria contribuição previdenciária (Carnê do INSS).
2. O empregador rural pessoa física que contratar contribuinte
individual (autônomo) para lhe prestar serviços deverá recolher a
contribuição previdenciária de 20% sobre a remuneração para esse
trabalhador.
3. O empregador rural pessoa física que contratar cooperados,
através de cooperativa de trabalho para lhe prestar serviços, deverá
recolher contribuição previdenciária de 15% sobre a nota fiscal
emitida pela empresa.
4. Sobre as exportações, há imunidade da alíquota previdenciária
(2,1%) e somente quando a exportação for direta do produtor
para o adquirente domiciliado no exterior. A alíquota destinada ao
SENAR (02%) continua devida em qualquer caso. A contribuição ao
SENAR sobre a receita das exportações deve ser recolhida em GPS
com o código 2615, observando as informações em GFIP/SEFIP
conforme a IN RFB n. 1.338/2013 (SENAR, 2012).

Produtor Rural Pessoa Jurídica versus Previdência Social


Produtor Rural Pessoa Jurídica é o empregador rural que, constituído sob a forma
de firma individual ou de empresário individual, assim considerado pelo art. 931
da Lei n. 10.406, de 2002 (Código Civil), ou sociedade mercantil, tem como fim
apenas a atividade de produção rural.

18
Atividade agroindustrial

Enquadramento para fins de Recolhimento da Contribuição Previdenciária


•• Se o produtor rural pessoa jurídica explorar a atividade
exclusivamente rural, contribuirá sobre sua comercialização rural.
•• Se exerce outra atividade autônoma, seja ela comercial, industrial ou
de serviços contribuirá com base na folha de pagamento.
•• Se prestar serviços a terceiros em condições em que não caracteriza
atividade econômica autônoma, recolherá sobre a somente com
relação a estes trabalhadores, devendo essa receita ser excluída da
base de cálculo da contribuição sobre a receita bruta.
•• Se mantiver escritório administrativo fora da sede, exclusivamente
para o exercício de atividade rural, deve contribuir com base na
receita bruta da comercialização da produção rural (SENAR, 2013).

Atividade Econômica Autônoma


É considerada atividade econômica autônoma a que não constitui parte de
atividade econômica mais abrangente ou fase de processo produtivo mais
complexo, e seja exercida mediante estrutura operacional definida, em um ou
mais estabelecimentos (SENAR, 2013).

São deveres:

•• registrar-se na Junta Comercial como Pessoa Jurídica;


•• efetuar a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ),
na Secretaria da Receita Federal do Brasil;
•• promover a inscrição no INSS de seus sócios-gerentes e sócios-
cotistas com retirada de Pró-Labore como contribuintes individuais,
se ainda não inscritos;
•• preencher e recolher a Guia de Recolhimento do FGTS e
Informações à Previdência Social (GFIP) por meio magnético
através do SEFIP, informando a remuneração dos empregados,
trabalhadores avulsos e contribuintes individuais que lhe prestam
serviço, bem como o valor de sua produção rural e/ou as adquiridas
de terceiros (SENAR, 2013).

19
Capítulo 1

Contribuição sobre a Comercialização Rural


A base de cálculo das contribuições sociais devidas pelo produtor rural é:

1. o valor da receita bruta proveniente da comercialização da sua


produção e dos subprodutos e resíduos, se houver;
2. o valor do arremate da produção rural;
3. o preço de mercado da produção rural dada em pagamento,
permuta, ressarcimento ou em compensação (SENAR, 2013).

Nota:

Na hipótese de a documentação não indicar o valor da produção dada em


pagamento, ressarcimento ou em compensação, tomar-se-á, como base de
cálculo das contribuições, o valor da obrigação quitada (SENAR, 2013).

Alíquotas

2,5% - INSS;

0,1% - RAT;

0,25% - SENAR.

O responsável pelo recolhimento é:

a. o próprio produtor rural pessoa jurídica, quando comercializar sua


produção rural;
b. o próprio produtor rural pessoa jurídica, quando adquire produção
rural do produtor rural pessoa física ou segurado especial, fica
sub-rogado nas obrigações do produtor rural pessoa física e do
segurado especial (SENAR, 2013).

Produtor Rural versus Receita Federal do Brasil

a. Tributação do Resultado da Atividade Rural

O resultado da atividade rural, quando positivo, integrará a base de cálculo do


imposto na Declaração de Ajuste Anual. Para sua apuração, as receitas e despesas
RIR Regulamento do são computadas mensalmente pelo regime de caixa.
Imposto de Renda (RIR/1999, arts. 62 e 68; IN SRF n. 83, de 2001, art. 11)

20
Atividade agroindustrial

b. Forma de Apuração do Resultado da Atividade Rural

O resultado da exploração da atividade rural exercida pela pessoa física é


apurado mediante a escrituração do livro Caixa, abrangendo as receitas, as
despesas, os investimentos e demais valores que integram a atividade (RECEITA
FEDERAL DO BRASIL, 2006).

A escrituração e a apuração devem ser feitas em destaque, por contribuinte,


pelo valor global das receitas auferidas das unidades rurais exploradas
individualmente, em conjunto ou em comunhão em decorrência do regime de
casamento (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Quando a receita bruta total auferida no ano-calendário não exceder a R$


56.000,00 é facultada a apuração mediante prova documental, dispensada a
escrituração do livro Caixa, encontrando-se o resultado pela diferença entre
o total das receitas e o das despesas/investimentos (RECEITA FEDERAL DO
BRASIL, 2006).

Também é permitida à pessoa física apurar o resultado pela forma contábil.


Nesse caso, deve efetuar os lançamentos em livros próprios de contabilidade,
necessários para cada tipo de atividade (Diário, Caixa, Razão etc.), de acordo
com as normas contábeis, comerciais e fiscais pertinentes a cada um dos livros
de registro utilizados (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Ressalte-se que, no caso de exploração de uma unidade rural por mais de uma
pessoa física, cada produtor rural deve escriturar as parcelas da receita, da
despesa de custeio e dos investimentos que lhe caibam.

Insuficiência de Caixa
A escrituração consiste em assentamentos das receitas, despesas de custeio,
investimentos e demais valores que integram a atividade rural, em livro Caixa. As
insuficiências de caixa apuradas devem estar inequivocamente justificadas pelos
rendimentos das demais atividades, rendimentos tributados exclusivamente na
fonte ou isentos e por adiantamentos ou empréstimos, subsídios e subvenções
obtidos, coincidentes em datas e valores, comprovados por documentação
idônea (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Livro Caixa Eletrônico


É permitida a escrituração do livro Caixa pelo sistema de processamento
eletrônico, com subdivisões numeradas, em ordem sequencial ou
tipograficamente.

21
Capítulo 1

O livro Caixa independe de registro em órgão da Secretaria da Receita Federal


(SRF) ou em qualquer repartição pública, deve ser numerado sequencialmente
e conter, no início e no encerramento, anotações em forma de “Termos” que
identifiquem o contribuinte e a finalidade do livro (RECEITA FEDERAL DO BRASIL,
2006).

Contratos Agrários
Os contratos de arrendamento e parceria são basicamente semelhantes no que
concerne à natureza jurídica, pois em todos há cessão de uso e gozo de imóvel
ou de área rural, parte ou partes dos mesmos, incluindo, ou não, outros bens,
benfeitorias e facilidades, com o objetivo de neles ser exercida atividade de
exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista, a outra
pessoa ou ao conjunto familiar, pelo proprietário, posseiro ou pessoa que tenha
a livre administração dos bens; porém, diferem substancialmente na forma de
remuneração do cedente (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2010):

a. no arrendamento ou subarrendamento, o cedente (arrendador


ou subarrendador) recebe do arrendatário ou subarrendatário
retribuição certa ou aluguel pelo uso dos bens cedidos;
b. na parceria ou subparceria, o cedente (parceiro-outorgante)
partilha com o parceiro-outorgado os riscos, frutos, produtos e os
resultados havidos, nas proporções estipuladas em contrato.

Por outro lado, na propriedade em comum, copropriedade ou condomínio, os


proprietários, os coproprietários ou os condôminos partilham os riscos, frutos
ou resultados havidos, na proporção da parte que lhes caiba no total. (Decreto n.
59.566, de 1966)

Arrendatário e Parceiro
Para fins de exploração da atividade rural, conceitua-se como arrendatário ou
subarrendatário (também conhecido como locatário ou foreiro) e como parceiro-
outorgado ou subparceiro-outorgado (também conhecido como sócio, meeiro,
terceiro, quartista ou percentista) a pessoa, ou o conjunto familiar representado
pelo seu chefe, que recebe o imóvel ou a unidade rural, parte ou partes dos
mesmos, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e facilidades, e neles exerce
qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista,
sob contrato de arrendamento ou parceria rural (RECEITA FEDERAL DO BRASIL,
2006).

22
Atividade agroindustrial

Atenção:

Para ter plena validade perante o fisco, esses contratos devem ser comprovados
por instrumento escrito.

Arrendatário, condômino, cônjuge e parceiros na exploração de atividade rural


devem apurar o resultado, separadamente, na proporção das receitas e despesas
que couber a cada um (Decreto n. 59.566, de 1966; RIR/1999, art. 59).

No caso de rendimentos comuns decorrentes do regime de casamento, o


resultado, opcionalmente, pode ser apurado e tributado na sua totalidade, em
nome de um dos cônjuges, que declara os demais rendimentos comuns ao casal
(RIR/1999, art. 6º, § único).

Mais de um Contrato de Parceria para a mesma Unidade


O parceiro ou subparceiro devem apurar, separadamente, as receitas, despesas,
lucros ou prejuízos vinculados a cada uma das situações ocorridas no período,
preenchendo o Demonstrativo da Atividade Rural, quando a isso estiverem
obrigados. Na declaração, cada parceiro ou subparceiro outorgado adicionará o
resultado correspondente à parcela que lhes couber na parceria (RIR/1999, art.
59; IN SRF n. 83, de 2001, art. 14).

Rendimentos no Usufruto
O usufrutuário deve tributar os rendimentos de acordo com a natureza destes, ou
seja, deve apurar o resultado da atividade rural, desde que exerça essa atividade
no imóvel rural objeto do usufruto; caso contrário, o rendimento de qualquer outra
natureza se sujeita ao carnê-leão, se recebido de pessoa física, ou à retenção
na fonte, se pago por pessoa jurídica, e, também, ao ajuste na declaração anual
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Ressalte-se que o usufruto deve estar formalizado por escritura pública transcrita
no registro de imóvel competente.

Animais em Propriedade de Terceiros


O tratamento tributário para animais em propriedade de terceiros responde a dois
procedimentos básicos, acompanhe.

1. Se essa pessoa explora atividade rural na propriedade de terceiros


como arrendatário desta ou como parceiro, as quantias auferidas
nessa atividade são incluídas como receita da atividade rural
explorada (Lei n. 8.023, de 1990; IN SRF n. 83, de 2001, art. 14).

23
Capítulo 1

2. Excetuada a hipótese acima referida:


a. os rendimentos auferidos na venda são tributados como ganho de
capital, se esta atividade não for exercida com habitualidade (Lei n.
7.713, de 1988, art. 3º, § 2º ); ou
b. se houver habitualidade e fim especulativo de lucro, a pessoa física
é considerada empresa individual equiparada à pessoa jurídica,
sendo seus lucros tributados nessa condição (RIR/1999, arts. 150,
541 e 542).

Contratos com Gado


Uma vez que os rendimentos devem ser classificados segundo a sua natureza,
somente é considerado rendimento da atividade rural, neste caso, aquele
oriundo de contrato de parceria em que haja partilha dos riscos, frutos, produtos
e resultados havidos, nas proporções estipuladas no contrato. Nos demais
casos, trata-se de arrendamento, pois o proprietário dos animais recebe
retribuição líquida e certa pelo prazo estipulado, sem qualquer risco, mesmo que
o rendimento seja predeterminado em número de reses no contrato (RECEITA
FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Captura In Natura do Pescado


Considera-se atividade rural a captura in natura do pescado realizada por
embarcações, inclusive a exploração realizada em regime de parceria, desde
que a exploração se faça com apetrechos semelhantes aos da pesca artesanal
(arrastões de praias, redes de cerca etc.) (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Atenção:

O beneficiamento ou a industrialização de pescado in natura não são


considerados atividade rural para efeito do art. 2º da Lei n. 8.023, de 1990.

Rendimento da Avicultura
A avicultura é considerada pela legislação tributária como atividade rural, aí
incluída a produção de ovos, que não se descaracteriza como tal em virtude
da utilização de máquinas para lavagem, classificação e embalagem de ovos
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Atenção:

O fato de o produtor rural entregar, mediante contrato de prestação de serviços,


ovos férteis de sua produção, para que sejam incubados por terceiros, não
descaracteriza a atividade rural, uma vez que o risco da atividade permanece

24
Atividade agroindustrial

com o produtor. A incubação faz parte da produção dos “pintainhos de um dia”,


portanto é irrelevante se a mesma é executada pelo produtor ou por terceiros.

Venda de Árvores Plantadas


Os rendimentos recebidos na venda de árvores plantadas têm o seguinte
tratamento (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

1. Se as árvores plantadas são produto de atividade rural exercida


pelo alienante como proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou
condômino, as quantias recebidas são incluídas na receita bruta do
imóvel rural explorado (RIR/1999, art. 61; IN SRF n. 83, de 2001, art.
5º).
2. Se as árvores plantadas não são produto de atividade rural exercida
pelo alienante:
a. os rendimentos auferidos na venda são tributados como ganho de
capital, se esta atividade não for exercida com habitualidade (Lei n.
7.713, de 1988, art. 3º, § 2º); ou
b. se houver habitualidade e fim especulativo de lucro, a pessoa física
é considerada empresa individual equiparada à pessoa jurídica,
sendo seus lucros tributados nessa condição (Lei n. 7.256, de 1984;
RIR/1999, arts. 150, 541 e 542).
Atenção:

Considera-se, também, atividade rural o cultivo de florestas que se destinem ao


corte para comercialização, consumo ou industrialização (Lei n. 9.430, de 1996,
art. 59).

Venda de Produtos da Atividade Rural aos Centros de Abastecimento


O produtor rural que em seu nome vender produtos de sua atividade rural
diretamente a centros de abastecimento, fornecendo notas de venda para atender
às exigências do fisco estadual, não perde a condição de pessoa física, devendo
os rendimentos derivados dessa atividade compor o resultado da atividade rural
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Produção de Alevinos e Embriões


É considerada atividade rural nos termos do art. 2º da Lei n. 8.023, de 1990, e os
rendimentos dela decorrentes são assim tributados, independentemente de sua
destinação: reprodução ou comercialização.

25
Capítulo 1

Atividade Rural exercida do Exterior


O resultado da atividade rural exercida no exterior por residente no Brasil (que
deve ser apurado separadamente da atividade rural porventura exercida no Brasil)
quando positivo, integra a base de cálculo do imposto devido no ano-calendário.

Na apuração do resultado, que deve ser feita separadamente para cada país
onde a atividade rural foi exercida (na moeda original e posteriormente convertido
para US$) e em seguida totalizada pela soma algébrica do resultado em US$ de
cada país (posteriormente convertida para R$), são aplicadas as mesmas normas
previstas para o contribuinte que exerce a atividade no Brasil.

É vedada a compensação de resultado total negativo do exterior com resultado


positivo do Brasil ou de resultado negativo do Brasil com resultado total positivo
do exterior, sendo, porém, permitida a compensação de resultado total negativo
do exterior com resultado total positivo do exterior de anos posteriores, segundo
as mesmas regras previstas para a compensação de prejuízos apurados no Brasil.

O imposto pago no exterior pode ser compensado na Declaração de Ajuste Anual


até o valor correspondente à diferença entre o imposto calculado com a inclusão
do resultado da atividade rural exercida no exterior e o imposto calculado sem a
inclusão desses rendimentos e desde que não seja restituído ou compensado no
país de origem, observados os acordos, tratados e convenções internacionais
firmados entre o Brasil e o país de origem dos rendimentos ou a existência de
reciprocidade de tratamento (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).

Atenção:

Os dados declarados pelo contribuinte ficam sujeitos à comprovação com


documentos idôneos, a critério da autoridade lançadora, quando esta o solicitar.
À falta destes, o rendimento proveniente da atividade rural no exterior sujeita-se
ao carnê-leão e, também, ao ajuste na declaração anual. (Lei n. 9.250, de 1995,
art. 21; RIR/1999, art. 71, § 1º; IN SRF n. 83, de 2001, arts. 27 e 28; IN SRF n. 208,
de 2002, art. 15)

Extração de Madeira e Fabricação de Carvão


Os rendimentos recebidos por pessoa física que utilize área rural para extração
de madeira ou fabricação de carvão terá o tratamento tributário descrito na
sequência.

1. Se a pessoa física explora atividade rural como proprietário,


posseiro, arrendatário, parceiro ou condômino, utilizando-se do
setor secundário da economia, porém, por meio de procedimento
que não configure industrialização, as quantias recebidas na venda

26
Atividade agroindustrial

da madeira extraída ou do carvão fabricado são incluídas na


receita da atividade rural explorada (Lei n. 8.023, de 1990, art. 2º, V;
RIR/1999, art. 58; IN SRF n. 83, de 2001, arts. 2º e 5º)

2. Excetuada a hipótese acima referida:


a. os rendimentos auferidos na venda são tributados como ganho de
capital, se esta atividade não for exercida com habitualidade (Lei n.
7.713, de 1988, art. 3º, § 2º); ou
b. se houver habitualidade e fim especulativo de lucro, a pessoa física
é considerada empresa individual equiparada à pessoa jurídica,
sendo seus lucros tributados nessa condição (Lei n. 7.256, de 1984;
RIR/1999, arts. 150, 541 e 542).

Após conceituarmos, caracterizarmos e verificarmos a importância da atividade


agrícola para a economia da sociedade, verificaremos na próxima seção os tipos
de atividades que compõem o agronegócio.

Seção 2
Tipos de atividades de agronegócio
Consideram-se como atividade de agronegócio a exploração das atividades
agrícolas, pecuárias, a extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da
apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura (pesca artesanal de
captura do pescado in natura) e outras de pequenos animais; a transformação
de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição
e as características do produto in natura, realizada pelo próprio agricultor ou
criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades
rurais, utilizando-se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada,
tais como: descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho,
pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de
laranja, acondicionados em embalagem de apresentação, produção de carvão
vegetal, produção de embriões de rebanho em geral (independentemente de sua
destinação: comercial ou reprodução).

Também é considerada atividade de agronegócio o cultivo de florestas que se


destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização (Lei n.
9.430, de 1996, art. 59).

27
Capítulo 1

São consideradas ainda atividades do agronegócio, o beneficiamento ou a


industrialização de pescado in natura; a industrialização de produtos, tais como
bebidas alcoólicas em geral, óleos essenciais, arroz beneficiado em máquinas
industriais, o beneficiamento de café (por implicar a alteração da composição e
característica do produto); a intermediação de negócios com animais e produtos
agrícolas (comercialização de produtos rurais de terceiros); a compra e venda
de rebanho com permanência em poder do contribuinte em prazo inferior a 52
(cinquenta e dois) dias, quando em regime de confinamento, ou 138 (cento e
trinta e oito) dias nos demais casos (o período considerado pela lei tem em vista o
tempo suficiente para descaracterizar a simples intermediação, pois o período de
permanência inferior àquele estabelecido legalmente configura simples comércio
de animais); compra e venda de sementes; revenda de pintos de um dia e de
animais destinados ao corte; o arrendamento ou aluguel de bens empregados
na atividade rural (máquinas, equipamentos agrícolas, pastagens); prestação
de serviços de transporte de produtos de terceiros etc (RECEITA FEDERAL DO
BRASIL, 2006).

Segundo Marion (2005, p. 24), as atividades de agronegócio podem ser divididas


em três grandes grupos:

I) Produção vegetal - atividade agrícola;


II) Produção animal - atividade zootécnica;
III) Indústrias rurais - atividade agroindustrial.

I) A atividade agrícola, divide-se em dois subgrupos:

a) Culturas hortícolas e forrageiras:


•• cereais (feijão, soja, arroz, milho, trigo...)
•• hortaliças (verduras, tomate, pimentão);
•• tubérculos (batata, cenoura, mandioca );
•• bulbos (cebola, alho, ...);
•• plantas oleaginosas (mamona, amendoim, girassol,
menta...);
•• fibras (algodão, linho...);
•• especiarias (cravo, pimenta...);
•• floricultura, forragem e plantas industriais.

b) Arboricultura:
•• florestamento (eucalipto, pinho... );
•• pomares (maçã, laranja, manga...);
•• vinhedos, olivais, seringais, etc.

28
Atividade agroindustrial

II) Atividade Zootécnica (criação de animais)


•• apicultura (criação de abelhas);
•• avicultura (criação de aves);
•• sericultura (criação do bicho-da-seda);
•• cunicultura (criação de coelhos);
•• ranicultura (criação de rãs);
•• piscicultura (criação de peixes);
•• pecuária (criação de gado);
•• outros pequenos animais.

III) Atividade Agroindustrial


•• beneficiamento de produtos agrícolas (arroz, café, milho,
conservas;
•• transformação de produtos agrícolas (cana-de-açúcar
em álcool e aguardente, oleicultura, vinicultura, moagem
de trigo e milho);
•• transformação de produtos zootécnicos (mel, laticínios,
casulos de seda, adubos orgânicos).

Na sequência, abordaremos a forma como é determinado o ano agrícola e a sua


relação com o exercício social.

Seção 3
Ano Agrícola x Exercício Social
Um dos questionamentos frequentes do contabilista ao iniciar uma contabilidade
rural é quanto ao término do exercício social. Ao contrário do que ocorre com a
maioria das empresas ao fazer o exercício social coincidir com o ano civil, esta
prática não é adequada para as empresas rurais (MARION, 2005).

As empresas comerciais, industriais ou de serviços, de maneira geral, têm sua


receita e despesa constantes durante os meses do ano, não havendo dificuldade
quanto à fixação do encerramento do exercício social para a apuração de
resultado. Qualquer mês escolhido refletirá o resultado distribuído de maneira
quase uniforme no decorrer dos últimos 12 meses. Como dezembro é o último
mês do ano civil e geralmente ocorre interrupção ou redução das atividades por
férias coletivas, propicia condições adequadas para o inventário de mercadorias
e consequente apuração de resultado.

29
Capítulo 1

No entanto, na atividade rural a concentração da receita normalmente ocorre


durante ou logo após a colheita. Devido a sua produção sazonal, concentrada
em determinado período, muitas vezes em alguns dias do ano, nada mais
justo que após seu término, proceder em seguida a apuração do resultado, tão
importante para a tomada de decisão, sobretudo a respeito do que fazer no novo
ano agrícola (ano agrícola é o período compreendido pela plantação, colheita e
normalmente a comercialização da safra agrícola).

Por outro lado, fazer-se a apuração dos resultados antes da colheita, com a
cultura em formação, seria quase impossível determinar com probidade o valor
econômico desta cultura.

Também na atividade pecuária o período adequado para encerramento do


exercício social não é o ano civil. O ideal é realizá-lo logo após o nascimento dos
bezerros, que de maneira geral, se concentra em determinado período do ano.
Outro critério válido é fixá-lo com base no mês em que se concentra a venda das
rezes para o frigorífico.

Nas propriedades rurais em que há atividades diversificadas, agrícolas


e pecuárias, adequado será adotar como término do exercício social o
mês seguinte ao da ocorrência da colheita ou receita pecuária de maior
representatividade econômica para a propriedade (MARION, 2005).

Na próxima seção, estudaremos a forma jurídica de exploração da atividade


agropecuária, tanto pela pessoa jurídica como pela pessoa física.

Seção 4
Forma Jurídica de Exploração da Agropecuária
As formas jurídicas possíveis de exploração da atividade agropecuária são por
meio de pessoa física e pessoa jurídica. No Brasil, prevalece a pessoa física por
ser menos onerosa e ter mais vantagens fiscais, principalmente quando se trata
de pequenas atividades, pois neste contexto a contabilização da movimentação
desta pessoa física é simplificada, sendo necessário apenas o livro caixa.

Assim, todos os proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer


título de imóvel rural, de acordo com a Lei n. 5.868, de 12 de dezembro de 1972,
conceituados na sequência.

30
Atividade agroindustrial

•• Proprietário - é a pessoa física ou jurídica que possui imóvel rural,


válido e regularmente destacado do patrimônio público registrado
em seu nome no Registro Imobiliário. O proprietário detém o
domínio pleno (domínio direto e útil):
»» domínio direto – diz respeito ao direito de dispor do imóvel rural;
»» domínio útil – diz respeito ao direito de utilizar ou usufruir do
imóvel rural.
•• Enfiteuta ou Foreiro - é a pessoa que possui o domínio útil do imóvel
rural, através de constituição de um título de domínio, caracterizado
como “Carta de Aforamento ou Enfiteuse”.

Nota: o Aforamento ou Enfiteuse deixou de existir com o novo código civil


instituído pela Lei n. 10.406, de 10/01/2002, sendo substituído pelo direito de
superfície. Ressalte-se que os documentos emitidos anteriormente continuam em
pleno vigor.

•• Superficiário – é a pessoa a quem foi concedido o direito de


construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de
Registro de Imóveis (art. 1.369, CC).
•• Usufrutuário - é o titular do direito de usufruto de um bem imóvel
rural, através de cessão ou reserva de usufruto, possuindo, usando,
administrando e percebendo seus frutos, não podendo, entretanto,
dispor do imóvel rural.
•• Nu-proprietário - é a pessoa que detém o direito de dispor do imóvel
rural (domínio direto), não podendo, entretanto, utilizá-lo ou usufruí-
lo, visto que este direito ficou reservado ao usufrutuário (domínio útil).
•• Posseiro a Justo Título - é a pessoa que exerce o direito de posse,
que configura por um ato translativo de domínio, cujo título não foi
ainda levado a registro imobiliário.
•• Posseiro por simples ocupação - posseiros sem documentos de
titulação, promitentes compradores que detém a posse e os titulares
da posse oriunda de concessão de uso fornecida pelo Governo
Federal, Estadual ou Municipal.

Nota: quando o imóvel rural for explorado mediante arrendamento, parceria


ou comodato caberá aos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores
a qualquer título declarar ao INCRA os dados de cada um dos arrendatários,
parceiros ou comodatários, abaixo conceituados.

31
Capítulo 1

•• Arrendatário - é a pessoa que explora imóvel rural, no todo ou


em parte, mediante contrato escrito ou verbal, remunerando o
proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título
com valor predeterminado.
•• Parceiro - é a pessoa que explora o imóvel rural, no todo ou em
parte, mediante contrato agrário escrito ou verbal, remunerando o
proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título
com um percentual da produção alcançada.
•• Comodatário – é a pessoa que explora imóvel rural, no todo ou em
parte, cedido pelo proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a
qualquer título de forma gratuita.

Pelos conceitos e definições da atividade agrícola apresentados neste capítulo,


tivemos a oportunidade de nos aprofundar e compreender a importância que a
mesma tem para o contexto econômico e social da sociedade.

32
Capítulo 2

Empresa Agroindustrial
A agroindústria é o conjunto de atividades relacionadas à transformação de
matérias-primas provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura.
O grau de transformação varia amplamente em função dos objetivos das
empresas agroindustriais. Para cada uma dessas matérias-primas, a agroindústria
é um segmento da cadeia que vai desde o fornecimento de insumos agrícolas até
o consumidor. Em comparação a outros segmentos industriais da economia, ela
apresenta uma certa originalidade decorrente de três características fundamentais
das matérias-primas: sazonabilidade, perecibilidade e heterogeneidade.

Seção 1
Importância da Empresa Rural
Para conhecer as atividades consideradas rurais, é importante definir o que é
uma empresa rural.

Segundo Marion (2005, p. 24), “empresas rurais são aquelas que exploram a
capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais
e da transformação de determinados produtos agrícolas”.

Mas existem outros autores que definem a empresa rural como unidade de
produção. Assim, para Crepaldi (2005, p. 25), “é a unidade de produção em que
são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado
ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

Esses conceitos abordam a empresa rural com atividade de exploração da terra e


criação de animais como atividades de fonte de renda, atuando como organismos
de produção e exercendo funções complementares próprias de qualquer
empresa, como destaca Aloe e Valle (1978):

VIEIRA, Jardel Mendes. Atividade agroindustrial. Palhoça: UnisulVirtual, 2016, p. 33-58.

33
Capítulo 2

•• função técnica, de produção agrícola, zootécnica e agroindustrial;


•• função comercial, de compra de adubos, sementes, inseticidas,
implementos agrícolas, animais e agroindustriais;
•• função financeira, de recebimentos e pagamentos, obtenção de
financiamentos, depósitos bancários, retiradas de depósitos etc;
•• função econômica, de obtenção de lucros e consequente aumento
do patrimônio;
•• função social, de criação de bens econômicos, para satisfazer as
necessidades humanas.

Dentro desse ambiente agroindustrial existe uma classificação de empresa


agrícola de suma importância para a contabilidade, pois à proporção que cada
uma assume é o que determina o uso ou não das ferramentas contábeis.

Aloe e Valle (1978) em seus estudos classificam essa proporção de empresa rural
da seguinte maneira: pequenas, médias e grandes.

As pequenas empresas exploram propriedades de pequenas dimensões,


constituídas de sítios, chácaras e pequenas lavouras; onde não se encontram
registros contábeis, devido à falta de instrução e poucos recursos do agricultor.
Em algumas propriedades o que existe é uma caderneta, onde são anotados os
serviços dos empreiteiros e os salários a serem pagos, assim como as contas a
receber.

As empresas médias exploram fazendas onde os proprietários possuem maiores


recursos e investem muitas vezes em uma única cultura, com pequenas criações.
Nesta categoria, encontram-se a relação de contas pendentes de liquidação, o
livro Diário, cadernetas com a relação de cada funcionário e o extrato de contas
correntes, onde toda escrituração demonstra no final do ano agrícola somente a
renda líquida em dinheiro.

As grandes empresas exploram fazendas de grande extensão territorial,


verdadeiros latifúndios que predominam com a policultura, com indústrias
agrícolas e grandes criações. Possuem uma contabilidade completa com
registros minuciosos que possibilitam o controle de toda propriedade.

Após abordarmos a importância da Empresa Agroindustrial, caracterizaremos,


na sequência, o agronegócio e a sua importância para a economia nacional e
mundial.

34
Atividade agroindustrial

Seção 2
Características do Agronegócio
O setor agrícola apresenta algumas características que o distinguem dos demais
setores da economia. Acompanhe a seguir as destacadas por Crepaldi (2005).

•• Dependência do clima: é a característica mais citada pelos


estudiosos e da qual muitas outras dependem. O clima condiciona
a maioria das explorações agropecuárias. Determina épocas de
plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedades e espécies,
vegetais e animais.
•• Correlação Tempo de Produção versus Tempo de Trabalho:
o processo produtivo desenvolve-se em algumas fases,
independentemente da existência do trabalho físico imediato. O que
não ocorre em outros setores da economia, como, por exemplo, na
indústria onde somente o trabalho modifica a produção. Fator este
que deverá ser sempre levado em conta.
•• Dependência de condições biológicas: as condições determinam
a irreversibilidade do ciclo produtivo, ou seja, não se pode alterar
a sequência da produção (interromper o desenvolvimento de uma
lavoura de milho para se obter soja). Por outro lado, limita-se a
adoção de medidas que normalmente são utilizadas em outros
setores da economia, como recursos para acelerar a produção,
como o estabelecimento de um terceiro turno de trabalho. A
pesquisa agropecuária pode conseguir espécies animais e
variedades vegetais mais precoces e produtivas, mas ainda assim
sujeitas a condições biológicas.
•• Terra como participante da produção: na agropecuária, a terra não é
apenas um suporte para o estabelecimento de atividades produtivas,
ao contrário, na maioria das explorações agropecuárias, participa
diretamente do ciclo produtivo. Assim, é importante conhecê-la
e analisá-la em suas condições químicas, físicas, biológicas e
topográficas.
•• Estacionalidade da Produção: no setor agrícola, normalmente, não
existe fluxo contínuo de produção como na indústria e uma tarefa
pode também não depender de outra. As atividades estão dispersas
por toda a empresa, podendo ocorrer em locais distantes um do
outro. Não há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por
uma equipe que reforma as cercas da propriedade com outra que
faz “a limpeza” das pastagens.

35
Capítulo 2

•• Incidência de Riscos: na agropecuária, a existência de riscos é


de grande proporção, pois explorações podem ser afetadas por
problemas causados pelo clima (seca, geada, granizo), pelo ataque
de pragas e moléstias, e também pelas flutuações de preços de
seus produtos.
•• Produtos não uniformes: na agropecuária, ao contrário da indústria,
há dificuldades em se obter produtos uniformes quanto à forma,
ao tamanho e à qualidade. Esse fato é decorrente das condições
biológicas e acarreta para o empresário rural custos adicionais com
classificação e padronização, além de receitas mais baixas, em
virtude do menor valor dos produtos que apresentarem padrão de
qualidade inferior.
•• Alto custo de saída e/ou entrada: no negócio agrícola, algumas
explorações exigem altos investimentos em benfeitorias e máquinas
e, consequentemente, condições adversas de preço e mercado
devem ser suportadas em curto prazo, pois o prejuízo ao abandonar
a exploração poderá ser maior. A cultura de café e a pecuária
leiteira podem ser consideradas como explorações de alto custo de
entrada, enquanto culturas anuais – milho e soja, por exemplo – são
explorações de menor custo de entrada.

A seguir, verificaremos os tipos de culturas exploradas na Atividade Agrícola:


culturas temporárias e culturas permanentes.

Seção 3
Tipos de Culturas
Na sequência, abordaremos as características das culturas exploradas pela
atividade agrícola.

Culturas temporárias
Com relação à contabilidade agrícola, devemos considerar basicamente o tipo de
cultura existente: cultura temporária ou cultura permanente.

Segundo Marion (2005, p. 38), “culturas temporárias são aquelas sujeitas ao


replantio após a colheita. São arrancadas do solo para que seja feito novo plantio,
como é o caso do arroz, feijão, milho e outros cereais”.

36
Atividade agroindustrial

Essas plantações são contabilizadas no Ativo Circulante, na conta “Cultura em


Formação” e subconta com o nome específico da cultura.

Todos os custos como sementes, fertilizantes, mudas, inseticidas, depreciação


de tratores, mão de obra, mudas, demarcações, serviços profissionais e demais
gastos com a cultura serão registrados nesta rubrica.

Vale observar que se tratando de uma única cultura - o que é raro de ocorrer -
todos os custos se tomam diretos à cultura, sendo apropriados diretamente.
Entretanto, existindo várias culturas, há a necessidade do rateio dos custos
indiretos, proporcionais a cada cultura.

Outro conceito que é conveniente deixar claro neste instante é quanto à


diferenciação entre custo e despesa na agricultura. Por custo na agricultura,
devemos considerar todo gasto identificável direta ou indiretamente com a cultura
como sementes, adubos, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na
cultura, fertilizantes e outros.

Aqueles gastos não identificáveis com a cultura, ou seja, que não contribuíram
para a produção rural em si, e por isso não acumulados no estoque, deverão ser
apropriados como despesa do período, podendo ser classificada em: despesas
comerciais, administrativas e financeiras. Ressalta-se, porém, que ocorrendo
quaisquer dessas despesas, como exemplo juros sobre empréstimo bancário
para custeio exclusivo da plantação de cebola, estes encargos deverão ser
contabilizados no Ativo Circulante, em “Cultura Temporária - Cebola”.

Dessa forma, todos os custos com a cultura temporária, desde a preparação


do solo para o plantio, até a finalização da colheita, serão registrados no Ativo
Circulante, subgrupos “Estoques”.

Com a conclusão da colheita, o saldo da conta “Cultura Temporária” transfere-


se para uma nova conta do Ativo, do grupo Estoque, com o título de “Produtos
Agrícolas” (milho, feijão, cebola etc).

Todos os custos após a colheita para acabamento do produto, para deixá-lo em


condições de ser comercializado e custos de manutenção de estocagem, serão
somados à conta “Produtos Agrícolas”. Poderá ocorrer que o produtor rural
resolva armazenar temporariamente os produtos agrícolas quando já estiverem
prontos para a venda, totalmente acabados, visando a alcançar uma melhora nos
preços. Nesta hipótese, esses gastos devem ser considerados como despesa
operacional e não como custo do produto.

Por ocasião da venda, transfere-se proporcionalmente da conta “Produtos


Agrícolas” para uma conta de resultados, “Custo do Produto Vendido” (maçã,
feijão, cebola etc) e a partir desse momento é possível apurar mediante o
confronto das Receitas de Vendas e o Custo do Produto Vendido, o Lucro Bruto.

37
Capítulo 2

VENDA

Colheita

Formação

Plantio

Preparo do
Solo

RESULTADO

ATIVO CIRCULANTE

Jun a Set Out e Nov Dez a Fev Mar e Abr Maio

Limpeza Sementes Agrônomo Mão de obra Venda da

Gradeação Mudas Herbicidas Combustível Produção...

Alinhamento... Plantio Fungicidas Limpeza

Adubação Irrigação Acondiciona-


mento...
Irrigação Mão de obra

Agrônomo...

ð Pela formação da cultura (desde o plantio até a colheita)

Debite Cultura temporária em formação (AC – Estoques) (especificar por


tipo de cultura)

Credite Caixa

ð Pelo término da colheita

Debite Produtos Agrícolas (AC - Estoques) (especificar por


tipo de cultura)

Credite Cultura temporária em formação (AC – Estoques) (especificar por


tipo de cultura)

38
Atividade agroindustrial

ð Pela venda

Debite Caixa

Credite Venda de produtos agrícolas (especificar por tipo de cultura)

ð Pela apuração dos resultados

Debite Custo dos produtos vendidos

Credite Produtos Agrícolas (AC – Estoques)

PARA DEMONSTRAR O RESULTADO DO PERÍODO

( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período

Culturas permanentes
Culturas permanentes ou perenes são aquelas que duram mais de um ano e
proporcionam mais de uma colheita.

É o caso da cana-de-açúcar, citricultura (laranjeira, limeira etc.) cafeicultura, frutas


arbóreas (maçã, pera, uva, goiaba etc.) e outros.

Nesse tipo de plantação, os custos para a formação da cultura serão


considerados Ativo Não Circulante - Imobilizado. Todos os custos com adubação,
formicidas, mão de obra, seguro da cultura, sementes, mudas, produtos químicos,
depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc. são acumulados na conta
“Cultura Permanente em Formação” (maçã, uva, araucária etc.).

Quando a cultura estiver formada, fato que pode levar até alguns anos, como é
o caso de certas qualidades de macieiras, 04 anos para a 1ª florada e produção,
transfere-se o valor acumulado na conta “Cultura Permanente em Formação”
para a conta “Cultura Permanente Formada”, identificando-se com uma conta
específica da cultura.

39
Capítulo 2

Por fazer parte do imobilizado desde a formação, a cultura deverá ser corrigida
monetariamente e, também a partir da primeira produção deverá ser reconhecido
o efeito da depreciação da cultura.

Quanto à colheita ou produção da cultura permanente, assemelha-se seu


tratamento contábil a “Produtos em Processo” como temos na indústria.

Todos os gastos com a colheita serão registrados no Ativo Circulante, subitem


“Estoques” e “Colheita em Andamento”.

Compreende-se como gastos com a colheita tudo o que for aplicado na cultura
após a sua formação, visando a uma boa colheita. Assim, engloba-se nesse
conceito, mão de obra de capina, aplicação de produtos químicos, formicidas,
seguro de safra, depreciação da cultura formada e outros gastos necessários até
a última etapa da colheita.

Conclusa a colheita, transfere-se o total acumulado em “Colheita em Andamento”


para a conta “Produtos Agrícolas”. Se houver ainda, mais algum custo como
beneficiamento, acondicionamento ou outro processo do gênero aplicado aos
produtos, também se insere nesta conta.

Por ocasião das vendas, se dará baixa em “Produtos Agrícolas”, transferindo-se


proporcionalmente para “Custo de Produtos Vendidos” (Uva, maçã, laranja etc).

Dois outros aspectos econômicos devem ser reconhecidos na escrituração


contábil da cultura permanente: o aumento da vida útil e as perdas
extraordinárias.

Gastos na cultura como reposição de árvores velhas ou doentes, e outros tratos


culturais que beneficiarão mais de uma colheita, devem ser adicionados ao valor
da cultura para serem depreciados até o término da sua vida útil.

Por outro lado, também as perdas e estragos decorrentes de eventos da natureza


como granizo, geadas, secas e inundações e outras perdas involuntárias, que
prejudicam a capacidade produtiva da cultura, parcial ou totalmente em casos
extremos, deverão ser reconhecidos, baixando-se no Ativo Não Circulante e
classificando-se como despesa não operacional no Resultado do Exercício.

40
Atividade agroindustrial

VENDA

Colheita

Formação
dos Frutos

Planta
Formada

Formação
da Planta

Plantio

Preparo do
Solo

IMOBILIZADO EM
IMOBILIZADO ATIVO CIRCULANTE RESULTADO
ANDAMENTO

19X1 – 19X3 Final de 19X3 19X4 19X4 19X4/X5

Imobilizado Imobilizado Ativo Circulante Ativo Circulante Resultado Venda


Colheita em Estoques da Produção
Cultura Permanente Cultura Permanente Andamento
em Formação Formada

ð Pela formação da cultura

Debite Cultura permanente em formação (Imobilizado) (especificar por tipo de cultura)

Credite Caixa

ð Pelo término da formação (cultura pronta para produzir)

Debite Cultura permanente formada (Imobilizado) (especificar por tipo de cultura)

Credite Cultura permanente em formação

41
Capítulo 2

ð Período de formação dos frutos

Debite Colheita em andamento (AC – Estoques) (especificar por tipo de cultura)

Credite Caixa/outras contas

ð Pelo término da colheita

Debite Produtos Agrícolas (AC – Estoques)

Credite Colheita em Andamento

ð Pelas vendas

Debite Caixa

Credite Vendas de Produtos Agrícolas (especificar por tipo)

ð Pela apuração dos resultados

Debite Custo dos produtos vendidos

Credite Produtos Agrícolas (AC – Estoques)

Para demonstrar o resultado do período:

( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período

Após o estudo das culturas praticadas na atividade agrícola, abordaremos a


atividade pecuária e seus respectivos sistemas de produção.

42
Atividade agroindustrial

Seção 4
Atividade Pecuária
Pecuária é a exploração de atividades através da criação de gado em geral,
que vivem de forma coletiva (rebanho). Como exemplo temos, bovinos, suínos,
caprinos, equinos, ovinos etc.

Por constituir-se a pecuária bovina no Brasil numa atividade de grande


relevância econômica e também por estar em grande parte das propriedades
rurais, apresentamos a seguir, características da atividade da pecuária e alguns
entendimentos contábeis.

Sistemas de produção
Na sequência serão apresentados os sistemas de produção adotados na
Atividade Pecuária: sistema extensivo e sistema intensivo.

Extensivo:

•• ocorre em grandes áreas;


•• sem alimentação suplementar;
•• sem cuidados veterinários constantes.

Intensivo:

•• redução da área explorada com grande concentração de animais;


•• com alimentação e cuidados veterinários constantes.

Plantel Grupo de
animais de boa raça Em se tratando de contabilidade da pecuária no Brasil,
(em especial bovinos
e equinos) que o
Marion (2005) comenta que há dois métodos de avaliação
criador conserva para a do estoque vivo (plantel), que são:
reprodução

•• valores de custo;
•• valores de mercado.

A seguir, será apresentado os tipos de atividade da pecuária.

43
Capítulo 2

Tipos de Atividade Pecuária

Segundo Marion (2005, p. 106), existem três fases distintas na atividade pecuária
de corte pelas quais passa o animal que se destina ao abate:

•• cria – a atividade básica é a produção de bezerros, que só serão


vendidos após o desmame (período é igual ou inferior a 12 meses);
•• recria – a atividade básica é, a partir do bezerro adquirido, a
produção e a venda do novilho magro para a engorda (o período vai
dos 12 aos 24 meses);
•• engorda – a atividade básica é, a partir do novilho magro, adquirido,
a produção e a venda do novilho gordo (período entre 24 a 36
meses).

Um aspecto a ser analisado é a classificação do gado no balanço patrimonial. O


gado bovino que será comercializado pelo produtor rural, em forma de bezerro,
novilho magro e gordo, deverá ser classificado como estoque vivo, no ativo
circulante. O gado destinado à procriação (touros e matrizes) ou ao trabalho, que
não serão vendidos, será classificado no ativo imobilizado.

Classificação fiscal

A legislação fiscal estabelece a seguinte classificação:

Ativo Circulante – Estoques Vivos

•• Compreende aves, gado bovino, suínos, ovinos, caprinos, coelhos,


peixes e outros animais destinados à revenda, ou a serem
consumidos.

Ativo Não Circulante – Imobilizado

•• Gado reprodutor – representado por touros puros de origem, touros


puros de cruza, vacas puras de origem, vacas puras de cruza e
plantel destinado à inseminação artificial.
•• Gado de renda – representado por bovinos, suínos, ovinos e equinos
utilizados para a produção de bens que constituem objeto de suas
atividades (caso típico é o do gado leiteiro)

44
Atividade agroindustrial

Asininos Subfamília de animais •• Animais de trabalho – compreende equinos,


mamíferos, da ordem dos
perissodáctilos, da família dos
bovinos, asininos destinados ao trabalho agrícola,
equídeos. Compreende os sela e transporte.
jumentos, os mulos e os burros.

Classificação do gado para corte e reprodução


No caso da pecuária bovina de corte, por ocasião do nascimento dos bezerros,
deve-se classificá-los no ativo circulante, como se todos se destinassem à venda.

Após um certo período de experimentação, faz-se uma reclassificação,


transferindo-se para o Permanente aqueles considerados aptos para a
reprodução e que serão efetivamente utilizados.

Tal avaliação considera fertilidade, ardor sexual, carcaça, peso etc., e varia
com a política de produção do produtor rural. Alguns transferem para o ativo
permanente as fêmeas e alguns machos.

Ciclo operacional na Pecuária


É o período em que o gado nasce, cresce e vai para o abate. No Brasil, o período
médio fica em torno de 4 anos. Aqui no Brasil, para exemplificar, uma vaca tem
seu primeiro bezerro aos 42 meses de vida podendo tê-lo aos 28 meses e o
intervalo de parições é de 24 meses podendo chegar a este peso antes dos 30
meses.

Curto e Longo Prazo na Pecuária


Ainda no aspecto de classificação contábil, pode surgir neste momento a dúvida
de o porquê contabilizar como circulante, no subgrupo estoques vivos, ou
estoque em formação, produtos com ciclo operacional elevado, normalmente
com período superior a três anos, já que conforme a Lei das Sociedades por
Ações eles seriam classificados como Ativo Não Circulante - Realizável em Longo
Prazo.

Ocorre que o mesmo dispositivo legal (Lei n. 6.404/76), estabelece que nos casos
em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social (um ano),
a classificação no circulante ou realizável em longo prazo terá por base o prazo
desse ciclo.

Dessa forma, o curto prazo para a pecuária será igual ao seu ciclo operacional
(média de 3 a 4 anos). Assim, os estoques constarão no Ativo Circulante e não no
Ativo Não Circulante - Realizável em Longo Prazo. A mesma regra é válida para
as exigibilidades do passivo.

45
Capítulo 2

Variação patrimonial líquida


Variação Patrimonial significa a mudança dos valores do patrimônio da empresa
pela alteração de um ou mais itens patrimoniais.

Essa variação origina-se com a ocorrência de uma mudança no valor do item


patrimonial, decorrente de uma variação econômica do valor do bem, porém não
financeira. Ou seja, há uma diferença entre o valor que está escriturado e o valor
praticado no mercado.

A variação patrimonial poderá ser positiva, nos casos em que há ganho


econômico, como, por exemplo, o nascimento de um bezerro, ou negativa, com
a morte de um novilho por doença. O resultado entre as variações patrimoniais
opositivas e negativas dará a variação patrimonial líquida, que será destacada nas
contas de resultado do exercício.

Superveniências ativas e insubsistências passivas


São formas de variação patrimonial, sendo as superveniências ativas, os
acréscimos de ganhos em relação ao ativo da empresa. Esses acréscimos
ocorrem com o nascimento de animais, com o crescimento natural do gado
e também com a valorização dos estoques. São as mencionadas variações
patrimoniais positivas. A avaliação dos estoques a preço de mercado é prática
usual na atividade rural.

O art. 297 do RIR/1999 define que “os estoques de produtos agrícolas, animais
e extrativos poderão ser avaliados pelo valor de mercado, conforme as práticas
usuais em casa tipo de atividade”.

As insubsistências ativas significam reduções do ativo da empresa, decorrentes


de perdas, fatos fortuitos, anormais e imprevistos. É o caso de mortes,
desaparecimento de animais do rebanho, ou até mesmo a desvalorização dos
estoques, que são consideradas variações patrimoniais negativas.

Método do Custo e Método do Valor de Mercado


Para a apuração do resultado anual por ocasião do Balanço, conforme a
legislação fiscal, o rebanho bovino poderá ser inventariado pelo preço real de
custo (método do custo) ou pelo preço corrente (método do valor de mercado).

46
Atividade agroindustrial

Método do Custo
O método do custo é semelhante ao de uma empresa industrial. Todos os custos
com a formação do rebanho (fixos e variáveis) são acumulados à produção
agropecuária do período e destacado no “Ativo Circulante - estoques”.

Quando ocorrer a venda do plantel, transfere-se da conta “estoque” para “custo


do gado vendido”. Assim, a apuração do lucro será no momento da venda.

Considerando, porém, que o ciclo operacional da pecuária bovina de corte é


longo, o valor dos estoques mesmo que recebam custos periodicamente tendem
a se desatualizar em função da perda do poder aquisitivo da moeda (inflação).
Além disso, com o passar do tempo o “Estoque em Formação” vai ganhando
peso, produzindo ganhos econômicos superiores aos custos.

Dessa forma, por ocasião da venda seria apurado um lucro elevado naquele
exercício, não refletindo ser um resultado acumulado de vários exercícios.
Além do que, pela desatualização do valor contábil do rebanho com o tempo,
seria difícil a partir desses dados estipular o melhor momento para a venda,
fundamental para a maior lucratividade.

Devido às deficiências do método do custo histórico, como base de valor, é


admissível o método de avaliação a valores de mercado.

Veja, a seguir, os lançamentos contábeis pelo método do custo histórico:

ð Pelos custos de produção do período

Debite Custo de Manutenção do Plantel

Credite Caixa

ð Pela apropriação dos custos do período do rebanho

Debite Bezerros 0-12 meses

Novilhos de 13-24 meses

Novilhos de 25-36 meses

Credite Custo de Manutenção do Plantel

47
Capítulo 2

ð Pelas vendas

Debite Caixa

Credite Vendas de gado (especificar por tipo)

ð Pela apuração dos resultados

Debite Custo dos produtos vendidos (DRE)

Credite Estoques (por categoria de gado vendido)

Para demonstrar o resultado do período:

( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período

Método do Valor de Mercado


Como geralmente os preços de mercado são superiores ao preço de custo, se
reconhece um ganho econômico, periodicamente, em virtude do crescimento
natural do rebanho. Por esse critério, o gado fica destacado na conta “estoques”
pelo seu valor de mercado e no resultado é reconhecido um ganho econômico
do período, apurado pela diferença encontrada entre o valor de mercado atual e
o valor pelo custo histórico. O termo “ganho econômico” justifica-se por não ter
ocorrido a realização financeira, mas apenas a valorização do plantel.

No exercício seguinte, o rebanho registrado no estoque pelo valor de mercado


será novamente avaliado com o novo preço de mercado. O acréscimo no preço
de mercado de um ano para o outro será adicionado ao estoque e creditado
como variação patrimonial líquida (superveniências ativas). Da variação
patrimonial líquida será subtraído o custo do rebanho no período para se apurar o
novo lucro econômico.

Esse método é mais adequado, pois reconhece a cada exercício o ganho


econômico. Entretanto, ao reconhecer ao valor real do rebanho, cria um ganho
econômico tributável antecipadamente sem a realização efetiva da receita, que só
ocorrerá por ocasião da venda.

48
Atividade agroindustrial

Na sequência, acompanhe os lançamentos contábeis pelo método do valor de


mercado.

ð Pelos custos de produção do período

Debite Custo de Produção (resultado)

Credite Caixa

ð Pelo inventário dos estoques (contabilização pelo valor de mercado)

Debite Bezerros 0-12 meses

Novilhos de 13-24 meses

Novilhos de 25-36 meses

Credite VARIAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA

Superveniências Ativas

ð Pelas vendas

Debite Caixa

Credite Vendas de gado (especificar por tipo)

Para demonstrar o resultado do período:

( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
(+/-) Variação Patrimonial Líquida
( - ) Custos do período
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Resultado

Na sequência, serão apresentadas as possíveis formas jurídicas de exploração da


atividade agroindustrial, seja na pessoa jurídica ou na pessoa física.

49
Capítulo 2

Seção 5
Tipos de Sociedades de exploração
agroindustrial
As pessoas físicas, tidas como grandes produtores rurais, são assemelhadas
às pessoas jurídicas e então tem as mesmas obrigações das demais pessoas
jurídicas; a forma de definição se é pequeno ou grande produtor rural está
diretamente ligada ao seu faturamento.

O atual código civil define o termo empresário como aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação
de bens ou serviços. Assim, o produtor rural passa a ser chamado de empresário
rural em função da definição acima, desde que se inscreva na junta comercial.
Não se inscrevendo na junta comercial, ele será um produtor rural autônomo.

Em relação à sociedade, o atual código civil considera sociedade empresária


quando pessoas celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens ou serviços para o exercício da atividade econômica e a partilha,
entre si, dos resultados. Assim, a expressão sociedade empresária substitui a
expressão anterior (sociedade comercial). Dessa forma, a sociedade rural (quando
houver a união de duas ou mais pessoa) passa a ser vista como uma sociedade
empresária.

Para fins legais, o produtor rural que tenha os devidos registros na junta comercial
é chamado de empresário rural, caso não tenha tal registro, será chamado de
produtor rural autônomo. Ainda, a sociedade de duas ou mais pessoa é chamada
de sociedade empresária. Dessa forma, podemos visualizar as seguintes condições
para o exercício da atividade rural:

a. autônomo – não tem registro na junta comercial;


b. empresário individual – seu registro na junta comercial é optativo;
c. sociedade empresária – tem registro obrigatório na junta comercial
(sociedade limitada, S/A, etc.).

Analisando a exploração da atividade agropecuária, podemos definir dois tipos de


investimentos:

a. capital fundiário – são os recursos fixos, vinculados à terra – terra,


benfeitoria e melhoramento desta terra etc.;
b. capital de exercício – é o instrumental necessário para o
funcionamento do negócio – equipamentos, trator, gado, animais de
trabalho etc.

50
Atividade agroindustrial

Com isso, pode-se relacionar algumas modalidades de exploração na


agropecuária:

•• investidor agropecuário com a propriedade da terra – é o caso em


que o proprietário da terra também a utiliza na condução do negócio
agropecuário;
•• parceria – neste caso o proprietário da terra contribui no negócio
com o capital fundiário e o capital de exercício e o outro sócio entra
com a execução do trabalho;
•• arrendamento – neste caso, o proprietário da terra a aluga a outro
empresário, ocorrendo a remuneração pelo aluguel;
•• comodato – caso em que o capital fundiário é cedido sem ônus
financeiro ao empresário, sendo normalmente definidas regras de
devolução deste capital, normalmente ambos têm ganhos, como,
por exemplo, o melhoramento da terra;
•• consórcio – quando uma propriedade em comum é explorada por
conta e risco por todos os seus proprietários, havendo o repasse da
parte que cabe a cada um deles no caso de apuração de ganho.

Sociedades Cooperativas
As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei n. 5.764, de 1971 que
definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das
cooperativas.

São sociedades de pessoas de natureza civil, com forma jurídica própria, não
sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados e que se
distinguem das demais sociedades pelas seguintes características (Lei n. 5.764,
de 1971, art. 4º):

•• adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo


impossibilidade técnica de prestação de serviços;
•• variabilidade do capital social, representado por cotas-partes;
•• limitação do número de cotas-partes para cada associado,
facultado, porém, o estabelecimento de critérios de
proporcionalidade;
•• inacessibilidade das quotas partes do capital a terceiros, estranhos
à sociedade;
•• retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às
operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário
da assembleia geral;
•• quórum para o funcionamento e deliberação da assembleia geral
baseado no número de associados e não no capital;

51
Capítulo 2

•• indivisibilidade do fundos de reserva e de assistência técnica


educacional e social;
•• neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
•• prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos
estatutos, ao empregados da cooperativa;
•• área de admissão de associados limitada às possibilidades de
reunião, controle, operações e prestação de serviços.

A sociedade cooperativa deverá também (Princípios Cooperativos):

1. ser constituída pelo número mínimo de associados, conforme


previsto no art. 6 o da Lei n. 5.764, de 1971 (v. pergunta 635),
ressaltando-se que as cooperativas singulares não podem ser
constituídas exclusivamente por pessoas jurídicas, nem, tampouco,
por pessoa jurídica com fins lucrativos ou com objeto diverso das
atividades econômicas da pessoa física;
2. não distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-partes do
capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios, financeiros
ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuados
os juros até o máximo de doze por cento ao ano atribuídos ao
capital integralizado (Lei n. 5.764, de 1971, art. 24, § 3º, e RIR/1999,
art. 182, § 1º);
3. permitir o livre ingresso a todos os que desejarem utilizar os serviços
prestados pela sociedade, exceto aos comerciantes e empresários
que operam no mesmo campo econômico da sociedade, cujo
ingresso é vedado (Lei n. 5.764, de 1971, art. 29 e §§);
4. permitir a cada associado, nas assembleias gerais, o direito a um
voto, qualquer que seja o número de suas quotas-partes (Lei n.
5.764, de 1971, art. 42).

Nos termos do art. 6º da Lei n. 5.764, de 1971, as sociedades cooperativas são


consideradas:

•• singulares – quando constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte)


pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de
pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas
atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem
fins lucrativos;

52
Atividade agroindustrial

•• cooperativas centrais ou federações de cooperativas – quando


constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo,
excepcionalmente, admitir associados individuais;
•• confederações de cooperativas - as constituídas, pelo menos, de
3 (três) federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da
mesma ou de diferentes modalidades.

Cooperativas de Produção Agropecuária


A agricultura brasileira tem se desenvolvido e conquistado posição de destaque
internacional. As cooperativas agropecuárias que reúnem milhares de agricultores
em todo o país acompanham a evolução desse setor que alavanca a economia.

Com um contingente superior a um milhão de agropecuaristas, as cooperativas


agrícolas são responsáveis por boa parte da produção de trigo, leite, carne, mel,
hortifrutigranjeiros, aguardente, milho, soja e seus derivados.

Também investem em pesquisas e experimentação para garantia do


desenvolvimento e aumento da produção.

As Cooperativas Agropecuárias reúnem produtores rurais ou agropastoris e


de pesca, que trabalham de forma solidária na realização das várias etapas
da cadeia produtiva: da compra de sementes e insumos até a colheita,
armazenamento, industrialização e venda no mercado da produção. Para
assegurar eficiência, a cooperativa pode, também, promover a compra em
comum de insumos com vantagens que, isoladamente, o produtor não
conseguiria.

As cooperativas de produção formam, hoje, o ramo economicamente mais forte


do Cooperativismo Brasileiro. O leque de atividades econômicas abrangidas
por esse ramo é enorme e sua participação no PIB em quase todos os países é
significativa.

Segundo Sales (2011), é o ramo cooperativo de maior expressão numérica em


todo o mundo. Mais de 50% das cooperativas existentes são de produtores
agropecuários, abrangendo todas as atividades econômicas do setor primário.

A atuação da cooperativa abrange os três estágios do setor agropecuário: antes,


durante e após o processo produtivo. Essa atuação é importante, inicialmente,
para o fornecimento de bens de produção: sementes, fertilizantes, mecanização,
planejamento e distribuição dos insumos. Assegura-se, durante a fase produtiva,
assistência técnica, controle integrado e aplicação de insumos e, na pós-colheita,
serviços de recebimento, de limpeza, de classificação, de acondicionamento
e de armazenamento, bem como a agroindustrialização, a comercialização e a
exportação de produtos.

53
Capítulo 2

O cooperado é, ao mesmo tempo, dono, fornecedor e cliente da cooperativa.


Na condição de dono, é responsável pelo capital social e pela administração da
sociedade, que deve ser realizada de forma que ele tenha o máximo de retorno
financeiro no momento da distribuição das sobras. Na condição de fornecedor,
o cooperado entrega sua produção para ser transformada e comercializada,
buscando obter o maior preço possível por seu produto. Finalmente, na condição
de cliente, recebe os insumos e meios de produção necessários, pelos quais
deseja pagar o menor preço possível pela melhor qualidade disponível. Essa
“tríade” de interesses deve ser bem entendida pelo produtor. Caso contrário, a
cooperativa terá constantes conflitos internos de difícil solução administrativa.

É importante que a cooperativa consolide sua ação na prestação de serviços,


adquira experiência no mercado e, somente então, busque a agregação de
valores aos produtos, para possibilitar a melhoria de renda aos cooperados,
objetivo principal de sua existência.

A vocação da cooperativa agropecuária é a organização econômica dos


cooperados, cujo resultado reverte-se em renda adicional e melhor qualidade de
vida e bem-estar social do cooperado e de sua família.

Na próxima seção, será abordado o Planejamento Contábil na Empresa Rural,


bem como suas características e sua importância para o bom desempenho da
atividade agrícola.

Seção 6
Planejamento Contábil na Empresa Rural
Segundo Crepaldi (2005), a Contabilidade Rural é uma das ferramentas
administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A Contabilidade
Rural é vista como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida
apenas dentro de suas finalidades fiscais, grande parte dos produtores não
demonstram interesse por uma aplicação gerencial, pois estão sujeitos apenas à
tributação do Imposto de Renda e não utilizam a aplicação gerencial, colocando
em segundo plano toda sua contabilidade.

Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi (2005) aponta
os seguintes:

•• a adaptação de sistemas estrangeiros e de contabilidade comercial


e industrial, inadequados para retratar as características da
agropecuária brasileira;

54
Atividade agroindustrial

•• a falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias


administrativas aos fazendeiros;
•• a não inclusão da contabilidade rural como instrumento de políticas
governamentais agrícolas ou fiscais.

A contabilidade funciona como um ciclo de coleta e processamento de


informações que resulta em relatórios, que devem garantir ao produtor a
avaliação da sua atual situação, deve visualizar claramente os pontos fortes
e fracos de cada atividade produtiva e da empresa como um todo, como
descreve Crepaldi (2005).

Relatórios contendo um fluxo contínuo de informações de variados aspectos,


tanto econômicos quanto financeiros a respeito da Empresa Rural, garantem a
gerência a possibilidade de uma avaliação segura identificando e controlando os
desvios e suas causas, e também servindo de base para aperfeiçoamento dos
futuros planejamentos.

O conhecimento técnico, a sensibilidade e a competência dos profissionais


responsáveis pelo diagnóstico da empresa e pela implantação do sistema
contábil determinam, com certeza, grande parte do sucesso, afirma Crepaldi
(2005).

Segundo o mesmo autor, existem no mercado variedades de sistemas contábeis


informatizados, embora muitos não apresentem capacidade informativa,
flexibilidade e confiabilidade necessárias a uma utilização gerencial; pois focam a
apuração do Imposto de Renda da Atividade Rural e não possuem características
necessárias para certas atividades agropecuárias.

Crepaldi (2005) ainda salienta a importância de uma postura bem informada por
parte do empresário, onde deve haver uma escolha crítica do sistema contábil,
que demonstre melhor adaptação à natureza das atividades de sua empresa,
levando em conta seu modo de operar, sua forma de organização, constituição
jurídica e dimensão patrimonial. A avaliação do custo benefício da implantação
de um sistema de Contabilidade Rural Gerencial é imprescindível, diante da
capacidade de compreender e utilizar seus recursos para que se elaborem dados
realmente seguros.

Crepaldi (2005, p. 83) aponta a contabilidade rural como sendo

[...] um dos principais sistemas de controle e informação das


Empresas Rurais. Com a análise do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício é possível verificar a
situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como
análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de
capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.

55
Capítulo 2

A Contabilidade Rural também fornece informações sobre condições de expandir-


se, sobre necessidades de reduzir custos ou despesas, necessidades de buscar
recursos; tendo como característica e finalidade principal o planejamento. Vendo
que as informações contábeis são de grande interesse dos investidores, bancos,
fornecedores, financeiras, clientes e administradores das empresas rurais,
estas dirão se o investimento é seguro e se há possibilidade de retorno rápido
(CREPALDI, 2005).

Crepaldi (2005), em seus estudos, traz as seguintes finalidades para a


Contabilidade Rural:

•• orientar as operações agrícolas e pecuárias;


•• medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada
atividade produtiva individualmente;
•• controlar as transações financeiras;
•• apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das
vendas e dos investimentos;
•• auxiliar as projeções de fluxo de caixa e necessidades de crédito;
•• permitir a comparação do desempenho da empresa no tempo e
desta com outras empresas;
•• conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família;
•• justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto
aos agentes financeiros e outros credores;
•• servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos;
•• gerar informações para a declaração do Imposto de Renda.

Para fundamentar a importância da Contabilidade Rural, Fabra, Quintana e Paiva


(2006) ressaltam que: “A economia do Brasil está baseada principalmente na
agricultura e na pecuária, por isso devemos nos preocupar com o gerenciamento
de custo nessas atividades. E para isso torna-se de suma importância a utilização
da Contabilidade Fiscal e Gerencial”.

Em função disso, Fabra, Quintana e Paiva (2006) ressaltam que a Contabilidade


Rural obedece à legislação fiscal, sendo praticada em dois regimes:

•• regime de competência: utilizado pelo Produtor Rural quando


Pessoa Jurídica tributada pelo lucro real;
•• regime de caixa: utilizado pelo Produtor Rural quando Pessoa Física
ou Pessoa Jurídica tributada pelo lucro presumido ou optante do
simples.

56
Atividade agroindustrial

A principal diferença entre os dois regimes é a contabilização dos atos e fatos


contábeis na época do ocorrido que é obrigatório na Pessoa Jurídica tributada
pelo lucro real.

Ao fim deste capítulo, estudamos as características da Empresa Agroindustrial,


conhecendo a importância da atividade rural e suas formas de atuação, tanto da
atividade agrícola como na atividade pecuária.

57
Capítulo 3

Contabilidade Agroindustrial
A contabilidade quando estudada de forma genérica em qualquer empresa é dita
contabilidade geral ou financeira. Quando concebida e dirigida a um segmento
específico de determinada produção ou atividade é denominada em função de tal
seguimento que a integra.

A Contabilidade Rural é a especialização da contabilidade que se ocupa dos atos


e fatos administrativos das empresas rurais. Dessa forma, o objeto de estudo da
contabilidade rural é o patrimônio das entidades rurais.

Seção 1
Importância da Contabilidade Rural
Segundo Crepaldi (2012), a Contabilidade Rural é uma das ferramentas
administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A Contabilidade
Rural é vista como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida
apenas dentro de suas finalidades fiscais, grande parte dos produtores não
demonstram interesse por uma aplicação gerencial, pois estão sujeitos apenas à
tributação do Imposto de Renda e não utilizam a aplicação gerencial, colocando
em segundo plano toda sua contabilidade.

Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi (2005) aponta os
seguintes:

•• a adaptação de sistemas estrangeiros e de contabilidade comercial


e industrial, inadequados para retratar as características da
agropecuária brasileira;
•• a falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias
administrativas aos fazendeiros;

VIEIRA, Jardel Mendes. Atividade agroindustrial. Palhoça: UnisulVirtual, 2016, p. 59-100.

59
Capítulo 3

•• a não inclusão da contabilidade rural como instrumento de políticas


governamentais agrícolas ou fiscais.

A contabilidade funciona como um ciclo de coleta e processamento de


informações que resulta em relatórios, que devem garantir ao produtor a avaliação
da sua atual situação, deve visualizar claramente os pontos fortes e fracos de
cada atividade produtiva e da empresa como um todo, como descreve Crepaldi
(2005).

Relatórios contendo um fluxo contínuo de informações de variados aspectos,


tanto econômicos quanto financeiros, a respeito da Empresa Rural garantem à
gerência a possibilidade de uma avaliação segura identificando e controlando os
desvios e suas causas, e também servindo de base para aperfeiçoamento dos
futuros planejamentos.

O conhecimento técnico, a sensibilidade e a competência dos profissionais


responsáveis pelo diagnóstico da empresa e pela implantação do sistema contábil
determinam, com certeza, grande parte do sucesso, afirma Crepaldi (2005).

Segundo o mesmo autor, existem no mercado variedades de sistemas contábeis


informatizados, embora muitos não apresentem capacidade informativa,
flexibilidade e confiabilidade necessárias a uma utilização gerencial; pois focam a
apuração do Imposto de Renda da Atividade Rural e não possuem características
necessárias para certas atividades agropecuárias.

Crepaldi (2005) ainda salienta a importância de uma postura bem informada por
parte do empresário, onde deve haver uma escolha crítica do sistema contábil,
que demonstre melhor adaptação à natureza das atividades de sua empresa,
levando em conta seu modo de operar, sua forma de organização, constituição
jurídica e dimensão patrimonial. A avaliação do custo benefício da implantação
de um sistema de Contabilidade Rural Gerencial é imprescindível, diante da
capacidade de compreender e utilizar seus recursos para que se elaborem dados
realmente seguros.

Crepaldi (2005, p. 83) aponta a contabilidade rural como sendo:

Um dos principais sistemas de controle e informação das


Empresas Rurais. Com a análise do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício é possível verificar a
situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como
análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de
capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.

60
Atividade agroindustrial

A Contabilidade Rural também fornece informações sobre condições de expandir-


se, sobre necessidades de reduzir custos ou despesas, necessidades de buscar
recursos; tendo como característica e finalidade principal o planejamento. Vendo
que as informações contábeis são de grande interesse dos investidores, bancos,
fornecedores, financeiras, clientes e administradores das empresas rurais,
estas dirão se o investimento é seguro e se há possibilidade de retorno rápido
(CREPALDI, 2005).

Crepaldi (2005), em seus estudos, traz as seguintes finalidades para a


Contabilidade Rural:

•• orientar as operações agrícolas e pecuárias;


•• medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada
atividade produtiva individualmente;
•• controlar as transações financeiras;
•• apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das
vendas e dos investimentos;
•• auxiliar as projeções de fluxo de caixa e necessidades de crédito;
•• permitir a comparação do desempenho da empresa no tempo e
desta com outras empresas;
•• conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família;
•• justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto
aos agentes financeiros e outros credores;
•• servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos;
•• gerar informações para a declaração do Imposto de Renda.

Para fundamentar a importância da Contabilidade Rural, Fabra, Quintana e Paiva


(2006, p. 1) argumentam que:

A economia do Brasil está baseada principalmente na agricultura


e na pecuária, por isso devemos nos preocupar com o
gerenciamento de custo nessas atividades. E para isso torna-
se de suma importância a utilização da Contabilidade Fiscal e
Gerencial.

Em função disso, Fabra, Quintana e Paiva (2006) ressaltam que a Contabilidade


Rural obedece à legislação fiscal, sendo praticada em dois regimes:

•• Regime de Competência: utilizado pelo Produtor Rural quando


Pessoa Jurídica tributada pelo lucro real;

61
Capítulo 3

•• Regime de Caixa: utilizado pelo Produtor Rural quando Pessoa


Física ou Pessoa Jurídica tributada pelo lucro presumido ou optante
do simples.

A principal diferença entre os mesmos é a contabilização dos atos e fatos


contábeis na época do ocorrido que é obrigatório na Pessoa Jurídica tributada
pelo lucro real.

Na sequência, serão abordados conceitos e características do Plano de Contas,


bem como, um modelo específico de Plano de Contas para a Atividade Rural.

Seção 2
Plano de Contas na Atividade Rural
O Plano de Contas ou Elenco de Contas é o conjunto de todas as contas
existentes em determinada empresa, ou seja, o conjunto de contas deve abranger
todo tipo de fato ou acontecimento que ocorre na empresa.

O Plano serve como base para que a contabilidade norteie seus trabalhos de
registros dos fatos a atos referentes à organização, chamado de escrituração
contábil. Um plano de contas deve ser completo, bem estruturado, condizente
com as normas e os preceitos contábeis aceitos.

Segundo Ribeiro (2005, p. 43), “o Plano de Contas é um conjunto de contas,


diretrizes e normas que disciplina as tarefas do setor de contabilidade objetivando
a uniformização dos registros contábeis”.

Já para Santos, Schmidt, Gomes e Fernandes (2003, p. 121), “Plano de Contas


é um documento que faz parte do processo contábil composto por um conjunto
de normas e elenco de contas que se destinam a servir de guia e modelo para os
trabalhos de registros contábeis”.

Uma organização contábil eficiente não poderá prescindir de um bom plano


de contas. Como valioso instrumento gerencial, deverá ser adequado às
necessidades específicas de cada empresa, levando-se em conta sua atividade,
estrutura, forma jurídica, volume de negócio e outros aspectos que possam
influenciar na formulação das informações desejadas. Deverá ser estruturado
de acordo com os preceitos da legislação comercial de forma que atenda aos
princípios contábeis e disponha de um elenco de contas bem definidas com
funções claras e objetivas.

62
Atividade agroindustrial

Modelo de Plano de Contas


A seguir, será apresentado um modelo de Plano de Contas, específico para uma
empresa agropecuária, cabendo, porém, ao profissional da área contábil proceder
ao detalhamento ou exclusão e à codificação das contas com a finalidade de
adaptá-lo às necessidades da empresa.

Quadro 3.1 – Modelo de Plano de Contas

11. ATIVO CIRCULANTE

111. Disponibilidades

111.1. Caixa

111.2. Bancos c/ Movimento

111.3. Numerário em Trânsito

111.4. Aplicações Financeiras

111.5. Depósitos Bancários Vinculados

112. Clientes

112.1. Duplicatas a Receber

112.2. Duplicatas a Receber - Empresas Ligadas

112.3. (-) Venda p/ Entrega Futura

112.4. (-) Duplicatas Descontadas

112.5. (-) Créditos de Liquidação Duvidosa

113. Créditos Diversos

113.1. Títulos a Receber

113.2. Empréstimos a Receber

113.3. Cheques a Receber

113.4. Lucros e Dividendos a Receber

113.5. Bancos - Contas Vinculadas

113.6. (-) Créditos de Liquidação Duvidosa

63
Capítulo 3

113.7. Adiantamentos

113.7.1. Adiantamento p/ Viagens

113.7.2. Adiantamento p/ Despesas

113.7.3. Adiantamento de Salários

113.7.4. Adiantamento de 13º Salário

113.7.5. Adiantamento de Férias

113.7.6. Adiantamentos a Terceiros

114. Impostos e Contribuições a Recuperar

114.1. ICMS a Recuperar

114.2. IRRF s/ Aplicações Financeiras a Recuperar

114.3. Cofins a Recuperar

114.4. PIS a Recuperar

114.5. ISS a Recuperar

115. Aplicações Financeiras

115.1. Depósito a Prazo Fixo Pós-Fixado

115.2. Letras de Câmbio

115.3. Títulos de Estatais

115.4. Debêntures

115.5. Mercado de Ações

115.6. Aplicação em Ouro

115.7. Títulos e Valores Mobiliários

115.8. (-) Provisão p/ Ajuste ao Valor de Mercado

115.9. (-) Provisão p/ Perdas

116. Rebanhos e aves

116.1. Rebanho bovino em formação

116.1.1. Bezerros de 0 a 12 meses

64
Atividade agroindustrial

116.1.2. Bezerras de 0 a 12 meses

116.1.3. Novilhos de 13 a 24 meses

116.1.4. Novilhas de 13 a 24 meses

116.1.5 ...

116.1.6 ...

116.2.Rebanho bovino para corte

116.2.1. Gado de engorda

116.2.2. Touros descartados

116.2.3. Matrizes descartadas

116.2.4. ...

116.2.5. ...

116.3. Rebanho bovino em trânsito

116.3.1. Reses em trânsito

116.3.2. Reses a classificar

116.3.3. Reses em pastagens de terceiros

116.3.4. Reses em confinamento

116.3.5. ...

116.3.6. ...

116.4. Rebanho de eqüinos

116.4.1. ...

116.5. Rebanho de ovinos

116.5.1. ...

116.6. Rebanho de caprinos

116.6.1. ...

116.7. Rebanho de suínos

116.7.1. ...

65
Capítulo 3

116.8. Aves

116.8.1. Aves poedeiras

116.8.2. Aves de corte

116.8.3. ...

117. Culturas

117.1. Culturas temporárias

117.1.1. de feijão

117.1.2. de milho

117.1.3. ...

117.2. Culturas permanente - colheita

117.2.1. café

117.2.2. cana de açúcar

117.2.3. laranja

117.2.4. ...

118. Estoques

118.1. Estoques de produtos agrícolas

118.1.1. milho

118.1.2. arroz

118.1.3. feijão

118.1.4. ...

118.2. Estoques de sementes

118.3. Almoxarifado

118.4. Estoques de insumos

118.4.1. Insumos para a pecuária

118.4.2. Insumos para a agricultura

118.4.3. ...

66
Atividade agroindustrial

118.5. (-) Provisão p/ Ajuste ao Valor de Mercado

119. Despesas a Apropriar

119.1. Prêmios de Seguros

119.2. Encargos Financeiros

119.3. Assinaturas de Publicações

119.4. Aluguéis e Arrendamentos

12. ATIVO NÃO CIRCULANTE

121.Realizável a Longo Prazo

121.1. Títulos a Receber

121.1.1. Créditos c/ Acionistas e Quotistas

121.1.2. Créditos c/ Diretores

121.1.3. Créditos c/ Empresas Ligadas

121.1.4. Depósitos Bancários Vinculados

121.1.5. Títulos da Dívida Agrária

122.1. Aplicações Financeiras

122.1.1. Depósito a Prazo Fixo Pós-Fixado

122.1.2. Letras de Câmbio

122.1.3. Títulos de Estatais

122.1.4. Debêntures

122.1.5. Mercado de Ações

122.1.6. Aplicação em Ouro

122.1.7. Títulos e Valores Mobiliários

122.1.8. (-) Provisão p/ Ajuste ao Valor de Mercado

122.1.9. (-) Provisão p/ Perdas

123.1. Empréstimos Compulsórios

124.1. Despesas a Apropriar

67
Capítulo 3

125.1. Depósitos por Incentivos Fiscais

125.1.1 FINOR

125.1.2. FINAM

125.1.3. FUNRES

125.1.4. (-) Provisão p/ Perdas

126. Investimentos

126.1. Participações Societárias

126.1.1. Empresas Controladas

126.1.2. Empresas Coligadas

126.1.3. Ágio na Aquisição de Investimentos

126.1.4. (-) Amortização Acumulada do Ágio

126.1.5. (-) Deságio na Aquisição de Investimentos

126.1.6. Amortização Acumulada do Deságio

126.1.7. (-) Provisão p/ Perdas c/ Investimentos

127.1. Participações Societárias em Outras Empresas

128.1. Participações por Incentivos Fiscais

128.1.1. Reflorestamento

128.1.2. (-) Provisão p/ Perdas

129. Imobilizado

130.1. Imóveis

131.1.1. Terrenos

131.1.1.1. Terrenos da fazenda

131.1.1.2. Pastagens

132.1. Edificações da produção pastoril

132.1.1. Pocilgas

132.1.2. Estábulos

68
Atividade agroindustrial

132.1.3. Currais

132.1.4. Confinamentos

132.1.5. Aviário

132.1.6. ...

133.1. Edificações da produção agrícola

133.1.1. Silos

133.1.2. Depósitos

133.1.3. ...

134.1. Construções residenciais

134.1.1. Residência sede

134.1.2. Residência de funcionários

134.1.3. ...

135.1 Outras edificações

135.1.1. Pomares

135.1.2. Barragens e açudes

135.1.3. Pista de pouso

135.1.4. Poços artesianos

135.1.5. ...

136.1. Veículos máquinas e equipamentos

136.1.1. Caminhões

136.1.1.1. ...

136.1.2. Tratores

136.1.2.1. ...

136.1.3. Aeronaves

136.1.3.1. ...

136.1.4. Máquinas de beneficiamento

69
Capítulo 3

136.1.4.1. ...

136.1.5. Implementos agrícolas

136.1.5.1. ...

136.1.6. Ferramentas

136.1.6.1. ...

136.1.7. Aparelhos e equipamentos de laborátorio

136.1.7.1. ...

136.1.8. Aparelhos de inseminação artificial

136.1.8.1. ...

136.1.9. Móveis e utensílios

136.1.9.1. ...

137.1. Rebanhos e aves

137.1.1. Reprodutores

137.1.1.1. Gado

137.1.1.2. Aves

137.1.2. Matrizes

137.1.2.1. Gado

137.1.2.2. Aves

137.1.3. Aves poedeiras

137.1.3.1. Gado leiteiro

138.1. Culturas permanentes

138.1.1. Café

138.1.2. Maçã

138.1.3. ...

139.1. Depreciação e exaustão

139.1.1. Depreciação acumulada

70
Atividade agroindustrial

139.1.2. Exaustão acumulada

140. Intangível

140.1. Marcas

141.1. Softwares

142.1. (-) Amortização Acumulada

21. PASSIVO CIRCULANTE

211. Empréstimos e Financiamentos

211.1. Empréstimos Bancários

211.2. Empréstimos do Exterior

211.3. Financiamentos Bancários

211.4. Financiamentos do Exterior

211.5. Títulos a Pagar

211.6. Adiantamento s/ Contrato de Câmbio

212. Fornecedores

212.1. Fornecedores Nacionais

212.2. Fornecedores do Exterior

213. Impostos e Contribuições a Recolher

213.1. ICMS

213.2. IRPJ

213.3. Contribuição Social s/ Lucro Líquido

213.4. PIS

213.5. Cofins

213.6. IRRF

213.7. ISS

213.8. INSS

213.9. FGTS

71
Capítulo 3

213.10. Contribuição Sindical

214. Contas a Pagar

214.1. Salários

214.2. Honorários

214.3. Fretes e Carretos

214.4. Gratificações

214.5. Aluguéis

214.6. Energia Elétrica

214.7. Telefone

214.8. Água e Esgoto

214.9. Comissões

214.10. Seguros

215. Obrigações c/ Terceiros

215.1. Adiantamento de Clientes

215.2. Arrendamento Mercantil a Pagar

216. Dividendos e Lucros a Pagar

217. Provisões p/ Tributos e Contribuições

217.1. Provisão p/ Imposto de Renda

217.2. Provisão p/ Contribuição Social s/ Lucro Líquido

218. Outras Provisões

218.1. Provisão p/ Férias

218.2. Provisão p/ 13º Salário

22. PASSIVO NÃO CIRCULANTE

221. Empréstimos e Financiamentos

221.1. Empréstimos Bancários

221.2. Empréstimos do Exterior

72
Atividade agroindustrial

221.3. Financiamentos Bancários

221.4. Financiamentos do Exterior

221.5. Adiantamento s/ Contrato de Câmbio

222. Obrigações com Terceiros

222.1. Arrendamento Mercantil a Pagar

222.2. Créditos de Acionistas e Quotistas

222.3. Créditos de Empresas Ligadas

23. PATRIMÔNIO LÍQUIDO

231. Capital Social

231.1. Capital Social Subscrito

231.2. (-) Capital Social a Integralizar

232. Reservas de Capital

233. Reserva de Lucros

234. Ajustes de Avaliação Patrimonial

235. Lucros ou Prejuízos Acumulados

235.1. Lucros Acumulados

235.2. (-) Prejuízos Acumulados

31. RECEITAS

311. Receita de Vendas

311.1. Pecuária e outros animais

311.1.1. Venda de gado

311.1.2. Venda de suínos

311.1.3. ...

311.2. Produtos pecuários

311.2.1. Leite

311.2.2. Ovos

73
Capítulo 3

311.2.3. Lã

311.3. Produtos agrícolas

311.3.1. Milho

311.3.2. Feijão

311.3.3. ...

321. Deduções da Receita Bruta

321.1. Vendas Canceladas

321.2. Devolução de Produtos

321.3. Devolução de Mercadorias

323. Impostos e Contribuições s/ Vendas

323.1. ICMS

323.2. ISS

323.3. Cofins

323.4. PIS

331. Receitas Financeiras

331.1. Variações Monetárias Ativas

332. Variações Cambiais Ativas

332.1. Empréstimos

333. Outras Receitas Financeiras

333.1. Juros de Aplicações Financeiras

333.2. ...

341. Receitas c/ Investimentos

341.1. Receita de Equivalência Patrimonial

341.1.1. Empresas Controladas

341.1.2. Empresas Coligadas

342. Receita de Dividendos e Lucros

74
Atividade agroindustrial

342.1. Dividendos e Lucros de Empresas Controladas

342.2. Dividendos e Lucros de Empresas Coligadas

342.3. Dividendos e Lucros de Outras Empresas

351. Receitas Operacionais Diversas

351.1. Superveniências ativas

351.1.1. Nascimento de gado

351.1.2. Nascimento de aves

351.1.3. ...

351.2. Aluguéis e Arrendamentos

351.3. Vendas de estrume

351.4. Vendas de hortaliças

351.5. Parcerias agrícolas

351.6. Serviços veterinários prestados

351.7. Ganhos de Capital c/ Investimentos

351.8. Ganhos de Capital c/ Imobilizado

361. Reversão de Provisões

361.1. Reversão de Provisão p/ Férias

361.2. Reversão de Provisão p/ Imposto de Renda

361.3. Reversão de Provisão p/ Perdas

361.4. Reversão de Provisão p/ Ajuste ao Valor de Mercado

371. Contas de Apuração

381.1. Exercício agrícola

381.2. Exercício pastoril

381.3. Exercício avícola

381.4. Lucro do Exercício

75
Capítulo 3

41. CUSTOS

411. Custos de rebanhos e aves

411.1. Custo do rebanho bovino

411.1.1. Aquisição de gado

411.1.2. Transporte

411.1.3. Mão de obra na aquisição e marcação

411.1.4. Alimentação

411.1.5. Profilaxia e tratamento

411.1.6. Conservação e limpeza de currais

411.1.7. Mão de obra de vigilância de rebanho

411.1.8. Custos de reprodução

411.2. Custo do rebanho eqüino

411.2.1. Aquisição

411.2.2. Transporte

411.2.3. Mão de obra na aquisição e marcação

411.2.4. Alimentação

411.2.5. Profilaxia e tratamento

411.2.6. Conservação e limpeza de estábulos

411.2.7. Mão de obra de vigilância de rebanho

411.2.8. Custos de reprodução

411.3. Custo do rebanho suíno

411.3.1. Aquisição

411.3.2. Transporte

411.3.3. Mão de obra na aquisição e marcação

411.3.4. Alimentação

411.3.5. Profilaxia e tratamento

76
Atividade agroindustrial

411.3.6. Conservação e limpeza de estábulos

411.3.7. Mão de obra de vigilância de rebanho

411.3.8. Custos de reprodução

411.4. Custo das aves

411.4.1. Aquisição de galinhas

411.4.2. Aquisição de pintos

411.4.3. ...

411.4.4. Transporte

411.4.5. Alimentação

411.4.6. Profilaxia e tratamento

411.4.7. Conservação e limpeza de confinamentos

411.4.8. Reprodução e criação

412. Custos de culturas agrícolas

412.1. Custo da cultura de milho

412.1.1. Sementes

412.1.2. Adubos e defensivos

412.1.3. Mão de obra de plantio e capina

412.1.4. Transporte plantio e colheita

412.1.5. Mão de obra de colheita

412.1.6. Irrigação

412.2. Custo da cultura de feijão

412.2.1. Sementes

412.2.2. Adubos e defensivos

412.2.3. Mão de obra de plantio e capina

412.2.4. Transporte plantio e colheita

412.2.5. Mão de obra de colheita

77
Capítulo 3

412.2.6. Irrigação

412.3. Custo da horticultura

412.3.1. Sementes e mudas

412.3.1. Adubos e defensivos

412.3.3. Mão de obra de plantio e capina

412.3.4. Transporte plantio e colheita

412.3.5. Mão-de-obra de colheita

412.3.6. Irrigação

413. Variações por perdas

413.1. Variações nos rebanhos

413.1.1. Norte de gado bovino

413.1.2. Morte de suínos

413.1.3. ...

413.2. Variações na criação de aves

413.2.1. Morte de galinhas

413.2.2. Morte de pintos

413.2.3. ...

413.3. Variações nas culturas

413.3.1. Perdas na cultura de milho

413.3.2. Perdas na cultura de feijão

413.3.3. ...

414. Outros custos

414.1. Depreciações

414.2. Manutenção de máquinas e equipamentos

42. DESPESAS

421. Despesas de Pessoal

78
Atividade agroindustrial

421.1. Ordenados, Salários e Comissões

421.2. Férias

421.3. 13º Salário

421.4. INSS

421.5. FGTS

421.6. Assistência Médica

421.7. Viagens e Representações

421.8. Transporte de Empregados

421.9. Programa de Alimentação do Trabalhador

422. Despesas c/ Entrega

422.1. Combustíveis

422.2. Manutenção de Veículos

423. Outras Despesas

423.1. Depreciações e Amortizações

423.2. Aluguéis

423.3. Manutenção e Reparos

423.4. Telefone e correio

423.5. Seguros

423.6. Devolução de Vendas Exercício Anterior

423.7. Perdas de Capital c/ Investimentos

423.8. Perdas de Capital c/ Imobilizado

423.7. Provisões

423.7.1. Provisão para ajuste do estoque a preço de mercado

423.8. Força e Luz

423.9. Água e Esgoto

424. Despesas Tributárias

79
Capítulo 3

424.1. IPTU

424.2. IPVA

424.3. Contribuição Sindical

424.4. Tributos e Contribuições Federais

424.5. Tributos e Contribuições Estaduais

424.6. Tributos e Contribuições Municipais

424.7. Multas Fiscais

424.8. Juros s/ Tributos e Contribuições

425. Materiais e Suprimentos

425.1. Material de Escritório

425.2. Material de Higiene e Limpeza

426. Despesas Financeiras

426.1. Variações Monetárias Passivas

426.2. Juros Passivos

426.3. Despesas Bancárias

427. Despesas de Equivalência Patrimonial

427.1. Empresas Controladas

427.2. Empresas Coligadas

427.3. Amortização de Ágio

428. Provisões p/ Perdas e Ajustes de Ativos

429. Contas de Apuração

429.1. Exercício agrícola

429.2. Exercício pastoril

429.3. Exercício avícola

429.4. Prejuízo do Exercício

Fonte: Adaptado de Marion (2005).

80
Atividade agroindustrial

Para que um plano de contas alcance todos os fatos de uma empresa, é


necessário que se elabore um plano específico para cada empresa em questão,
considerando que cada empresa possui particularidades em função de seu ramo,
tamanho, atividade, mercado, localidade etc.

Na próxima seção, será abordada a depreciação, amortização e a exaustão na


atividade rural.

Seção 3
Depreciação, Amortização e Exaustão na
Atividade Rural
Haverá depreciação na cultura permanente quando se tratar de empreendimento
próprio da empresa do qual serão extraídos os frutos, por exemplo: café, laranja
etc.

Haverá exaustão no caso em que a própria árvore for ceifada, cortada ou extraída
do solo. Estão sujeitas à exaustão os custos de aquisição ou formação (excluído
o solo) de floresta própria ou vegetação em geral. Exemplo: reflorestamento,
pastagem, cana-de-açúcar etc.

Já a amortização está diretamente ligada ao conceito de utilização de direitos em


propriedade de terceiros havendo a apropriação das quotas de depreciação na
proporção do tempo abrangido por este direito.

Conceitos
Segundo a Lei n. 6.404/76, a depreciação, amortização e exaustão devem ser
contabilizadas para registrar o desgaste pelo uso ou perda de utilidade do bem ou
direito.

O artigo 183, § 2º desta lei, diz o seguinte:

§ 2º - A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado


será registrada periodicamente nas contas de:

Depreciação, quando corresponder à perda dos direitos quem


tem por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de
utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;

Amortização, quando corresponder a perda do valor do capital


aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou
comercial;

81
Capítulo 3

Exaustão, quando corresponder a perda do valor, decorrente da


sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais
ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

Quando se fala em depreciação, é necessário também se conhecer o significado


de vida útil e valor residual.

Segundo o que determina a NBC TG 27 – Ativo Imobilizado, aprovada pela


Resolução CFC n. 1.177/2009:

1) Vida útil é:

a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o


ativo; ou

b) o número de unidades de produção ou de unidades


semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo.

2) Valor residual de um ativo:

É o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo,


após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já
tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil.

Ainda, a referida norma contempla outros conceitos atrelados ao Ativo


Imobilizado, conforme descrito na sequência.

Quadro 3.2 – Conceitos atrelados ao Ativo Imobilizado

a. Valor contábil – valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da


depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumuladas.

b. Custo – montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de


qualquer outro recurso dado para adquirir um ativo na data da sua aquisição
ou construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído ao ativo quando
inicialmente reconhecido.

c. Valor depreciável – custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo,


menos o seu valor residual.

d. Depreciação – alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo


da sua vida útil.

e. Valor específico para a entidade (valor em uso) – valor presente dos fluxos de
caixa que a entidade espera: (i) obter com o uso contínuo de um ativo e com a
alienação ao final da sua vida útil ou (ii) incorrer para a liquidação de um passivo.

82
Atividade agroindustrial

f. Valor justo – valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes
interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência
de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem
uma transação compulsória.

g. Perda por redução ao valor recuperável – valor pelo qual o valor contábil de um
ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável.

h. Ativo imobilizado – item tangível que:

• é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou


serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e

• se espera utilizar por mais de um período.

Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o
controle desses bens.

i. Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda
de um ativo e seu valor em uso.

Fonte: NBC TG 27 – Ativo Imobilizado.

Depreciação na Cultura Agrícola


Na cultura agrícola, poderemos falar em depreciação nos casos em que for colhida
a produção dos bens contabilizados como ativo permanente, mas estes bens
continuam existindo para futuras colheitas, assim, o termo “depreciação” é utilizado
no sentido de desgaste de parte deste bem (exemplo – árvores de frutos).

Quanto ao percentual da depreciação, este somente poderá ser determinado com


exatidão conforme uma observação da realidade em que se encontra tal bem,
já que o bem pode ter duração diferente conforme for tratado e cuidado, ou até
mesmo variável pelo clima.

Como métodos possíveis para se mensurar a depreciação, poderíamos destacar


a sua estimativa de vida útil ou então a estimativa de produção de frutos,
neste segundo caso, a depreciação seria variável conforme a produção em
determinados anos. Cabe ressaltar que a depreciação inicia somente a partir do
ano em que houver a primeira colheita, não existindo a depreciação durante a
colheita em formação.

83
Capítulo 3

Depreciação de Implementos Agrícolas


Devido ao fato de cada vez mais serem utilizados equipamentos agrícolas
no trabalho agrícola, a correta identificação e contabilização da depreciação
destes bens se tornou cada vez mais importante e determinante na apuração de
resultados da contabilidade.

Por um lado, existe a possibilidade de apropriação da depreciação conforme


a permissão pela legislação fiscal, no entanto, este método eventualmente
irá acusar resultados distorcidos já que os equipamentos normalmente não
trabalham durante todo o ano, havendo períodos de ociosidade em entressafras
etc. Assim, o recomendado é que seja utilizado o método conforme as horas
trabalhadas daquele equipamento em relação à sua vida útil conforme estimativa
do seu fabricante.

Para o caso de tratores, podemos destacar as estimativas de depreciação


sugeridas para países em desenvolvimento conforme o Programa Cooperativo do
Banco Mundial:

•• tratores de pneus – 8.000 horas de trabalho;


•• tratores de esteira – 9.000 horas de trabalho.

Para os casos, não raros, em que as empresas determinam uma utilização


máxima dos equipamentos, buscando evitar perdas na sua alienação, deve-
se calcular a depreciação já considerando o valor residual estimado na sua
alienação, assim, a depreciação seria somente o valor da diferença.

Para apurar o valor do custo por hora alocada ao trator, deve-se somar os
seguintes itens:

•• depreciação;
•• manutenção – deve ser alocada à depreciação mensal, não
contabilizada como despesa do período;
•• combustível – litros x hora trabalhada;
•• outros custos (lubrificação, seguros etc.);
•• salário do tratorista com encargos sociais.

Exemplo de cálculo da depreciação

No exemplo, a seguir, de cálculo de depreciação de uma máquina agrícola


utilizada na cultura de laranja:

84
Atividade agroindustrial

Valor do bem R$ 13.000,00


Valor residual ( - ) R$ 4.000,00
Valor líquido ( = ) R$ 9.000,00

Vida útil do bem: 10 anos

Taxa de depreciação = 100%: 10 anos = 10% ao ano

Depreciação de um ano = R$ 9.000,00 x 10% = R$ 900,00

Lançamentos contábeis

Debite Cultura Permanente em formação (estoques)

Laranja

Credite Depreciação Acumulada

Máquinas Agrícolas

No quadro, a seguir, demonstra a estimativa de vida útil de alguns itens principais


do ativo imobilizado encontrados nas empresas rurais:

Quadro 3.3 – Estimativa de vida útil de itens do ativo imobilizado encontrados nas empresas rurais

Bem Vida útil em anos % depreciação ao ano

Plantadeira 10 10%

Pulverizador 10 10%

Roçadeira 10 10%

Secador de cereais 10 10%

Adubadeira 8 12,50%

Motores elétricos 15 6,67%

Laranja 15 6,67%

Maracujá 5 20%

Cana-de-açúcar 4 25%

Fonte: Marion (2005, p. 79).

85
Capítulo 3

Depreciação na Pecuária
Também os animais de trabalho têm uma perda na sua vida útil estimada em que
estarão efetivamente trabalhando, neste caso, calcula-se a sua depreciação, tal
como ocorre com as máquinas.

No caso de animais reprodutores, o momento ideal para se iniciar o cálculo


da depreciação seria na hora em que se apurar certa perda na sua fertilidade,
observando assim que sua fase de alta produção haverá terminado. Como é
muito difícil identificar exatamente este momento, normalmente a depreciação
irá iniciar a partir do momento em que os animais iniciarem esta sua “fase
reprodutiva”.

Por média, os prazos da vida útil do rebanho reprodutor são:

•• gado reprodutor mestiço – cinco anos;


•• gado matriz mestiça – sete anos;
•• gado reprodutor puro – oito anos;
•• gado matriz pura – dez anos.

No entanto, não quer dizer exatamente que transcorrido este tempo o gado
estará totalmente inútil, o fato é que o macho poderá ainda produzir sêmen para
inseminação artificial e ainda ambos costumam ser vendidos para frigoríficos para
fins de abate.

Casos de depreciação
A depreciação na pecuária incide sobre o gado reprodutor (touros e matrizes) e os
animais de trabalho. Devido à limitação da capacidade produtiva, os animais de
trabalho, com o tempo, vão perdendo o vigor e a força, assim como os touros e
matrizes, que também possuem limites de eficiência na reprodução de animais.

Enquanto os animais encontram-se na fase de crescimento e formação, não


incidirá depreciação. A depreciação passará a incidir no caso de touros e
matrizes, a partir do momento em que estiverem prontos para a reprodução.

Taxas usuais de depreciação


Quanto a taxas de depreciação, não existe um critério determinado. Ela variará
de região para região e de acordo com o tipo e raça do animal. Em se tratando
de se determinar as taxas, o médico veterinário é a pessoa mais indicada para
determinar a vida útil do animal.

Deve-se levar em conta, também, o valor residual que o gado conseguiria no


mercado por ocasião de sua venda.

86
Atividade agroindustrial

Exaustão

Florestas e Espécies Vegetais de Pequeno Porte


Sendo a empresa proprietária de florestas para corte e comercialização, fará, com
o transcorrer do tempo, a apropriação da cota de exaustão dessas florestas. Para
apurar o cálculo correto da amortização, será observado o seguinte:

•• apura-se inicialmente o percentual que o volume dos recursos


florestais utilizados ou a quantidade de árvores extraídas durante o
período-base representa em relação ao volume ou à quantidade de
árvores que no início do ano-base compunha a floresta;
•• o percentual encontrado será aplicado sobre o valor da floresta
registrado no ativo, e o resultado será considerado como custo dos
recursos florestais extraídos.

O objetivo é diluir os custos com a formação da floresta durante o período em


que ela gerar receitas, apropriando cada parcela do custo à parcela efetivamente
comercializada.

Para os casos em que a floresta permite diversos cortes, o custo de exaustão


deve ser computado em conformidade com esta particularidade e, então, será
diluído neste intervalo de tempo.

Cana-de-Açúcar
Como os custos da formação da cultura de cana-de-açúcar são contabilizados
no ativo permanente, a exaustão desta conta irá seguir os períodos em
que for possível fazer sua colheita. No entanto, ocorre normalmente que do
primeiro até o último ciclo produtivo há redução nesta produção ocorrendo um
“enfraquecimento” da colheita, assim, normalmente são seguidos os seguintes
percentuais (considerando quatro cortes):

•• 1º corte – 35,4%;
•• 2º corte – 25,1%;
•• 3º corte – 21,4%;
•• 4º corte – 18,1%.

Pastagens
Existem dois tipos de pastagens – a natural e a artificial. Enquanto a primeira
existe naturalmente com seu nascimento do solo fértil, a segunda existe pelo
esforço humano em fazer com que sua intervenção signifique o nascimento de
pastagens com determinados fins, normalmente para o consumo do gado.

87
Capítulo 3

Já que a pastagem (natural ou artificial) pertence ao ativo imobilizado, os gastos


com seu preparo, correção e manutenção são incorporados ao ativo imobilizado e
sofrem exaustão com a perda da potencialidade gerada.

Para se apurar a cota de exaustão das pastagens, o ideal é o estudo com


profissionais da área na busca de identificar o período fértil daquela pastagem.

No caso de acontecer fatos anormais (queimadas, erosão, excesso de gado etc.)


a recuperação se torna mais difícil, assim, deve-se contabilizar tais fatos como
perdas incorporadas ao resultado do exercício.

Normalmente, os gastos com melhoramentos, correções etc. são contabilizados


em contas separadas da própria conta da pastagem, já que a exaustão de ambas
vem a acontecer em períodos diferentes.

As taxas de depreciação permitidas pela Secretaria da Receita Federal do


Brasil para os bens que compõem o Imobilizado estão definidas nas Instruções
Normativas n. 162/1998 e n.130/1999.

Exemplo de cálculo da exaustão

Na proporção em que são extraídos os recursos naturais ou florestais, registra-se


a exaustão deste recurso.

Para cálculo do valor exaurido, calcula-se primeiramente o percentual do volume


extraído durante um período em relação à quantidade total existente no início do
período base que compunha a reserva florestal ou mineral. Em seguida, aplica-se
esse percentual encontrado sobre o valor da reserva registrada no Ativo, sendo
que o resultado será a cota de exaustão do período.

Alguns exemplos de culturas que têm seu custo de formação apropriados ao


resultado pelo critério da exaustão são: as florestais artificiais de eucaliptos, de
pinus, a cana-de-açúcar, as pastagens artificiais etc. No caso de um canavial,
uma vez formado, dependendo da região, poderá proporcionar de três a quatro
cortes. Admitindo-se que seja de três anos, a cota de exaustão anual, será obtida
aplicando-se o percentual de 33,33% sobre o valor da cultura formada.

O exemplo que se pode citar é referente a um reflorestamento. Suponhamos


um reflorestamento com 100.000 árvores e cujas estimativas de extração são as
seguintes:

•• primeiro ano, 15.000 plantas;


•• segundo ano, 20.000 plantas;
•• terceiro ano, 40.000 plantas;
•• quarto ano, 25.000 plantas.

88
Atividade agroindustrial

Divide-se o total registrado como valor do reflorestamento pelo total de plantas


existentes, o resultado é multiplicado pela quantidade de árvores extraídas
durante o ano e contabilizado como quota de exaustão do período.

Amortização
A amortização irá existir nos casos de aquisição de direitos sobre
empreendimentos de propriedades de terceiros. Alguns exemplos de amortização
são: aquisição de direito de extração de madeira em floresta pertencente a
terceiros, exploração de pomar alheio por prazo determinado, com preço
fixado etc. Conforme a legislação, no caso de exploração de floresta por prazo
indeterminado, haverá a exaustão, e não a amortização.

A cota de amortização do período é obtida dividindo-se o valor do direito, ou do


gasto em melhoramento, pelo número de períodos de duração deste direito ou
melhoramento.

Conforme a legislação do Imposto de Renda, nos casos de itens do Ativo


Intangível, este prazo não poderá ser inferior a cinco anos. Já a Lei das
Sociedades por Ações estabelece o limite máximo de dez anos para essas
amortizações.

Exemplo de cálculo da amortização

Suponhamos que a conta Benfeitorias em bens de terceiros apresente saldo de


R$ 40.000,00, o qual deve ser amortizado a taxa de 10% a.a.

Assim temos:

Taxa x valor do bem/100 = Quota de amortização

0,10 x R$ 40.000,00 = R$ 4.000,00

R$ 4.000,00/100 = R$ 40,00

Sendo assim:

D- Despesa com amortização......R$ 40,00

C- Amortização acumulada..........R$ 40,00

Na próxima seção, serão abordados assuntos referentes aos custos da


atividade rural, suas características, forma de mensuração e reconhecimento na
contabilidade.

89
Capítulo 3

Seção 4
Custos na Contabilidade Rural
Para Marion (2014), a contabilidade de custos é um segmento da ciência muito
importante no meio rural, pois traduz em valores monetários, o desempenho
do negócio da sua administração. Crepaldi (2005) entende que a organização
agrícola desenvolve diversas atividades, e, consequentemente, compartilha o
capital para desenvolver tais atividades. Escolher as melhores culturas que serão
exploradas de modo a aproveitar da melhor maneira possível os recursos como a
terra, benfeitorias, máquinas e implementos agrícola, é uma tarefa fundamental no
setor rural. Nesse sentido, a gestão de custos pode se tornar fundamental para
decisões de investimentos bem como para administração rural.

O principal papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar


os resultados, buscando maximizar o lucro das atividades desenvolvidas. O
administrador rural é responsável por decidir o que produzir, quando e como
produzir, assim como controlar e avaliar o andamento das atividades. Para que
tais decisões sejam eficazes, torna-se necessário que o administrador busque
conhecimentos sobre os fatores que influenciam os resultados econômicos
da propriedade rural. Crepaldi (2012) explica que os elementos básicos para
desenvolver as atividades econômicas dos produtores rurais são obtidos através
do conhecimento das condições do mercado e dos recursos naturais a serem
explorados.

O sistema de custos tem a função de registrar os custos incorridos com


a produção, apresentando o resultado após a execução de todas as
operações, com o produto já concluído e/ou acabado.

Dentre os sistemas, um dos mais utilizados é o custo histórico ou real que


consiste nos registros contábeis das despesas e gastos reais à medida que
eles ocorrem. Apresenta o resultado no fim do ciclo produtivo com o produto já
concluído, pronto para comercialização ou consumo.

As empresas que controlam custos por atividades adotam o sistema de custos


ABC (Activity Based Costing). A ideia básica do sistema de custos ABC é
primeiramente atribuir custos às atividades e posteriormente transferir os custos
das atividades aos produtos.

90
Atividade agroindustrial

Classificação de custos
Os custos se classificam em fixos e variáveis.

Custos fixos - são aqueles de natureza constante, que não mantêm


proporcionalidade com a produção. São os custos necessários para o
funcionamento normal da empresa, independente de estar ou não produzindo.
Representam as despesas de salários e encargos do pessoal administrativo,
aluguéis, impostos, taxas e depreciações.

Custos variáveis - são aqueles que mantêm relação com a quantidade produzida,
variam em função do aumento ou diminuição da produção. Representam as
despesas com sementes, fertilizantes, defensivos, combustíveis, lubrificantes,
transportes, mão de obra e encargos, manutenção e reparos.

Elementos componentes do custo de produção


São componentes dos custos de produção as despesas diretas com insumos e
mão de obra e as despesas indiretas.

Despesas diretas ou custo direto - são aquelas que pela sua natureza e
características determinam com exatidão os valores e aonde foram aplicadas.
São contabilizadas diretamente como custo da cultura específica e, normalmente,
compreende as despesas com sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra e
encargos diretos.

Despesas indiretas ou custo indireto - também denominadas gastos indiretos,


são aquelas despesas que não permitem identificar com exatidão os valores que
devam recair sobre cada cultura ou atividade. Representa as despesas comum às
diversas culturas e deverão ser rateadas entre elas.

Critério de rateio ou distribuição das despesas indiretas ou


custo indireto
Para se determinar o critério de rateio das despesas indiretas, deverá ser levado
em conta a natureza da operação e as características das despesas. Na atividade
agrícola as operações e despesas são de natureza e características semelhantes,
portanto, as despesas com mão de obra e encargos, combustíveis e lubrificantes,
manutenção e conservação de máquinas e implementos agrícolas, depreciação e
outras despesas com gradeação, lavração, aplicação de fertilizantes e defensivos
e outras operações, poderão ter como base para rateio a relação quantidade de
hectares de cada cultura.

91
Capítulo 3

O rateio das despesas indiretas constitui um dos sérios problemas da


contabilidade, pois o critério utilizado deverá ser aquele que resultar da
observação do encarregado da produção, podendo ser utilizada a proporção da
área ocupada para cada cultura, proporcional à mão de obra direta já apropriada
(contabilizada) a cada cultura, aos materiais já apropriados e, ainda, à produção.

Na sequência, vamos verificar o impacto do imposto de renda na atividade rural,


verificando as formas de tributação aplicadas a ela e a carga tributária incidente
sobre os resultados apurados com a exploração agropecuária.

Seção 5
Imposto de Renda na Atividade Rural
Nesta seção, será abordada a tributação do imposto de renda aplicável às
Pessoas Jurídicas e/ou Pessoas Físicas que explorem atividade rural.

Tributação das Pessoas Jurídicas


As pessoas jurídicas que exercem atividade rural são tributadas com base nas
mesmas regras aplicáveis às demais pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real, presumido ou arbitrado, inclusive sujeitando-se ao adicional do imposto
de renda à alíquota de 10% (dez por cento) (RIR/1999, art. 406).

Lucro Presumido
A pessoa jurídica que explora atividade rural, desde que não esteja enquadrada
em qualquer das situações que a obriguem à apuração do lucro real, poderá
optar pela tributação com base no lucro presumido, apurado trimestralmente,
observando os procedimentos aplicáveis às demais pessoas jurídicas.

Para a determinação do lucro presumido sobre o valor da receita bruta


proveniente da atividade rural, aplica-se o percentual de 8% para o IRPJ e
12% para a CSLL.

Observe-se que, no regime do lucro presumido, não há como aproveitar os


benefícios concedidos à atividade rural. Portanto, para fins de planejamento
tributário, é necessário considerar esta limitação, antes de se optar, em definitivo,
pelo lucro presumido.

92
Atividade agroindustrial

A empresa optante pelo Lucro Presumido poderá, para fins tributários, reconhecer
as receitas de vendas de produtos agropecuários pelo regime de caixa, ou seja,
pelos recebimentos.

Lucro Real
No regime do Lucro Real, a empresa que explora atividade rural, assim como as
demais pessoas jurídicas, pode:

a. apurar o lucro real trimestralmente, em 31 de março, 30 de junho,


30 de setembro e 31 de dezembro; ou
b. optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, hipótese
em que fica obrigada a apurar o lucro real anualmente, em 31 de
dezembro.

Em ambos os casos, seja presumido ou real, o imposto a ser pago será


determinado mediante a aplicação sobre a base de cálculo apurada da alíquota
de 15% para o IRPJ e 9% para a CSLL; a parcela da base de cálculo apurada
mensalmente que exceder a R$ 20.000,00 (Vinte mil reais) ficará sujeita à
incidência de adicional à alíquota de 10%.

1) Incentivos Fiscais – Depreciação

Os bens do ativo imobilizado poderão ser depreciados integralmente no ano da


aquisição, desde que adquiridos por empresa que explora atividade rural para uso
nessa atividade, exceto terra nua, conforme regulamenta o art. 314 do RIR/99.

O gozo desse benefício aplica-se aos bens adquiridos a partir de 24 de agosto


de 2001 (data da publicação da MP n. 2.159-70/01), e subordina-se às regras de
depreciação acelerada, a saber (art. 313, §§ 1º a 3º, do RIR/99):

a) na escrituração mercantil será apropriada a depreciação normal


do bem, calculada com base no prazo de vida útil admitido para
ele;

b) a diferença entre o custo de aquisição do bem e o encargo


da depreciação normal, registrado na escrituração mercantil no
ano da aquisição, constituirá exclusão do lucro líquido para a
determinação do lucro real decorrente da atividade rural, na Parte
A do Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR;

c) o valor excluído do lucro líquido, na Parte “A” do LALUR,


deverá ser controlado na Parte “B” desse livro;

d) tendo o valor referido na letra “c” sido integralmente excluído


do lucro líquido, no período-base da aquisição do bem, a partir
do período-base subsequente, o valor da depreciação normal

93
Capítulo 3

do bem, que for apropriado na escrituração mercantil, será


adicionado ao lucro real decorrente da atividade rural, para efeito
de determinação do lucro real dessa atividade;

e) no caso de alienação do bem, o saldo da depreciação


existente na Parte “B” do LALUR deverá ser adicionado ao lucro
líquido, para fins de determinação do lucro real do período-base
em que o bem for alienado.

De acordo com esses procedimentos, no período-base em que a depreciação


normal reajustada na escrituração mercantil (só ela) atingir 100% do custo do
bem, o saldo da depreciação acelerada, registrado na parte B do LALUR, ficará
zerado.

Na apuração da base de cálculo da CSLL da empresa rural, deverá ser observado


o mesmo procedimento adotado em relação à apuração da base de cálculo
do imposto de renda quanto à depreciação incentivada dos bens do ativo
imobilizado.

2) Resultado Operacional

O resultado operacional (lucro ou prejuízo) é aquele que representa o resultado


das atividades principais ou acessórias, que constituem objeto da pessoa jurídica.

A empresa rural tem por atividades principais a produção e venda dos produtos
agropecuários por ela produzidos e como atividades acessórias as receitas e
despesas decorrentes de:

•• aplicações financeiras;
•• variações monetárias ativas e passivas;
•• reversão de provisões;
•• recuperação de créditos;
•• resultado positivo e negativo na equivalência patrimonial;
•• dividendos e investimentos avaliados pelo custo de aquisição;
•• aluguel ou arrendamento;
•• compra e venda de mercadorias;
•• prestação de serviços.

O resultado operacional das empresas que explorem atividade rural não


contempla as atividades acessórias. Portanto, o regime tributário estabelecido
para as empresas rurais aplica-se somente ao resultado apurado decorrente das
atividades principais, não sendo permitido incluir, nesse regime de tributação,

94
Atividade agroindustrial

as receitas e despesas de atividade acessórias. Conforme a Lei n. 9.249/95, a


pessoa jurídica que explorar outras atividades, além da atividade rural, deverá
segregar, contabilmente, as receitas, os custos e as despesas referentes à
atividade rural das demais atividades, a fim de determinar o lucro ou prejuízo
contábil e o lucro ou prejuízo fiscal dessas atividades.

3) Determinação do Lucro Real da pessoa jurídica que explora atividade rural

O ponto de partida para a determinação do lucro real da atividade rural é o


resultado líquido apurado na escrituração comercial. As pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro real são obrigadas a manter em boa ordem e guarda a
escrituração e os documentos, em estrita observância às leis comerciais e
fiscais e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos.

O lucro real é definido como o resultado (lucro ou prejuízo) do período de


apuração, ajustado pelas adições, exclusões e compensações autorizadas pela
legislação do imposto de renda.

A pessoa jurídica que explorar outras atividades além da atividade rural, para
poder usufruir dos benefícios mencionados deverá segregar, contabilmente,
as receitas, os custos e as despesas referentes à atividade rural das demais
atividades, bem como demonstrar no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR),
separadamente, o lucro ou prejuízo contábil e o lucro ou prejuízo fiscal dessas
atividades.

Para esse fim, a pessoa jurídica deverá ratear, proporcionalmente, à percentagem


que a receita líquida de cada atividade representar em relação à receita líquida
total:

a. custos e despesas comuns a todas as atividades;


b. custos e despesas não dedutíveis, comuns a todas as atividades, a
serem adicionados ao lucro líquido, na determinação do lucro real;
c. demais valores, comuns a todas as atividades, que devam ser
computados no lucro real.

Se a pessoa jurídica não possuir receita líquida no ano-calendário, a determinação


dessa percentagem será efetuada com base nos custos ou despesas de cada
atividade explorada.

95
Capítulo 3

4) Compensação de Prejuízos Fiscais

A compensação de prejuízos fiscais decorrentes da atividade rural com o lucro


real da mesma atividade não está sujeita ao limite de 30% (trinta por cento), ou
seja, pode ser integralmente compensado em um único período-base, desde que
o lucro real apurado na atividade rural comporte a compensação, observado o
seguinte (art. 512 do RIR/99):

I - o prejuízo fiscal da atividade rural a ser compensado é o


apurado no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR);

II - se a empresa explorar atividades mistas:

a) o prejuízo fiscal da atividade rural apurado no período-base


poderá ser compensado com o lucro real das demais atividades,
apurado no mesmo período base, sem limite;

b) a compensação de prejuízos fiscais das demais atividades,


assim como a da atividade rural com o lucro real das demais
atividades, fica sujeita ao limite de 30% (ressalvada a hipótese da
letra “a”) e demais condições estabelecidas na legislação para a
compensação de prejuízos fiscais.

Tributação das Pessoas Físicas


O resultado da atividade rural, quando positivo, integrará a base de cálculo
do imposto na Declaração de Ajuste Anual. Para sua apuração, as receitas, as
despesas e os investimentos são computados mensalmente pelo regime de caixa.

Classificação das Atividades Rurais


São consideradas atividade rurais para fins de benefícios fiscais:

•• a exploração das atividades agrícolas, pecuárias, a extração e a


exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura,
suinocultura, sericicultura, piscicultura (pesca artesanal de captura
do pescado in natura) e outras de pequenos animais;
•• a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam
alteradas a composição e as características do produto in natura,
realizada pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e
utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando-
se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada,
tais como: descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de
trigo e milho, pasteurização e o acondicionamento do leite, assim

96
Atividade agroindustrial

como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de


apresentação, produção de carvão vegetal, produção de embriões
de rebanho em geral (independentemente de sua destinação:
comercial ou reprodução).

Também é considerada atividade rural o cultivo de florestas que se destinem ao


corte para comercialização, consumo ou industrialização (Lei n. 9.430, de 1996,
art. 59).

Ainda, a venda de sêmen de reprodutor e produção de embriões em geral,


alevinos e girinos em propriedade rural, independentemente de sua destinação
(reprodução ou comercialização).

Formas de Apuração
O resultado da exploração da atividade rural será apurado mediante escrituração
do livro caixa, que deverá abranger as receitas, as despesas de custeio, os
investimentos e demais valores que integram a atividade (Lei n. 9.250/1995, art. 18).

O contribuinte deverá comprovar a veracidade das receitas e das despesas


escrituradas no Livro Caixa, mediante documentação idônea que identifique o
adquirente ou beneficiário, o valor e a data da operação, a qual será mantida em
seu poder à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a decadência ou
prescrição.

A falta da escrituração implicará arbitramento da base de cálculo à razão de 20%


da receita bruta do ano-calendário (Lei n. 9.250/1995, art. 18, § 2º).

Livro Caixa
Aos contribuintes que tenham auferido receitas anuais até R$56.000,00,
faculta-se apurar o resultado da exploração da atividade rural, mediante prova
documental, dispensado o Livro Caixa (Lei n. 9.250/1995, art. 18, § 3º).

É permitida a escrituração do Livro Caixa pelo sistema de processamento


eletrônico, com subdivisões numeradas, em ordem sequencial ou
tipograficamente.

O Livro Caixa deve ser numerado sequencialmente e conter, no início e no


encerramento, anotações em forma de “Termo” que identifique o contribuinte e a
finalidade do Livro.

A escrituração do Livro Caixa deve ser realizada até a data prevista para a entrega
tempestiva da declaração de rendimentos do correspondente ano-calendário.

97
Capítulo 3

a) Definição de Receita Bruta

A receita bruta da atividade rural é constituída pelo montante das vendas dos
produtos oriundos das atividades rurais, exploradas pelo próprio produtor-
vendedor.

b) Composição da Receita Bruta

A receita bruta, decorrente da comercialização dos produtos, deverá ser


comprovada por documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal do
produtor, nota fiscal de entrada, nota promissória rural vinculada à nota fiscal do
produtor e demais documentos reconhecidos pelas fiscalizações estaduais.

Os investimentos serão considerados despesas no mês do pagamento (Lei n.


8.023/1990, art. 4º, §§ 1º e 2º).

As despesas de custeio e os investimentos são aqueles necessários à percepção


dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora, relacionados com a
natureza da atividade exercida.

Resultado da Atividade Rural


Considera-se resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta
recebida e o das despesas pagas no ano-calendário, correspondente a todos os
imóveis rurais da pessoa física (Lei n. 8.023/1990, art. 4º, e Lei n. 8.383/1991, art. 14).

O resultado auferido em unidade rural comum ao casal deverá ser apurado e


tributado pelos cônjuges proporcionalmente à sua parte. Opcionalmente, o
resultado poderá ser apurado e tributado em conjunto na declaração de um dos
cônjuges.

O resultado da atividade rural, quando positivo, integrará a base de cálculo do


imposto, na declaração de rendimentos e, quando negativo, constituirá prejuízo
compensável (desde que escriturado em Livro Caixa).

Tributação Simplificada e Parceria


À opção do contribuinte, o resultado da atividade rural limitar-se-á a vinte por
cento da receita bruta do ano-calendário (Lei n. 8.023/1990, art. 5º). Todavia,
a pessoa física que optar por essa modalidade de tributação simplificada
perderá o direito à compensação total dos prejuízos. Essa opção não dispensa o
contribuinte da comprovação das receitas e despesas, qualquer que seja a forma
de apuração do resultado.

98
Atividade agroindustrial

Os arrendatários, os condôminos e os parceiros na exploração da atividade rural,


comprovada a situação documentalmente, pagarão o imposto, separadamente, na
proporção dos rendimentos que couberem a cada um (Lei n. 8.023/1990, art. 13).

Na hipótese de parceria rural, o disposto aplica-se somente em relação aos


rendimentos para cuja obtenção o parceiro houver assumido os riscos inerentes à
exploração da respectiva atividade.

Compensação de Prejuízos
O resultado positivo obtido na exploração da atividade rural pela pessoa física
poderá ser compensado com prejuízos apurados em anos-calendário anteriores.

A pessoa física fica obrigada à conservação e guarda do Livro Caixa e dos


documentos fiscais que demonstram a apuração do prejuízo a compensar.

O saldo do prejuízo apurado, não deduzido pelo de cujus, poderá ser utilizado
pelo meeiro e pelos sucessores legítimos após o encerramento do inventário,
proporcionalmente à parcela da unidade rural a que corresponder o prejuízo que
couber a cada beneficiário, observado que a opção do contribuinte pelo resultado
presumido de 20% faz com que perca o direito à compensação do total dos
prejuízos correspondentes a anos-calendário anteriores ao da opção.

Neste capítulo, enfocamos a contabilidade aplicada à atividade rural e


todas as suas especificidades. Verificamos a sua importância no contexto
do gerenciamento de uma empresa agroindustrial, através da adequada
contabilização dos fatos ocorridos no dia a dia de uma empresa rural.

99
Capítulo 4

Demonstrativos contábeis
e relatórios gerenciais na
Atividade Agroindustrial
O gerenciamento da empresa rural está situado no processo de tomada de
decisão. Assim, é necessário que se conheça bem o processo, para que se possa
aprimorar para atender às finalidades e metas dos produtores. Desta forma,
entende-se que finalidade básica da contabilidade rural é controlar o patrimônio,
apurar os resultados e prestar informações dos mesmos aos diversos usuários
das informações contábeis. Estas, por sua vez, devem ser confiáveis, ágeis,
esclarecedoras e fonte de tomada de decisão. Conforme Crepaldi (2005, p. 86):
“A Contabilidade Rural surgiu da necessidade de controlar o patrimônio. É fato
que existem pessoas, entidades e empresas que realizam muitas transações,
decorrendo, daí, maior complexidade de controle”.

Seção 1
Fluxo de Caixa na Atividade Rural
O caixa é o termômetro financeiro de uma empresa. Sendo assim, a
demonstração de fluxos de caixa é um importante instrumento de análise
financeira de uma empresa rural, pois é uma ferramenta que mostra claramente
a procedência dos recursos e a aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo
caixa em determinado período, permitindo avaliar sua estrutura financeira. Em
referência a esta demonstração, Coelho (2010, p. 108) argumenta que “[...] ela
permite avaliar de forma mais direta as alternativas de investimentos. Além
disso, podem-se visualizar, ainda, as formas de aplicação do lucro gerado pelas
operações durante o período e até mesmo os motivos das eventuais variações do
capital de giro”.

VIEIRA, Jardel Mendes. Atividade agroindustrial. Palhoça: UnisulVirtual, 2016, p. 101-118.

101
Capítulo 4

Crepaldi (2005, p. 273) coloca que o fluxo de caixa tem três objetivos no
gerenciamento de uma empresa rural:

I. prever com antecedência os períodos em que haverá necessidade


de captação de recursos para saldar compromissos e dívidas
assumidas;
II. garantir ao empresário rural um prazo maior para tomar decisões
no setor de finanças, pois projeta problemas que vai enfrentar no
futuro;
III. permitir ao empresário rural trabalhar com certa margem de
segurança, pois programará as operações financeiras durante
determinado ano agrícola. Por esses e outros motivos é de suma
importância um acompanhamento financeiro adequado, aonde
o contabilista rural poderá assessorar todos os procedimentos
necessários.

Ainda no entendimento de Crepaldi (2005), a administração da atividade rural


deve manter a propriedade em situação de solvência, bem como propiciar lucros
que compensem o risco pelo qual os investimentos os expõem. Mediante a
comparação entre o fluxo planejado e realizado, torna-se muito importante para a
propriedade elaborar este comparativo devido à identificação de distorções que
podem ocorrer durante a condução do negócio e pela percepção do gestor.

O fluxo de caixa também é reconhecido por Zdanowicz (1998) como sendo um


orçamento de caixa ou orçamento financeiro. Além dessas denominações, pode
ser chamado de movimentação financeira, previsão de entradas e saídas de
recursos, assim como previsão de caixa.

Na próxima seção, será abordada a análise econômico-financeira, bem como a


importância da mesma para a avaliação do desempenho da atividade rural.

102
Atividade agroindustrial

Seção 2
Análise Econômico-financeira na Atividade
Rural
A análise econômico-financeira é uma metodologia de análise utilizada para
compreender as estruturas econômica e financeira da empresa, a partir do estudo
do balanço patrimonial e do Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).

A importância da utilização de indicadores de desempenho, financeiros e não


financeiros, emerge da necessidade das empresas em obter informações
que expressem sua realidade operacional, abrangendo aspectos que estejam
relacionados ao desempenho, à estratégia, aos objetivos e às metas da
organização. Constituem-se como auxiliadores no processo de tomada de
decisão, servindo como base para gestão.

Portanto, diante deste contexto setorial e analítico, um indicador de desempenho


possibilita que uma determinada organização possa saber a evolução dos
efetivos resultados decorrentes de suas atividades enquanto unidade de negócio.

Em seguida, serão apresentados os indicadores utilizados na Análise Econômica


e Financeira das Demonstrações Contábeis.

Seção 3
Análise das Demonstrações Financeiras
A análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e confrontar os
elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao conhecimento
minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de
modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e,
também, a servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da
empresa.

A análise das demonstrações contábeis é dividida em duas categorias distintas:

•• análise financeira, que possibilita a interpretação da saúde financeira


da empresa, seu grau de liquidez e capacidade de solvência.
•• análise econômica, que permite a interpretação das variações do
patrimônio e da riqueza gerada por sua movimentação.

103
Capítulo 4

Tanto a análise financeira quanto a econômica são elaboradas e avaliadas sob


vários pontos de vista distintos, conforme a necessidade e amplitude de cada
usuário.

Análise Horizontal e Vertical


A finalidade principal da análise horizontal é apontar a variação de itens das
Demonstrações Contábeis por meio de períodos, a fim de caracterizar tendências.

Trata-se de discernir o ritmo de crescimento dos vários itens. A análise horizontal


também é conhecida como análise de tendência ou análise de evolução.

Esse tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens


e sua evolução no tempo.

Uma vez que os balanços e demonstrações de resultados


estejam expressos em moeda de poder aquisitivo da mesma
data, a análise horizontal assume certa significância e pode
acusar imediatamente áreas de maior interesse para investigação.
(IUDÍCIBUS, 1995, p.74).

A análise vertical também é conhecida como análise de estrutura. Sua técnica


é bastante simples, pois consiste em dividir todos os elementos do ativo pelo
valor do total deste mesmo ativo, e todos os valores do passivo pelo total deste
passivo, obtendo-se, assim, o percentual que cada elemento representa do todo.

Na demonstração de resultados, o elemento que será o divisor dos demais


itens é a receita líquida, e os percentuais vão indicar o quanto cada elemento do
resultado representa em relação a essa receita líquida. Justamente por possuir
essa capacidade de mostrar o quanto cada elemento representa do todo é que a
análise vertical é chamada de análise estrutural. Este tipo de análise é importante
para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo.

Análise por Índices


A análise das demonstrações financeiras por índices consiste na confrontação
entre os diversos grupos ou as contas patrimoniais e de resultado, de forma
que se estabeleça uma relação lógica que possibilite a mensuração da situação
econômica e financeira da empresa.

Para a obtenção de índices confiáveis, são necessárias algumas precauções que


levem em conta a qualidade e a padronização dos métodos utilizados para a
elaboração das demonstrações contábeis que podem envolver até a necessidade
de reclassificação de alguns itens.

104
Atividade agroindustrial

Os Índices Financeiros são aqueles que evidenciam a situação financeira da


empresa e estão subdivididos em índices de liquidez e índices de estrutura ou
endividamento.

a) Índices de Liquidez: têm como objetivo apurar a capacidade da empresa saldar


suas obrigações com terceiros, ou seja, pagar seus passivos. Estão subdivididos
em:

•• Índice de Liquidez Imediata;


•• Índice de Liquidez Corrente;
•• Índice de Liquidez Seca;
•• Índice de Liquidez Geral.

Quadro 4.1 ̶ Índices de liquidez

Índice Liquidez Imediata Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Geral

Ativo Circulante +
AÑC Realizável em
Ativo Circulante –
Disponibilidades Ativo Circulante Longo Prazo
Fórmula Estoques
Passivo Circulante Passivo Circulante Passivo Circulante
Passivo Circulante
+ Passivo Não
Circulante

Quanto a empresa
Quanto a empresa Quanto a empresa
Quanto a empresa possui de Ativo
possui de possui de Ativo
possui de Ativo Circulante para cada
Disponibilidades Circulante +
Analisa Circulante para cada R$ 1 em dívida em
para cada R$ 1 em Realizável a LP para
R$ 1 em dívida em curto prazo, sem
dívida em curto cada R$ 1 de dívida
curto prazo. comprometer os
prazo. total.
estoques.

Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior,


Interpretação
melhor. melhor. melhor. melhor.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (1998).

b) Índices de Estrutura ou Endividamento: estes índices relacionam as fontes


de fundos entre si, procurando retratar a posição relativa do capital próprio
com relação ao capital de terceiros. São quocientes de muita importância, pois
indicam a relação de dependência da empresa no que se refere ao capital de
terceiros. Os índices de estrutura ou endividamento avaliam a composição e a
aplicação dos recursos da empresa. Estão subdivididos em:

105
Capítulo 4

•• Índice de Participação do Capital de Terceiros (Endividamento);


•• Índice de Composição do Endividamento;
•• Imobilização do Patrimônio Líquido;
•• Imobilização dos Recursos Não Correntes.

Quadro 4.2 ̶ Índices de estrutura ou endividamento

Participação Imobilização Imobilização dos


de Capital Composição do
Índice do Patrimônio Recursos não
de Terceiros Endividamento Líquido Correntes
(Endividamento)

Capital de Terceiros Passivo Circulante A.Ñ.C. Imobilizado A.Ñ.C. Imobilizado


Fórmula
Patrimônio Líquido Capital de Terceiros Patrimônio Líquido P.L. + P.Ñ.C.

Quanto a empresa Qual o percentual Quantos R$ Que % dos


tomou de capital de de obrigações aplicou-se no Ativo Recursos não
terceiros para cada em curto prazo Não Circulante Correntes foi
Analisa
R$ 100 de capital em relação às Imobilizado para destinado ao Ativo
próprio. obrigações totais. cada R$ 100 de Não Circulante
Patrimônio Líquido. Imobilizado.

Quanto menor, Quanto menor, Quanto menor, Quanto menor,


Interpretação
melhor. melhor. melhor. melhor.

O resultado encontrado deve ser multiplicado por 100.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (1998).

Os Índices Econômicos são aqueles que indicam margens de lucro (rentabilidade),


de retorno do capital investido, velocidade das operações realizadas, entre
outros. Estão subdivididos em Índices de Rentabilidade ou de Retorno, Índices de
Rotação ou de Giro e Índices de Prazos Médios.

a) Índices de Rentabilidade ou de Retorno: os índices de retorno indicam


basicamente o lucro da empresa com relação aos custos e despesas realizados
para a sua obtenção e aos volumes de investimentos necessários e de recursos
disponíveis. Normalmente são indicados em percentuais.

•• Margem Bruta;
•• Margem Líquida;
•• Índice de Rentabilidade do Ativo;
•• Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido.

106
Atividade agroindustrial

Quadro 4.3 ̶ Índices de rentabilidade ou de retorno

Rentabilidade do Rentabilidade do
Índice Margem Bruta Margem Líquida Ativo Patrimônio Líquido

Lucro Bruto Lucro Líquido Lucro Líquido Lucro Líquido


Fórmula
Vendas Líquidas Vendas Líquidas Ativo P.L. médio

Quanto a Quanto a Quanto a empresa Quanto a empresa


empresa obtém empresa obtém obtém de lucro para obtém de lucro para
Analisa de lucro bruto de lucro líquido cada R$ 100 de cada R$ 100 de capital
para cada R$ para cada R$ 100 investimento total. próprio investido, em
100 vendidos. vendidos. média, no exercício.

Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor.
Interpretação
melhor. melhor.

O resultado encontrado deve ser multiplicado por 100.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (1998).

b) Índices de Rotação ou de Giro: são aqueles que informam a velocidade com


que os recursos disponíveis são aplicados.

•• Índice de Giro do Ativo Total;


•• Índice de Giro do Ativo Médio;
•• Giro do Patrimônio Líquido;
•• Giro do Ativo Imobilizado.

Quadro 4.4 ̶ Índices de rotação ou de giro

Giro do Ativo Giro do Ativo Giro do Patrimônio Giro do A.Ñ.C.


Índice Total Médio Líquido Imobilizado

Vendas Líquidas Vendas Líquidas Vendas Líquidas Vendas Líquidas


Fórmula
Ativo Total Ativo Total Médio Patrimônio Líquido A.Ñ.C. Imobilizado

Quanto a empresa Quanto a empresa Quanto a empresa Quanto a empresa


vendeu para vendeu para vendeu para cada vendeu para cada
Analisa cada R$ 1 de cada R$ 1 de R$ 1 de Patrimônio R$ 1 de A.Ñ.C.
investimento total. investimento total Líquido. Imobilizado.
médio.

Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior,


Interpretação
melhor. melhor. melhor. melhor.

Fonte: Adaptado de Matarazzo (1998).

107
Capítulo 4

c) Índices de Prazos Médios: são índices que podem ser dados em número de
vezes de renovação do item ou em dias.

•• Prazo Médio de Renovação de Estoques;


•• Prazo Médio de Recebimento de Clientes;
•• Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores.

Quadro 4.5 ̶ Prazos Médios

Prazo Médio de Prazo Médio de


Prazo Médio de
Índice Recebimento de Pagamentos a
Renovação de Estoques Clientes Fornecedores

Custo das Vendas Estoques Vendas a Prazo Compras a Prazo Saldo


Fórmula Médios Médio de Duplicatas a
Saldo Médio das Contas a Pagar a Fornecedores
Receber de Clientes

Indica quantas vezes o Demonstra quantas Demonstra quantas


estoque foi renovado. vezes o saldo médio de vezes o saldo médio
Analisa duplicatas a receber ou de duplicatas ou
clientes foi renovado no fornecedores a pagar foi
período. renovado no período.

Interpretação Quanto menor, melhor. Quanto menor, melhor. Quanto maior, melhor.

Fonte: Adaptado de Matarazzo (1998).

Por meio de avaliação econômica e financeira, será possível ter um diagnóstico


da situação de capital de uma empresa. Essa avaliação normalmente surge de
uma necessidade interna ou externa.

•• Necessidade de avaliação interna: acontece quando uma


organização quer entender melhor seus principais indicadores
econômicos e financeiros. É extremamente útil para a tomada de
decisões relacionadas à gestão. Neste caso, a análise financeira
surge como uma ferramenta de previsão de planos de financiamento
e investimento.
•• Necessidade de avaliação externa: importante para a apresentação
a organizações como fundos de investimento, bancos, governos e
até mesmo acionistas. Normalmente esta análise externa é mais útil
para empresas de grande porte com ações negociadas em bolsa ou
com intenção de obtenção de empréstimos mais vultosos.

108
Atividade agroindustrial

Na sequência, serão apresentadas informações relacionadas ao controle


gerencial da atividade rural e à sua importância no processo de tomada de
decisões.

Seção 4
Controle Gerencial
A Contabilidade Gerencial é fundamental no processo de gerenciamento das
empresas. Suas informações são feitas sob medida, para que os administradores
possam gerenciar as estratégias, por intermédio do planejamento, da organização
e das ações a serem tomadas para que a organização alcance seus objetivos
com eficiência, além de ser uma ferramenta na avaliação do desempenho da
empresa.

Os seus relatórios são de orçamentos, desempenho, custo e relatórios especiais


para facilitar a tomada de decisão. Esses devem ser adequados à necessidade
dos gestores e dos demais na tomada de decisão. É preciso ter uma frequência
adequada à necessidade da empresa e não possuir restrição, exceto as
determinadas pela administração.

Na atividade rural, além da contabilidade, precisamos saber o que iremos fazer


com as informações que ela nos fornece. Para analisarmos esses dados, é
utilizado o controle gerencial.

Para Crepaldi (2005, p. 65),

a informação gerencial é a resultante do que na realidade ocorre


no empreendimento. Por meio da classificação e organização dos
dados referentes ao movimento econômico diário da propriedade,
é possível gerar essas informações.

Portanto, a informação está diretamente ligada ao modo pelo qual ajuda


especialmente na tomada de decisões. As informações participam de várias
funções organizacionais diferentes como o controle operacional, custo da safra
agrícola, controle administrativo estratégico e operacional.

No caso da propriedade rural, na qual os insumos adquiridos são convertidos


em produtos acabados, as informações técnica, econômica e administrativa são
necessárias para o controle das várias operações da atividade, que tem início na
aquisição de insumos e termina na comercialização de seus produtos.

109
Capítulo 4

Marion e Segatti (2005, p. 6) comentam que “em relação ao orçamento o


empresariado rural segue o mesmo raciocínio de planejamento, acreditando que
se torna desnecessário devido aos fatores climáticos, ciclo biológico e aos riscos
de pragas e doenças”.

Na administração rural, o orçamento rural, assim como controle e planejamento,


também é de extrema utilidade, independente dos fatores externos que possam
vir a acontecer, facilitando, assim, uma tomada de decisão mais rápida e útil, e
evitando maiores prejuízos em seu exercício, caso o mesmo possa vir a ocorrer.

A Contabilidade Gerencial, o controle estratégico, planejamento e o orçamento


feito nas empresas têm como objetivo fornecer informações para todos os
usuários, sendo responsáveis pela direção e pelo controle de todas as operações.

Com o resultado que elas nos fornecem, é possível analisar as informações


sobre eventos econômicos das empresas que poderão ser usados por acionistas,
credores, governos, como forma de investimento e planejamento por terceiros
dentro das organizações.

Para a administração rural, o produtor também poderá optar por ter essas
informações e assessoria contábil, possibilitando a apuração de resultado pela
movimentação financeira. Consequentemente, o resultado dependerá de um
excelente controle de compra, vendas e movimentação financeira, do caixa e da
escrituração do plano de contas, constando as receitas e despesas.

O administrador rural, para o sucesso de sua atividade, necessita de


conhecimento e sensibilidade para lidar com seus diversos cultivos e volume
financeiro, tendo um poder decisivo para se manter competitivo em suas
atividades agropecuárias.

Apesar de constituir-se como uma empresa, muitas não possuem uma estrutura
fixa e complexa para determinar seu fluxo financeiro.

As propriedades do futuro tendem a ser verticalizadas e integradas à


agroindústria, havendo a transição da fazenda familiar para a empresa familiar. A
profissionalização do produtor rural faz-se com a incorporação de tecnologias,
por meio de equipamentos e maquinários, novas práticas (plantio direto, manejo
rotacionado), utilização de animais e plantas geneticamente melhoradas.
(MARION; SEGATTI, 2005, p. 4).

Exige-se, assim, profissionalização e conhecimento técnico para o plantio de


determinada área agrícola e utilização dos meios para exploração da terra,
conhecendo o período de sua produção para comercialização, essencialmente a
sazonalidade, período que concentra a colheita no ano agrícola.

110
Atividade agroindustrial

No aspecto econômico, avaliam-se as operações de receitas e despesas,


gerenciando o controle dos gastos e custos de cada produção, demonstrando
seus resultados para a tomada de suas decisões. Consideram-se aspecto
financeiro, as possibilidades de obtenção de recursos necessários e suas
aplicações para equilíbrio e manutenção dos custos em sua atividade.

Crepaldi (2005, p. 57) destaca que “o administrador será o responsável pelas


seguintes tarefas: planejamento (produção e finanças); organização (produção
e administração); direção de seus subalternos diretos e controle (produção,
administração e finanças)”.

O proprietário rural, assim como todo administrador de uma grande empresa,


necessita de conhecimento e informações úteis para o gerenciamento e
tomada de decisões adequadas sobre o cotidiano da empresa, podendo, assim,
sobressair-se em relação aos seus concorrentes, adequando-se às melhores
técnicas de produção, à análise de mercado e ao controle de custos.

Marion e Segatti (2005, p. 5) comentam que “todo planejamento estratégico,


gerencial e operacional deve ser bastante flexível para receber as adaptações de
acordo com as influências dos fatores internos e externos da empresa rural”.

O administrador rural deverá manter um bom planejamento e elaborar programas


anuais, que precisam ser mantidos e constantemente aprimorados, pois servirão
de base ao orçamento, auxiliando nas gerações de recursos e no controle de sua
propriedade.

Também, deve haver uma estrutura organizacional bem definida, com controle
de sua produção e distribuindo responsabilidade sobre as atividades e suas
funções, podendo avaliar os resultados obtidos, o custo de sua produção e a
responsabilidade direta de seus administradores.

Na próxima seção, serão abordados alguns indicadores ambientais de


desempenho sustentável e o impacto dos mesmos na Atividade Rural.

111
Capítulo 4

Seção 5
Indicadores ambientais de desempenho
sustentável
Indicadores são informações quantificadas, de cunho científico, de fácil
compreensão, usadas nos processos de decisão em todos os níveis da
sociedade, úteis como ferramentas de avaliação de determinados fenômenos,
apresentando suas tendências e progressos, que se alteram ao longo do
tempo. Permitem a simplificação do número de informações para se lidar com
uma dada realidade por representar uma medida que ilustra e comunica um
conjunto de fenômenos que levem à redução de investimentos em tempo e
recursos financeiros. Indicadores ambientais são estatísticas selecionadas que
representam ou resumem alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos
recursos naturais e de atividades humanas relacionadas.

A contabilidade vem desempenhando um importante papel na sociedade no


que diz respeito à conservação do meio ambiente. Leone (1992, p. 40) afirma
que “a Contabilidade dispõe de meios para auxiliar na implantação de operações
e de atividades e procedimentos que reduzem os custos como também e,
principalmente, no acompanhamento dos resultados alcançados”.

A Contabilidade socioambiental vem evoluindo ao longo dos últimos anos para


corresponder à demanda do mercado em relação aos cuidados com o meio
ambiente. De acordo com Perez et al. (2008), o mercado exige a inserção da
responsabilidade socioambiental nas empresas em seus novos empreendimentos,
assim como naqueles já existentes, para a redução ou eliminação dos gases
de efeito estufa. Além disso, os mesmos autores salientam que “a interação
responsável da empresa com o meio requer investimentos ecologicamente
corretos, que causam impactos na estrutura patrimonial empresarial”. (PEREZ et
al., 2008, p.58).

A seguir, serão apresentados alguns indicadores ambientais de desempenho


sustentável.

Mudança Climática
A partir do início da era industrial, verificou-se um aumento das emissões de
gases de efeito estufa (GEE) decorrentes das atividades humanas, perturbando
o equilíbrio radiativo do sistema terra-atmosfera. Acentuando o efeito estufa
natural, estes gases provocam mudanças de temperatura e podem repercutir
sobre o clima mundial. As mudanças no uso das terras e a silvicultura contribuem

112
Atividade agroindustrial

igualmente para o efeito estufa, modificando os sumidouros de carbono. A


mudança climática preocupa em razão de seus impactos sobre os ecossistemas
(biodiversidade), as instituições humanas e a agricultura, e de suas eventuais
consequências para outras atividades socioeconômicas que poderiam afetar a
produção econômica mundial.

A mudança climática poderia ter efeitos importantes ou notáveis sobre o


desenvolvimento sustentável.

Destruição da Camada de Ozônio


Os lançamentos, na atmosfera, de certas substâncias antrópicas, contendo
cloro e bromo, ameaçam a camada de ozônio estratosférica, que protege a
terra dos raios ultravioletas. Esta ameaça é preocupante no que concerne à
saúde humana, ao rendimento das culturas e ao meio ambiente. As principais
substâncias destruidoras da camada de ozônio (SDO) são os CFC, os halogênios,
o metilclorofórmio, o tetracloreto de carbono, os hidroclorofluorcarbonos (HCFC)
e o brometo de metila. Trata-se de substâncias químicas sintéticas utilizadas em
equipamentos de refrigeração e de climatização, bombas aerossóis, espumas
plásticas e extintores, que servem igualmente como solventes e pesticidas.

Os danos causados à camada de ozônio poderiam ter efeitos importantes ou


notórios sobre o desenvolvimento sustentável.

Qualidade do Ar
Os poluentes atmosféricos oriundos da transformação e do consumo de energia,
assim como dos processos industriais, são as principais causas da poluição do ar
nos níveis regional e local, suscitando inquietações quanto aos seus efeitos sobre
a saúde humana e sobre os ecossistemas. A exposição humana é particularmente
importante nas zonas urbanas onde se concentra a atividade econômica. A
poluição do ar pode, também, causar danos a prédios e monumentos por ação,
por exemplo, das precipitações e dos depósitos ácidos.

Uma qualidade do ar deteriorada pode resultar de formas de desenvolvimento


não sustentável. Pode ter consequências econômicas e sociais notórias, que
vão desde o aumento dos gastos médicos e da necessidade de restauração de
imóveis a uma redução da produção agrícola, danos às florestas e a deterioração
da qualidade de vida.

113
Capítulo 4

Resíduos
Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, sua composição e seu
volume variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção.
As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter
sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os
resíduos perigosos, produzidos, sobretudo, pela indústria, são particularmente
preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave
ameaça ao meio ambiente. Além disso, são necessárias políticas de longo prazo
para a eliminação de resíduos altamente radioativos.

A gestão dos resíduos aparece em primeiro plano dentro das preocupações


ambientais de um grande número de países, cujos esforços, até o presente
momento, tinham por objeto a coleta, o tratamento e a eliminação. Entretanto, a
minimização dos resíduos torna-se cada vez mais um objetivo das estratégias de
desenvolvimento sustentável. Este objetivo pode ser atingido graças à prevenção,
à reutilização, à reciclagem ou recuperação e, de maneira geral, a maior
consideração da variável ambiental nas práticas de consumo e nos métodos de
produção.

Qualidade da Água
A qualidade da água, estreitamente associada à quantidade de água, tem uma
grande importância econômica, ambiental e social. Conceito complexo, que
engloba numerosos aspectos (físico, químico, microbiológico, biológico), a
qualidade da água pode ser definida em função de sua aptidão a diferentes usos,
tais como o abastecimento de água potável, o banho ou a proteção do meio
aquático. Ela é afetada pelas extrações, pela poluição provocada pelas atividades
humanas (agricultura, indústria, doméstica), assim como pelo clima e pelas
condições meteorológicas.

Quando as pressões das atividades humanas conseguem alterar a qualidade da


água a ponto de ser necessário aplicar à água potável tratamentos cada vez mais
avançados e mais onerosos, ou de reduzir rigorosamente as espécies vegetais e
animais nos cursos d’água e nos lagos, a utilização sustentável destes recursos
fica comprometida.

Recursos Hídricos
Os recursos em água doce são de grande importância ambiental e econômica.
Sua distribuição varia consideravelmente de um país a outro e no interior de um
mesmo país. Um consumidor que não paga a água ao seu custo real tende a
utilizá-la de maneira ineficiente. Essa situação pode suscitar graves problemas,

114
Atividade agroindustrial

tais como baixa dos níveis dos cursos de água, falta de água, salinização das
águas doces das zonas costeiras, problemas de saúde humana, recuo das zonas
úmidas, desertificação e redução da produção de víveres. Os recursos hídricos
são submetidos a pressões decorrentes da exploração excessiva, mas também
da degradação da qualidade do meio ambiente. Para assegurar uma gestão
sustentável dos recursos hídricos, é indispensável estabelecer um elo entre as
derivações de água e a renovação dos estoques. Se uma parte importante dos
recursos hídricos de um país proveem de cursos d’água transfronteiriços, tensões
entre os países envolvidos poderão advir, em particular, quando as quantidades
disponíveis no país a montante são inferiores às do país a jusante.

A gestão sustentável dos recursos hídricos tornou-se uma preocupação maior em


um grande número de países, pois ela afeta a saúde humana e a sustentabilidade
da agricultura. A utilização racional da água é indispensável para assegurar a
adequação entre a oferta e a demanda. A redução das perdas, a utilização de
técnicas mais eficazes e a reciclagem são soluções possíveis, mas a aplicação
do princípio usuário-pagador a todos os tipos de consumidores constitui um
elemento essencial da gestão sustentável.

Recursos Florestais
As florestas, que fazem parte dos mais diversos e mais disseminados
ecossistemas da terra, têm inúmeras funções: fornecem madeira e outros
produtos; oferecem áreas de lazer e desempenham funções úteis aos
ecossistemas, notadamente por sua ação reguladora sobre o solo, o ar e a água;
são reservatórios de biodiversidade e atuam frequentemente como sumidouros
de carbono. As repercussões das atividades humanas sobre a saúde das
florestas assim como sobre seu desenvolvimento e sua regeneração suscitam
preocupações amplamente partilhadas. Numerosos recursos florestais são
ameaçados pela exploração excessiva, pela degradação da qualidade do meio
ambiente e pelas mudanças no uso do solo. Os maiores riscos de degradação
são de origem humana e notadamente devido ao desenvolvimento da agricultura
e das infraestruturas de transporte, à exploração florestal não sustentável, à
poluição atmosférica e à queima das florestas.

Para se tornar sustentável, a gestão das florestas deve preservar, ao mesmo


tempo, seu valor de produção da madeira, seus valores ecológicos e sociais
e seu valor para as populações aborígenes. Ela deve, em particular, assegurar
uma taxa ideal de colheita, evitando tanto a exploração excessiva quanto a
subexploração do recurso (principalmente em caso de desequilíbrio das faixas
etárias), para que não haja redução de sua capacidade produtiva.

115
Capítulo 4

Recursos Haliêuticos
Os peixes ocupam um espaço essencial na alimentação humana e nos
ecossistemas aquáticos. As reservas de peixes são submetidas a importantes
pressões, devido, notadamente, ao desenvolvimento das zonas costeiras e à
qualidade de seu meio ambiente. A exploração excessiva afeta tanto as reservas
de peixes de água doce quanto as de peixes marinhos. A aquicultura teve uma
expansão tal que sua dependência em relação à farinha de peixe a posiciona
em concorrência com outros setores de atividade, o que poderia frear o seu
desenvolvimento.

A gestão sustentável dos recursos haliêuticos figura, de ora em diante, entre


os grandes assuntos de preocupação. De acordo com a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (2002, p. 3),

em razão do aumento contínuo das capturas, algo em torno de


80 por cento dos estoques pesqueiros de grande valor comercial
são excessivamente explorados e o aniquilamento dos estoques
de várias espécies conduziu à exploração de espécies novas ou
de menor valor.

A questão essencial para uma gestão sustentável das zonas de pesca é saber
se o esforço de pesca não corre o risco de, no futuro, ultrapassar o ritmo de
renovação dos estoques.

Biodiversidade
O termo biodiversidade designa a variedade dos organismos vivos e sua
variabilidade, ou seja, a diversidade tanto em nível do ecossistema e das espécies
quanto no plano genético dentro de uma mesma espécie. A conservação da
biodiversidade tornou-se uma preocupação primordial na escala, tanto nacional
quanto mundial. As pressões que se exercem sobre a biodiversidade podem ser
de ordem física (alteração e desagregação dos habitats, causadas pela mudança
no uso das terras e modificação da cobertura vegetal, por exemplo), química
(poluição decorrente das atividades humanas, por exemplo) ou biológica (agressão
à dinâmica das populações e à estrutura das espécies pela introdução de espécies
exóticas ou pela comercialização das espécies selvagens, por exemplo).

A conservação e a gestão sustentável da biodiversidade fazem parte do


desenvolvimento sustentável: elas envolvem, ao mesmo tempo, a integração das
preocupações relativas à biodiversidade nas políticas econômicas e a prática
de medidas visando proteger zonas, hábitats e espécies. Os níveis de proteção
são variáveis, desde uma proteção integral ou parcial nas zonas efetivamente
protegidas até a promoção da conservação da biodiversidade fora daquelas
zonas (sobre as explorações agrícolas ou nas florestas, por exemplo).

116
Atividade agroindustrial

Desempenho Sustentável
Sustentabilidade relaciona-se diretamente com a manutenção dos recursos
ambientais, de forma quantitativa e qualitativa, conforme Afonso (2006) esta
manutenção ocorre quando se utiliza tais recursos sem danificar suas fontes ou
limitar a capacidade de suprimento futuro, a fim de que, tanto as necessidades
atuais quanto as do futuro, possam ser igualmente satisfeitas.

Em termos econômicos, a sustentabilidade prevê que as organizações têm


que ser economicamente viáveis, face ao seu papel na sociedade e que deve
ser cumprido, levando em consideração o aspecto da rentabilidade, dando
retorno ao investimento realizado pelo capital privado. Do ponto de vista social,
a organização deveria proporcionar boas condições de trabalho e em termos
ambientais, a empresa deveria pautar-se pela ecoeficiência dos seus processos
produtivos, oferecendo condições para o desenvolvimento de uma cultura
ambiental organizacional, adotando uma postura de responsabilidade ambiental e
buscando a não contaminação de qualquer tipo do ambiente natural.

Sendo assim, torna-se perceptível que as empresas consideradas sustentáveis


são aquelas que incorporam em suas políticas e ações internas os conceitos e
objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável diariamente, de forma
precisa e consistente.

Neste capítulo, estudamos a importância do gerenciamento de um fluxo de


caixa na atividade agroindustrial e verificamos que as demonstrações contábeis
são suscetíveis de análise econômico-financeira por meio da análise vertical e
horizontal e da análise de indicadores. Por último, estudamos os indicadores
ambientais de desenvolvimento sustentável, verificando de que forma os mesmos
podem impactar no desenvolvimento de uma atividade rural.

117
Considerações Finais

Pelos conteúdos apresentados nos quatro capítulos deste livro didático, você
adquiriu conhecimentos necessários para compreender o que é Contabilidade
Agroindustrial e a importância dela no contexto das organizações rurais, tanto no
aspecto gerencial, como no aspecto fiscal, tributário e contábil.

Observamos as formas de exploração da atividade agrícola, através da cultura


temporária, considerada uma cultura de ciclo curto e da cultura permanente,
denominada cultura de ciclo longo, bem como o fluxo contábil de cada uma
dessas culturas. Verificamos, ainda, os sistemas de produção adotados na
pecuária, denominados de sistemas extensivo e intensivo, e as suas respectivas
características, assim como as formas de apuração do resultado na pecuária pelo
método do custo e método do valor de mercado.

Estudamos a importância da contabilidade rural e a sua estruturação por meio


de um adequado plano de contas, que atenda às necessidades da Empresa
Rural. Tratamos da depreciação, amortização e exaustão aplicadas às atividades
desenvolvidas no meio rural, agrícola e pecuária. Analisamos, ainda, a tributação
dos resultados auferidos na atividade rural, através do Imposto de Renda, e seu
adicional, e contribuição Social, de acordo com a forma de tributação adotada
pela Empresa Rural.

Verificamos a importância de um eficiente planejamento financeiro, através da


elaboração de um Fluxo de Caixa, aplicado à atividade rural. Estudamos a análise
econômico-financeira, através da Análise Vertical e Horizontal e da análise por
índices, que buscam medir liquidez, endividamento, rentabilidade, rotação ou giro
e prazos médios.

Por fim, reconhecemos a importância de um adequado controle gerencial


aplicado à atividade rural e a importância da análise dos indicadores ambientais
de desempenho sustentável, e os impactos dos mesmos na exploração
agropecuária.

119
Referências

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Atlas, 1978.

BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação,


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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso
em: 16 dez. 2015.

______. Decreto n. 59.566, de 14 de novembro de 1966. Regulamenta as Seções


I, II e III do Capítulo IV do Título III da Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964,
Estatuto da Terra, o Capítulo III da Lei n. 4.947, de 6 de abril de 1966, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 nov. 1966. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D59566.htm>. Acesso em:
20 nov. 2015.

______. Instrução Normativa RFB n. 130, de 10 de novembro de 1999. Altera


o Anexo I da Instrução Normativa N. 162, de 31 de dezembro de 1998. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 11 nov. 1999. Disponível em: <http://normas.receita.
fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=14884>. Acesso
em: 16 dez. 2015.

______. Instrução Normativa RFB n. 1338, de 26 de março de 2013. Altera


a Instrução Normativa RFB n. 880, de 16 de outubro de 2008, que altera o
Manual da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social (GFIP) e do Sistema Empresa de Recolhimento
do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP) para usuários do SEFIP
8, bem como aprova a versão 8.4 do SEFIP e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 27 mar. 2013. Disponível em: <http://normas.receita.
fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=40507>. Acesso
em: 20 nov. 2015.

______. Instrução Normativa RFB n. 162, de 31 de dezembro de 1998. Fixa


prazo de vida útil e taxa de depreciação dos bens que relaciona. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 07 jan. 1999. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.
gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=15004>. Acesso em: 16
dez. 2015.

121
Universidade do Sul de Santa Catarina

______. Instrução Normativa SRF n. 208, de 27 de setembro de 2002. Dispõe


sobre a tributação, pelo imposto de renda, dos rendimentos recebidos de
fontes situadas no exterior e dos ganhos de capital apurados na alienação de
bens e direitos situados no exterior por pessoa física residente no Brasil e dos
rendimentos recebidos e dos ganhos de capital apurados no País por pessoa
física não-residente no Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 out. 2002.
Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAt
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a tributação dos resultados da atividade rural das pessoas físicas. Diário Oficial
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______. Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos das Leis nos
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2015.

122
Atividade agroindustrial

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Cadastro Rural, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12
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______. Lei n. 8.023, de 12 de abril de 1990. Altera a legislação do Imposto de


Renda sobre o resultado da atividade rural, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 13 abr. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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______. Lei n. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação


dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo
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______. Lei n. 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto


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líquido, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez.
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______. Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto


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Sobre o Professor Conteudista

Jardel Mendes Vieira é professor na Universidade do Sul de Santa Catarina


(UNISUL) deste 2007, onde leciona no Curso de Graduação em Ciências
Contábeis, Presencial, e em Cursos Tecnólogos e de Graduação, Virtuais. É
professor de cursos de Pós-Graduação pela UNISUL. É formado em Ciências
Contábeis, Tecnólogo em Gestão de Cooperativas e pós-graduado em
Contabilidade e Controladoria, pela UNISUL. Atua também como Controller, na
Cooperativa Agropecuária (COPAGRO), em Tubarão/SC, desde 2004.

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capa.pdf 1 19/07/16 10:04

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