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Atividade
agroindustrial
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos
Atividade
agroindustrial
Livro didático
Designer instrucional
Cristina Klipp de Oliveira
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
e-ISBN
978-85-7817-950-2
V71
Vieira, Jardel Mendes
Atividade agroindustrial : livro didático / Jardel Mendes Vieira ; design
instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
127 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-951-9
e-ISBN 978-85-7817-950-2
Introdução | 7
Capítulo 1
Atividade agrícola | 9
Capítulo 2
Empresa Agroindustrial | 33
Capítulo 3
Contabilidade Agroindustrial | 59
Capítulo 4
Demonstrativos contábeis e relatórios gerenciais na
Atividade Agroindustrial | 101
Considerações Finais | 119
Referências | 121
A contabilidade, por sua vez, se insere como uma ferramenta de controle que
visa a acompanhar as variações do patrimônio das empresas rurais subsidiando
os gestores nas tomadas de decisões. A Contabilidade Rural também fornece
informações sobre condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir
custos ou despesas, necessidades de buscar recursos; tendo como característica
e finalidade principal o planejamento.
Capítulo 1
Atividade agrícola
A agropecuária é o conjunto das atividades ligadas à agricultura e à pecuária.
Apresenta grande importância para a humanidade e para a economia, visto que
sua produção é destinada ao consumo humano e à venda dos produtos obtidos.
Seção 1
Administração Rural
Nos últimos tempos surgiu a necessidade de se abordar a agricultura como parte
de um sistema maior. No contexto atual, é necessário que os atores envolvidos
no setor agroindustrial tenham uma visão holística do negócio, que vislumbrem o
todo, suas partes relevantes e inter-relacionamentos. Assim, não é mais possível
planejar setorialmente, sem levar em conta os desdobramentos ao longo da
cadeia de produção. Otimizações isoladas não garantem a sua otimização global.
Assim, o administrador rural deve conhecer e atuar considerando esta realidade.
Agricultura
A agricultura é a lavoura ou o cultivo da terra e inclui todos os trabalhos
relacionados com o tratamento do solo e a plantação de vegetais. As atividades
agrícolas destinam-se à produção de alimentos e à obtenção de verduras
(legumes), frutas, hortaliças e cereais (SANTOS; SANTANA, 2012).
9
Capítulo 1
Agricultura familiar
Agricultura familiar é vista como o cultivo da terra por parte de uma família, onde os
agricultores são gestores e trabalhadores das suas próprias terras (LOPES, 2010).
Agricultura orgânica
Também conhecida como agricultura biológica, a agricultura orgânica remete
para a produção sem a utilização de agrotóxicos, com o objetivo de obter
produtos mais saudáveis, naturais e com maior durabilidade. Em muitos casos, a
agricultura está intimamente relacionada com a agricultura sustentável (PORTO
NETO, 2014).
10
Atividade agroindustrial
11
Capítulo 1
Os sistemas agropecuários
De acordo com o predomínio de um dos três fatores — terra, trabalho e capital
—, o desenvolvimento da atividade agropecuária classifica-se em três sistemas
principais (COLÉGIO ACADEMIA, 2015).
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Atividade agroindustrial
A Agricultura e a Biotecnologia
Segundo Santos (2009, p. 13),
13
Capítulo 1
A Agricultura no Brasil
Embora atualmente a maior parte da produção econômica brasileira esteja
concentrada na atividade industrial, a agricultura, que sempre foi muito
importante no país, ainda ocupa um lugar de destaque (COLÉGIO ACADEMIA,
2015):
A Pecuária no Brasil
Apesar de alguns rebanhos brasileiros estarem entre os maiores do mundo, a
pecuária é pouco significativa para a economia do país.
•• baixa qualidade;
•• baixa fertilidade (devida à alimentação e ao manejo deficientes);
•• grande incidência de doenças;
•• alta mortalidade, principalmente de animais jovens;
•• crescimento retardado das crias por perdas de peso nas estiagens e
por alimentação incompleta;
•• perdas de peso ou morte nas viagens entre as áreas de produção,
engorda e abate;
•• baixa rentabilidade, que impede a introdução de métodos
zootécnicos;
•• dificuldades de mercado no Brasil e dificuldades de exportação.
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Atividade agroindustrial
Ocorre que, por muito tempo, ignorou-se que a utilização dos solos nessas áreas
exige cuidados especiais, pesados investimentos e planificação adequada. Assim,
historicamente, desenvolveu-se no Brasil uma agricultura extensiva, com pouca
utilização de adubos e fertilizantes, sem combate acional às pragas e à erosão.
Resultado: baixo rendimento por hectare, com vastos espaços, antes férteis,
abandonados ou transformados em áreas de pastagens.
Propriedade Rural
A Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e a Lei n. 8.629, de
25/2/1993, definem “imóvel rural” como sendo o prédio rústico, de área contínua
qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à
exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada.
15
Capítulo 1
III - ter interrupções físicas tais como: cursos d’água e estradas, desde que seja
mantida a unidade econômica, ativa ou potencial.
Produtor Rural
No mundo e no Brasil, a grande maioria das empresas, independente do setor da
economia a que pertencem, são empresas familiares. Esse fator leva as empresas
ao sucesso na primeira geração, mas posteriormente, nas gerações seguintes, a
sérias dificuldades de continuidade, devido, principalmente, aos atritos familiares
(MORO, 2011).
Até pouco tempo atrás, vários produtores rurais brasileiros não tratavam seus
negócios como empresas, embora as mesmas assim fossem, mas atualmente
está mudando rapidamente o conceito antigo (MORO, 2011).
Atualmente tanto os filhos que trabalham com os pais nas propriedades, como
os que estão fora delas, querem participar, opinar e acompanhar o negócio da
família, e isto obriga que a relação, Amor X Dinheiro, seja regrada e administrada
de uma forma que não ocorra atritos familiares e nem perda de competitividade
da empresa.
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Atividade agroindustrial
17
Capítulo 1
Quando o produtor comercializa sua produção com outro produtor rural pessoa
física, diretamente no varejo, com destinatário incerto ou não comprovar
formalmente o destino da produção, o recolhimento é efetuado pelo próprio
produtor rural pessoa física (Contribuinte Individual e Segurado Especial),
cadastrado junto ao INSS no Cadastro Específico do INSS (CEI). O recolhimento
é feito através da Guia da Previdência Social (GPS) (SENAR, 2012).
Notas:
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Atividade agroindustrial
São deveres:
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Capítulo 1
Nota:
Alíquotas
2,5% - INSS;
0,1% - RAT;
0,25% - SENAR.
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Atividade agroindustrial
Ressalte-se que, no caso de exploração de uma unidade rural por mais de uma
pessoa física, cada produtor rural deve escriturar as parcelas da receita, da
despesa de custeio e dos investimentos que lhe caibam.
Insuficiência de Caixa
A escrituração consiste em assentamentos das receitas, despesas de custeio,
investimentos e demais valores que integram a atividade rural, em livro Caixa. As
insuficiências de caixa apuradas devem estar inequivocamente justificadas pelos
rendimentos das demais atividades, rendimentos tributados exclusivamente na
fonte ou isentos e por adiantamentos ou empréstimos, subsídios e subvenções
obtidos, coincidentes em datas e valores, comprovados por documentação
idônea (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).
21
Capítulo 1
Contratos Agrários
Os contratos de arrendamento e parceria são basicamente semelhantes no que
concerne à natureza jurídica, pois em todos há cessão de uso e gozo de imóvel
ou de área rural, parte ou partes dos mesmos, incluindo, ou não, outros bens,
benfeitorias e facilidades, com o objetivo de neles ser exercida atividade de
exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista, a outra
pessoa ou ao conjunto familiar, pelo proprietário, posseiro ou pessoa que tenha
a livre administração dos bens; porém, diferem substancialmente na forma de
remuneração do cedente (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2010):
Arrendatário e Parceiro
Para fins de exploração da atividade rural, conceitua-se como arrendatário ou
subarrendatário (também conhecido como locatário ou foreiro) e como parceiro-
outorgado ou subparceiro-outorgado (também conhecido como sócio, meeiro,
terceiro, quartista ou percentista) a pessoa, ou o conjunto familiar representado
pelo seu chefe, que recebe o imóvel ou a unidade rural, parte ou partes dos
mesmos, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e facilidades, e neles exerce
qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista,
sob contrato de arrendamento ou parceria rural (RECEITA FEDERAL DO BRASIL,
2006).
22
Atividade agroindustrial
Atenção:
Para ter plena validade perante o fisco, esses contratos devem ser comprovados
por instrumento escrito.
Rendimentos no Usufruto
O usufrutuário deve tributar os rendimentos de acordo com a natureza destes, ou
seja, deve apurar o resultado da atividade rural, desde que exerça essa atividade
no imóvel rural objeto do usufruto; caso contrário, o rendimento de qualquer outra
natureza se sujeita ao carnê-leão, se recebido de pessoa física, ou à retenção
na fonte, se pago por pessoa jurídica, e, também, ao ajuste na declaração anual
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).
Ressalte-se que o usufruto deve estar formalizado por escritura pública transcrita
no registro de imóvel competente.
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Capítulo 1
Atenção:
Rendimento da Avicultura
A avicultura é considerada pela legislação tributária como atividade rural, aí
incluída a produção de ovos, que não se descaracteriza como tal em virtude
da utilização de máquinas para lavagem, classificação e embalagem de ovos
(RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2006).
Atenção:
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Atividade agroindustrial
25
Capítulo 1
Na apuração do resultado, que deve ser feita separadamente para cada país
onde a atividade rural foi exercida (na moeda original e posteriormente convertido
para US$) e em seguida totalizada pela soma algébrica do resultado em US$ de
cada país (posteriormente convertida para R$), são aplicadas as mesmas normas
previstas para o contribuinte que exerce a atividade no Brasil.
Atenção:
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Atividade agroindustrial
Seção 2
Tipos de atividades de agronegócio
Consideram-se como atividade de agronegócio a exploração das atividades
agrícolas, pecuárias, a extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da
apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura (pesca artesanal de
captura do pescado in natura) e outras de pequenos animais; a transformação
de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição
e as características do produto in natura, realizada pelo próprio agricultor ou
criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades
rurais, utilizando-se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada,
tais como: descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho,
pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de
laranja, acondicionados em embalagem de apresentação, produção de carvão
vegetal, produção de embriões de rebanho em geral (independentemente de sua
destinação: comercial ou reprodução).
27
Capítulo 1
b) Arboricultura:
•• florestamento (eucalipto, pinho... );
•• pomares (maçã, laranja, manga...);
•• vinhedos, olivais, seringais, etc.
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Atividade agroindustrial
Seção 3
Ano Agrícola x Exercício Social
Um dos questionamentos frequentes do contabilista ao iniciar uma contabilidade
rural é quanto ao término do exercício social. Ao contrário do que ocorre com a
maioria das empresas ao fazer o exercício social coincidir com o ano civil, esta
prática não é adequada para as empresas rurais (MARION, 2005).
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Capítulo 1
Por outro lado, fazer-se a apuração dos resultados antes da colheita, com a
cultura em formação, seria quase impossível determinar com probidade o valor
econômico desta cultura.
Seção 4
Forma Jurídica de Exploração da Agropecuária
As formas jurídicas possíveis de exploração da atividade agropecuária são por
meio de pessoa física e pessoa jurídica. No Brasil, prevalece a pessoa física por
ser menos onerosa e ter mais vantagens fiscais, principalmente quando se trata
de pequenas atividades, pois neste contexto a contabilização da movimentação
desta pessoa física é simplificada, sendo necessário apenas o livro caixa.
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Atividade agroindustrial
31
Capítulo 1
32
Capítulo 2
Empresa Agroindustrial
A agroindústria é o conjunto de atividades relacionadas à transformação de
matérias-primas provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura.
O grau de transformação varia amplamente em função dos objetivos das
empresas agroindustriais. Para cada uma dessas matérias-primas, a agroindústria
é um segmento da cadeia que vai desde o fornecimento de insumos agrícolas até
o consumidor. Em comparação a outros segmentos industriais da economia, ela
apresenta uma certa originalidade decorrente de três características fundamentais
das matérias-primas: sazonabilidade, perecibilidade e heterogeneidade.
Seção 1
Importância da Empresa Rural
Para conhecer as atividades consideradas rurais, é importante definir o que é
uma empresa rural.
Segundo Marion (2005, p. 24), “empresas rurais são aquelas que exploram a
capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais
e da transformação de determinados produtos agrícolas”.
Mas existem outros autores que definem a empresa rural como unidade de
produção. Assim, para Crepaldi (2005, p. 25), “é a unidade de produção em que
são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado
ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.
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Capítulo 2
Aloe e Valle (1978) em seus estudos classificam essa proporção de empresa rural
da seguinte maneira: pequenas, médias e grandes.
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Atividade agroindustrial
Seção 2
Características do Agronegócio
O setor agrícola apresenta algumas características que o distinguem dos demais
setores da economia. Acompanhe a seguir as destacadas por Crepaldi (2005).
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Capítulo 2
Seção 3
Tipos de Culturas
Na sequência, abordaremos as características das culturas exploradas pela
atividade agrícola.
Culturas temporárias
Com relação à contabilidade agrícola, devemos considerar basicamente o tipo de
cultura existente: cultura temporária ou cultura permanente.
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Atividade agroindustrial
Vale observar que se tratando de uma única cultura - o que é raro de ocorrer -
todos os custos se tomam diretos à cultura, sendo apropriados diretamente.
Entretanto, existindo várias culturas, há a necessidade do rateio dos custos
indiretos, proporcionais a cada cultura.
Aqueles gastos não identificáveis com a cultura, ou seja, que não contribuíram
para a produção rural em si, e por isso não acumulados no estoque, deverão ser
apropriados como despesa do período, podendo ser classificada em: despesas
comerciais, administrativas e financeiras. Ressalta-se, porém, que ocorrendo
quaisquer dessas despesas, como exemplo juros sobre empréstimo bancário
para custeio exclusivo da plantação de cebola, estes encargos deverão ser
contabilizados no Ativo Circulante, em “Cultura Temporária - Cebola”.
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Capítulo 2
VENDA
Colheita
Formação
Plantio
Preparo do
Solo
RESULTADO
ATIVO CIRCULANTE
Agrônomo...
Credite Caixa
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Atividade agroindustrial
ð Pela venda
Debite Caixa
( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período
Culturas permanentes
Culturas permanentes ou perenes são aquelas que duram mais de um ano e
proporcionam mais de uma colheita.
Quando a cultura estiver formada, fato que pode levar até alguns anos, como é
o caso de certas qualidades de macieiras, 04 anos para a 1ª florada e produção,
transfere-se o valor acumulado na conta “Cultura Permanente em Formação”
para a conta “Cultura Permanente Formada”, identificando-se com uma conta
específica da cultura.
39
Capítulo 2
Por fazer parte do imobilizado desde a formação, a cultura deverá ser corrigida
monetariamente e, também a partir da primeira produção deverá ser reconhecido
o efeito da depreciação da cultura.
Compreende-se como gastos com a colheita tudo o que for aplicado na cultura
após a sua formação, visando a uma boa colheita. Assim, engloba-se nesse
conceito, mão de obra de capina, aplicação de produtos químicos, formicidas,
seguro de safra, depreciação da cultura formada e outros gastos necessários até
a última etapa da colheita.
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Atividade agroindustrial
VENDA
Colheita
Formação
dos Frutos
Planta
Formada
Formação
da Planta
Plantio
Preparo do
Solo
IMOBILIZADO EM
IMOBILIZADO ATIVO CIRCULANTE RESULTADO
ANDAMENTO
Credite Caixa
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Capítulo 2
ð Pelas vendas
Debite Caixa
( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período
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Atividade agroindustrial
Seção 4
Atividade Pecuária
Pecuária é a exploração de atividades através da criação de gado em geral,
que vivem de forma coletiva (rebanho). Como exemplo temos, bovinos, suínos,
caprinos, equinos, ovinos etc.
Sistemas de produção
Na sequência serão apresentados os sistemas de produção adotados na
Atividade Pecuária: sistema extensivo e sistema intensivo.
Extensivo:
Intensivo:
Plantel Grupo de
animais de boa raça Em se tratando de contabilidade da pecuária no Brasil,
(em especial bovinos
e equinos) que o
Marion (2005) comenta que há dois métodos de avaliação
criador conserva para a do estoque vivo (plantel), que são:
reprodução
•• valores de custo;
•• valores de mercado.
43
Capítulo 2
Segundo Marion (2005, p. 106), existem três fases distintas na atividade pecuária
de corte pelas quais passa o animal que se destina ao abate:
Classificação fiscal
44
Atividade agroindustrial
Tal avaliação considera fertilidade, ardor sexual, carcaça, peso etc., e varia
com a política de produção do produtor rural. Alguns transferem para o ativo
permanente as fêmeas e alguns machos.
Ocorre que o mesmo dispositivo legal (Lei n. 6.404/76), estabelece que nos casos
em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social (um ano),
a classificação no circulante ou realizável em longo prazo terá por base o prazo
desse ciclo.
Dessa forma, o curto prazo para a pecuária será igual ao seu ciclo operacional
(média de 3 a 4 anos). Assim, os estoques constarão no Ativo Circulante e não no
Ativo Não Circulante - Realizável em Longo Prazo. A mesma regra é válida para
as exigibilidades do passivo.
45
Capítulo 2
O art. 297 do RIR/1999 define que “os estoques de produtos agrícolas, animais
e extrativos poderão ser avaliados pelo valor de mercado, conforme as práticas
usuais em casa tipo de atividade”.
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Atividade agroindustrial
Método do Custo
O método do custo é semelhante ao de uma empresa industrial. Todos os custos
com a formação do rebanho (fixos e variáveis) são acumulados à produção
agropecuária do período e destacado no “Ativo Circulante - estoques”.
Dessa forma, por ocasião da venda seria apurado um lucro elevado naquele
exercício, não refletindo ser um resultado acumulado de vários exercícios.
Além do que, pela desatualização do valor contábil do rebanho com o tempo,
seria difícil a partir desses dados estipular o melhor momento para a venda,
fundamental para a maior lucratividade.
Credite Caixa
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Capítulo 2
ð Pelas vendas
Debite Caixa
( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Lucro do período
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Atividade agroindustrial
Credite Caixa
Superveniências Ativas
ð Pelas vendas
Debite Caixa
( + ) Receita Bruta
( - ) Custo dos produtos vendidos
( = ) Lucro Bruto
(+/-) Variação Patrimonial Líquida
( - ) Custos do período
( - ) Despesas Operacionais
Vendas
Administrativas
Financeiras
( = ) Resultado
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Capítulo 2
Seção 5
Tipos de Sociedades de exploração
agroindustrial
As pessoas físicas, tidas como grandes produtores rurais, são assemelhadas
às pessoas jurídicas e então tem as mesmas obrigações das demais pessoas
jurídicas; a forma de definição se é pequeno ou grande produtor rural está
diretamente ligada ao seu faturamento.
O atual código civil define o termo empresário como aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação
de bens ou serviços. Assim, o produtor rural passa a ser chamado de empresário
rural em função da definição acima, desde que se inscreva na junta comercial.
Não se inscrevendo na junta comercial, ele será um produtor rural autônomo.
Para fins legais, o produtor rural que tenha os devidos registros na junta comercial
é chamado de empresário rural, caso não tenha tal registro, será chamado de
produtor rural autônomo. Ainda, a sociedade de duas ou mais pessoa é chamada
de sociedade empresária. Dessa forma, podemos visualizar as seguintes condições
para o exercício da atividade rural:
50
Atividade agroindustrial
Sociedades Cooperativas
As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei n. 5.764, de 1971 que
definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das
cooperativas.
São sociedades de pessoas de natureza civil, com forma jurídica própria, não
sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados e que se
distinguem das demais sociedades pelas seguintes características (Lei n. 5.764,
de 1971, art. 4º):
51
Capítulo 2
52
Atividade agroindustrial
53
Capítulo 2
Seção 6
Planejamento Contábil na Empresa Rural
Segundo Crepaldi (2005), a Contabilidade Rural é uma das ferramentas
administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A Contabilidade
Rural é vista como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida
apenas dentro de suas finalidades fiscais, grande parte dos produtores não
demonstram interesse por uma aplicação gerencial, pois estão sujeitos apenas à
tributação do Imposto de Renda e não utilizam a aplicação gerencial, colocando
em segundo plano toda sua contabilidade.
Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi (2005) aponta
os seguintes:
54
Atividade agroindustrial
Crepaldi (2005) ainda salienta a importância de uma postura bem informada por
parte do empresário, onde deve haver uma escolha crítica do sistema contábil,
que demonstre melhor adaptação à natureza das atividades de sua empresa,
levando em conta seu modo de operar, sua forma de organização, constituição
jurídica e dimensão patrimonial. A avaliação do custo benefício da implantação
de um sistema de Contabilidade Rural Gerencial é imprescindível, diante da
capacidade de compreender e utilizar seus recursos para que se elaborem dados
realmente seguros.
55
Capítulo 2
56
Atividade agroindustrial
57
Capítulo 3
Contabilidade Agroindustrial
A contabilidade quando estudada de forma genérica em qualquer empresa é dita
contabilidade geral ou financeira. Quando concebida e dirigida a um segmento
específico de determinada produção ou atividade é denominada em função de tal
seguimento que a integra.
Seção 1
Importância da Contabilidade Rural
Segundo Crepaldi (2012), a Contabilidade Rural é uma das ferramentas
administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros. A Contabilidade
Rural é vista como uma técnica complexa em sua execução, sendo conhecida
apenas dentro de suas finalidades fiscais, grande parte dos produtores não
demonstram interesse por uma aplicação gerencial, pois estão sujeitos apenas à
tributação do Imposto de Renda e não utilizam a aplicação gerencial, colocando
em segundo plano toda sua contabilidade.
Entre os diversos fatores que têm contribuído para isso, Crepaldi (2005) aponta os
seguintes:
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Capítulo 3
Crepaldi (2005) ainda salienta a importância de uma postura bem informada por
parte do empresário, onde deve haver uma escolha crítica do sistema contábil,
que demonstre melhor adaptação à natureza das atividades de sua empresa,
levando em conta seu modo de operar, sua forma de organização, constituição
jurídica e dimensão patrimonial. A avaliação do custo benefício da implantação
de um sistema de Contabilidade Rural Gerencial é imprescindível, diante da
capacidade de compreender e utilizar seus recursos para que se elaborem dados
realmente seguros.
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Atividade agroindustrial
61
Capítulo 3
Seção 2
Plano de Contas na Atividade Rural
O Plano de Contas ou Elenco de Contas é o conjunto de todas as contas
existentes em determinada empresa, ou seja, o conjunto de contas deve abranger
todo tipo de fato ou acontecimento que ocorre na empresa.
O Plano serve como base para que a contabilidade norteie seus trabalhos de
registros dos fatos a atos referentes à organização, chamado de escrituração
contábil. Um plano de contas deve ser completo, bem estruturado, condizente
com as normas e os preceitos contábeis aceitos.
62
Atividade agroindustrial
111. Disponibilidades
111.1. Caixa
112. Clientes
63
Capítulo 3
113.7. Adiantamentos
115.4. Debêntures
64
Atividade agroindustrial
116.1.5 ...
116.1.6 ...
116.2.4. ...
116.2.5. ...
116.3.5. ...
116.3.6. ...
116.4.1. ...
116.5.1. ...
116.6.1. ...
116.7.1. ...
65
Capítulo 3
116.8. Aves
116.8.3. ...
117. Culturas
117.1.1. de feijão
117.1.2. de milho
117.1.3. ...
117.2.1. café
117.2.3. laranja
117.2.4. ...
118. Estoques
118.1.1. milho
118.1.2. arroz
118.1.3. feijão
118.1.4. ...
118.3. Almoxarifado
118.4.3. ...
66
Atividade agroindustrial
122.1.4. Debêntures
67
Capítulo 3
125.1.1 FINOR
125.1.2. FINAM
125.1.3. FUNRES
126. Investimentos
128.1.1. Reflorestamento
129. Imobilizado
130.1. Imóveis
131.1.1. Terrenos
131.1.1.2. Pastagens
132.1.1. Pocilgas
132.1.2. Estábulos
68
Atividade agroindustrial
132.1.3. Currais
132.1.4. Confinamentos
132.1.5. Aviário
132.1.6. ...
133.1.1. Silos
133.1.2. Depósitos
133.1.3. ...
134.1.3. ...
135.1.1. Pomares
135.1.5. ...
136.1.1. Caminhões
136.1.1.1. ...
136.1.2. Tratores
136.1.2.1. ...
136.1.3. Aeronaves
136.1.3.1. ...
69
Capítulo 3
136.1.4.1. ...
136.1.5.1. ...
136.1.6. Ferramentas
136.1.6.1. ...
136.1.7.1. ...
136.1.8.1. ...
136.1.9.1. ...
137.1.1. Reprodutores
137.1.1.1. Gado
137.1.1.2. Aves
137.1.2. Matrizes
137.1.2.1. Gado
137.1.2.2. Aves
138.1.1. Café
138.1.2. Maçã
138.1.3. ...
70
Atividade agroindustrial
140. Intangível
140.1. Marcas
141.1. Softwares
212. Fornecedores
213.1. ICMS
213.2. IRPJ
213.4. PIS
213.5. Cofins
213.6. IRRF
213.7. ISS
213.8. INSS
213.9. FGTS
71
Capítulo 3
214.1. Salários
214.2. Honorários
214.4. Gratificações
214.5. Aluguéis
214.7. Telefone
214.9. Comissões
214.10. Seguros
72
Atividade agroindustrial
31. RECEITAS
311.1.3. ...
311.2.1. Leite
311.2.2. Ovos
73
Capítulo 3
311.2.3. Lã
311.3.1. Milho
311.3.2. Feijão
311.3.3. ...
323.1. ICMS
323.2. ISS
323.3. Cofins
323.4. PIS
332.1. Empréstimos
333.2. ...
74
Atividade agroindustrial
351.1.3. ...
75
Capítulo 3
41. CUSTOS
411.1.2. Transporte
411.1.4. Alimentação
411.2.1. Aquisição
411.2.2. Transporte
411.2.4. Alimentação
411.3.1. Aquisição
411.3.2. Transporte
411.3.4. Alimentação
76
Atividade agroindustrial
411.4.3. ...
411.4.4. Transporte
411.4.5. Alimentação
412.1.1. Sementes
412.1.6. Irrigação
412.2.1. Sementes
77
Capítulo 3
412.2.6. Irrigação
412.3.6. Irrigação
413.1.3. ...
413.2.3. ...
413.3.3. ...
414.1. Depreciações
42. DESPESAS
78
Atividade agroindustrial
421.2. Férias
421.4. INSS
421.5. FGTS
422.1. Combustíveis
423.2. Aluguéis
423.5. Seguros
423.7. Provisões
79
Capítulo 3
424.1. IPTU
424.2. IPVA
80
Atividade agroindustrial
Seção 3
Depreciação, Amortização e Exaustão na
Atividade Rural
Haverá depreciação na cultura permanente quando se tratar de empreendimento
próprio da empresa do qual serão extraídos os frutos, por exemplo: café, laranja
etc.
Haverá exaustão no caso em que a própria árvore for ceifada, cortada ou extraída
do solo. Estão sujeitas à exaustão os custos de aquisição ou formação (excluído
o solo) de floresta própria ou vegetação em geral. Exemplo: reflorestamento,
pastagem, cana-de-açúcar etc.
Conceitos
Segundo a Lei n. 6.404/76, a depreciação, amortização e exaustão devem ser
contabilizadas para registrar o desgaste pelo uso ou perda de utilidade do bem ou
direito.
81
Capítulo 3
1) Vida útil é:
e. Valor específico para a entidade (valor em uso) – valor presente dos fluxos de
caixa que a entidade espera: (i) obter com o uso contínuo de um ativo e com a
alienação ao final da sua vida útil ou (ii) incorrer para a liquidação de um passivo.
82
Atividade agroindustrial
f. Valor justo – valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes
interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência
de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem
uma transação compulsória.
g. Perda por redução ao valor recuperável – valor pelo qual o valor contábil de um
ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável.
Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o
controle desses bens.
i. Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda
de um ativo e seu valor em uso.
83
Capítulo 3
Para apurar o valor do custo por hora alocada ao trator, deve-se somar os
seguintes itens:
•• depreciação;
•• manutenção – deve ser alocada à depreciação mensal, não
contabilizada como despesa do período;
•• combustível – litros x hora trabalhada;
•• outros custos (lubrificação, seguros etc.);
•• salário do tratorista com encargos sociais.
84
Atividade agroindustrial
Lançamentos contábeis
Laranja
Máquinas Agrícolas
Quadro 3.3 – Estimativa de vida útil de itens do ativo imobilizado encontrados nas empresas rurais
Plantadeira 10 10%
Pulverizador 10 10%
Roçadeira 10 10%
Adubadeira 8 12,50%
Laranja 15 6,67%
Maracujá 5 20%
Cana-de-açúcar 4 25%
85
Capítulo 3
Depreciação na Pecuária
Também os animais de trabalho têm uma perda na sua vida útil estimada em que
estarão efetivamente trabalhando, neste caso, calcula-se a sua depreciação, tal
como ocorre com as máquinas.
No entanto, não quer dizer exatamente que transcorrido este tempo o gado
estará totalmente inútil, o fato é que o macho poderá ainda produzir sêmen para
inseminação artificial e ainda ambos costumam ser vendidos para frigoríficos para
fins de abate.
Casos de depreciação
A depreciação na pecuária incide sobre o gado reprodutor (touros e matrizes) e os
animais de trabalho. Devido à limitação da capacidade produtiva, os animais de
trabalho, com o tempo, vão perdendo o vigor e a força, assim como os touros e
matrizes, que também possuem limites de eficiência na reprodução de animais.
86
Atividade agroindustrial
Exaustão
Cana-de-Açúcar
Como os custos da formação da cultura de cana-de-açúcar são contabilizados
no ativo permanente, a exaustão desta conta irá seguir os períodos em
que for possível fazer sua colheita. No entanto, ocorre normalmente que do
primeiro até o último ciclo produtivo há redução nesta produção ocorrendo um
“enfraquecimento” da colheita, assim, normalmente são seguidos os seguintes
percentuais (considerando quatro cortes):
•• 1º corte – 35,4%;
•• 2º corte – 25,1%;
•• 3º corte – 21,4%;
•• 4º corte – 18,1%.
Pastagens
Existem dois tipos de pastagens – a natural e a artificial. Enquanto a primeira
existe naturalmente com seu nascimento do solo fértil, a segunda existe pelo
esforço humano em fazer com que sua intervenção signifique o nascimento de
pastagens com determinados fins, normalmente para o consumo do gado.
87
Capítulo 3
88
Atividade agroindustrial
Amortização
A amortização irá existir nos casos de aquisição de direitos sobre
empreendimentos de propriedades de terceiros. Alguns exemplos de amortização
são: aquisição de direito de extração de madeira em floresta pertencente a
terceiros, exploração de pomar alheio por prazo determinado, com preço
fixado etc. Conforme a legislação, no caso de exploração de floresta por prazo
indeterminado, haverá a exaustão, e não a amortização.
Assim temos:
R$ 4.000,00/100 = R$ 40,00
Sendo assim:
89
Capítulo 3
Seção 4
Custos na Contabilidade Rural
Para Marion (2014), a contabilidade de custos é um segmento da ciência muito
importante no meio rural, pois traduz em valores monetários, o desempenho
do negócio da sua administração. Crepaldi (2005) entende que a organização
agrícola desenvolve diversas atividades, e, consequentemente, compartilha o
capital para desenvolver tais atividades. Escolher as melhores culturas que serão
exploradas de modo a aproveitar da melhor maneira possível os recursos como a
terra, benfeitorias, máquinas e implementos agrícola, é uma tarefa fundamental no
setor rural. Nesse sentido, a gestão de custos pode se tornar fundamental para
decisões de investimentos bem como para administração rural.
90
Atividade agroindustrial
Classificação de custos
Os custos se classificam em fixos e variáveis.
Custos variáveis - são aqueles que mantêm relação com a quantidade produzida,
variam em função do aumento ou diminuição da produção. Representam as
despesas com sementes, fertilizantes, defensivos, combustíveis, lubrificantes,
transportes, mão de obra e encargos, manutenção e reparos.
Despesas diretas ou custo direto - são aquelas que pela sua natureza e
características determinam com exatidão os valores e aonde foram aplicadas.
São contabilizadas diretamente como custo da cultura específica e, normalmente,
compreende as despesas com sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra e
encargos diretos.
91
Capítulo 3
Seção 5
Imposto de Renda na Atividade Rural
Nesta seção, será abordada a tributação do imposto de renda aplicável às
Pessoas Jurídicas e/ou Pessoas Físicas que explorem atividade rural.
Lucro Presumido
A pessoa jurídica que explora atividade rural, desde que não esteja enquadrada
em qualquer das situações que a obriguem à apuração do lucro real, poderá
optar pela tributação com base no lucro presumido, apurado trimestralmente,
observando os procedimentos aplicáveis às demais pessoas jurídicas.
92
Atividade agroindustrial
A empresa optante pelo Lucro Presumido poderá, para fins tributários, reconhecer
as receitas de vendas de produtos agropecuários pelo regime de caixa, ou seja,
pelos recebimentos.
Lucro Real
No regime do Lucro Real, a empresa que explora atividade rural, assim como as
demais pessoas jurídicas, pode:
93
Capítulo 3
2) Resultado Operacional
A empresa rural tem por atividades principais a produção e venda dos produtos
agropecuários por ela produzidos e como atividades acessórias as receitas e
despesas decorrentes de:
•• aplicações financeiras;
•• variações monetárias ativas e passivas;
•• reversão de provisões;
•• recuperação de créditos;
•• resultado positivo e negativo na equivalência patrimonial;
•• dividendos e investimentos avaliados pelo custo de aquisição;
•• aluguel ou arrendamento;
•• compra e venda de mercadorias;
•• prestação de serviços.
94
Atividade agroindustrial
A pessoa jurídica que explorar outras atividades além da atividade rural, para
poder usufruir dos benefícios mencionados deverá segregar, contabilmente,
as receitas, os custos e as despesas referentes à atividade rural das demais
atividades, bem como demonstrar no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR),
separadamente, o lucro ou prejuízo contábil e o lucro ou prejuízo fiscal dessas
atividades.
95
Capítulo 3
96
Atividade agroindustrial
Formas de Apuração
O resultado da exploração da atividade rural será apurado mediante escrituração
do livro caixa, que deverá abranger as receitas, as despesas de custeio, os
investimentos e demais valores que integram a atividade (Lei n. 9.250/1995, art. 18).
Livro Caixa
Aos contribuintes que tenham auferido receitas anuais até R$56.000,00,
faculta-se apurar o resultado da exploração da atividade rural, mediante prova
documental, dispensado o Livro Caixa (Lei n. 9.250/1995, art. 18, § 3º).
A escrituração do Livro Caixa deve ser realizada até a data prevista para a entrega
tempestiva da declaração de rendimentos do correspondente ano-calendário.
97
Capítulo 3
A receita bruta da atividade rural é constituída pelo montante das vendas dos
produtos oriundos das atividades rurais, exploradas pelo próprio produtor-
vendedor.
98
Atividade agroindustrial
Compensação de Prejuízos
O resultado positivo obtido na exploração da atividade rural pela pessoa física
poderá ser compensado com prejuízos apurados em anos-calendário anteriores.
O saldo do prejuízo apurado, não deduzido pelo de cujus, poderá ser utilizado
pelo meeiro e pelos sucessores legítimos após o encerramento do inventário,
proporcionalmente à parcela da unidade rural a que corresponder o prejuízo que
couber a cada beneficiário, observado que a opção do contribuinte pelo resultado
presumido de 20% faz com que perca o direito à compensação do total dos
prejuízos correspondentes a anos-calendário anteriores ao da opção.
99
Capítulo 4
Demonstrativos contábeis
e relatórios gerenciais na
Atividade Agroindustrial
O gerenciamento da empresa rural está situado no processo de tomada de
decisão. Assim, é necessário que se conheça bem o processo, para que se possa
aprimorar para atender às finalidades e metas dos produtores. Desta forma,
entende-se que finalidade básica da contabilidade rural é controlar o patrimônio,
apurar os resultados e prestar informações dos mesmos aos diversos usuários
das informações contábeis. Estas, por sua vez, devem ser confiáveis, ágeis,
esclarecedoras e fonte de tomada de decisão. Conforme Crepaldi (2005, p. 86):
“A Contabilidade Rural surgiu da necessidade de controlar o patrimônio. É fato
que existem pessoas, entidades e empresas que realizam muitas transações,
decorrendo, daí, maior complexidade de controle”.
Seção 1
Fluxo de Caixa na Atividade Rural
O caixa é o termômetro financeiro de uma empresa. Sendo assim, a
demonstração de fluxos de caixa é um importante instrumento de análise
financeira de uma empresa rural, pois é uma ferramenta que mostra claramente
a procedência dos recursos e a aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo
caixa em determinado período, permitindo avaliar sua estrutura financeira. Em
referência a esta demonstração, Coelho (2010, p. 108) argumenta que “[...] ela
permite avaliar de forma mais direta as alternativas de investimentos. Além
disso, podem-se visualizar, ainda, as formas de aplicação do lucro gerado pelas
operações durante o período e até mesmo os motivos das eventuais variações do
capital de giro”.
101
Capítulo 4
Crepaldi (2005, p. 273) coloca que o fluxo de caixa tem três objetivos no
gerenciamento de uma empresa rural:
102
Atividade agroindustrial
Seção 2
Análise Econômico-financeira na Atividade
Rural
A análise econômico-financeira é uma metodologia de análise utilizada para
compreender as estruturas econômica e financeira da empresa, a partir do estudo
do balanço patrimonial e do Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).
Seção 3
Análise das Demonstrações Financeiras
A análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e confrontar os
elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao conhecimento
minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de
modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e,
também, a servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da
empresa.
103
Capítulo 4
104
Atividade agroindustrial
Ativo Circulante +
AÑC Realizável em
Ativo Circulante –
Disponibilidades Ativo Circulante Longo Prazo
Fórmula Estoques
Passivo Circulante Passivo Circulante Passivo Circulante
Passivo Circulante
+ Passivo Não
Circulante
Quanto a empresa
Quanto a empresa Quanto a empresa
Quanto a empresa possui de Ativo
possui de possui de Ativo
possui de Ativo Circulante para cada
Disponibilidades Circulante +
Analisa Circulante para cada R$ 1 em dívida em
para cada R$ 1 em Realizável a LP para
R$ 1 em dívida em curto prazo, sem
dívida em curto cada R$ 1 de dívida
curto prazo. comprometer os
prazo. total.
estoques.
105
Capítulo 4
•• Margem Bruta;
•• Margem Líquida;
•• Índice de Rentabilidade do Ativo;
•• Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido.
106
Atividade agroindustrial
Rentabilidade do Rentabilidade do
Índice Margem Bruta Margem Líquida Ativo Patrimônio Líquido
Quanto maior, Quanto maior, Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor.
Interpretação
melhor. melhor.
107
Capítulo 4
c) Índices de Prazos Médios: são índices que podem ser dados em número de
vezes de renovação do item ou em dias.
Interpretação Quanto menor, melhor. Quanto menor, melhor. Quanto maior, melhor.
108
Atividade agroindustrial
Seção 4
Controle Gerencial
A Contabilidade Gerencial é fundamental no processo de gerenciamento das
empresas. Suas informações são feitas sob medida, para que os administradores
possam gerenciar as estratégias, por intermédio do planejamento, da organização
e das ações a serem tomadas para que a organização alcance seus objetivos
com eficiência, além de ser uma ferramenta na avaliação do desempenho da
empresa.
109
Capítulo 4
Para a administração rural, o produtor também poderá optar por ter essas
informações e assessoria contábil, possibilitando a apuração de resultado pela
movimentação financeira. Consequentemente, o resultado dependerá de um
excelente controle de compra, vendas e movimentação financeira, do caixa e da
escrituração do plano de contas, constando as receitas e despesas.
Apesar de constituir-se como uma empresa, muitas não possuem uma estrutura
fixa e complexa para determinar seu fluxo financeiro.
110
Atividade agroindustrial
Também, deve haver uma estrutura organizacional bem definida, com controle
de sua produção e distribuindo responsabilidade sobre as atividades e suas
funções, podendo avaliar os resultados obtidos, o custo de sua produção e a
responsabilidade direta de seus administradores.
111
Capítulo 4
Seção 5
Indicadores ambientais de desempenho
sustentável
Indicadores são informações quantificadas, de cunho científico, de fácil
compreensão, usadas nos processos de decisão em todos os níveis da
sociedade, úteis como ferramentas de avaliação de determinados fenômenos,
apresentando suas tendências e progressos, que se alteram ao longo do
tempo. Permitem a simplificação do número de informações para se lidar com
uma dada realidade por representar uma medida que ilustra e comunica um
conjunto de fenômenos que levem à redução de investimentos em tempo e
recursos financeiros. Indicadores ambientais são estatísticas selecionadas que
representam ou resumem alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos
recursos naturais e de atividades humanas relacionadas.
Mudança Climática
A partir do início da era industrial, verificou-se um aumento das emissões de
gases de efeito estufa (GEE) decorrentes das atividades humanas, perturbando
o equilíbrio radiativo do sistema terra-atmosfera. Acentuando o efeito estufa
natural, estes gases provocam mudanças de temperatura e podem repercutir
sobre o clima mundial. As mudanças no uso das terras e a silvicultura contribuem
112
Atividade agroindustrial
Qualidade do Ar
Os poluentes atmosféricos oriundos da transformação e do consumo de energia,
assim como dos processos industriais, são as principais causas da poluição do ar
nos níveis regional e local, suscitando inquietações quanto aos seus efeitos sobre
a saúde humana e sobre os ecossistemas. A exposição humana é particularmente
importante nas zonas urbanas onde se concentra a atividade econômica. A
poluição do ar pode, também, causar danos a prédios e monumentos por ação,
por exemplo, das precipitações e dos depósitos ácidos.
113
Capítulo 4
Resíduos
Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, sua composição e seu
volume variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção.
As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter
sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os
resíduos perigosos, produzidos, sobretudo, pela indústria, são particularmente
preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave
ameaça ao meio ambiente. Além disso, são necessárias políticas de longo prazo
para a eliminação de resíduos altamente radioativos.
Qualidade da Água
A qualidade da água, estreitamente associada à quantidade de água, tem uma
grande importância econômica, ambiental e social. Conceito complexo, que
engloba numerosos aspectos (físico, químico, microbiológico, biológico), a
qualidade da água pode ser definida em função de sua aptidão a diferentes usos,
tais como o abastecimento de água potável, o banho ou a proteção do meio
aquático. Ela é afetada pelas extrações, pela poluição provocada pelas atividades
humanas (agricultura, indústria, doméstica), assim como pelo clima e pelas
condições meteorológicas.
Recursos Hídricos
Os recursos em água doce são de grande importância ambiental e econômica.
Sua distribuição varia consideravelmente de um país a outro e no interior de um
mesmo país. Um consumidor que não paga a água ao seu custo real tende a
utilizá-la de maneira ineficiente. Essa situação pode suscitar graves problemas,
114
Atividade agroindustrial
tais como baixa dos níveis dos cursos de água, falta de água, salinização das
águas doces das zonas costeiras, problemas de saúde humana, recuo das zonas
úmidas, desertificação e redução da produção de víveres. Os recursos hídricos
são submetidos a pressões decorrentes da exploração excessiva, mas também
da degradação da qualidade do meio ambiente. Para assegurar uma gestão
sustentável dos recursos hídricos, é indispensável estabelecer um elo entre as
derivações de água e a renovação dos estoques. Se uma parte importante dos
recursos hídricos de um país proveem de cursos d’água transfronteiriços, tensões
entre os países envolvidos poderão advir, em particular, quando as quantidades
disponíveis no país a montante são inferiores às do país a jusante.
Recursos Florestais
As florestas, que fazem parte dos mais diversos e mais disseminados
ecossistemas da terra, têm inúmeras funções: fornecem madeira e outros
produtos; oferecem áreas de lazer e desempenham funções úteis aos
ecossistemas, notadamente por sua ação reguladora sobre o solo, o ar e a água;
são reservatórios de biodiversidade e atuam frequentemente como sumidouros
de carbono. As repercussões das atividades humanas sobre a saúde das
florestas assim como sobre seu desenvolvimento e sua regeneração suscitam
preocupações amplamente partilhadas. Numerosos recursos florestais são
ameaçados pela exploração excessiva, pela degradação da qualidade do meio
ambiente e pelas mudanças no uso do solo. Os maiores riscos de degradação
são de origem humana e notadamente devido ao desenvolvimento da agricultura
e das infraestruturas de transporte, à exploração florestal não sustentável, à
poluição atmosférica e à queima das florestas.
115
Capítulo 4
Recursos Haliêuticos
Os peixes ocupam um espaço essencial na alimentação humana e nos
ecossistemas aquáticos. As reservas de peixes são submetidas a importantes
pressões, devido, notadamente, ao desenvolvimento das zonas costeiras e à
qualidade de seu meio ambiente. A exploração excessiva afeta tanto as reservas
de peixes de água doce quanto as de peixes marinhos. A aquicultura teve uma
expansão tal que sua dependência em relação à farinha de peixe a posiciona
em concorrência com outros setores de atividade, o que poderia frear o seu
desenvolvimento.
A questão essencial para uma gestão sustentável das zonas de pesca é saber
se o esforço de pesca não corre o risco de, no futuro, ultrapassar o ritmo de
renovação dos estoques.
Biodiversidade
O termo biodiversidade designa a variedade dos organismos vivos e sua
variabilidade, ou seja, a diversidade tanto em nível do ecossistema e das espécies
quanto no plano genético dentro de uma mesma espécie. A conservação da
biodiversidade tornou-se uma preocupação primordial na escala, tanto nacional
quanto mundial. As pressões que se exercem sobre a biodiversidade podem ser
de ordem física (alteração e desagregação dos habitats, causadas pela mudança
no uso das terras e modificação da cobertura vegetal, por exemplo), química
(poluição decorrente das atividades humanas, por exemplo) ou biológica (agressão
à dinâmica das populações e à estrutura das espécies pela introdução de espécies
exóticas ou pela comercialização das espécies selvagens, por exemplo).
116
Atividade agroindustrial
Desempenho Sustentável
Sustentabilidade relaciona-se diretamente com a manutenção dos recursos
ambientais, de forma quantitativa e qualitativa, conforme Afonso (2006) esta
manutenção ocorre quando se utiliza tais recursos sem danificar suas fontes ou
limitar a capacidade de suprimento futuro, a fim de que, tanto as necessidades
atuais quanto as do futuro, possam ser igualmente satisfeitas.
117
Considerações Finais
Pelos conteúdos apresentados nos quatro capítulos deste livro didático, você
adquiriu conhecimentos necessários para compreender o que é Contabilidade
Agroindustrial e a importância dela no contexto das organizações rurais, tanto no
aspecto gerencial, como no aspecto fiscal, tributário e contábil.
119
Referências
121
Universidade do Sul de Santa Catarina
______. Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos das Leis nos
4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de
dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, 9.393, de 19 de dezembro
de 1996, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 ago.
2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10267.
htm>. Acesso em: 20 nov. 2015.
122
Atividade agroindustrial
123
Universidade do Sul de Santa Catarina
ETCHEPARE, Pedro. Ano internacional dos solos. [2015]. Disponível em: <http://
www.dalneem.com.br/release.php?e=1/>. Acesso em: 15 dez. 2015.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
124
Atividade agroindustrial
125
Universidade do Sul de Santa Catarina
126
Sobre o Professor Conteudista
127
capa.pdf 1 19/07/16 10:04