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Aula 6 - Novas regras contábeis e seus impactos para o IRPJ e

CSLL – Parte I

Questões

1. Qual o impacto para a redução do valor recuperável de ativos nas


demonstrações contábeis? Realize os lançamentos contábeis e os impactos na
base tributável do IRPJ e da CSLL correspondentes no seguinte exemplo:

- Imobilizado registrado pelo seu custo histórico, em 20X0, no valor de


$5.000.000,00;
- Valor de mercado em 20X1: $3.500.000,00

R: A redução do valor recuperável de ativos, também chamado de impairment,


previsto no CPC 01, trata da contabilização de ativos de longo prazo com um
melhor nível de transparência quanto a sua realização. Em outras palavras, trata-se
de instrumento instituído para evitar que ativos fiquem registrados contabilmente
por valor que exceda seus valores de recuperação, leia-se, valor a ser recuperado
pelo seu uso ou sua venda.

Nos termos do CPC 01 – R1, define-se valor recuperável como: “o maior valor
entre o valor justo líquido de despesas de venda de um ativo ou de unidade
geradora de caixa e o seu valor em uso. Os itens 19 a 57 estabelecem as
exigências para mensuração do valor recuperável. Essas exigências usam o termo
“um ativo”, muito embora se apliquem igualmente a um ativo individual ou a uma
unidade geradora de caixa.”

Neste contexto, o impacto nas demonstrações contábeis ocorre, especialmente, no


balanço patrximonial, posto que a redução do valor contabilizado a título de ativo
reduz, por consectário lógico, o resultado do exercício.

Lançamentos Contábeis:

C – Imóveis – Parcela de reavaliação (Ativo Permanente)


D – Reserva de reavaliação (PL)
R$ 1.500.000,00

A diferença entre o valor contábil lançado e o valor auferido dos imóveis impactará
na base tributável do IRPJ e da CSLL, posto que diminuirá o resultado (lucro)
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contábil do período e, no caso, sendo o valor menor do que o efetivamente
apurado, não haverá tributo diferido para recolhimento.

2. Quais as diferenças jurídicas relativas aos contratos de arrendamento


mercantil financeiro e arrendamento mercantil operacional? Em relação aos
contratos, de arrendamento mercantil financeiro, como deverão ser realizados
os registros contábeis para o arrendante e para o arrendatário? Analise os
impactos dos novos critérios de contabilização sobre a base de cálculo do IRPJ
e da CSLL.

R: Podemos diferenciar o contrato de arrendamento mercantil (Leasing) financeiro


do operacional, sobretudo, pelo risco atribuído ao arrendatário quanto ao bem
objeto do arrendamento. Enquanto no primeiro o risco é do arrendatário, o qual
presta serviços relacionados ao bem arrendado (sem vincular o arrendante à opção
de compra ao final), no segundo o risco permanecem com a arrendante.

No leasing operacional, ao término do contrato, o arrendante pode pagar do valor e


referência do bem, que é o preço de mercado ao final do contrato.

No leasing financeiro, por outro lado, pode ser definida como uma “espécie de
locação” com opção de compra ou devolução do bem arrendado.

No caso do arrendante, após a elaboração do CPC 06 (R2), também conhecido


como IFRS 16, não mais se faz a distinção entre arrendamento operacional e
financeiro.

Em relação aos lançamentos contábeis, no arrendamento mercantil financeiro, o


arrendante deve reconhecer nos seus balanços os ativos mantidos e apresentá-los
como uma conta a receber por um valor igual ao investimento no arrendamento
mercantil, apropriando-se mensalmente dos encargos financeiros.

O arrendador, por outro lado, deve reconhecer a receita durante o prazo do


arrendamento mercantil, reconhecendo a despesa decorrente da depreciação do
bem arrendado, posto que, via de regra, o mesmo conta do seu ativo imobilizado.
Logo, o bem arrendado integra o imobilizado no ativo permanente, em
contrapartida ao valor total das contraprestações.

Nos termos do CPC 06 – R1:

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36. Os arrendadores devem reconhecer os ativos mantidos por arrendamento mercantil
financeiro nos seus balanços e apresentá-los como conta a receber por valor igual ao
investimento líquido no arrendamento mercantil.

37. Num arrendamento mercantil financeiro, substancialmente todos os riscos e benefícios


inerentes à propriedade legal são transferidos pelo arrendador e, portanto, os pagamentos
do arrendamento mercantil a serem recebidos são tratados pelo arrendador como
amortização de capital e receita financeira para reembolsá-lo e recompensá-lo pelo
investimento e serviços.

38. Os custos diretos iniciais são muitas vezes incorridos por parte dos arrendadores e
incluem valores como comissões, honorários legais e custos internos que sejam
incrementais e diretamente atribuíveis à negociação e estruturação do arrendamento
mercantil. Esses custos excluem gastos gerais como aqueles que são incorridos por equipe
de vendas e marketing. Para arrendamentos mercantis financeiros que não sejam os que
envolvem arrendadores fabricantes ou comerciantes (quando isso for permitido
legalmente), os custos diretos iniciais devem ser incluídos na mensuração inicial da conta
a receber de arrendamento mercantil financeiro e reduzem o valor da receita reconhecida
durante o prazo do arrendamento mercantil. A taxa de juros implícita no arrendamento
mercantil deve ser definida de tal forma que os custos diretos iniciais sejam
automaticamente incluídos na conta a receber de arrendamento mercantil financeiro e não
haja necessidade de adicioná-los separadamente. Os custos incorridos pelos arrendadores
fabricantes ou comerciantes relacionados com a negociação e a estruturação de um
arrendamento mercantil estão excluídos da definição de custos diretos iniciais. Como
resultado, os referidos custos devem ser excluídos do investimento líquido no
arrendamento mercantil e devem ser reconhecidos como despesa quando o lucro da venda
for reconhecido. Normalmente, em um arrendamento mercantil financeiro, esse lucro é
reconhecido no começo do prazo do arrendamento mercantil.

Ante o aumento do ativo imobilizado e do passivo circulante e não circulante,


obrigatoriamente ocorrem reflexos no Lucro Líquido, pois há o aumento da
depreciação e a apropriação mensal dos encargos financeiros.

3. Quais as diferenças jurídicas entre a subvenção governamental para custeio


e subvenção governamental para investimento? Contabilmente, quais os
reflexos do registro de uma subvenção governamental? Quais as implicações
na base do IRPJ e da CSLL?

R: A subvenção para investimento pode ser definida como os créditos presumidos


concedidos pelo ente federativo, tratando-se, pois, de benefício fiscal, que possuam
vinculação com a aplicação específica dos recursos em bens ou direitos referentes
à implantação ou expansão de empreendimento econômico, não devendo ser
computados na determinação do lucro real, nos termos do Art. 523 do RIR/2018.

Por outro lado, as subvenções de custeio são incentivos fiscais concedidos pelos
Estados a fim de auxiliar a empresa na realização do seu objeto social, podendo
esta utilizar o crédito presumido da maneira que melhor lhe aprouver, não sendo
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obrigado à vincular os recursos à implantação ou expansão de empreendimento
econômico, ex vi do Art. 441, I do RIR/2018. Referidos valores integram a
determinação do lucro real.

Em sendo a subvenção de investimento, o reflexo do registro contábil à conta de


reserva de capital, de modo que somente poderá ser utilizada para absorver
prejuízos ou ser incorporada ao capital social, é a não inclusão na base de cálculo
do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS.

A razão para não incidir IRPJ, CSLL, PIS e COFINS sobre os valores recebidos à
título de subvenções de investimento é que, em sendo renúncia fiscal do Estado,
em detrimento da sociedade empresarial, não há como enquadrar-se no conceito de
renda, lucro e/ou faturamento/receita.

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