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CDU 657
U507.09 – 20
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quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Vitor Andrade
Lucas Ricardi
Sumário
Contabilidade Societária
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 10
Unidade I
1 CLASSIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS NÃO CIRCULANTES................................... 15
1.1 Classificação contábil dos investimentos não circulantes................................................... 15
1.2 Classificação dos investimentos no balanço patrimonial..................................................... 16
1.3 Métodos de avaliação de investimentos..................................................................................... 17
2 AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES............................................................ 17
2.1 Avaliação de participações em outras sociedades pelo valor justo.................................. 19
2.2 Avaliação de participações em outras sociedades pelo valor de custo.......................... 21
2.2.1 Custo de aquisição.................................................................................................................................. 22
2.2.2 Perdas estimadas...................................................................................................................................... 22
2.2.3 Dividendos nas participações societárias avaliadas pelo custo de aquisição................. 24
3 PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO E OUTROS INVESTIMENTOS............................................... 26
3.1 Propriedade para investimentos..................................................................................................... 26
3.2 Reconhecimento da propriedade para investimento............................................................. 27
3.3 Métodos de avaliação da propriedade para investimento................................................... 28
3.4 Outros investimentos........................................................................................................................... 31
4 AVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES PELO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
OU COM BASE NO VALOR DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO........................................................................... 32
4.1 Aplicação do método da equivalência patrimonial de acordo com
a Lei nº 6.404/76........................................................................................................................................... 32
4.2 Aplicação do método de equivalência patrimonial de acordo com o
CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento
Controlado em Conjunto........................................................................................................................... 34
4.3 Controle direto e indireto.................................................................................................................. 38
4.4 Distinção entre controle e propriedade....................................................................................... 39
Unidade II
5 TÉCNICA DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.......................................................................................... 45
5.1 Efeitos da movimentação do patrimônio líquido das coligadas e controladas
nos investimentos da investidora.......................................................................................................... 45
5.1.1 Lucro ou prejuízo do exercício........................................................................................................... 48
5.1.2 Dividendos propostos............................................................................................................................. 48
5.1.3 Integralização do capital...................................................................................................................... 49
5.1.4 Ajustes de exercícios anteriores......................................................................................................... 49
5.1.5 Outros resultados abrangentes.......................................................................................................... 50
5.2 Aplicação da técnica da equivalência patrimonial.................................................................. 50
5.3 Variação de percentual de participação em investimentos avaliados pelo
método da equivalência patrimonial.................................................................................................. 55
5.4 Mais-valia, ágio por rentabilidade futura e ganho por compra vantajosa................... 60
5.4.1 Conceitos de mais-valia por ativos líquidos, ágio por rentabilidade futura e
ganho por compra vantajosa......................................................................................................................... 60
5.4.2 Realização da mais-valia e do ágio por rentabilidade futura (goodwill).......................... 61
6 RESULTADOS NÃO REALIZADOS EM OPERAÇÕES INTERSOCIEDADES....................................... 65
6.1 Venda com lucro da investidora para uma coligada ou empreendimento
controlado em conjunto – CPC 18 (R2), item 28; ICPC 09 (R2), itens 48 a 52................... 67
6.2 Venda com lucro da coligada (ou empreendimento controlado em conjunto)
para a investidora – CPC 18 (R2), item 28; ICPC 09 (R2), itens 53 e 54................................ 68
6.3 Venda com lucro da controladora para a controlada – CPC 18 (R2),
itens 28A a 28C; ICPC 09 (R2), itens 55 a 55C................................................................................. 69
6.4 Venda com lucro da controlada para a controladora – CPC 18 (R2),
itens 28A, 28B e 28C; ICPC 09 (R2), itens 56 a 56B....................................................................... 70
Unidade III
7 ATIVO IMOBILIZADO........................................................................................................................................ 75
7.1 Conceito de imobilizado..................................................................................................................... 75
7.2 Avaliação do imobilizado................................................................................................................... 77
7.3 Bens que não precisam ser ativados............................................................................................. 80
7.4 Gastos com reparos e conservação ou substituição de peças............................................ 80
7.5 Depreciação ............................................................................................................................................ 82
7.6 Início da depreciação........................................................................................................................... 84
7.7 Taxas de depreciação........................................................................................................................... 84
7.8 Métodos de depreciação.................................................................................................................... 86
7.8.1 Método da linha reta ou método das quotas constantes....................................................... 86
7.8.2 Método da soma dos dígitos dos anos........................................................................................... 87
7.9 Valor residual.......................................................................................................................................... 88
7.10 Bens depreciáveis................................................................................................................................ 89
7.11 Bens não depreciáveis....................................................................................................................... 89
7.12 Bens adquiridos usados.................................................................................................................... 89
7.13 Depreciação acelerada contábil.................................................................................................... 90
7.14 Conjunto de instalações ou equipamentos............................................................................. 91
7.15 Apuração do resultado na baixa de bens do imobilizado.................................................. 92
7.16 Amortização.......................................................................................................................................... 95
7.17 Exaustão................................................................................................................................................. 97
7.18 Direitos sobre recursos minerais................................................................................................... 98
7.19 Direitos sobre recursos florestais.................................................................................................. 99
7.20 Perdas estimadas para redução ao valor recuperável do ativo......................................101
8 ATIVO INTANGÍVEL.........................................................................................................................................101
8.1 Conceito de intangível......................................................................................................................101
8.2 Avaliação do intangível....................................................................................................................104
8.3 Vida útil...................................................................................................................................................105
8.4 Amortização do intangível..............................................................................................................106
8.4.1 Amortização de ativos intangíveis com vida útil definida...................................................107
8.4.2 Valor residual de intangíveis com vida útil definida...............................................................108
8.4.3 Amortização de ativos intangíveis com vida útil indefinida................................................109
8.5 Ativos classificados no intangível – conteúdo das contas.................................................110
8.5.1 Marcas e patentes................................................................................................................................. 110
8.5.2 Licenças e franquias..............................................................................................................................111
8.5.3 Pesquisas e desenvolvimento...........................................................................................................112
8.5.4 Direitos autorais..................................................................................................................................... 115
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina concentra-se no estudo e na avaliação dos ativos classificados no ativo não circulante.
Os principais grupos que compõem o ativo não circulante são o realizável a longo prazo, os investimentos,
o imobilizado e o intangível.
O ativo não circulante destaca-se por apresentar operações com ativos que, em geral, envolvem valores
significativos e expressam maior grau de complexidade em sua análise. Neste livro-texto abordaremos,
dentro dos objetivos do curso e em consonância às Normas Internacionais de Contabilidade, as
seguintes operações:
• investimentos;
• imobilizado;
• intangível.
O foco desta disciplina é capacitar o aluno a adquirir conhecimento técnico para desenvolver algumas
competências técnicas, como: enfatizar a consciência ética e a responsabilidade social da contabilidade;
buscar o equilíbrio entre teoria e prática contábil de modo que gere informações relevantes para fins
de tomada de decisões; apresentar uma síntese das principais operações relacionadas à contabilidade
tendo em vista o registro contábil, culminando com a elaboração das demonstrações contábeis. Com esse
conhecimento técnico o aluno poderá identificar, classificar e registrar as operações pertinentes ao ativo
não circulante e mensurar o impacto que essas operações provocam no patrimônio e nos resultados das
organizações, que é o ponto central desta disciplina.
A elaboração deste texto é baseada numa estrutura formal e pautada em leis, regulamentos e, em
especial, na convergência contábil internacional, que servirá como diretriz para a aplicação da teoria
e da prática exigidas pelos conteúdos aqui elencados. É vital acentuar que o aluno não deve somente
cumprir leis e regulamentos, deve compreender por que a lei exige tais procedimentos.
O conteúdo a ser abordado aplica-se sem distinção a empresas de qualquer porte e/ou ramo de
atividade; contudo, sabe-se que as grandes empresas têm maior ocorrência dessas operações. Entretanto,
é possível que ocorra também nas pequenas e médias empresas, para as quais já existe uma Norma
Brasileira de Contabilidade, a NBC TG 1000 (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.
Outro ponto a ser tratado é o de orientar o aluno em relação ao processo de convergência das
Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas Internacionais de Contabilidade. Todos os conteúdos
a serem estudados estão suportados pelo respectivo pronunciamento contábil emitido pelo Comitê
de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e transformados em Normas Brasileiras de Contabilidade pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Destaca-se, ainda, a necessidade de aproximar o aluno à
cultura corporativa, ao conhecimento dos termos jurídicos e contábeis e à legislação societária com o
intuito de facilitar a sua inserção no mercado de trabalho e contribuir para um melhor desempenho no
início da profissão.
9
Este livro-texto é elaborado segundo as orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), da Lei nº 6.404/76 com as atualizações produzidas
pela Lei nº 11.638/2007 e da Lei nº 11.941/2009. Em nível internacional, observam-se os procedimentos
ditados pela Internacional Accounting Standards Board (Iasb) e pela International Federation of
Accountantes (Ifac).
No desenvolvimento da explicação dos assuntos aqui tratados, pretende-se unir a teoria à prática
como forma de gerar informações relevantes que possam ser úteis na formação acadêmica e profissional
do aluno.
INTRODUÇÃO
Olá, aluno,
De qualquer forma, independentemente do tipo de investimento, quer seja em ações, quer seja em
participações, percebe-se a relação com outras sociedades empresárias ou conglomerados empresariais.
Um conglomerado ou grupo empresarial pode ser formado por duas ou mais empresas, juridicamente
independentes e que não necessariamente explorem o mesmo ramo de atividade, mas que tenham um
objetivo comum.
10
Gelbcke et al. (2018, p. 714) referem-se a grupos empresariais da seguinte forma:
É, em geral, nesse ambiente contábil que a maioria das operações com investimentos são realizadas,
constituindo-se, sempre, na relação entre duas ou mais sociedades empresariais.
Sem dúvida, toda e qualquer empresa possui ativos registrados no imobilizado. Que entidade não
tem computadores, mesas, cadeiras ou máquinas industriais? São itens obrigatórios para que possa
desenvolver sua atividade operacional. Em geral, representam itens de grande valor econômico na
composição dos ativos de uma empresa, seja em volume de investimentos financeiros, seja em quantidade
de itens a serem controlados.
Durante muito tempo, essa atividade foi vista apenas com o intuito de atender às exigências fiscais.
Entretanto, esse conceito tende a modificar-se. Hoje as empresas reconhecem que o controle do
imobilizado é essencial para ter conhecimento de seu patrimônio. Assim, é possível obter informações
relevantes, e os gestores podem tomar decisões estratégicas em seus negócios.
O imobilizado é formado por ativos corpóreos destinados à manutenção das atividades da empresa
ou mantidos com essa finalidade. Os critérios de reconhecimento e mensuração dos ativos classificados
no imobilizado requerem especial atenção para um perfeito entendimento da realidade patrimonial.
A não observância desses critérios irá provocar sérias distorções nas demonstrações contábeis.
Um dos pontos importantes na mensuração do valor dos ativos imobilizados é a depreciação, amortização
e exaustão, conforme o caso, que reduz o valor dos bens ao longo de sua vida útil econômica. Nesse aspecto,
deve-se considerar os efeitos tributários para que não ocorram erros na apuração dos impostos devidos.
Outra exigência para os ativos imobilizados é que devem ser submetidos ao teste de recuperabilidade.
A aplicação de operações com ativos intangíveis ocorre, assim como os elencados, em qualquer empresa.
Os ativos intangíveis são formados por bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia,
ou seja, bens que não tenham consistência física.
Você já imaginou quanto vale a marca de uma empresa? A marca é um dos ativos mais importantes
e, muitas vezes, o de maior valor econômico, ainda que esta seja uma pequena prestadora de serviços.
Já se perguntou qual é o ativo mais valioso nessas empresas? Com certeza será o capital humano, pois
11
o sucesso dessas entidades dependerá da qualidade dos serviços prestados, e a qualidade dos serviços
prestados dependerá de quem os executa.
Percebe-se uma mudança significativa na troca dos ativos nas organizações. Até há algum tempo,
principalmente antes da existência da internet, a maior parte de seus ativos eram os tangíveis. O avanço
da tecnologia incorporou mudanças significativas na economia mundial, o que proporcionou a geração
de novos ativos intangíveis. Verifica-se que as empresas, cada vez mais, estão investindo em ativos
intangíveis como forma de se manter no mercado e crescerem economicamente.
Entretanto, o reconhecimento e a mensuração dos ativos intangíveis devem seguir certos critérios.
Um ativo intangível deve ser reconhecido apenas se for provável a geração de benefícios futuros para a
entidade e que possa ser mensurado com confiabilidade.
Esses ativos estão sujeitos à amortização por conta de sua vida útil e de serem submetidos ao teste
de recuperabilidade; no caso dos intangíveis, ainda é preciso considerar os efeitos tributários.
Outra questão que deve nortear nossa análise é: os conteúdos estudados neste livro-texto atendem
às Normas Internacionais de Contabilidade?
Examinar os conteúdos de investimentos, imobilizado e intangível, não tem o menor sentido se não
estiverem de acordo com os padrões internacionais.
Para tanto, em 2005, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por meio da
Resolução CFC nº 1.055/05, com o seguinte objetivo:
Observação
12
Desse modo, para o completo atendimento às Normas Internacionais de Contabilidade, haverá a
identificação do respectivo CPC transformado em Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TG) em cada
assunto tratado.
Diante desse cenário, o aluno deverá conscientizar-se de que a atualização é fundamental. Aplicar a
contabilidade sem uma visão internacional torna-se um trabalho pobre e sem qualidade.
13
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Unidade I
1 CLASSIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS NÃO CIRCULANTES
Antes de iniciarmos a avaliação de investimentos, vamos verificar alguns pontos de forma geral. Para
tal, acentua-se o conceito de investimentos no teor da Lei nº 6.404/76:
[...]
Nesse ponto, cabe destacarmos uma omissão da lei ao conceituar investimentos. Nota-se que a lei
só faz referência a participações não classificáveis no ativo circulante, quando deveriam ser incluídas as
participações não classificáveis no realizável a longo prazo. O mais adequado seria adicionar ao texto da
lei: “[…] os direitos de qualquer natureza não classificáveis no ativo circulante, nem no ativo realizável a
longo prazo, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa”. Devemos,
de fato, interpretar o texto legal com a inclusão desse grupo.
O artigo nº 179 ilustra, ainda, que as participações devem ser permanentes. Os investimentos
dividem-se assim:
• Investimentos temporários: são adquiridos com a intenção de revenda, geralmente, têm caráter
especulativo e devem ser classificados no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo,
conforme o prazo previsto para sua realização.
• Investimentos permanentes: são adquiridos com a intenção de permanência, com o objetivo de
gerar ganhos para a empresa. A intenção de permanência se manifesta no momento em que se
adquire a participação mediante a sua inclusão no subgrupo de investimentos.
O critério mais usual para a classificação das participações no capital de outras sociedades como temporário
ou permanente tem sido o da análise da intenção de alienação. Se a empresa pretender alienar o investimento
15
Unidade I
no exercício seguinte, deve classificá-lo no ativo circulante ou caso deseje realizá‑lo após o término do exercício
seguinte, deve classificá-lo no realizável a longo prazo. Se não houver a intenção de alienação da participação,
o investimento deverá ser classificado no ativo não circulante, subgrupo de investimentos.
Exemplo
Em 01.08.X1, a Industrial Estrela S.A. adquire, por motivos especulativos, ações de outra empresa por
R$ 500.000. Na data da aquisição, a diretoria definiu que algumas ações no valor de R$ 200.000 seriam
vendidas em 31.07.X2. As demais ações foram adquiridas com a intenção de permanência.
Ativo circulante
Investimentos temporários
Instrumentos patrimoniais de outras sociedades 200.000
Ativo não circulante
Investimentos
Participações em outras sociedades 300.000
Observação
• Investimentos:
• Participações:
16
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
• Outros investimentos:
— obras de arte;
Valor justo
17
Unidade I
[...]
Tratam-se de investimentos sob a forma de ações ou quotas em sociedades que não sejam coligadas
ou controladas, que não façam parte de um mesmo grupo ou que não estejam sob controle comum.
Essas participações serão avaliadas pelo método de equivalência patrimonial, conforme disposto nos
arts. 248 e 250.
Saiba mais
Muito embora a Lei nº 6.404/76 determine que as participações em outras sociedades sejam avaliadas
pelo método de custo, essa forma de avaliação não está de acordo com os pronunciamentos do CPC,
portanto, não seguem as disposições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade e nas Normas
Internacionais de Contabilidade.
Na mesma linha, o CPC 48 – Instrumentos Financeiros (NBC TG 48) destaca, no capítulo 2, que o alcance
desse pronunciamento deve ser aplicado por todas as entidades a todos os tipos de instrumentos financeiros,
exceto às participações em controladas, coligadas ou empreendimentos controlados em conjunto, que serão
avaliados pelo método de equivalência patrimonial. Esse pronunciamento estipula o seguinte:
18
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Voltando à Lei nº 6.404/76, o art. 183, item I, fixa que as aplicações em instrumentos financeiros,
classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo, devem ser avaliadas pelo seu valor justo
quando destinadas à negociação ou disponíveis para venda (redação dada pela Lei nº 11.941/2009) e
pelo valor de custo de aquisição ajustado ao valor provável de realização, quando este for menor, no
caso das demais aplicações (incluída pela Lei nº 11.638/2007).
Ora, se um instrumento patrimonial de outra entidade (assim como ações ou quotas de capital
de uma sociedade, enquanto instrumentos patrimoniais) por sua natureza constitui-se em um ativo
financeiro, a sua avaliação deve ser feita conforme o item I do art. 183 da Lei nº 6.404/76, portanto, a
valor justo, e não de acordo com o item III, pelo custo de aquisição deduzido de provisão para perdas.
MEP MEP
Valor de custo
Observação
Já vimos que o valor justo foi introduzido pelas Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), e
referendadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPCs).
19
Unidade I
A definição de valor justo consta no item 9 do CPC 46 Mensuração do Valor Justo – NBC TG 46 (R1):
“Este pronunciamento define valor justo como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do
mercado na data de mensuração (CPC, 2012).
O valor justo é uma mensuração baseada em mercado, e não um parecer específico da entidade.
Podem existir ativos e passivos nos quais as informações de mercado ou transações de mercado são
disponíveis e facilmente observáveis, entretanto, para outros, podem não existir essas observações.
“Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o mesmo – estimar o preço
pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre
participantes do mercado na data da mensuração sob condições correntes do mercado” (CPC, 2012,
item 2, p. 2).
Quando não houver dados observáveis para o preço de um ativo ou passivo, a entidade deverá
calcular o valor justo utilizando outra técnica de avaliação, na qual deve prevalecer a maximização de
dados observáveis relevantes sobre os dados não observáveis.
A avaliação de investimentos pelo valor justo consiste em analisar o investimento segundo o valor
de mercado.
Conforme o determinado pelo CPC 46 – Mensuração do Valor Justo, o método de custo será utilizado
somente quando o custo representar uma estimativa apropriada do valor justo, ou quando não for
possível estimar o valor justo com confiabilidade. Nesses casos, o valor de custo expressa a melhor
estimativa do valor justo (CPC, 2013h).
Dessa forma, o valor de custo deverá ser usado apenas em raras situações, ou seja, quando o valor
justo não puder ser mensurado com certo grau de confiabilidade.
A própria Lei nº 6.404/76, em seu art. 177, § 5º, confere à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que
as suas normas sejam elaboradas em consonância aos padrões internacionais de contabilidade.
Lembrete
Exemplo
A Cia. Rodrigues Alves adquiriu, sem intenção de venda, 2 mil ações da Cia. Afonso Pena por
R$ 20,00 cada. O patrimônio líquido da Cia. Afonso Pena na data da transação era de R$ 500.000. Ao
fim do exercício, o valor de mercado do patrimônio líquido da investida foi confiavelmente mensurado
em R$ 600.000.
Contabilize a operação.
Caso o valor de mercado do patrimônio líquido da investida tivesse diminuído para R$ 400.000, o
lançamento seria o seguinte:
São avaliados pelo método de custo os instrumentos patrimoniais de outras entidades, ou seja, as
participações em ações ou quotas de capital em outras sociedades, classificados no ativo não circulante,
que não sejam coligadas ou controladas, quando não tiverem preço cotado em mercado ativo ou se o
21
Unidade I
seu valor não puder ser mensurado com confiabilidade. Nessas condições, de acordo com o art. 183, item
III da Lei nº 6.404/76, devem ser avaliadas pelo custo de aquisição deduzidas de provisão para perdas.
Exemplo 1
A Cia. Maranhão participa do aumento de capital da Cia. São Luiz, subscrevendo 100 mil ações ao
valor nominal de R$ 1,00 cada, integralizando em dinheiro. Sabendo-se que o investimento corresponde
a 5% do capital da investida, contabilize a operação.
Exemplo 2
A Cia. Pará, com boa situação financeira, resolveu aplicar uma parcela de seus recursos de forma
permanente, adquirindo ações da Cia. Belém por meio de uma corretora de títulos e valores mobiliários,
tendo pago por 2 mil ações a importância de R$ 12.000 e o valor R$ 500 referente a despesas com
corretagem. Contabilize a operação.
Conforme disposição da Lei nº 6.404/76, as participações permanentes devem ser registradas pelo
custo de aquisição, deduzidos de provisão para perdas prováveis na realização dos investimentos,
quando essa perda for comprovada como permanente. Perda permanente é aquela de impossível ou
improvável recuperação.
A primeira observação é que, embora a lei trate como provisão para perdas, a partir do alinhamento
aos padrões internacionais contábeis, a conta provisão para perdas não é mais aceitável para as contas
redutoras de ativo, pois não atendem ao conceito de provisões, já que provisão é um passivo de prazo ou
de valor incerto, conforme determina o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
– NBC TG 25 (R1). Essa conta foi substituída pela conta perdas estimadas.
22
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Saiba mais
Para determinar se a empresa investidora tem perdas com seus investimentos em outras sociedades,
é preciso acompanhar a situação dessas outras sociedades. Para tanto, deve-se obter as demonstrações
contábeis e apurar o valor patrimonial das ações. Se a empresa investida estiver operando com prejuízo,
provocará uma diminuição no patrimônio líquido e, consequentemente, o valor patrimonial das ações
sofrerá redução. Se não houver perspectivas de recuperação desses prejuízos, pelo menos no próximo
exercício, a comparação com o valor registrado nos investimentos da investidora indicará a necessidade
da constituição da provisão para perdas.
Outros exemplos de perdas estimadas são as decorrentes de participações em companhias que tiveram
sua falência decretada e não possuem recursos para reembolsar seus acionistas ou em empresas cujos
projetos não mais sejam viáveis ou estejam abandonados. Nesses casos, é improvável a recuperação do
investimento feito e, portanto, deve-se estimar a perda. Resumindo, dentre as situações que evidenciam
perdas em investimentos, podemos destacar:
Cabe ressaltar que as perdas estimadas na realização de investimentos permanentes não são dedutíveis
para fins do imposto de renda, por força do disposto no RIR/2018, art. 339, e para fins da contribuição social
sobre o lucro líquido por força do disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.700, art. 62 (BRASIL, 2017).
Exemplo
A Cia. Paraná é detentora de ações da Cia. Curitiba, adquiridas e registradas em seu patrimônio pelo
valor de R$ 20.000. As ações da Cia. Curitiba estão desvalorizadas e trazem um reflexo para a investidora
no valor de R$ 2.000. O lançamento contábil será o seguinte:
23
Unidade I
2.2.3.1 Dividendos recebidos após seis meses contados da data de aquisição da participação
2.2.3.2 Dividendos recebidos até seis meses contados da data de aquisição da participação
A legislação do imposto de renda presume que quem alienou o investimento já sabia da existência
desses dividendos, e, por essa razão, incluiu o valor no preço de venda. Presume-se, então, que o valor
dos dividendos recebidos até seis meses a partir da data de aquisição do investimento esteja embutido
no valor da participação.
24
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Observação
O Decreto nº 3.000/99, conhecido como RIR/99, foi totalmente revogado
pelo Decreto nº 9.580/2018, chamado agora de RIR/2018.
Exemplo 1
Determinada empresa adquire participações avaliadas pelo custo de aquisição na Cia. Clara.
O investimento foi adquirido em 01/02/X1 e corresponde a 5% do seu capital social, tendo sido pago
o valor de R$ 100.000 em sua aquisição. Em 30/06/X1, a Cia. Clara distribuiu R$ 400.000 a título de
dividendos. Os lançamentos contábeis na investidora serão os seguintes:
Exemplo 2
Determinada empresa adquire participações avaliadas pelo custo de aquisição na Cia. Escura.
O investimento foi adquirido em 01/02/X1 e corresponde a 8% do seu capital social, tendo sido pago
o valor de R$ 300.000 em sua aquisição. Em 31/12/X1, a Cia. Escura distribuiu $ 700.000 a título de
dividendos. Os lançamentos contábeis na investidora serão os seguintes:
25
Unidade I
Iniciamos verificando qual o conceito dado pelo CPC 28 para propriedades para investimento.
São propriedades mantidas com a finalidade de obter rendas ou adquiridas com fins de valorização
do capital aplicado e devem ser classificadas no subgrupo de investimentos. Diferem-se das propriedades
próprias ocupadas pelo proprietário e mantidas para a manutenção das atividades da empresa, que são
tratadas no CPC 27 – Ativo Imobilizado – NBC TG 27 (R3) (CPC, 2013e).
De acordo com o item 8 do CPC 28, são classificadas como propriedades para investimentos os
seguintes ativos:
(a) terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo, e não para
venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios;
26
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
(c) edifício que seja propriedade da entidade (ou ativo de direito de uso
relativo a edifício mantido pela entidade) e que seja arrendado sob um ou
mais arrendamentos operacionais; (Alterada pela Revisão CPC 13)
(d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um
ou mais arrendamentos operacionais;
Lembrete
Caso em uma propriedade seja identificada uma parte mantida para obter renda ou para valorização
futura e outra parte mantida para uso na manutenção da atividade da empresa, a entidade deverá
contabilizar as partes separadamente. Se as partes não puderem ser separadas, somente deve ser
considerada propriedade para investimentos se a parte mantida para uso nas atividades for insignificante.
Em algumas situações, quando a identificação for de extrema dificuldade para a adequada classificação,
a entidade pode desenvolver critérios para exercer um julgamento apropriado para definir se a
propriedade se qualifica como propriedade para investimento. Nesse caso, o pronunciamento exige que
os critérios usados sejam divulgados.
Segundo o item 16 do CPC 28, para reconhecer uma propriedade para investimentos como ativo, é
necessário que “(a) seja provável que os benefícios econômicos futuros associados à propriedade para
investimento fluirão para a entidade; (b) o custo da propriedade para investimento possa ser mensurado
confiavelmente” (CPC, 2013f, p. 6).
A entidade deve avaliar todos os custos associados à propriedade para investimentos no momento
em que eles são incorridos. Esses valores devem incluir: custos inicias na aquisição; custos de substituição
de partes da propriedade; custos para prestar manutenção à propriedade e custos de transação. Os custos
de compra de uma propriedade para investimentos compreendem o preço da compra e qualquer
custo diretamente atribuível, tais como as remunerações profissionais de serviços legais, impostos de
transferência de propriedade e outros custos de transação. Se uma propriedade for adquirida a prazo,
27
Unidade I
deve-se reconhecer o valor equivalente à vista, e a diferença entre o preço à vista e os pagamentos
totais deve ser contabilizada como despesas financeiras.
Como vimos, uma propriedade para investimentos deve ser inicialmente mensurada pelo seu valor
de custo. Após o seu reconhecimento, a entidade pode escolher o método de avaliação.
Existem duas opções para avaliar essas propriedades a livre critério da entidade: método do valor
justo e método de custo.
O pronunciamento exige, porém, que a entidade deve aplicar o mesmo método para todas as
propriedades para investimento.
Entretanto, o pronunciamento determina que as empresas que optarem pelo método de custo como
política de avaliação no balanço deverão mensurar o valor justo e divulgá-lo em notas explicativas.
Lembrete
A definição de valor justo usada nesse pronunciamento é igual, e não poderia ser diferente, já vista
no CPC 46 – Mensuração do Valor Justo (CPC, 2012).
Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência
de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.
Método de custo
As empresas que optarem pelo método de custo também devem divulgar os métodos de depreciação
usados, as vidas úteis ou as taxas de depreciação aplicadas, bem como o valor contábil bruto e a
depreciação acumulada (CPF, 2013f).
Perdas estimadas
Outra exigência desse pronunciamento é a apuração da quantia das perdas por impairment
reconhecida e a quantia de perdas por impairment revertida durante o período, de acordo com as
determinações do CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos – NBC TG 01 (R3) (CPC, [s.d.]).
Exemplo
A Cia. Expansão adquiriu um imóvel em 01/01/X2 com objetivo de auferir aluguel nas seguintes
condições:
Durante o ano de X2 manteve o imóvel alugado a terceiros, auferindo receitas de aluguéis, no ano,
de R$ 500.000.
• Considerando que a Cia. Expansão optou pelo método de custo, adotou uma taxa de depreciação
de 4% ao ano, sem valor residual.
• Considerando que a Cia. Expansão optou pelo método do valor justo e o valor justo do imóvel
avaliado por profissional especializado foi de R$ 3.400.000 em 31/12/X2.
Pede-se: contabilize a operação pelos dois métodos e demonstre o efeito no ativo e na demonstração
do resultado do exercício (DRE).
Método de custo
29
Unidade I
Pela aquisição
Pela depreciação
Balanço patrimonial
Investimentos
DRE
30
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Balanço patrimonial
Investimentos
DRE
• obras de arte;
• antiguidades;
• marcas e patentes não utilizadas pela empresa;
• joias, pedras preciosas e ouro.
Retornamos, então, ao art. 183 da Lei nº 6.404/76, que trata dos critérios de avaliação dos ativos.
[...]
Novamente acentua-se que esses ativos devem ser avaliados pelo método de custo de aquisição
e deduzidos de provisão para perdas, ou seja, por perdas estimadas de acordo com a nomenclatura
adotada nos pronunciamentos técnicos do CPC.
Para esses outros investimentos valem os estudos e argumentos vistos anteriormente. Estes
devem ser analisados pelo método do valor justo ou pelo método de custo. Devem ser avaliados
pelo método de custo somente quando o ativo não tiver preço de mercado cotado em mercado
ativo ou cujo valor justo não possa ser confiavelmente mensurado. Devem seguir as explicações
já estudas neste livro-texto.
31
Unidade I
O art. 243 da referida lei, ao conceituar sociedades coligadas e controladas, estabelece o seguinte:
Sociedades coligadas:
Sociedades controladas:
Para que a controladora (investidora) detenha esses poderes de modo permanente, é necessário
que possua mais de 50% do capital votante de uma sociedade investida, ou seja, 50% mais uma ação
ordinária. Ao analisarmos o conceito de controladas, verificamos que a instrução não cita a participação
com mais de 50% do capital votante, entretanto, para que a sociedade tenha de modo permanente
(independentemente da vontade de terceiros) esses direitos, somente sendo titular de mais de 50% do
capital votante. Esses direitos são conferidos às ações ordinárias.
32
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Cabe lembrar que as ações, conforme a natureza de direitos ou vantagens que confiram a seus
titulares, podem ser ordinárias ou preferenciais.
• Ações ordinárias: são ações desprovidas de quaisquer restrições, porém não dotadas de nenhum
privilégio, salvo o direito a voto.
De acordo com a Lei nº 10.303, de 31 de outubro de 2001, art. 15, § 2º, o número de ações preferenciais
sem direito a voto não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do total das ações emitidas.
Existem casos, entretanto, em que uma sociedade poderá controlar a investida sem que detenha
mais de 50% do capital votante. É o caso de sociedades cujo capital social esteja bastante pulverizado,
isto é, muitos acionistas com pequenas porcentagens de participação. Pode ocorrer que um acionista
com 40% do capital votante de outra sociedade detenha a preponderância nas deliberações sociais,
pois os demais 60% estão tão espalhados entre muitos pequenos acionistas que, individualmente, não
conseguem o direito do controle. Embora existam poucos desses casos no Brasil, em outros países é
relativamente comum haver grandes companhias abertas com esse tipo de situação.
Dos conceitos apresentados, podemos concluir que o controle é sempre mais forte, ou seja, não
existe coligação junto com controle se a sociedade é controlada.
Sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum:
O art. 248 da Lei nº 11.941/2009 também introduziu a necessidade de avaliar pelo método da
equivalência patrimonial o investimento em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo
ou estejam sob controle comum.
Exemplo
33
Unidade I
51% XYZ
10% 10%
B C
Figura 3
Muito embora a Lei nº 6.404/76 também faça referência ao método de equivalência patrimonial,
como visto em seu art. 248, é recomendável que sejam seguidos os requisitos do CPC, pois a lei, apesar das
alterações sofridas pelas Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941/2009, é ainda insuficiente para acompanhar
os padrões internacionais. Como vimos, os pronunciamentos técnicos são aprovados pelo Conselho
Federal de Contabilidade; passam, portanto, a serem obrigatórios para todas as entidades.
• investimentos em coligadas;
• investimentos em controladas;
Influência significativa: é o poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e operacionais
de uma investida, mas sem que haja o controle individual ou conjunto dessas políticas.
Controladora: é uma entidade que controla uma ou mais controladas (CPC, 2013c, Apêndice A).
34
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Empreendedor controlado em conjunto (joint venture): é um acordo conjunto por meio do qual
as partes, que detêm o controle em conjunto do acordo contratual, têm direitos sobre os ativos líquidos
desse acordo (CPC, 2013c).
Nota-se que, pela interpretação do CPC, existindo influência significativa, a sociedade é coligada
mesmo que a participação seja indireta, o que predomina é a essência sobre a forma.
Observação
35
Unidade I
Exemplo 1
A investidora Norte S.A. detém participações nas investidas destacadas na tabela a seguir. Classifique
os investimentos.
Tabela 2
A B C D E
Capital social da investida
Número de ações
40.000 200.000 400.000 300.000 50.000
preferenciais
Ordinárias 80.000 400.000 800.000 600.000 100.000
Total 120.000 600.000 1.200.000 900.000 150.000
Participação da Cia. Norte
Número de ações
4.000 – 6.000 – –
preferenciais
Ordinárias 20.000 400.000 160.000 312.000 7.000
Total 24.000 400.000 166.000 312.000 7.000
Participação da Cia. Norte: %
Preferencial 10% – 1,5% – –
Ordinária 25% 100% 20% 52% 7%
Total 20% 66,67% 13,83% 34,67% 4,67%
Classificação Coligada Controlada Coligada Controlada Valor justo ou custo
Cia. A
Não é controlada, pois possui apenas 25% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa
ter mais de 50% das ações ordinárias. É coligada, pois possui 25% de ações ordinárias. Para ser
coligada, deve ter 20% ou mais do capital votante.
Cia. B
É controlada, pois possui 100% das ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais de
50% das ações ordinárias.
Cia. C
Não é controlada, pois possui apenas 20% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa
ter mais de 50% das ações ordinárias. É coligada, pois possui 20% das ações ordinárias. Para ser
coligada, deve ter 20% ou mais do capital votante.
Cia. D
É controlada, pois possui 52% das ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais que
50% das ações ordinárias.
36
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Cia. E
Não é controlada, pois possui apenas 7% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter
mais de 50% das ações ordinárias. Não é coligada, pois possui apenas 7% do capital votante. Para
ser coligada, deve ter 20% ou mais do capital votante. É uma participação em outras sociedades,
avaliada pelo método do valor justo ou pelo método de custo.
Exemplo 2
A investidora Sul S.A. detém participações nas investidas da tabela a seguir. Analise os dados e
classifique os investimentos.
Tabela 3
A B C D E
Capital social da investida
Número de ações
10.000 15.000 20.000 25.000 20.000
preferenciais
Ordinárias 20.000 30.000 40.000 50.000 30.000
Total 30.000 45.000 60.000 75.000 50.000
Participação da Cia. Sul
Número de ações
– 2.550 1.000 500 1.000
preferenciais
Ordinárias 12.000 9.600 8.800 36.500 2.000
Total 12.000 12.150 9.800 37.000 3.000
Participação da Cia. Sul: %
Preferencial – 17% 5% 2% 5%
Ordinária 60% 32% 22% 73% 6,67%
Total 40% 27% 16,33% 49,33% 6%
Classificação Controlada Coligada Coligada Controlada Valor justo ou custo
Cia. A
É controlada, pois possui 60% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais que
50% das ações ordinárias.
Cia. B
Não é controlada, pois possui apenas 32% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa
ter mais que 50% das ações ordinárias. É coligada, pois possui 32% do capital votante. Para ser
coligada, deve ter 20% ou mais do capital votante.
37
Unidade I
Cia. C
Não é controlada, pois possui apenas 22% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais
que 50% das ações ordinárias. É coligada, pois possui 22% do capital votante. Para ser coligada, deve ter
20% ou mais do capital votante.
Cia. D
É controlada, pois possui 73% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais que 50% das
ações ordinárias.
Cia. E
Não é controlada, pois possui apenas 6,67% de ações ordinárias. Para ser controlada, precisa ter mais
que 50% das ações ordinárias. Não é coligada, pois possui apenas 6,67% do capital votante. Para ser
coligada, deve ter 20% ou mais do capital total. É uma participação em outras empresas, avaliada pelo
método do valor justo ou pelo método de custo.
Exemplo
A
80% das ações ordinárias
B
90% das ações ordinárias
Figura 4
38
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
Quando a empresa emite apenas ações ordinárias, o percentual de participação no capital votante é
igual ao percentual de participação no capital total.
Exemplo
Determinada empresa investida emite apenas ações ordinárias da qual a investidora participa
com 70%.
Tabela 4
Investida Investidora
Ações preferenciais – –
Ações ordinárias 120.000 70% 84.000
Total de ações emitidas 120.000 70% 84.000
Nota‑se que a investidora participa com 70% do capital votante, que é igual à participação no
capital total.
Nas assembleias, o que predomina é a decisão pela soma dos votos, ou seja, o importante é o
conceito de controle, e não o de propriedade.
Exemplo 1
A
51% das ações ordinárias
33%
(51% x 65%) B
Figura 5
• C é controlada indireta de A (com 65% dos votos), embora tenha participação indireta de 33%
(51% x 65%).
39
Unidade I
Observe que B aprovará o que A desejar (suportado nos 51%) com 65% dos votos, conseguindo,
assim, a preponderância nas deliberações.
Exemplo 2
A 9%
53%
B C
43%
Figura 6
Observação
• C é controlada indireta de A (43% + 9% = 52% dos votos), embora com 31,79% de participação.
Observe que B aprovará o que A desejar (suportado nos 53%): com 43% dos votos e mais 9% dos
votos diretos somam 52%, com o que certamente conseguirá preponderância nas deliberações.
Exemplo 3
A 45%
60%
B C
E D
Figura 7
40
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
• E é controlada indireta de A (55% dos votos), embora com 33% de participação indireta (60% x 55%).
Como A não controla C, não pode contar com seus votos nas assembleias de D e com 40% dos votos
não controla D, embora tenha uma participação indireta 51% (60% x 40% por B = 24% e 45% x 60%
por C = 27%).
Resumo
Vimos que uma empresa poderá, por exemplo, comprar ações que conferem
direito ao voto de uma empresa fornecedora de matérias-primas necessárias
para sua atividade, ou, ainda, em vez de investir recursos em um departamento
de desenvolvimento de tecnologia, prefere investir em uma entidade já
existente e que tenha o know-how de seu interesse. Há ainda os casos de joint
ventures, ou seja, empresas que se ajudam em determinado objetivo.
41
Unidade I
Exercícios
Questão 1. (Enade 2006, adaptada) A Lei nº 6.404/76, ao dispor sobre as características
e natureza das Sociedades por Ações, estabelece a classificação das contas segundo os
elementos do patrimônio, agrupando-as de modo a facilitar a evidenciação e a análise financeira
das companhias. Assim, se uma empresa adquire o controle acionário de outra, esse evento é
registrado no ativo:
A) Permanente imobilizado.
B) Circulante.
42
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
C) Permanente diferido.
E) Permanente investimento.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o ativo circulante conserva os valores que a empresa utiliza para a manutenção de suas
atividades operacionais de curto prazo.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o ativo realizável a longo prazo não contempla os bens e direitos representados por
investimentos em outras empresas ou no mercado financeiro.
E) Alternativa correta.
Questão 2. Analise a figura a seguir. Os retângulos apresentam os nomes das empresas. As setas
indicam a participação de uma empresa no capital da outra.
Badmotorfinger
60% 45%
Sound Audio
55% 40% 60%
Live & Rare Revelations
Figura 8
43
Unidade I
Com as informações da figura, e considerando apenas ações ordinárias, assinale a alternativa incorreta.
44