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de Contabilidade
Autor: Prof. Alexandre Saramelli
Colaboradoras: Profa. Cristiane Nagai
Profa. Rachel Niza
Professor conteudista: Alexandre Saramelli
Contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, mestre profissional em
Controladoria pela mesma universidade e doutorando em Epistemologia e História da Ciência pela Universidad
Nacional Tres de Febrero – Buenos Aires, Argentina. Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e
grande porte como contador em áreas de Custos e Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da
desenvolvedora alemã SAP. É também autor de livros didáticos.
CDU 657
U512.07 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Carla Moro
Virgínia Bilatto
Sumário
Normas Internacionais de Contabilidade
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS....................................................................................................................... 11
1.1 Princípios de contabilidade segundo o CPC 00(R1) e NBC TG
Estrutura Conceitual.................................................................................................................................... 11
1.2 Princípios Fundamentais de Contabilidade, segundo o CFC nº 1.282/2010.................. 19
1.3 Ativo, passivo, receitas e despesas................................................................................................. 23
2 NORMAS DE CONTABILIDADE..................................................................................................................... 26
2.1 Convergência contábil......................................................................................................................... 26
2.1.1 Órgãos preocupados com a harmonização contábil................................................................. 30
2.2 Normas Internacionais de Contabilidade: NIAS e IFRS.......................................................... 36
2.3 Normas Brasileiras de Contabilidade: CPC e NBC – TG......................................................... 41
2.4 Quadro comparativo dos CPCs com as IAS/IFRS...................................................................... 45
3 POLÍTICAS CONTÁBEIS.................................................................................................................................... 48
3.1 Procedimentos de acordo com a IAS 8, CPC 23(R1) e NBC TG 23(R1)............................ 48
3.2 Políticas contábeis................................................................................................................................ 64
4 MUDANÇAS NAS ESTIMATIVAS E RETIFICAÇÃO DE ERRO............................................................... 80
4.1 Mudanças nas estimativas................................................................................................................ 80
4.2 Retificação de erro................................................................................................................................ 81
Unidade II
5 AJUSTE A VALOR PRESENTE......................................................................................................................... 95
5.1 Procedimento de acordo com a IAS 8, CPC 12 e NBC TG 12.............................................. 95
5.2 Alcance....................................................................................................................................................101
6 OPERACIONALIZANDO O AJUSTE A VALOR PRESENTE...................................................................102
6.1 Mensuração...........................................................................................................................................102
6.2 Passivos não contratuais..................................................................................................................105
Unidade III
7 EFEITOS DAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DE
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.....................................................................................................................112
7.1 Procedimentos de acordo com IAS 21 (BV2010), CPC02(R2) e NBC TG02(R1)..........112
7.2 Metodologia de conversão das demonstrações contábeis.................................................119
8 APLICAÇÃO DA CONVERSÃO DE DEMONSTRAÇÕES APLICADAS...............................................123
8.1 Modelos de conversão das demonstrações contábeis.........................................................123
8.2 Conversão das demonstrações contábeis para moeda estrangeira................................125
APRESENTAÇÃO
Exige‑se do profissional de contabilidade (assim como de qualquer outro profissional que se propõe
a trabalhar com relações internacionais) desprendimento de sua própria cultura e esforço para lidar com
problemas que não teria caso estivesse trabalhando exclusivamente em ambiente nacional.
As normas internacionais estão trazendo ao Brasil novos conceitos e mudando hábitos. A depreciação,
por exemplo. Durante muitos anos, o contador simplesmente seguia e aplicava em seu trabalho o que
estava descrito em instruções normativas que tratavam sobre a questão. A partir de agora, terá que
aplicar um julgamento para cada situação em específico. Para isso, entre outras coisas, terá que aprender
a fazer depreciação! Não aquela que vinha sendo ensinada nas faculdades, uma simples interpretação
da legislação fiscal, mas o contador deverá entender e acompanhar as teorias envolvidas para que possa
realizar um trabalho à altura das expectativas.
Conforme Niyama (2005), contabilidade internacional pode ser definida como a linguagem dos
negócios, mas que enfrenta um grande obstáculo: as diferenças normativas entre os vários países. A
harmonização surge como um meio para lidar com essa problemática, minimizando as diferenças e
deixando a contabilidade compreensível para agentes em todos os países.
Nesta disciplina teremos contato com vários assuntos importantes nas normas contábeis internacionais,
sendo que muitos deles você já teve contato em outras disciplinas. Então, se nessas outras disciplinas a
ênfase era o assunto que estava sendo estudado, nesta você irá aumentar seu conhecimento sobre as normas
internacionais em conjunto. Ou seja, irá conhecer melhor essa “linguagem”, como diz Niyama (2005).
Não é raro observarmos que, ao se depararem com questões internacionais, muitos contadores reduzam
a complexidade dessas questões, limitando‑se apenas a verificar o que está escrito em um pronunciamento
do CPC. Esse comportamento muitas vezes é influenciado pelo fato de haver cursos de formação rápida
que privilegiam, como comenta Niyama (2005), o “como fazer” (critérios de reconhecimento, mensuração
e evidenciação) e não o “por que fazer” (diferenças na forma de apresentação do balanço).
Recomenda‑se, então, a você aluno(a), que controle sua ansiedade no “como fazer”, motivando‑se a
analisar as questões do “por que fazer”.
Ao final do estudo, espera‑se que você tenha formado habilidades não apenas para interpretar as
normas contábeis, mas para efetuar julgamentos profissionais de melhor qualidade, contando inclusive
com eventuais diferenças culturais.
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INTRODUÇÃO
• apresentar uma síntese dos princípios da Teoria Contábil de um ponto de vista doutrinário;
• apresentar um referencial genérico para avaliar áreas da teoria e da prática contábil em três níveis
básicos: o nível estrutural, de interpretação semântica e pragmática.
O livro‑texto tem como objetivos específicos capacitar os estudantes à compreensão dos aspectos
relacionados à estrutura conceitual para a elaboração das demonstrações contábeis, seus fundamentos
técnicos e teóricos; e à necessidade da convergência contábil perante as exigências impostas pelo
processo de globalização. Ou seja, trata‑se de um livro que auxilia os alunos a ter contato, saber usufruir
e bem utilizar as normas contábeis internacionais.
Sendo assim, mais do que simplesmente uma introdução às novidades das normas contábeis
internacionais, é necessário um estudo muito mais amplo, proporcionando aos alunos contato e
entendimento das normas internacionais.
É importante lembrar que, neste momento, estamos atuando como difusores de novas normas
contábeis internacionais que trazem uma série de novos conhecimentos, hábitos e conceitos.
Sabemos que nossos alunos não atuarão apenas como aprendizes, mas como agentes de mudança,
atualizando os contadores que não estão mais nos bancos escolares.
8
Para atingir esses objetivos, escolhemos expor as novas teorias de forma ampla, com comparações
entre autores. Assim, optamos por uma exposição de exemplos e casos, tanto reais como fictícios, para
complementar a teoria e possibilitar uma visualização dos problemas na prática.
A combinação de exposição de um referencial teórico de forma ampla com casos reais e fictícios
para auxiliar na aprendizagem são um caminho interessante e quiçá muito agradável para o estudo da
contabilidade internacional.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Unidade I
1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Durante a 23ª Bienal de São Paulo, o artista japonês Yukinori Yanagi instalou um painel de areia
colorida que representava bandeiras de todos os países interligadas por tubos. Essas bandeiras (feitas
de areia colorida) se misturavam à medida que formigas saúvas iam levando os grãos de um lado para
o outro.
A obra intitulada The World Flag, Ant Farm fez muito sucesso e atraiu a curiosidade durante a Bienal.
O artista declarou aos jornalistas que, enquanto os homens ainda acreditarem em símbolos, haverá a
necessidade de um formigueiro.
Independentemente dessa interpretação de Yanagi, essa obra nos faz pensar sobre o que significa
a globalização. Existem bandeiras, nacionalidades e fronteiras controladas, mas as pessoas estão em
constante trânsito pelo mundo, levando suas coisas e culturas de lá para cá e de cá para lá!
Como formigas, as pessoas deixam suas marcas em diversos locais no planeta. Assim, já era hora de
termos Normas Internacionais de Contabilidade.
Saiba mais
YANAGI cria com nações e formigas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 4 out.
1996. Disponível em: https://bit.ly/2U8nxo8. Acesso em: 2 jan. 2015.
Se nós tivermos uma regra que diz que “se ABC acontecer, a contabilidade
é X”, eu sei que em três minutos os bancos de investimento vão produzir
um esquema BCD que não vai ser coberto por essa regra. Então, teremos
11
Unidade I
que criar uma nova regra. Porém, se você disser que “o princípio diz que
ABC acontece e aqui está a regra contábil X”, quando eles criarem o BCD,
nós poderemos dizer: Desculpe, isso é apenas uma variação, te pegamos!
Saiba mais
Para alcançar esse objetivo, os contadores precisam elaborar as demonstrações com base em normas
e princípios geralmente aceitos, ou seja, em normas que sejam conhecidas e aceitas por todo mundo,
ou pela maioria das pessoas.
Imagine, por exemplo, um contador que trabalha em uma empresa que produz algo estranho,
muitas vezes difícil de explicar até mesmo para os profissionais da área. Não raramente, é muito comum
ouvirmos as pessoas dizerem que não conseguem explicar o que fazem para os seus próprios pais, para a
família ou para as pessoas. Apesar disso, o contador precisa necessariamente explicar não apenas o que
é feito, mas como está a situação econômico‑financeira da empresa em moldes que todos entendam.
É evidente que as pessoas têm necessidades diferentes. Ao mesmo tempo em que um usuário
da contabilidade se contenta em saber que uma empresa “está dando dinheiro” e não tem nenhum
interesse em saber sequer o produto e/ou serviço que essa empresa oferece ao mercado, outros usuários
irão querer saber os detalhes da operação, como são valorizados os estoques, qual a composição dos
empréstimos e financiamentos etc.
12
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Sabe‑se que, conforme lembram Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 6), uma boa análise depende de
dois aspectos importantes, a qualidade e a quantidade de informações disponíveis:
Para atender a essas expectativas, tanto dos usuários internos como dos externos, os contadores
(e aqui não estamos nos referindo apenas aos contadores brasileiros, mas de todo o planeta) utilizam
normas e princípios geralmente aceitos porque, além de uma necessidade técnica contábil, eles facilitam
as empresas alcançarem um padrão mínimo de qualidade e quantidade de informações e demonstrações
financeiras que devem ser divulgadas.
Assim, cada país estabelece qual é esse conjunto de informações mínimas, sendo possível instaurar
uma verdadeira linguagem dos negócios, aceita, compreendida, praticada e incentivada por todos os
agentes no mercado.
A legislação brasileira básica que traz a estrutura conceitual das demonstrações financeiras é
a Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades Anônimas, e que posteriormente foi alterada em diversos
pontos pela Lei nº 11.638/2007 e pela Lei nº 11.941/2009 (que alterou os grupos do Balanço Patrimonial
e os respectivos pronunciamentos contábeis – CPCs).
Saiba mais
O Brasil sempre teve forte tradição em manter normas contábeis próprias, conservando uma autarquia,
o Conselho Federal de Contabilidade, para legislar sobre matéria contábil. Essas normas contábeis, no
entanto, sofreram influências e estavam alinhadas a escolas contábeis de outros países que, à época,
mostravam alta qualidade e inspiravam admiração e confiança. Na figura a seguir é possível observar
uma linha do tempo com os alinhamentos da contabilidade brasileira.
13
Unidade I
Influência
escola contábil
norte‑americana a
partir de 1976
No século passado, até as décadas de 1960 e 1970, era muito comum aos contadores brasileiros
terem enorme admiração pelas escolas contábeis europeias, especialmente a italiana. De Rocchi (1998),
por exemplo, explica que o contador Francisco D’Auria não se preocupava com contabilidade gerencial,
mas era fascinado por autores italianos e franceses e, em uma atitude de contínua atualização,
costumava viajar frequentemente a países da Europa. Em 1932, encontrou‑se com Gino Zappa e pôs‑se
a elogiar com entusiasmo a cultura contábil italiana. No entanto, Zappa disse que naquele momento
a contabilidade italiana não seria o melhor exemplo, haveria muito que aprender com os americanos e
alemães em matéria de análise.
Os autores brasileiros de Ciências Contábeis normalmente não citam a existência de uma escola
contábil brasileira. Entende‑se que não é possível dizer que o Brasil teria criado uma escola genuína;
a contabilidade nacional surgiria de uma influência ou mescla de influências de escolas estrangeiras.
Sá (1997), que afirma que as principais influências de escolas contábeis estrangeiras foram da escola
patrimonialista italiana, confirma essa “mescla” de influências de escolas estrangeiras, no entanto, ele
próprio se dedicou exaustivamente durante sua vida para formar uma escola contábil genuinamente
brasileira, a escola neopatrimonialista.
A partir das décadas de 1990 e 2000, com as discussões sobre a necessidade de criação de uma
convergência internacional, professores da Universidade de São Paulo e, em especial, o prof. Dr. Eliseu
Martins, influenciam a adoção da Lei nº 11.638, iniciando oficialmente o processo de convergência
contábil internacional no Brasil.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Observação
As Normas Internacionais de Contabilidade, como você vai estudar nas próximas unidades, discutiu
intensamente os graves problemas que vinham assolando os mercados quanto a problemas de
informação contábil. A seguir, apresento um texto para reflexão, inspirado no caso Mercedes Benz, que
ficou muito famoso.
Exemplo de aplicação
Gerhard Mannsieht devora um apetitoso pacote de batatas fritas e toma um refrigerante gelado
enquanto espera pacientemente o seu voo no frio e movimentado saguão do aeroporto John F. Kennedy,
em Nova York. O ano é 1999, é inverno e seu avião atrasou por motivos que não se interessava em saber.
O fato é que Mannsieht precisaria esperar muitas horas pelo voo. Com certeza não iria viajar aquela
noite, mas não estava disposto a ir a um hotel e descansar.
Estava particularmente furioso e, nessas horas, preferia sentar‑se e ver o movimento das pessoas
caminhando. Apesar de estar ansioso para voltar para casa e rever sua mulher, Mannsieht não estava
particularmente furioso por conta do atraso do avião. Ao contrário, de certa forma, ainda bem que esse
avião havia atrasado! Como diretor financeiro de uma grande indústria alemã, foi obrigado a viajar para
Nova York poucos dias após voltar de sua lua de mel, onde teve a oportunidade rara de conhecer as
paradisíacas ilhas da Polinésia Francesa.
A empresa que representava, com sede em Hannover, produzia lentes para câmeras fotográficas e
era uma das melhores marcas desse mercado. Após muitos anos de trabalho, decidiu finalmente fazer
um lançamento de ações na NYSE, a bolsa de valores nova‑iorquina. Entre os diversos trabalhos que
foram necessários para a abertura das ações das empresas na NYSE, foram obrigados a “traduzir” toda a
contabilidade dos últimos cinco anos para o FASB, as normas contábeis norte‑americanas.
O problema é que na Alemanha a empresa nunca relatou prejuízo em seus balanços. Estava
acostumado a ser tratado pela imprensa local como um vencedor, um profissional muito competente.
Em Nova York, no entanto, pelas regras norte‑americanas, a empresa relatava prejuízo. As mesmas
operações, as mesmas coisas que em um país eram um sucesso, em outro eram um fracasso.
15
Unidade I
Mannsieht sabia que seria difícil captar dinheiro nos Estados Unidos para financiar a expansão da
empresa. Convencer os investidores americanos até que não seria muito difícil. Mas ele não contava
era com os jornalistas. Chamaram sua empresa de insolvente sem o menor pudor. Isso o deixou
absolutamente possesso. Ele não admitia ser tratado como um fracassado. Era um vencedor! Não só ele,
mas mil e tantos funcionários que trabalhavam duro nas oficinas de sua empresa!
Felizmente soube se controlar e não provocou um vexame. Porém, esse incidente foi muito ruim para
o humor de Mannsieht. Melhor ver o movimento das pessoas para se acalmar.
Pergunta‑se: como explicar o fato de a empresa do Sr. Gehard Mannsieht ter ótimos resultados em
um país e em outro ter resultados ruins? É necessário “traduzir” as demonstrações contábeis?
Um caso emblemático, que ajudou a acelerar a convergência contábil internacional foi descrito na
revista Chartered Accounting, em janeiro de 2003, quando então a empresa alemã Mercedes Benz AG
obteve em 1993 um lucro de DM$ 612 milhões de acordo com as normas contábeis alemãs (German
GAAP) e, quando as demonstrações financeiras foram traduzidas e ajustadas para as normas contábeis
norte‑americanas (US GAAP), apurou‑se um prejuízo de DM$ 1,839 bilhões.
Veja que se trata de uma diferença absurda, inacreditável e que demonstrava claramente que normas
contábeis internacionais eram absolutamente necessárias em uma economia globalizada.
DM$ = Marco alemão, a antiga moeda da Alemanha e que hoje utiliza o euro.
Um dos graves problemas envolvendo contabilidade que assolavam os mercados é que muitos
usuários solicitavam, seja para as pequenas e médias empresas, seja para as grandes empresas,
demonstrações financeiras ad hoc, ou seja, demonstrações preparadas sob medida para fins específicos
e muitas vezes uma única vez, para uso esporádico. Isso é muito prejudicial porque, ao mesmo tempo
em que o contador se desdobrava para ter tempo disponível para atender pedidos especiais de usuários,
trazia cada vez menos confiança. Percebeu‑se uma mania de “sempre pedir mais do que está nas
demonstrações contábeis”, que nunca satisfazem!
Assim, para evitar essa mania e valorizar o trabalho do contador, formou‑se o conceito de relatório
contábil‑financeiro de propósito geral, que como o nome já insinua é um relatório de uso geral ou
multiuso, já desenvolvido para todas as necessidades em potencial dos usuários externos, sem que estes
peçam informações adicionais ou ad hoc. Esse conceito foi definido da seguinte forma no CPC 00 (R1)
Conceitual Básico (CPC, 2011a):
16
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Nesse sentido, para que os relatórios realmente tenham essa característica de “propósito geral”,
elegeram‑se três grupos de usuário externos que necessitam de uma sensibilidade especial:
• outros credores.
Muito importante que o contador não dê a esse grupo “preferência”, porque todos os usuários são
importantes. Entretanto, de fato, a IASB reconhece que esses usuários têm uma relevância muito grande
e é importante que o contador seja sensível às necessidades deles.
Observação
A IASB, por meio do pronunciamento conceitual básico, reconheceu que os contadores já vinham
publicando informações quantitativas de excelente qualidade, contudo, havia deficiências quanto a
informações qualitativas.
É nesse sentido que se torna imprescindível que os contadores melhorem as informações qualitativas,
sendo que a IASB relacionou essas características, conforme podemos verificar na figura preparada por
Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 16):
17
Unidade I
Valor preditivo
Relevância
Valor confirmatório
Fundamentais Completa
Representação Neutra
fidedigna
Características Livre de erro material
qualitativas
Compatibilidade
Verificabilidade
De melhorias Tempestividade
Compreensibilidade
18
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Saiba mais
19
Unidade I
No Brasil, adota‑se o chamado “direito romano” e, por consequência, há uma forte orientação
legalista‑formalista, na qual as ações e procedimentos contábeis e fiscais são expressos em instrumentos
jurídicos, ao contrário do chamado “direito consuetudinário” dos países anglo‑saxões, que adotam a
commom law, na qual as ações e procedimentos contábeis emanam dos usos e costumes.
Observação
Conforme Iudícibus et al. (1990), princípios contábeis são premissas básicas sobre os fenômenos e eventos
contemplados pela contabilidade. Muitos profissionais no mercado e/ou estudantes costumam chamar os
princípios contábeis norte‑americanos de USGAAP e por analogia, os princípios brasileiros de BRGAAP.
Observação
Segundo Iudícibus et al. (1990), para um princípio ser incorporado à doutrina contábil, é necessário
que atenda a duas condições básicas:
Observação
21
Unidade I
d) valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação
sem favorecimentos; e
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente
o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a
aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação
do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período (CFC, 2010).
22
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
No artigo 7º, incorpora‑se o conceito de valor justo que estudaremos neste livro‑texto.
Entende‑se que o contador deve formar um sistema de informações e manter uma rede de
relacionamentos internos. Sendo assim, os impactos da convergência não ficam restritos apenas aos
contadores, mas afetam vários outros profissionais.
Segundo o CPC 00 (2011a), o balanço patrimonial de uma empresa é composto de seu ativo, passivo
e patrimônio líquido. Na demonstração de resultados do exercício realiza‑se um confronto entre as
receitas e as despesas.
O ativo é composto por bens e direitos necessários para o desenvolvimento da atividade operacional
de quaisquer empresas e representa os recursos aplicados por ela para a sobrevivência. É dividido entre
o ativo circulante e o ativo não circulante, mostrados no quadro a seguir:
23
Unidade I
O subgrupo do balanço patrimonial, chamado passivo, representa todas as dívidas contraídas pelas
empresas. Pode‑se afirmar que as dívidas registradas são contraídas com terceiros, ou seja, com pessoas
físicas e/ou jurídicas. Além de possuírem um vencimento predeterminado, essas dívidas levam a
empresa a sanções (juros e multas) no caso de não saldá‑las na data prevista, o que já não ocorre
no patrimônio líquido.
É dividido entre o passivo circulante e o passivo não circulante, mostrados no quadro a seguir:
No patrimônio líquido são registradas as dívidas contraídas pela empresa, porém, junto aos seus
proprietários, como o capital social. Caso a empresa venha a pagar o capital social para os proprietários,
haverá o encerramento das atividades.
A seguir, uma rápida comparação sobre a estrutura do balanço patrimonial antes e após a
convergência internacional:
24
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Ativo circulante Passivo circulante
Ativo realizável em longo prazo Passivo exigível em longo prazo Obrigações
Bens e
Ativo permanente, dividido em: Resultados de exercícios futuros
direitos – Investimentos Patrimônio líquido, dividido em:
– Ativo imobilizado – Capital social
– Ativo diferido – Reservas de capital
Patrimônio
– Reservas de reavaliação líquido
– Reservas de lucro
– Lucros (ou prejuízos) acumulados
Figura 3 − Conteúdo do Balanço de acordo com a Lei 6.404/76, antes das Normas Internacionais de Contabilidade
A estrutura anterior a 2007 continha, por exemplo, o ativo diferido e, no esforço de convergência, os
contadores brasileiros resolveram abandonar a amortização dos gastos pré‑operacionais.
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Ativo circulante Passivo circulante Obrigações
Ativo não circulante, dividido em: Passivo não circulante
Bens e – Realizável em longo prazo Patrimônio líquido, dividido em:
direitos
– Investimentos – Capital social
– Ativo imobilizado – Reservas de capital Patrimônio
líquido
– Ativo intangível – Reservas de avaliação patrimonial
– Reservas de lucro
– Lucros (ou prejuízos) acumulados
Figura 4 − Conteúdo do Balanço de acordo com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, após as Normas Internacionais de Contabilidade
Observe que, se já não há o ativo diferido, agora há espaço para o tão necessário ativo intangível!
As receitas são os ganhos que a empresa pode ter no momento (receitas à vista) ou em data
predeterminada (receitas a prazo) ao revender suas mercadorias (atividade comercial) e/ou vender seus
produtos (atividade industrial), ou ainda prestar serviços (atividade prestadora de serviços). Para obter
essas receitas, a empresa precisa dispor de alguns gastos, o que chamamos de despesas. Em outras
palavras, as despesas representam o sacrifício para buscar uma receita.
Ou seja, as despesas não são um gasto sem propósito, sem sentido. Representam uma intenção de
trazer recursos para a empresa. Ou como definem Iudícibus et al. (1990, p. 66):
25
Unidade I
Antes da convergência, era comum no Brasil separar as despesas e receitas “operacionais” das “não
operacionais”, ou seja, as despesas mais corriqueiras ou que estão ligadas ao negócio das despesas
esporádicas, que não estão ligadas com as operações normais da empresa. No entanto, entendeu‑se
que mesmo as despesas mais esporádicas também são realizadas com o intuito de gerar receitas. Não
se admite que uma empresa esteja gastando dinheiro em algo que não irá trazer retorno. Assim, não há
mais separação entre despesas “operacionais” e “não operacionais”.
2 NORMAS DE CONTABILIDADE
• convergência;
• harmonização;
• padronização.
Quando existem várias pessoas ou, como no caso da contabilidade, a mesma prática sendo realizada
em diferentes países e lugares, pelos mais diferentes profissionais que fazem “mais ou menos a mesma
coisa”, surge uma intenção ou necessidade de harmonizar, fazer com que todos sigam os mesmos
códigos e significados. Em outras palavras, que todos “falem a mesma língua”.
Entretanto, o que acontece quando esses profissionais empreendem regras e/ou normas diferentes? Logo
surge uma vontade de “padronizar” o trabalho, fazer com que todos façam exatamente do mesmo jeito.
Quando vemos, por exemplo, uma bola de futebol, é de interesse de todos que essa bola tenha os
mesmos elementos em qualquer lugar. Não é interessante que o Brasil utilize uma bola mais pesada, a
Itália uma bola mais leve e rápida ou a África do Sul uma bola mais achatada. Todos, então, devem ter
a mesma bola e, independente do lugar onde ela seja fabricada, com as mesmas características finais.
Observação
26
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
A padronização nem sempre é fácil, mas é possível em muitos casos. Por exemplo, a organização ISO
(International Standardization Organization– Organização Internacional para a Padronização) realiza
um excelente trabalho nesse sentido.
Temos como exemplo a produção de cabos telefônicos: independentemente de uma fábrica estar no
Paquistão ou na Argentina, deve‑se aplicar as mesmas regras de qualidade. Não deve haver influência
do país e/ou da cultura do país. No entanto, em matéria contábil não é possível dar esse tratamento. Há
diversas influências na contabilidade, portanto, o uso da palavra harmonizar no sentido de padronizar,
tornar as coisas rigorosamente iguais, não é razoável.
Nesse sentido, Ikuno et al. (2010) analisaram o trabalho de Nobes (1993), que propôs 17 fatores que
causam diferenças contábeis internacionais:
• herança colonial;
• invasões;
• tributações;
• inflação;
• nível de educação;
• sistema legal;
• cultura;
• história;
• geografia;
• linguagem;
• sistema político;
• clima social;
• religião;
• acidentes de percurso.
27
Unidade I
Por outro lado, Ikuno et al. (2010) comentam também que Choi e Meek (apud SHIMA, 2007, p. 6)
apontam oito fatores que causam diferenças nas demonstrações contábeis, porque influenciam o
sistema financeiro:
• sistema legal;
• sistema de tributos;
• inflação;
• educação;
• cultura.
Há, no entanto, conforme relatam Ikuno et al. (2010), pesquisadores como Zarzeski (1996 apud
IKUNO et al., 2010) e Jaggi e Low (2000 apud IKUNO et al., 2010) que contestam se os aspectos culturais
são de fato tão importantes para as diferenças na contabilidade entre os diversos países. Eles lembram
que muitas empresas atualmente são multinacionais, e com isso os aspectos culturais tendem a não
ter muita importância. Aspectos como as forças de mercado e fatores institucionais seriam atualmente
mais importantes.
Sobre esse aspecto das influências culturais e do ambiente, Weffort (2005, p. 19) confirma que a
contabilidade acaba por receber de fato essas influências:
Sob o conceito de convergência, as regras e/ou procedimentos podem ser diferentes, respeitando
a cultura, língua, usos e costumes e/ou legislação local, desde que o resultado final leve ao mesmo
entendimento, ao mesmo objetivo. Essa é uma costura complexa de ser realizada. Como, por exemplo,
fazer com que um contador árabe relate a sua contabilidade de forma que um contador asiático ou
da América Central possa entender essa contabilidade, mesmo sabendo que as diferenças culturais
influenciam nos negócios?
28
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Lembrete
A seguir, te convido para uma interessante comparação visual para contribuir no entendimento da
diferença entre padronização e convergência.
29
Unidade I
Exemplo de aplicação
A convergência no Brasil
Houve uma preocupação acentuada em não aumentar os custos tributários, o que criaria resistências
para que as normas internacionais fossem adotadas no Brasil.
Nós sabemos, por nossa própria experiência de vida, que nada será fácil na trajetória do CPC. O mundo
da contabilidade é complexo e sutil; as soluções buscadas devem responder às questões levantadas e aos
ambientes nos quais proliferam, mas nem sempre isso é muito fácil de identificar. Para citar um exemplo
já muito discutido, será necessário muito cuidado para verificar se alguma norma ou procedimento
adotado produzirá elevação dos custos tributários, de modo a minimizar as possíveis resistências à
adoção de procedimentos modernizantes.
São cuidados que deveremos ter, para tocar a difícil tarefa, que será gratificante, de colocar o CPC
em pleno funcionamento.
União Europeia
30
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
entendimento de que não era inteligente continuar a manter um ambiente de hostilidade entre as
nações europeias.
O ideal era que esses países se unissem, passassem a empreender um esforço comum em prol da
melhoria de vida de suas populações. Mas como fazer isso? A solução encontrada foi a criação de um
modelo político jamais visto na história da humanidade, em que os países abriram mão de parte de suas
soberanias nacionais em prol de uma comunidade.
O resultado foi um sucesso. Por mais que se critique a União Europeia, fortemente questionada
durante a crise de 2008 a 2010 e crises de governança pública e financeira pipocando em países como
Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Itália, a qualidade de vida nesses países é invejável.
Essa experiência da formação da União Europeia também teve seus reflexos na contabilidade e mais
do que isso, mostrou a possibilidade de adoção de normas comuns não só entre países europeus, mas
em todo o planeta.
A União Europeia foi um dos organismos internacionais que ajudaram a tornar a intenção das
Normas Internacionais de Contabilidade uma realidade por conta de sua missão natural, que é a de
tomar decisões para seus países membros. A União Europeia publicou a 4ª Diretiva, na qual tratava
de contabilidade e do conceito de fair value – valor justo.
Evidentemente que a União Europeia não é um órgão contábil, como é, por exemplo, a IASB, que
é mais ampla. Contudo, foi e está sendo atualmente uma das maiores incentivadoras da adoção das
normas internacionais.
Observação
A AIC conta com 23 países‑membros, sendo que entre eles está Cuba,
com o curioso nome de “Cuba em exílio”.
Iosco
A Iosco é uma entidade internacional que reúne comissões de valores mobiliários, como a brasileira
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e/ou a americana Securities and Exchange Commission (SEC).
31
Unidade I
Sua missão envolve regulação internacional para o bom funcionamento dos valores mobiliários
(operações em bolsas de valores).
FASB
A FASB é uma entidade norte‑americana que desde 1973 é a responsável pela publicação das normas
contábeis americanas. Não é um organismo internacional propriamente dito, mas, por causa da pujança
da economia americana e da obrigação de empresas de outros países que têm ações nas bolsas de
valores americanas de seguir as normas emitidas pela FASB, acabou por atuar como um verdadeiro e
influente organismo internacional.
Após anos de divergências, a FASB finalmente concordou em trabalhar em conjunto com a IASB,
firmando em 2002 um histórico entendimento chamado de Acordo de Norwalk.
Saiba mais
IFAC
A Federação Internacional dos Contadores, The International Federation of Accountants – IFAC, foi
criada em 1977 durante o 11º Congresso Mundial dos Contadores e desde então vem desenvolvendo
pronunciamentos sobre normas internacionais, facilitando a colaboração e a cooperação entre
suas associações‑membro e servindo como porta‑voz da profissão contábil. A IFAC, por meio da
International Accounting Standards Comittee − IASC, publicou as primeiras normas internacionais,
denominadas pela sigla IAS.
Observação
Você já notou que nas normas do CPC Brasil há sempre uma correlação
a uma norma internacional, sendo que algumas fazem menção à uma
norma IAS e outras a uma norma IFRS? Pois bem, as normas IAS são as
normas que a IFAC havia preparado já nas décadas de 1970 e 1980. Já as IFRS
são as normas mais recentes, preparadas pela IASB.
32
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Segundo Mourad e Paraskevopoulos (2010), a IASB foi criada em 2001, aproveitando e/ou continuando
o trabalho da IASC. As novas normas criadas pela IASC passaram a usar a sigla IFRS e, posteriormente,
IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee). É o atual organismo internacional
responsável pelas publicações das normas internacionais.
Saiba mais
Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 11) dizem que o principal objetivo da IASB é: “promover
a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas Internacionais de Contabilidade para
soluções de alta qualidade e transparência”.
Sir David Tweedie permaneceu à frente da IASB até junho de 2011, sendo substituído pelo holandês
Hans Hoogervorst.
33
Unidade I
Saiba mais
Nessa carta, Hoogervorst comenta sobre o legado que recebeu de Sir David Tweedie e que apesar
de não ser um técnico na área contábil, foi Ministro das Finanças do governo holandês e líder da
Autoridade do Mercado Financeiro desse país. Com isso, aprendeu também com a crise financeira de
2007‑2010 a importância de se manter um alto nível de transparência nas empresas, para uma efetiva
proteção ao investidor.
Hoogervorst comentou ainda que há muitas oportunidades de mudanças e que suas prioridades são
a de completar o projeto de convergência contábil internacional e preparar uma agenda para assuntos
e desenvolvimentos pós‑convergência. Em especial, trabalhar para que os Estados Unidos adotem as
normas internacionais em sua plenitude.
Por fim, Hoogervorst enfatiza o caráter internacional da IASB, que apesar de ser uma entidade
jovem, reúne uma verdadeira diversidade cultural contábil.
G20
O grupo dos vinte ministros da fazenda e presidentes de banco central (G20) das 19 maiores
economias do mundo (incluindo a brasileira) mais a União Europeia, é um órgão internacional criado como
resposta para a crise financeira mundial em 2007‑2010 e vem influenciando a contabilidade internacional.
Saiba mais
34
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Tem sido frequente a IASB e a FASB norte‑americana informarem ao líder político de um país
anfitrião de uma reunião do G20 como está o processo de convergência internacional.
Saiba mais
• Banco Mundial;
• United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD (Conferência das Nações Unidas
para o Comércio e Desenvolvimento);
É muito relevante a atuação da UNCTAD/ONU/ISAR que, entre outras coisas, editou recomendações
para o currículo dos cursos de Ciências Contábeis e documentos sobre as IFRS e governança corporativa.
Entretanto, há uma polêmica sobre a participação da ONU nesse processo, que segundo alguns
autores seria muito tímida em relação às necessidades de mercado.
Segundo Niyama (2005), a ISAR acabou por “não decolar”. Entre as causas, Niyama (2005) lista
três fatores:
Essa ausência dos Estados Unidos é a mesma que também dificultou o processo de convergência,
sendo que a IFAC e IASB tomaram a dianteira nesse processo.
35
Unidade I
Niyama (2010, p. 40‑53) cita como importantes organismos internacionais envolvidos com a convergência:
• The Confederation of Asian and Pacific Accountants – CAPA (Confederação de Contadores da Ásia
e do Pacífico).
A seguir, iremos estudar o processo para a formação e publicação de uma norma internacional,
sendo que após esse processo tal norma ainda não será de uso regulamentar nos países, passando por
um segundo processo para convergência às condições locais.
Segundo a IFRS (2014), o IASB é formado por 14 membros e exige‑se que pelo menos 9 deles
aprovem a publicação de uma norma. O IASB é assessorado pelo SAC, Conselho Consultivo de Normas,
composto por quarenta membros. O processo é formal e requer ampla consulta internacional e segue os
passos a seguir, conforme IFRS (2014):
a) A equipe do IASB é solicitada a identificar, revisar, e levantar questões que possam justificar a
atenção do conselho. A discussão do IASB sobre projetos potenciais e suas decisões em adotar
novos projetos ocorre nas reuniões públicas do conselho. Antes de chegar a essas decisões, o IASB
consulta o SAC sobre os itens da agenda proposta e a definição de prioridades.
b) Ao incluir um item em sua agenda ativa, o IASB decide se conduz o projeto sozinho ou em
conjunto com outro normatizador.
c) Após considerar a natureza das questões e o nível de interesse entre os constituintes, o IASB pode
estabelecer um grupo de trabalho.
36
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
d) Embora um documento de discussão não seja um passo obrigatório em seu processo, o IASB
normalmente publica um documento de discussão como sua primeira publicação sobre qualquer
novo tópico importante.
Uma minuta de exposição será acompanhada de uma base para conclusões e incluirá quaisquer
pontos de vista alternativos de membros divergentes do IASB.
f) O IASB revisa as cartas‑comentário recebidas e os resultados de outras consultas. Como uma forma
de explorar mais as questões e solicitar outros comentários e sugestões, o IASB pode conduzir
visitas em campo ou providenciar audiências públicas e reuniões de mesa‑redonda.
g) O desenvolvimento de uma IFRS é realizado durante as reuniões públicas conduzidas pelo IASB.
Após resolver as questões que surgem da minuta de exposição, o IASB considera se deve expor
quaisquer propostas revisadas para comentários públicos. Quando o IASB estiver satisfeito de ter
chegado a uma conclusão sobre as questões que surgem da minuta de exposição, ele instrui a
equipe a preparar a IFRS. Uma IFRS deve ser aprovada por pelo menos nove membros do IASB. Uma
IFRS será acompanhada de uma base para conclusões e incluirá quaisquer opiniões divergentes de
membros do IASB que votem contra a norma.
Ao adotar a abordagem “cumprir ou explicar” – comply or explain, que é usada por vários órgãos
reguladores, o IASB explica seus motivos de decidir omitir qualquer passo não obrigatório de seu
processo de consulta.
Após a apreciação do IASB, o pronunciamento segue para o IFRIC, onde são desenvolvidas as
interpretações das IFRSs.
O IFRIC também segue um processo de análise, aprovação e publicação, semelhante ao que é adotado
pelo IASB.
Todas as reuniões do IASB e do IFRIC são abertas para observação pública, embora algumas discussões
possam ser realizadas de forma privada.
37
Unidade I
Definição da agenda
Pesquisa
A IASB mantém uma estrutura conceitual, que auxilia o desenvolvimento de IFRSs futuras e suas revisões
e a promoção da harmonização de regulamentos, normas e procedimentos relacionados à apresentação das
demonstrações financeiras, conforme International Accounting Standards Committee Foundation (2008):
Quando uma entidade desenvolve uma norma contábil e há ausência de uma norma ou uma
interpretação que se aplique especificamente a um item, a administração dessa entidade é obrigada
a se referir e considerar a aplicabilidade dos conceitos dessa estrutura conceitual, de acordo com o
CPC 23 (CPC, 2009c).
É possível que surja conflito entre a estrutura conceitual e um requisito dentro uma norma ou uma
interpretação. Nesses casos, os requisitos da norma ou interpretação prevalecem sobre os da estrutura
comercial.
Lembrete
Após estudar a estrutura, o framework da IASB, você deve estar se perguntando: afinal de contas,
o que é tão diferente nas normas contábeis internacionais? Por que tanta discussão? A seguir, há dois
exemplos de aplicação que vão te auxiliar a entender o que é tão diferente nas contabilidades entre os
diversos países. Um dos exemplos de aplicação é sobre usos e costumes comerciais chineses aplicados à
contabilidade. Depois, teremos a oportunidade de conhecer um dos casos mais famosos de aplicação de
normas contábeis, a chamada Hollywood Accounting.
Exemplo de aplicação
A China vem despontando como uma das maiores economias do planeta e já é um dos grandes
parceiros comerciais do Brasil. Um verdadeiro gigante econômico!
Pesquise algumas práticas, usos costumes comerciais chineses, tentando relacioná‑los com os
17 fatores que causam diferenças contábeis de Nobes (1998), que você estudou nesta unidade.
Saiba mais
39
Unidade I
Na Hollywood Accounting você poderá ver como é a contabilidade aplicada ao cinema nos Estados
Unidos, ou seja, a aplicação de uma norma específica para esse segmento da economia.
Exemplo de aplicação
Segundo Cardoso e Szuster (2003), a The American Institute of Certified Public Accountants
(Instituto Americano de Contadores Públicos Cerficados – AICPA) lançou uma nova norma contábil para
a indústria cinematográfica, a FASB 139, em substituição a FASB 53, que tinha o nome de Relatório
Financeiro para Produtores e Distribuidores de Filmes.
Embora fosse do conhecimento que a FASB 53 estava desatualizada e novos procedimentos eram
necessários, a FASB não poderia lançar uma nova norma porque estava com a agenda lotada. Sendo
assim, repassou‑se excepcionalmente a tarefa de atualizar a FASB 53 para a AICPAs AcSEC, que já tinha
um histórico de serviços para normatização em ramos específicos de negócios.
1 − as despesas com propaganda e promoção de filmes não podem ser capitalizadas (antes permitia‑se
a capitalização desses gastos);
3 − projetos abandonados ou custos excessivos para a produção de filmes precisam ser demonstrados
como despesas.
Definiu‑se “filme” como recurso cinematográfico que inclui cenas de ação e argumentos animados,
especiais de televisão, séries de televisão e outros produtos que são vendidos, licenciados ou exibidos
caso sejam produzidos no formato de fitas (películas), videotapes, tecnologias digitais ou qualquer outra
forma de formato de gravação.
Especialistas previam que, com a entrada da FASB 139, os grandes estúdios iriam ser severamente
impactados, porque os gastos com promoção seriam considerados como despesas, antes mesmo de um
filme ser lançado.
Por que a norma FASB 53 teve que ser revogada e substituída pela norma FASB 139?
É correto um filme ser amortizado em dez anos, como determina a norma FASB 139? Por quê?
40
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Filmes clássicos como E o Vento Levou, Tempos Modernos de Charles Chaplin, E.T., Guerra nas Estrelas
ou Titanic também devem receber esse mesmo tratamento, mesmo se tratando de filmes que continuam
a gerar faturamento para os estúdios vários anos após o seu lançamento?
Está correto que os gastos excessivos com produção de filmes sejam considerados despesas e não
amortizados junto com os filmes?
Tente estabelecer diferenças entre a forma como o profissional da contabilidade é orientado a agir
de acordo com a norma norte‑americana FASB 153 e com o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC.
Observação
A FAS 153 é de uso específico nos Estados Unidos e não tem validade
no Brasil. Ainda não há uma norma específica para o audiovisual no Brasil e
também não há nas normas internacionais. A normatização contábil nos EUA
e no Brasil, como característica, é extensa. Já a Normatização Internacional
de Contabilidade e Auditoria, ao contrário, é muito menos extensa.
As NBC classificam‑se em profissionais (NBC P) e técnicas (NBC T), sendo enumeradas sequencialmente.
Saiba mais
41
Unidade I
Uma norma internacional não entra em vigor no Brasil a partir da sua publicação pela IASB. O
Comitê de Pronunciamentos Contábeis realiza um trabalho de análise e aprovação e, posteriormente, a
norma internacional é publicada em uma Norma Brasileira de Contabilidade, uma NBC.
Assim como a IASC, o CPC mantém um processo de análise, discussão e aprovação, no qual se prevê,
entre outras coisas, audiências públicas.
Foi organizado o Comitê Gestor da Convergência, formalizado por meio da Resolução CFC nº 1.103,
de 28 de setembro de 2007, art. 2º. As entidades que compõem o Comitê Gestor da Convergência no
Brasil são:
ORG 1
ORG 2
CFC
ORG 3
42
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
CPC IASB
ORG 1
ORG 2
CFC
ORG 3
Figura 10 – Situação posterior à criação do CPC: a IASB, com sede em Londres, emite as
normas internacionais que, por sua vez, passam por uma análise no CPC, que depois distribui o
mesmo conteúdo para todas as organizações interessadas. Não há mais risco de conflitos e dúvidas
entre diferentes organizações. O CPC também colabora continuamente com a IASB
O processo adotado pelo CPC, de acordo com o regimento interno, para a aprovação de uma norma
internacional é demonstrado a seguir:
— sumário;
— termo de aprovação; relatório de audiência pública.
43
Unidade I
• as Interpretações são emitidas para esclarecer, de forma mais ampla, os Pronunciamentos Técnicos;
• a Interpretação é identificada pela sigla ICPC, seguida de numeração sequencial, seguido de hífen
e denominação, por exemplo, ICPC 01 – “Denominação”;
• a Orientação é identificada pela sigla OCPC, seguida de numeração sequencial, seguido de hífen e
denominação, por exemplo, OCPC 01 – “Denominação”.
• o CPC dará conhecimento público da aprovação ou revogação de seus documentos, por meio dos
seguintes termos:
• com o objetivo de que todos os documentos emitidos pelo CPC estejam convergentes com as
Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board
(IASB), o CPC dará conhecimento público da inclusão de aprimoramentos e de correções em
documentos já editados, por meio do documento intitulado “Revisão CPC nº ‘X’”;
• a Revisão CPC é seguida de numeração sequencial, por exemplo, Revisão CPC nº “X”;
• as Revisões CPC, após aprovadas, serão divulgadas juntamente com: Termo de Aprovação;
Relatório de Audiência Pública, se houver;
• os documentos revisados serão identificados pela sigla do documento a que se refere, seguido
da letra R, numeração sequencial, seguido de hífen e denominação, por exemplo, CPC 01 (R1) –
“Denominação”. A letra “R” identifica que aquele CPC foi revisado e o número 1 identifica que foi
realizada uma primeira revisão;
• a aprovação do documento de Revisão CPC se dará nos termos do art. 5º do Regimento Interno.
44
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
45
Unidade I
Instrumentos Financeiros:
CPC 38 02/10/2009 19/11/2009 IAS 39
Reconhecimento e Mensuração
Instrumentos Financeiros:
CPC 39 02/10/2009 19/11/2009 IAS 32
Apresentação
Instrumentos Financeiros:
CPC 40 01/06/2012 30/08/2012 IFRS 7
Evidenciação
CPC 41 Resultado por Ação 08/07/2010 06/08/2010 IAS 33
Contabilidade e Evidenciação em
CPC 42 Economia Altamente Inflacionária
Adoção Inicial dos
CPC 43 Pronunciamentos Técnicos CPCs 03/12/2010 16/12/2010 IFRS 1
15 a 41
CPC 44 Demonstrações Combinadas
Divulgação de Participações em
CPC 45 07/12/2012 13/12/2012 IFRS 12
outras Entidades
CPC 46 Mensuração do Valor Justo 07/12/2012 20/12/2012 IFRS 13
Contabilidade para Pequenas e
CPC PME Médias Empresas com Glossário de 04/12/2009 16/12/2009 IFRS for SMES
Termos
46
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Alinhada com a IASB, que reconheceu a necessidade de normas específicas para pequenas e médias
empresas, também o CFC criou normas para essas empresas: as normas NBC TG 1000 e sua simplificação,
a NBC TG 1000.
A seguir um quadro com os critérios utilizados para a classificação do porte das empresas:
Saiba mais
47
Unidade I
Exemplo de aplicação
Que tal investigar como está a convergência das normas internacionais de outros países?
Indicamos que você explore como foi o processo de convergência nos países do BRICS, ou seja:
• África do Sul.
• China.
• Índia.
• Rússia.
Além desses, um país que indicamos para pesquisa é Angola. Após uma dolorosa, sangrenta e longa
guerra civil, o país conquistou a paz. Durante algum tempo teve a presença militar de brasileiros, atuando
nas forças de paz da ONU, os famosos “capacetes azuis”.
Diversos profissionais e operadores para a BODIVA estão recebendo instruções aqui no Brasil, em São
Paulo, na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – APIMEC.
Saiba mais
3 POLÍTICAS CONTÁBEIS
A seguir, iremos estudar o trâmite desta norma para ser incorporada nas práticas contábeis brasileiras
e suas principais implicações.
No dia 26 de junho de 2009, o CPC resolveu aprovar a IAS 8 no Brasil, com a codificação CPC23.
Nessa ocasião, CPC (2009c) redigiu o seguinte “Termo de aprovação”:
48
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Antes disso, de acordo com o procedimento, o CPC organizou uma audiência pública onde a norma
pode ser discutida. É possível observar que houve uma intensa atividade para a melhoria dessa norma
no âmbito brasileiro. É o que diz o “Relatório da Audiência Pública”, de acordo com CPC (2009c):
Dentro do procedimento, adotado também pela IASB, de “cumprir ou explicar” (comply or explain),
o CPC justificou o motivo de não ter acatado algumas sugestões, conforme CPC (2009c):
Razão: o CPC concluiu que esse guia não traria benefícios substanciais
nesse momento, tendo em vista o Pronunciamento já ser bem conhecido e
aplicado no Brasil.
Como podemos ver aqui, o CPC partiu do princípio de que essa norma já trazia uma prática corrente
e comum no Brasil, por isso dispensou a elaboração de um manual. Havia, nesse momento, algumas
dificuldades quanto aos termos, que ficaram para análise posterior.
Lembrete
Por fim, o CPC (2009c) comenta que recebeu comentários e sugestões, mas sem oferecer alternativas:
A norma foi então divulgada ao mercado no dia 16 de setembro de 2009. A partir da publicação da
norma IAS 8 para o Brasil, com a codificação CPC23, outras organizações que emitem normas contábeis ou
com consequências contábeis, ou como se diz, “reguladoras”, também realizaram suas próprias publicações.
Lembrete
50
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
CPC
CPC 23
IASB
IAS 8
ORG 1
ORG 2 CVM - Deliberação CVM nº 592/09
CFC BACEN/CMN - Resolução nº 4.007/11
(Banco Central do Brasil)
Aneel - 605/14 Manual
ANS - Resolução Normativa nº 322/13
Susep - Circular nº 464/13
ANTT - 3.847 e 3.848/12 Manual
ORG 3
No Conselho Federal de Contabilidade, onde a norma recebe a nomenclatura NBC TG 23, houve a
redação da seguinte resolução:
51
Unidade I
Resolve:
Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor nos exercícios iniciados a partir de
1º de janeiro de 2010, quando dar‑se‑á a revogação da Resolução CFC
nº 1.087/06, publicada no D.O.U., Seção I, de 12/02/07, sendo recomendada
sua adoção antecipada.
Observe que essa resolução foi um ato cerimonial, sendo a CPC 23 publicada na íntegra. Um
comportamento coerente com a proposta do processo de convergência contábil internacional. Na
ocasião, essa resolução revogou a “NBC T 19.11– Mudanças Prát. Cont. Estimat. Correção Erros” de
12 fevereiro de 2007, a norma brasileira que vigorava até então.
Saiba mais
Posteriormente, em 2013, a resolução passou por uma revisão no Conselho Federal de Contabilidade,
que passou a ter em sua sigla a expressão (R1), que significa que a norma já passou por uma revisão.
Segundo CFC (2013c):
52
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Decreto‑Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, faz saber que
foi aprovada em seu Plenário a alteração da seguinte Norma Brasileira de
Contabilidade (NBC):
“52. (...)
Observe então que foi modificada a alínea b do item 52, na NBC TG 23. Vamos entender o que
aconteceu? Antes a alínea b do item 52 tinha a seguinte redação (CFC, 2013c):
53
Unidade I
A alteração realizada foi para deixar mais adequados os procedimentos quanto ao valor justo.
Já na Comissão de Valores Mobiliários, que revogou a Deliberação 506, de 19 e junho de 2006, temos
a seguinte redação, segundo CVM (2009):
III – que esta Deliberação entra em vigor na data da sua publicação no Diário
Oficial da União, aplicando‑se, inclusive no que se refere à revogação de que
trata o item II, aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 e às
demonstrações financeiras de 2009 a serem divulgadas em conjunto com
as demonstrações de 2010 para fins de comparação.
Também temos aqui um ato cerimonial, mas com a preocupação de alertar a entrada em vigor da
deliberação.
Resolução nº 004007
‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑
Resolveu:
55
Unidade I
Art. 3º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, produzindo
efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012.
Altamir Lopes
Presidente do Banco Central, substituto
Vemos que a grande preocupação do Banco Central foi com a nomenclatura ser aderente ao plano
contábil das instituições do sistema financeiro nacional, o COSIF, e em alertar para que alguns itens
dependiam de um ato específico do Conselho Monetário Nacional.
Observação
Art. 2º. São alcançados pelo MCSE os agentes com outorgas de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica.
§ 1º. O plano de contas da Aneel deverá estar associado diretamente aos eventos
contábeis, mesmo que a concessionária ou permissionária possua outros planos
de contas que atendam a seus controles internos ou a outros órgãos.
57
Unidade I
Saiba mais
A Agência Nacional de Saúde – ANS, por meio de sua Resolução Normativa 322/13, aprovou em 27
de março de 2013 uma alteração ao seu Plano de Contas Padrão. Segundo ANS (2013):
58
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Art. 2º. Esta Resolução Normativa entra em vigor a partir da data de sua
publicação.
Este texto não substitui o texto normativo original e nem o de suas alterações,
caso haja, publicados no Diário Oficial.
59
Unidade I
E finalmente, como a última entidade reguladora a abordar o CPC23, temos a Agência Nacional
de Transportes Terrestres, que em sua Resolução nº 3.847/12, de 20 de junho de 2012, aprovou a
Revisão nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Público de Transporte Ferroviário de Cargas
e Passageiros e a Revisão nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Público de Exploração da
Infraestrutura Rodoviária Federal Concedida. Para tal, a ANTT revogou quatro outras resoluções:
Resolução nº 1772 de 20/12/2006; Resolução nº 2492 de 13/12/2007; Resolução nº 1773 de
20/12/2006; Resolução nº 2507 de 19/12/2007.
Art. 3º. Sem prejuízo das demais exigências do manual a que se refere a
presente Resolução, as Demonstrações Contábeis, bem como suas Notas
Explicativas, que forem objeto de publicação deverão seguir os modelos e
informações mínimas estabelecidos no capítulo 8 da Revisão nº 2 do Manual
de Contabilidade da ANTT.
Art.1º...
II –...
Art. 2º...
II –...
Art. 1º...
II ‑...
61
Unidade I
[...]
Exemplo de aplicação
No trecho a seguir, o manual da ANTT (2012) comenta sobre os impactos e processos de mudança pelos
quais as empresas e profissionais passaram, por conta da convergência e o significado da convergência:
62
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
63
Unidade I
Observação
No trecho anterior, quando se diz no manual da ANTT (2012)
que “requerem que as companhias abertas apresentem a informação
segmentada”, trata‑se de um comentário sobre o CPC 22 – Informações
por Segmento. Atualmente é muito comum uma mesma empresa ou
grupo empresarial se envolver em diversos negócios. Em um mesmo grupo
empresarial pode haver uma indústria alimentícia e uma produtora de energia.
Assim, determina‑se que cada negócio informe dados separadamente.
A seguir, iremos estudar as políticas contábeis que, dentro do ambiente de convergência contábil
internacional, onde a informação qualitativa é vista como de enorme necessidade aos usuários da
contabilidade, são imprescindíveis.
Segundo o CVM (2009), em seu pronunciamento CPC 23: “Políticas contábeis são os princípios, as
bases, as convenções, as regras e as práticas específicas aplicados pela entidade na preparação e na
apresentação de demonstrações contábeis”.
Dessa forma, a empresa deve selecionar e aplicar as políticas contábeis de forma adequada com o
disposto nas normas, considerando também as operações comerciais, transações e eventos mais comuns.
quando o efeito de uma política contábil for imaterial, a entidade não precisa
aplicá‑la (princípio da relevância). Na ausência das normas contábeis que se
apliquem especificamente a uma transação, outro evento ou condição, a
administração da companhia exercerá seu julgamento no desenvolvimento
e na aplicação de política contábil que resulte em informação que seja:
• sejam prudentes;
64
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Exemplo de aplicação
Observe atentamente que o contador não deve simplesmente aplicar o que está na norma, ou
mesmo na lei, representando a tradição brasileira do Direito romanogermânico (codificado, em que
só se faz algo se estiver expressamente escrito na lei), mas para fazer um trabalho qualitativamente o
mais adequado e correto possível, necessita aplicar julgamento, o que o aproxima do que vemos no
Direito anglo‑saxônico, o common law. Este ponto é que traz uma revolução no trabalho do contador,
que assume uma enorme responsabilidade sobre seus atos, e, por isso mesmo, precisa ter a habilidade
de explicar os seus atos.
Por que isso se faz necessário? Lembra‑se da epígrafe no início da unidade I? Vamos relembrá‑la:
Se nós tivermos uma regra que diz que “se ABC acontecer, a contabilidade é
X”, eu sei que em três minutos os bancos de investimento vão produzir um
esquema BCD que não vai ser coberto por essa regra. Então, teremos que
criar uma nova regra. Porém, se você disser que “o princípio diz que ABC
acontece e aqui está a regra contábil X”, quando eles criarem o BCD, nós
poderemos dizer: Desculpe, isso é apenas uma variação, te pegamos!
Sir David Tweedie.
Sir David Tweedie é um contador e auditor escocês e que foi o Presidente da IASB nos primeiros
(e dificílimos) anos de operação de uma entidade responsável por normas contábeis internacionais.
Antes disso, Tweedie, que já havia presidido entidades de regulação contábil no Reino Unido, percebeu
que havia muitos abusos por parte de algumas empresas, principalmente do setor financeiro.
Notou também que as normas contábeis versavam sobre determinado assunto, de forma ampla,
até com riqueza de detalhes. Porém, havia ausência de normas quando se criava algo completamente
novo. Isso era perigoso e dava margem para que uma empresa pudesse fazer o que bem entendesse, até
o momento em que fosse emitida uma norma contábil para o assunto, o que leva tempo e dedicação.
E daí, criavam outra operação nova! Uma espécie de deboche às autoridades púbicas e contábeis. É o que
podemos ver na figura a seguir:
O que é feito no mercado A norma contábil disponível
65
Unidade I
Sendo assim, Sir David Tweedie propôs com base em estudos que já vinham sendo feitos na literatura
contábil e com base em sua percepção como regulador, uma outra estrutura de normas, baseadas em
princípios e na essência das coisas. É o que podemos ver nas figuras a seguir:
O que é feito no mercado A norma contábil
66
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Toda essa preocupação existe para informar mais adequadamente os agentes no mercado, para que
não haja, por exemplo, assimetria nas informações, ou seja, para que o investidor não confie em uma
empresa com base em algo que não existe, ou não foi sequer publicado, ou então é um blefe.
Uma curiosidade: o “Sir” na frente do nome do David Tweedie não é por acaso. Ele realmente recebeu
uma honraria de “Sir”, que é uma espécie de cavalheiro real da Rainha da Inglaterra, por conta de
excelentes serviços prestados ao Reino Unido e à humanidade.
A seguir, proponho o estudo de casos reais de políticas contábeis, preparadas e divulgadas por
algumas empresas brasileiras. Serão estudadas as políticas contábeis de diferentes setores da economia:
67
Unidade I
É importante comentar que nem sempre as notas explicativas são redigidas pelos contadores ou
apenas pelos contadores, ou mesmo se contadores são os responsáveis por esse trabalho. Em muitos
casos entende‑se que a construção das notas explicativas e das políticas contábeis são um trabalho
multidisciplinar, em que cada vez mais se envolvem administradores, corpo técnico da empresa, corpo
jurídico e relações com investidores, além de profissionais das áreas de comunicação, principalmente os
jornalistas que trabalham com relações públicas.
Observação
Exemplo de aplicação
A Renar Maçãs S.A., primeira empresa do setor hortifrutigranjeiro a entrar na Bolsa de Valores de
São Paulo, fazendo parte do chamado “Novo Mercado”, publicou as seguintes Políticas Contábeis. Leia
atentamente.
Os instrumentos financeiros são reconhecidos a partir da data em que a companhia se torna parte
das disposições contratuais dos instrumentos financeiros. Quando reconhecidos, são inicialmente
registrados ao seu valor justo, acrescido dos custos de transação que sejam diretamente atribuíveis à
sua aquisição ou emissão. Sua mensuração subsequente ocorre a cada data de balanço, de acordo com
as regras estabelecidas para cada tipo de classificação de ativos e passivos financeiros.
São mensurados ao valor justo por meio do resultado, e incluem ativos financeiros disponíveis para
negociação no curto prazo e ativos designados no reconhecimento inicial ao valor justo por meio do
resultado. A cada data de balanço são mensurados pelo seu valor justo. Os juros, correção monetária e
as variações decorrentes da avaliação ao valor justo, são reconhecidos no resultado na linha de receitas
ou despesas financeiras quando incorridos.
Os principais ativos financeiros, reconhecidos pela companhia, são caixa e equivalente de caixa,
aplicações financeiras em fundos de renda fixa com rendimento diário, contas a receber de clientes,
contas a receber por alienação de bens do ativo imobilizado. A companhia não identificou ativos
financeiros que seriam classificados na categoria de investimentos mantidos até o vencimento.
Os passivos financeiros são classificados como não mensurados ao valor justo e compostos por
passivos financeiros não derivativos que não são usualmente negociados antes do vencimento. Após o
reconhecimento inicial, são mensurados pelo custo amortizado, pelo método da taxa efetiva de juros.
Os juros, atualização monetária e variação cambial, quando aplicáveis, são reconhecidos no resultado,
quando incorridos. Os principais passivos financeiros reconhecidos pela companhia são: contas a pagar
a fornecedores, empréstimos e financiamentos.
Incluem: caixa, saldos positivos em conta movimento, aplicações financeiras, resgatáveis no prazo
de até 90 dias das datas dos balanços e com risco insignificante de mudança de seu valor de mercado.
As aplicações financeiras, classificadas como equivalentes de caixa, são ativos financeiros disponíveis
para negociação.
3.4 Clientes
As contas a receber de clientes são apresentadas a valores de realização, com atualização cambial,
quando denominadas em moeda estrangeira, e ajustadas por provisão para créditos de liquidação
duvidosa, constituída em montante considerado suficiente pela administração, para fazer face a
eventuais perdas na realização.
69
Unidade I
3.5 Estoques
3.6 Imobilizado
As depreciações são calculadas pelo método linear, em função da expectativa de vida útil econômica
dos bens.
A companhia optou por manter os saldos existentes da reavaliação, os quais serão realizados de
acordo com a depreciação ou baixas dos bens reavaliados. Em função da reavaliação ocorrida
em 29/dez/06, novas taxas de depreciação foram aplicadas aos pomares, edificações urbanas e rurais,
a partir de jan/07, considerando o tempo de vida útil econômica remanescente. Especificamente, aos
pomares, foram aplicadas taxas anuais de depreciação diferenciadas, considerado o período de vida útil
produtiva de cada pomar.
A reavaliação ocorrida em 2006 também contemplou ativos não depreciáveis, como terrenos. Na
época não foram contabilizados os correspondentes tributos, em atendimento à prática contábil vigente
naquele momento (Lei nº 6404/76). Contudo, em 2010, para atender a Interpretação Técnica ICPC 10 –
Interpretação sobre a Aplicação Inicial do Ativo Imobilizado, a administração efetuou registro contábil
a débito de conta retificadora da reserva de reavaliação e a crédito de provisão para imposto de renda e
contribuição social no passivo não circulante.
70
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Essas perdas, quando necessárias, são classificadas como outras despesas operacionais. Em 31/dez/14 a
administração não identificou a necessidade do registro de provisão para desvalorização no imobilizado.
3.7 Intangível
Um passivo é reconhecido no balanço quando a companhia possui uma obrigação legal ou constituída
como resultado de um evento passado, sendo provável que um recurso econômico seja requerido para
liquidá‑lo. As provisões são registradas tendo como base as melhores estimativas do risco envolvido.
Outros ativos são reconhecidos nos balanços somente quando for provável que seus benefícios
econômicos futuros serão gerados em favor da companhia e seu custo ou valor puder ser mensurado
com segurança. Ativos contingentes não são reconhecidos.
Os ativos e passivos de longo prazo são atualizados monetariamente e, portanto, estão ajustados
pelo seu valor presente. O ajuste a valor presente de ativos e passivos monetários de curto prazo é
calculado e, somente, registrado se considerado relevante em relação às informações anuais tomadas
em conjunto.
Para fins de registro e determinação de relevância, o ajuste a valor presente é calculado considerando
os fluxos de caixa contratuais e a taxa de juros explícita, e em certos casos implícita, dos respectivos
ativos e passivos. Com base nas análises efetuadas e na melhor estimativa a administração concluiu
que o ajuste a valor presente de ativos e passivos monetários circulantes é irrelevante em relação às
informações anuais tomadas em conjunto e, dessa forma, não registrou nenhum ajuste.
71
Unidade I
A tributação sobre o lucro do exercício compreende o imposto de renda pessoa jurídica (“IRPJ”)
e a contribuição social sobre lucro líquido (“CSLL”), abrangendo imposto corrente e o diferido, que
são calculados com base nos resultados tributáveis (lucro contábil ajustado), às alíquotas vigentes nas
datas dos balanços, sendo elas: (i) Imposto de Renda – calculado à alíquota de 25% sobre o lucro
contábil ajustado (15% sobre o lucro tributável, acrescido do adicional de 10%); (ii) contribuição social
– calculada à alíquota de 9% sobre o lucro contábil ajustado. As inclusões ao lucro contábil de despesas
temporárias não dedutíveis ou exclusões de receitas temporárias não tributáveis, consideradas para
apuração do lucro tributável corrente geram créditos ou débitos tributários diferidos.
Controlada é toda a entidade cuja política financeira e operacional pode ser conduzida pela
companhia e na qual normalmente há uma participação acionária de mais da metade dos direitos de
voto. A existência e o efeito de potenciais direitos de voto, que são atualmente exercíveis, são levados em
consideração para constatar que a companhia controla outra entidade. Uma controlada é integralmente
consolidada a partir da data em que o controle é transferido para a companhia e deixa de ser consolidada
a partir da data em que o controle cessa.
As operações entre a companhia e sua controlada, bem como os saldos, os ganhos e as perdas
não realizados nessas operações e seus efeitos tributários, foram eliminados. As políticas contábeis
da controlada foram ajustadas para assegurar consistência com as políticas contábeis adotadas pela
companhia. As demonstrações financeiras consolidadas abrangem as demonstrações financeiras da
Renar Maçãs S.A. e sua subsidiária integral Pomifrai Fruticultura S.A. a qual também é controladora
da Pomifrai Alimentos Ltda.
Em 17 de janeiro de 2014, a Pomifrai Fruticultura S.A. incorporou 100% da Pomifrai Alimentos S.A.,
conforme protocolo de intenções de incorporação firmado em 18 de novembro de 2013, Ata da AGE
realizada em 18 de novembro de 2013 e 8ª alteração contratual da Pomifrai Alimentos S.A., todos os atos
registrados junto a JUCESC em 17 de janeiro de 2014. Com isso a empresa Pomifrai Alimentos S.A. deixa
de existir e todas as suas operações passaram a ser da Pomifrai Fruticultura S.A.
As estimativas contábeis são baseadas em fatores objetivos e subjetivos, com base no julgamento
da administração, para determinação do valor a ser registrado nas demonstrações financeiras. Itens
significativos sujeitos à estimativas incluem: a seleção de vida útil do ativo imobilizado e ativos
intangíveis; a provisão para créditos de liquidação duvidosa; a provisão para perdas no estoque; a
análise de recuperação dos valores dos ativos imobilizados e intangíveis; as taxas e prazos aplicados na
determinação do ajuste a valor presente de certos ativos e passivos; e a provisão para contingências. A
liquidação das transações, envolvendo essas estimativas, poderá resultar em valores significativamente
72
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
divergentes dos registrados nas demonstrações financeiras, devido às imprecisões inerentes ao processo
de sua determinação. A companhia revisa suas estimativas regularmente.
Nos últimos seis meses do ano, a Fruta Industrial é acrescida do custo de armazenagem e classificação,
do PackingHouse em seu custo.
Para as frutas de categoria comercial, além do custo Pomar (agrícola), são acrescidos os custos
apurados no PackingHouse (armazenagem, classificação e embalagem da fruta), que são atribuídos
mensalmente ao custo da fruta classificada e embalada, vendida, ou seja, CPV.
Na AGE 59ª de 01 de outubro de 2014, aprovado, por unanimidade dos acionistas presentes, a
proposta apresentada pelo Conselho de Administração para grupamento de ações da companhia, à razão
de 20 para 1, nos termos do artigo 12 da Lei das S.A., bem como que as frações de ações detidas por
acionistas da companhia, como resultado do grupamento, sejam complementadas por frações de ações
a serem doadas direta ou indiretamente pelo acionista controlador da companhia, a EFC Participações
S.A., de forma que cada acionista da companhia recebeu a fração necessária para garantir a propriedade
do próximo número inteiro de ações após a aplicação do fator de grupamento.
3.16 Novos Pronunciamentos do IFRS, emissões, alterações e interpretações emitidas pelo IASB
aplicável às demonstrações contábeis
As seguintes novas normas, alterações e interpretações de normas foram emitidas pelo IASB e
possuem adoção inicial em 01 de janeiro de 2014:
• IFRS 10, IFRS 12 e IAS 27 – “Entidades de Investimento”, em outubro de 2012, o IASB emitiu uma revisão
das normas IFRS 10, IFRS 12 e IAS 27, as quais definem entidade de investimento e introduzem uma
exceção para consolidação de controladas por entidade de investimentos, estabelecendo o tratamento
contábil nestes casos. As alterações destas normas são efetivas para períodos anuais iniciando desde
01 de janeiro de 2014. A companhia analisou a revisão do pronunciamento já convertido e atualizado
no CPC e não identificou impactos para divulgações destas demonstrações contábeis.
• IFRIC 21 – “Impostos”, em maio de 2013, o IASB emitiu a interpretação IFRIC 21. Esta interpretação
aborda aspectos relacionados ao reconhecimento de um passivo de impostos quando esse tiver
origem em requerimento do IAS 37 – “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes”.
Esta interpretação de norma é efetiva para períodos anuais desde 01 de janeiro de 2014. A
companhia analisou a revisão do pronunciamento já convertido e atualizado no CPC e não
identificou impactos para divulgações destas demonstrações contábeis.
• IAS 36 – “Redução ao Valor Recuperável de Ativos”, em maio de 2013, o IASB emitiu uma revisão
da norma IAS 36. A alteração desta norma requer a divulgação das taxas de desconto que foram
utilizadas na avaliação atual e anterior do valor recuperável dos ativos, se o montante recuperável
do ativo deteriorado for baseado em uma técnica de avaliação a valor presente baseada no valor
justo menos o custo da baixa. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando desde 01 de
janeiro de 2014. A companhia analisou a revisão do pronunciamento já convertido e atualizado
no CPC e não identificou impactos para divulgações destas demonstrações contábeis.
serviço e períodos de serviços. Esta norma é efetiva para períodos anuais desde 01 de julho de
2014. A companhia analisou a revisão do pronunciamento já convertido e atualizado no CPC e
não identificou impactos para divulgações destas demonstrações contábeis.
3.16 Normas, alterações e interpretações de normas que ainda não estão em vigor
As seguintes novas normas, alterações e interpretações de normas foram emitidas pelo IASB, mas
não foram editadas pelo CPC:
• IFRS 9 – Instrumentos Financeiros – em julho de 2014, o IASB emitiu versão final da norma IFRS 9,
a qual tem o objetivo de substituir a norma IAS 39 – “Instrumentos financeiros: Reconhecimento
e Mensuração”. Estas alterações endereçam algumas questões sobre a aplicação da norma e
introduzem o conceito de “valor justo contra os resultados abrangentes” para a mensuração de
alguns tipos de instrumentos de dívida.
• IFRS 14 – “Contas de Diferimento Regulatório”, em janeiro de 2014, o IASB emitiu a norma IFRS 14, a
qual tem o objetivo específico de regular o reconhecimento de ativos e passivos regulatórios quando
da primeira adoção das normas IFRS. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando em/ou
após 01 de janeiro de 2016. A companhia não espera ter impactos da adoção desta norma em suas
demonstrações contábeis.
• IFRS 15 – “Receitas de contratos com clientes”, em maio de 2014, o IASB emitiu a norma IFRS 15.
A norma substitui a IAS 18 – “Receitas” e a IAS 11 – “Contratos de construção” e uma série de
interpretações relacionadas a receitas. Esta norma é efetiva para os períodos anuais iniciando
em/ou após 01 de janeiro de 2017. A companhia não espera ter impactos da adoção desta norma em
suas demonstrações contábeis.
• IAS 16 e IAS 41 – em julho de 2014, o IASB emitiu revisão das normas IAS 16 – “Ativo Imobilizado”
e IAS 41 – “Ativo Biológico”, para incluir ativos biológicos que atendam a definição de Bearer
plants (definidos como “plantas vivas” que são usadas na produção de produtos agrícolas), essa
alteração requer que os Bearer plants sejam registrados como ativo imobilizado de acordo com
o IAS 16, registrando a custo histórico ao invés de serem mensurados ao valor justo conforme
é requerido pelo IAS 41. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando em/ou após
01 de julho de 2016. A companhia não espera ter impactos da adoção desta norma em suas
demonstrações contábeis.
• IFRS 10 e IAS 28 – em 11 de setembro de 2014, o IASB emitiu revisão das normas IFRS 10 –
“Demonstrações Consolidadas” e IAS 28 – “Investimento em Coligada, em Controladas e
em Empreendimento Controlado em Conjunto”, essas alterações têm como consequência a
inconsistência reconhecida entre as exigências da IFRS 10 e aqueles na IAS 28, para lidar com
a venda ou a entrada de ativos de um investidor, coligada ou empreendimento controlado em
conjunto. A principal consequência das alterações é que o ganho ou perda é reconhecido quando
uma transação envolve um negócio (se ele está instalado em uma subsidiária ou não). Um ganho
ou perda parcial é reconhecido quando uma transação envolve ativos que não constituam um
negócio, mesmo que esses ativos estejam alocados em uma subsidiária. Esta norma é efetiva para
períodos anuais iniciando em/ou após 01 de julho de 2016. A companhia está avaliando o impacto
da adoção destas alterações em suas demonstrações contábeis.
• Melhoria anual das IFRS de setembro de 2014 – o IASB emitiu uma revisão das normas IFRS 5,
IFRS 7, IAS 19 e IAS 34. Estas normas são efetivas para os períodos anuais iniciando em/ou após
01 de janeiro de 2016. A companhia está avaliando o impacto da adoção destas alterações em
suas demonstrações contábeis.
76
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Interpretação
Após o estudo das notas explicativas sobre as políticas contábeis da Renar Maçãs, você pode optar
em conferir a análise a seguir, ou (recomendável) continuar a estudar as notas explicativas com as
políticas contábeis de outras três empresas brasileiras de outros setores, a Bardella S.A., T4F Tickets for
Fun Entretenimento S.A. e Comitê Olímpico Brasileiro, disponíveis na plataforma.
Podemos observar algumas características comuns nas políticas contábeis das quatro empresas
analisadas. Todas fazem um comentário aos principais aspectos previstos nas Normas Internacionais
de Contabilidade.
Isso é adequado e esperado de acordo com as atuais leis e normas, no entanto, cada vez mais
espera‑se que os contadores preparem políticas contábeis e notas explicativas em geral, adaptadas aos
negócios das empresas.
Selecionamos, nas políticas contábeis da empresa, um trecho no qual ocorre essa característica. Observe:
Nos últimos seis meses do ano a Fruta Industrial é acrescida do custo de armazenagem e
classificação, do PackingHouse em seu custo.
Para as frutas de categoria comercial, além do custo Pomar (agrícola), são acrescidos os
custos apurados no PackingHouse (armazenagem, classificação e embalagem da fruta), que são
atribuídos mensalmente ao custo da fruta classificada e embalada, vendida, ou seja, CPV.
Nesses trechos podemos ver detalhes das operações e a aplicação das normas internacionais sobre
essa operação. Muito se discute se não seria importante a formulação de políticas aplicadas, de acordo
com as operações que as empresas se envolvem.
O CPC e o CFC perceberam essa dificuldade, do “espírito de check list”, no qual os contadores se
preocupam em repassar e conferir as normas internacionais e emitiram uma orientação para a elaboração
de notas explicativas (e políticas contábeis) como iremos estudar a seguir.
77
Unidade I
Cabe uma rápida reflexão sobre a importância das notas explicativas e na exposição das politicas
contábeis em geral. Os contadores devem entender que as notas explicativas não são um mero
comentário complementando o que já está exposto por meio de números nos demonstrativos contábeis.
Muito menos uma mera formalidade.
Com as normas internacionais, como vimos anteriormente, as notas explicativas passam a ter um papel
formidável para a percepção de qualidade e confiabilidade que o usuário tanto precisa para analisar os dados
de uma empresa por meio das demonstrações contábeis. É necessário entender que as notas explicativas
devem trazer informações que não são possíveis de comunicar pelos números e que em nenhum outro lugar
o usuário irá encontrar essas informações com transparência, correção, isenção e credibilidade.
Lauretti (2003, p. 16) comentou que “quanto mais completas e detalhadas forem as notas explicativas
divulgadas, menor o número de pedidos de esclarecimento que a titular vai receber de seus leitores”.
Sendo que Martins, Miranda e Diniz (2012) foram ao seu encontro dizendo que:
As notas explicativas são uma prática antiga na publicação de demonstrações financeiras. No entanto,
com as normas internacionais, o tema passou a ser encarado com verdadeiro pavor pelos contadores. O que
se viu foi uma dificuldade impressionante e inesperada, tanto de contadores brasileiros como de contadores
de outras várias localidades no planeta, em como preparar adequadamente as notas explicativas.
Alguns se viram na necessidade de repetir o exato conteúdo das normas, outros de detalhar dados,
e outros ainda de comentar alguma coisa sobre todos os aspectos previstos nas normas, mesmo que
para um determinado assunto não houvesse necessidade de explicar algo. Como consequência, as notas
explicativas ficaram com uma quantidade inacreditável de páginas, tornando sua leitura quase impossível.
Uma interessante crítica aos balanços com dezenas de páginas é possível de ser encontrado no comentário
de um jornalista. Segundo Torres (2012), os contadores teriam medo de preparar as notas explicativas.
Saiba mais
78
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Essa dificuldade levou as entidades contábeis e o CPC em 2014 a emitir uma orientação específica
sobre as informações que devem ser publicadas pelas empresas, a OCPC 7.
Saiba mais
Essa orientação realiza uma análise das características qualitativas expostas no CPC00 – Conceitual
Básico e traz a seguinte minuta técnica, reproduzida em parte, a seguir (CPC, 2011a):
79
Unidade I
Observe que a orientação enfatiza a relevância das informações. Uma informação somente é relevante
quando influencia no processo de decisão dos investidores e credores. O problema, que representa um
verdadeiro desafio para cada contador, é como conhecer as expectativas dos usuários da contabilidade
e preparar informações que sejam necessárias a eles.
O CPC observou que estava acontecendo um espírito de checklist, ou seja, o contador ticava todos
os aspectos que julgava necessários.
A orientação OCPC 07 enfatiza que o contador não deve seguir o “espírito de checklist”; para elaborar
as demonstrações financeiras é necessário exercitar o sentimento do mercado e imaginar o que será
importante para o usuário das demonstrações financeiras.
Enfim, trata‑se de uma tarefa difícil, mas que traz calor e perplexidade para a profissão. Assim como
um grande jornalista, o contador vai viver a emoção, nem sempre prazerosa, de ter que lidar com as
expectativas das pessoas pelo anseio à informação.
De acordo com Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009c), o CPC 23, as estimativas são
essenciais no processo contábil e entende que eventuais necessidades de correção são uma espécie de
amadurecimento da empresa e dos profissionais, por isso devem ser praticadas. Também são consideradas
correções de erros. É o que podemos observar nos itens de 7 a 9 no pronunciamento referido:
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009c), o CPC 23 (CVM, 2009), em seus
itens de 10 a 13, orienta o que são erros, como identificá‑los e a maneira correta de lidar com eles, como
podemos ver a seguir:
81
Unidade I
Observe que há uma preocupação da IASB e do CPC em não envolver o contador em uma
situação insustentável, portanto, as correções devem ser realizadas apenas quando houver
praticabilidade. Isso, por outro lado, também não é um convite à desídia e à preguiça. É muito
fácil dizer que “não dá para fazer uma correção”. É necessário que o contador busque soluções,
aplique julgamento profissional, faça viabilizar. O maior exemplo recente nesse sentido é o “Caso
Petrobrás”, descrito a seguir.
Caso Petrobrás
Apesar dos acontecimentos na Petrobrás serem muito recentes e ainda não haver uma reflexão
acadêmica sobre as consequências da corrupção no patrimônio da empresa Petrobrás, é salutar
estudarmos rapidamente esse caso porque é um exemplo perfeito de ajuste por retificação de erro.
É inegável que o “caso Petrobrás”, que se junta a diversos outros que são usados para estudo nas
universidades, como os casos Nagi Nahas, Parmalat, Banco Nacional, Enron e tantos outros, traz uma
reflexão positiva que interessa ao nosso estudo.
Durante o ano de 2014, a Polícia Federal deflagrou a chamada “Investigação Lava Jato”, uma extensa
investigação que vinha mantendo desde 2009, na qual os depoimentos e evidências colhidos até então
deixavam claro que houve um esquema organizado e sofisticado de corrupção entre diretores da
Petrobrás, que durou muitos anos.
É evidente que naquele momento ainda não havia condenados na Justiça, apenas uma investigação
policial. A condenação por eventuais crimes cometidos ainda seria realizada a posteriori pela Justiça.
Porém, com os depoimentos tomados em “delação premiada”, ou seja, um tipo de confissão onde
o investigado pode se beneficiar posteriormente com reduções de pena, mas somente se disser a
verdade, indicavam que ativos estavam sendo comprados com propina embutida. A auditoria externa e
independente tomou a decisão histórica de não emitir um relatório de auditoria.
Essa decisão crucial lançou a Petrobrás, uma das maiores empresas brasileiras, em uma crise de
confiança que representava também um enorme desafio contábil, porque o ajuste das fraudes e dos
valores do ativo foram uma exigência da auditoria externa e independente para que emitisse o relatório.
E como fazer esse ajuste?
82
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Alguns dias antes do histórico dia 22 de abril de 2015, o jornalista Fernando Torres, do Jornal Valor,
relatou que a Petrobrás deveria realizar dois tipos de ajustes em suas demonstrações contábeis, conforme
(PETROBRAS..., 2015):
De qualquer forma, os executivos da Petrobrás, auditores e profissionais em geral sabiam que estavam
envolvidos com uma situação totalmente nova, para a qual não havia um pronunciamento específico
e que demandaria então um julgamento profissional. É o que podemos ver no relato jornalístico
(PETROBRAS..., 2015):
O jornalista alerta ainda para o fato de que seria imprescindível a essa empresa ter profunda
transparência e relatar os fatos nas notas explicativas (PETROBRAS..., 2015):
83
Unidade I
De fato, dias depois, de acordo com o que relatou o jornalista, a Petrobrás explicou os procedimentos
em detalhes, em uma extensa nota explicativa denominada ‘”Operação Lava‑Jato” e seus reflexos
na companhia (PETROBRAS, 2014). Nessa nota explicativa, a empresa apontou como foi formada a
metodologia para apurar o valor estimado das perdas com a corrupção.
Já na nota 3.2.3, a empresa definiu como lidou com a situação e efetuou os cálculos das perdas a
serem corrigidas:
3.2.3. Abordagem adotada para ajuste de ativos afetados pelos gastos adicionais
Esse escopo amplo de contratos foi adotado para gerar a melhor estimativa dos
gastos adicionais, mesmo não havendo evidência de que todos os contratos
assinados com as empresas em questão tivessem sido alvo do esquema de
pagamentos indevidos. A companhia também identificou montantes verificados
em seus registros contábeis, referentes aos contratos e projetos específicos com
empresas que não eram membros do cartel para contabilizar os gastos adicionais
impostos por essas empresas para financiar pagamentos indevidos, realizados
por elas, não relacionados ao esquema de pagamentos indevidos ou ao cartel.
O efeito total dos ajustes apurados, conforme descrito acima, por área de
negócio, é apresentado a seguir:
Tabela 2
Consolidado
“Baixa de gastos adicionais Gás & Valor
E&P Abastecimento Distribuição Internacional Corporativo
capitalizados indevidamente” Energia total
Esquema de pagamentos
indevidos: 62.679 110.867 21.233 757 752 3.322 199.610
Valor total dos contratos (*)
Estimativa do valor total de
1.880 3.326 637 23 23 99 5.988
gastos adicionais (3%)
Pagamentos não relacionados
ao esquema de pagamentos 139 1 10 - - - 150
indevidos (fora do cartel)
2.019 3.327 647 23 23 99 6.138
Reversão da depreciação dos
(87) (198) (52) - - (9) (346)
referidos ativos
Impacto no ativo imobilizado 1.932 3.129 595 23 23 90 5.792
Baixa de créditos fiscais
referentes aos ativos 37 298 57 - - 10 402
impactados (**)
Baixa de créditos adicionais
1.969 3.427 652 23 23 100 6.194
capitalizados indevidamente
(*) Inclui R$ 44.115 referentes a valores de contrato cujos pagamentos serão realizados após 30 de setembro de 2014.
(**) Baixa de créditos ue não serão aproveitados.
89
Unidade I
Dessa forma, o “Caso Petrobrás” evidencia, acima de tudo, que apenas a verdade deve ser informada
nas demonstrações contábeis e que, em casos onde não haja essa verdade, é preciso fazer uma correção.
A correção, se necessária, não deve jamais ser entendida como algo dispendioso e que por isso
não deveria ser praticada em uma análise custo x benefício simples. É imprescindível encontrar uma
metodologia e utilizar. Não se tem aqui uma preocupação com a acurácia dos valores, que talvez seja
mesmo impossível de encontrar, mas sim com a credibilidade.
É esse o principal aspecto a ser observado por todos os contadores, principalmente porque um caso
isolado acaba por atingir a todos os contadores.
Observações
Exemplo de aplicação
Nos próximos anos, pesquisas relacionadas com a divulgação das políticas contábeis e notas
explicativas das empresas serão cada vez mais relevantes. Por isso, a sugestão é a de que você pesquise
sobre notas explicativas e a OCPC 7, que veio trazer mais orientações sobre esse aspecto.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Resumo
Esta unidade foi uma sólida preparação para entrar no estudo das normas
internacionais e dos pronunciamentos do CPC e as Resoluções do Conselho
Federal de Contabilidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade.
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Unidade I
Exercícios
A norma contábil que determina a inclusão das receitas e despesas na apuração do resultado do
período a que pertencerem, de forma simultânea quando se correlacionarem, independentemente de
ter havido recebimento no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no Princípio
Fundamental de Contabilidade da:
A) Competência.
B) Continuidade.
C) Oportunidade.
D) Tempestividade.
E) Uniformidade.
A) Alternativa correta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o princípio da oportunidade considera que os valores devem ser contabilizados nos
momentos em que ocorrem os eventos ou fatos econômicos.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
A) Custo corrente.
B) Custo histórico.
E) Valor de liquidação.
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Unidade I
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse método visa a trazer, a valor presente, os fluxos de caixa dos benefícios
futuros possíveis de serem obtidos com esses bens, de maneira a determinar o seu montante
atual. A quantificação desse valor depende do estabelecimento de uma taxa de desconto que seja
compatível com a realidade do mercado. Segundo a alínea “C” do inciso II do § 1° do art. 7° da
Resolução CFC n° 750/93, “os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro
de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da
Entidade” (grifo nosso).
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o preço corrente de venda, também conhecido como valor realizável líquido,
é utilizado quando o produto da empresa for vendido em mercado organizado ou em situação
de inventário de produtos para venda ou, ainda, para produtos próximos do estágio final de
acabamento. Segundo a alínea “B” do inciso II do § 1° do art. 7° da Resolução CFC n° 750/93, “os
ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos
pela venda em uma forma ordenada (...) no curso normal das operações da Entidade”.
E) Alternativa correta.
Justificativa: essa é a hipótese extrema para valores de saída por presumir venda forçada.
O valor de liquidação é utilizado quando mercadorias ou outros ativos tornam-se obsoletos ou
quando a empresa não espera continuar o empreendimento em futuro próximo. É, portanto, uma
hipótese de descontinuidade.
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