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Alexandre Saramelli
Doutorando em Epistemologia e História da Ciência na Universidade Nacional Três de Febrero, Argentina, mestre
em Controladoria pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e bacharel em Controladoria pela mesma universidade.
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e
orçamentos. Também foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Hoje, trabalha como
consultor empresarial.
Mestre em Contabilidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Possui especialização em: Controladoria e
Contabilidade Gerencial – Faculdade Santana São Paulo (1992); e Didática do Ensino Superior – Universidade Presbiteriana
Mackenzie (1996). Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá (1990) e
em Filosofia – bacharelado e licenciatura – pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2009). Em funções empresariais na
área técnica, já atuou como controller, contadora, auditora e consultora. É professora de pós-graduação lato sensu e em
diversos cursos e disciplinas correlatas à formação.
Cristiane Nagai
Mestre em Contabilidade pela Universidade de São Paulo (2012), especialista em Controladoria pela Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado – Fecap (2007) e em Ensino a Distância (2011). Graduada em Direito e em Ciências Contábeis
pela UNIP (2005).
CDU 657.1
U512.15 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Vitor Andrade
Ana Fazzio
Sumário
Contabilidade Empresarial
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 FOLHA DE PAGAMENTO....................................................................................................................................9
1.1 Introdução...................................................................................................................................................9
1.2 Proventos e descontos...........................................................................................................................9
1.2.1 Salário..............................................................................................................................................................9
1.2.2 Remuneração...............................................................................................................................................9
1.2.3 Jornada de trabalho, horas extras e reflexo das horas extras no descanso
semanal remunerado (DSR)............................................................................................................................ 10
1.2.4 Adicional de insalubridade................................................................................................................... 12
1.2.5 Salário-família.......................................................................................................................................... 12
2 DESCONTOS........................................................................................................................................................ 13
2.1 Faltas ao trabalho.................................................................................................................................. 13
2.2 Contribuição Previdenciária (INSS) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
do empregado................................................................................................................................................ 14
2.3 Vale‑transporte...................................................................................................................................... 17
2.3.1 Vale-alimentação..................................................................................................................................... 18
3 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL DOS EMPREGADOS.................................................................................... 19
3.1 Décimo terceiro salário....................................................................................................................... 19
3.1.1 Férias............................................................................................................................................................. 19
3.2 Encargos sociais por parte do empregador................................................................................ 20
4 INSTRUMENTOS FINANCEIROS................................................................................................................... 27
4.1 Introduzindo o assunto....................................................................................................................... 27
4.2 Venda imediata (ou mantido para negociação)........................................................................ 27
4.3 Mantido até o vencimento................................................................................................................ 29
4.4 Venda futura (ou disponível para venda).................................................................................... 29
Unidade II
5 OPERAÇÕES FINANCEIRAS........................................................................................................................... 35
5.1 Duplicatas................................................................................................................................................. 35
5.1.1 Cobrança simples..................................................................................................................................... 36
5.1.2 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 37
5.1.3 Exercício 1................................................................................................................................................... 40
5.1.4 Exercício 2................................................................................................................................................... 41
5.2 Desconto de duplicatas...................................................................................................................... 43
5.3 Tratamento contábil............................................................................................................................. 44
5.3.1 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 45
5.3.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 50
5.4 CPC 12 – Ajuste a Valor Presente................................................................................................... 52
6 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS........................................................................................................ 54
6.1 Operação prefixada............................................................................................................................... 55
6.1.1 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 56
6.1.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 60
Unidade III
7 FINANCIAMENTOS PÓS-FIXADOS.............................................................................................................. 68
7.1 Diferenças entre os principais indicadores econômicos........................................................ 68
7.1.1 IPC-Fipe........................................................................................................................................................ 68
7.1.2 IPCA............................................................................................................................................................... 68
7.1.3 IGP.................................................................................................................................................................. 69
7.1.4 INPC............................................................................................................................................................... 69
7.1.5 ICV.................................................................................................................................................................. 69
7.1.6 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 70
7.1.7 Exercício resolvido................................................................................................................................... 73
8 APLICAÇÕES FINANCEIRAS – OPERAÇÕES PREFIXADAS.................................................................. 78
8.1 Exemplo de operação com taxa de juros prefixada................................................................ 78
8.1.1 Exercício resolvido................................................................................................................................... 83
8.2 Aplicações financeiras – operações pós-fixadas...................................................................... 90
8.2.1 Exemplo: aplicação financeira com rendimento pós-fixado................................................. 90
8.2.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 93
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina trata dos problemas contábeis específicos das atividades empresariais, como o
cálculo da folha de pagamento e sua contabilização. Além disso, aborda a avaliação dos instrumentos
financeiros e das operações financeiras comumente realizadas pelas organizações, como desconto
de duplicatas, aplicações financeiras e financiamentos de curto e longo prazo, com taxas pré e
pós‑fixadas e em moeda estrangeira, identificando e contabilizando os efeitos financeiros no patrimônio
e seu resultado.
Este livro-texto também se baseou em orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), da
Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), do Conselho Federal
de Contabilidade (CFC), da Fundação Brasileira de Contabilidade e do Ministério da Educação
(Resolução CNE/CES 10/2004) (BRASIL, 2004). Evidentemente, consideramos as boas práticas no
ensino a distância e aplicamos nossa experiência na área.
Assim, mais do que proporcionar uma introdução às práticas específicas e às novidades das normas
contábeis internacionais, faremos um estudo amplo, proporcionando ao aluno condições para estudar e
aplicar as teorias contábeis no cotidiano.
Ao fim do curso, você estará acostumado com os procedimentos enraizados na profissão, pois
terá desenvolvido muito bem suas habilidades no ambiente universitário. O estudo da contabilidade
ultrapassa suas técnicas, logo, é preciso estar preparado para quebrar hábitos. Sabe-se que diversos
contadores estranharam a proposta que as normas internacionais trouxeram, revelando que há muitos
profissionais que não são receptivos a mudanças. Nesse cenário, esperamos que você atue como um
agente de transformação.
7
INTRODUÇÃO
Olá, aluno!
É comum que estudantes de Ciências Contábeis tenham ansiedade em “como fazer” lançamentos e
como “consertar” uma situação. Para tal, recomenda-se pensar em “por que fazer”.
Vamos indicar como apurar e contabilizar uma folha de pagamento de organizações com
funcionários mensalistas. Trataremos dos critérios de avaliação que devem ser aplicados em
instrumentos financeiros. A depender da intenção da empresa ao adquirir um ativo financeiro, há três
critérios que devem ser executados. Todos eles geram um impacto, seja no resultado do exercício, seja
no patrimônio líquido. O contador tem grande responsabilidade em orientar, acompanhar e alertar
a administração da empresa sobre os efeitos das decisões quanto a investimentos no resultado do
período e, consequentemente, na distribuição de dividendos aos acionistas.
8
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Unidade I
1 FOLHA DE PAGAMENTO
1.1 Introdução
A folha de pagamento é uma relação nominal dos funcionários de uma empresa. Nela estão
registrados os valores referentes à remuneração de cada um, em um determinado período de trabalho,
compreendendo vencimentos, salários, comissões, gratificações, deduções, abatimentos, descontos
previdenciários e sociais, valores brutos e valores líquidos dos recebimentos.
Para fazer seu cálculo, é preciso aplicar conceitos específicos. Trataremos deles durante o livro-texto.
A fim de restringir o estudo da folha de pagamento, concebemos apenas os cálculos de empregados
mensalistas. Então, destacaremos algumas definições importantes para a compreensão de eventos que
constam em uma folha de pagamento.
Em proventos, ficam descritas as verbas que o funcionário tem a receber, como o valor do salário
bruto, as horas extras prestadas e os adicionais a que tem direito (por tempo de serviço, insalubridade,
periculosidade e jornada noturna).
Na parte dos descontos, encontramos, entre outros, os valores referentes ao seguinte: contribuição
do empregado à Previdência Social (INSS), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), faltas, atrasos,
adiantamentos, vale-transporte e vale-refeição.
1.2.1 Salário
1.2.2 Remuneração
Conforme a regra atual, descrita no artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho, integram o
salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações
ajustadas (BRASIL, 2017b).
9
Unidade I
Entretanto, a reforma trabalhista alterou o art. 457, prescrevendo que não integrarão à remuneração
do empregado, ainda que recebidas com habitualidade, a ajuda de custo, o auxílio-alimentação (vedado
pagamento em dinheiro), diárias de viagem (independentemente do valor), prêmios (bens, serviços ou
dinheiro dado por liberalidade, por desempenho superior ao esperado) e abono (BRASIL, 2017b).
1.2.3 Jornada de trabalho, horas extras e reflexo das horas extras no descanso semanal
remunerado (DSR)
Jornada de trabalho é o período no qual o empregado fica à disposição do empregador. Esse período
é normalmente ajustado entre os contratantes. Com a reforma trabalhista, por exemplo, a jornada
diária poderá ser de 12 horas com 36 horas de descanso. No entanto, a jornada máxima estipulada pela
Constituição Federal é de 8 horas diárias e 44 horas semanais (BRASIL, 1988, art. 7º, XIII).
O legislador, contudo, não fixa a carga horária mensal, somente limita a diária (8 horas) e a semanal
(44 horas). Assim, a partir dessas limitações, a carga horária mensal é fixada da seguinte forma:
A dízima 0,333333 é a equivalência em hora de 20 minutos, ou seja, são os décimos da hora normal
obtidos pela regra de três: 0,333333333 x 60 minutos = 19,9999999. Arredondando, temos 20 minutos.
Aquilo que excede à jornada normal é considerado hora extraordinária. A Constituição Federal
decretou que as horas excedentes devem ser remuneradas assim: no mínimo, 50% a mais ao valor da
hora normal. Todavia, conforme a categoria profissional, o percentual a ser aplicado para as horas extras
pode variar, mas nunca será inferior a 50% (BRASIL, 1988).
A duração normal do trabalho poderá ser prorrogada no máximo em 2 horas, respeitado o limite de
10 horas diárias, mediante acordo escrito entre empregado e empregador, ou mediante acordo coletivo
ou convenção coletiva de trabalho, devendo obrigatoriamente o empregador pagar, pelo menos, mais
50% sobre a hora normal.
Exemplo:
Marcela, encarregada do setor financeiro, recebe salário mensal de R$ 2.500,00. Durante o mês de
junho de 20X8, fez 5 horas extras. O cálculo das horas extras prestadas é feito do seguinte modo:
10
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Segundo a Lei n. 605/49, art. 7º, alínea “b”, com redação dada pela Lei n. 7.415, de 9 de dezembro de
1985 (BRASIL, 1985), computam-se no cálculo do descanso semanal remunerado as horas extraordinárias
habitualmente prestadas.
O valor do reflexo das horas extras prestadas pelo empregado sobre seu DSR é calculado da seguinte
maneira: DSR sobre hora extra = valor da hora extra prestada ÷ pelos dias úteis do mês x os domingos
e feriados do mês.
Continuando no exemplo de Marcela, e considerando que o mês de junho contou com 26 dias úteis
e quatro domingos, o valor do DSR sobre horas extras a que tem direito será calculado da forma a seguir.
11
Unidade I
O trabalho realizado em atividade que atente contra a saúde humana, acima dos limites toleráveis,
é remunerado com adicional de 40%, 20% ou 10%, calculados sobre o salário mínimo (BRASIL, 1943,
art. 192), conforme a insalubridade seja classificada em grau máximo, médio ou mínimo.
São perigosas as atividades que implicam “contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado” (BRASIL, 1943, art. 193). Também é reconhecida a periculosidade no setor
de energia elétrica.
O adicional é de 30% sobre o salário básico, assim entendido aquele ainda não acrescido de outros
adicionais. No caso dos eletricitários, o percentual é calculado sobre o salário efetivamente recebido.
1.2.5 Salário-família
Lembrete
Observação
Em 2017, os empregados cuja remuneração mensal era de até R$ 859,88, tinham direito a receber
uma cota de R$ 44,09 por dependente menor de 14 anos ou inválidos de qualquer idade. Caso sua
remuneração estivesse situada entre R$ 859,89 e R$ 1.292,43, a cota seria de R$ 31,07 por dependente
menor de 14 anos ou inválidos de qualquer idade.
Desde 1º de janeiro de 2021, os valores vigentes, atualizados por meio de portarias ministeriais, são
os seguintes:
Tabela 1
Para fins didáticos, não vemos necessidade de atualizar as tabelas fornecidas pelo órgão competente.
Contudo, deixamos registrado que tais tabelas sofrem alterações constantemente, e o aluno, futuro
profissional da área, terá como uma de suas missões manter-se atualizado em todos os aspectos legais.
1.2.5.1 Salário-maternidade
Observação
2 DESCONTOS
Havendo falta não justificada, o empregador está autorizado a descontar do salário os valores
referentes ao dia da ausência e ao do descanso semanal remunerado daquela semana.
São presumidas faltas justificadas as elencadas no art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Vejamos algumas hipóteses:
13
Unidade I
8. Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
A responsabilidade da retenção e recolhimento tanto dos encargos sociais quanto dos tributos
oriundos das remunerações aos empregados será sempre do empregador. Este, por sua vez, atenderá à
legislação em vigor quanto às alíquotas e bases de cálculos.
Tabela 2
14
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Suponha que determinada empresa tenha um empregado cujo salário de contribuição é de R$ 2.500,00.
Em primeiro lugar, é necessário verificar em qual faixa do INSS o valor de R$ 2.500,00 está enquadrado.
Ao consultar a tabela, verifica-se que R$ 2.500,00 está na faixa 3 (De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22).
Dos R$ 2.500,00, deve-se diminuir o valor do teto da faixa anterior que, neste caso, é o teto da faixa 2
(R$ 2.203,48) resultando em uma base de cálculo de R$ 296,52 (R$ 2.500,00 – R$ 2.203,48). Feito isso,
aplica-se o percentual da faixa 3, de 12%, o que nos dá o valor de R$ 35,58. A esse valor é necessário somar
ainda os descontos das faixas anteriores. Para tanto, calcula-se:
O valor da contribuição ao INSS a ser descontado do empregado será de R$ 217,39 (R$ 35,58 +
R$ 82,50 + R$ 99,31).
Há um limite máximo para o desconto do INSS. Quando o empregado ganhar um valor superior ao limite
máximo (teto), só se poderá descontar-lhe do salário o limite estabelecido. Conforme a tabela anterior, o
teto é de R$ 6.433,57, sendo o valor máximo de desconto de INSS igual a R$ 751,99. Vamos ao cálculo!
Voltando ao exemplo de Marcela, que recebe salário mensal de R$ 2.500,00 e que durante o mês de
junho de 20X8 fez 5 horas extras (no valor de R$ 85,20) e recebeu o reflexo das horas extras sobre o DSR
(no valor de R$ 13,11), o cálculo da sua contribuição previdenciária é feito assim:
Tabela 3
15
Unidade I
Note que o INSS e o IRRF incidem sobre o salário, mais horas extras, adicionais de insalubridade,
periculosidade, noturno, 13º salário e outros valores admitidos em lei pela Previdência Social.
Tabela 4
A base de cálculo do IRRF é obtida pela soma dos proventos sobre os quais incide o IRRF (salário,
hora extra, adicionais) menos as deduções permitidas por lei e que estão transcritas logo após a tabela
de incidência mensal de IRRF. No exemplo apresentado, Marcela possui um dependente.
Tabela 5
Vejamos as deduções:
Observação
Saiba mais
2.3 Vale‑transporte
O empregado, ao ser admitido, deverá assinar declaração informando se vai usufruir ou não o
vale‑transporte. Ainda que ele não queira ser beneficiário do vale-transporte, deverá a empresa possuir
tal declaração como meio de prova de que a opção foi do empregado, e não que ela não quis fornecê-lo,
evitando transtornos no âmbito da fiscalização e reclamações trabalhistas.
Não estão obrigados à concessão do vale-transporte os empregadores que proporcionem por meios
próprios ou contratados, adequados ao transporte coletivo, o deslocamento residência-trabalho e
vice-versa de seus empregados. Contudo, quando o transporte fornecido pelo empregador não cobrir
integralmente os trajetos dos empregados, a empresa é obrigada a fornecer o vale-transporte para a
cobertura dos segmentos não abrangidos pelo referido serviço.
O vale-transporte será custeado: pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% de seu salário básico
ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; e pelo empregador, no que exceder a
parcela descontada do empregado.
17
Unidade I
Exemplos:
1) Um empregado recebe salário mensal de R$ 600,00 e utiliza quatro conduções diárias, sendo o
valor unitário da passagem de R$ 2,30. Durante o mês de fevereiro, trabalhou 22 dias. Logo:
2) Um empregado recebe salário mensal de R$ 3.200,00 e utiliza duas conduções diárias de valor
unitário R$ 2,30. Durante o mês de fevereiro, trabalhou 22 dias. Logo:
Nesse caso, como os 6% do salário do empregado é um valor superior ao seu gasto com transporte,
o empregado sofrerá desconto de R$ 101,20. O empregador não terá, portanto, custo com o vale‑transporte
desse funcionário, pois não seria viável financeiramente para este.
2.3.1 Vale-alimentação
A alimentação constitui benefício que pode ser concedido por liberalidade da empresa ou por
determinação contida no documento coletivo do sindicato representativo da respectiva categoria
profissional, havendo ainda possibilidade de a entidade, para assegurá-la a seus empregados, valer-se
das normas que regulamentam o Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT).
A empresa pode disponibilizar o benefício da alimentação por vontade própria. Assim, cesta básica,
vale-refeição ou vale-alimentação se caracterizarão como verba de natureza salarial, integrando a
remuneração do empregado para todos os efeitos legais.
Por outro lado, caso a alimentação seja conferida por imposição de convenção ou acordo coletivo,
deverá a organização observar rigorosamente o estabelecido no documento.
de documento coletivo de trabalho, sem a aprovação ou em desacordo com as normas estipuladas pelo PAT,
esse benefício integrará a remuneração do empregado para todos os efeitos da legislação trabalhista, inclusive
para fins de incidência de encargos sociais (INSS, FGTS e IRRF). Se, por outro lado, a concessão da alimentação
se der por intermédio do PAT, seu valor não integrará a remuneração do trabalhador para qualquer efeito
legal, sendo irrelevante a forma pela qual o benefício é concedido, se a título gratuito ou a preço subsidiado.
Lembrete
De acordo com a regra atual, os empregadores ficam obrigados a descontar dos empregados, na
folha de pagamento do mês de março de cada ano, a contribuição sindical equivalente a um dia de
trabalho, desde que haja expressa autorização do empregado.
O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados será efetuado no mês de abril de
cada ano aos seus respectivos sindicatos.
Seu valor corresponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, multiplicado pelos meses de
serviço naquele ano. Para esse cálculo, a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será considerada
como mês integral. Frações inferiores são desprezadas.
Se extinto o contrato antes de dezembro, o empregado terá direito à gratificação proporcional aos
meses trabalhados no ano e mais 1/12 pertinente ao aviso prévio trabalhado ou indenizado.
A gratificação natalina é devida em todos os casos, com exceção de dispensa do empregado por
justa causa.
A verba deve ser paga em duas metades: a primeira entre os meses de fevereiro e novembro e a
segunda até o dia 20 de dezembro.
3.1.1 Férias
Após cada período de 12 meses de trabalho, o empregado terá direito a descanso, que poderá ser
dividido em até três períodos, desde que nenhum deles seja inferior a cinco dias corridos e um deles seja
maior que 14 dias corridos.
19
Unidade I
A remuneração dos dias de férias será aquela correspondente aos dias de gozo, acrescida dos
adicionais a que o empregado tenha direito. Sobre essa remuneração soma-se 1/3, conforme estipulado
pela Constituição Federal (BRASIL, 1988, art. 7º, XVII).
Exemplo
Elenice recebe salário mensal de R$ 2.385,00. A empresa lhe concederá férias referentes ao
período aquisitivo de 1º/11/20X7 a 31/10/20X8, e seu período de descanso será de 30 dias. Elenice
não possui dependentes.
Tabela 6
*Cálculo do INSS sobre férias = R$ 3.193,33 - R$ 2.203,48 (teto da anterior) = R$ 989,85 x 12% (alíquota
da Faixa 3 - vide tabela 2) = R$ 118,78 + R$ 82,50 (desconto da Faixa 1) + R$ 99,31 (desconto da Faixa 2).
**Cálculo do IRRF sobre férias = R$ 3.193,33 - R$ 300,59 (INSS) = R$ 2.892,74 x 15% (alíquota - vide
tabela 5) = R$ 433,91 - R$ 354,80 (parcela a deduzir).
O pagamento da remuneração das férias será efetuado até dois dias antes do início do respectivo
período de descanso. Caso o trabalhador opte por férias fracionadas, o pagamento pode ser feito
proporcionalmente em cada período, respeitado o prazo de pagamento de até dois dias.
A folha de pagamento de uma empresa onera sua carga tributária em uma média de 36,8%. Vejamos
seus encargos sociais:
• Terceiros: contribuição por lei, devida a terceiros, como Sesi, Sesc, Senai.
O empregador deverá calcular e recolher em sua guia de INSS o valor correspondente, em geral
de 20 ou 22,5%, de acordo com o enquadramento da atividade da empresa no Fundo de Previdência
e Assistência Social (FPAS), sobre o rendimento bruto de seus empregados e administradores que
recebem pró-labore.
20
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Com base nas informações a seguir, deve-se calcular e contabilizar a folha de pagamento do mês de
janeiro/20X8.
Tabela 7
Clodoaldo 7.000,00 – –
Dados adicionais:
• Terceiros: 5,8%.
• SAT: 1%.
• FGTS: 8%.
21
Unidade I
Tabela 8
Tabela 9
Deduções:
• Contribuição ao INSS.
• Aposentado com 65 anos ou mais tem direito a uma dedução extra de R$ 1.903,98 a partir
do mês de abril do ano-calendário de 2015 no benefício recebido da previdência pública
ou privada.
22
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Resolução
Tabela 10
Álvaro
Proventos Descontos
Salário 1.100,00 INSS 84,12
Hora extra 50% (2h) 15,00 – –
DSR s/ HE 3,00 – –
Salário-família 51,27 – –
Total 1.169,27 Total 84,12
Líquido a receber = 1.085,15 FGTS = 89,44
Base de cálculo do INSS Base de cálculo do IRRF
Salário 1.100,00 Salário 1.100,00
HE 15,00 HE 15,00
DSR 3,00 DSR 3,00
Subtotal 1.118,00 (-) 1.100,00 = 18,00 x 9% = 1,62 Subtotal 1 1.118,00
(+) Desconto Faixa 1 82,50 (-) INSS (84,12)
(=) INSS a ser descontado 84,12 (-) Dependentes (189,59)
– – Subtotal 2 844,29 = isento
Note que o empregado Álvaro, pelo fato de sua remuneração em janeiro de 20X8 ter sido de 1.118,00,
tem direito a receber uma cota de salário-família.
Sobre o salário-família, não há incidência de INSS, FGTS e IRRF. Sua sistemática de pagamento é
a seguinte: o empregador paga ao empregado a cota de salário-família. Todavia, por se tratar de um
benefício devido pela Previdência Social, o empregador poderá descontar tais cotas de salário-família
pagas aos empregados do que ele mesmo deve à Previdência Social.
Quanto ao IRRF, Álvaro está isento neste mês por não ter alcançado a faixa mínima de 1.903,99 da
tabela de incidência mensal.
Tabela 11
Betina
Proventos Descontos
Salário 5.000,00 INSS 579,92
Hora extra 50% (5h) 170,45 IRRF 319,09
DSR s/ HE 34,09
Total 899,01
Total 5.204,54
Líquido a receber = 4.305,53 FGTS = 416,36
23
Unidade I
A funcionária Betina, apesar de possuir um filho inválido de 30 anos, não recebe a cota de
salário‑família por ter ultrapassado a faixa de remuneração prevista pela Previdência Social.
Como o funcionário Clodoaldo tem salário de contribuição acima do valor máximo da tabela de
INSS, desconta-se o denominado teto do INSS (5.645,80 x 11% = 621,04).
Tabela 12
Clodoaldo
Proventos Descontos
Salário 7.000,00 INSS 751,99
– – IRRF 848,84
Total 7.000,00 Total 1.600,83
Líquido a receber = 5.399,17 FGTS = 560,00
Base de cálculo do INSS Base de cálculo do IRRF
Salário 7.000,00 Salário 7.000,00
6.433,57 (-) 3.305,22 =
Subtotal Subtotal 1 7.000,00
3.128,35 x 14% = 437,97
(+) Desconto da Faixa 1 82,50 (-) INSS (751,99)
(+) Desconto da Faixa 2 99,31 (-) Dependentes –
(+) Desconto da Faixa 3 132,21 Subtotal 2 6.248,01
(=) INSS a ser descontado 751,99 x 27,5% = 1.718,20
– – (-) Parcela a deduzir (869,36)
– – = IRRF 848,84
24
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Tabela 13
Sócio-administrador
Proventos Descontos
Pró-labore 3.500,00 INSS 385,00
– – IRRF 48,17
Total 3.500,00 Total 433,17
Líquido a receber = 3.066,83 –
Pró-labore é a remuneração do sócio que trabalha na empresa, e é por meio dela que o empresário
pode contribuir para a Previdência.
O art. 152 da Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976) não determina valores específicos para a retirada de pró-labore.
De acordo com a Instrução Normativa do INSS 87/2003 (INSS, 2003), a contribuição previdenciária
do sócio-administrador é de 11% sobre sua remuneração, observado o valor máximo da tabela. Mesmo
que o valor de sua retirada esteja situado nas faixas antecedentes da tabela de INSS, o cálculo de sua
contribuição será sempre de 11%.
25
Unidade I
Saiba mais
A contribuição previdenciária da empresa deve ser calculada sobre a remuneração dos empregados
e sócios-administradores. Quanto à contribuição da empresa às entidades denominadas terceiros e ao
SAT, o cálculo deve incidir apenas sobre a remuneração dos empregados.
Esse lançamento refere-se à soma de salários, hora extra e DSR sobre as horas extras.
Esse lançamento refere-se à subtração da cota de salário-família do valor devido pela empresa à
Previdência Social.
4 INSTRUMENTOS FINANCEIROS
A empresa, quando dispõe de recursos em caixa, pode fazer diversos investimentos para que seu
dinheiro não perca valor no tempo.
Tais investimentos podem ser feitos de modo que se realizem em curto ou longo prazo. Há uma
gama infinita de opções no mercado, por exemplo: títulos de capitalização, ações de outras companhias
e letras do Tesouro Nacional.
Podemos destacar três intenções da empresa quanto ao investimento em ativos financeiros: venda
imediata; manter até o vencimento; e venda futura.
A seguir, analisaremos quais são os critérios de avaliação a serem aplicados a cada uma das três
intenções mencionadas.
No caso de a instituição adquirir um investimento cuja intenção é negociar no curto prazo, o critério
de avaliação a ser aplicado sobre esse investimento no encerramento de suas demonstrações contábeis
é o do valor justo por meio do resultado, conhecido como VJPR.
Contudo, por que devemos aplicar esses critérios de avaliação no encerramento das demonstrações
contábeis da companhia? Porque as demonstrações contábeis devem apresentar os ativos e passivos da
empresa pelo valor de provável realização, isto é, pelo valor que se obteria pela venda dos ativos ou se
desembolsaria no pagamento dos ativos na data das demonstrações contábeis.
27
Unidade I
Vamos a um exemplo. Considere que no mês de agosto/X8 a empresa X adquiriu um papel (título)
por R$ 5.000,00, em dinheiro, cuja intenção é negociar (vender/resgatar) no curto prazo.
Em agosto/X8:
C – caixa = 5.000,00
Presuma, ainda, que até o encerramento das demonstrações contábeis, o rendimento do investimento
foi de R$ 300,00, caso em que o registro contábil a ser apresentado será:
A fim de encerrar suas demonstrações contábeis, a empresa deverá aplicar o critério de avaliação
VJPR sobre essa aplicação.
Supondo que o valor justo dessa aplicação seja de R$ 5.500,00 na data de encerramento das
demonstrações contábeis, o procedimento a ser adotado será:
Ao efetuarmos o lançamento em questão, o saldo da conta ativos financeiros (venda imediata) será
de R$ 5.500,00, refletindo, portanto, o valor de provável realização desse ativo, na data do balanço.
Observação
Nesse critério de avaliação, o ajuste do ativo a seu valor justo impacta o resultado do período.
28
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
No caso de a empresa adquirir um investimento cuja intenção é mantê-lo até a data de seu
vencimento e comprovar capacidade financeira para mantê-lo até tal data, isto é, não precisará resgatar
antecipadamente para pagar eventuais passivos, o procedimento a ser utilizado é apenas atualizar o
investimento pelos seus encargos e rendimentos (entendido também como atualizar pela curva do
papel), não havendo qualquer ajuste a valor justo a ser efetuado.
Tendo em conta o mesmo exemplo utilizado, no qual a empresa, no mês de agosto/X8, tenha
adquirido um papel (título) por R$ 5.000,00 em dinheiro, mas sua intenção seja a de manter até o
vencimento, o registro contábil da aquisição do papel seria o mesmo:
Em agosto/X8
C – caixa = 5.000,00
Observe que o saldo da aplicação, após o reconhecimento dos rendimentos, é de R$ 5.300,00. Assim,
não haverá nenhum ajuste a valor justo a ser efetuado.
Caso a empresa não comprove capacidade financeira para manter o investimento até o vencimento,
deverá classificá-lo como venda futura (ou disponível para venda) e aplicar os procedimentos desse
critério de avaliação.
Se a empresa adquirir um investimento cuja intenção não se encaixa na hipótese de venda imediata
nem na intenção de manter até o vencimento (ou comprova capacidade financeira para mantê-lo
até tal data), o critério de avaliação a ser aplicado sobre esse investimento no encerramento de suas
demonstrações contábeis é o do valor justo com contrapartida no patrimônio líquido.
A única diferença que se apresenta entre esse critério de avaliação em relação ao VJPR é que, neste
caso, afeta-se o patrimônio líquido, enquanto no VJPR há impacto no resultado do período.
29
Unidade I
Utilizando o mesmo exemplo, no qual a entidade, no mês de agosto/X8, tenha adquirido um papel
(título) por R$ 5.000,00 em dinheiro, mas sua intenção não seja a de venda imediata ou de manter até
o vencimento, o registro contábil da aquisição do papel seria o mesmo.
Em agosto/X8
C – caixa = 5.000,00
A fim de encerrar suas demonstrações contábeis, a empresa, neste caso, deverá aplicar para
o investimento o critério de avaliação de ajuste a valor justo do ativo com contrapartida no
patrimônio líquido.
Tendo em conta que o valor justo desse investimento seja de R$ 5.500,00 na data de encerramento
das demonstrações contábeis, o procedimento a ser adotado será:
Note que nesse exemplo, ao ajustarmos o valor do investimento a seu valor justo, haverá um
reconhecimento de um ganho de R$ 200,00 ainda não realizado (valor justo do investimento de
R$ 5.500,00 menos o seu valor contábil de R$ 5.300,00 = R$ 200,00 de ganho). Esse ganho de R$ 200,00
somente será realizado e tributado no momento da venda do investimento.
30
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Supondo uma tributação de 34% de imposto de renda e contribuição social sobre o ganho não
realizado de R$ 200,00, o IR diferido seria calculado e contabilizado da seguinte forma:
Observação
Resumo
31
Unidade I
Exercícios
A) A carga horária mensal a ser cumprida por um funcionário está determinada no âmbito da
Constituição Federal.
C) O adicional de insalubridade deve ser pago pelo empregador ao empregado que estiver exposto às
atividades que atentem contra a saúde humana, sendo que seu percentual está estabelecido para
qualquer atividade, independentemente de seu grau de risco.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a Constituição Federal fixa o limite máximo de horas diárias bem como das semanais,
sendo que a carga horária mensal a ser cumprida por um funcionário será determinada entre as
partes contratantes.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: em caso de falta sem justificativa, o funcionário tem direito ao dia de descanso, porém
sem sua remuneração.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: a licença para as gestantes é de 120 dias, com direito à manutenção do emprego e ao
salário‑maternidade, com direito à licença-maternidade estendido para o caso de adoção.
Questão 2. A constituição das provisões para férias, décimo terceiro salário e dividendos propostos
é uma conduta profissional que atende a qual princípio contábil?
A) Competência.
B) Consistência.
C) Continuidade.
D) Entidade.
E) Prudência.
A) Alternativa correta.
Justificativa: o princípio da competência estabelece que os efeitos das transações são efetivamente
reconhecidos nos períodos a que se referem, sem guardar, obrigatoriamente, relação direta com os
respectivos momentos de recebimentos ou pagamentos. No parágrafo único da Resolução CFC
n. 750/1993, alterado pela Resolução CFC n. 1.282/2010, é considerado que esse princípio admite a
simultaneidade do confronto entre as receitas e as despesas que lhes são relacionadas.
As provisões indicadas na questão atribuem os efeitos das receitas e das despesas ao exercício/período
contábil a que se referem, registrando as pendências de futuros recebimentos ou pagamentos de caixa.
Os salários devidos, por exemplo, pelos trabalhos dos funcionários no último mês do exercício social
(dezembro) são acrescidos às despesas desse período, restando a provisão de seu pagamento para os
primeiros dias do mês imediatamente posterior (janeiro).
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o princípio da consistência considera que a entidade deve ser mantida de tal sorte que
os usuários de suas demonstrações contábeis possam julgar sua tendência com o menor grau possível
de dificuldade.
As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.
33
Unidade I
C) Alternativa incorreta.
As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: o princípio da prudência fixa que deve ser utilizado o menor valor quando se
tratar de elementos do ativo e o maior para os do passivo, nos casos em que existam alternativas
que possam quantificar de forma válida as mudanças de patrimônio (indicado no caput do art. 10
da Resolução CFC n. 7 750/93).
As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.
34
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Unidade II
5 OPERAÇÕES FINANCEIRAS
Durante sua existência, as empresas fazem operações que envolvem a aplicação de seus recursos
financeiros. Caso esses recursos sejam excedentes e a entidade não tenha interesse em investir
em sua atividade principal para protegê-los, ela pode investi-los no mercado financeiro (bancos,
financeiras etc.). Essas operações são conhecidas como aplicações financeiras, que podem ser feitas
na rede bancária em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), fundos de renda fixa, fundos de
renda variável etc.
O inverso também nos remete ao mercado financeiro. Caso os negócios estejam ruins e a empresa
necessite recorrer a empréstimos para a manutenção de sua atividade, tenha de financiar algum
projeto de longo prazo ou ainda aumentar seus bens de capital, ela obterá o que precisa mediante
a captação de recursos no mercado financeiro (bancos, financeiras, capitalistas particulares etc.).
Essas operações são conhecidas como captação de recursos ou empréstimos.
Compra
Venda
A atividade comercial liga a produção ao consumo. Ela é o meio pelo qual se viabiliza todo o
fluxo de mercadorias entre produtores e consumidores. Entre as atividades comerciais, podemos citar:
supermercados, farmácias, revendedoras de veículos, lojas de materiais de construção, de equipamentos
de informática etc.
5.1 Duplicatas
A duplicata é um título de crédito formal nominativo, emitido pela empresa com a mesma data,
valor global e vencimento da fatura. É representativo e comprobatório de crédito preexistente (venda de
mercadoria a prazo) e destinado a aceite e pagamento por parte do comprador.
35
Unidade II
Observação
Quando a decisão da empresa recai na primeira opção, ou seja, receber os valores das vendas a
prazo diretamente na organização, essa operação é chamada de cobrança em carteira. Se escolher
a segunda opção, aquela que utiliza terceiros (instituições financeiras, entidades de cobrança ou até
mesmo cobradores particulares), a operação é denominada cobrança simples.
Para a cobrança em carteira, basta a empresa vendedora manter em seu departamento financeiro as
duplicatas a serem recebidas com a data do vencimento estipulado. Recebendo os valores, a entidade
tanto poderá mantê-los em seu caixa quanto depositá-los em sua conta-corrente bancária.
Vale ressaltar que numerários em caixa podem contribuir em situações de fraudes e, ao mesmo
tempo, com pagamentos de gastos efetuados pela empresa. Trata-se de uma decisão que deve ser
analisada sob diversos aspectos, levando-se sempre em consideração a segurança de todos que, direta
ou indiretamente, fazem parte do dia a dia da instituição.
Para Ribeiro (1999, p. 197-199), a cobrança simples consiste na remessa de títulos aos cobradores
que prestam serviços à empresa, incluídas aí as instituições financeiras, que, por sua vez, cobrarão
os respectivos devedores. Para efetuar as cobranças de suas duplicatas, as empresas poderão utilizar
os serviços de organizações especializadas ou até mesmo de cobradores particulares. Nesse tipo de
operação, ela transfere a posse dos títulos ao banco, mas a propriedade continua sendo sua. Para remeter
os títulos ao banco, a empresa os relaciona, de forma minuciosa, em um borderô, anexando-os.
36
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
• Posse: situação em que temos um bem ou usufruímos dele, porém não temos o domínio, ou seja,
não podemos vendê-lo.
• Propriedade: situação em que temos o domínio, ou seja, o direito pleno de usufruir e de dispor
do bem.
• Borderô: relação das duplicatas que o cliente leva ao banco para realizar operações de desconto,
cobrança etc.
— registro das despesas cobradas pelo banco com a cobrança dos títulos.
Observação
— baixa dos direitos por meio do débito da conta bancos conta movimento, pelo recebimento das
importâncias referentes aos títulos e créditos da conta de duplicatas a receber para baixa dos
respectivos direitos sobre o cliente.
Remessa de duplicatas ao Banco Maracatu S/A, para cobrança simples, conforme borderô no valor
de R$ 5.000,00. O banco cobrou R$ 80,00 de comissões e taxas.
Contabilização
Pela remessa dos títulos ao banco, têm-se dois lançamentos contábeis, um para registrar a remessa
e outro para as despesas cobradas pelo banco.
37
Unidade II
1) Lançamento de compensação
D – despesas de cobrança = 80
C – bancos conta movimento = 80
Após os vencimentos dos títulos, quando o banco comunicar que eles foram quitados:
Duplicatas a receber
Saldo XXXX
5.000,00 3
38
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
No caso de o pagamento não ser efetuado pelo cliente, o banco procederá normalmente a baixa
da compensação, mas comunicará a empresa detentora das duplicatas (ou seja, a empresa que tem o
direito a receber) a fim de retirar a duplicata vencida para as devidas providências de cobrança, inclusive
o protesto delas. Vale lembrar que o banco poderá executar o protesto de uma duplicata vencida, desde
que receba essa ordem do detentor dela, cobrando uma taxa por esse serviço.
Supondo que o cliente não tenha quitado a duplicata no vencimento e que a empresa vendedora
informe ao banco que a duplicata deverá ser protestada, sabendo-se que o banco cobrará R$ 45,00 pela
operação, teríamos os seguintes lançamentos contábeis:
D – despesas de protestos = 45
Observação
39
Unidade II
5.1.3 Exercício 1
A Cia. Vera Cruz, fabricante de tecidos para cortinas, durante o mês de abril de 20X7, efetuou as
seguintes transações:
1) Vendeu mercadorias a Cia. Santista por R$ 20.000,00 no prazo de 90 dias, apurando o custo de
mercadorias vendidas no valor de R$ 9.600,00.
2) Enviou, para cobrança simples junto ao Banco Forte S/A, o valor de R$ 20.000.
40
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
5) O banco efetuou a baixa da duplicata e enviou o aviso para a Cia. Vera Cruz.
5.1.4 Exercício 2
• quitação somente por um cliente na data do vencimento da duplicata (o outro cliente ficou devendo);
41
Unidade II
A Cia. Vera Cruz, fabricante de tecidos para cortinas, durante o mês de maio de 20X7, efetuou as
seguintes transações:
1) Vendeu mercadorias a Cia. Joel por R$ 18.000,00 no prazo de 90 dias, apurando o custo de
mercadorias vendidas no valor de R$ 8.400,00. Vendeu também mercadorias a prazo (90 dias)
para a Cia. Kelps, no valor de R$ 16.500,00, apurando um custo para operação de R$ 6.350,00.
2) Enviou, para cobrança simples junto ao Banco Forte S/A, o valor de R$ 34.500,00.
4) Somente a Cia. Joel efetuou o pagamento na data do vencimento, portanto, a Cia. Kelps não
quitou sua dívida.
5) O banco efetuou a baixa de ambas as duplicatas, Cia. Joel e Cia. Kelps, e depois comunicou a Cia.
Vera Cruz.
6) A Cia. Vera Cruz solicitou ao banco que enviasse para protesto a duplicata referente à Cia. Kelps.
O banco cobrou por esse serviço uma taxa de R$ 110,00.
42
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Observação
Exemplo de aplicação
Saiba mais
43
Unidade II
A operação é “semelhante à cobrança simples, no que diz respeito à remessa dos títulos ao banco”.
A empresa endossante desconta os títulos e recebe do banco o valor nominal (constante dos títulos),
“suportando os juros correspondentes ao prazo que falta decorrer para o vencimento dos títulos
negociados”. Então, a empresa transfere a posse e a propriedade dos títulos ao banco. Portanto, deve-se
entender que o desconto de duplicatas é uma operação financeira na qual as empresas podem recorrer
sempre que precisarem de dinheiro, desde que tenham duplicatas de sua emissão a receber (RIBEIRO,
2003, p. 342-344).
A taxa cobrada pela operação de desconto corresponde à diferença entre o valor dos títulos (valor
nominal) e o valor que o banco libera para a empresa (valor atual). Todavia, o valor da taxa que será
cobrada na operação é determinada pelo estabelecimento bancário, variando conforme o montante,
a quantidade e a data de vencimento de cada título, como defende Ribeiro (2003, p. 344). Vale
reiterar que a empresa que está negociando com o banco a antecipação dos valores das vendas de
mercadorias, produtos ou serviços realizados, com esse ato, está transferindo tanto a posse quanto a
propriedade das duplicatas.
Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta de passivo pelo fato de a
essência da transação de desconto ser uma forma de obter financiamento com a duplicata dada como
garantia. Essa conta recebe o nome de duplicatas descontadas, tendo saldo credor.
Observação
Uma empresa desconta, no Banco Maracatu S/A, 15 duplicatas de sua emissão, conforme relação
(borderô), no valor de R$ 15.000,00. O banco cobra juros no valor de R$ 1.500,00, comissões e taxas no
valor de R$ 90,00.
• Outras informações:
Tabela 15
45
Unidade II
46
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
• Debitamos a conta bancos conta movimento (ativo) por R$ 13.410,00 para registrar o valor líquido
da operação.
• Debitamos a conta despesa de juros a vencer ou juros passivos a vencer (ambas redutoras do
passivo) por R$ 1.500,00 referentes aos juros cobrados antecipadamente.
• Debitamos a conta despesas bancárias (despesas) por R$ 90,00 referentes ao valor das comissões
e taxas cobradas sobre as duplicatas descontadas.
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 15.000,00
... Despesas de juros a vencer (1.500,00)
Duplicatas a receber 28.700,00
...
Não circulante Não circulante
Total Total
Para atender ao regime de competência, tomam-se como base as informações sobre a operação
de desconto, especificamente a conta juros passivos a vencer, resultante do desconto de duplicatas
ocorrido em 10/3/20X4, composto de duplicatas a vencer em 30/60 dias, ou seja, 10/4/20X4 e 10/5/20X4.
O total dos juros passivos a vencer cobrado pelo banco foi de R$ 1.500,00. De uma forma
simplista, pode-se atribuir R$ 750,00 para cada mês de vencimento: 10/4/20X4 e 10/5/20X4 e,
assim, atenderemos ao regime de competência sobre a realização das despesas de juros, conforme
lançamento contábil a seguir.
47
Unidade II
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 15.000,00
... Despesas de juros a vencer (750,00)
Duplicatas a receber 28.700,00
...
Não circulante Não circulante
Total Total
48
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 13.700,00 Não circulante
Lembrete
Na hipótese de o cliente não ter liquidado a duplicata e o banco debitar o respectivo valor na conta
da empresa, o lançamento será:
No lançamento 1, mesmo o cliente não quitando a duplicata, temos que baixar a obrigação
que estava registrada na conta duplicatas descontadas, porém agora contra a conta bancos conta
movimento. Na operação de desconto, o banco adiantou o valor da duplicata e, como o cliente não
pagou a duplicata, o banco retirou o valor da conta-corrente, deixando para a empresa vendedora a
49
Unidade II
responsabilidade de cobrar tal cliente. No lançamento 2, apropriamos a despesa com os juros cobrados
antecipadamente, referente ao mês de maio de 20X4, independentemente do pagamento do cliente.
O que deve prevalecer em termos de apropriação da despesa com juros é o regime de competência,
ou seja, o mês de ocorrência do fato.
Por determinação da empresa vendedora, o banco poderá efetuar o serviço de protesto, cobrando
uma taxa sobre a operação.
Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 28.700,00 Não circulante
1) Vendeu mercadorias para diversas companhias por R$ 6.000,00, no prazo de 30 dias, apurando o
custo das mercadorias vendidas em R$ 2.945,00.
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 6.000,00
... Despesas de juros a vencer (240,00)
Duplicatas a receber 6.000,00
...
Não circulante Não circulante
Total Total
1) O Banco Intercontinental debitou na conta da Cia. Caravelas os R$ 2.000,00 porque uma das
empresas não efetuou o pagamento na data do vencimento.
2) O Banco Intercontinental comunicou que o restante das duplicatas foram recebidas na data
do vencimento.
51
Unidade II
3) Na Cia. Caravelas, foi efetuada a apropriação dos juros em virtude do regime de competência.
Duplicatas a receber
4.000,00 2
Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 2.000,00 Não circulante
...
Não circulante Patrimônio líquido
Total Total
Nesse sentido, o Comitê publicou o CPC 12 – Ajuste a Valor Presente, que foi regulamentado pelo
Conselho Federal de Contabilidade como Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 12 – Ajuste a Valor
Presente, trazendo orientações específicas para ativos.
52
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
A seguir, destacamos na íntegra dois parágrafos da referida norma, com explicações a respeito do
Ajuste a Valor Presente:
Assim, os efeitos da mensuração contábil a valor presente e pela filosofia do valor justo (fair value)
devem ser observados caso a caso.
Saiba mais
53
Unidade II
Exemplo de aplicação
1) Ao longo desta unidade, estudamos termos que representam conceitos utilizados no jargão da área
contábil. Tente explicar com suas próprias palavras o que significa cobrança em carteira.
Saiba mais
6 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
Muitos autores costumam separar o sucesso (ou insucesso) das empresas em aspectos operacionais
e financeiros. Não raramente, na ânsia de trazer bons resultados para suas organizações, os executivos
abusam de facilidades oferecidas pelos agentes financeiros mesmo sem ter essa intenção. Empresas
com uma operação competente podem vir a enfrentar problemas com sua administração financeira,
e o contrário também é possível. O contador, nesse ambiente, tem uma função vital: deve orientar os
executivos a tomarem boas decisões, mostrando os resultados delas.
54
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Como fazer isso? Convidamos você a estudar com muita atenção as páginas a seguir!
Empréstimos e financiamentos são dívidas contraídas por pessoa física ou jurídica geralmente junto
às instituições financeiras, mediante contrato entre as partes. No contrato, precisa estar demonstrado
o valor do empréstimo, a forma e a data de pagamento, os juros envolvidos na operação e as garantias
enfim, todas as informações necessárias que possam evidenciar esse tipo de dívida. Nesse tipo de negócio,
o credor fornece uma quantia em dinheiro ao devedor, que, conforme o contrato firmado, pode ser
devolvido em parcelas, ou não. Normalmente, a quantia é pega em prestações regulares, considerando
o valor principal mais os juros.
Quando uma empresa precisa de recursos para sanar problemas emergenciais ou expandir seus
negócios, pode recorrer aos bancos e obter os valores necessários para suprir suas deficiências. Essas
operações, sempre formalizadas por meio de um contrato, poderão ser feitas em moeda nacional
ou estrangeira, tanto em curto como em longo prazo. Até 360 dias, temos o curto prazo, depois,
caracteriza‑se longo prazo.
Observação
Para os empréstimos e financiamentos recebidos, a empresa ou a pessoa física tem de fornecer certa
garantia aos bancos. Essa garantia pode ser feita com bens, emissão de nota promissória ou duplicatas
a receber de seus clientes. Somente assim as instituições financeiras podem gerar esse tipo de operação.
Contudo, a pela forma qual será efetuada dependerá do acordo entre as partes – devedor e credor.
Independentemente da moeda, todo empréstimo deve ser convertido para o real. A operação
financeira pode ter os encargos financeiros (juros, taxas etc.) conhecidos no momento da contratação.
Nesse caso, temos uma operação prefixada.
55
Unidade II
Vamos supor que a empresa Ambiciosa S/A efetue um empréstimo junto ao Banco Norte S/A nas
seguintes condições:
• Despesas cobradas pelo banco: comissões de 1% sobre o valor da nota promissória, e como
despesas de cobrança de R$ 1.400,00.
Lembrete
A crédito, temos:
A débito:
56
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Tabela 22
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (360.000,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Como os juros se referem a um período de três meses, da data da operação ao seu vencimento,
ou seja, de 31/10/20X8 a 29/1/20X9, mês a mês serão acrescidas as despesas de juros: de novembro e
dezembro de 20X8 e janeiro de 20X9, conforme cálculos:
57
Unidade II
Despesas de juros
1) 120.000,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (240.000,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
58
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (120.000,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Resta, no balanço patrimonial de 31/12/20X8, apenas uma parcela dos juros a vencer, devendo ser
apropriado somente em 29/1/20X9, independentemente do pagamento, uma vez que, para apropriação
das despesas, o que prevalece é o regime de competência.
A empresa Ambiciosa S/A quitou seu empréstimo junto ao Banco Norte S/A na data do respectivo
vencimento, ou seja, 29/1/20X9.
59
Unidade II
Em 1º de setembro de 20X7, a Cia. Delta S/A tomou emprestado R$ 50.000,00 do Banco Creditício S/A,
pelo desconto de uma nota promissória para 90 dias, a taxa de 2% ao mês. As despesas cobradas pelo
banco foram, além dos juros, R$ 500,00 a título de Taxa de Abertura de Crédito (TAC). A nota
promissória foi paga em 1º de dezembro de 20X7.
Os juros referem-se a um período de três meses, da data da operação ao seu vencimento, ou seja,
de 1º/9/20X7 a 1º/12/20X7. Haverá a apropriação das despesas de juros, mês a mês: setembro, outubro
e novembro, sendo R$ 1.000,00 por mês, totalizando os juros de R$ 3.000,00.
Para a apropriação dos juros no mês de setembro, consideram-se somente 29 dias, e o valor dos
juros será de: R$ 1.000 / 30 = R$ 33,33 x 29 dias = R$ 966. Vale ressaltar que, na opção de apropriar
os juros proporcionais ao número de dias do mês de setembro, deve-se avaliar a relevância do valor
em questão.
60
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Despesas de juros
2) 966,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (2.034,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
61
Unidade II
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (1.034,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Despesas de juros
1) 1.000,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (34,00)
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
62
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Em 1º de dezembro de 20X7, o Banco Creditício S/A avisou que havia debitado na conta-corrente da
Cia. Delta S/A R$ 50.000,00 (referentes à liquidação do empréstimo).
A Cia. Delta S/A faz a apropriação dos juros somente de um dia do mês de dezembro/20X7.
Resumo
63
Unidade II
Exercícios
Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Nos trabalhos realizados por um auditor independente,
identificaram-se vários procedimentos adotados pela Cia. Calada. No decorrer dos trabalhos, os seguintes
fatos foram encontrados:
I – A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída tendo como base o índice de
inadimplência apresentado nos últimos cinco anos.
II – A empresa fez uma aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB) no Banco Intercontinental S/A
com um prazo de 90 dias e juros pré-fixados. Utilizando o regime de competência, creditou a ativo
circulante e rendimentos a apropriar o valor correspondente aos juros da operação.
IV – O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incidente sobre aplicações financeiras foram
deduzidos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).
Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de
auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será:
E) Finalizar os trabalhos e indicar em seu relatório que todos os fatos contábeis foram corretamente
considerados.
64
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
I) Afirmativa correta.
Justificativa: a conta de rendimentos a apropriar mostra o quanto a empresa ganhará com a operação
efetuada. Trata-se de uma conta redutora do ativo circulante, em que será demonstrado o quanto a
empresa terá de rendimento até o fim da aplicação.
Justificativa: as despesas pagas antecipadamente devem ser registradas como ativo circulante, em
que são apresentadas as disponibilidades ou de caixa ou de bancos conta movimento.
Após a análise das afirmativas, o único fato com tratamento incorreto foi o descrito em III, portanto,
a alternativa D está correta.
As alternativas B e C não são verdadeiras por considerarem os fatos I, II e IV como incorretos, sendo
que estão corretos e justificados.
A alternativa A está incorreta. Não é papel da auditoria independente oferecer serviço de consultoria para
corrigir os fatos encontrados, mas somente o de apurar fatos. Caberá à empresa decidir posteriormente.
A alternativa E está incorreta, pois foram encontrados fatos com contabilização incorreta.
65
Unidade II
Juros: R$ 5.000.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: todo e qualquer empréstimo representa obrigações da empresa, portanto, deve ser
lançado no passivo. Nesse caso, o lançamento será no passivo circulante por tratar-se de empréstimo
de curto prazo.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: deve-se fazer o cálculo das despesas financeiras, proporcionais, para o período 20X5:
como o empréstimo foi tomado no dia 16-12, então as despesas financeiras correspondem ao restante
dos dias do mês, 15 dias. Os encargos financeiros de R$ 5.000 serão rateados por 50 dias e correspondem
a R$ 100 por dia. Assim, 15 dias multiplicados por R$ 100 resultam em R$ 1.500. Serão transportados
diretamente para o resultado do exercício os valores das despesas financeiras e as despesas bancárias,
pois são consideradas como irrecuperáveis.
66
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o razonete banco conta movimento receberá a crédito o valor do empréstimo total e a
débito o valor efetivamente disponível para a empresa.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
Justificativa: os encargos financeiros decorrentes de tais operações devem ser contabilizados pelo
regime de competência, pois são gerados no ato da tomada do empréstimo.
67
Unidade III
Unidade III
7 FINANCIAMENTOS PÓS-FIXADOS
Operações na modalidade pós-fixada significam que os juros podem ter conjugação com outros
fatores, como variação de indicadores nacionais ou estrangeiros. Assim, os empréstimos em moeda
nacional pós-fixados possuem os encargos financeiros (juros mais variação de indicadores) com lastro
nacional, já os feitos em moeda estrangeira têm encargos financeiros tomando-se como base a variação
de uma moeda estrangeira, por exemplo, o dólar.
De acordo como Banco Central do Brasil, os principais indicadores econômicos nacionais que medem
a variação da moeda no tempo são:
7.1.1 IPC-Fipe
Calculado semanalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) – USP, o Índice
de Preços ao Consumidor (IPC) mede a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pelas
famílias com rendas entre um e vinte salários mínimos na cidade de São Paulo. As variações são obtidas
comparando-se preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os das quatro semanas
anteriores (base).
7.1.2 IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é calculado mensalmente pelo IBGE.
É o índice oficial do governo para medição das metas inflacionárias fixadas no acordo com o Fundo
Monetário Internacional (FMI). Mede a variação nos preços de bens e serviços consumidos por
famílias com rendimentos entre um e quarenta salários mínimos. A taxa é calculada nas regiões
metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza,
Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
68
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
7.1.3 IGP
A FGV calcula três índices gerais de preço – IGP-M, IGP-10 e IGP-DI –, que diferem entre si apenas
pelo período de coleta de dados. Todos são calculados com base em outros três indicadores: Índice de
Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional do Custo da Construção
(INCC), que representam, respectivamente, 60%, 30% e 10% em cada um dos IGPs. A base é do Rio de
Janeiro e São Paulo.
• IGP-M: compreende o período entre o dia 21 do mês anterior ao de referência e o dia 20 do mês
de referência.
• IGP-10 avalia o intervalo entre o dia 11 do mês anterior ao de referência e o dia 10 do mês de referência.
7.1.4 INPC
Apurado pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi criado com o objetivo
de orientar os reajustes dos salários dos trabalhadores. Mede a inflação para famílias com renda entre
um e oito salários mínimos. A taxa é calculada nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, além do Distrito Federal e do
município de Goiânia.
7.1.5 ICV
Saiba mais
69
Unidade III
70
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
1.023.315,00
Despesas bancárias
2) 11.400,00
Em 31/12/20X8, será necessário apropriar as despesas com a variação cambial e os juros, já incorridos
e não pagos, cujo teor será o seguinte:
Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial, que se incorpora à própria conta original
da dívida, ou seja:
Observação
Lembrete
71
Unidade III
Em seguida, devemos apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.
50.000,00 1)
1.050.000,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 1.050.000,00
Não circulante Juros a pagar 31.500,00
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
A empresa deverá acompanhar o valor do câmbio mensalmente para ajustar a dívida contraída até o
respectivo vencimento, registrando as variações cambiais (passivas ou ativas) bem como os juros da operação.
72
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Se a organização não saldar sua dívida no vencimento, deverá registrar tanto a variação cambial
quantos os juros (e outros encargos financeiros cobrados, por exemplo, multa por atraso de pagamento)
até a data da respectiva quitação.
É preciso fazer todos os lançamentos contábeis relativos à seguinte operação financeira efetuada
pela Cia. Trading:
Em 1º de outubro de 20X1, o Banco Orange enviou para a Cia. Trading os seguintes dados:
R$ 100.000,00 relativos ao empréstimo; R$ 2.000,00 com despesa de comissão e R$ 100,00 com despesa
de cobrança.
73
Unidade III
Despesas bancárias
2) 2.100,00
Em 31 de outubro de 20X1, o Banco Orange enviou outra notificação com as seguintes informações:
R$ 10.000,00 relativos à atualização da dívida em 10% (variação do dólar de R$ 1,00 para R$ 1,10);
R$ 3.300,00 de juros, considerando 3% ao mês sobre a dívida já atualizada; R$ 110.000,00 relativos ao
débito do valor da dívida atualizada.
Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial, que se incorpora à própria conta original
da dívida, ou seja:
Em seguida, deve-se apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.
74
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
10.000,00 1)
110.000,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 110.000,00
Não circulante Juros a pagar 3.300,00
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Em 30 de novembro de 20X1, a empresa fará a quitação de seu empréstimo, mas precisa contabilizar
a variação cambial e os juros referentes ao mês de novembro para depois efetuar o pagamento de sua
dívida. Lembrando que a dívida atualizada em 31 de outubro de 20X1 era de R$ 110.000,00, e o câmbio
para 30 de novembro de 20X1 está em R$ 0,95.
Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial. Nesse instante, precisamos de uma
atenção maior: a dívida original foi de US$ 100.000,00, que à época da contratação do empréstimo era
equivalente a R$ 100.000,00 devido ao câmbio de R$ 1,00. Contudo, na data do pagamento da dívida,
o câmbio foi reduzido a R$ 0,95, ou seja, houve uma valorização da nossa moeda (o real). Isso significa
que, em valores da moeda corrente nacional, a dívida foi reduzida. Em outras palavras, teremos um
ganho (variação monetária ativa) com a operação. Vejamos os cálculos tomando-se como base o saldo
da dívida atualizada do período anterior:
75
Unidade III
Todavia, temos que analisar qual é o saldo atualizado da dívida até o momento de sua quitação e,
assim, efetuar o ajuste da variação cambial.
Em seguida, é preciso apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.
76
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Fizemos os razonetes para um melhor entendimento. Agora vamos realizar a quitação dos empréstimos:
Quanto ao financiamento na modalidade prefixada, há uma previsão dos encargos financeiros por
parte daquele que concede o empréstimo, cabendo ao responsável pela área financeira da empresa, em
conjunto com o contador, tomar a melhor decisão – pré ou pós-fixado. Não se trata, portanto, de uma
modalidade melhor do que outra. Para uma decisão desse porte, os agentes envolvidos devem analisar
a situação mais favorável.
Observação
Lembrete
77
Unidade III
Aplicação financeira é uma operação que visa a um retorno financeiro, ou seja, que com o tempo
devolva não só o capital investido como também uma componente de retorno em excesso, a título de
rendimentos (ou juros). Com o objetivo de auferir receitas financeiras, as empresas aplicam em
bancos praticamente todo dinheiro que elas têm disponível. Em geral, são aplicações de curto prazo
em fundos de investimentos, certificados de depósitos bancários etc. Essas operações financeiras
podem ser contratadas a taxas prefixadas ou pós-fixadas.
Quanto aos rendimentos auferidos sobre aplicações financeiras, a Receita Federal determina que
uma parte seja retida pela instituição financeira em que a aplicação foi executada, que fica responsável
para enviar o valor aos cofres da Receita Federal. O imposto retido tem a seguinte denominação:
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), e sua alíquota varia conforme o lastro ao qual a aplicação
estiver vinculada.
Por tratar-se de legislação específica, os exemplos contemplados neste livro-texto terão uma alíquota
fictícia apenas para informar e contabilizar o IRRF e seu reflexo nas demonstrações financeiras.
Saiba mais
A Empresa Reis Souza Ltda. fez uma aplicação no Banco Intercontinental S/A no valor de
R$ 500.000,00, em Certificado de Depósito Bancário (CDB), por 90 dias, a uma taxa de juros
de 1,5% ao mês. O IRRF está na ordem de 4% sobre o rendimento total e será apurado somente na
data do vencimento, seguindo a legislação vigente.
78
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Tabela 33
Observação
79
Unidade III
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (15.250,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
7.750,00
80
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (7.750,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
250,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (250,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
81
Unidade III
250,00 1) Sl 4.872,00
2) 521.600,00
526.472,00
IRRF a recuperar
1) 900,00
82
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Observação
O IRRF a recuperar registrado no balanço patrimonial poderá ser
compensado com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica a Pagar (imposto
calculado sobre o resultado apurado no período) ou com quaisquer outros
tributos federais, conforme determina a legislação vigente.
Tabela 38
Dezembro/20X6 = 29 dias (30 dias – 1 data da aplicação)
Janeiro/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Fevereiro/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Março/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Abril/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Maio/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Junho/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Julho/20X7 = 31 dias (vencimento da aplicação)
Total = 240 dias de aplicação ou 8 meses
83
Unidade III
R$ 100.000,00 x 6% = R$ 6.000,00
Rendimentos a apropriar
6.000,00 2)
84
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (5.275,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (4.525,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
85
Unidade III
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (3.775,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
86
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (3.025,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (2.275,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
87
Unidade III
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (1.525,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
88
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (775,00) Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Então, é necessário calcular e contabilizar os 4% do IRRF sobre o rendimento total da operação, bem
como o resgate da aplicação financeira:
Aplicação financeira
Sl 106.000,00 106.000,00 2)
89
Unidade III
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
IRRF a recuperar 240,00 Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
No Brasil, é muito forte o emprego dos agentes públicos como fonte de financiamento das
empresas. Praticamente todo o financiamento empresarial é realizado via BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
Saiba mais
Conforme estudamos, o que difere uma operação prefixada da pós-fixada nada mais é do que a maneira
como se aplica a taxa de juros. Na prefixada, conhecem-se, no ato da operação, tanto os juros a serem
pagos sobre os empréstimos contratados quanto os rendimentos sobre uma aplicação financeira efetuada.
É preciso destacar um item: para as operações prefixadas, embute-se na taxa de juros uma expectativa
inflacionária; para as pós-fixadas, tem-se somente a taxa de juros, ficando a representação da inflação
exatamente registrada pela sua efetiva variação, podendo gerar um ganho ou uma perda inflacionária,
ou seja, uma variação monetária ativa ou passiva, respectivamente.
Assim, nas operações pós-fixadas, é aplicada uma taxa de juros mais um índice de preços, seja
em relação a uma moeda estrangeira, seja a quaisquer outros indicadores econômicos (acordados
entre as partes), que venha identificar a variação inflacionária do período contratado para a operação,
independentemente do tipo de operação – financiamentos e/ou aplicações financeiras.
A empresa Reis Souza Ltda. fez uma aplicação no Banco Intercontinental S/A, no valor de
R$ 200.000,00, com variação monetária com base no CDB mais juros de 1% ao mês sobre o valor
atualizado (para fins didáticos, utilizaremos o método de juros simples).
90
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
3.122,00
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 200.000,00 Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Acentuamos a seguir o cálculo e a contabilização das receitas auferidas somente na data do resgate
da aplicação financeira:
91
Unidade III
Observação
Vejamos o cálculo e a contabilização do IRRF sobre o valor total dos rendimentos, bem como o
resgate da operação de aplicação financeira em 2/10/20X6.
1) 31.080,00 2) 229.837,00
238.324,00
IRRF a recuperar
3) 1.243,00
92
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
IRRF a recuperar 1.243,00 Não circulante
Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total
Saiba mais
93
Unidade III
2) Calcular e contabilizar a atualização da aplicação financeira pela variação do IGP-M até o resgate
em 31/12/20X7:
4) Calcular e contabilizar tanto o IRRF sobre os rendimentos quanto o resgate: IRRF equivale a:
R$ 4.590,00 x 0,04 = R$ 183,00:
2) 3.000,00 4) 54.407,00
3) 1.590,00 56.728,00
IRRF a recuperar
4) 183,00
94
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Razonetes
Em relação às aplicações financeiras, além dos CPC Conceitual Básico, Ajuste a Valor Presente e sobre
as Pequenas e Médias Empresas, o CPC Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores
Mobiliários deverá ser utilizado sobre as transações realizadas pelas sociedades anônimas (capital aberto
ou fechado) e empresas de grande porte, conforme determina a Lei n. 11.638 de 28 de dezembro de 2007
(BRASIL, 2007). Todos eles estão em Pronunciamentos Técnicos Contábeis (2012).
Saiba mais
Exemplo de aplicação
– Quais as principais opções de financiamento que as empresas dispõem no momento atual e quais
as vantagens de cada um deles?
95
Unidade III
Resumo
Exercícios
Questão 1. (Enade 2006) A empresa comercial Aurora Ltda. negociou, em 31.12.2005, uma operação
de desconto de duplicatas no valor total de R$ 1.500.000, distribuídos conforme o fluxo de vencimento
das duplicatas a seguir:
0
30 dias 60 dias 90 dias
R$ 400.000 R$ 600.000 R$ 500.000
Figura 2
Nessa operação, a instituição financeira cobrou e recebeu juros antecipados no valor de R$ 155.000,
calculados à taxa de 5% ao mês (juros simples), e taxas de serviços de R$ 500.
Se a empresa encerrou o seu exercício contábil ao fim de dezembro, qual foi o efeito do registro
dessa operação em suas demonstrações contábeis?
96
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
Análise da questão
Uma operação de descontos permite que a empresa antecipe o recebimento de duplicatas vencíveis
em épocas futuras, com a dedução dos juros e da comissão de serviços.
A operação, porém, não deve ser baixada do ativo da empresa, considerando que ela é responsável pelo
reembolso ao banco caso uma ou mais duplicatas não sejam pagas pelo cliente devedor (denominado
“sacado” na operação).
Cria-se uma conta retificadora, denominada “duplicatas descontadas”, deduzida do saldo integral da
conta de “clientes ou duplicatas a receber”.
O total de juros pagos pela empresa não afeta o seu resultado no exercício de 2005, considerando
que a competência de suas apurações é posterior àquele ano.
O que altera o resultado de 2005 é apenas a taxa de serviços cobrada pelo banco para a realização
da operação (R$ 500), que foi paga com recursos do ativo circulante, existentes em 31/12 daquele ano.
97
Unidade III
I – Diretores financeiros são responsáveis por decisões acerca de como investir os recursos
de uma empresa para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são
instituições financeiras ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e
governos. Assim, decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores são,
normalmente, semelhantes.
Porque
I) Afirmativa incorreta.
Justificativa: via de regra, pelo mercado financeiro os indivíduos financiam investimentos feitos
pelas empresas e governos ao adquirem parcela do capital da empresa ou títulos da dívida pública. Nessa
operação, cabe às instituições financeiras o papel de intermediador – e não o de investidor. Ademais,
decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores não são semelhantes, pois
enquanto diretores financeiros apresentam preocupação com a administração do capital da empresa e
com sua operação de forma geral, os investidores preocupam-se apenas com o retorno financeiro do
investimento efetuado, e não com a atividade empresarial.
Justificativa: as decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam ativos reais, ou seja,
todos os ativos que serão utilizados para que a empresa possa desenvolver sua atividade e gerar lucros.
Por outro lado, as decisões de investimento dos investidores focalizam ativos puramente financeiros, a
exemplo de ações e títulos de dívida. A afirmativa está incorreta por trocar os objetivos dos dois tipos
de agentes.
98
CONTABILIDADE EMPRESARIAL
REFERÊNCIAS
BORIN, J. R. O investimento empresarial privado no Brasil: um estudo de caso. Lume, 2003. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10183/4193. Acesso em: 23 mar. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em:
https://bit.ly/2SIxKY1. Acesso em: 31 mar. 2018.
BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Brasília, 1999. Disponível em: https://bit.ly/3vvCT35.
Acesso em: 22 mar. 2018.
BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Rio de Janeiro, 1943. Disponível em:
https://bit.ly/3zwrCmq. Acesso em: 29 mar. 2018.
BRASIL. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998. Brasília, 1998. Disponível em:
https://bit.ly/2UgDDMN. Acesso em: 9 abr. 2018.
BRASIL. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Brasília: Receita Federal, 6 dez. 2017a.
Disponível em: https://bit.ly/3zxzHY8. Acesso em: 5 abr. 2018.
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Exercícios
101
APÊNDICE
1 34.500 34.500 1
18.000 4
Saldo 16.500
1a 14.750 14.750 1a
3 2.000 2.000 3
4 18.000 110 7
Despesas de protesto
6 110
102
103
104
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000