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Contabilidade Empresarial

Autores: Prof. Alexandre Saramelli


Profa. Divane Alves da Silva
Profa. Cristiane Nagai
Colaborador: Prof. Maurício Felippe Manzalli
Professores conteudistas: Alexandre Saramelli / Divane Alves da Silva /
Cristiane Nagai

Alexandre Saramelli

Doutorando em Epistemologia e História da Ciência na Universidade Nacional Três de Febrero, Argentina, mestre
em Controladoria pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e bacharel em Controladoria pela mesma universidade.
Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e grande porte como contador em áreas de custos e
orçamentos. Também foi consultor em sistemas de controladoria da desenvolvedora alemã SAP. Hoje, trabalha como
consultor empresarial.

Divane Alves da Silva

Mestre em Contabilidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Possui especialização em: Controladoria e
Contabilidade Gerencial – Faculdade Santana São Paulo (1992); e Didática do Ensino Superior – Universidade Presbiteriana
Mackenzie (1996). Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá (1990) e
em Filosofia – bacharelado e licenciatura – pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2009). Em funções empresariais na
área técnica, já atuou como controller, contadora, auditora e consultora. É professora de pós-graduação lato sensu e em
diversos cursos e disciplinas correlatas à formação.

Cristiane Nagai

Mestre em Contabilidade pela Universidade de São Paulo (2012), especialista em Controladoria pela Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado – Fecap (2007) e em Ensino a Distância (2011). Graduada em Direito e em Ciências Contábeis
pela UNIP (2005).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S243c Saramelli, Alexandre.

Contabilidade empresarial / Alexandre Saramelli, Divane Alves


da Silva, Cristiane Nagai – São Paulo: Editora Sol, 2021.

104 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Folha de pagamento. 2. Operações financeiras. 3. Aplicações


financeiras. I. Silva, Divane Alves. II. Nagai, Cristiane. III. Título.

CDU 657.1

U512.15 – 21

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Vitor Andrade
Ana Fazzio
Sumário
Contabilidade Empresarial

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8

Unidade I
1 FOLHA DE PAGAMENTO....................................................................................................................................9
1.1 Introdução...................................................................................................................................................9
1.2 Proventos e descontos...........................................................................................................................9
1.2.1 Salário..............................................................................................................................................................9
1.2.2 Remuneração...............................................................................................................................................9
1.2.3 Jornada de trabalho, horas extras e reflexo das horas extras no descanso
semanal remunerado (DSR)............................................................................................................................ 10
1.2.4 Adicional de insalubridade................................................................................................................... 12
1.2.5 Salário-família.......................................................................................................................................... 12
2 DESCONTOS........................................................................................................................................................ 13
2.1 Faltas ao trabalho.................................................................................................................................. 13
2.2 Contribuição Previdenciária (INSS) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
do empregado................................................................................................................................................ 14
2.3 Vale‑transporte...................................................................................................................................... 17
2.3.1 Vale-alimentação..................................................................................................................................... 18
3 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL DOS EMPREGADOS.................................................................................... 19
3.1 Décimo terceiro salário....................................................................................................................... 19
3.1.1 Férias............................................................................................................................................................. 19
3.2 Encargos sociais por parte do empregador................................................................................ 20
4 INSTRUMENTOS FINANCEIROS................................................................................................................... 27
4.1 Introduzindo o assunto....................................................................................................................... 27
4.2 Venda imediata (ou mantido para negociação)........................................................................ 27
4.3 Mantido até o vencimento................................................................................................................ 29
4.4 Venda futura (ou disponível para venda).................................................................................... 29

Unidade II
5 OPERAÇÕES FINANCEIRAS........................................................................................................................... 35
5.1 Duplicatas................................................................................................................................................. 35
5.1.1 Cobrança simples..................................................................................................................................... 36
5.1.2 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 37
5.1.3 Exercício 1................................................................................................................................................... 40
5.1.4 Exercício 2................................................................................................................................................... 41
5.2 Desconto de duplicatas...................................................................................................................... 43
5.3 Tratamento contábil............................................................................................................................. 44
5.3.1 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 45
5.3.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 50
5.4 CPC 12 – Ajuste a Valor Presente................................................................................................... 52
6 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS........................................................................................................ 54
6.1 Operação prefixada............................................................................................................................... 55
6.1.1 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 56
6.1.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 60

Unidade III
7 FINANCIAMENTOS PÓS-FIXADOS.............................................................................................................. 68
7.1 Diferenças entre os principais indicadores econômicos........................................................ 68
7.1.1 IPC-Fipe........................................................................................................................................................ 68
7.1.2 IPCA............................................................................................................................................................... 68
7.1.3 IGP.................................................................................................................................................................. 69
7.1.4 INPC............................................................................................................................................................... 69
7.1.5 ICV.................................................................................................................................................................. 69
7.1.6 Exemplo de cálculo................................................................................................................................. 70
7.1.7 Exercício resolvido................................................................................................................................... 73
8 APLICAÇÕES FINANCEIRAS – OPERAÇÕES PREFIXADAS.................................................................. 78
8.1 Exemplo de operação com taxa de juros prefixada................................................................ 78
8.1.1 Exercício resolvido................................................................................................................................... 83
8.2 Aplicações financeiras – operações pós-fixadas...................................................................... 90
8.2.1 Exemplo: aplicação financeira com rendimento pós-fixado................................................. 90
8.2.2 Exercício resolvido................................................................................................................................... 93
APRESENTAÇÃO

Esta disciplina trata dos problemas contábeis específicos das atividades empresariais, como o
cálculo da folha de pagamento e sua contabilização. Além disso, aborda a avaliação dos instrumentos
financeiros e das operações financeiras comumente realizadas pelas organizações, como desconto
de duplicatas, aplicações financeiras e financiamentos de curto e longo prazo, com taxas pré e
pós‑fixadas e em moeda estrangeira, identificando e contabilizando os efeitos financeiros no patrimônio
e seu resultado.

Para cumprir tais requisitos, destacam-se os seguintes objetivos gerais:

• Reunir conhecimentos teóricos e práticos para utilização e aplicação da contabilidade de modo a


gerar informações com a qualidade necessária para atingir as disposições dos diversos usuários.

• Enfatizar a consciência ética e a responsabilidade social da contabilidade.

• Conceituar, classificar e contabilizar fatos contábeis diversos desenvolvidos nas organizações.

• Introduzir os principais aspectos do balanço patrimonial e da Demonstração de Resultados


do Exercício.

Este livro-texto também se baseou em orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), da
Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), do Conselho Federal
de Contabilidade (CFC), da Fundação Brasileira de Contabilidade e do Ministério da Educação
(Resolução CNE/CES 10/2004) (BRASIL, 2004). Evidentemente, consideramos as boas práticas no
ensino a distância e aplicamos nossa experiência na área.

Assim, mais do que proporcionar uma introdução às práticas específicas e às novidades das normas
contábeis internacionais, faremos um estudo amplo, proporcionando ao aluno condições para estudar e
aplicar as teorias contábeis no cotidiano.

Ao fim do curso, você estará acostumado com os procedimentos enraizados na profissão, pois
terá desenvolvido muito bem suas habilidades no ambiente universitário. O estudo da contabilidade
ultrapassa suas técnicas, logo, é preciso estar preparado para quebrar hábitos. Sabe-se que diversos
contadores estranharam a proposta que as normas internacionais trouxeram, revelando que há muitos
profissionais que não são receptivos a mudanças. Nesse cenário, esperamos que você atue como um
agente de transformação.

7
INTRODUÇÃO

Olá, aluno!

Esta disciplina estuda questões específicas da atividade empresarial e como o contador


deve tratá-las. Com o conteúdo abordado, você poderá lidar com operações rotineiras no mercado, ou
seja, terá recursos para saber as consequências das decisões dos gestores e como agir nessa conjuntura.

É comum que estudantes de Ciências Contábeis tenham ansiedade em “como fazer” lançamentos e
como “consertar” uma situação. Para tal, recomenda-se pensar em “por que fazer”.

Vamos indicar como apurar e contabilizar uma folha de pagamento de organizações com
funcionários mensalistas. Trataremos dos critérios de avaliação que devem ser aplicados em
instrumentos financeiros. A depender da intenção da empresa ao adquirir um ativo financeiro, há três
critérios que devem ser executados. Todos eles geram um impacto, seja no resultado do exercício, seja
no patrimônio líquido. O contador tem grande responsabilidade em orientar, acompanhar e alertar
a administração da empresa sobre os efeitos das decisões quanto a investimentos no resultado do
período e, consequentemente, na distribuição de dividendos aos acionistas.

Depois, examinaremos os cálculos, os registros e suas influências sobre o resultado do período,


considerando os encargos financeiros oriundos das operações de empréstimos/financiamentos e os
rendimentos decorrentes dessas aplicações.

Basicamente, destacaremos os problemas que as instituições enfrentam em suas operações reais.


Para o sucesso na profissão, é vital estudá-los!

Desejamos a você um bom estudo!

8
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Unidade I
1 FOLHA DE PAGAMENTO

1.1 Introdução

A folha de pagamento é uma relação nominal dos funcionários de uma empresa. Nela estão
registrados os valores referentes à remuneração de cada um, em um determinado período de trabalho,
compreendendo vencimentos, salários, comissões, gratificações, deduções, abatimentos, descontos
previdenciários e sociais, valores brutos e valores líquidos dos recebimentos.

Para fazer seu cálculo, é preciso aplicar conceitos específicos. Trataremos deles durante o livro-texto.
A fim de restringir o estudo da folha de pagamento, concebemos apenas os cálculos de empregados
mensalistas. Então, destacaremos algumas definições importantes para a compreensão de eventos que
constam em uma folha de pagamento.

1.2 Proventos e descontos

A folha de pagamento é dividida em proventos e descontos.

Em proventos, ficam descritas as verbas que o funcionário tem a receber, como o valor do salário
bruto, as horas extras prestadas e os adicionais a que tem direito (por tempo de serviço, insalubridade,
periculosidade e jornada noturna).

Na parte dos descontos, encontramos, entre outros, os valores referentes ao seguinte: contribuição
do empregado à Previdência Social (INSS), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), faltas, atrasos,
adiantamentos, vale-transporte e vale-refeição.

1.2.1 Salário

É a contraprestação devida ao trabalhador pelos serviços fornecidos ao empregador, em decorrência


do contrato de trabalho existente entre as partes.

1.2.2 Remuneração

Conforme a regra atual, descrita no artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho, integram o
salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações
ajustadas (BRASIL, 2017b).

9
Unidade I

Entretanto, a reforma trabalhista alterou o art. 457, prescrevendo que não integrarão à remuneração
do empregado, ainda que recebidas com habitualidade, a ajuda de custo, o auxílio-alimentação (vedado
pagamento em dinheiro), diárias de viagem (independentemente do valor), prêmios (bens, serviços ou
dinheiro dado por liberalidade, por desempenho superior ao esperado) e abono (BRASIL, 2017b).

1.2.3 Jornada de trabalho, horas extras e reflexo das horas extras no descanso semanal
remunerado (DSR)

Jornada de trabalho é o período no qual o empregado fica à disposição do empregador. Esse período
é normalmente ajustado entre os contratantes. Com a reforma trabalhista, por exemplo, a jornada
diária poderá ser de 12 horas com 36 horas de descanso. No entanto, a jornada máxima estipulada pela
Constituição Federal é de 8 horas diárias e 44 horas semanais (BRASIL, 1988, art. 7º, XIII).

O legislador, contudo, não fixa a carga horária mensal, somente limita a diária (8 horas) e a semanal
(44 horas). Assim, a partir dessas limitações, a carga horária mensal é fixada da seguinte forma:

44 horas semanais ÷ 6 dias = 7,333333333 (que corresponde a 7 horas e 20 minutos no relógio)

A dízima 0,333333 é a equivalência em hora de 20 minutos, ou seja, são os décimos da hora normal
obtidos pela regra de três: 0,333333333 x 60 minutos = 19,9999999. Arredondando, temos 20 minutos.

7,333333333 x 30 (dias do mês) = 219,99999999 = 220 horas mensais

Aquilo que excede à jornada normal é considerado hora extraordinária. A Constituição Federal
decretou que as horas excedentes devem ser remuneradas assim: no mínimo, 50% a mais ao valor da
hora normal. Todavia, conforme a categoria profissional, o percentual a ser aplicado para as horas extras
pode variar, mas nunca será inferior a 50% (BRASIL, 1988).

Exemplo de cálculo de hora extra:

Salário/hora normal = R$ 4,00 x 50% = R$ 2,00


R$ 4,00 + R$ 2,00 = R$ 6,00
Hora extra = R$ 6,00

A duração normal do trabalho poderá ser prorrogada no máximo em 2 horas, respeitado o limite de
10 horas diárias, mediante acordo escrito entre empregado e empregador, ou mediante acordo coletivo
ou convenção coletiva de trabalho, devendo obrigatoriamente o empregador pagar, pelo menos, mais
50% sobre a hora normal.

Exemplo:

Marcela, encarregada do setor financeiro, recebe salário mensal de R$ 2.500,00. Durante o mês de
junho de 20X8, fez 5 horas extras. O cálculo das horas extras prestadas é feito do seguinte modo:

10
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

R$ 2.500,00 (salário mensal) ÷ 220 horas = R$ 11,36 (salário/hora normal)

Salário/hora normal = R$ 11,36 x 50% = R$ 5,68.


R$ 11,36+ R$ 5,68 = R$ 17,04

Hora extra = R$ 17,04

Hora extra total = R$ 17,04 x 5 horas = R$ 85,20

A cada semana trabalhada, é assegurado ao empregado um descanso remunerado de 24 horas


consecutivas. O repouso semanal deverá coincidir com o domingo. Para a aquisição do direito ao DSR,
é necessário que não haja falta injustificada durante a semana. Se houver, sobrevive o direito ao dia de
descanso, mas haverá perda do direito à remuneração daquele dia.

Segundo a Lei n. 605/49, art. 7º, alínea “b”, com redação dada pela Lei n. 7.415, de 9 de dezembro de
1985 (BRASIL, 1985), computam-se no cálculo do descanso semanal remunerado as horas extraordinárias
habitualmente prestadas.

O valor do reflexo das horas extras prestadas pelo empregado sobre seu DSR é calculado da seguinte
maneira: DSR sobre hora extra = valor da hora extra prestada ÷ pelos dias úteis do mês x os domingos
e feriados do mês.

Continuando no exemplo de Marcela, e considerando que o mês de junho contou com 26 dias úteis
e quatro domingos, o valor do DSR sobre horas extras a que tem direito será calculado da forma a seguir.

Cálculo da hora extra

R$ 2.500,00 (salário mensal) ÷ 220 horas = R$ 11,36 (salário/hora normal)

Salário/hora normal = R$ 11,36 x 50% = R$ 5,68


R$ 11,36 + R$ 5,68 = R$ 17,04

Hora extra = R$ 17,04

Hora extra total = R$ 17,04 x 5 horas = R$ 85,20

Cálculo do DSR sobre hora extra

R$ 85,20 (valor da hora extra prestada) ÷ 26 dias úteis x 4 domingos

DSR sobre hora extra = R$ 13,11

11
Unidade I

1.2.4 Adicional de insalubridade

O trabalho realizado em atividade que atente contra a saúde humana, acima dos limites toleráveis,
é remunerado com adicional de 40%, 20% ou 10%, calculados sobre o salário mínimo (BRASIL, 1943,
art. 192), conforme a insalubridade seja classificada em grau máximo, médio ou mínimo.

Os limites de tolerância da atividade agressiva são estabelecidos por relação do Ministério do


Trabalho. A classificação do grau de insalubridade é feita por perícia técnica.

1.2.4.1 Adicional de periculosidade

São perigosas as atividades que implicam “contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado” (BRASIL, 1943, art. 193). Também é reconhecida a periculosidade no setor
de energia elétrica.

O adicional é de 30% sobre o salário básico, assim entendido aquele ainda não acrescido de outros
adicionais. No caso dos eletricitários, o percentual é calculado sobre o salário efetivamente recebido.

1.2.5 Salário-família

É um valor pago ao empregado, inclusive ao doméstico e ao trabalhador avulso, de acordo com o


número de filhos ou equiparados que possua. Filhos maiores de 14 anos não têm direito, exceto no caso
dos inválidos (para quem não há limite de idade).

O salário-família, conforme Emenda Constitucional 20/98, é devido ao empregado que se enquadre


no limite máximo de renda estipulado pelo Governo Federal. Caso o valor da remuneração mensal
ultrapasse a faixa máxima, o trabalhador não terá direito ao salário-família (BRASIL, 1998).

Considera-se remuneração mensal do segurado o valor total do respectivo salário de contribuição,


ainda que resultante da soma dos salários de contribuição correspondentes a atividades simultâneas.

Lembrete

Em proventos, ficam descritas as verbas que o funcionário tem a receber,


como o valor do salário bruto, as horas extras prestadas e os adicionais
a que tem direito (por tempo de serviço, insalubridade, periculosidade e
jornada noturna).

Observação

Para concessão do salário-família, a Previdência Social não exige tempo


mínimo de contribuição.
12
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Em 2017, os empregados cuja remuneração mensal era de até R$ 859,88, tinham direito a receber
uma cota de R$ 44,09 por dependente menor de 14 anos ou inválidos de qualquer idade. Caso sua
remuneração estivesse situada entre R$ 859,89 e R$ 1.292,43, a cota seria de R$ 31,07 por dependente
menor de 14 anos ou inválidos de qualquer idade.

Desde 1º de janeiro de 2021, os valores vigentes, atualizados por meio de portarias ministeriais, são
os seguintes:

Tabela 1

Remuneração mensal Cota


Até R$ 1.503,25 R$ 51,27
Acima de R$ 1.503,25 R$ -

Fonte: INSS (2021).

Para fins didáticos, não vemos necessidade de atualizar as tabelas fornecidas pelo órgão competente.
Contudo, deixamos registrado que tais tabelas sofrem alterações constantemente, e o aluno, futuro
profissional da área, terá como uma de suas missões manter-se atualizado em todos os aspectos legais.

1.2.5.1 Salário-maternidade

A licença para as gestantes é de 120 dias, com direito à manutenção do emprego e ao


salário‑maternidade. A empresa paga o salário-maternidade, compensando-se depois nos recolhimentos
ao INSS (deduções FPAS) (BRASIL, 2017b).

Observação

Cabe também licença-maternidade no caso de adoção.

2 DESCONTOS

2.1 Faltas ao trabalho

Havendo falta não justificada, o empregador está autorizado a descontar do salário os valores
referentes ao dia da ausência e ao do descanso semanal remunerado daquela semana.

As faltas consideradas justificadas são aquelas expressamente previstas no contrato de trabalho, na


convenção coletiva, no regulamento da empresa e na lei.

São presumidas faltas justificadas as elencadas no art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Vejamos algumas hipóteses:

13
Unidade I

1. Até 2 dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente


ou descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua CTPS, viva sob sua
dependência econômica.

2. Até 3 dias consecutivos, em virtude de casamento.

3. No caso de nascimento de filho, por 5 dias, na primeira semana (art. 10


do ADCT da CF).

4. Por 1 dia, em cada 12 meses de trabalho, em caso de doação voluntária


de sangue.

5. Até 2 dias, consecutivos ou não, para alistamento ou transferência


eleitoral (art. 48 do Código Eleitoral).

6. Para cumprir as exigências do Serviço Militar Obrigatório.

7. Para realizar exame vestibular de ingresso em estabelecimento de Ensino Superior.

8. Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.

9. Pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante


de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo
internacional do qual o Brasil seja membro (BRASIL, 1943).

2.2 Contribuição Previdenciária (INSS) e Imposto de Renda Retido na Fonte


(IRRF) do empregado

A responsabilidade da retenção e recolhimento tanto dos encargos sociais quanto dos tributos
oriundos das remunerações aos empregados será sempre do empregador. Este, por sua vez, atenderá à
legislação em vigor quanto às alíquotas e bases de cálculos.

Com a Reforma Previdenciária, o empregador calculará e descontará do funcionário o valor do INSS e


IRRF devido conforme as tabelas progressivas acentuadas a seguir.

Tabela 2

Tabela progressiva de salários de contribuição dos segurados empregado,


empregado doméstico e trabalhador avulso
Salário de contribuição (R$) Alíquota
Até R$ 1.100,00 7,5%
De R$ 1.100,01 até R$ 2.203,48 9%
De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22 12%
De R$ 3.305,23 até R$ 6.433,57 14%

Fonte: INSS (2021).

14
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Vejamos um exemplo de cálculo de INSS a ser descontado de um empregado.

Suponha que determinada empresa tenha um empregado cujo salário de contribuição é de R$ 2.500,00.

Em primeiro lugar, é necessário verificar em qual faixa do INSS o valor de R$ 2.500,00 está enquadrado.
Ao consultar a tabela, verifica-se que R$ 2.500,00 está na faixa 3 (De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22).
Dos R$ 2.500,00, deve-se diminuir o valor do teto da faixa anterior que, neste caso, é o teto da faixa 2
(R$ 2.203,48) resultando em uma base de cálculo de R$ 296,52 (R$ 2.500,00 – R$ 2.203,48). Feito isso,
aplica-se o percentual da faixa 3, de 12%, o que nos dá o valor de R$ 35,58. A esse valor é necessário somar
ainda os descontos das faixas anteriores. Para tanto, calcula-se:

Desconto da Faixa 1 = R$ 1.100 x 7,5% = R$ 82,50


Desconto da Faixa 2 = R$ 2.203,48 (-) R$ 1.100,01 = R$ 1.103,47 x 9% = R$ 99,31

O valor da contribuição ao INSS a ser descontado do empregado será de R$ 217,39 (R$ 35,58 +
R$ 82,50 + R$ 99,31).

Há um limite máximo para o desconto do INSS. Quando o empregado ganhar um valor superior ao limite
máximo (teto), só se poderá descontar-lhe do salário o limite estabelecido. Conforme a tabela anterior, o
teto é de R$ 6.433,57, sendo o valor máximo de desconto de INSS igual a R$ 751,99. Vamos ao cálculo!

R$ 6.433,57 (-) R$ 3.305,22 = R$ 3.128,35 x 14% = R$ 437,97


Desconto da Faixa 1 = R$ 1.100 x 7,5% = R$ 82,50
Desconto da Faixa 2 = R$ 2.203,48 (-) R$ 1.100,01 = R$ 1.103,47 x 9% = R$ 99,31
Desconto da Faixa 3 = R$ 3.305,22 (-) R$ 2.203,49 = R$ 1.101,73 x 12% = R$ 132,21
Valor máximo de desconto de INSS do empregado = R$ 751,99

O limite máximo aplica-se apenas ao empregado segurado. A empresa recolhe a contribuição


previdenciária sobre o total da folha de salários.

Exemplo de cálculo do INSS e IRRF

Voltando ao exemplo de Marcela, que recebe salário mensal de R$ 2.500,00 e que durante o mês de
junho de 20X8 fez 5 horas extras (no valor de R$ 85,20) e recebeu o reflexo das horas extras sobre o DSR
(no valor de R$ 13,11), o cálculo da sua contribuição previdenciária é feito assim:

Tabela 3

(+) Salário 2.500,00


(+) Hora extra 85,20
(+) DSR s/ HE 13,11
(=) Salário de contribuição 2.598,31
Alíquota 12% (vide tabela anterior)
INSS (47,31 + 82,50 + 99,31) 229,19

15
Unidade I

Note que o INSS e o IRRF incidem sobre o salário, mais horas extras, adicionais de insalubridade,
periculosidade, noturno, 13º salário e outros valores admitidos em lei pela Previdência Social.

Por sua vez, o cálculo do IRRF é feito da seguinte forma:

Tabela 4

(+) Salário 2.500,00


(+) Hora extra 85,20
(+) DSR s/ HE 13,11
(=) Subtotal 1 2.598,31
(-) Dependentes (189,59)
(-) INSS (229,19)
(=) Base de cálculo 2.179,53
Alíquota 7,5% (vide tabela a seguir)
= Subtotal 2 163,46
(-) Parcela a deduzir (142,80)
(=) IRRF 20,66

A base de cálculo do IRRF é obtida pela soma dos proventos sobre os quais incide o IRRF (salário,
hora extra, adicionais) menos as deduções permitidas por lei e que estão transcritas logo após a tabela
de incidência mensal de IRRF. No exemplo apresentado, Marcela possui um dependente.

Tabela 5

Tabela de incidência mensal de IRRF a partir do ano-calendário de 2015


Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
Até 1.903,98 – –
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Fonte: Brasil (2017a).

Vejamos as deduções:

• R$ 189,59 por dependente.


• Contribuição ao INSS.
• Pensão alimentícia integral.
• Aposentado com 65 anos ou mais tem direito a uma dedução extra de R$ 1.903,98 a partir do mês
de abril do ano-calendário de 2015 no benefício recebido da previdência pública ou privada.
16
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Observação

O não recolhimento das respectivas guias dos tributos citados caracteriza


apropriação indébita do empregador, que fica sujeito as penas cominadas
no Código Penal.

Saiba mais

Para verificar melhor como funciona a regulamentação do imposto


sobre a renda, leia:

BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta


a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto
sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília, 2018. Disponível
em: https://bit.ly/3gwqiXO. Acesso em: 16 jun. 2021.

2.3 Vale‑transporte

O empregado, ao ser admitido, deverá assinar declaração informando se vai usufruir ou não o
vale‑transporte. Ainda que ele não queira ser beneficiário do vale-transporte, deverá a empresa possuir
tal declaração como meio de prova de que a opção foi do empregado, e não que ela não quis fornecê-lo,
evitando transtornos no âmbito da fiscalização e reclamações trabalhistas.

Na declaração constará o endereço, o número de conduções utilizadas diariamente e o transporte


usado, devendo ser atualizada anualmente ou sempre que ocorrerem alterações.

O vale-transporte constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para aplicação


efetiva em deslocamento residência-trabalho e vice-versa, devendo ser fornecido por meio de recibo.

Não estão obrigados à concessão do vale-transporte os empregadores que proporcionem por meios
próprios ou contratados, adequados ao transporte coletivo, o deslocamento residência-trabalho e
vice-versa de seus empregados. Contudo, quando o transporte fornecido pelo empregador não cobrir
integralmente os trajetos dos empregados, a empresa é obrigada a fornecer o vale-transporte para a
cobertura dos segmentos não abrangidos pelo referido serviço.

O vale-transporte será custeado: pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% de seu salário básico
ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens; e pelo empregador, no que exceder a
parcela descontada do empregado.

17
Unidade I

A empresa, portanto, poderá descontar do empregado, mensalmente, o equivalente a 6% de seu


salário-base quando conceder-lhe o vale-transporte.

Exemplos:

1) Um empregado recebe salário mensal de R$ 600,00 e utiliza quatro conduções diárias, sendo o
valor unitário da passagem de R$ 2,30. Durante o mês de fevereiro, trabalhou 22 dias. Logo:

• Despesa com transporte = R$ 2,30 (valor do transporte) x 4 (conduções diárias) = R$ 9,20.

• R$ 9,20 x 22 (dias trabalhados) = R$ 202,40 (total da condução do mês de fevereiro).

• Desconto do empregado = R$ 600,00 (salário mensal) x 6% = R$ 36,00.

• Parte custeada pelo empregador = R$ 202,40 – R$ 36,00 = R$ 166,40.

2) Um empregado recebe salário mensal de R$ 3.200,00 e utiliza duas conduções diárias de valor
unitário R$ 2,30. Durante o mês de fevereiro, trabalhou 22 dias. Logo:

• Despesa com transporte = R$ 2,30 (valor do transporte) x 2 (conduções diárias) = R$ 4,60.

• R$ 4,60 x 22 (dias trabalhados) = R$ 101,20 (total da condução do mês de fevereiro).

• Desconto do empregado = R$ 3.200,00 (salário mensal) x 6% = R$ 192,00.

Nesse caso, como os 6% do salário do empregado é um valor superior ao seu gasto com transporte,
o empregado sofrerá desconto de R$ 101,20. O empregador não terá, portanto, custo com o vale‑transporte
desse funcionário, pois não seria viável financeiramente para este.

2.3.1 Vale-alimentação

A alimentação constitui benefício que pode ser concedido por liberalidade da empresa ou por
determinação contida no documento coletivo do sindicato representativo da respectiva categoria
profissional, havendo ainda possibilidade de a entidade, para assegurá-la a seus empregados, valer-se
das normas que regulamentam o Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT).

A empresa pode disponibilizar o benefício da alimentação por vontade própria. Assim, cesta básica,
vale-refeição ou vale-alimentação se caracterizarão como verba de natureza salarial, integrando a
remuneração do empregado para todos os efeitos legais.

Por outro lado, caso a alimentação seja conferida por imposição de convenção ou acordo coletivo,
deverá a organização observar rigorosamente o estabelecido no documento.

A integração ou não ao salário do valor correspondente à alimentação dependerá, única e exclusivamente,


de como ocorreu o fornecimento do benefício ao empregado. Se por liberalidade da empresa ou por imposição
18
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

de documento coletivo de trabalho, sem a aprovação ou em desacordo com as normas estipuladas pelo PAT,
esse benefício integrará a remuneração do empregado para todos os efeitos da legislação trabalhista, inclusive
para fins de incidência de encargos sociais (INSS, FGTS e IRRF). Se, por outro lado, a concessão da alimentação
se der por intermédio do PAT, seu valor não integrará a remuneração do trabalhador para qualquer efeito
legal, sendo irrelevante a forma pela qual o benefício é concedido, se a título gratuito ou a preço subsidiado.

Quanto à possibilidade de desconto da alimentação do trabalhador, a Lei n. 8.860/94 (BRASIL, 1994)


autorizou ao empregador descontar até o limite de 20% do salário dos empregados beneficiados.

Lembrete

A licença para as gestantes é de 120 dias, com direito à manutenção do


emprego e ao salário-maternidade.

3 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL DOS EMPREGADOS

De acordo com a regra atual, os empregadores ficam obrigados a descontar dos empregados, na
folha de pagamento do mês de março de cada ano, a contribuição sindical equivalente a um dia de
trabalho, desde que haja expressa autorização do empregado.

O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados será efetuado no mês de abril de
cada ano aos seus respectivos sindicatos.

3.1 Décimo terceiro salário

Seu valor corresponde a 1/12 da remuneração devida em dezembro, multiplicado pelos meses de
serviço naquele ano. Para esse cálculo, a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será considerada
como mês integral. Frações inferiores são desprezadas.

Se extinto o contrato antes de dezembro, o empregado terá direito à gratificação proporcional aos
meses trabalhados no ano e mais 1/12 pertinente ao aviso prévio trabalhado ou indenizado.

A gratificação natalina é devida em todos os casos, com exceção de dispensa do empregado por
justa causa.

A verba deve ser paga em duas metades: a primeira entre os meses de fevereiro e novembro e a
segunda até o dia 20 de dezembro.

3.1.1 Férias

Após cada período de 12 meses de trabalho, o empregado terá direito a descanso, que poderá ser
dividido em até três períodos, desde que nenhum deles seja inferior a cinco dias corridos e um deles seja
maior que 14 dias corridos.
19
Unidade I

A remuneração dos dias de férias será aquela correspondente aos dias de gozo, acrescida dos
adicionais a que o empregado tenha direito. Sobre essa remuneração soma-se 1/3, conforme estipulado
pela Constituição Federal (BRASIL, 1988, art. 7º, XVII).

Exemplo

Elenice recebe salário mensal de R$ 2.385,00. A empresa lhe concederá férias referentes ao
período aquisitivo de 1º/11/20X7 a 31/10/20X8, e seu período de descanso será de 30 dias. Elenice
não possui dependentes.

Tabela 6

Salário R$ 2.395,00 INSS (12% sobre R$ 3.193,33) R$ 300,59

Acréscimo de 1/3 R$ 798,33 IRRF** R$ 79,11

Total da remuneração R$ 3.193,33 Total de descontos R$ 379,70

Líquido de férias a receber = R$ 2.813,63

*Cálculo do INSS sobre férias = R$ 3.193,33 - R$ 2.203,48 (teto da anterior) = R$ 989,85 x 12% (alíquota
da Faixa 3 - vide tabela 2) = R$ 118,78 + R$ 82,50 (desconto da Faixa 1) + R$ 99,31 (desconto da Faixa 2).
**Cálculo do IRRF sobre férias = R$ 3.193,33 - R$ 300,59 (INSS) = R$ 2.892,74 x 15% (alíquota - vide
tabela 5) = R$ 433,91 - R$ 354,80 (parcela a deduzir).

O pagamento da remuneração das férias será efetuado até dois dias antes do início do respectivo
período de descanso. Caso o trabalhador opte por férias fracionadas, o pagamento pode ser feito
proporcionalmente em cada período, respeitado o prazo de pagamento de até dois dias.

3.2 Encargos sociais por parte do empregador

A folha de pagamento de uma empresa onera sua carga tributária em uma média de 36,8%. Vejamos
seus encargos sociais:

• FGTS: corresponde a 8% da remuneração do empregado.

• INSS: corresponde a 20% sobre a remuneração do empregado e de seus administradores que


recebem pró-labore.

• SAT (Seguro de Acidente do Trabalho).

• Terceiros: contribuição por lei, devida a terceiros, como Sesi, Sesc, Senai.

O empregador deverá calcular e recolher em sua guia de INSS o valor correspondente, em geral
de 20 ou 22,5%, de acordo com o enquadramento da atividade da empresa no Fundo de Previdência
e Assistência Social (FPAS), sobre o rendimento bruto de seus empregados e administradores que
recebem pró-labore.

20
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Ainda sobre os rendimentos dos trabalhadores, o empregador deverá calcular um percentual


referente ao Risco de Acidente do Trabalho (RAT), que, conforme o grau de risco ao qual estão
submetidos seus funcionários, poderá variar entre 1%, 2% e 3% (leve, médio e alto, respectivamente).
Trata-se de seguro obrigatório, instituído por lei, mediante uma contribuição adicional a cargo
exclusivo da organização, que se destina à cobertura de eventos resultantes de acidente do trabalho.

Finalmente, sobre os rendimentos dos trabalhadores, o empregador deverá aplicar um percentual de


0,2 a 7,7% a título de contribuição para terceiros (vide tabela FPAS). Esse percentual varia conforme a
atividade da instituição. São considerados terceiros beneficiados por tais contribuições da empresa: Sesi,
Sesc, Senai, Sebrae e Incra.

Vejamos um exemplo em um exercício.

Com base nas informações a seguir, deve-se calcular e contabilizar a folha de pagamento do mês de
janeiro/20X8.

Tabela 7

Funcionário Salário Horas extras Dependentes

Álvaro 1.100,00 2 horas 1 (menor de 14 anos)

Betina 5.000,00 5 horas 2 (um deles é inválido e tem 30 anos)

Clodoaldo 7.000,00 – –

O sócio-administrador da empresa retira um pró-labore mensal no valor de R$ 3.500,00. Ele possui


três dependentes.

Dados adicionais:

• A hora extra da empresa é de 50%.

• INSS patronal: 20%.

• Terceiros: 5,8%.

• SAT: 1%.

• FGTS: 8%.

21
Unidade I

Considere o mês comercial (30 dias), com 25 dias úteis e 5 domingos.

Tabela 8

Tabela progressiva de salários de contribuição dos segurados empregado,


empregado doméstico e trabalhador avulso
Salário de contribuição (R$) Alíquota (%)
Até R$ 1.100,00 7,5%
De R$ 1.100,01 até R$ 2.203,48 9%
De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22 12%
De R$ 3.305,23 até R$ 6.433,57 14%

Fonte: INSS (2021).

Tabela 9

Tabela de incidência mensal de IRRF a partir do ano-calendário de 2015


Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
Até 1.903,98 – –
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Fonte: Brasil (2017a).

Deduções:

• R$ 189,59 por dependente.

• Contribuição ao INSS.

• Pensão alimentícia integral.

• Aposentado com 65 anos ou mais tem direito a uma dedução extra de R$ 1.903,98 a partir
do mês de abril do ano-calendário de 2015 no benefício recebido da previdência pública
ou privada.

22
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Resolução

Tabela 10

Álvaro
Proventos Descontos
Salário 1.100,00 INSS 84,12
Hora extra 50% (2h) 15,00 – –
DSR s/ HE 3,00 – –
Salário-família 51,27 – –
Total 1.169,27 Total 84,12
Líquido a receber = 1.085,15 FGTS = 89,44
Base de cálculo do INSS Base de cálculo do IRRF
Salário 1.100,00 Salário 1.100,00
HE 15,00 HE 15,00
DSR 3,00 DSR 3,00
Subtotal 1.118,00 (-) 1.100,00 = 18,00 x 9% = 1,62 Subtotal 1 1.118,00
(+) Desconto Faixa 1 82,50 (-) INSS (84,12)
(=) INSS a ser descontado 84,12 (-) Dependentes (189,59)
– – Subtotal 2 844,29 = isento

Note que o empregado Álvaro, pelo fato de sua remuneração em janeiro de 20X8 ter sido de 1.118,00,
tem direito a receber uma cota de salário-família.

Sobre o salário-família, não há incidência de INSS, FGTS e IRRF. Sua sistemática de pagamento é
a seguinte: o empregador paga ao empregado a cota de salário-família. Todavia, por se tratar de um
benefício devido pela Previdência Social, o empregador poderá descontar tais cotas de salário-família
pagas aos empregados do que ele mesmo deve à Previdência Social.

Quanto ao IRRF, Álvaro está isento neste mês por não ter alcançado a faixa mínima de 1.903,99 da
tabela de incidência mensal.

Tabela 11
Betina
Proventos Descontos
Salário 5.000,00 INSS 579,92
Hora extra 50% (5h) 170,45 IRRF 319,09
DSR s/ HE 34,09
Total 899,01
Total 5.204,54
Líquido a receber = 4.305,53 FGTS = 416,36

23
Unidade I

Base de cálculo do INSS Base de cálculo do IRRF


Salário 5.000,00 Salário 5.000,00
HE 170,45 HE 170,45
DSR 34,09 DSR 34,09
5.204,54 (-) 3.305,22 =
Subtotal Subtotal 1 5.204,54
1.899,32 x 14% = 265,90
(+) Desconto da Faixa 1 82,50 (-) INSS (579,92)
(+) Desconto da Faixa 2 99,31 (-) Dependentes (379,18)
(+) Desconto da Faixa 3 132,21 Subtotal 2 4.245,44
(=) INSS a ser descontado 579,92 x 22,5% = 955,22
– – (-) Parcela a deduzir (636,13)
– – = IRRF 319,09

A funcionária Betina, apesar de possuir um filho inválido de 30 anos, não recebe a cota de
salário‑família por ter ultrapassado a faixa de remuneração prevista pela Previdência Social.

Como o funcionário Clodoaldo tem salário de contribuição acima do valor máximo da tabela de
INSS, desconta-se o denominado teto do INSS (5.645,80 x 11% = 621,04).

Tabela 12
Clodoaldo
Proventos Descontos
Salário 7.000,00 INSS 751,99
– – IRRF 848,84
Total 7.000,00 Total 1.600,83
Líquido a receber = 5.399,17 FGTS = 560,00
Base de cálculo do INSS Base de cálculo do IRRF
Salário 7.000,00 Salário 7.000,00
6.433,57 (-) 3.305,22 =
Subtotal Subtotal 1 7.000,00
3.128,35 x 14% = 437,97
(+) Desconto da Faixa 1 82,50 (-) INSS (751,99)
(+) Desconto da Faixa 2 99,31 (-) Dependentes –
(+) Desconto da Faixa 3 132,21 Subtotal 2 6.248,01
(=) INSS a ser descontado 751,99 x 27,5% = 1.718,20
– – (-) Parcela a deduzir (869,36)
– – = IRRF 848,84

24
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 13
Sócio-administrador
Proventos Descontos
Pró-labore 3.500,00 INSS 385,00
– – IRRF 48,17
Total 3.500,00 Total 433,17
Líquido a receber = 3.066,83 –

Pró-labore é a remuneração do sócio que trabalha na empresa, e é por meio dela que o empresário
pode contribuir para a Previdência.

O art. 152 da Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976) não determina valores específicos para a retirada de pró-labore.

De acordo com a Instrução Normativa do INSS 87/2003 (INSS, 2003), a contribuição previdenciária
do sócio-administrador é de 11% sobre sua remuneração, observado o valor máximo da tabela. Mesmo
que o valor de sua retirada esteja situado nas faixas antecedentes da tabela de INSS, o cálculo de sua
contribuição será sempre de 11%.

Tabela 14 – Resumo da folha de pagamento


Empregados
Salários 13.100,00 INSS 1.416,03
HE 50% + DSR 222,54 IRRF 1.167,93
Salário-família 51,27
Total 13.373,81 Total 2.583,96
Líquido da folha de pagamento dos empregados = 10.789,85
Administrador
Pró-labore 3.500,00 INSS 385,00
– IRRF 48,17
Líquido da folha de pró-labore = 3.066,83
Encargos sociais do empregador
FGTS 13.322,54 x 8% = 1.065,80
INSS patronal 13.322,54 + 3.500,00 = 16.822,54 x 20% = 3.364,50
Terceiros 13.322,54 x 5,8% = 772,70
SAT 13.322,54 x 1% = 133,22
Total devido pela empresa à Previdência Social 4.270,42
(-) Benefícios da Previdência pagos pela empresa aos empregados
Salário-família (51,27)
Total a ser pago pela empresa à Previdência Social 4.219,15
(+) Contribuição dos empregados à Previdência Social 1.416,03
(+) Contribuição do sócio-administrador à Previdência Social 385,00
Total da guia de recolhimento à Previdência Social 6.020,18

25
Unidade I

Saiba mais

Aprofunde seus conhecimentos sobre a Instrução Normativa n. 87:

INSS. Instrução Normativa n. 87. Brasília: INSS, 27 mar. 2003. Disponível


em: https://bit.ly/3vrrt0k. Acesso em: 9 abr. 2018.

A contribuição previdenciária da empresa deve ser calculada sobre a remuneração dos empregados
e sócios-administradores. Quanto à contribuição da empresa às entidades denominadas terceiros e ao
SAT, o cálculo deve incidir apenas sobre a remuneração dos empregados.

Vejamos a contabilização da folha de pagamento:

D – despesas de salário = 13.322,54

C – salários a pagar = 13.322,54

Esse lançamento refere-se à soma de salários, hora extra e DSR sobre as horas extras.

D – salários a pagar = 1.416,03

C – contribuição previdenciária a recolher = 1.416,03

D – salários a pagar = 1.167,93

C – IRRF s/salários a recolher = 1.167,93

D – despesas com pró-labore = 3.500,00

C – pró-labore a pagar = 3.500,00

D – pró-labore a pagar = 385,00

C – contribuição previdenciária a recolher = 385,00

D – pró-labore a pagar = 48,17

C – IRRF s/ salários a recolher = 48,17

D – despesa com FGTS = 1.065,80

C – FGTS a pagar = 1.065,80


26
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

D – despesa com INSS = 4.270,42

C – contribuição previdenciária a pagar = 4.270,42

D – contribuição previdenciária a pagar = 51,27

C – salários a pagar = 51,27

Esse lançamento refere-se à subtração da cota de salário-família do valor devido pela empresa à
Previdência Social.

4 INSTRUMENTOS FINANCEIROS

4.1 Introduzindo o assunto

A empresa, quando dispõe de recursos em caixa, pode fazer diversos investimentos para que seu
dinheiro não perca valor no tempo.

Tais investimentos podem ser feitos de modo que se realizem em curto ou longo prazo. Há uma
gama infinita de opções no mercado, por exemplo: títulos de capitalização, ações de outras companhias
e letras do Tesouro Nacional.

A depender da intenção da organização quanto ao investimento, isto é, se ela deseja investir


para obter rendimentos no curto ou longo prazo, o critério de avaliação que deve ser aplicado nos
encerramentos de suas demonstrações contábeis é diferente.

Podemos destacar três intenções da empresa quanto ao investimento em ativos financeiros: venda
imediata; manter até o vencimento; e venda futura.

A seguir, analisaremos quais são os critérios de avaliação a serem aplicados a cada uma das três
intenções mencionadas.

4.2 Venda imediata (ou mantido para negociação)

No caso de a instituição adquirir um investimento cuja intenção é negociar no curto prazo, o critério
de avaliação a ser aplicado sobre esse investimento no encerramento de suas demonstrações contábeis
é o do valor justo por meio do resultado, conhecido como VJPR.

Contudo, por que devemos aplicar esses critérios de avaliação no encerramento das demonstrações
contábeis da companhia? Porque as demonstrações contábeis devem apresentar os ativos e passivos da
empresa pelo valor de provável realização, isto é, pelo valor que se obteria pela venda dos ativos ou se
desembolsaria no pagamento dos ativos na data das demonstrações contábeis.

27
Unidade I

Vamos a um exemplo. Considere que no mês de agosto/X8 a empresa X adquiriu um papel (título)
por R$ 5.000,00, em dinheiro, cuja intenção é negociar (vender/resgatar) no curto prazo.

O registro contábil dessa operação é o seguinte:

Em agosto/X8:

D – ativos financeiros (venda imediata) = 5.000,00

C – caixa = 5.000,00

Presuma, ainda, que até o encerramento das demonstrações contábeis, o rendimento do investimento
foi de R$ 300,00, caso em que o registro contábil a ser apresentado será:

D – ativos financeiros (venda imediata) = 300,00

C – receita financeira = 300,00

Note que o saldo da aplicação, após o reconhecimento dos rendimentos, é de R$ 5.300,00.

A fim de encerrar suas demonstrações contábeis, a empresa deverá aplicar o critério de avaliação
VJPR sobre essa aplicação.

Supondo que o valor justo dessa aplicação seja de R$ 5.500,00 na data de encerramento das
demonstrações contábeis, o procedimento a ser adotado será:

D – ativos financeiros (venda imediata) = 200,00

C – ganho com ajuste a valor justo de ativo financeiro = 200,00

Ao efetuarmos o lançamento em questão, o saldo da conta ativos financeiros (venda imediata) será
de R$ 5.500,00, refletindo, portanto, o valor de provável realização desse ativo, na data do balanço.

Observação

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 46 – Mensuração do Valor


Justo, a definição de valor justo é “o preço que seria recebido pela venda
de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em
uma transação não forçada entre participantes do mercado na data da
mensuração” (CPC, 2013).

Nesse critério de avaliação, o ajuste do ativo a seu valor justo impacta o resultado do período.

28
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

4.3 Mantido até o vencimento

No caso de a empresa adquirir um investimento cuja intenção é mantê-lo até a data de seu
vencimento e comprovar capacidade financeira para mantê-lo até tal data, isto é, não precisará resgatar
antecipadamente para pagar eventuais passivos, o procedimento a ser utilizado é apenas atualizar o
investimento pelos seus encargos e rendimentos (entendido também como atualizar pela curva do
papel), não havendo qualquer ajuste a valor justo a ser efetuado.

Tendo em conta o mesmo exemplo utilizado, no qual a empresa, no mês de agosto/X8, tenha
adquirido um papel (título) por R$ 5.000,00 em dinheiro, mas sua intenção seja a de manter até o
vencimento, o registro contábil da aquisição do papel seria o mesmo:

Em agosto/X8

D – ativos financeiros (mantidos até o vencimento) = 5.000,00

C – caixa = 5.000,00

Suponha também que, até o encerramento das demonstrações contábeis, o rendimento do


investimento foi de R$ 300,00, caso em que o registro contábil a ser apresentado será:

D – ativos financeiros (mantidos até o vencimento) = 300,00

C – receita financeira = 300,00

Observe que o saldo da aplicação, após o reconhecimento dos rendimentos, é de R$ 5.300,00. Assim,
não haverá nenhum ajuste a valor justo a ser efetuado.

Caso a empresa não comprove capacidade financeira para manter o investimento até o vencimento,
deverá classificá-lo como venda futura (ou disponível para venda) e aplicar os procedimentos desse
critério de avaliação.

4.4 Venda futura (ou disponível para venda)

Se a empresa adquirir um investimento cuja intenção não se encaixa na hipótese de venda imediata
nem na intenção de manter até o vencimento (ou comprova capacidade financeira para mantê-lo
até tal data), o critério de avaliação a ser aplicado sobre esse investimento no encerramento de suas
demonstrações contábeis é o do valor justo com contrapartida no patrimônio líquido.

A única diferença que se apresenta entre esse critério de avaliação em relação ao VJPR é que, neste
caso, afeta-se o patrimônio líquido, enquanto no VJPR há impacto no resultado do período.

29
Unidade I

Utilizando o mesmo exemplo, no qual a entidade, no mês de agosto/X8, tenha adquirido um papel
(título) por R$ 5.000,00 em dinheiro, mas sua intenção não seja a de venda imediata ou de manter até
o vencimento, o registro contábil da aquisição do papel seria o mesmo.

O registro contábil dessa operação é o seguinte:

Em agosto/X8

D – ativos financeiros (venda futura) = 5.000,00

C – caixa = 5.000,00

Considerando ainda que, até o encerramento das demonstrações contábeis, o rendimento do


investimento foi de R$ 300,00, o registro contábil a ser apresentado será:

D – ativos financeiros (venda futura) = 300,00

C – receita financeira = 300,00

Observe que o saldo da aplicação, após o reconhecimento dos rendimentos, é de R$ 5.300,00.

A fim de encerrar suas demonstrações contábeis, a empresa, neste caso, deverá aplicar para
o investimento o critério de avaliação de ajuste a valor justo do ativo com contrapartida no
patrimônio líquido.

Tendo em conta que o valor justo desse investimento seja de R$ 5.500,00 na data de encerramento
das demonstrações contábeis, o procedimento a ser adotado será:

D – ativos financeiros (venda futura) = 200,00

C – ajuste de avaliação patrimonial = 200,00 (outros resultados abrangentes)

Note que nesse exemplo, ao ajustarmos o valor do investimento a seu valor justo, haverá um
reconhecimento de um ganho de R$ 200,00 ainda não realizado (valor justo do investimento de
R$ 5.500,00 menos o seu valor contábil de R$ 5.300,00 = R$ 200,00 de ganho). Esse ganho de R$ 200,00
somente será realizado e tributado no momento da venda do investimento.

No entanto, na hipótese de venda desse investimento na data do balanço, a empresa transferiria


o saldo de R$ 200,00 da conta ajuste de avaliação patrimonial para o resultado do período e teria
um ganho tributável. Assim, quando o ajuste a valor justo de um ativo financeiro disponível para
venda resultar em um ganho, calcula-se o chamado imposto de renda diferido, que é reconhecido no
passivo não circulante.

30
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Supondo uma tributação de 34% de imposto de renda e contribuição social sobre o ganho não
realizado de R$ 200,00, o IR diferido seria calculado e contabilizado da seguinte forma:

R$ 200,00 x 34% = 68,00

D – ajuste de avaliação patrimonial = 68,00


(outros resultados abrangentes)

C – imposto de renda diferido = 68,00

Observação

A conta ajuste de avaliação patrimonial foi introduzida na contabilidade


brasileira pela Lei n. 11.638/07 para receber as contrapartidas de aumentos
ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em
decorrência de sua avaliação a valor justo, enquanto não computadas no
resultado do exercício em obediência ao regime de competência. Pode seu
saldo ser devedor ou credor (BRASIL, 2007).

Resumo

Esta unidade apresentou importantes elementos sobre como o


profissional da área contábil deve tratar na contabilidade reflexos das
decisões gerenciais (principalmente) para conquistar e manter clientes,
como o risco de inadimplência, concessão de descontos comerciais etc.

Relatamos exemplos sobre adicional de insalubridade e de


periculosidade, bem como o salário-família e o salário-maternidade.

Depois, ilustramos diversas tabelas com os devidos descontos de


empregador e empregado em relação a itens, como imposto de renda
retido na fonte (IRRF), contribuição previdenciária (INSS), vale-transporte
e vale-refeição.

Concluindo nossos estudos, apresentamos os instrumentos financeiros:


venda imediata, mantido até o vencimento e venda futura.

31
Unidade I

Exercícios

Questão 1. Considerando o assunto folha de pagamento e seus componentes, leia as alternativas a


seguir e assinale a correta.

A) A carga horária mensal a ser cumprida por um funcionário está determinada no âmbito da
Constituição Federal.

B) O exercício do descanso semanal remunerado está assegurado ao empregado mesmo em caso de


falta sem justificativa, sem prejuízo da remuneração do dia.

C) O adicional de insalubridade deve ser pago pelo empregador ao empregado que estiver exposto às
atividades que atentem contra a saúde humana, sendo que seu percentual está estabelecido para
qualquer atividade, independentemente de seu grau de risco.

D) Empregado doméstico não tem direito ao salário-família.

E) Em caso de adoção, a mãe terá direito à licença-maternidade.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a Constituição Federal fixa o limite máximo de horas diárias bem como das semanais,
sendo que a carga horária mensal a ser cumprida por um funcionário será determinada entre as
partes contratantes.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: em caso de falta sem justificativa, o funcionário tem direito ao dia de descanso, porém
sem sua remuneração.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o percentual de insalubridade terá sua remuneração estabelecida conforme o grau


de exposição.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o salário-família se estende a empregado doméstico como a qualquer outro que,


conforme a lei, faz jus.
32
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

E) Alternativa correta.

Justificativa: a licença para as gestantes é de 120 dias, com direito à manutenção do emprego e ao
salário‑maternidade, com direito à licença-maternidade estendido para o caso de adoção.

Questão 2. A constituição das provisões para férias, décimo terceiro salário e dividendos propostos
é uma conduta profissional que atende a qual princípio contábil?

A) Competência.
B) Consistência.
C) Continuidade.
D) Entidade.
E) Prudência.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.
Justificativa: o princípio da competência estabelece que os efeitos das transações são efetivamente
reconhecidos nos períodos a que se referem, sem guardar, obrigatoriamente, relação direta com os
respectivos momentos de recebimentos ou pagamentos. No parágrafo único da Resolução CFC
n. 750/1993, alterado pela Resolução CFC n. 1.282/2010, é considerado que esse princípio admite a
simultaneidade do confronto entre as receitas e as despesas que lhes são relacionadas.

As provisões indicadas na questão atribuem os efeitos das receitas e das despesas ao exercício/período
contábil a que se referem, registrando as pendências de futuros recebimentos ou pagamentos de caixa.

Os salários devidos, por exemplo, pelos trabalhos dos funcionários no último mês do exercício social
(dezembro) são acrescidos às despesas desse período, restando a provisão de seu pagamento para os
primeiros dias do mês imediatamente posterior (janeiro).

B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o princípio da consistência considera que a entidade deve ser mantida de tal sorte que
os usuários de suas demonstrações contábeis possam julgar sua tendência com o menor grau possível
de dificuldade.

As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.

33
Unidade I

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da continuidade estabelece que a entidade normalmente tem “vida”


indeterminada, independentemente da existência de seus fundadores ou participantes. Deve-se ressaltar
que há situações que podem não ocorrer exatamente de acordo com essa premissa.

As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: segundo o princípio da entidade, o patrimônio é objeto da contabilidade. Esse princípio


estabelece a autonomia patrimonial, diferenciando um patrimônio particular dentre os patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade
ou a uma instituição, com ou sem fins lucrativos.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da prudência fixa que deve ser utilizado o menor valor quando se
tratar de elementos do ativo e o maior para os do passivo, nos casos em que existam alternativas
que possam quantificar de forma válida as mudanças de patrimônio (indicado no caput do art. 10
da Resolução CFC n. 7 750/93).

As preocupações relacionadas com o cumprimento desse princípio não estão ligadas às providências
sobre as respectivas receitas e despesas.

34
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Unidade II
5 OPERAÇÕES FINANCEIRAS

Durante sua existência, as empresas fazem operações que envolvem a aplicação de seus recursos
financeiros. Caso esses recursos sejam excedentes e a entidade não tenha interesse em investir
em sua atividade principal para protegê-los, ela pode investi-los no mercado financeiro (bancos,
financeiras etc.). Essas operações são conhecidas como aplicações financeiras, que podem ser feitas
na rede bancária em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), fundos de renda fixa, fundos de
renda variável etc.

O inverso também nos remete ao mercado financeiro. Caso os negócios estejam ruins e a empresa
necessite recorrer a empréstimos para a manutenção de sua atividade, tenha de financiar algum
projeto de longo prazo ou ainda aumentar seus bens de capital, ela obterá o que precisa mediante
a captação de recursos no mercado financeiro (bancos, financeiras, capitalistas particulares etc.).
Essas operações são conhecidas como captação de recursos ou empréstimos.

Vejamos como se deu o surgimento dessas operações.

Compra
Venda

Figura 1 – Atividade comercial

A atividade comercial liga a produção ao consumo. Ela é o meio pelo qual se viabiliza todo o
fluxo de mercadorias entre produtores e consumidores. Entre as atividades comerciais, podemos citar:
supermercados, farmácias, revendedoras de veículos, lojas de materiais de construção, de equipamentos
de informática etc.

5.1 Duplicatas

A duplicata é um título de crédito formal nominativo, emitido pela empresa com a mesma data,
valor global e vencimento da fatura. É representativo e comprobatório de crédito preexistente (venda de
mercadoria a prazo) e destinado a aceite e pagamento por parte do comprador.

35
Unidade II

Observação

Aceite: ato de aceitar uma duplicata, declarando-se o devedor responsável


pelo pagamento do débito na data marcada.

Segundo Ribeiro (1999), as empresas industriais, comerciais e prestadoras de serviços frequentemente


vendem a prazo, respectivamente, produtos, mercadorias, serviços. Quando as vendas são efetuadas
mediante a emissão e o aceite de duplicatas, estas poderão ser negociadas pelas empresas. Com esses
títulos, as organizações efetuam transações nos bancos. As mais comuns são a cobrança simples de
duplicatas e os descontos de duplicatas.

5.1.1 Cobrança simples

As empresas, ao venderem seus produtos a prazo, assumem o direito de receber os valores


referentes à compra no vencimento previamente estipulado pelas partes – vendedor/comprador –,
fixando também a decisão sobre como receberão esses valores, se diretamente na entidade ou se
por meio de terceiros.

Quando a decisão da empresa recai na primeira opção, ou seja, receber os valores das vendas a
prazo diretamente na organização, essa operação é chamada de cobrança em carteira. Se escolher
a segunda opção, aquela que utiliza terceiros (instituições financeiras, entidades de cobrança ou até
mesmo cobradores particulares), a operação é denominada cobrança simples.

Para a cobrança em carteira, basta a empresa vendedora manter em seu departamento financeiro as
duplicatas a serem recebidas com a data do vencimento estipulado. Recebendo os valores, a entidade
tanto poderá mantê-los em seu caixa quanto depositá-los em sua conta-corrente bancária.

Vale ressaltar que numerários em caixa podem contribuir em situações de fraudes e, ao mesmo
tempo, com pagamentos de gastos efetuados pela empresa. Trata-se de uma decisão que deve ser
analisada sob diversos aspectos, levando-se sempre em consideração a segurança de todos que, direta
ou indiretamente, fazem parte do dia a dia da instituição.

Para Ribeiro (1999, p. 197-199), a cobrança simples consiste na remessa de títulos aos cobradores
que prestam serviços à empresa, incluídas aí as instituições financeiras, que, por sua vez, cobrarão
os respectivos devedores. Para efetuar as cobranças de suas duplicatas, as empresas poderão utilizar
os serviços de organizações especializadas ou até mesmo de cobradores particulares. Nesse tipo de
operação, ela transfere a posse dos títulos ao banco, mas a propriedade continua sendo sua. Para remeter
os títulos ao banco, a empresa os relaciona, de forma minuciosa, em um borderô, anexando-os.

Vejamos a definição de alguns termos:

36
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

• Posse: situação em que temos um bem ou usufruímos dele, porém não temos o domínio, ou seja,
não podemos vendê-lo.

• Propriedade: situação em que temos o domínio, ou seja, o direito pleno de usufruir e de dispor
do bem.

• Borderô: relação das duplicatas que o cliente leva ao banco para realizar operações de desconto,
cobrança etc.

A operação de cobrança se resume a duas fases:

• Pela remessa dos títulos ao banco:

— registro da operação, por meio das contas de compensação;

— registro das despesas cobradas pelo banco com a cobrança dos títulos.

Observação

Compensação: grupo de contas nas quais são registradas operações que,


no momento em que é feito esse procedimento, não alteram o patrimônio
da empresa, mas que indicam riscos ou responsabilidades futuras.

• Pelo recebimento das importâncias referentes aos títulos:

— o banco comunica que os títulos foram quitados;

— baixa da responsabilidade por meio do lançamento de compensação;

— baixa dos direitos por meio do débito da conta bancos conta movimento, pelo recebimento das
importâncias referentes aos títulos e créditos da conta de duplicatas a receber para baixa dos
respectivos direitos sobre o cliente.

5.1.2 Exemplo de cálculo

Remessa de duplicatas ao Banco Maracatu S/A, para cobrança simples, conforme borderô no valor
de R$ 5.000,00. O banco cobrou R$ 80,00 de comissões e taxas.

Contabilização

Pela remessa dos títulos ao banco, têm-se dois lançamentos contábeis, um para registrar a remessa
e outro para as despesas cobradas pelo banco.

37
Unidade II

1) Lançamento de compensação

D – títulos em cobrança = 5.000


C – endossos para cobrança = 5.000

1a) Registro da despesa

D – despesas de cobrança = 80
C – bancos conta movimento = 80

Após os vencimentos dos títulos, quando o banco comunicar que eles foram quitados:

2) Baixa das contas de compensação

D – endossos para cobrança = 5.000


C – títulos em cobrança = 5.000

2a) Pelo recebimento das duplicatas

D – bancos conta movimento = 5.000


C – duplicatas a receber = 5.000

Os razonetes a seguir ilustram o que destacamos.

Títulos em cobrança Endossos para cobrança


1 5.000,00 5.000,00 1
5.000,00 2 2 5.000,00

Despesas de cobrança Bancos conta movimento


1a 80, 00 80,00 1a
3 5.000,00

Duplicatas a receber
Saldo XXXX
5.000,00 3

38
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

No caso de o pagamento não ser efetuado pelo cliente, o banco procederá normalmente a baixa
da compensação, mas comunicará a empresa detentora das duplicatas (ou seja, a empresa que tem o
direito a receber) a fim de retirar a duplicata vencida para as devidas providências de cobrança, inclusive
o protesto delas. Vale lembrar que o banco poderá executar o protesto de uma duplicata vencida, desde
que receba essa ordem do detentor dela, cobrando uma taxa por esse serviço.

Supondo que o cliente não tenha quitado a duplicata no vencimento e que a empresa vendedora
informe ao banco que a duplicata deverá ser protestada, sabendo-se que o banco cobrará R$ 45,00 pela
operação, teríamos os seguintes lançamentos contábeis:

3) Baixa das contas de compensação

D – endossos para cobrança = 5.000

C – títulos em cobrança = 5.000

3a) Registro da despesa

D – despesas de protestos = 45

C – bancos conta movimento = 45

Observação

Mesmo que o cliente não quite a duplicata, o lançamento contábil


sobre a baixa da compensação ocorrerá, uma vez que a duplicata, por estar
vencida, deixa de pertencer a esse tipo de cobrança.

Títulos em cobrança Endossos para cobrança


Saldo 5.000,00 5.000,00 Saldo
5.000,00 3 3 5.000,00

Despesas de protestos Bancos conta movimento


3a 45, 00 45,00 3a

A seguir, vamos acentuar dois exercícios com sua respectivas resoluções.

39
Unidade II

5.1.3 Exercício 1

Para melhor entendimento, abordaremos no primeiro exercício as seguintes situações:

• vendas de mercadorias a prazo somente para um cliente;

• operação de cobrança simples;

• quitação pelo cliente na data do vencimento da duplicata;

• baixa da operação de cobrança simples.

A Cia. Vera Cruz, fabricante de tecidos para cortinas, durante o mês de abril de 20X7, efetuou as
seguintes transações:

1) Vendeu mercadorias a Cia. Santista por R$ 20.000,00 no prazo de 90 dias, apurando o custo de
mercadorias vendidas no valor de R$ 9.600,00.

D – duplicatas a receber = 20.000

C – vendas de mercadorias = 20.000

1a) D – custo das mercadorias vendidas = 9.600

C – estoque de mercadorias = 9.600

2) Enviou, para cobrança simples junto ao Banco Forte S/A, o valor de R$ 20.000.

D – títulos em cobrança = 20.000

C – endossos para cobrança = 20.000

3) O Banco Forte cobrou R$ 1.200,00 a título de taxa de cobrança.

D – despesas de cobrança = 1.200

C – bancos conta movimento = 1.200

4) A Cia. Santista S/A efetuou o pagamento na data do vencimento.

D – bancos conta movimento = 20.000

C – duplicatas a receber = 20.000

40
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

5) O banco efetuou a baixa da duplicata e enviou o aviso para a Cia. Vera Cruz.

D – endossos para cobrança = 20.000

C – títulos em cobrança = 20.000

Duplicatas a receber Vendas de mercadorias


1 20.000,00 20.000,00 1
20.000,00 4

Custos das mercadorias Estoques


vendidas
Saldo XXXX
1 9.600,00 9.600,00 1

Títulos em cobrança Endossos para cobrança


2 20.000,00 20.000,00 2
20.000,00 5 5 20.000,00

Despesas de protestos Bancos conta movimento


3 Saldo XXXX
1.200, 00 1.200,00 3
4 20.000,00

5.1.4 Exercício 2

Agora vamos destacar as seguintes situações:

• vendas de mercadorias a prazo para dois clientes;

• operação de cobrança simples para ambos os clientes;

• quitação somente por um cliente na data do vencimento da duplicata (o outro cliente ficou devendo);

• baixa da operação de cobrança simples para ambos os clientes;

• solicitação ao banco para enviar a duplicata vencida para protesto.

41
Unidade II

A Cia. Vera Cruz, fabricante de tecidos para cortinas, durante o mês de maio de 20X7, efetuou as
seguintes transações:

1) Vendeu mercadorias a Cia. Joel por R$ 18.000,00 no prazo de 90 dias, apurando o custo de
mercadorias vendidas no valor de R$ 8.400,00. Vendeu também mercadorias a prazo (90 dias)
para a Cia. Kelps, no valor de R$ 16.500,00, apurando um custo para operação de R$ 6.350,00.

D – duplicatas a receber = 34.500

C – vendas de mercadorias = 34.500

D – custo das mercadorias vendidas = 14.750

C – estoque de mercadorias = 14.750

2) Enviou, para cobrança simples junto ao Banco Forte S/A, o valor de R$ 34.500,00.

D – títulos em cobrança = 34.500

C – endossos para cobrança = 34.500

3) O Banco Forte cobrou R$ 2.000,00 a título de taxa de cobrança.

D – despesas de cobrança = 2.000

C – bancos conta movimento = 2.000

4) Somente a Cia. Joel efetuou o pagamento na data do vencimento, portanto, a Cia. Kelps não
quitou sua dívida.

D – bancos conta movimento = 18.000

C – duplicatas a receber = 18.000

5) O banco efetuou a baixa de ambas as duplicatas, Cia. Joel e Cia. Kelps, e depois comunicou a Cia.
Vera Cruz.

D – endossos para cobrança = 34.500

C – títulos em cobrança = 34.500

6) A Cia. Vera Cruz solicitou ao banco que enviasse para protesto a duplicata referente à Cia. Kelps.
O banco cobrou por esse serviço uma taxa de R$ 110,00.

42
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

D – despesas de protestos = 110

C – bancos conta movimento = 110

Observação

O razonete da conta duplicatas a receber ficará com o saldo de


R$ 16.500,00. Trata-se da duplicata não recebida pela Cia. Kelps. A
vendedora, Cia. Vera Cruz, fará de tudo para receber tal valor. Sua primeira
medida, conforme indica o item 6 desse exercício, foi solicitar ao banco o
protesto da duplicata vencida.

Exemplo de aplicação

Desenvolva os razonetes e confirme sua resposta consultando o apêndice deste livro-texto.

Saiba mais

No artigo Fidelidade da Informação Contábil, o eminente contador


Antônio Lopes de Sá tece alguns comentários muito interessantes sobre a
necessidade de preparar a empresa ao risco da inadimplência:

SÁ, A. L. de. Fidelidade da informação contábil. Portal da Classe Contábil,


2006. Disponível em: https://bit.ly/3iStVdL. Acesso em: 22 mar. 2018.

5.2 Desconto de duplicatas

Segundo Ribeiro (1999, p. 200-204),

O desconto de duplicatas consiste na transferência dos títulos ao banco,


mediante endosso ao portador, que é uma declaração escrita ou assinatura
no verso de um título de crédito com a qual se transfere o crédito a outra
pessoa. De posse das duplicatas com vencimentos futuros, a empresa poderá
descontá-las em um banco. No desconto, a empresa transfere ao banco o
direito de recebimento dos títulos. O valor do desconto é determinado em
função do número de dias que faltam para o vencimento dos títulos. Nesse
tipo de transação, a empresa endossante é responsável, coobrigada pela
liquidação de tais títulos descontados. A responsabilidade só desaparece
após o pagamento ser efetuado pelo devedor.

43
Unidade II

A operação é “semelhante à cobrança simples, no que diz respeito à remessa dos títulos ao banco”.
A empresa endossante desconta os títulos e recebe do banco o valor nominal (constante dos títulos),
“suportando os juros correspondentes ao prazo que falta decorrer para o vencimento dos títulos
negociados”. Então, a empresa transfere a posse e a propriedade dos títulos ao banco. Portanto, deve-se
entender que o desconto de duplicatas é uma operação financeira na qual as empresas podem recorrer
sempre que precisarem de dinheiro, desde que tenham duplicatas de sua emissão a receber (RIBEIRO,
2003, p. 342-344).

Assim, na operação de desconto de duplicata (conforme estudamos), a empresa elabora um borderô,


com duplicatas de sua emissão, e o encaminha ao banco, que, por sua vez, “compra” essas duplicatas,
pagando por elas um valor menor do que o constante em cada título. Em troca, o banco libera, mediante
crédito na conta-corrente da empresa vendedora dos títulos, o valor líquido da operação, ou seja, o valor
pago pelas duplicatas.

A taxa cobrada pela operação de desconto corresponde à diferença entre o valor dos títulos (valor
nominal) e o valor que o banco libera para a empresa (valor atual). Todavia, o valor da taxa que será
cobrada na operação é determinada pelo estabelecimento bancário, variando conforme o montante,
a quantidade e a data de vencimento de cada título, como defende Ribeiro (2003, p. 344). Vale
reiterar que a empresa que está negociando com o banco a antecipação dos valores das vendas de
mercadorias, produtos ou serviços realizados, com esse ato, está transferindo tanto a posse quanto a
propriedade das duplicatas.

A operação de descontos de duplicatas assemelha-se à operação de desconto simples em relação


à remessa das duplicatas aos bancos. Contudo, a quitação efetuada pelo comprador das mercadorias,
produtos ou serviços é totalmente diferente de uma operação simples. Vamos explicar melhor adiante.

5.3 Tratamento contábil

Os valores de face das duplicatas descontadas são registrados numa conta de passivo pelo fato de a
essência da transação de desconto ser uma forma de obter financiamento com a duplicata dada como
garantia. Essa conta recebe o nome de duplicatas descontadas, tendo saldo credor.

A conta duplicatas descontadas apresenta a seguinte função na operação de desconto:

É creditada, pelo valor de face dos títulos, no momento em que é efetuada


a operação de desconto e a instituição financeira faz o crédito na
conta‑corrente da empresa.

É debitada no momento da liquidação do título pelo devedor ou quando a


instituição financeira leva a débito em conta-corrente da empresa por falta
de pagamento por parte do devedor.

Os encargos financeiros debitados pela instituição financeira devem ser


contabilizados como encargos financeiros a transcorrer, já que se tratam de
44
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

despesas antecipadas, sendo debitadas por ocasião do desconto e creditadas


no momento em que a despesa é incorrida, observando-se o regime de
competência (DESCONTO... [s.d.]).

Observação

Regime de competência: princípio contábil que exige que os fatos


contábeis sejam registrados no momento de sua ocorrência.

5.3.1 Exemplo de cálculo

Uma empresa desconta, no Banco Maracatu S/A, 15 duplicatas de sua emissão, conforme relação
(borderô), no valor de R$ 15.000,00. O banco cobra juros no valor de R$ 1.500,00, comissões e taxas no
valor de R$ 90,00.

• Outras informações:

— data da venda: 10/3/20X4;

— valor total das vendas a prazo = R$ 28.700,00;

— custos das mercadorias vendidas = R$ 10.320,00;

— estoque inicial de mercadorias = R$ 45.890,00;

— data do vencimento da operação: 30/60 dias, ou seja, 10/4/20X4 e 10/5/20X5;

— data do desconto = 10/3/20X4;

— valor da operação de desconto = R$ 15.000,00.

Nesse caso, temos:

Tabela 15

Valor nominal dos títulos (duplicatas que serão descontadas) 15.000


(-) Valor suportado pela empresa para descontos (juros, taxas, comissões) 1.590
(=) Líquido a receber 13.410
Valor total das vendas 28.700
(-) Duplicatas que serão descontadas 15.000
(=) Duplicatas que ficarão em “carteira” para recebimento ou serão colocadas em 13.700
cobrança simples

45
Unidade II

Acentuamos a seguir a contabilização das operações.

1) Vendas de mercadorias a prazo:

D – duplicatas a receber = 28.700

C – vendas a prazo = 28.700

D – custo das mercadorias vendidas = 10.320

C – estoque de mercadorias = 10.320

2) Pela remessa dos títulos e respectiva operação de desconto de duplicatas:

D – bancos conta movimento (AC) = 13.410

D – despesas de juros a vencer (redutora do PC) = 1.500

D – despesas bancárias (DRE) = 90

C – duplicatas descontadas (PC) = 15.000

Duplicatas a receber Vendas a prazo


1 28.700,00 28.700,00 1

Custos das mercadorias Estoques


vendidas
1a 10.320,00 10.320,00 1a

Despesas de juros a vencer Bancos conta movimento


2 1.500,00 2 13.410,00

Despesas bancárias Duplicatas descontadas


2 90, 00 15.000,00 2

46
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Vejamos a explicação sobre a contabilização da operação de desconto de duplicatas.

• Debitamos a conta bancos conta movimento (ativo) por R$ 13.410,00 para registrar o valor líquido
da operação.

• Debitamos a conta despesa de juros a vencer ou juros passivos a vencer (ambas redutoras do
passivo) por R$ 1.500,00 referentes aos juros cobrados antecipadamente.

• Debitamos a conta despesas bancárias (despesas) por R$ 90,00 referentes ao valor das comissões
e taxas cobradas sobre as duplicatas descontadas.

• Creditamos a conta duplicatas descontadas (conta de obrigação que figurará no balanço


patrimonial no passivo) pelo valor da obrigação que a empresa terá para com o banco, caso os
devedores das duplicatas não as quitem junto ao banco (R$ 15.000,00).

Tabela 16 – Representação no balanço patrimonial em 31/3/20X4

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 15.000,00
... Despesas de juros a vencer (1.500,00)
Duplicatas a receber 28.700,00
...
Não circulante Não circulante
Total Total

Para atender ao regime de competência, tomam-se como base as informações sobre a operação
de desconto, especificamente a conta juros passivos a vencer, resultante do desconto de duplicatas
ocorrido em 10/3/20X4, composto de duplicatas a vencer em 30/60 dias, ou seja, 10/4/20X4 e 10/5/20X4.

O total dos juros passivos a vencer cobrado pelo banco foi de R$ 1.500,00. De uma forma
simplista, pode-se atribuir R$ 750,00 para cada mês de vencimento: 10/4/20X4 e 10/5/20X4 e,
assim, atenderemos ao regime de competência sobre a realização das despesas de juros, conforme
lançamento contábil a seguir.

1) Reconhecimento das despesas de juros referentes ao mês de abril de 20X4.

D – despesas de juros (DRE) = 750

C – despesas de juros a vencer (PC) = 750

47
Unidade II

Despesas de juros Despesas de juros a vencer


1 750, 00 750,00 1

Tabela 17 – Representação no balanço patrimonial em 30/4/20X4

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 15.000,00
... Despesas de juros a vencer (750,00)
Duplicatas a receber 28.700,00
...
Não circulante Não circulante
Total Total

Vejamos o caso da quitação das duplicatas.

Suponha-se que, na data do vencimento, o banco receba as importâncias correspondentes a todas


as duplicatas e comunique o fato à empresa por meio de aviso bancário.

Nesse caso, faremos os seguintes registros contábeis:

1) D – duplicatas descontadas = 15.000

C – duplicatas a receber = 15.000

2) D – despesas de juros = 750

C – despesas de juros a vencer = 750

Duplicatas descontadas Duplicatas a receber


1 15.000,00 15.000,00 1

Despesas de juros Despesas de juros a vencer


2 750, 00 750,00 2

No lançamento 1, baixamos a obrigação que estava registrada na conta duplicatas descontadas,


contra a baixa dos direitos que estavam registrados na conta duplicatas a receber. No lançamento 2,
apropriamos a despesa com os juros cobrados antecipadamente, referente ao mês de maio de 20X4.

48
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 18 – Representação no balanço patrimonial em 31/5/20X4

Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 13.700,00 Não circulante

Não circulante Patrimônio líquido


Total Total

Lembrete

“O desconto de duplicatas consiste na transferência dos títulos ao banco,


mediante endosso ao portador, que é uma declaração escrita ou assinatura
no verso de um título de crédito com a qual se transfere o crédito a outra
pessoa” (RIBEIRO, 1999, p. 200-204).

Agora destacamos a não quitação dos títulos pelo devedor.

Na hipótese de o cliente não ter liquidado a duplicata e o banco debitar o respectivo valor na conta
da empresa, o lançamento será:

1) D – duplicatas descontadas = 15.000

C – bancos conta movimento = 15.000

2) D – despesas de juros = 750

C – despesas de juros a vencer = 750

Duplicatas descontadas Bancos conta movimento


1 15.000,00 15.000,00 1

Despesas de juros Despesas de juros a vencer


2 750, 00 750,00 2

No lançamento 1, mesmo o cliente não quitando a duplicata, temos que baixar a obrigação
que estava registrada na conta duplicatas descontadas, porém agora contra a conta bancos conta
movimento. Na operação de desconto, o banco adiantou o valor da duplicata e, como o cliente não
pagou a duplicata, o banco retirou o valor da conta-corrente, deixando para a empresa vendedora a

49
Unidade II

responsabilidade de cobrar tal cliente. No lançamento 2, apropriamos a despesa com os juros cobrados
antecipadamente, referente ao mês de maio de 20X4, independentemente do pagamento do cliente.
O que deve prevalecer em termos de apropriação da despesa com juros é o regime de competência,
ou seja, o mês de ocorrência do fato.

Por determinação da empresa vendedora, o banco poderá efetuar o serviço de protesto, cobrando
uma taxa sobre a operação.

Tabela 19 – Representação no balanço patrimonial em 31/5/20X4

Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 28.700,00 Não circulante

Não circulante Patrimônio líquido


Total Total

5.3.2 Exercício resolvido

A Cia. Caravelas efetuou as seguintes transações em 15/6/20X7:

1) Vendeu mercadorias para diversas companhias por R$ 6.000,00, no prazo de 30 dias, apurando o
custo das mercadorias vendidas em R$ 2.945,00.

D – duplicatas a receber = 6.000

C – venda de mercadorias = 6.000

D – custo de mercadorias vendidas = 2.945

C – estoque de mercadorias = 2.945

2) Descontou R$ 6.000,00 das duplicatas relativas às vendas anteriores no Banco Intercontinental, à


taxa de juros simples de 4% ao mês e comissão de R$ 200,00.

D – bancos conta movimento = 5.560

D – despesas de juros a vencer = 240

D – despesas bancárias = 200

C – duplicatas descontadas = 6.000


50
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Duplicatas a receber Vendas de mercadorias


1 6.000,00 6.000,00 1

Custo das mercadorias Estoques


vendidas
1a 2.945, 00 2.945,00 1a

Despesas de juros a vencer Bancos conta movimento


2 240,00 2 5.560,00

Despesas bancárias Duplicatas descontadas


2 200, 00 6.000,00 2

Tabela 20 – Representação no balanço patrimonial em 30/6/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... Duplicatas descontadas 6.000,00
... Despesas de juros a vencer (240,00)
Duplicatas a receber 6.000,00
...
Não circulante Não circulante

Total Total

Agora vejamos as operações em 15/7/20X7.

1) O Banco Intercontinental debitou na conta da Cia. Caravelas os R$ 2.000,00 porque uma das
empresas não efetuou o pagamento na data do vencimento.

D – duplicatas descontadas = 2.000

C – bancos conta movimento = 2.000

2) O Banco Intercontinental comunicou que o restante das duplicatas foram recebidas na data
do vencimento.

D – duplicatas descontadas = 4.000

C – duplicatas a receber = 4.000

51
Unidade II

3) Na Cia. Caravelas, foi efetuada a apropriação dos juros em virtude do regime de competência.

D – despesas de juros = 240

C – despesas de juros a vencer = 240

Duplicatas descontadas Bancos conta movimento


1 2.000,00 2.000,00 1
2 4.000,00

Duplicatas a receber
4.000,00 2

Despesas de juros Despesas de juros a vencer


3 240,00 240,00 3

Tabela 21 – Representação no balanço patrimonial em 31/7/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
...
...
Duplicatas a receber 2.000,00 Não circulante
...
Não circulante Patrimônio líquido
Total Total

5.4 CPC 12 – Ajuste a Valor Presente

Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que faz correlação às Normas Internacionais


de Contabilidade – The Conceptual Framework for Financial Reporting (Iasb – BV 2011 Blue Book),
além da atenção com a qualidade quantitativa da contabilidade, espera-se que o contador tenha uma
preocupação qualitativa. Isso significa que os cálculos e procedimentos adotados podem ser analisados
e entendidos por outros contadores e profissionais. Não basta o contador realizar estimativas e cálculos
corretos, é necessário fazer com que as informações sejam compreensíveis em qualquer situação e a
qualquer momento (CPC, 2013).

Nesse sentido, o Comitê publicou o CPC 12 – Ajuste a Valor Presente, que foi regulamentado pelo
Conselho Federal de Contabilidade como Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 12 – Ajuste a Valor
Presente, trazendo orientações específicas para ativos.
52
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

A seguir, destacamos na íntegra dois parágrafos da referida norma, com explicações a respeito do
Ajuste a Valor Presente:

5. Nesse sentido, na presente Norma determina-se que a mensuração


contábil a valor presente seja aplicada no reconhecimento inicial de ativos
e passivos. Apenas em certas situações excepcionais, como a que é adotada
numa renegociação de dívida em que novos termos são estabelecidos, o
ajuste a valor presente deve ser aplicado como se fosse nova medição de
ativos e passivos. É de se ressaltar que essas situações de nova medição
de ativos e passivos são raras e são matéria para julgamento daqueles que
preparam e auditam demonstrações contábeis, vis-à-vis normas específicas.

6. É necessário observar que a aplicação do conceito de ajuste a valor


presente nem sempre equipara o ativo ou o passivo a seu valor justo.
Por isso, valor presente e valor justo não são sinônimos. Por exemplo, a
compra financiada de um veículo por um cliente especial que, por causa
dessa situação, obtenha taxa não de mercado para esse financiamento,
faz com que a aplicação do conceito de valor presente com a taxa
característica da transação e do risco desse cliente leve o ativo, no
comprador, a um valor inferior ao seu valor justo; nesse caso prevalece
contabilmente o valor calculado a valor presente, inferior ao valor justo,
por representar melhor o efetivo custo de aquisição para o comprador.
Em contrapartida, o vendedor reconhece a contrapartida do ajuste a
valor presente do seu recebível como redução da receita, evidenciando
que, nesse caso, terá obtido um valor de venda inferior ao praticado no
mercado (BRASIL, 2009).

Assim, os efeitos da mensuração contábil a valor presente e pela filosofia do valor justo (fair value)
devem ser observados caso a caso.

Saiba mais

Leia na íntegra os pronunciamentos contábeis:

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamentos


Técnicos Contábeis 2012. Brasília: CFC, 2013.

Disponível em: https://bit.ly/3cPEwlA. Acesso em: 29 mar. 2018.

53
Unidade II

Exemplo de aplicação

1) Ao longo desta unidade, estudamos termos que representam conceitos utilizados no jargão da área
contábil. Tente explicar com suas próprias palavras o que significa cobrança em carteira.

2) Vá ao site da Bolsa de Valores e procure as demonstrações contábeis de algumas sociedades


anônimas. Observe, nas notas explicativas, como profissionais da área contábil expõem os riscos
de inadimplência. Compare, na medida do possível, como contadores de um mesmo ramo de
negócios comentam o mesmo assunto. Caso você conheça outras línguas, tente também fazer
essa mesma tarefa em balanços publicados em outros países.

Saiba mais

Para examinar os pormenores da contabilidade, é vital ler teses e


dissertações que analisem as consequências da adoção das normas
internacionais de contabilidade.

Nesse sentido, uma ótima sugestão para aprofundamento é a


dissertação do professor Eric Barreto de Oliveira (2009). Em seu trabalho,
ele concluiu que a adoção do valor justo teve pouco impacto na crise
financeira mundial. Na verdade, ao contrário, observou-se que foi um
fator positivo. Leia:

OLIVEIRA, E. B. de. A contabilidade a valor justo e a crise financeira


mundial. 2009. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade).
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (USP), São Paulo,
2009. Disponível em: https://bit.ly/2S3KsAv. Acesso em: 29 mar. 2018.

6 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

Agora estudaremos as consequências dos empréstimos e aplicações financeiras na contabilidade,


operações amplamente utilizadas na maioria das organizações. O assunto não destoa do que destacamos
na unidade anterior, ao contrário, acompanha o mesmo tipo de apuração (pré e pós-fixados) e os efeitos
dos juros pré e pós-fixados sobre tais atividades. Esses processos exigem muita atenção dos contadores.

Muitos autores costumam separar o sucesso (ou insucesso) das empresas em aspectos operacionais
e financeiros. Não raramente, na ânsia de trazer bons resultados para suas organizações, os executivos
abusam de facilidades oferecidas pelos agentes financeiros mesmo sem ter essa intenção. Empresas
com uma operação competente podem vir a enfrentar problemas com sua administração financeira,
e o contrário também é possível. O contador, nesse ambiente, tem uma função vital: deve orientar os
executivos a tomarem boas decisões, mostrando os resultados delas.
54
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Como fazer isso? Convidamos você a estudar com muita atenção as páginas a seguir!

Empréstimos e financiamentos são dívidas contraídas por pessoa física ou jurídica geralmente junto
às instituições financeiras, mediante contrato entre as partes. No contrato, precisa estar demonstrado
o valor do empréstimo, a forma e a data de pagamento, os juros envolvidos na operação e as garantias
enfim, todas as informações necessárias que possam evidenciar esse tipo de dívida. Nesse tipo de negócio,
o credor fornece uma quantia em dinheiro ao devedor, que, conforme o contrato firmado, pode ser
devolvido em parcelas, ou não. Normalmente, a quantia é pega em prestações regulares, considerando
o valor principal mais os juros.

Quando uma empresa precisa de recursos para sanar problemas emergenciais ou expandir seus
negócios, pode recorrer aos bancos e obter os valores necessários para suprir suas deficiências. Essas
operações, sempre formalizadas por meio de um contrato, poderão ser feitas em moeda nacional
ou estrangeira, tanto em curto como em longo prazo. Até 360 dias, temos o curto prazo, depois,
caracteriza‑se longo prazo.

Observação

Os empréstimos de curto prazo devem ser efetuados, exclusivamente,


para atender às necessidades sazonais dentro de cada ciclo operacional,
isto é, para pagamento de gastos que, normalmente, são recuperados
com a venda dos produtos ou serviços. Quando, porém, a empresa planeja
aumentar seus negócios, o empréstimo deverá ser o de longo prazo e,
assim, passa a ser denominado financiamento.

Para os empréstimos e financiamentos recebidos, a empresa ou a pessoa física tem de fornecer certa
garantia aos bancos. Essa garantia pode ser feita com bens, emissão de nota promissória ou duplicatas
a receber de seus clientes. Somente assim as instituições financeiras podem gerar esse tipo de operação.
Contudo, a pela forma qual será efetuada dependerá do acordo entre as partes – devedor e credor.

Essencialmente, temos dois tipos de empréstimos, os prefixados e pós-fixados. Nos primeiros, os


juros são conhecidos no ato da operação; nos outros, os juros são apurados tomando-se como base a
variação de um indexador escolhido para a operação. Quando feitos em moeda nacional, têm encargos
financeiros prefixados e/ou pós-fixados. Em moeda estrangeira, são efetuados somente na modalidade
pós-fixada, pois é impossível prever a variação da moeda.

6.1 Operação prefixada

Independentemente da moeda, todo empréstimo deve ser convertido para o real. A operação
financeira pode ter os encargos financeiros (juros, taxas etc.) conhecidos no momento da contratação.
Nesse caso, temos uma operação prefixada.

55
Unidade II

6.1.1 Exemplo de cálculo

Vamos supor que a empresa Ambiciosa S/A efetue um empréstimo junto ao Banco Norte S/A nas
seguintes condições:

• Empréstimo no Banco Norte S/A, em 31/10/20X8, no valor de R$ 2.000.000,00 com vencimento


para 29/1/20X9. Como garantia, foi assinada uma nota promissória.

• Juros simples cobrados pelo Banco Norte, antecipadamente, de 6% ao mês.

• Despesas cobradas pelo banco: comissões de 1% sobre o valor da nota promissória, e como
despesas de cobrança de R$ 1.400,00.

Lembrete

Essa operação é conhecida como prefixada, já que estão, desde o início,


definidos os valores dos encargos financeiros e do montante total a pagar.
A operação pós-fixada estudaremos na próxima unidade.

A efetivação do empréstimo implicará os seguintes lançamentos feitos pelo banco na conta-corrente


da empresa, mediante a emissão de um aviso de lançamento com os dados demonstrados a seguir.

A crédito, temos:

R$ 2.000.000,00 – valor nominal da nota promissória

A débito:

• 360.000,00 – valor do juro cobrado antecipadamente, a 6% ao mês, ou seja, R$ 2.000.000,00 x 0,06


= R$ 120.000 x 3 meses (31/10/20X8 a 29/1/20X9).

• R$ 20.000,00 – valor da comissão de 1% sobre R$ 2.000.000,00.

• R$ 1.400,00 – valor das despesas de cobrança.

De posse do aviso, a empresa procederá em sua contabilidade os seguintes lançamentos, em


31/10/20X8:

56
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 22

D – Bancos conta movimento 2.000.000,00


C – Promissórias a pagar 2.000.000,00
D – Despesas bancárias –
Despesa de comissão 1% 20.000,00
Despesa de cobrança 1.400,00
C – Bancos conta movimento 21.400,00
D – Juros a vencer (redutora do passivo) 360.000,00
C – Bancos conta movimento 360.000,00

Os valores de despesa de comissão e de cobrança irão diretamente para a conta de resultado,


pois eles são irrecuperáveis e não serão reduzidos se houver, por exemplo, quitação antecipada do
empréstimo. O valor dos juros não pode ser lançado como despesa imediatamente, já que se refere
ao tempo a decorrer da data do empréstimo até a data do vencimento. Deve-se sempre respeitar o
regime de competência. Essa conta de juros a vencer fica como redutora de passivo para fazer com
que esse passivo fique a valor presente (BERBEL, 2000).

Tabela 23 – Representação no balanço patrimonial em 31/10/20X8

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (360.000,00)

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

Façamos a análise tomando como base o regime de competência.

Como os juros se referem a um período de três meses, da data da operação ao seu vencimento,
ou seja, de 31/10/20X8 a 29/1/20X9, mês a mês serão acrescidas as despesas de juros: de novembro e
dezembro de 20X8 e janeiro de 20X9, conforme cálculos:

R$ 360.000 / 3 meses = R$ 120.000 ao mês

57
Unidade II

Lançamento contábil da apropriação dos juros em 30/11/20X8:

1) D – despesas de juros = 120.000,00

C – juros a vencer = 120.000,00

Notas promis. a pagar Juros a vencer


2.000.000,00 120.000,00 1)
360.000,00
240.000,00

Despesas de juros

1) 120.000,00

Tabela 24 – Representação no balanço patrimonial em 30/11/20X8

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (240.000,00)

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

Vamos considerar as despesas de juros referentes ao mês de dezembro/20X8:

Lançamento contábil da apropriação dos juros em 30/12/20X8:

1) D – despesas de juros = 120.000,00

C – juros a vencer = 120.000,00

Notas promis. a pagar Juros a vencer


2.000.000,00 120.000,00 1)
240.000,00
120.000,00
Despesas de juros
1) 120.000,00

58
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 25 – Representação no balanço patrimonial em 31/12/20X8

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 2.000.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (120.000,00)

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

Resta, no balanço patrimonial de 31/12/20X8, apenas uma parcela dos juros a vencer, devendo ser
apropriado somente em 29/1/20X9, independentemente do pagamento, uma vez que, para apropriação
das despesas, o que prevalece é o regime de competência.

Agora citamos o pagamento do empréstimo na data do vencimento – 29/1/20X9.

A empresa Ambiciosa S/A quitou seu empréstimo junto ao Banco Norte S/A na data do respectivo
vencimento, ou seja, 29/1/20X9.

Lançamento contábil da apropriação dos juros em 29/1/20X9:

1) D – despesas de juros = 120.000,00

C – juros a vencer = 120.000,00

Lançamento contábil referente ao pagamento do empréstimo em 29/1/20X9:

2) D – notas promissórias a pagar = 2.000.000,00

C – bancos conta movimento = 2.000.000,00

Despesas de juros Juros a vencer


1) 120.000,00 120.000,00 1)
120.000,00

Notas promis. a pagar Bancos conta movimento


2.000.000,00 SL 2.018.440,00 2.000.000,00 2)
2) 2.000.000,00
18.440,00

59
Unidade II

6.1.2 Exercício resolvido

Em 1º de setembro de 20X7, a Cia. Delta S/A tomou emprestado R$ 50.000,00 do Banco Creditício S/A,
pelo desconto de uma nota promissória para 90 dias, a taxa de 2% ao mês. As despesas cobradas pelo
banco foram, além dos juros, R$ 500,00 a título de Taxa de Abertura de Crédito (TAC). A nota
promissória foi paga em 1º de dezembro de 20X7.

Em 1º de setembro, o Banco Creditício S/A enviou o aviso com as seguintes informações:

• crédito na conta-corrente da Cia. Delta S/A no valor de R$ 50.000,00;

• débito referente aos juros de R$ 3.000,00;

• débito da despesa com a TAC igual a R$ 500,00.

Lançamentos contábeis em 1º/9/20X7:

1) D – bancos conta movimento = 50.000,00

C – notas promissórias a pagar = 50.000,00

2) D – juros a vencer = 3.000,00

C – bancos conta movimento = 3.000,00

3) D – despesas bancárias = 500,00

C – bancos conta movimento = 500,00

Tomemos como base o regime de competência.

Os juros referem-se a um período de três meses, da data da operação ao seu vencimento, ou seja,
de 1º/9/20X7 a 1º/12/20X7. Haverá a apropriação das despesas de juros, mês a mês: setembro, outubro
e novembro, sendo R$ 1.000,00 por mês, totalizando os juros de R$ 3.000,00.

Para a apropriação dos juros no mês de setembro, consideram-se somente 29 dias, e o valor dos
juros será de: R$ 1.000 / 30 = R$ 33,33 x 29 dias = R$ 966. Vale ressaltar que, na opção de apropriar
os juros proporcionais ao número de dias do mês de setembro, deve-se avaliar a relevância do valor
em questão.

1) D – despesas de juros = 966,00

C – juros a vencer = 966,00

60
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Notas promis. a pagar Juros a vencer


50.000,00 966,00 1)
3.000,00
2.034,00

Despesas de juros
2) 966,00

Tabela 26 – Representação no balanço patrimonial em 30/9/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (2.034,00)

Não circulante

Patrimônio líquido

Total Total

Tomemos como base o regime de competência.

A apropriação de juros referente ao mês de outubro/20X7 é de R$ 1.000,00.

Lançamento contábil da apropriação dos juros em 31/10/20X7:

1) D – despesas de juros = 1.000,00

C – juros a vencer = 1.000,00

Notas promis. a pagar Juros a vencer


50.000,00 1.000,00 1)
2.034,00
1.034,00
Despesas de juros
1) 1.000,00

61
Unidade II

Tabela 27 – Representação no balanço patrimonial em 31/10/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (1.034,00)

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

Tomando-se como base o regime de competência, a apropriação de juros referente ao mês de


novembro/20X7 é de R$ 1.000,00.

Lançamento contábil da apropriação dos juros em 30/11/20X7:

1) D – despesas de juros = 1.000,00

C – juros a vencer = 1.000,00

Notas promis. a pagar Juros a vencer


50.000,00 1.000,00 1)
1.034,00
34,00

Despesas de juros
1) 1.000,00

Tabela 28 – Representação no balanço patrimonial em 30/11/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Notas promissórias a pagar 50.000,00
Não circulante (-) Juros a vencer (34,00)

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

62
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Vejamos o pagamento do empréstimo em 1º/12/20X7.

Em 1º de dezembro de 20X7, o Banco Creditício S/A avisou que havia debitado na conta-corrente da
Cia. Delta S/A R$ 50.000,00 (referentes à liquidação do empréstimo).

1) D – notas promissórias a pagar = 50.000,00

C – bancos conta movimento = 50.000,00

A Cia. Delta S/A faz a apropriação dos juros somente de um dia do mês de dezembro/20X7.

2) D – despesas de juros = 34,00

C – juros a vencer = 34,00

Notas promis. a pagar Juros a vencer


1) 50.000,00 50.000,00 34,00 34,00 2)

Bancos conta movimento Despesas de juros


Sl 62.300,00 50.000,00 1) 2) 34,00
12.300,00

Resumo

Inicialmente, ilustramos a duplicata, um título de crédito formal


nominativo que é emitido pela empresa com a mesma data, valor global e
vencimento da fatura.

Na sequência, vimos o desconto de duplicatas. Segundo Ribeiro (1999,


p. 200-204), o desconto de duplicatas “consiste na transferência dos títulos
ao banco, mediante endosso ao portador, que é uma declaração escrita
ou assinatura no verso de um título de crédito com a qual se transfere o
crédito a outra pessoa”. Na operação de desconto de duplicata, a empresa
elabora um borderô, com duplicatas de sua emissão, e o encaminha ao
banco, que, por sua vez, “compra” essas duplicatas, pagando por elas um
valor menor do que o constante em cada título.

Depois, relatamos como debitar e descontar as duplicatas, com diversas


tabelas com a representação de balanços patrimoniais. Sem dúvida, os
razonetes que acentuamos nesta unidade foram vitais para reforçar o
conteúdo em questão.

63
Unidade II

Ao abordar o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, examinamos o


CPC 12 – Ajuste a Valor Presente, que traz orientações específicas para ativos.

Finalmente, analisamos financiamentos, que são dívidas contraídas


por pessoa física ou jurídica geralmente junto às instituições financeiras,
mediante contrato entre as partes. No contrato, vimos que é preciso estar
demonstrado o valor do empréstimo, a forma e a data de pagamento, os
juros envolvidos na operação e as garantias.

Exercícios

Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Nos trabalhos realizados por um auditor independente,
identificaram-se vários procedimentos adotados pela Cia. Calada. No decorrer dos trabalhos, os seguintes
fatos foram encontrados:

I – A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída tendo como base o índice de
inadimplência apresentado nos últimos cinco anos.

II – A empresa fez uma aplicação em Certificado de Depósito Bancário (CDB) no Banco Intercontinental S/A
com um prazo de 90 dias e juros pré-fixados. Utilizando o regime de competência, creditou a ativo
circulante e rendimentos a apropriar o valor correspondente aos juros da operação.

III – As despesas pagas antecipadamente foram registradas como passivo circulante.

IV – O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incidente sobre aplicações financeiras foram
deduzidos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).

Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de
auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será:

A) Oferecer serviço de consultoria para corrigir os fatos encontrados.

B) Solicitar da empresa correções para os fatos I e III.

C) Solicitar da empresa correções para os fatos II e IV.

D) Solicitar da empresa correções para o fato III.

E) Finalizar os trabalhos e indicar em seu relatório que todos os fatos contábeis foram corretamente
considerados.

Resposta correta: alternativa D.

64
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Análise das afirmativas

I) Afirmativa correta.

Justificativa: conforme apresentado no livro-texto, o montante de provisão de uma empresa é fixado


pela experiência acumulada, ou seja, pela estimativa de não recebimento de suas vendas a prazo. Tal
sistemática procura estabelecer uma média estatística da inadimplência dos últimos três ou cinco anos.

II) Afirmativa correta.

Justificativa: a conta de rendimentos a apropriar mostra o quanto a empresa ganhará com a operação
efetuada. Trata-se de uma conta redutora do ativo circulante, em que será demonstrado o quanto a
empresa terá de rendimento até o fim da aplicação.

III) Afirmativa incorreta.

Justificativa: as despesas pagas antecipadamente devem ser registradas como ativo circulante, em
que são apresentadas as disponibilidades ou de caixa ou de bancos conta movimento.

IV) Afirmativa correta.

Justificativa: o imposto de renda incidente sobre as aplicações financeiras é considerado como um


imposto pago e, dessa forma, pode ser recuperado quando do levantamento do balanço patrimonial e
compensado no IRPJ a pagar, se for o caso.

A seguir destacam-se considerações adicionais acerca das alternativas.

Após a análise das afirmativas, o único fato com tratamento incorreto foi o descrito em III, portanto,
a alternativa D está correta.

As alternativas B e C não são verdadeiras por considerarem os fatos I, II e IV como incorretos, sendo
que estão corretos e justificados.

A alternativa A está incorreta. Não é papel da auditoria independente oferecer serviço de consultoria para
corrigir os fatos encontrados, mas somente o de apurar fatos. Caberá à empresa decidir posteriormente.

A alternativa E está incorreta, pois foram encontrados fatos com contabilização incorreta.

65
Unidade II

Questão 2. Em 16-12-20X5, a Cia. Jacó solicitou ao banco Xandra um empréstimo no valor de


R$ 40.000, o qual foi liberado da seguinte forma:

Valor bruto do empréstimo: R$ 40.000.

Juros: R$ 5.000.

Despesas bancárias fixas: R$ 200.

O empréstimo, a juros pré-fixados, venceu em 04-02-20X6, quando foi totalmente liquidado


pela companhia.

Considerando as contabilizações geradas a partir das operações, assinale a alternativa incorreta.

A) Os empréstimos bancários no valor de R$ 40.000 foram lançados no passivo circulante.


B) Despesas financeiras no valor de R$ 1.500, mais as despesas bancárias no ano 20X5, foram
transferidas diretamente para o resultado do exercício do mesmo período.
C) No razonete banco conta movimento, a débito foram lançados R$ 34.800 e a crédito R$ 40.000.
D) O razonete da conta empréstimos bancários recebeu, tanto a débito quanto a crédito, lançamento
de mesmo valor.
E) Os encargos financeiros decorrentes de tais operações foram contabilizados pelo regime de caixa.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: todo e qualquer empréstimo representa obrigações da empresa, portanto, deve ser
lançado no passivo. Nesse caso, o lançamento será no passivo circulante por tratar-se de empréstimo
de curto prazo.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: deve-se fazer o cálculo das despesas financeiras, proporcionais, para o período 20X5:
como o empréstimo foi tomado no dia 16-12, então as despesas financeiras correspondem ao restante
dos dias do mês, 15 dias. Os encargos financeiros de R$ 5.000 serão rateados por 50 dias e correspondem
a R$ 100 por dia. Assim, 15 dias multiplicados por R$ 100 resultam em R$ 1.500. Serão transportados
diretamente para o resultado do exercício os valores das despesas financeiras e as despesas bancárias,
pois são consideradas como irrecuperáveis.

66
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o razonete banco conta movimento receberá a crédito o valor do empréstimo total e a
débito o valor efetivamente disponível para a empresa.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: no razonete da conta empréstimos bancários, os R$ 40.000 a crédito correspondem


ao valor que foi tomado emprestado; o valor a débito corresponde ao crédito de mesmo valor na conta
banco conta movimento.

E) Alternativa correta.

Justificativa: os encargos financeiros decorrentes de tais operações devem ser contabilizados pelo
regime de competência, pois são gerados no ato da tomada do empréstimo.

67
Unidade III

Unidade III
7 FINANCIAMENTOS PÓS-FIXADOS

Operações na modalidade pós-fixada significam que os juros podem ter conjugação com outros
fatores, como variação de indicadores nacionais ou estrangeiros. Assim, os empréstimos em moeda
nacional pós-fixados possuem os encargos financeiros (juros mais variação de indicadores) com lastro
nacional, já os feitos em moeda estrangeira têm encargos financeiros tomando-se como base a variação
de uma moeda estrangeira, por exemplo, o dólar.

De acordo como Banco Central do Brasil, os principais indicadores econômicos nacionais que medem
a variação da moeda no tempo são:

• INPC/IBGE: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

• IGP-M/FGV: Índice Geral de Preços-Mercado, da Fundação Getúlio Vargas.

• TJLP/BNDES: Taxa de Juros de Longo Prazo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico


e Social.

7.1 Diferenças entre os principais indicadores econômicos

7.1.1 IPC-Fipe

Calculado semanalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) – USP, o Índice
de Preços ao Consumidor (IPC) mede a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pelas
famílias com rendas entre um e vinte salários mínimos na cidade de São Paulo. As variações são obtidas
comparando-se preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os das quatro semanas
anteriores (base).

7.1.2 IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é calculado mensalmente pelo IBGE.
É o índice oficial do governo para medição das metas inflacionárias fixadas no acordo com o Fundo
Monetário Internacional (FMI). Mede a variação nos preços de bens e serviços consumidos por
famílias com rendimentos entre um e quarenta salários mínimos. A taxa é calculada nas regiões
metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza,
Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.

68
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

7.1.3 IGP

A FGV calcula três índices gerais de preço – IGP-M, IGP-10 e IGP-DI –, que diferem entre si apenas
pelo período de coleta de dados. Todos são calculados com base em outros três indicadores: Índice de
Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional do Custo da Construção
(INCC), que representam, respectivamente, 60%, 30% e 10% em cada um dos IGPs. A base é do Rio de
Janeiro e São Paulo.

• IGP-M: compreende o período entre o dia 21 do mês anterior ao de referência e o dia 20 do mês
de referência.

• IGP-10 avalia o intervalo entre o dia 11 do mês anterior ao de referência e o dia 10 do mês de referência.

• IGP-DI engloba o estágio entre o primeiro e o último dia do mês de referência.

7.1.4 INPC

Apurado pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi criado com o objetivo
de orientar os reajustes dos salários dos trabalhadores. Mede a inflação para famílias com renda entre
um e oito salários mínimos. A taxa é calculada nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, além do Distrito Federal e do
município de Goiânia.

7.1.5 ICV

Apurado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Índice


do Custo de Vida (ICV) mede a variação dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias com
renda entre um e três salários mínimos na cidade de São Paulo.

Saiba mais

Para obter mais conhecimento sobre os indicadores econômicos,


consulte o site do Banco Central do Brasil:

Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 16 jun. 2021.

• A variação de um indicador econômico nacional pode gerar, em uma operação de financiamento,


tanto um ganho quanto uma perda, dependendo da oscilação desse mesmo indicador no período
de contratação do empréstimo. No caso do ganho, a conta contábil será registrada como “variação
monetária ativa”; na perda, como “variação monetária passiva”. Ambas são contas de resultado, ou
seja, registradas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

69
Unidade III

• A variação de um indicador econômico estrangeiro pode gerar, em uma operação de financiamento,


um ganho ou uma perda, porém também depende da oscilação desse mesmo indicador no período
de contratação do empréstimo. No ganho, a conta contábil será registrada como “variação cambial
ativa”; na perda, como “variação cambial passiva”, ambas contas de resultado, ou seja, registradas
na DRE.

A seguir acentuaremos um exemplo sobre um empréstimo realizado em dólar. O registro contábil


deve ser efetuado com nossa moeda, ou seja, o valor em dólar (ou em qualquer outra moeda) deverá
sempre ser convertido em real.

7.1.6 Exemplo de cálculo

Faremos os lançamentos relativos à operação financeira a seguir e demonstraremos o efeito da


operação no balanço de 31/12/20X8.

• Empréstimo no Banco Yellow, em 1º/12/20X8, no valor de US$ 1.000.000,00 (câmbio do dia


R$ 1,00), com vencimento para 31/12/20X9. Como garantia, foi assinada uma nota promissória
em moeda estrangeira.

• Despesas cobradas pelo banco: comissão de 1% sobre o valor do empréstimo; despesas de


cobrança: US$ 1.400,00.

• Juros de 3% ao mês, a ser aplicado sobre a dívida já atualizada.

• Sabe-se que em 31/12/20X8 o câmbio estava cotado em R$ 1,05.

Tabela 29 – Contabilização do empréstimo


e registro dos encargos em 1º/12/20X8

D – Bancos conta movimento 1.000.000,00


C – Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 1.000.000,00
US$ 1.000.000,00 x R$ 1,00 = R$ 1.000.000,00
2) D – Despesas bancárias 11.400,00
C – Bancos conta movimento 11.400,00
Despesa de comissão
1% sobre R$ 1.000.000,00 R$ 10.000,00
Despesa de cobrança
US$ 1.400,00 x R$ 1,00 = R$ 1.400,00

70
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Bancos conta movimento NP em moeda estrang. a pagar


Sl 34.715,00 11.400,00 2) 1.000.000,00 1)
1) 1.000.000,00

1.023.315,00

Despesas bancárias
2) 11.400,00

Em 31/12/20X8, será necessário apropriar as despesas com a variação cambial e os juros, já incorridos
e não pagos, cujo teor será o seguinte:

Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial, que se incorpora à própria conta original
da dívida, ou seja:

US$ 1.000.000,00 x R$ 1,00 = R$ 1.000.000,00 x R$ 1,05 = R$ 1.050.000,00 (BERBEL, 2000).

Vejamos como apurar a variação cambial:

Variação cambial = dívida corrigida (–) dívida original

R$ 1.050.000,00 – R$ 1.000.000,00 = R$ 50.000,00

Observação

Se o valor da dívida corrigida for superior ao valor da dívida original,


a diferença será uma perda, ou seja, a empresa passará a dever um valor
superior à dívida contratada, devido à desvalorização do câmbio, gerando
uma “variação cambial passiva”. Se for inferior, a diferença será um ganho.
Então, a empresa passará a dever um valor inferior à dívida contratada,
devido à valorização do câmbio, criando uma “variação cambial ativa”.

Lembrete

Os empréstimos em moeda nacional pós-fixados possuem os encargos


financeiros (juros mais variação de indicadores) com lastro nacional. Já os
feitos em moeda estrangeira têm encargos financeiros tomando-se como
base a variação de uma moeda estrangeira, por exemplo, o dólar.

71
Unidade III

Agora citamos o lançamento contábil da variação cambial.

1) D – variação cambial passiva = 50.000,00

C – nota promissória em moeda estrangeira a pagar = 50.000,00

Em seguida, devemos apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.

R$ 1.050.000,00 x 0,03 = R$ 31.500,00

2) D – despesa de juros = 31.500,00

C – juros a pagar = 31.500,00

Variação cambial passiva NP em moeda estrang. a pagar


1) 50.000,00 1.000.000,00 Sl

50.000,00 1)
1.050.000,00

Despesas de juros Juros a pagar


2) 31.500,00 31.500,00 2)

Tabela 30 – Representação no balanço patrimonial em 31/12/20X8

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 1.050.000,00
Não circulante Juros a pagar 31.500,00

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

A empresa deverá acompanhar o valor do câmbio mensalmente para ajustar a dívida contraída até o
respectivo vencimento, registrando as variações cambiais (passivas ou ativas) bem como os juros da operação.

72
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Se a organização não saldar sua dívida no vencimento, deverá registrar tanto a variação cambial
quantos os juros (e outros encargos financeiros cobrados, por exemplo, multa por atraso de pagamento)
até a data da respectiva quitação.

7.1.7 Exercício resolvido

É preciso fazer todos os lançamentos contábeis relativos à seguinte operação financeira efetuada
pela Cia. Trading:

• Empréstimo no Banco Orange, em 1º/10/20X1, no valor de US$ 100.000,00 (câmbio do dia


R$ 1,00), com vencimento para 30/11/20X1. Como garantia, foi assinada uma nota promissória
em moeda estrangeira.

• Despesas cobradas pelo banco: comissão de 2% sobre o valor do empréstimo; despesas de


cobrança: US$ 100,00.

• Juros de 3% ao mês, a serem aplicados sobre a dívida já atualizada.

• Em 31/10/20X1, o câmbio estava cotado em R$ 1,10 (o real se desvalorizou em relação ao dólar


em 10%).

• A quitação do empréstimo ocorreu na data de seu vencimento, ou seja, em 30/11/20X1, ao câmbio


cotado a R$ 0,95 (o real valorizou-se em relação ao dólar em praticamente 14%).

Em 1º de outubro de 20X1, o Banco Orange enviou para a Cia. Trading os seguintes dados:
R$ 100.000,00 relativos ao empréstimo; R$ 2.000,00 com despesa de comissão e R$ 100,00 com despesa
de cobrança.

Tabela 31 – Contabilização do empréstimo e


registro dos encargos em 1º/10/20X1

D – Bancos conta movimento 100.000,00


C – Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 100.000,00
US$ 1.000,00 x R$ 1,00 = R$ 1.000,00
2) D – Despesas bancárias 2.100,00
C – Bancos conta movimento 2.100,00
Despesa de comissão
2% sobre R$ 100.000,00 R$ 2.000,00
Despesa de cobrança
US$ 100,00 x R$ 1,00 = R$ 100,00

73
Unidade III

Bancos conta movimento NP em moeda estrang. a pagar


Sl 2.218,00 2.100,00 2) 100.000,00 1)
1) 100.000,00
100.118,00

Despesas bancárias
2) 2.100,00

Em 31 de outubro de 20X1, o Banco Orange enviou outra notificação com as seguintes informações:
R$ 10.000,00 relativos à atualização da dívida em 10% (variação do dólar de R$ 1,00 para R$ 1,10);
R$ 3.300,00 de juros, considerando 3% ao mês sobre a dívida já atualizada; R$ 110.000,00 relativos ao
débito do valor da dívida atualizada.

Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial, que se incorpora à própria conta original
da dívida, ou seja:

US$ 100.000,00 x R$ 1,00 = R$ 100.000,00 x R$ 1,10 = R$ 110.000,00

Veja como apurar a variação cambial:

Variação cambial = dívida corrigida (–) dívida original

R$ 110.000,00 – R$ 100.000,00 = R$ 10.000,00 (–) variação cambial passiva

Agora acentuamos o lançamento contábil da variação cambial.

1) D – variação cambial passiva = 10.000,00

C – nota promissória em moeda estrangeira a pagar = 10.000,00

Em seguida, deve-se apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.

R$ 110.000,00 x 0,03 = R$ 3.300,00

2) D – despesa de juros = 3.300,00

C – juros a pagar = 3.300,00

74
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Variação cambial passiva NP em moeda estrang. a pagar


1) 10.000,00 100.000,00 Sl

10.000,00 1)
110.000,00

Despesas de juros Juros a pagar


2) 3.300,00 3.300,00 2)

Tabela 32 – Representação no balanço patrimonial em 31/10/20X1

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
... ...
Nota promissória em moeda estrangeira a pagar 110.000,00
Não circulante Juros a pagar 3.300,00

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

Em 30 de novembro de 20X1, a empresa fará a quitação de seu empréstimo, mas precisa contabilizar
a variação cambial e os juros referentes ao mês de novembro para depois efetuar o pagamento de sua
dívida. Lembrando que a dívida atualizada em 31 de outubro de 20X1 era de R$ 110.000,00, e o câmbio
para 30 de novembro de 20X1 está em R$ 0,95.

Em primeiro lugar, faremos o registro da variação cambial. Nesse instante, precisamos de uma
atenção maior: a dívida original foi de US$ 100.000,00, que à época da contratação do empréstimo era
equivalente a R$ 100.000,00 devido ao câmbio de R$ 1,00. Contudo, na data do pagamento da dívida,
o câmbio foi reduzido a R$ 0,95, ou seja, houve uma valorização da nossa moeda (o real). Isso significa
que, em valores da moeda corrente nacional, a dívida foi reduzida. Em outras palavras, teremos um
ganho (variação monetária ativa) com a operação. Vejamos os cálculos tomando-se como base o saldo
da dívida atualizada do período anterior:

Valor da dívida original:

US$ 100.000,00 x R$ 1,00 = R$ 100.000,00

75
Unidade III

Valor da dívida na data do vencimento:

US$ 100.000,00 x R$ 0,95 = R$ 95.000,00

Observe como apurar a variação cambial.

Variação cambial = dívida corrigida (–) dívida original

R$ 95.000,00 – R$ 100.000,00 = R$ 5.000,00 (–) variação cambial ativa

Todavia, temos que analisar qual é o saldo atualizado da dívida até o momento de sua quitação e,
assim, efetuar o ajuste da variação cambial.

Dívida atualizada em 31 de outubro de 20X1 = R$ 110.000,00

(-) Valor atual da dívida em 30 de novembro de 20X1 = R$ 95.000,00

(=) Variação cambial ativa = R$ 15.000,00

Verifique como fazer o lançamento contábil da variação cambial.

1) D – nota promissória em moeda estrangeira a pagar = 15.000,00

C – variação cambial ativa = 15.000,00

Em seguida, é preciso apurar o valor dos juros sobre o montante da dívida atualizada, ou seja, 3% a.m.

R$ 95.000,00 x 0,03 = R$ 2.850,00

2) D – despesa de juros = 2.850,00

C – juros a pagar = 2.850,00

Variação cambial ativa NP em moeda estrang. a pagar

15.000,00 1) 1) 15.000,00 110.000,00 Sl


95.000,00

Despesas de juros Juros a pagar


2) 2.850,00 3.300,00 Sl
2.850,00 2)
6.150,00

76
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Fizemos os razonetes para um melhor entendimento. Agora vamos realizar a quitação dos empréstimos:

D – notas promissórias em moeda estrangeira a pagar = 95.000,00

D – juros a pagar = 6.150,00

C – bancos conta movimento = 101.150,00

Conforme demonstrado no último exemplo, um financiamento, quando contratado na modalidade


pós-fixada, poderá obter ganhos ou perdas durante o período de sua contratação, estando a dívida
sujeita à variação do indexador base (podendo ser relativo aos indicadores econômicos nacionais ou
estrangeiros). Tal variação ocorre de acordo com o momento econômico e, hoje, podemos afirmar que,
com uma economia globalizada, conhecer a ciência econômica tornou-se fator imprescindível para um
bom contador.

Quanto ao financiamento na modalidade prefixada, há uma previsão dos encargos financeiros por
parte daquele que concede o empréstimo, cabendo ao responsável pela área financeira da empresa, em
conjunto com o contador, tomar a melhor decisão – pré ou pós-fixado. Não se trata, portanto, de uma
modalidade melhor do que outra. Para uma decisão desse porte, os agentes envolvidos devem analisar
a situação mais favorável.

Observação

O CPC 12 – Ajuste a Valor Presente envolve contas do ativo e do


passivo. Contudo, é preciso ressaltar que os pronunciamentos técnicos
publicados pelo Comitê (CPC) devem ser aplicados para as sociedades
anônimas em geral (capital aberto ou fechado) ou para as empresas
classificadas como de grande porte (Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de
2007) (BRASIL, 2007).

Para as pequenas e médias empresas, o CPC publicou uma edição


especial, atendendo às necessidades dessas instituições que, na prática,
representam mais de 80% das empresas registradas no País.

Lembrete

Se a organização não saldar sua dívida no vencimento, deverá registrar


tanto a variação cambial quanto os juros (e outros encargos financeiros
cobrados, por exemplo, multa por atraso de pagamento) até a data da
respectiva quitação.

77
Unidade III

8 APLICAÇÕES FINANCEIRAS – OPERAÇÕES PREFIXADAS

Aplicação financeira é uma operação que visa a um retorno financeiro, ou seja, que com o tempo
devolva não só o capital investido como também uma componente de retorno em excesso, a título de
rendimentos (ou juros). Com o objetivo de auferir receitas financeiras, as empresas aplicam em
bancos praticamente todo dinheiro que elas têm disponível. Em geral, são aplicações de curto prazo
em fundos de investimentos, certificados de depósitos bancários etc. Essas operações financeiras
podem ser contratadas a taxas prefixadas ou pós-fixadas.

Nas operações prefixadas, no momento da aplicação, os contratantes já conhecem a taxa de juros


efetiva em que está sendo efetuada a transação e, assim, sabem o quanto de rendimento terão sobre a
aplicação que está sendo realizada.

Quanto aos rendimentos auferidos sobre aplicações financeiras, a Receita Federal determina que
uma parte seja retida pela instituição financeira em que a aplicação foi executada, que fica responsável
para enviar o valor aos cofres da Receita Federal. O imposto retido tem a seguinte denominação:
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), e sua alíquota varia conforme o lastro ao qual a aplicação
estiver vinculada.

Por tratar-se de legislação específica, os exemplos contemplados neste livro-texto terão uma alíquota
fictícia apenas para informar e contabilizar o IRRF e seu reflexo nas demonstrações financeiras.

Saiba mais

Para mais informações em relação ao (IRRF), sobre rendimentos


auferidos em aplicações financeiras, bem como rendimentos isentos a esse
tributo e ainda sobre os tipos de aplicações financeiras, consulte o site da
Receita Federal:

Disponível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br. Acesso em:


16 jun. 2021.

8.1 Exemplo de operação com taxa de juros prefixada

A Empresa Reis Souza Ltda. fez uma aplicação no Banco Intercontinental S/A no valor de
R$ 500.000,00, em Certificado de Depósito Bancário (CDB), por 90 dias, a uma taxa de juros
de 1,5% ao mês. O IRRF está na ordem de 4% sobre o rendimento total e será apurado somente na
data do vencimento, seguindo a legislação vigente.

• data da aplicação: 1º de junho de 20X6;

• data do vencimento: 1º de setembro de 20X6.

78
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

É importante destacar: para os 90 dias em que ficarão aplicados os recursos, a empresa


precisará reconhecer mensalmente a receita dos rendimentos fixados pela operação, mas
proporcionalmente ao número de dias em que o dinheiro ficará aplicado. Assim, estará cumprindo
uma exigência legal – o uso do regime de competência, principalmente, em relação ao registro
das contas de resultado – despesas e receitas.

A proporcionalidade dos rendimentos sobre a aplicação financeira ficará distribuída da


seguinte maneira:

Tabela 33

Junho/20X6 = 29 dias (30 dias – 1 data da aplicação)


Julho/20X6 = 30 dias (mês comercial)
Agosto/20X6 = 30 dias (mês comercial)
Setembro/20X6 = 1 dia (vencimento da aplicação)
Total = 90 dias de aplicação ou 3 meses

Vejamos a contabilização da aplicação em 1º/6/20X6.

1) D – aplicações financeiras (AC) = 522.500,00

C – bancos conta movimento (AC) = 500.000,00

C – rendimento a apropriar (AC) = 22.500,00

Observação

A conta de rendimento a apropriar mostra o quanto a empresa ganhará


com a operação efetuada. Trata-se de uma conta redutora do ativo circulante,
em que será demonstrado o quanto a empresa terá de rendimento até ao
fim da aplicação, conforme ilustra o balanço patrimonial em 30/6/20X6.

Agora vamos acentuar a contabilização do rendimento referente ao mês de junho/20X6,


considerando sempre o regime de competência.

Cálculo e contabilização dos rendimentos proporcionais a 29 dias do mês de junho/20X6:

R$ 22.500,00/90 dias = 250 x 29 dias = R$ 7.250,00

2) D – rendimento a apropriar (AC) = 7.250,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira (DRE) = 7.250,00

79
Unidade III

Aplicações financeiras Bancos conta movimento


1) 522.500,00 Sl 510.815,00 500.000,00 1)
10.815,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


2) 7.250,00 22.500,00 1) 7.250,00 2)
15.250,00

Tabela 34 – Representação no balanço patrimonial em 30/6/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (15.250,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

A seguir, é preciso fazer a contabilização do rendimento referente ao mês de julho/20X6, sempre


concebendo o regime de competência.

Cálculo e contabilização dos rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de julho/20X6:

R$ 22.500,00/90 dias = 250 x 30 dias = R$ 7.500,00

1) D – rendimento a apropriar (AC) = 7.500,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira (DRE) = 7.500,00

Aplicações financeiras Rendimentos a apropriar


1) 7.500,00 15.250,00 Sl
Sl 522.500,00

7.750,00

Rend. sobre apl. financeiras


7.500,00 1)

80
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 35 – Representação no balanço patrimonial em 31/7/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (7.750,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

Deve-se efetuar a contabilização do rendimento referente ao mês de agosto/20X6, também levanto


em consideração o regime de competência.

Cálculo e contabilização dos rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de agosto/20X6:

R$ 22.500,00/90 dias = 250 x 30 dias = R$ 7.500,00

1) D – rendimento a apropriar (AC) = 7.500,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira (DRE) = 7.500,00

Aplicações financeiras Rendimentos a apropriar


Sl 522.500,00 1) 7.500,00 7.750,00 Sl

250,00

Rend. sobre apl. financeiras


7.500,00 1)

Tabela 36 – Representação no balanço patrimonial em 31/8/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 522.500,00
(-) Rendimentos a apropriar (250,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

81
Unidade III

Contabilização do resgate da aplicação em 1º de setembro de 20X6, no qual, além de considerar


o rendimento apenas sobre um dia, haverá a retenção do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
sobre o total dos rendimentos auferidos, referente aos 90 dias que o montante de R$ 500.000,00
ficou aplicado.

Cálculo e contabilização dos rendimentos proporcionais a um dia do mês de setembro/20X6:

R$ 22.500,00/90 dias = 250 x 1 dia = R$ 250,00

1) D – rendimento a apropriar (AC) = 250,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira (DRE) = 250,00

Cálculo e contabilização de 4% do IRRF sobre o rendimento total da operação e resgate da aplicação


financeira executada:

R$ 22.500,00 x 0,04 = R$ 900,00

2) D – bancos conta movimento (AC) = 521.600,00

D – IRRF a recuperar (AC) = 900,00

C – aplicações financeiras (AC) = 522.500,00

Aplicações financeiras Rendimentos a apropriar


Sl 522.500,00 522.500,00 2) 1) 250,00 250,00 Sl

Rend. sobre apl. financeiras Bancos conta movimento

250,00 1) Sl 4.872,00

2) 521.600,00
526.472,00

IRRF a recuperar

1) 900,00

82
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 37 – Representação no balanço patrimonial em 30/9/20X6


Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
IRRF a recuperar 900,00 Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

Observação
O IRRF a recuperar registrado no balanço patrimonial poderá ser
compensado com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica a Pagar (imposto
calculado sobre o resultado apurado no período) ou com quaisquer outros
tributos federais, conforme determina a legislação vigente.

8.1.1 Exercício resolvido

A Cia. Gama efetuou a seguinte aplicação financeira:

• 1º/12/20X6 – data da aplicação.


• R$ 100.000,00 – valor da aplicação.
• 0,75% a.m. – taxa de juros simples.
• 31/7/20X7 – vencimento da aplicação.
• 4% de IRRF sobre rendimento total.

A proporcionalidade dos rendimentos sobre a aplicação financeira ficará assim distribuída:

Tabela 38
Dezembro/20X6 = 29 dias (30 dias – 1 data da aplicação)
Janeiro/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Fevereiro/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Março/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Abril/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Maio/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Junho/20X7 = 30 dias (mês comercial)
Julho/20X7 = 31 dias (vencimento da aplicação)
Total = 240 dias de aplicação ou 8 meses

83
Unidade III

Pede-se: contabilizar a aplicação financeira, respeitando o regime de competência, e demonstrar os


efeitos da operação, mensalmente, no balanço patrimonial:

• Contabilização da aplicação financeira em 1º/12/20X6

1) D – aplicação financeira = 100.000,00

C – bancos conta movimento = 100.000,00

Deve-se calcular e contabilizar os juros prefixados:

R$ 100.000,00 x 6% = R$ 6.000,00

2) D – aplicação financeira = 6.000,00

C – rendimentos a apropriar = 6.000,00

Aplicações financeiras Bancos conta movimento


1) 100.000,00 Sl 105.209,00 100.000,00 1)
2) 6.000,00 5.209,00
106.000,00

Rendimentos a apropriar
6.000,00 2)

• Contabilização do rendimento referente ao mês de dezembro/20X6, considerando sempre o


regime de competência

É preciso calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 29 dias do mês de dezembro/20X6:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 29 dias = R$ 725,00

3) D – rendimento a apropriar = 725,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 725,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


2) 725,00 6.000,00 2) 725,00
5.275,00

84
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 39 – Representação no balanço patrimonial em 31/12/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (5.275,00) Não circulante

Não circulante

Patrimônio líquido
Total Total

• Contabilização do rendimento referente ao mês de janeiro/20X7, atendendo-se sempre ao


regime de competência

Deve-se calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de janeiro/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 5.275,00 SI 750,00 1)
4.525,00

Tabela 40 – Representação no balanço patrimonial em 31/1/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (4.525,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido

Total Total

85
Unidade III

• Contabilização do rendimento referente ao mês de fevereiro/20X7, respeitando sempre o


regime de competência

É necessário calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de fevereiro/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 4.525,00 SI 750,00 1)
3.775,00

Tabela 41 – Representação no balanço patrimonial em 28/2/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (3.775,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido

Total Total

• Contabilização do rendimento referente ao mês de março/20X7, considerando sempre o


regime de competência

É preciso calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de março/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 3.775,00 SI 750,00 1)
3.025,00

86
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 42 – Representação no balanço patrimonial em 31/3/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (3.025,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido

Total Total

• Contabilização do rendimento referente ao mês de abril/20X7, atendendo sempre o regime


de competência

É necessário calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de abril/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 3.025,00 SI 750,00 1)
2.275,00

Tabela 43 – Representação no balanço patrimonial em 30/4/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (2.275,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

87
Unidade III

• Contabilização do rendimento referente ao mês de maio/20X7, considerando sempre o regime


de competência

Deve-se calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de maio/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 2.275,00 SI 750,00 1)
1.525,00

Tabela 44 – Representação no balanço patrimonial em 31/5/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (1.525,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido

Total Total

• Contabilização do rendimento referente ao mês de junho/20X7, respeitando sempre o


regime de competência

É preciso calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 30 dias do mês de junho/20X7:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 30 dias = R$ 750,00

1) D – rendimento a apropriar = 750,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 750,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 750,00 1.525,00 SI 750,00 1)
775,00

88
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 45 – Representação no balanço patrimonial em 30/6/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 100.000,00
(-) Rendimentos a apropriar (775,00) Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido

Total Total

• Contabilização do rendimento referente ao mês de julho/20X7, considerando sempre o regime de


competência e também no vencimento da aplicação: 31/7/20X6

Deve-se calcular e contabilizar os rendimentos proporcionais a 31 dias do mês de julho/20X6:

R$ 6.000,00/240 dias = 25 x 31 dias = R$ 775,00

1) D – rendimento a apropriar = 775,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 775,00

Então, é necessário calcular e contabilizar os 4% do IRRF sobre o rendimento total da operação, bem
como o resgate da aplicação financeira:

R$ 6.000,00 x 0,04 = R$ 240,00

2) D – bancos conta movimento = 105.760,00

D – IRRF a recuperar = 240,00

C – aplicações financeiras = 106.000,00

Rendimentos a apropriar Rend. sobre apl. financeiras


1) 775,00 775,00 Sl 775,00 1)

Bancos conta movimento IRRF a recuperar


Sl 2.118,00 2) 240,00
2) 105.760,00
107.878,00

Aplicação financeira
Sl 106.000,00 106.000,00 2)

89
Unidade III

Tabela 46 – Representação no balanço patrimonial em 31/7/20X7

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
IRRF a recuperar 240,00 Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

No Brasil, é muito forte o emprego dos agentes públicos como fonte de financiamento das
empresas. Praticamente todo o financiamento empresarial é realizado via BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).

Saiba mais

Para verificar o que acentuamos, acesse:

Disponível em: http://www.bndes.gov.br. Acesso em: 16 jun. 2021.

8.2 Aplicações financeiras – operações pós-fixadas

Conforme estudamos, o que difere uma operação prefixada da pós-fixada nada mais é do que a maneira
como se aplica a taxa de juros. Na prefixada, conhecem-se, no ato da operação, tanto os juros a serem
pagos sobre os empréstimos contratados quanto os rendimentos sobre uma aplicação financeira efetuada.

É preciso destacar um item: para as operações prefixadas, embute-se na taxa de juros uma expectativa
inflacionária; para as pós-fixadas, tem-se somente a taxa de juros, ficando a representação da inflação
exatamente registrada pela sua efetiva variação, podendo gerar um ganho ou uma perda inflacionária,
ou seja, uma variação monetária ativa ou passiva, respectivamente.

Assim, nas operações pós-fixadas, é aplicada uma taxa de juros mais um índice de preços, seja
em relação a uma moeda estrangeira, seja a quaisquer outros indicadores econômicos (acordados
entre as partes), que venha identificar a variação inflacionária do período contratado para a operação,
independentemente do tipo de operação – financiamentos e/ou aplicações financeiras.

8.2.1 Exemplo: aplicação financeira com rendimento pós-fixado

A empresa Reis Souza Ltda. fez uma aplicação no Banco Intercontinental S/A, no valor de
R$ 200.000,00, com variação monetária com base no CDB mais juros de 1% ao mês sobre o valor
atualizado (para fins didáticos, utilizaremos o método de juros simples).
90
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

• Data da aplicação: 5 de abril de 20X6.

• Data do resgate: 2 de outubro de 20X6.

• Juros de 1% ao mês, total de 6% (abril a outubro).

• Variação do CDB no período: 9%.

• IRRF sobre o total dos rendimentos: 4%.

Agora faremos a contabilização da aplicação em 5/4/20X6.

1) D – aplicação financeira = 200.000,00

C – bancos conta movimento = 200.000,00

Aplicação financeira Bancos conta movimento


1) 200.000,00 Sl 203.122,00 200.000,00 1)

3.122,00

Tabela 47 – Representação no balanço patrimonial em 30/4/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
Aplicação financeira 200.000,00 Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

Acentuamos a seguir o cálculo e a contabilização das receitas auferidas somente na data do resgate
da aplicação financeira:

Variação monetária ativa = variação do CDB no período de 9%.

R$ 200.000,00 x 0,09 = R$ 18.000,00 (ganho)

Rendimentos = juros de 1% a.m = 6% sobre o valor da aplicação atualizada.

R$ 218.000,00 x 0,06 = R$ 13.080,00.

91
Unidade III

1) D – aplicações financeiras = 31.080,00

C – variação monetária ativa = 18.000,00

C – rendimentos sobre aplicação financeira = 13.080,00

Observação

Para fins didáticos, o resultado sobre a aplicação financeira, ganhos


e rendimentos foram registrados no fim da operação. Contudo, numa
situação empresarial, deve-se acompanhar a variação do índice escolhido
para a operação e registrar mensalmente os ganhos, mesmo que sejam de
forma aproximada, atendendo, assim, ao regime de competência. Ao fim da
operação, serão feitos os devidos ajustes.

Vejamos o cálculo e a contabilização do IRRF sobre o valor total dos rendimentos, bem como o
resgate da operação de aplicação financeira em 2/10/20X6.

IRRF sobre os rendimentos (R$ 31.080,00 x 0,04 = R$ 1.243,00)

2) D – bancos conta movimento = 229.837,00

D – IRRF a recuperar = 1.243,00

C – aplicações financeiras = 231.080,00

Aplicação financeira Bancos conta movimento


Sl 200.000,00 231.080,00 2) Sl 8.487,00

1) 31.080,00 2) 229.837,00

238.324,00

Variação monetária ativa Rend. sobre apl. financeiras


18.000,00 1)
13.080,00 1)

IRRF a recuperar
3) 1.243,00

92
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Tabela 48 – Representação no balanço patrimonial em 31/10/20X6

Ativo Passivo
Circulante Circulante
... ...
... ...
IRRF a recuperar 1.243,00 Não circulante

Não circulante
Patrimônio líquido
Total Total

Saiba mais

Há um esforço do governo brasileiro em aumentar o financiamento


privado no País. Em sua dissertação de mestrado, o pesquisador João
Roberto Borin analisa o mercado privado de financiamento brasileiro:

BORIN, J. R. O investimento empresarial privado no Brasil: um estudo de caso.


Lume, 2003. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/4193. Acesso em:
23 mar. 2018.

8.2.2 Exercício resolvido

A Cia. Beta S/A fez a seguinte aplicação financeira:

• 1º/10/20X7 – data da aplicação.

• R$ 50.000,00 – valor da aplicação.

• 2% a.m. – variação do IGPM/FGV no período.

• 1% a.m. – taxa de juros simples.

• 31/12/20X7 – data do resgate.

• IRRF sobre o total dos rendimentos: 4%.

93
Unidade III

Pede-se: contabilizar toda operação – aplicação, atualização e resgate.

1) Contabilização da aplicação financeira em 1º/10/20X7:

D – aplicação financeira = 50.000,00

C – bancos conta movimento = 50.000,00

2) Calcular e contabilizar a atualização da aplicação financeira pela variação do IGP-M até o resgate
em 31/12/20X7:

R$ 50.000,00 x 0,06 = R$ 3.000,00

D – aplicação financeira = 3.000,00

C – variação monetária Ativa = 3.000,00

3) Calcular e contabilizar os juros até o resgate em 31/12/20X7:

R$ 53.000,00 x 0,03 = R$ 1.590,00

D – aplicação financeira = 1.590,00

C – rendimentos com aplicação financeira = 1.590,00

4) Calcular e contabilizar tanto o IRRF sobre os rendimentos quanto o resgate: IRRF equivale a:
R$ 4.590,00 x 0,04 = R$ 183,00:

D – bancos conta movimento = 54.407,00

D – IRRF a recuperar = 183,00

C – aplicação financeira = 54.590,00


Aplicação financeira Bancos conta movimento
1) 50.000,00 54.590,00 4) Sl 52.321,00 50.000,00 1)

2) 3.000,00 4) 54.407,00
3) 1.590,00 56.728,00

Variação monetária ativa Rend. sobre apl. financeiras


3.000,00 2) 1.590,00 3)

IRRF a recuperar
4) 183,00

94
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Razonetes

Em relação às aplicações financeiras, além dos CPC Conceitual Básico, Ajuste a Valor Presente e sobre
as Pequenas e Médias Empresas, o CPC Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores
Mobiliários deverá ser utilizado sobre as transações realizadas pelas sociedades anônimas (capital aberto
ou fechado) e empresas de grande porte, conforme determina a Lei n. 11.638 de 28 de dezembro de 2007
(BRASIL, 2007). Todos eles estão em Pronunciamentos Técnicos Contábeis (2012).

Saiba mais

Para consultar a lei na íntegra, leia:

BRASIL. Lei n. 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Brasília, 2007.


Disponível em: https://bit.ly/3wxc28g. Acesso em: 25 mar. 2018.

Exemplo de aplicação

1) Defina, resumidamente, o que é cobrança.

2) Imagine a seguinte situação: você é procurado(a) pelo departamento de relações públicas da


empresa em que trabalha para participar de uma matéria jornalística. No dia seguinte, uma conhecida
jornalista faz-lhe a seguinte pergunta:

– Quais as principais opções de financiamento que as empresas dispõem no momento atual e quais
as vantagens de cada um deles?

Como você responderia a essa pergunta?

95
Unidade III

Resumo

Nesta unidade, examinamos os financiamentos pós-fixados.

Vimos que os empréstimos em moeda nacional pós-fixados possuem os


encargos financeiros (juros mais variação de indicadores) com lastro nacional,
já os executados em moeda estrangeira têm encargos financeiros tomando‑se
como base a variação de uma moeda estrangeira, por exemplo, o dólar.

Continuando nossa análise, acentuamos as diferenças entre os


principais indicadores econômicos, como IPCA, IGP, INPC etc. Destacamos
que se a organização não saldar sua dívida no vencimento, deverá registrar
tanto a variação cambial quantos os juros (e outros encargos financeiros
cobrados, por exemplo, multa por atraso de pagamento) até a data da
respectiva quitação.

Por fim, discutimos as aplicações financeiras pré e pós-fixadas. O que


difere uma operação prefixada da pós-fixada nada mais é do que a maneira
como se aplica a taxa de juros. Na prefixada, conhecem-se, no ato da
operação, tanto os juros a serem pagos sobre os empréstimos contratados
quanto os rendimentos sobre uma aplicação financeira efetuada. Para
esclarecer o conteúdo abordado, indicamos a contabilização do rendimento
e sua representação no balanço patrimonial.

Exercícios

Questão 1. (Enade 2006) A empresa comercial Aurora Ltda. negociou, em 31.12.2005, uma operação
de desconto de duplicatas no valor total de R$ 1.500.000, distribuídos conforme o fluxo de vencimento
das duplicatas a seguir:

0
30 dias 60 dias 90 dias
R$ 400.000 R$ 600.000 R$ 500.000

Figura 2

Nessa operação, a instituição financeira cobrou e recebeu juros antecipados no valor de R$ 155.000,
calculados à taxa de 5% ao mês (juros simples), e taxas de serviços de R$ 500.

Se a empresa encerrou o seu exercício contábil ao fim de dezembro, qual foi o efeito do registro
dessa operação em suas demonstrações contábeis?

96
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

A) Diminuição no resultado do exercício no valor de R$ 155.500.

B) Diminuição no ativo no valor de R$ 155.500.

C) Diminuição no ativo circulante no valor de R$ 500.

D) Aumento de despesas financeiras no valor de R$ 155.000.

E) Aumento do passivo circulante no valor de R$ 500.

Resposta correta: alternativa C.

Análise da questão

Uma operação de descontos permite que a empresa antecipe o recebimento de duplicatas vencíveis
em épocas futuras, com a dedução dos juros e da comissão de serviços.

A operação, porém, não deve ser baixada do ativo da empresa, considerando que ela é responsável pelo
reembolso ao banco caso uma ou mais duplicatas não sejam pagas pelo cliente devedor (denominado
“sacado” na operação).

Cria-se uma conta retificadora, denominada “duplicatas descontadas”, deduzida do saldo integral da
conta de “clientes ou duplicatas a receber”.

O total de juros pagos pela empresa não afeta o seu resultado no exercício de 2005, considerando
que a competência de suas apurações é posterior àquele ano.

O que altera o resultado de 2005 é apenas a taxa de serviços cobrada pelo banco para a realização
da operação (R$ 500), que foi paga com recursos do ativo circulante, existentes em 31/12 daquele ano.

Questão 2. (Enade 2009, adaptada) Constantemente, empresários encontram problemas na gestão


de suas empresas. Todavia, aqueles relacionados à área financeira merecem atenção cuidadosa,
uma vez que a empresa depende de recursos financeiros para continuar suas atividades. Caso os
negócios da empresa não estejam bem e for necessário recorrer a empréstimos para a manutenção
de sua atividade, o mercado financeiro será uma opção para captação de recursos. Alternativamente,
caso os recursos financeiros da empresa sejam excedentes e não haja interesse no aumento de
investimentos em sua atividade principal, será possível efetuar investimentos em diversas opções
do mercado financeiro.

Sobre o assunto operações financeiras, leia as afirmativas a seguir:

97
Unidade III

I – Diretores financeiros são responsáveis por decisões acerca de como investir os recursos
de uma empresa para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são
instituições financeiras ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e
governos. Assim, decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores são,
normalmente, semelhantes.

Porque

II – As decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam os ativos financeiros (ações


e títulos de dívidas), enquanto as decisões de investimento dos investidores focalizam ativos reais
(edificações, máquinas, computadores etc.).

Com base nas asserções, é correto afirmar que:

A) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira.


B) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa.
C) As duas são falsas.
D) As duas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
E) As duas são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

I) Afirmativa incorreta.

Justificativa: via de regra, pelo mercado financeiro os indivíduos financiam investimentos feitos
pelas empresas e governos ao adquirem parcela do capital da empresa ou títulos da dívida pública. Nessa
operação, cabe às instituições financeiras o papel de intermediador – e não o de investidor. Ademais,
decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores não são semelhantes, pois
enquanto diretores financeiros apresentam preocupação com a administração do capital da empresa e
com sua operação de forma geral, os investidores preocupam-se apenas com o retorno financeiro do
investimento efetuado, e não com a atividade empresarial.

II) Afirmativa incorreta.

Justificativa: as decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam ativos reais, ou seja,
todos os ativos que serão utilizados para que a empresa possa desenvolver sua atividade e gerar lucros.
Por outro lado, as decisões de investimento dos investidores focalizam ativos puramente financeiros, a
exemplo de ações e títulos de dívida. A afirmativa está incorreta por trocar os objetivos dos dois tipos
de agentes.

98
CONTABILIDADE EMPRESARIAL

REFERÊNCIAS

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Integradas Tibiriçá, 2000.

BORIN, J. R. O investimento empresarial privado no Brasil: um estudo de caso. Lume, 2003. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10183/4193. Acesso em: 23 mar. 2018.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em:
https://bit.ly/2SIxKY1. Acesso em: 31 mar. 2018.

BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Brasília, 1999. Disponível em: https://bit.ly/3vvCT35.
Acesso em: 22 mar. 2018.

BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Rio de Janeiro, 1943. Disponível em:
https://bit.ly/3zwrCmq. Acesso em: 29 mar. 2018.

BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Brasília, 2018. Disponível em:


https://bit.ly/3gwqiXO. Acesso em: 16 jun. 2021.

BRASIL. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998. Brasília, 1998. Disponível em:
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BRASIL. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Brasília: Receita Federal, 6 dez. 2017a.
Disponível em: https://bit.ly/3zxzHY8. Acesso em: 5 abr. 2018.

BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Brasília, 1966. Disponível em: https://bit.ly/3q58RlQ.
Acesso em: 23 mar. 2018.

BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Brasília, 1976. Disponível em: https://bit.ly/3guK73a.
Acesso em: 21 mar. 2018.

BRASIL. Lei n. 8.860, de 24 de março de 1994. Brasília, 1994. Disponível em: https://bit.ly/3q20DdV.
Acesso em: 6 abr. 2018.

BRASIL. Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Brasília, 1995a. Disponível em: https://bit.ly/3gwzM6L.
Acesso em: 30 mar. 2018.

BRASIL. Lei n. 9.065, de 20 de junho de 1995. Brasília, 1995b. Disponível em: https://bit.ly/3q64qXJ.
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99
BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Brasília, 2005. Disponível em: https://bit.ly/3cP4XrD.
Acesso em: 28 mar. 2018.

BRASIL. Lei n. 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Brasília, 2007. Disponível em: https://bit.ly/3wxc28g.
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CARNEIRO, J. D. (Coord.). Proposta nacional de conteúdo para o curso de graduação em Ciências


Contábeis. 2. ed. Brasília: Fundação Brasileira de Contabilidade, 2009.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012.


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INSS. Índice de reajuste para segurados que recebem acima do mínimo é de 2,07% em 2018. Brasília:
INSS, 31 jan. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2U3vrz6. Acesso em: 8 abr. 2018.

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IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. São Paulo: Atlas, 2004.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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NAGATSUKA, D. A. S.; TELES, E. L. Manual de contabilidade introdutória. São Paulo: Pioneira


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OLIVEIRA, E. B. de. A contabilidade a valor justo e a crise financeira mundial. 2009. Dissertação
(Mestrado em Controladoria e Contabilidade). Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (USP), São Paulo, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3xlZfFw. Acesso em:
29 mar. 2018.

RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

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SÁ, A. L. de. Fidelidade da informação contábil. Portal da Classe Contábil, 2006. Disponível em:
https://bit.ly/3iStVdL. Acesso em: 22 mar. 2018.

Exercícios

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2009: Ciências Contábeis.
Formação Específica. Questão 32. Disponível em: < http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_
CONTABEIS.pdf>. Acesso em: 28 maio 2019.

Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2006: Ciências Contábeis.
Componente Específico. Questão 24. Disponível em: http://download.inep.gov.br/download/
enade/2006/Provas/PROVA_DE_CIENCIAS_CONTABEIS.pdf>. Acesso em: 28 maio 2019.

Unidade III – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2009: Ciências Contábeis.
Formação Específica. Questão 30. Disponível em: < http://public.inep.gov.br/enade2009/CIENCIAS_
CONTABEIS.pdf>. Acesso em: 28 maio 2019.

101
APÊNDICE

Balancete do exercício n. 2, capítulo 5.1.4 da Unidade II

Duplicatas a receber Vendas de mercadorias

1 34.500 34.500 1
18.000 4

Saldo 16.500

Custo das mercadorias Estoques


vendidas

1a 14.750 14.750 1a

Títulos em cobrança Endossos para cobrança

2 34.500 34.500 5 5 34.500 34.500 2

Despesas de cobrança Bancos conta movimento

3 2.000 2.000 3
4 18.000 110 7

Despesas de protesto

6 110

102
103
104
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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