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CDU 658.15
U502.77 – 19
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Michel Kahan Apt
Amanda Casale
Sumário
Orçamento Empresarial
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ORÇAMENTO ........................................................................................................................................................9
1.1 Conceito de orçamento...................................................................................................................... 10
1.2 Planejamento.......................................................................................................................................... 12
2 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DO ORÇAMENTO......................................................................................... 19
2.1 Objetivos do orçamento .................................................................................................................... 22
2.2 Funções do orçamento........................................................................................................................ 31
Unidade II
3 ORÇAMENTO DE VENDAS ............................................................................................................................ 38
3.1 Orçamento de estoque........................................................................................................................ 45
3.2 Orçamento dos custos da matéria-prima................................................................................... 46
3.3 Orçamento de fabricação................................................................................................................... 48
3.4 Orçamento – custos da mão de obra direta ............................................................................. 51
3.5 Orçamento — custos indiretos de fabricação............................................................................ 53
3.6 Orçamento dos custos dos produtos vendidos......................................................................... 55
4 ORÇAMENTO DE CUSTOS/DESPESAS ADMINISTRATIVAS................................................................ 64
4.1 Orçamento das despesas.................................................................................................................... 65
4.2 Projeção do demonstrativo do resultado.................................................................................... 68
4.3 Orçamento de caixa............................................................................................................................. 70
Unidade III
5 ORÇAMENTO EMPRESARIAL........................................................................................................................ 77
5.1 Política da empresa.............................................................................................................................. 77
5.2 Orçamento de contas a receber...................................................................................................... 78
5.3 Orçamento de pagamento de fornecedores.............................................................................. 79
5.4 Técnica de montagem de orçamento........................................................................................... 81
5.4.1 Aspectos preliminares............................................................................................................................ 81
5.5 Projeção de índices e taxas de juros.............................................................................................. 81
5.6 Aplicação das técnicas........................................................................................................................ 83
5.7 Orçamento de produção..................................................................................................................... 84
6 INTERPRETAÇÃO DE DADOS SOBRE ATIVIDADES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS................. 94
6.1 Análise financeira da gestão operacional................................................................................... 94
6.1.1 Análise do retorno sobre o investimento....................................................................................... 94
Unidade IV
7 CAIXA.................................................................................................................................................................. 115
7.1 Ciclo de caixa........................................................................................................................................120
7.2 Indicadores.............................................................................................................................................131
8 ANÁLISE DE ENDIVIDAMENTO..................................................................................................................155
8.1 Sistemas de informação na gestão do capital de giro.........................................................161
8.1.1 Desvantagens de um ERP.................................................................................................................. 162
8.2 Áreas de aplicação de sistemas ERP nas empresas...............................................................162
8.3 Utilização do ERP na gestão financeira.....................................................................................162
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Você já deve ter se deparado com a situação de possuir um objetivo a ser alcançado, ter o recurso
financeiro necessário para tal realização, mas, mesmo assim, não conseguir realizar o que tinha
interesse. Já deve ter ouvido dizer também trabalhadores assalariados dizendo que o salário acaba antes
de terminar o mês. Eu pergunto: por que essas situações acontecem? Será que isso ocorre somente na
esfera pessoal? Ou acontece também com empresas?
Com empresas, a ocorrência é bem maior e muito mais séria, pois não ter recursos para pagar
fornecedores, funcionários ou investir no crescimento da empresa é como assinar a sentença de morte
da empresa.
Em ambas as situações, a palavra mágica que pode minimizar os problemas é orçamento, mas o que
é isso?
Para falar de orçamento, faz-se necessário entender a essência de uma empresa, como funciona sua
dinâmica e seus fluxos operacionais. Assim, podemos enxergar uma empresa como no fluxo a seguir:
Equipamentos Recebimento
Máquinas
Dinheiro Produção Venda
Matéria-prima
Mão de obra
1. O embrião que dará origem à estrutura empresarial é o capital, chamado também de recurso
financeiro. Vamos entender que, sem dinheiro, nada acontece.
2. Com o dinheiro em mãos, é necessário agora adquirir outros recursos, como maquinário,
matéria‑prima, mão de obra, tecnologia etc. Após isso, é chegado o momento para iniciar as
operações.
3. A próxima etapa é a produção, seja de bens ou serviços. Para se definir como, quando e quanto
produzir, deve-se ter pensamentos estratégicos.
4. Com os produtos prontos, vai-se para o mercado, onde serão entregues os itens solicitados, ou
propriamente para a venda.
5. Após a venda, organizam-se os meios de recebimento.
6. Inicia-se o fluxo novamente.
7
Assim, as técnicas de orçamento estabelecem as maneiras de atuar em cada uma dessas etapas,
definindo, prazos, volumes e formas de investimento.
Esta disciplina vai trazer para o aluno a percepção do fluxo do dinheiro pela organização,
oferecendo condições para que ele compreenda que não pode ter nem mais, nem menos que o
necessário.
Como gestor financeiro, entender as técnicas de orçamento é essencial, pois é a disciplina que vai
atuar com a gestão do capital existente na empresa, seja ele próprio ou de terceiros.
INTRODUÇÃO
Esta disciplina objetiva trazer para o aluno a percepção do fluxo do dinheiro pela organização,
oferecendo condições para que ele compreenda que não pode ter nem mais, nem menos que o necessário.
Como gestor financeiro, entender as técnicas de orçamento é essencial, pois é a disciplina que vai
atuar com a gestão do capital existente na empresa, seja ele próprio ou de terceiros.
Ao final desta disciplina, o aluno deve estar preparado para planejar recursos das diversas áreas de
uma organização, entender as etapas e os custos de cada uma das etapas produtivas. Deve reconhecer a
devida importância da gestão de recursos financeiros e fazer da gestão de caixa da empresa uma fonte
de lucro ao obter resultados positivos na aplicação correta desses recursos.
8
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Unidade I
1 ORÇAMENTO
Antes de conceituar orçamento, vamos entender sua importância de forma abrangente, indo
além das paredes de uma organização. Vamos enxergar que todo tipo de realização, seja pessoal ou
profissional, para que seja bem-sucedida, requer uma estrutura de planejamento, que seria pensar no
que se quer, para quando se quer, como se quer e em que condições.
Esse planejamento conduz as ações por caminhos que facilitam o alcance dos objetivos traçados.
Quando nos referimos às organizações, essa preocupação é ainda maior devido ao cenário competitivo
que vivemos hoje. Diante desse cenário, não existe espaço para erros, tentativas, improvisos por falta de
recursos, seja qual forem estes: tecnológico, humano, financeiro ou material.
Esta unidade tem como objetivo conceituar orçamento, fazer perceber que se trata de uma
ferramenta importante para a consecução de um planejamento, dando maior sustentabilidade ao tripé
do processo de gestão: planejar – executar – controlar. Podemos entender esse tripé como um ciclo que
leva a uma sequência a ser seguida e que, neste caso, vai proporcionar maior possibilidade de sucesso.
Planejar
Controlar Executar
Planejamento: é a etapa que estrutura a ideia a ser alcançada, pensando em pontos como:
Executar: nessa etapa, vamos colocar em prática tudo aquilo que foi planejado, é a etapa da ação, e
se deve pensar em pontos como:
9
Unidade I
Controlar: nessa etapa, devemos acompanhar se todas as etapas planejadas estão sendo seguidas da
maneira como foram pensadas. Deve, por exemplo, verificar:
Após pensarmos nesses pontos, já podemos considerar a porta de entrada para trabalhar com
orçamento. Para responder a cada uma dessas questões apontadas, estaremos pensando na necessidade
do capital preciso.
Pela importância citada anteriormente, você, aluno, já deve ter estruturado um conceito para o
termo “orçamento”. Se não o fez, convido-o a pensar sobre isso.
Para Matias (2008), orçamento é a projeção de receitas e gastos que uma organização elabora para
um determinado período de tempo. Quando esse autor diz que é uma projeção, ele quer dizer que está
olhando para o futuro. Por isso, para projetar, olhamos para o hoje, definimos onde queremos estar e
pensamos “no que seria necessário” para alcançarmos tal ponto.
Em uma empresa, por exemplo, podemos ter um histórico de vendas da seguinte maneira: janeiro –
1.000 unidades de um item qualquer; fevereiro: 800 unidades. Podemos projetar o mês de março a partir
dessa informação: pode ser por meio de média simples, ponderada ou qualquer outra forma, mas o
importante é ver que, para projetar, foi necessário ter informações anteriores, quanto mais informação,
melhor será a projeção; se as informações forem falhas, a projeção será falha. Quando as empresas
investem em tecnologia de informação como ERP (Enterprise Resource Planning), é justamente para
agilizar as projeções, deixando-as mais precisas.
Saiba mais
<http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C11-ART06.pdf>
10
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Receita: são os recursos que entram na empresa, mais especificamente “dinheiro”, que podem ser
provenientes de vendas, que é o mais comum e o mais importante a ser projetado.
Quando falamos em projetar receita de vendas, isso significa saber quantas unidades vamos vender,
quanto vai entrar de dinheiro, quando e como, pois podemos vender à vista e a prazo, e essa projeção
aponta qual a proporção de cada uma das formas de venda. Essa projeção é muito importante para
uma organização, pois é a partir dessa projeção de entrada que vamos estruturar as projeções de saídas,
assumir dívidas de acordo com o previsto de arrecadação; então, fica a pergunta: se a projeção de
receita não se concretizar, como vamos honrar os compromissos assumidos?
Gastos são as saídas para as mais diversas situações, tais como: compra de matéria-prima, mão de
obra, transporte, gastos fixos em geral etc.
Observação
O mesmo autor completa dizendo que o orçamento pode ser para o prazo de um ano, o que ele
conceitua de orçamento de curto prazo. Mas pode ser também para um prazo superior a um ano, o que
por ele é conceituado de planejamento estratégico.
Para Welsch (1973), orçamento é um plano administrativo que abrange todas as fases das operações
para um período futuro definido, desde a concepção da ideia até as várias etapas de execução, e tem o
objetivo de quantificar o custo total do projeto.
Trouxe essa definição de 1973 para vermos que o conceito não muda ao compararmos com as
definições modernas e que pode ser aplicado em quaisquer situações. Nesse caso apresentado, num
projeto, cuja natureza não importa, é fundamental que se saiba exatamente de quanto precisamos,
em quanto tempo, para não corrermos o risco de iniciarmos um projeto e não termos recurso para
concluirmos, situação que é muito comum em obras públicas, nas quais ou se abandona o projeto
por falta de recurso, ou se triplica o valor gasto, fazendo ajustes de valores, que os políticos chamam
elegantemente de aditivo. Uma empresa que precisa, por questão de sobrevivência, ser competitiva, não
poderia jamais passar por isso.
Outra visão importante é a de Zdanowicz (1989), que, mesmo sendo uma definição não atual, diz
que orçamento é um instrumento de ação, é o elemento motor que auxilia a orientar o processo de
tomada de decisão da empresa.
O referido autor aponta aqui para a serventia do orçamento. Qual seu papel? Responde-se a questões
do tipo:
Essas questões podem ajudar a decidir, por exemplo, onde instalar uma unidade da empresa, levando
em consideração o volume de vendas de cada região, os impostos locais, o custo de mão de obra etc.
A intenção até aqui era direcionar o aluno na definição do que é um orçamento, para que serve e
como devemos olhar para ele. O aluno deve agora pensar na definição que fez no início desta unidade
e comparar com os conceitos aqui apresentados, a fim de verificar se sua definição ficou alinhada com
esses conceitos.
Agora, vamos falar um pouco de história, vamos ver a evolução que levou à necessidade de orçamento.
Vimos que este é um planejamento, mas o que é um planejamento?
1.2 Planejamento
Foi definido há pouco como sendo a etapa em que se aponta o que, como e aonde se quer chegar a
determinado período, mas é importante pensar na evolução e na origem do conceito de planejamento
e estratégia. Vamos entender que planejar é traçar uma estratégia a ser seguida.
Lembrete
Até o século XIX, o termo era utilizado pelos generais dos exércitos para determinar as ações ofensivas,
que tinham como propósito alcançar a vitória sobre o inimigo. O livro mais famoso de estratégia e de
guerra, escrito em torno do ano 500 a.C., é A arte da guerra, de Sun Tzu.
[...] Aquele que ocupa o campo de batalha primeiro, e espera o inimigo, estará
descansado, aquele que chega depois e se lança na batalha precipitadamente
estará cansado.
Apresente uma vantagem aparente ao inimigo e ele virá até sua armadilha.
Ameace-o com algum perigo e você poderá pará-lo.
[...] Para um inimigo cercado, você deverá deixar um caminho para a saída, e
não pressione com muito vigor um inimigo que está acuado e desesperado
em um canto sem saída.
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ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Saiba mais
<http://www.scielosp.org/pdf/csc/v9n2/20394.pdf>
Primeira fase
Fortaleceu-se na metade do século XX, antes da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos da
América, quando o planejamento financeiro, representado pelo orçamento, começou a ser amplamente
utilizado. Em um primeiro momento, era simplesmente um controle do que foi gasto e de quanto sobrou
em relação aos valores de entrada. Assim, o processo de planejamento financeiro resumia-se na decisão
de “o que a empresa vai fazer”, “em que vai gastar”. Assim, para Lunkes (2003 apud Anthony), o principal
dispositivo formal para fazer planos na empresa é o orçamento, que é uma demonstração dos planos
em termos financeiros. Assim, o orçamento resumia-se ao registro dos gastos efetivados e das receitas
obtidas.
Segunda fase
Confirmando essa visão, Ackoff (1976) afirma que “o futuro pode ser melhorado por uma intervenção
ativa no presente”.
13
Unidade I
Terceira fase
Planejamento
Figura 3
Planejamento estratégico: normalmente, abrange prazos de cinco anos para cima. Envolve
informações qualitativas, ou seja, não é guiado somente por números, é muito importante pensar na
direção a ser seguida, devem-se pensar em pontos como:
Exemplos
João, após trabalhar por muitos anos em uma fábrica de calçados, está entrando no setor como
empresário. Quer montar uma fábrica e atuar com sua esposa. Em que João deveria pensar?
• Em qual mercado (social, esporte, masculino, feminino, adulto, jovem ou infantil) quer
atuar?
• Qual classe (A, B, C, D ou E) quer atender? Caso se decida por atuar com clientes de classe A, vai
vender um volume menor e com preços e margem de ganhos maiores por unidade; Se decidir
atender as classes C, D e E, vai vender maior volume e com preço e margem de ganho unitário
menores.
• Qual participação de mercado pretende ter em determinado período?
• Quanto vai investir para atender a esses objetivos?
• Qual retorno é esperado?
14
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tudo isso, em longo prazo, vai direcionar as ações para o planejamento tático.
Planejamento tático: é um plano de menor prazo que o estratégico. É aceito como tático o plano
que oscile de três a cinco anos. Envolve tanto plano qualitativo, que é o gerencial, como quantitativo,
que é embasado por números. Tem como objetivo orientar o plano operacional, avaliar o desempenho
dos gerentes no sentido de apontar se estão cumprindo ou não os planos traçados. Define metas para
alcançar os objetivos.
Utilizaremos como exemplo a mesma situação citada anteriormente, agora com algumas
definições. João quer atender às classes C, D e E – da Região Sudeste, tanto homens como mulheres
adultos que busquem calçados para o dia a dia. Em pesquisa de mercado, obteve a informação
de que o mercado vende um total de 20 milhões de pares de calçados nessa região por ano.
Definiu-se, então, que em cinco anos ele deverá atender 10% desse mercado. No planejamento
estratégico, somente estipulou o tamanho do mercado a atingir; agora, no planejamento tático,
vamos quantificar isso. Em cinco anos, deve estar vendendo dois milhões de pares ao ano. Para tal
atendimento, devemos ter maquinários suficientes, mão de obra que atenda a essa necessidade,
estrutura logística adequada e capital o bastante para atender a essa demanda.
A empresa do João citada anteriormente pretende vender dois milhões de pares por ano. Quantos
pares seriam por semestre, trimestre, mês, dia etc.? Como fazer para atender a essas necessidades
operacionais de produção?
Cada dia trabalhado deve seguir metas parciais até atingir os resultados esperados. As decisões devem
respeitar pontos específicos, por exemplo, se o objetivo da empresa for ter determinada lucratividade,
se gastar mais que o planejado nas operações ou produzir menos do que o planejado, o custo unitário
será maior e os lucros menores.
Conceitualmente, o planejamento estratégico para Cunha (2000) é: processo que consiste na análise
sistemática dos pontos fortes da empresa e das oportunidades e ameaças do meio ambiente. Essa
análise tem o intuito de estabelecer objetivos, estratégias e ações que possibilitem um aumento da
competitividade empresarial.
15
Unidade I
Cunha (2000) ainda aponta os seguintes passos para a elaboração do planejamento estratégico:
Sensibilização
Negócios / Missão
Fatores-chave do sucesso
Análise externa
Análise interna
Definição de objetivos e metas
Definições de estratégia
Implantação
Controle
Observando esses passos, o mesmo autor aponta um fluxo a ser seguido, pois, além do planejamento,
deve haver controle das operações. Completando essa visão, Lunkes (2003) aponta para a seguinte
estrutura:
Missão/Visão
Painel de Medidas de
desempenho Processo desempenho
• Balanced orçamentário e controle das
Scorecard variações
Figura 5
Dica do professor: pesquise o significado de missão e visão. Verifique se é importante para os passos
da empresa.
O planejamento estratégico pode ser aplicado em qualquer situação. Esse plano criado deve ser
avaliado, e uma ferramenta de avaliação é o BSC – Balanced Scorecard. Mas, o que é isso?
16
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Saiba mais
Mais informações a respeito do BSC podem ser encontradas na obra
Balanced Scorecard. Conceitos e guia de implementação, de Ana Paula
Paulino da Costa (São Paulo: Atlas, 2006).
De acordo com Costa (2006), o BSC foi desenvolvido por professores da Universidade de
Harvard, Robert Kaplan e David Norton, em 1992. Inicialmente, foi considerado uma ferramenta
de avaliação de desempenho. Mais tarde, foi aceito e utilizado como uma metodologia de gestão
estratégica.
Transformando essas perspectivas em um diagrama, podemos ver conforme proposto por Norton e
Kaplan (idem):
Figura 6
A respeito dessa visão, Lunkes (2003) propõe o seguinte modelo para facilitar a percepção e a
criação:
17
Unidade I
Tabela 1
Visão estratégica
Perspectiva Financeira
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
“Para termos sucesso Como
financeiro, como estamos
Como quer O que pretende
deveremos ser sendo Como vai fazer?
ser visto? melhorar?
vistos por nossos vistos pelos
acionistas?” acionistas?
Perspectiva Cliente
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
Como
“Para atingir estamos
nossa visão, como Como quer O que pretende
sendo Como vai fazer?
deveremos ser vistos ser visto? melhorar?
vistos pelos
por nossos clientes?” acionistas?
Perspectiva Processos internos
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
“Para satisfazer
nossos acionistas Em qual Como Como vai fazer
e hóspedes, em negócio estamos Como queremos para atingir esse
quais processos de queremos nesse esse negócio? ponto?
negócios deveremos ser bons? negócio?
nos sobressair?”
Perspectiva Aprendizado e crescimento
Objetivos Indicadores Metas Iniciativas
“Para atingir
nossa visão, como Como Como vai fazer
Como Como queremos
preservaremos nossa queremos para atingir esse
estamos? estar?
capacidade de mudar evoluir? ponto?
e melhorar?”
Estudo de caso
A fábrica do João
João trabalhava em uma fábrica de calçados. Seu grande sonho era um dia poder ter a sua própria
fábrica. Com esse propósito foi guardando todo o dinheiro que lhe era possível. Até que, um dia, esse
sonho tornou-se realidade.
Ele comprou um prédio, maquinários, material para confecção dos sapatos e começou a trabalhar.
Trabalhavam ele e sua esposa. Seguindo conselhos para ter variedade, confeccionaram um grande
número de pares de sapatos, cada um diferente do outro. A ideia era produzir, vender, receber, comprar
e começar novamente o fluxo.
Ficou satisfeito e feliz com o resultado e partiu para a venda de seu produto de loja em loja.
18
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
João, nessas andanças, voltava cada dia mais triste para casa. Isso porque, sempre que alguém
gostava de um tipo de sapato solicitava uma dúzia deles e João não os tinha nessa quantidade. Ou, por
vezes, queriam de outro modelo e João não o possuía, já que havia consumido toda a matéria-prima
comprada – e esperava o retorno financeiro para comprar novamente.
Ficou preocupado com isso e começou a conversar com sua esposa, sobre o que poderia estar errado.
Ele havia pensado em tudo, tinha colocado toda a sua fé e seu entusiasmo naquele trabalho. O que
será que ele precisava fazer? Ficou pensando dias e dias sobre isso, até que decidiu ir conversar com os
alunos de Gestão Financeira da Unip Interativa. O que você diria para o João?
Exemplo de aplicação
Você, aluno, é o consultor dessa empresa e deve apontar os erros de planejamento do João. Como
ele trabalhou seu orçamento? O problema dele foi falta de capital?
Resposta esperada
João não planejou as necessidades de mercado, quem era seu público, qual modelo seria aceito pelo
mercado, qual a quantidade a ser vendida. Também não sabia o tamanho do mercado para estipular um
market share e, assim, ter ideia de quanto produzir, quanta matéria-prima seria preciso, a necessidade
de mão de obra e, dessa forma, verificar se realmente sobraria dinheiro para a compra do prédio, uma
vez que grande parte do capital ficou imobilizado, faltando recursos para compor o capital de giro. João
simplesmente gastou, não planejou como, quanto e quando gastar, questões fundamentais para um
orçamento eficaz.
19
Unidade I
Beyound
Oeçamento por budgeting
Orçamento atividades Proteção
flexível dos recursos
Orçamento da Proteção dos
base zero Proteção dos recursos nas de forma
recursos para atividades descentralizada
Orçamento Orçamento Proteção dos vários níveis de por meio de e flexível, guiado
empresarial contínuo recursos baseada atividade direcionadores por um conjunto
em pacotes de de custos. de princípios.
Proteção dos recursos Renovação do decisão da estaca
baseada na estrutura período concluído e zero e com
organizacional e crécimo do mesmo justificativa para
acompanhamento período noturno. todos os novos
pelos departamentos gastos.
Orçamento empresarial ou original – as projeções das receitas e dos gastos são elaboradas
uma única vez; normalmente, no final de um ano, são feitas para os próximos 12 meses. Em um
modelo desses, a empresa estará envolvida no processo de orçamento uma única vez no ano,
mesmo tendo o processo de controle durante todo o ano, verificando se o planejado foi concretizado
pelo orçamento real.
Orçamento contínuo – é realizado todo mês e não somente uma vez por ano. Nesse modelo,
quando um mês termina, outro automaticamente é inserido no final do ciclo. A empresa estará
envolvida no processo de orçamento todo mês, isso deixa o processo mais ágil e possibilita ajustes
a cada período.
Orçamento de base zero – não considera o passado como base de informações para justificar
despesas futuras, como é feito nos outros planejamentos orçamentários.
Esse modelo projeta receitas e despesas como se o estivesse fazendo pela primeira vez, e requer que
todas as atividades sejam justificadas e priorizadas antes de decidir cada tipo de gasto.
Como ponto negativo, podemos apontar que leva mais tempo para ser elaborado, mas tem como
ponto positivo forçar melhorias contínuas no processo – pois deve ser justificada cada uma das etapas
– e aumenta o envolvimento das pessoas no processo de planejamento.
Orçamento flexível – tem como foco fazer a distinção entre gastos fixos e gastos variáveis. O
orçamento para gastos fixos é feito da maneira tradicional, enquanto os gastos variáveis são atrelados
ao volume de vendas.
Carneiro e Matias (2011) propõem um modelo para explicar o orçamento flexível. Nesse modelo, o
preço de vendas líquido unitário praticado é de R$ 31, e o gasto unitário variável é de R$ 21,80.
20
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Veja que os gastos fixos ficaram estáveis, enquanto os gastos variáveis foram ajustados de acordo
com o volume de vendas.
Orçamento por atividade – utiliza o conceito de custeio baseado em atividade, permitindo maior
detalhamento dos gastos. Nesse modelo, devem-se priorizar os gastos que agreguem maior valor ao
cliente. Procura-se, assim, evitar gastos desordenados ou sem critérios.
Um modelo de orçamento como esse exige integração entre as áreas da empresa, pois assim terá
maior base para a classificação ABC. É indicado o uso de ERP, um modelo de software que integra as
informações em uma única base de dados.
Esse é um modelo de orçamento baseado em valor, que direciona a empresa para alcançar aquilo
que realmente é importante para o negócio da empresa, ou seja, a lucratividade. Não podemos esquecer
que o objetivo da gestão financeira é maximizar a lucratividade da empresa.
De acordo com Carneiro e Matias (2011), para que uma empresa elabore um orçamento baseado em
valor, é necessário:
21
Unidade I
Carneiro e Matias (2011) propõem os seguintes elementos que compõem o beyond budgeting:
• Metas: são negociadas entre a cúpula e os gestores de cada departamento e definidas por
benchmarking interno e externo.
• Planejamento de curto prazo: utiliza o planejamento estratégico como subsídio e o Balanced
Scorecard como ferramenta.
• Recursos: são disponibilizados conforme a necessidade do momento, e não disponibilizado no
orçamento uma vez por ano.
• Controle: como ferramenta de controle, comparam-se as informações com os concorrentes,
tabelas externas de indicadores e indicadores do setor.
• Motivação e recompensa: devem-se distribuir bônus e lucros conforme a estrutura e o desempenho
de cada filial ou departamento, caso contrário, irá desmotivar ao invés de motivar.
Um modelo de orçamento dessa espécie não pode ser aplicado em qualquer organização, fazem-se
necessários alguns valores:
Falamos aqui da evolução e dos tipos de orçamentos existentes, mas é preciso reforçar que os
objetivos são os mesmos, assim, vamos conhecer os objetivos do orçamento.
Podemos dizer que o orçamento concretiza ou materializa os planos sob a forma de valores, é uma
maneira de quantificar as necessidades para colocar determinado plano em prática. Assim, é um meio
de assegurar a continuidade dos planos, fornecendo as medidas para avaliar o desempenho da empresa.
Quando bem elaborado, permite acompanhar a estratégia, verificar se está dentro do planejado
e, quando necessário, tomar ações corretivas. Sua execução contribui para assegurar a eficácia da
organização e o comando que vai possibilitar a ampliação dos planos.
Uma organização deve encerrar um período com o próximo já planejado, saber o que, quando e
quanto vai fazer. Isso em todas as esferas, desde as vendas, passando pela contratação de mão de
obra, sua qualificação, ampliação de produção etc. Em resumo, aquilo que a empresa pretende fazer no
próximo ano deve ter recurso previsto no orçamento para sua execução.
22
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Se pegarmos como exemplo a fábrica do João, em um mês, ele montou a fábrica; no mês seguinte,
deveria ter um plano de vendas; para atender essas vendas, tinha que ter um volume de matéria prima.
Mas, como vimos, João não tinha esses recursos, impossibilitando sua atuação.
Cada decisão terá um impacto que refletirá nos resultados da empresa, pois temos que enxergar que
o resultado não acontece, ele é construído com planejamento, execução e controle, daí a importância
de um orçamento.
Exemplos de Aplicação
Um planejamento concreto constrói-se do longo prazo para o curto prazo. Do plano maior
construímos os planos menores. Assim, um planejamento de longo prazo deve ser desmembrado em
planos de curto prazo. Para chegar ao final de uma escada, temos que subir degrau por degrau. É de
pequenas coisas que o todo será realizado, problemas no todo terão como causa o não cumprimento
das partes.
Voltando ao caso do João, vamos supor uma previsão de vendas de 120.000 pares de calçados no
ano, e que ele trabalhe com dois modelos, social e esporte:
Tabela 3
23
Unidade I
Vamos supor ainda que a capacidade de produção seja de 12.000 pares mensais, sendo 6.000 de
cada modelo. Quando desmembramos os planos, isso facilita enxergar os gargalos, por exemplo, nos
quatro meses marcados em cinza, não temos capacidade de produção, teríamos que fazer alguma coisa
para atender à necessidade de vendas anuais. Caso contrário, teremos excesso de trabalho em um mês,
incapacidade de produção em outros e ociosidade em outros.
Como sugestão, ele poderia antecipar a produção, pois estaria equalizando a capacidade produtiva
de cada um dos meses. Ainda seria possível antecipar a necessidade de capital para cada um dos meses,
possibilitando assim buscar a fonte mais barata para ter os recursos.
Prever as necessidades dos recursos é fundamental para que os planos saiam do papel. Não se
pode permitir que um projeto seja interrompido por falta de recursos, seja ele humano, tecnológico,
patrimonial ou financeiro. Para que isso não ocorra, é necessário conhecer as etapas que compõem o
plano, isso facilita saber os recursos necessários em cada uma delas. É importante saber o que vamos
usar, se há os recursos necessários disponíveis na hora que for necessário; se não estão disponíveis,
como fazer para tê-los, quais as dificuldades de obtenção e quais os custos?
Vejamos um exemplo:
Quadro 1
Abastecer a empresa de
Ampliar plano de compras Estipular prazos de acordo
mais material para iniciar Compras e/ou suprimentos.
de matéria-prima. com o início das operações.
as operações.
24
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Caro aluno, esse é somente um modelo sugestivo, onde se propõe o que se quer, qual o objetivo,
quem é o responsável e quando deve ocorrer. Não podemos nos esquecer de que, na prática, em cada
etapa, devemos estimar valores envolvidos e qual o fluxo de saída de caixa.
Plano de investimento costuma ser confundido com o próprio orçamento. Essa é uma etapa do
planejamento financeiro que destina valores a serem aplicados, os prazos de aplicação ou liberação de
recursos. Esse plano terá como referência os objetivos traçados no planejamento estratégico.
O plano de investimento cria uma forma de planejar as saídas de caixa ou captação dos recursos a
serem investidos.
Quadro 2
25
Unidade I
O plano de produção de uma empresa deve estar atrelado ao plano de vendas, funcionando em
sincronia e principalmente seguindo um fluxo.
A informação de vendas chega à empresa. O PCP recebe a informação, programa a produção para
atender aos prazos acordados, verifica a disponibilidade de estoque, solicita compras quando necessário,
verifica a mão de obra necessária, inicia a operação de produção e, por fim, faz entrega.
A maneira de criar o fluxo depende dos objetivos da empresa, assim, o processo de produção pode ser
estruturado de acordo com os objetivos de competitividade. A definição desses objetivos é direcionada
pelo mercado e deve pensar em itens como:
• produção puxada;
• produção empurrada;
Produção puxada – as vendas puxam as programações de produção, assim, deve-se vender primeiro
e produzir depois. Quando se termina a produção, os itens são direcionados para entrega. A vantagem
é que não temos estoques de acabados e podemos ter estoque de matéria-prima bem reduzido, pois
podemos comprar de acordo com as programações de produção.
26
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Entre os dois modelos, não é possível escolher o melhor, quem decide o modelo a ser aplicado
é o mercado, pois há produtos aos quais este quer ter acesso imediatamente e não esperar para ser
produzido.
Essas definições darão um direcionamento para programar o que fazer, quando fazer, como fazer,
com quais recursos fazer etc.
Quanto aos aspectos de competitividade, deve-se enxergar no mercado o que o cliente de hoje
solicita. Temos que entender que o cliente do hoje não compra o produto, o que menos importa para
ele é o produto, pois, se não comprar em uma empresa, pode comprar em outra. A competitividade está
cada vez maior em qualquer área. Assim, Slack (2003) aponta os fatores de competitividade:
• Qualidade – é estruturar a produção para oferecer a qualidade solicitada pelo cliente. Aquele que
compra qualidade é um cliente que tem nível de exigência apurada. Exemplo de empresas que
vendem, acima de tudo, qualidade: Hugo Boss, Mercedes Benz, Brastemp, Apple etc.
• Preço – quando a prioridade para o cliente é o preço, devemos ter estrutura que ofereça isso
acima de tudo, Não é possível dizer que terá a melhor qualidade do mercado e o melhor preço ao
mesmo tempo. É o caso de “comprar uma Ferrari ao preço de um Fusca”. Isso, na realidade, não é
possível. Como exemplo de em uma empresa que foque no preço, podemos nos lembrar de uma
empresa que tem o slogan “Nossos preços começam com zero”. Trata-se do Habib´s.
• Confiabilidade – há empresas que devem prezar por algo alcançado no decorrer de uma vida, por
exemplo, a marca Nestlè transmite segurança antes mesmo da qualidade. O mesmo acontece com
Danone, Coca Cola: não compramos por serem os melhores, mas sim por os conhecermos.
• Rapidez – é o tempo que o produto demora para chegar nas mãos do cliente. Por exemplo: não
podemos dizer que o McDonald’s tem sua clientela por vender produtos da melhor qualidade,
com itens de preços baixos etc., mas, sim, por ser rápido.
Cada empresa deve entender a prioridade do seu mercado e se estruturar para atender a essas
prioridades.
Exemplo
Primeiro cenário
A Pizzaria Oba Oba iniciou suas operações com o nome de Pizzaria da Mama, mas mudou de nome
por causa da necessidade de mercado, para se alinhar ao novo cenário. Para entender essa história,
vamos pegá-la do início.
27
Unidade I
O sr. Genaro, que possui uma prática adquirida com sua mãe, fazia pizzas caseiras deliciosas, que
sempre eram elogiadas por todos que frequentavam sua casa, tendo sua fama reconhecida até por seus
vizinhos. Com o grande interesse despertado, o sr. Genaro resolveu abrir uma pizzaria no bairro.
Inicialmente, não havia concorrentes na região. A pizzaria mais próxima ficava a cerca de 20 km.
Assim, o sr. Genaro inaugurou a pizzaria e sua principal preocupação era oferecer a mesma qualidade da
pizza elaborada em sua casa. Começou, então, oferecendo um cardápio com dez tipos de pizzas.
O sr. Genaro fixava o preço que queria, pois sua fama no bairro era de que sua pizza era única no
sabor e na qualidade.
Segundo cenário
Com o seu sucesso, surge a concorrência: duas outras pizzarias no bairro. A primeira busca no
preço o seu diferencial e passa oferecer pizzas a R$ 15. A segunda oferece um cardápio mais amplo de
pizzas salgadas e doces por um preço médio de R$ 22. O sr. Genaro viu sua clientela diminuir. Apesar de
reposicionar o seu preço em R$ 25, não conseguia recuperar a clientela. Em contrapartida, os seus dois
concorrentes continuavam a crescer.
O sr. Genaro, na presente situação de custos internos, não conseguiria acompanhar os R$ 15 de seu
outro concorrente sem ficar no vermelho (despesa maior que a receita).
O que você imagina que o cliente de agora quer em relação aos cinco pontos citados
anteriormente?
A reação de Genaro
O sr. Genaro avaliou o seu negócio e decidiu não abrir mão da qualidade percebida pelo cliente: nada
de reduzir azeitonas na pizza ou seu recheio. Decidiu racionalizar o seu custo de produção e, ao mesmo
tempo, flexibilizá-la.
Optou por modificar a sua produção, utilizando um processo em que a variedade pôde ser obtida
alterando-se poucos itens e mantendo-se uma grande parte dos componentes comuns; desse modo,
conseguiu racionalizar o uso dos mesmos produtos, concentrando os volumes de compras e negociação
com os fornecedores para reduzir custo dos componentes da pizza.
28
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
A pizzaria foi reformulada, de modo que os pizzaiolos trabalhassem com todos os materiais
organizados à sua frente, para reduzir o tempo de processamento, e investiu em treinamento para
reduzir o desperdício.
O sr. Genaro passou a focar nos custos internos e na variedade de pizzas, introduziu o atendimento
telefônico e a entrega delivery. Com as mudanças realizadas, conseguiu reduzir o preço médio para R$
20, porém com maior margem, e com a variedade introduzida e o tempo de entrega da pizza quentinha
em dez minutos, superou os concorrentes e os clientes voltaram a crescer na pizzaria.
Exemplos de Aplicação
O contra-ataque do mercado
A concorrência ficou mais acirrada, outras pizzarias entraram na disputa de mercado, oferecendo
pizzas com preços mais baixos ainda, o que fez com que muitas delas fossem quebrando com o passar
do tempo.
A outra pizzaria, que possuía um cardápio variado, buscou imitar a pizzaria do sr. Genaro, reduziu
custos internos e reformulou o visual da pizzaria, transformando o local num ponto de encontro
agradável, além de regularmente fazer promoções.
O sr. Genaro passou então a investir num equipamento que produzia pizzas com espessuras finas
e massa crocante. Continuou a diversificar, porém sempre alternando em torno de um tipo básico.
Investiu no local e passou a ser ponto de referência para encontros nos finais de semana. Com o lugar
sempre lotado, todos buscavam aquela massa crocante com um cardápio variado (doces, salgados, light,
diet). Os clientes, que cresciam a cada semana, consideravam que a relação benefício/custo era superior
na Pizzaria da Mama.
Exemplos de Aplicação
29
Unidade I
A partir das definições oferecidas anteriormente, torna-se mais fácil programar compras, que devem
ser convergentes com a programação de produção, que, por sua vez, deve ser convergente com as
necessidades de mercado. Um erro nessa definição afeta de forma ampla as condições financeiras de
uma organização. O orçamento proporciona condições de se prepararem ou alavancarem recursos com
antecedência e na proporção da necessidade da empresa.
O planejamento de compras deve apontar: o que comprar? Quanto comprar? De quem comprar?
Como pagar?
Prever a necessidade de mão de obra é apontar a necessidade de pessoas por etapa das operações.
Devemos pensar em quantas pessoas, no perfil necessário e na qualificação desse grupo, tudo isso
acarretará custos e deve ser previamente planejado.
O não planejamento da mão de obra fará com que a empresa perceba, no meio de uma operação,
que o número de pessoas é insuficiente e que não terá tempo hábil para selecionar as pessoas com o
perfil necessário, o que faz com que, na maioria das vezes, contratemos qualquer funcionário, situação
que compromete a eficiência da empresa.
A produtividade de uma empresa mede-se não somente pela quantidade, mas também pelo que se
gasta e como se gasta para produzir. O processo de produção requer um planejamento antecipado para
que não faltem recursos como matéria-prima, pessoas, manutenção durante o processo de produção
de um período.
O objetivo dessa etapa é limitar e direcionar valores a serem gastos durante um determinado
período. Esse é o centro de todo o planejamento. Qualquer projeto deve estar sob o crivo de uma análise
financeira.
Uma visão holística de todo o gasto da organização é fundamental para que as partes ou departamentos
consigam direcionar seus planejamentos específicos. O orçamento global busca dimensionar os gastos
macro da organização e distribuí-los por área de acordo com os interesses da empresa.
30
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Figura 8
O orçamento tem duas grandes funções, uma delas é a função gerencial, que visa construir
conhecimento, buscar informações gerais pela empresa e transformar em ações e/ou tomada de decisão.
É uma função que informa o que vai ser feito, como, por quem, com quais recursos e quando. Tudo isso
será conseguido com a atividade de planejamento.
Outra função é a de controle, que deve direcionar as ações para que elas não fujam do planejado;
deve ainda ser utilizada como maneira de avaliar desempenho, se há algum setor extrapolando os
planos e quanto extrapolaram.
Funções
Gerencial
Orçamento
Controle
Figura 9
31
Unidade I
Todo processo de uma organização deve seguir etapas, ou sequência de execução, para que haja
um mínimo de segurança naquilo que está sendo realizado. Essas etapas podem ser chamadas de ciclo.
No que se refere a ciclo orçamentário, podemos enxergar como representado na figura a seguir.
Planejar desempenho
como um todo
Replanejamento Estabelecimento de um
parâmetro de referência
Figura 10
Em cada uma das etapas, é necessário conhecer o que é, quem está envolvido etc. Na etapa de
planejar desempenho, é importante envolver todas as subunidades da empresa, devendo haver
concordância dos envolvidos; o desempenho citado são os limites e gastos acordados no todo e nas
partes.
Observação
Na etapa de análise do plano, devemos acompanhar se os planos realizados estão de acordo com
as necessidades e, se preciso, fazer correções.
Quando necessário, a etapa de replanejamento entra em cena, pois ajustes nem sempre significam
refazer o planejamento, mas quando as mudanças são muitas, o replanejamento quer dizer repensar os
planos traçados.
32
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Os objetivos operacionais
Figura 11
Assim, Zdanowicz (1989) diz que, para um orçamento ser bem elaborado, a empresa deve no mínimo
ter uma estrutura organizacional definida; possuir objetivos operacionais claros, como estipular taxa
de retorno do capital; ter definido qual a participação de mercado que tem ou pretende ter; estar
consciente sobre a política ambiental e, ainda, a lucratividade esperada.
33
Unidade I
Lembrete
• Leia o livro-texto.
• Assista aos vídeos no AVA.
• Resolva os exemplos de aplicação propostos no decorrer da unidade.
• Leias as dicas nos Saiba Mais.
• Interaja no fórum.
Resumo
34
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Exercícios
Questão 1
III – A elaboração do orçamento e o controle orçamentário permitem que gestores tenham condições
de questionar as variações em termos de causa e de efeito e permitem reprogramar o planejamento
projetado para a empresa.
IV – O orçamento nada mais é do que colocar na frente aquilo que está acontecendo hoje. Desta
forma, apresenta‑se como a expressão quantitativa de um plano de ação e de ajuda à coordenação e à
implementação de um plano.
a) I e II.
b) I, III e IV.
d) I, II e III.
e) II e III.
35
Unidade I
Afirmativa I: correta.
Justificativa: tanto o orçamento quanto seu controle não devem ser utilizados como instrumentos
de verificação de conduta de recursos humanos; as empresas, de forma geral, dispõem de diferentes
instrumentos para tal finalidade.
Questão 2
(BNDES/2009). A Cia. São Paulo S/A projetou suas vendas para o 1º. trimestre de 2010 com os valores
apresentados a seguir:
Sabendo que o prazo concedido aos clientes é de 30 dias, a projeção da entrada de caixa para março
de 2010, em Reais, é:
a) 72.000,00.
b) 68.000,00.
36
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
c) 66.000,00.
d) 48.000,00.
e) 46.000,00.
Resolução na plataforma.
37
Unidade II
Unidade II
Vamos conhecer as várias etapas e fazer exemplos práticos de sua elaboração.
3 ORÇAMENTO DE VENDAS
É a primeira etapa do processo de orçamento, todas as outras etapas dependem dessa. Carneiro
e Matias (2008) fazem uma analogia interessante: “Se o orçamento empresarial fosse um ‘trem’ o
orçamento de vendas seria a locomotiva”.
Todos os outros departamentos só poderão fazer seus orçamentos após o departamento comercial
tiver produzido seu orçamento de vendas.
Para conceituar melhor, podemos dizer que o orçamento de vendas são as previsões de vendas para
um determinado período orçamentário. Como foi dito, todo o processo de planejamento de outros
setores de uma organização vai depender das informações das previsões de vendas.
Nessa etapa, estimam-se as quantidades de cada produto e serviço que a empresa planeja vender
ou prestar, define-se o preço a ser praticado, os impostos incidentes e a receita a ser gerada, como
também pode-se pensar na quantidade de clientes a serem atendidos, nas condições básicas dessa
venda, à vista ou a prazo, entre outras informações. Geralmente, ele serve de base para as outras peças
orçamentárias, por isso, se suas estimativas não forem precisas, pode haver inviabilização do controle
orçamentário como um todo.
Uma maneira simples de iniciar esse orçamento é buscar a receita total de vendas:
Assim, podemos obter a receita bruta para cada um dos itens que a empresa comercializa. O mesmo
pode ser praticado para serviços.
Uma pergunta, entretanto, pode ficar no ar: como chegar ao preço de venda e qual a quantidade
mínima a ser vendida?
Devem ser relacionados os custos variáveis, os fixos e as despesas gerais. Com essas informações,
conhece-se o ponto de equilíbrio da empresa (aquele no qual a empresa paga seus custos e não sobra
nenhum centavo) e, a partir desse ponto, o que se vender a mais é ganho. Se ficar abaixo desse valor, não
será possível pagar as contas. Dessa forma, prever volume de vendas é essencial para o planejamento de
outras áreas da empresa.
38
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Quanto ao preço de venda, a formação de custos fixos e variáveis é importante, mas não podemos
desprezar os preços de vendas do mercado.
• Um time de futebol profissional precisa prever o número de torcedores que assiste aos jogos no
estádio ou pela televisão a cada campeonato.
• As empresas aéreas precisam prever o número de passageiros que voarão em cada rota.
• Hotéis precisam prever a taxa de ocupação durante os diferentes dias e meses.
• Empresas comerciais como Carrefour, Americanas, Casas Bahia etc. devem prever vendas de varejo
de milhares de produtos em diferentes locais.
• Empresas industriais como VW, Fiat, GM, Ford, Renault etc. devem prever a demanda de clientes
para cada modelo diferente de carro ou caminhão que vendem.
Essas previsões de vendas têm algumas condicionantes que podem impossibilitar que sejam
alcançados. Vejamos alguns.
Internamente
Caso se criem políticas de vendas ousadas e com volume de vendas considerável, devemos verificar
se há capacidade produtiva para se assumirem essas vendas, porque, se não houve, poderão ocorrer
problemas sérios de atendimento ao mercado, ranhura na imagem da empresa etc. Como remédio para
essa situação, o mercado observa a lei de oferta e demanda.
Lembrete
No excesso de oferta, percebe que se pode produzir bem acima do que
o mercado pode consumir; nessa situação, o preço diminui. Já no excesso
de demanda, muitas pessoas procuram um item e nem todas podem ser
atendidas; nessa situação, os preços sobem.
Observação
Se a empresa estiver iniciando suas operações, deve utilizar as
informações de previsão de vendas, ou o quanto pretende atender de
um mercado, para estruturar a capacidade produtiva com todos os seus
recursos.
39
Unidade II
Uma empresa deve funcionar de maneira sistêmica, havendo perfeita sintonia entre vendas,
produção, compras, estoque, distribuição etc. Quando a empresa está iniciando ou cresce de
forma inesperada, a incapacidade administrativa pode comprometer as previsões. Por exemplo,
se as vendas ocorrerem, mas a produção, quando for iniciar suas operações, perceber não ter os
insumos, isso certamente paralisaria a linha de produção; ou se houver planejamento de férias dos
funcionários sem se observarem as necessidades de produção; ou se se criam critérios que mexem
com a motivação dos funcionários; ou se simplesmente não houver planejamento de manutenção
preventiva. Todos esses exemplos são critérios administrativos.
A sexta-feira era um dia de descontração, todos iam ao escritório entregar as vendas da semana,
recebiam o pagamento e ficavam conversando. Na hora do almoço, iam para a padaria na rua de trás,
onde bebiam cervejas e comiam durante horas de conversas.
Na troca do responsável do escritório de representação, o sr. Alvim Verdies, sem muita visão do
jeito de ser do grupo, achou que estavam matando tempo, que era um dia sem trabalho. Então,
chamou o sr. Timião e disse que, a partir daquele momento, isso não mais se repetiria, na sexta-feira, os
representantes entregariam as vendas e voltariam a trabalhar. Além disso, determinou que o dinheiro
deles seria depositado em conta-corrente.
Os dias se passaram e, como resultado, foi verificado uma redução de 20% nas vendas. O
sr. Alvim não entendeu o motivo, porém, em conversa com o sr. Timião, este explicou o que
estaria acontecendo: a sexta-feira era um dia de descontração, de tirar o estresse, um momento
confraternização em que os representantes recuperavam as energias perdidas na semana. Quando
esse aspecto foi tirado deles, restaram somente as cobranças, não havia mais o clima amistoso de
antes.
Exemplos de Aplicação
40
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Atender a um público maior, diferente, mais exigente, pode trazer desagradáveis surpresas, exigindo
qualificação do quadro de funcionários.
Exemplo
Uma pizzaria em São Paulo, com grande movimento, tem como padrão de funcionamento o dono
ficar no caixa, que justifica tal postura como algo para evitar ser roubado.
Assim, os garçons no salão de atendimento não têm supervisão adequada. E nesse cenário, uma cena
que chamou a atenção foi a seguinte: uma família senta-se, o garçom atende-os com um “boa noite”
e lhes oferece o cardápio. A família faz o pedido e o garçom começa a arrumar a mesa. A seguir, traz os
talheres preparados da seguinte maneira:
Vejam as taças molhadas. Nem todos os clientes reclamarão, mas formarão um conceito sobre.
41
Unidade II
Figura 14
Não precisamos nos estender muito, uma pizzaria que atue dessa maneira vai sofrer dificuldades
para concretizar as previsões de vendas. Os clientes vão fugir aos poucos.
Para completar a cena, abriu na região um restaurante da rede Habib’s, o famoso Ragazzo. O que isso
significa para essa pizzaria no que se refere ao planejamento de vendas?
Um aumento de vendas pode exigir da empresa nova forma de compra, nova política de formação
de estoque, e seu capital de giro pode ser insuficiente. Essa insuficiência vai fazer com que faltem
recursos para a compra de matéria-prima, contratação de mão de obra e muitas outras coisas. E tudo
isso, enfim, pode interferir nos planos de vendas.
Externamente
Investir no mercado externo não é certeza de vendas, pois há fatores macroeconômicos que
interferem no processo, como o câmbio, por exemplo. Conhecer os pontos que podem trazer problemas
é essencial.
Nesse sentido, podemos ter como exemplo a crise americana de 2008, que rapidamente se alastrou
às grandes economias do mundo, fazendo cair drasticamente as exportações mundiais. As economias
que dependem de exportação sofreram muito com a crise.
42
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Captar recursos para ampliação dos negócios é muito comum. Poucas empresas crescem com capital
próprio, porém o custo do dinheiro é um fator que independe da empresa, como a taxa Selic. Na era
pré-Lula, ela ultrapassava os 20% ao ano, situação que dificultava o crescimento econômico e que era
justificada pela necessidade de equilibrar a inflação, uma vez que o governo de Fernando Henrique
Cardoso sucedeu um período de economia hiperinflacionária.
Alguns setores da economia não conseguem se desenvolver para dar apoio suficiente para seus
clientes, o que obriga as empresas a se prevenirem, comprando quantidades maiores, ou menores
volumes de vários fornecedores. Mas, ainda assim, isso pode interferir no volume de vendas.
Mão de obra qualificada é outro problema que, dependendo do setor, pode interferir
no crescimento do negócio. Por exemplo, o setor de instalação de som automotivo enfrenta
dificuldades de pessoas qualificadas, chegando ao ponto de limitar a expansão do negócio por
falta desses profissionais.
Todos esses pontos que podem interferir na projeção de vendas, tanto fatores internos como externos,
são importantes de ser observados para que a previsão seja a mais adequada possível. Entretanto,
devemos observar ainda que, para uma previsão de vendas eficiente, devem-se observar os seguintes
pontos:
• dados históricos;
• tendências de vendas da empresa;
• os competidores e a indústria (se disponíveis);
• tendências econômicas gerais ou fatores como taxas inflacionárias;
• taxas de juros;
• crescimento da população;
• gasto pessoal;
• fatores regionais e locais que afetam as vendas;
• mudanças de preço previstas em custos de compras e de vendas;
• planos de marketing previstos;
• impacto de novos produtos ou mudanças na linha de produtos inteira;
• fatores como eventos políticos e legais e mudanças de tempo.
43
Unidade II
Vejamos um exemplo.
Tabela 4
Tudo o que foi dito aqui, o aluno pode observar na figura a seguir:
44
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Orçamento de vendas
Orçamento do Orçamento de
estoque final fabricação
Saiba mais
O orçamento de estoque está diretamente ligado às políticas de estoques definidas pela empresa.
A política de estoque de uma empresa deve propor: gestão por categorias, estoques mínimos e
máximos, custos de estoques, giro de estoque e tempo de durabilidade. Cada um desses pontos está
ligado diretamente a custos. Essas definições devem possibilitar atender as necessidades de vendas,
administrativas e de produção.
45
Unidade II
Observação
• Orçamento de matéria-prima.
• Giro de estoque.
Exemplo
Imagine duas empresas que atuam no mesmo segmento, porém uma possui um giro de 24 vezes ano
(empresa A), e a outra de 12 vezes ano (empresa B).
Para que haja entendimento pleno, vamos introduzir conceitos de giro de estoque.
A empresa soma os valores que entraram em estoque em cada um dos meses em determinado
período e divide pelo número de meses no período, encontrando assim o estoque médio mensal.
Tabela 5
46
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Vamos imaginar que buscamos as informações nos sistemas da empresa e verificou-se que ela
vendeu 3.200 unidades no período.
Então, teríamos:
Giro de estoque
Isso significa que, em seis meses, o estoque médio teve que ser renovado, em média, 2,52 vezes. Essa
informação nos dá margem para encontrarmos o tempo de duração em estoque:
TD = 180 dias (seis meses) / 2,52 = 71,42 dias parados no estoque aguardando para ser vendido.
Vamos supor que cada unidade desse estoque custe R$ 20. Em 71,42 dias, terão ficado paradas no
estoque 1.266,66 unidades, o que proporcionaria um total de R$ 25.233,20 investidos em estoque e que
estaria parado, esperando ser vendido.
Se essa mesma empresa tivesse um giro de cinco vezes, qual seria a diferença? Veja:
Se se vendem 3.200 unidades em seis meses, resultaria em 17,77 unidades por dia; em 36 dias,
seriam necessárias 640 unidades estocadas. Se cada unidade custa R$ 20, isso resultaria num total
investido em estoque de R$ 12.800. Bem diferente dos R$ 25.233,20 hipotéticos da primeira situação.
Esses valores são importantes, pois os itens em estoque sofrem vários outros custos, como:
desvalorização em estoque, custo de perda, de armazenagem etc. Quanto menor os estoques, menores
serão esses custos.
Assim, pelo que foi discutido, será melhor quanto maior o giro de estoque e quanto menor o tempo
de duração em estoque menor melhor, já que implicariam menos custos.
47
Unidade II
Exemplos de Aplicação
A organização do processo produtivo deve buscar atender as necessidades assumidas pela empresa
perante o mercado ou atender às políticas adotadas. Essa etapa entra em ação após o plano de vendas
ter sido construído. O objetivo é assegurar que o nível de produção seja suficiente para suprir a previsão
de demanda de vendas.
• plano de vendas;
• características relativas à armazenagem dos materiais;
• escala econômica de fabricação;
• capacidade máxima de fabricação;
• duração e etapas do processo industrial;
• lotes econômicos de fabricação;
Tabela 6
48
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Observe que as informações são casadas. Na célula em que temos estoque final, vamos entender
como o estoque de segurança que a empresa considera ser suficiente.
Então, se vamos consumir 3.000 unidades em vendas e queremos ter 350 unidades em estoque
(como segurança), o total necessário é de 3.350 unidades; porém, há no estoque 300 unidades (estoque
inicial), então nossa necessidade a ser produzida será de 3.050 unidades. O estoque final de um período
é o estoque inicial do período seguinte.
Produção (3.050) + estoque inicial (300) = 3.350 – entrega para clientes (3.000) unidades, sobram
350 unidades em estoque.
P = V – EI + EF
Então, teremos:
Janeiro
Fevereiro
Março
Tabela 7
Considerando o que já foi planejado no mês de janeiro para produzir 3.050 unidades, fica definido
agora que, para produzir um produto, consomem-se dois quilos de matéria-prima.
Então, é possível observar que a necessidade total de matéria-prima será de 6.100 quilos; porém,
para segurança, a empresa decide deixar 710 quilos como estoque final ou estoque de segurança (10%
da necessidade do período futuro), que gera uma necessidade de matéria-prima de 6.810 quilos. Como a
empresa tem em estoque 610 quilos, a necessidade de matéria-prima será de 6.200 quilos. Sabe-se ainda
que cada quilo custa R$ 5; isso se traduz num custo de matéria-prima de R$ 31.000.
Esse custo é somente o valor pago aos fornecedores, que é apenas parte dos custos de estoque.
Para melhor entendimento, explica-se agora cada uma das linhas da tabela:
• Previsão de produção – volume tido como base para calcular a necessidade de matéria-prima.
Não se esqueça de que esse valor de produção foi obtido a partir da previsão de vendas (janeiro:
3.050 unidades; fevereiro: 3.550; março: 4.050).
• MP – Un. (kg) – matéria-prima utilizada para produzir cada unidade; X2 significa que cada unidade
consome dois quilos de matéria-prima.
• Total de MP necessária – é a multiplicação do consumo unitário pelo total a ser produzido.
No caso, temos: janeiro – 3.050 x 2 = 6.100 kg; fevereiro – 3.550 x 2 = 7.100 kg; março –
4050 x 2 = 8.100 kg.
• Estoque de MP final – é o estoque final de matéria-prima. Aqui, estamos aceitando ser uma
política de estoque definida pela empresa, política segundo a qual o estoque final de um mês será
igual a 10% das necessidades do mês seguinte. Então, janeiro teve estoque final de 710 quilos;
fevereiro, de 810 quilos; em março, seria necessário ter a previsão de abril, assim, vamos assumir
que será de 9.100 quilos, o que daria em março um estoque final de 910 quilos.
50
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Orçamento de mão de obra é orçar as necessidades de pessoas para realizar as atividades programadas.
É uma função de responsabilidade dos encarregados pela atividade de produção. É necessário, para
ter um orçamento mais detalhado, enxergar os diferentes níveis de complexidade existente e orçá-los
separadamente.
Podemos observar que o objetivo central do orçamento de mão de obra é estimar todos os
custos de recursos humanos, tais como: recrutamento e seleção, treinamento e integração de
funcionários, acompanhamento nas avaliações de desempenho e suas negociações sindicais, e
gestão salarial.
A partir das informações anteriores, é possível agora saber quais os gastos com pessoas para
atender determinada demanda, pois a deficiência dessa informação pode resultar em mão de
obra mais cara e menos eficiente, e para atingir essa eficiência, devem-se procurar as seguintes
informações:
Exemplo
51
Unidade II
Tabela 8
Janeiro Fevereiro Março
Previsão de produção (Un.) 3.050 3.550 4.050
MOD por un. (horas) X2 X2 X2
Total de MOD (horas) 6.100 7.100 8.100
Previsão valor hora MOD — R$ X 10 X 10 X 10
Total custo MOD 61.000 71.000 81.000
Conhecendo o produto, é possível saber quanto tempo é preciso para produzi-lo. Nesse exemplo,
gastam-se duas horas para produzir uma unidade, então, observe que serão necessárias 6.100 horas de
trabalho, sendo que cada hora custa R$ 10. Logo, o total de gasto com mão de obra será de R$ 61.000.
Caso haja necessidade de hora extra, esse valor será majorado; caso seja preciso retrabalho, também
haverá interferência nos valores.
Explicando a tabela:
Como nas etapas anteriores, aqui temos a programação de produção nos três meses iniciais do ano.
Será base para sabermos a necessidade de mão de obra.
Aqui é uma referência ao número de horas necessárias para produzir uma unidade, cada uma desta
consome duas horas.
É o custo de cada hora trabalhada. Deve levar em consideração todos os valores envolvidos, encargos
sociais, benefícios etc.
Também são custos de produção e de responsabilidade dos encarregados pela produção. Sanvicente
e Santos (2000) afirmam que podemos aceitar como custos indiretos de fabricação tudo aquilo que
não seja custo direto de fabricação ou matéria-prima, e citam como exemplo: depreciação, material de
escritório etc.
Exemplo
Tabela 9
Esses custos aumentam conforme o volume de produção e vendas, pois são custos atrelados à
produção unitária. Faz-se necessário aqui conhecer cada um dos itens relacionados.
Material indireto: são itens necessários para a produção, mas que não fazem parte diretamente
do produto fabricado, por exemplo: graxas, lubrificantes, lixas, carvão para aquecimento em fornos etc.
Mão de obra indireta: são os gastos de trabalhadores que não estão diretamente mensurados no
processo produtivo, como a supervisão e controle de qualidade.
Manutenção: é o custo de regulagem das máquinas; deve ser preventiva, mas também ocorrer
sempre que necessário.
Todos são classificados como variáveis, pois, se o volume de produção aumentar, os custos aqui
relacionados irão subir também.
Para buscarmos os custos indiretos de fabricação, devemos encontrar os custos indiretos variáveis
e fixos.
Exemplo
Tabela 10
Os custos fixos, mesmo os indiretos, são aqueles que, independentemente do volume de produção
ou vendas, a empresa terá que pagar.
Foi feito nesse exemplo um rateio do custo indireto de fabricação, em que se buscou trazer quanto
custa cada hora de trabalho de custo indireto, tanto fixo como variável.
Observe que a soma dos custos fixos é igual a R$ 33.200, que, somando com os custos variáveis
(R$ 19.520), apresentará um resultado de R$ 52.720 no mês de janeiro. O mesmo foi feito nos meses
seguintes. Como o objetivo é fazer um rateio, vamos trabalhar com média dos valores.
Mão de obra necessária = 6.100 horas em janeiro + 7.100 horas em fevereiro + 8.100 horas em
março = 21.300 horas.
54
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Saiba mais
Para ter uma visão mais ampla dos conceitos de orçamento, leia o livro
Orçamento empresarial: teoria, prática e novas técnicas, de Murilo Carneiro
e Alberto Borges Matias (Ed. Atlas, 1. ed., 2011).
Antes de tudo, é necessário abrir uma discussão sobre conceitos de CMV (Custo da Mercadoria
Vendida) e de CPV (Custo do Produto Vendido).
O CMV apura os custos das mercadorias comercializadas no período fiscal. O valor dele está
diretamente ligado à lucratividade da empresa, e na gestão financeira é fundamental projetar a ideia de
lucro, saber quantas unidades devem ser vendidas para cobrir os custos da operação. É o que chamamos
de ponto de equilíbrio.
Nessa etapa, os orçamentos de matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação
são reunidos para formar o orçamento do custo dos produtos vendidos.
Uma empresa com margem baixa pode ter como origem CMV ou CPV muito alto.
Tabela 11
Veja o valor CMV, é um custo e, como tal, irá abater para formar os lucros.
55
Unidade II
Tabela 12
Lembrete
Voltando à discussão de formação do CMV, lembramos que é um custo, assim, quanto menor, maior
será o lucro da empresa.
Como exemplo, vamos considerar que a empresa JCC LTDA. comercializa a sandália Pésdacor e teve
o seguinte movimento no mês: iniciou o período com estoque inicial de 50 pares, sendo que cada par
foi adquirido por R$ 17, totalizando R$ 850. Depois, comprou mais 250 pares a R$ 20 cada, totalizando
compras no valor de R$ 5.000. Vendeu 150 pares a R$ 28 cada, totalizando R$ 4.200. Comprou 80 pares
a R$ 21,80 cada, totalizando R$ 1.744. Por fim, vendeu 200 pares a R$ 29,50 cada, totalizando R$ 5.900.
Como regra, vamos adotar uma fórmula para apurar o custo da mercadoria vendida em empresa
comercial:
56
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
= CMV
Estoque inicial: é o volume em estoque com o qual a empresa inicia um período, volume em
estoque antes de iniciar as operações. Imagine que, no dia 31/12, a empresa fechou o mês com 20
unidades de um item no estoque. Quando reabrir no dia 1/1, quantas unidades haverá no estoque? Veja
que o estoque final de um período é o estoque inicial do próximo.
ICMS sobre compras: é o imposto sobre circulação de mercadoria, paga-se quando se compra e
quando se vende, mas há uma compensação, abatendo-se o valor pago na hora da compra do valor
pago na hora da venda.
Fretes e seguros: são os valores gastos na movimentação dos itens. Incorrerá toda vez que se fizer
uma compra. É possível fazer um rateio e saber quanto custou de transporte cada item adquirido. Por
exemplo, um frete custa R$ 2.000, e foram transportadas 1.000 unidades de um item qualquer. Isso
traduz que o custo de transporte de cada unidade foi de R$ 2.
Compras líquidas: é o valor ou volume realmente adquirido, os quais, abatendo-se dos estoques
finais, permitirão que se chegue ao valor do CMV.
57
Unidade II
É importante que se veja que o CMV vai interferir diretamente nos resultados das vendas, fazendo
com que a empresa ganhe mais ou menos dinheiro. Vamos ver essas possibilidades nas três formas de
apuração de custos de estoque, mas, antes, entender o motivo de existirem esses três modelos.
Imagine que uma empresa, em seus fluxos de operações diárias, vai comprar as mercadorias com
oscilações de preço, ou mais cara, que é o mais comum, ou mais barata. Assim, qual preço se deve
considerar como custo do item?
Tabela 13
50 17 850
Compra 250 20 5.000
250 20 5.000
50 17 850 0 17 0
Venda
100 20 2.000 150 20 3.000
150 20 3.000
Compra 80 21,80 1.744
80 21,80 1.744
150 20 3.000 0 20 0
Venda
50 21,80 1.090 30 21,80 654
Veja que, na linha cinza (estoque inicial), trouxemos o valor do enunciado anterior, ou seja, iniciaram-
se as operações com 50 unidades, a R$ 17 por unidade, totalizando R$ 850.
Na linha de compra, compramos 250 unidades, a R$ 20 cada, totalizando R$ 5.000. Observe que,
nessa linha, acumulamos os valores iniciais. Se fôssemos apurar os custos de estoques nesse momento,
58
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
teríamos R$ 5.850 e 300 pares, ambos os valores em estoque, sendo que foram adquiridos por preços
diferentes. Assim, quando vendermos, devemos considerar qual valor?
Na linha de venda, vendemos 150 unidades, a R$ 28 cada, assim, temos que retirar essas
unidades do estoque. Veja que vamos vender as 50 unidades que tínhamos a R$ 17 e depois
as outras 100 unidades a R$ 20. Das unidades de R$ 17, ficaremos com zero no estoque, e das
unidades de R$ 20, teremos 150 unidades em estoque. Nesse momento, o valor em estoque é de
R$ 3.000.
Posteriormente, compramos mais 80 pares, a R$ 21,80 cada, e ficamos com os saldos anteriores (150
pares a R$ 20) e mais os 80 pares, o que totaliza R$ 1.744. Ao somar os dois valores, temos um saldo de
estoque igual a R$ 4.744.
Vendemos mais 200 unidades, e da mesma maneira entregaremos 150 unidades de R$ 20 e as outras
50 unidades de R$ 21,80. Assim, ficaremos com zero nas unidades de R$ 20 e sobrarão 30 unidades de
21,80; teremos agora um estoque com valor de R$ 654.
No fim do período, compramos um total de 330 unidades, que custaram R$ 6.744, e vendemos 350
unidades, que custaram R$ 6.940 – este valor é o CMV.
= CMV R$ 6.940
59
Unidade II
Vamos verificar agora com a metodologia Ueps (Último a Entrar, Primeiro a Sair).
Tabela 14
50 17 850
Compra
250 20 5.000 250 20 5.000
50 17 850
Venda
150 20 3.000 100 20 2.000
50 17 850
Compra 100 20 2.000
20 17 340 30 17 510
Compramos com os mesmos valores, as mesmas quantidades, a diferença foi na forma de apurar os
custos das mercadorias em estoque. Aqui, vamos começar a abater os estoques pelas últimas mercadorias
a entrar no estoque.
Tínhamos 50 unidades a R$ 17 cada e compramos mais 250 unidades a R$ 20 cada. Vendemos 100
unidades. Para retirá-las do estoque, vamos considerar os valores da última aquisição em primeiro lugar,
e somente depois que essas se esgotarem é que consideraremos as outras unidades mais antigas em
estoque.
60
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
No caso, as 100 unidades saíram do estoque a um custo de R$ 20 cada, restando em estoque 150
unidades a um preço de R$ 20 cada; as 50 unidades a R$ 17 permanecerão em estoque intactas.
Quando vendemos 200 unidades, retiramos as últimas 80 unidades que foram adquiridas, depois as
100 que havia em estoque e, por último, 20 unidades das unidades iniciais. Resta em estoque um saldo
de R$ 510 e 30 unidades.
Assim, compramos 330 unidades, pagamos por elas R$ 6.744 e vendemos 350 unidades, que custaram
R$ 7.084, sendo este o novo CMV.
= CMV R$ 7.084
Total = R$ 10.100
61
Unidade II
Perceba que, se compararmos os valores de CMV e os resultados em vendas pelas metodologias Peps
e Ueps, temos valores diferentes. Entretanto, ainda temos outro método, que é uma média, a Média
Ponderada Móvel (MPM).
É conhecido como média ponderada móvel dos vários preços de compras. Nesse modelo, o custo
médio é obtido com a divisão do estoque financeiro (saldo em reais) pelo estoque físico, ou seja, a
quantidade.
A cada compra com valores diferentes, teremos variações nos custos médios, e será considerado
como preço unitário na venda o último custo médio encontrado. Vejamos um exemplo.
Tabela 15
Histórico
Preço Preço Total Preço Total
Quantidade Total (R$) Quantidade Quantidade
unitário unitário (R$) unitário (R$)
Estoque 50 17 850
inicial
5.850/
Compra 250 20 5.000 300* 300 = 5.850**
19,50
Na coluna de compra de 250 unidades a R$ 20, totalizando R$ 5.000, como já tínhamos 50 unidades,
ficamos agora com 300 unidades; em valores, tínhamos R$ 850 e agora, com mais R$ 5.000, temos um
total em valores de R$ 5.850. Como possuímos 300 unidades, daria uma média de R$ 19,50 por unidade.
62
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Na próxima linha, que aborda vendas de 150 unidades, os valores de saída serão de R$ 19,50, que é
a média encontrada, resultando em um valor de R$ 2.950 de saída de estoque.
Com mais 80 unidades compradas, o total será de 230 unidades, somando-se os valores das compras
com os valores que se tinha em estoque.
Assim, quando aconteceu a venda de 200 unidades, o valor de saída terá sido de 20,30 x 200 = R$
4.060. Restaram em estoque R$ 609.
= CMV R$ 6.985
Total = R$ 10.100
Tabela 16
Estoque final de
Método utilizado CMV Lucro bruto
mercadoria
Peps R$ 654 R$ 6.940 R$ 3.160
Ueps R$ 510 R$ 7.084 R$ 3.016
Custo médio R$ 609 R$ 6.985 R$ 3.115
Nas discussões sobre teorias da administração, Chiavenato (2006) aponta para as diferenças
entre as visões de Taylor e de Fayol, dois autores que tiveram grandes contribuições nas
administrações clássicas e científicas. O primeiro tinha como foco as tarefas, já Fayol centrava-
se a estrutura. Na visão de Chiavenato, para que uma empresa seja eficiente, deve ter algumas
funções básicas:
• Função produção.
• Função comercial.
• Função financeira.
• Função segurança.
• Função contábil.
• Função administrativa.
As funções administrativas organizam todas as outras funções, estão presentes por toda a empresa,
em níveis diferentes, de acordo com a hierarquia. A boa estrutura deixa bem delineada essas funções, de
maneira que cumpram seus objetivos dentro de uma estrutura aceitável de custos.
Uma empresa deve ter determinada estrutura de funcionamento, de acordo com os objetivos que
pretende alcançar. Essa estrutura deve ser gerenciada de forma que o corpo estrutural funcione da
melhor forma possível. Esse gerenciamento operacional tem um custo de funcionamento, e quantificar
esses custos é o objetivo desse orçamento.
64
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 17
Janeiro Fevereiro Março
Despesas variáveis R$ R$ R$
• Comissão de vendas 9.000 10.500 12.000
• Frete 3.000 3.500 4.000
Total variável 12.000 14.000 16.000
Tabela 18
Despesas Fixas Janeiro Fevereiro Março
• Propaganda 5.000 5.000 5.000
• Salários vendas 3.000 3.000 3.000
• Salários administração 12.500 12.500 12.500
• Depreciação 1.500 1.500 1.500
• Taxas e seguros 1.000 1.000 1.000
Total fixo 23.000 23.000 23.000
Total despesa 35.000 37.000 39.000
Essas projeções devem ocorrer com base em informações precisas. Podem servir como base de informação:
• A projeção de comissão de vendas vai depender das estimativas de vendas, das porcentagens de
vendas estabelecidas, das bonificações dadas aos funcionários que cumprirem ou ultrapassarem
metas.
• Os fretes devem ter como base, além das previsões de quantidades vendidas, também a informação
das regiões onde as vendas ocorrerão. Haverá interferências e modificações de acordo com as
políticas adotadas (se é transporte próprio ou terceirizado, por exemplo).
Observação
Ambas as despesas citadas são despesas variáveis, pois se alteram de
acordo com os volumes de vendas.
Quanto às projeções de despesas fixas, devemos considerar as definições com base nas necessidades
da empresa, uma vez que cada empresa estipula suas despesas fixas olhando para o passado e para as
perspectivas do futuro.
Podemos ver como exemplo as projeções de propagandas, aqui determinadas como fixo, mas nada
65
Unidade II
impede que estejam associadas ao volume de vendas, por exemplo: investir em propaganda 10% do
faturamento bruto; assim, seria variável e não fixo, embora o mais comum seja estipular um orçamento
anual e seguir essa definição.
Os salários de vendas estão associados aos valores fixos que os vendedores recebem e não atrelados
aos volumes vendidos, ou seja, é um valor já conhecido pela empresa.
Os salários da administração são valores gastos com os funcionários que não estão ligados diretamente
à produção (gerentes, supervisores, analistas, secretárias etc), quer dizer, também são valores conhecidos
por determinados períodos.
Quanto à depreciação, podemos chamar de uma despesa não reembolsável. Explicando melhor, a
depreciação é um valor de desvalorização do item pelo uso no passar do tempo. Imagine, por exemplo,
um veículo que você acabou de retirar de uma concessionária, mas já quer vendê-lo. Você conseguirá
vender pelo mesmo preço que comprou? Isso é o que chamamos de desvalorização.
Em uma empresa, os itens patrimoniais vão se desvalorizando pelo uso ou pela descontinuidade
tecnológica, surgem equipamentos mais desenvolvidos. Com o passar do tempo, uma empresa precisará
repor esse bem, mas com qual recurso vai fazer isso? Para facilitar e tornar possível essa reposição,
devemos fazer um aprovisionamento de valores para esse fim, ou seja, uma espécie de reserva de capital,
com porcentagens específicas para cada item.
Como exemplo de porcentagens, podemos apontar: para maquinário, móveis e utensílios, considerar
10% de depreciação ao ano; para veículos e equipamentos de informática, 20% ao ano.
A Receita Federal do Brasil toma como base o tempo de vida útil dos bens. Os prazos de vida útil
admissíveis para fins de depreciação dos seguintes veículos automotores, adquiridos novos, foram
fixados pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (IN SRF) 162, de 1998:
1
Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/Ant2001/1998/in16298ane1.htm. Acesso em 12
mai. 2011.
66
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
25% ao ano
Caminhões fora de estrada (Anexo I da IN SRF 162, de 1998, usa expressão 4 anos
Veículos Automóveis Especiais abrangindo os
Caminhões fora de estrada, Posição 8705)
25% ao ano
Motociclos 4 anos
(Anexo I da IN SRF 162, de 1998, Posição 8711)
Saiba mais
Conheça mais sobre esses valores no site da Receita Federal, acessando
o link:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ins/Ant2001/1998/
in16298ane1.htm>
Assim, consideramos a depreciação como um valor aprovisionado, mas que não sai do caixa da
empresa. Será tido como custo, mas não terá que ser pago.
Vamos tomar como exemplo a compra de um caminhão por R$ 90.000. A depreciação de 25%
ao ano corresponde a R$ 22.500 anuais. Se esse valor for dividido por 12, corresponderá a R$ 1.875
mensais. Se a empresa trabalhar 22 dias por mês, isso corresponderá a R$ 156,25 ao dia, ou seja, R$
19,53 por hora. Assim, se esse veículo fizer um trajeto de duas horas, terá somente de depreciação uma
despesa correspondente a R$ 39,06.
As taxas e os seguros, por sua vez, são valores estipulados a partir do conhecimento das exigências
legais regionais e das regras de seguros vigentes.
Uma projeção adequada desses valores será fundamental para decisões importantes para a empresa,
tais como:
• preço de venda;
• margem de lucro;
• volume de vendas;
• tempo de retorno do investimento;
• opção de vender a prazo ou à vista;
• projeção do Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) etc.
67
Unidade II
Tabela 20
Esse orçamento é fundamental para apurar os custos de produção. Vamos chamar de material direto
os insumos ou matérias-primas envolvidos no produto.
Ingredientes:
Assim, o custo do material utilizado estaria de acordo com o que está representado na tabela.
Tabela 21
Esse total de R$ 0,86 é o valor da matéria-prima por pastel, isso quer dizer que, se fossem vendidos
1.000 pastéis, seriam gastos R$ 865 com material.
68
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Mão de obra direta é o gasto com as pessoas ligadas à produção. Assim como foi definido em tabelas
anteriores, o tempo de produção é de duas horas e cada hora custa R$ 10, totalizando R$ 20 de mão
de obra.
Trazendo esse pensamento para o exemplo do pastel, poderíamos proceder da seguinte maneira:
Contrata-se um pasteleiro por R$ 1.000 ao mês, para trabalhar 22 dias ao mês, 8 horas ao dia. Assim,
ele recebe por dia R$ 45,45, o equivalente a R$ 5,68 por hora. Se, para fazer 1.000 pastéis, ele gasta três
horas, teríamos um total de gastos com mão de obra de R$ 17,04 (3 x 5,68) para 1.000 pastéis. Então,
quanto seria o custo de mão de obra de um pastel? R$ 17,04/1000 = R$ 0,017.
O CIF foi calculado anteriormente, sendo desnecessário repetir os conceitos abordados. Lembrando
que o exemplo dos pastéis é somente para verificarmos outra aplicação do assunto discutido, o foco
principal, no entanto, é observar a tabela com as despesas de material de produção, mão de obra e CIF,
que, somados, totalizaram R$ 45,76.
Com a obtenção de todos os custos estudados até o momento, é possível construir uma tabela como
essa. Observe que o valor de R$ 45,76 é CPV ou CMV unitário.
Para ampliar a percepção da situação, suponha que foi feita uma pesquisa de mercado e observou-
se que existe uma previsão de demanda desse produto em torno de 30.000 unidades, e que a empresa
determinou um market share de 10%, o que direciona a empresa a determinar como objetivo de vendas
3.000 unidades. O preço de venda é igual a R$ 80.
69
Unidade II
Despesa administrativa de vendas: custo fixo de R$ 23.000 + custo variável de R$ 12.000 = R$ 35.000
Lucro operacional: corresponde a lucro bruto menos as despesas operacionais aqui citadas.
Até aqui, falamos de vários orçamentos, de materiais, de mão de obra, do custo do produto, de
despesas etc. Agora, vamos abordar um orçamento que unifica todos eles.
Como definição, podemos afirmar que orçamento de caixa é um demonstrativo dos fluxos de
entradas e saídas de caixa, e serve para estimar as movimentações de curto e longo prazos, mas com
grande foco no curto prazo. Costuma ser elaborado por ano, semestre, meses ou semanas.
• operacional;
70
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
• de investimento;
• de financiamento.
Operacional
Resume as entradas e saídas de caixa decorrentes da atividade operacional, como vemos na figura
a seguir.
Salários a Mão-de-obra
pagar
Imposto de renda
Vendas a vista
Vendas a prazo
Figura 16
Veja que as setas apontam para quando ocorre entrada e/ou saída dos recursos. Como gestor
responsável pelo orçamento de uma organização, conhecer o fluxo é parte das necessidades. Devemos
ainda quantificar e temporizar essas operações, de forma que seja possível saber o quanto de dinheiro
se precisa e para quando. Caso se perceba que não há nem haverá recursos, é possível procurar meios
para obtê-los de maneira menos onerosa.
As atividades operacionais não são as únicas atividades de entrada e saída de caixa, também o são
as atividades de investimentos.
Fluxos de investimentos
Vamos considerar como atividades de investimentos aquelas que não são corriqueiras da empresa,
ou as atividades que não são das operações básicas da empresa, como comprar e vender.
71
Unidade II
Fluxo de investimento
Compra
Caixa
Compra
Figura 17
Os fluxos de financiamentos são ainda outras atividades que geram entradas e saídas de caixa, são
atividades dos exigíveis ou das obrigações da empresa.
Fluxo de financiamento
Quitação
Dívidas de curto e longo
Aquisição prazos
Figura 18
Esse orçamento possibilita saber com antecedência a necessidade de disponibilidade para suprimento
e aplicações de recursos, pois a falta de recursos pode ocasionar altos custos na captação desses recursos
emergenciais, ou fazer boas aplicações de recursos disponíveis e maximizar os lucros da organização.
72
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Para sua elaboração, será necessário montar todas as planilhas de custos e despesas que gerem
saída de caixa. Vamos abordar algumas dessas planilhas para que, posteriormente, sejam transferidos os
valores para o fluxo de caixa. Essa simulação será feita na próxima unidade.
Saiba mais
Resumo
73
Unidade II
Peps (Primeira que Entra, Primeira a Sair) – considera, para dar baixa de
estoque, as mercadorias que entraram primeiro e seus respectivos valores.
Exercícios
Questão 1
a) 2.408.568 unidades.
b) 2.673.568 unidades.
c) 3.452.432 unidades.
d) 2.143.568 unidades.
e) 654.432 unidades.
Resolução do exercício
74
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Com base nas informações fornecidas, observa‑se que a empresa deseja determinado volume de
vendas no ano de 2012, conhece seu estoque de produtos acabados, não quer terminar o ano com o
estoque zero e deseja determinar quanto deverá produzir no ano 2012.
Ordenando as informações:
Assim:
Questão 2
a) R$ 2.260,00.
b) R$ 1.505,00.
75
Unidade II
c) R$ 1.127,00.
d) R$ 1.032,00.
e) R$ 832,00.
Resolução na plataforma.
76
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Unidade III
5 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Até aqui, vimos alguns tipos de orçamento e como construí-los, mas nada se compara a praticar
com exemplos reais. Esse será o foco desta unidade, associar as definições anteriores às políticas das
empresas.
Vamos aceitar que qualquer empresa trabalha com base nos históricos de vendas e/ou projeção
a partir de pesquisa de mercado. Ela olha para o passado e, com base nas informações, traça o
que será o futuro. É uma forma de definir política de atuação, não foi uma definição ao acaso,
mas com base em algo concreto. Outra maneira é fazer uma projeção com base nas informações
de pesquisa de mercado, é uma forma de definir as políticas para atender as necessidades
observadas.
Nesta unidade, para entender o exemplo que será dado, vamos definir uma política de atuação para
as áreas envolvidas.
Como política de vendas, a empresa, por meio da atuação conjunta das áreas financeira e comercial,
definiu que 60% das vendas serão à vista e os 40% restantes serão para o mês seguinte. Quanto ao
pagamento dos fornecedores, se dará em duas vezes iguais, para 30 e 60 dias.
Dezembro 150.00,00
Janeiro 240.000,00
Fevereiro 360.000,00
Março 320.000,00
Com essa previsão de vendas e com as políticas definidas, podemos iniciar o trabalho de orçamento
que aponte as entradas de recursos. A ideia aqui é fazer uma projeção para os primeiros quatro meses
do ano.
77
Unidade III
Tabela 24
Em janeiro, temos 60.000, que se referem aos 40% das vendas de dezembro (150.000 x 40% =
60.000), mais 144.000 que se referem aos 60% das vendas de janeiro (240.000 x 60% = 144.000),
o total de entrada em janeiro é de 204.000.
Em fevereiro, a empresa vendeu 360.000 e, assim, receberá 268.000 (360.000 x 60%) e mais
96.000 das vendas de janeiro (240.000 x 40%). Somando ambos os valores, a empresa receberá
264.000.
Em março, a empresa vendeu 320.000 e receberá 192.000, que se referem aos 60% à vista do total
de vendas, mais 112.000 das vendas de fevereiro (40% de 360.000); assim, receberá 304.000.
Em abril, não temos vendas, mas ainda restam os 40% das vendas de março para receber, o que
corresponde a 128.000.
Agora que temos os números do orçamento, como devemos olhar para eles? Vamos analisar algumas
possíveis alternativas.
Em janeiro, o total a receber é de 204.000, sendo 60.000 das vendas a prazo, ou seja, 29,41% do total.
Em fevereiro, o total a entrar é de 264.000, e, desse total, 36,36% são provenientes de vendas a prazo.
O que isso pode significar?
De um mês para o outro, o percentual de vendas a prazo foi maior, o que pode deixar a empresa
em um grau de risco maior, pois pode ocorrer a inadimplência, ou simplesmente um atraso, o que pode
prejudicar a posição de caixa da empresa.
Essa percepção é uma referência para a empresa facilitar ou deixar mais rigorosa a política de
crédito, pois crédito facilitado pode ampliar as vendas, mas reduzir as entradas.
78
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 25
Esse valor pode ser obtido na empresa somando-se os valores adquiridos em cada um dos períodos.
Seguindo então a política de pagamento de fornecedores definida pela empresa, em duas vezes iguais,
observamos:
Tabela 26
Das compras de dezembro, ficamos devendo 12.000 para pagar em janeiro, ou seja, metade. Em
janeiro, compramos 31.000, assim, vamos pagar 15.500 em janeiro e o mesmo valor em fevereiro. Em
fevereiro, compramos 36.000, pagando duas parcelas de 18.000, uma em fevereiro e outra em março.
Em março, compramos 41.000, pagando 20.500 em março e o mesmo valor em abril.
Resgatando os valores de orçamento de mão de obra que calculamos na unidade II, temos o seguinte:
Tabela 27
79
Unidade III
São os valores que a empresa vai desembolsar para arcar com a produção dos itens. Assim, temos
agora a possibilidade de unir todas essas informações, inclusive os orçamentos desenvolvidos na unidade
II, em um só dado, o orçamento de caixa.
Vamos aceitar como saldo inicial o valor de 45.000, que se refere ao saldo final de caixa em dezembro
do ano anterior.
Todos os outros valores vieram de orçamentos feitos na unidade II, com exceção dos financiamentos.
Vamos entender isso como uma necessidade extra da empresa de investir em alguma modificação,
ficando definido como investimento a ser feito em fevereiro.
Tabela 28
Vamos ainda supor que a empresa defina que o caixa mínimo necessário seja de 20.000. Uma planilha
como essa nos apontaria que, em fevereiro, teríamos necessidade de fazer captação de recursos, ou seja,
fazer empréstimo.
Se a empresa ampliasse sua política e definisse que o saldo de caixa fosse de 20.000, aqui então
teríamos que fazer aplicação em fevereiro e em março, e buscar novos recursos em fevereiro.
A riqueza desse processo está em saber com antecedência qual a necessidade de recurso financeiro,
possibilitando planejar com maior precisão o que, quando e como buscar esses recursos.
80
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Poderíamos assim inserir mais algumas linhas que proponham a previsão de investimentos ou
empréstimos.
Tabela 29
1. o modelo de orçamento apresentado neste módulo é apenas “um modelo”, que deve ser ajustado
de acordo com a situação real de cada empresa;
2. as condições econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de juros etc.) alteram-se ao longo do
tempo; portanto, de tempos em tempos, os dados para projeção de índices e taxas de juros devem
ser atualizados;
3. a legislação tributária sofre alterações frequentes, algumas vezes voltando à situação anterior;
portanto, as condições tributárias devem ser atualizadas de acordo com as válidas para a época
da elaboração do orçamento.
Vamos ver alguns exemplos de índices que interferem e tornam necessário o ajuste temporário dos
orçamentos.
A inflação vai alterar os preços de aquisição da empresa, fazendo com que possa comprar menos
com os mesmos recursos; para manter volume de compras, terá que dispor de mais recursos.
81
Unidade III
A variação cambial é a mesma coisa, o mercado internacional utiliza como moeda-padrão o dólar,
então o aumento ou a diminuição na cotação da moeda pode ajudar ou atrapalhar as operações da
empresa.
Exemplo
A cotação do dólar em janeiro de 2003 era de R$ 3,50. Uma empresa que compra matéria-prima em
dólar dos EUA, no valor de US$ 1.000, terá que dispor de R$ 3.500 para comprar tal item. Em janeiro
de 2010, o dólar estava a R$ 1,76, assim, a compra de US$ 1.000 fará com que a empresa desembolse
apenas R$ 1.760 para a compra dos mesmos itens.
Isso acontece na hora da importação, mas, e se for momento da exportação? Vamos supor que, em
2010, vendeu-se mercadoria para os EUA ao preço de R$ 1.000 (equivalentes a US$ 568). Em 2003,
a mesma venda custaria ao cliente nos EUA somente US$ 285,42, sendo esse o valor recebido pela
empresa.
Veja então que o dólar baixo facilita a importação, mas dificulta a exportação, ou seja, o dólar alto
facilita a venda (exportação), mas dificulta a compra (importação).
Vamos ver uma forma de atualizar ou corrigir os valores com base nas variações econômicas. O
preço atualizado de cada período de referência é calculado de acordo com a seguinte equação:
Pn = P0 X In
Onde:
0
= preço-base
2 x 2,25% = 2,045
Por unidade, parece pouco, mas multiplicando-se pelo volume adquirido no mês, pode ser significativo.
• Considerar as alíquotas e contribuições que são obrigatórias de acordo com o porte da empresa.
82
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
• INSS.
• FGTS.
• Provisões de 13°. salário.
• Provisão de férias etc.
Para obter o valor das vendas de mercadoria, é necessário saber o preço unitário e o volume que
se pretende vender. Exemplo: por meio de pesquisa de intenção de consumo em determinada região,
verificou-se como previsão de consumo geral 20.000 unidades de um produto qualquer; sabe-se ainda
que nessa região há cinco empresas oferecendo o referido produto. Para entrar ali, podemos definir um
market share de 10%, por exemplo, assim haveria uma previsão de vendas de 2.000 unidades. Ou então
se poderiam utilizar técnicas de previsão de demanda.
Saiba mais
As outras despesas podem ser obtidas por meio dos históricos da empresa.
Tem a finalidade de determinar a quantidade de produtos que devem ser produzidos ou comprados
se for empresa que revenda produtos acabados. Deve levar em consideração os estoques de segurança
determinados na política de estoques da empresa.
Vamos supor que a mesma empresa citada anteriormente faça uma divisão dos volumes em reais
que vendeu pelo preço unitário de cada item. Ela encontrará a quantidade a ser vendida por período
para atingir tal faturamento. Assim, achou os seguintes dados:
Tabela 32
Segundo a política de estoques definida pela empresa, ela deverá manter como estoque de segurança
10% das vendas do mês seguinte. Então, teria que produzir ou comprar a necessidade de janeiro mais 18
unidades do mês de fevereiro, o que somaria 268 unidades. Em fevereiro, já iniciaria o período com 18
unidades, então teríamos: 188 – 18 + 22 = 192 unidades para serem produzidas ou compradas.
Janeiro: 250 + 10% das vendas de fevereiro (188) = 250 +18 = 268 unidades
Tabela 33
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.
Estoque inicial 0 18 22 27 43 22
Vendas em
unidades 250 188 225 275 438 225
Produção ou
compra 268 192 230 291 417 203
Estoque final 18 22 27 43 22 0
Estoque de
segurança 18 22 27 43 22 0
Fórmulas:
Vendas – EI + EF = Produção
84
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Produção + EI – Vendas = EF
O primeiro passo seria fazer a explosão do produto, isso significa que vamos separar ou desmembrar
o produto em partes. Pegamos as quatro grandes partes da camisa e depois associamos os itens que são
utilizados em cada uma das partes.
Camisa
Entretela 1 Botão
2
85
Unidade III
Assim, quando for necessária determinada quantidade, o sistema multiplica pelas unidades
consumidas em cada etapa.
Exemplo
Essa projeção leva em consideração os valores projetados de vendas e produção, criando uma
percepção de valores necessários para pagamento de fornecedores e volumes de mercadorias em
estoque. Veja que, além de respaldo financeiro para a operação, o orçamento facilita o gasto operacional
dos itens, como recebimento, conferência, estoque de matéria-prima etc.
Visa determinar, por produtos, departamentos e períodos, a quantidade de horas de mão de obra
direta e os custos das horas de mão de obra direta trabalhadas, aplicadas diretamente à produção, de
acordo com a quantidade a ser produzida.
Informações necessárias
1. Folha de pagamento.
86
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Exemplo
Como definido na unidade anterior, o orçamento de custos indiretos de fabricação tem a finalidade
de apurar o montante de custos que participam indiretamente na fabricação de produto.
Alguns custos indiretos de fabricação variam de acordo com o nível de produção, podendo o seu total
ser determinado em função da quantidade de produção: são os custos indiretos de fabricação variáveis
(é o caso de combustíveis e lubrificantes, parte da energia elétrica e alguns materiais consumidos no
processo de produção).
Para dar apoio a toda essa necessidade, é importante utilizar recursos tecnológicos que
proporcionem maior segurança para as operações da empresa, como veremos a seguir.
87
Unidade III
Módulos do MRPII
S&OP Plano de vendas e
operações
Plano de necessidades
CRP MRP materiais
Plano de Ordens de
Compras SCF produção
compras
materiais
Como visto na unidade II, é um orçamento que visa dimensionar os recursos necessários para dar
suporte às vendas orçadas. A maioria das despesas de vendas é de natureza fixa. Algumas despesas de
vendas e distribuição são variáveis, isto é, variam conforme o volume de vendas.
Visa determinar os valores de aquisição e baixa de ativos permanentes, bem como apurar as cotas
de depreciação e amortização. Trata das operações que envolvam o gerenciamento dos ativos fixos da
empresa.
A finalidade é apurar as faltas e sobras de caixa, e dimensionar os recursos necessários para financiar
as atividades de operações e investimentos, e apurar as receitas e despesas financeiras. Vamos ver a
aplicação em uma empresa fictícia.
A empresa JCC Ltda. apresentou os seguintes dados provenientes do planejamento feito pelos sócios.
Tabela 34
88
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Compras de
mercadoria 6.000 5.000 6.000 7.000 8.000 5.000 37.000
Despesas
administrativas 1.200 1.000 1.200 1.000 1.500 1.000 6.900
Despesas tributárias
(25% da receita) 5.000 3.750 4.500 5.500 8.750 4.500 32.000
Comprade material de
consumo 1.000 1.100 1.200 1.000 1.200 1.100 6.600
Nessa mesma reunião de planejamento, ficaram definidas as seguintes políticas em relação às vendas:
• 35% à vista e o saldo devedor em 35% em 30 dias; 35% em 60 dias; 30% em 90 dias, resultando
nas seguintes informações:
89
Unidade III
• Os salários com os respectivos encargos sociais serão pagos no quinto dia útil do mês seguinte.
Esse valor está sendo considerado nas previsões de entradas, abatendo-se os 10% de não recebíveis
das vendas a prazo.
Tabela 39
Os valores estão em vermelho por serem negativos, serão subtraídos dos valores das vendas a receber.
Tabela 40
90
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 41
• As despesas com vendas de cada mês estão projetadas em 15% das vendas totais previstas para o
mês seguinte.
Tabela 42
• Todas as demais contas a receber e a pagar serão recebidas e pagas no mês de competência.
• O saldo inicial de caixa em janeiro de 2008 será igual ao saldo final de caixa em dezembro de 2007,
no valor de R$ 5.000.
• O administrador financeiro, de acordo com a situação econômico-financeira em que a empresa
se encontra, projetará um nível desejado de caixa para o mês seguinte; 10% a mais em relação ao
saldo final de do mês anterior.
• Já em caso de excedentes de caixa no mês, a empresa irá aplicar no mercado financeiro, resgatando
três meses depois, com rendimento de 2% ao mês.
• Quando houver escassez de recursos financeiros, a empresa captará recursos no Bradesco, o
reforço de capital de giro necessário para suas atividades operacionais. A amortização ocorrerá 30
dias após o empréstimo concedido, com juros mensais de 1,5%.
• A empresa tem um imóvel alugado no centro da cidade, cujo valor recebido no mês de janeiro/08
é de R$ 400 já corrigidos. O reajuste do referido imóvel será trimestral e está orçado em 5% a
partir do segundo trimestre de 2008.
91
Unidade III
Tabela 43
Orçamento de caixa (R$) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Total
Entradas
Vendas à vista 7.000 5.250 6.300 7.700 12.250 6.300 44.800
Vendas a prazo – 4.095 7.166,25 10.266,75 10.822,50 14.829,75 47.180,25
Vendas de ativos –
Aumento de capital social –
Outras receitas 400 400 400 420 420 420 2.460
Receitas financeiras
Total das entradas 7.400 9.745 13.866,25 18.386,75 23.492,50 21.549,75 94.440,25
2. Saídas
Pagamento de fornecedor 3.000 2.500 3.000 3.500 4.000 2.500 18.500
à vista
Pagamento de fornecedor 1.500 2.750 2.750 3.250 3.750 14.000
a prazo
Mão de obra 4.000 4.000 4.000 7.000 8.000 27.000
Despesas administrativas 1.200 1.000 1.200 1.000 1.200 1.000 6.600
Despesas com vendas 2.250 2.700 3.300 5.250 2.700 16.200
Despesas tributárias 5.000 3.750 4.500 5.500 8.750 4.500 32.000
Despesas financeiras –
Aluguéis a pagar 5.000 5.000 5.000 6.000 6.000 6.000 33.000
Compra de material de
1.000 1.100 1.200 1.000 1.200 1.100 6.600
consumo
Outras despesas –
Prestação ou
arrendamento
Total de saídas 17.450 21.550 24.950 29.000 34.100 26.850 153.900
Diferença do período 1 - 2 -10.050 -11.805 -11.083,75 -10.613,25 -10.607,50 -5.300,25
Saldo inicial de caixa 5.000 5.500 6.050 6.655 7.320 8.025,55
Disponibilidade acumulada -5.050 -6.305 -5.033,75 -3.958,25 -3.287,50 2.725,30
Nível desejado de caixa 5.500 6.050 6.655 7.320,50 8.052,55 8.857,81
Empréstimo a captar 10.550 23.010,50 35.044,41 47.258,82 59.656,46 72.240,05
Aplicações financeiras
Amortizações 10.655,50 23.355,66 35.570,07 47.967,71 60.551,30
Resgates
Saldo final de caixa 5.500 6.050 6.655 7.320,50 8.025,55 8.857,81
Nesse modelo, é importante enxergar todas as entradas e saídas que ocorrerão, isso possibilita saber
em qual mês haverá maior dificuldade, de maneira que possamos isolar os gastos com juros em bancos,
o volume de endividamento da empresa por meio dos empréstimos.
92
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Observação
Vimos, assim, as etapas da elaboração de um orçamento que, para Horngren et al. (2000), pode ser
demonstrado na figura a seguir:
Orçamento de vendas
Orçamento do Orçamento de
estoque final fabricação
Figura 21
É importante entender que todas as etapas do orçamento são caminhos a serem seguidos
para se chegar à elaboração do orçamento de caixa. Mas, por que fazer orçamento seguindo esses
passos?
• Possibilita fazer uma análise antecipada das ações básicas da empresa (ZDANOWICZ, 1989).
• Possibilita fazer a integração dos orçamentos parciais, num orçamento global.
• Para Tung (1994), o orçamento fortalece a administração aperfeiçoando os registros, as elaborações
de relatórios etc.
• Faz com que os gestores tenham que quantificar e datar as atividades de suas responsabilidades.
93
Unidade III
Exemplos de Aplicação
Quais desses orçamentos a empresa para a qual você está desenvolvendo o Projeto Integrado
Multidisciplinar (PIM) pratica?
Na área financeira, saber extrair os diversos valores referentes a orçamento, índices econômicos
e financeiros não é o suficiente. Sua interpretação é o que garante a racionalidade das ações de uma
organização. Um número sem interpretação é somente um número.
Assim, vamos conhecer alguns pontos de análise dos números obtidos na gestão financeira.
Observação
Esse índice também pode ser chamado de retorno sobre o ativo (ROA), retorno do resultado
operacional, rentabilidade do ativo total ou retorno do investimento.
• Margem líquida
A margem líquida pode-se obter dividindo o lucro líquido pela receita líquida, cujo resultado revelará
quanto a empresa ganhou para cada real de vendas líquidas.
94
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Exemplo
ML = 6200 = 0,2
1000
Ml = LL
VL
Isso significa que, para cada real vendido, a empresa lucrou 62 centavos, e quanto maior for esse índice,
melhor será para a empresa. Em um orçamento que aponte deficiência de caixa, como no exemplo dado na
unidade II, a situação de falta de caixa será apontada aqui, sendo algo típico de uma empresa que vende
muito e não lucra. É um índice que aponta para a necessidade de ajustes da estrutura de custos.
É a relação entre vendas líquidas e ativo total. Em outras palavras, é o quanto se vendeu para cada
real investido nos ativos totais. Podemos obter esse valor dividindo as vendas líquidas pelos ativos totais
da empresa. Vamos ver exemplo:
95
Unidade III
GA = VL = 0,2
AT
GA = 10000 = 0,13
78000
Isso significa que, para cada real investido em ativos, a empresa vendeu 13 centavos.
Lucro líquido
É o resultado final do DRE. Podemos enxergar como um confronto de entradas e saídas, o que sobrar
são os lucros.
Receita liquida
• cancelamento de vendas;
• impostos de vendas;
Ativo total
É a soma dos ativos circulantes e não circulantes, está grafado em vermelho no balanço patrimonial.
96
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Agora que temos as informações necessárias, podemos calcular o ROI. Vamos proceder da seguinte
maneira:
ROI = LL X LL
VL AT
LL X VL
VL AT
6200/78000 = 0,08
Isso significa que, para cada real investido no ativo, após pagar todas as despesas e custos, a empresa
lucrou oito centavos.
Caso a empresa queira melhorar esse índice, terá de rever suas projeções de vendas, produção,
compras, estoque, mão de obra, investimentos em ativos etc.
Controlar todos os seus custos e adequar às suas necessidades, isso se chama planejamento
orçamentário.
Lucro residual
É o lucro antes dos impostos subtraído do custo do capital investido. Entenda-se como custo do
capital investido o custo do dinheiro, ou o valor que se poderia ganhar aplicando esse dinheiro em
algum outro investimento.
97
Unidade III
Essa análise direciona a empresa no sentido de conhecer os produtos, atividades ou serviços que
tenham margens atraentes.
Saiba mais
<http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/
PergResp2005/pr454a459.htm>
A empresa X tem capital aplicado na unidade A de 90.000. O DRE aponta para um resultado do
exercício de 20.000 e para uma taxa de correção de 7,22%. A unidade B tem capital aplicado de 50.000
e resultado do exercício de 12.500, com uma taxa de correção de 10%.
Pode ainda restar a dúvida: por que as taxas de correção são diferentes?
Essa taxa é a chamada taxa de atratividade, ou taxa de correão do dinheiro, que pode ser variável
por período ou região. Em outras palavras, é uma taxa mínima de retorno que o investimento deve
oferecer.
Tabela 47
O custo do capital é obtido subtraindo-se o lucro líquido antes do custo do capital do custo do
capital (20.000 – 13.500). O lucro residencial, por sua vez, resulta da multiplicação do capital investido
pela taxa de retorno sobre o investimento (90.000 x 7,22%)
98
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
A empresa A aplicou 90.000 e tem lucro líquido de 20.000. A taxa de retorno esperada ou a taxa
de custo do capital é de 7,22%, que acarretará em um valor arredondado do lucro residual de 6.500.
Este deve ser o maior possível, já que um resultado negativo significa que o lucro está menor do que os
custos do dinheiro utilizado.
Capital de giro são os recursos do ativo circulante utilizados para arcar com as obrigações do passivo
circulante.
CGL = AC - PC
AC PC Elemento de Giro
Elementos de Longo Prazo
ELP
RLP Capital de Giro
Capital de Giro Líquido
AP PL
Ativo não Passivo não
circulante circulante
Figura 22
O capital de giro, então, são os recursos que irão financiar as obrigações da empresa; como tal, deve
ser gerenciado de forma eficaz.
Para melhor entender a análise de capital de giro, ou a capacidade de uma empresa de financiar suas
operações, é necessário olhar o balanço com olhos financeiros, ou seja:
Ativo Passivo
Investimentos Captação
Sob a ótica financeira, os ativos não são direitos nem bens, mas sim investimentos; e os passivos
não são obrigações, mas sim fontes de financiamentos. A empresa precisa adquirir matéria-prima,
contratar mão de obra, comprar maquinários etc. Tudo isso deve ser financiado, e é o passivo a fonte de
financiamento.
99
Unidade III
Ativo Passivo
Uso de capital ou investimento Fontes de capital ou financiamento
Tabela 48
A gestão do capital de giro requer observar o chamado capital de giro líquido, que é a diferença do
ativo circulante para o passivo circulante, conforme citado anteriormente: AC – PC
Em uma análise, verifica-se que os bens e direitos do ativo circulante são suficientes para cobrir as
obrigações de curto prazo no passivo circulante.
Vejamos um exemplo:
Tabela 49
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 2.000 Salários 1.000
Banco 2.000 Fornecedores 4.000
Estoque 3.000 Impostos 2.000
Total AC 7.000 Total PC 7.000
AC – PC = 7.000 – 7.000 = 0
100
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
É uma situação em que a liquidez da empresa é nula, não há sobras de recursos após o cumprimento
das obrigações.
É um contexto em que os bens e direitos no ativo circulante são superiores às obrigações presentes
no passivo circulante. Por exemplo:
Tabela 50
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 2.000 Salários 1.000
Banco 2.000 Fornecedores 3.000
Estoque 3.000 Impostos 2.000
Total AC 7.000 Total PC 6.000
Podemos dizer que há sobra de recursos, é uma situação em que a liquidez da empresa é maior.
É uma situação em que os bens e direitos do ativo são inferiores às obrigações do passivo circulante,
apontando liquidez insatisfatória. Por exemplo:
Tabela 51
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 2.000 Salários 1.000
Banco 2.000 Fornecedores 4.000
Estoque 2.000 Impostos 2.000
Total AC 6.000 Total PC 7.000
Veja que os recursos presentes no ativo não cobrem as obrigações, colocando a empresa em uma
situação de liquidez complicada.
101
Unidade III
Exemplos de Aplicação
Pegue o balanço da empresa em que trabalhe, da empresa em que faz ou fará o PIM ou pode ser
qualquer outra empresa real, ou até mesmo de empresas em jornais ou internet. Faça a análise e descubra
se o CGL é positivo, negativo ou nulo. Complemente afirmando se isso é bom ou não para a empresa.
Para melhor representação das discussões, Matias (2007) faz o seguinte apontamento:
AC PC AC PC
ELP RLP
RLP ELP
AP PL AP PL
Figura 23
Exemplo
Tabela 52
102
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Sob a ótica do capital circulante líquido (CCL), essa empresa tem uma ótima situação, pois o seu
capital de giro líquido é de R$ 6.280.
CCL = AC – PC = R$ 6.280
Lembrete
Outro ponto importante é o capital de giro próprio, que é a diferença dos recursos próprios e dos
exigíveis em longo prazo em relação aos investimentos feitos na empresa. É o valor da própria empresa
que ficaria disponível para investir em ativos financeiros e operacionais.
Lembrete
CGP = PL - AP - RLP
Isso significa que a empresa está utilizando recursos de terceiros para financiar as suas operações.
Mas, por que usar recursos de terceiros? Imaginemos a seguinte situação:
3) fazer leasing.
103
Unidade III
Exemplos de Aplicação
1) Se fosse uma decisão que você tivesse que tomar como empreendedor, o que faria?
2) Uma empresa que tenha um ativo circulante maior que o passivo circulante significa que:
Resposta esperada:
Significa que terá capital circulante líquido positivo, e que os recursos do ativo cobrem as obrigações
da empresa de curto prazo, sendo uma boa situação para a empresa.
Para ampliar a análise do capital de giro, podemos usar um modelo dinâmico de análise,
em que as contas do balanço patrimonial têm suas contas separadas em grupos relacionando
as atividades da empresa, não especificamente quanto ao prazo dessas contas, mas sim pela
atividade.
Ativo Passivo
Financeiro Financeiro
Operacional Operacional
Permanente Permanente
Atividades financeiras são as atividades de caixa. Isso estando ao lado do ativo, em outras palavras,
são os disponíveis. No lado do ativo, são atividades como empréstimo bancário. Têm como característica
serem atividades de curto prazo, no circulante.
Atividades permanentes são aquelas que existem para montar a estrutura física da empresa, que são
os investimentos fixos, como prédios, maquinários, móveis e utensílios etc., e as ocorrências de longo
prazo, como os recebíveis.
104
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Quadro 2
Passivo - fontes de
Prazo Atividade Ativo - usos de capital capital
Financeiro Caixa e bancos Empréstimos bancários
Duplicatas a receber
Curto Fornecedores
Duplicatas descontadas
prazo Operacional Salários
PDD
Impostos e taxas
Estoques
Longo Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
Permanente
prazo Investimento fixo Patrimônio líquido
Observando esse quadro, percebe-se que caixa e bancos são atividades financeiras no ativo; no
passivo, as atividades financeiras são os empréstimos bancários.
Essas definições auxiliam na análise da necessidade líquida de capital de giro (NLCG). Mas, o que é
isso?
Vamos entendê-la como sendo a diferença entre o ativo circulante operacional e o passivo circulante
operacional.
Exemplo
Tabela 53
105
Unidade III
Cabe uma observação: esse balanço não segue as regras vigentes de estrutura de balanço
patrimonial (Lei 11.638/07), está estruturado separando-se as contas por atividades conforme
visto anteriormente.
Agora, com essa ferramenta em mãos, podemos conceituar três indicadores de capacidade financeira
e conhecer as fórmulas para análise do capital de giro.
CDGP = PP - AP
Caixa = AF - PF
Tabela 54
Ou seja, os recursos que a empresa tem no ativo financeiro e/ou operacional são de terceiros. Veja
que os valores do passivo são maiores que os valores do ativo, mostrando que a empresa teve que se
endividar para manter suas operações.
106
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 55
Com a estrutura apresentada nessa empresa, qual seria a necessidade de capital de giro?
Ativo Operacional
Passivo Operacional
O ideal seria que o passivo operacional fosse suficiente para financiar o ativo operacional. Pode soar
estranho querer que o passivo seja maior, mas veja o balanço total:
Ativo Financeiro
Passivo Financeiro Essa diferença será
a necessidade de
capital de giro.
Ativo operacional
Passivo Operacional
Quanto menores forem esses
dois itens, maior será o passivo
financeiro. Se o passivo
operacional for maior, o passivo
Ativo Permanente Passivo Permanente financeiro será menor.
Figura 25
107
Unidade III
Vamos entender que os valores que temos no ativo operacional devem ser provenientes do passivo
operacional, pois compra de matéria-prima gera entrada de matéria-prima em estoques, mas estabelece
uma obrigação com os fornecedores.
Seria desejável que as aplicações feitas no ativo operacional em recebíveis e estoques, estritamente
ligados ao ciclo operacional, fossem financiadas por fontes operacionais, como fornecedores, salários e
impostos, o que equilibraria os investimentos e as origens de financiamento.
Essa situação ideal dificilmente é alcançada, e, na quase totalidade das situações, as aplicações
realizadas no AOP não são financiadas pelo POP, gerando assim necessidade extra de capital, chamada
de necessidade de capital de giro.
Exemplo
Tabela 56
Nesse exemplo, $ 9.830 não tiveram como fonte o passivo operacional, tendo a necessidade de se
buscar outra fonte.
Invariavelmente, as empresas não conseguem cobrir seus investimentos operacionais com passivos
operacionais, o que seria ideal.
ACO = PCO: existe equilíbrio entre o capital de giro e as fontes naturais de financiamento do negócio.
Nessa situação, a NLCG é nula.
ACO > PCO: a empresa necessita de recursos de natureza financeira para financiar o giro dos negócios.
Nessa situação, a NLCG é positiva.
108
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
ACO < PCO: a empresa dispõe de excedentes de fontes naturais do negócio, para aplicações
financeiras. Nessa situação, a NLCG é negativa.
ACNO > PCNO: a empresa tem aplicações financeiras, portanto tem uma situação financeira folgada
no curto prazo.
AC PC AC PC AC PC
ACO PCO PCO
ACO ACO
PCO
PCNO
ACNO PCNO
ACNO ACNO
PCNO
Figura 26
ACNO < PCNO: indica que os recursos de terceiros, de natureza financeira, estão financiando as
atividades operacionais, podendo gerar as seguintes situações:
AC PC AC PC AC PC
ACO PCO PCO ACO
ACO PCO
ACNO ACNO
PCNO ACNO PCNO
PCNO
Figura 27
Tabela 57
Estoques
Longo Permanente Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo Não operacional
prazo Investimento fixo Patrimônio líquido
Vejamos as aplicações:
109
Unidade III
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa R$ 90.000 Fornecedores R$ 20.000
Estoques R$ 49.500 Salários a pagar R$ 32.500
Duplicatas a receber R$ 45.000 Empréstimo CP R$ 10.000
Imposto de Renda a recolher R$ 9.000
Total ativo circulante R$ 184.500 Total passivo circulante R$ 71.500
Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável em longo prazo Exigível em longo prazo
Duplicatas a receber R$ 50.000
Financiamento bancário R$ 51.500
Imobilizado
Patrimônio líquido
Veículos R$ 36.000
Móveis e utensílios R$ 35.000 Lucros/prejuízos acumulados R$ 32.500
Prédio R$ 50.000 Capital social R$ 200.000
Total ativo não circulante R$ 171.000 Total passivo não circulante R$ 284.000
Total R$ 355.500 Total R$ 355.500
Tabela 59
Ativo Passivo
Financeiro Financeiro
Caixa R$ 90.000 Empréstimo R$ 10.000
Banco
Total financeiro R$ 90.000 Total financeiro R$ 10.000
Operacional Operacional
Duplicatas a receber R$ 45.000 Fornecedores R$ 20.000
Estoques R$ 49.500 Salários a pagar R$ 32.500
Imposto de Renda a recolher R$ 9.000
Total do operacional R$ 94.500 Total do operacional R$ 61.500
Permanente Permanente
Duplicatas a receber LP R$ 50.000 Exigível de LP R$ 51.500
Imobilizado R$ 121.000 Patrimônio líquido R$ 232.500
Total permanente R$ 171.000 Total permanente R$ 283.500
2) Utilizar as fórmulas
CDGP = PP – AP
110
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Caixa = AF - PF
Os ativos operacionais são financiados pelo passivo operacional; é uma boa situação.
Os ativos de curto prazo cobrem as obrigações de curto prazo, apontado boa liquidez.
Resumo
Exercícios
Questão 1
(BNDES/2009) A Cia. Brasil Central S/A costuma realizar orçamentos trimestrais. Tradicionalmente, a
empresa tem um aumento de vendas no último trimestre do ano. As vendas, no trimestre julho/agosto/
setembro de 2009, mês a mês, em reais, foram:
Considerando esses dados e que a política de vendas da empresa é 60% a prazo e 40% à vista, qual
o valor, em reais, das vendas a prazo previstas para dezembro de 2009?
a) R$ 198.440,00.
b) R$ 218.284,00.
c) R$ 270.660,00.
d) R$ 327.426,00.
e) R$ 396.100,00.
112
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Considerando os dados e que a política de vendas da empresa é 60% a prazo, e 40% à vista, qual o
valor, em reais, das vendas a prazo previstas para dezembro de 2009?
113
Unidade III
Questão 2
PORQUE
Todos os envolvidos no processo orçamentário devem ser ouvidos, o que permite uma gestão
participativa, compatível com a estrutura de delegação de responsabilidades e que permitirá o
comprometimento de todos os gestores dos setores específicos.
e) As duas são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
Resolução na plataforma.
114
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Unidade IV
7 CAIXA
Vamos lembrar que ativo financeiro são os recursos disponíveis como caixa, banco etc. Por sua vez,
passivo financeiro são os recursos como empréstimos de curto prazo. Assim, os ativos financeiros devem
ser suficientes para arcar com as obrigações do passivo financeiro.
Essa conta é reveladora, pois mostra se a empresa tem recursos financeiros de curto prazo para
financiar atividades operacionais ou permanentes, o que é perigoso e indesejável, pois as atividades
operacionais devem ser financiadas por atividades operacionais.
Exemplo
Tabela 60
Esse exemplo ilustra que a empresa utiliza recursos financeiros de curto prazo caros para
financiar as suas operações. Para entender melhor essa situação, vamos nos lembrar de alguns
pontos.
Os ativos são consumidores de recursos, é onde se fazem investimentos, aplica-se dinheiro. Os ativos
são separados em ativos financeiros, operacionais e permanentes; aqui, estamos focando no ativo
financeiro, que é de curto prazo.
No lado do passivo, devemos enxergar da mesma maneira: o passivo financeiro são obrigações de
curso prazo. Graficamente, a situação do exemplo ficaria assim:
115
Unidade IV
Figura 28
Ativo Passivo
Usos de capital ou Fontes de capital ou Análise dinâmica
investimentos financiamentos
Investimento Valor Financiamento Valor
Ativo financeiro Passivo financeiro
Em uma análise dinâmica, podemos ver os saldos do ativo financeiro de curto e longo prazos.
Isso significa que temos recursos de curto prazo financiando atividades operacionais ou permanentes.
Aqui, utiliza-se a soma dos ativos operacionais menos a soma dos passivos operacionais.
Capital de giro
Esse é o valor que a empresa tem nos ativos que está acima dos recursos próprios dela, mostrando a
necessidade de se obter financiamento de alguma outra fonte.
Exemplos de Aplicação
Tabela 62
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa R$ 45.000 Fornecedores R$ 10.000
Estoques R$ 24.750 Salários a pagar R$ 16.250
Duplicatas a receber R$ 22.500 Empréstimo CP R$ 5.000
Imposto de Renda a recolher R$ 4.500
Total ativo circulante R$ 92.250 Total passivo circulante R$ 35.750
Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável em longo prazo Exigível em longo prazo
Duplicatas a receber R$ 25.000
Financiamento bancário R$ 25.750
Imobilizado
Patrimônio líquido
Veículos R$ 36.000
Móveis e utensílios R$ 35.000 Lucros/prejuízos acumulados R$ 32.500
Prédio R$ 50.000 Capital social R$ 144.250
Total ativo não circulante R$ 146.000 Total passivo não circulante R$ 202.500
Total R$ 238.250 Total R$ 238.250
117
Unidade IV
Vamos agora separar os dados do balanço em atividades conforme discutimos na unidade anterior.
Tabela 63
Ativo Passivo
Financeiro Financeiro
Caixa R$ Empréstimo R$
Banco R$
Total financeiro R$ Total Financeiro R$
Operacional Operacional
Duplicatas a receber R$ Fornecedores R$
Estoques R$ Salários a pagar R$
Imposto de Renda a recolher R$
Total do operacional R$ Total do operacional R$
Permanente Permanente
Duplicatas a receber LP R$ Exigível de LP R$
Imobilizado R$ Patrimônio líquido R$
Total permanente R$ Total permanente R$
Calcular
3. Capital de giro
Fórmula
Passivo permanente – ativo permanente
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa R$ 45.000 Fornecedores R$ 10.000
Estoques R$ 24.750 Salários a pagar R$ 16.250
Duplicatas a receber R$ 22.500 Empréstimo CP R$ 5.000
Imposto de Renda a recolher R$ 4.500
Total ativo circulante R$ 92.250 Total passivo circulante R$ 35.750
Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável em longo prazo Exigível em longo prazo
Duplicatas a receber R$ 25.000
Financiamento bancário R$ 25.750
118
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Imobilizado
Patrimônio líquido
Veículos R$ 36.000
Móveis e utensílios R$ 35.000 Lucros/prejuízos acumulados R$ 32.500
Prédio R$ 50.000 Capital social R$ 144.250
Total ativo não circulante R$ 146.000 Total passivo não circulante R$ 202.500
Total R$ 238.250 Total R$ 238.250
Vamos agora separar os dados do balanço em atividades, conforme discutimos na unidade anterior.
Ativo Passivo
Financeiro Financeiro
Caixa R$ 45.000 Empréstimo R$ 5.000
Banco R$ 0
Total financeiro R$ 45.000 Total financeiro R$ 5.000
Operacional Operacional
Duplicatas a receber (CP) R$ 22.500 Fornecedores R$ 10.000
Estoques R$ 24.750 Salários a pagar R$ 16.250
Imposto de Renda a recolher R$ 4.500
Total do operacional R$ 47.250 Total do operacional R$ 30.750
Permanente Permanente
Duplicatas a receber LP R$ 25.000 Exigível de LP R$ 25.750
Imobilizado R$ 121.000 Patrimônio líquido R$ 176.750
Total permanente R$ 146.000 Total permanente R$ 202.500
1. Caixa disponível = AF - FP
NCP = AO – PO
119
Unidade IV
Analisando o caixa de uma empresa, foi possível até aqui apontar o caixa disponível de curto
prazo, de longo prazo, a necessidade de capital de giro de curto e longo prazos, o capital de giro
da empresa, tudo isso separando as informações do balanço patrimonial em atividades como
financeira, operacional e permanente. Com essas informações, torna-se possível fazer uma análise
sobre as operações da empresa, como saber de onde vem o dinheiro utilizado e verificar se é um
recurso caro ou não. Mas essa não é a única forma de analisarem as operações de caixa de uma
empresa.
Podemos ainda analisar esses valores por meio do ciclo de caixa, que pode ser definido como o
período em que a empresa precisa financiar as operações com recursos próprios ou de terceiros. Mas,
como assim financiar suas operações?
Para responder a essa dúvida, devemos pensar na empresa como um conjunto de ciclos, ou etapas,
por exemplo:
A empresa compra matéria-prima, recebe-a e em algum momento qualquer paga por ela. Utiliza
a matéria-prima na produção após determinado tempo. O período de produção leva certo tempo e
consome mão de obra, entre outros. Depois de pronto, o produto espera para ser vendido ou entregue
aos clientes. Após ser vendido, há um prazo para receber as vendas, encerrando assim os ciclos da
empresa.
Esse ciclo vai acontecer em qualquer empresa, não importa o ramo de atuação nem o porte, o que
vai ser diferente são os prazos e as políticas adotadas na compra, no pagamento, na produção, na venda
e no recebimento, mas as etapas vão ocorrer.
Figura 29
Para cada etapa, vamos dar um nome e isso servirá para alinharmos as ações da empresa. Exemplo:
Compra de Início da
Matéria-prima fabricação
PMEMP
Figura 30
120
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
A etapa entre a compra de matéria-prima e o início da fabricação, vamos chamar de prazo médio
de estocagem de matéria-prima.
Início da Fim da
fabricação fabricação
PMF
Figura 31
A etapa entre o início e o fim da fabricação é o que chamamos de prazo médio de fabricação.
Fim da Vendas
fabricação
PMEPA
Figura 32
A etapa entre o fim da fabricação e as vendas é o prazo médio de estocagem dos produtos
acabados.
Recebimento
Vendas das vendas
PMR
Figura 33
O ciclo entre a compra de matéria-prima e o recebimento das vendas é o que chamamos de ciclo
operacional, conforme a figura a seguir:
Ciclo operacional
Figura 34
O ciclo entre a compra de matéria-prima e as vendas é o que vamos chamar de ciclo econômico.
121
Unidade IV
Ciclo econômico
Figura 35
Uma operação da qual não podemos nos esquecer é o pagamento de fornecedores. O ciclo entre a
data de pagamento e o recebimento das vendas é o que vamos chamar de ciclo financeiro ou ciclo de
caixa.
Figura 36
Ciclo operacional
Ciclo econômico
PMR
PMP
Ciclo financeiro (caixa)
Figura 37
Então, vamos entender como ciclo operacional o período entre a entrada de matéria-prima em
estoque e o prazo de recebimento das vendas. E o ciclo de caixa como o período entre os prazos de
pagamentos médios da empresa e os recebimentos de vendas. Algumas siglas úteis:
122
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 65
Informações adicionais do exercício
Total das vendas no período $ 60.000
Custo do produto vendido (CPV) $ 24.000
Matéria-prima consumida no ciclo $ 11.790
Compras realizadas dentro do ciclo $ 32.595
Salários pagos no ciclo $ 12.429
Imposto recolhido no ciclo $ 15.439
123
Unidade IV
Com o balanço e as informações adicionais, será possível quantificar o ciclo de caixa, calculando o
prazo médio de cada uma das contas.
O produto acabado ficou estocado durante 36 dias em média esperando para ser vendido.
Esses dados foram extraídos do balanço patrimonial e da tabela de dados adicionais, e podem ser
interpretados como o tempo médio que as matérias-primas ficam paradas em estoque, o prazo em que
elas ficam em processo de transformação e o tempo que o produto acabado demora a ser vendido.
Ainda assim, que tipo de decisões podem-se tomar com esses prazos em mãos? É ao que vamos
responder com a junção de todos os dados obtidos.
124
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Figura 38
Perceba que, em todas as etapas, geram-se saídas ou consumo de recursos e não há entradas,
somente gastos. Dependendo dos prazos para pagamento de fornecedores, isso pode ser bom ou não
para a empresa. A empresa pode ou não ser colocada em situação de necessitar de muito capital de giro,
pois gastaria muito antes e entrariam recursos somente depois de certo tempo.
Lembre-se de que, quanto às duplicatas a receber, temos: 11.370 de curto prazo e 270 de PDD
(duplicatas duvidosas de recebimento). Assim, de duplicatas a receber de curto prazo, temos R$ 11.070.
Com relação a duplicatas a receber de longo prazo, temos R$ 4.590.
Como nosso objetivo é fazer a necessidade de capital de giro de curto prazo vamos considerar
somente as duplicatas de curto prazo, se por acaso fossemos buscar necessidade de capital de giro total
deveríamos utilizar todas as duplicatas, de curto e longo prazo, abatendo as deduções.
Obs.: alguns autores consideram como duplicatas a média entre dois anos consecutivos; aqui, como
temos somente um ano mencionado, para facilitar o exemplo, estamos considerando o valor total do
ano em questão.
125
Unidade IV
É importante que o aluno não se esqueça dos conceitos dados anteriormente, assim, vamos fazer
agora o ciclo de caixa ou financeiro.
Podemos perceber que o ciclo de caixa ou financeiro no lado do ativo é de 189 dias:
= 161 dias
Obs.: o achado ainda é parcial, pois ainda não pagamos os fornecedores, devemos encontrar os
prazos das obrigações para sabermos as necessidades de caixa.
Nessa situação, a empresa fez investimentos nos ativos operacionais para 189 dias e, como
contrapartida, recebe financiamentos operacionais de 121 dias.
126
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Diante desse quadro, a necessidade de capital de giro seria a diferença entre os prazos do ativo e os
prazos do passivo.
Isso significa que a empresa, em média, leva 121 dias para pagar suas obrigações.
Tabela 66
Prazo de recebimento
de vendas
CC = 95 + 66 – 121 = 40 dias
127
Unidade IV
......(43).......(16).......(36).......(66). Investimento
|....PMM......PMP......PMA.......PMC.........
+--------+-------+------+------+--------+--------+- Dias
|0 |30 |60 |90 | |120 |150
| | | | | |
|...................................PMPF.....PMPS....PMPI.....
........ (74) ..(20) (27) Financiamento
Figura 39
O ciclo do ativo, de 0 a 120, coincide com o ciclo de pagamento, ou de financiamento. O ciclo que
vai de 120 a 150 (ativo) é a necessidade de financiamento da empresa ou de capital de giro.
Exemplos de Aplicação
1. Uma empresa, em média, tem suas duplicatas cobradas em 70 dias, os estoques com idade média
de 80 dias e as duplicatas a pagar em 45 dias; a empresa gasta R$ 4.200.000 a cada ano comercial.
Calcule:
a. o ciclo de caixa;
b. o giro de caixa;
c. a necessidade de capital de giro.
Solução
PME 80
PMPF 45
PMC 70
Ciclo operacional
Figura 40
80 + 70 = 150 dias
O período de comprar matéria-prima, produzir, vender e receber vai durar 150 dias.
128
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Necessidade de capital de giro é a quantia de que a empresa precisa para financiar os seus dias
de operação.
Como precisa financiar 105 dias, terá como necessidade de capital de giro o valor de R$ 1.225.000.
Giro de caixa é a quantidade de vezes que a empresa terá que ter esse ciclo de caixa durante um
período (ano).
2. Uma empresa tem um prazo de estoque de 60 dias, um período médio de cobrança de 50 dias e
um período de médio de pagamento de 40 dias. A empresa gasta R$ 900.000 por ano.
Solução
PME 60
PMPF 40
PMC 50
Ciclo operacional
Figura 41
129
Unidade IV
60 + 50 = 110 dias
Entre comprar matéria-prima, produzir, vender e receber, isso vai levar 110 dias.
CC = 60 + 50 - 40
CC = 110 – 45 = 65 dias
Necessidade de capital de giro é a quantia de que a empresa precisa para financiar os dias de
operação da empresa.
900.000/360 = 2.500 por dia de gastos – como ela precisa financiar 65 dias, terá como necessidade
de capital de giro o valor de R$ 162.500.
Giro de caixa é a quantidade de vezes que a empresa terá que ter esse ciclo de caixa durante um
período (ano).
Ou seja, a empresa precisará ter o valor de R$ 162.500 em média 5,53 vezes no ano para sustentar
as suas operações.
Saiba mais
130
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
7.2 Indicadores
Um orçamento, como qualquer outro instrumento financeiro, deve ter uma base de referência para
medição de desempenho, conhecer seus significados e um direcionamento para melhorias. A montagem
de indicadores de desempenho financeiro depende:
• do tipo de empresa;
• se nacional, multinacional ou estatal;
• do grau de amadurecimento;
• do grau de autonomia;
• de aspectos culturais.
1. Relativos
Margem
A margem bruta mede a porcentagem de cada unidade monetária de venda que restou após a
empresa ter pago seus produtos.
Como gestor financeiro que precisa tomar decisões, deve-se olhar para esses valores como meio de
ajuste de acordo com as necessidades. Se os valores forem baixos, isso pode significar:
Como se considera o lucro bruto, abatem-se somente os valores referentes ao custo do produto ou
devoluções.
Não é possível dizer um número considerado bom ou ruim, isso vai depender do tipo e porte do
negócio da empresa em análise.
Assim, conhecendo-se os possíveis problemas, torna-se mais fácil para encontrar as possíveis
soluções.
131
Unidade IV
Exemplos de Aplicação
Uma empresa está vendendo muito, mas não lhe está sobrando dinheiro. O que pode estar ocorrendo?
A empresa analisou os custos de estoque e verificou que o volume que mantém em estoque é
próximo do que ocorre no mercado; os custos de compras também são eficientes, assim como os custos
de carregamentos gerais de estoque. O CMV também está na média de mercado. Além disso, a empresa
tem como vantagem competitiva os preços, que são os melhores da região.
Resposta esperada:
Se a empresa tem os mesmos custos do mercado e vende por um preço menor do que o praticado
nesse mesmo mercado, a consequência vai ser um lucro menor. Um lucro bruto menor vai pressionar
o lucro líquido para baixo, pois ainda há os gastos operacionais. Deve, então, igualar os preços aos
praticados no mercado, caso queira ter lucros maiores.
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 4.000 Fornecedores 6.000
Duplicatas a receber 16.000 Impostos a recolher 10.000
Estoques 8.000 Empréstimos 16.000
Total circulante 28.000 Total circulante 32.000
Não circulante Não circulante
Realizável em longo prazo Exigível em longo prazo
Créditos de diretores 2.000 Financiamento 4.000
Permanente Patrimônio líquido
Imobilizado 126.000 Capital social 120.000
Total não circulante 128.000 Total não circulante 124.000
Total do ativo 156.000 Total do ativo 156.000
Foi considerado um DRE resumido para facilitar o cálculo para encontrar a margem bruta.
132
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Observação
Isso significa que, para cada real vendido, a empresa lucrou R$ 0,80 após a dedução do CMV, ou seja,
esse lucro será para arcar com as despesas operacionais e os impostos.
Quando a margem bruta é baixa, a empresa é obrigada a minimizar os gastos operacionais, o que
pode complicar as atividades da empresa. Obrigando a empresa a minimizar investimentos, isso dificulta
a reserva de valores para as atividades dela.
Margem operacional
Para cada real de vendas, a empresa lucrou 0,40 centavos após abater as despesas operacionais. Note
que ainda falta abater os impostos.
O gestor financeiro deve observar que, mais importante que as vendas, é a lucratividade da empresa.
Lucratividade
Chamamos também de margem líquida e aponta que, para cada real vendido, a empresa lucrou
0,29 centavos. Essa informação é importantíssima para o gestor financeiro, pois é esse o recurso a
ser utilizado pela empresa com o menor custo. Um gestor financeiro não deve olhar somente para o
faturamento, mas também para o quanto está se ganhando com essa operação.
MB = 0,80
MO = 0,40
ML= 0,29
Esse indicador faz uma relação entre os gastos operacionais e a venda da empresa. Em outras
palavras, verifica se os gastos são compatíveis com as vendas.
A fórmula é:
134
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Assim, para cada real vendido, a empresa gastou 0,40 no operacional. Quanto menor, melhor, pois,
se as despesas são menores, os lucros serão maiores.
Ponto de equilíbrio
É de suma importância para a análise das operações da empresa. Podemos dizer que o ponto de
equilíbrio é a situação em que os custos e as despesas totais da empresa são iguais à receita total, ou os
gastos são iguais à entrada de recursos. É também chamado de break-even point (ponto de ruptura).
Assim, se esse volume de vendas, em valores ou em unidades, ficar abaixo do ponto de equilíbrio
encontrado, a empresa sofre prejuízo, pois não haverá receita suficiente para pagar seus custos e suas
despesas. Porém, se as vendas ficarem acima do ponto do equilíbrio, a empresa terá lucro.
Temos três tipos de ponto de equilíbrio: contábil, econômico e financeiro. Qualquer um deles pode
ser calculado em valores e em unidades. Vamos conhecer cada um deles.
• Em unidades
Aponta o volume ou a quantidade de produtos que a empresa deve vender para que os lucros sejam
iguais a zero.
Custos fixos e despesas fixas são os custos que a empresa tem de pagar independentemente dos
volumes produzidos.
Margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e os custos variáveis (PV – CV).
Vamos ver uma aplicação disso. A empresa JCC fez o seguinte levantamento:
Tabela 69
135
Unidade IV
Margem de contribuição
110,05 – 66 = 44,05
PEC = R$ 10.000
44,05
Assim, quando a empresa vender 227 unidades a R$ 110 cada, o lucro será igual a zero.
Vejamos:
• Em valores
A fórmula é:
Esse é o valor que a empresa deve vender para cobrir todos os gastos e ficar com lucro zero.
O ponto de equilíbrio contábil considera todos os custos variáveis e fixos, mas desses custos e
despesas, podemos dizer que estão separados em dois grupos:
136
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Em unidades
Essa fórmula tem duas diferenças em relação à anterior. A primeira é a depreciação pelos motivos
já explicados, e a segunda são as dívidas do período. Essas dívidas podem ser pagamentos bancários ou
compra de maquinários; às vezes há, às vezes não, depende da programação da empresa.
Tabela 70
MC = R$ 110,05 – R$ 66 = R$ 44,05
Substituindo os valores:
Vamos verificar se as 294 unidades vendidas são suficientes para pagar todos os custos da empresa.
Em valores
44,05/110,05 = 40,03%
Tirando a prova:
O aluno, para entender os três tipos de ponto de equilíbrio, deve diferenciar cada um deles. Veja que
na primeira opção (contábil) consideramos todos os custos; na segunda opção (financeiro), consideramos
os custos menos as depreciações e somamos com outras despesas do semestre; na terceira opção, agora,
vamos considerar os custos mais os lucros desejados.
Para efetuar os cálculos, devemos levar em conta os mesmos dados do PEC e acrescentar as intenções
de ganhos da empresa.
Tabela 71
Em unidades
= Lucro = R$ 15,000,13
Veja que deu o lucro esperado; se venderem menos do que 567 unidades, não se terá o lucro esperado.
Em valores
Tirando a prova:
Exemplos de Aplicação
Resposta esperada:
Com o ponto de equilíbrio contábil, a empresa encontra o mínimo a vender para cobrir os custos: se
vender menos, é prejuízo; se vender mais, é lucro. No ponto de equilíbrio financeiro, a empresa encontra
o valor ou as unidades necessárias para honrar as obrigações do período. No econômico, a empresa
encontra as unidades ou os valores necessários que precisa vender para ter os lucros esperados. Assim,
quando uma empresa traça metas de vendas, se estas não forem cumpridas, os lucros esperados não
serão atingidos. Isso compromete as despesas já assumidas, inviabiliza novos investimentos. Assim, deve
ser uma ferramenta do dia a dia do gestor financeiro.
Como deve ter percebido, os modelos apresentados são aplicáveis quando trabalha-se apenas com
um produto, mas essa não é a realidade da maioria das empresas. Assim, quando temos que trabalhar
com vários produtos, vamos ter margens de contribuições diferentes, pois, vamos lembrar, a margem de
contribuição é o preço de venda menos os custos variáveis. Então, o que vamos fazer?
139
Unidade IV
Nessa situação, há o que chamamos de mix de ponto de equilíbrio ou ponto de equilíbrio mix, que
pode ser calculado da seguinte maneira:
Exemplo
Um posto de combustíveis trabalha com três produtos como sendo os principais: gasolina, álcool e
diesel. Levantaram-se os seguintes dados:
Tabela 72
Encontrado o volume em litros que o posto deve vender, precisa-se agora encontrar os pesos de
acordo com os volumes de vendas ou ocorridos ou projetados:
PE MIX = 17.391,30
140
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Saiba mais
Vamos continuar com mais alguns índices importantes para o gestor financeiro acompanhar e
avaliar se as ações da empresa estão boas ou não.
Esse índice indica a relação entre a variação dos lucros e a variação das vendas. Vamos enxergar que
aumentar vendas não vai significar aumento de lucro. A forma de calcular é:
Assim, esse índice aponta o efeito que o aumento de vendas terá nos lucros, mais precisamente, se
o lucro vai aumentar na mesma proporção ou não, e qual será essa proporção.
Esse índice auxilia na projeção dos resultados que uma empresa poderia ter nos mais variados níveis
de produção ou de vendas. Pois, se a empresa produzir, por exemplo, 10.000 unidades de um produto
qualquer, terá um impacto em custos; se produzir 20.000 unidades, o impacto em custos será outro e,
por consequência, os lucros serão diferentes. Essa análise é o objetivo do índice grau de alavancagem
financeira.
Vamos utilizar como base o mesmo exemplo dado anteriormente, em que os custos e as despesas
estão relacionados a seguir.
Tabela 73
Vamos imaginar que, em um primeiro momento, vamos projetar os lucros com um volume de vendas
de 500 unidades:
141
Unidade IV
= Lucro = R$ 12.025
= Lucro = R$ 16.430
Uma leitura financeira diz que um crescimento de 20% nas vendas resulta em crescimento de
36,63% nos lucros.
Como profissional da área financeira, o gestor deve ler essa informação da seguinte maneira:
O grau de alavancagem operacional de 1,83 vez significa que qualquer acréscimo percentual no
volume de 500 unidades acarretará em aumento de lucro em 1,83 vez.
Você, como aluno de gestão financeira, deve estar se perguntando: como assim, qualquer acréscimo
em unidades vendidas acima de 500 unidades gerará um acréscimo nos lucros de 1,83 vez? Como
podemos tirar a prova?
142
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Para sanar essa possível dúvida, adotemos mais um exemplo fazendo outra simulação. Vamos assumir
um número qualquer, supor vendas de 800 unidades.
Vendas iniciais de 500 unidades geraram lucros de R$ 12.025 e receita de R$ 55.025. Se houver
aumento para 800 unidades, qual seria o impacto nos lucros?
Seguindo o mesmo raciocínio, vamos pegar as receitas de 800 unidades (R$ 88.040) e subtrair as
receitas de 500 unidades (R$ 55.025), o que daria uma diferença de R$ 33.015, significando 60% de
crescimento na receita.
Fazendo os cálculos:
Veja que a diferença de um período para o outro foi de R$ 33.015. Se for feita a proporção em
relação ao primeiro período, temos:
No primeiro período, tivemos receitas de R$ 55.025; no período dois, houve crescimento de receita
de R$ 33.015.
55.025__________ 100%
33.015__________ X%
55.025 X% = 3.301.500
X% = 3.301.500 = 60%
55.025
Obs.: os lucros do primeiro período referem-se às vendas de 500 unidades; os do segundo período
referem-se às vendas de 800 unidades.
Cálculos:
O aumento nos lucros de um período para o outro foi de R$ R$ 13.215, o que percentualmente
significa 109,89% de crescimento.
12.025__________ 100%
13.215__________ X%
12.025X = 1.321.500
X% = 1.321.500 = 109,89%
12.025
Esse foi o crescimento dos lucros de um período para o outro. Agora, podemos calcular o GAO
dividindo a variação dos lucros pela variação das receitas, como já foi visto:
Então:
Ao abrir uma empresa, tem-se a possibilidade de abrir com capital próprio ou capital de terceiros.
Adotando esse ultimo, estaria assumindo uma dívida, buscando recursos no mercado a determinada taxa
de juros e aplicando na empresa (ativo) com outra taxa de atratividade. Assim, a taxa de atratividade,
que é o retorno esperado pela empresa, será certa porcentagem, e a taxa de juros assumida na empresa
será outra taxa. Essa diferença vai para os acionistas e afeta o retorno sobre o patrimônio liquido.
144
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Assaf Neto (2003) chama essa diferença de alavancagem financeira. Pode ser para mais ou para
menos em relação ao retorno que teria se o investimento fosse feito todo com recursos próprios. Assim,
o autor diz que, para ser favorável, quanto maior for a participação de capital de terceiro, maior será a
alavancagem financeira.
Observação
Assim, podemos citar Gitman (1984), que diz que alavancagem financeira é a capacidade da empresa
de usar encargos financeiros fixos (de terceiros) para maximizar os efeitos da variação no Lucro Antes de
Juros e Imposto de Renda (Lajir) sobre o lucro por ação (LPA).
Vamos trabalhar com a visão de Assaf Neto, que utiliza o índice para decidir se é viável utilizar capital
de terceiro ou capital próprio. Em sua visão, quanto maior o capital de terceiro, maior a alavancagem
financeira. Vamos ver um exemplo:
Uma empresa que pretende executar um projeto necessita de investimento de R$ 98.000 e pretende
ter um retorno de 1,77% sobre esse capital. Feitas as projeções, os dados foram os seguintes:
Tabela 74
Vendas 28.333,33
CMV (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas com vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Observando que o investimento feito de 98.000, o retorno sobre o ativo foi de:
Atende-se assim ao previsto, mas, e se, no lugar de utilizar capital próprio, a empresa desejasse
investir 50% do valor de capital próprio e o restante buscar recursos de terceiros com juros de 1% ao
mês. O que ocorreria?
145
Unidade IV
Isso implicará juros de R$ 490. Vamos considerar que os juros foram calculados no primeiro mês
de utilização do capital. A operação fecha com um lucro financeiro, mas gera dívidas a vencer; em um
balanço, estaria no lado do passivo. Lembre-se de que lucro é igual a receitas menos despesas, não se
computam despesas a vencer, somente as realizadas.
Tabela 75
Vendas 28.333,33
CMV (14.702,16)
Lucro bruto 13.631,17
Despesas com vendas (4.867,66)
Despesas administrativas (7.027,66)
Lucro 1.735,85
Despesas financeiras (490) 1% do cap. de terceiros
Lucro depois do pag. de juros 1.245,85
Veja que, numericamente, o lucro foi menor. Isso nos levaria a pensar que foi ruim a situação, mas
vamos nos lembrar de que o acionista deseja retorno do capital, e seu papel como gestor financeiro é
justamente maximizar esse retorno.
O retorno sobre o PL, que é o retorno sobre o capital próprio, na primeira situação ficou:
Isso significa que, para cada R$ 100 aplicados na empresa, houve retorno de R$ 1,77.
Se a empresa trabalhasse com capital de terceiro, o lucro diminuiria para R$ 1.245,85, e o capital
próprio aplicado foi de R$ 49.000.
Isso quer dizer que, para cada R$ 100 aplicados na empresa, houve retorno de R$ 2,54.
Percebeu que o retorno para cada real aplicado foi maior? Maximizaram-se os ganhos dos acionistas.
Para atrair investidores, isso pode ser atraente, claro, sem se esquecer do risco gerado para isso.
Não vamos nos esquecer de que nosso objetivo é calcular a alavancagem financeira, então vamos
simplificar e utilizar a seguinte fórmula para essa situação:
146
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Lembre-se de que esse caminho é para se decidir entre usar capital próprio ou de terceiros, e em que
volume. Assim, utilizou-se o retorno sobre o patrimônio liquido na operação com capital de terceiros
(2,54) e o retorno sobre o ativo calculado na situação de investimento próprio total (1,77).
Então, esse GAF de 1,43 significa que a segunda opção oferece um retorno 43% maior do que a
primeira. Em outras palavras: se forem utilizados recursos de terceiros em 50%, haverá um retorno sobre
capital investido 43% maior do que se se utilizasse investimento 100% próprio.
GEPL = PC + PE = 1,43
PL
Onde:
GEPL – grau de endividamento do patrimônio líquido, ou quanto das dívidas da empresa são dívidas
com terceiros
PC – Passivo circulante
PE – Passivo exigível de LP
PL – Patrimônio liquido
Esses valores podem ser extraídos do balanço patrimonial. Se, por exemplo, o resultado encontrado
for 0,5, isso vai significar que 50% das dívidas da empresa são com terceiros. Quanto maior esse índice,
maior a alavancagem financeira, pois será necessário menos capital próprio e, por consequência, haverá
maior retorno sobre o capital aplicado.
2. De crescimento
Receitas operacionais são as provenientes das operações principais da empresa, como vendas,
recebimento de dividendos etc., e o crescimento das receitas operacionais é uma análise horizontal das
receitas. Vejamos:
147
Unidade IV
Tabela 77
AH % AH %
2001 2002 2002 2003
((2002-2001)/2001) ((2003-
X 100 2002)/2002) X 100
100.000 110.000 10 110.000 140.000 27,27
Veja que, de 2001 para 2002, o crescimento foi de 10%; já de 2002 para 2003, foi de 27%. Esse
crescimento deve ser acompanhado de perto pelo gestor financeiro, mas não se pode esquecer que
não é a única análise, pois será ainda mais importante o aumento de lucro da empresa. O fato de
a receita aumentar e o lucro diminuir não pode ser visto como algo positivo, isso vai depender dos
objetivos estratégicos da empresa, por exemplo, em que aspecto ela quer crescer: em faturamento? Em
participação de mercado? Em lucratividade?
Exemplos de Aplicação
AH %
2003 2004 ((2004-
2003)/2003) X 100
AH %
2001 2004 ((2004-
2001)/2001) X 100
• Crescimento da margem
Observação
Como análise financeira, o crescimento da margem de lucro é uma referência da saúde financeira da
empresa, que está melhorando as operações de custos e receitas. Esse é o conhecido resultado líquido.
O marketing de uma empresa atua no sentido de fazê-la vender mais, aumentando assim as suas
receitas, mas isso não garante aumento de lucro, pois os gastos para que a empresa opere devem ser
controlados para garantir crescimento dos lucros. Os gastos podem ser de estrutura funcional, como
mão de obra, distribuição, compras etc.
3. Operacionais
Os indicadores operacionais indicam as variações nas ações do dia a dia da empresa, como: quanto
produziu, quanto errou, quanto vendeu, o tempo que leva para receber as vendas a prazo etc. Vamos
ver cada um deles.
É a análise quantitativa das vendas, o quanto vendeu em unidades. É importante para as projeções
futuras da empresa, pois uma análise do histórico de vendas possibilita projetar outras operações, como
vendas, contratação de funcionário, aumento da capacidade de produção ou estrutura da empresa, ou
149
Unidade IV
• Indicadores de produtividade
A análise de produtividade de uma empresa aponta se a capacidade de produção está sendo utilizada
em proporção esperada. Por exemplo, se uma empresa tem capacidade de produção de 10.000 unidades
mês, mas vem praticando produções de 8.000 unidades no máximo, isso significa que está atuando a
80% da capacidade, então se devem buscar os motivos de tal atuação. Pode ser utilizada também para
analisar os diversos setores de uma organização, sempre em busca de ampliação de eficiência.
Mas, por que alguém da área financeira deve se preocupar com o setor de produção? A resposta é
simples.
A ineficiência produtiva eleva os custos de produção, e a partir disso haverá dois caminhos: ou se
aumenta o preço de venda, ou se diminui o lucro. Se se aumenta o preço de vendas, corre-se o risco de
vender menos, os clientes vão para a concorrência. Se, por acaso, decide-se lucrar menos, absorver os
aumentos de custos e manter os preços atuais, haverá como impacto a redução dos lucros. Em médio
prazo, seria uma empresa com menos capacidade de reação. Assim, uma maneira de tornar a empresa
mais forte é a redução dos custos, o aumento do lucro.
A gestão de contas a receber de uma empresa é um ponto crucial para o equilíbrio no caixa da
empresa. Quando se trata de ciclo financeiro, assunto tratado em unidades anteriores, os dias de contas
a receber fazem parte dessa estrutura. Esses dias são o prazo que a empresa está ofertando aos clientes.
Não deve ser muito extenso, pois amplia a necessidade de capital da empresa, nem muito curto, pois
perderá em competitividade. Como prática, deve seguir as atuações de mercado.
O item anterior, dias de contas a receber, está ligado à política de crédito da empresa; se
essa política for muito folgada ou, em outras palavras, muito facilitadora, dando-se crédito com
facilidade para qualquer pessoa, o índice de inadimplência será elevado. Isso significa cobranças
e atrasos, clientes que devem e não honraram suas obrigações. A política de cobrança deve ser no
sentido de orientar a empresa nas novas linhas de crédito e ainda criar meios de recuperação das
dívidas não pagas.
150
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
A visão de que estoque se traduz em custo é consenso entre empresas de diversos segmentos. Isso
por estarmos vivendo um período de mudanças constantes, assim, um material estocado pode perder
seu valor rapidamente. Essa visão serve para estoque de qualquer natureza, matéria-prima, de acabados
etc. A filosofia JIT (Just in time) está no centro dessa visão e é a maneira de atuação de empresas no
mundo todo.
• perda;
• armazenagem;
• capital investido;
• obsolescência;
• roubos e extravios etc.
Cada um desses itens deve ser gerenciado de forma a reduzir cada um deles, isso proporcionará mais
eficiência na gestão dos materiais, menos perdas e, assim, maior lucro.
4. De liquidez
É a capacidade da empresa em pagar suas obrigações. Pode ser calculado de algumas maneiras:
geral, corrente, seca, imediata.
Analisar dados de balanço é muito complicado, pois nem sempre a empresa com maior receita é a
mais rentável, nem a empresa com maior patrimônio é a mais lucrativa. A análise de índices facilita esse
estudo.
Vejamos:
ILG = AC + RLP
PEX
Onde:
AC = Ativo circulante
RLP = Realizável em longo prazo
PEX = Soma do passivo circulante com o exigível em longo prazo
151
Unidade IV
Esse índice mede a capacidade geral de pagamento da empresa, considera, no lado do ativo, todo
o ativo circulante, que são os valores disponíveis, como dinheiro, por exemplo, e os valores que estarão
disponíveis em forma de dinheiro em breve, como os estoques. E ainda os realizáveis em longo prazo,
que são os direitos a receber em períodos superiores a 360 dias.
Do lado do passivo, considera o passivo circulante e o exigível a longo prazo. Não podemos esquecer
que, do lado do passivo, temos as obrigações, e são obrigações com terceiros (salários, fornecedores e
impostos são alguns exemplos), tanto de curto prazo (circulante), como a longo prazo (exigível de LP), e
esses são o chamado passivo exigível. Temos ainda do lado do passivo o patrimônio liquido.
No calculo do índice de liquidez geral, reúnem-se todos os recursos de curto e longo prazo e os
dividem pelas obrigações com terceiros de curto e longo prazo.
ILC = AC
PC
Onde:
AC = Ativo circulante
PC = Passivo circulante
É a capacidade de pagamento de curto prazo da empresa. Considera todo ativo circulante, sendo
dinheiro ou não.
ILS = AC - E
PC
Onde:
AC = Ativo circulante
E = Estoque
PC = Passivo circulante
Esse índice aponta a capacidade de pagamento da empresa de curto prazo, mas sem considerar os
estoques. Assim, uma empresa com estoque elevado vai ter esse índice bem reduzido em relação aos
demais. Resumidamente, é a capacidade de pagamento da empresa menos os estoques.
152
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
ILI = D
PC
Onde:
D = Disponível
PC = Passivo circulante
É a capacidade de pagamento imediata da empresa. O valor disponível para pagar suas obrigações.
Tradicionalmente, dinheiro no caixa e no banco.
Como base, todos os índices aqui apontados, quanto maiores, melhor; para serem bons, devem
obrigatoriamente ser maior que 1.
Exemplos
Tabela 78
Como gestor, não se pode limitar aos números, é importante dar significado para cada valor calculado.
Com o valor encontrado, podemos dizer que, para cada real de dívida total, a empresa tem no ativo R$
0,82. Como esse valor ficou abaixo de 1, isso mostra que a empresa não tem condições, de forma geral,
de arcar com suas obrigações.
Liquidez seca
Como visto, esse índice também a avalia capacidade de pagamento, só que abate os estoques do
ativo circulante. Então, para cada real de dívida, a empresa tem no ativo circulante, menos os estoques,
R$ 1,12.
Aqui, foram considerados os valores de caixa e de banco, pois são os valores disponíveis. Assim,
a empresa tem em caixa, para pagar suas obrigações de curto prazo, R$ 0,36 para cada um real
de dívida.
Lembrete
154
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Saiba mais
8 ANÁLISE DE ENDIVIDAMENTO
Utilizaremos o exemplo a seguir para todos os cálculos e as interpretações dos índices desse grupo:
GIPL = 1 = 0,36
PL
Onde:
É um índice que verifica o quando do patrimônio liquido foi investido no imobilizado. Apesar de não
existir uma regra, quanto menor, melhor.
Imobilizado = 26.800
PL = 21.470
155
Unidade IV
Para cada R$ 1 de capital próprio, a empresa possui R$ 1,25 de ativo permanente. Ela precisou
utilizar capital de terceiro para atender suas necessidades mais básicas, como compra de matéria-prima,
vendas etc. Esse índice, para estar em patamar aceitável, deve ser menor que 1. Isso se a empresa deseja
não se endividar.
Esse índice relata a porcentagem de dívida com terceiros em relação ao patrimônio líquido. Em outras
palavras, aponta a proporção de obrigações com terceiros em relação às obrigações com acionistas da
empresa.
GEPL = PC + PELP
PL
Onde:
Para cada R$ 1 de PL, a empresa tem R$ 1,39 de obrigações com terceiros. Não há uma regra, mas
quanto menores forem as obrigações com terceiros, menos endividada estará a empresa.
É um índice que aponta o quanto a empresa tem de capital próprio para garantir as obrigações
assumidas.
GGPL = Pl
PC + PELP
156
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
GGPL = 21.470
11.780 + 18.200
Isso significa que, para cada R$ 1 de obrigações com terceiros, a empresa tem R$ 0,71 de capital
próprio ou de patrimônio líquido. Esse índice, quanto maior, melhor.
Devemos nos lembrar do conceito de ativo, que é o conjunto de bens, direitos. O ativo total é a soma
dos ativos circulantes com os não circulantes.
Assim, esse índice aponta quantas vezes a empresa girou seus ativos totais (bens e direitos) em
determinado período, ou seja, quantas vezes o ativo girou ou renovou-se pelas vendas.
Fórmula:
GAT = VL = 0,71
AT
Onde:
Vamos utilizar como exemplo o mesmo balanço citado anteriormente. Como precisamos também do
DRE, vamos acrescentar essa informação:
Tabela 79
DRE
Vendas líquidas 50.000
(-) Custo da mercadoria vendida - CMV 4.000
(-) Depreciação 3.000
- Lucro antes de juros e impostos 43.000
(-) Despesas de juros 5.000
(-) Impostos 1.000
- Lucro líquido 37.000
157
Unidade IV
Isso significa que, para cada real investido no ativo, a empresa gerou R$ 0,97 de vendas. Pode-se
entender também que o ativo girou 0,97 vez no período; quanto maior, melhor.
Lembrete
De acordo com Iudícibus (2003, p.128), alguns direcionamentos devem ser utilizados na análise de
balanços, tais como:
Com esses cuidados, a projeção orçamentária terá melhor estrutura, o gestor financeiro poderá
tomar decisões com maior segurança e com menores chances de erro.
Mesmo com essas informações em mãos, ter um caminho ou um processo a ser seguido para
elaborar um orçamento é importante. Como sugestão, o autor aponta um caminho para um melhor
acompanhamento desses índices:
158
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Orçamento
e elaborado
Aprovação
Divulgação
Divulgação
Ações corretivas
Revisão do
orçamento
Figura 42
Esse modelo tem como objetivo analisar o desempenho orçamentário para identificar variações
entre o que foi orçado e o ocorrido, mas, na prática, o que isso significa?
Tabela 80
159
Unidade IV
Exemplos de Aplicação
O item receita teve variação de R$ 17 e está como favorável. O item CMV também teve variação de
R$ 17, então, por que está como desfavorável?
A resposta é simples: CMV é custo, se aumentar, é ruim; agora, receita é entrada de dinheiro, se
superar a entrada prevista, é bom.
Tabela 81
Preço 20,00 25,00 22,50 17,00 27,45 22,27 -3,00 2,45 -0,28
Quando o resultado for negativo, isso significa que foi menor o realizado em relação ao orçado;
quando for positivo, quer dizer que foi maior.
Veja que, ao analisar a tabela anterior, na região norte, houve uma receita R$ 48 menor que o
orçado; em compensação, na região Sul, houve R$ 65 a mais que o orçado.
Em relação ao volume de vendas, na região norte, houve uma venda de 6 unidades acima do orçado,
mesmo assim, as receitas foram menores, pois vendeu-se abaixo do valor orçado.
O gestor financeiro deve acompanhar de perto essa análise, pois será fundamental para reajustar os
orçamentos feitos. Ele saberá se os valores praticados de vendas estão atendendo, nas partes e no total,
as receitas esperadas.
160
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Tabela 82
Total
Orçado Realizado Variação
Custo unitário 17,00 16,70 -0,30
Custo de produção
Materiais 760 861 101
MOD 205 235 30
GIF 905 791 -114
Total 1.870 1.887 17
Esses são alguns exemplos de variações de orçamento. Temos que quantificar as variações, buscar os
motivos das variações e rever os planejamentos para os exercícios futuros.
Uma das ferramentas utilizadas é o Enterprise Resource Planning (ERP). Trata-se de um sistema
de gestão empresarial caracterizado pela integração e o compartilhamento de um banco de dados,
organizado em módulos funcionais (financeiro, suprimentos, recursos humanos, produção etc.).
Ele surgiu da evolução de outros aplicativos menores, mas com os mesmos objetivos. O ERP integra
todas as informações dos seguintes aplicativos: MRP (Materials Requirements Planning), que planeja a
necessidade de materiais, e
MRP II (Manufacturing Resources Planning), que planeja a necessidade de recursos. Mas, por que
utilizar um ERP?
161
Unidade IV
• Padronização de procedimentos.
• Agilização do processo decisório.
• Integração de informações.
• Automatização de processos.
• Atualização de dados.
Devemos nos lembrar, entretanto, de que nenhum sistema tem somente pontos positivos, é
importante também tratar dos pontos considerados negativos na utilização de um sistema ERP.
Algumas das desvantagens são: elevados custos de aquisição e implantação; inflexibilidade dos
sistemas; tempo longo de implantação e complexidade da implantação.
A possibilidade de integração de uma empresa traz grandes vantagens, como vimos anteriormente;
os benefícios são generalizados e podem ser utilizados para beneficiar as seguintes áreas: finanças e
controles; operações/logística; recursos humanos; compras.
Na área financeira, o sistema pode atuar na contabilidade financeira, registrando todos os fatos
gerados para futuras análises e a construção de documentos contábeis legais: balanço patrimonial, DRE,
demonstrativo de fluxo de caixa etc.
Pode atuar ainda em contas a pagar, organizando de forma coerente os recebíveis da organização,
e em contas a receber, controlando de forma lógica as obrigações da organização.
No controle de ativo imobilizado, controla investimentos e necessidade de trocas dos ativos, o que,
em alguns casos, devido aos valores em questão, requer programação prévia.
162
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Essa visão do todo da organização possibilita e facilita conhecê-la a ponto de construir um orçamento
preciso para ela. Para ampliar a visão sobre as funções do ERP, vamos ver outras áreas de atuação.
Operações/Logística
• suprimentos;
• administração de materiais;
• gestão da qualidade;
• planejamento e controle da produção;
• custos de produção;
• previsão de vendas;
• entrada de pedidos;
• faturamento;
• fiscal;
• gestão de projetos.
Recursos humanos
163
Unidade IV
Resumo
Exercícios
Questão 1
(UNIP/PSA 2012) A fim de avaliar o comportamento econômico e financeiro da empresa nos vários
períodos de operação, são utilizados quocientes (índices) entre os valores das contas constantes de seus
relatórios e as posições contábeis. Com relação a esses índices, podemos afirmar que:
164
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
d) Para se conseguir uma visão mais precisa da situação da empresa, não é necessário conduzir a
análise dos quocientes de rentabilidade se houver a possibilidade de, rapidamente, obter os de
liquidez.
Alternativa A: incorreta.
Alternativa B: correta.
Alternativa C: incorreta.
Alternativa D: incorreta.
Alternativa E: incorreta.
Justificativa: são relações diferentes e que não necessariamente refletem o mesmo resultado, pois
partem de base analítica também diferente: o retorno sobre o ativo evidencia o retorno conseguido com
o dinheiro aplicado pela empresa em ativos num determinado período; o retorno sobre o patrimônio
líquido evidencia o retorno do capital próprio (PL) aplicado na empresa. Seu cálculo envolve somente o
lucro da empresa e o capital disponibilizado pelos sócios.
Questão 2
(BNDES/2009) A Indústria Kinkilharias S/A. fabrica e vende cinco produtos diferentes. A seguir, são
apresentados os valores unitários da empresa, em reais, considerando‑se que são produzidas e vendidas
200 unidades de cada produto por mês.
MP = matéria‑prima; MOD = mão de obra direta; CIV = custos indiretos variáveis; CIF = custos
indiretos fixos; STC = soma de todos os custos; PVU = preço de venda unitário; LU = lucro unitário.
Com base nesses dados, o produto que apresenta maior margem de contribuição unitária é:
a) Alfa.
b) Gama.
c) Delta.
d) Épsilon.
e) Beta.
Resolução na plataforma.
166
ORÇAMENTO EMPRESARIAL
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 4
Figura 5
Figura 6
KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
Figura 7
Figura 10
HORNGREN, C.T.; FOSTER, G.; DATAR, K.M. Contabilidade de custos. 9.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
Figura 11
Figura 15
Figura 16
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002. Adaptado.
Figura 17
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002. Adaptado.
Figura 18
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002. Adaptado.
Figura 21
MATIAS, A.B. Finanças corporativas de curto prazo, a gestão valor de capital de giro. São Paulo: Atlas,
2007.
Figura 23
MATIAS, A.B. Finanças corporativas de curto prazo, a gestão valor de capital de giro. São Paulo: Atlas,
2007.
Figura 42
REFERÊNCIAS
Textuais
ANTHONY, R.N. Contabilidade gerencial – introdução à contabilidade. São Paulo: Atlas, 1965.
ASSAF NETO, A.; SILVA, C.A.T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 1997.
CARNEIRO, M.; MATIAS, A.B. Orçamento empresarial: teoria, prática e novas técnicas. São Paulo: Atlas,
2011.
CORRÊA, H.L.; GIANESI, I.G.N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção. MRP II /
ERP – Conceitos, uso e implantação. São Paulo: Atlas, 1999.
COSTA, A.P.P. Balanced Scorecard. Conceitos e guias de implementação. São Paulo, Atlas, 2006.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002.
GITMAN, L.J.; MADURA, J. Princípios de Administração Financeira. 3.ed. São Paulo: Harper & Row,
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Informações:
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