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Análise das

Demonstrações
Contábeis

Prof.a Sheila Jeane Schulz Persike


Prof. Valdecir Knuth

Indaial – 2022
2a Edição
Elaboração:
Prof. Sheila Jeane Schulz Persike
a

Prof. Valdecir Knuth

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

P466a

Persike, Sheila Jeane Schulz

Análise das demonstrações contábeis. / Sheila Jeane Schulz


Persike; Valdecir Knuth. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

250 p.; il.

ISBN 978-85-515-0492-5

1. Contabilidade. – Brasil. I. Knuth, Valdecir. II. Centro Universitário


Leonardo Da Vinci.

CDD 657

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, bem-vindo ao livro didático de Análise das Demonstrações
Contábeis. Albert Einstein dizia: tenha em mente que tudo que você aprende na escola
é trabalho de muitas gerações. Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um
dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos.

Assim, vamos acrescentar para o seu conhecimento os temas abordados na


disciplina de Análise das Demonstrações Contábeis.

No campo de valorização profissional você estará à frente no mercado, no


momento em que se prepara para uma das profissões mais valorizadas nos tempos
atuais. A Análise das Demonstrações Contábeis irá lhe proporcionar os conhecimentos
voltados à mensuração e evidenciação dos atos administrativos que culminam na
análise dos indicadores econômicos e financeiros da empresa.

Não é para menos, pois todas e quaisquer decisões tomadas pelos gestores de
empresas devem ser baseadas em resultados que a Contabilidade pode fornecer com a
aplicação desses indicadores. Assim, é importante avaliar se os recursos financeiros são
direcionados para a melhoria dos resultados operacionais da empresa, isso quer dizer,
aplicar recursos nas operações da empresa, com o objetivo de alavancar a rentabilidade
do capital próprio da empresa. Outrossim, é importante lembrar que o custo de captação
dos recursos de terceiros e do capital próprio não devem ser superiores à expectativa
dos sócios e investidores, pois ao longo do tempo o indicador de Kanitz irá proporcionar a
análise de solvência de acordo com o endividamento da empresa. O retorno econômico
para a empresa deverá estar vinculado no fortalecimento da sua marca no mercado.

O conteúdo desta disciplina se divide em três unidades de ensino. Assim,


iniciaremos a Unidade 1 com o estudo sobre os elementos que compõem as
Demonstrações Financeiras/Contábeis, que são a base para o entendimento de como
a contabilidade funciona. Isso porque os analistas podem ser os mais variados, não
somente os gestores da entidade, mas também investidores em bolsa de valores,
governo, clientes, fornecedores, funcionários, dentre outros. Após percorrer os aspectos
gerais, se apresentará a estrutura das várias Demonstrações Contábeis, como o Balanço
Patrimonial e Demonstração de Resultados.

No decorrer da Unidade 2, estudaremos os elementos que compõem a


metodologia e os resultados da análise dos indicadores da análise horizontal para
verificar o crescimento dos recursos em cada grupo de contas contábeis e a análise
vertical para verificar o comportamento de cada conta em função do total de cada
grupo. Nos estudos da geração do caixa da empresa, iremos estudar a liquidez imediata,
os efeitos da liquidez corrente na identificação dos recursos financeiros de curto prazo
da empresa, assim como a relação dos estoques para apurar o indicador da liquidez
seca. Por sua vez, a contribuição da solvência geral de Kanitz nos permitirá identificar se
a empresa está em vias de falência ou não.
Para finalizar, na Unidade 3 abordaremos sobre a definição e utilidade dos
indicadores de rentabilidade como forma de avaliar a capacidade do retorno dos
investimentos dos sócios à longo prazo, assim como a sua alavancagem para verificar
se os gastos operacionais fixos proporcionam o retorno desejado dos acionistas. Os
indicadores de rotatividade irão proporcionar a avaliação do tempo necessário para a
realização do caixa da empresa em função das contas a receber dos clientes, do tempo
necessário para quitar os compromissos financeiros assumidos com os fornecedores
e principalmente o giro dos estoques. O giro dos estoques é que irá determinar se a
empresa está conseguindo alavancar as vendas independentemente da margem de lucro
dos produtos. Iremos estudar o que é o Custo Médio Ponderado de Capital, assim como
o significado de capital de giro. Por fim, apresenta-se um passo a passo com as etapas
necessárias para se realizar uma análise real, com intenção de impulsionar você a percorrer
uma mini análise e se aventurar por essa jornada rumo ao conhecimento prático.

Bons estudos!

Prof.a Sheila Jeane Schulz Persike


Prof. Valdecir Knuth

GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

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apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
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verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
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aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.

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dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
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conhecimento, construímos, além do livro
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preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS........................................... 1

TÓPICO 1 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 O QUE É A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES.....................................................................3
2.1 USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................... 5
2.2 PADRONIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS E DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.8
2.3 FLUXOS DOS PROCESSOS DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES.............................................. 11
3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS...........................................................11
3.1 ATIVO........................................................................................................................................................12
3.2 PASSIVO................................................................................................................................................. 13
3.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO......................................................................................................................... 13
3.3.1 Equação fundamental............................................................................................................... 14
3.4 RECEITAS E DESPESAS..................................................................................................................... 15
4 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............... 16
4.1 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO.................................................................................................. 18
4.2 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS................................ 19
5 CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL................................................. 21
6 CONVERSÃO PARA A MOEDA DE APRESENTAÇÃO......................................................... 21
7 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS..................... 23
8 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEPARADAS........................... 25
9 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMBINADAS......................... 26
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................27
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 28

TÓPICO 2 - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 1.................... 31


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 31
2 BALANÇO PATRIMONIAL.................................................................................................. 33
2.1 GRUPOS CONSTANTES NO BALANÇO PATRIMONIAL.................................................................35
3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE).........................................................................37
3.1 ITENS CONSTANTES NA ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO......................38
4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES (DRA)........................................ 39
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 42
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 43

TÓPICO 3 - ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 2...................47


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................47
2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL..........................47
3 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA.......................................................... 49
4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA....................................................................... 51
4.1 MÉTODO DIRETO E MÉTODO INDIRETO..........................................................................................52
5 NOTAS EXPLICATIVAS...................................................................................................... 56
6 RELATÓRIO DA AUDITORIA, DA ADMINISTRAÇÃO, DO CONSELHO FISCAL,
ENTRE OUTROS.....................................................................................................................59
6.1 RELATÓRIO DA AUDITORIA................................................................................................................59
6.2 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO.....................................................................................................61
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 63
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 66
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................67

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 69
UNIDADE 2 — INDICADORES PARA GESTÃO EMPRESARIAL.............................................73
TÓPICO 1 — TEORIA DOS CONTRATOS................................................................................75
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................75
2 OBSERVAÇÕES NO PROCESSO DE ANÁLISE...................................................................75
3 A RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS CONTÁBEIS............................................................ 77
4 TIPOS DE ANÁLISE............................................................................................................79
4.1 ANÁLISE HORIZONTAL DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS................................................... 80
4.2 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL.....................................................................87
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................95
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................96

TÓPICO 2 - ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ.....................................................99


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................99
2 LIQUIDEZ IMEDIATA.........................................................................................................100
3 LIQUIDEZ CORRENTE......................................................................................................103
4 LIQUIDEZ SECA................................................................................................................105
5 LIQUIDEZ GERAL.............................................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 112
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 113

TÓPICO 3 - INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E FATOR DE INSOLVÊNCIA................. 115


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 115
2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO .............................................................................. 116
2.1 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO............................................................119
2.2 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................ 122
2.3 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES ................................................. 124
3 ANÁLISE DISCRIMINANTE.............................................................................................. 127
4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ..............................................................................129
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 137
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................138

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 141

UNIDADE 3 —INDICADORES DE GESTÃO E ETAPAS DE ANÁLISE...................................143

TÓPICO 1 — INDICADORES DE RENTABILIDADE E ALAVANCAGEM................................145


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................145
2 GIRO DO ATIVO.................................................................................................................145
3 GIRO DO ATIVO OPERACIONAL.......................................................................................149
4 MARGEM BRUTA .............................................................................................................152
5 MARGEM OPERACIONAL.................................................................................................154
6 MARGEM LÍQUIDA DO EXERCÍCIO..................................................................................156
7 RENTABILIDADE DO ATIVO .............................................................................................159
8 RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO..................................................................162
9 PAYBACK..........................................................................................................................165
9.1 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO (PBD)......................................................................................167
10 ALAVANCAGEM DA EMPRESA......................................................................................170
10.1 ALAVANCAGEM FINANCEIRA......................................................................................................... 171
10.2 ALAVANCAGEM OPERACIONAL................................................................................................... 173
10.3 CUSTOS FIXOS E ALAVANCAGEM OPERACIONAL................................................................... 174
10.4 GRAU DE ALAVANCAGEM COMBINADA......................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................ 179
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................180
TÓPICO 2 - INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO MÉDIO PONDERADO DE
CAPITAL E CAPITAL DE GIRO.............................................................................................183
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................183
2 ANÁLISE DA ROTATIVIDADE (GIRO)...............................................................................183
2.1 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DOS ESTOQUES.............................................................................184
2.2 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DE CLIENTES................................................................................. 187
2.3 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES..............................................................190
3 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA .........................................................................194
3.1 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO.................................................................... 194
3.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO................................................................... 195
3.3 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO E CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS................................. 197
3.4 CÁLCULO DO CMPC – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL......................................... 199
4 CAPITAL DE GIRO............................................................................................................201
4.1 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO............................................................................................201
RESUMO DO TÓPICO 2....................................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 206

TÓPICO 3 - ETAPAS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES................................................ 209


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 209
2 PASSO A PASSO: ETAPAS PARA UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES................... 209
2.1 PRIMEIRA ETAPA – OBTER AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA ENTIDADE............. 209
2.2 SEGUNDA ETAPA – AVERIGUAR A QUALIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES............................210
2.3 TERCEIRA ETAPA – PREPARAR AS DEMONSTRAÇÕES PARA A ANÁLISE ..........................211
2.4 QUARTA ETAPA – SELECIONAR QUAIS INDICADORES SERÃO UTILIZADOS...................... 212
2.5 QUINTA ETAPA – COMPARAR OS RESULTADOS COM OS DE OUTRAS EMPRESAS
CONCORRENTES DENTRO DO SEGMENTO DA EMPRESA....................................................... 213
2.6 SEXTA ETAPA – PROCURAR IDENTIFICAR PADRÕES E EXCEÇÕES..................................... 214
2.7 SÉTIMA ETAPA – ELABORAR O RELATÓRIO DE ANÁLISE........................................................ 215
2.8 OITAVA ETAPA – TOMADA DE DECISÕES COM BASE NA ANÁLISE REALIZADA................ 217
3 ESTUDO DE CASO – REALIZANDO UMA ANÁLISE EM DEMONSTRAÇÃO PUBLICADA........218
3.1 ANÁLISE INICIAL – ETAPAS 1, 2 E 3...............................................................................................218
3.2 CÁLCULO DOS INDICADORES PARA A ETAPA 4........................................................................ 221
3.2.1 Calculando análise vertical e horizontal............................................................................. 221
3.2.2 Calculando indicadores de liquidez................................................................................... 225
3.3 ANÁLISE INTERMEDIÁRIA – ETAPAS 5 E 6................................................................................ 229
3.4 ANÁLISE FINAL – ETAPAS 7 E 8................................................................................................... 233
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 235
RESUMO DO TÓPICO 3....................................................................................................... 242
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 243
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 246
UNIDADE 1 -

DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E FINANCEIRAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os elementos das demonstrações contábeis, assim como o seu


reconhecimento e mensuração;

• diferenciar a apresentação de demonstrações contábeis individuais, consolidadas,


separadas e combinadas;

• compreender a estrutura das demonstrações contábeis, balanço patrimonial e


demonstração de resultado;

• reconhecer a importância das demais demonstrações para a realização de uma


análise conjunta;

• entender a função das notas explicativas;

• compreender o objetivo dos demais relatórios, como o Relatório de Administração e


do Conselho Fiscal.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


TÓPICO 2 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 1
TÓPICO 3 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS – PARTE 2

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ANÁLISE
DAS DEMONSTRAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico. Estamos iniciando a disciplina de Análise das Demonstrações
Contábeis. Esta disciplina é fundamental para se analisar a situação patrimonial,
financeira e econômica de uma entidade. Qualquer tipo de tomada de decisão que seja
realizada quanto a uma empresa precisa se embasar em uma Análise das Demonstrações
Contábeis coerente. Mas como saber por onde iniciar?

Aqui, no Tópico 1, vamos começar a compreender os aspectos conceituais e


introdutórios, para seguir posteriormente para a prática. Vamos realizar muitos cálculos
de indicadores e análise de demonstrações, porém, caso os princípios não estejam
bem compreendidos, tudo será em vão. Por isso, vamos aproveitar bem este primeiro
momento de estudos!

CHAMADA
Preparado para esta jornada rumo ao conhecimento? Procure um
ambiente que ajude na concentração. Desta forma será mais fácil fixar o
conteúdo estudado.

2 O QUE É A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


As demonstrações financeiras (também chamadas de demonstrações
contábeis) são relatórios contábeis estruturados que fornecem informações sobre a
situação patrimonial, financeira e econômica da empresa. Estas informações permitem
aos seus usuários realizar tomada de decisões, assim como notar tendências futuras.
Isto porque a finalidade da contabilidade é exatamente essa: fornecer informações para
a tomada de decisão.

A obrigatoriedade de se manter registros contábeis e elaborar demonstrações


está presente no Código Civil (Lei nº 10.406/02), no artigo 1.179 (entre outros), que atinge
todas as empresas e legisla o seguinte:

3
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a
seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base
na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com
a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço
patrimonial e o de resultado econômico (BRASIL, 2002).

Também consta na Lei nº 6.404/1976, conhecida como Legislação das


Sociedades por Ações (ou seja, voltada às empresas que possuem acionistas), demais
especificações sobre as demonstrações. Em seu artigo 176, é expresso que:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base
na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio
da companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I- balanço patrimonial;
II- demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III- demonstração do resultado do exercício;
IV- demonstração das origens e aplicações de recursos.
IV- demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº
11.638, de 2007)
V- se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com
a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do
exercício anterior.
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser
agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que
indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do
respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações
genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes".
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros
segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de
sua aprovação pela assembleia-geral.
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas
e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias
para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do
exercício (BRASIL, 1976).

Além do § 5º, que trata das exigências nas Notas Explicativas, que veremos de
forma mais aprofundada na Unidade 3.

Além das Leis citadas, há outros decretos, normas, resoluções, deliberações etc.,
que tratam das exigências para a elaboração das demonstrações, como o artigo 286 do
Decreto nº 9.580/2018 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) e o Pronunciamento
Contábil CPC 26, que foi aprovado em resoluções/normas específicas para cada órgão
competente relacionado. Veremos mais adiante o assunto em detalhes.

Então, é realizada a elaboração e divulgação das demonstrações, e fica a


questão: como utilizá-las? É só uma obrigatoriedade legal? Vamos descobrir agora.

4
A Análise das Demonstrações Contábeis é a coleta de dados existentes nas
Demonstrações Financeiras “com vistas à apuração de indicadores que permitem
avaliar a capacidade de solvência (situação financeira), conhecer a estrutura patrimonial
(situação patrimonial) e descobrir a potencialidade da entidade em gerar bons resultados
(situação econômica)” (SILVA, 2019, p. 4). Dá para descobrir com tal análise se a empresa
está sendo bem administrada, se está tendo boa rentabilidade, se consegue quitar suas
dívidas, a forma como os saldos das contas contábeis vem evoluindo etc.

NOTA
Resumidamente, a Análise das Demonstrações é uma forma de transformar
os dados extraídos das Demonstrações Financeiras em informações úteis
para a tomada de decisões.

Para Padoveze e Benedicto (2010), se aplica sobre os valores dos elementos


patrimoniais um raciocínio analítico dedutivo, a fim de se avaliar a situação econômico-
financeira da entidade e sua capacidade de continuidade operacional e financeira.
Fica claro que a utilização da Análise de Demonstrações é importantíssima para
auxiliar nas decisões tomadas. Mas quem utiliza essas informações? É bem comum
automaticamente pensarmos: os administradores das empresas.

2.1 USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Mas não são somente os gestores das entidades, que as administram, que se
beneficiam das análises das Demonstrações para tomar decisões sobre o processo de
gestão. Os usuários das informações contábeis são os mais variados, por exemplo:

• Investidores: analisam as demonstrações financeiras das empresas para que tenham


confiança em adquirir ações emitidas por elas, pois sua intenção é receber alguma
remuneração sobre esses investimentos alocados.
• Bancos: antes de conceder crédito às entidades, os bancos analisam a sua situação
financeira, econômica e patrimonial, a fim de verificar se a empresa tem capacidade
de pagamento. Só então decidem se concedem ou não o crédito. Ninguém vai
emprestar dinheiro a alguém se achar que não irá receber o valor de volta.
• Fornecedores: imagine se a maior parte da produção de um fornecedor é vendida para
uma única empresa? Caso não fique atualizado quanto à capacidade de continuidade
que ela possui, pode ser que seja pego desprevenido com uma falência e acabe
quebrando junto.

5
• Funcionários: podem verificar se a empresa tem condições de continuar arcando
com sua remuneração, ou até mesmo se podem contar com uma estabilidade
empregatícia.

Sobre a visão dos usuários das demonstrações financeiras no mundo, Hendriksen


e Van Breda (2018) nos apresentam o seguinte cenário:

A pergunta “Para quem?” é tradicionalmente respondida, nos Estados


Unidos, com a afirmação de que os relatórios financeiros se destinam aos acionistas,
a outros investidores e a credores. É reconhecido que se deve divulgar informação
a funcionários, clientes, órgãos do governo e ao público em geral, mas esses grupos
são encarados apenas como destinatários secundários dos relatórios anuais e de
outras formas de divulgação. Em parte, o motivo dessa falta de ênfase em outros
usuários, que não investidores, é devida a ausência de conhecimento a respeito
de suas decisões. As decisões a serem tomadas por investidores e credores são
relativamente simples e bem definidas: os investidores basicamente tomam
decisões de compra, manutenção e venda, e as decisões dos credores estão
fundamentalmente associadas à concessão de crédito à empresa. Acionistas, e,
às vezes, credores, também tomam decisões a respeito da contratação, dispensa e
remuneração de administradores e da aprovação ou não de mudanças importantes
das políticas de uma empresa. Portanto, os objetivos de divulgação financeira, no
que diz respeito a esses usuários, podem ser razoavelmente claros. Os objetivos
de apresentação de informação a funcionários, clientes e ao público em geral, por
outro lado, não têm sido tão bem formulados. Na ausência de conhecimento mais
específico, a premissa geral é a de que informação útil a investidores e credores
será útil para outros grupos. [...] Outras partes do mundo, particularmente a Europa,
tendem a dar uma resposta mais ampla à pergunta “Para quem?” Em particular,
tendem a colocar os interesses de funcionários e do estado no mesmo nível dos
interesses dos acionistas.

FONTE: Hendriksen e Van Breda (2018, p. 511).

Interessante refletir sobre como o processo pode ser diferente dependendo


da realidade e da cultura do país que analisamos! Mas voltando à multiplicidade de
usuários possíveis, o CPC 00 (R2) (2019, s. p.) corrobora com a questão, afirmando que
uma demonstração “reporta como um todo e não do ponto de vista de qualquer grupo
específico de investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes ou
potenciais, da entidade”.

Mesmas demonstrações sendo utilizadas para infinitas possibilidades de análise,


dependendo só de nossa proatividade e interesse, é realmente uma ideia espetacular.
Agora, pense: dois usuários diferentes demandam os mesmos tipos de informações? E
se forem ambos, por exemplo, Investidores?

6
A resposta é: cada usuário tem um objetivo diferente ao analisar as informações
contábeis. Mesmo dois investidores podem focar em aspectos diferentes; um pode
ter uma visão voltada ao curto prazo e busca analisar o retorno que a empresa vem
proporcionando, enquanto o outro investidor vislumbra o longo prazo, mais preocupado
em analisar os riscos envolvidos nesse investimento.

Para Iudícibus (2017, p. 14),

Consideramos que a análise de balanços é uma arte, pois, embora


existam alguns cálculos razoavelmente formalizados, não existe
forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar os
índices de maneira a obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo,
cada analista poderia, com o mesmo conjunto de informações e de
quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até completamente
diferenciadas. É provável, todavia, que dois experientes analistas,
conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa,
cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas)
sobre a situação atual da empresa, embora quase sempre apontariam
tendências diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento.

“O analista financeiro extrairá elementos e fará julgamentos sobre o futuro da


entidade objeto de análise. Portanto, é parte conclusiva da análise de balanço o julgamento
do avaliador sobre a situação da empresa e suas possibilidades futuras” (PADOVEZE;
BENEDICTO, 2010, p. 3). Por isso, é muito importante que o analista conheça bem tanto
a empresa quanto o segmento em que essa empresa atua. E que não se utilize somente
de uma demonstração financeira específica – o que impede uma visão clara da situação
empresarial; o ideal é analisar as demonstrações financeiras em conjunto, assim como
demais informações qualitativas e quantitativas às quais tiver acesso.

NOTA
Antes de seguirmos, é importante ressaltar que os autores utilizados nas
citações constantes no Tópico 1 são verdadeiros gênios da Contabilidade e
análise de balanços!

A descrição completa dos materiais pode ser encontrada nas Referências,


ao final de cada unidade. É muito importante conhecermos os grandes
nomes da nossa área, por isso são ótimas sugestões de leitura caso desejem
complementar seus estudos.

7
2.2 PADRONIZAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS E DAS
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Para que se consiga tomar decisões com base na análise das informações
contábeis, precisa haver certa padronização, uma vez que analisar envolve uma
comparação entre a) dados históricos; b) padrões existentes em outros períodos da
empresa; e/ou c) indicadores de seus concorrentes (ALMEIDA, 2019). Dizemos ‘certa’
padronização porque mesmo os pronunciamentos técnicos e as normativas permitem
alternativas diferentes de escolha, podendo o contador definir qual critério mais se
aplica à situação de sua empresa.

Martins, Miranda e Diniz (2020, p. 2) complementam que:

Como se vê, não é uma tarefa fácil cumprir os objetivos da


Contabilidade. Isto é, desejar que um modelo retrate a realidade
econômico-financeira de uma entidade para vários usuários, os
quais têm objetivos díspares em termos de informações. Além disso,
por ser um modelo, as informações geradas pelos profissionais
da contabilidade nem sempre são idênticas, posto que por mais
normatizados que sejam os procedimentos utilizados na elaboração
das demonstrações contábeis, sempre vai existir a possibilidade de
escolhas diferentes, e, por consequência, a simplificação da realidade
econômico-financeira pode ser apresentada de formas distintas.

Para tentar padronizar internacionalmente as contabilizações e tratamento de


eventos contábeis, existem normativas que visam guiar uma estrutura que possa ser
base para análise das demonstrações e, assim, evitar distorções na comparação entre
empresas. Há algumas específicas para elaboração das Demonstrações Financeiras,
constantes nos Pronunciamentos Técnicos do CPC – Comitê de Pronunciamentos
Contábeis. Podem-se citar alguns deles:

• CPC 00 (R2), que trata da Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro;


• CPC 02 (R2), que trata dos Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão
de Demonstrações Contábeis;
• CPC 26 (R1), que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis;
• CPC 35 (R2), que trata das Demonstrações Separadas;
• CPC 36 (R3), que trata das Demonstrações Consolidadas; e
• CPC 44, que trata das Demonstrações Combinadas.

8
FIGURA 1 – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS

FONTE: Adaptado de <http://www.cpc.org.br/CPC>. Acesso em: 24 mar. 2022.

Mas o que é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis? Ele foi criado no Brasil para
auxiliar na convergência internacional das normas contábeis, facilitando a centralização
da emissão das normas contábeis no Brasil e buscando um processo democrático,
no qual os profissionais da área consigam participar das audiências públicas sobre as
matérias abordadas nos pronunciamentos. Afinal, com a padronização, diminui-se o
risco de os contadores registrarem eventos iguais de formas extremamente diferentes,
o que dá mais segurança e comparabilidade ao processo.

Fazem parte do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 2 membros de cada


uma das 7 entidades a seguir:

1) Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).


2) Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais
(Apimec Nacional).
3) B3 Brasil Bolsa Balcão.
4) Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
5) Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
6) Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).
7) Entidades representativas de investidores do mercado de capitais.

Além destes membros, sempre são convidados a participar representantes dos


órgãos a seguir:

• Banco Central do Brasil (BACEN).


• Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
• Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB)
• Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
• Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN).
• Confederação Nacional da Indústria (CNI).
• Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC).

Como vemos, é um procedimento muito bem estruturado, que conta com


representantes e membros de diversos setores, que juntos buscam um alinhamento
quanto às normatizações em elaboração. O que torna o processo rico, pois cada órgão
traz sua perspectiva única para debate. Além de os profissionais contábeis terem voz no
processo e conseguirem participar nas audiências públicas antes de uma aprovação de
um pronunciamento contábil.

9
Esse processo iniciou-se com a harmonização mundial das práticas contábeis,
com a hoje chamada IASB – International Accounting Standards Board –, que emite e
revisa as normas internacionais de Contabilidade (IFRS – International Financial Reporting
Standards) (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015). Consultando o site do IFRS, é possível
ver que uma das razões de sua existência é o lema ‘Padrões globais para mercados
globais’, pois “economias modernas dependem de transações além de suas fronteiras
e do livre fluxo de capital internacional. Mais de um terço das transações financeiras
ocorrem além das fronteiras, e é esperado que esse número cresça” (tradução livre)
(IFRS, 2022, s. p.). Além disso, complementam que “investidores buscam diversificação
e oportunidades de investimento ao redor do mundo, enquanto companhias aumentam
seu capital, realizam transações ou tem operações e subsidiárias internacionais em
múltiplos países” (tradução livre) (IFRS, 2022, s. p.). Pensando na globalização, mais
de 140 países aderiram às normas internacionais de contabilidade, e esse processo de
revisão e estudo das normas internacionais de Contabilidade é constante.

Iudícibus (2017, p. 21) explica que:

Deve-se entender, portanto, que certos conceitos que regem a


Contabilidade são mutáveis, parcial ou totalmente, no tempo e no
espaço, adaptando-se às peculiaridades econômicas, institucionais,
políticas e sociais de cada época e, às vezes, observando
peculiaridades de cada país. É claro que outros são imutáveis,
como o princípio da dualidade, cuja evidenciação contábil resume-
se no método das partidas dobradas. Ainda assim, a forma de
consubstanciar as partidas dobradas, por exemplo, pode alterar-se.

Além disso, o autor nos relembra que o analista externo à empresa utiliza os
relatórios gerados pela entidade e, “embora admitindo certa liberdade de manobra no
âmbito dos princípios contábeis, os relatórios [...] não poderão deixar de se basear em
tais princípios; ou, então, a gama de exceções e de desvios deve ser perfeitamente
enumerável e controlável” (IUDÍCIBUS, 2017, p. 19). No entanto, o analista interno, com
foco na análise de balanços para auxiliar o próprio administrador da empresa, tem acesso
a mais informações inseridas nos sistemas de informação gerencial do que o analista
externo e, por isso, pode considerá-las, devendo o analista interno “estar perfeitamente
a par dos conceitos de lucro admitidos e das mensurações necessárias, a fim de adequar
suas análises aos novos conceitos introduzidos no sistema” (IUDÍCIBUS, 2017, p. 19).

IMPORTANTE
Ser um bom analista das Demonstrações Financeiras exige conhecimentos
aprofundados. Afinal, escolhas precisarão ser feitas a fim de atingir a melhor
interpretação possível, e o analista deve estar ciente disso. Quão melhor
preparado estiver, mais fácil será atingir o objetivo esperado.

10
2.3 FLUXOS DOS PROCESSOS DE ANÁLISE
DE DEMONSTRAÇÕES
Que tal esquematizarmos o processo para fixar melhor o conteúdo?

FIGURA 2 – CORRELAÇÃO ENTRE A CONTABILIDADE E A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS (DCS)

FONTE: Almeida (2019, p. 3)

Conforme a Figura 2, o processo se inicia com a ocorrência dos fatos e eventos


econômicos e financeiros (entradas), que são registrados e lançados pela contabilidade
(processamento), gerando as informações e demonstrações contábeis (saída). Os
usuários então utilizam técnicas de análise das demonstrações contábeis, calculando
indicadores. Só aí, essas informações são avaliadas, elaborando-se um diagnóstico ou
conclusão, e sendo finalmente utilizadas para a tomada de decisões.

ESTUDOS FUTUROS
Neste primeiro tópico, vamos compreender os conceitos iniciais relacionados
às Demonstrações Financeiras, mas não para por aqui: as principais
demonstrações existentes serão explicadas mais detalhadamente adiante.
Será uma incrível caminhada!

3 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


É importante relembrar que os registros contábeis e, consequentemente, as
demonstrações financeiras, seguem o Regime de Competência, no qual “os efeitos das
transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa
ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos registros
contábeis e reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a que se referem”
(MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 11).
11
FIGURA 3 – EVENTO ECONÔMICO E ACUMULAÇÃO CONTÁBIL

FONTE: Padoveze e Benedicto (2010, p. 8)

Assim que ocorrem os eventos econômicos, há o seu lançamento (contabilização)


na respectiva conta contábil. Essas contas contábeis são agrupadas de acordo com
sua natureza e aceitam diversos registros, acumulando os valores de transações
diferentes, de forma a facilitar o gerenciamento contábil e financeiro. E, posteriormente,
as informações retiradas desses grupos são estruturadas e evidenciadas nas
Demonstrações Contábeis (PADOVEZE; BENEDICTO, 2010).

Os elementos das Demonstrações Contábeis, conforme CPC 00 (R2) (2019) são:

a- ativos;
b- passivos;
c- patrimônio líquido;
d- receitas; e
e- despesas (CPC 00 (R2) 2019).

Vamos relembrar cada um deles? Afinal, eles já foram vistos em outras disciplinas
do curso anteriormente.

3.1 ATIVO
Sua definição conforme o CPC 00 (R2) é: “Recurso econômico presente
controlado pela entidade como resultado de eventos passados, que tenha potencial de
produzir benefícios econômicos futuros” (CPC, 2019, s. p.).

É composto por bens e direitos da entidade. As contas do Ativo são divididas


em dois grandes grupos: o Ativo Circulante (curto prazo) e o Ativo Não Circulante (longo
prazo) (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020).

Alguns exemplos de ativos são: caixa, bancos, duplicatas a receber, estoques,


máquinas e equipamentos, terrenos.

12
3.2 PASSIVO
O CPC 00 (R2) define o Passivo como uma “obrigação presente da entidade de
transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados”. Ou seja, são as
obrigações da entidade.

O Passivo é dividido em dois grandes grupos: o Passivo Circulante (curto prazo)


e o Passivo Não Circulante (longo prazo). Exemplos de passivos são: empréstimos
a pagar, fornecedores a pagar, impostos a pagar, salários a pagar, juros a pagar,
duplicatas a pagar.

3.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Para o CPC 00 (R2), “patrimônio líquido é a participação residual nos ativos
da entidade após a dedução de todos os seus passivos”. Ou seja, é um valor residual
da diferença entre o Ativo e o Passivo, que evidencia o capital próprio da entidade
(IUDÍCIBUS, 2017). Basicamente, Patrimônio Líquido é o valor residual que fica se a
entidade pegar todos os seus Ativos e deduzir deles todos os seus Passivos.

São três situações possíveis para o PL:

QUADRO 1 – SITUAÇÕES POSSÍVEIS PARA O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

FONTE: Perez Junior e Begalli (2015, p. 11)

O Patrimônio Líquido, então, “representa a riqueza real de uma entidade e é


formado pelo valor que os proprietários têm aplicado no negócio mais os resultados
gerados pelo desenvolvimento das atividades” (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015, p. 10).
Exemplos de patrimônio líquido são: capital social, reservas de capital, reservas de
lucros, lucros ou prejuízos acumulados.

13
3.3.1 Equação fundamental
Ribeiro (2020, p. 25) afirma que “o Passivo mostra a origem dos capitais que
estão à disposição da empresa e que o Ativo mostra em que esses capitais foram
aplicados”. Há também o diferencial entre capital próprio e capital de terceiros:

FIGURA 4 – CAPITAL DE TERCEIROS E CAPITAL PRÓPRIO

Capital de terceiros: são as contas de Passivo, pois são recursos obtidos de


terceiros que estão financiando o ativo (exemplo: dívidas com Fornecedores derivada
da compra de Estoque).
Capital próprio: são as contas de Patrimônio Líquido, pois são recursos obtidos
juntos aos sócios provenientes de integralização de capital ou os valores retidos de
lucros apurados pela entidade.

FONTE: Adaptado de Almeida (2019, p. 25)

Com todas as explicações sobre Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, conclui-se


que a equação fundamental da contabilidade é:

ATIVO = PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Para ilustrar melhor e compreender como é o funcionamento do Ativo, Passivo


e Patrimônio Líquido e da equação fundamental da contabilidade, segue uma imagem
com a estrutura de uma demonstração chamada de Balanço Patrimonial:

FIGUIRA 5 – QUADRO-RESUMO DO BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106).

14
Podemos ver que do lado esquerdo temos as contas do Ativo, enquanto do lado
direito temos as contas do Passivo + Patrimônio Líquido. O equilíbrio encontrado na
equação fundamental da contabilidade é que o valor total do Ativo sempre será igual ao
valor do Passivo + Patrimônio Líquido. Para entender melhor, veja a seguir o exemplo
de um Balanço Patrimonial fictício:

QUADRO 2 – EXEMPLO DE BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Carvalho, Guimarães e Cruz (2019, p. 44)

Pode-se notar que o valor total do Ativo é R$58.000, exatamente o mesmo valor
total do Passivo + Patrimônio Líquido. Sempre será assim, por causa do Método das
Partidas Dobradas, no qual basicamente “o registro de qualquer operação implica que
a um débito em uma ou mais contas deve corresponder um crédito equivalente em
uma ou mais contas, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à
soma dos valores creditados” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 33). Exemplificando: se para
registrar um evento, realizo um ou mais lançamentos a débito que totalizam R$150, vou
obrigatoriamente ter como contrapartida um ou mais lançamentos a crédito totalizando
os mesmos R$150.

3.4 RECEITAS E DESPESAS


O CPC 00 (R2) define que Receitas e Despesas são os elementos relacionados
ao desempenho financeiro da entidade, e conceitua-as como:

QUADRO 3 – CONCEITO DE RECEITAS E DESPESAS

São aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em


Receitas aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições
de detentores de direitos sobre o patrimônio.
São reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em
Despesas reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições
aos detentores de direitos sobre o patrimônio.

FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.)

15
Iudícibus et al. (2019, p. 45) explicam o que são Receitas e Despesas de uma
forma bem didática:

Receita representa a entrada de elementos para o Ativo, sob a forma


de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à
venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma
receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários
ou títulos, de aluguéis e outras origens. Às vezes, a receita ocorre
em função da redução de um passivo. A obtenção de uma receita
resulta em um aumento de Patrimônio Líquido. Despesa representa
o consumo de bens ou serviços, que, direta ou indiretamente, ajuda
a produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo,
uma despesa é realizada com a finalidade de se obter receita. Às
vezes, o vínculo entre uma despesa e uma receita é direta; às vezes,
não há o vínculo direto, mas verifica-se que a despesa está sendo
incorrida para ajudar na produção das receitas em geral.

FIGURA 5 – RESULTADO

FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 45)

Do confronto entre Receitas e Despesas se chega ao Resultado da empresa. Ou


seja, se a empresa teve mais Receitas que Despesas, ela obteve Lucro. Se ela teve mais
despesas que Receitas, ela incorreu em Prejuízo.

4 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
O capítulo 5 do CPC 00 (R2) (2019, s. p.) trata do reconhecimento e
desreconhecimento dos elementos das Demonstrações Contábeis, e afirma que
“reconhecimento é o processo de captação para inclusão [...] de item que atenda à
definição de um dos elementos das demonstrações contábeis – ativo, passivo,
patrimônio líquido, receita ou despesa”.

16
Além disso, pelo reconhecimento se vinculam os elementos, o balanço
patrimonial e a demonstração do resultado e a demonstração do resultado abrangente
(CPC, 2019, s. p.): “As demonstrações estão vinculadas porque o reconhecimento de item
(ou mudança em seu valor contábil) exige o reconhecimento ou desreconhecimento de
um ou mais outros itens (ou mudanças no valor contábil de um ou mais outros itens)”.
Para melhor compreensão, vamos a um exemplo: se existir o reconhecimento de uma
despesa, ao mesmo tempo obrigatoriamente há:

“(i) o reconhecimento inicial do passivo, ou aumento no valor contábil do passivo; ou


(ii) o desreconhecimento do ativo, ou diminuição no valor contábil do ativo” (CPC, 2019, s. p.).

QUADRO 4 – COMO O RECONHECIMENTO VINCULA OS ELEMENTOS DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.)

Pela imagem, apresenta-se uma relação entre as demonstrações contábeis


(partes cinzas) e os elementos das demonstrações (partes brancas). Ou seja, parto de
um Balanço Patrimonial inicial, composto de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Há o
resultado do exercício e resultado abrangente que, somados ao resultado do confronto
das contribuições de detentores e das contribuições aos detentores, é transferido e
transforma-se no Balanço Patrimonial no final do período.

17
4.1 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO
O CPC 00 (R2) – no qual o R2 significa que é a segunda revisão da Estrutura
Conceitual – estipula que os critérios de reconhecimento são relacionados com as
características qualitativas de informações financeiras úteis, que seriam 1) Relevância
e 2) Representação Fidedigna. É importante se atentar a isso, pois antes da revisão R2,
os critérios de reconhecimento eram que “a entidade deveria reconhecer um item que
atendesse à definição de um elemento se fosse provável que benefícios econômicos
fluiriam para a entidade e se o item tivesse um custo ou valor que pudesse ser
determinado com segurança” (RIOS; MARION, 2020, p. 39).

A explicação do CPC 00 (R2) (2019, s. p.) para essa definição atual encontra-se
no capítulo 5:

Somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio


líquido devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. Similarmente,
somente itens que atendem à definição de receitas ou despesas devem
ser reconhecidos na demonstração do resultado e na demonstração
do resultado abrangente. Contudo, nem todos os itens que atendem à
definição de um desses elementos devem ser reconhecidos.
Não reconhecer um item que atenda à definição de um dos
elementos torna o balanço patrimonial, a demonstração do resultado
e a demonstração do resultado abrangente menos completos e
pode excluir informações úteis das demonstrações contábeis. Por
outro lado, em algumas circunstâncias, reconhecer alguns itens
que atendem à definição de um dos elementos não forneceria
informações úteis. O ativo ou passivo é reconhecido somente se
o reconhecimento desse ativo ou passivo e de quaisquer receitas,
despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes fornece aos
usuários das demonstrações contábeis informações que são úteis.

Então, as duas características qualitativas são a Relevância e a Representação


Fidedigna:

A Relevância quer dizer que um item até pode se enquadrar nas definições
de ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, porém nem sempre ele é útil
para o usuário das demonstrações contábeis. Algumas razões para isso são, conforme
CPC 00 (R2):

(a) é incerto se existe ativo ou passivo (ver item 5.14); ou


(b) existe ativo ou passivo, mas a probabilidade de entrada ou saída de benefícios
econômicos é baixa.

“Mesmo no caso de baixa probabilidade de entrada ou saída de benefícios


econômicos, o reconhecimento do ativo ou do passivo pode fornecer informações
relevantes e isso pode depender de uma série de fatores” (RIOS; MARION, 2020, p. 40).

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Já a Representação Fidedigna está relacionada com a incerteza na
mensuração, pois, muitas vezes, essa mensuração é estimada, e o uso de estimativas
razoáveis faz parte da elaboração das demonstrações e “não prejudica a utilidade das
informações se as estimativas são descritas e explicadas de forma clara e precisa.
Mesmo o elevado nível de incerteza na mensuração não impede, necessariamente, essa
estimativa de fornecer informações úteis” (CPC, 2019, s. p.). Há casos em que o nível de
incerteza chega a um ponto tão alto que nem mesmo a explicação das incertezas e a
descrição de como foi realizada a estimativa forneceriam informações úteis:

Em circunstâncias limitadas, todas as mensurações relevantes de


ativo ou passivo que estão disponíveis (ou podem ser obtidas) podem
estar sujeitas a essa alta incerteza na mensuração de que ninguém
forneceria informações úteis sobre o ativo ou passivo (e quaisquer
receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes),
mesmo se a mensuração estivesse acompanhada de uma descrição
das estimativas feitas ao realizá-la e uma explicação das incertezas
que afetam essas estimativas. Nessas circunstâncias limitadas, o
ativo ou passivo não deve ser reconhecido (CPC, 2019, s. p.).

Em contrapartida, pode ocorrer o Desreconhecimento, que seria a retirada de


parte ou da totalidade de um ativo ou passivo reconhecido no balanço, que normalmente
ocorre nos casos em que o item não se enquadre mais na definição de ativo ou passivo
(CPC, 2019). O CPC 00 (R2) também explica as situações mais comuns em que ocorrem:

(a) para o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade perde o


controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido; e
(b) para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade não
possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte do passivo reconhecido.

Ou seja, considerar as características qualitativas de Relevância e


Representação Fidedigna como critério permite reconhecimentos mais coerentes
dos elementos das demonstrações contábeis.

4.2 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Como os elementos são quantificados em termos monetários, há a necessidade
de uma base de mensuração, sendo que o CPC 00 (R2) cita as formas de mensuração
descritas no Quadro 5.

19
QUADRO 5 – FORMAS DE MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Fornece informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas


receitas e despesas, utilizando informações derivadas, pelo menos em
parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem a eles.
Custo histórico
Diferentemente do valor atual, o custo histórico não reflete as mudanças
nos valores, exceto na medida em que essas mudanças se referirem à
redução ao valor recuperável de ativo ou passivo que se torna onerosa.
Fornecem informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas
receitas e despesas, utilizando informações atualizadas para refletir
condições na data de mensuração. Devido à atualização, os valores
atuais de ativos e passivos refletem as mudanças, desde a data de
Valor atual
mensuração anterior, em estimativas de fluxos de caixa e outros fatores
refletidos nesses valores atuais. Diferentemente do custo histórico, o
valor atual de ativo ou passivo não resulta, mesmo em parte, do preço da
transação ou outro evento que deu origem ao ativo ou passivo.
É o preço que seria recebido pela venda de ativo ou que seria pago pela
Valor justo transferência de passivo em transação ordenada entre participantes do
mercado na data de mensuração.
É o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios econômicos,
que a entidade espera obter do uso de ativo e de sua alienação final.
Valor de cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros recursos
Valor em uso e valor econômicos, que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir
de cumprimento a obrigação. Esses valores de caixa ou outros recursos econômicos
incluem não somente os valores a serem transferidos à contraparte do
passivo, mas também os valores que a entidade espera ser obrigada a
transferir a outras partes de modo a permitir que ela cumpra a obrigação.
É o custo de ativo equivalente na data de mensuração, compreendendo
a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os custos
de transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente de
passivo é a contraprestação que seria recebida pelo passivo equivalente
na data de mensuração menos os custos de transação que seriam
Custo corrente incorridos nessa data. Custo corrente, como custo histórico, é o valor
de entrada: reflete preços no mercado em que a entidade adquiriria o
ativo ou incorreria no passivo. Assim, é diferente do valor justo, valor
em uso e valor de cumprimento, que são valores de saída. Contudo,
diferentemente de custo histórico, custo corrente reflete condições na
data de mensuração.

FONTE: CPC 00 (R2) (2019, s. p.).

Há regras para a utilização de cada um desses tipos de mensuração, dependendo


do tipo de movimentação, do grupo considerado, do evento, dentre outros. No entanto,
destrinchar essas especificações não cabe ao intuito deste livro.

20
5 CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL
Quando se trata de Capital, pode-se pensar em dois tipos:

Capital financeiro = ativos líquidos ou patrimônio líquido. É a visão mais comum dos
usuários na análise das demonstrações, se estão “principalmente preocupados com
a manutenção de capital nominal investido ou com o poder de compra do capital
investido” (CPC, 2019, s. p.).
Capital físico = refere-se à capacidade operacional, ou seja, “a capacidade produtiva
da entidade com base, por exemplo, nas unidades de produção diária” (CPC, 2019, s. p.).

Logo, para cada um deles há diferença na manutenção de capital:

Manutenção do capital financeiro = o lucro é auferido somente


se o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos líquidos no final
do período exceder o montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos
líquidos no início do período, após excluir quaisquer distribuições
para, e contribuições de sócios durante o período. [...]
Manutenção do capital físico = o lucro é auferido somente se a
capacidade produtiva física (ou capacidade operacional) da entidade
(ou os recursos ou fundos necessários para alcançar essa capacidade)
no final do período exceder a capacidade produtiva física no início do
período, após excluir quaisquer distribuições para, e contribuições
de, sócios durante o período (CPC, 2019, s. p.).

Outra especificidade é que o capital físico exige a adoção do custo corrente


como base de mensuração, enquanto o capital financeiro não tem exigências de
mensuração específica.

6 CONVERSÃO PARA A MOEDA DE APRESENTAÇÃO


O Pronunciamento Técnico que trata sobre o assunto é o CPC 02 (R2) – Efeitos
das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis
(2010), cujo foco é “orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira
e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e como converter
demonstrações contábeis para moeda de apresentação” (CPC, 2010, s. p.).

NOTA
É importante inicialmente compreender que se chama ‘moeda funcional’
aquela moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera,
porém, a entidade pode apresentar suas demonstrações em quaisquer
moedas que desejar; nesse caso, sua posição financeira e seus resultados
devem ser convertidos para a moeda de apresentação (CPC, 2010).

21
Vamos a um exemplo: um mesmo grupo econômico pode ser composto por entidades
individuais com diferentes moedas funcionais, porém para que possam ser apresentadas
as demonstrações contábeis consolidadas, há a necessidade de que sejam expressas
numa mesma moeda comum.

Nas situações em que a moeda funcional não seja de uma economia


hiperinflacionária, os procedimentos de conversão são os seguintes:

(a) ativos e passivos para cada balanço patrimonial apresentado


(incluindo os balanços comparativos) devem ser convertidos,
utilizando-se a taxa de câmbio de fechamento na data do
respectivo balanço;
(b) receitas e despesas para cada demonstração do resultado
abrangente ou demonstração do resultado apresentada (incluindo
as demonstrações comparativas) devem ser convertidas pelas taxas
de câmbio vigentes nas datas de ocorrência das transações; e
(c) todas as variações cambiais resultantes devem ser reconhecidas
em outros resultados abrangentes (CPC, 2010, s. p.).

IMPORTANTE
Hiperinflação é o nome dado ao fenômeno inflacionário que ultrapassa os níveis considerados
como adequados. De forma mais objetiva, situações onde os índices de inflação atingem
mais de 50% ao mês podem ser considerados como hiperinflação. Muitos sabem que essa é,
normalmente, uma condição rara de se encontrar, no entanto ela ocorreu algumas vezes em
países como China, Brasil, Rússia, Argentina, Hungria, entre outros.

Os efeitos nocivos de uma inflação extremamente alta são bastante concentrados na


corrosão do poder de compra da classe baixa e média de um país. Desse modo, uma
inflação muito elevada pode causar uma recessão econômica afetando de forma
generalizada a economia de um país.

Normalmente, uma hiperinflação acontece quando há um aumento significativo na oferta


monetária não suportada pelo crescimento do produto interno bruto. Esse fenômeno
acontece todas as vezes que há um desequilíbrio na oferta e na demanda pelo dinheiro.
Quando vem em conjunto com guerras, essa elevação da inflação ocorre devido à perda
de confiança na capacidade da moeda em manter o seu valor no mercado. Desse modo, os
negociadores de moeda normalmente exigem um prêmio de risco para que possam aceitar
a moeda a ser transacionada, aumentando assim os preços cobrados.

Outro propulsor da inflação alta é a liberação de crédito de forma intensa e


indiscriminada, irrigando assim a economia com dinheiro “fácil”. Essa política
foi muito vista através da concessão de empréstimos subsidiados realizada
pelo BNDES. Além disso, uma inflação extremamente elevada pode ser
acentuada, pela prática de acumular mercadorias por parte da população
de modo que haja escassez de itens básicos nas prateleiras, criando assim
uma espiral ascendente de inflação.

FONTE: <https://www.suno.com.br/artigos/hiperinflacao/>.
Acesso em: 24 fev. 2022.

22
Já nos casos em que a moeda funcional seja de uma economia hiperinflacionária,
inicialmente a entidade precisa reelaborar suas demonstrações nos moldes do CPC 42
(2018, s. p.) – Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária e,
após, os procedimentos para a conversão são:

(a) todos os montantes (isto é, ativos, passivos, itens do patrimônio


líquido, receitas e despesas, incluindo saldos comparativos) devem
ser convertidos pela taxa de câmbio de fechamento da data do
balanço patrimonial mais recente, exceto que,
(b) quando os montantes forem convertidos para a moeda de
economia não hiperinflacionária, os montantes comparativos
devem ser aqueles que seriam apresentados como montantes do
ano corrente nas demonstrações contábeis do ano anterior (isto é,
não ajustados para mudanças subsequentes no nível de preços ou
mudanças subsequentes nas taxas de câmbio).

7 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS CONSOLIDADAS
O CPC 36 (R3) (2012) trata sobre as Demonstrações Contábeis Consolidadas
(quando a entidade controla uma ou mais entidades). Almeida (2020, p. 37) explica
que “a consolidação tem por objetivo apresentar demonstrações contábeis de duas
ou mais sociedades, representadas pela controladora e pelas suas controladas,
como se fossem uma única entidade”. O autor deixa claro que a consolidação ocorre
apenas extracontabilmente, pois as sociedades consolidadas continuam existindo
juridicamente. Da mesma forma, não há efeitos fiscais ou legais.

Imagine, no exemplo dado por Rios e Marion (2020), um grupo de entidades


que tenha em seu quadro uma empresa com resultados operacionais e financeiros
espetaculares, porém que só consegue alcançar tal patamar por outra empresa dentro
do mesmo grupo operar com prejuízo para fornecer operações à primeira. A consolidação
existe, pois, para os acionistas e administradores, o que vale é a situação do conjunto
dessas empresas, não a de cada uma individualmente (caso em que algumas empresas
do grupo poderiam parecer em situação especialmente ruim). Com a consolidação, as
operações entre essas companhias são eliminadas, pois passam a ser consideradas
operações internas de uma única empresa. Os autores resumem da seguinte forma:

Consolidar significa reunir todos os dados das demonstrações


financeiras de todas as empresas integrantes de um grupo
econômico, eliminar os dados referentes às operações comerciais
ou financeiras realizadas entre as mesmas e apresentar a situação
patrimonial e o resultado das operações como se fosse uma única
empresa (RIOS; MARION, 2020, p. 132).

Mas como saber se uma empresa tem controle sobre outra? O CPC 36 (R3)
aponta que o investidor controla a investida se, e somente se, o investidor possuir todos
os atributos seguintes:

23
(a) poder sobre a investida: possui direitos que lhe permitam dirigir as atividades
relevantes da investida.
(b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu
envolvimento com a investida: retornos resultantes do envolvimento com a investida
variam conforme o resultado de desempenho da investida.
(c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de
seus retornos: consegue usar seu poder para afetar seus retornos.

Outro detalhe fundamental é que a controladora precisa apresentar as


participações de não controladores separadamente do patrimônio líquido dos proprietários
da controladora. Sempre que a controladora não possuir 100% da controlada, existe a
figura do não controlador, que seria a participação minoritária, a parte do patrimônio
líquido que não é possuída pela controlada, nem direta nem indiretamente.

FIGURA 6 – ESTRUTURA SOCIETÁRIA – CONTROLADORA E CONTROLADAS

FONTE: Adaptado de <https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-44-cpc-36-demonstracoes-


combinadas-consolidadas/>. Acesso em: 24 mar. 2022.

Na imagem, a Alfa seria a Controladora (holding), que possui 100% de participação


societária nas controladas Beta e Gama. Agora que compreendemos a parte teórica das
Demonstrações Consolidadas, vamos ver um exemplo real de uma Demonstração de
Resultados, da empresa Metisa S.A.

24
TABELA 1 – DEMONSTRAÇÃO CONSOLIDADA DA METISA S.A.

FONTE: <https://www.metisa.com.br/wp-content/uploads/2021/03/31-12-2020_RB_Balanco-
METISA-2020.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2022.

Está marcado em vermelho o local em que se apresentam as informações


consolidadas. No outro lado, constam os valores da Controladora, que seria considerada
a Demonstração Individual.

8 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS SEPARADAS
Pode ocorrer de algum investidor ou credor solicitar à investidora as Demonstrações
Contábeis Separadas, ou seja, pedir que apresente suas demonstrações separadamente
do grupo. É para tratar dessas questões que foi criado o CPC 35 (R2) (2012).

Um detalhe importante é que “as demonstrações contábeis em que a entidade


não possui investimentos em controlada, em coligada ou em empreendimento controlado
em conjunto não são consideradas demonstrações separadas” (CPC, 2012, s. p.). Mas não
é muito comum a solicitação dessas Demonstrações Separadas, em geral, a situação
apresentada nas Demonstrações Consolidadas acaba sendo mais condizente com a
realidade da controladora, ou seja, mais coerente com o objetivo de análise dos usuários.

25
9 APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS COMBINADAS
As Demonstrações Combinadas não advêm de normas do IFRS, mas pela
necessidade da realidade das práticas brasileira, culminando na criação do CPC 44 (2011).
Também não há previsão legal na lei societária brasileira, por isso, não há obrigatoriedade
de elaboração dessas demonstrações. No CPC 44 (2011, s. p.), é explicado de forma bem
didática o que seriam as Demonstrações Combinadas:

A entidade que controle uma ou mais entidades e elabore relatórios


contábeis-financeiros, deve apresentar demonstrações contábeis
consolidadas. No entanto, nem todas as entidades controladoras
elaboram relatórios financeiros. Por exemplo, a entidade controladora
pode ser um indivíduo ou grupo de indivíduos, tais como uma família.
Se este for o caso, demonstrações contábeis combinadas podem
fornecer informação importante sobre entidades sob controle
comum, como um grupo.

Ou seja, no caso das Demonstrações Combinadas, não existe a figura de uma


controladora, mas de um grupo de entidades sob controle comum. Imagine uma pessoa
física que tenha controle de entidades; pois bem, não existe previsão para elaboração
de Demonstrações Financeiras de uma pessoa física, correto? Logo, pode-se criar as
Demonstrações Combinadas, que fornecem as informações necessárias para a análise
pelos usuários.

FIGURA 7 – ACIONISTA COMO ENTIDADE CONTROLADORA

FONTE: <https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-44-cpc-36-demonstracoes-combinadas-
consolidadas/>. Acesso em: 25 mar. 2022.

Na imagem, temos o acionista como entidade controladora. No caso, o Sr.


Oliveira, como pessoa física, detém 100% da participação societária das empresas Alfa
Oliveira, Beta Oliveira e Gama Oliveira.

Deu para compreender os aspectos iniciais de uma Análise das Demonstrações


Contábeis? Já aprendemos tanta coisa até agora... e ainda tem muitos conhecimentos
sensacionais pela frente. Vamos lá?

26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A análise das Demonstrações Financeiras acontece com a extração dos dados das
Demonstrações Financeiras, seguida do cálculo dos indicadores e interpretação de
informações quantitativas e qualitativas, e sua posterior utilização para a tomada
de decisões.

• Há vários usuários das Demonstrações Financeiras, entre eles os administradores


das empresas, investidores, fornecedores, bancos, entre outros. Cada usuário possui
um objetivo diferente e demanda informações diferentes para realizar sua análise.

• Para garantir uma análise mais assertiva, há a padronização dos registros contábeis
e das demonstrações financeiras, a fim de deixar o mais claro possível a realidade
econômico-financeira da empresa.

• Os elementos das Demonstrações Contábeis são: ativo, passivo, patrimônio


líquido, receitas e despesas. Os critérios de reconhecimento são a Relevância e a
Representação Fidedigna.

• Além das Demonstrações Financeiras individuais das entidades, há casos em


que se apresentam Demonstrações Consolidadas, Demonstrações Separadas e
Demonstrações Combinadas.

27
AUTOATIVIDADE
1 Os registros contábeis evidenciam os eventos ocorridos na entidade, mas não são
um fim em si mesmos. Tais registros agrupados fornecem saldos constantes nas
Demonstrações Contábeis/Financeiras. Qual é a importância da análise dessas
Demonstrações Contábeis? Justifique.

2 É sabido que muitos são os usuários das Demonstrações Contábeis, cada um


deles possuindo objetivos diferentes durante uma análise. Refletindo sobre o que
estudamos até aqui, você como estudante também pode se considerar um usuário
das Demonstrações? Qual seria a finalidade de utilização das Demonstrações para
um acadêmico em sua formação profissional?

3 No caso em que dois usuários das Demonstrações (externos à empresa) decidem


analisar a mesma entidade, partindo do pressuposto de que as informações a que
tenham acesso são as mesmas: os resultados de ambos serão iguais? Explique
sua resposta.

4 Um dos tipos de usuários das Demonstrações é o Cliente. Partindo das informações


expostas até o momento, qual das sentenças a seguir apresenta o risco corrido por
uma empresa que concentra a maior parte de suas vendas em um único Cliente?

a) ( ) Foco em um mesmo cliente dá maior liberdade a ele para cobrança de ajustes na


administração da empresa.
b) ( ) Diminuição da rentabilidade da empresa, pois as opções de venda são reduzidas
e, consequentemente, o seu alcance diminui.
c) ( ) Caso o cliente tenha problemas de capacidade de pagamento ou de continuidade
das operações, a empresa será afetada também pois depende muito do cliente.
d) ( ) Seu processo de modernização precisa ser constante, para manter o cliente
afastado dos concorrentes.

5 Os elementos das Demonstrações são o Ativo, o Passivo, o Patrimônio Líquido, as


Receitas e as Despesas, e o conhecimento sobre eles é necessário e básico para a
compreensão da contabilidade. Sobre os elementos das Demonstrações Financeiras,
associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Ativo
II- Passivo
III- Patrimônio Líquido
IV- Receitas
V- Despesas

28
( ) São reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções
no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de
direitos sobre o patrimônio.
( ) Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus
passivos.
( ) Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado
de eventos passados.
( ) São aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos
no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de
direitos sobre o patrimônio.
( ) Recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de
eventos passados.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) IV – I – V – III – II.
b) ( ) II – III – IV – I – V.
c) ( ) I – V – III – II – IV.
d) ( ) V – III – II – IV – I.

6 Há um longo caminho que precisa ser percorrido até que as Demonstrações estejam
prontas para serem utilizadas. Sobre os processos de análise das Demonstrações,
ordene os itens a seguir:

I- Elaboração das Demonstrações Contábeis e informações.


II- Utilização dos dados para tomada de decisões.
III- Ocorrência dos fatos e eventos econômicos e financeiros.
IV- Realização do processo contábil.
V- Implementação da técnica de análise das Demonstrações Contábeis.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) ( ) III – V – I – II – IV.
b) ( ) I – IV – V – III – II.
c) ( ) II – III – I – IV – V.
d) ( ) V – II – III – I – IV.

29
30
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS – PARTE 1

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos iniciar a compreensão de como é a Estrutura das
Demonstrações Financeiras, que são as seguintes:

• Balanço Patrimonial (BP).


• Demonstração do Resultado (DRE).
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
• Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) – pode estar constante
dentro da DMPL.
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
• Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA).
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
• Notas Explicativas.

Algumas são obrigatórias para todas as empresas, como o Balanço Patrimonial


e a Demonstração do Resultado. Já outras são facultativas dependendo do tipo de
empresa. As Notas Explicativas são consideradas elemento integrante do conjunto
obrigatório, e são necessárias para complementar as Demonstrações Financeiras.
Ainda há outros elementos que são publicados pelas empresas de capital aberto, como
Relatório da Administração, Relatório do Auditor Independente, Parecer do Conselho
Fiscal, entre outros.

DICA
Caso deseja verificar uma empresa que possui relatórios e informações
complementares em maior complexidade, sugerimos a do Bradesco S.A. para
o ano de 2020.

Conseguem-se retirar informações importantes de cada uma das demonstrações


individualmente, porém, é em uma análise conjunta de todas as demonstrações
disponíveis que se alcança um resultado mais acurado. Isso porque muitas informações
constantes em uma demonstração podem ser destrinchadas de forma mais complexa
e detalhada em outra. Por exemplo, a imagem a seguir demonstra que uma das

31
informações trazidas pelo Balanço Patrimonial é a variação da conta Disponibilidades,
mas só saber quanto a conta variou de um ano para o outro em si pode não ser suficiente.
Para compreender o que levou ao aumento, diminuição ou estagnação do saldo da
conta, é importante consultar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, que vai detalhar os
eventos que levaram à essa variação.

FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO EXPLICAÇÃO PARA O BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Marion (2019, p. 8).


32
Agora, vamos entender mais sobre cada uma das Demonstrações Financeiras?

2 BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma empresa em
um determinado momento. É muito utilizada a comparação com uma fotografia, pois
apresenta um momento estático da empresa. O Ativo (bens e direitos) da Entidade é
apresentado no lado esquerdo do BP, enquanto o Passivo (obrigações) e o Patrimônio
Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo) são apresentados do lado direito do BP.

ATENÇÃO
Caso deseja relembrar o que são esses elementos, aprendemos sobre eles no
Tópico 1 desta Unidade 1, em ‘Elementos das Demonstrações Contábeis’, é só
retomar as páginas e relê-las.

De acordo com Iudícibus et al. (2019, p. 105):

O Balanço Patrimonial é importante pois apresenta as aplicações de


recursos feitas pela empresa (Ativos) e as origens desses recursos,
que podem ser de terceiros (Passivos) ou próprios (Patrimônio
Líquido). [...] Para a Análise de Balanços ser mais bem-feita, o ideal é
que o BP apresente seus dados em dois períodos: o período do último
exercício encerrado e o do exercício anterior a este. A visão de dois
balanços consecutivos mostra facilmente a movimentação ocorrida
no período e como a estrutura patrimonial e financeira da empresa
se modificou.

Para ilustrar melhor essa explicação sobre Origens e Aplicação de recursos, que
tal visualizar uma representação do Balanço Patrimonial?

FIGURA 9 – QUADRO-RESUMO DO BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106).

33
Agora, vamos ver um Balanço Patrimonial real, divulgado pela empresa Metisa
S.A., que é listada na bolsa de valores:

TABELA 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DA METISA S.A.

FONTE: Metisa S.A. (2022, s.p.).

34
O nome é Balanço Patrimonial para demonstrar o equilíbrio entre os dois lados: o
total do Ativo (lado esquerdo do balanço) sempre é igual ao total do Passivo + Patrimônio
Líquido (lado direito do balanço). Fica claro na marcação inserida na imagem do BP da
Metisa. Na primeira coluna de valores, referentes a 2020 da Controladora, o valor tanto
do Ativo quanto do Passivo é R$356.254.072.

É importante notar que as contas do Ativo são apresentadas por ordem


decrescente de grau de liquidez (que é sua capacidade de gerar caixa). Parte-se então
da conta com maior liquidez, que é Caixa e Equivalentes de Caixa (que já é dinheiro
propriamente dito) seguindo até os Ativos que não têm finalidade de comercialização,
logo, que a empresa não pretende transformar em dinheiro. Já as contas do Passivo
são apresentadas por ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, as obrigações que
precisam ser pagas antes aparecem primeiro, seguindo até as obrigações de longo
prazo, com vencimento mais distante.

2.1 GRUPOS CONSTANTES NO BALANÇO PATRIMONIAL


Já aprendemos na Unidade 1 – Tópico 1 deste livro didático, em ‘Elementos das
Demonstrações Contábeis’, sobre o que são Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Caso
necessário, é só retomar esse tópico para relembrar. Eles são divididos em subgrupos:

FIGURA 10 – GRUPOS E SUBGRUPOS DO BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Iudícibus et al. (2019, p. 106).

Sobre a divisão, basicamente, é composto por:


Ativo Circulante – segundo o CPC 26 (2011, s. p.), é considerado circulante
quando satisfazer qualquer dos critérios a seguir:

(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido


ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do
balanço; ou
35
(d) é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso
para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos
doze meses após a data do balanço.

Ativo Não Circulante – Todos os demais ativos que não se enquadrem como
circulante, precisam ser classificados como não circulante.

Realizável a longo prazo – Itens semelhantes aos circulantes, mas que possuem
menor liquidez, logo, serão realizáveis no longo prazo (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020).

Investimento – Não relacionados à atividade da empresa nem se destinam


a negociações: entram as participações em outras sociedades, imóveis alugados a
terceiros (com objetivo de obter renda), obras de arte etc. (IUDÍCIBUS, 2017).

Imobilizado – Bens corpóreos (físicos), que se destinam à manutenção da


atividade da entidade, e que “é mantido para uso na produção ou fornecimento de
mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) se
espera utilizar por mais de um período” (CPC 27, 2009, s. p.).

Intangível – “Bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou


exercidos com essa finalidade. São exemplos: direitos autorais, patentes, marcas, [...]
gastos com desenvolvimento de novos produtos etc.” (MARTINS, MIRANDA, DINIZ, 2020).

Passivo Circulante – segundo o CPC 26 (2011, s. p.), é considerado passivo


circulante quando satisfazer qualquer dos critérios a seguir:

(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal


da entidade;
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do
balanço; ou
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação
do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Passivo Não Circulante – Todos os demais passivos que não se enquadrem


como circulante, precisam ser classificados como não circulante. É o chamado Exigível
a Longo Prazo.

No Patrimônio Líquido “são contabilizados principalmente os recursos


investidos pelos sócios no negócio e os lucros retidos na forma de reservas” (ALMEIDA,
2019, p. 57). É importante ressaltar que:

A conta lucros ou prejuízos acumulados é utilizada para receber


o resultado do período obtido pela entidade. No entanto, as
sociedades anônimas que tiverem resultados positivos terão que
destiná-los totalmente às diversas reservas e à distribuição na
forma de dividendos. No Balanço Patrimonial das sociedades
por ações essa conta somente deverá aparecer quando houver
resultados negativos, ou seja, Prejuízos Acumulados (MARTINS,
MIRANDA, DINIZ, 2020, p. 27).

36
3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE)
A Demonstração do Resultado (DRE) mostra o resultado líquido do período
(Lucro ou Prejuízo), através do confronto entre as receitas e despesas. “Em linhas
gerais, o resultado é apurado deduzindo-se das receitas todas as despesas (inclusive
os custos, que nesse momento se transformam em despesas) que a empresa incorreu
no referido período” (MARTINS, MIRANDA, DINIZ, 2020, p. 32). Por isso, é apresentado
como forma dedutiva, pois deduz-se das Receitas as Despesas.

ATENÇÃO
Caso deseja relembrar o que são esses elementos, aprendemos sobre eles na
Unidade 1 – Tópico 1 deste livro, em ‘Elementos das Demonstrações Contábeis’,
é só retomar as páginas e relê-las.

Você se lembra quando o Balanço Patrimonial foi comparado a uma foto


estática? A Demonstração do Resultado (DRE), ao contrário, é comparada a um vídeo,
pois demonstra o que ocorreu durante um determinado período. É interessante que
“com os dois relatórios, qualquer pessoa interessada nos negócios da empresa tem
condições de obter informações, fazer análises, estimar variações, tirar conclusões
de ordem patrimonial e econômico-financeira, traçar novos rumos para futuras
transações” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 118). No entanto, de acordo com os autores, isso
não tira a importância da análise das demais demonstrações, que serão explicadas no
próximo tópico, pois em conjunto se consegue realizar um aprofundamento na situação
patrimonial e financeira de uma entidade.

A estrutura de uma Demonstração do Resultado básica pode ser apresentada


conforme esquema a seguir:

37
QUADRO 6 – EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE)

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (em reais)


20x2 20x1
RECEITA LÍQUIDA 450.530 356.890
(-) Custo das Mercadorias Vendidas ou Serviços Prestados (160.125) (126.560)
(=) LUCRO BRUTO 290.405 230.330
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (38.200) (26.450)
(-) Despesas de Vendas (25.300) (16.600)
(-) Despesas Administrativas (12.900) (9.850)
LUCRO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 252.205 203.880
(+) Receitas Financeiras 2.600 1.550
(-) Despesas Financeiras (3.000) (2.000)
(=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E
251.805 203.430
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social (61.614) (48.823)
(=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.191 154.607

FONTE: A autora

3.1 ITENS CONSTANTES NA ESTRUTURA DA


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Receita líquida: “Nas publicações deve-se começar a Demonstração com a
Receita Líquida, ficando a conciliação entre esse valor e a Receita Bruta evidenciada
apenas em nota explicativa” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 34). Receita Bruta
seria o total bruto vendido no período, e para chegar à Receita Líquida são realizadas
as Deduções, que basicamente incorporam as Devoluções (cancelamentos de venda),
Abatimentos (descontos incondicionais concedidos) e Impostos sobre as vendas (que na
realidade pertencem ao governo, não à empresa, que é simplesmente uma intermediária,
responsável por cobrar do adquirente e repassar o valor ao governo) (IUDÍCIBUS, 2017).

Da Receita Líquida se deduz o Custo das Mercadorias Vendidas ou Custo dos


Serviços Prestados, chegando no Lucro Bruto. São listados então as Despesas
Operacionais, ou seja, aquelas relacionadas com a atividade-fim da empresa, como
as Despesas de Venda e as Despesas Administrativas. Chega-se, então, ao Lucro
Operacional antes do Resultado Financeiro.

O Resultado Financeiro é obtido pelo confronto entre Receitas Financeiras


e Despesas Financeiras. Somando-se ou subtraindo-se o resultado (dependendo se
for positivo ou negativo), chega-se ao Resultado antes do Imposto de Renda e
Contribuição Social. Deduzindo a provisão do Imposto de Renda e Contribuição Social,
chega-se, por fim, ao Lucro Líquido do Exercício.

38
Cada entidade estrutura a DRE da forma que apresentar melhor sua realidade,
desde que apresente os itens obrigatórios constantes nas normas contábeis. Como
são realizadas comparações entre períodos diferentes, é importante, apesar disso,
que a entidade mantenha um padrão para suas demonstrações, a fim de permitir a
comparabilidade. Vamos consultar uma DRE real da Metisa, publicada por ser empresa
aberta na Bolsa:

TABELA 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA METISA S.A.

FONTE: Metisa S.A. (2022, s.p.)

4 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS


ABRANGENTES (DRA)
Aprendemos que a Demonstração do Resultado demonstra o confronto entre
as receitas realizadas e as despesas incorridas no período. Então, o que é abrangido na
Demonstração dos Resultados Abrangentes – DRA? As mutações que ocorreram no
Patrimônio Líquido e que não passaram pelo Resultado, desde que não decorram de
transações com os proprietários. Para Martins, Miranda e Diniz (2020, p. 39):

39
A adoção dos padrões internacionais de contabilidade no Brasil trouxe
a obrigatoriedade da divulgação da Demonstração do Resultado
Abrangente. Sem dúvida nenhuma, foi um avanço o reconhecimento
de variações patrimoniais que ainda não transitaram pelo resultado.
No entanto, do ponto de vista da tomada de decisões, ainda é preciso
amadurecer o uso da referida demonstração. Não está consolidado
na literatura, por exemplo, o efeito dos resultados abrangentes nos
índices de rentabilidade, embora esteja claro que os valores nela
reconhecidos são uma prévia de resultados futuros.

A DRA inicia pelo Resultado Líquido do Exercício, retirado do final da DRE,


podendo ser lucro ou prejuízo. O CPC 26 (R1) (2011) estipula que os resultados
abrangentes incluem, entre outros, variações na reserva de reavaliação quando
permitidas legalmente, ganhos e perdas atuariais em planos de pensão e ganhos e
perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior.
Vamos ver o exemplo de DRA da empresa Gerdau S.A., listada na bolsa:

TABELA 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE 2020, DA GERDAU S.A.

FONTE: Gerdau S.A. (2022, s.p.).

Apesar de, neste livro, não nos aprofundarmos nos temas contábeis avançados
como os descritos na DRA, é importante verificar como a demonstração pode ser utilizada
para conhecer as especificidades da empresa, trazendo informações que podem ser
relevantes para a decisão do analista das demonstrações financeiras. Ressalta-se
que existem casos em que a empresa não possui eventos a relacionar em resultados
abrangentes ou os eventos são em pequena quantidade, então, se durante seu estudo
você consultar DRAs de empresas listadas na bolsa e a DRA não apresentar itens, não
há problemas.

40
DICA
Caso deseja estudar mais sobre o assunto, compreendendo melhor os aspectos básicos
da contabilidade, sugerimos a leitura do livro “Contabilidade Introdutória”, coordenado
pelo prof. Sérgio de Iudícibus, que possui livro-texto e livro de exercícios.

FONTE: <encurtador.com.br/xJ789>. Acesso em: 24 fev. 2022.

41
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Algumas demonstrações financeiras são obrigatórias (ou para todas as empresas ou


para algumas delas). Já outras são facultativas, dependendo do tipo de empresa.

• Individualmente, se consegue obter informações necessárias para os usuários das


Demonstrações, mas é analisando-as em conjunto que um melhor resultado é
encontrado. Isso ocorre principalmente porque uma demonstração acaba detalhando
e destrinchando as informações de outra, complementando a visão geral da empresa.

• O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma empresa em


determinado momento, e é composto pelos Ativos (bens e direitos), Passivos
(obrigações) e Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo).

• A Demonstração de Resultado informa o resultado líquido do período, quer seja lucro


ou prejuízo, resultante do confronto entre as Receitas e Despesas.

• A Demonstração dos Resultados Abrangentes apresenta as mutações do patrimônio


líquido que não passaram pelo resultado, desde que não decorram de transações
com os proprietários.

42
AUTOATIVIDADE
1 Quando abordamos a expressão “Demonstrações Financeiras”, trata-se não
somente de demonstrações obrigatórias. Dependendo da empresa, pode existir
obrigatoriedade na publicação de uma determinada Demonstração, enquanto
para outra, sua divulgação é facultativa. Na sua visão, quais são as vantagens de
se elaborar uma demonstração, mesmo que não seja uma obrigatoriedade para a
empresa? Justifique.

2 O Balanço Patrimonial é provavelmente a demonstração mais conhecida de todas.


Sua utilização é ampla tanto entre os usuários internos quanto entre os usuários
externos das Demonstrações Financeiras. Sobre o Balanço Patrimonial, analise as
sentenças a seguir:

I- Demonstra o que acorreu com a posição financeira de uma empresa em um


determinado período, como se fosse um vídeo.
II- É dividido em Ativo (bens e direitos), Passivo (obrigações) e Patrimônio Líquido
(diferença entre o Ativo e o Passivo).
III- As origens de recursos que entram em uma empresa são registradas no Ativo,
enquanto as aplicações de recursos (ou seja, em que contas essas origens foram
alocadas) são registradas no Passivo.
IV- O nome Balanço Patrimonial representa o equilíbrio entre os dois lados, ou seja, o
total do Ativo (registrado no lado esquerdo do balanço) sempre é igual ao total do
Passivo + Patrimônio Líquido (registrados no lado direito do balanço).

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença III está correta.
b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.

3 A Demonstração do Resultado é uma demonstração fundamental para se


compreender se as operações da empresa estão gerando lucro ou prejuízo e, por isso,
é imprescindível sua compreensão para uma análise das Demonstrações acuradas.
Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A Demonstração do Resultado é elaborado de forma dedutiva pois das Receitas se


deduz as Despesas.
( ) Nas Demonstrações do Resultado publicadas, deve iniciar-se pela Receita Bruta,
que é o total bruto vendido no período, para depois serem deduzidos os Impostos
s/ Vendas, Abatimentos e Devoluções, chegando então na Receita Líquida.

43
( ) O Resultado Financeiro é obtido após a dedução do Imposto de Renda e da
Contribuição Social.
( ) As Despesas Operacionais são aquelas relacionadas com a atividade-fim da empresa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – F – F – V.

4 Os lançamentos contábeis são registrados em contas agrupadas de acordo


com a natureza dos eventos a que se referem. O Balanço Patrimonial demonstra
agrupamentos específicos, como divididos em Circulante e Não Circulante. Sobre os
grupos do Balanço Patrimonial, associe os itens, utilizando o código a seguir:

I- Ativo Circulante.
II- Realizável a Longo Prazo.
III- Imobilizado.
IV- Passivo Não Circulante.
V- Patrimônio Líquido.

( ) Estoque de mercadorias em elaboração.


( ) Empréstimo de longo prazo.
( ) Capital Social.
( ) Contas a Receber de longo prazo.
( ) Móveis e Utensílios.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:


a) ( ) I – IV – V – II – III.
b) ( ) III – II – IV – V – I.
c) ( ) IV – III – V – I – II.
d) ( ) V – I – III – IV – II.

5 (EXAME DE SUFICIÊNCIA CFC, 2021)


Considere as seguintes informações extraídas dos registros contábeis da Cia. Avitar
em 31/12/2020

44
Com base nas informações anteriores e após a estruturação correta do Balanço
de Pagamentos da Cia. Avitar, pode-se afirmar que o Ativo Circulante, o Passivo não
Circulante e o Patrimônio Líquido da empresa apresentam os respectivos valores:

FONTE: <https://cfc.org.br/exame-de-suficiencia-anteriores/1o-exame-de-suficiencia-de-2021/>.
Acesso em: 25 mar. 2022.

A) ( ) R$ 33.000,00; R$ 7.500,00; e, R$ 45.000,00.


B) ( ) R$ 25.500,00; R$ 21.000,00; e, R$ 18.000,00.
C) ( ) R$ 45.000,00; R$ 6.000,00; e, R$ 21.000,00.
D) ( ) R$ 43.500,00; R$ 25.500,00; e, R$ 21.000,00.

45
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS – PARTE 2

1 INTRODUÇÃO
Aprendemos no tópico anterior sobre o Balanço Patrimonial e a Demonstração
do Resultado, as mais conhecidas demonstrações financeiras. No entanto, há outras
demonstrações, e é sobre elas que vamos tratar agora. Como já conversamos, é
importante uma análise em conjunto de todas as demonstrações elaboradas pelas
empresas, pois cada uma esclarece pontos específicos, que ficariam pendentes se
fossem por acaso ignorados no processo.

As especificidades de cada uma das demonstrações são úteis para os usuários


das informações contábeis, pois os auxiliam em suas tomadas de decisão. Analistas que
sabem aproveitar dados extras conseguem obviamente resultados mais satisfatórios dos
que realizam os cálculos padrões de indicadores, que são em geral mais amplamente
conhecidos. Preparados para iniciar mais esta etapa?

2 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO


LÍQUIDO – DMPL
Como o próprio nome já deixa claro, a Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido – DMPL apresenta as mutações que ocorreram em todas as contas
do Patrimônio Líquido. Com ela, consegue-se verificar o que aconteceu com a riqueza da
empresa, ou seja, de que forma houve alterações no seu capital próprio. “Sua estrutura
é bastante simples: nas colunas, são indicadas as contas do PL (com uma coluna final
para apresentar o total das contas); e nas linhas, são apresentadas as operações que
provocaram alterações das contas do PL durante o período de apresentação” (SALOTTI
et al., 2019, p. 112). A seguir, vemos o exemplo da DMPL do Banco Bradesco:

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TABELA 5 – DMPL 2020, DO BRADESCO S.A.

FONTE: Bradesco (2022, s.p.).

Um detalhe importante a relembrar é que só a conta de Prejuízos Acumulados


pode constar no Patrimônio Líquido. Quando uma empresa apresenta Lucro Líquido,
ela deve destinar esse valor, não pode deixar uma conta de Lucros Acumulados no
PL. Como podemos ver no exemplo do Bradesco, houve destinação dos lucros para:
aumento de Reserva Legal e Estatutária, pagamento de Juros sobre Capital Próprio ou
distribuição de Dividendos.

A interpretação é simples: quando aparece um número entre parênteses em


uma coluna, é porque esse valor saiu daquela conta específica; e quando aparece um
número sem parênteses, é porque aquela conta foi aumentada com aquele valor. Por
exemplo, na primeira linha do período de 2019, a primeira coluna explica qual foi a mutação
ocorrida, no caso, Aumento de Capital Social com Reservas. A linha apresenta um valor
de (8.000.000) na coluna Reserva de Lucros Estatutária, e um valor de 8.000.000 na
coluna de Capital Social. Então, podemos concluir que o aumento do Capital Social
ocorreu totalmente com valores que já estavam registrados como Reserva de Lucros
Estatutária. Simples de compreender!

Com isso, analisar a DMPL auxilia o analista das demonstrações, e “sua


importância se torna acentuada em face dos novos critérios da lei, pois a demonstração
indicará claramente a formação e a utilização de todas as reservas” (PEREZ JUNIOR;
BEGALLI, 2015, p. 224). O autor também aponta que, além disso, auxilia na verificação
do cálculo realizado para definir os dividendos obrigatórios, informação relevante para
quem investe em uma determinada empresa.

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3 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA
A Demonstração do Valor Adicionado tem como objetivo demonstrar quanto
de riqueza foi produzida pela empresa e distribuída aos seus funcionários, ao governo,
aos proprietários e aos fornecedores de capital (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020). Os
autores também explicam que “a DVA tem suas raízes nos movimentos europeus que
impulsionaram a responsabilidade social no final do século XX. Seu objetivo é levar
à sociedade mais ampla os valores agregados pela entidade no desenvolvimento de
suas atividades” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 57). Logo, consegue-se visualizar
na DVA a riqueza que foi efetivamente gerada pela empresa e de que forma ela foi
distribuída em prol da sociedade.

Conforme Salotti et al. (2019), é chamado ‘adicionado’ porque informa quanto


valor é agregado à cadeia produtiva por cada uma das partes. Vamos imaginar que uma
empresa adquire um produto por R$15.000, realiza seu processamento e passa a vendê-
lo por R$20.000. Nesse caso, a empresa agregou R$5.000 de valor à cadeia produtiva.
Essa geração de riqueza tem bastante relação com questões conhecidas da Economia:

O conceito de valor adicionado está relacionado com o conceito de


riqueza produzida. Em macroeconomia, normalmente essa riqueza
é medida em termos agregados, e denominada de Produto Interno
Bruno (PIB), com o objetivo de medir a atividade econômica de
um país, região, estado etc. Mas aqui, estamos interessados em
medir a riqueza produzida por uma entidade, no caso aquela que
está reportando suas demonstrações contábeis, incluindo a DVA.
Assim, podemos dizer que o valor adicionado apresentado na
DVA seria, guardadas as devidas proporções, uma espécie de PIB
microeconômico, ou seja, esse valor adicionado seria equivalente,
conceitualmente, ao pedaço do PIB agregado com que aquela
entidade contribuiu na economia (SALOTTI et al., 2019, p. 380).

NOTA
Que legal é a relação da DVA com a Economia nacional! “Do ponto de vista
macroeconômico, se consolidássemos as DVAs de todas as entidades de
uma nação, teríamos outra metodologia, baseada em princípios e normas
contábeis, para o cálculo do PIB” (SALOTTI et al., 2019, p. 382).

Tal demonstração é gerada a partir das mesmas informações constantes na


DRE, porém com outra apresentação, pois seu foco é diferente. É dividida em duas
partes: a primeira apresenta o cálculo do valor adicionado pela empresa, ou seja, a
riqueza gerada por ela. A segunda parte apresenta a distribuição do valor adicionado, ou
seja, de que forma a riqueza gerada foi distribuída.

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Segundo o CPC 09 (2008, s. p.), as informações mínimas que devem ser
inclusas na DVA são: “(a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições;
(c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; e (e) lucros
retidos/prejuízos do exercício”. Que tal analisarmos uma DVA publicada pela empresa
Schulz S.A.?

TABELA 6 – DVA 2020, DA SCHULZ S.A.

FONTE: Schulz S.A. (2020, s.p.)

50
Inicia-se com a geração de riqueza própria, composta pelas vendas deduzidas
dos insumos adquiridos de terceiros, ou seja, essa diferença é o que a entidade
efetivamente agregou de valor à cadeia produtiva. Entram a depreciação, amortização e
exaustão, pois podem ser considerados insumos de terceiros também, mas consumidos
no longo prazo. Ainda há o valor adicionado recebido em transferência, que é advindo de
outras empresas, por meio de equivalência patrimonial e receitas financeiras (conforme
apresentado na DVA da Schulz S.A.). Com isso, encontrou-se o Valor Adicionado a
Distribuir, que foi distribuído para Pessoal; Impostos, taxas e contribuições; Remuneração
de Capitais de Terceiros; e Remuneração de Capitais Próprios.

E pensar que uma Demonstração pode apresentar de forma tão estruturada o


quanto uma empresa fez em prol da sociedade!

4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA


A Demonstração dos Fluxos de Caixa busca apresentar o efeito das operações
ocorridas no caixa da empresa. Isso porque a Contabilidade mantém o registro dos
eventos pelo regime de competência, ou seja, não necessariamente há alteração
no caixa; por exemplo, no caso de uma venda à prazo, a contabilização não envolve
movimentação de recebimento em dinheiro, e sim de um direito a receber posteriormente.

Com isso, “os usuários das demonstrações contábeis podem avaliar a capacidade
de gerar fluxos futuros de caixa da entidade, a capacidade de saldar obrigações e pagar
dividendos, a flexibilidade financeira da empresa e a taxa de conversão do lucro em
caixa entre outros aspectos” (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 47). A Demonstração
dos Fluxos de Caixa vai conseguir demonstrar a movimentação ocorrida entre os saldos
inicial e final do grupo Disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa).

Na construção da Demonstração dos Fluxos de Caixa, são três os grupos nos


quais são distribuídos os eventos que afetam o caixa:

QUADRO 7 – GRUPOS DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

São as principais atividades geradoras de receita da entidade e


outras atividades que não são de investimento e tampouco de
financiamento.
Atividades
Exemplos:
Operacionais
Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação
de serviços. Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e
serviços.
São as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo
e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa.
Atividades de Exemplos:
Investimento Pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado.
Recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou
amortização de empréstimos concedidos a terceiros.

51
São aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na
composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade.
Atividades de Exemplos:
Financimento Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos
patrimoniais. Pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou
resgatar ações da entidade.

FONTE: Adaptado de CPC 03 (R2) (2010)

4.1 MÉTODO DIRETO E MÉTODO INDIRETO


A Demonstração dos Fluxos de Caixa pode ser estruturada de duas formas
diferentes: pelo Método Direto ou pelo Método Indireto. No Método Direto, apresentam-
se as principais classes de pagamentos e recebimentos divididos entre os três grupos
de atividades (operacionais, de investimento e de financiamento). Já no Método
Indireto, inicia-se pelo Lucro Líquido do Exercício, conciliando-o com as transações
que não afetaram diretamente o caixa e equivalentes de caixa. Apesar de o Método
Direto ser o mais fácil de compreender pelos usuários, em geral as empresas costumam
publicar pelo Método Indireto. “Em outros países que já adotaram a exigência legal do
DFC, o método mais utilizado tem sido o indireto, pois possibilita a conferência dos
valores por meio das demonstrações contábeis publicadas” (PEREZ JUNIOR; BEGALLI,
2015, p. 243).

O próprio CPC 03 (R2), que trata da DFC, trouxe um exemplo de cada um dos
Métodos. O primeiro é o Método Direto:

52
TABELA 7 – EXEMPLO DE DFC PELO MÉTODO DIRETO

FONTE: CPC 03 (R2) (2010, s. p.)

Dá para notar de forma clara as classes de pagamentos e recebimentos, por


exemplo, Recebimento de clientes no valor de R$30.150. No entanto, muitas informações
precisam ser retiradas dos registros contábeis da empresa ou de demais informações
gerenciais, o que não há como ser conferido em outras demonstrações pelos analistas.
Já o Método Indireto, apesar de ser um pouco mais complexo para compreensão de
analistas não tão familiriazados com aspectos contábeis, pode ser confrontado com as
informações das outras Demonstrações publicadas:

53
TABELA 8 – EXEMPLO DE DFC PELO MÉTODO INDIRETO

FONTE: CPC 03 (R2) (2010).

Por exemplo, o Método Indireto exibido traz a informação Aumento nas contas a
receber de clientes e outros, o que pode ser conferido no Balanço Patrimonial. Por isso,
acaba sendo o mais utilizado nas publicações de Demonstrações Financeiras. Agora,
vamos conferir uma Demonstração dos Fluxos de Caixa real, publicada pela empresa
Marcopolo S.A.:

54
TABELA 9 – DFC 2020, DA MARCOPOLO S.A.

FONTE: Marcopolo (2020, s.p.)

Conforme DFC da Marcopolo, verificamos que utilizaram o Método Indireto,


iniciando pelo Lucro Líquido do Exercício, seguido das transações relacionadas às
atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. Se olhares na linha
Redução Líquida de Caixa e Equivalentes de Caixa, verás que o valor é de (17.811),
que fecha com a diferença entre o Caixa e equivalentes de caixa no início e no fim do
exercício, apresentado logo abaixo da Redução Líquida. A seguir, confira a conta Caixa e
equivalentes de caixa no Balanço Patrimonial:

55
TABELA 10 – RECORTE DA CONTA CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA DO BALANÇO PATRIMONIAL
2020, DA MARCOPOLO S.A.

FONTE: Marcopolo (2020, s.p.)

Ou seja, realmente a Redução Líquida apresentada na DFC fecha com a


variação ocorrida no caixa e equivalentes de caixa no período analisado. Não é escopo
deste livro didático detalhar aspectos contábeis avançados, mas em caso de dúvidas
sobre os itens inclusos na DFC, é interessante reler os assuntos contábeis tratados
em disciplinas anteriores, ou até mesmo entrar no site RI das empresas para ler todas
as demonstrações, relatórios da administração e da auditoria, assim como as Notas
explicativas. Aliás, trataremos das Notas explicativas agora, vamos lá?

5 NOTAS EXPLICATIVAS
As Demonstrações Financeiras apresentam saldos contábeis de forma
estruturada, mas só olhando os valores constantes nos saldos é difícil ter informações
suficientes para uma tomada de decisão. É aí que entram as Notas Explicativas, que
apresentam a descrição sobre qual a base utilizada para a elaboração das demonstrações
financeiras, descrevem as práticas e estimativas contábeis escolhidas pela empresa,
trazem informações adicionais sobre a composição daquele saldo etc.

Com a adoção das normas internacionais pelo Brasil, o número de


notas explicativas aumentou substancialmente. Isso ocorre porque
a contabilidade brasileira passou ser baseada em princípios, em que
a essência se sobrepõe à forma, e porque deixou de ficar atrelada
às regras fiscais. Com isso, a responsabilidade do contador foi
substancialmente ampliada, suas atitudes e julgamentos podem
ser questionados e, portanto, devem ser claros para os usuários das
informações contábeis. O espaço mais adequado para explicação
das diversas circunstâncias relevantes que afetam cada conta
das demonstrações contábeis é exatamente as notas explicativas
(MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020, p. 65).

Vamos juntos verificar algumas notas explicativas constante no Balanço


Anual das Lojas Renner S.A., a fim de compreender algumas informações que podem
ser detalhadas, facilitando as decisões do analista das demonstrações. Suas Notas
Explicativas iniciam com a base de elaboração e apresentação das Demonstrações
Financeiras, como Declaração de Conformidade às Normas Internacionais de
Contabilidade, descrição de como foram as bases de mensuração, políticas contábeis,
dentre outras informações.
56
TABELA 11 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE JULGAMENTOS, ESTIMATIVAS E PREMISSAS CONTÁBEIS CRÍTICAS

FONTE: Renner (2020, s.p.)

Outros tópicos importantes, como o Gerenciamento de Riscos, especificam com


detalhes os vários tipos de riscos aos quais a empresa está sujeita, trazendo tanto dados
internos quanto dados externos para corroborar a gestão de riscos realizada. Durante
a análise das demonstrações, é interessante que o analista verifique a forma como as
empresas se preocupam com os riscos inerentes ao negócio, pois consegue-se com isso
identificar possíveis situações com as quais o analista não esteja confortável na hora de
tomar a decisão de, por exemplo, investir nessas entidades.

FIGURA 11 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE GERENCIAMENTO DE RISCOS

FONTE: Renner (2020, s.p.)

Às vezes, a função da Nota Explicativa é simplesmente destrinchar os valores


que compõem o saldo presente nas Demonstrações, de forma que o analista consiga
visualizar do que realmente é composto aquele valor. Para exemplificar, vamos ver
as Obrigações Fiscais constantes no Passivo do Balanço Patrimonial da Renner S.A.,
marcado na tabela a seguir:

57
TABELA 12 – Passivo Circulante da empresa Renner S.A.

FONTE: Renner (2020, s. p.)

Podemos ver na coluna NOTA, que a Nota Explicativa que trata do assunto
é a 21, que simplesmente faz a decomposição do saldo total, especificando todas as
obrigações fiscais da entidade, conforme tabela a seguir.

TABELA 13 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE OBRIGAÇÕES FISCAIS DA EMPRESA RENNER S.A.

FONTE: Renner (2020, s.p.)

Ou seja, para 2020, o saldo no BP da controladora é R$366.320, que é na


verdade composto de: IR e CS – R$91.895; ICMS a Recolher – R$198.906; PIS e COFINS
– R$57.772; outros tributos – R$17.747. Só olhando o saldo, não teríamos como saber que
mais de 50% das Obrigações Fiscais é referente ao ICMS recolher.

Outras vezes, as Notas Explicativas descrevem exatamente o cálculo feito para


que se chegue ao valor definido. Vamos tomar, como exemplo, o cálculo para distribuição
de juros sobre Capital Próprio e Dividendos. Em diversos momentos do Balanço Anual,
foi explicada a razão dos Dividendos serem de 25%, por exemplo, na nota a seguir:

58
TABELA 14 – NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS DA EMPRESA RENNER S.A.

FONTE: Renner (2020, s. p.)

Quando chegamos à Nota Explicativa 28, encontramos a Base de Cálculo


ajustada. O Lucro Líquido do Exercício ajustado de 2020 é de R$976.183, que se
multiplicarmos pelos 25% estipulados para distribuição no ano, chega exatamente a
R$244.046, valor constante na linha de Total distribuído aos acionistas, líquido do
imposto de renda. Todo o relatório anual está interligado, é só estudá-lo com atenção,
mas ainda há outros relatórios importantes que podem estar contidos no relatório anual,
como os Relatórios da Auditoria, da Administração e do Conselho Fiscal.

6 RELATÓRIO DA AUDITORIA, DA ADMINISTRAÇÃO, DO


CONSELHO FISCAL, ENTRE OUTROS

Tais relatórios trazem perspectivas de profissionais específicos, que podem


fazer toda a diferença na análise das Demonstarações Financeiras.

6.1 RELATÓRIO DA AUDITORIA


O Relatório da Auditoria, que é obrigatório às sociedades anônimas de capital
aberto, sociedades fechadas de grande porte e alguns outros tipos de entidade (como
as instituições financeiras, por exemplo), é realizado pela Auditoria Independente, ou
seja, alheia à empresa, não submisso à gestão da empresa.

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O principal objetivo da auditoria é a emissão de um parecer acerca das
demonstrações contábeis face aos princípios contábeis geralmente aceitos, normas
brasileiras de contabilidade, demais legislações aplicáveis e práticas adotadas no Brasil.
Ou seja, o auditor irá analisar e verificar se as demonstrações contábeis estão de acordo
com as práticas contábeis adotadas no Brasil (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2020, p. 276).

O parecer dos auditores pode ser, de acordo com Almeida (2019):

a) Parecer sem ressalvas – o auditor concorda que as informações auditadas seguem


as normas vigentes;
b) Parecer com ressalvas - o auditor encontrou alguns procedimentos que divergem do
seu entendimento sobre a questão de forma relevante, mas não generalizada;
c) Parecer adverso – o auditor encontrou divergências que conclui serem relevantes e
generalizadas; e
d) Parecer com abstenção de opinião – o auditor não consegue obter evidências
suficiente para emitir uma opinião.

FIGURA 12 – RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE 2020, PARA AS DEMONSTRAÇÕES DA


RENNER S.A.

FONTE: Renner (2020, s. p.)

No relatório anual da Renner S.A., temos um Relatório do Auditor Independente


com parecer sem ressalvas, ou seja, depois do processo de auditoria, os auditores
independentes chegaram à conclusão de que, em todos os aspectos relevantes,
foram seguidas as práticas contábeis brasileiras e as normas internacionais (IFRS),
conforme a imagem. O parecer continua além do que consta na imagem, explicando
os procedimentos realizados para os principais assuntos de auditoria, mas o recorte é
suficiente para compreender como verificar o tipo de parecer do auditor independente.

60
6.2 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO
O Relatório da Administração apresenta uma visão única da entidade e suas
operações, pois é nele que os administradores conversam com os usuários das
informações contábeis, tentando repassar de forma clara e objetiva informações
e conhecimentos que só eles possuem, por gerirem a empresa e conhecerem
profundamente suas especificidades, operações e processos.

Por exemplo, é no Relatório da Administração que os gestores descrevem


como aspectos da conjuntura econômica influenciaram a entidade no período; como
a gestão lidou com sua atividade operacional (por exemplo, decisões de produção e
logística); detalham informações sobre a companhia, seus valores e políticas internas;
apresentam questões sociais e ambientais, e como lidam com sua força de trabalho
interna; especificam de que forma é estruturada a Governança Corporativa; apontam
questões que consideram importantes sobre o desempenho econômico-financeiro;
dentre outros inúmeros temas que consideram fundamentais para o analista das
Demonstrações Financeiras.

Muitas vezes é essa visão interna e detalhada que fornece informações que
suportam o entendimento das Demonstrações e Notas Explicativas em si. Entender
por que os gestores optaram por certas decisões, ou definiram certas práticas em
detrimentos de outras (visto que há várias práticas legais que podem ser optativas aos
tomadores de decisão), é fundamental para criar uma base de critérios de análise para
os usuários da contabilidade.

Vamos ver dois extratos pequenos do Relatório da Administração da Renner S.A.

FIGURA 13 – RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO 2020 – OPERAÇÃO NO EXTERIOR, DA RENNER S.A.

FONTE: Renner (2020, s. p.).

É uma experiência ótima ler um pouco sobre como pensam os administradores


e gestores de grandes empresas, sua interpretação dos resultados alcançados, quais
seus objetivos e como pretendem alcançá-los. Assim como sua visão dos fatos
econômicos nacionais e internacionais, como afetam a empresa e as perspectivas

61
dos administradores quanto ao futuro. Muitas vezes, nos focamos somente na teoria e
prática específica de nossos cursos, esquecendo de olhar para o mundo ao nosso redor,
que impacta diretamente nas nossas empresas. Essa visão geral é o faz a diferença no
sucesso de um empreendimento e, porque não dizer, no sucesso profissional de cada
um de nós.

62
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMO NÃO SE DEIXAR ENGANAR PELO SEU PRÓPRIO CÉREBRO?
Na maioria das vezes, nosso maior inimigo na hora de investir somos nós mesmos

Aline Tavares

Desde que entrei na faculdade de Economia todas as matérias que abordavam


algum modelo econômico sempre vinham acompanhados da seguinte frase: “A premissa
do modelo é de que os investidores são racionais”.

Os modelos neoclássicos estudados pregavam, por exemplo, que os


investidores eram sempre avessos ao risco, escolhiam as opções mais seguras e
detinham todas as informações disponíveis no mercado. Eu sempre achei aquela frase
meio óbvia, já que nós, seres humanos, somos racionais, ainda mais quando se trata
de dinheiro, economia e afins.

Mas descobri logo depois que não era bem assim.

O óbvio só durou até eu me deparar com as matérias de finanças e investimentos


e conhecer um assunto extremamente interessante, que me fez repensar e reavaliar
todos os paradigmas estudados até então: finanças comportamentais.

No fim da década de 1970, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky


desenvolveram em conjunto de importantes estudos relacionados à tomada de decisão
dos investidores — que renderam a Kahneman o Prêmio Nobel de Economia em 2002.
Esses estudos surgiram quando os pesquisadores começaram a perceber que as
explicações racionais não bastavam para justificar o comportamento humano na área
de finanças.

Por meio de testes e análises dos resultados obtidos, os dois especialistas


concluíram que os investidores até aceitavam correr um pouco mais de risco, desde que
fosse para evitar que perdessem dinheiro. Eles perceberam que as emoções ligadas ao
medo da perda afetavam, e muito, a forma que os investidores entrevistados tomavam
suas decisões.

Posteriormente, foram desenvolvidos outros artigos acadêmicos unindo


psicologia e economia para ajudar a compreender a parte humana da tomada de decisão,
como os desenvolvidos por Richard Thaler e Herb Simon, que também ganharam um
prêmio Nobel por causa do assunto. A ideia central de todos eles é trazer a crítica sobre
os mercados eficientes e tentar humanizar as escolhas e os caminhos dos investidores.

63
O fato é que todos nós somos munidos de sentimentos e instintos, e,
comprovadamente, não somos capazes de manter a racionalidade o tempo todo.
Tomamos decisões e fazemos escolhas a partir daquilo que é importante em determinado
momento. Naturalmente, para cada escolha que fazemos, renunciamos a algo. Não
temos e jamais teremos a quantidade total de informações completas do mercado para
avaliar todos os riscos que podemos correr.

Então, por meio dos estudos sobre o tema, foram identificados alguns vieses
comportamentais mais comuns nos quais nós, investidores, incorremos na hora de
investir. Vou tentar te ajudar a identificá-los e mostrar como não se deixar levar por eles.

Viés da confirmação

É um ato inconsciente em que tentamos buscar referências, informações e


fatos que reafirmem nosso ponto de vista, ignorando ou desconsiderando opiniões
contrárias. No mundo dos investimentos, esse viés é bem perigoso porque, ao pesquisar
oportunidades, o indivíduo só se baseia naquilo que apoia suas crenças, ficando com
uma visão parcial da situação.

Como se prevenir? Tente sempre buscar o máximo de informações possível,


de diferentes fontes, ouvir opiniões distintas da sua e, principalmente, lembrar-se de
manter a humildade e entender que está tudo bem em mudar de opinião sobre algo.

Excesso de autoconfiança

É quando superestimamos ou exageramos nossa percepção na capacidade


de execução de alguma tarefa. Em geral, a pessoa sente euforia, tem a sensação de
invencibilidade e faz uma exposição exagerada aos riscos. No momento de investir, o
excesso de confiança pode prejudicar sua capacidade de escolha, pois pode te levar
a subestimar os riscos associados àqueles investimentos, além de poder acabar te
levando à não diversificação da sua carteira.

Como se prevenir? Reconheça suas limitações como investidor ou investidora,


tenha humildade para reconhecer e assumir os erros, converse com outras pessoas
sobre a sua estratégia, defina seus limites de riscos e procure sempre diversificar.

Ancoragem

É a tendência que temos em nos basear em uma informação do passado e


considerá-la fortemente na tomada de decisão ou na formulação de estimativas,
independentemente de sua relevância para o que é decidido ou estimado. É muito
comum que as pessoas influenciadas por esse viés se “ancorem” nos valores de
compra de uma ação para tomar a decisão de manter o investimento ou de se desfazer
dele. O efeito resultante pode ser a manutenção de uma posição perdedora à espera
de uma recuperação até o preço original, mesmo que as perspectivas futuras não
indiquem tal possibilidade.
64
Como se prevenir? Procure não associar suas análises a preços ou cotações
históricas; busque pensar nos fundamentos e perspectivas do ativo; questione suas
premissas, certificando-se de que sejam realmente relevantes para a tomada de decisão
e de que não sejam utilizadas apenas para suprir uma possível lacuna de informação.

Efeito manada

É a tendência de as pessoas fazerem algo porque outras estão fazendo, não


importando as razões ou evidências. Alguns motivos justificam esse comportamento,
como (i) o desejo natural de ser aceito pelo grupo; (ii) a impressão de que o movimento
da maioria não pode estar errado; (iii) pânico de um estresse de mercado, por não
suportar a dor da perda; e (iv) o medo de estar de fora do movimento, o famoso FOMO
(“Fear Of Missing Out”).

Como se prevenir? Trace seu objetivo em relação ao investimento; entenda os


fundamentos; aprenda a realizar suas próprias análises ao tomar suas decisões; utilize
mais a razão do que a emoção; e mantenha seu horizonte de investimento de longo
prazo, dado que as desvalorizações eventuais no curto prazo são compensadas com os
fundamentos ao longo dos anos.

Vale ressaltar que existem outros vieses de comportamento além dos que foram
apresentados aqui. No entanto, acredita-se esses sejam os mais comuns e aqueles que
nos fazem cair com mais facilidade em algumas tomadas de decisões pouco favoráveis
aos nossos investimentos.

Muitas vezes pode ser difícil não se deixar levar pelos vieses, mas lembrar que
eles existem já é o primeiro passo para começar a mudar sua mentalidade em relação
aos investimentos e tomadas de decisão.

Sempre questione todas as suas escolhas, busque diversas fontes de


informações, foque no longo prazo e diversifique seus investimentos. Sabemos hoje
que investir não se resume totalmente à utilização da racionalidade, mas entender os
caminhos e as “peças” que seu cérebro pode te pregar é fundamental para se aprimorar
e tomar melhores decisões de investimentos.

FONTE: <https://www.infomoney.com.br/colunistas/spiti-analise/como-nao-se-deixar-enganar-
pelo-seu-proprio-cerebro/>. Acesso em: 3 mar. 2022.

65
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as mutações


ocorridas nas contas do Patrimônio Líquido, ou seja, apresenta se houve alteração do
capital próprio e a destinação da riqueza da empresa.

• A Demonstração do Valor Adicionado informa quanto de riqueza foi gerada e


distribuída aos seus funcionários, aos proprietários, ao governo e aos fornecedores
de capital.

• A Demonstração dos Fluxos de Caixa esclarece o efeito das operações ocorridas no


caixa da empresa, podendo o usuário das demonstrações avaliar capacidade de fluxo
de caixa, de pagamento de obrigações, dentre outros aspectos.

• As Notas Explicativas servem para detalhar informações extras sobre determinadas


contas, políticas contábeis adotadas, composição do saldo etc.

• Os demais Relatórios, como Relatório da Auditoria, da Administração, do Conselho


Fiscal, entre outros, existem para complementar a análise partindo da visão
de profissionais específicos, que repassam informações de suas áreas e suas
perspectivas próprias, ampliando o senso crítico em nossas análises.

66
AUTOATIVIDADE
1 A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta todas as mutações
que tenham ocorrido no Patrimônio Líquido de uma entidade. Sobre o exposto, qual
alternativa apresenta um fato que não afeta o patrimônio total da empresa?

a) ( ) Aumento de capital por meio de integralização de capital.


b) ( ) Registro de ajustes de avaliação patrimonial.
c) ( ) Aumento de capital utilizando-se reservas.
d) ( ) Gastos na emissão de ações.

2 A empresa Apolo S.A. registrou os eventos a seguir em seu Patrimônio Líquido durante
o ano de 2022:

Lucro Líquido do Período R$ 9.000


Aumento de capital mediante recebimento de um automóvel R$ 25.000
Distribuição de dividendos mediante destinação do lucro R$ 5.000
Aumento de capital em reservas R$ 3.000
Aumento da reserva de lucros mediante destinação do lucro R$ 4.000
Aumento de capital mediante integralização em dinheiro R$ 8.000

Com isso, assinale a alternativa CORRETA, que apresenta o valor da variação líquida
evidenciada na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido:

a) ( ) R$ 25.000.
b) ( ) R$ 12.000.
c) ( ) R$ 29.000.
d) ( ) R$ 37.000.

3 A Demonstração dos Fluxos de Caixa apresenta as operações ocorridas no caixa da


empresa. Para a elaboração da DFC, sua estrutura deve estar dividida em três grupos:
Atividades Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de Financiamento.
Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Nas Atividade de Financiamento são classificadas as que se referem à aquisição e


venda de ativos de longo prazo.
( ) As atividades que geram receita para a entidade são classificadas como Atividades
Operacionais.
( ) Atividades de Investimento são as que geram mudanças no tamanho e composição
do capital próprio e de terceiros.
( ) O tipo mais utilizado é o Método Indireto, apesar de o Método Direto ser o mais fácil
de compreender para quem está analisando as demonstrações.

67
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – F – V – V.
e) ( ) V – V – F – V.

4 As Notas Explicativas são extremamente importantes para a compreensão das


Demonstrações Financeiras. Apesar disso, é comum o usuário realizar somente os
cálculos dos indicadores, chegar ao valor resultante e não se preocupar em consultar
as Notas Explicativas que tratam sobre tal assunto. Na sua visão, por qual motivo
essa atitude pode trazer danos e perdas ao processo de análise das demonstrações?
E quais as vantagens de se consultar as Notas Explicativas divulgadas pela empresa?

5 Cada uma das demonstrações financeiras divulga informações específicas, por isso,
ao se realizar uma análise, é importante considerá-las em conjunto. Como é chamada
a Demonstração que apresenta a geração de riqueza de uma entidade e a forma
como essa riqueza é distribuída?

a) ( ) Demonstração de Resultado.
b) ( ) Demonstração do Valor Adicionado.
c) ( ) Demonstração do Fluxo de Caixa.
d) ( ) Balanço Patrimonial.

68
REFERÊNCIAS
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69
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70
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

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PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de. Análise das demonstrações financeiras. 3.


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PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações


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RIBEIRO, O. M. Noções de análise de demonstrações contábeis. São Paulo: Érica, 2020.

RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada: de acordo com as normas


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mzfilemanager/v2/d/007e4c09-d021-4f52-95b7-a39e836a974c/7ad5fb46-f77d-
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SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações


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Disponível em: https://www.suno.com.br/artigos/hiperinflacao/. Acesso em: 15 fev. 2022.

71
72
UNIDADE 2 —

INDICADORES PARA GESTÃO


EMPRESARIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a metodologia e reflexos na análise dos indicadores aplicando os


conceitos da análise horizontal e análise vertical;

• identificar a contribuição para a gestão da empresa, utilizando indicadores como a


liquidez imediata;

• analisar os efeitos da liquidez corrente na identificação dos recursos financeiros de


curto prazo da empresa;

• compreender qual é a relação dos estoques para apurar o indicador da liquidez seca;

• identificar a capacidade na geração de recursos financeiros com a aplicação do índice


de liquidez geral;

• entender qual é a contribuição da solvência geral de Kanitz na identificação da falência


ou não das empresas;

• identificar o impacto do grau do imobilizado com relação ao patrimônio líquido como


fonte de recursos da empresa.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL


TÓPICO 2 – ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ
TÓPICO 3 – INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E FATOR DE INSOLVÊNCIA

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

73
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

74
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
TEORIA DOS CONTRATOS

1 INTRODUÇÃO
O trabalho da análise das demonstrações contábeis é bastante técnico e
necessita do analista e de conhecimentos prévios da Contabilidade, para compreender
a elaboração dos diversos indicadores, assim como analisá-los. Há vários tipos de
indicadores que podem contribuir para a análise dos resultados econômicos e financeiros
da empresa.

Buscou-se na obra de Silva (2019, p. 110), que além da análise horizontal e


vertical, “faz-se necessária apuração de quocientes ou índices que forneçam uma
ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa”.

É importante avaliar que a elaboração e a análise devem seguir um padrão


na construção da série histórica desses índices, e esses devem ser apurados com a
extração dos dados entre contas ou grupos de contas que constam nas demonstrações
contábeis da empresa.

Deve-se observar que o teor da análise dos resultados, ou seja, o seu


aproveitamento como fonte de informação pode não atender na integridade às
necessidades do analista, e isso significa que o profissional precisa ser profundo
conhecedor do ramo da atividade da empresa e assim usufruir da riqueza dessas
informações.

Por esse motivo, o analista deve ter cuidado ao filtrar as informações, pois terá
que analisar muitos índices em conjunto.

2 OBSERVAÇÕES NO PROCESSO DE ANÁLISE


O analista, ao realizar o trabalho da análise das demonstrações contábeis,
precisa atentar para quatro situações que podem evitar eventuais erros de
interpretação e assim garantir maior zelo na análise e interpretação sem distorcer as
informações geradas.

75
DICA
Para garantir a credibilidade na análise das informações contábeis e avaliar essas
informações com qualidade, sugere-se os seguintes cuidados:

1- O ideal
a- Utilizar as Demonstrações Contábeis publicadas por meios físicos ou eletrônicos e
que estejam de acordo com a Lei das S/A e demais legislações fiscais, tributárias,
dentre outras.
b- Que as informações contábeis estejam validadas com a assinatura de um contador
responsável por elaborar essas Demonstrações Contábeis, além de assegurar a
existência do relatório da Diretoria e as Notas Explicativas na íntegra.
c- Verificar se consta o relatório de opinião do auditor independente, pois
esse relatório de opinião é o que torna válidas as informações contidas nos
Demonstrativos Contábeis.

2- Situações que requerem cuidados do analista


a- Atente e evite os Relatórios da Diretoria que são muito resumidos, ou que não
contenham todas as informações nas Notas Explicativas, deixando-as incompletas
ou insuficientes sem oferecer condições de contribuir para a realização de uma
análise correta.
b- As Demonstrações Contábeis que não contenham o parecer da auditoria de forma
consistente também devem ser evitadas.
c- Não utilizar as Demonstrações Contábeis que não estejam de acordo com todos os
requisitos legais em território brasileiro.

3- Situações em que não há suporte de informações suficientes para análise:


a- As empresas que estão enquadradas no regime tributário do Lucro Presumido muitas
vezes não possuem todos os eventos contábeis reconhecidos na Contabilidade, o
que pode distorcer determinadas análises.
b- Outro detalhe importante é analisar se a conta de Custos dos Produtos
Vendidos contenha determinados exageros como valores reduzidos ou
extremamente elevados com relação às receitas das vendas, o que torna
essa conta desproporcional para a análise.
c- Quando existirem evidências da falta de compromisso dos gestores da
empresa com relação à elaboração das informações contábeis. É o típico
“balancete para os bancos” e isso denota descompromisso com a seriedade
na gestão dos negócios da empresa.

Na análise das demonstrações financeiras, Padoveze (2010, p. 197) diz que “a


análise de balanço constitui-se num processo de meditação sobre os demonstrativos
contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa, em seus aspectos
operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros”.

Garrison e Noreen (2001, p. 581) também elencam cuidados para serem


observados na análise das demonstrações contábeis:

A análise das demonstrações financeiras envolve a seleção cuidadosa


dos dados nelas apresentados, com o objetivo primordial de prever a
saúde financeira da empresa. Isso se consegue através do exame das
tendências dos principais dados financeiros, da comparação destes
com os dados de outras companhias e da análise dos seus índices
financeiros básicos.

76
3 A RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS CONTÁBEIS
Um dos principais procedimentos que o analista das informações contábeis deve
providenciar é o de executar uma nova classificação das contas contábeis no balanço
patrimonial. São realizados alguns ajustes (readequações) os quais não comprometem
a veracidade na legalidade das demonstrações contábeis, para facilitar a interpretação
da análise dessas informações.

Com o agrupamento das contas contábeis nos demonstrativos, é possível


identificar melhorias na análise dos índices conforme a condição econômico-financeira
da empresa avaliada. Um exemplo típico é se os gestores decidirem em determinado
período do exercício social vender algum imóvel. O imóvel está classificado no grupo do
Ativo Não Circulante, porém, ao classificar esse valor do imóvel para o Ativo Circulante,
o analista terá melhores evidências para projetar a geração do caixa da empresa no
exercício social corrente.

O contador deve ser imparcial para realizar os ajustes necessários. Por exemplo,
ao agrupar as contas das receitas e despesas financeiras nas contas do resultado
operacional, o contador deve elaborar outro demonstrativo contábil para o analista, isso
porque estas contas são legalmente consideradas com valores a serem registrados nas
respectivas contas contábeis das atividades operacionais da empresa. Esses valores
constantes das receitas e despesas financeiras devem ser classificados como resultado
não operacional.

Por quê? Porque as empresas devem gerar resultados a partir das suas atividades
operacionais e não pela captação de recursos financeiros de terceiros. A reclassificação
das contas contábeis (receitas e despesas financeiras) para o resultado não operacional
permite ao gestor apurar a verdadeira taxa de rentabilidade da empresa.

Vamos para o exemplo de uma empresa cujas atividades em decorrência do


seu Contrato Social ou Estatuto Social não se encontram envolvidas com atividades
financeiras, como é o caso de empresas do ramo comercial. As atividades operacionais
de uma empresa do ramo comercial são comprar e vender mercadorias e não exercer
atividades de intermediação financeira, nesse caso as receitas e despesas financeiras
deverão ser registradas como resultado não operacional.

Com relação à finalidade da análise das demonstrações contábeis para a


empresa, Padoveze (2010, p. 198) afirma que “a avaliação sobre a empresa tem por
finalidade detectar os pontos fortes e os pontos fracos do processo operacional e
financeiro da companhia, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem
tomadas e seguidas pelos gestores da empresa”. A atividade da reclassificação das
contas para análise é de extrema importância para identificar os pontos fortes e fracos na
interpretação das informações contábeis. Vejamos um outro exemplo de reclassificação
das contas contábeis:

77
A conta de Duplicatas Descontadas, que está classificada subtraindo o grupo
das contas de Duplicatas a Receber no Ativo Circulante, deverá ser reclassificada no
Passivo Circulante, pois, pelas características e peculiaridades da operação pode existir
o risco de a empresa desembolsar o dinheiro obtido junto com a instituição financeira,
caso o seu cliente não liquidar a dívida (quitar a duplicata que foi descontada). Com
essa reclassificação, fica evidente que existirá o compromisso da empresa junto ao
banco que efetuou a operação de desconto e não o cliente da empresa que irá quitar
o título. Isso demonstra a característica dessa operação onde a empresa passa a ser
fiadora do cliente.

Outro bom motivo para realizar as reclassificações das contas contábeis está
em padronizar os critérios no tratamento das informações para todas as empresas,
facilitando assim o trabalho do analista. Isso quer dizer que, se uma empresa A opera
com Duplicatas Descontadas e a empresa B opera com regime de Empréstimos
Bancários, ambas terão classificadas no grupo do Passivo Circulante um compromisso
financeiro com terceiros, pois as duplicatas descontadas representam uma coobrigação
dessa dívida junto com a instituição financeira.

Vejamos o caso das duas empresas fictícias, A e B.

Ambas possuem registrado na sua Contabilidade um Ativo Circulante no valor de


R$ 2.000.000,00 e um Passivo Circulante no valor de R$ 1.000.000,00. Isso significa que
para cada R$ 1,00 de dívidas a empresa possui R$ 2,00 de valores do Ativo Circulante
para a efetivação das liquidações dos seus compromissos financeiros. Caso as duas
empresas recorressem ao mercado financeiro para buscar um reforço de Caixa no valor
de R$ 200.000,00, observe como ficaria a situação da liquidez corrente delas.

Observe a seguinte simulação:

78
Vejamos:

→ Na empresa A, a relação será de R$ 2,00 para R$ 1,00  R$ 2.000.000,00 / R$


1.000.000,00 = R$ 2,00.

→ Na empresa B, a relação será de R$ 1,83 para R$ 1,00  R$ 2.200.000,00 / R$


1.200.000,00 = R$ 1,83.

Assim fica evidente que a Empresa B atingiria menor capacidade de pagamento


e maior endividamento em relação à Empresa A. Isso não justifica realizar um tratamento
diferenciado para estas idênticas condições financeiras das empresas A e B.

Consequentemente, a solução está em reclassificar as duplicatas para que a


empresa A fique em igualdade de condição de análise com a empresa B. Desta forma,
também todas as empresas que operam com empréstimos ficam em condições de
igualdade de análise com as empresas que operam com descontos.

Padoveze (2010, p. 198) contribui sobre essas operações matemáticas da


seguinte forma:

Buscando auxiliar o processo de avaliação patrimonial e do


desempenho da companhia, o analista vale-se de uma série de
cálculos matemáticos, traduzindo os demonstrativos contábeis em
indicadores de análise de balanço. Esses indicadores buscam também
evidenciar as características das principais integrações existentes
entre a situação patrimonial apresentada pelo balanço e a dinâmica
da empresa representada pela demonstração de resultados.

Com isso, os relatórios contábeis estarão evidenciados em igualdade de


condições para análise. Vamos, a seguir, estudar as ferramentas de análise horizontal e
vertical das demonstrações contábeis.

4 TIPOS DE ANÁLISE
Ao analisar um Balanço Patrimonial com apenas um exercício social, existirá um
determinado limite para a análise, podendo apenas aplicar a análise dos indicadores,
sem avaliar a evolução e redução dos saldos (análise horizontal) ou participação das
contas contábeis em cada grupo de contas (análise vertical). Apenas haverá a análise
de alguns indicadores isolados.

Poderá se tornar rica essa análise dos indicadores de apenas um exercício social,
quando puderem ser comparados com os resultados dos indicadores das empresas
concorrentes. Deve-se observar que o montante de apenas uma conta contábil ou de um
grupo patrimonial específico quando tratado isoladamente não retrata adequadamente
a relevância do valor apresentado e muito menos seu comportamento ao longo prazo.

79
Este é o caso dos custos da produção da empresa em que essa informação de
forma isolada representa pouca relevância para o analista, porém, ao se comparar esses
recursos com o montante das vendas realizadas ou com o valor desses custos apurados
em outros exercícios sociais da empresa, este refletirá com maior clareza e precisão a
sua informação.

Isso significa que a comparação dos valores entre si, bem como com outros
valores de diferentes períodos, irá oferecer um aspecto mais dinâmico quanto à
posição estática das demonstrações contábeis. Este processo de comparação torna-
se indispensável ao conhecimento da situação de uma empresa, e é representado pela
análise horizontal e pela análise vertical.

A análise horizontal e vertical, segundo Silva (2019, p. 132), “evidencia as


alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa,
estruturando a informação em três fluxos de atividades: atividades operacionais,
atividades de investimento e atividades de financiamento”. Para Bazzi (2020, p. 41), “a
análise comparativa pode ser horizontal (performance temporal) ou vertical (performance
das atividades)”.

4.1 ANÁLISE HORIZONTAL DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


A análise horizontal é um importante instrumento para identificar a variação
percentual que ocorreu de um período para outro, e desta forma evidenciar se ocorreu
algum acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. É importante lembrar
que este tipo de análise somente é possível realizar quando a empresa possui no mínimo
dois exercícios sociais para análise.

A análise horizontal permite a comparação relativa de vários itens das


Demonstrações Contábeis, onde o resultado pode estar expresso em valores absolutos
ou percentuais, e isso fica a critério do usuário final dessas informações (que podem
ser os gerentes, proprietários, dentre outros), pois cada usuário possui necessidades
de informações diferentes para decisão. Com essa análise, é possível compreender o
comportamento dos itens das Demonstrações Contábeis.

A análise das demonstrações contábeis envolve atividades com a aplicação de


métodos de cálculos e interpretações dos índices financeiros para avaliar e acompanhar
o desempenho das atividades na gestão da empresa e sua eficiência operacional.

Praticamente os demonstrativos básicos para a análise dos índices são os


seguintes:

→ Demonstração de Resultado.
→ Balanço Patrimonial.

80
Com o uso da ferramenta de análise horizontal, o analista pode avaliar o
crescimento ao longo do tempo dos componentes patrimoniais e os que contribuíram
na geração do caixa, assim como dos desembolsos dos recursos que a empresa realizou,
sejam eles por consequência da atividade financeira, operacional ou de investimento.
As duas características da análise horizontal das demonstrações contábeis de uma
empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com àqueles
apurados em períodos anteriores e o relacionamento destes valores com outros fins.

Podemos afirmar, desta forma, que o critério básico que norteia a análise
das demonstrações contábeis é a comparação. Para que isso possa ser realizado, é
necessário atentar para alguns detalhes, como manter com esmero os registros
contábeis da empresa. Ainda que o Departamento de Contabilidade da empresa
mantenha os registros contábeis de forma correta, os relatórios financeiros também
devem ser auditados por auditor independente ou que ao menos tenha uma minuciosa
revisão por parte da auditoria interna.

Alguns cuidados são necessários para a utilização de valores extraídos


dos balanços iniciais e finais, principalmente ao que se refere com contas a receber
e estoques, isso porque, tais contas, nas datas do balanço, não são representativas
com relação às médias reais do período, pois geralmente ao final do exercício social
os empresários buscam implementar ações para reduzir o volume de recursos em
duplicatas a receber e transformá-los em caixa, assim como a redução dos inventários
dos estoques da empresa com o mesmo objetivo da geração do caixa.

Com relação à análise horizontal, Bazzi (2020, p. 42) aborda que “a análise
horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações
contábeis ao longo do tempo”.

Segundo Silva (2019, p. 121):

A Análise Horizontal permite analisar a evolução de uma conta ou


de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos. Trabalha
fundamentalmente com efeitos e dificilmente revela as causas
das mudanças. Pode ser evolutiva ou retrospectiva. Esta análise é
muito importante para a construção de uma série histórica, o que é
fundamental para ajudar no estudo da tendência.

Conforme Souza (2015, p. 117), “a análise horizontal é uma técnica utilizada para
examinar a evolução histórica dos valores que compõem o patrimônio da empresa e para
evidenciar a relação de cada conta das demonstrações contábeis entre os períodos”.

A seguir, demonstraremos um exemplo de Análise Horizontal.

81
QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL – ANÁLISE HORIZONTAL

FONTE: O autor

A análise horizontal permite avaliar as tendências e o comportamento do


desempenho da empresa ao longo do período avaliado. Ao avaliar o crescimento dos
saldos em determinadas contas contábeis, isso pode representar um bom desempenho
dos gestores. No entanto, deve-se atentar para situações, como:

a- Aumento no saldo de Duplicatas a Receber somente é bom se não houver muitos


clientes inadimplentes, caso contrário é importante reclassificar os valores dos
clientes inadimplentes para a conta de resultados do período, pois esses ativos
poderão não se realizar em caixa (seriam perdas).
d- Aumento no saldo da conta de Estoques somente é interessante se nas notas
explicativas constarem informações referente a necessidade dessa aquisição para
atender uma nova demanda da produção e vendas. Caso contrário, essa aquisição
não se torna interessante.
82
c- Aumento no saldo de Empréstimos e Financiamentos torna-se interessante apenas no
caso de a empresa ter realizado investimentos em Ativo Imobilizado para incrementar
a sua participação no mercado.

Percebeu como é importante realizar esse tipo de análise? Pois, além de apurar
os indicadores, é necessário conhecer o planejamento dos gestores da empresa para
evitar interpretações equivocadas.

De acordo com o Quadro 1, vamos analisar o total de alguns grupos de contas


contábeis e algumas contas isoladamente.

O total do Ativo em X1 era de R$ 26.965.000,00 e em X2 está no valor de R$


33.974.000,00. Portanto, houve um acréscimo na sua avaliação horizontal de 25,99%.

O analista irá questionar se isso é bom ou ruim. Para responder a esse


questionamento, teremos de verificar se este crescimento teve relação com o aumento
dos Passivos da empresa ou do Patrimônio Líquido.

Desta forma, deve-se analisar a evolução do Patrimônio Líquido.

O valor do Patrimônio Líquido da empresa passou de R$ 14.198.000,00 para R$


15.692.000,00, ou seja, evoluiu 10,52% durante esse período.

Logo, se observarmos que o Patrimônio Líquido não teve o mesmo aumento de


25,99% ocorrido nas contas do Ativo, mas apenas 10,52%, isso significa que a empresa
buscou mais recursos juntamente com terceiros, isto é, realizou mais investimentos
contraindo obrigações com empréstimos e financiamentos.

No entanto, para definirmos se essa situação é boa ou ruim, devemos avaliar


o retorno do investimento; se o investimento realizado consegue ser pago de forma
rápida e de preferência com recursos próprios.

Em contrapartida, o analista deve observar a evolução de algumas contas


contábeis compostas no Ativo e, de acordo com o Quadro 1, percebemos que houve
um maior impacto do crescimento das contas do ativo no grupo do Ativo Circulante
correspondente a 37,01%, pois o saldo era de R$ 6.566.000,00 em X1 e em X2 o saldo
passou para R$ 8.996.000,00.

A conta contábil que mais apresentou recursos foi a de estoques de mercadorias


que passou de R$ 2.535.000,00 para o valor de R$ 5.055.000,00, gerando um acréscimo
de 99,41% durante o período analisado.

Com uma calculadora financeira (HP), podemos utilizar a função ∆% para


descobrirmos estes percentuais de uma maneira mais rápida.

83
FIGURA 1 – CALCULADORA FINANCEIRA HP 12 C

FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/contabilidade-adi%c3%a7%c3%a3o-preto-4900674/>.
Acesso em: 15 dez. 2021.

Como fazer a operação da variação na HP 12c?

Vamos pegar a conta DEBÊNTURES:

→ X1 = R$ 84.000 ENTER
→ X2 = R$ 35.000 ∆%
→ VARIAÇÃO = ( 58,33% )

Percebeu como é fácil?

IMPORTANTE
Observa-se que a variação horizontal serve para auxiliar a identificação da
variação (evolução ou retrocesso) da empresa em determinadas contas contábeis
que tiveram determinadas oscilações cada período avaliado. Essa variação deve
ser apurada durante vários exercícios sociais da empresa e comparar todos os
índices em relação a sua participação no mercado.

84
Há também a atividade da análise horizontal da DRE – Demonstração do
Resultado – que segue a mesma linha de trabalho da análise horizontal do Balanço
Patrimonial, porém é importante destacar que neste demonstrativo constam os valores
que são gastos para manter as atividades operacionais da empresa, contas contábeis
das despesas e contas contábeis dos custos, que permitem gerar as receitas de vendas
da empresa.

Vejamos algumas contas do resultado.

QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO – ANÁLISE HORIZONTAL

FONTE: O autor

Na demonstração do resultado (DRE) também é necessário que o analista


realize a apuração das variações, ou seja, a evolução ou redução dos valores das contas
desse grupo comparando-os de um exercício social para o outro.

No grupo de contas das Receitas Líquidas de Vendas, foi apurado um acréscimo


em 29,06%, isto é, o valor passou de R$ 15.374.000,00 para R$ 19.841.000,00.

O procedimento para apurar esse valor é o seguinte:

→ Receita Líquida de Vendas = X2 R$ 19.841.000,00 / X1 R$ 15.374.000,00 = 1,2906 –


1,00 = 0,2906 x 100 = 29,06%.

85
No entanto, ao observar a conta Lucro Líquido, pode-se identificar uma redução
significativa de 53,00% de um período para outro.

O procedimento para apurar essa variação é:

→ Lucro Líquido do Exercício = X2 R$ 1.425.000,00 / X1 R$ 3.032.000,00 = 0,4700 – 1,00


= ( - 0,5300 ) x 100 = ( - 53,00 %).

É muito importante o analista buscar evidências para compreender o que gerou


a redução drástica do resultado líquido apurado na DRE – Demonstração do Resultado –
da empresa de um período para outro. É necessário verificar as variações que ocorreram
em cada conta das receitas, despesas ou custos que constam nesta demonstração.

De acordo com as contas contábeis verificadas, é possível identificar que a


conta de maior impacto foi a do Resultado Financeiro.

Durante o período de X1, a conta do Resultado Financeiro apresenta receitas


(ganhos) no valor de R$ 923.000,00 e X2 apresenta despesas (perdas) no valor de ( -
R$ 553.000,00 ). Desta forma, essa conta teve um impacto de ( - 159,91 % ) durante o
exercício social analisado.

A apuração do valor é realizada da seguinte forma:

→ Resultado Financeiro = X2 ( - R$ 553.000,00 ) / X1 R$ 923.000,00 = ( - 0,5991 ) – 1,00


= ( - 1,5991 ) x 100 = ( - 159,91 %).

Observe como é importante estudar a metodologia para apurar essa variação. Com
esses procedimentos é possível verificar quais foram as contas contábeis que tiveram maior
ou menor impacto nas receitas ou despesas apuradas durante o exercício social.

No entanto, há situações que não estão sob o controle dos gestores da empresa
e seus impactos são oriundos de fatores externos a ela, que muitas vezes podem ser
determinadas pelo governo, pelo mercado nacional ou pelo mercado internacional, que
é o caso da inflação e as variações cambiais.

A inflação tem um peso significativo na análise das variações das contas


contábeis, tanto no Balanço Patrimonial quanto na DRE – Demonstração do Resultado
–, pois a inflação poderá influenciar na avaliação da capacidade de gestão das pessoas
envolvidas no controle da empresa.

Embora na prática não seja comum ocorrer à influência proporcional da


inflação aos grupos de contas das Demonstrações Contábeis, é possível afirmar que
a comparação de um índice, apurado em vários exercícios sociais não prejudica a
análise horizontal a ponto de se desprezar esta sistemática. Muito pelo contrário, é um
componente indispensável na análise contábil. Entretanto, existem casos em que se
deve levar em conta a inflação para análise horizontal.
86
A inflação é a categoria predominante de variações do valor da moeda. Trata-
se de um fenômeno universal, comum a praticamente todos os países. Corresponde
a uma alta generalizada dos preços dos bens e serviços, expressos pelo padrão
monetário corrente. A alta da inflação, que varia de intensidade conforme cada país e
em determinadas épocas do ano, implica na desvalorização da moeda em relação aos
demais ativos.

Na economia, há também a desinflação, que é a volta da estabilidade dos preços.

Os índices de variação dos preços, em cada período, recuam seguidamente, de


patamares mais elevados para patamares mais reduzidos, promovendo a estabilização
e fortalecimento do valor da moeda.

Os movimentos da desinflação geralmente são induzidos pelo próprio mercado.


Há pressão pela necessidade de buscar consumidores (que estão “segurando” os seus
recursos financeiros) para aumentar as vendas quando não há consumo, e nesse caso,
quando há larga oferta de produtos, o preço em tese deve reduzir. Também é decorrente
de programas de estabilização monetária a partir do governo, de forma gradual (com a
implantação de algum plano de governo) ou de choque (com aumento das alíquotas de
impostos, ou criação de novos tributos) para reduzir o consumo das pessoas no mercado.
Dependendo da consistência macroeconômica desses programas governamentais, os
processos de desinflação são firmes e duradouros. Quando decorrem de soluções como
congelamento de preços ou de prefixações em altas nos preços, geralmente deságuam
em processos inflacionários recorrentes (ROSSETTI, 2016).

4.2 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL


A Análise Vertical do Balanço Patrimonial, assim como também da DRE –
Demonstração do Resultado –, permite identificar e distinguir qual é a participação da
aplicação dos recursos na empresa durante o período analisado, pois é de fundamental
importância que o analista identifique qual é o montante dos recursos financeiros
alocados para cada conta contábil em comparação ao valor total do seu grupo.

Isso significa dizer que o gestor poderá tomar decisões baseadas na análise
vertical das demonstrações contábeis e identificar a necessidade de alocar recursos
financeiros de algum grupo de conta contábil para outro grupo de conta contábil, e
assim contribuir para a geração da riqueza da empresa.

Com relação à análise vertical, Bazzi (2020, p. 45) diz que:

Diferente da análise horizontal, a vertical verifica as demonstrações


ajustadas em virtude de seu tamanho, mostrando a participação
percentual de cada conta ou de cada grupo de contas da
demonstração em relação ao total que integra em um período
específico. Trata-se de uma comparação da representatividade em
percentual de cada conta com o grupo de contas a que pertence.

87
A análise vertical facilita a avaliação das estruturas do ativo e do
passivo, além da participação de cada item da demonstração do
resultado na formação do lucro ou prejuízo.

Essa análise também permite identificar quais foram as variações ocorridas


dentro do fluxo de caixa ao longo dos períodos analisados.

A Análise Vertical, também denominada de análise da estrutura, envolve a


relação entre um elemento e o grupo que ele faz parte. Essa análise relaciona a parte
identificada com o todo. Este tipo de análise permite identificar o valor de cada conta
contábil que representa o valor total investido. A análise vertical envolve elementos
homogêneos, mas relativos a um mesmo exercício social, ao contrário da análise
horizontal, que é relativa necessariamente a exercícios distintos.

IMPORTANTE
Objetivo: medir percentualmente cada componente com relação ao todo do
qual faz parte e fazer as comparações caso existam dois ou mais períodos.

Silva (2019, p. 110) trata que:

A Análise Vertical pode ser entendida como a análise da estrutura


das demonstrações, pois permite a identificação da real importância
de uma conta do conjunto de contas ao qual pertence no Balanço
Patrimonial ou na estrutura da Demonstração do Resultado.

De acordo com Padoveze (2010), no balanço patrimonial, a análise vertical


procura evidenciar a participação (representatividade) de cada elemento patrimonial do
ativo e passivo em relação ao ativo total. Dessa forma, o critério de cálculo básico para a
análise vertical é a atribuição do parâmetro 100% para o total do ativo. Todos os valores
serão traduzidos em relações percentuais sobre o total do ativo.

Vamos a um exemplo de Análise Vertical.

88
QUADRO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL – ANÁLISE VERTICAL

FONTE: O autor

Neste tipo de análise identifica-se quanto a empresa mantém investido em


cada conta contábil com relação ao total de investimentos.

A seguir, vamos fazer algumas análises.

A Conta de Patrimônio Líquido dos Sócios teve um saldo de R$ 14.198.000 em X1


e representava 52,65% do total investido de R$ 26.965.000 e, para X2, este percentual
reduziu para 46,19% (Total de R$ 15.692.000 / R$ 33.974.000).

89
O cálculo é realizado da seguinte forma:

→ X1 = Patrimônio Líquido = R$ 14.198.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,5265 x 100 =


52,65%.
→ X2 = Patrimônio Líquido = R$ 15.692.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,4619 x 100 =
46,19%.

Contudo, podemos aprofundar a análise. Se o valor do Patrimônio Líquido dos


Sócios teve uma redução no total de investimentos, o que gerou alta em outro grupo
de contas?

Vamos verificar o Passivo Não Circulante.

O Passivo Não Circulante teve em X1 uma participação de 33,17% do total de


investimentos. Para X2 passou para 39,10%, portanto, houve um aumento de dívidas o
que gerou uma redução dos investimentos dos sócios.

Logo, o cálculo é o seguinte:

→ X1 = Passivo Não Circulante = R$ 8.945.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,3317 x 100


= 33,17%.
→ X2 = Passivo Não Circulante = R$ 13.283.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,3910 x
100 = 39,10%.

Isso é comum acontecer?

É certo que sim! Todavia, temos de verificar se esse “endividamento” não irá
comprometer de forma significativa o Fluxo de Caixa da empresa.

Agora vamos analisar algumas contas do grupo do Ativo.

O Ativo Circulante teve um investimento em X1 correspondente a 24,35% e X2


aumentou para 26,48%.

O que isso pode significar?

É bem possível que parte do endividamento tenha sido alocado para a conta
caixa e bancos (com liquidez imediata).

E como se calcula isso?

→ X1 = Ativo Circulante = R$ 6.566.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,2435 x 100 = 24,35%.


→ X2 = Ativo Circulante = R$ 8.996.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,2648 x 100 = 26,48%.

90
Outra conta contábil que teve variação significativa foi a conta contábil
de Investimentos. Essa conta teve em X1 uma participação de 6,46% no total de
investimentos e em X2 a participação do total de investimentos foi para 10,66%.

Logo, o cálculo é o seguinte:

→ X1 = Realizável a Longo Prazo = R$ 1.741.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,0646 x 100


= 6,46%.
→ X2 = Realizável a Longo Prazo = R$ 3.620.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,1066 x 100
= 10,66%.

A conta contábil “Outros” também teve um incremento passando de 3,80% do


total de investimentos para 5,19%.

O seu cálculo é o seguinte:

→ X1 = Outros = R$ 1.026.000,00 / R$ 26.965.000,00 = 0,038 x 100 = 3,80%.


→ X2 = Outros = R$ 1.763.000,00 / R$ 33.974.000,00 = 0,0519 x 100 = 5,19%.

Observa-se que não é difícil apurar os resultados para a análise vertical de


um balanço.

A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter é saber se o valor


investido contribui para a melhoria dos resultados da empresa.

Um exemplo é identificar se na conta contábil de Estoques houve um aumento


dos valores investidos em relação ao seu total e compará-lo com o grupo do CMV
(Custo das Mercadorias Vendidas). O valor do Custo das Mercadorias Vendidas irá gerar
informações suficientes sobre o Giro de Estoques.

Prosseguindo (SILVA, 2019, p. 122):

A Análise Vertical espelha os efeitos e, em algumas demonstrações,


é também possível descobrir algumas das causas primárias. Uma
vez efetuado o levantamento dos percentuais, o analista focará sua
análise nestes percentuais, deixando para trás os valores monetários
absolutos, sendo possível verificar as tendências de forma mais
objetiva. Uma análise limitada a expressões monetárias, sejam elas
expressas em valores históricos ou corrigidos, não permitiria uma
visualização dos impactos de cada conta patrimonial ou de resultados
no conjunto das respectivas demonstrações.

A análise vertical da DRE segue a mesma linha de raciocínio do Balanço


Patrimonial.

91
Souza (2015, p. 122) contribui que:

Análise vertical é a posição relativa de uma conta, contida nas


demonstrações contábeis, mensurada como um percentual em
relação a um valor de base igual a 100%. Seu objetivo é verificar a
evolução, ao longo do tempo, da composição percentual das contas
do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício.

Vejamos algumas contas do resultado.

QUADRO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO – ANÁLISE VERTICAL

FONTE: O autor

Na DRE – Demonstração de Resultado – também conseguiremos fazer a análise


da participação de cada conta contábil sobre o total gerado.

Padoveze (2010, p. 200) vai um pouco mais além com relação à análise vertical:

É a análise da estrutura da demonstração de resultados e do


balanço patrimonial, buscando evidenciar as participações dos
elementos patrimoniais e de resultados dentro do total. Como todos
os instrumentos de análise de balanço, a análise vertical deve ser
interpretada com muito cuidado. Os percentuais obtidos por essa
análise devem sempre ser analisados em conjunto com os dados da
análise horizontal e os indicadores básicos.

92
Vejamos um exemplo:

Uma conta contábil que teve variação significativa foi a conta contábil de
Custos das Vendas (C.M.V. – Custo das Mercadorias Vendidas). Essa conta teve em X1 a
participação de 65,69% no total das Vendas realizadas (pois parte-se do pressuposto que
as Vendas representam 100% do total gerado no grupo da Demonstração de Resultado),
e para X2 essa participação do total de custos foi para 71,51%.

O cálculo para apurar esse valor é o seguinte:

→ X1 = Custo das Vendas / Receita Líquida das Vendas = R$ 10.099.000,00 / R$


15.374.000,00 = 0,6569 x 100 = 65,69%.
→ X2 = Custo das Vendas / Receita Líquida das Vendas = R$ 14.188.000,00 / R$
19.841.000,00 = 0,7151 x 100 = 71,50%.

E a conta de Lucro Líquido do Exercício?

Quanto à conta contábil Lucro Líquido do Exercício, esta teve uma redução no
resultado do exercício de 19,72% do total das receitas de vendas para 7,18%.

Logo,

→ X1 = Lucro Líquido do Exercício / Receita Líquida de Vendas = R$ 3.032.000,00 / R$


15.374.000,00 = 0,1972 x 100 = 19,72%.
→ X2 = Lucro Líquido do Exercício / Receita Líquida de Vendas = R$ 1.425.000,00 / R$
19.841.000,00 = 0,0718 x 100 = 7,18%.

A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter na hora de


analisar a participação de cada conta contábil no total das receitas de vendas é se
alguma despesa está muito alta, devendo-se verificar as suas razões, e assim contribuir
para a melhoria dos resultados da empresa.

Quanto a isso, corrobora Padoveze (2010, p. 206) sobre alguns fatores que
podem enviesar a comparação da análise vertical, conforme segue:

Alguns valores podem prejudicar a comparabilidade da análise


vertical entre os períodos analisados. Valores significativos que são
incorporados ao ativo e ao passivo respectivamente, ou eventos
anormais de resultados alteram as relações estruturais entre os
itens. Exemplos disso podem ser:
a- reavaliações espontâneas de ativos imobilizados;
b- reestruturações de passivo financeiro;
c- baixas de ativos de valor significativo;
d- novas integrações de capital de valor significativo;
e- realização ou resgate mútuos;
f- resultados não operacionais expressivos;
g- ajustes de exercícios anteriores etc.

93
Desta forma, teremos oportunidade de verificar quais contas contábeis tiveram
maior ou menor impacto de receitas ou despesas no último exercício social.

94
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Um dos procedimentos que o analista das informações contábeis deve providenciar


é a nova classificação das contas contábeis no balanço patrimonial.

• A análise horizontal e vertical com relação à demonstração dos fluxos de caixa evidencia
as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa,
estruturando a informação em três fluxos de atividades: atividades operacionais,
atividades de investimento e atividades de financiamento.

• As duas características da análise horizontal das demonstrações contábeis de uma


empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado período com àqueles
apurados em períodos anteriores e o relacionamento destes valores com outros afins.

• A análise vertical do balanço patrimonial, assim como também da DRE – Demonstração


do Resultado –, permite identificar e distinguir qual é a participação da aplicação dos
recursos na empresa durante o período analisado, pois é de fundamental importância
que o analista identifique qual é o montante dos recursos financeiros alocados para
cada conta contábil em comparação ao valor total do seu grupo.

• Análise vertical é a posição relativa de uma conta, contida nas demonstrações


contábeis, mensurada como um percentual em relação a um valor de base igual
a 100%. Seu objetivo é verificar a evolução, ao longo do tempo, da composição
percentual das contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado.

95
AUTOATIVIDADE
1 A análise das Demonstrações Contábeis é de fundamental importância para
contribuir na identificação de indicadores para encaminhar ações para a gestão das
empresas. Desta forma, o que é necessário para garantir a credibilidade na análise
das informações contábeis e avaliar essas informações com qualidade com relação
ao “Ideal”?

a) ( ) Utilizar as Demonstrações Contábeis publicadas por meios físicos ou eletrônicos


e que estejam de acordo com a Lei nº 4.320/64.
b) ( ) Que as informações contábeis estejam validadas com a assinatura de um
contador responsável por elaborar essas Demonstrações Contábeis, além de
assegurar a existência do relatório da Diretoria e as Notas Explicativas na íntegra.
c) ( ) Verificar se consta o relatório dos administradores da empresa, pois esse relatório
é o que torna válidas as informações contidas nos Demonstrativos Contábeis.
d) ( ) As Demonstrações Contábeis que não contenham o parecer das normas de
contabilidade de forma consistente também devem ser evitadas.
e) ( ) Não utilizar as Demonstrações Contábeis que não estejam de acordo com todos
os requisitos administrativos da governança corporativa.

2 Um dos procedimentos que o analista das informações contábeis deve providenciar é


a nova classificação das contas contábeis no balanço patrimonial. Qual é a finalidade
da reclassificação contábil da conta de Duplicatas Descontadas?

3 A análise horizontal é um importante instrumentos para identificar a variação


percentual que ocorreu de um período para outro e desta forma evidenciar se ocorreu
algum acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. De acordo com
esses aspectos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É possível para o analista observar e avaliar o crescimento ao longo do tempo


dos componentes que contribuíram na geração da produção da empresa.
b) ( ) O critério básico que norteia a análise das demonstrações contábeis é a separação
dos grupos e subgrupos das variações dos resultados logísticos da empresa.
c) ( ) Essa ferramenta permite avaliar todo o desempenho empresarial durante os
períodos avaliados, desta forma, é possível comparar o desempenho futuro com
o desempenho passado.
d) ( ) A Análise Horizontal permite analisar a evolução de uma conta ou de um grupo
de contas ao longo de períodos sucessivos.
e) ( ) Observa-se que a variação horizontal serve para auxiliar a identificação das
distorções da variação da classificação dos produtos da empresa.

96
4 Ao analisar um Balanço Patrimonial com apenas um exercício social, existirá um
determinado limite para a análise, podendo apenas aplicar a análise dos indicadores,
sem avaliar a evolução e redução dos saldos (análise horizontal) ou participação das
contas contábeis em cada grupo de contas (análise vertical). Apenas haverá a análise
de alguns indicadores isolados. Desta forma, o que retrata o montante de apenas uma
conta contábil ou de um grupo patrimonial específico quando tratado isoladamente?

5 A maior preocupação que o administrador ou analista deve ter na hora de analisar


a participação de cada conta contábil no total das receitas de vendas é se alguma
despesa está muito alta, devendo-se verificar as suas razões e assim contribuir para
a melhoria dos resultados da empresa. Com relação a esses aspectos, quais fatores
podem enviesar a comparação da análise vertical?

a) ( ) Reestruturações das operações da produção.


b) ( ) Realização ou resgate mútuos.
c) ( ) Baixas de ativos de valor irrelevante.
d) ( ) Novas aquisições aos bens da produção.
e) ( ) Resultados operacionais expressivos.

97
98
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ANÁLISE DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ

1 INTRODUÇÃO
A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são
apurados os indicadores, principalmente ao comparar itens e grupos do Balanço e da
DRE – Demonstração do Resultado.

A técnica da apuração dos índices econômico-financeiros com base nas


demonstrações contábeis elaboradas nas empresas é o que mais se utiliza na gestão
dos resultados.

A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um


mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como
uma simples operação matemática. A questão é identificar a participação de cada grupo
de contas contábeis que permite liquidar os compromissos financeiros da empresa.

Os indicadores financeiros apurados na relação estabelecida nessa análise


podem ser classificados em estáticos ou patrimoniais, quando são apurados entre a
relação dos elementos patrimoniais, como na relação entre o ativo circulante e o passivo
circulante na análise de liquidez corrente.

Também podem ser classificados como dinâmicos ou operacionais quando


estes indicadores são obtidos com a apuração da relação entre elementos formadores
do resultado e na relação entre o lucro líquido e as vendas líquidas no cálculo da
margem líquida.

Existem indicadores de velocidade que são os resultados obtidos com a


apuração dos índices na relação entre um elemento patrimonial e um elemento do
resultado, como na relação entre o CMV e o Estoque Final ou Médio no cálculo do número
de renovações dos estoques de mercadorias. Esses índices de velocidades podem ser
denominados de Giro.

IMPORTANTE
Como foi estudado em análise horizontal e análise vertical, será aplicado
um Balanço Patrimonial e uma DRE – Demonstração de Resultado, onde
serão utilizados os mesmos dados para a solução dos índices no material
de estudos.

99
No próximo item serão apresentadas as fórmulas para o cálculo dos índices e o
resultado que cada um revela.

O procedimento do cálculo é bastante simples, principalmente para aqueles


que já conhecem as demonstrações contábeis. O importante agora é saber interpretá-
los para fazer uma boa análise dessas demonstrações.

A técnica de análise financeira dos indicadores é uma das mais importantes


ferramentas da Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo
corrente com o passivo corrente do que simplesmente analisar cada um dos elementos
de forma individual.

A periodicidade da análise depende dos objetivos que se pretende alcançar.


Tratando-se da análise para finalidades externas, basicamente um cálculo anual ou
semestral é suficiente. Para a análise gerencial interna, alguns índices merecerão
destaque com acompanhamento mensal, outros podem ser com intervalos mais curtos,
dependendo de quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme a partir do
sistema de informação contábil-financeiro que a empresa possui.

Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa


tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a
capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. A liquidez estática dos
indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorreram as diversas entradas
e saídas circulantes (apenas com a aplicação dos indicadores com base no orçamento
da empresa, pois os resultados do passado não são seguros para projetar os indicadores
futuros). Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição financeira em
dado momento de tempo, e os valores examinados são incessantemente alterados em
função da dinamicidade natural dos negócios da empresa.

2 LIQUIDEZ IMEDIATA
Este índice informa a porcentagem das dívidas (obrigações) de curto prazo,
caso a empresa disponha de caixa, a dívida pode ser saldada imediatamente. Quanto
maior este índice se apresentar, maiores são os recursos que a empresa dispõe.

Indicador de Liquidez Imediata = Disponibilidades


Passivo Circulante

IMPORTANTE
Uma breve explicação sobre as diferenças entre os termos utilizados para: Disponibilidades
x Caixa e equivalentes de caixa.

100
A Lei das Sociedades por Ações estabelece que no Ativo as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez e, dentro desse conceito, as contas de Disponibilidades são as
primeiras a serem apresentadas no Balanço, dentro do Ativo Circulante.

A intitulação Disponibilidade, dada pela lei, é usada para designar dinheiro em caixa e
bancos, bem como valores equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito que
representam recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da empresa
e que não haja restrições de uso imediato.

As normas internacionais trabalham mais com o conceito de Caixa e


Equivalentes de Caixa, o que engloba, além das disponibilidades propriamente
ditas, valores que possam ser convertidos em dinheiro, no curto prazo, sem
riscos. Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender
compromissos de curto prazo e devem ter conversibilidade imediata em um
montante conhecido de caixa.

Este indicador representa o valor de quanto a empresa dispõe imediatamente


para saldar as dívidas de curto prazo. Considera-se que a composição etária do numerador
e denominador é completamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente
disponíveis. No denominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60,
90, 180 e até 365 dias após o final do exercício social atual.

Corrobora Voglino (2020) que o índice de liquidez imediata é a comparação entre


o valor disponível e o valor que consta em passivo circulante, indicando a porcentagem
dos compromissos que a empresa pode liquidar imediatamente. Também é considerado
o índice financeiro que varia de acordo com as circunstâncias do mercado financeiro e
da situação econômica do país. Este indicador considera como componente do ativo
circulante a conta Caixa e equivalentes de caixa, e pode ser utilizado como o indicador
mais conservador para medir a capacidade da companhia em honrar seus compromissos
mais urgentes.

Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis


a seguir, o valor das disponibilidades de X2 em R$ 922.000,00 e dividir pelo valor do
Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00.

101
QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

E qual é o resultado apurado para a empresa?

102
Liquidez Imediata

LI = Disponibilidades
Passivo Circulante

LI = 922.000
4.999.000

LI = 0,1844

IMPORTANTE
Quanto maior, melhor!

Apurou-se que para cada R$ 1,00 em dívidas de curto prazo, a empresa possui
R$ 0,18 para pagar os compromissos com o caixa disponível.

3 LIQUIDEZ CORRENTE
O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta
no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras,
significa dizer quanto a empresa possui de recursos em até um ano para quitar todos os
seus compromissos para o mesmo período apurado

Indicador de Liquidez Corrente = Ativo Circulante


Passivo Circulante

Ou seja, este indicador relaciona quanto em recursos a empresa dispõem,


imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação
às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e frequentemente considerado
como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa.

Corrobora Bazzi (2020, p. 49):

A liquidez corrente indica a solidez do embasamento financeiro da


empresa quanto aos seus compromissos de curto prazo, mostrando
quantas vezes os ativos circulantes cobrem os passivos circulantes.
Por isso, é importante que o índice seja 1 ou mais. A maneira correta
de saber se o índice está adequado é comparar com outras empresas
do mesmo ramo.

103
É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como:
disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas
antecipadamente. No denominador, estão incluídas as dívidas e obrigações vencíveis a
curto prazo.

E qual é o resultado apurado para a empresa?

Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis do


quadro a seguir o valor do Ativo Circulante de X2 em R$ 8.996.000,00 e dividir pelo valor
do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00.

QUADRO 6 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

104
Liquidez Imediata

LC = Ativo Circulante
Passivo Circulante

LC = 8.996.000
4.999.000

LC = 1,7996

É a relação existente entre o ativo circulante e o passivo circulante, melhor


dizendo, a cada $ 1,00 aplicado em direitos e haveres circulantes (clientes a receber,
de estoques, dinheiro em caixa e bancos) comparado a quanto a empresa tem de
obrigações a curto prazo a pagar (dividendos, duplicatas a pagar, empréstimos a curto
prazo, impostos e contribuições sociais, entre outras contas).

De acordo com o resultado apurado, para cada R$ 1,00 em dívidas de curto


prazo, a empresa dispõe de R$ 1,79 para quitar os seus compromissos de curto prazo,
ou seja, um ano.

Se a liquidez corrente for igual a 1, pressupõe sua inexistência, se for superior


a 1, indica a existência de um capital circulante líquido positivo, e se for inferior a 1, a
existência de um capital de giro negativo.

4 LIQUIDEZ SECA
O indicador da liquidez seca é um interessante resultado para ser analisado,
pois ele descarta da sua base de cálculo o valor dos estoques e o valor das despesas
antecipadas em função das seguintes características: a) os estoques possuem um
maior tempo para o giro, podendo não ser utilizados para liquidar os compromissos
financeiros da empresa de maneira rápida; b) as despesas antecipadas também
devem ser eliminadas da base de cálculo desse indicador. É importante ressaltar que
as despesas antecipadas poderão ser reclassificadas para as contas do resultado, pois
estas despesas serão classificadas para o grupo das despesas ou custo ao longo do
exercício social.

Indicador de Liquidez Seca = Ativo Circulante ( – ) Estoques


Passivo Circulante

Este é um indicador muito adequado para se avaliar conservadoramente a


situação de liquidez da empresa. Eliminando-se os estoques do numerador, estamos
eliminando uma fonte de incerteza (pois os estoques podem demorar para serem
vendidos pela empresa). Em outras condições, pode-se traduzir em um indicador

105
bastante conservador em função da alta rotatividade dos estoques. Este indicador
apresenta uma posição bem conservadora da liquidez da empresa em determinado
momento, sendo preferido pelas instituições financeiras.

Corrobora Voglino (2020) que o índice de liquidez seca indica quanto uma empresa
poderá dispor de recursos circulantes, sem levar em conta seus estoques, para realizar o
pagamento de suas obrigações de curto prazo. Este índice de liquidez é considerado mais
rigoroso, pois, além de calcular a capacidade de pagamento da empresa no longo prazo, o
Índice de Liquidez Seca não leva em consideração os estoques.

É importante avaliar que: a) o passivo circulante é sempre líquido; b) as contas


de caixa e bancos não devem ser itens expressivos; c) as aplicações financeiras de
curto prazo podem ser representadas por títulos; d) as duplicatas a receber líquidas
apresentam o risco de crédito representado pela carteira de clientes da empresa.

O índice de liquidez seca foi criado para a extração da análise de curto prazo
da empresa, a baixa liquidez dos estoques e das despesas antecipadas e é obtido por
meio do relacionamento dos ativos circulantes de maior liquidez com o total do passivo
circulante total.

E qual é o resultado apurado para a empresa?

Para a análise desse indicador, é necessário buscar nos relatórios contábeis


a seguir, o valor do Ativo Circulante de X2 em R$ 8.996.000,00 e subtrair o valor dos
Estoques de X2 em R$ 5.055.000,00. Em seguida, o resultado dessa operação que
está em R$ 3.941.000,00 se deve dividir pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$
4.999.000,00.

106
QUADRO 7 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Liquidez Seca

LS = Ativo Circulante ( - ) Estoque


Passivo Circulante

LS = 3.941.000
4.999.000

LS = 0,7884

107
A apuração do resultado indica que do resultado do Ativo Circulante ( - ) Estoque
e dividindo-se pelo valor do Passivo Circulante, obtêm-se o resultado de que para cada
R$ 1,00 em dívidas de curto prazo, a empresa dispõe de R$ 0,78 para pagar os seus
compromissos de curto prazo.

É um interessante resultado, pois além de eliminar os estoques da sua base de


cálculo, a empresa ainda apresenta 78,84% de recursos para saldar as suas dívidas.

IMPORTANTE
O ideal deste indicador é estar acima de 0,80 visto que exclui os estoques
da base de cálculo.

Isso porque a realização dos estoques, na maioria das vezes, é mais demorada
e difícil de acontecer (giro dos estoques) do que os demais elementos. Apesar de serem
classificados como itens circulantes (curto prazo), não apresentam, na maioria das vezes,
liquidez compatível com o grupo patrimonial. As despesas pagas antecipadamente
representam serviços, utilidades e benefícios a receber e não valores monetários a
receber. Dessa maneira, são eliminadas desse cálculo.

5 LIQUIDEZ GERAL
Este indicador expõe a longo prazo a saúde financeira da empresa. Caso os
prazos dos ativos e passivos, em seu cálculo, forem muito diferentes, a análise da folga
financeira pode ser prejudicada.

Ativo Circulante +
Ativo Não Circulante
Indicador de Liquidez Geral =
Passivo Circulante +
Passivo Não Circulante

Este indicador serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez)
de longo prazo do empreendimento. Mais uma vez, o problema dos prazos empobrece
o sentido e a utilidade deste indicador, a não ser que seja explicitamente levado em sua
devida análise. Os prazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo podem
ser os mais diferenciados possíveis, ainda mais se considerarmos que a empresa possui
passivo e ativo em longo prazo.

Desta forma, Bazzi (2020, p. 48) afirma:

108
O índice de liquidez geral mostra a solidez do embasamento
financeiro da empresa em longo prazo, considerando tudo o que ela
converterá em dinheiro em curto e longo prazo e relacionando com
tudo o que a empresa já assumiu como dívida, também em curto e
longo prazos. Como em qualquer índice, a liquidez geral não deve ser
vista isoladamente.

E qual é o resultado apurado para a empresa?

Para a análise desse indicador, é necessário buscar o valor do Ativo Circulante


de X2 em R$ 8.996.000,00 e adicionar o valor do Ativo Não Circulante de X2 em R$
24.978.000,00. Em seguida, se deve dividir o resultado dessa operação que está em R$
33.974.000,00 pelo valor do Passivo Circulante de X2 em R$ 4.999.000,00 acrescido o
valor do Passivo Não Circulante de X2 em R$ 13.283.000,00, o que perfaz um total de
R$ 18.282.000,00.

109
QUADRO 8 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Liquidez Geral

LS = Ativo Circulante + Ativo Não Circulante


Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

LS = 33.974.000
18.282.000

LS = 1,8583

110
Com esse indicador, é possível identificar que para cada R$ 1,00 em dívidas totais,
a empresa dispõe de R$ 1,8583 de recursos do Ativo Circulante e Ativo Não Circulante
para pagar todos os seus compromissos do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante.

111
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são


apurados os indicadores, principalmente, ao comparar itens e grupos do Balanço e
da Demonstração do Resultado.

• A liquidez imediata é um índice que transmite a porcentagem das dívidas


(obrigações) de curto prazo e caso a empresa disponha de caixa, a dívida pode ser
saldada imediatamente.

• A liquidez seca é um interessante indicador, pois evidencia a capacidade da geração


do caixa da empresa, sem considerar a composição dos estoques, o que garante
solidez dos seus pagamentos sem comprometer os seus ativos operacionais (nesse
caso, os estoques).

• A liquidez corrente relaciona quanto dinheiro a empresa dispõe, imediatamente


disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de
curto prazo. É um índice muito divulgado e frequentemente considerado como o
melhor indicador da situação de liquidez da empresa.

• A liquidez geral serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) de
longo prazo do empreendimento.

112
AUTOATIVIDADE
1 A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um
mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como
uma simples operação matemática. O que permite identificar esses indicadores?

a) ( ) A questão é identificar a participação de cada grupo de contas contábeis que


permite liquidar os compromissos financeiros da empresa.
b) ( ) A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são
apurados os resultados das vendas da empresa em comparação à geração do caixa.
c) ( ) A técnica da apuração dos índices econômico-financeiros com base nos relatórios
dos custos da produção é o que mais se utiliza na gestão dos resultados da empresa.
d) ( ) Os indicadores financeiros apurados na relação estabelecida na análise por
indicadores podem ser classificados em operacionais e financeiros.
e) ( ) Os indicadores financeiros são apurados entre a relação dos elementos patrimoniais,
como na relação entre a produção e os custos dos produtos vendidos.

2 A técnica de análise financeira dos indicadores é um dos mais importantes


desenvolvimentos da Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos,
o ativo corrente com o passivo corrente do que simplesmente analisar cada um dos
elementos individualmente. Com relação a esses aspectos, qual é a finalidade do
indicador de Liquidez Imediata?

3 A análise horizontal é um importante instrumento para identificar a variação percentual


que ocorreu de um período para outro, e desta forma evidenciar se ocorreu algum
acréscimo ou decréscimo das contas contábeis analisadas. De acordo com esses
aspectos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta
no Ativo Permanente em comparação com o Passivo Circulante. Em outras
palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um
ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado.
b) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta
no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras palavras,
significa dizer quanto que a empresa possui de custo de produção em até um
ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado.
c) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta
no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Não Circulante. Em outras
palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano
para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado.

113
d) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que
consta no Ativo Circulante em comparação com o Passivo Circulante. Em outras
palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um ano
para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado.
e) ( ) O índice da liquidez corrente utiliza como base para apuração o valor que consta
no Ativo Circulante em comparação com o Patrimônio Líquido. Em outras
palavras, significa dizer quanto que a empresa possui de recursos em até um
ano para quitar todos os seus compromissos para o mesmo período apurado.

4 A periodicidade da análise depende dos objetivos que se pretende alcançar.


Tratando-se de análise para finalidades externas, basicamente um cálculo anual ou
semestral é suficiente. Para a análise gerencial interna, alguns índices merecerão
acompanhamento mensal, outros até de intervalos mais curtos, dependendo de
quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme do sistema de informação
contábil-financeiro. Com relação ao indicador de liquidez, o que ele visa demonstrar?

a) ( ) Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição de investimentos


em dado momento de tempo, e os valores examinados são incessantemente
alterados em função da dinamicidade natural dos negócios da empresa.
b) ( ) Os indicadores de liquidez são os indicadores de velocidade, que são os
indicadores obtidos com a apuração dos índices na relação das vendas de um
elemento patrimonial e um elemento de resultado, como na relação entre o CMV
e o Estoque Final ou Médio no cálculo do número de renovações dos estoques
de mercadorias.
c) ( ) Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem
em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede
a capacidade de cobrança (folga de pagamento) de uma empresa. A liquidez
dinâmica dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorrerão
as diversas entradas e saídas circulantes.
d) ( ) Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição financeira em dado
momento de tempo, e os valores examinados são inalterados em função da
dinamicidade natural dos negócios da empresa.
e) ( ) Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem
em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a
capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. A liquidez estática
dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorreram as diversas
entradas e saídas circulantes.

5 Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em


cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade
de pagamento (folga financeira) de uma empresa. Com relação à liquidez estática, o
que esse indicador reflete?

114
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E
FATOR DE INSOLVÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
A principal característica para a análise das demonstrações contábeis de uma
empresa está em comparar os indicadores apurados de um determinado período com
os demais apurados em exercícios sociais anteriores, e correlacionar esses resultados
com as metas de gestão da empresa. Por exemplo, giro dos estoques para identificar
necessidades de novas compras de mercadorias, rentabilidade da empresa para
identificar o tempo do retorno dos investimentos, e assim por diante.

Para que os indicadores possam ser utilizados de forma correta é necessário


que os registros contábeis da empresa sejam realizados com o maior esmero possível,
que todos os registros contábeis atendam fielmente a legislação.

Além do Departamento de Contabilidade da empresa realizar todos os registros


contábeis com a maior qualidade possível, também é necessário que os demonstrativos
contábeis sejam auditados por empresa de auditoria independente, podendo, com isso,
validar a segurança dos controles internos da empresa.

Um cuidado que o analista deve ter é observar se os valores extraídos dos


demonstrativos contábeis iniciais e finais, principalmente as contas contábeis de clientes
em cobrança e estoques, estão de acordo com as médias reais do período. Algumas
vezes isso não ocorre, o que pode colocar em risco a avaliação desses indicadores.

Para o melhor aproveitamento da análise dos indicadores apurados na empresa,


é importante comparar os resultados com mais períodos, o que torna a eficácia desses
resultados muito mais reveladora no sentido de avaliar se o modelo de gestão da empresa
está de acordo com a realidade do negócio no mercado. Para obter sucesso nesse
trabalho, é importante comparar os indicadores com os do concorrente, juntamente
com os indicadores padrões estabelecidos pelos administradores.

O resultado encontrado de um indicador na avaliação de uma conta ou de um


grupo de contas patrimoniais de forma isolada não retrata fielmente a relevância desse
resultado e muito menos seu comportamento ao longo do período avaliado.

115
Como exemplo, ao apurar o valor do custo da produção isoladamente, este valor
não possui relevância, mas ao comparar com o valor total das vendas realizadas, ou seja,
participação dos custos da produção na geração das receitas de vendas da empresa é
possível extrair uma importante informação.

Desta maneira, o dinamismo na análise dos resultados está em comparar cada


conta ou grupo de contas e extrair os indicadores necessários.

2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO
A avaliação do endividamento da empresa é de fundamental importância
para identificar se ela se encontra dependente de recursos de terceiros ou consegue
desenvolver as suas atividades com o capital próprio ao longo do tempo.

As decisões financeiras passam por esse indicador, pois os custos de captação


dos recursos da empresa possuem forte impacto no fluxo de caixa, o capital de terceiros
precisa ser remunerado com os juros que a empresa paga para as instituições financeiras
e o capital próprio deve ser remunerado pelos dividendos pagos aos sócios. Esse tema
é estudado no Tópico 2 da Unidade 3, Seção 3.4 – Cálculo do CMPC – Custo Médio
Ponderado de Capital deste Material de Estudos.

Esse indicador apresenta grandes linhas de decisões financeiras em termos da


obtenção e aplicação de recursos para a empresa.

Fórmula:

IE = ET
ET + PL

Neste indicador, temos:

ET = Exigível Total (passivo circulante + exigível a longo prazo).


PL = Patrimônio Líquido.

Com este índice, é possível relacionar o total dos recursos no exigível total
(capitais de terceiros) com os recursos aplicados pela captação das instituições
financeiras e pelos sócios providos (capitais próprios e capitais de terceiros).

Contribui Iudícibus (2017, p. 109):

Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande


relevância, relaciona o Exigível Total (capitais de terceiros) com os
Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros).
Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os
fundos totais. Também significa qual a porcentagem do ativo total é
financiada com recursos de terceiros.

116
No longo prazo, a porcentagem de capitais de terceiros sobre os fundos
totais não poderia ser muito grande, pois isto iria progressivamente
aumentando as despesas financeiras, deteriorando a posição de
rentabilidade da empresa.
Entretanto, muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro
no ativo dos recursos tomados por empréstimo, quando comparada
com a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento.
Se a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento médio
se mantiver menor que a taxa de retorno obtida pelo uso, no giro
operacional, dos fundos obtidos por empréstimo, a participação de
capitais de terceiros será benéfica para a empresa, desde que isto
não determine situação de liquidez insustentável em determinados
dias, semanas ou meses do ano”.

IMPORTANTE
Quanto maior o resultado apresentado, pior para a empresa porque isso
significa um elevado grau de endividamento da empresa.

Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as


informações do Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido para o
cálculo da composição do endividamento.

117
QUADRO 9 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

O valor Passivo Circulante de R$ 4.999.000,00 do exercício social de X2, somado


ao valor do Passivo Não Circulante do exercício social de X2 em R$ 13.283.000,00, perfaz
um total de R$ 18.282.000,00.

O valor de R$ 18.282.000,00 deve ser dividido por R$ 33.974.000,00 que é a


somatória de R$ 18.282.000,00 do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante com
o valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00. O resultado é 0,5381, conforme o
cálculo a seguir:

118
IE = ET
ET + PL

IE = 18.282.000
33.974.000

IE = 0,5381

De acordo com este resultado, o indicador apresenta praticamente 53,81%


do nível de endividamento total, ou seja, o valor do exigível total ((passivo circulante
+ passivo não circulante) / (exigível total + patrimônio líquido)). Isso quer dizer que,
com relação aos valores totais investidos, a empresa possui um comprometimento um
pouco acima de 50%. O importante é esse resultado ser cada vez menor, porém, não
significa necessariamente que a empresa está com problemas financeiros.

Também é importante avaliar que no longo prazo a porcentagem dos capitais


de terceiros não pode se elevar, pois com certeza as despesas financeiras também
acabariam aumentando proporcionalmente, e isso coloca em risco a rentabilidade da
empresa em geral.

2.1 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO


O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona
qual é a participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo
circulante, ou seja, no curto prazo em relação ao volume do endividamento total.

É sabido que no mundo empresarial toda e qualquer empresa, durante o seu


período de expansão, busca recursos junto ao mercado financeiro (empréstimos e
financiamentos), algumas vezes com prazos em períodos alongados (passivo não
circulante), com o objetivo de colocar a empresa em funcionamento e garantir a geração
do caixa.

Conforme Iudícibus (2017, p. 110):

Representa a composição do Endividamento Total ou qual a parcela


que se vence a Curto Prazo, no Endividamento Total.
A empresa em franca expansão deve procurar financiamento, em
grande parte, com endividamento de longo prazo, de forma que,
à medida que ela ganhe capacidade operacional adicional com
a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros
recursos de produção, tenha condições de começar a amortizar
suas dívidas. Por isto é que se deve evitar financiar expansão com
empréstimos de curto prazo, a não ser que o período de Payback dos
ativos seja curtíssimo, fato que raramente ocorre.

119
O gestor da empresa precisa cuidar para que o prazo da amortização ou os
pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo ocorram
dentro do período do exercício social corrente (período circulante). A empresa precisa
ter capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos junto aos bancos e
instituições financeiras, caso contrário, ela estará atrelada a um volume de endividamento
cada vez maior, o que com certeza não é saudável para o seu desenvolvimento.

Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as


informações do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante para o cálculo da composição
do endividamento de curto prazo.

QUADRO 10 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

120
O valor do Passivo Circulante em R$ 4.999.000,00 deve ser dividido pela
somatória do valor do Passivo Circulante de R$ 4.999.000,00 do exercício social de X2
com o valor do Passivo Não Circulante do exercício social de X2 em R$ 13.283.000,00,
que perfaz um total de R$ 18.282.000,00.

ECP = PC
PC + PNC

ECP = 4.999.000
18.282.000

ECP = 0,2734

De acordo com o resultado, que é de 27,34%, a empresa possui menos de 1/3


das suas dívidas atreladas no passivo circulante.

Comparado com o total da captação de recursos do mercado financeiro, é um


bom sinal, pois não acarretará maior esforço para pagamento das dívidas da empresa.
Isso significa que o Passivo Circulante envolve, além das contas de empréstimos e
financiamentos, as contas de salários a pagar, fornecedores e impostos a recolher.

IMPORTANTE
Quanto menor o resultado apresentado, melhor para a empresa, porque
representa menor volume de dívidas para serem pagas no curto prazo, se
comparado ao total das dívidas da empresa (curto prazo e longo prazo).

É importante atentar que em alguns segmentos do mercado a empresa poderá


ter maior necessidade de captação de recursos de empréstimos e financiamentos do
que nas outras contas contábeis do grupo do Passivo. Algumas incorporadoras de
imóveis buscam mais recursos de empréstimos e financiamentos para encaminhar a
construção dos imóveis e quitam esses compromissos financeiros à medida que forem
vendendo os imóveis.

121
2.2 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Outro indicador para análise na gestão das empresas está relacionado com a
apuração do índice do grau de Imobilização do Patrimônio Líquido.

A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque


parte do valor captado dos sócios deveria, em tese, estar investido em estoques ou
disponibilidades da empresa. No entanto, ao iniciar as atividades operacionais de
qualquer negócio, é fato que um significativo volume dos recursos dos sócios (Capital
Social) está investido em Imobilizado.

Isso não é um mau sinal, muito pelo contrário, porque a aquisição do imobilizado
não estaria vinculada diretamente com a captação dos recursos de terceiros, portanto,
não haveria endividamento em função da compra do imobilizado.

No entanto, em linhas gerais, é importante avaliar se é mais interessante alienar


o imobilizado com empréstimos e financiamentos, e deixá-lo como garantia a longo
prazo, do que buscar empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades
operacionais da empresa com a compra de estoques, ou financiar as vendas a prazo,
pois quando a empresa vende a prazo, ela não gera o fluxo de caixa imediatamente e
isso obriga os empresários buscarem recursos de empréstimos e financiamentos. Isso
quer dizer que é melhor para empresa colocar os bens do imobilizado como garantia
de empréstimos e financiamentos e o valor do Patrimônio Líquido dos sócios aplicar na
compra de estoques e manutenção do caixa da empresa.

Observe que é um importante indicador para a gestão, pois, com esse resultado,
é possível avaliar as condições de investimento de recursos em outros ativos (além do
imobilizado da empresa).

IPL = (AP) IMOBILIZADO / PL


IPL = Imobilização do Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente
IMOBILIZADO = Recursos do Ativo Permanente
PL = Patrimônio Líquido

Segundo Padoveze e Benedicto (2010), quanto maior for a aplicação de


recursos no Imobilizado, existirá maior probabilidade de os custos fixos da empresa
aumentarem, pois irão gerar mais volumes de recursos em depreciação, seguros do
mobilizado, gastos com a manutenção dessas máquinas e equipamentos. Isso pode
gerar um determinado desequilíbrio nas condições da geração do fluxo de caixa da
empresa, pois quanto maior volume de recursos investidos em imobilizado, maiores
gastos serão necessários para mantê-los.

122
Isso é fato, pois quanto maior o volume de recursos investidos no imobilizado,
menores serão os volumes de recursos que a empresa poderá investir em ativos
circulantes, por consequência existirá uma maior dependência de capitais de terceiros
para financiar o ativo circulante para aquisição de estoques e financiar os clientes a prazo.

Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as


informações do Ativo Permanente e Patrimônio Líquido para o cálculo do grau de
imobilização do patrimônio líquido.

QUADRO 11 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

123
O valor do Ativo Permanente (Imobilizado) em R$ 21.358.000,00 deve ser
dividido pelo valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00 do exercício social de X2.
O resultado será 1,3611.

IPL = (AP) IMOBILIZADO


PL

IPL = 21.358.000
15.692.000

IPL = 1,3611

De acordo com o resultado apresentado, a empresa investiu muito mais recursos


no Imobilizado do que em outros Ativos Operacionais, pois 100% dos recursos investidos
no Imobilizado são advindos do Patrimônio Líquido e o restante, 36,11% são advindos de
recursos de terceiros.

É interessante que esse resultado permaneça abaixo de um, ou melhor, menor


que 100%.

IMPORTANTE
Quanto menor o resultado apresentado, melhor é para a empresa, pois o
excedente do Patrimônio Líquido que não está aplicado no imobilizado deve
estar aplicado em outras contas do Ativo Circulante.

2.3 GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS


NÃO CORRENTES
O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa o valor que a
empresa está investindo no imobilizado, nos investimentos em outras empresas, nos
recursos dos ativos intangíveis, a partir dos recursos do patrimônio líquido (Capital
Social dos sócios) e também dos recursos de empréstimos e financiamentos de longo
prazo (Passivo Não Circulante).

A fórmula é a seguinte:

124
IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES = (IMOB + Inv. + Int.) / (PL + PNC)

IMOB = Imobilizado
Inv. = Investimentos
Int. = Intangível
PL = Patrimônio Líquido
PNC = Passivo Não Circulante

Buscou-se em Matarazzo (2010) que esse indicador identifica o montante de


imobilização de recursos não correntes aplicado no Imobilizado.

Em regra geral, este indicador não poderá ser superior a 100%, se não, dessa
forma a empresa estará cada vez mais dependente de recursos de terceiros para
investir no seu imobilizado, o que em tese não é interessante, pois faltariam recursos
para investir em suas atividades operacionais.

Vejamos o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as


informações do Ativo Não Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido para
o cálculo do grau de imobilização de recursos não correntes.

125
QUADRO 12 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

O valor do Ativo Imobilizado somado ao valor dos Investimentos e dos Intangíveis


(se houver) totaliza no Balanço Patrimonial o valor de R$ 24.978.000,00 e este deve ser
dividido pelo valor do Patrimônio Líquido de R$ 15.692.000,00 e somado ao valor do
Passivo Não Circulante no valor de R$ 13.283.000,00, o que totaliza no exercício social
de X2 o valor de R$ 28.975.000,00. O resultado desse indicador é 0,8621.

Logo, a fórmula está assim definida:

126
Imobilizado +
Investimentos +
IRNC = Intangíveis
PL + PNC

IRNC = 24.978.000
28.975.000

IRNC = 0,8621

Observe que os gestores da empresa destinaram aproximadamente 86,21% dos


recursos do Patrimônio Líquido para o grupo de contas do Imobilizado e Investimentos,
e a diferença está aplicada em recursos do CCL – Capital Circulante Líquido.

Ressalta-se que o percentual é elevado, pois o interessante é que esteja próximo


de 50%. Matarazzo (2010) esclarece que, mesmo a empresa não tendo necessidade de
recursos em Ativo Circulante, sempre deve existir um pequeno volume de recursos em
contas não circulantes. A parcela de recursos das contas do não circulante destinada ao
Ativo Circulante é denominada Capital Circulante Líquido (CCL).

IMPORTANTE
Com relação a esse indicador, a interpretação é quanto menor for o
resultado apresentado, melhor para a empresa.

É importante esclarecer que com relação a esse indicador os recursos que


estão no Capital Circulante Líquido devem advir exclusivamente do Capital Social e do
Passivo Não Circulante, pois, se os recursos estiverem sendo financiados pelo Passivo
Circulante, a empresa encontrará dificuldades na sua capacidade de pagamentos e o
seu fluxo de caixa estará comprometido.

3 ANÁLISE DISCRIMINANTE
Análise de desempenho nas empresas está pautada em indicadores econômico-
financeiros, com uso bastante generalizado, porém há a necessidade de realizar
associações desses indicadores com aplicação de diagramas de índices, pois muitas
vezes o analista se depara com conclusões distintas sobre a performance dos gestores
que administram as empresas.

127
Basicamente, os principais indicadores econômico-financeiros são utilizados
para a análise da liquidez imediata, liquidez corrente, liquidez geral e os indicadores
de lucratividade, os indicadores do giro dos ativos da empresa e também da estrutura
de capital. A estrutura de capital envolve a captação dos recursos de capital de
terceiros e capital próprio que devem ser suficientes para alavancar o resultado
operacional da empresa.

Com base em Silva (2019), as dimensões na análise das demonstrações contábeis


que envolve o Balanço Patrimonial e a DRE – Demonstração do Resultado – estão
agrupadas basicamente em 4 eixos, que são: análise horizontal e análise vertical, análise
dos indicadores de liquidez, endividamento e lucratividade. Desta forma, esses indicadores
de cunho econômico-financeiros são voltados exclusivamente para a condição de avaliar a
situação financeira das organizações e o seu retorno econômico (lucratividade).

A técnica da análise discriminante envolve aplicação de ferramentas estatísticas


para identificar possíveis imprevistos na situação de insolvência da empresa.

IMPORTANTE
A prática da Análise Discriminante envolve ferramentas estatísticas que são
estudadas na disciplina de Estatística, conforme as seguintes etapas:

1– Classificação das empresas pelo quartil e pontuação.


2– Aplicar o grau de eficiência na assertividade da classificação das empresas.
3– Aplicar as Médias dos Centros (centroides).
4– Aplicar a medição da Correlação Canônica.

Seu objetivo está em identificar se uma empresa se enquadra na categoria


solvente ou não solvente, com a aplicação de determinados resultados alcançados.

A análise discriminante constitui-se na aplicação de um processo estatístico que


afasta as principais observações típicas observadas em determinados grupos de empresas.

Conforme apuradas essas observações, a empresa passa a ser analisada dentro


de um conjunto de características apresentadas em um grupo de maior afinidade de
comportamento e, conforme forem sendo observados o seu desempenho junto ao
grupo de empresas, é possível avaliar a sua condição.

Um caso típico dessa análise é o acompanhamento de determinado grupo de


empresas que estão apresentando diversos indicadores, inclusive apresentando forte
tendência de insolvência. Conclui-se então que pela probabilidade estatística a empresa
avaliada em questão terá fortemente resultados associados com a insolvência, pois, de
acordo com o seu modelo de gestão, seguirá o mesmo caminho.

128
A análise discriminante pode servir como uma forte ferramenta de controle
interno. De acordo com os resultados apresentados, a análise discriminante pode ser
utilizada como uma ferramenta para antecipação de determinadas ocorrências que
podem aparecer com o tempo, e ainda há a possibilidade de corrigir possíveis desvios.

Atualmente, é mais aplicada no processo de concessão de crédito para prever


falências (insolvências).

Para Assaf Neto (2021, p. 126), “os modelos de análise discriminante admitem
implicitamente que um estado de insolvência pode ser perfeitamente identificado nas
demonstrações contábeis, conforme publicadas pelas empresas. A análise estatística
efetuada nessas demonstrações permite que se identifiquem, claramente, as principais
características de um estado de insolvência ou de solvência”.

4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ


A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com
obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma escala
de avaliação, irá classificar o grau de risco da empresa.

A insolvência de uma empresa é resultado da sua incapacidade de quitar as


obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida.

A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento da


insuficiência de entradas em caixa caracteriza a insolvência, cujas soluções podem ser
a concordata ou a falência.

O indicador de Kanitz pode ajudar a prever a falência da empresa, principalmente


pela falta de dinheiro em caixa.

A falta de dinheiro a curto prazo deve-se a alguns motivos, como sendo: a)


desempenho de vendas aquém do esperado; b) falta de controle das despesas;
c) prejuízos; d) má administração do Ativo e Passivo Circulantes; e) excesso de
investimentos em Ativos (Investimento, Imobilizado e Intangível).

Toda empresa tem um fluxo de caixa (movimento de entrada e saída de caixa) em


que as entradas naturalmente se equilibram com as saídas. Essa harmonia é quebrada
quase sempre por um desses cinco motivos e só será corrigida se a empresa for capaz
de obter os empréstimos adicionais necessários.

129
IMPORTANTE
O objetivo não é somente prever falências, mas dar uma nota média geral para
a empresa que concatene diversos índices.

O Termômetro de Insolvência de Kanitz se dá pela seguinte régua de resultados:

O fator de insolvência indica a faixa de risco em que se encontra a empresa,


podendo levá-la a uma situação com muita dificuldade financeira, se os gestores não
adotarem medidas para correção do seu desequilíbrio financeiro.

As cinco variáveis do fator de insolvência de Kanitz são as seguintes, conforme


Silva (2019): rentabilidade sobre patrimônio líquido, liquidez geral, liquidez seca, liquidez
corrente e participação de capital de terceiros.

Para o cálculo, tem-se a seguinte fórmula:

FATOR DE INSSOLVÊNCIA DE KANITZ = (RSPL x 0,05) + (LG x 1,65) + (LS x 3,55) – (LC X
1,06) – (PCT x 0,33)

Onde:
RSPL = Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido
LG = Liquidez Geral
LS = Liquidez Seca
LC = Liquidez Corrente
PCT = Participação de Capital de Terceiros

Vamos apurar um resultado e identificar em qual estágio a empresa se encontra.

Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as


informações do Ativo, Ativo Circulante, Estoques, Ativo Não Circulante, Passivo, Passivo
Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido para o cálculo do fator de
insolvência de KANITZ.

130
QUADRO 13 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Observação:

a) O Lucro Líquido é apurado pela diferença entre o valor do Patrimônio Líquido


de X2 em R$ 15.692.000,00 ( - ) R$ 14.198.000,00 que é o valor do Patrimônio Líquido de
X1, o que perfaz o valor de R$ 1.494.000,00.

b) O Passivo Total é representado pela soma dos recursos do Passivo Circulante


de X2 no valor de R$ 4.999.000,00 e do Passivo Não Circulante de X2 no valor de R$
13.283.000,00, o que perfaz o valor total de R$ 18.282.000,00.

131
c) O Patrimônio Líquido (PL) de X2 é de R$ 15.692.000,00.

d) O Ativo Circulante (AC) menos Estoques, assim, deve ser utilizado o valor de
X2 de R$ 8.996.000,00 do Ativo Circulante e descontar o valor que consta nos Estoques
em X2 com R$ 5.055.000,00, o que perfaz um saldo de R$ 3.941.000,00.

e) O Passivo Circulante (PC) de X2 é de R$ 4.999.000,00.

O coeficiente de Kanitz é determinado com a aplicação da seguinte fórmula:

→ X1 + X2 + X3 – X4 – X5 (O “X” não é o exercício social, mas é o resultado do 1º coeficiente


em X1, adicionado ao 2º coeficiente em X2 e assim por diante).

ANO X2
X1 = Lucro Líquido x 0,05 = 1.494.000 x 0,05 = 0,0048
PL 15.692.000

X2 = Ativo Total x 1,65 = 33.974.000 x 1,65 = 3,0662


Passivo Total 18.282.000

X3 AC - Estoques x 3,55 = 3.941.000 x 3,55 = 2,7987


PC 4.999.000

X4 AC x 1,06 = 8.996.000 x 1,06 = 1,9075


PC 4.999.000

X5 Passivo Total x 0,33 = 18.282.000 x 0,33 = 0,3845


PL 15.692.000

Fórmula Geral: X1 + X2 + X3 - X4 - X5

Se: entre 0 e 7 Solvência


Se: entre -3 e 0 Penumbra
Se: entre -7 e -3 Insolvência

Resultado: 3,5777 Solvência

Com esse modelo de cálculo, é possível identificar se determinadas empresas


podem correr o risco de falência ou não. O valor apurado no exemplo identifica o
resultado de 3,5777, o que coloca a empresa em uma situação muito confortável. Esse
indicador também permite descobrir se as empresas possuem clientes prioritários para
negociação e geração do caixa (objetivando acelerar as previsões para a entrada dos
valores de contas a receber).

132
LEITURA
COMPLEMENTAR
CONTABILIDADE ASSERTIVA

Celso Masson

Depois de converter em agentes de negócios cerca de 600 escritórios contábeis


de 125 cidades brasileiras, a fintech Contbank é escolhida pela iniciativa SP Global para
integrar programa de internacionalização.

FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022.

Poucos executivos do mercado financeiro têm um carinho tão grande por


contadores quanto o CEO e fundador da startup Contbank, Paulo Castro. “O contador
é como um médico de família: é ele quem leva a empresa para a ‘maternidade’ e a
acompanha por toda a vida”, afirmou à DINHEIRO.

Para Castro, por acompanhar de perto a saúde financeira e fiscal dos clientes,
os contadores reúnem os requisitos necessários para atuarem também como agentes de
negócios, especialmente para micro e pequenas empresas.

Foi com essa visão que ele criou a fintech Contbank. “Nossa proposta de valor
é levar serviços financeiros a esse segmento por meio dos contadores, que neste caso
atuam como os assessores de investimento da XP”, disse. “A estratégia é que o contador
seja o protagonista dos negócios dessas empresas”. Criado em 2019, o Contbank
passou a cadastrar agentes em abril deste ano e já tem como parceiros 600 escritórios
de contabilidade. Juntos, eles atendem cerca de 200 mil clientes em 125 cidades de
todos os estados brasileiros. A estratégia é converter toda essa carteira em correntistas

133
Contbank, que hoje somam 5 mil – entre pessoas físicas e jurídicas. E, claro, seguir
ampliando a base de agentes de negócios: dos atuais 600 para 2,5 mil até o final de 2022,
e assim progressivamente até chegar aos 80 mil escritórios contábeis em atividade no
País. Isso representa uma carteira potencial de 8 milhões de clientes.

“O Contbank é uma startup que oferece solução única para empresas que
encontram dificuldades na hora de contratar serviços financeiros” – Gustavo Junqueira
Presidente da Investsp.

Para entender o apelo da fintech junto a esse público-alvo é preciso entender


o que ela faz. “A gente não atua no negócio de contabilidade e sim sobre os dados das
empresas, com big data e inteligência artificial, para ajudá-las a encontrar as melhores
oportunidades de negócio”, disse Castro. Ele trabalhou por duas décadas no portal de
internet Terra, dos quais dez anos na posição de CEO. Agora como banqueiro, disse
reunir o melhor de dois mundos: a tecnologia, que se assemelha à de outros bancos
digitais, incluindo cartão de crédito, seguros e investimentos, aliada ao fator humano,
que é o contador.

O agente de negócios Contbank é remunerado no ciclo de vida da relação que


mantém com o cliente. “É praticamente uma sociedade. Nós dividimos com eles o
que ganhamos em cada operação, descontados os nossos custos e uma reserva legal
exigida pelo Banco Central”, disse Castro.

134
MERCADO PROMISSOR

O Brasil tem cerca de 18.2 milhões de CNPJs, dos quais 200 mil se referem a grandes
empresas e cerca de 10 milhões a MEIs - que, por lei, não precisam de contador.
Sobram, portanto...

8 milhões
de micro, pequenas e médias empresas, atendidas por...

80 mil escritórios
de contabilidade em todo o Brasil

600 agentes de negócios


estão cadastrados no Contbank

20 mil empresas
é o total de clientes que eles atendem hoje, em...

125 cidades
das cinco regiões do País

2,5 mil escritórios


cadastrados é a meta do banco para 2022

5 mil correntistas
é a carteira com que o Contbank encerra 2021

FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022.

135
Segundo ele, a familiaridade do contador com a empresa pode aliviar uma dor
constante de muitos negócios, que é a obtenção de crédito. “Queremos aproximar o
mercado financeiro da economia real. As micros e pequenas empregam mais de 50%
da população economicamente ativa, geram 30% do PIB e não acessam o mercado
financeiro de forma adequada”, afirmou. Como mudar isso? Aproveitando o conhecimento
que os contadores reúnem sobre os clientes para construir um “score” de crédito. “O que
ajuda a reduzir os riscos para quem pode fornecer empréstimos é conhecer a saúde
financeira, a eficiência da empresa em termos contábeis, se ela tem recebíveis”, dados
aos quais o contador tem acesso.

Isso não se limita ao Brasil. “A dificuldade de acesso ao crédito é semelhante em


muitos países”, disse Castro, já que a contabilidade é uma linguagem universal. Pelos
seus cálculos, é possível triplicar a escala do Contbank atuando nos principais mercados
da América Latina e alguns países da Europa. É aí que entra o SP Global, o Programa de
Aceleração para Internacionalização de Startups Paulistas.

Na iniciativa da InvestSP e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do


estado de São Paulo para preparar startups de forma a atuar no mercado internacional,
dez empresas foram selecionadas, entre elas o Contbank.

“Com o SP Global, a InvestSP busca identificar e apoiar startups que ofereçam


soluções que podem ser escaladas no mercado internacional”, disse o presidente da
InvestSP, Gustavo Junqueira. “O Contbank é uma startup que oferece solução única
para empresas que encontram dificuldades na hora de contratar serviços financeiros”.
Segundo ele, a fintech se destacou em critérios como o potencial para o mercado
europeu, grau de inovação e capacidade de planejamento.

O programa, gratuito, está estruturado em três fases: capacitação, imersão e


“scaling-out”, que coloca o plano em prática com suporte contínuo da InvestSP para
garantir que o negócio cresça de forma estruturada. “É um processo de longo prazo,
mas ter sido selecionado entre as dez comprova que o modelo faz sentido globalmente”,
disse Castro.

FONTE: <https://www.istoedinheiro.com.br/contabilidade-assertiva/>. Acesso em: 2 mar. 2022.

136
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O indicador de endividamento da empresa é de fundamental importância para


identificar se ela é dependente de recursos de terceiros ou consegue desenvolver as
suas atividades com o capital próprio.

• O indicador de endividamento também expressa a porcentagem do endividamento


que a empresa possui e, juntamente com os terceiros, representa o valor total
investido na empresa. Esse valor total está representado pela captação dos recursos
de empréstimos e financiamentos e os recursos captados pelos sócios ou investidores.

• O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona a


participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo
circulante, ou seja, no curto prazo com o volume do endividamento total dela.

• A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque


parte do valor captado dos sócios deve, em tese, estar investido em estoques ou
disponibilidades da empresa. No entanto, ao iniciar as atividades operacionais de
qualquer empreendimento, é fato que um significativo volume dos recursos dos
sócios (Capital Social) está investido em Imobilizado.

• Quanto maior for a aplicação de recursos no Imobilizado, existirá maior probabilidade


de os custos fixos da empresa aumentarem, pois irão gerar maiores volumes de
depreciação, seguros do imobilizado, gastos com a manutenção das máquinas e
equipamentos.

• O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa quanto a empresa está
investindo dos recursos no ativo imobilizado, investimentos em outras empresas e
recursos dos intangíveis que são captados dos recursos do patrimônio líquido (Capital
Social dos sócios e do Passivo Não Circulante).

• A análise discriminante constitui-se na aplicação de um processo estatístico que afasta


as principais observações típicas observadas em determinados grupos de empresas.

• A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com


obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma
escala de avaliação, dará a classificação de risco da empresa.

• A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas obrigações,


ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida.

137
AUTOATIVIDADE
1 O indicador de endividamento da empresa é de fundamental importância para
identificar se a empresa está dependente de recursos de terceiros ou consegue
desenvolver as suas atividades com o capital próprio. Com relação a esses aspectos,
por que as decisões financeiras passam por esse indicador? Justifique.

2 O indicador referente à composição do endividamento do curto prazo relaciona a


participação dos empréstimos e financiamentos que a empresa possui no passivo
circulante, ou seja, no curto prazo com o volume do endividamento total dela. Com
relação a esses aspectos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da cobrança ou dos
pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo, a
empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos
junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará
atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é
saudável para o desenvolvimento da empresa.
b) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou
dos pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo,
a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos
junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará
atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza é saudável
para o desenvolvimento da empresa.
c) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou
dos recebimentos das dívidas de empréstimos e financiamentos dos clientes, a
empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos
junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará
atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é
saudável para o desenvolvimento da empresa.
d) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o exercício social vigente, a
empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos
junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará
atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é
saudável para o desenvolvimento da empresa.
e) ( ) O gestor da empresa deve cuidar para que, durante o prazo da amortização ou
dos pagamentos das dívidas de empréstimos e financiamentos de longo prazo,
a empresa tenha capacidade financeira suficiente para honrar os compromissos
junto aos bancos e instituições financeiras em geral. Caso contrário, ela estará
atrelada ao volume de endividamento cada vez maior que com certeza não é
saudável para o desenvolvimento da empresa.

138
3 A Imobilização do Patrimônio Líquido requer uma especial atenção porque
parte do valor captado dos sócios deve, em tese, estar investido em estoques ou
disponibilidades da empresa. Para esse indicador, o que é importante avaliar?

a) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos


e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte
do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos
e financiamentos para alavancar as atividades financeiras da empresa com a
compra de estoques ou financiar as vendas a prazo.
b) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos
e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte
do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos
e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a
compra de estoques ou financiar as vendas a prazo.
c) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o caixa com empréstimos e
financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte
do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos
e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a
venda de estoques ou financiar as vendas a prazo.
d) ( ) É importante avaliar se é mais interessante alienar o imobilizado com empréstimos
e financiamentos e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a maior parte
do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar empréstimos
e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da empresa com a
compra de novas máquinas e equipamentos.
e) ( ) É importante avaliar se é mais interessante conceder a garantia das duplicatas
a receber dos clientes e deixá-lo como garantia a longo prazo, visto que a
maior parte do imobilizado deprecia em 10 anos, do que muitas vezes buscar
empréstimos e financiamentos para alavancar as atividades operacionais da
empresa com a compra de estoques ou financiar as vendas a prazo.

4 O grau de Imobilização dos recursos não correntes significa quanto a empresa está
investindo dos recursos do imobilizado, mais investimentos em outras empresas,
mais os recursos dos intangíveis que são captados pelos recursos do patrimônio
líquido (Capital Social dos sócios e do Passivo Não Circulante). Como esse indicador
deve se apresentar? Justifique.

139
5 A Solvência Geral de Kanitz leva em consideração a análise discriminante com
obtenção dos pesos e ao fornecimento de uma nota final que, comparada a uma
escala de avaliação, dará a classificação de risco da empresa. A insolvência de uma
empresa ocorre pela incapacidade de solver suas obrigações, ou seja, pela falta de
dinheiro no momento de vencimento de uma dívida. Com relação a esses aspectos,
quais fatores são motivadores da falta de dinheiro?

a) ( ) Desempenho das vendas além do esperado.


b) ( ) Má administração do Ativo Circulante e Passivo Circulante.
c) ( ) Controle excessivo das despesas.
d) ( ) Prejuízos nas aplicações financeiras.
e) ( ) Falta de investimentos em Ativos (Investimento, Imobilizado e Intangível).

140
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

BAZZI, S. Análise das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Pearson


Education do Brasil, 2020.

GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC-


Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2001.

IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São


Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação


contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de. Análise das demonstrações financeiras. 3.


ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações


contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

SOUZA, A. F. de. Análise financeira das demonstrações na prática. São Paulo:


Trevisan Editora, 2015.

VOGLINO, E. O que são indicadores de liquidez e como interpretar. The Capital


Advisor. 6 abr. 2020. Disponível em: https://comoinvestir.thecap.com.br/o-que-sao-
indicadores-liquidez. Acesso em: 31 jan. 2022.

141
142
UNIDADE 3 —

INDICADORES DE GESTÃO E
ETAPAS DE ANÁLISE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a utilização dos indicadores de rentabilidade e alavancagem, bem


como a utilização dos indicadores de rotatividade;

• entender o que é o Custo Médio Ponderado de Capital, assim como o significado de


capital de giro;

• conhecer as etapas para a realização prática de uma análise de Demonstrações;

• identificar a estrutura de um Relatório de Análise produzido pelos analistas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INDICADORES DE RENTABILIDADE E ALAVANCAGEM


TÓPICO 2 – INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL
E CAPITAL DE GIRO
TÓPICO 3 – ETAPAS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

143
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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144
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
INDICADORES DE RENTABILIDADE
E ALAVANCAGEM

1 INTRODUÇÃO
O trabalho de análise das demonstrações contábeis da empresa possui
cunho extremamente técnico e obriga que o analista tenha domínio das técnicas da
contabilidade, pois assim poderá com certa facilidade elaborar todos os indicadores
necessários e analisá-los.

Há diversos tipos de indicadores que podem contribuir para a análise do


desempenho da empresa, e alguns deles estão voltados para a análise da rentabilidade,
giro e alavancagem. Para Silva (2019, p. 110), se faz “[...] necessária a apuração de
quocientes ou índices que forneçam uma ampla visão da situação econômica, financeira
e patrimonial da empresa”.

É importante seguir um determinado padrão e histórico na construção dos


indicadores para que os dados extraídos tenham certa consistência e comparabilidade,
e isso contribui para que o analista possa filtrar as informações da melhor maneira
possível e elaborar os relatórios necessários para os gestores tomarem as decisões
necessárias com base nestes resultados.

2 GIRO DO ATIVO
Todas as empresas, sejam elas atuantes no mercado nacional ou Internacional
e que estejam envolvidas em atividades de indústria, comércio ou de serviços, estarão
sempre enfrentando o peso da concorrência como forças competitivas.

As forças competitivas estão subdivididas em cinco, a saber: a) novos


concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado; c) as
forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a capacidade,
a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a potencial rivalidade
existente entre os concorrentes no mercado.

Todas as forças competitivas irão possibilitar o aperfeiçoamento na habilidade


dos gestores das empresas em negociar melhores taxas de retorno dos investimentos
para que essas sempre sejam superiores ao custo do capital investido.

145
É bom ressaltar que essas características variam do mercado de atuação de cada
empresa, assim como a capacidade de gestão dos seus administradores, uma empresa
pode evoluir mais rápido que a outra, pois muitos fatores externos são determinantes
para alavancar os resultados das empresas, ou não. Um exemplo são as variações das
taxas cambiais que têm forte influência nos custos de aquisição das matérias-primas
importadas. O desembaraço aduaneiro das matérias-primas importadas do dia em que a
taxa cambial estiver elevada aumentará o custo de aquisição dos valores das matérias-
primas no estoque em moeda nacional.

Em períodos de sazonalidade, como o inverno e o verão, determinadas empresas


têm essas cinco forças competitivas como sendo favoráveis e que trarão retornos
maiores, pois haverá maior busca por produtos da moda, como no caso do vestuário.

Outros exemplos de empresas com retornos favoráveis podem ser do ramo


farmacêutico, de refrigerantes, dentre outros. Algumas empresas podem alcançar menor
retorno, por exemplo, empresas siderúrgicas que trabalham com o processamento
primário da matéria-prima e empresas que produzem videogames, pois os consumidores
sempre buscam por novidades e os produtos possuem curto tempo de vida no mercado.

A rentabilidade da indústria não é uma questão de aparência ou estilo de


produto e sim da própria estrutura industrial existente no mercado, pois a cadeia de
suprimentos deve atender de maneira eficaz a todo o ciclo, desde a extração da matéria-
prima, transformação primária, industrialização, comercialização e atendimento pós-
venda. Dessa forma, as cinco forças competitivas acabam impactando diretamente na
empresa, com influência nos preços, nos custos e no montante dos investimentos. Com
isso, os gestores devem sempre acompanhar as tendências do mercado e avaliar quais
são os tipos de influência externa que os produtos da empresa podem sofrer, como
novas tecnologias, novas tendências de moda, dentre outros.

O giro do ativo é um indicador da atividade da empresa que avalia quantas vezes


os ativos da empresa giraram em função das vendas. Para uma análise mais rápida,
podemos calcular o giro do ativo utilizando a fórmula seguinte:

GAT = RLV
AT

GAT = Giro Ativo Total


RLV = Receita Líquida de Vendas
AT = Ativo Total

Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos


o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo,
para o cálculo do giro do Ativo. No Ativo Total em X2, a empresa apresenta o valor de R$
33.974.000,00.

146
QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a


DRE – Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00.

147
QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice do Giro do Ativo da empresa, é necessário dividir o valor da


Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00 por R$ 33.974.000,00.

Giro Ativo = Receita Líquida de Vendas


Ativo Total

Giro Ativo = 19.841.000


33.974.000

Giro Ativo = 0,5840

De acordo com os dados apresentados, o giro do ativo da empresa está em


0,58. Em outras palavras, significa que os ativos foram gerados um pouco acima de 50%
em relação às receitas líquidas de vendas.

148
IMPORTANTE
Quanto maior o resultado, melhor para a empresa, pois os ativos da empresa
deverão gerar mais Receitas de Vendas.

O resultado ideal é que estivesse próximo de 1,00 ou acima de 1,00. Isso significa
que de acordo com os dados apurados, a empresa não conseguiu apurar um
giro completo de todos os ativos dispostos para as suas atividades operacionais.

3 GIRO DO ATIVO OPERACIONAL


O giro do ativo operacional é outro interessante indicador para os gestores
da empresa avaliarem e acompanharem os resultados da empresa. É utilizado para
avaliar quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais
da empresa, comparado ao valor das receitas líquidas de vendas geradas, entre outras
palavras, o imobilizado.

Zdanowicz (1998) contribui dizendo que o giro sobre o ativo operacional líquido
(GAOL) é calculado, considerando as receitas operacionais líquidas (ROL) e todo o
ativo operacional líquido (AOL) necessário para gerar aquela receita, deduzindo-se
todos os elementos patrimoniais estranhos à atividade-fim da empresa (inclusive as
depreciações).

Para o cálculo do Giro do Ativo Operacional (GAO), aplica-se seguinte fórmula:

Fórmula:
GAO = RLV / AO

Onde:
GAO = Giro Ativo Operacional
RLV = Receita Líquida de Vendas
AO = Ativo Operacional (Ativo Permanente ou Imobilizado)

Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos


o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo
Permanente, para o cálculo do giro do Ativo Operacional. O valor do Ativo Operacional
(Ativo Permanente ou Imobilizado) da empresa em X2 corresponde a R$ 21.358.000,00.

149
QUADRO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE


– Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00.

150
QUADRO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice do Giro do Ativo da empresa, é necessário dividir o valor da


Receita Líquida de Vendas de R$ 19.841.000,00 por R$ 21.358.000,00.

GAO = RLV
AO

GAO = 19.841.000
21.358.000

GAO = 0,9290

De acordo com os dados apresentados, o resultado do giro do ativo operacional


está em 0,92 ou 92%. O ideal é que o ativo operacional (imobilizado) possa contribuir
para gerar um volume maior que uma vez o seu valor com as receitas líquidas de vendas.

151
IMPORTANTE
O melhor para a empresa é que este indicador esteja sempre acima de 1,00.

4 MARGEM BRUTA
De acordo com Zdanowicz (1998), a margem bruta é obtida pela apuração do
resultado entre o lucro bruto (LB) e a receita líquida de vendas (RLV).

O lucro bruto é obtido a partir da apuração da diferença entre a receita líquida


de vendas e o custo dos produtos vendidos (custo das vendas, custo dos serviços
prestados pela empresa).

A receita líquida de vendas é a diferença entre a receita bruta de vendas e


as deduções das vendas como sendo os impostos, as devoluções das vendas e os
abatimentos das vendas.

Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE


–Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e o Lucro Bruto no
mesmo período de R$ 5.653.000,00.

152
QUADRO 5 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o valor do Lucro


Bruto de R$ 5.653.000,00 pelo valor da Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00.

Fórmula:
MB = LB / RLV

Onde:
MB = Margem Bruta
LB = Lucro Bruto
RLV = Receita Líquida de Vendas

MB = LB
RLV

MB = 5.653.000
19.841.000

MB = 0,2849

153
De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem bruta está em
0,28 ou 28,49%.

IMPORTANTE
Isso apenas demonstra que o custo das mercadorias vendidas está em um valor
extremamente elevado para a empresa, pois a margem bruta em 28,49% deve
cobrir todos os demais gastos operacionais e financeiros da empresa.

5 MARGEM OPERACIONAL
Quando for apurado o lucro bruto, este deve ser o suficiente para cobrir as
despesas operacionais (despesas administrativas, comerciais, financeiras, tributárias,
dentre outras). Para esse indicador, é necessário apurar o lucro operacional (LO) que é
calculado com o uso do valor do lucro operacional líquido (LOL) e a receita operacional
líquida (ROL), conforme Zdanowicz (1998).

Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a


DRE – Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e o Lucro
Operacional no mesmo período em R$ 2.565.000,00.

154
QUADRO 6 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o valor do Lucro


Operacional de R$ 2.565.000,00 pelo valor da Receita Líquida de Vendas em R$
19.841.000,00.

Fórmula:
MO = LO / RLV

Onde:
MO = Margem Operacional
LO = Lucro Operacional
RLV = Receita Líquida de Vendas

MO = LO
RLV

MO = 2.565.000
19.841.000

MO = 0,1293

155
De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem operacional
está em 0,12 ou 12,93%.

IMPORTANTE
Isso confirma que além do valor do custo das mercadorias vendidas (custo
das vendas) estar em um valor extremamente elevado para a empresa,
também as despesas operacionais se apresentam elevadas, o que reduz a
margem operacional para esse resultado.

6 MARGEM LÍQUIDA DO EXERCÍCIO


A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise, pois
apresenta o retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante o
período, comparada às vendas líquidas dela.

É um percentual que identifica se a empresa gerou o retorno sobre as vendas


que foram estipuladas na estrutura dos custos dos produtos. É o mesmo que dizer que
na formação do preço de vendas dos produtos existe um percentual mínimo para gerar
o lucro do negócio, e se esse lucro apurado na DRE – Demonstração do Resultado –
corresponde ao resultado desse indicador apurado. Com isso, é possível averiguar se a
margem líquida do exercício corresponde à média da margem estipulada na precificação
dos produtos da empresa.

IMPORTANTE
No entanto, esse é um assunto que é tratado exclusivamente na área de
custos. Neste Material de Estudos, nós vamos avaliar apenas como apurar
o percentual respectivo dessa margem líquida do exercício. O gestor deve
confrontar esse resultado com o que foi definido na área de custos da
empresa para a precificação dos produtos.

156
Zdanowicz (1998) explica que a margem líquida do exercício (MLE) pode ser
calculada após descontar a provisão para imposto de renda (PIR) do lucro antes dos
impostos (LAI) sobre a receita líquida de vendas (RLV).

Para identificar o valor da Receita Líquida de Vendas, é necessário buscar a DRE


–Demonstração do Resultado – em X2 no valor de R$ 19.841.000,00. O valor do Lucro
Operacional no mesmo período em R$ 2.565.000,00 e também o valor da Provisão do
IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido em R$ 928.000,00.

QUADRO 7 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice da Margem Bruta, é necessário dividir o resultado do valor


do Lucro Operacional de R$ 2.565.000,00 subtraído do valor da Provisão IRPJ e CSLL
em R$ 928.000,00, que perfaz o resultado de R$ 1.637.000,00 divididos pelo valor da
Receita Líquida de Vendas em R$ 19.841.000,00.

157
Portanto, o valor é de R$ 1.637.000,00 divididos por R$ 19.841.000,00.

A fórmula é:
MLE = (LO – PIR) / RLV

Onde:
MLE = Margem Líquida do Exercício
LO = Lucro Operacional
PIR = Provisão para o Imposto de Renda
RLV = Receita Líquida de Vendas

MLE = LO (-) PIR


RLV

MLE = 1.637.000
19.841.000

MLE = 0,0825

De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do


exercício está em 0,0825 ou 8,25%. É um percentual interessante, visto que também
deve corresponder à expectativa da lucratividade na formação dos preços de vendas
dos produtos da empresa.

IMPORTANTE
Quanto maior a Margem Líquida do Exercício, melhor. Isso porque apresenta
maior retorno para a empresa, e deve apresentar o resultado próximo ao
estipulado pela área de Custos no momento da precificação dos produtos.

Significa que na prática esse resultado foi atingido, do contrário, toda estimativa
da precificação dos produtos ao serem comparados com a margem líquida do exercício,
precisa ser revista periodicamente.

158
7 RENTABILIDADE DO ATIVO
A rentabilidade do ativo também pode ser caracterizada como a taxa do retorno
dos investimentos realizados pelos gestores na empresa, podendo comparar com a TIR
que é a taxa interna de retorno.

A Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI) é um índice que apresenta quanto


a empresa obteve de lucro líquido em relação ao valor aplicado.

De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 4),

Por meio da DRE - demonstração do resultado do exercício -, é


possível conceituar o lucro líquido do exercício, estabelecendo os
critérios de classificação de certas despesas. O lucro líquido apurado
na DRE é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, porque, além
dos itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda
e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de
forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado
ao patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence
aos acionistas, ou é distribuído como dividendo.

Pode-se dizer que é uma medida para avaliar a capacidade da empresa em


gerar o lucro líquido em função dos investimentos por ela realizados (MARION, 2019).

A fórmula aplicada é:

RENTABILIDADE DO ATIVO = LLE / ATM


Onde:
LLE = Lucro Líquido do Exercício
ATM = Ativo Total Médio ((Ativo Total de X1 + Ativo Total de X2) / 2)

Vamos apurar o resultado conforme os dados do Balanço Patrimonial. Vejamos


o quadro a seguir, que apresenta o Balanço Patrimonial com as informações do Ativo,
para o cálculo da rentabilidade do Ativo.

O valor do Ativo Total de X1 é de R$ 26.965.000,00 que, somados ao valor do


Ativo Total de X2 em R$ 33.974.000,00, resulta em R$ 60.939.000,00, que divididos por
2 para apurar a média, resulta no valor de R$ 30.469.500,00.

159
QUADRO 8 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

O valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – de X2 na DRE – Demonstração do


Resultado – é de R$ 1.425.000,00.

160
QUADRO 9 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Portanto, para apurar o índice da Rentabilidade do Ativo da empresa, é necessário


dividir o valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – pelo valor do Ativo Total Médio em
R$ 30.369.500,00.

RA = LLE
Ativo Total Médio

RA = 1.425.000
30.469.500

RA = 0,0468

De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do


exercício está em 0,0468 ou 4,68%. Dessa forma, podemos utilizar esse percentual
para identificar o tempo aproximado do retorno de todos os investimentos realizados
na empresa, utilizando coeficientes em 100% e dividindo por esse percentual apurado.

→ Tempo aproximado do retorno de investimento = 100 % / 4,68%.


→ Tempo aproximado do retorno de investimento = 21 anos.

161
IMPORTANTE
O retorno do investimento aproximadamente em 21 anos é em razão do
Ativo Total envolver os recursos de Capital de Terceiros (independentemente
de ser motivado por empréstimos ou financiamentos, salários a pagar,
fornecedores a pagar, impostos, dentre outras contas contábeis) e o Capital
Próprio (recursos investidos pelos sócios da empresa).

Como são duas fontes de recursos investidos, o resultado do tempo de


retorno é maior.

IMPORTANTE
Quanto maior o índice do RA – Retorno do Ativo –, melhor para a empresa, pois o
tempo do retorno dos investimentos reduz.

Esse percentual a cada ano pode alterar visto que novos investimentos serão
realizados na empresa, novas vendas serão realizadas, novos resultados serão apurados
e dessa forma esse resultado poderá alterar constantemente.

8 RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Diferente do indicador da rentabilidade do ativo, o indicador da rentabilidade
do patrimônio líquido apura apenas o retorno do investimento realizado pelos sócios e
investidores na empresa.

Para esse cálculo, não serão contemplados todos os investimentos realizados


na empresa, apenas os que estão registrados no grupo do Patrimônio Líquido.

A fórmula aplicada é:

RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO = LLE / PL


Onde:
LLE = Lucro Líquido do Exercício
PL = Patrimônio Líquido

162
Vejamos o quadro a seguir que apresenta o Balanço Patrimonial com as
informações do Patrimônio Líquido, para o cálculo da rentabilidade do Patrimônio
Líquido.

O valor do Patrimônio Líquido de X2 é de R$ 15.692.000,00 conforme o


Balanço Patrimonial.

QUADRO 10 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

O valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – de X2 na DRE – Demonstração do


Resultado – é de R$ 1.425.000,00.

163
QUADRO 11 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice da Rentabilidade do Patrimônio Líquido da empresa, é


necessário dividir o valor do LLE – Lucro Líquido do Exercício – pelo valor do Patrimônio
Líquido de X2.

RPL = LLE
PL

RPL= 1.425.000
15.692.000

RPL= 0,0908

De acordo com os dados apresentados, o resultado da margem líquida do


exercício está em 0,0908 ou 9,08%.

Com esse resultado, é possível apurar o tempo aproximado do retorno do


patrimônio líquido realizado pelos sócios da empresa.

164
→ Tempo aproximado do retorno de investimento = 100 % / 9,08%.
→ Tempo aproximado do retorno de investimento = 11 anos.

É um interessante retorno, mas vale lembrar que esse percentual pode alterar
a cada ano.

IMPORTANTE
A rentabilidade do Patrimônio Líquido é de aproximadamente 11 anos. Nesse
indicador, se utiliza apenas o valor do Lucro Líquido do exercício em X2 em
comparação apenas com o valor do Capital Próprio (recursos investidos pelos
sócios da empresa).

IMPORTANTE
Quanto maior o índice da Rentabilidade do Patrimônio Líquido, melhor para a
empresa, pois o tempo do retorno dos investimentos dos sócios reduz.

9 PAYBACK
Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos.
Sua função é apurar o tempo do retorno dos investimentos realizados pela empresa,
adotando perspectivas de retorno desses investimentos com taxa de atratividade ao
custo do capital investido. As taxas não podem estar muito além ou aquém das taxas
praticadas pelos órgãos oficiais, como o Banco Central.

Não existe acordo algum entre os investidores que entendem que um


investimento somente é viável se a taxa de risco e retorno for inferior ou superior a 6%
ao ano, ou 8% ao ano, dentre outros aspectos. O que é necessário avaliar é que a taxa
de retorno deve ser compatível com o percentual de investimento a risco zero, no caso
do Brasil é a taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

165
A avaliação do retomo do investimento deve sempre estar relacionada com a
área de atuação da empresa. Alguns segmentos de mercado exigem altos volumes de
investimentos enquanto outros nem tanto, por exemplo, a área da tecnologia necessita
de enormes volumes de recursos investidos para que as empresas deste segmento
estejam sempre atualizadas.

Caso um investidor/empreendedor queira ganhar, por exemplo, 11% ao ano,


líquido de impostos, aplicando seus recursos em uma empresa, poderá realizar a
seguinte operação:

QUADRO 12 – REMUNERAÇÃO COMPARATIVA DO INVESTIMENTO

FONTE: O autor

Uma atividade comercial (loja ou supermercado), geralmente, exige menor


investimento que o requerido para uma indústria. Na atividade comercial, o giro do
resultado tende a ser mais rápido se comparado com o que ocorre na atividade industrial.
Em uma indústria têxtil, o processo produtivo pode se iniciar com a conversão do algodão
em fio e na sequência em tecido, tecido estampado, tecido cortado e finalmente lençol.
Em um supermercado, os produtos entram e são vendidos em curto espaço de tempo,
sem demanda de processamentos adicionais.

O faturamento de um supermercado, comparando-se ao de uma indústria que


recebeu idêntico montante de investimento, deverá ser significativamente maior em
razão do giro das vendas.

Segmentos diferenciados podem gerar retornos de investimentos mais


rápidos ou não. Para atingir o mesmo ganho anual, via atividade empresarial, faz-se
necessário comparar o investimento com a receita estimada/orçada, para o período
avaliado. Será encontrado o percentual (%) de lucro líquido a ser praticado, calculado
com base no faturamento.

166
Quando o assunto é lucro líquido, entende-se como lucro final, ou seja, aquele
encontrado depois de deduzidos os tributos devidos. Recomenda-se discutir este
assunto com o seu contador.

O lucro tem relação com os preços de venda, e este, no contexto das


organizações, vem sofrendo mudanças significativas, pois a política de preços sempre
estará adequada ao mercado.

A condução dos negócios mudou completamente no mundo, resultante do


progresso nas comunicações e informática. Esse avanço permite a transmissão, em
tempo real, de várias informações simultâneas, e os gestores devem estar atentos à
essa dinâmica.

Com o avanço da tecnologia, o potencial fornecedor que antes, por necessidade


de comunicação com o cliente, tinha que estar próximo, a partir destes avanços, pode
estar fisicamente em qualquer local geográfico do planeta.

Sem dúvidas, com os progressos significativos e as reduções nos custos de


utilização destes recursos de comunicação, as organizações passaram a poder transmitir
dados, independentemente de seu porte. Todas essas organizações puderam realizar
negócios de forma mais dinâmica.

A dinâmica nas negociações atuais é diferente daquelas praticadas no passado,


caracterizando, entre outros aspectos, que:

→ os preços de venda são valores finitos. Não se conseguem praticar valores superiores
aos aceitos pelo mercado globalizado;
→ o lucro, antes dependente, tornou-se dominante e faz “guerra” para garantir o seu
espaço, conforme determinado pelo investidor, e
→ os custos e despesas, que se não bem controlados, tornam-se infinitos, passaram a
exigir atenção maior daquela que até então se praticou.

9.1 MÉTODO PAYBACK DESCONTADO (PBD)


Como os recursos alocados no investimento possuem determinado custo
de captação, é necessário incluir esses custos de captação na análise do projeto de
investimento. Há duas maneiras de incluí-los:

- Acumulação do Valor Presente em cada ano do projeto.


- Apurar o saldo do projeto com o carregamento anual dos juros.

Vamos nos ater apenas ao primeiro método que consiste em incluir o custo de
capital ao longo do prazo de análise do projeto de investimento. Na prática, significa trazer
todas as entradas do fluxo de caixa para a data t = 0, ou, trazê-las para um valor presente.
167
Para demonstrar esse resultado, é necessário apurar o payback descontado
considerando que determinada empresa realizou um investimento na ordem de R$
600.000,00 com o custo de captação em 12% a.a., e o prazo máximo aceito para retorno
do investimento é de 4 anos:

QUADRO 13 – CAPITAIS DESCONTADOS À TAXA DE 12% A.A.

FONTE: O autor

Fórmula matemática para calcular o valor presente:

Cálculo pela HP 12:


Tecle ON: para ligar a calculadora.
F CLx  Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.
120.000 CHS FV
12 i
1n
PV?  107.143

Para calcular os demais valores basta inserir o novo valor em PV e o novo período
em “n”. A taxa permanece a mesma. Pergunta-se o novo PV.

168
Exemplo: continuando o exercício, para saber o valor presente de R$ 150.000,00
do ano 2.

Cálculo pela HP 12:

Tecle ON: para ligar a calculadora.


F CLx  Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.
150.000 ENTER CHS FV
2n
PV?  119.579

Para apurar o PBD, devemos utilizar o último ano do fluxo de caixa negativo e
somar ao resultado da divisão entre o valor desse fluxo de caixa negativo (transformá-lo
em saldo positivo) pela próxima entrada do fluxo de caixa a valor presente que está no
ano 6.

PBD = 5 + 5.994 = 5 + 0,7 = 5,07 anos (0,07 de 12 meses = 0,84 de 1 mês,


91.194 0.84 x 30 = 25 dias.

Significa que o investimento irá se pagar em 5 anos e 25 dias.

Para avaliar se o investimento é interessante ou não, é necessário adotar o método


de apuração do Payback Descontado, onde se deve estabelecer um prazo para avaliar a
recuperação do capital investido. Nesse caso, se o prazo do retorno do investimento for
estipulado em até três anos, o retorno deve ser igual ou inferior a três anos.

• Payback Descontado do projeto < Payback Descontado máximo, deve-se aceitar o projeto.
• Payback Descontado do projeto = Payback Descontado máximo, deve-se aceitar o projeto.
• Payback Descontado do projeto > Payback Descontado máximo, deve-se rejeitar o projeto.

Com a análise do método PBD para os investimentos, é necessário levar em


conta o custo do dinheiro no tempo, com a aplicação do custo de capital da empresa
(taxa de juros ou a taxa da inflação, ou os dois conjugados). Esse resultado pode
apresentar as seguintes ponderações:

• O valor do PBD pode ser interpretado como o prazo de recuperação do investimento


remunerado no valor da taxa de juros correspondente ao custo de capital.
• O método do PBD apresenta desvantagens por não considerar todos os capitais
do fluxo de caixa, e por definir de forma subjetiva o prazo máximo tolerado para
avaliação e, ainda, muitas empresas tendem a continuar com a tendência de aceitar
projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior
maturação e alta rentabilidade.

169
10 ALAVANCAGEM DA EMPRESA
A alavancagem operacional é possível de ser efetivada em função da presença
de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa, explica
Assaf Neto (2020). Os custos (despesas) não sofrem variação diante de mudanças no
volume de atividade, mantendo-se constantes (fixos) ao longo do tempo. Exemplo: a
depreciação de uma máquina ocorre independentemente de o volume de atividade ter
assumido acréscimos ou reduções. O mesmo acontece com o valor de aluguel, salários,
despesas de juros de empréstimos e financiamento, dentre outros.

Demonstração do Resultado:

Receita Operacional
(-) Custo dos Produtos Vendidos
Lucro bruto → ALAVANCAGEM OPERACIONAL
(-) Custos/despesas operacionais variáveis
(-) Custos/despesas operacionais fixas
Lucro Operacional (LAJIR)
(-) juros
Lucro líquido antes do IR → ALAVANCAGEM FINANCEIRA
(-) Imposto de Renda
Lucro Líquido

A alavancagem é o uso de ativos operacionais ou de recursos financeiros,


com custos e despesas fixas, que visam aumentar o retorno dos acionistas. Os custos
e despesas fixas não dependem do volume das vendas, esses valores advêm de
dispositivos contratuais, como o aluguel, por exemplo.

A alavancagem é um instrumento de gestão financeira que pode trazer efeitos


positivos ou negativos. Em situações de crescimento das receitas e dos lucros, é
favorável a existência de custos fixos. Em situação de queda, é desfavorável.

Há três tipos de alavancagem: operacional, financeira e combinada.

• Alavancagem operacional: preocupa-se com a relação entre as vendas da empresa e


seus lucros antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR).
• Alavancagem financeira: preocupa-se com o relacionamento entre o LAJIR da
empresa e o Lucro Líquido.
• Alavancagem combinada: preocupa-se com o relacionamento entre as receitas de
vendas da empresa e o Lucro Líquido.

170
10.1 ALAVANCAGEM FINANCEIRA
A Alavancagem Financeira pode ser definida como a capacidade da empresa
em utilizar os encargos financeiros fixos para aumentar os efeitos de variações no LAJIR
– Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda –, sobre o lucro líquido final.

A alavancagem financeira resulta da participação dos recursos de terceiros


na estrutura de capital da empresa. Estes recursos têm a capacidade de elevar os
resultados líquidos dos proprietários porque são mais baratos em relação ao retorno
que produzem os ativos.

O volume de empréstimos e financiamentos e as taxas de juros e encargos


contratadas determinam o valor das despesas financeiras apropriadas em cada
período. Assim, as despesas financeiras constituem custos fixos, porque dependem da
composição das fontes de financiamento e não do nível de produção e vendas.

A alavancagem financeira ocorre quando a empresa utiliza em sua estrutura


de capital fontes de financiamento de capitais de terceiros, como exemplo, emissão
de debêntures, empréstimos do BNDES etc. Quando isso ocorre, a empresa poderá
se beneficiar de um crescimento mais que proporcional no lucro líquido, dado um
crescimento no LAJIR. A alavancagem financeira ocorre nos dois sentidos, crescimento
ou queda do LAJIR, e seu efeito é o mesmo para mais ou para menos.

Determinada empresa de Alimentos S. A. espera obter lucro antes de juros e


imposto de renda (LAJIR) de R$ 1.000.000,00 este ano, tem um custo de dívida de
longo prazo de R$ 400.000,00 por ano, seu imposto de renda é de 25% e tem 2.400
ações ordinárias. Vamos avaliar o impacto sobre os lucros da empresa, considerando as
seguintes hipóteses:

1) uma queda de 20% no LAJIR


2) um aumento de 20% no LAJIR, como mostramos no cálculo a seguir:

ALAVANCAGEM FINANCEIRA
VARIAÇÃO PERCENTUAL SITUAÇÃO
- 20% + 20%
NO LAJIR INICIAL
LAJIR 800.000 1.000.000 1.200.000
(-) JUROS 400.000 400.000 400.000
LAIR 400.000 600.000 800.000
(-) IMPOSTO DE RENDA 100.000 150.000 200.000
LUCRO LÍQUIDO 300.000 450.000 600.000
VARIAÇÃO PERCENTUAL
- 33,33% + 33,33%
NO LUCRO LÍQUIDO

171
O efeito da alavancagem financeira faz com que uma variação de 20% no LAJIR
provoque uma variação no Lucro Líquido de 33,33% para mais ou para menos.

Percentual de variação no Lucro Líquido = R$600.000 - R$450.000 = 33,33%.


R$450.000

Grau de alavancagem financeira: é a medida do impacto da alavancagem


financeira da empresa no lucro líquido.

Grau de alavancagem financeira (GAF) = Variação percentual no Lucro Líquido


Variação percentual no LAJIR

GAF = 33,33% = 1,67 %


20,0%

Neste caso, o aumento (ou diminuição) em 1% no LAJIR implicará num aumento


(ou diminuição) de 1,67% no Lucro Líquido.

Contribui Iudícibus (2017, p. 128), “quando a alavancagem ou o grau de


alavancagem é maior do que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o
lucro que é levado para o acionista. Puxa para cima a taxa de retorno dos acionistas”.

Sempre que a variação percentual no Lucro Líquido, que é o resultado de uma


dada variação no LAJIR, for maior do que a variação percentual no LAJIR, verifica-se a
existência de alavancagem financeira. Para o exemplo anterior, observa-se então um
aumento de 20% no LAJIR que resulta em um aumento de 33,33% no Lucro Líquido, ou
como visto na apuração do cálculo, um aumento de 1% no LAJIR resulta num aumento
de 1,67% no Lucro Líquido.

A alavancagem financeira e a alavancagem operacional atuam em ambas as


direções, aumentando os efeitos dos acréscimos e decréscimos no LAJIR da empresa.

Maiores níveis de risco estão associados a maiores graus de alavancagem.


Portanto, elevados custos fixos financeiros aumentam a alavancagem financeira da
empresa e seu risco financeiro.

Risco financeiro é o risco que se corre de não se conseguir cobrir custos financeiros.
O GAF – Grau de Alavancagem Financeira – está relacionado com o Risco Financeiro, isto é,
o risco de não se cobrir os custos financeiros (LAJIR/Despesas com juros).

Cálculo do GAF para diversos níveis de LAJIR:

GAF = LAJIR
LAJIR – JUROS

172
Quando se altera o valor do LAJIR (por exemplo, +20%, +30%, +50%...), o grau de
alavancagem permanece o mesmo. O que altera é o resultado, porque a cada unidade
monetária de aumento haverá “tanto a mais” de resultado final.

10.2 ALAVANCAGEM OPERACIONAL


Pode ser definida como o uso potencial de custos fixos operacionais para
aumentar os efeitos de mudança das vendas sobre o lucro da empresa antes dos juros e
do imposto de renda - LAJIR (corresponde ao lucro operacional), ou seja, a alavancagem
operacional revela como uma alteração no volume de atividade influi sobre o lucro
operacional da empresa.

No exemplo a seguir, pode-se ver que a alavancagem operacional funciona em


ambas as direções. Quando uma empresa tem custos operacionais fixos, a alavancagem
operacional está presente. Um aumento nas vendas resulta em um aumento mais-do-
que-proporcional nos lucros antes de juros e imposto de renda (LAJIR). Uma diminuição
nas vendas resulta em uma diminuição mais-do-que-proporcional nos lucros antes de
juros e imposto de renda (LAJIR).

Se determinada empresa apurou receita operacional no valor de R$


1.000.000,00, o valor dos custos variáveis em R$ 400.000,00 e custos fixos em R$
320.000,00, a empresa está projetando um crescimento no valor das receitas para o
próximo ano em 20%. O aumento do lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR)
será obtido da seguinte forma:

ALAVANCAGEM OPERACIONAL
VARIAÇÃO PERCENTUAL DA SITUAÇÃO
- 20% + 20%
RECEITA OPERACIONAL INICIAL
RECEITA OPERACIONAL 800.000 1.000.000 1.200.000
(-) CUSTOS E DESPESAS
320.000 400.000 480.000
OPERACIONAIS VARIÁVEIS
(-) CUSTOS E DESPESAS
320.000 320.000 320.000
OPERACIONAIS FIXAS
(=) LUCRO ANTES DE JUROS E
160.000 280.000 400.000
IMPOSTO DE RENDA-LAJIR
VARIAÇÃO PERCENTUAL
- 42,9% - + 42,9%
DO LAJIR

% de variação no LAJIR = $160.000 - 280.000 = - 42,9% 400.000 - $ 280.000 = 42,9%


280.000 $ 280.000

173
IMPORTANTE
Grau de alavancagem operacional é a medida do impacto da alavancagem
operacional da empresa nos seus lucros operacionais – LAJIR.

Grau de alavancagem operacional = Variação percentual no LAJIR = 42,9% = 2,15 vezes


Variação percentual nas receitas 20,0%

Sempre que determinada variação percentual no LAJIR (Lucro Operacional) gerar


um resultado em uma determinada variação percentual nas vendas e este resultado for
maior do que a variação percentual nas vendas, a alavancagem operacional existe. No
exemplo verificado, tem-se então que um aumento de 20% nas receitas de vendas da
empresa resulta em um aumento de 42,0% no LAJIR, ou seja de 2,15 vezes.

No cálculo do GAO para diversos níveis de receitas, devemos utilizar a


seguinte fórmula:

GAO = RV - CDV
(RV - CDV) - CDF

Onde:
RV: Receitas de vendas
CDV: Custos e despesas variáveis
CDF: Custos e despesas fixas

A fórmula mostrada tem o mesmo significado que: Margem de Contribuição


LAJIR

10.3 CUSTOS FIXOS E ALAVANCAGEM OPERACIONAL


Todas as variações ocorridas nos custos operacionais fixos afetam diretamente
a alavancagem operacional da empresa.

Para evidenciar este fato, vamos considerar que determinada empresa reduziu
os seus custos operacionais variáveis de R$ 400.000,00 para R$ 300.000,00, enquanto
os custos operacionais fixos sofreram um acréscimo de R$ 320.000,00 para R$
420.000,00:

174
Todas as variações ocorridas nos custos operacionais fixos afetam diretamente
a alavancagem operacional da empresa.

Para evidenciar este fato, vamos considerar que determinada empresa reduziu
os seus custos operacionais variáveis de R$ 400.000,00 para R$ 300.000,00, enquanto
os custos operacionais fixos sofreram um acréscimo de R$ 320.000,00 para R$
420.000,00:

ALAVANCAGEM OPERACIONAL
VARIAÇÃO PERCENTUAL DA SITUAÇÃO
- 20% + 20%
RECEITA OPERACIONAL INICIAL
RECEITA OPERACIONAL 800.000 1.000.000 1.200.000
(-) CUSTOS E DESPESAS
240.000↓ 300.000 360.000↓
OPERACIONAIS VARIÁVEIS
(-) CUSTOS E DESPESAS
420.000↑ 420.000↑ 420.000↑
OPERACIONAIS FIXAS
(=) LUCRO ANTES DE JUROS E
140.000↓ 280.000 420.000↑
IMPOSTO DE RENDA-LAJIR
VARIAÇÃO PERCENTUAL DO LAJIR - 50% - + 50%

Observa-se que o LAJIR da “situação inicial” não sofreu tipo de alteração algum,
pois o acréscimo de R$ 100.000,00 nos custos fixos foi compensado pela redução nos
custos variáveis de também no valor de R$ 100.000,00.

Quando ocorre o aumento dos custos operacionais fixos também aumenta o


grau de alavancagem operacional da empresa conforme pode ser visto a seguir:

175
IMPORTANTE
Grau de alavancagem operacional = Variação percentual no LAJIR = 50% = 2,5
Variação percentual nas receitas 20,0%

Ao se comparar o valor apurado do GAO de 2,5 com o GAO de 2,15 antes da


alteração para maiores custos fixos, observa-se que quanto maior forem os custos
operacionais fixos incorridos em relação aos custos operacionais variáveis, maior
será o grau de alavancagem operacional. Portanto, elevados custos/despesas fixos
operacionais em relação aos custos/despesas totais aumentam a alavancagem
operacional da empresa e seu risco de negócio ou risco empresarial.

IMPORTANTE
O GAO está relacionado com o Risco do Negócio ou Risco Empresarial,
isto é, o risco de não se cobrir os custos operacionais (lucro operacional/
receitas líquidas).

10.4 GRAU DE ALAVANCAGEM COMBINADA


O GAC – Grau de Alavancagem Combinada – é a capacidade que a empresa
possui para utilizar os custos fixos (tanto operacionais quanto financeiros) para aumentar
o efeito das variações nas vendas sobre o lucro líquido.

IMPORTANTE
GAC = Variação percentual do Lucro Líquido ou GAO x GAF
Variação % Receitas∗

176
Esse tipo de indicador somente é válido quando o valor base das receitas de
vendas da empresa utilizado para calcular e comparar esses valores for o mesmo.

Isso significa que o valor das receitas de vendas deve ser mantido constante
para ser possível comparar a alavancagem total relacionada com os diferentes níveis
dos custos fixos existentes.

IMPORTANTE
Sempre que a variação percentual no Lucro Líquido resultante de uma
variação percentual nas vendas for maior do que a percentagem de variação
nas vendas, haverá alavancagem total.

A alavancagem combinada ou total reflete o impacto combinado da alavancagem


financeira e da alavancagem operacional na empresa.

Se ocorrer uma alta alavancagem operacional e uma alta alavancagem


financeira, isso irá desencadear uma alavancagem total alta. Por sua vez, o oposto
também será verdadeiro.

IMPORTANTE
O GAC representa o risco total da empresa (risco de negócio + risco financeiro).

Determinada empresa A possui como receita operacional o valor de R$


2.000.000,00, os seus custos operacionais variáveis estão na ordem de R$ 800.000,00
e os seus custos operacionais fixos estão no valor de R$ 500.000,00. Esta empresa
também possui compromissos financeiros fixos no Passivo Não Circulante (longo prazo)
no valor de R$ 350.000,00. A alíquota do IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
– é de 25%. A empresa possui 15.000 ações. Os gestores projetaram para o próximo
exercício social um crescimento nas receitas de vendas na ordem de 15%. O resultado
do grau de alavancagem combinada é o seguinte:

177
ALAVANCAGEM COMBINADA
VARIAÇÃO PERCENTUAL DA SITUAÇÃO
+ 15%
RECEITA OPERACIOANAL INICIAL
RECEITA OPERACIONAL 2.000.000 2.300.000
(-) CUSTOS E DESPESAS
800.000 920.000
OPERACIONAIS VARIÁVEIS
(-) CUSTOS E DESPESAS
500.000 500.000
OPERACIONAIS FIXAS
(=) LUCRO ANTES DE JUROS E
700.000 880.000
IMPOSTO DE RENDA-LAJIR
(-) JUROS 350.000 350.000
(=) LAIR 350.000 530.000
(-) Imposto de Renda – IR 87.500 132.500
(=) Lucro Líquido 262.500 397.500
Variação percentual no Lucro Líquido - 51,43%
Lucro por ação – LPA 17,50 26,50

Onde:

Variação % LAJIR: 880.000 – 700.000 = 25,71%


700.000

GAO = Variação % LAJIR = 25,71% = 1,71


Variação % Receitas 15%

Variação % no Lucro Líquido: 397.500 – 262.500 = 51,43%


262.500

GAF = Variação % no Lucro Líquido = 51,43% = 2,0


Variação % LAJIR 25,71%

GAC = Variação % no Lucro Líquido = 51,43% = 3,42


Variação % Receitas 15%
Ou:

GAC = GAO x GAF = 1,71% x 2,0% = 3,42

Neste caso, o aumento (ou diminuição) em 1% nas receitas implicará um


aumento (ou diminuição) de 3,42% no Lucro Líquido.

178
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O giro do ativo é um dos principais indicadores da atividade da empresa.

• O giro do ativo operacional é utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de


vendas geradas, quantas vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades
operacionais da empresa.

• A margem bruta é obtida pela apuração do índice entre o lucro bruto (LB) e a receita
líquida de vendas (RLV).

• A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise porque apresenta o


retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante determinado
período, comparada às suas vendas líquidas.

• A rentabilidade do ativo também pode ser caracterizada como a taxa do retorno dos
investimentos realizados pelos gestores na empresa, podendo comparar com a TIR
que é a taxa interna de retorno.

• O indicador da rentabilidade do patrimônio líquido apura apenas o retorno do


investimento realizado pelos sócios e investidores na empresa. Nesse indicador não
são contemplados todos os investimentos realizados na empresa, apenas o que
estão registrados no grupo do patrimônio líquido.

• Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos porque


apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de retorno de
investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e não pode
estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos oficiais, como o
Banco Central.

• A alavancagem operacional é possível de ser realizada pela presença de custos e


despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa.

179
AUTOATIVIDADE
1 Todas as empresas, sejam atuantes no mercado nacional ou Internacional e que
estejam envolvidas em atividades de indústria, comércio ou de serviços, estarão
sempre enfrentando o peso da concorrência como forças competitivas. Quais são as
forças competitivas?

a) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o


mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores;
d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a
potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado.
b) ( ) Novos concorrentes; b) produtos reciclados que podem tomar facilmente o
mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores;
d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos vendedores; e) a
potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado.
c) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o
mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores;
d) a capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a
potencial rivalidade existente entre governo e fisco.
d) ( ) Novos concorrentes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o
mercado; c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores;
d) a capacidade para produção e a habilidade para negociação dos compradores;
e) a potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado.
e) ( ) Novos clientes; b) produtos substitutos que podem tomar facilmente o mercado;
c) as forças e ameaças na negociação juntamente com os fornecedores; d) a
capacidade, a técnica e a habilidade para negociação dos compradores; e) a
potencial rivalidade existente entre os concorrentes no mercado.

2 O giro do ativo operacional é outro indicador muito interessante para os gestores


da empresa avaliar e acompanhar os resultados da empresa. Qual é a finalidade
de sua utilização?

a) ( ) É utilizado para avaliar, conforme os custos das vendas são gerados, quantas
vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa
entre outras palavras, o imobilizado.
b) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas,
quantas vezes ocorreu o giro dos estoques aplicados às atividades operacionais
da empresa entre outras palavras, o imobilizado.
c) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas
vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades financeiras da empresa
entre outras palavras, o imobilizado.

180
d) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas
vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa
entre outras palavras, o imobilizado.
e) ( ) É utilizado para avaliar, conforme as receitas líquidas de vendas geradas, quantas
vezes ocorreu o giro dos ativos aplicados às atividades operacionais da empresa
entre outras palavras, o estoque.

3 A margem líquida do exercício é um excelente indicador de análise porque apresenta o


retorno gerado em todas as operações realizadas pela empresa durante determinado
período, comparada às suas vendas líquidas. De acordo com esses aspectos, o que
esse indicador permite descobrir? Justifique.

4 Payback é uma interessante ferramenta para a análise de investimentos porque


apura o tempo do retorno dos investimentos, adotando perspectivas de retorno de
investimentos com taxa de atratividade ao custo do capital investido e não pode
estar muito além ou aquém das taxas praticadas pelos órgãos oficiais. Desta forma,
quais são as desvantagens do Payback?

a) ( ) O método do PBD continua tendo as vantagens de não considerar todos os


capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo
tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de
curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e
alta rentabilidade.
b) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de considerar todos os
capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo
tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de
curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e
alta rentabilidade.
c) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos
os capitais do fluxo da produção, de ter que definir de forma subjetiva o prazo
máximo tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar
projetos de curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior
maturação e alta rentabilidade.
d) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos os
capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma subjetiva o prazo máximo
tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de
curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e
alta rentabilidade.
e) ( ) O método do PBD continua tendo as desvantagens de não considerar todos os
capitais do fluxo de caixa, de ter que definir de forma objetiva o prazo máximo
tolerado e, ainda, a empresa continuará com a tendência de aceitar projetos de
curta maturação e baixa rentabilidade e rejeitar projetos de maior maturação e
alta rentabilidade.

5 A alavancagem operacional é possível de ser realizada pela presença de custos


e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa. O que envolve a
alavancagem? Justifique.
181
182
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
INDICADORES DE ROTATIVIDADE, CUSTO
MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL E
CAPITAL DE GIRO

1 INTRODUÇÃO
A análise das Demonstrações Contábeis encontra sua relevância quando são
apurados os indicadores, principalmente ao comparar itens e grupos do Balanço e da
DRE – Demonstração do Resultado.

A análise dos índices financeiros demonstra a relação heterogênea dentro de um


mesmo exercício, pois indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo, como
uma simples operação matemática. A questão é identificar a participação de cada grupo
de contas contábeis que permite liquidar os compromissos financeiros da empresa.

Os indicadores do giro indicam a velocidade que os recursos das contas


contábeis de Contas a Receber, Fornecedores e Estoques estão contribuindo para a
geração do caixa da empresa.

Esses indicadores também são conhecidos como indicadores de velocidade, que


são os indicadores obtidos com a apuração dos índices na relação entre um elemento
patrimonial e um elemento de resultado, como na relação entre o CMV e o Estoque Final
ou Médio no cálculo do número de renovações dos estoques de mercadorias. Portanto,
esses índices de velocidades podem ser denominados de Giro.

2 ANÁLISE DA ROTATIVIDADE (GIRO)


Estes indicadores representam a velocidade com que elementos patrimoniais
se renovam durante determinado período. Por asua natureza, eles têm seus resultados
normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores.

A importância de tais índices consiste em expressar relacionamentos dinâmicos


– daí a denominação de indicadores de atividade (rotatividade) – que acabam,
direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade.
Normalmente, tais indicadores envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e
do demonstrativo de resultados, simultaneamente.

183
Os prazos de rotação constituem-se em categoria de elevada importância para
o analista. O balanço da empresa representa sua situação patrimonial em determinado
momento, isto é, como se fosse uma fotografia que mostra algo de forma estática, sem
refletir sua mobilidade, seu dinamismo. A empresa, em suas operações, compra, produz,
estoca, vende e recebe num processo dinâmico e contínuo.

Dessa maneira, podemos apurar as seguintes informações com a apuração


do giro:

a) Rotatividade do Estoque de Produtos Acabados.


b) Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber (clientes).
c) Prazo Médio de Pagamento de Contas a Pagar (fornecedores).

2.1 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DOS ESTOQUES


Este índice, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas)
representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas.

A fórmula a ser aplicada é:

PMRE = CMV / Estoque Médio

Onde:
PMRE = Prazo Médio de Renovação de Estoques
CMV = Custo de Mercadorias Vendidas
Estoque Médio = ( Saldo Estoque ano 1 + Saldo Estoque ano 2 ) / 2

Em seguida é necessário apurar o giro em dias que se realizou o estoque, que,


nesse caso, se divide 360 dias do ano comercial pelo giro dos estoques.

IMPORTANTE
Não é regra, mas como na prática da gestão empresarial existe a adoção do
mês comercial de 30 dias, para o ano comercial muitas empresas adotam o
período de 360 dias (30 dias do mês multiplicado por 12 meses), mas há a
possibilidade de aplicar o período para a análise do giro em 365 dias sem
nenhum problema.

184
Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado
–apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação
dos estoques.

Para apurar o valor do Estoque Médio, é necessário buscar o valor do Estoque no


Balanço Patrimonial em X1 em R$ 2.535.000,00, adicionar ao valor do Estoque no Balanço
Patrimonial em X2 em R$ 5.055.000,00 e dividir por 2 para encontrar o valor médio.

QUADRO 14 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Para identificar o valor do CMV – Custo da Mercadoria Vendida (Custo das


Vendas), é necessário buscar a DRE – Demonstração do Resultado em X2 no valor de
R$ 14.198.000,00.

185
QUADRO 15 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice do PMRE – Prazo Médio de Renovação de Estoques – da


empresa, é necessário dividir o valor do CMV – Custo da Mercadoria Vendida (Custo das
Vendas) – de R$ 14.198.000,00 por R$ 3.795.000,00.

PMRE = CMV
Estoque Médio

PMRE = 1.198.000
3.795.000

PMRE = 3,7412

De acordo com o resultado apurado, o estoque girou 3,74 vezes durante o ano.
Quanto maior este indicador, melhor é para a geração do fluxo de caixa da empresa.

Com o prazo de renovação do estoque apurado, vamos identificar em quantos


dias o estoque girou por completo na empresa.

186
Prazo = Período
PMRE

Prazo = 360
3,7412

Prazo = 96,2248

Os estoques giraram na empresa em torno de 96 dias por completo durante o


ano, o que é um bom resultado pois esta e uma média aproximada de três meses.

IMPORTANTE
Quanto maior o índice do PMRE – Prazo Médio de Renovação dos Estoques
–, melhor é para a empresa, pois o tempo do giro dos estoques reduz.

2.2 PRAZO MÉDIO DE ROTAÇÃO DE CLIENTES


O prazo médio de rotação de clientes permite identificar o prazo médio de
cobrança dos clientes da empresa. Conforme Iudícibus (2017, p. 114):

Este quociente indica quantos dias, semanas ou meses a empresa


deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo.
Contas a Receber Médio deveria ser obtido a partir do maior número
possível de saldos. Deveria representar a média do maior número
possível de saldos da conta “Contas a Receber” (ou equivalente)
durante o período observado.

As vendas médias (somente a parcela a prazo) são calculadas dividindo-se as


vendas a prazo por 360 ou 12, conforme desejamos identificar o resultado expresso em
dias, meses etc.

A fórmula a ser aplicada é:

PMCR = (( SI Clientes + Vendas) – SF Clientes) / Média Valores Clientes à Receber

187
Onde:

PMCRRE = Prazo Médio de Contas a Receber


SI Clientes = Saldo Inicial Clientes
Vendas = Receita de Vendas da Empresa
SF Clientes = Saldo Final Clientes
Média Valores a Receber = (Saldo Clientes X1 + Saldo Clientes X2 ) / 2

Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado


–apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação
dos estoques.

Para apurar o valor do Prazo Médio Renovação de Clientes, é necessário buscar


o valor da conta de Clientes em X1 de R$ 1.575.000,00 e adicionar ao valor da conta de
Clientes no Balanço Patrimonial em X2 de R$ 1.256.000,00 e dividir por 2 para encontrar
o valor médio.

QUADRO 16 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

188
Para identificar o valor da Receita de Vendas da empresa, é necessário buscar
na DRE – Demonstração do Resultado – em X2 o valor de R$ 19.841.000,00.

QUADRO 17 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o índice do PMCR – Prazo Médio de Contas a Receber – da empresa,


é necessário dividir o valor do Saldo Inicial de Clientes em X1 no valor de R$ 1.575.000,00,
adicionar ao valor das Vendas do período X2 no valor de R$ 19.841.000,00 e subtrair o
valor do Saldo Final de Clientes no período X2 no valor de R$ 1.256.000,00. Isso perfaz
um valor total de R$ 20.160.000,00 para, em seguida, dividir pela média dos valores a
receber de Clientes nos períodos entre X1 e X2.

O valor da média dos saldos na conta contábil a receber de Clientes está em:

→ (R$ 1.575.000,00 + R$ 1.256.000,00) / 2


→ R$ 2.831.000,00 / 2
→ R$ 1.415.500,00

189
PMCR = (SI Clientes + Vendas) - (SF Clientes)
Média Valores Clientes à Receber

PMCR = 20.160.000
1.415.500

PMCR = 14,2423

Conforme o resultado apresentado, a conta de duplicatas a receber (clientes)


girou 14,24 vezes durante o ano.

Com o prazo de renovação de duplicatas a receber (clientes) apurado, vamos


identificar em quantos dias o estoque girou por completo na empresa.

Prazo = Período
PMCR

Prazo = 360
14.2423

Prazo = 25,2768

Os valores de clientes a receber pela empresa se realizam a cada 25 dias por


completo durante o ano, o que é um excelente resultado.

IMPORTANTE
Quanto maior este indicador, melhor para a geração do fluxo de caixa da empresa.

2.3 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE FORNECEDORES


Este é um importante indicador, pois apresenta o prazo médio para pagamentos
aos fornecedores e assim é possível comparar esse resultado com o prazo médio de
contas a receber e avaliar a capacidade para a geração do caixa da empresa.

O PMPF – Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores – indica quantos dias, em


média, a empresa utiliza ou planeja pagar os seus fornecedores. A fórmula é a seguinte:

190
PMPF = Compras / Média de Fornecedores

Onde:

PMPF = Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores


Compras = ( CMV Custo das Mercadorias Vendidas = EI Estoque Inicial + Compras – EF
Estoque Final )
Média de Fornecedores = ( Fornecedores X1 + Fornecedores X2 ) / 2

Conforme os dados do Balanço Patrimonial e DRE – Demonstração do Resultado


–apresentados a seguir, aplica-se a fórmula para identificar o prazo médio de rotação
dos estoques.

Para apurar o valor do Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores é necessário


buscar o valor da conta de Estoques em X1 no valor de R$ 2.535.000,00 e o valor da
conta de Estoques em X2 no valor de R$ 5.055.000,00.

QUADRO 18 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor

191
Outra informação que deve ser tomada para a realização desse cálculo é o valor
do Custo das Vendas em X2, que consta na DRE – Demonstração do Resultado – em X2,
no valor de R$ 14.188.000,00.

QUADRO 19 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Para apurar o valor das compras do período é necessário aplicar a seguinte


fórmula:

CMV = EI + Compras – EF

O valor das Compras realizadas durante o período X2 é de R$ 16.718.000,00.

192
Em seguida, é possível apurar o coeficiente do Prazo Médio de Pagamentos a
Fornecedores.

PMPF = Compras
Média Fornecedores

PMPF = 16.718.000
2.099.000

PMPF = 7,9647

Conforme o resultado apresentado, a conta de fornecedores a pagar girou 7,96


vezes durante o ano.

Com o prazo de renovação da conta de fornecedores apurado, vamos identificar


quantos dias a empresa terá de prazo para pagar.

Prazo = Período
PMPF

Prazo = 360
7,9647

Prazo = 45,1992

Os valores que constam em fornecedores a pagar estão sendo pagos em um


prazo médio de 45 dias. Quanto maior o prazo, sem incidência de juros, melhor para
a empresa.

IMPORTANTE
Quanto menor for esse índice, melhor para a geração do fluxo de caixa da
empresa, pois terá maior prazo para pagar seus fornecedores.

193
3 VALOR ECONÔMICO AGREGADO – EVA
Um dos papéis mais importantes para o gestor financeiro nas empresas é o de
estar atento ao planejamento financeiro, principalmente quando deve avaliar os prazos
do ciclo operacional, em função dos recursos financeiros no caixa ocorrerem apenas
conforme os prazos negociados da cobrança dos clientes, bem como da negociação
dos prazos do pagamento dos fornecedores.

Esse ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores
precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro
da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.

Quando a empresa não alcança êxito na geração dos recursos financeiros com
as suas atividades operacionais, algumas vezes provado devido à forte necessidade de
investimentos, estas optam por operar na Bolsa de Valores e vender as suas ações, que
é uma maneira de captar recursos financeiros.

É importante para os gestores da empresa obterem as informações referente ao


retorno sobre o capital da empresa pela aplicação do Custo Médio Ponderado de Capital
(CMPC). Este é um indicador que permite apurar o resultado operacional mínimo para a
empresa pagar as captações de recursos de financiamentos.

3.1 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO


O planejamento financeiro nas empresas deverá permitir alcançar os melhores
resultados financeiros para estas, porém, muitas incertezas podem ocorrer. Devemos
considerar todas as hipóteses possíveis para serem analisadas antes de qualquer
tomada de decisão. Um bom planejamento financeiro poderá permitir estabelecer um
caminho com objetivos financeiros a serem alcançados.

As empresas determinarão o planejamento do fluxo de caixa de acordo com o seu


porte. Como o mercado oscila bastante, empresas menores tendem a avaliar os resultados
financeiro em espaços de tempo menores (dia, semana, mês), enquanto empresas maiores
tendem a analisar os resultados financeiros em espaços de tempo maiores.

Frezatti (1997) orienta que é necessário realizar o planejamento financeiro em


até três meses (e transformar as análises em períodos menores, como exemplo: semana
ou mês). Isso que o método de avaliação por dia permite avaliar as entradas e saídas do
caixa em cada dia e assim permite identificar as necessidades de caixa imediatos.

O plano do fluxo de caixa de longo prazo também é utilizado, mas este não
necessita de muitos detalhes, apenas é necessária a análise por saldos gerais das contas.

194
Isso geralmente ocorre quando se está realizando um plano de investimento,
não necessitando de detalhes, apenas a avaliação dos recursos em saldos agrupados.

Neste tipo de mercado financeiro, o tomador de recursos não mantém contato


direto com o poupador. Conforme Oliveira Junior e Pacheco (2017, p. 20), “[...] nesse
processo, não existe contato direto entre o agente superavitário e deficitário”.

Prosseguem Oliveira Junior e Pacheco (2017, p. 20, grifo dos autores):

Note-se que o relacionamento, tanto do agente superavitário quanto


do agente deficitário, sempre ocorre com a instituição financeira. Esta,
por sua vez, adquire papel fundamental no processo, pois assume
todo o risco de o tomador do empréstimo não honrar seu pagamento,
ou seja, o risco de inadimplência. Entretanto, ainda que o tomador
não honre o pagamento do empréstimo, a instituição financeira deve
honrar o depósito ou CDB do poupador.

A intermediação financeira indireta difere da intermediação financeira direta, o


tomador de recursos financeiros tem contato direto com o poupador. Conforme Oliveira
Junior e Pacheco (2017, p. 21), “[...] nesse processo, a instituição financeira apenas
presta ao agente deficitário o serviço de estruturar e distribuir operações de captação
de recursos, mediante a emissão de um título de dívida que pode ser representado por
debêntures, notas promissórias ou via emissão de ações”.

Os autores afirmam que “[...] neste caso, a instituição financeira não assume
o risco de crédito do agente deficitário, que é assumido integralmente pelo agente
superavitário” (OLIVEIRA JUNIOR; PACHECO, 2017, p. 21).

Vale salientar que o processo para o planejamento financeiro envolve o


planejamento do fluxo de caixa.

Devemos observar que a maximização do lucro da empresa deve estar em


conformidade com o nível de recursos financeiros que permite constituir as reservas
necessárias, incluindo também a necessidade de atingir a maior liquidez nas aplicações
financeiras que os gestores financeiros realizam e determinar qual é o valor do caixa
necessário sem comprometer os pagamentos.

3.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO

O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que


a empresa necessita realizar, e isto somente é possível com uma análise detalhada do
fluxo de caixa estimado. O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos
necessários para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada.

195
Para Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “o conceito de Análise de Investimentos
pode hoje ser um conjunto de técnicas que permitem a comparação entre os resultados
de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes de uma maneira científica”.

Os investimentos geralmente ocorrem no ativo imobilizado da empresa,


como imóveis, instalações, máquinas e equipamentos e, geralmente exigem valores
significativos gerando um elevado impacto nos resultados financeiros, mas isso não
deixa de ser relevante como análise, pois os recursos financeiros investidos na produção,
devem gerar o retorno em função do valor agregado aos seus produtos.

Para agregar valor ao produto, a empresa deverá ser hábil suficiente para que os
clientes possam perceber o valor do produto pela qualidade que este oferece. Segundo
Schuler e Toni (2015, p. 47), é o modo como o consumidor avalia o preço:

A operação mental que o consumidor realiza para avaliar o preço


passa por três áreas principais, que se relacionam, para gerar a
fórmula de cálculo da adequação de um preço a determinado
produto e situação. Essas áreas são (1) o valor percebido no produto
(benefício), (2) o sacrifício exigido para sua obtenção, (3) os riscos
associados a um erro de estimativa quer do valor do produto, quer do
sacrifício possível de ser praticado por ele.

Muitas vezes, a empresa precisa investir determinadas somas de recursos


financeiros em conceitos de embalagem, cor, textura, odor, entre outros; para cativar
a atenção do cliente. Por isso, os investimentos devem ser bem planejados, com
qualidade, sem gerar perdas. Essas perdas somente são evitadas se o cliente perceber
o valor agregado ao produto, ou seja, além de ser útil e necessário, o produto deve atrair
a curiosidade e desejo de compra.

Os gestores financeiros questionam se este tipo de investimento é viável, e para


encontrar a resposta correta, é necessário avaliar o fluxo de caixa futuro a valor presente
de acordo com o custo de capital negociado, do contrário, não haveria possibilidade em
avaliar de forma correta esses tipos de gastos e o possível retorno gerado.

De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 387), “[...] neste sentido é que muitos
autores consideram que a Engenharia Econômica é, em boa parte, uma aplicação
das técnicas de Matemática Financeira nos problemas de tomada de decisões,
envolvendo análise de investimentos, substituição de equipamentos e mesmo o
estudo da depreciação”.

No sentido de viabilizar os projetos de investimentos de longo prazo, é necessário


avaliar seu retorno financeiro, a capacidade da geração do fluxo de caixa e a capacidade
de manter as atividades operacionais da empresa no seu ambiente.

196
3.3 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO E CUSTO DO CAPITAL
DE TERCEIROS
Ao se constituir uma empresa, esta necessita primeiramente dos recursos
financeiros dos sócios, para que se possa estruturar as primeiras atividades operacionais.
No entanto, em caso de maior necessidade de caixa, há a possibilidade de buscar
recursos de terceiros (recursos das instituições financeiras.

Desta forma, para manter a necessidade de captação dos recursos financeiros


sem afetar o ciclo da produção da empresa, o gestor financeiro deve utilizar de
ferramentas da Engenharia Econômica e avaliar a média ponderada do custo de
captação de recursos para a empresa, e muitas vezes essa média ponderada se torna
um complicador para a decisão nas captações, pois o VPL – Valor Presente Líquido –
gerado pelo projeto de investimentos deverá gerar atratividade para os investidores. O
cálculo da média ponderada se dará em função da apuração das taxas remuneratórias
do Capital de Terceiros e do Capital Próprio.

Se as captações forem elevadas e comprometerem as atividades da empresa e


se tornar inviável, poderá levar a empresa à falência, e para evitar isso devemos analisar
alguns fatores referentes as decisões da captação dos recursos financeiros, conforme
o Quadro a seguir:

QUADRO 20 – FATORES NA DECISÃO DE ESTRUTURA DE CAPITAL

Preocupação Fator Descrição


Empresas com receitas estáveis e previstas podem
adotar com maior segurança estruturas de capitais
altamente alavancadas, ao contrário das com
Estabilidade de receitas de vendas voláteis. Empresas com vendas
receitas crescentes tendem a se beneficiar com o uso do
capital de terceiros adicional, permitindo benefícios
positivos da alavancagem financeira, a qual amplia o
Risco efeito do aumento das vendas.
Econômico
Numa nova estrutura de capital, a empresa deve
concentrar sua atenção na sua capacidade de
gerar os fluxos de caixa necessários para cobrir
Fluxo de caixa suas obrigações. Os fluxos de caixa projetados
devem se mostrar capazes de fazer o serviço das
dívidas, para que apoiem qualquer alteração da
estrutura de capital.

197
Empresas podem estar contratualmente limitadas
quanto ao tipo de fundo que podem captar. Exemplo:
pode estar proibida de obter capital de terceiros
adicional, a não ser que os direitos dos fornecedores
Obrigações
dos novos recursos fiquem subordinados aos dos
contratuais
titulares das dívidas já existentes. Também podem
existir restrições contratuais à venda de novas
ações, bem como à capacidade de pagamento de
dividendos aos acionistas.
Custos de
Ocasionalmente, a empresa imporá alguma restrição
agency
interna sobre o uso de capital de terceiros, para
Preferência dos limitar sua exposição a risco a um nível considerado
administradores aceitável pela administração. Por força de aversão a
risco, a administração limita a estrutura de capital a
um nível considerado o verdadeiro ótimo ou não.
Em geral, somente em empresas fechadas ou
ameaçadas por tentativas de aquisição o controle
Controle
chega a ser uma questão importante na decisão a
respeito da estrutura de capital.
A capacidade de obter fundos rapidamente e a taxas
favoráveis depende das avaliações externas de
risco por fornecedores de recursos e por agências
de classificação de risco. Consequentemente, a
Avaliação externa
empresa deve considerar o impacto das decisões
de risco
relativas à estrutura de capital sobre o valor da ação
e sobre demonstrações financeiras publicadas, com
as quais os fornecedores de recursos e as agências
Informação de classificação avaliam o risco.
assimétrica Às vezes, quando o nível geral de taxas de juros
é baixo, o financiamento com capital de terceiros
pode ser mais atraente. Em algumas ocasiões,
tanto capital de terceiros como capital próprio
Oportunidade tornam-se indisponíveis em condições que seriam
consideradas razoáveis. As condições econômicas
gerais – em especial as do mercado de capitais –
podem assim afetar significativamente as decisões
relativas à estrutura de capital.

FONTE: Adaptado de Gitman (2010, p. 499)

IMPORTANTE
Em nenhum mercado financeiro ou empresa existe uma fórmula mágica
que defina uma estrutura ideal de capital. Neste caso, deve-se apurar o
Custo Médio Ponderado de Capital e identificar o Resultado Operacional
mínimo que a empresa deve atingir para cobrir os seus gastos com custos
de captação de capital, que são os seguintes:

1- Juros de Capital de Terceiros.


2- Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
3- Dividendos dos acionistas.

198
3.4 CÁLCULO DO CMPC – CUSTO MÉDIO
PONDERADO DE CAPITAL
Ao ser projetado o resultado operacional de uma empresa, deve se utilizar a média
ponderada da taxa de juros em relação ao capital de terceiros e a taxa de dividendos em
relação ao capital próprio que a empresa irá investir. Essa remuneração se chama custo
médio ponderado de capital (CMPC) e servirá para identificar o resultado operacional
mínimo necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do
imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.

Para identificar o custo médio ponderado de capital, iremos utilizar exemplos


hipotéticos de informações financeiras de uma empresa fictícia.

Então, vejamos o que a empresa A possui em sua Estrutura Patrimonial nos


períodos de X1, X2 e X3.

QUADRO 21 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: O autor.

199
- Custo dos Capitais de Terceiros (bruto): 25% a.a.
- Custo dos Capitais Próprios (bruto): 15% a.a.
- Alíquota do IRPJ/CSLL: 34%.

Fórmulas:
CMPC (Bruto) = ((CP x Taxa CP) + (CT x Taxa CT)) / (CP + CT)
CMPC (Líquido) = ((CP x Taxa CP) + ((CT x Taxa CT) x (1-IR))) / (CP + CT)

Dados:
Capital Próprio X1 = R$ 16.723.208
Capital de Terceiros X1 = R$ 2.500.985 (Curto Prazo) + R$ 2.965.380 (Longo Prazo) = R$
5.466.265

Devemos apurar a taxa do CMPC Bruto e Líquido da empresa:

CMPF (B) = (16.723.208 x 0,15) + (5.466.265 x 0,25)


22.189.573

CMPF (B) = 0,17463371



CMPF (B) = 17,4634%

Neste caso, a taxa do CMPC Bruto está na ordem de 17,4634% como custo de
capital para manter a empresa A. Isso quer dizer que, se o gestor necessitar identificar o
Resultado Operacional mínimo necessário que a empresa deve atingir para quitar o valor
dos juros de capital de terceiros, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição
Social sobre Lucro Líquido e, por final, os Dividendos ao acionista, devemos tomar o valor
de R$ 16.723.208 + R$ 5.466.265 = R$ 22.189.743 e multiplicar por 17.4634% para apurar
o Resultado Operacional mínimo de R$ 3.875.084.

O CMPC Líquido do IRPJ/CSLL comportou-se da seguinte forma:

CMPF (B) = (16.723.208 x 0,15) + ((5.466.265 x 0,25) x (1-0,34))


22.189.573

CMPF (B) = 0,15369448



CMPF (B) = 15,3694%

No exemplo apurado o percentual do CMPC Líquido do IRPJ/CSLL está em


15,3694% para manter a empresa A estruturada com a necessidade de captação de
recursos.

200
O percentual de 15,3694% é líquido do efeito tributário do IRPJ – Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica – e do CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
–, pois na captação de recursos de terceiros há o benefício tributário de 34% sobre o
valor dos juros que a empresa deixará de pagar imposto de renda, para as empresas
enquadradas no Lucro Real.

4 CAPITAL DE GIRO
Administração do capital de giro envolve avaliação do capital circulante líquido
que é a somatória dos recursos que constam no ativo circulante descontado o passivo
circulante. Desta forma, o capital circulante líquido somente é vantajoso se a somatória
dos ativos circulantes for maior que a somatória dos passivos circulantes.

Isso significa que o saldo positivo dessa operação apresenta que a empresa
não necessita de maior volume de recursos de terceiros para o investimento nos seus
ativos operacionais.

A fórmula do CDG Capital de Giro é:

IMPORTANTE
Capital de giro (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL) = Ativo Circulante
– Passivo Circulante.

4.1 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO


Antes de apurarmos a necessidade do capital de giro, vejamos como ele
é definido. Na visão de Coelho, Botini e Waehneldt (1996, p. 37), “[...] entende-se por
capital de giro o valor monetário relativo à aquisição de bens destinados à revenda ou à
produção de outros bens que constituam o objeto do negócio da empresa”.

Ao separar o valor do ativo circulante maior que o passivo circulante isso


significa que o capital de giro líquido da empresa está positivo. É importante destacar
que os valores do ativo circulante que não são provenientes do passivo circulante são
financiados ou pelo passivo não circulante ou pelo patrimônio líquido da empresa, o
que garante determinada solidez financeira pois não caracteriza elevado grau de
endividamento:

201
QUADRO 22 – EMPRESA COM CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (C.C.L.) POSITIVO

FONTE: O autor

C.C.L = A.C. R$ 25,00 - R$ 15,00 = R$ 10,00, ou:


C.C.L = (P.L. R$ 60,00 + P.N.C. R$ 25,00) – A.P. R$ 75,00 = R$ 10,00.

Podemos perceber que no grupo do ativo circulante existem R$ 25,00


aplicados e no passivo circulante encontra-se o valor de R$ 15,00, gerando um capital
circulante líquido positivo de R$ 10,00. Isso é importante porque reduz o nível de
endividamento da empresa e os recursos excedentes do ativo circulante em relação
ao passivo circulante foram oriundos provavelmente do passivo não circulante ou do
patrimônio líquido da empresa.

Quando a empresa estiver com o ativo circulante menor que o passivo


circulante significa que o capital de giro líquido está negativo, conforme apresenta o
quadro a seguir.

QUADRO 23 – EMPRESA COM CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO NEGATIVO

FONTE: O autor

202
No quadro anterior, o valor da sobra financeira é negativo porque as dívidas
de curto prazo da empresa (passivo circulante) estão financiando as aplicações com
valores maiores no ativo permanente (Imobilizado). O valor do CCL (Capital Circulante
Líquido) de R$ 50,00 indica que dos R$ 135,00 aplicados em ativo permanente R$ 50,00
são financiados por dívidas de curto prazo.

Nesse exemplo, podemos avaliar que o valor do capital circulante líquido


negativo em R$ 50,00 acabou sendo investido no ativo não circulante, ou seja, existe
a grande possibilidade desses recursos terem sido investidos no ativo imobilizado, não
que isso seja ruim, mas apenas demonstra maior grau do endividamento da empresa no
passivo circulante.

O interessante seria manter o maior volume de recursos no ativo circulante,


valores em caixa e bancos, e isso garante maior liquidez mantendo assim a estrutura
financeira da empresa sólida.

No entanto, se a empresa mantiver recursos em grupos de contas com o giro


mais lento, por exemplo, estoques ou duplicatas a receber, o risco de liquidez será
maior uma vez que haverá necessidade de maior tempo de giro para transformar esses
recursos em dinheiro. Existe a grande probabilidade de os gestores da empresa optarem
em buscar recursos de terceiros e assim comprometendo novamente o seu grau de
liquidez.

Uma sugestão muito importante para os gestores financeiros das empresas é


feita por Brigham e Houston (1999, p. 603):

O ciclo operacional de caixa pode ser encurtado (1) reduzindo-se o


prazo médio de estocagem pelo processamento e venda mais rápidos
de mercadorias; (2) pela redução do prazo médio de recebimento por
meio de aceleração das cobranças; ou (3) alongando o prazo médio
de pagamento, tornando mais lentos os pagamentos da própria
empresa. Se essas medidas puderem ser tomadas sem aumentar os
custos ou reduzir as vendas, elas devem ser tomadas.

Nas empresas industriais, espera-se que os ativos fixos possam realizar a


produção e gerar as vendas com lucros.

IMPORTANTE
Caso os investimentos forem direcionados para o ativo permanente, maior
será o retorno alcançado pela empresa, porém maior será o risco envolvido.

203
No que se refere à gestão da liquidez dos recursos financeiros da empresa, esta
permanece vinculada a uma escolha entre risco e lucratividade.

Sempre há expectativas de que essa relação do ativo circulante com o ativo total
seja elevada (AC/AT)↑, assim sendo, a lucratividade e o risco do negócio são menores.
No entanto, se essa situação for ao contrário, ativo circulante em relação ao ativo total
for menor (AC/AT)↓, a lucratividade da empresa e o risco existente serão maiores.

Por sua vez, o capital de giro permanente, que é o volume mínimo de ativo
circulante que a empresa precisa para manter as atividades em funcionamento, está
relacionado com o capital de giro variável, que indica que podem ocorrer necessidades
adicionais de recursos financeiros, muitas vezes motivados por compras antecipadas de
estoques, entre outros exemplos.

O que tem levado as empresas multinacionais ao sucesso financeiro e


manutenção da sua rentabilidade no mercado é a facilidade na obtenção de recursos
financeiros. Segundo Eiteman, Stonehill e Moffett (2013, p. 530), “as EMNs podem financiar
as necessidades de capital de giro através de bancos internos, bancos internacionais e
bancos locais, onde estão localizadas as subsidiárias”.

204
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O prazo médio de rotação dos estoques procura (mensurado pelo custo das vendas)
representar quantas vezes se “renovou” o estoque por causa das vendas.

• O prazo médio de rotação de clientes indica quantos dias, semanas ou meses a


empresa deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo.

• O prazo médio de rotação de fornecedores indica quantos dias, em média, a empresa


demora para pagar seus fornecedores.

• O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam
estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da
empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.

• O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que a


empresa necessita realizar, e isto somente é possível com uma análise detalhada do
fluxo de caixa estimado.

• O cálculo da média ponderada se dará em função da apuração das taxas remuneratórias


do Capital de Terceiros e do Capital Próprio.

• Administração do capital de giro envolve avaliação do capital circulante líquido que é


a somatória dos recursos que constam no ativo circulante descontados os recursos
circulantes. Desta forma, o capital circulante líquido somente é vantajoso se a
somatória dos ativos circulantes for maior que a somatória dos passivos circulantes.

205
AUTOATIVIDADE
1 O gestor financeiro precisa estar atento ao planejamento das finanças da empresa,
principalmente quando deve considerar os prazos do ciclo operacional, em função
dos recursos financeiros ocorrerem conforme os prazos negociados da cobrança dos
clientes, além dos prazos do pagamento dos fornecedores. Desta forma, o que é o
ciclo financeiro da empresa?

a) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam
estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da
empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.
b) ( ) O ciclo financeiro pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam estar
atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa e
tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.
c) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de terceiros, desta forma, os gestores
precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro
da empresa e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.
d) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores precisam
estar atentos para tomarem decisões que prejudiquem o fluxo financeiro da empresa
e tenham necessidade de captar recursos no mercado financeiro.
e) ( ) O ciclo financeiro não pode afetar o capital de giro, desta forma, os gestores
precisam estar atentos para não tomarem decisões que prejudiquem o fluxo
financeiro da empresa e tenham necessidade de expandir os seus negócios.

2 Muitas vezes quando a empresa não consegue gerar recursos financeiros com as
suas atividades operacionais, devido à forte necessidade de investimentos, estas
optam por atuar na Bolsa de Valores e vender as suas ações, que é uma maneira de
captar recursos financeiros. Com relação ao retorno do capital da empresa, o que é
necessário apurar?

206
3 O orçamento de capital permite selecionar os investimentos de longo prazo que a
empresa necessita realizar e isto somente é possível com uma análise detalhada
do fluxo de caixa estimado. De acordo com esses aspectos, o que o orçamento de
capital permite identificar?

a) ( ) O orçamento de vendas permite identificar quais são os recursos necessários


para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada.
b) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários
para viabilizar o investimento, analisando as origens dessa necessidade.
c) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os bens e direitos necessários
para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada.
d) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários
para viabilizar o processo produtivo, analisando as opções de forma adequada.
e) ( ) O orçamento de capital permite identificar quais são os recursos necessários
para viabilizar o investimento, analisando as opções de forma adequada.

4 No sentido de viabilizar os projetos de investimentos de longo prazo, é necessário


avaliar seu retorno financeiro, a capacidade da geração do fluxo de caixa e a
capacidade de manter as atividades operacionais da empresa no seu ambiente.
Neste sentido, qual é o papel do Fluxo de Caixa?

5 Ao ser projetado o resultado operacional de uma empresa, deve se utilizar a média


ponderada da taxa de juros em relação ao capital de terceiros e a taxa de dividendos
em relação ao capital próprio que a empresa irá investir. Essa remuneração se chama
custo médio ponderado de capital (CMPC). Assim, qual é a finalidade do CMPC?

a) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado financeiro mínimo


necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do
imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.
b) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo
necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do
imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.
c) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo
necessário para a empresa pagar os custos da produção e o efeito tributário do
imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.
d) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional mínimo necessário
para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do imposto de
renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro operacional.
e) ( ) O CMPC tem por finalidade identificar qual é o resultado operacional máximo
necessário para a empresa pagar os custos de captação e o efeito tributário do
imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.

207
208
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
ETAPAS DA ANÁLISE
DE DEMONSTRAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Chegamos ao último tópico do livro. Foi uma incrível jornada
até aqui, que nos levou a aprender sobre as Demonstrações Contábeis/Financeiras, nos
ensinou como calcular indicadores e nos acompanhou durante a análise para a tomada
de decisão. No entanto, quando chega a nossa vez de realizar um processo de análise
das Demonstrações Financeiras sozinhos, fica a dúvida: por onde começar?

Este tópico tem o objetivo de apresentar alguns itens imprescindíveis para


se atentar durante seu trabalho de analista e um passo a passo para a realização das
etapas de análise. Tudo isso finalizando em um mini estudo de caso, no qual, de forma
simplificada, conseguiremos ter uma noção de como proceder em cada uma das etapas
descritas. É importante para verificar se houve fixação do conteúdo estudado.

Só calcular os indicadores e verificar seus resultados não é garantia de uma


tomada de decisões assertiva. Para obter sucesso, é preciso ir mais além. Um processo
bem estruturado auxilia em manter o foco no que realmente é relevante, sem deixar de
realizar etapas importantes. É hora de nos aventurarmos na prática.

2 PASSO A PASSO: ETAPAS PARA UMA ANÁLISE


DAS DEMONSTRAÇÕES
Há vários aspectos imprescindíveis ao se realizar um processo de análise
das Demonstrações Financeiras. Durante o conteúdo do livro, vimos diversas dicas
essenciais para facilitar e dar segurança à nossa atividade de analista. Que tal agora
criarmos um Passo a Passo para nos orientar durante o processo? Ele é composto por
oito etapas.

2.1 PRIMEIRA ETAPA – OBTER AS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS DA ENTIDADE
Para se tirar um maior proveito dos indicadores, é preciso comparar os resultados
com a base histórica da própria entidade, ou seja, comparar o resultado obtido em
anos diferentes (20x1, 20x2, 20x3 etc.), a fim de verificar padrões desenvolvidos pela
entidade (ALMEIDA, 2019).

209
Para isso, a primeira etapa seria “averiguar se estamos de posse de todas as
Demonstrações Contábeis (inclusive Notas Explicativas). Também seria desejável
ter em mãos as Demonstrações Contábeis de três períodos” (MARION, 2019, p. 7). O
autor relembra que cada publicação possui colunas comparativas, logo, em uma única
publicação há informações sobre dois períodos: o exercício atual e o exercício anterior.

DICA
É fácil chegar à conclusão de que a primeira coisa a se realizar a partir do
momento em que se coloca as mãos nas Demonstrações é sair calculando
os índices. Mas não é assim. Inicialmente, deve-se olhar as demonstrações
atentamente, procurar se familiarizar com ela, procurar aspectos que
chamem a nossa atenção, tentar realizar algumas análises só tendo
como base o que nos é apresentado. Esse é um começo extremamente
eficiente para um trabalho de excelência. Sente-se confortavelmente e a
leia atentamente. Nenhuma informação foi descrita ali para ser dispensável
ou supérflua.

2.2 SEGUNDA ETAPA – AVERIGUAR A QUALIDADE


DAS DEMONSTRAÇÕES
O simples fato de existir uma Demonstração publicada pela entidade não significa
que sua qualidade está garantida. Uma das formas de se identificar a credibilidade desse
relatório é averiguar se ele foi analisado por uma auditoria independente. Para isso,
consegue-se verificar se existe o Parecer da Auditoria, na qual constam também qual foi
a empresa que realizou o parecer, facilitando a verificação de informações sobre ela.

“Todavia, não havendo parecer da auditoria, deverão ser tomados alguns


cuidados, recomendando-se ao analista uma dose maior de conservadorismo.
Infelizmente, nem sempre as DC refletem a realidade, principalmente nas pequenas
empresas” (MARION, 2019, p. 7). Isso porque a empresa não passou por nenhum processo
que auditasse seus controles internos e adequação dos registros às normas contábeis,
o que daria uma segurança maior na utilização de tais informações.

O que não quer dizer que só demonstrações que passaram por um processo
de auditoria sejam confiáveis. Nem mesmo que não há risco algum só porque uma
empresa é auditada. Alguns dos grandes escândalos contábeis ocorreram em entidades
auditadas por empresas globais. Enquanto algumas empresas pequenas se preocupam
o suficiente em utilizar as informações contábeis para tomada de decisões a ponto de
terem dados extremamente confiáveis.

210
2.3 TERCEIRA ETAPA – PREPARAR AS DEMONSTRAÇÕES
PARA A ANÁLISE
Apesar de a Lei das Sociedades por Ações e da convergência às normas
internacionais de Contabilidade terem gerado uma maior padronização das
Demonstrações para todos os tipos societários, há de se verificar se realmente a empresa
classificou suas contabilizações de forma a permitir uma análise sem realizarmos a
Reclassificação de Itens.

Marion (2019) exemplifica o fato com um registro que demonstra certa ‘esperteza’
da empresa para melhorar sua situação econômico-financeira: suponha que ela tinha
um imóvel contabilizado em seu Ativo Imobilizado e, a fim de melhorar seus indicadores
de liquidez, passa a contabilizá-lo no Ativo Circulante, justificando que passou a dispor
desse imóvel para venda. Nesse caso, o analista terá de reclassificar esse valor de volta
para o Ativo Imobilizado no momento de preparar sua análise, pois se mantiver como
Ativo Circulante, suas conclusões sobre a capacidade de pagamento da empresa serão
corrompidas. O autor também apresenta que:

Outras vezes, mesmo sendo o contador imparcial no agrupamento das contas,


há necessidade de interferência do analista. É o caso de Receita Financeira, que
legalmente é operacional, mas na realidade deveria estar no grupo Não Operacional. Se
quisermos apurar a verdadeira taxa de rentabilidade obtida pela atividade operacional,
devemos reclassificar tanto as Despesas Financeiras como as Receitas Financeiras no
grupo Não Operacional (MARION, 2019, p. 24).

Vamos pensar em outros dois aspectos que requerem cuidados de


Reclassificação, que são: a) Duplicadas Descontadas, que devem ser classificadas
como Passivo Circulante, mas ainda se encontram certas demonstrações nas quais
constam como dedução da conta Duplicatas a Receber no Ativo Circulante; e b) Leasing
(arrendamento mercantil), que é um financiamento disfarçado de aluguel e deve ser
classificado como Ativo para fins contábeis, mas como possui contrato legal de aluguel
(e, portanto, para fins fiscais é considerado aluguel), é importante o analista verificar se
a empresa está realmente contabilizando-o como Ativo.

Para verificar se há Reclassificações a serem realizadas, é fundamental que o


analista tenha um bom conhecimento em Contabilidade, conheça as especificidades da
empresa analisada, assim como do setor/segmento no qual ela atua.

211
2.4 QUARTA ETAPA – SELECIONAR QUAIS INDICADORES
SERÃO UTILIZADOS
A quarta etapa é selecionar os indicadores úteis para a tomada de decisão.
Aprendemos diversos indicadores nos tópicos anteriores, e ainda há outros tantos
existentes, mais avançados e/ou que demandam informações internas, que não foram
escopo deste livro. No entanto, calcular todos os existentes de forma mecânica e
sem critério não é interessante, o ideal é verificar quais são os mais apropriados para
o objetivo do analista. Afinal, cada analista tem um objetivo diferente com relação à
tomada de decisão.

Durante a própria análise dos indicadores, alguns cuidados precisam ser


tomados. Marion (2019) exemplifica com o caso a seguir:

Ressaltamos, entretanto, que o analista deverá tomar uma série de


precauções quanto à interpretação dos índices. Muitas vezes, podem dar falsa
imagem de uma situação. Vamos admitir que o AC da Cia. Imaginativa seja de 100
e seu PC de 50. Se dividirmos o AC pelo PC, obteremos um índice igual a 2,00. Se,
porém, a empresa resolvesse pagar 49 de sua dívida, a situação seria a seguinte:

Observe que diminuímos 49 no PC, uma vez que houve pagamentos das
obrigações e consequente redução da dívida. Para esse pagamento utilizamos 49
de dinheiro do AC e, assim, reduzimos o caixa da empresa. Na verdade, não houve
mudança na situação financeira da empresa. Somente uma redução de 49 do AC
no PC (a capacidade de pagamento da empresa é a mesma). Se dividirmos o AC
pelo PC, obteremos um índice de $ 51,00, o que não significa que houve melhora
na capacidade de pagamento da empresa de 25 vezes, pois a situação é a mesma.
Nesse caso, houve uma manipulação, não sendo considerada má-fé.

FONTE: Marion (2019, p. 22).

Ser criterioso na análise é extremamente importante para que a tomada de


decisões alcance o melhor resultado. Isso só é possível se houver um estudo constante
sobre o assunto.

212
2.5 QUINTA ETAPA – COMPARAR OS RESULTADOS COM
OS DE OUTRAS EMPRESAS CONCORRENTES DENTRO DO
SEGMENTO DA EMPRESA
Só analisar os resultados da empresa não é o suficiente. Precisa-se comparar
os resultados externamente com outras empresas concorrentes que sejam do mesmo
segmento de negócio da entidade, a fim de entender se realmente aqueles resultados
podem ser considerados bons/ruins ou não (se eu não tiver fator de comparação,
considerando apenas a própria empresa, não há parâmetros suficientes para que uma
conclusão efetiva seja tomada). Ou seja, a quinta etapa exige que se tenha posse das
Demonstrações de concorrentes do mesmo setor, ou até mesmo que se obtenha os
resultados dos indicadores via ferramenta de dados, como a Economatica.

DICA
Economatica

A Economatica é uma plataforma de dados do mercado financeiro, ações e fundos, que


fornece indicadores já calculados de entidades no Brasil, América Latina e EUA. É de utilização
bem simples e intuitiva, em que o analista consegue selecionar os indicadores desejados
de um grupo de empresas e exportar até em planilhas de excel, prontas para uma análise
individual ou para serem imputadas em um sistema de análise de dados. Tais dados são
confiáveis por serem primários e duplamente checados, direto das fontes oficiais, e possuem
uma perspectiva de utilização longa, pois foram extraídos de balanços e cotações desde o
ano de 1986 (caso disponíveis).

INTERFACE DA ECONOMATICA – EXCEL

FONTE: Economatica (2022, s.p.)

213
Há mais ferramentas disponíveis para auxiliar no processo de Análise de
Demonstrações, e muitas outras surgirão, pois a tecnologia está evoluindo
muito em aspectos como Business Intelligence, Data Mining, Big Data, Data Lake,
entre outros. É fundamental que nos mantenhamos atualizados sobre métodos
que possam aprimorar e expandir nosso trabalho, para não ficar para trás na
evolução tecnológica. No entanto, o mais importante continua sendo ter uma
base teórica e prática profunda, pois sem ela, nem mesmo a melhor tecnologia
conseguirá por si só nos levar a uma tomada de decisões acurada.

FONTE: https://economatica.com/excel-gallery/?lang=portugues-br.

2.6 SEXTA ETAPA – PROCURAR IDENTIFICAR PADRÕES


E EXCEÇÕES
É nessa etapa em que o analista, já em posse do resultado dos indicadores,
tendo-os comparado internamente (dentro de um período, geralmente três exercícios
da própria empresa) e externamente (com resultados de outras empresas do mesmo
segmento), busca identificar padrões nos indicadores e ocorrência de exceções. Por
exemplo, se a Liquidez Geral da empresa se manteve constante em dois períodos
anteriores, porém no último exercício ocorreu uma diminuição significativa no indicador,
o analista deve entender o que motivou tal variação.

Da mesma forma, se comparou a Liquidez Geral entre várias empresas do setor


e notou um padrão nesse indicador de aproximadamente 2,5, caso a empresa analisada
tenha obtido um resultado muito discrepante dessa média (tanto a maior quanto a
menor), também acaba sendo um ponto de investigação para o analista, procurando
entender qual exceção faz a empresa ter um resultado tão diferente das demais
pertencentes ao mesmo ramo de negócios.

Para isso, pode-se contar com as Notas Explicativas, Relatório da Administração,


Relatório do Conselho Fiscal, Atas de Assembleias, ou basicamente qualquer relatório
(confiável, é bom ressaltar) que seja fornecido pela empresa e que consiga dar uma
visão dos motivos para os fatos e eventos terem ocorrido daquela forma e terem sido
registrados como foram.

Aqui, continua valendo a máxima do analista como autor do processo, tendo


que utilizar seus conhecimentos do negócio da empresa para que não seja influenciado
somente pelos resultados obtidos pelos indicadores. Martins, Miranda e Diniz (2020) dão
a seguinte explicação:

214
Num exemplo exageradamente simples: imagine o balanço de uma
instituição financeira que capta depósitos de poupança e aplica a maior parte
desses recursos em operações de empréstimos a longo prazo, financiando atividade
imobiliária; que tipo de “índice de liquidez corrente” apresenta, classificando esses
valores todos captados como depósitos de poupança no Passivo Circulante, como é a
normatização brasileira, e classificando suas operações de crédito no Ativo Realizável
a Longo Prazo? Ativo Circulante pequeno e Passivo Circulante enorme. Se não tem
ideia de quão estável (quase “permanente” em certas instituições estatais) é esse
Passivo Circulante, poderá concluir que essa instituição já quebrou e só não fechou
suas portas porque ninguém a avisou... (por aí se vê por que, em tantos países, não
se classificam em circulante e não circulante os ativos e passivos das instituições
financeiras e seguradoras).

Portanto, se você não sabe como funcionam os negócios numa empresa


e/ou quais as regras contábeis aplicáveis, procure conhecê-los. Não se coloque a
analisar suas demonstrações se não estiver devidamente habilitado!

FONTE: Martins, Miranda e Diniz (2020)

DICA
É essa preparação que você está tendo ao ler e estudar com afinco este
livro de Análise das Demonstrações, e que vai perdurar durante toda a sua
vida profissional: procurar sempre aumentar sua capacidade e preparo para
enfrentar os desafios necessários para suas tomadas de decisão!

2.7 SÉTIMA ETAPA – ELABORAR O RELATÓRIO DE ANÁLISE


É no Relatório de Análise que o analista descreverá seu diagnóstico com base
nas conclusões obtidas. “O produto final da análise econômico-financeira das DCs são
relatórios com os índices e as respectivas explicações para flutuações relevantes e para
tendências fora dos parâmetros” (ALMEIDA, 2019, p. 4).

“O momento mais esperado de todo analista é reunir todas as informações


coletadas no decorrer do processo de análise e, depois das devidas ponderações,
redigir o seu relatório ou parecer opinativo quanto à situação econômica, financeira e
patrimonial da empresa objeto da análise” (SILVA, 2019, p. 99). Silva (2019, p. 207) ainda
afirma que “o analista deve proceder a sua análise pautando-se por uma metodologia e
raciocínio científico, já que o resultado da análise deve ser a elaboração de um relatório
que reflita a real situação da empresa”.

215
O texto deve ser objetivo e direto, podendo utilizar linguagem técnica,
mas focando principalmente em uma escrita simples, para que seja efetivamente
compreendido pelos leitores. Pode-se utilizar gráficos, quadros e imagens de forma a
sintetizar as informações que se quer repassar. Construir uma estrutura de apresentação
coerente faz toda a diferença, pois apresentar dados e informações em uma sequência
lógica auxilia na correta interpretação pelo leitor, pois este é o objetivo: repassar seu
diagnóstico e conclusão de forma que seja captado de forma correta e compreensível.
De nada vale ter realizado uma análise sensacional, se o leitor não conseguir entendê-la.

Segue um modelo fictício de tal relatório.

FIGURA 1 – EXEMPLO DE RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

(Destinatário)

Após a análise e interpretação dos quocientes econômicos e financeiros calculados com


base no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial
Seul S/A, levantados em 31 de dezembro de X1, apresentamos as seguintes informações:

1. Situação financeira
Endividamento: a empresa apresenta grau de endividamento satisfatório, uma
vez que os Quocientes de Estrutura de Capitais se encontram abaixo do Quociente
Mediano de seus concorrentes. Isso pode ser comprovado pela preponderancia dos
capitais próprios sobre os capitais de terceiros, pela boa margem existente entre as
obrigações de longo prazo e as obrigações de curto prazo e pela não imobilização total
dos capitais próprios, revelando a existência de liberdade financeira para tomadas de
decisão sem a necessidade de se sujeitar a regras impostas por credores.

Liquidez: com relação à solvência, a empresa encontra-se muito bem estruturada,


apresentando solidez financeira que garante o cumprimento de seus compromissos
de curto e de longo prazo. Operando com quocientes acima da mediana do ramo,
apresenta garantia que pode ser oferecida a terceiros quando fatos inesperados
colocarem a empresa em situação de insolvência momentânea.

2. Situação econômica
Rentabilidade: a empresa apresenta situação econômica satisfatória em decorrência
da boa rentabilidade, que permite girar em 5,26 anos o capital total investido.

216
3. Situação econômica e financeira
A Comercial Seul S/A encontra-se muito bem estruturada sob os pontos de vista
económico e financeiro, em razão do baixo grau de endividamento, do alto grau de
liquidez e do grau de rentabilidade que permite o retorno do capital proprio investido
em apenas 2,63 anos, constituindo negócio altamente positivo para aqueles que
confiaram na empresa.

(Local, data, assinatura e identificação do analista)

IMPORTANTE
Esse é só um modelo simples com fins de exemplificação. As informações
que serão incluídas no Relatório devem ser decididas pelo analista. Pode-se
incluir análise do cenário, discorrendo sobre a empresa, sobre o segmento
do qual faz parte e possíveis políticas governamentais que o afetem, eventos
subsequentes à data da demonstração que possam afetar a situação da
empresa positiva ou negativamente, entre outros (SILVA, 2019).

O principal fator a se atentar é que no Relatório não se incluem apenas os


resultados dos indicadores, por exemplo, o dado de que a Liquidez Corrente
foi igual a X. O analista precisa dar sua interpretação, diagnóstico e conclusão
sobre o resultado apurado.

2.8 OITAVA ETAPA – TOMADA DE DECISÕES COM BASE NA


ANÁLISE REALIZADA
Por fim, vamos à etapa mais esperada, que representa o principal objetivo de se
realizar uma análise de Demonstrações Contábeis/Financeiras: a tomada de decisão.

O analista estudou, se preparou, passou por todas as etapas citadas


anteriormente, para que pudesse realizar uma tomada de decisões. Se for um investidor,
pode agora ter conclusões suficientes para decidir se comprará ações de uma empresa.
Um banco dará o resultado positivo ou negativo quanto à cessão de crédito a um
cliente seu. Um funcionário verifica se sua empregadora demonstra ter capacidade de
continuar em funcionamento pelos próximos anos, e consegue decidir se considera
estável continuar trabalhando para ela ou conjectura mudar de emprego.

São infinitos os usuários das Demonstrações que conseguem tomar melhores


decisões com base na situação financeira, econômica e patrimonial apresentada pelas
entidades. Vai muito além: pense que o conjunto de decisões podem mudar o futuro da
economia regional, nacional e mundial. A amplitude da análise de Demonstrações já se
expande se refletirmos nela dessa forma, não é mesmo?

217
3 ESTUDO DE CASO – REALIZANDO UMA ANÁLISE EM
DEMONSTRAÇÃO PUBLICADA
Que tal realizarmos uma minianálise simplificada em uma demonstração
publicada? Simplificada porque, como vimos durante todo o livro, uma análise completa
depende de muita análise, estudo, preparação, conhecimento da empresa etc., mas é
útil ao menos conhecer como proceder para realizar o passo a passo de uma análise na
prática. Vamos lá?

3.1 ANÁLISE INICIAL – ETAPAS 1, 2 E 3


Vamos utilizar no nosso exemplo a empresa Metisa S. A. A primeira etapa é
obter as Demonstrações Financeiras da entidade. Para isso, podemos acessar o site de
Relações com os Investidores (RI) da empresa. É fácil: pode-se abrir um site de busca
como o Google e digitar “Metisa RI”. No caso desta empresa, o menu que é apresentado
chama-se Investidores, no qual pode-se selecionar o tipo de documento [Demonstrações
Contábeis] para o ano desejado [aqui, trabalhamos com o exercício de 2020].

FIGURA 2 – SITE RELAÇÕES COM OS INVESTIDORES DA METISA S.A.

FONTE: Adaptado de <https://www.metisa.com.br/investidores/>. Acesso em: 2 mar. 2022.

É importante ressaltar que cada empresa possui diferentes nomenclaturas em


seus sites. O mais comum é encontrar um menu chamado Central de Resultados, como
utilizado pela empresa Schulz S. A.

218
FIGURA 3 – SITE RELAÇÕES COM OS INVESTIDORES DA SCHULZ S.A.

FONTE: <https://ri.schulzsa.com/>. Acesso em: 2 mar. 2022.

ATENÇÃO
É só aguçar a curiosidade e consultar todos os menus, ler os documentos,
se familiarizar com as nomenclaturas e documentos publicados. Obter
conhecimento de forma prática e autodidata pode ser extremamente divertido!

Uma vez em posse das Demonstrações Financeiras da Metisa S.A. (obtidos


através de download do arquivo em PDF), o analista deve dar uma conferida geral
nas informações trazidas, procurar se existe algo que chame sua atenção em uma
averiguação inicial, verificar a estrutura das demonstrações etc.

INTERESSANTE
Caso durante esse processo de verificação você note algo interessante ou curioso a
ressaltar, para pesquisar posteriormente ou utilizar em seu Relatório de Análise, é
interessante anotar as informações.

Aspectos notados durante a verificação inicial das DFs

219
Após, pode-se avançar para a Segunda Etapa – Averiguar a qualidade das
Demonstrações. Se olharmos bem no finalzinho do arquivo das Demonstrações,
verificamos que há Parecer da Auditoria, o que já dá uma garantia maior da qualidade
e credibilidade do controle interno e das informações publicadas pela empresa. Como
constam os dados de quem elaborou o parecer, dá para pesquisar mais sobre a própria
empresa de auditoria, caso assim deseja.

FIGURA 4 – PARTE DO PARECER DA AUDITORIA, EXTRATO DO ARQUIVO

FONTE: <https://www.metisa.com.br/wp-content/uploads/2021/03/31-12-2020_RB_Balanco-
METISA-2020.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2022.

A terceira etapa se constitui em Preparar as Demonstrações para a análise. Para


fins educacionais, vamos consultar somente os exemplos dados na explicação sobre essa
Etapa: consulta de Duplicatas Descontadas e Leasing. Consultando o Balanço Patrimonial e
lendo as Notas Explicativas, não foram encontradas informações sobre nenhuma das duas
situações. Logo, a análise continuará sem Reclassificações de Itens.

220
3.2 CÁLCULO DOS INDICADORES PARA A ETAPA 4
A quarta etapa é selecionar quais indicadores serão apurados. Para fins
educacionais, vamos escolher apenas alguns: a Análise Vertical (importância de cada
conta em relação ao valor total) e a Análise Horizontal (variação do saldo da conta dentro
do período analisado) dos grupos do Ativo, assim como os indicadores de Liquidez.

DICA
Caso queira retomar a explicação sobre o que é Análise Horizontal e Vertical
e Indicadores de Liquidez, o conteúdo está disposto na Unidade 2. É só
voltar lá e relembrar o conteúdo. Aqui vamos somente realizá-lo na prática.

3.2.1 Calculando análise vertical e horizontal


Que tal fazermos juntos? Vamos inicialmente deixar o quadro com os espaços
da AV e AH em branco, para que você possa realizar os cálculos, preenchendo sozinho.
Esse processo é importante, pois é através dos cálculos que se tem certeza de ter fixado
o conteúdo estudado. Vamos lá!

FIGURA 5 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DO GRUPO ATIVO DA METISA S. A.

FONTE: Adaptado de Metisa S. A. (2021, s.p.).

221
Agora que os cálculos estão feitos, segue o gabarito para conferir a resposta
correta. Lembre-se de que só os cálculos não são o suficiente; precisa principalmente
saber interpretar tais resultados. Por isso, após o gabarito, há exemplos de interpretações
importantes a considerar, levando em conta os resultados obtidos. Não deixe de ler!

FIGURA 6 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DO GRUPO ATIVO DA METISA S. A.

FONTE: Adaptado de Metisa S. A. (2021, s.p.).

Com os resultados obtidos, podem-se realizar algumas análises. Por exemplo,


quanto à Análise Vertical de 2020, nota-se que a maior parte do Ativo é composto
pelo Ativo Circulante, representando 74% do total do Ativo. A conta com maior
representatividade é Caixa e Equivalentes de Caixa, atingindo 25% do total do Ativo, que
é um montante significativo e que se encontra disponível para ser utilizado para quitar
dívidas caso necessário. Também dá para comparar os dois anos e verificar que não há
variação maior que 4% das contas em relação ao Ativo Total, o que demonstra que a
estrutura do ativo se manteve parelha.

Já na Análise Horizontal, verifica-se que, com exceção de ‘Títulos e valores


mobiliários’ e do ‘Intangível’, que decresceram -6,25 (explicação: de R$12.187.117 em 2019
para R$11.425.634 em 2020) e – 9,32%, respectivamente, as demais contas tiveram um
aumento, tendo o maior aumento ocorrido na conta Tributos a Recuperar (+191,94%). Ao
todo, o Ativo entre 2019 e 2020 aumentou 15,36%, passando de R$356.264.039 para
R$308.829.927. É importante notar que nos cálculos de percentual não aparecem todas
as casas depois da vírgula, o que faz diferença se fores realizar a prova real, caso utilize
menos casas.

222
É bem melhor analisar em percentual do que considerando os valores reais,
não é? E assim, dependendo do que cada analista tem como objetivo, dá para verificar
diversas informações com base na Análise Vertical e Horizontal. Essa mesma análise
pode ser realizada em outras demonstrações, utilizamos somente um exemplo para
compreender o seu funcionamento em uma demonstração publicada.

Decifrando as variações ocorridas

É importante o analista ler as notas explicativas, observar o comportamento


da economia, dos concorrentes, do segmento e quaisquer influências que possam ter
ocorrido, para tentar explicar tais variações. Por exemplo, o que pode ter ocorrido para
que aumentasse o valor de Contas a Receber de um ano para o outro (+31,1%)?

Se olharmos na Demonstração de Resultado, houve um aumento na Receita


Líquida de R$78.901.280 (passando de R$288.796.864 em 2019 para R$367.698.144 em
2020, o que representa um aumento de 27,32%, arredondando). Ou seja, se houve mais
vendas no último exercício, pode-se esperar um aumento do Contas a Receber. Até o
percentual de variação ocorrida foi aproximadamente o mesmo.

FIGURA 7 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA METISA S. A.

FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.).

Já se olharmos a Nota Explicativa 5, que trata do detalhamento do Contas a


Receber, veremos que tanto aumentou o valor a receber do Mercado Interno e Externo,
quanto diminuiu muito o valor contabilizado em Perda estimada para créditos de
liquidação duvidosa (-R$1.798.127).

223
FIGURA 8 – NOTA EXPLICATIVA 5, DA METISA S. A.

FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021)

Buscando entender essa diminuição significativa da PCLD, de -49,3%, dá para


tentar somar na Nota Explicativa 25 os valores vencidos há mais tempo. Somando os
‘vencidos de 181 a 360 dias’ com os ‘vencidos a mais de 360 dias’, se chega ao valor de
R$1.847.170, aproximadamente a composição de valores que consta como saldo na Nota
Explicativa 5.

FIGURA 9 – NOTA EXPLICATIVA 25, DA METISA S.A.

FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.)

No entanto, no caso da Metisa, nem é preciso tentar realizar o cálculo aproximado


dos dias a vencer, pois a própria empresa explica em sua Nota Explicativa como é sua
política de tratamento da conta de PCLD:

224
FIGURA 10 – NOTA EXPLICATIVA 5, DA METISA S.A.

FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.)

Além disso, pode-se pensar em aspectos econômicos que justifiquem as


variações. Como em 2020, houve a situação da pandemia mundial, pode ter aumentado
o número de clientes preferindo um prazo maior de pagamento, pois a diluição em
parcelas maiores facilitaria a manutenção de suas atividades. Como não fazemos parte
da administração da empresa, não há como efetivamente saber se isso ocorreu ou não,
mas faz parte do processo crítico do analista buscar explicações para as ocorrências.

IMPORTANTE
Dá para notar a complexidade de influências que atingem os negócios de
uma empresa, afetando consequentemente seus resultados financeiros,
econômicos e patrimoniais. Por isso, é essencial não considerar somente
os dados de âmbito contábil. Quanto mais antenados estivermos ao que
acontece ao redor do mundo, melhor nossas análises ficarão.

3.2.2 Calculando indicadores de liquidez


Para calcular os Indicadores de Liquidez na prática, vamos utilizar o Balanço
Patrimonial da empresa Metisa S.A. Basicamente, os indicadores de liquidez procuram
apresentar a capacidade de liquidação de dívidas de uma empresa.

225
FIGURA 11 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA METISA S. A.

FONTE: Adaptado de Metisa S.A. (2021, s.p.)

Inicialmente é importante realizar o cálculo para treinar seu conhecimento


sobre o assunto. É só preencher os espaços nas fórmulas a seguir tomando como base
os valores encontrados no Balanço Patrimonial da Metisa S. A. (imagem anterior). Como
o BP possui o valor de dois anos, para fins de exercício, serão considerados os valores
do ano de 2020.

Liquidez Corrente (LC) = AC (Ativo Circulante)


PC (Passivo Circulante)

Liquidez Imediata (LI) = D (Disponibilidades)
PC (Passivo Circulante)

Liquidez Seca (LS) = AC (Ativo Circulante) - Estoques
PC (Passivo Circulante)

Liquidez Seca (LS) = AC (Ativo Circulante) +


RLP (Realizável a Longo Prazo)
PC (Passivo Circulante) +
ELP (Exigível a Longo Prazo)

Agora, vamos ao gabarito e as análises de cada um dos indicadores.

226
Liquidez Corrente (LC) = AC = 264.802.416 = 4,09
PC 64.759.076

Interpretação: quanto maior, melhor.

Então, na Liquidez Corrente, se busca o valor do Ativo Circulante para o ano de


2020 no Balanço Patrimonial (que é R$264.802.416) e divide-se pelo valor do Passivo
Circulante (R$64.759.076). Pela interpretação dos índices de liquidez, quanto maior
o índice, melhor. Uma Liquidez Corrente de 4,09 significa que para cada R$1,00 de
dívidas de curto prazo que a empresa tem, ela possui R$4,09 de recursos do ativo
curto prazo para pagar essa dívida. Ou seja, a empresa conseguiria liquidar suas
dívidas e ainda sobraria.

É como se eu estivesse devendo R$1,00 para você, e tivesse R$4,09 para lhe
pagar. Ou seja, conseguiria pagar a dívida toda contigo e ainda sobraria R$3,09. Como
podemos verificar, a empresa tem uma quantidade boa de recursos de curto prazo para
pagar suas dívidas de curto prazo.

Já a Liquidez Imediata é mais complexa, pois ela considera só os recursos


imediatos que a empresa possui, que seriam as Disponibilidades (ou seja, as contas de
Caixa e Equivalentes de Caixa). Ou seja, não são todas as empresas que têm recursos
imediatos que consigam cobrir suas dívidas de curto prazo. Muitas empresas mantém
um caixa reduzido, nem sempre por não gerarem recursos imediatos, mas, por exemplo,
por procurarem investir os recursos que possuem.

Liquidez Imediata (LI) = D = 89.375.187 = 1,38


PC 64.759.076

Interpretação: quanto maior, melhor

Como podemos ver, a Metisa S.A. possui um índice de Liquidez Imediata de


1,38. A interpretação do índice continua sendo quanto maior, melhor. O que esse valor
significa? Que para cada R$1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui R$1,38
para quitá-la. Ou seja, a empresa tem em Caixa e Equivalentes de Caixa o suficiente
para pagar as suas dívidas de curto prazo. É um resultado bem importante, pois não é
necessariamente um padrão de ocorrência.

Liquidez Seca (LS) = AC - Estoques = 264.802.416 – 67.337.467 = 197.464.949 = 3,05


PC 64.759.076 64.759.076

Interpretação: quanto maior, melhor

227
Esse índice de Liquidez Seca segue a mesma lógica da Liquidez Corrente,
porém excluindo-se os estoques. Isso porque: 1) ainda há um processo para o estoque
se converter em dinheiro; e 2) estoques muito facilmente se tornam obsoletos ou
inexistentes. Ou seja, subtraímos do valor do Ativo Circulante (R$264.802.416) o valor
dos Estoques (que é de R$67.337.467). Após essa subtração, divido o resultado pelo
valor do Passivo Circulante (R$64.759.076). O resultado dá 3,05.

Segue-se o mesmo padrão dos anteriores: a interpretação é quanto maior,


melhor. Significa que mesmo sem considerar os estoques, só o restante do Ativo
Circulante, a empresa ainda teria capacidade de pagamento de suas dívidas de curto
prazo. Para cada R$1,00 de dívidas de curto prazo, a empresa possui R$3,05 de recursos
de curto prazo para liquidá-la, sem contar o valor dos estoques. Lembra que a Liquidez
Corrente (que considera o estoque) deu resultado de 4,09? Ou seja, a exclusão do
estoque impactou em uma diminuição de 1,04 no índice de Liquidez Seca.

Liquidez Geral (LG) = AC + RLP = 264.802.416 + 4.382.741 = 269.185.157 = 3,48


PC + ELP 64.759.076 + 12.538.420 77.297.496

Interpretação: quanto maior, melhor.

O índice de Liquidez Geral mostra a capacidade de pagamento da empresa


a Longo Prazo, considerando tanto os recursos de curto quanto de longo prazo. Na
fórmula, é considerado o Realizável a Longo Prazo (grupo do Ativo) e Exigível a Longo
Prazo (grupo do Passivo), e não Ativo Não Circulante e Passivo Não Circulante, porque
se formos olhar o grupo de Ativo Não Circulante no Balanço Patrimonial da Metisa,
veremos que o ANC é composto por mais grupos (como imobilizado). Logo, se incluir
esses valores, influenciará em uma análise incorreta. O correto seria só considerar os
valores do Realizável a Longo Prazo.

Então, soma-se o valor do Ativo Circulante (R$264.802.416) com o do Realizável


a Longo Prazo (R$4.382.741), totalizando R$269.185.157, que será o numerador. Já para
o denominador, soma-se o valor do Passivo Circulante (R$64.759.076) com o do Exigível
a Longo Prazo (que, no caso, é o total do Passivo Não Circulante, de R$12.538.420),
totalizando R$77.297.496. Dividindo um valor pelo outro, chega-se ao índice de 3,48. Ou
seja, mesmo a longo prazo, a capacidade de pagamento se mantém.

228
FIGURA 12 – NOTA EXPLICATIVA SOBRE RISCO DE LIQUIDEZ, DA EMPRESA METISA S.A.

risco de liquidez
FONTE: Metisa S.A. (2021, s.p.)

Outro ponto importante constante nas Notas Explicativas das demonstrações


financeiras da Metisa S.A. é a sua descrição sobre o Risco de Liquidez. Ou seja, após
calcular e analisar os índices, é muito interessante ver como a empresa entende seu
Risco de Liquidez e as medidas que toma para tentar mitigá-lo.

3.3 ANÁLISE INTERMEDIÁRIA – ETAPAS 5 E 6


A quinta etapa é comparar os resultados com os de outras empresas
concorrentes dentro do mesmo segmento da empresa. Podemos encontrar outras
empresas do mesmo segmento diretamente pelo site da B3, que é a bolsa de valores
oficial do Brasil (B3 faz referência à Brasil, Bolsa, Balcão), pelo site http://b3.com.br. Há
um menu ‘Acesso Rápido’ com a opção ‘Empresas Listadas’.

FIGURA 13 – SITE DA B3

FONTE: Adaptado de <www.b3.com.br>. Acesso em: 2 mar. 2022.

229
Se pesquisar pela Metisa S.A., veremos que sua classificação setorial é a seguinte:

FIGURA 14 – CLASSIFICAÇÃO SETORIAL DA METISA S.A.

FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-


variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2 mar. 2022.

Pesquisando no menu ‘Busca por Setor de Atuação’ no site da B3, encontram-


se as demais empresas listadas do mesmo segmento. Para isso, selecionamos primeiro
o setor “Bens industriais”, seguido do subsetor de “Máquinas e Equipamentos” e
finalizamos clicando no segmento de “Máq. e Equip. Construção e Agrícolas”.

230
FIGURA 15 – BUSCA POR SETOR DE ATUAÇÃO: MÁQ. E EQUIP. CONSTRUÇÃO E AGRÍCOLAS

FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-


variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2 mar. 2022.

Foram encontradas duas empresas listadas nesse segmento: a própria Metisa


S.A. e a Stara S.A.

FIGURA 16 – BUSCA POR SETOR DE ATUAÇÃO: MÁQ. E EQUIP. CONSTRUÇÃO E AGRÍCOLAS

FONTE: Adaptado de <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-


variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 2 mar. 2022.

Com isso, pode-se calcular, por exemplo, os indicadores de Liquidez da Stara


S.A. e compará-las. Claro que há segmentos em que a quantidade de empresas listadas
é maior, tornando o aspecto comparativo mais amplo, podendo trazer análises mais
complexas. Vamos realizar o cálculo comparativo do indicador de Liquidez Corrente para
o ano de 2020, só a fins de exemplificação.

231
FIGURA 17 – EXTRATO DO ATIVO CIRCULANTE E PASSIVO CIRCULANTE DA STARA S.A.

FONTE: Adaptado de <https://stara.com.br/ri-arquivo/dfp-2020/>. Acesso em: 23 mar. 2022.

Liquidez Corrente (LC) = AC (Ativo Circulante) =


PC (Passivo Circulante)

A fórmula da Liquidez Corrente é Ativo Circulante dividido pelo Passivo


Circulante. O resultado do indicador para a Stara S. A. no ano de 2020 é 3,16 (R$834.886
/ R$264.454). Lembra que a Liquidez Corrente da Metisa S. A. para 2020, que calculamos
juntos, foi de 4,09? Logo, podemos verificar que a Metisa consta com um indicador
maior de Liquidez Corrente, ou seja, a cada R$1 de dívidas de curto prazo, a Metisa tem
capacidade de pagamento de R$0,93 a mais que a Stara.

No entanto, é importante frisar que só esse resultado não apresenta muita


relevância individualmente, é preciso realizar uma comparação completa entre ambas
as empresas para se chegar a uma conclusão assertiva. Fazendo isso, cumpre-se a
Etapa 6, de procurar identificar padrões e exceções, a fim de compreender de que
forma tais informações podem ser relevantes em nossa análise.

232
3.4 ANÁLISE FINAL – ETAPAS 7 E 8
A etapa 7 é a tão esperada elaboração do Relatório de Análise. Levando em
conta todas as informações obtidas durante nosso mini estudo de caso, é um bom
momento para treinar o preenchimento de algumas informações em um relatório. Os
espaços para preenchimento nesse exemplo foram somente a Análise de Cenário e a
Situação Financeira de Liquidez (que foi a única que realizamos o cálculo juntos nesse
tópico para a Metisa S.A.).

RELATÓRIO DE ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Após a análise e interpretação dos indicadores calculados com base nas Demonstrações
Financeiras da empresa __________________, levantados em 31 de dezembro de ________,
apresentamos as seguintes informações:
1. Análise do Cenário
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. Situação Financeira
Liquidez: ___________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
_____________________

4. CONCLUSÃO
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

A etapa 8 trata sobre a tomada de decisões com base na análise realizada


e acaba sendo individual para cada usuário das Demonstrações Contábeis, pois
possuem interesses diversos uns dos outros. No caso de um investidor, que busca
chegar à definição de comprar ou não ações de uma empresa listada na bolsa, certas
especificidades serão priorizadas, como verificar se há indicação de retorno futuro para
esse investimento. Concluindo, após todas as oito etapas, o investidor finalmente está
apto a realizar sua tomada de decisão.

233
DICA
Finalizaremos o livro com uma Leitura Complementar sobre fraudes nas Demonstrações.
Isso porque em casos de manipulações, como os dados não são confiáveis, uma análise
ficaria prejudicada. Infelizmente é uma realidade possível de ocorrer. Nos últimos anos,
escândalos em grandes corporações foram destaque na mídia e causaram inúmeros
prejuízos, como os das empresas Enron, Arthur Andersen, WorldCom e Lehman Brothers.
As histórias são facilmente encontradas na internet, porém, vamos deixar a indicação
de um documentário sobre o caso Enron, chamado: Enron – Os Mais Espertos da Sala,
disponível no Youtube:

FONTE: Adaptado de <https://www.youtube.com/


watch?v=5DKwOJKHgJM&t=2854s>. Acesso em: 2 mar. 2022.

234
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMBATE A FRAUDES E CRIMES ECONÔMICOS: UMA BATALHA SEM FIM

Leonardo Lopes – Sócio da PwC Brasil

Sintonize qualquer canal de notícias ou folheie um jornal e provavelmente você


encontrará uma reportagem sobre crimes econômicos ou fraudes.

• Suspeita de suborno em queda de edifício.


• Hacker viola prontuários médicos e dados financeiros de milhões de pessoas.
• Má conduta corporativa causou falha de produto.
• Preço de ações cai em meio a denúncias de fraude contábil.

Os índices de fraudes e crimes econômicos permanecem em níveis recordes,


afetando cada vez mais empresas e de formas ainda mais variadas. Nesse cenário, é
importante se perguntar: Você está avaliando bem as ameaças ou brechas que o deixam
vulnerável? As tecnologias de combate à fraude que você adotou estão gerando o
resultado esperado? Quando ocorre algum incidente, você toma as medidas adequadas?

Essas são algumas das provocações que estão no centro das conclusões da
Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos deste ano. A fraude atingiu seu
maior nível de ameaça em todos os tempos – causando também níveis inéditos de
prejuízos. Nesse cenário, é fundamental que você avalie seu grau de preparação para
enfrentá-la, adote medidas eficazes de combate e aja rapidamente quando for atingido.
Por mais de 20 anos, a Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos da PwC
analisa vários crimes registrados no ambiente corporativo, como:

235
Fraude nas demonstrações
contábeis/financeiras

Violação da lei de
Fraude fiscal concorrência/antitruste

Fraude em compras Roubo de ativos

Lavagem de Suborno e
dinheiro corrupção

Roubo de
propriedade Fraude do cliente
intelectual

Insider trading Crime cibernético


(uso de informação
privilegiada)

Fraude em recursos Má-conduta


humanos empresarial

Em números – Casos de fraude: um problema persistente

Quase metade dos participantes da nossa pesquisa no Brasil e no mundo


relataram ter sido vítimas de uma fraude nos últimos 24 meses. Esse resultado elevado
demonstra a importância de conhecer os tipos de fraude mais recorrentes, quem está
cometendo esses crimes e quais são os diferenciais das empresas que têm obtido
mais sucesso na tentativa de coibir tais práticas. Os tipos de crime mais comuns:
suborno e corrupção, fraude contábil e fraude cometida pelo consumidor estão no
topo da lista no Brasil.

236
20% 17% 17% 11% 9%
14% 11% 16% 13% 16%

Fraude contábil Suborno e Fraude cometida Roubo de Crime


corrupção pelo consumidor ativos cibernético

Brasil Global

Global Brasil

Suborno e corrupção

Fraude contábil

Fraude cometida pelo


consumidor

Roubo de ativos

Crime cibernético

Má-conduta empresarial

Fraude de Recursos Humanos

Concorrência desleal/ violação


de lei antitruste

Fraude fiscal

Lavagem de dinheiro

Roubo de propriedade
intelectual

Fraude em compras

Insider trading

Outras

2018 2020

237
Os fraudadores: quem são eles

A fraude atinge as empresas por todos os ângulos – os fraudadores podem ser


internos, externos ou, em muitos casos, pode haver conluio. No Brasil, o autor do crime
está dentro da organização grande parte das vezes, sendo que as equipes operacionais
e gerência média oferecem mais riscos que a alta administração.

Terceiros
As empresas terceirizam cada vez mais competências não essenciais para
reduzir custos. Esses parceiros de negócios podem representar uma fonte de riscos,
que muitas organizações não avaliam de forma estruturada.

• 14% dos participantes brasileiros e 19% dos globais citam os fornecedores como
autores da fraude mais grave sofrida cometida por um agente externo.
• Metade ainda não tem um programa formal para gerenciar o risco de terceiros – e
24% (21% no mundo) não possuem um programa de monitoramento ou due diligence
de terceiros.

Fraudes cometidas pelo consumidor


Esse tipo de fraude está no topo não apenas da lista das principais fraudes
cometidas por um agente externo no Brasil e no mundo (36% ante 26%), como também
da lista de todos os crimes sofridos pelas participantes globais – com 35%, em alta
desde 2018. No Brasil, essa opção aparece em terceiro lugar na lista geral de fraudes
sofridas, embora o percentual registrado seja o mesmo que o global e esteja crescendo.

238
Alta administração
Esses crimes geralmente estão entre os piores por causa da capacidade que
os altos executivos têm de anular (ou conspirar para anular) os controles internos –
seja pelo nível de autoridade delegada, conhecimento do sistema ou influência. Quase
metade das fraudes relatadas no mundo que resultaram em prejuízo acima de US$ 100
milhões foram cometidas por pessoas de dentro da empresa.

Acusados
Pela primeira vez este ano, perguntamos aos entrevistados se suas organizações
haviam sido acusadas de cometer uma fraude. Globalmente, entre os que relataram ter
sido vítimas de um evento desse tipo, quase 30% também foram acusados de cometer
alguma fraude.

• Concorrentes e empregados são os principais denunciantes no Brasil (40% e


33% respectivamente). No mundo, concorrentes, reguladores, empregados e
consumidores ocupam o topo da lista, com resultados semelhantes.
• Um foco regulatório maior e, em alguns países, incentivos à delação dos crimes
podem contribuir para essa tendência.

Impacto: o custo da fraude


A análise dos prejuízos é complexa. É possível quantificar alguns custos, como
perdas financeiras diretas ou gastos com multas, sanções e ações de resposta ou
remediação, mas outros prejuízos não são facilmente quantificáveis – como danos à
marca, perda de posição no mercado ou de engajamento dos funcionários e perda de
oportunidades futuras não aproveitadas. Algumas fraudes – como as causadas por agentes
externos – geralmente ocorrem fora da empresa, são de natureza transacional e podem ser
objeto de um monitoramento ativo, além de causar impacto financeiro potencialmente mais
limitado. Com relação a outros crimes, como suborno e corrupção ou aqueles cometidos
internamente, o trabalho é de gerenciamento e mitigação de riscos. Esses crimes tendem a
ser mais difíceis de prever e monitorar, resultam em multas mais altas e têm repercussões
indiretas, como perda de negócios ou danos à marca.

Insights: prepare-se, responda e saia da crise ainda mais forte

Ação: Prepare-se
O que você está fazendo para prevenir e identificar fraudes? Quais programas,
métodos e tecnologias estão funcionando – e quais não estão? Que falhas de percepção
ainda existem – e que oportunidades de melhoria podem ser aproveitadas?

Combater a fraude compensa…, mas o que você faz é suficiente? Embora 56%
das empresas brasileiras (64% das globais) tenham políticas e procedimentos em vigor e a
maioria (6 em 10) inclua treinamento e monitoramento, menos de metade das organizações
dedica recursos à avaliação de riscos, investigações e gerenciamento de terceiros.

239
Quais ações seriam mais eficazes?

1. Identifique, classifique e enfrente seus riscos. As empresas podem realizar


avaliações de risco robustas, reunindo informações internas de stakeholders de toda
a organização e em diferentes regiões geográficas, para identificar riscos e avaliar
fatores mitigadores. Essas avaliações também devem incorporar fatores externos. Uma
vasta quantidade de informações está disponível em domínio público, e ignorá-la pode
resultar em uma falha grave. Os riscos devem ser avaliados com regularidade (não de
forma pontual).

2. Suporte seus recursos de tecnologia com governança, experiência e


monitoramento adequados. É importante reconhecer que uma única ferramenta não é
capaz de lidar com todas as fraudes – e a tecnologia sozinha não mantém sua empresa
protegida. A eficácia da tecnologia geralmente está associada ao uso de recursos
especializados e do monitoramento regular dedicado a ela.

3. Fique atento. A capacidade de reagir a uma fraude assim que ela é identificada
é um elemento importante de um programa eficaz de fraude. Mobilizar rapidamente a
combinação certa de pessoas, processos e tecnologia pode limitar o dano potencial.
Em alguns casos, uma fraude pode ser uma oportunidade – ou um ponto de inflexão
estratégico – para desencadear uma transformação organizacional mais ampla para a
proteção da marca.

Ação: Faça a coisa certa. Sua resposta a uma fraude pode fazer toda a diferença
para a continuidade da empresa. Os reguladores – e a opinião pública – estão cada vez
mais exigentes. Reagir de forma muito lenta pode não apenas causar danos imediatos,
como também ampliar a crise. Globalmente, quais foram as principais medidas adotadas
pelas organizações que saíram mais fortes de uma fraude?

• Conduzir uma investigação (71%)


• Reforçar controles internos, políticas e procedimentos (58%)
• Aplicar medidas disciplinares aos infratores (44%)
• Divulgar o incidente às autoridades (37%)
• Realizar treinamentos (32%)

O mais importante em todo esse cenário talvez seja que os reguladores estão
prestando mais atenção aos programas de compliance e esperam que as empresas
apresentem evidências de que eles são realmente eficazes. Também há consenso
que nenhum programa é capaz de identificar toda e qualquer atividade irregular. Não
existe uma abordagem de compliance padrão: um programa de uma grande empresa
de telecomunicações certamente deve ser diferente de outro de um pequeno varejista.
No entanto, ambos devem ser adequados para lidar com os riscos específicos que cada
organização enfrenta.

240
Da mesma forma, não há um método prescrito para avaliar a eficácia das ações.
Muitos artigos acadêmicos sobre como avaliar a eficácia do treinamento fornecem
informações úteis. No entanto, não há muitos recursos disponíveis sobre a avaliação
da eficácia de um programa de gerenciamento de terceiros, por exemplo. Isso cria uma
oportunidade para as empresas definirem seu próprio sistema de avaliação, que pode
incluir aspectos como: estatísticas de racionalização de fornecedores, estatísticas de
rejeição de fornecedores, participação de fornecedores em programas de treinamento,
certificações de fornecedores ou menor número de pontos de atenção levantados pela
auditoria de terceiros. A chave é adotar uma métrica defensável, capaz de demonstrar
que a área do programa foi testada e como ela impediria ou detectaria problemas de
conduta no futuro.

FONTE: Adaptado de <https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria-


negocios/2020/pesquisa_sobre-fraudes-e-crimes-economicos-2020-pwc-brasil.pdf>.
Acesso em: 2 mar. 2022.

241
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O importante para fixação do conteúdo estudado é verificar na prática, e por isso


é imprescindível para aprender Análise das Demonstrações treinar com algumas
demonstrações publicadas de empresas listadas na bolsa.

• A Análise Vertical apresenta a importância de cada conta com relação ao valor total
do grupo, enquanto a Análise Horizontal informa a variação do saldo da conta dentro
do período analisado.

• Os indicadores de liquidez apresentam a capacidade de liquidação de dívida de uma


empresa.

• Os indicadores de endividamento apresentam as decisões de financiamento tomadas


pela empresa e seu comportamento de endividamento.

• Há outros indicadores utilizados, alguns inclusive com grande grau de complexidade.


Por vezes, demandam informações gerenciais internas da empresa, não acessíveis
aos usuários externos das demonstrações.

• As entidades podem cometer ou sofrer fraudes. É importante ter a noção de quais


tipos de riscos envolvem as empresas, pois caso uma fraude ocorra, por melhor que
tenha sido o processo de análise das demonstrações, ainda assim tais dados não
serão confiáveis.

242
AUTOATIVIDADE
1 A empresa Arboral S. A. apresentou o seguinte Balanço Patrimonial em 31/12/2022:

Balanço Patrimonial (em Reais)


Em 31 de dezembro de 2022 e 2021 (em Reais)
  31/12/2022 31/12/2021   31/12/2022 31/12/2021
ATIVO 74.900 70.800 PASSIVO 74.900 70.800
Disponibilidades 3.200 2.500 Fornecedores 3.500 4.800
Contas a
Receber 8.300 11.000 Empréstimos 2.600 1.300
Estoques 7.000 4.800 Salários a pagar 3.800 2.900
Total do Obrigações
ativo circulante 18.500 18.300 Tributárias 2.100 1.800
Realizável a Total do passivo
Longo Prazo 1.400 2.500 circulante 12.000 10.800
Imobilizado 55.000 50.000 Financiamentos 1.500 0
Total do ativo Total do passivo
não circulante 56.400 52.500 não circulante 1.500 0
PATRIMÔNIO
    LÍQUIDO 61.400 60.000
    Capital social 58.200 58.200
Reserva de
      lucros 3.200 1.800

Com base na demonstração apresentada, calcule os indicadores a seguir:

1- Liquidez Corrente:

2- Liquidez Imediata:

3- Liquidez Seca:

4- Liquidez Geral.

2 Verifique o Ativo apresentado no Balanço Patrimonial da Arboral S.A. e realize o


cálculo da Análise Vertical e Horizontal:

243
Balanço Patrimonial (em Reais)
Em 31 de dezembro de 2022 e 2021 (em Reais)
AV 2022 AV 2021
  31/12/2022 31/12/2021 AH (%)
(%) (%)
ATIVO 74.900   70.800    
Disponibilidades 3.200   2.500    
Contas a
8.300   11.000    
Receber
Estoques 7.000   4.800    
Total do ativo
18.500   18.300    
circulante
Realizável a
1.400   2.500    
Longo Prazo
Imobilizado 55.000   50.000    
Total do ativo
56.400   52.500    
não circulante

3 A empresa Raio de Sol adquiriu mercadorias para revender em sua loja de decorações,
a prazo, no valor de R$ 25.300, com vencimento para 90 dias. Sobre o momento da
contabilização desse evento isolado, analise as sentenças a seguir:

I- Haverá alteração no indicador de Liquidez Seca.


II- Haverá alteração no indicador do Giro do Ativo.
III- Haverá alteração no indicador de Margem Bruta.
IV- Haverá alteração no indicador de Composição do Endividamento.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

4 As análises de indicadores são de interesse de diversos usuários, um deles são os


investidores da empresa. Para os investidores que desejam verificar o retorno que
terão em seus investimentos, relacionados ao poder de ganho do proprietário, o foco
deve ser em qual indicador?

a) ( ) Giro do ativo.
b) ( ) Liquidez seca.
c) ( ) Composição do Endividamento.
d) ( ) Rentabilidade do patrimônio líquido.
244
5 (ENADE, 2018)

Com base na Análise vertical e horizontal e na Análise dos indicadores de liquidez


do Balanço Patrimonial apresentado, avalie as afirmações a seguir acerca do que se
verifica em X9.

I- A conta de Empréstimos diminuiu 30%.


II- O total das Origens de Recursos aumentou 16,67%.
III- O CCL – Capital Circulante Líquido – é de R$ 1 500,00.
IV- O ILS – Índice de Liquidez Seca – é de 0,50.
V- O ILC – Índice de Liquidez Corrente – é de 1,23.
VI- O ILG – Índice de Liquidez Geral – é de 0,55.

FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/ciencias_
contabeis.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2022.

É CORRETO apenas o que se afirma em:


a) ( ) I, II e VI.
b) ( ) I, III e IV.
c) ( ) II, V e VI.
d) ( ) I, III, IV e V.
e) ( ) II, III, IV, V e VI.

245
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