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GESTÃO DE

RISCOS
SUMÁRIO

Apresentação 4
Autor 5

UNIDADE 1

Considerações iniciais 6
Conceitos

Perigo e riscos

Incidentes e acidentes

UNIDADE 2

Planejamento do Gerenciamento de Riscos 22


Identificação de riscos

Análise quantitativa e qualitativa dos riscos

Planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos


SUMÁRIO

UNIDADE 3

Métodos de Gestão de Riscos I 40


APR: análise preliminar de riscos

HAZOP: hazard and operability study

AMFE: análise de modos e falhas e efeito

UNIDADE 4

Métodos de Gestão de Riscos II 54


TIC: Técnica de incidentes críticos

Diretiva de SEVESO e Convenção 174 da OIT

Plano de emergência
APRESENTAÇÃO

A disciplina de Gestão de Riscos fornecerá os conceitos básicos relacionados ao


processo de identificação, avaliação e controle de riscos ocupacionais, com a finalidade
de promover a preservação da integridade física dos trabalhadores, dos equipamentos e
do patrimônio das organizações.

No primeiro momento, serão apresentados conceitos relacionados à evolução histórica


da relação do homem com o trabalho e as diversas transformações desta, resultando em
variações de tipos de riscos. Em seguida, estudaremos a identificação dos diversos tipos
de riscos, além de suas definições, análise, planejamento de respostas e monitoramento
e controle dos riscos. Na sequência, serão analisados os métodos de gestão de riscos
desde sua identificação, análise e até a fase de avaliação de riscos.

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AUTOR

CLARICE MELO

Bióloga, mestre em Meio Ambiente, especialista em Ciências da Educação e Educação


Profissional. Professora na área de saúde e segurança e higiene ocupacional desde
2009, na Faculdade de Ciências e Tecnologias e Universidade Jorge Amado – Unijorge.
Coordenadora do Curso de Graduação Tecnológica em Segurança no Trabalho da
Unijorge, desde 2013.

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UNIDADE 1

Considerações iniciais
INTRODUÇÃO

A concepção contemporânea de gerenciamento de riscos encontra-se bastante distante


da prática de muitas empresas brasileiras. Em muitas delas não se trabalha com a
antecipação, ou seja, espera-se a ocorrência do desastre, como acidentes graves e
doenças ocupacionais, para que algum tipo de medida corretiva seja realizado, sendo
que, na maioria dos casos, o trabalhador ainda é responsabilizado pelo dano. Negligencia-
se o investimento em prevenção. A gestão de riscos é a parte da segurança no trabalho
que organiza a empresa no intuito de se antecipar ao risco, reconhecendo-o e tratando-o
antes que o acidente de trabalho aconteça.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Conhecer as definições iniciais e conceitos relacionados à gestão de riscos ocupa-


cionais.

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Conceitos

As atividades realizadas pelos homens desde os tempos remotos estão diretamente


ligadas a um potencial de risco, podendo resultar em lesões diversas com perdas de
capacidade produtiva temporárias ou permanentes e até mesmo a morte.

Bem lá no início da história, as atividades mais desenvolvidas eram ligadas à pesca e à


caça, ou seja, àquelas que garantissem a sobrevivência do ser humano no meio ambiente.
O tempo passa, e o homem das cavernas transforma-se em artesão e passa a fabricar
suas primeiras ferramentas de trabalho, o que faz surgir novos tipos de riscos ligados ao
processo produtivo.

Logo depois, o homem passa a desenvolver a agricultura, o pasto, o artesanato, até que
chega a era industrial, o que muda, e muito, o espectro de atuação e amplia o leque de
possibilidades de acidentes e também de doenças ocupacionais.

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Saiba mais

Sobre a evolução do homem e o risco, leia o seguinte texto:

O conceito de prevenção evoluiu juntamente com


a racionalidade e a capacidade de organização
da espécie humana, desenvolvendo a habilidade
da antecipação e reconhecimento dos riscos
das suas atividades. O estudo da relação do
homem com o trabalho e os riscos derivados
dessa relação teve início, de forma mais ampla,
com o médico italiano Bernardino Ramazzini,
considerado o Pai da medicina do trabalho. Outros
estudiosos apresentaram suas contribuições
sobre o tema, com o passar dos anos, levando a
uma evolução e mudança de conceitos, ampliando
sua abordagem. Nesse contexto, os acidentes
de trabalho passam de eventos incontroláveis e
aleatórios para tornarem-se eventos indesejáveis
e de causas conhecidas e evitáveis. Modificando,
assim, o processo tradicional de segurança,
baseado em trabalhos estatísticos (RUPPENTHAL,
2013, p. 16).

Segundo Cetesb (2009) apud Korf (2011), a evolução da importância dos acidentes
ocupacionais relaciona-se diretamente com a evolução da era industrial e com as suas
relações de produção e consumo ao longo dos tempos. O desenvolvimento da natureza
competitiva capitalista do setor industrial, associado ao crescimento da economia
global e ao seu incremento possibilitou o surgimento de indústrias gigantescas e a
complexidade dos processos produtivos. O contexto social também foi se transformando
e outras demandas ligadas à poluição ambiental, segurança e saúde começaram a ser
preocupantes para o empregador e para os governos. Consequentemente, a indústria foi
obrigada a examinar os efeitos de suas operações sobre o trabalhador e, em particular, a
analisar mais cuidadosamente os possíveis perigos decorrentes de suas atividades.

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Dando um salto na era industrial, chegamos à era da globalização, juntamente com
toda a sua restruturação produtiva, intensificadas ao longo dos anos 1990 que geram,
consequentemente, novos desafios aos trabalhadores e à defesa de sua saúde. Essa
era é acompanhada do aumento da pobreza, da desigualdade social, da exclusão,
do desemprego, da terceirização do trabalho e do desenvolvimento de estratégias
que visavam à flexibilização das relações de trabalho, denominadas, em conjunto, de
neoliberalismo. Toda essa mudança dificulta a luta por melhores condições de trabalho
e saúde.

Importante

É importante que você saiba o seguinte:

Diversas instituições públicas vêm passando


por sérias crises, diante da falta de políticas
integradas e de investimentos pelos governos.
Outra consequência desta “modernização”
neoliberal tem sido a intensificação do trabalho
em vários setores econômicos, com implicações
para a saúde dos trabalhadores. Um exemplo
é a verdadeira epidemia de lesões por esforços
repetitivos (LER) que vem ocorrendo com
trabalhadores nos setores de serviços, bancos e
setores de embalagem e linhas de montagem de
várias indústrias. As LER têm sido responsáveis
por cerca de 80 a 90% dos casos de doenças
profissionais registrados na Previdência Social
nos últimos anos (PORTO, 2008, p. 5).

Vamos agora estudar alguns conceitos importantes na área de gerencia-


mento de riscos!

Risco ocupacional: condição de ameaça ao dano que o trabalhador encontra em seu


ambiente laboral. Normalmente são decorrentes de processos tecnológicos (ou não) de
produção que negligenciam as necessidades do trabalhador. Termo bastante utilizado no
dia a dia de profissionais de segurança no trabalho.

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Agente de risco: são os processos produtivos, as ferramentas e até mesmo o ambiente
de trabalho que podem expor o trabalhador ao dano. Refere-se principalmente aos
agentes físicos, mecânicos, químicos e biológicos presentes nos ambientes de trabalho,
além dos agentes ergonômicos e os psicossociais.

Grau de risco: trata-se de uma denominação numérica que varia de 1 a 4 para classificar a
intensidade do risco da atividade exercida na empresa, descrita pelo CNAE (Classificação
Nacional das Atividades Econômicas). Ter ciência do grau de risco de uma empresa é
importante no processo de dimensionamento do SESMT (Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), ou seja, na definição das ações a
serem implementadas para garantir a prevenção de acidentes ocupacionais. A partir do
grau de risco também que se define o percentual que a organização deve repassar para
o Seguro Acidente de Trabalho (SAT).

Fator de Risco: é qualquer situação que possa aumentar a probabilidade de exposição


do trabalhador ao agente de risco. Segundo a Organização Mundial de Saúde (1983) apud
Guilam (1996), um fator de risco é toda característica ou circunstância determinável de
uma pessoa ou um grupo de pessoas que se sabe estar associado a um risco anormal
de aparecimento ou evolução de processo patológico ou de afecção especialmente
desfavorável por tal processo. Ou seja, pode incluir características do meio e pessoais,
como, por exemplo, ser fumante, para classificar grupos mais predispostos a desenvolver
certos tipos de doenças.

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Estudar o gerenciamento de risco constitui-se fator primordial para elaboração de ações
prevencionistas, a partir do detalhamento da atividade laboral, com a finalidade de
identificar fatores de risco e quantificá-los. O processo de avaliação de riscos deve ser
contínuo.

MIDIATECA

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professor sobre análise de risco ambiental.

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Perigo e riscos

Você sabe a diferença entre risco e perigo?

O perigo está diretamente associado a um conjunto de situações que se apresenta como


fonte de risco, mas não se tratando de um risco em si.

Os perigos, associados ao potencial de causar danos em


instalações industriais e à saúde do trabalhador, podem ser
caracterizados pela existência de agentes físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos ou psicossociais e mecânicos ou de
acidentes. Todos esses agentes estão associados a um fator de
risco, o qual expressa a possibilidade de ocorrência de um dado
perigo. O risco de acidentes é, portanto, expressado em relação
à frequência ou probabilidade de ocorrência de um perigo e à
magnitude (KORF, 2011, p. 3).

Já o risco caracteriza-se pela exposição a uma situação perigosa, ou a um fator de risco.


O risco sempre acontecerá a partir do momento que houver a exposição do trabalhador
a alguma fonte de perigo. O grau do risco tende a aumentar quanto maior for o grau de
exposição do trabalhador ao perigo.

Segundo Porto (2008), os riscos não devem ser avaliados somente a partir de informações
teóricas, mesmo que concedidas por profissionais especialistas e pela alta gestão das
organizações, a partir de seus documentos e conhecimentos técnicos. Os riscos fazem
parte do trabalho real vivido no dia a dia dos trabalhadores, e, muitas vezes, as análises
de risco apresentadas por especialistas e pelas gerências das empresas aos fiscais ou
auditores externos diferem das situações de risco reais vivenciadas pelos trabalhadores.

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A exposição ao risco pode estar associada a três fatores:

1. Tempo de contato com o fator de risco.


2. Intensidade do contato com o perigo.
3. Própria natureza do agente causador do risco.

Segundo Camargo (2016), a exposição está diretamente relacionada ao trabalhador e ao


controle da exposição do trabalhador. Esse controle deve ser realizado a partir de ações
de conscientização, treinamento e uso de EPIs, quando as medidas de controle não
forem suficientes para garantir que a exposição do trabalhador esteja abaixo dos limites
considerados aceitáveis de acordo com a boa prática de higiene ocupacional. Em se
tratando de educação e treinamento, estes devem incluir informações sobre os perigos
e riscos oferecidos pelos produtos, equipamentos e processos executados. Informações
detalhadas sobre as consequências da exposição também devem ser passadas para o
trabalhador.

Importante

A diferença entre risco e perigo indica que:

Para ser definido o conceito de risco, precisamos


do conceito de perigo e o oposto. Por exemplo,
uma inundação é um perigo, porém, aquele que
constrói sua casa no leito de um rio expõe-se a um
risco. Um furacão é um perigo, mas quem provoca
o aquecimento global se (e nos) expõe a um risco.
A inundação, o terremoto e o furacão são o mesmo
fenômeno, mas podem ser contemplados a partir
de dois pontos de vista (SERRANO, 2009, p. 2).

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Figura 1: Risco e perigo.

Risco = Perigo x Exposição

Inerente à substância, mistura


de substâncias, processo,
equipamento, situação

Risco = Perigo + Exposição

Baseada na intensidade,
duração e frequência de
contato com a gente

Risco: exposição a um perigo


(ou fator de risco)

Sem exposição não há risco

Fonte: Adaptado de https://www.unifal-mg.edu.br/riscosambientais/perigoseriscos.

Saiba mais

Ainda sobre o perigo, ele pode ser identificado em:

• Materiais: como em alguns tipos de substâncias tóxicas como solventes,


ácidos, álcalis, metais, gases, plásticos, resinas, material particulado sólido,
perfuro cortantes, entre outros.
• Equipamentos/Maquinário: máquinas ou mesmo móveis sem condições de
uso, com má conservação, impróprio para o serviço, uso incorreto.
• Ambientes de trabalho: meio ambiente de trabalho insalubre. Postos de
trabalhos inadequados ergonomicamente.
• Trabalhadores: falta ou insuficiência de capacitação, inexistência de políticas
de segurança, fadiga, uso de drogas e álcool, pressão no trabalho, assédio
moral, carga de trabalho excessiva, falta de qualidade de vida no ambiente
laboral.

Fonte: UNIFAL-MG.

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Na última atualização da OHSAS 18001, em 2007, a definição do termo perigo deixou
de se referir aos danos ocorridos no meio ambiente ou local do trabalho, passando a
considerar somente os danos para o corpo humano e saúde do trabalhador.

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professor sobre a diferença entre risco e perigo.

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Incidentes e acidentes

Em primeiro lugar, vamos analisar o conceito de acidente de trabalho. Segundo a Lei


nº 8.213/1991 em seu artigo 19, o acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. Ou seja, a legislação define como acidente
toda ocorrência que provoque lesão, adoecimento e, em caso extremos, a morte, durante
a execução de uma atividade laboral, dentro ou fora da empresa.

Já alguns profissionais da área de saúde e segurança no trabalho definem acidente


como toda e qualquer ação inesperada que interfere no fluxo normal de atividades em
uma empresa ou o interrompe, trazendo consequência isolada ou simultânea de dano ao
trabalhador.

Analisado o conceito de acidente, vamos agora analisar o conceito de incidente.

O incidente é o fato ocorrido de forma inesperada e aleatória em momento não previsível


de trabalho sem que haja qualquer tipo de dano ao trabalhador e à sua saúde. É importante
destacar que todo incidente tem potencial de se transformar em acidente. Como no dito
popular, o incidente não foi acidente por “sorte”.

Exemplo

Um trabalhador altamente “proativo” resolve consertar um dos lustres do escritório


de seu chefe. Sem escada disponível, ele coloca um banco em cima da mesa do
chefe e tenta parafusar o lustre. Em um ato falho, acaba se desequilibrando e
caindo com o lustre de vidro na mão, porém não se machucou. Esse é um grande
exemplo de incidente que teve risco iminente de ser acidente, caso o trabalhador
se acidentasse.

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No gerenciamento de riscos, os profissionais em saúde e segurança do trabalho devem
inserir no planejamento estratégico da empresa o quesito prevenção de acidentes.

Infelizmente, muitas empresas não direcionam a verdadeira importância a esse quesito,


não sabendo que, na ocorrência de um acidente, o prejuízo será muito maior que o valor
investido em ações prevencionistas. Os danos provenientes de acidentes impactam
diretamente na produtividade da empresa.

É importante a notificação de todos os incidentes que ocorrerem também, pois como


foi visto, todo incidente tem um risco iminente de acidente. É importante também
manter a equipe engajada, consciente e devidamente treinada. Em caso de acidentes, a
comunicação deve ser rápida, precisa e organizada.

A análise e avaliação do risco constituem etapas do gerenciamento de risco, ferramenta


fundamental que tem como objetivo desenvolver ações sistemáticas para estabelecer
requisitos de orientações de prevenção de acidentes.

Saiba mais

Na última atualização da OHSAS 2007, uma série de conceitos foi atualizada,


dentre eles o de incidente e acidente. Compare, a seguir, as alterações:

OHSAS 18001:1999:
Acidente: evento indesejado que origina morte, doença, perturbação funcional,
lesão ou outra perda.
Incidente: evento que originou um acidente ou que tinha potencial para originar
um acidente.

OHSAS 18001:2007:
Incidente: eventos relacionados com o trabalho em que ocorreu, ou poderia ter
ocorrido, um ferimento, dano para a saúde ou uma fatalidade.

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professor sobre a diferença entre acidente e incidente.

NA PRÁTICA

Um técnico de análise clínica que trabalha há 10 anos na mesma função, na hora de


colocar as luvas para realizar o procedimento de coleta de sangue, percebe que ela
rasgou. Na pressa, resolve utilizá-la mesmo assim para realizar o procedimento. Na
hora de remover a agulha do paciente, o mesmo, em um ato falho, remove o braço
bruscamente, o que, por muito pouco, não fura a mão do trabalhador.

O evento acima é um exemplo prático de incidente, muito comum em ambientes


laborais de saúde. Seria considerado acidente caso o dano tivesse acontecido.

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Resumo da Unidade 1

Nesta unidade, você pôde entender que o principal objetivo do gerenciamento de riscos
nos ambientes ocupacionais é garantir a prevenção, ou seja, a identificação, o controle e,
até mesmo, a eliminação dos riscos, seguindo sempre parâmetros pré-estipulados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.

Os empregados devem ser capacitados e conscientizados continuamente quanto


aos riscos aos quais estão expostos, além de treinados quanto ao uso correto das
medidas preventivas, muitas vezes equipamentos de proteção individual e coletiva. Os
trabalhadores são peças-chave fundamentais na análise e no controle dos riscos, pois
são as pessoas que, de fato, vivenciam as situações reais de trabalho do cotidiano e
suas vidas é que são postas em risco. Tudo isso precisa ser considerado nas decisões
tomadas pela alta gestão das organizações, confrontando prioridades nos investimentos
a serem realizados, na definição do tipo de tecnologia, na aquisição de equipamentos e
nas formas de contratação, no treinamento e na divisão de tarefas dos trabalhadores.

CONCEITO

O risco ocupacional é a condição de ameaça ao dano que o trabalhador encontra no


seu ambiente laboral. Normalmente, são decorrentes de processos tecnológicos (ou
não) de produção que negligenciam as necessidades do trabalhador.

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Referências

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previ-
dência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 jul. 1991.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>. Acesso em:
24 fev. 2019.

CAMARGO, O. Perigo, risco e exposição, 2016. Disponível em: <http://multimedia.3m.


com/mws/media/379657O/ohes.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019.

GUILAM, M. C. R. O conceito de risco. Sua utilização pela Epidemiologia, Engenharia


e Ciências Sociais, 1996. Disponível em: <https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFi-
le/3779571681924/conceito%20de%20risco%20-%20sua%20utilizacao.pdf>. Acesso
em: 24 fev. 2019.

KORF, E.P. et al. Diretrizes para programas de Gerenciamento de Riscos de Acidentes


Ambientais e Ocupacionais em Instalações Industriais. Paraná: Universidade Tecnológi-
ca Federal do Paraná. Revista Gestão Industrial. v. 07, n. 03, p. 60-74, 2011. Disponí-
vel em: <https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b>. Acesso em: 24 fev. 2019.

OHSAS 1001:2007. Sistema de gestão da segurança e da saúde do trabalho – Requi-


sitos. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/7319/2/Anexo%20
I%20OHSAS180012007_pt.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019.

PORTO, M. F. de S. Análise de riscos nos locais de trabalho: conhecer para transformar.


Cadernos de Saúde do Trabalhador, 2008. Disponível em: <https://normasregulamenta-
doras.files.wordpress.com/2008/06/riscos_trabalho.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019.

RUPPENTHAL, J. E. Gerenciamento de riscos. RS: Universidade Federal de Santa Maria,


Colégio Técnico Industrial de Santa Maria. Rede e-tec Brasil, 2013. Disponível em: <http://
estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_etapa/gerenciamento_riscos.pdf>.
Acesso em: 24 fev. 2019.

SERRANO, J. L. A diferença risco/perigo. Revista NEJ, vol. 14, n. 02, p. 233-250. 2º


quadrimestre, 2009. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/A%20diferen%-
C3%A7a%20Risco-Perigo.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019.

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UNIDADE 2

Planejamento do Gerenciamento
de Riscos
INTRODUÇÃO

A realização do gerenciamento do risco ocupacional necessita primeiramente do


entendimento de conceitos como risco e perigo e de desenvolver estratégias para
gerenciá-los. O desenvolvimento industrial originou uma série de recursos tecnológicos
que aumentaram o volume de produção, porém o trabalho humano permanece sendo
imprescindível, e dessa forma o risco ocupacional continuará sempre presente, em maior
ou menor grau.

Nesta unidade, você conhecerá as etapas de construção de um programa de


gerenciamento de risco e alguns métodos auxiliares utilizados na análise do risco.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Conhecer as etapas de construção de um planejamento de gestão de riscos


ocupacionais.

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Identificação de riscos

A presença de risco no ambiente de trabalho varia de acordo com o tipo de bem ou serviço
produzido, podendo ser atenuados por medidas de proteção coletiva e ou equipamentos
de proteção individual, mas são inerentes aos produtivos (MEDEIROS, 2013). O Ministério
da Saúde (MS) e o Ministério do Trabalho e Emprego reconhecem os cinco grupos de
riscos. Vamos conhecê-los?

1. Físicos.
2. Químicos.
3. Biológicos.
4. Mecânicos.
5. Grupo de acidentes ergonômicos e psicossociais.

Os riscos físicos representam diversas formas


de energia que podem estar presentes em um
ambiente de trabalho, em quantidade considerada
superior àquela que o organismo é capaz de
suportar, podendo conduzir a uma doença
profissional, podendo ser provocados por algum
tipo de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações
pressões anormais, temperaturas extremas e radiações ionizantes e não ionizantes.

O risco químico é caracterizado pelo perigo a que


determinado indivíduo está exposto ao manipular
produtos químicos que podem causar danos
físicos ou prejudicar a saúde. Consideram-se
agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela
via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
por meio da pele ou por ingestão (SILVA, 2012).

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Os riscos biológicos são distribuídos em quatro
classes diferentes de risco biológico, segundo os
perigos de infecção que apresentam. A progressão
na classificação desses riscos, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), considera
critérios como a patogenicidade para o homem,
o modo de transmissão, a endemia e a existência
ou não de profilaxia e de terapêutica eficazes.

Os riscos mecânicos ou de acidentes são


caracterizados como qualquer fator que coloque o
trabalhador em situação vulnerável e possa afetar
sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico.
São exemplos de risco de acidente: as máquinas
e equipamentos sem proteção, probabilidade de
incêndio e explosão, arranjo físico inadequado,
armazenamento inadequado etc. (ALMEIDA, 2017).

Os riscos ergonômicos são classificados


como qualquer fator que possa interferir nas
características psicológicas e fisiológicas do
trabalhador, a partir da realização de atividades
laborais em condição de desconforto que
podem afetar sua saúde. São exemplos de
Risco Ergonômico o levantamento e transporte
manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho,
a monotonia, a repetição, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho
e o trabalho em turnos (HIRATA, 2002).

Vamos estudar agora o gerenciamento de riscos?

Gerenciamento de riscos é conceituado como o conjunto de técnicas que tem como


objetivo promover a segurança no meio ocupacional a partir da minimização dos efeitos
da exposição dos riscos que possam trazer danos ao trabalhador e ao meio ambiente,
presentes no ambiente laboral.

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O processo de gerenciamento de riscos começa com a identificação dos riscos. Não
existe um método ótimo para se identificar riscos. Na prática, a melhor estratégia
será combinar os vários métodos existentes, obtendo-se o maior número possível de
informações sobre riscos, e evitando-se assim que a empresa seja, inconscientemente,
ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes (LEITE, 2012).

A identificação dos riscos consiste na percepção de situações, operações, eventos,


produtos, substâncias e demais agentes que porventura possam ocasionar danos
(impactos adversos) à saúde e segurança do trabalhador. Inicialmente cada processo a
ser avaliado é desdobrado identificando-se suas diversas tarefas e seus perigos ou riscos
e impactos adversos associados. Uma única atividade pode apresentar vários riscos, que,
por sua vez, podem dar origem a diversos danos ocupacionais (VASCONCELOS, 2006).

A fase de identificação de riscos inicia-se a partir da investigação de situações que


possam levar a um evento indesejável. Em muitas empresas, o gerenciamento de risco
para já nessa etapa, o que não evita a ocorrência dos riscos. A maioria das técnicas de
identificação de riscos segue o passo a passo que você pode ver a seguir:

26
Análise da experiência Análise da experiência
vivida coletada por meio Reuniões com vivida coletada por meio
de entrevistas com o SESMT de entrevistas com
trabalhadores trabalhadores

Construção de relatório,
Inspeções de campo
análise e divulgação
Listas de verificações de de todo os tipos e em
de acidentes e quase
não conformidades todos os ambientes da
acidentes (pessoais e
empresa
não pessoais)

Fonte: Elaborada pela autora (2019).

A etapa de identificação do gerenciamento de riscos inicia-se a partir da análise do


ambiente, estudando os aspectos da natureza da atividade laboral o risco nem sempre
é tão fácil de ser identificado. É importante analisar a atividade e o meio ambiente em
que ela ocorre. O risco nem sempre é tão aparente. O trabalho do profissional da área
de segurança é minucioso. Nessa fase, também se identifica os riscos iminentes de
acidente, ou seja, encontra-se as áreas de perigo.

27
Ainda nessa fase, é preciso realizar um levantamento de todo tipo de acidente já ocorrido
e de quase acidente também, ou incidente. Todo incidente gera um risco iminente de
acidente. Além disso, realiza-se as consequências para os trabalhadores que passaram
pelo dano.

O processo de identificação de perigos tem como objetivo realizar o rastreamento de


toda e qualquer possível causa que poderá levar a ocorrência de um acidente de trabalho.
Por meio desse processo, a organização terá um panorama completo dos riscos em
suas instalações e que estes sejam avaliados e classificados (VASCONCELOS, 2006).

MIDIATECA

Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado pelo


professor sobre identificação e avaliação dos riscos.

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Análise quantitativa e qualitativa dos riscos

A avaliação do risco pode ser feita tanto de forma quantitativa como qualitativa, em
função da frequência do perigo e consequência do dano, definida pela primeira etapa do
gerenciamento de risco, de uma atividade que pode ocasionar perigo (VASCONCELOS,
2016) Segundo Vasconcelos (2006), no modelo OHSAS 18002 e nas diretrizes da
Organização Internacional do Trabalho, o processo de identificação de perigo e avaliação
de risco constituem a base de todo o Sistema de Gerenciamento de Saúde e Segurança
Ocupacional. A Norma Regulamentadora 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)
exige que as empresas elaborem um documento para a identificação dos riscos.

É indispensável saber identificar, analisar e avaliar os perigos e riscos, ou seja, “conhecer


as características agressivas latentes em máquinas, equipamentos, energias, matérias-
primas etc., presentes em todo ambiente de trabalho, que podem causar acidentes ou
doenças ao trabalhador” (VASCONCELOS, 2006).

Importante

É fundamental que você saiba o seguinte:

O gestor de qualquer empresa deseja minimizar


o risco, o que pode ser traduzido em maximizar a
probabilidade de sucesso, lucro ou qualquer tipo
de ganho. Neste sentido, quanto mais o gestor
sabe sobre os potenciais riscos, mas ele estará
apto a lidar com eles. [...] A análise de riscos
procura identificar os riscos em potencial e os seus
impactos [...]. (DUARTE, 2012, p. 25)

No gerenciamento de riscos, após a identificação do risco, temos a fase de análise dos


riscos, entendendo a natureza dos eventos já ocorridos. Esse tipo de processo é chamado
de análise qualitativa, que será complementada com a análise quantitativa, que funciona
verificando a probabilidade da ocorrência do evento e a sua severidade.

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A realização de análises, investigações e ações preventivas são estratégias a ser adotadas
de forma contínua para garantir a prevenção de acidentes de forma eficiente.

Ações corretivas, tais como um treinamento constantes para novos funcionários, evita
danos em geral, além de contribuírem para a redução da probabilidade de acidentes,
devendo os mesmos procedimentos também ser adotados para trabalhadores antigos,
de forma contínua (DUARTE, 2012).

Análise quantitativa de riscos

A análise quantitativa de riscos permite quantificar, por meio de modelos matemáticos,


os riscos identificados, visando a, principalmente, embasar os profissionais de segurança
quanto à tomada de decisões relacionadas com a segurança tanto da instalação como
também de regiões próximas que sofrem interferência do processo produtivo da empresa
e do meio ambiente. Consiste em um dos elementos fundamentais para um programa
de gerenciamento de riscos, permitindo que a alocação de recursos para a redução dos
riscos seja justificada.

A análise quantitativa de riscos permite quantificar,


preventivamente, o risco de eventos como explosão, incêndio,
dispersão de nuvem tóxica, entre outros. Assim, o gestor terá
informação relevante e objetiva para tomada de decisão quanto
ao gerenciamento dos riscos. (DUARTE, 2012, p. 23)

A análise quantitativa de riscos permite contabilizar os riscos existentes em um ambiente


de trabalho, de forma que contribui para fornecer uma base objetiva para aceitação da
presença de um risco ocupacional ou não, e, dessa forma, auxiliar na tomada de decisões
e em seu nível de priorização, preparação dos trabalhadores e auxiliando no processo de
redução dos riscos ocupacionais e promovendo a cultura prevencionista no ambiente de
trabalho. É um processo contínuo que pode e deve ser revisado constantemente, e novos
riscos sendo identificados, devem ser prontamente incorporados no processo. Veja a
figura a seguir:

30
Figura 2: Organograma da análise qualitativa de riscos.

Início

Caracterização do
empreendimento e da região

Identificação de perigos e
consolidação dos cenários
acidentais

Estimativa de efeitos físicos e


vulnerabilidade

Existem efeitos que atingem


pessoas situadas fora da
instalação?

Medidas para redução É possível reduzir os efeitos?


dos efeitos físicos

Estimativa de frequências
Medidas para a redução
dos riscos
Estimativa dos riscos

É possível reduzir os 11 Respostas SIM


riscos?

Programa de gerenciamento
Reavaliação do projeto de riscos

Fim

Fonte: CETESB (2000) apud Duarte (2012, p. 26).

31
Análise qualitativa de riscos

A avaliação qualitativa acontece quando o profissional de segurança no trabalho realiza


a inspeção no local de trabalho após a identificação de agente(s) de risco(s). A análise é
realizada a partir da observação e comunicação com as pessoas envolvidas diretamente
com a atividade laboral onde foi identificado o agente. Dessa forma, o mesmo poderá
compreender e avaliar, de fato, a presença e o grau desse risco. Podem ser utilizados
questionários que forneçam respostas.

As avaliações qualitativas devem ser realizadas para mostrar o perfil da exposição


em determinada tarefa. O resultado dessas avaliações pode antecipar controles para
exposições perigosas, para reavaliação de exposições controladas e, estrategicamente,
em um programa de avaliação de exposição a substâncias que não possuam limites de
exposição ocupacional (MAGNANELLI, 2007).

MIDIATECA

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professora sobre análise qualitativa e quantitativa.

32
Planejamento de respostas, monitoramen-
to e controle de riscos

O planejamento de respostas tem por objetivo recomendar, projetar, implementar e verifi-


car medidas de prevenção e controle de riscos, que devem ser integradas em programas
bem gerenciados e sustentáveis. Essas medidas podem ser relativas ao processo e/ou
ambiente de trabalho, ao trabalhador, e administrativas que envolvem a organização do
trabalho (GOELZER, 2016).

O reconhecimento e a avaliação dos riscos são etapas fundamentais para a construção


de um ambiente ocupacional conforme e seguro, porém não suficientes. Os agentes de
risco só podem ser de fato evitados a partir do momento que são implementadas as
medidas preventivas adequadas, associadas aos programas de prevenção e controle de
riscos ocupacionais.

Planejamento de resposta antecipada

A condição ideal é a de antecipação. Ou seja, de planejamento de resposta antecipada


ao risco, reconhecendo-o e reconhecendo medidas de controle do mesmo. Esse tipo de
ação depende de uma série de fatores como o planejamento assertivo de processos,
equipamentos, máquinas e do próprio ambiente de trabalho.

33
Importante

Segundo GOELZER (2016), a ação preventiva antecipada inclui:

• Avaliações prévias do impacto ocupacional e ambiental de novos processos de


trabalho.

• Escolha de tecnologias, processos, máquinas e equipamentos que produzam


o menor risco possível tanto para a saúde como para a segurança, que sejam
menos poluentes e de fácil e seguro acesso para limpeza e manutenção.

• Localização adequada dos locais de trabalho, em relação às comunidades


adjacentes e recursos naturais.

• Incorporação, já no projeto, dos sistemas de prevenção e controle necessários,


incluindo tratamento de efluentes e resíduos tóxicos.

• Treinamento na operação e manutenção de equipamentos e máquinas, bem


como dos sistemas de controle.

• Treinamento para atuar nas situações de emergência.

O profissional de segurança deve sempre trabalhar para conseguir eliminar qualquer


agente ou fator que possa afetar a saúde nos ambientes de trabalho. Infelizmente nem
sempre isso é possível. Nesse caso deve-se criar estratégias de monitoramento e controle
do risco. O ciclo emissão, propagação e exposição do rico deve ser rompido a qualquer
custo como forma de garantia da segurança e saúde do trabalhador.

Monitoramento do risco

Segundo Korf (2011), o plano de monitoramento da saúde ocupacional deve considerar


todo o monitoramento de todos e quaisquer agentes de perigo capazes de causar
distúrbios à saúde do trabalhador devido à sua exposição com característica crônica, ou
seja, que se caracteriza pela exposição a baixas doses e por evidência de sintomas em
longo prazo. A estrutura do plano deverá apresentar os cenários e as medidas cabíveis
para a realização do monitoramento.

34
Controle do risco

Segundo Goelzer (2016), quanto mais perto da fonte for a intervenção preventiva, mais
eficaz será o resultado; quanto mais longe, maior a possibilidade de falhas. Portanto, a
hierarquia dos controles deve ser:

• Controle na fonte do risco.


• Controle na transmissão (propagação) dos agentes de risco (entre a fonte e o receptor).
• Controle no receptor do risco (trabalhador).

Ainda segundo Goelzer (2016), a melhor estratégia enfatiza as medidas que modificam
os processos e/ou o ambiente de trabalho de modo a prevenir ou controlar situações de
risco, por meio de técnicas objetivas de engenharia, pois modificar o comportamento
humano nem sempre é fácil e requer reforço constante. Entretanto, deve ser lembrado
que o processo de trabalho não se resume ao ambiente físico, mas envolve pessoas
(trabalhadores, supervisores, gerentes) cuja atitude e colaboração são essenciais.
Aspectos como comunicação de risco e educação, práticas adequadas de trabalho e
vigilância da saúde são sempre indispensáveis.

MIDIATECA

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professora sobre identificação de riscos e perigos.

35
NA PRÁTICA

Uma empresa terceirizada que constrói programas de gerenciamento de riscos


ocupacionais foi contratada por uma clínica odontológica. Em um primeiro
momento, os profissionais realizaram inspeções por todos os ambientes da
clínica com o objetivo de identificar riscos ambientais. No segundo momento, os
mesmos realizaram avaliações qualitativas, por meio de entrevistas realizadas com
trabalhadores, e quantitativas, através de pesquisas sobre acidentes anteriores que
já ocorreram na clínica. A partir daí o planejamento de ações preventivas é construído,
além do monitoramento e controle dos riscos que não podem ser neutralizados.

36
Resumo da Unidade 2

Nesta unidade, você pôde entender que o Gerenciamento de Risco Ocupacional é o


estudo dos fundamentos de análise de risco, perigo, incidente e acidente, com o objetivo
de reconhecê-los, neutralizá-los ou, ao menos, minimizá-los com o intuito de reduzir ao
máximo a exposição do trabalhador a uma atividade que possa trazer danos para a sua
segurança e saúde.

Em resumo, o trabalho de gestão do risco ocupacional pode evitar prejuízos financeiros


para as empresas, devendo ser realizado de forma minuciosa, a partir de análises
qualitativas e quantitativas apuradas dos riscos identificados, envolvendo, dessa forma,
todos os membros da organização, principalmente da alta administração e de pessoas
habilitadas para que a efetividade dessa atividade alcance seu êxito (BERKENBROCK,
2010).

CONCEITO

A identificação dos riscos consiste na percepção de situações, operações, eventos,


produtos, substâncias e demais agentes que porventura possam ocasionar danos
(impactos adversos) à saúde e segurança do trabalhador. Inicialmente, cada
processo a ser avaliado é desdobrado, identificando-se suas diversas tarefas e seus
perigos ou riscos e impactos adversos associados.

37
Referências

ALMEIDA, A. B. Análise qualitativa de riscos ocupacionais em uma indústria vidreira.


In: CONGRESSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 7., Ponta Grossa, 2017. Anais...
Ponta Grossa, 2017. Disponível em: <http://www.aprepro.org.br/conbrepro/2017/down.
php?id=2683&q=1>. Acesso em: 24 fev. 2019.

BERKENBROCK, P. E.; BASSANI, I. A. Gestão do risco ocupacional: uma ferramenta


em favor das organizações e dos colaboradores. Revista Interdisciplinar Científica
Aplicada, Blumenau, v. 4, n. 1, p. 43-56. Disponível em: <http://rica.unibes.com.br/index.
php/rica/article/viewFile/360/318>. Acesso em: 24 fev. 2019.

DUARTE, H. O.; DROGUETT, E. A. L. Análise quantitativa de risco de uma unidade de


recuperação de enxofre em uma refinaria de petróleo. GEPROS - Gestão da Produção,
Operações e Sistemas, ano 7, n. 2, abr-jun/2012, p. 23-38. Disponível em: <https://revista.
feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/756/422>. Acesso em: 18 fev. 2019.

GOELZER, B. I. F. et al. Reconhecimento, avaliação, prevenção e controle de riscos


ocupacionais, 2016. Disponível em: < http://www.saude.ufpr.br/portal/medtrab/wp-
content/uploads/sites/25/2016/08/HO-por-Berenice-Goelzer.pdf>. Acesso em: 24 fev.
2019.

HIRATA, M.H. Manual de Biossegurança. São Paulo: Manole, 2002.

KORF, E. P. et al. Diretrizes para programas de gerenciamento de riscos de acidentes


ambientais e ocupacionais em instalações industriais. Paraná: Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Revista Gestão Industrial, v. 7, n. 3: p. 60-74, 2011. Disponível em:
<https://revistas.utfpr.edu.br/revistagi/article/download/679/705+&cd=13&hl=pt-BR&ct=
clnk&gl=br&client=firefox-b>. Acesso em: 24 fev. 2019.

LEITE, E. V. Análise e gerenciamento de riscos de processos industriais, 2012.


Disponível em:<http://www.levantaiprofetas.com.br/home/index.php?option=com_
docman&task=doc_download&gid=47&Itemid=11>. Acesso em: 24 fev. 2019.

38
MAGNANELLI, N. P. Avaliação qualitativa de riscos químicos: princípios básicos para o
controle das substâncias nocivas à saúde em fundições. Rev. Bras. Saúde Ocup. São
Paulo, v. 32, n. 116, p. 69-71, Dez. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572007000200009>. Acesso em: 24 fev. 2019.

MEDEIROS, A. L. Gerenciamento de riscos e segurança no trabalho em unidades de saú-


de da família. Revista Brasileira de Saúde. 17 (4): 341-348, 2013. Disponível em: <http://
www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rbcs/article/view/12677/11434>. Acesso em:
24 fev. 2019.

VASCONCELOS, F. D. L. Um método para a avaliação de risco para a gestão da seguran-


ça na construção de edificações urbanas. ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO
AMBIENTE CONSTRUÍDO, 11, 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2006. Disponí-
vel em: <http://www.infohab.org.br/entac2014/2006/artigos/ENTAC2006_2666_2675.
pdf>. Acesso em: 24 fev. 2019.

39
UNIDADE 3

Métodos de Gestão de Riscos I


INTRODUÇÃO

A evolução dos requisitos legais na área de segurança no trabalho reflete atualmente


uma nova necessidade e mudança de paradigmas dentro das empresas. Grande parte
dos acidentes é causada por falta de uma análise mais apurada do ambiente laboral, ou a
falta de um gerenciamento contínuo das condições de trabalho. As consequências podem
gerar prejuízos financeiros em alta escala, além do dano ao trabalhador, ao ambiente e
até a morte. Existem diversas formas de promover a gestão dos riscos ocupacionais e
alguns serão apresentados ao longo desta unidade.

OBJETIVO

Nesta unidade você será capaz de:

• Conhecer as diversas ferramentas utilizadas para auxiliar no gerenciamento de


riscos ocupacionais.

41
APR: análise preliminar de riscos

As técnicas de análise de riscos são métodos eficazes no fornecimento de dados


concretos para subsidiar o processo de análise e decisões organizacionais fundamentais
para reduzir o risco de acidentes. As técnicas possuem fácil aplicação dada a grande
generalidade e abrangência, podendo ser utilizadas em quaisquer ambientes produtivos
(PEREIRA, 2015).

A análise preliminar de risco – APR é utilizada para identificar os perigos de uma operação
ou de uma instalação de processos. Por meio da técnica de APR é provável identificar
acidentes que porventura possam ocorrer na instalação. Essa técnica ainda pode ser
aplicada na fase inicial de um projeto, com finalidade de verificar as possibilidades de
modificações que reduzam ou até eliminem os riscos (FUNDACENTRO, 2002).

A análise preliminar do risco é considerada uma técnica de identificação de riscos


associada à ocorrência de situações indesejáveis (incidentes, por exemplo). Tem como
objetivo reduzir os riscos e os gastos financeiros que não tenham sido planejados no
Programa de Gerenciamento de Riscos.

Durante o estudo da APR é realizada uma avaliação qualitativa


da frequência de ocorrência de alguns eventos, da severidade
das suas consequências e do risco associado. À medida que
cada perigo é identificado, as causas em potencial, os efeitos
e a gravidade dos acidentes, bem como as possíveis medidas
corretivas e/ou preventivas, são também descritas. Ao final da
análise, uma lista de recomendações é obtida com o objetivo
de aumentar a segurança do sistema e diminuir a probabilidade
de ocorrência de eventos indesejáveis e de suas respectivas
consequências (SELLA, 2014, p. 22).

A ferramenta APR é uma metodologia de fácil entendimento e execução, sendo bastante


utilizada, documentada e testada nas empresas para obterem resultados de qualidade e
confiabilidade na prevenção de acidentes (PEREIRA, 2015).

42
Segundo Sella (2014), a análise preliminar do risco deve analisar todos os possíveis
eventos perigosos da unidade, incluindo tanto as falhas intrínsecas de equipamentos,
instrumentos e materiais, quanto os erros humanos. Faz parte do desenvolvimento da
APR a análise dos seguintes elementos:

• Equipamentos perigosos: sistemas de alta pressão e de armazenamento de energia.


• Materiais perigosos: materiais combustíveis, substâncias químicas altamente reativas
e substâncias tóxicas.
• Fatores externos: vibração, temperaturas extremas, descargas eletrostáticas e
umidade.
• Procedimentos: procedimentos de operação, teste, manutenção e parada,
comissionamento e emergência.
• Layout da instalação: disposição dos equipamentos de controle e dos equipamentos
de proteção contra acidentes.
• Elementos de apoio à instalação: armazenamento, equipamentos de teste, treinamento
e utilidades.
• Equipamentos/sistemas de segurança: sistemas de atenuação e redundância,
extintores de incêndio e equipamentos de proteção pessoal.
• Erros humanos: erros operacionais ou de manutenção (SELLA, 2014, p. 23-24, grifo
nosso).

Importante

A APR constitui-se de uma análise qualitativa eficaz na fase de concepção


de um novo produto, sistema ou processo. Ou seja, deve ser escolhida como
método de identificação de riscos quando a empresa decide desenvolver uma
nova atividade, ou quando a empresa é nova. É uma ferramenta muito eficaz
na identificação de fontes de perigo, no levantamento de suas consequências e
de definição de medidas corretivas. A sua forma de aplicação é extremamente
simples, sem muito aprofundamento técnico, o que acaba resultando em tabelas
de fácil interpretação. Seu procedimento é de relevante importância quando feita
a análise de sistemas novos e/ou pouco conhecidos (PEREIRA, 2015).

43
A análise preliminar de riscos tem por objetivo responder às seguintes perguntas (CATAI,
2014 apud PEREIRA, 2015):

• O que pode acontecer de errado?


• Com que frequência isto pode acontecer?
• Quais as suas consequências?
• Precisamos reduzir riscos e de que modo isto
pode ser feito?

O desenvolvimento da APR segue o cumprimento de etapas básicas tais como de


revisão de problemas; a verificação de procedimentos de operação; determinação dos
riscos principais, identificando os riscos iniciais e contribuintes por meio da elaboração
da série de riscos; eliminação ou controle dos riscos, identificação de responsáveis para
ações corretivas e preventivas. No relatório devem constar a identificação do sistema, os
subsistemas, as causas e consequências do risco, a categoria dos riscos encontrados
e as medidas de prevenção e correção, objetivando eliminar ou minimizar os riscos
(QUINTELLA, 2011).

A análise preliminar de risco – APR deve ser minuciosamente estudada e


elaborada de maneira compreensível por todos os envolvidos.

Para tanto, é importante buscar o máximo de informações com todos os funcionários


da organização, além da realização de visitações e inspeções no local. Assim, facilita-se
a compreensão da realidade do ambiente e da análise e avaliação de riscos presentes.

MIDIATECA

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sor sobre a análise preliminar de risco – APR.

44
HAZOP: hazard and operability study

A técnica de HAZOP foi utilizada pela primeira


vez na década de 1960 pela indústria britânica
Imperial Chemical Industries Ltd. – ICI. A empresa
buscava desenvolver um método para analisar
perigos no processo a partir das condições
básicas de operação, efetuando modificações
nos parâmetros e observando as consequências
dessas mudanças (NOLAN, 1994 apud SELLA,
2014).

Segundo Quintella (2011), a técnica de HAZOP:

Realiza uma análise qualitativa do ambiente com


o objetivo de identificar o perigo e os riscos, além
de examinar as linhas de processo em sistemas
industriais.

Pode ser aplicada em equipamentos de processo e em


sistemas em geral que envolvem atividades humanas.

Foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado nas


fases preliminares de projetos, ou em modificações de
processos já existentes.

45
Sobre a técnica de HAZOP, é importante que você entenda o seguinte:

A técnica de HAZOP é uma metodologia qualitativa estruturada


e sistemática para exame de sistemas (produtos, processos,
plantas, atividades) e análise de riscos. Presume que eventos de
risco são causados por desvios de projeto ou falhas operacionais.
A identificação dos desvios é facilitada pela utilização de desvio
de “palavras-guia”, que funcionam como uma lista sistemática
de perspectivas de desvio (PQRI, 2014). Antes da utilização das
palavras-guia devem ser destacados do processo os pontos
específicos que são localizados nos fluxogramas do sistema
estudado. Estes são denominados “nós” e são individualmente
analisados. As palavras-guias são confrontadas com os
parâmetros do processo (temperatura, pressão, nível etc.),
gerando os possíveis problemas a serem estudados (REBELATO,
2015, p. 12).

Vamos agora estudar alguns conceitos importantes para o entendimento da ferramenta


HAZOP, segundo Sella (2014)?

1) Nós de estudo: são divisões que ocorrem nos fluxogramas com o objetivo de estudar
os instrumentos e equipamentos do processo.

2) Palavras-guia: são palavras utilizadas para qualificar ou quantificar os desvios de


operação no intuito de instigar a discussão pelo grupo de gestores, sendo associadas
aos parâmetros de processo (vazão, temperatura, pressão) e as usualmente utilizadas
são: não, nenhum, mais, menos, também, entre outras.

3) Desvios: são afastamentos das intenções de operação que são desenvolvidas ao longo
do processo, a partir da aplicação sistemática de palavras-guia.

4) Causas: são os motivos pelos quais os desvios acontecem.

5) Consequências: são os resultados decorrentes de um desvio.

6) Recomendações/observações: são as sugestões de alteração do projeto ao longo da


sua execução.

46
O HAZOP é desenvolvido a partir de um trabalho em equipe em que as pessoas que
exercem diferentes funções na organização são estimuladas a compreender os diversos
problemas nas diferentes áreas do ambiente. A base conceitual da realização de técnica
considera que uma pessoa, mesmo competente, trabalhando sozinha, frequentemente
está sujeita a erros por desconhecer os aspectos alheios à sua área de trabalho. Assim, o
desenvolvimento do HAZOP alia a experiência e competência individual com as vantagens
indiscutíveis do trabalho em equipe (QUINTELLA, 2011).

O HAZOP é hoje indicado para uma série de atividades como ferramenta de análise
qualitativa mais voltada para o conhecimento do processo, gerando análises mais
aprofundadas dos processos e auxiliando na identificação de erros operacionais.

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sor sobre o método HAZOP.

47
AMFE: análise de modos e falhas e efeito

O FMEA (failure mode and effects analysis) –


em português, AMFE (análise de modos e falhas
e efeito) – é um método voltado à identificação
de falhas presentes e ativas e seus efeitos em
sistemas de produção e processos como um
todo nas organizações, com foco em definir as
melhores condutas para reduzir ou eliminar os
riscos associados a cada falha identificada.
Essa ferramenta avalia o grau de severidade de cada falha relativamente ao impacto
causado aos funcionários, sua probabilidade de ocorrência e sua possibilidade de
detecção. Com base nessas três informações, o FMEA leva ao cruzamento de quais
modos de falha provocam os maiores riscos ao trabalhador e que, portanto, devem ser
priorizados (PUENTE et al., 2002 apud REBELATO, 2015).

Saiba mais

De acordo com Rebelato (2015), as etapas para a execução de FMEA são:

a) Identificar modos de falha (eventos que resultam em redução da função e dos


objetivos de desempenho do sistema) conhecidos e potenciais.

b) Identificar os efeitos de cada modo de falha e a sua respectiva severidade ou


gravidade sob o ponto de vista do usuário.

c) Identificar as causas possíveis para cada modo de falha e a sua probabilidade


de ocorrência.

d) Identificar os meios de controle atuais do modo de falha e sua probabilidade


de detecção (probabilidade de que a falha seja constatada antes que o produto
chegue ao cliente).

e) Avaliar o nível de prioridade de risco – NPR de cada modo de falha.

48
f) Avaliar se o patamar do NPR é aceitável ou não.

g) Em caso de NPR em nível inaceitável, definir medidas para a eliminação


ou redução do NPR. Isso é conseguido por meio de ações que aumentem a
probabilidade de detecção ou reduzam a probabilidade de ocorrência da falha.

h) Definir os responsáveis pela implantação das melhorias, por acompanhar a


implantação e recalcular o NPR.

i) Se o novo NPR estiver em nível ainda inaceitável, devem-se replanejar novas


medidas de melhorias.

Segundo Rebelato (2015), para se determinar o risco associado a cada modo de falha,
multiplica-se a pontuação da severidade – S pela ocorrência – O e pela detecção – D.
Para classificar os riscos, pode-se ter, por exemplo, uma escala que vai de um a mil
pontos, sendo um um baixíssimo risco e mil, um risco crítico ao usuário.

O FMAE é considerado um método de avaliação quase totalmente quantitativo. Sua


escolha é definida pela característica mais abrangente, possibilitando a identificação de
possíveis riscos e suas consequências, ao mesmo tempo que as avalia. método proativo
e de avaliação semiquantitativa. Estima o risco por meio da gravidade das falhas,
frequência e detecção, possibilitando uma comparação entre as mesmas. É considerado
um método bastante completo, que reúne um escopo vasto de informação sobre o objeto
em estudo (LOURENÇO, 2015).

Alguns outros métodos no mesmo registo poderiam ser aplicados, como o método da
matriz de risco, mas considerou-se mais completo o AMFE por abranger não somente
dois parâmetros principais, mas sim três. Para além disso, o AMFE pressupõe uma
pormenorização superior acerca da identificação das falhas e consequências e consegue
priorizar as intervenções necessárias na minimização do risco, sendo que a matriz de
risco, na sua aplicação original simplificada, apenas classifica as falhas em categorias,
dependendo da zona da matriz (REBELATO, 2015).

49
Segundo Lourenço (2015), a metodologia foi criada em 1949 pelas Forças Armadas
norte-americanas, ganhando especial notoriedade na década de 1960, quando aplicada
à missão Apolo 11, em que o homem pisa o solo lunar pela primeira vez com sucesso. No
final da década de 1970, a Ford Motor Company introduziu o AMFE pela primeira vez na
indústria (automóvel, neste caso), como principal modo de análise de riscos, uma vez que,
embora tenha sido inicialmente desenvolvido por militares, o uso do AMFE é extensível e
aplicável a diversas áreas, dada a sua versatilidade de adaptação a cada caso particular.

Ainda segundo Lourenço (2015), o método tem como lema “faça o melhor que conseguir
com o que tem” e pode ser empregado em qualquer altura, mas usualmente é aplicado
nas seguintes situações:

• Quando novos sistemas, equipamentos, processos ou serviços são feitos.


• Quando novos sistemas, equipamentos, processos ou serviços estão prestes a mudar.
• Quando novas aplicações são encontradas para sistemas, equipamentos, processos
ou serviços.
• Quando são consideradas melhorias para sistemas, equipamentos, processos ou
serviços.
• Como pode ser utilizado sempre pelo prisma da melhoria contínua e inovação
empresarial e tecnológica, nunca será considerado completo e dispensável, embora
a literatura considere que esteja concluído quando todas as operações tenham sido
identificadas e avaliadas e todos os pontos críticos e significativos sejam tidos em
conta no plano de controlo.

Importante

A análise de risco feita por meio do AMFE tem essencialmente como objetivos:

• Identificação e percepção da totalidade das potenciais falhas, suas causas e


seus efeitos.
• Estimativa do risco associado às falhas, causas e efeitos, priorizando as
ações corretivas.
• Identificação e implementação de ações corretivas nos casos mais
necessários, mitigando o risco.

50
O AMFE feito por uma equipe de produção essencialmente focada na otimização do
processo, trabalhará no intuito de descobrir a gravidade que as falhas poderiam ter para
o processo, analisando uma falha por vez. Uma situação comum de acontecer é ter a
gravidade das consequências das falhas retratada em um cenário financeiro, sendo a
otimização do lucro e a minimização dos custos o foco também do processo.

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Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado pelo profes-


sor sobre a análise de modos e falhas e efeito – AMFE.

NA PRÁTICA

Uma empresa precisa realizar o PPRA para cumprimento de requisitos legais e


também porque se preocupa com a saúde e segurança dos seus trabalhadores. Para
tanto, contratou o serviço terceirizado de uma empresa de engenharia e segurança no
trabalho. A empresa contratada, após avaliar o tipo de ambiente laboral desenvolvido
pela empresa, indica a utilização do FMEA como metodologia para identificação de
possíveis falhas no processo produtivo, além de ser um método que propõe o passo
a passo de condutas a serem desenvolvidas para prevenir a exposição aos possíveis
riscos identificados.

51
Resumo da Unidade 3

Ao longo dos anos, os profissionais da área de segurança ocupacional sentiram a


necessidade de padronizar o processo de avaliação dos riscos ambientais. Para tanto,
algumas técnicas eficazes no fornecimento de dados concretos para subsidiar o processo
de análise e decisões organizacionais fundamentais para reduzir o risco de acidentes
foram criadas, conforme você pôde ver nesta unidade. Essas técnicas são de fácil
aplicação, podendo ser utilizadas nos mais diversos ambientes de processo produtivo.

CONCEITO

O FMEA é um método voltado à identificação de falhas presentes e ativas e seus


efeitos em sistemas de produção e processos como um todo nas organizações, com
foco em definir as melhores condutas para reduzir ou eliminar os riscos associados a
cada falha identificada.

52
Referências

CETESB. Norma P4.261 – risco de acidente de origem tecnológica – método para decisão
e termos de referência. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/
userfiles/file/servicos/normas/pdf/P4261-140414.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019.

FUNDACENTRO. Prevenção de acidentes industriais maiores. Um código de práticas


de OIT. Ministério do Trabalho e Emprego, 2002.

LOURENÇO, J. G. Aplicação do método de análise de riscos AMFE às fases de recepção,


armazenamento, pré-limpeza, preparação da semente e extracção na Iberol. Lisboa,
2015. Disponível em: <https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/563345090415157/
MEQ%20-%20Joana%20Lourenco%20-%20Dissertacao%20-%2070250.pdf>. Acesso
em: 19 fev. 2019.

PEREIRA, K. C. D. Aplicação da ferramenta APR em atividades de construção civil


(monografia). UTFPR. Curitiba, 2015. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/
jspui/bitstream/1/6662/1/CT_CEEST_XXX_2015_28.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019.

QUINTELLA, M. C. Adaptação e aplicação da técnica HAZOP na identificação de


risco na área de serviço de saúde: estudo de caso Hemocentro/Unicamp (tese).
Unicamp. Campinas, 2011. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/
REPOSIP/266864/1/Quintella_MonicaCaldeira_D.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019.

REBELATO, M. C. et al. Estudo comparativo entre os métodos FMEA e HAZOP


aplicados à produção de etanol. 2015. Disponível em: <https://www.researchgate.net/
publication/281478654_ESTUDO_COMPARATIVO_ENTRE_OS_METODOS_FMEA_E_
HAZOP_APLICADOS_A_PRODUCAO_DE_BIOETANOL>. Acesso em: 19 fev. 2019.

SELLA, B. C. Comparação entre as técnicas de análise de risco APR e HAZOP.


Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2014. Disponível em: <http://repositorio.
roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3521/1/CT_CEEST_XXVIII_2014_06.pdf>. Acesso
em: 19 fev. 2019.

53
UNIDADE 4

Métodos de Gestão de Riscos II


INTRODUÇÃO

As empresas precisam considerar, em primeira instância, o trabalho como um tipo de


atividade que pode representar riscos, em maior ou menor grau para o trabalhador. Nesse
sentido, reconhecer e gerenciar esses riscos torna-se atividade primordial para prevenir
acidentes ocupacionais.

OBJETIVO

Nesta unidade, você será capaz de:

• Compreender as técnicas e os métodos utilizados para otimizar o planejamento


da gestão do risco.

55
TIC: Técnica de incidentes críticos

Para iniciar nosso estudo, vamos entender a diferença entre incidente e incidente crítico?

Incidente é definido como um tipo de observação da atividade humana que permite


prognósticos e conclusões acerca de uma determinada situação ou evento.

Já o incidente crítico pode gerar uma contribuição


significante a essa mesma situação ou evento,
de forma positiva ou não, a partir da coleta de
dados, por meio de pesquisas de serviços e
abordagem, solicitando, em entrevistas, que os
participantes descrevam uma história referente
a uma determinada experiência sobre um tema
específico. Essa pessoa então, por meio da
Técnica de Incidentes Críticos, lembra-se dos
elementos que chamaram sua atenção, positivos ou negativos. Essa técnica pode ser útil
no caso em que os fenômenos minoritários ameaçam ser encobertos no centro de uma
onda dominante de notas de satisfação elevadas (FISHER, 2009).

Os incidentes críticos também são por vezes conhecidos como


“momentos de verdade”. Segundo Vavra (1997, p. 108), esta
expressão foi primeiramente adoptada em 1987, por Jan Carlzon,
antigo presidente da Scandinavian Airlines Systems (SAS). A
expressão é inspirada de “moment de veridad”, quando o toureiro
espanhol está em face do touro e se prepara para o matar (Vilares
e Coelho 2005). Também Edvardsson (1988) fala em “momentos
de verdade”. Para “Incidente crítico” significa uma situação
problemática e desagradável que coloca certas exigências nos
recursos da empresa, especialmente no seu pessoal. Existem
os momentos de verdade que, de forma especial, permanecem
na memória dos consumidores a longo prazo, sendo que um
incidente crítico assinala as necessidades de mudança na
empresa. Em termos gerais, um incidente crítico é um contacto
entre um cliente. (SERRANO, 2009, p. 20)

56
Curiosidade

Segundo Foguel (2014), a Técnica de Incidentes Críticos teve sua origem em


1941, com a sistematização realizada por J.C. Flanagan mediante estudos
comportamentais realizados no Programa de Psicologia da Aviação da Força
Aérea dos Estados Unidos da América. Entre 1941 e 1945, vários estudos
foram realizados no intuito de identificar exigências críticas determinantes
para o sucesso ou fracasso de uma determinada atividade.

Vamos ver, agora, como alguns autores conceituam incidente crítico?

Foguel afirma que:

Essa técnica consiste em um conjunto de procedimentos para


a coleta de observações diretas do comportamento humano, de
modo a facilitar sua utilização potencial na solução de problemas
práticos e no desenvolvimento de amplos princípios psicológicos,
delineando também procedimentos para a coleta de incidentes
observados que apresentem significação especial e para o
encontro de critérios sistematicamente definidos. (FOGUEL, 2014
p. 4)

Para Monteiro (2017), a Técnica de Incidentes Críticos é um método que identifica erros e
condições inseguras que podem culminar na ocorrência de acidentes potenciais, utilizando,
para tanto, técnicas não muito sofisticadas, principalmente quando o tempo é restrito. A
técnica tem como objetivo a detecção de incidentes críticos e o tratamento dos riscos
que eles representam. Para tanto, utiliza-se de um grupo de entrevistas representativas
dentre os principais departamentos da empresa, procurando representar as diversas
operações da organização dentro das diferentes categorias de risco (MONTEIRO, 2017).

57
Chell e Pittaway (1998, apud FISCHER, 2009) descreveram a análise de incidente crítico
como um método de entrevista qualitativo que tem como objetivo facilitar a investigação
de eventos, incidentes, processos ou problemas, descritos pelo entrevistado da forma
como foram conduzidos, e seus resultados em termos da percepção dos efeitos. O
objetivo é entender de fato como um determinado incidente ocorreu pela análise do relato
do entrevistado, considerando elementos cognitivos, afetivos e comportamentais.

Para finalizar, é importante que você entenda que a Técnica de Incidentes Críticos identifica
os perigos e os quase acidentes de pequena gravidade que não foram relatados por outras
análises de risco. É utilizada nos sistemas e instalações em sua fase operacional, tendo
como base de estudo os eventos, comportamentos, condições de trabalho, instalações e
relações entre trabalhadores e equipamentos e máquinas presentes no ambiente laboral.

MIDIATECA

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professor na mídia 1.

58
Diretiva de SEVESO e Convenção 174 da OIT

Diretiva SEVESO

A preocupação internacional com relação a questões de sustentabilidade e preservação


ambiental não é recente, porém, somente nas últimas décadas do século XX essa
vertente ganhou espaço nas agendas políticas de organizações intergovernamentais e
não governamentais, multinacionais e também de sindicatos.

A primeira experiência internacional para a prevenção de acidentes


maiores deu-se em junho de 1982, com a publicação, na União
Européia, da Diretiva 82/501/ECC, mais conhecida como “Diretiva
Seveso”, em decorrência dos inúmeros acidentes maiores
ocorridos na Europa, como Feysin, na França (1966); Flixborough,
na Inglaterra (1974); Beek, na Holanda (1975); e, Seveso, na Itália
(1976). O acidente de Seveso contribuiu de uma forma dramática
para o crescimento da preocupação pública com os riscos
industriais associados à produção de substâncias químicas, pois
houve danos de grandes proporções, tanto à saúde coletiva como
ao meio ambiente, acelerando a necessidade de uma resposta
regulamentadora da segurança de instalações químicas.
Seveso tornou-se, ao lado de Bhopal (1984) e Chernobyl (1986),
representação das doenças de nossa civilização tecnológica.
(MARCHI; FUNTOWICZ; RAVETZ, 2000 apud GODINI, 2006, p. 7)

Segundo Vieira (2016), a Diretiva SEVESO tem como objetivos identificar as fontes de
perigo, aplicar metodologias de análise e avaliação de risco, avaliar o cenário do acidente
e avaliação da adequação das técnicas e medidas de prevenção, controle e mitigação de
riscos.

Em 1985, após o acidente de Bhopal, a Environmental Protection Agency (EPA) iniciou,


nos Estados Unidos, um programa com o intuito de mobilizar ações comunitárias de
emergência em caso de acidentes com substâncias químicas. Outras ações envolvendo
a sociedade e o Estado americano, com o objetivo de promover a saúde e a segurança
do trabalhador e do meio ambiente deram origem, pela Occupational Safety and Health

59
Administration (OSHA), à versão final da legislação americana para proteção dos
trabalhadores em ambientes ocupacionais a acidentes ampliados. A legislação recebeu
o nome de Process Safety Management of Highly Hazardous Chemicals, tendo entrado
em vigor em 26 de maio de 1992. (PUIATTI, 2000 apud GODINI, 2009).

A Diretiva SEVESO estabeleceu uma lista de substâncias e produtos químicos que


deveriam estar sob controle, além de uma série de medidas de segurança, planos de
urgência e determinações para os Estados-membros a partir de uma adoção de medidas
necessárias que deveriam ser exercidas nas atividades laborais de risco. Também foi
tomada uma série de medidas de segurança apropriadas, bem como foi determinada
a obrigatoriedade de utilização de equipamentos além de treinamento de trabalhadores
envolvidos nas atividades de riscos comprovados.

Para algumas fábricas, foi definida a necessidade de notificar às autoridades competentes


a utilização de substâncias perigosas no processo produtivo. Por fim, foi estabelecido
o passo a passo de planos de intervenção e de emergência em caso de acidentes de
grandes dimensões.

Convenção 174 da OIT

Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2010), a Convenção nº 174 tem


como tema a prevenção de acidentes industriais maiores, considerando a necessidade
de assegurar a adoção de medidas apropriadas para:

Prevenir acidentes maiores.

Reduzir ao mínimo os riscos de acidentes maiores.

Reduzir ao mínimo as consequências desses acidentes maiores.

60
Importante

A OIT, na 80º sessão de sua conferência geral, realizada em Genebra, em


02/08/1993, aprovou a convenção 174, que trata da prevenção de acidentes
industriais maiores, cujos principais objetivos são: prevenir a ocorrência de
acidentes maiores; minimizar os riscos de acidentes maiores e seus efeitos.
A convenção traz uma série de recomendações para implementação de
programas para prevenção de acidentes maiores em instalações industriais,
contemplando ações a serem adotadas por governos, indústrias e trabalhadores
(SILVA, 2005, p. 2).

Devem ser consideradas também as causas dos acidentes, como erros da empresa, erros
humanos, defeitos de componentes, desvios de condições normais de funcionamento,
influência de fatores externos, e mesmo a ocorrência de fenômenos naturais. A convenção
pode e deve ser aplicada nas instalações sujeitas a riscos de acidentes maiores.

Segundo Brasil (2010), a convenção não se aplica a:

• Instalações nucleares e usinas que processem substâncias radioativas.


• Exceção dos setores dessas instalações nos quais se manipulam substâncias não
radioativas.
• Instalações militares.
• Transporte fora da instalação distinto do transporte por tubulações.

Saiba mais

Segundo a OIT (2010), a expressão “substância perigosa” designa toda


substância ou mistura de substâncias que, em razão de suas propriedades
químicas, físicas ou toxicológicas, isoladas ou combinadas, constitui um perigo.

61
Importante

A expressão “instalação sujeita a riscos de acidentes maiores” designa a


instalação que produz, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena,
de uma maneira permanente ou transitória, uma ou várias substâncias
ou categorias de substâncias perigosas, em quantidades que excedam a
quantidade-limite.

A expressão “acidente maior” designa todo evento subitâneo, como emissão,


incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em
instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais
substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para
os trabalhadores, a população ou o meio ambiente. (BRASIL, 2010, p. 15).

A convenção deve ser implementada a partir de políticas que promovam no ambiente


laboral que contém instalações de alto risco, um conjunto de medidas voltadas à proteção
do trabalhador e das instalações.

MIDIATECA

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indicado pelo professor.

62
Plano de emergência

Pode-se definir um plano de emergência como um conjunto de regras e procedimentos


predefinidos e estruturados no intuito de propiciar resposta rápida e eficiente em casos de
situações emergenciais. O plano de emergência constitui um instrumento preventivo de
gestão de segurança, responsável desde a identificação do risco até o estabelecimento
de meios e estratégias de ação frente a um acidente.

Segundo Cardella (1999), a função controle de emergência é o


conjunto das ações que visam obter o controle das situações nas
quais os fatores do risco emergem como fatos atuais, ameaçando
produzir danos e perdas, enquanto que, o sistema de gestão da
função controle de emergência é o conjunto de instrumentos
que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas
atividades no exercício da função controle de emergência. (SILVA,
2005, p. 4)

O objetivo primordial do plano de emergência é preservar a vida dos trabalhadores, além


das instalações e do meio ambiente, reduzindo ao máximo as consequências de uma
situação adversa não evitada.

Um plano de emergência se aplica a toda situação de crise que demande ações de


socorro às pessoas, proteção da propriedade ou do meio ambiente. Controlar emergência
é adquirir o poder de levar a situação para o estado que se julgar mais conveniente
(CARDELLA, 1999 apud SILVA, 2005).

63
Saiba mais

Em uma situação de emergência, em uma unidade industrial, há no mínimo


os riscos de acidentes pessoais e de incêndio. Porém, caso a indústria
utilize produtos químicos, devem ser considerados os riscos inerentes aos
produtos ou às reações que esses produtos podem provocar (incêndios,
explosões e emissões). Acidentes naturais, como os riscos de inundações e
desmoronamentos, também devem ser considerados como potencializadores
de riscos industriais específicos ou de grandes vias de circulação (BRASIL,
2010).

Segundo a OIT (2010), com relação a cada instalação sujeita a risco maior, os empregadores
deverão criar e manter um sistema documentado de controle de risco que preveja:

• Identificação e estudo dos perigos e avaliação dos riscos, levando em conta a


probabilidade de substâncias entrarem em contato entre si e as consequências desse
contato.

• Medidas técnicas que definam a seleção das substâncias químicas e como utilizá-
las, Além de prever inspeção sistemática, manutenção e operação da instalação.

• Planos e procedimentos de emergência que compreendam: preparação de planos


e procedimentos eficazes de emergência local, inclusive atendimento médico
emergencial, a serem aplicados no caso de acidentes maiores ou de ameaça de
acidente, com testes e avaliações periódicos de sua eficácia e revisão, quando
necessário.

• Fornecimento de informações sobre possíveis acidentes e planos internos de


emergência a autoridades e órgãos responsáveis pela preparação de planos e
procedimentos de emergência para proteção do público e do meio ambiente fora do
local da instalação; toda consulta necessária a essas autoridades e a esses órgãos.

• A melhoria do sistema, incluindo medidas para a coleta de informações e análise


de acidentes ou quase acidentes. As experiências assim adquiridas deverão ser
debatidas com trabalhadores e seus representantes e registradas em conformidade
com a legislação e a prática nacionais.

64
É importante que você saiba que:

A legislação nacional através da lei 6514/77, e portaria 3214/78,


especificamente nas normas reguladoras 22, 23 e 29 não é
omissa, nota-se que há uma preocupação com os aspectos
emergenciais nas diversas atividades industriais, principalmente
em relação aos recursos materiais e formação de pessoal para
combate a incêndio e primeiros socorros, uso de sistemas de
alerta e alarmes, como também elaboração do plano de controle
de emergência – PCE. Os trabalhadores, através do Seminário
Nacional de Riscos de Acidentes Maiores, ocorrido no município
de Atibaia, no estado de São Paulo, em dezembro de 1995, sob a
coordenação da Confederação Nacional dos Químicos da Central
Única dos Trabalhadores (CNQ/CUT), também contribuíram
com recomendações para o controle e preparação, através de
um documento denominado “Carta de Atibaia sobre Acidentes
Industriais Ampliados – A Visão dos Trabalhadores”, constituindo-
se um marco sobre a evolução do assunto no Brasil. (CNQ/CUT,
2000 apud SILVA, 2005, p. 3)

MIDIATECA

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emergência indicado pelo professor.

65
NA PRÁTICA

Suponhamos que o galpão de produção de fogos de artifícios de uma fábrica


tenha pegado fogo. No momento da identificação do sinistro, automaticamente a
equipe de brigadistas deve ser convocada para assumir o comando de orientação
dos trabalhadores sobre como evacuar a área da forma mais rápida e segura, ao
mesmo tempo em que comunica o fato aos bombeiros e à alta administração.
Assim funciona um plano de emergência em seu primeiro momento.

66
Resumo da Unidade 4

Nesta unidade, você pôde entender que a preocupação com a saúde, a segurança e o
meio ambiente não é recente. Porém, ações efetivas de prevenção vieram à tona somente
nas últimas décadas do século XX.

Além disso, pôde compreender a importância da OIT, que, a partir do estabelecimento de


convenções, lança uma série de recomendações específicas de como atuar na prevenção
e remediação de situações de risco e emergenciais no ambiente laboral, sendo um órgão
extremamente importante para o avanço na temática até os dias de hoje.

CONCEITO

Um plano de emergência é um documento que descreve as possíveis situações de


emergência que podem acontecer em um determinado ambiente laboral e como
proceder nessas situações, normalmente mediante a ação imediata de uma equipe
treinada para determinada atuação.

67
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 31000: gestão de riscos. Rio


de Janeiro, 2018. Disponível em: https://portaldagestaoderiscos.com/wp-content/
uploads/2018/02/ISO-31000.pdf. Acesso em: 1º mar. 2019.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Fundacentro. Conferência Internacional do


Trabalho. Convenção n. 174 e Recomendação n. 181. 2. ed. Brasília, 2010. Disponível em:
http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/download/Publicacao/246/
Conv174_Recom181-Portal-pdf. Acesso em: 1º mar. 2019.

FISHER, J. K. Análise de incidentes críticos: uso prático desta metodologia em uma


pesquisa de satisfação dos usuários de serviços bancários. Revista PMKT. São Paulo, n.
2, p. 38-47, 2009. Disponível em:
http://www.revistapmkt.com.br/Portals/9/Edicoes/Revista_PMKT_002_04.pdf. Acesso
em: 1º mar. 2019.

FOGUEL, F. H. S.; FINGERMAN, N. N. Técnica do incidente crítico: reflexões


sobre possibilidades de uso no campo da administração pública. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE PESQUISA DE ESTUDOS QUALITATIVOS, 4., 2014, Rio Claro. Anais
[…]. Rio Claro: Unesp, 2014. Disponível em: https://arquivo.sepq.org.br/IV-SIPEQ/Anais/
artigos/95.pdf. Acesso em: 1º mar. 2019.

GODINI, M. D. et al. Acidentes ampliados à luz da “Diretiva Seveso” e da Convenção nº


174 da Organização Internacional do Trabalho – OIT ERFACEHS. Revista de Gestão
Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. São Paulo, v. 1, n. 2, seção 2, dez.
2006. Disponível em: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/
uploads/2013/07/2006-v2-inter-2.pdf. Acesso em: 1º mar. 2019.

MONTEIRO, W. Técnica de Incidentes Críticos. Apostila de Pós-Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho UNIP (Universidade Paulista), 2017. Disponível
em: https://wandersonmonteiro.wordpress.com/2017/03/10/%E2%AD%95-tic-tecnica-
de-incidentes-criticos/. Acesso em: 2 mar. 2019.

68
ASERRANO, A. R. N. Importância e efeitos de incidentes críticos na satisfação e
lealdade do cliente. 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade Nova, Lisboa, 2009.
Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/2632/1/TEGI0236.pdf. Acesso em: 2
mar. 2019.

SILVA, R. L. A. Plano de controle de emergência: um roteiro para elaboração. In: ENCONTRO


NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 25., 2005, Porto Alegre. Anais […]. Porto
Alegre: Abepro, 2005. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2005_
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VIEIRA, S. Diretiva de SEVESO: instrumento de inspeção para a prevenção de acidentes.


Lisboa: Agência Portuguesa do Ambiente, 2016. Disponível em: https://proteger.pt/
nfpa/2016/2014/wp-content/uploads/2016/11/II_1_8_SaraVieiraAPA.pdf. Acesso em: 2
mar. 2019.

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