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Saúde ocupacional

Prof.ª Raquel Juliana de Oliveira Soares

Descrição

Relação dos riscos ocupacionais e adoecimentos dos trabalhadores. Riscos ocupacionais e ambientes
saudáveis. Responsabilidade das empresas na preservação do meio ambiente e dos recursos naturais e
contribuição na promoção da saúde da população. Promoção da saúde dos trabalhadores.

Propósito

Compreender de que forma a exposição a agentes de riscos ocupacionais pode gerar o adoecimento do
trabalhador e analisar os procedimentos disponíveis para as empresas atuarem na prevenção do
adoecimento e na promoção da saúde dos trabalhadores, bem como na preservação do meio ambiente.

Objetivos

Módulo 1
Módulo 1

Riscos ocupacionais

Relacionar os agentes de riscos ocupacionais e o adoecimento dos trabalhadores.

Módulo 2

Prevenção e promoção da saúde

Identificar o papel das empresas na prevenção do adoecimento e na promoção da saúde dos


trabalhadores.


Introdução
A palavra trabalho tem origem no termo em latim tripalium, que foi um instrumento de tortura na
antiguidade. Jeffrey Pfeffer, renomado professor de gestão de Stanford, escreveu recentemente este livro:
Morrendo por um $alário: como as práticas modernas de gerenciamento prejudicam a saúde dos
trabalhadores e o desempenho da empresa – e o que podemos fazer a respeito. O título da obra é enorme,
bem como o problema discutido nela.

O ambiente laboral não deve ser uma tortura para a saúde física e mental de seus trabalhadores. Por meio
do trabalho, bens e serviços são feitos, geralmente, para facilitar e melhorar a vida das pessoas, portanto,
servir por meio do trabalho é algo bom e significativo. Em resumo, trabalhar pode e deve ser algo bom tanto
para quem trabalha quanto para quem recebe o produto oriundo do trabalho.

Neste material, discutiremos a saúde ocupacional, assunto cada vez mais importante. Vamos abordar os
riscos ocupacionais, bem como estudar formas de prevenção desses riscos e de promoção da saúde dos
trabalhadores. Assim como trabalhar deve ser bom, estudar deve ser bom: desejamos um bom e proveitoso
estudo nessa jornada no trabalho com saúde e significado!
1 - Riscos ocupacionais
Ao 7nal deste módulo, você será capaz de relacionar os agentes de riscos
ocupacionais e o adoecimento dos trabalhadores.

Riscos ocupacionais
Você sabe o que é um risco ocupacional?


O conceito, a explicação e exemplos de riscos
O conceito, a explicação e exemplos de riscos
ocupacionais
Neste vídeo, você encontrará o conceito, explicação e exemplos de riscos ocupacionais.

Os riscos ocupacionais existem nos ambientes de trabalho e, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. São divididos em
cinco grupos:

Risco químico

Consideram-se como agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam
entrar no organismo do trabalhador, por diversas vias, ou ser absorvidos por ingestão oral nas formas de
poeira, fumaça, neblina, gás, névoa ou vapor. Quando não controlados, esses agentes podem causar:
alergia respiratória, alergia na pele, câncer, intoxicações, entre outros.

Risco físico

Consideram-se como agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores, como ruído, calor ou frio extremos, radiação ionizante e não ionizante e vibração. Esses
agentes, quando não controlados, podem causar: câncer, surdez, desidratação, dor de cabeça, entre
agentes, quando não controlados, podem causar: câncer, surdez, desidratação, dor de cabeça, entre
outros.

Risco biológico

Consideram-se como agentes de risco biológico todos os microrganismos, como bactérias, vírus, fungos,
entre outros, e também os animais peçonhentos. Quando não controlados, esses agentes podem causar:
tuberculose, intoxicação alimentar, hepatite, envenenamento, tétano etc.

Risco de acidente

Consideram-se como fatores de risco de acidentes os que colocam o trabalhador em situação de


vulnerabilidade que possa afetar sua integridade física e seu bem-estar físico e psíquico como: máquinas
e equipamentos sem proteção, arranjo físico inadequado, má iluminação do ambiente, piso escorregadio,
manutenção em sinalização, entre outros. Essas situações podem causar quedas, fraturas,
esmagamentos, amputações etc.

Risco ergonômico e psicossocial

Consideram-se como agentes de risco ergonômico e psicossocial os fatores que possam interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Entre
outros exemplos, levantamento de peso excessivo ou de forma inapropriada; ritmo de trabalho acelerado,
outros exemplos, levantamento de peso excessivo ou de forma inapropriada; ritmo de trabalho acelerado,
monótono ou repetitivo; postura inadequada; exigência para além das competências do trabalhador;
cobranças excessivas pela chefia. Esses agentes, quando não controlados, podem causar: tendinite,
bursite, hérnia de disco, dores nas pernas, dores musculares ou articulares, sofrimento mental, depressão,
ansiedade, desmotivação etc.

Por que conhecer os riscos ocupacionais?

Conhecer os riscos ocupacionais é fundamental para que as empresas possam manter os ambientes
seguros mediante a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle da ocorrência dos
fatores/agentes de riscos, levando em consideração a proteção do meio ambiente.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) exige ambientes de trabalho seguros, tornando obrigatórias, para
as empresas, a adoção de medidas de segurança e a observação de suas regras, tais como:

Respeito às normas
Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho.

Instrução de funcionários
Instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar para prevenir
acidentes ou doenças ocupacionais.

Adoção de medidas
Adotar as medidas determinadas pelo órgão regional competente.

É direito do trabalhador exercer atividades laborais em um ambiente seguro, cujos riscos ocupacionais não
o prejudiquem. Cabe ao empregador cuidar dos agentes de riscos, embora o trabalhador também deva fazer
a sua parte, como veremos adiante.

Entre as obrigações do empregador, estão:


Antecipação e/ou reconhecimento dos riscos 

Identificar os fatores de risco no ambiente de trabalho e procurar eliminá-los ou minimizá-los.

Adoção de medidas de riscos 

Adotar medidas de controle e efetuar constante monitoramento desses riscos, evitando que causem
danos aos trabalhadores.

Monitoramento dos riscos e da saúde dos trabalhadores 

Cuidar dos reflexos desses riscos na saúde dos trabalhadores por meio de acompanhamento dos
exames periódicos e das consultas médicas.

Medidas corretivas em caso de anormalidades 

Caso seja necessário, adotar medidas corretivas se os agentes de riscos estiverem muito além do
permitido por Lei.

O monitoramento dos agentes não pode parar, deve ser constante, por isso as empresas precisam contratar
profissionais capacitados para acompanhar esse ciclo.

Atenção!

Alguns ambientes podem ser considerados insalubres por não garantirem o cumprimento das normas de
segurança. Nesse caso, se realmente ficar comprovado que o ambiente não oferece a segurança devida aos
trabalhadores, o empregador será obrigado a pagar um adicional de insalubridade. Esse adicional assegura
ao trabalhador um valor acrescentado ao seu salário, incidente sobre o salário mínimo da região equivalente
a 40% para insalubridade de grau máximo; 20% para insalubridade de grau médio; e 10% para insalubridade
de grau mínimo.
de grau mínimo.

A eliminação ou a neutralização da insalubridade no ambiente de trabalho determinará a cessação do


pagamento do adicional. Em geral, decorre da adoção de medidas que conservam o ambiente de trabalho
nos limites de tolerância e com a utilização de equipamento de proteção individual (EPI).

Mapas de riscos ambientais/ocupacionais

Conhecer os riscos ocupacionais é imprescindível para que a equipe da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes e de Assédio (Cipa) possa elaborar o mapa de riscos ambientais/ocupacionais. Esse mapa é
uma representação gráfica fiel da planta (layout) dos setores de uma empresa/organização. Com base nele,
os trabalhadores podem identificar quais os riscos presentes nos setores da empresa e, com isso, saberão
da necessidade de vestimentas especiais ou equipamentos de proteção para acessar tais setores. Aliás, o
mapa é uma das formas de garantir ao trabalhador o acesso às informações sobre os riscos presentes no
trabalho e sobre suas condições de saúde. É direito do trabalhador ter todas as informações relacionadas
ao seu processo de trabalho.

Veja, a seguir, um exemplo de mapa de riscos:


Mapa de riscos de um centro cirúrgico.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (Cipa)


A Cipa tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
permanentemente compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A
comissão será composta de representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o
dimensionamento previsto na Norma Regulamentadora 5 (NR-5).

Uma das competências da Cipa é identificar os riscos para elaborar o mapa de riscos, que é uma metodologia
de avaliação qualitativa e subjetiva dos riscos presentes no trabalho.

Para a elaboração do mapa, a Cipa deve ter a assessoria da equipe do Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt).

Ainda sobre a classificação dos riscos ocupacionais, é preciso lembrar que eles muitas vezes afetarão a
saúde do trabalhador por meio do que chamamos de fatores de risco, tais como: ruído, poeira, calor,
bactéria, produto químico, entre outros. Há ainda os fatores relacionados à organização do trabalho, que
podem causar doenças osteomusculares e transtornos mentais.

No ambiente de trabalho, é possível que o trabalhador esteja exposto a mais de um


agente.

Em outras palavras, podemos encontrar alguns fatores de risco de grupos de risco diferentes em um
mesmo ambiente de trabalho.

Exemplo

Em postos de serviços, durante as atividades operacionais, os funcionários estão expostos a diversos


riscos, entre eles os riscos químicos, os ergonômicos e os de acidentes.

Os riscos químicos são decorrentes da exposição a produtos químicos presentes nos combustíveis que se
potencializa durante o recebimento e o abastecimento dos veículos. Por exemplo, o combustível gasolina
possui em sua composição o benzeno, cuja exposição pode ocasionar intoxicação aguda (tóxica para o
sistema nervoso central) ou crônica (pode até causar câncer).

Em relação aos riscos de acidentes, o simples fato de estar presente nas instalações de um posto de
serviços já faz com que os trabalhadores sejam afetados por potenciais explosões e incêndios.

Complementarmente e não menos importante, durante muitas das suas atividades laborais, os
trabalhadores de postos de serviços estão expostos aos riscos ergonômicos em virtude das diversas
posições inadequadas às quais eles estão frequentemente submetidos.

Há ainda um agravante: dependendo do fator de risco, as doenças só se manifestarão anos após a


exposição, muitas vezes após o término de um contrato de trabalho.

Agentes de risco ocupacional X Adoecimento dos trabalhadores

Para compreender a relação entre o trabalho e o processo de adoecimento, diversos países (incluindo o
Brasil) adotaram a classificação elaborada em 1984 por Richard Schilling. O professor de medicina inglês
agrupou as doenças segundo a contribuição ou o “papel causal” desempenhado pelo trabalho no
adoecimento.

A classificação de Schilling orienta os profissionais da saúde sobre a possível relação do adoecimento com
a exposição a riscos presentes no trabalho:

Grupo I
Doenças em que o trabalho é a causa necessária.

Exemplo: silicose.

Grupo II
Grupo II
Doenças em que o trabalho pode ser um fator contributivo, mas não necessário, ou seja, o trabalho pode ou
não estar favorecendo a condição do trabalhador.

Exemplo: hipertensão.

Grupo III
Doenças em que o trabalho é um agravador de um distúrbio latente.

Exemplo: depressão.

Essa classificação facilita o trabalho do médico quando é preciso relacionar o diagnóstico (doença) com o
ambiente de trabalho (causa) e estabelecer o nexo ocupacional, mais conhecido como nexo causal.

Vejamos um exemplo de nexo ocupacional:

Nexo ocupacional
Chamamos de nexo ocupacional ou causal quando o médico consegue comprovar que a doença ou o
adoecimento é proveniente do trabalho.

Exemplo

JPS trabalha há 10 anos exposto à poeira de sílica. Após esse período, começou a apresentar diminuição da
capacidade respiratória, fraqueza, tosse intensa, dores no peito e perda de peso. Foi ao médico e após a
anamnese (perguntas que o médico faz ao paciente) e alguns exames, foi diagnosticado com silicose, uma
doença proveniente da exposição ao pó de sílica. Ao comprovar que o trabalhador desenvolveu a doença
por causa do trabalho, teremos um nexo de causalidade — causa (ambiente/pó de sílica) e efeito (doença).

Agora que já falamos sobre as formas de adoecer e a sua relação com o trabalho, vejamos o que
acontecerá com o trabalhador adoecido ou em processo de adoecimento.

O trabalhador adoecido
Para entendermos o que pode acontecer aos trabalhadores quando adoecem, é interessante lembrar de
alguns conceitos/termos chave:
alguns conceitos/termos chave:

Adoecimento ocupacional

Qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre com uma pessoa em
decorrência do trabalho.

Empregador (com ou sem CNPJ)

Empresa, individual ou coletiva, que assume os riscos da atividade econômica: admite,


assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

Empregado

Pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a um empregador, sob a
dependência deste e mediante salário. Pode ser: empregado do setor privado (com ou sem
carteira de trabalho assinada); empregado do setor público (com ou sem carteira de trabalho
assinada, militar, servidor público estatuário); e empregado rural.

Trabalhador doméstico

Pessoa física que presta serviço em domicílio, com ou sem carteira de trabalho assinada.

Empregado contratado em regime CLT

Pessoa física que trabalha sob o regime da Consolidação da Leis do Trabalho (CLT), ou seja,
tem carteira de trabalho assinada pelo empregador. Neste caso, há alguns direitos garantidos
(caso tenha necessidade, pode receber benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social,
(caso tenha necessidade, pode receber benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social,
INSS).

Agora vamos entender, em três casos, o que acontece com um trabalhador contratado em regime de CLT:

Caso 1 

Trabalhador precisará se afastar por pouco tempo do trabalho

XYZ trabalha em uma empresa de construção civil há cinco anos, com manipulação de cimento. Há
alguns dias tem percebido coceira intensa nas mãos, além de rachadura que sangra, e isso está
impedindo que trabalhe direito. Ao procurar um médico, este avaliou as lesões e constatou que XYZ
estava com dermatite de contato por causa do cimento e o afastou do trabalho por cinco dias,
entregando a ele um atestado médico. Neste caso, o trabalhador precisará voltar ao trabalho?
Precisará entregar o atestado na empresa? O dia de trabalho será abonado?

Qual é a responsabilidade do trabalhador e da empresa?

O trabalhador precisou ser afastado por pouco tempo para tratamento. Após sair da consulta, ele
poderá ir à empresa entregar o atestado ou fazer isso no dia seguinte. A empresa deverá receber o
atestado e abonar os dias de afastamento. O trabalhador receberá o valor do salário que
corresponde a esses dias.

Caso 2 

Trabalhador precisará se afastar por mais de 15 dias

LMN trabalha como frentista há 15 anos e vem apresentando, há 5 dias, cansaço excessivo, dores de
cabeça e tontura. Após um episódio de sangramento no nariz, LMS ficou assustado e procurou um
médico. Durante a consulta, relatou detalhes do seu trabalho e o médico solicitou alguns exames,
entre eles o toxicológico. Ao receber os resultados, o médico identificou que, além da intoxicação,
LMN estava com leucemia. Para o tratamento inicial, o médico emitiu um atestado com 40 dias de
afastamento. Neste caso, o trabalhador precisará voltar ao trabalho? Precisará entregar o atestado
na empresa? O dia de trabalho será abonado?

Qual é a responsabilidade do trabalhador e da empresa?

O trabalhador precisou ser afastado por 40 dias. Após sair da consulta, ele poderá ir à empresa
entregar o atestado ou fazer isso no dia seguinte. A empresa deverá receber o atestado e abonar os
primeiros 15 dias de afastamento, então o trabalhador receberá o valor do salário que corresponde a
esses dias. Entretanto, como ficará afastado do trabalho por mais tempo, para fazer jus ao benefício
do INSS, o trabalhador também precisará passar por perícia médica e deve ser orientado a agendá-
la.

Atenção: não existe lei que obrigue o médico a colocar no atestado médico o nome da doença
(diagnóstico) e nem o número da classificação no CID (Classificação Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde, um registro estatístico que reúne e organiza as mais diversas
doenças e sintomas conhecidos pelo homem em grupos ou categorias).

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) é um registro


estatístico que reúne e organiza as mais diversas doenças e sintomas conhecidos pelo homem em
grupos ou categorias.

Caso 3 

Trabalhador não precisará se afastar do trabalho

RST trabalha em uma empresa há 10 anos e há 5 foi diagnosticada com depressão. Desde então, faz
tratamento regularmente e não pode deixar de tomar seus remédios nem um dia. Um sábado por
mês, RST vai ao médico do posto de saúde para renovar a receita e pegar outra caixa de
medicamento. Acontece que, este mês, o médico que a acompanha não poderá atender aos sábados
e agendou uma consulta durante a semana. RST não pode ficar sem o remédio e foi autorizada pela
empresa a comparecer à consulta. O médico entrega a ela uma declaração de comparecimento com
a data da consulta e o tempo que ficou no consultório. Neste caso, a trabalhadora precisará voltar ao
trabalho? Deve entregar a declaração na empresa? O dia de trabalho será abonado?

Qual é a responsabilidade do trabalhador e da empresa?


Qual é a responsabilidade do trabalhador e da empresa?

A trabalhadora precisará retornar ao trabalho e entregar a declaração na empresa. A declaração não


abona o dia inteiro de trabalho, somente as horas que constam nela.

Qual é a responsabilidade do médico que atende um trabalhador em processo de


adoecimento?

Como vimos, o médico precisa atender o trabalhador com atenção, coletar informações sobre sua vida
pessoal e profissional, solicitar exames complementares (se for preciso) e formular um diagnóstico. Nem
sempre o médico faz o diagnóstico imediatamente, às vezes precisa de tempo para investigar o que está
acontecendo com o trabalhador. O médico também poderá prescrever o tratamento e/ou encaminhar o
trabalhador para outros profissionais, como psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
nutricionistas, entre outros.

Uma vez constatado que o trabalhador não tem condições de retornar ao trabalho, o médico deverá fornecer
um atestado com os dias necessários de afastamento. Às vezes o trabalhador está adoecendo e isso não
tem nenhuma relação com o trabalho, porém, mesmo assim, o trabalhador precisará ser afastado para se
tratar. Caso não haja necessidade de afastamento, o médico deverá entregar ao trabalhador uma declaração
de comparecimento à consulta, com a data e o tempo que ficou no consultório em atendimento.
Se o médico que atendeu o trabalhador não é médico do trabalho e não tem acesso à Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT), mas diagnosticou uma doença ocupacional, então deverá emitir apenas um
laudo sobre as condições de saúde do trabalhador, para que este o entregue na empresa e o laudo seja
anexado à CAT.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

MNH, digitador há 10 anos, compareceu a uma consulta médica com queixa de formigamento, ardência
e dores nas mãos, relatou também que há 2 semanas não consegue levantar alguns objetos devido a
uma “fraqueza nas mãos”. No exame físico, o médico observou inchaço e vermelhidão local. Diante
desses sinais e sintomas, o trabalhador foi diagnosticado com tendinite nas mãos e nos punhos. Para o
tratamento e a recuperação, o médico o afastou do trabalho por 7 dias. Para formalizar o afastamento,
MNH deverá levar à empresa o documento emitido pelo médico com uma informação obrigatória.
Assinale abaixo a alternativa correta sobre o documento e a informação obrigatória:

A Declaração de comparecimento com os dias de afastamento e o diagnóstico.

B Declaração de comparecimento com o dia da consulta.


C Atestado médico com os dias de afastamento.

D Atestado médico com os dias de afastamento e o tratamento

E Atestado médico com detalhes do tratamento.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Neste caso o documento será o atestado médico, uma vez que o trabalhador precisará ser afastado
para tratamento. Quanto à informação obrigatória, o médico deverá colocar os dias de afastamento,
mas não o tratamento prescrito para o trabalhador.

Questão 2

Após o adoecimento de um grupo de 20 trabalhadores em uma empresa de reparo de navios, o


empregador decidiu contratar uma equipe de profissionais para ajudá-lo a entender o que estava
acontecendo. Ao finalizar a avaliação, a equipe constatou que havia muito metal pesado no ambiente,
quantidade acima da permitido por lei, em razão da pintura dos cascos dos navios. Marque a alternativa
que corresponde à etapa do ciclo de segurança e saúde no trabalho em que essa situação foi
identificada:

A Monitoramento dos riscos e da saúde dos trabalhadores.

B Antecipação e/ou reconhecimento dos riscos.


C Medidas corretivas em caso de anormalidades.

D Adoção de medidas de controle.

E Focar no sintoma do problema ao invés da causa.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O caso acima mostra que a equipe contratada para avaliar o ambiente identificou o fator de risco que
estava adoecendo os trabalhadores, logo, eles reconheceram o risco, que é a primeira etapa do ciclo de
segurança e saúde no trabalho.
2 - Prevenção e promoção da saúde
Ao 7nal deste módulo, você será capaz de identi7car o papel das empresas na
prevenção do adoecimento e na promoção da saúde dos trabalhadores.

Responsabilidade das empresas na prevenção


de riscos
Como vimos no módulo anterior, muitas vezes o ambiente de trabalho apresenta riscos que afetam a saúde
física e/ou mental dos trabalhadores. Essa situação exige a responsabilidade de todos, principalmente dos
empregadores.


Responsabilidade das empresas na prevenção
Responsabilidade das empresas na prevenção
de riscos
Entenda a responsabilidade das empresas na prevenção de riscos, considerando, principalmente, o
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

Normas regulamentadoras pertinentes à


segurança e medicina do trabalho
Seguindo a Recomendação nº 155 (que trata da Segurança e Saúde dos Trabalhadores) da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), os países membros elaboraram uma política nacional coerente em matéria
de segurança e saúde dos trabalhadores e ambiente de trabalho.

O Brasil, como membro da OIT, acatou essa recomendação, e o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº
3.214, de 8 de junho de 1978, sobre as normas regulamentadoras (NRs) pertinentes à segurança e medicina
do trabalho.

De lá para cá, já são 37 normas publicadas a serem colocadas em prática pelas empresas/organizações.
Nesse contexto, trataremos de duas NRs muito importantes para a manutenção da saúde dos
trabalhadores, além de apontar medidas que podem ser colocadas em prática, para que seja evitado o
adoecimento físico ou mental do trabalhador.

Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais — NR-1

Sobre as disposições gerais, a NR-1 informa que as NRs são de observância obrigatória pelas organizações
e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo,
Judiciário e Ministério Público que tenham empregados regidos pela CLT.

No que concerne ao gerenciamento de riscos ocupacionais, cabe:

À organização 

a. Evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho.

b. Identificar perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde.


c. Avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco.

d. Classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas de


prevenção.

e. Implementar medidas de prevenção de acordo com a classificação de risco e na ordem de


prioridade.

f. Acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.

Ao empregador 

a. Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no


trabalho.

b. Informar aos trabalhadores:


I. os riscos ocupacionais existentes nos locais de trabalho;
II. as medidas de prevenção adotadas pela empresa para eliminar ou reduzir tais riscos;
III. os resultados dos exames médicos e dos exames complementares de diagnóstico aos quais
os próprios trabalhadores forem submetidos; e
IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.

c. Elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos trabalhadores.

Todo trabalhador, ao ser admitido ou quando mudar de função que implique alteração de risco, deve receber
informações sobre: os riscos ocupacionais que existam ou possam se originar nos locais de trabalho; os
meios para prevenir e controlar tais riscos; as medidas adotadas pela organização; e os procedimentos a
serem adotados em situação de emergência. As informações podem ser transmitidas durante os
treinamentos ou por meio de diálogos de segurança, documento físico ou eletrônico.

Atenção!

O trabalhador tem direito de interromper suas atividades quando constatar que a situação de trabalho
envolve um risco grave e iminente para sua vida e saúde. Ele precisa informar ao superior hierárquico e,
caso a situação não seja resolvida, pode se recusar a retornar à atividade até que se resolva a situação.

Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) — NR-7


Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) — NR-7

O PCMSO corresponde à Norma Regulamentadora 7, criada pelo Ministério do Trabalho em 1978. Sua
versão mais atualizada é a de 2018. Essa norma estabelece que a instituição empregadora tem a
obrigatoriedade de elaborar e implementar o programa, com o objetivo de promover e preservar a saúde dos
trabalhadores contratados.

Antes de entrarmos mais especificamente na NR-7, é preciso entender a diferença entre prevenção e
promoção da saúde.

Prevenção da saúde

Geralmente trabalhamos prevenção para situações específicas, com o intuito de que o trabalhador não
adoeça por uma determinada exposição. Uma pessoa que trabalha em frigorífico, por exemplo. Para
prevenirmos uma doença relacionada à exposição a um ambiente frio, é preciso que o ambiente de
trabalho siga normas de segurança e os trabalhadores utilizem equipamentos de proteção coletiva e
individual.

Promoção da saúde

Na promoção da saúde, é preciso ter um olhar integral do ambiente e proporcionar “saúde” para os
trabalhadores. Empresas que oferecem alimentação, por exemplo, devem servir refeições saudáveis.
Imagine vários trabalhadores hipertensos comendo alimentos muito salgados? Perceba que aqui a
ação não tem relação direta com a atividade que os trabalhadores desenvolvem, mas ainda assim é
preciso ter cuidado com a alimentação deles.

Outro exemplo de promoção de saúde está nos banheiros sujos, que podem inibir o acesso de
trabalhadores, fazendo com que “prendam” por muito tempo a urina, ocasionando infecções urinárias —
banheiros limpos, aliás, evitam disseminação de várias doenças.

Finalmente, é importante lembrar que saúde não é ausência de doença.

Será que é possível um trabalhador sem doença e sem saúde?


Será que é possível um trabalhador sem doença e sem saúde?

É possível. Saúde significa bem-estar físico, social, mental e espiritual, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS). Para ter saúde, é preciso que nossas necessidades sejam satisfeitas, ou seja: alimentação,
trabalho/emprego, moradia, educação, acesso a serviços de saúde. Se não temos emprego/trabalho/renda,
não estamos saudáveis.

O trabalho é um dos determinantes da saúde e do bem-estar do(a)


trabalhador(a) e de sua família. Além de gerar renda, que viabiliza as condições
materiais de vida, tem uma dimensão humanizadora e permite a inclusão
social de quem trabalha, favorecendo a formação de redes sociais de apoio,
importantes para a saúde.

(Brasil, Ministério da Saúde, 2018).

Retomando nosso tema, o PCMSO deve ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos
agravos à saúde relacionados ao trabalho e ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos
trabalhadores. A equipe do PCMSO é formada por profissionais da área da saúde e especialistas em saúde
do trabalhador, como enfermeiros do trabalho e médicos do trabalho.

O que é feito em um PCMSO?

Resposta

Entre outros, atendimento ao trabalhador, consulta e avaliação médica, exames médicos obrigatórios como
admissional, periódico, de mudança de função, de retorno ao trabalho e demissional.

Cabe lembrar que todos os atendimentos e exames são de responsabilidade das empresas. Basicamente
esses exames incluem: avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental; e
exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos na NR-7.

Rapidamente, vamos fixar os objetivos de cada exame:


Admissional

Exame feito antes de o trabalhador assumir um cargo/ocupação, para saber se o trabalhador está apto
para assumir a vaga de emprego.

Periódico

Exame realizado periodicamente para saber se o trabalhador está bem ou adoecendo por causa da
atividade que desenvolve. A periodicidade depende do tipo de trabalho, não há um padrão.

Mudança de função

Exame realizado para saber se o trabalhador está apto para assumir nova função com agentes de risco
diferentes de sua posição anterior. Por exemplo, um auxiliar de serviços gerais (exposição a substâncias
químicas) conclui o curso de técnico de radiologia e vai passar a trabalhar como tal (exposição à radiação
ionizante).

Retorno ao trabalho

Exame realizado para saber se o trabalhador tem condições de voltar à função após afastamento por 30
dias ou mais.

Demissional

Exame realizado quando o trabalhador é demitido. O Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) desses
exames deverá ser preenchido em duas vias, uma entregue ao trabalhador no dia do exame e outra
arquivada na empresa.
Atenção!

Caso haja exposição excessiva ao risco (verificada na avaliação clínica do trabalhador e/ou nos exames
constantes, mesmo sem qualquer sintomatologia ou sinal clínico), o trabalhador deve ser afastado do local
de trabalho ou do risco, até que esteja normalizado o indicador biológico de exposição (o que apareceu no
exame) e as medidas de controle nos ambientes de trabalho tenham sido adotadas. Este procedimento
significa adotar as normas de segurança para a prevenção de doenças!

Ao constatar a ocorrência ou o agravamento de doenças relacionadas ao trabalho no exame periódico, o


médico do trabalho deverá:

Solicitar à empresa a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

Indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da exposição ao risco ou do trabalho.

Encaminhar o trabalhador à Previdência Social para a avaliação de incapacidade e definição da conduta


previdenciária em relação ao trabalho.

Orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de controle no ambiente de


trabalho.

Além das competências que constam da NR 07, Dias et al. (2018) destacam que o médico do trabalho
também deverá:

Considerar a singularidade do empregado

Considerar o trabalhador na sua singularidade e individualidade, respeitando seus direitos e


sua autonomia nas decisões sobre sua saúde, fundamentados nos princípios éticos e na
legislação vigente, além de opor-se a qualquer forma de discriminação ou exclusão social no
trabalho por meio de sua atuação profissional.

Dar acesso à informação

Garantir ao trabalhador acesso às informações sobre os riscos presentes no trabalho e sobre


suas condições de saúde.
Manter a conDdencialidade

Manter a confidencialidade das informações de saúde e dos registros médicos do trabalhador


e sua participação nas decisões sobre seu uso nos limites éticos e legais.

Acompanhar nos casos de doença relacionada ao trabalho

Orientar e acompanhar os procedimentos de diagnóstico, tratamento e condutas decorrentes


do estabelecimento da relação causal entre o adoecimento e o trabalho, incluindo a
reabilitação física e profissional dos trabalhadores sob sua responsabilidade.

Promover melhoria da saúde

Promover ações visando à melhoria das condições de saúde e do bem-estar, bem como o
empoderamento dos trabalhadores, formais e informais, na perspectiva da promoção da
saúde.

Conhecer e aplicar as normas

Conhecer as normas, as prescrições ou as referências de agências internacionais que


apresentem avanços na proteção dos trabalhadores: Occupational and Safety Health
Administration (OSHA, EUA); American Conference of Governmental and Industrial Hygiene
(ACGIH); Biologic Exposure Indices (BEI); Occupational Exposure Level (OEL, EUA);
(ACGIH); Biologic Exposure Indices (BEI); Occupational Exposure Level (OEL, EUA);
Environmental Protection Agency (EPA, USA) e outras agências reconhecidas pela excelência,
adaptando seus ditames à realidade brasileira.

A NR-7 orienta as empresas a se manterem equipadas com o material necessário à prestação de primeiros
socorros, considerando as características da atividade desenvolvida. É preciso manter esse material
guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada para esse fim. Na ausência de profissional
especializado para a prestação de primeiros socorros, chamar uma ambulância é o melhor a fazer.

Outras responsabilidades do médico do trabalho

Programa de Gerenciamento de Resíduos


Sólidos (PGRS)

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2012), o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS) gere resíduos provenientes de serviços, indústrias, fábricas, entre outros, seguindo rigorosamente a
legislação.

O gerenciamento de resíduos é um conjunto de ações exercidas direta ou indiretamente nas etapas de


coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos
e disposição final dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.
e disposição final dos rejeitos, de acordo com o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.

O gerenciamento abrange todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, materiais, financeiros e da
capacitação dos recursos humanos envolvidos com o manejo.

A importância do PGRS vai muito além do cumprimento da legislação, contribui também para a promoção
da saúde da população. Tratar os resíduos de forma correta evita o descarte inapropriado e, como
consequência, inibe a contaminação do meio ambiente, além de prevenir várias doenças.

No Brasil, sabemos que infelizmente muitas pessoas sobrevivem da coleta de materiais em “lixões”. Caso
elas entrem em contato com produtos descartados erroneamente (como seringas ou agulhas descartadas,
substâncias químicas nocivas ou resíduos de construção civil etc.), os responsáveis por esses materiais
também serão os responsáveis pelo adoecimento e pelos acidentes de muita gente!

A Lei nº 12.305/2010

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que
dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos à responsabilidade dos geradores
e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

Estão sujeitas à observância dessa lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito


público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos
sólidos, bem como as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou
ao gerenciamento de resíduos sólidos.

Sobre os objetivos da PNRS, podemos destacar:

Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental.

Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços.

Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar os impactos


ambientais.

Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos, entre outros.

Segundo a PNRS, eis as diferenças entre resíduos e rejeitos:

Resíduos
Devem ser reaproveitados e reciclados.

Exemplos: restos de tecidos de uma fábrica de roupas (podem ser reaproveitados para fabricar tapetes e
colchas de retalhos); alguns tipos de papéis e de vidros (podem ser reciclados).
Rejeitos
Devem ter disposição final.

Exemplos: agulhas e seringas usadas (não podem ser reciclados; caso tenham entrado em contato com
secreção ou sangue, devem ser incinerados).

Alguns autores dividem os resíduos em recicláveis ou reaproveitáveis; e em não recicláveis e não


reaproveitáveis. Seguindo a PNRS, temos a seguinte classificação dos resíduos sólidos:

Resíduos sólidos quanto à origem 

a. Resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas.

b. Resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e


outros serviços de limpeza urbana.

c. Resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”.

d. Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas


atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”.

e. Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados
os referidos na alínea “c”.

f. Resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e nas instalações industriais.

g. Resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em


regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS.

h. Resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de


obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para
obras civis.

i. Resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os


relacionados a insumos utilizados nessas atividades.

j. Resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais


alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.

k. Resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de


minérios.
minérios.

Resíduos sólidos quanto à periculosidade 

a. Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade,


corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental de
acordo com lei, regulamento ou norma técnica.

b. Resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

No que diz respeito à destinação ou à disposição final dos resíduos sólidos, é proibido:

I. Lançamento nas praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos.

II. Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração.

III. Queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa
finalidade.

IV. Outras formas vedadas pelo poder público.

Atenção!

A Lei nº 12.305/2010 não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.

O compromisso com o trabalho e a


responsabilidade do trabalhador
Até aqui, vimos algumas situações que podem acometer os trabalhadores e a responsabilidade das
empresas em relação a ambientes seguros, exames que devem ser feitos, acompanhamento dos
trabalhadores e promoção da saúde. Agora, abordaremos as responsabilidades dos trabalhadores.

Em algumas NRs, são indicadas as obrigações dos empregadores, mas também as dos empregados, como
nos dois exemplos a seguir:

Na NR-1
Cabe ao trabalhador cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho,
inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; submeter-se aos exames médicos previstos nas
NRs; colaborar com a organização na aplicação das NRs; e usar o equipamento de proteção individual
fornecido pelo empregador.

Na NR-6
Cabe ao empregado, quanto ao EPI, usá-lo apenas para a finalidade a que se destina; responsabilizar-se por
sua guarda e conservação; comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso; e
cumprir as determinações do empregador sobre seu uso adequado.

Muitos acidentes e doenças acometem os trabalhadores pelo uso inapropriado dos EPIs ou mesmo pelo
não uso durante o trabalho. Cabe à empresa fornecer os EPIs aos trabalhadores e agendar treinamentos
para a utilização desses dispositivos.

Acontece que, mesmo depois de treinados, alguns trabalhadores não os usam por indisciplina ou razões
diversas.

Obedecer às normas de segurança nos ambientes também é um ponto crítico para os empregadores; o
Obedecer às normas de segurança nos ambientes também é um ponto crítico para os empregadores; o
trabalhador precisa ser conscientizado de que ele também é responsável por prevenir doenças e promover a
própria saúde.

Equipamentos de proteção individual (EPIs).


Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (NR-7), é de responsabilidade da empresa os


exames médicos obrigatórios, como exame

A admissional, periódico e demissional.

B periódico, de mudança de função e de sangue.


C demissional, audiometria e periódico.

D periódico, de retorno ao trabalho e densitometria óssea.

E admissional e demissional.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Os exames obrigatórios oferecidos pela empresa são cinco. Entre eles, o admissional, que é realizado
antes de o candidato assumir um cargo; o periódico, realizado quando o trabalhador já é funcionário e
faz o exame periodicamente; e o demissional, que o trabalhador faz quando é demitido.

Questão 2

A reciclagem é um processo industrial que converte o lixo descartado em produto semelhante ao inicial
ou outro. Entre as opções a seguir, marque a alternativa correta sobre o material que pode ser reciclado:

A Material radioativo

B Medicamento
C Papel

D Parafina

E Seringas usadas

Parabéns! A alternativa C está correta.

Alguns papéis podem ser reciclados, considerados assim um resíduo. Outros papéis não podem ser
reciclados, por exemplo, os engordurados. Por isso é preciso ter cuidado durante a separação dos
materiais para reciclagem.

Considerações Mnais
Neste estudo, vimos a classificação dos riscos ocupacionais e entendemos o quanto é importante
reconhecê-los em um ambiente de trabalho. Ao ter controle sobre esses riscos, evitamos espaços
reconhecê-los em um ambiente de trabalho. Ao ter controle sobre esses riscos, evitamos espaços
insalubres e, como consequência, reduzimos ou eliminamos o adoecimento dos trabalhadores. Também
vimos como a atuação da Cipa ajuda a prevenir as doenças ocupacionais e a manter a segurança das
pessoas.

Não podemos esquecer que o trabalho tem um efeito protetor e de promoção da saúde, porém, quando não
é bem estruturado, pode causar mal-estar, sofrimento, adoecimento e até morte. O trabalhador que adoece
precisa de apoio, por isso o diagnóstico e o tratamento são fundamentais — não só o atendimento mediante
consultas médicas, mas também a prevenção das doenças relacionadas ao trabalho.

Para que as ações de prevenção do adoecimento e de promoção da saúde sejam colocadas em prática, é
preciso que empregadores e empregados estejam envolvidos, cada um com suas competências. Aos
empregadores cabe implantar as políticas públicas relacionadas à saúde e à segurança dos trabalhadores,
as NRs e outras normas, quando necessário. Já aos empregados, cabe respeitar e cumprir as NRs, além de
identificar desajustes no ambiente de trabalho e comunicá-los ao empregador. Só por meio dessa união de
forças será possível melhorar as condições de trabalho e reduzir o adoecimento ocupacional.


Podcast
Neste podcast, o consultor Vanilson Fragoso fala sobre os principais tópicos deste tema.

Explore +
Confira o que separamos especialmente para você!

Leia o texto Comunicação de Acidente de Trabalho — CAT, disponível no site do INSS, publicado em 8 jan.
2018.

Leia o artigo Promoção de ambientes de trabalho saudáveis e seguros na prevenção das doenças e
agravos relacionados ao trabalho no site da ENSP, Fiocruz.

Leia o item Alguns pontos importantes da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos do texto
Contextos e principais aspectos no site do Ministério do Meio Ambiente.

Leia o texto Atividades e Operações Insalubres —V no site da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho
(Enit).

Assista no Youtube ao vídeo Estresse e saúde mental no trabalho, produzido pela Fundação Jorge Duprat
e Figueiredo (Fundacentro).

Referências
BRASIL. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Normas regulamentadoras. Brasília, DF: 2020.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Saúde do trabalhador e da trabalhadora. Brasília, DF: MS, 2018a. (Cadernos de Atenção Básica, n. 41)

BRASIL. Ministério do Trabalho. Adoecimento ocupacional: um mal invisível e silencioso. Brasília, DF: MT,
2018b.
DIAS, E. C. et al. Competências essenciais requeridas para o exercício da medicina do trabalho. 3. ed. São
Paulo: ANAMT, 2018.

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