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Módulo 4

1. RISCOS DE DANOS AO MEIO AMBIENTE

1.1. RISCOS, PERCEPÇÃO E AMBIENTE

Quando falamos de risco, estamos falando de um termo aparentemente


amplo e generalista. Porém, algumas abordagens da temática, práticas técnicas e
ferramentas, fazem do risco uma ciência a ser estudada pelas organizações, com
foco na minimização dos ricos negativos e maximização dos positivos.
No mundo corporativo, entende-se risco como algo para quantificar e
qualificar a incerteza, tanto para perdas quanto para ganhos, por indivíduos ou
organizações.
O risco está presente em qualquer atividade econômica, ou seja, não importa
qual o ramo de atuação ou atividade desempenhada, sempre haverá o risco como
fator importantíssimo ao sucesso do empreendimento.
Riscos internos, riscos externos, riscos previsíveis, riscos imprevisíveis, riscos
mensuráveis, riscos incomensuráveis, são algumas formas de classificação, por
exemplo.
Sendo um fator importantíssimo para as empresas, o risco precisa ser
abordado sob um enfoque técnico, não podendo ser deixado ao relento, sem
qualquer importância. Não analisar e não gerir seus próprios riscos é um grave sinal
de gestão empresarial.
A gestão de riscos preserva e agrega valor à organização, contribuindo
fundamentalmente para a realização de suas metas de desempenho, objetivos e
cumprimento de sua missão.
A norma ISO 31.000 determina o risco como:

Efeito da incerteza nos objetivos. Um efeito é um desvio em relação ao


esperado. Pode ser positivo, negativo ou ambos, e pode abordar, criar ou
resultar em oportunidades e ameaças. Objetivos podem possuir diferentes
aspectos e categorias, e podem ser aplicados em diferentes níveis. Risco é
normalmente expresso em termos de fontes de risco, eventos potenciais,
suas consequências e suas probabilidades1.

As aplicações do conceito de risco, por parte de profissionais das mais diversas


áreas do saber, parecem estar definidas de acordo com a lógica da previsibilidade do
potencial de perdas e danos (Yates & Stone, 1992)2.
Entretanto, é muito mais difícil obter uma definição do que é o risco por parte
de uma população ‘leiga’ (cujos saberes diferem, em sua origem e construção,
daqueles dos avaliadores técnicos que trabalham o conceito de risco). O risco, para
este grupo, é frequentemente interpretado como um sinônimo de perigo, e sua
concepção varia de acordo com as perdas e/ou danos tidos como relevantes
(Wiedermann, 1993)3.
As pessoas têm percepções diferentes de um mesmo perigo a que estão
expostas. O motorista de um automóvel, por exemplo, deve ter uma percepção dos
perigos relativos àquela atividade diferenciada da percepção de um passageiro que o
acompanhe. Da mesma forma, um engenheiro de segurança de uma planta
industrial tem uma visão/interpretação dos perigos oriundos do funcionamento da
mesma diferente daquela da população residente às áreas circunvizinhas.

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 31000. Gestão de Riscos –
Diretrizes. Rio de Janeiro, 2018.
2 YATES, F. & STONE, E. The Risk Construct. In: YATES, F. (Ed.). Risktaking Behaviour. Chichester:
Wiley, 1992.
3 WIEDEMANN, P. M. Introduction Risk Perception and Communication. Arbeiten Zur Risko-
Kommunikation Heft 38 Jülich - April (93) (1993), 1993.
A adoção de novas tecnologias – ou empreendimentos tecnológicos de
grandes proporções – sempre esteve associada ao impacto que tais eventos venham
a ter em uma sociedade ou grupos sociais envolvidos.
Entretanto, as análises técnicas de riscos tendem a subestimar (ou ignorar) a
dimensão social, a qual, inevitavelmente, constitui-se num dos principais
determinantes das atitudes/respostas de um indivíduo ou grupo populacional frente
ao(s) perigo(s) a que está(ão) exposto(s).
Os riscos tecnológicos/ambientais, mais do que entidades físicas que existem
independentemente dos seres humanos que os analisam e vivenciam, são processos
de construção social. Neste contexto, os estudos de percepção de risco aparecem
como uma nova área de investigação dentro do campo da análise de riscos, baseada
nas crenças, visões, sensações e interpretações da população/grupo
populacional/indivíduo relacionada(o) com o risco.
A percepção de risco, enquanto uma disciplina cientificamente organizada,
emerge, justamente, a partir da necessidade de entender os contrapontos entre a
percepção de técnicos e “leigos”.
Seus conhecimentos e referenciais teórico-metodológicos vêm sendo
frequentemente utilizados como instrumentos de subsídios a ações/intervenções no
campo da saúde e ambiente, sobretudo para o delineamento de políticas e
estratégias que envolvam práticas de comunicação de riscos (campanhas
informativas/de esclarecimento, assessorias técnicas, cursos de formação e
treinamento etc).
Freitas (2000)4 apresenta três grandes abordagens sobre as quais os atuais
estudos de percepção de risco encontram seus alicerces: A psicológica, a cultural e a
sociológica. A abordagem psicológica é baseada nas opiniões expressas pelas

4 FREITAS, C. M. A contribuição dos estudos de percepção de riscos na avaliação e no


gerenciamento de riscos relacionados aos resíduos perigosos. In: SISINO, C. & OLIVEIRA, R. M.
(Orgs.) Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2000.
populações, quando solicitadas, sobre questões específicas relacionadas a atividades
e/ou tecnologias perigosas.
Tem seus fundamentos na psicologia cognitiva e se utiliza, frequentemente, de
testes padronizados como instrumento de avaliação (denominados psicométricos –
testes em que o informante é solicitado a atribuir notas em escala a questões
relacionadas com a confiabilidade, o medo, a segurança, a satisfação e a aceitação
relativos à adoção de uma nova tecnologia ou atividade perigosa).
A abordagem cultural, por sua vez, tem como base a pressuposição de que
sociedades diferentes ou diferentes grupos populacionais reagem de maneiras
distintas frente a um mesmo risco.
Assim, a percepção de risco de cada indivíduo é construída a partir de sua
trajetória de vida e de seus valores culturais (o indivíduo não poderia ser
considerado como uma entidade isolada, como na abordagem psicológica, mas sim
como um ser/ator social).
Já na abordagem sociológica, a base para a percepção de risco é a experiência
social, e não o risco e a tecnologia livres de um contexto. Ainda segundo Freitas
(2000:67)5, o objetivo desta abordagem seria

demonstrar que o risco se vivencia no interior de cenários, onde as falas,


silêncios, expressões e segredos são objetos de um conhecimento
coletivamente elaborado em contextos sociais específicos e complexos, que
formariam unidades pertinentes na compreensão de como se articulam os
comportamentos individuais e a construção coletiva da percepção de risco.

Em estudos realizados com trabalhadores rurais do município de Nova


Friburgo, região serrana do Estado do Rio de Janeiro (Peres, 1999; Peres et al., 2001;
Ponte & Rodrigues, 2001)6, observamos a importância das análises de percepção de

5 Ibidem.
6 PERES, F. et al. O processo de comunicação relacionado ao uso de agrotóxicos em uma região
agrícola do estado do Rio de Janeiro. Rev. Saúde Pública, 35 (6), 2001.
risco para o entendimento da situação de exposição e da contaminação (humana e
ambiental) por agrotóxicos.
Os riscos relacionados ao regime de uso de agrotóxicos parecem estar bem
definidos para a comunidade científica de um modo geral. As vias de intoxicação, a
toxicidade e os danos à saúde e ao ambiente, por parte destes produtos, aparecem
hoje como conhecimentos claros e bem constituídos de estudos afins, baseando e
evidenciando o risco do uso/produção de tais substâncias.
Porém, estes riscos podem (ou não) passar quase despercebidos pelo usuário
de tais produtos, por motivos que variam do desconhecimento à negação da
existência do risco, como prática de convivência em um processo de trabalho
injurioso (Dejours, 1992)7.
A análise dos dados das entrevistas com os trabalhadores de duas localidades
rurais do município mostrou que aproximadamente 99% dos entrevistados
percebiam algum perigo nas práticas de uso destas substâncias (apenas um
entrevistado não identificou perigo qualquer).
No total, 90% dos trabalhadores, quando perguntados sobre o que achavam
sobre os agrotóxicos (de uma maneira genérica), responderam “perigoso”, “muito
perigoso”, “um perigo”, ou “um troço muito ruim”.
Três responderam que os agrotóxicos eram “necessários”. Porém, quando
perguntados se estes produtos poderiam causar algum problema, relacionaram-nos
problemas de saúde. E outros dois trabalhadores, além dos problemas relacionados
com a saúde, ainda relataram-nos os problemas ambientais.
Os principais sinais/sintomas relatados como “problemas de saúde
relacionados aos agrotóxicos” são dores de cabeça, dores de barriga e tonteiras. Tais
sinais são observados mais frequentemente em episódios de intoxicação aguda, cujo
quadro sintomatológico é bastante forte – convulsões, desmaios etc. –, o que vem a

7 DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho. São Paulo: Atlas, 1992.


reforçar a importância da observação de fatos cotidianos na construção do
pensamento do homem do campo.
Não se pode dissociar o conceito de risco da interpretação, identificação,
percepção dos mesmos por parte dos indivíduos e/ou grupos populacionais
envolvidos. O hiato que se configura, a partir deste contraponto, é o distanciamento
entre a produção do conhecimento científico e a apropriação deste por parte da
população em geral.
A formação cada vez mais especializada dos profissionais, bem como o
despreparo para lidar com universos de significação de grupos sociais distintos dos
de origem (Chauí, 1986)8, determina a insegurança destes profissionais na
confrontação de uma realidade nova – ou com interlocutor desconhecido –,
contribuindo para uma tendência de aferrar-se aos próprios “conhecimentos”,
reproduzindo, assim, sua própria visão de mundo que é imposta como modelo
àqueles grupos. (Rozemberg, 1995)9.

1.2. RISCO E GERENCIAMENTO DE RISCO

Segundo o Project Management Institute – PMI (2013, p. 310) 10, risco do


projeto “é um evento ou condição incerta que, se ocorrer provocará um efeito
positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto tais como: Escopo,
cronograma, custo e qualidade”.
Baraldi (2010)11 define o risco como elementos incertos às expectativas, que
atuam frequentemente sobre os objetivos, metas e meios estratégicos (pessoas,

8 CHAUÍ, M. Conformismo e Resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo:


Brasiliense, 1986.
9 ROZEMBERG, B. A (In)transparência da comunicação: crítica teórico metodológica sobre a
interação entre o saber e as práticas médicas e a experiência das populações de áreas
endêmicas de esquistossomose, 1995. Tese de Doutorado, Escola Nacional de Saúde Pública.
Rio de Janeiro, 165p.
10 Project Management Institute – PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de
projetos (Guia PMBOK ®). 5. ed. Project Management Institute, 2013.
11 BARALDI, P. Gerenciamento de Riscos. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
processos, informação e comunicação), exercendo influência sobre o ambiente e
provocando prejuízos. No entanto, se forem gerenciados corretamente, são capazes
de criar oportunidades de ganhos financeiros, de reputação e de relacionamento.
O risco representa o grau de incerteza no que se refere à possibilidade de
ocorrência de um dado evento, que resultará em prejuízos se for concretizado.
Dessa forma, o risco é a possibilidade de perda resultante de um determinado
evento (SANTOS 2002)12.
De acordo com o PMI, é necessário desenvolver uma abordagem aos riscos
que seja apropriada para cada projeto, além disso, a comunicação a respeito
dos riscos e sobre como contorná-los, devem ser abertas e honestas. As
respostas aos riscos transmitem o equilíbrio entendido pela organização entre
correr riscos e evitar riscos.
Segundo Kerzner (2009)13, é importante determinar uma estratégia de
gerenciamento de riscos no início de um projeto, e que esse risco seja
constantemente abordado ao longo do ciclo de vida do projeto.
O gerenciamento de riscos compreende várias ações relacionadas aos riscos:
Planejamento, identificação, análise, resposta (tratamento), e por fim,
monitoramento e controle.
Segundo o PMI, o gerenciamento dos riscos do projeto, tem o objetivo de
“aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a
probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto”.
De acordo com a ISO 31000:2018, a identificação de riscos é o processo da
busca, reconhecimento e descrição dos riscos; envolvendo a identificação das fontes
de risco, eventos, causas e consequências potenciais.

12 SANTOS, P. S. M. Gestão de Riscos Empresariais: Um Guia Prático e Estratégico para Gerenciar


os Riscos de sua Empresa. São Paulo: Novo Século, 2002.
13 KERZNER, H. R. Project Management: A Systems Approach to Planning, Scheduling, and
Controlling. 10. ed.Hoboken, NJ:John Wiley & Sons Inc., 2009.
A finalidade da etapa de identificação de risco é gerar uma lista abrangente de
riscos baseada em eventos que possam criar, aumentar, evitar, reduzir, acelerar ou
atrasar a realização dos objetivos.
Os responsáveis pela identificação dos riscos podem e devem utilizar-se de
ferramentas e técnicas de identificação de riscos que sejam adequadas aos seus
objetivos e capacidades e aos riscos enfrentados. Por esse motivo é importante que
as pessoas envolvidas nesse processo tenham um conhecimento adequado sobre o
negócio, bem como sejam incentivadas a não se restringirem aos acontecimentos do
passado.
A abordagem usada para a identificação de riscos depende do contexto da
gestão de riscos, sendo comum envolver sessões de brainstorming em equipe,
assumindo o formato de workshop com uso de facilitadores, que motiva o
comprometimento e considera diferentes perspectivas e incorpora experiências
variadas; essa técnica permite, principalmente, a identificação de riscos que não se
materializaram no passado, aqueles com baixa probabilidade de ocorrência, mas de
significativos impactos, chamados de “Cisne Negro”.
O risco identificado nesse processo é denominado risco inerente, que é o
“risco a que uma organização está exposta sem considerar quaisquer ações
gerenciais que possam reduzir a probabilidade de sua ocorrência ou seu impacto”.
Uma vez identificados os riscos, procede-se com sua análise e a consequente
avaliação. Esta etapa compreende o desenvolvimento da compreensão sobre o risco
e à determinação do nível do risco e para as decisões sobre a necessidade de os
riscos serem tratados, e sobre as estratégias e métodos mais adequados de
tratamento de riscos.
Envolve a apreciação das causas e fontes de risco, seus impactos – positivos ou
negativos – e a probabilidade de que essas consequências possam ocorrer. Nesta
etapa os passos devem ser observados:
• Avaliar o impacto do risco sobre o objetivo/resultado – o impacto mede
o potencial comprometimento do objetivo/resultado (p.ex.: um risco com potencial
para comprometer um objetivo na sua totalidade ou na sua quase totalidade é
considerado um risco de alto impacto).
• Avaliar a probabilidade de ocorrência do risco (p.ex.: um evento cuja
ocorrência seja quase certa de acontecer é um evento de alta probabilidade)
• Definir o nível do risco com base na matriz probabilidade x impacto.
A matriz define o nível de riscos a partir da combinação das escalas de
probabilidade e de impacto. A probabilidade é a chance de o evento ocorrer dentro
do prazo previsto para se alcançar o objetivo e/ou resultado. O impacto é o
resultado de um evento que afeta o objetivo e/ou resultado. Desta forma, as escalas
aqui apresentadas são:

Imagem 1 – Probabilidade de ocorrência do risco. Fonte: INBS, 2021.

Imagem 2 – Impacto do risco. Fonte: INBS, 2021.


A comparação dos resultados da análise de riscos com os critérios definidos
para probabilidade e impacto permitem determinar se o nível de risco e/ou sua
magnitude é aceitável ou tolerável, auxiliando na decisão sobre quais riscos
necessitam de tratamento e a prioridade para implementação do tratamento.
Assim, o Nível de Risco é obtido com a multiplicação da Probabilidade pelo
Impacto. NRI = P x I.

Imagem 3 – Matriz de Riscos. Fonte: Governo do Espírito Santo.

A avaliação dos riscos estará completa após a avaliação dos controles internos
em funcionamento sobre os riscos atuais e identificados, possibilitando a
determinação do nível de risco residual, que definirá a necessidade e prioridade de
tratamento.
O efeito dos controles na mitigação de riscos consiste em determinar o fator
obtido a partir da análise do grau de efetividade da implementação dos controles. O
risco residual será apurado mediante a multiplicação do valor do risco inerente
apurado na fase de identificação de riscos e na fase inicial de análise pelo fator de
avaliação do controle interno.
Imagem 4 – Fator de avaliação de riscos. Fonte: Governo do Espírito Santo.

O risco residual (RR) será apurado mediante a multiplicação do valor do risco


inerente (NRI) apurado na fase de identificação de riscos e na fase inicial de análise
pelo fator de avaliação do controle interno (FA): RR = NRI x FA.
Em outras palavras: RR = Risco Residual NRI = Nível de Risco Inerente FA =
Fator de Avaliação dos Controles Internos.
A avaliação do risco envolve a comparação do seu nível com o limite de
exposição a riscos, a fim de determinar se o risco é aceitável. A avaliação dos riscos
fornece subsídios para a tomada de decisão, não se constituindo em fator
determinante para eventual tratamento do risco. Ou seja, cabe ao gestor, diante da
lista de riscos ordenados por nível de risco, decidir quais merecerão ações
mitigadoras.
Chega-se, então, na fase de priorização das medidas a serem tomadas frente
aos riscos identificados, com base em sua avaliação anterior. Compreende o
planejamento e a realização de ações para modificar o nível do risco, considerando o
resultado da avaliação do risco residual realizada na etapa anterior. O limite de
exposição a riscos representa o nível de risco acima do qual é desejável o tratamento
do risco. Espera-se que, com os resultados do tratamento, o nível de risco residual
fique abaixo do limite de exposição.

Imagem 5 – Matriz de Risco – Fonte: Governo do Espírito Santo.

O nível do risco pode ser modificado por meio de medidas de resposta ao


risco que mitiguem, transfiram ou evitem esses riscos. As respostas aos riscos
possuem opções de tratamento, que seriam definidas após a avaliação e priorização
dos riscos e podem envolver:

Mitigar: Um risco normalmente é mitigado quando é classificado como "Alto"


ou "Moderado". A implementação de controles, neste caso, apresenta um custo-
benefício adequado. Mitigar o risco significa implementar controles que possam
diminuir as causas ou as consequências dos riscos, identificadas na etapa de
Identificação e Análise de Riscos.

Compartilhar: Um risco normalmente é compartilhado quando é classificado


como "Alto" ou "Extremo", mas a implementação de controles não apresenta um
custo/benefício adequado. Pode-se compartilhar o risco por meio de terceirização
ou apólice de seguro, por exemplo.

Evitar: Um risco normalmente é evitado quando é classificado como


"Inaceitável", e/ou a implementação de controles apresenta um custo muito
elevado, inviabilizando sua mitigação, ou não há entidades dispostas a compartilhar
o risco. Evitar o risco pode significar encerrar o processo organizacional. Nesse caso,
essa opção deve ser aprovada em conjunto pela alta administração.

Aceitar: Um risco normalmente é aceito quando seu nível está nas faixas de
apetite a risco. Nessa situação, nenhum novo controle precisa ser implementado
para mitigar o risco.

Finalmente, temos as constantes ações de monitoramento e melhoria


contínua. A primeira consiste no acompanhamento e a verificação do desempenho
ou da situação de elementos da gestão de riscos, podendo abranger a política, as
atividades, os riscos, os planos de tratamento de riscos, os controles e outros
assuntos de interesse.
O monitoramento das ações de tratamento de riscos envolve a verificação
contínua ou periódica do funcionamento da implementação e dos resultados das
medidas mitigadoras. O monitoramento deve considerar o tempo necessário para
que as medidas mitigadoras produzam seus efeitos.
O monitoramento é parte integrante do processo de gestão e de tomada de
decisão e deve acompanhar o ciclo de planejamento institucional. O monitoramento
deve ser efetivo sem onerar demasiadamente o processo.
O monitoramento consistirá na atualização da análise e avaliação do risco,
assim como do estágio de execução das medidas de tratamento do risco e dos
resultados dessas medidas. O monitoramento dos riscos de processos, unidades e
projetos será realizado pelo respectivo proprietário do risco.
Já a segunda ação, da melhoria contínua, consiste no aperfeiçoamento ou
ajuste de aspectos da gestão de riscos avaliados no monitoramento. A melhoria
contínua pode ser entendida em duas dimensões: uma relativa ao próprio Sistema
de Gestão de Riscos; e outra relacionada aos resultados do monitoramento sobre a
efetividade do tratamento do risco, a cargo dos gestores de risco.

1.3. RISCOS E MEIO AMBIENTE

Quando falamos em riscos ambientais, estamos falando em situações que, na


concretização do risco, causarão impactos negativos ao meio ambiente e,
consequentemente, à empresa, seja no campo financeiro, seja no campo
reputacional, dentre outros.
De uma forma ampla, os riscos ambientais estão presentes em praticamente
todos os negócios, seja no ambiente rural, seja no ambiente urbano. Sob uma outra
ótica, os riscos ambientais são compostos por todos os agentes físicos, químicos e
biológicos no ambiente de trabalho que podem causar danos à saúde do trabalhador
e ao próprio meio ambiente.
A partir de uma visão corporativa, tendo como foco o ambiente empresarial,
pode-se identificar uma infinidade de riscos associados às atividades desenvolvidas
pela organização, desde riscos internos a riscos externos, foram de suas instalações
físicas.
Um exemplo simples de um risco interno, ou seja, que poderá ocorrer dentro
das instalações da empresa, podemos ilustrar um incêndio em uma planta industrial
que cause a queima de elementos químicos altamente poluentes, causando a
emissão na atmosfera dos gases decorrentes.
Já um risco externo associado à empresa, que poderia ocorrer fora de suas
instalações, mas ligadas às suas atividades, seria um acidente durante o transporte
de elementos químicos altamente poluentes da empresa, causando o
derramamento destes no meio ambiente, poluindo o solo e mananciais aquáticos.
Neste sentido, temos14:

Seja qual for a indústria ou o serviço em questão, sempre existe o risco


relacionado ao transporte, seja de produtos ou resíduos. Durante este
trajeto, pode ocorrer um acidente que provoque o vazamento de um
produto poluente no solo ou no corpo hídrico, por exemplo, causando
impacto ambiental.

Em um caso como esse, a empresa responsável pelo material ficaria


encarregada dos custos para realizar a limpeza do solo, a contenção do
material no corpo hídrico afetado e outros prejuízos eventualmente
causados.

Dependendo da região do acidente, pode atingir uma comunidade,


ocasionando desde danos pessoais para os moradores que consumam a
água do local, até mesmo prejuízos financeiros, caso os indivíduos tenham
suas propriedades atingidas pela contaminação, ou ainda, utilizem a água
para algum fim comercial.

Os riscos ambientais associados a uma atividade ou empreendimento são


importantes a todos os setores da empresa, tendo em vista que seus impactos
podem ser profundos na organização, podendo, em alguns casos, até inviabilizar a
continuidade de suas atividades.

14 AIG. O que são riscos ambientais? A sua empresa está exposta? Saiba como se prevenir.
Disponível em <https://www.negocioseguroaig.com.br/industria/tendencia/riscos-ambientais>
Acesso em: 15 de dezembro de 2021.
A empresa deve conhecer a fundo os ricos inerentes às suas operações. Este
conhecimento deve ser um conhecimento ativo, e não passivo, ou seja, deve-se
conhecer cada risco e posicionar-se frente ao mesmo.
Importa ressaltar que além dos riscos conhecidos, há também os riscos
desconhecidos ou não identificados pela empresa, em decorrência de diversos
fatores, como a inexistência de informações científicas sobre a questão à época.
É essencial a elaboração de um plano de gerenciamento de riscos ambientais,
esteja ele integrado a um plano de gerenciamento geral da empresa ou não. Este
plano deve ser amplo e eficiente.
Analisando-se as possibilidades, todas as empresas devem conhecer os riscos
e saber como atuar no caso de sua ocorrência. Devem ter um plano de ação em
casos emergenciais.

Este conteúdo foi adaptado no todo ou em parte a partir do artigo “Dialogando com o risco: Onde mora o perigo?
Percepção de riscos, ambiente e saúde”. O conteúdo é licenciado sob a forma Creative Commons (CC BY 4.0). A
forma como o conteúdo é aqui apresentado, no todo ou em parte, e eventuais considerações a partir dele, não
refletem a opinião do(s) autor(es). Ref: PERES, F. Debates - Onde mora o perigo? Percepção de riscos, ambiente e
saúde. In: MINAYO, MCS., and MIRANDA, AC., orgs. Saúde e ambiente sustentável: estreitando nós [online]. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002, pp. 135-148. ISBN 978-85-7541-366-1. Available from SciELO Books
<http://books.scielo.org>. Acesso em: 05 de setembro de 2021.

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ESPÍRITO SANTO. Manual de Gestão de Riscos. Disponível em
<https://repositorio.secont.es.gov.br/bitstream/123456789/143/5/Manual%20de%20Gest%c3%a3o%20de
%20Riscos.pdf> . Acesso em: 15 dez. 2021.

Este conteúdo foi adaptado no todo ou em parte a partir do artigo “GERENCIAMENTO DOS RISCOS EM PROJETOS DE
SOFTWARE: UMA APLICAÇÃO DA SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO NO CRONOGRAMA DE UM PROJETO”. O conteúdo é
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parte, e eventuais considerações a partir dele, não refletem a opinião do(s) autor(es). Ref: CAMARGO DE ABREU, P.
H.; AMORIM, F. R. GERENCIAMENTO DOS RISCOS EM PROJETOS DE SOFTWARE: uma aplicação da simulação de
Monte Carlo no cronograma de um projeto. Revista Interface Tecnológica, [S. l.], v. 14, n. 1, p. 53-71, 2017. Disponível
em: https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/135. Acesso em: 15 dez. 2021.

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