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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste

de Minas Minas Gerais - Campus Rio Pomba.


Curso Técnico em Alimentos - EaD

Disciplina
Saúde e Segurança no Trabalho

Professora Autora
Sylvia Maria Demolinari Lopes
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
INTRODUÇÃO

Devemos sempre lembrar que a saúde é a maior riqueza de um cidadão,


e que sem ela uma pessoa não consegue desempenhar suas funções no
trabalho. Portanto temos que tomar muito cuidado com a saúde, já que esta
está relacionada com as condições ambientais onde o trabalho é realizado.

O trabalhador tem por direito, ter um ambiente de trabalho onde os


riscos do trabalho sejam reduzidos ao máximo. Para isto o empregador deve
ficar muito atento com a saúde, higiene e segurança do trabalhador;
fornecendo todos os equipamentos necessários para um bom desempenho no
seu funcionário.

DEFINIÇÃO

A segurança do trabalho é o conjunto de medidas


técnicas, administrativas, educacionais, médicas e
psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, seja
pela eliminação de condições inseguras do ambiente, seja
pela instrução ou pelo convencimento das pessoas para a
implementação de práticas preventivas.

A Segurança do Trabalho está diretamente ligada a várias áreas do


conhecimento, podendo ser citada a medicina, administração, legislação,
instalações industriais, máquinas e equipamentos e entre outras.

Os profissionais de Segurança do Trabalho realizam suas funções de


acordo com a sua formação dentre eles médicos, enfermeiros, engenheiros,
arquitetos, técnicos de segurança. O médico e o enfermeiro se dedicam na
área da saúde ocupacional, realizando consultas e exames periódicos nos
trabalhadores, também planejam e executam programas de saúde sanitária. Já
o engenheiro, arquiteto e o técnico em segurança do trabalho estão ligados aos
assuntos relativos às instalações em geral, equipamentos e materiais.

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HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

As atividades laborais nasceram com a Humanidade e sempre houve


falhas humanas e situações não desejáveis no meio ambiente de trabalho
que favoreceram a ocorrência dos acidentes. O problema dos acidentes e
doenças profissionais acompanhou o desenvolvimento das atividades
humanas através de séculos e até milênios. Partindo da atividade
predatória, evoluindo para a agricultura e o pastoreio, o homem alcançou
a fase de organização artesanal do trabalho e atingiu a era industrial,
sempre acompanhado de novos e diferentes riscos que afetavam e ainda
afetam sua vida e saúde. Conforme afirmam ANSELL e WHARTON
(1992), o risco é uma característica inevitável da existência humana. Nem
o homem, nem as organizações e a sociedade às quais pertence podem
evitar permanentemente a ocorrência de tarefas perigosas. Correr riscos
é, pois, uma história antiga.
Os primeiros homens pré-históricos procuravam proteção contra
animais ferozes adestrando-se na caça e vivendo em cavernas. A
maneira pela qual subsistiam e enfrentavam os perigos resultava de sua
astúcia, inteligência superior e habilidade de uso das mãos, mas já
estavam expostos a acidentes. A invenção do machado de pedra, por
exemplo foi um avanço para garantir a alimentação para o indivíduo e sua
família, mas dava lugar a graves acidentes devido às práticas inseguras
no manejo da ferramenta. Com a descoberta do fogo e das armas de
metal e com uma organização tribal mais complexa decorrente de melhor
planejamento da ação grupal, o ser humano obteve maior proteção,
porém, novos riscos foram introduzidos. Portanto, o homem pré histórico
já estava constantemente exposto a perigos na vida diária, em sua luta
pela existência.
Antes da Revolução Industrial, quando a força usada era, em geral, a
humana ou a tração animal, os acidentes mais graves eram devidos a
quedas, queimaduras, afogamentos ou ataques de animais domésticos.
Quando se iniciou o uso da energia hidráulica na manufatura, seguido
do uso do vapor e da eletricidade, ocorreu um grande progresso na
invenção de novas e mais poderosas máquinas que impulsionaram a
industrialização, ao mesmo tempo em que incorporaram novos riscos e
tornaram os acidentes de trabalho mais graves e mais numerosos.
Mesmo assim, pouco se falava em saúde ocupacional.

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Junto com a posterior evolução industrial proporcionada pelo
desenvolvimento tecnológico e o domínio sobre forças cada vez mais
amplas, possibilitando a construção de variadas e complexas máquinas,
surgiram novos riscos e acidentes para a população trabalhadora:
engrenagens perigosas, gases e outros produtos químicos, poeira etc.
passaram a ameaçar o ser humano de tal forma que o obrigam a agir com
extrema cautela enquanto trabalha, uma vez que está suscetível, a
qualquer momento, de sofrer uma lesão irreparável ou até mesmo a
morte. Na época atual, o trabalho humano vem-se desenvolvendo sob
condições que geram riscos mais numerosos e mais graves do que
aqueles que há mais de cem anos ameaçavam o homem na sua busca
diária de prover a própria subsistência.
Em vista disso, as pessoas e as empresas passaram
progressivamente a ter maior preocupação com o elevado índice de
acidentes ocorridos. Atualmente, algumas das grandes preocupações nos
países industrializados são a saúde e a proteção do trabalhador no
desempenho de suas atividades.
Esforços vêm sendo direcionados para este campo, visando a uma
redução do número de acidentes e à efetiva proteção do acidentado e
seus dependentes. Não é sem motivos que as nações vêm-se
empenhando em usar meios e processos adequados para a proteção do
ser humano no trabalho, procurando evitar os acidentes que o ferem,
destroem equipamentos e ainda prejudicam o andamento do processo
produtivo.
Até nossos dias, essa área evolui e muda conceitos, ampliando sua
abordagem. O processo tradicional de segurança - baseado em trabalhos
estatísticos que servem para determinar como o trabalho afeta o elemento
humano, através de um enfoque meramente descritivo, sem implicar
atitudes concretas frente ao alto índice de acidentes - deu lugar a novas
abordagens sob as quais os acidentes deixam de ser eventos
incontroláveis, aleatórios e inevitáveis para se tornarem eventos
indesejáveis, cujas causas podem ser conhecidas e evitadas.
Para o desenvolvimento social e econômico de uma nação, é
essencial que tanto os órgãos governamentais quanto a iniciativa privada
vejam sua riqueza maior no ser humano e compreendam que investir em
segurança é um ótimo negócio.

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O SER HUMANO E O TRABALHO

Considera-se que o grande diferencial entre os seres humanos e as


demais espécies é a capacidade de transmitir, de geração em geração, os
conhecimentos acumulados e as experiências vividas.
Esta capacidade faz o ser humano tratar de forma diferente a sua
relação com as atividades do cotidiano.

O TRABALHO

Definindo o Trabalho como o uso da força física e/ou da capacidade


intelectual para produzir uma transformação, pode se dizer que esta evolução
crescente fez com que o ser humano se tornasse cada vez mais dependente
do trabalho para produzir as transformações requeridas. Isto ficou ainda mais
evidente com a revolução industrial. Com o advento da produção em série o
ser humano atuante nas transformações, cognominado trabalhador,
conhecedor dos processos de transformação, ou habilitado e capacitado para
realizá-los, passou a ser um patrimônio fundamental na indústria e cuidar do
mesmo passou a ser importante. Aprender a cuidar deste patrimônio se
constituiu no embrião da Segurança do Trabalho, entendida como a prevenção
a acidentes e a doenças ocupacionais.

A SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

No Brasil, como nos outros países da América Latina, a industrialização


ocorreu bem mais tardiamente do que nos países europeus e nos Estados
Unidos, iniciando-se por volta de 1930. Embora em menor escala, a
experiência foi similar à de outros países, e passando pelas mesmas fases. No
início dos anos 1970, falava-se no Brasil como um campeão de acidentes do
trabalho.

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ACIDENTES DE TRABALHO

Para contextualizar o acidente do trabalho, do ponto de vista legal,


passamos a comentar alguns artigos da Lei 8.213/91. O primeiro deles é o
conceito legal de acidente do trabalho, contido no art. 19 da referida Lei, abaixo
transcrito:
"Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho" (Artigo 19 da Lei 8.213/91).
O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia
médica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.
A lesão corporal é o dano anatômico, tal como a fratura, o
esmagamento, a perda de um pé.
A perturbação funcional é o dano, permanente ou transitório, uma
alteração psicológica ou psíquica, tal como perturbação da memória, da
inteligência ou da linguagem, decorrente da atividade profissional.
As doenças profissionais e as doenças do trabalho são consideradas
também como acidentes do trabalho, de acordo com o artigo 20 da Lei
8.231/91, a seguir transcrito:
"Art. 20 - Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º - Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em
que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição
ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

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Para fins práticos, existe pouca diferença entre a doença profissional e a
doença do trabalho. A doença profissional é a que decorre da profissão e
inerente à função do trabalhador, como, por exemplo, o soldador.
A doença do trabalho é a patologia decorrente da exposição dos agentes
agressivos do meio ambiente do trabalho, não necessariamente da atividade
do trabalhador, podendo atingir quaisquer empregados.
Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos
desta Lei:
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário
de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-
obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

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Com relação à garantia de emprego, em decorrência de acidente do
trabalho, assim dispõe a Lei 8.213/91:
Art. 118 - O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida,
pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho
na empresa, após a cessação do auxílio-doença, independentemente de
percepção de auxílio-acidente.
Com relação ao Auxílio-Doença e Auxílio-acidente, confira o que diz o
Decreto 3.048/89:
Art.71 – Decreto 3.048/89 - O auxílio-doença será devido ao segurado
que, após cumprida, quando for o caso, a carência exigida, ficar incapacitado
para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias
consecutivos. .......
Art. 104 – Decreto 3.048/89 - O auxílio-acidente será concedido, como
indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador
avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva,
conforme as situações discriminadas no anexo III, que implique: (Redação
dada pelo Decreto nº 4.729 , de 2003):
I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam;
(Redação dada pelo Decreto nº 4.729 , de 2003)
II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam
e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à
época do acidente; ou
III - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época
do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de
reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do Instituto
Nacional do Seguro Social.

O CONCEITO PREVENCIONISTA DO ACIDENTE DE TRABALHO

O conceito prevencionista é aquele prescrito pelas Entidades Técnicas,


como por exemplo a ABNT, por meio da norma NBR 14.280 (Cadastro de
Acidentes do Trabalho) que define o acidente como uma “ocorrência imprevista
e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que
provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa
lesão”.
As normas ABNT não são de utilização obrigatória, por falta de amparo
legal, exceto se forem citadas em contrato, procedimento, normas de empresas
ou em dispositivos legais, situações em que se torna obrigatório seu

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cumprimento.
Os seguintes termos da NBR 14.280 são amplamente utilizados nas
estatísticas e na parte conceitual acidentária:
Acidente pessoal – É aquele cuja caracterização depende de existir
acidentado, cuja consequência será a lesão do trabalhador envolvido.
Acidentes típicos são aqueles que ocorrem no exercício do trabalho,
como a queda de uma escada e troca de uma lâmpada na empresa, por
exemplo.
Acidente de trajeto – É o acidente sofrido pelo empregado no percurso
da residência para o trabalho ou deste para aquela.
Lesão imediata – é a lesão que se verifica imediatamente após a
ocorrência do acidente.
Acidente impessoal – é aquele cuja caracterização independe de existir
acidentado de ocorrência eventual que resultou ou poderia ter resultado em
lesão pessoal.
Acidentado – é o trabalhador vítima do acidente.
Lesão mediata (tardia) – é a lesão que não se verifica imediatamente
após a exposição à fonte da lesão; caso seja caracterizado o nexo causal, isto
é, a relação da doença com o trabalho, ficará caracterizada como doença
ocupacional.
Incapacidade permanente total – é a perda total da capacidade de
trabalho, em caráter permanente, exclusive a morte. Esta incapacidade
equivale à lesão que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado,
permanentemente, de exercer o trabalho.
Incapacidade permanente parcial – é a redução parcial da capacidade
de trabalho, em caráter permanente.
Acidente com perda de tempo ou lesão incapacitante – é o acidente
pessoal que impede o trabalhador de retornar ao trabalho no dia útil imediato
ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente.
Acidente sem perda de tempo (sem afastamento) - é o acidente pessoal
cuja lesão não impede que o trabalhador retorne ao trabalho no dia útil
imediato ao do acidente, desde que não haja lesão incapacitante.
Morte (óbito) – cessão da capacidade de trabalho, pela perda da vida,
independente do tempo decorrido desde a lesão.
CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho que deve emitida até o
primeiro dia útil após o acidente típico ou acidente de trajeto e doença
profissional, após o primeiro dia útil após o diagnóstico médico (Lei 8.213/91).

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SAÚDE DO TRABALHADOR E SUAS INTERFACES
POLÍTICAS E ASSISTENCIAIS

Ter sua Carteira de Trabalho assinada não é apenas um direito, é uma


garantia de melhor assistência no momento com o qual não costumamos nos
preocupar.

O desenvolvimento produtivo da humanidade está ligado ao processo


dinâmico de saúde e doença que também se associa ao trabalho.

Assim, espera-se que o papel dos ministérios relacionados ao trabalho


seja o de organizar as ações produtivas do país, garantindo a dignidade e a
saúde do trabalhador.

Conhecer um pouco dessa estrutura vai lhe favorecer no entendimento


do que é segurança e saúde no ambiente de trabalho, conforme as legislações
vigentes.

SAÚDE OCUPACIONAL – RISCOS AMBIENTAIS

É um conceito complexo, difícil de discutir, principalmente porque


envolve interesses políticos, econômicos e sociais.

Para a empresa a perda de um funcionário qualificado acarreta em


prejuízos de investimentos, inclusive financeiros, em treinamentos e para suprir
a ausência do funcionário afastado por atestado médico, dentre outros casos.
Para a sociedade e governo o ônus é também financeiro, na medida em que a
sociedade economicamente ativa que contribui com a Previdência Social terá
que pagar aposentadoria a este trabalhador, precocemente, onerando também
o governo.

Os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao


trabalho, como conseqüência da profissão que exercem ou exerceram, ou
pelas condições adversas em que ser trabalho é realizado.

É muito importante ressaltar que devemos conhecer os riscos nos locais


de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas
características de organização, manipulação ou exposição a agentes físicos,
biológicos, químicos, situações de deficiência ergonômica ou riscos de
acidentes, podem comprometer a segurança e a saúde do trabalhador em
curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte,
além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa.

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Outro fator importante é a presença de produtos ou agentes nocivos nos
locais de trabalho. A presença destes não quer dizer que, realmente, existe
perigo para a saúde dependerá da combinação de diversos fatores, como por
exemplo, a concentração e a forma do contaminante no ambiente de trabalho,
o nível de toxicidade e o tempo de exposição da pessoa com estes produtos.

Desta forma, em qualquer tipo de atividade laboral, quer dizer atividade relativa
ao trabalho, torna-se indispensável a necessidade de investigar o ambiente de
trabalho para conhecer os riscos a que estão expostos os trabalhadores.

Avaliação de riscos
Para investigar os locais de trabalho na busca de eliminar ou neutralizar
os riscos,existem duas formas básicas de avaliação,confira:

1) AVALIAÇÃO QUALITATIVA: conhecida como preliminar, é forma mais


simples, utiliza-se apenas a sensibilidade do avaliador para identificar o risco
existente no local de trabalho.

2) AVALIAÇÃO QUANTITATIVA: serve para medir, comparar e estabelecer


medidas de eliminação, neutralização ou controle dos riscos.

Podemos classificar os fatores de risco para a saúde e segurança dos


trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho em cinco grandes
grupos, conforme o Ministério da Saúde:

a) FÍSICOS: São representados por fatores ou agentes existentes no ambiente


de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores, como: ruídos,
vibrações, radiações, frio, calor, pressões anormais e umidade.

b) QUÍMICOS: agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou


de partículas e poeiras minerais e vegetais. São identificados pelo grande
número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho e
provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores, a exemplo de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou
outros produtos químicos.

c) BIOLÓGICOS: exposições a vírus, bactérias, protozoaários, fungos, polens


de plantas, pelos de gato, bactérias, parasitas, geralmente associados ao
trabalho em hospitais, laboratórios, agricultura e pecuária.

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d) ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS: decorrem da organização e gestão


do trabalho, como, por exemplo, da utilização de equipamentos, máquinas e
mobiliário inadequados, levando a posturas e posições incorretas; locais
adaptados com más condições de iluminação, de ventilação e de conforto para
os trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou ritmo de trabalho
excessivo, exigências de produtividade, relações autoritárias, falhas nos
treinamentos e supervisão dos trabalhadores, entre outros.

e) MECÂNICOS E DE ACIDENTES: ligados à


proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e
limpeza do ambiente, sinalização, rotulagem de
produtos e outros que podem levar a acidentes
de trabalho.

NORMAS GERAIS DE SEGURANÇA E MEDICINA NO


TRABALHO

As Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho


constituem um conjunto de 37 Normas, conhecidas por NR, que tratam das
questões relacionadas à saúde, segurança e medicina do trabalho, editadasa
princípio pelo então Ministério do Trabalho em 1978.

1. Constituição Federal - (ART. 7°, XXII)

“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que


visem à melhoria de sua condição social: - ... – Redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas de saúde , higiene e segurança”.

2. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - LEI 6514/22.12.1977)

Observe Capítulo V do Titulo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo


a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências.

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Destacam-se os seguintes artigos:

Art. 154 - A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste


Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições
que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou
regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os
respectivos estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções
coletivas de trabalho.

Art. 157 - Cabe às empresas:

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções


a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Art. 158 - Cabe aos empregados:

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as


instruções de que trata o item II do artigo anterior;

II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.


Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item /I


do artigo anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo


Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em
segurança e em medicina do trabalho.

Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção


Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério
do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

Parágrafo único - O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a


composição e o funcionamento das CIPA (s).

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,


equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não

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ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos empregados.

Normas Regulamentadoras (Portaria nº 3214 / 08.06.78 do


Ministério do Trabalho.
Logo abaixo você irá conferir a relação de todas
as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, Título II,
da CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho,
segundo o disposto no Art. 200 da CLT, com redação
dada pela Lei n° 6514 de 22.12.78.

NORMAS REGULAMENTADORAS
NR 1 Disposições Gerais

NR 2 Inspeção Prévia

NR 3 Embargo e Interdição

NR 4 Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT

NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA

NR 6 Equipamentos de Proteção Individual – EPI

NR 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

NR 8 Edificações

NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

NR 10 Instalações e Serviços em Eletricidade

NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

NR 12 Máquinas e Equipamentos

NR 13 Caldeiras e Vasos sob Pressão

NR 14 Fornos

NR 15 Atividades e Operações Insalubres

NR 16 Atividades e Operações Perigosas

NR 17 Ergonomia

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NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na indústria da construção - PCMAT

NR 19 Explosivos

NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

NR 21 Trabalhos a Céu Aberto

NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

NR 23 Proteção Contra Incêndios

NR 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

NR 25 Resíduos Industriais

NR 26 Sinalização de Segurança

NR 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho


(Revogada pela Portaria MTE 262/08 publicada em 30/05/08)

NR 28 Fiscalização e Penalidades

NR 29 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

NR 30 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário


Anexo I - Pesca Comercial e Industrial

NR 31 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,


Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura.

NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.

NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados

NR 34 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA


CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL
NR 35 NR-35 - TRABALHO EM ALTURA

NR 36 NR-36 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE


E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS
NR 37 NR-37 - SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO

NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA E MEDICINA

NO TRABALHO

Conforme estudamos anteriormente as Normas relacionadas à


Segurança do Trabalho são um conjunto de 37 Normas tratadas em diversos

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aspectos relacionados à segurança e a saúde do trabalhador, inclusive
programas e estrutura que o empregador deverá possuir em seu
empreendimento para prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais.

 DOENÇA OCUPACIONAL é designação de várias doenças que causam


alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores
relacionados com o ambiente de trabalho.

O atendimento às NR’s tornou-se obrigatório através da Portaria nº


32124 / 78 do Ministério do Trabalho, atendendo ao disposto no Art. 200 da
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O não cumprimento às Normas, o
empregador estará sujeito a multas com valor variável baseados em UFIR. Em
caso de constatação de risco grave ou iminente, a fiscalização poderá interditar
o empreendimento ou embargar a obra.

 UFIR é a sigla que significa Unidade Fiscal de Referência.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO AMBIENTE DO


TRABALHO

O tema saúde e segurança no trabalho é


enfatizado e desperta maiores preocupações
quando ocorrem acidentes ou quando as pessoas
adoecem em razão das condições em que
trabalham. Mas, na verdade, deveria estar presente
no dia a dia dos trabalhadores.

Do ponto de vista técnico a Prevenção de


Acidentes no ambiente do trabalho envolve
questões relacionadas à engenharia, medicina e
várias outras especialidades. Existe também uma
legislação extensa regulamentando este campo e
atuam na área, com programas prevencionistas,

diversos órgãos públicos, instituições privadas e


fonte:bp2.blogger.com/_Y8A2yKvh_808Aw/s400/super.jpg

entidades representativas do patronato e trabalhadores. Desta forma informar-


se e conhecer o assunto é uma necessidade. À medida que cresce a
consciência social sobre esta questão, há um contingente cada vez maior de
trabalhadores, dirigentes sindicais, empregadores e técnicos interessados.

Este assunto é muito discutido na NR 5 que aborda os seguintes


aspectos: atribuições, composição e funcionamento da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA) e os direitos e deveres dos cipeiros.

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CIPA
CIPA significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, mas é uma
comissão formada por representantes do empregador e dos empregados, que
tem como objetivo a prevenção de acidentes edoenças decorrentes do
trabalho.

Segundo a Norma Regulamentadora 5, a NR5, "devem constituir CIPA,


por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as empresas
privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração
direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas,
cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como
empregados".
Seus objetivos são desenvolver atividades voltadas não só para a
prevenção de acidentes do trabalho, mas também à proteção da saúde dos
trabalhadores, diante dos riscos existentes nos locais de trabalho.

A organização da CIPA é composta por representantes do empregador e


dos trabalhadores e as partes têm cotas iguais de representantes. O número
de participantes vai depender do total de empregados da empresa e do grau de
risco de sua atividade de acordo com o Quadro I na NR 5.

Para que a CIPA funcione o Presidente é indicado pela empresa entre


os seus representantes titulares. E o Vice-Presidente será escolhido pelos
cipeiros representantes dos empregados entre os seus representantes titulares.

O presidente deverá convocar os membros para as reuniões, pois é um


momento importante para a discussão dos problemas e o encaminhamento das
providências voltadas para a segurança e saúde dos trabalhadores na
empresa.

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO (SESMT)

O SESMT é regulado pela NR-4 e é um serviço obrigatório nas empresas.

Assim dispõe o primeiro item da Norma:

“As empresas privadas e públicas, os órgãos


públicos a administração direta e indireta e dos
poderes legislativo e judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das leis do
Trabalho – CLT - manterão, obrigatoriamente,
Serviços Especializados em Engenharia de

17
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
Segurança e em Medicina do Trabalho, com a
finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho”.
O serviço deve dispor de um engenheiro de segurança e um médico do
trabalho. De acordo com o tamanho da empresa estes profissionais devem ser
funcionários ou podem ser contratados para se responsabilizarem pelo serviço.
O dimensionamento dos programas será feitos com base na NR, de
acordo com o tamanho, grau de risco e número de funcionários da empresa.

Pessoal:

A empresa poderá de acordo com a NR, ter os profissionais em seu


quadro de funcionários ou contratar uma empresa especializada, terceirizando
o serviço. Existem em nosso meio muitas empresas especializadas em prestar
serviços desta natureza.
Os profissionais que participam dos serviços são: o Engenheiro de
Segurança, o Técnico em Segurança do Trabalho, o Médico do Trabalho, o
Enfermeiro do Trabalho, o Técnico em Enfermagem do Trabalho e o Auxiliar de
Enfermagem do Trabalho.

Serviço de Medicina do Trabalho (SMT):

O Serviço de Medicina do Trabalho se


preocupa com a saúde física e mental do
trabalhador, tendo em vista protegê-lo dos riscos de
agentes nocivos e acidentes inerentes à ocupação.
Prevenindo as doenças ocupacionais, ela faz baixar
os coeficientes de morbidade e mortalidade, com
redução de despesas com seguros e indenizações,
aumentando a produção da indústria e fortalecendo
sua economia.
A finalidade do SMT (Serviço de Medicina do
Trabalho) é promover a saúde do trabalhador,
através da prevenção, acompanhamento,
readaptação e demais cuidados necessários a doa
execução do PCMSO (Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional).

 O profissional responsável pelo PCMSO é o médico do trabalho.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

O uso de produtos fitossanitários exige o uso correto dos


Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s). As recomendações hoje
existentes para o uso de EPI´s são bastante genéricas e
padronizadas, não considerando variáveis importantes como o tipo de
equipamento utilizado na operação, os níveis reais de exposição e até
mesmo das características ambientais e da cultura onde o produto
será aplicado. Estas variáveis acarretam muitas vezes gastos
desnecessários, recomendações inadequadas e podem aumentar o
risco do trabalhador, ao invés de diminuí-lo.
Estando cientes da possibilidade na recomendação de
rotulagem para assegurar a proteção do trabalhador, desenvolvemos
este material com os seguintes objetivos:
 Aprofundar a discussão sobre o uso adequado dos EPI´s;
 Otimizar os investimentos em segurança;
 Aumentar o conforto do aplicador;
Combater o uso incorreto, que vai desde o não uso até o uso exagerando de
EPI´s;
 Melhorar a qualidade dos EPI´s no mercado;
Incentivar o uso da receita agronômica para recomendar de forma criteriosa
os EPI´s necessários para cada aplicação;
 Acabar com alguns mitos.

1. Obrigações do empregador

O empregador tem a obrigação de


cumprir e de fazer cumprir as NRs. Ele além
de cumprir a parte que lhe cabe nas normas
deverá orientar, determinar e fiscalizar seus
empregados, de modo a certificar-se de que
eles estão executando suas atividades de
acordo com as técnicas prevencionistas
corretas quanto à segurança do trabalho.

É comum, por exemplo, o empregador


fornecer ao seu empregado um equipamento
de proteção e não se preocupar mais em
verificar se o empregado http://201.63.6.108/azzi/newsletter/Azzi-NewsLetter/Imagem/epi01.jpg

está de fato usando o equipamento, confiante que sua obrigação foi cumprida.
É um grande engano. A lei entende que o empregador tem de zelar pela

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
segurança dos seus empregados independentemente da vontade destes,
cabendo-lhe obrigar empregado a fazer uso dos equipamentos de proteção
necessários.
É ainda obrigação do empregador
informar os seus empregados quanto aos riscos
presentes nas atividades que irão executar.

2. Obrigações dos Empregados

Os empregados são obrigados a seguir


as orientações determinadas pelo empregador
quanto às técnicas de prevenção de acidentes,
constituindo falta grave a recusa injustificada ao
cumprimento de alguma Norma
Regulamentadora. O empregado deverá usar
obrigatoriamente os equipamentos de proteção
necessários ao desempenho de suas
atividades.
http://201.63.6.108/azzi/newsletter/Azzi-NewsLetter/Imagem/epi02.jpg

3. Direitos dos Empregados

Como ninguém pode ser obrigado a colocar em risco sua própria


integridade física, cabe ao empregado o direito de conhecer os riscos da sua
atividade e corrigi-los ou exigir sua correção, podendo denunciar à autoridade
competente a existência de atividades em condições de risco grave e iminente.
Como acabamos de comentar sobre os Direitos dos empregados vamos
aproveitar para aprofundar nossos estudos na NR 4, pois esta Norma tem a
finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local
de trabalho e se refere a Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho.

20
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

CONHEÇA...

Antes de prosseguirmos é de essencial importância que você os conheça:

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_F54rQt_Dc4A/StXYR_uW1XI/AAAAAAAAAeo/5nje_CrA9V0/S1600-R/seguranca-no-trabalho-e.jpg

I - Proteção da cabeça

a) protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face contra


lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores de produtos químicos e
radiações luminosas intensas;

21
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
b) óculos de segurança para trabalhos que possam causar ferimentos nos
olhos, provenientes de impacto de partículas;

c) óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam


causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos
agressivos e metais em fusão;

d) óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos


olhos, provenientes de poeiras;

e) óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos


olhos e outras lesões decorrentes da ação de radiações perigosas;

f) máscaras para soldadores nos trabalhos de soldagem e corte ao arco


elétrico;

22
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
g) capacetes de segurança para proteção crânio nos trabalhos sujeitos a:

1. agentes meteorológicos (trabalhos a céu aberto);


2. impactos provenientes de quedas, proteção de objetos ou outros;
3. queimaduras ou choque elétrico.

Classe A, calha lateral que Classe B, tipo I,proteção a


protege o corpo de respingos cabeça contra impactos,
de chuva, terra, areia, e penetração e choque
detritos. elétrico.

Queimaduras ou choque elétrico.

 OUTROS:

Boné árabe:

Confeccionado em tecido de algodão tratado para tornar-se hidro-


repelente. Protege o couro cabeludo e o pescoço de respingos e do sol.

23
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

Capuz ou touca:

Peça integrante de jalecos ou macacões, podendo ser em tecidos de


algodão tratado para tornar-se hidro-repelente ou em não tecido. Substituem o
boné árabe na proteção do couro cabeludo e pescoço.

II – Proteção para os membros superiores

Um dos equipamentos de proteção mais importantes é a luva, pois


protege as partes do corpo com maior risco de exposição: as mãos.
Existem vários tipos de luvas no mercado e a utilização deve ser de
acordo com o tipo de formulação do produto a ser manuseado.
A luva deve ser impermeável ao produto químico. Produtos que contêm
solventes orgânicos, como por exemplo, os concentrados emulsionáveis,
devem ser manipulados com luvas de BORRACHA NITRÍLICA ou NEOPRENE,
pois estes materiais são impermeáveis aos solventes orgânicos. Luvas de
LÁTEX ou de PVC podem ser usadas para produtos sólidos ou formulações
que não contenham solventes orgânicos.
De modo geral, recomenda-se a aquisição das luvas de “borracha
NITRILICA ou NEOPRENE”, materiais que podem ser utilizados com qualquer
tipo de formulação.
Existem vários tamanhos e especificações de luvas no mercado. O
usuário deve certificar-se sobre o tamanho ideal para a sua mão, utilizando as
tabelas existentes na embalagem.
Devem ser utilizadas luvas, e/ou mangas e/ou mangotes de proteção e/ou
cremes protetores devem ser usados em trabalhos em que haja perigo de
lesão provocada por:

1. Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;

24
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

2. Choque elétrico;

3. Agentes biológicos.

4. Produtos químicos corrosivos, cáusticos,


tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos,
solventes orgânicos e derivados de petróleo;

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
5. Frio;

Luva de PVC Luva ideal par ser utilizada em Frigoríficos,


Baixa temperatura (-35°C) Abatedouros, Cozinha Industrial, Câmara Fria
Forro interno - punho elástico

6. Materiais ou objetos aquecidos;

Luva Alta Temperatura Refletiva Luva Alta Temperatura


Suporta temperatura: até 300ºC. Resistente à temperatura: de -73ºC até 1093ºC.

7. Radiações perigosas;

26
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
III - Proteção para os membros inferiores

Devem ser utilizados:

a) calçados de proteção contra riscos de origem mecânica;

b) calçados impermeáveis, para trabalhos realizados em lugares úmidos,


lamacentos ou encharcados.

c) calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos;

d) calçados de proteção contra riscos de origem térmica;

e) calçados de proteção contra radiações perigosas;

f) calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos;

g) calçados de proteção contra riscos de origem elétrica;

h) perneiras de proteção contra riscos de origem térmica;

i) perneiras de proteção contra radiações perigosas;

j) caneleiras de proteção contra alto impacto de objetos contundentes,


cortantes ou perfurantes.

Conheça alguns desses EPIs:

Bota para Combate a Incêndio Bota Impermeável p/Frio


Bota de Borracha Vulcanizada, Bota de PVC bicolor, com alto teor de
com Agentes Retardantes a borracha nitrílica e resina polimérica,
Chamas, para Combate contra para Frio.
Incêndio e Alta Temperatura

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

Botina de Vaqueta (Couro) com


elástico, proteção dos pés do
usuário em áreas de risco em
que há influência de eletricidade

Bota de segurança, tipo


impermeável, de uso
profissional, confeccionada em
policloreto de vinila (PVC)
injetado em uma só peça.

Perneira de segurança e proteção para Perneira de segurança confeccionada em lona com


joelho integrada. fechamento em velcro.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
IV - Proteção contra quedas com diferença de nível

Devem ser utilizados:

a) Cadeira Suspensa para trabalho em alturas em que haja necessidade


de deslocamento vertical, quando a natureza do trabalho assim o indicar;

b) Trava-queda de Segurança acoplado ao Cinto de Segurança ligado a


um cabo de segurança independente, para os trabalhos realizados com
movimentação vertical em andaimes suspensos de qualquer tipo.

c) Cinto de Segurança para trabalho em altura superior a 2(dois) metros


em que haja risco de queda;

Conheça esses EPIs:

Cadeira Suspensa Cinto de Segurança

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

Trava-queda
de Segurança

V - Proteção auditiva

Deve- se utilizar protetores auriculares, para trabalhos realizados em


locais em que o nível de ruído seja superior ao estabelecido na NR-15 que
refere-se a ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES, Anexos I e II.

Protetor auditivo com inserção Abafador de ruídos acoplado no capacete de segurança

Trabalhador utilizando protetor auditivo de inserção


Fonte: http://blog.mg.gov.br/wp-content/uploads/2009/08/trabalhador_cemig_nova_ponte.png

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

VI - Proteção respiratória

Para exposições a agentes ambientais em concentrações prejudiciais à


saúde do trabalhador, de acordo com os limites estabelecidos na NR-15:

a) respiradores contra poeira, para trabalhos que impliquem em produção


de poeira;

b) máscaras para trabalhos de limpeza por abrasão, através de


jateamento de areia;

c) aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), para locais


de trabalho onde o teor de oxigênio seja inferior a 18% (dezoito por cento) em
volume.

d) respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a atentes


químicos prejudiciais à saúde;

Trabalhador utilizando máscara semi facial


Fonte: http://blog.clickgratis.com.br/uploads/s/silvioborget10/126398.jpg

31
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
VII - Proteção do tronco

Para proteção do tronco deve-se utilizar aventais, jaquetas, capas e


outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em que haja perigo de
lesões provocadas por:

1) riscos de origem mecânica;

2) riscos de origem térmica;

3) riscos de origem radioativa;

4) agentes meteorológicos;

5) agentes químicos;

6) umidade proveniente de operações de


lixamento a água e ou outras operações de
lavagem.

Capa para proteção do tronco e braços do


trabalhador em atividades com irradiação de
calor com acabamento aluminizado.
Fonte:http://www.protenge.com.br/arquivos/produtoitemsub/231.jp

 Avental:

Produzido com material resistente a solventes orgânicos (PVC, bagum,


tecido emborrachado aluminizado, nylon resinado ou não tecidos), aumenta a
proteção do aplicador contra respingos de produtos concentrados durante a
preparação da calda ou de eventuais vazamentos de equipamentos de
aplicação costal.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
VIII - Proteção do corpo inteiro

Deve-se utilizar aparelhos de isolamento (autônomo ou de indução de ar)


para locais de trabalho onde haja exposição a agentes químicos, absorvíveis
pela pele, pelas vias respiratórias e digestivas, prejudiciais à saúde.

Bombeiro utilizando EPI para proteção do corpo inteiro.


Fonte: http://sp1.fotologs.net/photo/49/46/48/kuikiribasara/1181795077_f.jpg

 Jaleco e calça hidro-repelentes:

São confeccionados em tecido de algodão tratado para se tornarem hidro-


repelentes, são apropriados para proteger o corpo dos respingos do produto
formulado e não para conter exposições extremamente acentuadas ou jatos
dirigidos. É fundamental que jatos não sejam dirigidos propositadamente à
vestimenta e que o trabalhador mantenha-se limpo durante a aplicação.
Os tecidos de algodão com tratamento hidro-repelente ajudam a evitar o
molhamento e a passagem do produto tóxico para o interior da roupa, sem
impedir a transpiração, tornando o equipamento confortável.
Estes podem resistir até 30 lavagens, se manuseados de forma correta.
Os tecidos devem ser preferencialmente claros, para reduzir a absorção de
calor e ser de fácil lavagem, para permitir a sua reutilização.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
Há calças com reforço adicional nas pernas, que podem ser usadas nas
aplicações onde exista alta exposição do aplicador à calda do produto
(pulverização com equipamento manual, por exemplo).

 Jaleco e calça em não tecido:

São vestimentas de segurança confeccionados em não tecido (tipo


Tyvek/Tychem QC). Existem vários tipos de não tecidos e a diferença entre
eles se dá pelo nível de proteção que oferecem.
Além da hidro-repelência, oferecem impermeabilidade e maior resistência
mecânica à névoas e às partículas sólidas.
O uso de roupas de algodão por baixo da vestimenta melhoram sua
performance, com maior absorção do suor, melhorando o conforto ao
trabalhador com relação ao calor.
As vestimentas confeccionadas em não tecido têm durabilidade limitada e
não devem ser utilizadas quando danificadas.
As vestimentas de não tecido não devem ser passadas a ferro, não são a
prova ou retardantes de chamas, podem criar eletricidade estática e não devem
ser usadas próximo ao calor, fogo, faíscas ou em ambiente potencialmente
inflamável ou explosivo, pois se auto-consumirão.
As vestimentas em não tecido devem ser destruídas em incineradores
profissionais para não causarem danos ao ambiente.

 “CA” dos EPIs


Refere-se ao Certificado de Aprovação dos EPIs.

A importância deste certificado demonstra que o EPI foi testado e


aprovado por laboratórios oficiais. Para saber se o EPI possui Certificado de
Aprovação, basta verificar se ele possui a inscrição o “CA” gravada em seu
corpo, acompanhada de um número.
Esta inscrição é obrigatória para os equipamentos aprovados. Para
efeitos legais, fornecer EPI sem CA é o mesmo que não fornecer EPI.
Exemplo de um EPI com Certificado de Aprovação gravado em seu corpo.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

Fonte: http://www.seguracoepi.com.br/up/im_produto_vitrine_up/15/fb1c7af86dcc5ddec7ca65eb37d76089.jpg

Durabilidade dos EPIs

A durabilidade do EPI é muito variável, dependendo principalmente das


condições de uso do equipamento e da frequência com que ele é usado. O
importante é o empregador estar atento quanto às condições de conservação
do EPI, e trocá-Io sempre que constatar que ele não está mais conferindo a
proteção original.

Para o controle de distribuição, aconselha-se utilizar o "Recibo de


Distribuição de EPIs", assinado pelo empregado no ato da entrega do EPI para
o mesmo, constando do recibo, a recomendação de "que recebeu o
treinamento necessário" - " obrigando-se a usá-lo de acordo com as instruções
recebidas", e ainda, que "comunicará à sua chefia imediata qualquer
anormalidade no uso do EPI".

Alguns EPIs são descartáveis, ou podem ser usados apenas poucas


vezes, como alguns tipos de máscaras para proteção respiratória e alguns tipos
de protetores de ouvido.
Outros EPIs podem ser utilizados indefinidamente, enquanto estiverem
íntegros, ou seja, enquanto não estiverem danificados, como por exemplo,
capacetes e óculos de segurança.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

A sinalização de segurança tem por objetivo chamar a atenção das


pessoas, de forma rápida e inequívoca, para as situações que, nos espaços
onde elas se encontram, comportem riscos para a sua segurança.
A sinalização de segurança deverá existir em todos os locais de trabalho,
qualquer que seja a atividade, para abranger quer os trabalhadores e todos
aqueles que temporariamente aí se encontrem (ex.: visitas, fornecedores,
prestadores de serviços externos), mas também nos locais que habitualmente
se encontram abertos ao público.
Todos os equipamentos de sinalização de segurança deverão ser mantidos em
bom estado de conservação (limpeza e funcionamento), não devendo ser
confundida ou afetada por qualquer outro tipo de sinalização ou fonte emissora
estranha à sinalização de segurança.

FORMAS DE SINALIZAÇÃO

Existem várias formas de sinalização universais e que se complementam entre


si:

 Sinais coloridos (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou


dar indicações;

 Sinais acústicos habitualmente para assinalar situações de alarme e de


evacuação;

 Comunicação verbal;

 Sinais gestuais para que, quando a comunicação de viva voz não seja
possível, se possam dar as indicações necessárias.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

OS SINAIS DE ACORDO COM AS FORMAS E CORES

Cor Significado/Finalidade Indicações e Precisões


Sinal de proibição Atitudes Perigosas
Perigo - Alarme Stop, pausa, dispositivos
de corte emergência
Material e equipamento de Identificação e localização
combate a incêndios
Sinal de Aviso Atenção, precaução e
verificação
Sinal de Obrigação Comportamento ou acção
específicos.
Obrigação de utilizar
equipamentos de protecção
individual
Sinal de salvamento ou Portas, saídas, vias,
socorro evacuação, material, postos e
locais específicos
Situação de segurança Regresso à normalidade

37
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
SINAIS COLORIDOS (PICTOGRAMAS)

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como


a combinação das formas e das cores e seu significado nos sinais estão
indicados nos quadros 1 e 2.

SINAIS DE PROIBIÇÃO

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

SINAIS DE AVISO

SINAIS DE OBRIGAÇÃO

39
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

SINAIS DE SALVAMENTO OU DE EMERGÊNCIA

40
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS

A Prevenção e Combate a incêndios surgiu desde a pré-história, quando


o homem começou a controlar o fogo, inicialmente obtido da natureza, como
por exemplo, na queda de raios. Para a garantia do homem e dos seus bens,
desde a antiguidade buscou-se controlar o fogo de maneira eficiente, quando
este saía do controle.
Atualmente contamos com o auxílio de normas e leis sobre edificações e
suas ocupações, controle de materiais combustíveis e inflamáveis, controle de
manutenção para máquinas e equipamentos em geral e sistemas elétricos a
fim de reduzir o surgimento e alastramento de um incêndio.
Em nosso país a base Legal de Prevenção de Incêndios é ditada pela
Portaria 3.214/78 - Norma Regulamentadora 23 do Ministério do Trabalho e
Emprego, além de Leis Estaduais e Municipais.
Algumas normas utilizadas no Brasil e no mundo, para prevenção de
incêndios, sistemas e treinamentos, são originárias da N.F.P.A. - National Fire
Protection Association dos EUA, que é um organismo norte americano de
estudos e normatização de assuntos relacionados a incêndios e a prevenção
destes.
Para que você entenda sobre Prevenção e Combate a Incêndio é
necessário que saiba alguns conceitos.

 FOGO - É uma combustão na qual podemos visualizar


produção de chamas com a liberação de energia (calor e luz).

 COMBUSTÃO - É uma reação química entre um elemento


e o oxigênio, produzindo grande quantidade de calor, mas nem sempre
com produção de chamas.

 INCÊNDIO - É o fogo que foge do controle, quer dizer é a


propagação do fogo em elementos ou instalações.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

CONHEÇA O TRIÂNGULO DO FOGO

O Triângulo do Fogo é uma forma didática, criada para melhor ilustrar a


reação química da combustão. Para que o fogo exista, é necessário a condição
favorável, juntamente com os três elementos citados ao lado, nos quais são:

1. Comburente (ou oxigênio),


2. O combustível e
3. O calor.

SAIBA MAIS...

Os métodos de extinção de incêndio que visam retirar um, ou mais de


um, dos três componentes o triângulo do fogo, ao faltar qualquer um dos três
componentes o fogo não existirá.

MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO

Ao jogarmos água em um incêndio, estaremos resfriando,


ou seja, retirando o componente calor.

Ao abafarmos, impediremos que oxigênio entre na reação,


estaremos retirando o componente comburente (oxigênio).

42
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

Ao separarmos o combustível da reação, estaremos


isolando, como por exemplo, se abrir uma trilha no mato
para que o fogo não passe, desta forma estaremos tirando
o componente combustível.

COMBATE A INCÊNDIO

Como acabamos de ver Incêndio pode ser definido como o fogo que
foge do controle e para facilitar o estudo de prevenção e combate a incêndios,
adota-se uma classificação.
Existem quatro classes gerais de Incêndios:

1. Secos que são considerados


CLASSE A os incêndios gerados pela
queima de papel, borracha, tecido, madeira
e plástico (geralmente de natureza
orgânica), quando queimados deixam cinzas
e brasas.

2. Inflamáveis ou gases são


considerados CLASSE B os incêndios que
envolvem líquidos inflamáveis, nos derivados
do petróleo: graxas, gasolina álcool, acetona
e gases combustíveis. É caracterizado por
não deixar resíduos e queimar apenas na
superfície exposta.

3. Circuitos energizados são considerados


CLASSE C os incêndios que ocorrem por
combustíveis energizados como, por
exemplo, quadros de comandos, aparelhos
que utilizam energia elétrica, lâmpadas
e etc.

43
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

4. Metais pirofóricos são


considerados CLASSE D
aqueles incêndios gerados por
alguns metais que são
encontrados em fábricas e
industrias automobilísticas
como, por exemplo, raspa de
zinco, limalha de magnésio,
etc.

AGENTES EXTINTORES DE INCÊNDIO

Agentes extintores são certas substâncias (sólidas, líquidas e gasosas),


utilizadas na extinção do incêndio, quer abafando-o, quer resfriando-o, ou ainda
utilizando conjuntamente esses dois processos. Os agentes extintores devem
ser empregados conforme a classe de incêndio, pois, em alguns casos, sérias
conseqüências poderão ocorrer se empregados inadequadamente.

Os principais agentes extintores são:

1. ÁGUA: A água age por resfriamento ou por


abafamento, conforme amaneira pela qual é
empregada. Pode ser empregada em seu estado
líquido e gasoso. Existe na forma líquida e gasosa.
No estado líquido, tem a forma em jatos sólidos e a
forma em neblina. Para combater o fogo usa-se os
extintores, de preferência, a favor do vento.

O Jato sólido é utilizado principalmente quando há dificuldade de


aproximação da área atingida. Ele faz regredir o fogo e reduz sua
intensidade, permitindo o avanço do pessoal envolvido no combate.
Deve ser aplicado na base do fogo.
Já no estado líquido em forma de Neblina pela sua ação de
desagregação de moléculas acaba tendo maior capacidade de absorver
o calor.

JATO SÓLIDO NEBLINA

No estado gasoso em forma de Vapor não tem efeito de


penetração, desta forma não é utilizado para incêndios da classe "A". É

44
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
comum seu uso em incêndios da classe "B", agindo por abafamento. É
geralmente empregado em refinarias e em navios.

2. ESPUMA: Existem dois tipos de espuma: química e a mecânica.


A espuma química é formada por bolhas e CO2 é produzida juntando-se
soluções aquosas de sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio (com alcaçuz,
como estabilizador).

A espuma mecânica é formada por bolhas de ar, na qual é produzida


pelo batimento mecânico de água com extrato proteínico, uma espécie de
sabão líquido concentrado. A espuma mecânica é um agente extintor
empregado no combate a incêndio da classe "B" (líquidos inflamáveis). A
espuma mecânica deve ser aplicada contra um anteparo, para que possa ir
cobrindo lentamente a superfície da área incendiada.
Você deve saber que tanto a espuma química como a mecânica têm
dupla ação. Elas agem por resfriamento, devido à água e por abafamento,
devido à própria espuma. Portanto, são úteis nos incêndios de Classe A e B.
A espuma é condutora de eletricidade. Portanto, jatos plenos de espuma
não devem ser aplicados em incêndios de equipamentos elétricos energizados,
ou seja, em incêndios de Classe C, porque contêm água. Também não é
considerada agente adequado para incêndios que envolvam gases de petróleo.

3. Gás carbônico: É considerado mais pesado do que o ar, não tem


cheiro, é incolor e não é condutor de eletricidade. Ao se vaporizar, ele diminui
rapidamente a temperatura, formando uma neve carbônica, conhecida como
"gelo seco". Age por abafamento na extinção de incêndio. É empregado no
combate a incêndios em equipamentos elétricos energizados classe "C", e
também nos de classe "B", de pequenas proporções.

4. Pó químico seco: O Pó químico seco é constituído de carbonato


de sódio acrescido de alguns ingredientes que o tornam repelente à água. São
empregados para combater incêndios em combustíveis líquidos, como os
derivados de petróleo, e em equipamentos elétricos energizados.
Ele age na extinção de incêndios por abafamento.

45
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

5. AREIA: A areia seca é empregada para combater incêndios em


metais pirofóricos e em determinados produtos químicos. Age por
abafamento.

Como curiosidade conheça as peças integrantes de um aparelho de


extintor de incêndio:

Para nos auxiliar consultamos o mapa seletivo de extintores, onde são


classificados os tipos de extintores de acordo com a classe do incêndio.

46
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS

CAUSAS DE INCÊNDIO

Todo incêndio acontece através de uma causa que é de enorme


interesse para a Corporação, pois, ao constatar a causa consegue-se saber a
origem dos incêndios quer para fins legais, quer para fins estatísticos e
prevencionistas.
Daí a importância de preservar-se o local do incêndio, procurando não
destruir possíveis provas nas operações de combate. Dessa forma, os peritos
poderão determinar com maior facilidade a causa do incêndio.
A classificação das causas de incêndios podem ser:

• Naturais
• Artificiais: Acidentais e Propositais

Por Causas Naturais é quando o incêndio é originado em razão dos


fenômenos da natureza, que agem por si só, completamente independente da
vontade humana como, por exemplo, um raio.

47
CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
Podem ocorrer por Causas artificiais quando o incêndio irrompe pela
ação direta do homem, ou poderia ser por ele evitado tomando-se as devidas
medidas de precaução.

a) Acidental

Quando o incêndio é proveniente do descuido do homem, muito embora


ele não tenha intenção de provocar o acidente. Esta é a causa da maioria dos
incêndios.

b) Proposital

Quando o incêndio tem origem criminosa, ou seja, houve a intenção de


alguém em provocar o incêndio.

RECOMENDAÇÕES

Abaixo segue uma lista de recomendações muito importantes sobre


Combate a incêndio:

1. Lavar imediatamente com água qualquer derramamento de combustíveis


ou outro inflamável, não sendo permitido que seja jogado em ralos,
esgotos, etc.

2. Não acumular trapos, nem estopas impregnados de óleo, graxa ou cera.


(Combustão espontânea).

3. Em ambientes inundados por fumaça, procurar-se sair abaixando-se ao


máximo e evitando respirá-la.

4. Conservar combustíveis e inflamáveis em recipientes próprios, fechados


e rotulados.

5. Manter os aparelhos de combate a incêndio em boas condições de uso,


nos lugares próprios e desobstruídos.

6. Não romper o lacre dos extintores sem necessidade.

7. O extintor usado deve ser imediatamente encaminhado para recarga,


antes de recolocado no suporte. Enquanto vazios, ficam deitados.

8. Orientar o novo operário, quanto aos riscos de incêndio em seu local de


trabalho, ensinando-lhe usar os aparelhos extintores.

9. Em caso de incêndio, procurar manter a calma saindo em ordem. Se


houver plano de saída de emergência, deve-se obedecê-lo
integralmente.

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CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS
10. Não substituir fusíveis queimados por moedas ou qualquer outro
complemento metálico, mas sim, por fusíveis próprios.

11. Em caso de incêndios, não usar elevadores, mas somente as escadas


de emergência ou de uso normal.

12. Respeitar os avisos. Não fumar em locais proibidos.

13. Não jogar pontas de cigarro a esmo e sim usar cinzeiros, apagando-as
antes de jogá-las fora, como também apagar os fósforos usados.

14. Não permitir que se façam ligações elétricas de emergência nem que se
sobrecarreguem as tomadas existentes.

15. Não usar fogareiros em locais não apropriados, seja para aquecer
alimentos, seja para preparar café, etc.

16. Ao usar líquido inflamável para limpeza, deve-se manter o ambiente


bem ventilado e tomar cuidado com fontes de calor próximas (a gasolina
que se costuma misturar à cera torna-se muito perigosa por causa da
emissão de vapores, sendo um ato condenado).

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BIBLIOGRAFIA

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John Wiley & Sons Ltda., 1992. 220p. ISBN 0-471- 93464-X.1992.
 OLIVEIRA, Cláudio Antonio Dias. Segurança e medicina do trabalho. São Caetano do
Sul,SP: Yendis Editora, 2009. 161 p.

 TEIXEIRA Luiz,Renilson. Normas Gerais de Segurança no trabalho. Lavras:Ed.


UFLA/FAEPE, 2008. 138 p.

 TEIXEIRA, Luiz Renilson. Gestão de Segurança, Higiene e Ergonomia no


trabalho.Lavras:Ed. UFLA/FAEPE, 2003. 186 p.

 Normas Regulamentadoras Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-


br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-
trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs.

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http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/fogo.html#Extintor%20de%20Espuma
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